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IC 31 CASTELO BRANCO / MONFORTINHO ESTUDO PRÉVIO VOLUME III ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL PEÇAS ESCRITAS RELATÓRIO – TOMO 2/3 ABRIL – 2010

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IC 31

CASTELO BRANCO / MONFORTINHO

ESTUDO PRÉVIO

VOLUME III

ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL

PEÇAS ESCRITAS

RELATÓRIO – TOMO 2/3

ABRIL – 2010

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho

Estudo de Impacte Ambiental – Relatório - Tomo 2

IC31 – CASTELO BRANCO / MONFORTINHO

ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL

ÍNDICE DE PEÇAS ESCRITAS

Resumo Não Técnico

Relatório

Tomo 1/3

1. Introdução

2. Objectivos e justificação do projecto

3. Descrição do projecto

Relatório

Tomo 2/3

4. Caracterização do ambiente potencialmente afectado

5. Evolução previsível do ambiente afectado na ausência do projecto

Relatório

Tomo 3/3

6. Avaliação de impactes ambientais

7. Medidas de mitigação

8. Análise comparativa das alternativas

9. Lacunas técnicas e de conhecimento

10. Monitorização

11. Conclusões

12. Referências bibliográficas

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IC31 – CASTELO BRANCO / MONFORTINHO

ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL

RELATÓRIO BASE

ÍNDICE DE TEXTO

4 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE POTENCIALMENTE AFECTADO ......................... 10

4.1 Introdução ......................................................................................................... 10

4.2 Clima ............................................................................................................... 11

4.2.1 Metodologia ............................................................................................ 11

4.2.2 Enquadramento climático da área .......................................................... 11

4.2.3 Meteorologia ........................................................................................... 11

4.2.4 Microclimatologia .................................................................................... 18

4.3 Geologia e Geomorfologia ................................................................................ 19

4.3.1 Metodologia ............................................................................................ 19

4.3.2 Geologia ................................................................................................. 20

4.3.3 Geomorfologia ........................................................................................ 34

4.4 Recursos Hídricos ............................................................................................ 37

4.4.1 Hidrografia, Hidrologia e Hidrogeologia ................................................. 37

4.4.2 Qualidade dos Recursos Hídricos, Usos e Fontes Poluentes ................ 63

4.5 Solos ............................................................................................................... 92

4.5.1 Metodologia ............................................................................................ 92

4.5.2 Caracterização pedológica ..................................................................... 92

4.5.3 Potencialidades e problemas dos solos presentes ................................ 93

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4.6 Componente Biológica ..................................................................................... 96

4.6.1 Flora, Vegetação e Habitats ................................................................... 96

4.6.2 Fauna terrestre ..................................................................................... 105

4.6.3 Áreas Classificadas .............................................................................. 112

4.7 Qualidade do Ar .............................................................................................. 113

4.7.1 Metodologia .......................................................................................... 113

4.7.2 Áreas com sensibilidade à poluição atmosférica ................................. 113

4.7.3 Fontes de poluição atmosférica ........................................................... 116

4.7.4 Caracterização da qualidade do ar ...................................................... 117

4.7.5 Parâmetros meteorológicos.................................................................. 120

4.8 Ambiente Sonoro ............................................................................................ 122

4.8.1 Enquadramento Legal .......................................................................... 122

4.8.2 Identificação dos receptores sensíveis e das fontes de ruído na envolvente do projecto ......................................................................... 123

4.8.3 Caracterização do ambiente sonoro local ............................................ 125

4.9 Componente Social ........................................................................................ 131

4.9.1 Metodologia .......................................................................................... 131

4.9.2 Enquadramento regional e concelhio ................................................... 133

4.9.3 Análise localizada ................................................................................. 151

4.10 Ordenamento do Território e Condicionantes ................................................ 159

4.10.1 Introdução e metodologia ..................................................................... 159

4.10.2 Enquadramento administrativo e territorial da área de estudo ............. 161

4.10.3 Instrumentos de gestão do território e de política de solos .................. 164

4.10.4 Áreas condicionadas e restrições de utilidade pública ......................... 168

4.10.5 Classes de uso do solo ........................................................................ 174

4.11 Património Cultural ......................................................................................... 178

4.11.1 Introdução ............................................................................................ 178

4.11.2 Metodologia .......................................................................................... 178

4.11.3 Descrição do ambiente afectado pelo projecto .................................... 183

4.11.4 Síntese histórica ................................................................................... 250

4.12 Paisagem ........................................................................................................ 257

4.12.1 Metodologia .......................................................................................... 257

4.12.2 Relevo .................................................................................................. 257

4.12.3 Análise Visual - Unidades de paisagem ............................................... 259

4.12.4 Definição das unidades de paisagem .................................................. 260

4.12.5 Quantificação do valor cénico das unidades de paisagem .................. 262

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5 EVOLUÇÃO PREVISÍVEL DO AMBIENTE AFECTADO NA AUSÊNCIA DO PROJECTO ........................................................................................................... 265

5.1 Introdução ....................................................................................................... 265

5.2 Clima ............................................................................................................. 265

5.3 Geologia e Geomorfologia .............................................................................. 266

5.4 Recursos Hídricos .......................................................................................... 266

5.5 Solos ............................................................................................................. 266

5.6 Componente Biológica ................................................................................... 267

5.7 Qualidade do Ar .............................................................................................. 267

5.8 Ambiente Sonoro ............................................................................................ 268

5.9 Componente Social ........................................................................................ 268

5.10 Ordenamento do Território e Condicionantes ................................................ 269

5.11 Património Cultural ......................................................................................... 270

5.12 Paisagem ........................................................................................................ 270

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 4.2.1 - Coordenadas geográficas das estações meteorológicas em análise .. 12

Quadro 4.2.2 - Síntese dos parâmetros mais relevantes relativos ao regime térmico na estação climatológica de Castelo Branco ..................................................................... 12

Quadro 4.2.3 - Síntese dos parâmetros mais relevantes relativos ao regime pluviométrico nas estações meteorológicas em análise ............................................... 14

Quadro 4.2.4 - Número de dias de nevoeiro, neve e geada na estação climatológica de Castelo Branco ........................................................................................................ 16

Quadro 4.2.5 - Dados relativos ao regime de ventos na estação climatológica de Castelo Branco ............................................................................................................. 17

Quadro 4.4.1 - Principais cursos de água e bacias hidrográficas atravessadas .......... 40

Quadro 4.4.2 - Caracterização e estado de conservação do leito e margens nas principais secções de linhas de água atravessadas .................................................... 43

Quadro 4.4.3 - Escoamento especifico e caudais médios para os semestres seco e húmido .......................................................................................................................... 48

Quadro 4.4.4 - Caudais de máxima cheia, para período de retorno de 100 anos ........ 50

Quadro 4.4.5 - Características das captações de água para abastecimento público .. 66

Quadro 4.4.6 - Índices de atendimento a sistemas de drenagem e a sistemas de tratamento de águas residuais ..................................................................................... 70

Quadro 4.4.7 - Normas de descarga de águas residuais de matadouros e de unidades de processamento de carnes ....................................................................................... 71

Quadro 4.4.8 - Concentrações típicas para alguns poluentes presentes em águas de drenagem de estradas .................................................................................................. 73

Quadro 4.4.9 - Estações de amostragem consideradas para a classificação da qualidade dos recursos hídricos superficiais ................................................................ 74

Quadro 4.4.10 - Classificação da qualidade - Estação de Ponte Munheca ................. 76

Quadro 4.4.11 - Classificação da qualidade - Estação da Albufeira de Idanha ........... 77

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Quadro 4.4.12 - Classificação da qualidade - Estação da Albufeira de Penha Garcia 78

Quadro 4.4.13- Estações de amostragem consideradas para a classificação da qualidade dos recursos hídricos subterrâneos ............................................................. 80

Quadro 4.4.14- Qualidade da água para produção de água para consumo humano .. 81

Quadro 4.4.15 - Qualidade da água para rega ............................................................. 82

Quadro 4.6.1 - Escala de representatividade dos habitats naturais presentes na área de estudo. ..................................................................................................................... 99

Quadro 4.6.2 - Habitats naturais protegidos identificados na área de estudo (a negrito estão assinalados os habitats prioritários) ................................................................... 99

Quadro 4.6.3 - Datas das saídas de campo à área de influência do IC31 ................. 105

Quadro 4.6.4 - Descrição dos habitats presentes na área de estudo ........................ 106

Quadro 4.6.5 – Localização das amostragens realizadas .......................................... 108

Quadro 4.6.6 - Resultados da amostragem de anfíbios e répteis na área de afectação do traçado ................................................................................................................... 109

Quadro 4.6.7 - Segmentos do traçado analisados em termos de mortalidade na Herpetofauna .............................................................................................................. 110

Quadro 4.6.8 - Registo de presenças de mamíferos .................................................. 111

Quadro 4.7.1 - Receptores sensíveis nos traçados em estudo do IC31 .................... 114

Quadro 4.7.2 - Emissões atmosféricas, em 2005, nos concelhos de Castelo Branco e Idanha-a-Nova ............................................................................................................ 117

Quadro 4.7.3 - Estação de monitorização da qualidade do ar do Fundão ................. 117

Quadro 4.7.4 - Eficiências (%) obtidas por analisador na estação de monitorização do Fundão, em 2007 ........................................................................................................ 118

Quadro 4.7.5 - Concentração de Poluentes na Estação de monitorização do Fundão, em 2007 ...................................................................................................................... 118

Quadro 4.7.6 - Níveis de SO2 registados na estação de monitorização da qualidade do ar do Fundão, no ano de 2007, e comparação com os valores-limite do Decreto-Lei n.º 111/2002 ..................................................................................................................... 119

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Quadro 4.7.7 - Níveis de NO2 registados na estação de monitorização da qualidade do ar do Fundão, no ano de 2007, e comparação com a Portaria n.º 286/93 e Decreto-Lei n.º 111/2002 ............................................................................................................... 119

Quadro 4.7.8 - Níveis de PM10 registados na estação de monitorização da qualidade do ar do Fundão, no ano de 2007, e comparação com o Decreto-Lei n.º 111/2002 . 120

Quadro 4.7.9 - Níveis de Ozono registados na estação de monitorização da qualidade do ar do Fundão, no ano de 2007, e comparação com o Decreto-Lei nº 320/2003 ... 120

Quadro 4.8.1 - Indicadores de ruído ambiente registados nos locais de avaliação acústica ...................................................................................................................... 128

Quadro 4.9.1 - Inserção territorial do projecto ao nível da Divisão Administrativa e da NUTS .......................................................................................................................... 133

Quadro 4.9.2 - Densidades populacionais (2001) ...................................................... 135

Quadro 4.9.3 - Distribuição da população residente segundo a dimensão dos lugares .................................................................................................................................... 135

Quadro 4.9.4 - Evolução da população residente de 1981 a 2001 ............................ 136

Quadro 4.9.5 - Estrutura etária da população em 2001 ............................................. 137

Quadro 4.9.6 - Habitação ........................................................................................... 138

Quadro 4.9.7 - Distribuição da população residente empregada por sectores de actividade económica ................................................................................................. 140

Quadro 4.9.8 – Desemprego ...................................................................................... 141

Quadro 4.9.9 - Poder de compra per capita (2002) .................................................... 142

Quadro 4.9.10 - Número de empresas (31/12/2006), segundo a CAE, Rev.2 ........... 143

Quadro 4.9.11 - Número de sociedades (31/12/2006), segundo a CAE, Rev.2 ......... 143

Quadro 4.9.12 - Pessoal ao serviço em sociedades (31/12/2005) ............................. 143

Quadro 4.9.13 - Volume de negócios das sociedades (31/12/2005) (valores em milhares de euros) ...................................................................................................... 144

Quadro 4.9.14 - Caracterização da actividade agrícola e pecuária ............................ 146

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Quadro 4.9.15 - Número de sociedades na indústria transformadora (31/12/2006) .. 147

Quadro 4.9.16 - Pessoal ao serviço em sociedades da indústria transformadora (31/12/2005) ............................................................................................................... 148

Quadro 4.9.17 - Indicadores de Actividade Turística (31/12/2006) ............................ 149

Quadro 4.9.18 - Principais equipamentos (2006/2007) .............................................. 150

Quadro 4.10.1 – Localização das soluções em estudo nas freguesias atravessadas 162

Quadro 4.10.2 - Instrumentos de gestão territorial em vigor na área do IC31 ........... 165

Quadro 4.10.3 - Correspondência entre as classes de espaços das cartas de ordenamento dos PDM e as classes de espaços da carta de ordenamento do EIA .. 167

Quadro 4.10.4 - Extensões da REN atravessadas ..................................................... 170

Quadro 4.10.5 - Extensões da RAN atravessadas ..................................................... 171

Quadro 4.10.6 - Classes de uso do solo obtidas a partir do agrupamento das classes definidas pelo CNIG .................................................................................................... 174

Quadro 4.10.7 - Classes de ocupação do solo em cada solução de traçado (em metros) ........................................................................................................................ 176

Quadro 4.11.1 - Elementos patrimoniais de enquadramento ..................................... 246

Quadro 4.11.2 - Património classificado ..................................................................... 250

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 4.2.1 - Gráfico termo-pluviométrico da estação climatológica de Castelo Branco ...................................................................................................................................... 13

Figura 4.2.2 - Gráfico pluviométrico da estação udométrica de São Miguel de Acha .. 14

Figura 4.2.3 - Gráfico pluviométrico da estação udométrica de Idanha-a-Velha .......... 15

Figura 4.2.4 - Gráfico pluviométrico da estação udométrica de Penha Garcia ............ 15

Figura 4.2.5 - Rosa-dos-ventos da estação climatológica de Castelo Branco ............. 17

Figura 4.3.1 - Enquadramento Geológico. .................................................................... 21

Figura 4.3.2 - Extracto ampliado da Carta Neotectónica de Portugal .......................... 27

Figura 4.3.3 – Isosistas de intensidades máximas ....................................................... 28

Figura 4.3.4 - Casualidade Sísmica. Parâmetros para um período de retorno de 1000 anos ..................................................................................................................... 29

Figura 4.3.5 - Extracto da Carta Mineira de Portugal (1960), abrangendo a área em estudo ........................................................................................................................... 31

Figura 4.4.1 - Hierarquia das principais linhas de água presentes na área em estudo 39

Figura 4.4.2 - Formações hidrogeológicas ................................................................... 53

Figura 4.4.3 - Formações hidrogeológicas do sector Penha Garcia – Monfortinho ..... 59

Figura 4.4.4 - Extracto da Folha 25-B da Carta Geológica de Portugal 1:50 000, representando a área compreendida entre o final do traçado em estudo do IC31 e o rio Erges ............................................................................................................................ 62

Figura 4.4.5 - Dados de qualidade da estação de amostragem 305/C77 (Fonte SNIRH, 2009)............................................................................................................................. 83

Figura 4.4.5 - Dados de qualidade da estação de amostragem 305/C77 (continuação; Fonte SNIRH, 2009) ..................................................................................................... 84

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Figura 4.4.6 - Dados de qualidade da estação de amostragem 256/C60 (Fonte SNIRH, 2009)............................................................................................................................. 85

Figura 4.4.6 - Dados de qualidade da estação de amostragem 256/C6 (continuação; Fonte SNIRH, 2009) ..................................................................................................... 86

Figura 4.9.1 - Vinha no corredor das Soluções 1 e 1A ............................................... 153

Figura 4.9.2 - Olival no corredor das Soluções 1 e 1A ............................................... 153

Figura 4.9.3 - Áreas agrícolas no corredor da Solução 1B ......................................... 154

Figura 4.9.4 - Área agrícola no corredor da Solução 5 ............................................... 154

Linda-a-Velha, Abril de 2010

Júlio de Jesus, Coordenador do Estudo de Impacte Ambiental (eng.º do ambiente (OE 19972), membro profissional APAI n.º 1)

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4 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE POTENCIALMENTE AFECTADO

4.1 Introdução

No presente capítulo procede-se à caracterização do ambiente potencialmente afectado pela construção e exploração do IC31 Castelo Branco / Monfortinho. Esta caracterização baseou-se na bibliografia (cap. 12), na informação recolhida junto de entidades contactadas (Anexo 1.5.1) e em trabalhos de campo. O capítulo organiza-se nos seguintes subcapítulos:

Clima (4.2);

Geologia e Geomorfologia (4.3);

Recursos Hídricos (4.4);

Solos (4.5);

Componente Biológica (4.6);

Qualidade do Ar (4.7);

Ambiente Sonoro (4.8);

Componente Social (4.9);

Ordenamento do Território e Condicionantes (4.10);

Património Cultural (4.11);

Paisagem (4.12).

Para facilitar a leitura e consulta do EIA, a numeração dos subcapítulos mantém-se nos capítulos 5 (Evolução da situação sem projecto), 6 (Avaliação de impactes), 7 (Medidas de mitigação) e 12 (Bibliografia).

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4.2 Clima

4.2.1 Metodologia

A obtenção de informação de âmbito climático e meteorológico compreendeu pesquisa bibliográfica, análise das características fisiográficas da área de estudo e selecção de dados relevantes relativos às estações meteorológicas mais próximas.

A caracterização inicia-se com o enquadramento climático da área em estudo, ao qual se sucede uma caracterização macro-climatológica, com base nos registos das estações meteorológicas mais próximas. São descritos os comportamentos de factores considerados relevantes: temperatura, precipitação, nevoeiro, geada, neve e vento. Por último, referem-se aspectos relevantes de âmbito microclimático.

A caracterização apresentada é comum para a área de desenvolvimento de todos os traçados em estudo, dado que partilham condições climáticas e microclimáticas similares.

4.2.2 Enquadramento climático da área

A área em estudo situa-se na Beira Baixa, desenvolvendo-se numa área incluída no domínio bioclimático Pré-Mediterrâneo Interior, que se estende sobretudo pelo território nacional ao sul do rio Tejo, que se encontra ao abrigo das influências marítimas.

De acordo com o esboço das regiões climáticas de Portugal (Ribeiro, 1988), a região apresenta clima continental característico da Beira Baixa.

Atendendo à classificação climática de Köppen, as características termopluviométricas correspondem às do clima tipo Csa.

De acordo com a classificação de Thornthwaite, o clima regional é mesotérmico (temperado), sub-húmido húmido, com moderada eficácia térmica e grande défice de água no Verão.

4.2.3 Meteorologia

Para a caracterização macro climatológica da área analisaram-se os registos da estação climatológica de Castelo Branco e das estações udométricas de São Miguel de Acha, Idanha-a-Velha e Penha Garcia.

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No Quadro 4.2.1 apresentam-se as coordenadas geográficas das estações meteorológicas analisadas.

Quadro 4.2.1 - Coordenadas geográficas das estações meteorológicas em análise

Estação Meteorológica Latitude Longitude Altitude

Castelo Branco (1) 39º 49´N 7º 29´W 380 m

São Miguel de Acha (2) 40° 01´N 7° 20´W 359 m

Idanha-a-Velha (2) 40° 00´N 7° 10´W 279 m

Penha Garcia (2) 40° 03´N 7° 01´W 542 m

Fonte: INMG, 1991.

Notas: (1) Estação climatológica (2) Estação udométrica

O período de observação estudado corresponde à Normal Climatológica 1951-80 (INMG, 1991).

A localização e registos das estações meteorológicas analisadas apresentam-se no Anexo 4.2.1.

4.2.3.1 Temperatura

No Quadro 4.2.2 apresentam-se os parâmetros mais relevantes relativos ao regime térmico na estação climatológica de Castelo Branco.

Quadro 4.2.2 - Síntese dos parâmetros mais relevantes relativos ao regime térmico na estação climatológica de Castelo Branco

Parâmetro do regime térmico Estação climatológica de Castelo Branco

Temperatura média anual 15,6ºC

Temperatura média do mês mais quente 24,5ºC (Julho)

Temperatura média do mês mais frio 8,2ºC (Janeiro)

Amplitude térmica anual 16,3ºC

Temperatura máxima média do mês mais quente 31,6ºC (Julho)

Temperatura mínima média do mês mais frio 4,7ºC (Janeiro)

Temperatura mais alta registada 40,6ºC (Julho)

Temperatura mais baixa registada - 4,7ºC (Dezembro)

Número de dias com temperatura Máx. > 25ºC 118 dias (Mar. a Nov.)

Número de dias com temperatura Mín. < 0ºC 4 dias (Dez. a Mar.)

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Os parâmetros apresentados confirmam o carácter de transição do clima regional, notando-se tendência para continentalidade.

A Figura 4.2.1 representa o gráfico termo-pluviométrico da estação climatológica de Castelo Branco.

4.2.3.2 Precipitação

Na região os quantitativos pluviométricos médios anuais oscilam entre os 500 e os 900 mm.

Apresentam-se, no Quadro 4.2.3, os parâmetros mais relevantes relativos à precipitação, nas estações meteorológicas analisadas.

O período mais húmido estende-se de Outubro a Março, sendo Janeiro ou Fevereiro o mês mais pluvioso. A partir de Março verifica-se uma diminuição acentuada da precipitação, atingindo-se os valores mínimos em Julho e Agosto. O mês de Setembro, com quantitativos superiores, assinala já a transição para o período húmido.

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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipitação (mm)

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15

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25

30

35

40

45

50

55Temperatura (ºC)

Precipitação Temperatura

Figura 4.2.1 - Gráfico termo-pluviométrico da estação climatológica de Castelo Branco

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Quadro 4.2.3 - Síntese dos parâmetros mais relevantes relativos ao regime pluviométrico nas estações meteorológicas em análise

Parâmetros

Estação Meteorológica

Castelo Branco

S. Miguel de Acha Idanha-a-

Velha Penha Garcia

Precipitação total (mm) 821,4 826,8 678,6 838,2

% de precipitação no semestre húmido

77,0 % 75,5 % 74,4 % 74,1 %

Mês mais pluvioso Janeiro

(125,8 mm) Fevereiro

(120,7 mm) Fevereiro (95,0 mm)

Janeiro (126,0 mm)

Mês menos pluvioso Agosto

(6,3 mm) Julho (7,4 mm)

Agosto (6,9 mm)

Julho (11,9 mm)

N.º dias precipitação ≥ 0,1 mm

93 74 66 86

N.º dias precipitação ≥ 10,0 mm

28 29 26 29

Precipitação máxima diária 118,0 mm (Março)

143,2 mm (Novembro)

113,2 mm (Novembro)

135,4 mm (Fevereiro)

As Figuras 4.2.2, 4.2.3 e 4.2.4 representam o gráfico pluviométrico das estações udométricas de São Miguel de Acha, Idanha-a-Velha e Penha Garcia.

0

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20

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40

50

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70

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90

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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipitação (mm)

Figura 4.2.2 - Gráfico pluviométrico da estação udométrica de São Miguel de Acha

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70

80

90

100

110

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130

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipitação (mm)

Figura 4.2.3 - Gráfico pluviométrico da estação udométrica de Idanha-a-Velha

0

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70

80

90

100

110

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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipitação (mm)

Figura 4.2.4 - Gráfico pluviométrico da estação udométrica de Penha Garcia

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4.2.3.3 Nevoeiro, geada e neve

O nevoeiro e a nebulosidade são característicos do clima atlântico. A sua localização e os seus tipos retratam, de maneira expressiva, a diminuição progressiva para o interior da influência marítima (Daveau, 1985).

Na área em estudo ocorrem nevoeiros de irradiação das baixas continentais.

Este tipo de nevoeiro aparece sobretudo nas noites límpidas e frias, de tipo anticiclónico, desde o Outono até à Primavera. O nevoeiro pelicular fica limitado, a maior parte das vezes, às baixas onde se acumula o ar frio. Esta acumulação resulta da irradiação local e do deslize, ao longo das vertentes, do ar arrefecido e denso (Daveau, 1985). Na área do projecto, nevoeiros deste tipo ocorrem sobretudo nos vales dos rios Ponsul e Erges.

A formação de geada encontra-se frequentemente associada a linhas de água nas zonas de vale, nas noites mais frias e com vento fraco ou nulo.

A ocorrência de neve é, na região, um fenómeno excepcional.

No Quadro 4.2.4 apresenta-se o número médio de dias por ano de nevoeiro, neve e geada, na estação climatológica de Castelo Branco.

Quadro 4.2.4 - Número de dias de nevoeiro, neve e geada na estação climatológica de Castelo Branco

Número de dias

Estação Climatológica de Castelo Branco

Nevoeiro 10 dias (todo o ano; máx. de 2,2 dias em Dezembro e mín. de 0,1 dias de Junho a Agosto)

Geada 5 dias (de Novembro a Março, com máx. de 2,2 dias em Dezembro)

Neve 1 dia (de Dezembro a Março, com máx. de 0,3 dias em Dezembro)

4.2.3.4 Regime de ventos

No Quadro 4.2.5 apresentam-se os dados relativos ao regime de ventos na estação climatológica de Castelo Branco.

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Quadro 4.2.5 - Dados relativos ao regime de ventos na estação climatológica de Castelo Branco

Estação climatológica

Rumos mais frequentes

Velocidade do vento Frequência de calmas (período com

velocidade de vento inferior a 1 km/h)

Rumos com maiores velocidades médias

Nº dias vel. ≥ 36

km/h

Nº dias vel. ≥ 55

km/h

Castelo Branco

NE (17,1%), W (16,9%), N (15,3%)

SW (9,3 km/h) W (8,6 km/h), NW (7,9 km/h)

4 1 1,2% (máx. 2,0 %, Janeiro e mín. 0,4%, Maio)

Os ventos dominantes são de nordeste, oeste e norte, sendo as maiores velocidades médias de sudoeste, oeste e noroeste.

Ventos com velocidade superior a 36 km/h ocorrem apenas em quatro dias por ano, e com velocidade superior a 55 km/h ocorrem apenas um dia por ano. A frequência anual de calmas é relativamente reduzida (1,2%).

A Figura 4.2.5 representa a rosa-dos-ventos das estações climatológica de Castelo Branco.

Frequência de calmas: 11,2 %

0

2

4

6

8

10

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14

16

18

N

NE

E

SE

S

SW

W

NW

Frequência (%) Velocidade média (km/h)

Figura 4.2.5 - Rosa-dos-ventos da estação climatológica de Castelo Branco

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4.2.4 Microclimatologia

Na área há a destacar os seguintes fenómenos de âmbito microclimático:

ocorrência de geadas nocturnas, sobretudo em noites frias de Inverno com tempo estável, em zonas de baixas;

nevoeiros de irradiação de baixas continentais nos principais vales, sendo de destacar o caso dos rios Ponsul e Erges;

ocorrência do fenómeno vertente nebulosa ao longo da encosta sudoeste da Serra do Ramiro / Serra de Penha Garcia.

Não se identificam outros fenómenos microclimáticos relevantes.

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4.3 Geologia e Geomorfologia

4.3.1 Metodologia

A caracterização da geologia compreende a identificação das principais unidades litológicas, sismicidade e tectónica. É também efectuada caracterização da geomorfologia a uma escala regional.

A caracterização apoia-se nas seguintes fontes de informação:

Folhas n.º 257, 258, 259, 268, 269, 270, 271 e 280 da Carta Militar, à escala 1: 25 000

Informações documentais e cartográficas contidas no Estudo Geológico e Geotécnico do projecto;

Carta Geológica de Portugal, à escala 1:500 000;

Carta Neotectónica, à escala 1:1 000 000;

Pesquisa de informação na Internet;

Consulta dos sites da Direcção Regional do Centro do Ministério da Economia (DRE-C), Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI) e Instituo da Água (INAG);

Informação recebida de entidades (DGEG, INETI, DRE-C, Geopark Naturtejo);

Outros elementos cartográficos e bibliográficos relevantes.

A descrição efectuada centra-se nos aspectos considerados relevantes para a avaliação dos impactes do projecto e, consequentemente, para a decisão sobre a viabilidade ambiental do projecto e selecção de alternativas, bem como para a definição de medidas de mitigação pertinentes. Desta forma não se considera adequado a apresentação de descrições mais detalhadas designadamente ao nível da descrição das unidades litoestratigráfica ou a aspectos de tectónica.

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4.3.2 Geologia

A caracterização da geologia compreende a identificação das principais unidades litológicas, referência a aspectos relevantes de sismicidade e tectónica e a eventuais recursos geológicos com valor económico ou conservacionista.

A caracterização hidrogeológica das unidades geológicas atravessadas é efectuada no subcapítulo 4.4.1.4.

4.3.2.1 Enquadramento geológico regional

A área em estudo insere-se no Maciço Hespérico, o qual constitui o soco Pré-Câmbrico/ Paleozóico da Península Ibérica, correspondente a uma crosta continental antiga e relativamente rígida, definitivamente consolidada no final do Paleozóico, há cerca de 280 milhões de anos. No seio do Maciço Hespérico, a área inclui-se no bordo sudoeste da Zona Centro Ibérica, que ocupa a parte central e ocidental da Península.

O projecto interessa fundamentalmente:

formações Câmbricas, compostas por um complexo de xistos e grauvaques;

formações graníticas associadas a orogenia hercínica, com rochas com diferentes tipos de composição relativamente à textura, granulometria e quimismo;

formações Miocénicas correspondentes a depósitos de cobertura arcósicos e cascalhentos, do tipo “ranhas”. Nas áreas adjacentes às formações graníticas estão presentes, em faixas de largura variável, xistos mosqueados e corneanas, resultantes de metamorfismo de contacto.

Encontram-se, ainda, depósitos superficiais Quaternários (aluvionares, colúvio-aluvionares e elúvio-aluvionares), que apresentam, em geral, modesto ou moderado desenvolvimento.

A Figura 4.3.1 representa, com base na Carta Geológica de Portugal (1:500 000) o enquadramento geológico da área em estudo.

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Figura 4.3.1 - Enquadramento Geológico.

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4.3.2.2 Caracterização litoestratigráfica

Procede-se, de seguida, a uma caracterização da litoestratigrafia da área de estudo (EP/PROVIA, 2009). A indicação, para cada solução de traçado, dos trechos onde as principais unidades litoestratigráficas são interessadas, é apresentada no Anexo 4.3.1.

No Anexo 4.3.2 apresentam-se as plantas geológicas detalhadas e respectivos perfis longitudinais, relativos aos traçados em estudo. Estas peças, elaboradas no âmbito do Estudo Geológico e Geotécnico do projecto, permitem identificar e localizar com detalhe as formações geológicas ocorrentes.

Recente

Depósitos aluvio-coluvionares

Estes depósitos, de natureza arenosa ou seixos, areno-argilosa ou siltosa, apresentam geralmente fraco desenvolvimento, com espessuras prospectadas inferiores a 2,5 m, sendo frequente aflorar o substrato rochoso nos principais leitos fluviais. De referir a existência de depósitos associados aos leitos dos rios Ponsul e Erges.

Depósitos de vertente (elúvio-coluvionares)

Trata-se de materiais superficiais acumulados em áreas com pendores acentuados, em resultado de escorregamentos verificados nas encostas, que se misturam com solos do topo das formações geológicas subjacentes. Apresentam em geral fraco desenvolvimento, designadamente em espessura. Estes depósitos encontram-se sobretudo na vertente sul da Serra da Gorda, entre Penha Garcia e Monfortinho.

Miocénico

Complexo de areias arcaicas e de cascalheiras

Constitui um depósito de cobertura que assenta em descontinuidade sobre o complexo de xistos e grauvaques do Câmbrico.

O complexo é formado, essencialmente, por níveis arcósicos, geralmente grosseiros e friáveis, mas por vezes com granulometria mais fina. Estão presentes intercalações de leitos de materiais cascalhentos e seixos. A matriz é maioritariamente argilo-arenosa, de cor avermelhada.

Encontram-se no leito e margens do rio Erges bancadas compactas de argilito e arenito subjacentes aos níveis arcósicos e de cascalheiras. Em outros locais encontram-se retalhos deste tipo de depósitos, com reduzido desenvolvimento, constituindo relíquias de uma cobertura muito mais vasta.

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Câmbrico

Complexo xisto-grauváquico

Trata-se de um complexo composto por uma série de xistos e grauvaques, intercalando com frequência veios e filonetes quartzosos. A estratificação e a xistosidade apresentam atitudes próximas, variando a direcção geralmente entre N 30-60 W, com fortes pendores para NE.

Encontram-se xistos predominantemente argilosos, por vezes siltíticos, micáceos, negros ou ardosíferos, com tons acinzentados e cinzento-acastanhados, sendo amarelados quando alterados. Os grauvaques são cinzento-escuros e castanho-escuros, sendo amarelo-acastanhados quando muito alterados.

Rochas eruptivas

Granitos das Beiras

As rochas graníticas ocupam parte significativa da região, integrando-se na unidade frequentemente designada por “Granitos das Beiras”.

Estão presentes, basicamente, quatro tipos de granitos, de acordo com a granulometria, textura e composição mineralógica:

Granitos de grão principalmente médio de duas micas;

Granodioritos biotíticos, de grão predominantemente médio;

Granitos de grão grosso, com textura porfiróide mais ou menos dominante;

Granitos de grão grosseiro, não porfiróide.

As rochas graníticas encontram-se frequentemente muito alteradas ou até decompostas à superfície, originando saibros graníticos mais ou menos grosseiros, com fracção argilosa variável. São também frequentes os blocos arredondados de granito pouco alterado, patenteando disjunção esferoidal.

Rochas metamórficas de contacto

Complexo de xistos mosqueados e corneanas

São rochas do complexo xisto-grauváquico que foram afectadas por metamorfismo de contacto, aquando da intrusão dos maciços graníticos. Trata-se sobretudo de xistos siliciosos e mosqueados, com fácies de corneanas, dispostos em áureolas em torno das massas graníticas. Por vezes ocorrem veios de quartzo intercalados nos xistos finamente estratificados.

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A transição entre as rochas metamórficas e o complexo não metamorfizado apresenta-se bastante difusa.

Rochas filoneanas

O complexo xisto-grauváquico e os maciços graníticos são atravessados, principalmente em áreas muito perturbadas tectonicamente, por diversos filões e filonetes, geralmente de natureza ácida, sobretudo de quartzo e frequentemente aplítico-pegmatíticos. Encontram-se também rochas filoneanas básicas, do tipo dolerito, geralmente associadas a granodioritos biotíticos e com espessuras inferiores a 1-2 m. Encontram-se geralmente muito alterados e têm orientação variável.

Os filões de quartzo presentes no seio dos estratos de xisto e grauvaques apresentam diversas atitudes, predominando a direcção NE-SW, com pujanças normalmente inferiores a 1-2 m, com desenvolvimento pouco contínuo.

4.3.2.3 Neotectónica e sismicidade

As rochas constituintes do complexo xisto-grauváquico encontram-se bastante tectonizadas, apresentando deformações e fracturações originadas durante as fases sarda (dobras com eixos NNE e ENE), fase hercínica (dobras com eixo NW-SE com clivagem sub-vertical) e fase tardi-hercínica com rejogo alpino (falhas N-S, NNE-SSW e ENE-WSW).

A acção da orogenia hercínica foi a mais importante, tendo sido responsável pela intrusão dos maciços graníticos e consequente metamorfização das rochas do complexo xisto-grauváquico nas zonas de contacto. A xistosidade é, em geral, concordante com o dobramento hercínico, de orientação NW-SE, e sub-vertical. Os xistos são cliváveis e lamelares, por vezes separando-se em tiras.

Durante o Quaternário houve reactivação de algumas falhas tardi-hercínicas, originando-se sistemas de “graben” ou “semi-graben” ao longo das antigas zonas de fractura. Desta forma são as falhas tardi-hercínicas, que sofreram rejogos posteriores, que determinam a tectónica regional.

Destaca-se a falha do Ponsul, interceptada pelo projecto na área de Monfortinho, a qual se encontra representada na Carta Neotectónica de Portugal como falha certa com componente de movimentação vertical de tipo inverso ou cavalgamento (SGP, 1989). Esta falha, acompanhada em grande parte da sua extensão pelo rio Ponsul (para sul de Idanha-a-Nova), apresenta um comprimento total de 120 km, e orientação geral ENE-WSW. Corresponde a um desligamento esquerdo tardi-varisco, reactivado na orogenia alpina, considerando-se uma falha activa. A falha atravessa a região, prolongando-se para Espanha, limitando a bacia Cenozóica que se estende a sul, no bloco inferior.

Além das falhas, os maciços apresentam sistemas de diaclasamento constituídos geralmente por três famílias, com situações mais complexas em locais mais perturbados. Nas formações do complexo xisto-grauváquico, as diaclases encontram-se geralmente próximas a medianamente afastadas.

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Os depósitos de cobertura miocénicos, interessados no final do projecto, a partir da área de Monfortinho, assentam sobre o complexo xisto-grauváquico, em descontinuidade estratigráfica, por superfície de erosão. A presença destes depósitos, que constituem relíquias de depósitos muito mais vastos que já sofreram grande erosão, relaciona-se com o abatimento da falha do Ponsul.

A Figura 4.3.2 apresenta um extracto ampliado da Carta Neotectónica de Portugal, centrado na área de implantação do projecto, evidenciando-se a presença da falha do Ponsul.

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Figura 4.3.2 - Extracto ampliado da Carta Neotectónica de Portugal

Em termos de sismicidade, o território Português tem como principais pólos de actividade sísmica a falha Açores-Gibraltar (sismicidade inter-placa) e a falha inferior do Tejo (sismicidade intra-placa).

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Nos grandes sismos de 1755 e 1969, gerados na falha Açores-Gibraltar, a região encontrou-se nas zonas de intensidade sísmica de grau V e VI, enquanto no grande sismo de Benavente de 1909, gerado na falha inferior do Tejo, o grau de intensidade sísmica verificado na região foi de IV.

Na falha do Ponsul, potencialmente activa, estima-se, com base na geometria do acidente e na velocidade média calculada de deslizamento, que possa ser desencadeado um sismo com magnitude máxima provável compreendida entre 6,75 e 7,25, com um período de retorno de 9 000 a 30 000 anos, consoante a taxa de movimentação considerada (0,1 mm/ano a 0,03 mm/ano, respectivamente) (Dias e Cabral in JAE/PROVIA 1998). Não é de esperar que a região seja afectada por outras falhas activas geradoras de sismicidade.

Para efeitos da quantificação da acção dos sismos considera-se o país dividido em quatro zonas que, por ordem decrescente de sismicidade, são designadas por A, B, C e D, de acordo com o Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes de 1983 (ver Figura 4.3.3).

Figura 4.3.3 – Isosistas de intensidades máximas

Os concelhos onde se desenvolve o projecto - Castelo Branco e Idanha-a-Nova - encontram-se incluídos na zona sísmica C, a qual corresponde baixo risco sísmico e o valor de 0,5 para o coeficiente de sismicidade.

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De acordo com a carta de isossistas de intensidade máxima (ver Figura 4.3.3), a área onde se desenvolve o projecto encontra-se numa área de transição entre as zonas de intensidade VI e VII.

De acordo com a Carta de Casualidade Sísmica (Oliveira, 1977) (ver Figura 4.3.4), o projecto desenvolve-se numa zona onde é expectável um valor de aceleração máxima da ordem de 100 cm/s2, para um período de retorno de mil anos. Para o mesmo período de retorno são de esperar na área deslocamentos máximos entre 4 e 5 cm e velocidades máximas entre 10 a 12 m/seg.

Figura 4.3.4 - Casualidade Sísmica. Parâmetros para um período de retorno de 1000 anos

4.3.2.4 Recursos geológicos com valor económico

A pesquisa de eventuais situações relevantes relativas a recursos geológicos com interesse económico na área de implantação do projecto foi realizada através da consulta de bases de dados disponíveis no site do INETI (Projecto e-geo) e da consulta do Cadastro das Concessões 99, editado pelo Instituto Geológico e Mineiro (IGM).

As consultas efectuadas foram actualizadas e complementadas com informações fornecidas pelo INETI, DGEG e DRE-C.

De acordo com o Cadastro das Concessões publicado pelo IGM, na proximidade dos traçados em estudo não existem concessões mineiras, áreas de prospecção e pesquisa de depósitos minerais ou áreas de reserva e cativas para massas minerais (IGM, 1999).

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Com base na informação prestada pela DGEG, em ofício recebido em Fevereiro de 2009, na área de influência do projecto em apreço não ocorre, na actualidade, sobreposição com áreas afectas a recursos geológicos com direitos mineiros concedidos ou requeridos.

É assinalado, no entanto, na proximidade do final do projecto, a existência de uma área em recuperação na margem do rio Erges, onde existiu prospecção de ouro.

Refira-se que apesar da inexistência de direitos mineiros concedidos ou requeridos, a região é rica em recursos minerais, que são conhecidos e já foram alvo de exploração no passado.

Na proximidade imediata dos traçados em estudo identificam-se as seguintes ocorrências minerais:

No início do traçado, ao km 0+000 (Solução 1B), na zona do nó de ligação, existiram as concessões nº 2440 (Fonte das Alminhas) e nº 2449 (Cabeça Pelada). Estas concessões estavam incluídas do antigo Campo Mineiro da Lardosa, onde ocorriam estanho e titânio, com teores em cassiterite da ordem dos 2,5 kg/m3 e mais rara ilmenite. Este couto mineiro produziu, entre 1938 e 1967, mais de 1.500 toneladas de concentrados de cassiterite e manteve-se vigente entre 1922 e 1978;

ao km 1+000 (Solução 1), junto ao nó de ligação, situava-se a concessão mineira nº 2200 (Vale de Capitão). Esta concessão tinha como ocorrência estanho e titânio;

entre os km 31+500 e 33+500 (Solução 5) é intersectada a parte sudeste da ocorrência de estanho do antigo Campo Mineiro de Medelim, cujas concessões foram extintas em 1977;

ao km 35+000 (Solução 5), na zona de Monsarela, é conhecida a ocorrência de estanho de Fonte Monsarela que esteve concessionada até 1992;

entre os km 38+000 e 38+500 (Solução 5) é conhecida a ocorrência de estanho de Fonte do Casal Pelado que esteve igualmente concessionada até 1992.

Na Figura 4.3.5 apresenta-se um extracto da Carta Mineira de Portugal 1:500 000, datada de 1960, onde estão representadas as ocorrências minerais existentes na região, sendo de salientar o facto de que na época a que se reporta esta carta a exploração destas ocorrências era uma realidade.

Actualmente a exploração destas áreas foi abandonada por falta de interesse económico, não havendo perspectiva de retorno de exploração num futuro próximo.

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Figura 4.3.5 - Extracto da Carta Mineira de Portugal (1960), abrangendo a área em estudo

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Relativamente à presença de pedreiras licenciadas nas proximidades do projecto, de acordo com a DRE-C, na área em estudo não existem direitos de exploração atribuídos ou requeridos.

A pedreira mais próxima identificada encontra-se a sul de Alcains, a cerca de 1,5 km a SE do km 0+200 da Solução 1.1.

Nesta área é explorado o granito conhecido comercialmente como “Branco de Alcains”.

De acordo com a base de dados on-line “Ornabase” – Base de Dados do Catálago de Rochas Ornamentais Portuguesas, do projecto e-Geo – Sistema Nacional de Informação Geocientífica, trata-se de uma rocha ornamental explorada num afloramento, de tendência alcalina, que ocorre no seio do maciço granítico de Castelo Branco (Beira Baixa). A intrusão respectiva é de idade Hercínica tardia.

Em termos microscópicos pode-se caracterizar como uma rocha granítica com textura hipidiomórfica granular, microfracturada e ligeiramente alterada.

Nas pedreiras da região, onde se efectua extracção desta rocha, o maciço apresenta fracturação relativamente densa e irregular, nomeadamente à superfície, onde se observa, também, uma zona de alteração.

O principal sistema de fracturas possui atitude média N15-30º E, de pendor elevado a vertical, sendo muitas delas preenchidas por filonetes muito finos de quartzo e de turmalina, a que se associa uma zona ferruginizada por alteração das biotítes. Como acessórios, podem apontar-se os sistemas N15º W e N70º W, ambos sub-verticais, além de fracturas sub-horizontais.

Na extracção da rocha verifica-se que há alguma dificuldade na obtenção de blocos paralelepipédicos regulares. Os blocos que se extraem são, geralmente, de tipo prismático alongado com base reduzida.

A rocha é macia, pouco própria para ser polida, mas adequada para determinados tipos de trabalhos com acabamento rústico ou brunido. Um bom aspecto ornamental é obtido por corte segundo o "contra".

Referem-se, de seguida, características físico-mecânicas da rocha:

Resistência mecânica à compressão: 1249 kg/cm2;

Resistência mecânica à compressão após teste de gelividade: 1072 kg/cm2;

Resistência mecânica à flexão 124 kg/cm2;

Massa volúmica aparente: 2572 kg/m3;

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Absorção de água à P.At. N.: 0,87%;

Porosidade aberta: 2,24%;

Coeficiente de dilatação linear térmica: 7,8 x 10-6 per ºC;

Resistência ao desgaste: 0,3 mm;

Resistência ao choque: altura mínima de queda: 90 cm;

Resistência ao gelo superior a 25 ciclos de gelo-degelo.

Os minerais essenciais são a microlina (cerca de 35%), a plagioclase (cerca de 33%) e o quartzo (cerca de 25%). Como minerais acessórios há a referir a biotite e moscovite (cerca de 6%) e o zircão e minerais opacos (cerca de 1%).

Conforme anteriormente referido é a sul de Alcains que ocorre exploração desta rocha ornamental. A exploração concentra-se no lugar de Santa Apolónia, sendo ainda, incipiente. Contudo é de crer que existem reservas bastantes, quer em explorações existentes, quer na região.

Face a esta área central de exploração do granito Branco de Alcains, os trechos iniciais de traçados do IC31 Castelo Branco / Monfortinho, desenvolvidos a norte de Alcains (designadamente os traçados mais próximos da Solução 1 e da Solução 1A), inserem-se numa zona marginal de distribuição do recurso, ocupada por explorações agrícolas e pecuárias e com povoamento disperso, onde a indústria extractiva não tem presença.

Não está constituída nenhuma área de reserva ou cativa para a exploração deste recurso geológico.

4.3.2.5 Recursos geológicos com valor conservacionista

A região onde se desenvolve o projecto é bastante rica em ocorrências geológicas com interesse conservacionista, aspecto que constituiu justificativo da criação do Geopark Naturtejo, no qual o projecto se insere na sua totalidade.

Foi solicitado parecer à Direcção do Geopark Naturtejo, relativamente à ocorrência de importantes valores geológicos/geomorfológicos na proximidade dos corredores em estudo. Em resposta, efectuada em ofício datado de Março de 2009 (ver Anexo 4.3.3), foi informado que a inventariação do património geológico, que se encontra em elaboração e abrange todo o território do Geopark Naturtejo, mostra que os vários traçados em estudo não se desenvolvem nas imediações de qualquer geossítio.

Para complementar a pesquisa de valores geológicos de interesse conservacionista consultaram-se ainda as seguintes listagens:

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lista de Geossítios apresentada no âmbito do projecto e-geo (Sistema Nacional de Informação Geocientífica);

lista de geomonumentos elaborada pelo grupo ProGEO-Portugal

Através destas consultas, verificou-se que as ocorrências mais próximas (a menos de 2 km do traçado mais próximo) incluem-se na lista de Geossítios, correspondendo ao Inselberg de Monsanto, Inselberg da Moreirinha, Crista Quartzítca de Penha Garcia e Elevação Pliocénica de Pedras Ninhas.

Há ainda a considerar a área do vale do rio Ponsul, a jusante da Barragem de Penha Garcia, onde existem diversas jazidas com fósseis e icnofósseis. Esta área constitui um geossítio classificado como Conjunto de Interesse Municipal com a designação de Parque Icnológico de Penha Garcia.

A localização das ocorrências referidas consta no Desenho 120-EP-80-10 - Património Cultural e Geológico.

Entre estas ocorrências, a mais próxima do projecto é o Inselberg da Moreirinha que se eleva a cerca de 100 m a norte do Nó 8 S5, culminando a uma cota de 679 m. Trata-se de uma estrutura geológica constituída por um relevo que emerge bruscamente de uma superfície de aplanação de altitude média de 400 m (a superfície de Castelo Branco). É devida a uma fase climática bastante árida, acompanhada de fortes enxurradas, provavelmente de idade pliocénica. Segue-se em proximidade a área do Parque Icnológico de Penha Garcia e a Crista Quartzítica de Penha Garcia, ambos localizados a um pouco mais de 1 km a norte do traçado da Solução 5b.

4.3.3 Geomorfologia

A morfologia da região é predominantemente aplanada, típica de regiões planálticas.

Trata-se, no geral, de uma vasta superfície poligénica que truncou a estrutura do soco hercínico. A “superfície fundamental” é ante-cretácica, tendo sofrido diversos ciclos erosivos. O último grande ciclo ocorreu há cerca de dois milhões de anos, entre o Pliocénico Superior e o Plistocénico Inferior.

A superfície de erosão inclina para norte devido à compartimentação provocada por diversos acidentes tectónicos de direcção aproximada NE-SW. A falha do Ponsul constitui o mais meridional destes acidentes, separando a área de domínio granítico e xisto-grauváquico, que constitui a “superfície de Castelo Branco”, a norte, da bacia sedimentar que prolonga a “peneplanície alentejana”, a sul.

Na área norte do concelho de Idanha-a-Nova evidenciam-se, no seio da superfície planáltica, relevos residuais do tipo “inselberg”, como é o caso dos cabeços graníticos isolados de Monsanto (765 m) e Moreirinha (679 m) e as cristas quartzíticas de tipo

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apalachiano correspondentes às Serras do Ramiro (768 m) e de Penha Garcia (754 m), que se elevam 150 a 200 m acima da superfície envolvente, na área de Penha Garcia.

A sul da falha do Ponsul dominam extensões planas ou levemente onduladas com cotas máximas de 350 a 400 m, que decrescem para norte, na direcção da escarpa de falha, onde não ultrapassam os 200 m, em contraste com cotas médias de 400 m no lado norte da falha.

As principais linhas de água da região, correspondentes aos rios Erges, Ponsul e Aravil, afluentes da margem direita do rio Tejo, encontram-se fortemente encaixadas, a cerca de 200 m abaixo dos “plateaus”, os quais se encontram pouco dissecados pelas linhas de água menores.

Em função das características geomorfológicas das áreas atravessadas, podem individualizar-se, ao longo do projecto, seis trechos com certa homogeneidade:

Do início do projecto até cerca do km 22+000 das Soluções 1, 2 e 4 e Soluções 1A, 1B e 3: o substrato é granítico, sendo o relevo aplanado ou suave, por vezes de extensa planície. As linhas de água são geralmente pouco encaixadas e esparsas, com vales muito abertos, formando redes dendríticas. As zonas mais planas são pontilhadas por relevos residuais arredondados, bem como por caos de blocos, típicos das áreas graníticas;

Soluções 1, 3, 4, 5 e 5.1 aproximadamente entre o km 22+000 a km 32+000, e Solução 1C: o substrato é constituído pelo complexo xisto-grauváquico, sendo a morfologia suave com relevos arredondados, tornando-se a topografia mais agressiva junto das principais linhas de água que se apresentam acentuadamente encaixadas. Destaca-se o vale do rio Torto, com forte encaixe e meandrização, não obstante nalguns trechos seja evidente controlo estrutural;

Solução 1 entre cerca do km 32+000 e 38+500 o substrato é granítico, sendo a morfologia relativamente aplanada, evidenciando-se relevos residuais e grandes blocos arredondados e lajes, em áreas onde a escassez de diaclases e fracturas minimiza os efeitos dos agentes de alteração e erosivos. Os vales apresentam por vezes entalhe acentuado. As linhas de água formam um padrão de drenagem dendrítico, estando bem hierarquizadas;

Solução 5 aproximadamente entre o km 32+000 a 39+000 o substrato é granítico, encontrando-se as rochas muito alteradas à superfície. A morfologia é muito aplanada, não se destacando o atravessamento de qualquer linha de água;

Solução 1 entre o km 38+500 a 54+000, Solução 5 a partir do km 39+000, Soluções 6 e 7: o substrato é xisto-grauváquico, sendo a morfologia aplanada, com uma suave inclinação para sul. Em geral, as formas de relevo são arredondadas e por vezes alongadas segundo a direcção NW-SE, concordante com a disposição estrutural. As linhas de água apresentam por vezes um relativo encaixe e disposição dendrítica;

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Solução 1, do km 54+000 até ao final do projecto: são interessados os depósitos de cobertura miocénicos. A morfologia é muito aplanada, com leve inclinação para sudeste. A rede de drenagem é dendrítica e pouco densa.

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4.4 Recursos Hídricos

4.4.1 Hidrografia, Hidrologia e Hidrogeologia

4.4.1.1 Metodologia

A caracterização da hidrografia compreende a identificação e descrição das linhas de água e outras massas de água atravessadas pelo projecto, bem como as respectivas bacias hidrográficas.

Relativamente a aspectos de hidrologia, a abordagem efectuada compreende a caracterização do escoamento médio no semestre seco e húmido e a análise de ocorrência de cheias, em termos de caudais e áreas inundáveis.

A descrição física das condições hidrogeológicas gerais presentes na área em estudo discrimina as características específicas de cada uma das principais formações geológicas/hidrogeológicas identificadas.

É efectuada uma descrição física das condições hidrogeológicas específicas do Sector Penha Garcia – Termas de Monfortinho, o qual constitui uma área que, no contexto regional, apresenta particular interesse hidrogeológico;

A caracterização efectuada ao nível da hidrografia, hidrologia e hidrogeologia foi realizada com base em:

Consulta das Folhas n.º 257, 258, 259, 268, 269, 270, 271 e 280 da Carta Militar, à escala 1: 25 000;

Índice Hidrográfico e Classificação Decimal dos Cursos de Água de Portugal;

Ortofotomapas;

Plano de Bacia Hidrográfica (PBH) do rio Tejo;

Elementos dos PDM dos concelhos de Castelo Branco e Idanha-a-Nova;

Contactos e consultas dos sites da DGEG (Direcção-Geral de Energia e Geologia), INAG (Instituto da Água), Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) e Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR);

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Dados e cartografia do projecto rodoviário;

Pesquisa bibliográfica e cartográfica diversa;

Carta Geológica de Portugal, à escala 1:500 000 (SGP, 1992)

Informações documentais e cartográficas contidas no Estudo Geológico e Geotécnico do projecto.

Esta informação foi complementada com visitas ao campo.

Foram ainda contactadas as Câmaras Municipais de Castelo Branco e de Idanha-a-Nova.

4.4.1.2 Hidrografia, rede hidrográfica e massas de água

As linhas fundamentais do relevo, unindo os pontos de maiores cotas — linhas de festos — e de menores cotas — linhas de talvegue — regulam o funcionamento dos escoamentos das águas superficiais.

O projecto desenvolve-se na bacia hidrográfica do rio Tejo, atravessando áreas das bacias hidrográficas de três afluentes seus da margem direita — os rios Ocreza, Ponsul e Erges.

A drenagem processa-se, de um modo geral, para sul e organiza-se em redes hidrográficas principalmente de tipo dendrítico, embora por vezes seja patente o controle estrutural.

Na Figura 4.4.1 apresenta-se a hierarquia das linhas de água presentes na área de estudo que constam do Índice Hidrográfico e Classificação Decimal dos Cursos de Água de Portugal (DGRAH, 1981).

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rio Tejo

rio Ocreza rib.ª da Líria rib.ª de Alcains

rio Ponsul

rib.ª Ribeirinha

rib.ª de Oledo ribª da Nave Grande

ribª de Alpreade

rib.ª de Roncões

rio Torto rib.ª Mourisco

rib.ª Pessegueiro

rib.ª rio Moinhos rib.ª da Monsatela

rib.ª do Amial rib.ª da Moita

rib.ª da Figueira

rib.ª da Nave de João Domingues rib.ª de Canelas

rib.ª do Urgueiral

rio Erges

rib.ª de Arades ribeira do Sargento

rib.ª das Canas

rib.ª do Gavião

rib.ª das Tapadas

Nota: As linhas de água interceptadas por traçados em estudo encontram-se assinaladas com sublinhado

Figura 4.4.1 - Hierarquia das principais linhas de água presentes na área em estudo

A delimitação das linhas de água atravessadas e respectivas bacias hidrográficas apresenta-se no Desenho 120-EP-80-04A – Recursos Hídricos.

No Quadro 4.4.1 referem-se as principais bacias hidrográficas e a localização dos respectivos cursos de água atravessados pelas diferentes Soluções de traçado.

As principais linhas de água interceptadas são o rio Ponsul e a ribeira de Alpreade e o rio Torto, seus afluentes.

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Quadro 4.4.1 - Principais cursos de água e bacias hidrográficas atravessadas

Linha de água Classificação

decimal

Área total

da bacia (km2)

Extensão

total (km)

Local da

travessia (km)

rio Tejo 301 80 149,0 875,0 ---

rio Ocreza 301 90 1 422,2 83,5 ---

rib.ªda Líria 301 90 15 113,5 27,0

S1.2 (2+780)

S1B (1+350)

rib.ª de Alcains 301 90 15 17 6,9 4,1 S1.2 (5+210)

rio Ponsul

301 104 1 486,6 77,5

S1.9 (41+400)

S5b (44+930)

S6 (43+000)

rib.ª da Ribeirinha 301 104 16 66,3 17,8

S1.2 (6+930)

S1B (4+220)

rib.ª de Alpreade (1)

301 104 20 548,9 37,0

S1.3 (13+080)

S1B (10+230)

S2 (13+080)

rib.ª de Ronções (2) 301 104 20 06 10,0 5,8 S1B (7+390)

rib.ª de Oledo 301 104 20 01 48,7 17,0

S1.3 (20+400)

S2 (18+535)

rib.ª Nave Grande 301 104 20 01 02 3,6 2,5

S1.3 (17+620)

S2 (17+660)

rio Torto (3)

301 104 24 175,9 39,0

S1.6 (24+910)

S3.2 (24+850)

S4 (24+530)

S5a (25+800)

S5.1 (26+325)

rib.ª Mourisco (4)

301 104 24 01 16,3 10,0

S1.6 (27+420)

S1C (27+420)

S3.2 (27+430)

S5b (31+105)

rib.ª do Pessegueiro 301 104 26 5,4 3,8

S1.7 (30+140)

S1C (30+135)

rib.ª de rio de Moinhos 301 104 28 25,0 6,3

S1.7 (31+410)

S1C (31+370)

rib.ª da Monsatela (5) 301 104 28 02 15,0 7,0 S5b (34+070)

rib.ª do Amial (6) 301 104 30 31,1 10,5 S1.8 (37+920)

S5b (38+560)

rib.ª da Moita (7) 301 104 30 01 9,4 5,5 S5b (40+055)

rib.ª da Figueira (8) 301 104 32 9,3 4,8 S1.9 (39+660)

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Linha de água Classificação

decimal

Área total

da bacia (km2)

Extensão

total (km)

Local da

travessia (km)

S5b (41+520)

S6 (39+775)

rib.ª Nave João Domingues 301 104 27 21,6 5,0 ---

rib.ª de Canelas (9) 301 104 27 02 11,9 10,0

S1.9 (44+260)

S1.9 (44+600)

S1.9 (44+940)

rib.ª do Urgueiral (10) 301 104 29 5,0 4,5 S5c (46+995)

rio Erges 301 126 1.164,0 72,0 ---

rib.ª de Arades 301 126 20 66,8 20,0 ---

rib.ª do Sargento 301 126 20 01 11,8 5,5

S1.10 (46+420)

S5c (48+860)

S7 (46+445)

rib.ª do Gavião (11) 301 126 24 41,3 10,7 ---

rib.ª das Canas (12) 301 126 24 03 15,3 8,0

S1.10 (47+025)

S5c (49+430)

S7 (46+940)

ribª das Tapadas (13) 301 126 24 03 8,4 8,0

S1.10 (53+935)

S5d (53+005)

S5d (55+460)

S5d (56+560)

Fonte: (DGRAH, 1981). Linhas de água também designadas por: (1) ribeira de Alpreada; (2) ribeira do Cabeço ou da Barroca de Ronções; (3) ribeira das Taliscas; (4) ribeiro Mourisco ou ribeiro do Mourisco; (5) ribeira de Mondareis ou ribeiro dos Boleiros (6) ribeiro do Lagar, ribeiro das Rasas ou ribeira da Presa das Rasas; (7) ribeiro da Moita; (8) Barroca da Figueira ou ribeira Barroca da Figueira; (9) ribª de Aravanca; (10) ribeira das Colmeias; (11) ribeira da Torre ou de Galvão; (12) ribeiro Canas; (13) ribeiro das Poldras

As linhas de água secundárias, com uma disposição dendrítica, por vezes subparalela e hierarquizada, são subsidiárias dos principais cursos de água, merecendo referência a ribeira da Líria, afluente do rio Ocreza, a ribeira de Oledo, tributária da ribeira de Alpreade, o ribeiro do Mourisco, afluente do rio Torto, e as ribeiras do Pessegueiro, de rio de Moinhos (designada de ribeira de Monsatela a montante), do Amial, Figueira e Urgueiral, tributárias do rio Ponsul. São ainda de mencionar as ribeiras das Canas e das Tapadas, afluentes da ribeira do Gavião, por sua vez tributária do rio Erges.

O perfil transversal das principais linhas de água denota frequentemente grande entalhamento, com traçados meandrizados, por vezes rectilíneos evidenciando controle estrutural, e com vertentes mais acentuadas nos locais onde as formações geológicas apresentam maior resistência.

O escasso revestimento vegetal da maior parte dos terrenos, associado às condições climáticas locais, origina uma drenagem de superfície importante nas regiões xistentas face

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à sua fraca permeabilidade, e um escoamento mais modesto em terrenos graníticos em virtude de possibilitarem uma maior infiltração.

Com base em trabalho de campo centrado nos locais das principais secções de cursos de água interceptados pelos traçados em estudo ou na sua proximidade (quando o acesso foi possível), efectuou-se um registo qualitativo de diversos parâmetros que permitem caracterizar as linhas de água e margens e seu estado de conservação. O resultado das observações, realizadas em Dezembro de 2009, apresenta-se no Quadro 4.4.2.

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Quadro 4.4.2 - Caracterização e estado de conservação do leito e margens nas principais secções de linhas de água atravessadas

Linha de água Secção Escoamento Aspecto da massa de

água Aspecto do leito

Estado de eutrofização

Intervenções no leito e margens

Natureza das

margens

Conservação das margens

Galeria ripícula

Ribeira da Líria Sol. 1.2 água em circulação

água límpida não assoreado e desobstruído

Não visível motas nas margens

rocha sem sinais de erosão

presente, pouco desenvolvida

Ribª de Alpreade

EN 353 água em circulação

água límpida não assoreado e desobstruído

não visível não intervencionado

rocha sem sinais de erosão

presente, muito desenvolvida

Ribª de Roncões

Sol. 1B água em circulação

água límpida assoreado e obstruído

não visível não intervencionado

solo Alguns sinais de erosão

presente, muito desenvolvida

Ribª de Oledo Sol. 1.3 água em

circulação água límpida não assoreado e

desobstruído não visível não

intervencionado solo sem sinais de

erosão presente, muito desenvolvida

Sol.2 água em circulação

água límpida não assoreado e desobstruído

não visível não intervencionado

solo sem sinais de erosão

presente, pouco desenvolvida

Rio Torto Sol. 5.1 água em circulação

água límpida não assoreado e desobstruído

não visível não intervencionado

rocha sem sinais de erosão

presente, muito desenvolvida

Ribª do Mourisco Sol. 5b ausente leito seco

não assoreado, parcialmente

obstruído não visível

motas nas margens solo e rocha

sem sinais de erosão

presente, muito desenvolvida

Ribª Rio de Moinhos

Sol. 1 / Sol. 1C

água em circulação

água límpida não assoreado e desobstruído

não visível não intervencionado

rocha sem sinais de erosão

presente, pouco desenvolvida

Ribª da Monsatela

Sol. 5b ausente Leito seco não assoreado e desobstruído

não visível muros nas margens

solo sem sinais de erosão

presente, muito desenvolvida

Ribª do Amial Sol. 1.8 água em

circulação água límpida não assoreado e

desobstruído não visível não

intervencionado solo e rocha sem sinais de

erosão presente, muito desenvolvida

Sol. 5b água em circulação

água límpida não assoreado e desobstruído

não visível não intervencionado

solo e rocha sem sinais de erosão

presente, muito desenvolvida

Ribª da Figueira Sol. 1.9 água em circulação

água límpida não assoreado e desobstruído

não visível não intervencionado

solo sem sinais de erosão

presente, pouco desenvolvida

Rio Ponsul Sol. 1.9 água em

circulação água límpida não assoreado e

desobstruído não visível não

intervencionado solo sem sinais de

erosão presente, muito desenvolvida

Sol. 5b água em circulação

água límpida não assoreado e desobstruído

não visível motas nas margens

solo sem sinais de erosão

presente, pouco desenvolvida

Ribª das Tapadas

Sol. 5d /

Sol. 1.10 água em

circulação água límpida não assoreado e

desobstruído não visível motas nas

margens Solo e rocha Alguns sinais de

erosão presente, pouco

desenvolvida

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Registou-se escoamento com água de aspecto límpido em todas as linhas de água observadas, excepto no caso das ribeiras do Mourisco e da Monsatela, que apresentaram leito seco.

Quase sempre o leito se mostrou não assoreado e desobstruído, excepto no caso da ribeira de Roncões, com leito assoreado e obstruído e na ribeira do Mourisco com leito parcialmente obstruído. Em nenhum caso foram observados sinais de eutrofização.

Na maior parte dos casos não há intervenções antrópicas visíveis no leito e margens. A natureza das margens é variável, podendo ser solo, rocha ou ambos.

Apenas no caso das margens das ribeiras de Roncões e das Tapadas foram identificados alguns sinais de erosão. Em todos os casos existe galeria ripícola muito ou pouco desenvolvida.

Na área estão presentes algumas albufeiras, geralmente de dimensões reduzidas.

Referem-se, de seguida, pequenas albufeiras, que se encontram a distâncias inferiores a 500 m dos traçados em estudo (ver Desenho 120-EP-80-04A – Recursos Hídricos). A localização é referida face ao traçado mais próximo:

Albufeira localizada imediatamente a sul do km 1+270 a 1+350 da Solução 1.B, junto da cabeceira da ribeira da Líria. A bacia hidrográfica a montante é atravessada pelo traçado da Solução 1B;

Albufeira localizada cerca de 150 m a norte do km 4+000 da Solução 1.2, numa linha de água afluente da ribeira da Líria. A bacia hidrográfica a montante é atravessada pelo traçado da Solução 1B;

Albufeira localizada a cerca de 150 m a norte do km 5+300 da Solução 1.2, junto da cabeceira da ribeira de Alcains. A bacia hidrográfica a montante não é atravessada por qualquer dos traçados em estudo;

Albufeira localizada a cerca de 400 m a SE do km 9+200 da Solução 1.2 e a 80 m a NW do km 7+180 da Solução 1B, na ribeira da Barroca de Roncões. A bacia hidrográfica a montante é atravessada pelo traçado das Soluções 1.2 e 1B;

Albufeira recentemente ampliada, localizada imediatamente a noroeste do Ramo D do Nó 4S1, numa linha de água afluente da ribeira da Barroca de Roncões. A bacia hidrográfica a montante é atravessada pelo traçado da Solução 1.2;

Albufeira localizada a cerca de 90 m a sul do km 12+000 da Solução 1.1 e km 9+000 da Solução 1B, na ribeira da Barroca de Roncões. A bacia hidrográfica a montante é atravessada pelo traçado das Soluções 1.2 e 1B;

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Albufeira localizada a cerca de 200 m a noroeste do km 21+300 da Solução 1.3, na ribeira de Oledo. A bacia hidrográfica a montante é atravessada pelo traçado das Soluções 1.3, 1.4, 2, 4 e 5.1;

Albufeira localizada a cerca de 350 m a sueste do km 21+600 da Solução 1.3, num afluente da ribeira de Oledo. A bacia hidrográfica a montante não é atravessada por qualquer dos traçados em estudo;

Albufeira localizada a cerca de 420 m a norte do km 28+700 da Solução 5b numa linha de água subafluente do rio Torto. A bacia hidrográfica a montante é atravessada pelo traçado da Solução 5b;

Albufeira localizada a cerca de 100 m a nordeste do km 41+400 da Solução 1.9, num afluente do rio Ponsul. A bacia hidrográfica a montante é atravessada pelo traçado das Soluções 5b e 6;

Albufeira de reduzidas dimensões localizada entre o km 44+620 a 44+660 da Solução 1.9, na ribeira de Aravanca. A bacia hidrográfica a montante é atravessada pelo traçado das Soluções 1 e 5.

Nenhuma das albufeiras referidas apresenta zona de protecção definida, destinando-se geralmente a um ou mais dos seguintes usos:

uso agrícola,

uso pecuário,

uso cinegético,

pesca desportiva,

ponto de água para combate a incêndios.

A maiores distâncias dos traçados em estudo e a jusante do projecto, importa destacar a presença de albufeiras de maiores dimensões, designadamente as albufeiras das barragens de Idanha e de Penha Garcia, ambas no rio Ponsul e uma albufeira associada a um açude na ribeira do Galvão, afluente do rio Erges.

A albufeira da Barragem de Idanha apresenta a sua margem norte a cerca de 3 km a sueste do km 25+000 da Solução 1.5 e km 25+000 da Solução 4. A barragem encontra-se a jusante dos locais onde os traçados das Soluções 1.9, 5b e 6 atravessam o rio Ponsul, bem como, a jusante das confluências do rio Torto e das ribeiras do Pessegueiro, rio de Moinhos, Amial, Figueira, Nave de João Domingues e Urgueiral. Trata-se de uma albufeira importante no contexto regional, constituindo o maior represamento do rio Ponsul e respectiva bacia hidrográfica. A água desta albufeira é aproveitada para consumo humano, uso recreativo e alimentação de um aproveitamento hidroagrícola a jusante.

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A albufeira da Barragem de Penha Garcia encontra-se na proximidade da localidade com o mesmo nome, no curso do rio Ponsul, a cerca de 1 600 m a norte do km 46+300 da Solução 5c, a montante de todos os atravessamentos deste rio por traçados em estudo. A água desta albufeira é utilizada para consumo humano.

No Anexo 4.4.1 apresenta-se uma descrição das principais características da albufeira da Barragem de Idanha e da albufeira da Barragem de Penha Garcia. Referem-se também características gerais das barragens associadas a cada uma destas albufeiras, bem como das respectivas bacias hidrográficas.

De referir ainda a albufeira correspondente ao açude presente na ribeira do Galvão, a cerca de 2 100 m a sul do km 55+100 da Solução 1.11. Trata-se de uma pequena albufeira alongada à qual se encontra associado o Clube de Pesca e Tiro de Monfortinho. O espelho de água encontra-se a jusante das confluências das ribeiras das Canas e das Tapadas, as quais são interceptadas pelo projecto. Esta albufeira é utilizada para pesca recreativa e uso recreativo.

Nos corredores onde se desenvolvem os traçados em estudo estão também presentes diversas charcas de reduzidas dimensões.

Trata-se de reservatórios de água que preenchem escavações efectuadas para o efeito e que são alimentados por afluências subterrâneas e superficiais (essencialmente precipitação).

As charcas existentes associam frequentemente um ou mais dos seguintes usos:

uso agrícola,

uso pecuário,

uso cinegético,

ponto de água para combate a incêndios.

No Desenho 120-EP-80-04A – Recursos Hídricos encontram-se localizadas as charcas identificadas ao longo dos traçados em estudo, por recurso a fotografia aérea e reconhecimento de campo.

4.4.1.3 Hidrologia

Nas linhas de água interceptadas pelo traçado não existe qualquer estação hidrométrica, pelo que a caracterização hidrológica efectuada baseia-se em estimativas dos caudais médios e dos caudais máximos de cheia, nas secções correspondentes ao atravessamento das principais linhas de água pelos traçados em estudo (secções que definem bacia a montante com área inferior a 5 km2).

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Caudais médios

Considerou-se pertinente, para a caracterização do regime hidrológico, a estimativa do escoamento no semestre seco e no semestre húmido, tendo-se utilizado, para o efeito, as seguintes expressões regionais (IED, 1993).

Rh=0,768Ph-208

Rs=0,825P-0,768Ph-130

sendo:

Rh - Escoamento específico no semestre húmido (mm)

Rs - Escoamento específico no semestre seco (mm)

P - Precipitação anual uniformemente distribuída na bacia (mm)

Ph - Precipitação durante o semestre húmido uniformemente distribuída na bacia (mm)

O valor da precipitação adoptado para cada bacia foi determinado por recurso ao método de Thiessen, utilizando os valores de precipitação correspondentes à Normal Climatológica de 1951-80, nos postos udométricos com influência na área de desenvolvimento das bacias.

No Quadro 4.4.3 apresentam-se, respectivamente para os semestres seco e húmido, os valores de escoamento específico (Rs e Rh) e caudal médio (Qs e Qh), nas secções consideradas.

O escoamento anual específico nas diferentes bacias varia entre um máximo de cerca de 1 000 mm na bacia da ribeira de Alpreade e um mínimo de cerca de 680 mm nas bacias do ribeiro Mourisco e da ribeira de rio de Moinhos.

Os caudais estimados nas secções de atravessamento das linhas de água são de um modo geral reduzidos, apenas excedendo 10 m3/s na secção correspondente à ribeira de Alpreade no semestre húmido e sendo inferior a 3,5 m3/s em todas as restantes situações.

Nas linhas de água de menor dimensão, os caudais médios estimados para o semestre seco são praticamente nulos, o que traduz a realidade observada de que, efectivamente, o escoamento cessa durante os períodos mais secos do ano.

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Quadro 4.4.3 - Escoamento especifico e caudais médios para os semestres seco e húmido

Linha de água Secção Área (km2)

P (mm) Ph(mm) RS (mm) Rh (mm) Qs(m3/s) Qh (m3/s)

rib.ª de Alpreade S1.3=S1B=S2 444,0 1.002,1 755,2 116,7 372,0 3,3 10,5

rib.ª de Oledo S1.3 6,7 757,0 568,7 57,8 228,8 0,0(*) 0,1

S2 10,9 757,0 568,7 57,8 228,8 0,0(*) 0,2

rio Torto

S1.6 140,7 811,0 589,7 86,2 244,9 0,8 2,2

S3.2 139,5 811,0 589,7 86,2 244,9 0,8 2,2

S4 140,8 811,0 589,7 86,2 244,9 0,8 2,2

S5a 137,4 811,0 589,7 86,2 244,9 0,8 2,1

S5.1 136,0 811,0 589,7 86,2 244,9 0,7 2,1

rib.ª Mourisco S1.6= S1.C 11,7 678,6 505,0 42,0 179,8 0,0 (*) 0,2

S3.2 11,7 678,6 505,0 42,0 179,8 0,0 (*) 0,2

rib.ª de rio de Moinhos

S1.7 22,4 678,6 505,0 42,0 179,8 0,1 0,3

S1C 22,4 678,6 505,0 42,0 179,8 0,1 0,3

rib.ª do Amial S1.8 24,8 793,5 588,7 72,5 244,1 0,1 0,4

S5b 6,9 793,5 588,7 72,5 244,1 0,0 (*) 0,1

rib.ª Figueira S1.9 5,1 838,2 621,2 84,4 269,1 0,0 (*) 0,1

rio Ponsul S1.9 26,5 838,2 621,2 84,4 269,1 0,1 0,5

S5b=S6 19,0 838,2 621,2 84,4 269,1 0,1 0,3

rib.ª Tapadas S1.11 6,1 838,2 621,2 84,4 269,1 0,0 (*) 0,1

(*) Valor inferior a 0,05 m3/s

O regime hidrológico das linhas de água presentes na região é do tipo pluvial, com as especificidades de uma região de clima mediterrâneo.

Da variabilidade sazonal e interanual das precipitações resulta uma variabilidade do escoamento ainda mais agravada. O escoamento, tal como a precipitação, apresenta ao longo do ano uma distribuição que se mantém com as mesmas características de ano para ano: um semestre húmido de Novembro a Abril e um semestre seco de Maio a Outubro, sendo de assinalar que estes semestres estão deslocados um mês em relação aos correspondentes semestres definidos para a precipitação, sendo Novembro e Maio meses de transição.

O escoamento acumulado no semestre húmido é superior a 70% do escoamento anual, chegando a ser superior a 80%. O mês com maior escoamento situa-se entre Janeiro e Março e o de menor escoamento entre Junho e Setembro. Na generalidade, o caudal médio do mês mais húmido é cerca de 40 vezes o caudal médio do mês mais seco (Agosto) (DGRAH, 1986).

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Cheias

No âmbito hidrológico o problema das cheias pode considerar-se como um dos aspectos mais relevantes a considerar em projectos rodoviários, nomeadamente na localização e dimensionamento de viadutos e passagens hidráulicas.

Com o objectivo de efectuar uma caracterização em termos de caudais de máxima cheia nas principais secções interceptadas pelos traçados em estudo, foram efectuadas estimativas para um período de retorno de 100 anos.

Para o efeito adoptou-se a fórmula racional, correspondente à seguinte expressão (Lencastre, 1984):

Qp=C.l.A/3,6

em que:

Qp - Caudal de máxima cheia, expresso em m3/s, associado com o período de retorno T, para uma área A;

C - Coeficiente de escoamento que depende das características topográficas, pedológicas e do revestimento da bacia. No presente caso utilizou-se C = 0,6 (valor atribuído de modo conservativo);

I - Intensidade da precipitação em mm/h, para o período de retomo requerido e com duração correspondente ao tempo de concentração da bacia;

A - Área da bacia hidrográfica em km2

Para as bacias de maiores dimensões (principalmente em bacias com áreas superiores a 100 km2), devem-se considerar reservas na aplicação desta expressão, devido, fundamentalmente, à incerteza na definição do coeficiente de escoamento. No entanto, no presente caso, a utilização deste método conduziu a resultados relativamente próximos dos obtidos pela aplicação de uma expressão de aplicação regional (Loureiro, 1983).

Desta forma, tendo em vista uma melhor comparação dos valores obtidos nas diversas secções, optou-se por, também nas secções correspondentes a bacias de maiores dimensões, proceder à utilização da fórmula racional.

O cálculo da intensidade de precipitação foi efectuado pela seguinte expressão (Matos, 1986):

I = a x Tcb

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76,0

0,25J

L 0,3 Tc

em que I é a intensidade da precipitação em mm/h, Tc o tempo de concentração em minutos e a e b são coeficientes regionais dependentes do período de retorno considerado. Para um período de retorno de 100 anos assume-se a = 365,6 e b = -0,508.

O tempo de concentração foi calculado pela fórmula de Temez:

sendo Tc o tempo de concentração em horas; L o comprimento do talvegue (km) e J o declive médio da linha de água principal (m/m).

No Quadro 4.4.4 apresentam-se os valores correspondentes ao tempo de concentração, intensidades de precipitação máxima e caudais de máxima cheia, para um período de retorno (T) de 100 anos.

Quadro 4.4.4 - Caudais de máxima cheia, para período de retorno de 100 anos

Linha de água Secção Tempo de

concentração (min)

Intensidade máxima (mmlh)

Caudal de máxima cheia m3/s)

T=100 anos T=100 anos

rib.ª de Alpreade S1.3=S1B=S2 371 18 1339,0

rib.ª de Oledo S1.3 153 23 25,3

S2 216 19 34,8

rio Torto

S1.6 258 15 359,3

S3.2 239 16 370,4

S4 259 15 358,5

S5a 227 16 374,2

S5.1 216 17 379,8

rib.ª Mourisco S1.6=S1C 200 20 38,6

S3.2 201 20 38,5

rib.ª de R. Moinhos S1.7 36 42 155,4

S1C 34 43 159,2

rib.ª do AmiaI S1.8 86 27 110,7

S5b 72 33 38,2

rib.ª da Figueira S1.9 86 30 25,9

rio Ponsul S1.9 104 24 107,3

S5b=S6 91 26 82,4

rib.ª Tapadas S1.11 100 28 28,7

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Os valores de caudais de máxima cheia estimados, para um período de retorno de 100 anos, variam entre cerca de 25 m3/s, na ribeira de Oledo (Solução S1.3) e cerca de 1340 m3/s para a ribeira de Alpreade (Soluções S1.3, SB1 e S2).

As principais diferenças de caudais de ponta de cheia centenária entre diferentes secções numa mesma linha de água encontram-se no rio Ponsul entre a Solução S1.9 e a Solução S5b, comum com a Solução S6.

De acordo com as Cartas de Reserva Ecológica Nacional dos concelhos de Castelo Branco e ldanha-a-Nova, representam-se, no Anexo 3.4.1, as áreas ameaçadas pelas cheias na envolvente do projecto.

Com base na referida fonte, os traçados em estudo transpõem áreas ameaçadas pelas cheias nos seguintes trechos:

Solução 1.3: cerca do km 19+700 a 20+100 (baixa da rib.ª de Oledo);

Solução 1.9: cerca do km 39+550 a 39+700 (baixa da rib.ª da Figueira) e cerca do km 41+200 a 41+430 (baixa do rio Ponsul);

Solução 2: cerca do km 17+550 a 17+750 (baixa de afluente da rib.ª de Oledo);

Solução 5b: cerca do km 38+500 a 38+700 (baixa da ribeira do Amial) e cerca do km 39+950 a 40+150 (baixa da rib.ª da Moita);

Solução 6: cerca do km 39+730 a 39+820 (baixa da rib.ª da Figueira).

4.4.1.4 Hidrogeologia

Condições hidrogeológicas gerais

Introdução

Uma avaliação das características hidrogeológicas das formações atravessadas pelas várias soluções de traçado do IC31 entre Castelo Branco e as Termas de Monfortinho evidencia a predominância de maciços cristalinos fissurados formados por rochas granitóides e quartzitos e ainda formações paleozóicas de fácies xistenta e grauvaquóide. Ocorrem igualmente no final do traçado algumas formações detríticas de cobertura que constituem pequenos aquíferos porosos superficiais sem interesse regional.

As condições hidrogeológicas são determinadas pelo enquadramento geológico regional, representado na Figura 4.3.1 do subcapítulo 4.3 - Geologia e Geomorfologia. Na Figura 4.4.2 estão representadas as formações hidrogeológicas que se podem considerar no traçado do IC 31 entre Castelo Branco e as Termas de Monfortinho.

As condições hidrogeológicas associadas às principais formações descrevem-se seguidamente.

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Figura 4.4.2 - Formações hidrogeológicas

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Formações Terciárias de cobertura (cascalheiras e conglomerados arcósicos)

As formações terciárias de cobertura, onde se inclui a Formação da Torre encontram-se em áreas tectonicamente deprimidas, cujos limites correspondem muitas vezes a falhas importantes. As principais direcções de fracturação são NE-SW a WSW.

Estas formações estão representadas, na área de estudo, pela Formação da Torre, incluída no Grupo da Murracha. A Formação da Torre cobre o topo dos principais relevos a sul de Monfortinho e as margens do rio Erges e das principais ribeiras. Um extenso afloramento ocorre em toda a área do Bairro do Valagoto e das Termas de Monfortinho, correspondente ao troço terminal do traçado do lC31.

A formação é constituída por sedimentos de carácter fluvial, constituídos por níveis alternantes de conglomerados, arenitos e argilitos, dispostos numa sequência positiva, dominando os conglomerados na base da sequência. Os sedimentos são mal calibrados e estão envolvidos por uma importante matriz argilosa. A espessura máxima desta formação é da ordem de 100 m.

O limite inferior desta formação encontra-se em discordância angular com a unidade areno-conglomerática do Cabeço do Infante ou em descontinuidade com a unidade arenosa de Silveirinha de Figos.

O sistema hidrogeológico associado às formações terciárias de cobertura é poroso. Existem contudo poucos dados disponíveis sobre estes depósitos em termos de funcionamento hidráulico.

Do ponto de vista hidrogeológico constituem aquíferos porosos e heterométricos do tipo multicamada com alternância de níveis produtivos e aquitardos de acordo com as variações laterais e verticais de granulometria.

Estes terrenos são normalmente pouco produtivos, verificando-se que as descargas naturais - nascentes associadas a circulações subsuperficiais que acompanham o sentido da topografia, aflorando em locais de entalhe da rede hidrográfica - são pouco caudalosas e temporárias.

Conhecem-se os valores de caudais de extracção recomendados compreendidos entre 0,4 l/s e 0,81 l/s. Não se encontram referenciados valores dos parâmetros hidráulicos destas formações. Não se dispões também de dados sobre a piezometria.

Constata-se a presença de diversos poços e de áreas favorecidas pela ocorrência de nascentes.

Em certos casos, de condições hidráulicas mais favoráveis, estas formações podem suportar abastecimento a pequenas povoações como acontece na aldeia da Torre, situada 4 km a sul de Monfortinho, onde o abastecimento público depende de um furo e de um poço instalados em terrenos pliocénicos do Grupo da Murracha.

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O principal interesse hidrogeológico das formações terciárias e de cobertura deriva do facto de associarem uma importante componente de circulação vertical que permite constituírem áreas de recarga preferencial dos aquíferos subjacentes, conferindo-lhes simultaneamente uma considerável protecção à contaminação química e bacteriológica com origem na superfície.

No presente caso de estudo não estão identificados aquíferos com interesse regional que dependam da recarga a partir das formações de cobertura descritas anteriormente, embora no caso das nascentes termais de Monfortinho, esta formação desempenhe um papel importante na manutenção da qualidade da água com origem nos quartzitos, como adiante se descreve a propósito do estudo hidrogeológico de pormenor do sector Penha Garcia-Monfortinho.

Na área do Vale de Santa Maria, a sul das Termas de Monfortinho, o nível de água em poços (correspondente ao aquífero freático superficial) encontra-se, em períodos pluviosos, próximo de 1 m de profundidade. Porém, segundo informação colhida no local, durante o período estival a maioria destas origens acaba por secar.

Rochas xistosas

São constituídas por xistos argilosos intercalados com metarenitos de idade ordovícica ocupando o núcleo do sinclinal de Penha Garcia, entre Monfortinho e Salvador. Do ponto de vista hidrogeológico esta formação apresenta permeabilidade por fissuração variável, mas normalmente pouco importante.

A circulação das águas subterrâneas ocorre na dependência da fracturação e da orientação da xistosidade.

Dada a situação geológica e tectónica dos afloramentos de xistos no interior do sinclinal, estes não possuem potencial hidrogeológico assinalável.

Complexo xisto-grauváquico

Está extensamente representado por séries espessas e monótonas de xistos argilosos intercalados com metagrauvaques e ainda metaconglomerados de idade pre-câmbrica.

Do ponto de vista hidrogeológico este complexo apresenta permeabilidade associada à fracturação muito variável, mas sempre reduzida, dependendo as direcções dos fluxos subterrâneos em grande medida da abertura e lavagem das descontinuidades, ou seja, da ausência de colmatação por materiais argilosos.

Esta formação tem um comportamento hidráulico pobre, uma vez que não armazena água e só em condições geológicas favoráveis, como sejam a presença de filões de quartzo ou a intersecção de falhas e fracturas, de ocorrência difusa, é possível a existência de pequenos fluxos preferenciais de escoamento. Nestes casos é possível obter caudais susceptíveis de garantir abastecimentos particulares de pequenas quintas e criação de gado, não apresentando normalmente interesse como origem de abastecimento público.

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No final da época de estiagem a maioria dos pontos de água, poços de pequeno diâmetro e reduzida profundidade, e a maioria das nascentes, encontram-se secos ou com caudais diminutos.

Dadas as características impermeáveis dos terrenos xistosos, a rede de drenagem superficial apresenta grande densidade e regime de escoamento sazonal, com períodos de grande torrencialidade.

Rochas granitóides

Os afloramentos ígneos intrusivos estão largamente representados no trajecto do IC31 por granitos, granitos monzoníticos, granodioritos e quartzodioritos.

No conjunto constituem maciços cristalinos mais ou menos fracturados apresentando recarga por fissuração e, na fracção mais superficial, apresentam igualmente pequenas reservas de água associadas à camada de arenização ou saibro.

A circulação de água efectua-se pela rede de fracturas, não existindo direcções de fluxo dominantes.

Foi confirmado, durante trabalhos de campo, que em vários locais previstos para o traçado do IC31, o nível de água no solo se encontrava à superfície, nomeadamente nas zonas topograficamente mais deprimidas. Trata-se nestes casos, não do nível freático, mas sim de pequenas reservas ou bolsas de água associadas à camada de arenização ou saibro.

Quartzitos e afins

Os afloramentos de Quartzito Armoricano, xistos quartzíticos e metaconglomerados apresentam reduzida área de afloramento, formando uma estrutura em sinclinal entre Salvador e Monfortinho, com eixo mergulhante para ESE. A inclinação dos flancos do sinclinal é de cerca de 65º para nordeste ou para sudoeste, conforme o flanco a que pertencem as camadas. A expressão topográfica desta estrutura geológica constitui o relevo de direcção NW-SE designado por Serra do Ramiro ou Serra de Penha Garcia.

A largura máxima entre os dois flancos do sinclinal é de 21 km e a altitude mais elevada atinge-se no vértice de Vaca com 828 metros, sobre o flanco sudoeste da serra, entre Penha Garcia e Monfortinho.

Por serem mais resistentes à erosão, os quartzitos originaram cristas paralelas (designadas por Serra do Ramiro ou Penha Garcia a sudoeste e por Serra do Carvalhal a de nordeste). As duas cristas limitam o vale, onde corre o troço inicial do rio Ponsul até próximo de Penha Garcia, de onde inflecte para sul.

A passagem do rio Ponsul através dos quartzitos foi facilitada por falha NE-SW situada a sudeste de Penha Garcia, com deslocamento dos quartzitos de 200 metros para este.

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Do ponto de vista hidrogeológico a formação dos quartzitos constitui um aquífero muito permeável por fissuração devido à existência de falhas penetrantes e a densidade de fracturas e diaclases não colmatadas que permitem a percolação da água até profundidades consideráveis e a sua posterior exsurgência na zona das Termas de Monfortinho.

Como hipótese mais plausível para a recarga profunda e alimentação do circuito hidromineral admite-se recarga preferencial a partir da falha que cede passagem ao rio Ponsul, próximo de Penha Garcia e na falha de Monfortinho (falha do Ponsul) entre os vértices de Fonte Longa e Piçarra Vermelha.

Ao longo dos flancos da serra abundam nascentes alimentadas pela fracturação e pelos depósitos de vertente formados por materiais de granulometria heterogénea, tais como argilas, areias e calhaus angulosos de quartzo. Estes depósitos possuem permeabilidade suficiente para ceder água proveniente das nascentes dos quartzitos.

A Fonte Santa de Monfortinho constitui uma área de Concessão de Água Mineral Natural (Fonte Santa de Monfortinho HM-45). Com o objectivo de preservar quantitativa e qualitativamente o recurso hidromineral que suporta a actividade económica do empreendimento turístico das Termas, a Portaria n.º 393/2007, de 26 de Abril estabelece as zonas do perímetro de protecção para a concessão desta água mineral (perímetros de protecção para a zona imediata, zona intermédia e zona alargada). A representação cartográfica da área de Concessão de Água Mineral Natural da Fonte Santa de Monfortinho, bem como das zonas de protecção imediata, intermédia e alargada estabelecidas apresenta-se na Figura 4.4.3 e no Desenho 120-EP-80-07 – Condicionantes.

Os afloramentos de quartzito entre as Termas de Monfortinho e Penha Garcia estão incluídos numa área de 528,86 ha, correspondente ao perímetro de protecção definido para a zona intermédia.

Refira-se que, nesta formação geológica, em furos efectuados no Bairro do Valagoto só para profundidades superiores se atingem níveis aquíferos produtivos (F7 e F8).

Uma descrição pormenorizada dos aspectos hidrogeológicos que suportam a ocorrência dos recursos hidrominerais e termais de Monfortinho apresenta-se em seguida.

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Figura 4.4.3 - Formações hidrogeológicas do sector Penha Garcia – Monfortinho

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Rochas filonianas

A ocorrência de filões ígneos e filões de quartzo não tem expressão regional nem tão pouco importância hidrogeológica assinalável, dada a reduzida área de afloramento, embora possam provocar o aparecimento de pequenas nascentes associadas à fracturação e ao contacto com o encaixante.

Condições hidrogeológicas particulares: Sector Penha Garcia – Termas de Monfortinho

Os principais aspectos geológicos e hidrogeológicos da envolvente das várias opções do traçado do IC31 entre Penha Garcia e as Termas de Monfortinho merecem uma abordagem de pormenor dada a proximidade do perímetro de protecção alargada do circuito hidromineral das Termas.

Geomorfologia

A área de Monfortinho situa-se no sopé sudeste da Cordilheira Central Portuguesa. Nesta área podem considerar-se as seguintes unidades geomorfológicas:

Superfície de Castelo Branco: estende-se para norte do sistema da falha do Ponsul (designada localmente por falha de Monfortinho), correspondendo ao bloco levantado a cota média de 400 metros onde afloram terrenos do complexo xisto grauváquico;

Relevos residuais das cristas quartzíticas de Penha Garcia: constituem relevos que se erguem no compartimento anterior, 300 a 350 m acima da aplanação geral;

Restos da Superfície da Meseta: é o caso dos terrenos incluídos entre as duas cristas quartzíticas que formam os flancos do sinclinal paleozóico;

O compartimento abatido da Superfície de Castelo Branco: constitui o bloco rebaixado da falha do Ponsul onde se encontra preservado o espesso registo terciário, que aflora na área das Termas de Monfortinho e se estende para sul.

Tectónica

Os terrenos paleozóicos encontram-se dobrados formando uma estrutura em sinclinal devido a actuação da orogenia hercínica.

A tectónica é a principal controladora das emergências hidrominerais. A nível tectónico e hidrogeológico o sinclinal de Penha Garcia-Monfortinho pode ser dividido em três sectores:

Sector 1: do rio Erges até à falha de cavalgamento de Monfortinho (zona de descarga do aquífero);

Sector 2: desde a falha de cavalgamento de Monfortinho até Penha Garcia;

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Sector 3: desde Penha Garcia até S. Salvador.

Os sectores estão limitados por falhas de expressão regional que conjuntamente com a estratificação, condicionam o circuito hidromineral.

Na emergência das termas, os quartzitos são cortados por falhas, que são locais de emergência das nascentes, pois constituem zonas de fraqueza nos quartzitos.

O sector 1 está incluído no Perímetro de Protecção Imediato e Intermédio e o sector 2 no Perímetro de Protecção Alargado das Termas de Monfortinho.

Hidrogeologia

As principais exsurgências naturais artesianas do reservatório hidromineral são as nascentes das Espanholas e do Balneário de 1ª, e de 3ª, na Fonte Santa. Adicionando as extracções obtidas do poço do hotel Astória, do poço municipal e das captações AC2, AC3, AC6 e AC7, obtém-se extracções globais que podem atingir 50 a 60 l/s de água com características minerais.

Referem-se, de seguida, os principais termos geológicos que se podem identificar na área de Monfortinho, agrupados em formações hidrogeológicas com características hidráulicas semelhantes:

Quartzitos e afins;

Aluviões e depósitos de coberturas terciárias;

Rochas xistosas.

A permeabilidade dos quartzitos é de origem secundária, ou seja, o armazenamento e circulação de água dá-se através das fracturas, falhas e diaclases e outras descontinuidades. Os afloramentos constituem áreas bastante sensíveis à propagação da contaminação.

As aluviões e os depósitos de cobertura apresentam permeabilidade intersticial e são alimentadas pelas águas resultantes da descarga dos quartzitos, por água da chuva e por recarga induzida pelo rio Erges. O poço do hotel Astória bem como o poço municipal captam nesta formação.

A superfície livre do aquífero aluvial situa-se ligeiramente abaixo do nível piezométrico do aquífero mineral. O aquífero hidromineral de Monfortinho na sua zona terminal está em ligação hidráulica com o aquífero aluvionar do rio Erges.

Este aquífero é muito vulnerável à poluição, tendo-se já verificado correlação entre a queda das primeiras chuvas e os indicadores de poluição, que podem ser potenciados pelo rebaixamento dos níveis piezométricos por extracções das termas.

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No entanto o projecto não interfere com a formação aluvionar que suporta este aquífero, conforme se pode observar no extracto da carta geológica 1:50 000 apresentado na Figura 4.4.4.

Figura 4.4.4 - Extracto da Folha 25-B da Carta Geológica de Portugal 1:50 000, representando a área compreendida entre o final do traçado em estudo do IC31 e o rio Erges

Os xistos que ocupam o núcleo do sinclinal e os depósitos de vertente que se situam nas encostas das cristas quartzíticas desenvolvem papel importante na circulação porque evitam misturas de águas de composição química diferente e reduzem as áreas sujeitas a protecção.

Como se referiu anteriormente, a recarga processa-se ao longo das cristas quartzíticas, admitindo-se uma infiltração eficaz sobre os afloramentos de quartzito não inferior a 130 l/m2/ano disponíveis para recarga profunda do aquífero hidrotermal (16% da precipitação média anual).

O limite oeste da zona de infiltração admite-se que seja no rio Ponsul. Considera-se portanto uma recarga longínqua entre o rio Ponsul e Penha Garcia e entre os vértices de Piçarra Vermelha e da Fonte Longa, com fluxo subvertical dominante.

As cotas de infiltração preferencial situam-se entre 400 e 600 m e a circulação subterrânea efectua-se a profundidades da ordem dos 300 a 400 m, onde é adquirida a termalidade.

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A ascensão da água, facilitada pela fracturação intensa, é efectuada na zona das termas a cota 260 m. Os mecanismos locais de emergência são a falha de Monfortinho N 20º E e a fracturação N 15º W. A temperatura máxima de emergência natural foi de 28º C na Fonte Santa.

Em resumo, todo o circuito hidromineral das águas de Monfortinho será efectuado em reservatório quartzítico à excepção da zona de descarga, em que há contacto hidráulico com as formações aluvionares do rio Erges.

4.4.2 Qualidade dos Recursos Hídricos, Usos e Fontes Poluentes

4.4.2.1 Metodologia

A metodologia para a caracterização da qualidade dos recursos hídricos, usos e fontes poluentes compreende os seguintes passos:

Identificação e caracterização dos usos actuais, através de consulta do Inventário Nacional de Sistema de Abastecimento de Água e Águas Residuais (INSAAR), das Câmaras Municipais de Castelo Branco e Idanha-a-Nova e outras entidades, e de levantamentos de campo;

Identificação e caracterização das fontes de poluição hídrica de carácter pontual e difuso, consideradas responsáveis pela actual qualidade dos recursos hídricos, com base na informação recolhida através de consulta do INSAAR, das Câmaras Municipais de Castelo Branco e Idanha-a-Nova e outras entidades, e de levantamentos de campo;

Avaliação da qualidade dos recursos hídricos a partir dos dados disponíveis no Sistema Nacional de Informação sobre Recursos Hídricos (SNIRH);

Identificação e caracterização de eventuais zonas hídricas sensíveis à poluição rodoviária na área de estudo.

De forma a evitar repetições optou-se por descrever conjuntamente os usos de água, as fontes poluentes e a caracterização da qualidade da água nos traçados em estudo do projecto do IC31.

4.4.2.2 Principais usos dos recursos hídricos

A área de implantação dos traçados em estudo do IC31 insere-se numa zona de cariz rural, com uma ocupação diversificada, existindo zonas com características agrícolas e sobretudo pecuárias, típicas de áreas rurais e algumas áreas florestais. Em termos de ocupação humana, esta é de baixa densidade, verificando-se a existência de aglomerados populacionais em geral de pequena dimensão e alguma ocupação humana dispersa ao longo dos principais eixos rodoviários.

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Os recursos hídricos na área em estudo têm como principais usos:

o abastecimento público;

uso agrícola, pecuário e cinegético;

uso como ponto de água para combate a incêndios;

utilização com fins recreativos, nomeadamente a pesca desportiva;

exploração dos recursos hidrominerais de Monfortinho para água mineral, para fins hidroterápicos e consumos de água potável nas instalações hoteleiras e afins da Companhia das Águas da Fonte Santa de Monfortinho S.A..

No Anexo 4.4.2 apresenta-se o inventário das utilizações dos recursos hídricos subterrâneos.

Neste anexo inclui-se, no ponto 1, um inventário hidrogeológico que foi realizado para o sector Penha Garcia – Monfortinho.

Inclui-se também neste anexo, no ponto 2, um quadro com a informação fornecida pela Administração da Região do Hidrográfica do Tejo, I.P. (ARH Tejo).

Finalmente, no ponto 3 apresenta-se o Inventário completo dos pontos de água existentes na proximidade, elaborado com base em levantamentos de campo da área em estudo, realizados entre 8 e 11 de Dezembro de 2009 e entre 15 e 19 de Janeiro de 2010. Este inventário incluí os pontos de água existentes na proximidade que constam dos inventários apresentados nos pontos 1 e 2.

No Desenho 120-EP-80-04A – Recursos Hídricos, apresenta-se a localização das captações inventariadas (privadas e de abastecimento público).

Abastecimento público

De acordo com os dados do INSAAR, os dois concelhos atravessados pelo projecto apresentavam, em 2007, um elevado índice de atendimento de população servida por sistema público de abastecimento de água, sendo no concelho de Castelo Branco o índice de atendimento de 100% e no concelho de Idanha-a-Nova de 99,44%.

No Quadro 4.4.5 apresenta-se as características das captações de água superficial que servem para o abastecimento público das populações da área de estudo, apresentando-se a sua localização no Desenho 120-EP-80-04A – Recursos Hídricos. É de referir que todas as captações de água para abastecimento público se encontram fora do corredor de 400 m das soluções de traçado em estudo para o IC31.

Relativamente ao abastecimento público de água, a Águas do Centro, S.A. é a empresa detentora da concessão de Gestão e Exploração do Sistema Multimunicipal de

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Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais da Raia, Zêzere e Nabão.

Em seguida descrevem-se os dois subsistemas de abastecimento das várias freguesias interceptadas pelos traçados do IC31 em estudo (destacadas a negrito).

O Subsistema de Pisco/Santa Águeda/Caféde serve as freguesias de Alcains, Almaceda, Benquerenças, Caféde, Castelo Branco, Cebolais de Cima, Escalos de Cima, Escalos de Baixo, Freixial do Campo, Juncal do Campo, Lardosa, Lousa, Malpica do Tejo, Mata, Ninho do Açor, Póvoa de Rio de Moinhos, Retaxo, Salgueiro do Campo, Santo André das Tojeiras, São Vicente da Beira, Sarzedas, Sobral do Campo, Tinalhas (Castelo Branco), Fratel, Perais, Sarnadas de Ródão, Vila Velha de Ródão (Vila Velha de Ródão), Aldeia de Santa Margarida, Idanha-a-Nova, Ladoeiro, Oledo, Proença-a-Velha, São Miguel d’Acha (Idanha-a-Nova), Atalaia do Campo, Castelo Novo, Orca e Póvoa da Atalaia (Fundão).

A água superficial captada na albufeira da Barragem de Santa Águeda (também designada por Barragem da Marateca) é sujeita a tratamento na Estação de Tratamento de Água (ETA) de Santa Águeda. Esta ETA foi dimensionada para satisfazer as necessidades de abastecimento de água dos municípios de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Vila Velha de Ródão e Fundão, de modo a servir uma população residente de 99 696 habitantes, tendo uma capacidade de produção de água potável de 72 000 m3/dia.

A ETA do Pisco foi dimensionada para satisfazer as necessidades de abastecimento de água do município de Castelo Branco. Esta ETA foi dimensionada para servir uma população residente de 15 291 habitantes, tendo uma capacidade de produção de água potável de 6 000 m3/dia.

O Subsistema de Penha Garcia/Toulica serve as freguesias de Alcafozes, Aldeia de Santa Margarida, Idanha-a-Nova, Idanha-a-Velha, Ladoeiro, Medelim, Monfortinho, Monsanto, Oledo, Penha Garcia, Proença-a-Velha, Rosmaninhal, Salvaterra do Extremo, São Miguel d’Acha, Segura, Toulões e Zebreira.

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Quadro 4.4.5 - Características das captações de água para abastecimento público

Designação Tipo Entidade Gestora Localização População Total Servida –

2007 (hab) Volume Anual de Água

Captado - 2007 (m3) X Y

Rio Erges Captação Superficial Águas do Centro, S.A. 307 549 337 072 - -

Termas de Monfortinho (Poço)

Captação Superficial Águas do Centro, S.A. 307 357 337 083 - -

Albufeira de Penha Garcia

Captação Superficial Águas do Centro, S.A. 295 523 342 548 10 591 1 484 686

Torre de Monfortinho (Poço)

Captação Subterrânea C. M. Idanha-a-Nova 301 733 333 509 - -

Monfortinho (Mina) Captação Subterrânea C. M. Idanha-a-Nova 303 535 339 323 - -

Santa Águeda Captação Superficial S.M.A.S. de Castelo

Branco 255 701 333 646 40 553 4 423 290

Fontes: INSAAR (2009); Águas do Centro, S.A. (2009)

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A água captada na albufeira da Barragem de Penha Garcia, no rio Ponsul, é sujeita a tratamento na ETA associada. A ETA de Penha Garcia foi dimensionada para satisfazer as necessidades de abastecimento de água do município de Idanha-a-Nova, de modo a servir uma população residente de 11 659 habitantes, tendo uma capacidade de produção de água potável de 6 000 m3/dia.

A freguesia de Monfortinho é ainda servida por sistemas de abastecimento com origem em captações de água subterrânea em galerias de minas, nas nascentes das encostas, furos e poços com drenos nas aluviões das margens das linhas de água. Em algumas das captações (sobretudo em nascentes de encostas) registaram-se carências ao nível das disponibilidades hídricas, o que traduz a grande instabilidade nos escoamentos das águas e a influência da variabilidade sazonal e interanual da precipitação.

Para o sector de Penha Garcia – Monfortinho os usos de águas subterrâneas, designadamente para o abastecimento público, foram alvo de abordagem pormenorizada, tendo sido realizado um inventário hidrogeológico (que se apresenta no ponto 1 do Anexo 4.4.2) no qual foram registadas as formações hidrogeológicas em presença e os caudais extraídos.

No inventário hidrogeológico realizado para o sector Penha Garcia - Monfortinho foram identificados 22 pontos e confirmadas as localizações de seis ocorrências de arquivo (seis nascentes, oito poços, treze furos e um conjunto de sondagens) representados na Figura 4.4.3. Foram igualmente estudados os principais usos dos pontos e ocorrências hidrogeológicas identificadas.

Verifica-se que a utilização destas águas para a produção de água de abastecimento é intensa na área abrangida pelo sector Penha Garcia-Monfortinho. Com excepção de Penha Garcia, abastecida a partir da albufeira, no rio Ponsul, todas as restantes povoações são abastecidas por água subterrânea proveniente das origens identificadas.

A povoação de Monfortinho é abastecida pela nascente do Esconderejo, localizada no flanco norte da Serra de Penha Garcia, responsável também pelo caudal permanente no lavadouro de Monfortinho (falsa nascente N1). Não há informações de carência de água no período estival.

A povoação da Torre é abastecida a partir de um poço e um furo em formações da cobertura terciária. Não há informações de carência de água no período estival.

A povoação de Termas de Monfortinho é abastecida parcialmente a partir da nascente do Esconderejo e maioritariamente a partir de um poço com 20 metros de profundidade (Ref. P6). Recentemente foi realizado um furo contíguo ao poço para reforço do abastecimento público com 70 metros, totalmente em formações terciárias, que se encontra a artesiar naturalmente, sem estar contudo equipado.

O abastecimento das instalações hoteleiras é realizado a partir das captações e nascentes próprias de cada estabelecimento (N5, P8, furos AC).

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Durante o período estival verifica-se frequentemente o reforço de extracções directamente a partir do rio Erges, situação que suscita algumas preocupações de saúde pública.

Da análise da informação recolhida, que inclui os dados fornecidos pela ARH Tejo, que se apresentam no ponto 2 do Anexo 4.4.2, e o Inventário completo dos pontos de água existentes na proximidade, elaborado com base no levantamento de campo da área em estudo, que se apresenta no ponto 3 do mesmo anexo, verifica-se que não existem captações utilizadas para consumo humano no corredor de 400 m (ver Desenho 120-EP-80-04A – Recursos Hídricos).

Uso agrícola, pecuário, cinegético e ponto de água para combate a incêndios

De entre as utilizações agrícolas de águas subterrâneas existentes ao longo das áreas atravessadas pelos traçados em estudo, importa referir a exploração de aquíferos freáticos em camadas de saibro, em substrato granítico.

Estes aquíferos freáticos são abundantemente explorados de forma artesanal por poços de largo diâmetro nas proximidades de algumas povoações, como por exemplo Medelim, para rega de pequenas hortas.

Com base no inventário hidrogeológico realizado para o sector Penha Garcia – Monfortinho, apresentado no ponto 1 do Anexo 4.4.2, apresentado no Anexo 4.4.2, verifica-se que na área envolvente às Termas de Monfortinho existem vários furos particulares, com profundidades consideráveis, utilizados para rega. No Vale de Santa Maria existem diversos poços para uso agrícola.

De acordo com a informação fornecida pela ARH Tejo e com base nos levantamentos de campo, verifica-se que existem oito furos utilizados para rega na proximidade dos traçados em estudo (Nº de inventário 19, 20, 21, 81, 85, 86, 89 e 90, do ponto 3 do Anexo 4.4.2) e que existem cinquenta poços utilizados para rega. Os furos 20 e 21 também são utilizados para fins pecuários.

Refira-se ainda que, ao longo dos corredores onde se desenvolvem os traçados em estudo do IC31, estão presentes diversas charcas de reduzidas dimensões. Trata-se de reservatórios de água que preenchem escavações efectuadas para o efeito e que são alimentadas por afluências subterrâneas e superficiais (essencialmente precipitação).

As charcas existentes têm associados um ou mais usos, nomeadamente uso agrícola, uso pecuário e uso cinegético. Algumas das charcas são também utilizadas como ponto de água para combate a incêndios.

Existem ainda algumas pequenas albufeiras, cuja água é utilizada para fins agrícolas e/ou pecuários e como reserva para combate a incêndios.

É importante salientar que os traçados do IC31 em estudo não afectam nenhum aproveitamento hidroagrícola e que a actividade agrícola na área em estudo é pouco representativa, não ocorrendo quaisquer explorações de agricultura intensiva.

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Uso recreativo

Identificou-se a utilização de águas de pequenas albufeiras para fins recreativos, nomeadamente pelo Clube de Pesca e Tiro de Monfortinho, que se encontra associado a uma pequena albufeira na ribeira do Galvão, a cerca de 2 100 m a sul do km 55+100 da Solução 1.11, onde se verificou a existência de pesca desportiva e uso recreativo (embarcações de recreio). Identificaram-se ainda outras pequenas albufeiras, onde se constatou a realização de pesca desportiva.

Exploração dos recursos hidrominerais de Monfortinho

É de referir a exploração dos recursos hidrominerais de Monfortinho para água mineral, para fins hidroterápicos e consumo de água potável nas instalações hoteleiras e afins da Companhia das Águas da Fonte Santa de Monfortinho.

As águas minerais naturais de Monfortinho são especialmente indicadas para a terapêutica das doenças do aparelho digestivo e de pele.

O alvará de concessão das Termas de Monfortinho remonta a 1907, mas já em 1726 as virtudes destas águas vinham assinaladas no Aquilégio Medicinal do Dr. Fonseca Henriques. Também os romanos devem ter conhecido as nascentes hidrotermais localizadas na área da Fonte Santa, visto estarem próximas dos vestígios de um itinerário romano (Acciaiuoli, 1941). O actual balneário termal foi construído em 1940.

As principais exsurgências naturais artesianas do reservatório hidromineral são as nascentes das Espanholas e do Balneário de 1.ª e de 3.ª na Fonte Santa. Adicionando as extracções obtidas do poço do hotel Astória, do poço municipal e das captações AC2, AC3, AC6 e AC7 obtêm-se extracções globais que podem atingir 50 a 60 l/s de água com características minerais.

4.4.2.3 Principais fontes de poluição dos recursos hídricos

As fontes poluentes que condicionam a qualidade dos recursos hídricos são as águas residuais urbanas, que constituem uma fonte de poluição tópica, e a poluição de origem agrícola e proveniente da escorrência das estradas, que são fontes de poluição difusa.

Poluição tópica

A poluição doméstica é causada pelas descargas das águas residuais domésticas nos meios receptores após tratamento. De facto, os efluentes resultantes do funcionamento das ETAR podem ser uma importante parte da poluição dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos.

No Quadro 4.4.6 apresentam-se, para os concelhos da área em estudo, dados de 2007 relativos aos índices de atendimento da população servida por sistema de drenagem e sistema de tratamento de águas residuais.

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Quadro 4.4.6 - Índices de atendimento a sistemas de drenagem e a sistemas de tratamento de águas residuais

Concelho Sistema público de drenagem de águas

residuais Sistema público de tratamento

de águas residuais

Castelo Branco 91,66% 94,79%

Idanha-a-Nova 100% 100%

Fonte: INSAAR, 2009

Os dados fornecidos pelo INSAAR mostram que no concelho de Idanha-a-Nova os índices de atendimento são de 100% e no concelho de Castelo Branco situam-se acima dos 91%.

No Desenho 120-EP-80-04A – Recursos Hídricos apresenta-se a localização das ETAR mais próximas da área de desenvolvimento do projecto.

No corredor de 400 m das soluções de traçado em estudo para o IC31 apenas existe a ETAR de Medelim 1 (fossa séptica colectiva urbana). A entidade gestora desta fossa séptica urbana é a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova. As outras ETAR mais próximas, que se localizam, no entanto, fora do corredor dos 400 m, são a ETAR Urbana de Monsanto, cuja entidade gestora é as Águas do Centro, S.A. e a ETAR de Oledo 1 (fossa séptica colectiva urbana), cuja entidade gestora é a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova.

Embora não se tenham estimado as cargas poluentes nas linhas de água afectadas por este tipo de poluição, as águas residuais apresentam geralmente uma grande carga de sólidos, constituídos, na sua maioria, por carga orgânica. Outros parâmetros que normalmente apresentam concentrações elevadas são os microbiológicos, designadamente, os coliformes fecais e totais.

Relativamente às águas residuais industriais, a área em estudo não apresenta um tecido industrial desenvolvido, verificando-se a presença de uma zona industrial próxima da área onde se iniciam as Soluções 1 e 1A do traçado do IC31, situada em Alcains, e de uma zona industrial em Penha Garcia, localizada junto à EN239, próxima do km 46+500 da Solução 5c. No Desenho 120-EP-80-04A – Recursos Hídricos apresenta-se a localização das zonas industriais de Alcains e de Penha Garcia.

Na zona industrial de Alcains, o tecido industrial é, na sua maioria, representado pelo sector alimentar, granito e mármore. No ramo alimentar destaca-se a presença da Fábrica Lusitana - Produtos Alimentares, S.A., detentora das marcas de farinhas Branca de Neve e Espiga.

É ainda de referir a Oviger – Produção, Transformação e Comércio de Carnes e Derivados, S.A., que resultou da privatização, em 1998, do matadouro regional de Alcains.

Os efluentes brutos deste tipo de unidades caracterizam-se por elevada contaminação orgânica, apresentando restos das carcaças dos animais abatidos. Devido ao elevado conteúdo em proteínas, são efluentes que entram facilmente em putrefacção.

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A Portaria n.º 809/90, de 10 de Setembro, estabelece as normas de descarga de águas residuais de matadouros e de unidades de processamento de carnes, considerando uma recuperação de sangue não inferior a 90% e o transporte a seco dos conteúdos gástricos. No caso do abate de aves, são estabelecidas cargas de carência bioquímica de oxigénio (CBO5), de sólidos suspensos totais e de gorduras por kg de carcaça. No caso de matadouros, cuja produção diária não ultrapasse 10 ton de carcaça, a carga máxima de gorduras pode atingir o dobro do valor.

No Quadro 4.4.7 apresentam-se as normas de descarga de águas residuais de matadouros e de unidades de processamento de carnes.

Quadro 4.4.7 - Normas de descarga de águas residuais de matadouros e de unidades de processamento de carnes

Carga em CBO5(20)

(g CBO5(20)/kg carcaça)

Carga em SST

(g SST/kg carcaça)

Carga em gorduras

(g gorduras/kg carcaça)

Matadouros 1,0 1,0 0,2

Unidades de processamento

de carnes 0,1 0,1 0,1

Na zona industrial de Penha Garcia, são de referir as seguintes empresas:

Fronteiratur – Actividades Turísticas Internacionais, Lda;

Posto de Abastecimento AVIA;

Restaurante “O Javali”;

Armazéns de Rações AGROLEX, de José Adelino Castanheira Monteiro;

Uma serração;

Uma empresa de Móveis e Decorações;

Penhalac – Indústrias Lácteas de Penha Garcia, Lda.;

Julibotas, Construções Lda.;

Armazéns de Racções S.Marcos;

Materiais de construção “João Gameiro”;

Armazém encerrado;

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Loja do Agricultor, de José Serrano dos Santos;

Salsicharia / Talho “O Fumeiro”;

Armazém de mobílias;

Uma padaria;

Armazém da Junta de Freguesia.

Relativamente ao destino das águas residuais provenientes da zona industrial de Penha Garcia, no dia 18 de Dezembro de 2009 foi enviado um fax para a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova a solicitar esta informação, não tendo sido obtida qualquer resposta até à data de entrega do presente EIA. No levantamento de campo realizado obteve-se verbalmente a informação de que os esgotos da zona industrial de Penha Garcia são encaminhados para a ETAR de Penha Garcia.

Por último, é de referir ainda a existência de uma lixeira selada, a norte da EN239, próxima do km 49+250 da Solução 5c. No Desenho 120-EP-80-04A – Recursos Hídricos, apresenta-se a localização desta lixeira.

Poluição difusa

Em termos de poluição difusa, uma fonte é a actividade agrícola, que está pouco representada na área em estudo. Sendo assim, e tendo em conta que não há na área em estudo explorações de agricultura intensiva, não se considera relevante a apresentação de dados relativos às cargas poluentes de origem agrícola, nomeadamente a poluição por nitratos.

Outra fonte de poluição, que também não é muito significativa na área em estudo, são as vias rodoviárias existentes. Os veículos emitem poluentes que sofrem deposição na via e que, após ocorrência de precipitação, são arrastados para o solo e linhas de água na envolvente.

Em certa medida a quantidade de poluentes tem relação com a intensidade do tráfego rodoviário. Os poluentes mais importantes associados ao tráfego são as partículas, os metais pesados (zinco, cádmio, cobre e ferro) e os hidrocarbonetos.

Os traçados em estudo intersectam e desenvolvem-se ao longo de várias vias rodoviárias, sendo as que apresentam maior relevância a auto-estrada A23/IP2, a variante de Alcains e as estradas nacionais EN18, EN18-7, EN233, EN239, EN240, EN332, EN352, EN353 e EN353-1. Merecem ainda referência as estradas municipais EM567, EM567-1, EM568, EM1268 e EM1276.

No Quadro 4.4.8 apresentam-se as concentrações típicas de alguns poluentes em águas de drenagem de estradas.

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Quadro 4.4.8 - Concentrações típicas para alguns poluentes presentes em águas de drenagem de estradas

Poluente Águas de escorrência de estradas

SST (mg/L) 30-60

CQO (mg/L) 25-60

CBO5 (mg/L) -

Zn (µg/l) 125-400

Cu (µg/l) -

Cd (µg/l) 5-25

Fonte: Hvitved-Jacobson, et al., 1994 in INAG, 2006

As águas pluviais dos aglomerados populacionais, à semelhança das águas de escorrência das estradas, transportam partículas, hidrocarbonetos, óleos e metais pesados. A carga poluente é tanto mais significativa quanto mais densos são os aglomerados e sempre que as águas de recolha pluvial são lançadas para as linhas de água. No entanto, dado que a área em estudo é fracamente povoada, não se prevêem situações preocupantes.

4.4.2.4 Caracterização da qualidade dos recursos hídricos superficiais

A Rede de Monitorização da Qualidade da Água do SNIRH apresenta, para as bacias hidrográficas intersectadas pelos traçados do IC31, estações de amostragem em meio lótico e meio lêntico.

No Quadro 4.4.9 identificam-se as estações de amostragem consideradas, uma em meio lótico (Ponte Munheca) e duas em meio lêntico (Albufeira de Idanha e Albufeira de Penha Garcia) e a sua localização.

A localização da estação de qualidade da Albufeira de Penha Garcia encontra-se no Desenho 120-EP-80-04A – Recursos Hídricos.

As estações de qualidade de Ponte Munheca e da Albufeira de Idanha encontram-se localizadas, respectivamente, a aproximadamente 11,5 km a sul do km 13+900 da Solução 2 e a aproximadamente 6,2 km a sudeste do km 20+250 da Solução 2.

No Anexo 4.4.3 apresenta-se um desenho com a localização das estações de amostragem de qualidade dos recursos hídricos superficiais de Ponte Munheca e da Albufeira de Idanha.

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Quadro 4.4.9 - Estações de amostragem consideradas para a classificação da qualidade dos recursos hídricos superficiais

Estação de amostragem

Código RQA

Coordenadas militares (Datum Lisboa) Recurso

Anos considerados para a classificação

X Y

Ponte Munheca 14N/02 268 502 321 551 rio Ponsul 2006, 2007 e 2008

Albufeira de Idanha

14N/03 279 645 331 173 rio Ponsul 2006, 2007 e 2008

Albufeira de Penha Garcia

13O/01 295 385 342 653 rio Ponsul 2006, 2007 e 2008

Fonte: SNIRH, 2009

No Anexo 4.4.4 apresentam-se, para cada estação de amostragem e para os três anos considerados, os parâmetros analisados e as respectivas concentrações médias.

Estas três estações de monitorização foram utilizadas para caracterizar a qualidade da água superficial para as soluções de traçado em estudo para o IC31.

Tendo em conta os usos identificados, avaliou-se a qualidade da água com base em quatro critérios distintos:

Critério 1 – Qualidade das águas doces superficiais destinadas à produção de água para consumo humano

Este critério baseia-se na classificação de todos os parâmetros, de acordo com as condições estipuladas no artigo 8º (verificação de conformidade) do Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto, considerando-se como a classificação global da água, a do parâmetro mais desfavorável. As classes de qualidade obtidas encontram-se definidas no Anexo II do referido diploma:

Classe A1: tratamento físico e desinfecção;

Classe A2: tratamento físico, químico e desinfecção;

Classe A3: tratamento físico, químico de afinação e desinfecção.

Critério 2 – Classificação da qualidade das águas superficiais de acordo com as suas características de qualidade para usos múltiplos

De acordo com este critério, desenvolvido e proposto pelo Instituto da Água (INAG), a avaliação realiza-se tendo em conta 28 parâmetros, sendo a classificação feita parâmetro a parâmetro, baseando-se a inclusão do parâmetro numa determinada classe segundo o valor mais desfavorável. É também de acordo com este valor que se atribui a classificação global.

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A classificação do INAG apresenta cinco níveis de qualidade:

Classe A – Excelente: águas com qualidade equivalente às condições naturais, aptas a satisfazer potencialmente as utilizações mais exigentes em termos de qualidade;

Classe B – Boa: águas com qualidade ligeiramente inferior à classe A, mas podendo também satisfazer potencialmente todas as utilizações;

Classe C – Razoável: águas com qualidade aceitável, suficiente para a irrigação, para usos industriais e produção de água potável após tratamento rigoroso. Permite a existência de vida piscícola (espécies menos exigentes) mas com reprodução aleatória. Apta para recreio sem contacto directo;

Classe D – Má: água com qualidade medíocre, apenas potencialmente apta para irrigação, arrefecimento e navegação. A vida piscícola pode subsistir mas de forma aleatória;

Classe E – Muito má: águas extremamente poluídas e inadequadas para a maioria dos usos.

Critério 3 – Qualidade das águas destinadas à rega

Este critério baseia-se na classificação dos parâmetros analisados, de acordo com as condições estipuladas no artigo 61.º (verificação de conformidade) do Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto.

Segundo o artigo 61.º, as águas de rega consideram-se em conformidade se, para a totalidade das amostras, os valores dos parâmetros determinados respeitarem os valores fixados no Anexo XVI, que define os valores máximos recomendáveis (VMR) e os valores máximos admissíveis (VMA).

Critério 4 – Objectivos ambientais de qualidade mínima para as águas superficiais

Este critério baseia-se na comparação dos valores médios das séries analisadas com os objectivos de qualidade mínima a que uma água superficial deve obedecer (Anexo XXI do Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto), considerando-se a conformidade se todos os parâmetros respeitarem os valores máximos admissíveis fixados na norma.

Nos Quadros 4.4.10 a 4.4.12apresenta-se, para cada parâmetro, a classificação atribuída em cada um dos critérios e a classificação final, respectivamente, para a estação de amostragem de Ponte Munheca, Albufeira de Idanha e Albufeira de Penha Garcia.

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Quadro 4.4.10 - Classificação da qualidade - Estação de Ponte Munheca

Parâmetros Ponte Munheca

Critério 1 Critério 2 Critério 3 Critério 4

Azoto amoniacal A2 A * VMA

Cádmio A1 A VMR VMA

CBO5 A1 A * VMA

CQO A3** B * *

Chumbo A1 A VMR VMA

Cianeto A1 A * VMA

Cloreto A1 * VMR VMA

Cobre A1 A VMR VMA

Coliformes fecais A2 B NC *

Coliformes totais A2 B * *

Condutividade A1 A * *

Crómio A1 A VMR VMA

Ferro Total * B VMR *

Fósforo * A * VMA

Manganês A2 A VMR *

Fosfatos A1 A * *

Nitratos A1 A VMR *

pH A1 A VMR VMA

SST A1 A VMR *

Sulfatos A1 * VMR VMA

Zinco A1 A VMR VMA

Classificação final

A3 B NC Conforme

* Parâmetro não incluído no critério. ** O Anexo I do Decreto-Lei nº 236/98, de 1 de Agosto, só apresenta VMR para a classificação A3. CBO5 – Carência Bioquímica de Oxigénio (5 dias). CQO – Carência Química de Oxigénio. SST – Sólidos Suspensos Totais. VMR – Cumpre o valor máximo recomendável. NC – Não Conforme (não cumpre o VMR). VMA – Cumpre o valor máximo admissível

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Quadro 4.4.11 - Classificação da qualidade - Estação da Albufeira de Idanha

Parâmetros Albufeira de Idanha

Critério 1 Critério 2 Critério 3 Critério 4

Azoto amoniacal A2 A * VMA

Cádmio A1 A VMR VMA

CBO5 A2 B * VMA

CQO A3** B * *

Chumbo A1 A VMR VMA

Cianeto A1 A * VMA

Cloreto A1 * VMR VMA

Cobre A1 A VMR VMA

Coliformes fecais A2 B VMR *

Coliformes totais A2 B * *

Condutividade A1 A * *

Crómio A1 A VMR VMA

Ferro Total * A VMR *

Fósforo * A * VMA

Manganês A1 A VMR *

Fosfatos A1 A * *

Nitratos A1 A VMR *

pH A1 A VMR VMA

SST A1 A VMR *

Sulfatos A1 * VMR VMA

Zinco A1 A VMR VMA

Classificação final

A3 B Conforme Conforme

* Parâmetro não incluído no critério. ** O Anexo I do Decreto-Lei nº 236/98, de 1 de Agosto, só apresenta VMR para a classificação A3. CBO5 – Carência Bioquímica de Oxigénio (5 dias). CQO – Carência Química de Oxigénio. SST – Sólidos Suspensos Totais. VMR – Cumpre o valor máximo recomendável. VMA – Cumpre o valor máximo admissível

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Quadro 4.4.12 - Classificação da qualidade - Estação da Albufeira de Penha Garcia

Parâmetros Albufeira de Penha Garcia

Critério 1 Critério 2 Critério 3 Critério 4

Azoto amoniacal A2 A * VMA

Cádmio A1 A VMR VMA

CBO5 A1 A * VMA

CQO A3** B * *

Chumbo A1 A VMR VMA

Cianeto A1 A * VMA

Cloreto A1 * VMR VMA

Cobre A1 A VMR VMA

Coliformes fecais A1 A VMR *

Coliformes totais A1 A * *

Condutividade A1 A * *

Crómio A1 A VMR VMA

Ferro Total * A VMR *

Fósforo * A * VMA

Manganês A1 A VMR *

Fosfatos A1 A * *

Nitratos A1 A VMR *

pH A1 A VMR VMA

SST A1 A VMR *

Sulfatos A1 * VMR VMA

Zinco A1 A VMR VMA

Classificação final

A3 B Conforme Conforme

* Parâmetro não incluído no critério. ** O Anexo I do Decreto-Lei nº 236/98, de 1 de Agosto, só apresenta VMR para a classificação A3. CBO5 – Carência Bioquímica de Oxigénio (5 dias). CQO – Carência Química de Oxigénio. SST – Sólidos Suspensos Totais. VMR – Cumpre o valor máximo recomendável. NC – Não Conforme (não cumpre o VMR). VMA – Cumpre o valor máximo admissível

Os bons resultados referentes aos valores detectados de zinco, cobre e cádmio, para as estações de amostragem de Ponte Munheca, Albufeira de Idanha e Albufeira de Penha Garcia, indiciam uma baixa carga poluente proveniente das infra-estruturas rodoviárias.

De igual forma, para as três estações de qualidade analisadas, as baixas concentrações de nitratos registadas no período analisado mostram que a poluição de origem agrícola é reduzida.

De referir, ainda, que para a estações de amostragem da Albufeira de Idanha e da Albufeira de Penha Garcia, os valores relativos à contaminação microbiológica indiciam igualmente uma reduzida poluição com origem em águas residuais.

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De acordo com a classificação apresentada nos Quadros 4.4.10, 4.4.11 e 4.4.12, para o Critério 1 - Qualidade das águas doces superficiais destinadas à produção de água para consumo humano, a classificação nos anos analisados foi A3 para as três estações de amostragem, sendo o CQO o parâmetro condicionador para as três estações.

Na aplicação do Critério 2 - Classificação da qualidade das águas superficiais de acordo com as suas características de qualidade para usos múltiplos, a classificação foi Boa (B) nas três estações. Na estação de Ponte Munheca os parâmetros condicionadores foram os coliformes fecais e totais, o CQO e o ferro. Na estação da Albufeira de Penha Garcia o parâmetro condicionador foi o CQO e na estação da Albufeira de Idanha os parâmetros condicionadores da classificação da qualidade da água foram o CQO, o CBO5 e os coliformes fecais e totais.

Em relação ao Critério 3 - Qualidade das águas destinadas à rega, a qualidade da água na estação de Ponte Munheca regista uma não conformidade face ao Anexo XVI do Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto devido à concentração de coliformes fecais ser cerca do dobro do VMR, apesar de todos os outros parâmetros apresentarem valores inferiores aos máximos recomendados. Na estação da Albufeira de Idanha e na estação da Albufeira de Penha Garcia a qualidade da água cumpre os valores estabelecidos pelo mesmo diploma.

Relativamente ao Critério 4 - Objectivos ambientais de qualidade mínima para as águas superficiais, todos os parâmetros nas três estações cumprem os objectivos previstos no Anexo XXI do já referido Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto.

Em síntese, os recursos hídricos superficiais apresentam, na sua globalidade, uma qualidade boa para os usos que lhes estão associados, podendo requerer tratamento específico em alguns casos, dependendo da sua utilização. A única excepção ocorre para a estação de Ponte Munheca, que não cumpre o Critério 3 - Qualidade das águas destinadas à rega, devido à concentração de coliformes fecais ser cerca do dobro do respectivo VMR estabelecido no Anexo XVI do Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto.

4.4.2.5 Caracterização da qualidade dos recursos hídricos subterrâneos

A Rede de Monitorização da Qualidade da Água do Sistema Nacional de Informação sobre os Recursos Hídricos (SNIRH) apresenta duas estações de amostragem no concelho de Castelo Branco: a estação de Malpica do Tejo (305/C77), situada a cerca de 13 quilómetros a noroeste do início da Solução 1B e a estação de Casal da Serra, localizada na freguesia de Louriçal do Campo (256/C60), a aproximadamente 22 quilómetros a sudeste do início da Solução 1.

Apesar de relativamente afastadas, as duas dispõem de dados recentes e captam no mesmo sistema aquífero - Maciço Antigo Indiferenciado - de toda a área em estudo, pelo que se apresenta a informação existente relativa a ambas.

No Quadro 4.4.13 identificam-se as estações de amostragem consideradas. A sua localização face ao projecto é apresentada no Anexo 4.4.3.

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Quadro 4.4.13- Estações de amostragem consideradas para a classificação da qualidade dos recursos hídricos subterrâneos

Estação Tipo Coordenadas

Sistema aquífero Anos X (m) Y (m)

256/C60

(Casal da Serra – Louriçal do Campo)

Nascente 251 869 342 754 Maciço Antigo Indiferenciado

2004 a 2008

305/C77

(Malpica do Tejo) Poço 268 189 309 591

Maciço Antigo Indiferenciado

2004 a 2008

Fonte: SNIRH, 2009

A avaliação da qualidade da água foi efectuada com base em dois critérios distintos:

Critério 1 - Qualidade das águas superficiais destinadas à produção de água para consumo humano

Este critério teve por base o Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto, de acordo com as condições estipuladas no artigo 16º (verificação de conformidade), atribuindo-se uma categoria global da água, segundo os valores normativos de qualidade fixados no Anexo I desse diploma.

Segundo o artigo 14º do mesmo diploma, das categorias de qualidade da água existentes, A1, A2 ou A3, apenas as águas subterrâneas que apresentem qualidade superior ou igual à categoria A1 são consideradas como aptas para poderem ser utilizadas como origem de água para consumo humano (Anexo I), correspondendo-lhes um esquema de tratamento indicado no Anexo II.

As águas subterrâneas cuja qualidade é inferior à da categoria A1 não podem ser utilizadas para a produção de água para consumo humano, salvo quando tal seja expressamente autorizado, perante a falta de alternativas, e desde que a água seja sujeita a um tratamento específico idêntico ao exigido no Anexo II, de acordo com a sua classificação.

Deste modo, e de acordo com o exigido no Anexo II, consoante a sua categoria, as águas subterrâneas destinadas à produção de água para consumo humano terão de ser sujeitas aos seguintes esquemas tipo de tratamento:

Classe A1: tratamento físico e desinfecção;

Classe A2: tratamento físico, químico e desinfecção;

Classe A3: tratamento físico, químico de afinação e desinfecção.

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Uma vez que se optou por considerar como válidas as análises aos dados base realizadas pelo próprio INAG (página do SNIRH, Dados Sintetizados das águas subterrâneas), não se considerou necessária a apresentação dos resultados analíticos de cada estação de amostragem.

No Quadro 4.4.14 sintetiza-se, para os últimos cinco anos com dados, a classificação da qualidade da água subterrânea nas estações de amostragem analisadas.

Quadro 4.4.14- Qualidade da água para produção de água para consumo humano

Maciço Antigo Indiferenciado

Classificação Parâmetros

condicionadores Classificação

Parâmetros condicionadores

Ano 305/C77 – Malpica do Tejo 256/C60 – Casal da Serra

2004 A2 Azoto amoniacal A2 Azoto amoniacal e pH

2005 A2 Azoto amoniacal A2 Azoto amoniacal e pH

2006 Inferior A3 pH A2 Azoto amoniacal e pH

2007 Inferior A3 pH A2 Azoto amoniacal e pH

2008 Inferior A3 pH A2 Azoto amoniacal e pH

Fonte: SNIRH, 2009.

Conforme indicado no subcapítulo 4.4.2.3, as fontes poluentes que condicionam a qualidade dos recursos hídricos são as águas residuais urbanas, que constituem uma fonte de poluição tópica, e a poluição de origem agrícola e proveniente da escorrência das estradas, que são fontes de poluição difusa.

Os resultados das análises efectuadas mostram, no entanto, que a baixa densidade populacional associada a uma elevada taxa de atendimento dos sistemas de tratamento de águas residuais, bem como uma actividade agrícola pouco representada e sem explorações intensivas na área em estudo e ainda um reduzido tráfego rodoviário, não afectam significativamente os recursos hídricos subterrâneos da região. De facto, segundo os dados do SNIRH, os poluentes típicos destas fontes apresentam baixas concentrações ou estão mesmo ausentes (caso dos coliformes fecais e totais) nas amostras analisadas, sendo que os parâmetros condicionadores da qualidade da água são o azoto amoniacal e o pH.

Critério 2 - Qualidade das águas destinadas à rega

Este critério baseia-se na classificação dos parâmetros analisados, de acordo com as condições estipuladas no artigo 61º (verificação de conformidade) do Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto.

Segundo o artigo 61º, as águas de rega consideram-se em conformidade se, para a totalidade das amostras, os valores dos parâmetros determinados respeitarem os valores fixados no Anexo XVI, que define os valores máximos recomendáveis (VMR) e os valores máximos admissíveis (VMA).

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Nas Figuras 4.4.5 e 4.4.6 apresentam-se, para cada parâmetro, os dados sobre os quais foi atribuída a classificação de qualidade.

No Quadro 4.4.15 sintetiza-se, para os últimos anos com dados, a classificação da qualidade da água subterrânea, segundo este critério, nas estações de amostragem analisadas.

Quadro 4.4.15 - Qualidade da água para rega

Maciço Antigo Indiferenciado

305/C77 – Malpica do Tejo 256/C60 – Casal da Serra

Classificação Conforme Conforme

Parâmetros condicionantes - -

Fonte: SNIRH, 2009.

Os parâmetros analisados cumprem este critério em ambas as estações.

Em ambas as estações, os resultados indicam que apesar de não apresentar qualidade para a produção de água para consumo humano, os valores são compatíveis para a utilização para a rega de campos agrícolas.

Relativamente às captações para abastecimento público, de acordo com a informação constante no Quadro 4.4.5, existem duas captações subterrâneas para abastecimento público, cuja entidade gestora é a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova.

No dia 18 de Dezembro de 2009 foi enviado um fax para a Câmara Municipal a solicitar informação relativa a resultados recentes de análises efectuadas às águas das captações de que é entidade gestora, não tendo sido obtida qualquer resposta até à data de entrega do presente EIA.

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Cádmio Chumbo Cloretos

Crómio Zinco Nitratos

Sulfatos pH Estreptococos fecais

Figura 4.4.5 - Dados de qualidade da estação de amostragem 305/C77 (Fonte SNIRH, 2009)

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Condutividade Cobre Ferro

Mercúrio Hidrocarbonetos Azoto amoniacal

Fosfatos Sólidos suspensos totais Temperatura

Figura 4.4.5 - Dados de qualidade da estação de amostragem 305/C77 (continuação; Fonte SNIRH, 2009)

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Cádmio Cloretos Condutividade

Crómio Cobre Ferro

Mercúrio Hidrocarbonetos Manganês

Figura 4.4.6 - Dados de qualidade da estação de amostragem 256/C60 (Fonte SNIRH, 2009)

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Azoto amoniacal Nitratos Fosfatos

Chumbo pH Sulfatos

Sólidos suspensos totais Temperatura Zinco

Figura 4.4.6 - Dados de qualidade da estação de amostragem 256/C6 (continuação; Fonte SNIRH, 2009)

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4.4.2.6 Zonas hídricas sensíveis à poluição rodoviária

Após a identificação dos principais usos e fontes poluidoras dos recursos hídricos presentes na área de estudo e de classificar a qualidade da água, foi possível identificar as zonas hídricas sensíveis à poluição rodoviária.

O Relatório Final da Avaliação e Gestão Ambiental de Águas de Escorrência de Estradas (INAG, 2006) propõe a seguinte definição de zonas hídricas sensíveis aos poluentes rodoviários:

“zonas do domínio hídrico interior – subterrâneo e superficial, de transição e costeiro que, pelas suas características físicas e químicas intrínsecas, pelos seus usos e pelos ecossistemas que suportam constituem, separadamente ou cumulativamente, áreas mais sensíveis à poluição hídrica gerada pela circulação rodoviária.”

Segundo o mesmo documento as zonas sensíveis são áreas para onde não se devem fazer descargas directas de águas de escorrência de estradas, devendo o projecto de drenagem da estrada evitar, desde logo, a sua afectação. Caso não seja possível evitar estas descargas devem ser implementados sistemas de tratamento adequados, os quais serão acompanhados de monitorização.

Para os recursos hídricos superficiais consideram-se como zonas sensíveis à poluição as seguintes situações:

Meios lênticos:

Com usos sensíveis, como o abastecimento público – zonas de protecção de captações de água em albufeiras para abastecimento público;

Sistemas de retenção de água de pequena dimensão, dada a sua limitada capacidade de autodepuração face à poluição cumulativa por metais pesados;

Canais de distribuição de água para rega, designadamente os perímetros hidroagrícolas infra-estruturados.

Meios lóticos requerem uma avaliação específica:

Linhas de água com captações destinadas à produção de água para consumo humano, em especial se a descarga for a montante da captação;

Linhas de água que foram classificadas e protegidas por suportarem usos e/ou ecossistemas sensíveis;

Linhas de água poluídas e/ou sujeitas a planos de reabilitação;

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Áreas frequentemente inundáveis.

A análise da fotografia aérea e o trabalho de campo desenvolvido permitiram a identificação de três zonas hídricas sensíveis à poluição rodoviária na área de estudo deste projecto. As três zonas hídricas sensíveis identificadas devem essa classificação ao facto de serem sistemas de retenção de água de pequena dimensão e, por esse motivo, terem limitada capacidade autodepuradora face à poluição cumulativa de metais pesados.

As três situações identificadas são as seguintes:

Na Solução 1.9, ao km 44+600, uma charca restabelecida pela PH 1-83;

Na Solução 1B, cerca do km 1+300, uma pequena albufeira restabelecida pela PH 1B/2;

Na Solução 5b, ao km 37+900, uma charca restabelecida pela PH 5-26.

Foram ainda identificadas dentro da área de estudo, além das situações acima descritas, diversas charcas e albufeiras de pequenas dimensões. No entanto, tendo em conta que não irão receber directamente águas de escorrência rodoviária do IC31, não foram classificadas como zonas hídricas sensíveis à poluição rodoviária.

Para os recursos hídricos subterrâneos, consideram-se como zonas sensíveis à poluição as seguintes situações:

Zonas de protecção de captações de água subterrânea para consumo humano, de acordo com o Decreto-Lei n.º 382/99, de 22 de Setembro, e captações que exploram recursos hidrominerais, de acordo com Decreto-Lei n.º 90/90, de 16 de Março;

Zonas de elevada vulnerabilidade dos sistemas aquíferos (zonas cársicas ou zonas muito fracturadas aflorando à superfície);

Áreas de máxima infiltração (designadas por zonas estratégicas de protecção e recarga de aquíferos pelo Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto Regime Jurídico da REN;

Zonas com nível piezométrico temporariamente muito próximo da superfície (<1 m).

De acordo com a informação recebida da ARH Tejo, não existem, na área de estudo, perímetros de protecção estabelecidos para as captações de água subterrânea para abastecimento público existentes.

Relativamente às captações de água subterrânea para consumo humano, ao longo dos traçados em estudo, conforme se apresentou no Quadro 4.4.5, são apenas de referir a

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captação subterrânea de Monfortinho (Mina), localizada a 1,7 km a nordeste do km 54+000 da Solução 5d e a captação subterrânea de Torre de Monfortinho (Poço), localizada a 1,8 km a nordeste do final da Solução 1.11.

A entidade gestora destas captações de água subterrânea para consumo humano é a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova. De acordo com o Regulamento do PDM de Idanha-a-Nova, no Artigo 55.º (Captações subterrâneas de água) do Capítulo VI (Protecção a captações subterrâneas de água) é estabelecido:

“1 – São estabelecidos os seguintes perímetros de protecção a captações subterrâneas de água,

a) Perímetros de protecção próxima, definidos por um raio de 50 m em torno da captação;

b) Perímetros de protecção à distância, definidos por um raio de 200 m em torno da captação;

c) No caso das captações se situarem em linhas de água, os perímetros de protecção à distância são definidos por uma linha situada a 400 m para montante das captações e ao longo da linha de água.

2 – Os perímetros fixados no número anterior poderão ser alargados em função da natureza geológica dos solos.

3 – Nos perímetros de protecção próxima, para além das restrições constantes do número seguinte, não devem existir:

a) Depressões onde se possam acumular as águas pluviais;

b) Linhas de água não revestidas;

c) Caixas ou caleiras subterrâneas sem esgoto devidamente tratado;

d) Canalizações, fossas ou sumidouros de águas negras;

e) Edificações, excepto as relativas ao próprio sistema de captação;

f) Culturas adubadas, estrumadas ou regadas.

4 – Nos perímetros de protecção à distância não devem existir ou executar-se:

a) Sumidouros de águas negras abertas na camada aquífera captada;

b) Outras captações;

c) Regas com águas negras e acções de adubação;

d) Instalações pecuárias;

e) Depósitos ou estações de tratamento de resíduos sólidos;

f) Indústrias que produzem efluentes nocivos, independentemente dos dispositivos antipoluição de que possam dispor;

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g) Instalações sanitárias.”

No Desenho 120-EP-80-04A – Recursos Hídricos, apresenta-se a representação em carta dos perímetros de protecção das duas captações para abastecimento público referidas, de acordo com o definido no Regulamento do PDM de Idanha-a-Nova.

Tendo em conta a distância dos traçados do IC31 às captações de água subterrânea para consumo humano de Monfortinho (Mina) e de Torre de Monfortinho (Poço), verifica-se que estes estão a distâncias, respectivamente, de 1,7 km a nordeste do km 54+000 da Solução 5d e de 1,8 km a nordeste do final da Solução 1.11, pelo que não serão afectadas pelo projecto em estudo.

Em relação a captações que exploram recursos hidrominerais, a Fonte Santa de Monfortinho constitui uma área de Concessão de Água Mineral Natural (Fonte Santa de Monfortinho HM-45). A Portaria n.º 393/2007, de 26 de Abril, estabelece as zonas do perímetro de protecção para a concessão desta água mineral (perímetros de protecção para a zona imediata, zona intermédia e zona alargada).

A representação cartográfica das zonas de protecção imediata, intermédia e alargada estabelecidas para a Concessão de Água Mineral Natural da Fonte Santa de Monfortinho, encontra-se na Figura 4.4.3 apresentada anteriormente e no Desenho 120-EP-80-07 – Condicionantes. Da análise da figura e do desenho referidos, verifica-se que os traçados em estudo do IC31 não interceptam os perímetros de protecção estabelecidos para a zona imediata, zona intermédia e zona alargada do perímetro de protecção para a área de concessão de água mineral.

Tendo em conta que os traçados em estudo do IC31 não atravessam qualquer zona de protecção de captações de água subterrânea para consumo humano ou zona de protecção de captações que exploram recursos hidrominerais, não se classifica nenhuma zona sensível de acordo com este critério.

No que se refere aos sistemas aquíferos, de acordo com o Plano de Bacia Hidrográfica (PBH) do rio Tejo, grande parte dos traçados em estudo do IC31 atravessam aquíferos em rochas fissuradas, de vulnerabilidade Baixa e Variável. No final do traçado são atravessados aquíferos em sedimentos não consolidados sem ligação hidráulica com a água superficial, de vulnerabilidade Média.

Desta forma, tendo em conta que não serão atravessadas zonas de elevada vulnerabilidade dos sistemas aquíferos não se classifica nenhuma zona sensível de acordo com este pressuposto.

As áreas de máxima infiltração (de acordo com as Cartas de REN dos Concelhos de Castelo Castelo e de Idanha-a-Nova, que se apresentam no Anexo 3.4.1), consideradas como sensíveis à poluição das águas subterrâneas, encontram-se presentes nas seguintes soluções de traçado do IC31:

Solução 1:

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Aproximadamente entre o km 19+500 e o km 20+600 da Solução 1.3;

Aproximadamente entre o km 41+250 e o km 41+750 da Solução 1.9.

Solução 2:

Aproximadamente entre o km 17+300 e o km 17+400;

Aproximadamente entre o km 19+200 e o km 19+600.

Solução 5:

Aproximadamente entre o km 31+050 e o km 31+150 da Solução 5b;

Aproximadamente entre o km 38+550 e o km 38+800 da Solução 5b;

Aproximadamente entre o km 40+050 e o km 40+250 da Solução 5b;

Aproximadamente entre o km 44+900 e o km 45+000 da Solução 5b;

Aproximadamente entre o km 55+400 e o km 55+600 da Solução 5d.

Solução 6:

Aproximadamente entre o km 43+000 e o km 43+100.

Relativamente ao nível piezométrico, de acordo com o Estudo Geológico e Geotécnico realizado para o projecto em estudo, das dezanove sondagens efectuadas apenas foi detectado o nível freático em seis, a profundidades compreendidas entre 1 e 10 m, pelo que não foi classificada nenhuma área sensível segundo este critério.

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4.5 Solos

4.5.1 Metodologia

Na caracterização da situação actual pretende-se descrever, do ponto de vista dos solos, as áreas afectadas pelo projecto do IC31, em fase de Estudo Prévio.

A identificação das famílias de solos presentes baseia-se na Carta de Solos 1:1 000 000, publicada pelo Serviço de Reconhecimento e Ordenamento Agrário (SROA), apresentando-se uma breve caracterização com base em bibliografia da especialidade.

Referem-se ainda as principais potencialidades e problemas associados aos solos presentes.

Neste âmbito a identificação dos solos com maior capacidade produtiva baseia-se na consulta das Cartas de Reserva Agrícola Nacional (RAN) dos concelhos de Castelo Branco e Idanha-a-Nova.

4.5.2 Caracterização pedológica

De acordo com a Carta de Solos 1:1 000 000 publicada pelo Serviço de Reconhecimento e Ordenamento Agrário (SROA), estão presentes diversas famílias de solos, cujas características gerais se referem de seguida.

4.5.2.1 Litossolos

São solos incipientes derivados de rochas consolidadas, com espessura efectiva inferior a 10 cm. A textura é ligeira a mediana com elementos grosseiros, pH neutro a ligeiramente ácido, teor em matéria orgânica e capacidade de troca catiónica variável. Estão presentes sobretudo nas áreas onde os processos erosivos são mais activos, constituindo a principal família pedogénica presente.

4.5.2.2 Regossolos

São solos incipientes constituídos por materiais não consolidados, normalmente com grande espessura efectiva. Estes solos têm baixo teor de matéria orgânica, pH ácido e baixa capacidade de troca catiónica.

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4.5.2.3 Aluviossolos

Os aluviossolos são solos incipientes de acumulação formados por depósitos estratificados de aluviões que, consoante o regime hídrico, vão sendo sucessivamente adicionados. Apresentam uma textura ligeira a mediana, teores médios de matéria orgânica, pH médio e capacidade de troca catiónica elevada. Os aluviossolos estão associados à presença de solos aluvionares, mas por vezes ocorrem em pequenas baixas onde estes depósitos não apresentam representação cartográfica.

4.5.2.4 Solos de baixas (Coluviossolos)

São solos pouco evoluídos, de perfil AC ou, ocasionalmente, A Bc. C, formados a partir de rochas não calcárias. O horizonte Bc. corresponde ao horizonte B do tipo “cambico”. A textura é arenosa-franca, ou mais pesada.

4.5.2.5 Solos mediterrâneos pardos

São solos evoluídos de perfil ABC, com um horizonte B eluvial em que o grau de saturação é superior a 35% e que aumenta, ou pelo menos não diminui, com a profundidade. O horizonte B é argílico.

Trata-se de solos argiluviados pouco insaturados, de tons pardacentos nos horizontes A e B. Apresentam normalmente boa capacidade produtiva.

4.5.2.6 Solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos

São solos argiluviados pouco insaturados de tons avermelhados ou amarelados nos horizontes A ou B ou ambos, apresentando características semelhantes aos anteriores.

4.5.2.7 Solos hidromórficos

São solos sujeitos a encharcamento temporário ou permanente que provoca intensos fenómenos de redução em todo, ou parte, do seu perfil.

O teor de matéria orgânica destes solos é reduzido, o pH é médio a reduzido e a capacidade de troca catiónica é elevada.

4.5.3 Potencialidades e problemas dos solos presentes

Os solos presentes são, de um modo geral, ácidos. A permeabilidade do solo é, geralmente elevada, apenas se verificando encharcamento nos solos aluvinares ou hidromórficos do fundo dos vales, em resultado do escasso escoamento horizontal das principais linhas de água após episódios de intensa precipitação.

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Os litossolos têm em geral uma aptidão agrícola reduzida, um risco potencial de erosão elevado e uma sensibilidade à contaminação também elevada, já que a capacidade de retenção e eliminação de poluentes orgânicos e inorgânicos é baixa.

Os regossolos apresentam elevada susceptibilidade à contaminação, uma vez que a sua capacidade de retenção e eliminação de poluentes é reduzida. Apresentam uma susceptibilidade à erosão relativamente elevada e associam uma aptidão agrícola reduzida.

Os aluviossolos têm geralmente uma aptidão agrícola mais elevada, um risco potencial de erosão médio e uma sensibilidade à contaminação reduzida, já que a capacidade de retenção e eliminação de poluentes orgânicos e inorgânicos é, em geral ,significativa

Os solos mediterrrâneos, em termos gerais, são solos com uma drenagem difícil, boa reserva mineral e baixos teores de matéria orgânica. A sua capacidade de troca catiónica é muito variável e o pH é médio a elevado. São solos de fertilidade variável e de susceptibilidade média a elevada à erosão. Têm média a baixa capacidade de prevenção de situações de poluição.

Os solos hidromórficos apresentam elevado potencial agrícola se forem adequadamente drenados, dado que apresentam condicionalismos por excesso de água. A permeabilidade e erodibilidade são reduzidas. A sensibilidade à contaminação, função da capacidade de retenção e eliminação de poluentes orgânicos e inorgânicos, é mediana.

A erosão hídrica dos solos constitui um problema ambiental assinalável, constituindo uma das principais causas da degradação dos recursos pedológicos. O desencadeamento dos processos erosivos resulta de uma combinação de diversos factores, designadamente a erosividade da precipitação, o declive e o comprimento das encostas e a utilização de práticas agrícolas incorrectas.

Entre os solos presentes, os litossolos e os solos mediterrâneos são particularmente vulneráveis aos processos erosivos quando desprovidos de cobertura vegetal, fornecendo sedimentos finos que são transportados através das encostas, até às linhas de água.

Na ausência de dados mais concretos sobre a região, pode-se tomar como referência extrapolações que indicam que, em termos médios, a produção de sedimentos ao nível nacional é da ordem de 200 ton/km2/ano, o que se pode traduzir, em termos teóricos, por cerca de 20 cm3 de solo perdido por ano e por m2. Este valor, não confirmado e, eventualmente excessivo, permite no entanto alertar para este problema ambiental.

A redução da erosão passa, entre outros factores, pelo recobrimento vegetal das áreas desnudadas e pela adopção de práticas agrícolas mais adequadas.

Na maior parte dos solos presentes o horizonte de terra vegetal apresenta uma componente de matéria orgânica reduzida ou moderada. A presença deste horizonte tem forte relação com a natureza das formações geológicas ocorrentes, topografia e coberto vegetal.

A espessura do horizonte de terra vegetal em solos de formações de natureza granítica é da ordem de 30 cm. Nas formações xistentas e metamórficas de contacto ocorrem espessuras

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de terra vegetal mais reduzidas, da ordem de 25 cm, em média. Por outro, lado na formação Mio-Paleogénica a espessura correspondente a solos aráveis ou de terra vegetal ronda, em média, 35 cm.

A maior parte dos solos atravessados pelo projecto apresenta reduzida capacidade de uso, adequando-se a utilizações silvícolas ou silvo-pastorís, frequentes na área em estudo.

Encontram-se, no entanto, algumas áreas onde estão presentes solos cujas capacidades produtivas justificaram a sua integração na RAN, sendo estes os solos cuja preservação é mais premente, até por serem relativamente escassos no contexto regional.

Trata-se, na maior parte dos casos, de solos de baixas com desenvolvimento ao longo de linhas de água.

As manchas de solos incluídos na RAN encontram-se representadas no Desenho nº 120-EP-80-07.

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4.6 Componente Biológica

4.6.1 Flora, Vegetação e Habitats

4.6.1.1 Metodologia

Os percursos das várias soluções foram analisados utilizando como referência a implantação na fotografia aérea e nas cartas militares à escala 1:25 000. Ao longo das várias soluções foram estabelecidos diversos pontos de amostragem em que se realizaram inventários, por comunidades. Foram realizados inventários em dois momentos diferentes, 2001 e 2009. Em alguns locais fizeram-se inventários nestes dois períodos, enquanto que noutros foram efectuados inventários apenas num dos anos. Os trabalhos de campo realizados em 2009 decorreram no final de Março e no início de Abril, época que já permite a detecção e completa identificação de muitas espécies, particularmente do estrato herbáceo. A localização dos locais de inventário consta do Desenho 120-EP-80-05.Os inventários tiveram o duplo objectivo de melhor conhecer a flora e de identificar sintáxones na vegetação natural. Os diferentes locais foram estudados segundo as seguintes prioridades:

Os inventários tiveram o duplo objectivo de caracterizar a flora e de identificar sintáxones da vegetação natural. Os diferentes locais foram estudados segundo as seguintes prioridades:

locais presumivelmente sensíveis;

locais representativos de diferentes habitats, presentes nos locais passíveis de serem atravessados pela nova via;

locais afastados dos pontos anteriores, embora evidenciando características fisionómicas semelhantes.

As plantas foram identificadas no local ou no laboratório, recorrendo a bibliografia especializada. Os conceitos nomenclaturais estão de acordo, por ordem de prioridade e tão completamente quanto possível, com Flora Iberica I – VIII, X, XIII – XV, XXI e “Nova Flora de Portugal” I - III.

Os inventários permitiram enquadrar a vegetação ali existente nas diversas formações descritas para a zona (Rivas-Martínez, 1987; Alves et al., 1998; Costa et al., 1998, 2002). Procurou-se ainda associar a vegetação observada em cada ponto de amostragem aos diferentes tipos de habitats naturais incluídos no Anexo I da Directiva Habitats (transposta para o direito nacional pelo Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro). Igualmente, para os elementos florísticos, fez-se a

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comparação com os anexos II, IV e V da mesma Directiva, avaliando-se desse modo a importância da flora na área sujeita a intervenção.

O estudo incidiu sobre a área passível de ser directamente afectada pela via, isto é, a área de terreno passível de ser mobilizada pelos trabalhos de construção, bem como uma faixa média de 500 metros para cada lado, valor frequentemente aumentado devido à existência de soluções paralelas. Foi também analisado o enquadramento regional, nomeadamente a continuidade estrutural de grandes manchas de vegetação homogéneas, devido às implicações notórias na fragmentação de habitats. Para além dos locais principais de amostragem, foram observados os aspectos fisionómicos da vegetação com vista ao reconhecimento da sua homogeneidade, em relação aos inventários produzidos.

Com base na observação de campo e tendo em consideração o respectivo enquadramento fitogeográfico foi feita a cartografia de habitats. A extensão da área estudada não permitiu individualizar todos os habitats, nomeadamente quando estes ocorrem em mosaico sobre superfícies pequenas, como é o caso dos habitats ligados ao meio aquático ou a superfícies rochosas. Desta forma, só foi possível representar locais com uma dimensão mínima contínua de alguns metros. Porém, a ocorrência de locais de interesse particular foi registada no decurso dos trabalhos de campo.

A representação espacial dos habitats é sempre problemática por razões de escala e por razões que se prendem com a sua frequente ocorrência em mosaico. Assim, a separação de unidades torna-se dúbia quando no terreno se observam séries evolutivas e não etapas maduras. Numa época em que o abandono do mundo rural é evidente, por vezes torna-se difícil ajuizar se determinada parcela mantém o seu uso agrícola ou evoluiu para uma estepe ou mato. Da mesma forma, a combinação de estruturas florestais naturais com árvores plantadas nem sempre permite a correcta avaliação do interesse do local. Associadas ao uso agrícola ocorrem por vezes sebes, linhas de água e pequenos charcos que se enquadram em habitats naturais mas cuja pequena dimensão não permite que sejam referenciados na carta. Também as plantações de pinheiro-bravo (Pinus pinaster) e de eucalipto (Eucalyptus globulus) estão muitas vezes associadas a formações arbustivas enquadráveis no habitat “matos termomediterrânicos pré-desérticos” (código 5330).

Para cada caso procurou-se ajuizar obedecendo às indicações descritas para cada tipo de habitat (ICN, 2006) mas salvaguardando também o potencial interesse do local. A inclusão das formações arbustivas no habitat 5330 é também duvidosa em alguns locais dominados por giestais de Cytisus spp. ou mesmo para estevais de Cistus ladanifer mas, é no nosso entender, aquele que melhor se enquadra face às características regionais. Mesmo com estas características, a cartografia de habitats permite uma análise espacial de conjunto, a qual, quando analisada em conjunto com as listagens florísticas obtidas, constitui um importante auxiliar de diagnóstico na avaliação do interesse de cada unidade delimitada. Da análise dos dados recolhidos e da informação disponível na bibliografia (Fernandez-Vítora, 1997) foram extrapoladas algumas consequências da execução do projecto.

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4.6.1.2 Caracterização da área de estudo

Enquadramento fitogeográfico

A área em estudo é caracterizada, do ponto de vista biogeográfico (Costa et al., 2002), como pertencendo à Região Mediterrânica, Sub-região Mediterrânica Ocidental, Província Mediterrânica-Iberoatlântica, Subprovíncia Luso-Extremadurense, Sector Toledano – Tagano, Subsector Hurdano-Zezerense, Superdistrito Cacerense. Quanto aos pisos bioclimáticos, é enquadrável no piso Mesomediterrânico. Relativamente às regiões fitogeográficas adoptadas por Franco (1971-1998), a área de estudo enquadra-se no Centro - Leste de Campina, embora as elevações da zona de Monsanto e Penha Garcia sejam enquadráveis na área Centro-Leste Montanhosa.

São comunidades próprias e amplamente estendidas em toda a Província Luso-Extremadurense os sobreirais mesomediterrânicos do Sanguisorbo agrimoniodis-Quercetum suberis, os azinhais do Pyro bourgaenae-Quercetum rotundifoliae e os carvalhais do Arbuto unedonis-Quercetum pyrenaicae, na maioria das vezes transformados em montados, bem como os medronhais do Phillyreo-Arbutetum typicum e viburnetosum tini, os estevais do Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi, Erico australis-Cistetum populifolii e Polygalo microphyllae-Cistetum populifolii (Ladero, 1987 in Rivas-Martinez, 1987; Costa et al., 1998). O tamujal dos leitos de estiagem dos rios torrenciais - Pyro bourgaeanae-Securinegetum tinctoriae - constitui também uma das suas originalidades sintaxonómicas.

Nos montados desenvolvem-se comunidades terofíticas efémeras e de pouca biomassa: Trifolio cherleri-Plantaginetum bellardii, Chrysanthemo myconis-Anthemidetum fuscati, Galactito tomentosae-Vulpietum geniculatae, Trifolio cherlerii-Taeniatheretum caput-medusae e Medicago rigidulae-Aegilopsietum geniculatae. O pastoreio destas comunidades anuais origina frequentemente um prado vivaz (Poo bulbosae-Trifolietum subterranei).

O freixial ribeirinho Ranunculo ficario-Fraxinetum angustifoliae ocorre em todo o território luso-extremadurense português, sendo o amial Scrophulario-Alnetum glutinosae relativamente comum em biótopos ripícolas. O primeiro é mais frequente em cursos de água intermitentes ou com forte redução durante o período estival, enquanto o segundo é mais dependente de cursos regulares, durante todo o ano.

O Superdistrito Cacerense situa-se no andar mesomediterrânico seco a sub-húmido inferior (Costa et al., 1998). A vegetação climatófila pertence à série do azinhal Pyro bourgaenae-Quercetum rotundifoliae. São diferenciais deste superdistrito as orlas nanofanerofíticas retamóides do Cytiso multiflori-Retametum sphaerocarpae, o carrascal Rhamno fontqueri-Quercetum cocciferae e o esteval Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi. Nas zonas graníticas mais rochosas encontra-se o rosmaninhal Scillo-Lavanduletum sampaionae. Nos alcantis quartzíticos do Tejo, a comunidade permanente edafoxerófila é dominada por Juniperus oxycedrus (Rubio longifoliae-Juniperetum oxycedri), o que constitui um traço característico deste território em face dos vizinhos. Porém, esta comunidade não foi observada na área de estudo.

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Habitats Naturais

A área em estudo é extensa, encontrando-se numerosas variáveis como as resultantes da topografia, a presença de litologias distintas (embora as rochas graníticas sejam predominantes), diferentes tipos de solos, a ocorrência de linhas de água de importância distinta e também a presença de pequenas barragens e charcas. Estas condições propiciam a ocorrência de habitats naturais distintos, com representatividade variável e frequentemente bastante alterados devido à pecuária e à agricultura. A fim de mais facilmente se caracterizar a zona, estabeleceu-se uma escala de representatividade (Quadro 4.6.1), que acompanha a listagem dos tipos presentes (Quadro 4.6.2). A representatividade, tal como aqui é apresentada, tem um valor meramente qualitativo.

Quadro 4.6.1 - Escala de representatividade dos habitats naturais presentes na área de estudo.

Código de representatividade

Descrição

0 Representatividade residual (habitats ocupando uma superfície muito pequena)

1 Habitats representados ocasionalmente, por superfícies relativamente pequenas

2 Boa representação do habitat, mas ocupando uma área pouco vasta

3 Habitat com boa representação e ocupando uma área significativa

Do Anexo B-I (tipos de habitats naturais de interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação) do Decreto-Lei n.º 140/99 foram identificados os tipos indicados no Quadro 4.6.2, existentes na zona a mobilizar pelos trabalhos. A negrito apresentam-se os habitats considerados prioritários.

Quadro 4.6.2 - Habitats naturais protegidos identificados na área de estudo (a negrito estão assinalados os habitats prioritários)

Tipos de Habitats naturais Código Representatividade (a)

Habitats de água doce (águas paradas)

Charcos temporários mediterrânicos 3170* 1

Vegetação aquática dulçaquícola

Vegetação flutuante de Ranunculus dos cursos de água submontanhosos e de planície

3260 1

Vegetação ripícola de águas correntes

Cursos de água mediterrânicos permanentes 3280 1

Megaforbiáceas eutróficas. Comunidades pioneiras de ervas altas de orlas de cursos de água

6430 1

Cursos de água mediterrânicos intermitentes 3290 2

Vegetação herbácea (não rupícola e não ripícola)

Subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea (pt2) 6220* 2

Prados mediterrânicos de ervas altas e juncos (Molinion-Holoschoenion) 6420 0

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Tipos de Habitats naturais Código Representatividade (a)

Matos

Matos de espécies perenifólias esclerófilas 5330 3

Florestas (bosques e matas naturais higrofílicas)

Freixiais de Fraxinus angustifolia 91B0 2

Florestas aluviais residuais (Alnion glutinoso-incanae). 91E0* 0

Florestas mediterrânicas

Carvalhais galaico – portugueses de Quercus pyrenaica 9230 2

Florestas de Quercus suber 9330 1

Florestas esclerófitas sujeitas a pastoreio

Montados de Quercus suber e de Quercus ilex. 6310 3

Comunidades de afloramentos rochosos

Depósitos mediterrânicos ocidentais e termófilos 8130 0

Prados pioneiros em superfícies rochosas 8230 1

(a) – segundo a escala apresentada no Quadro 4.6.1

Como se pode observar na listagem do Quadro 4.6.2, distingue-se a existência de três habitats prioritários – os charcos temporários mediterrânicos (3170*), as subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea (6220*) e as florestas aluviais residuais de amieiros (91E0*), o primeiro ocorrendo com alguma frequência mas com superfícies sempre pequenas, o segundo atingindo alguma expressão, mas geralmente ocupando superfícies pequenas, e o terceiro com uma presença praticamente residual. Os charcos temporários mediterrânicos não ocupam geralmente grandes extensões, pelo que a sua presença, na forma de pequenas charcas ou lagoachos no seio dos montados, deve ser encarada como a sua forma habitual de ocorrência, em ecossistemas equilibrados.

As subestepes de gramíneas e anuais constituem um habitat que, por regressão das áreas florestais e por ampliação das áreas de pastoreio, tem vindo a aumentar a sua representatividade. Pese embora a sua origem antrópica, os malhadais têm um elevado interesse para a conservação devido à sua diversidade florística e fitocenótica e, por conseguinte, a sua conservação é prioritária.

As galerias ripícolas com amieiros estão muito pouco representadas, ao contrário das galerias ripícolas em geral, que podem atingir algum desenvolvimento local, como as formações com salgueiros e freixos. Estas galerias podem desempenhar um importante papel ecológico sendo, portanto, relevante a sua conservação, até porque são acompanhadas por outros habitats naturais, de representatividade diversa, citados na Directiva Habitats.

No território estudado sobressaem, quer pela sua representatividade, quer pelo seu bom grau de conservação, os montados de sobreiro (Quercus suber), os montados de azinho (Quercus ilex subsp. ballota) e os carvalhais de carvalho-negral (Quercus pyrenaica). Estes podem assumir uma estrutura fechada (na região de Oledo) ou uma estrutura mais aberta, com alternância de bosquetes e áreas abertas na região entre Oledo e Proença-a-Velha.

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Bastante abundantes são as formações arbustivas, as quais constituem o estrato arbustivo de montados menos tratados, ou constituem uma etapa de substituição em explorações agrícolas abandonadas.

Globalmente, a diversidade dos habitats naturais é razoável e o conjunto é ainda bastante harmonioso, resultando numa paisagem bastante equilibrada, apesar da quase ausência de habitats prioritários. A presença de manchas de espécies exóticas, nomeadamente de vocação florestal, não é ainda muito significativa, embora se torne mais frequente na zona de Monsanto e Monfortinho. Este aspecto não traduz totalmente o que se passa a nível regional, em que várias zonas foram convertidas à monocultura do eucalipto (Eucalyptus globulus).

Importância Florística

Abaixo apresenta-se uma listagem das principais espécies da flora, constantes nos anexos do Decreto-Lei n.º 140/99, com probabilidade de existirem na área de estudo:

Plantas do Anexo B-II – espécies vegetais de interesse comunitário que exigem uma protecção rigorosa e cuja conservação requer a designação de zonas especiais de conservação.

ANGIOSPERMAE

BORAGINACEAE

Myosotis lusitanica Schuster

GRAMINEAE

Festuca duriotagana Franco & R. Afonso

Plantas do Anexo B-IV – espécies vegetais que exigem uma protecção rigorosa (inclui todas as espécies vegetais enumeradas no anexo II e ainda as espécies a seguir indicadas):

AMARYLLIDACEAE

Narcissus triandrus L.

ORCHIDACEAE

Spiranthes aestivalis (Poiret) L. C. M. Richard

Plantas do Anexo B-V – espécies vegetais de interesse comunitário cuja captura ou colheita na natureza e exploração podem ser objecto de medidas de gestão:

AMARYLLIDACEAE

Narcissus bulbocodium L.

LILIACEAE

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Ruscus aculeatus L.

Apesar de uma certa diversidade florística (foram identificadas na área de estudo 139 espécies e subespécies), a região não é rica em espécies incluídas nos anexos do Decreto-Lei n.º 140/99. Durante os trabalhos de campo apenas foi encontrada uma população de Narcissus bulbocodium. Apesar de existirem locais adequados para a proliferação de todas as espécies mencionadas, a sua detecção é difícil por serem plantas pouco comuns ou por a época dos trabalhos de campo não ter sido a mais favorável para o seu reconhecimento (por ex., Spiranthes aestivalis, Narcissus triandrus). A sua não detecção pode também dever-se, simplesmente, à sua não ocorrência.

4.6.1.3 Caracterização dos tipos fisionómicos

Apresenta-se uma caracterização sumária dos tipos fisionómicos identificados em termos florísticos e vegetacionais. As listagens florísticas para estes tipos fisionómicos são apresentadas no Anexo 4.6.1. A avaliação botânica do valor das unidades estruturais foi feita com base na importância que apresentam para as comunidades naturais vegetais, tendo-se optado por quatro graus de distinção. Por ordem de importância, consideram-se:

Formações naturais climácicas ou sub-climácicas de elevado interesse ecológico - a este tipo de formação é atribuído o valor qualitativo +++.

Formações naturais em sucessão ou outras de menor naturalidade que, ainda assim, constituam importantes habitats para espécies de conservação prioritária - a este tipo de formação é atribuído o valor qualitativo ++.

Formações semi-naturais que constituam habitat adequado para outras espécies vegetais originais - a este tipo de formação é atribuído o valor qualitativo +.

Grandes unidades estruturais de grande artificialidade, onde é possível encontrar pequenas unidades naturais - a este tipo de formação é atribuído o valor qualitativo 0.

A estes parâmetros acrescem outros relativos à extensão das comunidades, à sua representação no território português e no território comunitário, ao seu estado de conservação e grau de adulteração e ao tempo necessário para reconstituir uma formação vegetal semelhante. É também atribuída alguma importância a factores como a susceptibilidade do local à erosão e a incêndios ou às relações com a fauna, respeitantes à importância em termos de abrigo, fonte de alimento ou local de procriação.

O valor relativo de cada zona pode assim ser estabelecido com base na ponderação do valor ecológico de cada uma das unidades estruturais nele consideradas mas analisando-se simultaneamente outros factores, acima indicados, vistos numa perspectiva não estritamente ecológica mas mais abrangente, embora com menor peso nesta componente do estudo.

Resultante dos trabalhos de campo foram identificadas comunidades vegetais, de que se destacam, pela sua representatividade, as comunidades arbóreas. Destas, assumem

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particular importância os montados. Esta comunidade, apesar de frequentemente estar adaptada ao pastoreio, comporta muitas plantas que pertencem à vegetação climácica potencial. A sua existência só é possível devido à utilização de práticas agrícolas pouco intensivas que salvaguardam a capacidade de regeneração das comunidades vegetais.

Ao contrário das comunidades arbóreas, as comunidades rupícolas e aquáticas são globalmente pouco extensas. Por isso, apresentam um interesse igualmente significativo, até pela naturalidade que ainda exibem, particularmente as últimas. Os campos agrícolas englobam frequentemente comunidades naturais de interesse variável, desde comunidades arvenses, a comunidades ruderais e a outras cosmopolitas. Têm algum interesse os bosquetes e as sebes vivas que constituem divisórias entre áreas de cultivo distintas, que frequentemente englobam grande número de espécies autóctones. As comunidades arbustivas, frequentes em todo o território, assumem algum interesse, mas claramente inferior ao das comunidades arbóreas que substituem.

Montado de sobro e azinho

Correspondem a comunidades vegetais geridas pelo homem mas cujos elementos florísticos dominantes pertencem à vegetação natural potencial. Por essa razão, estas formações são da maior importância ecológica, comportando um interesse científico intrínseco. Como resultado de arroteios frequentes, os estratos arbustivo e herbáceo nem sempre estão muito desenvolvidos. Por vezes, os montados fogem a esta intervenção, constituindo uma estrutura ainda mais diversificada. Além disso, a longevidade e o porte de muitos dos sobreiros e azinheiras sobressai, assumindo-se como importantes elementos na manutenção da fertilidade do solo, na luta contra a erosão e na manutenção de florestas de uso múltiplo. Dada a proximidade estrutural destas formações com as comunidades climácicas esperadas para a zona, o valor relativo destas formações é ++/+++.

Carvalhal de Quercus pyrenaica

Os carvalhais estão confinados a uma área de alguns quilómetros, entre Oledo e Proença-a-Velha, ocorrendo em duas faciações distintas. Uma, ocupa a maior parte daquela zona e corresponde a uma estrutura próxima da dos montados, em que o elemento preponderante são os carvalhos. Para além das árvores dispersas há pequenos aglomerados (bosquetes) e sebes que formam uma teia que alberga comunidades de elevado interesse florístico e faunístico. Pelas razões apontadas para os montados, o valor destas comunidades é ++/+++. Outra comunidade de carvalhos, próxima de Oledo, corresponde a uma mancha vegetacional próxima do que pode ter sido a vegetação climácica daquela zona, constituindo um agrupamento mais fechado com um elenco florístico bastante interessante. O valor desta comunidade é superior ao dos montados e por isso é-lhe atribuída a notação +++.

Pinhal e eucaliptal

Os pinhais de pinheiro-bravo (Pinus pinaster) e os eucaliptais de Eucalyptus globulus constituem florestas de produção dominadas por elementos não autóctones e portanto indiciadores de artificialidade. As suas características permitem o desenvolvimento de estratos arbustivo e herbáceo mas cujo desenvolvimento é frequentemente perturbado. A mancha de pinhal encontra-se em regressão enquanto a de eucalipto ainda se encontra em

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expansão. O seu interesse global é relativamente baixo não obstante por vezes albergar comunidades do habitat 5330. O valor que lhes é atribuído é 0/+.

Comunidades rupícolas

Este tipo de comunidades está pouco representado na área em estudo, nelas ocorrendo algumas espécies representativas da flora autóctone. Distinguem-se parcialmente os grupos vegetacionais sobre granitos e sobre xistos. O valor que lhes é atribuído é ++.

Comunidades aquáticas (incluindo as galerias ripícolas)

Estas comunidades podem ser distinguidas por segmentos (associações) mas, para facilidade de tratamento dos dados são aqui apresentadas em conjunto. Globalmente, são comunidades muito diversificadas com algum dinamismo e muito importantes na sua acção ecológica, nomeadamente, constituindo áreas de abrigo e alimentação preferenciais para fauna, sistemas depuradores da matéria orgânica em suspensão, contribuindo para a qualidade da água, e assumindo-se como importantes barreiras contra a erosão. A nível comunitário são particularmente importantes as florestas aluviais residuais (habitat 91E0*) e os charcos temporários mediterrânicos (habitat 3170*). No entanto, a nível local é facilmente reconhecível o valor dos cursos de água de um modo geral, bem como o dos locais cujo nível freático se aproxima bastante da superfície. Particularmente, os cursos de água de maior débito apresentam um enquadramente florístico diversificado que, a par com uma qualidade da água globalmente boa, proporcionam uma grande diversidade de nichos ecológicos, pelo que o valor qualitativo atribuído ao conjunto é ++/+++.

Campo agrícola

Os campos agrícolas aqui referidos são unidades estruturais bastante diferenciadas entre si. A esta designação generalista estão associadas culturas de sequeiro em regime de rotação, culturas hortícolas ou simplesmente pastagens sob o coberto de montados ou olivais. Em qualquer dos casos, existem comunidades semi-naturais associadas, nomeadamente comunidades arvenses, comunidades ruderais e comunidades nitrófilas de elevada rusticidade. São na sua maioria constituídas por terófitos, dados os ciclos anuais de desenvolvimento agrícola. No entanto, quando estão presentes sebes vivas, estas possuem um potencial ecológico muito elevado por constituírem muitas vezes refúgio para grande número de espécies selvagens da comunidade clímax. Também quando integradas nos montados ou olivais com vocação ganadeira, muitas das espécies perenes podem-se manter indefinidamente. Assim, em termos qualitativos os campos agrícolas, embora de interesse variável consoante as culturas e o tipo de prática agrícola seguida, podem atingir a classificação +. As sebes, enquanto refúgio de muitas espécies de plantas e centros de dispersão de diásporos, podem atingir um valor ++.

No Desenho 120-EP-80-05 apresenta-se a cartografia dos habitats naturais e de outros usos do solo.

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4.6.2 Fauna terrestre

4.6.2.1 Metodologia

A caracterização da situação actual teve como base levantamentos de campo (Quadro 4.6.3), análise de fotografia aérea pancromática, consulta de bibliografia específica e recolha de dados não publicados relativamente a espécies com estatuto de conservação desfavorável, designadamente de aves, possibilitando um melhor conhecimento dos elementos faunísticos presentes que poderão ser afectados. Perante os resultados obtidos podem ser analisadas soluções e desenvolvidas propostas de forma a mitigar os impactes previstos.

Quadro 4.6.3 - Datas das saídas de campo à área de influência do IC31

Mês/ Ano Dias

Setembro de 1996 21, 22, 23

Novembro de 1996 22, 23, 24

Março de 2001 11

Abril de 2009 21 e 22

4.6.2.2 Técnicas de inventariação utilizadas

Para o levantamento e caracterização das comunidades faunísticas existentes na região, utilizaram-se metodologias diferenciadas embora complementares:

Levantamentos em percursos de automóvel por estradas e caminhos previamente seleccionados e percursos a pé definidos aleatoriamente nas zonas sujeitas à passagem do traçado propostos;

Definição e caracterização dos ecossistemas naturais e seminaturais, realizando-se levantamentos em áreas pré-determinadas, baseados em critérios de representatividade (em termos de superfície ocupada), homogeneidade e valor biológico dos habitats (ver Quadros 4.6.4 e 4.6.5).

As alternativas do traçado proposto para o IC31, atravessam uma região onde alternam importantes unidades de paisagem, e de elevado significado ecológico. As diferentes unidades de vegetação referenciadas na área em estudo apresentam distintos graus de intervenção humana, bem como diferentes características do solo, clima e topografia, condicionando desta forma a ocorrência ou ausência de espécies de vertebrados ao longo do seu ciclo anual.

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Quadro 4.6.4 - Descrição dos habitats presentes na área de estudo

Habitats Descrição

Florestas de produção Terrenos utilizados para a exploração florestal, predominando os povoamentos de eucalipto.

Campos cerealíferos Áreas essencialmente utilizadas para produção de cereal

Cursos de água Linhas de água, ribeiras, rios e áreas envolventes

Montados e outros povoamentos de quercíneas

Zonas onde predomina o coberto arbóreo de azinheira e/ou sobreiro

Corpos de água Represas, albufeiras e outras zonas alagadas, incluindo áreas circundantes

Agrícola e Olival Áreas de utilização agrícola, incluindo quintas e zonas de olival.

Matos altos Áreas de vegetação natural predominantemente arbustiva, normalmente densa

Matos baixos Áreas de mato normalmente baixo e disperso e/ou associadas a zonas escarpadas

Recolha de informação no terreno

Um dos padrões mais importantes em ecologia terrestre é a relação entre a área e o número de espécies, verificando-se normalmente uma relação directa e positiva entre estas variáveis. Desta forma, procurou-se obter uma cobertura significativa da área em estudo, com o objectivo de obter o máximo possível de dados para o tempo de que se dispôs.

Não sendo possível efectuar um levantamento exaustivo de todas as espécies de vertebrados que ocorrem na área, procurou-se colmatar as lacunas com informação procedente de trabalhos publicados sobre a distribuição geográfica das espécies no território nacional, bem como com informação não publicada no que respeita a algumas espécies com estatuto de conservação desfavorável, designadamente a cegonha-preta e algumas aves de rapina que utilizam áreas rupícolas para nidificar.

Para a inventariação da avifauna utilizou-se como referência o Atlas de Aves Nidificantes de Portugal (Equipa Atlas, 2008), para a área envolvente do traçado, e as observações realizadas no trabalho de campo, suportadas pelo conhecimento prévio dos hábitos e preferências ecológicas gerais deste grupo (essencialmente detecção por observação directa, visual e/ou auditiva) na área envolvente do traçado.

No estudo da herpetofauna realizaram-se transectos nas zonas envolventes do traçado, recorrendo-se, para uma área de influência indirecta da via em projecto, ao Atlas da Distribuição dos Anfíbios e Répteis de Portugal Continental (Loureiro, et al. 2008).

Foram realizados percursos nocturnos, com os objectivos de coligir informação que permitisse melhor caracterizar as populações deste grupo faunístico e, ao mesmo tempo, recolher informação sobre mortalidades por atropelamento. Assim, realizaram-se contagens de indivíduos que atravessavam as vias que se encontravam na área de afectação do traçado proposto, bem como de indivíduos mortos por atropelamento. Estes dados funcionam, por um lado, indirectamente como um indicador do uso do habitat (permite dar

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indicações referentes ao valor de conservação do habitat) e, por outro, permitem comparações entre zonas diferentes. Os valores obtidos, para além da informação referente à riqueza específica, tornam possível hierarquizar os habitats, tendo como referência a presença de populações significativas de espécies com estatuto de conservação.

Para determinar e interpretar a mortalidade de répteis e anfíbios foram percorridos diversos trajectos em estradas nacionais localizadas na vizinhança da área de estudo. A obtenção de dados sobre a mortalidade foi obtida através da detecção de indivíduos mortos em estradas e caminhos paralelos próximos ao traçado proposto e identificação ao nível de espécie. Assim, a mortalidade pontual representa a mortalidade observada em determinados locais referenciados e a mortalidade por trajecto representa a mortalidade de troços de estrada pré-definidos paralelamente ao IC31 e bastante perto deste.

Para os mamíferos, devido à sua baixa conspicuidade procuraram-se acima de tudo indícios de presença, como sejam: dejectos, pegadas, restos alimentares e outros vestígios particulares. Recorreu-se, ainda, à bibliografia disponível contendo informação sobre a distribuição das espécies.

Locais de amostragem

A informação apresentada resulta do trabalho de campo realizado na área de estudo nos meses de Setembro e Novembro de 1996. No decorrer deste período efectuaram-se saídas de campo com uma duração média de 12 horas diárias. Nas saídas relativas aos anos de 2001 e 2009 percorreu-se a área de afectação, fazendo observações ao longo de todo o percurso, tendo-se optando por não efectuar pontos de amostragem fixos.

Na área em estudo foram seleccionados doze pontos de amostragem e efectuados vinte percursos (Quadro 4.6.5 e Desenho 120-EP-80-05), atendendo às diferentes soluções do traçado.

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Quadro 4.6.5 – Localização das amostragens realizadas

Localização Locais de censo

avifaunísticos Percursos de

reconhecimento Percursos nocturnos

Total de levantamentos

Oledo - Proença-a-Velha 1 2 2 5

Penha Garcia - Monfortinho 1 1 1 3

Carroqueiro - Monsanto 0 1 2 3

Oledo - Idanha-a-Nova 0 0 1 1

Escalos de Cima - Alcains 1 2 1 4

S. Gens - Santa Catarina 4 2 1 7

Monfortinho - Termas (R.Erges) 1 1 1 3

Penha Garcia - R. Ponsul 1 1 0 2

Monsanto - Monsadela 2 0 0 2

Cabeço do Homem - R. Torto 1 1 0 2

Total 12 11 9 32

4.6.2.3 Caracterização

A fauna presente nesta região é bastante diversificada, particularmente no que respeita aos anfíbios, répteis e aves, incluindo algumas espécies de elevado valor conservacionista.

No Anexo 4.6.2 apresenta-se a lista das espécies observadas na área de estudo e a ela atribuídas, com base em trabalhos publicados sobre a distribuição geográfica das espécies no território nacional.

Herpetofauna

Da consulta da bibliografia sobre a distribuição das espécies em território nacional e na área em estudo, e das amostragens realizadas (Quadros 4.6.6 e 4.6.7), resulta uma lista de 13 espécies de anfíbios (72%), de um total nacional de 18, e de 20 espécies de répteis (69%), de um total nacional de 29 (Anexo 4.6.2).

Nenhuma das espécies de anfíbios está classificada como ameaçada em Portugal, de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral, et al. 2005) mas oito destas espécies estão inseridas no anexo B-IV do Decreto-Lei n.º 140/99 (espécies animais e vegetais de interesse comunitário que exigem uma protecção rigorosa) e uma destas, a rã-de-focinho-pontiagudo, está, também, inserida no anexo B-II do mesmo diploma (espécies

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animais e vegetais de interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação).

Entre as espécies de répteis é de assinalar a potencial ocorrência da Cobra-austríaca, classificada como Vulnerável em Portugal. Outra das espécies observadas, o Cágado, está inserida nos anexos B-II e B-IV do Decreto-Lei n.º 140/99, e seis outras estão inseridas no anexo B-IV do mesmo diploma.

Quadro 4.6.6 - Resultados da amostragem de anfíbios e répteis na área de afectação do traçado

Ponto de amostragem Anfíbios Répteis

Fábrica de São Pedro Rana perezi

Ponte de São Gens Mauremys leprosa, Natrix maura

Penha Garcia Lacerta lepida, Natrix natrix, Coluber hippocrepis

Santa Catarina Rana perezi

Monsanto Salamandra salamandra

2,6 km de Proença-a-Velha Discoglossus galganoi

Normalmente a herpetofauna efectua deslocações que resultam de movimentos de carácter funcional (trófico, termoregulação, defesa de território, etc.) que são de difícil previsão.

Os répteis apresentam, muitas vezes, movimentos de circulação de carácter periódico, apresentando períodos de maior actividade, relacionados com a termoregulação. Para muitas espécies estes movimentos podem ser vitais (por exemplo, para certos ofídeos como Coluber hippocrepis, Malpolon monspessulanus, Elaphe scalaris).

As encostas nas áreas descobertas, com afloramentos e mais expostas, funcionam como superfícies termoreguladoras para muitos répteis, nomeadamente os ofídeos com uma grande autonomia de deslocação.

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Quadro 4.6.7 - Segmentos do traçado analisados em termos de mortalidade na Herpetofauna

Nome comum Espécie

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Sapo-parteiro-ibérico Alytes cisternasii 0 1 0 2 0 0 1 4

Sapo Bufo bufo 2 0 3 2 0 0 0 7

Sapo-corredor Bufo calamita 29 11 2 5 16 2 2 67

Discoglosso Discoglossus galganoi

1 1 1 0 2 0 3 8

Rela-meridional Hyla meridionalis 0 0 1 0 0 0 0 1

Relas Hyla spp. 2 0 0 5 1 0 1 9

Sapo-de-unha-negra Pelobates cultripes 122 30 4 14 10 3 6 189

Salamandra-de-costelas-salientes

Pleurodeles waltl 0 9 1 1 2 0 2 15

Rã-verde Rana perezi 4 3 2 2 0 1 0 12

Salamandra-de-pintas-amarelas

Salamandra salamandra

1 6 26 5 2 10 1 51

Tritão-de-ventre-laranja Triturus boscai 0 0 1 2 0 0 0 3

Tritão-marmorado Triturus marmoratus

0 3 7 4 0 1 0 15

Total ind. 161 64 48 42 33 17 16 381

Nºsp. 7 8 10 10 6 5 7

Cobra-de-ferradura Coluber hippocrepis 0 3 0 0 0 0 0 3

Cobra-de-água-viperina Natrix maura 0 1 0 0 0 0 1 2

Total ind. 0 4 0 0 0 0 1 5

Nºsp. 0 2 0 0 0 0 1 3

Total ind. 161 68 48 42 33 17 17 386

Avifauna

Atribuem-se à área de estudo 116 espécies de aves, das quais nove são exclusivamente invernantes, 35 são visitantes estivais e as restantes são residentes (Anexo 4.6.2). Cerca de 70% destas espécies foram observadas durante as visitas de campo.

De entre estas há a assinalar a presença de três espécies classificadas no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al., 2005) como Criticamente em Perigo, cinco como Em Perigo e doze como Vulneráveis. Por outro lado, 29 das espécies listadas estão

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presentes do anexo A-I do Decreto-Lei n.º 140/99 (espécies de aves de interesse comunitário cuja conservação requer a designação de zonas de protecção especial), sendo quatro delas consideradas espécies prioritárias: Abutre-preto, Águia de Bonelli, Abetarda e Sisão.

No que respeita às espécies classificadas como Criticamente em Perigo – Abutre-preto, Rolieiro e Chasco-preto –, a primeira deverá ocorrer na área de estudo de forma irregular, utilizando esta zona apenas para se alimentar. As outras duas espécies têm distribuições muito pontuais, sendo raras ao longo de toda a sua área de distribuição.

No grupo das espécies Em Perigo encontram-se algumas que são características de ambientes rupícolas, como o Abutre-do-Egipto, a Águia-real e a Águia de Bonelli, bem como espécies características de habitats estepários, como a Abetarda e o Tartaranhão-caçador.

Finalmente, entre as espécies classificadas como Vulneráveis estão algumas características de ambientes rupícolas, como a Cegonha-preta e o Falcão-peregrino, outras características de ambientes estepários, como o Sisão, o Alcaravão e o Chasco-ruivo, e outras que dependem de ambientes mais diversificados, onde a componente florestal e o mosaico de habitats assumem uma importância de relevo.

No âmbito do presente trabalho foi possível recolher informação sobre a distribuição de algumas das espécies com estatuto de conservação desfavorável, que poderão eventualmente vir a ser afectadas pela construção da via, dada a proximidade a que se situam os seus territórios de nidificação.

De facto, na envolvente próxima dos traçados ou mesmo em áreas sujeitas a afectação directa são conhecidos locais de nidificação de algumas espécies com estatuto de conservação desfavorável, designadamente a Cegonha-preta, o Grifo, o Abutre-do-Egipto e o Falcão-peregrino, bem como colónias de Garça-real e de Cegonha-branca (informação não publicada). No Desenho 120-EP-80-05 assinalam-se estes locais.

Mamíferos

Estão atribuídas à área de estudo 24 espécies de mamíferos (Anexo 4.6.2), das quais foram observadas no campo sete (33,33%) (Quadro 4.6.8).

Quadro 4.6.8 - Registo de presenças de mamíferos

Zonas de Inventariação Espécies

Fábrica de S. Pedro Oryctolagus cuniculus

Ponte de S. Gens Lutra lutra

Nó 2.5 Sus scrofa

P. Garcia- Monfortinho Apodemus sylvaticus

Rio Erges Lutra lutra

Alcains – Escalos de Cima Martes foina

Nó 2.2 – Nó 2.3 Genetta genetta

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Zonas de Inventariação Espécies

Monsanto Eliomys quercinus

Nenhuma das espécies de mamíferos atribuídas à área de afectação do projecto tem estatuto de ameaça em Portugal, de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral, et al. 2005). A Lontra está presente nos anexos B-II e B-IV e o Morcego-anão está presente no anexo B-IV do Decreto-Lei n.º 140/99.

A Lontra deverá ocorrer ao longo das linhas de água mais importantes que são atravessadas pela via.

4.6.3 Áreas Classificadas

De forma a identificar a existência de condicionantes relacionadas com os sistemas ecológicos verificou-se a localização da via face à Rede Nacional de Áreas Protegidas e Rede Natura 2000. Adicionalmente verificou-se a eventual intersecção de Áreas Importantes para as Aves (IBA).

A informação vectorial relativa às áreas classificadas foi obtida no sítio da internet do Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) e a delimitação das IBA foi fornecida pela SPEA.

Conforme se pode verificar no Desenho 120-EP-80-01, a área de estudo situa-se entre dois Sítios de Importância Comunitária (SIC), Gardunha (a uma distância mínima de cerca de 14 km) e Malcata (distância mínima cerca de 7 km), a norte, e a Zona de Protecção Especial (ZPE) (distância mínima cerca de 4 km) e Parque Natural do Tejo Internacional (distância mínima cerca de 10 km), a sul.

Na zona mais a este o traçado intersecta a IBA da Serra de Penha Garcia e Campina de Toulões.

A delimitação desta IBA deve-se à presença de populações de aves com estatuto de conservação desfavorável, em especial de espécies que nidificam em ambientes rupícolas (Cegonha-preta, Grifo, Abutre-do-Egipto e Falcão-peregrino), bem como de espécies adaptadas a ambientes com características de estepe (Abetarda, Sisão e Alcaravão). A área intersectada pela nova via situa-se na interface entre os ambientes rupícolas da serra de Penha Garcia e as zonas de estepe da Campina de Toulões.

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4.7 Qualidade do Ar

4.7.1 Metodologia

A metodologia para a caracterização da qualidade do ar na área de estudo compreendeu os seguintes passos:

Identificação das áreas potencialmente sensíveis à poluição atmosférica, através da análise de fotografia aérea, cartografia e levantamento de campo;

Identificação e caracterização das principais fontes poluentes, determinantes para a qualidade do ar na área de estudo;

Avaliação da qualidade do ar com base em valores quantitativos dos poluentes atmosféricos representativos do tipo de poluição existente, disponibilizados pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA);

Caracterização dos parâmetros meteorológicos que possam condicionar a dispersão de poluentes na atmosfera.

De forma a evitar repetições optou-se por descrever conjuntamente as áreas de sensibilidade à poluição, as principais fontes poluentes, a caracterização da qualidade do ar e os parâmetros meteorológicos nos traçados em estudo do projecto do IC31.

4.7.2 Áreas com sensibilidade à poluição atmosférica

Tendo em conta os impactes na qualidade do ar decorrentes das acções de construção e exploração do IC31, consideraram-se como receptores sensíveis, por ordem decrescente de importância, as áreas com ocupação maioritariamente humana (aglomerados populacionais e casas de habitação isoladas), as áreas sensíveis do ponto de vista ecológico e, por último, as áreas agrícolas.

A área de implantação dos traçados em estudo do IC31 insere-se numa zona de cariz rural, com uma ocupação diversificada, existindo zonas com características agrícolas e, sobretudo, pecuárias, típicas de áreas rurais, e algumas áreas florestais.

Em termos de ocupação humana, esta é de baixa densidade, verificando-se a existência de aglomerados populacionais, em geral de pequena dimensão e alguma ocupação humana dispersa ao longo dos principais eixos rodoviários. As principais casas de habitação

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existentes na proximidade dos traçados em estudo foram consideradas como os receptores de maior sensibilidade à poluição atmosférica.

No Quadro 4.7.1 apresentam-se os principais receptores sensíveis identificados na proximidade dos traçados em estudo do IC31.

Quadro 4.7.1 - Receptores sensíveis nos traçados em estudo do IC31

Receptor Tipologia Localização Distância ao

traçado

Solução 1 (S1)

Local 1S1 Casa de habitação com dois

pisos, oficinas e anexos S1.1, ao km 0+000, no lado direito,

junto ao Nó 1 S1 20 m

Local 2S1 Casa de habitação com dois

pisos S1.1, ao km 1+650, no lado esquerdo 190 m

Local 3S1 Casa de habitação com um piso,

com anexos de utilização agrícola e pecuária

S1.1, ao km 2+000, no lado esquerdo 100 m

Local 4S1 Casa de habitação com um piso S1.2, ao km 2+570, no lado esquerdo 35 m

Local 5S1 Casa de habitação com um piso

e com anexos de utilização agrícola e pecuária

S1.2, ao km 2+700, no lado esquerdo 65 m

Local 6S1 Casa de habitação com um piso S1.2, ao km 3+450, no lado direito (Quinta do Ribeiro da Azinheira)

125 m

Local 7S1 Casa de habitação com dois

pisos, com anexos de utilização agrícola e pecuária

S1.3, ao km 15+200, no lado direito (Quinta da Carvalha)

170 m

Local 8S1 Casa de habitação com um piso

e anexos S1.3, ao km 21+250, no lado direito 200 m

Solução 1A (S1A)

Local 1S1A (1)

Casa de habitação com dois pisos

S1A, ao km 1+350, no lado esquerdo 190 m

Local 2S1A (2)

Casa de habitação com um piso, com anexos de utilização

agrícola e pecuária S1A, ao km 1+600, no lado esquerdo 100 m

Solução 1B (S1B)

Local 1S1B Casas de habitação com um e

dois pisos, com anexos de utilização agrícola e pecuária

S1B, ao km 0+800, no lado esquerdo (Monte da Ordinha)

110 m

Local 2S1B Casa de habitação com um piso S1B, ao km 4+100, no lado direito 95 m

Solução 2 (S2)

Local 1S2(3)

Casa de habitação com um piso e anexos

S2, ao km 21+950, no lado direito 150 m

Solução 5 (S5)

Local 1S5

Casa de habitação com um piso e anexos

S5b, ao km 34+970, no lado direito 30 m

Casa de habitação com um piso e anexos

S5b, ao km 34+970, no lado direito 90 m

Local 2S5 Casa de habitação com dois

pisos S5b, ao km 35+160, no lado direito 20 m

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Receptor Tipologia Localização Distância ao

traçado

Casa de habitação com dois pisos

S5b, ao km 35+210, no lado direito 90 m

Local 3S5 Casas de habitação com um e dois pisos, com anexos e com

terreno circundante S5b, ao km 35+500, no lado esquerdo 80 m

Local 4S5 Casas de habitação com um piso S5b, ao km 35+740, no lado direito 85 m

Local 5S5

Casa de habitação com um piso S5b, ao km 36+700, no lado direito 140 m

Casa de habitação com dois pisos

S5b, ao km 36+750, no lado direito 130 m

Casa de habitação com dois pisos

S5b, ao km 36+800, no lado direito 175 m

3 casas de habitação com dois pisos novas (1 delas em fase

final de construção) S5b, ao km 36+850, no lado direito 20/60 m

Casa de habitação com um piso S5b, ao km 36+860, no lado direito 35 m

Casa de habitação com dois pisos

S5b, ao km 36+950, no lado direito 35 m

Local 6S5

Casas de habitação com um e dois pisos, com anexos e com

terreno circundante

S5b, ao km 36+900, no lado esquerdo, na proximidade da EM 568

50 m

Várias casas de habitação com um e dois pisos

S5b, aproximadamente entre os km 36+750 e 37+000 200 m

Local 7S5 Casa de habitação com um piso

com anexos S5b, ao km 40+000, no lado direito 25 m

Local 8S5 Casa de habitação com um piso

com anexos S5b, ao km 40+000, no lado esquerdo

(Carro Quebrado) 20 m

Local 9S5 Casa de habitação com um piso

com anexos S5b, ao km 40+750, no lado esquerdo 20 m

Local 10S5 Casa de habitação com dois

pisos e anexos S5b, ao km 41+400, no lado esquerdo 20 m

Local 11S5 Casa de habitação com um piso

com anexos S5b, ao km 44+860, no lado esquerdo 145 m

Local 12S5 Casa de habitação com dois

pisos, com anexos e com terreno circundante

S5c, ao km 47+500, no lado esquerdo 30 m

Solução 6 (S6)

Local 1S6 (4) Casas de habitação com anexos S6, ao km 42+960, no lado esquerdo 165 m

(1) - Coincide com o receptor Local 2S1 da S1.1

(2) - Coincide com o receptor Local 3S1 da S1.1

(3) - Coincide com o receptor Local 8S1 da S1.3

(4) - Coincide com o receptor Local 11S5 da S5b

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4.7.3 Fontes de poluição atmosférica

A área de estudo caracteriza-se por uma ocupação marcadamente rural, em que a actividade industrial se concentra, essencialmente, nas zonas industriais de Alcains e Castelo Branco (esta a uma distância considerável dos traçados). É, ainda, de referir uma zona industrial em Penha Garcia, localizada junto à EN239.

No Desenho 120-EP-80-04A – Recursos Hídricos apresenta-se a localização das zonas industriais de Alcains e de Penha Garcia.

Na zona industrial de Alcains, o tecido industrial é, na sua maioria, representado pelos sectores alimentar, granito e mármore, os quais, de um modo geral, não se caracterizam por emissões atmosféricas susceptíveis de afectar significativamente a qualidade do ar.

No caso do sector do granito e mármore, é de referir a emissão de partículas, embora com uma área de afectação muito local.

Na zona industrial de Penha Garcia, é de referir, nomeadamente, a empresa Fronteiratur – Actividades Turísticas Internacionais, Lda., um Posto de Abastecimento AVIA, o Restaurante “O Javali”, a Penhalac – Indústrias Lácteas de Penha Garcia, Lda, os Armazéns de Rações AGROLEX, de José Adelino Castanheira Monteiro, a Julibotas, Construções Lda., os Armazéns de Racções S.Marcos e os Materiais de construção “João Gameiro”.

As empresas existentes, de um modo geral, não se caracterizam por emissões atmosféricas susceptíveis de afectar significativamente a qualidade do ar.

Deste modo, a nível local, destaca-se o tráfego rodoviário como a principal fonte de poluição atmosférica, responsável pela emissão de monóxido de carbono (CO), óxidos de azoto (NOx), partículas, dióxido de enxofre (SO2) e hidrocarbonetos (nomeadamente compostos orgânicos voláteis, COV).

Os traçados em estudo intersectam e desenvolvem-se ao longo de várias vias rodoviárias, sendo as que apresentam maior relevância a auto-estrada A23/IP2, a variante de Alcains e as estradas nacionais EN18, EN18-7, EN233, EN239, EN240, EN332, EN352, EN353 e EN353-1. Merecem ainda referência as estradas municipais EM567, EM567-1, EM568, EM1268 e EM1276.

O levantamento de fontes poluentes teve por base os dados do inventário de emissões de Portugal, referente ao ano de 2005, realizado pela Agência Portuguesa do Ambiente (www.apambiente.pt). O inventário utilizado apresenta as emissões de forma espacializada segundo uma grelha de 50x50 km (grelha EMEP).

No Quadro 4.7.2 apresentam-se as emissões atmosféricas dos poluentes SOX, NOX, COVNM, CO e PM10.

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Quadro 4.7.2 - Emissões atmosféricas, em 2005, nos concelhos de Castelo Branco e Idanha-a-Nova

Concelho Área (km2) Emissões (t/km2)

SOx NOx* COVNM* CO* PM10

Castelo Branco 1 439,40 0,073 0,834 0,880 1,918 0,291

Idanha-a-Nova 1 416,34 0,033 0,289 0,631 0,561 0,126

* Nota: Emissões totais em 2005, excluindo fontes naturais

Analisando o quadro anterior, verifica-se que as emissões dos poluentes no concelho de Castelo Branco são mais elevadas do que no concelho de Idanha-a-Nova, para todos os poluentes. É de salientar que as emissões de todos os poluentes considerados (SOX, NOX, COVNM, CO e PM10), nos concelhos de Castelo Branco e Idanha-a-Nova, são reduzidas face aos restantes concelhos de Portugal.

Os óxidos de azoto e o monóxido de carbono, com relação directa com o tráfego rodoviário, apresentam uma maior contribuição no concelho de Castelo Branco, resultando fundamentalmente da influência das vias rodoviárias, com destaque para a A23/IP2.

4.7.4 Caracterização da qualidade do ar

Para a caracterização da qualidade do ar procedeu-se à avaliação, de acordo com a legislação nacional em vigor, dos dados relativos ao ano civil de 2007 obtidos na estação de monitorização da qualidade do ar do Fundão, pertencente à Rede de Qualidade do Ar do Centro da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR-Centro).

A estação do Fundão é uma estação de fundo, de ambiente rural regional, caracterizando razoavelmente a qualidade do ar da área de estudo. No Quadro 4.7.3 apresentam-se as características da estação do Fundão.

Quadro 4.7.3 - Estação de monitorização da qualidade do ar do Fundão

Estação Localização Coordenadas Gauss Militar (m)

Latitude Longitude

Fundão Concelho do Fundão, freguesia do Salgueiro 362 817 271 075

Fonte: APA, 2009

Nesta estação são monitorizados os poluentes atmosféricos dióxido de enxofre (SO2), dióxido de azoto (NO2), ozono (O3) e partículas inaláveis em suspensão (PM10).

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No Quadro 4.7.4 apresentam-se, para o ano de 2007, as eficiências obtidas por analisador na estação de monitorização do Fundão.

Os valores da eficiência para o SO2, NO2, PM10 e O3 são expressos em percentagem do número de horas (n.º de medições horárias válidas/medições horárias possíveis).

Quadro 4.7.4 - Eficiências (%) obtidas por analisador na estação de monitorização do Fundão, em 2007

Estação Poluente

SO2 NO2 PM10 O3

Fundão 99,0 % 98,0 % 98,4 % 98,6 %

Fonte: APA, 2009

Pela observação do Quadro 4.7.4 verifica-se que a eficiência de amostragem dos analisadores da estação do Fundão está acima dos 98%, pelo que se considera a eficiência de aquisição de dados da estação do Fundão muito boa.

No Quadro 4.7.5 apresenta-se a concentração dos poluentes SO2, NO2, PM10 e O3 para o ano de 2007.

Quadro 4.7.5 - Concentração de Poluentes na Estação de monitorização do Fundão, em 2007

Poluente

Valor Anual (base horária)

Valor Anual (base diária)

Valor Anual (base 8 horas)

Média (µg/m3)

Máximo (µg/m3)

Média (µg/m3)

Máximo (µg/m3)

Média (µg/m3) Máximo (µg/m3)

Dióxido de Enxofre (SO2)

1,8 41,0 1,8 12,7 --- ---

Dióxido de Azoto (NO2) 7,0 34,0 7,0 14,5 --- ---

Partículas em Suspensão < 10 µm

(PM10) 14,8 93,0 14,9 56,3 --- ---

Ozono (O3) 61,0 148,0 --- --- 61,1 134,5

Fonte: APA, 2009

Os parâmetros estatísticos apresentados, e a sua comparação com os valores limite em vigor para a estação do Fundão, estão sintetizados nos Quadros 4.7.6 a 4.7.9.

O dióxido de enxofre (SO2), é lançado na atmosfera em resultado da queima de combustíveis fósseis que contêm enxofre, da decomposição da matéria orgânica e das actividades industriais. O sector industrial é o principal responsável pelas emissões de SO2, especialmente em refinarias e caldeiras queimando combustíveis com elevados teores de

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enxofre. Analisando o Quadro 4.7.6, verifica-se que nunca ocorreu o incumprimento de qualquer dos valores-limite.

Quadro 4.7.6 - Níveis de SO2 registados na estação de monitorização da qualidade do ar do Fundão, no ano de 2007, e comparação com os valores-limite do Decreto-Lei n.º 111/2002

Decreto-Lei nº 111/2002, de 16 de Abril

N.º de vezes em que é excedido o valor limite horário para protecção

da saúde humana

N.º de vezes em que é excedido o valor limite diário para protecção da

saúde humana

Valor limite anual para protecção dos ecossistemas

Valor-limite

350 µg/m3

(valor a não exceder mais de 24 vezes em cada ano civil)

125 µg/m3

(valor a não exceder mais de 3 vezes em cada ano civil)

20 µg/m3

(base anual)

Fundão 0 0 1,8 µg.m-3

Os NOX de origem antropogénica resultam essencialmente da queima de combustíveis fósseis nas indústrias e queima de combustíveis fósseis nos transportes, sendo o automóvel a principal fonte em zonas urbanas. Verifica-se que os níveis de dióxido de azoto apresentados no Quadro 4.7.7 cumprem sempre os valores-limite estabelecidos na legislação, considerando a margem de tolerância em vigor.

Quadro 4.7.7 - Níveis de NO2 registados na estação de monitorização da qualidade do ar do Fundão, no ano de 2007, e comparação com a Portaria n.º 286/93 e Decreto-Lei n.º 111/2002

Decreto-Lei n.º 111/2002, de 16 de Abril Portaria nº 286/93 de 12 de Março

N.º de vezes em que é excedido o valor-limite horário para protecção da saúde

humana

Valor limite anual para protecção

da saúde humana

P98 dos valores médios horários

Valor-limite

200 µg/m3 NO2 + MT*

(valor a não exceder mais de 18 vezes em cada ano civil)

40 µg/m3 NO2 + MT** 200 µg/m3 NO2

Fundão 0 7,0 16 µg/m3

* MT - Margem de tolerância: variável de acordo com o ano (30 µg.m-3 – 2007)

** MT - Margem de tolerância: variável de acordo com o ano (6 µg.m-3 – 2007)

No que respeita à origem das emissões das partículas, as principais fontes de origem humana envolvem o tráfego automóvel, a queima de combustíveis fósseis e as actividades industriais, como por exemplo a indústria cimenteira, as siderurgias e as pedreiras. As partículas em suspensão PM10 (Quadro 4.7.8) cumprem o valor limite diário, assim como os valores médios anuais são inferiores ao respectivo valor-limite.

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Quadro 4.7.8 - Níveis de PM10 registados na estação de monitorização da qualidade do ar do Fundão, no ano de 2007, e comparação com o Decreto-Lei n.º 111/2002

Decreto-Lei n.º 111/2002, de 16 de Abril

N.º de vezes em que é excedido o valor-limite diário para protecção da saúde humana

Valor-limite anual para protecção da saúde humana

Valor-limite 50 µg/m3

(valor a não exceder mais de 35 vezes em cada ano civil)

40 µg/m3

Fundão 1 14,9 µg/m3

O ozono surge na troposfera como poluente secundário com origem em reacções potenciadas pela luz solar, entre percursores diversos de origem antropogénica e biogénica, principalmente compostos como os óxidos de azoto (NOX), compostos orgânicos voláteis (COV) e monóxido de carbono (CO). Analisando o Quadro 4.7.9, verifica-se que nunca ocorreu o incumprimento, quer dos limiares de alerta, quer dos valores alvo.

Quadro 4.7.9 - Níveis de Ozono registados na estação de monitorização da qualidade do ar do Fundão, no ano de 2007, e comparação com o Decreto-Lei nº 320/2003

Decreto-Lei n.º 320/2003, de 20 de Dezembro

N.º de vezes em que é excedido o

valor alvo para protecção da saúde humana

Limiar de Informação à População

Limiar de Alerta à População

Valor alvo para protecção da

vegetação – AOT40

Valor-limite

120 µg/m3

(valor a não exceder mais de 25 dias por ano civil)

180 µg/m3

para o valor médio horário

240 µg/m3

para o valor médio horário

18 000 µg/m3/h

Fundão 15 0 0 9 487*

* O valor de AOT40 corresponde ao ano em análise

Tendo em conta os dados disponíveis para a Estação do Fundão, que se considera representativa da área de implantação do projecto, verifica-se que a qualidade do ar na área de estudo é globalmente boa.

4.7.5 Parâmetros meteorológicos

Os parâmetros meteorológicos cujo papel é mais determinante nos fenómenos de transporte e dispersão de poluentes na atmosfera são a velocidade e direcção do vento, as condições de estabilidade da atmosfera e a frequência de inversões térmicas e respectiva altura.

O conhecimento do regime geral de ventos é fundamental nos estudos de previsão da dispersão de poluentes no ar, sendo naturalmente um dos elementos de input em qualquer modelo matemático de dispersão. No subcapítulo 4.2 apresentam-se, respectivamente, uma

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apreciação geral e as respectivas tabelas de frequências de ocorrência de direcção de vento e velocidades médias na estação climatológica de Castelo Branco.

Os rumos dos ventos dominantes, na estação climatológica de Castelo Branco, são o quadrante nordeste (17,1%), seguindo-se em importância o quadrante oeste (16,9%). As situações de calmaria acontecem com uma frequência de 1,2%. Não se registam ventos de grande intensidade (4,2 dias com velocidades superiores a 36 km/h ao longo do ano). As maiores velocidades médias registadas nesta estação ocorrem no quadrante sudoeste (9,3 km/h) (INMG, 1991).

A estabilidade atmosférica é outro dos parâmetros importantes no estudo da dispersão de poluentes. Caracteriza as situações de maior ou menor capacidade de dispersão da baixa troposfera, sendo normalmente expressa em termos das sete classes de estabilidade de Pasquill-Turner (A a G), que variam da muito instável (A), a que corresponde maior dispersão local, à extremamente estável (G), de menor dispersão. Os ciclos diários de aquecimento diurno e arrefecimento nocturno condicionam a distribuição de frequências ao longo do dia.

Relativamente à altura da camada de mistura e à frequência de ocorrência de inversões térmicas, quer de superfície, quer em altitude, não são conhecidos dados publicados.

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4.8 Ambiente Sonoro

4.8.1 Enquadramento Legal

A legislação nacional sobre o ruído ambiente em Portugal, actualmente enquadrada pelo Regulamento Geral do Ruído (RGR), aprovado pelo Decreto-lei n.º 9/2007, de 17 de Janeiro, estabelece o regime de prevenção e controlo da poluição sonora, visando a salvaguarda da saúde humana e o bem-estar das populações.

De acordo com o RGR as infra-estruturas de transporte são contempladas no seu artigo 19.º, “Infra-estruturas de transporte”, o qual determina que “as infra-estruturas de transporte, novas ou em exploração estão sujeitas aos valores limite fixados no artigo 11.º”.

As alíneas a) e b) do ponto 1 do artigo 11.º estabelecem, em função da classificação de uma zona como mista ou sensível, os seguintes valores limite de exposição: 65 dB(A) para o indicador Lden e 55 dB(A) para o indicador Ln nas “zonas mistas” e 55 dB(A) para o indicador Lden e 45 dB(A) para o indicador Ln nas “zonas sensíveis.” Mas, se na proximidade das zonas sensíveis existir em funcionamento uma grande infra-estrutura de transporte, os valores limites passam a ser de 65 dB(A) para o indicador Lden e 55 dB(A) para o indicador Ln.

De acordo com as alíneas d) e e) do mesmo ponto, para zonas sensíveis em cuja proximidade esteja projectada, à data de elaboração ou revisão do plano municipal, uma grande infra-estrutura de transporte, os valores limite de exposição são: 65 dB(A) para o indicador Lden e 55 dB(A) para o indicador Ln, no caso de tráfego aéreo e 60 dB(A) para o indicador Lden e 50 dB(A) para o indicador Ln para outro tipo de transporte.

O ponto 3 do artigo 11.º estabelece que na ausência da classificação de zona mista e de zona sensível os valores limite de exposição a aplicar aos receptores sensíveis são: 63 dB(A) para o indicador Lden e 53 dB(A) para o indicador Ln.

O artigo 3º do RGR define “zona sensível” como a “área definida em plano municipal de ordenamento do território como vocacionada para uso habitacional, ou para escolas, hospitais ou similares, ou espaços de lazer, existentes ou previstos, podendo conter pequenas unidades de comércio e de serviços destinadas a servir a população local”(…)“Zona mista” é “área definida em plano municipal de ordenamento do território, cuja ocupação seja afecta a outros usos, existentes ou previstos, para além dos referidos na definição de zonas sensível”.

O n.º 2 do artigo 6.º do RGR estabelece que “compete aos municípios estabelecer (…) a classificação, a delimitação e a disciplina das zonas sensíveis e das zonas mistas”.

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De modo a obter informação acerca da eventual existência de zonamento acústico da área envolvente aos traçados do IC31 em estudo, foram contactadas as Câmaras Municipais de Castelo Branco e de Idanha-a-Nova, por via telefónica, via electrónica e por carta, tendo ainda sido efectuadas reuniões com as duas autarquias.

Na reunião efectuada com a Câmara Municipal de Castelo Branco foi fornecido um extracto do Mapa de Ruído do concelho. Este Mapa de Ruído foi elaborado, em Julho de 2008, nos termos do actual Regulamento Geral do Ruído. O PDM em vigor não disponibiliza a delimitação e disciplina das zonas mistas e sensíveis. Esta delimitação e disciplina está a ser definida na proposta de Revisão do Plano Director Municipal, que se encontra actualmente em curso.

No seguimento da reunião efectuada com a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, esta forneceu um estudo do Mapa de Ruído do concelho, realizado em Dezembro de 2004, de acordo com a legislação em vigor nessa data (Decreto-Lei n.º 292/2000, de 14 de Novembro, entretanto revogado pelo Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de Janeiro). Analogamente ao verificado para Castelo Branco, o PDM de Idanha-a-Nova em vigor (que se encontra actualmente em revisão) não disponibiliza a delimitação e disciplina das zonas mistas e sensíveis.

Assim, de acordo com a legislação legal vigente, na ausência de zonamento acústico, aplicam-se aos receptores existentes os valores limite de Lden igual ou inferior a 63 dB(A) e Ln igual ou inferior a 53 dB(A).

Estes requisitos e critérios constituem o quadro legal subjacente à análise do ambiente sonoro na zona envolvente do projecto.

4.8.2 Identificação dos receptores sensíveis e das fontes de ruído na envolvente do projecto

Na envolvente das soluções de traçado em estudo para o IC31, os receptores sensíveis existentes correspondem a habitações do tipo unifamiliar, com 1 a 2 pisos, com terreno circundante e com anexos de utilização agrícola e pecuária.

Em seguida enumeram-se e descrevem-se os receptores sensíveis para os quais foram efectuadas medições acústicas. É de salientar que as medições acústicas efectuadas consideram-se representativas da situação actualmente existente. Assim, foram seleccionados os seguintes locais, cuja localização se apresenta no Anexo 4.8.1:

Solução 1

Local 1S1, ao km 0+000 da Solução 1.1, no lado direito do traçado, na sua imediata proximidade, na vizinhança de uma casa de habitação com 2 pisos, oficinas e anexos;

Local 2S1, comum aos traçados da Solução 1.1 e da Solução 1A, aproximadamente ao km 2+000 da Solução 1.1, no lado esquerdo do traçado, na

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proximidade de uma casa de habitação com 1 piso, com anexos de utilização agrícola e pecuária, a cerca de 100 m de distância do traçado.

Este local de medição situa-se aproximadamente ao km 1+600 da Solução 1A, no lado esquerdo do traçado, a cerca de 100 m de distância deste;

Local 3S1, aproximadamente ao km 15+200 da Solução 1.3, no lado direito do traçado, na proximidade de casas com utilização habitacional (2 pisos), agrícola e pecuária, pertencentes à Quinta da Carvalha, a cerca de 170 m de distância do traçado.

Solução 1A

Local 1S1A, comum aos traçados da Solução 1A e da Solução 1.1, aproximadamente ao km 1+600, no lado esquerdo do traçado, na proximidade de uma casa de habitação com 1 piso, com anexos de utilização agrícola e pecuária, a cerca de 100 m de distância do traçado.

Este local de medição situa-se aproximadamente ao km 2+000 da Solução 1.1, no lado esquerdo do traçado, a cerca de 100 m de distância deste;

Solução 1B

Local 1S1B, aproximadamente ao km 0+800 da Solução 1B, no lado esquerdo do traçado, na proximidade de edifícios de habitação com 1 e 2 pisos, com utilização agrícola e pecuária, pertencentes ao Monte da Ordinha, a cerca de 110 m de distância do traçado;

Solução 5

Local 1S5, aproximadamente ao km 35+500 da Solução 5b, no lado esquerdo do traçado, na vizinhança de casas de habitação com 1 e 2 pisos com anexos e com terreno circundante, a cerca de 80 m de distância do traçado;

Local 2S5, aproximadamente ao km 36+900 da Solução 5b, no lado esquerdo do traçado, na vizinhança de casas de habitação com 1 e 2 pisos com anexos e com terreno circundante, na proximidade da EM 568, a cerca de 50 m de distância do traçado;

Local 3S5, aproximadamente ao km 40+750 da Solução 5b, no lado esquerdo do traçado, na proximidade de casas de habitação com 1 piso com anexos, a cerca de 20 m de distância do traçado;

Local 4S5, comum aos traçados da Solução 5b e da Solução 6, aproximadamente ao km 44+860 da Solução 5b, no lado esquerdo do traçado, na proximidade de casas de habitação com anexos, a cerca de 145 m de distância do traçado.

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Este local de medição situa-se aproximadamente ao km 42+960 da Solução 6, no lado esquerdo do traçado, a cerca de 165 m de distância deste;

Local 5S5, aproximadamente ao km 47+500 da Solução 5c, no lado esquerdo do traçado, na proximidade de uma casa de habitação com 2 pisos, anexos e terreno circundante, a cerca de 30 m de distância do traçado.

Solução 6

Local 1S6, comum aos traçados da Solução 6 e da Solução 5b, aproximadamente ao km 42+960, no lado esquerdo do traçado, na proximidade de casas de habitação com anexos, a cerca de 165 m de distância do traçado;

Este local de medição situa-se aproximadamente ao km 44+860 da Solução 5b, no lado esquerdo do traçado, a cerca de 30 m de distância deste.

Para além das habitações enumeradas, no corredor em estudo verifica-se a existência de um número elevado de anexos de apoio agrícola e pecuário, armazéns, estufas, oficinas e indústrias e diversas explorações pecuárias e agrícolas, os quais na acepção da alínea q) do artigo 3.º do Capítulo I do RGR não constituem receptores sensíveis.

O ambiente sonoro da zona envolvente dos traçados do IC31 em estudo é determinado essencialmente por:

Tráfego rodoviário que circula nas vias rodoviárias existentes;

Actividades humanas;

Fenómenos naturais.

4.8.3 Caracterização do ambiente sonoro local

Para a caracterização do ambiente sonoro na área de influência do projecto em estudo, a envolvente do traçado foi exaustivamente visitada, para observação “in-situ” dos usos do solo com sensibilidade ao ruído, identificação das fontes de ruído determinantes no ambiente sonoro local, e caracterização experimental do ambiente sonoro em zonas tipificadas, através da execução de um programa de medições acústicas que são representativas da imagem acústica da situação existente actualmente.

As medições acústicas foram efectuadas em diversas campanhas realizadas em vários dias da semana 13 do mês de Março de 2009.

As medições acústicas foram efectuadas com um sonómetro digital integrador, cujo modelo (B&K 2260) foi aprovado pelo Instituto Português da Qualidade (Diário da República, III

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Série de 28-10-1993), munido de microfone electret de alta sensibilidade e filtros de análise estatística.

Durante as medições o microfone do sonómetro foi equipado com um protector de vento para evitar sinais espúrios de baixa frequência provocados pelo vento. Qualquer energia residual assume importância irrelevante na medida em que todas as medições foram realizadas com malha de ponderação A.

Foi ainda utilizado um tripé para garantir estabilidade ao sistema de medição. O equipamento foi convenientemente calibrado com o respectivo calibrador sonoro antes do início das medições. A calibração foi confirmada no final de cada sessão de medições, não se tendo verificado desvios das posições de calibração.

Foram efectuados registos do índice do ruído ambiente LAeq na vigência do período diurno (07h00-20h00), do período entardecer (20h00-23h00) e do período nocturno (23h00-07h00).

As medições realizadas conduziram ao registo dos valores dos indicadores Ld (LAeq no período diurno), Le (LAeq no período entardecer), e Ln (LAeq no período nocturno).

Na realização das medições foram seguidas as recomendações descritas na normalização portuguesa aplicável, nomeadamente as constantes na NP-1730, "Acústica. Descrição e medição do ruído ambiente", Partes 1 e 2.

Foram tomados tempos de integração variáveis, de acordo com as características do ambiente sonoro dos locais monitorizados, de forma a garantir a estacionaridade temporal dos sinais sonoros medidos.

Durante as avaliações acústicas efectuadas foi medida a temperatura e a velocidade do vento existente, recorrendo-se a uma estação meteorológica digital, modelo Kestrel 4500.

Foram igualmente registados dados referentes às fontes de ruído preponderantes para a caracterização do ambiente sonoro.

Com os valores obtidos nas medições acústicas realizadas foi calculado o valor do indicador de ruído diurno-entardecer-nocturno Lden de acordo com o disposto no ponto j) do artigo 3.º do RGR:

10

10

10

5

10 108103101324

1log10

ned LLL

denL

Os valores calculados permitem uma comparação directa com os limites estabelecidos na legislação em vigor.

No Quadro 4.8.1. estão indicados os valores médios dos níveis sonoros registados nas diversas amostras tomadas em dias distintos, para cada um dos três períodos de referência,

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nos locais de avaliação acústica seleccionados. É de salientar que os locais de avaliação acústica traduzem a totalidade da imagem acústica.

Apresenta-se, igualmente, para cada local o valor do indicador de ruído Lden. Para cada local identificam-se, por ordem decrescente de importância, as fontes de ruído que determinam o ambiente sonoro existente.

Da análise dos valores constantes no Quadro 4.8.1, verifica-se que os níveis sonoros registados, na maioria dos locais, são consistentes e reveladores do carácter rural da ocupação da área envolvente aos traçados em estudo para o IC31.

Os locais situados na proximidade das vias rodoviárias existentes que registam maior densidade de tráfego rodoviário e elevada percentagem de veículos pesados, como a A23 e a EN18, sofrem influência do ruído emitido pela circulação rodoviária que se regista naquelas infra-estruturas de transporte.

Na maioria dos locais (à excepção do local 1S1) as fontes sonoras determinantes para o estabelecimento do ambiente sonoro são: (i) fenómenos naturais, (ii) tráfego rodoviário nas vias rodoviárias de menor densidade de tráfego (EM568, EN239 e EN353) e (iii) actividades agrícolas.

No local 1S1, a elevada densidade de tráfego rodoviário existente na A23, que circula com velocidade considerável, e a elevada percentagem de veículos pesados que circula na EN18, constituem as fontes sonoras determinantes para o ambiente sonoro deste local.

Os valores dos níveis de ruído ambiente registados em todos os locais de avaliação acústica, à excepção do local 1S1, cumprem os limites legalmente estabelecidos para zonas que ainda não foram alvo de classificação acústica.

No local 1S1 situado na proximidade da EN18 e da A23 (vias com elevada densidade de tráfego e com elevada percentagem de veículos pesados), o valor obtido para o indicador de ruído Lden excede o valor limite legalmente estabelecido para zonas que ainda não foram alvo de classificação acústica.

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Quadro 4.8.1 - Indicadores de ruído ambiente registados nos locais de avaliação acústica

Local

Localização

Fontes de Ruído km /Receptor avaliado/ Lado/Solução

Ruído Ambiente dB(A)

km/Solução/Lado da via

Período Diurno Ld

Período Entardecer Le

Período Nocturno

Ln L

den

1S1 0+000/S1.1/ Direito Tráfego rodoviário próximo na EN 18

Tráfego rodoviário na A23

0+000/R1/ Direito/S1.1

69,0 57,5 53,0 67,0

2S1 2+000/S1.1/Esquerdo

Tráfego rodoviário na EN 18

Tráfego rodoviário na A23 (determinante e audível apenas no

período entardecer)

Naturais

2+000/ R2 /Esquerdo/ S1.1

2+570/ R3/Esquerdo/S1.2

45,0 45,0 40,5 48,0

3S1 15+200/S1.3/ Direito

Tráfego rodoviário na EN 353

Naturais

Actividades agrícolas

15+200/R5/Direito/S1.3

54,5 44,0 41,0 53,0

1S1A 1+600/S1A/ Esquerdo

Tráfego rodoviário na EN 18

Tráfego rodoviário na A23 (determinante e audível apenas no

período entardecer)

Naturais

1+600/R4/Esquerdo/S1A

45,0 45,0 40,5 48,0

1S1B 0+800/S1B/ Esquerdo

Naturais

2+700/R3a/Direito/S1.2

3+450/R4a/Direito/S1.2

0+800/R7/Esquerdo/S1B

4+100/R7a/Direito/S1B

43,5 44,0 39,5 47,0

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Local

Localização

Fontes de Ruído km /Receptor avaliado/ Lado/Solução

Ruído Ambiente dB(A)

km/Solução/Lado da via

Período Diurno Ld

Período Entardecer Le

Período Nocturno

Ln L

den

1S5 35+500/S5b/

Esquerdo Naturais

36+150/R6/Esquerdo/S1.8

34+970/R9a/Direito/S5b

35+100/R10a/Direito/S5b

35+210/R12a/Direito/S5b

33,0 30,5 30,5 37,5

2S5 36+900/S5b/

Esquerdo

Tráfego rodoviário na EM 568 (período diurno)

Naturais

21+950/R8/Direito/S2

35+150/R11a/Direito/S5b

35+500/R13a/Esquerdo/S5b

35+740/R14a/Direito/S5b

36+750/R15a/Direito/S5b

36+850/R16a/Direito/S5b

36+860/R17a/Direito/S5b

36+950/R18a/Direito/S5b

50,5 39,5 38,0 49,0

3S5 40+750/S5b/

Esquerdo

Tráfego rodoviário na EN 239

Naturais (essencialmente no período entardecer)

40+750/R10/ Esquerdo/S5b

41+400/R19a/ Esquerdo/S5b 62,0 42,0 26,0 59,5

4S5 44+860/S5b/

Esquerdo Naturais

44+860/R11/ Esquerdo/S5b

41,5 37,5 30,0 41,0

5S5 47+500/S5c/

Esquerdo

Naturais

Tráfego rodoviário na EN 239

47+500/R12/Esquerdo /S5c

50+200/R20a/Esquerdo/S5d 45,0 39,5 30,0 44,0

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Local

Localização

Fontes de Ruído km /Receptor avaliado/ Lado/Solução

Ruído Ambiente dB(A)

km/Solução/Lado da via

Período Diurno Ld

Período Entardecer Le

Período Nocturno

Ln L

den

50+640/R21a/Esquerdo/S5d

1S6 42+960/S6/ Esquerdo Fontes de Ruído 42+960/R13/ Esquerdo/S6 41,5 37,5 30,0 41,0

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4.9 Componente Social

4.9.1 Metodologia

A caracterização do ambiente afectado constitui um dos momentos de concretização de uma estratégia metodológica global que consiste na construção e aplicação de um modelo de análise que vai sendo progressivamente aferido e aprofundado ao longo do processo de avaliação.

Este processo desenvolve-se ao longo de um conjunto de etapas que não constituem meros passos sucessivos, mas um processo iterativo, em que cada etapa poderá ser revisitada, com introdução de nova informação, quando o desenvolvimento do processo assim o exija.

A etapa inicial de construção e aplicação do modelo consiste na análise preliminar da área de estudo e numa identificação preliminar das questões centrais suscitadas pela implementação do projecto, de modo a definir o âmbito da análise e elaborar um plano, provisório, de desenvolvimento do processo de avaliação, a concretizar nos passos seguintes:

Caracterização do ambiente afectado;

Projecção da evolução situação actual sem o projecto;

Análise e avaliação de impactes do projecto e de impactes cumulativos;

Definição de medidas de mitigação de impactes negativos e de potenciação de impactes positivos;

Definição de plano de gestão e monitorização de impactes.

Tendo em conta as características e funcionalidade do projecto, foram consideradas três escalas de análise:

Escala localizada, correspondendo à área de intervenção directa do projecto e sua envolvente próxima, na qual se fazem sentir os impactes directos e alguns dos impactes indirectos e induzidos mais relevantes;

Escala de freguesia e concelho;

Escala sub-regional (grupos de concelhos).

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A caracterização do ambiente afectado tem como objectivo fundamental a compreensão e explicitação das características e dinâmicas do ambiente social susceptíveis de ser afectadas pelo projecto em avaliação.

É, portanto, direccionada para os aspectos considerados relevantes, quer para efeitos de enquadramento, quer para a análise de impactes.

A caracterização foi efectuada nas escalas anteriormente referidas, considerando-se as escalas sub-regional/regional e concelho/freguesia, sobretudo para efeitos de enquadramento.

Considerando a relativa proximidade do IC31 ao limite do concelho de Penamacor e, eventualmente, os benefícios que poderá retirar desta acessibilidade, este concelho, embora não directamente afectado, foi integrado na análise.

A este nível, a caracterização da situação existente considerará as seguintes dimensões:

Localização e inserção territorial;

Povoamento e dinâmicas territoriais;

Aspectos demográficos;

Habitação;

Rede viária e acessibilidades;

Emprego, poder de compra;

Estrutura socioprodutiva, distribuição espacial e caracterização das actividades económicas;

Equipamentos.

À escala localizada, foi necessariamente privilegiada uma caracterização da situação e das dinâmicas concretamente existentes, de uma forma desagregada e particularizada, em função da sua distribuição e ocorrência no território que o projecto irá modificar.

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4.9.2 Enquadramento regional e concelhio

4.9.2.1 Localização e inserção territorial

O IC 31 desenvolve-se no sentido poente/nascente, iniciando-se a norte da cidade de Castelo Branco e a 1 km a poente ou a 3,5 km a norte de Alcains (consoante as soluções), em Nó com a A23, e terminando a sul das Termas de Monfortinho, em Nó com a EN 240.

Os corredores em estudo iniciam-se na faixa nascente do concelho de Castelo Branco.

O concelho de Idanha-a-Nova é totalmente atravessado pelo projecto, que se desenvolve, fundamentalmente, na sua faixa norte, próximo do concelho de Penamacor.

No Quadro 4.9.1 são referidas as unidades territoriais atravessadas pelos corredores em estudo, ao nível da divisão administrativa do território e da Nomenclatura Territorial para Fins Estatísticos (NUTS).

Quadro 4.9.1 - Inserção territorial do projecto ao nível da Divisão Administrativa e da NUTS

Distrito Concelho Freguesia NUTS II NUTS III

Castelo Branco

Castelo Branco

Alcains

Centro Beira Interior Sul

Escalos de Cima

Lousa

Idanha-a-Nova

Idanha-a-Nova

Idanha-a-Velha

Medelim

Monfortinho

Monsanto

Oledo

Penha Garcia

Proença-a-Velha

4.9.2.2 Povoamento e dinâmicas territoriais

A Beira Interior Sul, sub-região estatística que cobre uma vasta área (3.738 km2), integra quatro concelhos: Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Penamacor e Vila Velha de Ródão.

Este território marca a transição entre as regiões montanhosas das sub-regiões da Cova da Beira e Beira Interior e a peneplanície norte-alentejana.

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As densidades populacionais são muito baixas (Quadro 4.9.2). O povoamento é concentrado, predominando os lugares de pequena ou muito pequena dimensão (Quadro 4.9.3), num amplo território polarizado por uma cidade de média dimensão: Castelo Branco.

Esta cidade, com 30.449 habitantes em 2001, e Alcains, com 4.698 habitantes, são os únicos lugares com mais de 2.500 habitantes em toda a sub-região, ambos pertencentes ao concelho de Castelo Branco.

As restantes sedes de concelho são vilas de pequena dimensão: Idanha-a-Nova, com 2.134 habitantes; Penamacor, com 1.546 habitantes; Vila Velha de Ródão, com 1.186.

O território e o sistema urbano estão fortemente centrados no eixo Castelo Branco/Alcains que reúne 45% da população da sub-região.

Este pólo concentra os principais serviços e a quase totalidade do aparelho industrial da Beira Interior Sul.

A cidade de Castelo Branco desenvolveu-se como centro de comércio e serviços num contexto territorial em que predominava uma economia de base agrária que caracterizou a sub-região.

Com o desenvolvimento das acessibilidades, designadamente da A23 (IP6 e IP2), a cidade viu incrementada a sua centralidade regional e de articulação entre o Médio Tejo (Abrantes), o eixo das cidades da Cova da Beira (Fundão e Covilhã) e da Beira Interior Norte (Guarda), e o norte alentejano (Portalegre).

O desenvolvimento da base industrial, do comércio e dos serviços tem acompanhado o desenvolvimento das acessibilidades.

Embora a Beira Interior Sul disponha de três ligações rodoviárias com Espanha (nas zonas de Penamacor, Monfortinho e Segura), em nenhum dos casos as características das vias e as dinâmicas urbanas, territoriais e socioeconómicas de ambos os lados da fronteira, propiciaram uma articulação transfronteiriça capaz de competir com as fronteiras a norte (Vilar Formoso) e a sul (Elvas).

No território atravessado pelo projecto, exceptuando o quilómetro inicial junto a Alcains, continua a predominar a componente rural.

O povoamento é de tipo concentrado, em lugares de pequena dimensão. As principais povoações, geralmente sedes de freguesia, oscilam entre os 200 e os 1000 habitantes, com excepção de Alcains.

Em Idanha-a-Nova, a sede de concelho contava com 2.134 habitantes nos Censos de 2001.

Neste concelho, ainda que a densidade de povoamento seja muito baixa, é na faixa norte, na área de influência do IC31, que se concentra maior número de lugares (Idanha-a-Nova,

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Proença-a-Velha, Oledo, Medelim, Monsanto, Penha Garcia, Monfortinho e Termas de Monfortinho, entre outros) e volume de população (55% a 60% da população residente).

Quadro 4.9.2 - Densidades populacionais (2001)

NUTS Habitantes / km2

Continente 111,8

Beira Interior Sul 20,9

Castelo Branco 38,7

Idanha-a-Nova 8,3

Penamacor 12,0

Fonte: (INE, Censos de 2001)

Quadro 4.9.3 - Distribuição da população residente segundo a dimensão dos lugares

NUTS Isolados Até 500

habitantes 500 a 999

habitantes

1 000 a 2 499

habitantes

2 500 a 4 999

habitantes

5 000 ou mais

habitantes

Beira Interior Sul

3,8% 180 (26,0%) 19 (16,3%) 6 (8,9%) 1 (6,0%) 1 (39,0%)

Castelo Branco 2,7% 96 (18,1%) 11 (11,8%) 2 (4,3%) 1 (8,4%) 1 (54,7%)

Idanha-a-Nova 8,9% 37 (35,9%) 4 (26,3%) 2 (28,9%) - -

Penamacor 5,3% 8 (34,0%) 4 (37,4%) 1 (23,3%) - -

Fonte: (INE, Censos de 2001)

4.9.2.3 Aspectos demográficos

No Quadro 4.9.4, são apresentados os dados referentes à evolução da população residente nos concelhos e freguesias da área de estudo, entre 1991 e 2001, tendo também sido incluída, para efeitos comparativos, a freguesia de Castelo Branco, sede do concelho e da capital distrital.

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Quadro 4.9.4 - Evolução da população residente de 1981 a 2001

NUTS e divisão administrativa

1981 1991 2001 1981-91

(%)

1991-2001 (%)

1981-2001 (%)

CONTINENTE 9 336 760 9 371 319 9 869 343 0,4 5,3 5,7

Beira Interior Sul 86 138 81 015 78 123 -5,9 -3,6 -9,3

Castelo Branco 54 908 54 310 55 708 -1,1 2,6 1,5

Castelo Branco 23 570 27 004 31 240 14,6 15,7 32,5

Alcains 4 202 4 534 4 929 29,3 8,7 17,3

Escalos de Cima 1 745 1 059 1 110 -39,3 4,8 -36,4

Lardosa 1 172 895 1 044 -23,6 16,6 -10,9

Lousa 932 840 752 -9,9 -10,5 -19,3

Idanha-a-Nova 16 101 13 630 11 659 -15,3 -14,5 -27,6

Idanha-a-Nova 2 742 2 454 2 519 -10,5 2,6 -8,1

Idanha-a-Velha 121 93 79 -23,1 -15,1 -34,7

Medelim 525 458 342 -12,8 -23,3 -34,9

Monfortinho 885 756 608 -14,6 -20,2 -31,3

Monsanto 1 951 1 443 1 160 -26,0 -19,6 -40,5

Oledo 696 575 485 -17,4 -15,7 -30,3

Penha Garcia 1 314 1 094 928 -16,7 -15,2 -29,4

Proença-a-Velha 507 344 282 -32,1 -18,0 -44,4

Penamacor 9 524 8 115 6 658 -14,8 -18,0 -30,1

Fonte: (INE, Censos de 1981,1991 e 2001)

Os dados apresentados permitem observar as seguintes evoluções e tendências:

O concelho de Castelo Branco, na sua globalidade, apresenta uma ligeira quebra de população na década 1981-1991 e um ligeiro crescimento na década 1991-2001.

O pólo urbano sub-regional, Castelo Branco, cresce acentuada e continuamente, o mesmo acontecendo com Alcains, que beneficia com a proximidade e interactividade com a sede do concelho.

As freguesias de Escalos de Cima e, sobretudo, Lardosa, revertem, na década 1991-2001, a tendência de perda de população desde a década de 1960. A sua localização na área de influência da Cidade e na proximidade da A23 (Lardosa) poderão ter contribuído para a tendência de recuperação populacional.

A freguesia de Lousa, mais descentrada e inserida no território rural, apresenta contínua quebra populacional.

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Idanha-a-Nova, na sua globalidade um concelho com características rurais, não dispondo de um pólo urbano forte, centralizador de serviços e motor de algum desenvolvimento industrial, e sofrendo de forte dependência em relação a Castelo Branco, apresenta perdas demográficas contínuas e acentuadas. Apenas na freguesia da sede de concelho se verifica uma ligeira recuperação na década de 1991-2001.

O mesmo acontece com Penamacor.

Entre 1960 e 2001, o concelho de Idanha-a-Nova perdeu 18.759 habitantes (61,7% da população) e Penamacor perdeu 10.001 habitantes (60,0% da população), o que ilustra o processo de tendencial despovoamento que se vem verificando nestes concelhos.

As tendências anteriormente referidas têm tradução ao nível das estruturas etárias (Quadro 4.9.5).

O envelhecimento da população caracteriza toda a sub-região e o próprio concelho de Castelo Branco, mas é particularmente acentuado nos concelhos de Idanha-a-Nova e Penamacor, com Índices de Envelhecimento (proporção de população com 65 ou mais anos, relativamente à população com menos de 15 anos) muito elevados e com um crescimento muito significativo, entre 1991 e 2001.

O número de nados-vivos, em 2007, foi apenas de 43 em Idanha-a-Nova e 20 em Penamacor.

Trata-se, portanto, de concelhos que, à semelhança de outros concelhos rurais do interior, se defrontam com grandes dificuldades para definir modelos alternativos de desenvolvimento que permitam a fixação das populações.

Em síntese, verifica-se que o IC31 se insere num território predominantemente rural, pouco povoado e que continua em processo de perda, estruturado por um pólo urbano de dimensão sub-regional, em crescimento, que protagoniza a resistência relativamente às tendências regressivas dos espaços rurais, mas que ainda não tem dinâmica suficiente para promover o desenvolvimento do território que estrutura.

Quadro 4.9.5 - Estrutura etária da população em 2001

NUTS 0-14 anos 15-64 anos ≥65 anos IE IE

(Var. 1991-2001)

CONTINENTE 15,8 67,6 16,6 104,5 +35,0

Beira Interior Sul 12,0 60,5 27,5 229,0 +68,9

Castelo Branco 13,2 64,6 22,2 168,00 +50,4

Idanha-a-Nova 9,0 50,1 40,9 453,0 +161,3

Penamacor 9,6 50,9 40,5 419,6 +170,0

Fonte: (INE, 2001)

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4.9.2.4 Habitação

No quadro seguinte são apresentados dados relativos ao número de edifícios de habitação, alojamentos e famílias residentes, com base nos Censos de 2001.

O rácio alojamentos/edifícios permite identificar a tipologia média da estrutura habitacional dos concelhos e freguesias analisados.

Quadro 4.9.6 - Habitação

Unidades Territoriais

Edifícios Alojamentos Familiares

Alojamentos por Edifício

Famílias Famílias por Alojamento

Castelo Branco 23 438 34 981 1,49 21 533 0,61

Castelo Branco 6 024 16 668 2,77 11 349 0,68

Alcains 2 269 2 841 1,25 1 782 0,63

Escalos de Cima 614 637 1,03 438 0,69

Lardosa 871 902 1,03 430 0,48

Lousa 504 511 1,01 325 0,64

Idanha-a-Nova 11 146 11 403 1,02 5 098 0,45

Idanha-a-Nova 1 624 1 795 1,10 920 0,51

Medelim 360 365 1,01 157 0,43

Monfortinho 464 492 1,06 278 0,56

Monsanto 1 205 1 213 1,00 555 0,46

Oledo 418 418 1,00 228 0,54

Penha Garcia 874 886 1,01 421 0,47

Proença-a-Velha 376 379 1,00 158 0,42

Penamacor 5 755 5 881 1,02 2 933 0,50

Fonte: (INE, 2001)

Verifica-se que predomina uma estrutura de habitação unifamiliar, na qual, a cada edifício corresponde, aproximadamente, um alojamento familiar. Esta estrutura é característica, embora não exclusiva, de espaços rurais e lugares de pequena dimensão.

Deste modo, a grande excepção é constituída pela freguesia de Castelo Branco que inclui a cidade sede de concelho, onde se verifica maior densificação do edificado.

A freguesia de Alcains apresenta também valores um pouco mais elevados.

O rácio famílias/alojamentos permite, por outro lado, verificar o grau de ocupação média dos alojamentos por parte da população residente.

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De uma forma generalizada verifica-se que grande parte dos alojamentos não constitui residência permanente. Este fenómeno é mais evidente em Idanha-a-Nova e Penamacor, mas ocorre também em Castelo Branco, incluindo a freguesia sede de concelho.

Vários tipos de causas estão subjacentes a este facto. Nos meios rurais, a perda de população resultante de movimentos migratórios constitui o principal factor explicativo para a existência de um número elevado de alojamentos desocupados ou não ocupados em permanência, embora a existência de segundas residências concorra também para o mesmo efeito.

Nos meios urbanos, para além das segundas residências, os fenómenos de terciarização do parque habitacional contribuem, por vezes de forma significativa, para este tipo de efeito.

4.9.2.5 Rede viária e acessibilidades

O IP2 é o eixo rodoviário dominante a nível regional, permitindo as ligações longitudinais no interior do país.

No troço Vila Velha de Ródão/Guarda (lP5/A33), o IP2 tem particular relevância, integrando a auto-estrada A23 juntamente com o troço nascente do lP6. A construção da A23 veio permitir a ligação, por auto-estrada, entre a A1/IP1 (Lisboa/Porto), e o lP5/A33, melhorando de forma muito significativa as acessibilidades à Beira Interior e na própria região.

Neste contexto, como definido no Plano Rodoviário Nacional, o lC31, estabelecendo ligação entre o IP2 (A23) e a fronteira com Espanha, em Monfortinho, para além de importância sub-regional, assume também importância nas ligações internacionais, com partida e destino na Região Centro e na Região de Lisboa e Vale do Tejo.

A nível sub-regional, e para além do lP2, as acessibilidades rodoviárias são configuradas por uma rede radial de estradas nacionais (desclassificadas da rede nacional pelo PRN) centradas em Castelo Branco.

No sentido Castelo Branco/Idanha-a-Nova/Monfortinho, as acessibilidades que o futuro IC31 irá assegurar são actualmente desempenhadas pela EN239 e pela EN240, com ligação directa a Castelo Branco, a partir da EN 233.

Estas vias têm vindo a ser objecto de beneficiações. No entanto, as suas características em planta e em perfil não são adequadas, nomeadamente tendo em conta o crescente tráfego pesado que as utiliza, especialmente a antiga EN240, para as ligações internacionais desde que, em 1993, foi construída a ponte sobre o rio Erges, em Monfortinho, permitindo a ligação a Espanha.

Por outro lado, trata-se de vias que estruturaram o povoamento, pelo que se verifica atravessamento de povoações em diversos troços.

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4.9.2.6 Emprego, poder de compra e actividade económica

Emprego e Desemprego

No Quadro 4.9.7 apresenta-se a distribuição da população activa empregada por sectores da actividade económica, em 2001. Os valores apresentados correspondem a população residente, não coincidindo, portanto, com a população que exerce a sua actividade profissional em cada um dos concelhos, uma vez que haverá residentes num concelho que exercem a sua actividade noutro. No entanto, os referidos valores podem ser considerados como um indicador aproximado da estrutura do emprego nos concelhos referidos.

Analisando a repartição do emprego por grandes sectores de actividade nos concelhos analisados, verifica-se que no concelho de Castelo Branco o sector terciário era claramente predominante na formação do emprego e que o sector primário representava uma proporção já relativamente reduzida.

No concelho de Idanha-a-Nova, o sector primário tinha ainda uma importância muito significativa na formação do emprego, sendo o concelho em que os sectores secundário e terciário apresentavam menor peso proporcional.

Em Penamacor, o sector primário tinha ainda relevância na formação do emprego, embora menor do que em Idanha-a-Nova. O sector terciário era já maioritário.

As taxas de actividade eram de 45,2% em Castelo Branco, de 31,9% em Idanha-a-Nova e 29,6% em Penamacor. Os valores destes dois últimos concelhos são bastante baixos para o que contribui uma taxa de actividade feminina muito baixa (22,9% em Idanha-a-Nova e 22,2% em Penamacor).

Quadro 4.9.7 - Distribuição da população residente empregada por sectores de actividade económica

NUTS 2001

Primário (%) Secundário (%) Terciário (%)

CONTINENTE 4,8 35,5 59,7

Beira Interior Sul 9,2 31,7 59,1

Castelo Branco 5,3 33,4 61,3

Idanha-a-Nova 31,2 19,1 49,6

Penamacor 17,2 29,3 53,4

Fonte: (INE, 2001)

Relativamente ao desemprego (Quadro 4.9.8) verificava-se que, nos Censos de 2001, as taxas de desemprego eram mais elevadas nos concelhos de Idanha-a-Nova e Penamacor.

Actualmente, o nível de desemprego permanece elevado, como pode verificar-se pelo número de desempregados inscritos nos Centros de Emprego, em Janeiro de 2008 e em Janeiro de 2009.

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Embora não seja possível calcular com rigor as taxas de desemprego por concelho na ausência de dados de recenseamento actualizados, verifica-se que em castelo Branco o número de desempregados aumentou 77,5%, em termos absolutos, considerando os dados registados nos Censos de 2001 e o número de desempregados inscritos em Janeiro de 2009.

Embora, no mesmo período, as tendências de evolução apontem para um crescimento significativo da população activa, bem como das taxas de actividade, é provável que tenha ocorrido um aumento significativo do desemprego.

Nos concelhos de Idanha-a-Nova e Penamacor as tendências de evolução apontam para uma redução da população activa, pelo que o número dos desempregados inscritos nos Centros de Emprego aponta também para um eventual agravamento da situação, pelo menos em Idanha-a-Nova.

Quadro 4.9.8 – Desemprego

NUTS

Número de Desempregados

Taxa de Desemprego

(%)

Desempregados Inscritos nos Centros de Emprego

2001 2001 Janeiro 2008 Janeiro 2009

CONTINENTE 327 404 6,9 386 377 443 149

Beira Interior Sul 1 931 6,0 2 512 3 002

Castelo Branco 1 371 5,4 1 917 2 433

Idanha-a-Nova 307 8,3 348 334

Penamacor 157 8,0 139 138

Fonte: (INE, 2001)

Poder de Compra

Para análise do poder de compra, toma-se como referência o Indicador de Poder de Compra per Capita (IPC), construído pelo Instituto Nacional de Estatística. Este indicador é construído com base na análise de 20 variáveis, incluindo contribuições fiscais, rendimento colectável, valores de movimentos financeiros, indicadores de conforto, nível de instrução, equipamentos, número e dimensão das empresas, densidade populacional, entre outros.

O Indicador compara as regiões e os concelhos com um padrão de referência (Portugal = 100), sendo os concelhos com maior IPC Lisboa (277,93) e Porto (198,48). O concelho com menor poder de compra é Celorico de Basto (41,77).

Considerando a sua composição, pode considerar-se, de forma mais ampla, o IPC como um indicador geral do “desenvolvimento” socioeconómico e, em certa medida, sociocultural, dos concelhos.

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No Quadro 4.9.9 apresenta-se o IPC para a área de estudo. Quer a sub-região quer os concelhos apresentam um IPC inferior à média nacional. É em Castelo Branco que se verifica um maior poder de compra per capita. Em Idanha-a-Nova e Penamacor o IPC é bastante baixo. Idanha-a-Nova situava-se entre os 75 concelhos com menor poder de compra a nível nacional, e Penamacor entre os 30 concelhos com menor poder de compra.

Quadro 4.9.9 - Poder de compra per capita (2002)

Sub-Região e Concelhos IPC

Beira Interior Sul 79,26

Castelo Branco 89,10

Idanha-a-Nova 54,45

Penamacor 49,97

Fonte: (INE, 2004)

Estrutura empresarial e actividade económica

Os Quadros seguintes apresentam a distribuição, por ramos de actividade, do número total de empresas (Quadro 4.9.10), do número de sociedades (Quadro 4.9.11), respectivo pessoal ao serviço (Quadro 4.9.12) e volume de negócios (Quadro 4.9.13), permitindo obter uma noção da estrutura empresarial dos concelhos.

Os dados apresentados são coerentes com as análises anteriores, evidenciando uma significativa diferenciação entre a dimensão e diversificação do tecido empresarial de Castelo Branco relativamente aos restantes concelhos.

No concelho de Castelo Branco, os ramos do comércio por grosso e retalho, da construção, das indústrias transformadoras e do alojamento e restauração são os que assumem maior relevância no que respeita ao número de empresas e, sobretudo, ao número de empresas que revestem forma de sociedade.

As indústrias transformadoras são as que têm maior capacidade empregadora, mas é o subsector do comércio que gera maior volume de negócios.

Em Idanha-a-Nova a situação é semelhante no que se refere ao comércio, subsector que gera maior volume de negócios. Porém, em número de empresas e de sociedades, bem como em relação ao pessoal ao serviço, o sector primário apresenta um peso muito relevante.

Idanha-a-Nova tem ainda a particularidade de o ramo do alojamento e restauração ser um dos mais relevantes quer a nível do emprego quer do volume de negócios, o que resulta da importância da estância termal de Monfortinho.

Penamacor é o concelho com o tecido económico mais débil, sendo o comércio, as indústrias transformadoras e o sector primário os mais relevantes.

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Quadro 4.9.10 - Número de empresas (31/12/2006), segundo a CAE, Rev.2

C. Branco % Idanha-a-Nova % Penamacor %

Agricultura, produção animal, caça e silvicultura, pesca

433 7,9 345 31,2 89 17,6

Indústrias extractivas 11 0,2 - - - -

Indústrias transformadoras 425 7,8 67 6,0 52 10,3

Produção e distribuição de electricidade, gás e água

3 0,1 - - 1 0,2

Construção 919 16,9 140 12,7 77 15,3

Comércio por grosso e retalho 1 835 33,7 269 24,3 149 29,5

Alojamento e restauração 650 11,9 175 15,8 72 14,3

Transportes, armazenagem e comunicação 135 2,5 32 2,9 20 4,0

Actividades financeiras 189 3,5 14 1,3 12 2,4

Actividades imobiliárias, alugueres e serviços a empresas

438 8,0 32 2,9 15 3,0

Administração pública, educação, saúde, outros serviços

409 7,5 32 2,9 17 3,4

TOTAL GERAL 5 447 1 106 504

Fonte: (INE, 2007)

Quadro 4.9.11 - Número de sociedades (31/12/2006), segundo a CAE, Rev.2

C. Branco % Idanha-a-Nova % Penamacor %

Agricultura, produção animal, caça e silvicultura, pesca

72 4,2 59 28,1 13 11,4

Indústrias extractivas 6 0,4 - - - -

Indústrias transformadoras 200 11,7 29 13,8 19 16,7

Produção e distribuição de electricidade, gás e água

3 0,2 - - 1 0,9

Construção 215 12,6 14 6,7 15 13,1

Comércio por grosso e retalho 545 31,9 39 18,6 33 28,9

Alojamento e restauração 134 7,8 29 13,8 6 5,3

Transportes, armazenagem e comunicação 102 6,0 17 8,1 11 9,6

Actividades financeiras 6 0,4 1 0,5 1 0,9

Actividades imobiliárias, alugueres e serviços a empresas

253 14,8 16 7,6 9 7,9

Administração pública, educação, saúde, outros serviços

173 10,1 6 2,8 6 5,3

TOTAL GERAL 1 709 210 114

Fonte: (INE, 2007)

Quadro 4.9.12 - Pessoal ao serviço em sociedades (31/12/2005)

C. Branco % Idanha-a-Nova % Penamacor %

Agricultura, produção animal, caça e silvicultura, pesca

228 2,6 249 28,8 38 8,7

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C. Branco % Idanha-a-Nova % Penamacor %

Indústrias extractivas 12 0,1 - - - -

Indústrias transformadoras 2889 32,7 101 11,7 84 19,1

Produção e distribuição de electricidade, gás e água

74 0,8 - - …

Construção 1 366 15,4 52 6,0 145 33,0

Comércio por grosso e retalho 2 176 24,6 105 12,1 103 23,4

Alojamento e restauração 511 5,8 219 25,3 6 1,4

Transportes, armazenagem e comunicação 522 5,9 25 2,9 13 3,0

Actividades financeiras 13 0,1 … …

Actividades imobiliárias, alugueres e serviços a empresas

561 6,3 84 9,7 31 7,1

Administração pública, educação, saúde, outros serviços

486 5,5 … …

TOTAL GERAL 8 838 865 439

Fonte: (INE,2007)

Quadro 4.9.13 - Volume de negócios das sociedades (31/12/2005) (valores em milhares de euros)

C. Branco % Idanha-a-Nova % Penamacor %

Agricultura, produção animal, caça e silvicultura, pesca

11 233 1,9 6 503 18,2 4 706 15,1

Indústrias extractivas 321 0,05 - - - -

Indústrias transformadoras 151 531 25,4 3 316 9,3 2 501 8,0

Produção e distribuição de electricidade, gás e água

4 659 0,8 - - …

Construção 84 270 14,1 1 288 3,6 8 900 0,3

Comércio por grosso e retalho 259 780 43,5 14 338 40,1 12 438 39,8

Alojamento e restauração 15 433 2,6 6 029 16,9 225 0,7

Transportes, armazenagem e comunicação 30 302 5,1 866 2,4 433 1,4

Actividades financeiras 173 0,03 … …

Actividades imobiliárias, alugueres e serviços a empresas

18 589 3,1 2 948 8,3 1 273 4,1

Administração pública, educação, saúde, outros serviços

20 841 3,5 … …

TOTAL GERAL 597 131 35 725 31 224

Fonte: (INE, 2007)

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Análise por sector de actividade económica

Sector primário

A paisagem da região e muitas das suas características socioculturais, encontram-se fortemente marcadas pela actividade agrícola, atravessando os corredores em estudo diversas áreas de cultivo.

Nos vários concelhos predomina a pequena propriedade e a actividade agrícola de subsistência, em regime de exploração por conta própria.

No Quadro 4.9.14 apresenta-se uma síntese das características da actividade agrícola e pecuária nos concelhos em análise, segundo os dados do Recenseamento Geral da Agricultura (RGA) de 1999. Estes dados encontram-se desactualizados, decorrendo um novo recenseamento durante o corrente ano de 2009, pelo que constituem uma base aproximativa para a caracterização da situação actual. Tendo em conta a regressão da actividade agrícola, é previsível que se verifique uma redução nas áreas cultivadas, no número de produtores e na população agrícola.

Considerando os dados apresentados no Quadro 4.9.12, a Superfície Agrícola Utilizada (SAU) é bastante superior no concelho de Idanha-a-Nova, grande parte da qual se encontra, porém, ocupada com pastagem permanente.

As principais culturas temporárias, em todos os concelhos, são as forrageiras e os cereais para grão. O olival é a principal cultura permanente, seguindo-se a vinha, embora com muito menor expressão.

Entre os efectivos animais assume particular importância a criação de ovinos, em todos os concelhos.

Segundo os dados do RGA, o número de produtores singulares e respectiva população familiar agrícola eram os seguintes:

Castelo Branco: 4.709 produtores, e uma população familiar de 11.313 indivíduos;

Idanha-a-Nova: 2.108 produtores, e uma população familiar de 4.901 indivíduos;

Penamacor: 1.633 produtores, e uma população familiar de 3.655 indivíduos.

A grande maioria dos produtores singulares tinha um grau de instrução igual ou inferior ao 1º ciclo do ensino básico (85,5% em C. Branco, 83,8% em Idanha-a-Nova, 85,5% em Penamacor).

A quase totalidade dos produtores tinha uma experiência profissional exclusivamente prática (97,4% em C. Branco, 94,9% em Idanha-a-Nova e 94,4% em Penamacor).

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A idade era elevada, com a maioria dos produtores com idade superior aos 55 anos (76,7% em C. Branco, 76,9% em Idanha-a-Nova e 81,1% em Penamacor).

Apenas uma minoria dos produtores trabalhava entre 75% e tempo inteiro nas explorações (30% em Castelo Branco, 27% em Idanha-a-Nova e 28,8% em Penamacor).

Quadro 4.9.14 - Caracterização da actividade agrícola e pecuária

Castelo Branco Idanha-a-Nova Penamacor

Superfície Agrícola Utilizada (SAU) - ha 56.437 90.777 14 329

Forma de exploração da SAU

Conta própria (explorações / área em ha) 4.642 / 40.889 2.002 / 60 105 1 593 / 10.828

Arrendamento (explorações / área em ha) 190 / 14.242 290 / 24.697 103 / 3.004

Outras (explorações / área em ha) 191 / 1.309 148 / 5.976 135 / 501

Culturas Temporárias - ha

Cereais para grão 2.203 8.261 2 160

Leguminosas para grão 383 117 60

Culturas forrageiras 17.549 15.882 2 771

Culturas industriais 254 2.230 -

Culturas Permanentes - ha

Olival 12.021 8.064 3 453

Vinha 1.085 328 319

Frutos frescos 337 96 65

Citrinos 128 84 12

Pastagens Permanentes 22.334 47.499 5 033

Efectivos animais

Bovinos 2.768 8.542 1 835

Suínos 13.200 1.590 1 118

Ovinos 80.447 87.954 14 376

Caprinos 14.801 7.679 5 704

Fonte: (INE, 1999)

Sector secundário

O tecido industrial dos concelhos em análise é marcadamente diferenciado.

Castelo Branco, pela importância do seu pólo urbano e pela localização estratégica, em termos de acessibilidades regionais, conseguiu desenvolver, nas duas últimas décadas, um tecido industrial com alguma importância, concentrado, essencialmente, na Zona Industrial de Castelo Branco.

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É formado, fundamentalmente, por pequenas e médias empresas, sendo os sub-ramos mais representativos, as industrias alimentares, os têxteis e a produção de máquinas e equipamentos.

O ramo das indústrias transformadoras de Idanha-a-Nova e Penamacor apresenta grande debilidade, centrando-se, fundamentalmente, nas indústrias alimentares.

Nos Quadro 4.9.15 e 4.9.16 apresenta-se a distribuição, por sub-ramos de actividade, do número de empresas da indústria transformadora revestindo a forma de sociedade, e respectivo pessoal ao serviço.

Quadro 4.9.15 - Número de sociedades na indústria transformadora (31/12/2006)

Castelo Branco

% Idanha-a-

Nova % Penamacor %

Alimentação, bebidas, tabaco 59 29,5 20 69,0 11 57,9

Têxtil 21 10,5 - - 1 5,3

Couro e produtos de couro - - - - - -

Madeira e cortiça 15 7,5 4 13,8 1 5,3

Pasta papel, cartão e seus artigos; edição e impressão

15 7,5 - - - -

Produtos químicos 3 1,5 1 3,4 1 5,3

Artigos de borracha e matérias plásticas

3 1,5 - - 1 5,3

Outros produtos minerais não metálicos

19 9,5 - - 1 5,3

Metalúrgicas de base e produtos metálicos

23 11,5 2 6,9 2 10,5

Maquinas e equipamentos 14 7,0 - - - -

Equipamento eléctrico e óptica 8 4,0 1 3,4 - -

Material de transporte 3 1,5 0 - - -

Industrias não especificadas 17 8,5 1 3,4 1 5,3

TOTAL 200 29 19

Fonte: (INE, 2007)

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Quadro 4.9.16 - Pessoal ao serviço em sociedades da indústria transformadora (31/12/2005)

Castelo Branco

% Idanha-a-

Nova % Penamacor %

Alimentação, bebidas, tabaco 626 21,7 67 66,3 23 27,4

Têxtil 1 139 39,4 - - …

Couro e produtos de couro - - - - - -

Madeira e cortiça 139 4,8 15 14,9 …

Pasta papel, cartão e seus artigos; edição e impressão

… - - - -

Produtos químicos … … …

Artigos de borracha e matérias plásticas

… - - …

Outros produtos minerais não metálicos

… - - …

Metalúrgicas de base e produtos metálicos

120 4,2 … …

Maquinas e equipamentos 450 15,6 - - - -

Equipamento eléctrico e óptica … … - -

Material de transporte 12 0,4 - - - -

Industrias não especificadas 62 2,1 … …

TOTAL 2 889 101 84

Fonte: (INE, 2007)

Sector terciário

Os principais dados caracterizadores do sector terciário foram apresentados anteriormente nos Quadros 4.9.10 a 4.9.13.

No concelho de Castelo Branco o terciário apresenta um desenvolvimento e diversificação significativamente superior ao dos restantes concelhos, o que é concomitante com a presença de uma cidade de média dimensão e capital distrital. Os ramos do comércio, dos transportes e comunicações, e dos serviços prestados a empresas são os mais representativos.

Em Idanha-a-Nova, para além do comércio, o ramo do alojamento e restauração detém um lugar proeminente na economia local, resultando, em grande medida da presença dos equipamentos hoteleiros na zona das Termas de Monfortinho. Esta actividade tem também repercussões no ramo dos serviços prestados às empresas.

Em Penamacor o comércio é a actividade principal no terciário.

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Turismo

Ao contrário de outros aspectos, a nível do sector turístico, os concelhos de Castelo Branco e Idanha-a-Nova apresentam indicadores semelhantes (Quadro 4.9.17).

Quadro 4.9.17 - Indicadores de Actividade Turística (31/12/2006)

Castelo Branco Idanha-a-Nova Penamacor

Estabelecimentos Hoteleiros 6 8 1

Hotéis 2 3 -

Pensões 3 4 -

Outros 1 1 1

Capacidade de Alojamento 712 647 19

Hotéis 331 347 -

Pensões 289 280 -

Outros 92 20 19

Número de Hóspedes 41 968 … …

Hotéis … … -

Pensões 6 337 5 127 -

Outros … … …

Número de Hóspedes Portugueses 36 958 … …

Número de Hóspedes Estrangeiros 5 010 … …

Fonte: (INE, 2007). (…) Dados sob segredo estatístico.

Este facto deve-se, por um lado, ao fraco aproveitamento turístico do concelho de Castelo Branco e, por outro, ao peso relativo importante da estância termal de Monfortinho, em Idanha-a-Nova (aspecto que será desenvolvido no ponto referente à análise local) e à aposta do concelho num turismo de natureza (Tejo Internacional, geomonumentos) e cultural em que as aldeias históricas de Idanha-a-Velha e Monsanto assumem particular importância.

Em Idanha-a-Nova, Monsanto, Penha Garcia e Termas de Monfortinho concentra-se a maioria dos alojamentos turísticos e dos estabelecimentos de restauração.

Já em relação a Penamacor, os indicadores de turismo apontam para uma actividade muito incipiente.

No que se refere ao alojamento classificado na Direcção-Geral de Turismo, Castelo Branco e Idanha-a-Nova dispunham, em 2006, de seis e oito estabelecimentos, respectivamente, com uma capacidade de alojamento de 712 pessoas, em Castelo Branco, e 647 pessoas, em Idanha-a-Nova. O número de alojamentos em estabelecimentos não classificados ou no sector informal poderão duplicar esta oferta. Em Penamacor existe apenas um estabelecimento classificado, com uma capacidade de alojamento de 19 camas.

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O número de dormidas e de hóspedes foi de 41.968 em Castelo Branco. Nos restantes concelhos o número de hóspedes, relativo ao ano de 2006, encontra-se sob segredo estatístico.

Em Castelo Branco 88,1% dos hóspedes são portugueses.

4.9.2.7 Equipamentos colectivos

No Quadro 4.9.18 são apresentados dados relativos aos equipamentos existentes nas áreas do ensino, justiça e saúde.

Como pode observar-se, verifica-se uma dependência funcional dos concelhos de Idanha-a-Nova e Penamacor, relativamente a Castelo Branco, no que respeita a equipamentos de nível superior como hospitais e estabelecimentos de ensino superior.

Verifica-se igualmente dependência funcional, relativamente às sedes de concelho, no que se refere a estabelecimentos do ensino básico (2º e 3º ciclos) e secundário, tribunais e centros de saúde.

Estes aspectos conferem especial importância à rede de acessibilidades, tendo em conta a significativa extensão dos territórios.

Quadro 4.9.18 - Principais equipamentos (2006/2007)

Castelo Branco Idanha-a-Nova Penamacor

Estabelecimentos de Ensino

Pré-escolar 34 10 9

1º Ciclo 33 11 9

2º Ciclo Ensino Básico 6 1 1

3º Ciclo Ensino Básico 8 1 1

Ensino Secundário 7 2 1

Ensino Superior 5 1 0

Tribunais (1ª Instância)

Competência genérica 1 1 1

Competência especializada 1 0 0

Equipamentos de Saúde

Hospitais 1 0 0

Centros de Saúde (sem internamento) 1 1 1

Extensões de Centros de Saúde 18 20 11

Fonte: (INE, 2007). (…) Dados sob segredo estatístico.

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4.9.3 Análise localizada

4.9.3.1 Introdução

Nos pontos anteriores procurou-se desenvolver uma análise de enquadramento da área de futura inserção do projecto em estudo.

Procede-se, agora, a uma análise mais localizada referente a área de intervenção directa do projecto e sua envolvente próxima.

4.9.3.2 Descrição geral dos corredores e envolvente

Áreas agrícolas

Principais sistemas culturais

Na área em estudo, existem três sistemas agrícolas principais: olival, pecuária (ovinos) e policultura tradicional.

A vinha tem uma presença mais localizada, sobretudo na envolvente de Alcains, onde se verifica a ocorrência de uma área de vinha com cerca de 20 hectares, atravessada pela Solução 1 aos km 1+600/1+900 e pela Solução 1A aos km 1+350/1+600, para além de outras parcelas de pequena dimensão. A importância da vinha no concelho de Castelo Branco é bastante inferior à de outros concelhos da Beira Interior como o Fundão e a Covilhã, verificando-se, no ano de 2007, uma produção declarada de 550 hectolitros de mosto (3.666 hl, na Covilhã e 15.483 hl no Fundão), sendo cerca de 40% para produção de vinhos VQPRD e os restantes 60% para a produção de vinho de mesa. Castelo Branco está inserido na região vitivinícola das Beiras (Denominação de Origem), sub-região da Cova da Beira. Em Idanha-a-Nova a vinha tem pouca expressão.

A presença do olival é constante ao longo dos corredores, sobretudo até cerca do km 40+000 das Soluções 1 e 5, em condições muito variadas de aptidão do solo, dimensão da parcela e intensificação cultural. Destaca-se somente as situações mais favoráveis, onde se conjugam solos de boa ou mediana aptidão agrícola e manutenção adequada das árvores. São os casos da zona envolvente de Alcains, das zonas a norte de Oledo (km 16+000/18+000 da Solução 1), a norte de Idanha-a-Velha (km 32+000 das Soluções 1 e 1C) e nos vales da ribeira do Lagar e Barroca da Figueira (km 39+000/40+000 das Soluções 1 e 5).

A produção é feita totalmente em sequeiro, destinada ao fabrico de azeite, em lagares da região. Nos melhores solos, são feitas culturas sob coberto das oliveiras, geralmente forragens. Nos solos menos profundos, ou com maior pedregosidade à superfície, o aproveitamento suplementar do solo, é feito unicamente com pastagem natural.

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A produção pecuária dominante é de ovinos para leite, sector que tem beneficiado da projecção que a queijaria tradicional da região de Castelo Branco e Idanha-a-Nova vem mantendo nos mercados consumidores.

Este sistema condiciona as culturas efectuadas, que são principalmente as pastagens e as forragens para fenação, ambas em regime de sequeiro. Algum regadio a partir de pequenas barragens, visa a produção de forragens e milho.

Contudo, na maior parte dos casos, o pastoreio é extensivo, sendo os rebanhos acompanhados por um pastor.

Para além da venda do leite, constituem receitas importantes das explorações, os cordeiros, após o desmame.

Nas áreas mais declivosas e onde os matos são mais abundantes, especialmente na parte leste do corredor em estudo, existem rebanhos com caprinos, os quais se adaptam melhor a estas condições.

A policultura tradicional existe de forma clara unicamente junto a Monsanto (vale da ribeira de Monsatela) e Penha Garcia (baixa do rio Ponsul), onde é dominante a pequena propriedade, explorada com um conjunto diversificado de culturas, olival, vinha, forragens e hortícolas. A rega é efectuada a partir de poços, existindo ainda, em Penha Garcia, uma levada, a partir do rio.

As áreas afectas a este sistema não são extensas, mas delas dependem muitas pessoas, tanto em termos de rendimentos, como de ocupação de mão-de-obra rural.

Principais áreas agrícolas ao longo dos corredores

Descreve-se, seguidamente, com maior pormenor, as principais áreas agrícolas atravessadas pelos corredores em estudo.

A zona a norte de Alcains, desde o início da Solução 1, ate à EN 18-7, caracteriza-se por ter solos de origem granítica, com boa aptidão agrícola, parcelas de razoável dimensão, bem exploradas, quer relativamente ao olival, quer à pecuária.

Como se referiu, uma parcela de vinha com cerca de 20 hectares é atravessada pela Solução 1 aos km 1+600/1+900 e pela Solução 1A aos km 1+350/1+600.

A Solução 1B desenvolve-se fundamentalmente em área de sequeiro e pastagem até cerca do km 5+000.

A norte de Oledo (km 14+000 a 18+000 da Solução 1), solos de mediana a boa aptidão agrícola, de origem granítica, são explorados com olival, em parcelas de boa dimensão. Os olivais encontram-se geralmente bem cuidados, sendo efectuadas culturas de sequeiro, sob coberto das árvores.

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A sul de Oledo, os solos são mais delgados e explorados extensivamente com pastagem e cultura arvense de sequeiro.

A leste de Medelim, encontra-se uma mancha de solos de mediana aptidão agrícola, bem explorada com culturas arvenses de sequeiro e pastagem, em parcelas de razoável dimensão que é atravessada pela Solução 5, entre os km 32+000 e 34+000.

A várzea da ribeira de Monsatela possui solos de boa aptidão agrícola. Ao km 36+500 da Solução 5, irá ser implantado um nó rodoviário, sobre a referida área agrícola.

A norte de Idanha-a-Velha, para Nascente da EN332, existem olivais em parcelas de grande dimensão, razoavelmente cuidados, embora em solos delgados e de fraca aptidão agrícola, atravessados pelas Solução 1 e 1C, entre os km 31+000 e 32+000. Esta área é pastoreada por ovinos.

No vale da ribeira do Lagar, solos derivados de xistos, de mediana aptidão agrícola, suportam olivais de boa dimensão e razoáveis características produtivas, atravessados pela Solução 5, entre os km 38+800 e 41+500. Nas baixas, muito estreitas, são cultivados hortícolas para autoconsumo.

No vale da Barroca da Figueira, desenvolve-se uma grande mancha de olival, no prolongamento da área anteriormente descrita (vale da ribeira do Lagar), correspondendo às mesmas características.

O rio Ponsul possui uma várzea estreita, explorada com culturas regadas, fruteiras e vinha, em parcelas de pequena dimensão. A água é proveniente de poços e de uma levada, a partir do próprio rio Ponsul. Na margem direita, existem olivais.

Figura 4.9.1 - Vinha no corredor das Soluções 1 e 1A

Figura 4.9.2 - Olival no corredor das Soluções 1 e 1A

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Figura 4.9.3 - Áreas agrícolas no corredor da Solução 1B

Figura 4.9.4 - Área agrícola no corredor da Solução 5

Áreas florestais

As principais áreas de floresta de produção são constituídas por eucaliptal e ocorrem, com maior extensão nos seguintes espaços:

A nascente e sudeste de Proença-a-Velha (km 25+500 a 29+200 da Solução 5.1; km 25+000 a 28+000 da Solução 5; km 25+000/27+000 da Solução 3; km 25+000/31+000 da Solução 1);

A sul de Monsanto (km 33+000 a 35+000 da Solução 1);

A sudoeste de Penha Garcia (km 41+000 a 43+000 da Solução 6).

Áreas urbanas e habitação dispersa

A Solução 1 tem início a cerca de 1 km a poente de Alcains, numa zona em que se verifica alguma ocupação edificada ao longo e nas proximidades da EN18 e EN352, constituída por habitações, armazéns, e unidades industriais.

A Solução 1A inicia-se cerca de 600 m a norte da Solução 1, e a Solução 1B cerca de 3,6 km a norte da Solução 1 e a 3 km de Alcains.

Alcains tinha 4.698 habitantes em 2001. A sua proximidade relativamente à cidade de Castelo Branco e a sua localização junto à EN18 e, mais recentemente, junto à A23 (IP2), conferiram a esta vila uma localização vantajosa que tem contribuído para o seu desenvolvimento.

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Entre o km 1+000 e o km 7+000, a via desenvolve-se em áreas agrícolas, aproximando-se de edifícios de habitação entre os km 1+750 e 2+000 e entre os km 2+500 e 2+750.

Cerca do km 7+000, a via terá um nó de ligação com a EN 18-7, dando acesso às povoações de Escalos de Cima e Lousa (únicas povoações das respectivas freguesias) que ficarão localizadas a cerca de 2 km do futuro IC31.

A Solução 1C desenvolve-se no sentido poente-nascente aproximando-se e intersectando o corredor da Solução 1. O nó de ligação com a EN18-7 situa-se ao km 4+900, cerca de 600 m a nascente do nó previsto na Solução 1, ficando ligeiramente mais próximo de Escalos de Cima e Lousa.

Escalos de Cima, com 1095 residentes, em 2001, era um dos cinco núcleos urbanos do concelho de Castelo Branco com mais de 1.000 habitantes, beneficiando da relativa proximidade a sede de concelho (12 km). A actividade agrícola, o artesanato, o pequeno comércio caracterizam a sua estrutura económica, onde o emprego na indústria, comercio e serviços na sede de concelho e em Alcains assumem efectiva importância.

Lousa, localizada próximo de Escalos de Cima, com 723 habitantes, em 2001, apresenta características semelhantes, embora com maior peso da actividade agrícola.

Entre os km 13+000 e 21+000, já no concelho de Idanha-a-Nova, os corredores apresentam duas soluções, desenvolvendo-se a norte (Solução 1) e a sul (Solução 2) da povoação de Oledo, sede de freguesia e única povoação da mesma. Ambas apresentam nó de ligação com a EM 353, ficando Oledo a cerca de 1 km do futuro IC31. Oledo, com uma população de 456 habitantes em 2001, caracteriza-se por um modo de vida de características marcadamente rurais.

A Solução 1 aproxima-se (100 m a 200 m) de edifícios dispersos aos km 14+850, 15+500, 17+500. A Solução 2 aproxima-se de edifícios dispersos aos km 19+800 e 21 +950.

Entre o km 21+000 e o final, o projecto rodoviário do lC31 apresenta dois corredores principais, um deles desenvolvendo-se mais a norte (Solução 5), próximo ou coincidindo com a EN 239, outro mais a sul (Solução 1), distando do primeiro cerca de 4,5 km no ponto de máximo afastamento.

A Solução 5, como foi referido, desenvolve-se próxima da EN 239, entre os km 22+000 e 32+000. Neste troço, a EN 239 atravessa a povoação de Proença-a-Velha e passa junto a povoação de Medelim, sendo ambas as únicas povoações da respectiva freguesia. O futuro IC31 funcionará, assim, como variante a estas duas povoações.

Proença-a-Velha é um dos lugares que mais população perdeu, como consequência da regressão da actividade agrícola, contando com 250 habitantes, em 2001, tendo perdido quase 80% da população nos últimos 40 anos.

O mesmo aconteceu com Medelim, embora de forma mais moderada. Esta povoação, com 310 habitantes em 2001, encontra-se numa localização relativamente privilegiada, na

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intersecção da EN239 com a EM332, ficando relativamente próximo das aldeias históricas de Idanha-a-Velha e Monsanto.

A partir do km 32+000 a Solução 5 desenvolve-se sobre a plataforma da actual EN 239, com excepção de alguns pontos em que constituirá curtas variantes. Um destes casos ocorre entre os km 36+200 e 38+500, em que a Solução 5 se afasta ligeiramente para norte da EN 239 e atravessa o lugar de Sidral, cerca de 500 m a norte do lugar de Eugénia, a 1 km a norte da povoação de Relva e a 2 km a norte de Monsanto.

Os lugares de Sidral e Eugénia contavam, em 2001, com 80 e 125 residentes. Relva tinha 239 habitantes e Monsanto 128. A agricultura e pecuária, o artesanato e a actividade turística polarizada pela aldeia histórica de Monsanto caracterizam os modos de vida local.

No contexto do concelho de Idanha-a-Nova, a freguesia de Monsanto constitui um caso particular de povoamento rural, estruturado pelas estradas municipais, agregando 20 dos 43 lugares do concelho (mas apenas cerca de 10% da população), distribuídos em torno da aldeia de Monsanto, apoiados na pequena propriedade e na policultura tradicional.

Entre os km 43+500 e 47+000 a Solução 5 afasta-se da actual plataforma da EN 239, desviando-se, agora, para sul de Penha Garcia. Esta povoação, sede de freguesia, contava com 890 habitantes em 2001. Para além da tradicional actividade agrícola e pecuária, o património geológico e paisagístico vem constituindo Penha Garcia como ponto de interesse turístico. Verifica-se alguma actividade empresarial (restauração, panificação, produção de rações, posto de abastecimento de combustíveis, oficina auto, actividades turísticas), concentrada numa pequena zona industrial com cerca de uma dezena de unidades, localizada junto à EN239.

Finalmente, cerca do km 54+000 a Solução 5 afasta-se da EN239, inflectindo para sudeste, unindo-se à Solução 1, cerca de 1,5 km a sul de Monfortinho e a cerca de 3,5 km a poente das Termas de Monfortinho.

Quanto à Solução 1, entre os km 22+000 e 28+000 tem duas outras alternativas para o atravessamento do vale da ribeira das Taliscas (Solução 3 e Solução 4). Nenhuma delas se aproxima de áreas edificadas.

Entre os km 28+000 e 38+000, a Solução 1 desenvolve-se cerca de 4 km a sul de Medelim, a 2 km a norte de Idanha-a-Velha e a cerca de 2,5 km a sul de Monsanto, passando a 600 m a sul do lugar de Lagar de Maria Martins (Monsanto). A Solução 1C desenvolve-se ligeiramente a norte da Solução 1, entre o km 28+000 e 33 +000, aproximadamente.

Lagar de Maria Martins, com 83 habitantes em 2001, é um dos diversos pequenos lugares que integram a freguesia de Monsanto.

Idanha-a-Velha, uma das mais conhecidas aldeias históricas do concelho de Idanha-a-Nova, registava apenas 79 habitantes, em 2001.

Entre os km 38+000 e 45+000 a Solução 1 desenvolve-se cerca de 2 km a sul de Penha Garcia. Neste troço, tem uma alternativa (Solução 6) que se desenvolve mais próximo de

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Penha Garcia (300 a 600 metros) unindo-se à Solução 5. A presença de edificado é pontual ocorrendo apenas edifícios isolados a cerca de 10/200 m a norte do km 43+000.

A partir do km 44+000 a Solução 1 aproxima-se bastante da actual EN239, para voltar a afastar-se dela a partir do km 50+000, inflectindo para sudeste e nascente até ao término, junto às Termas de Monfortinho em nó com a EN 240.

Para além da actividade agrícola e pecuária tradicional, a freguesia de Monfortinho, do ponto de vista socioeconómico, é actualmente polarizada pela actividade turística e termal.

Monfortinho, sede de freguesia, tinha 163 habitantes, em 2001.

O lugar das Termas de Monfortinho contava com 370 habitantes. A proximidade da fronteira e a importância da estância termal proporcionam a este lugar uma diferenciação funcional apenas superada pela sede de concelho, dispondo de Posto da GNR, posto dos CTT, extensão do Centro de Saúde, agência bancária, farmácia e posto de abastecimento de combustíveis.

Relativamente à estância termal, o primeiro alvará de concessão de exploração do aquífero termal remonta a 1907, mas só em 1940 foi construído o actual balneário. A partir do início dos anos 90 a actividade termal e turística em Monfortinho sofre um novo impulso, com o desenvolvimento do investimento no sector por parte do Grupo Espírito Santo e a consequente formação da empresa Monfortur, SA.

O balneário termal foi remodelado e modernizado, o mesmo acontecendo com as duas unidades hoteleiras existentes: os hotéis Astória e Fonte Santa. Estas unidades hoteleiras, com classificação de 3 estrelas, dispõem, no conjunto, de 130 quartos, contando, ainda, com equipamentos complementares (salas de reuniões e conferencias, piscinas, campos de jogos, hidroterapia).

O balneário termal, depois de remodelado, funciona entre 1 de Fevereiro e 15 de Dezembro, desde o ano de 2000. Em 2002, o número de inscrições anuais foi de 3.095 e, em 2003, de 3.200, produzindo uma receita directa entre os 530.000 e os 550.000 euros.

Para além da estância termal a oferta turística proporcionada é constituída por caça turística, nas Herdades de Vale Feitoso (Monfortinho/Penha Garcia) e da Poupa (Rosmaninhal), sendo possível a caça grossa (javali, veado, muflão).

Existe, ainda, um Clube de Caça e Pesca, com um percurso de caça, 3 campos de tiro, e uma albufeira para pesca.

As Termas de Monfortinho dispõem, ainda, de um aeródromo com uma pista de 855 m de comprimento e 30 m de largura.

Para além deste complexo, no lugar das Termas de Monfortinho existem mais 11 pensões e residenciais totalizando cerca de 300 quartos.

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Cerca de uma dezena de unidades de restauração complementam a oferta.

O desenvolvimento da rede viária do lado espanhol e a abertura da fronteira, em 1993, veio revelar-se de grande importância para a hotelaria de Monfortinho com a crescente afluência de visitantes espanhóis que originam boa parte das receitas actuais na hotelaria. Assiste-se, também, a uma procura e aquisição de herdades por parte de espanhóis.

As taxas de ocupação hoteleira são elevadas no Verão (rondando os 80%) e no Inverno a maior parte dos fins-de-semana regista ocupação elevada.

Para a Monfortur, a rentabilidade do investimento em Monfortinho inclui o desenvolvimento de outros projectos, como sejam a construção de uma unidade de engarrafamento de água mineral, a construção de um campo de golfe e de uma urbanização. Estes investimentos não serão, porém, efectuados, sem uma melhoria das acessibilidades, nomeadamente a construção do lC31, uma vez que só a distribuição de água mineral implica uma circulação diária de mais de duas dezenas veículos pesados.

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4.10 Ordenamento do Território e Condicionantes

4.10.1 Introdução e metodologia

A descrição do ambiente afectado, relativamente ao ordenamento do território e às condicionantes de uso do solo nos corredores em estudo, compreendendo neste factor ambiental os aspectos relacionados com os instrumentos de gestão territorial, a classificação dos solos e as condicionantes de uso, tem como objectivo a análise no que respeita:

à estruturação e diferenciação do território, tendo em atenção a sua ocupação dominante, a hierarquia urbana e a localização das áreas edificadas e a rede viária fundamental;

às propostas de ordenamento previstas nos instrumentos de gestão do território, de âmbito sectorial, regional e municipal, pertinentes para a análise deste tipo de projectos;

às condicionantes administrativas e restrições de utilidade pública existentes na área dos corredores em estudo, designadamente a Reserva Ecológica Nacional (REN), a Reserva Agrícola Nacional (RAN) e outras condicionantes legalmente estabelecidas e/ou previstas em legislação própria, nos planos de ordenamento do território ou decorrentes da presença de equipamentos e infra-estruturas.

Para o efeito seguiram-se os seguintes passos metodológicos:

recolha de informação e visitas ao local;

consulta e análise de informação cartográfica (Carta Militar de Portugal e fotografia aérea, cartografia desenvolvida ao nível de projecto);

levantamento dos usos actuais do solo e da rede viária e acessibilidades;

consulta dos instrumentos de gestão territorial em vigor;

identificação dos instrumentos de ordenamento e planenamento com relevância na área de intervenção do projecto e descrição das propostas de ordenamento por eles apresentadas;

verificação da legislação relevante em matéria de condicionantes ao uso do território;

levantamento das condicionantes existentes na área de intervenção.

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As consultas documentais foram feitas directamente junto de organismos da administração central, regionalizados ou não, com a tutela ou competências de serviços e equipamentos públicos com pertinência para a avaliação deste projecto e de diversas entidades públicas e privadas tutelares ou concessionárias de equipamentos, infra-estruturas ou serviços relevantes em termos de ocupação do solo ou de interacção, restritiva ou potenciadora, com este projecto e para o presente EIA. A correspondência referente a esses contactos apresenta-se no Anexo 1.5.1.

A identificação da ocupação do solo na área em estudo foi efectuada com base na carta de ocupação do solo do ex-CNIG (Centro Nacional de Informação Geográfica), na escala 1: 25 000, e aferida através de interpretação de fotografia aérea e de trabalho de campo, em diversas visitas ao local.

Os Desenhos 120-EP-80-01, 120-EP-80-09, 120-EP-80-06 e 120-EP-80-07 apresentam a cartografia, respectivamente, da divisão administrativa na área de estudo, da ocupação do solo, do ordenamento do território e da síntese de condicionantes, estes dois últimos elaborados a partir dos elementos constantes das cartas dos Planos Directores Municipais de Castelo Branco e de Idanha-a-Nova e com adição de outras situações identificadas durante a elaboração do EIA, nas várias componentes ambientais, e que se consideraram pertinentes para a percepção do território atravessado ou como condicionantes ao desenvolvimento do projecto.

Além destes desenhos com as sínteses de ordenamento do território e de condicionantes, no Anexo 4.10.1 apresentam-se ainda as diferentes soluções em estudo inscritas sobre as próprias cartas de ordenamento e de condicionantes dos referidos PDM de Castelo Branco e de Idanha-a-Nova.

É ainda apresentada, no Anexo 3.4.1, a cartografia da Reserva Ecológica Nacional destes concelhos.

As dimensões espaciais de caracterização e análise a que se atendeu definiram três escalas territoriais distintas mas interligadas e complementares, para melhor caracterização do território afectado pelo projecto:

uma escala de referência, pré-definida pelas unidades administrativas inscritas no território interessado pelo projecto, fundamentalmente os concelhos e freguesias atravessados pelo corredor em estudo;

uma escala de enquadramento próximo, decorrente directamente do traçado e configurando uma faixa com 400m de largura centrada nos traçados das soluções em análise;

uma escala de intervenção directa do projecto, considerando o território de inscrição da plataforma rodoviária de cada uma das soluções de traçado propostas.

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4.10.2 Enquadramento administrativo e territorial da área de estudo

4.10.2.1 Localização

Os corredores propostos para o estudo do IC31 desenvolvem-se com uma orientação geral no sentido poente - nascente, iniciando-se a norte de Castelo Branco e na proximidade de Alcains (a cerca de 1 km para oeste (Solução 1 e 1A) ou 3 km para norte (Solução 1B), conforme as diferentes propostas de nó inicial com a A23/IP2) e terminando junto às Termas de Monfortinho, através de um Nó que permitirá a ligação, em rotunda, com a EN 240 e com a futura continuação prevista para ligação à fronteira com Espanha.

Estes corredores inscrevem-se, assim, na faixa nascente do concelho de Castelo Branco e atravessam todo o concelho de Idanha-a-Nova, fundamentalmente na sua faixa norte.

As unidades administrativas atravessadas pelos corredores em estudo, cuja delimitação cartográfica se apresenta no Desenho 120-EP-80-01, são as seguintes:

Distrito de Castelo Branco:

Concelho de Castelo Branco:

Freguesias de Alcains, Escalos de Cima e Lousa

Concelho de Idanha-a-Nova:

Freguesias de Oledo, Idanha-a-Nova, Proença-a-Velha, Medelim, Idanha-a-Velha, Monsanto, Penha Garcia e Monfortinho.

Estes concelhos integram a Região Centro e, ao nível da Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS), a NUTS II Centro e a NUTS III Beira Interior Sul (com os concelhos de Penamacor e Vila Velha de Ródão).

No Quadro 4.10.1 sistematiza-se a inscrição das diversas soluções rodoviárias nas freguesias referidas, pois a diversidade de propostas de traçado que o Projecto apresenta leva a que estas naturalmente se desenvolvam por diferentes áreas deste território. Considera-se aqui a repartição das diferentes soluções conforme foi adoptada neste EIA, para efeitos de comparação de alternativas de traçado.

Apenas a S1 apresenta uma continuidade ao longo de todo o território, constituindo uma solução alternativa de traçado por si só, enquanto que a conjugação dos troços das outras soluções permitem definir as restantes alternativas em estudo, que se discutirão no ponto próprio de avaliação comparativa de alternativas.

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Quadro 4.10.1 – Localização das soluções em estudo nas freguesias atravessadas

Concelhos Freguesias Soluções em estudo

Castelo Branco

Alcains S1, S1A, S1B

Escalos de Cima S1, S1B

Lousa S1, S1B

Idanha-a-Nova

Oledo S1, S2

Idanha-a-Nova S2

Proença-a-Velha S1, S2, S3, S4, S5, S5.1

Medelim S1, S1C, S5

Idanha-a-Velha S1, S1C

Monsanto S1, S5, S6

Penha Garcia S1, S5, S7

Monfortinho S1, S5

4.10.2.2 Estruturação e diferenciação do território

A faixa de território onde se desenvolvem as várias soluções propostas neste projecto apresenta uma relativa homogeneidade corográfica, definindo maioritariamente uma área onde sobressaem terrenos amplos e relativamente aplanados, apenas pontuados por elevações singulares onde muitas vezes se situam as grandes aldeias que constituem os aglomerados populacionais aqui presentes, verificando-se muito pouca dispersão intercalar; quando esta ocorre, resulta geralmente de uma procura relativamente recente de localizações de acesso mais favorável, junto às vias de comunicação, e sempre por núcleos de pequena dimensão. Apenas na parte final da área de estudo, na envolvente a Penha Garcia e Monfortinho, se verifica um relevo mais marcado e de cotas superiores, em ligação a norte à Serra da Malcata.

Trata-se de um território onde tradicionalmente imperou o aproveitamento extensivo da terra, quer agrícola quer florestal, numa região de fronteira historicamente pouco propícia a uma ocupação dispersa e que se manteve afastada dos principais eixos de comunicação, não sendo servida por nenhum eixo rodoviário ou ferroviário de primeiro nível, que têm desenvolvimentos praticamente perpendiculares ao IC31 e inscritos junto ao início desta via, levando a que a área em estudo se constitua como um território marcado por uma forte interioridade, quase como um enclave que acentua as características gerais de despovoamento e localização marginal da Beira Interior onde se insere.

Se a ocupação estratégica desta zona de fronteira teve importância histórica e o aproveitamento de culturas tradicionais, como o cereal e o olival, constituiu uma base económica suficiente para garantir esta presença de populações durante séculos, a progressiva perda da importância dessa função de ocupação territorial e dos rendimentos económicos de uma agricultura extensiva impediram outras dinâmicas territoriais e a expansão destas povoações. Apesar de alguns investimentos mais recentes na infra-

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estruturação agrícola, em particular pela criação de uma rede de albufeiras destinadas a suportar culturas de regadio, e da boa projecção no mercado de produtos como a queijaria regional, e também do aumento da importância de subsectores como o turismo cultural, cinegético e de natureza, a perda de dinâmica territorial que se faz sentir desde há décadas tem impedido a inversão da tendência para o abandono e envelhecimento das populações e a fraca atractividade para investimentos económicos e sociais; apenas como exemplo desta situação, refira-se que o conjunto das freguesias abrangidas neste estudo baixou de 15 620 para 13 124 habitantes entre 1981 e 2001 (-15%), apesar do ganho de cerca de 700 habitantes em Alcains nesse período, único caso de evolução demográfica positiva no conjunto das freguesias consideradas, e de se incluir uma freguesia de sede de concelho (Idanha-a-Nova).

Sintomaticamente, é apenas no extremo poente desta sub-região, junto ao IP2 /A23, à EN18 e ao caminho de ferro, que avultam as povoações de maior dimensão e estruturação urbana, com particular destaque para Alcains. Ambas as sedes de concelho se situam bastante mais a sul em relação aos traçados em estudo e não são directamente conectadas outras povoações de maior importância regional ou sub-regional; as sedes dos concelhos mais a norte, como o Fundão e Penamacor, são distantes e servidas por outras vias, embora o IC31 possa vir a servir para estabelecer uma ligação directa a Penamacor, através da interligação com a EN233.

Em termos de hierarquia urbana, e considerando a escala sub-regional da inserção da via, pode considerar-se existir um patamar superior onde apenas se coloca Alcains, a que se pode associar Escalos de Cima e Lousa, a curta distância entre si e também com boa acessibilidade ao caminho de ferro e à A23, cuja dinâmica territorial está ligada à proximidade a esses eixos de comunicação, e um segundo patamar onde praticamente estão a um mesmo nível todas as outras sedes de freguesia, eventualmente com algum destaque daquelas que apresentam uma maior atractividade como destinos turísticos, como sejam as aldeias históricas de Idanha-a-Velha, Monsanto e Penha Garcia e ainda o centro termal das Termas de Monfortinho.

Todas estas sedes de freguesia, muitas vezes as únicas povoações com efectiva expressão territorial em cada freguesia, com a excepção já referida das Termas de Monfortinho, serão servidas pelo IC31, ainda que, naturalmente, com pequenas diferenças em função das diversas soluções em estudo e das suas propostas de ligação com a rede local.

As ligações que poderão vir a ser proporcionadas pelo IC31 são actualmente asseguradas por uma rede viária constituída essencialmente pela EN 233, pela EN 239, pela EN240 e pela 352, com ligação directa a Castelo Branco a partir da EN 233, que para norte, como referido, liga também a Penamacor, e da EN240, que se desenvolve a sul dos corredores agora em estudo.

A criação de um eixo transfronteiriço estabelecerá uma ligação supra-regional de primeiro nível até à área metropolitana de Lisboa, através da A23/IP2 e A1/IP1. A sul do eixo configurado pelo IC31 há já uma ligação à fronteira espanhola, por Segura, através da EN240, mas além da menor capacidade de suporte desta via trata-se, sobretudo, de uma ligação sub-regional, de serviço a Castelo Branco.

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4.10.3 Instrumentos de gestão do território e de política de solos

A Lei nº 48/98, de 11 de Agosto, estabeleceu as bases da política de ordenamento do território e do urbanismo, que se completou com o Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, com as alterações feitas pelo Decreto-Lei nº 310/2003, de 10 de Dezembro. Estes diplomas foram recentemente actualizados e reenquadrados pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro, que republica o referido Decreto-Lei n.º 380/99, definindo-se, assim, o quadro jurídico e a articulação dos diversos instrumentos de desenvolvimento e de gestão territorial.

Aí pode encontrar-se um âmbito nacional, um âmbito regional e um âmbito municipal para os diversos instrumentos de gestão do território.

No âmbito nacional temos os Planos Sectoriais com Incidência Territorial, como sejam os planos de bacia hidrográfica e os planos de ordenamento florestal, entre outros, e os Planos Especiais de Ordenamento do Território, como os planos de ordenamento de áreas protegidas, de albufeiras de águas públicas ou da orla costeira.

A área em estudo está abrangida pelo Plano de Bacia Hidrográfica do Tejo e pelo Plano Regional de Ordenamento Florestal da Beira Interior Sul, não havendo qualquer plano especial de ordenamento do território com incidência nesta área.

Em relação ao âmbito regional, o instrumento de desenvolvimento territorial por excelência é o Plano Regional de Ordenamento do Território. No entanto, nenhum PROT está ainda em vigor nesta área, encontrando-se o PROT Centro em fase final de elaboração, sendo já conhecida a sua proposta preliminar.

Nos planos de âmbito municipal, não se conhece qualquer Plano Intermunicipal de Ordenamento do Território, em vigor ou em elaboração, que integre estes concelhos mas todos eles dispõem dos respectivos Planos Directores Municipais ratificados e em vigor, assim como de diversos Planos de Pormenor e de Urbanização, mas apenas um destes planos, o da Zona Industrial de Penha Garcia, se localiza junto aos traçados propostos.

Quer o PDM de Castelo Branco quer o PDM de Idanha-a-Nova se encontram em revisão, tendo as comissões mistas de acompanhamento desses processos sido já nomeadas, respectivamente pelo Despacho n.º 20203/2003, 2ª Série, e pelo Despacho n.º 18418/2005, 2ª Série (tendo a constituição desta comissão sido revista pelo Despacho n.º 18819/2009, 2ª Série).

No Quadro 4.10.2 sistematizam-se os instrumentos de gestão territorial em vigor na área de inserção do IC 31.

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Quadro 4.10.2 - Instrumentos de gestão territorial em vigor na área do IC31

Tipo de instrumento

Instrumento de gestão territorial

Aprovação ou ratificação

Municípios abrangidos

Planos municipais de ordenamento do território

Plano Director Municipal de Castelo Branco

RCM 66/94

1ª alt: RCM 30-A/2002

2ª alt: Declaração 173/2003

3ª alt: RCM 88/2005

1ª rectificação: Aviso 26194/2008

Castelo Branco

Plano Director Municipal de Idanha-a-Nova

RCM 43/94

1ª alt: Declaração 28/2001

2ª alt rs: Declaração 4/2004

Idanha-a-Nova

Plano de Pormenor da Zona Industrial de Penha Garcia

RCM 682/93

1ª alt: Declaração 1/2002

2ª alt: Aviso 9359/2008

Idanha-a-Nova

Planos Sectoriais

Plano de Bacia Hidrográfica do Tejo

DR 18/2001 Castelo Branco, Idanha-a-Nova

Plano Regional de Ordenamento Florestal da Beira Interior Sul

DR 10/2006 Castelo Branco, Idanha-a-Nova

DR – Decreto Regulamentar

RCM – Resolução do Conselho de Ministros

Devem citar-se ainda as Áreas Críticas de Recuperação e Reconversão Urbanística delimitadas para as aldeias de Idanha-a-Velha e de Monsanto (ambas no concelho de Idanha-a-Nova) pelo Decreto n.º 23/96, que não constituindo, por si mesmas, um instrumento de gestão do território são áreas passíveis de intervenção através de um plano de pormenor de reabilitação urbana, conforme o n.º 5 do artigo 91º-A do Decreto-Lei n.º 380/99, republicado pelo Decreto-Lei n.º 46/2009 de 20 de Fevereiro.

Como se referiu, o PROT Centro não se encontra ainda em vigor mas na sua Proposta Preliminar, de Maio de 2009, integra o IC31 como um dos eixos viários a concretizar na região, atribuindo-lhe uma tripla função: melhoria das acessibilidades entre centros de nível concelhio e local, melhoria das ligações entre as principais cidades e pólos económicos e as ligações inter-regionais e transfronteiriças, através da articulação do IC31 com o IP2/A23, e estabelecimento de um novo eixo transversal de internacionalização (emergindo como mais uma ligação entre a aglomeração metropolitana de Lisboa e Madrid).

Nos Planos Sectoriais apresentados no Quadro acima (PBH do Tejo e PROF da Beira Interior Sul), dado o objectivo destes planos e o seu âmbito temático específico, em nenhum deles é referido explicitamente o IC31, mas as suas disposições são consideradas neste EIA no que se refere aos recursos hídricos e ao ordenamento florestal, quer para melhor caracterização do ambiente afectado pelo projecto quer para verificação de eventuais condicionantes à sua implantação, decorrentes das disposições ou objectivos destes planos.

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Quanto aos PDM, ambos já bastante antigos, apenas no PDM de Castelo Branco está definido um espaço-canal para desenvolvimento de uma via com classificação de Itinerário complementar no corredor de desenvolvimento do IC31. Este espaço-canal corresponde basicamente à proposta da Solução 1B.

O espaço-canal foi estabelecido no PDM de Castelo Branco tendo em vista a construção de um troço do Itinerário Complementar n.º 8 entre Castelo Branco e Segura, o qual integrava a rede rodoviária nacional definida na configuração inicial do Plano Rodoviário Nacional (PRN 85), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 380/85. No PRN 2000, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 222/98, portanto já posterior à homologação do PDM, este troço do IC8 viria a ser substituído pelo IC31 que agora se estuda.

No entanto, o espaço-canal do PDM de Castelo Branco não tem solução de continuidade no vizinho concelho de Idanha-a-Nova, pois o respectivo PDM não apresenta nenhum corredor para esta via. Ainda assim, este Plano não deixa de referir o então IC8 como um eixo rodoviário fundamental para o cumprimento de um dos objectivos genéricos propostos para a rede viária do concelho, o aumento das acessibilidades externas. De acordo com o PDM, o cumprimento deste objectivo é “…uma questão vital para a recuperação do atraso em termos de desenvolvimento económico e social face aos padrões nacionais e mesmo regionais”.

Apesar de não indicar nenhum corredor para esta via, o PDM de Idanha-a-Nova propõe algumas alterações ao PRN 85 que iriam ao encontro das rectificações introduzidas pelo PRN 2000 no que respeita a este eixo rodoviário, e estão em consonância com a configuração dos corredores em estudo. Nestas alterações incluem-se a ripagem para norte do troço do IC8 que passaria a ficar ligado à rede viária espanhola nas Termas de Monfortinho, em vez de Segura, e a intersecção do traçado da EN 239 a poente de Monsanto, a partir donde se poderia utilizar ou não o traçado desta estrada nacional, dadas as suas boas características geométricas e o entendimento, na época, de que esta estrada não teria um perfil transversal de 2x2 vias como entretanto foi decidido.

Assim, no que se refere aos PDM, apenas parte da Solução 1B se encontra em conformidade estrita com o espaço-canal definido no PDM de Castelo Branco e as disposições dos respectivos Regulamentos.

Refira-se que nenhuma das alternativas de traçado se insere nas áreas delimitadas no Plano de Pormenor da Zona Industrial de Penha Garcia (adjacente ao corredor da Solução 5, que propõe um Nó com a EN239 nas imediações desta zona industrial) nem nas áreas críticas de recuperação e reconversão das aldeias de Idanha-a-Velha e de Monsanto.

As diversas soluções de traçado agora em estudo desenvolvem-se, assim, por uma grande variedade de classes de espaço, sobretudo se considerarmos não apenas as propostas de plataforma rodoviária que se apresentam, mas um corredor de 400m envolvendo cada uma delas, como é próprio de uma fase de estudo prévio.

No Desenho 120-EP-80-06 é apresentada uma carta síntese do ordenamento do território, a partir das propostas dos PDM para a área em estudo, com base nas classes de espaços de uso constantes das respectivas Plantas de Ordenamento. Estas classes foram agregadas em seis classes genéricas (Quadro 4.10.3), com base nas características de uso afectas a

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cada uma, por forma a obter uma classificação homogénea para incluir na referida carta. No Anexo 4.10.1 apresentam-se as próprias cartas de ordenamento dos PDM, com a sobreposição das diferentes soluções em estudo para o IC31.

Quadro 4.10.3 - Correspondência entre as classes de espaços das cartas de ordenamento dos PDM e as classes de espaços da carta de ordenamento do EIA

Classes de espaços de uso do solo das Cartas de Ordenamento dos PDM

Classes de espaços de uso do solo da Carta de Ordenamento do EIA

Espaços urbanos – Áreas urbanas (Castelo Branco)

Espaços urbanizáveis (Castelo Branco)

Espaços predominantemente urbanos – Espaços urbanos (Idanha-a-Nova)

Espaços urbanos e urbanizáveis

Espaços industriais (Castelo Branco) Espaços industriais

Espaço rural – Espaços agrícolas ou agro-pastoris (Castelo Branco)

Espaço rural – Espaços agrícolas submetidos ao regime de RAN (Castelo Branco)

Espaços agrícolas – Produção (Idanha-a-Nova)

Espaços agrícolas – Uso ou aptidão agrícola (Idanha-a-Nova)

Espaços agrícolas

Espaço rural – Espaços florestais ou silvo-pastoris (Castelo Branco)

Espaços florestais – Produção (Idanha-a-Nova)

Espaços florestais – Protecção (Idanha-a-Nova)

Espaços florestais – Reconversão (Idanha-a-Nova)

Espaços agro-florestais (Idanha-a-Nova)

Espaços florestais

Espaço rural – Espaços de protecção a valores do património natural (Castelo Branco)

Espaços não urbanos – Espaços naturais (Idanha-a-Nova)

Espaços naturais

Espaços-canais (Castelo Branco) Espaço canal

Apesar desta diversidade de classes de espaços representada no Quadro, a situação de facto, como poderá ser observado no Desenho 120-EP-80-06, é bastante mais simplificada. A grande maioria dos traçados (mais de 90% do seu comprimento) desenvolve-se sobre três grandes classes de espaços: Espaços florestais, a maior parte correspondendo a plantações de produção de eucalipto e pinheiro-bravo, ainda que também ocorram algumas manchas de montado, e sobre Espaços agrícolas, em bolsas descontínuas, essencialmente sobre áreas de sequeiro, grande parte destinada a pastagens e forragem para gado. Para lá da já referida situação do Espaço-canal do PDM de Castelo Branco, praticamente todo ocupado pelo corredor da Solução 1B, a passagem sobre Espaços urbanos e urbanizáveis, Espaços industriais e Espaços naturais corresponde a ocupações muito marginais e na área do corredor envolvente, não da plataforma proposta em cada uma das soluções de traçado.

As passagens junto a Espaços urbanos e urbanizáveis verifica-se logo no início das soluções S1 e S1A, junto a Alcains, e no Sidral, a norte de Monsanto (S5). Os espaços industriais ocorrem igualmente junto a Alcains e em Penha Garcia, pelas mesmas soluções

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indicadas anteriormente. Os Espaços naturais, de escassa representação na maior parte do território, estão essencialmente associados a pequenas albufeiras e outros planos de água, tendo-se incluído igualmente nesta classe o perímetro de protecção da concessão de água mineral da Fonte Santa (Monfortinho); em relação às albufeiras, verificam-se pontualmente algumas sobreposições de corredor, a ajustar em função da alternativa de traçado que vier a ser definida para o projecto; quanto ao perímetro de protecção da Fonte Santa, não há qualquer interferência pelos traçados em estudo nem pelos seus corredores envolventes.

4.10.4 Áreas condicionadas e restrições de utilidade pública

4.10.4.1 Identificação de áreas sensíveis

Na acepção do artº 2º do Decreto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio, na redacção dada pelo Decreto-Lei nº 197/2005, de 8 de Novembro, são consideradas como Áreas Sensíveis:

a) Áreas protegidas, classificadas ao abrigo do Decreto-Lei n.º 19/93, de 23 de Janeiro, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 227/98, de 17 de Julho;

b) Sítios da Rede Natura 2000, zonas especiais de conservação e zonas de protecção especial, classificadas nos termos do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril;

c) Áreas de protecção de monumentos nacionais e dos imóveis de interesse público, actualmente definidas nos termos da Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro.

Nenhuma desta situações ocorre na área abrangida pelos corredores em estudo.

A norte desta área situam-se os Sítios de Interesse Comunitário da Gardunha e da Malcata, a sul o Parque Natural e a Zona de Protecção Especial do Tejo Internacional, mas todos eles a vários quilómetros de distância do IC31. Na parte final desta área é intersectada a Área de Importância para as Aves (IBA) da Serra de Penha Garcia e Campina de Tulões, mas estas áreas não têm estatuto legal que as enquadre na tipologia das áreas sensíveis. Em relação ao património cultural, não são interferidos monumentos classificados, mas estão delimitadas duas extensas áreas de protecção, às aldeias de Monsanto e Idanha-a-Velha; se no caso de Idanha-a-Velha os traçados se desenvolvem longe da zona de protecção (a cerca de 1,4k m para norte), no caso de Monsanto o limite da zona de protecção vem até junto à EN239, a norte da qual se inscreve o traçado proposto pela Solução 5, pelo que, em rigor, o seu corredor envolvente de 400 m abrange parcialmente a zona de protecção referida; no entanto, como se disse, o traçado desta solução desenvolve-se para norte da estrada nacional, não coincidindo sequer com esta, pelo que apenas com uma alteração significativa do traçado neste local, com a opção pela ocupação da plataforma da EN239 ou pelo desenvolvimento a sul da mesma (como acontece noutros pontos do IC31), poderia haver uma efectiva intrusão na área de protecção de Monsanto.

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4.10.4.2 Servidões administrativas e restrições de utilidade pública

Os PDM de Castelo Branco e de Idanha-a-Nova identificam, nas suas cartas de condicionantes, diversos elementos que implicam restrições aos usos do solo ou de onde decorrem servidões administrativas, as quais devem ser consideradas na análise quer da viabilidade ambiental do projecto quer na avaliação das diferentes alternativas em estudo.

No Anexo 4.10.1 apresentam-se estas cartas de condicionantes dos PDM com a inscrição dos traçados do IC31.

Estas situações identificadas nos instrumentos de gestão do território foram completadas e actualizadas com os resultados de outros instrumentos legislativos e regulamentares com incidência na área de estudo, as informações fornecidas pelas várias entidades contactadas no âmbito deste EIA e os resultados dos trabalhos de campo desenvolvidos nas diversas especialidades ambientais.

No Desenho n.º 120-EP-80-07 é apresentada uma carta síntese de condicionantes, onde se identificam e localizam essas várias situações.

Na área de estudo ocorrem as seguintes servidões e restrições de utilidade pública:

Reserva Ecológica Nacional

A figura da Reserva Ecológica Nacional (REN) foi instituída para condicionar a utilização de áreas com características ecológicas específicas (áreas com maior risco de erosão, declives acentuados, linhas de água e respectivos leitos de cheia, áreas de infiltração máxima e cabeceiras de linhas de água) e garantir a protecção de ecossistemas e a permanência e intensificação dos processos biológicos indispensáveis ao enquadramento equilibrado das actividades humanas. O regime jurídico da REN foi recentemente actualizado, pelo Decreto-Lei nº 166/2008, de 22 de Agosto (com a Declaração de Rectificação n.º 63-B/2008, de 21 de Outubro), que reformula as designações das categorias das áreas incluídas na REN e define as condições para a ocupação dessas áreas, incluindo a interdição dessa ocupação por determinado tipo de projectos ou em determinadas condições.

A REN encontra-se já delimitada nestes concelhos, em diploma próprio: Castelo Branco pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 105/97, de 2 de Julho e Idanha-a-Nova pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 275/95, de 2 de Julho.

No Desenho 120-EP-80-07, representa-se, na escala 1:25.000, a delimitação da REN na área de estudo, na Síntese de Condicionantes, e no Anexo 3.4.1 as cartas da REN discriminada de ambos os concelhos.

Nesta região encontram-se definidas extensas áreas de REN essencialmente em virtude de os solos constituírem áreas de infiltração máxima, áreas com riscos de erosão, cabeceiras de linhas de água e pela presença de leitos dos cursos de água e zonas ameaçadas pelas cheias.

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Estas áreas são atravessadas, de forma descontínua, pelas várias soluções propostas. No Quadro 4.10.4 apresentam-se as extensões de REN atravessadas por cada solução, considerando a medição ao eixo.

Quadro 4.10.4 - Extensões da REN atravessadas

Soluções de traçado Extensão de REN (m)

S1 3880

S1A -

S1B 940

S1C -

S2 1920

S3 340

S4 460

S5 4800

S5.1 280

S6 160

S7 360

Naturalmente, as soluções S1 e S5 apresentam uma maior extensão linear de área de REN atravessada, em virtude da maior extensão de cada uma destas soluções: cerca de 55500 m na S1 e cerca de 33050m na S5, a que corresponde cerca de 7% de desenvolvimento sobre REN no caso da S1 e de 14,5% no caso da S5. Ressalve-se que parte destas áreas de REN correspondem à transposição de linhas de água que serão atravessadas em viaduto e que alguns trechos da S5 são sobrepostos à plataforma da EN239, portanto não provocando uma ocupação de REN com a mesma expressão que no caso da criação de uma plataforma totalmente nova.

A entidade responsável pela autorização de ocupação de solos da REN, no caso do presente projecto, é a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.

Reserva Agrícola Nacional

A Reserva Agrícola Nacional (RAN) tem como objectivo defender os solos de maior potencialidade agrícola, independentemente do seu uso efectivo num dado momento, assim como as áreas objecto de investimentos significativos destinados a aumentar a sua capacidade produtiva (por exemplo, criação de regadios, projectos de emparcelamento rural, etc.). O regime jurídico da RAN foi recentemente revisto, encontrando-se agora definido pelo Decreto-Lei nº 73/2009, de 31 de Março.

Estes dois concelhos têm delimitada a sua área de RAN, correspondendo à delimitação definida nos respectivos PDM, pois a sua delimitação inicial é anterior à destes planos:

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Castelo Branco através da Portaria nº 139/93, de 8 de Fevereiro, Idanha-a-Nova pela Portaria nº 172/93, de 15 de Fevereiro.

Na área em estudo, os solos da RAN ocorrem essencialmente associados às várzeas das principais linhas de água e seus afluentes.

No Quadro 4.10.5 apresentamos as extensões lineares de RAN atravessadas pelos diversos traçados em estudo.

Quadro 4.10.5 - Extensões da RAN atravessadas

Soluções de traçado Extensão de RAN (m)

S1 4850

S1A 320

S1B 940

S1C -

S2 2140

S3 80

S4 -

S5 3010

S5.1 140

S6 440

S7 80

A S1 inscreve-se em cerca de 8,7% sobre solos integrados na RAN e a S5 em cerca de 9,1%, devendo ainda referir-se a S2, que embora de menor extensão se inscreve em cerca de 21% sobre áreas de RAN.

A delimitação da RAN apresenta-se no Desenho 120-EP-80-07.

A autorização para a ocupação não agrícola de solos da RAN é da competência da Entidade Regional da RAN do Centro.

Domínio Público Hídrico

Estão sujeitos a esta servidão os leitos e as margens das linhas de água navegáveis ou flutuáveis (largura mínima de 30 m em cada margem) e não navegáveis nem flutuáveis (largura mínima de 10 m em cada margem); nenhuma das linhas de água cruzadas pelo IC31 é considerada como navegável, nos troços onde ocorre o seu cruzamento. As intervenções nessas áreas estão sujeitas a autorização por parte da Administração da Região Hidrográfica do Tejo, entidade responsável pelo Domínio Hídrico nesta região.

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Em todas as soluções em estudo ocorrem atravessamentos de linhas de água, através de passagens hidráulicas ou, quando justificado, por viaduto; as únicas linhas de água com expressão significativa são a Ribeira de Alpreade (atravessada pelas Soluções 1 e 2), a Ribeira das Taliscas (Soluções 1, 3, 4, 5 e 5.1) e o Rio Ponsul (Soluções 1, 5 e 6).

A servidão relativa ao atravessamento de linhas de água é regulada pela Lei nº 54/2005, de 15 de Novembro, que estabelece a titularidade dos recursos hídricos, e pela Lei nº 58/2005, de 29 de Dezembro, que aprova a Lei da Água.

Exemplares de sobreiros e azinheiras

Embora não sejam espécies florestais dominantes na região atravessada pelo IC31, encontram-se alguns povoamentos de sobreiro ou azinheira ao longo das soluções em estudo, ocorrendo algumas interferências sobre estas espécies legalmente protegidas (Decreto-Lei n.º 169/2001, de 25 de Maio, alterado pelo Decreto-Lei n.º 155/2004, de 30 de Junho).

O maior atravessamento ocorre na S1 (cerca de 4600 m), sendo também de referir a S1B (1000 m), a S1C (400 m), a S2 (600 m), a S3 (100 m), a S4 (100 m), a S5 (2100 m) e a S7 (100 m).

A entidade de tutela destas situações é a Autoridade Florestal Nacional, podendo a autorização para corte de exemplares isolados ser dada pela Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro.

No Desenho da Síntese de Condicionantes estão representadas as manchas de sobreiro e azinheira na área de estudo.

Olival

O atravessamento de olivais ocorre com maior expressão em duas situações (S1 com 6900 m, e S5 com 5300 m), mas também se verificam atravessamentos com alguma expressão na S1A (200 m), S1B (500 m), S1C (1200 m), S2 (400 m), S3 (400 m), S4 (100 m), S5.1 (1500 m) e S6 (800 m).

O Decreto-Lei nº 120/86, de 28 de Maio, estabelece medidas de protecção ao olival nacional, considerado um património de grande valor e como um factor de equilíbrio social, económico e ecológico. Esta condicionante não se aplica nos casos de corte ou arranque de oliveiras isoladas.

A entidade responsável pela autorização de cortes de olival é a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro.

Outras áreas florestadas

Embora não sejam povoamentos florestais de grande sensibilidade ambiental, os eucaliptais e pinhais também estão protegidos em relação aos cortes prematuros, pela sua importância

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económica e para as políticas de ocupação do solo. Assim o corte prematuro de pinheiro-bravo (em áreas superiores a 2 ha) e de eucaliptos (em áreas superiores a 1 ha) deverão obrigatoriamente ser comunicados, como estabelecem os Decretos-Lei n.º 173/88 e 174/88, ambos de 17 de Maio.

Outras situações de condicionamento aos usos do solo

Os marcos geodésicos situados na envolvente das soluções em estudo encontram-se todos relativamente afastados, sempre para lá da sua área de protecção imediata (15 metros em seu redor) e sem interferência sobre as suas linhas de visibilidade.

Foram identificados dois pontos de água referenciados como utilizáveis para o combate a incêndio no interior dos corredores das soluções propostas: um deles, que será directamente afectado pela via, fica na área de desenvolvimento do Nó de Proença-a-Velha da Solução 5.1; o outro, que não se prevê que venha a ser afectado, fica sob o limite do corredor da Solução 5, cerca do km 47+850.

Não foram identificadas, ao longo dos corredores em estudo, instalações militares ou da defesa nacional, áreas de indústria extractiva ou afectas à protecção ou exploração de recursos geológicos ou outras situações semelhantes.

Alguns equipamentos ou infra-estruturas localizados na área de estudo estão dotados de servidões administrativas, sendo estas situações identificadas de seguida.

Nesta área existem diversas infra-estruturas de energia (linhas de média e alta tensão, integrantes da Rede de Distribuição de energia eléctrica), de telecomunicações (via aérea), de abastecimento e saneamento público (condutas adutoras e colectoras) e outros serviços, que se prevê possam ser afectados pelo projecto, sendo necessário proceder à sua protecção ou reposição.

Estas situações são muito variadas, tendo necessariamente que ser desenvolvidas no âmbito do Projecto de Execução da solução de traçado que vier a ser seleccionada, tendo que ser levadas em conta as disposições regulamentares correspondentes a cada situação.

No Anexo 1.5.1 apresenta-se cópia da correspondência trocada com diversas entidades no âmbito deste EIA, onde se documenta a informação acerca de algumas destas situações.

Alguns equipamentos e infra-estruturas, pela sua especificidade ou especial sensibilidade justificam, no entanto, menção particular desde já.

O IC31 irá cruzar e articular-se com a rede viária local e regional, sendo de destacar as vias onde se prevê o estabelecimento de ligações, através de nós rodoviários: o IP 2 / A23, as EN18 e 18-7 e as EN 233, 239, 240, 332 e 353 (estas, desclassificadas da rede nacional pelo PRN) e ainda as EM 557 e 560.

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A generalidade das restantes situações de intercepção de estradas nacionais e municipais, assim como grande parte dos caminhos municipais, será restabelecida através de passagens desniveladas.

Logo na parte inicial da área de estudo será cruzada a linha férrea da Beira Baixa, através de passagens superiores (S1, ao km 4+385 e S1B, ao km 1+837).

Um pouco mais à frente, as mesmas soluções cruzam também o gasoduto Portalegre – Guarda (Lote 5), em situação de aterro (S1 ao km 4+783 e S1B ao km 2+318).

A S5 passa próxima da ETAR de Medelim, mas sem qualquer interferência sobre a mesma. Nesta mesma solução, cerca do km 49+250, o corredor sobrepõe-se a uma lixeira selada, situação que deverá ser considerada no projecto final do restabelecimento local aí previsto.

Já no final do lanço, na zona de sobreposição das Soluções 1 e 5, assinale-se o aeródromo de Monfortinho. Esta pista tem uma orientação sensivelmente norte-sul, ficando disposta praticamente na perpendicular em relação ao desenvolvimento do traçado do IC31, mas o topo da pista fica a cerca de 700 m para sul do limite do corredor envolvente às soluções em estudo e a uma cota cerca de 25 m superior à plataforma proposta para a via.

4.10.5 Classes de uso do solo

A classificação dos solos atravessados pelo IC31 na perspectiva pedológica foi já abordada no capítulo 4.5 do presente volume do EIA. A sua ocupação actual foi pormenorizadamente descrita no capítulo 4.9 e a sua classificação no âmbito do ordenamento do território foi sintetizada acima, neste mesmo capítulo.

Considera-se ainda, neste ponto, a classificação de usos a partir da cartografia digital do Centro Nacional de Informação Geográfica (CNIG). Após análise da cartografia do CNIG na envolvente dos corredores do IC31 e a realização de trabalho de campo, para aferição e actualização dessa informação, optou-se por produzir uma cartografia simplificada (Desenho 120-EP-80-09), baseada em agrupamentos das classes de uso definidas pelo CNIG, conforme indicado no Quadro 4.10.6.

A sigla em maiúscula, seguida de traço, significa que qualquer associação com a classe dominante, fica englobada naquela.

Quadro 4.10.6 - Classes de uso do solo obtidas a partir do agrupamento das classes definidas pelo CNIG

Classes de uso consideradas no Desenho 120-EP-80-09

Classes de uso da cartografia do CNIG

ÁREAS AGRÍCOLAS

Ca – Cultura arvense de sequeiro CC1, CV, CA, CO, CX, C1, C-, II1

Cr – Cultura arvense de regadio CC2

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Classes de uso consideradas no Desenho 120-EP-80-09

Classes de uso da cartografia do CNIG

ÁREAS AGRÍCOLAS

Po - Pomar A-

V – Vinha V-

Ol – Olival O-

ÁREAS FLORESTAIS

Ec – Eucaliptal E-

Pb – Pinhal P-, M-, R-

Ms – Montado de sobro ou azinho B-, Z-

Cv – Carvalhal Q-

Fl – Outras folhosas T-, N-, F-

OUTRAS ÁREAS

Ma – Matos D-, II2, QQ6/FF6, ZZ6/bb6, I-

Ar – Afloramentos rochosos JY2

As – Áreas sociais UU, SW, SL, JJ, J-

H – Rios e albufeiras HH1, HH2

Da observação do Desenho 120-EP-80-09, no entanto, verifica-se que os traçados em estudo apenas atravessam, de modo sensível, as seguintes classes de uso:

Ar – Afloramentos rochosos

Ca – Cultura arvense de sequeiro

Cr – Cultura arvense de regadio

Cv – Carvalhal

Ec – Eucaliptal

Ma – Matos

Ms – Montado de sobro ou azinho

Ol – Olival

Pb – Pinhal

V – Vinha

No Quadro 4.10.7 apresenta-se a ocupação linear destas classes por cada uma das soluções em estudo, medida ao eixo das plataformas propostas, incluindo os ramos previstos dos nós, sublinhando-se a amarelo a ocupação dominante em cada solução; apenas se consideram classes com uma expressão territorial mínima, entendendo-se tal como pelo menos 500 m de ocupação linear no total das várias soluções de traçado.

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Quadro 4.10.7 - Classes de ocupação do solo em cada solução de traçado (em metros)

Classes de uso

Sol.1 Sol.1A Sol.1B Sol.1C Sol.2 Sol.3 Sol.4 Sol.5 Sol.5.1 Sol.6 Sol.7

Cultura arvense de sequeiro

21050 1400 5600 1550 5050 960 1250 13310 1580 2350 1180

Cultura arvense de regadio

700 200 600 250 80

Carvalhal 230 1400 60

Eucaliptal 9010 500 1800 1840 2000 4280 2900 1230

Matos 8260 50 400 750 1250 730 50 6380 800 1180

Montado de sobro ou azinho

6140 1550 450 800 240 - 2440 300 280

Olival 7330 200 650 1250 650 - 350 7240 1660 420 140

Pinhal 1390 250 450 50 150 520 850

Vinha 450 200 80

Conforme este Quadro, as áreas de culturas de sequeiro, onde dominam as arvenses, os pastos e as áreas destinadas a forragem para gado, constituem a classe de uso do solo dominante na maioria dos traçados, em forte contraste com as parcelas de uso agrícola mais qualificado, como o regadio ou a vinha, que têm uma expressão quase residual.

A parte inicial do IC31, onde se desenvolvem as soluções S1, S1A e S1B, apresenta boas condições agrícolas, repartindo-se entre olival, vinha (sobretudo junto a Alcains), pastagens e culturas de sequeiro e hortícolas.

Os solos agrícolas voltam a surgir a nascente de Medelim, no traçado da S5, onde se destaca a várzea da ribeira de Monsatela, e a norte de Idanha-a-Velha, nas soluções S1 e S1C, com olivais e pastagens.

Os principais olivais atravessados pela S5 surgem nesta segunda metade da área de estudo, junto à ribeira do Lagar (cerca do km 38+800 a 41+500) e no vale da Barroca da Figueira, que se prolongam para sul, até às soluções S1 e S6.

O rio Ponsul, para onde começam a convergir os trechos finais destas soluções, possui uma várzea estreita, explorada com culturas regadas, fruteiras e vinha, em parcelas de pequena dimensão. Na margem direita, existem olivais.

As principais áreas de floresta de produção são constituídas por eucaliptal e ocorrem, com maior extensão, nos seguintes trechos:

A nascente e sudeste de Proença-a-Velha (km 25+500 a 29+200 da Solução 5.1; km 25+000 a 28+000 da Solução 5; km 25+000/27+000 da Solução 3; km 25+000/31+000 da Solução 1);

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A sul de Monsanto (km 33+000 a 35+000 da Solução 1);

A sudoeste de Penha Garcia (km 41+000 a 43+000 da Solução 6).

A afectação directa de pinhal é bastante reduzida.

Têm bastante maior expressão que o pinhal outras manchas florestais, constituídas por montado e povoamentos de sobreiro e azinheira.

Deve ainda referir-se a presença de boas áreas de carvalhal entre Oledo e Proença-a-Velha, sobretudo na proximidade da S2.

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4.11 Património Cultural

4.11.1 Introdução

Este subcapítulo, bem como os subcapítulos 5.11, 6.11 e 7.11, baseia-se no Relatório de Trabalhos Arqueológicos, da responsabilidade da arqueóloga Pilar Reis, já submetido à apreciação do Instituto de Gestão do Património Arqueológico e Arquitectónico (IGESPAR). Os trabalhos foram autorizados pelo IGESPAR, nos termos do Regulamento de Trabalhos Arqueológicos, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 270/99, de 15 de Julho, alterado pelo Decreto-Lei n.º 287/2000, de 10 de Novembro (Anexo 4.11.1).

O relatório, apesar da sua designação, e o texto vertido para o presente EIA integram não apenas o património arqueológico mas também o património arquitectónico e etnográfico.

No Anexo 4.11.2 reproduz-se o ofício do IGESPAR que aprova o Relatório Técnico-Científico que serviu de base à elaboração do factor Património Cultural do presente EIA.

No ponto 4.11.2 descreve-se a metodologia utilizada e no ponto 4.11.3 identificam-se e caracterizam-se os elementos patrimoniais identificados nos corredores de 400 m de largura centrados nos traçados em estudo, bem como os elementos patrimoniais situados na envolvente mas que proporcionam um enquadramento dos valores patrimoniais presentes. O subcapítulo termina com uma breve síntese histórica da área em que se desenvolvem os traçados do IC31.

No Anexo 4.11.3 apresenta-se a Cartografia dos Sítios Patrimoniais.

4.11.2 Metodologia

A primeira fase de trabalho foi dedicada à recolha de dados bibliográficos e documentais, assumindo como área de estudo um amplo corredor, no interior do qual, se desenham as várias propostas de traçado. Esta análise, mais abrangente, teve como primeiro objectivo reunir um conjunto de dados que posteriormente permitisse realizar uma triagem da informação, baseada na proximidade entre as ocorrências registadas e as diferentes opções de traçado em análise.

A recolha de dados realizou-se através da consulta bibliográfica, que incluiu a consulta de material não publicado, entenda-se teses de mestrado e inclusive trabalhos de fim de curso depositados no Instituto de Arqueologia da Universidade de Coimbra. A par desta recolha, foi também reunida toda a informação disponibilizada nas bases de dados desta especialidade, IHRU, IGESPAR (base de dados do Endovélico), complementada com toda a informação disponível na internet, em sites de carácter institucional e oficial, como são os

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pertencentes às duas autarquias, ou mesmo páginas pessoais dedicadas a uma ou outra localidade.

Este trabalho foi facilitado pelo facto de existir um primeiro Estudo Prévio, pelo qual fomos responsáveis pelo estudo da sua componente patrimonial, com um número e perfil de opções de traçado em todo semelhante ao actual. Aliás, as alterações entre ambas as propostas de traçados resultam, na sua maioria, da existência de património arqueológico detectado ao longo do EIA de 2001.

Foi também nesta primeira fase de trabalho que se considerou essencial o contacto com as entidades locais, concretamente com os gabinetes de arqueologia de ambas as autarquias afectadas pelo projecto, Castelo Branco e Idanha-a-Nova.

Para Castelo Branco efectuamos o contacto com a Dr.ª Sílvia Moreira (ver Anexo 4.11.1) que nos informou da inexistência de uma base de dados autárquica com a georreferenciação do património do concelho albicastrense. Julgamos que será este o motivo pelo qual não obtivemos resposta à nossa solicitação.

A Associação de Estudos do Alto Tejo, tem desenvolvido esforços para a publicação da Carta Arqueológica do Tejo Internacional, cujo segundo volume é dedicado às freguesias de Malpica e Monforte. Este é um contributo importante para o conhecimento da arqueologia do concelho de Castelo Branco. Acrescente-se como um dos últimos contributos a recente publicação do catálogo das colecções de Francisco Tavares Proença Júnior pelo homónimo Museu, editado em 2004, no qual se reúne um conjunto importante de textos sobre alguns dos sítios arqueológicos mais importantes da região de Castelo Branco. Em 2008 teve lugar uma importante reunião científica em Castelo Branco, o “Congresso Internacional de Arqueologia. Cem anos de investigação arqueológica no Interior Centro”, cujas actas serão uma importante colectânea sobre o ponto da investigação na Beira Interior.

Como elemento indicativo referira-se que, para o concelho de Castelo Branco, a base de dados Endovélico regista 521 entradas, das quais 8 pertencem à freguesia de Alcains, 16 à da Lousa e 2 à de Escalos de Cima (a consulta à base de dados foi realizada entre os dias 15 e 30 de Março de 2009). Porque alguns destes sítios são resultado de trabalhos de emergência e, na sua larga maioria, não foram publicados, solicitou-se ao IGESPAR os dados completos de todos os locais pertencentes às freguesias afectadas. No Anexo 4.11.1 apresentam-se as tabelas enviadas pelo IGESPAR, nas quais constam todos os locais para os quais se solicitaram as respectivas coordenadas geográficas. Como se explicita na referida alínea integrada em anexo, para alguns desses locais não existem coordenadas, pelo que se mantiveram, nalguns casos, as relocalizações efectuadas em campo e, para outros, maioritariamente mais distantes dos traçados em análise, a localização aproximada com referência ao topónimo e/ou às descrições existentes do local.

No que diz respeito ao concelho de Idanha-a-Nova, o panorama é ligeiramente diferente. A freguesia de Idanha-a-Velha conta com a publicação da sua Carta Arqueológica (Baptista, 1998), e com o volume 3 da Carta Arqueológica do Tejo Internacional (Henriques, 1995). Foi divulgado o inventário dos sítios e monumentos da freguesia do Rosmaninhal. Para além destes estudos, outros, publicados recentemente, têm tido como objectivo o estudo do património arqueológico da freguesia de Monsanto (Henriques e Camisão, 2008) e Penha Garcia. Mas o interesse arqueológico despertado por algumas zonas do concelho de Idanha-a-Nova, como são Monsanto e Idanha-a-Velha, desde cedo se reflectiu numa

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numerosa bibliografia, sendo o artigo de Octávio da Veiga Ferreira (Ferreira, 1978) o resultado dos trabalhos de prospecção de campo realizados com este fim.

Foi também realizada uma análise toponímica, baseada na cartografia disponível juntamente à informação oral recolhida nos locais prospectados, na expectativa de identificar microtopónimos. Uma breve aproximação à toponímia existente neste extenso corredor é inserida na síntese histórica. Contudo, a informação oral recolhida não forneceu dados relevantes para o conhecimento do património existente no corredor em estudo. Todos os elementos toponímicos relevantes existentes no interior dos corredores em estudo foram objecto de prospecção de campo.

Para o património arquitectónico foram consultadas as obras fundamentais para qualquer investigação nesta área (Almeida, 1976; Salvado, 1976) e publicações e artigos da especialidade.

Após uma primeira localização cartográfica, baseada nos dados documentais, procedeu-se à sua relocalização no terreno, estabelecendo assim um primeiro critério de divisão. Todos aqueles sítios que distavam mais de 500 m do traçado foram agrupados na listagem de “património de enquadramento”, enquanto os remanescentes foram alvo de relocalização. Destes últimos foi feita uma triagem definitiva, em que todos aqueles que se localizavam a mais de 200 m do traçado, passaram a ser considerados como “património de enquadramento”, enquanto os restantes foram descritos e cartografados, sendo estes elementos ponderáveis para a avaliação ambiental deste projecto. Sublinhe-se que a alteração de traçados entre as propostas de 2001 e as actuais alteraram o impacte de determinadas escolhas de traçado, pelo que se afigurou fundamental caracterizar, no momento actual, o estado de conservação e as características dos sítios anteriormente cartografados e a sua real relação com os actuais traçados. Nalguns casos o resultado foi a identificação de novos locais ou de diferentes áreas de dispersão de materiais à superfície. Optou-se também pela exclusão deliberada de todo o denominado património rural, ou seja, todo aquele equipamento que é característico da actividade agrícola tradicional, principalmente todos os sistemas de elevação de água associados à rega dos campos e referências à arquitectura rural. O motivo é a fórmula actual de ponderação para escolha dos traçados de menor impacte, mas também a assimetria do resultado final no âmbito de estudo prévio. A inventariação deste património apenas faz sentido se for realizada uma prospecção sistemática. Exceptuam-se as situações em que o património rural é de grande relevância. No presente estudo o sítio E28, Sítio dos Moinhos, em Proença-a-Velha e junto à ribeira das Taliscas, é incluído porque se trata de um conjunto singular de moinhos mencionados em documentação do séc. XIII (Mendonça, 2000).

Os trabalhos de prospecção tiveram como base cartográfica os levantamentos 1:5 000 e 1:25 000, material acompanhado da cartografia 1:25 000 original, propriedade da Pavone & Reis.

A localização dos sítios obedeceu, a um critério de distância em relação aos traçados, considerando-se que um corredor de 400 m centrado no eixo das vias permitia avaliar os impactes reais da obra. Teoricamente, um elemento situado no exterior desse corredor não será afectado, a não ser pela implantação de um estaleiro ou o alargamento de uma via de acesso à frente de obra. Por este motivo incluíram-se os sítios de enquadramento, assinalados em cartografia 1:25 000 e diferenciados dos sítios do corredor através da letra E, que antecede a numeração (Desenho 120-EP-80-10).

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A extensão deste projecto e o elevado valor histórico-patrimonial de algumas das regiões que atravessa, como são as áreas envolventes a Proença-a-Velha, Idanha-a-Velha e Monsanto, foram sem dúvida um desafio ao rigor pretendido na avaliação ambiental, a que devemos somar a desactualização das informações fornecidas por algumas das referências consultadas. Recorde-se que a história da arqueologia portuguesa e a sua evolução epistemológica baseia-se em trabalhos, nalgumas das vezes “experimentais” e pioneiros, que tiveram neste território um dos seus laboratórios predilectos. Não deixa de ser ambiguamente estimulante, mas também intimidante, o elevado número de sítios inéditos registados, alguns de elevadíssima importância para o conhecimento da arqueologia beirã.

O reconhecimento no terreno foi realizado através da prospecção selectiva, processo que assume o conhecimento a priori como técnica de localização, sem contudo significar que em áreas restritas não se proceda à prospecção sistemática. Em conformidade ao exigido pela EP é incluída cartografia em escala 1:25 000 na qual se assinalam as áreas objecto de prospecção sistemática e selectiva. Salienta-se que as zonas de prospecção sistemática obedecem a uma metodologia adaptada à actual fase de estudo e não correspondem integralmente a todos os requisitos metodológicos que a sua aplicação exige em trabalhos de reconhecimento sistemático do terreno. Todavia, e perante a exigência metodológica, apresentamos a cartografia da mesma no Desenho 120-EP-80-10.

Como metodologia descritiva optou-se por cartografar no terreno cada um dos locais e registar as coordenadas do local com GPS, ou do ponto central de uma mancha de ocupação.

Cada uma das realidades registadas foi objecto de uma análise e ponderado o seu valor patrimonial e científico, elementos considerados essenciais para traduzir uma avaliação que obrigatoriamente se deve quantificar. Toda a informação foi posteriormente versada na base de dados e transformada em fichas unitárias, nas quais consta toda a informação relativa a cada um dos sítios.

A ficha individual é composta por um conjunto de campos: o número do local, sequencial de Castelo Branco para Monfortinho; o topónimo; a natureza do elemento descrito (ARQT – arquitectónico, e ARQUEO – arqueológico); o CNS (Código Nacional de Sítio atribuído pelo ex-IPA), sempre que existir; a localização em relação ao traçado mais próximo, indicando a solução, o quilómetro, a distância em relação ao eixo da via, e a sua localização geográfica em relação ao traçado; a localização administrativa (freguesia, concelho, distrito); as coordenadas do local; a descrição do elemento, que engloba a tipologia, cronologia, segundo o thesaurus do IGESPAR; a descrição e a bibliografia relativa ao local.

Segue-se a situação e classificação do elemento atribuindo um valor científico e patrimonial ao elemento. O primeiro item é outorgado sob uma perspectiva científica, admitindo assim o seu valor como mais-valia para o conhecimento científico e o seu papel no aprofundar da construção histórica. Esta avaliação é expressa através de várias categorias: elevada quando o elemento representa um elevado interesse cientifico, média , e reduzida . Por vezes é utilizada a sigla NA (não aplicável), quando não existem elementos suficientes para atribuir uma determinada classificação. A mesma escala de valores é utilizada na expressão do valor patrimonial. O valor patrimonial é atribuido através de uma apreciação do elemento como peça importante na disciplina arquitectónica ou como elemento representativo, ou seja, quando o elemento traduz uma realidade construtiva. Por exemplo, um achado isolado pode representar um elevado valor científico mas um reduzido valor patrimonial (ou mesmo

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Não Aplicável); ao invés, uma estação arqueológica da qual se conhece a estrutura, como por exemplo um povoado, deverá obedecer a uma elevada classificação em ambos itens. Esta fórmula de classificação não é isenta de criticas, mas serve, no âmbito de um EIA, como barómetro e processo de triagem de cada elemento, avaliando-o da forma mais clara e concisa. No capítulo 6.11 é descrita a avaliação de impactes, que seguiu os critérios gerais do EIA, acompanhada pelas medidas de mitigação de impactes a adoptar em cada um dos casos.

A esta seriação dos elementos patrimoniais advém uma análise dos impactes de cada uma das opções de traçado e as possíveis alternativas de traçado. Recorrendo à metodologia geral do EIA transformou-se esta informação em quadros que permitem uma leitura clara dos dados. Quantificou-se esta informação para analisar as opções e escolher o traçado que, do ponto de vista patrimonial, representa o menor impacte na preservação do património cultural.

4.11.2.1 Duração dos trabalhos

Os trabalhos de campo decorreram entre os dias 29 de Março e 18 de Abril de 2009. Entre os dias 1 e 3 de Agosto foram realizados novos trabalhos de relocalização, no âmbito da revisão do presente estudo e após terem sido fornecidas, pelo IGESPAR, as coordenadas geográficas dos sítios presentes na sua base de dados.

4.11.2.2 Equipa de trabalho

Os trabalhos foram coordenados por Maria Pilar Reis (arqueóloga) com a colaboração da técnica de arqueologia Marília Moço, no desenvolvimento dos trabalhos de campo e elaboração dos desenhos finais.

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4.11.3 Descrição do ambiente afectado pelo projecto

4.11.3.1 Locais identificados no corredor em estudo

Troço Poente

Nº 001 Topónimo Cabeça Pelada 1

ARQUEO CNS - 6841

1. Localização do Traçado

Solução 1B Nó1 S1B 50 m A oeste

2. Localização Administrativa

Alcains Castelo Branco Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 39º56’53’’N Long 007º27’29’’W Alt. 416 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Povoado

Cronologia Neo-Calcolítico

Descrição Sítio localizado no sopé do monte da Cabeça Pelada. São daqui provenientes alguns materiais, depositados no Museu Tavares Proença, entre os quais cabe destacar: um bordo cerâmico, decorado internamente com um triângulo em pontilhado inciso, três pontas de seta e inúmeros fragmentos de cerâmica lisa. Foi também localizado na área envolvente um possível menir. Em 1989, como consequência do traçado do IP2 entre Alpedrinha e Alcains, o local é prospectado e descrito como uma área com muitos fragmentos de mós manuais de granito e algumas pedras com fossetes. Em 1993, no âmbito do EIA do IP2 são realizadas sondagens arqueológicas no local, dirigidas por António Carlos Valera. As cinco valas de sondagem permitiram concluir que “a área onde irá passar o IP2 se encontra bastante revolvida por sucessivas lavouras efectuadas há algum tempo não apresentando vestígios arqueológicos. Estes em pouca quantidade, aparecem à superfície no topo do cabeço e no topo das vertentes, mas não atingem as zonas que vão ser afectadas pelos trabalhos de abertura da estrada, não existindo prolongamentos de uma ocupação pré-histórica para a base este do cabeço.” Nos actuais trabalhos de prospecção constatou-se a existência de material lítico com marcas de talhe, bem como alguns seixos com visíveis zonas de talhe, podendo tratar-se de núcleos resultantes de desbaste. Todavia, confirma-se a inexistência de estruturas no topo do cabeço, ou seja na envolvente ao marco geodésico, sendo contudo visível um escalonamento da vertente oriental. Foram localizados alguns fragmentos de tegulae e de cerâmica de armazenamento atribuíveis ao período romano na zona envolvente ao cabeço, correspondendo porventura, à estação romana localizada no início do século XX. A estes últimos vestígios e face à distância entre eles e o cabeço, foi atribuída numeração independente (ver sítio 002).

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Bibliografia InfArq,1979 : 13 – 14

Vasconcelos,1918: p.1 -8.

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Destruído

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência IND.

Duração PER

Ocorrência P

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

O local já foi objecto de intervenções arqueológicas, preconizando-se apenas as medidas de mitigação gerais.

8. Desenhos

120-EP-S1B-10-01

9. Fotos

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Nº 002 Topónimo Cabeça Pelada 2

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução1B Nó1 S1B 160 m A oeste

2. Localização Administrativa

Alcains Castelo Branco Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 39º57’00’’N Long. 7º27’32’’W Alt. 377 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Mancha de ocupação

Cronologia Romano

Descrição As referencias bibliográficas descrevem a existência neste local de pesos de tear, fragmentos de tegulae e tijolos, bem como, os vestígios de um forno cerâmico identificado a escassos metros daqui. É provável que a inscrição dedicada a REVE LANGANID(ECUS) seja daqui proveniente.

A prospecção da envolvente do cabeço demonstrou a existência de escassos fragmentos de tegulae e de cerâmica de armazenamento de período romano. Porém a pouca expressividade da amostragem registada no terreno sugere que o local, descrito na bibliografia foi sucessivamente destruído pelas lavras do terreno.

Bibliografia Alarcão, 1988 : 74

Garcia, 1984 : 69

Roque, 1975 : 65

Salvado, 1980 : 129

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Destruído

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência IND.

Duração PER.

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Ocorrência I

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

A distância entre a alternativa e o sítio não recomenda a adopção de medidas específicas.

8. Desenhos

120-EP-S1B-10-01

9. Fotos

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Nº 003 Topónimo São Domingos

ARQT CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1.1 km 0+285 45 m A norte

2. Localização Administrativa

Alcains Castelo Branco Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 39º55’07’’N Long 007º28’19’’W Alt. 354 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Capela

Cronologia Séc. XVII

Descrição Ermida construída no séc. XVII, conserva no altar uma graciosa imagem representando o orago, São Domingos. A 30 m da fachada sobre o afloramento granítico ergue-se um cruzeiro em granito com a data de 1628. A envolvente da capela está definida por um murete em alvenaria, que engloba um pequeno coreto em cimento e uma estrutura de apoio à festa anual.

Bibliografia Almeida, 1976: p 62

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Muito Bom

Uso do Solo Urbano

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência IND.

Duração PER

Ocorrência P

Dimensão Espacial R

Reversibilidade IRREV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

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Deverão ser colocadas barreiras de protecção nos muros que delimitam o santuário, evitando a utilização desta área por parte dos veículos relacionados com a obra. O cruzeiro deverá ser recolocado na área envolvente.

8. Desenhos

120-EP-S1-10-01

9. Fotos

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Nº 004 Topónimo Fonte das Freiras

ARQT CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1A km 0+400 (Ramo D) 100 m A norte

2. Localização Administrativa

Alcains Castelo Branco Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 39º55’07’’N Long 007º28’19’’W Alt. 354 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Fontanário

Cronologia Moderno

Descrição Junto à EN 18, fontanário público com bebedouro. A frontaria é de construção contemporânea e ostenta um escudo nacional, encimado por coroa.

Bibliografia Galhoz, 1991: p. 205

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Muito Bom

Uso do Solo Viário

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência IND.

Duração TEMP.

Ocorrência I

Dimensão Espacial L

Reversibilidade REV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

Não são aplicáveis medidas específicas.

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

191/271

8. Desenhos

120-EP-S1A-10-01

9. Fotos

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

192/271

Nº 005 Topónimo Quinta do Senhor Barão

ARQT CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1.2 km 4+030 175 m A sul

2. Localização Administrativa

Escalos de Cima Castelo Branco Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 39º56’41’’N Long 007º24’29’’W Alt. 372 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Fonte

Cronologia Medieval / Moderna

Descrição Fonte de mergulho construída com silhares de granito. A fonte encontra-se integrada num muro de divisão de propriedade que a descontextualizou. Obras recentes afectaram o seu caudal. Junto à fonte encontra-se um bebedouro por ela alimentado, o que sugere a importância deste caminho na trama viária mais antiga.

Bibliografia Inédito.

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Bom

Uso do Solo Rural

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência IND.

Duração TEMP.

Ocorrência I

Dimensão Espacial R

Reversibilidade REV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

193/271

Não são aplicáveis medidas específicas.

8. Desenhos

120-EP-S1B-10-03

9. Fotos

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

194/271

Nº 006 Topónimo Quinta das Mandanhas

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1B km 7+600 No eixo -

2. Localização Administrativa

Lousa Castelo Branco Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 39º57’34’’N Long 007º22’13’’W Alt. 308 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Mancha de ocupação

Cronologia Romano

Descrição No topo duma suave elevação, cortada pela EN 233, e delimitada a sul pela ribeira do Cabeço, encontra-se uma vasta área de dispersão de fragmentos de cerâmica de construção de cronologia romana, composta por tegulae, tijolos e imbrex; no topo da elevação são visíveis indícios de uma estrutura, da qual se reconhecem alguns alinhamentos. Sendo uma zona de montado dedicada ao pasto, não apresenta lavras profundas o que deve ter permitido a conservação das fundações da estrutura. A área de dispersão de materiais está obviamente relacionada com uma segunda área identificada a oriente da EN (Quinta das Mandanhas 2, nº7) e formaria parte do mesmo conjunto habitacional, actualmente separado pela estrada. Este sítio arqueológico, inédito, apresenta uma mancha de ocupação de aproximadamente 35 000 m2. À superfície apenas se identificaram fragmentos de cerâmica de construção.

Ao procedermos à relocalização deste sitio arqueológico identificado em 2004, foi-nos impedido o acesso ao local pelo proprietário do terreno. Nas bermas da estrada e na zona de acesso à propriedade, situada a escassos 450 m a norte do traçado da S1B (quase onde termina o traçado do Ramal D do Nó 4 desta solução), são visíveis alguns materiais cerâmicos, mas que, pelas razões já descritas não nos foi possível documentar. Mantemos as áreas de dispersão definidas em 2004, por não se terem observado alterações na estrutura do solo. Referir que durante esta relocalização se procediam aos trabalhos de requalificação das bermas e pavimento da EN 233.

Bibliografia Inédito.

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Desconhecido

Uso do Solo Rural

6. Avaliação de Impactes

Natureza

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

195/271

Magnitude

Incidência DIR.

Duração PER.

Ocorrência C

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

Para avaliar o potencial arqueológico deste sítio propomos a realização de uma campanha de sondagens arqueológicas localizadas na área a ser directamente afectada pela construção desta alternativa.

8. Desenhos

120-EP-S1B-10-05

9. Fotos

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

196/271

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

197/271

Nº 007 Topónimo Quinta das Mandanhas 2

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1B km 7+850 No eixo -

2. Localização Administrativa

Lousa Castelo Branco Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 39º57’35’’N Long 007º22’08’’W Alt. 302 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Villa ?

Cronologia Romano

Descrição No interior de uma área vedada e no topo de uma elevação, detecta-se uma mancha de ocupação caracterizada por inúmeros fragmentos de cerâmica de construção entre os quais um tijolo (um bessalis) completo, fragmentos de tegulae, imbrices e cerâmica comum; na ligeira pendente da elevação em direcção à EN 233, na área de maior concentração de cerâmica identificam-se indícios de uma estrutura à qual pertencem alguns silhares, em granito, existentes no local. A linha de água que corre a norte deste local, bem como a ribeira do Cabeço situada a sul deste ponto, arrastaram materiais de cronologia romana até uma pequena albufeira (Barroca), na qual foi encontrado um fragmento de fundo de uma sigillata clara D bastante erodida (assinalada na planta com a letra a) e um silhar com marca de talhe que aparenta ser uma peça esculpida inacabada, talvez o tambor de uma coluna (?). Nas construções pertencentes a esta Quinta onde se assinala a existência de um curral para criação de porcos construído em pedra seca, observaram-se inúmeros silhares em granito reaproveitados como material de construção, assim como, duas soleiras, agora utilizadas como ombreiras numa das portas do curral. A servir de banco, junto a um dos anexos que acompanham o curral, encontra-se uma base de coluna talhada em granito de grão médio (assinalada na planta com a letra b). A base, de traço simples e algo tosca, apresenta plinto quadrado com 0,40 m de lado e toro e escócia circular. A coluna suportada por esta base tinha 0,25 m de diâmetro.

A estação é inédita e pela dimensão das manchas de ocupação e diversidade dos vestígios poderá corresponder a uma villa de período romano.

O ponto 7a localiza-se a 100 m a norte do km 8+250 e o 7b localiza-se a 85 m a sul do km 8+305.

Como no sítio anterior, e pelas mesmas razões, não nos foi possível a relocalização dos elementos descritos, sendo esta a delineação realizada em 2004.

Bibliografia Inédito.

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Científico

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198/271

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Desconhecido

Uso do Solo Rural

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência DIR

Duração PER

Ocorrência L

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

A prospecção realizada anteriormente não permitiu identificar o local exacto das estruturas, mas apenas grandes concentrações de material cerâmica e elementos construtivos dispersos. A análise da fotografia satélite também não forneceu dados esclarecedores. Como primeira medida poderão ser adoptadas práticas não invasivas, como por exemplo a análise da fotografia aérea e a prospecção sistemática do terreno, para determinar com maior rigor a possível localização das estruturas. Caso se confirme a sua existência na área de afectação directa, deverão ser realizadas sondagens arqueológicas para avaliação das estruturas e ponderar a hipótese de deslocação do traçado da alternativa para uma área de menor ou mesmo ausência de impacte.

8. Desenhos

120-EP-S1B-10-05

9. Fotos

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199/271

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

200/271

Troço Central

Nº 008 Topónimo Fontanhão

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 2 km 16+350 190 m A Norte

2. Localização Administrativa

Oledo Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 39º57’52’’N Long 007º18’15’’W Alt. 346 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Habitat ?

Cronologia Romano

Descrição Numa área de aproximadamente 1000m2 identificaram-se numerosos fragmentos de cerâmica de construção romana. Não entanto, foram também detectados dois fragmentos de cerâmica manual, de pasta muito micosa, não nos sendo possível determinar a cronologia desta cerâmica.

Bibliografia EIA IC31, 2001

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Desconhecido

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência IND.

Duração PER

Ocorrência I

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

A distância entre este possível habitat e a alternativa de traçado, salvaguarda o primeiro de um impacte directo, todavia deverão ser aplicadas as medidas de minimização de impactes gerais.

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

201/271

8. Desenhos

120-EP-S2-10-03

9. Fotos

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202/271

Nº 009 Topónimo Fonte da Assamaia

ARQT CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1.3 km 18+690 100 m A sul

2. Localização Administrativa

Oledo Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 39º58’41’’N Long 007º16’50’’W Alt. 350 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Fontanário

Cronologia Medieval

Descrição Fonte de mergulho construída com lajes de granito, que por sua vez alimentava um bebedouro, também ele construído em granito. A fonte surge associada a um caminho com direcção Este/Oeste. Encontra-se em mau estado de conservação.

Bibliografia Inédito.

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Mau

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência IND.

Duração TEMP.

Ocorrência I

Dimensão Espacial L

Reversibilidade REV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

A distância entre esta fonte e a alternativa salvaguarda-a de um impacte directo. Não entanto deverá ser

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

203/271

assegurada a conservação do elemento durante a execução da obra.

8. Desenhos

120-EP-S1-10-11

9. Fotos

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

204/271

Troço Nascente

Nº 010 Topónimo Barreiros 1

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 5.1 Km 24+000 25 m A Sudeste

2. Localização Administrativa

Proença-a-Velha Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º00’41’’N Long 007º14’33’’W Alt. 374 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Mancha de ocupação

Cronologia Romano

Descrição Identificada durante os trabalhos de prospecção do EIA de 2001, mantém-se praticamente a mesma área de dispersão de materiais que em pouco ultrapassa os 250 m2. O espólio identificado é composto por fragmentos de cerâmica de construção de cronologia romana, mas também alguma cerâmica comum (2 panças de uma panela) a par de escassos fragmentos de cerâmica de armazenamento, mais especificamente, um bordo e dois fragmentos de pança de um dolium.

Bibliografia Inédito. (EIA, 2001: n.º25)

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Desconhecido

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência DIR.

Duração PER.

Ocorrência C

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

205/271

Para avaliar o potencial arqueológico deste sítio propomos a realização de uma campanha de sondagens arqueológicas localizadas na área a ser directamente afectada pela construção desta alternativa, mas na área de maior concentração de espólio cerâmico.

8. Desenhos

120-EP-S5.1.-10-02

9. Fotos

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

206/271

Nº 011 Topónimo Barreiros 2

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 5.1. km 24+115 45 m A Noroeste

2. Localização Administrativa

Proença-a-Velha Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º00’46’’N Long 007º14’35’’W Alt. 374 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Mancha de ocupação

Cronologia Romano

Descrição Este sítio corresponde ao identificado durante os trabalhos de prospecção do EIA de 2001 (n.º 26). Actualmente era visível uma área de dispersão um pouco diferente, mas com uma localização coincidente. Os materiais observados à superfície são da mesma natureza, isto é cerâmica de construção de período romano, mas não identificamos fragmentos de cerâmica comum e de armazenamento como observáramos em 2001. Ocupam uma área de dispersão que não ultrapassa os 200 m2. Referir que aproximadamente a 130 metros do traçado, junto ao caminho, encontramos alguns fragmentos isolados de cerâmica de construção, que estarão relacionados com esta mesma mancha de ocupação.

Bibliografia Inédito. (EIA, 2001: n.º26)

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Desconhecido

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência DIR.

Duração PER.

Ocorrência P

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

Page 209: CASTELO BRANCO / MONFORTINHO - fenix.tecnico.ulisboa.pt · Relatório Tomo 1/3 1. Introdução 2. Objectivos e justificação do projecto 3. Descrição do projecto Relatório Tomo

IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

207/271

7. Medidas de Mitigação de Impactes

Tratando-se de uma mancha de ocupação a única metodologia válida para avaliação do potencial arqueológico será através da realização de uma campanha de sondagens arqueológicas localizadas na área a ser directamente afectada pela construção desta alternativa.

8. Desenhos

120-EP-S5.1.-10-02

9. Fotos

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

208/271

Nº 012 Topónimo Barreiros 3

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 5.1. Km 24+435 20 m A Sudeste

2. Localização Administrativa

Proença-a-Velha Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º00’46’’N Long 007º14’17’’W Alt. 395 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Mancha de ocupação

Cronologia Romano

Descrição Ao relocalizarmos os dois sítios anteriores identificamos este novo, que, pelas características e dimensões deve ser o ponto central, podendo relacionar os outros dois locais, de menor dimensão com este último.

O sítio ocupa parte da meia encosta de um cabeço, sobre o qual existe uma pequena construção agrícola, construída em xisto. Para além de numerosa cerâmica de construção, que se concentra em elevado número a ocidente do caminho, foram também identificados fragmentos de cerâmica comum, um fragmento de ânfora, e na classe da cerâmica de construção um tijolo com cunhas, material tradicionalmente utilizado na construção de edifício termais. Os 10500 m2 de dispersão de materiais sugere a existência de um número significativo de construções mas estes dados são insuficientes para identificar com alguma certeza a que tipologia de edifício podemos associar tão expressiva evidência.

Bibliografia Inédito.

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Desconhecido

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência DIR.

Duração PER

Ocorrência C

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

209/271

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

A elevada possibilidade de se encontrar neste local uma estrutura habitacional de grandes dimensões apela para a realização de uma campanha de sondagens arqueológicas para avaliar o estado de conservação do sítio, mas também para aquilatar a verdadeira natureza desta mancha de ocupação. Avaliamos a imagem satélite mas a resolução da mesma não nos permite identificar possíveis estruturas.

8. Desenhos

120-EP-S5.1.-10-02

9. Fotos

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

210/271

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

211/271

Nº 013 Topónimo Terra da Professora

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1C km 31+430 No eixo -

2. Localização Administrativa

Idanha-a-Velha Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º00’43’’N Long 007º09’16’’W Alt. 315 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Mancha de ocupação

Cronologia Romano

Descrição Sítio arqueológico com uma vasta área de dispersão de materiais, com aproximadamente 30 000m2. À superfície são visíveis numerosos fragmentos de cerâmica de construção, com uma evidente predominância de tegulae. É provável que a construção se implantasse no terraço médio da encosta, área na qual foi possível encontrar fragmentos de um dormente de uma mó e, nesta última prospecção um fragmento de movente de uma mó. O sítio arqueológico conserva as mesmas características descritas em 2001 (EIA, 2001: nº34). Entre os fragmentos de cerâmica que se espalham por este terreno identificamos alguns fragmentos de dolium. A dispersão dos materiais é certamente resultado das lavras do terreno, utilizado nas últimas décadas como montado e pasto.

Bibliografia Baptista, 1998: p. 72.

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Desconhecido

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência DIR

Duração PER

Ocorrência C

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

212/271

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

Aconselha-se a realização de uma campanha de sondagens arqueológicas para mensurar o potencial e a tipologia deste sítio arqueológico.

8. Desenhos

120-EP-S1C-10-03

9. Fotos

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

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Nº 014 Topónimo Terra da Professora 2

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1.7 km 31+545 No eixo -

2. Localização Administrativa

Idanha-a-Velha Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º00’38’’N Long 007º09’08’’W Alt. 306 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Mancha de ocupação

Cronologia Romano

Descrição Numa área de aproximadamente 4 500 m2 surge um conjunto de fragmentos cerâmicos de cronologia romana. Apesar da proximidade com o local anterior, a distribuição do material à superfície, bem como, a localização topográfica deste núcleo, sugere que esta mancha de ocupação se poderá identificar com um habitat especifico e diferente do identificado na ficha anterior (ver n. 13). A análise da fotografia de satélite permite visualizar alinhamentos agrícolas mais antigos que estarão certamente relacionados com a ocupação e organização destes campos em época imperial.

Bibliografia Inédito

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Desconhecido

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência DIR.

Duração PER.

Ocorrência C

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

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7. Medidas de Mitigação de Impactes

A visualização das imagens de satélite permite verificar a existência de alinhamentos anteriores aos actuais. Aconselha-se a realização de uma campanha de sondagens arqueológicas para mensurar o potencial e a tipologia deste sítio arqueológico.

8. Desenhos

120-EP-S1-10-19

9. Fotos

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

215/271

Nº 015 Topónimo Queijeira da Terra Grande

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1.7 km 32+025 35 m A sul

2. Localização Administrativa

Idanha-a-Velha Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º00’34’’N Long 007º08’49’’W Alt. 342 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Achado isolado

Cronologia Romano

Descrição Alguns fragmentos dispersos de cerâmica de construção romana.

Bibliografia Inédito

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Desconhecido

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência IND.

Duração PER.

Ocorrência P

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

Não se aconselham medidas especificas, para além das gerais, por se tratarem, certamente, de materiais de escorrimento.

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216/271

8. Desenhos

120-EP-S1-10-19

9. Fotos

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217/271

Nº 016 Topónimo Queijeira da Terra Grande 2

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1C km 32+060 No eixo -

2. Localização Administrativa

Idanha-a-Velha Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º00’37’’N Long 007º08’49’’W Alt. 349 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Achado isolado

Cronologia Romano (?)

Descrição Alguns fragmentos dispersos de cerâmica de construção romana e o fundo de uma panela. A cronologia desta última peça é sugerida pelo restante espólio à superfície, apesar da dificuldade em datar estas formas cerâmicas, que permaneceram ao longo dos séculos sem grandes alterações de forma.

Neste mesmo ponto observam-se numerosos quartzos brancos à superfície, o que nesta região pode indiciar a presença de um monumento megalítico, todavia a prospecção não nos permitiu registar qualquer vestígio desta tipologia de sepultura.

Bibliografia Inédito

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Desconhecido

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência DIR

Duração PER

Ocorrência C

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

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218/271

7. Medidas de Mitigação de Impactes

Não se aconselham medidas especificas, para além das gerais, por se tratarem certamente de materiais de escorrimento.

8. Desenhos

120-EP-S1C-10-03

9. Fotos

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219/271

Nº 017 Topónimo Queijeira da Terra Grande 3

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1C Km 32+170 170 m A norte

2. Localização Administrativa

Idanha-a-Velha Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º00’45’’N Long 007º08’42’’W Alt. 374 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Mancha de Ocupação

Cronologia Romano

Descrição Este sítio foi identificado no âmbito do anterior EIA em 2001 (EIA, 2001: n.º 38). Trata-se de uma extensa área de dispersão de materiais, que ocupa parte de um cabeço, junto à estrada para o Carroqueiro. È possível comprovar a existência de um elevado número de fragmentos de cerâmica de construção, cerâmica comum e alguns fragmentos de cerâmica de armazenamento. No local conserva-se também um peso de lagar, alguns silhares com elementos esculpidos, que sugerem a existência de um antigo lagar. O sítio encontra-se associado a este caminho, actualmente alcatroado e utilizado como estrada alternativa a Monsanto, que vem sendo associado ao percurso de uma das vias romanas que saía de Idanha em direcção ao norte. Joaquim Baptista (Baptista, 1998) identificou algumas estações arqueológicas nas imediações da que agora descrevemos, sem contudo encontrar alguma referencia que se possa identificar com este sítio.

Bibliografia Inédito

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Desconhecido

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência IND.

Duração PER

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220/271

Ocorrência I

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

A distância entre este sítio e a sua cota de implantação em relação projecto salvaguarda a sua integridade, mas todos os trabalhos deverão ser objecto de acompanhamento arqueológico, como se recomenda nas medidas gerais.

8. Desenhos

120-EP-S1C-10-03

9. Fotos

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221/271

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222/271

Nº 018 Topónimo Serrinha

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1.7 km 32+750 130 m A norte

2. Localização Administrativa

Idanha-a-Velha Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º00’48’’N Long 007º08’29’’W Alt. 399 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Lagar

Cronologia Romano

Descrição Local identificado por Joaquim Baptista (Baptista, 1998: 74). Numa área superior aos 30 000 m2 de dispersão de materiais, são reconhecíveis cerâmicas de construção (tegulae e imbrices), cerâmica comum, e numerosos fragmentos de cerâmica de armazenamento. O autor da sua publicação encontrou um fragmento de vidro. Na vertente sul desta área está um lagar, escavado no afloramento, com duas divisões e externamente delimitado por uma estrutura.

Bibliografia Baptista, 1998: p. 74

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Bom

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência IND.

Duração PER

Ocorrência I

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

Apesar da distância que separa o limite da mancha de ocupação da alternativa, aconselha-se a realização de um

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223/271

conjunto de sondagens arqueológicas para definir a verdadeira extensão desta área de dispersão de espólio cerâmico.

8. Desenhos

120-EP-S1-10-19

9. Fotos

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224/271

Nº 019 Topónimo Serrinha 2

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1.7 Km 32+900 40 m A norte

2. Localização Administrativa

Idanha-a-Velha Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º00’45’’N Long 007º08’19’’W Alt. 399 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Lagar

Cronologia Romano

Descrição Local identificado por Joaquim Baptista (Baptista, 1998: 73). Lagar escavado na rocha do qual se reconhecem duas divisões escavadas na rocha. Numa área de 1000 m2 existem numerosos fragmentos de tegulae, alguns tijolos e fragmentos de bordo de um dolium.

Bibliografia Baptista, 1998: p. 74

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Bom

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência DIR

Duração PER

Ocorrência P

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

Deverá ser realizada a limpeza do afloramento onde se implanta o lagar, seguido de um levantamento gráfico de pormenor. Este registo deverá ser acompanhado de sondagens arqueológicas nas áreas de maior concentração

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de espólio, ou em alternativa nos locais onde aparentemente subsistam estruturas actualmente não reconhecíveis.

8. Desenhos

120-EP-S1-10-19

9. Fotos

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226/271

Nº 020 Topónimo Barroca Funda

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1.7 Km 33+050 100 m A sul

2. Localização Administrativa

Idanha-a-Velha Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º00’43’’N Long 007º08’04’’W Alt. 397 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Lagar

Cronologia Romano

Descrição O local encontra-se parcialmente entulhado, mas é descrito por Joaquim Baptista (Baptista, 1998: 73) como um lagar com duas divisões, unidas por orifícios. Numa área de aproximadamente 1000 m2 foram detectados fragmentos de cerâmica de construção de cronologia romana. Chamar a atenção para o micro topónimo local, Barroca Funda, que certamente traduz a existência destes lagares escavados na rocha.

Bibliografia Baptista, 1998: p. 67

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Mau

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência IND.

Duração PER

Ocorrência P

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

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227/271

7. Medidas de Mitigação de Impactes

O local onde se implanta o lagar deverá objecto de cuidada limpeza, seguida de um levantamento gráfico de pormenor. Este registo deverá ser acompanhado de sondagens arqueológicas nas áreas de maior concentração de espólio, ou em alternativa nos locais onde aparentemente subsistam estruturas actualmente não reconhecíveis.

8. Desenhos

120-EP-S1-10-19

9. Fotos

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228/271

Nº 021 Topónimo Afonseanes

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1.8 km 35+130 30 m A norte

2. Localização Administrativa

Monsanto Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º01’07’’N Long 007º06’48’’W Alt. 417 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Marco

Cronologia Séc. XVIII

Descrição Marco de propriedade, ostentando uma coroa de cinco pontas esculpida e a inicial G. Delimitava as antigas propriedades do Marquês da Graciosa, actualmente serve como marco de uma propriedade, o que poderá significar que já não se encontra na sua localização original.

Bibliografia Inédito (EIA, 2001: n.º 54)

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Muito Bom

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência DIR

Duração TEMP.

Ocorrência P

Dimensão Espacial R

Reversibilidade REV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

229/271

Não são aplicáveis medidas específicas.

8. Desenhos

120-EP-S1-10-21

9. Fotos

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230/271

Nº 022 Topónimo Afonseanes 2

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1.8 Km 35+400 No eixo

2. Localização Administrativa

Monsanto Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º01’12’’N Long 007º06’36’’W Alt. 443 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Lagar

Cronologia Romano / Medieval

Descrição Lagar escavado no afloramento. Junto à casa encontram-se algumas das peças que fizeram parte deste antigo lagar.

Bibliografia Inédito

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Razoável

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência DIR

Duração PER

Ocorrência C

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

O extenso afloramento no qual se esculpe tenuemente o lagar deverá ser limpo para poder ser registado e feito o seu levantamento gráfico. Todos os elementos a ele associados deverão ser salvaguardados. Se possível, e em

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local relacionável com esta estrutura, deverão ser executadas sondagens para tentar aferir a cronologia do lagar.

8. Desenhos

120-EP-S1-10-21

9. Fotos

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232/271

Nº 023 Topónimo Afonseanes 3

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1.8 km 35+495 40 m A Noroeste

2. Localização Administrativa

Monsanto Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º01’13’’N Long 007º06’33’’W Alt. 448 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Vestígios diversos

Cronologia Romano / Medieval

Descrição Num dos ângulos de uma pequena casa rural foi reutilizado um silhar em granito, almofadado em duas das suas faces. Junto à casa um silhar que terá servido como elemento do lagar, que a escassos 100 m, ocupou o afloramento granítico.

Bibliografia Inédito

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Razoável

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência IND.

Duração TEMP.

Ocorrência P

Dimensão Espacial N

Reversibilidade REV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

Estes elementos que pertenciam, aparentemente, a um antigo lagar deverão ser salvaguardados.

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

233/271

8. Desenhos

120-EP-S1-10-21

9. Fotos

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

234/271

Nº 024 Topónimo Afonseanes 4

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 1.8 km 35+550 150 m A Noroeste

2. Localização Administrativa

Monsanto Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º01’16’’N Long 007º06’33’’W Alt. 454 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Mancha de ocupação

Cronologia Romano

Descrição Numa área de 3000 m2 actualmente definida pelos limites de uma pequena propriedade agrícola, existe uma representativa concentração de fragmentos cerâmicos de época romana, composta maioritariamente por fragmentos de tegulae, alguma cerâmica de armazenamento, e cerâmica comum, entre a qual destacamos um bordo de uma jarrinha. Este sítio está certamente relacionado com os sítios 22 e 23, situados a escassos 100 m.

Bibliografia Inédito

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Indeterminado

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência IND.

Duração PER.

Ocorrência I

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

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235/271

7. Medidas de Mitigação de Impactes

Apesar da distância que separa a alternativa de traçado do limite da área assinalada, esta deverá ser objecto de prospecção sistemática e uma caracterização de maior precisão só então se poderá avaliar a verdadeira extensão do sítio e a sua possível relação com o sítio n.º 22.

8. Desenhos

120-EP-S1-10-21

9. Fotos

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

237/271

Nº 25 Topónimo Convento 1

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 5B km 35+435 50 m A sul

2. Localização Administrativa

Monsanto Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º03’17’’N Long 007º06’13’’W Alt. 464 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Vestígios diversos

Cronologia Romano

Descrição Durante os trabalhos de prospecção do EIA de 2001 detectou-se um conjunto de elementos de período romano numa propriedade situada a sul da EN 239. A destacar: um peso de lagar, uma coluna em granito, alguns silhares rusticados e um almofadado, reaproveitados como material de construção do muro limite da propriedade e uma área de aproximadamente 20 000 m2 de dispersão de fragmentos cerâmicos, também eles de período romano, entre os quais um peso de tear. As características do sítio mantêm-se na actualidade.

Bibliografia Inédito (EIA, 2001: n.º 62)

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Indeterminado

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência IND.

Duração TEMP.

Ocorrência I

Dimensão Espacial L

Reversibilidade REV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

Apesar dos escassos 50 m que separam este importante sítio arqueológica da alternativa, a localização da EN 239 entre o projecto e o sítio salvaguarda a sua integridade, todavia deverá a todo custo ser evitado qualquer

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

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interacção por parte da obra nestes terrenos, inclusive instalação de estaleiro ou parqueamento de maquinaria pesada.

8. Desenhos

120-EP-S1-10-21

9. Fotos

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

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Nº 026 Topónimo Convento 2

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 5B km 35+450 40 m A sul

2. Localização Administrativa

Monsanto Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º03’18’’N Long 007º06’12’’W Alt. 465 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Caminho lajeado

Cronologia Romano (?) / Medieval

Descrição No âmbito do EIA de 2001 foi inventariada uma estrada lajeada. Em data posterior foi totalmente destruída durante as obras de saneamento desconhecendo-se se o acompanhamento dessa obra permitiu, ou não, definir a cronologia desta estrada.

Bibliografia EIA, 2001: n.º 61

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial -

Classificação Legal -

Estado de Conservação Destruída

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência IND.

Duração PER

Ocorrência P

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

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7. Medidas de Mitigação de Impactes

A calçada foi entretanto destruída pelo que não se recomendam medidas de salvaguarda específicas.

8. Desenhos

120-EP-S1-10-21

9. Fotos

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

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Nº 027 Topónimo Sidral

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 5B Km 35+435 10 m A Norte

2. Localização Administrativa

Monsanto Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º03’21’’N Long 007º06’13’’W Alt. 475 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Vestígios diversos

Cronologia Romano / Medieval

Descrição No muro de uma propriedade situada a Norte da EN 239, foram reutilizados 3 silhares de granito, bem afeiçoados e com sulcos centrais. Dois deles são de idênticas dimensões (0,45 x 0,76 x 0,90 m) e servem como padieiras do antigo acesso ao terreno. Estes elementos devem ser originários do mesmo lagar a que pertenceria o peso identificado a sul da EN. No local não foi detectado espólio à superfície.

Bibliografia Inédito

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Bom

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência IND.

Duração TEMP.

Ocorrência I

Dimensão Espacial R

Reversibilidade REV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

Se a execução da obra implicar o derrubamento do muro e do acesso no qual se reutilizam as possíveis peças de lagar, estas deverão ser recolhidas e salvaguardas.

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

242/271

8. Desenhos

120-EP-S5-10-08

9. Fotos

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IC31 – Castelo Branco / Monfortinho Estudo de Impacte Ambiental – Relatório Tomo 2

243/271

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Nº 028 Topónimo Lodeiro do Dr. Castiço

ARQUEO CNS -

1. Localização do Traçado

Solução 5B Km 38+140 No eixo -

2. Localização Administrativa

Monsanto Idanha-a-Nova Castelo Branco

3. Localização Geográfica

Lat. 40º03’24’’N Long 007º05’22’’W Alt. 449 m

4. Descrição do Elemento

Tipologia Mancha de ocupação

Cronologia Romano

Descrição Dispersos numa área de aproximadamente 6 000 m2 ao centro da qual atravessa a EN 239, registaram-se alguns fragmentos de cerâmica de construção romana, maioritariamente cerâmica de construção. O sítio ocupa um terraço formado pela Ribeira das Rasas.

Bibliografia Inédito

5. Situação e Classificação do Elemento

Valor Cientifico

Valor Patrimonial

Classificação Legal -

Estado de Conservação Desconhecido

Uso do Solo Agrícola

6. Avaliação de Impactes

Natureza

Magnitude

Incidência DIR.

Duração PER.

Ocorrência C

Dimensão Espacial N

Reversibilidade IRREV

7. Medidas de Mitigação de Impactes

A área a ser directamente afectada deverá ser objecto de sondagens arqueológicas para poder identificar com

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rigor a natureza deste sítio.

8. Desenhos

120-EP-S5-10-09

9. Fotos

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4.11.3.2 Elementos patrimoniais de enquadramento

No Quadro 4.11.1 descreve-se sumariamente todo o património, arqueológico e arquitectónico, existente na envolvente das alternativas e entre elas. Na sequência do indicado na metodologia de trabalho, todos estes locais encontram-se fora do corredor dos 400 m de cada uma das soluções de traçado propostas.

Os locais são apresentados no Quadro 4.11.1 e na cartografia no sentido oeste - este (ou seja, de Alcains para Monfortinho) e implantados na cartografia de projecto em escala 1: 25 000 (ver Desenho 120-EP-80-10). Alguns destes locais são inéditos, e são o resultado dos trabalhos de prospecção selectiva.

Quadro 4.11.1 - Elementos patrimoniais de enquadramento

N.º Topónimo Tipologia Cronologia

E1 Tiracalça Barragem Romana (?)

E2 Grulha Anta Neo-Calcolítico

E3 Vale das Escusas Vestígios de superfície Medieval

E4 Vale da Alagoa Necrópole Romana2

E5 Antas Anta Neo-calcolítico2

E6 Val Vaqueiro Necrópole Romana1

E7 Lousa Epigrafe Romana

E8 Alcains Vestígios de superfície Neo-Calcolítico / Romana

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N.º Topónimo Tipologia Cronologia

E9 Alcains 2 Mamoa Neo-Calcolítico2

E10 Alcains 3 Mamoa Neo-Calcolítico2

E11 Picado Mancha de ocupação Bronze / Ferro

E12 Uchas Vestígios de superfície Romana

E13 São Gens 1 Ponte Medieval / Moderna

E14 São Gens 2 Mancha de ocupação Indeterminado

E15 São Gens 3 Mancha de ocupação Bronze Final

E16 Caniça Anta Neo-calcolítico

E17 Sebes 1 Epigrafe Romana3

E18 Sebes 2 Habitat Romana3

E19 Quinta da Caniça 1 Ponte Medieval

E20 Quinta da Caniça 2 Fontanário Medieval3

E21 Oledo Fontanário /Capela Medieval3

E22 Vales Fontanário Medieval3

E23 Quinta dos Barros Villa Romana

E24 Barreiros Anta Neo-calcolítico2

E25 Muros Calçada Romana ? / Medieval3

E26 Proença-a-Velha 1 Vestígios diversos Romana

E27 Proença-a-Velha Castelo Medieval

E28 Sitio dos Moinhos Moinhos Medieval

E29 Medelim Vestígios diversos Bronze / Romana / Mediaval

E30 Capela de Santiago Epígrafe Romana

E31 Tapada da Senhora Mancha de ocupação Romana

E32 Tapada da Senhora 2 Mancha de ocupação Romana

E33 Chãos da Malhada Habitat Romana

E34 Cabeço de Santiago Vestígios diversos Bronze

E35 Anta Grande de Medelim Anta Neo-calcolítico

E36 Anta Pequena de Medelim Anta Neo-calcolítico

E37 Vale Cavalo Mancha de ocupação Romana1

E38 Vale Cavalo 2 Habitat Romana1

E39 Torreão Barragem Romana

E40 Torreão 2 Mancha de ocupação Romana

E41 Beiradas Ponte Medieval

E42 Beiradas 2 Forno Romana

E43 Convento Mancha de ocupação Romana

E44 Chão do Forno Telheiro Forno Romana

E45 Cemitério Estação de superfície Paleolítico

E46 Terra da Nazaré Mancha de ocupação Romana

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N.º Topónimo Tipologia Cronologia

E47 Terra da Nazaré 2 Mancha de ocupação Romana

E48 Horta da Serra Cistas Bronze

E49 Carrascal da Serrinha Mina Romana

E50 Olival da Entrada Mancha de ocupação Romana

E51 Idanha-a-Velha Cidade Romana / Medieval

E52 Maria de Campos Mancha de ocupação Romana

E53 Bigorna Lagar Romana / Medieval

E54 Bigorna 2 Lagar Romana / Medieval

E55 Funda Lagar Romana / Medieval

E56 Mina Velha Lagar Romana / Medieval

E57 Mina Velha 2 Lagar Romana / Medieval

E58 Vale da Portela Marco Miliário Romana

E59 Lagar das Lajes Lagar Romana / Medieval1

E60 Bica Lagar Romana / Medieval1

E61 Lagar das Lajes Lagar Romana / Medieval

E62 Chão do Touro Achado isolado Romana

E63 São Pedro de Vila a Corça Capela Medieval

E64 Monsanto Castelo Medieval

E65 Burrinho do Marques Villa Romana

E66 S. Lourenço Villa Romana

E67 Rochoso Barragem Romana

E68 Moreirinha Povoado Bronze

E69 Lapa da Moura Insculturas Indeterminado

E70 Geraldes Chafariz Séc. XVII

E71 Clérigos Ponte Romana / Medieval

E72 Clérigos 2 Via Medieval

E73 Boixiais Monumentos megalíticos Neo-calcolítico

E74 Sr.ª da Azenha Capela / Necrópole séc. XVI

E75 Corgos Anta Neo-calcolítico

E76 Qt. do Penedo do Minhoto Ara Romana

E77 Penha Garcia Vestígios diversos Ferro / Romana / Medieval

E78 Vale Feitoso Epigrafe Romana

E79 Sapateira Mamoa Neo-calcolítico

E80 Matafome Anta Neo-calcolítico

E81 Pedras Ninhas Povoado Indeterminada

E82 Gorgolão Vestígios diversos Indeterminada4

E83 Monfortinho Achado isolado Paleolítico

E84 Castelo Vestígios diversos Indeterminada

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N.º Topónimo Tipologia Cronologia

E85 Cabeço da Pelada Povoado Medieval

E86 B.º do Valagoto Achado isolado Neo-calcolítico

E87 Fonte Santa Vestígios diversos Romana

E88 Vale de Santa Maria Achado isolado Indeterminada

E89 Cabeça Pelada Vestígios diversos Neo-calcolítico

E90 Tapada da Rata 2 Via Medieval / Moderna

E91 Tapada da Rata 1 Lagar Medieval / Moderna

E92 Cabeço das Pombas Vestígios diversos Neo-calcolítico

E93 São Gens 4 Mamoa Neo-calcolítico

E94 Cachouça Estrutura Romana

1 Localização aproximada

2 Possivelmente destruída

3 Inédita

4 Não se confirmaram os vestígios descritos

4.11.3.3 Património classificado

Nenhum dos troços, e respectivas alternativas, afecta directa ou indirectamente património classificado, isto é, não se regista património classificado no interior dos corredores de 400 m em estudo. No entanto, existem 14 sítios classificados como Imóveis de Interesse Público e como Monumentos Nacionais situados na envolvente do projecto, alguns dos quais foram cartografados como elementos de enquadramento. No Quadro 4.11.2 lista-se este património classificado e, quando presente na cartografia (ver Desenho 120-EP-80-10), é indicado o respectivo número.

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Quadro 4.11.2 - Património classificado

N.º Imóvel Localização Classificação

- Solar da Viscondessa de Oleiros Alcains IIP (Imóvel de Interesse Público)

- Solar dos Goulões Alcains IIP (Imóvel de Interesse Público)

E23 Villa Romana de Barros Oledo IIP (Imóvel de Interesse Público)

- Igreja Matriz Proença-a-Velha IIP (Imóvel de Interesse Público)

- Igreja Misericórdia Proença-a-Velha IIP (Imóvel de Interesse Público)

- Pelourinho Proença-a-Velha IIP (Imóvel de Interesse Público)

E51 Conjunto arquitectónico e arqueológico Idanha-a-Velha MN (Monumento Nacional)

- Pelourinho Idanha-a-Velha IIP (Imóvel de Interesse Público)

E66 Villa romana de São Lourenço Monsanto IIP (Imóvel de Interesse Público)

E64 Castelo e muralhas Monsanto MN (Monumento Nacional)

- Aldeia Velha Monsanto IIP (Imóvel de Interesse Público)

- Pelourinho Monsanto IIP (Imóvel de Interesse Público)

E63 Capela de São Pedro Vir à Corça Monsanto IIP (Imóvel de Interesse Público)

- Pelourinho Penha Garcia IIP (Imóvel de Interesse Público)

4.11.4 Síntese histórica

Só em traços muito gerais se pode esboçar uma síntese histórica da área directamente afectada pelo projecto rodoviário IC31. Seria aliás de grande imprecisão assumir que este corredor que atravessa a campina raiana até ao vale do Erges forma uma unidade geográfica e histórica. Limitar-se-á, pois, esta breve leitura histórica a uma referência mais comentada do património inventariado.

Dos primeiros momentos da ocupação humana da região em estudo obtiveram-se poucas informações bibliográficas, apenas a referência à recolha ocasional de artefactos, sobretudo nas margens do rio Ponsul. Esta situação, que é aliás uma constante no interior do país, vem no seguimento das várias teorias apresentadas, sobre a implantação de comunidades, mais ou menos complexas, no imenso território do interior peninsular. Há notoriamente uma preferência pelos assentamentos junto dos principais cursos de água, que nesta região sul da Beira Baixa, se definem no rio Ponsul, na ribeira da Meimoa, no rio Erges e, mais para norte, no Zêzere. Durante o levantamento efectuado, encontraram-se referências publicadas por Fernando de Almeida e Octávio da Veiga Ferreira (Almeida e Ferreira, 1970: 233 – 240; Ferreira, 1979: 233) a estações do paleolítico nos terraços fluviais do rio Ponsul, bem como um acampamento datado por estes autores como sendo do languedocense, situado a nascente de Idanha-a-Velha. Nessa mesma área foram identificadas algumas insculturas gravadas nos penedos que povoam a campina (Almeida e Ferreira, 1966: 425 – 433), que porventura pertencem a períodos posteriores. Porém, estes locais não são assinalados no catálogo, por se localizarem a distâncias consideráveis do traçado.

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Mais uma vez os testemunhos do Neolítico Médio / Final são reduzidos à sua “materialidade” mais imediata. Mas os recentes trabalhos de prospecção de F. Henriques, J.C. Caninas e M. Chambino (Henriques, 2008) nos vales dos rios Erges, Aravil e Tejo trazem novos dados sobre este período, com a identificação de pelo menos duas novas gravuras nas escarpadas encostas do rio Erges (Henriques, 2008: 6). A esta fase mais recuada pertence a maioria dos monumentos megalíticos, expressão tumular que nesta zona raiana assume características semelhantes às detectadas no Alto Alentejo, o que vem de certa forma confirmar algumas influências do sul, mercê das transformações económicas e sociais dos finais do IV, inícios do III, milénio a.C.. Esta região afirma-se numa posição de charneira entre as regiões a sul e norte do Tejo, transformando-a numa zona de passagem privilegiada para a compreensão dos fenómenos de migração em pequena escala e, sobretudo, da natureza dos contactos intercomunitários. Como exemplo pode-se mencionar a já destruída Anta Grande de Medelim (E35), possante monumento de corredor, na linha dos imponentes megálitos alentejanos, com um espólio rico em peças de tipo meridional, atestada pela presença de placas de xisto gravadas bem como no tipo de cerâmicas recolhidas. A dispersão dos monumentos aproxima-se à detectada no sul; contudo, e a exemplo do que ocorre na Beira Alta, muitos dos sepulcros inserem-se em mamoas, reflectindo alguns artefactos o intercâmbio com áreas setentrionais (Kalb, 1987: 99). Os cerca de 90 dólmenes identificados na zona do Rosmaninhal e Malpica e um conjunto não inferior registado pelos Leisner na área de Proença-a-Velha são prova da importância desta paisagem para as comunidades do III milénio a.C.. A sua distribuição sugere dois padrões diferentes, no topo de plataformas com grande domínio da paisagem, e outros numa relação mimética com a envolvente, isolados na peneplanície (Cardoso, 2004). Este conceito de corredor cultural entre norte e sul irá persistir ao longo do II milénio a.C..

Da Idade do Bronze conhecemos alguns dos povoados. Inseridos no que se denomina como “Bronze Atlântico” os povoados da Beira Interior incluem-se num fenómeno generalizado a vastas regiões do Ocidente peninsular. A ocupação preferencial de locais estrategicamente situados e posicionados, com ou sem defesas naturais, e de fundação de raiz, são as marcas deste período. Todavia, é crível que, tratando-se de um fenómeno de “acastelamento”, segundo expressão de Jorge Alarcão, tenha sido originado por alguns motivos comuns. Actualmente defende-se que este fenómeno não pode ser dissociado para a Beira Interior de uma absoluta necessidade de controlo visual e estratégico dos recursos regionais críticos e das vias de circulação do metal, ou que a ele conduziam. Só assim se poderá compreender a ocupação quase sempre sistemática de lugares inóspitos, sem água e de difícil acesso. Para esta fase de acastelamento, e com alguns dados de cronologia absoluta, disponíveis para a Beira Interior, parece defensável uma anterioridade deste fenómeno relativamente a regiões como o Entre Douro e Minho (Vilaça, 1995), recuando a datação de alguns dos povoados beirões de altura ao séc. XII a.C..

Entre outras características cabe salientar as modestas dimensões dos locais de habitação, que torna difícil a argumentação da rede hierárquica de povoamento. Por outro lado é possível constatar a existência de comunidades que precocemente assimilam e adoptam artefactos em ferro, o que confere um “cosmopolitismo” a comunidades como aquelas detectadas nos povoados dos Alegrios ou na Moreirinha (E68).

Sabe-se pouco sobre as estratégias de povoamento da zona raiana durante a Idade do Ferro. Algures entre o séc. VII e VI a.C. há uma clara transformação do esquema de povoamento e um abandono de alguns povoados anteriores. Provavelmente a este corte, entre um momento e outro, não é estranho o papel desempenhado pelos lusitanos,

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presentes nesta região desde pelo menos o séc. VI a.C., cotejado pela Orla Marítima de Avieno.

Desconhece-se como se faz a transição entre os finais da Idade do Ferro e o período romano (Republicano); pelo menos, como se reflecte essa transição de poder no terreno. Certamente é gradual, e é paulatinamente que as comunidades locais vão assimilando uma nova realidade que transformará por completo os vectores que sustentam a organização social das comunidades. Se não cabe aqui apresentar modelos explicativos sobre os primeiros séculos de dominação romana desta região beirã, é a esta fase histórica, e sublinha-se o termo bastante abrangente do período, que pertencem a grande maioria das estações assinaladas neste estudo. Na verdade, o grande número de estações justifica-se também pela existência de uma civitas romana, a Egitânia (E51).

É todavia sintomática a alteração do paradigma de ocupação do território. Cidades de pequenas dimensões, ao redor das quais se desenvolve um povoamento, aqui umbilicalmente unido à exploração dos recursos agrícolas, são emolduradas por um povoamento disperso, mas que ao longo das principais vias de acesso se une nas villae, estruturas rurais latifundiárias que gerem o espaço agrícola num sistema tripartido, com terrenos dedicados à exploração agrícola, ao pastoreio e à exploração dos meios naturais – como por exemplo todos os recursos obtidos nos cerrados bosques (lenha, caça, cortiça, etc.) que caracterizavam esta região. Esta forma de ocupar o espaço caracterizou o meio rural romano em quase todo o império.

A estas explorações, compostas por uma casa senhorial e um sem-número de edifícios dedicados à diversificada actividade que nelas ocorria, pertencem algumas das estações catalogadas. As villae mais imponentes são, sem dúvida, a villa dos Barros, em Oledo (E23) e a villa de São Lourenço, em Monsanto (E66). Nos trabalhos de prospecção realizados em 2001 localizamos um conjunto de manchas de ocupação a norte de Oledo (E 18). A relocalização destes sítios arqueológicos e a análise da fotografia de satélite permitiram verificar a possível localização da pars urbana da villa. É visível uma ampla estrutura, com uma sala central absidada situada a escassos 150 m da área prospectada. Afortunadamente a alteração do traçado da Solução 1 salvaguarda integralmente este importante sítio arqueológico, que permanece inédito.

Um padrão de povoamento divergente ao tradicionalmente associado ao esquema latifundiário romano é-nos cada vez mais claramente demonstrado pela existência de sítios “satélite”, seja em relação às villae, seja em relação às civitas. Os locais prospectados, e directamente afectados pelas Soluções 1 e 1C na região meridional da ribeira do rio de Moinhos (locais 13 a 20 e E52 a E57) representam um novo desafio interpretativo na ocupação do limite exterior da cidade, mas também da especialização da produção agrícola, questão polémica e amplamente debatida quando se aglutina a teoria de gestão pré-industrial da produção em época imperial. Os numerosos lagares escavados na rocha inventariados entre a Bigorna, elevação predominante no caminho entre Idanha-a-Velha e Monsanto, e o sopé de Monsanto, constituem uma realidade ainda pouco compreendida.

Os 54 lagares publicados (Henriques e Camisão, 2008) não correspondem, como sublinham os autores deste importante trabalho, a uma inventariação exaustiva, pelo que o seu número se verá rapidamente aumentado, até porque exclui destes 54 os cerca de 20 conhecidos e inventariados no limite norte da freguesia de Idanha-a-Velha. Um dos problemas de base em relação a estes lagares é precisamente a sua cronologia (Almeida, 1999; Tente, 2007)

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mas, ao contrário do que acontece naqueles inventariados na vertente noroeste da Serra da Estrela, os de Monsanto e de Idanha estão invariavelmente associados a manchas de ocupação romana. Será certamente uma tentação para a investigação cruzar estes dados com os resultantes dos cada vez mais completos estudos cerâmicos da região, principalmente aqueles que dizem respeito aos contentores de vinho e azeite, e a sua substituição, ou não, por outros de produção local (Banha, 2006).

Um outro elemento importante na economia raiana durante a antiguidade terá sido a mineração. Os trabalhos de investigação sobre este tema (Sáncez-Palencia, 2005; Rodrigues, 2008) sugerem uma realidade mais activa do que inicialmente se avaliara. A atestada existência de explorações mineiras, de maior ou menor calibre, na envolvente de Idanha, bem como no rio Ponsul, não é um factor estranho à ocupação intensiva do espaço. De facto, a existência de uma mina no Carrascal da Serrinha (E49) e de uma barragem em Torreão 1 (E40), que na opinião de alguns autores não responde a uma reserva de água para fins agrícolas mas, está sim, associada à exploração mineira, são exemplos a considerar no difícil entramado de realidades documentadas.

Por fim, e sem abandonar o período romano, não se pode ignorar que esta máquina económica funcionou, graças à construção de eixos viários, que permitiam as transacções e o afluir das populações, construindo, organizando e, certamente, melhorando vias já existentes. A rede de vias romanas obedecia, como ainda hoje, a uma hierarquia, existindo vias principais que ligavam as civitas mas por sua vez entrelaçadas por um sem número de vias secundárias, e caminhos de “pé posto” . Uma dessas vias é identificada por Joaquim Baptista como o eixo que ligava Idanha-a-Velha a Monsanto, conservando um troço na zona do marco geodésico da Bigorna. A prospecção não confirmou esta informação; aliás, o traçado proposto por Joaquim Baptista (não incluído no catálogo por não se ter confirmado esta informação), com uma curva bastante vincada no contorno da elevação da Bigorna, apresenta-se pouco usual nas técnicas de posicionamento dos traçados de época romana. De facto, não muito longe, no Vale da Portela (E58) foi encontrado parte de um marco miliário, bastante deteriorado, não permitindo a leitura das milhas que marcava (Carvalho, 1989). Não se pode confirmar se a sua localização corresponde à passagem da antiga via. Sem estudos mais aprofundados sobre esta temática, e a utilização de novas tecnologias para o rastreio de antigos eixos viários, não é possível estabelecer com rigor os traçados antigos. A suposta via a que nos referimos foi, entre 2001 e 2008, totalmente alcatroada e serve como alternativa de ligação entre o Carroqueiro e Idanha. De facto não se pode relevar a importância fulcral dos eixos viários no período subsequente à dominação romana, período de grandes transformações e convulsões políticas. Com as invasões bárbaras há uma nova transformação desta região e um desmantelamento da organização social e económica.

Como se de um retrocesso histórico se tratasse, há novamente um “acastelamento” das populações. A instabilidade exige outro tipo de resposta que a vulnerabilidade da ocupação “aberta” de período romano não pode defrontar. Os vestígios arqueológicos desta época são escassos e limitam-se maioritariamente às informações recolhidas em Idanha-a-Velha.

Esta transformação, por vezes erroneamente interpretada como um abandono total do interior do país, com grande incidência na Beira raiana, alonga-se no tempo e atinge o seu ponto máximo no período medieval. A Beira afronta agora uma nova realidade marcada por uma tremida fronteira com o reino vizinho, Leão, e uma luta constante com os invasores africanos. Naturalmente, a presença da fronteira com o território espanhol ocorre como a explicação mais imediata para a abundância de castelos na Beira, mas esta conclusão

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simplifica ou, de certa forma, encobre um dos problemas mais interessantes que se colocam a uma interpretação histórica dos espaços e paisagem da Raia Beirã. Este é o de uma história das fronteiras, de que o habitat fortificado e os castelos medievais constituem, afinal, um elemento essencial. O facto de alguns castelos remontarem, se não na sua forma actual, pelo menos na sua localização, a períodos anteriores à existência do reino português, é certamente uma das observações que pode fazer dissociar a posição geográfica dos castelos de uma fronteira que lhes é posterior. É que muitas vezes atribuiu-se ao castelo medieval funções exclusivamente políticas e militares no quadro de vastos territórios, desprezando a sua relação com o povoamento, os poderes e as formas de autoridade, numa organização do espaço à mais pequena escala de uma região. Neste contexto cabe salientar que o castelo de Monsanto (E64) já existia quando ainda estavam de pé as muralhas da velha Egitânia. O castelo de Monsanto é mencionado no primitivo foral de 1174, pelo que é de aceitar a existência de um antigo reduto primitivo antes do reinado de D. Sancho II. No caso de Penha Garcia (E70) temos uma fortificação edificada pela Ordem do Templo, ao cargo da qual decorreu a reorganização e repovoamento desta região, sendo viável, através das dispersas informações arqueológicas que existem sobre o local, acreditar que se sobrepõe a uma ocupação anterior, que alguns querem datar da Idade do Ferro.

O decorrer dos séculos ditou que esta região se adaptasse a novas realidades, nas quais a guerra, ou “guerrilha” contra um inimigo comum se foram transformando, e se fossilizaram em lendas facilmente relacionáveis com um dos últimos momentos de instabilidade política, a dominação filipina. Nascem santuários marianos e contam-se lendas que justificam medos antigos, transformando a devoção numa forma de resistência às duras condições quotidianas, como bem testemunha a Senhora da Azenha (E74). O isolamento e a transladação dos eixos económicos para o litoral despovoam e reduzem a comunidade humana, restringindo-a às pequenas aldeias, muitas vezes pertença de um só homem, como foi o caso de Idanha-a-Velha ou de Monfortinho.

Da Idade Moderna, que aqui em pouco se diferencia da Contemporânea, conservaram-se algumas construções solarengas e estruturas agrícolas actualmente desactivadas. Ao longo do tempo foi-se assistindo a uma musealização progressiva do passado, a qual acabou por se reflectir, também no Portugal Contemporâneo, na preservação, e diga-se, na construção de símbolos nacionais que em pouco reflectem a dureza da vida social, como a criação política da “aldeia mais portuguesa de Portugal” no período do Estado Novo, mais espelho de uma raia empobrecida, do que acto de nacionalismo histórico.

O estudo da toponímia é um método amplamente utilizado para caracterizar a paisagem. Considerada a “epigrafia do solo”, como lhe chamou Raymond Chevallier, traduz uma caracterização do espaço e serve, ou serviu, em muitos dos casos, como descritor de um determinado espaço ou unidade territorial. Todavia o seu estudo é uma disciplina complexa que exige sobretudo um profundo conhecimento da filologia a par de uma grande interdisciplinaridade na sua análise, porque a natureza dos nomes é tão variada quanto o vocabulário reflectindo, em muitos dos exemplos, singularidades locais ou regionais. Um outro factor a considerar na análise toponímica é também a sua mutação ao longo dos tempos, seja a sua deslocalização no terreno, seja a sua readaptação à evolução linguística independentemente do seu carácter erudito ou popular. Por norma, e no âmbito da arqueologia da paisagem, consideram-se os topónimos como interessantes testemunhos do passado que podem indiciar a presença de determinado tipo de património; todavia, a maioria das aproximações a esta disciplina é realizada de forma excessivamente simplista e com recurso, quase exclusivamente, ao dicionário etimológico da língua portuguesa, o que é manifestamente insuficiente para realizar este tipo de análise da paisagem.

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Não se pretende no âmbito deste estudo, e por muito importante que este fosse para caracterizar o corredor em análise, aplicar um estudo aprofundado da toponímia extrapolando a objectividade de um EIA e necessitando, para tal, de um período de trabalho e equipa que ultrapassaria as fronteiras do aceitável, se consideramos que este tipo de estudo da paisagem é apenas um dos itens do trabalho que compõem o descritor patrimonial. Infelizmente contamos em Portugal com pouco estudos desta natureza aos quais recorrer, e alguns dos artigos, ou capítulos existentes em monografias locais, são, na sua larga maioria, trabalhos muito sintéticos. Uma das dificuldades sentidas ao realizar a análise toponímica de uma área é a recolha dos microtopónimos, ausentes na cartografia publicada. Essa dificuldade é acrescida pelo despovoamento da região, o que limita a possibilidade de recolha da informação de carácter oral nas áreas de prospecção. Durante os trabalhos de campo do IC31 foram escassas as vezes em que foi possível interpelar habitantes sobre um determinado local, ou o topónimo pelo qual se conhece esse mesmo sítio, com uma excepção em Proença-a-Velha, onde foi referido o topónimo Poldras no Rio Ponsul, ausente da cartografia 1:25 000, que corresponde a umas antigas poldras actualmente transformadas num pontão em betão.

Todavia, a recolha realizada da toponímia presente na cartografia 1:25 000 permitiu identificar alguns elementos importantes. No percurso ocidental do traçado, próximo de Alcains, os topónimos recolhidos reflectem uma caracterização geográfica, Cabeça Pelada, Cabeço das Mulheres, Vale das Casas e apenas um hagiotopónimo, São Domingos. Mandanhas, que corresponde a um sitio arqueológico inédito (n.º 6 e 7) é um topónimo que não constava no Repertório Toponímico de Portugal de 1967.

Já no concelho de Idanha, e referindo apenas os corredores em estudo, uma grande percentagem dos topónimos reflectem as actividades agrícolas desenvolvidas, como são exemplos Malhadais, Manzana, Chafurdo, presentes na freguesia de Oledo, assim como Fontanheira, um hidrotopónimo, e Pisão, que estará certamente relacionado com um lagar. Nesta mesma área existem dois hagiotopónimos, Santa Catarina e a Quinta de Santo António. Outros topónimos como Sebe, que corresponde a uma villa romana inédita, foram também registados nesta área afectada pelos corredores. Já na freguesia de Proença-a-Velha, registaram-se Tamancos, Cabeça do Homem, Muros, Seixo, Pisão (o que novamente se relacionará com um lagar), e Ribeiro dos Mouros.

Em Medelim sublinham-se os topónimos Fonte de Triana, e mais uma vez os topónimos compostos que referem estruturas relacionadas com as actividades agrícolas, como Chão da Malhada, Curral da Barriga. São de mencionar os dois hagiotopónimos Cabeço de São Tiago e Terra de São Pedro, e um curioso topónimo, Salões, que poderá estar associado a um sitio arqueológico não localizado no interior do corredor em estudo. Ainda em Medelim, existe o Penedo das Escaleiras que, para além do evidente valor informativo, denota a influência castelhana, habitual nesta zona da raia. Na freguesia de Idanha-a-Velha, e cingindo-se mais uma vez aos corredores em estudo, existe o topónimo Bigorna, associado a um lagar provavelmente tardo-romano. Já na freguesia de Monsanto evidenciam-se um conjunto de topónimos relacionados com lagares, com grande predominância na vertente meridional da freguesia e que corresponde, efectivamente, a numerosos lagares escavados nos afloramentos graníticos. Próximo do corredor em estudo existem Lagar de Maria Martins e Penedo das Vinhas. São de mencionar os topónimos associados com Corgos, como Arraial dos Corgos, que significa na região beirã um caminho estreito, apertado, por norma situado entre montes. Curiosamente os topónimos associados à existência de velhos caminhos continuam nesta mesma área com Vale da Carreira, a Norte da Sr.ª da Azenha, e Carro Quebrado, mais a norte. Já na freguesia de Penha Garcia reencontram-se topónimos

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associados a um eixo viário como Legoa e Lomba, o primeiro talvez associado a um marco miliário mas do qual não existe qualquer notícia. Por fim, neste último troço dos corredores em estudo, existem alguns topónimos associados à existência de fontes, como Gorgolão, que significa repuxo, golfada, Rebentão e Fonte Longa.

Durante os trabalhos de campo não foram recolhidos microtopónimos relevantes para o estudo e identificação de realidades patrimóniais.

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4.12 Paisagem

4.12.1 Metodologia

Para interpretar os aspectos mais significativos que caracterizam a paisagem, na zona prevista para o traçado das diferentes soluções do IC31 entre Castelo Branco e Monfortinho, procedeu-se à análise e caracterização da área de influência visual da sua envolvente.

Tendo por bases de estudo a Carta Militar de Portugal, o levantamento topográfico da área envolvente à via (escala 1:5.000), a fotografia aérea e o reconhecimento de campo, estudaram-se os aspectos relativos ao relevo, ocupação do solo, vegetação existente e elementos construídos, considerados mais importantes para a interpretação da paisagem.

Relativamente ao relevo embora se tenham analisado separadamente os aspectos fisiográficos, altimétricos e declives apresenta-se cartografia que de forma sintética caracteriza a área em análise (Desenho 120-EP-80-11).

Elaborou-se também o estudo relativo aos elementos determinantes da visualização da paisagem (Desenho 120-EP-80-12) para fundamentar a definição de unidades de paisagem (zonas homogéneas), o seu valor cénico e qualidade visual, tal como a avaliação da sua vulnerabilidade e capacidade de absorção, face às alterações que irão resultar da construção e exploração da via, permitindo deste modo a identificação e avaliação dos impactes visuais previsíveis e respectivas medidas minimizadoras, ou de compensação, a aplicar.

4.12.2 Relevo

4.12.2.1 Festos e Talvegues

A área atravessada pelos diferentes corredores das alternativas do IC31 em estudo insere-se na bacia hidrográfica do rio Tejo, integrando-se todas as hemi-bacias afectadas em linhas de água afluentes à margem direita do rio Tejo.

São três as hemi-bacias com linhas interceptadas pelos corredores em estudo e correspondem, de poente para nascente, às bacias hidrográficas dos rios Ocreza, Ponsul e Erges.

O rio Ocreza, que na área em estudo corre de norte para sul, verá afectada, na zona inicial do traçado (primeiros 6 km), a ribeira da Liria, linha de água afluente à sua margem esquerda.

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A zona final do traçado – últimos 11 km – insere-se na bacia hidrográfica do rio Erges, linha de água que na zona em análise define o limite nascente de Portugal Continental, corre sensivelmente de noroeste para sudeste e de norte para sul, num percurso meandrizado que alterna entre situações de vale encaixado e de vale mais aberto.

Na sua bacia hidrográfica são interceptadas quatro linhas de água; a ribeira de Arades, a ribeira das Canas, a ribeira das Tapadas e a ribeira do Vale de Santa Maria. Exceptuando a ribeira de Arades que, na zona em estudo, se desenvolve de norte para sul, as restantes linhas de água correm todas sensivelmente de noroeste para sudeste, afluindo a ribeira das Tapadas e a ribeira do Vale de Santa Maria à margem direita do rio Gavião, linha de água afluente da margem direita do rio Erges.

A grande maioria das diferentes soluções de traçado inserem-se na área da bacia hidrográfica do rio Ponsul, linha de água que nasce na serra do Ramiro – cerca de 1 a 2 km para norte da Solução 5 – corre no seu troço inicial de noroeste para sudeste inflectindo junto a Penha Garcia para sudoeste. O seu percurso desenvolve-se maioritariamente num vale bastante encaixado embora nas zonas atravessadas pelas distintas soluções de traçado o relevo se apresente relativamente suave.

A maioria das linhas de água interceptadas na sua bacia hidrográfica são afluentes da sua margem direita, correm predominantemente de norte para sul e de noroeste para sudeste e são, de poente para nascente, aos seguintes talvegues:

ribeira da Ribeirinha;

ribeira de Alpreade, um afluente da sua margem direita (ribª de Ronções) e um afluente da sua margem esquerda, a ribeira de Oledo;

rio Torto e um afluente da sua margem esquerda, a ribeira Mourisco;

ribeira de rio de Moinhos;

ribeira do Amial.

Na margem esquerda do rio Ponsul são interceptadas as ribeiras do Urgeiral e da Nave de João Domingues, linhas de água de pequena dimensão que se desenvolvem de NNE para OSO.

4.12.2.2 Hipsometria

Em termos hipsométricos verifica-se uma variação de aproximadamente 600 metros entre os pontos de cota mais baixa (valores inferiores a 200 m) que se localizam no vale da ribeira de Alpreade e as zonas de cota mais elevada (820 m) que se localizam a nordeste na serra da Gorda (marco geodésico da Cabeça Gorda).

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O aumento de cotas faz-se sentir predominantemente de sudoeste para nordeste sendo predominantes as cotas dos escalões hipsométricos compreendidos entre os 200 e os 300 m e os 300 e 400 metros. As zonas de cota mais elevada sobressaem com grande presença e coincidem com a colina onde se implanta a vila de Monsanto e com a serra de Penha Garcia.

As linhas de cumeada mais importantes correspondem às que fazem a separação das três principais bacias hidrográficas presentes na zona destacando-se, pela sua marcação fisiográfica bem definida, a cumeada que a nordeste delimita a bacia hidrográfica do rio Ponsul.

4.12.3 Análise Visual - Unidades de paisagem

4.12.3.1 Metodologia

Com base na análise do relevo, uso do solo, fotografia aérea e reconhecimento de campo, procedeu-se à caracterização visual da paisagem da área em estudo.

Na carta de Análise Visual inclui-se a delimitação das unidades de paisagem presentes na área em estudo e os elementos que, em termos paisagísticos determinam os aspectos visuais mais marcantes da paisagem em apreciação. Os elementos cartografados foram os seguintes:

Elementos físicos (linhas de cumeada e encostas mais declivosas) que funcionam como limites visuais ao corredor em estudo, de entre os quais se destacam os festos e encostas que sobressaem nas zonas de cota mais elevada e marcam o relevo da zona de Monsanto e Penha Garcia;

Os pontos de vista notáveis, localizando-se os mais importantes em Monsanto e Penha Garcia;

As vias com maior visibilidade sobre o corredor em estudo, nomeadamente alguns troços das EN 18, 18-7, 233, 353, 239 e 332, da EM 557 e da estrada que liga a EN239 a N. Srª da Azenha;

Os corredores ecológicos constituídos pelas galerias ripícolas que acompanham as margens de algumas das linhas de água, nomeadamente das ribeiras de Oledo, Alpreade e Caniça;

As áreas que, pelas suas características morfológica, e/ou de ocupação do solo, apresentam maior interesse paisagístico, de entre as quais se destacam a zona circundante a Oledo e Monsanto com a sua área envolvente.

As manchas de ocupação do solo que pelas suas características ecológicas e /ou visuais apresentam maior fragilidade visual e cuja afectação poderá originar impactes

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paisagísticos de maior significado. De entre estes tipos de espaço cartografaram-se as manchas de montado, olival e culturas arvenses.

4.12.4 Definição das unidades de paisagem

A região que virá a ser atravessada pelo IC31, ligação viária entre Castelo Branco – Monfortinho, apresenta uma paisagem marcada por uma forte dicotomia.

Por um lado, zonas de relevo ondulado suave, materializado em extensas superfícies aplanadas, de tipo planáltico – superfícies de Castelo Branco e da Idanha, designadas respectivamente por “Campo Albicastrense” e Campanha ou “Campina da Idanha” (Pina Manique e Albuquerque, 1954) apenas recortadas por vales, alguns com grande encaixe, como é o caso do vale do rio Pônsul. Esta é a tipologia morfológica dominante.

Por outro lado, com carácter muito pontual, mas nem por isso menos marcante, podem ler-se nesta paisagem relevos residuais em formas colinares de forte projecção vertical, de tipo “inselberg”, de natureza granítica – os morros de Monsanto e Moreirinha e, ainda, as cristas quartzíticas de Penha Garcia.

Esta tipologia de relevo e a natureza do substracto geológico, com predomínio do complexo xisto-grauváquico e também de algumas formações graníticas, condicionam os solos da região. Estas condições orográficas e geológicas, em conjunto com as características climáticas de cariz mediterrânico da região, embora marcadas por uma interioridade de que lhe advêm, nas zonas mais a leste, amplitudes térmicas diárias e anuais mais acentuadas, determinam os usos do solo da região, que são os característicos das paisagens mediterrânicas e que prolongam de certa forma a tipologia de paisagem do Alentejo.

Assim, verifica-se um predomínio dos montados de sobro e/ou azinho, cerealicultura extensiva de sequeiro, em campo aberto; olivais, fundamentalmente nas periferias dos aglomerados populacionais onde, quase sempre coexistem com uma certa forma de policultura tradicional de abastecimento aos aglomerados e que se materializa numa paisagem de campos fechados por muros de pedra – tapadas ou cercas, mas também em manchas de maior dimensão (Alcains, Idanha-a-Velha e Oledo). Existem ainda manchas residuais de matos sobre as situações de maior declive e de afloramentos rochosos que alternam com outras, mais ou menos extensas, de povoamentos florestais estremes de pinheiro bravo, ou de eucalipto.

De acordo com estudo elaborado pela Universidade de Évora para a Direcção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano (Cancela D’Abreu et al., 2004) a área atravessada pelo corredor das distintas alternativas do IC31, em análise, insere-se em duas grandes unidades de paisagem:

Penha Garcia e Serra da Malcata;

Castelo Branco – Penamacor – Idanha.

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Da análise do estudo referido constata-se que o corredor em análise se insere maioritariamente na unidade de paisagem designada por “Castelo Branco – Penamacor – Idanha”, implantando-se apenas o troço final na faixa sul da unidade de paisagem “Penha Garcia e Serra da Malcata”.

O referido estudo (Cancela d’Abreu et al, 2004), dá-nos o enquadramento das principais unidades de paisagem que, a nível nacional (trabalho elaborado à escala 1/250.000), são atravessadas pelo corredor em análise. Contudo, a uma escala de maior detalhe (1/25 000), a análise dos corredores em apreciação requer, em termos de unidades de paisagem, uma definição de maior pormenor.

Como base para a definição das unidades de paisagem presentes no corredor em análise importa ter em consideração o conceito de paisagem e o de unidade de paisagem.

Por paisagem entende-se a imagem global, dinâmica e evolutiva, abrangente de "uma área heterogénea de território composta por um conjunto de ecossistemas interactuantes que se repetem através dela de forma semelhante" (Forman e Godron, 1986, p.11) e que é “resultante da combinação entre a natureza, as técnicas e a cultura do homem” (Pitte, 1983).

Como unidade de paisagem considera-se "uma área que pode ser cartografada, relativamente homogénea em termos de clima, solo, fisiografia e potencial biológico, cujos limites são determinados por alterações em uma ou mais dessas características" (Naveh e Lieberman,1994, p. 208).

Tendo por base para a definição das unidades de paisagem o estudo elaborado pela Universidade de Évora, os conceitos atrás enunciados, a análise efectuada e a escala de trabalho, considerou-se que o corredor em análise, face às condições biofísicas e à ocupação humana deste território, atravessa fundamentalmente três grandes tipologias de Unidades de Paisagem (Campinas, Relevos residuais e Vale do Ponsul):

CAMPINAS – unidades de paisagem de campo aberto sobre o relevo de ondulado suave das extensões planálticas do Campo Albicastrense e da Campina da Idanha. São unidades de grande amplitude e abrangência visual onde se distinguem dois tipos de sub-unidades:

a clareira dos campos de cultura cerealífera extensiva de sequeiro em folhas de média a grande dimensão;

os campos arborizados de tipo montado de sobro e/ou azinho num coberto irregular de maior ou menor densidade e os olivais predominante-mente alinhados.

RELEVOS RESIDUAIS – unidades de paisagem que assentam sobre os relevos residuais que se destacam fortemente da planura que os envolve - os “inselberg” graníticos de Monsanto e Moreirinha e as cristas quartzíticas de Penha Garcia. O declive acentuado, a pobreza dos solos e a grande profusão de afloramentos rochosos, constituindo por vezes penhascos com grande impacte visual, determinam uma paisagem de cumes agrestes rochosos e despidos de vegetação, ou apenas cobertos

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com estrato herbáceo pobre ou matos rasteiros, onde a espessura do solo, apesar de reduzida, já o permite. Os terços médios e superiores destas encostas apresentam também alguns povoamentos florestais (com predomínio de eucaliptais, mas também alguns pinhais). As bases das encostas e várzeas (ribeira da Monsatela, junto a Monsanto e pequena várzea do Pônsul junto a Penha Garcia) com ocupação humana em pequenas propriedades de policultura tradicional das periferias dos aglomera-dos populacionais.

VALE DO PONSUL – unidade de paisagem do vale do rio Pônsul que na maior parte do seu curso corre com grande encaixe determinado por acidente geológico de tipo falha, mas que no troço a ser atravessado pelas diferentes alternativas do IC31 não apresenta essas características, cortando a Campina, como a maioria das outras linhas de água, sem que o seu curso a entalhe de forma perceptível.

4.12.5 Quantificação do valor cénico das unidades de paisagem

A quantificação/classificação do valor cénico de uma paisagem tem sempre carácter bastante subjectivo inerente à forma de interpretação do território por parte do observador, sendo no entanto relativamente consensual que o seu valor é tanto mais elevado quanto maior for a diversidade e contraste de situações presentes e maior a harmonia entre a utilização do espaço e o suporte biofísico que lhe está subjacente.

A subjectividade desta classificação é no entanto mais facilmente atenuada quando estamos em presença de diferentes tipos/unidades de paisagem pois nesses casos é possível estabelecer valores comparativos minorando-se assim a importância do valor absoluto atribuído a cada uma das unidades por si.

Para além do valor cénico de uma paisagem é de fundamental importância quantificar a capacidade de absorção de cada unidade de paisagem definida, pois o impacte da implantação de qualquer infra-estrutura na paisagem, é tanto mais elevado quanto maior for a fragilidade visual e menor a capacidade de absorção visual dessa paisagem. Por fragilidade visual entende-se aquilo que Escribano Bombin et al. (1991) definem como o grau de susceptibilidade de uma paisagem à transformação, em resultado de uma alteração ao uso que se verifica nessa paisagem. Segundo os mesmos autores, capacidade de absorção visual corresponde à maior ou menor aptidão que uma paisagem possui para integrar determinadas alterações ou modificações sem diminuir as suas qualidades visuais.

Os parâmetros considerados para a quantificação do valor estético e da capacidade de absorção das unidades de paisagem presentes, embora, como já referimos, apresentem algum grau de subjectividade, foram os seguintes:

Forma;

Vegetação;

Humanização;

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Visualização.

Por forma entende-se o aspecto exterior de uma paisagem, característica essa que é dada fundamentalmente pelo relevo (plano, ondulado, de colinas, montanhoso, etc.), mas também pela ocorrência de aspectos visualmente significativos, nomeadamente de natureza geológica, como sejam afloramentos rochosos, escarpas, gargantas, etc..

Em termos de classificação considera-se que uma paisagem tem tanto mais valor quanto mais diversificadas forem as suas formas de relevo, a grandiosidade da sua escala, maior o contraste altimétrico e maior for o número e/ou a imponência de aspectos característicos marcantes.

No parâmetro vegetação considera-se o modo como as distintas formas vegetais se distribuem na paisagem. Neste parâmetro importa analisar entre outros aspectos a variedade e diversidade dos estratos presentes (árvores, arbustos, herbáceas), a sua distribuição e densidade, o contraste das formas, das cores, etc..

Na qualificação deste parâmetro atribui-se o valor mais elevado às situações com maior diversidade de estratos, de alternância entre zonas de clareira e de mata e onde se verifique um maior equilíbrio nos contrastes de forma e de cor.

Por humanização entende-se a imagem resultante da presença humana ao longo de gerações sobre um determinado território.

Esta intervenção tem a ver com a distribuição e implantação das diferentes actividades, estruturas e infra-estruturas que lhe estão associadas ou que atravessam esse território (áreas sociais, industriais, agrícolas e de recreio, vias de comunicação, etc.) com o grau e a forma expressos na modificação dos ecossistemas naturais, no intuito de se conseguir obter deles a produção dos bens indispensáveis à sobrevivência humana, com satisfação das necessidades materiais e espirituais, intervenção de que resulta a presença de elementos patrimoniais construídos (edifícios, construções ligadas ao domínio da água - fontes, tanques, poços, canais, etc.) ou "naturais" (galerias ripícolas, manchas residuais de vegetação natural, etc.) e outros elementos estruturantes característicos da paisagem rural (caminhos, sebes, muros, valas e canais de rega/drenagem, etc.).

No que se refere à sua qualificação considera-se que a paisagem tem tanto mais valor quanto mais harmoniosa e equilibrada for a relação entre a distribuição das diferentes actividades e o suporte biofísico que lhe está subjacente e quanto mais importante e significativa for a presença de elementos estruturantes e patrimoniais.

Por Visualização deverá entender-se a maior ou menor facilidade com que uma determinada paisagem é vista e encontra-se directamente relacionada com a acessibilidade, condição indispensável à visualização do território, o relevo e a dimensão da bacia visual.

Em termos de qualificação atribui-se maior valor às paisagens com maior facilidade de acessos ou com maior quantidade de pontos a partir dos quais é possível a sua observação e também àquelas em que a amplitude e profundidade de vistas é maior.

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Com base nestes critérios atribui-se a seguinte classificação:

As unidades de paisagem designadas por CAMPINAS atribuiu-se uma qualidade visual média, uma vulnerabilidade visual média a baixa e uma média a elevada capacidade de absorção visual das alterações que se possam vir a verificar;

Para as unidades de paisagem designadas por RELEVOS RESIDUAIS considerou-se uma qualidade visual média a elevada, uma vulnerabilidade visual média a elevada e uma capacidade de absorção visual média a baixa.

Para a unidade visual do VALE DO RIO PONSUL considerou-se uma qualidade visual média a elevada, uma vulnerabilidade visual média a elevada e uma capacidade de absorção visual média a baixa.

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5 EVOLUÇÃO PREVISÍVEL DO AMBIENTE AFECTADO NA AUSÊNCIA DO PROJECTO

5.1 Introdução

O conceito de avaliação de impactes pressupõe a comparação entre a situação futura com o projecto e sem o projecto.

É, pois, importante proceder a uma prospectiva da evolução da situação actual na ausência do projecto, de modo a obter o referencial para a avaliação de impactes.

Assim, para cada factor analisado no capítulo 4, procede-se a um breve exercício de previsão da evolução da situação actual na ausência do projecto. A numeração dos subcapítulos é idêntica à do capítulo 4 (Caracterização do Ambiente Afectado).

5.2 Clima

Diversos cenários e modelos têm sido considerados relativamente à evolução previsível do clima em Portugal ao longo do século XXI, obtendo-se diferentes resultados que permitem avaliar a incerteza associada a projecções climáticas no futuro. No entanto, determinados aspectos, que se referem de seguida, são comuns a todos os modelos em todos os cenários.

Em relação à temperatura é previsível, na região em estudo, um aumento significativo da temperatura média até ao fim do século XXI. São estimados aumentos da temperatura máxima no Verão entre 3ºC e 7ºC, acompanhados por um grande incremento da frequência e intensidade de ondas de calor.

No que se refere à precipitação, a incerteza do clima futuro é substancialmente maior. No entanto, quase todos os modelos prevêem redução da precipitação em Portugal continental durante a Primavera, Verão e Outono. Estimativas efectuadas apontam para que as reduções da precipitação no território de Portugal continental possam atingir valores correspondentes a 20% a 40% da precipitação anual. Outro aspecto geralmente salientado é a tendência para uma maior irregularidade na distribuição da precipitação ao longo do ano, incrementando-se a frequência e severidade de períodos de secas e de precipitações muito intensas.

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5.3 Geologia e Geomorfologia

Tratando-se de uma região com um dinamismo económico relativamente reduzido, na ausência do projecto não são de esperar, num horizonte próximo, intervenções no território que possam implicar alterações relevantes ao nível dos recursos geológicos e geomorfológicos.

Deste modo prevêem-se apenas afectações muito pontuais relacionada com a construção de edifícios e infra-estruturas e a continuação da exploração de pedreiras a sul de Alcains.

Na actualidade existe mesmo uma tendência no sentido da conservação, protecção, valorização e divulgação de valores geológicos e geomorfológicos com interesse científico, didáctico e paisagístico que contribuem para marcar o carácter da região, enquadrando-se nesta linha estratégica a constituição do Geopark Naturtejo.

5.4 Recursos Hídricos

Na ausência do projecto não são de prever alterações relevantes ao nível dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos na região em estudo, designadamente em termos de qualidade, usos e fontes poluentes.

É provável a continuação da criação de novas charcas e pequenas albufeiras. Trata-se de intervenções de carácter relativamente pontual que contribuem para aumentar a disponibilidade de acesso a recursos hídricos superficiais e subterrâneos numa área onde a disponibilidade natural destes recursos é escassa.

Na ausência do projecto, poderá ficar comprometida a concretização da construção de uma unidade de engarrafamento de água mineral nas Termas de Monfortinho, tendo em conta que este investimento não será efectuado sem uma melhoria das acessibilidades, dado que a distribuição de água mineral implica uma circulação diária de mais de duas dezenas de veículos pesados.

5.5 Solos

Na região em estudo a ocorrência de fenómenos de perda de solo por erosão hídrica, sobretudo em áreas de maior declive, tem contribuído para um empobrecimento dos débeis solos existentes, podendo este problema ser agravado pela ocorrência de incêndios florestais que destroem o coberto vegetal.

Num futuro próximo este quadro de algum risco tenderá a manter-se se medidas estruturais de gestão dos solos não forem adoptadas.

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A afectação directa de solos para construção de edifícios e infra-estruturas continuará, previsivelmente, a ocorrer de forma moderada a reduzida, centrando-se na periferia dos principais aglomerados populacionais, com destaque para Alcains.

O facto dos solos de maior potencial produtivo estarem incluídos na Reserva Agrícola Nacional deverá contribuir para uma menor ocupação destes solos.

5.6 Componente Biológica

A região em que se insere o projecto sofre, como a maior parte do interior português, de abandono das zonas rurais.

A estabilidade das formações vegetais poderá ser mantida se não houverem episódios catastróficos como incêndios. Porém, o progressivo abandono do mundo rural terá como consequência a diminuição dos tipos fisionómicos agrícolas, a tendência para a diminuição da representatividade dos habitats 6220 e 6310, expandindo-se ainda mais os habitats 5330 e 9330.

Neste quadro, a evolução dos ambientes naturais sem a construção da via terão aspectos favoráveis para a fauna que depende desta área, uma vez que serão mantidos níveis de perturbação reduzidos e que não se fragmentarão os habitats. Por outro lado, o abandono agrícola contribuirá, pelo menos numa primeira fase, para uma simplificação dos habitats e, consequentemente, para uma redução na diversidade faunística da região.

5.7 Qualidade do Ar

A evolução da qualidade do ar na ausência do projecto não deverá apresentar alterações muito significativas. Não se prevê um incremento no tecido industrial, quer ao nível do número de unidades a implantar, quer em termos de tipologia, de modo a afectar a nível local e regional a qualidade do ar.

As actuais tendências de desenvolvimento assentam na melhoria das acessibilidades pelo que a não concretização do IC31 provocará uma maior pressão sobre os principais eixos viários actualmente existentes.

O previsível aumento de tráfego associado às características dos próprios traçados das vias existentes induzirá um impacte negativo sobre a qualidade do ar local muito idêntico ao previsto para os traçados do IC31, com a diferença de se tratarem de vias que atravessam muitas vezes localidades e ao longo das quais se foram construindo diversos edifícios de habitação.

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Perante este cenário, a não concretização do projecto poderá originar concentrações mais elevadas de poluentes como o monóxido de carbono, os óxidos de azoto e as partículas PM10 junto dessas localidades, gerando impactes negativos mais significativos e de magnitude superior.

5.8 Ambiente Sonoro

As zonas envolventes às soluções de traçado em estudo para o IC31 apresentam ocupação humana muito dispersa, intercalada com áreas agrícolas, onde existem explorações pecuárias e agrícolas, servidas por vias rodoviárias de acesso local, com densidade de tráfego reduzida a média (essencialmente na EN18 e EN239).

A maior concentração de receptores sensíveis ao ruído verifica-se na proximidade das principais vias rodoviárias existentes, nomeadamente nas proximidades da A23 e EN18 (na zona inicial dos traçados e na proximidade da EN239).

Atendendo às características rurais das zonas de implantação dos traçados do IC31 em estudo, na globalidade com ambiente sonoro local pouco perturbado (exceptuando nas zonas muito próximas da EN18 e da EN239), típico de zonas afastadas de fontes sonoras dignas de registo, não é previsível um desenvolvimento particular, de ordem urbanística, turística ou industrial, pelo que no ano horizonte do projecto, a qualidade do ambiente sonoro nestas áreas não sofrerá alterações significativas.

Considerando, então, um cenário de evolução "normal", poder-se-ão verificar acréscimos dos níveis sonoros actuais da ordem dos 2 dB(A), induzidos pelo desenvolvimento inerente à própria região e suas actividades, devidos essencialmente ao crescimento da densidade de tráfego nas vias e acessos rodoviários existentes.

5.9 Componente Social

No que respeita à evolução socioeconómica na área de estudo, é previsível que as tendências detectadas se mantenham, o que exercerá novas pressões e exigências em termos de acessibilidades.

Como se viu anteriormente, a região servida pelo futuro IC31 é polarizada pela cidade de Castelo Branco, localizada estrategicamente no eixo de desenvolvimento regional Castelo Branco/Fundão/Covilhã. Centro de comércio e serviços, a sua localização, potenciada pela construção da A23, propiciou o desenvolvimento de áreas empresariais.

É, pois, previsível que o concelho de Castelo Branco continue a desenvolver-se de forma dual, com o eixo Castelo Branco / Alcains em crescimento e as freguesias rurais em regressão.

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Pelo contrário, o concelho de Idanha-a-Nova, de cariz marcadamente rural, não conseguiu compensar a regressão acentuada da actividade agrícola com outras formas de actividade socioeconómica, nomeadamente em resultado do efeito de atracção exercido por Castelo Branco, de que se tornou fortemente dependente.

A aposta na valorização dos recursos endógenos, nomeadamente da valorização turística do rico património cultural e natural, e a oferta de alguma complementaridade industrial em relação a Castelo Branco, são, assim, apostas centrais do município de Idanha-a-Nova, que exigem o incremento das acessibilidades, nomeadamente em relação a Espanha.

No vizinho concelho de Penamacor, que poderá beneficiar indirectamente com o IC31, as tendências demográficas e socioeconómicas regressivas são ainda mais acentuadas do que em Idanha-a-Nova, não sendo previsível uma alteração significativa desta situação.

Relativamente à rede rodoviária perspectiva-se, do lado espanhol, a construção de uma via rápida para ligação entre a fronteira com Portugal, em Monfortinho, e a A-5, em Navalmoral.

Na ausência de IC31, a constituição de um novo corredor rodoviário internacional terá menores condições de concretização.

5.10 Ordenamento do Território e Condicionantes

A não concretização deste projecto constitui um cenário de evolução do território relativamente pouco previsível, por diversas razões:

O IC31 faz parte das vias do Plano Rodoviário Nacional em vigor;

Esta mesma via está incluída na proposta preliminar do PROT Centro, que se encontra em fase final de elaboração, onde lhe é atribuída um papel importante de estruturação e coesão territorial, à escala regional e sub-regional, e a função de eixo de ligações internacionais;

Desde a versão original dos PDM destes concelhos, actualmente em revisão, que se perspectiva a construção de uma via neste eixo, considerada como da maior importância para a concretização das estratégias de desenvolvimento local;

Estão já constituídas ou em curso várias linhas de investimento económico e social, nomeadamente na exploração dos segmentos do turismo e dos equipamentos industriais, que tenderão a aumentar a pressão sobre a rede viária existente e a justificar a construção de uma nova via.

Deste modo, caso o presente projecto não se venha a concretizar poderemos considerar que a evolução do ordenamento do território tenderá a ser no sentido de conduzir a uma futura inscrição de uma nova via com características semelhantes nos diversos instrumentos

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de gestão do território, sejam de carácter mais estratégico ou mais regulamentar, eventualmente com a delimitação e perpetuação de canais condicionados para a implantação dessa via.

Por outro lado, algumas das áreas de investimento com tradução espacial, como a delimitação de perímetros urbanos ou de áreas de localização industrial ou logística poderão vir a regredir, na ausência de uma via qualificada de suporte a essas instalações.

5.11 Património Cultural

Na ausência de execução do projecto prevê-se a manutenção do estado actual de preservação do património existente, bem como a protecção da envolvente paisagística, que, em muitos dos casos, é também ela património a ser preservado. Assumindo este cenário, a previsível execução de infra-estruturas de carácter local ou regional, como aconteceu com a beneficiação da EN233, ou a recente construção de redes de saneamento na freguesia de Monsanto, concelho de Idanha-a-Nova, poderão implicar um impacte real na preservação do património histórico, independentemente da execução, ou não, do projecto rodoviário do IC31 entre Castelo Branco e Monfortinho.

5.12 Paisagem

Da análise da zona onde se desenvolvem as diferentes soluções de traçado do IC31, considera-se que, na ausência do projecto, as características gerais da paisagem, na globalidade de área em análise, irão provavelmente manter-se, embora se possam verificar ligeiras alterações, das quais se avançam as seguintes:

Ao longo das principais vias de circulação (IP2, EN18, EN239, EN240 e Linha da Beira Baixa) irá muito provavelmente verificar-se um adensamento, gradual e progressivo, da vegetação arbustiva e arbórea dos taludes e faixas de expropriação;

Nas zonas mais declivosas e de solos mais pobres poderá verificar-se uma evolução da vegetação arbórea e arbustiva potencial, com o consequente aparecimento de situações ecologicamente mais ricas;

No entanto, nestas zonas, poderá verificar-se um aumento de áreas florestais originando paisagens de menor ou maior valor ecológico e paisagístico, dependente do tipo de vegetação que aí se venha a implantar, uma vez que neste aspecto não é indiferente tratar-se de um povoamento extreme de eucalipto ou pinheiro, de um povoamento de sobreiro ou azinheira;

As pequenas áreas agrícolas poderão, devido a factores sócio-económicos, vir a ser abandonadas passando essas zonas a ser ocupadas por matos ou matas, diminuindo

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assim o contraste clareira / mata, tão importante na diversidade e riqueza de uma paisagem.