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1 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – NCPC/2015 JURISDIÇÃO

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CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – NCPC/2015

JURISDIÇÃO

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Sumário

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................................................3

1. Conceito de jurisdição:................................................................................................................................3

1.2. Características/princípios da jurisdição:...................................................................................................4

2. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS......................................................................................................................7

2.1. Autotutela:..............................................................................................................................................7

2.2. Autocomposição:.....................................................................................................................................8

2.3. Mediação:..............................................................................................................................................10

2.4. Conciliação:............................................................................................................................................10

2.5. Princípios que regem a conciliação/mediação:.......................................................................................11

2.6. Arbitragem:............................................................................................................................................13

a) Conceito:...............................................................................................................................................13

b) Limites da arbitragem:..........................................................................................................................16

c) Constitucionalidade da arbitragem:.......................................................................................................17

d) Espécies de arbitragem:........................................................................................................................18

e) Convenção de arbitragem:....................................................................................................................20

f) Sentença arbitral:..................................................................................................................................24

g) Prescrição:............................................................................................................................................31

h) Tutelas de urgência:..............................................................................................................................32

3. JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA.............................................................................................................................33

3.1. Conceito:................................................................................................................................................33

3.2. Distinções entre jurisdição voluntária e contenciosa:.............................................................................34

3.3. Características da jurisdição voluntária:.................................................................................................34

3.4. Natureza jurídica:...................................................................................................................................35

3.5. Regras gerais do procedimento:.............................................................................................................36

3.6. Legitimidade:.........................................................................................................................................37

3.7. Intervenção do Ministério Público:.........................................................................................................37

4. PRINCIPAIS JULGADOS...................................................................................................................................37

5. ENUNCIADOS NCPC:......................................................................................................................................40

6. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO..................................................................................................43

7. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA..............................................................................................................................43

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ATUALIZADO EM 20/01/20191

JURISDIÇÃO2

1. INTRODUÇÃO

A jurisdição é uma das funções do Estado. O poder do Estado é um só, mas ele o exercita por meio de

diversas funções, das quais nos interessa aqui, a jurisdicional. Por meio dela, o Estado solucionará os conflitos.

A jurisdição é inerte, em regra. A sua movimentação depende de prévio acionamento pela parte

interessada. Com ele, instaurar-se-á um processo, que instituirá uma relação entre juiz-autor-réu, por certo

tempo e de acordo com um procedimento previamente estabelecido por lei.

Assim, o poder jurisdicional foi atribuído ao Estado-juiz, que tem capacidade de impor as suas decisões,

com força obrigatória.

1. Conceito de jurisdição:

O conceito de jurisdição se fragmenta em várias partes. Segundo Fredie Didier, jurisdição é função

atribuída a um terceiro imparcial, para, mediante um processo, reconhecer, proteger e efetivar situações

jurídicas concretamente deduzidas, de modo imperativo e criativo, em decisão insuscetível de controle externo

e com aptidão para coisa julgada.

Há tempos se compreende que o poder jurisdicional não se limita a dizer o direito ( juris-dicção), mas

também de impor o direito (juris-satisfação).

#SELIGA: A imparcialidade do juiz é pressuposto de validade do processo, devendo o juiz colocar-se entre as

partes, de forma equidistante, para decidir a causa.

1 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo ([email protected]) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. 2 Por Tássia Neumann Hammes e Bruna Daronch.

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1.2. Características/princípios da jurisdição:

a) Substitutividade: Desde que o Estado assumiu para si a incumbência de, por meio da jurisdição, aplicar a

lei para solucionar os conflitos em caráter coercitivo, pode-se dizer que ele substituiu as partes na resolução dos

litígios para corresponder à exigência da imparcialidade. É a substituição das partes pelo Estado-juiz que permite

uma solução imparcial, muito mais adequada para a pacificação social.

b) Definitividade: Somente as decisões judiciais adquirem, após certo momento, caráter definitivo, não

podendo mais ser modificadas. Os atos jurisdicionais tornam-se imutáveis e não podem mais ser discutidos.

#OLHAOGANCHO¹: Diferença entre coisa julgada material e coisa julgada formal

- Coisa julgada material: É a eficácia que torna imutável e indiscutível a decisão, não mais sujeita a recurso,

gerando efeitos fora do processo. A doutrina moderna afirma que é uma das qualidades da sentença que torna

imutável a norma jurídica concreta que irá disciplinar a relação.

Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito

não mais sujeita a recurso.

- Coisa julgada formal: É a impossibilidade de modificação da sentença dentro do processo, como consequência

da preclusão dos recursos. Gera efeitos apenas dentro do processo.

Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a cujo respeito se operou a

preclusão.

#OLHAOGANCHO²: Quais os limites da coisa julgada?

Limites objetivos da coisa julgada:

Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal

expressamente decidida.

§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no

processo, se:

I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;

II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia;

III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal.

§ 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações à cognição que

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impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial.

- Limites subjetivos da coisa julgada:

Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.

- Inexistência de coisa julgada material (#CASCADEBANANA):

Art. 504. Não fazem coisa julgada:

I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença;

II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.

c) Imperatividade: As decisões judiciais têm força coativa e obrigam os litigantes.

d) Inafastabilidade: A lei não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário nenhuma lesão ou ameaça a

direito (CF, art. 5º, inciso XXXV). Mesmo que não haja lei que se possa aplicar, de forma específica, a determinado

caso concreto, o juiz não se escusa de julgar invocando lacuna.

#SELIGA: Tanto a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) quanto o Código de Processo Civil

brasileiro vedam o que se convencionou chamar de non liquet, ou seja, de não resolver a causa. Com efeito, o

art. 4º da LINDB estabelece que: Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,

os costumes e os princípios gerais de direito.

Já o art. 140 do Código de Processo Civil brasileiro, por sua vez, prescreve que: Art. 140. O juiz não se exime de

decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade.

Nesse sentido, a doutrina e a jurisprudência costumam apontar como fundamento constitucional para a vedação

do non liquet o princípio da inafastabilidade da jurisdição, previsto no art. 5º, inciso XXXV, da Constituição

Federal, que estabelece que: XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a

direito.

#OUSESABER: Jurisdição, no conceito tradicional, é o poder atribuído a autoridade judiciária de dizer o direito de

modo imperativo através de decisões insuscetíveis de controle externo e com aptidão de se tornarem

indiscutíveis. Já a jurisdição condicionada, também chamada de instância administrativa de curso forçado, é a

imposição do exaurimento das instâncias administrativas previamente ao ajuizamento da ação . O acesso à

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jurisdição é uma garantia fundamental assegurada no artigo 5º, XXXV da Constituição Federal: “a lei não excluirá

da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. O texto constitucional não impõe qualquer ressalva

ou restrição ao acesso à jurisdição, assim as imposições que restrinjam esta garantia devem ter previsão

constitucional ou passarem pelo crivo da proporcionalidade e respeitarem os princípios da máxima efetividade e

mínima restrição dos direitos fundamentais. O único exemplo de jurisdição condicionada na Constituição está

previsto no artigo 217, parágrafo primeiro, o qual determina o prévio esgotamento das instâncias da justiça

desportiva para que seja possível o ajuizamento de ações que envolvam lides esportivas. Outros dois exemplos

de jurisdição condicionada são encontrados na jurisprudência do STF e STJ, são eles: a constitucionalidade da

necessidade de recusa administrativa ao acesso ou retificação da informação para que seja impetrado Habeas

Data (HD 87 AgR, rel. a Min. Carmem Lúcia, j. em 25/11/2009) e a prévia negativa do pedido de benefício

previdenciário ou omissão na análise do requerimento pelo INSS por mais de 45 dias, cumpre destacar que o

Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de que nesses casos o requerimento administrativo prévio

somente será dispensado se a pretensão fundada em tese notoriamente rejeitada pelo INSS, quando será

dispensado o requerimento administrativo prévio.

e) Indelegabilidade: A função jurisdicional só pode ser exercida pelo Poder Judiciário, não podendo haver

delegação de competência, sob pena de ofensa ao princípio constitucional do juiz natural.

f) Inércia: Em regra, a jurisdição é inerte, isto é, ela não se mobiliza senão mediante provocação do

interessado. O caráter substitutivo da jurisdição, do qual decorre a imparcialidade do juiz, exige que assim seja: é

preciso que um dos envolvidos no conflito leve a questão à apreciação do Judiciário, para que possa aplicar a lei,

apresentando a solução adequada.

#SELIGA #UMPOUCODEDOUTRINA: De acordo com Daniel Amorim Assumpção Neves, existem 03 motivos que

justificam a inércia da jurisdição:

(i) O juiz não deve transformar um conflito jurídico em um conflito social, ou seja, ainda que exista uma lide

jurídica, as partes envolvidas, em especial a titular do direito material, podem não pretender, ao menos por hora,

jurisdicionalizar tal conflito, mantendo uma convivência social pacífica com o outro sujeito. Tudo isso,

naturalmente, poderá deixar de existir na hipótese de demanda instaurada de ofício pelo juiz;

(ii) Seriam sacrificados os meios alternativos de solução dos conflitos, porque a ausência de demanda judicial

pode significar que o interessado, apesar de pretender resolver o conflito em que está envolvido, prefere fazê-lo

longe da jurisdição. Com a propositura da demanda de ofício, haveria automaticamente sua vinculação à

jurisdição;

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(iii) Perda da indispensável imparcialidade do juiz, considerando-se que um juiz que dá início a um processo de

ofício tem a percepção, ainda que aparente, de existência do direito, o que o fará pender em favor de uma das

partes. É natural que, se o juiz, desde o início, desacreditasse na existência de direito material violado ou

ameaçado, não ingressaria com a demanda de ofício.

Além dessas, podem ser acrescentadas mais duas características, que não é propriamente da jurisdição,

mas daqueles que a exercem e a concretizam, os juízes.

g) Investidura: Só exerce jurisdição quem ocupa o cargo de juiz, tendo sido regularmente investido nessa

função por meio de concurso público ou de nomeação de ordem pública. A ausência de investidura implica óbice

intransponível para o exercício da jurisdição, pressuposto processual da própria existência do processo.

h) Territorialidade: O princípio da aderência ao território diz respeito a uma forma de limitação do

exercício legítimo da jurisdição. O juiz devidamente investido de jurisdição só pode exercê-la dentro do território

nacional, como consequência da limitação da soberania do Estado brasileiro ao seu próprio território.

#CASCADEBANANA: O princípio, ora analisado, tem diversas exceções previstas em lei, havendo diversas

hipóteses nas quais o juízo tem permissão legal para a prática de atos fora de sua comarca ou de sua seção

judiciária. Ex: A citação pelo correio (regra no sistema atual) pode ser feita para qualquer comarca ou seção

judiciária do País (art. 247, caput, do Novo CPC); a citação, intimação, notificação, penhora ou qualquer outro ato

executivo por oficial de justiça pode ser feita em comarca ou seção judiciária contígua, de fácil comunicação, ou

nas que se situem na mesma região metropolitana (art. 255 do Novo CPC); etc.

*#DOUTRINA: Os escopos da jurisdição são os principais objetivos perseguidos com o exercício da função

jurisdicional. Seu escopo social é a pacificação das pessoas mediante a eliminação dos conflitos com justiça 3.

Além do escopo social a jurisdição tem escopos educacional, político e jurídico. O escopo educacional é ensinar

aos jurisdicionados seus direitos e deveres; o político é dar amparo à estabilidade das instituições políticas e o

escopo jurídico é atuação da vontade concreta do direito (Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de Direito

Processual Civil, 10ª Ed., JusPodivm, 2018, p. 59).

2. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS

3 CAIU no concurso da Magistratura Federal do TRF3, em 2018.

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2.1. Autotutela:

É a forma mais antiga de solução dos conflitos, sendo definida como o sacrifício integral do interesse de

uma das partes envolvida no conflito em razão do exercício da força pela parte vencedora. Vale mencionar que o

fundamento dessa força não se limita ao aspecto físico, podendo-se verificar nos aspectos afetivo, econômico,

religioso, etc.

Ainda, a autotutela em nosso ordenamento jurídico é excepcional, sendo raras as previsões legais que a

admitem. Como exemplos, é possível lembrar a legítima defesa (art. 188, I, do CC); apreensão do bem com

penhor legal (art. 1.467, I, do CC); desforço imediato no esbulho (art. 1.210, § 1.º, do CC).

Insta salientar que a autotutela é a única forma de solução alternativa de conflitos que pode ser

amplamente revista pelo Poder Judiciário, de modo que o derrotado sempre poderá judicialmente reverter

eventuais prejuízos advindos da solução do conflito pelo exercício da força de seu adversário. Trata-se, portanto,

de uma forma imediata de solução de conflitos, mas que não recebe os atributos da definitividade, podendo ser

revista jurisdicionalmente.

#COMOFOICOBRADO:

(CESPE – 2013 – TRF1)4 (d) A autotutela é forma alternativa de solução de conflitos caracterizada pela submissão

voluntária de uma parte à pretensão manifestada pela outra.

(CESPE – 2014 – TJDF)5 (d) o direito de retenção é exemplo de aplicação autorizada do equivalente jurisdicional

denominado auto composição.

2.2. Autocomposição:

É a solução negocial do conflito entre as partes. A auto composição é um gênero, do qual são espécies a

transação, a submissão e a renúncia.

#FOCONATABELA:

AUTOCOMPOSIÇÃO HETEROCOMPOSIÇÃO

As partes solucionam o litígio Um terceiro soluciona o litígio

4 ERRADO. Trata-se de autocomposição.5 ERRADA. Hipótese de autotutela autorizada.

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#OLHAOGANCHO:

O artigo 3º, parágrafo 2º, do Novo Código de Processo Civil traz o Princípio da Promoção pelo Estado da

Solução de Conflitos por Autocomposição. O incentivo à conciliação judicial, em detrimento da construção de

uma solução estatal impositiva ao conflito, o estímulo à utilização de técnicas alternativas de composição de

conflitos (não judiciais), revela-se tônica do novel sistema, que, expressamente, convoca os personagens do

foro a, sempre que possível, estimulá-las.

Esta nova norma fundamental processual consagra a Resolução nº 125/2010/CNJ , que instituiu a Política

Judiciária Nacional de tratamento dos conflitos de interesses, tendente a assegurar a todos o direito à solução

dos conflitos por meios adequados à sua natureza e peculiaridade. Estas inovações trazidas pelo novo código

têm a finalidade de favorecer o acesso à justiça, possibilitando às partes eleger uma alternativa apta a afastar

a morosidade processual, além de buscar uma maior efetividade para a atividade jurisdicional.

Art. 3º (...) § 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.

a) Transação: Há um sacrifício recíproco de interesses, sendo que cada parte renuncia parcialmente de sua

pretensão para que se atinja a solução do conflito.

b) Renúncia: O titular do pretenso direito renuncia a este, fazendo desaparecer o direito pretendido e o

conflito.

c) Submissão/reconhecimento: O sujeito se submete à pretensão contrária, ainda que fosse legítima sua

resistência.

Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização

de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar,

orientar e estimular a autocomposição.

Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com

atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como:

I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública;

II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da

administração pública;

III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.

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Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: (...) III - homologar:

a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;

b) a transação;

c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

#SELIGA¹ #PROCURADORIAS #AGU: O Poder Público também pode realizar a autocomposição. É o que prevê o

art. 174 do NCPC e o art. 32 e seguintes, da Lei nº. 13.140/2015:

Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com

atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como:

I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública;

II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da

administração pública;

III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.

Art. 32. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar câmaras de prevenção e resolução

administrativa de conflitos, no âmbito dos respectivos órgãos da Advocacia Pública, onde houver, com

competência para:

I - dirimir conflitos entre órgãos e entidades da administração pública;

II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de composição, no caso de

controvérsia entre particular e pessoa jurídica de direito público;

III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.

#SELIGA²: A instauração de processo administrativo nesse caso suspende a prescrição: Art. 34. A instauração de

procedimento administrativo para a resolução consensual de conflito no âmbito da administração pública

suspende a prescrição.

2.3. Mediação:

A mediação é forma alternativa de solução de conflitos fundada no exercício da vontade das partes. Na

mediação, o mediador facilita o diálogo entre as pessoas para que elas mesmas proponham soluções. Para

conflitos subjetivos, nos quais exista relação entre os envolvidos ou desejo de que tal relacionamento perdure,

indica-se a mediação.

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Art. 165 § 3o: O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as

partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles

possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem

benefícios mútuos.

2.4. Conciliação:

Na conciliação, o terceiro facilitador da conversa interfere de forma mais direta no litígio e pode sugerir

opções de solução para o conflito. Para conflitos objetivos, mais superficiais, nos quais não existe relacionamento

duradouro entre os envolvidos, aconselha-se o uso da conciliação.

§ 2o O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes ,

poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou

intimidação para que as partes conciliem.

2.5. Princípios que regem a conciliação/mediação:

a) Independência: Rege a atuação do mediador e do conciliador, que têm o dever de atuar com liberdade,

sem sofrer qualquer pressão interna ou externa, sendo permitido recusar, suspender ou interromper a sessão se

ausentes as condições necessárias para seu bom desenvolvimento.

b) Imparcialidade: O mediador/conciliador fica impedido de advogar para uma das partes durante 01 (um)

ano. A lei traz essa proibição para conferir caráter ético à conciliação/mediação.

c) Autonomia/Autorregramento da vontade: Quem vai resolver o conflito, no fim das contas, são as

partes, sendo que o mediador e o conciliador são apenas instrumentos.

d) Confidencialidade: Dispõe o §1º, do art. 166 que a confidencialidade estende-se a todas as informações

produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por

expressa deliberação das partes.

e) Oralidade: a regra é utilizar linguajar acessível. Tem por objetivo que tudo se faça oralmente e não por

escrito. A mediação/conciliação devem se desenvolver em um ambiente pessoal/presencial, para proporcionar a

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comunicação oral entre as partes. As regras de experiência revelam que o diálogo oral é muito mais apto à

manutenção de um consenso.

f) Informalidade: todos vestidos da mesma maneira, mesa circular, etc.

g) Decisão informada: O mediador/conciliador tem que cuidar para que o processo de negociação permita

a colheita de informações para que as partes decidam de forma esclarecida e justa. Segundo Daniel Amorim

Neves, o referido princípio "cria o dever ao conciliador e ao mediador de manter o jurisdicionado plenamente

informado quanto aos seus direitos e ao contexto fático no qual está inserido". Assim, é uma forma de permitir

que as partes celebrem acordos tendo plena ciência do ato que estão praticando.

Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da

autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada.

#OBS¹: Solução de conflitos por Tribunais Administrativos: Uma das características do direito administrativo

atual é a multiplicação dos Tribunais Administrativos. Ex: Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) –

resolve conflitos relacionados à proteção à concorrência; TED da OAB; Tribunal de Contas; Tribunal de

Contribuintes; Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Todos resolvem o problema por heterocomposição e

nesse ponto se assemelham muito à jurisdição. Porém, o que lhes falta é a definitividade, ou seja, a aptidão para

a coisa julgada e insuscetibilidade de controle externo.

#OBS²: Tribunal Marítimo: Localizado no Rio de Janeiro, sua lei data de 1964 e este tribunal decide fatos e

acidentes da navegação. O NCPC foi aprovado em dezembro/2015 com a previsão de que as decisões deste

tribunal teriam caráter jurisdicional. O dispositivo, todavia, foi vetado pelo Chefe do Executivo, tendo por base

o fato de o Tribunal Marítimo ser puramente Administrativo (não jurisdicional). Suas decisões servem,

entretanto, como meio de prova para o processo jurisdicional.

#DEOLHONOCONCEITO #OUSESABER #CONCEITOSIMPORTANTESDONCPC:

O QUE É SISTEMA DE JUSTIÇA MULTIPORTAS?

Mediação, Conciliação e Arbitragem, cada dia mais, vem ganhando atenção da doutrina e da legislação como

meios para diminuir a sobrecarga de ações sobre o Judiciário! Em regra, tais meios são tratados como

ALTERNATIVAS à Jurisdição, por isso, costumam ser chamados de meios ALTERNATIVOS de solução de conflitos.

Uma visão contemporânea, contudo, sustenta que esses meios não são alternativas, mas que, na verdade, devem

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estar INTEGRADOS à Jurisdição, por isso, compõem um sistema de múltiplos meios de solução de conflitos, de

modo que as diferentes espécies de conflitos sociais encontrem solução no ordenamento jurídico. A expressão

SISTEMA MULTIPORTAS DE JUSTIÇA é assim utilizada pelo grande Processualista Leonardo Carneiro da Cunha em

alusão à metáfora do átrio do fórum em que haveria várias portas e "a depender do problema apresentado, as

partes seriam encaminhadas para a porta da mediação, ou da conciliação ou da arbitragem, ou da própria justiça

estatal" (Fazenda Pública em Juízo. P. 637). Desse modo, ante a integração de mediação e da conciliação como

etapas do procedimento comum no Novo CPC, pode-se afirmar que a nova ordem processual civil brasileira

adotou um SISTEMA MULTIPORTAS DE JUSTIÇA!

2.6. Arbitragem:

a) Conceito:

A arbitragem é regida pela Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, que trouxe grandes novidades,

modificando o seu panorama no Brasil. Essa lei sofreu importantes modificações com a Lei nº 13.129, de 26 de

maio de 2015, que autorizou a utilização da arbitragem pela administração pública direta e indireta, desde que

versando sobre direitos patrimoniais disponíveis, e que regulamentou a concessão de tutela provisória nos

procedimentos de arbitragem.

#COLANARETINA: Arbitragem é o acordo de vontades entre pessoas maiores e capazes que, preferindo não se

submeter à decisão judicial, confiam a árbitros a solução de litígios, desde que relativos a direitos patrimoniais

disponíveis.

Atualmente, a arbitragem mantém as principais características de seus primeiros tempos, sendo uma forma

alternativa de solução de conflitos fundada basicamente em dois elementos:

(i) As partes escolhem um terceiro de sua confiança que será responsável pela solução do conflito de interesses;

(ii) A decisão desse terceiro é impositiva, o que significa que resolve o conflito independentemente da vontade

das partes.

#OBS: Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz, não necessariamente formada em Direito, escolhida pelas partes.

Há a possibilidade de exercer a arbitragem um árbitro ou um Tribunal deles.

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#AJUDAMARCINHO #APROFUNDANDO:

Regras para a escolha dos árbitros

As regras relacionadas com a escolha dos árbitros estão previstas nos arts. 13 a 18 da Lei n.° 9.307/96.

Quem pode ser árbitro?

Qualquer pessoa civilmente capaz e que tenha a confiança das partes (art. 13).

As partes que escolhem quem elas querem como árbitro.

As partes nomearão um ou mais árbitros, sempre em número ímpar, podendo nomear, também, suplentes.

E se as partes nomearem árbitros em número par?

Quando as partes nomearem árbitros em número par, estes (os árbitro) estão autorizados a nomear mais um

árbitro (para ficar ímpar).

Não havendo acordo, requererão as partes ao órgão do Poder Judiciário a que tocaria, originariamente, o

julgamento da causa a nomeação do árbitro.

Órgão arbitral institucional ou entidade especializada

Em vez de as partes escolherem individualmente os árbitros que irão julgar a causa, elas podem escolher um

órgão arbitral institucional ou entidade especializada.

Órgão arbitral institucional ou entidade especializada é uma pessoa jurídica constituída para a solução

extrajudicial de conflitos por meio da mediação, negociação, conciliação e arbitragem.

Desse modo, as partes poderão, de comum acordo, estabelecer o processo de escolha dos árbitros ou adotar as

regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada (art. 13, § 3º).

Escolha de árbitros caso as partes optem por um órgão arbitral institucional ou entidade especializada

Se as partes escolherem um órgão arbitral institucional ou entidade especializada para solucionar a causa, a

seleção dos árbitros será feita, em princípio, pelas regras previstas no estatuto da entidade.

Normalmente, tais entidades possuem uma lista de árbitros previamente cadastrados e a escolha recai sobre

esses nomes.

A Lei n.° 13.129/2015, com o objetivo de conferir maior liberdade aos envolvidos, incluiu um parágrafo ao art. 13

da Lei n.° 9.307/96 prevendo que as partes podem, de comum acordo, afastar algumas regras do regulamento do

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órgão arbitral ou entidade especializada a fim de terem maior autonomia na escolha dos árbitros: § 4º As partes,

de comum acordo, poderão afastar a aplicação de dispositivo do regulamento do órgão arbitral institucional ou

entidade especializada que limite a escolha do árbitro único, coárbitro ou presidente do tribunal à respectiva lista

de árbitros, autorizado o controle da escolha pelos órgãos competentes da instituição, sendo que, nos casos de

impasse e arbitragem multiparte, deverá ser observado o que dispuser o regulamento aplicável.

Em outras palavras, o que o § 4º quis dizer foi que as partes, mesmo tendo escolhido um órgão arbitral

institucional ou entidade especializada que trabalhe com lista fechada de árbitros, poderão escolher outros que

não estejam previstos naquela relação.

Trata-se de inovação desarrazoada considerando que, se as partes escolheram aquele órgão arbitral ou entidade

especializada é porque confiam (ou deveriam confiar) na sua expertise e em trabalhos anteriormente por eles

realizados. Assim, não há sentido em escolher um órgão pelo seu bom desempenho em arbitragens anteriores e

querer mudar a essência, o âmago dessa entidade, que é justamente a qualidade e o conhecimento técnico de

seus árbitros credenciados. Andou mal, portanto, o legislador neste ponto.

Impedimento e suspeição dos árbitros

Aplicam-se aos árbitros as mesmas causas de impedimento e suspeição previstas para os juízes no CPC (amizade

íntima, inimizade, interesse na causa etc.) (art. 14).

No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade, independência, competência,

diligência e discrição.

Equiparação à funcionário público para fins penais

Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, ficam equiparados aos funcionários públicos,

para os efeitos da legislação penal (art. 17).

#COMOFOICOBRADO: (Titular dos Serviços de Notas e Registros — TESES — TJPA) Julgue as assertivas

relacionadas ao instituto da arbitragem:

I. As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de

arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral.

II. A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a

direitos patrimoniais indisponíveis.

III. A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes.

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IV. A arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e respeitará o princípio da

publicidade.

A sequência correta é6:

a) Apenas as assertivas I e II estão corretas.

b) Apenas a assertiva II está correta.

c) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.

d) Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas.

(Titular dos Serviços de Notas e Registros — VUNESP — TJSP — 2016)7 A arbitragem, como meio para dirimir

conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis, poderá ser utilizada:

a) pelos entes da Administração Pública direta, desde que não envolva matéria de direito.

b) pelos particulares, em geral, sem qualquer restrição, inclusive quanto à capacidade.

c) pelas entidades paraestatais, excluídas as empresas públicas.

d) pela Administração Pública direta e indireta.

#CASCADEBANANA #SELIGA: Não é necessária a participação de advogado no procedimento de arbitragem.

Mas nada impede que as partes possam constituir um para que as acompanhe.

Art. 3o, NCPC - Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.

§ 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei.

Art. 1o (…)

§ 1o A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a

direitos patrimoniais disponíveis.

§ 2o A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração de convenção de

arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou transações.

Art. 2o (…)

§ 3oA arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e respeitará o princípio da

publicidade.

6 Letra D.7 Letra D.

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b) Limites da arbitragem:

(i) Subjetivo: Somente pessoas capazes podem valer-se da arbitragem. Pessoas físicas, jurídicas, administração

direta ou indireta.

(ii) Objetivo: Somente pode versar sobre direitos patrimoniais disponíveis.

Art. 25. Sobrevindo no curso da arbitragem controvérsia acerca de direitos indisponíveis e verificando-se que de

sua existência, ou não, dependerá o julgamento, o árbitro ou o tribunal arbitral remeterá as partes à autoridade

competente do Poder Judiciário, suspendendo o procedimento arbitral. Parágrafo único. Resolvida a questão

prejudicial e juntada aos autos a sentença ou acórdão transitados em julgado, terá normal seguimento a

arbitragem.

*#ATENÇÃO: esse artigo foi REVOGADO pela lei 13.129/2015.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O Superior Tribunal de Justiça afastou as dúvidas quanto à aplicabilidade da Lei

de Arbitragem a contratos celebrados antes da sua vigência, editando a Súmula 485, que assim estabelece: “A Lei

de Arbitragem aplica-se aos contratos que contenham cláusula arbitral, ainda que celebrados antes da sua

Edição”.

c) Constitucionalidade da arbitragem:

Desde a edição da Lei nº 9.307/96, surgiu grande controvérsia acerca da constitucionalidade da arbitragem,

em razão da dispensa de homologação do Judiciário, para que a sentença arbitral adquira eficácia executiva.

O primeiro fundamento seria a ofensa ao art. 5º, XXXV, da CF: A lei não excluirá da apreciação do Poder

Judiciário lesão ou ameaça a direito.

Mas não há ofensa à Constituição, porque a arbitragem não é obrigatória , de sorte que a lei não exclui a

questão da apreciação do Poder Judiciário. São as partes que preferem que a solução seja dada pelos árbitros.

Além disso, as partes podem recorrer ao Judiciário para obter a declaração de nulidade da sentença arbitral, nos

casos previstos no art. 32 da lei. É o que diz o art. 33, caput: A parte interessada poderá pleitear ao órgão do

Poder Judiciário competente a declaração da nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta lei.

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Um segundo fundamento seria a violação ao princípio do Juiz natural, já que a questão seria decidida por

um órgão de escolha dos próprios interessados. Mas isso não ocorre, porque a arbitragem é instituída antes do

conflito entre eles.

#PACIFICOU #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O Supremo Tribunal Federal já decidiu a questão, em definitivo, no

RE 5.206-7. Em sessão plenária, foi declarada a constitucionalidade da lei por maioria de votos, vencidos os Mins.

Sepúlveda Pertence, Sydney Sanches, Néri da Silveira e Moreira Alves.

d) Espécies de arbitragem:

(i) Arbitragem de direito: Obriga os árbitros a decidirem de acordo com as normas que integram o ordenamento

jurídico pátrio. O § 1º do art. 2º prevê que poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão

aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública, e o § 2º autoriza que

a arbitragem se realize com base nos princípios gerais do direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais

de comércio.

(ii) Arbitragem de equidade: Autoriza o árbitro a dar à controvérsia a solução que lhe pareça mais justa, mais

razoável, mais equânime ainda que sem amparo no ordenamento jurídico. Isso só é possível porque os direitos

em disputa são patrimoniais e disponíveis. Aqui, os árbitros terão uma liberdade de julgamento mais elástica, já

que não estarão obrigados a seguir o que diz a lei, podendo conferir solução contrária às regras do direito se isso,

no caso concreto, parecer mais justo e adequado.

#UMPOUCODEDOUTRINA: Apesar de parecer “estranha” para quem tem contato com ela uma primeira vez, a

arbitragem por equidade pode ser muito útil para determinados tipos de lide envolvendo conhecimentos técnicos

muito especializados, os quais a legislação ainda não conseguiu regular de forma satisfatória. Alexandre Freitas

Câmara aponta seus benefícios: “a arbitragem de equidade terá, sobre a de direito, a imensa vantagem da

especialização do árbitro. Basta pensar, por exemplo, numa arbitragem de equidade envolvendo conflito que diga

respeito a uma questão de engenharia, ou química. A se levar tal lide ao Judiciário, o juiz fatalmente convocaria

um perito no assunto para assessorá-lo, e dificilmente sua sentença teria orientação diversa, quanto aos fatos,

daquela apontada pelo perito em seu laudo. Neste caso, com a arbitragem se poderá entregar a solução da

controvérsia diretamente nas mãos do especialista, retirando-se da composição do conflito o juiz, que funcionaria

aqui, em verdade, como um mero intermediário entre as pessoas e o expert”. (CAMARA, Alexandre

Freitas. Arbitragem. Lei n.º 9.307/96. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1997).

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#ATENÇÃO #AGU #PROCURADORIAS: A arbitragem que envolva a Administração Pública Direta ou Indireta será

sempre de direito, não havendo a possibilidade de os interessados optarem pela equidade em razão do princípio

da legalidade. Ademais, deverá ser observado o princípio da publicidade.

Vejamos o histórico sobre a arbitragem no âmbito da Administração Pública (#AJUDAMARCINHO):

Há alguns anos, o legislador vem inserindo em determinados diplomas legislativos a possibilidade de arbitragem

em contratos administrativos. Como um primeiro exemplo, podemos citar a Lei n.° 11.079/2004, que previu

expressamente que seria possível instituir arbitragem nos contratos de parceria público-privada (art. 11, III).

Em seguida, foi editada a Lei n.° 11.196/2005, que acrescentou o art. 23-A, à Lei n.° 8.987/95, estabelecendo

que o contrato de concessão poderá prever o emprego de mecanismos privados para resolução de disputas

decorrentes ou relacionadas ao contrato, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa,

nos termos da Lei n.° 9.307/96.

Outros exemplos: Lei nº 9.472/97 (Lei Geral de Telecomunicações), Lei 9.478/97 (Lei de Petróleo e Gás), Lei nº

10.233/ 2001 (Lei de Transportes Aquaviários e Terrestres), Lei nº 10.438/2002 (Lei do Setor Elétrico), Lei nº

11.196/2005 (Lei de Incentivos Fiscais à Pesquisa e Desenvolvimento da Inovação Tecnológica), Lei nº

11.909/2009 (Lei de Transporte de Gás Natural), entre outras.

Mesmo assim, eram previsões específicas e que encontravam ainda grande resistência por parte dos

administrativistas mais tradicionais.

Pensando nisso, o legislador foi mais ousado e, por meio da Lei n.°13.129/2015, ora comentada, previu, de forma

genérica, a possibilidade de a Administração Pública valer-se da arbitragem quando a lide versar sobre direitos

disponíveis. Foram acrescentados dois parágrafos ao art. 1º da Lei n.°9.307/96, com a seguinte redação:

Art. 1º (...)

§ 1º A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a

direitos patrimoniais disponíveis.

§ 2º A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração de convenção de

arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou transações.

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Desse modo, atualmente, existe uma autorização genérica para a utilização da arbitragem pela Administração

Pública para todo e qualquer conflito que envolva direitos patrimoniais disponíveis. Isso vale para os três entes

federativos: União, Estados/DF e Municípios.

A autoridade que irá celebrar a convenção de arbitragem é a mesma que teria competência para assinar acordos

ou transações, segundo previsto na legislação do respectivo ente. Ex: se o Secretário de Estado é quem tem

competência para assinar acordos no âmbito daquele órgão, ele é quem poderá firmar a convenção de

arbitragem.

Como a Administração Pública deve obediência ao princípio da legalidade (art. 37, da CF/88) e, a fim de evitar

questionamentos quanto à sua constitucionalidade, a Lei n.° 13.129/2015 determinou que a arbitragem, nestes

casos, não poderá ser por equidade, devendo sempre ser feita com base nas regras de direito. Confira:

Art. 2º (...) § 3º A arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e respeitará o

princípio da publicidade.

e) Convenção de arbitragem:

(i) Cláusula compromissória: Trata-se de uma cláusula inserida em contrato. Por meio dela, fica preestabelecido

que, se vier a surgir um conflito, virá a ser resolvido pela arbitragem. É sempre preexistente ao litígio.

#SELIGA: O § 5º do art. 337 proíbe ao juiz conhecer de ofício da convenção de arbitragem. Se uma das partes for

a juízo e a outra não invocar a convenção, reputar-se-á que ambas renunciaram tacitamente à arbitragem, e que

preferiram a solução judicial. Caso, no entanto, o réu invoque a convenção e o juiz verifique que tem razão,

julgará o processo extinto sem resolução de mérito, nos termos do art. 485, VII, do CPC.

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...)

§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias

enumeradas neste artigo.

§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo,

implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

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*#SELIGA:

REGRA: A CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA É VÁLIDA.

Peculiaridade 1:

Contratos de ADESÃO

Peculiaridade 2:

Contratos de CONSUMO

Peculiaridade 3:

Dissídios individuais de TRABALHO

É válida, desde que o aderente:

• tenha tomado a iniciativa de

instituir a arbitragem; ou

• concorde, expressamente, com

a sua instituição, por escrito, em

documento anexo ou em negrito,

com a assinatura ou visto

especialmente para essa cláusula

(art. 4º, § 2º, da Lei nº 9.307/96).

Não é válida. O CDC

estipula que é nula de

pleno direito a cláusula

que determina a

utilização compulsória de

arbitragem (art. 51, VII).

Vale ressaltar, no

entanto, que é possível

compromisso arbitral nas

relações de consumo

(REsp 1.169.841-RJ).

Não é válida arbitragem nos dissídios individuais

de trabalho, conforme entendimento pacífico do

TST. Obs: é permitida a arbitragem no caso de

dissídios coletivos de trabalho (art. 114, § 1º da

CF/88). Exceção: prevista pela Reforma

Trabalhista: Art. 507-A. Nos contratos individuais

de trabalho cuja remuneração seja superior a

duas vezes o limite máximo estabelecido para os

benefícios do Regime Geral de Previdência Social,

poderá ser pactuada cláusula compromissória de

arbitragem, desde que por iniciativa do

empregado ou mediante a sua concordância

expressa, nos termos previstos na Lei no 9.307,

de 23 de setembro de 1996.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:

O Poder Judiciário pode decretar a nulidade de cláusula arbitral (compromissória) sem que essa questão tenha

sido apreciada anteriormente pelo próprio árbitro? Regra: NÃO. Segundo o art. 8º, parágrafo único da Lei de

Arbitragem (Lei nº 9.307/96), antes de judicializar a questão, a parte que deseja arguir a nulidade da cláusula

arbitral deve formular esse pedido ao próprio árbitro. Exceção: compromissos arbitrais patológicos. O Poder

Judiciário pode, nos casos em que prima facie é identificado um compromisso arbitral "patológico", isto é,

claramente ilegal, declarar a nulidade dessa cláusula, independentemente do estado em que se encontre o

procedimento arbitral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.602.076-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/9/2016 (Info

591).

É válida a cláusula compromissória que excepcione do juízo arbitral certas situações especiais a serem

submetidas ao Poder Judiciário. STJ. 4ª Turma. REsp 1.331.100-BA, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Rel. para

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acórdão Min. Raul Araújo, julgado em 17/12/2015 (Info 577).

Imagine que um contrato preveja uma confissão de dívida (líquida, certa e exigível). Neste mesmo contrato, há

uma cláusula compromissória dizendo que eventuais divergências sobre o ajuste deverão ser dirimidas via

arbitragem. Se a parte que se obrigou a pagar o valor confessado mostrar-se inadimplente, a parte credora

poderá executar o contrato na via judicial ou terá que instaurar o procedimento arbitral? Poderá propor

diretamente a execução na via judicial. Ainda que possua cláusula compromissória, o contrato assinado pelo

devedor e por duas testemunhas pode ser levado a execução judicial relativamente à cláusula de confissão de

dívida líquida, certa e exigível. Isso porque o juízo arbitral não possui poderes coercitivos (executivos). Ele não

pode penhorar bens do executado, por exemplo, nem levá-los à hasta pública. Em outras palavras, o árbitro até

decide a causa, mas se a parte perdedora não cumprir voluntariamente o que lhe foi imposto, a parte vencedora

terá que executar esse título no Poder Judiciário. Logo, não há sentido instaurar a arbitragem para exigir o valor

que já está líquido, certo e exigível por força uma confissão de dívida. Portanto, SENDO TÍTULO EXECUTIVO

EXTRAJUDICIAL, DEVE-SE AJUIZAR DIRETAMENTE UMA EXECUÇÃO. JUÍZO ARBITRAL NÃO TEM COMPETÊNCIA

PARA EXECUTAR. STJ. 3ª Turma. REsp 1.373.710-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 7/4/2015

(Info 560).

A prerrogativa de imparcialidade do julgador aplica-se à arbitragem e sua inobservância resulta em ofensa

direta à ordem pública nacional – o que legitima o exame da matéria pelo Superior Tribunal de Justiça,

independentemente de decisão proferida pela Justiça estrangeira acerca do tema. STJ. Corte Especial. SEC

9.412-EX, Rel. Min. Felix Fischer, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 19/4/2017 (Info

605)

A instituição arbitral, por ser simples administradora do procedimento arbitral, não possui interesse processual

nem legitimidade para integrar o polo passivo da ação que busca a sua anulação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.433.940-

MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 26/09/2017 (Info 613)

(ii) Compromisso arbitral: O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à

arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial. É sempre posterior ao litígio.

Diferença entre a cláusula compromissória e o compromisso arbitral (#AJUDAMARCINHO):

Cláusula compromissória Compromisso arbitral

É uma convenção de arbitragem em que as partes É uma convenção de arbitragem posterior ao conflito.

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dizem que qualquer conflito futuro será resolvido por

arbitragem.

O conflito surgiu e as partes decidem resolvê-lo por

arbitragem.

É uma cláusula prévia e abstrata, que não se refere a

um conflito específico.

É feito após o conflito ter surgido e se refere a um

problema concreto, já instaurado.

Em regra, mesmo havendo a cláusula compromissória

no contrato, as partes ainda precisarão de um

compromisso arbitral para regular como a arbitragem

será feita.

Exceção: Fredie Didier ressalta que não será

necessário o compromisso arbitral se a cláusula

compromissória for completa, ou seja, contiver todos

os elementos para a instauração imediata da

arbitragem (exs: quem serão os árbitros, o direito a

ser aplicável, o tempo de duração etc.).

Mesmo que não exista cláusula compromissória no

contrato, as partes poderão decidir fazer um

compromisso arbitral para resolver o conflito.

#OUSESABER: O que é carta arbitral? Atenção, trata-se de NOVIDADE do NCPC. Além das conhecidas cartas de

ordem, rogatória e precatória, o NCPC previu também a carta arbitral! Cuida-se, assim como as demais cartas, de

uma modalidade de comunicação dos atos processuais. É um instrumento jurídico onde formalmente se darão

os pedidos de cooperação entre os juízes e árbitros.

Art. 237. Será expedida carta: (...) IV - arbitral, para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o

cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária

formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória.

#RECORDARÉVIVER: A Lei n.° 13.129/2015 criou uma quarta espécie: a carta arbitral .

Por meio da carta arbitral, o árbitro ou o tribunal arbitral solicita que um órgão jurisdicional nacional (juiz de

direito ou juiz federal) pratique ou determine o cumprimento de algum ato que seja necessário para o

procedimento arbitral. Ex: o árbitro que está solucionando uma controvérsia envolvendo duas partes que moram

em Salvador (BA) expede uma carta arbitral para que o juízo de direito de Manaus (AM) intime um diretor de

empresa que reside na capital amazonense. Veja a previsão legal que foi inserida na Lei n.° 9.307/96:

Art. 22-C. O árbitro ou o tribunal arbitral poderá expedir carta arbitral para que o órgão jurisdicional nacional

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pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato solicitado pelo árbitro.

Parágrafo único. No cumprimento da carta arbitral será observado o segredo de justiça, desde que

comprovada a confidencialidade estipulada na arbitragem.

Desse modo, magistrados não se assustem quando começarem a receber cartas expedidas por árbitros e

tribunais arbitrais requerendo a prática de atos processuais.

Vale ressaltar que novo CPC, que entrará em vigor em 2016, também já previa expressamente a existência das

cartas arbitrais determinando que elas deverão atender, no que couber, aos requisitos das demais cartas

(precatória, de ordem, rogatória) e exigindo que ela seja instruída com a convenção de arbitragem e com as

provas da nomeação do árbitro e de sua aceitação da função (art. 260, § 3º do CPC 2015).

#RECORDARÉVIVER #COLANARETINA #NOMENCLATURASIMPORTANTES:

Carta de ordem Carta rogatória Carta precatória Carta Arbitral

Serve para que um

Tribunal delegue a juízo

inferior “subordinado” a

ele a prática de

determinado ato

processual.

Ex: o Ministro do STF

expede carta de ordem

para que o juízo federal

ouça uma testemunha

localizada em Natal (RN).

Ocorre quando um juízo

solicita que outro juízo

pratique determinado ato

processual fora do país.

Ex: juízo de Belém (PA)

expede uma carta

rogatória para que seja

ouvida uma testemunha

residente na Alemanha,

pela autoridade judiciária

alemã.

Ocorre quando um juízo

solicita que outro juízo, de

igual hierarquia, pratique

determinado ato

processual nos limites de

sua competência, dentro

do Brasil.

Ex: o juízo da comarca de

Niterói (RJ) expede uma

carta precatória para que

o juízo da comarca de

Búzios (RJ) ouça uma

testemunha que lá reside.

Por meio da carta arbitral,

o árbitro ou o tribunal

arbitral solicita que um

órgão jurisdicional

nacional (juiz de direito ou

juiz federal) pratique ou

determine o cumprimento

de algum ato que seja

necessário para o

procedimento arbitral.

f) Sentença arbitral:

A solução do litígio será dada pelo árbitro, por meio de sentença arbitral, que constituirá título executivo

JUDICIAL. O prazo para que a profira pode ser estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, mas no

silêncio será de seis meses, contados da instituição da arbitragem ou substituição do árbitro.

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Vale ressaltar que a sentença arbitral, para produzir seus efeitos, não precisa de homologação judicial:

Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação

pelo Poder Judiciário.

Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida

pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo.

Vale destacar que não há recurso contra a sentença arbitral, mas, de acordo com o art. 30 da lei de

arbitragem:

Art. 30. No prazo de cinco dias, a contar do recebimento da notificação ou ciência pessoal da sentença arbitral,

salvo se outro prazo for acordado entre as partes, a parte interessada, mediante comunicação à outra parte,

poderá solicitar ao árbitro ou ao tribunal arbitral que:

I — corrija qualquer erro material da sentença arbitral;

II — esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição da sentença arbitral, ou se pronuncie sobre ponto

omitido a respeito do qual devia manifestar-se a decisão. Parágrafo único. O árbitro ou o tribunal arbitral decidirá,

no prazo de dez dias ou em prazo acordado pelas partes, aditará a sentença arbitral e notificará as partes na

forma do art. 29.

A sentença arbitral terá os mesmos efeitos que a produzida pelo Poder Judiciário, inclusive o da coisa

julgada material, constituindo ainda, se condenatória, título executivo judicial.

#NÃOESQUECER #UMPOUCODEDOUTRINA: A sentença arbitral pode ser invalidade pelo Poder Judiciário.

Fredie Didier explica que há possibilidade de controle judicial da sentença arbitral, mas somente quanto à sua

validade (arts. 32 e 33, caput, da Lei n.°9.307/96), ou seja, ela pode ser anulada se tiver vícios formais. O Poder

Judiciário não pode, por outro lado, revogar ou modificar a sentença arbitral quanto ao seu mérito por entendê-la

injusta ou errada. A parte prejudicada que desejar anular a sentença arbitral por vícios formais deverá ajuizar a

ação de nulidade no prazo máximo de 90 dias após o recebimento da notificação da sentença arbitral ou de seu

aditamento (art. 33, § 1º). Ultrapassado esse prazo, a decisão arbitral torna-se imutável pela coisa julgada

material. (DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 171).

Page 26: CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – NCPC/2015 · Web viewAssim, permanecendo o valor em conta judicial ou mesmo indisponível ao credor, por opção do devedor, mantém-se, por evidente,

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f.1) Ação de declaração de nulidade da sentença arbitral: A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder

Judiciário competente a declaração de nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos no art. 32 da Lei

n.° 9.307/96.

Prazo: 90 dias, após o recebimento da notificação da respectiva sentença, parcial ou final, ou da decisão do

pedido de esclarecimentos.

Procedimento a ser aplicado: Procedimento comum previsto no CPC. Compare a mudança operada pela Lei

n.° 13.129/2015 no art. 33 da Lei n.°9.307/96:

Redação original da Lei 9.307/96 Alteração promovida pela Lei 13.129/2015

Art. 33 (...)

§ 1º A demanda para a decretação de

nulidade da sentença arbitral seguirá o

procedimento comum, previsto no Código de

Processo Civil, e deverá ser proposta no prazo

de até noventa dias após o recebimento da

notificação da sentença arbitral ou de seu

aditamento.

Art. 33 (...)

§ 1º A demanda para a declaração de

nulidade da sentença arbitral, parcial ou final,

seguirá as regras do procedimento comum,

previstas na Lei n.°5.869, de 11 de janeiro de

1973 (Código de Processo Civil), e deverá ser

proposta no prazo de até 90 (noventa) dias

após o recebimento da notificação da

respectiva sentença, parcial ou final, ou da

decisão do pedido de esclarecimentos.

Aqui, o legislador cometeu um equívoco, porque aprovou este § 1º fazendo menção ainda ao CPC 1973,

quando, na verdade, já tínhamos um novo Código aprovado e que se encontrava apenas aguardando o fim do

prazo de vacatio legis para entrar em vigor.

A pergunta que surgiu diante deste impasse era a seguinte: quando o CPC 2015 entrasse em vigor em

março de 2016, qual seria o procedimento a ser aplicado para a ação declaratória de nulidade da sentença

arbitral? Aplicar-se-ia o CPC 1973 ou o CPC 2015? CPC-2015.

O CPC 2015, quando entrou em vigor, em março de 2016, acarretou a revogação do CPC 1973, conforme

previsto em seu art. 1.046: Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo

aos processos pendentes, ficando revogada a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.

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O fato de a Lei n.º 13.129/2015 ter mencionado o procedimento do CPC 1973 não deu uma sobrevida nem

evitou a revogação deste, considerando que não foi esta a intenção do legislador e o CPC 2015 somente revogou

o Código de 73 em março de 2016.

Para que a Lei n.º 13.129/2015 tivesse evitado a revogação de parte do CPC 1973, ela teria que ter se

referido expressamente ao art. 1.046 do CPC 2015, o que não foi o caso.

O projeto que deu origem à Lei n.º 13.129/2015 tramita há anos no Congresso Nacional e a sua intenção

era simplesmente manter a regra de que a ação de declaração de nulidade da sentença arbitral deve ser regida

pelo procedimento ordinário do CPC vigente, seja ele o de 1973, seja o de 2015.

Além disso, como um último argumento, veja o que diz o § 4º do art. 1.046 do CPC 2015: § 4º As remissões

a disposições do Código de Processo Civil revogado, existentes em outras leis, passam a referir-se às que lhes são

correspondentes neste Código.

Dessa forma, após o CPC 2015 entrar em vigor, onde se lê CPC 1973, no § 1º do art. 33 da Lei n.º 9.307/96,

passa a ser lido CPC 2015.

Comandos da sentença que julgar procedente a anulação: Agora, se o juiz considerar procedentes os

argumentos do autor, ele irá declarar a nulidade da sentença arbitral, em todas as hipóteses do art. 32 da Lei

n.º 9.307/96:

Redação original da Lei 9.307/96 Alteração promovida pela Lei 13.129/2015

Art. 33 (...)

§ 2º A sentença que julgar procedente o

pedido:

I - decretará a nulidade da sentença arbitral,

nos casos do art. 32, incisos I, II, VI, VII e VIII;

II - determinará que o árbitro ou o tribunal

arbitral profira novo laudo, nas demais

hipóteses.

Art. 33 (...)

§ 2º A sentença que julgar procedente o

pedido declarará a nulidade da sentença

arbitral, nos casos do art. 32, e determinará,

se for o caso, que o árbitro ou o tribunal

profira nova sentença arbitral.

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f.2) Impugnação incidental da sentença arbitral: Em vez de ajuizar uma ação autônoma pedindo a nulidade da

sentença arbitral, a parte poderá alegar esse vício como uma matéria de defesa no momento em que a outra

parte estiver executando a sentença arbitral. Essa alegação é feita mediante IMPUGNAÇÃO, já que a sentença

arbitral é título executivo judicial, não havendo que se falar, portanto, em embargos do devedor, que é uma

defesa típica da execução de títulos extrajudiciais. Compare a mudança:

Redação original da Lei 9.307/96 Alteração promovida pela Lei 13.129/2015

Art. 33 (...)

§ 3º A decretação da nulidade da sentença

arbitral também poderá ser arguida mediante

ação de embargos do devedor, conforme o

art. 741 e seguintes do Código de Processo

Civil, se houver execução judicial.

Art. 33 (...)

§ 3º A declaração de nulidade da sentença

arbitral também poderá ser arguida

mediante impugnação, conforme o art. 475-L

e seguintes da Lei n.° 5.869, de 11 de janeiro

de 1973 (Código de Processo Civil), se houver

execução judicial.

Aqui, o legislador cometeu o mesmo equívoco do § 1º e a Presidente da República, a fim de evitar

discussões estéreis, deveria ter vetado esse § 3º. Isso porque o CPC 2015 já traz uma regra muito semelhante

alterando este mesmo § 3º do art. 33 da Lei n.° 9.307/96. Vamos comparar:

Redação original da

Lei 9.307/96

Alteração feita na Lei 9.307/96 pela

Lei 13.129/15

Alteração feita na Lei

9.307/96 pelo CPC 15

Art. 33 (...)

§ 3º A decretação da nulidade da

sentença arbitral também poderá

ser arguida mediante ação de

embargos do devedor, conforme o

art. 741 e seguintes do Código de

Processo Civil, se houver execução

judicial.

Art. 33 (...)

§ 3º A declaração de nulidade da

sentença arbitral também poderá ser

arguida mediante impugnação,

conforme o art. 475-L e seguintes da

Lei n.°5.869, de 11 de janeiro de

1973 (Código de Processo Civil), se

houver execução judicial.

Art. 33 (...)

§ 3º A decretação da nulidade

da sentença arbitral também

poderá ser requerida

na impugnação ao

cumprimento da sentença,

nos termos dos arts. 525 e

seguintes do Código de

Processo Civil, se houver

execução judicial.

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Como já explicado nos comentários ao § 1º, quando o CPC 2015 entrar em vigor, em março de 2016, a

redação dada pela Lei n.° 13.129/2015 será revogada pelo novo CPC.

Assim, a partir de março de 2015, a redação que irá vigorar no § 3º do art. 33 da Lei n.° 9.307/96 será

aquela que foi dada pelo CPC 2015 (terceiro quadro).

f.3) Sentença arbitral complementar: Como visto mais acima, agora é possível a prolação de sentença arbitral

parcial. Ocorre que poderia acontecer de os árbitros proferirem uma sentença parcial e, mesmo passado tempo

razoável, não decidissem o restante da controvérsia. A fim de evitar esta indesejável situação, a Lei

n.° 13.129/2015 acrescentou um parágrafo ao art. 33 trazendo a possibilidade de a parte ajuizar ação exigindo

que os peritos complementem a sentença arbitral caso esta tenha sido apenas parcial. Veja:

Art. 33 (...) § 4º A parte interessada poderá ingressar em juízo para requerer a prolação de sentença arbitral

complementar, se o árbitro não decidir todos os pedidos submetidos à arbitragem.

Repare que a parte interessada não irá requerer que Poder Judiciário complete a sentença arbitral. A ação

é proposta com o objetivo de que Poder Judiciário determine aos árbitros que decidam todos os pedidos

submetidos à arbitragem.

O § 4º foi omisso quanto ao prazo desta ação, razão pela qual deve-se aplicar o mesmo prazo de 90 dias

previsto no § 1º deste art. 33. Ora, se a ação objetivando a declaração de nulidade segue o prazo de 90 dias, com

mesma razão deve ser este o prazo para a ação visando apenas a complementação da sentença arbitral parcial.

#SELIGA: A sentença estrangeira poderá ser reconhecida pela jurisdição brasileira!

Art. 34. A sentença arbitral estrangeira será reconhecida ou executada no Brasil de conformidade com os

tratados internacionais com eficácia no ordenamento interno e, na sua ausência, estritamente de acordo com os

termos desta Lei.

Parágrafo único. Considera-se sentença arbitral estrangeira a que tenha sido proferida fora do território

nacional.

Art. 35. Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a sentença arbitral estrangeira está sujeita, unicamente, à

homologação do Superior Tribunal de Justiça.

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#CASCADEBANANA¹: É possível que o(s) árbitro(s) profira(m) sentença arbitral PARCIAL, ou seja, decidindo

apenas parte do litígio que foi submetido à sua apreciação?

Redação original da Lei 9.307/96: Havia #POLÊMICA

1ª corrente: NÃO. Segundo entendiam alguns doutrinadores, a Lei n.°9.307/96, em sua redação original, vedava a

prolação de sentença parcial (art. 29). Caso o árbitro proferisse sentença parcial, esta seria nula, nos termos do

art. 32, V:

Art. 29. Proferida a sentença arbitral, dá-se por finda a arbitragem (...).

(...)

Art. 32. É nula a sentença arbitral se:

V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem;

2ª corrente: SIM. Mesmo antes da alteração promovida pela Lei nº 13.129/2015, era possível a prolação de

sentença arbitral parcial. Posição defendida por Carlos Alberto Carmona (Arbitragem e Processo: Um Comentário

à Lei nº 9.307/96. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 355-356).

O STJ possui precedente nesse sentido: (...) No âmbito do procedimento arbitral, nos termos da Lei n. 9.307/96

(antes mesmo das alterações promovidas pela Lei n. 13.129/2015), inexiste qualquer óbice à prolação de

sentença arbitral parcial, especialmente na hipótese de as partes signatárias assim convencionarem

(naturalmente com a eleição do Regulamento de Arbitragem que vierem a acordar), tampouco incongruência

com o sistema processual brasileiro, notadamente a partir da reforma do Código de Processo Civil, veiculada pela

Lei n. 11.232/2005, em que se passou a definir "sentença", conforme redação conferida ao § 1º do art. 162, como

ato do juiz que redunde em qualquer das situações constantes dos arts. 267 e 269 do mesmo diploma legal. (STJ.

3ª Turma. REsp 1519041/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 01/09/2015).

Alteração promovida pela Lei 13.129/2015: Acabou com qualquer polêmica que ainda pudesse existir (#UFA).

A Lei n.° 13.129/2015 acrescentou o § 1º ao art. 23 da Lei nº 9.307/96 afirmando expressamente que é possível a

sentença arbitral parcial:

Art. 23 (...) § 1º Os árbitros poderão proferir sentenças parciais.

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Além disso, o inciso V do art. 32 acima transcrito foi revogado.

A mudança é salutar, sendo aplaudida pela doutrina, considerando que há situações em que é melhor que os

árbitros profiram a sentença parcial, resolvendo os pontos controvertidos da lide, como infrações contratuais,

culpa pelo término da relação contratual e dever de indenizar. Em um segundo momento, na sentença arbitral

final, os árbitros poderão decidir sobre liquidação de créditos e débitos recíprocos e a estipulação de eventual

determinação de compensação da verba de sucumbência. (BAPTISTA, Luiz Olavo. Sentença parcial em

arbitragem. Revista de Arbitragem e Mediação. Ano 5, n.° 17, abr-jun/2008, RArb 17, p. 189).

Com isso, resolve-se também um grave problema. Isso porque muitos Tribunais arbitrais ao longo do mundo

permitem e proferem sentenças arbitrais parciais, como é o caso do Regulamento da Câmara de Comércio

Internacional de Paris (CCI) e do Regulamento Arbitral da Comissão das Nações Unidas para o Direito do Comércio

Internacional (CNUDCI). O direito norte-americano do Estado de Nova Iorque, grande centro de arbitragem,

igualmente permite sentenças parciais. Assim, algumas empresas brasileiras participavam de arbitragens

internacionais em que eram proferidas sentenças parciais e depois, se sucumbentes, poderiam, em tese, buscar a

anulação desta sentença no Poder Judiciário brasileiro com fundamento no art. 32, V, da Lei n.° 9.307/96, o que

gerava grande risco à segurança jurídica e à credibilidade do instituto.

Além disso, a sentença parcial, mesmo quando apresentar este vicio por um equívoco dos árbitros, não pode ser

tida como nula, sendo apenas “incompleta”. Assim, não há sentido de se anular uma sentença incompleta, sendo

o mais lógico exigir que ela seja completada, o que é feito pelo art. 33, § 4º da Lei n.° 9.307/96, com redação dada

pela Lei n.° 13.129/2015.

g) Prescrição:

A Lei de Arbitragem (Lei n.° 9.307/96) não traz prazos de prescrição. No entanto, apesar disso, a doutrina

majoritária afirma que essa omissão foi proposital, já que os prazos de prescrição são previstos nas leis de direito

material e a lei de arbitragem é uma norma processual.

Assim, para a corrente majoritária, aplicam-se os prazos prescricionais previstos na legislação também para

a arbitragem. Ex: imagine que determinado engenheiro foi contratado para uma obra e no contrato preveja a

cláusula compromissória; o prazo prescricional para pretensões decorrentes deste contrato é de 5 anos, nos

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termos do art. 206, § 5º, II, do CC. Logo, este engenheiro teria o prazo de 5 anos para pedir a instituição da

arbitragem.

E quando se considera instituída a arbitragem? Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação

pelo árbitro, se for único, ou por todos, se forem vários (art. 19).

O que a Lei n.° 13.129/2015 alterou sobre a prescrição? Foram inseridos prazos prescricionais na Lei de

Arbitragem? NÃO. A Lei n.° 9.307/96 continua sem prever prazos de prescrição, até porque, como visto acima,

isso é matéria atinente às leis de direito material. No entanto, a Lei n.° 13.129/2015 acrescentou um parágrafo ao

art. 19 fixando um marco interruptivo da prescrição. Veja: § 2º A instituição da arbitragem interrompe a

prescrição, retroagindo à data do requerimento de sua instauração, ainda que extinta a arbitragem por ausência

de jurisdição.

Desse modo, os prazos de prescrição continuarão a observar as regras previstas na legislação extravagante

(Código Civil, Lei de Propriedade industrial etc.), mas, agora, a Lei de Arbitragem traz a regra de que a instituição

da arbitragem interrompe o prazo prescricional.

h) Tutelas de urgência:

O Poder Judiciário. A Lei n.° 13.129/2015 estabeleceu que, se for necessária alguma medida cautelar ou de

urgência e ainda não houver sido instituída a arbitragem, as partes poderão requerê-las junto ao Poder Judiciário.

Veja a novidade:

Art. 22-A. Antes de instituída a arbitragem, as partes poderão recorrer ao Poder Judiciário para a concessão de

medida cautelar ou de urgência.

Assim, em nosso exemplo, a empresa prejudicada poderá pedir ao juiz que conceda uma medida de

urgência no sentido de que a outra empresa continue fornecendo a matéria-prima ajustada no contrato até que a

disputa contratual seja resolvida pelos árbitros, sob pena de multa diária.

Depois de conseguir a medida pleiteada junto ao Poder Judiciário, a parte terá que requerer a instituição da

arbitragem em até 30 dias, sob pena de a medida ser cessada:

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Art. 22-A (...) Parágrafo único. Cessa a eficácia da medida cautelar ou de urgência se a parte interessada não

requerer a instituição da arbitragem no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data de efetivação da respectiva

decisão.

#SELIGA¹: Depois de instituída a arbitragem, os árbitros poderão revogar a medida concedida pelo Judiciário?

SIM. A medida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder Judiciário é provisória e, depois de instituída a

arbitragem, os árbitros irão reexaminá-lo e poderão mantê-la, modificá-la ou revogá-la. Veja: Art. 22-B. Instituída

a arbitragem, caberá aos árbitros manter, modificar ou revogar a medida cautelar ou de urgência concedida pelo

Poder Judiciário.

#SELIGA²: Poderão ser concedidas medidas cautelares ou de urgência depois de instaurado o procedimento

arbitral? SIM, mas neste caso tais medidas serão concedidas pelos próprios árbitros que já estarão escolhidos:

Art. 22-B (...) Parágrafo único. Estando já instituída a arbitragem, a medida cautelar ou de urgência será requerida

diretamente aos árbitros.

Antes da Lei n.° 13.129/2015, a Lei n.° 9.703/96 determinava que tais medidas deveriam ser requeridas

pelo árbitro ao Poder Judiciário, conforme previsto no art. 22, § 4º: § 4º Ressalvado o disposto no § 2º, havendo

necessidade de medidas coercitivas ou cautelares, os árbitros poderão solicitá-las ao órgão do Poder Judiciário

que seria, originariamente, competente para julgar a causa. Esse § 4º foi, contudo, revogado pela Lei

n.° 13.129/2015, deixando claro que é o próprio árbitro quem determina a medida deferida.

3. JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

3.1. Conceito:

A questão mais discutida a respeito da jurisdição voluntária é a da sua natureza, pois forte corrente

doutrinária nega-lhe a qualidade de jurisdição, atribuindo-lhe a condição de administração pública de interesses

privados, cometida ao Poder Judiciário. Pode-se dizer que tem prevalecido, entre nós, a corrente

administrativista, que pressupõe que nesse tipo de jurisdição, o juiz não é chamado a solucionar um conflito de

interesses.

Apesar disso, mais modernamente, a tendência tem sido por considerá-la como verdadeira jurisdição,

entre outras razões, porque:

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(i) Administração é tutela de interesse público, e jurisdição voluntária, de interesse privado;

(ii) Também na jurisdição voluntária, em regra, há uma situação conflituosa, capaz de gerar insatisfação, que

será solucionada pelo Judiciário. Nem sempre há interesses contrapostos, embora muitas vezes haja.

#COMOFOICOBRADO:

(Ministério Público/SP) A sentença no procedimento de jurisdição voluntária poderá ser modificada, sem

prejuízo dos efeitos já produzidos8:

a) De ofício pelo juiz, a qualquer tempo, se ocorrerem circunstâncias supervenientes.

b) A requerimento do interessado, se ocorrerem circunstâncias supervenientes.

c) A requerimento do interessado, por haver esquecido de juntar prova documental relevante.

d) A requerimento do Ministério Público, na condição de fiscal da lei.

e) A requerimento das partes, no prazo recursal, se ocorrerem circunstâncias supervenientes.

(Juiz de Direito — TJ/MG) No procedimento de jurisdição voluntária, por provocação do interessado9:

a) serão citados, sob pena de nulidade, todos os demais interessados;

b) não haverá citação por ser o respectivo ato incompatível com o procedimento;

c) serão apenas intimados, por via postal, todos os demais interessados;

d) não haverá citação pelo fato de que todos os interessados devem constar da inicial;

e) a citação ocorrerá, apenas, se os demais interessados residirem em outra comarca.

3.2. Distinções entre jurisdição voluntária e contenciosa:

#FOCONATABELA #COLANARETINA:

JURISDIÇÃO CONTENCIOSA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

O juiz deve dizer qual parte tem razão

Não serve para que o juiz diga quem tem razão, mas

para que tome determinadas providências necessárias

para a proteção dos sujeitos da relação processual

Busca-se obter uma determinação que obrigue a parte

contrária.

Pode beneficiar uma ou ambas as partes

Busca-se uma situação que valha para o próprio autor

O juiz resolve uma situação de confronto

O juiz resolve uma situação conflituosa, cuja solução

exige uma alteração das circunstâncias que só pode ser

8 Letra B.9 Letra A.

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propiciada pelo Judiciário

3.3. Características da jurisdição voluntária:

(i) Não é apropriado falar em “partes”, como nos processos de jurisdição contenciosa, mas em “interessados”,

pois nem sempre há conflito;

(ii) O procedimento, como regra geral, é mais sumário que o dos processos de jurisdição contenciosa;

(iii) O princípio da demanda é mitigado, pois o juiz pode, em muitos casos, dar início aos processos de ofício,

como na abertura e cumprimento de testamentos e arrecadação de herança jacente;

#IMPORTANTE: Em regra, a jurisdição voluntária é necessária (não opcional). É um atributo bem generalizado,

por isso se questiona se ela é mesmo voluntária. Há casos excepcionais de jurisdição voluntária opcional, como

na homologação de divórcio consensual sem incapazes envolvidos, celebrável extrajudicialmente, perante os

Cartórios.

(iv) Não se aplica o critério da legalidade estrita, como estabelece o art. 723, parágrafo único, do CPC: O juiz não

é obrigado a observar o critério da legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que considerar

mais conveniente ou oportuna;

#OLHAOGANCHO: Os processos de jurisdição voluntária possuem uma carga maior de inquisitoriedade,

estruturados a dar certo protagonismo ao juiz. Alguns processos de jurisdição voluntária podem ser instaurados

de ofício (arts. 723, p.ú., 738, 744 e 746, todos do NCPC). O juiz pode, inclusive, ajustar o procedimento

conforme as peculiaridades do caso.

(v) As sentenças definitivas não se revestem da autoridade da coisa julgada material, como nos processos de

jurisdição contenciosa, e podem ser modificadas se ocorrerem circunstâncias supervenientes, desde que

justificadas.

3.4. Natureza jurídica:

a) Corrente Tradicional ou Escola Paulista (concepção majoritária): Defende que a jurisdição voluntária não tem

natureza jurisdicional, e sim de atividade administrativa exercida pelos juízes. Partem da premissa de que não há

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lide, e, portanto, inexiste a jurisdição. De modo semelhante, também não se fala em ação, e sim em

requerimento; não se fala em processo e sim procedimento.

#OBS: A afirmação de que na jurisdição voluntária não há processo, tão somente procedimento, é inadmissível,

afinal, mesmo que se trate de atividade administrativa, ainda assim haverá processo e contraditório. Não há

partes e sim interessados. Não haveria coisa julgada e sim preclusão.

b) Corrente minoritária (Ovídio Batista, Calmon de Passos, Leonardo Grecco, Fred Didier): A jurisdição

voluntária é considerada uma atividade jurisdicional. Não é correta a afirmação que não há lide em jurisdição

voluntária; isto porque pode ser que a lide não exista. O que há é uma lide potencial: pode não haver como pode

haver. Tanto a lide pode existir em jurisdição voluntária que os interessados são citados. Dessa forma, há ação,

há processo, há partes e coisa julgada.

#OBS¹: Acerca da coisa julgada, o NCPC não trouxe nenhum indicativo de que a jurisdição voluntária não a faça.

Do contrário, prevê a existência de coisa julgada em decisão processual, ou seja, que sequer adentra no mérito

da questão, o que reforçaria a discutida corrente.

#OBS²: Nos autos do REsp 1.412.260, apreciado pelo STJ em 2014, a Corte fixou que jurisdição voluntária não faz

coisa julgada, adotando a concepção teórica tradicional, todavia proibiu a rediscussão da mesma questão algum

tempo depois. Tratava-se de caso de mudança de nome.

3.5. Regras gerais do procedimento:

Art. 720. O procedimento terá início por provocação do interessado, do Ministério Público ou da Defensoria

Pública, cabendo-lhes formular o pedido devidamente instruído com os documentos necessários e com a

indicação da providência judicial.

Art. 721. Serão citados todos os interessados, bem como intimado o Ministério Público, nos casos do art. 178,

para que se manifestem, querendo, no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 722. A Fazenda Pública será sempre ouvida nos casos em que tiver interesse.

Art. 723. O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias.

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Parágrafo único. O juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a

solução que considerar mais conveniente ou oportuna.

Art. 724. Da sentença caberá apelação.

Art. 725. Processar-se-á na forma estabelecida nesta Seção o pedido de:

I - emancipação;

II - sub-rogação;

III - alienação, arrendamento ou oneração de bens de crianças ou adolescentes, de órfãos e de interditos;

IV - alienação, locação e administração da coisa comum;

V - alienação de quinhão em coisa comum;

VI - extinção de usufruto, quando não decorrer da morte do usufrutuário, do termo da sua duração ou da

consolidação, e de fideicomisso, quando decorrer de renúncia ou quando ocorrer antes do evento que

caracterizar a condição resolutória;

VII - expedição de alvará judicial;

VIII - homologação de autocomposição extrajudicial, de qualquer natureza ou valor.

Parágrafo único. As normas desta Seção aplicam-se, no que couber, aos procedimentos regulados nas seções

seguintes.

3.6. Legitimidade :

Em regra, o processo origina-se por iniciativa da parte. Mas há procedimentos que podem ser

desencadeados pelo Ministério Público, Defensoria Pública (interdição, por exemplo) ou de ofício pelo juiz

(abertura e cumprimento de testamento e arrecadação de herança jacente, bens de ausentes ou coisas vagas).

3.7. Intervenção do Ministério Público:

O Ministério Público não intervirá em todos os procedimentos de jurisdição voluntária, mas apenas

naqueles em que estiverem presentes as hipóteses do art. 178 do CPC. Caso isso ocorra, ele será intimado a

manifestar-se no prazo de 15 dias.

4. PRINCIPAIS JULGADOS

PROCESSO CIVIL. ARBITRAGEM. NATUREZA JURISDICIONAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA FRENTE A JUÍZO

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ESTATAL. POSSIBILIDADE. MEDIDA CAUTELAR DE ARROLAMENTO. COMPETÊNCIA. JUÍZO ARBITRAL. 1. A atividade

desenvolvida no âmbito da arbitragem tem natureza jurisdicional, sendo possível a existência de conflito de

competência entre juízo estatal e câmara arbitral. 2. O direito processual deve, na máxima medida possível, estar

a serviço do direito material, como um instrumento para a realização daquele. Não se pode, assim, interpretar

uma regra processual de modo a gerar uma situação de impasse, subtraindo da parte meios de se insurgir contra

uma situação que repute injusta. 3. A medida cautelar de arrolamento possui, entre os seus requisitos, a

demonstração do direito aos bens e dos fatos em que se funda o receio de extravio ou de dissipação destes, os

quais não demandam cognição apenas sobre o risco de redução patrimonial do devedor, mas também um juízo

de valor ligado ao mérito da controvérsia principal, circunstância que, aliada ao fortalecimento da arbitragem que

vem sendo levado a efeito desde a promulgação da Lei nº 9.307/96, exige que se preserve a autoridade do árbitro

como juiz de fato e de direito, evitando-se, ainda, a prolação de decisões conflitantes. 4. Conflito conhecido para

declarar a competência do Tribunal Arbitral. (CC 111.230/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO,

julgado em 08/05/2013, DJe 03/04/2014)

RECURSO ESPECIAL. CONTRATO. CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA. CONFISSÃO DE DÍVIDA. EXECUÇÃO DE TÍTULO

EXTRAJUDICIAL. JURISDIÇÃO ESTATAL. POSSIBILIDADE. 1. Trata-se, na origem, de embargos à execução de título

extrajudicial, aparelhada em contrato com cláusula compromissória. 2. Mesmo em contrato que preveja a

arbitragem, é possível a execução judicial de confissão de dívida certa, líquida e exigível que constitua título

executivo nos termos do art. 585, inciso II, do Código de Processo Civil, haja vista que o juízo arbitral é desprovido

de poderes coercitivos. Precedente do STJ. 3. A existência de título executivo extrajudicial prescinde de sentença

arbitral condenatória para fins de formação de um outro título sobre a mesma dívida. 4. Recurso especial provido.

(REsp 1373710/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/04/2015, DJe

27/04/2015)

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA - ACÓRDÃO ESTADUAL DANDO PROVIMENTO A

AGRAVO DE INSTRUMENTO DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA EXECUTADA, POR CONSIDERAR DESCABIDA A

INCIDÊNCIA DA MULTA DO ARTIGO 475-J DO CPC NO ÂMBITO DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ARBITRAL.

INSURGÊNCIA DOS EXEQUENTES. 1. Para efeitos do artigo 543-C do CPC: No âmbito do cumprimento de

sentença arbitral condenatória de prestação pecuniária, a multa de 10% (dez por cento) do artigo 475-J do CPC

deverá incidir se o executado não proceder ao pagamento espontâneo no prazo de 15 (quinze) dias contados da

juntada do mandado de citação devidamente cumprido aos autos (em caso de título executivo contendo quantia

líquida) ou da intimação do devedor, na pessoa de seu advogado, mediante publicação na imprensa oficial (em

havendo prévia liquidação da obrigação certificada pelo juízo arbitral). 2. O Código de Processo Civil,

assim como a Lei da Arbitragem, confere a natureza de título executivo judicial à sentença arbitral, distinguindo

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apenas o instrumento de comunicação processual do executado. Com efeito, em se tratando de cumprimento de

sentença arbitral, a angularização da relação jurídica processual dar-se-á mediante citação do devedor no

processo de liquidação ou de execução em vez da intimação promovida nos processos sincréticos (nos quais

ocorrida a citação no âmbito de precedente fase de conhecimento). Eis, portanto, a única diferença

procedimental entre o cumprimento da sentença proferida no processo civil e o da sentença arbitral. 3. Nessa

ordem de ideias, à exceção da ordem de citação (e não de intimação atinente aos processos sincréticos), a

execução da sentença arbitral condenatória de obrigação de pagar quantia certa observa o mesmo procedimento

previsto para as sentenças civis de idêntico conteúdo, qual seja, o regime previsto nos artigos 475-J a 475-R

do CPC. 4. A multa de 10% (dez por cento) prevista no artigo 475-J do CPC (aplicável no âmbito do

cumprimento de título representativo de obrigação pecuniária líquida) tem por objetivo garantir a maior

efetividade e celeridade na prestação jurisdicional, tornando onerosa a recalcitrância do devedor em

desobedecer o comando sentencial ao qual submetido. 5. Consequentemente, o afastamento da incidência

da referida sanção no âmbito do cumprimento de sentença arbitral de prestação pecuniária representaria um

desprestígio ao procedimento da arbitragem (tornando-a um minus em relação à jurisdição estatal), olvidando-se

de seu principal atrativo, qual seja, a expectativa de célere desfecho na solução do conflito. 6. Caso concreto. 6.1.

Em que pese a executada (ora recorrida) tenha afirmado "questionável" o procedimento arbitral levado a termo

no presente caso "sob graves aspectos" (fl. e-STJ 92), não consta dos autos a notícia de existência de demanda na

busca de invalidação do instrumento conclusivo daquele procedimento, a atual sentença arbitral. 6.2. O

adimplemento voluntário da obrigação pecuniária (certificada no título executivo judicial) somente ocorre quando

o valor a ela correspondente ingressa no campo de disponibilidade do exequente. Assim, permanecendo o valor

em conta judicial ou mesmo indisponível ao credor, por opção do devedor, mantém-se, por evidente, o

inadimplemento da prestação de pagar quantia certa, o que autoriza a imposição da multa de 10% (dez por

cento) sobre a condenação (REsp 1.175.763/RS, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em 21.06.2012,

DJe 05.10.2012). 6.3. Desse modo, sendo certo que a indicação de crédito para penhora não configura pagamento

voluntário, mas, sim, mera garantia para fins de futura impugnação da sentença exequenda, restou inobservado o

prazo quinzenal previsto no artigo 475-J do CPC, razão pela qual se afigura impositiva a reforma do acórdão

estadual, devendo ser restaurada a incidência da multa de 10% (dez por cento) cominada pela magistrada

de primeiro grau. 7. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao rito do artigo 543-C do CPC e da

Resolução STJ 8/2008. (REsp 1102460/RJ, Rel. Ministro MARCO BUZZI, CORTE ESPECIAL, julgado em 17/06/2015,

DJe 23/09/2015)

O art. 32 da Lei nº 9.307/96 elenca hipóteses nas quais a sentença arbitral é nula. Essa nulidade é declarada pelo

Poder Judiciário. Verificando alguma das situações do art. 32, a parte interessada poderá propor ação de

declaração de nulidade da sentença arbitral. A ação de declaração de nulidade deve ser proposta em, no

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máximo, 90 dias após o recebimento da notificação da sentença arbitral . Imagine agora a seguinte situação: em

fevereiro de 2014 foi proferida sentença arbitral parcial; em abril de 2014, foi prolatada sentença arbitral final.

Suponhamos que a parte interessada deseja anular a sentença arbitral parcial. O prazo para a ação anulatória

começou a correr em fevereiro ou em abril? Em fevereiro. O prazo decadencial de 90 dias para o ajuizamento de

ação anulatória (art. 33, § 1º, da Lei nº 9.307/96) em face de sentença arbitral parcial conta-se a partir do

trânsito em julgado desta (sentença parcial), e não do trânsito em julgado da sentença arbitral final. Obs: neste

julgado o STJ afirmou que, mesmo antes da alteração promovida pela Lei 13.129/2015, era possível a prolação de

sentença arbitral parcial, especialmente na hipótese de as partes signatárias assim convencionarem. STJ. 3ª

Turma. REsp 1.519.041-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 1º/9/2015 (Info 568).

5. ENUNCIADOS NCPC:

Galera, para finalizar, no estilo #QUEBRANDOABANCA , vamos ler aquilo que está despencando em prova?

#FOCONOSENUNCIADOS #VAICAIR #CEREJADOBOLO

ENUNCIADO 25 – As audiências de conciliação ou mediação, inclusive dos juizados especiais, poderão ser

realizadas por videoconferência, áudio, sistemas de troca de mensagens, conversa online, conversa escrita,

eletrônica, telefônica e telemática ou outros mecanismos que estejam à disposição dos profissionais da

autocomposição para estabelecer a comunicação entre as partes.

ENUNCIADO 56 – A legitimidade conferida à Defensoria Pública pelo art. 720 do CPC compreende as hipóteses de

jurisdição voluntária previstas na legislação extravagante, notadamente no Estatuto da Criança e do Adolescente.

ENUNCIADO 4. (art. 69, § 1º) A carta arbitral tramitará e será processada no Poder Judiciário de acordo com o

regime previsto no Código de Processo Civil, respeitada a legislação aplicável. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 5. (art. 69, § 3º) O pedido de cooperação jurisdicional poderá ser realizado também entre o árbitro e

o Poder Judiciário. (Grupo: Arbitragem – Enunciado aprovado por aclamação)

ENUNCIADO 13. (art. 189, IV) O disposto no inciso IV do art. 189 abrange todo e qualquer ato judicial relacionado

à arbitragem, desde que a confidencialidade seja comprovada perante o Poder Judiciário, ressalvada em qualquer

caso a divulgação das decisões, preservada a identidade das partes e os fatos da causa que as identifiquem.

(Grupo: Arbitragem; redação revista no III FPPC-Rio)

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ENUNCIADO 15. (art. 189) As arbitragens que envolvem a Administração Pública respeitarão o princípio da

publicidade, observadas as exceções legais (vide art. 2º, § 3º, da Lei n. 9.307/1996, com a redação da Lei n.

13.129/2015)12. (Grupo: Arbitragem; aprovado por aclamação)

ENUNCIADO 24. (art. 237, IV) Independentemente da sede da arbitragem ou dos locais em que se realizem os

atos a ela inerentes, a carta arbitral poderá ser processada diretamente pelo órgão do Poder Judiciário do foro

onde se dará a efetivação da medida ou decisão, ressalvadas as hipóteses de cláusulas de eleição de foro

subsidiário20 . (Grupo: Arbitragem; redação revista no III FPPC- RIO21 e no V FPPCVitória)

ENUNCIADO 26. (art. 260; art. 267, I) Os requisitos legais mencionados no inciso I do art. 267 são os previstos no

art. 260. (Grupo: Arbitragem – Enunciado aprovado por aclamação) 27. (art. 267) Não compete ao juízo estatal

revisar o mérito da medida ou decisão arbitral cuja efetivação se requer por meio da carta arbitral. (Grupo:

Arbitragem – Enunciado aprovado por aclamação)

ENUNCIADO (art. 485, VII) A competência do juízo estatal deverá ser analisada previamente à alegação de

convenção de arbitragem41 (Grupo: Arbitragem; redação revista no III FPPC-Rio)

ENUNCIADO (art. 485, VII) A alegação de convenção de arbitragem deverá ser examinada à luz do princípio da

competência-competência. (Grupo: Arbitragem – enunciado aprovado por aclamação)

ENUNCIADO 85. (arts. 960 a 965) Deve prevalecer a regra de direito mais favorável na homologação de sentença

arbitral estrangeira em razão do princípio da máxima eficácia51. (art. 7º da Convenção de Nova York – Decreto nº

4.311/2002). (Grupo: Arbitragem; redação revista no III FPPC-Rio)

ENUNCIADO 86. (art. 964; art. 960, § 3º) Na aplicação do art. 964 considerar-se-á o disposto no § 3º do art. 960.

(Grupo: Arbitragem; enunciado aprovado por aclamação; redação revista no V FPPC-Vitória)52

ENUNCIADO 136. (art. 240, § 1º; art. 485, VII) A citação válida no processo judicial interrompe a prescrição, ainda

que o processo seja extinto em decorrência do acolhimento da alegação de convenção de arbitragem. (Grupo:

Arbitragem)

ENUNCIADO 153. (art. 485, VII) A superveniente instauração de procedimento arbitral, se ainda não decidida a

alegação de convenção de arbitragem, também implicará a suspensão do processo, à espera da decisão do juízo

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arbitral sobre a sua própria competência. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 164. (art. 496) A sentença arbitral contra a Fazenda Pública não está sujeita à remessa necessária.

(Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 203. (art. 966) Não se admite ação rescisória de sentença arbitral. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 417. (arts. 260, caput e §3º, 267, I) São requisitos para o cumprimento da carta arbitral: i) indicação

do árbitro ou do tribunal arbitral de origem e do órgão do Poder Judiciário de destino; ii) inteiro teor do

requerimento da parte, do pronunciamento do árbitro ou do Tribunal arbitral e da procuração conferida ao

representante da parte, se houver; iii) especificação do ato processual que deverá ser praticado pelo juízo de

destino; iv) encerramento com a assinatura do árbitro ou do presidente do tribunal arbitral conforme o caso.

(Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 429. (art. 359) A arbitragem a que se refere o art. 359 é aquela regida pela Lei 9.307/1996. (Grupo:

Arbitragem)

ENUNCIADO 434. (art. 485, VII) O reconhecimento da competência pelo juízo arbitral é causa para a extinção do

processo judicial sem resolução de mérito. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 435. (arts. 485, VII, 1015, III) Cabe agravo de instrumento contra a decisão do juiz que, diante do

reconhecimento de competência pelo juízo arbitral, se recusar a extinguir o processo judicial sem resolução de

mérito. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 489. (art. 144; art. 145; arts. 13 e 14 da Lei 9.307/1996) Observado o dever de revelação, as partes

celebrantes de convenção de arbitragem podem afastar, de comum acordo, de forma expressa e por escrito,

hipótese de impedimento ou suspeição do árbitro. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 543. (arts. 914-920) Em execução de título executivo extrajudicial, o juízo arbitral é o competente

para conhecer das matérias de defesa abrangidas pela convenção de arbitragem. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 544. (arts. 914-920) Admite-se a celebração de convenção de arbitragem, ainda que a obrigação

esteja representada em título executivo extrajudicial. (Grupo: Arbitragem)

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ENUNCIADO 553. (art. 961, §1º; art. 23 da Lei 9.307/1996) A sentença arbitral parcial estrangeira submete-se ao

regime de homologação. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 571. (art. 1º, §§1º e 2º, da Lei 9.307/1996) A previsão no edital de licitação não é pressuposto para

que a Administração Pública e o contratado celebrem convenção arbitral. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 572. (art. 1º, § 1º, da Lei 9.307/1996) A Administração Pública direta ou indireta pode submeter-se a

uma arbitragem ad hoc ou institucional. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 580. (arts. 190; 337, X; 313, II) É admissível o negócio processual estabelecendo que a alegação de

existência de convenção de arbitragem será feita por simples petição, com a interrupção ou suspensão do prazo

para contestação. (Grupo: Negócios processuais)

6. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVO

Lei nº. 9.307/1996 Todos os dispositivos

Código de Processo Civil Art. 1º até o art. 15

7. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

Anotações de aula.

Direito Processual Civil Esquematizado - Marcus Vinicius Rios Gonçalves (2017)

Cavalcante, Márcio André Lopes, Informativos esquematizados do Dizer o Direito.

Manual de Direito Processual Civil – Daniel Amorim Assumpção Neves (2017).

Comentários da Lei de Arbitragem: https://www.dizerodireito.com.br/2015/05/comentarios-lei-131292015-

reforma-da.html