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Catequese e Liturgia 9/1/2014 22:35 Pe. Wellington G. de Souza 1

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Catequesee

Liturgia

9/1/2014 22:35 Pe. Wellington G. de Souza 1

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A nós descei divina luz, A nós descei divina luz...

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Invocação ao Espírito Santo - Cardeal Verdier

Ó Espírito Santo, amor do Pai e do Filho,inspirai-me sempre o que devo pensar.

O que devo dizer.Como devo dizê-lo.O que devo calar.

O que devo escrever.Como devo agir.

O que devo fazer.Para obter a Vossa glória,

o bem do mundoe minha própria santificação.

Amém.

Catequesee

Liturgia

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"A catequese como educação da fé e a liturgia como celebração

da fé são duas funções da Única missão evangelizadora e

pastoral da Igreja. Ambas fazem parte da natureza e da razão de

ser da Igreja"

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IntroduçãoO que nós ouvimos, o queaprendemos, o que nossos pais noscontaram, não ocultaremos a nossosfilhos; mas vamos contar à geraçãoseguinte as glórias do Senhor, o seupoder e as obras grandiosas que Elerealizou. SI 78(77),3-4

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O Mistério Pascal é o coração do cristianismo. Aexplicitação de sua grandeza e relevância em nossavida é a grande tarefa da catequese e da liturgia.

A catequese, sem a liturgia, esvazia-se da dimensãodo Mistério e reduz-se a um amontoado deensinamentos e teorias sobre Deus e a Igreja, atébonitos, talvez, mas sem qualquer significado maisprofundo para a vida. Por outro lado, a liturgia, sema catequese, é carente do sentido do conteúdo dafé, que se consolida no aprofundamento damensagem cristã, o que a catequese assume comomissão própria.

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A nossa reflexão tem seu início na experiênciafundante do povo de Israel, a libertação do Egito,celebrada. sobretudo, na grande festa da Páscoajudaica.

Nossos pais contaram...

Vários elementos básicos na fé judaica também são parteimportante de nossa fé cristã: a crença no Deus único; a belezada aliança feita com Abraão, Isaac e Jacó e seus doze filhos; aimportância da prática da justiça, do culto, da oração, do amorao próximo; entre outros.

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A centralidade catequética e litúrgica da Páscoa judaica

“Ó Deus, ouvimos com os nossos próprios ouvidos, nossos pais nos contaram a obra que fizestes em seus dias, nos tempos de outrora“ Versículo 2 do Salmo 44(43).

A celebração da Páscoa é exaltada no ápice da liturgia judaica,que a ela dedicará uma esplêndida haggadah homilia. (Ex12,26-27).A celebração pascal integra, de modo dinâmico, a catequese(narração histórica) e a liturgia (celebração histórica).

A consciência histórica é profunda e todo judeu aprendedesde cedo que a história é o lugar privilegiado para oconhecimento e a celebração de Deus.

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A Páscoa tinha também uma dimensão social.

Catequese e liturgia no dia-a-dia da vida dos judeus

O judaísmo é uma cultura e uma religião que têm na família asua centralidade, e é dentro do lar e nos costumes inculcadospela família que todo judeu desenvolve sua fé e molda seuscomportamentos. A base religiosa da vida dos filhos é deresponsabilidade do pai e da mãe.

A iniciação catequética e litúrgica, portanto, aconteceprioritariamente em casa e de modo integrado. Não há umadistinção entre o que se sabe sobre Deus e a Deus. Oconteúdo catequético é o mesmo conteúdo litúrgico.

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Essa formação catequética e litúrgica não se dá somentepela palavra. A dimensão simbólica é fundamental para avivência religiosa e cultural do judaísmo.

No batente da porta das casas judias, há um mezuzá(pequeno pergaminho que contém o Shemá ("escuta, óIsrael, o Eterno é nosso Deus, o Eterno é Um ... ").

A cerimônia da maioridade religiosa dos filhos dosjudeus. Aos treze anos o menino se torna um barmitzvah (filho dos mandamentos), e a menina, aos doze,uma bat mitzvah (filha dos mandamentos, dasobrigações).Os filhos adquirem as obrigações legais e religiosasdos adultos.

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A importância do sábadoO shabat- o sábado -

Guardar o sábado, portanto, não é uma obrigaçãopesada, mas uma maneira de interromper e darsentido ao ritmo da vida com o descanso e mantera identidade comunidade.O shabat tem início na sexta-feira, antes do pôr-do-sol e vai até o sábado à noite.

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A certeza de que suas vidas estão sob o olhar de Deus e isso é amaior alegria - está presente em todo o simbolismo que cerca oshabat: roupas especiais, comidas apropriadas para o dia, velasacesas, músicas, histórias, estudo da Torah, visitas aos amigos e,especialmente, a presença na sinagoga. Tudo isso alimenta avida, refaz a emoção e a força n caminhada e cria laços defraternidade e amizade.Os judeus celebrem em todos os momentos e façam de todosos lugares ocasiões motivos para a oração, é na sinagoga que aassembleia judaica encontra o seu ponto de unidade e coesão.A Palavra a proclamada e trocada em miúdos sustenta a fé e oentendimento a respeito de Deus e da vida.

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O jeito judaico de ensinar vai em outradireção. Passa pela experiência, pelavivência, pela dimensão do simbólico, doorante e do ritual. As crianças crescemouvindo os grandes feitos de Deus na históriade seus antepassados e procurando discernira passagem desse mesmo Deus pela suahistória pessoal.A vida judaica, no seu todo, é marcada pelaoração.Grande parte do que um judeu deve crer,saber e praticar está sintetizada no Decálogo.É uma espécie de "catecismo essencial".

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O estilo das parábolas,

É um elemento da própria cultura judaica. Trata-sede um jeito alegórico de dizer algo, lançando mão decomparações e simbolismos comuns ao ,dia-a-diados ouvintes.

Podemos dizer que uma parábola tem duasfinalidades. A primeira é levar o próprio ouvinte atirar suas conclusões.

Outra tarefa da parábola é levar o ouvinte à tomadade atitude conseqüente à sua reflexão.

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Torna-se fundamental, para uma melhor interação entrecatequese e liturgia, olhar para o modo como naturalmente asduas dimensões da fé "se casam" perfeitamente no dia-a-diado povo judeu. Ele tem muito a nos ensinar, pois tantas vezesseparamos os conteúdos a serem aprendidos (catequese) deoutros a serem cridos e celebrados (liturgia), como se fossemdiferentes uns dos outros;Aprendemos com os judeus uma catequese e uma liturgia

mais simbólicas, mais vivenciais e menos áridas.Redescobrimos o valor do concreto e das coisas simples, quepodem ser sinais de Deus em nossa vida diária. O uso dasparábolas de ontem e de hoje é ótimo recurso metodológicopara nosso trabalho catequético;

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Assim como a Torah ocupa lugar privilegiadona catequese judaica, como fonte de alegriae orientação segura para a vida, que nossofazer e orar catequéticos tenham a Palavrade Deus escrita no Livro e na vida comoreferência primordial.

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Jesus: Mestre Orante

Jesus de Nazaré e as estruturas religiosas de seu tempo.

Como bom judeu, fiel às tradições de seu povo, Jesusfreqüentava assiduamente as sinagogas (cf. Mt 4,23; 13,54; Mc1,21; Lc 4,15; 4,31; 6,6) e tomava parte das preces e orações dotemplo (cf. Mc 14.49; 11.17; Lc 19.47; lo 18,20)‘ que ele mesmochamou de "casa de oração" (Mt 21. 13).

O fato de Jesus participar da vida litúrgica de seu povo nãosignifica que ele tenha aceitado sem questionamentos o modocomo os ritos eram cumpridos. muito menos o que estava pordetrás da mentalidade das autoridades religiosas e das classes

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Jesus e a "liturgia da vida“

A liturgia, para Jesus, não podia se prender a ritualismos, tãofreqüentes em sua época (e hoje também!), mas em recuperaras dimensões do amor ao Pai e ao próximo.

"Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e telembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa láa tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teuirmão; só então vem fazer a tua oferta" (Mt 5,23-24).

Aquela estrutura tão significativa para os judeus acabou por serfoco de severas críticas de Jesus, pois muitos deles o haviamtransformado num "covil de ladrões" ( Mt 21,13).

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Jesus, como Mestre da Oração, não podia deixar decensurar a hipocrisia dos que louvavam a Deus "da bocapra fora", mas não chegavam às últimas conseqüências daoração: "Este povo 'somente me honra com os lábios; seucoração, porém, está longe de mim". (Mt 15,8).

"Quando orardes, não façais como os hipócritas, quegostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas dasruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vosdigo: já receberam sua recompensa“ (Mt 6,5; cf. 15,7-11).

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A figura de Jesus como Mestre é ressaltada pelosevangelistas.É o catequista por excelência. Que faz ecoar a Boa Novado Reino, tornando-a Boa Vida para o povo,especialmente para os pobres. Seu propósitoevangelizador. (cf. Lc 4,16-21).

Mostrando que não pode haver catequese autênticaque não gere mudanças na vida da pessoa e dasociedade.

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Jesus ensinava na praia, nos campos, nas estradas, nas casas, notemplo (cf. Mc 4,1; 14,49; Lc 19,47; 20,1) e, especialmente, nassinagogas. Nessas casas de oração tão especiais para os judeus, Jesusinstruía o povo com sabedoria e autoridade (cf. Mt 4,23; 13,54) ecurava as doenças e enfermidades do povo.

Não havia contradição entre o quê pregava, o que fazia e o que era.Jesus chegava rapidamente ao coração das coisas, tocando nasquestões essenciais. Falava simplesmente a partir das experiênciasdiárias, mostrando a fisionomia de Deus em cada situação, desde asmais corriqueiras da vida. Vivia e ensinava uma espiritual idade docotidiano.

Evitava as disputas de escolas e as argumentações à base dasEscrituras, e recorria a elas para mostrar a história amorosa de Deus aser reescrita a cada instante da caminhada do povo. Era o pedagogo daoração!

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Catequese e Liturgia: Acenos Históricos

At 2,22-24). Portanto, o Mistério Pascal- com ênfase naRessurreição do Crucificado e suas conseqüências para a vidaprática são o cerne, o foco mais importante da catequese, daliturgia e de toda a vida cristã.

Crer o que se reza, rezar o que se crê.Os primeiros cristãos freqüentavam as sinagogas e nelasbuscavam uma compreensão mais exata da Palavra de Deus,então lida sob uma nova ótica: a pessoa e o projeto de Jesus.Olhar para trás e fazer uma releitura da história da salvação apartir do Mistério Pascal de Jesus foi, portanto, o modo criativoque os seguidores de Jesus descobriram para aprofundar suanova prática.

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ATOS DOS APÓSTOLOS 2, 42-47

42. Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reuniãoem comum, na fração do pão e nas orações.43. De todos eles se apoderou o temor, pois pelos apóstolosforam feitos também muitos prodígios e milagres em Jerusaléme o temor estava em todos os corações.44. Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum.45. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um.46. Unidos de coração freqüentavam todos os dias o templo.Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria esingeleza de coração,47. louvando a Deus e cativando asimpatia de todo o povo. E o Senhor cada dia lhes ajuntavaoutros que estavam a caminho da salvação.

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Os conteúdos da fé necessários para quem seconvertia ao cristianismo ou simpatizava com eleeram os mesmos que davam sentido àscelebrações litúrgicas e eram absorvidos nelas e apartir delas. Muitas "catequeses" deque temos notícias brotaram das celebraçõeslitúrgicas. Os ritos litúrgicos eram, assim,verdadeiros momentos de educação eamadurecimento na fé. Sobretudo em épocas degrande perseguição aos cristãos, aderir aocristianismo era se dispor a viver plenamente oMistério Pascal de Cristo na própria vida. Issocomportava até mesmo o martírio,

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Conhecer, rezar e testemunhar não eram dimensõesseparadas umas das outras, mas todas necessariamenteimportantes para o "ser" cristão.

Catecumenato: síntese criativa entre fé e vida

"catecumenato"Tem a mesma raiz da palavra "catequese" (katá+écheo), quesignifica "fazer ecoar algo que vem do alto", ou seja a Palavrade Deus na vida.

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A catequese, nesse período da história, era dirigidapreferencialmente aos adultos. Aqueles que simpatizavam com aproposta de Jesus e com o testemunho dos cristãos eramcolocados em contato com a Palavra e com o novo estilo de vidaexigido num processo lento, gradual e comunitário, que visava àverdadeira conversão e comprometimento com o "caminho"cristão.

O catecumenato reunia em si alguns elementos muitoimportante para a preparação e para a sustentação da vida dobatizado: a decisão, livre e consciente do adulto; oaprofundamento da Palavra de Deus, sempre em confronto comsua vida concreta; a inserção na experiência comunitária,condição indispensável para o amadurecimento da fé; aexperiência de Deus na liturgia - sobretudo nos sacramentos - ena prática das orações pessoais; um comportamento moralcoerente com a fé assumida, até o martírio, se necessário; entreoutros.

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A estrutura do catecumenato foi se firmando lentamente epode ser descrita em quatro etapas ou degraus: a) Pré-catecumenato (fase de "namoro"): tempo em que,acolhendo o pedido do catecúmeno (aquele que deixa aPalavra "fazer eco" dentro de si), a Igreja lhe apresentavaJesus Cristo e anunciava-lhe o Eva “velho, que suscita aconversão e a fé; b) Catecumenato: de duração prolongada(3 anos ou mais), era marcado por uma formação intensanos conteúdos da fé (creio, oração, mandamentos) e deprofundas vivências litúrgicas; c) Preparação quaresmal:tempo? E imediata preparação para a celebração dossacramentos de iniciação cristã (batismo, eucaristia ecrisma), que acontecia na grande vigília da noite pascal.Esse tempo era conhecido também como "tempo deiluminação e purificação",

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Mistagogia: nessa etapa que transcorria dentro do tempopascal, o neófito (título que traz a idéia de "renascido", pois apessoa já foi batizada) era conduzido à contemplação eexperiência dos mistérios da fé na vida em comunidade,sobretudo na liturgia, auxiliado pelos Evangelhos própriosdesse tempo.Todo o itinerário de compreensão das "verdades" a seremconhecidas e aceitas pelo cristão passava necessariamente pelacelebração dos mistérios da fé, nas diversas modalidades e ritosde cada etapa do processo.

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Mistério Pascal: elemento unificador da catequese e da liturgia

As pregações ou homilias, ligadas quase sempre àscelebrações litúrgicas tinham grande força catequética.

Nelas os chamados Santos Padres expunham o plano deDeus a seus ouvintes, com clareza ímpar, convocandoao seguimento de Cristo e a uma adesão concreta a seuprojeto na vida social e comunitária.

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Muitos desses pastores são chamados de "mistagogos",nome que remete a uma missão: conduzir as pessoas àexperiência do Mistério. Trata-se de uma pedagogiaespecialmente usada nos séculos III e IV da era cristã, querespeitava e facilitava a relação de diálogo da Revelaçãodivina com a dinâmica existencial daquele que acreditava, eseu conseqüente aprofundamento.O anúncio da Palavra não era transmitido como uma adesãointelectual, teórica, "de cabeça", mas com o entusiasmodaqueles que experimentavam, na vida pessoal, a força doMistério Pascal. Eram verdadeiras testemunhas do Mistério,que "seduziam“ outros às mesmas experiências de Deus. Aautenticidade do mistagogo estava não somente no quefalava, mas no que experimentava e testemunhava na vidacotidiana.

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A lamentável história de um divórcio

Ser cristão, na época da cristandade, era muito fácil e,mais do que isso, necessário. As crianças já nasciam emberço cristão e assim continuavam durante toda a vida.Não havia mais necessidade de uma preparação paraassumir a vida cristã, visto que isso era como umaherança de sangue.

Pinturas, construções, arte, literatura, música, festas,tudo refletia os ensinamentos dados pela religião cristã.

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Elementos que compunham a cristandade, nas definiçõesdogmáticas dos grandes concílios e, a partir do século X, nasobras que tinham por finalidade sistematizar a teologia.

Lutero colocou a Bíblia na mão do povo e organizou umcatecismo para instruí-lo.Pena que faltou diálogo de ambos os lados, da parte da Igreja eos reformadores, mas é importante avaliar a reação de Luterode modo mais justo e dentro do seu contexto realmenteinsatisfatório!A resposta da Igreja veio com o Concílio de Trento (1545-1563)e com os conseqüentes catecismos da doutrina cristã (católica,a partir de então).

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Igreja investiu na catequese formal, organizando salasde estudo e vinculando catequese à doutrinação nasescolas paroquiais. Começou o tempo dos conteúdos aserem decorados e das famosas "perguntas erespostas".No que se refere à liturgia a língua litúrgica deixa de sera de cada povo com a unificação do latim e suaobrigatoriedade. Adotou-se, para os ritos, um conjuntode símbolos, objetos, roupas e normas próprias deRoma, com influência franco-germânica. Muitascelebrações chegaram a parecer verdadeiros "teatros"ou "óperas" pela suntuosidade e dimensão espetacular.

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O rigorismo das normas e das rubricas, e os complicadíssimoscerimoniais, levaram o povo a buscar sustento, nas práticasdevocionais. O terço e o livrinho do santo predileto eram maisimportantes do que a Bíblia e os sacramentos ensinavam algo.

Catequese e liturgia se separaram drasticamente. A primeira foireduzida a conceitos, tais como:lista de mandamentos, de pecados, de obras de misericórdia,definições doutrinais, como evitar o inferno etc. A liturgia, por suavez, transformou-se, para o povo, numa grande farmácia, tendo ossacramentos como remédios e os padres como "médicos“credenciados para a função. Perdeu-se muito do espíritocomunitário, a centralidade de Cristo, o vigor do testemunho, seucaráter de iniciação à vida de fé, verdadeiro ponto de chegada eponto de partida de toda a vida cristã, como lembrar mais tarde aIgreja.

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O que nos ensina essa visão histórica

As devoções populares (terços, romarias, novenas, bênçãos etc.)merecem ser Integradas a nossa pratica catequética e litúrgicarespeitando-se aquilo que é específico de cada uma delas. Alémde seu valor cultural como história da piedade de povo, comseus ritos e sinais, foram elas que sustentaram, por longotempo, a fé e a permanência de muita gente no catolicismo;Se é verdade que "ninguém ama o que não conhece", é muitoimportante que catequistas e agentes litúrgicos conheçam comprofundidade as orações, os símbolos e sinais mais utilizadosnos ritos e celebrações, para que iniciem os catequizandos e opovo em geral na vivência mais concreta desses momentosorantes; o catequista conduzirá seu catequizando para "dentrodo Mistério" ou simplesmente o ensinará a repetir fórmulas eorações, mas não a orar verdadeiramente.

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CATEQUESE E LITURGIADuas faces ao mesmo Mistério

O aggiornamento intuído pelo bondoso papa João XXIII, porele iniciado com vigor profético e levado a cabo pelo papaPauloVI, foi muito mais que um marco histórico de renovação para acaminhada do cristianismo. Levar a Igreja a olhar o mundomoderno como "mãe amorosa de todos, benigna, paciente,cheia de misericórdia e bondade“ (Discurso de abertura, em11 de outubro de 1962) foi a grande proposta inicial doConcílio

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O essencial na liturgia

Um dos documentos mais importantes do Concílio VaticanoII chama-se Sacrossanto Concílio (Se). Trata da liturgia e foi aprimeira constituição a ser aprovada, praticamente porunanimidade.

Retomada do essencial na liturgia.

O ponto de partida está no resgate da central idade doMistério Pascal na ação litúrgica e sua incidência sobre asexterioridades dos rituais e cerimônias.

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Os sacramentos não podiam mais ser vistos simplesmentecomo remédios para situações emergenciais da vida docristão, ou como mera conveniência social, mas comoverdadeira participação da pessoa no Mistério da morte eressurreição de Jesus Cristo, a participação plena, conscientee ativa de todo o povo nas celebrações litúrgicas (cf. SC 14).

Incentivou-se uma valorização dos ministérios diversos naliturgia e permitiu-se que cada povo pudesse celebrarusando a sua própria língua e costumes, e não mais o latim.Também há, nesse aspecto, muito por fazer, e a formaçãoda assembleia celebrante, seja na catequese ou na próprialiturgia, ainda não foi suficiente para alcançar aquelaconsciência desejada pelo Concílio, embora tenhamosavançado bastante.

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A Palavra proclamada e explicada na liturgia foi outro elementoque muito favoreceu esse resgate da tradição litúrgica. Nãosomente na celebração da missa, mas em todos os demaissacramentos, a Palavra constitui momento forte deaprofundamento da fé e de catequese do povo.

A valorização do que se celebra - os mistérios da vida de Cristo eda vida do cristão - encontrou ênfase sobre o aparato externodos ritos, já saturados pelo formalismo. preocupação comrubricas, alfaias, e objetos litúrgicos luxuosos ... Uma liturgiamais vivenda!' a partir da realidade do povo, e menosinstrumentalizada, foi a grande proposta do Concílio!

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Recuperar aquela dimensão da mistagogia, tão cara àliturgia dos primeiros tempos do cristianismo, e suarevalorização veio como conseqüência dessa visão menosformal dos ritos.

Em síntese, é necessário lembrar que o Concílio mexeu comtoda a estrutura da Igreja, cristalizada desde Trento (1545-1563), e mostrou a verdadeira fisionomia dela para omundo.

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A catequese pós-Vaticano II

Catequese Renovada.

Lê-se: "Não só pela riqueza de seu contexto bíblico, mas pelasua natureza de síntese e cume de toda a vida cristã, aliturgia é fonte inesgotável de catequese. Nela, encontram-sea ação santificadora de Deus e a expressão orante da fé dacomunidade. As celebrações litúrgicas, com a riqueza de suaspalavras e ações, mensagens e sinais. podem serconsideradas uma 'catequese em ato'''.

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Para serem bem compreendidas e participadas,as celebrações litúrgicas ou sacramentais exigemuma catequese de preparação ou iniciação". E onúmero posterior acrescenta: "A Liturgia, comsua peculiar organização do tempo (domingos,períodos litúrgicos como Advento, Natal,Quaresma, Páscoa etc.) pode e deve ser ocasiãoprivilegiada de catequese, abrindo novasperspectivas para o crescimento da fé, por meiodas orações, reflexão, imitação dos santos, edescoberta não só intelectual, mas tambémsensível e estética dos valores e das expressõesda vida cristã" (CR 90).

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O Simbólico na catequese e na Liturgia

A catequese e a liturgia, ao nospossibilitarem experiência dosentido dos símbolos, vinculando-os ao Mistério Pascal de Cristo e docristão, criam os ritos, organizam ascelebrações e nos fazem perceberos constantes apelos de Deus emnosso cotidiano.

9/1/2014 22:35 Pe. Wellington G. de Souza 44

O simbólico e o diabólico na vida humana

Os símbolos sempre fizeram parte da vida humana. O próprioser humano é simbólico, sacramental. sinal do amor de Deus,criatura privilegiada, feita à imagem e semelhança do seu.criador (cf. Gn 1,26). Por ser dotado de razão, ele é capaz de,dar significado ao mundo que o cerca. Interpreta, extraisentido, ,ouve a voz das pessoas e das coisas. Enxerga a belezado mundo criado e, por meio dele, pode chegar ao Criador (cf.Rm 1,20).A palavra "símbolo" vem do grego, symbolon, do verbosymbállo. Tem o significado de "colocar junto, pôr juntamente,aproximar e unir“.

9/1/2014 22:35 Pe. Wellington G. de Souza 45

o poder do símbolo vai muito além da dimensão racionalda pessoa. Ele a envolve por inteira: corpo, mente,espírito, afetos, emoções ... Sentimentos e pensamentosque nem sempre são expressos convenientemente porpalavras ou definições, o são rapidamente pela mediaçãosimbólica.

O diabo é o pai da mentira (cf. lo 8,44). É o que divide,afasta, rompe a comunhão, gera o individualismo. Algo é"diabólico“ quando instaura a discórdia e leva à confusão,como em Babel (cf. Gn 11,9). Determinados objetos,palavras, gestos, podem ser diabólicos se não conduzema uma coesão de sentido, se não podem sercompreendidos por uma pessoa ou grupo, ou se trazemum significado imposto, forçado ou distorcido.

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O simbólico como expressão da fé

O símbolo sagrado tem o poder derepresentar, no seu aspecto sensível,realidades invisíveis. Deus, que não vemos enão tocamos, pode ser evocado e tornar-sepresente na vida de quem crê, pela mediaçãosimbólica. Comemos o pão consagrado eexperimentamos a presença do Ressuscitadoem nós. Assimilamos seu corpo e sua missão.Tornamo-nos hóstias para o mundo, gerandocomunhão e espalhando as sementes davida.

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Por um resgate da sacralidadedo corpo

A criação é obra amorosa de Deus e traz nela osvestígios do Criador. Especialmente o ser humano,ponto mais alto da criação, reflete em todo o seuser a perfeição de Deus que o criou à sua imageme semelhança (cf. Gn 1,26).

O povo semita, que escreveu a Bíblia, via o serhumano a partir de uma perspectiva integradoradas suas dimensões, isto é, não criava divisõesentre corpo, alma e espírito nem opunha uma aoutra.

9/1/2014 22:35 Pe. Wellington G. de Souza 48

Platão era discípulo do grande Sócrates,

ambos filósofos dos séculos V-IV antes de Cristo.Ensinava que o corpo era uma prisão para a alma,essa superior e digna de todo cuidado. O idealpara todo ser humano era a purificação da alma,o desenvolvimento das dimensões espirituais eintelectuais até sua plenitude. Quanto ao corpo,esse estava condenado a perecer.O sofrimento do corpo e a sua punição eram bemvindos, pois quanto mais o corpo fosseaniquilado, mais chances teria a alma de selibertar dessa prisão.

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A antropologia teológica nos ensina que o corpo, aalma e o espírito são dimensões importantes ecomplementares do ser humano. O homem nãopode ser pessoa plena e ficará privado de muitasfunções se uma dessas dimensões forcomprometida.

Vivência da espiritual idade, dimensão. da relação.da ser humana coam a transcendente, só serápassível na pessoa, corpo, e alma em plena interaçãoe reciprocidade. Querer separar uma dimensão dasoutras é desintegrar a pessoa, querer reduzir ohomem a um "anjo" ou a uma "matéria bruta"qualquer!

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Jesus mostrou a quanta a ser humana é importante,considerando-o na sua totalidade. Ao.encarnar-se,assumindo. a condição humana em tudo exceto nopecado (cf. H 2,17), elevou a corporeidade a umadignidade altíssima própria Deus fez-se carpa, para nasfalar mais de perto, amar-nos mais de perto, salvar-nosmais de perto: " ...trabalhou com mãos humanas, pensoucom inteligência humana, agiu com vontade humana,amou com coração humano" (GS 22).

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O corpo como sinal e expressão doser humano

O corpo é sinal e expressão do ser humano. Semo corpo, a pessoa não pode estar presente nomundo e trazer o mundo para dentro de si, darsignificado aos sinais sensíveis, comunicar-secom os outros, no dom de si e na acolhida dopróximo como dom, revelar a riqueza de seuespírito. Quando dizemos que "o corpo fala,dizemos que, por meio da sua corporeidade, oser humano expressa o que pensa e o quesente, mesmo quando tenta dissimular arealidade.

9/1/2014 22:35 Pe. Wellington G. de Souza 52

O que atualmente é denominadocorpolatria, isto é, culto ao corpo.

O corpo como lugar teológico Fazer com que o corpo sejaexperimentado como lugar teológico é missão e desafio paraa catequese e para a liturgia."Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito deDeus habita em vós?" (lCor 3,16), já dizia São Paulo. Enecessário relembrar também hoje:.o nosso corpo é lugar dapresença de Deus. Respeitar o próprio corpo e o alheio, tratá-lo com dignidade. valorizar o irmão empobrecido para queseu corpo não padeça as conseqüências da miséria, sãoverdadeiras experiências do Deus da vida e do amor.

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A constituição Sacrossanto Concílio adverte: "Parapromover uma participação ativa, trate-se deincentivar as aclamações do povo, as respostas, assalmodias, as antífonas e os cânticos, bem como asações e os gestos e o porte do corpo" (30, 5681.,1).Documento 43 da CNBB, Animação da vida litúrgica

no Brasil, também diz enfaticamente: "Nossa liturgiadeve abrir espaço para as expressões do nosso povo.Assim, nossas celebrações, conseguem a participaçãode todas as pessoas e da pessoa toda, envolvendotambém seus corpos. (... )

9/1/2014 22:35 Pe. Wellington G. de Souza 54

O gesto se ele vier apenas por mania ou imposição, torna-se também "diabólico", pois dispersa e em nada ajuda noaprofundamento da oração.

O rito a serviço da fé

Rito tem a ver com ordem, organização,disposição das coisas de tal maneira queagreguem significado à existência.Mediante sinais, palavras, gestos, silêncio, umrito se propõe deixar aparecer o que está oculto.

9/1/2014 22:35 Pe. Wellington G. de Souza 55

A liturgia ritualiza a vida humana, inserida no MistérioPascal de Cristo ao celebrarmos, por meio dos sinaissagrados, unidos à Palavra, que tudo esclarece,experimentamos o "invisível" que se faz presente em nóspela mediação simbólica.

O rito litúrgico nos possibilita experimentar a realizaçãodos nossos ideais, sobretudo na sua dimensão festiva.

O ritualismo aliena, pois não desperta o compromissocom o Mistério celebrado. Prende-se à forma e descuidada profundidade do conteúdo.

Não absorve a vida de quem participa da celebração enão a transforma a partir da experiência de Deus.

9/1/2014 22:35 Pe. Wellington G. de Souza 56

O rito litúrgico integra o passado, o presente e ofuturo.Se o rito não nos levar ao compromisso comuma vida melhor, então caímos num ritualismo vazio,estéril.

A educação para a vivência ritual

.o rito litúrgico conserva a memória do Mistério Pascal deCristo. À catequese cabe explicitar, dar a conhecer o seusentido a catequese deve proporcionar aos catequizandosmomentos celebrativos, assumir a ritualidade no seuprocesso, não como um apêndice. mas como elementoessencial da educação da fé Todo conteúdo a ser trabalhadonos encontros é propício a uma celebração ou vivência ritual

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Todo tema pode levar à prática do louvor, do silênciomeditativo, da experiência simbólica, da escuta daPalavra, do perdão, da súplica etc.A dificuldade que muitos encontram em participarfrutuosamente da missa e dos demais sacramentosvem da falta da, experiência ritual.

O melhor caminho para essa iniciação à liturgia éfazer, celebrar, vivenciar o rito.

A catequese pode e deve trabalhar com os sinaissagrados, introduzindo os catequizandos ao seusentido sem a pretensão de esgotá-lo. Há muitasmaneiras de se acender uma vela, por exemplo.

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Elementos da Renovação Catequética

O que e quando celebrar?Se celebrar é "tornar célebres" osacontecimentos da vida, referindo-os à imensabondade de Deus, é certo que tudo o que sepassa na nossa existência é motivo decelebração.

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•Como preparar uma celebração.

• O objetivo da celebração.

•O contexto do grupo celebrante.

•A escolha dos símbolos, gestos, músicas e expressões corporais.

•A estruturação prévia do esquema celebrativo.

•A espontaneidade na oração.

•O sagrado silêncio

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Oração final.Senhor Jesus obrigado por habitar em nosso

meio por compartilhar nossa dores, angustias,alegrias e esperanças.

Obrigado por ser o nosso modelo, por sua vitória sobre nosso mal e pecado.

Ajuda-me, Senhor a ser o teu seguidor! Ajuda-me a seguir os teus passos de amor, de

misericórdia, de justiça e de verdade. Ajuda-me, Senhor a ser sinal do teu Reino, pelos meus

exemplos e palavras. Ajuda-me a fazer do meu ministério de catequista um transpirar da tua

presença.! Amém!