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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE ADMINISTRAÇÃO JOBSON CORDEIRO MENDES GESTÃO AMBIENTAL: ESTUDO SOBRE A GESTÃO DE USO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA VINCULADO À LEI DAS ÁGUAS Nº 9433/97 FORTALEZA 2013

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

JOBSON CORDEIRO MENDES

GESTÃO AMBIENTAL: ESTUDO SOBRE A GESTÃO DE USO DA ÁGUA

SUBTERRÂNEA VINCULADO À LEI DAS ÁGUAS Nº 9433/97

FORTALEZA

2013

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LOMBADA

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JOBSON CORDEIRO MENDES

GESTÃO AMBIENTAL: ESTUDO SOBRE A GESTÃO DE USO DA ÁGUA

SUBTERRÂNEA VINCULADO À LEI DAS ÁGUAS Nº 9433/97

FORTALEZA

2013

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JOBSON CORDEIRO MENDES

GESTÃO AMBIENTAL: ESTUDO SOBRE A GESTÃO DE USO DA ÁGUA

SUBTERRÂNEA VINCULADO À LEI DAS ÁGUAS Nº 9433/97

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

Professor Ms. .................................

___________________________________________

Professor Ms. .................................

___________________________________

Professor Ms. .................................

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Paulo Henrique, meu orientador, por sua atenção, cordialidade,

compreensão e apoio, além da contribuição direta na construção desse trabalho.

Ao Professor Denílson pela ajuda, dicas, apoio, incentivo e contribuições.

À Professora Maria Élia pelas contribuições, atenção e incentivo.

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RESUMO

Essa monografia faz um estudo sobre a Gestão dos usos da água subterrânea vinculado à Lei

das Águas Nº 9433/97 com o intuito de analisar os desafios relacionados com os usos da água

e apontar formas de reduzir e racionalizar seu consumo. O estudo sobre a gestão dos usos da

água subterrânea é justificado, especialmente pela necessidade da preservação da mesma.

Além da necessidade de abordar sobre a importância da água subterrânea para

sustentabilidade das organizações. Como gerir e administrar os usos das águas subterrâneas?

Apresentando meios para reduzir e racionalizar o consumo por meio da conservação e

reutilização. A pesquisa realizada caracteriza-se como bibliográfica, de cunho qualitativo. E

explica o tema através de referências teóricas publicadas em artigos, livros e sites. Por autores

como Aldo da Cunha Rebouças, Eduardo Coral Viegas e André de Ridder Vieira. Conclui-se

que a Gestão Ambiental e a Gestão dos usos da água subterrânea, vinculado à Lei nº 9433/97

originam ações preventivas, auxiliando na eliminação da crise da água. Tendo em vista que a

hipótese desta pesquisa partiu da ideia de que a água é vista como um elemento sem fim, por

isso certo descaso e o pouco incentivo para preservá-la, pode acarretar em uma possível

escassez no futuro.

Palavras-chaves: água subterrânea, gestão, uso.

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RESUMEM

Esta monografía es un estudio sobre la gestión de los usos de las aguas subterráneas

vinculadas a la Ley de Aguas N º 9433/97 a fin de analizar los problemas relacionados con los

usos del agua y las formas de punto para reducir y racionalizar su consumo. El estudio sobre

la gestión de los usos del agua subterránea se justifica , sobre todo por la necesidad de

preservarla . Además de la necesidad de abordar la importancia de las aguas subterráneas para

la sostenibilidad de las organizaciones. Cómo gestionar y administrar el uso de las aguas

subterráneas ? Presentación de formas de reducir y racionalizar el consumo mediante la

conservación y la reutilización. La investigación se caracteriza por la literatura, un salto

cualitativo . Explica el tema a través de referencias teóricas en artículos publicados, libros y

sitios web . Por autores como Aldo da Cunha Rebolledo , Coral Eduardo Viegas y André de

Ridder Vieira . Se concluye que la Gestión Ambiental y la Gestión de los usos de las aguas

subterráneas , vinculados a la Ley N º 9433/97 se originan las acciones de prevención ,

ayudando en la eliminación de la crisis del agua . Dado que la hipótesis de esta investigación

provino de la idea de que el agua es considerada como un elemento sin fin, lo cierto

desconocimiento y el poco incentivo para preservarlo, pueden dar lugar a una posible escasez

en el futuro.

Palabras clave: agua subterráneas, la utilización, uso.

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

ANA - Agência Nacional de Águas

BM - Banco Mundial

CAGECE – Companhia de Água e Esgoto do Ceará

CEIVAP - Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul

CF - Constituição Federal

CNRM - Conselho Nacional de Recursos Hídricos

COGERH – Companhia de Gestão de Recursos Hídricos

DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral

FMI - Fundo Monetário Internacional

GATS - Acordo Geral sobre Comércio e Serviços

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ISO - Organização Internacional de Padronização

OMC - Organização Mundial do Comércio

ONGS - Organizações Não-Governamentais

ONU - Organização das Nações Unidas

SNRS - Secretária Nacional de Recursos Hídricos

STD - Teor de Sólidos Dissolvidos

UNESCO - Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura.

USAID - Agência Norte Americana para o Desenvolvimento

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 10

1 GESTÃO AMBIENTAL.................................................................................................................. 12

1.1 Certificação ISO 14000 ............................................................................................................. 13

1.2 Preservação e prevenção ambiental ......................................................................................... 15

2 GESTÃO DOS USOS DA ÁGUA ................................................................................................... 17

2.1 Fontes de água ........................................................................................................................... 18

2.2 Critério de gestão integrada da água através das bacias hidrográficas ............................... 20

2.3 Privatização da água ................................................................................................................. 22

3 GESTÃO HÍDRICA ........................................................................................................................ 30

3.1 Gestão hídrica a partir dos princípios da gestão integrada e dos princípios ambientais ... 31

3.2 Desenvolvimento sustentável da água...................................................................................... 35

3.3 Poluição dos recursos hídricos ................................................................................................. 36

4. LEI DAS ÁGUAS Nº 9.433/97 ........................................................................................................ 39

4.1 Política nacional de recursos hídricos ..................................................................................... 40

5 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ............................................................................................................ 42

5.1 Usos das águas subterrâneas .................................................................................................... 44

5.2 Legislação aplicável ao direito do uso das águas subterrâneas ............................................. 46

5.3 Água subterrânea engarrafada ................................................................................................ 49

5.4 Conservação da água subterrânea ........................................................................................... 50

5.5 O uso das águas subterrâneas no Ceará .................................................................................. 51

6 METODOLOGIA ............................................................................................................................ 53

6.1 Tipo de pesquisa ........................................................................................................................ 53

6.2 Materiais e métodos .................................................................................................................. 53

6.3 Coleta de dados .......................................................................................................................... 54

6.4 Organização e análise de dados ................................................................................................ 54

6.5 Discussão dos resultados ........................................................................................................... 55

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 56

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 57

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho é fruto de uma pesquisa que se baseia na compreensão do

processo de sustentabilidade da água subterrânea, bem como a gestão ambiental e o

desenvolvimento sustentável, com o intuito de analisar os desafios dos novos administradores

relacionados com os usos da água e apontar formas de reduzir e racionalizar o consumo de

água. Sabe-se que, devido ao desenvolvimento acelerado e ao crescimento das cidades, a

demanda por água aumentou bastante e isso tem exigido grandes esforços das empresas

abastecedoras de água, no sentido de contribuir para que se possa chegar à otimização do seu

consumo.

A temática desenvolvida continua sendo a causa de preocupação, pois a questão

abordada sobre a gestão dos usos da água justifica-se, principalmente, pela oportunidade de se

conscientizar sobre a necessidade da preservação da água, tendo em vista que a problemática

principal desse estudo consiste em destacar a importância dos usos das águas subterrâneas e

apontar meios para se reduzir e racionalizar o seu consumo.

A escassez e a qualidade da água estão entre as questões ambientais discutidas na

atualidade. Algumas empresas já compreendem esse desafio, assim como o processo de tomar

decisões sobre os objetivos e a utilização deste recurso. Esse estudo tem como principais

objetivos conceituar o sistema de gestão dos usos da água subterrânea e identificar recursos e

metodologias empregadas no processo de gerenciamento dos usos da água.

Para isso, faz-se necessário um diálogo permanente entre os governos federal,

estaduais e municipais e a iniciativa privada, em prol da busca de alternativas sustentáveis

para o fornecimento d’água. De outra forma, ao adotar uma alternativa de abastecimento não

sustentável, visa-se, tão somente satisfazer essa necessidade imediata, sem se preocupar com

o abastecimento no futuro.

A engenharia nacional de recursos hídricos compreende que a água é um bem

insubstituível e precisa estar continuadamente focada em evitar o desperdício, mantendo suas

instalações em perfeito estado de conservação, com manutenções preventivas e corretivas e

adiantar projetos necessários para o melhor aproveitamento e distribuição da água para a

população.

No ponto de vista do mercado em expansão, o interesse mundial crescente pela

água está relacionado às pressões para ampliar a demanda deste recurso, justamente por ser

um bem necessário e escasso. A distribuição de água vem chamando a atenção e a cobiça das

grandes empresas multinacionais. Como desdobramento da intensificação dos interesses de

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mercado e do avanço das negociações comerciais, os países têm sido pressionados para

elaborar novas marcas regulatórias que facilitem a liberação de serviços, entre eles o da

distribuição de água.

Atualmente, a Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que existam quase

três bilhões de pessoas sem acesso à água limpa e aos serviços sanitários, o que provoca

diariamente a morte de milhares de pessoas por doenças infecciosas ou relacionadas com a

falta de água potável.

A superfície da terra é dominada em 75% pelas águas, os outros 25% restantes são

de terras imersas, portanto, o tamanho da abundância de água cria condições essenciais para a

vida e mantém o equilíbrio da natureza. Quem pensa que tanta água assim está disponível

para o consumo humano está enganado, pois somente 2,7% é de água doce e grande parte está

congelada ou embaixo da superfície terrestre.

O objetivo geral da presente pesquisa é analisar os desafios relacionados aos usos

da água subterrânea vinculada à Lei nº 9433/97. Para apresentar meios para reduzir e

racionalizar o consumo de água por meio da conservação e reutilização.

Objetivos específicos:

Pesquisar a importância da gestão hídrica e ambiental;

Analisar as causas da crise da água e sua repercussão;

Demonstrar a Lei das Águas nº 9433/97 e

Ressaltar a função das organizações no combate ao desperdício da água.

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1 GESTÃO AMBIENTAL

Essa pesquisa desdobra-se em seus diversos aspectos pelo tema proposto. Ela

referencia as ideias de vários autores no tema desenvolvido, mais especificamente sobre a

água subterrânea. A Gestão ambiental é um sistema de administração empresarial que dá

ênfase na sustentabilidade, desta forma, visa o uso de práticas e métodos administrativos que

reduzem ao máximo o impacto ambiental das atividades econômicas nos recursos da natureza

(ISO 14000, 2011).

Segundo Lanna (1999, apud BORGES; ALMEIDA, 2006, p. 4), “Gestão

Ambiental é o processo de articulação das ações dos diferentes agentes sociais que interagem

em um dado espaço, com vistas a garantir a adequação dos meios de exploração dos recursos

ambientais, naturais, econômicos e socioculturais”. Gestão ambiental é também uma atividade

voltada à formulação de princípios e diretrizes, à estruturação de sistemas gerenciais e à

tomada de decisões que têm por objetivo final promover, de forma coordenada, o inventário, o

uso, o controle, a proteção e a conservação do ambiente visando atingir o objetivo estratégico

do desenvolvimento sustentável.

São partes integrantes da gestão ambiental, de acordo com Lanna (1999, apud

Borges e Almeida, 2006, p. 5): “Política Ambiental, Planejamento Ambiental, Gerenciamento

Ambiental e o Método de Gerenciamento Ambiental”. A política ambiental é o conjunto

consistente de princípios doutrinatários que conformam as aspirações sociais e/ou

governamentais, no que concerne à regulamentação ou modificação no uso, controle, proteção

e conservação do ambiente.

O planejamento ambiental é o estudo prospectivo que visa à adequação do uso,

controle e proteção do ambiente, bem como as aspirações sociais e/ou governamentais

expressas formal ou informalmente em uma política ambiental, através da coordenação,

compatibilização, articulação e implementação de projetos de intervenções estruturais e não

estruturais. De forma mais reduzida, planejamento ambiental visa à promoção da

harmonização da oferta e das demandas ambientais no espaço e no tempo.

Note-se que, propositadamente, usa-se o termo “demandas ambientais” e não

“usos do ambiente”, pois muitas demandas não se constituem em reivindicação de uso.

Nesses casos, estabelecem-se demandas de não uso para a preservação no “estado natural”,

conservação “no estado corrente” ou recuperação, vale dizer, demandas de proteção

ambiental.

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O Gerenciamento ambiental representa o conjunto de ações destinadas a regular

na prática operacional o uso, controle, proteção e conservação do ambiente e avaliar a

conformidade da situação corrente com os princípios doutrinários estabelecidos pela política

ambiental. O método de gerenciamento ambiental estabelece o referencial teórico que orienta

os procedimentos, os papeis e as participações dos diversos agentes sociais envolvidos no

gerenciamento ambiental. Um método que vem sendo amplamente utilizado adota a bacia

hidrográfica como unidade geográfica de planejamento e intervenção, ao contrário de serem

adotadas unidades de caráter político-administrativo, como o Estado, município ou distritos.

Conforme Macedo (1994 apud Borges; Almeida, 2006, p. 5), “o sistema de gestão

ambiental – SGA decorre da implantação do Plano Ambiental, ou seja, da realização das

intervenções determinadas pelo ordenamento territorial, bem como dos projetos, ações

imediatas e recomendações constantes do plano”.

Para Borges e Almeida (2006) por sistema da qualidade ambiental entende-se que

são processos periódicos de levantamentos, análises e avaliações detalhadas acerca do nível

de conformidade atingido pelo ordenamento territorial, por cada uma de suas unidades

constituintes, pelo plano e sistema de gestão ambiental derivado e pelos impactos ambientais

resultantes ocorrentes e previsto.

As preocupações relacionadas à gestão ambiental são influenciadas por três forças

independentes e de interações recíprocas: o governo, o mercado e a sociedade. A solução

exige uma nova postura dos administradores, que “devem passar a considerar o meio

ambiente em suas decisões e adotar concepções administrativas e tecnológicas que

contribuam para ampliar a capacidade de suporte do planeta” (BARBIERI, 2004, p. 99).

1.1 Certificação ISO 14000

O ISO 14000 (2011) é um conjunto de normas que definem parâmetros e

diretrizes para a gestão ambiental para as empresas (privadas e públicas). Estas normas foram

definidas pela International Organization for Standardization - ISO (Organização

Internacional para Padronização). As normas ISO 14000 da gestão ambiental foram

inicialmente elaboradas visando o “manejo ambiental,” que significa “o que a organização faz

para minimizar os efeitos nocivos ao meio ambiente causados pelas suas atividades” (ISO,

2000).

Muitas organizações utilizam recursos naturais, que geram poluição ou causam

danos ambientais através de seus processos de produção. Segundo as normas da ISO 14000,

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estas empresas podem reduzir significadamente estes danos ao meio ambiente. Quando uma

organização segue as normas e implanta os processos indicados, ela pode obter o certificado

ISO 14000. Este certificado é importante, pois atesta que a organização possui

responsabilidade ambiental, valorizando, assim, seus produtos e sua marca.

Para conseguir manter o certificado ISO 14000, a empresa precisa seguir a

legislação ambiental do país, treinar e qualificar seus empregados para seguirem as normas,

diagnosticar os impactos ambientais e aplicar procedimentos ao mal que ela por acaso esteja

causando e diminuir os danos ao meio ambiente.

Conforme Milaré (2007), as preocupações com a produção sustentável não têm

sido meramente emocionais ou estéreis. Entre muitas iniciativas tomadas em referência ao

tema, deve-se mencionar a normatização internacional elaborada e proposta pela ISO 14000.

As normas da serie ISO 14000 visam resguardar, sob o aspecto da qualidade ambiental, não

apenas os produtos como também os processos produtivos.

As normas ISO 14000 também facultam a implementação prática de seus

critérios. Entretanto, devem refletir o pretendido, que incluem planos dirigidos a tomadas de

decisões que favoreceram a prevenção de impactos ambientais de caráter compartilhado, tais

como contaminação do solo, da água, do ar e da fauna e flora, além de processos escolhidos

com significados no contexto ambiental. Milaré (2007) em seus estudos sobre a gestão

ambiental referente à ISO 14000 salienta: “No conjunto de segmentos organizados da

sociedade, segundo o setor desfruta de uma posição privilegiada, graça à racionalidade técnica

e administrativa que preside a estruturação e o funcionamento das empresas e de entidades

similares”. O direito é uma ciência, como tal, deve ser estudado a partir de fundamentos,

epistemológicos, isto é, da teoria da ciência.

Mirra (1996, p. 61) estabelece em seus estudos sobre o direito ambiental:

O Direito Ambiental tem como prioridade a prevenção de danos, o que está inserto

no sobreprincípio do desenvolvimento sustentável. A degradação ambiental, como

regra, é de difícil reparação. Não raro, o restabelecimento do status quo onde é

impossível, como ocorre nas hipóteses de inundação de cidades para a construção de

barragens ou na poluição significativa de águas subterrâneas.

O direito ambiental prioriza a prevenção de crimes ambientais, tais como os

desmatamentos e as queimadas, mas algumas vezes é praticamente impossível prevenir outras

formas de degradação, como a poluição da água ou inundações provocadas pelo lixo

acumulado. Tendo em vista que é a própria população a principal causadora de tais agressões.

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Para Butzke (2002, p. 122) “o ordenamento jurídico não impede a ocorrência de

qualquer agressão ambiental. Meio ambiente ecologicamente equilibrado não significa, como

já disse, meio ambiente não alterado.” Gomes (1999, p. 179) informa que “o princípio não

deve conduzir ao extremo, mas deve situar-se entre lindes razoáveis, haja vista que um

mínimo de degradação ambiental em prol do desenvolvimento econômico é imprescindível e

inevitável”.

Com fim de proteger o meio ambiente, o principio da precaução deverá ser

amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando

houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica

absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas

economicamente viáveis para impedir a degradação ambiental (PRINCIPIO 15 DA

DECLARAÇÃO DO RIO SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO,

1992).

Viegas (2012) afirma que a dignidade da pessoa humana sobre o principio geral

do direito conduz justamente à adoção do principio ambiental da precaução. No campo das

normas ambientais gerais, destaca-se a Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do

Meio Ambiente, sendo aplicável integralmente às águas, que estão incluídas entre os recursos

ambientais (art. 3º, V). Mais diretamente, essa lei estabeleceu como princípio a racionalização

do uso da água (art. 2º, II), pois, à época, a crise hídrica já era algo bastante perceptível em

nível global.

De acordo com Rampazzo (2002, p. 161),

A crise ambiental globalizada intensificou-se em razão dos avanços tecnológicos,

científicos e econômicos. A compreensível que se sucedeu à Revolução Industrial

priorizou o crescimento econômico. Não se tinha real noção de que a degradação

ambiental poderia ser tão expressiva causando irreversíveis alterações no cenário

mundial e “levando a processos degenerativos profundos da natureza”.

1.2 Preservação e prevenção ambiental

Conforme Viegas (2012), a Lei nº 6938/81 estabelece que a preservação configura

o objetivo da Política Nacional do Meio Ambiente, ao lado da melhoria e da recuperação da

qualidade ambiental, que propícia à vida a recuperação que resulta da violação do princípio da

prevenção, pressupondo que a natureza foi alterada e que, por isso, necessita de intervenção

humana para que seja requalificada.

Para Viegas (2012), a preservação ambiental é o fim dos princípios da prevenção

e da precaução, cujos termos, para muitos autores, não há diferença. Produzir com

preservação é o caminho para se alcançar o desenvolvimento sustentável. A Lei das Águas

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estimula esta postura, ao estabelecer que as características físico-químicas, biológicas e de

toxidade dos efluentes que serão levadas em consideração na fixação dos valores a serem

cobrados pelo uso dos recursos hídricos (art. 21, II). Desse modo, aquele que pautar seu agir

em conformidade com os preceitos constitucionais de proteção e preservação do meio

ambiente qualificado pagará menos ou não pagará pelo uso da água.

Preservar é proteger de um dano futuro. Logo, nosso sistema jurídico está

alicerçado na antecipação, como forma de impedir a ocorrência de agressão ao meio

ambiente. Prefere-se a prevenção à responsabilização do degradador. Proteger o meio

ambiente a partir da noção de risco, não sendo fundamentada na noção de dado (LEITE;

AYALA, 2004.).

A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, dispõe sobre a política nacional do meio

ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências. De

acordo com Catalan (2005, p. 163), “de fato o princípio da prevenção atua diante de riscos

certos e de perigo concreto de danos, ao passo que a precaução se relaciona a riscos incertos e

perigo abstrato ou potencial.”

Os reflexos dessa distinção são inúmeros, podendo-se exemplificar com o fato de

que, em ações tendentes a acautelar a lesão ambiental, quando fundada no princípio da

precaução, a discussão central que se trava diz respeito à inexistência do risco, enquanto esse

debate não ocorre quando a base teórica de demanda é a prevenção (VIEGAS, 2012).

De acordo com Tupiassu (2003, p. 171),

A prevenção enquanto princípio foi tomada como diretriz ambiental básica desde a

declaração do meio ambiente de Estocolmo (1972), vindo, a partir de lá, a orientar

todas as políticas ambientais modernas, notadamente marcadas por uma incessante

busca de novas tecnologias, capazes de afastar os riscos de danos ambientais.

A necessidade da preservação e da prevenção do desperdício da água subterrânea

é um dos caminhos para se alcançar o desenvolvimento sustentável, atrelado a políticas

ambientais modernas e de qualidade. Os novos gestores e administradores terão papel

decisivo em proteger este recurso.

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2 GESTÃO DOS USOS DA ÁGUA

A água, bem fundamental para a vida, influencia nossa história, cultura, formas de

viver e cotidiano. Aproximadamente 70% de nosso corpo é constituído de água, daí ser um

reflexo de que somos. Sem ela não haveria vida em nosso planeta. Segundo Costa (2006), o

Brasil é o país mais rico do mundo em recursos hídricos, pois conta com 13,7% de água doce

disponível do planeta, além de abrigar enorme biodiversidade, como o Pantanal, a maior área

úmida continental do mundo, e a várzea amazônica, a mais extensa floresta alagada da terra.

De acordo com Costa (2006, p. 5),

Apesar da privilegiada situação quanto à quantidade e à qualidade de suas águas,

nossos recursos hídricos não vêm sendo utilizados de forma correta e responsável.

Superexploração, despreocupação com os mananciais, má distribuição, poluição,

desmatamento e desperdício são fatores que demonstram a falta de cuidado com este

valioso bem, o mau uso põe em risco a vida de todos os seres vivos e afeta

diretamente as diversas atividades humanas.

Mesmo com uma privilegiada quantidade de água distribuída em nosso país, os

recursos hídricos estão sendo desperdiçados e mal administrados devido à falta de

informação, de orientação, e até certo ponto, de desvalorização desse recurso tão importante.

O mau uso da água prejudica a vida de todos e contribui para a escassez.

De acordo com Rebouças (1999), “os países hoje em dia são avaliados pela forma

como sabem usar a água, e não pelo que tem de água, por que é mais importante hoje saber

usar a água do que ostentar a abundância”.

Para Rebouças (2008), “embora o Brasil ostente a maior descarga de água doce do

mundo nos seus rios, quando estes secarem ou só transportarem esgotos não tratados das

nossas cidades, já não será possível produzir alimentos, plantar arvores e o dinheiro do bolso

de pouco valerá”. Vieira (2006) elucida que durante bilhões de anos, a água vem se reciclando

naturalmente, sem fronteiras ou barreiras geográficas, garantindo vida na Terra e

multiplicando seu uso de diversas formas.

De acordo com Vieira (2006, p. 12),

Em função de seu ciclo natural, acredita-se que a água nunca desaparecerá.

Entretanto, se o mau uso continuar, encontrar água potável será cada vez mais difícil

e raro, pois a contaminação ou poluição acontece facilmente e pode ocorrer em

qualquer fase do ciclo.

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Conforme o mesmo autor há uma falsa impressão que a água nunca terá fim, por

haver em grande quantidade, alguns gestores pecam por não atentarem para os usos da água

subterrânea em sua organização. Se bem administrado um poço dificilmente secará.

De acordo com Rebouças (2008, p. 22).

Os dados geológicos disponíveis indicam que a quantidade total de água da Terra

permaneceu praticamente constante durante os últimos milhões de anos. Porém, os

volumes estocados em cada um dos grandes reservatórios de água da Terra –

oceanos, calotas polares, geleiras, águas subterrâneas, - podem ter variado durante

esse tempo, em níveis nunca imaginados.

Viegas (2012) estabelece que conceber a água como um bem de domínio público,

bem de uso comum do povo, não significa aplicar a este recurso a teoria clássica do direito de

propriedade, como se seu titular desfrutasse do direito de usar, gozar e dispor da coisa como

bem entendesse. Canotilho e Leite (2007) o regime de dominialidade não pode originar

relações de propriedade, mas sim de gestão públicas sobre as águas como um todo, e que nele

não há proprietários, mas fiduciários ou responsáveis.

Ainda de acordo com Viegas (2012, p. 114),

Com efeito, a dominialidade e gestão da água não se confundem, porém se

relacionam. Se as águas não fossem de titularidade pública, como seria viabilizada

sua administração nos moldes hoje existentes? Ela somente é possível porque os

recursos hídricos, pertencendo à União ou aos estados, são de titularidade comum de

todos os membros da sociedade, já que o estado é um ente abstrato, tendo como

objetivo a satisfação de bem comum, que, no tocante às águas, é alcançado mais

facilmente por intermédio da gestão descentralizada e participativa.

A dominialidade e a gestão da água devem estar unidas para que os recursos

hídricos sejam bem administrados, pois a água é um bem público que deve ser garantido a

todas as pessoas como reza a Lei nº 9433/97. E por intermédio da participação da sociedade

que este recurso poderá ser bem distribuído satisfazendo a maioria.

2.1 Fontes de água

Todos os mananciais são fundamentais para o abastecimento das pequenas e grandes

cidades, daí a importância de serem protegidos por leis que os defendam da degradação, e

somente pessoas e órgãos comprometidos com o bom uso das águas poderão melhorar a

gestão dos mananciais.

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Costa (2006) analisa que desde os velhos tempos, buscamos as fontes de água e com a

urbanização foi preciso pensar em formas de levar a água mais facilmente para o consumo

diário; captando, tratando e distribuindo. Antigamente, as nascentes das fazendas eram

preservadas, mas com o aumento das áreas para plantio, as leis de preservação passaram a ser

desrespeitadas.

De acordo com Vieira (2006, p. 16),

Uma sociedade comprometida pode redesenhar a sua história buscando melhorar a

gestão dos seus mananciais. É preciso reconhecer que as áreas dos mananciais são

prioritárias para o abastecimento público, acima de qualquer interesse e protegida

por leis.

Para Rebouças (2008) “nos países desenvolvidos é crescente o número de

exemplos positivos de que o uso eficiente da água em geral, subterrânea ou de reciclagem, são

as alternativas mais baratas. Atualmente, aquífero confinado ou profundo e inacessível, tanto

para produção, quanto para monitoramento ou injeção de água de enchentes dos rios ou de

reuso. Assim, são de fundamental importância que o setor perfuração de poços pense nas

diferentes funções que poderão ser desempenhados pelos aquíferos”.

Conforme Rebouças (2008, p. 47):

Já dissemos mais de uma vez que os rios que drenam mais de 90% do território

nacional são perenes, ou seja, nunca secam, revelando uma grande abundância de

água doce no seu território. Certamente esta condição muito contribui para que o

Brasil ostente a grande exuberância da sua cobertura vegetal e a maior diversidade

do planeta.

De acordo com Barrêto (2006), “a maior parte de nossas águas está concentrada

na Região Amazônica, onde mora a menor fatia da população. A região sudeste, com mais de

100 habitantes por km², é abastecida pela Bacia do Atlântico Sudeste que detém somente

2,5% de descarga dos rios”.

Segundo o Atlas da Água (2010), estima-se que o Brasil concentra entre 12% a

16% do total de recursos hídricos do planeta, entre águas superficiais, subterrâneas e

atmosféricas. Não à toa, surgem cada vez mais denúncias de tráfico de água da Amazônia por

navios piratas e tentativas de estrangeiros de se apossar das reservas brasileiras – teorias

conspiratórias ou não.

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2.2 Critério de gestão integrada da água através das bacias hidrográficas

Um bom planejamento integrado das bacias hidrográficas é um dos principais

caminhos para solucionar os problemas ligados à gestão dos recursos hídricos no Brasil. No

gráfico da figura 1, conforme a Agência Nacional das Águas (ANA), o país possui 12 bacias

hidrográficas, que estão distribuídas por todo o território nacional.

Conforme Rebouças (2004, p. 29) “em relação aos critérios de gestão da água”:

A grande novidade neste caso é fazer a gestão integrada da água numa bacia

hidrográfica, que seja aquela que escoa visível pelos rios; a água que infiltra nos

terrenos e dá suporte ao desenvolvimento da sua cobertura vegetal natural ou

cultivada, as águas que se infiltram e circulam pelo subsolo da bacia hidrográfica em

apreço e que vão desaguar nos rios durante os períodos sem chuva, alimentando as

suas descargas de base; as águas de chuva captadas pelas cisternas e reuso das águas

nas cidades, na indústria e na agricultura.

A gestão da água, bem como a gestão das bacias hidrográficas de uma maneira

correta e criteriosa tende a minimizar os efeitos da degradação, além de ser necessária uma

maior fiscalização por parte das autoridades.

No pensamento de Jacob (2011, p. 44) acerca da gestão integrada das Bacias

Hidrográficas.

A gestão de bacias hidrográficas assume crescente importância no Brasil, à medida

que aumentam os efeitos da degradação ambiental sobre a disponibilidade de

recursos hídricos. Em termos da evolução das políticas públicas no Brasil, houve

importantes avanços no setor de recursos hídricos ao longo dos últimos 20 anos. O

país mudou de uma gestão institucionalmente fragmentada para uma legislação

integrada e descentralizada.

A gestão de bacias hidrográficas possui um papel de extrema importância para o

país e através deste tipo de gestão que a água torna-se mais valorizada. O Brasil possui uma

grande disponibilidade de recursos hídricos, daí a importância de ter um sistema de

administração que atenda a essas necessidades.

E Vieira (2006) afirma que compete à União e aos estados legislar sobre as águas

e organizar, a partir das bacias hidrográficas, um sistema de administração de recursos

hídricos que atenda as necessidades regionais. Cada constituição estadual precisa tratar de

políticas, diretrizes e critérios de gerenciamento de recursos hídricos, ficando subordinada à

legislação federal sobre as águas e o meio ambiente.

Contudo, Vieira (2006) afirma que a nova lei definiu as bacias hidrográficas como

unidades de planejamento para a gestão das águas, estabelecendo que os comitês de bacias

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hidrográficas, contando com a participação dos usuários, das prefeituras, da sociedade civil

organizada e dos demais níveis de governo (estadual e federal), devem tratar de seus conflitos

em cada região.

Figura 1.

Fonte: ANA (Agência Nacional das Águas, 2005).

Vieira (2006, p. 43) descreve, em seus estudos acerca da adoção de bacia

hidrográfica, que:

É importante saber que a adoção de bacia hidrográfica, como unidade de gestão dos

recursos hídricos, define um espaço geográfico de atuação que ajuda a promover o

planejamento regional, controlar o aproveitamento dos usos da água na região, a

proteger e conservar as fontes de captação nas partes altas da bacia e discutir com

diferentes pessoas e setores as soluções para os conflitos. Vale destacar também que

a Bacia Hidrográfica está relacionada ao espaço físico e não político, ou seja,

geralmente ultrapassa a fronteira dos municípios, Estados e, mesmo países.

Segundo Vieira (2006), quanto mais a gestão se der em nível estadual, municipal,

menor será a burocracia e mais próxima será a resolução dos conflitos. Outra forma

importante que vem ocorrendo é a organização de consórcios intermunicipais, criados pelos

municípios localizados em uma bacia. De acordo com Lanna (1999, p. 16), “o modelo

burocrático de gerenciar o uso das águas começou a ser implantado no fim do século XIX,

uma das suas principais características é a racionalidade e a hierarquização”.

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2.3 Privatização da água

Muitos têm interesse na água, pois a mesma torna-se um produto com alto valor

econômico e a cobrança pelo seu uso está no fato de levá-la aos consumidores, portanto, a sua

privatização gera muitas discussões. De acordo com Garzon (2006, p. 16),

O fracasso das privatizações da água é a evidencia mais clara do fracasso das

políticas neoliberais na América Latina. Vivemos no setor da água uma típica

situação de terra arrastada: desorganização regulatória, desmonte dos aparatos

públicos, escandalosos processos de indenização movidos pelas transnacionais.

A crescente liberalização e as privatizações dos serviços de distribuição da água

agravaram as situações de pobreza, situações estas que demandam por ações mais efetivas dos

administradores. Garzon (2006) explica que:

“privatizar ou desregulamentar a água significa amortecer as nervuras sociais de

uma coletividade, significa minar a capacidade de planejar as políticas como foco na

universidade dos direitos e no controle social. A privatização da água, para as

instituições financeiras e grandes investidores é um efeito demonstração da

maleabilidade institucional do país”.

Na interpretação de Castro (2006), “do ponto de vista da dinâmica dos mercados

em expansão, o interesse mundial despertado recentemente pela água está relacionado a

pressões empresariais para ampliar a mercantilização desse recurso. Na última década do

século passado, a água começou a ser considerada pelas agências internacionais: Fundo

Monetário Internacional (FMI), o Acordo Geral sobre Comércio e Serviços (GATS) e a

Organização Mundial do Comércio (OMC), como um tema central para negociações nas

arenas econômicas”.

De acordo com Vieira (2006, p. 34),

Apesar de a lei nº 9433, no Brasil, declarar a água como um bem de domínio público

e proibir sua privatização, ainda existem lacunas relacionadas à água subterrânea e

conflitos no que diz respeito ao marco regulatório do setor de saneamento ambiental.

Tais problemas podem gerar situações em que o interesse econômico se sobreponha

às necessidades da população e da natureza.

Mesmo com a proibição da privatização da água, de acordo com a Lei 9.433/97,

no Brasil a água subterrânea continua sendo negociada, desfavorecendo as classes mais

humildes. Na visão de Vieira (2006), com a escassez mundial de água potável, algumas

regiões estão negociando acordos para trazê-la de lugares distantes com a construção de

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aquedutos, exploração ou transposição de rios. No Brasil, a transposição das águas do rio São

Francisco tem gerado inúmeras discussões. Ao mesmo tempo, empresas ganham espaço direto

para explorar fontes de água e ampliar seus serviços de saneamento básico. A água representa

um bem de primeira necessidade, mas está sendo tratada como um bem econômico, sujeito à

livre negociação.

Segundo o artigo 5 da declaração universal dos direitos da água (1992):

A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um

empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital,

assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e

futuras.

Os novos gestores e administradores dos setores públicos e nas organizações têm

um papel importantíssimo na preservação da água. O planejamento, o foco no abastecimento

para que se possa garantir a oferta da água de boa qualidade para o presente e o futuro.

Para Vieira (2006), a água como mercadoria vem sendo debatida por movimentos

ambientalistas e humanitários preocupados com os impactos sobre as diversas espécies de

seres vivos e seus ecossistemas. Os grupos alertam para o caso de as empresas se apossarem

de águas subterrâneas, podendo vendê-las como água mineral, enquanto para o abastecimento

da população utilizam-se águas superficiais, mais sujeitas à contaminação. Outra justificativa

é que as águas do subsolo se renovam mais lentamente que as águas de rios e lagos.

Conforme Jerson Kelman, diretor-presidente da Agência Nacional de Águas –

ANA (2001-2004) (2004, p. 116),

Isso não é comercializado, que dizer, não é percebido isso. Mas essa é uma

vantagem. Nós temos muita água, podemos produzir esses produtos quando outros

países vão estar limitados não por terra, não por gente, não por tecnologia, mas sim

por falta de água. Isso nós temos.

De acordo com Rodriguez (2006), os acordos comerciais em negociação na

Organização Mundial do Comércio (OMC) e as orientações macroeconômicas emanadas pelo

Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial continuam impulsionando os

países endividados para o aprofundamento das políticas de privatização e de facilitação do

fluxo de investimentos sobre esses bens naturais. Desta forma, as pressões exercidas pelos

países poderosos através, destes organismos internacionais, que expressam na realidade as

visões e interesses de suas próprias corporações, vêm impactando e reduzindo o espaço de

autonomia e soberania dos países periféricos para a definição de políticas públicas de

desenvolvimento (RODRIGUEZ, 2006).

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A água é um bem natural de estimado valor, e a pressão de organizações

estrangeiras pela sua privatização não podem ser mais importantes que as necessidades da

população.

No pensamento de Rodriguez (2006, p. 8), “entre os recursos naturais

potencialmente lucrativos, a água se converte cada dia mais em objeto de interesse estratégico

das corporações transnacionais, pois se especula que sua mercantilização será um dos

negócios mais vantajosos dos próximos anos”.

Conforme Barbosa (2006, p. 9),

Apesar de desde o início da OMC o GATS ter sido considerado, especialmente pelos

negociadores dos países desenvolvidos, como um acordo de ‘de baixo para cima’ na

medida em que os países não seriam obrigados a se comprometer com um

determinado tipo de abertura no setor de serviços, na prática, a situação é mais

complexa e bastante menos flexível do que aparenta.

Conforme Rodriguez (2004) a água é um direito humano e não uma mercadoria, e

seu acesso deve ser garantido a todos os seres humanos como parte do direito à vida. Ao

mesmo tempo, o direito à água facilita o trabalho cotidiano, permitindo assim avanços nos

processos tendentes à equidade de gênero na sociedade.

Garzon (2006, p. 16) estabelece que:

“O mercado da água” é cobiçado não apenas pelas suas possibilidades extrativas,

mas pela inserção privilegiada que confere aos que estiverem nele posicionados, nos

setores de infraestrutura (energético, imobiliário, de transportes) de produção de

matérias-primas (agropecuária e aquicultura de camarões e peixes), e de bens de

consumo final (água mineral, bebidas de uso “recreativo” e alimentos

industrializados), de turismo e lazer (hotéis, resorts, balneários e clubes).

Para os setores de infraestrutura, a água é essencial para o seu bom

funcionamento, portanto, como os mesmos não conseguiriam manter-se no mercado, caso a

água fosse indisponível. Daí o grande interesse pelo cobiçado “mercado da água”.

Para Garzon (2006, p.18),

Inconcebível que prerrogativas e aspirações de uma coletividade sejam transferidas a

grupos econômicos particulares, em geral ramificações de corporações

transnacionais. A água e todos os serviços e setores essenciais que a utilizam

(saneamento ambiental, irrigação, sistemas hidroelétricos e hidroviários), não devem

ser incluídos em acordos comerciais, acordos de proteção de investidores, acordos

de conversão de dívida e condicionalidades de financiamento.

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Na visão de Pickens (2010), a água é o novo petróleo e está apostando nesse

mercado mundial. Para este autor, é tão bom cuidar dessa fonte de milhões de anos quanto

qualquer orgão público. Muitos, porém, não concordam com ele Viegas (2012, p. 103), por

exemplo, afirma que:

Não se precisa ir muito longe para perceber a realidade do aumento das tarifas a

partir da privatização de serviços públicos bastando que se atente para os valores

cobrados pelas empresas. A água é um dos recursos naturais mais importantes para a

vida, pois ao lado do ar que se respira, é fundamental em toda a trajetória delimitada

entre o nascimento e a morte. Um bem dessa envergadura não pode estar nas mãos

da exploração privada.

É de conhecimento de todos que a água é um recurso indispensável para qualquer

ser vivo. Não se deve entregá-la à iniciativa privada sem que aja uma fiscalização por parte

dos órgãos reguladores, pois, baseando-se nos exemplos onde houve a sua privatização

aconteceu um claro aumento das tarifas. Para Garzon (2006, p. 17),

Água não é simples “recurso”, mas esteio de uma coletividade e de seus recursos. A

liberalização e a privatização da água, do saneamento e dos serviços ambientais

significariam uma violação do nosso direito à autodeterminação, direito de decidir

que país e que mundo queremos. O destino da água do Brasil influenciará

fortemente o destino das águas no mundo.

De acordo com Teixeira (2011), a questão da gestão dos recursos hídricos passou

por uma grande transformação no Brasil no fim do século passado, quando as empresas

estaduais de fornecimento de água e saneamento perderam o monopólio do mercado. Muitas

foram municipalizadas e outras privatizadas.

De acordo com Deen (2011), o crescimento rápido e desordenado das cidades em

todo o mundo, em especial nos países em desenvolvimento, faz com que ao lado de

magníficas obras arquitetônica surjam favelas e todo o tipo, de sub-habitações. Isso exige a

tomada de planejamento urbano como foco no uso eficiente da água.

Segundo Barlow (2011, p. 46), em relação à água, “é preciso conservá-la,

recuperar os cursos d’água, evitar as contaminações das fontes, o que deve ser considerado

crime, e fazer um uso mais equitativo pelo o bem das pessoas do futuro e das outras espécies”.

De acordo Vieira (2006, p. 12), em seus estudos sobre a água:

Em função de seu ciclo natural, acredita-se que a água nunca desaparecerá.

Entretanto, se o mau uso continua, encontrar a água potável será cada vez mais

difícil e raro, pois a contaminação ou poluição acontece facilmente e pode ocorrer

em qualquer fase do ciclo.

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De acordo com o mesmo autor, a crise da água, apontada pelos técnicos e

cientistas, será enfrentada por todos, mas será a população mais pobre a mais sujeita a

contaminações diretas, pois continuará a usar os córregos e rios, muitas vezes poluídos, para

higiene, para abastecimento d’água.

Para Viegas (2012), sempre existirão regiões em que o recurso natural da água se

mostrou escasso. Com o desenvolvimento da humanidade, a escassez hídrica ampliou-se em

volume, sendo incrementado pela crise qualitativa dos mananciais. Esse déficit quali-

quantitativo de água doce tem sido denominado crise da água.

Estimativas dão conta de que, atualmente, mais de um bilhão de pessoas não

dispõem de água potável suficiente para o consumo e que em 25 anos cerca de 5,5 bilhões

estarão vivendo em locais de moderada ou considerável falta d’água (ANA). A Organização

das Nações Unidas (ONU), de outro lado, aponta que faltará água potável para 40% da

população mundial em 2050, enquanto especialistas com visão mais pessimista antecipam

esse prazo para 2025 (CNBB, 2003).

Para Rebouças (2008), a falsa ideia de abundância de água no Brasil tem dado

suporte aos baixos níveis de eficiência nas indústrias de abastecimento, cujos índices de

perdas totais com o vazamento físico nas redes de distribuição e falta de faturamento da água

fornecida situam-se entre 40% e 70%, contra os 15% registrados nas cidades dos países

desenvolvidos.

Segundo Rebouças (2008, p. 175),

Portanto, tendo em vista que a água disponível no mundo, no Brasil, no estado ou na

sua paróquia, é um recurso praticamente constate ao longo dos últimos 10 anos, pelo

menos a alternativa mais plausível para atender demandas crescentes para

abastecimento doméstico, industrial e agrícola é aprender a usá-la de forma cada dia

mais eficiente. Ou seja, o grande desafio da ANA é ensinar a usar, de forma mais

eficiente a gota de água disponível.

A “crise da água” se anuncia como marca deste terceiro milênio, esquecendo-se o

fato de as Américas constituírem o pedaço mais rico de água doce do planeta (REBOUÇAS,

2008). Conforme Viegas (2012), a compreensão da crise da água implica, necessariamente,

numa visão sistêmica a respeito da problemática ambiental como um todo. Com base nessa

consideração, não se pode ignorar que a degradação da água está diretamente relacionada com

o efeito estufa e o desmatamento.

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De acordo com Vieira (2006, p. 12), em seus estudos sobre o uso da água:

Até pouco tempo, o planeta funcionava como um autopurificador e seus sistemas

naturais de filtragem eram suficientes para garantir a limpeza dos poluentes. O

aumento da taxa populacional somado ao modelo de desenvolvimento, propiciou o

crescimento desordenado das cidades e o lançamento de lixo e esgotos sem

tratamento nos corpos d’água. Indústrias lançam produtos tóxicos e o uso irracional

de água na agricultura levou ao aumento crescente de demanda por água. A redução

de áreas verdes pelos desmatamentos vem alterando a quantidade e a qualidade de

água e do clima. Os mecanismos de defesa da terra acabaram enfraquecendo e hoje

temos um estresse de água.

Na visão de Vieira (2006), os principais fatores que contribuem para a crise da

água são os seguintes:

Desconsideração das características de cada região para a implementação dos

processos de gestão das águas;

Participação ainda muito pequena da sociedade na gestão;

Necessidade de melhor estruturação dos órgãos ambientais, para cooperação e

cumprimento de suas funções, como fiscalização;

Poucos investimentos voltados à prevenção da poluição da água;

Ausência de monitoramento da qualidade das águas subterrâneas;

Degradação dos ecossistemas aquáticos e obras que alteram os ciclos

hidrológicos;

Disposição inadequada dos resíduos sólidos, provocando a contaminação do

solo e da água;

Enchentes periódicas nos grandes centros urbanos;

Agricultura mal planejada;

Inexistência de práticas efetivas de gestão integrada dos múltiplos usos dos

recursos hídricos.

Barlow (2011), afirma que a principal causa da atual crise é que “os humanos

modernos consideram a água um enorme recurso para nosso prazer, conveniência e beneficio,

e não um elemento essencial de um ecossistema vivente que nos dá vida”. Para Viegas (2012),

inúmeras são as razões que levaram o mundo ao estágio atual da crise que enfrenta pela

escassez de recursos hídricos, esteja ela ligada à falta ou insuficiência da água, ou à carência

de sua potabilidade, o que limita ou impede o seu uso para o consumo humano e para a

dessedentação de animais.

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Conforme o mesmo autor, outra causa geradora da “crise hídrica” é o aquecimento

global, também denominado efeito estufa, que repercute diretamente sobre as fontes de água

doce. A queima de combustíveis fósseis em grandes quantidades e por longo período,

agregada a outros fatores, como a eliminação de porção significativa da cobertura vegetal da

terra, tem feito com que o planeta fique mais quente.

Ao lado da poluição ambiental, a escassez de água potável decorre do aumento

irracional e desenfreado da população mundial, sem que as políticas de ordenamento

territorial e de meio ambiente atendam adequadamente a essas novas demandas (VIEGAS,

2012). Viegas (2012) explica que as principais causas antrópicos da crise podem ser

agrupadas em três grandes blocos: poluição ambiental, crescimento populacional e

desperdício de água. Não deixa de gerenciar adequadamente os recursos hídricos e quando a

negligência a formulação de uma política mundial de preservação ambiental, que englobaria

uma política de águas, enfatiza o autor.

Koffi (2003, p. 23), em uma declaração sobre a crise da água, diz: “É provável

que a água se transforme numa fonte cada vez maior de tensão e competição entre as Nações,

a continuarem as tendências atuais, mas também poderá ser um catalisador para viabilizar a

cooperação entre os países.”

Segundo Santilli (2003), “para muitos, os conflitos pela água não consistem ainda

em realidade palpável, mas concretos para o cidadão comum; são problemas que atingem a

saúde humana em decorrência da crise da água”. Outra consequência da crise instalada é a

cobrança pelo uso do recurso hídrico, visando, entre outras coisas, a incentivar a

racionalização do uso da água (BRASIL, 1997).

Viegas (2012) afirma que o último resultado da crise da água que merece especial

atenção diz respeito à limitação mundial na produção de alimento, a qual repercute

umbilicalmente no aumento da fome e do sofrimento dos seres humanos, sobretudo daqueles

residentes em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.

Conforme Graf (2003, p. 52), em seus estudos:

Grandes extensões de áreas antes férteis estão perdendo sua capacidade de produzir,

em razão do mau uso do meio ambiente, até mesmas regiões metropolitanas

cercadas por mananciais vem sofrendo com a escassez de água, decorrente da

diminuição da sua qualidade, comprometida por desmatamentos, poluição e

ocupação irregular.

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A má administração dos poços que são utilizados para o uso da água subterrânea

está comprometendo áreas férteis, antes abundantes em produzir. As regiões metropolitanas

são as mais atingidas, além da perda da qualidade.

Assim, a água se converte cada dia mais em um objeto de interesse estratégico das

organizações, pois sua possível mercantilização será um dos negócios mais vantajosos nos

próximos anos (RODRIGUES, 2006).

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3 GESTÃO HÍDRICA

Pereira (2000) salienta que a gestão dos recursos hídricos é diferente da gestão de

bacias hidrográficas. De acordo com o autor, a primeira trata somente do elemento água em

todos os seus enfoques que consistem em:

Ciclo hidrológico;

Qualidade da água;

Água como insumo energético;

Aproveitamento da água e

Controle da água.

Para Rebouças (2004, p. 28), “A lógica do poder costuma considerar como

recurso hídrico o blue water flow, isto é, a parcela de água que flui visível pelos rios, enche os

açudes, produz energia hidrelétrica ou deságua nos lagos e pantanais”.

De acordo com Rebouças (2004, p. 28),

Entretanto, as obras de captação dessas águas, em geral, custam muito dinheiro, o

qual é obtido na forma de cotações orçamentárias ou de empréstimos junto às

agências financeiras internacionais ou nacionais com taxas privilegiadas de juros.

Nesta forma de abordagem, as empresas públicas ou estatais de abastecimento

parecem não ter preocupação com o custo da água disponível, a eficiência do seu

fornecimento, os grandes desperdícios das formas de uso múltiplo.

As obras que captam a água para o fornecimento junto à população são bastante

caras e muitas vezes levam anos para serem finalizadas, por isso, as empresas estatais não se

preocupam com o custo da água e muito menos com a eficiência de seu fornecimento, bem

como o seu desperdício. O art. 21, XIX, da CF diz que a União instituiu o Sistema Nacional

de Gerenciamento de Recursos Hídricos e para definir critérios de autorga de direito de uso da

água; art. 22, IV, estabelece a competência privativa da União para legislar sobre água

(MILARÉ, 2007).

Conforme Viegas (2012, p. 63) “a Gestão Hídrica varia de acordo com uma série

de fatores. Dentre eles, destaca-se a propriedade do recurso ambiental”. Nas palavras de

Lanna e Braga (2006, p. 629), “Os problemas de escassez, seja de água ou de qualquer outro

elemento, são sempre geridos por meio de regime de propriedade, com efeito, os bens

públicos são administrados de forma diferenciada em relação aos bens particulares”.

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Viegas (2006, p. 100), em relação ao sistema de Gestão Hídrica esclarece:

A descentralização participativa tem sido um instrumento importante utilizado pelos

modernos sistemas de Gestão dos Recursos Hídricos em países em que houve a

publicização das águas. Essa metodologia permite ao Estado manter o domínio sobre

a água e ao mesmo tempo descentralizar a Gestão, permitindo a participação da

sociedade e dos usuários da água através de entidades especialmente implantadas.

Para Viegas (2012), existem atividades de gestão hídrica exclusivas do poder

público, com a autorga do direito de uso da água (art. 14 da Lei de nº 9.433/97), mas, mesmo

nestas, ocorre a interferência de outros setores, evidenciando-se o caráter participativo

também nessa aparentemente centralização de gerenciamento; por outro lado, a Lei das Águas

atribui a órgãos formados por diversos segmentos da sociedade parcela expressiva da

administração dos recursos hídricos. Dentre os principais órgãos que administram os recursos

hídricos podemos destacar os seguintes:

comitês de bacia: primeiro nível da administração dos recursos hídricos;

agências de água: tornam o sistema descentralizado e participativo e

conselhos nacionais e estaduais de recursos hídricos: possuem relevantes

competências normativas e decisórias.

Tendo-se presente que as águas são de domínio público e que sua administração é

compartilhada entre o setor público e outros interessados, resta que examinem os principais

materiais que norteiam a gestão hídrica (VIEGAS, 2012, p. 114). A declaração escrita foi

criada no Dia Mundial da Água, em 22 de março de 1992 e lembra a todos como esse recurso

natural é importante para a existência da vida na Terra (GIL, 2011, p. 98).

3.1 Gestão hídrica a partir dos princípios da gestão integrada e dos princípios

ambientais

No Brasil, a Lei Federal nº 9.433/97 proclama com clareza os princípios básicos

da Gestão Integrada da Gota D’água disponível que é praticada nos países desenvolvidos.

Conforme Rebouças (2008, p. 75)

1. Adoção da Bacia Hidrográfica como unidade de planejamento. Argumenta-se

que tendo os limites da bacia como o que define perímetro da área, a ser

planejada, fica mais fácil fazer-se o confronto entre disponibilidades e

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demandas de água. Assim, a Bacia Hidrográfica é um sistema físico que define

uma área de captação da água precipitada da atmosfera.

2. O segundo princípio da referida Lei representa os usos múltiplos da água.

Trata-se de um dispositivo muito relevante, pois no Brasil, em particular, a

tradição tem sido de só atribuir recurso hídrico àquele que flui pelos rios e de

interesse do setor hidrelétrico, que tem atuado como único agente do processo

de gestão, ilustrando a clara assimetria de tratamento da conferida pelo poder

central, em detrimento das demais categorias usuárias da água.

3. O terceiro princípio é o do reconhecimento do valor econômico da água, fator

fortemente indutor de seu uso mais racional e serve de base à instituição da

cobrança pela utilização dos recursos hídricos, um dos instrumentos de política

de setor.

4. O quarto princípio é o da gestão descentralizada e participativa. A gestão

descentralizada é certamente o princípio mais difícil de implementação no

Brasil, porque significa perda de poder de teocracia ou absolutismo. Ela

constitui um método que enseja aos usuários, à sociedade civil organizada, às

organizações não governamentais (ONGs) e outros agentes interessados a

possibilidade de influenciar no processo de tomada de decisão sobre outros

investimentos e outras formas de intervenção na Bacia Hidrográfica em apreço.

5. O quinto e último princípio da Lei Federal nº 9.433/97 estabelece que, em

situações de escassez de água, o preceito constitucional deve ser seguido, o

qual prioriza o abastecimento humano e a dessedentação de animais.

Na visão de Viegas (2012), os princípios eleitos em razão de sua destacada

significação MP âmbito ambiental são: desenvolvimento sustentável, prevenção e precaução,

poluidor pagador e usuário pagador. Capra (1996) afirma que os passivos ambientais são

problemas sistêmicos, o que significa que estão interligados e são interdependes. A partir

desse ponto de vista, as únicas soluções possíveis são os “sustentáveis”, exigindo de todos as

mudanças radicais de percepção, pensamento, valores e comportamento.

Henkes (2005, p. 37) estabelece em seus estudos sobre o desenvolvimento

sustentável:

Importante também é o legislador não se restringir apenas a positivar o princípio de

desenvolvimento sustentável. Na mesma lei disciplinou instrumentos capazes de

auxiliar na sua implementação, destacando-se o licenciamento, que, tendo caráter

preventivo de danos e degradações ambientais, consiste em meio posto à consecução

do ecodesenvolvimento.

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Viegas (2012) explica que o princípio de desenvolvimento sustentável tem o papel

de conciliar desenvolvimento econômico, preservação ambiental e melhoria da qualidade de

vida. Logo, a atividade hidrelétrica deve ser estudada à luz da sustentabilidade, sob pena de

incorrer-se nos mesmos erros do passado, quando a preocupação estava apenas na produção

sem qualquer cuidado ou responsabilidade com o meio ambiente.

Leff (2001, p. 21) faz a seguinte crítica em relação ao desenvolvimento

sustentável:

Neste processo, a noção de sustentabilidade foi sendo divulgada e vulgarizada até

fazer parte do discurso oficial e da linguagem comum. Porém, além do mimetismo

discursivo que o uso retórico do conceito gerou, não definiu um sentido teórico e

prático capaz de unificar as vias de transição para a sustentabilidade.

A crítica de Leff demonstra que a ideia de desenvolvimento sustentável era

desprezado e desvalorizado pelo menos até fazer parte do cotidiano e se tornar capaz de unir

os meios de transição sustentável. Segundo Fiorillo (2000, p. 26), o que o princípio da

sustentabilidade impõe é que “as atividades sejam desenvolvidas lançando-se mão dos

instrumentos existentes adequados para a menor degradação possível”.

Assim, em se considerando a coexistência constitucional de princípios relativos à

exploração econômica e relativos à preservação ambiental, não se pode admitir a absoluta

precedência dos primeiros sobre os segundos (TUPIASSU, 2003, p. 164).

Sampaio, Wald e Nardy (2003, p. 47) explicitam:

Há um prima principium ambiental: o do desenvolvimento sustentável, que consiste

no uso racional e equilibrado dos recursos naturais, de forma de atender as

necessidades das gerações presentes, sem prejudicar o seu emprego pelas gerações

futuras.

De acordo com Viegas (2012), o direito ambiental tem como prioridade a

prevenção de danos, o que está inserto no princípio do desenvolvimento sustentável. Em seus

estudos Alves (2005, p. 41) indica que “a prática e os estudos sociais decorrentes da

degradação ambiental, enfocadas nas diversas conferências mundiais para proteção do meio

ambiente, possibilitaram transferir o paradigma do sistema de reparação para o de

preservação”.

A prevenção enquanto princípio foi tomada como “diretriz ambiental básica desde

a declaração do meio ambiente de Estocolmo (1972), vindo, a partir de lá, a orientar todas as

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políticas ambientais modernas, notadamente marcadas por uma incessante busca de novas

tecnologias, capazes de afastar os riscos ambientais” (TUPIASSU, 2003, p. 171).

Benjamim (2002), ao tratar dos benefícios auferidos com a constitucionalização

da proteção do meio ambiente, afirma que as normas constitucionais ambientais legitimam,

facilitam e obrigam a intervenção estatal em favor do ambiente. Ainda conforme este autor,

(2002, p. 95) “intervenção estatal deve ser preventiva (e de precaução) e positiva, na esteira

do reconhecimento de que a nossa é uma era que crescentemente aceita e até exige

governabilidade afirmativa”.

Antunes (2006) enfatiza o princípio da precaução como um princípio não dotado

de normatividade no direito brasileiro, para que se sobreponha a princípios fundamentais da

república entre os quais se destacam os da dignidade da pessoa humana, dos valores sociais

do trabalho e da livre iniciativa. Para o autor, a única aplicação juridicamente legítima que se

pode fazer do princípio é reconhecer que a legislação nacional determina a avaliação dos

impactos ambientais de dada atividade.

A Constituição Brasileira reconhece o princípio da precaução ao impor o poder

público e a coletividade o dever de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente

equilibrado para os presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988). Alves (2005, p. 45) reforça

esse entendimento, acrescentando:

Como princípio constitucional, a precaução passa a ter natureza de norma, de

preceito jurídico com conteúdo diretor do sistema jurídico normativo do direito

ambiental brasileiro. A precaução transmuda-se em pilar que sustenta as relações

jurídicas do Estado na questão ambiental.

De acordo com Wartechow (2003, p. 15), no tocante aos recursos hídricos:

Os princípios da prevenção têm aplicação irrestrita. O Brasil possui uma das maiores

reservas hídricas do mundo. Ao contrário do que pensam alguns, o país é

privilegiado, não apenas em água aparente, contando com mananciais subterrâneos

expressivos.

O Brasil realmente possui inúmeras reservas de recursos hídricos, embora muitos

não tenham conhecimento disso. Os princípios da prevenção ajudam a conservar melhor a

água em nosso país, tendo em vista que esse princípio protege os recursos hídricos e possui

aplicações sem restrições. Conforme Cutalan (2005, p. 165): “destaque-se também a

precaução; deve ser necessário que o homem aprenda com os erros dos seus semelhantes no

passado para que se mantenham as condições de vida no futuro”.

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3.2 Desenvolvimento sustentável da água

Rebouças (2008) explica que sustentabilidade é um conceito que se tornou

popular e que pode ser entendido como uma condição de longo termo de uso racional dos

recursos naturais, em geral da água, em especial a água superficial ou subterrânea, como um

recurso natural renovável por meio do ciclo hidrológico e apresenta uma grande variabilidade,

tanto no espaço como no tempo. Conforme o empreendedor Alberto Du Plesis (2005, p. 121),

É sabido por toda a sociedade que a água vai ser um dos recursos mais escassos num

futuro não muito distante. Então, acho que essa preocupação com o

reaproveitamento de água é cada vez mais crescente e realmente um atributo para

um empreendimento.

A preocupação com o reaproveitamento da água se faz necessária no mundo

inteiro, pois é possível que a água se torne um recurso escasso. De acordo com Pereira (2000),

a sustentabilidade tem como um dos seus pressupostos, e condição sine quanon, o

planejamento territorial, ou seja, condições para a viabilização democrática do ordenamento

territorial. Segundo Mucerino (2005, p. 121):

É importante buscar a construção que gere menos impacto no meio ambiente, e com

certeza, o menor consumo de água é uma das primeiras variáveis a serem estudadas.

Então, em época de responsabilidade social, fazer construção sustentável é um viés

forte, é um incentivo para que as empresas, os empreendedores, os incorporadores,

os usuários finais se preocupem com isso.

Em seus estudos, Rebouças (2008) afirma que no contexto de gestão dos recursos

hídricos, o grande desafio para a sociedade brasileira, incluindo seu meio técnico, é modificar

o atual pensamento, historicamente estabelecido, de que a expansão da oferta de água

mediante a construção de obras extraordinárias é a única solução para os problemas de sua

escassez periódica ou futura. Sobretudo nos países relativamente desenvolvidos, o uso cada

vez mais eficiente e integrado da gota d’água disponível de chuva, rio, subterrâneo e de reuso,

principalmente, tem sido a alternativa mais variável e barata.

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De acordo com Rebouças (2008, p. 183),

No Brasil, enquanto os órgãos responsáveis pela gestão dos nossos recursos hídricos

federais e estaduais continuam discutindo os aspectos dominiais referidos na

Constituição de 1988, verifica-se uma verdadeira corrida para a captação da água

subterrânea para o abastecimento humano, industrial e irrigação, principalmente pelo

fato de ser alternativa mais barata e representar uma solução de regularidade de

fornecimento frente aos frequentes períodos de racionamento. O alcance econômico

e social da captação da água subterrânea que ocorre nas áreas urbanas do Brasil já

coloca o poço na relação dos atrativos comerciais dos empreendimentos imobiliários

mais importantes.

Devido ao grande aumento econômico e social da captação da água subterrânea

ocorrida principalmente nas áreas urbanas, a construção de poços está inserida dentro da

relação dos atrativos comerciais do país através dos grandes investimentos.

3.3 Poluição dos recursos hídricos

Trigueiro (2005), em seus estudos sobre a poluição das águas, enfatiza que a

poluição das águas custa caro ao Brasil. Gera prejuízos para as indústrias, turismo, pesca e

outros setores importantes da economia, mas o maior problema é o da saúde pública, das

doenças transmitidas pela água. A água contaminada mata, aproximadamente, 50 pessoas por

dia. De acordo com Gil (2011, p. 95):

A água é fundamental para a realização de praticamente tudo na vida. É essencial

desde em atividades domésticas até em trabalho de grandes indústrias. Entretanto,

para que possa ser utilizada, é importante que seja limpa, isto é, sem presença de

poluentes ou de outras impurezas que a tornem imprópria para o uso. Embora

existam setores ou organizações que se preocupam com a quantidade e a qualidade

da água, há atividades que, de alguma forma, a tornam contaminada.

Mesmo que a água sirva apenas para reutilização ou reuso em outros processos

produtivos de uma organização, é necessário que essa água seja limpa, portanto, sem a

presença de efluentes. A importância no desenvolvimento de novas tecnologias para o

tratamento da água para melhorar esses processos.

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Conforme Vieira (2012, p. 142),

Qualquer forma de ataque à natureza alcança o volume e/ou a quantidade de água

disponível, ampliando a crise da água, motivo de doenças e de guerras. Desse modo,

a saúde física e mental do ser humano passa, necessariamente, pela mudança de

paradigma, de tal forma que toda ação cabível há de estar em conformidade com o

sobreprincípio do desenvolvimento sustentável.

Conforme o Art. 16 da Declaração do Rio de Janeiro da Conferência das Nações

Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92).

As autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalização dos custos

ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem

segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a

devida atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos

investimentos internacionais.

Para Vieira (2006), os rios são mais do que espaços que contêm água. Eles

abrigam uma rica biodiversidade de fauna e de flora e nos oferecem múltiplos benefícios para

acelerar o “progresso”; muitos rios, segundo a autora, foram modificados e encontraram pela

frente desmatamentos, queimadas, atividades extrativistas, agrotóxicos, construção de

estradas e obras hidráulicas, moradias irregulares e muito lixo.

De acordo com Viegas, acerca das águas contaminadas (2012, p. 145), “as águas,

que, por sua vez, ao serem consumidas, acarretarão graves reflexos aos animais racionais ou

não. Da mesma forma, contaminarão os alimentos, que também abastecerão a espécie humana

e os demais seres vivos”.

Para Viegas (2012), existem inúmeras formas de preservação das águas. Algumas

diretas, como evitar o desperdício, que se reflete linearmente na escassez quantitativa e, em

outras, indiretas, como evitar ou reduzir o uso de produtos tóxicos, a poluição atmosférica e

preservar, efetivamente, as matas, em especial a faixa ciliar.

De acordo com Freitas (2005), quanto mais for atingida a água superficial por

poluição, maior será o custo de seu tratamento, que realmente vem crescendo em razão da

própria conduta antropocêntrica equivocada. Essa situação tem servido de estímulo ao

“aumento significativo nos últimos anos do aproveitamento das águas subterrâneas”, fato

constatado pelo mapa hidrogeológico do estudo do Rio Grande do Sul, que foi publicado em

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dezembro de 2005. “Uma vez poluída a água do subterrâneo, o restabelecimento do status quo

anterior demora milhares de anos” (FREITAS, 2001, p. 56).

Conforme Milaré (2007, p. 217) sobre a poluição dos recursos hídricos:

O organismo humano parece ser bem mais sensível que outros aos efeitos da

poluição hídrica. Por isso, os padrões de qualidade de água para consumo da

população são mais rigorosos. Temos o privilégio de poder saber o que nos faz bem

ou nos faz mal e de adotar o que nos convém. Esse privilégio, contudo, impõe-nos a

obrigação de zelar igualmente pela saúde da biota. Não caberia, no contexto da

natureza, um comportamento antropocentrista que, fundamentado na excelência do

homem, se omitisse perante a necessidade de equilíbrio da vida no planeta Terra.

Fauna e flora têm seu merecimento próprio, independentemente de nossa visão

pragmática – até porque não conhecemos as consequências para o ser humano do

impacto da poluição hídrica sobre os demais seres vivos.

Para o autor a qualidade das águas está permanentemente ameaçada por dois

grupos de risco: a contaminação por microorganismos patogênicos e a modificação das

características físicas e químicas dos corpos de água. Ainda de acordo com Milaré (2007, p.

218):

Os riscos tornam-se realidade quando se verificam os diversos tipos de poluição das

águas. É preciso ir às causas do mal. A vigilância será exercida primariamente sobre

as principais fontes de poluição, a saber: esgotos domésticos, efluentes industriais,

agrotóxicos e pesticidas, detergentes sintéticos, mineração, poluição térmica e, por

fim, focos dispersos e não específicos em geral ligados à agricultura e à pecuária.

É necessário mais rigor e fiscalização com relação à poluição gratuita da água; o

Brasil é um país privilegiado quando o assunto é disponibilidade de água doce, mas

continuamos a nos omitir, com a falta de conscientização e, principalmente, a falta de

informação, além de não termos o tratamento adequado dos esgotos.

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4. LEI DAS ÁGUAS Nº 9.433/97

Conforme Milaré (2007), os primeiros passos para uma regulamentação foram

dados com a promulgação da Lei 9.433, de 8/1/1997, que instituiu a Política Nacional de

Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,

regulamentando assim o inciso XIX, do art. 21, da Constituição Federal (CF) e alterando o

art. 1º, da Lei 8.001, de 13/3/1990, que modificou a Lei 7.990, de 28/12/1989.

Conforme Vieira (2006, p. 46), em seus estudos sobre a Lei das Águas nº 9.433:

“os principais objetivos da lei são assegurar à atual e às futuras gerações a disponibilidade de

água, em padrões de qualidade adequados, bem como promover uma utilização racional e

integrada dos recursos hídricos”.

Conforme o mesmo autor, compete à União e aos estados legislar sobre as águas e

organizar, a parte de recursos hídricos que atenda as necessidades regionais. Cada

Constituição Estadual precisa tratar de políticas, diretrizes e critérios de gerenciamento de

recursos hídricos, ficando subordinada a legislação federal sobre as águas e o meio ambiente.

Maximiliano (2000) enquadra o direito das águas como um direito especial. No

direito positivo brasileiro, o art. 1.229 do Código Civil, estabelece a regra geral da

propriedade privada, como já visto, ao passo em que existe uma lei especial tratando, apenas,

dos recursos hídricos e que dispõe sobre a propriedade destes de forma diferenciada da lei

geral, em plena compatibilidade com a lei maior.

No pensamento de Maximiliano (2000, p. 74) acerca da Lei 9.433/97, comenta:

Estabelece ser a água um bem de domínio público (art. 1º, I). Desse modo, tomando-

se por base os princípios atuais acerca da relação entre a Lei Geral e a Lei Especial

conclui-se que o art. 1º, I, da Lei nº 9.344/97 insere elemento especializante em

relação ao art. 1.229 da Lei Civil Geral, acrescendo o bem água ao rol do art. 1.230,

deste último diploma.

Já Viegas (2012, p. 50) especifica que:

Se os demais países dotarem seus ordenamentos jurídicos de Leis semelhantes à Lei

9.433/97, e, além disso, estabelecerem conjuntamente uma política global adequada

de Gerenciamento de Recursos Hídricos, é provável que, em pouco tempo, se possa

visualizar expressiva minoração da famigerada crise da água.

Conforme o mesmo autor, se os administradores e gestores de outros países

seguissem os ordenamentos jurídicos baseados na lei das águas, em breve haveria um alívio

com relação a crise da água.

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De acordo com Vieira (2012), a lei instituiu uma série de inovações, como a

previsão expressa de que a água é um bem de domínio público, pondo a norma

infraconstitucional em sintonia com a constituição federal, com isso, viabiliza uma ingerência

maior do poder público na proteção e na preservação dos recursos hídricos, sobrepondo-se aos

interesses privados garantidos pela legislação civil, que tinha por base a propriedade privada

das águas.

Conforme Viegas (2012, p. 49):

Embora se lastime a demora da regulamentação da Constituição, pode-se festejar a

sua ocorrência e destacar que a Lei Infraconstitucional Federal é instrumento

bastante completo e adaptado à realidade global da crise da água, colocando à

disposição dos responsáveis pela sua aplicação, instrumentos capazes de alteração da

preocupante situação vivenciada na realidade brasileira.

4.1 Política nacional de recursos hídricos

Com a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, está

regulamentada pela Lei 9.984, de 17/7/2000, que criou a Agência Nacional de Águas – ANA.

Cabe a esta entidade federal, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, supervisionar,

controlar e avaliar as ações e atividades decorrentes do cumprimento da legislação federal

pertinente aos recursos hídricos. Com este novo diploma, o direito de uso de recursos hídricos

em corpos de água de domínio da União se dará por intermédio de uma autorização (outorga),

em articulação com os comitês de bacia hidrográfica (MILARÉ, 2007).

De acordo com Viegas (2012, p. 157):

A realidade, porém, é que a implementação desse instrumento da Política Nacional

de Recursos Hídricos, ainda constitui raridade no Brasil, apesar de sua previsão não

ser tão recente. O resultado da inércia estatal em estruturar os mecanismos, e que a

água vem sendo explorada por alguns setores como um bem livre.

Conforme o autor a Política Nacional de Recursos Hídricos ainda não alcançou o

potencial desejado, deixando que a água venha sendo explorada sem fiscalização.

De acordo com os estudos de Viegas (2012, p. 176), “a Política Nacional de

Recursos Hídricos possui diretrizes gerais de ação.” Para sua implementação, Rebouças

(2008) acha que a Lei das Águas nº 9.433 deve reclamar uma outorga e cobrança do direito de

uso de águas superficiais e subterrâneas.

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Ainda conforme Rebouças (2008, p. 105):

Por sua vez, a cidadania pelas águas é uma bandeira que visa incutir no cidadão a

percepção da necessidade imperiosa de uma atitude mais ética em geral e de

combate ao desperdício e a degradação da qualidade da água disponível em prol do

desenvolvimento sustentável.

Além dos administradores e das organizações, os cidadãos são peça importante no

combate ao desperdício e a degradação da água.

Conforme Rebouças (2008, p. 106), “o ato de outorgar e cobrar o direito de uso da

água está longe de constituir uma simples função burocrática de autoafirmação, configura

uma definição de responsabilidade”. Para o autor o outorgante passa a assumir a

responsabilidade pela garantia da quantidade e qualidade da água que foi outorgada.

Segundo Viegas (2012, p. 109).

Os comitês de Bacia estão no primeiro nível da administração dos recursos hídricos,

para exercer suas competências da forma mais ampla e efetiva possível, contam com

as agências de água, que exercem a função de secretaria executiva (art. 41 da Lei

9433/97), uma agência pode atender a um ou mais comitês, e sua criação depende da

autorização do Conselho Estadual ou Federal de Recursos Hídricos (art.42,

parágrafo único).

Para Viegas (2012) os conselhos estaduais e nacionais possuem relevantes

competências normativas e decisões, mas a estrutura legal de sua formação necessita de

alterações, sob pena de comprometer os fins da Lei 9.433/97, dentre os quais se destaca a

adoção da tendência mundial de possibilitar que o gerenciamento da água se dê próximo às

bases, não de forma centralizada e com falsa demagogia.

No pensamento de Viegas (2012, p.113) “os conselhos podem ser compostos, e de

fato são, por maioria de integrantes originários do poder público (art. 34, parágrafo único, da

Lei das Águas)”.

E conforme Vieira (2006, p. 46),

Pela legislação atual, a forma de atuação direta da sociedade ocorre com a sua

participação no conselho nacional de Recursos Hídricos, nos comitês de Bacia

Hidrográfica e nos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos. A lei define ainda

que as agências de bacia e os comitês de bacia operacionalizam a cobrança pelo uso

da água, sendo os recursos, sendo os recursos arrecadados destinados a financiar os

investimentos, conforme as prioridades decididas pelos Comitês de Bacia.

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5 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Conforme Milaré (2007), em seus estudos sobre as águas subterrâneas, o consumo

de água na terra atualmente anda pela ordem de 10% da quantidade existente. No entanto, por

força das limitações do ciclo hidrológico e das características das várias reservas, toda essa

massa líquida é pouca para a demanda crescente. Boa parte da água doce encontra-se em

estado sólido, armazenada nas calotas polares e nas grandes geleiras, ou em forma de vapor de

água na atmosfera.

Por sua vez, os rios e lagos representam um volume reduzido e excessivamente

comprometido. As reservas subterrâneas, com 0,6% da água doce total, aparecem como

alternativa para satisfação da demanda em escala ampliada. De acordo com Milaré (2007, p.

220) “felizmente as águas subterrâneas são abundantes no Brasil. Bastaria recorrer a apenas

10% do volume atualmente explorável para ter um uso sustentado daquelas reservas”.

Milaré (2007) destaca que a contaminação dos aquíferos é um risco generalizado,

por força da participação de poluentes, como nitratos e agrotóxicos. Merecem devida atenção,

como agentes poluidores das águas subterrâneas, também, os químicos sintéticos e os

solventes clorados em suas formas residuais no solo, subsolo e águas superficiais.

Os órgãos ambientais têm-se mostrado omissos perante a problemática das águas

subterrâneas. Tal omissão começa com a escassa vigilância exercida sobre os riscos de

contaminação e chega a uma quase inexistência de controle de qualidade para esses preciosos

recursos. Rebouças (2008, p. 119) ressalta em seus estudos sobre a água subterrânea os

seguintes aspectos:

Os volumes de água subterrânea representam da ordem de 97% do total de

água doce ocorre na forma líquida.

A água subterrânea no brasil tem a sua qualidade natural, adequada ao

consumo domestico industrial e agrícola.

Os custos de captação da água subterrânea são comparativamente mais baratas

do que qualquer alternativa de abastecimento de uma determinada demanda.

Qualquer um pode perfurar ou abandonar um poço.

Para Rebouças (2008), durante as últimas décadas era crescente o número de

exemplos positivos da utilização racional do manancial subterrâneo, como alternativa de

solução mais barata para o abastecimento humano nos países mais desenvolvidos. “Essa

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situação decorre fundamentalmente do fato de a água subterrânea ocorrer de forma extensiva

no meio e se achar relativamente nos rios e açudes, protegidos dos agentes de poluição”

(RIBEIRO, 2008, p. 44).

Conforme Ribeiro (2008, p. 168):

A “política de bastidores” continua dando prioridade à construção de obras

extraordinárias, omitindo-se ao alcance de um uso eficiente das águas territoriais

disponíveis onde se destacam os potenciais de água subterrânea para o consumo

humano.

Conforme o mesmo autor, o foco principal são nas grandes obras que demoram

muito mais em sua execução, pelo planejamento e pela espera por recursos, onde sugere que o

melhor caminho seja por obras pontuais e mais eficazes.

Conforme Kelman (2005, p. 128): “Não há nenhum problema em usar a água

subterrânea ou água do rio desde que seja sustentável. O que é sustentável? É a entrada da

água pela chuva ser igual ou maior do que a retirada. Quando você começa a ter mais do que

entra, aquilo morre”.

É necessário um maior controle, fiscalização e uma melhor administração dos

poços que servem para retirada da água subterrânea. Em períodos de estiagem, onde não há o

abastecimento de suas fontes por determinado tempo pode gerar o esgotamento.

Segundo Rebouças (2008), o arcabouço legal e institucional mais moderno

disponível no Brasil (Constituição Federal de 1988, Lei Federal nº 9.433/97, Lei Federal nº

9.984/00), mesmo tendo a outorga de direito de uso dos recursos hídricos como um dos seus

poderosos instrumentos, mecanismo pelo qual o usuário recebe uma autorização, ou uma

concessão, para fazer uso da água, não se refere, como premissa, à necessidade de um maior

conhecimento sobre as condições de ocorrência, uso e proteção das nossas águas subterrâneas.

De acordo com Rebouças (2008, p. 170),

Vale lembrar que os dados disponíveis sobre o manancial de águas subterrâneas

foram gerados, quase que exclusivamente, à custa e risco do setor privado. A

outorga do direito de uso, justamente com a cobrança pelo uso da água, constitui

relevante elemento didático, contribuindo, desta forma, para a disciplina desse uso.

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5.1 Usos das águas subterrâneas

De acordo com Vieira (2006, p. 47), “quando todos os usuários perceberem o

valor da água, incluindo os gastos necessários para obter água potável e tratar o que poluem,

ficarão motivados a melhorar seu uso, evitando a degradação e o desperdício de milhões de

gotas”. Ainda não há um reconhecimento sobre a importância da água subterrânea, como já

relatado anteriormente, sobre a falsa impressão de que não importando o que aconteça, a água

sempre estará presente no nosso cotidiano.

Para Rebouças (2008, p. 182), que se diz respeito do uso da água disponível, ao

contrário, saber usar a gota d’água disponível com eficiência crescente, inclusive com

reaproveitamento da água usada, é mais importante do que ostentar sua abundância.

Isto significa que o grande desafio da gestão de bacias hidrográficas é obter cada

vez mais benefícios, qualidade de vida ambiental e produtividade com cada vez menos água.

O mesmo autor ainda enfatiza que a falta de uma gestão efetiva poderá resultar na

escassez de água nos rios durante os períodos de estiagem, com sérias consequências sociais,

ambientais e econômicas aos setores de transporte fluvial, de geração hidrelétrica, do

abastecimento e da produção de alimentos, dentre outros.

Para Rebouças (2008), desenvolve-se a ideia de que o fornecimento de água a

qualquer preço é uma obrigação do Estado, mas o que se verifica é uma falta de compromisso

com o uso eficiente da água.

É preciso mostrar que a utilização da água subterrânea, isto é, aquela que flui

“escondida” pelo subsolo da região ainda é a alternativa mais barata para solução

dos problemas hídricos nos países desenvolvidos, principalmente. O desafio que se

apresenta é fornecer de forma regular a gota d’água pelo menor preço possível, e

usá-lo com eficiência é mais importante que ostentar sua abundância (REBOUÇAS

2008, p. 204).

A Constituição Federal de 1988 estabelece que as águas subterrâneas são “bens

públicos do domínio das unidades da federação” (estados e distritos), até então sem titular

definido. Entretanto, elas continuam sendo utilizadas, no Brasil, quase sem nenhum controle,

certamente por que são um bem público, enfatiza Rebouças (2008). Tanto na constituição de

1988, como na Lei nº 9.433/97, foi instituída a Política Nacional de Recursos Hídricos, que

regulamentou o inciso XIX, do art. 21, da Constituição Federal de 1988 e alterou o art. 1º, da

Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de

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1989, “nada se fala da necessidade de uso e conservação das águas em geral, e em particular,

das águas subterrâneas” (REBOUÇAS, 2008, p. 205).

Na visão de Milaré (2007), o domínio da qualidade cede espaço ao da quantidade.

Aos usos básicos tradicionais da água, destaque para:

Abastecimento para consumo humano direto;

Abastecimento para usos domésticos;

Abastecimento para usos industriais;

Irrigação;

Dessedentação de animais;

Conservação de fauna e flora;

Recreação (contato direto e indireto) e estética (paisagem etc.);

Pesca (comercial e esportiva);

Geração de energia;

Transportes e

Diluição de despejos.

Na visão de Vieira (2006, p. 50), acerca do uso da água:

Ao falarmos da água potável, será sempre mais difícil e caro obtê-la e tratá-la do que

conservá-la. Por essa razão, refletirmos sobre nosso estilo de vida e a região em que

habitamos, considerando a necessidade do uso mais eficiente, a cada dia, da gota

d’água disponível, é muito importante.

O autor ainda enfatiza que vários atores devem se envolver, de forma participativa

e conjunta, no planejamento de alternativas para o melhor aproveitamento e conservação dos

recursos hídricos. Comunidades tradicionais e ribeirinhas que conhecem o real valor da água

para a natureza, cientistas e profissionais que estudam ideias alternativas para suprir carências

ambientais e sociais, empresários e governantes que investem em tecnologias, todos têm papel

fundamental na busca de soluções, que, para se tornarem eficazes, econômicas e adequadas a

cada região do Brasil, devem fundir os conhecimentos tradicional, científico e tecnológico

(VIEIRA, 2006).

Rebouças (2008) reconhece que o uso eficiente, para a obtenção do maior

beneficio possível para a gota d’água disponível, torna-se um fator bastante competitivo do

mercado. Portanto, ele estabelece os maiores desafios no Brasil da “comoditização” da água e

que implicam em:

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Migrar da cultura de que dinheiro é para gastar e

Buscar a máxima eficiência econômica por gota d’água disponível, como fator

competitivo imposto pelo mercado global.

Conforme Rebouças (2008, p. 156):

De outra forma, a nossa grande ineficiência na utilização dos abundantes recursos

hídricos no Brasil, em geral, na Bacia Amazônica, em particular, poderá ser

argumento para sua internacionalização em beneficio da parcela sedenta da

humanidade ou, simplesmente, como uma oportunidade dos países mais

desenvolvidos de ganhar dinheiro.

5.2 Legislação aplicável ao direito do uso das águas subterrâneas

Milaré (2007), em suas pesquisas, enfatiza que o recurso água, enquanto suporte

físico-químico das relações bióticas, é tutelado pela nossa legislação. Mas não só. Na água

dos rios, lagos e mares encontramos os mais diversos seres vivos e não vivos e todos esses

elementos interagem entre si e com outros elementos físico-químicos (luz solar, ar etc.), vindo

a formar um particular ecossistema. Todo esse ecossistema, que também pode ser definido

como ambiente aquático, encontra-se sob a proteção da lei.

A Constituição da República de 1988, em seu art. 20, III, declara que são

propriedade da união os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio,

ou que banhem mais de um estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a

território estrangeiro ou parte dele provenham.

Os incisos V e VI também colocam sob o domínio da união o mar territorial, os

recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva. O art. 26, I, inclui

entre os bens do Estado as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em

depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União. Os

Municípios não foram contemplados com o domínio sobre rios ou lagos.

Para Rebouças (2008), quando se formula o convite a uma personalidade do

legislativo, do executivo, do setor financeiro, para participar de um evento, a reação regra

geral, é de surpresa. Surpresa que essa água “escondida” possa ter uma dimensão de mercado,

capaz de aglutinar interesses tão diversos, de pesquisadores, empresários, setores dinâmicos

de serviços e de enfrentar os custos de um evento internacional, nacional ou regional, atraindo

pessoas que tenham dinheiro, para ganhar dinheiro.

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Conforme Rebouças (2008), a Constituição Federal de 1988 vigente atribui aos

estados as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas,

neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da união. Esta disposição constitucional é

relevante, na medida em que todas as formatações aquíferas mais importantes no Brasil se

estendem para duas ou mais unidades da federação assim como as águas subterrâneas.

Rebouças (2008, p. 202) explica que:

Apesar da Lei federal 9.433/97, também chamada de Lei das Águas, preconizar de

forma clara que as águas superficiais e subterrâneas são indissociáveis no ciclo

hidrológico, estas continuam sendo utilizadas de forma desordenada no Brasil. Os

grandes desperdícios verificados nas cidades e a degradação da sua qualidade ter

atingido níveis nunca imaginados não preocupam os tocadores de obras

extraordinárias. Entretanto, nos países mais desenvolvidos, já está evidente que a

utilização do manancial subterrâneo para abastecimento doméstico e industrial é a

alternativa mais barata.

Segundo Rebouças (2008, p. 203), “para se alcançar um uso mais eficiente da gota

d’água disponível no mundo, uma das recomendações do Banco Mundial (BM) e da

Organização das Nações Unidas (ONU) é considerá-la uma mercadoria com preço de

mercado”. Para Rebouças (2008), existem limitações para uma abordagem puramente

regulatória da gestão da água subterrânea que se situa em:

1. Um sistema de outorga que regula a simples permissão para extração de certa

vazão e que não tem a flexibilidade de considerar as situações éticas,

ecológicas e sociais do seu uso e conservação;

2. A implementação de um sistema regulatório efetivo requer a existência de

ferramentas adequadas devidamente controladas pelas instituições responsáveis

pelos regulamentos;

3. A gestão da água subterrânea que é baseada primariamente num sistema

regulatório de outorga de direito de uso, requer a existência de um sistema de

informação sobre os recursos e as sua condições de uso. Quando tal condição

não existe, torna-se necessária garantir a participação social e efetiva a

implementação de programas de gestão.

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No pensamento de Rebouças (2008, p. 200), acerca do desenvolvimento

sustentável da água subterrânea:

Para se alcançar um desenvolvimento sustentável da água subterrânea é necessário,

portanto, grande participação dos usuários na fase de planejamento e nos processos

de decisão, o que implica num significante esforço educacional e na busca de

mecanismos alternativos para resolver situações conflitantes, tais como, redução das

descargas subterrâneas para o mar, controle de áreas encharcadas, controle de

interface marinha, reúso da água, regulação dos usos como fatores de carga

induzida.

Conforme a seção III, da Lei Federal nº 9.433/97, “a outorga de Direito de uso da

água é o instrumento pelo qual o usuário recebe uma permissão (conforme o caso), para fazer

uso da água disponível”. Por isso, a aplicação deste instrumento representa uma oportunidade

de se exercer o controle que sempre faltou do uso da água subterrânea, seja nas cidades ou no

meio rural (REBOUÇAS, 2008, p. 172).

A seção IV da referida Lei diz que a cobrança pelo uso da água é instrumento

para:

1. Reconhecê-la como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real

valor;

2. incentivar a racionalização do uso da água e

3. Obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenção

proposta no plano de recursos hídricos.

Segundo ainda Rebouças (2008, p. 172),

Portanto, a cobrança pelo direito de uso deverá dar ao usuário, empresa de

reabastecimento, industrial ou agrícola, uma indicação do valor real da água

disponível. No tocante ao comitê da Bacia Hidrográfica e dos órgãos gestores,

federal ou estadual, este valor deverá fundamentar os montantes dos investimentos

indispensáveis ao exercício dos atos de outorga e cobrança pelo direito de uso da

gota d’água disponível. Tendo em vista os níveis de competitividade que são

impostos pelo mercado global nacional ou regional, esta cobrança deverá induzir o

usuário a produzir cada vez mais com cada vez menos água, sob pena da sua

mercadoria não ter preço no mercado e até ser penalizado pela prática desleal de

utilização de um recurso econômico como um bem livre.

Conforme o autor citado a cobrança pelo uso da água trata-se de um

acompanhamento. Uma forma de fiscalizar e ter um maior controle, principalmente, sobre o

uso da água subterrânea.

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Ainda de acordo com Rebouças (2008, p. 173),

Logo, a exigência de outorga e cobrança pelo direito de uso da água subterrânea é

um instrumento de controle e valorização desse recurso, justificando os

investimentos que se fazem necessários para se alcançar um crescente nível do

conhecimento hidrogeológico na área em apreço, condição necessária à

fundamentação das sucessivas outorgas. Além disso, sua não aplicação poderá ser

vista como uma prática desleal do mercado, uma vez que livra o usuário do

manancial subterrâneo dos custos referentes ao uso, tratamento e reúso do manancial

de água superficial.

5.3 Água subterrânea engarrafada

Rebouças (2008) salienta que a classificação mundial da “água engarrafada”

designa como “água de mesa” aquela que apresenta salinidade, ou mais precisamente, teor de

sólidos dissolvidos (STD) inferior a 1.000 mg/l. A denominação de “água mineral” é

reservada à água engarrafada, cujo STD é superior a 1.000 mg/l e que apresenta constituintes

minerais dissolvidos que têm efeito benéfico à saúde. A força do mercado da “água

engarrafada” nos países desenvolvidos atraiu grupos empresariais para produção artificial,

tanto de “água de mesa” como da “água mineral”.

Conforme Rebouças (2008, p. 121):

No Brasil, a “água engarrafada” é a água subterrânea captada de fontes, apresenta

qualidade natural adequada ao consumo, não obstante, recebe rótulo que exibe

esdrúxula denominação de “Indústria Brasileira”. Além disso, embora a “água

engarrafada” apresente regra geral, composição provável no rótulo que a classifica

como “água de mesa” nos termos da Legislação Nacional e Internacional, ostenta a

pomposa denominação de “água mineral”.

A captação da “água engarrafada” ou vendida pelo “caminhão pipa” é controlada

pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), sendo exigida a adoção do

perímetro de proteção do manancial em apreço (REBOUÇAS, 2008). Na compreensão de

Rebouças (2008), efetivamente, o mercado da “água engarrafada” é um dos mais promissores

do mundo. Contudo, a “política de bastidores” que favorece grupos de interesses e insere a

denominação de “Indústria Brasileira” na nossa água natural de mesa como água mineral,

abriu brechas na legislação vigente, possibilitando a concorrência internacional do comércio

da “água industrializada e engarrafada,” cuja qualidade é obtida por meios artificiais.

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De acordo com Rebouças (2008, p. 122):

Urge, portanto, que se adote uma “política consistente” de aplicação das Leis que

regulam o uso e proteção dos nossos grandes potenciais de “água natural de mesa”,

os quais vêm sendo comercializados pelo mercado em garrafões, garrafas,

garrafinhas e copos, sob a denominação de “água mineral”, como um fator de saúde

pública, de conforto e bem-estar da sociedade.

Conforme Rebouças (2008), os processos de filtração física e bioquímica de

interação água/rocha que ocorrem no subsolo fazem com que as águas subterrâneas tenham,

naturalmente, qualidade adequada ao consumo regulares, ou potáveis. Esse processo faz com

que a água subterrânea se ache, relativamente, melhor protegida dos agentes que degradam a

qualidade das águas dos rios, lagos e outros mananciais de superfície. Essa característica

natural de potabilidade da água subterrânea, a qual é captada em nascentes, fontes e bicas, ou

por meio de poços escavados de grande diâmetro (cacimbões), ou perfurados com tubos

profundos é à base do comércio da “água engarrafada”.

5.4 Conservação da água subterrânea

Em seus estudos, Rebouças (2008) enfatiza a importância do poder público em

exercer sua função de gerenciamento, fiscalização e controle das condições de uso e proteção

das águas subterrâneas, como um recurso natural altamente valioso em termos econômicos.

Essas tarefas são urgentes na medida em que se assiste a uma verdadeira explosão na

utilização das águas subterrâneas como um fator competitivo do mercado. Numa primeira

abordagem, ele considera que cerca de 90% das indústrias no Brasil utilizam água

subterrânea, já que mais de 60% da população se abastece de água subterrânea e com a água

subterrânea irriga-se efetivamente a maior área no norte de Minas Gerais.

Conforme Freitas (2003, p 17) “tinha-se a crença de que a água era um elemento

inesgotável, o que serviu como desculpa para seu uso irracional”. A Lei das Águas (Lei nº

9.433/97) reconheceu a falência desse dogma, dispondo expressamente que a água é um

recurso natural limitado (art. 1º, II, 1º parte). Esta lei instituiu um princípio específico da

gestão hídrica, que estabelece como estado ideal de coisas a utilização racional da água. Com

a mesma finalidade protetiva foi instituído o princípio de que a água é um recurso dotado de

valor econômico (art. 1º, II, 2º parte).

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Conforme Barlow e Clarke (2003, p. 246), “existem inúmeras evidências de que

estamos esvaziando os aquíferos em um ritmo totalmente insustentável, mas, continuamos a

perfurar nossos suprimentos de água subterrâneos, porque não deixamos de poluir a água da

superfície”.

5.5 O uso das águas subterrâneas no Ceará

As águas subterrâneas no estado do Ceará são fundamentais na manutenção

hídrica de rios e lagos durante os períodos de estiagem e servem também para equacionar o

sistema de distribuição hídrica em alguns municípios e em muitas localidades é muitas vezes

a única alternativa. Entretanto, no Ceará, o suprimento de água para o atendimento dos usos

múltiplos provém dos mananciais superficiais, principalmente dos açudes que se configuram

em função da grande quantidade existente no estado (COGERH, 2013).

De acordo com Da Silva, Almeida e Araújo (2001), os recursos hídricos

superficiais são a principal fonte de suprimento de água no Ceará. Entretanto, a exposição de

águas subterrâneas vem crescendo significadamente. Pressões de demanda, somadas aos

períodos de estiagem prolongada, impulsionam a exploração da água subterrânea. Por outro

lado, há dificuldade em se estimar o verdadeiro potencial dos recursos hídricos subterrâneos.

Segundo Manoel Filho (2000), o Ceará pertence a duas províncias

hidrogeológicas: o escudo oriental e a província costeira. Cerca de 70% da área do Ceará é

composta de embasamento cristalino, representando 21% do total do cristalino nordestino

(500.000 Km²), sendo caracterizado por solo de pequena espessura (menor ou igual a 2 m). O

embasamento cristalino apresenta em princípio, baixo potencial, pois a condutividade

hidráulica é pequena.

Importantes informações concernentes aos recursos hídricos subterrâneos do

Ceará estão contidas em um estudo realizado pela Companhia de Pesquisa de Recursos

Minerais - CPRM (2000). Foi verificado um destacado esforço para oferecer informações

mais precisas. Nos estudos de Da Silva (2004) estimava-se, que no final do ano de 2003,

havia cerca de 23.000 poços perfurados no Ceará, estando alguns em funcionamento desde

1903.

Conforme dados da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), 97%

de toda a água doce existente no planeta corresponde às águas subterrâneas. Fortaleza possui

cerca de 85% do território cearense pobre em água subterrânea. Assim, cuidar dos poucos

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aquíferos restantes no Estado, o que corresponde a 15% do território cearense, é importante

para garantir o abastecimento humano nas gerações futuras.

De acordo com Teixeira (2011), a partir do monitoramento realizado na bacia do

Araripe, foi possível constatar que a retirada de água está no limite da sua capacidade de

renovação. Isso significa que, praticamente, toda água acumulada é utilizada e a renovação só

pode ocorrer, principalmente na quadra chuvosa. O autor informa que não estamos perto de

um colapso, mas o estudo nos mostra que é preciso avaliar melhor a forma de uso da água

subterrânea na região. (TEIXEIRA, 2011).

Em um estudo realizado pelo Cogerh trouxe mais uma evidência científica de um

problema que há vários anos tem preocupado a população de Jaguaribara que é o impacto do

uso de agrotóxicos na lavoura e no homem. A análise laboratorial das águas subterrâneas

extraídas de poços constatou a presença de metais, coliformes fecais e produtos químicos

usados para o combate as pragas na lavoura, portanto, veneno.

Para Hillel (2000, apud MACHADO; DA SILVA, 2004), o uso de agronômico da

água requer estudo cuidadoso sobre o conteúdo salino, toxidade dos íons às culturas vegetais e

a salinização do solo, que exigem atenção na qualidade da água pretendida para irrigação.

Segundo Silva e Araújo (2004), uma investigação documental junto à maior concessionária de

serviços de água e esgoto do Ceará, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece),

mostrou em junho de 2004 que 41% dos mananciais empregados nos sistemas públicos de

abastecimento eram poços que atendiam 103 localidades urbanas.

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6 METODOLOGIA

Para atender aos requisitos do presente trabalho, esta pesquisa está estruturada em

sete capítulos que permitem uma compreensão do tema abordado.

6.1 Tipo de pesquisa

Baseado no estudo realizado, o tipo de pesquisa da metodologia aplicada é a

pesquisa bibliográfica, que consiste em demonstrar o tema através de referências teóricas

extraídas de artigos científicos, livros, revistas e sites. De acordo com Cervo (2005, p. 61), “a

pesquisa bibliográfica é um meio de formação por excelência e constitui o procedimento

básico para os estudos monográficos, pelos quais se busca o domínio do estudo da arte sobe

determinado tema”.

Conforme Lakatos (2003, pp. 43 e 44), a pesquisa bibliográfica trata-se de:

Levantamentos de bibliografias já publicadas, em forma de livros, revistas,

publicações avulsas e impressa escrita, onde tem como finalidade colocar o

pesquisador em contato com tudo aquilo que foi escrito na pesquisa, com o objetivo

de permitir ao pesquisador esforço na análise de suas pesquisas ou manipulação das

informações.

6.2 Materiais e métodos

Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 106), o método “se caracteriza por uma

abordagem mais ampla, em nível de abstração elevado, dos fenômenos da natureza e da

sociedade”. O conceito de método de pesquisa conforme Marconi e Lakatos (2003, p. 44) é

entendido como o caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que esse

caminho não tenha sido fixado de antemão de modo refletido e liberado.

A pesquisa utilizou o método dedutivo como fonte de buscar percepções e

entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a interpretação,

partindo das teorias e leis que evidenciam suas verdades com o propósito de explicitar o

conteúdo das premissas analisando se elas estão corretas ou não.

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6.3 Coleta de dados

A coleta de dados deu-se através de pesquisas em livros, artigos científicos,

revistas e sites que serviram de instrumento para obtenção de dados que permitiram a melhor

realização deste trabalho.

6.4 Organização e análise de dados

Para uma melhor compreensão do presente trabalho de pesquisa ele foi organizado

e dividido em capítulos, além da introdução. No primeiro capítulo, intitulado gestão ambiental

estão apresentados os conceitos de gestão ambiental, política ambiental e planejamento

ambiental.

No segundo capítulo, nomeado gestão dos usos da água, são apresentados os

conceitos de gestão dos usos da água no nosso país e a dominialidade e gestão da água e suas

fontes. A gestão integrada da água e suas bacias hidrográficas, além da privatização da água.

No terceiro capítulo, denominado de gestão hídrica é abordado o interesse da

sociedade no desenvolvimento sustentável e na poluição dos recursos hídricos. Os princípios

da gestão integrada e dos princípios ambientais.

O quarto capítulo aborda a Lei das águas (Nº 9433/97). Tratando da política dos

recursos hídricos no Brasil. O quinto capítulo faz referência ao uso das águas subterrâneas e

sua legislação aplicável, além da sua conservação. O uso da água subterrânea pelos setores da

indústria e da agricultura.

O sexto capítulo, nomeado metodologia, define a pesquisa, o tipo de pesquisa, o

instrumento do estudo e a análise de dados e qual método foi utilizado para alcançar os

resultados da investigação. Este capítulo ainda traz a discussão dos resultados obtidos na

pesquisa e do conhecimento do assunto abordado.

O último capítulo são apresentadas as considerações finais, com o objetivo de

mostrar a compreensão a respeito do assunto diante dos resultados obtidos. E, finalmente, as

referências, que indicam os materiais que serviram de apoio e de embasamento teórico do

trabalho, comprovando-se o conhecimento sobre o assunto.

Para a análise de dados, foram selecionados livros, artigos científicos, revistas e

sites que continham conteúdos relacionados ao tema; esse procedimento iniciou-se em

fevereiro de 2013.

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6.5 Discussão dos resultados

No decorrer de seu desenvolvimento, houve dificuldades em encontrar fontes de

pesquisa, percebeu-se a pouca quantidade de bibliografia do tema abordado. Com isso,

obtiveram-se os seguintes resultados:

A crise da água é decorrente de vários fatores ambientais;

Evidencia-se a exigência de que a Lei nº 9.433/97 seja cumprida;

Aumento significativo no reúso de água através das organizações;

A gestão ambiental tem ganhado força e espaço no setor industrial;

A privatização da água tornou-se um grande problema para a população e

A crença de que a água é um bem infinito, contribui e muito para o desperdício

de água.

É necessária uma maior fiscalização por parte da união quanto ao desperdício de

água em vários setores, bem como um desafio para os novos gestores e administradores no

planejamento de seus gastos com o consumo de água nas organizações.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa analisou os desafios relacionados aos usos da água

subterrânea vinculada à Lei das Águas, nº 9.433/97 e apresentou meios para reduzir e

racionalizar o consumo de água, através de sua conservação e reutilização. O objetivo

principal deste estudo foi atingido em etapas distintas, iniciado pela importância da gestão dos

usos da água no capítulo dois e complementado pelas atribuições descritas nos outros

capítulos.

É a partir de uma análise de como a água é importante, vista em um contexto mais

detalhado, que a hipótese desta pesquisa partiu da ideia de que a água é vista como um

elemento sem fim. Pode-se observar, em confirmação da hipótese apresentada, que as leis em

favor do uso da água também dão origem para ações preventivas, auxiliando no controle do

seu desperdício.

O estudo da gestão ambiental e do uso da água subterrânea revelou importantes

aspectos sobre o real valor das leis nos processos que buscam melhorias para a manutenção da

água em nosso país. O auxilio dessas duas gestões identificam pontos críticos relacionados ao

mau uso da água e efetua medidas de correção em seu curso, assegurando, assim, a sua

conservação por medidas preventivas, principalmente nas organizações. Em um país onde se

questionam os efeitos dos cumprimentos da lei, fica evidente o motivo de em muitas regiões

não haver água suficiente para atender à demanda.

Espera-se que todas as medidas que estão sendo criadas para solucionar o

desperdício da água reflitam de maneira positiva no mundo, pois somente assim será possível

contornar o problema da escassez d’água. Essa pesquisa é de relevância, pois através dela

possibilitou-se a elaboração de algumas reflexões sobre a questão do uso indevido da água e

de como as organizações, bem como seus gestores e administradores, podem criar novas

técnicas de reutilização da água, contribuindo progressivamente para a manutenção deste

bem, a água.

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