centro de ensino superior do cearÁ faculdades...

77
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES CEARENSES CURSO DE ADMINISTRAÇÃO FRANCISCO JARBAS BEZERRA PINTO MOBILIDADE DO TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO URBANO NA CIDADE DE FORTALEZA FORTALEZA-CE 2012

Upload: others

Post on 09-Aug-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADES CEARENSES

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

FRANCISCO JARBAS BEZERRA PINTO

MOBILIDADE DO TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO URBANO NA CIDADE

DE FORTALEZA

FORTALEZA-CE

2012

Page 2: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

FRANCISCO JARBAS BEZERRA PINTO

MOBILIDADE DO TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO

URBANO NA CIDADE DE FORTALEZA

Monografia submetida à aprovação de banca

examinadora do curso de Administração do

Centro de Ensino Superior do Ceará, como

requisito parcial para obtenção do grau de

Graduação.

FORTALEZA-CE

2012

Page 3: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

FRANCISCO JARBAS BEZERRA PINTO

MOBILIDADE DO TRANSPORTE PÚBLICO

COLETIVO URBANO NA CIDADE DE FORTALEZA

Monografia como pré-requisito para obtenção do

titulo de Bacharel em Administração, outorgado

pela Faculdade Cearense – FAC, tendo sido

aprovada pela banca examinadora composta pelos

professores.

Data de aprovação: _____/_____/______

Prof. Orientador – Luís Carlos Queiroz de

Alencar MS.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Professor MSc. .............................

_____________________________________________

Professor MSc. .............................

_____________________________________________

Professor MSc. .............................

Page 4: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

DEDICATORIA

A minha família.

Page 5: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, a Deus, que iluminou o meu caminho durante esta caminhada.

A meus pais, Maria de Fátima e Antônio Pinto (in memorian), em especial a meus filhos

Jarlan Anderson e Juliana Andressa, que sempre me apoiaram; a minha esposa Glaucineide

Pinto que sempre me acompanhava e motivava.

Ao meu orientador professor Luís Carlos Queiroz de Alencar, que além de ter me mostrado

os caminhos para a realização deste trabalho, pela paciência e simplicidade iluminou de

maneira especial meus pensamentos, levando-me a buscar mais conhecimentos.

Aos meus colegas de sala, que sempre me ajudaram nos trabalhos em equipe, em especial ao

Flavio Bandeira, pela amizade; é um grande amigo e encorajou-me neste sonho.

A todos os colaboradores da empresa Viação Urbana, que contribuíram de forma direta para

esta conquista, em especial ao Gustavo Porto, por permitir a realização deste sonho. Ao Cesar,

Maciel, Estenio, Elbio, Ferreira, Tiago, Rocheri, Americo, Lima Jr. Mario, Cicero, Almeida,

Valintim, Cintia, Valdir, Ernesto que não pouparam esforços para me ajudar e aos demais

colaboradores dos setores de Recursos Humanos, Manutenção, TI, SESMT, Tesouraria,

Portaria, Fiscalização, Conferência, Operação, Monitoramento, Monitores, Supervisores,

Tráfego e Administrativo, o meu muito obrigado.

A todos os professores da FAC, pelo acolhimento e disponibilidade sempre generosa, grandes

mestres que contribuíram para o meu crescimento acadêmico, em especial aos professores

Júlio Cesar, Monica Veras e ao coordenador do curso, professor Ricardo Cesar, pelo apoio e

carinho.

Page 6: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

RESUMO

Em razão do crescimento acelerado da cidade, aumento da população, há um desejo cada vez

maior de deslocamento do cidadão, o direito constitucional de ir e vir, que necessita ser

atendido utilizando a infraestrutura viária e veículos. Mas, como o planejamento urbano da

cidade não consegue acompanhar o mesmo ritmo, então o uso do veículo particular é cada vez

mais incentivado, provocando congestionamentos crônicos, mais poluição ambiental, dentre

outros. Diante deste quadro, o presente trabalho tem o objetivo de mostrar como se encontra a

mobilidade do transporte público coletivo urbano de Fortaleza, através da velocidade média

identificada nos veículos das linhas que operam nos corredores da cidade. Foi apresentada

uma breve revisão teórica sobre o transporte, focando na circulação das vias, a mobilidade

urbana e o sistema de transporte coletivo de Fortaleza. Quanto aos fins, realizou-se um estudo

de caso nas linhas que operam no corredor da av. Bezerra de Menezes, com foco na

implantação do BRS-FOR e uma pesquisa realizada na linha 77- Parangaba - Mucuripe,

operada pela empresa Via Urbana, apoiada em pesquisa do tipo survey, bibliográfica e de

campo. Como instrumento de pesquisa, elaboraram-se formulários com as informações a

serem colhidas sobre o tema. A partir dos resultados obtidos, conclui-se que a velocidade

média do sistema é de 15km/h, portanto, é muito baixa, consequentemente, a mobilidade

urbana dos veículos faz com que os usuários do transporte público, em comparação com os

demais integrantes dos veículos particulares no deslocamento, levem o dobro de tempo para

chegar ao seu destino, devido o transporte público não ter preferência sobre o privado, tudo

por falta de uma política pública eficaz e uma cultura egoísta da sociedade. Estas ações se

resumem na necessidade de se pensar no transporte público de Fortaleza de uma maneira

geral, como um problema de políticas públicas que interfiram no bem-estar do cidadão.

Palavras-chave: transporte púbico, mobilidade urbana, velocidade média.

Page 7: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

ABSTRACT

Due to the accelerated growth of the city population increases there is a growing desire to

offset citizens the constitutional right to come and go, that needs to be answered using the

road infrastructure and vehicles. More like the urban planning of the city can't keep up with

the pace, so the private vehicle use is increasingly encouraged, causing chronic congestion,

environmental pollution, among others. Given this framework, the present work aims to show

how to be mass public transport urban mobility of Fortaleza, through the average speed of

vehicles identified in lines that operate the city's corridors. A brief theoretical review on the

transport, focus on movement, urban mobility and transport of Fortaleza. As for purposes was

a case study in the lines that operate the Hall of AV. Bezerra de Menezes focused on

deployment of BRS-is and a survey on line 077-Mucuripe Parangaba operated by urban way,

supported by type search bibliographic and field survey. As research tool devised forms with

information to be taken on the subject. From the results obtained, it is concluded that the

average speed of the system is 15 km/h, so it's very low, therefore the urban mobility of

vehicles causes the users of public transport, as for other members of private vehicles in

commuting, take twice as long to reach your destination, because public transport does not

have preference over the private, all for lack of an effective public policy and a selfish culture

of society. These actions boil down in need of thinking on public transport of Fortaleza in

General, as a problem of public policies that interfere in citizens ' well-being.

Keywords: public transport, urban mobility, speed average.

Page 8: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

QUADRO 1 Modos de transporte urbano .............................................................................. 15

TABELA 1 Espaço consumido por passageiro transportado ............................................... 33

QUADRO 2 Estão os fatores de avaliação de qualidade na visão do usuário ....................... 35

QUADRO 3 Estão os serviços prestados no transporte público ............................................ 37

QUADRO 4 Classificação dos tipos de linhas do sistema e quantidade ............................... 38

GRAFICO 1 Percentual de veículos distribuídos nas linhas do sistema ................................ 38

TABELA 2 Idade média da frota por classe de veículo ....................................................... 39

TABELA 3 Histórico da idade média da frota por ano ........................................................ 39

QUADRO 5 Nome das empresas de transporte público urbano de Fortaleza ....................... 40

TABELA 4 Tarifas praticadas em capitais brasileiras ......................................................... 41

QUADRO 6 Linhas que operam na av. Bezerra de Menezes ................................................ 44

FIGURA 1 Sinalização do corredor para implantação do projeto BRS .............................. 44

TABELA 5 Tipos de linha que operam o corredor da Av. Bezerra de Menezes ................. 45

FIGURA 2 Mapa da linha 77 - Parangaba-Mucuripe .......................................................... 45

TABELA 6 Dados estatísticas de quilometragem, frota e demanda do sistema .................. 50

GRAFICO 2 Média de km mensal por ano percorrido pelo sistema ..................................... 51

GRAFICO 3 Média de idade da frota operante por ano nos dias úteis .................................. 51

GRAFICO 4 Média de demanda mensal pagante por ano ..................................................... 52

GRAFICO 5 Comparação em percentual dos dados estatísticos do sistema ......................... 52

FIGURA 3 Congestionamento numa avenida de Fortaleza ................................................. 53

TABELA 7 Velocidade média antes e depois do BRS-FOR ............................................... 55

TABELA 8 Distância entre pontos de parada por quantidade ............................................. 55

TABELA 9 Distribuição de paradas da linha 77 - Parangaba-Mucuripe sentido ida ........... 57

Page 9: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

TABELA 10 Pontos de paradas da linha 77 - Parangaba-Mucuripe sentido volta ................ 58

FIGURA 4 Ambulantes ocupando ponto de parada de ônibus ............................................ 59

FIGURA 5 Parada de ônibus sem recuo para parada de ônibus .......................................... 59

FIGURA 6 Ponto de ônibus próximo à faculdade FANOR ................................................ 60

TABELA 11 Semáforos distribuídos no percurso da linha 77 - Parangaba-Mucuripe .......... 61

FIGURA 7 Ponto de parada próximo ao semáforo .............................................................. 62

TABELA 12 Tempo gasto por trecho e faixa horária na linha 77 - Parangaba-Mucuripe ..... 63

FIGURA 8 Av. João Pessoa: local exclusivo para operar ônibus ....................................... 64

FIGURA 9 Parada de ônibus próximo a feira de Messejana ............................................... 64

FIGURA 10 Fluxo da via onde acontece a feira da Parangaba ............................................. 65

FIGURA 11 Fluxo de veículos da av. General Sampaio ....................................................... 65

FIGURA 12 Desenho do terminal do Papicu ........................................................................ 66

FIGURA 13 Veículos estacionados na Rua Lauro Nogueira no Papicu ............................... 67

FIGURA 14 Corredor comercial da Av. Sena Madureira ocupado por carros...................... 68

FIGURA 15 Rua Tenente Benévolo: árvore dificulta passagem dos veículos ...................... 69

FIGURA 16 Av. Aguanambi: ondulações na via .................................................................. 69

FIGURA 17 Espaço ocupado na via por 60 carros privados ................................................. 70

FIGURA 18 Espaço ocupado na via por ônibus conduzindo 60 passageiros ........................ 70

Page 10: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANTP – Associação Nacional de Transporte Público

NTU – Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano

ETUFOR – Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza

PIB – Produto Interno Bruto

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

DETRAN-CE – Departamento Estadual de Trânsito do Ceará

IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados

PIS – Programa de Integração Social

COFINS – Contribuição para o Financiamento de Seguridade Social

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

MDT – Movimento Nacional de Transporte Público de Qualidade para Todos

SEST - Serviço Social de Transporte

SENAT - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte

FREDABASE – Federação das Empresas dos Transportes dos Estados da Bahia e Sergipe

SEMOB – Superintendência da Mobilidade Urbana

AITP – Associação Internacional de Transporte Público

FNT – Frente Nacional dos Prefeitos

CNT – Confederação Nacional dos Transportes

IPK – Índice de Passageiros por Quilômetro

SITFOR – Sistema Integrado de Transporte de Fortaleza

GPS – Sistema de Posicionamento Global

STCO – Serviço de Transporte Coletivo por Ônibus

STPC – Sistema de Transporte Público Complementar

BRS-FOR – Bus Rapid Service em Fortaleza

Page 11: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 12

2 TRANSPORTE URBANO ............................................................................................... 15

2.1 - Regulamentação do transporte público .......................................................................... 18

2.2 - A circulação.................................................................................................................... 23

2.3 - A lei de mobilidade urbana ............................................................................................ 24

2.4 - A expectativa do usuário do transporte coletivo ............................................................ 34

2.5 - Sistema de transporte público de Fortaleza .................................................................... 36

2.6 - Empresas operadoras do sistema de transporte urbano .................................................. 40

2.7 - Tarifas praticadas em capitais brasileiras ....................................................................... 41

3 METODOLOGIA .............................................................................................................. 42

3.1 - Caracterização da pesquisa............................................................................................. 42

3.2 - Tipologia da pesquisa ..................................................................................................... 43

3.3 - Universo, amostra de análise e objeto de investigação .................................................. 43

3.4 - Coleta de dados e instrumento de investigação .............................................................. 46

3.5 - Tratamento dos dados .................................................................................................... 48

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA ............... 49

4.1 - Velocidade média do sistema ......................................................................................... 54

4.2 - Mobilidade medida nos veículos da av. Bezerra de Menezes ........................................ 55

4.3 - Distribuição dos pontos de paradas da linha 77 ............................................................. 57

4.4 - Semáforos distribuídos ao longo da linha 77 ................................................................. 61

4.5 - Tempo de deslocamento por faixa horária na linha 77 .................................................. 63

4.6 - Fluxo de ônibus no terminal do Papicu .......................................................................... 66

4.7 - Outros fatores que prejudicam a mobilidade urbana ...................................................... 67

4.8 - O trânsito: se mais classes sociais utilizassem o ônibus para deslocar-se ..................... 70

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 71

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 74

APÊNDICES ......................................................................................................................... 76

Page 12: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

12

1 INTRODUÇÃO

Uma questão que agrada a todo cidadão e mobiliza um governante de qualquer

metrópole é minimizar os impactos dos efeitos negativos oriundos da visão de garantir a

circulação de bens, mercadorias e prestação de serviços, aliada à necessidade e qualidade de

vida das pessoas. O sistema viário é palco de contradições em que ruas e avenidas formam um

espaço em constante conflito entre ônibus, caminhões, automóveis, motociclistas, ciclistas e

pedestres.

As grandes cidades possuem como principal desafio a mobilidade urbana como

um exercício de cidadania, que é o direito constitucional de ir e vir de todo cidadão. E o

transporte público constitui elementos essenciais para proporcionar o deslocamento da

população, sendo o meio de locomoção mais utilizado para o transporte de passageiros,

sobretudo daqueles de menor condição financeira. Andrade (2000) afirma que o transporte

público é o principal item de despesa das famílias brasileiras de baixa renda, chegando a

consumir 8% do seu rendimento.

Conforme pesquisa realizada pela Associação Nacional das Empresas de

Transporte Urbano (NTU), em 2005 o transporte público urbano, incluindo ônibus e metrô,

foi responsável por aproximadamente 1% do produto interno bruto (PIB), influenciando

diretamente no desempenho de outros setores econômicos e com grande reflexo na qualidade

de vida das cidades.

O transporte de passageiros se alinha aos setores básicos da economia, ao lado da

saúde e educação e não é possível pensar em uma sociedade sem este setor. Mas para que

todos sejam contemplados em suas necessidades de ir e vir, de locomoção é imprescindível

uma gestão planejada dos serviços que compõem o transporte público coletivo urbano de

passageiro.

Com uma malha viária essencialmente ortogonal, com eixos principais

espalhando-se radialmente em direção ao bairro Centro, o município de Fortaleza apresenta,

segundo estimativa do anuário de transporte 2010, uma extensão linear de 3.887 km.

Nazareno Stanislau Affonso (2012), coordenador do movimento nacional pelo direito do

transporte, chama a atenção para um número alarmante na publicação feita por ele na revista

da Associação Nacional de Transportes Urbanos (NTU): o automóvel ocupa hoje 90% do

orçamento público viário nas grandes cidades, mas é responsável por somente 30% das

viagens.

Page 13: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

13

Dessa forma, a ausência de planejamento e organização no transporte público gera

uma série problemas, tais como superlotação de passageiros nos ônibus, congestionamento

crônico, velocidade média baixa, queda de mobilidade e baixos níveis de qualidade para os

passageiros desse modal. Com isso, o transporte público carece de uma atenção diferenciada,

por se tratar de uma ferramenta capaz de contribuir sobremaneira para o desenvolvimento das

cidades, assim como também para a vida dos cidadãos.

Dentro do contexto da globalização, as grandes cidades brasileiras, assim como as

de alguns países em desenvolvimento, apresentam graves problemas de transporte, queda da

mobilidade e acessibilidade, poluição ambiental e alto índice de acidentes de trânsito. Então, é

importante saber se os investimentos em equipamentos e ou serviços, que vêm acontecendo

no setor de transporte, são percebidos pelo seu público-alvo, pois, de fato, com o aumento do

tráfego, o transporte público torna-se lento e menos confiável.

Dessa forma, a relevância da pesquisa se justifica porque a existência de um

serviço de transporte coletivo acessível, eficiente e de qualidade, que garanta a mobilidade da

população a todo espaço urbano, pode aumentar consideravelmente a disponibilidade de renda

e tempo dos usuários, propiciar o acesso aos serviços sociais básicos (saúde, educação, lazer,

transporte) e as oportunidades de trabalho.

Diante do exposto, esta monografia orientou-se pelo seguinte problema:

Como se encontra a mobilidade do transporte coletivo urbano de Fortaleza?

Com base na pergunta foi definido o objetivo geral desta pesquisa: apresentar

fatores que contribuam com a mobilidade dos veículos que operam o transporte coletivo em

Fortaleza. Para sustentar o objetivo geral, este trabalho possui dois objetivos específicos a

seguir:

identificar como se encontra velocidade média do sistema e

pesquisar meios e ferramentas que possam contribuir para a qualidade do

transporte público de Fortaleza.

Esta monografia está dividida em cinco capítulos, relacionados com os seguintes

assuntos: o capítulo 1 inicia-se com a introdução, em que se apresenta a definição da pesquisa,

uma rápida contextualização do tema, os objetivos que alicerçam o trabalho, assim como a

importância da realização de um estudo sobre o transporte público de passageiros de

Fortaleza.

O capítulo 2 é formado pela revisão teórica e está dividido em quatro subtítulos

principais. O primeiro aborda o conceito de transporte público e o segundo a regulamentação

do transporte público de passageiros. O terceiro, a circulação nas vias. O quarto, um breve

Page 14: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

14

resumo da lei de mobilidade urbana, o quinto, a expectativa do usuário de transporte coletivo,

o sexto o sistema de transporte público de Fortaleza, o penúltimo apresenta as empresas

operadores do sistema de transporte urbano e o último as tarifas praticadas nas capitais

brasileiras.

O capítulo 3 apresenta a metodologia aplicada, em três subitens. O primeiro relata

a caracterização da pesquisa, o segundo o tipo de pesquisa escolhida para a realização do

trabalho, o terceiro o universo e a amostra de analise e objeto de investigação, o quarto como

foi realizada a coleta de dados e o instrumento de investigação e por último o tratamento dos

dados.

O capítulo 4 apresenta os resultados divididos em três subitens: o primeiro

descreve uma estatística de demanda, quilometragem e frota do sistema; o segundo aborda um

estudo de caso na mobilidade dos veículos que operam as linhas do corredor da avenida

Bezerra de Menezes durante a implantação do BRS-For e o último apresenta uma pesquisa

realizada pelos funcionários da Empresa Viação Urbana Ltda. na linha 77 (Parangaba-

Mucuripe). Em seguida, as considerações finais, limitação da pesquisa e referências.

Page 15: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

15

2 O TRANSPORTE URBANO

Transporte é a denominação dada ao deslocamento de pessoas e de produtos. O

deslocamento de pessoas é referido como transporte de passageiros (objeto deste estudo) e o

de produtos, como transporte de cargas. O termo transporte urbano é empregado para designar

os deslocamentos de pessoas no interior das cidades e se realiza através dos modos.

De acordo com Ferraz (2004), há vários modos ou formas de transporte de

passageiros nas cidades e se caracterizam como motorizado ou não: a pé, de bicicleta,

montado em animal, em veículo rebocado por animal, motocicleta, carro, ônibus, trem, bonde,

embarcação, helicóptero etc. No tocante à propriedade do veículo, liberdade de uso e

capacidade, os modos de transporte podem ser classificados em: privado/individual,

público/coletivo e semipúblico.

A denominação dada ao transporte semipúblico na língua inglesa é paratransit e

para-collectifs na língua francesa. No Brasil, alguns serviços semipúblicos são considerados

transporte alternativo ou informal como, por exemplo, mototáxi e perua lotação. Os diversos

modos de transporte urbano apresentam características diferentes em relação à flexibilidade

de uso no tempo (escolha da hora de início da viagem) e no espaço (escolha da rota), bem

como a capacidade (FERRAZ, 2004).

Dessa forma, segundo Ferraz (2004), é interessante ter uma visão geral da

variação das características nos diversos modos conforme citado no quadro 1: assim, os

modos privados apresentam alta flexibilidade e baixa capacidade, ao contrário dos modos

públicos que têm baixa (nenhuma) flexibilidade e alta capacidade. Entre os dois aparecem os

modos semipúblicos, com flexibilidade e capacidade, que podem ser classificados como

médias.

Quadro 1 Modos de transporte urbano Forma de Transporte Modo Características

Privado

A pé

Bicicleta

Motocicletas

Automóvel

Os veículos são conduzidos pelo usuário que escolhe o

caminho e horário de partida; capacidade pequena de veículo

Público

Trem

Metrô

Ônibus

Os veículos operam por rotas pré-definidas e horários fixos;

capacidade grande do veículo

Semipúblico Táxi

Ônibus fretado Possui rota e horário adaptável aos desejos dos usuários

Fonte: modificado pelo autor a partir de Ferraz (2004).

A quantidade de viagens urbanas (mobilidade) e a distribuição das viagens entre

os vários modos de transporte (distribuição modal) dependem do nível de desenvolvimento

socioeconômico do país e da cidade, do tamanho e topografia da cidade, do clima, da cultura,

Page 16: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

16

da existência ou não de políticas de restrição ao uso do transporte individual, da

disponibilidade, custo e qualidade do transporte público e semipúblico (FERRAZ, 2004).

À medida que as cidades crescem até o ponto que caminhar não satisfaz as

demandas de viagens dos cidadãos, o transporte público juntamente com as bicicletas vai se

transformando no principal meio de locomoção dos mais pobres. Ferraz (2004) e

Vasconcellos (2001) relatam que nas cidades dos países pobres, o transporte público

(sobretudo ônibus e micro-ônibus) e semipúblicos (peruas e vans) são os modos mais usados:

aproximadamente de 50% a 90% das viagens motorizadas. Nestes países, as motocicletas e as

bicicletas, em razão dos baixos custos de aquisição e operação, têm grande participação no

transporte urbano.

Países como Bangladesh na Ásia, Zâmbia na África e Bolívia na América Latina

dependem quase que inteiramente de meios não motorizados de transporte (caminhada e

bicicleta) ou dos ônibus. Fato é que estes países ainda não sofreram grandes transformações.

No entanto, outros países em desenvolvimento, em estágios mais avançados de

industrialização, já organizaram um conjunto mais diversificado de meios de transporte,

dentro do qual o transporte motorizado desempenha um papel importante (como o Brasil,

México e Coréia do Sul). Nestes países, o espaço urbano já foi profundamente transformado

para adaptar-se ao crescimento do transporte motorizado. Na Ásia, cidades como Jakarta,

Manilla e Seoul são exemplos claros de transformações de grande escala. Na América Latina,

a cidade do México, além de Caracas, Santiago, Buenos Aires e várias cidades brasileiras

também evoluíram para novos e complexos padrões urbanos, como parte de importantes

mudanças sociais e econômicas que ocorreram, principalmente após a segunda guerra

mundial.

Em muitas cidades dos países asiáticos e em Cuba, as motocicletas e bicicletas,

em conjunto, chegam a ser responsáveis por cerca de 20% a 50% das viagens urbanas. A

motocicleta, por apresentar muitas vantagens do carro, tem a preferência de muitas pessoas

com menor poder aquisitivo em relação ao transporte público e semipúblico.

Ferraz (2004) discorre que nos Estados Unidos, considerado o país do automóvel,

o carro é responsável por cerca de 85% das viagens urbanas. Nas cidades da Europa, essa

porcentagem é menor: algo em torno de 30% a 60%, sobretudo por razões culturais e

históricas – quase todas as médias e grandes cidades da Europa têm sistema de transporte

público sobre trilhos (metrô e bonde) de excelente qualidade, grandes espaços para pedestres

nas regiões centrais (calçadões e praças), ciclovias e ciclo faixas para bicicletas e calçadas

adequadas para os pedestres. Alguns países como Holanda, Suécia, Dinamarca, Alemanha

Page 17: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

17

têm grande tradição no uso da bicicleta como modo de transporte urbano. Em algumas de suas

cidades, as viagens realizadas por bicicleta chegam a 30% ou mais em relação ao total.

Vasconcellos (2001) relata que na América Latina, a relação entre a estrutura

urbana e o transporte deu-se primeiramente em torno das companhias estrangeiras de

transporte ferroviário e por bonde, que desde o início do século passado obtiveram permissão

para fornecer serviços de transporte público. Depois da segunda guerra mundial, a competição

por parte dos ônibus e caminhões adaptados tornou impossível a estas companhias ofertar

serviços competitivos em área de expansão urbana.

Mais tarde, essas companhias foram substituídas por operadores privados e

públicos. Concomitantemente, poucos esforços foram feitos para garantir sistemas de

transporte em massa. Em consequência, todas as cidades latino-americanas (exceto a cidade

do México) evoluíram para sistemas de transporte público altamente dependente dos

operadores privados de ônibus, com sistemas precários de transporte sobre trilhos.

O autor afirma que, após o término da segunda guerra mundial, os automóveis

adquiriram importância crescente, na medida em que o desenvolvimento econômico

diversificou as atividades e gerou novas classes médias ávidas por mobilidade social. Este

processo ocorreu principalmente na Venezuela, a partir dos anos 50, em função do

crescimento da indústria do petróleo e no Brasil, a partir dos anos 70, em função da

modernização econômica que reorganizou o espaço urbano no país.

Essas reorganizações espaciais eram parte de um projeto mais amplo de

reorganização regional, que incluiu novos sistemas rodoviários, novos aeroportos e sistemas

de comunicação modernizados, como esforços para criar e sustentar um mercado nacional.

Apesar de grandes diferenças entre os países, a maioria deles experimentou os mesmos

processos de abandono e desmantelamento dos sistemas rodoviários, como uma opção clara

por um espaço adaptado ao uso do automóvel (BARAT, 1985, apud VASCONCELLOS,

2001).

Observa-se que nos países ricos é grande o uso do automóvel no transporte urbano

de passageiros; nos países pobres, é maior a participação do transporte coletivo por ônibus,

micro-ônibus e lotação; percursos maiores a pé e uso intenso de bicicletas. O transporte

público também recebe alguns subsídios, principalmente na aquisição de veículos (ônibus) e

na operação (ferrovias). O subsídio relativo ao vale-transporte (abatimento no imposto de

renda pago pelo empregador) não pode mais ser realizado, tendo-se transformado apenas em

um pagamento extra por parte do empregador.

Page 18: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

18

Quanto à aquisição de veículos, os ônibus têm isenção de IPI e redução do

Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade

Social (Cofins) – diferença de 12,6% quando comparados com autos de 1.000 cc e de 18,6%

quando comparados auto entre 1.000 e 2.000 cc. A venda de ônibus urbanos no mercado

interno do Brasil em 2004 foi de cerca de 15.100 unidades (revista Technibus, ano 13, n. 64).

O preço médio estimado, considerando a divisão de mercado entre ônibus comum, micro-

ônibus e miniônibus, foi de R$ 176.000. Assim, o subsídio para a compra dos ônibus urbanos

foi, em 2004, de R$ 384 milhões (quando comparado aos autos de 1.000 cc) e de R$ 608

milhões por ano (quando comparados aos autos entre 1.000 e 2.000 cc).

Subsídios operacionais diretos não são comuns no sistema de ônibus, que na

maior parte dos casos vive exclusivamente da receita arrecadada dos passageiros. Mas, no

caso da operação de ferrovias urbanas, observa-se que a maioria declara ter custos superiores

à arrecadação (ANTP, Sistema de Informação, 2003). O montante dos subsídios diretos, no

caso, é de cerca de R$ 600 milhões por ano.

2.1 Regulamentações do transporte público

A regulamentação consiste no estabelecimento de normas gerais e específicas para

a realização do serviço de transporte público urbano. O setor de transporte público coletivo

urbano, no Brasil, tem como principal característica institucional a presença do Estado, na

figura do regulamentador do serviço. A intervenção do Estado na atividade do transporte

coletivo urbano é explicada por ser ela considerada um serviço público. Além disso, por que a

atividade é importante para a produção e reprodução de capital e da força de trabalho, ou seja,

pelo desenvolvimento social e econômico de uma sociedade (PIRES et al, 1997).

Nesse contexto, a autonomia dos municípios em relação ao transporte público foi

explicitada no art. 30, inciso V, da Constituição Federal do Brasil (1988), que determina a sua

competência em organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os

serviços de interesse local, incluindo o de transporte coletivo que tem caráter essencial. O

constituinte enfatizou a essencialidade do transporte coletivo, constatando sua importância

ímpar e recente para as cidades modernas e antevendo o intenso ritmo de adensamento urbano

observado em nosso país. Também foi previsto que, quando o serviço a ser prestado envolver

interesses supramunicipais, a prestação dar-se-á de forma cooperativa entre a União, Estado e

municípios. Dessa forma, a União definiu a responsabilidade de cada esfera de governo:

federal, estadual e municipal no setor de transporte.

Page 19: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

19

A regulamentação constitui uma tarefa complexa e delicada, por envolver

interesses institucionais e econômicos de pessoas e organizações. Em algumas situações, é

necessário terminar com privilégios, o que provoca reações. É preciso combater ineficiências,

o que requer a exigência de alteração operacional. Em todos os casos, a presença efetiva do

poder público é essencial (PIRES et al, 1997).

Segundo a Confederação Nacional de transporte (1998), o termo serviço público

não é definido nem pela legislação das concessões, nem pela própria Constituição, em seu

artigo 175. Assim, Mello (1995) define serviço público como atividade de oferecimento de

utilidade ou comodidade para a população, sob um regime de direito público, podendo ser

executado diretamente pelo poder público, ou ser delegado, pelo mesmo, a terceiros. Sendo

notório o poder-dever do município de “organizar e prestar os serviços”, surge a indagação de

como proceder.

Não obstante, com o advento da Lei 8.987/95 e sua posterior republicação, a Lei

9.648/98, os serviços de transporte coletivo passaram a ter uma base legal, visto que a lei

regulamentou a forma como a concessão e a permissão da prestação de serviço público devem

ocorrer e, por conseguinte, foram definidas como deveriam funcionar as relações entre o

poder público e as operadoras de transporte. Os serviços de transporte coletivos poderão ser

executados de forma centralizada ou descentralizada, ou seja, pelo próprio município, ou por

via de outorga ou de delegação.

Cabe ao executivo (prefeito, governador etc.) decidir sobre a forma mais adequada

de oferecer transporte público de passageiros para a comunidade que o elegeu e lhe deu

mandato popular. Ele poderá fazê-lo através de concessão, com autorização do Legislativo

municipal, ou de permissão, por iniciativa própria, desde que não haja impedimento explícito

na Lei Orgânica do município; terá que fazê-lo sempre através de processo licitatório, como

manda o art. 175 da Constituição Federal.

Assim, todo processo de regulamentação de serviços de transporte público deve

ser precedido de licitação, submetendo-se à Lei Federal 8.666/93, que regulamenta o processo

licitatório e as Leis Federais 8.987/95 e 9.074/95, que regulamentam as concessões e as

permissões de serviços públicos. É à luz desses dispositivos que se pretende sustentar a

exigibilidade de licitação, mesmo nos casos em que as empresas de transporte coletivo

operem em regime de permissão. Portanto, não pode o poder Executivo, o Legislativo e o

Judiciário autorizarem serviço público sem mais nem menos, cabendo ao Executivo, e só a

ele, através de certame licitatório, fazê-lo de acordo com as leis acima, sob risco de haver

vício de iniciativa dessa autorização ou iniquidade. A licitação pública tem uma dupla

Page 20: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

20

finalidade: selecionar a proposta mais vantajosa para a administração pública e propiciar

igualdade de condições para aqueles que com ela queiram contratar.

A concessão de serviço público é o contrato administrativo através do qual o

Estado atribui exercício de um serviço público a alguém que aceita prestá-lo em nome

próprio, por sua conta e risco, nas condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo poder

público, mas sob garantia contratual de um equilíbrio econômico e financeiro, remunerando-

se pela própria exploração do serviço, em geral e basicamente mediante tarifas cobradas

diretamente dos usuários do serviço (MELLO, 1995).

A Lei 8.987/95 define permissão em seu art. 2°, inciso IV: “delegação, a título

precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à

pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta

risco”. Assim, a permissão difere da concessão pela maior simplicidade e sua precariedade na

execução. A entidade estatal compra ônibus, contrata motoristas, cobradores, mecânicos e

tudo o mais necessário.

Segundo Pires et al (1997), a decisão sobre qual alternativa utilizar, depende da

conjugação de várias análises, a saber:

a) se for do entendimento que o poder público detenha a prestação do serviço em

sua totalidade, ou seja, a posse dos meios necessários à sua execução, terá que

adotar o regime de execução direta (estatização) através de uma secretaria/setor da

prefeitura, ou a criação de uma estatal para a sua realização, normalmente uma

empresa pública, dada sua maior autonomia orçamentária e financeira e o regime

trabalhista baseado na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e

b) Ao entender que o poder público deve limitar-se a gerir o transporte, sem

executá-lo, terá que adotar o regime de execução indireta, delegando-o através de

concessões ou permissões, ou ainda contratando-o. As razões para isso decorrem

também da agilidade, autonomia orçamentária e financeira e menores entraves

burocráticos.

Os autores concluem que a adoção de concessão ou permissão deve estar

submetida à proposta de organização e estruturação do serviço de transporte coletivo. A

concessão pressupõe regras e um prazo e vigência compatível com o investimento requerido.

Já a permissão, ao contrário, carrega em si uma precariedade intrínseca deste tipo de regime,

portanto, indicada naqueles casos em que é interessante a adoção de soluções transitórias.

Page 21: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

21

Em alguns casos, são adotadas como alternativa à concessão, já que, via de regra,

prescinde da autorização legislativa. É comum a existência de permissões com prazo definido

e tal quantidade de regras que as tornam quase concessões. De acordo com a legislação

brasileira, os usuários dos serviços públicos têm o direito de receber um “serviço adequado”.

Conforme o art. sexto da Lei 8.987/95, serviço adequado “é o que satisfaz as condições de

regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua

prestação e modicidade das tarifas”.

No dizer de Gomide (et al, 2006), no caso dos serviços de transporte público, tais

condições podem ser entendidas da seguinte forma:

a) a regularidade e continuidade significam que o serviço deve ser prestado sem

interrupção, salvo em situações de emergência, após prévio aviso por razões de

ordem técnica ou inadimplência do usuário;

b) a atualidade compreende que o serviço deve ser prestado dentro da

modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações, bem como buscar

continuamente sua melhoria e expansão;

c) a generalidade denota que os serviços devem estar disponíveis ao maior

número de usuários;

d) a cortesia significa tratamento respeitoso com o usuário;

e) a segurança impõe a prestação dos serviços isenta de riscos para usuários e

terceiros;

f) a eficiência pode ser entendida no seu sentido econômico, ou seja, os serviços

devem ser operados com o melhor uso possível dos recursos disponíveis, dada

a tecnologia e o menor custo unitário de operação, mantendo a qualidade e a

satisfação das necessidades dos usuários e

g) as tarifas devem ser compatíveis com a renda do usuário, ou seja, serem

módicas e justas.

Na literatura internacional (DEPARTMENT FOR TRANSPORT, UK, 2003, apud

GOMIDE et al., 2006, p. 8) considera-se um serviço público de transporte adequado aquele

que é, ao mesmo tempo, “acessível financeiramente, disponível, acessível fisicamente e

aceitável”. A acessibilidade financeira refere-se à capacidade de pagamento do usuário

(affordability), que pode ser expressa pela relação entre o gasto mensal com os serviços e a

renda do usuário; quanto menor esta relação, maior a acessibilidade aos serviços ou maior a

capacidade de pagamento. A disponibilidade (availability) está relacionada à oferta do

Page 22: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

22

serviço, ao número de linhas disponíveis, à frequência e tempo da viagem, incluído também o

tempo de caminhada do usuário até o ponto, terminal ou estação.

A acessibilidade física (accessibility) diz respeito à distância de caminhada até o

ponto, terminal ou estação mais próxima, à disponibilidade de informações sobre o serviço

(horário e itinerário) e vias de acesso para permitir a entrada dos veículos dentro do bairro. A

aceitação (acceptability) está relacionada com a qualidade dos serviços e depende de fatores

subjetivos, associados aos padrões de exigência e aos níveis de expectativa dos usuários.

Podem-se citar: segurança dentro do veículo, comportamento dos cobradores e motoristas,

limpeza e conservação dos veículos, manutenção dos veículos, conforto e lotação.

Ferraz (2004) discorre que são três as obrigações do governo: planejar o

transporte, implementar obras e ações pertinentes ao transporte e gerir o sistema. Para isso,

tem de contar com uma adequada estrutura administrativa, técnica e jurídica. A gestão do

transporte engloba normas e regulamentos de operação, atividades de fiscalização,

programação operacional, gerenciamento do banco de dados de informações e administração

do sistema de comunicação com o público (reclamações e sugestões).

Assim, com a nova realidade do mercado de transporte, as medidas associadas à

percepção dos usuários estão sendo introduzidas no processo de planejamento do serviço de

transporte, demonstrando que a qualidade passa também por uma avaliação subjetiva.

Apresentada as visões dos atores envolvidos no processo de produção do transporte público,

fica claro que a qualidade oferecida em um serviço é resultado do planejamento do sistema e

de sua operação e controle.

Benfeitorias no setor de transporte público não apenas cumprem um objetivo

essencial da administração pública, como também geram condições para a reorganização do

crescimento da cidade, para a redução dos impactos ambientais, para a maior atratividade dos

meios públicos de transporte e para a melhoria da qualidade de vida.

Em síntese, Guedes e Cardoso (2002) afirmam que: oferecer um serviço de

qualidade para o usuário cidadão significa considerá-lo como um sujeito social inserido numa

realidade urbana, em que as viagens são vistas como eventos sociais, por serem condicionadas

pelo cenário mais amplo (conjuntura econômica, política e urbana), que determina as

necessidades de deslocamento e as condições socioeconômicas dos indivíduos, cujos direitos

de acesso ao serviço e ao uso do espaço público devem ser garantidos. Com a integração das

visões de qualidade dos usuários, operadores e gestores, o sistema de transporte público ganha

uma nova condição de operação, permitindo a este ampliar a sua atuação, com qualidade e

eficiência.

Page 23: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

23

2.2 A circulação

Para Vasconcellos (2005, p. 62) a circulação é “o conjunto das práticas de

consumo do espaço viário, com todas as variações relacionadas às características sociais,

econômicas e políticas dos usuários, tomados individualmente ou coletivamente, na forma de

grupos, classes ou frações de classes sociais”.

Segundo este autor, é preciso definir melhor a circulação como meio coletivo de

consumo e usa como exemplo o consumo da água: a passagem fundamental entre as fases

“individual” e “coletiva” se dá quando o fornecimento de água passa a ser feito não mais

através de poços individuais de fundo de quintal, ou de recolhimento direto em curso d’água,

mas por meio de grandes sistemas construídos especialmente para isto, que captam a água em

grandes mananciais, fazem-na passar por processos de limpeza, colocam-na em grandes

reservatórios e finalmente distribuem-na através de extensas redes de canalização até os

consumidores finais.

Vasconcellos (2005) informa que, na circulação urbana, a estrutura básica, as vias,

é essencial para viabilizar a circulação e em princípio permite o seu “consumo” imediato,

através do ato de circular por elas. E isto traz a impressão de que o ato de circular encerra o

ciclo de produção e consumo. No entanto, é falsa, pois esconde as diferenciações internas do

ato de circular. Essas diferenciações seriam:

a) o consumo das vias não é privativo, ou seja, é essencialmente público, feito

pelo processo de negociação de um espaço escasso, que precisa ser dividido no

tempo entre aqueles que desejam utilizá-lo. A necessidade de negociação leva à

necessidade de regulamentação que se dá através de códigos e regulamentos

feitos pelo poder público;

b) o consumo das vias admite vários instrumentos, várias formas de realização

dadas pelos meios de transportes disponíveis; que variam do mais humano (a

pé), meios mecanizados simples (bicicleta), mecanizados a motor (ônibus e

automóveis) e os movidos a energia elétrica (trens e metrôs);

c) o acesso aos meios de transporte é diferenciado socialmente, em função da

renda, fazendo o consumo diferenciado. Há pessoas que só podem andar a pé,

por não disporem de renda suficiente para pagar o transporte público, enquanto

outros dispõem desta renda, mas são usuários cativos do transporte público, por

Page 24: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

24

não terem acesso ao transporte particular. E há aqueles de renda elevada que

utilizam exclusivamente o transporte individual e

d) o consumo também é condicionado a fatores psicológicos e fisiológicos como

no caso de crianças, idosos e portadores de deficiências físicas, que têm

restrição quanto à utilização das vias.

Esse acesso diferenciado aos meios de transporte aliados aos fatores situacionais

da população no espaço urbano, seus condicionantes sociais e políticos, introduz diferenças

no processo de produção e consumo da circulação urbana e em consequência na política

pública a respeito dessa circulação (VASCONCELLOS, 2005). Dessa forma, após esta breve

introdução sobre a ideia de circulação e o papel fundamental que tem na explicação das

cidades, pode-se passar a discutir os conceitos de mobilidade e acessibilidade.

2.3 A lei de mobilidade urbana

No dia 13 de abril de 2004, entrou em vigor a lei de mobilidade urbana. A

legislação representa um marco no conceito de transporte e trânsito, porque estabelece

princípios e diretrizes da politica nacional de mobilidade urbana. Além disso, prioriza os

serviços de transporte publico coletivo e individual motorizado. O assunto foi tema do painel

“A nova mobilidade urbana”, promovido no Seminário Nacional da NTU, nos dias 28 e 29 de

agosto de 2012, em Brasília.

Para o coordenador do Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público

de Qualidade para Todos em 2012 (MDT), Nazareno Stanislau Affonso, esse é o principal

marco da nova lei. “Nossa maior preocupação hoje é com a universalização do transporte e a

lei defende que a ação do Estado deve ser priorizada com investimentos em calçadas,

ciclovias e transporte público”, explica.

Outra inovação da lei da mobilidade urbana é o conjunto de propostas que institui

o controle social das ações do Estado. Trata-se de mecanismos que a população tem para

reivindicar a ser bem informada do quanto às politicas públicas para a área. “Não é uma Lei

para alguns, nem só para os pobres ou para os ricos, mas para a sociedade que almeja um

transporte de qualidade para todos,” define Affonso. Entre as mudanças, estão o fato de o

usuário de transporte público, entidades e associações terem o direito de exigir que o governo

crie grupos de participação nas discursões sobre o setor. Com isso, a população pode

pressionar o Estado por melhores serviços.

Page 25: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

25

O problema é que isso deve ser acompanhado das políticas de investimento na

infraestrutura viária para o transporte coletivo. É o que o alerta o presidente do Conselho

Nordeste do Sest Senat e da Federação das Empresas de Transportes do Estado da Bahia e

Sergipe (Fretabase), Antônio Carlos Knittel. “Em Salvador, as empresas perdem de 20 a 30%

de suas viagens por causa do trânsito. Não conseguimos cumprir horários e somos acusados

de oferecer um mau serviço a cada vez que a imprensa divulga que os ônibus estão atrasados”

reclama.

As políticas tradicionais reproduzem as desigualdades existentes, por orientar um

crescimento urbano ineficiente em termos ambientais e de exclusão social. Isto ocorre, como

dito anteriormente, pela visão centrada no deslocamento através de veículos motorizados. É

importante que se inverta essa lógica e que seja reconhecida a possibilidade da existência de

um novo modelo, no qual haja a participação da comunidade e seja priorizado o transporte

público sustentável sobre o individual (FREITAS, 2005).

Dessa forma, em 2007 o Congresso Nacional aprovou a lei Nº 1.687 de

mobilidade urbana, que tem como meta estabelecer uma nova politica priorizando o transporte

público sobre o privado, em que podemos destacar os seguintes pontos:

Art 2º - A Política Nacional de Mobilidade Urbana tem por objetivo contribuir para

o acesso universal à cidade, o fomento e a concretização das condições que

contribuam para a efetivação dos princípios, objetivos e diretrizes da política de

desenvolvimento urbano, por meio do planejamento e da gestão democrática do

sistema nacional de mobilidade urbana.

Capitulo II § 2 º - Os Municípios deverão divulgar, de forma sistemática e periódica,

os impactos dos benefícios tarifários concedidos nos valores das tarifas dos serviços

do transporte público coletivo.

§ 1º Em Municípios acima de 20.000 habitantes e em todos os demais obrigados, na

forma da lei, a elaboração do plano diretor, deverá ser elaborado o plano de

mobilidade urbana, integrado e compatível com os respectivos planos diretores ou

neles inseridos.

§ 2º Nos municípios sem sistema de transporte público coletivo ou individual, o

plano de mobilidade Urbana deverá ter o foco no transporte não motorizado e no

planejamento da infraestrutura urbana destinada aos deslocamentos a pé e por

bicicleta, de acordo com a legislação vigente.

§ 3º O plano de Mobilidade Urbana deverá ser integrado ao plano diretor municipal,

existente ou em elaboração, no prazo máximo de 3 (três) anos da vigência desta.

Vasconcellos (2005) aborda que a frota brasileira de ônibus era, em 2003, de cerca

de 340.000 unidades, trabalhando no transporte interestadual, intermunicipal e dentro das

cidades. Nas áreas urbanas do Brasil existiam, em 2002, cerca de 110 mil ônibus

transportando as pessoas. Estes veículos atendiam a cerca de 55 milhões de deslocamentos

por dia.

Na visão da Semob (2007), a crise da mobilidade que as cidades vivem exige uma

mudança de paradigma, de certa forma, mais radical do que outras políticas setoriais. Dessa

Page 26: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

26

forma, “trata-se de reverter o atual modelo de mobilidade, integrando-a aos instrumentos de

gestão urbanística, subordinando-se aos princípios da sustentabilidade ambiental e voltando-

se decisivamente para a inclusão social”.

A mobilidade urbana é em si uma novidade, um avanço na maneira tradicional de

tratar, isoladamente, o trânsito, o planejamento e a regulação do transporte coletivo, a

construção da infraestrutura viária, das calçadas etc. Em seu lugar, deve-se adotar uma visão

sistêmica sobre toda a movimentação de bens e de pessoas, envolvendo todos os modos e

todos os elementos que produzem as necessidades destes deslocamentos.

Do mesmo modo, a UITP (2003) salienta que é importante considerar que as

soluções de sustentabilidade urbana passam por análises de processos que envolvem a

igualdade social e a economia, a habitabilidade da comunidade (moradia, mobilidade e

acessibilidade) e a proteção do meio ambiente. Para cada um destes processos, temos os

pontos-chave que devem ser tratados para uma solução efetiva, assim descrita:

a) igualdade e a economia: desenvolvimento econômico, redução da pobreza,

instituições e finanças;

b) habitabilidade da comunidade: transporte público e para trânsito (serviço de

transporte público flexível, gerido por operador público ou particular; é

operado em pequena escala, utilizando veículo de baixa capacidade, como, por

exemplo, vans, táxis, transportes de portadores de necessidades especiais),

desenvolvimento da cidade e da qualidade de vida e

c) proteção do meio ambiente: qualidade do ar, segurança, congestionamentos e

energia.

Grande parte das cidades brasileiras, assim como as dos demais países em

desenvolvimento, apresenta graves problemas de transporte público urbano e na qualidade de

vida. Pires (et al., 1997) descreve que a queda da mobilidade e acessibilidade, degradação das

condições ambientais, congestionamentos crônicos e altos índices de acidentes de trânsito

constituem problemas em muitas cidades do país.

Fatores sociais, políticos e econômicos ocasionam esta situação, mas derivam

também de decisões passadas relativas às políticas urbanas de transporte e trânsito. Na

opinião de Pires (et al.,1997), as grandes cidades brasileiras e as maiores cidades de países em

desenvolvimento foram nas últimas décadas adaptadas para o uso eficiente do automóvel –

cuja frota cresce acentuadamente – por meio da ampliação do sistema viário e do uso de

técnicas de garantia de boas condições de fluidez do tráfego.

Page 27: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

27

Paralelamente, os sistemas de transporte público, apesar de alguns investimentos,

continuam insuficientes para atender à demanda de usuários e têm vivenciado crises cíclicas

ligadas à incompatibilidade entre custos, tarifas e receitas, deficiências na gestão e

dificuldades de obter prioridade efetiva na circulação. O transporte público apresenta um

declínio na sua eficiência e confiabilidade junto ao usuário, mas, ao mesmo tempo torna-se

importante para aqueles que não podem dispor do automóvel. Assim, consequentemente

formou-se no país uma separação entre aqueles que possuem acesso ao automóvel e aqueles

que dependem do transporte público, refletindo na disparidade social e econômica da nossa

sociedade.

Como defendem muitos autores (AFFONSO, 2002; GOMIDE, 2003;

VASCONCELLOS, 2005, FERRAZ, 2004; DAVIS, 2006), o problema da mobilidade está

entregue às iniciativas e meios disponibilizados pela sociedade, com grande ênfase nas

soluções individuais, centradas em um único modo de transporte que é o automóvel (os que

podem), o que aumenta a dependência por este modo e contribui para a inviabilidade do

transporte público, segregando espacialmente os pobres e realimentando o círculo vicioso, o

que traz efeitos perversos para os seres humanos no que tange à segurança e à qualidade de

vida.

Para evitar esta degradação, a sociedade, como um todo, deve ser envolvida no

processo de elaboração da política de mobilidade urbana; portanto, esta deve refletir o

conjunto de ações de entidades públicas e privadas que afeta direta ou indiretamente as

condições de circulação dos indivíduos nas cidades. De forma encadeada, a realização destas

ações ou a ausência delas são seguidas de ações de entidades privadas e de indivíduos, para

efetivarem seus deslocamentos e ocupação e uso do solo, impactando nas condições de

circulação. Estas ações vão interagindo no tempo e no espaço, consolidando um padrão de

mobilidade que pode ser apresentado, por exemplo, pela quantidade de deslocamentos feitos,

pelos automóveis utilizados e pelas condições de economia, segurança, conforto, qualidade

ambiental e equidade, condições sob as quais se realiza a circulação (VASCONCELLOS,

2005).

Portanto, no Brasil vê-se que há esforços no sentido de que seja elaborada uma

política direcionada para a obtenção da mobilidade urbana. Segundo a Semob (2007, p. 42):

A mobilidade urbana para a construção de cidades sustentáveis será então produto

de políticas que proporcionem o acesso amplo e democrático ao espaço urbano,

priorizem os modos coletivos e os não motorizados de transporte, eliminem ou

reduzam a segregação espacial, contribuam para a inclusão social e favoreçam a

sustentabilidade ambiental.

Page 28: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

28

Esta política compreende um conjunto de diretrizes que tem como escopo a

inclusão social da população de baixa renda nos sistemas públicos de transporte urbano, a

melhoria da qualidade e a efetividade dos serviços de transporte público e da circulação

urbana e o financiamento permanente da infraestrutura de transporte urbano, integradas com a

política de desenvolvimento urbano.

Essas diretrizes visam a contribuir para o crescimento urbano sustentável e a

apropriação justa e democrática dos espaços públicos, por meio da promoção e do apoio à

circulação segura, rápida e confortável por transporte coletivo e por modos não motorizados.

Dentro do planejamento do transporte público para as cidades brasileiras, a nova lei

estabelece que os municípios com mais de 20 mil habitantes terão que elaborar um plano de

mobilidade urbana integrado ao seu plano diretor. Esse planejamento, por sua vez, deve ser

revisado a cada dez anos.

Para o presidente da frente nacional de prefeitos (FNP) João Coser e prefeito de

Vitória, um dos principais diferenciais da norma é a competência constitucional que o

município passa a ter para organizar e manter serviços públicos locais. “Esse é um dos

princípios basilares de sua autonomia administrativa, tendo como característica principal o

interesse local”, aponta. A integração dos diferentes modais também está presente nas

diretrizes da lei de mobilidade. João Coser, no evento da NTU em Brasília, em 2012, lembra

que os planos de mobilidade devem apresentar, em suas metas e prazos, a mudança na divisão

modal dos deslocamentos e na redução dos gases do efeito estufa. “Nesse sentido, a NTU,

será uma importante parceria, pois ajudará os prefeitos e gestores municipais a articularem os

diversos tipos modais de transporte existentes nas cidades,” acredita.

Nazareno Stanislau Affonso, coordenador do MDT, acredita que as empresas de

transporte têm a responsabilidade de fazer com que os sistemas estruturais sejam bem

operados. Em sua opinião, para que o transporte funcione corretamente, é preciso que os

funcionários sejam capacitados. Isso faz com que o atendimento aos usuários seja viável e os

horários cumpridos. Por fim, na visão da MDT outro desafio é perceber que a integração do

transporte público com a bicicleta é essencial. Para a organização, é preciso pensar na

disposição de bicicletários nos terminais de ônibus e metrô. A mobilidade urbana é, ao mesmo

tempo, causa e efeito do desenvolvimento urbano e integra as ações dos principais agentes e

fatores que afetam a forma como uma cidade se desenvolve.

A sustentabilidade da política de mobilidade urbana repousa num conjunto de

meios que permitem a sua continuidade no tempo e, em nosso país, se inserem nos seguintes

marcos institucionais e legais: Constituição Federal de 1988; Código de Trânsito Brasileiro,

Page 29: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

29

de 1988 e o Estatuto da Cidade, de 2001. Setores significativos da sociedade começam a

clamar por uma nova cultura de mobilidade, que promova a apropriação equitativa do espaço

e do tempo na circulação urbana, priorizando os modos de transporte coletivo, a bicicleta e os

deslocamentos em relação ao automóvel particular.

Essa nova forma de ver a mobilidade deve promover o reordenamento dos

espaços e das atividades urbanas, de forma a reduzir as necessidades de deslocamento

motorizado e seus custos e construir espaços e tempos sociais em que se preservem, defendam

e promovam a qualidade do ambiente natural e os patrimônios históricos, culturais e artísticos

das cidades e dos bairros. Para alguns autores, o conceito de mobilidade e acessibilidade se

mistura conforme a seguir:

Na literatura pode-se muitas vezes encontrar certa confusão no que tange à

conceituação, e respectivas medidas, de acessibilidade e de mobilidade,

principalmente quando estas medidas relacionam-se apenas à questão da

facilidade ou impedância nos deslocamentos. Nesta situação interpreta-se a

acessibilidade como um atributo dependente unicamente do sistema de

transporte sem considerar o grau de atração das oportunidades oferecidas nas

potenciais zonas de destino, ficando mesclados os conceitos de mobilidade e

acessibilidade (ULYSSÉA NETO & SILVA, 2004, p. 774).

Para outros, a noção de mobilidade supera a ideia de deslocamento, pois traz a

tona suas causas e consequências, ou seja, ela não se resume a uma ação. Ao invés de separar,

o ato de deslocar indivíduos ou grupos de pessoas, presentes no cotidiano, o conceito de

mobilidade tenta integrar a ação de se deslocar, quer seja uma ação física, virtual ou

simbólica, ao conjunto de atividades das pessoas e da sociedade. Na opinião de Balbim

(2004), em parte a mobilidade está relacionada às determinações individuais: vontades ou

motivações, esperanças, limitações ou imposições. Mas a sua lógica se explica através da

análise conjunta dessas determinações com as possibilidades reais e virtuais apresentadas pela

sociedade e pelo lugar de vida para que ela se concretize, ou seja, deve-se levar em conta a

organização do espaço, as condições econômicas, sociais e políticas, o modo de vida e o

desenvolvimento tecnológico.

Na visão de Affonso (2002), a mobilidade é uma qualidade dada às pessoas e aos

bens; corresponde às diferentes respostas dadas por indivíduos diante de suas necessidades de

deslocamento, considerando as dimensões do espaço urbano. Face à mobilidade, os

indivíduos podem ser pedestres, ciclistas, usuários de transporte coletivo; podem utilizar-se do

seu esforço direto (deslocamento a pé) ou recorrer os meios de transporte motorizados

(coletivos e individuais) ou não motorizados (bicicletas, carroças, cavalos). A mobilidade

Page 30: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

30

pode também ser afetada por outros fatores como a renda do indivíduo, idade, sexo e a

capacidade (redução à mobilidade permanente ou provisória).

Para Ferraz (2004), a mobilidade é o marco elemento balizador do

desenvolvimento urbano. Uma mobilidade adequada a todos as classes sociais constitui uma

ação essencial ao processo de desenvolvimento econômico e social das cidades. No

entendimento do Ministério das Cidades (2004, p. 52), “a mobilidade está vinculada à

qualidade de vida dos locais onde as pessoas moram e para onde se deslocam, devendo estar

articulada com o plano de desenvolvimento da cidade e com a democratização dos espaços

públicos conferindo prioridades às pessoas e não a veículos”.

Para Vasconcellos (2001), existem várias visões da mobilidade. Na visão

tradicional, a mobilidade é tida “como habilidade de movimentar-se, em decorrência de

condições físicas e econômicas”. Assim, as pessoas pobres, idosas ou com limitações físicas

estariam nas faixas inferiores de mobilidade em relação às pessoas de renda mais alta e sem

problemas físicos de deslocamento. Decorreu dessa visão que as políticas públicas no

transporte eram unicamente “aumentar a mobilidade” pelo fornecimento de meios de

transporte. Considerando a mobilidade dessa forma restrita, fica evidente que ela

isoladamente não tem sentido para a avaliação das políticas de transporte, uma vez que não

define por que e como ela é exercida pelas pessoas.

A mera disponibilidade de dinheiro de nada vale se não houver um meio adequado

de transporte ou um espaço de tempo adequado para atingir o destino desejado e um grande

número de deslocamentos não representa necessariamente boas condições de vida, pois pode

refletir a necessidade de deslocamentos excessivos frente à precariedade do sistema de

transportes (GOODWIN, 1981, apud VASCONCELLOS, 2001).

Dessa forma, pode-se chegar a uma definição mais útil que relacione a mobilidade

no sentido tradicional a outro conceito mais amplo, o da acessibilidade. Esta entendida como

a mobilidade para satisfazer as necessidades, o que permite as pessoas chegarem aos destinos

desejados. Portanto, a acessibilidade não é apenas a facilidade de cruzar espaço, mas a

facilidade de chegar aos destinos (PORTUGALI, 1980, apud VASCONCELLOS, 2001).

Jones (1981) também interrelacionou a acessibilidade e a mobilidade com o

indivíduo. Para ele, a acessibilidade está relacionada com a oportunidade que um indivíduo,

em um dado local, possui em tomar parte de uma atividade particular ou conjunto de

atividades. É uma função da mobilidade do indivíduo, da localização espacial das

oportunidades em relação ao seu ponto de partida.

Page 31: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

31

Assim, acessibilidade, segundo Jones (1981, apud RAIA JR., 2000) deve ser

entendida como a oportunidade que uma pessoa em um dado local tem para tomar parte em

uma atividade particular, ou seja, refere-se à capacidade de a pessoa chegar a um lugar que

desejava. Já a mobilidade, conforme o autor, seria a habilidade de um indivíduo se deslocar,

isto é, refere-se à facilidade com que o deslocamento das pessoas pode ser realizado.

Boareto (2003) também defende a interrelação entre acessibilidade e mobilidade e

acrescenta a essa a preocupação de sua sustentabilidade ecológica. Assim, para este autor a

mobilidade urbana sustentável pode ser definida como:

resultado de um conjunto de políticas de transporte e circulação que visam

proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, através da priorização

dos modos não motorizados e coletivos de transportes, de forma efetiva, socialmente

inclusiva e ecologicamente sustentável, baseado nas pessoas e não nos veículos

(Boareto, 2003, p. 56).

Dessa forma, a mobilidade não pode ser entendida somente como o número de

viagens que uma pessoa consegue realizar durante determinado período, mas a capacidade de

fazer as viagens necessárias para a realização dos seus direitos básicos de cidadão, com o

menor gasto de energia possível e menor impacto no meio ambiente, tornando-a

ecologicamente sustentável.

Em termos gerais, acessibilidade significa “garantir a possibilidade do acesso, da

aproximação, da utilização e do manuseio de qualquer objeto”. Esta definição genérica

caberia a qualquer pessoa, mas, no Brasil, este conceito se associa mais diretamente às

pessoas com deficiência. Acessibilidade significa então a condição do indivíduo se

movimentar, locomover e atingir um destino desejado, “dentro de suas capacidades

individuais”, isto é, realizar qualquer movimentação ou deslocamento por seus próprios

meios, com total autonomia e em condições seguras, mesmo que para isso precise se utilizar

objetos ou aparelhos específicos (PLANMOB, 2007, 63).

O transporte público por ônibus é o principal meio de deslocamento das pessoas

para realizar suas atividades inerentes ao dia a dia. Por isso, segundo o Ministério das Cidades

(2004), por muito tempo a discussão da acessibilidade ficou restrita à instalação de elevadores

nos ônibus para os usuários com necessidades especiais, impedindo uma abordagem mais

abrangente do problema e ignorando outros tipos de deficiências e necessidades existentes.

Para que os sistemas de transporte sejam plenamente acessíveis, são necessárias

ações sobre o ambiente construído (calçadas, terminais de ônibus e outros) sobre os veículos e

até sobre elementos de identificação dos serviços, no caso para facilitar a sua utilização por

pessoas com deficiências visuais. Uma política de mobilidade orientada para a acessibilidade

Page 32: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

32

deve combinar ações normativas com investimentos diretos no espaço urbano e nos

equipamentos associados aos serviços de transporte.

De acordo com o Ministério das Cidades (2004), a ampliação da acessibilidade

dentro de uma política de mobilidade urbana não pode ser vista de forma isolada, pois se trata

de fomentar um amplo processo de humanização das cidades a partir do respeito às

necessidades de todas as pessoas usufruírem a vida urbana.

Contudo, torna-se importante uma política pública na área de transporte urbano,

pois ela representará a cristalização de objetivos, referentes à melhoria da qualidade de vida

nas cidades, da eficiência da economia e da mobilidade. Ela servirá como elo entre os vários

agentes do setor, representando um conjunto comum de objetivos. Esta política se torna tão

mais necessária quão mais complexa se torna a realidade urbana no país, reforçada pela

importância crescente das cidades para a eficiência da economia e para a qualidade de vida da

população.

Na qualidade no transporte público urbano deve-se levar em consideração o nível

de satisfação de todos os atores envolvidos no sistema: as empresas operadoras, os órgãos

gestores e os usuários. A sustentabilidade da qualidade só é conseguida por intermédio da

satisfação racional e equilibrada dos desejos de todos seus atores, pois a insatisfação de algum

grupo leva ao desequilíbrio do sistema, ou seja, queda da demanda, perda da qualidade, perda

da eficiência etc. Todavia, é importante que todos os atores conheçam os objetivos, direitos e

obrigações dos demais e que haja um intercâmbio de ideias entre eles, a fim de que os

problemas sejam resolvidos de forma participativa e democrática (FERRAZ, 2004).

O processo de produção do serviço de transporte urbano se realiza sobre três

agentes: usuário, operador e órgão gestor, que visualizam a qualidade segundo suas

necessidades e objetivos. A seguir, serão apresentadas estas visões para cada um destes

agentes.

A crescente perda da qualidade dos serviços públicos de transporte urbano eleva

ainda mais o uso indiscriminado do automóvel, o que provoca um congestionamento muito

acelerado dos principais corredores de transporte de uma cidade, principalmente nos horários

de pico. Essa problemática urbana fica mais evidente quando se tem uma visão

antidemocrática de privilegiar a estrutura viária para uso do transporte individual, sobretudo

dos automóveis e motocicletas em detrimento do transporte coletivo, inviabilizando uma

competitividade justa entre estes modais.

De acordo com a NTU (2002), o transporte coletivo é o responsável pela maioria

dos deslocamentos motorizados nas cidades (51% dos passageiros/dia contra 41% do

Page 33: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

33

transporte privado). Mas esta participação vem caindo de ano para ano. Dessa forma, a

continuar essas tendências, as condições inadequadas de congestionamentos, acidentes e

poluição podem piorar sensivelmente. Também, é de se esperar perdas substanciais na

eficiência social das cidades, pois o transporte coletivo apresenta menor consumo de

combustível, energia e espaço viário por passageiro, como também taxas menores de emissão

de poluentes do que as do transporte privado.

Segundo dados apurados pela Confederação Nacional dos Transportes – CNT

(2002) nos corredores de transporte de 11 cidades brasileiras os ônibus apresentam maior

eficiência do que os automóveis e vans quando se considera a relação entre o espaço viário

consumido e a quantidade de passageiros transportados, como mostra a tabela 1:

Tabela 1 Espaço consumido da via por passageiros transportados Modo Passageiros transportados por espaço Índice de eficiência

Automóvel 1% de via – 0,35% dos passageiros 1,0

Vans e topics 1% de via – 1,00% dos passageiros 2,8

Ônibus 1% de via – 2,80% dos passageiros 7,9

Fonte: CNT – pesquisa de passageiros nos corredores de transporte (2002, p. 23).

Em se tratando de poluição ambiental, estimativas da CNT apontam que enquanto

um carro emite 17 vezes mais poluentes do que um ônibus urbano, a motocicleta (que possui

dois passageiros, no máximo) despeja 32 vezes mais gases poluentes na atmosfera do que um

ônibus do sistema coletivo, que transporta cerca de 50 passageiros.

Embora, do ponto de vista social, o transporte coletivo seja mais eficiente do que

o transporte privado e ofereça maior potencial para a melhoria da qualidade de vida e para o

desenvolvimento sustentado das cidades, sua procura vem caindo nos últimos anos. Pesquisa

realizada pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos em oito capitais

brasileiras mostra que o transporte público por ônibus perdeu cerca de 25% dos passageiros

pagantes entre 1994 e 2001 (NTU, 2002).

Essa queda da demanda de passageiros pode ser explicada de muitas maneiras,

mas o fato principal é que o mercado brasileiro de transporte urbano está se tornando mais

competitivo e o transporte coletivo encontra dificuldades para se posicionar nesse novo

ambiente. Os governos locais não estão conseguindo assegurar a exclusividade das

concessões no transporte público, enquanto do lado do transporte privado a indústria

automobilística vem recebendo fortes incentivos governamentais, diretos e indiretos, dentre

eles vários de natureza fiscal. O preço dos automóveis e motocicletas está em queda, atraindo

novos usuários. Por outro lado, há pessoas de renda muito baixa que abandonam o transporte

Page 34: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

34

público e passam a se deslocar a pé por conta das tarifas crescentes associadas a baixas

velocidades.

De acordo com a NTU (2002), medidas de prioridade que contribuem para

eliminar as dificuldades enfrentadas pelo transporte coletivo no sistema viário urbano tem se

mostrado eficaz para resolver os problemas apontados, aumentar a eficiência dos serviços de

ônibus e dotá-los de maiores vantagens competitivas no mercado de transporte urbano. Dentre

essas medidas, pode-se citar a criação de infraestrutura viária exclusiva para a circulação do

transporte coletivo (o que aumenta a velocidade dos ônibus), com impactos positivos sobre os

tempos de viagem e conforto dos usuários, os custos operacionais, as tarifas e a

regularidade/confiabilidade dos serviços.

Assim, uma política voltada para o transporte urbano, deve estabelecer diretrizes

para a mobilidade urbana sustentável, com foco na inclusão social, orientada para garantir a

mobilidade das pessoas.

Segundo Boareto (2003), uma política de mobilidade deverá ter como finalidade

primordial propiciar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, priorizando os modos

de transporte coletivo, de forma segura, socialmente inclusiva e sustentável. E deverá ter

como principais metas: promover e qualificar o planejamento de transportes como

viabilizador da redistribuição do espaço e da circulação, com equidade; ser instrumento para a

reapropriação do uso do espaço urbano para os mais numerosos e vulneráveis, como

pedestres, passageiros de transporte público e pessoas com necessidades especiais; focar e

promover a plena acessibilidade aos meios de transporte, sem barreiras.

Resumindo e Motta (et al., 2007) discorrem que sistemas eficientes de transporte

coletivo propiciam uma diminuição do transporte individual, melhorando o tráfego nas

cidades e diminuindo os congestionamentos, resultando menores emissões de poluentes.

Quanto maior o uso do transporte coletivo em detrimento do individual, melhor o

aproveitamento da energia e menor a emissão de gases responsáveis pela poluição local e pelo

efeito estufa.

2.4 Expectativa do usuário do transporte coletivo

A realização de uma viagem por transporte coletivo urbano compõe-se das

seguintes etapas: percurso a pé da origem até o local do embarque no sistema, espera pelo

coletivo, locomoção dentro do coletivo e caminhada do ponto de desembarque até o destino

final. Às vezes, também é necessária uma ou mais transferências entre coletivos para se

Page 35: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

35

atingir o destino pretendido. Como estas etapas consomem energia, tempo e expõem os

usuários ao contato com diferentes ambientes, é necessário que certos requisitos, como

segurança, comodidade, conforto, rapidez sejam atendidos durante todas as etapas da viagem

(FERRAZ, 2004).

A qualidade de um serviço pode ser avaliada através de indicadores. Exige-se,

dentre outros aspectos que os indicadores de qualidade sejam definidos de forma simples, ou

seja, possíveis de entendimento por todos os empregados envolvidos no processo de

produção. De acordo com Fialho (2002), os aspectos gerais de indicadores de transportes

urbanos a serem considerados são:

a) técnico e operacional (condições de oferta e desempenho do serviço);

b) eficiência ou produtividade do serviço medida por índices como: passageiros

transportados por quilômetro (IPK), por viagem;

c) conforto e segurança;

d) tecnologia dos veículos;

e) infraestrutura e equipamentos dos sistemas de transporte;

f) rentabilidade do sistema (arrecadação e custos);

g) cumprimento da programação;

h) aspectos financeiros, jurídicos e administrativos que exigem controle e

fiscalização e

i) dimensões econômicas e sociais da prestação do serviço público, isto é, as

formas de interação com a sociedade e a comunidade a qual o serviço se

destina.

Na visão do usuário, dentre os fatores de avaliação da qualidade para o transporte

público podemos destacar os seguintes, conforme quadro 2:

Quadro 2 Fatores de avaliação da qualidade na visão do usuário do transporte público

Fatores Características

Acessibilidade Facilidade de chegar ao local de embarque/desembarque;

Condições das calçadas, iluminação pública, segurança etc.

Frequência atendimento Intervalo de tempo de espera do veículo

Tempo de viagem Tempo gasto do usuário no percurso do deslocamento dentro do veículo

Lotação Quantidade de passageiros no interior do veículo

Confiabilidade Pontualidade no cumprimento dos horários

Segurança Frequência de acidentes no interior do coletivo

Características da frota Tecnologia e estado de conservação dos veículos

Locais de parada Sinalização adequada e abrigos com existência de cobertura e banco para

Page 36: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

36

sentar

Sistema de informação Visualização do nome da linha, número do veículo e sistema de reclamação e

sugestão

Conectividade Existência de integração física e tarifária para viagens com necessidade de

transbordo

Comportamento dos operadores Empatia e atendimento dos operadores com os usuários do serviço

Condutores habilidosos e cautelosos

Estado das vias Vias pavimentadas e sinalizadas adequadamente

Fonte: Modificado pelo autor partir de Ferraz (2004).

2.5 O sistema de transporte público de Fortaleza

O município de Fortaleza localiza-se no nordeste brasileiro, no litoral do estado do

Ceará (latitude 03° 43’ 02”S - longitude 38° 32’ 35”W). Possui uma área de 315 km2,

limitando-se ao norte com o oceano Atlântico, ao sul com o município de Pacatuba, a leste

com Aquiraz e a oeste com os municípios de Caucaia e Maracanaú. A altitude média do

município é de 16m em relação ao nível do mar.

O clima local é tropical, quente e subúmido, com temperatura média entre 26°C e

28°C. Possui pluviosidade média de 1.338mm anuais e o período chuvoso se concentra entre

os meses de janeiro a maio. O relevo da região é plano, constituindo-se de planícies litorâneas

e tabuleiros prelitorâneos. A hidrografia principal local é formada pelos rios Ceará, Coaçu,

Maranguapinho, Cocó e Pacoti. Há também riachos que alimentam as lagoas do município e

outros que deságuam no Atlântico.

O levantamento censitário do IBGE em 2010 computou uma população de

2.447.409 habitantes, resultando num adensamento populacional de 7.770 hab/km². Em 2008,

o PIB per capita fortalezense atingia o valor de R$ 11.461,22. Visando atender às

necessidades da população, o sistema de transporte público de passageiro do município de

Fortaleza é gerenciado pela Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor).

A Etufor foi criada através da Lei nº 7.841, de 23 de dezembro de 1993, e é

caracterizada como pessoa jurídica de direito privado, com patrimônio próprio, organizada

sob a forma de sociedade anônima de economia mista fechada, sendo a Prefeitura de Fortaleza

acionista majoritária.

Dentre as atribuições da Etufor, estão:

planejamento, desenvolvimento de projetos, operação e fiscalização dos

serviços de transporte regular (ônibus), transporte complementar (vans),

transporte escolar, táxis, mototáxis, fretamento e turismo;

coordenação e fiscalização do processo de identificação estudantil;

Page 37: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

37

administração e manutenção dos terminais de integração;

atividades educativas que visem a divulgação dos direitos e deveres dos

usuários e a qualificação dos operadores de transporte.

A mobilidade em Fortaleza é garantida por quatro serviços de transporte público:

o serviço de transporte coletivo por ônibus (STCO), o sistema de transporte público

complementar (STPC), o sistema de táxi e de mototáxi. Esses serviços são geridos pela

administração municipal, através da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza, a Etufor.

Além dos serviços exclusivamente públicos, o transporte escolar no município, usualmente

classificado como semipúblico, passou à gestão da Etufor.

Quadro 3 Serviços prestados no transporte público do município de Fortaleza

MODO TIPO DESCRIÇÃO

ÔNIBUS

CONVENCIONAL

SELETIVO

As linhas do serviço convencional são operadas por ônibus

urbanos e compõe o sistema básico de transporte coletivo, com

horários e itinerários predefinidos

Serviço opcional com veículos equipados com ar-

condicionado, tarifa diferenciada, com horários e itinerários

predefinidos

COMPLEMENTAR - O serviço é operado por veículos de baixa e média capacidade

com 16 linhas com itinerários pré-estabelecidos

TÁXI

COMUM

ESPECIAL

O serviço é operado por veículos com taxímetros para o

calculo da tarifa a ser paga

O serviço especial é feito através de veículos atendendo ao

aeroporto com tarifa tabelada por zoneamento

MOTOTÁXI - O serviço de mototáxi é operado por veículos do tipo

motocicleta com potência de 125cc a 200cc sem tarifa fixada

FONTE: anuário Etufor 2010.

Com o bairro Centro e redondezas concentrando a maioria das atividades

comerciais e financeiras da cidade, o sistema de transporte coletivo por ônibus desenvolveu-se

em uma configuração tronco-alimentadora. As linhas alimentadoras levam a demanda dos

bairros para os terminais e as linhas troncais coletam esta demanda, levando-a até a área

central. Essa configuração de linhas é vista no mapa a seguir:

Page 38: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

38

Quadro 4 Classificação dos tipos de linhas do sistema e quantidades

FONTE: anuário Etufor (2010).

Linhas adicionais, de configurações diferenciadas, complementam a estrutura

tronco-alimentadora, permitindo a difusão da demanda em outros eixos de desejo de

deslocamento. Além dessas linhas regulares, linhas especiais são operadas para atendimento a

situações pontuais, com fins de aumentar a oferta de transporte para locais e em dias

específicos de alta demanda, como eventos culturais, artísticos, esportivos, religiosos, cívicos

e outros.

Dentro dos critérios definidos pelo órgão gestor para identificar a quantidade de

veículos necessária para operação de cada linha, podemos identificar, conforme o gráfico 1,

que em torno de 85 por cento das linhas operam com uma frota de no máximo 10 veículos por

linha, restando então 15 por cento para linhas com frota a partir de 11 veículos e no máximo

36 carros.

Gráfico 1 Percentual da quantidade de veículos na distribuição das linhas do sistema

Fonte: anuário Etufor 2010.

Tipos de linhas Características Qtd.

Convencionais Ligam diretamente os bairros ao Centro, sem passar pelos terminais 62

Circulares Ligam diversos terminais, passando pelos bairros e evitando o tráfego das

regiões centrais 4

Alimentadoras Ligam os bairros aos terminais 103

Complementares Linhas que complementam a ligação de um terminal a outro 56

Troncais Linhas que ligam os terminais ao centro da cidade 18

Especiais Linhas que operam somente em períodos específicos 24

Corujões Realizam o transporte de passageiros a partir das 0h quando as demais

linhas cessam a operação 22

TOTAIS 289

Page 39: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

39

A frota de veículos em operação varia ao longo do ano para acompanhar as flutuações

de demanda, assim mantendo-se o controle dos custos operacionais e, consequentemente, do

valor da tarifa. Além do tamanho da frota operante, o porte dos veículos é variável em função

da demanda de cada linha, também se buscando o custo operacional reduzido.

A tipificação dos veículos segundo critérios de suas características físicas e de

desempenho operacional é estabelecida por portaria publicada no Diário Oficial do

Município. Tal classificação é utilizada como padrões veiculares para estimativas do custo

operacional. A tabela 2 mostra a classificação vigente em 2010.

Tabela 2 Idade média da frota por classe de veículos

Idade (anos) Classe de veículos

Mini Midi Leve Semipesado Pesado Todos

0-1 29 14 76 130 0 249

1-2 18 4 103 176 0 298

2-3 21 12 179 44 0 256

3-4 30 5 105 58 0 198

4-5 5 0 116 65 0 186

5-6 32 0 62 59 0 153

6-7 47 0 14 40 0 101

7-8 13 0 36 51 0 100

8-9 1 0 26 38 0 65

9-10 0 0 2 57 0 59

10-11 0 0 4 58 0 62

11-12 0 0 2 33 0 35

12-13 0 0 1 20 0 21

13-14 0 0 1 11 0 12

14-15 0 0 2 2 0 4

>15 0 0 1 4 0 5

Total (veículos) 196 35 730 843 0 1.804

Idade Média (anos) 4,1 1,7 3,6 5,0 - 4,3

Fonte: anuário Etufor (2010).

Considerando-se a frota cadastrada no último dia do ano de 2010, a idade média da

frota vem apresentando uma redução contínua nos últimos cinco anos, conforme pode ser

demonstrado na tabela 3.

Tabela 3 Histórico da idade média da frota por ano

Ano Idade média (anos)

2005 5,1

2006 5,1

2007 4,9

2008 4,7

2009 4,3

2010 4,3

Fonte: anuário Etufor (2010).

Page 40: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

40

As empresas do sistema vêm renovando seus veículos de forma que a cada ano se

percebem mais carros novos circulando nas linhas e isto tem contribuído de forma positiva

para uma eficiência melhor nos cumprimentos das viagens, assim como proporciona um

melhor atendimento aos usuários.

2.6 Empresas operadoras do sistema de transporte urbano

Com o advento da licitação realizada pela Prefeitura de Fortaleza no ano de 2012, sete

empresas deixaram de operar o sistema de transporte coletivo; com isso, o número de

empresas que permaneceram em atividade caiu para 14, conforme está demostrado no quadro

5, com a sua respectiva frota.

Quadro 5 Nomes das empresas de transporte público urbano de Fortaleza com sua respectiva

frota

Cód Nome Nome Frota

2 Auto Viação Fortaleza Ltda. Fortaleza 195

12 Auto Viação São José Ltda. São José 221

14 Siará Grande Ltda. Siará Grande 102

19 Empresa Fretcar Transporte Urbano Ltda. Fretcar 79

20 Santa Maria Ltda. Santa Maria 82

21 Transportes Urbanos Aliança S/A. Aliança 75

26 Maraponga Transportes Ltda. Maraponga 93

30 Viação Urbana Ltda. Via Urbana 236

33 Rota expressa S/A. Transporte Urbano Rota expressa 47

35 Vega S/A Transporte Urbano Vega 265

36 Viação Santa Cecilia Viação Timbira 99

41 Terra Luz Transporte S/A. Terra Luz 47

42 Viação Urbana Filial Dragão do Mar 191

43 Cearense Transporte Urbano Ltda. Cearense 62

Fonte: www.etufor.ce.gov.br.

As empresas de transporte de passageiros do Estado do Ceará são representadas

pelo Sindiônibus, sendo reconhecido pelo Ministério do Trabalho em 29/11/1950; mas,

oficialmente o sindicato só iniciou as suas atividades em 1951. Em 10 de janeiro de 2001 o

sindicato teve sua base territorial retificada, passando a ser Sindicato das Empresas de

Transporte Coletivo Urbano e Metropolitano de Passageiros do Estado do Ceará,

denominando-se na época pela sigla de SETPEC. Foi constituído para fins de estudo,

coordenação, proteção e representação dos interesses da classe econômica na área de

transporte coletivo urbano e metropolitano.

Page 41: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

41

2.7 Tarifas praticadas em capitais brasileiras

Das capitais brasileiras, Fortaleza vem se posicionando como a capital que apresenta o menor

valor de tarifa praticada no último ano. A tabela 4 apresenta os valores das tarifas praticadas

pelas capitais a partir de uma população superior a um milhão de habitantes no ano de 2010.

Tabela 4 Tarifa praticada em capitais brasileiras com mais de um milhão de habitantes

Capitais com mais de um milhão de habitantes

Cidade Valor Posição

Fortaleza R$ 1,80 1

Belém R$ 1,85 2

Recife R$ 1,85 2

Brasília R$ 2,00 3

Curitiba R$ 2,20 4

Goiânia R$ 2,25 5

Belo Horizonte R$ 2,30 6

Salvador R$ 2,30 6

Rio de Janeiro R$ 2,35 7

Porto Alegre R$ 2,45 8

São Paulo R$ 2,70 9

Fonte: ANTP. Dados referentes a outubro de 2010.

Com estas informações, podemos perceber que dos 11 valores tarifários praticados

nas capitais brasileiras, Fortaleza tem o menor valor de tarifa, mesmo contando com a

integração física e temporal.

Page 42: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

42

3 METODOLOGIA

A metodologia adotada neste estudo foi desenvolvida com o intuito de atingir os

objetivos propostos da seguinte forma: (1) caracterização da pesquisa, (2) tipologia da

pesquisa, (3) universo e amostra da análise, (4) coleta de dados e instrumento de investigação,

(5) tratamento dos dados. A seguir, estão descritos os procedimentos utilizados nas cinco

etapas acima citados.

3.1 Caracterização da pesquisa

A pesquisa empírica desta monografia teve como escopo identificar fatores que

implicam na mobilidade dos veículos que operam as linhas do serviço de transporte público

de Fortaleza. Para investigar a mobilidade urbana do município de Fortaleza, utilizou-se a

análise documental, que segundo Vergara (2005) permite ao investigador buscar

conhecimentos na área de interesse a partir de documentos criados e conservados no interior

da organização.

Visando obter maiores informações da realidade a ser pesquisada, optou-se pelo

levantamento de dados quantitativos aleatórios e não probabilísticos, entendido como aquele

tipo de pesquisa que envolve coletar e analisar dados, o que significa traduzir em números

opiniões e informações para classificá-los e analisá-los estatisticamente. O método utilizado

foi uma survey por amostragem. Segundo Babbie (2001), métodos de survey são usados para

estudar um segmento ou parcela – uma amostra – de uma população, para fazer estimativas

sobre a natureza da população total da qual a amostra foi selecionada.

Surveys são frequentemente realizados para permitir enunciados descritivos sobre alguma

população isto é, descobrir a distribuição de certos traços e atributos.

Para fazer a determinação desse estudo, identificou-se a situação atual da linha 77 Parangaba

Mucuripe, operada pela empresa Viação Urbana Ltda. e o corredor da av. Bezerra de

Menezes, contemplando um grupo de linhas que nele opere, o que quanto aos fins, constituiu-

se em uma pesquisa descritiva, que visa descrever as características de determinada população

ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Ela envolve o uso de técnicas

padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a

forma de levantamento (quando à pesquisa, envolve a interrogação direta das pessoas cujo

comportamento se deseja conhecer (MENEZES & SILVA, 2000, p. 21).

Page 43: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

43

3.2 Tipologia da pesquisa

Lakatos (2005) afirma que a pesquisa é um procedimento formal, com métodos de

pensamento reflexivo, que solicita tratamento científico e se constitui no caminho para

conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. Na classificação das pesquisas

realizadas, é comum o uso da taxionomia de Vergara (2004), a qual ressalta que, num

primeiro momento, o leitor deve ser informado sobre o tipo de pesquisa a ser empregado,

obter mais esclarecimentos, uma conceituação e a justificativa da escolha do tema.

Baseando-se nas informações dadas pelo autor, as pesquisas podem ser

caracterizadas de duas formas: quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, esta

pesquisa tem caráter descritivo, por meio de uma coleta de dados realizados através das

diversas visitas feitas em campo em linhas citadas pelos monitores e fiscais da empresa

Viação Urbana Ltda.

Quanto aos meios de investigação, utilizou-se a pesquisa bibliográfica e o estudo

de caso. Conforme Vergara (2009, p. 43) a pesquisa bibliográfica “é o estudo sistemático,

desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas,

isto é, material acessível em geral”. O uso da pesquisa bibliográfica em trabalhos de

conclusão de curso é obrigatório, pois orienta a pesquisa a ser realizada.

3.3 Universo, amostra de análise e objeto de investigação

O universo de análise deste estudo foi definido como sendo os veículos que

operam as linhas do Sistema de Transporte Público de Fortaleza, que corresponde ao conjunto

de elementos que possuem as características necessárias ao objeto de estudo. A pesquisa

pretende identificar como está a mobilidade dos veículos que operam a linha 77 (Parangaba-

Mucuripe) e avaliar as linhas que operam o corredor da av. Bezerra de Menezes, já

comparando a velocidade média dos veículos antes e depois da implantação do projeto BRS,

planejado pelo órgão gestor para melhorar a mobilidade da cidade. Segue no quadro 6 as

linhas contempladas neste objeto de estudo:

Page 44: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

44

Quadro 6 Linhas que operam o corredor da av. Bezerra de Menezes

COD. NOME DA LINHA COD. NOME DA LINHA

060 Parangaba/Parquelândia 06C Edson Queiroz/Barra do Ceará

076 Cj. Ceará/Aldeota 55C Alvorada/North Shopping

086 B. de Menezes/ . Dumont 028 Ant. Bezerra/ Papicu

202 Rodolfo Teófilo / B. de Menezes 079 Ant. Bezerra/Náutico

251 Ant. Bezerra/Coração de Jesus 108 Sta. Maria/B.de Menezes

302 Rodolfo Teofilo/José Bastos 201 Bez. Menezes/Bairro Ellery

240 Quintino Cunha/Centro 389 Jovita Feitosa

13C Santos Dumont/Perimentral 142 Jurema

57C Vila Velha/Centro 333 Araturi 1 e 2

026 Ant. Bezerra Messejana 364 Pq. Potita 1 e 2

071 Ant. Bezerra/Mucuripe 368 Parque Albano

088 Ant. Bezerra/Albert Sabin 332 Metrópole 1 e 2

200 Av. Bezerra de Menezes 332 Conj. Metropolitano

206 Pe. Alencar 368 Planalto Via BR 020

Fonte: www.etufor.ce.gov.br.

Figura 1 Sinalização do corredor para implantação do projeto BRS

Fonte: manual Bus Rapid Transit (BRS), guia planejamento (dezembro 2008).

Todas as linhas que circulam no referido corredor da Av. Bezerra de Menezes

passaram a compor o BRS (Bus Rapid Servic) e a obedecer a pontos específicos. Os tipos de

linhas e veículos contemplados nesse projeto estão demonstrados na tabela 5.

Page 45: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

45

Tabela 5 Tipos de linhas que operam no corredor da Av. Bezerra de Menezes

SISTEMA QTD FROTA

Linhas regular urbano 17 144

Linhas complementar urbano 4 80

Fonte: www.etufor.ce.gov.br.

Assim como também outro estudo de caso na linha 77 - Parangaba Mucuripe,

operada pela Empresa Viação Urbana Ltda., permissionária do serviço, situada na av. Maestro

Lisboa 1211, Alagadiço Novo. Essa linha foi escolhida intencionalmente porque sua extensão

abrange vários corredores importantes da cidade ilustrados na figura 2.

Figura 2 Mapa da Linha 77 - Parangaba-Mucuripe

Fonte: documento cedido pela empresa Viação Urbana.

Essa linha é operada por 17 (dezessete) veículos saindo do terminal da Parangaba

até o bairro Serviluz, com intervalo a cada sete minutos, perfazendo 110 (cento e dez) viagens

por dia e iniciando seu horário às quatro horas da manhã, indo até a meia noite. Dentro de

suas características citamos alguns fatores que colaboraram para escolher esta linha como

objeto da pesquisa:

concentra uma das maiores frotas de veículo da empresa, operando com 17

veículos nos dias úteis;

está entre as maiores linhas do sistema;

Page 46: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

46

tem no seu itinerário uma extensão que percorre vários corredores comercias

da cidade;

opera em um dos terminais de integração de sistema;

passa por uma área que tem corredor exclusivo para ônibus (av. João Pessoa) e

faz uma ligação de bairros populosos considerados dormitórios a outros

comercias, ligando-os também ao centro da cidade, a pontos turísticos e à

região praiana de Fortaleza.

O sistema de transporte público coletivo do município de Fortaleza é operado por

dois sistemas característicos: o convencional e o sistema seletivo. Opera com sete terminais

de integração fechados (Papicu, Parangaba, Messejana, Conjunto Ceará, Antônio Bezerra,

Siqueira, Lagoa) e 2 abertos (pça. Estação, Pça. Ferreira. Conforme informações da Etufor,

em 2010 esses dois sistemas atendiam juntos uma demanda média de mensal de 30.639.000

(trinta milhões seiscentos e trinta e nove mil) passageiros, através de 289 (duzentos e oitenta e

nove) linhas urbanas e 2 (duas) seletivas, somando um total de 19.250 (dezenove mil duzentos

e cinquenta) viagens por dia, utilizando uma frota de 1.860 (mil oitocentos e sessenta)

veículos, composta por ônibus convencionais, micro-ônibus (ANUÁRIO ETUFOR, 2010).

A empresa Viação Urbana é responsável por transportar quase 13% do sistema de

Fortaleza. O objetivo de investigação desta pesquisa é avaliar que fatores estão contribuindo

para a mobilidade dos veículos dentro do percurso do itinerário da linha 77- Parangaba-

Mucuripe.

3.4 Coleta de dados e instrumento de investigação

Para que fossem alcançados os objetivos mencionados na introdução deste

trabalho foi necessária a participação direta de alguns funcionários da empresa Viação

Urbana, que disponibilizou um grupo para ir a campo coletar informações sobre o objeto de

estudo, assim como cedeu informações dentro do assunto pesquisado.

Desta forma, a pesquisa foi desenvolvida em três etapas, em que destacamos: na

primeira etapa foi procedida a elaboração formulários e relatórios para coleta de dados. Na

segunda etapa, reunião com repasse das informações a serem colhidas pelas pessoas que iriam

a campo. E na terceira etapa foram coletados os dados da pesquisa. Para conseguir atingir o

objeto da pesquisa foram utilizados 31pesquisadores, durante uma semana atuando na linha,

Page 47: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

47

sendo que os horários eram de acordo com as tabelas de horários definidas para os veículos,

variando do primeiro horário ao último horário, distribuídos da seguinte forma:

contagem de paradas – foi realizada por dois monitores, no horário de 8h às

11h da manhã, do dia 15 de outubro de 2012;

contagem de semáforos – foi realizada por dois monitores, no horário de 8h às

11h da manhã, do dia 16 de outubro de 2012;

verificação do tempo dos semáforos aberto e fechado – foi elaborada por

quatro monitores, no horário de 10h às 15h da manhã do dia 17 de outubro de

2012;

contagem do número de passageiros que sobe e desce por ponto de paradas –

foi realizada por oito pesquisadores, no horário de 5h às 21h do dia 18 de

outubro de 2012;

tempo de desaceleração e aceleração do veículo para atender a uma parada de

ônibus - foi elaborado por três monitores, no horário de 8h às 12h do dia 19 de

outubro de 2012;

identificação das paradas de ônibus que seriam abrigo e parada com placa – foi

elaborada por quatro monitores, no horário de 8h30m às 11h do dia 22 de

outubro de 2012 e

medição da distância entre as paradas de ônibus - foi elaborada por quatro

monitores, no horário de 8h às 12h do dia 23 de outubro de 2012.

Porém, considerou-se também para este trabalho a facilidade de acesso às

informações devido o autor da monografia trabalhar numa empresa permissionária do sistema,

assim como a facilidade do contato com os funcionários do órgão gestor para conseguir as

informações necessárias. O levantamento destes fatores gerou condições propícias para o

desenvolvimento da pesquisa. Entendemos, a partir de então, que a contribuição ao serviço de

transporte público possa ser relevante, no sentido de se levantar e discutir os aspectos

inerentes à mobilidade, à acessibilidade do serviço prestado, assim como no sentido de

contribuir sobremaneira para melhor operacionalizá-los.

Page 48: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

48

3.5 Tratamento dos dados

No tratamento dos dados foi utilizada a ferramenta do Microsoft Office Excel, no

ambiente Windows, a qual ajudou também na elaboração de planilhas, confecção de gráficos

e análise dos resultados.

Page 49: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

49

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA

Este capítulo tem o intuito de descrever as características do transporte público

urbano de Fortaleza, bem como a apresentação dos resultados da pesquisa de campo realizada

além dos dados coletados sobre o tema estudado.

O transporte realizado por ônibus em Fortaleza é denominado de Sistema

Integrado de Transportes (Sitfor). Ele entrou em operação em 1992, com o fito de

proporcionar o deslocamento através da integração tarifária e física em terminais de

integração. A rede de linhas do Sitfor baseia-se numa configuração de sistema tronco-

alimentado, contando com dois tipos básicos de linhas: as que fazem a integração bairro-

terminal (linhas alimentadoras) e as que integram um terminal ao Centro (linhas troncais).

Atualmente, Fortaleza possui sete terminais fechados integrados e dois terminais

abertos não integrados. O controle dos horários dos ônibus é feito nos terminais fechados e

via rastreamento remoto por GPS. A extensão linear de cobertura do Sitfor, considerando

somente suas linhas diurnas, chega a 920 km, resultando num índice estimado de cobertura de

23,3% da malha viária urbana.

Visando conhecer como tem se comportado a demanda de passageiros, frota

operante e quilometragem das linhas nos últimos 20 (vinte) anos do sistema de transporte

público de Fortaleza, identificamos as informações que servem para uma reflexão.

A quilometragem percorrida nos últimos vinte anos, se comparado o período de

1990 (mil novecentos e noventa) com o de 2010 (dois mil e dez), aumentou 29% (vinte e nove

por cento). A operante teve um aumento de 61% (sessenta e um por cento) e a demanda

pagante do mesmo período sofreu uma queda de 19% (dezenove por cento); assim, a frota

operante saiu de 1.090 (mil e noventa) carros operantes por dia útil no ano de 1990 e passou

para 1.750 (mil setecentos e cinquenta) veículos operantes para o ano de 2010 (dois mil e

dez). Mesmo depois de 20 anos ter tido este acréscimo de frota em operação e também em

quilômetros percorridos, não foi suficiente para refletir na demanda pagante do sistema de

transporte público de Fortaleza, conforme está demonstrado na tabela 5. Então, fica a

reflexão: o que está acontecendo?

Page 50: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

50

Tabela 6 Comportamento da quilometragem do sistema, frota operante e demanda pagante do

sistema

Ano Km mensal Frota diária Demanda mensal

Dez. / 90 6.960.000 1.090 30.814.984

Out. / 91 7.950.000 1.100 27.469.851

Ago. / 92 8.950.000 1.096 25.784.707

Nov. / 93 8.960.000 1.240 24.180.019

Set. / 94 9.910.000 1.310 25.982.048

Dez. /95 9.930.000 1.360 25.647.632

Out. /96 9.940.000 1.405 24.255.333

Ago. / 97 10.950.000 1.495 24.196.371

Nov. / 98 10.930.000 1.490 23.162.883

Set. / 99 10.940.000 1.510 23.491.613

Dez. / 00 11.910.000 1.590 23.217.160

Out. / 01 10.940.000 1.490 23.320.309

Ago. / 02 10.940.000 1.500 21.971.168

Nov. / 03 10.940.000 1.600 21.330.625

Set. / 04 10.950.000 1.600 21.682.509

Dez. / 05 11.930.000 1.630 23.576.853

Out. / 06 11.000.000 1.640 24.395.962

Ago. / 07 11.000.000 1.660 25.097.745

Nov. / 08 11.940.000 1.680 25.177.057

Set. / 09 10.990.000 1.680 24.519.038

Jul. / 10 8.980.000 1.750 24.980.461

Fonte: www.etufor.ce.gov.br.

A quilometragem adotada na planilha da tabela 6 é uma média percorrida por mês

durante todo o ano. Para a frota diária, foi utilizada uma média de veículos que circulam

diariamente nos dias úteis. A demanda mensal foi considerada é uma média dos passageiros

que foram registrados na catraca do veículo. Para ilustrar os dados citados na planilha da

tabela 6, foram feitos quatro gráficos, todos mostrando o comportamento dos indicadores nos

últimos 20 anos. Os gráficos 2, 3, 4 e 5 retratam uma média anual de cada mês de operação

dos dados estatísticos do sistema:

Page 51: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

51

Gráfico 2 Média de km mensal por ano percorrido pelo sistema

Fonte: www.etufor.ce.gov.br.

O gráfico 2 ilustra a evolução da quilometragem do sistema nos últimos 20 anos e

como resultado se compararmos o ano de 1990 com o ano de 2010 a quilometragem teve um

aumento de 29 por cento.

Gráfico 3 Média de frota operante por ano nos dias úteis

Fonte: www.etufor.ce.gov.br.

O gráfico 3 ilustra a evolução da frota operante nos dias úteis do sistema nos

últimos 20 anos e o resultado disso se compararmos o ano de 1990 com o ano de 2010 teve

um aumento de 61 por cento.

0,00

2.000.000,00

4.000.000,00

6.000.000,00

8.000.000,00

10.000.000,00

12.000.000,00

14.000.000,00

Média de Km do Sistema de Transporte Público de Fortaleza

Km Mensal

0

500

1.000

1.500

2.000

Média de Frota do Sistema de Transporte Público de Fortaleza

Quant.

Page 52: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

52

Gráfico 4 Média da demanda mensal pagante do sistema por ano

Fonte: www.etufor.ce.gov.br.

Esse gráfico mostra que o sistema de transporte coletivo de Fortaleza vem tendo

uma perca de demanda nos últimos vinte anos e o resultado disso se compararmos o ano de

1990 com o ano de 2010 identificamos que a demanda pagante teve uma redução de 19%.

Gráfico 5 Comparação em percentual dos dados estatísticos de demanda, frota e

quilometragem dos últimos vintes anos

Fonte: www.etufor.ce.gov.br.

Essas informações servem de parâmetro para se buscarem respostas que ajudem a

esclarecer o objeto de estudo dessa monografia. A demanda caindo e a frota crescendo é

05.000.000

10.000.00015.000.00020.000.00025.000.00030.000.00035.000.000

Média de Demanda do Sistema de Transporte Público de Fortaleza

Mensal

0%20%40%60%80%

100%120%140%160%180%200%

An

o 1

99

0

An

o 1

99

1

An

o 1

99

2

An

o 1

99

3

An

o 1

99

4

An

o 1

99

5

An

o 1

99

6

An

o 1

99

7

An

o 1

99

8

An

o 1

99

9

An

o 2

00

0

An

o 2

00

1

An

o 2

00

2

An

o 2

00

3

An

o 2

00

4

An

o 2

00

5

An

o 2

00

6

An

o 2

00

7

An

o 2

00

8

An

o 2

00

9

An

o 2

01

0

Média do % de Demanda, Quilometragem e Frota dos ultimos 20 anos do Sistema de Transporte de Forleza

Demanda Frota Km Indicador

Page 53: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

53

reflexo da perda de mobilidade urbana do sistema, em que a cada dia temos um fluxo maior

de carros circulando e a malha viária da cidade não costuma acompanhar a situação na mesma

velocidade. É comum termos quilômetros de congestionamentos em corredores das cidades,

frutos da melhoria do poder de compra das pessoas e possuir o próprio carro para fazer o

deslocamento pessoal é a realização do sonho de muitos brasileiros. Devido a este inchaço de

veículos nas vias, temos um trânsito lento, há uma demora maior de tempo para poder se

chegar ao destino desejado.

Nos centros urbanos das grandes metrópoles, há uma crise de mobilidade que é

ilustrada diariamente por longos congestionamentos e pelo tempo gasto pelo cidadão no

sistema de transporte coletivo, cujos ônibus ficam presos no congestionamento dos

automóveis. Em dezembro de 2010, conforme dados divulgados pelo Departamento Estadual

de Trânsito do Ceará (Detran/CE), Fortaleza apresentava uma frota de 707.731 veículos,

resultante em um fator de 3,5 habitantes por veículo.

A explosão populacional automotiva é incentivada pelas forças poderosas da

desigualdade. Como explica Davis (2006, p.136), “a política de transportes na maior parte das

cidades é um círculo vicioso em que a queda da qualidade do transporte público reforça o uso

particular do automóvel e vice-versa”. Dentro desse contexto, podemos ver na figura 3 uma

foto ilustrando um pouco a realidade vivida pelas grandes capitais brasileiras, conforme já foi

identificado neste estudo.

Figura 3 Congestionamento na BR 116 em Fortaleza

Fonte: Foto cedida pela empresa Viação Urbana em 2012.

Page 54: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

54

Conforme texto da questão da prova do ENADE, as vendas de automóveis de

passeio e de veículos comerciais leves alcançaram 340.706 (trezentos e quarenta mil e

setecentos e seis) unidades em junho de 2012 (dois mil e doze), uma alta de 18,75 (dezoito

vírgula setenta e cinco por cento), em relação a 2011 (dois mil e onze) e 24,18 (vinte e quatro

vírgula dezoito por cento), em relação a maio de 2012, segundo informou a Federação

Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Segundo a entidade, este é o melhor mês de junho da história do setor

automobilístico.1

Na capital paulista, o trânsito lento se estendeu por 295 (duzentos e noventa e

cinco) km às 19h e superou a marca de 293 (duzentos e noventa e três) km, registrado no dia

10 de junho de 2009 (dois mil e nove). Na cidade de São Paulo, registrou-se nesta tarde o

maior congestionamento da história, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).2

4.1 Velocidade média do sistema

O sistema de transporte público coletivo do município de Fortaleza, conforme

dados divulgados pelo anuário da Etufor (2010), tem uma velocidade média de 15,6 Km|h.

Para identificar como está a mobilidade do transporte público de Fortaleza, seguem os dados

pesquisados pela Etufor, a partir de um estudo para adequar o corredor da Av. Bezerra de

Menezes à lei de mobilidade urbana e consequentemente melhorar a velocidade média das

linhas que circulam naquela região.

Em Fortaleza, visando dar maior mobilidade ao transporte público sobre o

privado, a Etufor se espelhou no projeto implantado na cidade do Rio de Janeiro em

Copacabana e Ipanema / Leblon, através do Bus Rapid Service (BRS) e o adequou à realidade

da cidade de Fortaleza, em que através dos dados demonstrados abaixo será possível avaliar a

mobilidade das linhas do sistema de transporte público de Fortaleza.

O projeto do BRS-FOR seria deixar um corredor exclusivo da Bezerra de

Menezes para a circulação dos veículos das linhas do sistema de transporte coletivo e fazer

um redimensionamento das paradas existentes no percurso. Esse projeto tinha como premissa

os seguintes pontos:

melhorar a velocidade operacional do transporte coletivo;

Page 55: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

55

permitir melhor fluidez na circulação viária para o transporte público;

impactar positivamente nos deslocamentos individuais;

garantir maior eficiência para o transporte público e

permitir a redução do consumo de emissões de poluentes e combustíveis.

4.2 Mobilidade medida dos veículos na av. Bezerra de Menezes

A velocidade média identificada na pesquisa antes e depois da implantação do

projeto da Av. Bezerra de Menezes está apresentada na tabela 7.

Tabela 7 Pesquisa de velocidade média antes e depois do projeto BRS

PERÍODO DATA 06:00/08:00 08:00/17:00 17:01/19:00 19:01/23:59 Média

Antes 10/08 10,08 Km/h 13,24 Km/h 12,19 Km/h 20,36 Km/h 12,00 Km/h

Depois 21/08 16,67 Km/h 18,11 Km/h 15,84 Km/h 23,91 Km/h 24,00 Km/h

Fonte: www.etufor.ce.gov.br.

Foi identificado que os veículos, a partir de uma maior mobilidade, passaram à

velocidade média operacional no corredor de 12 km/h para 24 km/h. Com este projeto, foi

percebida uma inicitiva da prefeitura de Fortaleza em dar um primeiro passo para tirar do

papel o que diz a lei da mobilidade urbana, em orientar a prioridade da circulação não

motorizada sobre a motorizada, do público sobre o privado e do coletivo sobre o individual.

Outro aspecto que influencia a mobilidade ao sistema é o distanciamento entre

paradas ao longo de cada linha, afetando tanto o desempenho do sistema, quanto sua

velocidade média operacional. A distribuição estimada é apresentada na tabela 8,

considerando-se as linhas diurnas do Sitfor.

Tabela 8 Distância entre pontos de paradas por quantidade, com o respectivo percentual

acumulado

Fonte: anuário Etufor (2010).

Intervalo (m) Número de paradas Percentual % Acumulado

0 – 100 508 3,5% 3,5%

100 – 200 2.605 18,0% 21,5%

200 – 300 5.204 35,9% 57,4%

300 – 400 3.052 21,1% 78,5%

400 – 500 1.398 9,7% 88,2%

500 – 600 684 4,7% 92,9%

600 – 700 371 2,6% 95,4%

700 – 800 183 1,3% 96,7%

800 – 900 171 1,2% 97,9%

900 – 1.000 83 0,6% 98,5%

1.000 ou mais 222 1,5% 100,0%

Page 56: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

56

Conforme o anuário Etufor (2010), o sistema de transporte tem cadastrados

14.481 (quatorze mil quatrocentos e oitenta e um) pontos de paradas de embarque ou

desembarque de passageiros que estão demonstrados acima. A baixa velocidade média do

sistema é consequência também da distância média entre paradas, pois 78,5% desses pontos

de parada está entre 100m e 399m, pois se estivessem a 400 a 500 metros a velocidade média

de todos os veículos iria melhorar.

Page 57: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

57

4.3 Distribuição dos pontos de ônibus da linha 77

Tabela 9 Pontos de parada de embarque ou desembarque sentido ida

Nº PARADAS DISTÂNCIA Nº PARADAS DISTÂNCIA

Terminal da Parangaba (Rua Carlos Amora)

1 Coelce (Rua 7 de setembro) 483 39 Pousada Imperial 500

Avenida João Pessoa 40 Náutico 220

2 Av João Pessoa N° 7035 261 41 Edificio Firenze 300

3 Igreja Universal (SESI) 223 42 Hotel Tulip inn 350

4 Funerária Plano Da Paz 375 43 Pão De Açúcar da Abolição 350

5 Vidraçaria Ramos 297 44 Igreja da Saúde 220

6 Posto Damas 5823 231 45 Mercearia Abolição 4290 450

7 Impah 220 46 Parada do Camarão 280

8 Laboratório Avelino Demétrio 264

9 Casa do Português 220 47 Iate Clube 230

10 Slap 250 48 Clube da Marinha 75

11 Modart Confecções (Praça) 271 49 Newland 425

12 Prontoclinica de Fortaleza 250 50 Moinho (Transnordestina) 120

13 Eveiza 260 51 Parada do Cais 400

14 Faculdade Fac 220 52 Escola Alvaro Costa 350

15 Motel Glamour (Campo do Ceará) 130 53 Sind dos Portuários 300

Avenida Da Universidade

16 Instituto de identificação 485 54 Av. Zezé Diogo Nº20 120

17 Reitoria da (UFC) 351 55 GPM 280

18 UFC (Após a Av 13 de Maio) 334 56 Assembleia de Deus 190

19 Dona Xica (Bar e Restaurante) 2475 200 57 Parada do Campo 250

20 Fundição Capistrano 210 58 Tropigás 934 150

21 Junta Médica do Municipio 230 59 Escola Nossa Sra da Assunção 200

Rua General Sampaio 60 Praça São Francisco 180

22 Faculdade de Direito ( Caixa D'água) 350 61 Assemb. De Deus(Rua Prof° Alvaro Costa) 240

Avenida Duque de Caxias 62 Containers (Av. César Cal`s) 200

23 Farmácia Central 337 Rua Professor Alvaro Costa

24 Colégio Ari de Sá 308 63 Professor Alvaro Costa N°210 260

25 Pça coração de Jesus 356 64 Professor Alvaro Costa N°340 160

AV. Visconde do Rio Branco 65 Final da linha 077 (Rua Murilo da Silveira) 350

26 Igreja Presbiteriana 332 Rua / Avenida T.Parad Km Trecho Dist. Media

Av. Dom Manuel R. 7 de Setembro 01 483 483

27 Clinica Cearense 190 Av. João Pessoa 14 3472 248

28 Praça do CDL 450 Av. da Universidade 06 1810 302

29 Pousada Iracema 609 220 Rua Gen. Sampaio 01 350 350

30 Pousada Brisa do Atlântico 180 Av. Duq. de Caxias 03 1001 334

31 Seminário da Prainha 450 Av. Visc Rio Branco 01 332 332

Rua Almirante Jaceguai Av. Dom Manuel 05 1490 298

32 Centro Dragão do Mar 350 Alm. Jaceguai 01 350 350

Rua Almirante Barroso Alm. Barroso 01 260 260

33 Sec. De Saúde (TRE) 260 Hist. Raimundo Girão 05 1930 386

Historiador Raimundo Girão Av. Abolição 08 2670 334

34 Esq. Com a rua Gonçalves Ledo 500 Av. Vicen. de Castro 07 1900 271

35 Tia Nair 400 Av. Zezé Diogo 09 1810 201

36 A. da P. de Iracema(Terraços do Atlânt) 230 R. Prof° Alvaro Costa 02 420 210

37 Manhatan (Boteco) 350 R.Murilo da Silveira 01 350 350

38 Após a padaria Ideal 450 Total 65 18628 287

37 Sugestão 500

Av. Zezé Diogo

Avenida Abolição

Acompanhamento da Linha 077

SENTIDO IDA

Avenida Vicente de Castro

Fonte: documento cedido pela empresa Viação Urbana.

Page 58: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

58

Tabela 10 - Pontos de paradas de embarque ou desembarque sentido volta

Nº PARADAS DISTÂNCIA Nº PARADAS DISTÂNCIA

Final de linha da 077 (Murilo da Silveira) Avenida Dom Manuel

1 R. Oliv Filho 964 (Esq. Com Visc de Cairú) 300 40 Eletrônica Isnard Av D. Manuel 170

2 Rua Visconde de Cairú 200 (Ed. Rivera) 210 41 Pousada Central 470 350

Avenida César Cal`s 42 Praça do CDL 400

3 Av. César Cal`s 876 (Marmitaria) 150 Av. Heraclito Graça

4 Baratão 200 43 Ponto Antes da Visc. do Rio Branco 450

5 Av. César Cal`s (Containers) 300 Avenida Duque de Caxias

6 Colônia Z8 (Posto) 160 44 Ponto Após a Coração de Jesus 317

7 Posto de saúde Celio B. Girão 250 45 Farmácia Central 500

Av Zezé Diogo 46 Império dos Pisos, D.Caxias 1050 230

8 Escola Nossa Sra da Saúde 170 47 New Center Informática 316

9 Tropigás 250 48 Colégio São Rafael 300

10 Depósito Mat. de Construção. 240 49 R. Chagas 1738 220

11 Parada do Campo 190

12 Móveis Adonai (Rua César Diogo) 170 50 Shopping Benfica 440

13 Gpm 120 51 Sinal da Pe. Cícero 800

14 Zezé Diogo N°194 200

Avenida Vicente de Castro 52 Faculdade Fac 350

15 Sindicato dos Portuários 210 53 Eveiza 160

16 Parada do Cais 500 54 Ótica Minerva 450

17 Inmetro 210 55 Colégio Gustavo Braga 220

18 Moinho (M.Dias Branco) 210 56 Casa do Português 315

19 Porto Jangada Hotel 300 57 Oficina Avelino 5412 350

20 Iate Clube 350 58 Imparh 190

Avenida Abolição 59 Carroceria Cipilho 160

21 Posto de Saúde Flávio Marcilio 450 60 Vidraçaria Ramos 270

22 Parada da Ponte 230 61 Funerária Plano da Paz 400

23 Igreja da Saúde 220 62 SESI 240

24 Em Frente ao Pão de açúcar 180 Av. Osório de Paiva

25 Edificio Nice 3555 170 63 Escola Joaquim Moreira. 750

26 Labomar (UFC) 400 64 Terminal da Parangaba (Rua Eduardo Perdigão) 600

27 Farmácia Portugal 210 Rua / Avenida T.Parad Km Trecho Distancia

28 Náutico 230 R.Oliveira Filho 01 300 300

29 Parada Antigo Othon 260 R.Visc de Cairú 01 210 210

30 Farmácia Extrafarma 290 Av. César Cals 05 1060 212

31 Parada antes da padaria Ideal 220 Av. Zezé Diogo 07 1340 191

Avenida Barão de Studart Av. Visc. de Castro 06 1780 297

32 Palacio da Abolição 850 Av. Abolição 11 2860 260

Rua Tenente Benévolo Av. Br de Studart 01 850 850

33 Pronto Cárdio ( Ten. Benévolo 1755 ) 280 R. Ten Benévolo 07 2263 323

34 Rua Ten Benévolo 1489 278 Av. Dom Manuel 03 920 307

35 Idece (UVA) 1251 330 Av. Her. Graça 01 450 450

36 Crede 21 340 Av.Duq. De Caxias 03 1017 339

37 Floricultura 765 240 Av. do Imperador 03 836 279

38 Tenente Benévolo 593 437 Av. Carapinima 02 1240 620

39 Arquidiocese de Fortaleza 358 Av. João Pessoa 11 3105 282

Av. Osório de Paiva 01 750 750

T. da Parangaba 01 600 600

Total 64 19581 306

39 Sugestão 500

Avenida Carapinima

Avenida João Pessoa

Acompanhamento da Linha 077

SENTIDO VOLTA

Fonte: documento cedido pela viação urbana.

Para atender o ponto de parada, o veículo perde em média 23 (vinte e três)

segundos em desaceleração e aceleração e nesse tempo ele poderia se deslocar 400 metros.

Quem fica atrás do ônibus também perde o mesmo tempo.

Page 59: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

59

Figura 4 Ambulantes ocupam ponto de ônibus. Passageiros na via de trânsito

Fonte: documento cedido pela empresa Viação Urbana.

Pontos de paradas de ônibus sendo ocupados por ambulantes ou veículos

particulares, o que obriga o motorista a fazer a parada ocupando mais espaço na via e

consequentemente interompe o trânsito.

Figura 5 Av. José Bastos com ponto de parada sem recuo para o ônibus parar

Fonte: documento cedido pela empresa Viação Urbana.

Várias paradas de onibus não possuem o recuo necessário para deixar o trânsito

livre, então, ao que o veículo faz a parada acaba parando também todo o tráfego da via.

Segundo relato do gerente da Dipla (divisão de planejamento) da Etufor, Antonio Ferreira, é

grande o número de solicitações pedindo para que os veículos parem próximo às residências

ou estabelecimentos comercias, sendo muitas vezes acompanhado de um padrinho político e o

órgão acaba tendo que deferir a solicitação, deixando o lado técnico de lado.

Page 60: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

60

Ferreira relata ainda que muitas vezes o órgão tem que fazer uma alteração de

itinérário para evitar que uma determinada comunidade faça uma caminhada de 300 metros

para resolver um problema de segurança pública e com isso colabora sobremaneira para piorar

a velocidade média do sistema.

Figura 6 Ponto de ônibus na av. Santos Dumont, que fica aproximadamente a 150 metros de

uma faculdade

Fonte: documento cedido pela empresa Viação Urbana.

Em um ponto de parada de ônibus que fica em frente a um faculdade na av. Santos

Dumont, existe um um pedido muito grande da direção da instituição para que os ônibus

entrem dentro da área destinada ao estacionamento dos carros particulares, para deixar os

alunos, sendo que para fazer este serviço o veículo perde mais de 20 minutos, enquanto se ele

deixar o pessoal na parada de ônibus que fica também na própria avenida, a 150 metros da

faculdade, o veículo só precisa de um minuto e não atrapalha o estacionamento dos carros

particulares que lá estão estacionados. Assim como não prejudica a todos os demais

passageiros da linha que não têm o menor interesse em passar pelo local. Este é um exemplo

que fazemos questão de mostar como o individual pode prejudicar o coletivo; e o pedido parte

de uma instituição que está formando pessoas para o futuro do país.

Page 61: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

61

4.4 Semáforos distribuídos ao longo da linha 77

Tabela 11 semáforos distribuídos no percurso da linha 77 – Parangaba -Mucuripe e o tempo

que ficam abertos e fechados.

SEMAFÓROS SEMAFÓROS

Terminal da Parangaba Fechado Aberto AV. Visconde do Rio Branco Fechado Aberto

Sinal 01 00:00:30 00:00:54 Sinal 34 00:01:25 00:00:52

Sinal 02 00:00:40 00:00:35 Av. Dom Manuel

Avenida João Pessoa Sinal 35 00:01:10 00:01:22

Sinal 03 ( Pedestre) 00:00:20 Sinal 36 00:01:10 00:01:05

Sinal 04 ( Bar Avião) 00:00:48 00:00:48 Sinal 37 00:00:40 00:01:20

Sinal 05 ( Pedestre ) 00:00:23 Rua Almirante Jaceguai

Sinal 06 00:00:54 00:00:54 Sinal 38 00:00:59 00:01:10

Sinal 07 00:00:35 00:00:48 Sinal 39 00:01:00 00:01:01

Sinal 08 00:00:42 00:00:50 Sinal 40 00:00:45 00:01:15

Sinal 09 00:00:35 00:00:58 Sinal 41 00:01:30 00:00:40

Sinal 10 00:00:32 00:00:55 Sinal 42 00:01:25 00:00:50

Sinal 11 ( Pedestre) 00:00:22 Sinal 43 00:01:05 00:00:30

Sinal 12 00:00:35 00:00:40 Sinal 44 00:00:22 00:00:50

Sinal 13 00:00:50 00:01:13 Rua Almirante Barroso

Sinal 14 (Normal e Pedestre) 00:00:30 00:01:50 Sinal 45 00:00:25 00:01:25

Sinal 15 00:01:23 00:01:00 Historiador Raimundo Girão

Sinal 16 ( Pedestre) 00:00:20 Sinal 46 00:00:25 00:01:25

Avenida Da Universidade Sinal 47 00:00:30 00:01:00

Sinal 17 00:00:20 Sinal 48 00:00:30 00:01:05

Sinal 18 ( Pedestre) 00:00:58 00:01:20 Sinal 49 (Pedestre) 00:00:20

Sinal 19 00:01:40 00:00:45 Sinal 50 00:00:38 00:01:15

Sinal 20 00:01:30 00:00:57 Sinal 51 00:01:10 00:00:40

Sinal 21 ( Pedestre) 00:00:20 Sinal 52 00:00:30 00:01:00

Sinal 22 00:01:08 00:00:55 Sinal 53 00:00:30 00:01:10

Sinal 23 00:00:48 00:00:52 Sinal 54 00:00:30 00:01:10

Rua General Sampaio Avenida Abolição

Sinal 24 00:00:46 00:00:54 Sinal 55 00:00:35 00:00:55

Sinal 25 00:00:40 00:00:57 Sinal 56 00:00:30 00:01:00

Sinal 26 00:00:50 00:00:50 Sinal 57 00:00:59 00:00:30

Avenida Duque de Caxias Sinal 58 00:01:00 00:00:30

Sinal 27 00:00:50 00:00:50 Sinal 59 00:01:25 00:00:30

Sinal 28 00:00:58 00:00:45 Sinal 60 00:00:30 00:00:45

Sinal 29 00:00:45 00:00:57 Sinal 61 00:01:12 00:00:30

Sinal 30 00:00:36 00:01:00 Avenida Vicente de Castro

Sinal 31 00:00:55 00:00:45 Sinal 62 00:00:54 00:00:40

Sinal 32 00:00:34 00:00:54 TOTAL 00:48:41 00:51:06

Sinal 33 00:01:00 00:00:35 Média 00:00:47

SEMAFAROSEMAFARO

Fonte: documento cedido pela empresa Viação Urbana.

Page 62: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

62

Existe excesso de semáforos nas vias da linha em estudo, pois conforme dados de

pesquisa cedidos pela empresa, foi identificado que uma linha extensa como a Parangaba-

Mucuripe, que posssui durante todo seu percurso 129 pontos de parada de ônibus, também

tem que passar por 118 semáforos. E os veículos da linha param em média em 40% dos

semáfaros existentes na linha, perdendo em média 48 segundos parados no semáfaro fechado.

Neste tempo, seria possvel percorrer 650 metros, corforme identificado nas visitas feitas na

linha citada pelos pesquisadores da empresa Via Urbana.

As paradas de ônibus ficam muita próximas aos semáforos e o quando o motorista

precisa atender a parada, impossibilita o tráfego dos demais veículos no sinal aberto, fazendo

com que estes percam mais tempo do que o necessário. Um exemplo disso é a parada da av.

João Pessoa, que fica em frente à Faculdade Cearense (FAC).

Figura 7 Ponto de ônibus próximo a semáforo, que, mesmo aberto, impossibilita a passagem

dos veículos

Fonte: documento cedido empresa Viação Urbana.

Os locais com grande fluxo de veículos com uma área pequena definida para as

paradas de embarque e desembarque de veículos, a exemplo da Av. Carapinima, que pelo

demanda ser muito superior ao espaço disponivel para o fluxo, geram um congestionamento

significativo, principalmente nos horários de pico de veículos.

Os semáforos das vias são programados sem prioridade para o transporte público,

ou sem sincronismo. Com isso, os veículos acabam fazendo mais paradas que o necessário,

diminuindo consideralvelmente sua mobilidade durante o cumprimento das viagens

programadas nas linhas.

Page 63: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

63

4.5 Tempo de deslocamento por faixa horária na linha 77 – Parangaba-Mucuripe

Tabela 12 Tempo gasto por trecho e faixa horária da linha 77 – Parangaba-Mucuripe

Linha 077 - Parangaba MucuripeResumo

Tempos

05:00

05:59

06:00

06:59

07:00

07:59

08:00

08:59

09:00

09:59

10:00

10:59

11:00

11:59

12:00

12:59

13:00

13:59

14:00

14:59

15:00

15:59

16:00

16:59

17:00

17:59

18:00

18:59

19:00

19:59

20:00

20:59

21:00

21:59

Carlos Amora 00:01:47 00:01:40 00:02:21 00:02:11 00:02:30 00:02:24 00:02:44 00:02:35 00:02:39 00:02:30 00:03:25 00:02:44 00:01:56 00:02:46 00:01:47 00:01:32 00:02:34

João Pessoa 00:06:11 00:07:15 00:19:47 00:10:37 00:11:20 00:10:03 00:08:42 00:09:42 00:09:43 00:09:03 00:08:06 00:08:42 00:10:43 00:13:11 00:11:08 00:08:45 00:08:54

Universidade 00:03:57 00:05:15 00:10:06 00:08:35 00:07:16 00:07:05 00:07:28 00:05:51 00:05:49 00:07:07 00:08:26 00:06:19 00:08:05 00:10:08 00:07:07 00:05:01 00:05:49

General Sampaio 00:00:42 00:01:20 00:02:35 00:03:24 00:01:53 00:02:12 00:01:11 00:01:03 00:01:27 00:01:51 00:04:37 00:02:33 00:01:15 00:01:20 00:00:57 00:01:23 00:01:08

Duque de Caxias 00:02:16 00:03:02 00:06:16 00:05:37 00:04:33 00:05:14 00:06:04 00:04:45 00:05:54 00:05:42 00:04:53 00:04:31 00:05:12 00:05:16 00:03:34 00:03:31 00:03:12

Visconde Rio Branco 00:01:13 00:01:30 00:02:42 00:02:13 00:01:55 00:01:34 00:02:02 00:01:47 00:01:55 00:02:20 00:01:40 00:01:38 00:03:05 00:02:20 00:01:49 00:01:01 00:01:03

Dom Manoel 00:03:23 00:04:56 00:07:11 00:08:08 00:06:21 00:05:41 00:06:37 00:05:52 00:06:04 00:05:43 00:06:10 00:06:19 00:07:08 00:07:31 00:04:37 00:04:10 00:03:25

Almirante Jaceguai 00:00:57 00:01:35 00:01:41 00:01:12 00:01:21 00:01:13 00:01:07 00:00:56 00:01:24 00:01:32 00:00:48 00:00:57 00:01:08 00:01:06 00:01:25 00:00:51 00:01:05

Almirante Barroso 00:00:55 00:01:16 00:01:31 00:01:14 00:01:38 00:01:20 00:01:28 00:01:16 00:01:49 00:01:14 00:01:11 00:01:06 00:01:14 00:01:30 00:01:04 00:01:17 00:00:51

Raimundo Girão 00:02:54 00:04:26 00:04:09 00:03:47 00:03:05 00:03:11 00:06:45 00:03:17 00:03:21 00:03:28 00:04:08 00:04:02 00:05:07 00:04:14 00:03:23 00:03:09 00:04:33

Abolição 00:07:33 00:10:34 00:10:19 00:10:13 00:09:46 00:11:27 00:09:58 00:08:54 00:10:37 00:09:06 00:09:37 00:11:50 00:13:28 00:14:04 00:10:37 00:08:41 00:08:37

Vicente de Castro 00:02:52 00:03:47 00:03:24 00:03:43 00:03:37 00:03:04 00:03:13 00:03:20 00:03:45 00:03:11 00:03:17 00:03:15 00:03:50 00:02:55 00:02:33 00:02:48 00:03:04

Zezé Diogo 00:03:40 00:04:16 00:04:12 00:05:08 00:06:07 00:07:57 00:06:08 00:04:32 00:05:12 00:04:24 00:04:42 00:06:37 00:06:21 00:05:40 00:04:13 00:04:59 00:05:30

Cesar Cals 00:00:29 00:00:40 00:02:19 00:01:00 00:00:32 00:00:44 00:00:59 00:00:49 00:00:59 00:00:29 00:00:30 00:00:39 00:00:39 00:00:31 00:00:57 00:00:32 00:00:30

Alvaro Costa 00:00:43 00:00:56 00:00:57 00:00:54 00:00:28 00:00:59 00:01:11 00:01:10 00:01:01 00:00:49 00:01:15 00:01:18 00:01:02 00:01:29 00:00:53 00:00:58 00:01:10

Murilo da Silveira 00:00:27 00:00:19 00:00:40 00:00:40 00:00:37 00:00:34 00:00:36 00:00:18 00:00:25 00:00:25 00:00:42 00:00:28 00:00:35 00:00:38 00:01:02 00:00:30 00:00:32

Media / Tempos 00:02:30 00:03:18 00:05:01 00:04:17 00:03:56 00:04:03 00:04:08 00:03:31 00:03:53 00:03:41 00:03:58 00:03:56 00:04:26 00:04:40 00:03:34 00:03:04 00:03:15

Resumo

Velocidade Média

05:00

05:59

06:00

06:59

07:00

07:59

08:00

08:59

09:00

09:59

10:00

10:59

11:00

11:59

12:00

12:59

13:00

13:59

14:00

14:59

15:00

15:59

16:00

16:59

17:00

17:59

18:00

18:59

19:00

19:59

20:00

20:59

21:00

21:59

Carlos Amora 16,3 17,4 12,3 13,3 11,6 12,1 10,6 11,2 10,9 11,6 8,5 10,6 15,0 10,5 16,3 18,9 11,3

João Pessoa 33,7 28,7 10,5 19,6 18,4 20,7 23,9 21,5 21,4 23,0 25,7 23,9 19,4 15,8 18,7 23,8 23,4

Universidade 27,5 20,7 10,8 12,7 14,9 15,3 14,5 18,6 18,7 15,3 12,9 17,2 13,4 10,7 15,3 21,6 18,7

General Sampaio 30,0 15,8 8,1 6,2 11,2 9,5 17,7 20,0 14,5 11,4 4,5 8,2 16,8 15,8 22,1 15,2 18,5

Duque de Caxias 26,5 19,8 9,6 10,7 13,2 11,5 9,9 12,6 10,2 10,5 12,3 13,3 11,6 11,4 16,8 17,1 18,8

Visconde Rio Branco 16,4 13,3 7,4 9,0 10,4 12,7 9,8 11,2 10,4 8,5 12,0 12,2 6,5 8,5 11,0 19,6 19,0

Dom Manoel 26,4 18,1 12,4 11,0 14,1 15,7 13,5 15,2 14,7 15,6 14,5 14,2 12,5 11,9 19,4 21,5 26,2

Almirante Jaceguai 22,1 13,3 12,5 17,5 15,6 17,3 18,8 22,5 15,0 13,7 26,3 22,1 18,5 19,1 14,8 24,7 19,4

Almirante Barroso 17,0 12,3 10,3 12,6 9,6 11,7 10,6 12,3 8,6 12,6 13,2 14,2 12,6 10,4 14,6 12,2 18,4

Raimundo Girão 28,8 18,8 20,1 22,0 27,0 26,2 12,4 25,4 24,9 24,1 20,2 20,7 16,3 19,7 24,7 26,5 18,3

Abolição 21,2 15,2 15,5 15,7 16,4 14,0 16,1 18,0 15,1 17,6 16,7 13,5 11,9 11,4 15,1 18,4 18,6

Vicente de Castro 39,8 30,1 33,5 30,7 31,5 37,2 35,4 34,2 30,4 35,8 34,7 35,1 29,7 39,1 44,7 40,7 37,2

Zezé Diogo 26,3 22,6 23,0 18,8 15,8 12,2 15,8 21,3 18,6 22,0 20,6 14,6 15,2 17,0 22,9 19,4 17,6

Cesar Cals 24,8 18,0 5,2 12,0 22,5 16,4 12,2 14,7 12,2 24,8 24,0 18,5 18,5 23,2 12,6 22,5 24,0

Alvaro Costa 35,2 27,0 26,5 28,0 54,0 25,6 21,3 21,6 24,8 30,9 20,2 19,4 24,4 17,0 28,5 26,1 21,6

Murilo da Silveira 46,7 66,3 31,5 31,5 34,1 37,1 35,0 70,0 50,4 50,4 30,0 45,0 36,0 33,2 20,3 42,0 39,4

Media / Velocidades 27,4 22,3 15,6 17,0 20,0 18,4 17,4 21,9 18,8 20,5 18,5 18,9 17,4 17,2 19,9 23,1 21,9

Fonte: documento cedido empresa Viação Urbana.

Baseado nas informações citadas acima, em que foi verificado o tempo de viagem

da linha 77- Parangaba-Mucuripe por faixa horária e trecho percorrido e com a respectiva

velocidade média da linha, é possível claramente perceber que de acordo com o horário, pode-

se levar até o dobro de tempo para realizar o mesmo trecho, principalmente pelos fatores já

citados no estudo.

A linha 77 – Parangama-Mucuripe tem na sua extensão sentido ida (Parangaba/

Mucuripe) 18,6 km e um tempo de viagem programado em 70 minutos para fazer o percurso,

chegando a uma velocidade média de 15,9Km/h. Um atleta maratonista fez um percurso de

21km em 64 minutos, na corrida Meia-maratona da Pampulha, realizada dia 9 de dezembro de

2012. Se considerarmos a mesma base de calculo que foi usado para calcular a velocidade

média dos veículos de transporte coletivo, podemos dizer que esse maratonista correu a uma

velocidade média de 19,6Km/h, ou seja, se você estiver preparado fisicamente é fato que

Page 64: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

64

chegará ao seu destino mais rápido correndo que dentro de um ônibus coletivo da cidade de

Fortaleza.

Figura 8 Av. João Pessoa: veículos privados em local exclusivo para ônibus

Fonte: documento cedido pela empresa Viação Urbana.

A Av. João Pessoa tem corredor exclusivo para ônibus, mas acaba convivendo

com fatos que retratam a falta de consciência de alguns motoristas de carros privados, quando

insistem em desrespeitar a lei e trafegar neste trecho, fazendo com que os veículos coletivos

levem mais tempo para fazer sua viagem.

Figura 9 Paradas de ônibus na feira da Messejana

Fonte: documento cedido pela empresa Viação Urbana.

Page 65: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

65

Figura 10 Fluxo da via onde acontece a feira da Parangaba

Fonte: documentos cedidos empresa Viação Urbana.

Temos todos os dias eventos na cidade, como feiras públicas, festejos

comemorativos que acabam acontecendo em vias públicas, deixando caótico o tráfego de

veículos no local e, com isso, os que precisam circular nestes pontos acabam tendo sua

mobilidade de deslocamento reduzida.

Figura 11 Fluxo de veículos da Av. General Sampaio

Fonte: documento cedido pela empresa Viação Urbana.

A avenida General Sampaio tem aproximadamente 909 (novecentos e nove)

metros de extensão e para percorrer este percurso os veículos das linhas que passam no local,

nos horários de 18h às 19h, gastam até 20 minutos; sendo que, se feito a pé, o trajeto levaria

apenas 15 minutos.

Page 66: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

66

4.6 O fluxo de ônibus no terminal do Papicu

Figura 12 Desenho do terminal do Papicu

Fonte: documento cedido empresa Viação Urbana.

No terminal da Papicu foi identificado que no horário de 18h às 19h tem 215

veículos adentrando e 215 ônibus saindo do terminal; como só existe uma entrada e uma

saída, então podemos dizer que a cada 27 segundos existe um ônibus entrando ou saindo do

terminal. Este fluxo é muito alto pela estrutura do terminal que ao todo tem 480 veículos

operando em 37 linhas, chegando a passar por dentro do terminal cerca de cem mil pessoas,

dentro de uma aréa de aproximadamente 20 mil metros. As plataformas de embarque estão

com sua capacidade de linhas saturadas, como pode ser visto na figura 11, em que pelo espaço

só seria possível comportar oito linhas, mas na verdade comportam 11 linhas. Com isso três

linhas disputam o mesmo espaço.

O estacionamento comporta 17 veículos, mas nos horários de lanche são

necessários pararem 170 veículos, e por conta disso eles acabam ocupando as vias públicas

que ficam proximas ao terminal. Isto representa mais um indicativo que, mesmo nos locais

planejados somente para o trânsito de ônibus, hoje já não atende mais esta demanda e com

Page 67: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

67

isso todas as pessoas que transitam pela região acabam sendo prejudicados nos seus

deslocamentos.

Figura 13 Veículos estacionados na rua Lauro Nogueira, ao lado do terminal Papicu

Fonte: documento cedido pela empresa Viação Urbana.

Nesta rua, os veículos acabam impedindo o trânsito normal do local, mesmo

sendo ela sinalizada e tendo sentido duplo. Isso gera um conflito que só é amenizado quando

um dos condutores toma a inicitiva de fazer o percurso de volta de marcha a ré e deixa o outro

companheiro passar.

4.7 Outros fatores que prejudicam a mobilidade urbana

Exemplos de carros fazendo fila dupla nas vias quando vão deixar ou pegar seus

filhos nas escolas; colisões envolvendo dois veículos ou mais, que demoram muitas vezes até

seis horas para a perícia chegar e autorizar a remoção destes. Isso contribui para um

engarrafamento gigantesco e, caso seja numa via de grande fluxo, como exemplo a Av.

Bezerra de Menezes, que tem uma média de 300 carros trafegando por faixa horária a uma

velocidade média de 40 km/h.

De repente, é necessário nesse mesmo percurso de diminuir a velocidade para

20km/h, o que, consequentemente, vai acarretar duas horas a mais para passarem no mesmo

trecho os mesmos veículos que antes passariam em uma hora, resultando num

Page 68: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

68

congestionamento e um atraso de no mínimo uma hora para todos os usuários que tiverem que

realizar o percurso.

Figura 14 Corredor comercial da av. Sena Madureira, veículos privados ocupando a

via pública

Fonte: documento cedido pela empresa Viação Urbana.

Os estabelecimentos comercias que vêm a cada dia aumentando na cidade, sem

sombra de dúvida coloboram para o crescimento econômico desta e por gerar mais empregos

diretos. Existe um fator que necessita ser revisto, pois os usuários e até funcionários desses

estabelecimentos, quando não dispõem de um estacionamento que atenda à realidade do seu

público, o usúario é motivado a deixar seu veículo muitas vezes nas vias de trânsito,

contribuindo para deixar o local com uma velocidade reduzida e gerando conflitos e

congestionamentos nas vias.

Page 69: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

69

Figura 15 Rua Tenente Benévolo: uma árvore dificulta a passagem de veículos de

grande porte

Fonte: documento cedido empresa Viação Urbana.

As árvores localizadas em avenidas de grande fluxo de veículos crescem rápido, o

faz com que os ônibus que passem no local necessitem mudar de faixa, para trafegar com

segurança e isso contribui para conflitos com os demais veículos que transitam no local e

consequentemente perdem mais tempo. Em vias de sentido duplo, os veículos são obrigados a

trafegar pela contramão, assumindo o risco em se envolver num sinistro.

Figura 16 Av. Aguanambi: ondulações na via

Fonte: documentos cedidos pela empresa Viação Urbana.

O pavimento irregular assim como os buracos nas vias são fatores afetam

diretamente a velocidade média e a mobilidade dos veículos.

Page 70: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

70

4.8 O trânsito seria melhor se mais classes sociais utilizassem o ônibus para deslocar-se

Para ilustrar melhor a mobilidade dos veículos nas grandes cidades, vejamos uma

comparação do transporte individual motorizado com o transporte público coletivo.

Figura 17 Espaço da via quando ocupado por 60 veículos

Figura 18 Espaço ocupado por um ônibus conduzindo 60 passageiros

Figura 17 Figura 18

Fonte: manual Bus Rapid Transit (BRT) (GUIA PLANEJAMENTO, DEZEMBRO 2008).

Nas figuras 17 e 18 é possível perceber a diferença existente entre o espaço ocupado

por 60 (sessenta) pessoas em veículos privados e em um ônibus com 60 (sessenta) usuários de

transporte público.

Page 71: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

71

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta monografia foi desenvolvida com o proposito de identificar como está a

mobilidade do transporte coletivo de Fortaleza, identificando como a velocidade média dos

veículos contribui para este fim, assim como os fatores que acabam tendo relação direta ou

indireta para a qualidade do sistema integrado de transporte.

As análises foram feitas com base na literatura pesquisada e para a análise da

pesquisa de campo utilizados os padrões recomendados pela lei que regulamenta o transporte

público assim como a da mobilidade urbana.

Um aspcecto importante observado no trabalho foi a obtenção dos dados, o que a

cidade de Fortaleza oferece em grande volume, coletados pelo anuário de transporte público

da cidade. Importante também o trabalho realizado pelos pesquisadores cedidos pela empresa

Viação Urbana, tornando possível uma análise satisfatória do tema estudado.

A partir do referencial teórico desenvolvido foi possível se esclarecerem fatores

que nos ajudam a refletir como: relevância sobre o transporte urbano, regulamentação do

transporte, definição de circulação, lei de mobilidade urbana e acessibilidade, subsídios que

permitam estabelecer a diferenciação entre as alternativas de regulamentação do transporte

público, expectativa do usuário do transporte público, características e operação do sistema de

transporte publico de Fortaleza, quem são as empresas que possuem a permissão para operar o

sistema, as tarifas de transporte público coletivo urbano praticadas em outras capitais

brasileiras.

Analisando os resultados obtidos identificou-se a necessidade de um planejamento

de transporte público de forma integrada, que vise soluções de sustentabilidade para o

movimento urbano, considerando a economia, o meio ambiente e a igualdade social. No

Brasil, vê-se que há esforços no sentido de que seja elaborada uma política direcionada para a

obtenção da mobilidade urbana. Segundo a Semob (2007, p. 42): a mobilidade urbana para a

construção de cidades sustentáveis será então produto de políticas que proporcionem o acesso

amplo e democrático ao espaço urbano, priorizem os modos coletivos e os não motorizados de

transporte, eliminem ou reduzam a segregação espacial, contribuam para a inclusão social e

favoreçam a sustentabilidade ambiental.

O problema é que isso deve ser acompanhado das políticas de investimento na

infraestrutura viária para o transporte coletivo pois, enquanto isso não acontece, as empresas

prestadoras de serviço do transporte coletivo de Fortaleza perdem muito mais tempo para

Page 72: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

72

fazer o deslocamento dos usuários e passam uma visão que oferecem um mal serviço a cada

vez que a imprensa divulga os ônibus superlotados ou atrasados.

Dessa forma, enquanto aguardamos nossos governantes colocarem em prática

tudo aquilo que muitas vezes foi prometido em campanhas eleitorias, ou o que diz a lei de

mobilidade urbana, devemos cumprir o nosso papel de cidadão e uma forma de podermos

mostrar isso seria procurando fazer a nossa parte ou aquilo que estiver ao nosso alcance.

Dentro desse contexto, podemos perceber no cotidiano que a necessidade

individual deve se sobressair ao coletivo, pois estamos muitas vezes colhendo o que

plantamos ao sentirmos na pele como é difícil andar num ônibus lotado. Mas, não reclamamos

das vias públicas estarem ocupadas por terceiros, fazendo com que determinado trecho, todos

passem mais tempo para passar. Queremos que as paradas de ônibus fiquem mais próximas

dos nossos desejos, mas precisamos chegar mais rápido em nossos destinos; escolhemos

nossos governantes por interesses pessoais, mas esquecemos de saber sobre seu plano de

governo.

O trânsito não educa, você leva a sua educação para onde quiser; o trânsito nada

mais é do que pessoas dirigindo veículos e às vezes, por determinadas situações, tornam-se

agressivas e egoístas. No entanto, se pudermos abordar e tratar com dignidade e respeito os

condutores e pedestres, todos nós ganharemos com isso, pois na medida em que tivermos um

trânsito mais seguro, consequentemente teremos menos acidentes e toda a sociedade sairá

ganhando, pois como se sabe, gentileza gera gentileza.

Assim sendo, podemos identificar que a velocidade média do sistema é muito

baixa e que a lei da mobilidade urbana que foca que o transporte coletivo deve ter prioridade

sobre o transporte privado. No entanto, ela caminha timidamente em nossa cidade, pois

apenas no trecho da av. Bezerra de Menezes, junto com uma ou outra avenida do Cento, foi

implantado o BRS-FOR. Mesmo assim, já foi possível se perceber uma mobilidade melhor

nestas vias, com deslocamentos mais rápidos.

Com isso, podemos concluir que tanto o órgão gestor, como os empresários e a

sociedade precisam evoluir neste conceito, pois nada adianta construir, aumentar ou ampliar

mais vias de trânsito da cidadea, pois logo, logo ela vai estar toda ocupada por veículos; o que

precisamos de fato é de vias que tenham prioridade para o transporte público. Que esta

pesquisa possa contribuir para que todos as pessoas, entidades, organizações e empresas que

necessitam de mobilidade, possam antes de tudo entender melhor sobre o assunto, assim como

identificar e saber como cada um pode contribuir e ajudar no desenvolvimento coletivo de

toda a sociedade de Fortaleza.

Page 73: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

73

Como contribuição para o estudo, no nosso entendimento, pequenas mudanças de

atitudes ou comportamentos trariam ganhos consideráveis ao trânsito de Fortaleza, como:

carona amiga, que evita uma pessoa andar sozinha no seu carro, busque outro amigo que

tenha o mesmo destino e também realize o mesmo percurso e faça um revesamento para

utilizar só um veículo; os sinais de trânsito apresentassem uma tecnologia para abrir na

famosa onda verde, em que se passe em mais semáforos aberto; as paradas de ônibus fossem

em média 400m a 500m nos corredores, isso permitiria dobrar a velocidade média do sistema;

uma escola de mobilidade urbana, para que as crianças pudessem ser educadas para conhecer

sobre o trânsito desde cedo; pesquisa de origem e destino dos usuários, para fazer um

redesenho das linhas do sistema e poder-se diminuir o número de veículos nos terminais;

incentivo para a utilização da integração tarifária, reduzindo a quantidade de pessoas dentro

dos terminais e consequentemente o deslocamento negativo; planejar vias com proridade para

o transporte público.

Estas ações contribuiriam sob maneira para melhorar a velicidade média dos

veículos e a mobilidade urbana da cidade. É importante se ressaltar que em toda pesquisa, as

limitações do objeto de estudo devem ser consideradas ao se analisar os resultados. O foco

deste trabalho se restringe à investigação das linhas de tranporte coletivo do município de

Fortaleza. Assim sendo, os resultados não permitem generalizações. É necessário se ressaltar

a subjetividade da análise realizada, inerente ao objeto de estudo, não sendo válido para outras

regiões.

Page 74: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

74

REFERÊNCIAS

ANTP. O transporte urbano do século XXI. Revista dos Transportes Públicos, ano 24, n.

96, pp. 95-122, 2002. Associação Nacional de Transporte Público. Prêmio ANTP de

Qualidade 2003.

BABBIE, Earl. Métodos de pesquisa de survey. Tradução de Guilherme Cezarino-Belo

Horizonte: Ed.UFMG, 2001, 519 p.

BOARETO, Renato. A mobilidade urbana sustentável. In Revista dos Transportes Públicos,

Ano 25 - 3º trim. 2003 - nº 100, pp. 45-56.

DAVIS, Mike. Planeta favela. São Paulo, Ed. Boitempo, 2006.

FERRAZ, Antonio Clóvis Pinto. Transporte público urbano. São Carlos, Rima, 2004, 428

p.

GOMIDE, Alexandre de Ávila. Transporte urbano e inclusão social: elementos

para políticas públicas.Ipea,- texto para discussão nº 960. Brasília, 2003.

GOMIDE, Alexandre de Ávila et al.. Transporte público e pobreza urbana: um

índice-síntese de serviço adequado .Ipea,- texto para discussão nº 1209. Brasília,

2006.

LIMA JR., O. F. e BERTOZZI, P. P. A qualidade no serviço de transporte público sob as

óticas do usuário, do operador e do órgão gestor. Revista dos Transportes Públicos, n. 86,

ANTP, 1998, pp. 53-66.

MINISTÉRIO DAS CIDADES: Política nacional de mobilidade urbana sustentável.

Cadernos M, Cidades , n. 6, Brasília: 2004.

NTU- Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos. Sistema Redes:

construindo redes de transporte público de qualidade. Brasília: NTU, agosto, 2004.

Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos. Novas Tendências em Política

Tarifária: Transporte Público Urbano. Brasília: NTU, junho, 2005.

ULYSSÉA NETO, I. e SILVA, B.R. Um método de análise de mobilidade por transporte

coletivo urbano: desenvolvimento e aplicação à cidade de Florianópolis– SC. In:

CONGRESSO DE PESQUISA E ENSINO EM TRANSPORTES ANPET,18,

2004,Florianópolis. Anais... Florianópolis: Universidade Federal de Santa

Catarina,novembro/2004.

VASCONCELLOS, Eduardo de Alcântara. Transporte urbano, espaço e equidade: análise

das políticas públicas. São Paulo: Annablume, 2001.

VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas,

2005.

Documentos cedidos pela empresa Viação Urbana LTDA em outubro de 2012.

Page 75: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

75

http://www.fortaleza.ce.gov.br/print/etufor/noticias/transito

Page 76: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

76

APÊNDICES

Page 77: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADES …ww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/ADM... · Monografia submetida à aprovação de banca examinadora do curso de Administração

77