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CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO Curso de Pós-Graduação em Bioética
Antonio Pereira Filho
Análise das vulnerabilidades como facilitadoras da ocorrência de erros médicos no Estado de São Paulo (2000 – 2009) julgados pelo Conselho Regional de Medicina.
São Paulo 2012
HISTÓRIA DO ERRO MÉDICO
• Mundo Árabre - Código de Hamurabi – Séc. XI a. c.
• Visigodos e Astrogodos.
• Egito – Livro de Hermes –Toth.
• Índia – Código de Manu.
• Roma – Leis de Aquila e Cornélia.
• Grécia – Juramento de Hipócrates.
HISTÓRIA DO ERRO MÉDICO
• Idade Média – Séc. XII – Guildas .(Corporações de Ofício) e Primeiras Associações Médicas
• Defesa dos interesses da corporação e normas de autorregulação interna.
• Guilda de Veneza – 1258/Guilda de Florença – 1296/Guilda de Amsterdan – 1632 – Todas produziram manuais de conduta ética.
Livros:
1) “De Cautelis Medicorum” de Gabrielle de Zerbi, Itália, 1495.
2) “O médico pecador” de Asheverius Fritsch, Alemanha, 1684.
HISTÓRIA DO ERRO MÉDICO
3) “Lectures” de James Gregory, Reino Unido, 1711 - 1776 .
4) “Medical ethics” de Thomas Percival, Reino Unido, 1740 – 1804.
HISTÓRIA DO ERRO MÉDICO
1931 Código de Ética Médica Movimento Sindical
1945 Código de Ética Médica Movimento Sindical
1953 Código de Ética Médica AMB
1957 Código de Ética Médica CFM
1965 Código de Ética Médica CFM
1984 Código Brasileiro de Deontologia Médica CFM
1988 Código de Ética Médica CFM
2009 Código de Ética Médica CFM
CONSELHOS DE MEDICINA NO BRASIL
Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957.
Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958.
Fiscalização do exercício profissional e julgamento de denúncias de infração ao Código de Ética Médica.
Denúncias Sindicância Arquivamento ou processo ético – profissional Instrução do processo Julgamento Absolvição ou punição.
ERRO MÉDICO
A medicina é a profissão mais sujeita e atingida pelas artimanhas
desse duende caprichoso e travesso, que é o erro profissional,
indesejado, abominado, execrado, mas sempre manifestamente
presente no exercício da dignificante missão de curar (D’ACÂMPORA,
1996, p. 42-6).
ERRO MÉDICO
Caracterizado por culpa nas modalidades imperícia, negligência ou Imprudência.
Distinguir de:- Acidente imprevisível- Resultado incontrolável- Efeito adverso
Erro pessoal e erro estrutural ou funcional.
ERRO MÉDICO
Erro pessoal-Dever de informação- Dever de atualização- Dever de vigilância- Dever de abstenção de abusos
Erro estrutural-Dever do atendimento prometido- Dever de informação- Dever de cuidados- Dever de abstenção de abusos- Dever de respeito a independência do profissional
VULNERABILIDADE
“A vulnerabilidade é um referencial ético que também deve estar
presente na prática médica assistencial e não apenas na pesquisa
em seres humanos”.
William Saad Hossne
VULNERABILIDADE
Relatório Belmont de 1978, referindo-se aos sujeitos de pesquisa.
Década de 70 – Emmanuel Lévinas e Hans Jonas - dão um sentido mais amplo tornando o referencial uma condição humana universal.
Declaração de Barcelona de 1998 cita a vulnerabilidade juntamente com a autonomia, a dignidade e a integridade como princípios básicos da bioética européia.
Declaração Universal de Bioética e Direitos do Homem da UNESCO em 2005 – Artigo 8º : prega respeito pela vulnerabilidade humana e integridade individual.
VULNERABILIDADE SOCIAL
Epidemia de SIDA – Vulnerabilidade Social.
Baixo nível sócio-econômico e dificuldade de acesso a recursos terapêuticos.
80% da população brasileira depende exclusivamente do SUS.
Plentz, Pithan e Eicx – Conceito de hipervulnerável.
VULNERABILIDADE SOCIAL
Autonomia e Consentimento Informado:
Conflito entre a concepção Kantiana do respeito absoluto a autonomia e a concepção utilitarista de Jeremy Benthan e John Stuart Mill (Agir Util).
Segre, Leopoldo e Silva pregam alguma flexibilização.
Exigência de um esforço ainda maior dos médicos nas informações para um consentimento informado que reflita a autonomia.
VULNERABILIDADE DAS INSTITUIÇÕES
VULNERABILIDADE DAS INSTITUIÇÕES
Gráfico 1 - Saúde no orçamento geral da União
Fonte: Auditoria Cidadã da Dívida/2011
VULNERABILIDADE DAS INSTITUIÇÕES
Consequências:
Impede os gestores de organizarem a oferta de recursos humanos e de serviços de qualidade.
Baixa remuneração dos profissionais.
Opção por modelos de gestão para “economizar” recursos.
Não investimentos em estrutura e equipamentos.
Atraso do pagamento de prestadores e fornecedores.
Repressão de demanda, congestionamento nos PSs e na media complexidade.
Doenças preveniveis e mortes evitáveis não são tratadas.
VULNERABILIDADE DO MÉDICO
•Necessidade de conhecimento científico aliado a atributos humanistas (solidariedade, sensibilidade, compaixão, sinceridade, altruísmo, compromisso, etc...)
•Idéia do sacerdócio.
VULNERABILIDADE DO MÉDICO
VULNERABILIDADE DO MÉDICO
VULNERABILIDADE DO MÉDICO
VULNERABILIDADE DO MÉDICO
VULNERABILIDADE DO MÉDICO
•Saúde mental (Martins – 8 a 10%) – depressão, suicídio, abuso de álcool e drogas.
•Saúde ocupacional:- Agentes químicos- Agentes físicos- Agentes biológicos- Agentes ergonômicos
•Formação deficiente.
•2009 – 135 escolas
VULNERABILIDADE DO MÉDICO
•Entre 2000 e 2011 – 77 novas escolas no total de 262 escolas.
•Das 77 novas escolas: 52 privadas e 25 públicas.
•Exame de egressos do CREMESP: mais de 50% de reprovação.
•CFM 371.788 médicos: 55% especialistas e 45% generalistas
A PESQUISA
OBJETIVOS
Detectar quais as vulnerabilidades presentes em quem sofre um erro médico,
em quem o comete e na instituição em que o erro ocorre.
Verificar se essas vulnerabilidades são fatores facilitadores da ocorrência do
erro médico.
MATERIAL E MÉTODOS
•735 processos disciplinares onde houve condenação por erro médico julgados pelo CREMESP de 2000 a 2009.
•Dos 735 processos identificou-se 705 vítimas isoladas.
•Estudo da denúncia, da sindicância da denúncia, do parecer que abriu o Processo Ético Profissional-PEP, das audiências e do resultado do julgamento.
VÍTIMA DO ERRO MÉDICO
Origem de denúncia
Gênero
Faixa etária
Escolaridade
Ocorrência de óbito
AUTOR DO ERRO MÉDICO
Gênero
Faixa etária
Tempo de formado
Especialidade registrada
Pós-graduação
Antecedentes éticos
Modalidade do erro: imperícia, negligência ou imprudência
INSTITUIÇÃO ONDE OCORREU O ERRO MÉDICO
Pública ou privada
Se pública qual esfera de governo
Se privada de que tipo
Local da instituição onde ocorreu o erro
Cidade da Instituição
RESULTADOS
71 a 80 anos
1 Clinica Médica 210 28,5%2 Obstetrícia 174 23,6%3 Cirurgia Geral 86 11,7%4 Pediatria 58 7,8%5 Ortopedia 45 6,1%
6 Anestesia 41 5,5%7 Neuro Cirurgia 28 3,8%8 Cirurgia Plástica 25 3,4%9 Cardiologia 15 2,0%10 Oftalmologia 10 1,3%
Demais menos de 1%
CONCLUSÕES
O CREMESP ex-offício foi o maior denunciante (58%).
75,3% das vítimas eram analfabetas ou tinham apenas ensino fundamental.
58% das vítimas foram do gênero feminino.
A faixa etária economicamente ativa foi mais vulnerável de sofrer erro médico.
66% das vítimas de erro médico foram a óbito.
58,3% dos que sofreram erro médico eram usuários SUS.
84,4% dos autores de erro médico foram do gênero masculino.
A faixa etária dos 41 aos 50 anos (11 a 20 anos de formado) foi a mais vulnerável de cometer erro médico.
CONCLUSÕES
28,5% dos erros ocorreram no exercício da clínica médica.
79% dos médicos que cometeram erro não tinham título de especialista registrado no CREMESP e 37% não havia feito qualquer tipo de pós-graduação.
A negligência foi a modalidade de erro mais frequente com 54% das ocorrências. A seguir a imperícia com 29,3% e a negligência com 16,7%.
86,2% dos erros médicos ocorreram em ambiente hospitalar.
Ocorreram mais erros nas instituições privadas (66,2%) do que nas públicas (33,8%).
Nos atendimentos SUS, 77% dos erros médicos ocorreram em instituições filantrópicas.
CONCLUSÕES
A pesquisa poderá ser útil as autoridades responsáveis pela saúde no Estado de São Paulo e pelas responsáveis pelo aparelho formador de médicos.