catequese preparatória para o ejv roma 2000 - 03

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3ª Catequese preparatória Encontro de Jovens Vicentinos “ As pobrezas” “Sempre tereis pobres entre vós” Mc. 14, 3-9. Esta é uma expressão pronunciada por Jesus em Betânia, quando foi ungido com um perfume muito fino, por uma mulher que lhe manifestou assim o seu amor, quando este gesto foi censurado por aqueles que comiam com Ele; têm sua plena realização nos dias atuais. Os pobres sempre estão entre nós e necessitam de nossa ajuda. Sempre tivemos pobres e em cada época a manifestação da pobreza tem sido diferente. Cada dia vemos aparecer novas formas de pobreza. Enquanto tivermos estruturas injustas, egoísmo e falta de solidariedade; em outras palavras, ausência de Deus no coração dos homens, sempre seguiremos tendo pobres entre nós. Deter-se a refletir sobre as distintas pobrezas em nossos próprios ambientes e culturas, buscar meios de combatê-las, é tarefa de todo Jovem Vicentino que quer ser fiel aos ensinamentos do Evangelho e à sensibilidade de São Vicente, o qual não exitava em afirmar que: “Os pobres são meu peso e minha dor” “Os pobres são nossos amos e senhores” “O pobre é Jesus Cristo” “Os pobres nos evangelizam” A presente catequese lança-se como um convite, para que tu descubras qual é tua responsabilidade Vicentina frente ao mundo destes pobres que te rodeiam. 1

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Page 1: Catequese Preparatória para o EJV Roma 2000 - 03

3ª Catequese preparatóriaEncontro de Jovens Vicentinos

“ As pobrezas”

“Sempre tereis pobres entre vós” Mc. 14, 3-9.

Esta é uma expressão pronunciada por Jesus em Betânia, quando foi ungido com um perfume muito fino, por uma mulher que lhe manifestou assim o seu amor, quando este gesto foi censurado por aqueles que comiam com Ele; têm sua plena realização nos dias atuais. Os pobres sempre estão entre nós e necessitam de nossa ajuda. Sempre tivemos pobres e em cada época a manifestação da pobreza tem sido diferente. Cada dia vemos aparecer novas formas de pobreza.

Enquanto tivermos estruturas injustas, egoísmo e falta de solidariedade; em outras palavras, ausência de Deus no coração dos homens, sempre seguiremos tendo pobres entre nós.

Deter-se a refletir sobre as distintas pobrezas em nossos próprios ambientes e culturas, buscar meios de combatê-las, é tarefa de todo Jovem Vicentino que quer ser fiel aos ensinamentos do Evangelho e à sensibilidade de São Vicente, o qual não exitava em afirmar que:

“Os pobres são meu peso e minha dor”“Os pobres são nossos amos e senhores”

“O pobre é Jesus Cristo”“Os pobres nos evangelizam”

A presente catequese lança-se como um convite, para que tu descubras qual é tua responsabilidade Vicentina frente ao mundo destes pobres que te rodeiam.

VIVEMOS

A REALIDADE DA POBREZA

I. A SITUAÇÃO: Os pré-julgamentos

“Hoje já não existem pobres”; “só é pobre aquele que quer sê-lo”; “ entre nós ninguém passa fome”; “apesar das dificuldades, hoje se vive melhor do que nunca”. Estes são os juízos que podemos mais ouvir com frequência. Também em círculos cristãos. Parece que uma venda nos tapa os olhos para não vermos a realidade. Uma venda feita de pré-julgamentos pessoais e sociais, nos quais facilmente nos enganchamos: a falta de solidariedade, o egoísmo,

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a adesão ao consumismo, o “salve-se quem puder”. “Não há pior cego que do aquele que não quer enxergar”. E parece que estamos nos especializando em não querer ver a pobreza ao nosso redor. Não é que não vejamos os pobres; é que desenvolvemos mecanismos para não “mirá-los”. Por exemplo:

1. Confundir a pobreza com a miséria. Outrossim, a miséria é somente a manifestação extrema da pobreza e, entre nós, não é a manifestação mais generalizada.

2. Entender a pobreza somente como carência de meios econômicos de subsistência. Todavia, a pobreza refere-se também à necessidade de participação e à possibilidade de exercer os direitos sociais básicos por parte dos pobres.

3. Fazer coincidir a pobreza com a marginalização. Outrossim, a pobreza não é somente marginalização; não é somente uma questão de atitudes e comportamentos. Há de se chegar, também, às estruturas e mecanismos que a produzem.

4. Pensar a pobreza somente como uma questão econômica, sem pensá-la também como “questão humana”. Todavia, ao se privar dos direitos sociais básicos, a pobreza situa pessoas, grupos e povos à margem do desenvolvimento humano pleno: “ à falta de bens materiais se acrescenta, aos pobres, a falta do saber e de conhecimentos, que os impede de sair do estado de uma humilhante dependência” (CA, 33).

5. Culpar os pobres pelas causas naturais de sua situação de pobreza. Porém, a pobreza é um grave problema de distribuição desigual dos meios de subsistência, destinados, originariamente, a todos os homens, e dos benefícios que esses meios se derivam. E isso sucede não por responsabilidade das populações indigentes, nem muito menos por uma espécie de fatalidade dependente das condições naturais ou do conjunto das circunstâncias (SRS, 9).

6. Manter obstinadamente o velho perfil de pobreza e de pobres. Mas a pobreza é uma realidade mutante, que hoje está muito ligada com os salários mínimos, as pensões ínfimas, as novas condições de trabalho, o aumento do custo de vida, a nova situação do meio rural, os fenômenos da imigração, as novas necessidades e os “fracassos” na educação e a conseqüente “cultura de rua”, a busca de “saídas” ou evasões…, tão presentes no mundo do crescimento e do desenvolvimento.

7. Distanciar-se efetivamente da pobreza do Terceiro Mundo. Todavia, a pobreza é um fenômeno mundial que não se soluciona somente com a resposta afetiva em momentos de graves crises (Etiópia, Ruanda…). Trata-se mais de um esforço solidário organizado, que esteja em direção à criação de uma Nova Ordem Econômica Internacional.

Pré-julgamentos todos que nos fazem ver a pobreza como ironia e a solidariedade como um vago sentimento. Sem embargo, a solidariedade “não é um sentimento superficial pelos males de tantas pessoas, próximas ou distantes. Ao contrário, é a determinação firme e perseverante de empenhar-se pelo bem comum, ou seja, pelo bem de todos e de cada um, para que sejamos todos verdadeiramente responsáveis uns pelos outros” (SRS, 38).

II. A SITUAÇÃO: Os números assustam

As cifras são frias, mas eloqüentes. Por elas devemos começar. Isso sim, pondo em cada número um rosto. Para todos, especialmente para os que crêem, os números de pobres são sempre “números com rosto”.

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1º - Em nosso planeta encontram-se, por um lado, países do Norte, com uma poderosa estrutura industrial, grande capacidade tecnológica, muitos serviços e abundantes bens. Por outro lado, os países do Sul, com uma estrutura industrial débil ou nula, serviços públicos deficientes e uma grande quantidade de pessoas que vive em condições desumanas.

NORTE SUL* 1.200.000.000 de pessoas * 4.100.000.000 de pessoas

(23% da população mundial) (77% da população mundial) *Posse: 84% dos bens *Posse: 16% dos bens

A forma mais extrema de pobreza no mundo se define como “pobreza absoluta” e significa uma condição de vida ao limite da sobrevivência, cifrada, concretamente, em uma renda de 270 dólares ao ano; mas este tipo de pobreza é muito mais que uma condição econômica. Extende-se, também, a outros aspectos da vida pessoal: indefesa face às enfermidades, analfabetismo, submissão e total insegurança ante às mudanças, etc…

*Pobres absolutos: 1.300.000.000 (um bilhão e trezentos milhões) de seres humanos (quase um terço da população mundial), sendo 70% destes mulheres.

Quase a metade dos pobres absolutos vivem na Ásia (778 milhões, ou 25% dos asiáticos). A África é o continente com a maior concentração de pobres (62% dos africanos); na América Latina existem 156 milhões de pobres, vivendo 35% de sua população na pobreza absoluta.

Um problema concreto, e especialmente alarmante, é o da fome.

OS FAMINTOS NO MUNDO: 768 MILHÕES DE PESSOASRegião Famintos (milhões) % população* América Latina 59 13%* O. Medio/África Norte 25 12%* África sub-sahariana 168 33%* Ásia 516 19%

2º - Também ao Norte existem pobres.Ao Norte, a expressão “pobre” se refere àquelas pessoas, famílias e grupos cujos recursos

– materiais, culturais e sociais – são tão limitados que os excluem do mínimo nível de vida aceitável nos estados membros em que vivem. E, segundo o critério estabelecido na União Européia, diz-se que uma pessoa é pobre quando não supera a metade da renda familiar líquida média de cada país. Pois bem, nesta situação há 50 milhões na U.E., 35 milhões nos Estados Unidos da América.

Também ao Norte, entre os pobres, distingue-se a situação da pobreza mais grave, que se denomina “pobreza severa”. E nesta situação, na Espanha, há aproximadamente 1.500.000 (um milhão e quinhentas mil) pessoas.

Hoje, mais do que nunca, a pobreza significa exclusão e isolamento social. Os pobres se encontram em uma situação de insegurança que lhes reafirma em seu fatalismo, desconfiança e falta de auto-estima. É comum que sucumbam a enfermidades, a transtornos mentais e a condutas “anti-sociais”, muitas vezes interpretadas pela sociedade como “defeitos patológicos”.

Voltando à pobreza severa: está crescendo o número de pessoas marginalizadas, sem moradia, abandonadas. Estão surgindo problemas preocupantes de desnutrição. Pessoas e grupos afetados por processos de empobrecimento acabam separados e excluídos da sociedade, considerados como uma “classe inferior”, tanto intelectual como moralmente. “os que não logram ir ao ritmo dos tempos podem ser facilmente marginalizados e, junto com eles, também os anciãos e os jovens que não podem enquadrar-se na vida social e, em geral,

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as pessoas mais deficientes e o chamado quarto mundo. Dentro desse quadro, a própria condição da mulher não é nada fácil (C.A., 33).

PARA A REFLEXÃO PESSOAL E/OU EM GRUPO

1. O que nos impede dar-nos conta da existência da pobreza e dos pobres?2. Enumeramos uma série de pré-julgamentos que nos impedem ver a pobreza e os

pobres. Quais estão mais presentes em seu meio e em sua própria vida pessoal?3. Há muita gente convicta de que o número de pobres que apontam as pesquisas e

estudos são exagerados. Qual é a tua/vossa opinião?4. 4. A pobreza severa é a que mais chama a nossa atenção. Em tua vida e em teu

ambiente, ela é a úncia que preocupa? É lógico que comecemos por aí – trata-se da pobreza mais visível – Onde estão, todavia, as outras pobrezas?

a) Maria é uma mãe jovem, tem 3 filhos:João, de 8 anos de idadeLuísa, de 6 anos eAndré, de apenas 2 aninhos.

Seu marido, Pedro, é alcoólatra, responde pouco pelo lar, maltratando permanentemente a sua esposa e seus filhos. João e Luísa não freqüentam a escola. Falta dinheiro. Muitas pessoas sabem de sua situação, mas pouco fazem alguma coisa para ajudá-los.

b) Eu vejo muitos pobres, muitas pessoas com fome e com frio, tristes, sem lar, maltratados, perseguidos… Vejo-os. E o que penso?

Como reajo?O que lhes digo?

Lembro-me deles em minhas orações?O que faço por eles?

Conto sua situação a outros?Tenho algum gesto de solidariedade para com eles?

Como expresso essa solidariedade?

APROFUNDAMOS

a) És jovem e rico! O que mais queres, Federico? Como reges tua vida? Assemelha-te em algo à vida de Federico? Em que sim? Em que não?

O COMPROMISSO CRISTÃO PELA CARIDADE E PELA JUSTIÇA

I. A SITUAÇÃO

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l. A extensa e generosa história da esmola tem marcado, de forma extensiva, o modo de responder os que crêem em Deus e a Igreja à realidade da pobreza. Apesar de se supor uma expressão de misericórdia, que pertence às melhores páginas de nossa nossa história de fé, tem-se podido configurar uma maneira de resposta, fazendo-a típica e quase exclusiva na consciência dos que crêem e na percepção dos mesmos (pessoas ou instituições).1. A complexidade que temos descoberto no problema da pobreza, hoje, nos pede

(aos que crêem em Deus) uma mentalidade aberta para desenvolvermos posturas novas e renovados meios de ação. Exigência que não é sempre percebida; tendemos a estar presos ao passado, neutralizando, assim, qualquer desenvolvimento novo de revisão e de ação.

2. Um tema de fundo, ainda não solucionado, é o da correta relação entre caridade e justiça. Custa-nos trabalho pensar e atuar em termos de justiça/ injustiça. Situamo-nos com mais comodidade a nível da “caridade”, com o perigo de desvalorizá-la, fazendo da mesma algo que encobre situações injustas que estariam reclamando outro tipo de ação por nossa parte.

3. A motivação da fé é sempre a caridade, mas uma caridade que não exclua ser também “caridade política”. A alguns de nós, esta expressão põe-nos nervosos. Estamos mais à vontade aliviando a pobreza que cooperando sincera e comprometidamente para a extinsão das causas que a geram.

4. Tivemos a oportundidade, inclusive, de cooperar no sentido de que muita gente, sem desenvolver decididamente como estão vivendo a justiça, encontrem no exercício da caridade um bom tranquilizante para sua consciência.

5. A resposta necessária, aos casos em que estão em jogo a sobrevivência de muitos e a acolhida do progressivo número de marginalizados, que vai produzindo nossa sociedade, é tão urgente e exige tanta dedicação de recursos e de pessoas, que pode estar consumindo todas as nossas energias. Seria muito bom que “as árvores não impedissem a visibilidade do bosque”.

6. Nem sempre estamos dispostos a revisar, com simplicidade, nosso compromisso caritativo e social, levando em conta estes critérios:

se são ações com as quais expressamos um elemento que não pode faltar na pastoral da Igreja;

se são ações marcadas por um elemento transformador, porque incidem nos problemas principais dos pobres e provocam uma autêntica entrega pessoal e solidária;

se são ações que, em coordenação e diálogo com outros grupos privados e públicos, não perdem, todavia, sua própria maneira de ser e de se relacionar com os mesmos pobres.

II. A MOTIVAÇÃO

1. Uma questão moral.Ao conhecimento da existência dos pobres e das causas que geram a pobreza, deve-se

acrescentar, como suporte cristão, o conhecimento dos “princípios e critérios de juízo” sobre essa mesma realidade, e o compromisso de caridade, justiça e solidariedade, que transfere tal conhecimento para as comunidades e para cada um dos cristãos.

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Neste sentido, e antes de sublinhar a motivação de fé de nossa ação, é bom rever alguns valores éticos globais que o documento A Igreja e os Pobres (I.P.) faz da presente configuração sócio-econômica:

* “ a raiz da pobreza se encontra na mesma entranha de um sistema sócio-econômico que, se não é devidamente corrigido, está baseado exclusivamente na concepção utilitarista e funcional do ser humano, na filosofia da desigualdade, nos ´mecanismos perversos`da ambição e do lucro desordenados, e na sede de poder a qualquer preço e de qualquer maneira, com todas as funestas conseqüencias que suportam os mais fracos” (I.P. 38).

* “ a paralização forçada do trabalho é uma dos males mais graves de nossa sociedade, já que priva o homem do direito fundamental ao trabalho, como desenvolvimento de sua personalidade e como meio normal de ganhar o necessário para viver dignamente, tanto ele como sua família. Pelo mesmo é provavelmente a causa mais importante e decisiva da gênesis da pobreza” (I.P. 42)

* “ um sistema econômico que chega a conviver firmemente, e até estar de acordo culpavelmente com o câncer da paralização massissa e obrigatória, é um sistema gravemente enfermo, que é necessário corrigir e curar, buscando com empenho os remédios que sejam fundamentais” (I.P. 42).

* “ quando não existe uma política social adequada e suficiente, também são produzidas muitas e graves injustiças que não podemos aceitar ou permanecer em silêncio” (I.P. 40).

2. Arrancar de nossas próprias raízes:* O compromisso cristão em favor dos pobres se sustenta em profundas convicções de fé:

Deus e Cristo têm optado, preferencialmente, pelos pobres. Como conseqüencia desta opção de Deus e de Cristo, a Igreja – cada uma de suas comunidades e cada cristão com estas – opta pelos pobres, comprometendo-se em seu favor, sabedora de que o caminho de sua autenticidade se lança na atitude que tome ante os pobres. Somente a experiência gratuita do Deus-Amor pode arrancar os compromissos mais generosos dos cristãos.

* À margem destes fundamentos, a ação caritativa e social perderá profundidade evangélica e eficácia social. Desde eles, a Igreja Diocesana deve-se situar responsavelmente frente ao mundo da pobreza e a marginalização, contribuindo para o impulso da fraternidade, da solidariedade e da construção de uma nova ordem social.

3. Como Igreja que segue a Jesus: * A Igreja continua a missão de Cristo, evangelizador-servidor dos pobres. Aí está o

autêntico e pleno sentido da ação caritativa e social da Igreja e dos cristãos (Lc 4, 18-19). Por isso, esta ação é constitutiva da evangelização.

Isto exige: integrar bem a ação caritativa e social na pastoral de nossa Igreja; convocar toda a comunidade cristã (não só um grupo) em nossa resposta. Sem a

intervenção de toda a comunidade cristã, a ação se resume em simples serviços e os agentes sociais se convertem em meros funcionários de agências prestadoras de serviços.

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4. “ …para que o mundo creia”

* o mundo da pobreza e dos pobres interpela a credibilidade da Igreja e a sua missão profética. Nele, lança-se a Igreja a caminho de sua autenticidade e de seu testemunho evangelizador. Um testemunho que, baseado na dignidade dos pobres, tem que inspirar-se em valores e critérios fundamentais, como são:- a defesa dos direitos humanos;- o “bem comum” temporal;- a solidariedade;- a subsidiariedade.

5. Três momentos de um mesmo caminho

“Colocar-se ao lado dos pobres e ao seu lado” significa atuar contra sua pobreza e contra as causas que a geram. Poderíamos apontar três momentos:*Momento da encarnação ou introdução (conf. Fil 2,6-7). Como o Mestre: entre os pobres para, a partir deles, “poder analisar as situações com realismo, compartilhar seus problemas e buscar soluções”.* Momento de assumir sua causa. Entrar no dinamismo do empobrecimento enriquecedor de Cristo (conf. 2Cor 8,9): fazer nossa a causa dos pobres, solidarizar-nos com eles, pondo à sua disposição o que somos e o que temos. Propondo-nos como objetivos:- trabalho para todos;- distribuição justa da renda;- garantia dos direitos sociais em tempos de crises;- crescente desenvolvimento legislativo que promova a justiça social;- crescente participação na gestão econômica e política;- ações significativas que possam ajudar e criar esperança.

*Momento de assumir o seu destino“Se lutamos contra a injustiça, pondo-nos a favor dos oprimidos e dos pobres, temos

que compartilhar, também, o desprestígio, a marginalização, a perseguição e, quem sabe, até a morte”. Nós, discípulos, não somos maiores que o Mestre.

PARA A REFLEXÃO PESSOAL E/OU EM GRUPO

1. Lê e sintetiza as atitudes propostas

Lc 14, 12-14 …………………….. Convidados ao Banquete: Os pobresSt 1-10 …………………………… Tratar bem os pobres. Mt. 25, 31-45…………………… O Reino para os pobres e os que sofrem Mt. 5,2-12 ……………………… Bem-aventurados os pobres.

Que pensas sobre as atitudes de Jesus?Como te interpelam?Que lugar têm os pobres em tuas celebrações… em tuas festas…?Em tua via quotidiana, estabeleces diferenças de tratamento entre ricos e pobres?

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2. Como nos situamos frente à situação descrita no quesito 1? : para que direção caminham , preferencialmente, nossas respostas à pobreza e aos pobres?

3. Como deveríamos enfrentar o problema da pobreza a partir dos valores evangélicos? Parece-nos que nossa consciência cristã está suficientemente preparada para julgar evangelicamente o problema da pobreza?

4. Quais exigências pessoais e eclesiais nos projetam os três momentos do caminho do compromisso com os pobres? Revisarías teu projeto pessoal de vida até merecer a “Bem-Aventurança” do Evangelho?

ATUAMOS

“VOS ARRANCAREI O CORAÇÃO DE PEDRAE VOS DAREI UM CORAÇÃO DE CARNE”

1. A SITUAÇÃO: um coração de pedra

I. A abundância de casos de pobreza; a multiplicação de situações de carências em pessoas e em grupos, próximos ou distantes… estão provocando no coração de muita gente um sentimento de “normalidade”. A “paisagem” social já não é vista tão feia, a força de contemplá-la diariamente. Instala-se no coração uma corrente de indiferença. Como se a “coisa” não tivesse relação com cada um de nós.

II. Há muita gente boa e generosa que, em alguma ocasião, tem-se sentido enganada ou prejudicada por alguns pobres. Aumentam cifras e situações concretas sobre fraudes conseqüentes da falta de emprego. Há pessoas que se aproveitam da situação, tentando viver “às custas dos demais”. Circulam, com velocidade, os casos de “picaretagens”… começa a instalar-se, em muitos corações, uma atitude de desconfiança.

III. Casos extremos de pobreza têm levado muitas pessoas e grupos à marginalidade. Nesta, tem-se encontrado, às vezes, o caldo de cultivo para a delinqüencia e para o crime. O coração de muita gente começa a identificar o pobre como um delinqüente. Segue-se estendendo um sentimento de hostilidade: precisam defender-se dos pobres. Está-se instalando, em muitos corações, a cultura do desprezo.

IV. Uma falta generalizada de ética social, expressada em clamorosos casos de corrupção, aumenta o sentimento consciente ou incosciente de que hoje não se pode viver, senão seguindo esse mesmo caminho. Há uma desmoralização global, que converte a solidariedade em egoísmo selvagem.

V. Inclinados à prática do egoísmo desenfreado, estamos contribuindo para a maior crise de nossa sociedade: seu deslizamento pela ladeira do egoísmo e do preconceito, da injustiça e da falta de solidariedade. Fazemo-lo, por exemplo (Conf. I.P. 43-44):

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* quando negamos aos anciãos e, em geral, às pessoas não produtivas, o afeto e o calor humano, a proximidade e a atenção que tanto merecem e necessitam. Existem pessoas que, embora façam parte de nossa própria família, começamos a considerá-las como um obstáculo para o nosso “ritmo moderno de vida”;

* quando não abrigamos ou repudiamos os imigrantes, vindos de países pobres, buscando sua própria sobrevivência. Consideramo-os como competidores, interessados no muito ou pouco que temos. Também, quando nos aproveitamos de seu trabalho para aumentar nossa riqueza;

* quando nos mobilizamos somente para defender os interesses de nosso grupo ou setor, sem pensar nos interesses de outros grupos e coletividades mais desfavorecidos. Em tempos de crises, como o que vivemos, tendemos a fazer valer a frase feita : “o homem é o lobo do homem”;

* quando, em situações de crises como a que passamos, não nos importa desperdiçar bens sem medida, de maneira ostensiva e provocativa.

2. O CAMINHO: um coração de carne.

I. Manter sempre vivo o Sermão da Montanha.

Assumir um estilo simples de vida cristã, que une vida no Espírito e atitude frente à pobreza, insistindo em:

amor sincero à pobreza, como forma de vida modesta e simples, que evite ostentação de riquezas e a ansiedade por consumir ou gastar inutilmente o que outras pessoas necessitam para não morrer ou para viver com um mínimo de dignidade.

efetiva liberação do coração, frente à ânsia de riqueza e de posses, que termina por escravizar o coração humano.

sincera partilha com o pobre, nosso irmão: somos pessoas e instituições não somente para canalizar o que “compartem os demais”. Necessitamos de uma tendência pessoal de “ser para os demais”, na doação e na entrega.

predomínio do amor aos pobres sobre a burocracia: se nos faltasse o amor, nossas instituições seriam frias e sem alma; e à nossa ação caritativa e social faltaria impulso, entrega, constância, paciência, ternura e generosidade.

amor incansável: ante à fadiga de não se ver resultados; ante à insignificância diante os grandes problemas estruturais; ante à tentação de olhar para trás… “ a voz dos cristãos deve seguir ecoando para denunciar as sombras e anunciar as luzes… uma voz cheia de amor, para que os injustos se convertam e os pobres alcancem sua dignidade humana perdida”.

II. A união de muitos corações

* Nós, cristãos e instituições eclesiais, não devemos, nunca nem em nada,praticar atos sem ter consciência dos mesmos. Muito menos na ação caritativa e social. Nossa comunhão, não simplesmente estratégica, senão profundamente teológica, é fonte e expressão de nosso

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compromisso com os mais pobres. Eles são os preferidos na “comunhão” que recebemos e realizamos como tarefa.

* A coordenação sincera e cordial nos vêm, ademais, exigida:- pela urgência dramática da pobreza;- pela urgência de um testemunho eclesial, muito mais além das participações ou

preferências por associações concretas. Está em jogo a mesma credibilidade da missão para a comunhão;

- para que a evangelização seja completa;- para que não falte à pastoral – conjuntamente considerada- um elemento essencial.

* Devemos expressar a coordenação em algum caso concreto de comunhão de esforços, de análises, de programas, de respostas, de avaliaçã…, que nos ajude a todos (pessoas e instituições) a integrar o próprio trabalho e a integrar os próprios esforços, pessoais e coletivos, em um testemunho eclesial de caridade e de promoção da justiça. Fazemos, assim, de nossas Igrejas, o “sacramento de salvação” que estão chamadas a ser para todos, especialmente para os mais pobres.

III. Manifesto da Família Vicentina ante à pobreza, no início do Terceiro Milênio.

Os animadores internacionais, das diferentes associações que fazem parte da família vicentina, elaboraram o seguinte manifesto para nos sensibilizar-mos a favor das grandes necessidades dos pobres hoje, convidando-nos a assumir o compromisso de fazer que o jubileu seja vivido em função dos pobres:

Às portas do Grande Jubileu do Ano 2000Às Nações do Mundo e a todos os Povos de Boa Vontade

Em nome dos Pobres

<<Os pobres do mundo estão chamando à porta; pedem para comer conosco, a fim de unir-se aos convidados do banquete deste grande jubileu.(ver Apocalipse 3,20; comparar com Lc 16, 19-21).

Nós, membros da família vicentina internacional, que seguimos a Jesus Cristo a seu discípulo São Vicente de Paulo, temos em comum uma profunda inquietude pelo sofrimento dos pobres.

Reconhecemos os fatos e defendemos as convicções seguintes:

Cada ser humano possui uma dignidade fundamental e tem direito ao respeito. Formas de pobreza que existem desde muito tempo persistem, todavía, em

nossos dias: a ignorância, a fome, a falta de moradia, o desemprego, os baixos salários, as doenças, a intoxicação, a falta de higiene, a opressão, os estragos da guerra.

Novos pobres e novas pobrezas têm surgido entre nós: a AIDS, a ruptura das famílias, a impossibilidade de ter acesso à tecnologia, a poluição do meio ambiente, a cultura da morte.

Algumas destas pobrezas, entre as antigas e as novas, são reforçadas pelas estruturas de nossa sociedade.

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Cristo, nosso Salvador, vive e sofre hoje com os pobres. O amor afetivo aos pobres proclama a Boa Notícia de que o Reino de Deus está

próximo.

Nós, membros da família vicentina internacional, convidamos todos os povos a unir-se para escutar os gritos dos necessitados e para dar a resposta adequada. Juntos, podemos levar adiante o que, individualmente, não podemos fazer. Abramos as portas desta possibilidade que nos é oferecida:

Construindo uma cultura de solidariedade, de compreensão e de diálogo, enquanto cresce o nosso respeito pelos direitos de cada pessoa.

Pondo à disposição de cada pessoa, sem distinção de credo, raça ou de qualquer outro gênero, os meios de acesso à educação.

Assegurando um salário básico e digno a todos os trabalhadores. Aliviando o peso das dívidas daqueles que têm mais dificuldades para pagar,

sejam as referidas dívidas nacionais ou individuais. Oferecendo aos que têm fome o alimento e a forma que necessitam para

consegui-lo, podendo, assim, nutrir a si mesmos e às suas famílias.

Assim sendo, todos, ricos e pobres do mundo, poderemos unir nossos corações, celebrar o Grande Jubileu e nos dar as mãos para avançar juntos, rumo ao terceiro milênio.

Somos os responsáveis por alguns dos principais ramos da Família Vicentina Internacional:

A Associação Internacional de Caridades, fundada em 1617, com 260 000 membros.A Congregação da Missão de São Vicente de Paulo, fundada em 1625, 4000 membros.A Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, fundada em 1633, 25.000 membros.A Federação de Irmãs da Caridade de São Vicente de Paulo, fundada em 1734, mais de 4.5000 membros.A Federação de Irmãs da Caridade de tradição vicentina e setoniana, fundada em 1809, 7000 membros.A Sociedade de São Vicente de Paulo, fundada em 1833, 930 000 membros.Os Religiosos de São Vicente de Paulo, com fundação em 1845, 300 membros.A Juventude Marial Vicentina, fundada em 1847, 200 000 membros.A Associação Mariana da Medalha Milagrosa, fundada em 1905, mais de 6.000.000 de membros inscritos.

PARA UMA REFLEXÃO PESSOAL E/OU EM GRUPO:

1. Revisar as atitudes anteriores, pessoais e coletivas, a respeito dos pobres: indiferença, desconfiança, hostilidade…

2. Descobrir as manifestações concretas, pessoais e sociais mais alarmantes de egoísmo e falta de solidariedade. Descreve várias das novas pobrezas que tens descoberto no meio em que vives. Reflete sobre as causas da pobreza e, se tu és capaz, determina uma causa comum a todas situações de pobreza.

3. Como ajudar-nos , de forma mútua, a converter-nos de nossas atitudes de egoísmo e falta de solidariedade. Que gesto humanitário poderíamos praticar em nossa sociedade, tendo como pressuposto o nosso compromisso cristão?

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4. Buscando a união de muitos corações: como passar do exercício individual (pessoal ou institucional) da caridade a um testemunho comunitário e coordenado? Refletir sobre a maneira concreta de fazê-lo como Família Vicentina, descobrindo fórmulas para efetivar o manifesto de entrada vicentina no terceiro milênio.

5. Escreve ou atualiza teu projeto pessoal para o ano 2000, incluindo nele o que, mensalmente, poderás fazer em favor dos mais pobres. Relaciona-o com algumas soluções para aliviar o peso que carregam os mais pobres. Visita pessoalmente e promove, em teu grupo, visitas a pessoas muito necessitadas. Pode-se, também, envolver instituições nesse trabalho, buscando soluções concretas.

“Descobrir o pobre e continuar indiferentes é o mesmo que não viver ´em Cristo` a vida… É desconhecer o chamado do Evangelho”.

CELEBRAMOS

a) Necessitamos de um olhar atento e de um coração aberto para descobrir, dentre todos os que nos rodeiam, o rosto suficiente dos pobres. Eles nos miram e querem descobrir, em nossos gestos de bondade e de misericórdia, o rosto da Igreja. Olhamos para eles e descobrimos em suas faces a face de Cristo? Parece que a indiferença é o mal de nossos tempos; ela gera falta de solidariedade. Peçamos a Jesus e a Maria que nos ensinem a olhar com o coração e a ajudar, com zelo e presteza, os que de nós necessitam.

CANTO: “ENTRE NÓS ESTÁ E NÃO O CONHECEMOS”

Entre nós está e não o conhecemosEntre nós está e nós o desprezamos (bis)

Seu nome é Jesus Cristo e passa fomeE grita pela boca do faminto

E muitos, quando o vêem, passam adianteÀs vezes, pra chegar depressa à Igreja.

Seu nome é Jesus Cristo e está com sede…

b) Escutemos a Palabra de Deus… Mt. 25, 31-43

* Interiorizamos a mensagem recebida, em alguns momentos em silêncio… * Fazemos uma ressonância da Palabra e dizemos, em voz alta, o que essa Palavra despertou em nós.

c) Encenamos a Palavra: cada cena é seguida de uma frase proclamativa, repetida três vezes, com bastante intensidade, pelo leitor e pelo grupo.

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1. Um mendigo…Uma voz: Tive fome e tu me deste de comer!Todos: Tive fome e tu me deste de comer!Outra voz: (suavemente…) Tive fome e me deste de comer!

2. Uma mãe abandonada com vários filhos…Uma voz: Estive abandonado e tu me acolhete! Todos: Estive abandonado e tu me acolheste!Outra voz: (suavemente…) Estive abandonado e tu me acolheste!

3. Um menino de rua…Uma voz: Estive nu e tu me vestite!Todos: Estive nu e tu me vestiste!Outra voz: (suavemente…) Estive nu e tu me vestiste!

4. Um prisioneiro…Uma voz: Estive doente e na prisão, e tu vieste me visitar!Todos: Estive doente e na prisão, e tu vieste me visitar!Outra voz: (suavemente…) Estive enfermo e na prisão, e tu vieste me visitar!

Uma voz: Tudo o que fizestes a um destes irmãos meus mais necessitados, foi a mim que o fizestes!

Todos: (Repetem estas palavras, começando em voz alta e terminando suavemente…) A mim o fizestes!A mim o fizestes!A mim o fizestes! A mim o fizestes!

CANTO: “AQUÍ ME TENS, SENHOR!”

Tu me disseste, Senhor, que em meu caminhoIria encontrar famintos por meu pão,

Que haveriam sedentos que viriam à minha fonteEnfermos, tristes de frio e solidão.

Tu me disseste para sofrer pelo pobre,Que está desnudo, não tem liberdade

Que no ancião que espera tu me esperas,E que esse menino que de fome morrerá.

Aqui me tens, Senhor, eu quero amar-Te,Amando ao pobre e àquele que sofre mais;Teus são meu pão e água de minha fonte

Vem à minha casa e amor encontrarás. (bis)

No caminho há sempre um homem ferido,Que necessita de minha ajuda e de minha amizade,

Não mil discursos que falem de justiça,Nem palavras queo vente levará.

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No caminho, Jesus, me estás olhando,E em teu olhar há pena e solidão.

Quero entregar-Te minha alma e minha alegria,Toda minha vida em oferenda de amor.

c) Damos graças a Deus, porque suscitou em São Vicente de Paulo e em Santa Luísa de Marillac um profundo sentido humano perante as pobrezas de seu tempo, para remediá-las, sem qualquer distinção. (Em um ambiente de profundo silêncio… os jovens podem repetir frases tomadas de São Vicente de Paulo, com referência aos pobres. Não importa que se repitam…). Depois de alguns momentos, pode-se dar graças espontâneas, pelo Carisma que recebemos…e que hoje fazemos efetivo, a partir de nosso serviço.

c) Invocando a Maria, a mulher comprometida com o seu povo: a mulher do Magnificat, a qual foi capaz de denunciar, em seu Cântico, as injustiças dos poderosos, também nós podemos introduzir a proclamação do manifesto vicentino em favor dos pobres.

“MARIA, MÃE DA DOR”

Mãe, venho a ti,Meus irmãos estão sofrendo hoje,

Apresento-te àquele que nunca rezouPorque ninguém lhe havia falado de Ti.

Mãe, venho diante a ti,E te ofereço seus pesares e dores,O pranto daquela criança sem lar

E o velho que vive hoje na solidão.

Maria, Mãe do amor,Dá teu coração ao pé da cruz.

Maria, Mãe da dor,Leva-nos sempre junto a ti.

Mãe, quero rezar a ti,Com a fé dos enfermos em sua dor,Com aquilo que lhe custa pensar,

Mas vive constantemente em seu interior.

Mãe, quero recordarO que tem fome e o que sonha com a liberdade,

Aquele que é marginalizado sem razãoE morre, talvez, por semear a paz.

Mãe, pobre ante Deus,Que vivamos a pobreza como tu.Que Cristo, nosso irmão, seja luz

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E testemunhemos, com Ele, a Ressurreição.

CONCLUSÃO:

Depois de orar e celebrar, como temos feito hoje, só nos resta apresentar ao Senhor alguns compromissos pessoais. (estes compromissos podem ser escritos em alguns corações recortados em papel e preparados previamente, apresentando-os em um recipiente sobre o altar ou ante uma imagem frente a qual realizamos a celebração. Podem os mesmos serem queimados, enquanto se ouve a música em silêncio. O fogo simboliza o calor, a luz e a força com que assumimos tais compromissos).

Terminamos cantando:

“CRISTO” (ou outro)

Aí estás pregado em uma cruzAí estás e nos dizes: “não temáis”

Aí estás sofrendo tua agonia, porque estás aí.

Cristo, Cristo, hoje nos dás a vida,Dá-nos o teu amor.

Hoje sinto como gemes,Hoje sinto como choras.

Hoje sinto como deixa de bater teu coração.Hoje morres com o preso

E sangras com a criança abandonada e sem amor.

Hoje morres com o pobre,Sangras com o enfermo que sofre a dor.Cais com o oprimido e com o drogado.

Tu morres hoje, Senhor.

Hoje morres nas ruas,Perdido em qualquer banco

E choras nas praças nas quais se vendem os corpos.Morres pelo meu egoísmo, morres por minha apatia,

Choras a indigência que consume nossa vida.

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