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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENCE
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
JACQUELINE MARIA DE SOUSA MOURA
O PAPEL ECONÔMICO DO IDOSO NA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA
FORTALEZA
2013
JACQUELINE MARIA DE SOUSA MOURA
O PAPEL ECONÔMICO DO IDOSO NA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA
Monografia submetida à aprovação do
Curso de Serviço Social, como parte dos
requisitos para a conclusão da
especialização em gerontologia social.
FORTALEZA
2013
TERMO DE APROVAÇÃO
O PAPEL ECONÔMICO DO IDOSO NA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA
Por
JACQUELINE MARIA DE SOUSA MOURA
Monografia como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social, outorgado pela Faculdade Cearense – FAC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores abaixo. Aprovada em ------/------/------
Banca Examinadora
Profª MS. Mariana Albuquerque Dias Aderaldo
(Orientadora)
Profª MS. Flaubênia Maria Girão de Queiroz
(Examinadora)
Profº MS. Mário Henrique Castro
(Examinador)
Dedico este trabalho a minha querida família e, acima de tudo, a Deus, que me deu mais essa oportunidade de somar conhecimentos.
AGRADECIMENTOS
A minha orientadora, Profª Mariana Aderaldo, que com todo o seu conhecimento me atendeu com humildade.
Aos professores do Curso, grandes mestres, que comigo partilharam a estrada pela busca de novos conhecimentos.
Aos meus colegas de Curso: Grace, Henrique, Maria, Raquel e Tamires, que muito me auxiliaram neste novo caminho.
À minha querida mãe, Marlene, que sempre procurou dar o melhor para seus filhos.
A meu pai João (In memorian) que, mesmo distante, sempre torceu pelos meus sonhos.
As minhas tias: Zoraide, Isolda, Maria e minha avó Francisca, que sempre rezaram por mim e acreditaram na minha capacidade.
Aos meus irmãos que sempre torceram pela minha vitória.
A meu namorado Tibério, pela paciência em minha ausência durante todo o curso.
Aos meus amigos Mateus e Ivna, se não fosse pela ajuda deles não teria essa brilhante orientadora.
Toda a minha família que me deu força nos momentos difíceis.
E, finalmente, a Deus por mais essa oportunidade na vida.
RESUMO
A temática do papel econômico do idoso na família contemporânea mostra uma
realidade que vem sendo enfrentada por todos na sociedade capitalista. Partindo do
pressuposto em que o idoso era um peso para as famílias, vimos na atualidade que
esse fato vem sofrendo mudanças. Os jovens estão cada vez mais dependendo dos
seus idosos para sobreviver, pois o neoliberalismo não trás estabilidade e nem
emprego para todos os economicamente ativos. O percurso metodológico trouxe,
através do resgate histórico, um perfil de como eram tratados esses idosos, e as
conquistas por eles adquiridas ao longo do tempo e de como está a realidade hoje.
A pesquisa de campo foi baseada no estudo qualitativo, utilizando a técnica da
entrevista semiestruturada no intuito de colher dados através das falas e silêncio dos
idosos que apontassem as mudanças ou não desses papeis, a importância que esse
fato trás para o idoso e seus sentimentos. A interpretação dos dados foi dividida em
três categorias de análise que são: o contexto familiar dos sujeitos, as
responsabilidades econômicas do idoso na família e as percepções e sentimentos.
Constatando que o idoso não é um peso para família, mais sim um suporte nos
momentos de crise. Os novos arranjos familiares estão trazendo novos papeis para
esses idosos. E mesmo com todas essas mudanças não foram rompidas as relações
de exclusão e sujeição social.
Palavras-chaves: Idoso, família, papel econômico.
ABSTRACT
The theme of the economic role of the elderly in contemporary family shows a reality
that has not faced by everyone in capitalist society. Assuming that the elder was a
burden for families and nowadays this fact is undergoing changes. Young people are
increasingly depending on their elderly to survive because neoliberalism is not
backward nor stable employment for all economically active. The methodological
approach brought through the historic rescue a profile of how these seniors were
treated, and the achievements they acquired over time and how is the reality today.
The field-based qualitative study using semi-structured interview technique in order
to collect data through speech and silence of the elderly, who pointed the changes or
not these roles, the importance of this fact back to the elderly, and their feelings . The
interpretation of the data was divided into three categories of analysis that are the
subject of the family context, the economic responsibilities of the elderly in the family
and the perceptions and feelings. Noting that the elderly are not a burden to family,
but a more support in times of crisis. The new family are bringing new roles for these
seniors. And even with all these changes were not broken relations of exclusion and
social subjection.
Keywords: Elderly, family, economical paper.
LISTA DE ABREVIATURAS
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
IPECE – Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará.
LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social.
OMS – Organização Mundial da Saúde.
PEA – População Economicamente Ativa.
PNAD – Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio .
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Número de pessoas com mais de 60 anos em 2001 e 2011.
Gráfico 2 – Projeção de pessoas com mais de 60 anos entre 2010 e 2050.
Gráfico 3 – Grupos de idosos de diversas faixas.
Gráfico 4 – Projeção da Feminilização da velhice em todos os grupos.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................12
2 O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO.............................................................14
2.1 Envelhecimento e Sociedade...............................................................................17
2.2 Demografia do envelhecimento populacional......................................................20
2.3 Trabalho e aposentadoria.....................................................................................21
3 O IDOSO FRENTE À FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA............................................24
3.1 A família e a sociedade........................................................................................24
3.2 A família como formadora de estruturas sociais..................................................27
3.3 As mudanças no convívio familiar........................................................................30
4 METODOLOGIA E ANÁLISES DE DADOS...........................................................33
4.1 Caminho da pesquisa...........................................................................................34
4.1.1 Sujeitos da pesquisa.........................................................................................36
4.2 Contexto familiar dos sujeitos..............................................................................40
4.2.1 As responsabilidades econômicas dos idosos na família.................................43
4.2.2 Percepções e sentimentos dos idosos.............................................................47
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................54
ANEXOS....................................................................................................................58
12
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho propõe-se conhecer o novo papel do idoso diante das
famílias contemporâneas, com o objetivo de refletir sobre as modificações pelas
quais a família vem passando, no intuito de compreender quais as repercussões
dessas mudanças no papel idoso para a família e a sociedade.
O interesse pelo tema surgiu a partir das demandas recebidas na
instituição de saúde onde fiz estágio, através do relatório sócio- econômico utilizado
pelo serviço social no ato do internamento percebeu-se que muitos idosos são
provedores ou colaboradores na renda familiar. Então, surgiu à inquietação de
estudar o tema para analisar quais são os fatores e sua relevância diante das
mudanças ocorridas na sociedade para essas categorias: família e idoso.
Percebendo que a população está envelhecendo, e no Brasil os velhos
são colocados de lado, devido a nossa cultura consumista. Na qual só os jovens
produzem e o novo que importar. O idoso vem quebrando barreiras, e mostrando o
quanto ainda pode produzir e contribuir para a sociedade.
Dada à complexidade das mudanças ocorridas para o idoso e a família,
temos que propor medidas para a efetivação das políticas existentes no sentido de
garantir a essas pessoas que um dia já foram jovens, uma qualidade de vida
enquanto sujeito protegido por nossas leis.
No Brasil pensar em envelhecimento e velhice é algo recente datado do
século XX, ou seja, é algo que ainda está em fase de afirmação. Em face desta
situação existem problemas antigos e não solucionados tais como: a desigualdade
social, o desemprego estrutural, a ausência de medidas que garantam que as
políticas públicas sejam efetivadas.
No Estado do Ceará essas proporções quanto à expectativa de vida dos
idosos não são diferentes do resto do mundo, onde no ano de 2008, o Ceará
ocupava a 3º posição de número de idosos em relação aos outros Estados
nordestinos, isso nos leva a observar que a população Cearense também se
encontra dentro desse contexto do aumento da população dessa faixa etária, e o
mais interessante em relação ao referido estado é que por mais que existam
situações gritantes da desigualdade social, o idoso é considerado alguém de
referência e de grande importância. (IPECE, 2009)
13
Antes da Constituição de 1988, não existiam qualquer previsão legal que
responsabilizassem o Estado, bem como toda sociedade de uma forma geral, no
dever de assistir as pessoas idosas, onde anteriormente à promulgação da carta
magna o idoso se tornava um peso economicamente para a família. Assim diante
das alterações ocorridas na sociedade, além da criação de políticas para o
surgimento da responsabilidade como forma de inserção do idoso na comunidade
através da Constituição de 1988 e do Estatuto do idoso que afirmam: a família, a
sociedade e o Estado são responsáveis pelos idosos quando necessário.
O idoso está independente economicamente, mas com fragilidades para
ganhar espaço dentro da família, pois a mesma não está preparada para receber
esses idosos dentro do contexto atual, em que o geronte tem autonomia e
capacidade para decide como deseja viver e o do outro lado, a família muitas vezes
tem que viver sobre os cuidados desse idoso devido à falta de emprego gerada pelo
capitalismo.
Pesquisas recentes revelam que os idosos são apontados como apoio
familiar de grande importância, não só pela renda, mas também por está
contribuindo para organização familiar.
Essas mudanças também se dão pelo fato das condições de saúde ter
melhorado, contribuindo para um prolongamento da vida social. Se antigamente ele
era visto como peso social, hoje se convive com idosos ativos e participantes dentro
e fora da família. Frente a essas transformações.
Diante desses fatos acima relacionados percebe-se uma nova
configuração familiar onde o idoso está inserido, o estudo tem o intuito de conhecer
esse novo papel, qual a sua função e importância e o fatores que levaram a essa
nova configuração e saber qual o perfil desse idoso, seja ele aposentando, ativo ou
beneficiário de algum programa de transferência de renda do governo.
14
2 O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO
O envelhecimento é um processo em que se encontra na vida de
qualquer ser humano, presente desde quando há o nascimento chegando até
finitude. Tal processo pode ser conceituado ou mesmo estudado sobre várias
vertentes, tais como: biologia, sociologia, psicologia e entre outras.
Explica à psicóloga e gerontóloga Elvira C. Abreu, esses conceitos são
utilizados através da idade cronológica, biológica, social e psicológica.
A idade cronológica é aquela marcada da data do nascimento e a cada
ano de vida é comemorado aniversário e nem sempre ela anda junto com as demais
idades.
A idade biológica esta ligada às funções do corpo e ao ambiente. A idade
social é aquela marcada pelas normas da sociedade que controlam os eventos
sociais que se passam durante a vida, ou seja, a idade certa de ir à escola, de casa,
ter filhos. Já a idade psicológica está ligada a biológica, como também a social, pois
envolve as mudanças de comportamentos decorrentes de transformações do
envelhecimento influenciada pelas normas sociais. (Mascaro, 2004)
A visão que se tinha da pessoa idosa mudou rapidamente, pois há
quarenta anos, completar sessenta anos, ou se aposentar, significava esperar a
morte em casa, sem ter mais uma vida social como antes.
Aposentar-se e completar uma determinada idade estava associado a
imagens negativas e estigmatizadas, como se o velho não tivesse valor. Havia
pouca preocupação com essa faixa etária, pois o Brasil era um país de jovens.
Porém a população brasileira foi envelhecendo. Como a população mundial já havia
passado por esse processo anteriormente.
Enquanto na Europa esse processo durou cerca de 150 anos, no Brasil
esse processo vem acontecendo aceleradamente. Em 20 anos essa faixa cresceu
mais que o dobro do registrado. Em 1991 a faixa etária contabilizava 10,7 milhões
de pessoas, e em 2011 chegou há 23,5 milhões dos brasileiros. E nos últimos 10
anos como mostra o gráfico abaixo, o número de idosos cresceu 55% e
representam 12,1% da população (Pnad 2011).
15
Atualmente por causa desse crescimento foi criado um campo especifico
no estudo do processo de envelhecimento que é a gerontologia, palavra esta que
vem do grego, onde o termo: gero tem o significado de envelhecimento e logia, e o
estudo. Para Neri (2008), a Gerontologia trata-se de um “campo multi e
interdisciplinar que visa à descrição e à explicação das mudanças típicas do
processo de envelhecimento e de seus determinantes genético-biológicos,
psicológicos e socioculturais” (p.95).
Existe também uma ciência, ramo da medicina, que é a geriatria. Tem por
objetivo estudar a prevenção e o tratamento ao grupo pertencente à terceira idade.
Buscando proporcionar para esses grupos uma melhor qualidade de vida, bem como
torna-lhes independentes na suas próprias tarefas. A criação dessas ciências
significa que a sociedade está se preocupando mais com essa faixa etária que
cresce rapidamente a cada dia. Essas duas ciências foram criadas tardiamente,
negligenciando um processo que todos os seres vivos passam. As duas ciências
não existiam há 40 anos. Primeiro veio o problema para depois a procura pelas
soluções.
O processo sócio-histórico do envelhecimento não era incluído nas
prioridades para pesquisa aqui no Brasil. O aumento do contingente de idosos e a
consequente longevidade foram assumindo e se impondo com maior visibilidade.
Destaca-se, por oportuno, que o processo de envelhecimento muito se
confunde com a fase idosa do ser humano, apesar de serem assuntos interligados,
porém são diferentes. O primeiro se trata de um processo e o segundo é uma
pessoa considerada presente no grupo da terceira idade. Conforme dito os termos
16
são interligados em razão de uma pessoa ao atingir o grupo da terceira idade, sofrer
o processo de envelhecimento.
Segundo Mascaro (1996) foi necessário sistematizar certa idade biológica
para dá inicio essa fase da vida. Essa idade pode ser diferente dependendo da
cultura em que ela vive, e também trata se de um processo histórico, pois a
estimativa de vida foi modificando - se de acordo com as evoluções da qualidade de
vida dos seres humanos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) atualmente estabelece a idade
em que a pessoa é considerada idosa. Nos países desenvolvidos é a partir dos 65
anos e nos países em desenvolvimento á partir 60 anos.
Papaléo no seu livro Gerontologia: A velhice e Envelhecimento em Visão
Globalizada diz que o conceito de idoso varia de acordo com a qualidade de vida na
qual essa faixa etária está inserida. Daí a construção de políticas públicas, pois não
podemos conceituar uma faixa etária apenas por transformações físicas.
Tornar-se velho apresenta grandes alterações no corpo, principalmente
quando é realizado um comparativo com as outras fases da vida, pois o corpo
começa a envelhecer já no final da segunda década de vida. Muito embora se possa
buscar uma boa qualidade de vida, existem doenças inerentes a certo tipo de idade.
Muita das modificações presentes no envelhecer está ligada diretamente aos
seguintes efeitos: anatômicos, cardiovasculares, gastronômicos, imunológicos,
metabólicos e sensoriais.
No processo de envelhecimento não se pode buscar apenas qualidade,
mas deve existir a preocupação com o desenvolvimento racional, a inserção dentro
da sociedade, ocupação no mercado de trabalho e o respeito e convívio harmônico
dentro da família. Na atualidade essas relações estão sendo perdidas devido às
mudanças societárias existentes no capitalismo, onde só o novo tem valor. Esse cria
o falso valor que ao se aposentar o idoso deixa de produzir, e fica sem valor algum
para a sociedade.
Referidas mudanças refletem em toda a sociedade. Causam mudanças
dentro da família, surgindo novos arranjos familiares. Nesses novos modelos, os
idosos assumem papeis antes exercidos por outros membros. Então, a família que
deveria a ser o ponto de partida para reinvidicações e defesa para um melhor nível
de qualidade de vida, fica dependendo do apoio financeiro desse integrante.
17
Devido o sistema neoliberalista ocorrido nas ultimas décadas, a
população economicamente ativa perdeu espaço, pois não existe emprego para todo
mundo. Como se sabe a lógica capitalista cria um exercito de reserva, para pagar o
mínimo possível, e aumentar cada vez mais seus lucros. Os benefícios para os
idosos, muitas vezes torna-se a renda da família, que não tem de onde tirar seu
sustento.
Dessa forma, o idoso tem sido apontado como um apoio familiar de
grande importância, não só pela renda, mas também por estar contribuindo para a
organização familiar. Essas mudanças também se dão pelo fato das condições de
saúde ter melhorado, contribuindo para um prolongamento da vida social. Se
antigamente ele era visto como peso social, hoje se convive com idosos ativos e
participantes dentro e fora da família, mesmo ainda existindo os debilitados, sem ter
como se manter sozinhos.
2.1 Envelhecimento e sociedade
O envelhecimento na atualidade se tornou um problema de esfera pública
tendo em vista afetar áreas como saúde, economia, família e cultura, ele é um
processo individual, e diferenciado para cada ser humano. Não existe uma maneira
homogenia de envelhecer.
Não é fácil definir o processo de envelhecimento, devemos levar em conta
os processos biológicos, psicológicos, sociológicos e, acima de todos esses os
culturais, pois em cada cultura o processo de envelhecimento se dá de maneira
diferenciada. A exemplo da tribo dos Lorubas na Nigéria, onde a mulher é
considerada idosa quando se torna avó, ou como em outras culturas quando a
mulher atinge a menopausa. (ALCANTARA, 2003)
Outros fatores são destacados: a velocidade em que há alterações no
corpo humano, em razão do ambiente em que convivem, a escolaridade e o
aumento da busca de atendimento médico, que anteriormente era realizado por
métodos caseiros. O avanço na ciência e aplicação de políticas públicas, que
associados podem trazer grandes benefícios populacionais, através de prevenção
de doenças a exemplo de realização de campanhas de vacinação, diminuição na
mortalidade infantil e o saneamento básico. A inserção da mulher no mercado de
18
trabalho influenciou também, pois diminuiu a taxa de natalidade que foi um dos
grandes fatores para esse aumento rápido no número de idosos no mundo.
As escolhas realizadas durante o processo de envelhecimento,
principalmente durante a juventude, como hábitos alimentares, pratica de exercícios
físicos, utilização de produtos prejudiciais à saúde, como o fumo e a bebida
alcoólica, influenciarão num envelhecimento saudável. (Bulcão et al., 2004; Leite,
1990).
Nesse sentido, houve grande evolução em todas as áreas. Dentre elas o
grande aumento na taxa de expectativa de vida. Apesar dos avanços sociais e da
ciência, existem vários problemas que assolam a chegada à terceira idade, como o
vigor para prática de exercícios físicos, doenças associadas à velhice, baixa renda
dos familiares, o desinteresse e a falta de auxilio por parentes com a qualidade de
vida dos idosos.
Hoje as divisões sociais já não cabem mais na sociedade pós-moderna,
pois uma das características novas é a descronologização da vida. Essa se dá
quando convenções sociais como hora certa de casar, ter filhos, se aposentar,
deixam de ser realizadas na idade em que a sociedade impõe.
O idoso está vivendo mais, e é capaz de se manter por muito mais
tempo. Por outro lado está perdendo seus direitos conquistados com muita luta e
trabalho. Isso decorre com base nas mudanças surgidas dentro do contexto familiar
e nos modos de produção capitalistas. (Debert, 1997)
A precarização da vida da maioria dos idosos brasileiros se deu com a
perda e desconstrução da dimensão pública, das formas de enfretamento das
desigualdades sociais enfrentadas por esses atores, das perdas de direitos
trabalhistas e da ordem vigente. Só importa quem produz.
Antes da Constituição de 1988, não existiam leis que responsabilizassem
o Estado, nem a sociedade de uma forma geral, no dever de assistir as pessoas
idosas. Anterior à promulgação da carta magna o idoso se tornava um peso
economicamente para a família. A aposentadoria não dava para se manter, e não
existiam políticas públicas que garantissem um envelhecimento tranquilo.
Art. 230 da Constituição de 1988 diz: A família, a sociedade e o Estado
têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na
comunidade, defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-lhes o direito a
vida.
19
Avanços aconteceram a passos lentos. Foram criadas legislações que
promovem o bem estar do idoso como, o Estatuto do Idoso criado em 2003 e a
Política Nacional do Idoso em 1994. Desde a Constituição outorgada 1988, o país
vem tentando garantir direitos a essa faixa. Não foi a toa que ao longo do tempo
todas as políticas estão sendo efetivadas.
Diante das alterações ocorridas na sociedade, foram criadas políticas
como forma de inserção dos idosos na comunidade. A família, a sociedade e o
Estado são responsáveis pelos idosos quando necessário. Desta forma, mesmo
sabendo que normalmente a família cuida das pessoas da terceira idade, outras
instituições são responsáveis pelo dever de amparo.
[...] a velhice, como todas as situações humanas, tem uma dimensão existencial: modifica a relação com o mundo e com sua própria história. Por outro lado, o homem nunca vive em estado natural: na sua velhice, como em qualquer idade, um estatuto lhe é imposto pela sociedade a qual pertence (BEAUVOIR, 1990, p.15).
A ordem e a classe vigente impõem o modo de vida à sociedade. Os
arranjos familiares e os modos de produção são impostos pelo capitalismo. Como
essa faixa etária cresceu também cresceu suas necessidades especificas, dando
muito lucro para o capital.
Os idosos não só do Brasil, mais do mundo todo estão cada vez mais
mostrando seus desejos de viver uma vida saudável, e também de contribuir com a
sociedade participando ativamente de esferas políticas, econômicas e culturais.
(Minayo e Coimbra Jr, 2002)
Percebe se no Brasil uma maior visibilidade nos grupos de idosos e
aposentados. A situação vem melhorando para os idosos, porque eles estão se
tornando lucrativos para o capitalismo. Estes estão organizando -se e articulando -
se, para mostrar a sociedade que eles não querem apenas ser objetos de políticas
públicas, mais sim pensar e contribuir não só para suas políticas, também passar a
sua sabedoria acumulada durante os anos de sua vida (Minayo, 2005).
20
2.2 Demografia do envelhecimento populacional
Como citado anteriormente o envelhecimento populacional é um fato
comprovado, não só no Brasil, como em todo mundo. Nunca o número de idosos no
planeta foi tão grande. Segundo a coordenadora do Estudo Global sobre o
Envelhecimento e a Saúde adulta da OMS - Organização Mundial da Saúde, em
2050 pela primeira vez na história o número de idosos será maior do que o de
crianças. (OMS, 2007)
O processo de envelhecimento se deu de forma diferenciada entre os
países desenvolvidos em relação aos em desenvolvimento. Nos países
desenvolvidos foi percebida forma lenta e associada à melhoria nas condições
gerais de vida, nos países em desenvolvimento esse processo vem ocorrendo de
forma rápida, sem que haja tempo de uma reorganização.
Segundo Minayo, existem diferenças no Brasil, pois a faixa etária que
mais cresce, fica entre 60 a 69 anos. Já no continente Europeu é a faixa dos
maiores de 80 anos.
Para entender essa mudança demográfica ocorrida em todo mundo
Freitas (2002, pág. 22) relata quatro estágios da transição demográfica que são:
1º estágio: verifica-se alta fecundidade e alta mortalidade;
2º estágio: alta fecundidade e a mortalidade começa cair;
21
3º estágio: tanto a fecundidade como a mortalidade começa a cair, e
com essa queda da mortalidade, tanto o número de adultos como o de idosos
cresce.
4º estágio: ocorre uma continua redução da fecundidade, com a queda
continua da mortalidade em toda a população, aumentando de modo expressivo o
número de idosos.
O Brasil encontra se nesse momento no terceiro estágio, pois o número
de pessoas com mais de 60 anos cresce a cada pesquisa realizada pelo IBGE. A
violência é um dos fatores que não deixa o Brasil passar para o quarto estágio. Pois
o número de jovens mortos violentamente é grande. Esse também é um dos fatores
que fazem da terceira idade, uma faixa etária onde as mulheres são em maior
número, ou, seja está ocorrendo uma feminilização da terceira idade.
Observa se que a economia e os arranjos familiares, mudaram com o
envelhecimento da população brasileira, pois o número de idosos responsáveis pelo
domicilio cresceu, o que desmistifica que o velho não produz. Em torno de 64%
desses domicílios são formados por idosos com cônjuge ou não, e com outros
parentes na mesma residência. Isso só afirma as perdas que o trabalhador vem
passando com o capitalismo. (Camarano, 2004)
Para amenizar os impactos do envelhecimento na população Brasileira, é
necessário que o Estado e a sociedade, ofereçam uma melhor qualidade dos
equipamentos e políticas afim de garantir a efetivação dos direitos, para uma melhor
qualidade de vida.
2.3 Trabalho e aposentadoria
A população idosa e aposentada da atualidade foi a que trabalhou nos
tempos de lutas e movimentos sociais por melhores condições de vida e de trabalho.
Hoje veem desmonte dos direitos adquiridos com tanto esforço. A precarização das
aposentadorias, e a falta de emprego, dentre outros. Discutir aposentadoria, trabalho
e envelhecimento hoje, segundo Pacheco (2004) é antes de tudo fazer uma reflexão
sobre a vida do homem no contexto social.
A desvalorização do trabalho no capitalismo se deu quando a finalidade
deste passou apenas a produzir bens e gerar lucros. Deixa de lado a importância do
22
processo que faz o homem diferente do animal. O homem realiza o trabalho com
finalidade e não apenas para suprir suas necessidades.
Devido à onda neoliberalista ocorrida nas ultimas décadas a população
economicamente ativa perdeu espaço. Não existe emprego para todo mundo.
Devido as grandes conquistas, o idoso garantiu uma renda: quer seja aposentadoria
por tempo de serviço, ou por idade quer seja pelo benéfico garantido pela Lei
Orgânica da Assistência Social (LOAS, 1993), conquistando uma independência
financeira, o que confere uma maior autonomia e superação do binômio
velhice/dependência. (BERZINS; BORGES, 2012) O idoso atualmente independente
de classe social que esteja inserido, tem um papel econômico diferente dentro da
família, seja de provedor principal ou secundário.
Através do trabalho, o homem não só se relaciona com a natureza, como
estabelece relações com outros homens. Essa forma de pensar trabalho é
encontrada em alguns teóricos do pensamento moderno e da contemporaneidade:
para Antunes (1997), Offe (1989) e Habermas (1987). Trabalho é uma categoria
dotada de estatuto de centralidade para entendimento da atividade humana. Para
Luckács (1978), o trabalho é a protoforma da atividade dos seres sociais e para
Marx (1971), é a necessidade natural e eterna de efetivo intercâmbio material entre
o homem e a natureza.
[...] trabalho é um processo de que participam o homem e a natureza, processo em que o ser humano com sua própria ação impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza como uma de suas forças. Põe em movimento as forças naturais de corpo, braços, pernas, cabeça e mãos, a fim de apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil à vida humana (Marx, 1989, pag. 202).
Atualmente já não existe esse trabalho, que gera apenas bens para supri
necessidades. O lucro, a rapidez do curto prazo na produção é o que importa para
os capitalistas. Toda essa rapidez faz com que a pobreza, cresça na razão direta da
capacidade social de produção de bens e riquezas.
Netto diz que nas sociedades anteriores ao capitalismo, as desigualdades
existiam, mais era devido à escassez de forças de produção.
Na ordem vigente quanto mais é produzido, mais crescente a pobreza,
pois é essa relação que fortalece o capitalismo. Quanto mais pessoas necessitando
23
trabalhar, mais barata será a mão de obra, e maior será o lucro para a classe
dominante (Netto, 2001, pag. 46).
Segundo Marx e Engels (2002, pag.45) desde que a historia da sociedade
passou a ser escrita, sempre houve luta entre classes, sempre existiram os que
detêm o poder e os seus subalternos. Essas lutas sempre terminaram em revolução
de toda a sociedade, ou em perdas, como ocorre atualmente no capitalismo.
O ser humano sempre foi programado para o trabalho, como finalidade
inerente ao seu processo de evolução. Quando chega à hora de se aposentar, eles
não sabem o que fazer do tempo livre, pois o capitalismo só se preocupa com o
aumento da riqueza, sem se preocupar com o futuro dos trabalhadores.
A aposentadoria é uma preocupação recente, criada junto com o
processo de industrialização. Pois como citado anteriormente, a família antes do
processo tinha a obrigação de cuidar dos seus idosos quando estes não possuíam
mais condições de trabalhar.
Aposentar significa “hospedar; dar aposentadoria a”; é também “abrigar, acolher; residir, morar, viver”, entre outros.( Ferreira ,1960, pag. 97).
Com a industrialização, as famílias passaram a ser nucleares, deixando o
idoso excluído, ou seja, não possuíam mais a ajuda dos parentes, portanto
necessitando de uma renda. Foram surgindo às aposentadorias, que vai contra ao
verdadeiro significado da palavra.
A aposentadoria por mais que tenha sido um direito adquirido, sempre foi
um fator de desvalorização do homem, pois ela não preenche as necessidades
básicas. No momento em que o ser humano pensa em desfrutar do descanso e
aproveitar o tempo livre para atividades que nem o tempo e nem as obrigações
familiares permitiam realizar, o fator financeiro não permitiam. Hoje já é o contrário
as obrigações com os demais membros familiares não permitem o usufruto da
aposentadoria.
Devido a sua permanência no mercado de trabalho, ou por possuir bens,
o idoso mantém seu papel de provedor da família, onde a atual conjuntura não
permite que os jovens consigam entram com facilidade no mercado de trabalho
(Camarano, 2003).
24
3 O IDOSO FRENTE À FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA
No sistema capitalista, a família passou de unidade de produção para
unidade de consumo, existindo um conflito familiar. Ao mesmo tempo em que se
mantém a reciprocidade familiar, o consumo faz com que os membros fiquem mais
individualistas. Para as classes menos favorecidas a unidade familiar está
constituída para garantir a sobrevivência de seus membros.
Nessa realidade o idoso desempenha um duplo papel: o de problema e
solução. Se antes ele era considerado um problema, na atualidade ele se equilibra
como solução. Igualando-se aos adultos, diferente de outras categorias como
crianças e adolescentes que são considerados problemas. Isso é considerado
natural, diferente do que ocorre com os idosos. Um dos principais aspectos dessas
mudanças é o aumento do tempo que o idoso permanece no mercado de trabalho
seja pela restrição da aposentadoria ou pela necessidade de continuar trabalhando.
Dessa forma, o idoso tem sido apontado como um apoio familiar de
grande importância, não só pela renda, mas também por estar contribuindo para
organização familiar. Essas mudanças também se dão pelo fato das condições de
saúde ter melhorado, contribuindo para um prolongamento da vida social. Se
antigamente ele era visto como peso social, hoje convive - se com idosos ativos e
participantes dentro e fora da família. Frente a essas transformações, o número de
idosos chefes de família cresceu nos últimos anos. No Brasil em 1990 eles eram
18% chegando em 2006 a 21% segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Diante desses fatos acima relacionados percebe-se uma nova
configuração familiar onde o idoso está inserido.
3.1 A família e a sociedade
O modelo de família foi sendo mudado conforme a história da
humanidade isto significa dizer que a família se transforma conforme a necessidade
da sociedade.
25
[...] a existência de sistemas muito complexos de parentesco e de organização de unidades domésticas que revelam a plasticidade das formas culturais e das práticas sociais acionadas na regulação da sexualidade, na reprodução, na socialização das crianças e na cooperação econômica entre os sexos. [...] (Debert, G.; Simões, A.).
Antes do século XIX os idosos eram tratados como inúteis, e incômodos,
e dependiam essencialmente da família. Isso ocorria por respeito ou mesmo receio
do que a sociedade falaria. Uma grande maioria eram deixadas em asilos,
abandonadas ou mesmo assassinadas.
Apenas os filósofos ligavam à velhice a virtude. Com a industrialização o
número de idosos cresceu. Desvalorizou os idosos por não servirem mais, pois não
produziam como os jovens e adultos. Foi dando a essa situação proporções de lutas
de classes, devido a perca de forças para exercer o trabalho e não mais conflito de
gerações, como se era pensado. (Beauvoir, 1990, pag. 262 e 263)
Para Áries a família não era estruturada de maneira nuclear como
pensávamos, ela era uma família extensa, onde as relações públicas estavam
interligadas com as relações privadas, pois os negócios eram feitos a partir de
casamentos.
(...) uma realidade moral e social, mais do que sentimental. ...A família quase não existia sentimentalmente entre os pobres, e quando havia riqueza e ambição, o sentimento se inspirava no mesmo sentimento provocado pelas antigas relações de linhagem (...) (Airés, 1978, pag. 231).
Foi a partir da industrialização que a família sofreu mudanças
importantes, sobretudo nas relações de trabalho as quais afetaram também a
relação familiar. Essas mudanças decorrentes do sistema foi à inserção da mulher
no mercado de trabalho, a redução do tamanho da família, o surgimento de novos
papéis de gênero e uma maior longevidade. Está ultima ao mesmo tempo em que
possibilita uma convivência familiar e intergeracional mais prolongada, faz emergir
questões específicas, antes inexistentes ou despercebidas.
A visão Szymanski é bem diferente de Aires, pois para ela, a família é
uma organização de pessoas que optam pelo convívio por motivos afetivos que se
comprometem a cuidar uns dos outros. Ultrapassando, a família nuclear podendo
assim considerar as novas relações entre os membros familiares e a sociedade.
Então a família está emersa:
26
Á questão dos modos dos membros familiares serem uns com os outros em um mundo de transformação. Isto é, da maneira como cuidam da relação entre si. Nesse processo, cada membro se constitui como pessoa, torna presente à subjetividade nas experiências vividas no dia-a-dia (Szymanski, 2002).
Com essas citações, percebemos as mudanças ocorridas pela família
durante os anos. Antigamente a família era extensa, depois passou a ser nuclear. As
que devido às transformações, seguiam um modelo diferente eram consideradas
desestruturadas, onde o individualismo era considerado um problema. Hoje essa
concepção mudou, fazendo do individualismo um avanço dentro das famílias.
Sarti (1995, p. 39) diz que a família não é uma totalidade homogênea,
mas um universo de relações diferenciadas, e as mudanças atingem de modo
diverso cada uma destas relações e cada uma das partes da relação. O que se
percebe, portanto, é que duas áreas incidiram de forma significativa na família
tradicional que foi a perca da autoridade tradicional e a divisão dos papeis familiares,
antes bem divididos.
Atualmente o maior conflito de gerações está na falta de tempo. A maioria
dos membros da família está trabalhando ou estudando, chegando em casa
praticamente na hora de dormir, deixando de lado o idoso que tem tempo disponível,
no qual de sente desvalorizado e abandonado.
Os idosos são provenientes de uma época onde os costumes eram
diferentes. Muitos deles viviam nas zonas rurais, gerando certa dificuldade na
adaptação dos hábitos modernos. Por mais que eles venham de um período de
transição, na época em que nasceram as famílias tinham mais contatos e respeito
com os mais velhos até mesmo devido à geografia e a inexistência de tecnologias
diferente da atualidade.
O processo de envelhecimento traz consigo dificuldade de adaptação às
variações sociais, no qual ele vem passando, como ir a um simples passeio, ou
mesmo aceitar a viuvez e os problemas financeiros com o achatamento do salário
advindo da aposentadoria.
O ciclo de vida do idoso passa por fatos marcantes em que não estão
preparados, como a saída dos filhos de casa, a perca de amigos e parentes, as
doenças associadas à velhice que lembram a proximidade da morte, e a
aposentadoria. Cabe não só a família, mas a sociedade como um todo, proporcionar
27
a seus idosos, meios de garantir a sua identidade social. Eles ainda têm muito que
aprender e a ensinar aos mais jovens.
3.2 A família como formadora de estruturas sociais
A família é considerada como habitat natural tanto no sentido biológico
como social, pois é nela que o ser humano vive sem máscaras, convenções e status
sociais, ou seja, são despidos de qualquer titulo.
A estrutura de modelo familiar mais aceita pela sociedade é aquela
composta por pai, mãe, e filhos, ou seja, a família nuclear tradicional. Quando uma
família não se adequava a essa estrutura, era considerada desajustada, e os
problemas ocorrem devido à desestruturação.
Essa estrutura familiar vem sendo alterada devido aos novos arranjos
familiares que vem se formando na sociedade, esse fato vem ocorrendo por causa
do aumento no número de separações e divórcios entre os casais em décadas mais
recentes, O percentual de pessoas divorciadas quase dobrou, passando de 1,7%,
em 2000, para 3,1% em 2010. (Censo do IBGE 2010)
Os recasamentos, e a moradia de varias famílias no mesmo lar. Traz
como consequência uma vida mais individualizada, o que leva a redução do apoio
familiar ao idoso.
É na família que se formam o caráter e a identidade, ou seja, é nessa
instituição que o ser humano se define enquanto pessoa. Em uma conferência em
Roma, 1987 o professor Pedro Juan Villadrich, previa o desaparecimento da família,
por não cumprir mais papeis e funções imprescindíveis no passado. Era ela que
passava as profissões de pais para filhos. As alianças políticas eram formadas pelas
famílias influentes da época, e a filantropia executada pelas damas da sociedade, ou
seja, de alguma forma todas as funções sociais e econômicas eram regidas pelas
famílias. (Papaleo, 1996)
A revolução continua da produção, o abalo constante de todas as condições sociais, a eterna agitação e a incerteza distinguem a época burguesa de todas as precedentes. Suprimem-se todas as relações fixas cristalizadas [...], todas as relações se tornam antiquadas antes mesmos de se consolidar. Tudo o que é solido se desmancha no ar (Marx e Engels, 1978 pag.36).
28
Por ser uma instituição social, a família está sujeita as mudanças que a
realidade histórica sofre, passando por crises durante seu processo. O que faz dela
uma instituição resistente, podendo se adaptar a diferentes momentos. Sempre
colocando novos valores e princípios a família.
Em um ambiente familiar normalmente existe uma inversão dos deveres e
obrigações entre os pais e filhos. Inicialmente há uma preocupação e cuidados dos
pais com o desenvolvimento dos filhos e posteriormente esta situação se inverte.
Assim, percebe que há uma forma de retribuição entre os membros da familiar, além
de que as pessoas idosas como também as crianças necessitam de apoio e
compreensão.
Com o passar do tempo são encontrados grandes avanços na sociedade.
Os indivíduos muitas vezes precisam se moldar com as novas estruturas
apresentadas no mundo atual. Tal acontecimento é conhecido como a modernidade.
Diante desses acontecimentos se torna difícil fixar um entendimento em relação à
identidade do indivíduo diante das transformações sociais.
Nas sociedades modernas o Estado assumiu as funções antes exercidas
pelas famílias, tanto as instituições privadas como as públicas assumiram esse
papel. O avanço tecnológico permitiu controlar a reprodução humana, na qual era
considerada a ultima função da família. (Papaleo, 1996) Função essa que
independente das percas de papeis e o tipo de sociedade que se vive, é realizada
de fatos básicos como nascimento, o desenvolvimento e a morte. O grupo escolar e
ou grupo de trabalho podem mudar, mais a família continua a mesma independente
das adversidades, pois os laços que as unem vão além dos sociais.
O fato é que a família possui um papel de fundamental importância no
apoio para o desenvolvimento dos seus membros, principalmente das crianças e
idosos. Nessas fases da vida necessitam de algum acompanhamento, a exemplo de
situações como ir a uma consulta médica, ou fazer compras, onde de uma formal
geral é incumbido à família, exercendo assim a função de cuidador.
Guite (2000, pag.34) aponta mais dois fatos importantes para a
manutenção da convivência social: a estimulação do pensar, do fazer, do dar, do
trocar, do reformular e principalmente do aprender.
Normalmente quem exerce as atividades de um cuidador é um único
membro da família, que disponibiliza seu tempo para prestar assistência à pessoa
idosa. Existe a colaboração por parte de outros membros. O ente estatal também
29
deveria estar na cota de responsabilidade com as pessoas pertencentes ao grupo da
terceira idade, proporcionando uma boa qualidade de vida e que as famílias não
sejam sobrecarregadas.
Novas formas de viver e novos valores convivem com os antigos, configurando um momento de transição, uma vez que as novas experiências vividas na família se articulam a transformações sociais profundas, não havendo ainda soluções coletivas e sociais para os novos problemas. (SARTI, Cyntia A., p.93, 2001).
Existe a possibilidade dos idosos sofrerem maus tratos, abusos e
abandonos. Embora o cuidado familiar seja um aspecto importante para o idoso,
esse fato não se aplica a todas as famílias. Existem famílias que não tem condições
de prover seus idosos, por ser pobres, ou porque precisam trabalhar, pois se
deixarem o mercado de trabalho para cuidar deles, não terão como manter lós.
O membro idoso tem muito a contribuir aos demais membros, por ter mais
idade, tem muito que passar, representando assim um pilar na estrutura familiar. A
contribuição do idoso faz com que além dele se sentir valorizado contribui para a sua
saúde.
Nessa perspectiva, a compreensão dos padrões de vida na ultima fase do
ciclo vital, é importante para a adaptação ao envelhecimento, permitindo interações
familiares que contribuem para um melhor relacionamento intra e extra - familiar.
A participação social do idoso tende a ser restrita a redes sociais
pequenas, sendo habitualmente escolhidos os mais próximos, como a família e os
amigos. Tais situações poderão acarretar no idoso, sentimentos como medo,
inutilidade e abandono, acabando por adquirir um comportamento de isolamento e
solidão.
A família precisa entender que o idoso vem de outra geração, onde os
hábitos e costumes eram outros, as relações eram sólidas. Razão pela qual tem
certa dificuldade em viver num mundo cheio de tecnologias e novos costumes. Cabe
então aos outros membros da família, terem paciência para ensina - lós a conviver
as novas tecnologias.
Portanto é dever da família orientar e acompanhar o idoso nesse
processo de convivência com os novos tempos. É vital para o idoso o bem-estar, ser
aceito e reconhecido por ele próprio como parte da família e da sociedade. Cabe à
30
família romper com essa cadeia de preconceitos, sobre o idoso, pois os jovens de
hoje, um dia também irão envelhecer.
3.3 As mudanças no convívio familiar
Na geração passada, as grandes mudanças que ocorreram dentro do
ciclo familiar foram, a inserção da mulher no mercado de trabalho, a diminuição da
natalidade e a expectativa de vida cada vez maior.
Apesar das mudanças ocorridas na sociedade, a vida ainda está divida
em fases, como as autoras Carter e McGoldrick (2001) afirmam. Fases essas que
são divididas em seis, sendo elas:
A primeira fase consiste na saída do jovem da casa dos pais, na qual
consiste num marco, pois é um momento de decisão tanto familiar, como
profissional. Geralmente o homem tem mais dificuldade em estabelecer e se
comprometer nos relacionamentos. A dificuldade da mulher nessa fase é de abrir
mão de si para procurar um companheiro.
A segunda fase é a do novo casal, atualmente a cultura está mais
amena em relação ao casal, pois eles já não tem mais aquela estrutura da mulher
cuidar da casa e dos filhos e o homem trabalhar. Hoje ambos trabalham e a
responsabilidade com os filhos geralmente é igual para ambos. Diferente de antes
onde a mulher não tinha renda, e era submissa ao marido.
A terceira fase é a família com filhos pequenos. Essa fase é onde
acontece o divisor de águas. É nessa fase que a família pode viver um conflito, no
qual a mulher tem que escolher entre a carreira profissional e o cuidado dos filhos.
Nela também é acompanhada da insatisfação do casal. Para os avós é o momento
de passar para uma posição secundaria, na autoridade dos seus filhos, e
estabelecer um relacionamento carinhoso com os netos.
A quarta fase é a da família com adolescentes. Os filhos adolescentes
marcam uma nova fase na vida familiar, pois eles introduzem novos valores, trazem
novos membros, e idéias para a família. É nessa fase também que os próprios
adolescentes começam a traçar seus próprios caminhos. Quantos aos pais nessa
fase eles repensam a profissão e a relação conjugal, podendo assim renegociar o
casamento, ou mesmo se divorciar. Nela também começam as mudanças no
cuidado com a geração mais velha.
31
A quinta fase é a fase de lançar os filhos e seguir em frente. É nessa
fase que ocorre o maior numero de entrada e saída de membros da família. Os filhos
já estão adultos se preparando para sair de casa e casar. É o momento da perda
dos mais velhos. Acontece a mudança de status de pais para avós. E na atualidade
os pais depois da saída dos filhos de casa tem outras atividades como viajar,
estudar e até continuar trabalhando devido a atual conjuntura. Pode-se se dizer que
essa fase, é exploratória pois é o momento de conhecer novos papeis.
A sexta e ultima fase, é uma fase onde nem todos os membros
conseguem chegar. Entretanto atualmente mais pessoas atingem essa fase devido
ao processo de envelhecimento. Essa é a fase que o ser humano precisa de mais
apoio. E é nela que se percebe os vínculos constituídos nas fases anteriores.
A mudança do papel da mulher foi o que mais repercutiu não só no
ambiente familiar, como em toda a sociedade. Elas se tornaram mais
independentes. Funções antes determinadas como ser mãe e esposa, estão
acontecendo mais tarde, ou mesmo estão deixando de acontecer, para se
dedicarem a sua carreira profissional.
Esses fatos ocorreram devido à crise econômica, e a urbanização das
sociedades. Porém mesmo com toda essa evolução de gênero, cabem as mulheres
a responsabilidade emocional por todos os relacionamentos familiares, como a
responsabilidade dos entes mais velhos.
Em muitas famílias, os idosos sustentam os filhos ou netos. Ou seja,
aposentadoria ou pensão, se tornou um meio de sobrevivência de toda a família. O
idoso tem uma grande importância econômica e social, diferente de outras épocas.
Isso faz com que o idoso continue a exercer o papel de provedor dentro da família
como já foi falado.
Devido à conjuntura atual, os filhos estão demorando a sair da casa dos
pais, permanecendo sustentados por eles. Esse fato ocorre por necessidade, de
passarem mais tempo nos estudos, ou não conseguirem entrar no mercado de
trabalho.
Existe uma diferença entre famílias de idosos, das famílias com idosos. A
família de idoso é aquela onde o provedor é um idoso, independente do número de
membros. Já a família com idoso, é aquela onde o idoso reside sem ser o provedor
principal, mesmo ele ajudando nas despesas.
32
A solidariedade entre pais e filhos não é algo dado, mas sim algo que se
constrói por meio do reconhecimento das diferenças de geração e gênero e de suas
consequências, ou seja, relações entre pais e filhos, é algo construído de acordo
com o relacionamento entre ambos (Goldani, 2004).
Sabe-se que o bem-estar no processo de envelhecimento está ligado as
relações sociais e o convívio intergeracional que os idosos mantêm. Atualmente
devido à independência que os idosos possuem, estão sendo criadas residências,
na qual eles moram com outros idosos, e continuam a receber todo o apoio da
família quando precisam.
Mais do que a convivência num espaço heterogêneo, do ponto de vista da
idade cronológica, é a segregação espacial dos idosos que permite a ampliação de
sua rede de relações sociais, o aumento do número de atividades desenvolvidas e a
satisfação na velhice.
Em todas as fases da vida a família tem uma grande importância. À
medida que as fases vão mudando, o ciclo de relações vai se ampliando. Para um
bebê, apenas os pais lhe bastam, já na infância o ciclo se ampliam para irmãos, tios,
primos e avós. Na velhice ao invés de ampliar, diminuir devido às perdas.
Independente do convívio familiar que o idoso tenha, é saudável que ele
mantenha outras atividades e relacionamentos, tanto para desafogar a pressão
dentro da família, como para sua socialização e satisfação. E o reencontro de papeis
sociais antes perdidos, como no ciclo de amizades faz uma grande diferença. Essas
trocas de afetos no envelhecimento acontecem de forma intensa e gratificante, pois
como já as perderam, quando as conseguem novamente dão muita importância,
promovendo uma experiência de envelhecimento positiva, mesmo para aqueles
cujos vínculos com filhos e parentes tenham pouco valor.
Promover um papel ativo opera mudanças, gerando assim novos arranjos
sociais. As identidades recriadas pelos idosos são uma forma de rejeição os valores
estigmatizados que a sociedade contemporânea impõe aos membros dessa faixa
etária na hierarquia social.
33
4 METODOLOGIA E ANÁLISES DE DADOS
O método de análise escolhido para o presente trabalho foi à análise de
conteúdo. Segundo Minayo (2007) esse método trás em seu núcleo, a ideia da
busca pela multiplicidade de sentidos de palavras ou locuções no campo das
investigações sociais.
Esse método quando utilizado na forma qualitativa tem natureza
materialista dialética, pois foca no estudo da ideologia, e suas variáveis na vida
social, como por exemplo, os modos e relações de produção e a classes sociais.
Vale ressaltar que esse método é um importante caminho para
fundamentar as pesquisas qualitativas nas quais se pode analisar a realidade que
permeia o cotidiano dos indivíduos que foram pesquisados, através da fala e
atitudes dos sujeitos. Pois esse método se aplica ao estudo do dito e o não dito no
produto das interpretações humanas a respeito de como vivem e pensam, com isso
reelaborar a realidade concreta.
O método quantitativo foi escolhido por trazer á luz dados, indicadores e
tendências observáveis ou produzir modelos teóricos de alta abstração com
aplicabilidade prática.
[...] se preocupa em compreender e explicar a dinâmica das relações sociais que, por sua vez, são depositárias de crenças, valores, atitudes e hábitos. Trabalham com a vivência, com a experiência, com a cotidianeidade e também com a compreensão das estruturas e instituições como resultados da ação humana objetivada. (Minayo, 1994, 21).
Nos estudos de campo procura-se muito mais o aprofundamento das
questões propostas do que a distribuição das características da população segundo
determinadas variáveis. O que nos deixa mais flexível diante de mudanças de
objetivos. (GIL, 2006)
Para Martinelli alguns pressupostos orientam a metodologia da pesquisa
qualitativa, onde o primeiro deles é o reconhecimento da singularidade do sujeito, o
que significa dizer que cada entrevistado tem suas particularidades, ou seja, para
conhece temos que ir ao contexto que ele vive a sua vida. Já o segundo parte do
pressuposto de reconhecer a importância de se conhecer a experiência social do
sujeito. Ou seja, não basta saber quanto se ganha, como se gasta seu dinheiro,
mais o modo e o valor que se dá a cada gasto por exemplo. O terceiro pressuposto
34
expressa o reconhecimento de que conhecer o modo de vida do sujeito pressupõe o
conhecimento de sua experiência social. (Martinelli, 1999)
Para a coleta de dados utilizamos a técnica de grande relevância para as
ciências sociais que é: a entrevista semi-estruturada, pois ela é uma forma de
interação social, utilizando o diálogo como forma de coleta, onde um dos
participantes busca coletar dados e o outro dá informação como fonte. (GIL, 2006)
Está técnica é bastante utilizada pelas Ciências Socias, pois obtemos
dados de como os pesquisados sentem ou desejam o que pretendem fazer, ou seja,
emitem sua opinião em relação há algo que interessa os pesquisadores.
A entrevista semi-estruturada segundo Minayo (2006), dar ao entrevistado
a possibilidade de discorrer sobre o tema sem respostas ou condições prefixadas
pelo autor da pesquisa, e também dar ao investigador inexperiente a segurança que
suas hipóteses sejam cobertas na entrevista.
Umas das grandes vantagens dessa técnica, é que não requer dos seus
entrevistados o domínio da escrita e nem da leitura. Cabendo ao entrevistador
esclarecer e facilitar ao entrevistado sobre o assunto pesquisado. Este foi outro
motivo que levou a escolha da técnica da entrevista, pois a grande maioria dos
idosos não sabe ler, ou mesmo a dificuldade por fatores físicos da idade mesmo,
como a dificuldade da visão.
4.1 Caminho da pesquisa
A pesquisa de campo foi realizada com os idosos frequentadores de um
grupo de convivência que realizavam atividades físicas em uma praça que hoje se
chama Frei Galvão, mais conhecida como pracinha do Jardim America, localizada no
bairro que leva o mesmo nome no qual ela é conhecida, no município de Fortaleza -
CE.
Essa praça foi inaugurada em 1932, atualmente conhecida como um
ponto importante de referência do lugar. Esse bairro foi criado não pela aglomeração
urbana natural, mais sim por um plano de aumentar as áreas residenciais de
Fortaleza.
Por ser localizada próxima ao centro, e também ao bairro Benfica, onde
na época da sua criação era conhecido como bairro de famílias ricas. Todos queriam
morar neste lugar. Até hoje é considerado um bairro de classe média. A única
35
comunidade existente no bairro é a comunidade da Brasília. Outra peculiaridade foi
que a praça surgiu antes do bairro. Com o nome de Praça Presidente Roosevelt, em
homenagem ao ex-presidente dos Estados Unidos, por isso o primeiro nome do
bairro foi Jardim das Américas, sendo resumido depois para Jardim América.
No período da pesquisa, ocorreu dificuldade de localização dos sujeitos
da pesquisa, uma vez que grupo no momento está parado em decorrência de
disputas políticas. O atual prefeito de Fortaleza Roberto Claudio, diz que devido a
uma nova reestruturação as atividades de lazer em praças estão suspensas.
Como todo pesquisador antes de realizar a pesquisa propriamente dita,
tem que realizar uma pré-analise e um estudo exploratória, realizei visitas ao grupo
no fim do ano passado, com o intuito de conhecer os idosos e saber como eles se
sentiam realizando as atividades voltadas não só para a sua saúde, como também
para a socialização deles. Muitos diziam que a atividade era o único lazer que
possuíam.
Durante essas visitas foram coletados os contatos dos idosos e foram
realizados os convites, e com isso que foram realizadas as entrevistas, na própria
residência dos sujeitos. Isso os fez mais a vontade, pois eles encontravam-se em
suas residências, o que os deixavam mais confiantes para a realização da pesquisa.
Esclarecemos que os nomes utilizados nas pesquisas seriam fictícios
resguardando assim suas identidades e endereços. No ato da entrevista foram
apresentados os objetivos do estudo. A entrevista foi realizada a partir de um roteiro
elaborado com perguntas norteadoras e abertas, deixando os entrevistados à
vontade para relatar as suas respostas. Apenas quando eles saiam contexto que o
entrevistador, voltava para as perguntas dando rumo novamente. O instrumental
utilizado para coletar a entrevista foi o gravador.
Para Martinelli, a pesquisa qualitativa não necessita de grande quantidade
de sujeitos, pois o que importa é aprofundar o conhecimento em relação ao sujeito
que estamos dialogando na pesquisa, ou seja, não importa a quantidade de
informação, mãos o significado que esse possui para a pesquisa. (Martinelli, 1999)
Foram convidados para a entrevista 10 (dez) idosos, entre 65 a 80 anos,
para a entrevista, onde 05 (cinco) eram homens e cinco mulheres, porém apenas
seis dos convidados no período da coleta de dados estavam disponíveis. Três dos
convidados desistiram ambos do sexo masculino, e um por óbito e os outros dois por
36
alegarem falta de tempo. Por estarem fazendo trabalhos informais. Mesmo as
entrevistas sendo realizadas nos finais de semana, foi alegado esse motivo.
Após a coleta, realizamos a transcrição dos dados colhidos, onde foram
analisados e interpretados de forma a apresentar o significado dos resultados
obtidos por meio da ligação com outros conhecimentos já obtidos anteriormente nas
leituras e vivências anteriores.
4.1.1 Sujeitos da pesquisa
A inquietação com os sujeitos da pesquisa se deu num local diferente dos
quais foram encontrados os pesquisados. Essa inquietação se deu no local de
estágio do pesquisador. Uma unidade de emergência hospitalar localizada na
grande Messejana, um bairro conhecido pela grande violência que lhe acomete. O
hospital conhecido como Frotinha foi fundado em 1978, com intuito de desafogar os
Instituto José Frota no centro de Fortaleza, recebem não só usuários do próprio
bairro como também de outros e outras cidades.
Lá davam entrada muitos idosos vitimas de quedas, maus tratos, e até
desnutrição. Quando iam preencher os instrumentais socioeconômicos era
percebido que esse idoso era o único provedor da casa, que deixava sua própria
manutenção de lado, para alimentar e sustentar os familiares que residiam na
mesma casa. Percebendo a recorrência dos fatos, fez com que se procurasse
entender essa realidade tão presente no cotidiano atual.
A mudança do local da pesquisa se deu pelo fim do estagio no hospital
citado acima. E ao passar cedo por essa praça próxima ao lar do pesquisador, foi
observado o grande numero de idosos realizando atividade físicas, decidiu-se
investiga se a realidade encontrada no hospital era a mesma junto a esses
participantes.
Os sujeitos da pesquisa são idosos entre 64 e 80 anos, o que mostra que
dentro dessa realidade, idosos de diversas faixas dentro do grande grupo ao qual
são pertencentes conforme gráfico 01.
37
Foram realizadas 06 (seis) entrevistas, em suas próprias residências, uma
vez que no momento da pesquisa não estavam realizando mais as atividades por
falta de instrutor.
As entrevistas realizadas possuem um bom potencial para a amostragem
em relação aos objetivos pertinentes a pesquisa, pois para uma analise qualitativa, o
tamanho da amostra não é um fator determinante, mais sim a significação dos dados
coletados.
O importante, nesse contexto não é o numero de pessoas que vai prestar
informação, mas o significado que esses sujeitos têm, em função do que buscando
se está com a pesquisa (Martinelli, 1999, pag. 24).
O que importa nesse tipo de pesquisa é a subjetividade, a complexidade
das informações produzidas, o numero de sujeitos não é escolhido antes da
execução, mais sim de acordo com a recorrência das respostas.
Dentre os participantes da pesquisa 05 (cinco) eram mulheres e apenas
01 (um) homem. Essa diferença, também foi percebida entre os participantes das
atividades na pracinha. Isso já vem sendo percebido em outros estudos com a
feminilização da terceira idade. A grande maioria é mulher e viúva segundo dados
do IBGE.
Segue algumas características básicas dos sujeitos pesquisados.
I. Dona Maria
Branca, solteira, 79 anos. Nunca casou. Ao sair da casa dos pais, foi
morar com uma irmã em outra cidade, ajudou a cuidar das sobrinhas, quando uma
dessas sobrinhas casou-se foi morar com ela para ajudar a cuidar dos seus
38
sobrinhos netos. Reside até hoje, com a sobrinha e 02 (dois) filhos dessa sobrinha
que já são maiores de idade, mais não trabalham. A casa é própria, mas pertence à
sobrinha. Trabalhou como costureira por mais de 30 anos, o que lhe rendeu uma
aposentadoria de um salário mínimo. Não concluiu o nível fundamental mais fala
com orgulho que sabe ler e escrever. Não possui problemas de saúde, o que lhe
permite executar tarefas domestica para toda a família.
Dona Maria, possuía um ar de tristeza. Seu olhar era distante, e em
alguns momentos se emocionava nas suas falas.
II. Dona Xiquita
Branca, viúva, 80 anos. Antes de morar com a filha, depois da morte do
marido, morou 10 anos sozinha. As filhas já haviam saído de casa devido terem
casado. Passou a morar com a filha em outra cidade, devido a problemas de saúde.
A filha que mora na mesma cidade que ela, mas infelizmente não se davam bem.
Possui nível fundamental incompleto. Trabalhou como autônoma a vida inteira. Seu
marido lhe deixou uma pensão de 01(um) salário mínimo. Também recebe
aposentadoria, e tem 2 casas alugadas na sua cidade natal. Possui alguns
problemas de saúde, mais nada que atrapalhasse nas atividades cotidianas.
Dona Xiquita diz que se pudesse voltaria a morar na sua cidade, pois em
Fortaleza, ela não tem muitas amizades, nem pode sair para resolver suas coisas
sozinhas, ou seja, sente falta da sua independência para se locomover e realizar
suas tarefas como pagar conta e fazer compras.
Dona Xiquita, possui voz forte, apesar da idade. É bem decidida, diz ter
um relacionamento bom com os netos e o genro, só a filha as vezes é ríspida com
ela. Ela é a mãe e merece respeito. Por essas discussões com a filha que tem
vontade de ir embora, diz a entrevistada.
III. Dona Dinda
Parda, solteira, 64 anos. Mora com uma filha divorciada e uma neta. Foi
mãe solteira, sempre trabalhou para criar a filha sozinha. Não possui casa própria,
sempre morou de aluguel. Estudou apenas até o nível fundamental. Sente se
satisfeita porque sua filha concluiu o nível superior. Sua renda provém da sua
39
aposentadoria, mais mesmo assim continua a trabalhar em um hospital com
passadeira. Para completar a renda da família, sua filha também trabalha, e ambas
dividem as despesas. Não possui nenhum problema de saúde.
Dona Dinda tem um ar de decepção no olhar, fala com calma parecendo
pensar nas palavras que vai expressar.
IV. Dona Letinha
Parda, 74 anos, viúva. Mora com uma neta e uma sobrinha. Mantinha um
relacionamento com um aposentado de 84 anos, à mais de 07 (sete) anos, mais
cada um morando em sua residência. Possui casa própria. Ainda ajuda dois filhos
que não moram com ela. Dos entrevistados essa é a que possui a renda maior,
recebe 08 salários mínimos, provenientes da pensão deixada pelo marido ex-
combatente da 2ª guerra mundial pela Marinha Brasileira. Nunca trabalhou, sempre
foi o marido que proveu a casa. Além dos 02 filhos que necessitam da sua ajuda
ainda possui mais 04 filhos, desses 03 moram próximos a ela, e são eles que a
levam para consultas medicas, passeios, o outro mora fora. Dona Letinha,
demonstra felicidade, e vontade de viver.
V. Dona Santinha
Branca, 63 anos, casada há mais de 30 anos. Continua a trabalhar. É
funcionária pública federal. Mora em casa própria com o marido, 01 filha e 01 filho,
ambos maiores de idades. Trabalham, porém não ajudam na manutenção da casa.
Ainda reside em sua casa uma irmã. Não possui problemas de saúde. Completou o
nível médio depois de casada.
É feliz e diz ter muito o que viver. Não se aposentou ainda. Como não era
concursada, foi demitida, mas entrou na justiça e voltou a trabalhar. Durante o
período em que esteve em casa aguardando a decisão judicial, trabalhou como
bordadeira, para ajudar na manutenção da casa.
Logo que se aposentar pretende passear muito com seu esposo que já é
aposentado. Tem muita vontade de viver, e aproveitar o que a vida pode lhe
proporcionar.
40
VI. Seu Oliveira
Branco, 67 anos, casado, Aposentado devido a uma depressão, depois
da morte do irmão mais novo, vítima de câncer. A família foi fundamental na sua
recuperação. Foram 07 (sete) anos lutando com a doença. Não concluiu o nível
fundamental. Sempre trabalhou com carteira assinada.
Mora em casa própria com a esposa e 02 filhos, que trabalham e pagam
seus estudos com o que ganham. Fora a depressão, sua saúde é boa. Não possui
nenhuma doença crônica que atrapalhe sua vida no momento. Sua renda é de 02
(dois) salários mínimos, mas a esposa também ajuda nas despesas da casa. É
acompanhando pelo psiquiatra, mas no momento não toma nenhuma medicação.
Hoje tem sede de viver, pois o mesmo quase ficou inutilizado com medo
de tudo por causa da depressão. Sua fala demonstrar felicidade, amor e gratidão
pela família, e por sua situação.
4.2 Contexto familiar dos sujeitos
A família tem grande importância na vida dos idosos, apesar de todas as
mudanças que vem ocorrendo no seio familiar. Historicamente os arranjos familiares
vêm passando por mudanças próprias da sociedade.
[...]à questão dos modos dos membros familiares serem uns com os outros em um mundo de transformação. Isto é, da maneira como cuidam da relação entre si. Nesse processo, cada membro se constitui como pessoa, torna presente a subjetividade nas experiências vividas no dia-a-dia. (Szymanski, 2002:10/11).
Mesmo diante de todas essas mudanças, a família ainda continua a ser a
célula inicial da sociedade. Pois é nela que são apreendidos os primeiros
significados de ser social. Funciona como ponto de apoio nos momentos de
dificuldade.
Segundo Aderaldo, o antigo modelo de família conhecida como extensa
tinha a função de cuidar dos seus idosos. Estes não tinham como se manter, pois
naquela época não existia aposentadoria, e nem benefícios para assisti los quando
não pudessem mais exercer atividade laborativa, ou a família cuidava ou então eram
abandonados à própria sorte (Aderaldo, 2003).
41
Família é um grupo de pessoas vivendo numa estrutura hierarquizada que convive com a proposta de uma adjetiva duradoura incluindo uma relação de cuidados entre os adultos e deles para com as crianças e idosos que aparecem neste contexto (Gomes, 2002, pag.20).
A família sempre esteve em constante movimento, porém hierarquia
sempre foi à econômica, onde independente do gênero e idade quem prover a casa,
é quem tem o poder de decisão. E como atualmente muitas famílias são providas
por idosos esses ainda mantém o poder decisão.
Diferente do que ocorre na atualidade onde os idosos têm a sua
aposentadoria ou beneficio ofertado pelo governo. Essa faixa etária representa um
dos segmentos com maior estabilidade. Assumindo o papel de provedor, ou de
dividir as despesas da casa com os demais familiares, conforme encontrado na
análise das entrevistas realizadas.
Essas mudanças familiares são explicáveis por fatores econômicos,
culturais e sociais. Um dos fatores negativos dessas mudanças é o fato dos idosos
passarem muito tempo sozinhos, devido à dinâmica do cotidiano, dos outros
membros familiares.
Dona Xiquita na sua fala mostra um conflito de geração, pois sente falta
da autoridade que tinha em sua casa, pois os filhos lhe davam satisfação e agora
isso não ocorre mais. (duvida) ...Gosto muito de morar aqui com minha filha, mais
sinto muita falta da minha casa, onde eu mandava, e agora que meus netos foram
morar em outra casa, para ficarem mais próximo da sua faculdade, sinto muita
saudades deles, pois eram eles quem me davam mais atenção. Hoje em dia minha
filha não me dá mais satisfação. Às vezes ela sai, e eu nem vejo. Quando vou ver
estou sozinha em casa.
Existem também fatores positivos, em situações difíceis como as crises
econômicas. É a família que acolhe os membros necessitados.
Dona Letinha acolheu a sobrinha que perdeu sua casa depois de um
processo judicial com o ex-marido.
Como a própria Dona Letinha, mencionou: “Uni o útil ao agradável, pois
ela tem onde morar tranquila, e eu tenho companhia, já que minha neta, não fica
muito em casa, devido o trabalho e o namorado”.
42
Outro fator importante para os idosos estarem vivendo por mais tempo
com seus familiares, é a necessidade financeira dos filhos, quer seja por estudo, ou
pelo divorcio, tendo que retornar a casa dos pais.
[...] os idosos estão vivendo mais e em melhores condições financeiras e de saúde e os jovens estão adiando a idade em que saem da casa dos pais. O período em que os filhos passam como economicamente dependentes de seus pais tem crescido devido à instabilidade do mercado de trabalho, ao maior tempo despendido na escola e à maior instabilidade das relações afetivas (Camarano, 2004).
A onda neoliberal trouxe consigo à instabilidade das relações patrão
empregado, a fragilidade das relações afetivas. A entrada da mulher no mercado de
trabalho afastou a maternidade para idades mais avançadas. Tudo isso influência na
dependência mais prolongada dos filhos aos seus pais.
O discurso do seu Oliveira mostra a realidade da saída tardia dos filhos
da casa dos pais, pois seus dois filhos continuam a morar com ele devido aos
estudos. Diz que sua família lhe trata com respeito e alegria, percebe ai o respeito
com os pais que ainda tem o poder de decisão.
Quanto às relações afetivas descartáveis, a Dona Dinda, informa que sua
filha tinha casado e indo morar com o marido, porém devido às brigas constante sua
filha resolveu separar e voltar a morar com a mãe. O pai da neta não ajuda em muita
coisa, então a filha não tem como pagar uma casa e manter a filha na creche, já que
tem que trabalhar.
Dona Maria vive uma realidade diferente dos demais entrevistados, pois
não possui família nuclear. Nunca teve filhos e nem casou. Ela relata que vive bem,
mas em alguns momentos deixou transparecer alguma magoa pela sobrinha, disse
nunca ter sido maltratada. Mais relata algumas brigas por defender os filhos da
sobrinha que não trabalham. Dona Maria: “(choro) Eles me tratam bem, às vezes
tem umas briguinhas, mas é normal.”
Percebe-se na fala de Dona Maria uma forma de abuso psicológico, pois
a mesma está em uma casa onde os membros, por mais que gostem e aceitem sua
presença. Não estão lhe dando o apoio necessário para convivência harmoniosa.
Abuso psicológico, violência psicológica ou maus tratos psicológicos correspondem a agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar os idosos, humilhá-los, restringir sua liberdade ou isolá-los do convívio social (Minayo,2008, pag.13).
43
Esse tipo de abuso pode até acarretar na perda dos vínculos sociais, já
fragilizados por causa da idade. Gera no idoso uma insegurança, achando que ele é
um peso, e a culpa de toda a situação. Sabe-se ser causada principalmente por
fatores externos a família, e ligados aos meios de produção, e ordem vigente.
“Podem tornar-se menos sociáveis e seus sentimentos menos calorosos, sem que se extinga sua necessidade dos outros. Isso é o mais difícil: o isolamento tácito dos velhos, o gradual esfriamento de suas relações com pessoas a quem eram afeiçoados, a separação em relação aos seres humanos em geral, tudo o que lhes dava sentido e segurança” (Norbert Elias, 2002, 8)
A fala da dona Xiquita expressa esse sentimento de perdas, pois
conforme acima citado sente saudade da sua casa, e das tarefas realizadas por ela,
como sair sozinha para receber seu benefício, fazer compras, porque hoje depende
dos familiares para tal atividade.
Dona Letinha diz: “só sinto falta de pessoas da minha idade para sair,
pois são poucos os amigos.” Essa fala mostra que com o aumento da idade,
ocorrem muitas percas de amigos e familiares, de acordo com Elias essas percas
causam insegurança e medo, até mesmo da morte.
4.2.1 As responsabilidades econômicas dos idosos na família
Diferente do que ocorria antigamente, hoje os idosos tem mais autonomia
e estabilidade financeira. Esse fato vem ocorrendo por causa da estabilidade que os
idosos tinham na época em que trabalhavam, e os benefícios ofertados pelo Estado.
Por causa da dependência financeira dos mais jovens, os idosos são menos
isolados, esse fato reflete nas decisões familiares.
Mesmo surgindo gastos imprevistos como em tratamentos de saúde,
alimentação. Essa faixa etária possui uma segurança financeira maior do que outras
faixas etárias. Esse fato faz com que os idosos na atualidade se mantenham como
chefes de família.
Estudos com bases estatísticas realizadas pelo IBGE revelam que família
de classe media e pobre, com idosos possuem uma condição econômica melhor das
que não tem nenhum idoso em sua constituição.
44
Esse fato se repete em todas as entrevistas realizadas, todas as famílias
vivem com a ajuda dos benefícios dos idosos. No caso da Dona Dinda a filha voltou
a morar com a ela, após o divorcio, pois tinha que escolher entre pagar o aluguel ou
colocar a filha na creche, e como a mesma tem que trabalhar e não tinha com quem
deixar a filha, optou por voltar a morar com a mãe. Como mostram outros estudos
como o de Camarano, 2002 realizados na hora da crise, é sempre a família que
acolhe.
Dos entrevistados a maioria mora em casa própria, apesar dos padrões
de moradia variar. Apenas duas das entrevistadas moram com os familiares, mas
esses também são proprietários. E dessas uma possui duas casas alugadas, e não
mora sozinha devido a problemas de saúde. Esse fato também mostra que quanto
mais idade a pessoa idosa possui maior será a probabilidade de residir com outros
membros.
“A coabitação”, “é, assim, um elemento que muito contribui para a solidariedade familiar tanto nos períodos mais difíceis da vida dos filhos quanto na viuvez dos pais, principalmente da mãe” (Peixoto, 2004, p. 76).
Essas entrevistas também mostram que a coabitação entre membros
familiares de diferentes gerações é algo recorrente, pois em todas as entrevistas
realizadas neste estudo mostram esse fato.
Dona Dinda “Moro com minha filha e minha netinha e nossa relação é
muito boa”
Outro aspecto relevante é que essa fala nos mostra que os filhos estão
residindo com os pais e não o contrário. Como há pelo menos duas décadas atrás
acontecia, os pais idosos iam moram com seus filhos, por questões econômicas, ou
de saúde.
Quanto ao trabalho muitos idosos mesmo estando aposentados
continuam a trabalhar, por se sentirem ainda uteis ou pela necessidade de manter a
renda familiar. “Trabalho de copeira no hospital Dr. Cesar Calls, mas divido as
responsabilidades com minha filha. Minha renda é 750,00 (emprego) + R$ 678,00
(aposentada por idade) = R$ 1.428,00”. Dona Dinda.
45
[...] muitos idosos acabam retardando a aposentadoria e alguns mesmos aposentados voltam ao mercado de trabalho, onde já se verifica um crescimento constante da PEA (população economicamente ativa) idosa no total da PEA brasileira, que em 2011 contava com cerca de 6,5 milhões de idosos (PNAD, 2011).
Dona Santinha também confirma esse fato, pois continua a trabalhar para
sua renda de R$ 2.500,00 não diminuir, pois devido a aposentadoria no esposo, teve
que ajudar nas despesas da casa, antes do fato ocorrer sua renda era para o lazer e
estudos dos filhos.
Apesar de toda a dificuldade que enfrentam no seu dia a dia, os entrevistados são testemunhas e atores no contexto de transformação por que passa a sociedade brasileira, na qual o desemprego dos filhos assumem proporções nunca antes observadas. (Coutrim, 2006, p. 375)
A autora nos mostra que a sociedade esta mudando devido a ordem
social vigente, devido a isso o papel do idoso também esta mudando, pois a sua
renda e estabilidade é que mantém sua família economicamente.
Segundo os dados da Pnad 2011 mais de 63 % idosos brasileiros são
chefes de família, representando 23,4% dos chefes de família no Brasil, essas
estatísticas sugerem um novo papel ativo nas famílias e obviamente menor
dependência e maior contribuição econômica dos idosos para as famílias brasileiras.
Dos entrevistados 03 (Três) são chefes de famílias, e os outros 03 (Três)
ajudam nas despesas domésticas. A posição de provedor de família lhe dá a
condição de decisão.
Seu Oliveira confirma em sua fala: “que toma decisões e participa do
sustento da casa”, quando lhe é perguntado qual sua função na família.
Segundo informe Brasil para III conferência regional intergovernamental
sobre envelhecimento na América Latina e Caribe 2012, (pag. 10): “Uma maneira de
avaliar o papel que os idosos vêm assumindo em termos de apoio às famílias onde
estão inseridos é através da participação da sua renda na renda familiar. Em 2009,
nas famílias que continham idosos, estes contribuíam com 64,8% da renda familiar”.
Essa constatação do IBGE, só vem confirma o que foi encontrado na
pesquisa realizada.
O gráfico abaixo nos mostra que é cada vez maior o numero de mulheres
nessa faixa etário. Ponto também encontrado na pesquisa.
46
É importante resaltar com essas entrevistas a feminização da velhice,
como mostra o gráfico do IBGE e de responsáveis pelos domicílios, dos seis
entrevistados apenas um era homem. E dessas cinco, duas são chefes de família.
As outras duas moram com familiares e uma divide as despesas com o esposo, e
sua renda é maior do que a dele.
Ainda por mais que tenham ocorrido avanços nas relações econômicas
dos idosos na família, um dos entrevistados sofre de uma maneira sutil abuso
financeiro, pois este fez um empréstimo para o sobrinho que não pagou. Por mais
que tenha sido com consentimento, um idoso que recebe apenas um salário mínimo
para sua manutenção quando se tira por volta de um terço faz falta.
“Dona Maria retrata bem essa situação quando é perguntada sobre sua
renda.” (silêncio)...Mais ou menos, porque eu fiz um empréstimo do filho da minha
sobrinha e ele ficou desempregado e não pode mais pagar, então estou pagando,
não só minha sobrinha que ajuda, mais as vezes quando ela fica com raiva de
alguma coisa que os filhos dela faz, ela para de comprar as coisas, então tenho que
comprar se não todo mundo fica sem nada."
A pesquisa demonstrou que o papel de provedor tem se configurado
como fonte de orgulho, e de poder domestico e até mesmo de ocupação para os
idosos, fora outras atividades exercidas por eles. “Seu Oliveira cuido da casa,
durante o dia enquanto minha esposa e meus filhos trabalham e estudam.”
47
4.2.2 Percepções e sentimentos dos idosos
Com o aumento da longevidade, e a modernização da sociedade,
ocorreram transformações em todos os segmentos da sociedade. Os idosos vêm
conseguindo mudar a realidade na qual vivem. Tanto no tratamento dos mais jovens
em relação aos idosos, como no comportamento dos próprios idosos.
Pois esses não se enxergam mais como coitadinhos e dependentes dos
familiares para sobreviverem. E sim como um apoio familiar nas situações do
cotidiano, como nos momentos de crise. Esse fato aumenta a autoestima dos
idosos, o que ajudam na saúde e bem-estar deles.
Na medida em que os idosos, enquanto grupo social conseguem se fazer ouvir, provocam sua própria mudança e consequentemente, a quebra de preconceitos e mitos a seu respeito, viabilizando a abertura de caminhos para o resgate da sua cidadania e a conquista de seu espaço na família e
na sociedade.(Rodrigues, 2006, p. 25).
Além da melhoria da qualidade de vida, de políticas que garantam seus
direitos, os estereótipos também estão sendo mudados. Antigamente os jovens e os
próprios idosos tinham medo e uma visão negativa de velhice. O que levava o idoso
a ficar trancado em casa, perdendo todos os laços sociais que possuíam. Isso
ocorria com a aposentadoria que levava a proximidade da morte.
Atualmente ainda é difícil dar a ideia de dimensão de dependência de
uma pessoa em relação às outras. Como percebemos na pesquisa todos dependem
de uma maneira ou de outra de alguém para sobreviver, ou seja, uma relação de
troca.
Mas na sociedade atual onde o que importa é o novo, a rapidez das
relações causa certo conflito diante das gerações mais velhas. Pois os idosos vêm
de uma época onde as relações eram para vida toda. E na atualidade as relações
ficaram fluidas, tanto em relação a mercado de trabalho, como as relações afetivas.
O que gera uma instabilidade que os idosos não compreendem daí os conflitos.
Situações de conflitos são constantes. A ocupação de um único espaço por diversas gerações, a proximidade das residências e as carências materiais fazem com que ocorram momentos de tensão, porem a grande maioria dos casos, não são suficientes para provocar rupturas nos relacionamentos. (Coutrim, 2006, p. 385).
48
Na fala de Dona Maria, mostra como as relações intrafamiliares são
frágeis e a existência de conflitos. “Eu me dou muito bem com as pessoas da minha
casa, mais você sabe que de vez enquanto tem uma discussão mais que família não
tem. Porque família é família, ninguém é santo.”
Os sentimentos colocados por Dona Maria, é que ela é feliz pela situação
que vive. Se não fossem os conflitos por defender os filhos da sobrinha, não
existiriam conflitos segundo ela. “Bem sentimento... (se emocionou) e hoje
principalmente, mais a vida é desse jeito, um dia a gente tá bem e outro tá triste, até
o dia que dar certo. Mais agente num vive brigando, ninguém vive me explorando,
me maltratando. Eu tenho minha vida até boa, mais aqui e acular tem umas
briguinhas, que é uma coisa que agente não gosta, mais é o jeito agente calar pra
não brigar e assim agente vai levando e vivendo.”
E por mais que em suas falas existam resentimento e tristeza ela diz não
querer morar com outros familiares. Pois os vínculos e referenciais de família são
com esses parentes. “Não apesar de tudo eu estou bem, gosto do jeito que vivo, só
queria que as pessoas fossem mais compreensivas e evitassem mais as brigas,
mais a vida é assim ninguém pode mudar ainda mais na minha idade.”
Como a Dona Maria, não possui família nuclear e não possui outros
vínculos sociais, além das atividades físicas realizadas no grupo de convivência, não
se sente aberta para procurar outras saídas para a situação, não possui nenhum
irmão que resida próximo com quem possa morar. E como ela sente obrigação de
ajudar os filhos da sobrinha, não quer morar em outra cidade com seu irmão.
Na fala de dona Maria, percebemos que os vínculos familiares falam mais
fortes do que os conflitos existentes, diferente do que ocorre na sociedade em geral,
onde as pessoas não se dão mais ao trabalho de tentar resolver ou contornar os
problemas, pelo contrário a sociedade apenas foge deixando de lado o problema.
Esse fato ocorre por ela vim de uma geração onde conforme citado acima de
fortalecimento de relações, e não de ruptura e individualidade.
“Bem sentimento....( se emocionou) e hoje principalmente, mais a vida é
desse jeito, um dia a gente tá bem e outro tá triste, até o dia que dar certo. Mais
agente num vive brigando, ninguém vive me explorando, me maltratando. Eu tenho
minha vida até boa, mais aqui e acular tem uma briguinhas, que é uma coisa que
agente não gosta, mais é o jeito agente calar pra não brigar e assim agente vai
levando e vivendo.” (Dona Maria)
49
A ausência de parentes mais próximos, tais como cônjuge e filhos, diminui
o suporte social que tende a reduzir os efeitos negativos do estresse na saúde
mental. Impossibilitando assim, uma influência positiva no bem-estar psicológico do
idoso. O suporte familiar produz efeitos positivos na saúde.
Dona Xiquita, mostra em sua entrevista a inversão de papeis e a perca da
posse, pois a mesma sempre teve o poder de decisão na sua casa, mesmo quando
o marido era vivo. Diferente do que ocorre com a grande maioria das mulheres que
são subalternas nas decisões domésticas.
A minha relação é boa com todo mundo, apesar de sempre ela (filha com
que residi) ter morado comigo, hoje é diferente porque eu que estou na casa dela,
não sei se por isso às vezes é grosseira comigo, gostaria de poder ainda morar na
minha casa, mais por causa da minha idade sei que não tenho mais condições de
ficar só, porque posso passar mal. Tenho outra filha que mora em Maranguape,
mais eu não gosto muito da casa dela, por isso estou com essa filha mesmo (Dona
Xiquita).
Apesar de Dona Xiquita se adaptar a nova situação, fala com saudosismo
da sua casa, de como era sua vida de muito trabalho. “(saudosismo)...Não, já me
acostumei do jeito que vivo, gosto muito daqui. Sempre fui acostumada a realizar as
coisas em casa, então resolvi ajudar aqui, para não ficar parada, se não agente faz é
adoecer. Nunca me senti explorada, sempre fiz tudo de boa vontade, e tenho prazer
em ajudar.”
Outro sentimento que foi percebido foi o sentimento de preocupação com
o futuro dos demais membros devido a ordem vigente. O capitalismo está trazendo
muita instabilidade para as faixas etárias mais jovens. Como já foi abordado não
existe emprego para todos, ou subempregos, onde ninguém tem estabilidade para
poder constituir uma família, ou adquirir bens duráveis.
Gostaria que meus filhos se sustentassem sozinho, não é porque não
gosto de ajudar, mais como todo mundo sabe, já estou ficando velha e não sei até
quando ficarei por aqui, então como eles vão ficar depois que eu morrer, mais fora
isso me sinto valorizada e amada por eles, e por incrível que pareça os que eu não
ajudo financeiramente são os que me dão mais carinho e atenção. (Dona Letinha)
Os entrevistados não desejam mudar de papel, pois sente se felizes, na
posição que se encontram. Sentem-se valorizados pela sua importância como
50
provedores da sua família. Segundo Coutrim eles saem dos estereótipos de
aposentados e encostados na família para pilar de sustentação econômica.
“Dona Santinha” me sinto valorizada e tenho prazer na posição que
estou.
“Dona Maria” Não apesar de tudo eu estou bem, gosto do jeito que vivo,
só queria que as pessoas fossem mais compreensivas e evitassem mais as brigas,
mais a vida é assim ninguém pode mudar ainda mais na minha idade.
“Dona Dinda” Estou bem nessa posição, sinto-me valorizada e tenho
prazer de conviver com minha família.
O envelhecimento pode ser visto de maneira positiva e até como algo
desejado, pois os idosos continuam fazendo parte da sociedade, sentindo-se
integrados e satisfeitos. Para o idoso, a autonomia e a manutenção da
independência são mais importantes do que seu estado de saúde e as perdas que
teve no processo de envelhecer, pois essas fazem com que possa manter seus
vínculos sociais e, com isso, sua qualidade de vida.
51
5 Considerações Finais
O presente trabalho buscou analisar o papel do idoso nas famílias
contemporâneas com foco nos novos papeis exercidos por esses idosos, tanto na
parte econômica como no âmbito social.
Verificou-se que antes da Constituição de 1988, não existia nenhuma
responsabilidade por parte do Estado em relação aos idosos. A família era à única
instituição responsável pelo cuidado com os idosos.
Depois da Constituição Democrática como ficou conhecida como ficou
conhecida a Constituição de 1988, não só os idosos como outros grupos vulneráveis
conquistaram leis que garantem direitos relativos à sua proteção e assistência.
Como mostra Art.3 do Estatuto do idoso criado 2003:
Obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Publico
assegurar ao idoso, a efetivação do direito a vida, saúde, a alimentação, a cultura, a
liberdade, a dignidade, ao respeito, e a convivência familiar e comunitária.
O Estatuto do Idoso é a realização do sonho cultivado por milhões de
idosos que vivem em situação de abandono, sem acesso aos direitos fundamentais
de qualquer cidadão sem referência a faixas etárias. Ele tem o papel de humanizar a
família e a sociedade no cuidado dos idosos.
Antigamente muitos idosos viviam em situações difíceis por causa da falta
de apoio familiar, quer seja por descuido, ou falta de dinheiro para tal finalidade. E
como o Estado não tinha nenhuma obrigação, os idosos ficavam a mercê da própria
sorte.
O tempo foi passando a sociedade foi se modificando, novos arranjos
familiares foram sendo criados. E novos papeis foram sendo exercidos por todos os
membros da família. A mulher deixou o seu papel de dona de casa, e passou a
trabalhar fora para ajudar nas despesas da família. Novas responsabilidades para as
crianças e idosos também foram criadas.
O idoso devido a sua aposentadoria possui mais estabilidade do que os
mais jovens. Isso fez que com além de manter seu posto de provedor, também
continuasse a ter o poder de decisão dentro da família. Situações como essas
mostram que o idoso, não é alguém que por ser velho não tenha mais opinião.
Revelando a falácia de que o idoso é um peso, existem idosos que ainda necessitam
52
da família para se manter, mais a maioria como revelam as pesquisas, estão
ajudando cada vez mais não só a família, como a sociedade.
Essa pesquisa revelou uma realidade diferente do estereótipo negativo
que se tem da velhice. No qual o idoso é um peso para a família. Muito pelo
contrário. Além de exercer o papel de provedor chefe de família, trabalhar dentro de
casa, realizando atividades antes feitas por outros membros. Ainda no seu tempo
livre realizam atividades físicas que além de melhorar a saúde, desfrutavam de
momentos de socialização com os outros idosos participantes do grupo.
No momento da pesquisa os idosos participantes sentiam falta das
atividades físicas na qual realizavam na pracinha do Jardim America, pois para
alguns eram uns únicos momentos de lazer e socialização que possuíam.
A coabitação se mostrou uma estratégia de sobrevivência das famílias, o
fato relevante foi que não são os idosos que vão morar na casa dos parentes mais
jovens, são os filhos que retornam para casa dos pais. Isso esta acontecendo pela
instabilidade da economia do país, causada pelo neoliberalismo. Os mais jovens não
tem emprego fixo, assim não possuindo meios para conseguir casa própria e seu
próprio sustento, ou mesmo retornando a casa dos pais por divórcios.
Essa estratégia não é algo novo, a idéia original foi desenvolvida na
Europa no período colonial em época de crise. As famílias recebiam os mais jovens
nas suas casas dando suporte econômico.
Fatores negativos como aumento nos gastos, perda de privacidade e
conflitos entre seus membros são recorrentes. Por outro lado o apoio familiar,
solidariedade e segurança entre seus membros são mais importantes do que os
conflitos, fortalecendo assim os vínculos.
Não que na atualidade, não existam idosos que passam por
necessidades, ou que sofram maus tratos, mais eles estão mais ciente da sua força
tanto econômica, como física.
Ao analisarmos as entrevistas percebemos que dentro do universo
pesquisado, as famílias compostas por pais e filhos que nunca saíram de casa são
menos conflituosas, do que as famílias que os filhos retornaram para a casa dos
pais ou que são compostas por outros parentes.
A maior dificuldade dessa pesquisa foi fazer com que os idosos falassem
sobre seus sentimentos, pois parte dos idosos, pareciam esconder seus reais
sentimentos, ao se emocionarem quando foram perguntados sobre o assunto.
53
Sentimos que por mais que tenham ocorrido mudanças na autonomia, saúde e
economia dos idosos, eles ainda se sentem presos aos estereótipos da velhice.
Cabe a família, Estado e Sociedade trabalhar na mudança desses
estereótipos, pois a expectativa de vida cresce a cada dia, então mais cedo ou mais
tarde todos irão chegar a essa fase.
Por ser uma amostra pequena não dá para generalizar as informações
contidas na presente pesquisa na população em geral. Mas serve de base para
novas pesquisas. Pois o intuito dessa pesquisa não é chegar há um ponto final, e
sim ser um ponto de partida para novos pesquisadores e novos trabalhos serem
instigados.
Essa realidade vivida pela sociedade, onde os idosos estão provendo
seus membros mais jovens, não deixa de ser uma resistência à ordem econômica
vigente, pois eles são a prova da estabilidade do mercado de trabalho, das
conquistas das lutas dos trabalhadores.
54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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O que levou a assumir as responsabilidades atuais;
ANEXOS
Roteiro da Entrevista
Nome do idoso (a);
Data de Nascimento; idade; Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
Estado civil;
( ) Casado ( ) Viúvo ( ) Separado ( ) Solteiro
( ) Vive com um (a) companheiro (a) ( ) Vive sozinho (a)
Se for separado (a) ou viúvo (a) há quanto tempo? _____________ anos
Local de residência do idoso;
Com quem mora?
( ) sozinho ( ) com cônjuge ( ) com filhos ( ) com cônjuge e filhos
( ) outro(s):________________ Total: __________
Escolaridade;
( ) Ensino Fundamental Completo
( ) Ensino Fundamental Incompleto
( ) Ensino Médio Completo
( ) Ensino Médio Incompleto
( ) Ensino Superior Completo
( ) Ensino Superior Incompleto
Profissão;
Ocupação atual;
Responsável pelo domicílio;
Renda;
Sua renda é suficiente? Os outros integrantes ajudam na manutenção da casa de
forma igualitária;
Qual sua função diante da família
Existe alguma atividade que você realiza na sua residência;
Como a família reage com sua presença
Como você vê sua relação com os demais membros da sua casa;
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Sentimentos (exploração, raiva, frustração, valorização, prazer);
Gostaria de estar em outra posição familiar (cuidado, troca de afeto,
relacionamentos afetivos).
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu,.................................................................................................,li e/ou ouvi os
esclarecimentos dados sobre o estudo do qual participarei. A explicação que recebi
esclarece os riscos e benefícios do estudo. Eu entendi que sou livre para
interromper minha participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão.
Sei que meu nome não será divulgado, que não terei despesas e não receberei
dinheiro por participar do estudo.
Voluntário (entrevistado)................................................................................................
Equipe:
Jacqueline Maria de Sousa Moura – Orientanda
Mariana Albuquerque Dias Aderaldo – Orientadora