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2013 Análise dos componentes sistêmicos da Política Nacional de Assistência Social

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O Censo SUAS é realizado em regime de colaboração entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. É operacionalizado pelo MDS, por um sistema eletrônico de informações. Consiste do levantamento sistemático de informações de caráter inventariante e descritivo sobre a temática dos serviços, programas, projetos e unidades de assistência social. Este ano, além do esforço de ampliação do escopo temático investigado no levantamento, propôs-se uma reorganização no formato de apresentação dos resultados. A estrutura anterior de sistematização de achados por questionário cede lugar à organização editorial segundo a configuração sistêmica da PNAS, passando por capítulos que tratam, sucessivamente, de gestão e financiamento, da caracterização dos equipamentos, do perfil dos recursos humanos, da oferta dos serviços e do retrato da participação social nos estados e municípios brasileiros - avanços, dificuldades e desafios dos componentes que estruturam a PNAS como um Sistema.

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2013 Análise dos componentes

sistêmicos da Política Nacional

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BRASÍLIA, 2014

Análise dos componentessistêmicos da Política Nacionalde Assistência Social2013

SECRETARIA DE AVALIAÇÃO E GESTÃO DA INFORMAÇÃO|SAGISECRETARIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL|SNAS

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME|MDS

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Presidenta da República Federativa do Brasil | Dilma Rousseff

Vice-Presidente da República Federativa do Brasil | Michel Temer

Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome | Tereza Campello

Secretário Executivo | Marcelo Cardona

Secretário de Avaliação e Gestão da Informação | Paulo Jannuzzi

Secretária Nacional de Assistência Social | Denise Colin

Secretário Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional | Arnoldo Anacleto de Campos

Secretário Nacional de Renda de Cidadania | Luis Henrique da Silva de Paiva

Secretário Extraordinário de Erradicação da Pobreza | Tiago Falcão

Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação

Secretária Adjunta | Paula Montagner

Diretor de Monitoramento | Marconi Fernandes de Sousa

Diretor de Gestão da Informação | Caio Nakashima

Diretora de Formação e Disseminação | Patrícia Vilas Boas

Diretor de Avaliação | Alexandro Rodrigues Pinto

Secretaria Nacional de Assistência Social

Secretária Adjunta | Valéria Gonelli

Diretora do Departamento de Gestão do Sistema Único de Assistência Social | Simone Albuquerque

Diretora do Departamento de Benefícios Assistenciais | Maria José de Freitas

Diretora do Departamento de Proteção Social Básica | Léa Lúcia Cecílio Braga

Diretora do Departamento de Proteção Social Especial | Telma Maranho Gomes

Diretora do Departamento da Rede Socioassistencial Privada do SUAS | Carolina Gabas Stuchi

Diretora Executiva do Fundo Nacional de Assistência Social | Dulcelena Alves Vaz Martins

Expediente

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BRASÍLIA, 2014

Análise dos componentessistêmicos da Política Nacionalde Assistência Social2013

SECRETARIA DE AVALIAÇÃO E GESTÃO DA INFORMAÇÃO|SAGISECRETARIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL|SNAS

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME|MDS | MDS

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Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Censo SUAS 2013: Análise dos componentes sistémicos da Política

Nacional de Assistência Social

112 p. ; 23 cm.

ISBN: 978-85-60700-75-2

1. Assistência social, Brasil. 2. Política social, Brasil. I. Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome. II. Sistema Único de Assistência Social.

CDU 364(81)

TiragEm: 13.000 ExEmplarEs

imprEssão: gráfica são jorgE

© 2014 minisTério do dEsEnvolvimEnTo social E combaTE à fomE.

Todos os dirEiTos rEsErvados.

QualQuEr parTE dEsTa publicação podE sEr rEproduzida, dEsdE QuE ciTada a fonTE.

sEcrETaria dE avaliação E gEsTão da informação (sagi)

Esplanada dos minisTérios | bloco a | sala 340

70054-906 | Brasília | DF

TeleFone: (61) 2030-1501

www.mds.gov.br

cEnTral dE rElacionamEnTo do mds: 0800 707 2003

soliciTe exemplares DesTa puBlicação pelo e-mail: [email protected]

Publicação da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação

Equipe editorial

Coordenação editorial: Kátia Ozório

Projeto gráfico: Kátia Ozório

Diagramação: Tarcísio Silva

Revisão: Tikinet

Bibliotecária: Tatiane de Oliveira Dias

Apoio: Roberta Cortizo, Valéria Brito, Victor Lima e Eliseu Calisto

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Coordenação-geral do Censo SUAS 2013Caio Nakashima, Luís Otávio Pires Farias, Simone Aparecida Albuquerque.

Concepção, planejamento e operaçãoCinthia Barros dos Santos Miranda, Daniel Bruno Biagioni, Fernando Fúvio Ariclê Bento e Lima, Hugo Miguel Pedro Nunes, Paulo Eugênio Clemente Júnior, Priscila Quicila Rodrigues Coelho da Gama, Sérgio Bueno da Fonseca, Thais de Freitas Morais, Viviane de Souza Ferro de Mesquita, Walkyria Porto Duro, Zakia Ismail Hachem; Simone Albuquerque, Frederico de Almeida Meirelles Palma, Kamila Rodrigues Sato, Caio Nakashima.

Desenvolvimento de aplicativos informatizados, coleta e tratamento de dadosCaio Nakashima, Carlos Henrique Araujo Santana, Davi Lopes Carvalho, Érika Paes Ladim Castro, Fábio Alves Freire Carvalho, Flavio Jesus dos Santos, Giovanna Quaglia, Helbert de Sousa Arruda, Hideko Nagatani Feitoza, Joao Pedro Oliveira Paiva, Mariana Ferreira Peixoto dos Santos, Nicolle Yumi Yamada,Pedro Henrique Monteiro Ribeiro Ferreira,Pedro Oliveira Guedes, Rafael Contrin Henriques, Rebert Tomaz Aquino,Ricardo de Carvalho Feitoza, Rogério Costa Fari Faria Pacheco, Sabrina Medeiros Borges, Teotônio Ferreira Cunha, Talita Santana Santos Barcellos, Tiago Hackbarth, Uiran Couto, Arthur José Guimarães de Souza Maia, Cinthia Barros dos Santos Miranda, Daniel Bruno Biagioni, Fernando Fúvio Ariclê Bento e Lima, Hugo Miguel Pedro Nunes, Thais de Freitas Morais, Zakia Ismail Hachem, Luís Otávio Pires Farias.

Análise e validação dos dados

Alan Ioshikazu Ofuji, Camila Nascimento Barros, Dionara Borges Andreani.

Concepção e organização dos textos

Paulo Jannuzzi e Dionara Borges Andreani

Elaboração dos textos

Ana Carolina Freitas de Andrade, Camila Nascimento Barros, Dionara Borges Andreani, Luzia

Maria Cavalcante de Melo, Marcelo Lucio Saboia Fonseca.

Revisão

Paulo Jannuzzi, Paula Montagner, Luciana Jaccoud, Denise Colin, Marconi Fernandes de Sousa.

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prefácio

O Sistema Único de Assistência Social – SUAS – é resultado de um enorme es-

forço conjunto realizado pela União, estados e municípios ao longo da última

década. É exemplo inconteste do fortalecimento das políticas sociais em nosso

país e revela o compromisso do Estado com a construção de uma sociedade

mais justa, onde o direito à proteção social seja assegurado ao conjunto dos

cidadãos. Sistema de caráter universal, descentralizado e participativo, por

meio do qual se opera um complexo rol de programas, serviços e benefícios

nos 5.570 municípios brasileiros, o SUAS é uma conquista e patrimônio da so-

ciedade brasileira.

Nesta construção coletiva da política de Assistência Social hoje materializada,

dentre outras formas, nos 7.883 Centros de Referência da Assistência Social –

CRAS –, nos 2.249 Centros de Referência Especializada da Assistência Social –

CREAS, e nos mais de 250 mil trabalhadores da área vinculados ao setor públi-

co, cabe destacar a relevante contribuição do Censo SUAS como instrumento

essencial para a produção de informações e diagnósticos que têm amparado o

processo de planejamento, gestão e monitoramento do SUAS.

Iniciado no ano de 2007 e, desde então realizado anualmente, o Censo SUAS

nos permite melhor conhecer as diversas estruturas e organizações respon-

sáveis pela oferta dos serviços e benefícios e pela gestão e controle social

da política. Dada a sua periodicidade e regularidade, ele também nos permite

analisar a trajetória de desenvolvimento do SUAS, incorporando na análise do

presente o olhar sobre os elementos que conformaram o caminho percorrido e,

com base na leitura e interpretação da experiência acumulada, ousar projetar o

caminho a ser trilhado no futuro.

É frase corrente a afirmação de que “informação é poder”. Sendo assim, o Cen-

so SUAS é um exemplo de como o compartilhamento de responsabilidades na

produção das informações e o compromisso com a ampla disseminação das

mesmas contribui para dotar de poder os diversos atores desta política que

lutam pela sua consolidação enquanto política de direitos.

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0A divulgação dos resultados do Censo SUAS 2013 por meio da presente publi-

cação, visa propiciar uma maior apropriação dos dados por parte de pesquisa-

dores, de acadêmicos e dos técnicos e gestores do SUAS, fomentando o debate

crítico e propositivo para o contínuo aprimoramento do sistema.

Por fim, esta publicação também expressa o compromisso do Ministério do De-

senvolvimento Social e Combate à Fome com a transparência de suas ações e

com a prestação de contas à sociedade brasileira.

Boa leitura! Bom debate!

Tereza Campello

Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

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apresentação

Informação atualizada e abrangente é um insumo imprescindível na formula-

ção, monitoramento e avaliação de políticas e programas sociais no Brasil. Pelo

volume dos recursos aportados na área social, pela complexidade dos arranjos

federativos de implementação de programas e pela diversidade de públicos

atendidos não é possível desenhar e implantar programas, ações e serviços sem

que gestores e técnicos disponham de diagnósticos abrangentes, indicadores de

monitoramento e pesquisas de avaliação que auxiliem a decisão técnico-política

nos três âmbitos de governo. Essas assertivas são ainda mais válidas na gestão e

operação dos programas, serviços e benefícios da Política Nacional de Assistên-

cia Social (PNAS).

O Censo do Sistema Único da Assistência Social (SUAS) é um dos instrumentos de

que o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome dispõe para pro-

duzir, anualmente, informações acerca dos diversos componentes estruturantes

da PNAS. Desde 2007, pelo esforço conjunto da Secretaria de Avaliação e Gestão

da Informação (SAGI) e da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), o

Censo coleta dados junto aos diversos agentes e instituições operadores dos

programas e serviços do SUAS, constituindo um rico acervo de informações para

retratar os avanços, dificuldades e desafios para o cumprimento dos objetivos

da PNAS. Sua importância para a institucionalização do SUAS foi reconhecida na

premiação do 16º Concurso de Inovação na Gestão Pública em 2011, conferido

pelo júri de avaliadores convidados pela Escola Nacional de Administração Pú-

blica (ENAP).

Este ano, além do esforço de ampliação do escopo temático investigado no

levantamento, propôs-se uma reorganização no formato de apresentação dos

resultados. A estrutura anterior de sistematização de achados por questionário

cede lugar à organização editorial segundo a configuração sistêmica da PNAS,

passando por capítulos que tratam, sucessivamente, de gestão e financiamento,

da caracterização dos equipamentos, do perfil dos recursos humanos, da oferta

dos serviços e do retrato da participação social nos estados e municípios bra-

sileiros. Discorre-se, pois, sobre os avanços, dificuldades e desafios dos compo-

nentes que estruturam a PNAS como um Sistema.

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0Certamente, nos próximos anos, com a consolidação dos procedimentos de pre-

enchimento dos Registros Mensais de Atendimento, dos Registros Individuais

de Atendimentos na rede de equipamentos, com a implantação do Sistema de

Informação de Monitoramento e Avaliação do Programa Nacional de Capacitação

do SUAS, além da realização de pesquisas de avaliação mais específicas sobre os

programas, benefícios e serviços da PNAS, novos capítulos poderão se integrar

nessa avaliação sistêmica, abordando as dimensões de capacitação dos recursos

humanos, cobertura dos serviços e benefícios, resultados e efeitos da PNAS junto

aos diferentes públicos atendidos.

Ao agradecer o empenho de todos os gestores, técnicos e conselheiros que tem

nos permitido reunir informações cruciais sobre o sistema nesses anos, traze-

mos aqui os resultados compilados para que possam subsidiar o debate quali-

ficado e construtivo acerca dos desafios da institucionalização e efetividade do

SUAS no país.

Denise Colin

Secretária Nacional de Assistência Social

Paulo Jannuzzi

Secretário de Avaliação e Gestão da Informação

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sumário

inTrodução 15

CENSO SUAS COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO SISTÊMICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

DO VOLUNTARISMO ASSISTENCIALISTA À INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SUAS: UMA BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO PARA SE COMPREENDER O PAPEL DO CENSO SUAS 16

DO CENSO CRAS AO CENSO SUAS 2013: A AMPLIAÇÃO DE ESCOPO E ENVOLVIMENTO DE AGENTES NO PROVIMENTO DE INFORMAÇÕES 21

capíTulo 1 25

GESTÃO E FINANCIAMENTO DA REDE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

GESTÃO DA REDE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 27

FINANCIAMENTO DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 32

FONTES DE FINANCIAMENTO DOS EQUIPAMENTOS DA REDE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 38

CONSIDERAÇÕES FINAIS 41

capíTulo 2 43

EQUIPAMENTOS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CRAS 44

CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CREAS 50

CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO PARA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - CENTRO POP 55

UNIDADES DE ACOLHIMENTO 59

CONSIDERAÇÕES FINAIS 64

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capíTulo 3 65

RECURSOS HUMANOS DO SUAS

EVOLUÇÃO E PERFIL DOS RECURSOS HUMANOS DO SUAS 66

QUALIFICAÇÃO DAS EQUIPES DOS EQUIPAMENTOS 71

CONSIDERAÇÕES FINAIS 84

capíTulo 4 85

SERVIÇOS OFERTADOS PELO SUAS

SERVIÇOS PRESTADOS PELOS ESTADOS 86

SERVIÇOS PRESTADOS PELOS MUNICíPIOS 87

CONSIDERAÇÕES FINAIS 92

capíTulo 5 93

PARTICIPAÇÃO SOCIAL

INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS CONSELHOS 94

ATIVIDADES DESEMPENHADAS 99

CONSIDERAÇÕES FINAIS 105

capíTulo Final 106

UMA SÍNTESE DO CENSO SUAS 2013

REFERÊNCIAS BIBLIOGRáFICAS 110

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INTRODUÇÃO cEnso SUAS como insTrumEnTo dE avaliação sisTêmica da assisTência social

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3Há vários anos o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome re-

aliza o Censo SUAS, combinando esforços entre a União, os estados, o Distrito

Federal e os municípios para a obtenção dos dados sobre o estágio de estrutu-

ração do Sistema Único da Assistência Social. Desde que foi criado, em 2007,

o Censo vem ampliando seu escopo temático, inserindo novos questionários e

respondendo às demandas de novas informações para aprimoramento do SUAS.

Este capítulo introdutório recupera, pois, essa trajetória de contribuição e inte-

ração entre o Censo e o SUAS, de modo a justificar a nova proposta editorial que

esta publicação passa a ter a partir da presente edição.

DO VOLUNTARISMO ASSISTENCIALISTA À INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SUAS: UMA BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO PARA SE COMPREENDER O PAPEL DO CENSO SUAS

A política de assistência social  tem passado por aprimoramentos significativos

em seus instrumentos normativos e arranjos institucionais, bem como pela am-

pliação de programas, benefícios e serviços, deixando para trás as iniciativas

pulverizadas, voluntaristas e filantrópicas que caracterizavam a área em passado

não muito distante.

Desde sua legitimação na Constituição Brasileira de 1988 como uma política pú-

blica destinada a assegurar direitos, a assistência social tem se firmado, através de

esforços contínuos nos últimos anos, como uma base estável da seguridade social

brasileira. Cinco anos após a promulgação da Constituição, precedida por abran-

gentes discussões entre intelectuais, políticos e sociedade para estabelecer novos

pressupostos e fundamentos teóricos, éticos e cívicos que condissessem com as

demandas de universalização da proteção social exigidas pelo texto constitucio-

nal, foi sancionada a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) nº 8.742/1993.

Apresentando uma nova configuração institucional para a assistência social, esta

passa a ser concebida, então, como direito do cidadão e dever do Estado, de cará-

ter não contributivo, que opera com aval e controle da sociedade (VIEIRA, 2008).

Das inovações trazidas pela LOAS, além da participação ativa da população, por

meio de conselhos e conferências, destaca-se a descentralização político-admi-

nistrativa, pressupondo um comando único em cada esfera de governo, vinculado

ao órgão de coordenação da assistência social em âmbito nacional.

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Com a apresentação da primeira Política Nacional de Assistência Social (PNAS)

em 1998, já prevista na LOAS, constituíram-se as diretrizes para as ações da as-

sistência social com o pressuposto conceitual de emancipação de seus desti-

natários da condição de assistidos para a de cidadãos de direitos. Na prática,

segundo Boscheti (2001), a PNAS representou uma base orientadora para pro-

cedimentos e ações a serem adotados pelos gestores da política de assistência

social em todo país.

Na Conferência Nacional de Assistência Social de 20031, houve deliberação pela re-

formulação da PNAS de 1998 e de sua Norma Operacional Básica (NOB), bem como

pela construção e implementação do Sistema Único da Assistência Social (SUAS).

A PNAS (2004), aprovada pela Resolução nº 145 do Conselho Nacional de Assis-

tência Social (CNAS), traz efetivas transformações à assistência social no Brasil,

dentre as quais se destacam:

(A) aperfeiçoamento da descentralização - cabendo a coordenação e as

normas gerais à esfera federal e a coordenação e execução dos respecti-

vos programas às esferas estadual e municipal bem como às entidades b e -

neficentes e de assistência social, garantindo o comando único das ações

em cada esfera de governo;

(B) estruturação da participação da população - através de organizações

representativas na formulação das políticas e no controle das ações em to-

dos os níveis;

(C) fundamentação na centralidade na família para concepção e implemen-

tação dos benefícios, programas e projetos (BRASIL, 2004).

A PNAS 2004, em conjunto com a NOB/SUAS 2005, consubstancia as diretrizes

gerais apontadas pela LOAS definindo, além dos públicos a serem atendidos, as

ofertas protetivas que devem ser contínuas, uniformes e claramente desenhadas.

Para isso, a política de assistência social deve contar com equipamentos públicos,

recursos humanos, financiamento estável e regular, e uma rede integrada de servi-

ços e sistemas de informação e monitoramento (COLIN & JACCOUD, 2013).

1 as confErências dE assisTência social dElibEram as dirETrizEs para o apErfEiçoamEnTo da

políTica De assisTência social em caDa uma Das esFeras governamenTais (Brasil, 2012).

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3Já requisitado pela LOAS e com objetivo de dar operacionalidade à assistência

social como política pública, a estruturação e implementação de um Sistema

Único foi exigência necessária à organização desta política pública para atin-

gir amplamente o território nacional e alcançar os princípios de universalidade,

equidade, integralidade, controle social e descentralização.

Segundo Castro (2012) o conceito de sistema enquanto rede de serviços como

modo de ordenar cuidado foi mencionado primeiramente no Dawson Report on

the future provition of medical and allies services (OPAS, 1964), elaborado em

1920 por um Conselho Consultivo composto por políticos e especialistas da Grã-

-Bretanha. No texto há sugestões de reformas radicais e amplas na atenção à

saúde, nos planos da política, introduzindo a noção de direito universal à saúde

com a estatização do mercado médico-hospitalar e propondo uma nova enge-

nharia para concretização daquelas diretrizes. Ainda coloca a atenção primária

à saúde e a regionalização do atendimento baseado em rede de serviços com

vários níveis de complexidade e sempre interconectados.

Antes do século XX, a saúde pública se ocupava apenas com problemas coletivos

(epidemias, controle de alimentos, do meio ambiente), enquanto o atendimento

aos doentes era de responsabilidade de cada pessoa, família ou empresa, e o

cuidado com as pessoas pobres dependia de instituições filantrópicas. Assim,

com a ampliação do escopo e da abrangência de políticas nessa área, a saúde

passa a ser de interesse público, em que o Estado se torna responsável não so-

mente pelas questões coletivas, mas também por cada cidadão em particular.

Para dar concretude a essa concepção, construíram-se grandes sistemas

públicos de saúde, financiados com orçamento estatal e ordenados segundo a

lógica da eficácia e eficiência, em confronto com interesses corporativos que

tradicionalmente haviam se incorporado ao mercado. Este esforço produziu

uma nova cultura, inaugurando um outro modo de gestão, planejamento e

atenção à saúde. O movimento teve sua primeira sistematização na Inglaterra,

com o Relatório Dawson, de 1920 (CAMPOS, 2008).

No Brasil das décadas de 1960 e 1970, a saúde pública não era muito diferente

da saúde europeia do século XIX: o Estado se ocupava quase exclusivamente

com ações de promoção de saúde e prevenção de doenças (campanhas de vaci-

nação e controle de endemias) e oferecia, por meio do Instituto Nacional de As-

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sistência Médica da Previdência Social (INAMPS), autarquia vinculada ao Minis-

tério da Previdência e Assistência Social, assistência médica aos trabalhadores

da economia formal (contribuintes da Previdência) e seus dependentes.

No contexto da democratização do país no final da década de 1980, com a crise de

financiamento do modelo de assistência médica da Previdência Social e com uma

grande mobilização política dos trabalhadores da saúde, de centros universitários

e de setores organizados da sociedade, constituiu-se o “Movimento da Reforma

Sanitária”. O momento político associado à mobilização da sociedade culminou

na definição do Sistema Único de Saúde (SUS) na própria Constituição Federal de

1988, trazendo à saúde princípios de direito universal e financiamento público

pelo Estado, estruturação de uma rede de serviços com atenção integral e hierar-

quização e regionalização do atendimento dividido em esquema de acesso por

nível de complexidade (SOUZA, 2002; CAMPOS, 2008). Ainda segundo Campos

(2008) é possível considerar que a maioria das diretrizes do SUS se originam e se

fundamentam no relatório Dawson - “O direito à saúde, o dever do Estado e da

sociedade com sua implementação, a organização do sistema com base em neces-

sidades de saúde, a regionalização e a hierarquização da atenção segundo níveis,

a ideia de ‘comando único‘ da rede por território” - com inovações importantes

como a descentralização governamental, a gestão participativa e o controle social

da sociedade civil sobre o Estado, e a constituição de espaços coletivos (conferên-

cias) com poder de deliberação e de fiscalização das ações do executivo.

O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) toma emprestado do SUS boa parte de

suas diretrizes e se baseia no próprio conceito de sistema no qual existe relação e

vínculo entre as partes, com um comando único, descentralizado e com participação

social. O SUAS reorganiza os serviços, programas, projetos e benefícios de acordo

com as funções que desempenham, com as demandas individuais e sua complexi-

dade, a partir de uma gestão participativa com definições claras das competências

técnico-políticas nas três esferas governamentais. Passa ainda a elencar as seguran-

ças de sobrevivência ou de rendimento e autonomia; de convívio ou vivência fami-

liar; de acolhida e de sobrevivência a riscos circunstanciais (COLIN & JACOUD, 2013).

Dentro desse contexto, a NOB/SUAS 2005 teve por objetivo descrever um regi-

me geral próprio de gestão do SUAS e avançou na integração entre as diversas

esferas de governo “ampliando a organicidade do desenho e dos arranjos insti-

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3tucionais para a prestação de serviços” (COLIN & JACOUD, 2013). Além disso, dá

aporte à organização dos níveis de proteção social básico e especial e amplia

os arranjos institucionais para a prestação de serviços com a estruturação dos

equipamentos públicos e das equipes técnicas. Ainda, avançou na pactuação e

coordenação federativa, trazendo uma nova sistemática de financiamento, com

regularidade de repasses federais e mecanismos de transferências de recursos

fundo a fundo baseada em pisos, critérios e indicadores de partilha.

Já a NOB/SUAS 2012 reforça as dimensões do planejamento e da pactuação de

metas e de resultados entre os diferentes atores responsáveis pela implemen-

tação da PNAS e do cofinanciamento da área, além de flexibilizar o uso dos re-

cursos federais repassados em forma de pisos. Importante destacar a construção

das instâncias de pactuação - Comissões Intergestores (tripartite, em âmbito na-

cional, e bipartite, no estadual) e de controle social (Conselhos de Assistência

Social das diferentes esferas) - que asseguram a área de pactuações e delibera-

ções consolidando a cooperação e a articulação interfederativa, a transparência

pública e a condução da política de forma democrática e participativa (COLIN &

PEREIRA, 2013).

A relevância destas instâncias se deve ao fato de que os direitos sociais

implicam na uniformidade do atendimento em todo território nacional.

Exigem unidade nos conteúdos das ofertas, desde a eleição de prioridades

à definição de formatos, qualidade e financiamento, com inúmeros

impactos na gestão além da demanda de ação coordenada e integrada em

diferentes níveis de governo. (COLIN & JACOUD, 2013)

Em 2011, por meio da Lei do SUAS - Lei nº 12.435/2011 - se dá outro passo impor-

tante na institucionalização do mesmo, inserindo-o organicamente no corpo da LOAS.

Nesse período, concomitante ao processo de institucionalização normativa, os

Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), os Centros de Referência

Especializados de Assistência Social (CREAS) e os Centros de Referência Espe-

cializados para Pessoas em Situação de Rua (Centro POP) se expandiram rapi-

damente, constituindo uma ampla rede de atendimento e encaminhamento aos

direitos de proteção social. A capilaridade dos equipamentos, em conjunto com

a ampliação da busca ativa de usuários, tem favorecido o caminho da integra-

lidade da cobertura atingindo praticamente todos os territórios vulneráveis. A

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ampliação da rede, tanto em equipamentos quanto em capacidade de oferta,

foi acompanhada do crescimento dos recursos humanos, além da tipificação e

padronização dos serviços socioassistenciais - descrita pela Resolução do CNAS

nº 109 de 11 de novembro de 2009 - de modo a homogeneizar e ampliar as ga-

rantias de oferta à população.

DO CENSO CRAS AO CENSO SUAS 2013: A AMPLIAÇÃO DE ESCOPO E ENVOLVIMENTO DE AGENTES NO PROVIMENTO DE INFORMAÇÕES

Além da institucionalização normativa e da estruturação da rede de equipamentos

e serviços, a consolidação do SUAS como política social se deve também à criação

de um instrumento de monitoramento anual, cada vez mais abrangente em escopo

temático e em agentes envolvidos no provimento de informações: o Censo SUAS.

Criado em 2007 como uma ficha de registro de caracterização básica dos CRAS, o

levantamento passou a ser denominado Censo CRAS no ano seguinte. Em 2009,

o levantamento passou a abranger também a coleta de dados junto aos CRE-

AS, recebendo a denominação atual de Censo SUAS. Nos três anos seguintes,

refletindo o processo de institucionalização crescente do SUAS, ampliou-se

substancialmente seu escopo investigativo, com a introdução dos questionários

da Gestão Estadual, Gestão Municipal, Conselho Estadual de Assistência Social,

Conselho Municipal de Assistência Social, Rede de Entidades Conveniadas (to-

dos em 2010), Centros POP (em 2011) e Unidades de Acolhimento (em 2012)2.

Ao longo desses sete anos, o Censo tem tido como principal objetivo verificar o

alcance das metas de pactuação nacional e estadual e dos indicadores do SUAS,

visando ao reordenamento e à qualificação da gestão, dos serviços, programas,

projetos e benefícios socioassistenciais do SUAS. A análise do Censo como parte

do monitoramento do SUAS permite a avaliação do Sistema como um todo, con-

siderando a abrangência de seus questionários. Assim, é possível gerar ações e

medidas que objetivam a resolução de dificuldades, o aprimoramento e a qua-

2 em enap (2011), na puBlicação De regisTro Das Dez ações premiaDas Do 16º concurso inovação

na gEsTão pública fEdEral, há um brEvE rElaTo hisTórico do cEnso suas E sua conTribuição para

insTiTucionalização da pnas.

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3lificação da gestão, dos serviços, dos programas, dos projetos e dos benefícios

socioassistenciais.

Além de proporcionar subsídios para a construção e a manutenção de indicado-

res de monitoramento e avaliação do SUAS e de sua gestão integrada, o Censo

SUAS recolhe informações referentes à situação e ao funcionamento dos equi-

pamentos de Proteção Social, servindo como guia de ajustes nos procedimentos,

repasses e definição de critérios para a expansão dos serviços e da própria rede.

Seus instrumentos e objetivos são definidos em ação conjunta da Secretaria de

Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) e da Secretaria Nacional de Assistência

Social (SNAS).

Em 2013, o Censo compreendeu a aplicação de oito questionários distintos, de

modo a mapear os componentes sistêmicos da PNAS, a saber:

— Questionário Centro de Referência de Assistência Social (CRAS): Identificação, estrutura física, caracterização dos serviços ofertados, gestão do território, articulação e recursos humanos.

— Questionário Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS): Identificação, estrutura física, caracterização dos ser-viços ofertados, gestão, articulação e recursos humanos.

— Questionário Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centros POP): Identificação, estrutura física, serviços ofertados, gestão, articulação e recursos humanos.

— Questionário Unidades de Acolhimento: identificação, caracteriza-ção, estrutura física e área de localização e recursos humanos.

— Questionários do Conselho Estadual e Conselho Municipal de As-sistência Social e Conselho de Assistência Social do Distrito Federal (CAS/DF): Identificação, Lei de criação, regimento interno e legislações, orçamento e infraestrutura, secretaria executiva, dinâmica de funcio-namento, conferências de Assistência Social, composição do conselho e conselheiros.

— Questionário da Gestão Estadual: Identificação, estrutura admi-nistrativa, gestão SUAS, regionalização, serviços socioassistenciais, be-nefícios socioassistenciais, gestão financeira, gestão do trabalho, apoio

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técnico e financeiro aos municípios, vigilância socioassistencial, apoio ao exercício da participação e do controle social, comissão intergesto-res bipartite.

— Questionário da Gestão Municipal: Identificação, estrutura admi-nistrativa, gestão SUAS, gestão financeira, gestão do trabalho, gestão de serviços, programas e projetos, gestão de benefícios, vigilância so-cioassistencial, ações de inclusão produtiva.

A coleta de dados do Censo SUAS foi realizada, como todo ano, por meio de

questionários eletrônicos disponíveis no portal da SAGI, com um tempo míni-

mo de preenchimento de 30 dias. Cada questionário teve seu preenchimento

sob a responsabilidade de um profissional específico nos estados e municípios,

estendendo-se de setembro a dezembro de 2013, conforme cronograma abaixo.

Questionário período de preenchimento

CRAS 30 de setembro a 13 de dezembro

CREAS 18 de setembro a 08 de novembro

Centro POP 30 de setembro a 13 de dezembro

Unidades de Acolhimento 14 de outubro a 13 de dezembro

Conselho Estadual/Distrital 21 de outubro a 13 de dezembro

Conselho Municipal 21 de outubro a 13 de dezembro

Gestão Estadual 21 de outubro a 13 de dezembro

Gestão Municipal 18 de setembro a 08 de novembro

A análise dos resultados do Censo SUAS 2013 ora apresentada segue uma nova

abordagem em sua exposição. Tem-se como proposta, a compreensão do SUAS

em sua configuração como política social, demonstrando seu estágio de institucio-

nalização por meio dos componentes sistêmicos da PNAS. Assim, a exposição dos

dados do Censo SUAS será realizada de acordo com cinco eixos de análise, a saber:

— Gestão e Financiamento da Rede de Assistência Social: demonstra a estrutura administrativa das instâncias de execução e a coordenação dos financiamentos das políticas de assistência social (gestão municipal e gestão estadual) e como acontece a distribuição desses recursos aos equipamentos de assistência social (CRAS, CREAS e Centros POP).

— Equipamentos da Assistência Social: aponta o crescimento territo-rial e a abrangência da cobertura dos CRAS, CREAS, Centros POP e Uni-

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3dades de Acolhimento e a evolução da infraestrutura destas unidades de atendimento.

— Recursos Humanos do SUAS: aborda a evolução dos recursos hu-manos de acordo com as instâncias de gestão estadual e municipal e de escolaridade e vínculo empregatício dos profissionais do SUAS, além da análise da formação profissional e da escolaridade dos trabalhado-res dos equipamentos de assistência social, bem como o crescimento da quantidade de profissionais ao longo dos anos.

— Serviços ofertados pelo SUAS: mostra os serviços ofertados pela rede e as atividades desenvolvidas pelas unidades de atendimento.

— Participação social no SUAS: demonstra como tem acontecido a participação social na institucionalização do SUAS por meio da análise dos Conselhos Municipais e Estaduais, suas atividades e sua estrutura administrativa.

Espera-se que a partir de uma avaliação com abordagem direcionada à análise

integrada do SUAS seja possível, partindo dos dados das unidades públicas de

atendimento e das instâncias administrativas e deliberativas, retratar fielmente

seu funcionamento e evolução como Sistema Único de política social, amplian-

do, assim, a compreensão acerca da Rede de Proteção Social.

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CAPíTULO 1 gEsTão E financiamEnTo da rEdE dE assisTência social

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3A descentralização político-administrativa para estados, Distrito Federal e mu-

nicípios - e a consequente articulação federativa entre os entes - compõe uma

das diretrizes da organização da assistência social. A consolidação da gestão

compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação técnica entre as esferas go-

vernamentais são aspectos fundamentais para a execução da proteção social

não-contributiva e tem por principal objetivo assegurar os direitos da população

usuária. Os níveis de governo “assumem responsabilidades na gestão do siste-

ma e na garantia de sua organização, qualidade e resultados na prestação de ser-

viços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais que serão ofertados

pela rede socioassistencial” (BRASIL, 2012).

O financiamento da política de assistência social é responsabilidade comparti-

lhada entre os entes federados e os recursos alocados nos fundos de assistência

social devem ser voltados à organização, à prestação, ao aprimoramento e à via-

bilização dos serviços, programas e projetos e benefícios da política de assistên-

cia social (BRASIL, 1993). O cofinanciamento no SUAS é viabilizado através de

transferências regulares e automáticas entre os fundos de assistência social e

devem prover subsídios aos benefícios e serviços socioassistenciais tipificados

nacionalmente e ofertados pelos equipamentos que compõem a Rede de Assis-

tência Social.

O Censo SUAS, desde 2010, realiza questionários que recolhem informações

específicas das instâncias de execução e coordenação dos financiamentos das

políticas de assistência social com objetivo de monitorar as ações de gestão e

financiamento dos estados e municípios e se as mesmas condizem com os parâ-

metros institucionalizados para implementação total e bom funcionamento da

Rede de Assistência Social. Respondidos pelas secretarias estaduais e munici-

pais de assistência social, os questionários de Gestão Estadual e Municipal ofe-

recem dados importantes acerca do funcionamento destas instâncias, demons-

trando os pontos que os tornam órgãos gestores efetivamente descentralizados

e que trabalham em plena cooperação.

Serão apresentadas neste capítulo as análises dos dados referentes à estrutura

administrativa das instâncias de Gestão Municipal e Estadual bem como ao fun-

cionamento do financiamento da Rede Socioassistencial utilizando, inclusive, os

dados do Censo SUAS dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), dos

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Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) e dos Centros

de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centros POP).

GESTÃO DA REDE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Os órgãos gestores têm como competências, entre outros: destinar recursos fi-

nanceiros aos municípios ou aos estados a título de participação no custeio do

pagamento dos auxílios natalidade e funeral mediante critérios estabelecidos

pelos Conselhos Estaduais ou Municipais de Assistência Social; apoiar técnica

e financeiramente os serviços, os programas e os projetos de enfrentamento da

pobreza em âmbito regional ou local; atender às ações assistenciais de caráter

de emergência; estimular e apoiar técnica e financeiramente as associações e

consórcios na prestação de serviços de assistência social. Para o cumprimento

das normas estabelecidas pela legislação referente ao SUAS, é necessária uma

estrutura administrativa capaz de respaldar as ações da assistência social.

De acordo com o Censo SUAS 2013, todos os estados da federação já possuem

uma estrutura administrativa caracterizada como Secretaria Estadual de Assis-

tência Social. Em 29,6% dos Estados são secretarias exclusivas de assistência

social, ou seja, são órgãos gestores que coordenam, formulam ou executam ex-

clusivamente a política de assistência social não estando nem associadas e nem

subordinadas a outras políticas sociais. Por sua vez, em 70,4% dos Estados, as

Secretarias Estaduais são também responsáveis por outras políticas como saúde,

educação, trabalho, segurança alimentar, etc.

Em relação às instâncias municipais, 79% dos municípios possuem secretarias ex-

clusivas de assistência social e, ainda, 17,7% possuem secretarias municipais em

conjunto com outras políticas setoriais. Quando em recorte por grande região, com-

parando sua série histórica (Gráfico 1), observa-se que houve aumento no percentu-

al de municípios providos de secretarias exclusivas nas regiões Sudeste e Sul, entre

2012 e 2013. No entanto, no mesmo período nas regiões Nordeste e Centro-Oeste

houve uma redução neste percentual. A região Sul, ao longo dos anos analisados,

foi a que apresentou o menor percentual de municípios com secretarias exclusivas.

É importante ressaltar que o fato de o Estado ou Município contar com uma es-

trutura exclusiva para gestão das políticas de assistência social não necessa-

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01

3riamente implica em melhor desempenho dos programas, ações e serviços da

assistência social. Pode-se dizer, inclusive, que a coexistência da Secretaria de

Assistência Social com secretarias de assuntos correlatos, como Direitos Huma-

nos ou Trabalho, por exemplo, possam expandir as possibilidades de discussões

em conjunto, trazendo resultados positivos para ambas as partes3.

3 Em 2013, cErca dE 21% das sEcrETarias municipais dE assisTência social EsTavam associadas ou

suBorDinaDas a ouTras secreTarias, De maneira Que, DesTas, 46,7% esTavam vinculaDas a secreTaria

Da HaBiTação, 35,9% a secreTaria Do TraBalHo, 25,5% a secreTaria De saÚDe, 16% a secreTaria De

sEgurança alimEnTar E 15% a ouTras sEcrETarias como cidadania, EsporTE E lazEr, dEsEnvolvimEnTo

econÔmico, eTc. o percenTual vinculaDo Às Demais secreTarias não passa De 6,4%.

Gráfico 1: Distribuição percentual de Secretarias Municipais exclusivas de Assistência Social segundo Grandes Regiões – Brasil, 2010 a 2013.

76,2

%

82,0

%

70,3

%

57,2

%

80,8

%

81,3

%

83,1

%

73,9

%

54,9

%

86,8

%

80,0

%

84,2

%

76,2

%

61,1

%

84,6

%

80,8

%

82,9

%

83,9

%

64,6

%

80,9

%

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

2010 2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

A análise do grau de formalização das áreas de assistência social aponta a con-

solidação das mesmas nos estados e nos municípios. A constituição das áreas

de assistência social como subdivisão administrativa, ou seja, como superinten-

dência, gerência, coordenação, etc., na estrutura do órgão gestor, mesmo que

de maneira informal, demonstra o esforço dos estados e dos municípios para

implementação do SUAS.

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Gráfico 2: Distribuição Percentual das áreas da Assistência Social segundo formalização enquanto subdivisão administrativa nos órgãos gestores estaduais - Brasil, 2013

3,7%  

14,8%  

3,7%  

11,1%  

14,8%  

48,2%  

22,2%

29,6%

29,6%

55,6%

48,2%

33,3%

55,6%

63,0%

37,0%

77,8%

70,4%

70,4%

40,7%

37,0%

63,0%

33,3%

22,2%

14,8%

Gestão Financeira e Orçamentária

Proteção Social Básica

Proteção Social Especial

Gestão do Bolsa Família

Gestão de Benefícios Assistenciais

Gestão do SUAS

Vigilância Sociassistencial

Gestão do Trabalho

Regulação do SUAS

Constituída formalmente Constituída informalmente Não constituída

Fonte: MDS, Censo SUAS.

No que tange à formalização das diferentes áreas que compõem a estrutura dos

órgãos gestores estaduais, a Proteção Social Básica, a Proteção Social Especial e

a Gestão Financeira e Orçamentária apresentam os maiores níveis com 70,4% as

Proteções Sociais e 77,8% a Gestão Financeira e Orçamentária (Gráfi co 2). Estas

são ainda as áreas que estão instituídas em todos os estados formal ou infor-

malmente. As áreas com menor nível de formalização são a Gestão do Trabalho

(63,0%), Gestão do Programa Bolsa Família (55,6%), Vigilância Socioassisten-

cial (55,6%) e Gestão de Benefícios Socioassistenciais (48,2%). Dentre as áreas

ainda não constituídas destaca-se a Regulação do SUAS, ausente em 48,2% dos

órgãos gestores estaduais.

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Gráfico 3: Distribuição Percentual das áreas da Assistência Social segundo formalização enquanto subdivisão administrativa nos órgãos gestores municipais – Brasil, 2013

19,9%

10,0%

32,0%

6,1%

15,0%

13,7%

30,7%

38,0%

34,5%

29,8%

26,9%

30,9%

23,2%

30,3%

30,4%

36,0%

30,9%

30,3%

50,3%

63,1%

37,1%

70,7%

54,6%

55,9%

33,3%

31,1%

35,2%

Gestão Financeira e Orçamentária

Proteção Social Básica

Proteção Social Especial

Gestão do Bolsa Família

Gestao de Benefícios Assistenciais

Gestão do SUAS

Vigilância Socioassistencial

Gestão do Trabalho

Regulação do SUAS

Constituída formalmente Constituída informalmente Não constituída

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Quando observada a constituição das áreas socioassistenciais nos órgãos ges-

tores municipais (Gráfi co 3), percebe-se que as áreas formalizadas em mais de

50% dos órgãos gestores são, respectivamente, Gestão do Programa Bolsa Famí-

lia (70,7%), Proteção Social Básica (63,1%), Gestão do SUAS (55,9%), Gestão de

Benefícios Assistenciais (54,6%) e Gestão Financeira e Orçamentária (50,3%).

Destaca-se que a Gestão do Bolsa Família não está constituída em apenas 6,1%

dos órgãos gestores. Das áreas não constituídas, as que apresentam maiores per-

centuais são Gestão do Trabalho (38,0%), Regulação do SUAS (34,5%), Proteção

Social Especial (32,0%) e Vigilância Socioassistencial (30,7%).

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A vigilância socioassistencial, apesar do percentual alto de ausência nos órgãos

gestores municipais, é a que apresenta o maior percentual de área constituída

informalmente (55,6% nos Estados e 36% nos Municípios), indicando o cresci-

mento da visibilidade desta área na gestão da assistência social. Destaca-se a

Regulação do SUAS que, em ambos os níveis de governo, apresenta baixo per-

centual de formalização.

A PNAS inclui como responsabilidade da gestão municipal do SUAS a inserção

das famílias em situação de maior vulnerabilidade social e risco no Cadastro

Único. O Cadastro Único é um instrumento de identifi cação e caracterização das

famílias e é utilizado para seleção de benefi ciários e integração em programas,

projetos e serviços socioassistenciais. Com o Cadastro Único é possível organi-

zar o processo de inscrição dos benefi ciários pelos vários órgãos públicos garan-

tindo unicidade e integração no âmbito dos programas e serviços ofertados. O

acompanhamento do Cadastro através da consolidação dos dados recolhidos a

respeito das famílias ajuda a nortear a formulação e a implementação de polí-

ticas pontuais. O órgão gestor estadual, por sua vez, presta apoio ou assessoria

aos municípios para a gestão do Cadastro Único.

Dentre as secretarias municipais, 99,4% são responsáveis pela gestão do Ca-

dastro Único para programas sociais no município enquanto 96,2% dos órgãos

gestores estaduais respondem ter oferecido apoio ou assessoria aos municípios

muito frequentemente ou frequentemente (Gráfi co 4).

Gráfico 4: Percentual de Secretarias Estaduais de Assistência Social segundo apoio à gestão do Cadastro Único de Programas Sociais – Brasil, 2013

3,8%

38,5%

57,7%

Raramente Frequentemente Muito frequentemente

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Page 33: Censo SUAS 2013

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3FINANCIAMENTO DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Além das áreas constituídas pelo órgão gestor para composição e execução das

ações de assistência social, os instrumentos de gestão são ferramentas de plane-

jamento técnico e de fi nanciamento que garantem o funcionamento do Sistema.

De acordo com a LOAS, é condição para os repasses dos recursos a instituição e

o funcionamento das seguintes ferramentas: os Planos de Assistência Social, os

Fundos de Assistência Social e os Conselhos de Assistência Social. São da res-

ponsabilidade de cada órgão de gestão, em sua instância governamental especí-

fi ca, os próprios Planos, Conselhos e Fundos. Os órgãos que coordenam o Plano

gerem o Fundo sob orientação e controle do Conselho.

Instrumento de planejamento estratégico que tem como função organizar, regu-

lar e nortear a execução da Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004),

o Plano de Assistência Social comporta, especialmente, os objetivos gerais e es-

pecífi cos, as diretrizes e prioridades deliberadas, recursos materiais humanos e

fi nanceiros disponíveis e necessários, mecanismos e fontes de fi nanciamento.

Dos órgãos gestores estaduais, cinco não possuíam em 2013 Plano Estadual de

Assistência Social - Amapá, Sergipe, Espírito Santo, Santa Catarina e Goiás – re-

presentando 19,2% do total. Já no que diz respeito aos órgãos municipais, ape-

nas 9,3% não possuem Plano Municipal de Assistência Social. Quando compa-

rado por grande região (Gráfi co 5), a região Sudeste é a que apresenta o menor

percentual de municípios que possuem Plano de Assistência Social, seguida pela

região Norte (88,7%) e Nordeste (89,8%). Destaca-se que dentre os municípios

da região Sul apenas 3,2% não possuem Plano Municipal de Assistência Social.

Gráfico 5: Percentual de municípios que possuem Plano Municipal de Assistência Social (PMAS) segundo Grandes Regiões – Brasil, 2013

88,7

%

89,8

%

87,6

%

96,8

%

91,5

%

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Fonte: MDS, Censo SUAS.

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Os Fundos Estaduais e Municipais de Assistência Social são fundos especiais de

natureza contábil que têm como objetivo o gerenciamento dos recursos fi nan-

ceiros angariados para a execução da política de assistência social. Seus recur-

sos são aplicados no pagamento do Benefício de Prestação Continuada, no apoio

técnico e fi nanceiro aos serviços e programas de assistência social, no atendi-

mento de ações socioassistenciais de caráter emergencial, na capacitação de re-

cursos humanos e no desenvolvimento de estudos e pesquisas relativos à área

de assistência social. De acordo com a Constituição Federal, todo fundo público

deve ser instituído mediante autorização legislativa, com uma lei de criação que

pode ser abrangente ou sintética; no segundo caso deve ser regulamentada por

decreto.

De acordo com o Censo SUAS 2013, 99,8% dos municípios do país já contavam

com o Fundo Municipal de Assistência Social (FMAS), sendo 96,9% já implanta-

dos e 2,9% em fase de implantação. A região Norte (Gráfi co 6) apresenta o maior

percentual de municípios que ainda não possuem FMAS (0,7%), no entanto é a

região com o maior percentual de municípios que estão implantando o Fundo. A

região Sudeste é a que apresenta o maior percentual de municípios com FMAS

implantados, seguida da região Sul - 98,3% e 98,0%, respectivamente.

Gráfico 6: Percentual de Municípios por implantação do Fundo Municipal de Assistência Social (FMAS) segundo Grandes Regiões – Brasil, 2013

91,9%

96,2%

98,3% 98,0%

96,3%

7,5%

3,4%

1,6% 1,9% 3,7%

0,7% 0,4% 0,1% 0,1% 0,0%

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Implantado Em fase de implantação Não possui

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Page 35: Censo SUAS 2013

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3

Gráfico 7: Percentual de Municípios em que o Fundo Municipal de Assistência Social (FMAS) é unidade orçamentária segundo Grandes Regiões – Brasil, 2013

91,4%

95,5% 96,2%

96,7% 96,1%

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Dos municípios com FMAS implantados, 95,7% estavam instituídos por Lei, 3,7%

por Decreto e 0,4% por Portaria no Brasil. Ainda, 95,7% dos municípios instituíram

o FMAS como unidades orçamentárias, ou seja, estruturas administrativas responsá-

veis pelas dotações orçamentárias que exercem o poder de disposição e possuem

na Lei Orçamentária Anual previsão de recursos exclusivos para o Fundo. Quando

comparados por grande região (Gráfi co 7), o menor percentual de municípios em

que o FMAS é unidade orçamentária é na região Norte, que apresenta uma variação

de pouco mais de 4 p.p. em relação a região Nordeste, que apresenta o segundo me-

nor percentual. Em todos os estados da Federação, o Fundo Estadual de Assistência

Social (FEAS) já está instituído, sendo apenas um regulamentado por Decreto e não

Lei Estadual. Todos os FEAS são reconhecidos como unidades orçamentárias.

Uma das características que fundamenta o SUAS é a gestão compartilhada, que

abarca o cofi nanciamento como pilar de composição de uma política descentra-

lizada e colaborativa. O cofi nanciamento acontece por meio da transferência de

recursos públicos entre os entes da Federação e pode ocorrer de duas maneiras:

em formato de convênio, que são as transferências voluntárias ou de “fundo a fun-

do”, que são as transferências legais, regulares e automáticas. “Convênio é acordo

ou ajuste que discipline a transferência de recursos fi nanceiros de dotações con-

signadas nos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União e tenha como

partícipe, de um lado, órgão ou entidade da administração pública federal, direta

ou indireta, e, de outro lado, órgão ou entidade da administração pública estadual,

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distrital ou municipal, direta ou indireta, ou ainda, entidades privadas sem fi ns

lucrativos, visando a execução de programa de governo, envolvendo a realização

de projeto, atividade, serviço, aquisição de bens ou evento de interesse recípro-

co, em regime de mútua cooperação” (BRASIL, 2007). Destaca-se que os recursos

provenientes da União são transferidos automaticamente aos fundos estatais e

municipais, independente de celebração de convênio, ajuste, acordo ou contrato.

Em relação ao recebimento de recursos via transferência dos órgãos gestores estadu-

ais (Gráfi co 8), observa-se que, quando comparados por grandes regiões, 82,4% dos

municípios da região Norte não são contemplados com esse tipo de fi nanciamento,

seguidos pelos municípios das regiões Nordeste (49,4%), Centro-Oeste (47,1%) e Sul

(37,5%). Destaca-se a região Sudeste, onde apenas 1% dos Municípios não recebe

transferências dos Estados. Nesta região, 76% dos Municípios recebem recursos via

transferência “fundo a fundo”, 8,1% via convênios e 15% via ambas as formas.

A segunda região que mais recebe transferências na modalidade “fundo a fun-

do” é a região Nordeste (40%), que apresenta o percentual mais baixo na trans-

ferência por convênios (5,0%) juntamente com a região Norte que mais uma vez

se destaca pelo menor percentual de cofi nanciamentos pelas duas modalidades

de transferência (1,1%).

Gráfico 8: Distribuição Percentual de Municípios segundo a modalidade de transferência de recursos dos órgãos gestores estaduais por Grandes Regiões – Brasil, 2013

82,4%

49,4%

1,0%

37,5%

47,1%

11,5%

40,0%

76,0%

25,9%

30,8%

5,0%

5,0%

8,1%

26,7%

15,2%

1,1%

5,7%

15,0%

9,9%

6,9%

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e Su

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-Oes

te Não recebe Sim, fundo-a-fundo Sim, via convênio Sim, por convênio e fundo-a-fundo

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Page 37: Censo SUAS 2013

CE

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S 2

01

3Segundo o Censo SUAS 2013, no que se refere aos órgãos de gestão estadual,

21 estados declararam fazer transferências de cofi nanciamento aos municípios.

A destinação destes recursos é voltada aos serviços de Proteção Social Básica, Es-

pecial de Média Complexidade e Especial de Alta Complexidade (69,2% as duas

primeiras e 53,8% a última). Os recursos voltados ao incentivo fi nanceiro do SUAS

não passam de 9,5%. Destes estados, apenas dois declararam ter construído e/

ou reformado de maneira direta unidades da assistência social nos municípios e

quatro estados declararam ter repassado recursos a essa mesma fi nalidade.

Gráfico 9: Percentual de Estados segundo a destinação dos recursos transferidos aos municípios – Brasil, 2013

69,2% 69,2%

53,8% 46,2%

9,5%

Serviço de Proteção Social Básica

Serviço de Proteção Social Especial de

Média Complexidade

Serviço de Proteção Social Especial de Alta

Complexidade

Benefícios Eventuais Incentivo financeiro para gestão do SUAS

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Ainda no que diz respeito à gestão descentralizada, os convênios também podem

ser mantidos entre os órgãos de gestão municipal e as Organizações Não Gover-

namentais ou Entidades Privadas da Rede de Assistência Social nos Municípios.

Observa-se que as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentaram os maio-

res percentuais de municípios que não mantêm convênios com ONGs ou entida-

des privadas, 86,7%, 85,6% e 63,1% respectivamente (Gráfi co 10). Os municípios

das regiões Sudeste e Sul são os que mais fazem transferências - 58,3% e 50,2%,

respectivamente - destacando-se as transferências com recursos provenientes de

fontes diferentes do FMAS - 30% e 24,6%, respectivamente.

Page 38: Censo SUAS 2013

37g

estã

o e

fina

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men

to d

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de d

e as

sist

ênci

a so

cialO índice de Gestão Descentralizada do Sistema Único de Assistência Social -

IGD-SUAS - é o instrumento de indicação da qualidade da gestão descentralizada

dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais, bem como da

articulação intersetorial no âmbito dos municípios, DF e estados. A partir da afe-

rição deste índice, a União oferece recursos fi nanceiros como forma de incentivo

ao aprimoramento da gestão. Demonstra uma variação de 0 (zero) a 1 (um) de

maneira que quanto mais próximo de 1, maior o valor a ser repassado.

A destinação destes recursos é de responsabilidade dos órgãos gestores. No

âmbito estadual, o incentivo proveniente do IGD-SUAS foi mais utilizado no

pagamento de passagens e diárias (92,3%), enquanto em âmbito municipal foi

utilizado mais para capacitações, encontros, seminários e ofi cinas (64,7%). Os

menores percentuais observados dizem respeito à aquisição de softwares (7,1%

e 7,7%) e à contratação de estudos, diagnósticos, pesquisas e demais serviços

técnicos especializados (10,6% e 7,7%).

Gráfico 10: Percentual de Municípios segundo o repasse de recursos através de convênios com ONGs e Entidades Privadas da Rede Socioassistencial segundo a origem dos recursos por Grandes Regiões – Brasil, 2013

86,7%

85,6%

41,7%

49,8%

63,1%

6,3%

7,1%

30,0%

24,6%

16,5%

3,2%

3,7%

8,8%

8,6%

7,2%

3,8%

3,6%

19,5%

17,0%

13,2%

Nor

te

Nor

dest

e Su

dest

e Su

l Ce

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-Oes

te

Não Sim, com recursos do FMAS Sim, com recursos de outras fontes Sim, com recursos do FMAS e de outras fontes

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Page 39: Censo SUAS 2013

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01

3Gráfico 11: Percentual de Estados e Municípios segundo a destinação dos recursos provenientes do IGD-SUAS – Brasil, 2013

92,3%

53,8%

46,2%

92,3%

34,6%

42,3%

46,2%

34,6%

26,4%

3,8%

11,5%

15,4%

7,7%

26,9%

0,0%

7,1%

64,7%

59,3%

57,6%

51,9%

42,9%

38,4%

35,4%

33,1%

29,4%

18,5%

13,7%

11,9%

10,6%

9,3%

7,6%

7,1%

Capacitações, encontros, seminários e oficinas

Aquisição de materiais de consumo e expediente

Aquisição de equipamentos eletrônicos de informática

Pagamentos de diárias e passagens

Aquisição de imobiliário

Campanhas, ações de divulgação e esclarecimento da população

Aquisição de outros equipamentos eletrônicos

Impressão de materiais

Outro

Manutenção de veículos

Desenvolvimento de sistemas informatizados

Reforma de unidades públicas

Contratação de estudos, diagnósticos, pesquisas e demais serviços técnicos especializados

Aquisição de veículos

Não recebeu ou não executou os recursos do IGD-SUAS

Aquisição de softwares

Estadual Municipal

Fonte: MDS, Censo SUAS.

FONTES DE FINANCIAMENTO DOS EQUIPAMENTOS DA REDE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Com o objetivo de ofertar serviços de atenção socioassistencial, os equipamentos

da Rede de Assistência Social são unidades físicas que oferecem um conjunto de ati-

vidades prestadas por profi ssionais e especialistas a fi m de agir sobre as condições

de vida dos usuários, reduzindo danos, prevenindo a incidência de riscos sociais e

provendo proteção à vida. A PNAS prevê a organização destes serviços em rede se-

gundo os níveis de proteção social: básica e especial de média e alta complexidade.

Page 40: Censo SUAS 2013

39g

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ênci

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cial

Os serviços de proteção social básica são executados de maneira direta nos Cen-

tros de Referência de Assistência Social (CRAS) e por entidades assistenciais e

visam prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potenciali-

dades, autonomia, acolhimento, convivência e socialização de famílias e de indi-

víduos. São voltados à população em situação de fragilidade por consequência

da pobreza, da falta de renda ou às pessoas que tiveram os vínculos familiares e

afetivos afetados.

Os serviços de Proteção Social Especial são dirigidos às famílias e aos indiví-

duos em situação de risco pessoal ou social que tenham tido seus direitos de

alguma forma violados ou ameaçados. De caráter protetivo, estes serviços se

voltam às pessoas que estejam enfrentando situações de violações de direitos

por ocorrência de violência física ou psicológica, abuso ou exploração sexual,

abandono, rompimento ou fragilização de vínculos ou afastamento do convívio

familiar devido à aplicação de medidas. As ações são diferenciadas segundo o

nível de complexidade - média ou alta - de acordo com a situação vivenciada. Os

serviços são ofertados pelos Centros de Referência Especializada de Assistência

Social (CREAS) e pelos Centros POP - específicos para população em situação de

rua - além das entidades sem fins lucrativos vinculadas ao SUAS.

O financiamento dos equipamentos da Rede é de responsabilidade dos órgãos

gestores da assistência social e os repasses podem ser realizados nos três níveis

de governo. As fontes de financiamento são as origens dos recursos destinados

à manutenção dos equipamentos e à oferta de serviços – incluem aquisição de

materiais de consumo, pagamento de recursos humanos, construção, reforma

ou pagamento de aluguel do imóvel na Unidade, materiais permanentes, dentre

outros.

Observa-se que, com relação ao financiamento dos CRAS, as principais fontes

são o cofinanciamento de nível municipal em conjunto com os federais (34,7%)

e, ainda, o municipal em conjunto com os estaduais e federais (33,4%). Quando

comparados os percentuais de CRAS por fontes de financiamento ao longo dos

anos, vê-se o maior crescimento dos financiamentos advindos dos três níveis de

governo, passando de 9,5% em 2008 para 33,4% em 2013 (Gráfico 12).

Page 41: Censo SUAS 2013

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01

3Gráfico 12: Percentual de CRAS segundo fonte de financiamento – Brasil, 2008 a 2013

12,9

%

2,1%

25,1

%

2,7%

46,6

%

9,5%

12,6

%

1,7%

24,1

%

2,0%

44,3

%

13,6

%

7,0%

0,8%

15,6

%

3,1%

51,0

%

21,1

%

15,0

%

0,9%

16,4

%

2,3%

41,7

%

23,6

%

14,4

%

0,6%

15,6

%

2,8%

39,3

%

25,2

%

13,2

%

0,6%

12,7

%

3,3%

34,7

%

33,4

%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Somente municipais Somente estaduais Somente federais Municipais e estaduais

Municipais e federais

Federais, estaduais e municipais

2008 2009 2010 2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Gráfico 13: Percentual de CREAS segundo fonte de financiamento – Brasil, 2010 a 2013

82,4

%

29,8

%

94,5

%

2,1%

1,4%

72,7

%

28,8

%

86,0

%

1,5%

1,6%

75,9

%

30,5

%

86,8

%

1,2%

1,1%

78,4

%

34,1

%

86,8

%

1,1%

1,8%

Recursos Municipais Recursos Estaduais Recursos Federais (MDS)

Recursos Federais de outros órgãos

Outros recursos

2010 2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

No que diz respeito às fontes de fi nanciamento dos CREAS em 2013, observa-

-se que as principais fontes também são em âmbito municipal - em 78,4% dos

CREAS – e principalmente Federal – em 86,8% (Gráfi co 13). Destaca-se que o

percentual de CREAS que recebem repasses de recursos dos estados vem cres-

cendo desde 2010, passando de 29,8% para 34,1% em 2013.

Page 42: Censo SUAS 2013

41g

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ênci

a so

cial

Nos Centros POP a tendência continua a mesma observada nos equipamentos

demonstrados anteriormente, em que os maiores percentuais apresentados são

os relativos aos recursos municipais (92,4%) e federais (84%) em 2013 (Gráfi co

14). Da mesma maneira, o percentual de Centros POP que receberam recursos do

governo estadual aumentou de 2011 para 2013, passando de 22,2% para 26,7%.

Gráfico 14: Percentual de Centros POP segundo fonte de financiamento – Brasil, 2011 a 2013

96,7

%

22,2

%

85,6

%

2,0%

91,4

%

24,8

%

83,8

%

1,0%

92,4

%

26,7

%

84,0

%

0,8%

Recursos Municipais Recursos Estaduais Recursos Federais (MDS) Outros Recursos

2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As participações efetivas dos órgãos gestores tanto estaduais quanto municipais

são, de acordo com a LOAS, fundamentais para a execução integral da Política

Nacional de Assistência Social. Para além dos planejamentos necessários das

ações a serem executadas, a coordenação do recebimento de recursos e de sua

distribuição de acordo com as necessidades apresentadas tem papel crucial na

organização da Rede Socioassistencial e do Sistema como um todo. Este capí-

tulo procurou demonstrar a atuação dos órgãos de gestão do SUAS no que se

refere à gestão e ao fi nanciamento do mesmo em conjunto com informações

primordiais a respeito dos equipamentos públicos da Rede. Apesar de alguns

destaques pontuais, como a falta de repasse de ambas as gestões para ONGs e

Entidades na região Norte, observa-se melhora na interação entre os diferentes

níveis governamentais.

Page 43: Censo SUAS 2013

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01

0C

EN

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SU

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20

13

Page 44: Censo SUAS 2013

43

CAPíTULO 2 EQuipamEnTos da assisTência social

43Eq

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ocia

l

Page 45: Censo SUAS 2013

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01

3O Sistema Único de Assistência Social regula, em todo o território nacional, a

hierarquia, os vínculos e as responsabilidades da rede de serviços, benefícios,

programas e projetos de assistência social, de caráter permanente ou eventual.

Tais serviços, programas e benefícios prestados pelo SUAS são executados e pro-

vidos por equipamentos da assistência social, que são pessoas jurídicas de direi-

to público, estão sob critério universal e lógica de ação em rede hierarquizada e

podem funcionar em articulação com iniciativas da sociedade civil.

Tais equipamentos são organizados sob a lógica das ações desenvolvidas, as

quais se encontram divididas em níveis de complexidade (Proteção Social Bá-

sica e Proteção Social Especial), tendo o território como referência e a centra-

lidade na família. Conforme orientações da PNAS e da NOB/SUAS, a Proteção

Social Básica (PSB) dedica-se à prevenção de situação de risco social e atua por

meio de ações integradoras familiares e comunitárias e de desenvolvimento de

potencialidades. Quanto aos equipamentos públicos, a Proteção Social Básica

é prestada pelos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), enquanto

a Proteção Social Especial, de acordo com o nível de complexidade, é ofertada

pelos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), pelos

Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Cen-

tro POP) e pelas Unidades de Acolhimento.

Este capítulo tem o objetivo de apresentar um panorama da estrutura destes

equipamentos em 2013 e, além disso, com base nas informações de Censos an-

teriores, analisar a evolução ao longo do tempo para os indicadores de cobertura

e infraestrutura.

CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - CRAS

De todos os equipamentos da assistência social, o Centro de Referência de As-

sistência Social (CRAS) é o que possui a maior capilaridade territorial e, por isso,

possui a função de gestão territorial da rede de assistência social. O principal

serviço, de execução obrigatória e exclusiva, ofertado pelo CRAS é o Serviço de

Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), que visa a fortalecer a função

protetiva das famílias, prevenindo a ruptura de vínculos, promovendo o acesso e

usufruto de direitos que contribuem para a autonomia, inclusão social e melho-

ria da qualidade de vida.

Page 46: Censo SUAS 2013

45Eq

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l

No Censo SUAS 2013, foram identificados 7.883 CRAS, em 5.394 municípios, o

que corresponde a 96,8% dos municípios com pelo menos uma unidade implan-

tada. Dez estados da federação (Acre, Amazonas, Roraima, Tocantins, Sergipe, Rio

de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal) possuem CRAS

em todos os seus municípios e nos demais, com exceção do Amapá (que pos-

sui CRAS em 75% de seus municípios), no mínimo 90,5% possuem CRAS em

funcionamento. Comparando a distribuição de CRAS no território nacional entre

2007 e 2013 (Figura 1), é possível notar um expressivo avanço da oferta deste

equipamento no período, especialmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul.

Figura 1: Municípios segundo existência de CRAS – Brasil, 2007 e 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Page 47: Censo SUAS 2013

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S 2

01

3No que diz respeito à evolução da quantidade de CRAS no país, entre 2007 e

2013 houve aumento, em números absolutos, de 3.688 unidades (Gráfi co 15). O

ritmo mais lento de crescimento do número de CRAS implantados nos últimos

anos é refl exo da ampliação da cobertura territorial acima de 96%, conforme

mostra o mapa acima.

Gráfico 15: Evolução do quantitativo de CRAS - Brasil, 2007 a 2013

4.195 5.074

5.798 6.801

7.475 7.725 7.883

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

O crescimento da quantidade de CRAS por município acontece em todas as re-

giões, desde 2007, de maneira equilibrada (Gráfi co 16). Destaca-se a região Sul,

que apresenta as menores médias quantitativas por município em todos os anos

da série histórica. Por outro lado, a região Sudeste apresenta as maiores médias

no mesmo período, se equiparando à região Nordeste - que em 2007 apresen-

tava 0,92 CRAS por Município, enquanto a Região Sudeste apresentava 0,84. A

partir de 2011, em todas as regiões do território brasileiro, todas as grandes

regiões já contavam, em média, com um CRAS por município - demonstrando o

atingimento da universalidade territorial dos serviços da assistência social bási-

ca, principal porta de entrada da população às ofertas do SUAS.

Page 48: Censo SUAS 2013

47Eq

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Gráfico 16: Média de CRAS por município segundo as Grandes Regiões – Brasil, 2007 a 2013

0,75

0,92

0,84

0,43

0,65

0,91

1,04

1,05

0,58

0,91

1,01

1,11

1,18

0,74

1,03

1,19

1,33

1,32

0,97

1,15

1,27

1,36

1,48

1,17

1,28

1,33

1,4

1,54

1,21

1,28

1,36

1,43

1,58

1,23

1,31

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Gráfico 17: Evolução Percentual dos CRAS segundo situação do imóvel – Brasil, 2007 a 2013

49,4%

48,2% 48,3% 48,5%

47,0%

46,1% 45,7%

41,0%

43,8% 44,4%

44,9%

46,4%

47,0%

45,9%

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Alugado Próprio

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Sendo o CRAS o equipamento que representa o acesso das famílias em situação

de vulnerabilidade ao Sistema Único da Assistência Social, é importante que sua

localização seja permanente, de modo que os usuários não percam a referência

de onde podem encontrar seus serviços. Ao longo de todo período, observa-se

um contínuo aumento de CRAS em imóveis próprios. Em 2007, 41% dos CRAS

estavam em imóveis próprios e em 2013 eram 45,9% (Gráfi co 17). Vale ressaltar

que a queda percentual entre 2012 e 2013 não signifi ca a mudança de CRAS

de imóveis próprios para imóveis alugados, mas indica que, com o aumento da

quantidade de CRAS, muitos dos novos equipamentos foram instalados em imó-

veis alugados, mudando a composição proporcional na situação dos imóveis.

Page 49: Censo SUAS 2013

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01

3Tendo em vista que o CRAS tem como público alvo pessoas em condição de vul-

nerabilidade, inclusive idosos e portadores de necessidade especial, as condi-

ções de acessibilidade ao seu local de funcionamento são de extrema impor-

tância para que esta parcela do público-alvo tenha inserção no equipamento e

acesso a seus serviços. Os dados do Censo SUAS mostram que todos os quesitos

das condições de acessibilidade dos CRAS têm apresentado contínua evolu-

ção desde 2010 até 2013. Vale destacar que esses números ainda são baixos,

pois apenas cerca de um terço dos CRAS possuem acessibilidade adequada. Em

2013, apenas 31,7% dos CRAS possuíam acesso principal adaptado com rampa

e 29,3% possuíam banheiro adaptado (Gráfi co 18).

Gráfico 18: Evolução percentual de CRAS segundo condições de acessibilidade – Brasil, 2010 a 2013

25,3

%

27,2

%

25,9

%

19,4

%

28,9

%

30,0

%

28,8

%

23,7

%

30,4

%

31,7

%

31,0

%

26,7

% 31

,7%

32,7

%

32,8

%

29,3

%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

Acesso principal adaptado com rampas e rota acessível desde a calçada até a recepção do CRAS

Rota acessível aos espaços do CRAS

Rota acessível ao banheiro Banheiro adaptado

2010 2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Quando analisadas as condições de acessibilidade por situação do imóvel, nota-

-se que estas são melhores nos CRAS que funcionam em imóvel próprio. Por

exemplo, o percentual de CRAS que possuem acesso principal adaptado com

rampa é de 41,9% entre os imóveis próprios, enquanto dentre os imóveis alu-

gados esse percentual é de apenas 21,2%. Em relação aos banheiros adaptados,

o percentual é de 43,2% entre os CRAS que funcionam em imóvel próprio e

apenas 14,9% dos CRAS que funcionam em imóvel alugado. Essas diferenças

apontam para a importância de os CRAS serem instalados em um imóvel espe-

cifi camente destinado a seu funcionamento. É possível que em imóveis aluga-

Page 50: Censo SUAS 2013

49Eq

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Gráfico 19: Percentual de CRAS com existência de condições de acessibilidade segundo a situação do imóvel – Brasil, 2013

41,9

%

42,5

%

45,2

%

43,2

%

21,2

%

21,1

%

20,0

%

14,9

%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

50,0%

Acesso principal adaptado com rampas e rotas acessível desde a calçada até a recepção do CRAS

Rota acessível aos espaços do CRAS Rota acessível ao banheiro Banheiro adaptado para pessoas com deficiência

Próprio Alugado

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Outro fator importante, no que diz respeito à infraestrutura dos equipamentos

da assistência social, é a existência de computadores conectados à Internet.

Entre outras funcionalidades, o acesso à Internet é imprescindível para que as

unidades prestem informações ao Sistema de Registro Mensal de Atendimentos

(RMA), elemento estruturante da Vigilância Socioassistencial. Por meio do RMA,

o técnico do equipamento da assistência social não só registra o quantitativo

dos atendimentos realizados, como também fornece detalhes sobre o tipo de

atendimento, além dos encaminhamentos realizados.

Observa-se que, no período de 2007 a 2013, houve um contínuo aumento da

quantidade de CRAS com acesso à Internet, de modo que no início do período

observado apenas pouco mais da metade dos CRAS (52,9%) possuíam Internet

e no último ano da série essa condição estava contemplada na quase totalidade

dos CRAS (91,3%).

dos existam restrições a reformas que impossibilitam a criação das condições de

acessibilidade, difi cultando a entrada de uma parcela dos usuários nos equipa-

mentos (Gráfi co 19).

Page 51: Censo SUAS 2013

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S 2

01

3

Os dados do Censo SUAS 2013 mostram que os Centros de Referência de Assis-

tência Social vêm ampliando seu quantitativo e sua distribuição em todo territó-

rio nacional, de modo que quase todos os municípios já podem contar com esse

equipamento. Além disso, os dados paulatinamente também mostram que a es-

trutura desses espaços vem melhorando, especialmente no sentido de permitir

mais acessibilidade aos seus usuários e de obter registros de atividades, o que

pode contribuir para um melhor e mais amplo conhecimento sobre o funciona-

mento e a gestão desses equipamentos.

CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - CREAS

O Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS) é uma unida-

de pública estatal que oferta serviços da Proteção Social Especial de forma con-

tinuada e gratuita a famílias e a indivíduos em situação de ameaça ou violação

de direitos. Além disso, o CREAS tem também o papel de coordenar e fortalecer

a articulação dos serviços com a rede de assistência social e as demais políticas

públicas. 

Gráfico 20: Distribuição dos CRAS com acesso à internet – Brasil, 2007 a 2013

52,9

%

61,3

%

82,1

%

81,4

%

87,3

%

89,8

%

91,3

%

2.22

0

3.15

1

4.76

3

5.53

9

6.52

3 6.93

9

7.20

1

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

% Quantidade CRAS

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Page 52: Censo SUAS 2013

51Eq

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Gráfico 21: Evolução do quantitativo de CREAS segundo Grandes Regiões e Brasil, 2009 a 2013

124 143 185 188 196

373

586

834 848 873

335

411

556 584 617

215 268

316 328 342

153 182 218 219 221

1.200

1.590

2.109 2.167

2.249

0

500

1000

1500

2000

2500

2009 2010 2011 2012 2013

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil

Fonte: MDS, Censo SUAS.

A Proteção Social Especial (PSE) diferentemente da Proteção Social Básica, que

tem um caráter preventivo, atua de forma protetiva. Suas ações comportam ofer-

ta de serviços diretos, atenções e encaminhamentos efetivos e monitorados, as-

sim como apoio a processos que assegurem qualidade na atenção, podendo es-

tabelecer parcerias com o Poder Judiciário, o Ministério Público e outros órgãos.

Tais atividades são diferenciadas de acordo com níveis de complexidade (média

ou alta) conforme a situação vivenciada pelo indivíduo ou família.

No que tange à evolução do quantitativo de CREAS segundo a cobertura territo-

rial, observa-se que no período entre 2009 e 2013 houve contínuo crescimento

de unidades no país, bem como em todas as grandes regiões. Segundo os dados

do Censo SUAS, em 2013 havia 2.249 CREAS no país; um incremento de 82 no-

vas unidades em relação ao ano anterior. A região Nordeste apresentou a maior

quantidade de CREAS (873 unidades) e a região Norte a menor (196).

Page 53: Censo SUAS 2013

CE

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01

3Assim como com os CRAS, é importante que os CREAS funcionem em um local

fi xo, de modo a se tornar um local de apoio permanente para o público alvo. Des-

de 2009 até 2013, o Censo SUAS tem registrado decréscimo contínuo na propor-

ção de CREAS funcionando em imóveis próprios, de modo que em 2013 apenas

um quarto das unidades estavam instaladas em imóveis próprios. Contudo, esse

decréscimo percentual, assim como no caso dos CRAS, também está refl etindo

o aumento no número absoluto de CREAS instalados em imóveis alugados ao

longo desse período.

Gráfico 22: Evolução Percentual de CREAS segundo situação do imóvel – Brasil, 2009 e 2013

34,9% 31,2%

27,8% 27,0% 25,3%

60,2% 64,0%

66,6% 67,3% 69,1%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

2009 2010 2011 2012 2013

Próprio Alugado

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Todos os aspectos de acessibilidade apresentaram crescimento ao longo da série

histórica, em especial nos dois primeiros anos observados. Entretanto, percentu-

almente, permanecem baixos os níveis de adequação aos diferentes aspectos da

acessibilidade. De acordo com os dados do Censo SUAS de 2013, apenas 15%

dos CREAS possuíam banheiro adaptado para pessoas com mobilidade reduzi-

da. O aspecto que apresentou maior percentual de adaptação entre a totalidade

das unidades foi a rota acessível aos principais espaços do CREAS, disponível

em 22,5% das unidades. Tendo em vista que uma parcela do público-alvo dos

CREAS apresenta vulnerabilidades relacionadas à locomoção, isto mostra que os

aspectos de acessibilidade ainda são um importante desafi o a ser superado por

estes equipamentos.

Page 54: Censo SUAS 2013

53Eq

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Gráfico 23: Evolução percentual de CREAS segundo condições de acessibilidade – Brasil, 2010 a 2013

16,8%

16,7%

14,4%

10,9%

20,0%

20,8%

19,3%

13,7%

21,5%

21,6%

19,3%

14,6%

21,7%

22,5%

20,0%

15,0%

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0%

Acesso principal adaptado com rampas e rota acessível desde a calçada do CREAS

Rota acessível aos espaços do CREAS

Rota acessível ao banheiro

Banheiro adaptado para pessoas com mobilidade reduzida (idosos, pessoas com necessidades especiais, etc.)

2013 2012 2011 2010

Fonte: MDS, Censo SUAS.

No que diz respeito às condições de acessibilidade por situação do imóvel, veri-

fi ca-se que os imóveis próprios onde estavam localizados os CREAS apresenta-

ram maiores percentuais para todos os aspectos de acessibilidade comparados

aos imóveis alugados. Entretanto, a acessibilidade ainda demanda muito investi-

mento mesmo nessas unidades, pois o aspecto de acessibilidade mais frequente

entre os CREAS em imóveis próprios, rota acessível aos principais espaços, foi

encontrado em apenas 31,5% das unidades. Por sua vez, a existência de ba-

nheiros adaptados para pessoas com mobilidade reduzida, que é o aspecto de

acessibilidade menos presente nos CREAS como um todo (Gráfi co 24), aparece

em 28,8% dos CREAS em imóvel próprio e em apenas 9,8% daqueles que estão

em imóvel alugado.

Page 55: Censo SUAS 2013

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01

3

Gráfico 25: Distribuição de CREAS com acesso à Internet – Brasil, 2009 a 2013

73,8

%

81,4

%

85,2

%

88,9

%

91,6

%

886

1.299

1.796 1.927

2.061

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

2009 2010 2011 2012 2013

% Quantidade de CREAS

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Outro aspecto importante da infraestrutura dos CREAS é a existência de compu-

tadores com acesso à Internet. Assim como os CRAS, os CREAS também devem

prestar informações ao Sistema de  Registro Mensal de Atendimentos (RMA), da

Vigilância Socioassistencial, a respeito dos atendimentos realizados. De acordo

com os dados do último Censo SUAS, 91,6% dos CREAS possuíam computador

com acesso à Internet em 2013. Em números absolutos, esse quantitativo subiu

de 886 CREAS em 2009 para 2.061 em 2013.

Gráfico 24: Percentual de CREAS com existência de condições de acessibilidade segundo situação do imóvel – Brasil, 2013

31,3%

31,5%

31,3%

28,8%

18,2%

19,1%

15,8%

9,8%

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0%

Acesso principal adaptado com rampas e rotas acessível desde a calçada até a recepção do CREAS

Rota acessível aos espaços do CREAS

Rota acessível ao banheiro

Banheiro adaptado para pessoas com dificuldades de locomoção e/ou necessidades especiais

Alugado Próprio

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Page 56: Censo SUAS 2013

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Gráfico 26: Evolução do quantitativo de Centros POP – Brasil, 2011 a 2013

2 5 6 18

22

28

43 50

64

21 22 26

6 6 7

90

105

131

0

20

40

60

80

100

120

140

2011 2012 2013

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil

Fonte: MDS, Censo SUAS.

O CREAS é um equipamento social que presta serviço de Proteção Social Especial

em seus vários níveis de complexidade. Contudo, dentre a população de maior

vulnerabilidade e que necessita de proteção especial, existem os grupos especí-

fi cos para os quais foram criados equipamentos destinados a atender suas situa-

ções próprias, como é o caso da população em situação de rua.

CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO PARA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - CENTRO POP

O Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Cen-

tro POP) está previsto no Decreto nº 7.053/2009 e na Tipifi cação Nacional de

Serviços Socioassistenciais. Constitui-se como uma unidade de referência da

Proteção Social Especial de Média Complexidade, tem natureza pública e esta-

tal, e volta-se especifi camente para o atendimento especializado à população

em situação de rua. Além do Serviço Especializado para Pessoas em Situação de

Rua, o Centro POP também pode ofertar o Serviço Especializado em Abordagem

Social, conforme avaliação e planejamento do órgão gestor local, desde que isso

não cause prejuízos ao desempenho da oferta do serviço realizado nas unidades.

Os dados do Censo SUAS mostram que entre 2011 e 2013 a quantidade de Cen-

tros POP no Brasil aumentou 45%, passando de um total de 90 unidades em

2011 para 131 em 2013 (Gráfi co 26). Todas as Regiões apresentaram aumento

contínuo no período, contudo a que mais se destacou foi a região Sudeste, que

nesse período implantou mais 11 Centros POP.

Page 57: Censo SUAS 2013

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01

3Assim como nos CRAS e nos CREAS, é importante que o Centro POP seja um local

de referência permanente para a população em situação de rua. Nesse sentido,

o funcionamento em um imóvel próprio é importante na medida em que reduz

os riscos de mudança de local de atendimento. Contudo, de acordo com o Censo

SUAS 2013, apenas 29,8% dos Centros POP funcionavam em imóvel próprio e,

em relação ao total, a proporção de Centros funcionando em imóvel próprio vem

caindo indicando que os Centros POP mais recentes estão sendo instalados mais

em imóveis alugados.

Gráfico 27: Evolução percentual da implantação de Centro POP segundo situação do imóvel – Brasil, 2011 a 2013

33,3% 34,3% 29,8%

56,3% 56,2%

64,1%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

2011 2012 2013

Próprio Alugado

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Em relação aos aspectos de acessibilidade, nota-se uma redução relativa ao lon-

go do período de 2011 a 2013. Por exemplo, dos Centros POP existentes em

2011, 27,8% contavam com rota acessível aos espaços e rota acessível ao ba-

nheiro (Gráfi co 28). Em 2013, esses percentuais foram de 20,6% e 19,1%, res-

pectivamente. Os percentuais apresentados mostram que os Centros POP, ainda

mais que os CRAS e os CREAS, enfrentam o desafi o de melhorar sua infraestru-

tura de acessibilidade.

Page 58: Censo SUAS 2013

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Gráfico 28: Evolução percentual de Centros POP segundo condições de acessibilidade – Brasil, 2011 a 2013

24,4

% 27

,8%

27,8

%

22,2

%

22,9

% 25

,7%

21,0

%

16,2

% 19

,8%

20,6

%

19,1

%

17,6

%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

Acesso principal adaptado com rampas e rota acessível desde a

calçada do Centro POP

Rota acessível aos espaços do Centro POP

Rota acessível ao banheiro Banheiro adaptado para pessoas com mobilidade reduzida (idosos,

pessoas com necessidades especiais, etc.)

2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Gráfico 29: Percentual de Centros POP com existência de condições de acessibilidade segundo situação do imóvel – Brasil, 2013

15,4

%

25,6

%

30,8

%

30,8

%

22,6

%

17,9

%

15,5

%

13,1

%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

Acesso principal adaptado com rampas e rotas acessível desde a

calçada até a recepção do Centro POP

Rota acessível aos espaços do Centro POP

Rota acessível ao banheiro Banheiro adaptado para pessoas com dificuldades de locomoção

e/ou necessidades especiais

Próprio Alugado

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Quando os aspectos de acessibilidade são analisados por situação do imóvel, nova-

mente percebe-se que os imóveis próprios possuem melhores condições de acessi-

bilidade que os imóveis alugados exceto no quesito “acesso principal com rampas e

rotas acessível desde a calçada até a recepção”. Por exemplo, os quesitos “rota aces-

sível ao banheiro” e “banheiro adaptado para pessoas com difi culdades de locomo-

ção e/ou necessidades especiais” são observados em cerca de 30% dos Centros

POP que funcionam em imóvel próprio, enquanto entre os que funcionam em imó-

vel alugado apenas cerca de 15% apresentam essas condições de acessibilidade.

Page 59: Censo SUAS 2013

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3

De acordo com os dados do Censo SUAS 2013, 73,3% dos Centros POP possuíam

estimativas sobre o quantitativo da população em situação de rua. O somatório

dessas estimativas totalizou 44.353 moradores de rua. A este público, os Cen-

tros POP têm a função de ser um ponto de apoio, permitindo a realização de

algumas tarefas como o preparo de comida, banho e lavagem de suas roupas.

Em 2013, 97,7% dos Centros POP possuíam geladeira e 91,6% possuíam fogão.

Pouco mais da metade, 56,5%, possuíam armários de uso individual e apenas

40,5% dispunham de máquina de lavar roupas (Gráfi co 31).

Gráfico 30: Distribuição de Centros POP com acesso à internet – Brasil, 2011 a 2013

77,8

%

81,0

%

80,9

%

70

85 106

76%

77%

78%

79%

80%

81%

82%

0

20

40

60

80

100

120

2011 2012 2013

% Quantidade Centro POP

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Gráfico 31: Distribuição Percentual de Centros POP com armários de uso individualizado, geladeira, fogão e máquina de lavar roupas – Brasil, 2013

97,7%

91,6%

56,5%

40,5%

Geladeira

Fogão

Armários individualizados

Máquina de lavar roupas

Fonte: MDS, Censo SUAS.

No período entre 2011 e 2013 houve um contínuo crescimento de Centros POP que

tiveram computador com acesso à Internet. Em 2013, 80,9% dos Centros POP de

todo o país possuíam em sua estrutura ao menos um computador ligado à Internet.

Page 60: Censo SUAS 2013

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Gráfico 32: Evolução de Unidades de Acolhimento segundo Grandes Regiões – Brasil, 2012 a 2013

3,7% 12,0% 52,1% 22,9% 9,1% 3,9% 10,9% 52,3% 23,8% 9,0%

163  

527  

2.273  

999  

398  

171

483

2.315

1.053

401

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

2012 (%) 2013 (%) 2012 (N) 2013 (N)

Fonte: MDS, Censo SUAS.

UNIDADES DE ACOLHIMENTO

As unidades de acolhimento são equipamentos da assistência social previstos na

Tipifi cação Nacional dos Serviços Socioassistenciais – Resolução nº 109/2009 –

e são responsáveis pela prestação dos Serviços de Proteção Social de alta com-

plexidade. Este equipamento social atende a crianças, idosos e famílias com

vínculos familiares rompidos ou fragilizados, a fi m de garantir proteção integral,

além de pessoas portadoras de necessidades especiais, mulheres em situação de

violência, usuários de substâncias psicoativas e jovens egressos de serviços de

acolhimento institucional. O acesso pode se dar por demanda espontânea ou por

determinação do Poder Judiciário ou do Conselho Tutelar, no caso de crianças e

adolescentes, e por encaminhamento do CREAS ou de agentes institucionais de

serviços em abordagem social, no caso de adultos e famílias. Dos equipamentos

da assistência social é o único que não tem natureza exclusivamente pública, po-

dendo ser não governamental, com ou sem convênio com o poder público.

As informações acerca das unidades de acolhimento começaram a ser coletadas

pelo Censo SUAS a partir de 2012. Assim, entre 2012 e 2013 surgiram 63 novas

Unidades de Acolhimento no país, totalizando 4.423.

Page 61: Censo SUAS 2013

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01

3No que diz respeito à natureza das Unidades de Acolhimento, os dados do Censo

SUAS mostram que em 2013 a maior parte, 64,6%, era composta por instituições

não governamentais (Gráfi co 33). Isto aponta para a ação expressiva que a socie-

dade civil exerce na área de assistência social no país.

Gráfico 33: Distribuição percentual de Unidades de Acolhimento segundo Natureza da Unidade – Brasil, 2013

64,6%

33,9%

1,5%

Não Governamental

Governamental Municipal ou do Distrito Federal

Governamental Estadual

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Gráfico 34: Distribuição das Unidades de Acolhimento segundo Tipo de Instituição – Brasil, 2013

68,8% 16,8% 1,2% 8,1% 1,0% 1,3% 2,8%

3.043

742

55 357

46 58 122

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

Abrigo Institucional

Casa Lar Casa Lar em Aldeia

Casa de Passagem

República Residência Inclusiva

Outra

% Quantidade de Unidades de Acolhimento

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Diferentemente dos demais tipos de equipamentos da assistência social, as Uni-

dades de Acolhimento se apresentam em diversos tipos de instituições. O Censo

SUAS mostra que, em 2013, os tipos mais frequentes de Unidades de Acolhi-

mento no Brasil eram Abrigo Institucional (68,8%), Casa Lar (16,8%) e Casa de

Passagem (8,1%) (Gráfi co 34).

Page 62: Censo SUAS 2013

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Gráfico 35: Percentual de Unidades de Acolhimento segundo situação do imóvel – Brasil, 2012 a 2013

53,0%

32,9%

51,9%

34,6%

Imóvel Próprio Imóvel Alugado

2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Gráfico 36: Distribuição percentual de Unidades de Acolhimento segundo condições de acessibilidade – Brasil, 2012 e 2013

54,3%

72,4%

74,2%

41,3%

54,7%

72,4%

74,3%

42,6%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0%

Acesso principal adaptado com rampas e rota acessível desde a calçada até o interior da Unidade

Rota acessível aos dormitórios e espaços de uso coletivo

Rota acessível ao banheiro

Banheiro adaptado para pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida

2013 2012

Fonte: MDS, Censo SUAS.

De acordo com o Censo SUAS 2013, 51,9% das Unidades de Acolhimento fun-

cionavam em imóvel próprio, apresentando um decréscimo de 1,1 ponto percen-

tual em relação ao ano anterior (Gráfi co 35).

Em relação às condições de acessibilidade, observa-se que as Unidades de Aco-

lhimento apresentavam melhores condições que os demais equipamentos de

assistência social. Por exemplo, em 2013, 72,4% das Unidades de acolhimento

possuíam “rota acessível aos dormitórios e espaços de uso coletivo” e 74,2%

possuíam “rota acessível ao banheiro” (Gráfi co 36).

Page 63: Censo SUAS 2013

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3

Gráfico 37: Percentual de Unidades de Acolhimento com existência de condições de acessibilidade segundo situação do imóvel – Brasil, 2013

67,8%

81,0%

82,8%

57,7%

34,4%

58,4%

60,4%

18,3%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0%

Acesso principal adaptado com rampas e rota acessível desde a calçada até o interior da Unidade

Rota acessível aos dormitórios e espaços de uso coletivo

Rota acessível ao banheiro

Banheiro adaptado para pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida

Alugado Próprio

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Assim como nos demais equipamentos de assistência social, as Unidades de

Acolhimento que funcionam em imóvel próprio possuem melhores condições

de acessibilidade do que aquelas que funcionam em imóvel alugado. Ainda as-

sim, mesmo nos imóveis alugados, o percentual de acessibilidade é superior nas

Unidades de Acolhimento do que nos CRAS, CREAS e Centros POP. Nos quesi-

tos “rota acessível aos dormitórios e espaços de uso coletivo” e “rota acessível

ao banheiro” os percentuais sobem para 81% e 82,8%, respectivamente, nos

imóveis próprios, enquanto que nos imóveis alugados são de 58,4% e 60,4%

(Gráfi co 37).

De acordo com o Censo SUAS 2013, 70,7% das Unidades de Acolhimento possuí-

am computador com acesso à Internet, 2% a mais que no ano anterior (Gráfi co 38).

Page 64: Censo SUAS 2013

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Gráfico 39: Distribuição Percentual de Unidades de Acolhimento segundo capacidade máxima de atendimento – Brasil, 2012 e 2013

20,2%

39,6%

13,7%

8,7%

5,7%

9,6%

2,1%

0,5%

18,3%

37,6%

15,7%

9,1%

5,7%

10,5%

2,6%

0,5%

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0%

Até 10 pessoas

De 11 a 20 pessoas

De 21 a 30 pessoas

De 31 a 40 pessoas

De 41 a 50 pessoas

De 51 a 100 pessoas

De 101 a 200 pessoas

Acima de 201 pessoas

2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Gráfico 38: Distribuição Percentual de Unidades de Acolhimento com acesso à Internet – Brasil, 2012 e 2013

68,7%

70,7%

67,5%

68,0%

68,5%

69,0%

69,5%

70,0%

70,5%

71,0%

2012 2013

Com acesso

Fonte: MDS, Censo SUAS.

De acordo com os dados do Censo SUAS para os anos 2012 e 2013, a maior parte

das Unidades de Acolhimento possui capacidade máxima para atender até vinte

usuários. As Unidades com essas capacidades, percentualmente, se reduziram

entre os anos de 2012 e 2013, ao passo que o percentual de unidades com ca-

pacidade para atender mais de 20 pessoas se expandiu neste período, à exceção

do atendimento para 41 a 50 pessoas que se manteve constante (Gráfi co 39).

Page 65: Censo SUAS 2013

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01

3CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este capítulo teve por objetivo apresentar a evolução e o panorama atual dos

equipamentos da assistência social. Estes equipamentos são fundamentais para

operacionalização do Sistema Único da Assistência Social (SUAS), pois é atra-

vés deles que os serviços da proteção social chegam até seu público-alvo. As

informações levantadas pelo Censo SUAS 2013 mostram que, em que pese al-

guns desafios ainda a ser enfrentados, como ampliar o número de equipamentos

funcionando em imóveis próprios e com condições de acessibilidade adequa-

das, os equipamentos de assistência vêm apresentando uma trajetória positiva

ao longo do tempo. Esta evolução se confirma tanto pelo contínuo aumento da

quantidade de equipamentos, quanto pela melhoria em sua infraestrutura – ca-

racterísticas contempladas pelos quatro tipos de equipamentos aqui abordados.

Assim, com a ampliação da oferta de equipamentos e, portanto, de serviços so-

cioassistenciais, a política de assistência social vem expandindo seu alcance de

atuação no território nacional.

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65Eq

uipa

men

tos

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ssis

tênc

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l

CAPíTULO 3 rEcursos humanos do SUAS

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01

3A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) estabeleceu a qualidade da prestação

de serviços da rede socioassistencial como eixo fundamental da atuação da as-

sistência social. Isso trouxe à tona a discussão da relevância de uma política de

recursos humanos específica para a assistência social. Esta agenda passou a ser

tratada como questão estratégica para o sucesso da implementação do SUAS.

A Norma Operacional Básica de Recursos Humanos (NOB-RH/SUAS) apresenta-

-se como marco regulatório das funções dos trabalhadores dentro do SUAS. As

diretrizes da NOB-RH/SUAS orientam os gestores das esferas federal, estadual/

distrital e municipal de governo, os trabalhadores e os representantes das en-

tidades de assistência social. Uma das diretrizes da Norma é que a gestão do

trabalho no âmbito do SUAS deva garantir a formalização dos vínculos dos tra-

balhadores do SUAS e o fim da terceirização, além de garantir a educação per-

manente dos trabalhadores.

Os recursos humanos constituem elemento fundamental para a efetividade do

trabalho social, pois é por meio da intervenção das equipes do SUAS que se tor-

na possível produzir resultados concretos nas condições de vida dos usuários da

assistência social. A qualidade do atendimento por parte dos profissionais dos

serviços ofertados nas unidades de assistência social com a família/indivíduo

constitui um dos principais elementos para a efetividade na oferta dos serviços.

EVOLUÇÃO E PERFIL DOS RECURSOS HUMANOS DO SUAS

Em 2013, havia 245.239 pessoas lotadas nas Secretarias Municipais de Assistên-

cia Social incluindo os profissionais das unidades públicas de oferta de serviços

socioassistenciais. Observa-se que desde 2010, ano do primeiro Censo SUAS

voltado aos órgãos gestores municipais, houve contratação de pouco mais de

24.500 profissionais (Gráfico 40)4.

4 TEndências muiTo próximas às apuradas pEla pEsQuisa dE informaçõEs básicas EsTaduais

(EsTadic) E pEla pEsQuisa dE informaçõEs básicas municipais (munic) dE 2013 – ibgE.

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O questionário do Censo SUAS identifi ca os contratos das Secretarias de Assis-

tência Social segundo os seguintes vínculos empregatícios:

(1) Estatutário: se refere ao regime regido por um estatuto, instituído por

uma Lei, emanada da própria esfera de poder que contrata o serviço; é um

regime próprio da administração pública direta e se refere aos chamados

servidores públicos.

(2) Empregados Celetistas: se refere ao regime emanado da Consolidação

das Leis do Trabalho; é regime típico das relações privadas de trabalho e

utilizado na administração pública indireta (empresas públicas e sociedades

de economia mista).

(3) Somente Comissionados: se refere aos cargos comissionados de livre

nomeação do agente público; não necessita ser ocupado por servidores de

carreira.

(4) Outros vínculos: se refere aos consultores, servidores cedidos por

outros órgãos públicos, terceirizados, estagiários, etc.

Pode-se observar que a evolução temporal dos profi ssionais lotados nas Secretarias

e nos equipamentos de oferta de serviços nos municípios (Gráfi co 41) para o perío-

do de quatro anos, entre 2010 e 2013, indica o crescimento percentual de “Outros

vínculos”, que alcançou, em 2013, 36,7%. Ainda que em percentual menor que em

2010 os estatutários apresentam crescimento entre 2011 e 2013. O mesmo acon-

tece com os comissionados que, em 2013, eram 16,8%. Os celetistas apresentam

queda de 2,3 pontos percentuais, entre 2010 e 2013, correspondendo a 10,7%.

Gráfico 40: Evolução da quantidade de trabalhadores das Secretarias Municipais de Assistência Social – Brasil, 2010 a 2013

220.730

233.767

243.136 245.239

2010 2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

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01

3

Já em relação à escolaridade, observa-se ao longo dos quatro anos analisados

(Gráfi co 42) que há aumento progressivo da qualidade na formação dos profi s-

sionais da Assistência Social nos municípios. Enquanto há decréscimo de profi s-

sionais apenas com Ensino Fundamental – de 23,7% em 2010 para 16,6% em

2013 – há aumento de profi ssionais com Ensino Superior – passando de 30,7%

em 2010 para 34,7% em 2013. Os profi ssionais com Ensino Médio apresenta-

ram relativa estabilidade entre 2012 e 2013 (0,4 p. p.) quando representavam

48,7% dos trabalhadores do SUAS.

Gráfico 41: Distribuição Percentual de trabalhadores das Secretarias Municipais de Assistência Social segundo tipo de vínculo – Brasil, 2010 a 2013.

38,6% 34,0% 35,5% 35,8%

12,8% 13,5% 13,0% 10,7%

17,5% 17,2% 15,3% 16,8%

31,1% 35,4% 36,2% 36,7%

2010 2011 2012 2013

Estatutários Celetistas Somente Comissionados Outros Vínculos

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Gráfico 42: Distribuição Percentual de trabalhadores das Secretarias Municipais de Assistência Social segundo escolaridade – Brasil, 2010 a 2013

30,7% 32,5% 32,6% 34,7%

45,7% 49,2% 49,1% 48,7%

23,7% 18,3% 17,7% 16,6%

2010 2011 2012 2013

Ensino Superior Ensino Médio Ensino Fundamental

Fonte: MDS, Censo SUAS.

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Gráfico 43: Evolução da quantidade de trabalhadores das Secretarias Estaduais de Assistência Social – Brasil, 2010 a 2013

19.785

17.506 16.742

14.742

2010 2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Considerando os profi ssionais lotados nas Secretarias Estaduais de Assistência

Social e nas unidades públicas de oferta de serviços do Estado, observa-se (Grá-

fi co 43) uma diminuição progressiva do contingente de profi ssionais, passando

de 19.785 em 2010 para 14.742 em 2013. Esta é uma questão a ser mais bem

compreendida, pois não aponta no sentido esperado, pelas responsabilidades

que os estados devem cumprir na PNAS.

O maior percentual de vínculo de trabalho é apresentado pelos estatutários,

apresentando mais de 50% em todos os anos analisados (Gráfi co 44), mesmo

com variação negativa entre os anos de 2012 e 2013. Houve aumento signifi ca-

tivo dos profi ssionais com outros vínculos a partir de 2011 – de 10,1% a 18,9%

em 2013 – no entanto, quando comparados os anos de 2010 e 2013, há declínio

de 8 pontos percentuais nesta categoria. Outra situação a ser destacada é o per-

centual de profi ssionais celetistas, que passou de 0,8% para 16,6%, de 2010 a

2011, decrescendo para 6,5% em 2013.

Page 71: Censo SUAS 2013

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01

3Gráfico 44: Distribuição Percentual de trabalhadores das Secretarias Estaduais de Assistência Social segundo tipo de vínculo – Brasil, 2010 a 2013

49,7% 54,8% 54,5% 52,9%

0,8%

16,5% 15,9%

6,5% 22,5%

18,6% 19,1%

21,7%

26,9%

10,1% 10,5% 18,9%

2010 2011 2012 2013

Estatutários Celetistas Somente Comissionados Outros Vínculos

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Gráfico 45: Distribuição Percentual de trabalhadores das Secretarias Estaduais de Assistência Social segundo escolaridade – Brasil, 2010 a 2013

26,3% 33,2% 31,8% 34,3%

52,7% 42,8% 43,9% 45,9%

21,6% 24,0% 24,4% 19,8%

2010 2011 2012 2013

Ensino Superior Ensino Médio Ensino Fundamental

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Relativo à escolaridade destes profi ssionais, observa-se (Gráfi co 45) a mesma ten-

dência que os profi ssionais das Secretarias Municipais, um decréscimo das pessoas

com nível fundamental (passando de 21,6% em 2010 a 19,8% em 2013) e aumento

das pessoas com nível superior (de 26,3% em 2010 a 34,3% em 2013). Os trabalha-

dores com nível médio, apesar do decréscimo entre 2010 (52,7%) e 2011 (42,8%),

apresentaram crescimento nos anos posteriores, alcançando 45,9% em 2013.

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Gráfico 46: Distribuição Percentual de profissionais lotados nas unidades públicas que ofertam serviços socioassistenciais segundo escolaridade – Brasil, 2013

12,0% 4,5% 3,3% 4,7%

17,5%

8,6% 5,3%

7,8%

46,1%

44,0%

28,5%

39,5%

24,3%

42,9%

62,9%

48,1%

Unidades de Acolhimento Centro POP CREAS CRAS

Sem instrução e nível fundametantal incompleto Nível fundamental completo e médio incompleto

Nível médio completo e superior incompleto Nível superior completo, mestrado e doutorado

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Em 2013, a equipe técnica que compunha as unidades de assistência social possuía,

majoritariamente, o nível médio completo ou o nível superior completo. Destaque

para os CREAS, em que 62,9% dos profi ssionais encontravam-se na categoria supe-

rior completo, ou pós-graduação em nível de mestrado ou doutorado (Gráfi co 46).

Nas Unidades de Acolhimento, apesar de a maioria dos profi ssionais possuírem ní-

vel médio completo e superior incompleto (46%), verifi ca-se um percentual expres-

sivo de trabalhadores que não haviam concluído nível médio, em comparação com

os demais equipamentos públicos, totalizando 29,5% da equipe técnica.

QUALIFICAÇÃO DAS EQUIPES DOS EQUIPAMENTOS

Compete a cada um dos diferentes níveis de gestão do SUAS contratar e manter

o quadro de pessoal qualifi cado academicamente por profi ssões regulamenta-

das por Lei e na quantidade necessária à execução da gestão e dos serviços so-

cioassistenciais, conforme a necessidade da população e as condições de gestão

de cada ente. Nesse sentido, há uma orientação sobre a composição da equipe

de referência para a prestação de serviços e execução das ações no âmbito da

Proteção Social Básica e da Proteção Social Especial nos municípios.

Page 73: Censo SUAS 2013

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01

3As categorias profissionais estabelecidas para a composição das equipes de re-

ferência da Proteção Social Básica consideram, entre outros fatores, as profis-

sões regulamentadas em Lei. Com o amadurecimento da implantação do SUAS,

passou-se a considerar, para além do nível de gestão, disposto na NOB-RH/SUAS

(2006), o porte dos municípios como um elemento fundamental (Tabela 1).

Tabela 1: Composição das equipes de referência da Proteção Social Básica

Pequeno Porte I Pequeno Porte II Médio, Grande, Metrópole e DF

Até 2.500 famílias referen-ciadas

Até 3.500 famílias referen-ciadas

A cada 5.000 famílias referen-ciadas

2 técnicos de nível superior, sendo um profissional assis-tente social e outro prefe-rencialmente psicólogo.

3 técnicos de nível superior, sendo dois profissionais assis-tentes sociais e preferencial-mente um psicólogo.

4 técnicos de nível superior, sendo dois profissionais assis-tentes sociais, um psicólogo e um profissional que compõe o SUAS.

2 técnicos de nível médio 3 técnicos nível médio 4 técnicos de nível médio

Fonte: NOB-RH/SUAS, 2011.

Vem sendo observado um aumento paulatino de pessoas trabalhando nos CRAS

desde 2007. Naquele ano, havia 25.635 trabalhadores e em 2013 os CRAS con-

tavam com 75.241 pessoas.

Com relação à quantidade de funcionários por CRAS segundo a função desem-

penhada, destaca-se o número de técnicos de nível superior, que ultrapassa em

aproximadamente 13 mil pessoas a segunda função com maior contingente de

profissionais. Outro destaque são os coordenadores, que em 2013 somaram

7.861 pessoas, equivalente a 0,99 coordenadores em média por CRAS, superan-

do a média do ano anterior (0,96). Os coordenadores assumem importantes res-

ponsabilidades no equipamento, como a organização das ações ofertadas pelo

Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) e a articulação da

rede de serviços socioassistenciais no território de abrangência. A presença do

coordenador assegura a efetividade na oferta de serviços (Gráfico 47).

Page 74: Censo SUAS 2013

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Gráfico 47: Quantidade total de funcionários dos CRAS segundo a função exercida – Brasil, 2013

23.113

10.470

9.552

9.045

7.861

7.813

7.385

Técnico (a) Nível superior

Apoio Administrativo

Outros

Serviços Gerais

Coordenador

Educador (a) Social

Técnico (a) Nível Médio

Fonte: MDS, Censo SUAS.

De acordo com os dados do Censo SUAS 2013, em 67,4% dos CRAS o coordena-

dor atuava exclusivamente nesta função. Em 20,3% das unidades os coordena-

dores atuavam também como técnicos e em 8,7% compartilhavam a coordena-

ção com o desempenho de outra função na Secretaria Municipal de Assistência

Social. Cerca de 4% dos CRAS não contavam com coordenador (Gráfi co 48).

Gráfico 48: Distribuição percentual de CRAS segundo a função de Coordenador – Brasil, 2013

3,5%

67,5%

20,3%

8,7%

Não há coordenador neste CRAS

Exerce exclusivamente a função de coordenador

Acumula as funções de coordenador e de técnico neste CRAS

Acumula as funções de coordenador com outra atividade da Secretaria Municipal de Assistência Social

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Page 75: Censo SUAS 2013

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01

3

Gráfico 49: Quantidade de trabalhadores dos CRAS segundo formação profissional – Brasil, 2012 a 2013.

41,0

%

22,9

%

16,7

%

13,2

%

5,8%

0,4%

40,9

%

21,4

%

19,9

%

11,9

%

5,6%

0,3%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

Outros Assistente Social Profissional de Ensino Médio

Psicólogo Pedagogo Advogado

2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Para o ano de 2013, no que se refere à formação profi ssional dos trabalhadores,

os CRAS em todo país contavam com 16.078 assistentes sociais - 1.016 profi s-

sionais a mais que no ano de 2012 (Gráfi co 49). Os CRAS contavam ainda com

8.975 psicólogos e 4.211 pedagogos. Destaca-se que os profi ssionais de nível

médio somavam 14.989 pessoas - 4.021 trabalhadores a mais que em 2012.

Em valores percentuais temos que 21,4% dos CRAS dispunham de assistentes

sociais, 19,9% de profi ssionais de nível médio, 11,0% de psicólogos, e 40,9%

possuíam trabalhadores divididos em outras categorias profi ssionais5.

5 inclui os ouTros profissionais dE Ensino supErior E os sEm formação profissional.

No que diz respeito à composição da formação dos profi ssionais, observa-se

pouca variação de acordo com o porte dos municípios, sendo em sua maioria

Assistentes sociais, seguidos de Profi ssionais do ensino médio, Psicólogos, Peda-

gogos e Advogados, exceto nas Metrópoles, onde o percentual de profi ssionais

de ensino médio é maior que o de assistentes sociais (Gráfi co 50). Na categoria

Outros, o percentual de profi ssionais é praticamente o mesmo em todos os por-

tes de municípios.

Page 76: Censo SUAS 2013

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Gráfico 50: Distribuição percentual de trabalhadores dos CRAS por Formação Profissional segundo o Porte do município – Brasil, 2013

20,9

%

20,7

%

21,5

%

23,0

%

20,6

%

14,1

%

11,4

%

10,3

%

11,2

%

7,7%

17,3

%

20,7

%

20,3

%

21,5

%

24,9

%

6,1%

5,3%

6,0%

4,9%

5,3%

0,4%

0,3%

0,3%

0,2%

0,3%

41,2

%

41,5

%

41,8

%

39,1

%

41,2

%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

Pequeno I Pequeno II Médio Grande Metrópole

Assistente Social Psicólogo Profissional de Ensino Médio Pedagogo Advogado Outros

Fonte: MDS, Censo SUAS.

De acordo com o processo estabelecido para a implementação do SUAS, ao ofer-

tar os serviços socioassistenciais tipifi cados, a unidade CREAS deverá garantir

a existência da equipe de referência, conforme o disposto na NOB-RH/SUAS.

Em consonância com a Resolução CNAS nº 17/2011, constituem profi ssionais

de referência da Proteção Social de Média Complexidade: Assistente social, Psi-

cólogo e Advogado. Entretanto, a partir dos parâmetros traçados pela NOB-RH/

SUAS e pela resolução citada, os recursos humanos de cada serviço devem ser

dimensionados de acordo com a demanda por atendimento e acompanhamento

e, também, conforme a capacidade de atendimento das equipes (Tabela 2).

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01

3Tabela 2: Composição das equipes de referência da Proteção Social Especial

Municípios Capacidade de aten-dimento/acompanha-

mentoEquipe de Referência

Porte Nível de Gestão

Peq

uen

o Po

rte

I e II

; M

édio

Por

te

Gestão Inicial, Básica ou Plena

50 casos (famílias/indivíduos)

1 Coordenador

1 Assistente Social

1 Psicólogo

1 Advogado2 Profissionais de nível superior ou médio (abordagem dos usuários)

1 Auxiliar Administrativo

Gra

nde

Por

te; M

etró

pole

e D

F

Gestão Inicial, Básica ou Plena

80 casos (famílias/indivíduos)

1 Coordenador

2 Assistentes Sociais

2 Psicólogos

1 Advogado

4 Profissionais de nível superior ou médio (abordagem dos usuários)

2 Auxiliares Administrativos

Em 2013 os CREAS já contavam com uma equipe de 20.938 técnicos distribuídos

de forma quase equânime entre a maioria dos estados, com exceção do Distrito

Federal que possuía a mais alta média do país: 20,1 trabalhadores nos CREAS

(Gráfico 51).

Page 78: Censo SUAS 2013

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as

Gráfico 51: Quantidade média de trabalhadores nos CREAS segundo Unidade da Federação – Brasil, 2013

9,1

6,8

8,4

9,6

8,1

11,0

20,1

11,7

6,6 7,

7

9,3

8,5

8,6 9,

3

6,3

8,7

7,1

9,3

12,5

8,1 8,

9

13,2

9,1

11,2

6,7

12,8

7,3

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Quando analisadas as funções exercidas pela equipe referenciada dos CREAS,

percebe-se que a maioria dos profi ssionais se enquadra em cargos de técnico de

nível superior (9.659 pessoas) seguidos dos profi ssionais de apoio administra-

tivo (2.321 pessoas). Os CREAS contavam ainda, em 2013, com 2.192 coordena-

dores e 2.168 educadores sociais (Gráfi co 52).

Gráfico 52: Quantidade de trabalhadores dos CREAS segundo a função exercida – Brasil, 2013

4,3

0,4 0,8

0,6

0,2

1,0

1,0

1,0 Técnico (a) de nível superior

Técnico (a) de nível médio

Serviços Gerais

Outros

Estagiário (a)

Educador (a) Social

Coordenador(a)

Apoio Administrativo

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Page 79: Censo SUAS 2013

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S 2

01

3

Gráfico 53: Distribuição percentual de CREAS segundo a função de coordenador – Brasil, 2013

3,8%

67,7%

21,6%

6,8% Não há coordenador neste CREAS

Exerce exclusivamente a função de coordenador

Acumula as funções de coordenador e de técnico neste CREAS

Acumula as funções de coordenador com outra atividade da Secretaria Municipal de Assistência Social

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Os dados do Censo SUAS 2013 revelaram que em 67,7% dos CREAS, ou seja,

em 1.523 unidades, o coordenador atuava exclusivamente nessa função (Gráfi co

53). O percentual de CREAS que não possuem coordenador é de 3,8%, que cor-

responde a 86 unidades nessa condição.

Do total de trabalhadores, 20.177 declararam sua formação profi ssional. As

maiores categorias profi ssionais encontradas como força de trabalho nos CREAS

foram de assistentes sociais, seguida por psicólogos, profi ssionais de nível mé-

dio, pedagogos e advogados (Tabela 3).

Tabela 3: Quantidade de trabalhadores do CREAS segundo formação profissional – Brasil, 2011 a 2013

Formação profissional 2011 2012 2013

Assistente social 4.259 4.713 5.006

Psicólogo 3.426 3.723 3.907

Profissional de Ensino Médio 2.005 2.623 2.982

Pedagogo 1.453 1.401 1.302

Advogado 1.117 1.245 1.373

Outros* 6.007 5.531 5.607

Total 18.267 19.236 20.177

Nota: (*) Inclui os outros profissionais de ensino superior e os sem formação profissional.Fonte: MDS, Censo SUAS.

Page 80: Censo SUAS 2013

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as

Em todos os portes populacionais o perfi l profi ssional mais encontrado depois

de “Outros” foi o de assistente social, em especial dentre os municípios de gran-

de porte, representando 27,8% do total de profi ssionais.

Gráfico 54: Distribuição percentual de profissionais por formação segundo o porte do Município – Brasil, 2013

10,1

%

9,2%

6,6%

4,3%

3,2%

23,3

%

22,9

%

24,9

%

27,8

%

24,0

%

19,4

%

18,0

%

18,8

%

20,5

%

20,4

%

14,2

%

15,3

%

13,7

%

14,2

%

17,0

%

7,5%

6,8%

6,2%

5,4%

7,1%

25,6

%

27,8

%

29,7

%

27,8

%

28,3

%

Pequeno I Pequeno II Médio Grande Metrópole

Advogado Assistente Social Psicólogo Profissional de nivel medio Pedagogo Outros*

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Analisando os recursos humanos dos Centros POP, o Censo SUAS 2013 permitiu

identifi car que estes possuíam em totalidade 499 funcionários atuando como

educadores sociais, 489 técnicos de nível superior e 260 de outros. Os estagiá-

rios somavam 57 em todos os equipamentos.

Gráfico 55: Quantidade de funcionários por Centro POP segundo a função exercida – Brasil, 2013

148

131

499

57 165 165

489

260

Apoio Administrativo

Coordenador(a)

Educador (a) Social

Estagiario (a)

Serviços Gerais

Técnico (a) de nível médio

Técnico (a) de nível superior

Outros

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Page 81: Censo SUAS 2013

CE

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OS

UA

S 2

01

3Em 2013 identifi cou-se que em 71,8% dos Centros POP o coordenador exercia ex-

clusivamente essa função. Ainda há 14,5% de coordenadores que também atuam

como técnicos na própria unidade e 11,5% atuando concomitantemente em outras

atividades na Secretaria de Assistência Social do município ou DF (Gráfi co 56).

Gráfico 56: Distribuição percentual dos Centros POP segundo a função do coordenador – Brasil, 2013

2,3%

71,8%

14,5%

11,5%

Não há coordenador nesta Unidade

Exerce exclusivamente a função de coordenador

Acumula as funções de coordenador e de técnico nesta Unidade

Acumula as funções de coordenador com outra atividade da Secretaria Municipal de Assistência Social ou do DF

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Os Centros POP em 2013 contavam com 345 assistentes sociais, 170 psicólogos

e 55 pedagogos. Os profi ssionais com quantidades mais expressivas foram os

enquadrados como profi ssionais de nível médio e outros6 (Gráfi co 57).

6 inclui os ouTros proFissionais De ensino superior e os sem Formação proFissional.

Page 82: Censo SUAS 2013

81re

curs

os h

uman

os d

o su

as

Gráfico 57: Quantidade de trabalhadores dos Centros POP segundo formação profissional – Brasil, 2013

28

345

170

55

545

637

Advogado Assistente Social Psicólogo Pedagogo Profissional de nível médio

Outros*

Nota: (*) Inclui os outros profissionais de ensino superior e os sem formação profissional.Fonte: MDS, Censo SUAS.

Em 2013, havia 59.086 técnicos distribuídos nas 4.423 Unidades de Acolhimen-

to. A quantidade total de pessoas que assumem função de diretor foi de 603 e de

coordenador, 2.768. Esses quantitativos indicam a ausência dessas funções em

algumas Unidades (Gráfi co 58).

Gráfico 58: Quantidade total de funcionários das Unidades de Acolhimento segundo a função exercida – Brasil, 2013

16.188

14.835

8.823

8.586

4.489

2.798

1.288

1.238

603

238

Serviços gerais

Cuidador

Equipe técnica

Educador Soical

Apoio administrativo

Coordenador

Agente administrativo

Cuidador residente (Mãe/Pai social)

Diretor (a)

Outro

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Page 83: Censo SUAS 2013

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S 2

01

3

Gráfico 59: Quantidade de trabalhadores das Unidades de Acolhimento segundo formação profissional – Brasil, 2013

188 221

1.497

2.445

2.281 3.236

3.774

Terapeuta Ocupacional Advogado

Pedagogo

Psicólogo

Profissionais da Área da Saúde Outras Formações de Nível Superior Assistente Social

Fonte: MDS, Censo SUAS.

A maior parte dos trabalhadores das Unidades de Acolhimento em 2013 eram

assistentes sociais em 2013 - 3.774 pessoas, o que corresponde a 27,7% dos

trabalhadores - seguidos de profi ssionais com outras formações de nível supe-

rior - 3.236 pessoas - e de profi ssionais da área da saúde - 2.281 pessoas.

Quando observada a formação dos profi ssionais por região, vê-se um comporta-

mento similar entre elas com exceção da formação de assistente social que se

destaca entre as demais na Região Sudeste (Gráfi co 60).

Page 84: Censo SUAS 2013

83re

curs

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uman

os d

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as

Gráfico 60: Formação profissional dos trabalhadores das Unidades de Acolhimento segundo Grandes Regiões – Brasil, 2013

159

67

9

102

88

180

11

375

152

20

167

178

319

24

1.560

1.447

98

687

1.405

2.225

130

413

791

37

388

593

834

41

351

202

24

153

181

216

15

Outras formações de nível superior

Profissionais Saúde

Terapeuta Ocupacional

Pedagogo

Psicólogo

Assistente Social

Advogado

Centro-Oeste Sul Sudeste Nordeste Norte

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Page 85: Censo SUAS 2013

CE

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S 2

01

3CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este capítulo teve o objetivo de apresentar a composição das equipes técnicas

que compõem os recursos humanos da assistência social. Todo equipamen-

to deve contar com uma equipe mínima para a execução dos serviços e ações

ofertados. Uma equipe composta de servidores efetivos tende a garantir uma

menor rotatividade, portanto, a continuidade dos serviços prestados, bem como

sua maior qualidade devido ao processo de capacitação continuada dos profis-

sionais. De acordo com os dados produzidos pelo Censo SUAS 2013, percebe-se

o crescimento da qualificação profissional - formal e pelo exercício do trabalho

- com aumento do percentual de profissionais com nível superior e a diminui-

ção dos com nível fundamental tanto nos órgãos de gestão da assistência social

quanto nos equipamentos de oferta de serviços. Ainda com objetivos a serem

alcançados relacionados aos contratos com vínculos permanentes nos órgãos

de gestão, os vínculos dos profissionais dos equipamentos de oferta de servi-

ços demonstram saldos positivos relacionados à superação de vínculos não per-

manentes. Assim, o aumento da qualidade dos profissionais junto da atuação

multidisciplinar dos trabalhadores nos equipamentos indica o caminho para a

consolidação e manutenção da PNAS de maneira universal.

Page 86: Censo SUAS 2013

85 c

enso

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CAPíTULO 4 sErviços ofErTados pElo SUAS

85

Page 87: Censo SUAS 2013

CE

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S 2

01

3Os serviços desenvolvidos no âmbito da assistência social referem-se a um conjunto

de atividades prestadas conforme metodologia de atendimento norteada pela centra-

lidade na família e reconhecidas pela Tipifi cação Nacional de Serviços Socioassisten-

ciais, que contempla defi nição, objetivos, provisões, público, entre outros aspectos.

No âmbito do Sistema Único de Assistência Social e de acordo com a Política Nacional

de Assistência Social (PNAS), cabe aos estados a realização de serviços socioassis-

tenciais regionais; a coordenação estadual de capacitação; a gestão da informação

e monitoramento; a supervisão e apoio técnico aos municípios; o cofi nanciamen-

to com repasse fundo a fundo aos municípios; a execução do plano estadual em

conformidade com as deliberações das conferências estaduais; e a participação e

legitimação das instâncias de cogestão estadual e federal (COLIN; PEREIRA, 2013).

SERVIÇOS PRESTADOS PELOS ESTADOS

Os serviços de caráter regional ofertados pelas Secretarias Estaduais de Assistência

Social, para que sejam caracterizados nesta categoria, devem contemplar pelo me-

nos dois municípios. Esse tipo de serviço é ofertado no âmbito da Proteção Social

Especial. Os dados do Censo SUAS 2013 revelaram que em 38,5% dos estados não

há serviço ou unidade de caráter regional de Proteção Social Especial, 11,5% deles

oferecem esse tipo de serviço ou dispõem de unidades tanto para a média quanto

para alta complexidade, em 30,8% há oferta de serviços e/ou unidades somente

para média complexidade em 42,3% somente para alta complexidade (Gráfi co 61).

Gráfico 61: Distribuição percentual de Estados com serviço/unidade de caráter regional de Proteção Social Especial - Brasil, 2013

38,5%

30,8%

42,3%

11,5%

Não há serviço/unidade de caráter regional da

proteção social no Estado

Sim, de média complexidade

Sim, de alta complexidade

Sim, de ambas

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Page 88: Censo SUAS 2013

87se

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Gráfico 62: Quantidade de Unidades da Federação em que o Órgão Gestor executava diretamente serviços socioassistenciais – Brasil, 2010 a 2013

13

7 5 5

14

10

13 14

20

17

20 19

2010 2011 2012 2013

Serviços de Proteção Social Básica Serviços de Proteção Social Especial (média complexidade) Serviços de Proteção Social Especial (alta complexidade)

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Os serviços de assistência social podem ser executados diretamente pelas Secreta-

rias Estaduais. Nos últimos quatro anos, observa-se uma redução do número de esta-

dos que executam algum serviço socioassistencial de Proteção Social Básica, presen-

te, em 2013, em cinco estados. Os serviços de Proteção Social Especial de média e

alta complexidade ofertados diretamente pelas Secretarias Estaduais de Assistência

Social não tiveram grande variação ou tendência de queda, tendo os de média com-

plexidade alcançado 14 e os de alta complexidade 19 estados (Gráfi co 62).

SERVIÇOS PRESTADOS PELOS MUNICíPIOS

A atuação municipal no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), de acordo

com a Política Nacional de Assistência Social, confere ao município a competên-

cia para a gestão, coordenação e cofi nanciamento da rede socioassistencial pri-

vada e governamental; dos serviços socioassistenciais, da gestão dos benefícios

socioassistenciais continuados e eventuais; e articulação com o Conselho Muni-

cipal de Assistência Social para a execução de plano municipal, que contemple

deliberações de conferências municipais da área (COLIN; PEREIRA, 2013).

Segundo os gestores municipais, em 2013, aproximadamente 98% dos municí-

pios ofertavam o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF). Já

o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) para as crianças,

adolescentes, jovens, idosos e o Serviço de Proteção Social Básica no domicílio

para pessoas com defi ciência e idosas aparecem sendo ofertados em diversas

unidades com predominância para os Centros de Referência de Assistência So-

Page 89: Censo SUAS 2013

CE

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S 2

01

3

Gráfico 63: Quantidade de municípios que ofertavam serviços socioassistenciais de Proteção Social Básica – Brasil, 2013

169

250

235

342

395

0

3.01

7

3.34

8

3.58

5

3.94

4

2.98

0

5.32

9

1.05

8

2.35

8

1.81

9

1.87

8

471

0

340 58

6

453

565

318

0

1.55

8

332 60

7

200

1.92

0

113

SCFV 0 a 6 anos SCFV 6 a 15 anos SCFV 15 a 17 anos SCFV idoso PSB PAIF

Na própria sede do órgão gestor No CRAS Em outra unidade pública Em entidade conveniada Não realiza

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Gráfico 64: Distribuição percentual de municípios cujo governo municipal desenvolve ações, programas ou projetos de inclusão produtiva para geração de trabalho e renda segundo Grandes Regiões – Brasil, 2011 a 2013

81,2

%

82,9

%

84,0

%

74,6

%

82,2

%

89,2

%

80,9

%

81,8

%

83,4

%

74,7

%

66,2

% 85

,7%

82,1

%

84,2

%

83,0

%

77,0

%

85,0

%

87,2

%

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

cial (CRAS) e outra unidade pública (Gráfi co 63). Por outro lado, o serviço de con-

vivência e fortalecimento de vínculos para as crianças de 0 a 6 anos não foram

ofertados em 1.558 municípios, ou seja, em 27,97% do total.

A região com maior percentual de municípios que desenvolveu ações, progra-

mas ou projetos de inclusão produtiva para geração de trabalho e renda foi a

Centro-Oeste (87,2%), enquanto o menor percentual apresenta-se na região Su-

deste (77%) (Gráfi co 64).

Page 90: Censo SUAS 2013

89se

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ados

pel

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as

O maior percentual de prefeituras que desenvolveram ações, programas ou pro-

jetos de formação, qualifi cação ou capacitação profi ssional voltados para popu-

lação em situação de pobreza, pobreza extrema ou, ainda, em situação de risco

e/ou vulnerabilidade social em 2013 estava na região Centro-Oeste (89,6%). A

região Sudeste apresenta o menor percentual de prefeituras que desenvolvem

esse tipo de ação, no entanto, com uma diferença de apenas 6,7 pontos percen-

tuais em relação ao Centro-Oeste (Gráfi co 65).

Gráfico 65: Distribuição percentual de municípios cujo governo municipal desenvolveu ações, programas ou projetos de formação, qualificação ou capacitação profissional segundo Grandes regiões - Brasil, 2011 a 2013

80,6

%

76,9

%

82,1

%

78,7

%

80,4

%

85,5

%

81,1

%

77,5

%

82,9

%

78,7

%

64,8

% 84

,1%

84,3

%

83,3

%

83,1

%

82,9

%

86,0

%

89,6

%

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

No que se refere ao tipo de ação desenvolvida para formação, qualifi cação ou

capacitação profi ssional para população em vulnerabilidade social em 2013

destaca-se a “Educação de Jovens e Adultos (EJA)” e “Qualifi cação Profi ssional”

em si, presentes em 74,1% e 72,4% dos municípios, respectivamente (Gráfi co

66). Sobressai-se ainda a “Articulação da prefeitura com o Sistema S e outras ins-

tituições”, a “Mobilização e sensibilização de usuários para cursos de capacita-

ção”, o “Encaminhamento de usuários para cursos de qualifi cação profi ssional”,

“Acompanhamento dos cursos oferecidos pelo PRONATEC” e a “Inclusão digital”

- ações desenvolvidas em mais de 50% dos municípios.

Page 91: Censo SUAS 2013

CE

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OS

UA

S 2

01

3Gráfico 66: Distribuição percentual das ações desenvolvidas pelos municípios – Brasil, 2013

74,1%

72,4%

62,1%

55,2%

54,3%

53,3%

51,3%

44,2%

33,9%

29,7%

27,0%

27,0%

25,5%

21,8%

16,7%

11,9%

11,1%

10,3%

9,1%

5,3%

5,0%

4,2%

3,6%

1,5%

Educação de Jovens e Adultos

Qualificação profissional

Inclusão digital

Acompanhamento dos cursos oferecidos pelo PRONATEC

Encaminhamento de usuários para cursos de qualificação profissional

Mobilização e sensibilização de usuários para cursos de capacitação

Articulação da Prefeitura com o Sistema S, Institutos Federais ou Outras Instituições

Fomento ao Artesanato

Fomento ao empreendedorismo individual

Microcrédito

Educação Técnica e Tecnológica

Fomento ao Associativismo e ao Cooperativismo

Fomento ao empreendedorismo coletivo

Intermediação de mão-de-obra

Fomento à Economia Solidária

Assistência Técnico-gerencial a empreendimentos individuais

Apoio a Redes e Cadeias Produtivas

Assistência Técnico-gerencial a empreendimentos coletivos

Fomento a pólo industrial

Fomento ao Extrativismo

Incubação de empreendimentos

Central de Comercialização

Apoio Jurídico às empresas

Central de Autônomos

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Page 92: Censo SUAS 2013

91se

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os o

fert

ados

pel

o su

as

No que se refere aos cursos presenciais de capacitação dos trabalhadores da

Assistência Social (trabalhadores da gestão SUAS, CRAS, CREAS e demais uni-

dades públicas de assistência social) que visam à aquisição de conhecimentos,

capacidades, atitudes e formas de comportamento exigidos para o exercício das

funções próprias da profi ssão, em 2013, apenas a região Sudeste apresentou

aumento, em comparação ao ano anterior, no percentual de municípios em que

os profi ssionais do SUAS tiveram acesso a este tipo de curso. No mesmo período

analisado, esse percentual foi reduzido em todas as demais regiões, bem como

no conjunto do total de municípios (Gráfi co 67).

Gráfico 67: Distribuição Percentual de municípios que tiveram acesso aos cursos presenciais de capacitação segundo Grandes Regiões - Brasil, 2011 a 2013

83,4

%

81,1

%

80,3

%

83,1

%

87,4

%

88,3

%

78,6

%

73,6

%

77,1

%

77,2

%

83,3

%

81,3

%

75,9

3%

67,4

2%

69,1

8%

79,7

8%

82,9

2%

78,7

4%

Brasil Norte Nordeste Sudeste

Sul

Centro-Oeste

2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

83,4

%

81,1

%

80,3

%

83,1

%

87,4

%

88,3

%

78,6

%

73,6

%

77,1

%

77,2

%

83,3

%

81,3

%

75,9

3%

67,4

2%

69,1

8%

79,7

8%

82,9

2%

78,7

4%

Brasil Norte Nordeste Sudeste

Sul

Centro-Oeste

2011 2012 2013

Page 93: Censo SUAS 2013

CE

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UA

S 2

01

3CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo se propôs demonstrar a oferta de serviços de assistência social.

Entende-se como Serviço de Assistência social, de acordo com o artigo 23 da

LOAS, as atividades continuadas que visam à melhoria de vida da população e

cujas ações, voltadas para as necessidades básicas, observando-se os objetivos,

princípios e diretrizes da própria LOAS. Observa-se que, seguindo a tendência de

municipalização dos Serviços de Proteção Básica7, a oferta de serviços prestados

diretamente pelos órgãos gestores estaduais são mais substanciais no referente

aos Serviços de Proteção Especial (de média ou alta complexidade). Assim, são

os CRAS, em sua maioria, responsáveis pela oferta de serviços de Proteção Social

Básica. Dessa maneira, em 98% dos municípios é ofertado o Serviço de Prote-

ção e Atendimento Integral à Família (PAIF). Já o Serviço de Convivência e For-

talecimento de Vínculos (SCFV) é ofertado em sua maioria nos CRAS, chamando

atenção os Serviços voltados às crianças de 0 a 6 anos, que não são oferecidos

em 1.558 municípios e ainda 1.920 municípios que não oferecem o Serviço de

Proteção Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas. Em relação

aos serviços voltados à Inclusão Produtiva, estes são oferecidos em mais 82%

dos municípios e mais de 84% desenvolveram ações, programas ou projetos de

formação, qualificação ou capacitação profissional. Com isso em vista, percebe-

-se a ampla evolução dos serviços oferecidos quando acompanhadas as séries

históricas dos mesmos, substanciando a continuidade das ações prestadas, fun-

damental para a consolidação da Rede Socioassistencial.

7 arTigo 4º Do pacTo De aprimoramenTo Da gesTão Dos esTaDos e Do DisTriTo FeDeral no âmBiTo

Do suas. resolução nº 17 De novemBro De 2010 Da comissão inTergesTores TriparTiTe.

Page 94: Censo SUAS 2013

93se

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l

CAPíTULO 5 parTicipação social

93

Page 95: Censo SUAS 2013

CE

NS

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UA

S 2

01

3A participação da sociedade civil na assistência social se dá por meio das confe-

rências, e de forma permanente, dos Conselhos Estaduais e Municipais. Estes são

instâncias deliberativas, de composição paritária entre o governo e a sociedade

civil e estão previstos na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).

Os Conselhos de Assistência Social devem ser compostos por 50% de represen-

tantes do governo e 50% de representantes da sociedade civil, de acordo com

a Resolução CNAS nº. 237, de 14 de dezembro de 2006. São representantes da

sociedade civil as entidades e organizações da assistência social, dos usuários, e

dos trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS CONSELHOS

Desde 2004, todos os estados e o Distrito Federal possuem um Conselho Estadual

e Conselho Distrital. O percentual de municípios com Conselho Municipal de Assis-

tência Social vem variando em todas as regiões no período 2010 a 2013, exceto na

região Sul que apresenta comportamento ascendente nesse período (Gráfi co 68).

Ainda assim, de acordo com os dados do Censo SUAS 2013, mais de 90% dos mu-

nicípios, em todas as regiões, possuem Conselho Municipal, sendo este percentual-

mente mais presente na região Centro-Oeste, em 96,8% dos municípios.

Gráfico 68: Distribuição percentual de Conselhos Municipais de Assistência Social segundo Grandes Regiões – Brasil, 2010 a 2013

95,8

%

93,3

%

93,9

%

94,3

%

97,9

%

92,7

%

95,1

%

93,0

%

94,4

%

98,5

%

95,5

%

92,1

%

91,4

%

94,8

%

95,9

%

93,3

%

95,7

%

92,6

%

95,4

%

96,8

%

86,0%

88,0%

90,0%

92,0%

94,0%

96,0%

98,0%

100,0%

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

2010 2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Page 96: Censo SUAS 2013

95pa

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l

Gráfico 69: Distribuição percentual de Conselhos Municipais criados por Lei – Brasil, 2010 a 2013

97,4% 97,1% 97,4% 99,8%

80,0%

100,0%

Conselhos Municipais

2010 2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Gráfico 70: Distribuição percentual de Conselhos Estaduais e Municipais segundo tipo de instrumento que formaliza o cargo de secretário executivo – Brasil, 2013

11,5

%

19,2

%

38,5

%

15,4

%

15,4

%

11,2

%

13,3

% 23

,8%

20,2

% 31

,5%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

Lei Decreto Portaria Outro Instrumento

Não está formalizado

Conselhos Estaduais Conselhos Municipais

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Com relação ao instrumento legal que cria os Conselhos, em 2013 todos os Con-

selhos Estaduais existentes e 99,8% dos Conselhos Municipais haviam sido cria-

dos por Lei (Gráfi co 69).

No que diz respeito ao tipo de instrumento que formaliza o cargo de secretário

executivo dos Conselhos, 38,5% dos Conselhos Estaduais tinham o cargo for-

malizado por portaria e 19,2% por Decreto. Já entre os Conselhos Municipais, os

principais instrumentos de formalização foram Portaria e outros instrumentos,

em 23,8% e 20,2% dos Conselhos, respectivamente (Gráfi co 70).

Page 97: Censo SUAS 2013

CE

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S 2

01

3

Gráfico 71: Distribuição percentual de Conselhos Estaduais segundo frequência com que realizam atividades – Brasil, 2013

46,2%

23,1%

30,8%

46,2%

34,6%

11,5%

15,4%

30,8%

26,9%

26,9%

42,3%

23,1%

19,2%

38,5%

19,2%

23,1%

15,4%

46,2%

11,5%

3,8%

15,4%

0,0%

7,7%

11,5%

7,7%

3,8%

7,7%

3,8%

0,0%

7,7%

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0% 50,0%

Acompanha votações/discussões do Poder Legislativo local

Realiza visitas nas unidades da rede socioassistencial

Realiza ações de mobilização social

Realiza reuniões descentralizadas

Realiza reuniões ampliadas

Recebe denúncia

Diariamente Mensalmente Semestralmente Anualmente Nunca

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Em relação à frequência com que realizam suas atividades, em sua maioria es-

tas ocorrem semestralmente, conforme os dados a seguir: 46,2% dos Conselhos

Estaduais recebem denúncias numa periodicidade semestral, 34,6% realizam

reuniões ampliadas anualmente e 30,8% realizam visitas nas unidades da rede

socioassistencial também a cada ano (Gráfi co 71).

Já dentre os Conselhos Municipais, 21,1% realizam reuniões ampliadas men-

salmente e 24,6% realizam visitas nas unidades da rede socioassistencial com

essa mesma periodicidade. As principais atividades semestrais realizadas pelos

Conselhos Municipais são ações de mobilização social (22,6%) e visitas nas uni-

dades da rede socioassistencial (33,3%) (Gráfi co 72).

Page 98: Censo SUAS 2013

97pa

rtic

ipaç

ão s

ocia

l

Gráfico 72: Distribuição percentual de Conselhos Municipais segundo frequência de atividades realizadas – Brasil, 2013

47,4%

15,9%

38,4%

71,6%

35,7%

46,8%

13,6%

21,4%

26,6%

11,8%

22,6%

14,8%

14,7%

33,3%

22,6%

11,4%

18,6%

18,5%

20,5%

24,6%

10,0%

4,5%

21,1%

15,9%

3,8%

4,8%

2,4%

0,7%

2,0%

3,9%

Acompanha votações/discussões do Poder Legislativo local

Realiza visitas nas unidades da rede socioassistencial

Realiza ações de mobilização social

Realiza reuniões descentralizadas

Realiza reuniões ampliadas

Recebe denúncia

Diariamente Mensalmente Semestralmente Anualmente Nunca

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Como uma instância por meio da qual se dá a participação da sociedade civil

na área de Assistência Social, é importante que os Conselhos de Assistência

Social deliberem sobre os Planos de Assistência Social. Em 2013, 65,4% dos

Conselhos Estaduais e 80,6% dos Conselhos Municipais deliberaram sobre o

Plano de Assistência Social, uma participação menor que nos dois anos ante-

riores (Gráfi co 73).

Page 99: Censo SUAS 2013

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S 2

01

3

Gráfico 74: Distribuição percentual de Conselhos Municipais que deliberaram sobre o Plano de Assistência Social segundo Grandes Regiões – Brasil, 2013

78,6%

81,1%

77,4%

83,8% 83,8%

74,0%  

76,0%  

78,0%  

80,0%  

82,0%  

84,0%  

86,0%  

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Conselhos Municipais

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Gráfico 73: Distribuição percentual de Conselhos Estaduais e Municipais que deliberaram sobre o Plano de Assistência Social – Brasil, 2011 a 2013

69,2%

86,2%

69,2%

87,4%

65,4%

80,6%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

Conselhos Estaduais Conselhos Municipais

2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Ainda em relação à participação dos Conselhos Municipais na defi nição do Pla-

no de Assistência Social, os dados do Censo SUAS (2013) mostram uma maior

participação dos Conselhos nas regiões Sul e Centro-Oeste, respectivamente. A

região Sudeste é a que possui uma menor proporção de Conselhos Municipais

deliberando sobre o Plano de Assistência Social, apesar do relativo equilíbrio

entre as distribuições de acordo com as regiões (Gráfi co 74).

Page 100: Censo SUAS 2013

99pa

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ipaç

ão s

ocia

l

Gráfico 75: Distribuição percentual de Conselhos Estaduais e Municipais que fiscalizaram serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais do SUAS – Brasil, 2010 a 2013

47,5

%

42,3

%

42,2

%

39,9

%

44,4

%

42,3

%

46,2

%

46,2

%

37,9

%

48,0

%

48,1

%

50,7

%

22,2

%

30,8

%

46,2

%

34,6

%

10,7

%

8,3%

7,7%

7,1%

29,7

%

26,9

%

7,7%

19,2

%

3,9%

1,4%

2,0%

2,3%

3,7%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

2010 2011 2012 2013 2010 2011 2012 2013

Conselhos Municipais Conselhos Estaduais

Rede pública e privada Apenas rede pública Não fiscaliza Apenas rede privada

Fonte: MDS, Censo SUAS.

ATIVIDADES DESEMPENHADAS

Um importante papel exercido pelos Conselhos Municipais e Estaduais de Assis-

tência Social é a fi scalização das ações do SUAS. De acordo com o Censo SUAS

2013, 46,2% dos Conselhos Estaduais faziam fi scalização dos serviços, pro-

gramas, projetos e benefícios socioassistenciais tanto na rede pública quanto

na rede privada e 34,6% supervisionavam apenas a rede pública. Já entre os

Conselhos Municipais, 39,9% fi scalizavam as redes públicas e privadas, 50%

apenas a rede pública e 2,3% não tinham atividades de fi scalização (Gráfi co 75).

Nas regiões, o maior percentual de Conselhos Municipais fazendo fi scalização

tanto na rede pública quanto na rede privada foi identifi cado na região Sudes-

te (57,3%), seguida das regiões Sul (49,5%), Centro-Oeste (40,7%), Nordeste

(22,3%) e Norte (21,2%). Já em relação à fi scalização apenas da rede pública, a

região Nordeste é a que apresenta a maior proporção de Conselhos realizando

essa atividade, com 71,1%. A região Norte foi a que apresentou maior proporção

de Conselhos Municipais que não realizaram atividades de fi scalização, 8,6%

(Gráfi co 76).

Page 101: Censo SUAS 2013

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UA

S 2

01

3Gráfico 76: Distribuição percentual de Conselhos Municipais que fiscalizaram serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais do SUAS segundo Grandes Regiões – Brasil, 2013

21,2

%

22,3

%

57,3

%

49,5

%

40,7

%

67,9

%

71,1

%

33,1

%

36,9

%

52,7

%

8,6%

5,8%

6,4%

10,8

%

4,0%

2,4%

0,9%

3,2%

2,8%

2,7%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Rede pública e privada Apenas rede pública Não fiscaliza Apenas rede privada

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Tanto os Conselhos Estaduais como os Municipais têm a fi nalidade de deliberar e

fi scalizar a execução da Política de Assistência Social e seu funcionamento, con-

vocar e encaminhar as deliberações das conferências de assistência social, apre-

ciar e aprovar o Plano de Ação da Assistência Social do seu âmbito de atuação,

apreciar e aprovar a proposta orçamentária dos recursos da assistência social a

ser encaminhada ao Poder Legislativo, apreciar os relatórios de atividades e de

realização fi nanceira dos recursos do Fundo de Assistência Social do seu âmbito

de atuação, acompanhar os processos de pactuação da Comissão Intergestores

Tripartite (CIT) e Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e divulgar e promover a

defesa dos direitos socioassistenciais.

Assim, no que diz respeito às atribuições dos Conselhos Estaduais e Municipais,

o Censo SUAS 2013 mostra que apreciar e emitir parecer sobre o demonstrativo

sintético da execução físico-fi nanceiro foi a mais presente em 2013, sendo exer-

cida por todos os Conselhos Estaduais e por 96,3% dos Conselhos Municipais.

Por outro lado, a atribuição menos exercida pelos Conselhos é a de deliberar

sobre os critérios de repasse de recursos para as entidades, apenas 47,6% dos

Conselhos Municipais e 57,7% dos Conselhos Estaduais (Gráfi co 77).

Page 102: Censo SUAS 2013

101

part

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Gráfico 77: Distribuição percentual de Conselhos Estaduais e Municipais segundo suas atribuições – Brasil , 2013

69,2%

84,6%

100,0%

92,3%

57,7%

88,5%

84,6%

67,0%

91,7%

96,3%

81,4%

47,6%

100,0%

79,4%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

Delibera sobre proposta anual de orçamento do executivo

Aprecia e emite parecer sobre o Plano de Ação Municipal

Aprecia e emite parecer sobre o Demonstrativo Sintético Anula da Execução Físico-Financeiro

Aprecia e emite parecer sobre os relatórios de atividades e de execução financeira dos recursos do Fundo de Assistência

Social

Delibera sobre os critérios de repasse de recursos para as entidades

Delibera sobre os critérios de repasse de recursos para os municípios

É a instância de controle social do Programa Bolsa Família

Municipais Estaduais

Fonte: MDS, Censo SUAS.

A Resolução nº 16, de 05 de maio de 2010 do Conselho Nacional de Assistência

Social defi ne os parâmetros nacionais para a inscrição das entidades e organiza-

ções de assistência social bem como dos serviços, programas, projetos e benefí-

cios socioassistenciais nos Conselhos de Assistência Social dos Municípios e do

Distrito Federal. De acordo com os dados do Censo SUAS 2013, apenas 23,1%

dos Conselhos Estaduais possuíam a regulamentação desta resolução. Já entre

os Conselhos Municipais, este percentual foi de 51,4% (Gráfi co 78). Numa com-

paração regional, a região Sul mostrou a maior proporção de Conselhos Munici-

pais regulamentados por tal Resolução, seguida das regiões Sudeste e Centro-

-Oeste, respectivamente (Gráfi cos 78 e 79).

Page 103: Censo SUAS 2013

CE

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01

3

Os Conselhos de Assistência Social também podem exercer a atividade de acom-

panhar e fi scalizar a execução do Programa Bolsa Família no seu âmbito de atu-

ação. Desde 2010, a proporção de Conselhos Estaduais e Municipais que de-

sempenham essa atividade apresenta uma tendência crescente e o Censo SUAS

2013 mostra que esta atividade já é realizada por mais de 80% dos Conselhos

(Gráfi co 80).

Gráfico 78: Distribuição percentual de Conselhos Estaduais e Municipais que possuíam regulamentação da Resolução nº 16 de 2010 da CNAS – Brasil, 2011 a 2013

30,8%

46,3%

19,2%

48,0%

23,1%

51,4%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Estaduais Municipais

2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Gráfico 79:Distribuição percentual de Conselhos Estaduais e Municipais que possuíam regulamentação da Resolução nº 16 de 2010 da CNAS segundo Grandes Regiões – Brasil, 2013

43,8% 39,9%

55,7%

65,1%

52,4%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Page 104: Censo SUAS 2013

103

part

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ação

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Gráfico 80: Distribuição percentual de Conselhos Estaduais e Municipais que fiscalizam e acompanham o Programa Bolsa Família – Brasil, 2010 a 2013

40,7%

69,2% 80,8% 84,6%

81,2% 85,0% 83,8% 84,4%

2010 2011 2012 2013

Estadual Municipal

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Gráfico 81: Distribuição percentual de Conselhos Estaduais e Municipais que acompanhavam os processos de pactuação da CIB e CIT – Brasil, 2010 a 2013

59,3

%

33,3

%

21,8

%

41,2

%

80,8

%

15,4

%

19,5

%

38,9

%

65,4

%

23,1

%

17,2

%

42,7

%

76,9

%

15,4

%

18,9

%

42,5

%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

Com regularidade Sem regularidade Com regularidade Sem regularidade

Estadual Municipal

2010 2011 2012 2013

Fonte: MDS, Censo SUAS.

A Comissão Intergestores Tripartite (CIT) viabiliza um espaço de articulação e

expressão das demandas dos gestores na área socioassistencial nas esferas fe-

deral, estadual e municipal e caracteriza-se como uma instância de negociação e

pactuação de aspectos operacionais da gestão do SUAS.

A CIT mantém contato permanente com as Comissões Intergestores Bipartite

(CIB) para troca de informações sobre o processo de descentralização do SUAS.

Nesse sentido, é importante que os Conselhos de Assistência Social acompa-

nhem os processos de pactuação da CIB e da CIT. O Censo SUAS 2013 evidencia

que essa era uma atividade desempenhada com regularidade por 76,9% dos

Conselhos Estaduais e por apenas 18,9% dos Conselhos Municipais (Gráfi co 81).

Page 105: Censo SUAS 2013

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3

Gráfico 82: Distribuição percentual dos Conselhos Estaduais e Municipais segundo as áreas que compõem a representação governamental nos Conselhos – Brasil, 2013

100,

0%

100,

0%

100,

0%

46,2

%

38,5

%

30,8

%

96,2

%

99,4

%

96,6

%

97,4

%

9,1%

30,4

%

7,3%

58,1

%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

Assistência Social Saúde Educação Trabalho e Emprego Fazenda Habitação Outra

Estadual Municipal

Fonte: MDS, Censo SUAS.

Está cada vez mais clara a relevância da atuação dos Conselhos de Assistência

Social ser articulada com as diversas áreas temáticas das políticas públicas nos

estados e municípios, tais como Educação, Saúde e Direitos das Crianças e Ado-

lescentes e do Idoso, uma vez que há situações que exigem ações intersetoriais.

Nesse sentido, é necessário que os representantes do governo nos Conselhos de-

senvolvam ações ligadas a estas áreas. De acordo com o Censo SUAS 2013, todos

os Conselhos Estaduais e Municipais possuem representantes das áreas de Assis-

tência Social, Educação e de Saúde, e 96,2% dos Conselhos Estaduais e 58,1% dos

Conselhos Municipais possuem representantes de outras áreas (Gráfi co 82).

De acordo com a LOAS, pelo menos 3% dos recursos fi nanceiros advindos do

IGD-SUAS deverão ser destinados às ações de fortalecimento dos Conselhos de

Assistência Social dos municípios, estados e Distrito Federal. De acordo com o

Censo SUAS 2013, todos os Conselhos Estaduais fazem uso de repasses deste

índice. A maioria dos Conselhos Municipais, 72% do total, também recebem re-

passes do IGD-SUAS, sendo que o maior percentual deste repasse está na região

Norte (77,4%) e o menor na região Sudeste (68,4%) (Gráfi co 83).

Page 106: Censo SUAS 2013

105

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Gráfico 83: Percentual de Conselhos Municipais de Assistência Social segundo uso do IGD-SUAS por Grandes Regiões – Brasil, 2013

77,4

%

75,6

%

68,4

%

70,5

%

76,1

%

16,2

%

17,8

%

24,5

%

22,0

%

18,8

%

6,4%

6,6%

7,1%

7,5%

5,1%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Sim Não Não sabe

Fonte: MDS, Censo SUAS.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este capítulo buscou mostrar de que forma vem se dando a participação da so-

ciedade civil, por meio dos Conselhos Estaduais e Municipais, na realização da

Política Nacional de Assistência Social. Os dados do Censo SUAS revelam a am-

pliação da atuação dos Conselhos abrangendo quase todo território nacional.

No que pese a baixa periodicidade de algumas atividades, é crescente a parti-

cipação dos Conselhos em atividades importantes de assistência social, como

a deliberação sobre os Planos de Assistência Social e o acompanhamento do

Programa Bolsa Família.

Page 107: Censo SUAS 2013

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3

CAPíTULO FINAL uma sínTese Do cEnso SUAS 2013

106

Page 108: Censo SUAS 2013

107

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soc

ial

A publicação do Censo SUAS 2013 permite perceber a consolidação do Sistema

Único da Assistência Social ao longo dos últimos anos como uma rede estru-

turada, com capacidade de se articular e trabalhar em conjunto para atingir as

metas pactuadas entre os entes federados e a sociedade. Os dados trazidos pelo

Censo SUAS sugerem que a implementação da Política Nacional de Assistência

Social (PNAS) segue no caminho esperado, apontando para a expansão, cobertu-

ra universal e maior aproximação de adequar os serviços às reais necessidades

de seus usuários.

Esta edição do Censo SUAS apresentou os dados sob uma nova perspectiva de

análise. Em consonância com o próprio desenho e funcionamento do SUAS como

um Sistema, estruturou-se a publicação segundo os componentes da PNAS, abor-

dando a gestão e financiamento dos serviços, os equipamentos sociais, os recur-

sos humanos, os serviços ofertados e a participação social nos Conselhos. Esse

enfoque permite observar a evolução do Sistema de forma global e abrangente,

de maneira a compreendê-lo em toda a sua complexidade.

No que se refere à estruturação da gestão da assistência social nas esferas es-

tadual e municipal percebe-se como os quantitativos de órgãos gestores vem

crescendo ano a ano. No caso das Secretarias Estaduais de Assistência Social, os

dados do Censo SUAS mostraram que todos os estados brasileiros hoje contam

com esta estrutura, compartilhando, em 70% deles, agenda de políticas em áre-

as correlatas. Por sua vez, quase 80% dos municípios possuem Secretaria Muni-

cipal de Assistência Social dedicada unicamente ao tema. Esse alto percentual

pode ser um indicativo da importância que a área da assistência social conquis-

tou para as gestões locais.

O Fundo Municipal de Assistência Social está presente na quase totalidade

(99,8%) dos municípios, e em 95,7% está instituído por Lei Municipal. Percebe-

-se que a participação dos Estados no financiamento dos diferentes equipamen-

tos que prestam os serviços do SUAS vem crescendo paulatinamente ao longo

dos últimos anos, o que indica uma tendência positiva de maior comprometi-

mento destes entes com os serviços realizados em âmbito local.

No que tange às unidades prestadoras dos serviços previstos na PNAS, as séries

históricas disponibilizadas pelo Censo SUAS permitem visualizar sua expansão

quantitativa ao longo dos últimos anos. Desde a edição de 2011 do Censo SUAS

Page 109: Censo SUAS 2013

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S 2

01

3foi possível identificar a quase universalização dos CRAS no país. Os dados de

2013 registram 7.883 CRAS em 5.394 municípios, o que representa cobertura

desse equipamento em 96,8% dos municípios brasileiros.

Os CREAS, por sua vez, também seguem se expandindo ano a ano, atingindo

2.249 unidades em 2013, com destaque para a região Nordeste, que possuía

instaladas 873 unidades. Quanto aos Centros POP, cujos dados são coletados

pelo Censo SUAS desde 2011, também houve evolução. Em 2011 eram 90

Centros POP no país, passando para 105 em 2012 e aumentando para 131

em 2013.

As Unidades de Acolhimento, cujas informações começaram a ser levantadas

em 2012, demonstram crescimento também, alcançando 4.423 unidades em

2013. Entretanto, sua distribuição territorial é ainda muito desigual, pois mais

da metade encontra-se na região Sudeste. A maior parte das Unidades de Aco-

lhimento, 64,6% é administrada por organizações não governamentais, o que

sugere que as entidades privadas continuam cumprindo papel expressivo na

assistência social.

Apesar da expansão de equipamentos que prestam os serviços de assistência

social no Brasil, ainda há desafios que precisam ser superados. Um dos princi-

pais é o da falta de acessibilidade física plena aos equipamentos, que ainda se

mostram aquém do recomendado. Tem contribuído para esse quadro o fato de

a maior parte dos equipamentos funcionar em imóveis alugados, o que dificulta

ainda mais a adequação desses espaços às regras estabelecidas pela ABNT.

Seguindo tendências que se observa desde as primeiras coletas de informa-

ções do Censo, verificou-se aumento do número e da qualificação dos pro-

fissionais da Rede de serviços. Houve também aumento do percentual de

profissionais com vínculos estatutários de 2011 a 2013 nas Secretarias e

equipamentos municipais. Quando consideradas as Secretarias Estaduais e

os equipamentos coordenados por estas, observa-se, contudo, decréscimo

do total de trabalhadores.

Page 110: Censo SUAS 2013

109

part

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ação

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ial

Da mesma forma, no que tange à atuação estadual na prestação dos serviços de

assistência social, os dados do Censo SUAS 2013 mostraram que em 38,5% dos

estados não há serviço ou unidade de caráter regional de proteção social básica,

pois, ao longo dos últimos quatro anos verificou-se a redução na execução des-

ses serviços seguindo a pactuação da CIT no sentido de sua municipalização des-

de 2010. Em âmbito municipal, portanto, apenas 113 municípios, ou seja, 2,0%

do total, não ofertavam o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família

(PAIF). Por outro lado, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos

(SCFV) para as crianças de 0 a 6 anos não era ofertado em 1.558 municípios, ou

seja, em 28% do total.

De maneira geral, a oferta de ações, programas ou projetos de Inclusão Produ-

tiva para a geração de trabalho e renda por parte dos governos municipais vem

crescendo no Brasil, sendo executada, em 2013, por 82,1% dos municípios. As

iniciativas de formação, qualificação ou capacitação profissional desenvolvidas

pelos governos municipais abarcaram 84,3% dos municípios.

Quanto à participação da sociedade na condução da PNAS por meio de instân-

cias deliberativas constituídas na forma dos Conselhos Estaduais e Municipais,

observa-se que desde 2004 está presente em todos os estados e o Distrito Fede-

ral. Destes, em 2013, 65,4% deliberaram sobre o Plano Estadual de Assistência

Social. No que tange à fiscalização, em 2013, 46,2% dos Conselhos Estaduais fis-

calizaram os serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais, tanto

na rede pública quanto na rede privada e 34,6% supervisionaram apenas a rede

pública. Mais de 90% dos municípios brasileiros têm seus Conselhos de Assis-

tência Social instituídos. Contudo, sua atuação no que diz respeito aos Planos de

Assistência Social em 2013 foi mais expressiva nas regiões Sul e Centro-Oeste.

Depreende-se dos resultados apresentados neste Censo que o modelo de ges-

tão compartilhada, de cofinanciamento, cooperação e pactuação entre os dife-

rentes níveis de governo e sociedade, têm permitido construir um Sistema que

caminha, a passos largos, na promoção e garantia do direito à assistência social

no Brasil e na construção de um Brasil mais justo e solidário.

Page 111: Censo SUAS 2013

CE

NS

OS

UA

S 2

01

3REFERÊNCIAS BIBLIOGRáFICAS

BRASIL. Lei n. 8.742, de 07 de dezembro de 1993. Lei Orgânica da Assistência Social. Diário Oficial da União. Brasília, publicada em 08 de dezembro de 1993.

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