cbbd oclc relato de experiência rede de conhecimento intercultural e profissional

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Redes de Conhecimento REDE DE CONHECIMENTO INTERCULTURAL E PROFISSIONAL: TECENDO A VIVÊNCIA COMO FELLOWS DO PROGRAMA IFLA/OCLC EM 2006 E 2007 RELATO DE EXPERIÊNCIA ELISANGELA ALVES SILVA Biblioteca Monteiro Lobato – R. General Jardim, 485, São Paulo, SP - Brasil [email protected] JANETE S. B. ESTEVÃO O Boticário - Av. Rui Barbosa, 3450, São José dos Pinhais, PR – Brasil [email protected] Relato de Experiência submetido à avaliação da Diretoria Técnica-Científica do XXIII CBBD 1

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Redes de Conhecimento

REDE DE CONHECIMENTO INTERCULTURAL E PROFISSIONAL: TECENDO

A VIVÊNCIA COMO FELLOWS DO PROGRAMA IFLA/OCLC EM 2006 E 2007

RELATO DE EXPERIÊNCIA

ELISANGELA ALVES SILVA

Biblioteca Monteiro Lobato – R. General Jardim, 485, São Paulo, SP - Brasil

[email protected]

JANETE S. B. ESTEVÃO

O Boticário - Av. Rui Barbosa, 3450, São José dos Pinhais, PR – Brasil

[email protected]

Relato de Experiência submetido à avaliação

da Diretoria Técnica-Científica do XXIII CBBD

2009

1

Page 2: CBBD OCLC Relato De Experiência   Rede De Conhecimento Intercultural E Profissional

REDE DE EXPERIÊNCIA INTERCULTURAL E PROFISSIONAL: TECENDO A

VIVÊNCIA COMO FELLOWS DO PROGRAMA IFLA/OCLC EM 2006 E 2007

RELATO DE EXPERIÊNCIA

RESUMO

Relata sobre o programa de intercâmbio profissional realizado nos períodos abril

a maio de 2006 e 2007, respectivamente, às bibliotecas e instituições dos Estados

Unidos, Holanda e Alemanha como parte do programa patrocinado pela IFLA -

International Federation of Library Associations and Institutions, OCLC - Online

Computer Library Center e ATLA - American Theological Library Association.

Caracterizou-se uma oportunidade para conhecer iniciativas de cooperação

regional e global, compartilhamento de recursos informacionais, processos e

serviços desenvolvidos por profissionais da informação, além de novas redes de

formação profissional.

Palavras-chave: Biblioteca – visita internacional; Bibliotecário – experiência

internacional; Intercâmbio bibliotecário; Formação profissional.

1. Introdução: sobre o Programa

O programa nomeado “IFLA/OCLC Early Career Development Fellowship

Program” é patrocinado pela IFLA - International Federation of Library

Associations and Institutions, OCLC - Online Computer Library Center e ATLA -

American Theological Library Association, três grandes instituições internacionais

nas áreas de Biblioteconomia, Tecnologia da Informação e Ciência da

Informação. É destinado ao desenvolvimento de profissionais em início de

carreira, oriundos de países com economia em desenvolvimento, que buscam a

educação continuada no campo da Ciência da Informação. O programa inclui

palestras, seminários e aconselhamento profissional, além de proporcionar aos

participantes oportunidades para explorar tópicos relacionados à tecnologia da

informação, operações e gerenciamento de bibliotecas, bem como o trabalho

cooperativo global.

Os participantes visitam bibliotecas norte-americanas e européias

selecionadas, instituições de patrimônio cultural e organizações bibliotecárias,

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além de participarem como ouvintes de uma reunião do Conselho de Membros da

OCLC, com o objetivo de observar as questões que afetam a cooperação global

de bibliotecas e a governança de uma cooperativa de bibliotecas global. Além

disso, os participantes fazem apresentações sobre os seus países de origem e

bibliotecas, conhecem profissionais renomados e discutem soluções concretas

para os desafios que as bibliotecas enfrentam atualmente.

2. Redes de Aprendizado: “Redes que a razão desconhece”

Disseminar informações, sistematizar aprendizados, fomentar ações

protagonistas e de construção de conhecimentos são objetivos que, de um modo

geral, permeiam a vida de bibliotecários e das pessoas comprometidas com a

área de informação e educação. Sobretudo, quando percebemos que mesmo com

todas as adversidades é possível reverter o quadro de iniqüidades que permeiam

nossa sociedade. Para isto, tão importante quanto a base teórica é o aprendizado

compartilhado: o que já foi feito e deu certo – ou errado - trocar experiências,

informações, cooperação entre trabalhos e assim aprimorarmos tanto

profissionalmente bem como eliminarmos estereótipos que bibliotecários já

sofreram e ainda sofrem.

Em busca de aprimoramento profissional nos períodos de abril a maio de

2006 e 2007, respectivamente, com outros quatro colegas oriundos de paises em

desenvolvimento, sob a supervisão das equipes das instituições mencionadas,

visitamos bibliotecas, arquivos, museus e centros de documentação de naturezas

diversas nos Estados Unidos, e no ano de 2007 acresceram ao roteiro algumas

instituições da Holanda e Alemanha, onde entre outros aspectos, foi possível

notar a intensa ação em rede destas instituições. Há redes de bibliotecas rurais,

redes de bibliotecas de empresas, que eventualmente podem competir entre sí,

mas compartilham informações e procedimentos técnicos.

De fato a literatura nos mostra que o trabalho pessoal em rede é tão antigo

quanto a história da humanidade, mas é com o desenvolvimento das tecnologias

de informação, mais recentemente a Internet, que fica mais evidente a noção de

estar conectado a uma rede global.

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Para Castells (1999), a organização em rede é a marca mais importante

das estruturas sociais contemporâneas. Esse mesmo enfoque é ressaltado por

Capra (2002, p. 267), ao tratar da importância das redes:

[...] na era da informação – na qual vivemos – as funções e processos sociais organizam-se cada vez mais em torno de redes. Quer se trate das grandes empresas, do mercado financeiro, dos meios de comunicação ou das novas ONGs globais, constatamos que a organização em rede tornou-se um fenômeno social importante e uma fonte crítica de poder.

Neste sentido, nenhuma organização tem condições de abarcar

informações em volume e abrangência sem a formação de alianças e relações.

No que tange a questão do acesso, inúmeras iniciativas estão em

desenvolvimento e a noção de rede perpassa este caminho, assim como desperta

o interesse em trabalhos teóricos e práticos de campos interdisciplinares.

A necessidade de compartilhar e buscar transformações sociais, ou simplesmente

aprimoramento nas rotinas de trabalho, é a base da formação das redes. Para

Amaral (2002, p. 2):

trabalhar em rede traz grandes desafios pessoais e profissionais, pois a evolução no domínio das técnicas de comunicação, o uso habilidoso e criativo das ferramentas tecnológicas, a revolução cultural, a internalização dos fundamentos não podem ser processos apenas individuais, têm que ser coletivos.

Igualmente, destaca-se a especial relevância que é o uso da informação no

trabalho das redes: é a informação que lhes dá suporte e consistência. Aprender

a buscar as informações necessárias, reconhecer e mensurar suas fontes, bem

como definir a dinâmica contemporânea do aprender a aprender e mais do que

isto: aprender a compartilhar, faz parte da rotina das redes formais e informais

que se estabelecem.

Em busca de aprimoramento das informações e técnicas profissionais,

outro aspecto nos chamou a atenção: a intensa busca por qualificação

profissional, com destaque para a utilização do E-learning como ferramenta de

ensino e aprendizagem.

Desenvolvido originalmente pela Fundação Bill & Melinda Gates, o portal

WebJunction (http://www.webjunction.org/) é disponibilizado pela OCLC, em

parceria com outras instituições da área de ensino e Tecnologia da Informação. O

portal funciona como uma comunidade online dedicada a suprir as necessidades

de aprendizado e treinamento. Através de uma assinatura, o portal disponibiliza

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artigos, fóruns de discussão e cursos, alguns gratuitos, com o objetivo de

estabelecer redes de informações e aprendizado relacionados ao universo das

bibliotecas, centros de informação e documentação, tais como: softwares e

aplicativos, serviços e habilidades interpessoais, gestão e serviços de bibliotecas,

redes e segurança da informação, sistemas de automação e operacionais, gestão

organizacional, gestão pessoal, tecnologia em geral, desenho e desenvolvimento

de sites.

De fato, estrategicamente os serviços de informação devem refletir sobre

seus sistemas e sugerir novas possibilidades para integrar e aprender com as

ferramentas de ensino à distancia. Pois, embora sua eficácia didática seja ainda

questionada, o fato é que cada vez mais, sobretudo nos Estados Unidos, o e-

learning tem seu uso ampliado visto o contexto da praticidade, economia de

tempo e recursos diversos aplicados à ferramenta de ensino.

3. Visitas realizadas

3.1 Instituições Mantenedoras do Programa

3.2 Bibliotecas Públicas

The Library of Congress – na Instituição Cultural mais antiga dos

Estados Unidos verificamos problemas como falta de espaço físico e

de recursos financeiros.

Chicago Public Library – nove andares aberto ao público de qualquer

faixa etária e amplo acervo para outras nacionalidades. Curiosidade:

no último andar há um amplo e decorado salão de festas disponível

para realização de eventos diversos.

Westerville Public Library – entrega e retirada de empréstimos

nas residências da cidade, serviço “drive-thru” de empréstimos,

sala de jogos (vídeo-games) para jovens, entre outras ações.

Columbus Metropolitan Library – eleita a melhor biblioteca pública

dos EUA, em que até os bebês têm hora do conto.

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National Library of the Netherlands – intensa preocupação com

preservação de documentos, entre os quais, há manuscritos

medievais, entre muitas raridades. O escritório-sede da IFLA fica

neste prédio.

The German National Library – com um peculiar histórico, a

Biblioteca Nacional da Alemanha é divida em três diferentes

cidades: Leipzig, Frankfurt e Berlim.

3.3 Associações

American Library Association – foi apresentada a estrutura da

instituição e o intenso trabalho de credenciar instituições de ensino,

atividade semelhante ao MEC no Brasil.

3.4 Universidades/Escolas

University of Illinois At Urbana-Champaign – A melhor escola de

Biblioteconomia dos EUA.

The Ohio State University – O maior repositório de acervo

automatizado (onde o critério para armazenar livros é o tamanho).

Mortenson Center for International Library Programs –

Promove programa de capacitação profissional tecnológica para

bibliotecários, com duração de 2 meses até 1 ano.

3.5 Consórcios e redes

Ohio Library and Information Network – Consórcio de 88

bibliotecas universitárias e escolares, além da Biblioteca Estadual de

Ohio.

3.6 Serviços da OCLC – Apresentação e Treinamentos

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4. Considerações finais

O programa é um marco na vida dos participantes, seja pelo aprendizado

em grupo, pelas visitas às diversificadas instituições propostas e, sobretudo, pela

convivência com culturas e realidades plurais. O trabalho cooperativo mostrou-

nos possibilidades e novas oportunidades e aprimorar a rotina bibliotecária não

apenas com valorosos dispositivos tecnológicos, mas principalmente com atitudes

e vontade de fazer a diferença em nossas comunidades, como nos mostrou um

colega de Ruanda, cuja guerra civil destruiu todas as instituições de memória,

além das vidas que ceifou e que hoje através de uma rede informal de contatos

em escolas busca a reconstrução de bibliotecas em seu país. Ou o colega do

Quênia, que através desse programa teve acesso às iniciativas de fomento e

investimento americanos em bibliotecas estrangeiras, conseguindo para seu país

a doação de um volume generoso de livros para a criação, bem como a

ampliação de bibliotecas em Nairobi.

Planejar a carreira profissional, considerando-se o aprendizado constante e

conjunto. Aprender a aprender e a compartilhar, não deixando de aprimorar os

conhecimentos, esses foram os grandes legados do Programa. Pode-se perceber

que há possibilidades, alternativas, criatividade e comprometimento de

bibliotecários e suas equipes dos diversos centros de excelência que tivemos a

oportunidade de visitar, e como encontraram soluções para questões que atingem

a todos nós, principalmente no que se refere aos desafios do compartilhamento

de informações.

Dos colegas oriundos de várias culturas, pode-se aprender com suas

dificuldades e limitações, mas também com suas estórias de sucesso e

perseverança em promover uma sociedade mais igualitária através do acesso à

informação. Proporcionou também a percepção no âmbito coletivo do nosso

ofício, de que o compartilhamento de recursos e de informações entre os colegas,

as bibliotecas e os órgãos da profissão, além da disseminação da idéia de que

precisamos estar unidos para nos fortalecer, proporcionará maior visibilidade e

reconhecimento do nosso trabalho perante os usuários, nossas instituições e a

sociedade.

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5. Referências Bibliográficas

AMARAL, V. Desafios do trabalho em rede. Disponível em:

<http://www.rts.org.br/biblioteca/desafios-do-trabalho-em-rede/at_download/arquivo>.

Acesso em: 18 set. 2007.

CASTELLS, Manuel. Internet e sociedade em rede. In: MORAES, Denis de (org.).

Por uma outra comunicação: mídia, mundialização cultural e poder. Rio de

Janeiro: Record, 2003, p. 255-288.

_______. A galáxia da Internet: reflexões sobre a Internet, os negócios e a

sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. 244 p.

_______. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. 698 p.

CAPRA, F. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos.

São Paulo: Cultrix, 1996. p. 77-78.

_________. As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. São

Paulo: Cultrix, 2002. 296 p.

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