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CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS JEFERSON MARCOS FERREIRA PARQUE BIGUAÇÚ: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL, Apucarana – PR. LONDRINA 2006

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CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

JEFERSON MARCOS FERREIRA

PARQUE BIGUAÇÚ: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL, Apucarana – PR.

LONDRINA

2006

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JEFERSON MARCOS FERREIRA

PARQUE BIGUAÇÚ: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL

Monografia apresentada ao curso de Bacharelado

em Geografia da Universidade Estadual de

Londrina, sob a orientação da Profª. Msc. Rosely

Maria de Lima, como requisito parcial à obtenção

do Título de Bacharel em Geografia.

LONDRINA

2006

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COMISSÃO EXAMINADORA

_________________________________

Prof.Mestre Rosely Maria de Lima

_________________________________

Prof. Doutora Eloiza Cristiane Torres

_________________________________

Prof. Mestre Wladimir César Fuscaldo

Londrina, _____ de dezembro de 20_____.

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DEDICATÓRIA

Em primeiro lugar a DEUS por conceder-me vida e saúde bem como uma

constante esperança em superar as dificuldades.

Aos meus pais e irmãos pelo incentivo e carinho que me ofereceram em todos

os momentos.

Aos meus amigos, especialmente falando do Gesualdo que me deu um

grande exemplo de determinação e força de vontade, como também a inesquecível

amiga Professora Geógrafa Adriana Cristina da Silva (in memorian), que muito

contribuiu para a minha formação de educador ambiental.

À querida Professora Mestre Rosely Maria de Lima pela sua disponibilidade e

paciência em me orientar neste trabalho,

Enfim, a todos aqueles que fazem parte do contexto deste trabalho o meu

muito obrigado.

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AGRADECIMENTOS

Á minha família.

À Prof. Mestre orientadora Rosely Maria de Lima.

Ao corpo docente do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de

Londrina.

À direção e funcionários da Escola Municipal Dinarte Pereira de Araújo e

principalmente aos dezenove alunos da quarta série, com os quais trabalhei e

aprendi muitas coisas.

Ao querido amigo Geógrafo Anderson Belini.

Aos meus colegas do Curso de Geografia pela amizade e companheirismo.

À Prefeitura Municipal de Apucarana.

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FERREIRA,J.M.”Parque Biguaçú: Uma proposta de Educação Ambiental na escola de tempo integral”. Apucarana – PR. Monografia (Bacharelado em Geografia) 2006. Universidade Estadual de Londrina, Londrina – PR.

RESUMO

Atualmente verificamos que a educação ambiental tornou-se algo imprescindível para a formação do ser humano, uma vez que os problemas ambientais estão cada vez mais resultando em sérios problemas para a humanidade. O trabalho que apresentamos a seguir trata da importância da educação ambiental no ensino fundamental, de maneira que o professor tenha a qualificação necessária para formar alunos que desenvolvam a postura de agentes ambientais preparados para agir na comunidade onde moram e particularmente na família da qual pertencem. Apresentamos também um breve histórico sobre o surgimento das primeiras unidades de conservação no mundo, bem como a importância da fauna e da flora para a qualidade de vida. O nosso trabalho de educação ambiental foi executado no Parque Biguaçú, sendo que para isto, tivemos a colaboração dos alunos da 4ª série da Escola Municipal Dinarte Pereira de Araújo. Através de aulas teóricas e observações, destacamos os principais problemas ambientais existentes no Parque, e desse modo executamos algumas atividades que objetivaram capacitar os alunos sobre a importância de se conservar e utilizar racionalmente o meio natural. Tendo em vista as atividades realizadas, acreditamos que obtivemos bons resultados e aguardamos futuramente os frutos do nosso trabalho. Palavras chave: Educação Ambiental, Preservação e Ação Local.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................9

METODOLOGIA .......................................................................................................11

CAPÍTULO 1: A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ............................12

1.1 Parque: como entendê-lo e qual sua importância para a sociedade. .......................................... 18

1.1.1 Os Parques no Brasil............................................................................................................................. 21

1.1.2 Legislação Ambiental Brasileira........................................................................................................ 22

1.2.1 Parque de preservação X Parque de lazer urbano ....................................................................... 25

1.2.1 O maior parque urbano ......................................................................................................................... 27

CAPÍTULO 2: CARACTERIZAÇÃO DE APUCARANA E DA ÁREA DE ESTUDO.29

2.1Caracterização físico-territorial do Município ..................................................................................... 32

2.2 Parque Biguaçú: passado e presente .................................................................................................. 35

2.3 Parque Biguaçú: fruto de um Plano de Ação ..................................................................................... 38

2.3.1 Zoneamento ............................................................................................................................................. 39

2.4 Urbanização do Vale do Biguaçú........................................................................................................... 40

2.4.1 Curtume Apucarana – Realidade no Parque Biguaçú .................................................................. 41

2.5 Parque Biguaçú e o Programa “Caminho das Águas”: Circuito da Fé ....................................... 42

CAPÍTULO 3: A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POSSIBILIDADE NO SISTEMA DE PERÍODO INTEGRAL..........................................................................................45

3.1 Uma proposta de Educação Ambiental no Parque Biguaçú ......................................................... 48

3.1.1 Conteúdos trabalhados e atividades práticas: .............................................................................. 51

CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................69

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................71

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LISTA DE FIGURAS

Mapa – Localização do Município de Apucarana.......................................................32

Planta – Planta Urbana e Localização do Parque Biguaçú .......................................37

Figura 1 - Como uma aluna percebe o Parque Biguaçú ...........................................54

Figura 2 – Como uma aluna percebe o Parque Biguaçú ..........................................55

Figura 3 – Trajeto de casa para a escola ..................................................................62

DE ILUSTRAÇÕES

Foto 1 - Vista parcial do Curtume Apucarana e Parque Biguaçú ..............................42

Foto 2 - Terreno sem cobertura vegetal ....................................................................64

Foto 3 - Vertente direita do córrego Biguaçú, sentido sul .........................................64

Foto 4 - Lazer e integração com a natureza ..............................................................66

Foto 5 - Lazer e integração com a natureza ..............................................................66

Foto 6 - Lazer e integração com a natureza ..............................................................67

Foto 7 - Curso do córrego canalizado .......................................................................67

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo destacar e explicar qual a

importância da Educação Ambiental como conteúdo formador do cidadão, no sentido

de que este possa despertar para a missão de zelar do seu meio ambiente local,

sendo que agirá gradativamente e em conjunto, objetivando assim, a preservação da

natureza e promovendo um ambiente mais saudável.

Acreditamos que, em qualquer faixa etária, é possível ensinar e

aprender sobre Educação Ambiental, entretanto, resolvemos trabalhar com crianças

em idade escolar, objetivando formar pequenos agentes ambientais que possam

ensinar seus familiares sobre a importância da natureza para a existência da vida

humana.

Conforme a nossa proposta de trabalho foi necessário estabelecer um

vínculo com a escola, neste caso a instituição escolhida trata-se da Escola Municipal

Dinarte Pereira de Araújo, que possibilitou a viabilização das atividades

desenvolvidas com os alunos da 4º série do Ensino Fundamental, e o local de ação

foi o Parque Biguaçú, visto que a escola está construída em meio a este espaço

verde.

Em nosso trabalho abordamos elementos teóricos e práticos, tanto

para a formação dos alunos como, também, dos professores que irão desenvolver a

Educação Ambiental nas escolas. Outro aspecto que analisamos, foi de como se

apresentam os espaços de preservação, destacando a importância dos espaços de

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lazer para a qualidade de vida das pessoas. Em linhas gerais, enfocamos um caso

específico, o Parque Biguaçú.

Nosso trabalho apresenta-se da seguinte forma:

No primeiro capítulo tratamos sobre a importância da Educação

Ambiental inserida no contexto escolar, bem como qual é o seu papel nesta

sociedade moderna que influencia o homem em seu modo de vida. Também

tratamos da formação do professor para que possa trabalhar a Educação Ambiental

na escola e, ainda, discutimos os procedimentos de ensino de modo que o professor

consiga desenvolver as potencialidades dos alunos tornando-os capazes de

interpretar os problemas que degradam o meio ambiente e, sobretudo o caminho a

se tomar para solucionar os problemas ambientais.

Ainda no primeiro capítulo analisamos a origem dos Parques de

preservação e de lazer no plano internacional e nacional, além de analisar a

legislação brasileira pertinente ao tema.

No segundo capítulo, apresentamos uma rápida caracterização de

Apucarana onde destacamos o Parque Biguaçú, o histórico de sua criação e as

mudanças ocorridas até os dias atuais. Falamos, também, como a cidade de

Apucarana está estruturando seus parques, objetivando valorizar o turismo urbano,

como opção de lazer para a população.

No terceiro capítulo falamos sobre o modelo Apucaranense de escola

em tempo integral, e apresentamos o projeto de Educação Ambiental desenvolvido

na Escola Municipal Dinarte Pereira de Araújo, bem como as atividades

desenvolvidas.

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Metodologia

As atividades foram realizadas semanalmente, sendo que os trabalhos

ocorreram tanto em sala de aula, como também fora do prédio escolar com o intuito

de aplicar na prática o conhecimento teórico explicado pelo professor.

Conforme as atividades teóricas trabalhadas em sala de aula, buscou-

se introduzir os alunos dentro da temática proposta, instigando-os a pensar a

realidade do meio ambiente onde o Parque Biguaçú estava inserido nas discussões

feitas em sala.

As atividades práticas tiveram como objetivo, fazer com que os alunos

se familiarizassem com o espaço verde e assim se sensibilizasem com a riqueza do

local, de maneira a formar uma consciência de proteção e valorização do espaço

verde, desse modo os trabalhos práticos versaram sobre como ocorre o desgaste do

solo, o processo erosivo, a ocupação indevida das áreas de fundo de vale e

encostas que muitas vezes resulta em desabamentos e a poluição em todos os seus

aspectos.

A teoria explicada pelo professor e os trabalhos práticos realizados com os alunos

possibilitaram a produção de gravuras, assim como buscou-se desenvolver a

capacidade dos alunos externarem suas opiniões a respeito do futuro do Parque

Biguaçú.

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CAPÍTULO 1: A Importância da Educação Ambiental

Atualmente as cidades apresentam muitos problemas com relação ao

meio ambiente, por exemplo, a dificuldade de se encontrar um local adequado para

o lixo urbano, de maneira que os espaços verdes sejam preservados da poluição,

tanto urbana quanto também a industrial, visto que isto é resultado da sociedade

moderna.

O problema da poluição ambiental nos estimula a repensar o futuro do

planeta levando-nos a desenvolver um trabalho que possa mudar o comportamento

e melhorar a qualidade de vida das pessoas a partir da infância, assim o futuro das

mesmas poderá ser bem melhor do que hoje.

Nos últimos anos cada vez mais os problemas sociais, políticos e

econômicos estão afetando grande parte da população, tanto mundial como também

local. É preciso retomar a questão da ética em relação ao ambiente em busca da

sensibilização das pessoas para a mudança de valores e de princípios que resultem

na melhoria da qualidade de vida de todos.

Entende-se que o trabalho deve ser feito na base de todas as classes

sociais, ou seja, com as crianças que prefiguram-se como o futuro da humanidade,

desta forma o caminho a ser utilizado é agir dentro da escola através da Educação

Ambiental.

A Educação Ambiental tem por objetivo desenvolver no cidadão a

consciência em relação ao ambiente total. Assim, este cidadão estará preocupado

com os problemas associados ao ambiente e terá conhecimento das atitudes,

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motivações e habilidades para trabalhar individual e coletivamente em busca de

soluções para os problemas atuais e prevenir os futuros.

A Educação Ambiental inserida no currículo escolar não deve ser

encarada como apenas mais uma opção, mas é importante destacar a sua

importância como uma educação que tem várias características e uma vasta

abrangência.

De acordo com REIGOTA, (1994, p.10), a Educação Ambiental pode

ser entendida como de natureza “reflexiva”, “ativa”, e “comportamental”. Através

dessas colocações entendemos que é reflexiva no sentido de que faz pensar sobre

as ações humanas; é ativa quando há uma ação concreta e, por final, é

comportamental quanto sua capacidade de cultivar bons hábitos.

Ainda, conforme REIGOTA: ”A educação é também educação política,

no sentido de que ela reivindica e prepara os cidadãos para exigir justiça social,

cidadania nacional e planetária, autogestão e ética nas relações sociais e com a

natureza” (1994, p.10).

Com relação à educação política, subentende-se que se preocupa

mais em discutir o “por que” de se fazer, deixando em segundo plano o “como fazer”,

assim, surgem várias linhas de pensamento que resultam em discussões e

interpretações a respeito do papel da Educação Ambiental na sociedade atual e com

vistas ao futuro.

É uma característica inerente ao homem emitir opiniões e idéias, bem

como debater situações do cotidiano, visto que há uma constante inovação de

pensamentos e métodos de ação. As mudanças ocorrem numa velocidade impar,

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assim podemos verificar que a Educação Ambiental está acoplada nesta realidade

mundial.

Independentemente de posições em relação à Educação Ambiental, é

importante que a sociedade se fixe no principal, ou seja, zelar do meio ambiente de

uma forma decisiva e eficaz. Esta ação deve ser conduzida por pessoas

comprometidas com uma ética que assegure um trabalho sério. Conforme

REIGOTA, “o homem contemporâneo vive profundas dicotomias. Dificilmente se

considera um elemento da natureza, mas como um ser à parte, observador e/ou

explorador da mesma” (1994, p.11).

Estas palavras mostram que precisamos nos conscientizar a respeito

de uma verdade que sempre negamos, ou seja, que somos parte da natureza, não

podemos nos comportar apenas como agentes exploradores, mas como elementos

que interagem com esta natureza e dela dependem para sobreviver. Não há mais

argumentos para justificar a exploração desordenada e também os maus tratos

contra a natureza. Os problemas ambientais de hoje, são resultado da ação do

homem do passado e, em especial, do atual. Esta situação nos remete à urgência

de se formar cidadãos para proteger o que temos.

Formar cidadãos é algo trabalhoso, pois implica em conscientizar as

pessoas a respeito de seus direitos e deveres. Entretanto, alguns aspectos devem

ser considerados antes de agir, ou seja, quando o público alvo compõe-se de

adultos é muito importante valorizar a experiência de vida acumulada ao longo dos

anos, fazendo com que haja uma interação de pensamentos, opiniões e, sobretudo,

valorizar suas principais realizações.

Quando se trabalha com crianças há necessidade de um maior critério

em prepará-las visto que estão em fase de formação, tudo o que aprenderem servirá

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para embasar o seu espírito crítico. Não queremos dizer que trabalhar com adultos

seja menos importante, o fato é que a criança configura-se como um “terreno fértil”,

pois uma vez semeada a semente o resultado será a multiplicação dos frutos.

Conforme dissemos, queremos ilustrar que a criança tem uma grande

capacidade de assimilar informações, bem como reproduzir e transmitir a sua

maneira tudo o que lhe é ensinado. Também é possível perceber na criança um

cuidado especial, um sentimento profundo por algo que lhe é confiado.

A solução dos problemas atuais será possível quando homens e

mulheres, com uma consciência nova, deixem de ser consumistas e acumuladores e

se comprometam com os problemas sócio-ambientais que atingem o planeta e

excluem muitas pessoas. Neste sentido, afirma REIGOTA, “os problemas ambientais

foram criados por homens e mulheres e deles virão as soluções. Estas não serão

obras de Gênios, de políticos ou tecnocratas, mas sim de cidadãos e cidadãs” (1994,

p.16).

A educação para a cidadania não deve estar pautada somente nos

direitos e deveres das pessoas, mas também nos valores éticos. Neste caso trata-se

de um trabalho em longo prazo, sendo que se fará de uma maneira gradativa com

conteúdos pertinentes à faixa etária. Também se deve chamar a atenção à função

da família e da escola, pois estas instituições devem proporcionar às crianças

condições básicas para desenvolver suas potencialidades.

Com relação às potencialidades, o primeiro passo consiste em resgatar

a auto-estima, no sentido de que as crianças identifiquem os talentos naturais que

cada uma possui. A partir do momento que cada indivíduo se conscientizar de sua

importância, o próximo passo é despertá-lo para agir em benefício da comunidade

onde vive.

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Tendo em vista o que se disse anteriormente, deve-se enfatizar que o

processo de formação do cidadão não depende exclusivamente da escola, mas

também da família, uma vez que é neste meio que a criança aprende as primeiras

noções de valores e, sobretudo, aprende a amar, porque todo cuidado é por amor.

Ao longo dos anos a família passou por diversas transformações,

talvez em função das novas tecnologias aliados ao desenvolvimento do capitalismo,

bem como por conta da modernização dos meios de comunicação que muitas vezes

dissemina uma avalanche de contra-valores que agridem as crianças dentro de suas

próprias casas.

Pelo motivo acima, há de se considerar que a escola precisa ter um

carinho especial na educação das crianças, pois segundo REIGOTA: ”A escola é um

dos locais privilegiados para a realização da educação ambiental, desde que dê

oportunidade à criatividade” (1994, p.24).

Atualmente a escola funciona como uma verdadeira “extensão” de

casa, em especial nos sistemas de educação integral que vigoram em certas

escolas de rede pública municipal de Ensino Fundamental. Nestas, os alunos se

ocupam com uma série de atividades como, por exemplo, esporte e oficinas de

crochet, dentre outros, assim a escola não se resume a um local onde se transmitem

apenas conhecimentos científicos.

A escola deve criar vínculo com a comunidade através de atividades

práticas e culturais que visem o bem-estar de todos, esta parceria possibilitará a

concretização de projetos que estão adormecidos como papéis engavetados.

Segundo MININI-MEDINA & LEITE, “(...) é preciso buscar formas de a escola estar

mais presente no dia-a-dia da comunidade” (2001, p. 102).

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Outro aspecto importante para o êxito da educação diz respeito ao

professor, ou seja, este tem uma grande responsabilidade para o êxito do contexto

educacional a ser aplicado. Neste sentido, o professor deve definir um objetivo e a

partir daí arquitetar um plano de ação com conteúdos que se adeqüem à série que

vai trabalhar. O professor deve fazer uso de metodologia que não fuja da realidade

da escola e principalmente dos alunos, visto que esta metodologia deve possibilitar o

máximo de aproveitamento pelo aluno.

Uma boa metodologia não é suficiente para o sucesso no trabalho de

Educação Ambiental. É preciso, também, um bom inter-relacionamento entre alunos

e professor, pois é necessário incentivar diálogos com o intuito de que o aluno

externe suas opiniões e idéias. É importante que o educando se sinta livre para

manifestar o que pensa em relação ao que está sendo estudado.

Segundo MININI-MEDINA & LEITE:

Os procedimentos das atividades não se impõem pela natureza do conteúdo, mas provém dos motivos e interesses do educando, da sua capacidade de investigar, descobrir e compreender o mundo que o rodeia. (2001, p.86).

Conforme vimos acima, o professor é uma peça muito importante na

administração e na aplicação do conhecimento. Esta situação remete ao professor

uma grande responsabilidade como agente de mudanças inserido no contexto

escolar. Também, espera-se do professor o compromisso de se preparar o quanto

puder para que o seu nível de conhecimento, sobre os conteúdos pertinentes à

Educação Ambiental, possam responder ao máximo os questionamentos dos

alunos, assim como, dos demais docentes com os quais poderá trabalhar em

conjunto.

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A escola tem a responsabilidade de dar abertura ao professor, no

sentido de que o mesmo possa atuar com liberdade e segurança de acordo com o

planejamento escolar, bem como, com o Projeto Político Pedagógico.

Para finalizar, a respeito da Educação Ambiental deve-se frisar que se

trata de algo aparentemente difícil, mas que certamente se consolidará com a união

de professores, alunos e comunidade, resultando assim em um mundo melhor para

todos.

1.1 Parque: como entendê-lo e qual sua importância para a sociedade.

A idéia de Parque de Conservação vem de longa data. Desde os

tempos mais remotos havia uma certa preocupação no sentido de se preservar

espaços verdes, com o intuito de proporcionar lazer a uma seleta camada de

pessoas. Nos reinados europeus ocorreram iniciativas de garantir áreas de

recreação onde a realeza européia pudesse usufruir lazeres como, por exemplo,

atividades de caça. De acordo com RUNTE:

Civilizações do oriente, como por exemplo, os assírios, estabeleceram reservas ainda antes do nascimento de Cristo. Na Europa Medieval, a palavra “parque” designava um local delimitado no qual animais viviam na natureza em áreas sob responsabilidade do rei. (Apud. MORSELLO, 1979, p.22).

Também podemos verificar tal preocupação na América do Sul, mais

precisamente no Peru, conforme WEST nos diz: “No Peru, a antiga civilização Inca

impôs limites físicos e sazonais à caça de certas espécies” (Apud. MORSELLO,

1992, p.22). Na Ásia verificaram-se iniciativas para a conservação da natureza, pois

se tomou conhecimento que na Índia foram estabelecidas áreas protegidas há mais

de um século.

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A partir do que foi exposto, podemos verificar que os homens do

passado dispunham de um germe de consciência ambiental que resultaria em uma

série de idéias e realizações de caráter ambiental.

Entretanto, a primeira conceituação de Parque se deu, em 1872, com a

criação do Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos. Esta realização foi

resultado de articulações de pessoas preocupadas em proteger, da exploração e da

destruição, as belezas naturais de maneira que garantisse o direito dos habitantes

em usufruir lazeres, bem como apreciar as paisagens.

Com 8.991 km² de área, em sua maior parte pertencente ao estado americano de Wyoming, o primeiro Parque Nacional dos Estados Unidos e do mundo compreende uma grande parte das montanhas rochosas e do vale do rio Yellowstone. (COSTA, 2002, p.15).

Costa ainda acrescenta: “O cenário natural, de montanhas com picos

que ultrapassam os três mil metros de altura, rios caudalosos e belíssimas

cachoeiras, vulcões, pântanos e zonas termais – além de sua mais famosa atração

os Gêisers” (id). Outro aspecto importante a se mencionar é que a criação do

Parque Yellowstone estava associada à idéia de símbolo nacional, pois o novo

mundo precisava sobressair diante dos europeus. Assim o Estado assume a postura

de solidificar as bases do novo território nacional de forma a assegurar os interesses

coletivos dos cidadãos que ali se instalavam.

A criação do Parque Nacional de Yellowstone foi um marco mundial na

história da preservação de áreas naturais, pois foi o primeiro modelo a ser adotado

nas demais nações que não tardaram a fazê-lo. Neste sentido observe o histórico

das primeiras nações a criarem Parques Nacionais:

• Áustria (1879) – Parque Nacional Royal • Canadá (1885)- Parque Nacional Baneff

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• Nova Zelândia (1894) – Parque Nacional Egmont • África do Sul (1898) – Parque Nacional Kruger • México (1899) • Argentina (1903) – Parque Nacional Nahuel Huapi • Equador (1934) – Parque Nacional Galápagos • Venezuela (1937)- Hato Piñero • Brasil (1937), enfim.

Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza

(UICN) e com base em dados estatísticos apresentados por este órgão, em 1994

havia em todo o mundo mais de 8.500 áreas protegidas, mas não é só isto, outras

40.000 áreas protegidas não se enquadravam nas categorias propostas pela (UICN).

Este órgão informa ainda que em 1998 a quantidade de áreas protegidas saltou para

9.869 unidades (MORSELLO, 2001).

Com a proliferação de Parques em todo o planeta, observou-se que

não se adotou uma terminologia universal para se conceituar o que seria um Parque,

neste caso a (UICN) entende que os Parques são áreas naturais protegidas e

recebem o nome de Unidade de Conservação (UC). Segundo a UICN uma unidade

de conservação é: “Superfície de terra ou mar consagrada à proteção e manutenção

da diversidade biológica, assim como dos recursos naturais e culturais associados, e

manejada por meio de meios jurídicos e outros eficazes” (Apud. COSTA, 2002,

p.12).

Portanto, seria importante que os países adotassem a terminologia

proposta pela UINC para que houvesse uma homogeinização de terminologia para

evitar interpretações equivocadas.

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1.1.1 Os Parques no Brasil

Após analisar a origem e o desenvolvimento dos Parques ou Unidades

de Conservação, iremos relatar a respeito dos Parques no Brasil. COSTA (2002) cita

que, no Brasil a preocupação com a proteção das belezas naturais ocorreu no ano

de 1876 por iniciativa de André Rebouças, engenheiro brasileiro, que propôs a

criação de Parques Nacionais nas áreas de Sete Quedas (Pr) e Ilha do Bananal, nos

rios Tocantins e Araguaia (To). Anterior a isso é importante destacar a vinda da

Família Real portuguesa ao Brasil que propôs e, nesse período, foram criados os

Hortos e os Jardins Botânicos, e reimplantada a Floresta da Tijuca.

Oficialmente o primeiro Parque Nacional brasileiro foi criado em 1937,

no Estado do Rio de Janeiro, trata-se do Parque Nacional do Itatiaia, com extensão

de 30 mil hectares, este foi o resultado das propostas lançadas vários anos antes

por André Rebouças. O Parque Nacional do Itatiaia, situado nos municípios de

Itatiaia e Resende (RJ), Alagoa e Bocaina de Minas (MG) guarda algumas

particularidades desde a sua fundação. Além de ser o Parque Nacional mais antigo

do Brasil, abriga o Pico das Agulhas Negras, que, com 2.787 metros de altura, é o

ponto culminante do estado do Rio de Janeiro (Folha do Turismo, p.13, nov. de

2005). A criação do Parque Nacional do Itatiaia foi embasada no Código Florestal de

1934 que estabeleceu os primeiros conceitos para Parques e Florestas Nacionais

protegidas. De acordo com COSTA: “A partir da década de 1930 a legislação

brasileira começou a avançar nos cuidados com o ambiente natural”. (2002, p.19).

Posterior a criação do Parque Nacional do Itatiaia, foram criados o

Parque Nacional do Iguaçu (PR) e o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ),

ambos em 1939. Após algum tempo, no final da década de 1950, foram criados o

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Parque Nacional de Aparados da Serra (RS/SC), o Parque Nacional do Araguaia

(Ilha do Bananal – TO/GO) e o Parque Nacional do Ubajara (CE).

No início da década de 1960 observamos uma significativa

preocupação do governo em garantir a proteção da fauna e flora nacional. Neste

sentido COSTA afirma:

Durante o ano de 1961 diversos Parques nacionais (PARNAS) foram criados: das Emas e Chapada dos Veadeiros (GO); Caparaó (MG/ES); Sete Cidades (PI); São Joaquim (SC); Tijuca (RJ); Monte Pascoal (BA); Brasília (DF) e Sete Quedas (PR). (2002, p.19).

Com a implantação destas unidades de conservação, surgiram outras

leis ambientais para garantir a proteção dessas áreas verdes.

1.1.2 Legislação Ambiental Brasileira

O Código Florestal estabelecido pela Lei Federal nº 4.771, de 15 de

setembro de 1965, oficializava a separação das áreas de preservação: aquelas que

permitiam a exploração dos recursos naturais (Florestas Nacionais, Estaduais e

Municipais) e as que proibiam qualquer forma de exploração desses recursos (Parques

Nacionais, Estaduais e Municipais e Reservas Biológicas).

A Legislação Ambiental Brasileira foi enriquecida com o Decreto nº

84.017, de 21 de setembro de 1979, que instituiu o Regulamento dos PARNAS

(Parques Nacionais Brasileiros). No ano de 1981, a lei Federal nº 6.902 estabeleceu

as áreas de Proteção Ambiental e Estações Ecológicas (COSTA, 2002). É

importante ressaltar que, alguns anos mais tarde, a Constituição Federal

promulgada em 1988, no Art. 225 do Capítulo VI – Meio Ambiente, afirma:

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Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Este artigo é resultado da consciência ambiental que evoluiu e passou

a questionar a sociedade em relação à preservação e qualidade de vida. A partir da

década de 1990 outras preocupações ganharam atenção, como a biodiversidade de

vegetações e de espécies animais, as quais habitam essas diferentes vegetações

que favorecem a vida e a reprodução dos seres.

É importante destacar as Organizações Não Governamentais (ONG’s)

que se comprometem em trabalhar concretamente pela natureza. As ONG’s se

espalharam pelo mundo em busca da conscientização sobre os problemas

ambientais decorrentes da degradação que o meio ambiente sofre.

Com relação às unidades de conservação, o Conselho Nacional do

Meio Ambiente (CONAMA) elenca algumas categorias, as quais são:

Classificação das unidades de conservação

TIPO SIGLAÁrea de Proteção Ambiental APA

Área de Relevante Interesse Ecológico

ARIE

Estação Ecológica EE

Floresta Nacional, Estadual ou Municipal

FLONA

Reserva Biológica REBIO

Reserva Ecológica RE

Fonte: IBAMA,2002

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De acordo com COSTA: “As Unidades de Conservação (UC), podem

ser criadas em nível municipal, estadual e Federal, por meio de decreto ou lei;

porém sua extinção é feita somente por meio de lei” (2002, p.21).

No Brasil as Unidades de Conservação fazem parte do Sistema

Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) que dispõe em seu artigo 2º:

Trata-se de um espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. (Apud. COSTA, 2002, p.27)

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação tem os seguintes

objetivos:

I - Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos

genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;

II - Proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

III - Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de

ecossistemas naturais;

IV - Promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;

V - Promover a utilização dos princípios e das práticas de conservação da

natureza no processo de desenvolvimento;

VI - Proteger as paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;

VII - Proteger as características relevantes de natureza geológica,

geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;

VIII - Proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

IX - Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

X - Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica,

estudos e monitoramento ambiental;

XI - Valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;

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XII - Favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a

recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;

XIII - Proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações

tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e

promovendo-as social e economicamente.

É importante enfatizar mais uma vez que, Parque Nacional trata-se do

principal elemento dentre as áreas naturais, visto que serviram de parâmetro para o

surgimento dos demais modelos de conservação. Com relação à função social de

Parque Nacional, COSTA afirma:

A categoria de Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de ecoturismo. (2002, p.43)

A partir da colocação acima, fica clara a importância de se preservar as

áreas verdes, pois, a qualidade de vida só será plena se obedecermos às leis

naturais que regem o equilíbrio ambiental.

1.2.1 Parque de preservação X Parque de lazer urbano

Conforme o que se discutiu sobre Parques e Unidades de

Conservação, foi possível entender o significado destes termos, porém despertou uma

certa curiosidade com relação ao que as pessoas entendem por Parque.

De um modo geral, quando vem à cabeça das pessoas a idéia de

parque, logo visualizam a imagem de uma área com diversas opções de lazer, ou

seja, brinquedos infantis em sua maioria, assim como, opções para adultos.

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Popularmente não há uma definição sobre o que seria um parque pois, para as

pessoas, todos os espaços verdes ou lúdicos, independentemente do tamanho da

área, são “batizados” como parques. O aspecto mais significativo para as pessoas,

em relação aos parques, diz respeito ao lazer, neste caso pode-se até dizer que

todo parque é de lazer, não importa se está na área urbana ou a vários quilômetros

da população.

Os parques de lazer, precisamente os da área urbana, estão

intimamente relacionados às políticas de infra-estrutura e urbanização, pois estas

realizações remetem aos anseios da população que tem o direito a uma qualidade

de vida plena, de maneira que as crianças e os jovens possam desenvolver suas

potencialidades, evitando assim os perigos do mundo moderno.

A respeito de áreas de lazer, CAMARGO afirma:

Internacionalmente, o que mais se recomenda hoje é que a expansão de áreas livres (mais do que áreas verdes propriamente ditas) procure beneficiar o conjunto da vida urbana; que toda residência disponha, à distância de no máximo 200 metros, de uma praça ou parque para crianças e idosos; que a, no máximo, 2.000 metros de suas residências os habitantes dispunham de uma área maior. (1999, p.66).

Face ao que foi exposto acima, vemos que é fundamental que existam

parques ou áreas de lazer, entretanto é muito importante que as pessoas despertem

para a real situação em que se encontram os parques urbanos. Não é possível

aceitar estes espaços como depósitos de entulhos e lixos domésticos, uma vez que

esta situação é, às vezes, comum em parques localizados nas periferias e mesmo

nas áreas centrais das cidades.

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Muitos problemas de degradação que afligem os parques podem ser

atribuídos a uma falta de manutenção por parte dos poderes públicos, como também

a falta de conscientização das pessoas em preservar as áreas públicas de lazer.

1.2.1 O maior parque urbano

A cidade do Rio de Janeiro é conhecida pelas suas famosas praias que

atraem turistas de todo o mundo. Entretanto, o que estes turistas não sabem é que

no coração da metrópole carioca foi plantado um imenso parque urbano, trata-se do

Parque Nacional da Tijuca (Folha do Turismo, nov. 2005). Este parque abrange as

serras de Três Rios, da Carioca e Pedra da Gávea, a sua área de 3.200 hectares é

formada pela soma das seguintes florestas: Andaraí-Grajaú, Paineiras, Santa Inês,

Tijuca, Gávea e Carioca.

Tal como as praias, o parque é uma das maiores atrações da cidade e

possui infra-estrutura para que o turista conheça boa parte de sua área formada por

uma belíssima paisagem, composta de uma rica fauna e flora. Também podemos

citar algumas atrações como o Cristo Redentor e o pico da Tijuca, o ponto mais alto

do parque com 1.022 metros de altitude.

Conforme colocamos a respeito do Parque Nacional da Tijuca,

observamos que este famoso espaço verde configura-se de tamanha importância

para a população carióca tanto com relação a conservação e lazer, como também os

aspectos históricos da cidade do Rio de Janeiro.

Tendo em vista que o Parque Nacional da Tijuca é conhecido em todo

o país e considerando que este abrange uma vasta área, o Parque Biguaçú que está

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numa escala menor, também tem a mesma importância para a população

apucaranense, uma vez que esta relacionado com o processo de desenvolvimento

da cidade de Apucarana e ainda, esta área tem um grande significado para a

conservação do meio ambiente, bem como trata-se de uma opção de lazer para os

moradores da cidade.

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CAPÍTULO 2: Caracterização de Apucarana e da área de estudo

De acordo com o Relatório/Inventário Turístico de Apucarana,

elaborado pelo Departamento de Turismo Municipal obtivemos as seguintes

informações (APUCARANA, 2002): o município está localizado na região

setentrional do Estado do Paraná, com uma área de 556,8 Km², sob as coordenadas

de Latitude 23º 31’30”S e de Longitude 51º 24’20”W. Está entre dois grandes centros

urbanos, ou seja, Londrina e Maringá, cidades pólo da região, tendo sua posição

privilegiada principalmente por ser entroncamento rodoferroviário. Limita-se ao Norte

com Arapongas (18 km), Mandaguari (30Km), e Sabáudia (cerca de 28Km); ao Sul

com Rio Bom (50Km); a Leste com Londrina (51Km); ao Oeste com Cambira

(16Km); ao Sudoeste com Novo Itacolomi (30Km); a Sudeste com Marilândia do Sul

(30Km) e Califórnia (18km), distando 370 Km da capital Curitiba. O Município

destaca-se também como sede da AMUVI, Associação dos Municípios do Vale do

Ivaí, que congrega 26 municípios e também é sede da 7º Região Administrativa do

Paraná. (Ver Mapa de Localização de Apucarana)

Conforme documentos históricos, o nome APUCARANA tem sua

origem na língua falada pelos guaianeses, que batizaram a serra de ÁPÓ (base)

CAARÃ (semelhante à floresta) e ANÃ (imensa) que traduzimos, por analogia,

floresta imensa na base da terra. No ano de 1.628, Antonio Raposo Tavares atacou

as reduções jesuíticas (situadas entre os rios Iguaçu, Paranapanema e Paraná –

incluía-se Apucarana) pelo caminho denominado Peabirú, cruzando os rios Ivaí,

Tibagi e Piquiri. E, no auge do bandeirantismo paulista, em 1.661 antes mesmo da

fundação de Curitiba, Fernão Dias penetrou o sertão de Guairá onde, durante três

anos, acampou sua tropa na Região Central de Apucarana, junto ao reino da Nação

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dos Guaianeses. Três poderosos caciques governavam: Sonda, Gravataí e Tombú,

este último o mais poderoso, com verdadeiros requintes de majestade. Todos foram

subjugados, presos e levados para São Paulo (APUCARANA, 2002).

Após fundar Londrina em 1934, a Companhia de Terras Norte do

Paraná (CTNP) estabeleceu, nesse mesmo ano, mais um patrimônio, próximo da

serra de Apocaarãanã, assim o novo patrimônio se chamaria Apucarana

(APUCARANA, 2001). Embora tenha sido projetada como pequeno núcleo de

abastecimento à zona rural, Apucarana logo superou todas as previsões e

expectativas, graças ao trabalho e ao idealismo de seus primeiros moradores e,

principalmente, do “boom” cafeeiro do período 1940/60 e do fenômeno de explosão

demográfica que caracterizou o Norte do Paraná.

O que motivou o deslocamento de crescentes contingentes

populacionais de todas as regiões do país, em busca do Norte do Paraná, foi

condição de novo “Eldorado”. Assim, o sonho de uma vida melhor, aliado a um

espírito empreendedor, marcaria Apucarana de forma fundamental como uma

cidade vocacionada para a agricultura e distribuição de grãos, isto ocorreria anos

posteriores a colonização. A política da CTNP, ao dividir a área colonizada em

pequenas propriedades, oferecia à maioria das famílias a possibilidade de possuir,

pela primeira vez, a terra para plantar (APUCARANA, 2002.a).

FERREIRA afirma que:

Após o levantamento topográfico da área, medição e a demarcação de lotes, iniciaram-se as vendas, não demorando a chegar um grande número de interessados na compra de terras, tanto do perímetro urbano, quanto do rural. A fertilidade do solo e a determinação dos colonos produziram uma “cidade-relâmpago”, que surgiu e cresceu surpreendentemente. (1996, p.155).

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Conforme dissemos anteriormente, o distrito de Apucarana (ver mapa

p.33) surgiu concomitantemente à criação do município de Londrina, entretanto o

Distrito ficou como que abandonado por parte da CTNP e do Município de Londrina.

Através da assinatura do Decreto–Lei nº 199, em 30 de dezembro de

1943, pelo interventor Manoel Ribas, foram criados simultaneamente o Município,

desmembrado de Londrina, e a Comarca, cuja jurisdição estendia-se até as

barrancas do Rio Paraná, no extremo Noroeste do Estado. A instalação do município

consolidou-se no dia 28 de janeiro de 1944, sendo o primeiro prefeito o Tenente

Coronel Luiz José dos Santos (APUCARANA, 2002.a).

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Mapa – Localização do Município de Apucarana

Escala aproximada: 1:6.000.000 Fonte: Monografia de Especialização UEL

Estela Maris Dutra, 2002

2.1Caracterização físico-territorial do Município

O município de Apucarana está localizado no planalto meridional, na

borda do Terceiro Planalto Paranaense, onde predominam altitudes em torno de 500

a 600 metros. O acidente geográfico de maior significância da região é a Serra de

Apucarana. O ponto mais elevado do município está a 983 metros de altitude e o

mais baixo a 500 metros. Regionalmente o referido planalto recebe o nome de

Planalto de Apucarana, apresentando altitude entre 600 e 800 metros, com vales

mais profundos próximos do rio Ivaí. O relevo é formado por uma superfície regular,

resultado de rochas arenito-basálticas, apresentando colinas amplas e suaves, com

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encostas de pequena declividade, dissecadas em vales encaixados pelas bacias dos

rios Bom, Dourados, Cerne, Jacucaca e Pirapó. A declividade é mais acentuada ao

norte e ao sul, nas bacias dos cursos d’água.

Segundo o citado Relatório/Inventário Turístico (APUCARANA, 2002),

o Município de Apucarana tem sua sede a 983 m de altitude, em função disso

apresenta uma característica climática diferente das outras cidades em seu entorno,

com correntes de ar mais acentuadas, resultando em ventos mais fortes e frios, isto

faz com que o verão seja mais ameno, ao passo que no inverno se poderá ter uma

sensação térmica menor.

O município apresenta clima subtropical úmido mesotérmico. Sob os

efeitos da altitude e da posição latitudinal, esse tipo de clima caracteriza a região

com verões quentes e geadas pouco freqüentes, com tendência de concentração

das chuvas nos meses de verão, sem estação seca definida, os ventos dominantes

circulam de Noroeste para Sudoeste.

Quadro 1: Dados climatológicos

Temperatura

máxima

Temperatura

média anual

Temperatura

mínima Densidade

Pluviométrica

Umidade

Relativa do ar

26º C 20,3o C 16o C 1.545mm

69,8%

Fonte: Inventário Turístico do Depto de Turismo de Apucarana, 2002. (dados obtidos nos últimos 06 anos)

O município, que apresenta uma topografia bastante acidentada,

possui várias nascentes de inúmeros cursos d’água, formando bacias maiores, este

relevo acidentado dá origem a diversas cachoeiras com grande potencial para

prática de várias modalidades de turismo e excursionismo.

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A hidrografia do município apresenta características ímpares, visto que

a sua localização no perímetro urbano está exatamente sobre um espigão divisor de

três bacias. Por isso, há na cidade e em suas cercanias as nascentes de numerosos

cursos d’água, integrando bacias maiores: as bacias do Rio Pirapó, Ivaí e Tibagi.

Quadro 2: Cursos d’água observados no município

Rios Pirapó e Caviúna:

Córregos Jurema, Ipitaguá, Jatobá, São Carlos, Jaboti, Jupirá,

Ouro fino, Biguaçú e Avanguá

Ribeirão Raposa e Barra Nova

Lagos Jaboti e Schimitd

Fonte: Inventário Turístico do Depto de Turismo de Apucarana, 2002.

O município tem uma área total de 54.438 hectares e abriga uma

população de 107.819 habitantes, sendo a urbana de 100.241 habitantes e a rural

de 7.578 habitantes (AGENDA ATUAL, 2003). A economia está baseada na

atividade comercial (configurando-se como um forte centro atacadista na região) e,

predominantemente, de serviços uma vez que possui poucas indústrias (excetuando

seu símbolo maior que é a fabricação de bonés, mais de 170 fábricas). Os serviços

ocupam 66,13% do Produto Interno Bruto do Município, com 1.476 estabelecimentos

e as indústrias correspondem a 30,22% do PIB, com cerca de 582 estabelecimentos

industriais; neste segmento a têxtil, a de couro e a alimentícia são as de vulto para o

município.

Com relação à agricultura é possível verificar certa diversificação,

havendo 1.842 propriedades rurais, que cultivam milho, café, soja, arroz e algodão,

entre outros. Outro aspecto, a se mencionar, é que Apucarana apresenta um centro

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industrializador de carnes e couros, desenvolve avicultura, suinocultura,

bovinocultura e, em menor proporção, há rebanhos de eqüinos, caprinos e ovinos. A

agropecuária corresponde a 3,66% do PIB.

2.2 Parque Biguaçú: passado e presente

O Parque Biguaçú é parte de um projeto de urbanização realizado na

administração do então prefeito municipal, Voldimir Maistrovicz, não há uma data

precisa de sua inauguração. Segundo o ex-prefeito afirmou, as obras de

revitalização daquela área foram iniciadas em 1979 e entregues á população no ano

seguinte, ou seja, 1980. Conforme as figuras 1 e 2 na pág. podemos visualizar

como se encontra o espaço do Parque Biguaçú cuja área é de 143.087,50m², sendo

que a sua localização está na região sudeste da cidade e configura-se como uma faixa

verde próxima do centro.

Este espaço transformou-se em uma importante opção de lazer para

a população local, bem como para a cidade em geral já que se pode observar que

pessoas de outras regiões da cidade se deslocam até ali para participar das

descontrações que o Parque oferece.

Com relação aos atrativos podemos citar:

• Campos gramados de futebol;

• Campo de malha;

• Campo de bocha;

• Área de camping;

• Playgroud.

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Também é importante destacar que junto ao Parque estão instalados o

Grupo Escoteiro Dom Bosco, a Creche Irmã Dulce e a Escola Municipal Dinarte

Pereira de Araújo. Esta Escola atende 133 alunos de 1º a 4º séries do Ensino

Fundamental. Trabalhamos com 19 alunos, da 4º série, com o intuito de

conscientizá-los para que sejam agentes inibidores da degradação ambiental que

aflige o Parque Biguaçú.

Outro aspecto importante é que há uma nascente na área do Parque,

trata-se do córrego Biguaçú que foi canalizado em função de problemas no fundo de

vale entre o final dos anos 70 e início da década de 80.

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Localização do Parque Biguaçú dentro do contexto urbano

FONTE: IDEPPLAN (Instituto de Desenvolvimento, Pesquisa e Planejamento de Apucarana).

Planta do Perímetro Urbano de Apucarana

Planta do Parque Biguaçú Fig. 1 Escala aproximada: 1:100.000

Fig. 2 Escala Aproximada: 1:4.300

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2.3 Parque Biguaçú: fruto de um Plano de Ação

A história do Parque Biguaçú começa com um programa de

modernização administrativa que foi implementado na gestão 1977/1980, sendo o

prefeito na época o Sr. Voldimir Maistrovicz. O objetivo do programa de

modernização era acelerar o progresso do município.

Esta modernização administrativa deu origem a um plano de ação que

visava disciplinar o crescimento de Apucarana. Assim, o plano de ação era parte

integrante de um projeto de planejamento que propunha ordenar e uniformizar o

desenvolvimento da cidade, abrangendo preservação das nascentes de rios e das

áreas verdes existentes, localização de áreas de recreação e lazer, formação e

desenvolvimento de áreas industriais, integração dos bairros, saneamento e

implantação de um novo sistema viário.

Foram estabelecidas várias metas, disciplinando os setores de

zoneamento, loteamentos e edificações, formando um amplo programa, capaz de

dirigir e coordenar o crescimento de Apucarana por duas décadas, podendo ainda

essa validade ser ampliada a partir de pequenas alterações.

A implantação dessas medidas visava controlar e evitar as distorções

altamente problemáticas para a cidade, que possui uma topografia bastante

acidentada, buscando encontrar o caminho para a recuperação global de

Apucarana.

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2.3.1 Zoneamento

Visando disciplinar e estabelecer normas quanto ao uso do solo, a área

urbana que existia foi dividida pela Lei 83/77 em quatro zonas, denominadas:

Residencial, Comercial, Industrial e Especial (Diretrizes do Plano de Ação

Apucarana 80).

O zoneamento foi baseado na realidade urbana que existia, ou seja, a

área urbana possuía 690.747,66ha, sendo 460.000ha deles urbanizados e

230.747,66ha em áreas industriais e ainda a serem urbanizadas. Pelo planejamento

havia 210.000ha de áreas verdes destinadas à recreação e lazer dentro da área

urbana, além de 250.000ha de áreas “não edificandis”.

Todos os fundos de vales, que são muitos em Apucarana, foram

convertidos em áreas verdes e de recreação e ao sul foi projetado um cinturão verde

margeando a cidade. Este plano de zoneamento foi baseado nas idéias do urbanista

Paolo Soleri.

A partir das idéias de Paolo Soleri, fixaram-se seis objetivos:

1. Crescimento horizontal ordenado;

2. Criação de empregos;

3. Adensamento populacional e revitalização imobiliária;

4. Crescimento vertical ordenado;

5. Estruturação social;

6. Desenvolvimento metropolitano.

O plano de ação previa trabalhos de combate à erosão. Assim, vários

focos de erosão urbana foram eliminados, destacando-se os localizados na Vila

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Brasil, no Country Club e nas proximidades da subestação da COPEL, no jardim

Diamantino.

2.4 Urbanização do Vale do Biguaçú

A urbanização do vale do Biguaçú iniciou-se a partir do programa de

combate á erosão, pois uma das ruas que dá acesso ao atual Parque Biguaçú, a

Rua João Antonio Braga Cortes, nas imediações do Country Club, era tomada por

uma enorme erosão que ficou conhecida como “Buracão do Country Club”. Esta

situação causava incomodo aos moradores daquela região, pois para chegarem ao

outro lado do vale tinham que mudar o percurso para chegar até o outro ponto da

cidade (Diretrizes do Plano de ação Apucarana-80).

Para solucionar este problema foi executado um projeto de canalização

do córrego Biguaçú, bem como o ajardinamento da área com a implantação de

campos de futebol, instalação de churrasqueira, plantio de pomar público, criação de

um mini zoológico e, para dar um toque final, arborização de todo aquele espaço.

Este projeto visava trazer uma saudável opção de recreação e lazer para os

moradores daquela região. A realização do projeto se deu graças a recursos

captados junto ao BNH (Banco Nacional de Habitação), através de financiamentos

do Projeto CURA (Comunidade Urbana de Recuperação Acelerada).

A administração da época aproveitou ao máximo este projeto dentro da

capacidade de endividamento do Município; através desse projeto foi possível

recuperar grandes áreas urbanas em todos os seus aspectos. Os financiamentos

foram feitos em longo prazo, de maneira a aguardar retornos ao município com a

valorização de imóveis e a arrecadação de tributos.

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A urbanização dos fundos de vale contou também com o apoio da

população através da iniciativa da Prefeitura em conscientizar a respeito da

preservação do verde e conservação do solo.

Com relação às indústrias e fábricas poluidoras, houve a preocupação

em formular uma política de remoção e adequação de fábricas e indústrias

poluidoras, neste sentido a administração da época facilitou para que as empresas

construíssem sistemas antipoluentes, além de auxiliar na transferência de outras.

2.4.1 Curtume Apucarana – Realidade no Parque Biguaçú

O Curtume Apucarana foi criado na cidade no ano de 1963, muito

antes da urbanização do vale do Biguaçú. Esta empresa pertence à família Sachelli

e por muitos anos mantiveram a indústria naquelas imediações. O fato de uma

empresa com essa natureza ter sido implantada próximo á nascente do córrego se

deve a dois motivos básicos:

1. A cidade ainda era muito jovem, com apenas 19 anos de emancipação,

portanto ainda em fase de consolidação de seu comércio e indústria;

2. Havia uma carência de leis ambientais que regularizassem a instalação de

indústrias poluidoras.

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O Curtume Apucarana, sem dúvida alguma, foi um agente poluidor que atuou

por muito tempo, uma vez que os fluídos resultantes do tratamento dos couros

escapavam e adentravam ao leito do córrego Biguaçú poluindo a água, isto aliado

ainda ao mau cheiro que se disseminava no ar. Apesar dos problemas ambientais

causados pelo Curtume, demorou algum tempo para que a empresa se transferisse

daquele local, sendo que a desativação ocorreu no ano de 1996.

Foto 1: Mostra as antigas instalações do Curtume Apucarana, parte da área e do córrego

Biguaçú e a horta da Escola Municipal Dinarte Pereira de Araújo. (autor J.M.Ferreira, 2005)

2.5 Parque Biguaçú e o Programa “Caminho das Águas”: Circuito da Fé

As características geográficas de Apucarana estão sendo estudadas

pelos órgãos competentes da Prefeitura Municipal, visando implementar projetos

que promovam a qualidade de vida, atendendo assim os anseios do cidadão

Apucaranense.

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Atualmente está sendo executado um plano de desenvolvimento

integrado voltado para a preservação do meio ambiente e a utilização dos recursos

naturais, ao qual soma-se a espiritualidade de seus cidadãos. Trata-se de uma

interligação entre as áreas verdes e águas fluviais aliado a um sentimento religioso.

Este plano de desenvolvimento, denominado Programa “Caminho das Águas:

Circuito da Fé”, busca projetar o turismo, pois Apucarana detém o título de Município

Turístico desde 2002.

O projeto caminho das águas é um Plano Diretor do Turismo, para o

qual foram levantadas as potencialidades turísticas da cidade. Algumas praças e

parques estão sendo urbanizados conforme a disponibilidade de recursos. Segundo

o Prefeito Valter Pegorer a Prefeitura conta com recursos do ICMS Ecológico e do

Fundo Municipal do Meio Ambiente. A administração municipal está priorizando esta

iniciativa no sentido de fomentar atividades em parceria com a população,

transformando cada apucaranense em divulgador das belezas naturais do município.

O Parque Biguaçú fará parte de um grande anel que irá conectar os

parques às principais praças da cidade, projetando os fundos de vale que cortam a

malha urbana. Os parques serão utilizados como pontos de congregação e

meditação, a população terá a oportunidade de realizar suas caminhadas em

contato com a natureza e desenvolvendo sua espiritualidade.

Conforme o “Programa Caminho das Águas: Circuito da Fé”, todos os

parques serão estruturados para fortalecer a vocação turística de Apucarana. A

partir destas estruturações propostas, Apucarana recebeu o Selo de Ouro no

Turismo e o Selo de Município Turístico concedido pela EMBRATUR (Empresa

Brasileira de Turismo), O turismo rural está sendo estimulado, várias propriedades

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do tipo hotel-fazenda, chácaras e pousadas foram cadastradas no projeto municipal

Caminho das Águas.

As Áreas de Preservação Ambiental Permanente do município de

Apucarana, são as seguintes: Colônia Mineira, Parque da Raposa, Lago Jaboti,

Parque das Araucárias, Parque Biguaçú, Parque do Japira, Parque Santo Expedito e

o Bosque Municipal.

Com relação ao Parque Biguaçú, obtivemos informações de que há

projetos de construções a serem executadas naquele local, entretanto aguarda-se a

liberação de verba. Assim, de acordo com a arquiteta Daniela do Carmo Vieira,

supervisora do Instituto de Desenvolvimento, Pesquisa e Planejamento de

Apucarana (IDEPPLAN), há um projeto que prevê a construção do Parque da Bíblia,

na área do Biguaçú; a intenção do projeto, fundamentada em discussão entre

representantes evangélicos e o prefeito municipal, é de oferecer à comunidade um

espaço onde a oração se dê através do contato com a natureza e com o livro

sagrado cristão: a Bíblia.

Conforme o projeto, haverá uma capela principal dando referência ao

parque com várias citações bíblicas, cujo objetivo é envolver o observador em um

clima de reflexão e acolhimento.Também será construída uma fonte da Bíblia (um

espelho d’água para contemplação) que poderá ser usado para o batismo

evangélico.

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CAPÍTULO 3: A Educação ambiental como possibilidade no sistema de Período

Integral

A idéia de implantar ensino em tempo integral nas escolas da Rede

Municipal de Ensino configurou-se como um plano estratégico que objetivou

melhorar, por completo, o Ensino Fundamental nos estabelecimentos da rede

municipal. Desta maneira a Prefeitura Municipal de Apucarana encarou este desafio

com o projeto denominado “Pacto pela Educação”.

O ensino em tempo integral começou a ser implementado

gradativamente nas escolas a partir do ano de 2001, uma vez que no início era

facultativo aos estabelecimentos adotarem o sistema, porém, a partir do ano de

2002 uma Lei Municipal tornou o ensino integral obrigatório nos 37 estabelecimentos

de ensino do município.

Conforme nos informou a Diretora da Escola Municipal Dinarte Pereira

de Araújo, Professora Ana Maria da Silva Rizzo, a grade escolar foi totalmente

readequada de acordo com a proposta da Secretaria Municipal de Ensino, ou seja,

há uma carga horária a ser cumprida de acordo com as atividades extracurriculares.

A Professora Ana Maria nos disse que, no estabelecimento que dirige,

o horário escolar inicia-se as 07h30min da manhã com aulas normais de acordo com

os conteúdos pertinentes às séries do Ensino Fundamental. Na parte da tarde, após

a merenda escolar, mais precisamente a partir das 13h00 começam as atividades

extracurriculares que se finalizam às 16h30min.

Atualmente, o ensino em tempo integral encontra-se em pleno

funcionamento com 38 atividades extracurriculares, dentre as quais podemos citar

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algumas como: aulas de língua estrangeira, karatê, artesanato, pintura, horticultura,

dança, ballet, música, educação ambiental, dentre outras coisas.

Outro aspecto importante a dizer é que, para que se tornasse viável o

Projeto de Educação Integral, foi preciso fazer parceria com entidades públicas e

privadas no sentido de dar suporte para as atividades educacionais executadas.

Desta forma, pode-se citar a parceria feita com a Policia Militar que desenvolve o

projeto “Policial a serviço da Educação”, também há a participação do jornal local

Tribuna do Norte com o projeto denominado “Vamos ler Apucarana” que, a partir das

atividades desenvolvidas pelos alunos, produz o Jornal Escolar com um resumo das

principais realizações dentro e fora de sala de aula.

As parcerias feitas com as entidades públicas e privadas são de

significativa ajuda para o êxito do Projeto de Educação Integral, porém não podemos

deixar de citar a colaboração de professores voluntários que disponibilizam tempo e

muita vontade de ensinar, em favor de crianças oriundas de famílias carentes que

tem sonhos a realizar, ou seja, sempre visando uma vida melhor.

Outro benefício, que as crianças recebem no período em que

permanecem na escola, é com relação à merenda escolar, ou seja, são servidas três

refeições diárias: café da manhã, almoço e lanche da tarde.Toda esta preocupação

visa ao pleno desenvolvimento dos alunos, tanto intelectual como físico, pois desta

maneira poderão desenvolver melhor suas potencialidades.

Tratando-se dos benefícios para a educação em tempo integral

observam-se significativas melhorias, visto que considerando uma população de

10.109 alunos matriculados na rede municipal de ensino, a evasão escolar que era

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de 2,5% baixou para 0,5%, bem como destacamos o índice de aprovação que

atualmente situa-se em 88%.

O Projeto de Educação em Tempo Integral, em Apucarana, está sendo

divulgado em âmbito nacional uma vez que, de acordo com fontes de comunicação

escrita, o município é o único do Estado a oferecer em toda a rede municipal esta

modalidade de ensino. Desde 2001, segundo a mesma fonte, 24 comitivas de

municípios brasileiros já estiveram na cidade para conhecer o Projeto. Também é

importante mencionar que, educadores da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica

do Rio de Janeiro), do Governo do Estado e autoridades da América Latina e Caribe

vieram aqui para saber como funciona o modelo Apucaranense de ensino.

Para o funcionamento do Projeto, segundo a Prefeitura Municipal, o

investimento em educação é de 32% do total da receita arrecadado no município,

salientamos aqui que não foi possível ter acesso a dados numéricos para verificar

esta realidade. O Prefeito Municipal, Valter Aparecido Pegorer, afirma que a

implantação do ensino em tempo integral foi um passo desafiador.

Conforme tomamos conhecimento, via Secretaria Municipal de

Educação, desde a implantação do Projeto estão ocorrendo importantes

investimentos na estruturação dos estabelecimentos escolares, sendo que, de

acordo com a Prefeitura Municipal de Apucarana, foram construídas 100 novas salas

de aula e 04 novas escolas. Desta maneira observam-se melhorias concretas na

estrutura física da rede municipal, contudo, deve-se também mencionar a

estruturação pedagógica e administrativa para os quais foi feito um levantamento

técnico intersecretarias, visando um bom funcionamento da parte administrativa,

assim como, corpo docente.

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Considerando o sistema de ensino em tempo integral e de acordo com

o que foi explicado a respeito, concordamos que este sistema proporciona

excelentes oportunidades para os professores desenvolverem trabalhos extra

classe, e sobretudo aos alunos no sentido de que estão longe dos perigos das ruas

e poderão acumular conhecimentos que lhes servirão num futuro próximo.

Com relação a Educação Ambiental no espaço escolar podemos

afirmar que o nosso trabalho foi possível em função do sistema de ensino em tempo

integral que permitiu a aplicação do projeto com muita segurança e disponibilidade

de tempo.

3.1 Uma proposta de Educação Ambiental no Parque Biguaçú

A fase de implementação do Projeto de Educação Ambiental ocorreu

em um curto espaço de tempo, ou seja, foram dez quartas feiras distribuídas nos

meses de junho, julho e agosto. Neste sentido, foram cerca de dez horas de teorias

e atividades práticas nas quais se focalizou o espaço denominado Parque Biguaçú,

local este em que está construída a Escola Municipal Dinarte Pereira de Araújo.

É importante destacar que se procurou aproveitar todas as

oportunidades que a Escola e as condições ao redor ofereciam, desta maneira

conforme vemos nas fotos nº4, 5 e 6, houveram vários momentos de intenso contato

com a natureza cujo principal intuito foi relacionar a teoria com a observação da real

situação do local em questão.

O espaço escolar possibilitou uma ótima oportunidade para se

trabalhar com alunos que estão praticamente na fase pré-adolescente, pois se

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detectou um excelente potencial para ser desenvolvido em benefício dos próprios

alunos e da comunidade de um modo geral. Sobre o aproveitamento do espaço

escolar Cavalcanti nos diz o seguinte:

A escola é um lugar de encontro de culturas, de saberes, de saberes científicos e de saberes cotidianos, ainda que o seu trabalho tenha como referência básica os saberes científicos. A escola lida com culturas, seja no interior da sala de aula, seja nos demais espaços escolares. (2002, p.33).

A partir da idéia da valorização do espaço e obedecendo a proposta de

trabalho, foram organizadas quatro modalidades de atividades tendo como objetivo

principal propiciar uma intima familiarização dos alunos com o Parque Biguaçú.

Também fizemos uso de parte da Lei Orgânica do Município de

Apucarana abordando alguns itens que dizem respeito à educação ambiental e

conservação das áreas naturais, lembrando que é de responsabilidade dos poderes

públicos formular e executar as leis ambientais.

Neste sentido apresentamos, os seguintes artigos referentes a Lei

Orgânica do Município de Apucarana que dizem:

Art.196 – Todos têm o direito ao meio ambiente saudável e ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à adequada qualidade de vida,

impondo-se a todos,e em especial ao Poder Público Municipal, o dever de defendê-

lo, para o benefício da atual e das futuras gerações.

O artigo citado acima, garante não somente o direito, mas também a

responsabilidade com a preservação do meio ambiente, desse modo, trabalhamos

em sala de aula a temática do dever e da ação como cidadãos conscientes.

Art.198 – Cabe ao Poder Público Municipal, juntamente com a União e o Estado,

para assegurar efetivamente:

III – promover a educação ambiental nas escolas municipais, estaduais e

particulares e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

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IV – proteger a fauna e a flora;

X – garantir área verde mínima, na forma definida em lei, para cada habitante.

Os incisos citados anteriormente embasam juridicamente a importância da educação

ambiental em sala de aula.

Art.203 – São áreas de proteção permanente:

I – as áreas das nascentes dos rios;

IV – constituem ainda áreas de proteção permanente, a faixa correspondente até

100 (cem) metros do leito dos rios, riachos e córregos, as matas das Fazendas

Schimidt, Ubatuba, Figueira no Rio Pirapó, Mercedes, Stábile (Juruba), Parque da

Raposa, Mata do Xaxim e matas do Contorno Sul.

O artigo acima esta diretamente ligado á realidade do Parque Biguaçú, uma vez que

no local existe uma nascente de rio e o agravante maior é a inexistência de mata

ciliar.

As deliberações que constam na Lei Orgânica do Município de Apucarana, são parte

do embasamento de nossa proposta de Educação Ambiental, cujo foco é o espaço

denominado Parque Biguaçú. Desta forma, o trabalho realizado na Escola Municipal

Dinarte Pereira de Araújo, com os alunos da 4ª. série do Ensino Fundamental,

objetivou desenvolver nos alunos um sentimento de amor à natureza, bem como, de

valorização do espaço verde local. Procuramos dessa maneira despertar no aluno o

seu lado sentimental em relação à mãe natureza que nos proporciona inúmeros

benefícios. Também estimulamos a formação de um espírito crítico para que o aluno

possa não apenas absorver o conhecimento mas também externar sua opinião

sobre os problemas ambientais e sobre a preservação da natureza. Sendo assim,

trabalhamos sob uma ótica que procurou não apenas ver e julgar as dificuldades e

problemas, mas sobretudo agir de uma maneira metodológica e eficaz.

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3.1.1 Conteúdos trabalhados e atividades práticas:

ATIVIDADE 1:

Buscou-se introduzir a temática proposta, junto aos alunos, de maneira

que expusessem com suas palavras o que entendiam por meio ambiente. Assim, em

sala de aula foi solicitado que cada aluno falasse sobre o que entende por meio

ambiente.

Desse modo temos as seguintes falas:

“Entendo que não pode desmatar a natureza, não jogar lixo e não poluir os rios”. (aluna 1)

“É uma parte de nossa vida de cada um” (aluno 1)

“Entendo que meio ambiente significa natureza, uma coisa que temos que preservar e cuidar”. (aluna 2)

“Eu entendo que não pode matar a natureza porque sem ela a gente não vive, tem que reciclar e não poluir o meio ambiente”. (aluna 3)

“O meio ambiente deve ser respeitado porque se desmatarem e poluírem tudo a natureza não faz o ar para nós, não devemos poluir a natureza”. (aluno 2)

“Ele é um local que deve ser preservado, não igual esta hoje cheio de lixo”. (aluno 3)

“De reciclar, de cuidar do meio ambiente para não ficar sujo a cidade” (aluna 4)

“É parte de nossa família”. (aluno 4)

“Ambiente é uma coisa boa, todos querem ar puro e o céu azul. Retirar lixos das ruas e separar coisas que reciclam e não jogar lixos em rios, ruas, e etc.” (aluno 5)

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“Que não pode poluir os rios, lagos e o ar etc, não matar a natureza destruindo as árvores e as outras coisas”. (aluna 5)

“É um local onde ainda existem animais, e onde ainda não é poluído pelo homem” (aluna 6)

“É um local sujo”. (aluna 7)

Conforme as respostas recebidas podemos classificar o nível de

conhecimentos sobre meio ambiente como de nível médio a satisfatório, uma vez

que se pediu que fossem espontâneos obedecendo ao nível de conhecimento de

cada aluno. Esta atividade visou detectar nos alunos algum conceito prévio sobre

meio ambiente.

Sobre conceitos lançamos mão da seguinte afirmação:

A formação de conceitos é uma habilidade fundamental para a vida cotidiana. Os instrumentos conceituais são importantes porque ajudam as pessoas a categorizarem o real, a classificá-lo, a fazer generalizações. Os conceitos são importantes mediadores da relação das pessoas com a realidade: eles nos libertam da escravidão do particular. (COLL SALVADOR, apud CAVALCANTE, 2002, p.36).

De acordo com a citação acima se deve considerar sempre o que o

aluno tem a dizer, pois suas palavras ainda que não muito claras, traduzem com

sinceridade os conhecimentos adquiridos.

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ATIVIDADE 2:

Parte 1.

A partir de discussões sobre os problemas ambientais, destacaram-se

as atividades humanas e a falta de cuidado com a natureza. Desta maneira foi

proposto aos alunos que ilustrassem o futuro do Parque Biguaçú daqui a dez anos.

Conforme foi solicitado aos alunos, apresentamos duas ilustrações que

descrevem duas situações que poderão ocorrer no Parque Biguaçú, ou seja, um

aspecto positivo e outro negativo.

Na primeira ilustração, observe na página seguinte que uma aluna nos

mostra um Parque Biguaçú organizado e bem cuidado, é importante mencionar que

a aluna retrata fielmente como estão dispostos os elementos presentes no parque.

Como nem tudo são flores, na segunda ilustração subseqüente a

ilustração anterior, outra aluna nos mostra uma situação totalmente contrária em

relação a sua colega, temos então um Parque Biguaçú poluído onde se vê uma

menina triste.

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Parte 2

A partir da atividade prática proposta aos alunos e tendo em vista o

que cada aluno demonstrou, trabalhamos os conteúdos que tratavam sobre a

importância de se cuidar da natureza.

Cuidar da Natureza é defender a vida.

Toda vida precisa de cuidados para se desenvolver, assim todo

elemento vivo necessita de luz, água e, tratando-se especificamente do ser humano,

de oxigênio de qualidade. Desta maneira o ar deve permanecer puro, livre de

qualquer partícula poluente, do contrário pode haver uma proliferação de doenças

respiratórias.

Como dissemos a respeito do ar, o mesmo se aplica à água que pode

se transformar em um veículo de transmissão de doenças, pois toda situação de

doença é possível quando não há o devido cuidado com a natureza por parte de nós

seres humanos.

Mas afinal, o que significa cuidar?

Esta pergunta feita aos alunos deixou-os um pouco apreensivos e sem

saber o que responder, entretanto pesquisou-se o significado da palavra cuidar.

Segundo a obra, Saber Cuidar, de Leonardo Boff, cuidar é: Ter zelo,

atenção, bom trato. É atitude, uma ação, uma preocupação e sobretudo

responsabilidade. O cuidado somente surge quando a existência de alguém tem

importância para mim. (BOFF, 1999, p.91).

Conforme a citação acima, as aulas teóricas foram preparadas

objetivando transmitir aos alunos a idéia de que toda a vida precisa de cuidado, do

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contrário adoece e morre, desta maneira fez-se uma analogia entre o valor da vida

humana e da natureza.

Quando somos crianças necessitamos de alimentação, bem como de

carinho e acompanhamento de nossos pais ao longo de nossa vida, pois se faltar

algo transmitimos sons e gestos que alertam os pais indicando que alguma coisa

não funciona bem.

Com a natureza não é diferente, ela também transmite seus

sentimentos. Muitos fenômenos naturais são o resultado da falta de cuidado do

homem para com a natureza, basta verificar o aquecimento global, uma vez que,

está cientificamente provado que é uma das causas de terríveis tempestades que

causam grandes prejuízos. Também vemos a ação modificadora do homem, muitas

vezes impensada, acarretando sérios impactos ambientais que comprometem o

futuro das cidades, bem como das paisagens naturais.

Mais uma vez foi importante enfatizar os desmatamentos, a poluição

das grandes empresas que agridem os rios, mares, atmosfera, acrescentando-se a

tudo isto, o desrespeito às áreas de preservação. Toda esta situação reflete a voz de

socorro que a natureza emite, advertindo-nos sobre os procedimentos que tomamos

no cotidiano.

A discussão do cuidado objetivou despertar nos alunos o poder que a

sociedade tem de destruição da natureza e principalmente o respeito que se deve

ter com a natureza, pois, somos seres limitados e precisamos da natureza para

viver.

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Leonardo Boff, em Saber Cuidar, coloca que:

Cada pessoa precisa descobrir-se como parte do ecossistema local, seja em seu aspecto habitacional, seja em sua dimensão cultural. Precisa conhecer os irmãos e irmãs que compartem da mesma atmosfera, da mesma paisagem, do mesmo solo, dos mesmos mananciais, das mesmas fontes de nutrientes. (BOFF, 1999, p.135).

Conforme as palavras de Boff, entende-se que, para se cumprir a idéia

proposta, deve haver um trabalho profundo sobre ética e valores, pois, a partir do

momento que temos uma preocupação com o próximo iremos cuidar melhor da

natureza.

As crianças prefiguram-se como os principais agentes modificadores

para um mundo melhor, no sentido de uma busca incessante por um ambiente

saudável e equilibrado.

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ATIVIDADE 3:

Parte 1: Aula teórica - O global e o local

Obedecendo ao desenvolvimento das idéias sobre o meio ambiente,

houve uma certa preocupação em destacar como se dá a abrangência do meio

ambiente, ou seja, instruir o aluno a respeito de duas situações de meio ambiente,

assim temos o meio ambiente Global e o Local. Como o próprio nome diz explicou-

se aos alunos que quando falamos em ambiente global, trata-se de uma dimensão

mundial, porém quando falamos em ambiente local, diz respeito à cidade, a

localidade onde nos encontramos, neste caso Parque Biguaçú.

Em função do que foi explicado buscou-se ilustrar concretamente a

temática Global/Local, para isto foram utilizados dois mapas e uma planta do

Parque, esta atividade possibilitou um melhor entendimento sobre as escalas de

meio ambiente.

CAVALCANTI argumenta que:

A cartografia é um importante conteúdo do ensino por ser uma linguagem peculiar da geografia, por ser uma forma de representar análises e sínteses geográficas, por permitir a leitura de acontecimentos, fatos e fenômenos geográficos pela sua localização e pela explicação dessa localização, permitindo assim sua espacialização. (2002, p. 39).

Neste sentido, com o uso de um mapa mundi, explicou-se o que é o

meio ambiente Global e o que ocorre nas diferentes paisagens dos continentes e as

situações sócio-econômicas das nações.

Com o mapa da cidade de Apucarana observamos os vários bairros

que fazem parte do sítio urbano, bem como os espaços rurais e principalmente

localizamos o Parque Biguaçú no contexto de Apucarana. Posteriormente com a

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utilização de uma planta do Parque verificou-se a extensão e como está distribuído

este espaço verde, desta forma pode-se dizer claramente o que é o meio ambiente

Local.

O trabalho com mapas e plantas possibilitou uma conscientização

sobre a valorização do espaço local. Entende-se assim que, a partir do momento em

que o aluno está conscientizado com relação aos problemas globais,

automaticamente ele conseguirá entender que a maneira mais eficaz de resolver os

grandes problemas é começando a agir nos locais onde convivemos com as outras

pessoas.

Atualmente estamos presenciando uma infinidade de problemas

ambientais que estão interferindo diretamente nas condições de vida das pessoas,

sobre estes problemas podemos citar alguns, como por exemplo: desmatamentos,

poluição do ar através da emissão de gases tóxicos, exploração desordenada dos

recursos naturais, dentre outros. Porém verificou-se que o maior problema a se

vencer é a intransigência de grupos político-econômicos nacionais e internacionais

que estão insensíveis ao futuro do planeta, cuja única preocupação é a acumulação

de poder político e riquezas.

Por conta do raciocínio acima, foi posta em sala de aula a discussão

sobre o que se poderia fazer para superar a mentalidade descrita no parágrafo

anterior. Assim, insistiu-se a respeito da importância do exercício da cidadania, de

maneira que os cidadãos despertem para a imprescindível cobrança da classe

política que formula as leis, bem como dos governantes responsáveis pela

implementação das políticas públicas. Outro aspecto, enfatizado aos alunos, foi à

importância da união que deve haver entre as pessoas, objetivando pressionar os

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poderes constituídos, no sentido de se cumprirem as reivindicações da sociedade,

garantidas por leis, sobre o direito de se ter ambientes saudáveis.

Parte 2: Atividade prática

Global e Local são duas realidades do meio ambiente, assim

trabalhou-se a temática Global/Local através do uso de mapas e planta do Parque

Biguaçú. Nesta atividade enfocou-se o meio ambiente e solicitou-se que os alunos

desenhassem um mapa do percurso de casa até a escola.

Uma aluna não poupou criatividade e senso de observação para

retratar como percebe o espaço, conforme observamos na página seguinte ela

retrata o trajeto que faz de casa até a escola, de acordo com a ilustração, a aluna

descreve a disposição de como se encontra a paisagem que circunda o Parque

Biguaçú.

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ATIVIDADE 4:

A partir de atividade lúdica, no playground do Parque Biguaçú, buscou-

se valorizar as áreas verdes como um importante espaço de lazer e educação. Outro

aspecto apresentado aos alunos trata-se da preservação das matas e cobertura

vegetal que protege o solo e equilibra a temperatura.

Foram encenadas três situações que descreveremos a seguir.

1- Com o uso de um regador de água próximo a um barranco sem cobertura

vegetal aspergiu-se água sobre esta superfície para que os alunos

entendessem sobre o desgaste do solo, erosões e desabamentos de encostas

que causam sérios problemas ambientais, bem como prejuízos sociais e

financeiros. (ver Foto n°. 2)

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Foto 2: Mostra um terreno sem cobertura vegetal onde o professor explica sobre o trabalho

das águas. (autor Paulo Sérgio,2005)

Foto 3: Mostra um terreno com cobertura vegetal onde o professor explica sobre o trabalho

das águas.(Foto: J.M.Ferreira,2005)

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2 - Ainda com o regador de água procedeu-se o mesmo em um barranco com

cobertura vegetal, desta forma pode-se demonstrar que a vegetação protege o

solo, como também garante que a água retorne ao subsolo. Esta é a vertente

direita do córrego Biguaçú que corre sentido sul, apesar de quase inexistência

de mata ciliar, podemos observar uma superfície coberta por vegetação e

desse modo, os alunos puderam entender por que motivo se deve preservar a

área de encostas. (ver Foto n°. 3)

3 - A terceira situação foi demonstrada em uma superfície coberta por asfalto.

Assim foi derramada água sobre a superfície para que os alunos visualizassem

que a água não tem para onde escoar e, ainda, é impossibilitada de restituir-se

ao lençol freático.

As atividades explicadas anteriormente foram executadas fora do

espaço escolar, próximo ao playground do Parque Biguaçú.

Após a observação da paisagem, os alunos tiveram um momento de

descontração nos brinquedos, esta atividade buscou valorizar o lazer e enfatizar a

importância da interação da criança com o meio ambiente. Assim, procurou-se unir o

útil ao agradável conforme a fotografias a seguir. (ver Foto n°. 4, Foto n°. 5 e Foto

n°. 6)

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Foto 4: Momento de lazer e descontração dos alunos (J.M.Ferreira,2005)

Foto n°. 5: Momento de lazer e descontração dos alunos (J.M.Ferreira,2005)

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Foto 6: Momento de lazer e descontração dos alunos (J.M.Ferreira,2005)

Foto 7: Observa-se o curso do córrego que se enche rapidamente devido aos resíduos

lançados em seu leito canalizado. (J.M.Ferreira,2005)

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O lixo urbano também mereceu destaque: os resíduos plásticos que as

pessoas lançam nas ruas, ocasionando o entupimento das galerias pluviais e

também a poluição do córrego. (ver Foto nº.7)

Através da observação da paisagem, desenvolvidas nas diversas

atividades, pretendeu-se sensibilizar os alunos a respeito do presente e do futuro do

Parque Biguaçú, buscando assim enfatizar a possibilidade de se ter uma interação

positiva do homem com a natureza.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho propusemos e executamos um Projeto de Educação

Ambiental que se realizou em um espaço local, de maneira que se prestigiasse o

lugar de convívio dos alunos, ou seja o Parque Biguaçú. Buscamos estimular e

conscientizar os alunos para que tenham uma postura concreta diante dos

problemas ambientais que afligem o mundo, priorizando assim o meio ambiente

local, onde propusemos ações constantes e localizadas, visto que, por mais simples

que sejam podem fazer uma grande diferença na qualidade do ambiente. Insistimos

desse modo, na formação de um aluno cidadão, consciente de seus direitos e

deveres, tendo em vista que este novo cidadão poderá agir primeiramente em sua

casa e posteriormente na sua comunidade, priorizando sempre o bem comum.

De acordo com o que desenvolvemos é importante frisar que não basta

direcionar verbas e constituir equipes técnicas para realizar estudos e formular

excelentes projetos de preservação ambiental, tudo isto é importante, entretanto,

muitas vezes prefigura-se como pura especulação e demagogia política. É preciso

que a população seja formada e informada a respeito dos problemas ambientais que

o mundo moderno produz para que possa agir frente ao poder público,

particularmente na instituição escola que é o principal agente modificador da

sociedade.

O Parque Biguaçú é uma realidade concreta, este é o local de ação da

comunidade que mora em suas imediações, particularmente para as famílias e

alunos da Escola Dinarte Pereira de Araújo. Assim, esta população e

particularmente esta comunidade escolar devem se preocupar com aquele espaço

que muitas vezes é maltratado por eles próprios.

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As pessoas precisam ser despertadas sobre a importância daquele

local, visto que oferece muitos benefícios e um tal conforto como, a vantagem de se

ter um lugar para a prática de esportes, atividades lúdicas e lazeres de um modo

geral.

A partir de todas as atividades realizadas, em que enfocamos o Parque

Biguaçú, constatamos que houve uma significativa atenção por parte dos alunos no

sentido de que entenderam quais são as suas responsabilidades na perspectiva de

um ambiente melhor e mais saudável. Assim esperamos que os novos homens e

mulheres saibam respeitar e cuidar melhor da natureza, levando em conta que

necessitamos desta natureza para sobreviver e deixá-la melhor para as futuras

gerações.

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