centro universitÁrio do leste de minas gerais, … · departamento de pesquisa e pÓs-graduaÇÃo....

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS, UNILESTE-MG. DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL. LINHA DE PESQUISA: AMIA - AVALIAÇÃO E MITIGAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS. Título: TRANSFORMAÇÕES DAS FORMAS DO FÓSFORO EM ECOSSISTEMAS LÓTICOS: ESTUDO DE CASO EM DUAS NASCENTES NA REGIÃO DO MÉDIO RIO DOCE (M.G.), UTILIZADAS PARA PLANTIO DE Eucalyptus SP. ANDRESSA ROCHA LIMA CORONEL FABRICIANO 2008

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS,

UNILESTE-MG.

DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO.

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL.

LINHA DE PESQUISA: AMIA - AVALIAÇÃO E MITIGAÇÃO DE IMPACTOS

AMBIENTAIS.

Título:

TRANSFORMAÇÕES DAS FORMAS DO FÓSFORO EM ECOSSISTEMAS

LÓTICOS: ESTUDO DE CASO EM DUAS NASCENTES NA REGIÃO DO MÉDIO

RIO DOCE (M.G.), UTILIZADAS PARA PLANTIO DE Eucalyptus SP.

ANDRESSA ROCHA LIMA

CORONEL FABRICIANO

2008

ii

ANDRESSA ROCHA LIMA

TRANSFORMAÇÕES DAS FORMAS DO FÓSFORO EM ECOSSISTEMAS

LÓTICOS: ESTUDO DE CASO EM DUAS NASCENTES NA REGIÃO DO MÉDIO

RIO DOCE (MG), UTILIZADAS PARA PLANTIO DE EUCALYPTUS SP.

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Industrial do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais- UNILESTEMG, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Industrial.

Prof. Millôr Godoy Sabará – Orientador

CORONEL FABRICIANO

2008

iii

Aos meus pais e ao meu noivo Ramon, pelo amor, incentivo, apoio, carinho,

paciência, por terem acreditado em mim e por ser o motivo principal que me fez

chegar até aqui.

iv

AGRADECIMENTOS

À Deus, por sempre me amparar.

Ao Professor Millôr Godoy Sabará, pela orientação, amizade, confiança, atenção,

dedicação e acima de tudo pelo profissionalismo.

A Coordenação de Pessoal de Ensino Superior – CAPES, pelo apoio financeiro.

Aos membros da banca examinadora, Prof. Dr. Mauro Aparecido Martinez (UFV).

Prof. Dr. Ricardo Guimarães Andrade (Unileste-MG), e Prof. Dr. Millôr Godoy Sabará

pelas críticas e sugestões.

Aos meus Pais, pessoas mais especiais da minha vida, que me incentivam a ir em

frente e estão comigo nos momentos mais difíceis.

Ao meu noivo Ramon, pelo amor, apoio, companheirismo, paciência e por sua

presença constante em minha vida.

Ao meu irmão, Rodrigo, pela compreensão.

A minha eterna amiga e cunhada, Monalisa, que esteve presente em todos os

momentos do mestrado, sendo estes de alegria ou tristeza, servindo-me de amparo

e exemplo de organização, competência, coragem e otimismo.

Aos meus sogros, Marcos e Valmira, pelo carinho, bom humor, conselhos oportunos

e também pelos almoços de domingo.

À Cenibra S/A por ter cedido a área para realização da pesquisa e a seus

funcionários, Fernando Leite, Rinaldo Felix, Jaqueline Mota, Oliveira, Gilson, Adriene

e Thomás, que não mediram esforços para a realização da pesquisa.

Aos professores e funcionários do Mestrado em Engenharia Industrial, do

UnilesteMG, Profa. Dra. Maria Adelaide, Profa. Dra. Andréa, Prof. Dr. Marcelo, Prof.

Dr. Roselito, Prof. Dr. Evando, Prof. Dr. Ricardo França, Prof. Dr. Fabrício, Juliana,

Daniele, Kênia, Eloysa, Lila e Eloy.

v

Aos colegas de curso, Alice, Eugênio, Tucha, Gilvander, Olivert, Edson, Hélio, pelas

palavras de encorajamento.

Aos funcionários e bolsistas do Laboratório de Pesquisa Ambiental - LPA do

UnilesteMG, em especial, Sandra, Ryzza, Marcelino, Breno, Luís Otávio e Cíntia,

pela contribuição na realização das análises e organização do laboratório.

Ao doutorando Alexandre Facco, por ter cedido informações complementares dos

pontos pesquisados.

Enfim, a todos que de alguma forma contribuíram para a realização desta pesquisa.

vi

“A magia do mundo está na água:

a água guarda o passado e prepara o futuro”.

Provérbio Indígena

vii

RESUMO

A disponibilidade de fósforo exerce fundamental controle sobre a ecologia de rios de

menor ordem em áreas de reflorestamento, onde há uma forte ligação entre as

espécies químicas inorgânicas de P na água e o manejo florestal. No entanto, pouca

atenção é dada às espécies orgânicas de P. Durante 14 meses, esse estudo

determinou as concentrações de P inorgânio e orgânico (particulado e dissolvido) em

amostras mensais da água de dois rios de 2ª ordem drenando plantios de

Eucalyptus no médio rio Doce (M.G.). O P também esteve presente primariamente

como espécies orgânicas, com o P inorgânico muitas vezes abaixo do limite de

detecção do método (10 µg PO4 – P). Em relação ao N, a mediana da concentração

N-Total foi 96 vezes maior que a mediana de concentração de P-Total. Baseados

nos resultados para P, uma marcada limitação de organismos aquáticos por P – PO4

existe, e que o P orgânico particulado está sendo transformada em P orgânico

dissolvido. O tempo de residência da água na bacia, entretanto, é insuficiente para

uma completa mineralização do P. A jusante das bacias estudadas, esses nutrientes

orgânicos podem ser transformados em inorgânicos e afetar o estado trófico de rios

maiores. O presente estudo também avaliou o uso de Batrachospermum delicatulum

(Rodophyta, Batrachospermales), para se estimar a dinâmica de P através da

medição de variações morfológicas (pêlos). Também se estimou a liberação de P de

folhas e galhos de Eucalyptus e floresta nativa na água. Foram observadas

correlações positivas e significativas entre o comprimento de pêlos em

Batrachospermum delicatulum e o P-Orgânico Total, P-Total e os meses de

amostragens. B. delicatulum mostrou-se também boa monitora para metais,

principalmente para as concentrações de Fe na água. A determinação alóctone dos

nutrientes sugere que o litter pode ser uma fonte significativa de P para o curso

d’água, em virtude das concentrações encontradas e também levando em conta a

quantidade de material que é depositada ao logo do ano.

Os dados realçam a importância de incluir a pesquisa de nutrientes nas espécies

orgânicas quando se avalia a qualidade de águas em áreas de reflorestamento.

Palavras – Chaves: biomonitoramento, fósforo, micro-bacias,fontes difusas.

viii

.

ix

ABSTRACT

Phosphorus (P) is known to be the mainly limiting nutrient in almost all environments.

To low order rivers ecology P availability, especially soluble reactive P (SRP) or P-

PO4-3 is a primary control. Rivers in forested catchments are P conservative, detritus-

based ecosystems where the dominants P-forms are organic. However, few studies

contribute to our understanding of P dynamics. As a result we know little about under

which chemical species (organic or inorganic, dissolved or particulate) one can find P

in a given time. In order to enhance our understanding about P chemical species

behavior in low order rivers, we carried out a monthly (14 months) water sampling in

two catchments planted with Eucalyptus in Southern Brazil. Water samples were

analyzed for its concentration of Soluble Reactive Phosphorus (SRP), Organic

Particulate Phosphorus (OPP) and Organic Dissolved Phosphorus (ODP). On both

streams P was mainly like OPP and ODP, with the greater part of SRP below the

detection limit (0.010 mg PO4-P). The median of Total-N/Total-P relationship was 96.

There werr a remarkable variations between OPP and ODP concentrations. Based

only in SRP, marked P limitations on water were to be expected. However, algal

epiphytic cover up suggests transformations of OPP to ODP and then to SRP would

take place. However, water residence time on the catchments seems not enough to

break large quantities of ODP in SRP. This process is probably to be settling down in

higher order streams, changing theirs trophy status. To estimate SRP limitation we

measured algal “hairs” in Batrachospermum delicatulum (Rhodophyta,

Batrachospermales). These algae species exits long narrow cells “hairs” in SRP

limited environments because they are the site of phosphatases enzymes production,

breaking ODP in to SRP. Results suggest a significant statistical relationship

between Batrachospermum delicatulum hairs length and concentration of ODP.

Another experiment seemed to sustain the hypotheses that riparian forest

alloctonous material decomposition in to the water are a significant P source. Our

data highlight the importance of including organic nutrients when assessing the

amount and forms of nutrients in the water environments draining forested

catchments, particularly in tree plantations areas.

Key Words: biomonitoring, phosphorus, diffuse sources, Eucalyptus catchments.

x

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1- Principais características físicas das micro-bacias Vv e Mi................................................................................................................................20

Tabela 5.1 – Datas e totais de coletas realizadas nas duas micro-bacias.................28

Tabela 5.2 - Variáveis físico-químicas analisadas nas amostras de água das micro-bacias.........................................................................................................................29

Tabela 5.3 – Variáveis analisadas nas amostras de Bratrachospermum delicatulum e suas respectivas unidades.........................................................................................40

Tabela 6.1 – Resultados do teste de normalidade (Shapiro Wilks) para as variáveis analisadas in situ na coluna d’ água...........................................................................52

Tabela 6.2 – Resultados da estatística descritiva para as variáveis analisadas in situ na coluna d’ água.............................................................................................53

Tabela 6.3 - Resultados do teste de Mann-Whitney, para os valores de temperatura da água amostradas nas micro-bacias Vv e Mi.........................................................55

Tabela 6.4 – Resultados do teste de Mann-Whitney, para os valores de potencial redox amostrados nas micro-bacias Vv e Mi..............................................................59

Tabela 6.5 – Resultados do teste de Mann-Whitney para os valores de oxigênio dissolvido amostrados nas micro-bacias Vv e Mi.......................................................64

Tabela 6.6 – Resultados do teste de Mann-Whitney, para os valores de pH amostrado nas micro-bacias Vv e Mi.........................................................................69

Tabela 6.7 – Resultados do teste de Mann-Whitney, para os valores de condutividade elétrica amostrados nas micro-bacias Vv e Mi.......................................................................................................................74

Tabela 6.8 – Resultados do teste de Mann-Whitney, para os valores de sólidos totais dissolvidos amostrados nas micro-bacias Vv e Mi....................................................78

Tabela 6.9 – Resultados do teste “U”, para os valores de salinidade, amostrados nas micro-bacias Vv e Mi..................................................................................................82

Tabela 6.10 – Resultados do teste de normalidade para os nutrientes amostrados na coluna d’água das micro-bacias Vai e Volta e Mi....................................................................................................................86

Tabela 6.11 - Estatística descritiva dos resultados das análises de nutrientes na coluna d’água das micro-bacias Vv Mi.......................................................................87

Tabela 6.12 - Resultados do teste “U”, para os valores de turbidez amostrados nas micro-bacias Vv e Mi..................................................................................................88

xii

Tabela 6.13- Resultados do teste “U”, para os valores de sólidos suspensos amostrados nas micro-bacias Vv e Mi........................................................................92

Tabela 6.14 – Resultados do teste de Mann-Whitney, para fósforo orgânico dissolvido (POD) nas micro-bacias Vv e Mi...............................................................98

Tabela 6.15 - Resultados do teste de Mann Whitney para P-orgânico particulado (POP).....................................................................................................103

Tabela 6.16 – Resumo dos resultados do teste de Mann-Whitney, para P-Total nas micro-bacias Vv e Mi................................................................................................108

Tabela 6.17 – Tabela de correlação entre as variáveis analisadas na coluna d’ água com as diferentes formas de P, para as micro-bacias Vv (P1) e Mi (P2). .........................................................................................................................112

Tabela 6.18 - Resultados do teste de Mann - Whitney, para as medianas de potássio, cálcio e magnésio, amostradas em Vv e Mi..............................................115

Tabela 6.19 - Resultados do teste de Mann - Whitney, para as medianas de cobre, zinco, ferro e manganês amostradas em Vv e Mi...................................................122

Tabela 6.20 – Resultados do cálculo de descarga (kg/ha) para aos nutrientes na micro-bacia VV durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008............................................................................................................123

Tabela 6.21 - Resultados da estatística descritiva para a variável clorofila ativa a nas duas micro-bacias....................................................................................................128

Tabela 6.22 - Resultados do teste de Mann Whitney, para a variável clorofila ativa a.......................................................................................................................129

Tabela 6.23 - Coeficientes de correlação de Pearson, entre o comprimento de pêlos em Bratrachospermum delicatulum e os meses de amostragens, POT e PT..................................................................................................................135

Tabela 6.24 - Composição química das amostras de Batrachospermum delicatulum, para o mês de julho de 2007, na micro-bacia Vv.....................................................140

Tabela 6. 25 – Resultados do teste de Mann-Whitney para as frações folhas durante o período de realização do experimento..................................................................142

Tabela 6.26– Resultados do teste de Mann-Whitney para as frações galhos durante o período de realização do experimento..................................................................144

Tabela 6.27 – Tabela 6.27 – Concentração (%) dos nutrientes nas frações folhas após o experimento de decomposição (30 dias)......................................................148

Tabela 6.28 – Resultados do teste de Mann Whitney para os nutrientes analisados no litter......................................................................................................................149

xiii

Tabela 6.29 –Concentração (%) dos nutrientes nas frações galhos após o experimento de decomposição (30 dias)..................................................................151

Tabela 6.30 – Resultados do teste de Mann Whitney para os nutrientes analisados no litter......................................................................................................................152

Tabela 6.31 – Resultados do teste de Mann Whitney para as concentrações de polifenóis, nas frações folhas e galhos.....................................................................156

xiv

LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1 – Localização dos pontos de coleta em relação ao estado de Minas Gerais.........................................................................................................................12

Figura 4.2 – Mapa com delimitação da área da micro-bacia Vv, em Antônio Dias, MG.......................................................................................................13

Figura 4.3 – Mapa com delimitação da área da micro-bacia Mi, em Belo Oriente, MG..............................................................................................................................14

Figura 4.4 - Imagem de satélite da micro-bacia Vv com delimitação da área............................................................................................................................15

Figura 4.5 - Imagem de satélite da micro-bacia Mi com delimitação da área............................................................................................................................15

Figura 4.6 – Figura 4.6 – Imagem mostrando o aspecto geral da micro-bacia Vv: (A) Imagem das plantações de Eucalyptus, no entorno da micro-bacia. (B) Montante do vertedouro (C) Vertedouro triangular. (D) Medidor automático de vazão (Thalemedes).............................................................................................................17 Figura 4.7 – Figura 4.7 – Imagem mostrando o aspecto geral da micro-bacia Mi: (A) Imagem a montante do vertedouro. (B). Vertedouro triangular. (C) Medidor automático de vazão (Thalemedes)...........................................................................19

Figura 4.8 – Imagem mostrando o aspecto da micro-bacia Mi em agosto de 2007: (A) Leito do curso d’ água. (B) Vertedouro.......................................................................21

Figura 4.9 - Valores anuais de precipitação (mm) desde 1990 até 2007, na micro-bacia Vv......................................................................................................................22

Figura 4.10 - Valores anuais de precipitação (mm) desde 1990 até 2007, na micro-bacia Mi......................................................................................................................22

Figura 4.11 - Valores mensais de precipitação (mm) e vazão (L.s-1) para a micro-bacia Vv, no período de novembro de 2006 a dezembro de 2007............................................................................................................................24

Figura 4.12 - Valores mensais de precipitação (mm) para a micro-bacia Mi, no período de novembro de 2006 a dezembro de 2007.................................................25

Figura 4.13 - Imagem das plantações florestais na micro-bacia Vv (A) e Mi (B), em novembro de 2007......................................................................................................26

Figura 5.1 – Imagens das medições in situ das variáveis ambientais básicas através de sondas de qualidade de água ligadas a um leitor de dados HACH HQ 40d............................................................................................................30

Figura 5.2 – Imagem da coleta da de água no vertedouro.........................................32

xv

Figura 5.3 – Imagens da coleta e preservação das amostras de Batrachospermum delicatulum em solução de FAA, no mês de outubro 2007............................................................................................................................38

Figura 5.4 – Imagens da proliferação de Batrachospermum delicatulum na micro-bacia Vv, em julho de 2007........................................................................................39

Figura 5.5 – Imagens de pêlos nas amostras de Batrachospermum delicatulum observada no aumento de 100 vezes, na micro-bacia Vv, para os meses de: agosto (A) e setembro (B) de 2007........................................................................................41

Figura 5.6 – Imagem do método utilizado para medição de pêlos em Batrachospermum delicatulum, com aumento de 100 vezes, na micro-bacia Vv...............................................................................................................................41

Figura 5.7 – Imagens das frações: (A) folhas e (B) e galhos identificadas e armazenadas em sacos de filó para o experimento de decomposição......................46

Figura 5.8 - Imagens das frações do litter em sacos de filó: (A) após incubação na margem do curso d’ água; (B) Último período de incubação (90 dias) das frações.................................................................................................................46

Figura 5.9 – Fluxograma com o resumo dos testes estatísticos aplicados nos dados obtidos com a pesquisa..............................................................................................49

Figura 6.1 – Comportamento da temperatura na coluna d’ água nas micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008............................................................................................................................55

Figura 6.2 - Distribuição e freqüências dos valores de temperatura da água no período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B)......................................................................................................58

Figura 6.3 - Comportamento dos valores de potencial redox nas micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008............................................................................................................................61

Figura 6.4 - Distribuição e freqüência dos valores de potencial redox no período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B)..............................................................................................................................63

Figura 6.5 - Comportamento do oxigênio dissolvido nas micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008..........................................................66

Figura 6.6 – Distribuição e freqüências dos valores de oxigênio dissolvido no período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B)..........................................................................................................................68

Figura 6.7 - Comportamento do pH nas micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008............................................................................71

xvi

Figura 6.8 - Distribuição das freqüências dos valores de pH no período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B)........................73

Figura 6.9 - Comportamento da condutividade elétrica nas micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008..........................................................75

Figura 6.10 - Distribuição e freqüências dos valores de condutividade elétrica no período de realização da pesquisa, na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B)...............................................................................................................................77

Figura 6.11 - Comportamento dos sólidos totais dissolvidos na coluna d’ água das micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008..................79

Figura 6.12 - Distribuição e freqüências dos valores de sólidos totais dissolvidos no período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B)........................................................................................81

Figura 6.13 - Comportamento da salinidade na coluna d’ água das micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008................................................83

Figura 6.14 - Distribuição das freqüências dos valores de salinidade no período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B)...............................................................................................................................85

Figura 6.15 - Comportamento da turbidez nas micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008............................................................................89

Figura 6.16 - Distribuição e freqüências dos valores de turbidez no período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B)..........................................................................................................................90

Figura 6.17 - Comportamento dos sólidos suspensos na água das micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008................................................93

Figura 6.18 - Distribuição e freqüências dos valores de sólidos suspensos no período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B)..........................................................................................................................95

Figura 6.19 - Concentrações de PO4-3-P observadas na coluna d’ água das micro-

bacias no período de estudo......................................................................................96

Figura 6.20 - Comportamento do P-orgânico dissolvido (POD) nas micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008.................99

Figura 6.21 - Distribuição e freqüências dos valores P-orgânico dissolvido (POD) no período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B)........................................................................................................................102

Figura 6.22 - Comportamento do P-Orgânico Particulado (POP) para as micro-bacias Vv e Mi durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008.........................104

xvii

Figura 6.23 - Distribuição e freqüências dos valores P-orgânico particulado (POP) durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B)....................................................................................................106

Figura 6.24 - Comportamento dos valores de P-Total para as micro-bacias Vv e Mi durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008.......................................108

Figura 6.25 - Distribuição e freqüências dos valores fósforo total (P-Total) durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B)........................................................................................................................110

Figura6.26 – Distribuição das concentrações de potássio nas duas micro-bacias durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008.......................................116

Figura 6.27– Distribuição das concentrações de cálcio nas duas micro-bacias durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008 ......................................118

Figura 6.28 – Distribuição das concentrações de magnésio nas duas micro-bacias durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008.......................................119

Figura6.29 – Distribuição das concentrações de zinco (A) e cobre (B) nas duas micro-bacias durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008..................121

Figura6.30 – Distribuição das concentrações de ferro (A) e manganês (B) nas duas micro-bacias durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008..................122

Figura 6.31 – Porcentagens das diferentes formas de P analisadas na micro-bacia Vv no período de novembro de 2006 a dezembro de 2007.....................................125

Figura 6.32 – Porcentagens das diferentes formas de P analisadas na micro-bacia Mi no período de novembro de 2006 a dezembro de 2007..........................................127

Figura 6.33 - Comportamento da variável clorofila ativa a nas micro-bacias Vv e Mi durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008.......................................130

Figura 6.34 - Distribuição das freqüências dos valores de clorofila ativa a durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B)........................................................................................................................131

Figura 6.35. – Imagens de pêlos em Bactrachospermum delicatulum nos meses de julho (A) e setembro (B) de 2007, verificado com aumento de 100 vezes...............134

Figura 6.36 - Relação entre concentração de POT e comprimentos de pêlos em Batrachospermum delicatulum. ...............................................................................136

Figura 6.37 - Relação entre concentração de PT e comprimentos de pêlos em Batrachospermum delicatulum.................................................................................138

Figura 6.38 - Relação entre datas de amostragens e comprimentos de pêlos em Batrachospermum delicatulum.................................................................................138

xviii

Figura 6.39 – Evolução do decaimento da perda de massa para a fração folhas de espécie nativa e Eucalyptus. A) Taxa de decaimento da massa durante os tempos de incubação. B) Taxa de aceleração de perda de massa durante os tempos de incubação.................................................................................................................143

Figura 6.40 – Evolução do decaimento da perda de massa para a fração folhas de espécie nativa e Eucalyptus. A) Taxa de decaimento da massa durante os tempos de incubação. B) Taxa de aceleração de perda de massa durante os tempos de incubação.................................................................................................................145

Figura 6.41 – Concentrações médias registradas nas frações folhas durante a realização da pesquisa para os nutrientes: (A) fósforo, (B) potássio, (C) cálcio, (D) magnésio, (E) enxofre, (F) cobre, (G) zinco, (H) ferro (I) manganês e (J) boro......................................................................................146 e 147

Figura 6.42 – Concentrações médias registradas nas frações galhos durante a realização da pesquisa para os nutrientes: (A) fósforo, (B) potássio, (C) cálcio, (D) magnésio, (E) cobre,(F) enxofre, (G) ferro, (H) manganês (I) zinco e (J) boro...............................................................................................150 e 151

Figura 6.43 – Concentrações de polifenóis para as frações folhas durante o período de realização do experimento..................................................................................154

Figura 6.44 – Concentrações de polifenóis para as frações galhos durante o período de realização do experimento..................................................................................155

xix

SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO.....................................................................................................................1

2 – OBJETIVOS .......................................................................................................................5

2.1 - Objetivo Geral..................................................................................................5

2.2 - Objetivos Específicos ......................................................................................5

2.3 Hipóteses...........................................................................................................6

3 - BASES CIENTÍFICAS .......................................................................................................8

4 - ÁREA DE ESTUDO .........................................................................................................12

4.1 - Localização dos Pontos.................................................................................12

4.2 - Descrição dos Locais de Coleta ....................................................................16

4.2.1 - Micro-bacia Vai e Volta (Vv)....................................................................16

4.2.2 - Micro-bacia Milagres (Mi)........................................................................18

4.3 - Precipitação e Vazão.....................................................................................21

4.4 - Descrição climática da região........................................................................25

4.5 - Atividades de Manejo ....................................................................................26

5 - MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................................27

5.1 - Distribuições Temporal e Espacial da Amostragem ......................................27

5.2 - Metodologia da Análise da Água ...................................................................29

5.2.1 - Variáveis Analisadas...............................................................................29

5.2.2 - Variáveis Medidas in Situ........................................................................30

5.2.3 - Variáveis Medidas in Vitro.......................................................................30

5.2.4 - Análise das Variáveis Biológicas ............................................................35

5.3 - Metodologia da Análise do Perifíton ..............................................................37

5.3.1 - Procedimentos de Coleta........................................................................37

5.3.2 - Variáveis Analisadas...............................................................................39

5.3.3 - Análise de Pêlos Algais em Batrachospermum delicatulum ...................40

5.3.4 - Análise Química do Perifíton...................................................................42

5.4 - Metodologia da Análise do Litter ...................................................................44

5.4.1 - Procedimentos de Coleta........................................................................44

5.4.2 - Montagem do Experimento de Decomposição do Litter..........................45

5.4.3 - Determinação de Polifenóis ....................................................................47

xx

5.5 - Metodologia da Análise Estatística................................................................49

5.5.1 - Estatística Descritiva...............................................................................50

5.5.2 - Normalidade dos Dados..........................................................................50

5.5.3 - Variação Espacial ...................................................................................50

5.6.4 - Correlação dos Dados ............................................................................51 6 - RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................................52

6.1 - Água ..............................................................................................................52

6.1.1 - Variáveis Analisadas In situ ....................................................................52

6.1.2 - Composição Química da Coluna d’ Água. ..............................................86

6.2 - PERIFÍTON .................................................................................................133

6.2.1- Comprimento de Pêlos em Batrachospermum delicatulum. ..................133

6.2.2 - Composição Química do Perifíton.........................................................139

6.3 - LITTER ........................................................................................................142

6.3.1 - Perda de Massa....................................................................................142

6.3.2 – Composição Química do Litter .............................................................146

6.3.3 Polifenóis.................................................................................................153 7 - CONCLUSÃO .................................................................................................................157

7.1 - Água ............................................................................................................157

7.1.1- Variáveis físicas e químicas amostradas in situ. ....................................157

7.1.2 - Variáveis físicas e químicas amostradas in vitro...................................158

7.1.3 - Variável Biológica..................................................................................160

7.2 - Perifíton .......................................................................................................161

7.3 – Litter............................................................................................................162

7.3.1 – Perda de Massa ...................................................................................162

7.3.2 – Composição Química do Litter .............................................................162

7.3.3 – Polifenóis..............................................................................................162 8. SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES.........................................................................163

REFERÊNCIAS....................................................................................................................165

1- INTRODUÇÃO

Os plantios de Eucalyptus sempre despertaram discussões sobre possíveis

usos de água em excesso à precipitação em bacias plantadas com este gênero

arbóreo exótico. Em adição, mais recentemente também se levantam dúvidas acerca

dos seus presumíveis efeitos sobre suprimentos de água doce prontamente

disponível, que atende parte das demandas de populações humanas a jusante dos

plantios, especialmente em países em desenvolvimento (TUNDISI, 2003; BARBOSA

et al., 2004; CÂMARA, 2004).

Tais preocupações se apóiam em estudos sugerindo que grandes modificações

na paisagem (e.g. transformação de áreas naturais em plantios florestais) são

particularmente importantes para a integridade biótica e saúde ecológica de rios de

menor ordem, mais suscetíveis à degradação devido a sua maior dependência em

relação aos ecossistemas terrestres adjacentes. Para investigar cientificamente

impactos de Eucalyptus sobre rios de 1ª, 2ª e 3ª ordens, micro-bacias (< 400 ha)

constituem-se em unidades adequadas, pois, funcionam como um sistema natural

aberto, onde se pode isolar efeitos das atividades humanas na bacia e a influencia

das mesmas sobre a qualidade e quantidade de água (DELONG & BRUSVEN, 1993;

RANZINI & LIMA, 2002; ALLAN, 2004).

Entretanto, avaliar os diferentes efeitos dos usos do solo de forma contínua

nem sempre é possível, devido à natureza aleatória das perturbações. A poluição

gerada por extensos usos do solo em uma bacia hidrográfica é caracterizada como

difusa. Ao mesmo tempo em que não sabemos a natureza dos poluentes, sua

concentração e carga, desconhecemos quando e como se dá sua entrada no

ambiente aquático. É mais provável que, uma vez no ecossistema fluvial, a poluição

atravesse uma seção reta qualquer em forma de “pulsos” gerados por eventos

2

estocásticos de escoamento superficial. Isto é particularmente verdadeiro para o

fósforo, que não possui fase gasosa em seu ciclo e é praticamente imóvel no solo,

sendo, em sua maior parte, deslocado com partículas e matéria orgânica detrital do

solo ou diluído como fósforo reativo filtrável - PRF (H2PO4-, HPO4

2- e/ou PO43-) em

função do pH da água de escoamento, (MACDONALD e CARMICHAEL, 1996;

SWANSON et al., 2000; TUNDISI e TUNDISI, 2008).

O biomonitoramento é uma técnica para se avaliar a condição ambiental de rios

sujeitos a poluição por fósforo oriundo de fontes difusas de poluição (WHITTON e

KELLY, 1995). Algumas comunidades aquáticas, tais como o perifíton (algas

aderidas a substratos submersos), respondem morfologicamente e/ou

fisiologicamente quando da alteração nas concentrações e formas de P na água,

especialmente a relação P- Orgânico/PRF. É sabido que sob condições de limitação

por PRF, certos gêneros de algas vermelhas (Rhodophyta), algas verdes

(Chlorophyta) e e Cianobactérias (Cyanophyta) produzem “pêlos” para produção de

enzimas do grupo das fosfatases alcalinas, que hidrolisam o P-Orgânico em PRF, o

qual, por sua vez, pode ser utilizado pelo organismo (WHITTON et al., 1998;

WHITTON et al., 2000; ELWOOD et. al., 2002). Apesar de seu potencial como

biomonitores, estudos sobre cargas de fósforo em águas superficiais com o uso de

algasperifíticas são relativamente recentes e poucos (BARBOSA et al., 2004).

O Estado de Minas Gerais, mais especificamente o trecho médio da bacia do

rio Doce, fornece uma oportunidade para avaliação do ciclo do P em ambientes

lóticos de menor ordem drenando plantios florestais, ao mesmo tempo em que

permite avaliar o uso de algas como biomonitoras de fósforo na água. De acordo

com Carvalho et al. (2005), Minas Gerais é o estado brasileiro com a maior área

plantada com Eucalyptus (1x106 hectares reflorestados), ou 1,7% da área estadual.

3

No entanto, a produção florestal é destacada na porção mineira da bacia do rio Doce

(7 172 400 ha), com cerca de 230 000 ha plantados com Eucalyptus (3,2% da área

da bacia em Minas Gerais), sendo que, dos dez municípios com maiores

porcentagens de área ocupada com Eucalyptus em Minas, nove estão situados

nesta bacia.

As áreas cultivadas por Eucalyptus na bacia do rio Doce merecem ser

estudadas quanto a seu impacto sobre recursos hídricos pela pouca a pouca

compreensão de como a degradação de ecossistemas aquáticos de menor ordem

por fósforo se processa. Além disso, a maioria dos estudos comparativos entre rios

de menor ordem drenando plantios florestais e outros usos dos solos (e.g.

agricultura e pecuária) tem problemas na comparação dos resultados. Geralmente,

os plantios florestais estão em solos de montanhas (quimicamente mais pobres e em

relevo acidentado), enquanto agricultura e pecuária são praticadas em áreas planas,

com solos mais ricos. Isso já acarreta, mesmo sob condições naturais, uma

diferença intrínseca na composição química da água de rios drenando montanhas e

planícies (ALLAN, 1995). Já no médio rio Doce, mais de 90% do relevo é

montanhoso a fortemente ondulado, fazendo com as atividades florestais e

pecuárias sejam praticadas em condições muito semelhantes de relevo e riqueza

química dos solos, diminuindo o efeito de diferenças na riqueza química natural dos

solos.

Há também fluxos importantes de nutrientes entre ecossistemas terrestres e

ecossistemas aquáticos. O melhor exemplo é a contribuição de matéria orgânica

alóctone. A decomposição de litter (folhas e galhos finos) de floresta nativa e de

Eucalyptus na água foi demonstrada como tendo diferentes taxas de decaimento na

água, de massa depositada (kg ha-1 ano-1) e de seu valor nutricional para os ciclos

4

biológicos em lagos da região do médio rio Doce (SABARÁ, 1994; SABARA et. al.,

2007).

Pelo acima exposto, esta pesquisa propõe avaliar a variação nas concentrações,

formas e exportação de fósforo em dois rios de menor ordem que drenam micro-

bacias utilizadas para plantio de Eucalyptus grandis, localizadas no médio rio Doce e

o papel da contribuição alóctone para as concentrações de P. Complementarmente,

são estudadas a correlação entre variações morfológicas em Batrachospermum

delicatulum (Batrachospermales, Rodophyta) e as concentrações das formas de

fósforo na água.

5

2 – OBJETIVOS

2.1 - Objetivo Geral

• Avaliar o comportamento espacial e temporal das formas inorgânica e

orgânicas (particulada e dissolvida) de P na água de dois rios de menor ordem

drenando micro-bacias plantadas com Eucalyptus grandis, e o uso da alga perifítica

Batrachospermum delicatulum , (Batrchospermales, Rhodophyta), como biomonitora

das concentrações de P.

2.2 - Objetivos Específicos

• Avaliar os impactos das atividades silviculturais na qualidade e quantidade

dos recursos hídricos superficiais de duas micro-bacias, usando a variação

nas formas e concentrações de fósforo como indicadores de

sustentabilidade;

• Avaliar a possibilidade do uso de características morfológicas de

Batrachospermum delicatulum, no monitoramento das variações temporais

nas concentrações e formas de P na água;

• Comparar os resultados da análise do perifíton, com os dados encontrados

na análise da química da água;

• Analisar as diferenças nas fontes alóctones de fósforo nas micro-bacias

através da análise do material alóctone de árvores nativas e de Eucalyptus;

• Determinar a descarga de nutrientes, especialmente o P, pelas micro-bacias.

6

2.3 Hipóteses

• H01 = As médias e/ou medianas das variáveis básicas da água (temperatura,

potencial redox, oxigênio dissolvido, oxigênio saturado, pH, condutividade,

sólidos totais dissolvidos e salinidade) não foram significativamente

diferentes entre as micro-bacias.

• HA1 = As médias ou medianas das variáveis básicas (temperatura, potencial

redox, oxigênio dissolvido, oxigênio saturado, pH, condutividade, sólidos

totais dissolvidos e salinidade) foram significativamente diferentes entre as

micro-bacias.

• H02 = As médias ou medianas das variáveis analisadas in vitro (turbidez,

sólidos suspensos, fósforo reativo filtrável (PRF), fósforo orgânico dissolvido

(POD), fósforo orgânico particulado (POP), fósforo total (PT), clorofila, bases

e metais) não foram significativamente diferentes entre as micro-bacias.

• HA2 = As médias ou medianas das variáveis analisadas in vitro (turbidez,

sólidos suspensos, fósforo reativo filtrável (PRF), fósforo orgânico dissolvido

(POD), fósforo orgânico particulado (POP), fósforo total (PT), clorofila, bases

e metais) foram significativamente diferentes entre as micro-bacias.

• H03 = Não houve correlação significativa entre o comprimento médio de pêlos

em Batrachospermum delicatulum e as concentrações de fósforo (P-Total e

P-Orgânico Total);

• HA3 = Houve correlação significativa entre o comprimento médio de pêlos em

Batrachospermum delicatulum e as concentrações de fósforo (P-Total e P-

orgânico Total);

7

• H04 = As frações folhas e galhos do litter de mata nativa perderam massa nas

mesmas taxas que as frações de Eucalyptus, durante o período de

incubação.

• HA4= As frações folhas e galhos do litter de mata nativa não perderam massa

nas mesmas taxas que as frações de Eucalyptus, durante o período de

incubação.

• H05 = As frações folhas e galhos do litter de mata nativa perderam nutrientes

(fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, cobre, zinco, ferro, manganês e

boro) nas mesmas taxas que as frações de Eucalyptus, durante o período de

incubação.

• HA5 = As frações folhas e galhos do litter de mata nativa não perderam

nutrientes (fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, cobre, zinco, ferro,

manganês e boro) nas mesmas taxas que as frações de Eucalyptus, durante

o período de incubação.

• H06 = As frações folhas e galhos do litter de mata nativa perderam polifenóis

nas mesmas taxas que as frações de Eucalyptus, durante o período de

incubação.

• HA6 = As frações folhas e galhos do litter de mata nativa não perderam

polifenóis nas mesmas taxas que as frações de Eucalyptus, durante o

período de incubação.

8

3 - BASES CIENTÍFICAS

O fósforo é um elemento essencial para os sistemas biológicos devido à sua

participação no metabolismo dos seres vivos, tais como: armazenamento de energia

(formando uma fração essencial da molécula de ATP) e estruturação da membrana

celular (através dos fosfolipídios). Toda forma de P presente em águas naturais,

quer na forma iônica, quer na forma complexada encontra-se sob a forma de fosfato.

Em águas continentais é considerado como o principal fator limitante da

produtividade primária e seu ciclo, ao contrário de outros elementos, é praticamente

todo terrestre (ESTEVES,1998; TUNDISI e TUNDISI, 2008).

As fontes de fósforo para a água superficial podem ser artificiais (esgotos

domésticos e industriais não tratados) e naturais: material particulado presente na

atmosfera (muito pouco), fosfato resultante da decomposição de matéria orgânica

autóctone e alóctone, além de fosfato proveniente das rochas da bacia de

drenagem. No entanto, nos ecossistemas aquáticos tropicais, devido à pobreza

desse elemento nos solos das bacias, o aporte devido ao desgaste natural

(intemperismo) de rochas e solos é desprezível (ESTEVES, 1998; TUNDISI e

TUNDISI, 2008). Segundo Sabará et al. (2007), a principal fonte de P para lagos no

médio rio Doce é o material alóctone depositado no solo das bacias e posteriormente

carreado pelas enxurradas durante eventos de precipitações intensas. Em áreas de

reflorestamento com a monocultura de Eucalyptus, o aumento da concentração de

fósforo nos ecossistemas aquáticos que drenam os plantios pode ocorrer pela

entrada de fertilizantes e erosão do solo (LIMA, 1996).

Dentre os efeitos do enriquecimento de ecossistemas aquáticos continentais

pelo fósforo, a eutrofização (aumento exponencial na população de algas, bactérias

9

heterotróficas, musgos e macrófitas aquáticas) está entre os maiores problemas

para a conservação de água doce em todo o mundo (TUNDISI e TUNDISI, 2008).

O fósforo pode ser encontrado na coluna d’água sob diferentes formas e muitas

vezes em concentrações na ordem de partes por bilhão (ppb), de difícil

determinação. Existem várias nomenclaturas para as formas de fósforo na água,

dentre elas encontram-se: o fósforo total (P-Total), o fósforo reativo filtrável (PRF) ou

ortofosfato (PO4-3), o fósforo orgânico total (POT), o fósforo orgânico dissolvido

(POD) e o fósforo orgânico particulado (POP). Do ponto de vista limnológico, todas

as frações de fosfato são importantes, no entanto o PO4-3 assume maior relevância

por ser a única forma assimilada pelas plantas e algas aquáticas. Na água, o íon

fosfato (orto-fosfato) pode estar sob diferentes espécies iônicas em função do pH do

meio, no entanto, em águas continentais como a faixa de pH mais freqüente situa-se

entre 5 a 8, as espécies iônicas predominantes são H2PO4- e HPO4

-2. (ESTEVES,

1998).

Segundo Tundisi e Tundisi (2008), grande parte do fosfato que entra nos

ecossistemas aquáticos pode ser imobilizado no sedimento, podendo em alguns

casos não retornar mais ao metabolismo límnico. Dentre os fatores físicos, químicos

e físico-químicos que interferem na precipitação de fosfato no ambiente aquático

esta as concentrações dos íons ferro e alumínio, os compostos orgânicos e

carbonatos, o pH e as condições de oxi-redução.

Uma revisão feita por Whitton et. al. (2004), sugere que a maioria, senão todos

os organismos fotossintetizantes podem utilizar o fósforo reativo filtrável (PRF ou

PO43-) em seu ambiente, seja dissolvido na solução do solo ou nas águas

superficiais. Quando a concentração de PRF está abaixo dos valores críticos, que

torna o ambiente limitado nesse nutriente, uma estratégia evolutiva para superar

10

essa limitação é o uso de P-Orgânico Dissolvido (POD) (e.g. ATP, ADN, proteínas)

presente no ambiente como produto de degradação da matéria orgânica. A hidrólise

do POD é feita preferencialmente por enzimas pertencentes ao grupo das fosfatases

alcalinas (fosfomonoesterases), geralmente localizadas na face externa das células

desses organismos.

De acordo com Gibson (1987) citado por Sabará (1999), estudos realizados em

rios de países temperados mostraram que condições de carência de PO43- induzem

modificações na morfologia e fisiologia de algas perifíticas das classes Cyanophyta,

Chlorophyta e Rodophyta. Tais modificações — presença de um grande número de

“pêlos” em comprimento significativo e diminuição na concentração de P-Total —

servem para que se monitore a condição nutricional das águas que são submetidas

a fontes difusas e intermitentes de poluição.

Segundo Wetzel (1981) citado por Pompêo & Moschini - Carlos (2003), o termo

perifíton designa complexa comunidade microbiológica (algas, bactérias, fungos,

animais, detritos orgânicos e inorgânicos) que vive aderida a um substrato

submerso, recebendo luz e com disponibilidade de nutrientes.

Esteves (1998) descreve vários termos para discriminar as algas perifíticas de

acordo com os substratos: algas epipélicas (flora que se desenvolve nos

sedimentos), algas epilíticas (que vivem sobre as superfícies de rochas ou pedras),

algas epífitas (que crescem sobre a superfície de macrófitas aquáticas), algas

epizóicas (que se desenvolvem sobre superfícies animais), algas epipsâmicas

(organismos bastante específicos que vivem sobre a areia).

As algas perifíticas são biomonitoras da qualidade da água e de seu estado

trófico, devido à capacidade de acumular grandes quantidades de nutrientes e

11

poluentes como inseticidas, herbicidas e fungicidas, metais pesados, além de

materiais orgânicos (WHITTON et al., 2004).

Segundo Kelly e Whitton (1994), o uso de algas para o monitoramento de

ecossistemas aquáticos apresenta as seguintes vantagens:

• Representam freqüentemente um importante componente do

ecossistema;

• Refletem mais precisamente a composição em nutrientes da água;

• Estão presentes antes e depois das perturbações;

• São importantes componentes dos ecossistemas aquáticos e mesmo a

base alimentar de muitos deles.

A Bratrachospermum delicatulum Skuja, Necchi e Entwisle (Batrachospermales,

Rhodophyta) é um gênero freqüentemente utilizado para monitoramento de pulsos

de fósforo na água através da análise microscópica do comprimento e número de

pêlos (WHITTON e KELLY, 1995).

Pêlos algais são filamentos multicelulares acrolofilados que diferem de células

vegetativas típicas, sendo cada célula mais longa e fina que as células clorofiladas

do organismo (WHITTON et al., 2004).

Bertuga-Cerqueira (2000) citado por Peres (2002), relata que as rodofíceas

apresentam poucos gêneros que vivem em água doce, no entanto, são excelentes

indicadoras ambientais, aparecendo em ambientes tipicamente não poluídos ou

levemente poluídos.

Figura 4.1 – Localização dos pontos de coleta em relação ao estado de Minas Gerais.

As duas micro-bacias estão a uma distância aproximada de 65 quilômetros

uma da outra e encontram-se localizadas entre outras bacias florestais (Figura 4.2 e

Figura 4.3). Nas Figuras 4.4 e 4.5 são apresentadas sobre cenas orbitais as

respectivas delimitações das micro-bacias.

Os ambientes estudados são duas micro-bacias de domínio da CENIBRA S/A,

dotadas de vertedouros triangulares (90°) e medidores automáticos de vazão,

utilizadas para plantios de Eucalyptus grandis, nos municípios mineiros de Antônio

Dias e de Belo Oriente (Figura 4.1). Os vertedouros foram implantados em 2003 por

meio de uma parceria entre a CENIBRA e a Universidade Federal de Viçosa – UFV,

Departamento de Engenharia Agrícola, com o objetivo de monitorar a quantidade de

água produzida nessas áreas.

4.1 - Localização dos Pontos

4 - ÁREA DE ESTUDO

12

13

Vertedouro

Figura 4.2 – Mapa com delimitação da área da micro-bacia Vv, Antônio Dias, MG. Fonte: CENIBRA.

14

Vertedouro

Figura 4.3 - Mapa com delimitação da área da micro-bacia Milagres, Belo Oriente, MG.

1:30000

Fonte: CENIBRA.

15

Figura 4.4 – Imagem de satélite da micro-bacia Vv com delimitação da área. Fonte: NASA (2008).

Figura 4.5 – Imagem de satélite da micro-bacia Milagres com delimitação da área. Fonte: NASA (2008).

16

4.2 - Descrição dos Locais de Coleta

4.2.1 - Micro-bacia Vai e Volta (Vv)

O primeiro ponto de coleta, denominado micro-bacia Vai e Volta (Vv), está

localizado no município de Antônio Dias, MG e apresenta relevo montanhoso,

segundo EMBRAPA (1979) citado por Cardoso et al. (2006).

Sua área total é de 39,9 hectares, sendo 31,4 ha (78,64%) destinadas ao

plantio de Eucalyptus sp., com um novo plantio a partir de abril de 2003. A área

restante é formada por 6,8 ha de mata ciliar (17,08%) e 1,7 ha de estradas (4,17%).

Numa amostragem piloto nesta micro-bacia foi possível constatar a presença

de vazão, marcas visíveis de assoreamento a montante do vertedouro e também a

presença de macrófitas aquáticas (e.g. Tipha sp.) crescendo na área litorânea. Um

aspecto geral da micro-bacia pode ser observado na Figura 4.6.

17

A) B)

C) D)

Figura 4.6 – Imagem mostrando o aspecto geral da micro-bacia Vv: (A) Imagem das plantações de Eucalyptus, no entorno da micro-bacia. (B) Montante do vertedouro (C) Vertedouro triangular. (D) Medidor automático de vazão.

18

4.2.2 - Micro-bacia Milagres (Mi)

O segundo ponto de coleta, micro-bacia Mi, está localizado no município de

Belo Oriente, MG e possui relevo fortemente ondulado Embrapa (1979) citado por

Cardoso et al. (2006).

Sua área total é de 12 hectares (3,3 vezes menor que Vv), dos quais 9 ha

(75%) correspondem a um novo plantio de Eucalyptus grandis desde 2003; 1,6 ha

(13,33%) são formados de mata ciliar e o restante 1,4 ha (11, 67%) está atribuído à

abertura de estradas.

Proximidade da nascente, presença de vazão, cobertura vegetal intensa e

grande sombreamento são as principais características identificadas nesse

vertedouro, por meio de amostragem inicial.

Um aspecto geral da micro-bacia pode ser observado na Figura 4.7.

19

A) B)

C) Figura 4.7 – Imagem mostrando o aspecto geral da micro-bacia Mi: (A) Imagem a montante do vertedouro. (B). Vertedouro triangular. (C) Medidor automático de vazão.

As principais características físicas das duas micro-bacias são apresentadas

na Tabela 4.1.

A análise comparativa dos dados mostra que Vv possui área e altitude

máxima, aproximadamente três vezes superior a Mi. A declividade média do

talvegue é de 6,38% para Vv, ou seja, a cada 100 metros caminhados na micro-

bacia têm-se uma elevação de 6,38 metros no terreno. Para Mi a declividade média

do talvegue (3,84 %) é quase a metade da registrada em Vv.

20

Tabela 4.1- Principais características físicas das micro-bacias Vv e Mi.

Vv Mi

Área (ha) 39,974 12,0088 Perímetro (m) 3256 1720 Declividade Média da Bacia (%) 46 37,6 Declividade Média do Talvegue (%) 6,48 3,84 Densidade de drenagem (Km/km2) 1,704 1,225 Coeficiente de Compacidade (adm) 1,44 1,39 Fator Forma (adm) 1,99 2,51 Sinuosidade (%) 1,28 1 Altitude Mínima (m) 873 23 Altitude Máxima (m) 1072 332 Delta Altitude (m) 201 95 Latitude Central (°) - 19° 28’ 11” - 19° 17’ 53” Longitude Central (°) - 42° 48’ 52” - 42° 28’ 56”

Fonte: FACCO (2008).

Na micro-bacia Mi, não foi possível à realização de todas as coletas previstas e

nem o desenvolvimento do experimento para medição da taxa de decomposição das

frações litter (agosto/2007), pois a mesma apresentou vazão igual a zero durante os

meses de agosto a dezembro de 2007 (Figura 4.8).

Esse fato, provavelmente se deu pela irregularidade na precipitação verificada

na região, pois, 2007 foi um ano atípico se comparado aos anos anteriores.

21

A) B) Figura 4.8 – Imagem mostrando o aspecto da micro-bacia Mi em agosto de 2007: (A) Leito do curso d’ água. (B) Vertedouro.

4.3 - Precipitação e Vazão

Os valores de precipitação e vazão foram coletados pela CENIBRA, através de

estações pluviométricas distribuídas dentro das áreas cultivadas com Eucalyptus e

por meio de equipamento de medição automática da altura da lâmina d’ água,

instalado próximo as estações limnéticas, respectivamente. Na micro-bacia Vv os

dados de precipitação foram coletados na estação pluviométrica instalada no Cocais

dos Arrudas (Antônio Dias) e para Mi, na estação instalada próxima a fábrica da

CENIBRA, em Belo Oriente.

Na região do médio rio Doce foi registrada no ano de 2007 uma diminuição

significativa da precipitação, quando comparado com a média dos últimos dezessete

anos, como pode ser constatado nas Figuras 4.9 e 4.10, que mostra os dados de

precipitação desde 1990 até 2007, para Vv e Mi, respectivamente. A precipitação

22

média anual na bacia Vv, entre 1990 e 2007, foi de 1268 mm ± 209 mm. Em Mi,

essa média foi igual a 1209 mm ± 323 mm.

972

1389

1606

1111

1052

1285

1556

1292

1492

945

1444

1545

1386

908

1222 122712091187

800850900950

10001050110011501200125013001350140014501500155016001650

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Figura 4.9 - Valores anuais de precipitação (mm) desde 1990 até 2007, na micro-bacia Vv. A linha preta representa a média anual de precipitação na bacia.

817,0

1599,0

1690,0

880,0

1422,0

1474,0

1200,0

1507,0

853,0

910,5

1108,2

1355,6

906,5

1485,6

1597,1

1440,9

823,3

800850900950

1000105011001150120012501300135014001450150015501600165017001750

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Figura 4.10 - Valores anuais de precipitação (mm) desde 1990 até 2007, na micro-bacia Mi. A linha preta representa a média anual de precipitação na bacia.

23

Analisando a série histórica de precipitação nota-se que na micro-bacia Vv

foram registrados 908 mm de chuva no ano de 2007, 478 mm a menos que no ano

de 2006 (1386 mm). Em Mi, tivemos um total anual de precipitação de 823 mm em

2007, o que corresponde a 618 mm a menos que no ano anterior (1441 mm).

A análise dos gráficos sugere também, uma tendência de precipitações

elevadas ao longo de três anos consecutivos (2004, 2005 e 2006), seguidos de um

ano extremamente seco (2007), para o médio rio Doce. Este fenômeno pode

explicar, em parte, o período intermitente observado em Mi de agosto a dezembro de

2007.

A Figura 4.11 mostra a precipitação mensal e a distribuição das chuvas,

juntamente com os dados de vazão, registrados na micro-bacia Vv durante o período

de realização da pesquisa.

A precipitação máxima registrada durante toda pesquisa em Vv foi de 420 mm

(dezembro/2006) e a mínima de 3 mm (durante o período de registro) (agosto/2007).

Para a vazão, o valor máximo foi de 7,0 L.s-1 (dezembro/2006) e o mínimo 1,9 L.s-1

(setembro/2007). Nos meses de outubro e novembro não foram registrados dados

de vazão para este ponto, porque o medidor de vazão estava com defeito.

24

420

222

125

47

96

6 10 5 3 1031

100

254299

3,7

7, 0

5,66,9

6,0

4,84,4

4,1 3, 83,6

3,3

1,9

050

100150200250300350400450

Nov

.200

6

Dez

.200

6

Jan.

2007

Fev.

2007

Mar

.200

7

Abr

i.200

7

Mai

.200

7

Jun.

2007

Jul.2

007

Ago

.200

7

Set.2

007

Out

.200

7

Nov

.200

7

Dez

.200

7

Pre

cipita

ção

(mm

)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Vaz

ão (

L/se

g.)

Figura 4.11 – Precipitação média mensal (mm) e vazão média mensal (L.s-1) para a micro-bacia Vv, no período de novembro de 2006 a dezembro de 2007.

Para a micro-bacia Mi, há dados de vazão apenas para os meses de novembro

de 2006 a janeiro de 2007, devido a problemas no equipamento de medição

automática de vazão e também pelo fato da micro-bacia ter parado de verter de

agosto a dezembro de 2007.

Na Figura 4.12 são apresentados os valores de precipitações mensais obtidos

em Mi, juntamente com os dados de vazão para novembro e dezembro de 2006 e

janeiro de 2007.

A precipitação máxima registrada em Mi foi de 420 mm em dezembro de 2006

e a mínima, nula, em julho de 2007. De maio a outubro, observam-se precipitações

próximas de zero, sendo um aumento verificado em novembro e dezembro do

mesmo ano.

25

378

420

185

112

5132

5 4 0 3 13 4

255

159

0

4

5

050

100150200250300350400450

Nov

.200

6

Dez

.200

6

Jan.

2007

Fev.

2007

Mar

.200

7

Abr

i.200

7

Mai

.200

7

Jun.

2007

Jul.2

007

Ago.

2007

Set

.200

7

Out

.200

7

Nov.

2007

Dez

.200

7

Prec

ipita

ção

(mm

)

0

1

2

3

4

5

6

Vaz

ão (L

/seg

.)

Figura 4.12 - Valores mensais de precipitação (mm) para a micro-bacia Mi, no período de novembro de 2006 a dezembro de 2007.

4.4 - Descrição climática da região

Segundo a classificação de Köppen Geiger, identificam-se basicamente três

tipos climáticos na bacia do rio doce (ANA, 2008):

• O clima tropical de altitude com chuvas de verão e verões frescos, presente

nas vertentes das serras da Mantiqueira e do Espinhaço e nas nascentes do

rio Doce;

• O clima tropical de altitude com chuvas de verão e verões quentes, presentes

nas nascentes de seus afluentes; e

• O clima quente com chuvas de verão, presentes nos trechos médio e baixo do

rio Doce e de seus afluentes (nos locais dos experimentos).

26

4.5 - Atividades de Manejo

Segundo informações da CENIBRA, a única atividade de manejo aplicada nas

duas micro-bacias durante o período de realização da pesquisa foi capina química,

sendo realizada nos meses de maio e outubro de 2007 para Mi e Vv,

respectivamente (Figura 4.13).

A) B) Figura 4.13 - Imagem das plantações florestais na micro-bacia Vv (A) e Mi (B), em novembro de 2007.

27

5 - MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 - Distribuições Temporal e Espacial da Amostragem

A pesquisa foi realizada entre novembro de 2006 e dezembro de 2007, com

uma amostragem extra realizada em maio de 2008, na micro-bacia Mi, para

conclusão da pesquisa, uma vez que este ponto apresentou vazão zero, a partir de

agosto de 2007, devido à precipitação abaixo da média anual.

Buscou-se manter um intervalo de 30 dias entre as coletas, mas devido a

problemas com equipamentos, transporte e estradas isso não foi possível, ficando a

média das amostragens em 25 dias.

Foram realizadas no total 24 coletas, sendo 14 delas na micro-bacia Vv e

apenas 10 na micro-bacia Mi. A distribuição desigual da amostragem se deu pelo

fato da interrupção da vazão, fazendo com que a micro-bacia Mi, que apresenta área

menor e está localizada muito próxima da nascente, secasse durante alguns meses

(Tabela 5.1).

Tabela 5.1 – Datas e totais de coletas realizadas nas duas micro-bacias. As colunas sombreadas correspondem ao período chuvoso. Na última coluna da direita, estão os totais de coletas realizadas para cada ponto de amostragem. Coletas de água estão assinaladas com “X”. Coletas de perifíton (Bratrachospermum delicatulum) para análise microscópica estão assinaladas com “i” e para análise de metais estão assinalados com “(i)”. Coletas de litter (galhos e folhas) estão assinalados com “*”. Os meses utilizados para realização do experimento de análise da decomposição do litter estão marcados com “z”. Pontos visitados que se apresentavam com vazão nula, são marcados com a palavra “seco”.

28

27/11 2006

21/12 2006

22/1 2007

27/2 2007

31/3 2007

23/4 2007

28/5 2007

29/6 2007

8/8 2007

29/8 2007

24/9 2007

31/10 2007

29/11 2007

18/12 2007

19/5 2008 S

Micro-bacia VvX i

X i

X i

X i

X i

X i

X i

X i

X i

X i

(i) *

X i

(i)

X i z

X i z

X i z

14

27/11 2006

21/12 2006

22/1 2007

27/2 2007

31/3 2007

23/4 2007

28/5 2007

29/6 2007

8/8 2007

29/8 2007

24/9 2007

31/10 2007

29/11 2007

18/12 2007

19/5 2008 S

X i

X i

X i

X i

X i X X X X seco seco seco seco seco X 10

24

14

Total de coletas realizadas na microbacia Mi 10

Total de coletas realizadas:

Micro-bacia Mi

Total de coletas realizadas na microbacia Vv

29

5.2 - Metodologia da Análise da Água

5.2.1 - Variáveis Analisadas.

Na tabela 5.2, são apresentadas as variáveis analisadas durante a realização

da pesquisa e suas respectivas unidades.

Tabela 5.2 - Variáveis físico-químicas analisadas nas amostras de água das micro-bacias.

Variáveis UnidadesTemperatura ºCPotencial Redox mVOxigênio Dissolvido mg/LOxigênio Saturado (%.)pHCondutividade Elétrica µS cm-1

Sólidos Totais Dissolvidos (STD) mg.L-1

Salinidade p/1000Turbidez N.T.UConcentração de Sólidos Suspensos (SS) mg.L-1

Concentração de Clorofila ativa a µg.L-1

Concentração de Fósforo Total (P-Total) mg.L-1

Concentração de Fósforo Reativo Filtrável (PRF) mg.L-1

Concentração de Fósforo Orgânico Dissolvido (POD) mg.L-1

Concentração Fósforo Orgânico Particulado (POP) mg.L-1

Concentração Ca +2 mg.L-1

Concentração Mg +2 mg.L-1

Concentração K +1 mg.L-1

Concentração Fe +3 mg.L-1

Concentração Cu +2 mg.L-1

Concentração Mn+2 mg.L-1

A análise de formas totais dos íons K+, Mg+, Ca+2, Fe+3, Cu+2, Mn+2, Zn+2 foram

realizadas no Laboratório de Solos da CENIBRA, através de uma parceria entre esta

empresa e o Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – UNILESTEMG, uma

vez que o laboratório da instituição, Laboratório de Pesquisa Ambiental – LPA, não

30

possui todos os equipamentos necessários para a realização de todas as análises e

não comporta este número de amostras.

5.2.2 - Variáveis Medidas in Situ

As variáveis ambientais básicas: temperatura da água, potencial redox,

oxigênio dissolvido, saturação de oxigênio, pH, condutividade elétrica, salinidade e

sólidos totais dissolvidos (STD), foram medidas mensalmente na coluna d´água das

duas micro-bacias, através de sondas de qualidade de água ligadas a um leitor de

dados HACH HQ 40d (Figura 5.1).

A) B) Figura 5.1 – Imagens das medições in situ das variáveis ambientais através de sondas de qualidade de água ligadas a um leitor de dados HACH HQ 40d.

5.2.3 - Variáveis Medidas in Vitro.

5.2.3.1 - Procedimentos de Coleta

As amostras de água foram coletadas em garrafas de polietileno com volume

variando entre 0,5 e 1,0 litro. Antes de cada coleta, as garrafas eram lavadas em

31

água de torneira, depois em água destilada e então submersas em banho de H2SO4

10% por 24 horas. Após este período as garrafas eram lavadas novamente com

água destilada e antes de cada coleta fazia-se ambiente com água a ser amostrada,

ou seja, lavavam-se os frascos três vezes com a água a ser coletada.

2 amostras de água foram retiradas mensalmente nas micro-bacias, sendo

coletadas aproximadamente no centro do vertedouro, como mostra a Figura 5.2.

Utilizava-se uma das amostras para determinação das concentrações de PO43-

enquanto a outra foi utilizada para a determinação das concentrações das formas

totais de P, Ca, Mg, K, Na, Fe, Cu, Zn e Mn, além dos sólidos suspensos, turbidez e

clorofila ativa a.

Transportavam-se as amostras em caixas térmicas até o laboratório, onde cada

amostra passava-se por pré-filtro Millipore AP-20 de 0.45 µm de porosidade, através

de filtração a vácuo.

Analisavam-se imediatamente as amostras para os nutrientes dissolvidos, ou

então os filtrados eram guardados em refrigerador (± 4 ºC) por 24 horas, para

posterior análise. Para os nutrientes totais, as amostras foram analisadas no máximo

em uma semana.

32

Figura 5.2 – Imagem da coleta da de água no vertedouro.

Para determinação de todas as concentrações utilizou-se espectrofotômetro

MERCK modelo NOVA 60 de feixe único e cubetas de quartzo com 50 mm de passo

ótico, para permitir a determinação de concentrações muito baixas.

5.2.3.2 - Turbidez e Sólidos Suspensos (SS)

Para medição da turbidez e dos sólidos suspensos na água a amostra foi

agitada e uma pequena alíquota foi colocada em cubeta e levada até o

espectrofotômetro. Para a determinação da concentração de turbidez era

selecionado a luz branca no espectro e a leitura era dada na unidade FAU. Como a

unidade mais utilizada para essa variável é NTU (Unidade Nefelométrica de

Turbidez) os valores obtidos foram convertidos para essa unidade.

Para determinação dos sólidos suspensos (SS) na água, o espectrofotômetro

indicava a leitura direta da concentração em mg.L-1 de SS, sem reagentes.

33

5.2.3.3 - Concentração de PO43-

O Fósforo Reativo Filtrável (PRF) ou orto-fosfato (PO4-3) foi determinado pelo

teste de fosfato Spectroquant da Merck n° 1.14848.0001, que é baseado na ISO

8466-1 e na norma alemã Deutsches Institut fur Normung - DIN 38402 A 51. Este

teste diminui as chances de erro, uma vez que as curvas de calibrações já estão

programadas no equipamento.

Em béquer de 50 ml, adicionavam-se 10 ml da amostra filtrada juntamente com

os reagentes (molibdato de amônio e ácido ascórbico), que reagem com o PO4-3

presentes na amostra e formam um complexo azul. Após quinze minutos, lia-se a

concentração em mg.L-1. PO43-- P no espectrofotômetro, com absorvância de 882

nm.

5.2.3.4 - Concentração P-Total e P-Orgânico Dissolvido

Os procedimentos utilizados para determinação das concentrações de P-Total

(PT) e P-Orgânico Dissolvido (POD) foram os mesmos, porém para as espécies

orgânicas dissolvidas, as amostras foram inicialmente filtradas. O P-Total, por

definição, é o somatório de todas as espécies químicas de P. Desse modo,

determinado em amostra não-filtrada.

Na determinação das concentrações utilizou-se inicialmente a metodologia

sugerida por Eisenrich (1975), modificada. Adicionava-se a 25 ml da amostra não

filtrada, no caso do P-Total, e filtrada para POD, 5 ml da solução digestora (6 gramas

de persulfato de potássio diluída em 100 ml de ácido sulfúrico 1,8 M) recém-

preparada. Cobria-se o frasco com papel alumínio e digeria preliminarmente a

amostra em autoclave a 127º C e 1,5 atm, durante duas horas. Após o resfriamento

das amostras, fazia-se o controle de pH utilizando hidróxido de sódio 2N, ácido

34

sulfúrico 1% e hidróxido de sódio 0,5 N, para garantir pH de aproximadamente 7. A

partir deste ponto utilizou-se a mesma metodologia aplicada na determinação do

PO4-3.

O P-Orgânico Total foi obtido pela diferença entre as concentrações de P-Total

e PO43-, enquanto o P-Orgânico Particulado (POP) foi obtido pela diferença entre o

P-Orgânico Total e o P-Orgânico Dissolvido (Allen, 1989).

5.2.3.5 - Concentração de Metais (K+, Ca+2, Mg+2, Fe+3, Zn+2, Cu+2 e Mn+2)

A determinação das concentrações de metais na água foi realizada pela

CENIBRA, baseado na metodologia proposta pela American Public Health

Organization - APHA (1995), modificada.

Para as análises de espectrofotometria de absorção atômica (EAA), fazia-se

primeiramente a digestão das amostras, transferindo 250 ml da mesma para béquer

de 400 ml e adicionando 5 ml de ácido nítrico. Essa solução era levada a chapa

elétrica, deixando-se evaporar até quase secura. Esperava-se esfriar e adicionava

novamente mais 5 ml de ácido nítrico, cobrindo o béquer com vidro de relógio.

Retornava com a solução a chapa elétrica por aproximadamente 2 minutos. Lavava-

se as paredes do béquer e transferia a amostra para balão com capacidade de 50 ml

completando o volume com água desmineralizada.

Para as análises de Espectrofotometria de Chama (EC), o procedimento no

preparo das amostras é o mesmo, apenas substituindo-se o HNO3 PA concentrado,

por ácido fluorídrico (HF).

Levava as amostras ao espectrofotômetro de absorção atômica (EAA) no caso

de Ca+2, Mg+2, Fe+3, Zn+2, Cu+2 e Mn+2 ou espectrofotômetro de chama (EC) no

35

caso do K+. Calibrava o aparelho de acordo com a curva padrão de cada elemento e

fazia-se a leitura da amostra.

5.2.3.6 - Determinação da Descarga dos Nutrientes.

Para identificar a quantidade de nutriente que estava sendo exportado das

micro-bacias foi efetuado o cálculo de descarga total para os elementos: PO4-3,

POD, POP, P-Total, K, Ca, Mg, Cu, Zn, Fe e Mn.

Para tal determinação utilizaram-se os dados de deflúvio das micro-bacias e os

resultados das análises químicas dos nutrientes da água. O deflúvio foi obtido pela

divisão dos dados de vazão (Kg/mês) pela área da micro-bacia (ha). A fórmula

empregada no cálculo da descarga é mostrada abaixo:

Descarga (Kg/mês/ha) = deflúvio (m3/mês/ha) * concentração nutriente (Kg/m3)

Os valores da descarga foram calculados apenas para a micro-bacia Vv,

porque em Mi, além da ausência dos resultados das análises químicas da água,

devido ao período de estiagem (agosto a dezembro/2007), foi observado também

problemas com a medição da vazão durante os meses que a micro-bacia estava

vertendo.

5.2.4 - Análise das Variáveis Biológicas

5.2.4.1 - Clorofila Ativa a

Na medição das concentrações de clorofila ativa a utilizou-se a técnica de

espectrofotometria in vitro sugerida por Marker (1996), modificada, a partir de pré-

filtro Millipore AP-20 de 0,45 μm de porosidade, usados em filtrações a vácuo de

36

alíquotas das amostras. Em ambiente com luz atenuada, maceravam-se os filtros em

um graal, com 10 ml de acetona 100% P.A. Centrifugava-se o macerado a 2000 rpm

por 10 minutos e vertia o sobrenadante em balões com 10 ml de capacidade,

completando-se o volume com acetona 100%. Procedia-se à leitura em cubeta de

vidro com 50 mm de passo ótico, a 665 e 750 nm.

37

5.3 - Metodologia da Análise do Perifíton

Amostrou-se componentes macroscópicos do perifíton: macro-algas do filo

das Rodofíceas (Batrachospermum delicatulum) aderidas no canal do vertedouro

das micro-bacias. Para Esteves (1998), macro-algas e briófitas aderidas a rochas

são classificadas como epilíticas.

5.3.1 - Procedimentos de Coleta

5.3.1.1 - Procedimentos de Coleta para Análise Microscopia

Os procedimentos utilizados para coleta das amostras de perifítons foram

baseados em Kelly e Whitton (1994). Duas amostras escolhidas de forma aleatória

no canal do vertedouro foram removidas de seu substrato por meio de pinças de aço

inoxidáveis e lavadas cuidadosamente na água da própria micro-bacia, para limpeza

de detritos e areia. Logo após, as amostras foram armazenadas em frasco de vidro

com solução de FAA (10 ml de formaldeído 40%, 5 ml de ácido acético glacial, 50 ml

de etanol 95% e 35 ml de água), para exame microscópio. Por fim, as amostras

foram acondicionadas em caixas de material refratário ao calor e levadas ao

laboratório para análise (Figura 5.3).

A preservação das amostras com solução de FAA, para análise microscópica,

é de fundamental importância uma vez que ela ajuda manter as estruturas delicadas

das algas, até que as mesmas sejam analisadas (Jonh e Whitton, 1994).

38

Figura 5.3 – Imagens da coleta e preservação das amostras de Batrachospermum delicatulum em solução de FAA, no mês de outubro de 2007.

5.3.1.2 - Procedimentos de Coleta para Análise Química

Uma amostragem aleatória de Bratrachospermum delicatulum foi realizada em

julho de 2007 na micro-bacia Vv, para determinação das concentrações dos

nutrientes totais (P, K, Ca, Mg, S, Cu, Fe, Mn, Zn e B), devido à floração deste

perifíton (Figura 5.4).

Os procedimentos utilizados na coleta das amostras foram os mesmos

descritos acima para análise microscopia, com exceção do armazenamento, que foi

realizado em frascos de polietileno de 1 litro, com aproximadamente 500 ml de água

coletada na própria micro-bacia.

Em laboratório, as amostras foram retiradas da água por meio de pinças e

colocadas sobre pré-filtros Millipore AP-20 (0.45 µm de porosidade). Logo após,

eram levadas para o dessecador durante 48 horas, para completa secagem.

39

Figura 5.4 – Imagens da floração de Batrachospermum delicatulum na micro-bacia Vv, em julho de 2007.

É importante ressaltar que essas amostras não foram levadas em estufas,

porque em uma amostragem inicial, notou-se que as mesmas, após esse processo

de secagem, ficavam totalmente aderidas ao filtro, o que tornava difícil a remoção

pura das amostras.

Depois de seco, o material era armazenado em sacos de papel e

encaminhado até o Laboratório de Solos da CENIBRA S/A para análise.

O mesmo experimento não foi desenvolvido em Mi porque a quantidade de

água que estava vertendo era mínima e não tinha resquícios de algas no local.

5.3.2 - Variáveis Analisadas

As variáveis analisadas nas amostras de perifíton podem ser visualizadas na

Tabela 5.3

40

Tabela 5.3 – Variáveis analisadas nas amostras de Bratrachospermum delicatulum e suas respectivas unidades.

Variáveis UnidadesComprimento de pêlos em algas perifíticas mmConcentração de P-Total μg.g-1

Concentração de K +1 μg.g-1

Concentração de Ca +2 μg.g-1

Concentração de Mg +2 μg.g-1

Concentração de Fe +3 μg.g-1

Concentração de Cu +2 μg.g-1

Concentração de Mn+2 μg.g-1

Concentração de S+2 μg.g-1

Concentração de B+3 μg.g-1

Concentração de Zn +2 μg.g-1

5.3.3 - Análise de Pêlos Algais em Batrachospermum delicatulum

Para análise de pêlos algais foi utilizado o microscópio Leika, equipado com

micrômetro ocular e régua graduada de 1 milímetro, além da câmara de Sedgewick-

Rafter.

Seções de cada amostra eram separadas com auxílio de agulhas e

examinadas de maneira aleatória na câmara de Sedgewick-Rafter para contagem e

medição do comprimento de pêlos.

A quantificação dos pêlos nas amostras de Batrachospermum delicatulum não

foi realizada, devido a grande concentração e espessura dos mesmos, que

dificultava a exatidão da contagem, como pode ser observado na Figura 5.5.

Para determinação do comprimento de pêlos foram selecionadas três seções

de cada amostra. Na câmara Sedgewick-Rafter foram escolhidos dez retículos,

dentro das três seções, e dentro de cada retículo mediam-se trinta pêlos, desde o

ápice até a porção basal ou próxima dela, com o auxílio de escala graduada no

retículo (Figura 5.6). Um total de trezentas medições foram realizadas para cada

41

amostra. Procurou-se medir os trinta pêlos mais visíveis e saudáveis, sem sinais de

degradação e ruptura, dentro de cada retículo.

As Imagens digitais das lâminas foram obtidas através do microscópio

OLYMPUS, equipado com câmera digital colorida de captura de imagens INFINITY

LITE. Foi utilizada uma ocular com ampliação de 10X e suas respectivas objetivas

(4,10,40 e 100 x). O programa utilizado para reconhecimento das imagens foi o

IMAGE PRO- PLUS versão 6.2.

A) B)

Figura 5.5 – Imagens de pêlos nas amostras de Batrachospermum delicatulum observada no aumento de 100 vezes, na micro-bacia Vv, para os meses de: agosto (A) e setembro (B) de 2007.

Figura 5.6 – Imagem do método utilizado para medição de pêlos em Batrachospermum delicatulum, com aumento de 100 vezes, na micro-bacia Vv.

42

5.3.4 - Análise Química do Perifíton

A determinação dos nutrientes: P, K, Ca, Mg, S, Cu, Zn, Fe, Mn e B no tecido

vegetal, assim como nas amostras de água, foram realizadas pela CENIBRA,

baseada na metodologia descrita pela APHA (1995).

5.3.4.1 - Concentração dos Metais (P, K, Ca, Mg, S, Cu, Zn, Fe, Mn e B)

Análise de tecido é a análise da concentração total de metais nos organismos

ou suas partes (WHITTON et al., 2004).

Um estágio preliminar de digestão é usualmente aplicado para liberar o metal

na solução. Para tal, pesou-se 0,200 g do material seco, o qual foi transferido para

um tubo de ensaio de 50 ml. Adicionou-se 5 ml de solução nitro-perclórica (1 ml de

HClO4 60%, 5 ml de HNO3 concentrado e 0.5 ml de H2SO4 concentrado). Colocou-se

o tubo no bloco aquecedor e digeriu-se lentamente em calor moderado. A

mineralização total da amostra foi reconhecida quando se obtinha um extrato claro e

límpido ou tinha-se 0,5 ml de volume final. Adicionava-se mais ou menos 10 ml de

água e deixava agitar no agitador magnético. Transferia para balão volumétrico de

50 ml, homogeneizava e retornava com o extrato para o tubo onde foi feita a

extração.

Extrato pronto para a determinação das concentrações totais de Ca +, Mg+2,

Fe+3, Zn+2

, Cu+2 e Mn+2

, B+3 e S+2

por espectrofotometria de absorção atômica e

de K+ por fotometria de chama.

5.3.4.2 - Concentração de P-Total

A técnica usada na determinação da concentração de fósforo total nas

amostras de perifíton foi a de diferença de densidade óptica, porém, primeiramente

43

foi aplicado o estágio de digestão do material, como citado acima na determinação

dos metais.

Após a digestão, transferia-se uma alíquota de 1ml do extrato para tubo de

ensaio, adicionava-se 5 ml de solução vanado-milibdica recém-preparada,

homogeneizava a amostra e deixava em repouso por trinta minutos para

desenvolvimento de cor. Aferia-se com 100% de transmitância, a 410 nm, o

espectrofotômetro de absorção UV/V com água destilada. Fazia-se a leitura dos

pontos da curva e das amostras e anotavam-se os valores.

44

5.4 - Metodologia da Análise do Litter

Para testar a hipótese de que o curso d’ água recebe contribuição alóctone de

fósforo, presentes nas espécies de mata nativa e Eucalyptus, caracterizou-se a

decomposição do litter na micro-bacia Vv.

O litter é definido como o material vegetal, originado das árvores e da

vegetação de sub-bosque, que se deposita no solo florestal. Compreende as partes

vegetativas (folhas, galhos com ø < 2 cm e cascas) e reprodutivas (flores, frutos e

sementes). (SABARÁ, 1994).

Nesta pesquisa utilizaram-se apenas as frações de folhas e galhos finos

(< 0,5 cm) do litter.

5.4.1 - Procedimentos de Coleta.

Coleta das principais frações do litter (folhas e galhos) de espécies nativas e de

Eucalyptus, presentes na micro-bacia Vv foi realizada em agosto de 2007 para

avaliar a taxa de decomposição dos mesmos na água, através da determinação da

perda de massa, da concentração de nutrientes totais (P, K, Ca, Mg, S, Cu, Zn, Fe,

Mn e B) e polifenóis.

As amostras foram coletadas diretamente das plantas que se encontravam

próximas do curso d’ água de forma aleatória e manualmente. As folhas foram

retiradas inteiras e com pedúnculo, para simular a queda natural destes vegetais.

Para os galhos, foram selecionados os mais finos, para garantir a decomposição dos

mesmos, visto que o período de incubação era curto.

45

Após a coleta, as amostras eram identificadas e armazenadas em sacos de

papel. Em laboratório, o material foi colocado em fôrmas de alumínio e levado para

estufa de circulação a 40 °C, por 48 horas.

Este experimento não foi realizado na micro-bacia Mi, porque neste período a

mesma encontrava-se com vazão nula.

5.4.2 - Montagem do Experimento de Decomposição do Litter

Depois de seca, uma alíquota das diferentes frações das espécies de mata

nativa e Eucalyptus foram pesadas (aproximadamente 5 gramas) e colocadas em

saco de filó com malha de 10 cm X 15 cm (Figura 5.7).

Os sacos foram amarrados com fios de nylon e presos em um tubo de PVC,

que foi colocado próximo das margens do curso d’ água. As amostras

permaneceram incubadas durante 1, 3, 7, 15, 30 dias (Figura 5.8) e todas possuíam

réplicas (duas amostras).

46

A) B)

Figura 5.7 – Imagens das frações: (A) galhos e (B) e folhas identificadas e armazenadas em sacos de nylon para o experimento de decomposição.

A) B) Figura 5.8 - Imagens das frações do litter em sacos de nylon: (A) após incubação na margem do curso d’ água; (B) Último período de incubação (30 dias) das frações.

5.4.2.1 - Determinação da Perda de Massa

As frações do litter tiveram seu peso seco (aproximadamente 5 gramas)

determinado antes do experimento de decomposição. Após o término de cada

período de incubação, o material era novamente seco em estufa de circulação e seu

peso identificado. Dessa forma, a perda de massa foi determinada pela diferença

entre o peso final e o peso inicial, das amostras.

47

5.4.2.2 - Determinação das Concentrações de Fósforo e Metais

Após o processo de incubação e secagem, uma massa aproximada de 3

gramas das frações do litter foi pesada e encaminhada ao Laboratório de Solos da

CENIBRA para determinação das concentrações totais de: P, K, Ca, Mg, Cu, Zn, Fe,

Mn e B.

A metodologia utilizada foi à mesma citada anteriormente para as amostras de

algas.

5.4.3 - Determinação de Polifenóis

Polifenóis são definidos como um fenol de várias hidroxilas ligadas a um anel

aromático, que estão presentes no reino vegetal em abundância, sendo identificados

mais de 8.000 deles. Os polifenóis são encontrados principalmente nas cascas,

sementes e folhas de frutas e vegetais. São também responsáveis pela proteção

contra os ataques físicos como as irradiações ultravioletas do sol e dos ataques

biológicos de fungos, vírus e bactérias (HIGASHI, 2008).

5.4.3.1 - Montagem do Experimento de Polifenóis

A medição da concentração de polifenóis foi realizada no Laboratório de

Pesquisa Ambiental - LPA do UnilesteMG.

Uma massa aproximada de 1 grama das frações do litter foi colocada em

béquer de 100 ml de capacidade, juntamente com 20 ml de água deionizada. Em

uma mesa agitadora, com velocidade mínima, os béqueres foram presos e o litter

permaneceu incubado durante 1, 3, 7, 15 e 30 dias.

48

5.5.4.2 - Determinação da Concentração de Polifenóis

Após o término de cada período de incubação, as amostras eram retiradas da

mesa agitadora e o sobrenadante (frações do litter) era descartado.

A técnica descrita por Allen (1989), que se baseia no reagente de Folin-Denis,

foi aplicada para a determinação dos teores de polifenóis. À solução gerada durante

o experimento, foi adicionado 2,5 ml do reagente de Folin-Denis, juntamente com 10

ml de Na2CO3. Houve a formação de um complexo azul. Agitava-se a amostra e

fazia-se a leitura no espectrofotômetro a 760 nm. Quando as amostras estavam

muito concentradas as mesmas eram diluídas com água deionizada.

49

5.5 - Metodologia da Análise Estatística

O tratamento estatístico aplicado nos dados obtidos com a pesquisa

compreendeu as etapas de estatística descritiva, testes estatísticos e correlação dos

dados, todos realizados através do programa Statistica 5.0 e 6.0. A Figura 5.9

mostra um fluxograma com o resumo dos testes utilizados.

P> 5% Distribuição

normal

P<5 % Distribuição não-normal

TESTE SHAPIRO WILKS (Normalidade)

TESTE MANN WHITNEY (Variação espacial)

p> 5% H0

p< 5% Ha

Figura 5.9 – Fluxograma com o resumo dos testes estatísticos aplicados nos dados obtidos com a pesquisa.

50

É importante ressaltar que no teste de variação espacial todos os dados

foram tratados como não-paramétricos para diminuir as chances de erro e também

pelo fato das amostras não terem números iguais de observações.

5.5.1 - Estatística Descritiva

Os resultados da estatística básica (média, mediana, mínimo, máximo,

variação, variância, desvio padrão e erro padrão da média), juntamente com o

coeficiente de variação foram determinados para todas as variáveis analisadas na

água.

5.5.2 - Normalidade dos Dados

Para verificação da normalidade dos dados foi utilizada a metodologia de

Shapiro – Wilks (Teste W). Este teste é um dos mais usados pela robustez e menor

limitação no tratamento de dados (ZAR, 1996).

A hipótese de nulidade (H0) para este teste revela que os dados em questão

seguem a distribuição normal sendo avaliados pelo nível de significância (adotado

como 5%). Assim, distribuições que apresentarem valores superiores ao valor de

significância adotado (α) serão consideradas normais (ZAR, 1996).

5.5.3 - Variação Espacial

Para testar a hipóteses de haver diferenças significativas entre as micro-

bacias (variação espacial), para as variáveis contempladas com a pesquisa, os

dados foram submetidos ao teste não-paramétrico de Mann-Whitney (ou Teste “U”).

O nível de significância adotado para os testes foi de 5% e as hipóteses

testadas foram:

51

H0: As médias ou medianas das variáveis em Vv não foram diferentes das

médias ou medianas das variáveis em Mi.

HA: As médias ou medianas das variáveis em Vv foram diferentes das médias

ou medianas das variáveis em Mi.

As hipóteses foram avaliadas pela probabilidade p, gerada pelos testes, e

pela significância escolhida (α = 0,05). Valores de p menores que 0,05 demonstram

que as variáveis não tiveram comportamentos iguais nas duas micro-bacias (aceita a

hipótese HA).

5.6.4 - Correlação dos Dados

Para avaliar se algumas variáveis apresentavam correlações entre si, foi

utilizada a estatística de correlação de Pearson.

Correlações positivas sugerem que as variáveis analisadas são diretamente

proporcionais, enquanto que as negativas, sugerem uma relação proporcional

inversamente entre os dados. Valores próximos ou iguais a zero, sugerem ausência

de correlação.

52

6 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 - Água

6.1.1 - Variáveis Analisadas In situ

Os valores do teste de normalidade para as variáveis analisadas in situ são

apresentados na Tabela 6.1 e os resultados da análise estatística na Tabela 6.2.

Tabela 6.1 – Resultados do teste de normalidade (Shapiro Wilks) para as variáveis analisadas in situ na coluna d’ água.

W * pTemperatura (°C) 0,928 357Potencial redox (mV) 0,958 004Oxigênio Dissolvido (mg.L-1) 0,703 647Oxigênio Saturado (%) 0,532 332pH 0,935 763Condutividade (μS.cm-1) 0,469 102Sólidos totais Dissolvidos (mg.L-1) 0,542 000Salinidade (%.) 0,506 02

Variáveis Micro

p ** W0,285 0,920 0,0,755 0,756 0,0,001 0,948 0,0,000 0,917 0,0,394 0,958 0,0,000 0,871 0,0,000 0,589 0,0,000 0,710 0,0

-bacia Vv Micro-bacia Mi

Os valores em negrito apresentaram distribuição normal dos dados, considerando α = 0,05. * W = estatística de Shapiro - Willks ** p = probabilidade da distribuição seguir a curva normal.

53

Tabela 6.2 – Resultados da estatística descritiva para as variáveis analisadas in situ na coluna d’ água.

Vv 19,3 19,7 14,8 24,6 9,8 5,8Mi 21,1 22,2 16,2 25,3 9,1 9,9Vv 25,3 25,2 19,3 34,2 14,9 22,4Mi 25,1 20,4 -33,4 132,5 165,9 1762,9 4Vv 7,3 7,4 4,2 8,5 4,4 1,2Mi 1,6 1,5 0,5 2,9 2,4 0,6Vv 6,4 6,0 7,0 1,1Mi 6,4 6,2 6,7 0,5Vv 50,7 12,0 1,4 390,0 388,6 11859,4 1Mi 63,1 64,5 54,5 75,1 20,6 62,4Vv 29,6 6,3 0,6 180,5 179,9 3156,9 5Mi 29,0 29,2 25,4 33,6 8,2 11,3Vv 0,012 0,000 0,000 0,090 0,090 0,001 0Mi 0,023 0,030 0,000 0,030 0,030 0,000 0

Média Mediana DPa

Temperatura (°C) *

Variáveis

STD (mg.L-1)

Salinidade (mg.L-1)

Potencial Redox (mV

Oxigênio Dissolvido (

pH

Condutividade (μS.cm

Mín. Máx. Variação VariânciaMicro-bacia

)**

mg.L-1)

-1)

54

6.1.1.1 - Temperatura da Água

Em toda a pesquisa, as micro-bacias florestais exibiram variação para a

temperatura da água de 10,5°C, correspondendo à diferença entre o valor máximo

(25,3°C) amostrado na micro-bacia Mi, em dezembro de 2006, e o mínimo (14,8°C),

em julho de 2007, na micro-bacia Vv.

De acordo com o teste de normalidade (Teste “W”), a variável temperatura da

água apresentou distribuição normal dos dados para as duas micro-bacias.

Os resultados da análise descritiva sugerem que a micro-bacia Vv apresentou

média de 19,3°C para a temperatura da água e variação entre máximo e mínimo de

9,8°C, sendo o valor mínimo (14,8°C) amostrado em julho de 2007 e o máximo

(24,6°C) em dezembro de 2006.

Para a micro-bacia Mi, a média obtida foi 21,1°C e a variação entre máximo e

mínimo (25,3 °C – 16,2°C) de apenas 9,1°C, registrados em dezembro de 2006 e

junho de 2007, respectivamente.

Os resultados alcançados com a estatística não-paramétrica de Mann-Whitney

sugerem não haver diferenças significativas nas médias da variável temperatura da

água entre os pontos de coleta (Tabela 6.3).

55

Tabela 6.3 - Resultados do teste de Mann-Whitney, para os valores de temperatura da água amostradas nas micro-bacias Vv e Mi.

Soma de ranks Vv 151Soma de ranks Mi 149p 0p-level 0,16Número de Observações: Vv 14Número de Observações: Mi 10

Teste de Mann- Whitney

,16

Apesar das diferenças entre as micro-bacias, tais como altitude, temperatura

do ar, radiação solar, exposição, relevo e vegetação ripárica (ALLAN, 2004;

DALLAS, 2008), estatisticamente não houve diferença entre as temperaturas médias

das águas. Isto ocorre, provavelmente, devido ao sombreamento dos cursos d’ água

pelas matas ciliares.

O comportamento da temperatura na coluna d’água das duas micro-bacias,

durante todo período de realização da pesquisa, é apresentado na Figura 6.1.

0

5

10

15

20

25

30

Nov

. 200

6

Dez

. 200

6

Jan

. 200

6

Fev.

200

7

Mar

. 200

7

Abr

. 200

7

Mai

. 200

7

Jun.

200

7

Jul.

2007

Ago

s. 2

007

Set

. 200

7

Out

. 200

7

Nov

. 200

7

Dez

. 200

7

Mai

o. 2

008

Temp. (Vv) Temp. (Mi)

Figura 6.1 – Comportamento da temperatura na coluna d’ água nas micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008. A linha preta marca o término da estação chuvosa.

56

Segundo Minuzzi et al. (2007), a região sudeste apresenta distintamente

estações chuvosa e seca, as duas ocorrem no período de outubro a março e de abril

a setembro, respectivamente. É importante ressaltar, que para a variação temporal

(estação chuvosa e seca) não foram aplicados testes estatísticos.

Durante a estação chuvosa as temperaturas da água em Vv estiveram entre

24,6°C (dezembro/2006) e 19,3°C (março/2007), com intervalo de 5,3 °C. Em Mi, a

amplitude foi menor 3,2°C (25,3°C22,1°C), sendo os valores de máximo e mínimo

observados em novembro e dezembro de 2006, respectivamente. A média da

temperatura na estação chuvosa foi 21 ºC para Vv e 23,6 ºC para Mi.

Na estação seca, para Vv, a variação observada entre a temperatura máxima

da coluna d’ água (19,7 °C) em abril de 2007 e a mínima (14,8 °C) em julho do

mesmo ano, foi de 4,9°C. Para Mi a variação foi de 6°C (22,2°C – 16,2°C) e os

valores de máximo e mínimo registrados em abril e junho de 2007, respectivamente.

A média para esta variável durante a estação seca foi 17,2 ºC em Vv e 18,7°C em

Mi.

A variação entre máximo e mínimo para a temperatura da água em Mi, foi

maior no período de estiagem (6,0 °C), correspondendo ao inverno, que durante a

estação chuvosa (3,2 °C), a qual corresponde ao verão. Esta queda na variação das

temperaturas é um provável efeito da entrada de água proveniente do escoamento

superficial e da maior cobertura do céu neste período, o que reduz a incidência de

radiação solar direta na coluna d’ água (SABARÁ, 1999). Para Vv, as variações

constatadas entre as estações de seca e chuva foram pequenas: 4,9 °C e 5,3

°C,respectivamente.

A distribuição e as freqüências dos valores medidos para temperatura da água,

nas duas micro-bacias, são apresentadas nos histogramas (Figura 6.2).

57

Os resultados do histograma sugerem que na micro-bacia Vv a faixa mais

freqüente medida para temperatura estava entre 19 e 21ºC, somando 57% das

observações. Cerca de 21% das amostras estavam entre 17°C e 19°C, 14% entre

14°C e 16°C e apenas 7% na faixa de 24 a 25°C.

Para a micro-bacia Mi, 50% das observações para temperatura na água

estavam entre 22 a 24°C. Cerca de 20% entre 16 e 17°C e entre 18 a 20°C.

Somente 10% das amostras estiveram entre 25 e 26°C. Nas demais temperaturas

não foram registradas observações.

58

0%

7% 7%

0%

14%

7%

21%

36%

0% 0% 0%

7%

0%

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26Temperatura (°C)

0

1

2

3

4

5

6

No

of o

bs

A)

0%

20%

0%

10% 10%

0% 0%

20%

30%

0%

10%

0%

15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27

Temperatura (°C)

0

1

2

3

4

No

of o

bs

B) Figura 6.2 - Distribuição e freqüências dos valores de temperatura da água no período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B).

6.1.1.2 - Potencial Redox

O potencial redox apresentou durante toda pesquisa, valor máximo de +132,5

mV e valor mínimo de -33, 4 mV (uma variação absoluta de 165,9 mV), ambos

registrados na micro-bacia Mi. Esses resultados sugerem águas com características

59

relativamente oxidativas, mas não a ponto de permitir que todos os elementos se

oxidem.

Segundo o teste de Shapiro-Wilks a variável potencial redox apresentou

distribuição normal dos dados para a micro-bacia Vv, mas para Mi os dados não

estavam normalmente distribuídos.

A micro-bacia Vv exibiu mediana de +25,2 mV para o potencial redox e teve

uma faixa de variação estreita (14,9 mV) se comparada à micro-bacia Mi. O valor

máximo (+34,2 mV) foi observado em dezembro de 2006 e o mínimo (+19,3 mV) em

fevereiro e agosto de 2007.

Para Mi, o potencial redox variou de uma condição altamente redutora (-33,4

mV) para uma condição oxidante (+132,5 mV), nos meses de novembro de 2006 e

junho de 2007, respectivamente. O desvio padrão (42 mV) foi aproximadamente

nove vezes maior que o observado no primeiro ponto de coleta (4,7 mV).

Os resultados do teste “U” sugerem que diferenças significativas nas medianas

da variável potencial redox não foram constatadas entre os pontos de coleta (Tabela

6.4).

Tabela 6.4 – Resultados do teste de Mann-Whitney, para os valores de potencial redox, amostrados nas micro-bacias Vv e Mi.

Soma de ranks Vv 158Soma de ranks Mi 95p 0p-level 0,187Número de Observações: Vv 12Número de Observações: Mi 10

Teste de Mann- Whitney

,187

60

O caráter oxidante das águas ficou demonstrado pelo fato de que apenas 1

leitura das 24 amostradas foi negativa. Os valores mais elevados de potencial redox

foram obtidos em Vv, provavelmente devido a maior concentração de oxigênio

dissolvido encontrado na água desta micro-bacia do que na micro-bacia Mi, apesar

do teste estatístico mostrar que diferenças significativas não foram constatadas

quanto a variação espacial.

Goltermam et al. (1978), citado por Sabará (1999), usa a reação química de

formação da água (1), para explicar os valores positivos de potencial redox em

águas oxigenadas:

O2 + 4H+ + 4e- <=>2H2O (1)

Segundo o autor, os prótons (H +) em solução combinam-se com os elétrons livres e

o oxigênio, originando a molécula de água. Esta remoção de elétrons proporciona o

aumento dos valores de potencial redox, mas também diminui o teor de oxigênio

dissolvido.

A dissolução e precipitação de diversos elementos químicos em águas

naturais são afetadas pelo valor de potencial redox, tornando possível prever a

forma sob a qual determinado elemento (e.g. metais) se encontra no ambiente e se,

sobre esta forma, o mesmo se torna disponível para a cadeia alimentar

(MARGALEF, 1983).

Na Figura 6.3 é apresentado o comportamento dos valores de potencial redox,

durante todo período de realização da pesquisa para os pontos estudados.

61

-60-40-20

020406080

100120140160

Nov

. 200

6

Dez

. 200

6

Jan

. 200

6

Fev.

200

7

Mar

. 200

7

Abr

. 200

7

Mai

. 200

7

Jun.

200

7

Jul.

2007

Ago

s. 2

007

Set

. 200

7

Out

. 200

7

Nov

. 200

7

Dez

. 200

7

Mai

o.

Pote

ncia

l Red

ox (m

V)

Pot. Redox (Vv) POT. REDOX (Mi)

Figura 6.3 - Comportamento dos valores de potencial redox nas micro-bacias Vv e Mi, no período de novembro de 2006 a maio de 2008. A linha preta marca o término da estação chuvosa.

Comportamento distinto nos valores de potencial redox foi observado entre as

duas micro-bacias. Medianas de +23,4 e +24,9 mV foram registradas para Vv e Mi

na estação seca, respectivamente. Uma variação absoluta de 9 mV foi constatada

para Vv, resultante da diferença entre o pico máximo (+28,3 mV) observado em julho

de 2007 e o mínimo (+19,3 mV) em agosto do mesmo ano. Em Mi essa variação foi

aproximadamente quatorze vezes maior (127,4 mV), sendo os valores de máximo e

mínimo (+132,5 / +5,1 mV) verificados em junho e julho de 2007, respectivamente.

Com a chegada da estação chuvosa o potencial redox exibiu mediana de +26,8

mV para Vv e apresentou valor máximo de +34,2 mV (dezembro/2006) e mínimo de

+19,3 mV (fevereiro/2007), com intervalo absoluto de 14,9 mV. Em Mi, a mediana

registrada foi +15,5 mV e o intervalo de variação maior que no ponto 1 (65,9 mV),

sendo os valores mínimo de -33,4 mV (novembro/2006) e máximo de +32,5 mV

(dezembro/2006).

62

As medianas para o potencial redox mostraram-se superiores na estação

chuvosa para Vv, provavelmente pela entrada de elétrons livres pelo escoamento

superficial. Em Mi, um excesso (-33,4 mV) de elétrons foi verificado na micro-bacia

Mi em novembro de 2006.

A figura 6.4 mostra a distribuição e a freqüência dos valores medidos para

potencial redox durante a pesquisa, nas micro-bacias Vv e Mi.

Na micro-bacia Vv os valores amostrados para potencial redox variaram

bastante dentro da faixa observada. Cerca de 17% ou duas observações foram os

valores mais lidos para esta variável, sendo verificadas nas faixas de (+18 a +20);

(+20 a +22); (+24 a +26) e (+28 a +30) mV, totalizando 68%. Valores inferiores a +18

mV não foram registrados e 8% foram constatados entre (+22 a +24); (+26 a +28);

(+30 a +32) e (+34 a +36 mV), correspondendo a 32% das observações.

Na micro-bacia Mi, os resultados mais expressivos para potencial redox foram

medidos entre 0 e +40 mV, totalizando 80% das observações. Os demais valores

estavam distribuídos entre -40 a -20 mV (10%) e entre +120 a +140 mV (10%).

63

0%

17% 17%

8%

17%

8%

17%

8%

0%

8%

16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36

Potencial Redox (mV)

0

1

2

3

No

of o

bs

A)

10%

0%

40% 40%

0% 0% 0% 0%

10%

0%

-40 -20 0 20 40 60 80 100 120 140

Potencial Redox (mV)

0

1

2

3

4

5

No

of o

bs

B) Figura 6.4 - Distribuição e freqüência dos valores de potencial redox no período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B).

6.1.1.3 - Oxigênio Dissolvido e Saturação de Oxigênio

A variação global na concentração de oxigênio dissolvido foi de 8,03 mg.L-1,

correspondendo à diferença entre o valor mínimo: 0,5 mg.L-1, observado em Mi e o

valor máximo: 8,53 mg.L-1 amostrado em Vv.

Estes valores mínimos e máximos na concentração de oxigênio dissolvido,

também representaram o mínimo (5,9 %) e o máximo (95,2 %), para a saturação de

64

oxigênio. A condição de oxigênio dissolvido abaixo da saturação é normal para rios

drenando florestas (ALLAN, 2004).

Os resultados do teste “W” obtidos para o oxigênio dissolvido revelam que em

Vv os dados não estavam distribuídos normalmente, enquanto em Mi distribuição

normal foi observada.

A concentração máxima de oxigênio dissolvido registrada em Vv foi de 8,5

mg.L-1 (julho/2007) e a mínima 4,2 mg.L-1 (janeiro/2007). Uma variação entre a

concentração máxima e mínima de oxigênio dissolvido de 4,3 mg.L-1 foi constatada

neste ponto. A mediana e o desvio padrão obtidos foram 7,4 mg.L-1 e 1,1 mg.L-1,

respectivamente.

Em Mi, a variação para a concentração de oxigênio dissolvido foi menor: 2,4

mg.L-1. A concentração máxima (2,9 mg.L-1) foi registrada em maio de 2007 e a

mínima (0,5 mg.L-1) em novembro de 2006. A mediana observada foi de 1,5 mg.L-1 e

o desvio padrão de 0,8 mg.L-1.

Os resultados do teste de Mann – Whitney estão resumidos na Tabela 6.5 e

sugerem que as medianas da variável oxigênio dissolvido foram diferentes quanto à

variação espacial.

Tabela 6.5 – Resultados do teste de Mann-Whitney para os valores de oxigênio dissolvido amostrados nas micro-bacias Vv e Mi.

Soma de ranks Vv 198Soma de ranks Mi 55p 0p-level 0,000Número de Observações: Vv 12Número de Observações: Mi 10

Teste de Mann- Whitney

,000

65

As menores concentrações de oxigênio dissolvido observadas para Mi,

provavelmente se deu pela relação inversa existente entre a temperatura e a

concentração de equilíbrio de oxigênio dissolvido na água, assim como, pelo

consumo de O2 para decomposição da matéria orgânica depositada nas margens do

rio, oriunda da vegetação ciliar, uma vez que esta micro-bacia apresentou os

maiores valores para temperatura da água e possui mata ciliar mais densa.

Em rios de menor ordem, além do aumento da temperatura e da passagem por

regiões de menor velocidade, a deposição e/ou arraste de material alóctone e de

sedimentos, pela lâmina d’água, também contribui para a diminuição da

concentração de oxigênio dissolvido. Os valores de oxigênio dissolvido na água

podem sofrer influência também dos sólidos em suspensão, pois quando há um

aumento considerável da concentração de material em suspensão, uma drástica

redução na concentração de oxigênio é observada (MACDONALD et al., 1991;

TUNDISI & TUNDISI, 2008).

A maior sinuosidade do curso d’água em Vv, aumenta a área para

crescimento de perifíton, que produz oxigênio dissolvido para a água, aproveitando-

se da exposição norte e dos dias com menor cobertura de nuvens (ESTEVES,

1998). Com o aumento do comprimento do curso d’ água a turbidez da água diminui,

aumentando a taxa de produção de oxigênio dissolvido (ESTEVES, 1998).

O comportamento do oxigênio dissolvido nas duas micro-bacias, durante todo

período de realização da pesquisa, é apresentado na Figura 6.5.

66

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

9,00

Nov

. 200

6

Dez

. 200

6

Jan

. 200

6

Fev.

200

7

Mar

. 200

7

Abr

. 200

7

Mai

. 200

7

Jun.

200

7

Jul.

2007

Ago

s. 2

007

Set

. 200

7

Out

. 200

7

Nov

. 200

7

Dez

. 200

7

Mai

o.

Oxi

gêni

o D

isso

lvid

o (m

g.L-

1)

Oxi. Dissol.(Vv) Ox. Dissol.(Mi)

Figura 6.5 - Comportamento do oxigênio dissolvido nas micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008. A linha preta marca o término da estação chuvosa.

Durante as chuvas as concentrações de oxigênio dissolvido observadas na

micro-bacia Vv exibiram valores entre 7,65 mg.L-1 (dezembro/2006) e 4,17 mg.L-1

(janeiro/2007) com intervalo de variação (máximo/mínimo) de 0,53 mg.L-1. Para

micro-bacia Mi a diferença foi maior: 2,05 mg.L-1, sendo os valores de máximo e

mínimo (2,55 mg.L-1 e 0,5 mg.L-1), observados em dezembro e novembro de 2006,

respectivamente. A mediana registrada foi 7,21 mg.L-1 para Vv e 1,5 mg.L-1 para Mi.

No período de estiagem, as concentrações oscilaram entre 8,53 mg.L-1 (julho

/2007) e 7,38 mg.L-1 (abril/2007), em Vv e a diferença registrada entre concentração

máxima e mínima foi de 1,15 mg.L-1. Em Mi, as concentrações estiveram entre 2,85

mg.L-1 (maio/2007) e 0,63 mg.L-1 (julho/2007) e a variação observada foi de 2,22

mg.L-1. A mediana obtida foi de 7,80 mg.L-1 em Vv e de 1,63 mg.L-1 em Mi.

As medianas, assim como as variações entre as concentrações de máxima e

mínima para o oxigênio dissolvido, foram superiores na estação seca (inverno) para

67

as duas micro-bacias. Este fato provavelmente ocorreu pela diminuição dos valores

de temperatura da água o que proporciona maior dissolução de oxigênio dissolvido.

Por outro lado, a vazão em Mi era menor que em Vv, concentrando a matéria

orgânica e anulando, em parte, o efeito da temperatura, pela demanda bioquímica

para oxidação do carbono orgânico (ALLAN, 2004).

O arraste de material alóctone e partículas do solo (sólidos suspensos) também

diminui com o período de estiagem, proporcionando assim, menor consumo de O2 ,

para decomposição. (ESTEVES, 1998).

A distribuição e freqüência das concentrações de oxigênio dissolvido

amostradas nas micro-bacias, durante o período de estudo são apresentadas na

Figura 6.6.

Os resultados do histograma sugerem que 75 % das concentrações de

oxigênio dissolvido medidas em Vv estavam entre 7 e 8 mg.L-1 e que apenas uma

observação (8 %) foi verificada nos intervalos de (4 a 4,5); (8,0 a 8,5) e de (8,5 a 9,0

mg.L-1). Nenhuma observação foi constatada abaixo de 4 mg.L-1.

Em Mi, ao contrário de Vv, as concentrações registradas para oxigênio

dissolvido estavam todas abaixo de 3,0 mg.L-1. A faixa mais freqüente obtida foi de

1,2 a 1,8 mg.L-1, correspondendo a 50 % das observações. Cerca de 20% das

leituras foram obtidas na faixa de (0,4 a 0,8) e (2,2 a 2,6 mg.L-1), totalizando 40%

das medições. Apenas 10% das leituras, foram registradas na faixa de 2,8 a 3,0

mg.L-1 .

68

0%

8%

0% 0% 0% 0% 0%

50%

25%

8% 8%

3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0

Oxigênio Dissolvido (mg.L-1)

0

1

2

3

4

5

6

7

No

of o

bs

A)

0%

10% 10%

0% 0%

10%

30%

10%

0% 0%

10% 10%

0%

10%

0%

0,2 0,6 1,0 1,4 1,8 2,2 2,6 3,0

Oxigênio Dissolvido (mg.L-1)

0

1

2

3

4

No

of o

bs

B) Figura 6.6 – Distribuição e freqüências das concentrações de oxigênio dissolvido, durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B).

6.1.1.4 - pH

O potencial hidrogeniônico apresentou variação de 1,0 unidades em todas as

coletas realizadas. A variação corresponde à diferença entre o maior valor (7,0)

observado em maio/07, e o menor (6,0) registrado em novembro/07, ambos

coletados em Vv. Esse resultado sugere águas bem tamponadas.

69

De acordo com o teste de normalidade, a variável pH apresentou distribuição

normal para as duas micro-bacias.

As medianas registradas para o pH foram idênticas entre os pontos estudados:

6,4 unidades, no entanto, em Mi, a variação entre o valor máximo (6,7 unidades)

amostrado em julho de 2007 e o mínimo (6,2 unidades) em novembro de 2006 foi

menor (0,5 unidades), que a verificada em Vv (1 unidade), como citado

anteriormente. O desvio padrão foi de 0,3 e 0,2 unidades para Vv e Mi,

respectivamente.

Os resultados da ANOVA não – paramétrica (Teste “U”) sugerem que

diferenças significativas não foram identificadas (Tabela 6.6), entre as medianas de

pH, em função do ponto de coleta.

Tabela 6.6 – Resultados do teste de Mann-Whitney para os valores de pH amostrado nas micro-bacias Vv e Mi.

Soma de ranks Vv 146Soma de ranks Mi 131p 0p-level 0,515Número de Observações: Vv 13Número de Observações: Mi 10

Teste de Mann- Whitney

,515

Os valores de pH mostraram-se ligeiramente ácidos para as duas micro-bacias,

no entanto, os valores mais elevados registrados em Vv deve-se possivelmente a

menor deposição de material alóctone da mata ciliar, se comparado a Mi.

Segundo Braccialli (2007), a degradação da matéria orgânica pode ser um fator

determinante na diminuição da concentração de oxigênio dissolvido e dos valores de

pH no ambiente, uma vez que a degradação do conteúdo orgânico consome

oxigênio e produz alguns ácidos orgânicos.

70

Há também a influência da fotossíntese no pH. Durante o dia, o CO2 (aq) é

usado pelas algas na fotossíntese, isso desloca o equilíbrio da reação (2) para a

esquerda, removendo H+ da água e elevando o pH do meio (TUNDISI & TUNDISI,

2008). Como em Vv foi registrado maior abundância de macroalgas do que em Mi,

possivelmente os valores mais elevadas de pH foram influenciadas pela fotossíntese

(TUNDISI e TUNDISI, 2008).

CO2(aq) + H2O 2H+ + CO32- (2)

O comportamento dos valores de pH nas duas micro-bacias, durante todo

período de realização da pesquisa, é mostrado na Figura 6.7.

Na estação chuvosa, os valores de pH oscilaram entre 6,7 unidades

(novembro/ 2006) e 6,2 unidades (dezembro/2006) para Vv, gerando uma variação

de 0,5 unidade de pH. Em Mi, a variação foi menor: 0,2 unidades de pH,

correspondendo à diferença entre os valores máximo (6,4 unidades) observado em

fevereiro de 2007 e o mínimo (6,2) em novembro de 2006. A mediana para Vv foi de

6,36 unidades de pH, enquanto para Mi este valor foi de 6,4 unidades de pH.

71

5,405,605,806,006,206,406,606,807,007,20

Nov

. 200

6

Dez

. 200

6

Jan

. 200

6

Fev.

200

7

Mar

. 200

7

Abr

. 200

7

Mai

. 200

7

Jun.

200

7

Jul.

2007

Ago

s. 2

007

Set

. 200

7

Out

. 200

7

Nov

. 200

7

Dez

. 200

7

Mai

o.

pH

pH (Vv) pH (Mi)

Figura 6.7 - Comportamento do pH nas micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008. A linha preta marca o término da estação chuvosa.

Durante o período de seca, a mediana registrada em Vv foi de 6,4 unidades de

pH e a variação entre máximo e mínimo de 0,8 unidades. O maior valor (7,0

unidades) foi verificado em maio de 2007 e o menor (6,2 unidades) em agosto do

mesmo ano. Para Mi a mediana foi maior: 6,6 unidades, porém, a variação foi

menor: 0,2 unidades e os picos de máximo e mínimo (6,7 – 6,5 unidades) foram

constatados em julho e abril de 2007, respectivamente.

Um aumento nos valores de pH da estação chuvosa para a seca, foi

observado na micro-bacia Vv, possivelmente pela baixa liberação de ácidos húmicos

na água, proveniente da decomposição do material alóctone com o término das

chuvas. Para Mi, este fato provavelmente não ocorreu, pois, um aumento contínuo

dos valores de pH foi verificado da estação chuvosa para a seca, provavelmente

porque a redução da vazão concentrou K, Ca e Mg na água, pois, as maiores

concentrações destes elementos foram encontradas neste ponto.

72

A distribuição e freqüência dos valores amostrados para pH durante a

pesquisa, nas duas micro-bacias são mostradas na Figura 6.8.

Os resultados do histograma revelam que na micro-bacia Vv a faixa mais

freqüente medida para pH estava entre 6,3 a 6,4 unidades, correspondendo a 38 %

das observações. Cerca de 8% (uma observação) foi encontrado nas faixas de 5,9 a

6,0 e de 7,0 a 7,1 unidades.

Para Mi, as leituras de pH foram mais abundantes entre 6,2 a 6,3 unidades,

representando 30% das observações. Cerca de 20% foram observados nas faixas

de (6,3 a 6,4); (6,4 a 6,5) e (6,5 e 6,6) unidades, totalizando 60% . Apenas 10% das

amostras foram encontradas entre 6,6 a 6,7 unidades de pH.

73

0%

8% 8% 8% 8%

38%

8%

0%

8%

0%

8%

0%

8%

0%

5,8 5,9 6,0 6,1 6,2 6,3 6,4 6,5 6,6 6,7 6,8 6,9 7,0 7,1 7,2

pH

0

1

2

3

4

5

6

No

of o

bs

A)

0%

30%

20% 20% 20%

10%

0%

6,1 6,2 6,3 6,4 6,5 6,6 6,7 6,8

pH

0

1

2

3

4

No

of o

bs

B) Figura 6.8 - Distribuição das freqüências dos valores de pH para o período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B).

6.1.1.5 - Condutividade Elétrica

O maior (390 μS.cm-1) e menor (1,4 μS.cm-1) valor para condutividade elétrica

na água foram registrados em dezembro de 2006 e agosto de 2007,

respectivamente, na micro-bacia Vv. A variação na condutividade elétrica para todas

as coletas realizadas foi de 388,6μS.cm-1.

74

De acordo com os resultados do teste “W”, a condutividade elétrica

apresentou distribuição não-normal dos dados para Vv, porém, em Mi os dados

estavam normalmente distribuídos.

Em Mi, uma variação de 20,6 μS.cm-1 foi registrada entre o valores de máximo

(75,1μS.cm-1) e mínimo (54,5 μS.cm-1) para condutividade elétrica, sendo estes

valores observados em maio de 2008 e maio de 2007, respectivamente.

Para Vv, como citado acima, a variação foi de 388,6μS.cm-1. As medianas e os

desvios padrões registrados foram de 12 e 64,5 μS.cm-1 e de 108,9 e 7,9 μS.cm-1

para Vv e Mi, respectivamente.

Os valores alcançados pelo teste “U” revelam ter havido variações significativas

nas medianas da condutividade elétrica quanto à variação espacial.(Tabela 6.7).

Tabela 6.7 – Resultados do teste de Mann-Whitney, para os valores de condutividade elétrica, amostrados nas micro-bacias Vv e Mi.

Soma de ranks Vv 125Soma de ranks Mi 175p 0p-level 0,003Número de Observações: Vv 14Número de Observações: Mi 10

Teste de Mann- Whitney

,003

O comportamento dos valores de condutividade elétrica nas duas micro-bacias,

durante a realização da pesquisa, é apresentado na Figura 6.9.

75

04080

120160200240280320360400440

Nov

. 200

6

Dez

. 200

6

Jan

. 200

6

Fev.

200

7

Mar

. 200

7

Abr.

2007

Mai

. 200

7

Jun.

200

7

Jul.

2007

Agos

. 200

7

Set.

2007

Out

. 200

7

Nov

. 200

7

Dez

. 200

7

Mai

o.

Con

dutiv

idad

e E

létri

ca

Condut,. (Vv). Condut.(Mi)

Figura 6.9 - Comportamento da condutividade elétrica nas micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008. A linha preta marca o término da estação chuvosa.

Durante as chuvas, o valor máximo (dezembro/2006) de condutividade elétrica

registrado para Vv foi de 390μS.cm-1 e o mínimo (fevereiro/2007) de 11,6 μS.cm-1,

com intervalo de 378,4 μS.cm-1. Para Mi, este intervalo foi menor: 16,6 μS.cm-1 e o

valor máximo (71,6 μS.cm-1) verificado em novembro de 2006 e o menor

(55 μS.cm-1) em março de 2007. A mediana para Vv foi de 13,5 μS.cm-1 e de 66,5

μS.cm-1 para Mi.

Mediana de 11,7 μS.cm-1 e variação de 15,7 μS.cm-1 foi registrada para Vv na

estação seca, sendo os valores de máximo (17,1μS.cm-1) e mínimo (1,41μS.cm-1)

observados em abril e agosto de 2007, respectivamente. Para Mi, a mediana foi de

54,7 μS.cm-1 e a variação de 14,1 μS.cm-1, correspondendo à diferença entre o

gradiente máximo: 68,6 μS.cm-1 (julho/2007) e o mínimo 54,5 μS.cm-1 (maio /2007).

Os valores de condutividade elétrica foram ligeiramente superiores na micro-

bacia Mi, a qual apresentou também maior concentração dos elementos que mais

76

participam na composição iônica da água (K, Ca e Mg). Sazonalmente falando, os

valores de condutividade elétrica foram superiores na estação chuvosa para as duas

micro-bacias, possivelmente pelo arraste e dissolução de maior quantidade de íons

presentes no solo para a água. O valor máximo (390μS.cm-1) de toda pesquisa foi

registrado em Vv, em dezembro de 2006, provavelmente após um evento de

precipitação intensa que solubilizou estes íons responsáveis pela elevação da

condutividade elétrica neste mês. (SABARÁ, 1994).

A concentração de vários elementos iônicos como Ca, Mg, Na, K, HCO3, Cl e

SO4 mostram uma correlação elevada e positiva com a condutividade elétrica da

água. Em regiões tropicais, os valores de condutividade elétrica nos ambientes

aquáticos estão mais relacionados com características geoquímicas da região onde

se localizam e com condições climáticas (estação de seca e de chuva) do que com

estado trófico (MARGALEF, 1983; ESTEVES, 1998).

Tundisi e Tundisi (2008), ressalta que a precipitação tem grande influência nos

trópicos, não somente como fonte direta de íons, mas também como meio para

dissolução de rochas e solos.

Na Figura 6.10 é mostrada a distribuição e as freqüências dos valores de

condutividade elétrica nas duas micro-bacias.

Os resultados mais expressivos para condutividade elétrica em Vv estavam

entre 0 a 50 μS.cm-1, totalizando 86 % das observações. Cerca de 7% (duas

observações) foram encontradas nas faixas de 150 a 200 μS.cm-1 e 350 a 400

μS.cm-1.

Na micro-bacia Mi, 40% dos valores amostrados para condutividade

encontravam-se entre 54 a 56 μS.cm-1 e 20% entre 66 a 68 μS.cm-1 e entre 68 a 72

77

μS.cm-1 totalizando 40% das observações. Somente 10% das leituras foram

registradas nas faixas de 62 a 64 e entre 74 a 76μS.cm-1, correspondendo a 20%.

0%

86%

0% 0%

7%

0% 0% 0%

7%

0%

-50 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Condutividade (μS.cm-1)

0

2

4

6

8

10

12

14

No

of o

bs

A)

0%

40%

0% 0% 0%

10%

0%

20%

10% 10%

0%

10%

0%

52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78

Condutividade (μS.cm-1 )

0

1

2

3

4

5

No

of o

bs

B) Figura 6.10 - Distribuição e freqüências dos valores de condutividade elétrica no período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B). 6.1.1.6 - Sólidos Totais Dissolvidos (STD)

A maior: 180,5 mg.L-1 (dezembro/2006) e menor: 0,6 mg.L-1 (agosto/2007)

concentração para sólidos totais dissolvidos na água em toda pesquisa foi registrada

78

na micro-bacia Vv. O intervalo de variação observado entre os valores de máximo e

mínimo foi de 179,9 mg.L-1.

De acordo com o Teste “W” a variável sólidos totais dissolvidos não apresentou

distribuição normal dos dados para as duas micro-bacias.

As medianas registradas para Vv e Mi foram 29,6 mg.L-1 e 29,2 mg.L-1,

respectivamente, porém a variação em Vv foi de 179,9 mg.L-1, como citado acima,

enquanto em Mi foi de apenas 8,1 mg.L-1, sendo a concentração máxima

(33,6 mg.L-1.), observada em julho de 2006 e a mínima (25,4 mg.L-1.), em março de

2007.

Segundo o teste não-paramétrico de Mann Whitney, as medianas registradas

para os sólidos totais dissolvidos foram diferentes quanto à variação dos pontos de

coleta (Tabela 6.8).

Tabela 6.8 - Resultados do teste de Mann-Whitney para os valores de sólidos totais dissolvidos amostrados nas micro-bacias Vv e Mi.

Soma de ranks Vv 84Soma de ranks Mi 126p 0p-level 0,016Número de Observações: Vv 11Número de Observações: Mi 9

Teste de Mann- Whitney

,017

Na Figura 6.11 é apresentada uma comparação entre as concentrações de

sólidos totais dissolvidos nas duas micro-bacias:

79

020406080

100120140160180200

Nov

. 200

6

Dez

. 200

6

Jan

. 200

6

Fev.

200

7

Mar

. 200

7

Abr

. 200

7

Mai

. 200

7

Jun.

200

7

Jul.

2007

Ago

s. 2

007

Set

. 200

7

Out

. 200

7

Nov

. 200

7

Dez

. 200

7

Mai

o.

STD

(mg.

L-1)

STD (Vv) STD (Mi)

Figura 6.11 - Comportamento dos sólidos totais dissolvidos na coluna d’ água das micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008. A linha preta marca o término da estação chuvosa.

O comportamento da variável STD foi distinto entre as duas micro-bacias.

Analisando a Figura 6.11 verifica-se que houve grandes variações de STD em Vv ao

contrário de Mi, que teve suas concentrações oscilando entre 20 e 40 mg STD/L.

As concentrações de sólidos totais dissolvidos, assim como os valores de

condutividade elétrica, foram superiores na micro-bacia Mi, devido as maiores

concentrações iônicas verificadas neste ponto.

Os STD exibiram concentrações entre 180,5 mg.L-1 (dezembro/2006) e 5,3

mg.L-1 (fevereiro/2007), na estação chuvosa, para Vv, com intervalo de 175,7 mg.L-1.

Para Mi, a diferença foi aproximadamente vinte e uma vezes menor (8,1 mg.L-1),

correspondendo as concentrações de máxima e mínima (33,6 mg.L-1 – 25,5 mg.L-1)

observadas em novembro de 2006 e março de 2007, respectivamente. A mediana

para os sólidos totais dissolvidos no período de chuvas foi 6,27 mg.L-1 para Vv e

31,1 mg.L-1 em Mi.

80

Em Vv, a mediana e a variação registrada para STD foi de 5,5 mg.L-1 e 10,9

mg.L-1, respectivamente, na estação seca. A concentração máxima (11,5 mg.L-1) foi

observada em julho de 2007 e a mínima (0,6 mg.L-1) em agosto do mesmo ano. Em

Mi, a variação foi de 7,2 mg.L-1, e a mediana de 25,95 mg.L-1. A concentração

máxima verificada foi 32,6 mg.L-1 (julho de 2007) e a mínima 25,4 mg.L-1 (maio de

2007).

As maiores concentrações observadas para STD ocorreram durante a estação

chuvosa para os dois pontos de coleta, possivelmente pela lixiviação de partículas

do solo para a água. O valor máximo observado foi de 180,5 mg.L-1

(dezembro/2006), na micro-bacia Vv, sendo influenciado fortemente pelas chuvas,

pois neste mês choveu uma média mensal de 420 mm, valor elevado se comparado

aos demais meses.

A distribuição e as freqüências dos dados de sólidos totais dissolvidos nas

duas micro-bacias é mostrada na Figura 6.12.

Os resultados do histograma revelam que 82 % das concentrações de sólidos

totais dissolvidos amostradas na micro-bacia Vv estavam entre 0 e 20 mg.L-1 e que

apenas uma observação (9 %) foi verificada nos intervalos de 80 a 100 mg.L-1 e

entre 180 a 200 mg.L-1.

Em Mi, a faixa mais freqüente obtida para sólidos totais dissolvidos estava

entre 25 a 26 mg.L-1, representando 33% das observações. Cerca de 22% das

amostras foram obtidos nas faixas de 31 a 32 mg.L-1. e de 32 a 34 mg.L-1,

totalizando 44%. Apenas 11% foram medidas entre 26 a 27 mg.L-1. e de 29 a 30

mg.L-1. Ao contrário da micro-bacia Vv, nenhuma observação acima de 34 mg.L-1 foi

constatada.

81

0%

82%

0% 0% 0%

9%

0% 0% 0% 0%

9%

-20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

Sólidos Totais Dissolvidos (mg.L-1)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

No

of o

bs

A)

0%

33%

11%

0% 0%

11%

0%

22%

11% 11%

0%

24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35

Sólidos Totais Dissolvidos (mg.L-1)

0

1

2

3

4

No

of o

bs

B) Figura 6.12 - Distribuição e freqüências dos valores de sólidos totais dissolvidos no período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B).

6.1.1.7 - Salinidade

A concentração de sais minerais na água é expressa como salinidade. Esta

variável apresentou concentrações nulas e próximas de zero nas duas micro-bacias,

durante a realização da pesquisa. O valor máximo registrado foi de 0,09 mg.L-1, na

micro-bacia Vv, em novembro de 2007.

82

Os resultados do teste de Shapiro-Wilks sugerem que a salinidade

apresentou distribuição não-normal dos dados para as duas micro-bacias.

Os resultados da análise descritiva sugerem que a micro-bacia Vv apresentou

mediana de 0,012 mg.L-1, para a salinidade da água e variação de 0,090 mg.L-1,

correspondendo à concentração máxima, observada em novembro de 2007, uma

vez que a concentração mínima foi zero para os meses de janeiro a março de 2007

e de maio a agosto do mesmo ano.

Para Mi, a mediana foi de 0,023 mg.L-1 e a variação de 0,030 mg.L-1, referente

também à concentração máxima registrada para esta variável de dezembro de 2006

a fevereiro de 2007 e nos meses de junho e julho do mesmo ano. A concentração

mínima foi nula em novembro de 2006. O desvio padrão obtido para Mi foi 0,010

mg.L-1 e para Vv 0,027 mg.L-1.

De acordo com o teste não-paramétrico “U”, diferenças significativas foram

constatadas nas concentrações obtidas para a salinidade em relação à variação

espacial (Tabela 6.9).

Tabela 6.9 – Resultados do teste “U”, para os valores de salinidade, amostrados nas micro-bacias Vv e Mi.

Soma de ranks Vv 81,5Soma de ranks Mi 128,5p 0p-level 0,007Número de Observações: Vv 11Número de Observações: Mi 9

Teste de Mann- Whitney

,010

Na Figura 6.13 é apresentada uma comparação entre as concentrações de

salinidade da água nas duas micro-bacias:

83

Durante as chuvas, em Vv, a variação para salinidade foi de 0,018

mg.L-1, correspondendo à concentração máxima registrada em dezembro de 2006,

pois a mínima foi zero de janeiro a março de 2007. Na micro-bacia Mi, a variação foi

0,030 mg.L-1, referente ao valor máximo obtido em dezembro de 2006 a fevereiro de

2007. A mediana registrada, no período chuvoso, para Vv foi nula e para Mi de 0,030

mg.L-1.

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

Nov

. 200

6

Dez

. 200

6

Jan

. 200

6

Fev.

200

7

Mar

. 200

7

Abr

. 200

7

Mai

. 200

7

Jun.

200

7

Jul.

2007

Agos

. 200

7

Set

. 200

7

Out

. 200

7

Nov

. 200

7

Dez

. 200

7

Mai

o.

Sal

inid

ade

(mg.

L-1)

Salin. (Vv) Salin. (Mi)

Figura 6.13 - Comportamento da salinidade na coluna d’ água das micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008. A linha preta marca o término da estação chuvosa.

No período de estiagem, a mediana obtida para Vv também foi nula e a

variação de 0,010 mg.L-1, relativo ao valor máximo verificado em abril de 2007. Nos

demais meses da estação a concentração mostrou-se nula. Em Mi, a mediana

registrada foi de 0,025 mg.L-1 e a variação de 0,010 mg.L-1, sendo a concentração

máxima: 0,030 mg.L-1 ( junho e julho/2007) e a mínima: 0,020 mg.L-1 (abril e maio /

2007).

As maiores concentrações de salinidade da água foram verificadas na micro-

bacia Mi, em função da mesma ter apresentado valores superiores para os

84

elementos K, Ca, Mg. Observou-se também, que em Mi a média registrada foi

superior na estação seca, possivelmente porque neste período havia pouca água

vertendo, ficando os sais mais concentrados. Em Vv, a média foi superior no período

chuvoso e os sais provavelmente foram oriundos de partículas do solo.

Os principais íons responsáveis pela salinidade das águas interiores sem

influência de água marinha são: nitratos, sulfatos, bicarbonatos, cloretos, potássio e

sódio. As grandes diferenças entre valores de salinidade nos ecossistemas

aquáticos são resultantes de fatores como: intensidade diferenciada de

intemperização e composição das rochas e solos da bacia de drenagem, grau de

influência e composição das águas subterrâneas, precipitação atmosférica e balanço

entre evaporação e precipitação (ESTEVES, 1998).

Os baixos valores de STD e salinidade sugerem a natureza desmineralizada

das águas estudadas, i.e., águas com poucas espécies químicas dissolvidas iônicas.

A maior parte dos elementos químicos se encontra ligada à matéria orgânica, não

estando, portanto, disponível para algas e outros fotótrofos aquáticos (TUNDISI e

TUNDISI, 2008)

Na Figura 6.14 são mostradas as distribuições e as freqüências dos teores de

salinidade nas duas micro-bacias.

Os resultados sugerem que na micro-bacia Vv às concentrações mais

freqüentes amostradas para salinidade na água foram medidas na faixa entre e 0 a

0,01 mg.L-1, representando 64 % das medições. Cerca de 27% das concentrações

lidas estavam entre 0,00 e 0,02 mg.L-1 e 9% entre 0,08 e 0,09 mg.L-1.

85

64%

18%

9%

0% 0% 0% 0% 0% 0%

9%

0%

-0,01 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,10

Salinidade (mg.L-1)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

No

of o

bs

A)

11%

0% 0% 0%

33%

0%

56%

0%

-0,005 0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035

Salinidade (mg.L-1)

0

1

2

3

4

5

6

No

of o

bs

B) Figura 6.14 - Distribuição das freqüências dos valores de salinidade no período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B).

Na micro-bacia Mi, 56 % das observações de salinidade na água estavam entre

0,025 e 0,030 mg.L-1. A segunda faixa mais abundante para esta variável foi 0,015 a

0,020 mg.L-1, representando 33%. O restante dos dados (11%) foi amostrado

como zero.

Os valores em negrito apresentaram distribuição normal dos dados, considerando α = 0,05. * W = estatística de Shapiro - Willks ** p = probabilidade da distribuição seguir a curva normal

86

W * p ** W pTurbidez 0,479 0,000 0,687 0,001SSPODPOPP-TotalK+

Ca+2

Mg+2

Cu+2

Zn+1

Fe+3

Mn+2

Variáveis Micro-bacia Vai e Volta Micro-bacia Milagres

Tabela 6.10 – Resultados do teste de normalidade para os nutrientes amostrados na coluna d’água das micro-bacias Vv e Mi.

Os valores alcançados com o teste de normalidade (Shapiro Wilks) para os

nutrientes químicos presentes na coluna d’ água, das duas micro-bacias, são

apresentados na Tabela 6.10 e os resultados da estatística descritiva na tabela 6.11.

6.1.2 - Composição Química da Coluna d’ Água.

0,764 0,002 0,417 0,0000,767 0,003 0,921 0,3620,775 0,004 0,821 0,0260,897 0,102 0,790 0,0110,665 0,000 0,917 0,4030,867 0,046 0,922 0,4480,906 0,161 0,857 0,1130,896 0,117 0,905 0,455

0,840 0,0750,530 0,000 0,490 0,0000,737 0,001 0,418 0,000

87

Vai e Volta 5,8 6,5 0,6 11,0 10,4 10,3 3,2 0,9Milagres 14,1 11,0 3,2 38,8 35,6 100,4 10,0 3,2

Vai e Volta 18,6 15,0 3,0 58,0 55,0 208,3 14,4 3,9Milagres 58,1 26,0 19,0 342,0 323,0 9981,0 99,9 31,6

Vai e Volta 0,021 0,017 0,013 0,035 0,022 0,000 0,010 0,005Milagres 0,022 0,020 0,020 0,027 0,007 0,000 0,004 0,002

Vai e Volta 0,099 0,069 0,010 0,262 0,252 0,007 0,082 0,022Milagres 0,112 0,070 0,043 0,246 0,203 0,007 0,081 0,026

Vai e Volta 0,049 0,029 0,010 0,175 0,165 0,003 0,052 0,014Milagres 0,041 0,040 0,010 0,080 0,070 0,001 0,024 0,008

Vai e Volta 0,051 0,023 0,010 0,158 0,148 0,003 0,051 0,014Milagres 0,065 0,036 0,005 0,168 0,163 0,004 0,064 0,020

Vai e Volta 1,979 2,270 1,190 2,330 1,140 0,245 0,495 0,137Milagres 2,875 2,835 2,100 3,640 1,540 0,319 0,565 0,200

Vai e Volta 0,037 0,030 0,000 0,110 0,110 0,002 0,039 1,048Milagres 2,844 2,730 1,660 4,960 3,300 1,537 1,240 0,454

Vai e Volta 0,058 0,055 0,000 0,110 0,110 0,001 0,025 0,436Milagres 3,371 3,325 2,500 4,780 2,280 0,773 0,879 0,264

Vai e Volta 0,001 0,001 0,000 0,002 0,002 0,000 0,001 0,830Milagres 0,003 0,000 0,000 0,017 0,017 0,000 0,006 16,665

Vai e Volta 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000Milagres 0,004 0,000 0,000 0,033 0,033 0,000 0,012 0,000

Vai e Volta 0,057 0,020 0,000 0,457 0,457 0,014 0,120 2,101Milagres 1,103 0,013 0,000 8,620 8,620 9,226 3,037 226,674

Vai e Volta 0,004 0,002 0,000 0,021 0,021 0,000 0,006 1,489Milagres 0,214 0,113 0,003 0,995 0,992 0,110 0,332 2,939

Fe +3

Mn +2

Ca +2

Mg +2

Cu +2

Zn +1

P-Total

POD

POP

K +1

Erro Pad.Média

Turbidez *

SS

PO4-3

Máx. Variação Variância Desvio Padrão

Variáveis Micro-bacia Média Mediana Mín.

Tabela 6.11 - Estatística descritiva dos resultados das análises de nutrientes na coluna d’água das micro-bacias Vv e Mi.

88

6.1.2.1 - Turbidez

Os valores de turbidez oscilaram entre 38,8 NTU (maio/2008) na micro-bacia

Mi e 0,6 NTU (novembro/2007) na micro-bacia Vv, sendo o intervalo entre máximo e

mínimo de 38,2 NTU.

Os resultados do teste “W”, revelam que a turbidez apresentou distribuição

não-normal dos dados para os dois pontos pesquisados.

Os valores da análise descritiva sugerem que a micro-bacia Vv apresentou

mediana de 6,5 NTU para a turbidez e variação de 10,4 NTU, sendo o valor mínimo:

0,6 NTU (novembro/2007) e o máximo: 11 NTU (novembro/2006).

Para Mi, a mediana registrada foi 11 NTU e a variação de 35,6 NTU, com valor

mínimo de: 3,2 NTU (junho/2007) e máximo de : 38,8 NTU (maio/2007).

Segundo os resultados do teste paramétrico “U”, diferenças significativas foram

identificadas nos valores de turbidez em relação à variação espacial (Tabela 6.12).

Tabela 6.12 - Resultados do teste “U”, para os valores de turbidez amostrados nas micro-bacias Vv e Mi.

Soma de ranks Vv 122,5Soma de ranks Mi 153,5p 0p-level 0,004Número de Observações: Vv 14Número de Observações: Mi 9

Teste de Mann- Whitney

,003

O comportamento da turbidez nas duas micro-bacias, durante todo período de

realização da pesquisa é mostrado na Figura 6.15.

89

0,05,0

10,015,020,025,030,035,040,045,0

Nov

. 200

6

Dez

. 200

6

Jan

. 200

6

Fev.

200

7

Mar

. 200

7

Abr

. 200

7

Mai

. 200

7

Jun.

200

7

Jul.

2007

Ago

s. 2

007

Set

. 200

7

Out

. 200

7

Nov

. 200

7

Dez

. 200

7

Mai

o. 2

008

Turb

idez

(NTU

)

Turb. (Vv) Turb. (Mi)

Figura 6.15 - Comportamento da turbidez nas micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008. A linha preta marca o término da estação chuvosa.

Durante as chuvas, a turbidez esteve entre 11 NTU (novembro/2006) e 3,9

NTU (fevereiro/2007) em Vv, com intervalo de 7,1 NTU. Para Mi, a variação foi de

13,6 NTU (22 NTU – 8,4 NTU), sendo os valores de mínimo e máximo, observados

em novembro de 2006 e fevereiro de 2007, respectivamente. A mediana da turbidez

foi de 6,47 NTU para Vv e 12,3 NTU para Mi.

Na estação seca, para Vv, a variação registrada entre a turbidez máxima da

água (10,4 NTU), em julho de 2007, e a mínima (3,2 NTU), em agosto e setembro do

mesmo ano, foi de 7,2 NTU. Para Mi, os valores de máximo e mínimo (11,6 NTU –

3,2 NTU) foram registrados em abril e julho de 2007, respectivamente, e a variação

foi de 8,4 NTU. A mediana para esta variável foi 6,15 NTU em Vv e 9,06 NTU em Mi.

A distribuição e as freqüências dos valores de turbidez para as duas micro-

bacias são mostradas na Figura 6.16.

90

0%

8% 8%

0%

23%

0%

8%

23%

8% 8%

0%

8% 8%

0%

-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Turbidez (NTU)

0

1

2

3

4

No

of o

bs

A)

0%

20%

0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

30%

10%

30%

10%

0%

-2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Turbidez (NTU)

0

1

2

3

4

No

of o

bs

B) Figura 6.16 - Distribuição e freqüências dos valores de turbidez no período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B).

Os resultados do histograma revelam que 46% dos valores de turbidez

amostrados na micro-bacia Vv estavam entre 3 e 4 e entre 6 e 7 NTU. Cerca de 17%

foram encontrados nas faixas de (0 a 2) (7 a 9) e de (10 a 12) NTU, totalizando 48%.

Apenas uma observação (8%) foi verificada entre 5 a 6 NTU.

91

Para a micro-bacia Mi, os resultados mais significativos estavam entre 9 e 10

NTU e entre 11 e 12 NTU, totalizando 60% das observações. Cerca de 20% foi

observado na faixa de 0 NTU e 10% entre 10 a 11 NTU e 12 a13 NTU.

Os valores mais elevados para turbidez foram registrados em Mi, visto que as

medianas obtidas foram: 5,82 NTU para Vv e 11,64 NTU para Mi. Este fato,

possivelmente está associado à quantidade de material alóctone carreado para o

curso d’ água proveniente principalmente das estradas, pois neste ponto nota-se a

presença de estradas ao entorno da micro-bacia (Mi), ao contrário do que se

observa em Vv, que fica bastante afastada da estrada principal de acesso .

Na estação chuvosa foram registrados os maiores valores de turbidez para as

duas micro-bacias, sugerindo que esta variável pode estar refletindo a maior

concentração de sólidos suspensos carreados em ambientes de maior velocidade de

corrente, como os córregos, e portanto, possuem a maior capacidade de transporte,

especialmente durante a ocorrência de chuvas, como descrito por Lamparelli,

(2004).

A turbidez está diretamente ligada aos sólidos presentes no ecossistema

tendo como principais conseqüências as reduções das atividades fotossintéticas e a

influência direta na diversidade especifica dos organismos presentes, pois, limita a

zona eufótica e influencia a taxa fotossintética. (PERES, 2002).

6.1.2.2 - Sólidos Suspensos

A variação total na concentração de sólidos suspensos na água foi de 339

mg.L-1, valor este resultante da diferença entre o valor máximo (342 mg.L-1),

amostrado na micro-bacia Mi, no mês de maio de 2008, e o valor mínimo (3 mg.L-1)

registrado em agosto de 2007, na micro-bacia Vv.

92

Os resultados do teste de Shapiro-Wilks sugerem que os sólidos suspensos na

água não seguiram distribuição normal dos dados nas duas micro-bacias.

A concentração máxima de sólidos suspensos registrada em Vv foi de 58,0

mg.L-1 (novembro/2007) e a mínima 3,0 mg.L-1(agosto/2007). Uma variação entre

máximo e mínimo de 55,0 mg.L-1 foi constatada neste ponto. A mediana e o desvio

padrão obtidos foram 15 mg.L-1 e 14,4 mg.L-1, respectivamente.

Em Mi, a variação foi maior: 323,0 mg.L-1. A concentração máxima (342,0 mg.L-

1) foi registrada em maio de 2008 e a mínima (19,0mg.L-1) em junho de 2007. A

concentração mediana foi de 26 mg.L-1 e o desvio padrão de 99,9 mg.L-1.

Os resultados do teste paramétrico “U” (Tabela 6.13) sugerem que diferenças

significativas foram verificadas nas medianas, para os sólidos suspensos, quanto à

variação espacial.

Tabela 6.13- Resultados do teste “U”, para os valores de sólidos suspensos, amostrados nas micro-bacias Vv e Mi.

Soma de ranks Vv 127,5Soma de ranks Mi 172,5p 0p-level 0,005Número de Observações: Vv 9Número de Observações: Mi 14

Teste de Mann- Whitney

,004

O comportamento dos sólidos suspensos na água das duas micro-bacias,

durante o período de realização da pesquisa, é apresentado na Figura 6.17

Mediana de 13,5 mg.L-1 e variação de 38,0 mg.L-1 foi registrada para Vv na

estação seca, sendo os valores de máximo (41 mg.L-1) e mínimo (3,0 mg.L-1)

observados em junho e agosto de 2007, respectivamente. Para Mi, a mediana foi de

93

23 mg.L-1 e a variação de 8,0 mg.L-1, correspondendo aos valores máximo de

27,0 mg.L-1 (abril/2007) e mínimo de 19,0 mg.L-1 (junho/2007).

05

1015202530354045505560

Nov

. 200

6

Dez

. 200

6

Jan

. 200

6

Fev.

200

7

Mar

. 200

7

Abr

. 200

7

Mai

. 200

7

Jun.

200

7

Jul.

2007

Ago

s. 2

007

Set

. 200

7

Out

. 200

7

Nov

. 200

7

Dez

. 200

7

Mai

o. 2

008

SS (m

g.L-

1)

SS (Vv) SS (P2)

Figura 6.17 - Comportamento dos sólidos suspensos na água nas micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008. A linha preta marca o término da estação chuvosa.

A concentração máxima de sólidos suspensos registrada para Vv, durante a

estação chuvosa foi de 17,0 mg.L-1 (novembro/2006) e a mínima de 11,0 mg.L-1

(fevereiro/2007), com intervalo de 6,0 mg.L-1. Para Mi, este intervalo foi de 13,0

mg.L-1 e o maior gradiente (35,0 mg.L-1) verificado em dezembro de 2006 e o menor

(22 mg.L-1) em fevereiro de 2007. A mediana para Vv foi de 16 mg.L-1 e para Mi de

32 mg.L-1.

As concentrações de SS na água, assim como os valores de turbidez,

mostraram-se superiores na micro-bacia Mi, provavelmente pela existência de

estradas no interior desta micro-bacia e também pela deposição e carreamento de

litter da mata ciliar, que é mais densa e próxima do leito do rio neste ponto, se

comparado a Vv. Sazonalmente as medianas foram superiores na estação chuvosa

94

para as duas micro-bacias, sugerindo que o escoamento superficial é o principal

responsável pelo transporte destes elementos para o curso d’ água

O material em suspensão tem papel importante em estudos de ecossistemas

aquáticos, sendo, em alguns casos, o maior responsável pela regulação e limitação

da penetração de luz, podendo inferir na concentração de oxigênio e na

condutividade elétrica, segundo Barreto (1999) citado por Peres (2002).

Um aumento nas concentrações de SS é provavelmente o mais significativo

efeito ecológico das atividades florestais, sendo que grande parte do material

arrastado até o curso d’água provém da rede de estradas, durante a fase de

crescimento dos plantios, e durante a fase de exploração, esta carga se soma à

erosão provocada pela exposição do solo (MACDONALD et al., 1991).

Barbosa et al. (2004), analisando bacias florestais e de pastagens encontraram

concentrações de 84,8 mg/L e 448,5 mg/L, respectivamente.

A distribuição e freqüências dos dados de sólidos suspensos na água nas

micro-bacias Vv e Mi é mostrada na Figura 6.18.

As concentrações mais freqüentes amostradas para sólidos suspensos na

micro-bacia Vv estavam entre 10 e 20 mg.L-1, correspondendo a 58 % das

observações. Duas observações (14 %) foram encontradas entre 5 a 10 mg.L-1 e 7%

nas faixas de (0 a 5 mg.L-1); (20 a 25 mg.L-1), (40 a 45 mg.L-1) e de (55 a 60 mg.L-1).

Na micro-bacia Mi, 90% das concentrações foram lidas na faixa de 0 a 50 mg.L-

1 e apenas 10% (uma observação) entre 300 a 350 mg.L-1.

95

0%

7%

14%

29% 29%

7%

0% 0% 0%

7%

0% 0%

7%

0%

-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

Sólidos Suspensos (mg.L-1)

0

1

2

3

4

5

No

of o

bs

A)

0%

90%

0% 0% 0% 0% 0%

10%

0%

-50 0 50 100 150 200 250 300 350 400

Sólidos Suspensos (mg.L-1)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

No

of o

bs

B) Figura 6.18 - Distribuição e freqüências dos valores de sólidos suspensos no período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B).

6.1.2.3 – Orto-Fosfato (PO4-3) ou Fósforo Reativo Filtrável (PRF)

O fósforo reativo filtrável esteve abaixo dos níveis de detecção

0,010 mg.(PO4-3-P).L-1, na maior parte do período de coletas, nas duas micro-bacias.

Entretanto, alguns picos de PO4-3-P foram observados (Figura 6.19).

96

0,013

0,035

0,0160,018

0,020 0,020

0,027

0,00

0,01

0,02

0,03

0,04

nov/

06

dez/

06

jan/

07

fev/

07

mar

/07

abr/0

7

mai

/07

jun/

07

jul/0

7

ago/

07

set/0

7

out/0

7

nov/

07

dez/

07

jan/

08

fev/

08

mar

/08

abr/0

8

mai

/08

PR

F (m

g.L-

1)

PRF (Vv) PRF(Mi)

Figura 6.19 – Concentrações de PO4-3- P observadas na coluna d’ água das micro-

bacias no período de novembro de 2006 a maio de 2008.

Na micro-bacia Vv o valor máximo de PO4-3-P: 0,035 mg.L-1 foi registrado em

fevereiro de 2007, e em Mi, a concentração máxima:

0,027 mg (PO4-3-P).L-1 foi observada em maio de 2008.

A quase total ausência de PO43-P nas águas das micro-bacias deve-se

provavelmente a pobreza das fontes naturais, como os solos da bacia de drenagem,

da pouca mobilidade deste elemento no solo, fazendo com que ele se desloque

apenas em eventos de intenso escoamento superficial, capaz de carrear partículas

do solo principalmente, as argilas. Além da escassez do P, na bacia de drenagem, o

elevado metabolismo dos ecossistemas aquáticos tropicais, aumenta a assimilação

de PRF incorporando-o à sua biomassa (SABARÁ, 1994).

Em lagos tropicais, devido à alta temperatura, o metabolismo dos organismos

aumenta consideravelmente, fazendo com que o PRF seja rapidamente assimilado e

incorporado na sua biomassa. Este é um dos principais motivos pelo qual, a

97

concentração de PRF é muito baixa, geralmente abaixo do limite inferior de detecção

da maioria dos métodos atualmente disponíveis (ESTEVES, 1998).

6.1.2.4 – Fósforo Orgânico Dissolvido (POD)

A variação global na concentração de fósforo orgânico dissolvido (POD) foi de

0,175 mg(POD-P).L-1, correspondendo ao valor máximo, amostrado na micro-bacia

Vv em dezembro de 2007, visto que valor nulo de POD foi observado em setembro

de 2007, na mesma micro-bacia.

De acordo com o teste “W” de normalidade os valores de POD não estavam

normalmente distribuídos em Vv, porém, em Mi foi observada distribuição normal

dos dados.

Como citado anteriormente, a concentração máxima de POD na micro-bacia

Vv, foi de 0,175 mg(POD-P).L-1, a qual foi aproximadamente dezoito vezes maior

que a concentração mínima registrada no mesmo ponto. Os valores obtidos para a

mediana e o desvio padrão foram de 0,029 e 0,052 mg(POD-P).L-1, respectivamente.

Na micro-bacia Mi, a concentração máxima: 0,080 mg(POD-P).L-1

(fevereiro/2007) mostrou-se oito vezes maior que a concentração mínima registrada:

0,010 mg(POD-P).L-1 (março/2007). A mediana encontrada foi de

0,040 mg(POD-P).L-1 e o desvio padrão de 0,024 mg(POD-P).L-1.

Segundo os resultados do teste não-paramétrico de Mann-Whitney as

medianas obtidas para fósforo orgânico dissolvido (POD) foram idênticas entre os

pontos amostrados (variação espacial) (Tabela 6.14).

98

Tabela 6.14 – Resultados do teste de Mann-Whitney, para fósforo orgânico dissolvido (POD) nas micro-bacias Vv e Mi.

Soma de ranks Vv 147Soma de ranks Mi 129p 0p-level 0,574Número de Observações: Vv 13Número de Observações: Mi 10

Teste de Mann- Whitney

,577

Na literatura são poucos os estudos que incluem a determinação do P-

orgânico (dissolvido + particulado) na água, pois, a maioria dos autores analisam

somente o PRF e P-Total (BARBOSA et. al., 2004).

Embora o teste estatístico de Mann-Whitney não aponte diferenças

significativas para o POD, quanto à variação espacial, as maiores concentrações

observadas em Mi, provavelmente ocorreram porque o fósforo está sendo exportado

da bacia como POD, pois não há tempo para os microorganismos realizarem o

processo de mineralização do mesmo à PRF.

O fluxo de fósforo para as águas continentais depende dos processos

geoquímicos nas bacias hidrográficas. De um modo geral, as formas orgânicas de

fósforo, presentes na natureza são de origem biológica (TUNDISI & TUNDISI, 2008).

O perifíton e provavelmente as macrófitas aquáticas são capazes de absorver

não somente o fosfato sob a forma iônica, mas também sob a forma de moléculas

inorgânicas. Desta maneira, estes organismos são de fundamental importância para

o ciclo do fósforo, pois, parte da sua biomassa é assimilada pelo zooplâncton e

peixes, que excretam fezes ricas em fosfato orgânico (ESTEVES, 1998).

O comportamento dos valores de POD, juntamente com os dados obtidos de

precipitação, para as duas micro-bacias, durante todo período de realização da

pesquisa, é mostrado na Figura 6.20.

99

0,0000,0200,0400,0600,0800,1000,1200,1400,1600,1800,200

Nov

. 200

6

Dez

. 200

6

Jan

. 200

6

Fev.

200

7

Mar

. 200

7

Abr

. 200

7

Mai

. 200

7

Jun.

200

7

Jul.

2007

Ago

s. 2

007

Set

. 200

7

Out

. 200

7

Nov

. 200

7

Dez

. 200

7

Mai

o. 2

008

PO

D (m

g.L-

1)

P.O.D (Vv) P.O.D (Mi)

Figura 6.20 - Comportamento do P-Orgânico Dissolvido (POD para as micro-bacias Vv e Mi no período de novembro de 2006 a maio de 2008. A linha preta marca o término da estação chuvosa.

Na estação seca, a mediana obtida para P-Orgânico Dissolvido, na micro-bacia

Vv, foi de 0,010 mg(POD-P).L-1 e a variação de 0,019 mg(POD-P).L-1, referente à

diferença entre o valor máximo: 0,029 mg(POD-P).L-1 verificado em abril de 2007 e o

valor mínimo: 0,010 mg(POD-P).L-1 registrado de maio a julho do mesmo ano. Mi, na

estação seca, exibiu mediana de 0,038 mg(POD-P).L-1 e concentração máxima de

0,074 mg(POD-P).L-1 (junho/2007) e mínima de 0,012 mg.(POD-P).L-1 (julho/2007),

com intervalo de 0,062 mg.(POD-P)L-1.

Durante os eventos chuvosos, a mediana registrada para POD em Vv, elevou-

se para 0,030 mg(POD-P).L-1 e a variação para 0,099 mg(POD-P).L-1, sendo as

concentrações de máxima e mínima (0,109 mgPOD-P. L-1- 0,010 mgPOD-P.L-1)

verificadas em fevereiro e março de 2007, respectivamente. Em Mi, a mediana

registrada foi praticamente a mesma: 0,040 mg(POD-P).L-1, no entanto, a variação

100

foi maior: 0,070 mg(POD-P).L-1, referente aos valores (0,080 – 0,010 mgPOD-PL-1),

verificados em fevereiro e março de 2007, respectivamente.

Os resultados da análise sazonal para P-Orgânico Dissolvido sugerem que na

micro-bacia Vv as concentrações mais elevadas, encontradas na estação chuvosa,

possivelmente ocorrem porque a principal fonte de P na água era o material

alóctone, carreado pelo escoamento superficial, uma vez que as concentrações de

POD diminuíram com o chegada do período de estiagem. Fatores como a área (39,8

ha) e a maior declividade da micro-bacia podem estar influenciando a entrada de P,

devido a maior velocidade de escoamento.

McDowell et al. (2001) caracterizaram o escoamento superficial como uma

parte da água da chuva que se desloca sobre o solo em direção aos vales formando

o deflúvio superficial, que resultará na descarga líquida em rios e riachos. Para

Resende (2002), citado por Pellegrini (2005) a forma e a área da micro-bacia são

variáveis importantes e determinantes no volume e na energia do deflúvio. Bigarrella

(2003), complementa que o formato das vertentes também influencia nos fluxos da

água, sendo que, naquelas em que os fluxos são convergentes, a energia de

desagregação e de transporte é maior. Por essas razões, o transporte de sedimento

pelos cursos d’água ocorre de maneira complexa e sua eficiência está relacionada

com a velocidade da corrente.

As menores concentrações de P-Orgânico Dissolvido encontradas na micro-

bacia Mi, durante os eventos chuvosos e as maiores concentrações no período de

estiagem, sugerem que o P presente na água tem como fonte principal a

decomposição de matéria orgânica alóctone, depositada nas margens do córrego e

não no escoamento superficial. Tal fato pode ser avaliado pelo gráfico de

concentrações versus precipitações, em que os valores de POD para Mi não

101

seguem a tendência das chuvas. Sabará (1999), analisando a concentração de P-

Total entre bacias florestais e agrícolas, encontrou menores variações (2,0 a 93,0 μg

P-total L-1) nos córregos florestais, possivelmente pelo resultado da maior taxa de

infiltração nos solos das bacias, permitindo que o escoamento superficial durante os

eventos de chuvas fortes, seja menos intenso e carreie menos solo para o corpo

d’água. No mesmo estudo o P-Orgânico Total teve mediana de 18,3 μg P L-1.

McDowell et al., (2001) sugere que as fontes de fósforo podem ser, também, os

sedimentos erodidos das margens ou depositados no leito dos cursos d'água.

Na Figura 6.21 é mostrado o comportamento e a freqüência de distribuição dos

valores de P-Orgânico Dissolvido, registrados nas micro-bacias durante o período de

realização da pesquisa.

Os resultados sugerem que 69% das amostras medidas para P-Orgânico

Dissolvido na micro-bacia Vv estavam entre 0 a 0,04 mg.L-1, 23% entre 0,08 a 0,12

mg.L-1 e 8% na faixa de 0,16 a 0,18 mg.L-1.

Na micro-bacia Mi, a faixa mais freqüente amostrada para POD foi de 0,03 a

0,04 mg.L-1, representando 40% das observações. Cerca de 20% das leituras

variaram entre 0,01 a 0,02 mg.L-1 e entre 0,07 a 0,08, totalizando 40%. Apenas 10%

estiveram nas faixas de 0 a 0,01 mg.L-1 e 0,05 a 0,06 mg.L-1.

102

0%

38%

31%

0% 0%

15%

8%

0% 0%

8%

0%

-0,02 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18 0,20

P-Orgânico Dissolvido (mg.L-1)

0

1

2

3

4

5

6

No

of o

bs

A)

10%

20%

0%

40%

0%

10%

0%

20%

0%

0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09

P-Orgânico Dissolvido (mg.L-1)

0

1

2

3

4

5

No

of o

bs

B) Figura 6.21 - Distribuição e freqüências dos valores P-orgânico dissolvido (POD) durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B).

6.1.2.5 – Fósforo Orgânico Particulado (POP)

Durante todo período de realização da pesquisa os valores de P-Orgânico

Particulado oscilaram entre 0,158 mg(POP-P).L-1 e o limite de detecção:

0,010 mg(POP-P).L-1.

As concentrações obtidas para POP apresentaram distribuição não-normal dos

dados para as duas micro-bacias, segundo o teste de Shapiro Wilks.

103

Na micro-bacia Vv, a concentração mediana de POP foi de

0,023 mg(POP-P).L-1 e a variação entre os valores de máximo: 0,158 mg(POP-P).L- 1

(agosto/2007) e mínimo: 0,010 mg(POP-P).L-1 (abril e setembro de 2007) foi de

0,148 mg(POP-P).L-1.

Em Mi, a variação foi de 0,163 mg(POP-P).L-1, sendo o valor máximo:

0,168 mg(POP-P).L-1 registrado em junho de 2007 e o mínimo: 0,005 mg(POP-P).L-1

em maio de 2008. A mediana obtida foi de 0,036 mg(POP-P).L-1.

Os resultados do teste de Mann-Whitney sugerem que diferenças significativas

não foram constatadas nas medianas obtidas para POP, em função do ponto de

coleta (Tabela 6.15).

Tabela 6.15 - Resultados do teste de Mann Whitney para P- Orgânico Particulado.

Soma de ranks Vv 149Soma de ranks Mi 127p 0,664p-level 0,664Número de Observações: Vv 13Número de Observações: Mi 10

Teste de Mann- Whitney

Os resultados do POP reforçam o que foi dito para POD, pois embora

estatisticamente as medianas tenham sido consideradas iguais, as concentrações

mais elevadas em Mi, sugerem que neste local, o fósforo está sendo exportado na

forma orgânica (dissolvida + particulada), pois, provavelmente não esta havendo

tempo para a decomposição do mesmo. Este fato pode ser comprovado de acordo

com o cálculo de descarga realizado para o P, em que uma perda aproximada de

0,207 Kg/ha de fósforo orgânico particulado foi encontrada para Vv, durante a

realização da pesquisa. O mesmo não foi determinado para Mi, mas as

104

concentrações obtidas sugerem que essa é a principal forma exportada pela micro-

bacia.

MacDonald et al (1991), sugere que grande parte do nitrogênio total - assim

como para os demais nutrientes - está sob forma particulada, e deste modo, mantém

uma correlação positiva com a concentração de sólidos totais em suspensão (STS).

O comportamento das concentrações de POP, juntamente com os dados

obtidos de precipitação, para as duas micro-bacias, durante todo período de

realização da pesquisa, é apresentado na Figura 6.22.

0,0000,0200,0400,0600,0800,1000,1200,1400,1600,180

Nov

. 200

6

Dez

. 200

6

Jan

. 200

6

Fev.

200

7

Mar

. 200

7

Abr

. 200

7

Mai

. 200

7

Jun.

200

7

Jul.

2007

Ago

s. 2

007

Set

. 200

7

Out

. 200

7

Nov

. 200

7

Dez

. 200

7

Mai

o. 2

008

PO

P (m

g.L-

1)

P.O.P (Vv) P.O.P (Mi)

Figura 6.22 - Comportamento do P-Orgânico Particulado (POP) durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008. A linha preta marca o término da estação chuvosa.

Durante as chuvas, na micro-bacia Vv, a mediana para POP foi de

0,058 mg(POP-P).L-1 e a variação de 0,095 mg(POP-P).L-1, sendo os valores de

máximo e mínimo (0,118 mgPOP-P.L-1 – 0,023 mgPOP-P.L-1) registrados nos meses

de fevereiro de 2007 e novembro de 2006, respectivamente. Para Mi, o intervalo

verificado entre os picos de máximo: 0,166 mg (POP-P).L-1 (fevereiro/2007) e

105

mínimo: 0,010 mg(POP-P).L-1 (dezembro/2006) foi de 0,156 mg(POP-P).L-1 e a

mediana de 0,024 mg(POP-P).L-1.

No período de estiagem, a mediana obtida para Vv foi de 0,018 mg(POP-P).L-1

e a variação de 0,148 mg(POP-P).L-1, correspondendo a diferença entre os valores

de máximo e mínimo (0,158 mgPOP-P.L-1– 0,010 mgPOP-P.L-1), observados nos

meses de agosto de 2007 e abril/setembro do mesmo ano. No segundo ponto de

coleta, o intervalo de variação foi de 0,135 mg(POP-P).L-1, sendo o pico máximo:

0,168 mg(POP-P).L-1 registrado em junho de 2007 e o mínimo: 0,033 mg(POP-P).L-1

em abril do referido ano. A mediana alcançada pelo POP em Mi foi de

0,081 mg(POP-P).L-1, maior que a observada na estação chuvosa.

Na micro-bacia Vv, as maiores concentrações de POP registradas na estação

chuvosa, estão relacionadas possivelmente com o carreamento de P através do

escoamento superficial, pois, as concentrações obtidas para POP seguem a mesma

tendência da curva de precipitação, apesar da correlação dos dados não ter

apresentado relação significativa com os valores de SS.

Para Mi, os teores mais elevados de POP foram registrados no período de

estiagem, sugerindo que a principal fonte de POP é a deposição de material nas

margens, pois, os valores de POP não foram coerentes com a linha de precipitação.

Na Figura 6.23 é mostrada a distribuição e as freqüências dos valores de

POP nas micro-bacias Vv e Mi.

106

0%

38%

23%

15%

0% 0%

8% 8% 8%

0%

-0,0

2

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

P-Orgânico Particulado (mg.L-1)

0

1

2

3

4

5

6

No

of o

bs

A)

0%

30% 30%

0%

10%

0% 0%

10%

0%

20%

0%

-0,0

2

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20

P-Orgânico Particulado (mg.L-1)

0

1

2

3

4

No

of o

bs

B) Figura 6.23 - Distribuição e freqüências dos valores P-orgânico particulado (POP) durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008 na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B).

De acordo com o histograma as concentrações mais freqüentes de P-Orgânico

Particulado medidas na micro-bacia Vv estiveram entre 0 a 0,04 mg(POP-P).L-1,

representando 61% das observações. Cerca de 15% foram lidas entre 0,04 a 0,06

mg.L-1 e 8% foram detectadas nas faixas de 0,10 a 0,12; 0,12 a 0,14 e 0,14 a 0,16

mg(POP-P).L-1, totalizando 24%. Nenhuma observação foi constada acima de 0,16

mg(POP-P).L-1.

107

Para a micro-bacia Mi, assim como em Vv, a faixa mais freqüente observada

para os valores de POP estavam entre 0 a 0,04 mg.L-1, correspondendo a 60% das

observações. A segunda faixa mais amostrada, 20%, foi observada de 0,16 a 0,18

mg (POP-P).L-1 e 10% das leituras foram registradas nas faixas: 0,06 a 0,08 mg

(POP-P).L-1 e 0,12 a 0,14 mg (POP-P).L-1.

6.1.2.6 – Fósforo Total (PT)

Em toda a pesquisa as micro-bacias florestais exibiram variação para o fósforo

total de 0,252 mgP.L-1, correspondendo a concentração máxima: 0,262 mgP.L-1 e a

mínima: 0,010 mgP.L-1, ambas registradas na micro-bacia Vv.

De acordo com o teste de normalidade, os valores de P-Total estavam

normalmente distribuídos para a micro-bacia Vv, entretanto, em Mi os valores não

seguiram distribuição normal.

Em Vv, a concentração máxima de fósforo total foi de 0,262 mgP.L-1,

(fevereiro/2007). Essa concentração foi 26 vezes superior ao valor mínimo:

0,010 mgP.L-1 (julho e agosto/2007). Mediana de 0,069 mgP.L-1 e desvio padrão de

0,082 mgP.L-1 foi verificado para este ponto.

Na micro-bacia Mi, a concentração máxima de P-Total: 0,246 mgP.L-1

(fevereiro/2007), foi aproximadamente 6 vezes maior que a concentração mínima:

0,043 mgP.L-1 (novembro de 2006). A mediana registrada foi de 0,070 mgP.L-1 e o

desvio padrão de 0,081 mgP.L-1.

Na Tabela 6.16 é apresentado o resumo do teste de Mann Whitney para o

P-Total durante todo período de realização da pesquisa. Os resultados sugerem que

as medianas de P-Total foram idênticas entre os pontos de coleta.

108

Tabela 6.16 – Resumo dos resultados do teste de Mann-Whitney, para P-Total nas micro-bacias Vv e Mi.

Soma de ranks Vv 161Soma de ranks Mi 140p 0,396p-level 0,396Número de Observações: Vv 14Número de Observações: Mi 10

Teste de Mann- Whitney

De um modo geral, as medianas registradas para este elemento foram bem

próximas: 0,069 mgP.L-1 (Vv) e 0,070 mgP.L-1 (Mi), no entanto, a variação entre a

concentração máxima e mínima registrada para P-Total foi superior em Vv (0,252

mgP.L-1) se comparado a Mi (0,203 mgP.L-1).

O comportamento das concentrações de P-Total, juntamente com os dados de

precipitação para as duas micro-bacias é mostrado na Figura 6.24.

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

Nov

. 200

6

Dez

. 200

6

Jan

. 200

6

Fev.

200

7

Mar

. 200

7

Abr

. 200

7

Mai

. 200

7

Jun.

200

7

Jul.

2007

Ago

s. 2

007

Set

. 200

7

Out

. 200

7

Nov

. 200

7

Dez

. 200

7

Mai

o. 2

008

P-T

otal

(mg.

L-1)

P- Total (Vv) P- Total (Mi)

Figura 6.24 - Comportamento dos valores de P-Total durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008. A linha preta marca o término da estação chuvosa.

109

Na micro-bacia Vv à mediana encontrada na estação seca foi de 0,034

mgP.L-1 e a variação entre a concentração máxima e mínima (0,180 mgP.L-1 –

0,010 mgP.L-1) de 0,170 mg.L-1. Em Mi, a mediana obtida foi de 0,129 mgP.L-1 e o

intervalo verificado entre os valores de máximo e mínimo de 0,192 mgP.L-1.

No período chuvoso, em Vv, a variação observada foi de 0,226 mgP.L-1 e a

mediana de 0,147 mgP.L-1. Os valores de máximo e mínimo (0,262 mgP.L-1 – 0,036

mgP.L-1) foram registrados em fevereiro e março de 2007, respectivamente. Para Mi,

o intervalo verificado entre as concentrações de máxima e mínima foi de 0,203

mgP.L-1 e as concentrações estiveram entre 0,246 mgP.L-1 (fevereiro/2007) e 0,043

mgP.L-1 (novembro/2006 ). A mediana observada foi de 0,066 mgP.L-1.

Como citado anteriormente para as demais formas de fósforo, em Vv, os

valores mais elevados de P-Total foram observados na estação chuvosa, sugerindo

que a principal fonte deste elemento é a lixiviação de fósforo do solo para a água,

através do escoamento superficial, uma vez que os picos de P-Total coincidem com

o período de vazão máxima. Para Mi, as maiores concentrações de P-Total foram

registradas na estação seca, possivelmente porque P é oriundo de material alóctone

depositado próximo às margens do curso d’ água, visto que as concentrações de P-

Total não seguem a mesma tendência dos dados de precipitação da bacia.

A distribuição e as freqüências dos valores de P-Total medidos nas micro-

bacias são apresentadas na figura 6.25.

110

0%

43%

14% 14% 14%

7% 7%

-0,0

5

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

P-Total (mg.L-1)

0

1

2

3

4

5

6

7

No

of o

bs

A)

0%

30% 30%

0%

10%

0% 0% 0%

10%

0% 0%

20%

0%

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20

0,22

0,24

0,26

0,28

P-Total (mg.L-1)

0

1

2

3

4

No

of o

bs

B) Figura 6.25 - Distribuição e freqüências dos valores fósforo total (P-Total) durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008.na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B).

As concentrações mais freqüentes obtidas para fósforo total em Vv estavam

entre 0 a 0,05 mg.L-1, representando 43% das observações. Cerca de 14% foram

registradas nas faixas de 0,05 a 0,010 mg.L-1; 0,010 a 0,015 mg.L-1 e 0,015 a 0,020

mg.L-1, totalizando 43% das concentrações medidas e apenas uma observação (7%)

foi registrada nas faixas de 0,020 a 0,025 mg.L-1 e 0,025 a 0,030 mg.L-1.

111

Os resultados do histograma revelam que 60% das medições de fósforo total

em Mi estavam entre 0,04 a 0,08 mg.L-1. A segunda faixa mais freqüente observada

para esta variável foi de 0,24 a 0,26 mg.L-1 e somente 10% foram encontradas nas

faixas de 0,010 a 0,012 mg.L-1 e 0,018 a 0,020 mg.L-1.

As concentrações médias obtidas durante todo o período de realização da

pesquisa para o P-Total foram de 0,010 mg/L e 0,112 mg/L para Vv e Mi,

respectivamente.

Barbosa et al., 2004, analisando a concentração média de P em bacias

plantadas de Eucalyptus, na região do médio rio Doce, encontrou concentrações

máxima de 93 μg/L e média de 24,45 μg/L. Câmara et. al. (2003), mediu

concentrações de P-Total entre 0,070 e 0,13 mg P/L (Plantio de Eucalyptus) e de

0,015 a 0,03 (Floresta Nativa) em São Paulo.

6.1.2.7 – Correlação das Formas de P com as Variáveis Analisadas na Coluna d’

Água.

Uma correlação entre todas as variáveis analisadas na coluna d’ água e as

diferentes formas de fósforo, foram realizadas para as duas micro-bacias. Valores

realçados em negrito, sugerem correlação significativa dos dados (p<0,05).

Os resultados da correlação são apresentados na Tabela 6.17.

Para o PRF foi verificado na micro-bacia Vv correlações negativas com o K e

Mg, porém, esta correlação não tem significado físico. Para Mi, correlações entre

oxigênio, turbidez e sólidos suspensos foram observadas. A relação positiva entre o

oxigênio dissolvido pode ser explicada pela própria fórmula química do elemento

(PO4-3), pois, para cada átomo de P é necessário 4 átomos de oxigênio para formar

a molécula. A correlação entre turbidez e sólidos suspensos sugere que este

112

elemento está entrando no curso d’ água pelo arraste de partículas do solo e do

litter.

Tabela 6.17 – Tabela de correlação entre as variáveis analisadas na coluna d’ água com as diferentes formas de P, para as micro-bacias Vv (P1) e Mi (P2).

P1 P2 P1 P2 P1 P2 P1 P2Temperatura 0,31 0,34 0,56 0,73 0,14 0,43 0,48 0,58Potencial Redox -0,22 -0,02 -0,34 0,64 0,09 0,63 -0,18 0,66Oxigênio Dissolvido -0,23 0,57 -0,35 0,74 0,11 0,49 -0,18 0,65Oxigênio Saturado -0,20 0,55 -0,31 0,73 0,12 0,45 -0,15 0,61pH -0,34 0,35 -0,75 0,72 0,14 0,54 -0,44 0,66Condutividade -0,02 0,34 0,18 0,69 -0,02 0,46 0,10 0,59STD -0,03 -0,08 0,15 0,62 -0,02 0,57 0,08 0,60Salinidade 0,21 -0,07 -0,07 0,72 -0,17 0,66 -0,12 0,70Turbidez -0,44 0,59 -0,55 0,55 -0,13 0,17 -0,49 0,36SS 0,22 0,68 -0,03 0,20 -0,22 -0,12 -0,12 0,05Clorofila -0,03 0,07 -0,21 0,51 -0,05 0,74 -0,17 0,70K total -0,59 0,22 -0,22 0,29 -0,47 0,42 -0,51 0,42Ca total -0,38 0,00 -0,47 0,33 -0,28 0,40 -0,52 0,40Mg total -0,67 0,03 -0,20 0,36 -0,21 0,39 -0,35 0,40Cu total -0,07 -0,10 0,30 0,29 -0,19 -0,16 0,06 -0,03Zn total -0,13 0,30 -0,16 -0,03Fe total -0,21 -0,13 -0,12 -0,14 -0,10 -0,02 -0,17 -0,07Mn total 0,02 -0,22 0,09 -0,06 0,31 -0,08 0,25 -0,10Vazão 0,14 -0,19 0,05 0,13 0,41 -0,18 0,30 -0,10

P-TotalVariáveis PO4-3 POD POP

Para o POD, em Vv, foi registrada correlação positiva entre esta espécie

química e a temperatura da água, sugerindo que quanto maior é a temperatura do

meio, mais rápida é a velocidade de decomposição da matéria orgânica nos

microorganismos e maior é a liberação de POD para a água. Esta liberação de POD

possibilita uma diminuição dos valores de pH, quando é feita na forma de ácidos

húmicos. A correlação verificada com a turbidez (-0,55) não tem significado físico,

pois a turbidez é a medida de material particulado e não dissolvido.

Em Mi, os resultados das correlações sugerem que a liberação do POD está

sendo acelerada pelo aumento da temperatura (0,73), porém a taxa de

113

decomposição é baixa, porque não há consumo de O2 (0,74). O POD não está

sendo lançado no meio na forma de ácidos húmicos, pois apresentou correlação

positiva com o pH. As demais correlações não apresentam explicações físicas, pois

turbidez, salinidade, STD, condutividade e potencial redox são medidas das formas

iônicas.

Para o POP, em Mi, notou-se que a concentração de clorofila teve correlação

positiva com este elemento, indicando que as formas particuladas de fósforo têm

origem no fitoplactôn, que ficou retido no filtro.

Para P-Total, na micro-bacia Mi, observou-se correlações entre temperatura

(0,58), oxigênio (0,65), clorofila (0,70) e pH (0,66), pelos mesmos motivos citados

acima. Correlações entre potencial redox (0,66), condutividade elétrica (0,59), STD

(0,60) e turbidez (0,70) também foram registradas, revelando que o P está sendo

carreado principalmente na forma iônica.

A clorofila, por existir na água apenas dentro de células de fitoplâncton,

possivelmente pesou mais na concentração final de P-Total.

6.1.2.8 – Nutriente Limitante

O conceito de nutriente limitante é baseado na “Lei do Mínimo”, proposta por

Liebig, a qual estabelece que a produção primária de um organismo é determinada

pela concentração da substância que estiver presente no ambiente em menor

quantidade relativa a sua necessidade (WETZEL, 1993).

Apesar de existirem diversos trabalhos que comprovam a aplicabilidade de tal

princípio devem-se considerar algumas questões que interferem na sua aplicação,

uma vez que, diferentemente do pressuposto de estado constante na proposta

114

teórica da Lei do Mínimo, na prática os nutrientes podem atuar como limitantes

concomitantemente, alterando suas concentrações no meio (LAMPARELLI, 2004).

Embora exista uma controvérsia sobre a influência da razão N:P na estrutura

da comunidade fitoplanctônica e na determinação de nutrientes (SMITH &

BENNETT, 1999), alguns trabalhos demonstram a utilidade do conceito de nutriente

limitante e a possibilidade de se utilizar modelos preditivos para a relação carga de

fósforo afluente e concentração de clorofila a (LAMPARELLI, 2004).

A proporção de cada nutriente no ecossistema aquático foi determinada pelo

índice de Redfield, que definiu a razão estequiométrica de 106 C: 16N: 1P. Os ciclos

destes elementos nas águas continentais estão inter-relacionados portanto, com os

processos biológicos no sistema aquático e as razões estequiométricas referidas,

refletem em parte, a forma em que os nutrientes se encontram na água (TUNDISI &

TUNDISI, 2008).

Para a determinação do nutriente limitante nas micro-bacias estudadas foi

calculada a média geral de todas as concentrações obtidas para P-Total e N-Total,

sendo estas médias divididas pela razão de Redfield.

As concentrações mensais de nitrogênio, foram analisadas pela CENIBRA.

Para Vv, o índice de Redfield obtido para nitrogênio total foi de 0,132 e para o

fósforo de 0,010. Em Mi estes índices foram de 0,180 e 0,112, para nitrogênio e

fósforo, respectivamente.

Os resultados sugerem que o P é o elemento limitante, tanto na micro-bacia

Vv como em Mi, devido sua menor concentração no meio.

115

6.1.2.9 - Bases (K,Ca, Mg)

Analisou-se sempre a concentração total das bases, dessa forma, omitiu-se o

adjetivo “total” na citação das concentrações dos elementos, o qual, porém, está

implícito.

De acordo com o teste de normalidade de Shapiro Wilks, todas as bases, com

exceção do Mg, apresentaram distribuição não-normal dos dados para a micro-bacia

Vv, entretanto, para Mi, os dados de K, Ca e Mg estavam normalmente distribuídos.

Os resultados do teste não-paramétrico de Mann Whitney, sugerem que

diferenças significativas foram constatadas para as medianas de Ca e Mg, em

função do ponto de coleta, no entanto, para o K, comportamento idêntico foi

observado (Tabela 6.18).

Tabela 6.18 - Resultados do teste de Mann - Whitney, para as medianas de potássio, cálcio e magnésio amostradas em Vv e Mi.

K Ca MgSoma de ranks Vv 157 91 91Soma de ranks Mi 74 140 140p 0,311 0,000 0,000p-level 0,309 0,000 0,000Número de Observações: Vv 13 13 13Número de Observações: Mi 8 8 8

Teste de Mann- Whitney

Potássio (K)

O comportamento das concentrações de potássio durante o período de

realização da pesquisa, para as duas micro-bacias é mostrado na Figura 26.

116

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

nov-

06

dez-

06

jan-

07

fev-

07

mar

-07

abr-0

7

mai

-07

jun-

07

jul-0

7

ago-

07

set-0

7

out-0

7

nov-

07

dez-

07

K (m

g.L-

1)

K (Vv) K (Mi)

Figura 6.26 – Distribuição das concentrações de potássio nas duas micro-bacias durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008.

Na micro-bacia Vv, a concentração máxima de potássio registrada foi de

2,33 mg.L-1 em abril, julho, setembro e outubro de 2007 e a mínima de 1,19 mg.L-1

em janeiro do mesmo ano. A variação entre a concentração máxima e mínima

observada foi de 1,14 mg.L-1 e mediana e o desvio padrão de 2,27 mg.L-1 e 0,495

mg.L-1, respectivamente.

Na micro-bacia Mi, a mediana verificada foi de 2,835 mg.L-1 e o desvio padrão

de 0,831 mg.L-1. A variação entre a concentração máxima: 3,640 mg.L-1,

(maio/2007), e a concentração mínima: 2,100 mg.L-1 (novembro/2006) foi de 1,540

mg.L-1.

As medianas, assim como as variações nas concentrações de máxima e

mínima para o potássio, foram superiores na micro-bacia Mi.

Likens et al. (1994), citado por Sabará (1999), sugerem que os resultados

obtidos acerca da biogeoquímica do potássio em um ecossistema florestal

117

temperado indicam que em anos úmidos o ecossistema atua como fonte de

potássio, enquanto que nos anos de seca atua como um sumidouro deste elemento.

Talvez Mi esteja atuando como um sumidouro de K, pois, 2007 foi um ano atípico de

precipitação se comparado com os dados de anos anteriores, na bacia do médio rio

Doce.

Likens e Bormann (1996), calcularam uma média de 0,23 mgK.L-1, para

Hubbard Broo,entre 1963 a 1974. Esse valor está cerca de 10 vezes menor que o

encontrado para as medianas das bacias pesquisadas. Barbosa et al. (2004),

estudando dois córregos florestais na região, encontraram valor de mediana igual a

1,99 mgK.L-1. Estes valores estão próximos das medianas obtidas com a realização

desta pesquisa.

Cálcio

Na micro-bacia Vv as concentrações de Ca foram praticamente nulas em todo

período de estudo, sendo a concentração máxima: 0,110 mg.L-1 registrada no mês

de abril de 2007. A mediana obtida foi de 0,030 mg.L-1.

Em Mi, as concentrações registradas foram mais expressivas. O pico máximo

de cálcio:4,96 mg.L-1, foi registrado em julho de 2007 e o mínimo: 1,66 mg.L-1, em

novembro de 2006 e março de 2007. Uma variação entre máximo e mínimo de 3,3

mg.L-1 e mediana de 2,730 mg.L-1 foram constatadas neste ponto.

As distribuições das concentrações de cálcio nas micro-bacias são

apresentadas na Figura 6.27.

118

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

nov-

06

dez-

06

jan-

07

fev-

07

mar

-07

abr-

07

mai

-07

jun-

07

jul-0

7

ago-

07

set-0

7

out-0

7

nov-

07

dez-

07

Ca

(mg.

L-1)

Ca (Vv) Ca (Mi)

Figura 6.27– Distribuição das concentrações de cálcio nas duas micro-bacias durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008.

A análise comparativa do gráfico mostra claramente que maiores teores de

cálcio foram observados em Mi e durante a estação seca. Para Vv as concentrações

registradas foram praticamente nulas em toda a pesquisa.

O predomínio de cálcio na água, provavelmente reflete a química dos solos das

bacias na qual estão inseridas. (SABARÁ, 1999). Bormann e Likens (1967), citados

por Margalef (1983), calcularam uma média de 1,65 mgCa.L-1entre 1963 a 1974 para

Hubbard Brook (NE dos E.U.A). Sabará (1999), encontrou valores de medianas

iguais a 0,026 mgCa.L-1 (estação chuvosa) e 0,11 mgCa.L-1 (estação seca) em

córregos florestais próximos de Vv e Mi. Tanto a ordem de grandeza, quanto a

diferença entre concentrações na época de seca e chuva, está semelhante com o

atual estudo. Isso sugere que o cálcio é um elemento que não se desloca com o

escoamento superficial, sendo mais presente na água, em períodos de seca,

provavelmente devido à decomposição de material alóctone.

119

Magnésio

A figura 6.28, apresenta a distribuição das concentrações de Mg para os

pontos estudados.

As concentrações de magnésio na água estiveram próximas de zero para a

micro-bacia Vv no período de realização da pesquisa, sendo o valor máximo: 0,110

mg.L-1, observado em dezembro de 2006. A média encontrada foi de 0,058 mg.L-1.

Para Mi, a média observada foi de 3,371 mg.L-1 e a maior concentração: 4,78

mg.L-1, registrada em julho de 2007 e a menor: 2,5 mg.L-1, em março do mesmo ano.

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

nov-

06

dez-

06

jan-

07

fev-

07

mar

-07

abr-0

7

mai

-07

jun-

07

jul-0

7

ago-

07

set-0

7

out-0

7

nov-

07

dez-

07

Mg

(mg.

L-1)

Mg (Vv) Mg (Mi)

Figura 6.28 – Distribuição das concentrações de magnésio nas duas micro-bacias durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008.

De acordo com o gráfico, os maiores valores de Mg também foram nitidamente

registrados na micro-bacia Mi, enquanto em Vv as concentrações ficaram próximas

de zero durante toda pesquisa.

Barbosa et. al.(2004), registraram concentrações de Mg entre 0,23 e

4,08 mg.L-1 valores próximos aos encontrados nesse estudo.

120

A ordem de abundância observada para as bases na micro-bacia Vv foi:

K > Ca > Mg. Já para Mi, a ordem foi inversa: Mg > Ca > K. Barbosa et al. (2004),

estudando micro-bacias no médio rio Doce encontrou os elementos K > Na > Mg

como ordem de abundância.

As concentrações das bases mostraram-se superiores em Mi e na estação

seca, provavelmente devido a diminuição da vazão, o que tornou os elementos mais

concentrados. Na micro-bacia Vv, os maiores teores foram constatados na estação

chuvosa, sugerindo que eles foram carreados do solo para a água, pelo escoamento

superficial.

Segundo Likens e Bormann (1996) citados por Sabará (1999), a água

existente em córregos de bacias florestais em um dado momento é uma mistura de

água de precipitação e água subterrânea, cujas proporções variam sazonalmente.

Durante as chuvas, a água dos córregos é essencialmente água do escoamento

superficial que recebeu as influências de sua passagem pela vegetação e solos

florestais. Durante a seca, a água do córrego, é essencialmente água subterrânea,

refletindo a química dos solos e das rochas em decomposição.

6.1.2.10 - Metais (Cu, Zn, Fe e Mn)

Segundo o teste de normalidade de Shapiro Wilks, o cobre e o zinco

apresentaram distribuição normal dos dados para as duas micro-bacias, enquanto os

valores de ferro e manganês não estavam normalmente distribuídos nos pontos

estudados.

Os resultados da ANOVA não paramétrica de Mann Whitney apontam que as

concentrações de cobre, zinco e ferro foram iguais quanto à variação espacial. Para

121

o manganês foi registrado comportamento distinto entre as medianas das micro-

bacias. (Tabela 6.19).

Tabela 6.19 - Resultados do teste de Mann - Whitney, para as medianas de cobre, zinco, ferro e manganês amostradas em Vv e Mi.

Cu Zn Fe MnSoma de ranks Vv 148 137 144 98Soma de ranks Mi 84 95 87 133p 0,745 0,638 0,941 0,001p-level 0,744 0,202 0,942 0,001Número de Observações: Vv 13 13 13 13Número de Observações: Mi 8 8 8 8

Teste de Mann- Whitney

Cobre e Zinco

A distribuição das concentrações de cobre e zinco durante a realização da

pesquisa podem ser visualizadas nas Figuras 6.29.

0,0000,0050,0100,0150,0200,0250,0300,035

nov-

06de

z-06

jan-

07fe

v-07

mar

-07

abr-0

7m

ai-0

7ju

n-07

jul-0

7ag

o-07

set-0

7ou

t-07

nov-

07de

z-07

Zn (m

g.L-

1)

Zn (Vv) Zn (Mi)

A)

0,0000,0030,0060,0090,0120,0150,018

nov-

06de

z-06

jan-

07fe

v-07

mar

-07

abr-0

7m

ai-0

7ju

n-07

jul-0

7ag

o-07

set-0

7ou

t-07

nov-

07de

z-07

Cu

(mg.

L-1)

Cu (Vv) Cu (Mi)

B) Figura 6.29 – Distribuição das concentrações: (A) de zinco (B) e cobre nas duas micro-bacias durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008.

Na micro-bacia Vv as concentrações de zinco estiveram abaixo do limite de

detecção do método (0,005 mg.L-1) no período de estudo. Em Mi, apenas uma

concentração de 0,033 mg.L-1 foi observada em dezembro de 2006, porém, no

restante dos meses as concentrações também estiveram abaixo do limite de

122

detecção e foram representadas como zero. A concentração média registrada para

Mi foi de 0,004 mg.L-1.

As concentrações de cobre na água exibiram valores baixos (< 0,005 mg.L-1)

para as duas micro-bacias, com exceção do mês de dezembro de 2006, na micro-

bacia Mi, em que foi registrado valor máximo de 0,017 mg.L-1. A concentração média

obtida foi igual a 0,003 mg.L-1.

Ferro e Manganês

A distribuição das concentrações de ferro e manganês durante todo período

de realização da pesquisa podem ser visualizadas nas Figuras 6.30.

A concentração de Mn na água em Vv esteve próxima de zero durante os

meses de realização da pesquisa, sendo o valor máximo: 0,021 mg.L-1, registrado

em janeiro de 2007 e a média encontrada de 0,004 mg.L-1. Para Mi, a concentração

média foi de 0,214 mg.L-1 e os valores de Mn oscilaram entre 0,995 mg.L-1 e 0,003

mg.L-1 nos meses de novembro de 2006 e março de 2007, respectivamente.

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

nov-

06de

z-06

jan-

07fe

v-07

mar

-07

abr-0

7m

ai-0

7ju

n-07

jul-0

7ag

o-07

set-0

7ou

t-07

nov-

07de

z-07

Fe (m

g.L-

1)

Fe (Vv) Fe (Mi)

A)

0,000,050,100,150,200,250,300,35

nov-

06de

z-06

jan-

07fe

v-07

mar

-07

abr-0

7m

ai-0

7ju

n-07

jul-0

7ag

o-07

set-0

7ou

t-07

nov-

07de

z-07

Mg

(mg.

L-1)

Mn (Vv) Mn (Mi) B)

Figura 6.30 – Distribuição das concentrações de ferro (A) e manganês (B) nas duas micro-bacias durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008.

O ferro apresentou concentrações baixas (< 0,5 mg.L-1) para os dois pontos,

exceto no mês de julho de 2007, em Mi, onde a concentração máxima de 8,65 mg.L-

123

1 foi registrada. A concentração média de Fe neste ponto foi de 1,103 mg.L-1. O pico

observado para o ferro foi um resultado provável da diminuição de vazão em Mi.

A ordem de abundância dos metais nas duas micro-bacias foi a seguinte: Fe >

Mn > Zn > Cu. Tal ordem de abundância reflete a composição química dos

sedimentos a qual, por sua vez, é função dos solos das bacias de captação. Sabará

(1999), analisando bacias plantadas com Eucalyptus e pastagens, na bacia do

médio rio Doce, encontrou a mesma ordem de abundância para os metais na água.

Barbosa et al. (2004) analisando bacias cultivadas por Eucalyptus na região do

médio rio Doce (próximas das áreas analisadas nesta pesquisa) encontrou

concentrações médias de 0,002 mg Zn.L-1; 1,06 mg Fe.L-1; 0,020 mg Mn.L-1 e nula

para o cobre.

6.1.2.11 - Descarga de Nutrientes

Os resultados do cálculo de descarga (Kg/ha) para os nutrientes amostrados

na micro-bacia Vv, durante toda pesquisa (aproximadamente 1 ano) são

apresentados na Tabela 6.20.

Tabela 6.20 – Resultados do cálculo de descarga (Kg/ha) para os nutrientes na micro-bacia Vv durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008.

Variáveis Descarga (Kg/ha)PRF 0,019POD 0,168POP 0,207

P-Total 0,399K 5,7425Ca 0,0829Mg 0,2092Zn 0,0000Cu 0,0022Fe 0,1920Mn 0,0220

124

É importante ressaltar que na micro-bacia Mi a descarga não foi calculada

devido a problemas no medidor de vazão (lisímetro) e também pela ausência de

água nos meses de agosto a dezembro de 2007.

A micro-bacia Vv apresentou, no período de realização da pesquisa, uma

perda total de fósforo por deflúvio de 0,399 Kg/ha, sendo as maiores perdas

verificadas nos meses de janeiro e fevereiro de 2007.

Dentre as formas de P, a orgânica particulada (POP) foi a mais exportada

pela bacia, cerca de 0,207 Kg/ha (51,9%). O mês de janeiro de 2007 foi o que mais

contribui para este fato. Uma massa de fósforo de 0,168 Kg/ha (42,1%) e 0,019

Kg/ha (6%) foi exportada nas formas de P-Orgânico Dissolvido (POD) e PRF,

respectivamente.

A predominância de P-Orgânico Particulado em Vv pode ser constatada

também pela Figura 6.31, que mostra as porcentagens das diferentes formas de P,

para cada mês, durante a realização da pesquisa.

A maior parte de P esta sendo exportada da micro-bacia, conforme os

cálculos, na forma particulada. Isto sugere que esta espécie química não está tendo

tempo para ser mineralizada a POD e posteriormente a PRF na bacia.

Provavelmente esta mineralização do fósforo orgânico a PRF irá ocorrer em outro

ponto do curso d’água, mais a jusante, podendo afetar o estado trófico do mesmo.

125

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

nov-

06

dez

-06

jan-

07

fev-

07

mar

-07

abr-

07

mai

-07

jun-

07

jul-0

7

ago-

07

set-0

7

out-0

7

nov-

07

dez-

07

P.O.D P.O.P P.R.F

Figura 6.31 – Porcentagens das diferentes formas de P analisadas na micro-bacia Vv no período de novembro de 2006 a dezembro de 2007.

Mosca (2003), estudando descarga de nutrientes em micro-bacia plantada com

Eucalyptus desde 1972, na região de São Paulo, no período de novembro de 2001 a

outubro de 2002,encontrou descarga de P-Total de 0,060 Kg/ha.

A intensidade e duração da chuva influenciam a magnitude da descarga líquida

e da concentração de sedimento em suspensão no deflúvio superficial (GASTALDINI

& MENDONÇA, 2001; LANA, 2002). Dessa forma, há uma relação direta entre o

aumento dessas variáveis, que se relacionam diretamente, com o aumento das

transferências de fósforo (QUINTON et al., 2001). Esses autores concluíram que as

chuvas de baixa intensidade são tão ou mais importantes que as de alta intensidade

para as transferências de fósforo, considerando a freqüência e o número de cada

uma delas.

126

As bases foram exportadas da micro-bacia na seguinte ordem: K > Mg > Ca.

Mosca (2003) obteve descargas de 0,54 Kg/ha, 0,58 Kg/ha e 0,19 Kg/ha, para

potássio, cálcio e magnésio, respectivamente, em um estudo realizado de novembro

de 2001 a outubro de 2002, na região de São Paulo, em áreas cultivadas com

Eucalyptus desde 1972.

Para os metais, as perdas encontradas foram pequenas devido à baixa

concentração dos mesmos nas amostras de água. O metal mais abundante foi o

ferro, seguido do manganês, cobre e zinco.

Apesar da micro-bacia Mi não possuir resultados para as descargas dos

nutrientes analisados na coluna d’ água, através da Figura 6.32, é possível intuir que

assim como em Vv, a forma predominante de P neste local também foi a forma

orgânica particulada. A forma inorgânica foi a menos expressiva, sendo detectada

apenas por alguns picos.

Segundo Lima (1993), o balanço de nutrientes em bacias hidrográficas

cultivadas com florestas de Eucalyptus mostra-se, em termos médios, bastante

conservador, com relação aos nutrientes, o que reflete os efeitos positivos deste tipo

de cobertura florestal sobre o funcionamento da bacia hidrográfica. Ainda, para a

bacia como um todo, isto é, para a qualidade da água, os estudos com espécies de

Eucalyptus, assim como outras espécies florestais, demonstram que a qualidade

final da água é, em condições naturais, mais dependente da geologia e do solo da

bacia hidrográfica, assim como do regime de chuvas da região.

127

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

nov-

06

dez-

06

jan-

07

fev-

07

mar

-07

abr

-07

mai

-07

jun-

07

jul-0

7

ago-

07

set-

07

out-

07

nov-

07

dez-

07

jan-

08

fev-

08

mar

-08

abr-

08

mai

-08

P.O.D P.O.P P.R.F

Figura 6.32 – Porcentagens das diferentes formas de P analisadas na micro-bacia Mi no período de novembro de 2006 a dezembro de 2007.

Dessa forma, pode-se concluir que o uso do Eucalyptus, em bacias

degradadas, com o propósito de melhorar a qualidade de água, parece promover um

adequado controle nos processos de escoamento superficial, erosão e ciclagem de

nutrientes.

6.1.3 - Variável Biológica

6.1.3.1 - Clorofila ativa a

A clorofila apresentou, durante toda pesquisa, concentração máxima de

0,654 μg.L-1 (junho/2007), na micro-bacia Mi e concentração mínima de 0,046

(μg.L-1 março/2007), registrada na micro-bacia Vv.

128

Os valores da análise descritiva para a variável clorofila ativa a são

apresentados na Tabela 6.21.

Os resultados do teste “W” apontam que a variável clorofila ativa a apresentou

distribuição não-normal dos dados nas duas micro-bacias (p=0,004 Vv / p= 0,026

Mi).

Tabela 6.21 - Resultados da estatística descritiva para a variável clorofila ativa a nas duas micro-bacias.

Média Mediana Mín. Máx. Variação VariânciaDesvio Padrão

Erro Pad. da Média

Coef. Variação

Vai e Volta 0,25 0,16 0,05 0,64 0,59 0,05 0,22 0,06 0,86Milagres 0,25 0,14 0,05 0,65 0,61 0,05 0,22 0,07 0,90Os valores são dados em μg.L-1, exceto para variância (μg.L-1)2 e coeficiente de variação (%).

Os valores obtidos com a análise estatística sugerem que a clorofila

apresentou mediana igual a 0,16 μg.L-1, desvio padrão de 0,22 μg.L-1 e variação de

0,59 μg.L-1, resultante da diferença entre a concentração máxima: 0,64 μg.L-1

(junho/2007) e a mínima: 0,05 μg.L-1 (março/2007), para a micro-bacia Vv.

Para a micro-bacia Mi, a mediana registrada foi de 0,14 e do desvio padrão

idêntico ao observado em Vv (0,22 μg.L-1). No entanto, a variação constatada foi

ligeiramente superior: 0,061 μg.L-1, sendo a concentração máxima (0,65 μg.L-1) e a

mínima (0,05 μg.L-1) registradas também nos meses de junho e março de 2007,

respectivamente.

A Deliberação Normativa Conjunta COPAM 01/2008 estabelece 10 μg L-1 como

limite superior de clorofila a para água doce Classe 1. Dessa forma, os valores

obtidos podem ser considerados baixos.

129

De acordo com os resultados do teste não-paramétrico, diferenças

significativas não foram identificadas (Tabela 6.22), entre os valores de clorofila, em

função do ponto de coleta.

Tabela 6.22 - Resultados do teste de Mann Whitney, para a variável clorofila ativa a.

Soma de ranks Vv 169,5Soma de ranks Mi 106,5p 0,926p-level 0,925Número de Observações: Vv 14Número de Observações: Mi 9

Teste de Mann- Whitney

O comportamento da clorofila ativa a nas duas micro-bacias durante o período

de realização da pesquisa é apresentado na figura 6.33.

Durante as chuvas, a mediana encontrada para a clorofila na micro-bacia Vv,

foi de 0,08 μg.L-1 e a variação entre as concentrações de máxima (0,58 μg.L-1) e

mínima (0,05μg.L-1), verificada em novembro de 2006 e março de 2007,

respectivamente. Em Mi, a mediana registrada foi maior: 0,111 μg.L-1 e a diferença

entre a maior: 0,65 μg.L-1 (junho/2007) e menor: 0,56 μg.L-1 (abril/2007)

concentração foi de 0,09 μg.L-1.

130

0,000

0,100

0,200

0,300

0,400

0,500

0,600

0,700

Nov

. 200

6

Dez

. 200

6

Jan

. 200

6

Fev.

200

7

Mar

. 200

7

Abr

. 200

7

Mai

. 200

7

Jun.

200

7

Jul.

2007

Ago

s. 2

007

Set

. 200

7

Out

. 200

7

Nov

. 200

7

Dez

. 200

7

Mai

o. 2

008

Clo

rofil

a

Clorofila(Vv) Clorofila (Mi)

Figura 6.33 - Comportamento da variável clorofila ativa a nas micro-bacias Vv e Mi durante o período de novembro de 2006 a maio de 2008. A linha preta marca o término da estação chuvosa.

Com a chegada do período de estiagem verificou-se que a variação entre as

concentrações mínima: 0,09 μg.L-1 (setembro/2007) e máxima: 0,64 μg.L-1

(janeiro/2007), na micro-bacia Vv, foi de 0,55 μg.L-1. Na micro-bacia Mi, a variação

foi menor: 0,11 μg.L-1 e os maiores e menores valores (0,16 μg.L-1 – 0,05 μg.L-1)

registrados nos meses de novembro de 2006 e março de 2007, respectivamente. A

mediana obtida para Vv foi de 0,177 μg.L-1 e para Mi de 0,451 μg.L-1.

Na figura 6.34 são apresentadas as distribuições e freqüências para os valores

de clorofila ativa a medidos nas micro-bacias.

131

0%

22%

44%

0%

11%

0%

11% 11%

0%

-0,10 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80

Clorofila (μg.L-1)

0

1

2

3

4

5

No

of o

bs

A)

0%

29%

36%

7% 7%

0%

7%

14%

-0,10 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70

Clorofila (μg.L-1)

0

1

2

3

4

5

6

No

of o

bs

B) Figura 6.34 - Distribuição das freqüências dos valores de clorofila ativa a, durante o período de realização da pesquisa na micro-bacia Vv (A) e micro-bacia Mi (B).

Na micro-bacia Vv as concentrações mais freqüentes lidas para a clorofila

oscilaram entre 0 a 0,20 μg.L-1, totalizando 66% das observações. Cerca de 7%

estavam nas faixas de (0,20 – 0,30 μg.L-1), (0,30 – 0,40μg.L-1) e de (0,50 – 0,60

μg.L-1). Os 14% restantes foram detectados entre 0,60 a 0,70 μg.L-1.

Na micro-bacia Mi, as concentrações mais expressivas também foram medidas

entre 0 a 0,20 μg.L-1 e representaram 65% das observações. Nas faixas de (0,30 –

132

0,40 μg.L-1), (0,50 – 0,60 μg.L-1) e 0,60 a 0,70 μg.L-1 foram obtidos 11% dos

resultados de clorofila, totalizando 33%.

A concentração de clorofila a, durante a pesquisa foi levemente superior em

Vv. Sazonalmente, as variações entre as concentrações e as medianas, mostraram-

se superiores no período de estiagem, para as duas micro-bacias.

Para Allan (1995), o fitoplâncton em ecossistemas lóticos de menor ordem é

principalmente formado por células de algas perifíticas lavadas pelo fluxo da água,

não se constituindo em verdadeiro “potamoplâncton”. Desse modo, as

concentrações de clorofila medidas, podem indicar se a vazão tinha ou não

capacidade de lavar o perifíton, especialmente durante a estação de crescimento, na

época de seca.

As concentrações de clorofila a, apresentaram uma correlação positiva de 0,74

com o POP. Ambos foram superiores na estação seca (floração de algas), sugerindo

que as formas particuladas de fósforo tiveram origem do fitoplactôn, que foi levado

pela vazão e que ficou retido no filtro (TUNDISI e TUNDISI, 2008).

133

6.2 - PERIFÍTON

Os resultados apresentados para perifíton são referentes apenas a micro-bacia

Vv, uma vez que a presença de Batrachospermum delicatulum não foi detectada no

segundo ponto de coleta durante o período de realização da pesquisa.

Bertuga-Cerqueira (2000), citado por Peres (2002), encontrou espécies de

rodofíceas em ambientes com baixas concentrações de matéria orgânica e

nutrientes e valores relativamente altos de oxigênio dissolvido.

Talvez seja este o motivo da ausência de Batrachospermum em Mi, pois neste

ponto foi constatada uma grande concentração de matéria orgânica depositada nas

margens do curso d’ água e também baixos teores de oxigênio, durante todo período

de estudo.

6.2.1- Comprimento de Pêlos em Batrachospermum delicatulum.

Na micro-bacia Vv o perifíton foi encontrado nos meses de junho a dezembro

de 2007. Nos meses de julho a setembro (estação seca) foi verificado uma floração

de Batrachospermum delicatulum, sugerindo que a vazão é uma variável que tem

relação inversa com o tamanho das populações de perífiton, sendo fundamental no

controle e abundância do mesmo (Figuras 6.35).

134

A)

B) Figura 6.35. – Imagens de pêlos em Bactrachospermum delicatulum nos meses de julho (A) e setembro (B) de 2007, verificado com aumento de 100 vezes.

Os valores obtidos com a medição do comprimento de pêlos, em cada amostra

de Batrachospemum, foram correlacionados com os meses de amostragens, e com

135

os resultados de P-Orgânico Total (POT) e P-Total (PT) encontrados na coluna d’

água, através do coeficiente r de correlação de Pearson (Tabela 6.23).

Tabela 6.23 - Coeficientes de correlação de Pearson, entre o comprimento de pêlos em Batrachospermum delicatulum e os meses de amostragens, POT e PT. Correlações realçadas em negrito são significativas a p < 0,050.

Comprimento de Pêlos Data da Amostragem POT PTmm 0,0921 0,1014 0,0970

Os resultados da correlação sugerem que os comprimentos de pêlos em

Batrachospermum delicatulum foram diretamente proporcionais e significativos

(apesar de baixos) com todas as variáveis relacionadas. O fósforo orgânico total

(POT) foi o que exibiu maior correlação, cerca de 10%. Isto significa dizer que a

cada miligrama POT que aumentava na concentração da água, o comprimento de

pêlos em Batrachospemum delicatulum sofria um aumento de dez por cento, para

garantir a hidrólise (por meio das fosfatases) do fósforo orgânico em PRF. Para a

data de amostragem e o fósforo total (PT) foi observada uma correlação positiva de

aproximadamente 9%.

Na figura 6.36 é apresentada a relação entre a concentração de POT e

comprimentos de pêlos em Batrachospermum delicatulum, enquanto na Figura 6.37

é mostrada a relação entre a concentração de P-Total e comprimentos de pêlos.

Os resultados da análise gráfica sugerem que os comprimentos de pêlos em

Batrachospermum delicatulum sofreram um aumento significativo à medida que a

concentração de P-Orgânico Total e de P-Total se elevava no meio aquático. Entre a

concentração de 0,10 a 0,12 mgP/L foi registrada a maior mediana (1,3 mm) e o

comprimento máximo de pêlo (4,5 mm) no perifíton. A partir dessa concentração

observou-se uma diminuição no tamanho dos pêlos, provavelmente pela entrada de

136

PRF no meio, o que diminui a ação das fosfatases na hidrólise de POT à PRF. A

relação entre P-Total e os comprimentos de pêlos sugerem que a forma

predominante de P na água era o fósforo orgânico. Este fato pode ser justificado

através do cálculo da descarga de nutrientes, em que ficou demonstrado que 96%

do P presente na micro-bacia estava sob a forma orgânica (particulada + dissolvida).

Median 25%-75% Min-Max

1,0 1,1 1,2 1,3

1,0 1,1

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20

0,22

POT (mg P L-1)

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

mm

Figura 6.36 - Relação entre concentração de POT e comprimentos de pêlos em Batrachospermum delicatulum.

A relação entre as datas de amostragens e os comprimentos de pêlos no

perifíton é apresentada na Figura 6.38.

A análise gráfica sugere que os comprimentos de pêlos aumentaram

progressivamente até o mês de agosto, no entanto, uma diminuição nos mesmos foi

observada em setembro. Em outubro, os pêlos atingem o comprimento máximo (4,5

137

mm), e a partir desta data começam a diminuir novamente. O aumento no

comprimento de pêlos em Batrachospermum ao longo dos meses de amostragens,

possivelmente ocorreu porque neste período (seca) não estava havendo

carreamento de PRF para o ecossistema aquático e a principal forma de P presente

no meio era o P-Orgânico, proveniente da vegetação ciliar, pois nesta época as

árvores começam a perder suas folhas. A partir de outubro, picos de PRF

começaram aparecer no curso d’ água, como foi demonstrado na análise química da

água, causando a diminuição nos tamanhos dos pêlos no perifíton.

De acordo com Gibson (1987), citado Sabará (1999), estudos realizados em rios

de países temperados mostraram que condições de carência de PO43- induzem

modificações na morfologia e fisiologia de algas perifíticas. Tais modificações —

presença de um grande número de “pêlos” com comprimento significativo, e

diminuição na concentração de P-Total — servem para que se monitore a condição

nutricional das águas que são submetidas a fontes difusas e intermitentes de

poluição.

138

Median 25%-75% Min-Max

1,0 1,11,3

1,0 1,1

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20

0,22

0,24

P-Total (mg P L-1)

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

mm

Figura 6.37 - Relação entre concentração de PT e comprimentos de pêlos em Batrachospermum delicatulum.

Median 25%-75% Min-Max Ju

n-20

07

Jul-2

007

Aug-

2007

Sep-

2007

Oct

-200

7

Nov

-200

7

Dec

-200

70,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

mm

Figura 6.38 - Relação entre datas de amostragens e comprimentos de pêlos em Batrachospermum delicatulum.

139

Uma revisão feita por Whitton et al. (2004), sugere que a maioria, senão todos

os organismos fotossintetizantes podem utilizar o fósforo reativo filtrável (PRF ou

PO43-) em seu ambiente, seja dissolvido na solução do solo ou nas águas

superficiais. Quando a concentração de PRF está abaixo dos valores críticos, que

torna o ambiente limitado nesse nutriente, uma estratégia evolutiva para superar

essa limitação é o uso de P-Orgânico (e.g. ATP, ADN, proteínas) presente no

ambiente como produto de degradação da matéria orgânica. A hidrólise do PO é

feita preferencialmente por enzimas pertencentes ao grupo das fosfatases alcalinas

(fosfomonoesterases), geralmente localizadas na face externa das células desses

organismos.

A liberação hidrolítica de orto-fosfato ocorre essencialmente através de

fosfatases presentes nas membranas das células dos organismos. A produção

dessas enzimas pelo perifíton pode ser interpretada como adaptação para conseguir

captar reservas de fósforo não disponíveis para organismos sem esta capacidade

(SCHÄFER, 1985).

6.2.2 - Composição Química do Perifíton

Os resultados da análise química do perifíton, amostrados em julho de 2007

podem ser observados na Tabela 6.24.

140

Tabela 6.24 - Composição química (µg g-1) das amostras de Batrachospermum delicatulum, para o mês de julho de 2007, na micro-bacia Vv. Valores para enxofre não foram detectados.

P K Ca Mg S 1642,4 7911,7 5749,6 261,5 NA

Cu Zn Fe Mn B 4,1 3638,5 30487 336 19,4

Perifíton

Batrachospermum

A concentração de P-Total encontrada no tecido das Batrachospermum foi de

aproximadamente 1642 μg.g-1. Nesse mês, a concentração de P-Total na água foi

baixa (0,010 mgP L-1), mas o tecido algal acumulou P, que fez a razão P-Total no

Tecido/P Total na água ser igual a 164000 vezes a encontrada na água, sugerindo

que a alga acumula P em ambientes pobres desse nutriente para uso durante

períodos de concentrações muito baixas no meio.

A acumulação de nutrientes como nitrogênio e fósforo é sugerida ser

influenciada por uma série de fatores ambientais, entre os quais se destaca a

concentração destes nutrientes na água e a relação N:P (WHITON et al. 1998).

Dentre as bases o potássio foi o elemento mais abundante no tecido algal:

7911μg.g-1, seguido do cálcio e do magnésio, com valores de 5749 μg.g-1 e

261μg.g-1, respectivamente.

Para os metais, os teores mais elevados foram detectados no ferro: 30487

μg.g-1. Em segundo, em ordem de abundância veio o zinco, com uma concentração

de 3638,5 μg.g-1, seguido do manganês: 336 μg.g-1 e do boro 19,4 μg.g-1. O cobre foi

o metal com menor participação na composição química de Batrachospermum

delicatultum, 4,1 μg.g-1, e o enxofre foi o único não detectado.

141

Os resultados da análise química do perifíton são coerentes com os valores

obtidos com a análise química da água, pois a ordem de abundância nas bases

verificada na água foi a mesma observada no perifíton. Para metais, ocorre o mesmo

fato, com exceção do zinco e manganês, que tiveram ordem inversa de abundância

nas amostras de água, mas isto pode ser relevado porque a diferença entre as

médias dos elementos foi muito pequena.

A composição química de fotótrofos aquáticos fixos a algum substrato, parece

refletir a composição química do meio (WHITTON et al., 1991). Whitton e Kelly

(1995), sugerem que uma variedade de substâncias podem se acumular em tecidos

vegetais, como os metais (Cu, Ni, Zn, Pb) em algas e briófitas submersas, sendo

que geralmente o organismo apresenta concentrações do elemento analisado

muitas vezes superiores à concentração média do mesmo na água, em função da

espécie e estado fisiológico.

142

6.3 - LITTER

6.3.1 - Perda de Massa

Na Figura 6.39 está registrada a evolução da perda de massa e a taxa de

aceleração da perda para as frações folhas em função do tempo de incubação.

De acordo com o teste não paramétrico de Mann Whitney as espécies de

nativa e Eucalyptus, perderam massa nas mesmas taxas, durante a realização do

experimento (Tabela 6.25).

Tabela 6. 25 – Resultados do teste de Mann-Whitney para as frações folhas durante o período de realização do experimento.

Soma de ranks Vv 48Soma de ranks Mi 30p 0p-level 0,150Número de Observações: Vv 6Número de Observações: Mi 6

Teste de Mann- Whitney

,150

Numa análise comparativa das frações folhas, notou-se que a vegetação de

Eucalyptus se decompôs com maior velocidade que as de nativa, chegando a perder

27% da massa inicial durante a realização do experimento, contra 12% das folhas de

nativa.

No primeiro e terceiro dia de incubação foram registradas as maiores perdas

para as duas espécies: 16% para Eucalyptus e 13% para nativa. Nos demais

períodos de incubação as perdas foram menos acentuadas, sendo acompanhadas

de um ganho de massa do terceiro para o sétimo dia e do décimo quinto para o

trigésimo dia, nas espécies de nativa.

143

100

89

8792

85 88

100

92

8482

79

73

50556065707580859095

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

dias

Taxa

de

Dec

aim

ento

(%)

F.N FEA)

1,18

-0,89

-10,73

-0,95

0,22

-7,90

-3,99

-0,48-0,36

-0,40

-12-11-10-9-8-7-6-5-4-3-2-1012

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

dias

Taxa

de

Perd

a (%

dia

-1)

F.N FEB)

Figura 6.39 – Evolução do decaimento da perda de massa para a fração folhas de espécie nativa e Eucalyptus. A) Taxa de decaimento da massa durante os tempos de incubação. B) Taxa de aceleração de perda de massa durante os tempos de incubação.

A análise estatística dos dados, para as frações galhos, sugere que assim

como para as frações folhas, as espécies de nativa perderam massa nas mesmas

taxas que a vegetação de Eucalyptus, durante a realização da pesquisa (Tabela

6.26).

144

Dentre às frações galhos, as espécies nativas foram as que mais perderam

massa durante a realização do experimento: 8% da massa inicial, enquanto as

espécies de Eucalyptus perderam apenas 3% (Figura 6.40).

Tabela 6.26– Resultados do teste de Mann-Whitney para as frações galhos, durante o período de realização do experimento.

Soma de ranks Vv 47Soma de ranks Mi 31p 0p-level 0,200Número de Observações: Vv 6Número de Observações: Mi 6

Teste de Mann- Whitney

,200

Com relação à taxa de aceleração da perda, notamos que as frações tiveram

um comportamento semelhante ao longo do experimento, no entanto, esta

velocidade foi maior nos primeiros dias de incubação (1 e 3 dias), sendo constatado

uma perda de 12% para as espécies de nativa e de 7% para vegetação de

Eucalyptus. Nos demais tempos as perdas observadas foram menores, sendo

acompanhada de um ganho de massa para as duas espécies.

Este ganho de massa, tanto nas frações folhas como nas frações galhos, pode

ser explicados pela colonização de fungos e bactérias durante o período de

incubação, uma vez que o ganho tendeu a aumentar com o passar do tempo. Este

ganho foi menos evidenciado nas espécies de Eucalyptus devido a sua maior

concentração de polifenóis (SABARÁ, 1994).

145

979596

9396

100

92939388

96

100

50556065707580859095

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

dias

Taxa

de

Dec

aim

ento

(%)

GE GNA)

-3,71

-4,45

-1,34

0,72 0,14

-0,14 -0,08

0,05

1,12

-4,38-5-4-3-2-1012345

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

dias

Taxa

de

Per

da (%

dia

-1)

GE GNB)

Figura 6.40 – Evolução do decaimento da perda de massa para a fração galhos de espécie nativa e Eucalyptus. A) Taxa de decaimento da massa durante os tempos de incubação. B) Taxa de aceleração de perda de massa durante os tempos de incubação.

Sabará et al. (2007), analisando a perda de massa do litter constatou que o

material de origem nativa, tanto as folhas quanto os galhos, se decompôs com maior

velocidade que o originado de Eucalyptus. Provavelmente, devido às diferentes

respostas de distintas espécies do gênero à decomposição. Os autores citados

trabalharam com Eucalyptus citriodora e Eucalyptus cloeziana, enquanto o estudo

146

atual utilizou Eucalyptus grandis. As concentrações de polifenóis, que são

considerados um dos principais limitadores da decomposição bacteriana, é maior

nas duas primeiras espécies (KIRKBY e BUCKERFIELD, 1975).

6.3.2 – Composição Química do Litter

O litter foi submetido a análise química para determinação dos teores dos

principais nutrientes (P, K, Ca, Mg, Cu, Zn, Mn, Fe, S, B) presentes no mesmo.

As concentrações médias observadas em cada período de incubação para as

frações folhas, de todos os nutrientes analisados na pesquisa, são apresentadas na

Figura 6.41. Na Tabela 6.27 pode ser visualizada a concentração (%) final dos

nutrientes obtida após os 30 dias de incubação para frações folhas.

357,9

736,5

297,3321,4

412,9394,6361,8 388,4

455,9468,2449,7437,6

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Con

cent

raçã

o (m

g/K

g)

Conc.P (FN) Conc.P (FE) A)

8965

293 3571034

459

1889

3769

293370332638

2246

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Con

cent

raçã

o (m

g/K

g)

Conc.K (FN) Conc.K (FE) B)

5563,16555,5

6000,15604,1

3912,8 4324,8

5719,3

10224,910741,2

12730,2

10810,3 11133,1

02000400060008000

100001200014000

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Con

cent

raçã

o (m

g/K

g)

Conc.Ca (FN) Conc.Ca (FE)C)

1451,4

730,8

459,9

2025,0

1028,2

1535,91329,8

485,1

1179,1

1415,4

1822,71818,0

0

500

1000

1500

2000

2500

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Con

cent

raçã

o (m

g/K

g)

Conc.Mg (FN) Conc.Mg (FE)D)

Figura 6.41 – Concentrações médias registradas nas frações folhas durante a realização da pesquisa para os nutrientes: (A) fósforo, (B) potássio, (C) cálcio, (D) magnésio, (E) enxofre, (F) cobre, (G) zinco, (H) ferro (I) manganês e (J) boro.

147

1436,4

1936,4

1298,01614,4

2822,6

1521,2 1313,6

1208,51281,7815,4830,3

1147,9

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Con

cent

raçã

o (m

g/K

g)

Conc.S (FN) Conc.S (FE)E)

10,3

5,4 5,6

1,1

7,16,7

1,5 1,11,5

3,22,2

4,8

0

2

4

6

8

10

12

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Con

cent

raçã

o (m

g/K

g)

Conc.Cu (FN) Conc.Cu (FE)F)

15,1

25,0

32,0

3,34,1

13,5

19,016,0

17,721,5

20,121,5

05

101520253035

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Con

cent

raçã

o (m

g/K

g)

Conc.Zn (FN) Conc.Zn (FE)G)

1188,21328,2

95,0

208,8

846,0

462,8

143,0170,8

443,2463,9 420,2

953,9

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Con

cent

raçã

o (m

g/K

g)

Conc.Fe(FN) Conc.Fe (FE)H)

206,1

85,2162,5

222,0

799,0

239,3138,6

372,5390,4 423,3

338,0265,7

0

200

400

600

800

1000

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Con

cent

raçã

o (m

g/K

g)

Conc.Mn (FN) Conc.Mn (FE)I)

39,733,134,5

43,2

36,6

53,1

39,4

27,326,929,7

34,028,4

0

10

20

30

40

50

60

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Con

cent

raçã

o (m

g/K

g)

Conc.B (FN) Conc.B (FE)J)

Figura 6.41 – Concentrações médias registradas nas frações folhas durante a realização da pesquisa para os nutrientes: (A) fósforo, (B) potássio, (C) cálcio, (D) magnésio, (E) enxofre, (F) cobre, (G) zinco, (H) ferro (I) manganês e (J) boro.

Dentre as espécies analisadas, a que mais contribui com o aumento de fósforo

para a água foi a vegetação de Eucalyptus, que apresentou concentração inicial de

736,5 mg/kg e ao final dos trinta dias de incubação, a concentração restante foi de

148

apenas 388,4 mg/Kg, o que corresponde a uma perda de 48% dos valores iniciais de

P. No material de nativa, a contribuição de P para a água foi de apenas 18%.

Tabela 6.27 – Concentração (%) dos nutrientes nas frações folhas após o experimento de decomposição (30 dias).

Nutrientes Concentração Inicial (%)

Concentração Final (%) F.N

Concentração Final (%) F.E

P 100 82 52,7K 100 9,5 3,2Ca 100 153 198,6Mg 100 34,5 23,9S 100 46,5 62,4Cu 100 373,3 100Zn 100 780,5 651,5Fe 100 1398,1 66,7Mn 100 20 119,7B 100 62,5 79,1

Dentre as bases, o K e o Mg, foram os únicos elementos liberados para o

ecossistema aquático, pois o cálcio sofreu acumulação nas duas espécies. O

Eucalyptus foi também o responsável pela maior liberação de K e Mg, pois, cerca de

96,5% e 76% da massa inicial de potássio e magnésio, respectivamente, foram

liberados na água da micro-bacia durante a realização do experimento.

Para os metais, o Mn, B e S foram os elementos que contribuíram para o

aumento das concentrações na água, pois nos demais metais houve um acumulo

acentuado destes nutrientes nas duas espécies. O manganês (80 %), o boro (54%)

e o enxofre (38%) foram liberados em maiores quantidades no material de nativa.

Comparando estatisticamente os resultados da composição química do litter

entre o material de nativa e o Eucalyptus, nas frações folhas, notamos que apenas o

K, Mg, Zn e Fe perderam nutrientes nas mesmas taxas entre as espécies analisadas

149

durante a realização do experimento, apesar de todos os nutrientes terem

apresentado variações nas concentrações entre as espécies (Tabela 6.28).

Tabela 6.28 – Resultados do teste de Mann Whitney para os nutrientes analisados no litter.

P K Ca Mg SSoma de ranks Nativa 23 39,5 24 31 52Soma de ranks Euc. 55 38,5 54 47 26p 0,010 0,936 0,016 0,200 0,037p-level 0,010 0,936 0,016 0,200 0,037Num. de Obser.: Nat. 6 6 6 6 6Num. de Obser.:Euc. 6 6 6 6 6

Cu Zn Fe Mn BSoma de ranks Nativa 54 39 44 28 55Soma de ranks Euc. 24 39 34 50 23p 0,016 1,000 0,423 0,078 0,010p-level 0,016 1,000 0,423 0,078 0,010Num. de Obser.: Nat. 6 6 6 6 6Num. de Obser.:Euc. 6 6 6 6 6

Teste de Mann - Whitney

Os valores em negrito sugerem que as espécies de nativa não perderam nutrientes nas mesmas taxas que o Eucalyptus, durante o experimento.

Na Figura 6.42 são apresentadas as concentrações médias observadas em

cada período de incubação para as frações galhos de todos os nutrientes analisados

na pesquisa e na Tabela 6.29 pode ser visualizada a concentração (%) final dos

nutrientes obtida após os 30 dias de incubação para frações galhos.

150

267,0

183,1

600,1

23,4 17,641,1

219,7

129,5

64,5

5,8

230,9215,4

0

100

200

300

400

500

600

700

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Mas

sa s

eca

(g)

Conc.P (GE) Conc.P (GN)

A)

740,11186,8

4965,8

331,8109,6140,4 127,6114,8

306,3701,8

1212,3

4329,1

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Mas

sa s

eca

(g)

Conc.K (GE) Conc.K (GN)

B)

2661,7

6000,26430,1

2994,8

5568,6

2519,0 2638,52780,4

5445,6

6240,4

5268,7

2582,4

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Mas

sa s

eca

(g)

Conc.Ca (GE) Conc.Ca (GN)

C)

11,116,962,433,0

450,6

236,0305,0

929,4

65,9126,0

10,9

142,6

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Mas

sa s

eca

(g)

Conc.Mg (GE) Conc.Mg (GN)

D)

5,8

3,8

5,7

8,4

0,4

9,710,2

6,4

3,3 3,9

2,3

6,6

0

2

4

6

8

10

12

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Mas

sa s

eca

(g)

Conc.Cu (GE) Conc.Cu (GN)

E)

677,4

1027,51089,4

794,7

1153,0

119,2124,2

775,4

175,8147,4253,0

1638,9

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Mas

sa s

eca

(g)

Conc.S (GE) Conc.S (GN)

F) Figura 6.42 – Concentrações médias registradas nas frações galhos durante a realização da pesquisa para os nutrientes: (A) fósforo, (B) potássio, (C) cálcio, (D) magnésio, (E) cobre,(F) enxofre, (G) ferro, (H) manganês (I) zinco e (J) boro.

151

453,6

175,9

229,8

366,4

19,4

104,5

205,6

86,4

38,179,4

119,8

202,6

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Mas

sa s

eca

(g)

Conc.Fe (GE) Conc.Fe(GN)

G)

754,9

565,6

830,6

96,8

1273,9

115,0113,9

742,6

103,3167,2121,6

696,8

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Mas

sa s

eca

(g)

Conc.Mn (GE) Conc.Mn (GN)

H)

45,9

37,439,8

2,3

55,1

15,4

9,7

41,9

8,612,4

8,5

32,8

0

10

20

30

40

50

60

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Mas

sa s

eca

(g)

Conc.Zn (GE) Conc.Zn (GN)

I)

18,117,818,8

25,0 25,0

13,7

17,8 16,8

27,3

14,3

18,2

32,5

0

5

10

15

20

25

30

35

0 1 3 7 15 30

Tempo de Incubação (dias)

Mas

sa s

eca

(g)

Conc.B (GE) Conc.B (GN)

J) Figura 6.42 – Concentrações médias registradas nas frações galhos durante a realização da pesquisa para os nutrientes: (A) fósforo, (B) potássio, (C) cálcio, (D) magnésio, (E) cobre,(F) enxofre, (G) ferro, (H) manganês (I) zinco e (J) boro.

Tabela 6.29 – Concentração (%) dos nutrientes nas frações galhos após o experimento de decomposição (30 dias).

Nutrientes Concentração Inicial (%)

Concentração Final (%) F.N

Concentração Final (%) F.E

P 100 21,6 2,7K 100 2,95 2,2Ca 100 95,7 115,5Mg 100 1,2 13,8S 100 41,3 15Cu 100 90,6 1425Zn 100 139,9 669,6Fe 100 525 1184,5Mn 100 108,3 118,8B 100 55,7 54,8

152

Segundo o teste não paramétrico de Mann Whitney, para as frações galhos, as

espécies de nativa perderam nutrientes para a água nas mesmas taxas que o

Eucalyptus, durante a realização do experimento (Tabela 6.30).

Tabela 6.30 – Resultados do teste de Mann Whitney para os nutrientes analisados no litter.

P K Ca Mg SSoma de ranks Nativa 42 40 41 42 41Soma de ranks Euc. 36 38 37 36 37p 0,631 0,873 0,749 0,631 0,749p-level 0,631 0,873 0,749 0,631 0,749Num. de Obser.: Nat. 6 6 6 6 6Num. de Obser.:Euc. 6 6 6 6 6

Cu Zn Fe Mn BSoma de ranks Nativa 44 40 43 38 37Soma de ranks Euc. 34 38 35 40 41p 0,423 0,873 0,522 0,873 0,749p-level 0,423 0,873 0,522 0,873 0,749Num. de Obser.: Nat. 6 6 6 6 6Num. de Obser.:Euc. 6 6 6 6 6

Teste de Mann - Whitney

Analisando as concentrações de fósforo na fração galhos, notamos que ao final

do experimento a espécie que mais liberou este elemento para o curso d’ água foi o

Eucalyptus, que iniciou a pesquisa com concentração de 215,4 mg/Kg e finalizou

com 5,8 mg/Kg, representando assim uma perda de 97% de P. O material de nativa

teve como concentração inicial 600 mg/kg e final de 129,5 mg/Kg, o que

corresponde a 88 % de perda.

Dentre as bases, o cálcio (4%) e magnésio (99%) foram liberados em maiores

concentrações para a água pela espécie de nativa, enquanto o K (98 %) foi pela

vegetação de Eucalyptus.

153

Para os metais, o S (85%) e o B (45%) foram exportados para a água em

concentrações mais elevadas pelo Eucalyptus, enquanto o Cu (11%) foi liberado em

concentrações superiores pelo material de nativa. Para os demais metais foi

constatado um acúmulo dos mesmos com o passar do tempo, possivelmente pela

colonização desse substrato por microorganismos e também por perifíton, que

retiravam estes elementos da água e os depositavam sobre as amostras incubadas

(BARBOSA & COUTINHO, 1987)

O experimento de decomposição revelou que existe uma grande quantidade de

fósforo nas folhas de Eucalyptus: 451 mgP/Kg (concentração média registrada

durante todos os tempos de incubação) e em seus galhos (145,8 mgP/Kg). Apesar

das taxas de P nas folhas (364 mgP/Kg) e galhos (168 mgP/Kg) de nativas terem

sido próximas a do Eucalyptus, a maior parte do litter na micro-bacia é proveniente

deste último, pois, a bacia é predominantemente florestal. Os resultados mostraram

que a deposição alóctone pode ser fonte de P, uma vez que Sabará et al (2007)

estimou a produtividade anual de litter em áreas de plantio de Eucalyptus no médio

rio Doce e encontrou valores iguais a 8258,47 Kg/ha/ano para mata nativa e 6537,28

Kg/ha/ano para Eucalyptus.

LIMA (1993), encontrou ainda, que, a deposição anual do folhedo varia com as

condições climáticas, sendo maior em climas tropicais do que em climas temperados

frios. Do total depositado, cerca de 60 a 80 % são folhas.

6.3.3 Polifenóis

As concentrações de polifenóis para as frações folhas (nativa e Eucalyptus),

durante todo período de incubação são apresentadas na figura 6.43.

154

0,054

0,410

0,250

0,781

0,086

0,840

0,600

0,075

0,605

0,874

0,00,10,20,30,40,50,60,70,80,91,0

1 3 7 15 30 Dias

Con

cent

raçõ

es (m

g.L-

1) d

eP

olife

nóis

F .N F.E

Figura 6.43 – Concentrações de polifenóis para as frações folhas durante o período de realização do experimento.

Dentre as folhas, a espécie de Eucalyptus, com exceção do último intervalo de

incubação, foi a que liberou maiores concentrações de polifenóis durante a

realização do experimento. No entanto, a variação observada entre as

concentrações máxima e mínima foi próxima para as duas espécies (0,799 mg.L-1

para Eucalyptus e 0,786 mg.L-1 para nativa). Para o Eucalyptus o valor máximo

registrado foi de 0,874 mg.L-1 e para nativa de 0,840 mg.L-1, ambos observados no

sétimo dia de incubação. Os valores mínimos: 0,075 mg.L-1 e 0,054 mg.L-1 foram

obtidos no início do experimento (24 h) para as espécies de Eucalyptus e nativa,

respectivamente (Figura 6.39).

SABARÁ et al. (2007), também obteve as maiores taxas de liberação de

polifenóis nas folhas de Eucalyptus sp., com cerca de 80-90% do conteúdo de

polifenóis sendo liberado das folhas em 3 dias.

Na fração galhos, assim como na fração folhas, o Eucalyptus foi o que mais

liberou polifenóis durante o experimento, de acordo as concentrações registradas

155

para cada período de incubação, apesar da diferença entre os valores ter sido

próxima para as duas espécies. Para o Eucalyptus a variação registrada foi de 0,911

mg.L-1 e os valores de máximo e mínimo (0,979 mg.L-1 / 0,068 mg.L-1), foram obtidos

no 3° e 7° dia de incubação, respectivamente. Para a vegetação de nativa a variação

entre o valor máximo: 0,962 mg.l-1 (7 dias) e mínimo: 0,048 mg.l-1 (24 h) foi de 0,914

mg.L-1. (Figura 6.44).

0,048

0,675

0,4000,636

0,962

0,361

0,881

0,979

0,854

0,068

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1 3 7 15 30 Dias

Con

cent

raçõ

es (m

g.L-

1) d

e P

olife

nóis

G.N G.E

Figura 6.44 – Concentrações de polifenóis para as frações galhos durante o período de realização do experimento.

Apesar das variações observadas nas concentrações de polifenóis para as

espécies analisadas, os resultados estatísticos sugerem que a liberação de

polifenóis, tanto nas folhas como nos galhos, ocorreram nas mesmas taxas para o

Eucalyptus e para o material de nativa. De fato, as variações foram muito próximas

entre as espécies, para as duas frações, o que poderia justificar a igualdade

apotanda pela comparação não-paramétrica (Tabela 6.31).

156

Tabela 6.31 – Resultados do teste de Mann Whitney para as concentrações de polifenóis, nas frações folhas e galhos.

Folhas GalhosSoma de ranks Nativa 25 25Soma de ranks Eucalyptus 30 30p 0,602 0,602p-level 0,602 0,602Número de observações: Nativa 5 5Número de observações: Eucalyptus 5 5

Teste de Mann - Whitney

Segundo Campbell e Fuchshuber (1995), pesquisando a razão de

processamento de polifenóis, em folhas de áreas de climas tropicais e temperados,

as espécies das regiões tropicais foram processadas mais rapidamente, apesar dos

níveis de polifenóis não diferir estatisticamente entre as folhas das duas regiões.

Outro aspecto importante mencionado por Barbosa e Coutinho (1987), é que

os teores de polifenóis podem constituir uma das principais fontes de ácidos húmicos

para o curso d’água.

157

7 - CONCLUSÃO

7.1 - Água

7.1.1- Variáveis físicas e químicas amostradas in situ.

Na micro-bacia Mi foram registrados os maiores valores para temperatura da

água, ficando a média igual a 21,1 °C. Para Vv a média foi de 19,3 °C.

Sazonalmente, a variação entre máximo e mínimo mostrou-se superior na estação

seca, para Mi e em Vv esta variação foi pequena.

O caráter oxidante das águas ficou demonstrado pelo fato de que apenas 1

leitura das 24 amostradas foi negativa. Os maiores valores foram registrados na

micro-bacia Vv, sendo a média obtida de + 25,2 mV. Quanto à variação sazonal, as

medianas mostraram-se superiores na estação chuvosa para as duas micro-bacias.

As maiores concentrações de oxigênio dissolvido foram observadas na micro-

bacia Vv durante todo período de realização da pesquisa. A concentração média

registrada neste ponto foi de 8,5 mg.L-1 e em Mi de 2,4 mg.L-1. Sazonalmente, as

concentrações de oxigênio dissolvido foram superiores na estação seca para as

duas micro-bacias.

As medianas obtidas para pH (6,4 unidades) foram ligeiramente ácidas para os

pontos estudados, durante toda pesquisa. No entanto, os valores mais elevados

foram registrados em Vv durante a estação seca. Em Mi, um aumento contínuo nos

valores de pH foram observados do período chuvosa para o seco. O valor máximo

de pH obtido em Vv foi 7,0 e em Mi 6,7.

As medianas obtidas para condutividade elétrica e sólidos totais dissolvidos

foram baixas e ligeiramente superiores na micro-bacia Mi a qual apresentou maior

158

concentração dos íons K, Ca e Mg. Sazonalmente as concentrações mostraram-se

superiores durante as chuvas para as duas micro-bacias.

As maiores concentrações de salinidade da água foram registradas em Mi e

durante a estação seca, enquanto em Vv a mediana foi superior no período chuvoso.

Medianas de 0,012 mg.L-1 e 0,023 mg.L-1 foram obtidas para salinidade nas micro-

bacias Vv e Mi, respectivamente.

7.1.2 - Variáveis físicas e químicas amostradas in vitro.

As concentrações de sólidos suspensos na água, assim como os valores de

turbidez, mostraram-se superiores na micro-bacia Mi. Medianas de 26 mg.L-1 e

11 NTU foram os valores obtidos para SS e turbidez, respectivamente, neste ponto.

Quanto à variação sazonal, os valores mais elevados foram registrados na estação

chuvosa para as duas micro-bacias.

O fósforo solúvel reativo esteve abaixo dos níveis de detecção (0,010 mg.L-1)

em boa parte do tempo na coluna d’água das duas micro-bacias, entretanto, alguns

picos de PO4-3 foram observados. Em Vv a concentração máxima registrada foi de

0,035 mg.L-1 e em Mi 0,027 mg.L-1.

Para o POD as maiores concentrações foram registradas em Mi e sugerem que

neste ponto o fósforo está sendo exportado da micro-bacia na forma orgânica.

Quanto à variação espacial, as concentrações mais elevadas de POD foram

registradas na estação chuvosa para Vv e no período seco para Mi.

As concentrações mais elevadas de POP foram observadas na micro-bacia Mi

e reforçam a idéia de que o fósforo está sendo exportado da bacia na forma

orgânica (dissolvida + particulada). Este fato pode ser avaliado através do cálculo de

159

descarga que demonstrou que 0,375 Kg/ha de fósforo orgânico foi perdido pela

micro-bacia Vv durante o período de novembro de 2006 a dezembro de 2007.

Apesar de Mi não apresentar dados para descarga, as concentrações obtidas

sugerem que a forma predominante de P na bacia também era a particulada.

Sazonalmente, as concentrações mais elevadas de POP foram observadas na

estação chuvosa para Vv e no período de estiagem para Mi.

Assim como para as demais formas de P, para o P-Total, as concentrações

mais elevadas foram observadas em Mi. Sazonalmente, os valores foram superiores

na estação chuvosa para Vv e os picos de P-Total coincidiram com o período de

vazão máxima. Para Mi, as maiores concentrações foram registradas na estação

seca e os valores de P-Total não seguiram a mesma tendência dos dados de

precipitação da bacia.

Segundo o cálculo de descarga realizado na micro-bacia Vv, dentre as formas

de P, a Orgânica Particulada (POP) foi a mais exportada pela bacia durante a

realização da pesquisa, seguida da Orgânica Dissolvida (POD) e do PRF.

De acordo com o cálculo de Redfield, o fósforo foi o elemento limitante na

coluna d’ água duas micro-bacias, uma vez que os índices obtidos foram

0,010 mg.L-1 para Vv e de 0,112 mg.L-1 em Mi.

As concentrações das bases, assim como dos metais, mostraram-se

superiores em Mi e na estação seca. Em Vv, os maiores valores foram constatados

na estação chuvosa.

A ordem de abundância observada para as bases na micro-bacia Vv foi

K > Ca > Mg e para Mi: Ca > Mg > K. Para os metais, a ordem foi Fe > Mn > Zn >

Cu, para as duas micro-bacias.

160

7.1.3 - Variável Biológica

A mediana para clorofila a foi levemente superior em Vv (0,16 μg.L-1), porém de

acordo com a Deliberação Normativa Conjunta COPAM 01/2008, os valores obtidos

podem ser com considerados baixos. Sazonalmente, as variações entre as

concentrações mostraram-se superiores no período de estiagem (floração de algas)

para ambos os pontos.

161

7.2 - Perifíton

A presença de Batrachospermum delicatulum só foi detectada na micro-bacia

Vv e demonstrou ter reação inversa com a vazão, sendo esta fundamental no

controle e abundância da mesma.

As maiores concentrações de pêlos e o maior comprimento dos mesmos foram

detectados de junho a outubro 2007 (estação seca), quando não havia PRF

detectável na água. O comprimento de pêlos apresentou baixa correlação positiva,

em torno de 0,010, com as formas orgânicas de P, porém, significativa (P < 0.05).

A análise química do perifíton mostrou que a Batrachospermum delicatulum é

uma boa monitora para P, pois a razão P-Total no Tecido Algal /P Total na água foi

164000 vezes maior que a encontrada na água. Para os demais elementos,

principalmente o Fe, a Batrachospermum também mostrou-se eficiente como

biomonitora, uma vez que os valores obtidos foram coerentes com os encontrados

na análise química da água.

162

7.3 – Litter

7.3.1 – Perda de Massa

Na fração folhas, a perda de massa foi mais evidenciada na vegetação de

Eucalyptus, que perdeu 27% da massa inicial ao final dos trinta dias de incubação,

enquanto a mata nativa perdeu apenas 12%.

Para os galhos, a perda foi bem menor se comparada às folhas, sendo mais

expressiva no material de nativa (8%) do que no Eucalyptus (3%).

A velocidade de perda, para as duas frações, mostrou-se superior no primeiro e

no terceiro dia do experimento, sendo registrado em alguns períodos de incubação

um ganho de massa.

7.3.2 – Composição Química do Litter

O experimento de decomposição do litter revelou que a decomposição alóctone

pode ser fonte de nutrientes (P, K, Ca, MG, Cu, S, Zn, Fe, Mn, B) para a água,

principalmente para o P, uma vez que concentrações elevadas destes elementos

foram encontradas tanto nas folhas como nos galhos da vegetação de Eucalyptus e

do material de nativa.

7.3.3 – Polifenóis

As maiores taxas de liberação de polifenóis, tanto nas frações folhas como nas frações galhos do litter, foram registradas na vegetação de Eucalyptus, apesar das variações entre as concentrações de máxima e mínima terem sido próximas para as duas espécies.

163

8. SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES

À Cenibra S/A

A principal fonte de P para plantações de Eucalyptus é provavelmente o

carreamento de material alóctone para o ecossistema aquático, visto que o P não

possui fase gasosa e o aporte natural é muitas vezes desprezível devido à pobreza

desse elemento nos solos das bacias.

Pelo exposto acima, sugere-se à Cenibra a implantação de pontes de madeira

ao invés de ponte de manilhas, uma vez que esta medida reduz a quantidade de

solo transportada para o curso d’ água, principalmente no período chuvoso,

diminuindo assim, a concentração de P. O aumento da faixa ciliar também contribui

para a redução da concentração de nutrientes na água, visto que o Eucalyptus libera

mais P e polifenóis no ecossistema, se comparado a vegetação nativa.

A adoção do biomonitoramento (uso de algas) nos trabalhos científicos

desenvolvidos pela Cenibra, irá complementar os resultados da análise físico-

química da água, pois, o perífiton tem capacidade de acumular em seus tecidos

concentrações de nutrientes, podendo capturar pulsos dos mesmos na água.

Trabalhos Futuros

• Determinar a exportação de nutrientes (descarga) para a micro-bacia Mi e

comparar com os dados obtidos para Vv;

• Avaliar a concentração de P levando em conta os aspectos do relevo e

condições climáticas das regiões.

• Determinar a quantidade de litter depositado ao longo de ano hidrológico nas

micro-bacias;

164

• Caracterizar a diversidade de algas presentes nesses ecossistemas e avaliar

a possibilidade de uso como bioindicadores.

165

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