cc11 de olho no mar - simoninha · lezas, até da oitava maravilha do planeta, criada por ele, o...

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FOTO: DE RAFAEL KENT C CADERNO ADERNO 2 2 C1 C1 Paraíba Paraíba Quinta-feira, 23 de maio de 2013 Quinta-feira, 23 de maio de 2013 CORREIO DA PARAÍBA CORREIO DA PARAÍBA KUBITSCHEK PINHEIRO Alta Fidelidade. Esse é o nome do novo CD de Wil- son Simoninha, que estava há cinco anos sem gravar. O disco é todo autoral. O nome do disco nos remete, claro, para a expressão “high fideli- ty”, que aparecia estampado nas capas dos LPs dos anos 1960, como uma marca de alta qualidade. O selo é da Som Livre. A ideia de colocar esse nome no CD, contou Si- moninha ao CORREIO, veio de um insight, uma provocação, um compromisso. “Que- ria algo que signifi- casse meu respeito pela música em todas as etapas de criação e de gravação. Uma lembran- ça dos anos 1960, onde o conceito high fidelity chega- va com os sis- temas de som estéreo. Hoje, a digitalização democratiza a música, mas, em contrapartida, es- cutar música deixou de ser uma grande ex- periência”, avisa. As canções de Alta Fideli- dade falam da vida, dos amo- res, das andanças, do mar, até de uma morena que lhe seduz. Todas as faixas dialo- gam entre si, num disco bem trabalhado, nas letras e ar- ranjos que lembram a per- formance de seu pai, Wilson Simonal. “Eu sinto que, natu- ralmente, o Simonal é uma das minhas influências, como são Jorge Benjor, o Tim Maia, a Elis, a Elza Soares, Marvin Gaye, etc. Nesse CD, das onze canções, dez são inéditas e todas mi- nhas melodias. Então, acredi- to ser natural exibir essas re- ferências diluídas nas minhas composições e na forma de in- terpretá-las”, justifica. Gravado entre São Paulo e Rio de Janeiro, Alta Fideli- dade traz além das inéditas a releitura de “Falso amor”, de Jair Oliveira, que também é mostrada em versão Remix. As parcerias de Simoninha são Mu Chebabi (“Quebra” e “Nós dois”), João Sabiá (“Me- ninas do Leblon”), Edu Krie- ger (“Morena rara”), Carlos Rennó [“Paixão (Meu time)”], Bernardo Vilhena (“Pois é, po- eira”), João Marcello Bôscoli e Marcelo Lima (“Quando”). “O disco foi gravado en- tre as duas cidades que gos- to muito. E eu sou isso, essa mistura - metade carioca e a outra paulista. E vou vivendo e produzindo”. A canção “Meninas do Leblon” fala de inúmeras be- lezas, até da oitava maravilha do planeta, criada por ele, o horizonte Dois Irmãos, que poderá vir a ser a musica de trabalho desse novo disco de Simoninha. “Por enquanto não é a de trabalho. Mas gosto muito dessa homenagem ao Rio, ao Leblon e claro, às meninas. A que tem tocado muito por aqui é a canção ‘Versos fáceis’”. “Versos fáceis” tem versos sedutores: “Na minha laje tem um jardim, de flores e can- ções, doces e paixões. Queria ter esse jardim em mim, para poder acreditar em nós, e me deixar levar, par ser você e eu”. A segunda faixa, “Quan- do”, começa com uma onda forte, essa coisa do mar fi- car de pé. É uma canção que mexe com a natureza do artis- ta, de gostar tanto do mar que encontra essa luz do olhar de outra pessoa. “Sim, o mar sempre está presente em mim. Estou vivendo muito entre Rio e São Paulo, mas não tiro os olhos do mar”. NO MAR De olho Wilson Simoninha volta a lançar um disco após cinco anos, lembrando dos anos 1960: ‘Escutar música deixou de ser uma grande experiência’ ‘É importante ser popular’, conta A canção “Morena rara” é bem popular e vai estourar nas para- das: “Ela chega na ba- tucada/ Três e meia da madrugada/ Lua cheia não deixa o sol raiar”. Ele concorda: “Claro! É importante ser popu- lar. Se essa canção com a letra do Edu Krieger me ajudar a isso, terei o maior orgulho. É uma boa canção. É um samba com piano Fender Rho- des e Orgão B3. Uso ou- tros elemen- tos e mesmo assim ela tem uma boa pegada de samba”. Simo- ninha está na estrada há muito tempo, com cinco CDS lançados e produções de projetos culturais, até a dire- ção musi- cal do lon- ga Por Trás do Pano, de Luiz Villa- ça, com Denise Fraga. O que vem por aí? “Na S de Sam- ba, minha produtora em parceria com o Jair Oliveira e João Bap- tista faze- mos muitas coisas e te- mos muitos projetos em andamen- to. Espero finalizar o DVD do show do Simonal com a Sarah Vaughan gravado em 1970 até o final do ano”, avisa. Todo esse tem- po sem gravar, ele e o irmão Max de Castro estavam na estrada com o Baile do Simonal que homenageia o pai e que já rendeu CD, DVD e ex- tensa turnê. “As últimas apre- sentações foram em Por- tugal. Tivemos a alegria de dividir o palco com artistas incríveis de di- versas gerações e esti- los da música portugue- sa como a Marisa, Rui Veloso e a Áurea. Isso é realmente uma grande conquista”, fecha. Em nome do pai Simoninha e Max de Castro estiveram na estrada com o Baile do Simonal ALTA FIDELIDADE, de Wilson Simoninha. Som Livre, 2013. R$ 27,90.

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Page 1: CC11 De olho NO MAR - Simoninha · lezas, até da oitava maravilha do planeta, criada por ele, o horizonte Dois Irmãos, que poderá vir a ser a musica de ... 5/22/2013 5:11:40 PM

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CCADERNO ADERNO 22C1C1Paraíba Paraíba Quinta-feira, 23 de maio de 2013 Quinta-feira, 23 de maio de 2013

CORREIO DA PARAÍBACORREIO DA PARAÍBA

KUBITSCHEK PINHEIRO

Alta Fidelidade. Esse é o nome do novo CD de Wil-son Simoninha, que estava há cinco anos sem gravar. O disco é todo autoral. O nome do disco nos remete, claro, para a expressão “high fideli-ty”, que aparecia estampado nas capas dos LPs dos anos 1960, como uma marca de alta qualidade. O selo é da Som Livre.

A ideia de colocar esse nome no CD, contou Si-moninha ao CORREIO, veio de um insight, uma provocação, um compromisso. “Que-ria algo que signifi-casse meu respeito pela música em todas as etapas de criação e de gravação. Uma l e m b r a n -ça dos anos 1960, onde o conceito high fidelity chega-va com os sis-temas de som estéreo. Hoje, a digitalização

democratiza a música, mas, em

contrapartida, es-cutar música deixou

de ser uma grande ex-periência”, avisa.

As canções de Alta Fideli-dade falam da vida, dos amo-res, das andanças, do mar, até de uma morena que lhe seduz. Todas as faixas dialo-gam entre si, num disco bem trabalhado, nas letras e ar-ranjos que lembram a per-formance de seu pai, Wilson Simonal.

“Eu sinto que, natu-ralmente, o Simonal é uma das minhas influências, como são Jorge Benjor, o Tim Maia, a Elis, a Elza Soares, Marvin Gaye, etc. Nesse CD, das onze canções, dez são inéditas e todas mi-

nhas melodias. Então, acredi-to ser natural exibir essas re-ferências diluídas nas minhas composições e na forma de in-terpretá-las”, justifica.

Gravado entre São Paulo e Rio de Janeiro, Alta Fideli-dade traz além das inéditas a releitura de “Falso amor”, de Jair Oliveira, que também é mostrada em versão Remix. As parcerias de Simoninha são Mu Chebabi (“Quebra” e “Nós dois”), João Sabiá (“Me-ninas do Leblon”), Edu Krie-ger (“Morena rara”), Carlos Rennó [“Paixão (Meu time)”], Bernardo Vilhena (“Pois é, po-eira”), João Marcello Bôscoli e Marcelo Lima (“Quando”).

“O disco foi gravado en-tre as duas cidades que gos-to muito. E eu sou isso, essa mistura - metade carioca e a outra paulista. E vou vivendo e produzindo”.

A canção “Meninas do Leblon” fala de inúmeras be-lezas, até da oitava maravilha do planeta, criada por ele, o horizonte Dois Irmãos, que poderá vir a ser a musica de trabalho desse novo disco de Simoninha.

“Por enquanto não é a de trabalho. Mas gosto muito dessa homenagem ao Rio, ao Leblon e claro, às meninas. A que tem tocado muito por aqui é a canção ‘Versos fáceis’”.

“Versos fáceis” tem versos sedutores: “Na minha laje tem um jardim, de flores e can-ções, doces e paixões. Queria ter esse jardim em mim, para poder acreditar em nós, e me deixar levar, par ser você e eu”.

A segunda faixa, “Quan-do”, começa com uma onda forte, essa coisa do mar fi-car de pé. É uma canção que mexe com a natureza do artis-ta, de gostar tanto do mar que encontra essa luz do olhar de outra pessoa. “Sim, o mar sempre está presente em mim. Estou vivendo muito entre Rio e São Paulo, mas não tiro os olhos do mar”.

NO MARDe olho

Wilson Simoninha volta a lançar um disco após

cinco anos, lembrando dos anos 1960: ‘Escutar

música deixou de ser uma grande experiência’

‘É importante ser popular’, contaA canção “Morena

rara” é bem popular e vai estourar nas para-das: “Ela chega na ba-tucada/ Três e meia da madrugada/ Lua cheia não deixa o sol raiar”. Ele concorda: “Claro! É importante ser popu-lar. Se essa canção com a letra do Edu Krieger me ajudar a isso, terei o maior orgulho. É uma boa canção. É um samba com piano Fender Rho-des e Orgão B3. Uso ou-tros elemen-tos e mesmo assim ela tem uma boa pegada de samba”.

S i m o -ninha está na estrada há muito

tempo, com cinco CDS lançados e produções de projetos culturais, até a dire-ção musi-cal do lon-ga Por Trás do Pano, de Luiz Villa-ça, com Denise Fraga. O que vem por aí? “Na

S de Sam-ba, minha produtora em parceria com o Jair Oliveira e João Bap-tista faze-mos muitas coisas e te-mos muitos projetos em andamen-to. Espero

finalizar o DVD do show

do Simonal com a Sarah Vaughan g r a v a d o em 1970 até o final do ano”, avisa.

T o d o esse tem-po sem gravar, ele

e o irmão Max de Castro estavam na estrada com o Baile do Simonal que homenageia o pai e que já rendeu CD, DVD e ex-tensa turnê.

“As últimas apre-sentações foram em Por-tugal. Tivemos a alegria de dividir o palco com artistas incríveis de di-versas gerações e esti-los da música portugue-sa como a Marisa, Rui Veloso e a Áurea. Isso é realmente uma grande conquista”, fecha.

Em nome do paiSimoninha e Max de Castro estiveram na estrada com o Baile do Simonal

ALTA FIDELIDADE, de Wilson Simoninha. Som Livre, 2013. R$ 27,90.