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21 JANEIRO 2018 - Ano VIII - nº17
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CELEBRAÇÃO DO SACRAMENTO DO CRISMA
Neste domingo, dia 14 de Janeiro, a Paróquia da Sagrada Família rejubilou de alegria pela celebração
do Sacramento da Confirmação de trinta e um jovens e adultos, que assumiram Cristo, em plenitude,
nas suas vidas. Foi um momento muito importante para a nossa Paróquia porque tivemos a presença
do nosso Bispo Emérito, D. Gilberto Canavarro dos Reis, que a pedido do nosso Bispo D. José Ornelas
veio celebrar o Sacramento do Crisma. Tivemos, assim, a oportunidade de recordar e conviver com o
Sr. Dom Gilberto. Mas foi também gratificante para todos recebermos uma mensagem do Sr. Bispo D.
José Ornelas que, espiritualmente, esteve presente na celebração, felicitando, e dando os parabéns aos
crismados, para que, com a força do Espírito Santo, continuem a sua caminhada como cristãos no meio
do mundo. Eram 18 jovens, que, após a sua caminhada de Catequese, decidiram, pela força do Espírito
Santo, serem no mundo testemunhas de Cristo. Os restantes 13 crismandos faziam parte do Grupo de
Adultos que, decidiram conhecer melhor Cristo e a Sua Igreja e, assim percorreram um tempo intenso
de formação catequética, para a receção dos Sacramentos de Iniciação Cristã. O Sr. Bispo Dom
Gilberto fez-lhes o desafio para que, durante toda a sua vida, vivessem o Evangelho deste Domingo -
«Vinde e vede» - todos os Domingos na Eucaristia. «Cristo espera por vós, estai atentos! Ouvi o Ele
vos quer dizer. Não esqueçam, que a perseverança é um grande e constante desafio, mesmo quando
tantos apelos do mundo vos seduzem para longe da comunidade cristã e da vivência religiosa». A
comunidade deseja agora que, os crismados, enriquecidos pela força do Espírito Santo, perseverem na
maturidade cristã, inserindo-se nos vários grupos e movimentos da Paróquia e da Diocese.
São Cardoso
Fotografias disponíveis no:
Father Brown, padre e detective
A escolha de um pequeno e apagado sacerdote católico para seu detetive de eleição é talvez o
aspeto mais intrigante da incursão de Chesterton no conto policial. A construção do Padre
Brown, homem de Deus simples, sábio e humano, é tanto mais curiosa quanto o primeiro con-
to de que é protagonista foi publicado há cem em 1810, muito antes do autor ter aderido ao
catolicismo.
Um elemento biográfico ajuda a clarificar o motivo que levou Chesterton a eleger para herói
discreto dos seus contos um padre, numa altura em que o catolicismo romano era encarado
ainda, no mundo anglo-saxónico, com profunda suspeição. É ele próprio quem nos informa ter
sido o padre irlandês John O’Connor o modelo de que se socorreu. O encontro com o P.
O’Connor deu-se por um acaso, em 1904. Chesterton encontrava-se a passava férias em casa de
um amigo no condado de Yorkshire quando um admirador da sua obra o convidou para profe-
rir uma palestra na vizinha vila de Keighley. No debate e convívio que se seguiram, sensibili-
zou-o o tato com que o coadjutor da comunidade católica local se integrou, discretamente,
naquele ambiente maioritariamente anglicano.
A coexistência, paradoxal aos olhos da sociedade contemporânea, da sabedoria e da inocência é precisamente o
que Chesterton procura captar na figura do seu detetive católico. Evoca-o nos títulos que escolhe para as duas pri-
meiras coletâneas de contos: A “Inocência do Padre Brown” (1911) e “A Sabedoria do Padre Brown” (1914). A razão
que o levou a empreender essa aventura literária, segundo nos relata, foi um acontecimento fortuito ocorrido à che-
gada a Ilkley. Dois estudantes de Cambridge, ao vê-lo na companhia do P. John O’Connor, comentaram, divertidos,
que o clero ter a sorte de viver longe da realidade e nada saber «do mal que há no mundo». A ironia da frase, escu-
tada depois da longa conversa com o padre, levou-o pensar que, em comparação com o padre, os dois jovens
«sabiam tanto da verdadeiro mal como duas crianças de carrinho». Foi então que lhe veio à cabeça, confessa na sua
autobiografia, «a ideia de fazer algum uso artístico desta contradição cómica, mas também trágica; e de construir
uma comédia em que pudesse parecer que o padre nada percebia, quando na realidade entendia mais de crime do
que o próprio criminoso».
A deteção do criminoso não parte de um exercício científico mas de um «exercício
religioso», explica o Padre Brown. No seu horizonte não está a entrega do prevaricador
à justiça humana, embora não a negue e com ela colabore. O seu objetivo é encontrar o
pecador, quando o há – na última série de contos, aumenta o número de crimes que o
são só em aparência –, para lhe falar a verdade e abrir o caminho à conversão. A
humildade condu-lo a uma leitura do real que tem em conta, para além dos inevitáveis
condicionalismos psicológicos e sociais de qualquer opção, também a misteriosa dimen-
são da liberdade humana, capaz de «fechar e escurecer todas as claraboias [da consciên-
cia] por onde passa a boa luz do dia que desce do céu».
O conhecimento íntimo que revela da mente do criminoso não resulta, portanto, só da sua experiên-
cia de confessor, mas da partilha de uma comum humanidade decaída. O que os salva, a ele e ao peca-
dor, é a caridade que os leva a viajarem juntos ao centro de si mesmos para aí reconhecerem o horror
da maldade praticada, ou que o padre bem poderia ter praticado, e remontarem pelo caminho da verda-
de e do remorso à graça que do alto é mediada pela amizade. É esse O Segredo de Flambeau, procurado
«pela polícia de dois hemisférios». Mestre do crime, que desdenhava os sermões dos justos e o repúdio
dos bem-pensantes, teve a sorte de se cruzar com o Padre Brown. Agora, retirado em Espanha, reco-
nhece que: «Só o meu amigo me disse que sabia exatamente por que é que eu roubava; e desde então
nunca mais voltei a roubar» (sublinhado meu). Não foi uma simpatia qualquer que o tocou, mas uma
amizade desinteressada, oferecida em plena consciência e com conhecimento exato da maldade que
estava na origem dos seus crimes.
Padre Peter Stilwell