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1 CONFRONTOS E CONVERGÊNCIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA

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Catalogo da exposição - Jogos de Guerra: confrontos e convergências na arte contemporânea brasileira. Realizado em julho de 2011 na Caixa Cultural - RJ

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CONFRONTOS E CONVERGÊNCIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA

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CONFRONTOS E CONVERGÊNCIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA

apresenta

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PRESIDENTA DA REPÚBLICADilma Vana Rousseff

MINISTRO DA FAZENDAGuido Mantega

PRESIDENTE DA CAIXA ECONÔMICA FEDERALJorge Fontes Hereda

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CONFRONTOS E CONVERGÊNCIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA

PATROCÍNIOPRODUÇÃO

CuRADORIA Daniela Name

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Ao longo da História, a arte sempre teve o papel de espelho de seu próprio tempo. Refletiu, assim, desigualdades e desequilíbrios ao longo dos tempos, colaborando para sua clareza e o seu combate. Jogos de guerra – Confrontos e convergências na arte contemporânea brasileira reforça este importante papel político que o ato criador exerce na vida em sociedade.

É com grande prazer que a CAIXA Cultural do Rio de Janeiro abre suas portas para alguns dos mais importantes artistas visuais em atividade no Brasil. Trabalhos emblemáticos criados nas últimas cinco décadas tomam conta destas galerias, e são ladeados pelo frescor de talentos emergentes de nossa produção.

Na Idade Média, a guerra era simulada em tabuleiros de xadrez. O jogo foi criado como matriz fictícia dos campos de batalha, como um ensaio para os sangrentos combates com o exército inimigo. Na arte dos dois últimos séculos, jogar é um verbo corriqueiro. As analogias, o humor e a ironia são arma e estratégia para lidar com as coisas do mundo, inclusive todas as formas de conflito.

Esta exposição destaca esta capacidade que a arte tem de denunciar e até de resolver injustiças e impasses através da negociação, da disputa ombro a ombro com o problema. Jogos de guerra se transforma, assim, em uma espécie de tabuleiro, que convida o visitante da CAIXA para uma partida com a arte.

Caixa Econômica Federal

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No auge da Guerra Fria, David Lightman é um jovem hacker que usa a tecnologia de sua época, um computador com modem ligado à rede telefônica, para aplicar pequenos golpes. Com a ajuda de seu micro, muda as suas notas do colégio para garantir que passará de ano.

Acidentalmente, ele se liga a um computador de uma base nuclear pensando se tratar de um servidor de jogos. Inocentemente, dispara um simulador criando um ataque a seu próprio país.

Sem saber que se trata de uma simulação, o exército americano entra em estado de alerta. Pelo noticiário da televisão, o jovem Lightman percebe o seu erro e tenta consertá-lo. Começa o embate entre o jovem e a Máquina.

Esse é o enredo de um filme da década de oitenta, de onde tirei o título para esta exposição. Com uma ideia inicial de apenas três artistas, não sabia que resultaria numa mostra desta grandeza.

O filme segue com as inúmeras aventuras de Lightman, tentando reparar o seu erro. Na cena final, ele decide continuar o jogo com a Máquina. Esta realiza milhares de simulações da guerra nuclear, tentando encontrar a melhor forma de responder aos falsos ataques. Após inúmeras tentativas, a Máquina conclui que não há formas de ganhar a guerra e que a melhor solução é desistir e pergunta ao jovem: gostaria de um bom jogo de xadrez?

Leo Ayres

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Tabuleiro e trincheiraDaniela Name

Da sala da esquerda, um barulho insistente quase tirava a concentração de quem entrava na galeria. Código Morse? Metralhadora? A Máquina #1, de Gabriela Mureb, era isso e um pouco mais, ditando uma cadência hostil, o ritmo da guerra. Incômodo, em certo sentido uma afronta ao visitante, o trabalho de Mureb foi montado como um pequeno pino em moto-contínuo, sonhando furar a parede. Marcial e masculino em uma de suas facetas, ele revelava aos poucos sua outra natureza, renitente como um câncer difícil de curar; incontornável como a sanha de todos os projetos que precisam acontecer. Água mole em pedra dura tanto bate...

Da Máquina #1 era possível enxergar a porta da outra galeria, onde as esculturas de Raul Mourão se mexiam em outro balanço. Praça e jardim do território íntimo de “Jogos de guerra”, as peças se abriam para o corpo, para o toque e para o afeto, carregando novos sentidos à matéria-prima de que são feitas: o ferro seminal, memória reinventada da es-cultura contemporânea brasileira. Som e dança, Mureb e Mourão marcavam no espaço da CAIXA Cultural toda ambiguidade que a exposição pretendeu transmitir. E convidavam o espectador para o ato criativo anunciado por Duchamp, aquele que só se conclui com a presença de quem se deixa invadir pela obra de arte e participa dela.

“Jogos de guerra” foi apresentada pela primeira vez em 2010, no Memorial da América Latina, em São Paulo. O nome da mostra surgiu de um projeto do artista carioca Leo Ayres, que pretendia fazer uma exposição com três nomes da produção recente brasileira e me convidou para ser a curadora. Disse prontamente que sim, mas com a condição que pudesse reformular e ampliar a ideia inicial, esgarçando sentidos – tanto o de guerra, para muito além dos exércitos; quanto o de jogos, cada vez mais próximo da arte. O re-sultado é um panorama bastante autônomo daquele que o artista havia imaginado, e fica aqui meu agradecimento por sua generosidade – pelo motor de uma ideia, mas, sobretu-do, porque ela deixou de ser aquilo que ele imaginava ainda na fase de pré-elaboração.

No Rio essa distância foi ampliada, já que trouxemos a ideia de jogo até mesmo para dentro dos conflitos. A guerra ainda foi uma base, como não poderia deixar de ser, mas o papel do jogo, como tática e como estratégia, foi bastante destacado. Em sua História da guerra, John Keegan nos ensina que o confronto foi e será algo irremediável através dos tempos. Somos selvagens e violentos. Desrespeitamos o limite do outro, somos iná-beis na mesa de negociações. Civilizações antes pacíficas e cordiais puseram territórios

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e riquezas a perder depois que descobriram novas armas ou disputaram lavouras, terrei-ros e rebanhos. Foi assim com os zulus, que acabaram consigo mesmos e com boa parte da África depois que entraram em conflito. Já os habitantes da Ilha de Páscoa experi-mentaram uma espécie de paraíso perpétuo até descobrirem armas cortantes. A lança matava e subjugava o outro, em vez de apenas vencê-lo “no braço”, como ocorria antes.

Os perigos da aniquilação de nosso adversário são o grande mote desta exposição. Sem o outro, não posso ser eu. Relações são o que há de mais humano – e nossa habilidade para o jogo e para a arte é uma prova contundente disso.

No Ocidente, aprendemos a hostilizar e a ter medo de Satanás, o querubim que contrariou seu líder e foi expulso do Céu depois de liderar uma rebelião. Esse anjo caído da tradição judaico-cristã vem encarnando em parentes, amores, colegas de trabalho. Jogar com este pavor do outro e administrar esta dificuldade de lidar com ele têm sido os desafios de todas as linguagens que destacam nossa humanidade. A filosofia, a psicanálise e a arte identificam e demonstram a nossa selvageria, mas apenas para buscar caminhos margi-nais de escape. Quando entramos em campo e nos debatemos com os problemas, temos alguma chance de reencontrar a trilha para o que é humano. Freud, aliás, usou essa palavra, “trilha”, quando estava prestes a anunciar aquilo que seria a psicanálise. Há um caminho a percorrer, tanto no jogo quanto na batalha. E dificilmente ele será bem suce-dido se estiver nas antigas estradas de padrões repetidos e de preconceitos. Todos esses saberes dependem de uma disposição para o jogo, para o embate e para a caminhada.

Por tudo isso, “Jogos de guerra” pretendeu se configurar como um início de trincheira e de tabuleiro para cada um de seus visitantes. A própria montagem privilegiou a noção de mapa, apresentado como uma odisseia de mão dupla, que se transformava em um jogo de tabuleiro. Brinquedos como Banco Imobiliário, Monopólio, Detetive, Jogo da Vida e, é claro, War, marcaram a infância de quem tem hoje entre 20 e 50 anos. Apostar nessa memória foi criar um caminho compartilhado por artistas, visitantes e pela equipe do projeto.

Comece a jogarLogo na entrada da mostra, o visitante-jogador via Guga Ferraz rendido. Podia pisar ou se curvar diante do autorretrato quase anônimo do artista, penetrando pela primeira vez nos domínios da ambiguidade. Iniciar a exposição com um trabalho que é visto de cima e sobre o qual se caminha foi um gesto deliberado. Ofereceu a possibilidade de se conciliar os papéis de algoz, desbravador e admirador em um só tempo.

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A metáfora era a mandante do início do percurso. No hall estava a instalação sem título de Nino Cais, em que cadeiras se equilibram em copos de vidro. A situação aqui mais uma vez era dúbia, entre a elevação ao sublime e o risco profundo. O artista nos proporciona um estado de trégua, mas não há serenidade possível. Oferenda, de Sidney Philocreon, no mesmo ambiente, também usa vidro e sutilezas para comunicar o mesmo estado deslocado, suspenso: um barquinho de madeira lança ao mar da galeria inúmeras garrafas, todas com textos em seu interior. A embarcação à deriva fala de perdas e des-conexão, mas também de uma nova tentativa de contato. “Just a castaway, an island lost in sea, oh”, como cantaria The Police. Mas aqui, como na canção clássica da banda inglesa, ao menos se manda “um SOS para o mundo”, mensagens na garrafa.

O barco de Philocreon aportava próximo a Nino Cais – cujo sobrenome, percebo apenas agora, parece ter sido talhado para esse momento. Obras quase antitéticas, girando em sentidos inversos, as destes dois artistas: a de Nino é força centrífuga, introspectiva, lembrando outra canção, Panis et circenses: “Mas as pessoas na sala de jantar / Estão ocupadas em nascer e morrer”. Não há comunicação possível. A de Philocreon é centrí-peta, se joga para o mundo com um pedido de socorro, garantia ao menos de alguma es-perança: nenhum homem é uma ilha – e quem sabe Iemanjá possa lhe trazer companhia.

Na inauguração, apresentamos trabalhos que eram festa, banquete e atração do público para nosso território. Na América pré-colombiana, os astecas esfolavam o inimigo vivo no altar do sacrifício e retiravam seu coração ainda pulsando do peito. Cozinhavam este coração em casa e o comiam com toda a família, como forma de respeito e reverência àquele que tinham enfrentado. Criar uma espécie de happening com o trabalho de Laura Lima e as performances de Alexandre Murucci, Cláudia Bakker, Coletivo Filé de Peixe, Luana Aguiar, Romano e Ronald Duarte foi reforçar o embate, mas também a trégua e a comunhão, coroada pelo chá da paz servido pelo OPAVIVARÁ!

A arquitetura fragmentada do segundo andar da CAIXA Cultural oferecia entradas para as duas galerias que saem do hall. Criou-se aí a primeira encruzilhada para o visitante-jogador. Cada direção oferecia experiências e gradações diversas de jogo e de guerra.

Avance para um ladoA escolha do caminho da esquerda recaía na guerra colonial, antropofágica e histórica. Antes dela, o Buraco negro de Cinthia Marcelle e Thiago Matta Machado, tão real e tão simbólico. O pó da criação, o pó da exaltação, a poeira das galáxias. Adiante, a foto Contingente, de Adriana Varejão, apresentava a mão da artista marcada por uma linha do Equador desenhada em vermelho-sangue, marca sintética de gigantescos territórios

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de conflito. A obra da artista sempre fundiu a História com as pequenas histórias; as batalhas sangrentas da colonização com as contradições do artista em seu ateliê; a limpeza do azulejo com o sangue e as vísceras; o tesão e a tensão no banquete dos ín-dios antropófagos. Ao sangrar os dois hemisférios na própria pele, Varejão nos lembra a dolorosa descompensação entre Norte e Sul e dá corpo a nossa identidade ambivalente, que nem sempre cabe nos mapas escolares.

Dela partia a síntese para as gravuras de Luiz Pizarro a respeito do canibalismo de cae-tés e tupinambás. O corpo e seus embates sempre foram uma inquietação do artista, que nestas imagens irônicas – quase peças de propaganda, quase cartazes de “Procura-se” do Velho Oeste – funde os dois sentidos do verbo “comer”. Há o real, ingerir alimento, e o simbólico, sexual, tão usado na língua portuguesa. De Pizarro, seguimos para Anna Bella Geiger, com seu Brasil nativo, Brasil alienígena. O jogo de espelhos é claro, o de poder também. Há algo que faz o gesto de uma valer mais do que o da outra? Quem é a outra, quem é a uma?

No Fausto de Walter Goldfarb, descortinávamos o nazismo e o antissemitismo; enquanto o trabalho Frutos estranhos, de Luciano Figueiredo, redescobria os muitos disfarces que pode ter o racismo. Em Por que no te calas?, de Walton Hoffmann, rei e rainha do xa-drez – jogo criado pelos persas para simular o campo de batalha – mudam de roupa, são sombra e ameaça um do outro. Assim como a Máquina #1 de Mureb, instalada ali perto, o xadrez de Hoffmann era um jogo com a própria montagem, perturbada e enfatizada pela sua presença.

No trabalho de José Rufino, Bunker, os perigos dos arquivos, o poder da informação, nas máquinas de escrever kafkianas que escondem personalidades adormecidas e nos alertam para a vertigem da própria criação. Os disfarces da forma também aparecem em uma obra emblemática de Regina Silveira: em Encuentro, as maiores lideranças políticas do mundo no início da década de 1990, quando a obra foi feita, aparecem reunidas em uma conversa circunspecta e civilizada. Por trás delas, as sombras revelam armas apon-tadas umas para as outras. Silveira e Rufino, próximos um do outro, formavam na CAIXA um pêndulo entre real e imaginário, entre os objetos e suas distorções – duplo embate.

O Projeto Coca-Cola, de Cildo Meireles, é guerra de guerrilhas. Divisor de águas na arte conceitual de todo o mundo, o trabalho de 1970 formava também uma grande encruzilhada da mostra. Em volta dele, além do Encuentro e seus espectros soturnos, arranjavam-se o Super-Homem de Alexandre Vogler e a bandeira americana feita de dó-lares de Lourival Cuquinha. Poder e economia e, mais do que isso, o poder de subverter,

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minar e ironizar a economia. Gestos simples, mas potentes, criam circuitos e adulteram hegemonias nesses três trabalhos.

O mesmo ocorreu com o álbum Texto em branco, edição de gravuras feita por Carlos Vergara em 1971. Com dois desenhos, sempre alusivos à situação brasileira durante o governo militar, cada página trazia a área central em branco para ser preenchida pelo leitor. Síntese de dois embates – com a ditadura, com o espectador/leitor – o trabalho do artista era também uma camuflagem providencial para um período em que mostras eram proibidas e livros apreendidos e queimados, com seus autores presos.

Camuflagem é o assunto de Leo Ayres. No vídeo Operação camuflagem, ele inscreve um trabalho – uma pintura de camuflagem em que as manchas são, na verdade, silhuetas de veados – no concurso de arte da Academia Militar das Agulhas Negras. Documenta todo o processo, da entrega à cerimônia de premiação, de onde sai com a menção honrosa, passando pela exposição em que sua pintura é ladeada por marinhas e naturezas-mortas mais tradicionais. Perturbador em seu nonsense, o vídeo iluminava o segmento de sol-dados e armas desta mostra.

Os uniformes militares de Nazareno, delicadíssimos desenhos a nanquim, impressio-nam por descosturar patentes e enferrujar medalhas ao confrontar o garbo da roupa de guerra, condecorada, com frases singelas vindas da memória da infância do artista. um trabalho inteligentíssimo em sua autofagia, uma batalha com ele mesmo, como frequentemente acontece com a produção de Nazareno. Duas grandes fotos de Rafael Assef dialogavam com esse conjunto. Elas se relacionam com a camuflagem de Ayres e a ambiguidade de Nazareno ao enganarem a vista sobre o que realmente são. De perto, descobria-se que são lâminas de faca e que elas se relacionam com os estabelecimentos que as possuem. Quanto menos marcadas, mais elegante é o dono; quanto mais usadas, maior a chance de terem vindo de lugares periféricos.

Se nada é aquilo que parece ser, chegou então a hora de Vicente de Mello e Felipe Barbo-sa. O primeiro transforma a fotografia de duas luminárias em silhueta de múltipla inter-pretação. Na mostra, vigorou a de que se trata de dois prédios gêmeos, quase fantasmas das torres do World Trade Center. Já o Homem bomba de Barbosa é figura humana feita de explosivos usados em festa junina. O objeto criado pelo artista é aproximação muito peculiar do ready made, com um embaralhamento de forma e função ativado através do humor. O riso e a surpresa que vêm de seus trabalhos acabam sendo os moderadores dessa oscilação entre reconhecimento e repulsa que permeia a arte contemporânea brasileira.

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Com Homem bomba, chegamos pela primeira vez à redenção em nosso circuito. Se a arte chama para a batalha, ela também nos liberta dela. O humor e os desafios propostos por uma obra são os craques-generais dos “jogos” que também estão no título da mostra, junto com a guerra. As Montanhas top creme e a Patrulha de resgate de Laerte Ramos são muito emblemáticas nessa direção. Quase brinquedos para adulto, elas são também esculturas de muito labor, com uma das mais tradicionais matérias-primas desse supor-te: a cerâmica. Frágil e viril, o trabalho do artista assinala mais uma vez a gangorra da dúvida, que percorreu toda a exposição.

Corpo e batalha como tantos outros trabalhos, a patrulha de brinquedo aponta para outra peça-chave do tabuleiro: Stop, de Nelson Leirner, mostra um King Kong à frente de um grande engarrafamento de fuscas pretos. Como tudo do artista, a peça é um feixe de significados. O macaco pode tanto estar iniciando um ataque aos carros quanto as-sumindo o papel de um guarda de trânsito ou flanelinha. Desde 1933, quando ganhou sua primeira versão para o cinema, King Kong é a fera ameaçadora que encarna nossa aversão ao suposto “selvagem”, “exótico”, “periférico”. O mundo distante de onde ele vem tanto pode ser a África quanto o Oriente Médio. Pode ser também uma favela.

Próximo a Stop começava o território da cidade, lugar de trincheiras e de soldados bem diferentes dos de Nazareno e Laerte Ramos. Tecidos por Geraldo Marcolini, os barões das drogas Marcinho VP e Elias Maluco enganam em sua falsa docilidade e esbofeteiam nossa tranquilidade com sua atmosfera doméstica, constituída por tapeçarias que poderiam ter sido feitas por uma avó.

“A cidade é uma velha senhora, que hoje sorri e amanhã te devora”, cantarolavam os bi-chos da opereta Saltimbancos, de Chico Buarque. Gisela Milman nos mostra isso através de seus quebra-cabeças fotográficos, sempre com pessoas solitárias. Espalhados pela galeria, eles materializavam nossa desconexão globalizada, doída e melancólica. Bete Esteves e seu vídeo-crisálida, metamorfose lírica na aridez da paisagem urbana, são um contraponto para a cidade nada amiga de Marcolini e Milman.

O Piratão jukevideo, máquina criada pelo Coletivo Filé de Peixe, era peça de transição entre essa cidade e um grupo de trabalhos sobre criação e autofagia. Jukebox de vídeos piratas de grandes nomes da arte brasileira e internacional, a máquina era acionada com moedas de R$ 1,00 e provocou uma discussão sobre direito autoral e necessidade de difusão desses trabalhos. Próximos à máquina, os cadernos de ateliê de Daniel Se-nise revelavam um pouco da gênese de trabalhos importantíssimos do artista, caso de O beijo do elo perdido e Retrato da mãe do artista. Próximo aos moleskines de Senise

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estava Balada, de Nuno Ramos. Em 1995, o artista lançou comercialmente a série de 100 exemplares. Em todos eles, Ramos dava um tiro de revólver por volta da página 350 de um volume, com mais 800. Retrospectivamente, Balada ganha força com uma obra emblemática na fusão de duas bases para a obra do artista – a palavra e a morte –, além de ser uma grande reflexão sobre o ato criador. A pintura sem título, de Antonio Dias, e conjunto de fotos Poema, de Lenora de Barros, ampliam essa ideia do ato de criar como uma batalha de morte, mas também da “pequena morte”, nascida nos gozos e no prazer.

A intimidade do artista com sua obra era ritual de passagem para a sala intermediária da mostra. Isso para quem começava pela galeria da esquerda, é claro. Havia outros caminhos. Em breve chegaremos ao outro lado...

Enfrente a transiçãoO espectador, como dissemos, era nosso parceiro nesta jornada, mas também nosso ad-versário. Na sala que dividia os dois mundos da nossa montagem, não oferecemos uma trégua e sim trabalhos que exigiam entrega e o máximo de atenção.

Vindo dos trabalhos sobre a cidade, o visitante era convidado a assistir aos trabalhos da dupla Dias & Riedweg, entre eles Mera vista, gravado no camelódromo da Zona Leste de São Paulo. A dupla de artistas enfatizando, ao longo de toda a sua trajetória, a cidade como um ponto de encontro das alteridades, como o palco onde se dão batalhas abrangentes, de toda uma sociedade, mas também aquelas mais íntimas, homem a homem, olho no olho.

Da cidade para as guerras mais íntimas. Os espelhos manchados de pó criado por Ricardo Becker, pintura-nuvem, identidade manchada, eram ladeados pelo balanço de agulhas e pelo Objeto-sangue de Nazareth Pacheco. A infância pode não ser cor de rosa, mesmo que a pintura o seja, como nos mostrou o conjunto de trabalhos Iniciação, de Marcelo Amorim. No trabalho do artista, a angústia causada por um perigo que é mais pressentido do que revelado. E que aparece sob mil disfarces na antologia que Rosana Palazyan criou para o seu trabalho. No vídeo-documentário editado e sonorizado com a ajuda de Fábio Carvalho, a artista apresentou ao público da CAIXA obras que hoje estão em coleções par-ticulares fora do Brasil e que abordaram de maneira pioneira a violência – física e sexual – contra a criança. Palazyan borda para suturar dores: a sua, a alheia. Costura é cicatriz.

Conquiste o outro ladoTatuagem também é cicatriz, mesmo quando é feita de batom. Marcado no corpo, o autorretrato em vermelho de Fernanda Figueiredo & Eduardo Mattos era um dos traba-lhos da galeria da direita, ou galeria da metáfora. A escala íntima da guerra também

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apresentava o Chapeuzinho Vermelho de Bruno Vilela. Sem eufemismo, a personagem é retratada suja de sangue: seria o vestígio do Lobo morto? Da avó devorada? Ou da defloração da menina?

Sonho e pesadelo neste nosso inferninho particular, mas sempre modulados pelo hu-mor. Relação é partida – em mais de um sentido. Para chegar no Outro, despedimo-nos de nós, sobrepomos existências, como faz Marcos Chaves com os aparelhos de barbear simbióticos de Hommage aux mariage, sua minúscula escultura. O humor às vezes é substituído por certo cinismo e pela ironia, como acontece em E viveram... felizes para sempre, caixinha de joia onde Louise D. D. arranja duas pílulas de Viagra como a chave para alianças estáveis.

A sobrevivência é garantida pela partida/partido, empatia e adesão, e pela partida, jogo. E você, para, vídeo com duas telas sincronizadas da dupla Leandro Lima & Gisela Motta, anda nessas duas direções, ao mostrar um casal alternando nos papéis de alvo e atirador. As esculturas de cartas da série Ás de espadas, de Cadu, reforçavam a carga simbólica desse segmento da exposição, além de apresentar a simplicidade engenhosa deste grande artista da nova geração.

Se os trabalhos de Louise D. D. e Marcos Chaves poderiam ser espelhos um do outro, o mesmo ocorria com o 69 sexual entre as armas de fogo de Rafael Perpétuo e a verbor-ragia lasciva e pictórica de Julia Debasse. Na tinta negra sobre o papel, a artista cria uma paisagem urbana feita de miúdas letras brancas. O discurso confessional amalgama portas e janelas, mostrando que se expor pode ser uma forma eficiente, ainda que arris-cada, de aproximação. Confronto, sim, mas desejoso de trégua.

Próximo a Debasse, Márcio Banfi cantava I feel love, hit retrô das pistas de dança, no trabalho formado por dois canais de vídeo. Os passarinhos retirados do peito do artista, filmado na tela de baixo da obra, criavam um combate entre visão e audição na sensação transmitida pelo trabalho. Se visualmente I feel love é conforto e lirismo, para o ouvido nem sempre chega como algo amistoso. Instalado na galeria com som aberto e em vo-lume razoável, o trabalho duelava, propositadamente, com os outros e com o público. Nesta sala feita de espelhos, Analu Cunha é um duplo possível para Banfi. Com trabalhos distintos exibidos em duas pequenas telas, a artista também vibrava em duas faixas diferentes para o público da CAIXA, mas curiosamente em filmes cíclicos, que giram em um eixo de continuidade. Em Call me back, ela apresenta o desabamento iminente do anexo condenado do Hospital universitário, na Ilha do Fundão. Em Sonhos com voo, o desejo latente de sair do próprio corpo e romper limites.

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Ataque e armistício, como o jogo de mãos da grande parede de desenhos de Marcelo Ci-dade, em que cumprimentos e felicitações se alternam às hostilidades. Junto do muro de Cidade, a praça-jardim de Raul Mourão e a foto A pair of lungs, de Pontogor. Na imagem em preto e branco, presa precariamente à parede por pequenos pregos, o espelho em duas portas de armário, fechadas, reflete uma janela. “Belo porque é uma porta abrindo-se em mais saídas”, como escreveu João Cabral de Melo Neto em Morte e vida Severina. um ciclo, uma indefinição, como os trabalhos de Sidney Philocreon e Nino Cais, que esperavam do outro lado da porta.

E, se você leu até aqui...

Volte para o começo.

Referências bibliográficas BAuMAN, Zygmunt. Amor líquido – sobre a fragilidade dos laços humanos. Tradução de Carlos

Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.______. O mal-estar da pós-modernidade. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro:

Zahar, 1997.______. Medo líquido. Tradução de Mauro Gama e Claudia Martinelli Gama. Rio de Janeiro: Zahar,

2008.DuCHAMP, Marcel. O ato criador. In: BARTOCK, Gregory. A nova arte. Tradução de Cecília Prada e

Vera de Campos Toledo. São Paulo: Perspectiva, 2004.FREuD, Sigmund. Análise do Eu. In: Psicologia das massas e Análise do Eu e outros textos (1920-

1923). Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.______. Considerações sobre a guerra. In: Ensaios de metapsicologia e outros textos (1914-1916).

Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.______. Introdução ao narcisismo. Op. cit.

KEEGAN, John. Uma história da guerra. Tradução de Pedro Maia Soares. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

NIETZSCHE, Friedrich. Além do bem e do mal (edição de bolso). Tradução de Paulo Sérgio de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

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30/31 GuGA FERRAZRendido, 2008Impressão s/linóleo350x300cmCortesia Gentil Carioca

32/33 NINO CAISSem título, 2007Instalação com cadeiras e copos NFMedidas variáveisColeção do artista

34/37 SIDNEY PHILOCREONOferenda, 2008Instalação com barco e garrafasMedidas variáveisColeção Galeria Virgílio

39 ADRIANA VAREJÃOContingente, 2000Fotografia s/foam board42x60,5cmColeção da artista

40 ALEXANDRE VOGLERSuperman-pau-rocha, 2009Pedra e adesivo27x20x4cmColeção do artista

41 ANNA BELLA GEIGERBrasil Nativo, Brasil Alienígena, 1977Fotografia e cartão-postal170x55cmColeção da artista

43 ANTONIO DIASSem título, 1985Grafite, madeira, borracha s/tela195x130x106cm Coleção do artista

44/45 BETE ESTEVESAsas do Desejo, 2008Vídeo, 1 min 29 s Coleção do artista

46 CARLOS VERGARALivro de artista: texto em branco, 1971Coletânea de desenhos35x54,5cm

Coleção do artista

47 CILDO MEIRELESInserções em circuitos ideológicos - Projeto Coca-Cola, 1970-2011Impressão em serigrafia sobre garrafa de refrigeranteDimensões variáveisColeção do artista

48 CINEMATA = CINTHIA MARCELLE + THIAGO MATTA MACHADOBuraco Negro, 2008Video 4 min 41 s pxb, somCortesia Box 4 e Cortesia Galeria Vermelho

49 COLETIVO FILÉ DE PEIXEPiratão Jukevideo, 2010Objeto multimídia interativo90x50x25cm tiragem 4/20Coleção particular

50/51 DANIEL SENISESem título, 1987/2008Escritos e desenhos s/papelSeleção de 8 cadernos medidas variaveis Coleção do artista

52 FELIPE BARBOSAHomem Bomba, 2002Objeto construído com bombas44x20x13 cmTiragem de 7Cortesia Cosmocopa Arte Contemporânea

53 GABRIELA MuREBMáquina #1: batedor, 2011Motor, circuito eletro-eletrônico, madeira7cmx7cmx10,7cmColeção da artista

54 GERALDO MARCOLINIMarcinho, série Celebridades, 2003Bordado de lã em tela70x60cmColeção do artista

55 GERALDO MARCOLINIElias, série Celebridades, 2003Bordado de lã em tela

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75x60cmColeção do artista

56/57 GISELA MILMANTodas as pessoas do mundo, 2009/2011Fotografias impressas sobre quebra-cabeçasDimensões variáveisColeção do artista

58 JOSÉ RuFINO Deditio, 2010Madeira, ferro, alpange de aço, máquinas de escrever283x170x125cmCortesia Galeria Milan

59 JOSÉ TANNuRIBanker - um esconderijo na galeria subterrânea?, 2009Terra, chapa de ferro, vidro, fio elétrico, lâmpada, tomada e plástico,50x50x70cmColeção do artista

60/63 LAERTE RAMOSPatrulha de resgate, 2008Cerâmica27x15x15cmMontagem em dimensões variáveisColeção do artista

LAERTE RAMOSMontanhas topecreme, 2008Instalação, cerâmicaMontagem em dimensões variáveisColeção do artista

64 LEONORA DE BARROSPoema, 1979Fotografia32,5x42cmColeção da artistaRegistro fotográfico Fabiana de Barros

65 LEO AYRESOperação Camuflagem, 2006/2007Video, 8 minColeção do artista

66/67 LOuRIVAL CuQuINHAOld Glory Financial Art Project, 2011999 dólares em papel moeda costurados em linha de algodão e mastro de cobre

180cmx90cmColeção Jones Bergamin

68 LuCIANO FIGuEIREDOFrutas estranhas, 1986Foto-objeto30x50x72cmColeção Lenora de Barros

69 LuIZ PIZARROSérie Look for an angel, 1997/1998Monotipia s/papel,70x50cm cadaColeção do artista

70 MARCELO GANDHIPinball, 2011Acrílico, desenho s/papel27x12,5x2cmColeção Bertani

71 NAZARENOValentes, 2009Nanquim s/papel32x21cm cadaColeção do artista

72/73 NELSON LEIRNERStop, 2006técnica mista150x15x25 cm Coleção Walton Hoffman

74 NuNO RAMOSBalada, 1995Livro com 896 páginas atravessado por uma bala de revólver calibre 22 que se aloja na página 700 23x18cmTiragem 100 exemplaresColeção Maneco Muller

NuNO RAMOSBalada, 1995Livro de 896 páginas atravessado por uma bala de revólver calibre 38 que se aloja na página 70023x18cmTiragem 100 exemplaresColeção Maneco Muller

75 RAFAEL ASSEFSassi Grill Bar Ltda da Série Lâminas, 2005

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Fotografia168x134x6cmCortesia Galeria Vermelho

RAFAEL ASSEFSérie Lâmina, 2005Fotografia168x134x6 cmCrédito Cortesia Galeria Vermelho

76 REGINA SILVEIRAEncuentro, 1991PlotterMedidas variáveisColeção da artista

77 VICENTE DE MELLOO Par, 2007Fotografia50x80cmColeção do artista

78 WALTER GOLDFARBFausto – Onde está Margarida?, 1999Gobelin, têmpera, carvão, óleo, fogo e grafite s/tela300x200cmColeção do artista

79 WALTON HOFFMANPor que no te callas?, 2007/2008Madeira e ferro81x60x34cmColeção particular

80/81 MAuRÍCIO DIAS & RIEDWEGOs Raimundos, os Severinos e os Franciscosvídeo 1998Mera vista pointvídeo 2002Cão que ladra não mordevídeo 2009Cortesia Galeria Vermelho

82/83 MARCELO AMORIMEducação para o amor, série Iniciação, 2011Óleo s/tela100x80cm, 40x50cm, 60x80cm Cortesia Galeria Oscar Cruz

84 NAZARETH PACHECO

Objeto Sangue, 2007O RH +, acrílico e vidro16x10x10cmColeção da artista

85 NAZARETH PACHECOSem Titulo, 1998 Acrílico, cristal e agulhas400x54x26cmColeção da artista

86/87 RICARDO BECKERDesfazer imagem, 2007Vidro, espelho e talco160x120cmColeção do artista

88 ROSANA PALAZYAN, 1998/2011Vídeo de Rosana Palazyan e Fabio Carvalho baseado em obras de Rosana Palazyan (1991 à 1998)Cor, estéreo, 11 min 38 s

89 ANALu CuNHACall me back, 2011Vídeo digital, loopingColeção do artista

ANALu CuNHASonhos com vôo, 2007Video digital, 4 min 40 sColeção do artista

90 BRuNO VILELABibbdi bobbdi boo, 2009Impressão jato de tinta s/papel150x100cmColeção do artista

91 CADuÁs de Espadas, Série Lisboa, 2010Corte a laser s/cartas de baralho9x6,5cm cadaColeção do artista

92/93 FERNANDA FIGuEIREDO & EDuARDO MATTOSFestim diabólico, 2010Fotografia, moldura de madeira e vidro150x100cmColeção Walter Goldfarb

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94/95 JuLIA DEBASSEInfernos particulares, 2011Acrílica e caneta s/papel 40 kilos68x95cmColeção da artista

96/97 GISELA MOTTA & LEANDRO LIMAVocê Para (You Stop it), 20082 canais de vídeo sincronizados, loop, sonorizadoColeção do artista

98 LOuISE D.D(...E viveram) Felizes para sempre, 2008Caixinha de veludo e comprimidos de Viagra3,5x6,5x5,5cmTiragem de 5 Cortesia Cosmocopa Arte Contemporânea

99 MARCELO CIDADEPequenos Delitos, 2007Aquarela s/papel cansonCaixa com 25 desenhos, 38x46cm cadaCortesia Galeria Vermelho

100 MÁRCIO BANFII feel love, 2006Vídeo instalação, 8 min 15 s Coleção do artista

101 MARCOS CHAVESSérie Hommage aux Mariage, 1989/2011Barbeadores de plástico e fio de nylon11x3x2cmColeção do artista

102 PONTOGORA pair of lungs, 2009Fotografia. Impressão digital sobre papel fotográfico125x70cmColeção do artista

103 RAFAEL PERPÉTuOOrientações, 2008Nanquim e caneta permanente s/papel Fabriano Dimensões variáveisColeção do artista

104/105 RAuL MOuRÃOSem título, 2011Aço 1020

Dimensões variáveisColeção do artista

AÇÕES

108/109 ALEXANDRE MuRuCCI

110/111 CLÁuDIA BAKKER

112/113 COLETIVO FILÉ DE PEIXEPiratão

114/115 LAuRA LIMAPalhaço com buzina reta monte de irônicos, 2007PerformanceMáscara de papel machê e lápis óleo, roupa de pa-lhaço de tecido, colarinho de tule, sapatos de couro, buzina, tubos de pvc

116/117 LuANA AGuIARRoleta Russa

118/119 OPAVIVARÁCerimônia do Chá

120/121 ROMANO

122/123 RONALD DuARTETraçantes

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EXPOSIÇÃO

CuRADORIA Daniela Name

PROJETO Leo Ayres

COORDENAÇÃO GERAL Nara Reis | Amanda Bonan

DESIGN DE MONTAGEM Bruno Castello

ILuMINAÇÃO Kugler | Well Ribeiro

PROGRAMAÇÃO VISuAL Victor Aragão

COMuNICAÇÃO Raquel Silva

MuSEOLOGIA Roberta Leite

ASSISTENTE DE CuRADORIA Nice Maria Jourdan

MONTAGEM Pablo Vilar | Estúdio Guaiamum

MONTADORES Alesandro Nicolau | Elvis Almeida Oliveira | Gustavo

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA & MONITORIARômulo Sales | Alessandra Caetano

SEGuROJMS Seguros

SINALIZAÇÃO AJB Comunicação Visual | Wilson Brito

TRANSPORTE Art Quality

PRODuÇÃO EXECuTIVA Izabel Ferreira | Memória Visual Produção Cultural

PRODuÇÃO Coletiva Projetos Culturais

PATROCÍNIO Caixa Econômica Federal

AGRADECIMENTOS ESPECIAISAntonio DiasCarlos VergaraCildo MeirelesEduardo BrandãoEquipe do Memorial da América LatinaLenora de Barros Maneco Muller Marcos Augusto GonçalvesNelson Leirner Regina SilveiraWalton Hoffmann

AGRADECIMENTOSA Gentil Carioca; Ana Buarque; Ana Fay; Ângela Barbour; Ateliê Adriana Varejão (Ana Buarque e Flávia Metzler); Ateliê Cildo Meireles (Bernardo Damasceno, Marisa Calage e Rubens Teixeira dos Santos); Ateliê Daniel Senise (Fernanda de Castro e Marianne Giuliano); Ateliê Raul Mourão (Quito); Bruna Lobo; Bruno Monnerat; Bolsa de Arte do Rio de Janeiro; Cesar Seabra; Cosmocopa Arte Contemporânea; Eduardo Brandão; Eduardo Mattos; Eduardo Simões; Emma Thomas; Galeria de Arte; Fábio Carvalho; Fernanda Figueiredo; Galeria Emma Thomas; Galeria Vermelho; Galeria Millan; Jean Meeran; Jorge Saldanha; Luciano Figueiredo; Lurixs Arte Contemporânea; Maneco Müller; Marcos Gallon; Mauro Saraiva; Mônica Rubinho; Multiplo – Espaço Arte; Nathália Cruz; Nelson Leirner; Roberta Alencastro; Thiago Mata Machado; Walter Goldfar e Walton Hoffmann

CATÁLOGOCOORDENAÇÃO EDITORIAL Raquel Silva | Izabel FerreiraPROJETO GRÁFICO Mauro CampelloTEXTO Daniela NameFOTOS Paulo Jabur | Raquel Silva | Acervo artistasREVISÃO DE TEXTOS Rosalina Gouveia

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PATROCÍNIO

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