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Apostila 3 Oportunidade não tem preço! Apoio: Secretaria Municipal de Educação São José dos Campos

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A p o s t i l a 3

O p o r t u n i d a d e n ã o t e m p r e ç o !

Apoio: Secretaria Municipal de Educação São José dos Campos

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CASD Vestibulares Índice 2

AAppoossttiillaa 33 Extensivo Noite ÍÍNNDDIICCEE

FÍSICA

Frente I O conceito de energia................................................................... ..3 Energia cinética e potencial............................................................3 O princípio da conservação da energia......................................... 4 Trabalho. TEC................................................................................4 Potência .........................................................................................5 Frente II Lançamentos.................................................................................19 Frente III Dicas de Exercícios - Calorimetria............................................... 31 Dicas de Exercícios - Propagação de calor.................................. 33 Gases ...........................................................................................35 Frente IV Eletrodinâmica.............................................................................. 45 Instrumentos de Medição............................................................. 55

BIOLOGIA Frente I Anelídeos..................................................................................... 56 Moluscos..................................................................................... 59 Frente II Metabolismo Energético............................................................... 63 Frente III Origem da Vida............................................................................. 65 Lamarckismo e Darwinismo......................................................... 68 Neodarwinismo evidências da evolução...................................... 72 Especiação................................................................................... 77

HISTÓRIA Frente I A crise do sistema colonial........................................................... 81 O primeiro reinado........................................................................ 114 Exercícios..................................................................................... 123 Frente II O renascimento cultural................................................................ 126 A reforma protestante e a contra-reforma.................................... 132 Frente III - Aprofundamento A colonização da América............................................................ 137

GEOGRAFIA Frente I Urbanização...................... ........................................................... 153 Migrações................................................ .................................... 160 Frente II Climas........................................................................................... 166 Hidrografia do Brasil..................................................................... 170

INGLÊS Past Tenses.................................................................................. 183 Future Tenses .............................................................................. 185 Present Tenses II ....................................................................... 187 Interpretação de Textos…………………………………………….. 189

PORTUGUÊS Frente I Redações..................................................................................... 190 Descrição..................................................................................... 193 Frente II Arcadismo.......................................... ......................................... 197 Revisão III ....................................................................................208 Frente III Morfossintaxe............................................................................... 210 Crase............................................................................................ 212

MATEMÁTICA Frente I Recomendações ..........................................................................214 Matrizes .......................................................................................215 Matrizes especiais .......................................................................230 Frente II Funções do 2º Grau / Raízes........................................................ 235 Gráfico da Parábola, Concavidade e Vértice........ ....................... 236 Inequações do 2º Grau ................................................................237 Frente III Adição e subtração de arcos .......................................................243 Transformações ...........................................................................246 Equações trigonométricas ...........................................................249 Frente IV Polinômios ...................................................................................253 Frente V Triângulos ................................................................................. .257 Paralelismo ..................................................................................267

QUÍMICA Frente I Teoria da repulsão dos pares de elétrons da camada de valência................................................................................. 275 Frente II Termoquímica .............................................................................. 287 Cinética Química ..........................................................................307 Frente III Isomeria....................................................................................... 329

AGRADECIMENTOS O CASD Vestibulares agradece a todos que contribuíram para que essa apostila se tornasse real: Bruno Cunha (Diretor Executivo 2007) – T09, Danielle Aguiar de Araújo (Diretora de Ensino 2006) – T09, Bruno Ramos (Diretor de Ensino 2005) – T07, Rafael Cipriano Torres (Diretor de Ensino 2007) – T09, Guilherme “Lab” Pimentel – T06, Fábio Longo da Graça – T05, Jordan Lombardi – T07, Filipe Rodrigues “Balrog” de Souza Moreira – T07, Rodrigo Aguiar Pinheiro “Zigoto” – T09, Bruno Fraga – T04, Rodrigo Fulgêncio Mauro – T07, Sérgio “Homer” Ivo – T05, Christian Spanger – T07, Pedro “PP” Paulo – T07, Lysandra – T09, Fernando “Cão” Henrique – T07, Mateus – T09, Herbert – T09, Fabiano “Fiat” Casimiro – T06, Steven Meier – T06, Muriel Aline – T08, Kaori Giulianna A Caetano da Silva, Alex Cardoso Lopes – T08, Juliana Lisboa, Arthur Lima – T05, Andrei Carlos Nuernberg – T09, Haroldo de Souza Herszkowicz Junior – T09, Leandro Rojas Tamarozzi – T07, José Adenaldo “Macapá” Santos Bittencourt Junior – T09, Maria Cláudia Ferraz – T08, Alexandre Barbosa “Casas” de Menezes – T09, Cláudia Massei – T05, Kleiffer de Souza Cunha – T08, nossas secretárias Monique, Poliana e Flávia, e também a Secretaria Municipal de Educação de São José dos Campos, que tem impresso nossos materiais há muitos anos. Agradecimento especial a Guilherme “Negão” Testoni – T07, que sempre será lembrado pelos alunos e por toda a equipe do CASD Vestibulares. Agradecimento especial ainda para o aluno Elson Gabriel de Souza Santos, autor da capa que ilustra esta apostila. CASD Vestibulares 2007 Oportunidade não tem preço

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Física Frente I CCAAPPÍÍTTUULLOO 44 –– TTrraabbaallhhoo ee EEnneerrggiiaa

Introdução

O Conceito de energia:

Energia é uma palavra muito comum no dia a dia. Estamos acostumados aos termos energia elétrica, energia solar, economizar energia, energia muscular, etc.

Entretanto, na física, o conceito de energia tem

um significado muito bem definido. A saber:

Energia é uma propriedade intríseca de um sistema. É a capacidade de realizar trabalho.

Em nosso estudo, vamos nos concentrar no

estudo da energia mecânica, que é basicamente relacionada com a velocidade de um corpo ou com sua posição em sistema de forças.

Para entendermos melhor esses conceitos, basta lembrarmos que um exemplo de campo de forças conservativas é o campo gravitacional terrestre*. Assim, podemos dizer que quanto mais alto um corpo estiver do chão, maior será a sua energia. Neste caso, a posição em relação ao campo é representada pela altura.

*(Lembremos, que na lição em que discutimos os tipos de forças, definimos dois tipos: Forças de Contato e Forças de Campo. Forças de Campo são as que podem gerar campos como, por exemplo, a força gravitacional que gera o campo gravitacional).

A energia também é relacionada com o estado de movimento de um corpo, pois sabemos que quanto maior a velocidade de um corpo, maior será a sua energia.

Cada um desses tipos de energia recebe um nome específico: a energia relacionada ao estado de movimento (i.e., relacionada a velocidade do corpo) é chamada de Energia Cinética.

Denominamos Energia Potencial ao tipo de

energia que podem vir a se transformar em Energia Cinética. Em nosso estudo daremos ênfase à Energia Potencial Gravitacional (relacionada com a altura de um corpo no campo de gravidade da Terra) e à Energia Potencial Elástica (relacionada com as deformações de uma mola, de um elástico etc).

Outros tipos de energia que podem ser

definidos são a Energia Térmica (energia associada ao movimento de agitação térmica molecular do corpo sendo, portanto, relacionada ao movimento desordenado de moléculas), Energia Potencial Elétrica (outro exemplo de energia potencial relacionada à posição em um campo de forças conservativas), Energia Química (relacionada às ligações entre átomos

e moléculas nas substâncias), Energia Sonora, Energia Luminosa, Energia Nuclear.

São comuns na natureza as transformações de energia. Energia Potencial se transformando em cinética, energia química se transformando em térmica etc... I. Energia Cinética e Energia Potencial

A energia cinética é a forma de energia associada à velocidade de um corpo e é definida pela seguinte expressão:

2

2mvEc =

onde: m é a massa do corpo;

v é o módulo da velocidade do corpo. A unidade de energia no SI é o Joule (J). Note que a energia cinética não depende da

direção e do sentido da velocidade do corpo, e sim do seu módulo. Energia Cinética não é uma grandeza vetorial.

A Energia Potencial Gravitacional, associada à

altura de um corpo no campo de gravidade da Terra é dada pela seguinte expressão:

mghE p =

onde: m é a massa do corpo g é a aceleração da gravidade h é altura do corpo em relação a algum referencial (em relação ao solo, por exemplo). A Energia Potencial Elástica, associada à deformação x de uma mola é dada por:

2

2kxE p =

Onde K é a constante da mola.

É fundamental perceber as transformações de energia (energia potencial, energia térmica, energia cinética, etc.). Para que isso fique mais claro, basta percebermos que se suspendermos um corpo a uma altura h do solo e o soltarmos – em queda livre e com velocidade inicial nula – até que este se choque com o solo, temos que inicialmente sua energia cinética é nula, pois estava parado. Entretanto sua energia potencial gravitacional era diferente de zero. Quando este inicia a queda, sua velocidade aumenta à medida que sua altura diminui, isto significa que sua energia estava se transformando de energias potencial gravitacional para energia cinética. Quando o corpo atinge o solo, sua energia potencial era nula e havia se transformado totalmente em energia cinética. Ao se

3 Mecânica CASD Vestibulares

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chocar contra o solo, esta energia se transformará em energia térmica, que aquecerá o corpo e em energia sonora que poderá ser notada pelo ruído que ocorre quando ocorre o choque.

Energia Mecânica de um corpo pode ser

definida como a soma das suas energias cinética e potencial (elástica e/ou gravitacional). Assim:

pcm EEE += II. O Princípio da Conservação de Energia

Imaginemos um corpo isolado em movimento, de forma que a única forma de energia que ele possui é a energia cinética. Se nenhuma força agir passar a agir sobre ele, o módulo da sua velocidade permanecerá constante eternamente – segundo a Lei da Inércia. Desta forma, como sua massa também não varia, é fato

que sua energia cinética, dada por 2

2mvEc = ,

também permanecerá constante. Suponhamos que, por algum motivo qualquer,

sua energia cinética passe a se transformar em algum outro tipo de energia, temos que sua energia total sempre permanecerá constante, dado que sua energia cinética inicial era constante.

Desta forma podemos entender melhor o

Princípio da Conservação de Energia: Energia não se cria e não se destrói, apenas se transforma.

No caso do corpo em queda livre no campo

gravitacional terrestre, é fato que sua Energia Mecânica permanece constante, desde que o corpo somente esteja sujeito à ação da gravidade. Ou seja,

.constEEE pcm =+=

Assim, em qualquer instante da queda, o aumento de energia cinética é acompanhado pela diminuição da mesma quantidade de energia potencial gravitacional. III. Trabalho. O Teorema da Energia Cinética (TEC)

O Princípio da Conservação de Energia pode ser aplicado corretamente quando temos o caso de um corpo não sujeito à ação de forças externas (exceto quando sujeito a forças conservativas, como a gravitacional). Entretanto, se houver outras forças agindo sobre o corpo (forças de atrito, forças de contato, etc), devemos usar o Teorema da Energia Cinética. O exemplo abaixo deixará isto mais claro.

Imaginemos uma bola de futebol rolando sem

atrito, de forma que possa ser considerada um corpo isolado. Sua energia cinética tenderá a se conservar de acordo com o Princípio da Conservação da Energia. Entretanto, se alguém lhe aplicar uma força de contato externa (um chute por exemplo) esta energia se modificará.

Mas, quanto esta força estará modificando a energia da bola? Haveria como saber qual a interferência na energia da bola que força estaria realizando?

Sim. Primeiro devemos entender que esta

modificação do estado de energia da bola ocorre pelo fato de a força externa estar realizando trabalho sobre a bola.

Trabalho é uma palavra a qual todos estamos

habituados a utilizar no nosso cotidiano, entretanto em física ela tem um significado especial e muito preciso:

Trabalho da força resultante é o quanto varia a Energia Cinética de um corpo sobre o qual age a

força (Teorema da Energia Cinética)

Assim:

cE=⊗ (eq. 1)

Matematicamente, o trabalho também pode ser expresso pelo produto da força pelo deslocamento na direção da força. Para ficar mais claro, considere uma carrinho de plástico puxado por uma criança, que exerce uma força F, a qual forma um ângulo α com a horizontal, de acordo com a figura. F

r

α

figura 1

Sendo o deslocamento horizontal causado pela força igual a d, e como a componente da força na direção do deslocamento horizontal é dada por:

αcosFFx =

Então, pela definição de trabalho:

ατ cos. FddFx == (eq. 2) que é a equação geral para trabalho de uma força constante. Note que forças que atuam perpendicularmente ao deslocamento do corpo (força normal, força centrípeta) não realizam trabalho, pois α = 90o e cos 90o = 0. Trabalho da força elástica Como já foi discutido anteriormente, a força elástica varia conforme a elongação x da mola, e é dada por:

kxFel −= onde: k é a constante elástica da mola x é a sua elongação(isto é, o quanto ela se deformou). Em forma de gráfico, temos:

CASD Vestibulares Mecânica 4

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Por não se tratar de uma força constante, seu trabalho não pode ser expresso pela equação 2. Assim, temos que o trabalho será dado pela área sob a curva no gráfico. Por se tratar de um triângulo, temos:

22. 2kxxkxA

n===τ (eq. 3).

A força elástica e a força peso são conservativas, isto é: o trabalho dessas forças independe da trajetória, depende apenas da posição inicial e final. Da mesma forma que o trabalho da força peso é a própria energia potencial gravitacional, o trabalho da força elástica é a própria energia potencial elástica. Trabalho de forças dissipativas

Forças dissipativas são as que transformam a energia cinética do sistema em energia térmica. Como exemplo, temos as forças de atrito. Para se calcular o trabalho realizado por tais forças, usa-se o mesmo método utilizado para forças não dissipativas. Isto é, utiliza-se as equações 1 e 2.

IV. Potência

Na maioria das máquinas que usamos no dia a dia (inclusive os carros), é comum nos referirmos a uma quantidade chamada potência. Potência está relacionada com a velocidade que certa máquina realiza trabalho, ou seja, é definida como a quantidade de trabalho que uma máquina realiza em um segundo.

Assim, potência é dada por:

tPot

ΔΔ= τ

(eq. 4).

a unidade de potência no SI é o Watt (W) e é dado por Joules/segundo. A potência média pode também ser dada por:

mm FvtdF

tPot =

ΔΔ=

ΔΔ= τ

ou seja,

mm FvPot = (eq. 4).

onde: F é a força que age sobre o corpo vm é a sua velocidade média. Analogamente, a potência instantânea é dada por:

FvPot = (eq 5)

onde: F é a força que age sobre o corpo v é a sua velocidade instantânea.

Exercícios de Sala

1) Calcule o trabalho realizado e velocidade final, nas seguintes situações sendo massa do corpo m=1kg:

Fr

α a) F = 5N, d = 3m,α = 0o b) F = 45 kN, d = 5 cm,α = 45o c) F = 13 N, d = 56 m,α = 90o d) Seja o mesmo em Movimento Circular

Uniformemente Variado com R= 1m, Vo=2m/s, a = 1m/s2 qual o trabalho da força centrípeta após ¼ de volta?

Solução: Usando a relação: ατ cos. FddFx == Temos:

a) T = 5 . 3 . cos 0 =15J→ T=15J b) T = 45.103.5.10-2cos45° =1,59.103J c) T = 13.56.cos90° = 0 d) O trabalho da força centrípeta é zero. Pois a

força é perpendicular ao vetor velocidade.

Obs.: Perceba que no item c) e d) o trabalho da força foi nulo.Em ambos os casos a força é perpendicular à velocidade. Nesses casos, perceba que a força não contribui para a variação da velocidade do corpo.Outros exemplos disso é: força normal, força centrípeta, a força a que fica sujeita uma carga em movimento em um campo magnético uniforme. 2) Qual a velocidade que um corpo atinge o solo se for

abandonado do repouso de uma altura h do chão? Considere a gravidade g e a massa do corpo m.

Solução Temos pelo Princípio da Conservação da Energia:

ghvvmmgh

vmmghv

mmghEE

ff

ffMfM

22

222

220

00

=⇒=→

+=+→=

O resultado anterior poderia ter sido encontrado pelo que foi estudado de queda livre em cinemática.

5 Mecânica CASD Vestibulares

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Comprove! Observe também que a forma da trajetória

não é considerada, ou seja, se o movimento é parabólico, linear, circular, o resultado é sempre o mesmo.O que é importante é o desnível (a altura).

3) Um aluno do Casdvest rola uma bola de 1kg do seu

quarto, com uma velocidade de 10m/s. Se na calçada há uma mola para amortecer o choque de constante k= 18N/m, calcule qual a elongação máxima da mola.

Solução:

MfM EE =0 Mas na máxima elongação v = 0 Então:

mx

xkxvm

35

182)10(.1

22

22

2

=⇒

=→=

4) Um carrinho é solto – partindo do repouso – de uma

rampa de altura h e, logo a seguir, passa por um looping de raio R=3m. Sendo g=10m/s2, e as superfícies totalmente polidas, calcule a altura mínima h para que o carro complete o looping sem se descolar da superfície.

Solução: Inicialmente, sabemos que a condição para que o carrinho não se desprenda na posição C é que:

RmvP

RmvPN N

20

2

=⎯⎯ →⎯=+ → Daí:

Rgv = Podemos agora aplicar a conservação de energia mecânica:

MfM EE =0

2)()2(2

2 RgmRmgmghvmmghmgh f +=→+= Log

o:

25Rh =

5) A esteira da figura transporta quatro corpos de igual massa e presos a ela. A esteira passa pelos roletes sem atrito e, na posição da figura, encontra-se travada. Destravando-a, o sistema põe-se em movimento. Determine a velocidade do primeiro corpo quando atinge a posição B indicada na figura.

Solução:

Note que quando o primeiro corpo atinge a posição B, o segundo estará a uma altura de 2m e os outros 2 blocos estarão ainda no nível mais alto a 4m. Todos os blocos estarão se movendo com a mesma velocidade.

Daí, do Princípio da Conservação da Energia, temos:

)2(42)(2)(42

000

0

vmhmgmghmgh

EE MfM

++=→

=

smvv

ghvmvmgh

ff

f

/304

4.10.34

322

3 020

=→=→

=→=

Logo:

smv f /30=

Exercício Desafio Um carrinho de montanha russa parte do

repouso (ponto A) e é puxado por um motor elétrico até o topo da subida inicial (ponto B) de altura h. Chegando em B, o carrinho está com velocidade nula e é solto sob ação do próprio peso descendo a rampa de inclinação 30o. O coeficiente de atrito é dado por 1μ =0,4 em toda a extensão da rampa. A parte horizontal da trajetória tem comprimento d = 5m, e o coeficiente de atrito com o carrinho passa a valer 2μ =0,2. Sendo g=10m/s2, a massa do carrinho igual a 200 kg, desprezando o atrito com o ar, responda:

CASD Vestibulares Mecânica 6

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a) Qual a altura mínima para que o carrinho consiga completar o looping de raio r=5m?

b) Com a altura do item a), calcule qual a potência do motor elétrico para que o carrinho suba a rampa em 10s? (dar a resposta em Hp).

c) Se toda a energia dissipada por atrito fosse utilizada para aquecer água, quantos kilogramas de água poderiam ter sua temperatura aumentada em 10oC?

Tarefa Mínima

7 Mecânica CASD Vestibulares

A Tarefa Mínima para esta lição é:

• •

Estudar os Exercícios de Sala Resolver os seguintes Exercícios de Fixação:

P.1; P.3; P.6; P.15; P.23; P.29; P.35; P.48;

T.10; T.14; T.22; T.24

Série de Exercícios P.1 – Um bloco está se deslocando numa mesa horizontal em movimento retilíneo e uniforme, sob ação das forças indicadas na figura. A força F é horizontal e tem intensidade 20 N. Determine: A) o trabalho realizado pela força F e pela força de atrito atf num deslocamento AB , sendo d = | AB | = 2,0 m; B) o trabalho da força resultante nesse deslocamento.

P.2 – O gráfico representa a variação da intensidade da força resultante F que atua sobre um corpo de 2 kg de massa em função do deslocamento x. Sabendo que a força F tem a mesma direção e sentido do deslocamento, determine: A) a aceleração máxima adquirida pelo corpo; B) o trabalho total realizado pela força F entre as posições x = 0 e x = 3 m.

P.3 – Uma pequena esfera de massa m = 0,2 kg está presa à extremidade de um fio de comprimento 0,8 m que tem a outra extremidade fixa num ponto O Determine o trabalho que o peso da esfera realiza no deslocamento de A para B, conforme a figura. Considere g = 10 m/s2.

P.4 – Um pequeno bloco de massa igual a 2,0 kg sobe a rampa inclinada de 300 em relação à horizontal, sob a ação da força F de intensidade 20 N, conforme indica a figura. Sendo g = 10 m/s2 e h = 2,0 m, determine o trabalho realizado pela força F , pelo peso P e pela normal N no deslocamento de A para B.

P.5 – Calcule a potência de um motor cuja força produz o trabalho de 537 joules em 10 s. P.6 – Um rapaz de 60 kg sobre uma escada de 20 degraus em 10 s. Cada degrau possui 20 cm de altura. Determine: A) o módulo do trabalho do peso do rapaz ao subir a escada; B) a potência média associada ao peso do rapaz quando sobe a escada (dado: g = 10 m/s2). P.7 – Uma criança de 30 kg desliza num escorregador de 2 m de altura e atinge o solo em 3 s. Calcule o trabalho do peso da criança e sua potência média nesse intervalo de tempo (Dado: g = 10 m/s2). P.8 – Partindo do repouso, sob a ação de uma força constante paralela à direção da velocidade, um corpo de 0,5 kg percorre 10 m e atinge 36 km/h. No deslocamento anterior: A) calcule o trabalho da força; B) calcule a potência média; C) determine, no instante em que a velocidade é 36 km/h, a potência instantânea. P.9 – Um motor de 16 HP utiliza efetivamente em sua operação 12 HP. Qual o seu rendimento?

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P.10 – O rendimento de uma máquina é 70%. Se a potência total recebida é 10cv, qual a potência efetivamente utilizada? P.11 – Determine a potência em kW e HP de uma máquina que ergue um peso de 2000 N a uma altura de 0,75 m em 5 s. O rendimento da máquina é 0,3. Adotar 1 HP = ¾ kW. P.12- Um ponto material de 20 kg desloca-se numa trajetória retilínea, sem atrito, sob a ação de uma força F de direção paralela à trajetória e passa por uma marca A na trajetória com velocidade vA = 72 km/h. Atinge uma marca B, a 50 m de A, com velocidade vB = 108 km/h e aceleração escalar constante. Qual o trabalho da força

B

F entre os pontos A e B? Despreze ações de atrito. P.13 – Um móvel sai do repouso pela ação da força F = 12 N constante, que nele atua durante 4 s, em trajetória retilínea e horizontal, sem atrito, e o móvel caminha 20 m. Determine: A) a aceleração adquirida pelo móvel; B) a massa do corpo; C) o trabalho da força F nos quatro primeiros segundos. D) a velocidade do corpo após 4 s. P.14 – Um corpo move-se numa trajetória retilínea sob a ação de uma força F paralela à trajetória. (Despreze o atrito.) O gráfico da velocidade desse corpo em função do tempo é apresentado na figura abaixo. Se a massa do corpo é o,5 kg: A) em que trecho o movimento é uniforme? B) em que trecho o movimento é retardado? C) qual a intensidade da força F em cada trecho do movimento? D) qual o trabalho da força F em cada trecho do movimento?

P.15 – Um carro de massa 500 kg move-se sem resistências dissipadoras em trajetória retilínea. O gráfico da força motora, na própria direção do movimento, é representado na figura. Determine: A) no percurso de 0 a 600 m o trabalho da força motora; B) a aceleração do carro quando passa pelo ponto a 400 m da origem.

P.16 – (Faap-SP) O gráfico apresenta a variação das forças F1 e fat (força de atrito) que agem num corpo que se desloca sobre o eixo Ox. Calcule: A) o trabalho da força F1 para arrastar o corpo nos primeiros 10 m; B) o trabalho da força de atrito enquanto o corpo é arrastado nos primeiros 10 m. C) o trabalho da força resultante para arrastar o corpo nos primeiros 15 m.

P.17 – (Fuvest-SP) A propaganda de um automóvel apregoa que ele consegue atingir a velocidade de 108 km/h em um percurso horizontal de apenas 150 m, partindo do repouso. A) Supondo o movimento uniformemente acelerado, calcule a aceleração do carro. B) Sendo 1200 kg a massa do carro, determine a potência média que ele desenvolve. P.18 – Determine a potência desenvolvida pelo motor de um veículo com massa de 1 tonelada se o mesmo se move à velocidade constante de 36 km/h num plano horizontal. As resistências do movimento são supostas constantes e iguais a 60% do peso em movimento (g = 10 m/s2). P.19 – Uma bomba hidráulica deve tirar água de um poço à razão de 7,5 l/s. O poço possui 10 m de profundidade e o rendimento da bomba é 80. Dados: densidade da água = 1 kg/l, g = 10 m/s2, 1 HP 0,75 kW. ≅Determine a potência da bomba. P.20 – (ITA-SP) Uma escada rolante transporta passageiros do andar térreo A ao andar superior B, com velocidade constante. A escada tem comprimento total igual a 15 m, degraus em número de 75 e inclinação igual a 300. Determine: A) o trabalho da força motora necessária para elevar um passageiro de 80 kg de A até B; B) a potência correspondente ao item anterior empregada pelo motor que aciona o mecanismo efetuando o transporte em 30 s; C) o rendimento do motor, sabendo-se que a potência total do motor é 400 watts (sem 300 = 0,5; g = 10 m/s2).

CASD Vestibulares Mecânica 8

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P.21 – A força necessária para mover um barco à velocidade constante é proporcional à velocidade. Utilizam-se 20 HP para move-lo à velocidade de 10 m/s. Qual a potência requerida para se rebocar o barco à velocidade de 30 m/s? P.22 – O elevador E da figura possui 4 toneladas, incluindo sua carga. Ele está ligado a um contrapeso C de 3 toneladas e é acionado por um motor elétrico M de 80% de rendimento. Determine a potência requerida pelo motor quando o elevador se move para cima com velocidade constante de 2,0 m/s. Adote g = 10 m/s2.

P.23 – Um corpo de 10 kg parte do repouso sob a ação de uma força constante em trajetória horizontal e após 16 s atinge 144 km/h. Qual o trabalho dessa força nesse intervalo de tempo? P.24 – Calcule a força necessária para fazer para um trem de 60 t a 45 km/h numa distância de 500 m. P.25 – Uma bala de 100 g sai de uma peça de artilharia e atinge, perpendicularmente segundo a horizontal e com velocidade igual a 400 m/s, um obstáculo, nele penetrando 20 cm na própria direção do movimento. Determine: A) qual a intensidade da força de resistência oposta pelo obstáculo à penetração da bala (força média suposta constante); B) qual seria a penetração da bala se sua velocidade ao atingir o obstáculo fosse de 600 m/s. P.26 – O gráfico representa a variação da intensidade da força resultante F que atua num pequeno bloco de massa 2 kg em função do deslocamento x. Sabe-se que a força F tem a mesma direção e sentido do deslocamento. Em x = 0 a velocidade do bloco é 5 m/s. Determine a energia cinética do bloco quando x = 4 m.

P.27 – Um homem ergue um corpo que se encontrava em repouso no solo até uma altura de 2m. O corpo

chegou com velocidade nula. A força que o homem aplica no corpo realiza um trabalho de 12 J. Determine: A) o trabalho realizado pelo peso do corpo; B) a intensidade do peso do corpo. P.28 – Uma pedra de 5 g cai de uma altura de 5 m em relação ao solo. Adote g = 10 m/s2 e despreze a resistência do ar. Determine a velocidade da pedra quando atinge o solo. P.29 – Um objeto de 10 g é atirado verticalmente com 12 m/s. Adote g = 10 m/s2 e despreze a resistência do ar. Determine a altura máxima que o objeto atinge. P.30 – Uma pedra de massa 0,2 kg é atirada verticalmente para baixo de uma torre de altura igual a 25 metros com velocidade inicial de 20 m/s. Desprezando a resistência do ar e adotando g = 10 m/s2, determine a energia cinética da pedra ao atingir o solo. P.31 – Um bloco de 2 kg cai no vácuo, a partir do repouso, de uma altura igual a 20 m do solo. Determine as energias cinética e potencial à metade da altura de queda (g = 10 m/s2). Considere nula a energia potencial da pedra no solo. P.32 – (Fuvest-SP) Uma montanha-russa tem altura máxima de 30 m. Considere um carrinho de 200 kg colocado inicialmente em repouso no topo da montanha. A) Qual a energia potencial do carrinho em relação ao solo no instante inicial? B) Qual a energia cinética do carrinho no instante em que a altura em relação ao solo é de 15 m? Desprezar atritos e adotar g = 10 m/s2. P.33 – Uma pequena esfera, partindo do repouso da posição A, desliza sem atrito sobre uma canaleta semicircular, contida num plano vertical. Determine a intensidade da força normal que a canaleta exerce na esfera quando esta passa pela posição mais baixa B. (Dados: massa da esfera (m); aceleração da gravidade (g).)

P.34 – Estabeleça a relação entre a altura mínima h do ponto A e o raio do percurso circular, de modo que o corpo, ao passar pelo ponto , tenha a resultante centrípeta igual a seu próprio peso. Despreze atrito e resistência do ar.

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P.35 – Uma mola de constante elástica k = 1200 N/m está comprimida de x = 10 cm pela ação de um corpo de 1 kg. Abandonado o conjunto, o corpo é atirado verticalmente, atingindo a altura h. Adote g = 10 m/s2 e despreze a resistência do ar. Determine h. P.36 – (Vunesp) Na figura abaixo, uma esfera de massa m = 2kg é abandonada do ponto A, caindo livremente e colidindo com o aparador que está ligado a uma mola de constante elástica k = 2 . 10 4 N/m. As massas da mola e do aparador são desprezíveis. Não há perda de energia mecânica. Admita g = 10 m/s2. Na situação 2 a compressão da mola é máxima. Determine as deformações da mola quando a esfera atinge sua velocidade máxima e quando ela está na situação 2, medidas em relação à posição inicial B.

P.37 – Uma esfera movimenta-se num plano horizontal subindo em seguida uma rampa, conforme a figura. Qual velocidade com que a esfera deve passar pelo ponto A para chegar em B com velocidade de 4 m/s? Sabe-se que no percurso AB houve uma perda de energia mecânica de 20%. (dados: h = 3,2 m; g = 10 m/s2.)

P.38 – Um pequeno bloco de 0,4 kg de massa desliza sobre uma pista, de um ponto A até um ponto B, conforme a figura abaixo. Se as velocidades do bloco nos pontos A e B têm módulos iguais a 10 m/s e 5 m/s, respectivamente, determine para o trecho AB: A) a quantidade de energia mecânica transformada em térmica; B) o trabalho realizado pela força de atrito. É dado g = 10 m/s2.

P.39 – (Fuvest-SP) um bloco de 1,0 kg de massa é posto a deslizar sobre uma mesa horizontal com energia cinética inicial de 2,0 joules. Devido ao atrito entre o bloco e a mesa ela pára após percorrer a distância de 1,0 m. Pergunta-se: A) Qual o coeficiente de atrito, suposto constante, entre a mesa e o bloco? B) Qual o trabalho efetuado pela força de atrito?

(Dado: g = 10 m/s2) P.40 – (E.E.Mauá-SP) Um bloco de massa m = 10 kg desce um plano inclinado sem atrito que forma um ângulo de 300 com a horizontal. Percorre no seu movimento a distância L = 20 m. A) Calcule o trabalho realizado pela força-peso. B) Supondo que o bloco comece o movimento a partir do repouso, qual será sua velocidade após percorrer os 20 m? (dados: g = 10 m/s2; sem 300; cos 300 = 0,87.) P.41 – Um prego penetra numa parede cuja resistência é R = 60 N. A cada golpe do martelo, o prego aprofunda 1,5 cm no interior da parede. Se a velocidade do prego imediatamente após cada golpe do martelo é 1,5 m/s, determine a massa do prego. P.42 – (Fuvest-SP) Numa montanha-russa um carrinho de 300 kg de massa é abandonado do repouso de um ponto A, que está a 5,0 m de altura. Supondo-se que o atrito seja desprezível, pergunta-se: A) o valor da velocidade do carrinho no ponto B; B) a energia cinética do carrinho no ponto C, que está a 4,0 m de altura. (Dado: g = 10 m/s2)

P.43 – (Unicamp-SP) Um carrinho de massa m = 300 kg percorre uma montanha-russa cujo trecho BCD é um arco de circunferência de raio R = 5,4 m, conforme a figura. A velocidade do carrinho no ponto A é vA = 12 m/s. Considerando g = 10 m/s2 e desprezando o atrito, calcule: A) a velocidade do carrinho no ponto C; B) a aceleração do carrinho no ponto C; C) a força feita pelos trilhos sobre o carrinho no ponto C.

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P.44 – A figura apresenta um corpo de massa 0,7 kg lançado com velocidade de 5 m/s em direção a um plano inclinado. Considere inexistente o atrito. Sabendo-se que o ponto A está a uma altura de 0,4 m da superfície horizontal e que, ao passar por B, a velocidade do corpo é de 3 m/s, calcule, em cm, a diferença de altura entre os pontos A e B. Considere g = 10 m/s2.

P.45 – Um corpo de massa m possui velocidade inicial em A de 2 m/s e percorre a trajetória ABC como se mostra na figura. O trecho em rampa é perfeitamente liso e a partir do ponto B existe atrito de coeficiente igual a 0,10. Determine: A) a velocidade do corpo ao atingir B; B) a distância d que o corpo percorre até parar em C.

Adote g = 10 m/s2

P.46 – Quatro corpos, considerados pontos materiais, de massa m iguais, estão sobre uma esteira transportadora que se encontra parada e travada na posição indicada na figura. O corpo 1 está no início do trecho da esteira indicado e as massas desta e dos roletes podem ser consideradas desprezíveis quando comparadas com as massas dos quatro corpos. Num determinado instante trava-se o sistema e a esteira começa a movimentar-se transportando os corpos sem escorregamento. Calcule a velocidade do corpo 1 quando deixar a esteira no ponto A. Adote g = 10 m/s2.

P.47 – Um corpo de massa m = 10 g é lançado horizontalmente do ponto A e deseja-se que ele atinja a pista superior. Os trechos ABCD são perfeitamente lisos. A aceleração da gravidade é 10 m/s2. Determine a mínima velocidade que o corpo deve ter ao atingir o

ponto B. dado R = 8 cm (despreze o desnível entre os pontos D e E).

P.48 – (Faap-SP) A figura abaixo mostra um corpo de massa 0,1 kg encostado em uma mola comprimida de 20 cm. Calcule a constante elástica mínima da mola para que, abandonado o corpo, ele atinja o topo do plano inclinado liso. Adote g = 10 m/s2.

P.49 – Um revólver de brinquedo é usado para disparar pequenos projéteis de 5 g verticalmente, utilizando para isso a compressão de uma mola. O comprimento da mola não deformada é 4 cm; ela está comprimida e possui 1 cm quando o revólver está preparado para atirar. Uma força de 9 N é necessária para manter a mola em posição de tiro quando o comprimento da mola é 1 cm. O comprimento do cano interno é 6 cm. Adotando g = 10 m/s2 e desprezando atritos e resistência do ar, determine: A) a velocidade do projétil quando sai do cano do revólver; B) a altura que atinge em relação ao ponto onde termina o cano do revólver.

P.50 – (Fuvest-SP) Uma mola pendurada num suporte apresenta comprimento igual a 20 cm. Na sua extremidade livre dependura-se um balde vazio, cuja massa é 0,50 kg. Em seguida coloca-se água no balde até que o comprimento da mola atinja 40 cm. O gráfico ilustra a força que a mola exerce sobre o balde, em função do seu comprimento. Pede-se: A) a massa de água colocada no balde; B) a energia potencial elástica acumulada na mola no final do processo.

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P.51 – (Fesp-SP) Um corpo de massa m = 0,2 kg é posto a deslizar, a partir do repouso, em A, sobre a rampa AB, de atrito, cujo coeficiente de atrito cinético é 0,2. O corpo atinge a mola M, de constante elástica k = 75 N/m. Sendo BC igual a 10 m, determine a máxima deformação sofrida pela mola.

P.52- Uma mola é comprimida de 10 cm por uma esfera de massa 100 g. Liberta-se a mola e a esfera descreve a trajetória A, B, C, D, E sem atrito. Calcule o menor valor da constante elástica da mola para que a trajetória referida anteriormente seja possível. Adote g = 10 m/s2; AB = 40 cm; BD = 2 R = 20 cm. Despreze a resistência do ar.

P.53 – Uma mola de massa desprezível, de constante elástica k = 50 N/m e de comprimento natural L está suspensa verticalmente. um corpo de massa m = 2,0 kg é conectado à extremidade, a partir do repouso. determine: A) a máxima distensão da mola; B) a máxima velocidade que o corpo adquire. Considere g = 10 m/s2.

P.54 – (Fuvest-SP) Uma esfera de 1 kg é solta de uma altura de 0,5 m. Ao chocar-se com o solo, perde 60% de sua energia. Pede-se: A) a energia cinética da esfera imediatamente após o primeiro choque; B) a velocidade da esfera ao atingir o solo pela segunda vez (g = 10 m/s2) P.55 – (Fuvest-SP) Considere um bloco de massa M = 10 kg que se move sobre uma superfície horizontal com uma velocidade inicial de 10 m/s. A) Qual o trabalho realizado pela força de atrito para levar o corpo ao repouso? B) Supondo que o coeficiente de atrito seja μ = 0,10, qual o tempo necessário para que a velocidade do bloco seja reduzida à metade do seu valor inicial? (Considere g = 10 m/s2.) P.56 – (U.F.São Carlos-SP) Uma formiga de massa m encontra-se no topo de uma bola de bilhar rigidamente presa ao solo, conforme a figura. A bola possui raio R e superfície altamente polida. Considere g a aceleração da gravidade e despreze os possíveis efeitos dissipativos. A formiga começa a deslizar na bola com velocidade inicial nula. A) Calcule o módulo da velocidade da formiga no ponto em que ela perde o contato com a bola. B) Calcule a altura, a partir do solo, em que a formiga perde o contato com a bola.

P.57 – (Fuvest-SP) A figura abaixo representa esquematicamente um elevador E com massa 800 kg e um contrapeso B, também de 800 kg, acionados por um motor M. A carga interna do elevador é de 500 kg. (Considere g = 10 m/s2.) A) Qual a potência fornecida pelo motor com o elevador subindo com uma velocidade constante de 1 m/s? B) Qual a força aplicada pelo motor através do cabo para acelerar o elevador em ascensão à razão de 0,5 m/s2 ?

P.58 – (Unicamp-SP) Uma pequena esfera, partindo do repouso (v0 = 0) do ponto P, desliza sem atrito sobre uma canaleta semicircular contida em um plano vertical. (Considere g = 10 m/s2)

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A) Calcule a aceleração da esfera no ponto onde a energia cinética é máxima. B) Determine a resultante das forças que agem sobre a esfera no ponto onde a energia potencial é máxima. P.59 – (Unicamp-SP) Um bloco de massa m = 0,5 kg desloca-se sobre um plano horizontal com atrito e comprime uma mola de constante elástica k = 1,6 . 102 N/m. Sabendo-se que a máxima compreensão da mola pela ação do bloco é x = 0,1 m, calcule: A) o trabalho da força de atrito durante a compressão da mola; B) a velocidade do bloco no instante em que tocou a mola. (Dados: o coeficiente de atrito entre o bloco e o plano é μ = 0,4, e a aceleração da gravidade é g = 10 m/s

2)

T.1 – (F.Carlos Chagas) Nas alternativas seguintes está

representada uma força F , constante, que atua sobre um móvel. Em cada figura está indicado o ângulo entre

F e o sentido do movimento do móvel. Em que situação o trabalho realizado pela força é nulo?

T.2 – (U.E.Londrina-PR) Um corpo desloca-se em linha reta sob ação de uma única força paralela à sua trajetória. No gráfico representa-se a intensidade (F) da força em função da distância percorrida pelo corpo (d). Durante os 12 m de percurso, indicados no gráfico, qual foi o trabalho realizado pela força que a tua sobre o corpo? a) 100 J b) 120 J c) 140 J d) 180 J e) 200 J

T.3 – (UFPE) O gráfico da figura mostra a variação da

intensidade da força F que atua sobre um corpo, paralelamente à sua trajetória, em função de seu espaço (x). Qual o trabalho, em joules, realizado pela força quando o corpo vai de x = 2 m para x = 6 m? a) 4 b) 6 c) 10 d) 32 e) 64

T.4 – (U.F.São Carlos-SP) Um bloco de 10 kg movimenta-se em linha reta sobre uma mesa lisa em posição horizontal, sob a ação de uma força variável que atua na mesma direção do movimento, conforme o gráfico abaixo. O trabalho realizado pela força quando o bloco se desloca da origem até o ponto x = 6 m é: a) 1 J b) 6 J c) 4 J d) zero e) 2 J

T.5 – (Osec-SP) Um bloco com 4,0 kg, inicialmente em repouso, é puxado por uma força constante e horizontal, ao longo de uma distância de 15,0 m, sobre uma superfície plana, lisa e horizontal, durante 2,0 s. O trabalho realizado, em joules, é de: a) 50 b) 150 c) 250 d) 350 e) 450 T.6- Um bloco de peso P = 10 N escorrega do ponto A para o ponto B, ao longo de um plano inclinado, conforme mostra a figura abaixo. O trabalho realizado pelo peso do bloco no deslocamento de A para B é igual a: a) 30 J b) 40 J c) 50 J d) 80 J e) 100 J

T.7- Quando uma pessoa levanta uma criança de 10 kg a uma altura de 120 cm exerce uma força que realiza um trabalho (a velocidade constante) de aproximadamente: (g = 10 m/s2) a) 1,2 . 102 J b)1,2 . 103ergs c) 1,2 J d) 12 J e) nenhuma das anteriores. T.8 – (F.M.Santos-SP) para arrastar um corpo de massa 100 kg entre dois pontos com movimento

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uniforme, um motor de potência igual a 500 W opera durante 120 s. O trabalho motor realizado em, joules é: a) 3,0 . 104 b) 6,0 . 104 c) 1,0 . 104

d) 2,0 . 104 e) nenhuma das anteriores T.9 – (FEI-SP) Um corpo de massa m = 2 kg desloca-se ao longo de uma trajetória retilínea. Sua velocidade varia com o tempo segundo o gráfico dado. A potência média desenvolvida entre 0 e 10 s e a potência instantânea em t = 10 s valem respectivamente, em valor absoluto: a) 750 W e 500 W d) 100 W e 50 W b) 750 W e 750 W e) 50 W e 100 W c) 500 W e 750 W

T.10 – (Fesp-SP) Uma locomotiva faz uma força constante de intensidade 1,0 . 105 N para puxar, com velocidade constante de 10 m/s, uma composição em uma linha plana. A potência dissipada pelas forças de atrito tem módulo: a) 1,0 . 103 kW d) 1,0 . 103 W b) 5,0 . 105 W e) 5,0 . 104 W c) 0,5 . 103 W T.11 – (U.F.Santa Maria-RS) Suponha que um caminhão de massa 1,0 . 104 kg suba, com velocidade constante de 9 km/h, uma estrada com 300 de inclinação com a horizontal. Que potência seria necessária ao motor do caminhão? Adote g = 10 m/s2. a) 9,0 . 105 W d) 4,0 . 104 W b) 2,5 . 105 W e) 1,1 . 104 W c) 1,25 . 105 W T.12 – (ITA-SP) Uma queda-d’água escoa 120 m3 de água por minuto e tem 10,0 m de altura. A massa específica da água é 1,00 g/cm3 e a aceleração da gravidade é 9,81 m/s2. A potência mecânica da queda-d’água é: a) 2,00 W b) 235 . 105 W c) 196 kW d) 3,13 . 103 N e) 1,96 . 102 W T.13 – (PUC-Sp) Uma bomba deve tirar água de um poço água de um poço à razão de 7,5 l/s. Tendo o poço 10 m de profundidade e supondo que a aceleração da gravidade é 10 m/s2 e a densidade da água 1 kg/l, a potência teórica da bomba deve ser (1 cv 750 W): ≅a) 750 cv b) 75 cv c) 7,5 cv d) 1 cv e) 10 cv T.14 – (Fatec-SP) Sobre uma partícula atuam duas forças constantes,

1F e2F , fazendo com que ela se

desloque em linha reta de A até B. É correto afirmar que:

a) o trabalho da força 1F é igual à variação da energia

cinética da partícula ao longo da dist6ancia AB. b) o trabalho de

1F +2F é igual à soma da energia

cinética em A com energia cinética em B. c) o trabalho de

2F é igual à variação de energia cinética ao longo de Ab. d) o trabalho de

1F +2F é igual à variação da energia

cinética ao longo de AB. e) o trabalho da força resultante é igual à energia cinética no ponto AB. T.15 – (AFA-RJ) Um corpo de massa m = 2,0 kg e velocidade inicial v0 = 2,0 m/s desloca-se por 3 m em linha reta e adquire velocidade final de 3,0 m/s. O trabalho realizado pela resultante das forças que atuam sobre o corpo e a força resultante valem respectivamente: a) 0,0 J; 0,0 N b) 1,0 J; 1,6 N c) 1,6 J; 5,0 N d) 5,0 J; 1,6 N T.16 – (F.M.Itajubá-MG) Um corpo de massa 2,0 kg, inicialmente em repouso, é puxado sobre uma superfície horizontal sem atrito por uma força constante, também horizontal, de 4,0 N. Qual será sua energia cinética após percorrer 5,0 m? a) 0 joule b) 20 joules c) 10 joules d) 40 joules e) nenhuma dos resultados citados T.17 – (FEI-SP) Um corpo de massa m = 10 kg é arremessado horizontalmente sobre o tampo horizontal de uma mesa. O corpo inicia o seu movimento com velocidade v0 = 10 m/s e abandona a mesa com velocidade v = 5 m/s. O trabalho realizado pela força de atrito que age no corpo: a) é nulo. b) não pode ser calculado por falta do coeficiente de atrito. c) não pode ser calculado por não se conhecer a trajetória. d) vale –375 J. e) vale –50 J. T.18 – (Fuvest-SP) Um bloco de 2 kg é solto do alto de um plano inclinado, atingindo o plano horizontal com uma velocidade de 5 m/s, conforme ilustra a figura.

A força de atrito (suposta constante) entre o bloco e o plano inclinado vale:

a) 1 N b) 2 N c) 3 N d) 4 N e) 5 N T.19 – O gráfico representa a força de interação que age sobre uma partícula em movimento retilíneo em função da posição da partícula em um referencial

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inercial. Entre as posições s = 1,0 m e s = 3,0 m a energia cinética da partícula: a) aumentou de 2 joules. b) diminuiu de 3 joules. c) aumentou de 3 joules. d) aumentou de 1 joule. e) variou de uma quantidade que somente pode ser determinada conhecendo-se a massa da partícula.

T.20 – Uma partícula de massa m = 1,0 kg está em movimento retilíneo e uniforme com velocidade v0 = 2,0 m/s em um referencial inercial. Ao passar por um ponto da trajetória que será tomado como origem das posições s, a partícula sofre a ação de uma força de mesma direção e sentido que a velocidade que leva a partícula a uma velocidade v = 4,0 m/s. O gráfico da intensidade dessa força da posição é um dos cinco gráficos propostos a seguir:

T.21 – (Fuvest-SP) Uma rampa forma um ângulo de 300 com a horizontal. Nessa rampa um homem percorre uma distância de 4 m, levando um carrinho de mão onde se encontra um objeto de 60 kg. Qual a maior energia potencial que o objeto pode ganhar? (Dado g = 10 m/s2) T.22 – (Fuvest-SP) Uma bola de 0,2 kg é chutada para o ar. Sua energia mecânica em relação ao solo vale 50 J. Quanto está a 5 m do solo, o valor da sua velocidade é : (Dado: g = 10 m/s2) a) 5 m/s b) 10 m/s c) 50 m/s d) 20 m/s e) 100 m/s T.23 – (Fuvest-SP) Uma pedra com massa m = 0,10 kg é lançada verticalmente para cima com energia cinética E

c = 20 joules. Qual a altura máxima atingida pela

pedra? (Dado: g = 10 m/s2). a) 10 m b) 15 m c) 20 m d) 1 m e) 0,2 m

T.24 – (F.M.Santa Casa-SP) Um corpo é abandonado do ponto A e desliza sem atrito sobre as superfícies indicadas atingindo o ponto B. O corpo atingirá o ponto B com maior velocidade no caso: a) I b) II c) III d) IV e) A velocidade escalar é a mesma no ponto B em todos os casos.

T.25 – (Cesgranrio) N afigura, Três partículas (1, 2 e 3) são abandonadas sem velocidade inicial de um mesmo plano horizontal e caem; a partícula 1, em queda livre; a partícula 2, amarrada a um fio inextensível e a partícula 3, ao longo de um plano inclinado sem atrito. A resistência do ar é desprezível nos três casos. Quando passam pelo plano horizontal situado a uma altura h abaixo do plano a partir do qual foram abandonadas, as partículas têm velocidades respectivamente iguais a v1, v2 e v3. Assim pode-se afirmar que: a) v1 > v2 > v3 d) v1 = v3 > v2b) v1 > v3 > v2 e) v1 = v2 = v3c) v1 = v2 > v3

T.26 – (Cesgranrio) Um corpo de massa igual a 2,0 kg lançado verticalmente para cima, a partir do solo, com velocidade de 30 m/s. Desprezando-se a resistência do ar, e sendo g = 10 m/s2, a razão entre a energia cinética e a energia potencial do corpo, respectivamente, quando este se encontra num ponto correspondente a 1/3 da altura máxima é: a) 3 b) 2 c) 1 d) 1/2 e) 1/3 T.27 – (FEI-SP) A figura representa um conjunto de planos perfeitamente lisos onde deve se mover uma bola de massa 2 kg. A bola é abandonada do repouso, em A. Adote g = 10 m/s2 Analisando este movimento podemos afirmar que: a) a bola não consegue atingir o ponto C. b) a energia cinética da bola em C é 300 J. c) a energia potencial da bola em C é de 300 J. d) a energia cinética da bola em B é de 300 j. e) nenhuma das anteriores.

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T.28 – (Fuvest-SP) Uma bola move-se livremente, com velocidade v, sobre uma mesa de altura h, e cai no solo. O módulo da velocidade quando ela atinge o solo é: a) v b) v + gh2 c) gh2 d) ghv 22 + e) v2 + (2gh)2

T.29 – (AFA-RJ) A esfera do esquema ao lado passa pelo ponto A com velocidade de 3,0 m/s. Supondo que não haja forças de resistência do ar e de atrito com a superfície, qual deve ser a velocidade no ponto B? (Dado: g = 10 m/s2) a) 3,0 m/s b) 4,0 m/s c) 5,0 m/s d) 10 m/s

T.30 – (F.M.Santa Casa-SP) Um carrinho, de massa igual a 2,0 kg, move-se ao longo de um trilho cujo perfil está representado ao lado, passando pelo ponto P com velocidade v. Qual deve ser o valor mínimo de v, em m/s, para que o carrinho atinja o ponto Q? (Considere desprezível todos os atritos e adote g = 10 m/s2.) a) 5 b) 10 c) 13 d) 16 e) 20

T.31 – (U.Mackenzie-SP) Um corpo é lançado do solo verticalmente para cima com velocidade de 40 m/s. Despreze a resistência do ar e adote g = 10 m/s2. A altura do corpo no instante em que sua energia cinética é igual à sua energia potencial é:

a) 80 m b) 70 m c) 60 m d) 50 m e) 40 m T.32 – (U.F.São Carlos-SP) Um corpo de peso P preso à extremidade de um fio de massa desprezível é abandonado na posição horizontal, conforme a figura. Deste modo, a tração no fio no ponto mais baixo da trajetória é dada por: a) T = 3 P b) T = 2 P c) T = 0 d) T = P/2 e) T = P

T.33 – (Fatec-SP) Um pêndulo é constituído por uma partícula de massa m suspensa a um fio leve, flexível e inextensível, de comprimento ℓ. A gravidade local é g. O pêndulo é abandonado em repouso na posição SA, formando com a vertical ângulo θ0 = 600. Desprezar efeitos do ar. Quando o pêndulo passa pela posição SB (vertical), a força tensora no fio é: a) m . g b) 4 . m . g c) 3 . m . g d) 2 . m . g e) 5 . m . g

T.34 – (U.Mackenzie-SP) Uma haste rígida de peso desprezível e comprimento 0,4 m tem uma extremidade articulada e suporta, na outra, um corpo de 10 kg. Despreze os atritos e adote g = 10 m/s2. A menor velocidade com que devemos lançar o corpo de A, para que o mesmo descreva uma trajetória circular no plano vertical, é: a) 5 m/s b) 4 m/s c) 3

2 m/s d) 2 m/s e) 1 2 m/s (PUC-SP) Este enunciado refere-se aos testes T.35 e T.36. A mola representada no esquema tem massa desprezível e constante elástica k = 400 N/m e está comprimida de 0,08 m. O corpo nela encostado tem massa 1 kg. Num dado instante solta-se o sistema.

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T.35 – Supondo que não haja atrito, podemos afirmar que há contato entre o corpo e a mola enquanto o corpo percorre: a) zero b) 0,04 m c) 0,08 m d) 0,16 m e) 0,4 m T.36- A velocidade do corpo quando cessa o contato entre a mola e o corpo é igual a: a) zero b) 0,4 m/s c) 0,8 m/s d) 1,6 m/s e) 2,56 m/s T.37 – (Osec-SP) Um corpo de 2,0 kg é empurrado contra uma mola cuja constante elástica é 500 N/m, comprimindo-a 20 cm. Ele é liberado e a mola o projeta ao longo de uma superfície lisa e horizontal que termina numa rampa inclinada de 450, conforme a figura abaixo. A altura atingida pelo corpo na rampa é: (Dado: g = 10 m/s2.) a) 10 cm b) 20 cm c) 30 cm d) 40 cm e) 50 cm

(F.M.Santa Casa-SP) Este enunciado refere-se aos testes T.38 a T.40. O gráfico representa a energia potencial de um sistema conservativo isolado em função da ausência x. Para X = 0 o sistema só possui energia potencial.

T.38 – Para x = 2 cm: a) O sistema tem 1,0 . 10 2 joules de energia total. b) O sistema só tem energia cinética. c) O sistema tem energia cinética igual à energia potencial. d) O sistema perdeu energia. e) Nada do que se afirmou é correto. T.39 – a) Entre 5 cm e 7 cm o sistema executa um movimento circular. b) Para | x | maior que 8 cm, a energia cinética do sistema é igual a 0,5 . 102 J. c) Para x = 6 cm o sistema tem certamente energia cinética menor que 2 . 102 J. d) O sistema perdeu energia.

e) Nada do que se afirmou é correto nas alternativas anteriores. T.40 – Para x = 2 cm e x = 6 cm: a) As energias potenciais são iguais em valor absoluto. b) As energias.cinéticas são iguais. c) A soma das energias cinética e potencial variou. d) As energias cinéticas são iguais em módulo. e) Nada do que se afirmou é correto. T.41 – (PUC-SP) Uma de massa 0,5 kg é lançada verticalmente de baixo para cima com velocidade inicial v0 = 20 m/s. A altura atingida pela bola foi de 15 m. Supondo a aceleração local da gravidade g = 10 m/s2, houve perda de energia devida à resistência do ar de: a) 100 J b) 75 J c) 50 J d) 25 J e) zero T.42 – (Fuvest-SP) Uma bola de 0,2 kg de massa é lançada verticalmente para baixo, com velocidade inicial de 4 m/s. A bola bate no solo e, na volta, atinge uma altura máxima que é idêntica à altura do lançamento. Qual energia mecânica perdida durante o movimento? a) 0 J b) 1600 J c) 1,6 J d) 800 J e) 50 J T.43 – (ITA-SP) A superfície cujo perfil está esquematizado na figura mostra três regiões planas, horizontais. A região (2) está 2,0 m acima de (1) e a região (3) está 1,0 m acima de (1). Os blocos A e B, cada um dos quais com massa de 5,0 kg, estão inicialmente na região (1), separados mas ligados por uma mola comprimida que armazena 120 joules de energia potencial elástica. Supondo que esses blocos possam mover-se sem atrito sobre a superfície e que a aceleração da gravidade vale 10 m/s2.

Pode-se afirmar que, depois que a mola se expandir: a) o bloco A fica oscilando na região (1), enquanto o bloco B atinge a região (3) com cerca de 50 joules de energia cinética. b) nenhum dos blocos escapa da região (1). c) os dois blocos acabam por atingir a região (3) com energias cinéticas iguais. d) o bloco B vai de (1) para (3), chegando ao patamar da região (3) com cerca de 50 joules de energia cinética, enquanto o bloco A vai para a esquerda, voltando em seguida para a direita indo atingir também a região (3) com cerca de 50 joules de energia cinética. e) ao final os dois blocos ficarão parados na região (3). T.44 – (Fatec-SP) Os blocos A (massa m) e B (massa 2 m) são abandonados na posição indicada na figura. A polia é leve e sem atrito. Dada a aceleração

17 Mecânica CASD Vestibulares

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gravitacional g, o bloco B, ao percorrer a distância 2H ,

tem energia cinética igual a: a) mgH / 6 b) mgH / 3 c) 4 mgH d) 2 mgH e) mgH

T.45 – (ITA-SP) Uma haste rígida de comprimento L e massa desprezível é suspensa por uma das extremidades de tal maneira que a mesma possa oscilar sem atrito. Na outra extremidade da haste acha-se fixado um bloco de massa m = 4,0 kg. A haste é abandonada no repouso quando a mesma faz um ângulo θ = 60 0 com a vertical. Nestas condições, a tração |T | sobre a haste quando o bloco passa pela posição mais baixa vale (considere g = 10,0 m/s2): a) 40 N b) 80 N c) 160 N d) 190 N e) 210 N T.46 – (Osec-SP) Um automóvel de 103 kg desce uma ladeira com o motor desligado com velocidade constante de 54 km/h. Que potência deverá o motor desenvolver para subir a ladeira com a mesma velocidade sabendo que para cada 4 m de subida o automóvel percorre 100 m? (Dado: g = 10 m/s2.) a) 12 kW b) 10 kW c) 8 kW d) 6 kW e) 4 kW

Gabarito P.1 τF = 40 J; τfat = -40 J B) zero P.2 A) 2 m/s2 B) 6 J | P.3 1,6 J P.4 τF = 80 J; τP = -40 J; τN = 0 | P.5 53,7 W P.6 A) 2400 J B) 240 W | P.7 600 J e 200 W P.8 A) 25 J B) 12,5 W C) 25 W | P.9 75% P.10 7 cv | P.11 1 kW = 4/3 HP | P.12 5000 J P.13 A) 2,5 m/s2 B) 4,8 kg C) 240 J D) 10 m/s P.14 A) 4 s a 10 s B) 10 s a 16 s C) 0,5 N; zero, 0,33N D) 4 J; zero; -4 J P.15 A) 400 kJ B) 1,6 m/s2

P.16 A) 1400 J B) –100 J C) 600 J

P.17 A) 3 m/s2 B) 54 kW | P.18 60 kW P.19 1,25 HP | P.20 A) 6000 J B) 200 W C) 50% P.21 180 HP | P.22 25 kW | P.23 8000 J P.24 9375 N | P.25 A) 40000 N B) 45 cm P.26 95 J | P.27 A) –12 J B) 6 N | P.28 10 m/s P.29 7,2 m | P.30 90 J | P.31 200 J; 200 J P.32 A) 6 . 104 J B) 3 . 104 J | P.33 3 mg P.34 h = 2,5 R | P.35 0,6 m | P.36 0,10 cm; 10 cm P.37 10 m/s | P.38 A) 3 J B) –3 J P.39 A) 0,20 B) –2,0 J | P.40 A) 103 J B) 14 m/s

P.41 0,8 kg | P.42 A) 10 m/s B) 3,10 . 103 J P.43 A) 6,0 m/s B) 6,7 m/s2 C) 1,0 . 103 N P.44 40 cm | P.45 A) 12 m/s B) 72 m P.46 5,5 m/s | P.47 2 m/s | P.48 4 . 10≅ 2 N/m P.49 A) 7,28 m/s B) 265 cm ≅P.50 A) 9,5 kg B) 10 J | P.51 0,4 m | P.52 110 N/m P.53 A) 0,80 m B) 2,0 m/s | P.54 A) 2 J B) 2 m/s P.55 A) –500 J B) 5,0 s P.56 A)

32 Rg B)

35 R

P.57 A) 5 . 103 W B) 6050 N P.58 A) 20 m/s B) peso da esfera P.59 A) –0,2 J B) 2 m/s T.1 a T.2 c T.3 d T.4 e T.5 e T.6 b T.7 a T.8 b T.9 a T.10 a T.11 c T.12 c T.13 d T.14 d T.15 d T.16 b T.17 d T.18 c T.19 c T.20 c T.21 a T.22 d T.23 c T.24 e T.25 e T.26 b T.27 d T.28 d T.29 d T.30 b T.31 e T.32 a T.33 d T.34 b T.35 c T.36 d T.37 e T.38 c T.39 e T.40 a T.41 d T.42 c T.43 c T.44 b T.45 c T.46 a

CASD Vestibulares Mecânica 18

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19 Cinemática CASD Vestibulares

FFííssiiccaa Frente II CCIINNEEMMÁÁTTIICCAA

Cinemática – LançamentosCinemática – Lançamentos

NNeessttee ccaappííttuulloo vvooccêê aapprreennddeerráá aa ttrraabbaallhhaarr ooss pprroobblleemmaass ddee llaannççaammeennttoo.. ÉÉ iimmppoorrttaannttee ffiiccaarr aatteennttoo aaoo

ffaattoo ddee qquuee ttooddooss ooss ccoonncceeiittooss uuttiilliizzaaddooss jjáá ffoorraamm ddiissccuuttiiddooss nnooss ccaappííttuullooss aanntteerriioorreess,, ddee mmoovviimmeennttoo

rreettiillíínniioo ee mmoovviimmeennttoo rreettiillíínneeoo uunniiffoorrmmeemmeennttee vvaarriiaaddoo..

I. Introdução Neste módulo estaremos estudando

movimentos de corpos que são lançados no vácuo e que ficam submetidos à ação da aceleração gravitacional em regime de queda livre.

Lançamentos são estudados como sendo movimentos em duas dimensões (isto é, nas direções vertical e horizontal simultaneamente) ao contrário dos movimentos que temos estudado até agora que estavam confinados em suas trajetórias (uma dimensão).

Movimentos bidimensionais são estudados seguindo o princípio da independência dos movimentos simultâneos que será explicado a seguir. II. Princípio da Independência dos Movimentos Simultâneos (Galileu)

Considere o exemplo de um barco atravessando, de uma margem a outra, um rio com correnteza. Supondo que o barco parta de uma margem com direção perpendicular à mesma. Desta forma sabemos que o barco será arrastado pela correnteza e atingirá a outra margem em um ponto rio abaixo, conforme representado no esquema.

margem

barcoVr

correntezaVr

trajetória margem

Figura 1 – Movimento bidimensional do barco cruzando o rio com correnteza.

Suponhamos que a largura do rio é 50m,

barcoVr

= 5 m/s e correntezaVr

= 2 m/s.

Imaginemos o movimento da correnteza e do

barco separadamente. Isto é suponhamos que pudéssemos “desligar” a correnteza do rio enquanto o barco o atravessa. Assim este levaria 10s para chegar à outra margem. Agora desligamos o motor do barco e o deixamos submetido somente à velocidade da correnteza pelo mesmo intervalo de tempo (10 s). Assim o barco desceria 20 m rio abaixo.

barcoV

r correntezaV

r = 0

50m

20 m correntezaV

r

Figura 2 – Análise de cada um dos movimentos isolados.

Imaginemos o mesmo procedimento, porém isolando primeiro somente a velocidade da correnteza por 10 s (assim o barco desceria rio abaixo 20m) e depois “desligássemos” a correnteza para deixar o barco atravessar o rio. Notemos que desta forma a posição final do barco seria a mesma.

20 m

50m Figura 3 - Movimentos da correnteza e do barco isolados

O mais interessante de analisarmos os dois

movimentos é o fato de que independente da ordem em que foram analisados os resultados são os mesmos! Isto nos sugere que se analisarmos os dois simultaneamente (que é o que ocorre na realidade, pois não podemos desligar a correnteza) obteremos também o mesmo resultado!!! Este fato ilustra muito bem um princípio fundamental da física chamado de Princípio da Independência dos Movimentos Simultâneos.

Este princípio pode ser resumido pela frase a seguir:

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Se um móvel apresenta um movimento em mais de uma dimensão, podemos analisar os movimentos

em cada dimensão como se os demais não existissem.

CASD Vestibulares Cinemática 20

Desta forma, quando estamos tratando de

lançamentos no vácuo, o movimento pode ser dividido em dois. O movimento na vertical é um MUV, isto é, um movimento acelerado pela gravidade no sentido de cima para baixo. Já o movimento na horizontal será estudado de forma independente do movimento na vertical e é um movimento com velocidade constante (MU).

É de extrema importância que o princípio da independência dos movimentos seja bem compreendido. Vamos, inicialmente analisar em separado dois casos relevante:

-Movimento vertical no vácuo; -Movimento oblíquo e horizontal no vácuo.

III - Movimento vertical no vácuo

O movimento vertical no vácuo é comum em nosso cotidiano. É chamado de queda livre quando um corpo é simplesmente abandonado sob a ação exclusiva da aceleração da gravidade (a aceleração que um corpo adquire devida a ação do seu próprio peso, desprezando os efeitos dissipativos como o ar). Durante muito tempo se pensou que um corpo cai tão mais rápido quanto maior seu peso, entretanto, Galileu mostrou que a natureza não se comporta desta forma. Todos os corpos adquirem a mesma aceleração quando postos a cair, independentemente de sua massa. Grosso modo, se um elefante e uma pulga caírem de mesma altura, chegarão juntos ao chão. O que de fato atrapalha essa conclusão na prática é a resistência ao movimento imposta pelo ar. A resistência do ar depende da aerodinâmica do corpo. Pense que um pára-quedas é projetado de maneira que se aproveite ao máximo a resistência do ar para frear o movimento do pára-quedista. A estrutura de um carro de fórmula 1, por exemplo, tenta minimizar o atrito do ar, de modo que o veículo desenvolva maiores velocidades. É fundamental compreendermos que a aceleração da gravidade, conforme vai ser mais bem estudado em gravitação universal, esta está sempre voltada para o centro da Terra (para baixo, no caso cotidiano) e diminui à medida que se afasta dele, logo um astronauta em órbita percebe uma gravidade menor (fica mais leve) que alguém na superfície. A própria assimetria da Terra (achatada nos pólos) permite com que a gravidade seja maior nos pólos e menor no equador. Para analisarmos o movimento vertical no vácuo, devemos primeiramente definir uma orientação, e assim estabelecer um parâmetro para trabalharmos com os vetores velocidade, posição e aceleração. O sinal da aceleração, da velocidade e da posição só depende da orientação adotada e não depende do fato do corpo estar subindo ou descendo.

Como consideramos a gravidade constante, o movimento se torna um MUV e análise usa as equações já conhecidas:

2 2ttvyy oyo

α++=

tvv oyy α+=

yvv oyy Δ+= 222 α

Não se esqueça que a gravidade sempre é direcionada para baixo!

Importante:

A orientação da trajetória é muito importante para a solução dos problemas, além de deixar a solução mais detalhada, elegante e formal.

Ela consiste em definir, através de uma “seta” na ilustração do problema , para qual direção e sentido os valores numéricos da posição, velocidade e aceleração serão positivos.

Não se esqueça de orientar a trajetória !

É importante salientar que alguns pontos importantes: α = + g (orientação da trajetória para baixo); α = - g (orientação da trajetória para cima); -Na subida o movimento é retardado; -Na descida o movimento é acelerado; -No ponto mais alto há mudança de sentido e assim, a velocidade é nula (v=0). Pode, ainda ser demonstrado que: -O tempo de subida é igual ao tempo de descida; -O módulo da velocidade inicial de subida é igual ao da velocidade final. IV - Movimento oblíquo e horizontal no vácuo

Outros tipos interessantes de movimento ocorrem quando o corpo é lançado na horizontal ou quando é simplesmente lançado com alguma inclinação em relação à horizontal.

Agora, devemos aplicar o princípio da independência dos movimentos simultâneos e visualizar o movimento como a soma de um movimento vertical (explicando a queda do corpo) e de um movimento horizontal. Para fazer esta análise, deve-se separar as equações da vertical e as da horizontal.

Na vertical, ter-se-á, devido à aceleração da gravidade, um MUV, enquanto que na horizontal, por não haver nenhuma aceleração, a análise é de um MU.

A trajetória será sempre parabólica. Na vertical, teremos:

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21 Cinemática CASD Vestibulares

Fig.I: O módulo da velocidade vertical varia

Quanto às equações, tem-se:

θsenooy vv =

2 2ttvyy oyo

α++=

tvv oyy α+=

yvv oyy Δ+= 222 α Para o lançamento horizontal, basta fazer

vy0=0. Obtendo:

Fig.II: Lançamento Horizontal

Analisando agora a direção horizontal, temos:

Fig.III: A velocidade horizontal permanece constante

durante o movimento Quanto às equações, tem-se:

.cos constvv ox == θ

tvx x= De um modo geral teremos:

Fig. IV: Em qualquer ponto teremos yx vvv rrr +=

Fig. V: Foto estroboscópica de trajetória parabólica de um corpo em lançamento oblíquo.

EXERCÍCIOS DE SALA

1) Um corpo é abandonado a uma altura h sob ação exclusiva da gravidade iniciando um movimento de queda livre. Sendo g a aceleração gravitacional, pergunta-se: a) Em quanto tempo o corpo atinge o solo? b) Qual a sua velocidade imediatamente antes do choque com o solo? Solução: Temos:

2 2ttvyy oyo

α++= 0 = h – gt2/2

Note que α < 0, pois a orientação é para cima.

Logo: ght 2=

Para a velocidade, podemos usar:

tgvy −= tvv oyy = α+ Mas pela resposta anterior:

ghghgvy 22 −=−= tgvy = −

Logo ghvy 2−= O sinal negativo indica que a velocidade está contrária à nossa indicação, logo o corpo está descendo. 2) Um móvel é atirado verticalmente para cima, a partir do solo, com velocidade inicial de 50 m/s. Despreze a resistência do ar e adote g = 10 m/s2. Determine: a) as funções horárias do movimento; b) o tempo de subida, isto é, o tempo para atingir a altura máxima; c) a altura máxima;

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d) em t = 6s, contados a partir do instante de lançamento, o espaço do móvel e o sentido do movimento;

CASD Vestibulares Cinemática 22

e) o instante e a velocidade escalar quando o móvel atinge o solo. Solução: Vamos incialmente orientar a trajetória para cima, com marco zero (origem dos espaços) no solo. a) As funções horárias: Da posição:

2 2ttvyy oyo

α++= h = 50t – 5t2

Da velocidade:

tvv oyy α+= vy = 50 – 10t

Note que o móvel é atirado para cima, por isso a velocidade inicial é +50m/s pois está no mesmo sentido que a orientação. Já a aceleração é a da gravidade (que está sempre para baixo), o que a deixa contrária a nossa orientação, por isso α = + 10m/s2. b) Sabemos que na altura máxima v = 0, então na fórmula do item a: vy= 50 – 10t 0 = 50 – 10t t = 5s (tempo de subida) C) Na altura máxima o corpo inverte o sentido de movimento (vy = 0). No item anterior, descobrimos o tempo de subida então, usando a função horária, temos para t = 5s: h = 50t – 5t2 h = 50.5 – 5.(5)2 = 125m hmáx = 125m d) Basta jogarmos t = 6s nas funções horárias do item a) : vy = 50 – 10t v = 50 – 10.6 = -10 v = -10m/s (O sinal negativo indica que o móvel está descendo, movendo-se contra a orientação). h = 50t – 5t2 h = 50.6 – 5.(6)2 = 120m h = 120m e) No solo, temos h = 0: h = 50t – 5t2 0 =50t – 5t2 daí: t = 0 (como já era esperado, pois o corpo foi lançado a partir do solo) ou t = 10s. Logo o móvel volta ao solo em t = 10s. Para a velocidade, se t = 10s :

Vy = 50 – 10t v = -50m/s Compare o tempo de subida com o de descida e os valores das velocidades inicial e final do movimento.

3) Num jogo de bilhar, acidentalmente uma das bolas cai fora da mesa com uma velocidade horizontal de 10 m/s. Considerando que a altura da mesa era de 1m, e a gravidade g =10m/s2, calcule: 4) a) Quanto tempo a bola leva até atingir o solo? b) A que distância do pé da mesa a bola cai no chão? Solução: a) Para achar o tempo de queda, tomamos, na direção vertical:

2 2ttvyy oyo

α++=

0 = 1-10t2/2

st51=

b) Na horizontal, temos:

tvx x= mx 525110 ==

logo mx 52= 5) Flying Disk é um esporte que consiste em se lançar um disco para que o outro jogador apanhe. Numa partida, o lançador atira para o outro, distante de 60m, a uma velocidade de 20 m/s e fazendo um ângulo de 45o com a horizontal. Com que velocidade e em qual sentido o outro apanhador deverá correr para conseguir apanhar o disco? Considere g = 10 m/s2 e despreze os efeitos de sustentação e resistência do ar. Solução: Inicialmente, calculemos o tempo de queda. Para isso, podemos usar duas maneiras - usar a equação do deslocamento vertical e fazer y = 0, ou usar a equação da velocidade vertical, uma vez que o módulo da velocidade de chegada é igual à de saída. Sendo assim, usemos a da velocidade (mais fácil) :

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23 Cinemática CASD Vestibulares

θsenooy vv =

smvoy /21022.20 ==

Então, de tvv oyy α+= :

stt 2210210210 =⎯→⎯−=− (Orientação pra cima.) Mas para o deslocamento horizontal teremos:

smvv ox /2102220cos === θ

Logo:

mxtvx x 4022.210 ==⎯→⎯= O outro jogador deverá se aproximar do

primeiro uma distância de 20m (distância que o separa do ponto onde o disco cai) antes do disco cair,ou seja em st 22= , logo:

smVtsV /25

2220 ==⎯→⎯

ΔΔ=

smV /25=

EXERCÍCIO DESAFIO Numa batalha, um bombardeio abandona uma bomba a uma altura de 50m com a intenção de destruir uma pista de pouso de uma base aérea. No mesmo instante, a bateria antiaérea dispara um projétil de um ponto situado à distância de 200m da pista, com velocidade de 300 m/s. Sob qual ângulo o projétil deve ser disparado para salvar a pista de pouso? bomba V Bateria Pista Anti-aérea

TAREFA MÍNIMA

A Tarefa Mínima para esta lição é: • •

Estudar os Exercícios de Sala Resolver os seguintes Exercícios de Fixação:

P.1; P.18; P.19; P.20;

T.13; T.17; T.18; T.30; T.33

EXERCÍCIOS P.1 – Um móvel é atirado verticalmente para cima a partir do solo, com velocidade inicial de 20 m/s. Despreze a resistência do ar e adote origem de espaços no solo com trajetória orientada para cima. Determine: A) as funções horárias do movimento; B) o tempo de subida; C) a altura máxima atingida; D) em t = 3 s, o espaço e o sentido do movimento; E) o instante e a velocidade escalar quando o móvel atinge o solo. (Dado: g = 10 m/s2.) P.2 – Do topo de um edifício, a 20 m do solo, atira-se um corpo para cima com velocidade inicial de 10 m/s. Desprezando a resistência do ar, determine: A) o tempo de subida do corpo; B) o tempo de chegada ao solo; C) a altura máxima (Dado: g = 10 m/s2). P.3 – De um andar de um edifício em construção caiu um tijolo, a partir do repouso, que atingiu o solo 2 s depois. (Dado: g = 10 m/s2). Desprezando a resistência do ar, calcule: A) a altura do andar de onde caiu o tijolo; B) a velocidade escalar do tijolo quando atingiu o solo. P.4 – (E.E.Mauá-SP) Calcule a relação entre as alturas atingidas por dois corpos lançados verticalmente com velocidades iniciais iguais, um na Terra, outro na Lua. Sabe-se que a aceleração da gravidade na Terra é 6 vezes maior do que na Lua. Desprezam-se as resistências opostas aos movimentos. P.5 – Dois corpos são lançados verticalmente para cima do mesmo ponto e com velocidade iniciais iguais a 30 m/s. O segundo corpo é lançado 3 s depois do primeiro. Desprezando a resistência do ar, determine: A) o instante e a posição do encontro; B) as velocidades dos corpos no instante do encontro. (Dado: g = 10 m/s2.) P.6 – Dois corpos estão sobre a mesma vertical, à distância de 30 m um do outro. Abandona-se o de cima e, após 2 s, o outro. Após quanto tempo e em que ponto se dará o encontro dos dois? (Dado: g = 10 m/s2.) Despreza a resistência do ar. P.7 – (FEI-SP) Um ponto material, lançado verticalmente no vácuo sobre a superfície terrestre, onde g = 10 m/s2, admitida constante, atinge a altura de 20 m. Qual a velocidade de lançamento? P.8 – Um corpo é atirado verticalmente para cima com uma velocidade inicial de 16 m/s. Determine: A) a altura máxima. B) o tempo empregado para atingir o ponto mais alto da trajetória; C) o espaço e a velocidade escalar do corpo 3 s depois de ser lançado. (Considere g = 10 m/s2) P.9 – (Esalq-Piracicaba-SP) Um corpo é lançado verticalmente para baixo com velocidade inicial de 15

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m/s. Sabendo-se que a altura inicial era de 130 m, determine o instante em que o móvel se encontra a 80 m do solo. (Dado: g = 10 m/s2) P.10 – (ESPM-SP) Uma pequena esfera é lançada verticalmente paar baixo, de um ponto situado a 4,2 m do solo, com velocidade de 4 m/s. Determine a velocidade da esfera ao atingir o solo. (Dado: g = 10 m/s2) P.11 – (FEI-SP) Um observador vê um corpo cair, passando por sua janela com velocidade escalar de 10 m por segundo. 75 m abaixo, um outro observador vê o mesmo objeto passar por ele em queda livre. Adote g = 10 m/s2. Determine: A) a velocidade escalar do móvel ao passar pelo segundo observador; B) o tempo que o corpo leva para ir de um a outro observador; C) a que dist6ancia do solo encontra-se o primeiro observador, sabendo-se que o corpo leva 1 s para chegar ao solo depois de passar pelo segundo observador. P.12 – Lançou-se uma esfera verticalmente de baixo para cima com uma velocidade inicial de 60 m/s. Três segundos depois lançou-se, segundo a mesma direção e sentido, uma segunda esfera com velocidade inicial de 80 m/s. Calcule: A) o tempo gasto pela segunda esfera até encontrar a primeira e a altura do encontro; B) as velocidades de cada esfera no momento do encontro. (Exprima os resultados em m/s e km/h; g = 10 m/s2.) P.13 – (Fatec-SP) Na Lua, abandona-se uma pedra em repouso a 40 m de altura. Na mesma prumada, outra pedra junto ao solo é atingida verticalmente para cima no mesmo instante. As duas pedras colidem a 20 m de altura. Com que velocidade foi lançada a segunda pedra? (Aceleração da gravidade na Lua gl = 1,6 m/s2.) P.14 – Duas pedras descrevem trajetórias paralelas ao serem lançadas verticalmente para cima a partir do mesmo instante. A primeira é lançada com velocidade de 20 m/s de uma plataforma situada à altura de 20 m e a segunda é lançada a partir do solo com velocidade de 30 m/s. Adotando g = 10 m/s2, determine: A) o instante em que as pedras se cruzam; B) a altura em que ocorre o cruzamento em relação ao solo; C) as velocidades das pedras ao se cruzarem. P.15 – (Unicamp-SP) Um malabarista de circo deseja ter tr6es bolas no ar em todos os instantes. Ele arremessa uma bola a cada 0,40 s. (Considere g = 10 m/s2.) A) Quanto tempo cada bola fica no ar? B) Com que velocidade inicial deve o malabarista atirar cada bola para cima? C) A que altura se elevará cada bola acima de suas mãos?

P.16 – (FEI-SP) Um bombardeiro voa a 3920 m de altura com velocidade de 1440 km/h. De que posição ele deve soltar uma bomba para atingir um alvo no solo? Use g = 10 m/s2 e despreza a resistência do ar. P.17 – Um avião de socorro voa horizontalmente a uma altura h = 720 m, a fim de lançar um fardo de mantimentos para uma população flagelada. Quando o avião se encontra à distância d = 1200 m da população, na direção horizontal (veja figura), o piloto abandona a carga. (Adote g = 10 m/s2.) A) Qual a trajetória do fardo vista pelo piloto, considerando que o avião mantenha invariável o seu movimento? B) Qual a trajetória do fardo vista por um elemento da população? C) Quanto tempo o fardo leva até chegar aos flagelados? D) Qual o módulo da velocidade v do avião? E) Qual o módulo da velocidade do fardo quando ele chega ao solo?

P.18 – Uma bolinha rola com velocidade de módulo constante v = 5 m/s sobre uma mesa horizontal de altura h = 1,25 m e com essa velocidade abandona a borda da mesa. (Adote g = 10 m/s2) A) Desenhe a trajetória descrita pela bolinha, após abandonar a mesa. B) Em que tempo a bolinha chega ao chão? C) O intervalo de tempo calculado no item anterior seria maior, menor ou igual, se a bolinha fosse apenas abandonada a partir da borda da mesa? Por que? D) Localize o ponto em que a bolinha toca o chão, calculando seu deslocamento na direção horizontal a partir do instante em que abandona a borda da mesa. E) Calcule o módulo da velocidade com que a bolinha chega ao chão.

P.19 – Um corpo é lançado obliquamente a partir do solo, no vácuo, sob ângulo de tiro de 60° e com velocidade de 10 m/s. A dotando g = 10 m/s2, sem 60° = sem 120° = 0,86 e cos 60° = 0,50, determine: A) a velocidade escalar mínima assumida pelo móvel; B) o instante em que o corpo atinge o ponto mais alto da trajetória. C) a altura máxima atingida pelo móvel e o alcance do lançamento

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P.20 – No lançamento oblíquo de um projétil, a altura máxima é 20 m. No ponto mais alto da trajetória, a velocidade escalar do móvel é 5 m/s. Desprezando a resistência do ar e adotando g = 10 m/s2, determine: A) o tempo total do movimento e o tempo de subida; B) a velocidade escalar de lançamento; C) a ângulo de tiro, expresso por uma de suas funções trigonométricas; D) o alcance do lançamento. P.21 – (F.M.Itajubá-MG) Uma bola está parada sobre o gramado de um campo horizontal, na posição A . Um jogador chuta a bola pra cima, imprimindo-lhe

velocidade 0v de módulo 8,0 m/s, fazendo com a horizontal um ângulo de 60°, como mostra a figura. A bola sobe e desce, atingindo o solo novamente na posição B. Desprezando-se a resistência do ar, qual será a distÂncia entre as posições A e B? (Considere g = 10 m/s2.)

P.22 – (AFA-RJ) Um projétil é lançado com velocidade inicial de 100 m/s, formando um ângulo de 45° com a horizontal. Supondo g = 10 m/s2, qual será o valor do alcance e a altura máxima atingidos pelo projétil? Despreze a resistência do ar. P.23 – Um corpo é lançado de um ponto O do solo

com velocidade inicial 0v que forma com a horizontal um ângulo θ, como indica a figura, tal que cos θ = 0,80 e sem θ = 0,60. Sendo v0 = 100 m/s e g = 10 m/s2 e desprezando a resistência do ar, determine: A) o instante em que o corpo atinge o ponto mais alto da trajetória; B) o instante em que o corpo este de volta ao solo; C) o alcance horizontal A; D) a altura máxima H; E) a velocidade escalar do corpo no ponto de altura máxima; F) a velocidade escalar da partícula no instante em que toca o solo.

P.24 – No exercício anterior, trace o gráfico em função do tempo das componentes horizontal e vertical da velocidade do corpo. P.25 – Um canhão dispara projéteis num ângulo de 30° em relação à horizontal com velocidade de 720 km/h. Qual o alcance do projétil? Qual sua velocidade no

ponto mais alto da trajetória? Desprezam-se as resistências opostas pelo ar ao movimento. ( Dados: sem 30° = cos 60° = 1/2; sen 60° =

2/3 . Adote g = 10 m/s2.) P.26 – Um corpo é lançado horizontalmente a partir de um ponto A, com velocidade de módulo 50 m/s, atingindo o solo no ponto B, conforme mostra a figura. Desprezando a resistência do ar e adotando g = 10 m/s2, determine: A) as funções horárias dos movimentos horizontal e vertical; B) a equação da trajetória do movimento. C) as coordenadas (x, y) do ponto B, que foi atingido 10 s após o lançamento. D) a velocidade resultante do corpo no ponto B.

P.27 – (UFPR) Uma bola rola sobre uma mesa horizontal de 1,225 m de altura e vai cair num ponto do solo situado à distância de 2,5 m, medida horizontalmente a partir da beirada da mesa. Qual a velocidade da bola, em m/s, no instante em que ela abandonou a mesa? Adote g = 10 m/s2. P.28 – Um projétil é lançado obliquamente para cima com velocidade de 100 m/s numa direção que forma um ângulo de 60° com a horizontal. Desprezando a resistência do ar e adotando g = 10 m/s2, determine o módulo da velocidade vetorial do projétil 4 s após o lançamento (Dados: sen 60° = 2/3 ; cos 60° =1/2.) P.29 – (FEI-SP) Uma bola é arremessada para um garoto, distante 60 m, a uma velocidade de 20 m/s e fazendo ângulo de 45° com a horizontal. Com que velocidade e em qual direção e sentido o garoto deve correr para conseguir apanhar a bola na mesma altura em que foi lançada? Adote g = 10 m/s2 e despreze os efeitos do ar.

(Dados: sem 45° = cos 45° = 22 .)

P.30 – (Unicamp-SP) Um habitante do planeta Bongo atirou uma flecha e obteve os gráficos mostrados. Sendo x a distância horizontal e y a vertical:

A) qual a velocidade horizontal da flecha? B) qual a velocidade vertical inicial da flecha?

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C) qual o valor da aceleração da gravidade no planeta Bongo? P.31 – Um homem sobre uma plataforma aponta sua arma na direção de um objeto parado no ar e situado na mesma horizontal a 200 m de distância, como mostra o esquema. No instante em que a arma é disparada, o objeto, que inicialmente se encontrava a 80 m do solo, inicia seu movimento de queda. Desprezando a resistência do ar e adotando g = 10 m/s2, determine a velocidade mínima que deve ter a bala para atingir o objeto.

P.32 – Um atirador aponta sua espingarda para um objeto parado no ar a uma altura de 525 m, como indica a figura. Despreze a resistência do ar e considere a aceleração da gravidade g = 10 m/s2. Admitindo que, no momento em que a bala sai da arma com velocidade 200 m/s, o objeto inicia seu movimento de queda, determine: A) o instante em que a bala atinge o objeto; B) a altura, relativamente ao solo, em que a bala atinge o objeto. (Dados: sem 45° = cos 45° = 0,7.)

P.33 – (Cesesp-PE) Num parque de diversões um dos brinquedos consiste em usar um canhão fixo, inclinado de um ângulo de 45° com o solo, para atingir uma pequena bola suspensa a 3,0 m de altura e a uma distância horizontal de 5,0 m do canhão. Determine a velocidade inicial que deve ser imprimida ao projétil para conseguir acertar o alvo. (Dados: g = 10 m/s2; sem 45° = cos 45° =

22 .)

P.34 – (PUC-SP) Um garoto parado num plano horizontal, a 3 m de uma parede, chuta uma bola, comunicando-lhe velocidade de 10 m/s, de tal modo que sua direção forma, com a horizontal, ângulo de 45°. A aceleração da gravidade no local é 10 m/s2 e a resistência do ar pode ser desprezada. Determine: A) o instante em que a bola atinge a parede; B) a altura do ponto da parede atingido pela bola; C) a velocidade da bola no instante do impacto. (Dados: sem 45° = cos 45° = 0,7.)

P.35 – (E.E.Mauá-SP) De um ponto A, situado à altura h de um plano horizontal, abandona-se um corpo, sem velocidade inicial. Nesse mesmo instante é disparado um projétil do ponto C, situado no plano à dist6ancia L de B. Desprezam-se as resistências passivas aos movimentos. Determine o ângulo θ (pelo seu seno, cosseno ou tangente) com que o projétil deve ser disparado para atingir o corpo.

T.1 – (UFRS) Enquanto uma pedra sobe verticalmente co campo gravitacional terrestre depois de ter sido lançada para cima, a) o módulo da sua velocidade aumenta. b) o módulo da força gravitacional sobre a pedra aumenta. c) o módulo da sua aceleração aumenta. d) o sentido da sua velocidade se inverte. e) o sentido da sua aceleração não muda. T.2 – (F.Oswaldo Cruz-SP) Um corpo lançado de baixo para cima possui no ponto de altura máxima a) velocidade nula. b) aceleração nula. c) velocidade e aceleração nulas. d) nenhuma afirmativa é correta. T.3 – (FUC-MT) Um corpo é lançado verticalmente para cima com velocidade inicial v0 = 30 m/s. Sendo g = 10 m/s2 e desprezando a resistência do ar, qual será a velocidade do corpo 2,0 s após o lançamento? a) 20 m/s b) 10 m/s c) 30 m/s d) 40 m/s e) 50 m/s T.4 – (FUC-MT) Em relação ao exercício anterior, qual é a altura máxima alcançada pelo corpo? a) 90 m b) 135 m c) 270 m d) 360 m e) 45 m T.5 – (F.Getúlio Vargas-SP) Um objeto é lançado do solo verticalmente para cima. Quando sua altura é 2 m, o objeto está com uma velocidade de 3 m/s. Admitindo-se que a aceleração gravitacional vale 10 m/s2, pode-se afirmar que a velocidade com que esse objeto foi lançado, em m/s, é de: a) 4,7 b) 7 c) 8,5 d) 9 e) 9,5 T.6 – (U.Mackenzie-SP) Um elevador sobe e no instante em que se encontra a 30 m do solo sua velocidade escalar é 5,0 m/s. Nesse mesmo instante rompe-se o cabo de sustentação e o elevador fica livre de qualquer resistência. Adotando g = 10 m/s2 , o tempo que ele gasta para atingir o solo é: a) 30 s b) 6,0 s c) 3,0 d) 2,9 s e) 6 s T.7 – (UFSE) Uma esfera de aço cai, a partir do repouso, em queda livre de uma altura de 80 m. Considerando g = 10 m/s2, o tempo de queda é:

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a) 8,0 s b) 6,0 s c) 4,0 s d) 2,0 s e) 1,0 s T.8 – (UECE) Uma pedra, partindo do repouso, cai de uma altura de 20 m. Despreza-se a resistência do ar e adora-se g = 10 m/s2

. A velocidade da pedra ao atingir o solo e o tempo gasto na queda, respectivamente, valem: a) v = 20 m/s e t = 2 s c) v = 10 m/s e t = 2 s b) v = 20 m/s e t = 4 s d) v = 10 m/s e t = 4 s T.9 – (U.Mackenzie-SP) Uma partícula em queda livre, a partir do repouso, tem velocidade 30 m/s após um tempo t e no instante 2t atinge o solo. Adote g = 10 m/s2. A altura da qual a partícula foi abandonada com relação ao solo é: a) 360 m b) 180 m c) 30 m d) 10 m e) 3 m T.10 – (UFRJ) Um corpo em queda livre percorre uma certa distância vertical em 2 s; logo, a distância percorrida em 6 s será: a) dupla d) nove vezes maior b) tripla e) doze vezes maior c) seis vezes maior

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T.11 – Um corpo em queda vertical no vácuo, a partir do repouso, possui uma velocidade v após percorrer uma altura h. Para a velocidade ser 3v, a distância percorrida será de: a) 2 h b) 3 h c) 4 h d) 6 h e) 9 h T.12 – (PUC-Campinas-SP) Um móvel é abandonado em queda livre, a partir do repouso, percorrendo uma distância d durante o primeiro segundo de movimento. Durante o terceiro segundo de movimento, esse móvel percorre uma distância: a) 3 d b) 3 d c) 5 d d) 7 d e) 9 d T.13 – (UFPE) Atira-se em um poço uma pedra verticalmente para baixo com uma velocidade inicial v

0 = 10 m/s. Sendo a aceleração local da gravidade

igual a 10 m/s2 e sabendo-se que a pedra gasta 2 s para chegar ao fundo do poço, podemos concluir que a profundidade deste é: em metros: a) 30 b) 40 c) 50 d) 20 e) nenhuma das respostas acima T.14 – (PUC-SP) De um helicóptero que desce verticalmente é abandonada uma pedra quando o mesmo se encontra a 100 m do solo. Sabendo-se que a pedra leva 4 s para atingir o solo e supondo g = 10 m/s2, a velocidade de descida do helicóptero no momento em que a pedra é abandonada tem valor: a) 25 m/s b) 20 m/s c) 15 m/s d) 10 m/s e) 5 m T.15 – (UFPA) Em um local onde a aceleração da gravidade vale 10 m/s2, deixa-se cair livremente uma pedra de uma altura de 125 m em direção ao solo. Dois segundos depois, uma segunda pedra é atirada verticalmente da mesma altura. Sabendo-se que essas duas pedras atingiram o solo ao mesmo tempo, a velocidade com que a segunda pedra foi atirada vale: a) 12,3 m/s b) 26,6 m/s c) 32 m/s d) 41,2 m/s e) 57,5 m/s

T.16 – (UFMT) Dois projéteis iguais são atirados da mesma posição (40 m acima do solo), verticalmente, em sentidos opostos e com a mesma velocidade. Em 2 s o primeiro projétil atinge o solo. Depois de quanto tempo da chegada do primeiro o segundo atingirá o solo? (Despreze qualquer atrito e considere g = 10 m/s2.) T.17 – (PUC-RS) Quando, de um avião que voa com velocidade constante, em trajetória reta e horizontal, e solto um objeto suficientemente pesado para que possa desprezar a resistência do ar, podemos observar que o objeto cai (para uma pessoa em repouso na superfície da Terra): a) verticalmente em trajetória retilínea. b) em trajetória parabólica com a componente horizontal da velocidade constante. c) em trajetória parabólica com velocidade constante. d) em trajetória parabólica com a componente vertical da velocidade constante. T.18 – (F.Getúlio Vargas-SP) Dois blocos A e B são lançados sucessivamente, na horizontal, de uma plataforma de altura h com velocidades VA e VB, atingindo o solo nos pontos A e B, como indica a figura. Os tempos decorridos desde que cada bloco abandona a plataforma at;e atingir o solo são t

B

A e tBB . Pode-se afirmar que: a) tB = tB A e VA = VBB b) tA = tB e VB A = 2VB c) tB = tB A e VBB = 2VA d) tA = 2tB e VB A = VB e) tB = 2tB A e VA = 2VBB

T.19 – (UFMAG) Uma pessoa observa o movimento parabólico de uma pedra lançada horizontalmente com velocidade v0. A pessoa poderia ver a pedra cair verticalmente se se deslocasse: a) com velocidade v’ = 2 v0, paralela e no mesmo sentido. b) com velocidade v’ = v0, paralela e sentido oposto. c) com velocidade v’ = v0, paralela e no mesmo sentido. d) com velocidade v’ = 2 v0, paralela a v0 e no sentido oposto e) com velocidade v’ = v0, em qualquer direção e em qualquer sentido. T.20 – (UCPR) De um lugar situado a 125 m acima do solo lança-se um corpo, horizontalmente, com velocidade igual a 10 m/s e g = 10 m/s2. Podemos afirmar que o alcance e o tempo gasto para o corpo atingir o solo valem respectivamente: a) 100 e 10 s b) 50 m e 5 s c) 100 m e 5 s d) 150 m e 20 s e) 75 m e 5 s T.21- (PUC-MG) A figura desta questão mostra uma esfera lançada com velocidade horizontal de 5,0 m/s

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de uma plataforma de altura 1,8 m. Ela deva cair dentro do pequeno frasco colocado a uma distância x do pé da plataforma. A distância x deve ser de, aproximadamente: a) 1,0 m b) 2,0 m c) 2,5 m d) 3,0 m e) 3,5 m

T.22 – (Vunesp) Uma pequena esfera, lançada com velocidade horizontal v0 do parapeito de uma janela a 5,0 m do solo, cai num ponto a 10 m da parede. Considerando g = 10 m/s2 e desprezando a resistência do ar, podemos afirmar que a velocidade v0 em m/s é igual a:

a) 10

5 b) 5

10 c) 5 d) 10 e) 15

T.23 – (UFGO) Uma esfera rola sobre uma mesa horizontal, abandona essa mesa com velocidade horizontal v0 e toca após 1 s. Sabendo-se que a distância horizontal percorrida pela bola é igual à altura da mesa, a velocidade v0, considerando-se g = 10 m/s2, é de: a) 1,25 m/s b) 10,00 m/s c) 20,00 m/s d) 5,00 m/s e) 2,50 m/s (PUS-SP) Testes T.24 e T.25 – O esquema apresenta uma correia que transporta minério, lançando-o no recipiente R. A velocidade da correia é constante e a aceleração local da gravidade é 10m/s2.

T.24 – Para que todo o minério caia dentro do recipiente, a velocidade v da correia, dada em m/s, deve satisfazer a desigualdade: a) 2 < v < 3 b) 2 < v < 5 c) 1 < v < 3 d) 1 < v < 4 e) 1 < v < 5 T.25 – Se for aumentando o desnível entre a correia transportadora e o recipiente R, o intervalo de variação da velocidade limite para que todo o minério caia em R: a) permanece o mesmo, assim como os valores limite b) permanece o mesmo, mas os valores das velocidades-limite aumentam. c) permanece o mesmo, mas os valores das velocidades- limite diminuem.

d) aumenta. e) diminui. T.26 – (U.Mackenzie-SP) Arremessa-se obliquamente uma pedra, como mostra a figura.

Nessas condições, podemos afirmar que: a) a componente horizontal da velocidade da pedra é maior em A do que nos pontos B, C, D e E. b) a velocidade da pedra no ponto A é a mesma que nos pontos B, C e D. c) a componente horizontal da velocidade tem o mesmo valor nos pontos A, B, C, D e E. d) a componente vertical da velocidade é nula no ponto E. e) a componente vertical da velocidade é máxima no ponto C. T.27 – (Unisinos-RS) Nos jogos da Copa do Mundo, foram cobradas muitas faltas e tiros de meta. Nos chutes de uma bola para o ar, ela descreve uma trajetória característica antes de atingir o solo. A respeito do movimento de um corpo, acima do solo, se desconsiderarmos a resistência do ar, afirma-se que: I – a aceleração do corpo é constante. II – a trajetória descrita pelo corpo, em relação à Terra, é uma parábola. III – a velocidade do corpo, no ponto mais alto de sua trajetória, em relação à Terra, é nula. Dessas afirmativas: a) somente I é correta. b) somente II é correta. c) somente I e II são corretas. d) somente I e III são corretas. e) I, II, III são corretas. (F.M.Itajubá-MG) Testes T.28 e T.29 – Uma pedra é lançada para cima, fazendo ângulo de 60° com a horizontal e com uma velocidade inicial de 20 m/s, conforme a figura. (Considere g = 10 m/s2)

T.28 – Qual o gráfico que melhor representa a variação do módulo de sua aceleração vetorial com o tempo enquanto ela permanece no ar? Despreze a resistência do ar.

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T.29 – A que distância x do ponto de lançamento, na horizontal, a pedra tocou o solo? a) 35 m b) 40 m c) 17,3 m d) 17 m e) não se pode calcular por insuficiência de dados T.30 – (FEI-SP) Um projétil é lançado com velocidade

0v , formando um ângulo θ com um plano horizontal, em uma região onde a aceleração da gravidade é g. O projétil atinge a altura h e retorna ao plano horizontal de lançamento, à distância d do ponto em que foi lançado. Pode-se afirmar que: a) o alcance d será tanto maior quanto maior for θ. b) no ponto de altura h a velocidade e a aceleração do projétil são nulas. c) no ponto de altura h a velocidade do projétil é nula, mas a sua aceleração não o é. d) no ponto de altura h a aceleração do projétil é nula, mas a sua velocidade não o é. e) nenhuma das afirmativas anteriores é correta. T.31 – (UECE) Num lugar em que g = 10 m/s2, lançamos um projétil com a velocidade inicial de 100 m/s formando com a horizontal um ângulo de elevação de 30°. A altura máxima será atingida após: a) 3 s b) 4 s c) 5 s d) 4 s e) 10 s T.32 – (Fesp-SP) Lança-se um projétil com velocidade de 40 m/s, formando um ângulo de 30°com a horizontal. Desprezando a resistência do ar, ele atingirá a altura máxima após: a) 1 s b) 2 s c) 5 s d) 10s T.33 - (E. F. O .Alfenas-MG) Um corpo é lançado obliquamente do solo, atingindo a altura máxima igual a 10 m e realizando alcance horizontal igual a 40 m. Podemos afirmar que o ângulo de tiro é: a) 30° b) 45° c) 60° d) 65° e) 90° T.34 – Um projétil é lançado do solo com a velocidade inicial cuja direção forma um ângulo de 60° com a horizontal ( cos 60° = 0,5). A velocidade do projétil no ponto mais alto da trajetória vale 20 m/s. Desprezando-se a resistência do ar e adotando-se g = 10 m/s2, a velocidade inicial do projétil é: a) 40 m/s b) 20 m/s c) 10 m/s d) 5 m/s e) os dados não são suficientes para o cálculo. T.35 – (UERJ) Um projétil é lançado segundo um ângulo de 30° com a horizontal e com uma velocidade de 200 m/s. Supondo a aceleração da gravidade igual a 10 m/s2 e desprezando a resistência do ar, concluímos que o menor tempo gasto por ele para atingir a altura de 480 m acima do ponto de lançamento será de: a) 8 s b) 10 s c) 9 s d) 14 s e) 12 s

T.36 – (U.Mackenzie-SP) Seja T o tempo total de vôo de um projétil disparado a 60° com a horizontal e seja v0 = 200 m/s o valor da componente vertical da velocidade inicial. Desprezando a resistência do ar e considerando a aceleração da gravidade g = 10 m/s2, os valores da componente vertical da velocidade nos instantes t = T e t = T/2 são respectivamente: a) zero; zero d) 200 m/s; 200 m/s b) zero; 200 m/s e) 200 m/s; 100 m/s c) 200 m/s; zero T.37 – (Unip-SP) Em uma região onde o efeito do ar é desprezível e o campo de gravidade é uniforme, dois projéteis A e B são lançados a partir de uma mesma posição de um pleno horizontal. O intervalo de tempo decorrido desde o lançamento até o retorno ao solo horizontal é chamado de tempo de vôo.

Sabendo que os projéteis A e B atingem a mesma altura máxima H e foram lançados no mesmo instante podemos concluir que: a) os projéteis foram lançados com velocidades de mesma intensidade. b) as velocidades dos projéteis no ponto mais alto da trajetória são iguais. c) os ângulos de tiro (ângulo entre a velocidade de lançamento e o plano horizontal são complementares. d) a cada instante os projéteis A e B estavam na mesma altura e o tempo de vôo é o mesmo para os dois. e) durante o vôo os projéteis têm aceleração diferentes. (PUC-SP) Testes T.38 e T.39 – Um projétil é lançado em certa direção com velocidade inicial v0, cujas projeções vertical e horizontal têm módulos, respectivamente, de 100 m/s e 75 m/s. A trajetória descrita é parabólica e o projétil toca o solo horizontal em B.

T.38 – Desprezando a resistência do ar: a) no ponto de altura máxima, a velocidade do projétil é nula. b) o projétil chega a B com velocidade nula. c) a velocidade vetorial do projétil ao atingir B é igual à de lançamento. d) durante o movimento há conservação das componentes horizontal e vertical da velocidade. e) durante o movimento apenas a componente horizontal da velocidade é conservada. T.39 – Quanto ao módulo da velocidade, tem valor mínimo igual a:

29 Cinemática CASD Vestibulares

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a) 125 m/s b) 100 m/s c) 75 m/s

CASD Vestibulares Cinemática 30

d) zero e) 25 m/s T.40 – (U.Mackenzie-SP) Um corpo A é lançado obliquamente para cima de um ponto P do solo horizontal, com velocidade que forma 60° com o solo. No mesmo instante, outro corpo, B, apoiado no solo, passa por P com velocidade constante de 10 m/s. Despreza todas as forças resistivas e adote g = 10 m/s2. Para que o corpo A se encontre novamente com o B, a sua velocidade inicial deve ter módulo igual a: a) 20 m/s b) 15 m/s c) 10 m/s d) 8 m/s e) 5 m/s

(UFPA) Testes T.41 e T.42 – A figura representa um projétil que é lançado do ponto A segundo um ângulo de 30° com a horizontal, com uma velocidade v0 = 100 m/s, atingindo o ponto D. (Dados: AB = 40 m; BC = 55 m; g = 10 m/s2; sen 30° = 0,5; cos 30° = 0,866.)

T.41 – O tempo que o projétil levou para atingir o ponto D, em segundos, vale: a) 5,3 b) 7,8 c) 11 d) 12,6 e) 16,2 T.42 – A distância CD, em metros vale: a) 418,98 b) 458,98 c) 692,86 d) 912,60 e) 1051,16 T.43 – (Unip-SP) Em um local onde o efeito do ar é desprezível e g = 10 m/s2, uma bola de tênis é golpeada por um tamboréu adquirindo uma velocidade de módulo 10 m/s quando estava a uma altura de 1,0 m acima do chão. A altura máxima atingida pela bola, medida a partir do chão, foi de 4,75 m.

A velocidade da bola, no ponto mais alto de sua trajetória, tem módulo igual a: a) 5,0 m/s b) 10 m/s c) zero d) 2,5 m/s e) 1,0 m/s

GABARITO P.1 A) s = 20t – 5t2; v = 20 – 10t (m/s) B) 2s C) 20 m D) 15 m descendo E) 4 s e –20 m/s P.2 A) 1 s B) 3,24 s C) 25 m P.3 A) 20 m B) 20 m/s P.4 hL = 6 hTP.5 A) 4,5 s e 33,75 m B) v1 = -15 m/s descendo e v2 = 15 m/s subindo.

P.6 – 2,5 s após queda do primeiro e a 31, 25 m do ponto de queda do primeiro P.7 20 m/s P.8 A) 12,8 m B) 1,6 s C) 3 m do solo e –14 m/s P.9 2 s P.10 10 m/s P.11 A) 40 m/s B) 3 s C) 120 m P.12 A) 2,7 s e 179,55 m B) v1 = 3 m/s = 10,8 km/h v2 = 53 m/s = 190,8 km/h P.13 8 m/s P.14 A) 2 s B) a 40 m do solo C) zero e 10 m/s P.15 A) 1,2 s B) 6,0 m/s C) 1,8 m P.16 11200 m P.17 A) segmento de reta vertical B) arco de parábola c) 12 s D) 100 m/s E) 156,2 m/s

P.18 A) B) 0,5 s C) igual, em vista do princípio de independência dos movimentos D) 2,5 m E) 7 m/s

P.19 A) 5,0 m/s B) 0,86 s C) 3,7 m e 8,6 m ≅P.20 A) 4,0 s; 20 s B) 20,6 m/s ≅ C) θ ≅ arc cos 0,24 D) 20 m P.21 5,6 m P.22 1000 m; 250 m P.23 A) 6 s B) 12 s C) 960 m D) 180 m E) 80 m/s F) 100 m/s P.24 A) B)

P.25 2000 3 m; 100 3 m/s

P.26 A) x = 50t; y = 5t2 (SI) B) y = 500

2x

C) 500 m; 500 m D) 112 m/s ≅ P.27 5,0 m/s P.28 68,3 m/s ≅P.29 5 2 m/s, aproximando-se do local do arremesso P.30 A) 1,5 m/s B) zero C) 2 m/s2 P.31 50 m/s P.32 A) 3,75 s B) 454,7 m ≅P.33 11,2 m/s ≅P.34 A) 0,43 s B) 2,1 m ) 7,5 m/s ≅ ≅ ≅P.35

Lhtg =θ

T.1 e T.2 a T.3 b T.4 e T.5 b T.6 c T.7 c T.8 a T.9 b T.10 d T.11 e T.12 c T.13 b T.14 e T.15 b T.16 b T.17 b T.18 c T.19 c T.20 b T.21 d T.22 d T.23 d T.24 d T.25 e T.26 c T.27 c T.28 b T.29 a T.30 e T.31 c T.32 b T.33 b T.34 a T.35 a T.36 c T.37 d T.38 e T.39 c T.40 a T.41 c T.42 d T.43 a

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__________________________________________________________________________________________________________________ 31 Calorimetria e Propagação do calor CASD Vestibulares

Física FFrreennttee IIIIII

DDIICCAASS DDEE EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS

CAPÍTULO 2 - CALORIMETRIA NÍVEL 1 1 – Pense na equação (I). 2 – Use as equações (I) e (II) para verificar cada alterna-tiva. 3 – O material de maior calor específico, aquecerá me-nos, para mesma massa e mesma energia recebida (verifique a equação (I)). Use também a equação (II) para verificar algumas das alternativas. 4 – Aplicação direta da equação (I). Lembre-se que se Q < 0, então o calor é liberado. 5 – Aplique a equação (I) e obtenha o valor do calor específico do material em questão. Depois aplique a equação (II) e ache a capacidade térmica. 6 – Aplique a equação (II) a cada um dos 5 objetos e verifique qual tem a maior capaci-dade térmica. 7 – A equação (I) pode ser escrita como:

( )( )

re c c e d id o

1 á g u a á g u a 0 á g u a

3 g e lo á g u a

QQ C T CT

Q 0Q Q

Q m c T T

Q m c T 0 º

ΔΔ

= ⇒ =

=

=

= −

= −

∑ ,

o que significa que a capacidade térmica C é a tangente da curva calor (Q) por temperatura (T ou θ). Assim, ob-tenha a tangente da curva e depois usando a equação (II) calcule o calor específico da substância. 8 – É muito comum aparecer a grandeza cal/s, que sig-nifica a potência da fonte calorífica. A definição de po-tência, energia sobre intervalo de tempo, para esse

caso fica: Q mc TPt t

ΔΔ Δ

= = . Usando os dados do

problema e lembrando que o tempo deve ser colocado em segundos e que o calor específico da água é 1 cal/gºC, calcule a massa de água aquecida. 9 – Se o homem consome uma potência de 120 J/s, calcule a energia diária que um homem necessita. Lem-bre-se que um dia tem 86400 segundos. Essa energia é calculada por: Q P (veja dica anterior). Depois é só fazer a transformação de unidade, utilizando regra de três.

tΔ=

10 – Nesse exercício o gráfico entre Temperatura e o tempo não é linear. Assim, para calcularmos a taxa de perda de calor entre dois instantes t1 e t2, devemos cal-

cular a média, que é dada por: médiaQtaxatΔ

= , Q é

calculado diretamente pela equação (I). Tire do gráfico as temperaturas correspondentes a t1 e t2 e faça a trans-formação de unidades. 11 – Nesse exercício temos água e gelo, em condições dadas e o ponto de equilíbrio dado. Para acharmos as massas iniciais de gelo e de água, basta aplicarmos a equação (IV), considerando as seguintes trocas de ca-lor.

(1 água águaQ m c T 80º= )−

us

)−

(resfriamento da água inicialmente a 80ºC)

2 gelo fQ m L= (fusão do gelo)

(3 gelo águaQ m c T 0º= (aquecimento da água recém transformada do gelo). Vão aparecer duas incógnitas mgelo e mágua. Entretanto, além da equação , use também a conserva-ção da massa, isto é:

Q 0=∑

água gelo totalm m m+ = , para resolver o siste-ma. 12 – Nesse tipo de exercício em que temos mistura de água e gelo e não sabemos inicialmente qual é o ponto de equilíbrio, temos 2 problemas: determinar a tempera-tu-ra do ponto de equilíbrio e a fase desse ponto. Se a temperatura for maior que 0º C, é claro que a fase está determinada (líquida), bem como quando está menor que 0º C e neste caso a fase é sólida. Entretanto, quan-do a temperatura de equilíbrio é 0º C, podemos ter tanto a fase líquida quanto a fase sólida, em uma proporção a se determinar. Assim, em exercícios deste tipo, iremos obedecer a seguinte metodologia: Transformaremos todas as substâncias presentes (água, gelo, vapor) em água líquida a 0º C. Se for uma mistura água + vapor, então transformaremos tudo em água líquida a 100º C. Feito isso, iremos fazer o balanço de energia, usando a equação (IV). Muito provavelmente, a equação não irá se igualar a zero. Para tanto some uma quantidade de calor Qx de forma a satisfazer a equação (IV). Assim, ao final do balanço de energia, você terá ainda uma certa quantidade Qx de energia a ser retirada (caso Qx < 0) ou recebida (caso Qx > 0) pelo sistema. Como agora você tem apenas uma única fase, fica fácil retirar ou inserir a parcela restante de calor que falta para estabelecer o equilíbrio térmico. Vamos ver como exemplo, esse exercício. Temos três substâncias inicialmente:

• 100 g de gelo à 0º C • 100 g de água à 0º C • 1000 g de água a 14º C

Vamos transformar as substâncias em água à 0º C. Para transformar o gelo em água à 0º C temos que for-necer a seguinte quantidade de calor:

1 gelo fusQ m L 100.80 8000 cal= = =

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__________________________________________________________________________________________________________________ CASD Vestibulares Calorimetria e Propagação do calor 32

Para transformar a água à 14º C em água à 0º C, preci-samos retirar calor. Assim:

2 ág 14ºCQ m c T 1000.1(0 14 ) 14000calΔ−= = − = −Vamos aplicar a equação (IV) somando Qx ao lado es-querdo:

1 2 x xQ Q Q 0 8000 14000 Q 0+ + = ⇒ − + =

xQ 6000 cal⇒ = Isso significa que para atingirmos o equilíbrio térmico precisamos, depois de transformar tudo em água líquida à 0º C, fornecer 6000 cal para o sistema como um todo. Assim, basta aplicar a equação (I) para a massa do sistema que vale:

sis gelo ág 0ºC ág 14ºCm m m m 1200g− −= + + = Dessa forma temos:

xx sis ág

sis ág

Q 600Q m c T Tm c 1200.1

Δ Δ= ⇒ = = 0

Assim, temos que , o que significa que a temperatura final do sistema é de 5º C, uma vez que partimos de água líquida à 0º C.

T 5ºCΔ =

13 – Aplique o mesmo procedimento do problema 12. Agora, a massa do refrigerante, que tem o mesmo calor específico da água, vale 200 g, pois seu volume é de 200 cm3. O calor específico do gelo não foi dado, mas vale 0,55 cal/gºC. Você deve usá-lo, usando a equação (I) para aquecer o gelo de -4º C à 0º C antes ed fundir o gelo, usando a equação (III). 14 – No gráfico dado temos a curva de aquecimento de um líquido até a fase gasosa. Podemos determinar o calor específico do líquido (cL) bem como do gás (cg) a partir das tangentes das retas inclinadas do gráfico. Essas retas inclinadas correspondem ao aquecimento da fase líquida e da fase gasosa. A tangente, segundo a equação (I), fornece a capacidade térmica. Usando a equação (II), determine os calores específicos. 15 – Monte a tabelinha das trocas de calor e aplique a equação (IV). m c T T0 ∆T água 500 1 T 20 (T-20) chumbo 100 0,031 T 200 (T-200)

1Q 500.1.(T 20= − −) 2Q 100.0,031.(T 200 )=

1 2Q Q 0+ = equação (IV) Ache o valor de T. 16 – Aplique a equação (IV), usando a equação (I) para expressar as parcelas de calor sensível. Não se importe com as letrinhas ou invés dos números. Lembre-se que a única incógnita é a temperatura de equilíbrio T. 17 – Calcule o calor necessário para elevar a tempera-tura de 40º C para 100º C e o calor necessário para se vaporizar completamente o líquido. Utilize regra de três para determinar o tempo de contato da chama durante a vaporização uma vez sabido o tempo de se aquecer de 40º C para 100º C.

18 – Utilize o mesmo procedimento do exercício 12, transformando inicialmente todas as substâncias para água líquida à 0º C. NÍVEL 2 1 – Obtenha do gráfico a taxa da fusão do gelo em kg/h. O calor necessário para fundir uma certa quantidade de gelo é dado pela equação (III). A taxa de calor é dada

então por: Lf

Q mtaxa Lt tΔ Δ

= = . Cuidado com as uni-

dades. 2 – a) Use a equação (I) e compare a água com o óleo, para mesmas massas e iguais quantidades de calor. Assim, aquele que tiver maior calor específico irá aque-cer menos. b) A razão entre os calores específicos pode ser dada pela razão das capacidades térmicas (pois as massas são iguais). Das equações (I) e (II), temos que:

QCTΔ

= .

A tangente de cada reta é dada por: T P T Qtan , pois Pt Q

Δ ΔΔ Δ

= = =t

é a potência da

resistência elétrica, que é a mesma para os dois. Assim:

óleo

água água águaóleo óleo

águaágua óleo óleo óleo

água

P TQ / T Ctan Q

P Ttan Q / T CQ

ΔΔ

Δ Δ= = =

e água água água

óleo óleo óleo

C mc cC mc c

= =

3 – a) Calcule a energia necessária para 1 dia, lem-brando que 1 dia tem 86400 segun-dos. Tranforme para kcal. b) A pergunta está errada, ignore!!! 4 – a) Construa o gráfico e note que não é uma reta e sim um curva semelhante a uma hipérbole. Coloque o tempo no eixo x. b) Calcule a energia total transferida para o ambiente, usando a equação (I). A potência média, isto é, quantas calorias por segundo, é obtida dividindo o calor total pelo tempo total. Lembre que 1 hora tem 3600 segun-dos. 5 – Quando o calor específico não é constante, mas varia segundo um gráfico, a quantidade de calor é dada pelo produto da massa vezes a área embaixo da curva, entre as temperaturas requeridas. A área sob a curva dá o produto c , mesmo que c não seja constante. A área sob a curva, nesse caso é a área de um trapézio.

6 – Aplique exatamente o mesmo procedi-mento descri-to no exercício 12, nível 1. 7 - Aplique exatamente o mesmo procedi-mento descrito no exercício 12, nível 1.

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__________________________________________________________________________________________________________________33 Calorimetria e Propagação do calor CASD Vestibulares

8 – a) O calor latente LB é determinado usando a equa-ção (III) e obtendo do gráfico a quantidade de calor Q

B

L, que corresponde ao patamar do gráfico B. b) Pelo gráfico, vemos que tanto A quanto B, nas tem-peraturas TA = 280º C e TB = 20º C estão na fase sólida. Determine os calores específicos de A e B através do gráfico, como no exercício 2 do nível 2. Note que à 80º C, B muda de fase. Assim, se a temperatura de equilí-brio, sem considerar mudanças de fase for mais de 80º C, então verifique se a energia restante, depois de am-bos os objetos atingirem 80º C é suficiente para fundir completamente B. Caso isso não seja verdade, a tem-peratura de equilíbrio será de 80º C. Caso seja, a tem-peratura de equilíbrio será maior que 80º C.

B

c) Esse item praticamente “entrega” o fato de que a temperatura de equilíbrio é de 80º C. Sendo assim, pro-ceda como na item b), sendo que você irá verificar que a energia restante irá fundir somente parte de B. Use a equação (III) para descobrir quanto será fundido e quan-to sobra no estado sólido. 9 – a) Monte a tabelinha das trocas de calor e aplique a equação (IV). Lembre que 1 cal = 4,2 J. b) Faça o mesmo cálculo feito em a) agora consideran-do que a temperatura ambiente é 20º C, a temperatura

inicial da água+calorí-metro é w0

TT 202

= − e a tem-

peratura de equilíbrio é wTT 202

= + .

Equações Necessárias (I) Calor Sensível: Q mc TΔ= (II) Capacidade Térmica: C mc= (III) Calor Latente: LQ mL= (IV) Troca de Calor:

rec cedidoQ 0 ou Q Q= =∑ CAPÍTULO 3 – PROPAGAÇÃO DO CALOR

NÍVEL 1 1 – O calor sempre é transmitido do corpo de maior temperatura para o de menor. 2 – I) A circulação do ar dentro da geladeira se dá por diferença na densidade do ar. II) O aquecimento de uma barra de ferro ocorre por con-tato de uma fonte quente com a barra. III) A temperatura do corpo varia devido aos raios infra-vermelhos vindos do sol. 3 – Observe a tabela dos coeficientes de condutibilidade térmica, em especial os metais. 4 – Observe a equação (II). Um cobertor grosso (baixo K e alto e) facilita ou não uma troca de calor?

5 – Não é condução, nem convecção. 6 – Se o congelador fica em cima, então o ar mais frio também fica em cima. Assim, ocorre a convecção com o ar mais quente de baixo. O ar mais quente, mais leve, sobe, em direção ao congelador, de forma que esse recebe calor. 7 – a) Veja tabela de condutibilidade. b) A lã é um isolante c) A lã além de ser um isolante também diminui as cor-rentes de convecção. d) Compare com a letra a) e) O ar tem baixo K, porém é essencial no processo de convecção. 8 – No estado estacionário podemos aplicar a Lei de Fourier, equação (II). Cuidado com as unidades. Trans-forme 1 m2 em cm2. 9 – Aplique a equação (II) para os dois casos e divida uma pela outra. Observe que a área A é a mesma. 10 – Use a equação (IV) e lembre que a temperatura é dada em Kelvin. 11 – Aplique a equação (IV) a ambas as situações e divida uma pela outra. Note que:

441 14

2 2

T TT T

⎛ ⎞= ⎜ ⎟

⎝ ⎠.

12 – Lembre da definição de absorvidade a

i

QaQ

= e de

refletividade r

i

QrQ

= . Como o corpo é atérmico, a

transmissividade é zero, isto é: . a rQ Q Q+ = i

13 – Use as definições de absorvidade e de refletividade para calcular essa quantidades de calor. 14 – Calcule inicialmente o fluxo de calor por condução usando a equação (II), transfor-mando a área de m2

para cm2. Em seguida use a equação (I), para o tempo de 1 minuto = 60 segundos para descobrir a quantidade de calor conduzida. NÍVEL 2 1 – a) Use a equação (II) e determine o fluxo de calor. Em seguida use a equação (II) e descubra a quantidade de calor que passa em 1 s. b) Do resultado do item a) calcule a quantidade de calor para 40 s. Em seguida use a equação do calor latente

e descubra a massa de gelo que se funde. LQ mL= 2 – a) A camada espelhada impede a transmissão por radiação. b) O vácuo impede a transmissão por condução e con-vecção. c) O coeficiente do vidro é baixo, mas isso influencia? d) A pintura da garrafa térmica geralmente é espelhada, para refletir a radiação incidente.

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__________________________________________________________________________________________________________________ CASD Vestibulares Calorimetria e Propagação do calor 34

3 – Aplicando a equação (II) obtemos o fluxo de calor transmitido por cm2, uma vez que não sabemos a área. Para obtermos o calor transmitido durante 1 hora (3600 s) por m2, devemos aplicar a equação (I) e transformar de cm2 para m2. 4 – Aplique a equação (II), lembrando de transformar as unidades para as unidades do coeficiente de condutibili-dade térmica. 5 – Aplique a equação (II), com os parâmetros dados. Note que a variação de temperatura é: . Como isso ocorre em 1 segundo, a equação (I) fornece a quantidade total de calor envolvida. Essa quantidade é responsável apenas pela vaporização da água, podendo ser igualada ao calor latente de vaporização, dado pela equação .

ebuT T TΔ = −

LQ mL= 6 – Seja A a área transversal total da parede. A soma das áreas transversais das barras 1 é igual a das barras 2, valendo A/2 cada uma. Assim, podemos calcular se-parada-mente o fluxo de calor por cada um dos conjun-tos de barras:

( ) ( )1 1 1 0 1 1 01

k A T T k A T Td 2d

φ− −

= =

( ) ( )2 2 1 0 2 1 02

k A T T k A T Td 2d

φ− −

= =

O fluxo total é: ( )eq 1 0

1 2

k A T Td

φ φ φ−

= = =

A partir dessas equações, determine keq. 7 – Numa parede dupla temos que o fluxo de calor, em regime estacionário, é o mesmo em toda a parede. Isto é, depois de estabelecido uma temperatura de equilí-brio, na face intermediária, o fluxo de calor que chega é o mesmo que sai, nesse ponto. Assim:

( )1 2 11

1

k A T Td

φ−

= e ( )2 0 2

22

k A T Td

φ−

=

Como 1 2φ φ= , obtemos facilmente T2. 8 – Do resultado do exercício 6, obtemos que

1B

k kk2+= 2 . Do resultado do exercício 7, para

d1=d2=d/2, obtemos 1 2A

1 2

2k kkk k

=+

(verifique!!). Para

saber quem é menor façamos kB – kB A. Se der negativo, kA > kBB, caso contrário kA > kB.

( )( )

( )( )

2 21 2 1 2 1 21 2 1 2

1 2 1 2 1 2

k k 4k k k kk k 2k k2 k k 2 k k 2 k k

+ − −+ − = =+ + +

Mas, como: ( )

( )2

1 2

1 2

k k0

2 k k−

≥+

, então.....

Equações Necessárias

(I) Fluxo de Calor: Qt

φΔ

=

(II) Lei de Fourier (Condução): K.A. T

eΔφ =

(III) Poder Emissivo: PEA

=

(IV) Lei de Stefan – Boltzman (Radiação):

4E e Tσ=

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35 Gases CASD Vestibulares

FFííssiiccaa Frente III CCAAPPIITTUULLOO 44 –– GGAASSEESS

Aula 09 à 11

CONCEITOS IMPORTANTES

Gás: fluido que tem forças de coesão muito fracas, resultando em um distanciamento intermolecular grande em comparação com sólidos e líquidos. Além disso, possui propriedades de compressibilidade e expan-sibilidade, além de ocupar todo o espaço que lhe é oferecido.

As moléculas de gás estão em movimentação contínua e desordenada, movimento browniano, que só cessa em um estado hipotético de zero absoluto. Em nosso estudo passaremos a considerar um Gás Ideal, que é um gás hipotético, cujas propriedades não se alteram. Ele se mantém sempre no estado gasoso e segue rigorosamente as leis de transformações dos gases. Apesar de os gases ideais se tratarem de gases fictícios, a grande maioria dos gases reais, quando estão a uma alta temperatura e baixa pres-são, se comporta de forma semelhante aos gases ideais ou perfeitos.

Estudaremos neste capítulo toda a teoria que envolve os gases ideais, mais especifica-mente as suas transformações (isto é, quando um gás passa de um Estado para outro). Uma análise completa de um sistema gasoso é determinar todas as Variáveis de Estado. São elas: pressão, volume e tempe-ratura absoluta. A massa, ou n° de mols, também deve ser considerada.

Pressão: a pressão de um gás é a medida do número de colisões do mesmo com as paredes do

recipiente que o contém. A definição geral de pressão é a razão da Força pela área de aplicação:

= FPA

Volume: como um gás não possui forma definida, o seu volume é disperso, ocupando todo o volume disponível. Se estiver contido em um recipiente, o olume do gás é o volume do recipiente. v

Temperatura: é a medida do grau de agitação das moléculas de um gás. Deve ser sempre medida em

elvin nos estudos relacionados a gases. K

Nº de mols: pode ser determinado sempre que se souber a massa do gás - m - e a sua massa molecular – M.

mnM

= onde n é o n° de mols do gás

CNTP: Condições Normais de Temperatura e Pressão. Nas CNTP temos: T = 273 K e P = 1 atm. Transformações Gasosas As leis que seguem são experimentais.

Lei de Avogadro Volumes iguais, de gases diferentes, à mesma temperatura e pressão, contêm o mesmo n° de moléculas. A partir dessa lei e de experimentos chegou-se ao famoso n° de Avogadro: NA = 6,02x1023, que é o n° de moléculas por mol de gás. Sendo a massa molar dos gases dife-rentes, então a densidade é tanto maior quanto maior a

assa molar, pois: m

m n.MdV V

= =

As equações que aparecerão na se-qüência são para gases ideais, entretanto, em determinadas condições, como baixa pressão e alta temperatura o gás real tem comportamento semelhante ao gás ideal. L

ei de Boyle

Verificou-se que se a temperatura T de uma determinada massa gasosa for mantida constante, o volume V, deste gás será inversamente proporcional à pressão P, exercida sobre ele. Assim:

1 1 2 2PV P V cte= =

Gráfico PxV da Transformação Isotérmica

O gráfico dessa transformação é uma hi-pérbole eqüilátera, denominada isoterma.

Lei de Gay-Lussac

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Na transformação à pressão constante de uma dada massa gasosa, o volume é diretamente proporcional à temperatura absoluta.

1 2

1 2

V V c t eT T

= =

Gráfico VxT da Transformação Isobárica

A parte pontilhada da reta condiz com o fato de ser impossível o estado de tempera-tura zero Kelvin ou de comprimirmos um gás de forma a ele não ter volume. L ei de Charles Na transformação gasosa onde não há variação de volume, transformação isocórica, isométrica ou isovolumétrica, a pressão do gás é diretamente proporcional à temperatura absoluta.

1 2

1 2

P P c t eT T

= =

CASD Vestibulares Gases 36

E quação de Clapeyron Com base nas leis experimentais de Avogadro, Boyle, Charles e Gay-Lussac, Clapeyron sintetizou-as sob a forma de uma equação de estado de um gás ideal. Como o volume de um gás é diretamente proporcional ao seu n° de mols e à temperatura e inversamente proporcional à pressão, então é natural

ue: q

PV RnT

= ou PV nRT=

onde R, a constante de proporcionalidade, foi denominada de constante Universal dos Gases

erfeitos. Alguns valores de R: P

R = 0,082 atm.l/mol.K R = 8,31 J/mol.K R = 62,3 mmHg.l/mol.K

Essa equação pode relacionar dois diferentes estados em uma transformação gasosa qualquer, quando não há variação de massa.

Assim: 1 1 2 2

1 2

P V P VT T

=

que é a Lei Geral dos Gases Perfeitos

Gráfico Tridimensional da Equação Geral dos Gases Perfeitos

A partir da equação de Clapeyron podemos alcular a densidade do gás: c

MPdRT

= onde M é a massa molar do gás Desse modo vemos que a densidade de um gás é diretamente proporcional à massa molecular e à pressão e inversamente pro-porcional à temperatura. * Misturas Gasosas

Pressão Parcial: A pressão parcial de cada gás, em uma mistura gasosa, é igual à pressão que o mesmo exerceria se ocupasse o volume total da mistura gasosa, à tempera-tura da mistura.

Lei de Dalton: a pressão total da mistura

gasosa é igual à soma das pressões parciais de cada gás que compõe a mistura.

Seja uma mistura de k gases diferentes entre si ou não. Como proceder para determinar a Pressão e/ou Temperatura final da mistura? (sem eação química) r

Os k gases quando misturados passam a ocupar um volume total VM (que pode ou não ser a soma dos volumes iniciais de cada gás, dependendo do problema), estando a uma temperatura final TM. A pressão parcial de cada gás é:

i Mi

M

n RTPV

= onde ni é o n° de mols do gás

Somando as pressões parciais de todos os gases componentes da mistura e usando a Lei de Dalton obtemos:

k ki M

M ii 0 i 0 M

n RTP PV= =

= =∑ ∑

Assim:

kM M

ii 0M

P V nRT =

= ∑ (I)

Onde cada ni é igual ao número de mols de cada gás inicialmente, quando cada gás es-tava sob certa temperatura Ti, uma certa pressão Pi e ocupava um certo volume Vi.

Assim: i ii

i

PVnRT

= (II)

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S

ubstituindo (II) em (I) temos:

kM M i i

i 0M i

P V P VT T=

= ∑

Para o caso de termos apenas dois com-

onentes na mistura temos: p

M M 1 1 2 2

M 1

P V P V P VT T T

= +

37 Gases CASD Vestibulares

2

* Teoria Cinética dos Gases As leis anteriormente estudadas para gases perfeitos são o resultado de estudos macroscópicos. A Teoria Cinética dos Gases busca através de um estudo microscópico interpretar o comportamento dos gases. Ela se baseia em um modelo de gás ideal,

ue é definido por algumas hipóteses. São elas: q 1. O gás é constituído por um número muito grande de moléculas em movimento desor-denado descrito

elas leis de Newton. p 2. O volume próprio das moléculas é desprezível rente ao volume do recipiente. f

3. As forças intermoleculares são despre-zíveis, exceto nas colisões mútuas e com as paredes do recipiente. 4. As colisões são elásticas e de duração esprezível. d

Partindo desses postulados e em vista dos princípios da Mecânica Newtoniana é possível provar que a pressão de um gás é dada por:

21 NP m

3 V⎛ ⎞= ⎜ ⎟ v⎝ ⎠

N - n° de moléculas no recipiente V - volume do recipiente m - massa de cada molécula

2v - média dos quadrados das velocidades das moléculas Com base nisso, podemos calcular a energia cinética média das moléculas, introduzindo a onstante de Boltzmann k: c

C3E k2

= T onde 23

A

Rk 1,38 10 JN

−= = × K

Exercícios de Sala

01. 10 litros de um gás perfeito encontram-se sob pressão de 6 atm e à temperatura de 50ºC. Ao sofrer uma expansão isotérmica, seu novo volume passa a 15 litros. Calcule a nova pressão. Resolução:

02. Determine a temperatura de um gás, sabendo que 2 mols desse gás ocupam um volume de 100 litros à pressão de 0,82 atm. Dado: R = 0,082 tm.l/mol.K a

Resolução: 03. Dois litros de um gás encontram-se a 27ºC, sob 600 mmHg de pressão. Qual será a nova pressão do gás, a 127ºC, com volume de 10 litros? Resolução: 04. Seja um balão A que tem o quádruplo da capacidade de um balão B. Ambos os balões contém o mesmo gás à mesma temperatura. A pressão no balão A é de 2 atm e no balão B é de 8 atm. Calcule a pressão após a abertura da torneira, de forma a não variar a temperatura.

Resolução:

Exercícios Resolvidos

01. Um reservatório de 30 litros contém nitrogênio, no estado gasoso (diatômico), à temperatura de 20ºC e à pressão de 3 atm. A válvula do reservatório é aberta momenta-neamente e uma certa quantidade de gás escapa para o meio ambiente, fazendo com que a pressão do gás restante no reserva-tório seja de 2,4 atm. Determine a massa do nitrogênio que escapou. Dados: R = 0,082 atm;l/mol.K; MN2 = 28 g/mol Resolução:

Da equação de Estado, obtemos: = PVnRT

Como V e T permanecem constantes, temos que n é diretamente proporcional a P. Assim:

= ⇒ = ⇒ =2 2 22 1

1 1 1

n P n 2,4 n 0,8nn P n 3,0

(I)

Mas como = ⇒ =11 1

PV 3.30n nRT 0,082.293

Isto é: Então de (I), obtemos: =1n 3,7 mols

= ⇒ =2 2n 0,8.3,7 n 2,9 mols O

número de mols que deixou o recipiente foi

= − ⇒ =n 3,7 2,9 n 0,8 molΔ Δ Como a massa molecular do nitrogênio diatômico (N2) é M = 28 g/mol, temos que a massa que escapou é:

= ⇒ =m n.M n 0,8.28

⇒ =m 22,4 gramas

02. Um mol de gás perfeito está contido em um cilindro de secção S fechado por um pistão móvel, ligado a uma mola de constante elástica k.

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Inicialmente, o gás está na pressão atmosférica P0 e temperatura T0, e o comprimento do trecho do cilindro ocupado pelo gás é L0, com a mola não estando deformada. O sistema gás-mola é aquecido e o pistão se desloca de uma distância x.

CASD Vestibulares Gases 38

Denotando a constante de gás por R, a nova

mperatura do gás é? te Resolução: Na situação inicial aplicando a equação de Clapeyron para 1 mol de gás, obtemos: =0 0 0P V RT O volume inicial é igual à área da seção vezes o comprimento inicial. Assim: I) = ⇒ =0 0 0 0V SL P SL RT 0 ( Na situação final, a força aplicada pela mola deve equilibrar o acréscimo de força do gás (devido ao aumento da pressão). =mola gásF FΔ

= ⇒ = kxkx P.S PS

Δ Δ (II)

Aplicando Clapeyron para a situação final, vem: =PV RTA

pressão e o volume finais são dados por:

= + = +0 0P P P e V S.( L xΔ )

= T

Assim, a equação de Clapeyron fica: (III) ( )+ +0 0P P .S.(L x ) RΔ F

azendo (II) em (III), temos:

⎛ ⎞+ +⎜ ⎟ =⎝ ⎠0 0

kxP .S.( L x ) RTS

M

ultiplicando termo a termo, obtemos:

(IV) + + + =20 0 0 0P SL P Sx kxL kx RT

F

azendo (I) em (IV) para aparecer T0:

+ + + =20 0 0RT P Sx kxL kx RT

D

ividindo por R e fatorando, achamos:

( )⇒ = + + +0 0 0xT T P S k L k xR

Exercícios

Nível 1

01. (UNIVALI-SC) O comportamento de um gás real aproxima-se do comportamento de gás ideal quando submetido a: a) baixas temperaturas e baixas pressões.

b) altas temperaturas e altas pressões. c) baixas temperaturas independentemente da pressão. d) altas temperaturas e baixas pressões. e) baixas temperaturas e altas pressões. 02. (UFU-MG) As grandezas que definem completamente o estado de um gás são: a) somente pressão e volume. b) apenas o volume e a temperatura. c) massa e volume. d) temperatura, pressão e volume. e) massa, pressão, volume e temperatura.

03. (MACK) Se a pressão de um gás confinado é duplicada a temperatura constante, a grandeza do gás que duplicará será: a) a massa b) a massa específica c) o volume d) o peso e) a energia cinética 04. (UFU-MG) Um recipiente rígido de volume 4,1 litros é dotado de uma válvula de segurança, cuja abertura ocorre quando a pressão interna atinge 40 atm. Se o recipiente contém 5 mols de um gás perfeito, a máxima temperatura no seu interior é: (Dado: R = 0.082 atm L/mol K) a) 127 0C b) 277 0C c) 473 0C d) 527 0C e) 649 0

05. (AMAN) Um gás perfeito se encontra em um recipiente de 4L de volume sob pressão de 2 atm e a uma temperatura de 27° C. O gás é então comprimido, sob pressão constante até que seu volume seja reduzido a 25 % do inicial. Em seguida, o gás é aquecido a volume constante, até uma temperatura de 477° C. A pressão do gás, no seu estado final, valerá: a) 10 atm b) 8 atm c) 12 atm d) 15 atm e) 20 atm

06. (UERJ) Para podermos aplicar a equação PV = nRT dos gases perfeitos, indicamos P em atmosferas, V em litros e T em Kelvin. Assim, devemos utilizar para R o valor numérico: a) 273/22,4 b) 22,4/273 c) 1/22,4 d) 1/273 e) 273 07. (CEFET) Um gás, contido em um cilindro, à pressão atmosférica, ocupa apenas a metade de seu volume à temperatura ambiente. O cilindro contém um pistão, de massa desprezível, que pode mover-se sem atrito. Esse gás é aquecido, fazendo com que o pistão seja empurrado, atingindo o volume máximo permitido. Observa-se que a temperatura absoluta do gás é aumentada em 3 vezes do seu valor inicial. Na situação final, a pressão do gás no cilindro deverá ser: a) 1/3 da pressão atmosférica. b) igual à pressão atmosférica. c) 3 vezes a pressão atmosférica. d) 1,5 vezes a pressão atmosférica. e) 4 vezes a pressão atmosférica.

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08. (CEFET) Numa transformação gasosa cíclica, em forma de quadrado de lados paralelos aos eixos de um gráfico da pressão absoluta de um gás, em função de seu volume gasoso, podemos afirmar que ela apresenta:

39 Gases CASD Vestibulares

a) duas transformações isobáricas e duas isométricas. b) duas transformações isotérmicas e duas isométricas. c) duas transformações adiabáticas e duas isométricas. d) duas transformações adiabáticas e duas isobáricas. e) duas transformações isobáricas e duas adiabáticas. 09. (UCMG) Duplicando-se a velocidade média quadrática das moléculas de um gás ideal monoatômico a uma temperatura termodinâmica T, a nova temperatura do gás é: a) 2T b) 4T c) 2 d) T/ 2 e) T/4 10. (UNB) Considere n mols de um gás ideal, monoatômico, encerrado num recipiente de volu-me V onde a pressão é p e a temperatura, medi-da em graus Celsius é T. Analise os itens abaixo quanto ao fato de as relações dadas estarem certas ou erradas. Nessas relações: E = energia cinética média das moléculas do gás; NA = n° de Avogadro; R = constante universal dos gases ideais; K = constante de Boltzmann. a) pV = nNaKT b) pV = NART c) pV = 2nNAE/3 d) pV/NA =nKT +273nK 11. (CEFET) O reservatório representado contém 0,249 m3 de um gás perfeito a 27° C e se comu-nica com um manômetro de tubo aberto que contém mercúrio. Sabe-se que a pressão atmos-férica no local vale 680 mmHg, que a constante dos gases vale 8,30 J.mol–1.K–1 e que 1x105 Pa corresponde a 760 mmHg. Desconsiderando o volume do manômetro é possível afirmar que existe no reservatório:

a) 5 mols de gás. b) 36 mols de gás. c) 8 mols de gás. d) 3x104 mols de gás. e) 22 mols de gás.

12. (FUVEST) Um cilindro contém uma certa massa M0 de um gás a T0 = 7 ºC (280 K) e pres-são P0. Ele possui uma válvula de segurança que impede a pressão interna de alcançar valores superiores a P0. Se essa pressão ultrapassar P0, parte do gás é liberada para o ambiente. Ao ser aquecido até T = 77 ºC (350 K), a válvula do cilindro libera parte do gás, mantendo a pressão interna no valor P0. No final do aquecimento, a massa de gás que permanece no cilindro é, aproximadamente, de: a) 1,0 M0 b) 0,8 M0 c) 0,7 M0

d) 0,5 M0 e) 0,1 M0

13. (PUCCAMP) Um gás perfeito é mantido em um cilindro fechado por um pistão. Em um estado A, as suas variáveis são: pA = 2,0 atm; VA = 0,90 litros; TA = 27 0C. Em outro estado B, a temperatura é TB = 127 C e a pressão é p

B

0BB = 1,5 atm. Nessas condições, o

volume VB, em litros, deve ser: B

a) 0,90 b) 1,2 c) 1,6 d) 2,0 e) 2,4 14. (UNISA-SP) Um volume de 8,2 litros é ocupado por 64g de gás oxigênio à temperatura de 27 0C. Qual é a pressão no interior do recipiente? Considere o oxigênio um gás perfeito. (1 mol de O2 = 32g) (R = 0,082 atm L/mol.K) a) 2,0 atm b) 3,0 atm c) 4,0 atm d) 6,0 atm e) 8,0 atm 15. (FUVEST) Uma certa massa de gás ideal sofre uma compressão isotérmica muito lenta passando de um estado A para um estado B. As figuras representam diagramas TxP e TxV, sendo T a temperatura absoluta, V o volume e P a pressão do gás. Nesses diagramas, transfor-mação descrita acima só pode corresponder às curvas a) I e IV b) II e V c) III e IV d) I e VI e) III e VI 16. (FUVEST) O gasômetro G, utilizado para o armazenamento de ar, é um recipiente cilíndrico, metálico, com paredes laterais de pequena espessura. G é fechado na sua parte superior, aberto na inferior que permanece imersa em água e pode se mover na direção vertical. G contém ar, inicialmente à temperatura de 300K e o nível da água no seu interior se encontra 2,0m abaixo do nível externo da água. Nessas condições, a tampa de G está 9,0m acima do nível externo da água como mostra a figura a seguir. Aquecendo-se o gás, o sistema se estabiliza numa nova altura de equilíbrio, com a tampa superior a uma altura H, em relação ao nível externo da água, e com a temperatura do gás a 360K. Supondo que o ar se comporte como um gás ideal, a nova altura H será,

proximadamente, igual a: a

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a) 8,8m b) 9,0m c) 10,8m d) 11,2m e) 13,2m

Nível 2 - Aprofundamento 01. (UNICAMP) O esquema abaixo representa um dispositivo para se estudar o comportamento de um gás ideal. Inicialmente, no frasco 1, é colocado um gás à pressão de 1 atmosfera, ficando sob vácuo os frascos 2 e 3. Abre-se, em seguida, a torneira entre os frascos 1 e 2 até que se estabeleça o equilíbrio. Fecha-se, então, esta torneira e abre-se a torneira entre os frascos 1 e 3. O volume do frasco 1 é 9 vezes maior do que o do frasco 2 e o do 3 é 9 vezes maior que o do 1. a) Feito o procedimento acima descrito, em que frasco haverá menor quantidade de moléculas do gás? Justifique. b) Sendo p2 a pressão final no frasco 2 e p3 a pressão final no frasco 3 qual será o valor da relação p2/p3, ao final do experimento? Observação: Desprezar o volume dos tubos das conexões.

02. (FUVEST) Um cilindro de Oxigênio hospitalar (O2), de 60 litros, contém, inicialmente, gás a uma pressão de 100 atm e temperatura de 300 K. Quando é utilizado para a respiração de pacientes, o gás passa por um redutor de pressão, regulado para fornecer Oxigênio a 3 atm, nessa mesma temperatura, acoplado a um medidor de fluxo, que indica, para essas condições, o consumo de Oxigênio em litros/minuto. Assim, determine: a) O número n0 de mols de O2, presentes inicialmente no cilindro. b) O número n de mols de O2, consumidos em 30 minutos de uso, com o medidor de fluxo indicando 5 litros/minuto. c) O intervalo de tempo t, em horas, de utilização do O2, mantido o fluxo de 5 litros/minuto, até que a pressão interna no cilindro fique reduzida a 40 atm. Note e Adote:

CASD Vestibulares Gases 40

Considere o O2 como gás ideal. Suponha a temperatura constante e igual a 300K R = 8x10-2 litros.atm/K

03. (FUVEST) Um mol de gás ideal é levado lentamente do estado inicial A ao estado final C, passando pelo estado intermediário B. A Figura 1 representa a variação do volume, V do gás, em litros (l), em função da temperatura absoluta T, para a transformação em questão. A constan-te dos gases vale R=0,082 atm.L./(mol.K) a) Dentre as grandezas pressão, volume e temperatura, quais permanecem constantes no trecho AB? E no trecho BC? b) Construa na Figura 2 o gráfico da pressão P em função da temperatura absoluta T. Indique claramente os pontos correspondentes aos estados

A, B e C. Marque os valores da escala utilizada no eixo da pressão P. c) Escreva a função P(T) que representa a pressão P do gás em função da temperatura absoluta T, no intervalo de 300K a 600K, com seus coeficientes dados numericamente.

04. (FUVEST) Um compartimento cilíndrico, isolado termicamente, é utilizado para o transporte entre um navio e uma estação submarina. Tem altura H0 = 2,0 m e área da base S0 = 3,0 m2. Dentro do compartimento, o ar está inicialmente à pressão atmosférica (Patm) e a 27°C, comportando-se como gás ideal. Por acidente, o suporte da base inferior do compartimento não foi travado e a base passa a funcionar como um pistão, subindo dentro do cilindro à medida que o compartimento desce lentamente dentro d’água, sem que ocorra troca de calor entre a água, o ar e as paredes do compartimento. Considere a densidade da água do mar igual à densidade da água. Despreze a massa da base. Quando a base inferior estiver a 40 m de profundidade, determine: a) A pressão P do ar, em Pa, dentro do compartimento. b) A altura H, em m, do compartimento, que permanece não inundado. c) A temperatura T do ar, em °C, no compartimento. Curvas PxV para uma massa de ar que, à Patm e 27ºC, ocupa 1 m3: (A) isobárica, (B) isotérmica, (C) sem troca de calor, (D) volume constante. Patm = 105 Pa ; 1 Pa = 1 N/m2

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05. (ITA) Um recipiente continha inicialmente 10,0 kg de gás sob a pressão de 10.106 N/m2. Uma quantidade m de gás saiu do recipiente sem que a temperatura variasse. Determine m, sabendo que a pressão caiu para 2,5.106 N/m2. a) 2,5 kg b) 5,0 kg c) 7,5 kg d) 4,0 kg e) 2,0 kg

41 Gases CASD Vestibulares

06. (ITA) Na figura abaixo, uma pipeta cilíndrica de 25 cm de altura, com ambas as extremidades abertas, tem 20 cm mergulhados em um recipiente com mercúrio. Com sua extremidade superior tapada, em seguida a pipeta é retirada lentamente do recipiente. Considerando uma pressão atmosférica de 75 cm Hg, calcule a altura da coluna de mercúrio remanescente no interior da pipeta.

07. (ITA) Um tubo capilar fechado em uma extremidade contém uma quantidade de ar aprisionada por um pequeno volume de água. A 7,0°C e à pressão atmosférica (76,0 cmHg) o comprimento do trecho com ar aprisionado é de 15,0 cm. Determine o comprimento do trecho com ar aprisionado a 17,0°C. Se necessário, em-

pregue os seguintes valores da pressão de vapor da água: 0,75 cmHg a 7,0°C e 1,42 cmHg a 17,0°C.

08. (ITA) Um tubo capilar de comprimento 5a é fechado em ambas as extremidades. Ele contém ar seco, que preenche o espaço no tubo não ocupado por uma coluna de mercúrio de densidade ρ e comprimento a. Quando o tubo está na posição horizontal, as colunas de ar têm comprimentos a e 3a. Nessas condições calcule a pressão no tubo capilar quando em posição horizontal.

09. (IME) Dois recipientes, condutores de calor, e mesmo volume, são interligados por um tubo e volume desprezível e contêm um gás ideal, inicialmente a 27°C e 1,5.10

dd

5 Pa. Um dos recipien s é mergulhado em um líquido a 127°C enquanto que o outro, simultaneamente, é mergulhado em oxigê io líquido a -173°C. Determine a pressão de equilíbrio do gás.

te

n

10. (OBF) A densidade do ar a 27°C ao nível do mar é aproximadamente 1,2 kg/m3. Calcular ao nível do mar: a) A densidade do ar a 127°C.

b) O volume de um balão de plástico de massa 600g para que ele flutue, com ar a 127°C e a temperatura ambiente de 27°C. 11. (OBF) Um gás ideal, inicialmente à temperatura T0 = 27°C, é confinado em um recipiente horizontal cilíndrico de comprimento inicial L0 = 10 cm (ver figura). À tampa do recipiente é presa uma mola de constante elástica k = 100 N/m, inicialmente comprimida de x0 = 4 cm, que se encontra conectada a um bloco de massa m = 1 kg em repouso. O coeficiente de atrito estático entre o bloco e a superfície vale μe = 0,8. Uma chama aquece o gás, que então se expande lentamente e a velocidade constante, aumentando o comprimento do recipiente. Despreze o atrito da tampa com as paredes do recipiente. Quando o bloco encontrar-se na iminência de movimento, calcule: a) o comprimento do recipiente; b) a temperatura do gás.

12. (OBF) Colocam-se 3 litros de água numa panela de pressão de 5 litros (volume total). O orifício de escape de vapor da panela tem diâmetro 2,83 mm e o “pesinho” para regular pressão tem massa 126 g. A pressão atmosférica é a normal (1 atm). a) Calcular a pressão total na panela em regime normal de funcionamento. b) Se a temperatura da água no regime normal é 127°C, calcular a massa de gás na panela. 13. Um barômetro dá indicações falsas como conseqüência da presença de uma pequena quantidade de ar sobre a coluna de mercúrio. Para uma pressão p01 = 755 mmHg, o barômetro indica p1 = 748 mmHg e para p02 = 740 mmHg temos p2 = 736 mmHg. Encontre o comprimento L do tubo do barômetro, mostrado na figura 1.

14. (Superdesafio) Na metade de um tubo de comprimento L, colocado horizontalmente e fechado em ambos os extremos, encontra-se uma coluna de mercúrio de comprimento l. Se colocarmos o tubo na posição vertical, então, a

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coluna de mercúrio desloca-se à distancia Δl da sua posição inicial. A que distância, do meio do tubo, ficará o centro da coluna, se abrirmos um dos extremos do mesmo na posição horizontal (1)? Se abrirmos o extremo superior do tubo na posição vertical (2)? Se abrirmos o extremo inferior do tubo na posição vertical (3)? A pressão atmosférica é igual a H cmHg. T é constante.

CASD Vestibulares Gases 42

Gabarito

Nível 1 1. d 2. d 3. b 4. a 5. e 6. b 7. d 8. a 9. b 10. d 11. a 12. b 13. c 14. d 15. c 16. d Nível 2 1. a) Frasco 1 b) 10 2. a) n0 = 250 mols b) n = 18,75 mols c) 4 horas 3. a) AB – pressão; BC – Volume

b) Gráfico c) P(T) = 1+T 300

300−

4. a) P = 5.105 Pa b) H = 0,6m c) T = 177° C 5. c 6. h = 18,4cm 7. L = 15,7 cm, pois Patm = Pvapor + Par 8. P0 = 3ρga/4 9. P = 1,25.105 Pa 10. a) d = 0,9 kg/m3 b) V = 2 m3

11. a) Lf = 14 cm b) Tf = 840 K 12. a) Ptotal = Pp + Patm ; Ptotal = 3,0 atm b) m = 3,25 g 13. L = 764 mm 14. 1) Pressão inicial no tubo:

00

0

ll lP2 l l

ρ⎛ ⎞Δ= −⎜ ⎟Δ⎝ ⎠

onde ρ é a densidade do

mercúrio (veja exercício 8 do nível 2) A coluna de mercúrio vai se deslocar de:

0 01

0

l.l l2H ll2H l l l

⎡ ⎤⎛ ⎞ΔΔ = − −⎢ ⎥⎜ ⎟Δ⎢ ⎥⎝ ⎠⎣ ⎦ onde ( )0l L l= − 2

O mercúrio não derrama se:

2

0l H H1l l

⎛ ⎞≤ + +⎜ ⎟Δ ⎝ ⎠ l

2) A coluna de mercúrio vai se deslocar de:

( )

0 02

0

l.l l2H ll 22 H l l l l

⎡ ⎤⎛ ⎞ΔΔ = − − +⎢ ⎥⎜ ⎟+ Δ⎢ ⎥⎝ ⎠⎣ ⎦

O mercúrio não derrama se:

( ) ( )2

0 2 H l 2 H ll 1l l l

⎡ ⎤+ +≤ + +⎢ ⎥Δ ⎣ ⎦

3) A coluna de mercúrio vai se deslocar de:

( )

0 03

0

l.l l2H ll2 H l l l l

⎡ ⎤⎛ ⎞ΔΔ = − − −⎢ ⎥⎜ ⎟− Δ⎢ ⎥⎝ ⎠⎣ ⎦2

O mercúrio não derrama se:

( ) ( )20

2

4 H l 2 H ll 1l l l

− −≤ + +

Δ

DICAS DE EXERCÍCIOS Nível 1 1 - Para volume constante, a temperatura é máxima no ponto de máxima pressão, desde que não haja variação da massa gasosa. 2 – Aplique a Lei Geral dos Gases ideais entre os estados Inicial e Final, lembrando que o volume final é igual ao volume do Estado intermediário, isto é: VF = 0,25 Vinicial. 3 – Nas CNTP, um mol de gás ocupa 22,4 litros.

4 – Aplicar Lei de Bolztman: C3E k2

= T (dada no

aprofundamento) 5 – Aplicar princípios da Hidrostática: Patm = Pgás + Pcoluna de Hg e depois aplicar a Equação de Estado: PV = nRT 6 – Como há variação de massa gasosa, então não se pode aplicar a Lei Geral dos Gases ideais. Deve-se aplicar a Equação de Estado em ambos os casos, lembrando que em um cilindro o volume não varia. 7 – Em uma compressão isotérmica, o volume diminui (pois é uma compressão), assim, a pressão deve aumentar, pela Lei de Boyle: P1V1 = P2V2 8 – A pressão do ar dentro do gasômetro não varia com o aquecimento, pois não há variação do desnível de 2,0 m entre a água dentro e fora. Isso ocorre pois a força que mantém o gasômetro em equilíbrio é o empuxo (E = ρgVdesl) e este depende do volume de líquido deslocado, no caso Vdesl = 2.A, onde A é a área de seção da base do gasômetro. Como o gasômetro continua tendo o mesmo peso, antes e depois do aquecimento, a força de empuxo para mantê-lo em equilíbrio deve ser a mesma, por isso Vdesl deve ser mantido constante e portanto, o desnível de 2,0 m não varia. Assim, a pressão do gás é constante e igual à pressão no líquido à 2,0 m de profundidade, que não precisa ser calculada. Basta aplicar a Lei da Transformação Isobárica. Nível 2 1 - a) Aplique a equação de Estado entre 1 e 2 e conclua que da quantidade inicial de moléculas, 10% ficam em 2 e 90% ficam em 1. Depois, de fechada a torneira 1-2 e aberta a 1-3, aplique novamente e conclua que 90% do que tinha em 1 vai para 3, isto é, 81% do total, sobrando 10% para 1, isto é, 9% do total. b) Entre os frascos 1 e 3 aplicar a equação da mistura gasosa, lembrando que a temperatura é constante e a pressão inicial no frasco 3 é zero (vácuo) e a pressão inicial no frasco 1 (depois deste ter entrado em equilíbrio com o frasco 2 e t fechado a torneira entre eles) é igual à final do frasco 2.

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2 - a) Aplique a Equação de Estado

43 Gases CASD Vestibulares

b) Calcule o volume total de n0 mols de gás, depois que o gás tem sua pressão reduzida. Para isso, aplique a Lei de Boyle. Calcule quantos litros o paciente consome em 30 minutos e ache o número de mols n que ele consumiu. c) Aplique a equação de Estado para P = 40 atm e calcule o número de mols restante no cilindro. Assim, calcule o número de mols consumido. 3 – b) Para desenhar o gráfico identifique as transformações e calcule as variáveis de Estado de interesse nos pontos A, B e C. 4 – a) Pressão do gás equilibra a pressão do líquido à 40 m de profundidade (altura da base móvel). Use Pgás = Patm + Pcoluna de águab) O compartimento é isolado termicamente. Assim, escolha a curva correta e com a pressão calculada no item a), calcule o novo volume. Note que o volume no gráfico é dado a partir de um volume inicial de 1,0 m3, portanto calcule o volume inicial do compartimento para readequar o valor encontrado no gráfico. Depois, é só calcular a altura do compartimento. c) Aplique a Lei Geral dos Gases Ideais 5 – Aplique a Equação de Estado duas vezes e calcule a razão entre as massas final e inicial e depois, calcule quanto escapou. 6 – Quando a pipeta é retirada do recipiente ela está aberta embaixo e portanto temos que a pressão na superfície inferior é P0 = 75 cmHg (pressão atmosférica). A pressão P0 é dada por: P0 = Pgás + h. A massa de ar sofre uma transformação isotérmica e portanto devemos aplicar a Lei de Boyle, lembrando que a pressão inicial do gás é a pressão atmosférica. Note que a equação de 2º grau irá fornecer duas raízes, mas só uma delas terá sentido físico. 7 – Aplique a Lei Geral dos Gases Ideais e use: Patm = Pvapor + Par, lembrando que quem sofre a transformação é o ar e não ar+água. 8 – Aplique a Lei de Boyle para os dois compartimentos de ar, que estão inicialmente à mesma pressão. Na posição vertical, temos: Pgás-baixo = Pgás-cima + Pcoluna de Hg 9 – Como os dois recipientes têm o mesmo volume e estão à mesma pressão inicial, então têm a mesma massa. Assim, metade da massa total irá ficar à 127ºC e a outra metade -173ºC. Como eles trocam calor entre eles, no equilíbrio eles terão ambos, uma certa temperatura. Calculada essa temperatura é só aplicar a lei de transformação isocórica e calcular a nova pressão. 10 – a) Aplique a Equação de Estado duas vezes e prove que, numa transformação isobárica, temos:

d1T1 = d2T2 , onde d é a densidade e T a temperatura absoluta. Use a expressão deduzida e calcule d2. b) Para flutuar, o peso do balão (balão+ar interno à 127ºC) deve ser igual ao peso do fluido deslocado (isto é, ao peso do ar que deveria estar no lugar do balão: ar à 27ºC). Esse é o princípio de Arquimedes, que pode ser escrito como: Peso = Empuxo, onde Empuxo = ρgVdesl 11 – A pressão do gás é equilibrada pela pressão exercida pela mola (a força que a mola aplica, tanto no êmbolo quanto na massa é F = kx, onde k é a constante elástica e x é a deformação da mola). Na iminência do movimento, a força que a mola aplica na massa é igual à força de atrito estática. Assim, calcula-se a deformação final. Para se determinar o novo comprimento do recipiente basta somar ao comprimento inicial a variação da deformação da mola (lembre-se que inicialmente ela estava comprimida de 4 cm). b) Calcule as pressões inicial e final, no gás, devido à força da mola e aplique a Lei Geral dos Gases Ideais. 12 – a) A pressão total, quando a panela está funcionando normalmente (orifício de escape aberto) é devida à pressão atmosférica mais a pressão do pesinho sobre o orifício de escape. Assim: Ptotal = Ppesinho + Patm, onde Ppesinho = mg/Apesinho., lembrando que o orifício tem área circular. b) Aplicar a equação de Estado com a pressão calculada no item a), volume do vapor d´água (igual ao volume total menos o volume de água), temperatura dada e sabendo que a massa molar da água é 18g/mol. A constante R = 0,082 atm.l/mol.K 13 – A pressão atmosférica é dada pela pressão na superfície livre do líquido. Essa pressão é igual à pressão do gás mais a pressão devido à coluna de Hg (que é a medida do barômetro). Assim: Patm = Pgás + Pbarômetro. Aplicando essa equação para os dois casos teremos dois estados gasosos distintos, com suas pressões determinadas pela equação acima. Relacione seu volume, em cada um dos dois Estados, com o comprimento L e a altura da coluna de Hg (que é a própria pressão barométrica) e aplique a Lei de Boyle (pois a temperatura é mantida constante), para achar o valor de L. 14 – Na parte em que o tubo é deslocado da posição horizontal para vertical, proceder como no exercício 8 do nível 2, achando a pressão inicial do gás. Expresse o comprimento inicial de cada um dos dois compartimentos gasosos como sendo

( )0l L l= − 2 . Em I), temos que, ao abrir um dos extremos, na posição horizontal, a nova pressão nesse compartimento será igual à atmosférica. O mercúrio não derrama se a pressão inicial do gás for menor que a atmosférica (pois se for maior, ele expulsa o Hg para fora). Devemos aplicar a Lei de Boyle para o compartimento de gás não aberto. Sabemos sua pressão inicial P0 (não é necessário utilizar a densidade do mercúrio, pois a unidade de pressão usada é cm Hg) e sua pressão final (Patm),

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além do seu volume inicial. Para se chegar na resposta da condição de não derramamento do Hg , deve-se resolver a equação P0 ≤ Patm utilizando os

parâmetros dados e resolvendo a equação para Δ

0ll

.

Dará uma equação de 2º grau e obviamente só uma solução terá sentido físico. II) Abrindo o extremo superior, na posição vertical, o compartimento de cima fica sob pressão atmosférica e a pressão no compartimento de baixo fica: P = H + l. A altura inicial do compartimento de baixo é I0 – Δl. Aplicando-se a lei de Boyle, obtemos o novo volume e portanto o quanto se deslocou o centro da coluna de Hg em relação ao meio do tubo. A condição agora é que a pressão no compartimento inferior (quando todo o tubo está fechado) seja menor que a atmosférica (senão ele empurra o Hg pelo compartimento de cima, quando este for aberto).

Resolva a restrição em função de Δ

0ll

.

III) Abrindo o extremo inferior, na posição vertical, o compartimento de baixo fica sob pressão atmosférica e a pressão no compartimento de cima fica: P = H - l. A altura inicial do compartimento de cima é I0 + Δl. Aplicando-se a lei de Boyle, obtemos o novo volume e portanto o quanto se deslocou o centro da coluna de Hg em relação ao meio do tubo. A condição agora é que a pressão no compartimento superior (quando todo o tubo está fechado) seja menor que a atmosférica (senão ele empurra o Hg pelo compartimento de baixo, quando este for aberto).

Resolva a restrição em função de Δ

0ll

.

Equações Necessárias

Pressão: FPA

= Lei de Boyle: 1 1 2 2P V P V=

Lei de Gay-Lussac: 1 2

1 2

V VT T

=

Lei de Charles: 1 2

1 2

P PT T

=

Lei Geral dos Gases Ideais: 1 1 2 2

1 2

P V P VT T

=

E

quação de Estado: PV nRT=

Pressão em um líquido: 2 1P P ghρ= + Força de Atrito: atritoF Nμ= Força Elástica: elásticaF k=

CASD Vestibulares Gases 44

x

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Física Frente IV CCAAPPÍÍTTUULLOO 55 -- EELLEETTRROODDIINNÂÂMMIICCAA

Aula 10 a 15

INTRODUÇÃO

Já vimos nos tópicos passados como proceder ao analisar circuitos com um único gerador e um único resistor. Neste caso anterior, a determinação da corrente é bem simples. Tal modelo não é, no entanto, suficiente aos problemas de ordem prática. Nestes, hemos por necessidade circuitos com várias resistências ligadas das mais diversas formas. Como proceder neste caso? É isto o que veremos agora. Antes, vamos introduzir dois conceitos fundamentais ao nosso estudo. CONCEITOS: Nó: A todo ponto de um circuito onde a corrente se divide, chamamos nó. Exemplos:

N é um nó. Como a carga deve se conservar, temos ainda que: i = i1 + i2 + i3 Pontos iguais: se dois pontos de um mesmo circuito são ligados apenas por um fio (ideal), podemos interpretá-los como um único ponto. Exemplo:

Na figura acima, é fácil notar que os pontos A e C são os mesmos, pois estão ligados por um fio simples. Assim como B e D. Importante sobre pontos: • A ddp entre dois pontos é a mesma em qualquer

caminho que ligue os dois pontos. • A ddp entre dois pontos iguais é 0 (zero) Associação de Resistores: Combinação de resistores, ligados de qualquer forma possível. Resistor Equivalente: Resistor que pode substituir uma associação de resistores sem prejuízo, ou seja, nada muda no resto do circuito.

ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE: A ligação em série pode ser visualizada na

figura abaixo:

Os dois resistores são percorridos pela mesma corrente, e em cada um acontece uma queda de potencial (ddp) que pode ser calculada com U = Ri. Na associação de n resistores em série:

Como U = U1 + U2 + ... Un, é fácil deduzir que a resistência equivalente é a soma das resistências associadas, ou seja, O resistor equivalente tem a resistência Req = R1 + R2 + ... + Rn

É importante entender bem o significado desta fórmula: a associação em série aumenta a resistência total. Isso é intuitivo pois torna-se mais difícil da corrente percorrer todo o circuito. ASSOCIAÇÃO EM PARALELO: Na associação em paralelo, várias resistências são ligadas aos mesmos dois pontos, como na figura abaixo:

Como a ddp entre A e B é única, todos os resistores são ligados na mesma ddp U, mas as correntes são diferentes.Daí para cada resistor vale: U = R1i1 = R2i2 = ... = Rnin

45 Eletrodinâmica CASD Vestibulares

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Valendo-se disso, calcula-se o valor da resistência equivalente. Para n resistores ligados em paralelo:

1 2

1 1 1 1...eq nR R R R

= + +

Para dois resistores, por exemplo:

1 2

1 1 1

eqR R R= +

Desta fórmula, vemos que a resistência

equivalente de uma associação em paralelo diminui. Isso também é coerente: a ligação em paralelo dá vários caminhos possíveis à corrente, facilitando sua passagem.

Para testar os resultados encontrados, lembre-se que Req é menor que a menor das resistências ligadas. CURTO-CIRCUITO: Caso numa ligação em paralelo um dos fios não contenha resistência, a fórmula acima não se aplica.

Os dois extremos da ligação em paralelo são o mesmo. Daí U = 0. Daí, seja I a corrente que passa por R. Como U = RI e U = 0 então I = 0. A corrente se distribui como na figura abaixo, e temos o resultado:

Não passa corrente pelo resistor!

Diz-se que o resistor está em curto-circuito.

RESISTÊNCIA ELÉTRICA 1. Introdução. Resistor. Efeito Joule. Já foi citado antes que a passagem de corrente elétrica por um resistor pode produzir diversos efeitos, por exemplo, térmicos ou luminosos. A dissipação, em um condutor, de energia em forma de calor denomina-se Efeito Joule. Quando um condutor dissipa energia unicamente sob a forma de calor (somente por Efeito Joule), esse condutor é chamado de Resistor1. Representamos um resistor num circuito como abaixo,

e R é o valor da resistência elétrica, a ser discutida mais adiante. 2. Resistência Elétrica:

Cada condutor oferece certa dificuldade à passagem de corrente por ele. Essa dificuldade

depende das dimensões físicas do condutor, do material e da temperatura ambiente.

A medida do grau de dificuldade à passagem de corrente denomina-se resistência elétrica.

Como transformar a “dificuldade à passagem” num número? Ora, tal dificuldade se traduz na perda de energia. Essa perda de energia se traduz bem numa diminuição da ddp do circuito. Isso torna as grandezas intensidade de corrente e ddp relacionadas, como descoberto por George Simons Ohm. (mais explanações em sala). 3. Lei de Ohm:

O que Ohm apontou é que “A corrente que percorre uma resistência é diretamente proporcional à ddp aplicada”. Isso de fato é verdade quando a resistência do condutor é constante, e pode ser traduzido como:

U R i= ⋅ E U = ddp aplicada. R = Resistência Elétrica i = Intensidade da corrente elétrica. A equação acima é sempre válida. Mas somente quando a resistência é constante ela traduz o enunciado pela lei de Ohm. Os resistores de resistência constante são chamados resistores Ôhmicos. UNIDADE: A grandeza “resistência elétrica” pode ser entendida como uma diminuição da diferença de potencial pela passagem de corrente. Assim:

1[ ] 11VRA

= = Ω (ohm)

Expressando U e i para um resistor de resistência constante, obtemos o seguinte gráfico:

Donde obtemos: R = tg α 4. Potência Dissipada num Resistor

Já vimos que a potência pode ser expressa por P=U.i. Aplicando para um resistor, em que U ,

podemos obter as fórmulas: e

R i= ⋅2P R i= ⋅

2UPR

= para

a potência dissipada. Essas fórmulas são extremamente úteis, mas

devem ser utilizadas sempre tomando-se o cuidado especial de observar qual grandeza é constante, pois só assim é possível estudar corretamente a variação das outras.

CASD Vestibulares Eletrodinâmica 46

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5. 2ª Lei de Ohm Já foi dito que a resistência depende das

dimensões físicas do condutor, do material e da temperatura ambiente. De fato, num condutor cilíndrico, é intuitivo que: • A resistência aumenta com o aumento do

comprimento (aumenta a distância a ser percorrida);

• A resistência diminui com o aumento da área de secção transversal do fio (mais espaço para passar, como o alargar de um tubo);

• A resistência aumenta com a temperatura (nem tão intuitivo assim. Aumentam as colisões que desorientam os elétrons dentro do fio)

Ohm enunciou que, para um condutor cilíndrico, temos a seguinte fórmula:

LRA

ρ=

Onde L é o comprimento, A é a área de secção transversal do fio, R é a resistência e ρ é uma constante que depende do material e da temperatura.

A constante ρ é chamada resistividade e varia com a temperatura. Para variações de temperaturas de até centenas de graus podemos expressar sua variação por:

[1 ]o Tρ ρ α= + Δ numa forma bem parecida com as vistas na termologia. α é um coeficiente que depende do material. A unidade da resistividade é o ohm-metro (Ωm). Por vezes é fornecida a condutividade, que é simplesmente o inverso de ρ . 6. Reostatos

Dado um condutor cilíndrico como os estudados na 2ª lei de Ohm, podemos obter diferentes resistências simplesmente usando comprimentos previamente calculados.

Um instrumento que se utiliza disso é o reostato. Um reostato nada mais é que um condutor com um cursor que seleciona qual o comprimento a ser utilizado, permitindo a obtenção de vários valores de resistência.

Ao fazer cálculos sobre reostatos, basta considerá-lo um cilindro condutor onde ρ e A são constante, e aplicar a 2ª lei de Ohm. O resultado imediato é que a resistência é diretamente proporcional a L.

CORRENTE ELÉTRICA INTRODUÇÃO: Sabemos da química que em um condutor metálico existem elétrons livres em meio aos núcleos atômicos. Esses elétrons encontram-se em movimento desordenado em altíssima velocidade dentro do condutor. Esse movimento não resulta em transporte de carga pelo condutor, no entanto: a desordem do movimento garante que o condutor não mude sua situação no tempo. Mas, sabemos das aulas passadas de física que uma carga tende a se movimentar espontaneamente quando pode diminuir sua energia

potencial. Assim, se dois extremos de um condutor (um fio de cobre, por exemplo) tiverem potenciais diferentes, todos os elétrons irão se movimentar ordenadamente em uma única direção. Esse movimento ordenado de cargas elétricas chama-se corrente elétrica. CORRENTE ELÉTRICA: Não nos preocupemos por enquanto em como criar a corrente. Supondo que ela exista em um determinado condutor, podemos caracterizá-la através de duas informações: intensidade e sentido. Intensidade: a intensidade de uma corrente informa a quantidade carga que passa por uma secção reta do condutor por unidade de tempo.

Assim qit

.

Sabendo que o movimento é de elétrons, a carga é igual ao (número de elétrons) vezes (carga do elétron), de forma que

q ne=

dividindo pelo tempo obtemos nei

t=

Δ

Unidade:Cargatempo

coulomb C Asegundo s

= = = (ampére)

Sentido: Definimos o sentido da corrente como sendo o sentido contrário ao movimento dos elétrons!

EFEITOS E USOS A corrente elétrica tem grande utilidade por

permitir a condução e o emprego de energia, permitindo o funcionamento de centenas de aparelhos. Essa energia conduzida pela corrente pode ser convertida em diversas: térmica, luminosa, sonora... tais efeitos logo serão estudados. OBSERVAÇÕES: • Geralmente representa-se a corrente elétrica por

ir

. Mas a corrente elétrica é escalar, e não vetor. Para ser vetor é necessário que a soma seja feita pela regra do paralelogramo.

• Quando a corrente elétrica surge em um circuito, ela surge em todos os pontos ao mesmo tempo. Assim também é quando ela cessa.

• Pode haver corrente em condutores não metálicos, como gases, e pode haver corrente de íons, sejam positivos ou negativos.

DIFERENÇA DE POTENCIAL (DDP) Como produzir corrente elétrica? Como fazer com que os elétrons do condutor, inicialmente em

Nota: A corrente elétrica pode ser estudada como um deslocamento de cargas positivas no sentido da corrente!

47 Eletrodinâmica CASD Vestibulares

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movimento desordenado, passem a se movimentar ordenadamente numa direção? Se quiséssemos que várias bolinhas de gude num plano se movimentassem assim, bastaria inclinar o plano. Isso geraria uma diferença de potencial gravitacional, e as bolinhas desceriam a fim de diminuir sua energia potencial. Podemos fazer algo semelhante para os elétrons: lembremos que a tendência natural é diminuir a energia potencial elétrica, dada por carga*potencial (q.V). Assim, basta que os extremos do condutor tenham diferentes potenciais para que os elétrons livres se movimentem para um deles, diminuindo sua Ep. Esse “degrau” de potencial é chamado de ddp – diferença de potencial. Para gerarmos uma ddp num circuito utilizamos um gerador (fonte). Isso será visto adiante. A unidade de diferença de potencial é a mesma unidade de potencial – o Volt (V). Uma pergunta: a corrente elétrica se desloca para o maior ou menor potencial? Ora, considerando a corrente o sentido de movimento de cargas positivas, para diminuir sua energia potencial a corrente se desloca para o menor potencial. INTERPRETAÇÕES DA DDP É necessária uma forma simples de se entender a ddp e seu valor. Vamos tentar fornecer uma interpretação simples de ser entendida e guardada. O que é a ddp? A ddp é “algo” que podemos criar num circuito fazendo assim surgir corrente elétrica por ele. E o valor da ddp, o que significa? Quanto maior a ddp, maior a diferença entre os dois potenciais. Isso pode ser guardado de duas formas: • quanto maior a ddp, num circuito, maior a corrente

elétrica que criamos (mais carga se desloca). • A ddp também pode ser entendida como quanto de

energia será fornecido a cada quantidade de carga que passar pelo gerador. Isso é muito útil em alguns exemplos de eletrostática.

POTÊNCIA Num circuito com ddp U, calculando o trabalho e a potência usando as equações já vistas, temos:

q Uq U qP U

t t t

ττ

= ⋅⋅= = = ⋅ = ⋅

Δ Δ ΔU i

i

P U= ⋅ Em caso de precisarmos calcular a energia ou trabalho fornecido, não podemos nos esquecer da relação da mecânica:

EPt t

τ= =Δ Δ

onde = trabalho, E = energia. τ

EXERCÍCIOS 1) (UFC) Um aro circular isolante contém 8 cargas elétricas iguais conforme a figura abaixo. Quando o disco gira em torno de 0, com velocidade angular constante w, a intensidade de corrente i, em virtude do movimento das cargas, é:

a) wq/2π b-) 4wq/2π c-) wq/16π d-) wq/π e-) 4wq/π

2) Durante o processo denominado “carga de um gerador”, uma carga total de 2 x 105C é transferida de um pólo do gerador a outro. A ddp entre os pólos é de 12V. A energia armazenada no gerador, que corresponde ao trabalho realizado pelas forças elétricas, é: a) 1,7 x 104J b-) 2,4 x 106J c-) 2,4 x 107J d-) 2,9 x 107J e-) 6,0 x 104J 3) (FUVEST) A energia proveniente de uma queda d’água, utilizada para acender uma lâmpada, sofreu basicamente a seguinte transformação: a) mecânica elétrica calorífica b) elétrica calorífica mecânica c) calorífica elétrica mecânica d) calorífica mecânica elétrica e) elétrica mecânica calorífica 4) (UNICAMP) A freqüência de operação dos microcomputadores vem aumentando continuamente. A grande dificuldade atual para aumentar ainda mais essa freqüência está na retirada do calor gerado pelo funcionamento do processador. O gráfico abaixo representa a ddp e a corrente em um dispositivo do circuito de um microcomputador, em função do tempo.

a) Qual é freqüência de operação do dispositivo? b) Faça um gráfico esquemático da potência dissipada nesse dispositivo em função do tempo. c) Qual é o valor da potência média dissipada no dispositivo durante um período?

CASD Vestibulares Eletrodinâmica 48

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5) (ITA) Medidas de intensidade de corrente e ddps foram realizadas com dois condutores de metais diferentes e mantidos à mesma temperatura, encontrando-se os resultados da tabela abaixo.

Nestas condições pode-se afirmar que: a) ambos os condutores obedecem à Lei de Ohm. b) somente o condutor 1 obedece à Lei de Ohm. c) nenhum dos condutores obedece à Lei de Ohm. d) Somente o condutor 2 obedece à Lei de Ohm. e) n.r.a. 6) (PUC-SP) Os passarinhos, mesmo pousando sobre fios condutores desencapados de alta tensão, não estão sujeitos a choques elétricos que possam causar-lhes algum dano. Qual das alternativas indica uma explicação correta para o fato?

a) A diferença de potencial elétrico entre os dois pontos de apoio do pássaro no fio (pontos A e B) é quase nula. b) A diferença de potencial elétrico entre os dois pontos de apoio de pássaro no fio (pontos A e B) é muito elevada. c) A resistência elétrica do corpo do pássaro é praticamente nula. d) O corpo do pássaro é um bom condutor de corrente elétrica. e) A corrente elétrica que circula nos fios de alta tensão é muito baixa. 7) (VUNESP) Um bipolo tem equação característica U = 5.i² com U dado em volts (V) e i dado em ampéres (A). Para i = 2A, sua resistência elétrica vale: a) 5 Ω b-) 10 Ω c-) 20 Ω d-) 12 Ω e-) 2,5 Ω 8) (FAAP-SP) Ao consertar uma tomada, uma pessoa toca um dos fios da rede elétrica com uma mão e outro fio com a outra mão. A ddp da rede é U = 220V e a corrente através do corpo é i = 4.10-3A. Determine a resistência elétrica da pessoa. a) 22.000 Ω b-) 11.000 Ω c-) 55.000 Ω d-) 480.000 Ω e-) 88.000 Ω

9) (UNIFOR) Uma tensão variável foi aplicada aos terminais de um resistor ôhmico de 20 ohms. Para cada tensão V aplicada, foi medida a corrente elétrica I.

O gráfico da tensão V, em função da corrente elétrica I, corresponde a uma das curvas traçadas no sistema de eixos. Essa curva é a: a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5 10) (MACKENZIE) A resistência elétrica de uma lâmpada, de valor nominal 60W – 120V, é: a) 30 Ω b-) 60 Ω c-) 120 Ω d-) 180 Ω e-) 240 Ω 11) (UNIFOR) Um motorista coloca no farol do seu carro uma lâmpada de valores nominais 30W/12V, mas bateria fornece uma tensão de 6V. Nessas condições, admitindo-se constante a resistência do filamento da lâmpada, pode-se afirmar que a potência real dissipada pela lâmpada será, em watts, de: a) 60 b-) 30 c-) 15 d-) 7,5 e-) 2,5 12) (UFSC) Seja P1 a potência dissipada por um resistor. Se dobrarmos a ddp aplicada ao resistor, a nova potência dissipada P2 se relacionará com P1 da seguinte maneira: a) P2 = P1/2 b-) P2 = P1 c-) P2 = 4.P1 d-) P2 = 2.P1 e-) diferente dos anteriores. 13) (MACKENZIE) Um resistor é submetido a uma ddp fixa. Assinale a alternativa correta. a) A potência dissipada no resistor é proporcional à sua resistência. b) A corrente que percorre o resistor é proporcional à sua resistência. c) A corrente que percorre o resistor é proporcional ao quadrado da sua resistência. d) A potência dissipada no resistor é proporcional ao quadrado de sua resistência. e) A potência dissipada no resistor é inversamente proporcional à sua resistência. 14) (UNICAMP) Sabe-se que a resistência de um fio cilíndrico é diretamente proporcional ao seu comprimento e inversamente proporcional à área de sua secção reta. a) O que acontece com a resistência do fio quando triplicamos o seu comprimento? b) O que acontece com a resistência do fio quando duplicamos o seu raio?

49 Eletrodinâmica CASD Vestibulares

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15) (UNICAMP) Uma cidade consome 1,0 x 108 W de potência e é alimentada por uma linha de transmissão de 1000 km de extensão, cuja voltagem, na entrada da cidade, é 100.000 volts. Esta linha é constituída de cabos de alumínio cuja área da seção reta total vale A = 5,26 x 10-3 m². A resistividade do alumínio é ρ = 2,63 x 10-8 Ωm. a) Qual a resistência dessa linha de transmissão? b) Qual a corrente total que passa pela linha de transmissão? c) Que potência é dissipada na linha? 16) (UNICAMP) Na prática, um circuito testador é construído sobre uma folha de plástico, como mostra o diagrama abaixo. Os condutores (branco) consistem em uma camada metálica de resistência desprezível, e os resistores (cinza) são feitos de uma camada fina (10 μm de espessura) de um polímero condutor. A resistência R de um resistor está relacionada com a resistividade ρ por R = ρ.l/A onde l é o comprimento e A é a área da seca reta perpendicular à passagem de corrente.

a) Determine o valor da resistividade ρ do polímero a partir da figura. As dimensões (em mm) estão indicadas no diagrama. b) O que aconteceria com o valor das resistências se a espessura da camada de polímero fosse reduzida à metade? Justifique sua resposta. 17) (UFCE) Entre os pontos 1 e 2 do circuito representado na figura, é mantida uma diferença de potencial de 110V. A intensidade da corrente, através da lâmpada L, é 0,5A e o cursor K do reostato está no ponto médio entre seus terminais 3 e 4.

A resistência elétrica da lâmpada é: a) 200 Ω b) 150 Ω c) 120 Ω d) 80 Ω e) 140 Ω 18) (FUVEST) A especificação de fábrica garante que uma lâmpada, ao ser submetida a uma tensão de 120V, tem potência de 100W. O circuito ao lado pode ser utilizado para controlar a potência da lâmpada, variando-se a resistência R. Para que a lâmpada funcione com uma potência de 25W, a resistência R deve ser igual a:

a) 25 Ω b-) 36 Ω c-) 72 Ω d-) 144 Ω e-) 288 Ω 19) (ITA) Duas lâmpadas incandescentes, cuja tensão nominal é de 110V, sendo uma de 20W e a outra de 100W, são ligadas em série em uma fonte de 220V. Conclui-se que: a) As duas lâmpadas acenderão com brilho normal. b) A lâmpada de 20W apresentará um brilho acima do normal e logo queimar-se-á. c) A lâmpada de 100W fornecerá um brilho mais intenso do que a de 20W. d) A lâmpada de 100W apresentará um brilho acima do normal e logo queimar-se-á. e) Nenhuma das lâmpadas acenderá. 20) (UNICAMP) Um fusível é um interruptor elétrico de proteção que queima, desligando o circuito, quando a corrente ultrapassa certo valor. A rede elétrica de 110V de uma casa é protegida pro fusível de 15A. Dispõe-se dos seguintes equipamentos: um aquecedor de água de 2200W, um ferro de passar de 770W de lâmpadas de 100W. a) Quais desses equipamentos podem ser ligados na rede elétrica, um de cada vez, sem queimar o fusível? b) Se apenas lâmpadas de 100W são ligadas na rede elétrica, qual o número máximo dessas lâmpadas que podem ser ligadas simultaneamente sem queimar o fusível de 15A? 21) (UNICAMP) A figura abaixo mostra o circuito elétrico simplificado de um automóvel, composto por uma bateria de 12V e duas lâmpadas L1 e L2 cujas resistências são de 6,0 Ω cada. Completam o circuito uma chave liga-desliga (C) e um fusível de proteção (F). A curva tempo x corrente do fusível também é apresentada na figura abaixo. Através desta curva, pode-se determinar o tempo necessário para o fusível derreter e desligar o circuito em função da corrente que passa por ele.

a) Calcule a corrente fornecida pela bateria com a chave aberta. b) Determine por quanto tempo o circuito irá funcionar a partir do momento em que a chave é fechada. c) Determine o mínimo valor da resistência de uma lâmpada a ser colocada no lugar de L2 de forma que o circuito possa operar indefinidamente sem que o fusível de proteção derreta.

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22) (ITA) A casa de um certo professor de Física do ITA, em São José dos Campos, tem dois chuveiros elétricos que consomem 4,5kW cada um. Ele quer trocar o disjuntor geral da caixa de força por um que permita o funcionamento dos dois chuveiros simultaneamente com um aquecedor elétrico (1,2kW), um ferro elétrico (1,1kW) e 7 lâmpadas comuns (incandescentes) de 100W. Disjuntores são classificados pela corrente máxima que permitem passar. Considerando que a tensão da cidade seja de 220V, o disjuntor de menor corrente máxima que permitirá o consumo desejado é, então, de: a) 30A b-) 40A c-) 50A d-) 60A d-) 80A 23) (VUNESP) Um ebulidor é constituído por um resistor R0, ligado à rede de distribuição de energia elétrica. Nessas condições, o ebulidor ferve uma certa quantidade de água em t0 minutos. Caso associemos em paralelo com o ebulidor um outro resistor de resistência R0, cuja energia também seja utilizada para ferver a água, o tempo para ferver a mesma quantidade de água passará a valer: a) 2 t0 b-) 4 t0 c-) t0/2 d-) t0/4 e-) t0 24) (MAUÁ) Três resistores de 100 Ω cada um estão ligados conforme o esquema. A potencia máxima que pode ser dissipada em cada resistor é 25W. Determine a tensão máxima que pode ser aplicada entre os terminais a e b.

25) (CENTEC) Uma fonte de tensão alimenta um circuito formado por três lâmpadas idênticas, L1, L2 e L3. Com as três lâmpadas em funcionamento, deseja-se que L1 apresente maior brilho que as demais lâmpadas. Dentre os circuitos abaixo, aquele que representa essa situação é:

26) (ITA) Quatro lâmpadas idênticas 1, 2, 3 e 4, de mesma resistência R, são conectadas a uma bateria com tensão constante V, como mostra a figura.

Se a lâmpada 1 for queimada, então: a) a corrente entre A e B cai pela metade e o brilho da lâmpada 3 diminui. b) a corrente entre A e B dobra, mas o brilho da lâmpada 3 permanece constante. c) o brilho da lâmpada 3 diminui, pois a potência drenada da bateria cai pela metade. d) a corrente entre A e B permanece constante, pois a potência drenada da bateria permanece constante. e) a corrente entre A e B e a potência drenada da bateria caem pela metade, mas o brilho da lâmpada 3 permanece constante. 27) (MACKENZIE) No trecho de circuito abaixo, a ddp entre os pontos A e B é 27V. a intensidade da corrente que passa pelo resistor de resistência 6 Ω é:

a) 0,5 A b-) 1,0 A c-) 1,5 A d-) 3,0 A e-) 4,5 A 28) (VUNESP) Um circuito com resistores é ligado a uma bateria de 12V, como mostra a figura. 29)

Qual é a tensão no resistor de 2,0 Ω, em volt? a) 1,6 b-) 2,0 c-) 4,0 d-) 6,0 e-) 12,0 30) A resistência equivalente, entre os pontos A e B da associação da figura, vale:

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a) 60 Ω b-) 40 Ω c-) 30 Ω d-) 20 Ω e-) 10 Ω

31) Na figura a resistência equivalente entre A e B vale:

a) 2,5 Ω b-) 5 Ω c-) Zero d-) 20 Ω e-) Nenhuma das anteriores. 32) Com relação ao circuito ao lado, fazem-se as seguintes afirmações. I – As três resistências estão ligadas em série. II – As três resistências estão ligadas em paralelo. III – A resistência equivalente da associação vale: R1R2R3/(R1R2 + R1R3 + R2R3) Estão corretas: a) só a I. b) só a II. c) só a II e III. d) todas. e) nenhuma. 33) (MACKENZIE) Num circuito de corrente elétrica, força eletromotriz é: a) a força que o gerador imprime dos elétrons. b) a ddp entre os terminais do gerador. c) a energia que o gerador transfere a uma unidade de carga portadora de corrente. d) a energia dissipada em forma de calor. e) nenhuma das anteriores. 34) (FUVEST) No circuito abaixo, quando se fecha a chave S, provoca-se:

a) aumento da corrente que passa por R2. b) diminuição do valor da resistência R3. c) aumento da corrente em R3. d) aumento da voltagem em R2. e) aumento da resistência total do circuito.

35) (UNIFOR) No circuito representado no esquema, a ddp entre x e y é v.

Nesse circuito, uma ddp igual a v/2 é verificada nos terminais de: a) R1 somente. b-) R2 somente. c-) R3 somente. d-) R2 e R3. e-) R1, R2, R3. 36) (FUVEST) São dados dois fios de cobre de mesma espessura e uma bateria de resistência interna desprezível em relação às resistências dos fios. O fio A tem comprimento c e o fio B tem comprimento 2c. Inicialmente, apenas o fio mais curto, A, é ligado às extremidades da bateria, sendo percorrido por uma corrente I. Em seguida, liga-se também o fio B, produzindo-se a configuração mostrada na figura.

Nesta nova situação, pode-se afirmar que: a) a corrente no fio A é maior do que I. b) a corrente no fio A continua igual a I. c) as corrente nos dois fios são iguais. d) a corrente no fio B é maior do que I. e) a soma das correntes nos dois fios é I. 37) (UNICAMP) Algumas residências recebem três fios da rede de energia elétrica, sendo dois fios correspondentes às fases e o terceiro, ao neutro. Os equipamentos existentes nas residências são projetados para serem ligados entre uma fase e o neutro (por exemplo, uma lâmpada) ou entre duas fases (por exemplo, um chuveiro). Considere o circuito abaixo, que representa, de forma muito simplificada, uma instalação elétrica residencial. As fases são representadas por fontes de tensão em corrente contínua e os equipamentos, representados por resistências. Apesar de simplificado, o circuito pode dar uma idéia das conseqüências de uma eventual ruptura do fio neutro. Considere que todos os equipamentos estejam ligados ao mesmo tempo.

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a) Calcule a corrente que circula pelo chuveiro. b) Qual é o consumo de energia elétrica da residência em kWh durante quinze minutos? c) Considerando que os equipamentos se queimam quando operam com uma potência 10% acima da nominal (indicada na figura), determine quais serão os equipamentos queimados caso o fio neutro se rompa no ponto A. 38) (ITA) A força eletromotriz da bateria do circuito abaixo é de 12 V. O potenciômetro possui uma resistência total de 15 Ω e pode ser percorrido por uma corrente máxima de 3 A. As correntes que devem fluir pelos resistores R1 e R2, para ligar uma lâmpada projetada para funcionar em 6 V e 3 W, são, respectivamente:

a) iguais a 0,50 A. b-) de 1,64 A e 1,14 A. c-) de 2,00 A e 0,50 A. d-) de 1,12 A e 0,62 A. e-) de 2,55 A e 0,62 A. 39) (MACKENZIE) No circuito abaixo, os geradores são ideais, as correntes elétricas tem os sentidos indicados e i1 = 1 A. O valor da resistência R é:

a) 3 Ω b-) 6 Ω c-) 9 Ω d-) 12 Ω e-) 15 Ω 40) (UFC) Os fios condutores semicirculares, que constituem as derivações mostradas na figura, têm uma resistência de 10 ohms por metro. A resistência equivalente, entre os pontos P e Q é, em ohms:

a) π/3 b-) 3/π c-) π d-) 3π e-) 2π

41) (FUVEST) No circuito mostrado na figura, os três resistores têm valores R1 = 2 Ω, R2 = 20 Ω e R3 = 5 Ω. A bateria B tem tensão constante de 12 V. A corrente i1 é considerada positiva no sentido indicado. Entre os instantes t = 0s e t = 100s, o gerador G fornece uma tensão variável V = 0,5t (V em volt e t em segundo).

a) Determine o valor da corrente i1 para t = 0s. b) Determine o instante t0 em que a corrente i1 é nula. c) Trace a curva que represente a corrente i1 em função do tempo t, no intervalo de 0 a 100s. Utilize os eixos da figura acima indicando claramente a escala da corrente, em ampére (A). d) Determine o valor da potência P recebida ou fornecida pela bateria B no instante t = 90s. 42) (FUVEST) O circuito a seguir é formado por quatro resistores e um gerador ideal que fornece uma tensão V = 10 volts. O valor da resistência do resistor R é desconhecido. Na figura estão indicados os valores das resistências dos outros resistores.

a) Determine o valor, em ohms, da resistência R para que as potências dissipadas em R1 e R2 sejam iguais. b) Determine o valor, em watts, da potência P dissipada no resistor R1, nas condições do item anterior. 43) (AFA) Em um laboratório, encontramos uma bateria B, um amperímetro A, um voltímetro V e um resistor de resistência R. Qual é o circuito que permite determinar, experimentalmente, o valor de R?

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44) (FUVEST) No circuito da figura, E = 8 V, r = 100 Ω e R = 1.200 Ω.

a) Qual a leitura no amperímetro A? b) Qual a leitura no voltímetro V? 45) (UFRN) No circuito da figura abaixo, o galvanômetro indica uma corrente nula.

Neste caso, pode-se afirmar que: a) i1R4 + i2R3 = 0 b) i1R1 – i2R3 = 0 c) i1R4 – i2R3 = 0 d) i1R4 + i2R2 = 0 e) i1R1 + i2R2 = 0

Gabarito 1) E 2) B 3) A 4) a) f = 250 MHz

b) c) Pmédia = 5 x 10-13 W 5) B 6) A 7) B 8) C 9) C 10) E 11) C 12) E 13) E 14) a) triplica. b) fica dividida por quatro. 15) a) R = 10 Ω b) i = 1000A c) PL = 1x107W 16) a) ρ = 2x10-3 Ω.m

b) Se a espessura fosse reduzida à metade, a área da secção também o seria e, portanto, as resistências elétricas dobrariam. 17) C 18) D 19) B 20) a) O ferro de passar roupa e a lâmpada. b) n = 16 21) a) 2A b) 1s c) R2 ≥ 12Ω (Rmín = 12 Ω) 22) D 23) C 24) 75V 25) B 26) E 27) C 28) C 29) D 30) A 31) C 32) C 33) C 34) D 35) B 36) a) 20A b) 1,25 kWh c) O ventilador. 37) D 38) E 39) A 40) a) i1 = 2A b) t1 = 30s

c) 41) a) R = 6 Ω b) P = 1,28W 42) D 43) a) 1,2 x 10-2 A b) 6 V 44) E

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Física Frente IV CCAAPPÍÍTTUULLOO 66 –– IINNSSTTRRUUMMEENNTTOOSS DDEE MMEEDDIIÇÇÃÃOO

Aula 16

INTRODUÇÃO

Já sabemos fazer cálculos com as grandezas corrente, resistência, ddp... se forem fornecidos seus valores. É necessário, no entanto, preocupar-se com a questão de ordem bastante prática: como obter os valores desejados, para então começar os cálculos?

Para isto existem os instrumentos de medição elétrica que, colocados corretamente num circuito, fornecem os valores necessários. APARELHOS REAIS E IDEAIS

Para um instrumento de medição elétrica funcionar, ele precisa estar ligado no circuito. Ora, sendo assim, ele modifica a resistência equivalente do circuito e assim os valores obtidos para quaisquer grandezas serão diferentes dos verdadeiros.

Aparelhos que não modificassem em nada as características do circuito em que estão ligados seriam aparelhos ideais. Por enquanto estudaremos somente estes últimos, pois os aparelhos disponíveis já se aproximam tanto dos ideais que o erro na medição é desprezível, tendo feito a discussão sobre aparelhos reais cair em desuso no vestibular. GALVANÔMETRO

O Galvanômetro é o mais simples dos aparelhos de medição elétrica, e base de todos os outros.

Ele é capaz de medir corrente elétrica de intensidade, quando percorrido por ela. Logo ele deve seem série no circuito:

pequena r inserido

Na figura, o galvanômetro mede a corrente que passa pela resistência R.

A máxima corrente que um galvanômetro pode medir denomina-se corrente de fundo de escala. AMPERÍMETRO

O amperímetro executa a mesma função do galvanômetro, mas pode medir correntes mais elevadas. Como o galvanômetro, ele deve ser ligado em série ao circuito.

O amperímetro ideal tem resistência desprezível, então, ligado em série, não altera a resistência do circuito.

VOLTÍMETRO O voltímetro é capaz de medir a diferença de potencial entre dois pontos, quando ligado entre eles. Assim, ele deve ser ligado em paralelo ao circuito.

O voltímetro ideal tem resistência infinita. Assim, ligado em paralelo ao circuito, não é percorrido por corrente e não altera a resistência equivalente do conjunto.

Na figura ao lado, o voltímetro mede a ddp entre A e B.

PONTE DE WHEATSTONE

A Ponte de Wheatstone é um método clássico para a medição de resistências. A base teórica do método é que, no circuito abaixo

se o galvanômetro não for percorrido por corrente (ig = 0), então R1

.R3 = R2.R4

Daí, para medir uma resistência R1, por exemplo, só precisamos fixar duas resistências conhecidas (R4 e R3) e variar o valor de R2 até que i = 0.

Na prática, a ponte é feita usando somente um reostato ou fio de resistência total conhecida e montando o seguinte circuito:

Daí, como na régua da figura (poderia ser um

reostato) a resistência é proporcional ao comprimento, vale a relação R1

.L3 = R2.L4

Isso torna as medições muito mais fáceis, pois basta variar a posição do cursor até atingir o equilíbrio.

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CASD Vestibulares Zoologia 56

BBIIOOLLOOGGIIAA Frente I CCAAPPÍÍTTUULLOO 55 –– ZZOOOOLLOOGGIIAA ((AAnneellííddeeooss))

Aula 09 e 10

Phylum Annelida (Anelídeos)

Os anelídeos são animais vermiformes segmentados (metamerizados).

Figura 1. Representantes do filo dos anelídeos. Em evidência temos: (a) os Parapódios num Poliqueta; (b) a boca e ânus num Oligoqueta; (c) e a boca e ventosa num Hirudíneo Características gerais - São triblásticos, bilatérios e protostomados; - Apresentam celoma (são os primeiros celomados da escala evolutiva). O fluido celômico funciona como esqueleto hidráulico; - Possuem sistema circulatório; - Apresentam metâmeros, ou seja, segmentos. Estes segmentos são iguais e bem visíveis ao exterior. Sistemas Digestivo: Completo, com Papo (armazena alimento), Moela (tritura alimento), Tiflossole (prega longitudinal dorsal do intestino que aumenta a superfície de contato, facilitando a absorção do alimento) e Ceco (mesma função do Tiflossole);

Figura 2. Sistema digestivo de um anelídeo.

Circulatório: Fechado (o sangue dá uma volta completa pelo corpo estando sempre no interior de vasos). Formado por vasos (o principal é o Vaso

Sanguíneo Ventral) e sangue (constituído por plasma, células e um pigmento respiratório – que nas minhocas é a hemoglobina); Respiratório: os terrestres fazem respiração cutânea, já os aquáticos fazem respiração branquial. O transporte dos gases é feito pela diluição do oxigênio no plasma; Excretor: a excreção ocorre pelos Nefrídios, que se encontram distribuídos em um par por segmento. Os nefrídios possuem uma membrana semipermeável, que faz a absorção. Os anelídeos excretam uréia, e, principalmente, amônia.

Nervoso: Ganglionar Ventral. Existem dois gânglios cerebróides e um grande gânglio subfaríngeo, ligados por um anel nervoso ao redor da faringe (conectivo periesofágico). Do gânglio subfaríngeo sai um cordão nervoso ventral com um par de gânglios por segmento. Além disso, possuem fotorreceptores na pele. Reprodutor: os terrestres são monóicos com fecundação cruzada e desenvolvimento direto , já os aquáticos são dióicos com fecundação externa e desenvolvimento indireto. Locomotor: a locomoção é feita pelos músculos e o esqueleto hidrostático (celoma). A musculatura é circular (no metâmero) ou longitudinal. Além disso, o muco umedece a pele, facilitando a locomoção e protegendo de microorganismos. Classes dos Anelídeos O critério de classificação é a quantidade de cerdas (muitas, poucas ou ausentes). Olygochaeta (Oligoqueta): É a classe das minhocas. São seres com poucas cerdas, terrestres, de respiração cutânea e cabeça não distinta. Possuem clitelo, cuja função é produzir muco (para manter os dois animais unidos na cópula e para a proteção do animal) e produzir os casulos.

São hermafroditas, fazendo Fecundação Cruzada, processo no qual dois adultos se unem em

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posições opostas, para então trocarem espermatozóides que são armazenados em pequenas bolsas (receptáculos seminais). Após a separação dos dois vermes em cópula, cada um elimina óvulos nos poros femininos, e então ocorre fecundação externa, entre a pele e um anel mucoso formado pelo clitelo. Depois um casulo se desprende de cada animal e os ovos se desenvolvem.

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Polichaeta (Poliqueta): São seres com muitas cerdas, marinhos, de respiração branquial e cabeça distinta. Possuem os Parapódios, que são expansões laterais do corpo com tufos de pelo, que servem de remos para natação. Não possuem clitelo. São dióicos de desenvolvimento indireto (a larva chama-se Trocófora). Podem ser Sedentárias ou Errantes. Possuem Penacho Branquial. Ex.: Nereis.

Figura 4. Dois poliquetos: Sabellaria (esquerda) e

Nereis. Aqueta ou Hirudínea: Não possuem cerdas. São dulcícolas, apresentam duas ventosas, a anterior (oral) e a posterior. Possuem Clitelo, são Hematófagos (alimentam-se de sangue), locomovem-se por “Mede Palmos”. Ex.: Sanguessuga (Hirudus medicinalis)

Figura 5. Locomoção por mede-palmos de um aqueta. Importância dos anelídeos Minhocas: Constroem galerias que permitem a entrada de água e a oxigenação do solo (drenagem e aeração, importantes porque oxidam o alimento para as plantas, acelerando a decomposição da matéria orgânica). Suas fezes servem de adubo (húmus). Além disso, são comestíveis (os poliquetas também são) e servem de isca. Sanguessuga: foram usados na medicina para fazer sangrias e controlar hemorragias em cirurgias, pois liberam o anticoagulante hirudina e um anestésico.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1) (UEL – PR) Os anelídeos são animais: a) protostômicos e acelomados b) protostômios e pseudocelomados c) protostômios e celomados d) deuterostômicos e pseudocelomados e) deuterostômicos e celomados 2) (UFAC) Sobre as trocas gasosas nos anelídeos, pode-se afirmar que elas ocorrem: a) pelos corações laterais b) através do sistema respiratório c) por intermédio de adaptações do seu tubo digestivo d) diretamente entre a epiderme e o meio e) quase sempre na cavidade celômica 3) (Unesp) Um determinado animal monóico apresenta clitelo, moelo, nefrídios, cerdas, circulação fechada e respiração cutânea. Utilizando essas informações, responda: a) Qual é o nome desse animal e a que filo pertence? b) Cite um exemplo de outro animal do mesmo filo, mas de diferente classe. 4) (Osec) Quanto à reprodução, as minhocas são: a) monóicas, isto é, cada animal apresenta tanto órgãos sexuais masculinos como femininos; b) dióicos, cada animal apresenta tanto órgãos sexuais masculinos como femininos; c) dióicos, cada animal apresenta apenas órgãos sexuais masculinos; d) protândricas, isto é, os órgãos sexuais masculinos desenvolvem-se antes e os femininos não; e) monóicas, isto é, cada animal apresenta apenas órgãos sexuais masculinos ou femininos; 5) (Unitau) Vermes segmentados marinhos, límnicos, e terrestres, triblásticos, celomados, com segmentação metamérica e aparentados com os artrópodes. Trata-se de: a) nematóides b) cestóides c) anelídeos d) platelmintes e) celenterados 6) (Osec) Nas minhocas a fecundação é ........ e o desenvolvimento é ............ a) interna, direto b) externa, direto c) interna, indireto d) externa, indireto e) interna, indireto com larva trocófora 7) (Fund. Carlos Chagas) A hemoglobina é um pigmento vermelho dissolvido no plasma sanguíneo das minhocas. Sua função é: a) transporte de gases b) transporte de alimentos c) fagocitose d) digestão e) defesa

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CASD Vestibulares Zoologia 58

8) (Fund. Carlos Chagas) O sitema circulatório de platelmintos, nematóides, moluscos e anelídeos é respectivamente: a) aberto, aberto, fechado e fechado b) ausente, ausente, fechado e fechado c) ausente, ausente, aberto e fechado d) aberto, fechado, ausente, aberto e) ausente, fechado,aberto, fechado 9) (UFBA) Características comuns à planária, lombriga e minhoca: a) hermafroditismo b) dimorfismo sexual c) simetria bilateral d) celoma e) presença de clitelo 10) (Fuvest) Um animal com tubo digestivo completo, sistema circulatório fechado, sangue com hemoglobina e hermafrodita, pode ser: a) minhoca b) planária c) barata d) caramujo e) lombriga 11) (Med. ABC) Quanto aos anelídeos, podemos afirmar: a) são triblásticos, acelomados e com metameria b) são diblasticos, celomados e com ciclomeria c) são triblásticos, celomados e com metameria d) são triblásticos, pseudocelomados e com metameria e) são diblasticos , acelomados e com ciclomeria 12) (Cesgranrio) Qual a alternativa correta? a) a respiração dos anelídeos é do tipo pulmonar b) todos os anelídeso são hermafroditas c) as minhocas são animais de sexos separados d) os poliquetos têm desenvolvimento indireto e) na minhoca, os receptáculos seminais abrigam espermatozóides, produzidos por ela mesma. 13) (Fund. Carlos Chagas) Se você escavasse a areia da praia e encontrasse um animal segmentado, cuja cabeça tivesse tentáculo e em cada anel observasse a presença de cerdas e brânquias, diria tratar-se de: a) asquelminte b) poliqueto c) oligoqueto d) hirudíneo e) platelminte 14) (PUC) Concha calcárea, clitelo e célula-flama, ocorrem respectivamente em: a) anelídeos, moluscos e platelmintes b) moluscos, anelídeos e platelmintes c) anelídeos, platelmintes e moluscos d) celenterados, anelídeos e anelídeos e) platelmintes, anelídeos e moluscos 15) (Med. Santos) Qual das características não encontramos em anelídeos: a) cnidoblastos b) sangue vermelho

c) circulação fechada d) clitelo e) corpo segmentado 16) (Unesp) Os anelídeos têm em comum: a) o habitat b) as ventosas c) a segmentação d) os parapódios e) as cerdas 17) (Mack) A ocorrência de um sistema circulatório fechado, sangue com hemoglobina, três folhetos germinativos, formando um celoma verdadeiro e corpo metamerizado são características que aparecem em conjunto pela primeira vez em: a) insetos b) anelídeos c) moluscos d) platelmintos e) vertebrados 18) (Fuvest) O que é que a minhoca tem, e a mosca também? a) sistema circulatório fechado b) metameria c) respiração cutânea d) hermafroditismo e) desenvolvimento direto 19) Esquematize um anelídeo enfatizando o sistema circulatório. 20) O que são animais oligoquetos?Cite dois exemplos.

Gabarito 1) c 2) d 3) Minhoca, filo Anellida. Sanguessuga, Hirudínea. 4) a 5) c 6) b 7) a 8) c 9) c 10) a 11) c 12) d 13) b 14) b 15) a 16) c 17) b 18) b

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59 Zoologia CASD Vestibulares

BBIIOOLLOOGGIIAA Frente I CCAAPPÍÍTTUULLOO 66 –– ZZOOOOLLOOGGIIAA ((MMoolluussccooss))

Aula 11 e 12

Phylum Mollusca (Moluscos) São animais de corpo caracteristicamente mole

(“mollus” significa mole). Exemplos: Lesma, caramujo, caracóis, polvo, lula, ostras, mexilhões, escargot, teredos.

Figura 1. Um molusco típico (gastrópodo) Importância do Filo - É o segundo maior filo; - Vários são comestíveis; - A produção de pérolas é feita pelas ostras; - Caracóis e lesmas são pestes agrícolas; - Caramujos são Hospedeiros intermediários de vermes (Ex.: Biomphalaria, hospedeiro do Schistosoma); - A tinta Nanquim é extraída da “glândula de tinta” dos cefalópodes; - Teredos destroem cascos de navios e corpos de madeira; - Madrepérola (“conchinhas”) é usada na confecção de bijouterias, botões e peças ornamentais. Características gerais do filo 1)Corpo geralmente com três regiões distintas:

a) Cabeça: sede dos órgãos sensoriais; b) Pé: massa musculosa para locomoção; c) Massa visceral: conjunto de órgãos internos. ** Possuem também o Manto, que é a parte do tegumento que secreta a concha.

2) O pé possui glândulas que produzem um Muco, que lubrifica, facilitando a locomoção. 3) Quanto a Concha, esta pode ser Ausente ou Presente. Nos seres que possuem Concha, esta pode ser interna (ex.: Lula) ou externa. A concha externa pode ser formada de uma única peça (univalve, como no Caramujo) ou por duas peças (bivalve, como nas ostras). A concha é formada por: a)Perióstraco: é a parte externa, formada por proteína. b)Camada Prismática: fica numa posição média, formada por carbonato de cálcio;

c)Camada Nacarada: é a Madrepérola, situando-se na parte interna da concha. Também é feita de carbonato de cálcio.

Figura 2. Estrutura do manto e da concha

4) São bilatérios, triblásticos, celomados, protostômios. Sistemas Digestivo: Completo. Possuem duas estruturas típicas de moluscos: a Rádula (menos os bivalves, pois são filtradores) que tem função de raspar o alimento; e o Estilete Cristalino, que é um bastão de enzimas digestivas. Respiratório: Os aquáticos têm respiração Branquial, mas nos Bivalves as brânquias se chamam Ctenídeos pois também captam partículas alimentares. Os terrestres têm respiração pulmonar, mas o pulmão é apenas uma cavidade do manto intensamente vascularizada, a Cavidade Paleal. As trocas gasosas ocorrem nesta cavidade. Circulatório: Aberto, com pigmento respiratório chamado Hemocianina. Exceção: Os Cefalópodes possuem circulação fechada. Excretor: A excreção é feita por um aglomerado de nefrídios denominados “Rins”.

Figura 3. Metanefrídeo em um molusco

Nervoso: Ventral. A maioria tem 3 pares de gânglios: Cerebróides, pedais e viscerais. Os cefalópodes têm bem mais gânglios, formando quase um cérebro. São muito desenvolvidos e tem olhos semelhantes aos dos vertebrados.

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Classificação 1) Classe Polyplacophora ou Anfineura: São moluscos marinhos, e possuem a concha dividida em 8 placas. A maioria é dióica de desenvolvimento indireto. Exemplo: Quíton. O nome Anfineura significa “duas cabeças”, mas na verdade o que existe é uma só cabeça, porém não-distinta.

CASD Vestibulares Zoologia 60

Figura 4. Chiton, representante da classe Anfineura 2) Classe Scaphopoda ou Monoplacophora: Possuem uma concha cônica (em forma de dente) constituída de uma única placa, são marinhos possuem pé em forma de martelo que é usado para se enterrarem. São dióicos, com fecundação externa e desenvolvimento indireto (larva Trocófora e Véliger). Ex.: Dentálio.

Figura 5. Dentálio, um escafópodo.

Figura 6. Estrutura interna de um Dentálio.

3) Classe Gastropoda ou Univalvia: Típico molusco, com corpo dividido em 3 regiões distintas, 2 pares de tentáculos na cabeça. Concha univalve espiralada ou Ausente. Geralmente monóicos (hermafroditas), se forem aquáticos são de desenvolvimento Indireto (larva Véliger), se forem terrestres são de desenvolvimento direto. Fazem respiração pulmonar. Ex.: Escargot, caramujo, caracol, lesma.

Figura 7. Caracol, um representante da classe gastrópoda. 4) Classe Bivalvia ou Pelecípoda: possuem concha com duas valvas, cabeça não distinta, são filtradores (portanto, não têm rádula), respiração branquial (pelos Ctenídeos), são dióicos de fecundação externa/ e desenvolvimento direto.

Figura 8. Mexilhão preso ao substrato

Figura 9. A anatomia de um bivalvo.

5) Classe Cephalopoda (“pés na cabeça”): tem os pés transformados em tentáculos (8 no polvo, 10 na lula) com ventosas. A cabeça é desenvolvida , olhos semelhantes os dos vertebrados. A concha pode ser Ausente (polvo), interna (lula, onde a concha chama-se Pena ou Gládio) ou externa com várias câmaras (nautilus).

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Figura 10. Nautilus

Figura 11. Lula Figura 12. Polvo

Possuem, para sua defesa, a Glândula de tinta e Células Cromatófaras (células pigmentadas que mudam de cor, alterando a coloração do animal sob comando do sistema nervoso).A locomoção é feita por jatopropulsão: o Sifão inalante suga a água, e o Sifão exalante a expulsa em alta velocidade, empurrando o animal para frente. Os cefalópodes são dióicos com fecundação interna. São ovíparos, e o desenvolvimento é direto.

Produção da pérola: A pérola é produzida pelas ostras. Essa produção ocorre quando alguma partícula estranha ao organismo (grão de areia, por exemplo), se deposita na região entre o manto e a concha, de forma que, como proteção, esta partícula vai sendo envolvida pelo nácar, até formar a pérola.

Exercícios Propostos

61 Zoologia CASD Vestibulare

1) (UEL) Os inverterbrados que possuem olhos semelhantes aos dos vertebrados são os: a) insetos b) aracnídeos c) crustáceos d) gastrópodos e) cefalópodos 2) (Mack) Assinale a alternativa incorreta a respeito dos moluscos. a) tem respiração branquial ou pulmonar b) são animais diploblásticos acelomados c) tem excreção através de nefrídeos d) São de sexos separados ou hermafroditas e) Possuem o corpo constituído, basicamente, por cabeça, pé e massa visceral 3) (Unisinos-RS) Ao cavar a areia da praia, é comum se encontrar mariscos brancos (Mesodesma). Esses

animais se enterram pela ação de uma lâmina muscular denominada: a) pé b) massa visceral c) manto d) sifão e) concha 4) (Cesgranrio) Relacione os diagnósticos numerados de I a V com os filos de invertebrados designados de P a U. I. Animal filtrador, com nível de organização corporal simples. II. Animal com forma de pólipo ou de medusa, formado por duas camadas celulares (diblástico). III. Animal de corpo achatado, formado por três tecidos embrionários (triblástico). IV. Animal de corpo fino e tubular, triblático, cavidade corporal denominada pseudoceloma. V. Animal de corpo mole, com ou sem concha, triblástico, cavidade corporal denominada celoma. P: Porífera Q: Coelenterata R: Platyhelminthes S: Nemathelminthes T: Mollusca U: Annelida a) I-P, II-Q, III-R,IV-S,V-T b) I-P, II-Q, III-R,IV-T,V-S c) I-Q, II-T, III-P,IV-U,V-R d) I-U, II-T, III-S,IV-R,V-Q e) I-U, II-T, III-S,IV-T,V-S 5) (PUC) Observe os nomes abaixo: 1: Medusa 2: Minhoca 3: Caracol 4: Ascaris 5: Libélula Encontra-se cavidade do manto em: a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5 6) (UFU-MG) A produção de pérolas requer a introdução artificial de pequenas partículas estranhas no manto. Este circunda o corpo estranho e secreta camadas sucessivas de nácar sobre ele. Os animais são mantidos em cativeiro por muitos anos até que as pérolas sejam formadas. Os animais utilizados neste processo pertencem, respectivamente, ao filo e à classe: a) Mollusca e Gastropoda b) Arthropoda e Crustacea c) Arthropoda e Insecta d) Mollusca e Cephalopoda e) Mollusca e Pelecypoda 7) (UEMS) As afirmativas abaixo referem-se a fenômenos ou estruturas de diferentes tipos de moluscos. Assinale a alternativa errada: a) Caracol: cavidade do manto funcionando como pulmão. b) Ostra: cabeça como sede de órgãos sensoriais. c) Mexilhão: brânquias importantes na obtenção de alimentos. d) Caracol: rádula com função alimentar. e) Polvo: pé transformado em tentáculos. 8) (Med. ABC) É encontrado apenas entre os moluscos, a estrutura:

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CASD Vestibulares Zoologia 62

a) esqueleto calcário b) tentáculos c) sifão exalante d) rádula e) tubo digestivo completo 9) (Unitau) Nos gastrópodes, a excreção é feita por: a) tubos de Malpighi b) nefrídeos transformados em rins c) néfrons d) solenócitos e) glândulas verdes 10) (Osec) Responda às questões 10 e 11 de acordo com o seguinte código: a) se somente as alternativas I e II forem corretas b) se somente as alternativas II e III forem corretas c) se somente as alternativas I e III forem corretas d) se existir somente uma alternativa correta e) Se todas forem corretas ou se todas forem erradas I. Os moluscos podem ser monóicos ou dióicos. II. Há moluscos com desenvolvimento direto. III. Em alguns moluscos existe uma forma larval ciliada, a plânula. 11) I. Todos os moluscos têm fecundação interna. II. O ovotestis é uma glândula hermafrodita existente no caracol. III. A bolsa de tinta, encontrada em lulas, sépias e polvos, é uma estrutura defensiva. 12) (PUC) Mytilus, um mexilhão marinho bastante apreciado como alimento, possui uma série de filamentos, o bisso, que permitem a sua fixação a rochas e outros substratos duros. Os filamentos do bisso são fabricados por uma região modificada do: a) manto b) massa visceral c) pé d) concha e) brânquia 13) (PUC) Sepia, ostra, Dentalium e caracol são moluscos pertencentes, respectivamente, às classes: a) Cefalópode, Gastrópode, Pelecípode e Escafópode b) Escafópode, Gastrópode, Cefalópode e Pelecípode c) Cefalópode, Pelecípode, Escafópode e Gastrópode d) Gastrópode, Cefalópode, Pelecípode e Escafópode e) Gastrópode, Gastrópode, Escafópode e Pelecípode 14) (UFMG) Nos Pelecípodes, o alimento é obtido graças a uma camada de muco que recobre: a) o pé b) a boca c) as brânquias d) a concha e) o intestino 15) (Med. ABC) As brânquias de moluscos bivalves e cefalópodes diferem funcionalmente entre si, porque as do primeiro citados são: a) somente respiratórias e as dos últimos apenas relacionadas com a alimentação b) somente relacionadas com a alimentação e as dos últimos apenas respiratórias c) relacionadas com a respiração e a alimentação e as dos últimos apenas respiratórias d) somente respiratórias e as dos últimos apenas relacionadas com a respiração e a alimentação e) somente relacionadas com a alimentação e as dos últimos relacionadas com a alimentação e a respiração

16) (Unesp) Trocófora e véliger são larvas de: a) anelídeos b) moluscos c) equinodermos d) insetos e) n.d.a 17) (PUC) Pérolas formam-se de bivalves de água doce, mas os tipos mais valiosos provêm de ostras perlíferas marinhas do Golfo Pérsico e de outros lugares da Ásia. Pergunta-se: Como são formadas as pérolas? 18) (PUC) O ovotestis existente no caramujo: a) aramazena espermatozóides e óvulos b) armazena apenas óvulos, durante um curto intervalo de tempo c) produz tanto óvulos como espermatozóides d) produz apenas óvulos e) produz apenas espermatozóides 19) (Osec) A respiração dos moluscos é: a) exclusivamente branquial b) cutânea, branquial e pulmonar c) traqueal e pulmonar d) apenas cutânea e branquial e) apenas cutânea 20) (PUC) A rádula é um órgão ralador dos alimentos nos moluscos. É ausente apenas nos representantes da classe: a) Anfineura b) Gastropoda c) Cefalopoda d) Pelecipoda e) Scafopoda

Gabarito 1) e 2) b 3) a 4) a 5) c 6) e 7) b 8) d 9) b 10) a 11) b 12) c 13) c 14) c 15) c 16) b 18) c 19) b 20) d

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Biologia Frente II CCAAPPÍÍTTUULLOO 66 –– MMEETTAABBOOLLIISSMMOO EENNEERRGGÉÉTTIICCOO

Aula 10 à 12

I. Nucleotídeos Importantes a) O ATP Cada molécula de ATP (trifosfato de adenosina) compreende uma molécula de adenosina ligada a três grupos fosfato. Quando um grupo fosfato se “desliga”, a energia química liberada é imediatamente usada pela célula em suas reações químicas, formando-se uma molécula de ADP (difosfato de adenosina) e um grupo fosfato inorgânico (Pi).

| |

adenosina | |

ADP | |

ATP

b) Transportadores de Hidrogênio O NAD (nicotinamida-adenina dinucleotídeo)

e o FAD (flavina-adenina dinucleotídeo) são aceptores/transportadores de hidrogênio, que participam das reações de desidrogenação de substânciasorgânicas durante nosso processo respiratório.

II. Fermentação É um processo de obtenção de energia realizado principalmente por alguns microrganismos (como bactérias e fungos). Por não utilizar oxigênio é chamado de anaeróbio. Possui duas etapas: a) Glicólise: Uma molécula de glicose (6C) é quebrada em duas moléculas de ácido pirúvico (3C). Duas moléculas de transportadores NAD ligam-se a Hidrogênio liberado formando 2 NADH2. É liberada energia suficiente para a formação de 2 ATP.

b) Esta etapa varia de acordo com o tipo de fermentação:

- Fermentação Alcoólica: o ácido pirúvico transforma-se em etanol (2C) e CO2. Ocorre em fungos, como as leveduras utilizadas na fabricação de bebidas alcoólicas.

- Fermentação Acética: o ácido pirúvico forma ácido acético (2C) e CO2. Ocorre em algumas bactérias.

- Fermentação Láctica: o ácido pirúvico transforma-se em ácido láctico (3C). Este tipo de fermentação ocorre nas células musculares humanas na ausência de oxigênio. O acúmulo de ácido láctico é responsável pela fadiga muscular. Algumas bactérias, como os lactobacilos, realizam fermentação láctica e são utilizadas para a fabricação de queijos e iogurtes.

ribose adenina P P P

A fermentação como um todo produz 2 moléculas de ATP para cada molécula de glicose lisada, obtidas durante a glicólise. ADP + Pi ATP III. Respiração Celular a) Glicólise A glicólise ocorrida durante a respiração celular assemelha-se à do processo de fermentação. Essa reação se dá na porção do citoplasma conhecida como hialoplasma e é também conhecida como fase anaeróbia da respiração celular. Em seguida, o ácido pirúvico entra na mitocôndria, dando início ao ciclo de Krebs. Produz 2 ATPs por molécula de glicose lisada. NAD + H2 NADH2

FAD + H2 FADH2

b) Ciclo de Krebs O Ciclo de Krebs é uma reação cíclica que corre na matriz mitocondrial, isto é, na região delimitada pela membrana interna da mitocôndria. É também chamado de ciclo do ácido cítrico ou de fase aeróbia da respiração celular. O ácido pirúvico (3C) é transformado em CO2 e aldeído acético (2C) e este reage com a co-enzima-A, formando a Acetil-coenzima-A, que entra no ciclo ao reagir com o ácido oxalacético (4C) e formar o ácido cítrico (6C). O ácido cítrico sofre uma seqüência de reações químicas catalisadas pelas enzimas respiratórias, terminando por formar novamente ácido oxalacético. Para cada ciclo, isto é, para cada molécula de ácido pirúvico, são consumidas 3 moléculas de H2O, enquanto produzem-se 3 moléculas de CO2 e 4 moléculas do transportador de hidrogênio NAD e 1 do FAD são carregadas, formando 4NADH2 e 1 FADH2. +2 NAD +2 NADH2

C6H12O6 2 C3H4O3

+2 ADP + 2 Pi +2 ATP

63 Zoologia CASD Vestibulares

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c) Cadeia Respiratória A cadeia respiratória ocorre nas cristas da membrana interna das mitocôndrias. Cada transportador de hidrogênio (NAD ou FAD) libera um par de elétrons altamente energéticos, que se movem através dos catalisadores da cadeia respiratória chamados citocromos.

No final da cadeia está o oxigênio, que possui aqui a função de aceptor final de elétrons, de modo a formar água ao término da cadeia respiratória. Para isso ele se une aos átomos H+ doadores dos elétrons. A energia liberada pelos elétrons durante a cadeia respiratória é convertida em ATP. Cada transportador NADH2 produz 3 ATPs, enquanto cada transportador FADH2 produz apenas 2 ATPs.

H2 C6H12O6 O2 CO2 H2O ATP

Glicólise +2NADH2 -1 --- ----- ----- +2 Ciclo de Krebs

+8NADH2+2FADH2

----------- --- +6 -6 +2

Cadeia Respiratória

-10NADH2-2FADH2

---------- -6 ----- +12 +30 +4

Equação global C6H12O6 +6 O2 6 CO2 +6 H2O +38 ATP

A respiração celular produz 38 ATP para cada molécula de glicose (produção bruta). Considerando-se que são gastos 2 ATP durante o processo, temos uma produção líquida de 36 ATP.

Questões para pensar 1) Algumas bactérias nativas de regiões vulcânicas absorvem S2 gasoso da atmosfera e liberam, como produto de seu metabolismo energético, H2S. Supondo que a respiração celular dessa bactéria seja análoga à realizada pelos seres humanos, qual seria a função do enxofre nesse processo? 2) (UFCE) A fermentação consiste na degradação de compostos orgânicos em ausência de oxigênio, com o objetivo de obtenção de energia por certos organismos, tais como bactérias e leveduras. Quais os produtos finais da ação das leveduras sobre os carboidratos da cana-de-açúcar e do trigo que justifiquem a utilização das mesmas na fabricação da cachaça e do pão, respectivamente? 3) Explique a importância evolutiva do surgimento da respiração celular.

CASD Vestibulares Zoologia 64

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BIOLOGIA Frente III

CCAAPPÍÍTTUULLOO 22 –– EEVVOOLLUUÇÇÃÃOO

AULA 09 – ORIGEM DA VIDA 1 – ABIOGÊNESE X BIOGÊNESE A primeira hipótese sobre a origem da vida foi proposta pelo filósofo grego Aristóteles. Ele afirmava que os se-res vivos poderiam surgir a partir da matéria inanimada, e, por isso, sua hipótese recebeu o nome de hipótese da geração espontânea ou abiogênese. Assim, por muito tempo acreditou-se que moscas nasciam da ba-nana; vermes surgiam a partir de cadáveres; o lodo dos pântanos se transformava em sapos e assim por diante. A primeira tentativa séria de se derrubar a abio-gênese partiu do cientista italiano Francesco Redi, em meados do século XVII. Ele distribuiu carne de animais em alguns frascos. Alguns destes frascos ficaram aber-tos, enquanto outros foram cobertos com pedaços de gaze. Depois de alguns dias, surgiram larvas nos fras-cos abertos – a cuja carne, portanto, as moscas tinham acesso – enquanto nos frascos cobertos nenhuma for-ma de vida foi observada. A conclusão a que Redi chegou desacreditava a abiogênese: as larvas não surgiram a partir dos cadá-veres dos animais (se fosse assim, nos frascos cober-tos também apareceriam larvas), mas sim dos ovos postos pelas moscas! Assim, a biogênese – hipótese que afirmava que uma vida só poderia surgir de outra preexistente – ganhava força. Mas a história não acaba aí. Logo em seguida, a hipótese da abiogênese ganharia novo fôlego com a descoberta dos microorganismos. Eram seres tão pe-quenos que não se imaginava que eles fossem capazes de se reproduzir. Assim, se a abiogênese não era váli-da para as moscas, como provou Redi, pelo menos os microorganismos, acreditava-se, surgiriam por abiogê-nese. E foi o que tentou provar o inglês John Nee-dham, em 1745. Ele aqueceu e fechou vários tubos com caldos nutritivos. O aquecimento era para matar os microorganismos que pudessem existir no caldo. Al-guns dias depois, contudo, os líquidos estavam cheios de micróbios e Needham concluiu que eles haviam surgido por abiogênese. Mas o italiano Lazaro Spallanzani não se satis-fez. Ele repetiu as experiências de Needham, mas, em vez de aquecer os tubos, ele os ferveu por uma hora, argumentando que o aquecimento de Needham não tinha sido suficiente para matar os micróbios existentes nos caldos nutritivos. Efetivamente, na experiência de Spallanzani, nenhum dos tubos apresentou o surgimen-to de microorganismos. Mas Needham não se conven-ceu: ele dizia que Spallanzani havia destruído, ao ferver os líquidos, o “princípio ativo” que havia na matéria bruta e que era necessário para ocorrer a geração es-pontânea. E assim a ciência chegava a um impasse que só seria resolvido um século mais tarde, em torno de 1860, pelo cientista francês Louis Pasteur. Em primeiro lugar, Pasteur demonstrou que os seres microscópicos presentes em caldos nutritivos provinham da contaminação pelo ar. E o golpe final na

hipótese da abiogênese aconteceu com a famosa expe-riência dos tubos com “pescoço de cisne”.

Pasteur colocou um líquido nutritivo em fracos com gargalo estreito e longo, curvado como um pesco-ço de cisne. O cientista ferveu o líquido de modo a ma-tar os microorganismos presentes. Em seguida, o líqui-do foi resfriado lentamente e, embora o gargalo esti-vesse aberto, os microorganismos presentes no ar fica-vam retidos nas curvaturas do gargalo, não contami-nando o líquido. Mesmo depois de transcorridos meses ou anos, nenhuma forma de vida era verificada nos líquidos. Contudo, quando Pasteur quebrava os garga-los, pouco depois bolores se tornavam visíveis, provan-do que o líquido não havia perdido a capacidade de abrigar vida. Com esta experiência, enfim, os partidá-rios da abiogênese perdiam todos seus argumentos. 2 – EVOLUÇÃO PRÉ-BIOLÓGICA A prova definitiva da não-validade da abiogênese não levou tranqüilidade ao meio científico. Pelo contrário, questões ainda mais complexas começavam a ser fei-tas. Se toda forma de vida surge de outra preexistente, então de onde surgiu o primeiro ser vivo na Terra, que deu origem a todos os outros? A primeira das hipóteses é chamada fixista ou criacionista. Ela diz que toda forma vida foi criação divina e, desde seu instante inicial, não sofreu modifi-cações. É uma hipótese de cunho religioso, cuja com-provação ou refutação transcende a capacidade da ciência humana. Por essa razão, essa hipótese não será considerada neste curso. A segunda hipótese principal é a panspermia ou cosmogênese. Segundo ela, todas as formas de vida surgiram em um outro ponto do Universo e chega-ram, de alguma maneira, até a Terra. Também descar-taremos a hipótese da panspermia, pois, além de ser refutada pela maioria da comunidade científica, ela apenas transfere de lugar o problema do surgimento da vida. Enfim, a hipótese que consideraremos para todo este curso de evolução é que a vida surgiu espon-taneamente sobre a Terra a partir da evolução química de substâncias não-vivas. Considerando esta hipótese, em 1924 o cientis-ta soviético Aleksander Oparin preocupou-se em sa-ber quais as condições do planeta Terra em seus pri-mórdios e como uma forma de vida poderia ter surgido nesse ambiente. Algumas das idéias de Oparin: - a composição da atmosfera primitiva não era como a atual: existia amônia (NH3), metano (CH4), vapor de água (H2O) e hidrogênio (H2). Naquela época, não exis-tiria oxigênio (O2) - o vapor de água se condensou à medida que a tempe-ratura do planeta diminuía. Um ciclo de chuvas teve início - como não havia oxigênio, também não havia camada de ozônio. Assim, as radiações ultravioletas que alcan-çavam a superfície da terra, juntamente às descargas elétricas das tempestades, ocasionavam reações quí-

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micas e levavam à formação de novos compostos, co-mo os aminoácidos - a reação entre os aminoácidos gerava proteínas, que eram levadas aos oceanos primitivos (que começaram a se formar conforme a Terra se resfriava) - estes oceanos, portanto, tinham uma grande quanti-dade de compostos inorgânicos e orgânicos. Algumas das moléculas protéicas se aglomeravam, formando os coacervados - os coacervados ainda não são uma forma de vida, mas foram um passo importante em direção a ela. Ao longo de muito tempo, um entre esses agrupamentos de moléculas protéicas pode ter atingido uma comple-xidade suficiente para se manter organizado e se multi-plicar. E foi exatamente a partir desse evento – a possi-bilidade de se reproduzir – que teria surgido a vida sobre a Terra.

Oparin não teve condições de comprovar sua hipótese, mas anos depois alguns cientistas – entre eles, Stanley Miller, Harold Urey e Sidney Fox – chega-ram em laboratório a resultados que corroboravam a teoria de Oparin.

Em 1953, Stanley e Urey montaram um apare-lho no qual eram reproduzidas as condições que supos-tamente existiam na Terra primitiva. O aparelho conti-nha metano, amônia, hidrogênio e vapor de água, e esses gases eram continuamente submetidos a des-cargas elétricas.

Figura 1. Esquema representativo da experiência realizada por Stanley e Urey; em 1 a mistura é aquecida; o recipiente 2 simula os oceanos primitivos; 3 indica água em estado de valor; o recipiente 4 equivale à atmosfera primitiva, segundo a hipótese de Oparin; em 5, faíscas elétricas simulam relâmpa-gos; em 6, o vapor é resfriado e condensado e, em 7, uma amostra do líquido é obtida e analisada. Depois de uma semana, os cientistas analisa-ram o conteúdo do aparelho e encontraram substâncias orgânicas que não existiam antes – entre elas, aminoá-cidos.

Sidney Fox, em 1957, aqueceu uma mistura seca de aminoácidos e verificou que, muitas vezes, ocorriam ligações peptídicas entre eles, formando pro-teínas. Com essa experiência, Fox provava que se, durante as chuvas, os aminoácidos caíssem sobre ro-chas quentes, proteínas se formariam.

Evidentemente, provar que a vida de fato pôde surgir nessas condições é inviável. Afinal, a natureza

contou com todo um planeta de possibilidades e ainda com milhões de anos para que, de um coacervado, pudesse ter surgido um ser vivo. 3 – OS PRIMEIROS SERES VIVOS A manutenção e a reprodução de um sistema organiza-do exigem energia. E de que se alimentavam esses primeiros seres vivos? Eles produziam seu próprio ali-mento (ou seja, eram autótrofos) ou se aproveitavam dos recursos do meio, abundantes nos mares primiti-vos, para obterem energia (isto é, eram heterótrofos)? Como os seres autótrofos produzem seu ali-mento através de uma série complexa de reações quí-micas, é muito improvável que os primeiros seres vivos fossem capazes de realizá-la, já que eles devem ter sido bastante simples. Além disso, existia uma grande quantidade de matéria orgânica que lhes poderia servir de alimento. Assim, geralmente se aceita que o primei-ro ser vivo era heterótrofo. Pode-se obter energia dos alimentos a partir de dois processos: a respiração, que exige a presença de oxigênio molecular (O2) ou a fermentação, de menor rendimento energético, mas que dispensa o O2. Como o oxigênio molecular era inexistente na época, a hipótese mais provável diz que o primeiro organismo era heteró-trofo fermentador. Com o passar do tempo, fatalmente o alimento disponível deveria se esgotar. E isso seria o fim da incipiente vida na Terra. Mas acredita-se que, em al-gum momento antes de isso acontecer, alguns seres tenham se diferenciado e adquirido a capacidade de aproveitar a energia do Sol para produzir seu próprio alimento: era o surgimento dos autótrofos fotossinteti-zantes. Os autótrofos se espalharam na Terra e passa-ram a constituir fonte de alimento para os heterótrofos. Esse novo cenário alterou profundamente a atmosfera terrestre. Durante a fotossíntese, é produzido e liberado para o ambiente gás oxigênio. A presença de O2 causou o surgimento da ca-mada de ozônio, um filtro contra os raios ultravioleta do Sol. E, além disso, possibilitou um grande salto evoluti-vo: os seres heterótrofos, até então fermentadores, passaram a usufruir do poder oxidante do gás oxigênio para extrair mais energia das moléculas orgânicas. Foi o surgimento da respiração aeróbia.

EXERCÍCIOS Assimilação 1 – O que diz a teoria da abiogênese? 2 – Qual foi o experimento de Redi? A que conclusão ele pôde chegar? 3 – Que descoberta deu novo fôlego à abiogênese? 4 – Como foi finalmente derrubada a hipótese da abio-gênese? 5 – Qual novo dilema trouxe a confirmação da biogêne-se? 6 – Quais eram as considerações de Oparin sobre as condições da Terra primitiva?

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7 – De que maneira chegou-se à confirmação de que, considerando-se a hipótese de Oparin, proteínas pode-riam ter surgido na Terra primitiva? 8 – Descreva resumidamente a evolução dos seres vivos primitivos quanto à sua capacidade de obtenção de energia. Aperfeiçoamento 01) Atualmente a camada de ozônio é uma proteção contra a radiação ultravioleta, porém não estava pre-sente na atmosfera primitiva da Terra. O surgimento da camada de ozônio O3 pôde ocorrer depois do a) grande aquecimento devido ao vulcanismo. b) surgimento dos organismos aeróbicos. c) domínio do ambiente terrestre pelas fanerógamas. d) grande resfriamento das eras glaciais. e) surgimento dos organismos fotossintetizantes. 02) (PUC – RS) Recentes descobertas sobre Marte, feitas pela NASA, sugerem que o Planeta Vermelho pode ter tido vida no passado. Esta hipótese está base-ada em indícios a) da existência de esporos no subsolo marciano. b) da presença de uma grande quantidade de oxigênio em sua atmosfera. c) de marcas deixadas na areia por seres vivos. d) da existência de água líquida no passado. e) de sinais de rádio oriundos do planeta. 03) (UFSC) Stanley L. Miller, através da construção de um aparelho conhecido por “Aparelho de Miller”, procu-rou reforçar os fundamentos da Teoria Autotrófica da origem da vida. Sua contribuição reside: a) na síntese de proteínas no interior do aparelho b) na descoberta da atmosfera primitiva c) na síntese de ácidos nucléicos no interior do apare-lho d) o enunciado é incorreto e) o enunciado é correto, porém as opções são falsas 04) (PUC – RS) A experiência realizada por Stanley Miller, relativa à formação de substâncias orgânicas nas condições da atmosfera primitiva da Teoria de Oparin, permitiu a verificação de que: a) a formação de aminoácidos sem a presença de se-res vivos é possível b) as proteínas não poderiam formar-se na atmosfera primitiva c) os lipídios foram, sem dúvida, os primeiros compos-tos orgânicos d) a água não poderia existir na atmosfera primitiva e) a formação de aminoácidos em uma atmosfera com metano é impossível 05) (CESESP – SP) Segundo Oparin, a vida se instalou na Terra numa forma lenta e ocasional, nos oceanos primitivos do nosso planeta, onde havia água obvia-mente, e na atmosfera se encontravam metano e nitro-gênio sob a forma amoniacal. Esta teoria procura expli-car que a vida surgiu no nosso planeta: a) após a síntese natural de proteínas b) a partir dos cosmozoários c) começando pelos seres autótrofos d) pela panspermia cósmica

e) após o aparecimento dos vegetais heterotróficos 06) (UFRGS) – Na hipótese heterotrófica sobre a ori-gem da vida, supõe-se que os organismos primitivos obtinham energia do alimento por meio da: a) respiração aeróbia b) fotólise c) fotossíntese d) biogênese e) fermentação 07) (CESGRANRIO – RJ) Uma das hipóteses sobre a origem da vida na Terra presume que a forma mais primitiva se desenvolveu lentamente, a partir de subs-tância inanimada, em um ambiente complexo, originan-do um ser extremamente simples, incapaz de fabricar seu alimento. Esta hipótese é conhecida como: a) geração espontânea b) heterotrófica c) autotrófica d) epigênese e) pangênese 08) (CEFET – PR) Oparin e Haldane, tentando respon-der a dúvidas sobre a origem da vida, pensaram na Hipótese Heterotrófica. De acordo com ela, os primeiros seres vivos surgidos eram: a) procariontes clorofilados b) aeróbios fotossintetizantes c) aclorofilados anaeróbios d) anaeróbios fotossintetizantes e) eucariontes aeróbios 09) Em 1953, Stanley Miller realizou um experimento sintetizando aminoácidos em laboratório, o que veio reforçar a Teoria de Oparin sobre o surgimento da vida na Terra, pois: a) todo ser vivo primitivo deveria ter sido formado por riboses, que são compostas de aminoácidos b) pela união de aminoácidos formam-se proteínas, compostos essenciais na estruturação dos seres vivos c) os aminoácidos são a base das gorduras, importan-tes para toda forma de vida d) a Teoria da Abiogênese dizia que os aminoácidos não poderiam ser formados na Terra e, sim, apenas no espaço sideral e) moléculas de aminoácidos, em contato com a água, formam plantas muito simples, capazes de produzir amido, composto energético usado por toda forma de vida 10) (UFSC) O russo Aleksander Oparin, em 1936, pro-pôs um modelo de como a vida poderia ter surgido. É interessante notar que, naquela época, não se conhecia ainda a relação entre os ácidos nucléicos e o material genético. (SILVA JR., C.; SASSON, S. Biologia 1. São Paulo: Saraiva, 1996) Assinale a(s) preposição(ões) que corresponde(m) à(s) idéia(s) proposta(s) por Oparin: 01. A Terra tem mais de 4,5 bilhões de anos. 02. A atmosfera primitiva tinha uma composição muito semelhante à atual. 04. O calor das rochas fazia que as substâncias reagis-sem entre si, possibilitando a formação de moléculas maiores, pela junção de moléculas pequenas. 08. Os coacervados eram grupos de moléculas orgâni-cas unidas e tinham grande estabilidade.

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16. Os coacervados forma os primeiros seres vivos primitivos. 11) (Unioeste – PR) Os eventos abaixo estão relacio-nados a uma teoria da origem da vida: I. Estabelecimento do equilíbrio entre seres heterótrofos e autótrofos II. Surgimento do processo de fermentação III. Aparecimento dos processos de fotossíntese e res-piração aeróbia. IV. Formação dos coacervados A ordem lógica em que estes eventos ocorreram é: a) I, II, III, IV b) I, II, IV, III c) IV, II, III, I d) II, III, IV, I e) IV, III, II, I 12) Existem várias hipóteses sobre a origem da vida em nosso planeta, algumas das quais estão listadas abai-xo. Sobre a teoria mais aceita, é correto afirmar: a) os gases que compunham a atmosfera primitiva e-ram hidrogênio, metano, amônia, vapor d’água e oxigê-nio. b) as primeiras formas de vida eram autótrofas c) os primeiros seres vivos provavelmente obtinham energia através de reações aeróbicas d) os coacervados foram as primeiras células vivas e) todas as alternativas estão incorretas Respostas 01 e 02 d 03 d 04 a 05 a 06 e 07 b 08 c 09 b 10 13 11 c 12 e AULA 10 – LAMARCKISMO E DARWINISMO 1 – INTRODUÇÃO No século XVIII, começaram a surgir as primei-ras idéias evolucionistas (ou transformistas), contrari-ando a hipótese criacionista, até então reinante. O evolucionismo advoga que todas as espécies de vida hoje existentes seriam descendentes de espé-cies ancestrais, já extintas. Não por coincidência, mais ou menos na mesma época ganhavam força duas á-reas da ciência: a sistemática, em especial pelos traba-lhos de Lineu, ao buscar semelhanças e diferenças entre os seres vivos; e a paleontologia, que trouxe à luz espécies extintas. Desta maneira, o meio científico estava susce-tível ao nascimento da Teoria da Evolução. E o primeiro cientista a propor – em 1809 – uma idéia consistente naquela época para o mecanismo da evolução foi o naturalista francês Jean-Baptiste de Monet, cavaleiro de Lamarck. 2 – LAMARCKISMO

Figura 1. Por que as girafas possuem pescoço longo? Segundo a hipótese de Lamarck, os ancestrais das girafas possuíam pescoço curto. A necessidade de atingir os galhos mais altos fez com que ele se tornasse cada vez mais comprido (lei do uso) e essa nova caracte-rística seria passada de geração em geração (lei da transmissão dos caracteres adquiridos). Vamos introduzir a teoria lamarckista pela análise da clássica figura acima. Perceba que, ao longo do tempo, o tamanho do pescoço das girafas aumentou. Lamarck diria que essa mudança deu-se pela necessidade de adaptar-se ao meio. Como as girafas comem as folhas das árvores, elas precisariam esticar o pescoço para atingir os galhos mais altos. E isso, então, levaria as girafas a terem um pescoço maior, característica que seria transmitia à descendência. O mecanismo evolutivo proposto por Lamarck pode ser resumido pelos seguintes princípios: - adaptação ao meio: as contínuas variações no meio exigem que as espécies se adaptem para sobre-viver - lei do uso e desuso: o uso intensivo de um determinado órgão ou estrutura promoveria o seu de-senvolvimento, enquanto que a falta de uso levaria à atrofia - lei da transmissão dos caracteres adquiridos: a modificação fenotípica produzida pelo uso e desuso seria transmitida aos descendentes. Lamarck estava certo quanto à necessidade de adaptar-se ao meio e também com a lei do uso e desu-so. Mas seu erro – como sabemos hoje, à luz da gené-tica – foi supor que essas modificações eram repassa-das à descendência. Assim, embora Lamarck tenha proposto uma teoria que não explicasse convenientemente o meca-nismo evolutivo, ele foi um grande marco na história da biologia, especialmente por chamar a atenção para o fenômeno da adaptação e para a própria teoria da evo-lução, não levada muito a sério na época. 3 – DARWINISMO Em 1859, em seu livro A origem das espécies, o natura-lista inglês Charles Darwin explicou o processo evoluti-vo através da seleção natural, que decorre do fato de uma população geralmente produzir descendência em quantidade maior do que o meio pode suportar (seja por falta de alimento ou espaço, competição, predado-res, parasitas etc.). Assim, em razão do excesso popu-lacional, fatalmente alguns seres perecem. Desta for-ma, os mais aptos àquele ambiente específico são se-lecionados pela natureza para perpetuar a espécie. Para exemplificar este conceito, vamos recorrer novamente às girafas. Segundo Darwin, entre os an-cestrais das girafas existiam algumas de pescoço curto

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e outras de pescoço longo. Todas elas alcançavam os galhos mais baixos das árvores, mas somente as gira-fas de pescoço comprido chegavam até as folhas mais altas. Assim, se o meio não dispunha de alimento dis-ponível para todas as girafas só sobreviveriam as mais adaptadas, isto é, aquelas de pescoço mais longo e que, por isso, podiam alcançar as folhas mais altas; as de pescoço curto pereciam. Os dois termos-chave para a hipótese de Darwin são “luta pela vida” e “sobrevivên-cia dos mais aptos”.

Figura 2. Por que as girafas possuem pescoço longo? Segundo as idéias evolucionistas de Darwin, os indivíduos das populações ances-trais de girafas tinham pescoços de comprimento variável. Mas só as girafas de pescoço longo conseguiam alcançar os galhos mais altos e, por isso, tinham mais condições de sobreviver e deixar descenden-tes. Esse processo, atuando durante milhares de anos, seria respon-sável pelo pescoço longo das girafas atuais. Algumas das influências de Darwin para chegar à sua teoria da evolução foram: - viagem a bordo do navio Beagle: durante essa viagem de cinco anos, Darwin visitou diversos locais ao redor do mundo (a escala mais famosa foi o arquipéla-go de Galápagos) e percebeu como espécies próximas diferiam de acordo com as necessidades impostas pelo meio (nos pássaros, por exemplo, os diferentes tipos de alimento disponíveis teriam levado a diversas formas de bicos) - Thomas Malthus: no seu livro “Um ensaio sobre o princípio da população”, Malthus disse que a população cresce em progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos cresce em progressão aritmé-tica. Haveria disputa pelo alimento, sobrevivendo ape-nas os que tivessem acesso a ele. Essa idéia fez Dar-win refletir sobre os princípios da “luta pela vida” e “so-brevivência do mais apto”. - seleção artificial: Darwin estudou o caso de animais e plantas reproduzidos em cativeiro e observou que os criadores faziam uma seleção dos animais a se procriarem para que os descendentes tivessem as ca-racterísticas necessárias. Darwin comparou esta sele-ção artificial com a seleção da natureza, que seleciona-ria os indivíduos conforme a pressão do meio. 3.1 – EXEMPLOS DE SELEÇÃO NATURAL - Melanismo industrial: em áreas não-poluídas, existe um predomínio de mariposas claras, porque elas se camuflam nos liquens das árvores (que têm cor cla-ra) e enganam seus predadores. As mariposas escuras, ao contrário, chamam a atenção dos pássaros e são presas fáceis para eles. Assim, neste ambiente não-poluído, a seleção natural favorece as mariposas cla-ras. Mas na época da Revolução Industrial, notou-se o fenômeno denominado melanismo industrial. Com o meio cada vez mais poluído, os liquens morreram e o tronco das árvores tornou-se escuro, ou seja, o ambien-

te sofreu uma mudança e as mariposas claras, antes camufladas nos liquens, passaram a chamar a atenção dos pássaros, que agora se alimentavam delas, em vez das escuras. - Resistência a antibióticos: algumas bactérias podem, por acaso, possuir algum gene que as torne imunes a antibióticos. A utilização destes medicamen-tos destrói as bactérias sensíveis, mas, sem competi-ção, as resistentes têm condições de dar origem a uma nova população constituída apenas por organismos resistentes. É importante frisar que o uso de antibiótico não torna as bactérias resistentes, apenas seleciona as que já são resistentes à droga. - Resistência ao DDT: como acontece com as bactérias, outros seres vivos podem ser resistentes às drogas utilizadas para combatê-los. A aplicação de DDT contra as moscas pode matar a maioria desses insetos, mas os poucos indivíduos que sejam por acaso resistentes ao DDT acabam encontrando condições de restabelecer a população de insetos.

EXERCÍCIOS Assimilação 1 – Quais são os princípios do lamarckismo? 2 – O que diz a teoria da seleção natural? 3 – Quais foram as influências de Darwin ao elaborar sua teoria da evolução? 4 – Cite exemplos de seleção natural. Aperfeiçoamento 01) (PUC – RS) Em 1861, a sociedade não aceitou a proposta de Darwin, a qual sugeria que: a) os homens seriam mais evoluídos que os macacos. b) os homens e os macacos possuiriam um ancestral comum. c) os macacos poderiam vir a ser homens ao longo da evolução. d) os macacos derivariam de hominídeos. e) os macacos atuais seriam descendentes de homens. 02) (UEM – PR) As girafas atuais têm o pescoço longo devido ao esforço contínuo, de uma geração para outra, para alcançar as folhas nas copas das árvores. Esta explicação está de acordo com a teoria: a) darwinista b) neodarwinista c) mutacionista d) neolamarckista e) lamarckista 03) (UEL – PR) Nas regiões industrializadas da Ingla-terra, as populações de mariposas Biston betularia de cor clara foram substituídas gradativamente por outras de cor escura, a partir de 1900. Esse relato constitui um exemplo clássico de: a) competição b) recapitulação c) seleção natural d) irradiação adaptativa e) convergência adaptativa

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04) (UCS – RS) Considere as proposições: I. De tanto se alimentar de formigas, a língua dos ta-manduás foi ficando mais longa. II. Por terem a língua longa, os tamanduás podem co-mer formigas. É correto afirmar que: a) ambas se adaptam à Teoria de Lamarck b) ambas de adaptam à Teoria de Darwin c) a primeira se adapta à Teoria de Darwin e a segun-da, à de Lamarck d) a primeira se adapta à Teoria de Lamarck e a se-gunda, à de Darwin e) nenhuma delas se adapta nem à Teoria de Darwin, nem à de Lamarck 05) (UNIFOR – CE) Considere o texto a seguir: Em uma cidade, havia uma população de insetos na qual predominavam os indivíduos claros, que se con-fundiam com os liquens existentes na casca das árvo-res sobre os quais pousavam. Com a poluição, os li-quens desapareceram e os troncos tornaram-se ene-grecidos, beneficiando os insetos escuros. Verificou-se, então, que estes passaram a predominar sobre os inse-tos claros. Ele relata um exemplo de: a) especiação b) seleção natural c) herança de caracteres adquiridos d) melhoramento genético e) mutação gênica 06) (FUVEST – SP) Uma idéia comum às teorias da evolução propostas por Darwin e Lamarck é que a a-daptação resulta: a) do sucesso reprodutivo diferencial b) de uso e desuso das estruturas anatômicas c) da manutenção das melhores combinações gênicas d) da interação entre os organismos e seu ambiente e) de mutações gênicas induzidas pelo ambiente 07) (OSEC – SP) Uma análise estatística demonstrou que, para uma dada variedade de peixes, era muito mais freqüente o número de peixes cegos no interior das cavernas do que fora delas. A interpretação evolu-cionista mais condizente com esta observação é: a) os ancestrais desses peixes perderam a visão, por não fazerem uso dela no interior das cavernas b) os mutantes cegos tiveram mais chances de sobrevi-vência no interior das cavernas do que fora delas c) a cegueira sobreveio como um mecanismo de adap-tação às condições de vida no interior das cavernas d) a visão tem o mesmo valor adaptativo dentro ou fora das cavernas e) as mutações para a cegueira são uma conseqüência da falta de luz no interior das cavernas 08) Estudando as teorias evolutivas verifica-se que existem, entre outras, duas explicações para o meca-nismo de adaptação das espécies no meio ambiente, ou seja: “seleção natural” e “transmissão hereditária dos caracteres adquiridos”. Essas explicações foram propostas respectivamente por: a) Darwin e Lamarck b) Newton e Maxwell c) Einstein e Mendel

d) Mendel e Einstein e) Lamarck e Darwin 09) (VUNESP – SP) Muitos inseticidas, como o DDT, foram utilizados indiscriminadamente no controle dos insetos. Posteriormente, perderam muito da sua eficá-cia porque: a) os indivíduos que entram em contato com o insetici-da tornam-se resistentes b) o inseticida estimula o inseto a produzir mais quitina c) o inseticida estimula as células fagocitárias a digerir o veneno d) alguns insetos são portadores de variações genética que condicionam resistência ao DDT e que podem ser transmitas aos seus descendentes e) o inseticida estimula a produção de tecido adiposo e este acumula o veneno 10) (PUC – RS) A adequada interpretação evolutiva para a afirmativa “Bactérias capazes de resistir à ação dos antibióticos aumentam tanto em número que suas populações acabam por substituir as das sensíveis às drogas.” encontra-se em: a) Devido à seleção natural, os indivíduos se tornam resistentes às diferentes drogas, sobrevivem e deixam descendentes. b) A transmissão dos caracteres adquiridos diminui a resistência de alguns indivíduos, que acabam morren-do. c) A ação mutagênica dos antibióticos induz mutações que tornam os indivíduos resistentes à própria droga. d) Graças à variabilidade genética, decorrente de muta-ções no DNA, os indivíduos mais resistentes são sele-cionados. e) A taxa de mutação nos indivíduos sensíveis ao anti-biótico é superior à taxa de mutação dos indivíduos resistentes. 11. (Ufrj) Leia com atenção as seguintes informações: INFORMAÇÃO I:O número de espécies de insetos que comem plantas na região tropical é, aproximadamente, três vezes maior que o de espécies que comem plantas na região temperada. INFORMAÇÃO II: As plantas produzem substâncias, com os alcalóides, que são tóxicas para muitas espé-cies de insetos que se alimentam de plantas. Um estudo mostrou que 35% das espécies de plantas da região tropical produzem alcalóides, enquanto ape-nas 15% das espécies de plantas da zona temperada produzem essa substância. Explique o mecanismo evolutivo que, possivelmente, gerou essa diferença percentual entre as plantas das duas regiões. 12. (Ufrj) Os dois cartuns de Garry Larson, apresenta-dos a seguir, ilustram duas visões diferentes do proces-so evolutivo:

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No cartum A, movidos pelo excesso de população, vá-rios animais atiram-se ao mar realizando assim um suicídio coletivo. Um dos animais, entretanto, possui uma bóia. No cartum B, algumas criaturas aquáticas jogavam beisebol e, por acidente, a bola foi lançada à terra. Para que o jogo prossiga é preciso que alguém recupere a bola. Qual dos cartuns dá uma interpretação lamarckista do processo evolutivo e qual dá uma interpretação darwi-nista? Justifique sua resposta. 13. (Unesp) Tanto para Lamarck como para Darwin, o ambiente tinha um papel importante no processo evolu-tivo. a) Qual dos dois cientistas admitia que o ambiente se-leciona a variação mais adaptativa? b) Qual o pensamento do outro cientista sobre o papel do ambiente no processo evolutivo? 14. (Unesp) Em um experimento, um pesquisador colo-cou sobre as árvores de bosques poluídos por fuligem e de bosques não poluídos, igual número de mariposas claras e escuras. Depois de observar o comportamento dos pássaros, durante um período de tempo considera-do, ele verificou que, no bosque poluído, os pássaros tinham devorado 43 mariposas claras e apenas 15 es-curas; no bosque não poluído, haviam sido devoradas 164 mariposas escuras e apenas 26 claras. Este experimento demonstra uma seleção a) principalmente devido à predação diferencial. b) principalmente devido à ação de genes para a resis-tência a agentes poluidores. c) onde o sabor das mariposas é um fator importante a ser considerado. d) onde a influência do meio ambiente não é significati-va. e) onde o fator determinante são os feromônios libera-dos pelas mariposas. 15. (Cesgranrio) A borboleta 'Kallima sp.', quando pou-sada, parece uma folha seca. Igualmente o bicho-pau se parece com um graveto. Qual das explicações a seguir é correta para explicar o fato? a) O animal adota a forma para melhor se defender. b) É resultado do seu hábito alimentar. c) É totalmente fortuito. d) Animais e vegetais tiveram a mesma origem. e) É o resultado da seleção natural. 16. (Enem) As cobras estão entre os animais peço-nhentos que mais causam acidentes no Brasil, princi-palmente na área rural. As cascavéis ('Crotalus'), ape-sar de extremamente venenosas, são cobras que, em relação a outras espécies, causam poucos acidentes a humanos. Isso se deve ao ruído de seu "chocalho", que faz com que suas vítimas percebam sua presença e as

evitem. Esses animais só atacam os seres humanos para sua defesa e se alimentam de pequenos roedores e aves. Apesar disso, elas têm sido caçadas continua-mente, por serem facilmente detectadas. Ultimamente os cientistas observaram que essas co-bras têm ficado mais silenciosas, o que passa a ser um problema, pois, se as pessoas não as percebem, au-mentam os riscos de acidentes. A explicação darwinista para o fato de a cascavel estar ficando mais silenciosa é que a) a necessidade de não ser descoberta e morta mudou seu comportamento. b) as alterações no seu código genético surgiram para aperfeiçoá-Ia. c) as mutações sucessivas foram acontecendo para que ela pudesse adaptar-se. d) as variedades mais silenciosas foram selecionadas positivamente. e) as variedades sofreram mutações para se adaptarem à presença de seres humanos. 17. (G2) As infecções hospitalares podem ser de difícil combate por meio de antibióticos comuns. Esse fato deve-se a: a) indução nas bactérias de resistência aos antibióticos. b) convivência de diversos portadores de diversos tipos de infecção. c) seleção de linhagens de bactérias resistentes aos antibióticos. d) rejeição dos antibióticos pelo organismo humano. e) tendência da bactéria a se habituar aos antibióticos. 18. (G2) O esquema a seguir mostra dois tipos de indi-víduos (A e B) de uma mesma espécie, reproduzindo-se ao longo de quatro gerações.

A análise dessa seqüência permite afirmar que os indi-víduos do tipo B: a) desenvolveram resistência às variações ambientais. b) possuíam variações favoráveis em relação ao ambi-ente onde estavam. c) transmitiram características adquiridas no meio am-biente para seus descendentes. d) não sofreram ação da seleção natural pois eram mais aptos. e) criaram mutações vantajosas para esse ambiente em particular.

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19. (Ufc) Assinale a opção que se refere à principal contribuição de Charles Darwin à teoria da evolução. a) A seleção natural atua como a principal força criado-ra das mudanças evolutivas. b) Existe em todos os organismos um impulso interior para a perfeição. c) A vida é gerada contínua e espontaneamente de forma muito simples. d) Todos os organismos têm capacidade de adaptar-se ao ambiente. e) Os caracteres adquiridos transformam-se em heredi-tários. 20. (Ufc) A competição por um recurso de disponibilida-de limitada é um dos pressupostos do conceito de sele-ção natural na teoria evolutiva de Darwin. Sobre esta declaração, é correto afirmar que é: a) verdadeira, pois o conceito de seleção natural do organismo melhor adaptado pressupõe que os preda-dores mais eficazes levem suas presas à extinção. b) falsa, pois apenas a competição interespecífica por um recurso de disponibilidade limitada contribui efeti-vamente para o conceito de seleção natural. c) verdadeira, pois apenas em decorrência da competi-ção por um recurso de disponibilidade limitada é que há a seleção do organismo melhor adaptado. d) verdadeira, pois tanto a competição intra-específica quanto a interespecífica são comportamentos que a-presentam um alto grau de expressividade gênica. e) falsa, pois apenas a competição intra-específica por um recurso de disponibilidade limitada contribui efeti-vamente para o conceito de seleção natural. 21. (Ufes) Os pesquisadores Robert Simmons e Lue Scheepers questionaram a visão tradicional de como a girafa desenvolveu um pescoço comprido. Observações feitas na África demonstraram que as girafas, que atin-gem alturas de 4 a 5 metros, geralmente se alimentam de folhas a 3 metros do solo. O pescoço comprido é usado como uma arma nos combates corpo a corpo pelos machos na disputa por fêmeas. As fêmeas tam-bém preferem acasalar com machos de pescoço gran-de. Esses pesquisadores argumentam que o pescoço da girafa ficou grande devido à seleção sexual: machos com pescoços mais compridos deixavam mais descen-dentes do que machos com pescoços mais curtos (Simmons and Scheepers, 1996. "American Naturalist" Vol. 148: pp. 771-786. Adaptado) Sobre a visão tradicional de como a girafa desenvolve um pescoço comprido, é CORRETO afirmar que a) na visão tradicional baseada em Darwin, a girafa adquire o pescoço comprido pela lei de uso e desuso. As girafas que esticam seus pescoços geram uma prole que já nasce de pescoço mais comprido, e, cumulati-vamente, através das gerações, o pescoço, em média, aumenta de tamanho. b) na visão tradicional baseada em Lamarck, a girafa adquire o pescoço comprido com a sobrevivência dife-rencial de girafas. Aquelas com o pescoço comprido conseguem se alimentar de folhas inacessíveis às ou-tras e deixam, portanto, mais descendentes. c) na visão tradicional baseada em Lamarck, a girafa adquire o pescoço comprido pela lei de uso e desuso. Aquelas com o pescoço comprido conseguem se ali-

mentar de folhas inacessíveis às outras e deixam, por-tanto, mais descendentes. d) na visão tradicional baseada em Darwin, a girafa adquire o pescoço comprido com a sobrevivência dife-rencial de girafas. Aquelas com o pescoço comprido conseguem se alimentar de folhas inacessíveis às ou-tras e deixam, portanto, mais descendentes. e) na visão tradicional baseada em Darwin, a girafa adquire o pescoço comprido com a sobrevivência dife-rencial de girafas. As girafas que esticam seus pesco-ços geram uma prole que já nasce de pescoço mais comprido, e, cumulativamente, através das gerações, o pescoço, em média, aumenta de tamanho. 22. (Ufrs) Existem duas grandes teorias que tentam explicar os mecanismos pelos quais os organismos evoluíram e continuam a evoluir. Tanto Lamarck como Darwin apresentam um fator como primordial para a evolução. A diferença é que, para Lamarck, este fator é a causa direta das variações e, para Darwin, este mesmo fator seria o que seleciona dentre as variações possíveis a mais adaptada. Este fator é a) o ambiente. b) a grande capacidade de reprodução. c) a competição. d) a variação hereditária transmissível. e) a migração. Respostas 01 b 02 e 03 c 04 d 05 b 06 d 07 b 08 a 09 d 10 d 11 Nas regiões tropicais as espécies de insetos herbí-voros mais numerosas se alimentam das plantas que não produzem os alcalóides evitando as que o produ-zem. Mais adaptadas, as que fabricam os alcalóides, deixam maior número de descendentes. 12. O cartum A representa a evolução darwinista, isto é, na população existia um indivíduo com uma mutação - a bóia - que permitirá sua sobrevivência e possivelmen-te a sobrevivência da sua espécie. No cartum B, está implícito que a necessidade condicionará a evolução, isto é, para recuperar a bola os animais aquáticos even-tualmente terão que invadir o ambiente terrestre. Esta é uma visão tipicamente lamarckista. 13. a) Charles Darwin. b) Lamarck acreditava que o ambiente determinava o rumo da evolução criando "necessidades" e os seres vivos se modificariam para atendê-las. 14 a 15 e 16 d 17 c 18 b 19 a 20 c 21 d 22 a

AULA 11 – NEODARWINISMO E EVIDÊNCIAS DA EVOLUÇÃO

1 – NEODARWINISMO (ou TEORIA SINTÉTICA DA EVOLUÇÃO) O esquema mostrado abaixo mostra resumidamente a teoria darwiniana da evolução.

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Figura 1. Esquema representativo dos princípios básicos da teoria darwiniana. A grande questão que Darwin não pôde explicar e que ficou em aberto nesta teoria foi a origem da di-versidade entre os indivíduos de uma mesma espécie. Por exemplo, o que explica a variação no tamanho do pescoço das girafas ancestrais? E Darwin não viveu o suficiente para ver esta questão elucidada, o que só aconteceria no século XX, com o surgimento da genética. O advento da idéia de gene e as novas desco-bertas sobre a hereditariedade tornaram possível uma reinterpretação do darwinismo, dando origem a uma teoria evolutiva mais aceita: o neodarwinismo. Apoiado na genética, o neodarwinismo conside-re três fatores evolutivos principais: mutação gênica, recombinação gênica e seleção natural. A seleção natural já fazia parte da teoria darwi-niana da evolução e foi estudada na aula anterior. Ve-remos agora em mais detalhes as novidades introduzi-das pelo neodarwinismo. 1.1 – Mutação gênica É qualquer alteração hereditária de um gene. É consi-derada a fonte primária de variabilidade genética de uma população, pois a partir da mutação de um gene surge um novo alelo para o lócus correspondente. A mutação pode acontecer naturalmente ou ser induzida por agentes mutagênicos (radiação, certas substâncias químicas etc.). É muito importante compreender que as muta-ções não ocorrem espontaneamente para adaptar o ser vivo às mudanças do meio; pelo contrário, elas são totalmente aleatórias e na maioria das vezes são dele-térias, isto é, causam desvantagem aos possuidores do gene mutante. Eventualmente, contudo, a mutação gênica pode trazer vantagem e, nesse caso, o gene vantajoso é mantido pela seleção natural. 1.2 – Recombinação gênica É a mistura de genes de indivíduos diferentes, que o-corre na reprodução sexuada, durante a meiose, por meio da segregação independente dos cromossomos e da permutação. Enquanto a mutação gênica cria novos genes, a recombinação gênica os reorganiza em novas combi-nações nos indivíduos, sobre os quais atuará a seleção natural. 2 – EVIDÊNCIAS DA EVOLUÇÃO 2.1 – Evidências fósseis

Fósseis são restos ou vestígios (pegadas ou rastros) de seres que viveram em épocas pré-históricas. Para que um fóssil se produza, é necessário que os restos do ser vivo sejam rapidamente cobertos por sedimentos; na maioria dos casos, contudo, a matéria orgânica é rapi-damente decomposta. A análise dos fósseis ajuda no estudo da evolu-ção, pois possibilita o estudo de seres que já foram extintos ou que sofreram modificações ao longo do tempo.

Figura 2. Representação esquemática da formação de fós-seis. Atente que os fósseis mais antigos se situam nas cama-das mais profundas do solo. 2.2 – Evidências anatômicas e embriológicas O estudo comparado das estruturas anatômicas revela grandes semelhanças entre algumas espécies. Por exemplo, a nadadeira de um golfinho, a asa de uma ave e o braço de um ser humano apresentam estrutura óssea e muscular muito semelhante. Esta observação indica que esses seres devem ter um ancestral comum, do qual eles herdaram a estrutura corporal básica. Estas semelhanças ficam ainda mais evidentes pela análise da fase embrionária de alguns grupos de seres vivos. Embriões de tartaruga, galinha, porco e homem (todos vertebrados) são dificilmente distinguí-veis em seus primeiros dias – o que é uma forte evi-dência de um ancestral comum.

Figura 3. A grande semelhança nos estágios iniciais de de-senvolvimento de algumas espécies é uma forte evidência de que elas possuam um ancestral comum. Órgãos homólogos são aqueles que possuem a mesma origem embrionária, mas diferentes funções nos organismos adultos. Exemplo: nadadeira de uma baleia, braço de um homem e asa de uma ave. Por outro lado, órgãos que tenham a mesma função mais origem embrionárias totalmente distintas são denominados órgãos análogos. Um exemplo são as asas de um inseto em comparação às asas de um morcego. E os órgãos vestigiais também são evidências do processo evolutivo: são estruturas atrofiadas, sem

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função aparente no organismo. Supõe-se que estes órgãos fossem úteis em espécies ancestrais, mas se tornaram desnecessários ao longo da evolução. Como exemplo pode-se citar o apêndice do intestino humano e as asas de aves que não voam, como o avestruz. 2.3 – Evidências bioquímicas A comparação da composição química de moléculas de DNA, RNA e proteínas revela grande semelhança entre algumas espécies, o que está relaciona com o paren-tesco evolutivo. O DNA humano, por exemplo, diverge em torno de 1% em relação ao do chimpanzé.

EXERCÍCIOS Assimilação 1 – Qual a lacuna existente no darwinismo? 2 – O que o neodarwinismo acrescentou à teoria de Darwin? 3 – Por que o estudo dos fósseis é importante? 4 – Conceitue órgãos homólogos, análogos e vestigiais. Aperfeiçoamento 01) (Mackenzie)

O esquema acima apresenta os princípios básicos da teoria evolucionista. Trata-se da teoria: a) darwinista, pois Darwin já possuía conhecimentos sobre mutação e recombinação gênica. b) lamarckista, pois Lamarck já tinha conhecimentos sobre seleção natural. c) neodarwinista, que acrescenta os conceitos de muta-ção e recombinação gênica para explicar a ocorrência de variabilidade. d) neodarwinista, que acrescenta o conceito de seleção natural à teoria darwinista. e) neodarwinista, que acrescenta o conceito de seleção natural e adaptação à teoria darwinista. 02) (UFJF) Considerando-se estruturas análogas e homólogas, observadas em um estudo comparado dos seres vivos, é CORRETO afirmar que: a) a semelhança funcional entre as estruturas análogas indica a existência de um ancestral comum. b) as estruturas homólogas desempenham a mesma função e não indicam a existência de um ancestral co-mum. c) as estruturas homólogas não têm a mesma origem embrionária e não apresentam divergência evolutiva. d) as estruturas análogas são resultantes da conver-gência evolutiva e não refletem parentesco evolutivo. e) as estruturas análogas e homólogas indicam paren-tesco evolutivo, sendo decorrentes de uma mesma carga genética.

03) (Unirio – RJ) O neodarwinismo admite como princi-pais fatores evolutivos de uma espécie: a) imutabilidade e herança dos caracteres adquiridos b) uso e desuso dos órgãos, seleção natural e herança dos caracteres adquiridos c) seleção natural, conservação da espécie e reprodu-ção d) mutação, recombinação gênica e seleção natural e) adaptação, eliminação dos menos aptos e uso e desuso dos órgãos. 04) Ao formular sua teoria para explicar a evolução dos organismos, o inglês Charles Darwin se baseou em fatos, tais como: 01. Em uma espécie, os indivíduos não são exatamente iguais, havendo diferenças que tornam alguns mais atraentes, mais fortes etc. 02. Mutações são muito freqüentes. 04. Caracteres adquiridos são passados à descendên-cia. 08. Uso demasiado de uma estrutura leva à hipertrofia dela. 16. Populações crescem mais depressa do que a quan-tidade de alimentos necessária para supri-las. 05) (FMU – SP) A Teoria Sintética (ou atual) da Evolu-ção admite que: I. as alterações provocadas pelo ambiente nas caracte-rísticas de um organismo adulto são transmitidas aos seus descendentes. II. os indivíduos de uma mesma espécie são diferentes entre si. III. a mutação é um fator evolutivo. Estão corretas apenas a(s) afirmação(ões):

a) I e II b) I e III c) II e III d) I e) II

06) (UFSC) Observe as afirmações abaixo. I. Os peixes que migram de águas iluminadas para águas de grutas escuras tornam-se cegos por não mais utilizarem a visão, e todos os seus descendentes mos-tram a mesma característica. II. As mutações que ocorrem nos genes ou nos cro-mossomos das células germinativas podem conduzir ao surgimento de novas espécies. III. A luta pela sobrevivência pode causar eliminação dos indivíduos menos aptos, levando a um processo de seleção natural. As afirmativas I, II e III exemplificam, respectivamente, as seguintes teorias:

a) lamarckismo, darwinismo, neodarwinismo b) lamarckismo, neodarwinismo, darwinismo c) neodarwinismo, darwinismo, lamarckismo d) neodarwinismo, lamarckismo, darwinismo e) darwinismo, neodarwinismo, lamarckismo

07) (CESESP – PE) A mutação é um fator de evolução que: a) reduz a variedade genética b) aumenta e reduz a variedade genética c) aumenta a variedade genética d) ocorre na natureza, sempre produzindo genes preju-diciais e) age da mesma maneira que a seleção natural, isto é, por efeito rápido

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08) (CEFET – PR) Sabe-se que entre os fatores rela-cionados com a evolução dos seres vivos, os atribuíveis à Teoria Sintética são: I. mutação II. lei do uso e desuso III. seleção natural IV. herança das características adquiridas. a) I e II b) II e III c) III e IV d) I e III e) II e IV 09) (UEM – PR) Sobre a evolução das espécies, assi-nale o que for correto. 01. O estudo dos fósseis fornece importantes dados para esclarecer a história evolutiva (filogenia) das es-pécies. 02. Entre as evidências da evolução das espécies, as asas de insetos e as asas de aves são consideradas órgãos análogos, resultantes da adaptação para exer-cer a mesma função. 04. A pata dos cavalos, a asa dos morcegos e a nada-deira das baleias são estruturas homólogas entre si, pois, além de apresentarem similaridade funcional, têm a mesma origem embriológica. 08. A maior contribuição de Darwin ao estudo da evolu-ção das espécies foi o reconhecimento do mecanismo de seleção natural e a transmissão dos caracteres ad-quiridos. 16. A evolução da espécie humana e dos animais, as-sim como o desenvolvimento das algas e das plantas com flores, ocorreu no Período Cambriano da Era Pa-leozóica. 32. A presença de uma cutícula impermeável no orga-nismo e nos esporos e a capacidade de absorver água e minerais do solo e transportá-los para todo o corpo são adaptações que favorecerem a sobrevivência das plantas no meio terrestre. 10) (UFSC) A teoria evolutiva mais aceita atualmente é a chamada Teoria Sintética. Com relação a ela, é corre-to afirmar: a) considera que a transformação das espécies é, entre outros fatores, dependente da soma dos efeitos gera-dos pela mutação e pela seleção. b) a evolução depende exclusivamente das mutações. c) as estruturas biológicas muito utilizadas pelos orga-nismos se desenvolverão, enquanto aquelas pouco utilizadas se atrofiarão. d) a evolução deu-se por criação divina. e) os efeitos da seleção natural sobre as mutações adaptativas e sobre as não adaptativas são os mes-mos. 11) (Fuvest) O desenvolvimento da Genética, a partir da redescoberta das leis de Mendel, em 1900, permitiu a reinterpretação da teoria da evolução de Darwin. As-sim, na década de 1940, formulou-se a teoria sintética da evolução.

Interprete o diagrama acima, de acordo com essa teori-a. a) Que fator evolutivo está representado pela letra A? b) Que mecanismos produzem recombinação gênica? c) Que fator evolutivo está representado pela letra B? 12) (Fuvest) Os dois processos que ocorrem na meio-se, responsáveis pela variabilidade genética dos orga-nismos que se reproduzem sexuadamente, são: a) duplicação dos cromossomos e pareamento dos cromossomos homólogos. b) segregação independente dos pares de cromosso-mos homólogos e permutação entre os cromossomos homólogos. c) separação da dupla-hélice da molécula de DNA e replicação de cada umas das fitas. d) duplicação dos cromossomos e segregação inde-pendente dos pares de cromossomos homólogos. e) replicação da dupla-hélice da molécula de DNA e permutação entre os cromossomos homólogos. 13) (Cesgranrio) Assinale a opção que apresenta a SEMELHANÇA e a DIFERENÇA entre a teoria darwi-nista clássica e o neodarwinismo, respectivamente: a) Seleção natural e mutação. b) Seleção natural e fixismo. c) Seleção natural e caracteres adquiridos. d) Mutação e oscilação genética. e) Mutação e freqüência de gens. 14) (Mackenzie) A moderna teoria da evolução, tam-bém conhecida como Neodarwinismo ou Teoria Sintéti-ca da Evolução, admite que: a) Lamarck estava correto quando ao desenvolvimento ou atrofia pelo uso ou desuso, acrescentando, no en-tanto, que essas características adquiridas serão transmitidas aos descendentes. b) Lamarck estava totalmente errado nas duas leis que fundamentam a sua teoria. c) a seleção artificial promovida pelo homem está sen-do a maior causa da evolução. d) mutações provocadas por mudanças ambientais causam variabilidade e, sobre essa variabilidade, o meio atua, selecionando os mais aptos favoravelmente e eliminando os menos aptos. e) mutações e recombinações genéticas causam varia-bilidade nos indivíduos, tornando uns mais aptos e ou-tros menos aptos. Estes serão favorecidos ou elimina-dos pelo meio ambiente num processo de seleção natu-ral. 15) (Pucmg) Frente às mudanças que ocorrem em um determinado ambiente, têm maior sucesso adaptativo as espécies: a) com maior variabilidade genética. b) com menor variabilidade genética. c) que não apresentam nenhuma variabilidade genéti-ca. d) que não respondem às alterações no meio ambiente. e) que mantêm constantes suas proporções gênicas e genotípicas. 16) (Uem) Identifique o que for correto sobre a teoria da evolução e sobre os fatores evolutivos. (01) A teoria sintética da evolução, ou neodarwinismo, rejeita a idéia de que cada ambiente induz, seletiva-mente, as mutações necessárias para a adaptação dos organismos.

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(02) No milho, os zigotos da base da espiga são forma-dos antes dos zigotos da ponta da espiga. O conheci-mento desse fato tem possibilitado aos cientistas a obtenção de variedades com ciclo mais curto pela sele-ção de plantas derivadas de grãos da base da espiga. (04) Embora raros, ocorrem erros na replicação e na transcrição de genes eucarióticos, alterando a seqüên-cia de bases do produto. Entretanto, os erros de trans-crição não constituem fonte de variabilidade genética para a seleção natural e para a evolução. (08) De acordo com a teoria da evolução e com os re-gistros fósseis, o Homo sapiens não é descendente direto do chimpanzé africano. (16) A adaptação de algumas plantas à alternância de condições de seca e de alagamento é decorrência de reversões de mutações, em genes específicos, induzi-das pelas mudanças de ambiente. (32) Para que a seleção natural aconteça em uma po-pulação, basta a existência de indivíduos distintos, por-tadores de diferentes genótipos, com probabilidades diferentes de deixar descendentes para a geração se-guinte. (64) Uma população de soja se reproduz por autofe-cundação e é formada por indivíduos geneticamente iguais entre si e homozigóticos para todos os loci. Por seleção natural, essa população tornar-se-á tolerante a um elemento químico tóxico se for cultivada, por algu-mas gerações, em terreno com o elemento tóxico pre-sente. 17) (UFPR) Uma importante teoria evolutiva foi criticada com base em experimentos como os realizados por August Weissman (1870), nos quais se cortavam cau-das de ratos por gerações sucessivas e ainda assim esses ratos continuavam gerando descendentes com caudas intactas e normais. A partir desses experimen-tos, é correto afirmar que: (01) A teoria de Darwin, segundo a qual as característi-cas adquiridas seriam transmitidas aos descendentes, estava correta. (02) As características adquiridas não são hereditárias. (04) Alterações em células somáticas não alteram as informações genéticas contidas nas células germinati-vas. (08) As duas leis básicas da teoria de Lamarck sobre a evolução das espécies, ou seja, a "lei do uso e do de-suso" e a "lei da transmissão das características adqui-ridas", estavam erradas. 18) (Ufrs) Assinale a afirmativa correta, considerando a Teoria Sintética da Evolução. a) A variabilidade genética é prejudicial para indivíduos de uma mesma população. b) A seleção natural garante a sobrevivência exclusiva dos indivíduos mais fortes. c) A universalidade do código genético é uma evidência de que todas as formas de vida estão evolutivamente correlacionadas. d) O sucesso reprodutivo do indivíduo é independente das características do meio ambiente. e) A evolução transforma indivíduos inferiores em indi-víduos superiores. 19) (Unifesp) Considere as quatro afirmações seguin-tes. I. As mutações são alterações que ocorrem nos orga-nismos sempre que o ambiente se torna desfavorável.

II. A seleção natural privilegia características determi-nadas por genes dominantes. III. As migrações e as modificações ambientais são fatores que alteram as freqüências genéticas das popu-lações. IV. A recombinação genética amplia a variabilidade existente em uma população de reprodução sexuada. Das afirmações apresentadas, são corretas: a) I e III. b) I e IV. c) II e III. d) II e IV. e) III e IV. 20) (Unioeste) Considerando a Teoria Sintética da Evo-lução, escolha a(s) alternativa(s) correta(s). (01) Através da seleção natural, a freqüência de um gene vantajoso aumenta gradativamente uma popula-ção. (02) A seleção natural não impõe uma ordem ao pro-cesso evolutivo, eliminando os indivíduos mais adapta-dos. (04) A evolução resulta de modificações numa popula-ção e não em apenas um indivíduo. (08) Os organismos que se reproduzem assexuada-mente são os que têm maior probabilidade de evoluir. (16) A adaptação é uma característica ecológica, pois consiste na interação num determinado ambiente. (32) A evolução é uma prova de que os genes sofrem mutações freqüência elevadíssima, e que esta freqüên-cia é idêntica para todos os genes. 21) (Fatec) A seguir temos a representação esquemáti-ca de uma população de indivíduos A de uma determi-nada espécie. Nesta população surge um mutante M, cuja origem é desconhecida. Assinale a alternativa que se relaciona corretamente com o gráfico a) a mutação em M determina a manifestação de cará-ter indesejável, tornando o indivíduo menos apto a so-breviver. b) a mutação em M melhora sua relação com as exi-gências do meio. ambiente, tornando o indivíduo mais apto à sobrevivência. c) os indivíduos A foram certamente, contaminados por um vírus mutante que se desenvolveu nos indivíduos M, provocando sua extinção. d) os indivíduos M foram, certamente, afetados por um vírus que os tornou também mutantes e mais aptos a sobreviver, facilitando a sobrevivência dos indivíduos A. e) as mutações em M tornaram, certamente, os indiví-duos A estéreis, razão fundamental de sua extinção.

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Respostas 01 c 02 d 03 d 04 17 05 c 06 b 07 c 08 d 09 39 10 a 11 a) "A" representa MUTAÇÕES b) Crossing-over e segregação cromossômica na meio-se. c) "B" representa a SELEÇÃO NATURAL. 12 b 13 a 14 e 15 a 16 45 17 06 18 c 19 e 20 V F V F V F 21 b

AULA 12 – ESPECIAÇÃO 1 – INTRODUÇÃO Especiação é o nome dado ao processo de surgimento de novas espécies a partir de uma espécie ancestral e que pode acontecer através de dois processos básicos: - anagênese: uma população vai se modifican-do gradativamente, em função de alterações ambien-tais, até que resulte em uma população tão diferente da original a ponto de ser considerada uma nova espécie. - cladogênese: uma população se divide em grupos separados geograficamente, e que evoluem independentemente até formaram espécies distintas.

Figura 1 – Representação esquemática da especiação por anagênese e por cladogênese. 2 – O PROCESSO DE ESPECIAÇÃO Os cientistas acreditam que a maioria das espécies tenha surgido através da especiação por cladogênese, que envolve três etapas seqüenciais: - isolamento geográfico: é a separação e o iso-lamento de subpopulações da mesma espécie. - diversificação gênica: é a progressiva diferen-ciação do conjunto gênico das subpopulações isoladas, que ocorre pelos fatores evolutivos (mutações, recom-binação gênica e seleção natural). Por exemplo, certos genes podem ser desvantajosos em um determinado ambiente e vantajosos em outro. A seleção natural ten-derá a preservar as características úteis e eliminar as que não tragam benefícios. - isolamento reprodutivo: é a incapacidade de membros de duas espécies se cruzarem e deixarem descendentes férteis. Após um período muito longo de isolamento, as populações tendem a acumular uma quantidade tão grande de diferenças genéticas que o cruzamento entre elas se torna impossível – e, portan-

to, são de espécies diferentes. O isolamento reproduti-vo é a etapa final da especiação. 3 – EVOLUÇÃO DIVERGENTE (ou IRRADIAÇÃO ADAPTATIVA) Evolução divergente é o processo pelo qual uma espé-cie ancestral dá origem – pelo processo de especiação por cladogênese – a diversas outras espécies. A evolução divergente explica a ocorrência dos órgãos homólogos.

Figura 2 – A evolução divergente é o processo pelo qual uma espécie ancestral dá origem a várias espécies distintas. 4 – EVOLUÇÃO CONVERGENTE (ou CONVERGÊNCIA EVOLUTIVA) Chama-se evolução convergente ao fenômeno obser-vado em seres vivos quando estes desenvolvem carac-terísticas semelhantes, mas de origens embriológicas diferentes. Seres vivos que compartilham o mesmo hábitat ou mesmos hábitos de vida podem desenvolver, pela seleção natural, estruturas similares e vantajosas naquelas condições de vida. Um exemplo muito citado é a semelhança corpórea entre golfinhos (mamíferos), tubarões (peixes) e ictiossauros (répteis extintos). Os três são animais marinhos dotados de nadadeiras e barbatanas, adaptadas à vida marinha, mas têm ances-trais muito diferentes. A convergência evolutiva é, portanto, o modo pelo qual têm origem os órgãos análogos. 5 – ÁRVORES FILOGENÉTICAS A filogenia é o estudo das relações evolutivas entre as diversas espécies com objetivo de estabelecer seu parentesco. Uma árvore filogenética, como a da figura 3, é a representação esquemática da relação evolutiva entre os seres vivos.

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Figura 3 – Esta árvore filogenética (infelizmente, em inglês) mostra resumidamente o percurso evolutivo dos grupos de seres vivos mais representativos.

EXERCÍCIOS Assimilação 1 – O que é especiação? 2 – Qual são os processos de especiação? 3 – Quais as etapas da especiação por cladogênese? 4 – Descreva o processo de irradiação adaptativa. 5 – Explique a convergência adaptativa. 6 – O que é uma árvore filogenética? Aperfeiçoamento 1. (Fuvest) Os fatos a seguir estão relacionados ao processo de formação de duas espécies a partir de uma ancestral: I. Acúmulo de diferenças genéticas entre as popula-ções. II. Estabelecimento de isolamento reprodutivo. III. Aparecimento de barreira geográfica. a) Qual é a seqüência em que os fatos anteriores acon-tecem na formação das duas espécies? b) Que mecanismos são responsáveis pelas diferenças genéticas entre as populações? c) Qual é a importância do isolamento reprodutivo no processo de especiação? 2. (Fuvest) Devido ao aparecimento de uma barreira geográfica, duas populações de uma mesma espécie ficaram isoladas por milhares de anos, tornando-se morfologicamente distintas. a) Explique sucintamente como as duas populações podem ter-se tornado morfologicamente distintas no decorrer do tempo. b) No caso de as duas populações voltarem a entrar em contato, pelo desaparecimento da barreira geográfica, o que indicaria que houve especiação?

3. (Unesp) Na época de Darwin, as Ilhas Galápagos abrigavam uma grande variedade de espécies de pás-saros, hoje conhecidos como "Tentilhões de Darwin", semelhantes entre si quanto à estrutura geral do corpo, mas diferentes quanto ao bico, adaptados a diferentes tipos de alimentos. Estas espécies diferentes origina-ram-se de uma população ancestral através de um processo conhecido por: a) seleção natural. b) evolução convergente. c) convergência adaptativa. d) coevolução. e) oscilação genética. 4. (Cesgranrio) Sobre conceitos básicos de evolução, são feitas as seguintes afirmativas: I- A forma do corpo da baleia e do tubarão, que os a-dapta bem à natação, é exemplo de irradiação adapta-tiva. II- Danças nupciais em peixes, canto de insetos e coa-xar de sapos são exemplos de isolamento reprodutivo. III- "O urso polar é branco porque vive na neve" é uma frase que apresenta uma concepção darwinista de evo-lução. Assinale a opção que contém a(s) afirmativa(s) corre-ta(s): a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) Apenas II e III. 5. (Cesgranrio) "Em 1835 o inglês C. Darwin, estudando os habitantes de Galápagos, concluiu que há milhões de anos espécies do continente teriam migrado para as ilhas e geraram espécies novas que não se desenvol-veram em nenhuma outra parte." (SUPERINTERESSANTE, agosto 98) Certamente uma das espécies a que o texto se refere são os tentilhões (aves) de Darwin que, a partir de um ancestral comum, originaram um grande número de outros tentilhões diferentes. A esse tipo de processo chamamos de: a) fluxo gênico. b) seleção natural. c) evolução convergente. d) irradiação adaptativa. e) convergência adaptativa 6. (Fatec) Várias são as etapas do processo de especi-ação por cladogênese. Dentre elas citam-se: I. Diferenciação do conjunto gênico de subpopulações isoladas. II. Incapacidade dos membros de duas subpopulações se cruzarem, produzindo descendência fértil. III. Separação física de duas subpopulações de uma espécie. A seqüência correta dessas etapas é: a) I - II - III. b) II - I - III. c) II - III - I. d) III - II - I. e) III - I - II.

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7. (FEI) O processo de formação de raças se inicia através do(a): a) diversificação gênica b) seleção natural c) isolamento reprodutivo d) isolamento geográfico e) biocenose 8. (Puccamp) A enguia elétrica ou poraquê ('Eletropho-rus eletricus'), peixe da região amazônica, tem eletro-placas. Essas eletroplacas podem gerar uma tensão de até 600V e uma corrente de 2,0A, em pulsos que duram cerca de 3,0 milésimos de segundo, descarga suficiente para atordoar uma pessoa e matar pequenos animais. (Adaptado de Alberto Gaspar. "Física". v. 3. São Paulo: Ática, p. 135) Se uma população de 'Eletrophorus eletricus' ficar iso-lada por muito tempo, a ponto de não mais gerar des-cendentes férteis com a população original, ocorrerá a) uma nova espécie de 'Eletrophorus eletricus'. b) um novo gênero de 'eletricus'. c) uma nova espécie do gênero 'Eletrophorus'. d) uma raça de 'Eletrophorus eletricus'. e) um novo gênero de 'Eletrophorus eletricus'. 9. (Uel) Uma nova espécie surge quando a) uma seqüência de mutações torna um indivíduo dife-rente dos outros da população. b) uma barreira geográfica isola um indivíduo dos ou-tros membros da população. c) o clima da região em que vive a população altera-se drasticamente. d) um grupo de indivíduos da população vence os de-mais na competição pelo alimento levando-os à extin-ção. e) indivíduos da população isolam-se e, depois de al-gum tempo, não conseguem cruzar-se com os da popu-lação inicial. 10. (Uflavras) Em face da destruição acelerada de e-cossistemas naturais, uma espécie de roedor foi sepa-rada em duas populações geograficamente isoladas, uma em áreas de caatinga e outra na região do chaco paraguaio. Supondo que estas populações possam futuramente originar novas espécies, qual sequência de eventos seria mais provável a partir do isolamento: a) isolamento reprodutivo ë mutação ë seleção ë espe-ciação. b) recombinação ë seleção ë isolamento reprodutivo ë especiação. c) seleção ë divergência ë isolamento reprodutivo ë especiação. d) plasticidade fenotípica ë mutação ë seleção ë re-combinação. e) mutação ë plasticidade fenotípica ë seleção ë re-combinação. 11. (UFPR) O geneticista Jeremy Rifkin, em publicação recente, faz reflexões sobre o impacto das novas tecno-logias e avanços da engenharia genética em nossas vidas. No que se refere à transferência de genes entre espécies diferentes, sugere que certos conceitos sejam repensados: "Uma espécie biológica ... deve ser vista como um depósito de genes que são potencialmente transferíveis. Uma espécie não é meramente um volu-me de capa dura da biblioteca da natureza. Ela também é um livro de folhas soltas cujas páginas individuais, os genes, podem estar disponíveis para uma transferência seletiva e modificação de outras espécies."

(RIFKIN, J. "O século da biotecnologia". São Paulo: Ed. Makron Books do Brasil, 1999. p. 36.) Considerando o ponto de vista do autor, identifique nas alternativas abaixo o que é atualmente aceito como correto sobre espécie e especiação. (01) Populações de uma mesma espécie, geografica-mente isoladas, sofrem as mesmas mutações e pro-cessos de seleção natural, o que lhes permite ajustar-se às circunstâncias de cada ambiente. (02) A condição inicial para que haja a formação de raças é a seleção natural. (04) O isolamento geográfico é uma das condições para que haja especiação. (08) As diferenças genéticas entre duas populações de uma mesma espécie, quando isoladas geograficamen-te, tendem a se acentuar. (16) Membros de uma mesma espécie intercruzam-se livremente, dando origem a descendentes férteis. 12. (UFRS) O esquema abaixo se refere a dois mode-los de especiação (A e B). Considere as afirmações abaixo relacionadas ao es-

quema. I- O modelo A representa um exemplo de especiação filética, que pressupõe a ocorrência de isolamento geo-gráfico. II- O modelo A representa especiação por anagênese, que envolve seleção natural e adaptação a modifica-ções graduais nas condições ambientais. III- O modelo B representa especiação por cladogêne-se, que envolve isolamento de populações, adaptação a diferentes ambientes e isolamento reprodutivo. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) Apenas II e III. 13. (UFSM) Sobre a origem da raça "pit bull", observe o que segue. "(...) não temos certeza sobre todas as raças que constituíram as características do pit bull. Temos algumas hipóteses (...). Buscando produzir cães de rinha, os criadores teriam eliminado dos pit bull dois comportamentos normais entre cães e lobos: advertir antes de atacar e cessar o ataque quando o adversário se rende." ("Superinteressante", nº 5, maio 1999.) Pode-se afirmar que, para a formação dessa raça de cães, foi(foram) importante(s)

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I. o processo de seleção utilizado pelos criadores que privilegiou a reprodução dos animais mais agressivos. II. o cruzamento entre diferentes raças que possibilitou a recombinação genética e o surgimento de novas as-sociações de caracteres. III. a elevada taxa de mutação estimulada pela agressi-vidade dos animais. Está(ão) correta(s) a) apenas I. b) apenas II. c) apenas III. d) apenas I e II. e) apenas II e III. 14. (UFV) O esquema filogenético, representado a se-guir, foi elaborado comparando-se a seqüência de ami-noácidos de proteína do cristalino de diferentes grupos de animais.

Considerando a filogenia esquematizada com base na evolução molecular dessa proteína, assinale a alternati-va INCORRETA: a) Os répteis são parentes mais próximos de aves que de mamíferos. b) Os crocodilianos são parentes mais próximos de aves que de quelônios. c) Os esquamata têm ancestral comum com crocodilia-nos e aves. d) Os anfíbios têm ancestral comum com todos os ou-tros vertebrados. e) Os marsupiais são parentes mais próximos de aves que de placentários. 15. (Unesp) Existe um dito popular que pergunta: "Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?". Sendo a galinha uma ave, do ponto de vista biológico e evoluti-vo, a alternativa correta para responder a essa questão é: a) o ovo, pois as aves são todas ovíparas. b) o ovo, pois as aves descendem dos répteis, que também põem ovos. c) a galinha, pois o ovo surgiu nas aves posteriormente. d) o ovo, que deu origem às aves e depois aos répteis. e) a galinha, pois os répteis que originaram as aves não punham ovos. 16. (Unesp) Especiação é um processo de formação de novas espécies. O mecanismo diretamente responsável pela especiação é chamado de: a) hibridação. b) isolamento reprodutivo. c) esterilização. d) recombinação gênica. e) multiplicação celular.

17. (Unesp) A especiação do "Homo sapiens" tem pou-ca chance de ocorrer, considerando-se a atual condição da espécie humana. Assinale a afirmação que melhor sustenta esta hipótese. a) A ciência moderna tem eliminado as mutações hu-manas. b) Os medicamentos atuais diminuem a incidência de doenças. c) Os postulados de Darwin não se aplicam à espécie humana. d) As alterações ambientais que favorecem a especia-ção são cada vez menores. e) Os meios modernos de locomoção e comunicação têm diminuído ou eliminado os isolamentos geográficos. 18. (Unirio) Encontram-se a seguir etapas de um pro-cesso de especiação. I - Quando a temperatura da região se eleva, duas po-pulações se isolam nas encostas de montanhas dife-rentes. II - Uma espécie de pássaro, adaptada ao frio, habita todo um vale. III - As diferenças genéticas acumuladas durante o pe-ríodo de isolamento não permitem que os membros das duas populações se cruzem. IV - Após milhares de anos, a temperatura volta a bai-xar e as duas populações espalham-se pelo vale. A seqüência lógica dessas etapas é: a) I, II, III, IV. b) II, I, III, IV. c) II, I, IV, III. d) II, III, IV, I. e) IV, III, II, I. Respostas 01 a) A seqüência de fatos é: III, I e II. b) As diferenças genéticas observadas são o resultado de mutações, recombinações gênicas, combinações cromossômicas na formação de gametas e da fecunda-ção, característica da reprodução sexuada. A seleção natural é a responsável pela fixação das características adaptativas. c) O isolamento reprodutivo impede o fluxo gênico entre os indivíduos das populações que, então, passam a constituir espécies diferentes. 02 a) As modificacões observadas nas populações isoladas geograficamente são devidas à seleção natural diferencial atuando sobre as variações produzidas por mutações e recombinações gênicas. b) O processo de especiação é evidenciado pelo isola-mento reprodutivo, fenômeno que interrompe o fluxo gênico entre as populações. 03 a 04 b 05 d 06 e 07 d 08 c 09 e 10 b 11 28 12 e 13 d 14 e 15 b 16 b 17 e 18 c

CASD Vestibulares Evolução 80

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História Frente I CCAAPPÍÍTTUULLOO 55 –– AA CCRRIISSEE DDOO SSIISSTTEEMMAA CCOOLLOONNIIAALL

A CRISE DO SISTEMA COLONIAL

CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DA CRISE

A colonização da América Portuguesa, isto é, o processo de montagem de unidades produtoras do tipo “plantation” e o esforço da conquista territorial do Brasil, só adquire sentido global quando situada como uma fase do colonialismo mercantilista. Da mesma forma, a independência do Brasil deve ser compreendida como um instante do movimento mais amplo que resultou a crise do antigo sistema colonial.

Antes, porém, de examinarmos o fenômeno específico do desmantelamento do sistema colonial da era mercantilista, procederemos a uma apreciação crítica dos mecanismos de funcionamento dos elementos políticos, econômicos e sociais que compunham esse sistema de colonização.

O desenvolvimento do colonialismo moderno promoveu a acumulação de capital nas economias metropolitanas européias. Para que isso se tornasse possível, ou seja, para assegurar o bom andamento da exploração colonial, implantou-se nos territórios ultramarinos um modelo de sociedade senhorial-escravista. Os valores e relações internas dessa sociedade se oporiam, de maneira cada vez mais acentuada, aos da sociedade burguesa então ascendente na Europa. Em conseqüência, tornou-se inevitável uma confrontação entre o universo metropolitano e o mundo colonial.

A economia colonial dos tempos modernos, considerada em seu conjunto, era definida pelo setor exportador. No Brasil, em certas circunstâncias e áreas determinadas, as atividades ligadas à subsistência chegaram a adquirir relativa importância. Por exemplo, a pecuária, numa etapa avançada de seu desenvolvimento, esteve associada ao regime da grande propriedade.

No entanto, a dinâmica global de todas as economias periféricas dependeu sempre do influxo externo, pois elas tinham como seu centro dominante último o capitalismo europeu.

Em outras palavras, o antigo sistema colonial determinava inevitavelmente, em todas as áreas por ele abrangidas, a existência de uma produção dependente. O setor exportador dependia diretamente desse sistema; e o de subsistência, de importância secundária, indiretamente.

Ao examinarmos as relações sócio-econômicas vigentes nas colônias de exploração mercantilista, percebemos que, devido à estrutura escravista, toda a renda se concentrava nas mãos dos senhores de escravos. Isto porque eles eram, ao mesmo tempo, os proprietários da mão-de-obra e das unidades produtoras de bens para o mercado europeu. O produtor direto - o homem escravo e reduzido à simples condição de instrumento de trabalho - não tinha renda própria; a renda do comércio colonial canalizava-se, portanto, exclusivamente para a camada senhorial.

Nessas relações de produção, reside um dos elementos essenciais ao entendimento dos mecanismos do antigo sistema colonial. Era exatamente essa concentração de renda, fundamental para as sociedades do mundo periférico, que permitia o funcionamento do sistema colonial, articulando as diversas peças de sua engrenagem. A renda global gerada nas economias periféricas só se realizava, em última instância, nos mercados da economia européia. Sua maior parte se transferia, por imposição do pacto colonial, para as metrópoles e grupos burgueses metropolitanos ligados às transações ultramarinas.

Uma parcela menor da renda gerada nas economias periféricas permanecia nas colônias, nas mãos da pequena camada senhorial. Era essa parte da renda que permitia o funcionamento da própria exploração colonial.

O modo mercantil-escravista, assumido pela produção colonial, determinou uma série de conseqüências. Em primeiro lugar, a própria realidade escravocrata tornava inviáveis grandes inversões tecnológicas. Era condição indispensável para a continuidade da dominação escravista que se mantivesse o escravo em níveis culturais subumanos. Pretendia-se, assim, evitar a tomada de consciência, por parte do cativo, da realidade do trabalho compulsório.

Por isso, o africano, submetido ao jugo escravocrata, não estava apto a assimilar processos tecnológicos mais sofisticados.

Outro fator responsável pelo primitivo estágio técnico das economias periféricas era a inexistência de grandes capitais disponíveis no interior da própria colônia, devido à permanente espoliação desta por sua respectiva metrópole.

O retardamento técnico da economia colonial trouxe como resultado a baixa produtividade. O desenvolvimento das economias coloniais era estritamente quantitativo, isto é, a simples soma de um número cada vez maior de unidades de produção.

Na economia colonial padrão, isto é, escravista-mercantil, o universo das relações mercantis atingiu apenas a camada social dominante dos proprietários de terras e senhores de escravos. Somente este tinha condições de importar das economias centrais mercadorias para seu consumo próprio: produtos alimentares, manufaturas para seu conforto pessoal e implementos para a atividade agrícola. Uma análise mais profunda demonstra que as colônias ultramarinas apresentavam uma realidade social mais complexa do que o esquemático binômio senhor-escravo. O desenvolvimento do processo de colonização propiciou o surgimento de categorias sociais intermediárias fundamentalmente compostas por funcionários, mineradores, alguns comerciantes, padres, militares e administradores. Entretanto, na sociedade colonial, todos esses contingentes sociais tinham importância secundária: sua presença no ultramar decorria da economia escravista e da produção para o capitalismo europeu. Portanto, em

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CASD Vestibulares História do Brasil 82

última análise, toda a atividade econômica existente no âmbito da colônia girava em torno da camada senhorial e a economia mercantil se expandia em função dela.

A existência de categorias sociais médias não alterava, pois, o esquema fundamental: o universo das relações mercantis continuava sob o domínio da camada senhorial e, subsidiariamente, de seus dependentes.

A maior parte da população da colônia - a massa de produtores diretos escravizados - permanecia à margem das relações comerciais, o que obstava a formação de um mercado interno. Essa estruturação do mundo colonial estava inteiramente adequada aos momentos iniciais do sistema capitalista, isto é, à fase das economias metropolitanas européias, marcada pela acumulação de capitais e pela produção artesanal e manufatureira.

Com a Revolução Industrial - que trouxe a mecanização e a conseqüente intensificação da produção - o capitalismo iniciou uma nova etapa de seu desenvolvimento, passando a exigir a ampliação das faixas de consumo localizadas no ultramar.

Impunha-se, forçosamente, nesse momento, a democratização da capacidade de consumo das populações coloniais, o que só se tornaria possível com a generalização das relações mercantis. A partir de então, o antigo sistema colonial, baseado no modo de produção mercantil-escravista, sofreu um processo de agudização de suas contradições internas, entrando, irremediavelmente, em crise.

Ao promover a primitiva acumulação capitalista nas economias centrais européias, o sistema colonial mercantilista exerceu o papel de instrumento fundamental da transição para o capitalismo industrial. As economias periféricas, organizadas dentro do antigo sistema colonial, desenvolveram seus modos de produção, seguindo a tendência de complementar a economia central: forneciam-lhes os produtos de que ela carecia e matérias-primas para a sua produção artesanal e maquinofatureira. Assumiram, assim, a forma de autênticas economias de apoio, tendentes a dar às metrópoles condições de auto-suficiência em face das demais potências mercantilistas.

Além disso, submetidas às restrições monopolistas do exclusivo metropolitano, as economias periféricas constituíam mercados monopolizados pelos produtos manufaturados de suas respectivas metrópoles. À medida que preenchiam as lacunas das economias centrais, as colônias dos tempos modernos favoreceram o desenvolvimento econômico capitalista que, nessa fase mercantil, tinha como elemento essencial a acumulação primitiva, indispensável à futura transição para o industrialismo.

Esses elementos nos permitem analisar a verdadeira contribuição do antigo sistema colonial à formação do capitalismo. A colonização da América, ou melhor, da exploração colonial ultramarina organizada nas linhas do sistema colonial da Era Moderna, representou um poderoso instrumento de aceleração da acumulação primitiva de capitais no contexto do capitalismo europeu.

Essa colonização envolveu, efetivamente, um processo de transferência de rendas das colônias para

as metrópoles, ou, mais exatamente, das economias periféricas para os centros dinâmicos da economia européia. Essa renda concentrou-se nas mãos da camada empresarial ligada ao comércio ultramarino.

À luz dos conceitos emitidos anteriormente, a propósito do capitalismo comercial como etapa intermediária entre o desmantelamento do feudalismo e a Revolução Industrial, o sistema colonial moderno se caracteriza por sua atuação sobre os dois pré-requisitos básicos da passagem para o capitalismo industrial. A exploração colonial ultramarina fomentou, de um lado, a primitiva acumulação capitalista por parte da camada empresarial; e, do outro, alargou o mercado consumidor de manufaturados.

Portanto, o sistema colonial moderno atuou paralelamente ao criar a possibilidade (acumulação capitalista) e a necessidade (expansão da procura dos manufaturados) do surto maquinofatureiro. Surgiram, então, graças a essa atuação em paralelo, as condições essenciais à Revolução Industrial, processo histórico de nascimento do capitalismo. Assim, localizamos o núcleo dinâmico da crise do antigo sistema colonial: ao funcionar plenamente, ele engrenou tensões de toda ordem, criando, ao mesmo tempo, as condições de sua destruição e conseqüente superação.

O antigo sistema colonial, ao acelerar a acumulação de capital nas economias centrais e ao incrementar a demanda de produtos manufaturados, simultaneamente, provocou a eclosão da Revolução Industrial. A seguir, o mesmo antigo sistema colonial, condicionado ao modo de produção escravista, entrou em contradição com os efeitos da Revolução Industrial, que ajudara a gerar.

A aceleração da produção capitalista, possibilitada pelo advento da máquina, exigiu a brusca ampliação dos mercados ultramarinos a um ponto tão elevado que o sistema colonial da Era Moderna, caracterizado pelas restrições monopolistas dos pactos coloniais e pelo trabalho compulsório, não teve condições de atender. A realidade capitalista-industrial, parcialmente gerada e possibilitada pelo colonialismo mercantilista, foi o fator principal do desmantelamento desse modelo de colonização.

Antes, porém, de se esgotarem todas as possibilidades do sistema colonial mercantilista, isto é, antes que se atingissem os limites de ruptura definitiva da exploração colonial, as tensões geradas pelos primeiros avanços do industrialismo impuseram progressivas alterações e reajustes, que acabariam por abalar todo o sistema colonial.

Não houve necessidade de que o capitalismo industrial chegasse a seus mais sofisticados graus de desenvolvimento e expansão para que o colonialismo mercantil escravista entrasse em depressão e crise. Os primeiros passos da Revolução Industrial foram suficientes para provocar as rupturas iniciais do pacto colonial.

A partir da época em que a Insurreição Pernambucana expulsou os holandeses do Nordeste, o Brasil passou a sofrer com grande intensidade os reflexos da difícil situação econômico-financeira por que passava, então, o reino português.

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83 História do Brasil CASD Vestibulares

Desde a Restauração de sua monarquia nacional, Portugal - severamente afetado pelo surgimento de potências concorrentes no mercado internacional de produtos tropicais - viu-se progressivamente relegado a segundo plano no cenário econômico-político europeu. Em decorrência dessa crescente debilidade, a Metrópole Lusitana teve de assinar sucessivos e desvantajosos acordos com a Inglaterra, para conseguir sobreviver como nação colonialista. A tônica desses tratados não apresentava variações: Portugal fazia concessões econômicas e a Inglaterra respondia com promessas ou garantias políticas. Pouco a pouco, Portugal se transformou virtualmente em simples vassalo econômico da grande potência em que se transformara a Grã-Bretanha. No século XVIII, dois fatores agravariam ainda mais essa situação de dependência de Portugal em relação aos interesses da burguesia britânica.

Em primeiro lugar, a eclosão da Revolução Industrial em terras inglesas acelerou vertiginosamente a capacidade de produção capitalista. A Inglaterra passou, então, a necessitar de amplos mercados. Isso a levou a adotar uma política de combate frontal ao protecionismo vigente nas colônias ibéricas. Em termos práticos, a Grã-Bretanha, em função de seu surto maquinofatureiro, passou a postular a substituição dos rígidos mecanismos de proteção mercantilista pelo livre-cambismo.

Também o êxito dos esforços de mineração, realizados pelos portugueses na região das Minas Gerais, contribuiu para acentuar a subordinação econômica de Portugal ao imperialismo britânico. O “grande ciclo do ouro” criou no Centro-Sul do Brasil um mercado consumidor de grandes dimensões. Isso estimulou a cobiça do capitalismo inglês, interessado em introduzir suas manufaturas em tão rica área.

Em 1703, pelo Tratado de Methuen, Portugal transformou-se num simples apêndice econômico-comercial da Inglaterra. De acordo com as cláusulas desse acordo diplomático, Portugal receberia tarifas preferenciais para seus vinhos nas alfândegas inglesas.

Em troca dessa concessão de duvidoso valor econômico, Portugal praticamente autorizou a livre entrada de tecidos e outras maquinofaturas britânicas em seu território.

As disposições do discutido tratado, além de asfixiarem as indústrias portuguesas, transferiram o impulso dinâmico da mineração brasileira para a Inglaterra. A Coroa lisboeta teve de recorrer ao ouro brasileiro para cobrir seus crônicos déficits orçamentários. Disso resultou a rápida acumulação do metal precioso de sua colônia nos, cada vez mais sólidos, bancos ingleses. Dependente da Grã-Bretanha no plano internacional, a metrópole portuguesa passou a ocupar, no século XVIII, uma posição delicada em relação à colônia brasileira, pelos seguintes motivos: • mostrava-se incapaz de operar na esfera de

circulação dos produtos primários que, graças às restrições do pacto colonial, dominava inteiramente.

• tornava-se cada vez mais onerosa ao consumidor colonial, em função do regime de monopólio de

comércio que exercia, e que fazia aumentar o preço das mercadorias importadas.

O primeiro aspecto começou a se manifestar

desde a Restauração (1640) e se agravou com a concorrência do açúcar antilhano; o segundo principiou a se definir com a mineração, que ampliou o poder aquisitivo e a capacidade de consumo da população colonial. Na verdade, com o “grande ciclo do ouro”, o Brasil passou de mercado apenas produtor a mercado produtor e consumidor. As rendas que a Metrópole auferia da exploração colonial provinham principalmente de três fontes: • do domínio da circulação do açúcar. • do domínio da produção e da circulação do ouro. • do domínio da distribuição à colônia das

mercadorias que esta necessitava importar.

A Metrópole onerava a produção colonial pelas taxas impostas ao açúcar, que se refletiam negativamente em seu preço, dificultando a concorrência; pela invasão total da área das atividades privadas, como no caso do ouro; pela pesada tributação que lançava sobre as importações. Esta última, em particular, pesava sobre toda a população consumidora. Mais uma vez, a Metrópole descarregava o ônus de suas crises na população colonial (atitude peculiar ao domínio econômico que caracteriza o colonialismo).

As alterações efetuadas no campo econômico refletiram-se no campo social. Entre a sociedade açucareira do século XVI e a sociedade mineradora do século XVIII, havia uma grande diferença. Nos primeiros tempos, a classe dominante colonial, que se considerava representante da Coroa no Brasil, exercia poderes em seu nome. Paulatinamente, no entanto, teve início um processo de afrouxamento da comunhão de interesses entre a camada dominante colonial e sua correspondente metropolitana.

No final do século XVIII, esses interesses começaram a divergir, tornando-se antagônicos. A economia periférica de exportação, que gerara e mantinha a classe dominante colonial, sofria graves e recorrentes flutuações. De titular absoluto do mercado, o açúcar brasileiro passara à posição de competidor, desde que a área colonial holandesa nas Antilhas começara a contestar esse domínio. A metrópole, em virtude de sua condição de país dependente, não tinha capacidade para assegurar mercados e preços estáveis à produção colonial.

As flutuações econômicas debilitavam a classe dominante colonial. No aspecto político, elas contribuíram decisivamente para abalar o prestígio da metrópole junto aos ressentidos latifundiários brasileiros. Gradativamente, a crise econômica vivida por Portugal e a crescente insatisfação da classe senhorial começaram a abrir caminho para o movimento de separação política do Brasil. Entretanto, só se deram os primeiros passos de importância em direção à efetiva ruptura do pacto colonial das Nações Ibéricas, após as alterações provocadas no cenário internacional pela Revolução Industrial. SITUAÇÃO DA METRÓPOLE (SÉC. XVIII)

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CASD Vestibulares História do Brasil 84

Portugal estava nesta época:

• sem meios para fazer circular os produtos coloniais.

• com o monopólio comercial que encarecia o consumo no Brasil.

As Rendas que o Brasil dava à metrópole vinham: • do monopólio da produção e da circulação do

ouro. • do monopólio da circulação do açúcar. • do monopólio das mercadorias importadas. Convencionou-se chamar de Revolução Industrial a última fase do prolongado processo de transformação que transferiu a supremacia econômica do capital comercial ao capital industrial. As novas técnicas, então surgidas, indicavam o término do demorado movimento de extinção do modo de produção manufatureiro. Este, porém, demonstrou, em todos os lugares onde ainda exercia papel de relevo, grande resistência à introdução das técnicas de produção. Isso ocorreu porque estas novas modalidades de produção vinham encerrar a fase em que havia espaço e oportunidade para a habilidade manual. Combinando movimentos simples, a máquina multiplicava o número de produtos. Acionando as fontes de energia, assumiam um papel cada vez mais relevante na ordem capitalista, agora caracterizada por uma unidade produtora: a fábrica.

As novidades técnicas introduzidas pela Revolução Industrial não foram suficientes, por si só, para provocar grandes alterações nos hábitos de consumo das populações do século XVIII. Na realidade, passara a ter importância somente a nova forma de produção e não o que se produzia, ou seja, o modo de produzir, não o produto. A Revolução Industrial começou com a elaboração de produtos conhecidos, aqueles de que o homem necessitava na época e se habituara a consumir, e que já haviam, também, conquistado seus respectivos mercados.

Os tecidos constituíam a principal “mercadoria elaborada”, na fase das manufaturas. Em conseqüência, uma das primeiras etapas da Revolução Industrial foi a passagem da manufatura têxtil para a produção de tecidos.

Só mais tarde, em fase mais adiantada, a mecanização industrial penetraria em outros campos. Os panos se tornaram objeto principal de seu impulso, no momento em que a implantação de indústrias fez desaparecerem as manufaturas.

Finalmente, as relações entre as metrópoles e as colônias e os próprios laços de domínio, subordinação existente entre elas, não podiam ficar imunes às conseqüências da Revolução Industrial. O aparecimento dos metais preciosos no Novo Mundo deu origem a um mercado ultramarino de proporções consideráveis, como ocorreu na área de hegemonia espanhola.

Na América portuguesa, essa situação acarretou conseqüências econômicas ainda maiores, pois o movimento da mineração brasileira se realizou

na mesma época da Revolução Industrial. Conseqüentemente, voltaram-se para o mercado brasileiro as atenções dos produtores europeus. O consumidor colonial brasileiro não tinha, contudo, acesso ao bens maquinofaturados e aos mercados europeus em expansão, devido às restrições impostas pela Metrópole, levadas a seus limites extremos justamente em conseqüência da mineração.

As pressões externas para a eliminação do pacto colonial aumentariam, à medida que prosseguisse o desenvolvimento da Revolução Industrial. Os acordos firmados entre Portugal e a Inglaterra após a Restauração demonstravam inequivocamente o interesse britânico pelos mercados lusos metropolitanos e coloniais. Naquela ocasião, contudo, esse interesse havia se manifestado de maneira ainda não premente.

Em fins do século XVIII, porém, essa situação chegou à sua fase crítica: o processo da Revolução Industrial entrou abertamente em contradição com o sistema de áreas fechadas pelo monopólio colonialista.

Ao catalisar o movimento de transição do capitalismo mercantil ao capitalismo do tipo contemporâneo, a Revolução Industrial provocou profundas alterações na estrutura social européia. Velhas forças, até então dominantes, declinaram; paralelamente, novas forças ascenderam.

Dominante nas regiões em que o capital industrial assumira a supremacia econômica, a burguesia ocupava, contudo, plano secundário (em relação à nobreza) nas áreas ainda submetidas ao capital comercial. A burguesia comandava o surto industrial inglês; a nobreza ibérica, amarrada aos escombros do modo feudal de produção, comandava o regime de monopólio comercial característico das áreas coloniais americanas. De modo geral, na Inglaterra predominava o modo capitalista de produção; na Península Ibérica, a feudalidade, alimentada pela espoliação das áreas coloniais; no Brasil, o modo mercantil-escravista de produção.

Como se pode perceber por esses elementos, houve reciprocidade de efeitos entre o ciclo da mineração no Brasil e a transformação econômico-social que se processou no Ocidente europeu no transcorrer do século XVIII. De um lado, o ouro teve papel decisivo na criação do mercado interno brasileiro e impulsionou o progresso do capitalismo inglês; de outro, esse desenvolvimento estimulou os capitalistas britânicos a disputarem o mercado brasileiro criado pelo ouro.

Entre duas realidades, a capitalista e a colonial, havia como obstáculo somente o regime do monopólio comercial.

Nas últimas décadas do século XVIII, a dominação colonialista portuguesa reduziu-se praticamente ao exclusivismo (monopólio) metropolitano. Portugal passara a exercer o papel de mero entreposto situado em meio aos produtores europeus e consumidores coloniais. A transformação do Brasil de colônia apenas produtora a consumidora estava consumada.

A correlação das forças no cenário internacional configurava, pois, a existência de uma

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contradição entre a expansão capitalista inglesa e a resistência monopolista-feudalizada das monarquias portuguesa e espanhola. Essa contradição, transplantada para o cenário colonial brasileiro, colocava em confronto: • os proprietários coloniais dos meios de produção,

de um lado, e a Metrópole , monopolizadora da circulação, de outro.

• os proprietários coloniais dos meios de produção de um lado, e os não-possuidores desses meios, de outro.

O desenvolvimento das forças produtivas no

Brasil, apesar da espoliação de caráter mercantilista da Metrópole, provocara o aparecimento de componentes sociais novos. Esse progresso fez avultar e aprofundar a contradição entre os proprietários e os não-proprietários dos meios de produção, na sociedade colonial. Na realidade, esse antagonismo existia desde o início da própria colonização, sob a forma de lutas entre colonizadores e indígenas, senhores e escravos.

Para que ocorresse a ruptura do sistema monopolista ibérico, era necessário: • que a expansão capitalista encabeçada pela

Inglaterra sobrepujasse a resistência mercantilista-feudal dos reinos português e espanhol.

• que a contradição entre os proprietários coloniais dos meios de produção e a Metrópole monopolista se aprofundasse e superasse a contradição entre a classe senhorial e os não proprietários dos meios de produção.

A velha contradição interna entre a classe

senhorial (dos proprietários de terras e escravos) e a camada de cidadãos sem posses, da Colônia, agravou-se por ter sido aquela, inicialmente, mandatária da Metrópole. Por isso, as primeiras manifestações de rebeldia política no Brasil ocorreram em maior número entre os setores não-senhoriais, isto é, no interior das camadas privadas da posse dos meios de produção.

Para que ocorresse o rompimento entre Colônia e Metrópole era preciso que: • o surto industrial superasse o mercantilismo. • a contradição entre proprietários coloniais e a

Metrópole superasse a contradição entre proprietários e não-proprietários.

Por essas razões, ou seja, por não

interessarem à classe senhorial ou por afrontarem a ideologia conservadora da camada proprietária, esses levantes pioneiros não tiveram maior expressão e não obtiveram nenhum êxito. O poder da camada latifundiária era tão grande no século XVIII que nenhum movimento autonomista antimetropolitano tinha condições de triunfar sem seu apoio.

A independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa estimularam os anseios de libertação coloniais. A ideologia preconizada por tais movimentos libertadores encontrou ressonância nas camadas menos favorecidas do Brasil-Colônia. Esses reflexos do pensamento liberal iluminista se

transformariam abertamente nas formulações libertárias dos inconfidentes mineiros e baianos.

Entretanto, tais postulados ideológicos não encontraram receptividade junto à classe proprietária. Isto porque só lhe interessava, acima de tudo, a conservação de seus privilégios, que eram derivados da estrutura mercantil-escravista do processo de colonização do Brasil.

O liberalismo europeu realmente não traduzia os anseios, nem tampouco atendia aos interesses dos proprietários.

Mais tarde, ao tomar plena consciência dos antagonismos entre seus interesses e as restrições do pacto colonial, a classe proprietária dos meios de produção coloniais lideraria o movimento de separação política do Brasil, abstendo-se, entretanto, de qualquer pretensão reformista quanto à realidade interna do País. A classe dominante colonial tomou consciência da incompatibilidade total entre seus interesses e as disposições monopolistas do pacto colonial por meio de um processo custoso, prolongado e, por vezes, dramático. Na verdade, a completa dissociação entre a camada senhorial da Colônia e a Metrópole portuguesa foi forjada, ao longo dos séculos XVII e XVIII, na manifestação de pequenos conflitos regionais, aparentemente destituídos de importância. Essas lutas acanhadas, que colocaram frente a frente consumidores e monopolizadores, latifundiários e comerciantes reinóis, mineradores e fiscais do Real Erário, constituíram os momentos iniciais da formação da consciência nacional brasileira.

A essas manifestações, como estudaremos detalhadamente, a historiografia do Brasil dá o nome de Movimentos Nativistas.

A partir de 1640, já livre do domínio espanhol, Portugal procurou fazer do Brasil - única colônia importante que restara de seu, outrora imponente, império ultramarino - a peça fundamental de seu esforço de recuperação econômica. Nesse sentido, as autoridades lusas tomaram duas medidas básicas: • centralização da administração pública do Brasil,

em benefício da Metrópole e em detrimento da autonomia da Colônia (arrocho administrativo).

• adoção de nova política econômica, fundada no esforço do regime de monopólio e no aumento das restrições às atividades produtivas coloniais (arrocho do Pacto Colonial).

Após a Restauração, acentuou-se

consideravelmente o fortalecimento do poder real no tocante à administração do Brasil. Uma das primeiras medidas de D. João IV, monarca coroado em 1640, foi a criação do poderoso Conselho Ultramarino, com a finalidade precípua de estabelecer um rigoroso centralismo administrativo no Brasil. Para complementar essas diretrizes, o rei transferiu o controle da maioria das capitanias brasileiras para administradores governamentais diretamente ligados a Lisboa.

Outra determinação real agravou ainda mais o processo de decadência das autoridades locais da Colônia. As Câmaras Municipais - investidas de considerável poder durante o primeiro século da colonização - foram sendo progressivamente

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submetidas à autoridade dos representantes reais. Privadas aos poucos de suas antigas prerrogativas, elas se transformaram em meras executoras de ordens e resoluções dos agentes da Coroa. O primeiro grande golpe desferido contra a autonomia local foi a criação, em 1696, dos juízes de fora (na Bahia, no Rio de Janeiro e em Pernambuco). A eles caberia a presidência das Câmaras, antes exercidas pelos Juízes ordinários, eleitos pelo povo.

Durante o primeiro século da colonização, a política econômica portuguesa para o Brasil, apesar de obedecer às normas do Antigo Sistema Colonial, caracterizou-se, na prática, por um certo “liberalismo”. Embora sob a tutela teórica do “exclusivo” metropolitano, os colonos não enfrentaram grandes restrições de ordem econômica. Seu trabalho e seu comércio, tanto internos quanto externos, eram relativamente livres.

Um dos aspectos mais interessantes e significativos desse “liberalismo” foi o tratamento tolerante dispensado pela Coroa aos estrangeiros. A estes, a Coroa permitia não só se estabeleceram livremente na Colônia como também exercerem nela quaisquer atividades. Além disso, as transações

comerciais diretas entre o Brasil e países estrangeiros não sofriam embargos ou restrições.

Após a Restauração, no entanto, Portugal reformou sua orientação anterior, adotando uma severa política monopolista em relação ao Brasil. Inicialmente, impuseram-se rigorosas penas àqueles que facilitassem a presença e o comércio de navios alienígenas em território colonial. Depois, em 1665, proibiu-se a produção de sal, reservando-se a importação do produto exclusivamente a determinados comerciantes (a proibição tornou-se conhecida como “estanco do sal”). Essas medidas - aliadas à criação das Companhias Privilegiadas de Comércio e às restrições impostas à produção de aguardentes, ao cultivo da oliveira e da vinha - indicavam que Portugal, abandonando a tolerância do passado, procurava implantar um regime de interdições e monopólios destinado a fazer do Brasil um simples apêndice de uma Metrópole enfraquecida.

MOVIMENTOS NATIVISTAS

A partir de meados do século XVII, a política de arrocho colonialista da Metrópole portuguesa para o Brasil provocou uma série de agitações e levantes. Esses movimentos, chamados nativistas, deixavam claro que os colonos, ainda sem plena consciência do antagonismo entre seus interesses e os da Metrópole, começavam a perceber os prejuízos que lhes causava o Pacto Colonial mercantilista.

Tais sublevações tinham caráter regionalista e estavam destituídas de qualquer preocupação com a emancipação política do Brasil. Apenas combatiam a orientação monopolista e centralizadora da Coroa portuguesa em defesa das aspirações de lucro e da autonomia regional das camadas dominantes da Colônia. Mas, representaram o estágio inicial do processo de lutas que levaria à independência o nosso país.

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87 História do Brasil CASD Vestibulares

O EPISÓDIO DE AMADOR BUENO (1641)

A aclamação de Amador Bueno da Ribeira como rei de São Paulo ocorreu a 1º de abril de 1641. Essa manifestação foi motivada pela notícia de Restauração portuguesa, que gerou insatisfação entre a população paulista.

Essa população, extremamente pobre, constituía-se de rudes lavradores e um grande número de castelhanos que se haviam fixado na capitania durante o período da União Peninsular.

A Coroa simplesmente ignorava São Paulo desde os primórdios da colonização. Por meio da tentativa de escolha de seu próprio governante, seus habitantes pretendiam repudiar a administração portuguesa. Eles procuravam também impedir que o declínio econômico de Portugal prejudicasse ainda mais a já calamitosa situação da capitania.

O rico paulista Amador Bueno, porém não concordou com seus conterrâneos. Ele refugiou-se no mosteiro de São Bento para evitar que uma pequena multidão, chefiada pelos espanhóis Francisco e Baltazar de Lemos, o aclamasse como rei. Graças à recusa, o episódio não assumiu grandes proporções. A REVOLTA DOS BECKMAN (1684)

No final do século XVII, as atividades produtivas do Maranhão foram prejudicadas por dois fatores: • firme posição dos jesuítas em defesa dos índios

contra os colonos que queriam escravizá-los. • as atividades da Companhia Geral do Comércio do

Estado do Maranhão, fundada em 1682 e encarregada de monopolizar todas as relações comerciais da região Norte do Brasil.

O papel dos jesuítas

Recém-chegado ao Maranhão, em princípios de 1653, o padre Antônio Vieira logo se revelou um ardoroso defensor dos pontos de vista da Companhia de Jesus, a respeito da escravidão do gentio. Por longo tempo, apesar dos esforços dos jesuítas, o governo português admitiu o apresamento do silvícola por motivo de “guerra justa”.

Todavia, pressionado por Vieira, D. João IV, pelo Alvará de 1º de abril de 1680, proibiu a escravidão indígena. A partir desta data, o rei só permitiria o trabalho dos aborígines nas missões inacianas. Em represália, os colonos de São Luís do Maranhão invadiram os colégios dos jesuítas, prendendo os padres e expulsando-os para Lisboa. O papel da Companhia Geral do Comércio do Estado do Maranhão

A Companhia Geral do Comércio do Estado do Maranhão, criada em 1682, objetivava: monopolizar o comércio importador e exportador da região Norte do Brasil; introduzir escravos negros e gêneros necessários à população da área, recebendo em pagamento drogas locais (com essa finalidade foi assinado um contrato válido por vinte anos, no qual

ficou estipulado que a Companhia do Comércio do Maranhão se obrigaria a trazer, durante esse tempo, 10.000 negros a preços previamente especificados).

Entretanto, a atuação da Companhia produziu apenas resultados desastrosos. As mais diversas irregularidades eram praticadas pelos funcionários do órgão monopolizador. Além disso, as mercadorias européias trazidas ao Brasil pela Companhia eram de qualidade inferior. Não obstante, seus representantes insistiam em negociá-las por preços exorbitantes.

Além disso, a entrega de escravos africanos tornava-se cada vez mais irregular e caracterizava-se pela inobservância dos preços, que anteriormente já tinham sido combinados.

Estes foram os fatores que mais contribuíram para aumentar a irritação dos habitantes do Maranhão, já bastante indignados com a proibição da escravidão indígena. A rebelião

Manuel Beckman, rico e influente proprietário de terras, foi o líder da revolta maranhense. Em sua casa, diversos colonos, insatisfeitos com a realidade econômica do Maranhão, tramaram a expulsão dos inacianos e a extinção do monopólio. Na noite de 23 de fevereiro de 1684, os conspiradores resolveram dar início à Insurreição.

Às primeiras horas do dia 24, os revoltosos, após prenderem alguns militares lusos, encaminharam-se para a residência do capitão-mor Baltasar Fernandes. Este, na ausência do governador do Maranhão (Francisco de Sá), ocupava provisoriamente o supremo cargo administrativo da capitania.

Em seguida, os insurretos se apoderaram dos armazéns da Companhia do Comércio do Maranhão. Assim, completava-se a ação revolucionária dos latifundiários maranhenses.

Ao amanhecer, realizou-se uma grande assembléia na Câmara Municipal de São Luís, e os vitoriosos rebeldes tomaram importantes decisões, decretando: a abolição do monopólio; o encerramento das atividades da Companhia do Comércio do Maranhão; a deposição do capitão-mor e do governador; a expulsão dos inacianos, a formação de uma junta provisória de governo integrada por dois representantes de cada categoria social (clero, latifundiários e povo); o envio de um emissário para Lisboa (Tomás Beckman) para informar oficialmente à Coroa sobre os acontecimentos, bem como solicitar providências no sentido de se eliminarem os motivos que geraram o movimento. A repressão

O governo português, informado da rebelião, tomou severas medidas repressivas. Tomás Beckman, imediatamente após desembarcar em Lisboa, foi preso e remetido para o Maranhão. Além disso, com a missão de debelar o levante, o rei nomeou um novo governador, Gomes Freire de Andrade. Esse, instigado pelo filho adotivo de Manuel Beckman, deu início à prisão dos mentores da revolta.

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CASD Vestibulares História do Brasil 88

Manuel Beckman e Jorge Sampaio, apontados como os cabeças da sublevação, foram condenados à morte e enforcados. Outros participantes da Insurreição foram degredados. Os representantes do Reino absolveram apenas os menos comprometidos. Terminava assim, de maneira trágica, o mais típico movimento nativista do Brasil-Colônia. A GUERRA DOS EMBOABAS (1708)

Como já vimos no capítulo passado, coube aos paulistas a primazia no descobrimento de minerais preciosos nas Minas Gerais. Em 1700, os paulistas, por intermédio de uma petição enviada ao governo português, reivindicaram a posse exclusiva das minas encontradas, alegando terem sido os pioneiros na conquista das referidas minas. Entretanto, os paulistas jamais veriam a concretização de suas pretensões.

Numerosos forasteiros portugueses e baianos, na maioria, foram atraídos pela miragem do ouro. Em pouco tempo eles se estabeleceram nas Minas Gerais, disputando com os paulistas a obtenção de concessões auríferas. Além disso, dotados de habilidade comercial, muitos dos recém-chegados montaram vendas e quitandas, monopolizando os gêneros mais procurados pelos habitantes da região mineradora: fumo, aguardente e carne.

Logo começaram a ocorrer diversos incidentes, provocados pela animosidade reinante entre os paulistas e os estrangeiros. A estes, os primeiros davam o irônico apelido de emboabas. O termo, que passou a significar “inimigo” ou forasteiro, aparentemente deriva de “mbuab”, designação indígena para uma ave de perna emplumada.

Por analogia, os paulistas chamavam por esse nome os portugueses, que usavam botas e perneiras, enquanto os paulistas, mais pobres, andavam descalços. O estopim do conflito

Três incidentes, aparentemente sem importância, provocaram a eclosão do conflito armado. O primeiro foi o assassinato, cuja autoria se atribuiu a um paulista, de um emboaba casado com uma paulista a quem maltratava. O segundo, ocorrido na porta de uma igreja em Caeté, deu-se em virtude da acusação feita a um português de ter roubado uma espingarda pertencente a Jerônimo Pedroso de Barros, membro de uma importante família paulista; o terceiro foi o linchamento de um influente paulista, José Pardo, que havia dado proteção ao assassino, também paulista, de um emboaba.

Em função desses pequenos atritos, os paulistas preparam-se para a luta. Os emboabas, temendo uma vingança paulista, proclamaram Manuel Nunes Viana, abastado contrabandista de gado na região aurífera, governador de Minas Gerais. A traição emboaba

Após os primeiros combates, travados nas proximidades de Cachoeira do Campo e Sabará, os paulistas viram-se forçados a uma desastrosa retirada para as margens do rio das Mortes. Os emboabas,

comandados por Bento do Amaral Coutinho, iniciaram uma campanha de emboscadas.

Cercados num matagal, trezentos paulistas renderam-se mediante a promessa de que seriam poupados fisicamente após a entrega das armas. Entretanto, ao vê-los indefesos, o comandante emboaba ordenou a matança geral. O local deste episódio, que provocou viva indignação em São Paulo, passou a ser conhecido pelo nome de “Capão da Traição”.

Decidido a pôr termo aos conflitos e matanças inúteis, partiu para as Minas Gerais o governador do Rio de Janeiro, D. Fernando Mascarenhas de Lencastre. Imediatamente começaram os rumores de que o objetivo de D. Fernando era punir severamente os sublevados e que na comitiva o próprio governador levava as algemas para prendê-los. Por esse motivo, D. Fernando e seus acompanhantes tiveram sua passagem barrada no Arraial de Congonhas pelos homens de Manuel Nunes Viana. Este, por meio de um emissário, revelou ao governador seu intento como “ditador” das Minas Gerais.

Somente em 1709, a Coroa portuguesa resolveu interferir diretamente na questão. D. Fernando de Lencastre foi substituído no cargo de governador do Rio de Janeiro por D. Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, descrito pelos seus contemporâneos como “homem justo, inteligente e fino diplomata”.

Esse, logo após assumir seu posto, recebeu do carmelita Frei Miguel Ribeiro informações de que os emboabas desejavam uma solução pacífica para o conflito. Imediatamente, o mandatário seguiu incógnito para as Minas Gerais. Fase final da Guerra dos Emboabas

Já havia várias dimensões nas hostes emboabas. Em Caeté, principal reduto das tropas forasteiras, o governador Antônio de Albuquerque encontrou oposição aberta à liderança de Manuel Nunes Viana. Aproveitando-se da fragmentação do movimento, Albuquerque intimou Viana a comparecer à sua presença. O chefe emboaba obedeceu, prestou-lhe submissão e retirou-se para a sua fazenda nas margens do Rio São Francisco.

Os paulistas, porém, não tinham esquecido o massacre do Capão da Traição. Dispostos a vingar o vergonhoso evento, prepararam uma expedição militar composta por 1.300 homens, chefiados por Amador Bueno da Veiga, para atacar e expulsar os emboabas.

As tropas paulistas cercaram o Arraial da Ponta do Morro, núcleo de fortificações emboabas. Lutou-se aí durante uma semana. Os comandantes paulistas não conseguiram superar suas divergências referentes à condução das operações. Além disso, corriam insistentes rumores de que poderosos reforços emboabas, saídos de Ouro Preto, rumavam para o local. Atemorizados, os paulistas se retiraram. O recuo de suas tropas marcou o término da Guerra dos Emboabas.

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89 História do Brasil CASD Vestibulares

A pacificação

Com a finalidade de pacificar a região, D. João V, por meio de uma carta Régia, datada de 09 de novembro de 1709, ordenou a criação da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro. A nova divisão regional, separada da jurisdição do governo do Rio de Janeiro, teve, porém, pouca duração: em 1720, a Coroa criou a Capitania de Minas Gerais. Além disso, devolveram algumas lavras auríferas a seus antigos proprietários paulistas e fundaram na região muitas vilas.

Essas medidas, tomadas por Antônio de Albuquerque, governador da nova capitania, muito contribuíram para serenar os ânimos nas Minas Gerais. A Guerra dos Emboabas e a expansão territorial

A guerra dos Emboabas teve grande importância para a completa conquista territorial do Brasil, pois as derrotas paulistas no conflito levaram-nos a procurar novos rumos em sua busca de metais nobres. Passados alguns anos, descobriram novos veios auríferos em Cuiabá e em Goiás. As expedições enviadas à região incorporaram essas extensas áreas do Centro-Oeste brasileiro ao raio de influência da colonização lusitana e garantiram, para Portugal, a posse definitiva de tão dilatados territórios. A GUERRA DOS MASCATES (1710)

A Guerra dos Mascates ocorreu devido às rivalidades existentes entre os comerciantes reinóis da cidade do Recife (pólo monopolizador) e a nobreza agrária pernambucana residente em Olinda (pólo produtor-consumidor colonial).

A animosidade existente entre ambas as classes intensificou-se, porque a empobrecida aristocracia pernambucana, embora estivesse perdendo a liderança econômica da capitania, procurava manter a primazia política.

A Câmara Municipal de Olinda, sob cuja jurisdição estava Recife, impedia sistematicamente que os comerciantes portugueses ricos, mas destituídos de nobreza, ocupassem cargos administrativos de importância. Os mascates - nome pejorativo dado aos comerciantes do Recife - ansiosos por uma autonomia política e inconformados com a hegemonia de Olinda - solicitaram à Corte, por meio de um requerimento, a elevação do Recife à condição de vila.

Em novembro de 1709, o governo de Lisboa, atendendo às reivindicações dos recifenses, determinou que o governador da Capitania, Sebastião de Castro Caldas, e o respectivo ouvidor, José Inácio de Arouche, fixassem os limites do novo município. Logo começaram a surgir vários desentendimentos. O ouvidor José Inácio, que tinha notória simpatia por Olinda, indispôs-se com o governador favorável à posição dos mascates e transferiu seu cargo de ouvidor para o magistrado Luís de Valenzuela Ortiz. Enquanto isso, os mercadores do Recife, numa

discreta cerimônia realizada na madrugada de 15 de fevereiro de 1710, erigiram, na praça municipal da cidade, um pelourinho, símbolo da autonomia do município.

Outro fato agravaria ainda as já tensas relações entre recifenses e olindenses. A 17 de outubro, Sebastião de Castro Caldas foi alvejado a tiros, saindo ferido. Imediatamente, o mandatário deu início à repressão: inúmeras prisões foram ordenadas. Em represália, os olindenses iniciaram os preparativos para a luta armada. Caldas, temendo as conseqüências de uma eventual invasão do Recife, fugiu para a Bahia.

Logo após a deserção do governador, os olindenses entraram sem resistência no Recife e demoliram o pelourinho. Fizeram-no na presença de doze mamelucos enfeitados de penas, como se estivessem manifestando publicamente seu nativismo.

Com a vitória, os mais radicais, conduzidos por Bernardo Vieira de Melo, propuseram a independência de Pernambuco e a proclamação da República, nos moldes de Veneza. Os moderados opinavam que se deveria entregar o poder ao legítimo sucessor do governador foragido, o bispo D. Manuel Álvares da Costa. Vitoriosa a segunda tese, o prelado, ao assumir o governo pernambucano, comprometeu-se a respeitar uma série de exigências dos olindenses, entre as quais se destacam: • reconhecimento da hegemonia de Olinda. • anistia para todos os implicados no levante. • anulação da medida que elevara Recife à categoria

de vila . • abertura dos portos pernambucanos às

embarcações estrangeiras. • limitações às cobranças de juros e dívidas por parte

dos comerciantes do Recife.

Inconformados com a vitória de Olinda, os mercadores recifenses deram início aos preparativos para uma revolta geral. Um incidente de pequena importância, ocorrido entre soldados da guarnição de Vieira de Melo e do destacamento do Recife, serviu de pretexto para a retomada das hostilidades. Os recifenses, liderados por João da Mota, detiveram o bispo Álvares da Costa no Colégio dos Jesuítas, cercaram a moradia de Vieira de Melo e restauraram Sebastião Caldas, ainda refugiado na Bahia, no cargo de governador de Pernambuco. Este, entretanto, não conseguiu voltar à capitania; D. Lourenço de Almeida, governador -geral do Brasil, informado da agitação em Pernambuco, prendeu-o na fortaleza militar de Santo Antônio.

O bispo Manuel Álvares da Costa, forçado pelos mascates a assinar uma proclamação às forças militares pernambucanas, ordenando que respeitassem o “governo restaurado”, fugiu de Olinda. Aí, alegando querer evitar um banho de sangue, passou o poder a uma junta, por ele nomeada, de que faziam parte o ouvidor Valenzuela Ortiz, o coronel Domingos Bezerra Monteiro, o capitão Antônio Bezerra Cavalcanti, o procurador Estevão Soares de Aragão e o mestre de campo Cristóvão de Mendonça Arrais.

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Interessada em por fim as hostilidades, a Coroa nomeou um novo governador para a área. A 06 de outubro de 1711, chegava ao Recife, trazendo o perdão real para todos os envolvidos no conflito, Félix José Machado de Mendonça Eça Castro e Vasconcelos. Com a chegada do novo mandatário, as duas facções depuseram as armas.

Entretanto, o novo governador, que inicialmente se mostrava apartidário, aos poucos passou a favorecer ostensivamente os mascates. Alegando a existência de uma conspiração contra sua vida, ordenou a prisão de dezenove olindenses de prestígio. Em virtude da perseguição movida pelo governador, os líderes de Olinda, refugiados no sertão, fundaram a “Liga de Tracunhaém”, com a finalidade de depor Félix José Machado.

Finalmente, D. João V, em virtude das reclamações enviadas a Lisboa pela Câmara de Olinda, restituiu a liberdade e os bens das vítimas do governador Félix José Machado. Recife, porém, manteve a condição de vila e capital de Pernambuco, depois de restaurados seu pelourinho e seus foros de município. Com a vitória dos comerciantes portugueses, encerrou-se a Guerra dos Mascates. A REBELIÃO DE VILA RICA OU REVOLTA DE FILIPE DOS SANTOS (1720)

A Rebelião de Vila Rica foi um dos inúmeros levantes provocados pelo rigoroso fiscalismo exercido pelos portugueses durante o “ciclo do ouro”. Desde o início da exploração aurífera, a Real Fazenda vinha impondo sobre a mineração uma série de pesados tributos. A 11 de fevereiro de 1719, a Coroa instituiu um pesado imposto; o “quintamento” do ouro.

Esse tributo obrigava cada minerador a dar à Coroa a quinta parte de toda a sua produção. Para melhor controle da cobrança do “quinto”, as autoridades reinóis proibiram, em 1720, a circulação do ouro em pó. Ao mesmo tempo, estabeleceram-se as Casas de Fundição, onde, depois de deduzida a parte que cabia ao Real Erário, fundia-se o ouro em barras e marcavam-se estas com o selo Real. Somente o ouro quintado - o nome que dava ao metal após a fundição - podia ser negociado livremente.

Barra de ouro quintado

Temendo que a medida provocasse tumultos,

o governador das Minas Gerais, D. Pedro de Almeida Portugal, Conde de Assumar, pediu o envio de um regimento da cavalaria à zona mineradora. Com a chegada dos soldados, os habitantes de Pitangui, liderados por Domingos Rodrigues Prado, realizaram várias manifestações. As tropas portuguesas prontamente reprimiram o levante. Ao descontentamento causado pela nova legislação referente à cobrança do “quinto“ real, acrescentou-se a

revolta da população diante da ação violenta dos dragões de cavalaria.

Às 23 horas do dia 28 de junho de 1720, véspera da festa de São Pedro, um grupo de mascarados atacou a casa do ouvidor-mor de Vila Rica. Ao amanhecer, quando uma multidão se aglomerava no largo da Câmara, os chefes da revolta enviaram um memorial ao governador, redigido pelo letrado José Peixoto da Silva. Nesse documento exigiam: • redução de diversos impostos e das custas

judiciais. • abolição dos “estancos” (monopólios) da carne,

aguardente, fumo e sal. • a suspensão da medida que determinava a

obrigatoriedade da fundição do ouro.

O Conde de Assumar, temendo que a revolta se alastrasse, respondeu que “concederia ao povo tudo que fosse justo, contanto que se restabelecesse a ordem”. Os revoltosos, percebendo que o governador procurava ganhar tempo, exigiram que o mesmo abandonasse Ribeirão do Carmo, onde se encontrava, e se dirigisse para Vila Rica. Diante da recusa de Assumar, na madrugada de 02 de junho, uma enorme multidão partiu a seu encontro. Ao chegar a Ribeirão do Carmo, a turba, após ocupar a praça fronteira ao palácio, foi recebida de maneira conciliadora.

Novamente, o mesmo letrado Peixoto apresentou por escrito as reivindicações populares. A cada item do memorial, Assumar respondia, “deferido como pedem”. Quando Peixoto leu, de uma das janelas do paço, o alvará que garantia a concessão de tudo que se pedira, aclamações entusiásticas se fizeram ouvir. Com a leitura do alvará - que o conde não pretendia cumprir de forma alguma - os habitantes de Vila Rica julgaram-se quase completamente livres das prerrogativas, regalias e interferências da Coroa portuguesa. Pacificada, a multidão regressou triunfante a Vila Rica.

O Conde de Assumar aproveitou-se do arrefecimento dos ânimos do povo, ludibriado pelas “concessões” governamentais, para debelar o levante. Inicialmente, ordenou a prisão de líderes. Antes que se pudesse organizar uma reação em Vila Rica, foram detidos Manuel Mosqueira da Rosa, Sebastião da Veiga Cabral, Pascoal Guimarães de Filipe dos Santos. Este último, minerador pobre e brilhante orador, defendera posições radicais, projetando-se como líder popular do movimento.

Na manhã de 16 de julho de 1720, o governador, à frente de 1.500 homens armados, entrou vitoriosamente em Vila Rica. Imediatamente, a pretexto de vingança, mandou incendiar as casas dos revoltosos. O fogo consumiu ruas inteiras no Arraial situado no, hoje chamado, Morro das Queimadas, em Ouro Preto. No mesmo dia, Filipe dos Santos, humilde e desprovido de amigos influentes, foi enforcado e esquartejado.

A Rebelião de Vila Rica, em virtude de violenta repressão que desencadeou, contribuiu bastante para acelerar o processo de tomada de consciência, por parte da população brasileira, do caráter brutal e espoliativo da dominação colonialista portuguesa.

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A ADMINISTRAÇÃO POMBALINA (1750-1777)

Esta rígida centralização metropolitana atingiu o apogeu na época do marquês de Pombal: déspota esclarecido e ministro do rei português D. José I. Em sua administração, Pombal: • criou novas companhias de comércio: Companhia

de Comércio do Grã-Para e Maranhão (1755) e Companhia de Comércio de Pernambuco e Paraíba (1759);

• extinguiu o sistema de Capitanias Hereditárias (1759);

• extinguiu o Estado do Grão-Pará e Maranhão (1774);

• criou a derrama (como forma de cobrança de impostos);

• determinou a expulsão dos jesuítas de Portugal e de suas colônias (1759);

• transferiu a capital de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763, porque o Rio de Janeiro estava mais próximo da região mineradora e porque era pelo porto daquela cidade que se fazia o embarque do ouro brasileiro.

Ao expulsar os jesuítas de Portugal e de suas colônias, inclusive do Brasil, o marquês de Pombal tinha por objetivo fortalecer política e economicamente o poder monárquico, colocando em xeque a influência da Companhia de Jesus em Portugal. Para muitos, a realização glorificante de Pombal foi a reforma na Universidade de Coimbra. O Marquês introduziu, naquela Universidade, o estudo das ciências exatas e naturais, bem como estimulou a transformação dos estudos jurídicos, de acordo com o pensamento iluminista. Com esta reforma, o marquês de Pombal buscava inserir Portugal no contexto do “Século das Luzes”, pela introdução das disciplinas científicas, até então boicotadas pela educação jesuítica.

MOVIMENTOS EMANCIPACIONISTAS INCONFIDÊNCIA MINEIRA (1789)

No fim de 1788, chegou em Vila Rica o novo governador, visconde de Barbacena, trazendo ampla orientação de Lisboa, no sentido de reformar os negócios na capitania.

Perante as ordens reais, não houve parcela da elite mineira no poder que não se sentisse ameaçada, sobretudo diante da disposição do novo governador em cumpri-las até o fim.

Evidenciava-se um conflito de grandes dimensões. A elite mineira iria se confrontar com a poderosa oligarquia mercantil-industrial metropolitana, representada pelo Estado. Seus interesses divergiam e para a plutocracia colonial era chegada a hora da separação.

Além dos que possuíam interesses financeiros a defender, a Inconfidência Mineira também recebeu apoio dos ativistas e ideólogos.

O programa dos inconfidentes espelhava-se na independência norte-americana e expressava os

interesses dos diferentes grupos que apoiavam o movimento: 1. Estabelecimento da capital da República em São João del Rei; 2. Criação de uma nova casa da moeda e fixação do câmbio para 1$500 réis por oitava de ouro; 3. Abolição das restrições legislativas que pesavam sobre o Distrito Diamantino; 4. Liberação das manufaturas; 5. Estabelecimento de uma fábrica de pólvora; 6. Liberação de escravos e mulatos nascidos no Brasil; 7. Fundação da Universidade de Vila Rica; 8. Abolição do exército permanente e sua substituição por uma milícia nacional de cidadãos; 9. Criação de parlamentos locais e um central; 10. Tomás Antônio Gonzaga governaria os três primeiros anos, ao fim dos quais haveria eleição; 11. Perdão das dívidas extensivo a todos.

Havia dois pontos sobre os quais não existia inteiro acordo entre os conspiradores: o assassinato do governador Barbacena e o problema da abolição da escravatura - nos dois casos, uns eram a favor outros contra.

Para a realização desse programa havia se reunido um grupo bastante heterogêneo, em sua maioria membros da elite mineira. Participavam da conspiração alguns dos homens mais ricos de Minas, como João Rodrigues de Macedo. Mas também os poetas árcades, Cláudio Manuel da Costa (que era desembargador), Tomás Antônio Gonzaga (que era ouvidor) e Alvarenga Peixoto (que era advogado e minerador), além de religiosos como o padre Oliveira Rolim, o cônego Luís Vieira e membros da tropa paga de minas, como Tiradentes e o coronel–chefe Francisco de Paula Andrade. A conspiração teve início em fins de dezembro de 1788, mas derivava de insatisfação de longa data. Por volta de 1776, quando os EUA proclamaram a sua independência, Minas contava com uma população de 300.000 habitantes, excluídos os índios. Este contingente representava 20 % da população do Brasil e era a maior aglomeração da colônia. Por essa época, a mineração já se encontrava em franco declínio e a agricultura já havia se convertido, em Minas, numa atividade predominante, de modo que a decadência da mineração não significou, em absoluto, a decadência econômica da região.

Apesar da ruralização, Minas contrastava com as regiões de antiga colonização como o nordeste. Devido à mineração, sua economia desde o princípio foi altamente mercantilizada. Desde 1760, quando já havia se esgotado o ouro de aluvião, a economia de Minas, agora de base rural, manteve o dinamismo da região, comandada por homens empreendedores que contrariavam o espírito patriarca dominante no nordeste. Além do mais, eram homens mais cultos e bem-informados, como atesta a qualidade da poesia que se produzia então em Minas.

Além desses, outros fatores contribuíram para o amadurecimento da consciência emancipacionista em Minas. A primeira foi, sem dúvida, a opressiva política fiscal da Coroa, agravada principalmente com a instituição da derrama pelo marquês de Pombal e,

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mais tarde, já no reinado de D. Maria I, com o Alvará de 1785, que proibia o funcionamento de manufaturas em todo o Brasil mas que, de fato, tinha em vista Minas Gerais. Em segundo, exerceram papel de relativa importância as arbitrariedades do governador D. Luís da Cunha Meneses, que foi imortalizado nas sátiras Cartas Chilenas de autoria duvidosa (Cláudio Manuel da Costa ou Tomás Antônio Gonzaga?). Nessa sátira, D. Luís da Cunha é o personagem principal, com o nome de Fanfarrão Minésio. Em terceiro lugar, é preciso ressaltar a importância do pensamento ilustrado europeu, que tinha como centro a França. Daí a referência constante das autoridades coloniais aos “abomináveis princípios franceses...”.

Ao lado dos autores iluministas, ecoavam como apelo a ação os nomes de George Washington, Benjamin Franklin, Thomas Jefferson e Tom Paine. A constituição norte-americana de 1787 era lida com avidez no Brasil. Chegou-se a ter esperança de obter o apoio dos EUA à causa brasileira. É o que demonstram os pedidos nesse sentido feitos pelo estudante em Coimbra, José Joaquim de Maia, que se correspondeu com Thomas Jefferson, então embaixador na França.

Outro estudante, José Álvares Maciel, também fazia tentativas de aproximação com os norte-americanos. Quanto à ação revolucionária propriamente dita, os inconfidentes tinham arquitetado um plano militar que deveria ser acionado no dia da derrama.

Surge a idéia de que Minas Gerais se rebele contra Portugal e se torne uma república livre, todos estão preparados para a revolução. Uma bandeira é desenhada, nela o triângulo e os dizeres: ''Libertas Quae Sera Tamem'', que significa ''Liberdade, ainda que tardia''.

O visconde de Barbacena, que assumira o governo de Minas em 1788 em substituição ao impopular Cunha Menezes, vinha com a missão de cobrar da capitania a dívida atrasada que ultrapassava as 500 arrobas de ouro. Para as autoridades portuguesas, essa dívida decorria de fraudes e não do esgotamento das Minas. Por isso, julgavam justificado o lançamento da derrama.

Segundo se supunha, a derrama seria lançada em meados de fevereiro de 1789. Em fins de dezembro de 1788, teve início a conspiração, com a participação de seis pessoas, entre as quais Tiradentes.

Todavia, o governador Barbacena hesitava: Minas era pobre, a mineração encontrava-se em declínio e a derrama poderia desencadear revoltas incontroláveis. No dia 14 de março de 1789 ele finalmente tomou a decisão: comunicou oficialmente a suspensão da derrama à Câmara Municipal de Vila

Rica. No dia seguinte, Silvério dos Reis denunciou a conspiração. A senha para o início da revolta era “Tal dia é o batizado”. A traição tinha uma forte razão financeira. O Coronel Joaquim Silvério dos Reis, endividado, achou um meio fácil para quitar suas dívidas com a coroa portuguesa: delatar os inconfidentes. Silvério dos Reis corria o risco de perder seus bens por dever enormes somas de impostos. Tomando conhecimento da conspiração, Barbacena começou a agir com cautela na desmontagem do movimento. No mês de maio foram efetuadas as prisões iniciando-se a devassa. Em 18 de abril de 1792 foi lida a sentença que condenava onze inconfidentes à morte, enquanto para os demais a pena variava de prisão perpétua a degredo, açoite e confisco dos bens. Porém a pena de morte de dez condenados foi comutada para degredo perpétuo na África, com exceção de Tiradentes, o mais humilde em sua condição social, que foi executado e esquartejado.

No dia 21 de abril de 1792, Tiradentes foi enforcado no largo da Lampadosa no Rio de Janeiro, para que servisse de exemplo a outros que porventura tivessem idéias semelhantes.

Depois de morto, Tiradentes foi esquartejado e os pedaços de seu corpo espalhados pela estrada que levava a Vila Rica. Sua cabeça, posta numa gaiola e presa a um poste de ignomínia, ficou exposta no centro de Vila Rica, atual praça Tiradentes. Terminava, assim, a primeira conspiração emancipacionista do Brasil.

Tiradentes foi considerado pelo império um traidor que atentou contra o direito divino dos reis, e não como um mártir da independência. Com a proclamação da República, foi transformado em símbolo da luta pela independência. INCONFIDÊNCIA BAIANA OU CONJURAÇÃO DOS ALFAIATES (1798)

A Inconfidência Baiana de 1798, também chamada Conjuração Baiana, teve características bem diferentes das anteriores, especialmente porque seus participantes pertenciam às camadas pobres da população.

Os chefes da Inconfidência foram Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens, que eram soldados, João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira, alfaiates. A conspiração é por isso conhecida também como revolta dos alfaiates.

Inspirados nos ideais da Revolução Francesa (LIBERTÉ, FRATERNITÉ E EGALITÉ - Liberdade, Fraternidade e Igualdade), os inconfidentes pretendiam proclamar a República. As idéias políticas da Revolução Francesa continuavam a chegar no Brasil, sobretudo através da maçonaria. Na Bahia foi criada a primeira loja maçônica, Cavaleiros da Luz, que contava com a participação de intelectuais, como José da Silva Lisboa, futuro visconde de Cairu, e o cirurgião Cipriano Barata.

Em 12 de Agosto de 1798, os conspiradores colocaram nos muros da cidade papéis manuscritos chamando a população à luta e proclamando idéias de Liberdade, Igualdade, Fraternidade e República. Utilizavam-se de palavras como: “Animai-vos povo

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93 História do Brasil CASD Vestibulares

bahiense que está para chegar o tempo feliz de nossa Liberdade: o tempo em que todos seremos irmãos, o tempo em que todos seremos iguais.” (Citado em RUY, Afonso. A primeira revolução social brasileira, pg. 68) O governador da Bahia, D. Fernando José de Portugal e Castro, ordenou que se identificasse o autor dos manuscritos e mandou que investigassem as denúncias de conspiração. Foi preso e dado como autor dos folhetos o soldado Luís Gonzaga das Virgens. Sua prisão provocou o início do ataque a Salvador, proferido por João de Deus. Entrando aos gritos em Salvador, os revoltosos, sem qualquer preparo militar, foram contidos pelas tropas do governo, sendo muitos presos e alguns mortos. Reprimida a rebelião, submeteu-se a julgamento os principais líderes. Alguns foram condenados à morte por enforcamento e depois esquartejados. Intelectuais, como Cipriano Barata, foram absolvidos. Esta conjuração diferenciou-se da de Minas Gerais pelo seu caráter popular. Não se prendeu apenas à idéia de libertar o Brasil de Portugal, mas de atender às reivindicações das camadas mais pobres da população. REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA (1817)

Por volta do início do século XIX, Pernambuco já possuía uma tradição nativista secular, que se iniciara com a expulsão dos holandeses (1654) e se acentuara por ocasião da Guerra dos Mascates (1710). Devido à animosidade reinante entre brasileiros e portugueses, os reinóis chamavam de "cabras" aos nativos; estes, por sua vez, denominavam de "galegos", "corcundas", "marinheiros", ou "pés-de-chumbo" aos portugueses.

Paralelamente ao sentimento nativista, a independência dos Estados Unidos, os ideais políticos da Revolução Francesa e o movimento de libertação da colônias da América espanhola inspiraram os desejos libertários do povo pernambucano. A fundação do "Areópago de Itambé" foi fruto das idéias autonomistas acalentadas em Pernambuco. "Criado antes de 1800 sob a inspiração e direção do sábio Manuel Arruda da Câmara, podemos considerar o Areópago de Itambé uma sociedade secreta política e maçônica no seu espírito" (Oliveira Lima).

O historiador Sérgio Buarque de Holanda ressalta que essas "sociedades na época organizadas em forma de areópagos ou academias, não se enquadravam na estrutura das lojas maçônicas.” Eram núcleos, necessariamente secretos, em face de sua finalidade emancipacionista e da opressão do aparelho repressivo colonial, mas sem apresentarem a configuração específica das organizações maçônicas, tendo uma finalidade clara e precípua, que era a da libertação nacional.

Outra entidade que muito ajudou na propagação de idéias libertárias em Pernambuco foi o Seminário de Olinda, fundado pelo Bispo José de Azevedo Coutinho em 1800, na antiga Igreja e Colégio dos Jesuítas.

Desde 1804 governava Pernambuco Caetano Pinto Montenegro, de quem o povo dizia que "era Caetano no nome, Pinto na coragem, Monte na altura e Negro nas ações". Em sua administração, o processo revolucionário atingiu a fase explosiva. A idéia de independência alastrava-se não somente nas sociedades secretas, mas também no interior dos quartéis e dos templos católicos.

Caetano Pinto constantemente recebia denúncias de que uma conspiração estava em andamento. Um fato, porém, apressou as medidas repressivas do governo: na festa da Estância, realizada em comemoração à expulsão dos holandeses, um oficial brasileiro do regimento "dos Henriques" espancou um português que insultara os coloniais com palavras pesadas. Pouco depois, a 4 de março de 1817, uma ordem do dia recomendava aos oficiais e soldados dos regimentos de Recife que evitassem a convivência com pessoas envolvidas em conspirações.

Dois dias após, seguindo recomendações de um conselho Militar, o governador ordenou a prisão de vários suspeitos, entre eles o Padre João Ribeiro, o cirurgião Vicente Peixoto, os comerciantes Domingos José Martins e Antonio Gonçalves da Cruz (apelidado "o Cabugá"), os tenentes Manuel de Souza Teixeira e José Mariano Cavalcanti e os capitães Domingos Teotônio Jorge e José de Barros Lima, este último cognominado "Leão Coroado", por sua grande bravura e por possuir uma calva em forma de coroa.

Encarregado de prender os civis, o marechal José Roberto executou a ordem prontamente. Ao brigadeiro Manuel Joaquim Barbosa de Castro coube a detenção dos militares.

O oficial português, imprudentemente, ao dar voz de prisão ao capitão Barros Lima, insultou-o com termos de baixo calão. Imediatamente, o "Leão Coroado" atravessou-o com a espada, gritando: "morre, pois, infame". O falecimento do brigadeiro Barbosa de Castro marcou o início da insurreição.

O governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro, informado dos acontecimentos, enviou ao local da sublevação seu ajudante-de-ordens, o tenente coronel Alexandre Tomás de Aquino Siqueira, que foi mortalmente ferido a bala. Percebendo a gravidade da situação, o mandatário pernambucano refugiou-se no Forte de Brum. Nesse momento, a insurreição ganhou as ruas. Logo se organizou um governo republicano, com a eleição de uma junta governativa composta de cinco membros: Domingos José Martins, representando o comércio; Domingos Teotônio Jorge, o exército; o padre João Ribeiro, o clero; Manuel Correia de Araújo, o latifúndio; e José Luís de Mendonça, a Justiça.

Além disso, foram enviados ao exterior representantes do governo revolucionário. Para os Estados Unidos seguiu Antônio Gonçalves da Cruz, encarregado de buscar armas; para a Inglaterra viajou Henry Koster (apelidado popularmente de "Henrique da Costa"), com credenciais que dariam a Hipólito José da Costa, jornalista brasileiro expulso pela Inquisição, o cargo de embaixador da República de Pernambuco junto à Coroa Inglesa; e a Buenos Aires os pernambucanos enviaram Félix José Tavares de

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Lima, com a missão de obter o apoio dos povos do Prata à causa pernambucana.

Enquanto se registravam esses acontecimentos em Pernambuco, a insurreição espalhou-se pelo Nordeste. Não tardaram a aderir ao movimento o Ceará, a Paraíba, o Rio Grande do Norte e Alagoas.

Para o Ceará, então governado por Manuel Inácio Sampaio, seguiram emissários do governo provisório. Os primeiros foram rapidamente aprisionados. Entretanto, o seminarista cearense José Martiniano de Alencar e mais dois companheiros chegaram à cidade do Crato onde obtiveram o apoio do capitão-mor José Pereira Filgueiras, homem rude e ignorante, mas de grande prestígio na região.

No dia 3 de maio, após a missa, Alencar leu um manifesto revolucionário e fez uma oração em favor da independência.

No dia 4 de maio, reunidos no prédio da Câmara, Alencar e seus partidários proclamaram a República e em seguida nomearam os novos magistrados e os membros do Parlamento local.

O capitão Filgueiras, não acreditando no sucesso dos insurretos, voltou-se contra o movimento. Informado disso, o povo abandonou imediatamente a causa republicana. Em Crato, Filgueiras dissolveu a República e restabeleceu a antiga Câmara.

O governador da Bahia, Conde dos Arcos, providenciou a organização de forças militares para a restauração do domínio português nas províncias revoltadas. Sob o comando do marechal Cogominho de Lacerda, foi enviado um contingente de vanguarda para Alagoas. Do Rio de Janeiro partiu uma frota, comandada pelo almirante Rodrigo Lobo, que conduzia um grande exército, chefiado pelo general Luís do Rego Barreto.

Os insurretos não conseguiram resistir às operações militares governamentais. No dia 15 de maio, no engenho Guerra, travou-se decisiva batalha entre o exército republicano e o do marechal Lacerda.

As tropas revolucionárias, irremediavelmente batidas, tiveram de se retirar para o Recife. O governo provisório, consciente de que não poderia sustentar por muito tempo o bloqueio marítimo e o assédio das forças governamentais, procurou uma capitulação honrosa. Porém, Rodrigo Lobo exigiu rendição incondicional.

Domingos Teotônio Jorge, então chefe único do governo revolucionário, percebendo que nada adiantaria fazer correr mais sangue, retirou-se de Recife. Ao saber que a capital da província rebelada estava indefesa, Rodrigo Lobo ordenou o desembarque de seus homens, enviando simultaneamente ordens a Cogominho para que se aproximasse com suas tropas.

Selada a sorte da revolução, teve início a caça aos patriotas. Inúmeros insurretos foram açoitados publicamente. Engenhos foram confiscados e propriedades saqueadas. Domingos Teotônio Jorge, José de Barros Lima e o vigário Pedro de Souza Tenório foram executados após julgamento sumário, presidido pelo capitão-general Luís do Rego Barreto, que chegara a Pernambuco a 28 de junho para exercer o cargo de governador da província. Ao

mesmo tempo, eram mortos na Bahia Domingos José Martins, José Luís de Mendonça e o padre Miguel Joaquim de Almeida e Castro (o "padre Miguelzinho", professor de retórica no Seminário de Olinda).

A 6 de agosto o príncipe regente ordenou que suspendessem as execuções e que se estabelecesse uma Alçada sob a presidência do desembargador Álvares de Carvalho. Entretanto, o governador Luís Rego, compreendendo que não convinha ao governo continuar a matança dos patriotas, apoiou o pedido de anistia que o Senado da Câmara dirigiu ao mandatário português. O herdeiro dos Bragança a concedeu no dia de sua coroação como rei de Portugal (6 de fevereiro de 1818), com o nome de D. João VI.

BRASIL JOANINO TRANSMIGRAÇÃO DOS BRAGANÇAS

Visando abalar a economia da Grã-Bretanha, Napoleão I, imperador da França, editou em 1806 o Decreto de Berlim, que instituía o bloqueio de todos os portos do Continente Europeu às manufaturas britânicas. Essa medida se tornou conhecida pelo nome de "Bloqueio Continental".

Em seguida, para receber o apoio de Portugal - tradicional aliado da Inglaterra - para sua iniciativa, ordenou ao embaixador francês em Lisboa, M. Rayneval, que fizesse ao príncipe regente D. João as seguintes exigências: • imediata declaração de guerra à Inglaterra. • fechamento dos portos portugueses às

embarcações britânicas. • incorporação das belonaves lusas à poderosa

esquadra francesa. • seqüestro dos bens de todos os súditos ingleses

residentes em Portugal.

Para ganhar tempo, o príncipe português deu início a um dúbio jogo diplomático. Em primeiro lugar, propôs à Coroa Inglesa que simulasse estar em conflito aberto com Portugal. Recusado o pedido, em outubro de 1807, D. João determinou que se fechassem os portos do Reino às naus destinadas à Inglaterra ou provenientes do país. Logo após, dando prosseguimento à sua inequívoca política antibritânica, a Coroa lusa decretou a prisão dos cidadãos ingleses sediados em terras portuguesas e o confisco de seus bens.

Ao imperador francês, no entanto, não agradou a hesitante política do regente. A 27 de outubro de 1807, em Fontainebleau, Napoleão assinou um acordo secreto com o governo de Madri, segundo o qual Portugal e seus territórios ultramarinos seriam partilhados entre França e Espanha. Para a Inglaterra, ameaçada pelo poderoso inimigo francês - Napoleão reunira todo o Continente Europeu em seu sistema de dominação - era vital a permanência de Portugal em sua esfera de influência.

Entretanto, a Coroa Britânica não tinha condições de oferecer ao aliado lusitano auxílio eficaz contra a agressão bonapartista. Ciente da perda do território continental luso, a Grã-Bretanha procurou obter uma compensação mediante o domínio da

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grande colônia portuguesa da América. Nesse sentido, ainda em outubro de 1807 - graças à hábil mediação do plenipotenciário inglês em Lisboa, Lord Strangford - ministros portugueses e britânicos assinaram uma convenção secreta em Londres. Esse acordo determinava a transferência temporária da sede da monarquia lusitana para o Brasil. A 29 de novembro de 1807, com tropas invasoras franco-espanholas já às portas de Lisboa, a Corte embarcou para o Continente Americano.

O embarque da Família Real de Bragança, acompanhada por altos dignitários da nobreza, do clero, do funcionalismo e das forças militares, realizou-se sob chuvas torrenciais. A mando do príncipe D. João, a demente rainha D. Maria I, em meio a brados

de desespero e protesto contra a retirada do governo para o Brasil, foi carregada à força para o interior de uma das naus. Aos lamentos da rainha, juntaram-se as vaias do povo, revoltado com a fuga da Família Real.

Durante a viagem, a esquadra lusitana, comboiada por uma flotilha britânica sob o comando de Sidney Smith enfrentou forte tempestade. Em conseqüência, algumas naus, inclusive a que trazia D. João, foram obrigadas a aportar em Salvador, a 22 de janeiro de 1808. Dias depois, o regente prosseguia sua viagem, chegando ao Rio de Janeiro em meio a ruidosas comemorações, a 7 de março.

POLÍTICA ECONÔMICO-FINANCEIRA

DE D. JOÃO

Logo após o desembarque, ainda em Salvador, o governador português declarou abertos, em caráter provisório, os portos da Colônia a "todas as nações amigas", franqueando-os ao comércio internacional (Carta Régia de 28 de janeiro de 1808).

Essa medida, aconselhada por José da Silva Lisboa (futuro Visconde de Cairu), correspondeu a uma imposição da nova realidade implantada com o advento da Corte Lusa, ou seja, à necessidade de fornecer recursos ao erário público para a montagem de um aparelho administrativo no Brasil. Dessa necessidade resultou a principal conseqüência da abertura dos novos portos: a fixação da tarifa alfandegária única de 24% ad valorem. A abertura dos portos teve ainda outras conseqüências importantes: • fez diminuir consideravelmente o contrabando,

atividade até então em franco progresso na colônia brasileira.

• forneceu recursos à Real Fazenda. • estimulou as trocas internacionais.

• impossibilitou, em virtude do grande afluxo de mercadorias estrangeiras, o surgimento de manufaturas brasileiras.

• deu "status" de cidade aos portos instituídos oficialmente (além disso, a grande afluência de naus estrangeiras aumentou a importância dos portos do Rio de Janeiro, Salvador, Recife, São Luís, Belém, e, em menor escala, Desterro, Rio Grande e Santos).

Em decorrência do ato de abertura dos portos,

a Inglaterra, cujas manufaturas inundaram o mercado da Colônia, praticamente excluiu a burguesia portuguesa do comércio brasileiro. Eliminadas as restrições monopolistas do Pacto Colonial (o exclusivo), base em que se assentara a dominação metropolitana, Portugal e sua camada mercantil passaram a não dispor de condições para enfrentar a concorrência estrangeira. Além disso, a Grã-Bretanha logo cuidara de preservar a libertação comercial de que se fizera a grande beneficiária.

Em 1810, Lord Stangford - apoiado na maciça presença naval inglesa em águas brasileiras - e Rodrigo de Souza Coutinho, líder da facção anglófila que cercava o príncipe regente, firmaram dois tratados. Um deles dispunha sobre comércio e navegação, e o outro, sobre amizade e aliança. Ambos confirmaram o controle britânico sobre a vida econômica e financeira do Brasil.

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Dentre as obrigações que compunham esses acordos, destacavam-se as seguintes: • tarifas alfandegárias preferenciais para as

mercadorias inglesas ("no decreto de abertura dos portos fixa-se um direito geral de importação para todas as nações de 24% ad valorem. As mercadorias portuguesas seriam beneficiadas depois com uma taxa reduzida de 16%. Pelo Tratado de 1810, a Inglaterra obteve uma tarifa preferencial de 15%, mais favorável, portanto, à própria outorgada a Portugal" - Caio Prado Júnior)

• D. João obrigava-se a não permitir o estabelecimento da Inquisição na América portuguesa.

• o príncipe regente comprometia-se a abolir gradualmente o tráfico de escravos negros para o Brasil.

• os súditos ingleses residentes no Brasil escolheriam seus próprios juízes; entretanto, nos domínios britânicos, os cidadãos luso-brasileiros estariam sujeitos à legislação britânica.

Na verdade, os tratados firmados em 1810

objetivavam: • assegurar a presença de uma esquadra inglesa em

águas brasileiras. • manter o livre comércio. • obter liberdade de moradia e religião para os

súditos ingleses aqui residentes. • fazer do Brasil a base para a conquista do comércio

platino. • assegurar à Dinastia Bragança, fiel aliada da

Inglaterra, a permanência no Trono Português. • proteger a posição comercial das colônias

britânicas em relação a seu mercado metropolitano (os principais produtos agrícolas do Brasil - o açúcar e o algodão, já cultivados nos domínios ingleses - não interessavam, portanto, ao comércio britânico. Para a Inglaterra, nosso país era um mercado consumidor, e não fornecedor).

• garantir para a Inglaterra o direito de nomear cônsules no Brasil.

A vinda da Família Real portuguesa modificou

radicalmente a situação do Brasil que, de simples Colônia, ascende à posição de sede da Monarquia de Bragança.

Desse fato decorreu a necessidade de se realizar ampla reforma na vida econômica brasileira. Nesse sentido, tomaram-se diversas medidas, todas elas destinadas a abolir os antigos entraves à produção e ao comércio coloniais.

O alvará de 1º de abril de 1808 permitiu o estabelecimento de fábricas manufatureiras. A 30 de janeiro de 1810, o príncipe autorizou a livre venda de mercadorias pelas ruas e casas. Para justificar sua determinação, o regente alegou que o interesse geral exigia que fosse livre a todos os súditos buscar "na útil divisão do trabalho, conforme a escolha de cada um, os meios de subsistência".

Em prosseguimento à liberalização econômica, o alvará de 28 de setembro de 1811 possibilitou o comércio de quaisquer gêneros não expressamente vedados em lei.

A 18 de julho de 1814, permitiu-se a livre entrada de navios de qualquer nação nos portos dos Estados portugueses e a saída dos nacionais para portos estrangeiros.

Por fim, a 11 de agosto de 1815, suspenderam-se as proibições à ourivesaria, estabelecidas pela Carta Régia de 30 de julho de 1766.

Entretanto, a política econômica de D. João caracterizou-se por atitudes contraditórias. Desde sua chegada, o regente oscilou entre a necessidade de liberalizar a economia colonial e a de proteger os interesses da burguesia lusitana. Essa situação o levou a adotar, inúmeras vezes, posições e medidas de cunho mercantilista.

A plena aceitação dos princípios do livre-cambismo significaria destruir os fundamentos sobre os quais se apoiava a dominação da metrópole. Por outro lado, a nova realidade brasileira impossibilitava a manutenção dos embargos monopolistas do "exclusivo metropolitano". Os conflitos de interesses decorrentes desses fatores acentuaram as divergências entre os colonos e os comerciantes e agentes do Reino.

Para os brasileiros, era essencial a contínua ampliação da liberdade adquirida. Para os portugueses, era chegado o momento de restringi-la. A política de D. João, dúbia e vacilante, viria acentuar as contradições entre a Colônia e a Metrópole, tornando inevitável o rompimento entre ambas. REALIZAÇÕES JOANINAS

Com a transformação do Brasil em sede da monarquia portuguesa, tornou-se necessário transferir para o Rio de Janeiro secretarias de Estado, tribunais e outras repartições públicas, antes estabelecidas em Lisboa. Também havia necessidade de adaptar à nova ordem os organismos administrativos aqui instalados.

A 11 de março de 1808, D. João, dando início a uma ampla reforma do aparelho estatal, nomeou os titulares dos ministérios que deveriam funcionar em nosso país: o da Guerra e Estrangeiros coube a D. Rodrigo de Souza Coutinho, depois, Conde de Linhares; o do Reino foi entregue a D. Fernando José de Portugal e Castro, futuro Marquês de Aguiar; o da Marinha coube ao Visconde de Anadia e o da Fazenda, a Antônio de Araújo de Azevedo, Conde de Barca.

O Tribunal da Relação do Rio de Janeiro foi elevado à condição de "Casa Suplicação", passando a julgar, em última instância. Em seguida, o príncipe criou os Tribunais de Relação do Maranhão e Pernambuco e novas comarcas espalhadas por todo o território brasileiro, nomeando os respectivos juízes-de-fora. No setor militar, fundaram-se o Hospital e o Arquivo Militar, inúmeras academias bélicas e a Fábrica de Pólvora, além de se proceder à ampliação dos arsenais da Guerra e da Marinha.

Também as províncias se beneficiaram com a renovação administrativa do período joanino. As capitanias do Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Santa Catarina, antes subalternas passaram à categoria de autônomas.

Além disso, duas outras foram, então, criadas pelo regente: Alagoas e Sergipe D'el-Rei.

Com todos esses melhoramentos, o Brasil paulatinamente deixava de ser Colônia. A 16 de

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dezembro de 1815, um novo passo era dado em direção a independência: o Brasil era elevado à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves. A POLÍTICA EXTERNA DE D. JOÃO A Ocupação da Guiana Francesa

Recém-chegado ao Brasil, o príncipe D. João historiou, em manifesto datado de 1º de maio de 1808, as razões e os principais eventos do conflito, entre o seu país e a França, cujo clímax fora a invasão do território metropolitano de Portugal. Pouco depois, a 10 de junho, o regente assinaria uma declaração de guerra a Napoleão. Entretanto, não dispondo de recursos para grandes cometimentos, D. João limitou-se a enviar uma expedição militar à Guiana Francesa.

Cumprindo as determinações de D. João, o governador do Pará, tenente-general José Narciso de Magalhães Meneses, organizou a referida expedição, comandada pelo tenente-coronel Manuel Marques d'Elvas Portugal, com a finalidade de subjugar com rapidez a possessão francesa. Após receberem reforços de terra e de mar, inclusive uma pequena contribuição naval inglesa, representada por uma flotilha capitaneada por James Lucas Yeo - as forças luso-brasileiras passaram à ofensiva, marchando contra Caiena. A 12 de janeiro de 1809, depois de uma semana de simbólicos combates, o governador francês Victor Hughes capitulou, entregando a praça sob a condição de serem concedidas a seus soldados "honras de guerra" e assegurado seu transporte até a França.

A Guiana Francesa permaneceu em poder da Dinastia de Bragança durante quase nove anos, tendo sido governada pelo desembargador brasileiro João Severino Maciel da Costa, marquês de Queluz. Após a queda de Napoleão Bonaparte, Portugal, em negociações com o governo restaurador de Luís XVIII, propôs o restabelecimento da paz com a França.

Finalmente, em 1817, graças às disposições do Congresso de Viena, cessou a ocupação da Guiana, que foi restituída à soberania gaulesa. Conquista da Cisplatina

Diversos foram os motivos que provocaram as intervenções luso-brasileiras no rio da Prata, durante o período de permanência da corte lusitana no Rio de Janeiro. Em primeiro lugar, havia necessidade de impedir que a região fosse anexada por Bonaparte, pois este fatalmente estenderia sua política de ocupação às colônias castelhanas na América, uma vez que já dominava o território metropolitano espanhol. Esse motivo foi suficiente para justificar a oferta de proteção que, em nome do príncipe regente D. João, o ministro da Guerra e Estrangeiros, D. Rodrigo de Souza Coutinho, formulou em 1808 ao "Cabildo de Buenos Aires" (Câmara de Vereadores). Entretanto, como o governo do Rio de Janeiro mantinha estreitas relações com a Inglaterra e esta, anos antes, por duas vezes, procurara apossar-se daquela cidade portenha, foi recusado o oferecimento brasileiro, que provocara a desconfiança da burguesia mercantil de Buenos Aires em relação aos propósitos imperialistas luso-britânicos.

Mas os portugueses contavam com outro argumento para interferir na região do Rio da Prata. Napoleão aprisionara todos os homens da família real espanhola de Bourbon, objetivando implantar em Castela a dinastia francesa. Nessas circunstâncias, D. Carlota Joaquina, a ambiciosa esposa de D. João, pertencendo à casa real castelhana, julgou que poderia se apresentar aos povos da Prata como sendo herdeira do trono da Espanha, estando, por conseguinte, habilitada a exercer uma "regência" na região.

Outro motivo da intervenção luso-brasileira foi a criação independente das Províncias Unidas do Rio da Prata e o fato de estas, julgando-se sucessoras naturais do antigo vice-reino espanhol com sede em Buenos Aires, ambicionarem a anexação do Peru, do Paraguai e de toda a banda oriental do Rio da Prata. Finalmente, outra razão da atitude firme do governo do Rio de Janeiro, relativamente aos assuntos platinos, foi a necessidade de manter a fronteira conquistada durante a Guerra das Laranjas, em 1801, quando foram incorporados ao Brasil os Sete Povos das Missões do Uruguai.

Com a libertação de Buenos Aires do domínio da Espanha, à qual permaneceu fiel o governo de Montevidéu, não tardou que os argentinos procurassem estabelecer aliança com os elementos que, a Banda Oriental, eram também partidários da autonomia política. Assim, passaram a enviar tropas e recursos em apoio às colônias sublevadas da margem oriental, chegando, então, as guerrilhas à fronteira do Brasil.

O governo do Rio de Janeiro não poderia ficar indiferente à delicada e instável situação fronteiriça. Registrados os primeiros incidentes na linha divisória, D. João fez saber ao plenipotenciário espanhol Marquês de Casa Irujo, que, embora não quisesse conquistar nenhum território pertencente à Coroa de Espanha, via-se obrigado a invadir e ocupar militarmente a Banda Oriental, com a finalidade de debelar a causa das perturbações aí em curso.

Realizando uma decisiva ação militar, D. Diogo de Souza, governador da Capitania de São Pedro, cruzou a fronteira, tomou Cerro Largo e, por Santa Teresa, atingiu a localidade de Maldonado. Diante da superioridade bélica das tropas luso-brasileiras, as forças de José Gervásio Artigas - líder do movimento de independência do Uruguai - foram obrigados a recuar, bem como as do argentino Rondeau, seu aliado.

Desafogada nossa fronteira meridional e atingidos, portanto, os objetivos desejados, registrou-se certa precipitação em negociar um armistício, devido à pronta intervenção da Inglaterra, interessada em evitar a implantação do imperialismo luso-brasileiro no Prata. Assim, conforme as disposições de um convênio firmado em 1812, as nossas tropas foram retiradas da Banda Oriental.

A primeira intervenção luso-brasileira não foi totalmente eficaz, pois seus efeitos acabaram sendo anulados pelas agitações de 1812 a 1816, quando Buenos Aires voltou a manifestar seu apoio aos rebeldes orientais. Renovando-se, então, as incursões ao território brasileiro, o governo português do Rio de Janeiro, mais uma vez, agiu militarmente.

Em 1816, forças luso-brasileiras novamente atravessaram a fronteira. Comandava-as Carlos

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Frederico Lecor, que trouxe de Lisboa 5 000 homens, artilharia pesada e cavalaria para a nova incursão militar. Lecor partiu do Rio de Janeiro por mar, desembarcou em Santa Catarina, seguindo por terra em busca do inimigo, enquanto a esquadra se preparava para adentrar o Rio da Prata e bombardear Montevidéu. Logo as tropas luso-brasileiras obtiveram a vitória de Índia Muerta e a esquadra ocupou Montevidéu, a 20 de janeiro de 1817.

Para resistir à invasão, Artigas, o grande patriota uruguaio, não contou com o apoio do governo de Buenos Aires, então chefiado pelo caudilhesco "El Supremo" Juan de Pueyrredón, que lhe exigiu, como condição de ajuda, a incorporação do Uruguai à República Argentina. Mesmo assim, Artigas lutou desesperadamente durante três anos pela independência de seu país. Finalmente, em 1820, suas forças foram esmagadas em Taquarembó. Completava-se dessa forma a ocupação luso-brasileira da Banda Oriental.

Enquanto na América registravam-se esses acontecimentos, na Espanha, com a queda de Napoleão, voltavam ao trono os Bourbon, na pessoa do Rei Fernando VII. Por sua ordem, embaixadores espanhóis protestaram no Congresso de Aix-la Chapelle contra a invasão luso-brasileira da Banda Oriental. Respondendo às acusações o Conde de Palmela, representante de Portugal, declarou que o seu governo evitara que aquela região fosse incorporada às Províncias Unidas do Rio da Prata e estava pronto para restituí-la à Espanha, caso esta o indenizasse pelas despesas decorrentes das operações militares levadas a efeito pela dinastia de Bragança. Recusando a proposta, Fernando VII anunciou a formação de um exército, cujo objetivo seria a reconquista pela força dos domínios americanos de Castela.

Na impossibilidade de tratar com a Espanha, viu-se o governo de D. João VI forçado a negociar com o único poder constituído da Banda Oriental, o Cabildo de Montevidéu, tendo em vista a fixação da fronteira do Brasil com o Uruguai. Os limites estabelecidos na chamada Convenção de 1819 foram mais favoráveis ao Brasil do que os vigentes até então.

Carlos Frederico Lecor, comandante das tropas luso-brasileiras de ocupação da Banda Oriental, procurou fazer um governo marcadamente tolerante e simpático ao povo uruguaio. Sua política de orientação pacificadora logo produziria frutos: a criação da província Cisplatina, incorporada ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves a 31 de julho de 1821.

A INDEPENDÊNCIA O LIBERALISMO PORTUGUÊS E A REVOLUÇÃO DO PORTO

Enquanto a família real permanecia no Brasil, Portugal livrou-se definitivamente do invasor francês, graças à importante ajuda militar recebida da Inglaterra. Entretanto, após a expulsão dos gauleses, o Reino ficou sob o domínio de uma rígida ditadura militar exercida pelo marechal William Beresford, comandante das forças luso-britânicas. Além dessa situação, que irritava sobremaneira a burguesia mercantil lusa, outros fatores contribuíram para gerar um clima propício a uma revolta: • ausência da família real e a instabilidade política daí

decorrente. • as dificuldades econômicas provocadas pela invasão

francesa, pelo decreto de abertura dos portos brasileiros e pela crescente tutela da economia brasileira pela Inglaterra (com efeito, a transmigração da família real e as conseqüentes medidas econômicas liberais tomadas por D. João no Brasil fizeram com que a camada mercantil portuguesa perdesse o seu principal mercado consumidor, a colônia americana).

• a difusão de idéias liberais.

A 24 de agosto de 1820, rebentou na cidade do Porto uma revolução de orientação liberal, que resultou na organização de uma Junta do Governo, da qual faziam parte o desembargador Manuel Fernandes Tomás, o advogado José Ferreira Borges e o juiz José da Silva Carvalho. Em seguida, aproveitando-se da ausência de Beresford, que se encontrava no Rio de Janeiro, o movimento alastrou-se para Lisboa, onde, a 15 de setembro, foi criada uma Junta Provisória, segundo o modelo liberal da Carta Constitucional espanhola de Cádiz.

A notícia da Revolução Liberal do Porto chegou ao Rio de Janeiro em outubro de 1820, causando agitação entre os elementos liberais, que viam numa constituição uma limitação ao poder absoluto do rei. Também nos círculos oficiais, como era de se esperar, grande foi a surpresa. No entanto, sem meios para controlar a situação, não restava ao soberano português outro recurso senão conformar-se com o acontecido, procurando encaminhar sua política no sentido de preservar o regime, a dinastia e a união dos reinos europeu e americano. Nesse sentido, foram as sugestões apresentadas pelo ministro Tomás Antônio de Vila Nova Portugal, que desejava anular a convocação revolucionária das Cortes (Parlamento Português), admitindo a sua reunião apenas por vontade do rei e com o objetivo de propor medidas que ele poderia aprovar ou não. Chegando, porém, da

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Europa outro ministro mais conhecedor da situação, o conde de Palmela, seus conselhos divergiam daqueles, opinando francamente pela necessidade do retorno de D. João e do príncipe D. Pedro a Portugal.

Enquanto o rei D. João VI preparava-se para tomar uma decisão, começaram a chegar notícias de outras adesões ao movimento revolucionário constitucionalista lusitano, a princípio, na ilha da Madeira e nos Açores, depois, no próprio Brasil. REPERCUSSÃO DA REVOLUÇÃO DO PORTO NO BRASIL

A primeira província a pronunciar-se pelas Cortes de orientação liberal foi a do Grão-Pará, a 1º de janeiro de 1821, graças à ação de um estudante radical, Filipe Alberto Patroni Maciel Parenti, que conseguiu o apoio das guarnições militares locais e a formação de uma Junta Provisória de Governo desligada do Rio de Janeiro e fiel a Lisboa.

No Rio de Janeiro, no mesmo mês, apareceu um folheto anônimo, em francês, no qual se pretendia demonstrar a maior conveniência da permanência do rei no Brasil. Intitulava-se o panfleto Le Roi et la Famille Royale de Bragance doivent-ils, dans les circonstances présentes, retourner en Portugal ou bien rester au Brésil? (Devem o Rei e a Família real de Bragança, nas circunstâncias atuais, retornar a Portugal ou permanecer no Brasil?).

Atribuído a várias pessoas, a atual historiografia brasileira aponta como seu autor o emigrante francês coronel Francisco I Caillé de Geine. Tão grande foi a repercussão negativa do folheto entre os portugueses aqui residentes (apelidados "os corcundas"), que o governo resolveu recolher a respectiva edição, tornando extremamente raros os seus exemplares.

A segunda guarnição militar lusa a apoiar, no Brasil, a Revolução Liberal de Porto foi a da Bahia, a 10 de fevereiro de 1821. A tropa sublevada encontrou resistência por parte do capitão-general Conde de Palma e do marechal Felisberto Caldeira Brandt, mas venceu-a facilmente, graças à sua esmagadora superioridade numérica. Do encontro resultou a morte de alguns soldados e civis. Conseguiram os revoltosos realizar uma reunião na Câmara, em que se proclamou a adesão às Cortes lisboetas, jurando-se a Constituição a ser feita. Em seguida, nomeou uma Junta Provisória de Governo composta de elementos de ideologia liberal.

A notícia desses eventos preocupou profundamente D. João VI. Procurando ganhar tempo e assegurar a sobrevivência política da dinastia de Bragança, o hesitante monarca anunciou que seu filho D. Pedro iria a Portugal "para ouvir as representações e queixas dos povos e para estabelecer as reformas, melhoramentos e leis que possam consolidar a Constituição Portuguesa", que receberia, se aprovada, a sanção real. Em seguida, alegando que a futura Carta Magna talvez não fosse perfeitamente adequada às condições do Brasil, o rei convocou por decreto uma Junta de Cortes no Rio de Janeiro. Para preparar os respectivos trabalhos, criou-se uma comissão composta de vinte membros, quase todos brasileiros natos. Essas medidas, porém, não agradaram às tropas portuguesas sediadas no Rio de Janeiro, cujos

regimentos eram nitidamente pró-revolucionários. Na manhã de 26 de fevereiro de 1821, sob o comando do brigadeiro Francisco Joaquim Carretti, diversos batalhões reuniram-se na praça de Rocio (atual praça Tiradentes). Alarmado, D. João VI enviou o príncipe D. Pedro ao local, para se inteirar dos acontecimentos e, se possível, controlá-lo.

Então, D. Pedro foi informado por um agitador, o padre e bacharel Marcelino José Alves Macamboa, que a tropa desejava que o rei jurasse a Constituição portuguesa em elaboração, além de substituir o Ministério de cunho conservador, então no poder. As exigências foram levadas por D. Pedro a seu pai, que, apavorado com o que lhe pareceu uma terrível rebelião, a tudo cedeu, assinando as nomeações pedidas e proclamando, na varanda do então Real Teatro de São João (mais tarde Teatro João Caetano), sua fidelidade à Constituição a ser promulgada pelas Cortes lisboetas. AS CORTES DE LISBOA E O REGRESSO DE D. JOÃO

Entretanto, apesar do ainda grande prestígio da família real portuguesa no Brasil, não era mais possível, à vista dos novos acontecimentos, a permanência do rei em nosso país. Assim, a 07 de março de 1821, resolveu-se o retorno de D. João a Portugal, ficando no Rio, na qualidade de regente, o jovem príncipe D. Pedro.

Na mesma ocasião, determinou-se que deveriam ser realizadas eleições dos deputados brasileiros que participariam das Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa.

A resolução da partida de D. João VI não agradou a muitos brasileiros e portugueses, que reconheciam os benefícios que haviam sido proporcionados ao Brasil pelo soberano, durante sua permanência de treze anos no Rio de Janeiro. No sentido de evitar sua partida, o Senado da Câmara da cidade fez uma representação ao rei, recebendo dele agradecimentos calorosos, com a explicação de que se via impossibilitado de aceder àqueles desejosos. REGÊNCIA DE D. PEDRO (1821-1822)

A fim de tomar conhecimento do decreto que havia criado a Regência do Reino do Brasil, foram convocados pelo ouvidor da comarca os eleitores dos deputados do Rio de Janeiro para uma reunião a ser realizada no dia 21 de abril, na praça do Comércio. No encontro, estando presentes os líderes liberais: o padre Macamboa e o jovem Luís Duprat, surgiram as mais diversas e radicais propostas, tais como a de proibir a saída de qualquer embarcação, a imediata adoção de uma Constituição liberal e a exigência de que fossem desembarcados os cofres públicos do Estado, os quais segundo o que se propagava, já estavam nos navios prontos para zarpar.

Preocupado com os rumos tomados pela reunião, D. Pedro, seguindo a orientação de seu conselheiro, Conde dos Arcos, mandou que tropas fiéis dissolvessem a assembléia. Assim foi feito, com a perda de uma vida, ferimentos em diversas pessoas e a prisão do agitador Macamboa.

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Dias depois, a 24 de abril, apreensivo com a situação política então vigente no Brasil, prenunciadora de acontecimentos revolucionários, D. João VI disse ao príncipe: "Pedro, se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me hás de respeitar, do que para alguns desses aventureiros". A 26 de abril, embarcava para Portugal o rei, aqui deixando seu filho como regente.

Com a volta da família real a Portugal, a situação financeira do Brasil tornou-se muito difícil. A Província do Rio de Janeiro e as poucas que ainda contribuíam para as despesas nacionais não arrecadavam o suficiente para atender a todos os encargos da Administração. Além disso, no aspecto político, o isolamento das províncias gerava um ambiente propício às agitações.

Ao mesmo tempo, o conservador dos Arcos, que tinha muita ascendência sobre D. Pedro, tornava-se cada vez mais impopular.

Inicialmente, D. Pedro agiu com bastante tato; restringiu as despesas, diminuiu os impostos e favoreceu os militares brasileiros, equiparando-os aos portugueses. Porém, novas dificuldades logo surgiram para o jovem príncipe. Em junho de 1821, chegou ao Brasil a notícia de que já haviam sido elaboradas em Portugal as Bases Constitucionais.

As tropas portuguesas exigiram que D. Pedro jurasse as Bases Constitucionais. Além disso, foi solicitada a demissão do conde dos Arcos e, mais ainda, a organização de uma Junta de nove membros, com a finalidade de assessorar o regente. Constituída esta, logo se verificou que não tinha função definida, sendo por isso extinta.

Desde janeiro de 1821, presentes os representantes de Portugal, estavam reunidas em Lisboa as Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa. Elegeram uma Regência para governar o país na ausência do rei, escolheram o respectivo Ministério e declararam-se "soberanas". Discutiram-se, primeiramente, as já citadas bases da futura Constituição, aprovadas e juradas em março de 1821. Uma de suas disposições, atendendo à ausência dos deputados do Brasil, estabeleceu que aquela lei somente teria validade nas regiões americanas de monarquia lusa quando seus representantes manifestassem ser esta a sua vontade.

Não tardou, porém, que começassem a envolver-se em assuntos brasileiros. Assim, chegando a Lisboa dois emissários do Grão-Pará, com a notícia de sua adesão à causa constitucional, foi a referida província brasileira transformada em Província do Reino. Intenso júbilo provocaram as notícias dos acontecimentos revolucionários de fevereiro, na Bahia e no Rio de Janeiro. Aparecendo, entretanto, um projeto relativo ao comércio com o Brasil, rejeitaram-no, devido à ausência de nossa representação. Combateram, também, um decreto referente à negociação de um vultoso empréstimo destinado ao Banco do Brasil.

Chegando D. João VI a Portugal, em julho de 1821, continuaram as Cortes a agir como verdadeiramente soberanas, não perdendo ocasião de impor sua autoridade, com preterição da que deveria caber ao monarca.

MOVIMENTO BRASILEIRO DE INDEPENDÊNCIA

A Revolução do Porto, expressão dos anseios e

interesses da burguesia portuguesa, apresentou um aspecto contraditório: se, por um lado, defendia a limitação do poder real e a conseqüente liberalização da vida política portuguesa, por outro lado, fiel às ambições monopolistas da camada mercantil lusitana, pregava abertamente a tomada de medidas recolonizadoras em relação ao Brasil. Assim, enquanto o príncipe regente D. Pedro, interinamente à testa dos negócios políticos do Brasil, procurava diminuir a animosidade entre brasileiros e reinóis, as cortes de Lisboa davam início a uma série de atitudes políticas destinadas a reconduzir o Brasil à situação de colônia do tipo mercantilista. Dessa forma, a 24 de abril de 1821, eram desligadas da jurisdição do governo do Rio de Janeiro todas as administrações provinciais.

Meses mais tarde, a 29 de setembro, todos os tribunais aqui instituídos por D. João VI eram suprimidos. A seguir, as Cortes ordenaram a D. Pedro que regressasse a Portugal, sob o pretexto de aprimorar sua educação, devendo o governo do Brasil ser entregue a uma junta composta por elementos diretamente subordinados a Lisboa.

Enquanto essas medidas, extremamente lesivas aos interesses brasileiros, eram tomadas na capital portuguesa, reabria-se no Rio de Janeiro a loja maçônica Comércio e Artes, fechada no período Joanino. A entidade tornou-se logo um centro de reunião política de intelectuais de orientação liberal que desejavam a permanência do Brasil na categoria de Reino Unido, mas não dependente de Portugal. Entre os patriotas que então começaram a trabalhar com aquela finalidade, destacavam-se o magistrado José Clemente Pereira, o funcionário público Joaquim Rocha, o sacerdote Januário da Cunha Barbosa e o Coronel Domingos Alves Branco Muniz Barreto.

Por essa época, surgiu também um jornal, o Revérbero Constitucional Fluminense, encabeçado por Gonçalves Ledo, onde eram severamente criticadas as medidas recolonizadoras das Cortes Lisboetas.

Pouco depois, outro periódico jornal, o Espelho, redigido pelo coronel Manuel de Araújo Guimarães, acompanharia o Revérbero em suas corajosas opiniões e atitudes. Dessa forma, a maçonaria, tradicional reduto dos liberais, e a imprensa preparavam o ambiente para a emancipação do Brasil.

A situação política do Rio de Janeiro agravou-se consideravelmente quando, em dezembro de 1821, chegou o decreto das Cortes, ordenando o retorno do príncipe regente, e a notícia da supressão dos tribunais brasileiros criados durante o período joanino. Imediatamente, os meios políticos se agitaram. Surgiram panfletos, notadamente o Despertar Brasiliense, que combatiam a ordem de regresso de D. Pedro. Logo depois, a imprensa política foi enriquecida com a fundação de um outro jornal, a Malagueta, de Luís Augusto May, periódico picante e malicioso. Além disso, intelectuais liberais e políticos nacionalistas organizaram uma sociedade secreta, o Clube de Resistência, cuja finalidade era pedir ao regente que permanecesse em nosso país.

As lideranças brasileiras ficaram sabendo, através de um servidor de D. Pedro, o guarda-roupa do Paço, Francisco Maria Gordilho Veloso de Barbuda

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(futuro Marquês de Jacarepaguá), que o príncipe, embora hesitante, estava inclinado a desobedecer aos ditames das Cortes portuguesas, se assim lhe fosse requerido. Informados sobre a disposição do regente, o Clube de Resistência providenciou a redação de um abaixo-assinado da população do Rio de Janeiro, pedindo a D. Pedro que ficasse no Brasil.

Em seguida, foram enviados emissários a São Paulo e Minas Gerais, com a finalidade de obter apoio das lideranças políticas daquelas províncias. Grande foi o êxito dessas missões: José Bonifácio, político e intelectual paulista de grande prestígio, prontamente encarregou-se de redigir um memorial, que chegou às mãos de D. Pedro no dia 1º de janeiro de 1822. Nele, o prócer santista ressaltava: "Vossa Alteza Real deve ficar no Brasil, quaisquer que sejam os projetos das Cortes Constituintes".

Simultaneamente, no Rio de Janeiro, o abaixo-assinado popular, em poucos dias, obteve cerca de 8 mil assinaturas.

A 09 de janeiro de 1822, a mensagem do povo foi entregue a D. Pedro no Paço da cidade, pelas mãos de José Clemente Pereira, que pronunciou, no momento, hábil discurso. Nele, o magistrado Pereira procurou mostrar que o retorno de D. Pedro a Portugal acarretaria a imediata independência do Brasil, agitações republicanas e, possivelmente, até o brilhante líder político brasileiro pediu poderes autônomos para o Reino do Brasil, para que este pudesse permanecer no seio da nação portuguesa como uma realidade política equiparada a Portugal.

Persuadido pela brilhante exposição de José Clemente Pereira, o príncipe D. Pedro respondeu de maneira prudente:

"Convencido de que a presença de minha pessoa no Brasil interessa ao bem de toda a nação portuguesa, e conhecido que a vontade de algumas províncias assim requer, demorarei a minha saída até que as Cortes e meu Augusto pai e Senhor deliberem a este respeito, com perfeito conhecimento das circunstâncias que têm ocorrido."

Esta resposta, certamente, não agradaria aos brasileiros. Combinou-se então uma resolução mais genérica e altiva: "Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto; diga ao povo que fico." DO DIA DO FICO AO GRITO DO IPIRANGA

Após o episódio do Fico (ou da "Ficada", como se dizia na época), agravaram-se as divergências entre o Brasil e Portugal. A Corte de Lisboa, interessadas no imediato restabelecimento das restrições monopolistas do Pacto Colonial, tornaram-se, a partir de então, cada vez mais tirânicas em suas determinações. Para os portugueses a crise econômica que abalava o Reino fora causada pelas medidas econômicas de cunho liberal tomadas por D. João VI, quando de sua estada no Brasil.

Por conseguinte, parecia fundamental anular a liberdade comercial da Colônia, submetendo-a de novo à tutela mercantilista de Portugal.

Por seu turno, os brasileiros - notadamente as camadas proprietária e mercantil - não concordavam com a opinião vigente em Lisboa. Aceitariam

permanecer ligados a Portugal, desde que fossem assegurados os privilégios adquiridos.

Aos poucos, entretanto, as posições se radicalizaram. Em Portugal, falava-se abertamente em recolonização do nosso país. Paralelamente, no Brasil, a emancipação política surgia aos olhos da liderança política da classe aqui dominante como a única forma viável de manutenção da liberdade econômica.

Como vimos, a 09 de janeiro de 1822, D. Pedro optou pela permanência no Brasil, desobedecendo às determinações de Lisboa. Em represália, no dia 11, o tenente coronel Jorge de Avilez Zuzarte de Souza Tavares, oficial português encarregado dos regimentos sediados no Rio de Janeiro, assumiu o comando da divisão auxiliadora e ocupou o morro do Castelo, disposto a forçar o embarque do regente para Portugal.

A reação dos brasileiros, insuflados pela propaganda nacionalista, foi imediata.

No dia seguinte, uma multidão de 10.000 pessoas, composta de soldados, milicianos, comerciantes, sacerdotes e até populares, reuniu-se no campo de Santana, pronta para lutar pela permanência de D. Pedro. O oficial português, em vista da superioridade numérica das improvisadas forças do regente, retirou-se para a Praia Grande (Niterói). Ali permaneceu um mês, adiando o retorno de seus comandos à Metrópole, conforme exigência feita por D. Pedro. O governo do Rio de Janeiro, irritado com as manobras evasivas de Avilez, preparou uma operação militar, destinada a bloquear, por terra e por mar, as tropas do militar lusitano. Este, temendo a ofensiva brasileira, cedeu, abandonando o Brasil a 15 de fevereiro de 1822.

Enquanto isso, em Portugal, os partidários da recolonização do nosso país, agastados com as atitudes de D. Pedro, determinaram o envio de uma esquadra, sob o comando de Francisco Maximiano de Souza, trazendo as tropas de Antonio Joaquim Rosado, para punir o insubordinado regente. No entanto, este, assessorado por lideranças brasileiras, proibiu o desembarque dos soldados lusitanos e ordenou imediato regresso da flotilha invasora a Portugal.

No plano político, os acontecimentos se precipitaram. A 16 de fevereiro de 1822, D. Pedro convocou o Conselho de Procuradores Gerais das Províncias do Brasil, cujo objetivo era avaliar a possibilidade de aplicação em nosso país das leis que fossem aprovadas pela Corte.

Pouco depois, a 13 de maio, a maçonaria solicitou a D. Pedro que aceitasse o título de Protetor e Defensor Perpétuo do Brasil. No dia seguinte, o Ministério chefiado por José Bonifácio de Andrada e Silva, constituído após o Fico determinou que não se desse execução a nenhum decreto proveniente de Lisboa sem o "cumpra-se" do governo brasileiro.

Simultaneamente, os patriotas de orientação liberal, prosseguindo em sua ação em prol de uma emancipação política com reformas sociais e institucionais, fizeram uma enérgica representação a D. Pedro sobre a necessidade de elaborar as Assembléias Geral, Constituinte e Legislativa, cuja finalidade seria elaborar as bases jurídico-político-institucionais sobre as quais se assentaria a independência. A 03 de julho, o regente, apesar da desaprovação do conservador

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José Bonifácio, expediu o decreto de convocação da referida assembléia.

Progressivamente, no entanto, crescia o número de atitudes e ações extremadas. A cada imposição lusa correspondia uma reação libertária das lideranças políticas brasileiras. Também, no plano interno, a situação era caótica. Na maioria das províncias, as agitações de cunho político eram diárias. No norte, estando no poder os prepostos de Lisboa, a recolonização era uma ameaça constante. Já em Minas Gerais, os políticos nacionalistas e as camadas populares desconfiavam das reais intenções do príncipe regente D. Pedro, por ser ele Bragança e, por conseguinte, herdeiro do trono português.

Por seu turno, a Junta Governativa local, fiel à Metrópole, combatia os patriotas brasileiros, que se declaravam em rebelião, fortificando-se na Vila Cachoeira.

Prontamente, o governo do Rio de Janeiro enviou reforços àquela região. Partiu então para Salvador a esquadra de Rodrigo Antônio de Lamare, levando as tropas do brigadeiro Pedro Alabatut, mercenários franceses a serviço do Brasil.

Por toda parte, o panorama era semelhante: inquietação política, motins, revoltas e distúrbios de rua. Contribuindo para agravar a situação, os líderes liberais de orientação mais radical, notadamente Gonçalves Ledo e Clemente Pereira, através da maçonaria e da imprensa, instigavam o regente a tomar atitudes cada vez mais extremistas. Nesse momento, destacou-se como figura política o ministro José Bonifácio. O prócer paulista, liderando as camadas proprietárias, interessadas em impedir que o processo de autonomia política do Brasil provocasse abalos na estrutura econômico-sócio-política aqui reinante, procurou afastar D. Pedro da influência dos liberais. Mais tarde, para fazer frente às lideranças radicais maçônicas da loja do Grande Oriente, José Bonifácio organizaria sua própria sociedade secreta, a Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz, também denominada "O Apostolado", da qual fez dirigente, na qualidade de arconte-rei, o próprio príncipe D. Pedro.

Em agosto de 1822, importantes documentos assinalaram o rumo tomado pelos acontecimentos. Em primeiro lugar, um manifesto de autoria de Gonçalves Ledo, dirigido ao povo brasileiro, clamava pela independência imediata. No dia 6, outro documento, este redigido por José Bonifácio e endereçado às "Nações Amigas", criticava as potências estrangeiras que mantivessem suas relações diplomáticas com o Brasil independente.

Na capital portuguesa, os acontecimentos do Rio de Janeiro causavam temores e desencontrados boatos, alguns extremamente alarmistas. Falava-se nas esquinas de Lisboa que o Brasil vivia uma anárquica e violenta revolta de negros contra os brancos. Nos cafés e salões literários, comentava-se que a Coroa britânica deveria ser responsabilizada pela atitude indisciplinada de D. Pedro.

A 28 de agosto de 1822, estando o príncipe regente de viagem a São Paulo e Minas Gerais, onde fora apaziguar os ânimos mais exaltados, chegaram às mãos de José Bonifácio e da Princesa Maria Leopoldina, que presidia a regência na ausência do marido, graves notícias da Metrópole: as Cortes

Lisboetas determinavam que D. Pedro permaneceria como regente até a publicação da Constituição portuguesa, mas diretamente subordinado ao rei e às Cortes. Além disso, seria nomeado um novo Ministério, sob orientação de Lisboa, e processado o Gabinete liderado por José Bonifácio, acusado de responsável pela permanência do príncipe em nosso país.

Após o recebimento desse ultimato, Dona Leopoldina reuniu o Conselho de Estado.

Os conselheiros, revoltados com as tirânicas determinações portuguesas, resolveram embargar os fundos aqui existentes da Companhia de Vinhos Douro e, em seguida, tomaram medidas de ordem defensiva, preocupados com um eventual desembarque luso em litoral brasileiro. Simultaneamente, José Bonifácio ordenou que fossem enviadas imediatamente a D. Pedro os decretos recém-chegados.

O regente, retornando de Santos, encontrava-se a caminho de São Paulo, nas proximidades do Ipiranga, quando os emissários do patriarca depararam com sua comitiva. Junto com as notícias vindas de Lisboa havia duas cartas, uma de Dona Leopoldina, outra de José Bonifácio, instando com o príncipe para tomar uma decisão imediata. Testemunhos da época afirmam que o futuro imperador do Brasil declarou rompidas as relações entre o Brasil e o reino europeu. Em seguida, reunindo todos os membros de seu séquito, retirou do chapéu as cores lusitanas, azul e encarnado, atirando-as fora. "Ouviram-se vivas à Independência e a D. Pedro, acrescentando-lhes a divisa que daí por diante seria a do Brasil: Independência ou Morte" (Hélio Viana).

RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS MAXWELL, Keneth R. A devassa da devassa: a

Inconfidência Mineira, Brasil e Portugal, 1750-1808 (Tradução de Conflicts and conspiracies: Brazil & Portugal, 1750-1808, por João Maia). São Paulo: Paz e Terra, 2001.

NADAI, E. & NEVES, J. História do Brasil. São Paulo: Saraiva, 1995.

NOVAIS, Fernando A. Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808). São Paulo: HUCITEC, 1995.

SILVA, Francisco de Assis. História do Brasil: Colônia, Império e República. São Paulo: Moderna, 1983.

EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS PPRROOPPOOSSTTOOSS

TESTES Nível Básico 1. (FUVEST 1999) A elevação de Recife à condição de vila; os protestos contra a implantação das Casas de Fundição e contra a cobrança do quinto; a extrema miséria e carestia reinantes em Salvador, no final do século XVIII, foram episódios que colaboraram, respectivamente, para as seguintes sublevações coloniais: a) Guerra dos Emboabas, Inconfidência Mineira e

Conjura dos Alfaiates.

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b) Guerra dos Mascates, Motim do Pitangui e Revolta dos Malês.

c) Conspiração dos Suassunas, Inconfidência Mineira e Revolta do Maneta.

d) Confederação do Equador, Revolta de Felipe dos Santos e Revolta dos Malês.

e) Guerra dos Mascates, Revolta de Felipe dos Santos e Conjura dos Alfaiates.

2. (UFOP 2003) Um dos principais fatores responsáveis pela “Revolta de Felipe dos Santos” (1720), em Minas Gerais, foi: a) a proibição do estabelecimento de manufaturas na

capitania. b) a proibição aos “nobres da terra” de participar da

distribuição das datas. c) a ameaça de instalação das “Casas de Fundição”. d) a revolta de escravos contra seus senhores. 3. (UFF 1999) O lema liberal “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” consagrado pela Revolução Francesa influenciou, sobremaneira, as chamadas Inconfidências ocorridas em fins do século XVIII no Brasil Colônia. Assinale a opção que apresenta informações corretas sobre a chamada Conjuração dos Alfaiates. a) Envolveu a participação de mulatos, negros livres e

escravos, refletindo não somente a preocupação com a liberdade, mas também com o fim da dominação colonial.

b) Esta inconfidência baiana caracterizou-se por restringir-se à participação de uma elite de letrados e brancos livres influenciados pelos princípios revolucionários franceses.

c) Em tal conjuração, a difusão das idéias liberais não acarretou crítica às contradições da sociedade escravocrata.

d) Este movimento, também conhecido como Inconfidência Mineira, teve um papel singular no contexto da crise do sistema colonial, revelando suas contradições e sua decadência.

e) Um de seus principais motivos foi a prolongada crise do setor cafeeiro que se arrastou ao longo da segunda metade do século XVIII.

4. (POL. CIVIL-SP 2005) A Conjuração Baiana (1798) certamente é caracterizada por ser: a) Um movimento inspirado nos idéias iluministas com

ativa participação de intelectuais e da alta sociedade latifundiária.

b) Incoerente, pois, apesar de seus líderes pregarem a igualdade social, eram contrários ao abolicionismo.

c) Republicana e seus líderes pregavam a criação da República Federativa da Bahia, um país totalmente independente da política brasileira.

d) Um movimento de caráter popular que pregava a igualdade racial.

e) Rejeitada pela população baiana, principalmente os negros, devido ao seu caráter escravocrata.

5. (UFF 2004) Nas primeiras décadas do século XIX, ocorreu uma verdadeira “redescoberta do Brasil”, como identificou Mary Pratt, graças à ação de inúmeros viajantes europeus, bem como às Missões Artísticas e Científicas que percorreram o território, colhendo diversas informações sobre o que aqui existia. Foram registrados os diversos grupos humanos encontrados,

legando-nos um retrato de diversos tipos sociais. Rica e fundamental foi a descrição que fizeram da Natureza, revelando ao mundo diferenciadas flora e fauna. Entretanto, até o início dos oitocentos, os estrangeiros foram proibidos de percorrer as terras brasileiras, e eram quase sempre vistos como espiões e agentes de outros países. O grande afluxo de artistas e cientistas estrangeiros ao Brasil está ligado: a) à política joanina, no sentido de modernizar o Rio de

Janeiro, inclusive com o projeto de criar uma escola de ciências, artes e ofícios.

b) à pressão exercida pela Inglaterra, para que o governo de D. João permitisse a entrada de cientistas e artistas no Brasil.

c) à transferência da capital do Império Português de Salvador para o Rio de Janeiro, modificando o eixo econômico da Colônia.

d) à reafirmação do pacto colonial, em função das proposições liberais da Revolução do Porto.

e) à política de vários países europeus, que buscavam ampliar o conhecimento geral sobre o mundo, na esteira do humanismo platônico.

6. (UNESP 2002) Os processos de independência das Américas espanhola e portuguesa têm em comum a: a) decretação do fim do pacto colonial, em função da

presença das cortes espanhola e portuguesa em terras americanas.

b) ausência de lutas, evitada pela atuação decidida dos proprietários de escravos negros, que temiam revoltas como a que ocorrera no Haiti.

c) conservação das casas dinásticas, apesar da ruptura com as antigas metrópoles européias.

d) fragmentação política, com significativa alteração das fronteiras vigentes na época colonial.

e) preservação dos interesses da aristocracia agrária, que continuava a controlar o poder político.

Nível Intermediário 7. (FUVEST 1997) A chamada Guerra dos Mascates, ocorrida em Pernambuco em 1710, deveu-se: a) ao surgimento de um sentimento nativista brasileiro,

em oposição aos colonizadores portugueses. b) ao orgulho ferido dos habitantes da vila de Olinda,

menosprezados pelos portugueses. c) ao choque entre comerciantes portugueses do Recife

e a aristocracia rural de Olinda pelo controle da mão-de-obra escrava.

d) ao choque entre comerciantes portugueses do Recife e a aristocracia rural de Olinda cujas relações comerciais eram, respectivamente, de credores e devedores.

e) a uma disputa interna entre grupos de comerciantes, que eram chamados depreciativamente de mascates.

8. (UNESP 1998) “Por volta de 1750, Portugal recebia enormes remessas de ouro do Brasil. A imensa riqueza da colônia permitira ao monarca português dispensar o concurso das cortes e reforçar o poder absoluto da realeza. Em 1750 morre D. João V e sucede-lhe D. José I. O novo monarca promoveu à posição de grande relevo o seu ministro cujas realizações, em conjunto, pretendiam o fortalecimento do Estado e a autonomia de Portugal. O ministro era essencialmente um

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nacionalista, atribuindo os problemas do país ao estado de dependência semicolonial em que Portugal se encontrava em relação à Grã-Bretanha.” [Maria Beatriz N. da Silva (org.), O império luso-brasileiro – 1750-1822.] O texto refere-se ao período conhecido como: a) Filipino. b) Manuelino. c) Pombalino. d) Vicentino. e) Joanino. 9. (FUVEST 1998) Podemos afirmar que tanto na Revolução Pernambucana de 1817, quanto na Confederação do Equador de 1824:a) o descontentamento com as barreiras econômicas

vigentes foi decisivo para a eclosão dos movimentos. b) os proprietários rurais e os comerciantes

monopolistas estavam entre as principais lideranças dos movimentos.

c) a proposta de uma república era acompanhada de um forte sentimento anti-lusitano.

d) a abolição imediata da escravidão constituía-se numa de suas principais bandeiras.

e) a luta armada ficou restrita ao espaço urbano de Recife, não se espalhando pelo interior.

10. (UFF 2001) O Brasil, no período colonial, passou por transformações que expressaram as dificuldades de administração por parte da metrópole, especialmente, no momento em que a Europa começou a criticar o Antigo Regime. Considere esse momento histórico e analise as afirmativas: I - A mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763, deveu-se ao desenvolvimento da economia mineradora e à crescente importância das cidades da região Sudeste. II - O século XVIII, no Brasil, poderia ser definido como o século da crise do Antigo Sistema Colonial manifestada, sobretudo, pelas várias inconfidências. III - A importância do Brasil no século XVIII expressou-se pela sua condição de região colonial, o que não permitiu a entrada dos ideais iluministas, nem mesmo nas suas formas mais simples como a defesa da intervenção estatal.

Com relação a estas afirmativas, conclui-se: a) Apenas a I e a II são corretas. b) Apenas a I e a III são corretas. c) Apenas a II é correta. d) Apenas a II e a III são corretas. e) Apenas a III é correta. 11. (UNESP 2003 julho) Leia os itens a respeito da Revolução Pernambucana de 1817. I. Possuiu forte sentimento anti-lusitano, resultante do aumento dos impostos e dos grandes privilégios concedidos aos comerciantes portugueses. II. Teve a participação apenas de sacerdotes e militares, não contando com o apoio de outros segmentos da população. III. Foi uma revolta sangrenta que durou mais de dois meses e deixou profundas marcas no Nordeste, com os combates armados passando de Recife para o sertão, estendendo-se também a Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte.

IV. A revolta foi sufocada apenas dois anos depois por tropas aliadas, reunindo forças armadas portuguesas, francesas e inglesas. V. Propunha a República, com a igualdade de direitos e a tolerância religiosa, mas não previa a abolição da escravidão.

É correto apenas o afirmado em: a) I, II e III. b) I, III e V. c) I, IV e V. d) II, III e IV. e) II, III e V. 12. (UFOP 2005) Sobre a Conjuração Baiana de 1798 não se pode afirmar: a) Apresentou caráter nitidamente popular, sendo

também conhecida como “Conjuração dos Alfaiates”. b) Foi influenciada pelas idéias liberais provenientes da

América do Norte e da Europa. c) Protestou contra a expulsão dos jesuítas do território

colonial. d) Manifestou oposição à sobrecarga de tributos

cobrados pela Metrópole. 13. (FUVEST 1999) Durante o período em que a Corte esteve instalada no Rio de Janeiro, a Coroa Portuguesa concentrou sua política externa na região do Prata, daí resultando: a) a constituição da Tríplice Aliança que levaria à

Guerra do Paraguai. b) a incorporação da Banda Oriental ao Brasil, com o

nome de Província Cisplatina. c) a formação das Províncias Unidas do Rio da Prata,

com destaque para a Argentina. d) o fortalecimento das tendências republicanas no Rio

Grande do Sul, dando origem à Guerra dos Farrapos. e) a coalizão contra Juan Manuel de Rosas que foi

obrigado a abdicar de pretensões sobre o Uruguai. 14. (UFV 2004) O desembarque da família real e da corte portuguesa, em 1808, não só marcou o início de uma série de mudanças econômicas, políticas e administrativas como representou uma etapa decisiva no processo de emancipação política da Colônia. Das alternativas abaixo, assinale aquela que NÃO indica uma conseqüência da transferência da família real e da corte portuguesa para a América. a) Ocupação da Guiana Francesa e da Província

Cisplatina e sua incorporação ao Império Português, como resultado da política externa agressiva adotada por D. João.

b) Estabelecimento do Rio de Janeiro como sede do Império Português, que a partir de 1816 passou a se chamar Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

c) Abertura dos portos da Colônia às nações aliadas de Portugal, como a Inglaterra, dando início a uma fase de livre-comércio, ainda que com certas restrições.

d) Revogação da lei que proibia a instalação de manufaturas na Colônia, o que provocou maior dinamização da economia, apesar da forte concorrência dos produtos ingleses.

e) Redução dos impostos e da emissão de papel-moeda, o que impediu a reedição de movimentos de contestação ao domínio lusitano na América Portuguesa.

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15. (UFRGS 2004) Embora a independência política do Brasil tenha sido declarada somente em 1822, o início do processo de emancipação pode ser relacionado com uma conjuntura anterior, na qual um acontecimento de grande impacto desencadeou as mudanças que levaram à separação entre o Brasil e Portugal. Esse fato, que assinalou o final efetivo da situação colonial, foi: a) a Inconfidência Mineira, ocorrida em 1789, que

introduziu no Brasil as idéias iluministas e republicanas, minando a monarquia portuguesa.

b) a Inconfidência Baiana, ocorrida em 1798, que introduziu no Brasil as idéias jacobinas e revolucionárias, levando ao fim do domínio lusitano.

c) a transferência da Corte para o Brasil em 1808, que significou a presença do aparato estatal metropolitano na Colônia, a qual passou a ser a sede da Monarquia portuguesa.

d) a Revolução Pernambucana de 1817, que trouxe para o cenário político brasileiro o ideário maçônico e republicano.

e) a convocação das Cortes de Lisboa em 1820, que exigiram o retorno de Dom João para Portugal e a recolonização do Brasil.

16. (UFRRJ 2004) A citação abaixo destaca a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808, como um início de uma fase de grandes mudanças para a cidade que perdia então a sua imagem colonial. Para o Rio de Janeiro, principalmente, era toda uma fase de sua história que agora terminava. Fase de grandes transformações realizadas sob o impacto das necessidades de toda ordem despertadas pela chegada e instalação da Corte portuguesa. Em pouco mais de uma década, a cidade passara por um processo de modernização material e atualização cultural, perdendo muito de sua aparência colonial para transformar-se numa metrópole. (FALCÓN, F. C.; MATTOS, I. R. de. O Processo de Independência no Rio de Janeiro. In: MOTA, C. G. (org.). 1822: Dimensões. São Paulo: Perspectiva, 1972.) Entre as medidas que favoreceram essas transformações podem ser assinaladas: a) o início da construção do Paço Imperial, a sede do

governo, a criação da Imprensa Régia e a instalação da iluminação a gás.

b) a construção da primeira estrada de ferro do Brasil, a criação do Banco do Brasil e a fundação da Imperial Academia de Música.

c) o estabelecimento da Intendência Geral de Polícia, a fundação do Banco do Brasil e a criação da Imprensa Régia.

d) a criação da Imprensa Régia, a instalação da iluminação a gás e a construção da primeira estrada de ferro do Brasil.

e) a permissão de instalação de manufaturas no Brasil, o estabelecimento da Intendência Geral de Polícia e a construção da primeira estrada de ferro do Brasil.

17. (FUVEST 2005) A invasão da Península Ibérica pelas forças de Napoleão Bonaparte levou a Coroa portuguesa, apoiada pela Inglaterra, a deixar Lisboa e instalar-se no Rio de Janeiro. Tal decisão teve desdobramentos notáveis para o Brasil. Entre eles:

a) a chegada ao Brasil do futuro líder da independência, a extinção do tráfico negreiro e a criação das primeiras escolas primárias.

b) o surgimento das primeiras indústrias, muitas transformações arquitetônicas no Rio de Janeiro e a primeira constituição do Brasil.

c) o fim dos privilégios mercantilistas portugueses, o nascimento das universidades e algumas mudanças nas relações entre senhores e escravos.

d) a abertura dos portos brasileiros a outras nações, a assinatura de acordos comerciais favoráveis aos ingleses e a instalação da Imprensa Régia.

e) a elevação do Brasil à categoria de Reino Unido, a abertura de estradas de ferro ligando o litoral fluminense ao porto do Rio e a introdução do plantio do café.

18. (UFRGS 2005) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto abaixo, na ordem em que aparecem. Com a transferência da Corte portuguesa para o Brasil, uma das primeiras medidas tomadas por Dom João foi a ___________. Como resultado dessa medida, o pacto colonial foi na prática eliminado. No campo da política externa, as atenções do novo Império luso-brasileiro miraram os dois extremos da fronteira da América portuguesa, ou seja, a ___________ e a ___________ onde aconteceram intervenções militares. Durante o período joanino, houve ainda a abertura do Brasil ao olhar estrangeiro, que teve como decorrência a vinda de expedições científicas e artísticas ao país, dentre as quais se destacou a ___________. a) assinatura do Tratado de 1810 com a Inglaterra –

Guiana Inglesa – Cisplatina – Missão Francesa. b) abertura dos portos às nações amigas – Guiana

Inglesa – Cisplatina – Missão Holandesa. c) assinatura do Tratado de 1810 com a Inglaterra –

Guiana Francesa – Argentina – Missão Inglesa. d) abertura dos portos às nações amigas – Guiana

Francesa – Cisplatina – Missão Francesa. e) assinatura do Tratado de 1810 com a Inglaterra –

Guiana Holandesa – Argentina – Missão Inglesa. 19. (UNESP 2000) No contexto da independência política do Brasil de Portugal, é correto afirmar que: a) no Congresso de Viena, os adversários de Napoleão

I tomaram várias decisões a favor do liberalismo. b) a Revolução Constitucionalista do Porto (1820)

defendia a ampliação do poder real. c) o regresso de D. João VI a Lisboa significou a vitória

da burguesia liberal portuguesa. d) ao jurar a Constituição de 1824, D. Pedro I aderiu às

teses democráticas de Gonçalves Ledo. e) a abertura dos portos e os tratados de 1810

favoreceram os comerciantes portugueses. 20. (UFSC 2004) Assinale a(s) proposição(ões) VERDADEIRA(S) em relação ao processo de independência do Brasil. (01) No período colonial ocorreram numerosos motins e

sedições como: a Aclamação de Amador Bueno, em São Paulo; a Guerra dos Emboabas e a Revolta de Vila Rica, em Minas Gerais.

(02) A revolta em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, liderada pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier, apressou os planos de D. Pedro, apoiado pela

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aristocracia. Forçado pelas circunstâncias, teve de proclamar a independência.

(04) A independência do Brasil, a sete de setembro de 1822, atendeu aos interesses da elite social do Brasil Colônia e da burguesia portuguesa favorecida pelo decreto de Abertura dos Portos de 1808.

(08) A independência, proclamada por D. Pedro, foi aceita incondicionalmente por todas as províncias.

(16) A Maçonaria no Brasil, no século XIX, defendia os princípios liberais. As Lojas Maçônicas, em especial as do Rio de Janeiro, tiveram papel importante no movimento pela separação do Brasil de Portugal.

Nível Avançado 21. (FUVEST 1998) As reformas pombalinas propuseram, em relação ao Brasil: a) a expulsão dos mercedários e o afrouxamento das

práticas mercantilistas. b) a expulsão dos jesuítas e uma política de liberdade

do indígena. c) a criação de um sistema de intendências e a

formação de companhias privilegiadas. d) a subordinação da Igreja ao Estado e a permissão

para o surgimento da imprensa. e) o fomento às atividades manufatureiras na colônia e

o combate aos espanhóis no sul. 22. (FUVEST 2006) “O que mais espanta os índios e os faz fugir dos portugueses, e por conseqüência das igrejas, são as tiranias que com eles usam, obrigando-os a servir toda sua vida como escravos, apartando mulheres de maridos, pais de filhos, ferrando-os, vendendo-os, etc. [...] estas injustiças foram a causa da destruição das igrejas...” (Padre José de Anchieta, na segunda metade do século XVI.) A partir do texto, é correto afirmar que: a) a defesa dos indígenas feita por Anchieta estava

relacionada a problemas de ordem pessoal entre ele e os colonizadores da capitania de São Paulo.

b) a escravidão dos índios, a despeito das críticas de Anchieta, foi uma prática comum durante o período colonial, estimulada pela Coroa portuguesa.

c) os conflitos entre jesuítas e colonizadores foram constantes em várias regiões, tais que: Maranhão, São Paulo e Missões dos Sete Povos do Uruguai.

d) a posição de defesa dos indígenas, assumida por Anchieta, foi isolada nas Américas, tanto na Portuguesa quanto na Espanhola.

e) a defesa dos jesuítas foi assumida pela Coroa nos episódios em que essa ordem religiosa lutou por interesses antagônicos aos dos colonizadores.

23. (UFRGS 2005) Levando-se em consideração a origem social dos seus protagonistas, pode-se afirmar que a chamada Inconfidência Mineira foi: a) um movimento de contestação ao sistema colonial

que teve como seus principais agentes idealizadores os grandes fazendeiros e mineradores, além de burocratas e militares.

b) um movimento encabeçado pelos grandes proprietários de escravos, insatisfeitos com a cobrança da taxa de capitação sobre a mão-de-obra cativa.

c) uma revolta dos mineradores, liderados por Felipe dos Santos, que protestaram contra a instalação das Casas de Fundição.

d) uma sedição que teve a decisiva participação das massas populares (especialmente artesãos e camponeses), lideradas pelo soldado José Joaquim da Silva Xavier, conhecido como o "Tiradentes".

e) uma conjuração liderada pelos intelectuais residentes nas vilas mineiras, que se reuniam para conspirar contra o governo metropolitano nos encontros da Sociedade Literária.

24. (FUVEST 2003) “... quando o príncipe regente português, D. João, chegou de malas e bagagens para residir no Brasil, houve um grande alvoroço na cidade do Rio de Janeiro. Afinal era a própria encarnação do rei [...] que aqui desembarcava. D. João não precisou, porém, caminhar muito para alojar-se. Logo em frente ao cais estava localizado o Palácio dos Vice-Reis”.

(Lilian Schwarcz. As Barbas do Imperador.) O significado da chegada de D. João ao Rio de Janeiro pode ser resumido como: a) decorrência da loucura da rainha Dona Maria I, que

não conseguia se impor no contexto político europeu. b) fruto das derrotas militares sofridas pelos

portugueses ante os exércitos britânicos e de Napoleão Bonaparte.

c) inversão da relação entre metrópole e colônia, já que a sede política do império passava do centro para a periferia.

d) alteração da relação política entre monarcas e vice-reis, pois estes passaram a controlar o mando a partir das colônias.

e) imposição do comércio britânico, que precisava do deslocamento do eixo político para conseguir isenções alfandegárias.

25. (UFRGS 2005) Considere as seguintes afirmações, referentes à atuação do Tribunal do Santo Ofício no Brasil colonial. I - O principal tribunal inquisitorial atuante no Brasil estava sediado no Rio de Janeiro, por ser essa cidade a capital do vice-reino. II - Entre os principais delitos punidos pelo Tribunal, estavam as práticas judaizantes, além da feitiçaria, da heresia e da bigamia. III - A Inquisição portuguesa agia através das denominadas "visitações", que atingiram diversas regiões brasileiras, como a Bahia, Pernambuco e Grão-Pará. Quais estão corretas? a) Apenas II. b) Apenas I e II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 26. (UFRGS 2005) No Congresso de Viena, concluído em 1815, pouco antes da derrota de Napoleão em Waterloo, os soberanos europeus vitoriosos fixaram os destinos da Europa. Nessa reconstrução geopolítica: a) a Inglaterra, lesada em posições estratégicas,

perdeu definitivamente o domínio dos mares para potências emergentes, como Espanha e Itália.

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b) a nova carta político-territorial da Europa assegurou o equilíbrio entre as grandes potências ao reconhecer as aspirações nacionais.

c) a França, apesar da derrota, foi poupada, não perdendo seus territórios nem sendo obrigada a pagar indenizações de guerra, em nome do equilíbrio europeu.

d) a Rússia abdicou de qualquer pretensão de tornar-se a potência dominante da Europa oriental, enquanto a Áustria, que conquistou a Bélgica, perdeu seus domínios na Itália.

e) o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves, o que permitiu a permanência da família real no continente americano, sem perda do trono.

27. (UNIFESP 2006) Convém ter muita advertência nas prisões que fizer nas pessoas que hão de sair ao auto público, que se faça tudo com muita justificação pelo muito que importa à reputação e crédito do Santo Ofício e a honra e fazenda das ditas pessoas, as quais depois de presas e sentenciadas não se lhes pode restituir o dano que se lhes der. (Do Inquisidor-Geral ao primeiro Visitador na colônia, em 1591.) Essa afirmação indica que, na Colônia, a Inquisição: a) testou métodos de tortura que depois passou a

utilizar na Metrópole. b) cuidou de não se entregar aos excessos repressivos

a que se habituara na Metrópole. c) relaxou seu controle, conformando-se ao “não existe

pecado abaixo do equador”. d) utilizou procedimentos que pouco diferiam dos

empregados na Metrópole. e) trabalhou em conjunto com a sua congênere

espanhola, visando maior eficácia. 28. (UFF 2001) “A preocupação (...) justificada de nossos historiadores em integrar o processo de emancipação política com as pressões do cenário internacional envolve alguns inconvenientes ao vincular demais os acontecimentos da época a um plano muito geral, (...) deixando em esquecimento o processo interno de ajustamento às mesmas pressões que é o de (...) interiorização da metrópole no Centro-Sul da Colônia” (DIAS, Maria Odila Silva da. “A Interiorização da Metrópole”. In: MOTA, Carlos Guilherme. 1822: Dimensões. SP, Perspectiva, 1972, p.165). A citação anterior indica uma outra dimensão da análise do processo de emancipação política do Brasil e sua interpretação sugere: a) a necessidade de associar-se o enraizamento dos

interesses portugueses no Centro-Sul ao processo de emancipação política pouco traumática.

b) a valorização da reação conservadora na Europa como determinante da independência política do Brasil.

c) a necessidade de atribuir-se relevância ao papel definitivo do sentimento de formação da nacionalidade brasileira em nossa emancipação política.

d) a valorização dos elementos de ruptura presentes no processo de emancipação política, em detrimento dos elementos de continuidade.

e) a necessidade de enfatizar-se o estudo das idéias de Rousseau e demais enciclopedistas para se compreender a independência política do Brasil.

QUESTÕES ANALÍTICO-EXPOSITIVAS Nível Básico 1. (UNESP 2004 julho) Em seu livro A Fronda dos Mazombos, o historiador Evaldo Cabral de Mello situa a “A Guerra dos Mascates” no amplo contexto da Guerra dos Emboabas em Minas e a revolta fiscal do “Maneta” na Bahia ou ainda da revolta anterior de Beckmann no Maranhão, em 1684. Segundo ele, foram manifestações precoces do desassossego colonial, mas não previram a “desagregação do Atlântico luso-brasileiro” — como o fizeram posteriormente as revoltas do início do século XIX. a) Em que região do Brasil ocorreu a Guerra dos Mascates? b) Quais as características da Guerra dos Mascates? 2. (UNESP 1998) Sobre a crise do sistema colonial, afirma-se que "rigorosamente os eventos de 1789 e de 1798 configuram sedições na medida em que nestes se tratava de deliberada e organizada vontade de subverter a ordem pública e os padrões de organização do Estado". (István Jacsó, A sedução da liberdade. In História da Vida Privada.) a) Nomeie os eventos referidos. b) Dê uma diferença essencial entre eles. 3. (UFF/UFRRJ 2005 julho) As revoluções burguesas atingiram as Américas por causa das formas de resistência à exploração das metrópoles européias. Boa parte dos valores revolucionários americanos decorreram das idéias e das práticas iluministas. A partir dessas referências: a) indique um movimento no Brasil e outro na América do Norte que tenham sofrido a influência das Luzes. b) explique o que era “pacto colonial” e apresente uma razão para a eclosão dos levantes anticoloniais daquele período. 4. (UNICAMP 2006) A legitimidade dos reis lusitanos se confundia com o bem comum desde o século XIV, quando vingou o princípio de que os reis não são proprietários de seus reinos, mas sim seus defensores, acrescentadores e administradores. O Novo Mundo parecia assistir à erosão do bem comum. A distância que separava a América portuguesa da sede do reino tornou a colônia um lugar de desproteção. A lonjura em relação ao “bafo do rei” facilitava a usurpação de direitos dos súditos pelas autoridades consideradas venais e despóticas. (Adaptado de Luciano Figueiredo, “Narrativas das rebeliões: linguagem política e idéias radicais na América portuguesa moderna”. Revista USP, 57. São Paulo: USP, mar-mai, 2003, p. 10-11.) a) Segundo o texto, que mudança se observa no século XIV com relação à legitimidade do rei lusitano? Por que essa legitimidade esteve ameaçada na América portuguesa? b) Na América portuguesa, houve várias revoltas de colonos. Cite uma delas e o que os revoltosos defendiam. 5. (UFMG 2001) Nos primeiros anos que se seguiram à chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, uma série de transformações político-econômicas se processaram.

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a) APRESENTE o principal fator que impulsionou a Família Real a deixar o Continente Europeu na primeira década do século XIX. b) CITE duas repercussões econômicas da vinda da Família Real para o Brasil. c) RELACIONE a presença da Família Real portuguesa no Brasil ao processo de emancipação política que ocorreria alguns anos depois no país. 6. (UNESP 2005 julho) Bloqueio Continental: 1806-1807 Campo Imperial de Berlim, 21 de novembro de 1806 NAPOLEÃO, Imperador dos Franceses, Rei da Itália etc (...) Considerando, 1ª- Que a Inglaterra não admite o direito da gente universalmente observado por todos os povos civilizados; 2ª- Que esta considera inimigo todo indivíduo que pertence a um Estado inimigo e, por conseguinte, faz prisioneiros de guerra não somente as equipagens dos navios armados para a guerra mas ainda as equipagens das naves de comércio e até mesmo os negociantes que viajam para os seus negócios; (...) Por conseguinte, temos decretado e decretamos o que se segue: Artigo 1º- As Ilhas Britânicas são declaradas em estado de bloqueio. Artigo 2º- Qualquer comércio e qualquer correspondência com as Ilhas Britânicas ficam interditados (...) (...) Artigo 7º- Nenhuma embarcação vinda diretamente da Inglaterra ou das colônias inglesas, ou lá tendo estado, desde a publicação do presente decreto, será recebida em porto algum. (Gazette Nationale ou le Moniteur Universel, 5 décembre 1806, em Kátia M. de Queirós Mattoso, Textos e documentos para o estudo da história contemporânea (1789-1963).) a) Em qual conjuntura esse decreto foi publicado? b) Identifique e explique a principal decorrência do decreto francês nas relações entre Portugal e Brasil. 7. (UERJ 2002) “O Deus da natureza fez a América para ser independente e livre: o Deus da Natureza conservou no Brasil o príncipe regente para ser aquele que firmasse a independência deste vasto continente. Que tardamos? A época é esta. Portugal nos insulta ... a América nos convida ... a Europa nos contempla ... o príncipe nos defende ... Cidadãos! Soltai o grito festivo ... Viva o Imperador Constitucional do Brasil, o senhor D. Pedro Primeiro”. (Correio Extraordinário do Rio de Janeiro, 21/09/1822) a) Comparando os processos de emancipação política da América portuguesa e da América espanhola, aponte uma diferença verificada entre eles. b) Apresente duas razões para a independência do Brasil. Nível Intermediário 8. (UFF 2003) O profundo reordenamento das relações administrativas, militares e mercantis impostas por Portugal a sua Colônia na América, na segunda metade do século XVIII, visou a tirar a Metrópole da posição subalterna a que tinha sido relegada no cenário

mundial. As reformas realizadas buscaram racionalizar a administração do Império Colonial Português, mediante a maior intervenção do poder central em áreas como o Brasil. Com base no trecho acima: a) Cite um dos principais artífices das reformas administrativas portuguesas da segunda metade do século XVIII. b) Analise as repercussões destas reformas administrativas no Brasil. 9. (UFF 2004) “Eu a Rainha faço saber aos que este Alvará virem: Que sendo-me presente o grande número de Fábricas, e Manufaturas, que de alguns anos a esta parte se tem difundido em diferentes capitanias do Brasil, com grave prejuízo da Cultura, e da Lavoura, e da exploração das Terras Mineiras daquele vasto Continente; porque havendo nele uma grande, e conhecida falta de População, é evidente, que quanto mais se multiplicar o número de Fabricantes, mais diminuirá o dos Cultivadores; e menos Braços haverá, que se possam empregar no descobrimento, e rompimento de uma grande parte daqueles extensos domínios, poderão prosperar, nem florescer por falta do benefício da Cultura, não obstante ser esta a essencialíssima Condição, com que foram dadas aos proprietários delas (...)” (Alvará de 05 de janeiro de 1785, apud Mendes Jr & Maranhão . Brasil. Texto e Consulta. República Velha. São Paulo, Brasiliense, 1981, volume 2) Com base no texto, analise as determinações do Alvará de 1785 em relação à liberdade de comércio e de produção manufatureira da colônia portuguesa no Brasil. 10. (UNESP 2005 julho) A julgar pelas palavras de um dos primeiros governadores, ao fim das duas primeiras décadas do século XVIII, a chuvosa e fria região central da terra mineira “evaporava tumultos”, “exalava motins”, “tocava desaforos”, quando não “vomitava insolências”. (...) poder-se-ia inferir que o cenário dominante nas Minas era de um permanente confronto dos novos habitantes — desejosos de enriquecer rapidamente e, portanto, tentando fugir da ação limitadora (e arrecadadora) do Estado (...) Bem ao espírito da época, o quinto era um ‘direito real’ praticamente incontestado. (...) Se, por um lado, a legitimidade do direito ao quinto sobre o ouro nunca foi formalmente questionada pelos moradores das Minas, por outro, as formas de sua aferição e o controle da arrecadação sempre foram objeto das mais acres polêmicas. (João Pinto Furtado, O Manto de Penélope — História, mito e memória da Inconfidência Mineira de 1788-9.) a) Cite dois métodos utilizados em Minas Gerais para a arrecadação do quinto durante o século XVIII. b) Identifique e caracterize uma rebelião ocorrida em Minas Gerais na primeira metade do século XVIII. 11. (UNICAMP 2003) O final do século XVIII, no Brasil colônia, é caracterizado pelas inconfidências ocorridas em Minas Gerais, na Bahia e no Rio de Janeiro. Esses movimentos alarmaram a coroa portuguesa e contribuíram para uma rediscussão da política no império luso-brasileiro. a) Identifique os grupos sociais que participaram de cada uma dessas inconfidências.

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b) Qual o significado da independência dos EUA, de um lado, para o governo metropolitano português e, de outro, para os inconfidentes mineiros? c) Que outro processo revolucionário inspirou esses movimentos? 12. (UNESP 2003 julho) Durante os últimos anos do século XVIII, o Brasil colonial foi abalado por diversas revoltas e insurreições em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e na Bahia. Essas revoltas e rebeliões se caracterizaram como questionadoras da ordem colonial em seus aspectos políticos, sociais e econômicos. a) Como ficaram conhecidas as revoltas ocorridas no final do século XVIII em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e na Bahia? b) Quais foram as duas grandes influências políticas e intelectuais dos revoltosos desse período? 13. (UNESP 2002) Em março de 1808, a corte portuguesa desembarcou na cidade do Rio de Janeiro, que se tornou a capital do império português. a) Por que a família real teve que abandonar Portugal? b) Cite duas conseqüências, de ordem cultural, decorrentes da presença dos Bragança no Rio de Janeiro. 14. (UNESP 2005) Imprensa, universidades, fábricas — nada disso nos convinha, na opinião do colonizador. Temiam os portugueses deixar entrar aqui essas novidades e verem, por influência delas, escapar-lhes das mãos a galinha dos ovos de ouro que era para eles o Brasil. (Isabel Lustosa, O nascimento da imprensa brasileira.) Com base nas análises da autora, responda. a) Que fato alterou a política metropolitana em relação à colônia brasileira na primeira década do século XIX? b) Por que a imprensa, as universidades e as fábricas eram tidas pelos colonizadores como uma ameaça? 15. (UFRJ 2005) “A escalada inglesa pelo controle do mercado colonial brasileiro culminou no Tratado de Navegação e Comércio, assinado após longas negociações em fevereiro de 1810. A Coroa portuguesa tinha pouco campo de manobra. [...] A tarifa a ser paga sobre as mercadorias inglesas exportadas para o Brasil foi fixada em apenas 15% de seu valor, pelo tratado de 1810. Com isso, os produtos ingleses ficaram em vantagem até com relação aos portugueses. Mesmo quando, logo depois, as duas tarifas foram igualadas, a vantagem inglesa continuou imensa.” (Fonte: FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo, EDUSP, 1995, p. 124.) O texto se refere à conjuntura política que permitiu aos mercadores britânicos terem acesso privilegiado ao mercado colonial brasileiro a partir de 1810. Explique o motivo pelo qual, em semelhante conjuntura, era reduzida a capacidade de manobra da Coroa portuguesa para enfrentar as pressões inglesas pelo controle do mercado colonial. 16. (UFF 2000) O século XIX foi marcado por ondas revolucionárias que, em 1820, incidiram sobre a Península Ibérica. No caso específico de Portugal, houve uma revolução que alterou a relação deste país com o Brasil. a) Cite o nome dado a esta revolução.

b) Correlacione esta revolução ao processo de emancipação política do Brasil. 17. (FUVEST 2002) “Odeio cordialmente as revoluções … Nas reformas deve haver muita prudência … Nada se deve fazer aos saltos, mas tudo por graus como manda a natureza… Nunca fui nem serei absolutista, mas nem por isso me alistarei jamais debaixo das esfarrapadas bandeiras da suja e caótica democracia”. (José Bonifácio de Andrada e Silva, 1822.) Analise o texto, associando-o ao processo de independência do Brasil no que se refere: a) à forma assumida pela monarquia no Brasil. b) à participação popular. 18. (UNICAMP 2004) A respeito da Independência na Bahia, o historiador João José Reis afirmou o seguinte: Os escravos não testemunharam passivamente a Independência. Muitos chegaram a acreditar, às vezes de maneira organizada, que lhes cabia um melhor papel no palco político. Os sinais desse projeto dos negros são claros. Em abril de 1823, dona Maria Bárbara Garcez Pinto informava seu marido em Portugal, em uma pitoresca linguagem: “A crioulada fez requerimentos para serem livres”. Em outras palavras, os escravos negros nascidos no Brasil (crioulos) ousavam pedir, organizadamente, a liberdade! (Adaptado de O Jogo Duro do Dois de Julho: o “Partido Negro” na Independência da Bahia, em João José Reis e Eduardo Silva, Negociação e Conflito. A resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Cia das Letras, 1988, p. 92). a) A partir do texto, como se pode questionar o estereótipo do “escravo ignorante”? b) Identifique dois motivos pelos quais a atuação dos escravos despertava temor entre os senhores. c) De que maneira esse enunciado problematiza a versão tradicional da Independência do Brasil? 19. (UNESP 2006) Leia a declaração. Como é para o bem do povo e felicidade geral da nação, estou pronto; diga ao povo que fico. (D. Pedro, Príncipe Regente, 9 de janeiro de 1822.) a) Qual o significado da decisão tomada pelo Príncipe Regente? b) Explique o que foi a Revolução do Porto, iniciada em 1820, e aponte suas conseqüências para a porção americana do Império Português. Nível Avançado 20. (FUVEST 2003) “RIO JAPURÁ — Neste rio, próximo do Içá, dá-se o mais bárbaro e desumano tráfico de índios. Ordinariamente, nos meses de janeiro e fevereiro, sobe aquele rio número considerável de canoas com carregamentos de machados, facas, terçados, missangas, espelhos, etc., com o fim especial de trocarem tais mercadorias com índios que passam a servir aos negociantes como escravos. (...) De Tefé, Fonte Boa, Coary e Calderão, território brasileiro, partem as expedições para aquele tráfico: e de volta a esses pontos são novamente vendidos por 100$000 ou mais”. (Correio Paulistano. 11/10/1878.) A partir do artigo do jornal, e usando seus conhecimentos de História, identifique:

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a) A região onde se realizava esse tipo de comércio escravista e em quais atividades econômicas era utilizada a mão-de-obra indígena. b) Alguns dos principais conflitos, no Brasil, desde o período colonial, em relação à escravização indígena. 21. (UNICAMP 2001) Observe a figura abaixo de Pedro Berruguete, do final do século XV, retratando um auto-de-fé.

Fonte: Francisco Bethencourt, História das Inquisições, Lisboa, Círculo de Leitores, 1994. a) Identifique, na imagem, os personagens que participam de uma cerimônia pública da Inquisição. b) Explique por que as ações da Inquisição se davam por meio de cerimônias públicas. c) Caracterize a atuação da Inquisição no Brasil colonial. GABARITO DOS TESTES

(01) E (02) C (03) A (04) D (05) A (06) E (07) D (08) C (09) C (10) A (11) B (12) C (13) B (14) E (15) C (16) C (17) D (18) D (19) C (20) 17 (21) B (22) C (23) A (24) C (25) D (26) E (27) D (28) A

RESPOSTAS DAS DISSERTATIVAS (1) Resolução: a) A Guerra dos Mascates ocorreu na capitania de Pernambuco, entre os anos de 1709-1711. b) A Guerra dos Mascates envolveu os dois grupos dominantes da sociedade pernambucana. De um lado, os arruinados senhores de engenho da vila de Olinda; do outro, os poderosos comerciantes portugueses —

chamados ofensivamente de “mascates” pelos fazendeiros — que residiam no povoado de Recife.

Embora decadente, a aristocracia açucareira mantinha a hegemonia política na capitania, por meio da Câmara Municipal de Olinda. Em outras palavras, os habitantes de Recife estavam subordinados ao mando dos “homens bons” da vila vizinha. Além disso, deve-se salientar, os senhores de engenho contraíram elevadas dívidas com os mascates e não pagavam. Esse é o quadro histórico que levou ao conflito entre a fazenda e a loja.

A revolta teve início quando a Coroa elevou Recife à categoria de vila, permitindo que os comerciantes formassem um governo municipal autônomo da vila olindense. Inconformados, os fazendeiros ocuparam militarmente Recife, impedindo sua autonomia política.

A repressão metropolitana não tardou. Muitos fazendeiros foram presos e processados, e Recife foi confirmada como vila e capital de Pernambuco: os senhores de engenho não governavam mais a capitania sozinhos. (2) Resolução: a) O evento de 1789 foi a Inconfidência Mineira e o de 1798 foi a Revolta dos Alfaiates ou Conjura Baiana. b) A Inconfidência Mineira teve um caráter mais elitista enquanto que a Conjura Baiana foi mais popular, chegando mesmo, em seus planos, a propor a igualdade entre todos os homens. (3) Resolução: a) Os candidatos deverão indicar, no caso do Brasil, as inconfidências, sendo correta qualquer forma de indicação como a mineira, a bahiana ou a da carioca e, no caso da América do Norte, a Revolução Americana de 1776. b) Os candidatos deverão responder que o pacto colonial era a forma mais eficaz de domínio colonial porque controlava todas as possibilidades de comércio entre as colônias e entre as colônias e outras nações que não fossem as metrópoles que as dominavam; os movimentos de libertação tinham como objetivo a busca da liberdade e a eliminação dos impostos fiscais, cobrados pelas metrópoles. (4) Resolução: a) Segundo o texto, a mudança diz respeito à concepção da legitimidade da autoridade do monarca. No lugar de serem considerados “proprietários de seus reinos”, eram considerados “defensores, acrescentadores e administradores”. Ainda segundo o texto, essa legitimidade esteve ameaçada no Novo Mundo devido à distância existente entre a Metrópole e a Colônia que, mais afastada fisicamente da autoridade real, facilitava a existência de funcionários corruptos. b) Durante o Período Colonial, ocorreram várias revoltas de colonos contra a autoridade da Metrópole, das quais podemos destacar: a Revolta de Beckman (Maranhão, 1684), na qual os revoltosos defendiam a expulsão dos jesuítas e o fim da companhia de comércio do Maranhão; a Guerra dos Emboabas (Minas Gerais, 1708-1709), em que os paulistas tentavam garantir para si o controle da exploração do ouro, entrando em conflito com os adventícios (emboabas) que chegavam à região mineradora; a Guerra dos Mascates (Pernambuco, 1710), segundo a

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qual os senhores de engenho de Olinda se opunham à separação de Recife e sua elevação à condição de vila; a Revolta de Vila Rica (Minas Gerais, 1720), em que os colonos faziam oposição à criação das Casas de Fundição (proibia-se a circulação do ouro em pó, pois este deveria ser transformado em barras e tirado o quinto para a Coroa); a Inconfidência Mineira (Minas Gerais, 1789), inspirada no exemplo da independência dos Estados Unidos (1776), era um movimento republicano e emancipacionista contrário à derrama (cobrança de impostos atrasados, que mineradores, ou não, tinham de pagar); e a Inconfidência Baiana (Bahia, 1798), movimento emancipacionista e republicano que contou com a participação popular, chegando à defesa do fim da escravidão por alguns de seus membros. (5) Resolução: a) A invasão napoleônica em Portugal punindo os lusitanos pelo desrespeito ao Bloqueio Continental decretado por Napoleão à Inglaterra. b) Algumas repercussões possíveis: Abertura dos Portos em 1808; assinatura dos Tratados Comerciais de 1810; revogação do Alvará de 1785 de D. Maria I; crescimento do mercado interno do Rio de Janeiro; aumento das importações inglesas e dependência brasileira à Inglaterra; fim do exclusivo metropolitano português. c) A transferência da Família Real portuguesa para o Brasil promoveu a “inversão americana” através do estabelecimento do Estado lusitano no Brasil. Esse fato contribuiu para a Independência em 1822, na medida em que o período joanino criou as bases da autonomia política e da liberdade econômica (elevação do Brasil a Reino Unido e Abertura dos Portos), essenciais para o sete de setembro. (6) Resolução: a) O decreto foi publicado durante o Império de Napoleão (1806) e constituiu-se numa mudança estratégica na luta contra a Inglaterra: sendo esta imbatível nos enfrentamentos militares marítimos, Napoleão utilizou-se da ação econômica para tentar derrotá-la. b) A principal conseqüência foi a transmigração da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro, gerando, portanto, a troca de papéis entre a colônia e a metrópole. Decorreu daí a abertura dos portos e o fim do monopólio. Como Portugal era um aliado natural da Inglaterra, D. João optou pelo desrespeito ao bloqueio continental. Cumprindo a ameaça de Napoleão Bonaparte, as tropas francesas invadiram o território português. Porém, antes que elas chegassem a Lisboa, a Corte em fuga iniciou sua viagem para o Brasil. (7) Resolução: a) Uma dentre as diferenças: O processo político de independência estabeleceu na América portuguesa uma monarquia, enquanto na América espanhola, efetivou o regime republicano. Na América portuguesa, a unidade territorial pré-existente foi mantida após a independência, enquanto, na América espanhola, assistiu-se a uma fragmentação territorial. b) Duas dentre as razões: A política recolonizadora das Cortes de Lisboa. O fechamento dos tribunais superiores no Brasil. A exigência da volta do príncipe regente para Portugal. A proibição de que o Brasil tivesse uma constituição própria. As idéias liberais

propagadas pelo movimento constitucional português de 1820. (8) Resolução: a) O candidato poderá citar: o Marquês de Pombal (ou Sebastião José de Carvalho e Melo) ou ainda o monarca a quem servira – D. José I – bem como seus precursores, dentre os quais, o conde de Ericeira. b) O candidato poderá destacar que a centralização administrativa, realizada pelo Marquês de Pombal, fez-se acompanhar de um crescente controle da Coroa sobre as atividades econômicas da Colônia, como forma de resolver a crise na Metrópole. Poderá ainda mencionar a proibição da fabricação, na Colônia, de mercadorias que pudessem fazer concorrência aos produtos vendidos por Portugal ou que não interessassem a seu comércio; outro aspecto a ser destacado é a expulsão dos jesuítas – da Metrópole e das Colônias – como forma de resgatar para a Coroa o controle sobre vastas extensões de terra e mão-de-obra; igualmente importantes foram as alterações promovidas na divisão administrativa da Colônia com a extinção do sistema de capitanias hereditárias e a elevação do Estado do Brasil à categoria de vice-reino, de modo a controlar, de forma ainda mais eficiente, os excedentes produzidos na colônia lusitana, na América. Outra mudança referiu-se à transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro, num claro reconhecimento da crescente importância das capitanias do Sul, refletindo a transferência do eixo econômico e político da colônia, desde a mineração. A criação de novas Companhias de Comércio na Colônia foi também um instrumento para maximizar sua exploração, atendendo a reivindicações de colonos e comerciantes do Recife e de São Luís (Cia Geral do Comércio do Estado do Grão-Pará e Maranhão – 1755 e Cia Geral do Comércio de Pernambuco e Paraíba – 1759). O candidato poderá também mencionar que o acirramento dos mecanismos de controle e exploração colonial, desde as reformas pombalinas, contribuiu em muito para a eclosão de revoltas na Colônia, como a Conjuração Bahiana e a do Rio de Janeiro. Por fim, poderá acrescentar que, paradoxalmente, essas medidas provinham de homens envolvidos com os valores iluministas. (9) Resolução: O candidato deverá responder que o alvará determinava a extinção das manufaturas, sob pena de multas e confisco, afirmando que elas desviavam a mão-de-obra da lavoura e das minas. O Alvará tinha clara intenção de impedir a concorrência das manufaturas coloniais em relação às portuguesas. Além disso, a proibição das manufaturas era uma forma de manter o poder dos mercadores metropolitanos, que compravam produtos em outras terras e os reexportavam para a colônia. O Alvará, sobretudo, veio a reafirmar a condição de Colônia do Brasil de fins do século XVIII. (10) Resolução: a) Em Minas Gerais, durante o século XVIII, foram utilizados dois métodos para a cobrança do quinto.

Inicialmente, o minerador declarava à Intendência a quantidade de ouro que havia extraído e sobre ela pagava o quinto. O sistema era falho e sujeito

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a todo tipo de fraude e sonegação, por ser declaratório e pela deficiência da fiscalização.

Com a entrada em funcionamento das Casas de Fundição (1725) e com a proibição da circulação de ouro em pó, a cobrança ficou mais eficiente. As Casas fundiam o ouro, em barras, e já descontavam o quinto. Usando uma expressão atual: o imposto era recolhido na fonte.

A “quintagem” do ouro nas Casas de Fundição reduziu a sonegação, mas não a eliminou. Basta ver que em 1789 — época da Inconfidência Mineira — o total de quintos em atraso chegava a 596 arrobas, o que equivalia ao total de quintos arrecadados nos dez anos anteriores. Por isso foi decretada a derrama, a qual, devemos lembrar, não era um método usual de recolhimento do quinto, mas sim de cobrança dos atrasados. b) A Revolta de Vila Rica, chefiada por Felipe dos Santos, em 1720, ocorreu um ano depois da criação das Casas de Fundição e foi um claro protesto dos mineradores contra a nova forma de cobrança do quinto. Em tempo: as Casas de Fundição foram criadas, por lei, em 1719, mas somente começaram a funcionar em 1725. (11) Resolução: a) Na Inconfidência Mineira (1789) houve uma participação predominante da elite da região mineradora (fazendeiros, criadores de gado, exploradores de minas, contratadores, magistrados, militares, intelectuais) e alguns representantes da camada média local, como comprova a figura do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

Já na Conjuração dos Alfaiates (Salvador-1798) o predomínio foi de populares (pedreiros, forros, soldados, alfaiates, artesãos), entretanto havia também alguns componentes da camada média, como atesta o caso do cirurgião Cipriano Barata.

Por fim, a Conjuração do Rio de Janeiro (1794) teve a participação dos intelectuais da Sociedade Literária, entre eles advogados, professores, médicos, mas também marceneiros, sapateiros, ourives e entalhadores. b) A independência dos Estados Unidos, declarada pelos patriotas norte-americanos em 1776, trouxe preocupações para as autoridades européias. Pela primeira vez colonos americanos rompiam seus laços de dependência política com uma metrópole. A Coroa portuguesa temia que seus súditos na América pudessem seguir os mesmos caminhos. Por outro lado, para os vários colonos no Brasil, a independência das 13 colônias inglesas colaborou para o aumento do sentimento emancipacionista. c) Os participantes dos três movimentos foram influenciados, em graus variados, pelas idéias iluministas (movimento intelectual dos séculos XVII/XVIII, caracterizado pela valorização da razão). (12) Resolução: a) Os movimentos a que se refere a questão são a Inconfidência Mineira, a Inconfidência Fluminense e a Inconfidência Baiana. Genericamente, esses movimentos são conhecidos como revoltas emancipacionistas ou de pré-independência, para distinguir-se das rebeliões nativistas, ocorridas no século XVII e início do século XVIII.

b) A grande influência intelectual dessas revoltas foi o Iluminismo. Já em termos políticos, os movimentos mineiro e fluminense foram influenciados principalmente pela independência dos Estados Unidos, enquanto que os rebeldes baianos sofreram mais a influência da Revolução Francesa e do processo de independência do Haiti. (13) Resolução: a) A transmigração da Família Real Portuguesa para o Brasil insere-se no contexto do expansionismo napoleônico e das disputas franco-britânicas. Portugal, não aderiu ao Bloqueio Continental (1806) que Napoleão declarara aos ingleses e, por isso, as tropas francesas iniciaram a invasão a Portugal. b) Ao desembarcar no Brasil, D. João VI promoveu uma série de melhorias de caráter cultural, dentre as quais destacamos a criação do Jardim Botânico e a vinda da Missão Artística Francesa para o Brasil. Além dessas, podemos citar a criação da Biblioteca Real, da Imprensa Régia e do Teatro Real. (14) Resolução: a) Em virtude das Guerras Napoleônicas, a família real portuguesa se deslocou para o Brasil, chegando aqui em janeiro de 1808. D. João, na condição de príncipe regente, tomou medidas imediatas: promoveu a abertura dos portos, que pôs fim ao pacto colonial, e assinou o alvará de liberdade industrial, permitindo a criação de fábricas na colônia. Mais adiante, fundou a faculdade de medicina de Salvador, criou a Imprensa Régia e, em 1815, elevou o Brasil à categoria de Reino Unido a Portugal.

Tais medidas serviram de suporte para setores dominantes da sociedade brasileira concretizarem o processo de independência. b) Os colonizadores viam com maus olhos a ampliação da circulação das idéias ilustradas francesas, que seriam favorecidas pela criação da imprensa e das universidades. Além disso, temiam perder, com o possível crescimento das fábricas, o comércio de manufaturas vindas da metrópole, atividade que fazia do Brasil a galinha dos ovos de ouro (como citado no texto). (15) Resolução: O candidato deverá explicar que era reduzida a capacidade de manobra da Coroa lusitana em função da dependência militar e política de Portugal para com Londres, acentuadas sobretudo a partir do apoio inglês para a expulsão dos franceses de Portugal, além da contribuição britânica à emigração da Corte para o Brasil. Pode-se acrescentar ainda a relativa dependência econômica de Lisboa para com Londres. (16) Resolução: a) Revolução do Porto ou Revolução Liberal do Porto ou Revolução de 1820. b) O candidato deverá responder que a Revolução do Porto interferiu diretamente no processo e na forma de nossa emancipação política, uma vez que as características contraditórias da Revolução (criar um regime político liberal constitucionalista em Portugal e, ao mesmo tempo, anular a relativa autonomia dada à colônia) acirraram as disputas no Brasil. De um lado, o chamado Partido Português, desejoso de restaurar antigos privilégios, de outro, o Partido Brasileiro, que visava à preservação dos ganhos advindos com o estatuto político – jurídico de Reino Unido.

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O candidato poderá enfocar, apenas, a formação dos partidos ou as disputas entre os defensores da recolonização e os que apoiaram a autonomia. De qualquer forma, só poderá obter os pontos totais se fizer a relação entre o que, naquele momento, ocorria no país e as características da revolução em Portugal. (17) Resolução: a) O processo emancipatório brasileiro foi conduzido pela elite do Centro-Sul, da qual José Bonifácio, o Patrono da Independência, fazia parte. Após a conquista da independência, conflitos ocorreram para se estabelecer a estrutura político-administrativa do novo país. D. Pedro dissolveu a Assembléia Constituinte, que estava elaborando um texto limitador do poder imperial, e outorgou a Constituição de 1824. Essa Carta possibilitava centralização graças, principalmente, à criação do Poder Moderador, que era prerrogativa do monarca. Portanto havia no Brasil apenas um liberalismo de fachada. Foi nesse contexto que José Bonifácio — que no texto se diz contrário à democracia, mas também ao absolutismo — rompeu relações com D. Pedro I. b) O texto do Patriarca reflete bem a roupagem elitista do drama político que se desenrolou nos primeiros anos da década de 1820. Entre as classes agrárias, das quais provinham as lideranças políticas, predominava o desejo de mudanças com mínimas alterações nos quadros sócio-econômico e político do país. Daí serem refratários a qualquer tipo de participação popular, tanto no processo de independência quanto na futura nação livre. Afinal, seria incorrer no risco de se cair na “caótica democracia”. (18) Resolução: a) A existência de um “projeto” próprio entre os escravos da Bahia, conforme relata o texto, revela que os crioulos conheciam a conjuntura política e tinham intenção de nela tomar posição e tirar proveito da Independência. b) A atuação dos escravos sempre gerou temores entre os senhores: ela significava ameaça de perda do controle — e conseqüente violência que poderiam sofrer — e possibilidade de perda de capitais, em caso de fuga ou morte dos cativos. c) Uma versão reducionista do processo de independência, ainda hoje, coloca-a como resultante da ação de um protagonista, o príncipe D. Pedro — coadjuvado, no máximo, por algumas figuras destacadas, como José Bonifácio.

O texto permite reforçar a idéia de que a Independência, ainda que liderada por uma elite agrária, foi um processo que atingiu e mobilizou também parcelas da população urbana livre e escrava. (19) Resolução: a) A frase atribuída ao príncipe regente refere-se à sua decisão de desobedecer a uma ordem das Cortes em Lisboa, que determinava sua volta para Portugal. Afirma-se que, entre a possibilidade de ser punido pela Cortes em Portugal e tornar-se o monarca dos brasileiros, o príncipe teria escolhido esta última alternativa. b) A chamada Revolução do Porto teve um caráter liberal no sentido de abolir a monarquia absolutista e propor uma monarquia constitucional no país. Todavia, para a América portuguesa, teve um sentido antiliberal, na medida em que as cortes constituintes anularam as

medidas livre-cambistas adotadas por D. João durante sua permanência no Brasil. Nesse sentido, a referida revolução se insere no processo de emancipação política do Brasil, pois, a partir de um certo momento, as decisões das Cortes de Lisboa passaram a ser frontalmente desobedecidas e, de uma certa forma, ajudaram a provocar uma união em torno do príncipe regente na direção do rompimento político. (20) Resolução: a) O comércio de escravos indígenas citado no artigo do jornal ocorria na região amazônica. Tal mão-de-obra era utilizada, sobretudo, na extração e no transporte de produtos da floresta tropical, as chamadas “Drogas do Sertão”. b) No período colonial, a população nativa era capturada pelos bandeirantes para a posterior escravização ou, de outra forma, explorada pela ação dos jesuítas nas reduções. Entretanto, mesmo após a sua proibição formal, ainda no século XVIII, a escravidão de índios para sua exploração como mão-de-obra ou, simplesmente, para ocupação e exploração das terras por eles povoadas se manteve por um longo período, existindo resíduos dessa prática até nos dias atuais. Como se sabe, foi freqüente a resistência por parte dos cativos, gerando vários conflitos que tiveram como saldo, grosso modo, a morte dos indígenas. Podemos citar a Revolta de Beckman, no Maranhão, como sendo um típico conflito gerado pela restrição à escravização indígena. (21) Resolução: a) Na figura, podemos identificar os membros da hierarquia eclesiástica, elementos do poder secular (especialmente os soldados) e os condenados. b) Entre outras razões, a Inquisição executava suas ações em cerimônias públicas a fim de, por meio da intimidação, reafirmar a estrutura de poder justificada pela Igreja. c) Ainda que a Companhia de Jesus tenha encarnado com fervor a Contra-Reforma e que os jesuítas tenham tido presença marcante na colônia, a Inquisição nunca instalou um tribunal em terras brasileiras. Limitou-se a enviar de Portugal, em apenas três ocasiões, por solicitação dos jesuítas, Visitadores do Santo Ofício, para detectar a presença de falsos cristãos-novos, “seguidores de Lutero” e praticantes de heresias várias, como a bigamia e a sodomia. Houve prisões e seqüestro de bens dos acusados, que foram enviados ao tribunal de Lisboa para julgamento e aplicação de penas.

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História Frente I CCAAPPÍÍTTUULLOO 66 –– OO PPRRIIMMEEIIRROO RREEIINNAADDOO

O PRIMEIRO REINADO (1822-1831)

A POLÍTICA INTERNA Considerações gerais sobre a independência

A aristocracia, após a independência, continuou montada na escravidão, pois essa era a base de sua sustentação política e econômica.

No processo de independência do Brasil, iniciado efetivamente com a chegada da família real, merece destaque especial a participação da aristocracia brasileira (classe social responsável pela nossa independência) e o extraordinário papel da maçonaria e da imprensa, articuladoras do 7 de Setembro. Quanto ao povo, este não participou do processo de articulação da independência, porque era marginalizado pela aristocracia, que não admitia manifestações populares na política brasileira. O Estado Brasileiro foi criado em 1822, de acordo com os interesses da aristocracia. Praticamente, só os membros da classe dominante podiam ocupar os principais cargos públicos do Brasil, como, por exemplo: governadores de províncias, senadores, deputados, ministros de Estado e outros. Para a classe dominante era fundamental manter a escravidão no país, pois o escravismo, além de ser a base da estrutura social (estrutura de privilégios), era também o elemento fundamental na economia brasileira. Todas estas razões explicam por que a política brasileira, durante o período imperial, se caracterizou pelo conservadorismo. A nossa aristocracia era dotada de uma ideologia conservadora. Isto não quer dizer que durante o Império não houvesse algumas medidas liberais. Houve. Mas esse liberalismo só ia até o ponto em que não prejudicasse os interesses da aristocracia. No que diz respeito à política externa, continuamos, mesmo após a Independência, dependendo economicamente da Inglaterra, pois era com esta nação que mantínhamos nossas maiores relações comerciais, e os empréstimos e financiamentos ao Brasil eram feitos pelos ingleses. Em síntese, o 7 de Setembro não provocou mudanças profundas em nosso processo histórico, pois persistiram: • a dependência econômica em relação à Inglaterra; • uma economia dependente do capital estrangeiro e submetida às imposições dos mercados externos; • uma produção que tinha por base o modelo colonial, isto é, agrária, monocultora, escravista e exportadora; • uma aristocracia rural caracterizada pela mentalidade escravista e pela ideologia conservadora; • uma sociedade caracterizada pela supremacia da elite agrária.

A luta entre José Bonifácio e o grupo maçônico (Gonçalves Ledo) As divergências após o 7 de Setembro, devido aos choques de idéias sobre qual seria a forma política ideal para o Brasil independente, dividiram os grupos que haviam se unido em prol da independência política. O grupo de José Bonifácio, de tendência conservadora, divergia do grupo maçônico de Gonçalves Ledo, de tendência liberal. O Patriarca da Independência, temendo as idéias liberais e acreditando que só um governo forte pudesse manter a centralização administrativa e a unidade nacional, pregava uma monarquia centralizada, com poderes absolutos e um ministério com ele à frente, é claro. A ala maçônica de Gonçalves Ledo pregava uma monarquia constitucional democrática, onde o Poder Legislativo seria o poder mais importante, pois restringia os poderes de D. Pedro I, reafirmava a liberdade de expressão e de iniciativa, a descentralização administrativa e a ampla autonomia às províncias. Fechando a maçonaria, José Bonifácio começou a perseguir os maçons. Figuras importantíssimas como o padre Januário da Cunha Barbosa e José Clemente Pereira foram presas e deportadas, e o líder maçônico Gonçalves Ledo, para não ser preso também, fugiu para Buenos Aires. Agitavam-se os meios políticos brasileiros. E é nesse ambiente agitado que se dá a coroação de D. Pedro I, a 1º de dezembro de 1822, como Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil. A guerra de Independência Proclamada a Independência, era preciso estender a soberania da nova ordem política a todo o Brasil, o que não foi fácil para D. Pedro, pois nas províncias da Bahia, Maranhão, Pará, Piauí e Cisplatina as tropas portuguesas e alguns homens que se mantinham fiéis a Portugal não aceitaram a autoridade do imperador e iniciaram movimentos armados contra a nossa independência. A maior resistência concentrou-se na Bahia, com o brigadeiro português Madeira de Melo, que hostilizava os elementos favoráveis à Independência. As tropas de Pedro Labatut e a esquadrilha de Rodrigo de Lamare, enviadas à Bahia em auxílio dos baianos, sitiaram Salvador. Madeira de Melo partiu para a ofensiva. As tropas brasileiras estavam sendo derrotadas quando o major Barros Falcão mandou o corneteiro dar o toque de Retirada. Luís Lopes, ao invés disso, tocou Avançar cavalaria, provocando o pânico entre os portugueses, que recuaram. Com a chegada do almirante lorde Cochrane, que fez o bloqueio marítimo, Madeira de Melo foi definitivamente vencido e partiu para Portugal a 2 de julho de 1823.

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A vitória do governo sobre o Maranhão, Piauí e Pará foi muito fácil: no Piauí, o governador Cunha Fidié, que ameaçava invadir o Ceará, foi derrotado e rendeu-se; no Maranhão, as tropas portuguesas se retiraram depois da chegada de lorde Cochrane, que, ao chegar com um navio apenas, deu a impressão que

era o primeiro de uma forte esquadra. No Pará, Grenfell repetiu o mesmo ardil de Cochrane. Na Cisplatina, o general Lécor venceu o português D. Álvaro da Costa. Completava-se a vitória do governo; estava mantida a unidade territorial brasileira.

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A Assembléia Constituinte A Assembléia Constituinte foi convocada em 3 de julho de 1822; no entanto, só se reuniu pela primeira vez em 3 de maio de 1823. Nesta Assembléia, destacavam-se os Andradas, além de altas personalidades do clero, grandes proprietários rurais (latifundiários) e juristas. O primeiro desentendimento entre os constituintes e o imperador foi decorrente da afirmação de D. Pedro, na abertura da sessão, de que defenderia a Pátria e a Constituição desde que “fosse digna dele e do Brasil”. Marcou-se ainda a Assembléia Constituinte pelas divergências entre os liberais radicais, que exigiam uma constituição liberal, a limitação dos poderes de D. Pedro, maior autonomia das províncias (federalismo), e os conservadores liderados por José Bonifácio, que pretendiam uma centralização política rigorosa e a limitação do direito de voto. O exagerado autoritarismo de José Bonifácio gerou severas críticas dos seus opositores. Perdendo o prestígio e a confiança do imperador, José Bonifácio e seu irmão Martim Francisco demitiram-se em julho de

1823, e passaram para a oposição. Começaram então a atacar violentamente o governo através de seus jornais O Tamoio e Sentinela da Liberdade. O Projeto Constitucional de Antônio Carlos (outro irmão de José Bonifácio), inspirado na

“Dignos Representantes da Nação Brasileira! É hoje o dia maior que o Brasil tem tido, dia em que ele pela primeira vez começa a mostrar ao mundo o que é Império e Império livre. Quão grande é o meu prazer, vendo juntos representantes de quase todas as províncias fazerem conhecer umas às outras seus interesses, e sobre eles basearem uma justa e liberal constituição que as reja! (...) Eu, certo que a firmeza nos verdadeiros princípios constitucionais, que têm sido sancionados pela experiência, caracteriza cada um dos deputados que compõe esta ilustre assembléia, espero que a constituição que façais mereça minha imperial aceitação, seja tão sábia e tão justa, quanto apropriada à localidade e civilização do povo brasileiro.” (Trecho do discurso de D. Pedro I, na abertura dos trabalhos da Assembléia Constituinte.)

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Constituição portuguesa, limitava os poderes do imperador, apresentava um violento lusofobismo (aversão aos portugueses) e determinava o voto censitário (voto baseado na renda do indivíduo): assim, para ser “eleitor de paróquia”, “eleitor de província”, deputado ou senador, o individuo teria de ter renda anual correspondente a 150, 250, 500 e 1000 alqueires de mandioca, respectivamente. Era a Constituição da Mandioca. O projeto de Antônio Carlos estava sendo discutido quando D. Pedro I, homem de tendência autoritária e absolutista e que não admitia a limitação dos seus poderes, ordenou o cerco militar do prédio onde os constituintes estavam reunidos em sessão permanente desde a noite anterior (Noite da Agonia) e decretou a dissolução da Assembléia Constituinte (12 de novembro de 1823). A Constituição Monárquica Dissolvida a Assembléia Constituinte, D. Pedro I nomeou uma comissão especial, o Conselho de Estado, composta por dez membros, dos quais sete pertenciam à extinta Assembléia. Este Conselho de Estado foi responsável pela redação de um novo projeto constitucional e utilizou, na elaboração de nossa primeira Constituição, vários artigos do anteprojeto de Antônio Carlos. A Constituição, depois de ser enviada a todas as Câmaras Municipais e não sofrer emenda ou crítica significativa (apenas Itu – cidade paulista – e Salvador fizeram algumas críticas), foi finalmente outorgada (imposta) em 25 de março de 1824. Modelada nas idéias francesas e inglesas e com algumas influências da Constituição portuguesa, a Constituição de 1824 estabelecia: • uma monarquia unitária;

• um governo monárquico, hereditário, constitucional e representativo; • o catolicismo como religião oficial; • submissão da Igreja ao Estado; • voto censitário (baseado na renda) e descoberto (não-secreto); • eleições indiretas (havia dois tipos de eleitores: os eleitores de paróquia e os eleitores de província. Os eleitores de paróquia elegiam os eleitores de província, e estes elegiam os deputados e os senadores. Para ser eleitor de paróquia, eleitor de província, deputado ou senador, o cidadão teria de ter, agora, uma renda anual correspondente a 100, 200, 400 e 800 mil réis, pela ordem); • quatro poderes: Executivo, Judiciário, Legislativo e Moderador.

O Poder Executivo era da competência do imperador e dos seus ministros: o imperador podia nomeá-los ou demiti-los quando bem quisesse.

O Poder Judiciário estava a cargo do Supremo Tribunal de Justiça.

O Poder Legislativo era exercido pela Assembléia Geral, composta pela Câmara dos Deputados (eleita por quatro anos) e do Senado (vitalício e por nomeação).

O Poder Moderador, poder pessoal e exclusivo do imperador, legalizava o seu absolutismo e era assessorado pelo Conselho de Estado, que também era vitalício e nomeado pelo imperador. Em síntese, a Constituição outorgada de 1824 simbolizava o verdadeiro caráter ideológico da aristocracia rural da época: liberal na forma, conservadora na prática. Organograma político do Império

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A elite conservadora que tomou o poder manteve o escravismo “As elites brasileiras que tomaram o poder em 1822 compunham-se de fazendeiros, comerciantes e membros de sua clientela, ligados à economia de importação e exportação e interessados na manutenção das estruturas tradicionais de produção cuja base era o sistema de trabalho escravo e a grande propriedade. Após a Independência, reafirmaram a tradição agrária da economia brasileira; opuseram-se às débeis tentativas de alguns grupos interessados em promover o desenvolvimento da indústria nacional e resistiram às pressões inglesas visando abolir o tráfico de escravos. Formados na ideologia da ilustração, expurgaram o pensamento liberal das suas feições mais radicais, talhando para uso próprio uma ideologia essencialmente conservadora e antidemocrática. A presença do herdeiro da casa de Bragança no Brasil ofereceu-lhes a oportunidade de alcançar a Independência sem recorrer à mobilização das massas. Organizaram um sistema político fortemente centralizado que colocava os municípios na dependência dos governos provinciais e as províncias na dependência do governo central. Continuando a tradição colonial, subordinaram a Igreja ao Estado e mantiveram o catolicismo como religião oficial, se bem que, numa concessão ao pensamento ilustrado, tenham autorizado o culto privado de outras religiões. Adotaram um sistema de eleições indiretas baseado no voto qualificado (censitário), excluindo a maior parte da população do processo eleitoral. Disputaram avidamente títulos de

nobreza e monopolizaram posições na Câmara, no Senado, no Conselho de Estado e nos Ministérios. A adoção do princípio da vitaliciedade para o Senado e Conselho de Estado assegurou continuidade às elites políticas que se perpetuaram no poder graças ao sistema de clientela e patronagem vindo a constituir uma verdadeira oligarquia. A Confederação do Equador Em Pernambuco, tradicional centro revolucionário do país desde a época da expulsão dos holandeses, estourou, em 1824, uma nova revolução (a Confederação do Equador), que, de modo geral, foi um prolongamento da Revolução Pernambucana de 1817. As idéias liberais, republicanas, antilusitanas e federativas eram divulgadas por alguns líderes veteranos de 1817, como frei Caneca, Cipriano Barata e Pais de Andrade. As causas da Confederação do Equador foram: a situação econômica do Norte e Nordeste, periclitante devido à crise da lavoura tradicional (cana, algodão e fumo); a insatisfação popular; a dissolução da Assembléia Constituinte (muitos representantes eram do Nordeste); os pesados impostos; a submissão política das províncias ao Rio de Janeiro (o imperador era quem nomeava os presidentes das províncias: homens de sua confiança e que faziam o seu jogo); e a outorga da Constituição de 1824. Jornais como o Tifis Pernambucano, de frei Caneca, e o Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco, de Cipriano Barata, alimentavam as idéias revolucionárias.

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Em 2 de julho de 1824, uma Junta Governativa assumiu o poder, presidido por Pais de Andrade. Publicou-se um manifesto convidando as províncias do Norte e Nordeste a aderirem à causa. A Confederação do Equador seria uma República, adotando-se provisoriamente a Constituição da Colômbia. Houve a adesão imediata do Ceará, seguido pelo Rio Grande do Norte e pela Paraíba. “Quem bebe da minha caneca tem sede de liberdade”, dizia Joaquim do Amor Divino, frei Caneca. Revolucionário ativo, participou da Revolução de 1817, passou quatro anos na cadeia. Fortemente influenciado pelas idéias liberais, negou-se a jurar a Constituição outorgada de 1824. Participou ativamente da Confederação do Equador (1824), sendo aprisionado e condenado a ser enforcado; nenhum carrasco quis fazer o serviço. Foi fuzilado no dia 13 de janeiro de 1825. A revolução teve curta duração, pois a repressão violenta, montada com dinheiro inglês (um milhão de libras), foi imediata. Por terra, as tropas comandadas pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva (pai de Caxias) e, por mar, os mercenários ingleses comandados por Cochrane e Taylor cercaram e venceram os rebeldes. Alguns deles, como Pais de Andrade, conseguiram fugir; outros, como frei Caneca, foram condenados à morte e executados em 1825. Frei Caneca, o teórico da revolução, foi fuzilado. A violenta repressão à Confederação do Equador foi mais uma mostra do absolutismo de D. Pedro I e, podemos afirmar, uma das causas da sua abdicação em 7 de abril de 1831. A POLÍTICA EXTERNA O reconhecimento da Independência Quando num país acontece uma revolução ou um golpe de Estado, existe sempre uma expectativa em se saber quais e quantos países vão reconhecer a nova situação. O que à primeira vista parece uma simples formalidade, envolve realmente questões bem mais profundas. Para o país que inicia uma nova fase é fundamental, em todos os níveis, o apoio externo. Por outro lado, os países que se apressam em reconhecer a nova situação, fazem-no para iniciar ou garantir as relações que mantinham. Comerciais, militares ou mesmo diplomáticas, essas relações revelam sempre interesses econômicos e políticos. Por isso foi tão importante para o Brasil, após a Independência, o seu reconhecimento por parte das demais nações. Tratava-se de um país agrário-exportador, que precisava manter relações comerciais, principalmente com a Europa. O Brasil passou por grandes dificuldades para ser reconhecido como país independente. Para a maioria das nações republicanas da América, o Brasil, que havia adotado a monarquia, era visto como um obstáculo. Alguns líderes sul-americanos entendiam que a Europa poderia usar o Brasil para, através dele, tentar a recolonização americana. Por sua vez, as grandes potências européias, com exceção da Inglaterra, não queriam reconhecer a

nossa Independência, porque haviam adotado a política da Santa Aliança, criada para defender o absolutismo europeu, o colonialismo e combater as idéias revolucionárias. A Inglaterra, que não participava da Santa Aliança e que pretendia manter os seus interesses e privilégios econômicos no Brasil, foi a intermediária junto às grandes nações para o reconhecimento da nossa independência política. O primeiro país a nos reconhecer como independentes foram os Estados Unidos, em 1824, devido à Doutrina Monroe, criada pelo presidente James Monroe em 1823, contrária a qualquer intervenção européia na América e cuja síntese é “A América para os americanos”. Reconhecendo a Independência brasileira, os norte-americanos pretendiam diminuir os privilégios ingleses e garantir algumas vantagens comerciais com o Brasil. Pressionado pela Inglaterra, Portugal reconheceu a nossa Independência em 1825, mediante o pagamento de dois milhões de libras e a concessão, a D. João VI, do título de Imperador Honorário do Brasil. A Inglaterra reconheceu a Independência brasileira em 1825, mediante a renovação dos Tratados de 1810: continuação dos privilégios alfandegários ingleses no Brasil e o compromisso brasileiro de extinguir o tráfico negreiro até 1830. A Independência da Cisplatina A Província Cisplatina foi conquistada a mando de D. João VI e anexada ao Brasil em 1821. De formação espanhola e costumes e hábitos diferentes dos nossos, os cisplatinos não aceitaram a anexação imposta. Tanto é que, em 1825, alguns líderes separatistas, comandados por Lavalleja e Rivera, proclamaram a independência da Cisplatina e resolveram incorporá-la à Argentina, que também entrou na guerra contra o Brasil. A simpatia dos países vizinhos pelo movimento emancipacionista da Cisplatina, bem como a participação da Argentina nessa guerra foram também algumas das razões que dificultaram, por parte destes, o reconhecimento da Independência brasileira. Em 1828, com a interferência inglesa, o Brasil e a Argentina reconheceram a Independência da Província Cisplatina (Banda Oriental), que passou a se chamar Uruguai. A questão do trono português Com a morte de D. João VI em 1826, o trono português passou a pertencer por direito a D. Pedro, que renunciou ao trono em favor de sua filha D. Maria da Glória (Maria II). Por ser muito criança, a regência ficaria com seu tio Miguel (irmão de D. Pedro) até que houvesse o casamento entre os dois. D. Miguel conseguiu, entretanto, ser aclamado rei absoluto em 1828, apoiado pela Santa Aliança, e D. Maria da Glória voltou ao Rio de Janeiro em 1829, com D. Amélia de Leuchtenberg, segunda esposa de D. Pedro I, com quem se casara por procuração em Munique.

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Os esforços de D. Pedro para garantir sua filha no trono português e o apoio dado aos refugiados portugueses no Brasil aumentaram os descontentamentos contra o imperador, pois provavam que D. Pedro I estava mais interessado nos problemas portugueses do que na solução dos problemas brasileiros. Depois da abdicação ao trono brasileiro em 7 de abril de 1831, D. Pedro, voltando a Portugal, conseguiu, depois de algumas lutas, restaurar D. Maria da Glória no trono. As lutas internas e a Abdicação Desde a dissolução da Assembléia Constituinte, em 12 de novembro de 1823, foi crescente o antagonismo entre o imperador e a aristocracia rural. O seu absolutismo, a livre nomeação e demissão dos seus ministérios, a violenta repressão à Confederação do Equador, a condenação à morte de frei Caneca (líder popular pernambucano), os constantes empréstimos externos (feitos não para desenvolver a economia do país, mas para reprimir movimentos rebeldes e para sustentar a corte faustosa de D. Pedro I), o prestígio que dava a indivíduos como o Chalaça (seu secretário particular), a sua desastrosa política econômico-financeira (entregou a direção do Banco do Brasil a portugueses sem competência para o cargo, e o resultado foi a falência, em 1828), o assassinato do jornalista Líbero Badaró, em 1830, foram as causas da extrema impopularidade de D. Pedro e da sua conseqüente abdicação. O 7 de abril de 1831 A jornais como A Malagueta juntaram-se outros como o Aurora Fluminense, de Evaristo da Veiga, que, apesar de sua posição moderada, mostrava ao imperador o exemplo do que acontecera a Carlos X (rei absolutista francês derrubado do poder em 1830 por um movimento revolucionário liberal). Com a volta de D. Pedro ao Rio de Janeiro, de uma desastrosa viagem que fizera a Minas Gerais (maior centro de oposição), verificou-se a Noite das Garrafadas (12-13 de março de 1831), uma luta entre portugueses e brasileiros. Em 19 de março, tentando mais uma vez restaurar sua popularidade perdida, o imperador nomeou um ministério formado exclusivamente por brasileiros. Entretanto, prosseguindo as agitações, demitiu o Ministério dos Brasileiros e nomeou, a 5 de abril, o Ministério dos Marqueses, composto por seus amigos pessoais. O movimento popular, liderado pela aristocracia e ganhando o apoio das tropas, forçou D. Pedro a abdicar a 7 de abril de 1831 em favor de seu filho, de apenas cinco anos de idade. José Bonifácio ficava como tutor do menino, que mais tarde seria Pedro II. Na expressão feliz de Teófilo Otoni, o 7 de abril foi “a jornada dos logrados”, pois o povo e as tropas foram enganados pela aristocracia, que não atendeu às suas reivindicações. O 7 de abril é considerado por muitos como a consolidação da nossa Independência, já que a ameaça de recolonização desaparecia definitivamente.

RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS SILVA, Francisco de Assis. História do Brasil: Colônia,

Império e República. São Paulo: Moderna, 1983.

EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS PPRROOPPOOSSTTOOSS TESTES Nível Básico 1. (UNESP 1999) Assinale a alternativa que indica um movimento separatista ocorrido no período do Império brasileiro que incorporou o ideal republicano. a) Confederação do Equador. b) Revolta de Beckman. c) Inconfidência Mineira. d) Canudos. e) Conjuração Baiana. 2. (UNESP 2005 julho) A primeira Constituição brasileira [de 25 de março de 1824] nascia de cima para baixo, imposta pelo rei ao “povo”, embora devamos entender por “povo” a minoria de brancos e mestiços que votava e que de algum modo tinha participação na vida política. (Boris Fausto, História do Brasil.) Entre os dispositivos dessa Carta Constitucional estavam presentes: a) a autonomia provincial, o fim do tráfico negreiro e o

voto secreto. b) o voto indireto e censitário, o Conselho de Estado e o

Poder Moderador. c) a divisão em três poderes, o fim do padroado e o

ensino laico e gratuito. d) o parlamentarismo, a cidadania dos índios e a

separação Igreja e Estado. e) um parlamento unicameral, o centralismo político-

administrativo e o voto aberto. 3. (UNESP 1997) Em troca do reconhecimento de sua independência por parte da Inglaterra, o Brasil assinou um tratado, em 1826, incluindo uma cláusula para pôr termo: a) ao tráfico negreiro. b) ao tratado comercial de 1810. c) à escravidão africana. d) à autonomia municipal. e) ao pacto colonial. 4. (FUVEST 1998) Sobre a dívida pública externa do Brasil independente, é certo afirmar que começou a ser contraída: a) nos primeiros anos da República, por iniciativa do

Ministro da Fazenda Ruy Barbosa, preocupado com a escassez monetária.

b) por ocasião da Guerra do Paraguai, para financiar os enormes gastos decorrentes do conflito.

c) logo após a Independência, destinando-se o primeiro empréstimo a indenizar Portugal pela perda da colônia.

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d) quando se implantaram os primeiros planos de valorização do café, a partir do convênio firmado em Taubaté, em 1906.

e) logo após a Revolução de 1930, a fim de se enfrentar o abalo financeiro resultante da crise de 1929.

5. (UNESP 2003) No século XIX, a política externa brasileira foi marcada pelas relações com a Inglaterra. Na primeira metade desse século, a relação do Brasil independente com a potência industrializada européia foi predominantemente caracterizada: a) pela cordialidade e pelo entendimento, não havendo

no período nenhum motivo para divergências diplomáticas entre os dois países.

b) pelo apoio do governo brasileiro à expansão militar inglesa na América e pela aplicação de capitais britânicos na industrialização brasileira.

c) pela hostilidade da Inglaterra às grandes propriedades rurais brasileiras e pelo apoio de sociedades revolucionárias britânicas aos republicanos brasileiros.

d) por tratado comercial favorável aos produtos ingleses e pela pressão do governo britânico contra o tráfico de escravos.

e) pela indiferença britânica em relação ao país, permanecendo a América do Sul sob a influência da ex-colônia inglesa da América, os Estados Unidos.

Nível Intermediário 6. (FUVEST 2000) A Constituição Brasileira de 1824 colocou o Imperador à testa de dois Poderes. Um deles lhe era "delegado privativamente" e o designava "Chefe Supremo da Nação" para velar sobre "o equilíbrio e harmonia dos demais Poderes Políticos"; o outro Poder o designava simplesmente "Chefe" e era delegado aos Ministros de Estado. Estes Poderes eram respectivamente: a) Executivo e Judiciário. b) Executivo e Moderador. c) Moderador e Executivo. d) Moderador e Judiciário. e) Executivo e Legislativo. 7. (UNESP 2001) Sobre o processo de independência da colônia portuguesa na América, no início do século XIX, é correto afirmar que: a) foi liderado pela elite do comércio local, por

intermédio de acordos que favoreceram colonizados e a antiga metrópole.

b) a ruptura com a metrópole européia provocou reações e, dentre elas, guerras em algumas províncias, entre portugueses e brasileiros.

c) os acordos comerciais com a Inglaterra garantiam o comércio português de escravos para a agricultura brasileira.

d) a vinda da família real limitou o comércio de exportação para portugueses e ingleses, assegurando o monopólio da metrópole.

e) as antigas colônias espanholas, recém emancipadas, auxiliaram os brasileiros nas guerras contra a metrópole portuguesa.

8. (UNIFESP 2003) Sendo o clero a classe que em todas as convulsões políticas sempre propende para o mal, entre nós tem sido o avesso; é o clero quem mais tem trabalhado, e feito mais esforços em favor da causa, e dado provas de quanto a aprecia. (Montezuma, Visconde de Jequitinhonha, em 5 de novembro de 1823) O texto sugere que o clero brasileiro: a) defendeu a política autoritária de D. Pedro I. b) aderiu com relutância à causa da recolonização. c) preferiu a neutralidade para não desobedecer ao

Papa. d) viu como um mal o processo de independência. e) apoiou ativamente a causa da independência. 9. (UNESP 2004) Brasileiros do norte! Pedro de Alcântara, filho de D. João VI, rei de Portugal, a quem vós por uma estúpida condescendência com os brasileiros do sul aclamastes vosso imperador, quer descaradamente escravizar-nos (...). Não queremos um imperador criminoso, sem fé nem palavras; podemos passar sem ele! Viva a Confederação do Equador! Viva a constituição que nos deve reger! Viva o governo supremo, que há de nascer de nós mesmos! (Proclamação de Manuel Paes de Andrade, presidente da Confederação do Equador, 1824.) A proclamação de Manuel Paes de Andrade deve ser entendida: a) no contexto dos protestos desencadeados pelo

fechamento da Assembléia Constituinte e da outorga, por D. Pedro I, da Carta Constitucional.

b) como um desabafo das lideranças da região norte do país, que não foram consultadas sobre a aclamação de D. Pedro.

c) no âmbito das lutas regionais que se estabeleceram logo após a partida de D. João VI para Portugal.

d) como resposta à tentativa de se estabelecer, após 1822, um regime controlado pelas câmaras municipais.

e) como reação à política adotada pelo Conselho de Estado, composto em sua maioria por portugueses.

Nível Avançado 10. (UNESP 2005) No início dos trabalhos da primeira Assembléia Constituinte da história do Brasil, o imperador afirmou “esperar da Assembléia uma constituição digna dele e do Brasil”. Na sua resposta, a Assembléia declara “que fará uma constituição digna da nação brasileira, de si e do Imperador.” Essa troca de palavras entre D. Pedro I e os constituintes refletia: a) a oposição dos proprietários rurais do nordeste ao

poder político instalado no Rio de Janeiro. b) a tendência republicana dos grandes senhores

territoriais brasileiros. c) o clima político de insegurança provocado pelo

retorno da família real portuguesa à Lisboa. d) uma indisposição da Assembléia para com os

princípios políticos liberais. e) uma disputa sobre a distribuição dos poderes

políticos no novo Estado. QUESTÕES ANALÍTICO-EXPOSITIVAS

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Nível Básico 1. (UNICAMP 1997) Em 1824, Frei caneca criticou a Constituição outorgada por D. Pedro I dizendo que o poder moderador era a chave mestra da opressão da nação brasileira e que a constituição não garantia a independência do Brasil, ameaçava sua integridade e atacava a soberania da nação. (Baseado em Frei Caneca, “Crítica da Constituição Outorgada”, Ensaios Políticos, Rio de Janeiro, Editora Documentário, p. 70-75). a) Defina o poder moderador. b) O que foi a Confederação do Equador, da qual Frei Caneca participou? Nível Intermediário 2. (FUVEST 1997) A Constituição Imperial de 1824 estabelece que o governo é monárquico, hereditário, constitucional e representativo (artigo 3º) e que a pessoa do Imperador é inviolável e sagrada, não estando sujeita a responsabilidade alguma (artigo 99º). Comente estes textos constitucionais, definidores da monarquia brasileira. 3. (UNESP 1999) “Continuamos a encontrar eleitores que se dirigem a São Paulo. Estes senhores são ordinariamente (...) seguidos de um ou dois escravos, a cavalo, que lhes servem de criados e a quem aqui se costuma chamar pagens (...). Tais homens, todos eles dos mais ricos da região, estão em geral bem vestidos. A maioria ostenta aquele orgulho e satisfação íntima que, muitas vezes, se nota nos paulistas de certas categorias.” (Auguste de Saint-Hilaire. Segunda Viagem do Rio de Janeiro a Minas Gerais e a São Paulo.) Saint-Hilaire percorreu a Província de São Paulo em 1822. A partir das informações deixadas pelo viajante francês, responda. a) Qual era a organização social da época? b) A forma de participação política descrita no texto corresponde à de um regime democrático moderno? Justifique. 4. (UFF 2006) “Juro defender o vasto Império do Brasil e a liberal constituição digna do Brasil e digna do seu imortal defensor como pedem os votos dos verdadeiros amigos da Pátria” Segundo Lucia Neves, com essas palavras, D. Pedro I colocava-se, antecipadamente, na qualidade de juiz e revisor da Constituição Brasileira que seria elaborada pelos representantes da Nação. (apud Neves, Lucia Pereira das & Machado, Humberto. O Império do Brasil. Rio de Janeiro, Nova fronteira, 1999, p. 84.) Com base nessa afirmativa, analise o contexto político que originou a Carta outorgada de 1824. Nível Avançado 5. (FUVEST 1998) O artigo 5º da Constituição do Império do Brasil, datada de 1824, dizia o seguinte: “A religião católica apostólica romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo”.

Comente o texto constitucional em função: a) das relações entre Igreja católica e Estado, durante o Império. b) da situação das demais religiões no mesmo período. GABARITO DOS TESTES

(01) A (02) B (03) A (04) C (05) D (06) C (07) B (08) E (09) A (10) E

RESPOSTAS DAS DISSERTATIVAS (1) Resolução: a) Era o quarto poder estabelecido pela Constituição de 1824, de uso exclusivo do imperador e que se colocava acima dos outros poderes. Ouvido o Conselho de Estado, o Imperador agia de forma pessoal, o que lhe era facultado pelo poder Moderador, demitindo e nomeando presidentes de província, escolhendo senadores, convocando ou dissolvendo a Câmara dos Deputados. b) A Confederação do Equador ocorreu em 1824 e atingiu Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Foi um movimento liberal, de caráter republicano, antilusitano e separatista, opondo-se ao governo de D. Pedro I, acusado de absolutista. Os integrantes da Confederação do Equador se rebelaram contra a dissolução da Assembléia Constituinte de 1823, contra a Constituição imposta em 1824 e contra os excessivos poderes que essa constituição concedia a D. Pedro I, através da criação do Poder Moderador. O movimento foi brutalmente reprimido e Frei Caneca, um de seus líderes de grande popularidade, foi executado. Tal acontecimento contribuiu ainda mais para a impopularidade de D. Pedro I. (2) Resolução: Entre a elite grande proprietária de terras e D. Pedro I estabeleceu-se uma disputa pelo poder após a independência, cujos reflexos se fizeram sentir no projeto conhecido como “Constituição da Mandioca”, que impunha limites ao poder do imperador. Insatisfeito, D. Pedro I dissolveu a Assembléia Nacional Constituinte num ato de força e outorgou a Constituição de 1824, feita sem discussão e sem a participação de representantes da sociedade, por um Conselho de Estado escolhido por D. Pedro I. A manutenção da monarquia garantiu a permanência de privilégios e a realização da independência sem mudanças profundas na sociedade. Ainda, a monarquia era definida como constitucional, mas nela estavam presentes dispositivos que garantiam amplos poderes a D. Pedro, como o Poder Moderador, que lhe concedia o direito de interferir nos demais poderes, e a inviolabilidade e o caráter sagrado de sua pessoa. A monarquia era representativa, mas a possibilidade de participação política através do voto era restrita, já que o voto era censitário. (3) Resolução: a) O Brasil era caracterizado como uma sociedade de senhores e escravos e em alguns poucos centros urbanos era possível observar a existência de uma classe média ligada ao setor de comércio e

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serviços públicos, constituída, entre outros, por mestiços e libertos. b) Não. Um regime democrático moderno supõe a igualdade de todos perante a lei, portanto não pode conter a existência de escravos, tal como é referido no texto. Ainda é notável que a categoria “eleitor” referida no texto está associada à riqueza, pois na época as eleições, além de indiretas, eram censitárias, ou seja, o direito de votar e ser votado dependia de uma determinada quantidade de renda anual. (4) Resolução: O candidato deverá responder que, nos primeiros anos da Independência, o debate político se concentrou no problema da aprovação de uma Constituição. As desavenças entre Dom Pedro e a Assembléia giraram em torno do papel do Imperador, ou seja, das atribuições do Poder Executivo. Os constituintes queriam, por exemplo, que o imperador não tivesse o poder de dissolver a Câmara dos Deputados. Queriam também que ele não tivesse o poder do veto absoluto, isto é, o direito de negar validade a qualquer lei aprovada pelo Legislativo. Nesse sentido, era consenso a escolha da monarquia constitucional, como regime de governo, capaz de sustentar a união até então compartilhada por todos os constituintes de várias regiões do recente império. A carta outorgada de 1824 consolidou, no entanto, a centralização do poder político no Rio de Janeiro, sustentada especialmente pelas camadas de grandes comerciantes e traficantes de escravos. A concentração do poder na esfera do Executivo, ou seja, no Imperador e seus ministros, em detrimento do Poder Legislativo, reforçou o projeto centralizador. (5) Resolução: a) Durante o Império (1822-1889), a Igreja Católica ficou submetida ao controle do Estado brasileiro. Essa prática é conhecida como Regalismo. Foram instrumentos importantes desse controle, o Beneplácito (o clero brasileiro só podia acatar as decisões do Papa após a aprovação do Imperador) e o Padroado (os membros da Igreja eram funcionários públicos e o Estado tinha poder de mando no preenchimento dos cargos eclesiásticos). b) A resposta está no próprio texto (Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo), ou seja, as outras religiões eram toleradas desde que professadas em caráter particular.

CASD Vestibulares História do Brasil 122

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História Frente I EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS

AAUULLAA 1133 –– MMOOVVIIMMEENNTTOOSS

EEMMAANNCCIIPPAACCIIOONNIISSTTAASS 01. Leia com atenção os textos a seguir: “... Duas coisas são necessárias: a revogação do monopólio e a expulsão dos jesuítas, a fim de se recuperar a mão livre no que diz respeito ao comércio e aos índios; depois haverá tempo de mandar ao Rei representantes eleitos e obter a sanção dele.” “... O fato de ser Alferes influiu para transformar-me em conspirador, levado a tanto que fui pelas injustiças que sofri, preterido sempre nas promoções a que tinha direito. Uni as minhas amarguras às do povo, que eram maiores, e foi assim que a idéia de libertação tomou conta de mim.” “... Animai-vos, povo bahiense, que está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade! (...) Fazer uma guerra civil entre nós, para que não se distinga a cor branca, parda e preta, e sermos todos felizes, sem exceção de pessoa.” “... Pernambucanos: estejam tranqüilos, apareçam na capital, o povo está contente, já não há distinção entre brasileiros e europeus, todos se conhecem irmãos, descendentes da mesma origem, habitantes do mesmo país. (...) Um governo provisório iluminado, escolhido entre todas as ordens do Estado, preside à vossa felicidade.” Eles estão relacionados a revoltas ocorridas antes da nossa independência. São elas, pela ordem: a) a Revolta de Beckman, em 1684; a Conspiração

Mineira, em 1789; a Revolta dos Alfaiates, em 1798; a Revolução Liberal, em 1817.

b) a Aclamação de Amador Bueno, em 1642; a Guerra dos Emboabas, em 1707; a Conjuração Baiana, em 1798; a Confederação do Equador, em 1824.

c) a Guerra dos Emboabas, em 1707; a Conspiração Mineira, em 1789; a Guerra dos Mascates, em 1710; a Revolta dos Alfaiates, em 1798.

d) a Revolta de Beckman, em 1684; a Sedição de Vila Rica, em 1720; a Revolução Liberal, em 1817; a Revolta dos Alfaiates, em 1798.

e) a Aclamação de Amador Bueno, em 1642; a Guerra dos Mascates, em 1710; a Revolta dos Negros Malês, em 1835; a Revolução Praieira, em 1848.

02. Durante as últimas décadas do século XVIII, a Colônia portuguesa na América foi palco de movimentos como a Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração do Rio de Janeiro (1794) e a Conjuração Baiana (1798). A respeito desses movimentos, pode-se afirmar que: a) demonstravam a intenção das classes proprietárias,

adeptas das idéias liberais, de seguirem o exemplo da Revolução Americana (1776) e proclamarem a independência, construindo uma sociedade democrática em que todos os homens seriam livres e iguais.

b) expressavam a crise do antigo sistema colonial através da tomada de consciência, por parte de diferentes setores da sociedade colonial, de que a exploração exercida pela metrópole era contrária aos

seus interesses e responsável pelo empobrecimento da colônia.

c) denunciavam a total adesão dos colonos às pressões da burguesia industrial britânica a favor da independência e da abolição do tráfico negreiro, para se constituir, no Brasil, um mercado de consumo para os manufaturados.

d) representavam uma forma de resistência dos colonos às tentativas de recolonização empreendidas, depois da Revolução do Porto, pelas Cortes de Lisboa, liberais em Portugal, que queriam reaver o monopólio do comércio com o Brasil.

e) tinham cunho separatista e uma ideologia marcadamente nacionalista, visando à libertação da Colônia da Metrópole e à formação de um Império no Brasil através da união das várias regiões até então desunidas.

03. A crise do Sistema Colonial Português no Brasil, no século XVIII, pode ser interpretada como: a) um resultado do esforço do povo brasileiro no

sentido de impor seus próprios valores a Portugal, conforme demonstra a Conjuração Baiana.

b) uma ressonância da falta de planejamento de Portugal, que se associa à Inglaterra para adequar sua economia à industrialização, sem possuir estruturas básicas para tal fim.

c) um reflexo da Revolução Inglesa de 1640, que divulgou princípios que passaram a ter grande ressonância entre as camadas populares.

d) um fenômeno geral, que afetou a Europa Ocidental e suas colônias, em face da crise inflacionária que perturbou a economia.

e) uma decorrência da inadequação do Mercantilismo às exigências do Capitalismo industrial em expansão, que se expressava através do Liberalismo Econômico.

Gabarito da aula 13: 1A, 2B e 3E

AAUULLAA 1144 –– OO PPEERRÍÍOODDOO JJOOAANNIINNOO 01. A Carta Régia de Abertura dos Portos, elaborada logo após a chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, em 1808, pode ser interpretada como: a) a consolidação do Pacto Colonial, já que o Brasil

passou a funcionar como sede da Monarquia Portuguesa.

b) a ampliação das atividades comerciais portuguesas, que absorveu o comércio dos opositores de Napoleão Bonaparte.

c) a passagem do comércio português para a esfera de influência dos EUA, já que a Inglaterra envolvida no conflito não podia mais abastecer o Brasil.

d) o rompimento do Pacto Colonial, cuja base era o “exclusivo comercial”.

e) o controle do comércio brasileiro diretamente pela Inglaterra.

02. O direito de extraterritorialidade, firmado pelos Tratados de 1810, estabelecia que: a) os ingleses poderiam comerciar livremente em

território brasileiro.

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b) os produtos manufaturados ingleses poderiam ser consumidos fora de seu território.

c) os ingleses poderiam ser julgados por Juízes britânicos, que se estabeleceriam junto a cada Tribunal existente no Brasil.

d) os navios ingleses poderiam pescar em águas territoriais brasileiras.

e) os produtos coloniais brasileiros poderiam ser consumidos também fora do território do Reino Português.

03. Apesar da liberdade para instalação de indústrias manufatureiras no Brasil, decretada por D. João, através do Alvará, datado de 1º de abril de 1808, estas não se desenvolveram. Isto se deveu, entre outras razões, à: a) impossibilidade de competir com produtos

manufaturados provenientes dos Estados Unidos, que dominavam o mercado consumidor interno.

b) impossibilidade de escoamento da produção da Colônia, uma vez que Portugal, intermediário entre a Colônia e a Europa, estava ocupado pelos franceses.

c) canalização de todos os recursos para a lucrativa lavoura cafeeira, não havendo, por parte dos latifundiários, interesse em investir na indústria.

d) concorrência dos produtos ingleses, que gozavam de privilégios especiais no mercado brasileiro.

e) dificuldade de obtenção de matéria-prima (algodão) na Europa, aliada à impossibilidade de produzi-la no Brasil.

Gabarito da aula 14: 1D, 2C e 3D.

AAUULLAA 1155 –– OO PPRROOCCEESSSSOO DDEE IINNDDEEPPEENNDDÊÊNNCCIIAA

01. A Revolução do Porto, em 1820, pode ser considerada decisiva para a Independência do Brasil, porque: a) garantia a autonomia da colônia implementada

durante a permanência do governo português no Brasil.

b) fortalecia os grupos liberais radicais, cada vez mais ativos na colônia e articulados com os grandes proprietários.

c) impunha à Colônia um programa de reformas liberais, com a proibição do tráfico negreiro.

d) transferia à Colônia o caráter reformista do capitalismo industrial e do liberalismo.

e) ameaçava os interesses dos grupos brasileiros, tentando reverter várias medidas tomadas por D. João no Brasil.

02. “Enquanto no Brasil D. Pedro procurava atenuar as divergências entre brasileiros e portugueses e fazer uma boa administração, em Lisboa as Cortes iniciaram uma série de medidas de recolonização. Assim é que, a 24 de abril de 1821, as Cortes declararam desligados do governo do Rio de Janeiro todos os governos provinciais e a 29 de setembro suprimiram os Tribunais instituídos no Brasil por D. João VI. Finalmente, ordenaram também a D. Pedro que regressasse a Portugal.” A resposta mais imediata de D. Pedro à crise gerada por estes acontecimentos foi: a) a decisão de ficar no Brasil, contrariando as ordens

das Cortes.

b) a demissão de Jorge de Avilez, comandante das tropas lusas, que se revoltaram.

c) a formação de um novo Ministério chefiado por José Bonifácio de Andrada e Silva.

d) a proibição da esquadra portuguesa, fundeada na Baía de Guanabara, de desembarcar no Brasil.

e) a proclamação da Independência do Brasil e a criação do Império.

03. Sobre a separação entre Brasil e Portugal, é correto afirmar: a) O processo político que desembocou no 7 de

setembro de 1822 foi idêntico, passo a passo, ao processo que levou a libertação de outros países latino-americanos, como a Argentina e o Uruguai.

b) As tropas portuguesas estacionadas no Brasil não apresentaram qualquer resistência à proclamação da independência, tendo o coronel Inácio Madeira de Melo, comandante militar português na Bahia, ordenado a seus soldados a imediata rendição ao novo governo.

c) O governo de D. Pedro I teve grandes dificuldades para obter reconhecimento diplomático internacional do Brasil independente, uma vez que a Inglaterra, que tinha Portugal como um dos seus principais aliados europeus, colocou obstáculos de toda ordem a este reconhecimento.

d) Entre as questões que explicam o fato do processo de independência brasileira ter se dado mais como uma “transição” do que uma “revolução”, está relacionada à transferência do estado metropolitano para cá, dotando o país, desde 1808, de uma estrutura que não podia ser mais considerada colonial.

e) O republicanismo nunca esteve presente nas idéias dos defensores da independência do Brasil, mesmo daqueles mais radicais, como Gonçalves Ledo, Cipriano Barata, Luís Dubrat e Macamboa. Por isto, o Brasil tornou-se independente sobre a forma monárquica, única em toda a América.

Gabarito da aula 15: 1E, 2A e 3D.

AAUULLAA 1166 –– OO PPRRIIMMEEIIRROO RREEIINNAADDOO 01. A organização do Estado brasileiro que se seguiu à Independência resultou do projeto do grupo:a) liberal-conservador, que defendia a monarquia

constitucional, a integridade territorial e o regime centralizado.

b) maçônico, que pregava a autonomia provincial, o fortalecimento do executivo e a extinção da escravidão.

c) liberal-radical, que defendia a convocação de uma Assembléia Constituinte, a igualdade de direitos políticos e a manutenção da estrutura social.

d) cortesão, que defendia os interesses recolonizadores, as tradições monárquicas e o liberalismo econômico.

e) liberal-democrático, que defendia a soberania popular, o federalismo e a legitimidade monárquica.

02. A Constituição Brasileira de 1824:a) Foi elaborada e aprovada pela Assembléia Geral

Constituinte e estabeleceu a organização do Estado a partir da divisão em três poderes: Legislativo, Judiciário e Moderador.

b) Ficou conhecida como a Constituição da Mandioca, em razão da adoção de um sistema censitário que

CASD Vestibulares História do Brasil 124

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definia pelo critério de renda e bens aqueles que poderiam votar e ser votados nas eleições gerais.

c) Foi elaborada pelo Conselho de Estado após a dissolução da Constituinte e, além dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, estabelecia o Poder Moderador, a ser exercido pelo monarca brasileiro.

d) Foi elaborada pelo Conselho de Estado após a dissolução da Constituinte e garantia forte autonomia às Províncias, apesar da implementação do Poder Moderador, a ser exercido pelo monarca brasileiro.

e) Foi elaborada pela Assembléia Geral Constituinte e caracterizou-se pela adoção dos princípios liberais, pela garantia da defesa dos direitos fundamentais do homem e pela adoção dos princípios federativos.

03. A revolta denominada Confederação do Equador, ocorrida em Pernambuco, em 1824: a) Foi provocada pela dissolução da Assembléia

Constituinte por D. Pedro I e dirigida por grupos favoráveis à reincorporação do Brasil ao império português.

b) Foi uma reação à lei que extinguia o comércio de escravos, e dirigida por grandes proprietários rurais e grandes traficantes escravistas.

c) Foi provocada pelas medidas centralizadoras de D. Pedro I e constituiu um movimento separatista e republicano.

d) Foi provocada pelo golpe da maioridade, que iniciou o segundo reinado e dirigida por setores republicanos, em aliança com os militares positivistas.

e) Foi provocada pela adoção do regime federalista, que previa elevado grau de autonomia para as diversas províncias do império brasileiro.

Gabarito da aula 16: 1A, 2C e 3C.

AAUULLAA 1177 –– PPOOLLÍÍTTIICCAA EEXXTTEERRNNAA DDOO 11ºº RREEIINNAADDOO // AABBDDIICCAAÇÇÃÃOO

01. A atuação da Inglaterra no processo de emancipação política do Brasil tinha por objetivo: a) dividir com os portugueses os lucros do comércio de

escravos. b) garantir a manutenção dos interesses comerciais

ingleses no país. c) organizar uma República parlamentar, constituída de

províncias autônomas. d) implantar no Brasil núcleos coloniais de população

inglesa. e) anular os termos estabelecidos no Tratado de

Methuen. 02. I – A política de recolonização proposta pelas Cortes portuguesas foi um dos fatores que levaram à proclamação da Independência. II – As rebeliões ocorridas durante o período regencial permitiram que as camadas mais pobres da população tivessem representação e participação política junto às instituições imperiais. III – A abdicação de D. Pedro I significou a vitória dos liberais e a consolidação do poder da aristocracia rural. a) se todas as proposições forem verdadeiras. b) se apenas forem verdadeiras as proposições I e II. c) se apenas forem verdadeiras as proposições I e III. d) se apenas forem verdadeiras as proposições II e III. e) se todas as proposições forem falsas.

03. Para o liberal mineiro Teófilo Otoni, o 7 de abril de 1831 significou “a jornada dos logrados”. A expressão justifica-se porque: a) as elites foram incapazes de manter a hegemonia,

perdendo totalmente o poder. b) o período que se seguiu à queda do imperador foi de

grande estabilidade política, mas não trouxe avanços democráticos.

c) a solução monárquica foi descartada, já que não atendia aos interesses das elites regionais.

d) com a Abdicação de Pedro I, contemplaram-se as aspirações dos segmentos populares.

e) foram frustrados amplos setores da sociedade brasileira, que esperavam transformações profundas e maior liberalização do regime.

Gabarito da aula 17: 1B, 2C e 3E.

AAUULLAA 1188 –– PPEERRÍÍOODDOO RREEGGEENNCCIIAALL 01. O período regencial foi politicamente marcado pela aprovação do Ato Adicional que: a) criou o Conselho de Estado. b) implantou a Guarda Nacional. c) transformou a Regência Trina em Regência Una. d) extinguiu as Assembléias Legislativas Provinciais. e) eliminou a vitaliciedade do Senado. 02. Sobre a Guarda Nacional, é correto afirmar que ela foi criada: a) pelo imperador, D. Pedro II, e era por ele diretamente

comandada, razão pela qual tornou-se a principal força durante a Guerra do Paraguai.

b) para atuar unicamente no sul, a fim de assegurar a dominação do Império na Província Cisplatina.

c) segundo o modelo da Guarda Nacional Francesa, o que fez dela o braço armado de diversas rebeliões no período regencial e início do 2° reinado.

d) para substituir o exército extinto durante a menoridade, o qual era composto, em sua maioria, por portugueses e ameaçava restaurar os laços coloniais.

e) no período regencial como instrumento dos setores conservadores destinado a manter e restabelecer a ordem e a tranqüilidade públicas.

03. Sabinada na Bahia, Balaiada no Maranhão e Farroupilha no Rio Grande do Sul foram algumas das lutas que ocorreram no Brasil em um período caracterizado: a) por um regime centralizado na figura do Imperador,

impedindo a constituição de partidos políticos e transformações sociais na estrutura agrária.

b) pelo estabelecimento de um sistema monárquico descentralizado, o qual delegou às Províncias o encaminhamento da "questão servil".

c) por mudanças na organização partidária, o que facilitava o federalismo, e por transformações na estrutura fundiária de base escravista.

d) por uma fase de transição política, decorrente da abdicação de D. Pedro I, fortemente marcada por um surto de industrialização, estimulado pelo Estado.

e) pela redefinição do poder monárquico e pela formação dos partidos políticos, sem que se alterassem as estruturas sociais e econômicas estabelecidas.

Gabarito da aula 18: 1C, 2E e 3E.

125 História do Brasil CASD Vestibulares

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CASD Vestibulares História Geral 126

História Geral Frente II CCAAPPÍÍTTUULLOO 88 –– OO RREENNAASSCCIIMMEENNTTOO CCUULLTTUURRAALL

O RENASCIMENTO

O renascimento pode ser caracterizado como

uma tendência cultural laica, racional e científica, que se estendeu do século XIV ao XVI. Inspirando-se na cultura grego-romana, rejeitava os valores feudais a ponto de considerar o período medieval a “Idade das Trevas”, período dominado pela barbárie e superstição. O renascimento foi feito de acordo com os interesses da burguesia ascendente. O renascimento foi a redescoberta do conhecimento fora do âmbito do que era permitido pela Igreja, e o termo deve ser entendido como a retomada (o renascer) do estudo de textos da cultura grego-latina. A cultura clássica passou a representar um ideal de beleza e perfeição. Os renascentistas preocupavam-se com as questões ligadas a vida humana, por isso o movimento é associado ao humanismo. A princípio, o humanismo buscou a valorização do ser humano, sem, contudo, romper com a religião. A idéia de que Deus criou a Terra e as pessoas não foi abandonada, mas houve uma mudança: em oposição ao pensamento medieval, que via no mundo um lugar de sofrimento, os renascentistas afirmavam que esse mesmo mundo era um lugar de delícias, criado para o ser humano – a mais perfeita das criações divinas – ser feliz. Posteriormente, o humanismo passou a identificar-se com aqueles que analisavam de forma crítica as condições sociais, buscando construir novas realidades. Foi um movimento urbano, tendo início nas cidades italianas que viviam do comércio marítimo, como Veneza, Pisa, Gênova e, principalmente, Florença. Essas cidades mantiveram contato com Bizâncio (Constantinopla), fato que permitiu a alguns sábios bizantinos – que tiveram de fugir de sua terra natal por causa das brigas religiosas – mudarem-se para península Itália e serem, em grande parte, responsáveis pelas mudanças culturais do período renascentista. Havia, também, um contato com a civilização árabe, depositária de grande acervo cultural do mundo clássico (greco-romano). Para incentivar os artistas e intelectuais sem recursos financeiros, tornou-se comum a prática do mecenato. Isto é, uma ajuda financeira para que os talentos pudessem praticar sua arte sem precisar trabalhar em outra atividade para garantir a subsistência. Florença, graças ao mecenato dos Médicis, tornou-se a capital cultural do renascimento. CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO

O renascimento ocorreu, em graus diversos, em

várias regiões da Europa. Começou na Itália e expandiu-se para França, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Portugal e Holanda. Apesar das diversidades regionais, o movimento apresentou características comuns:

- Retomada da cultura clássica – Os renascentistas queriam conhecer os textos da cultura clássica, vistos por eles como portadores de reflexão e conhecimento que mereciam ser recuperados. - Humanismo, ou antropocentrismo – Era a valorização do ser humano, a idéia de encontrar nas pessoas as qualidades e as virtudes negadas pelo pensamento católico medieval. - Ideal de universidade – Os renascentistas acreditavam que uma pessoa poderia vir a aprender e saber tudo o que se conhece. Seu ideal de ser humano era, portanto, aquele que conhecia todas as artes e todas as ciências. - O naturalismo, que pregava a volta à natureza. A vida terrena passava a ser valorizada, não era mais necessário esperar o paraíso para encontrar a felicidade. - O hedonismo, que defendia o prazer individual como único bem possível. - O neoplatonismo, que defendia uma elevação espiritual por meio da interiorização, da busca espiritual, em detrimento de qualquer busca material. AS FASES DO RENASCIMENTO

O Renascimento pode ser, grosso modo,

dividido em três etapas: o Trecento (os anos 1300), período de consolidação do Renascimento Italiano; o Quatrocento (os anos 1400), quando despontou a figura de Leonardo da Vinci, considerado “protótipo do homem renascentista”; e o Cinquecento (anos 1500), quando houve a sistematização do uso da língua italiana, através de, principalmente, Nicolau Maquiavel.

Nesta última fase teve destaque o mecenato papal, o que levou grande parte da produção cultural para Roma. OS GRANDES RENASCENTISTAS

Os principais artistas plásticos renascentistas

foram: • Giotto, italiano que humanizou a representação

humana, que passou a contar com figuras retratadas de acordo com a realidade.

• Masaccio (1401-1429). O italiano foi o introdutor da técnica a óleo e difusor da pintura em perspectiva.

• Sandro Botticelli (1445-1510). O florentino destacou em suas obras cenas religiosas, como a Madona do Magnificat, e cenas mitológicas como O nascimento de Vênus e primavera.

• Leonardo da Vinci (1452-1519), italiano. Da Vinci foi notável nas ciências e nas artes. Suas obras mais conhecidas são as telas A última

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Ceia, Mona Lisa (ou La Gioconda) e a Virgem dos rochedos. Dedicou-se, também à filosofia, botânica e à arte bélica.

• Michelangelo Buonarroti (1475-1564), italiano. Denominado divino por seus contemporâneos, deixou uma obra artística belíssima. Suas obras mais conhecidas são as esculturas Pietà, Moisés e David e as muitas pinturas que compõem o teto da Capela Sistina.

• Rafael Sanzio (1483-1520), italiano. Rafael, como ficou conhecido, era pintor e arquiteto. Dedicou-se a pintar figuras e imagens sacras, das quais A Virgem com o Menino é a das mais bonitas.

• Os irmãos Van Eyck, dos Países Baixos. Os irmãos destacaram-se como mestres da pintura a óleo, que surgida no Quatrocento, foi uma das grandes inovações do período renascentista.

Sob encomenda do papa Leão X, Michelangelo decorou as paredes e o teto da pequena Capela Sistina, em Roma.

Pietá de Michelangelo

Botticelli conciliou os valores cristãos com o do Paganismo:

O nascimento de Vênus.

A enigmática Mona Lisa de Leonardo da Vinci.

Na literatura destacaram-se:

• Dante Alighieri (1265-1321) considerado pré-renascentista, sua obra-prima, A divina comédia, é tida como o ponto mais alto atingido pela poesia italiana.

• Petrarca. O poeta italiano é considerado pai da corrente literária humanista. Em sua obra encontram-se versos políticos, patrióticos e religiosos.

• Giovanni Boccaccio (1313-1375). O florentino Boccaccio era poeta e humanista. O seu texto mais conhecido é O decameron.

• François Rabelais (1494-1553). O renascentista francês era um inspirado escritor satírico, que criticou o comportamento do clero e a repressão nos textos que contam a saga de dois gigantes, Gargântua e Pantagruel.

• Luís de Camões (1524-1580). É o maior poeta épico de Portugal que narra o heroísmo português na grande aventura que foi a expansão marítima. Sua grande obra é Os lusíadas.

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• Miguel de Cervantes (1547-1616). O escritor espanhol é autor de dom Quixote, uma obra-prima literária e histórica em que narra de forma sensível a impossibilidade de manter os valores medievais no mundo burguês em formação, assim como aponta o equivoco histórico da nobreza espanhola que, ao modelo de Quixote, tinha a mente povoada de fantasias medievais e não despertava para a realidade dos novos tempos.

• William Shakespeare (1564-1616). O mais importante dramaturgo inglês mostrou o ser humano em conflito consigo mesmo, imprimindo em sua obra um forte apelo humanista. Seus textos mais conhecidos são Romeu e Julieta, Hamlet, A megera domada, Macbeth e Otelo.

As obras de Shakespeare estão ainda hoje

presentes no teatro e no cinema.

Gravura representando Dom Quixote de la Mancha e Sancho Pança, personagens de Miguel de Cervantes.

Os principais pensadores foram: • Erasmo de Roterdã (1466 ou 1467-1536).

Nascido nos Países Baixos, foi um dos principais humanistas do Renascimento. No livro Elogio da Loucura, faz críticas contundentes aos poderes constituídos, inclusive à Igreja católica. Propõe a tolerância religiosa e liberdade de pensamento.

• Nicolau Maquiavel (1469-1527). O Italiano Maquiavel ganhou notoriedade por ter escrito O príncipe, que traça as diretrizes do poder no Estado Absolutista. Com ele, o italiano passa a se tornar língua literária.

• Thomas Morus (1480-1535). O pensador inglês escreveu uma forte critica à sociedade de sua época no livro Utopia, onde mostra uma sociedade perfeita baseada no uso da inteligência e da razão . Como se colocou contra a Reforma Anglicana, foi condenado à morte.

• O francês Montaigne, em sua obra Ensaios, buscou expressar o ideal de equilíbrio entre o homem e o universo.

O RENASCIMENTO CIENTÍFICO

Um certo distanciamento adotado pelos

renascentistas em relação às pregações católicas que condenavam a investigação científica favoreceu, a partir do século XVI, o desenvolvimento de vários ramos da ciência. A principal contribuição do Renascimento ao conhecimento científico foi o desenvolvimento da observação e da experimentação. Foi a partir dessas práticas que os renascentistas avançaram no conhecimento. As principais figuras do Renascimento científico foram Leonardo da Vinci, Nicolau Copérnico (1473-1543) e Galileu. Da Vinci inventou inúmeros mecanismos e instrumentos bélicos. Projetou máquinas novas e aperfeiçoou outras já conhecidas. Dedicou-se ao estudo da Anatomia Humana, da física, da botânica, da astronomia. Como já foi salientado, ele foi o modelo do renascentista, pois dedicou a várias áreas de conhecimento. Copérnico contribuiu na ampliação do conhecimento da Matemática, da Mecânica e da Astronomia. Formulou, em 1543, a teoria heliocêntrica, que afirmava que a terra gira em torno do sol, contrariando a doutrina católica medieval que defendia a idéia de que a terra era o centro do Universo. Galileu deu continuidade aos estudos de Copérnico, baseando-se fundamentalmente no experimentalismo. Aperfeiçoou invenções e foi responsável pela invenção do telescópio.

Deve-se ressaltar ainda que um dos fatores decisivos para a difusão do Renascimento cultural foi a invenção do alemão Johannes Gutenberg. Durante a Idade Média, os livros eram copiados à mão, o que tornava o trabalho muito demorado. Em 1450, Gutenberg criou a impressão mecânica, que tornou inúmeras vezes mais veloz a reprodução de livros. A impressão mecânica permitiu atender à crescente demanda por conhecimentos, mas não devemos nos

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iludir: o livro era ainda muito caro e inacessível para as camadas pobres da população. A DECADÊNCIA DO RENASCENTISMO ITALIANO

No final do século XIV o renascimento italiano entra em decadência. Isso se deveu principalmente à transferência do pólo econômico europeu para o atlântico, com as grandes navegações, o que empobreceu as cidades italianas. A contra-reforma buscou, também, não só na Itália, mas em toda a Europa, reprimir as manifestações culturais tipicamente renascentistas por serem ofensivas a Igreja Católica. Um exemplo foi o caso de Galileu, seguidor das teorias de Copérnico e defensor do experimentalismo como única forma de se atingir as verdades científicas. O cientista foi obrigado a rejeitar suas teorias para escapar da Inquisição. EXERCÍCIOS 1. Dom Quixote, personagem criado por Miguel de Cervantes, era cavaleiro andante, de ideais identificados com cruzadas e que tudo faziam para manter os valores medievais em um mundo em transformação.

a) Qual é o mundo em formação nesse momento? b) Por que Dom Quixote é conhecido como o “cavaleiro da triste figura?” 2. (Acafe-SC) sobre o Renascimento, movimento intelectual e artístico que envolveu, sobretudo, vários países da Europa, assinale a alternativa incorreta.

a) O humanismo não pode ser dissociado do Renascimento que situa o homem no centro das preocupações espirituais e dos estudos. b) Integrou diversos aspectos do paganismo clássico grego-romano, associando-os a elementos culturais de origem chinesa e hindu. c) Hoje não é mais visto como uma ruptura brutal com a Idade Média, mas como resultado de um lento processo evolutivo. d) Caracterizou-se pela busca da harmonia e do equilíbrio nas artes e na arquitetura, envolvendo temas cristãos e mitológico. e) Foi um fenômeno exclusivo da Europa ocidental urbana na fase de transformação do feudalismo para o capitalismo. 3. (UFMS) Os séculos XV e XVI foram marcados pelo Renascimento, movimento que assinalou o início da sociedade moderna em oposição ao mundo medieval. Sobre esse movimento é correto afirmar que:

( ) Os valores e ideais da antiguidade clássica inspiravam as teses dos humanistas. ( ) Florença, cidade italiana com uma burguesia comercial que detinha o monopólio do poder, foi o berço do renascimento. ( ) o teocentrismo, caracteriza do mundo medieval, foi substituído pelo antropocentrismo, que colocava o

homem no centro do universo, propondo o universalismo humanista. ( ) Dentre os principais autores do Renascimento, temos na literatura Miguel de Cervantes, William Shakespeare e Luis de Camões. ( ) Os demais campos da cultura, da arte, da arquitetura e da política não foram expressivos nesse período. 4. (U. São Judas Tadeu-SP) Iniciando no final da chamada Idade Media, o Renascimento introduziu nas artes em geral uma nova mentalidade, que buscava inspiração na cultura grego-romana. Podemos apontar como suas principais características:

a) teocentrismo, realismo nas artes visuais e intensa religiosidade na literatura. b) Romantismo, canções de gesta, abordagem de temas inspiração naturalista. c) Enfoque de temas religiosos em geral, abolição da representação da figura humana na pintura e escultura, restrição ao uso de cores. d) Preocupação com temas ecológicos, adoção da perspectiva política na literatura em geral e aparecimento de variadas escolas temáticas. e) Desenvolvimento do humanismo, antropocentrismo, incentivo às artes aos artistas por parte dos mecenas. 5. “O homem é o modelo do mundo. A experiência é a mestra das coisas” Com relação ao Renascimento artístico, literário e científico, podem ser feitas as seguintes afirmativas, exceto:

a) Os humanistas tiveram um papel extremamente importante na difusão das idéias renascentistas. b) A reflexão sobre problemas humanos levou o homem renascentista à analise de sua própria individualidade, num esforço de auto conhecimento. c) A visão de mundo político religiosa medieval continuava a ser elemento fundo mental para aa compreensão do homem e do mundo d) O racionalismo passou a ser a pedra de toque da mentalidade renascentista, estimulando o nascimento da ciência. 6. (FGV) O renascimento cultural, na Inglaterra, caracterizou-se principalmente pela produção de obras nos campos da:

a) Escultura e música b) Pintura e filosofia c) Literatura e escultura d) Música e pintura e) Filosofia e literatura 7. (FUVEST) Com relação às artes é as letras de seu tempo, os humanistas dos séculos XV e XVI afirmavam:

a) Que a literatura e as artes plásticas passavam por um período de florescimento, dando continuidade ao período medieval. b) Que a literatura e as artes plásticas, em profunda decadência no período anterior, renasciam com o esplendor da antiguidade.

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c) Que as letras continuavam as tradições medievais, enquanto a arquitetura e a pintura rompiam com os velhos estilos. d) Que as artes plásticas continuavam as tradições medievais, enquanto a literatura criava novos estilos. e) Que o alto nível das artes e das letras no período nada tinha a ver com a antiguidade nem com o período medieval. 8) (Unicamp) Uma passagem da Bíblia relata que o Sol parara no céu para permitir a vitória de Josué durante uma batalha contra os inimigos de Israel na Antigüidade. Séculos mais tarde uma teoria científica sobre o movimento dos astros negava a possibilidade desse acontecimento ter ocorrido. Identifique este período histórico em que surgiu essa teoria e explique a reação da Igreja diante dessas novas explicações científicas. 9. Uma das características das obras do Renascimento italiano está no fato de:

a) abordarem temas de intensidade religiosa, perdendo assim, sua função leiga. b) procurarem valorizar o homem, medindo tudo em sua função. c) tentarem evitar a abordagem de qualquer tema com influência grega. d) evitar o envolvimento com temas políticos, como no caso de Maquiavel. e) defenderem a continuidade do uso exclusivo do latim como língua literária. 10. A importância do mecenato está:

a) no controle ideológico da Igreja. b) no desenvolvimento de um amplo mercado para as obras artísticas. c) no estímulo à produção cultural. d) na adoção de temas bucólicos. e) na valorização dos temas religiosos. 11. Porque o humanismo pode se desenvolver enquanto o racionalismo científico foi bloqueado? 12. Erasmo de Rotterdam (1467-1536) foi um dos pensadores mais influentes de sua época, sobretudo porque em sua obra Elogio da Loucura defendeu entre outros aspectos:

a) a tolerância, a liberdade de pensamento e uma teologia baseada exclusivamente nos Evangelhos. b) a restauração da teologia nos termos da ortodoxia escolástica, na linha de Tomás de Aquino. c) a reforma eclesiástica da igreja, segundo a proposta de Svanarola, conforme sua pregação em Florença. d) o comunismo dos bens, teoria que influenciaria o pensamento de Rousseau no século XVIII. e) a supremacia da razão do Estado sobre as regras definidas nos princípios da moral cristã. 13. Com relação à arte medieval, o renascimento destaca-se pelas seguintes características:

a) a perspectiva geométrica e a pintura a óleo. b) as vidas de santos e os afrescos.

c) a representação do nu e as iluminuras. d) as alegorias mitológicas e o mosaico. e) o retrato e o estilo romântico na arquitetura. 14. “Uma importante atividade intelectual, desenvolvida por Galileu, no século XV foi objeto de controvérsias, sobretudo nos meios da Igreja Católica.” O texto refere-se a:

a) à idéia de que o conhecimento se reduzia a constatação da existência. b)à análise do mundo animal, como um espaço intermediário entre a física e a psicologia. c) à utilização de experimentos na investigação da verdade científica. d) à idéia de que a origem do conhecimento estava na dúvida metódica. e) ao princípio de que a matéria atrai a matéria, na razão inversa de suas massas. 15. Sobre o renascimento, pode-se afirmar:

a) pode ser visto como uma revolução religiosa, resultado das profundas transformações que ocorreram na transição entre o feudalismo e o capitalismo. b) Florença e Roma, Pequim e Bagdá forma centros de irradiação do movimento renascentista. c) o Renascimento revalorizava o anonimato e fortalecia o sentimento nacionalista. d) o renascimento foi um movimento artístico, literário e científico defensor do humanismo, baseado no antropocentrismo e no espírito crítico em oposição ao teocentrismo. e) o Renascimento fez renovar toda tradição islâmica da península Ibérica reprimida pelas cruzadas. 16. (Unicamp) “Já fiz planos de pontes muito leves (...), Conheço os meios de destruir seja que castelo for (...). Sei construir bombardas fáceis de deslocar, carros cobertos, inatacáveis e seguros, armados com canhões. Estou (...) em condições de competir com qualquer outro arquiteto, tanto para construir edifícios públicos ou privados como para conduzir água de um lugar para outro. E, em trabalhos de pintura ou na lavra do mármore, do metal ou da argila, farei obras que seguramente suportarão o confronto com as de qualquer outro, seja ele quem for.” (Leonardo da Vinci – retirado de Jean Delumeau A Civilização do Renascimento.)

O texto acima é parte da carta com que Leonardo da Vinci, em 1482, pedia emprego na corte de Ludovico, o Mouro. No trecho, estão alguns dos elementos principais que caracterizam o Renascimento como movimento cultural.

a) Identifique três desses elementos. b) Como se dava o patrocínio dos artistas e técnicos do Renascimento. Questões resolvidas Nascido na Itália, o Renascimento espalhou-se pela Europa, mas de forma desigual. Foi um movimento intelectual, científico, artístico e literário Considere as seguintes afirmações a respeito desse movimento.

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I. A arte renascentista tinha como característica principal a exploração dos motivos religiosos, recebendo, dessa maneira, o apoio do clero e dos mecenas.

II. O Renascimento foi um movimento que valorizou o antropocentrismo, o hedonismo, o racionalismo, o individualismo e o naturalismo.

III. No plano político, sua principal conseqüência foi contribuir para o advento do Absolutismo, ao laicizar a sociedade e revalorizar o Direito Romano.

IV. O combate central das idéias renascentistas residiu na defesa das concepções de mundo baseadas no teocentrismo e na escolástica, então emergentes.

V. A Itália acumulou maior quantidade de capital e alcançou desenvolvimento comercial e urbano invejável, gerando excedentes econômicos para se investir em obras de arte. Está correto apenas o contido em: A) I, II e III. B) I, IV e V. C) II, III e IV. D) II, III e V. E) III, IV e V. Resolução: O Renascimento marcou, no plano cultural e artístico, a transição do feudalismo para o capitalismo. Foi um momento que assumiu uma postura crítica em relação ao dogmatismo religioso e ao teocentrismo que predominava na cultura. Essas duas características já bastam para invalidar as afirmações I e IV. (Unicamp) Para as artes visuais florescerem no Renascimento era preciso um ambiente urbano. Nos séculos XV e XVI, as regiões mais altamente urbanizadas da Europa Ocidental localizavam-se na Itália e nos Países Baixos, e essas foram as regiões de onde veio grande parte dos artistas. (Adaptado de Peter Burke, O Renascimento Italiano.).

a) Cite duas características do Renascimento. b) De que maneiras o ambiente urbano propiciou a emergência desse movimento artístico e cultural? c) Por que as regiões mencionadas no texto eram as mais urbanizadas da Europa nos séculos XV e XVI? Resolução

a) Antropocentrismo e racionalismo. Poderiam ser apontadas ainda: individualismo, hedonismo, naturalismo e universalismo.

b) A vida urbana possibilitou o desenvolvimento de novos valores, ligados à expansão do comércio e portanto das possibilidades individuais e, dessa maneira, influenciou a expressão artística do ponto de vista cultural, ao mesmo tempo em que criou condições materiais para seu desenvolvimento. propiciou uma difusão de novas idéias e valores, o que veio a favorecer o desenvolvimento cultural e artístico do período (inclusive quanto à prática do mecenato).

c) As cidades italianas estavam vinculadas ao comércio de especiarias pelo Mediterrâneo desde sua

"reabertura", na época das cruzadas e havia constituído verdadeiro monopólio sobre o comércio oriental. Os Países Baixos, região de Flandres, era onde terminava a rota da Champagne e onde se desenvolveu intensa produção de tecidos, responsável por intenso comércio durante a Baixa Idade Média. (EFEI) Em oposição aos velhos valores medievais a mentalidade do homem renascentista formulou novos princípios. Um desses princípios foi o racionalismo. Explique em que consistia esse racionalismo. Resolução Racionalismo - Explicação das coisas através do uso da razão, em substituição à explicação predominante no período medieval que era de origem religiosa.

3) Muitos artistas e filósofos do Renascimento escreveram sobre a natureza e o seu valor para a arte, mas nenhum foi tão bom observador como Leonardo da Vinci. A prova, tanto da sua curiosidade insaciável como de seu entendimento profundo da natureza, pode encontrar-se nos seus muitos desenhos e livros de notas. (O Mundo do Renascimento) Dentre as principais características do movimento denominado Renascimento Cultural, encontradas nas obras de Leonardo da Vinci, podemos destacar: a) o bidimensionalismo estético e a desvalorização do ser humano. b) o naturalismo e o geocentrismo. c) o antropocentrismo e o humanismo. d) o teocentrismo e o uso de conceitos irracionais abstratos. e) a arte humanista e a ausência da perspectiva linear. Resolução: O Renascimento representou a retomada de elementos da cultura greco-romana, como o antropocentrismo, racionalismo e individualismo, contrariando a mentalidade da época, baseada até então nos valores impostos pela Igreja Católica, como o Teocentrismo e o dogmatismo. Resposta: C GABARITO 1) Palavras-chave: a) Mundo renascentista, reformista (religioso) e unificado sob Estados Absolutos. b) Não consegue encontrar respaldo par seus valores cavalheirescos. Não se adapta ao declínio feudal 2) b 3) V V V V F 4) e 5) c 6) e 7) b 9) b 10) c 12) a 13) a 14) c 15) d

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História Geral Frente II CCAAPP 99 –– AA RREEFFOORRMMAA PPRROOTTEESSTTAANNTTEE EE AA CCOONNTTRRAA--RREEFFOORRMMAA

A REFORMA E SUAS CAUSAS

Durante a Idade Média, a Igreja conquistou um vasto patrimônio territorial e econômico, em grande parte formado por doações de fiéis que tinham a expectativa de, com esse gesto, conseguir o perdão de seus pecados. Os abusos praticados por parte do clero receberam muitas críticas ao longo dos séculos, mas no início da Idade Moderna a indignação dos católicos resultou na divisão da cristandade do Ocidente. O pensamento renascentista influenciou a reforma porque, ao propor uma nova forma de entender o mundo, valorizando o homem e as suas realizações, entrou em confronto com os dogmas da Igreja, que viam no sofrimento a condição necessária para alcançar o Paraíso. O renascimento representou um fator de distanciamento das pessoas em relação aos dogmas, o que facilitou a adesão às novas religiões surgidas com a Reforma. Mesmo dentro da Igreja dois sistemas teológicos se defrontavam. De um lado o tomismo, de São Tomás de Aquino, que via no livre-arbítrio e nas boas obras o caminho para a salvação. Do outro, a teologia agostiniana, baseada nas teorias de Santo Agostinho, fundada no princípio da salvação pela fé e predestinação. Na segunda metade do século XIV, surgiram dois movimentos de contestação religiosa. O primeiro na Inglaterra, liderado por John Wycliffe, e o segundo na Tchecoslováquia, liderado pelo padre Jan Huss.

Wycliffe organizou a primeira tradução completa da bíblia para o inglês e escreveu uma série de tratados em que defendia a primazia do poder do Estado sobre o poder do papa e a devolução ao poder público dos bens acumulados pelo clero.

Huss defendia a reforma da Igreja, o retorno ao culto do Evangelho, os valores nacionalistas tcheco e autonomia político-religiosa da região da Boêmia, que então fazia parte do Sacro Império Romano-Germânico.

Os dois contestadores pré-reformistas foram severamente perseguidos por causa de suas idéias: Jan Huss foi excomungado, preso e, em 1415, queimado vivo. Houve muitos fatores que levaram à Reforma. A oposição entre os Estados nacionais e pretensão universalista do papado; a insistência da igreja na teoria do preço justo e na condenação à usura, o que dificultava a acumulação de capital; o desprestígio da autoridade da igreja durante o Grande Cisma; o racionalismo desenvolvido pelo Renascimento; a ampliação do mundo conhecido, com sua enorme diversidade, o que alargou os horizontes mentais europeus e os movimentos pré-reformistas citados acima. Mas, sem dúvida alguma, o fator preponderante foi a imensa crise moral em que a Igreja encontrava-se mergulhada. Os abusos, os desmandos, o luxo desmedido, o comércio de “relíquias sagradas” (quase sempre grosseiras falsificações), e a venda de

indulgências (absolvição pelos pecados cometidos), ultrapassaram em muito os limites do tolerável. Vários papas estiveram envolvidos na prática das simonias (venda ou até mesmo leilão de cargos eclesiásticos) e constituíram famílias não oficiais, deixando em segundo plano suas obrigações espirituais. A REFORMA DE LUTERO

O frade agostiniano Lutero, retratado acima por Lucas Cranach, em 1528, foi professor de teologia da Universidade de WIttenberg, no Sacro Império Romano-Germânico. O Sacro Império Romano Germânico era um local onde o poder real era extremamente fraco. Nesta região era muito comum a venda de relíquias sagradas e indulgências, uma vez que não havia uma figura central forte capaz de deter o poder papal.

A pequena nobreza empobrecida almejava as terras papais. A burguesia era contrária às pregações morais dos padres, principalmente no que dizia respeito à usura, e estava interessada em manter o capital que era remetido a Roma em território alemão. Até mesmo os camponeses e artesãos estavam insatisfeitos com a cobrança de dízimos, entre outros tributos.

O fator imediato que deflagrou a Reforma foi a venda de indulgências. Esta prática foi acentuada devido à necessidade de arrecadação de dinheiro para a construção da basílica de São Pedro. O papa Leão X encarregou o monge Tetzel de vender as indulgências na Alemanha. Tal situação gerou a revolta do monge agostiniano Martinho Lutero.

Martinho Lutero acreditava que o caminho da salvação era o arrependimento, portanto as doações feitas à Igreja, com intenção de salvar a alma após a morte, eram desnecessárias. As idéias de Lutero entravam em choque com os interesses de uma parte do clero, que se interessava em demasia pelas questões econômicas e pela riqueza material. Os pontos principais da doutrina luterana são:

• A salvação se dá unicamente pela fé;

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• A interpretação da bíblia é livre (daí a importância de tê-la traduzida para o idioma comum do povo).

• Apenas dois sacramentos são necessários: o batismo e a eucaristia;

• O único dogma (isto é, a única verdade que não pode ser contestada) é as Escrituras Sagradas;

• Supressão do celibato clerical e do culto às imagens religiosas (ícones);

• Negação da transubstanciação (transformação do pão e vinho no corpo e sangue de Cristo) aceitando-se a consubstanciação (pão e vinho representam o corpo de Cristo);

• Utilização do alemão, em lugar do latim, nos cultos religiosos;

• Submissão da Igreja ao Estado. Apesar da perseguição, Lutero pôde continuar

difundindo sua doutrina porque teve apoio da nobreza alemã para quem, descontadas as questões sinceras da fé, a Reforma tinha grande significado político e econômico, uma vez que liberava os reinos da tutela da Igreja e colocava todo o patrimônio católico em solo alemão ao alcance dos nobres. Lutero escreveu um documento, as 95 teses, que radicalizava publicamente suas criticas à Igreja e ao papa, condenando venda de indulgências e o desregramento do clero. As teses foram afixadas nas portas da catedral da cidade. O papa redigiu uma bula condenando Lutero e ameaçando-o de excomunhão. Lutero reagiu queimando a bula em público. A nobreza alemã dividiu-se, a maioria ficou contra o papa. Carlos V, imperador, convocou uma assembléia, a Dieta de Worms, na qual Lutero foi considerado herege. Porém Lutero foi acolhido pela nobreza, especialmente pelo Príncipe da Saxônia, e dedicou-se à tradução da bíblia para o alemão.

Em 1529, a Dieta de Sipira tolerou o luteranismo nas regiões já convertidas, mas proibiu novas pregações. Em 1530 a Confissão de Augsburg fundamentou a doutrina luterana.

Lutero era contra as reformas populares e pregou a utilização da força para o extermínio da revolta camponesa liderada por Thomas Münzer, fundador da doutrina anabatista. Era também contra a burguesia, pois considerava o dinheiro obra do demônio.

O imperador Carlos V tentou impedir a expansão da nova doutrina e daí surgiram guerras religiosas que só foram concluídas em 1555, com a Dieta de Augsburg que permitiu que cada príncipe escolhesse sua própria religião, que passaria a ser também a de seus súditos (Tal príncipe, tal religião). Posteriormente o luteranismo foi adotado na Suécia, Dinamarca e Noruega. O CALVINISMO O teólogo francês Jean Calvino começou suas pregações na França, mas, perseguido, refugiou-se na cidade de Genebra, na Suíça, país que já conhecia as idéias reformadoras de Lutero. Na Suíça, desde 1531,

através da Paz de Kappel, cada cantão possuía autonomia religiosa. Em Genebra, Calvino implementou leis rígidas e intolerantes através das Ordenações Eclesiásticas. A Igreja calvinista passava a ter controle não só da vida religiosa do cidadão, mas também de sua conduta moral e política. Além dos pastores, havia um conselho de anciãos com poderes ilimitados, o Consistório.

Calvino criou a teoria da predestinação absoluta, preconizando que o mundo estaria totalmente submetido à vontade de Deus e que as pessoas já nascem predestinadas à salvação ou à condenação. Calvino estruturou uma doutrina rígida que ressaltava a necessidade da disciplina moral, valorizava o trabalho e afirmava que a riqueza material era um dos sinais de salvação. Por isso, essa doutrina foi adotada por grande parte da burguesia que se sentia desconfortável com o fato de o catolicismo condenar os rendimentos obtidos por meio do lucro. Calvino considerava a Bíblia como sendo a base da religião e por isso não era necessária a existência de um clero regular. Criticava o culto à imagem e admitia como sacramentos apenas a eucaristia e o batismo. As idéias de Calvino atingiram rapidamente outros países, principalmente aqueles em que a burguesia desempenhava um papel importante. Na França, os calvinistas foram chamados de huguenotes, na Inglaterra de puritanos, e na Escócia de presbiterianos. O ANGLICANISMO

Na Inglaterra, a burguesia e a nobreza classificavam os padres como “a classe vadia” e há muito desejavam o fim do pagamento de tributos à Igreja. Nesse contexto, aproveitaram-se de um conflito surgido entre Henrique VIII e o papa Clemente VII, motivado pela recusa do papa em anular o casamento do rei com Catarina de Aragão, para pressionar o soberano a romper com Roma. Em 1529, o Parlamento inglês formalizou seu apoio ao monarca na luta contra o papado e aprovou leis que reduziam os impostos cobrados pelo clero católico. Em 1534, o Parlamento inglês votou o Ato de Supremacia, que transformava Henrique VIII em chefe supremo da Igreja da Inglaterra, ou Igreja Anglicana. O rei confiscou os bens da Igreja católica no reino, distribuindo-os entre a camada de pequenos e médios proprietários rurais, os gentry.

O anglicanismo preservou grande parte dos rituais, celebrações e dogmas católicos, como a hierarquia episcopal. Eduardo IV, sucessor de Henrique VIII impôs o Livro de Orações Comuns em 1549 e suprimiu a missa e o celibato clerical. Com Elizabeth I a religião anglicana foi consolidada, através da Lei dos 39 artigos. A CONTRA-REFORMA

Diante da crise que se abatia sobre a Igreja, o papa Paulo III convocou, em 1545, o Décimo Nono Concílio Ecumênico da Igreja Cristã, que ficou conhecido como Concílio de Trento. O tema do

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encontro era a discussão da fé não somente entre os católicos, mas também entre membros das outras igrejas cristãs (protestantes e ortodoxos). A autoridade papal foi mantida, assim como o culto à Virgem Maria. Foram estabelecidas idades mínimas para a ocupação de cargos eclesiásticos e foram criados os seminários. A mais forte defensora do processo de reação da Igreja foi a Companhia de Jesus, uma ordem criada em 1534 que tinha como princípios disciplina severa, obediência hierárquica e comportamento moral irrepreensível. Os jesuítas foram a principal arma do papado para compensar o avanço protestante. Muitos jesuítas vieram para a América catequizar os índios, aumentando assim o número de fiéis para a Igreja católica. Depois de dezoito anos de estudos, o Concílio de Trento apresentou as seguintes medidas que visavam reformar a Igreja Católica:

• Proibição da venda de indulgências. • Obrigatoriedade de os clérigos fazerem seus

estudos nos seminários antes de serem ordenados;

• Proibição da venda dos cargos do alto clero (bispos, arcebispos e cardeais). A Reforma Católica restringiu-se praticamente a

eliminar as ações que geravam muitas críticas, e o papado manteve alguns dogmas, como o princípio da salvação pela fé e pelas boas obras, o celibato clerical (proibição de padres se casarem) e a validade dos sete sacramentos (batismo, confirmação, eucaristia, penitência, extrema-unção, ordem e casamento).

Houve, também, a reativação do Tribunal do Santo Ofício ou Tribunal da Inquisição, que passou a perseguir, condenar e executar muitos dos que questionavam os dogmas católicos ou que queriam discutir os princípios da religião. Foi criado, ainda, o Index, lista de livros proibidos pela Igreja Católica, considerados contrárias aos princípios da fé. A lista incluía livros científicos, as Bíblias protestantes e inúmeros outros autores.

A Contra-Reforma não destruiu o protestantismo, mas limitou sua expansão. Seu sucesso mais duradouro encontra-se na América, onde as iniciativas catequéticas dos jesuítas, nos séculos XVI e XVII, deram frutos, sendo hoje a América Latina o local de maior concentração de católicos no mundo. EXERCÍCIOS 1. (UFGO) A consciência da oposição entre “antigo” e “moderno” e, com ela, a formação de um conceito de modernidade surgiram durante o século XIV, com o Renascimento. À visão religiosa do mundo feudal começa a contrapor-se uma outra secular, laica. Tal mudança coloca o homem no centro do universo (antropocentrismo), abrindo novas perspectivas para o pensamento político e religioso, assim como para o desenvolvimento das ciências.

Assinale, a seguir, os fatos que caracterizam a Idade Moderna, colocando ( c ) certo e (E) errado.

( ) Os dogmas religiosos do catolicismo perdem o monopólio da expedição do mundo, e o método

experimental passa a ser realizado como meio de acesso ao conhecimento da realidade. ( ) O Renascimento europeu corresponde à era das grandes navegações e das conquistas, contudo tem como contrapartida, no processo de colonização do Novo Mundo, o massacre de civilização avançadas (inca, astecas etc.) ( ) a formação do Estado moderno esta relacionada com o fortalecimento da nobreza feudal que, aliada à Igreja, funda uma nova ordem política, baseada na centralização do poder. ( ) A reforma promove uma profunda revisão religiosa e política na sociedade européia do século XVI, marcando a passagem do mundo feudal para o mundo moderno. 2. (U. Amazonas-AM) Podemos afirmar que o calvinismo foi elemento propulsor do capitalismo porque:

a) a ética calvinista de valorização do trabalho e do lucro justificou e estimulou as atividades burguesas. b) Conciliou a doutrina agostiniana do livre arbítrio com as concepções de predestinação de Tomás de Aquino. c) Obrigou a Igreja católica a rever oficialmente seu posicionamento quanto à condenação do lucro e da usura. d) O Ato de Supremacia, que lhe deu origem, contribuiu para acumulação de capital. e) Abalou o feudalismo ao seduzir a nobreza, tradicional praticamente as atividades mercantis.

3. (FCG/Una-MG) No contexto do movimento conhecido como Contra-Reforma, adotou-se:

a) a defesa das teses da livre interpretação da Bíblia e da predestinação absoluta. b) A formulação de novos sacramentos mais adaptados à nova realidade européia. c) A reorganização do Tribunal da inquisição, responsável pela punição das heresias. d) O fim do celibato, da hierarquia eclesiástica e da vida monástica nas ordens religiosas. 4. (PUC/Campinas-SP) O contexto no qual se desenvolve a chamada Reforma Protestante, no século XVI, inclui divergências entre monarcas, mercadores e o papa da Igreja católica. O relativo sucesso das novas tendências religiosas esta na maneira como responderam a esses conflitos em atenção aos interesses emergentes, tais como:

a) o reforço emprestado pelas idéias luteranas à crença no purgatório e a exclusividade dos príncipes na interpretação dos textos sagrados pretendia por Calvino. b) O confisco dos bens da Igreja católica, segundo as idéias de Lutero e a posição calvinista à livre interpretação da Bíblia. c) A ênfase luterana no culto de imagens e a condenação de Calvino ao uso de idiomas locais na celebração de missas. d) A defesa luterana de que a igreja fosse submetida aos príncipes e a idéia de Calvino de que todo tipo de trabalho agradaria a Deus.

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e) O incentivo de Lutero ao domínio da leitura entre os fieis, para que todos interpretassem a Bíblia e o livre comércio de indulgências.

5. (UECE) Na chamada Idade Moderna, a Igreja sofria grandes criticas e um dos alvos era a pratica da simonia, ou seja:

a) o comercio de coisas sagradas: venda de cargos eclesiásticos, de indulgências etc. b) a distribuição de terras da Igreja entre os membros mais pobres do clero. c) O uso indevido das rendas da Igreja pelo alto clero e o luxo catedrais. d) O descaso do clero pelas coisas espirituais e o apego aos bens materiais.

6. (Fuvest) “Depois que a Bíblia foi traduzida para o inglês, todo homem, ou melhor, todo rapaz e toda rapariga, capaz de ler o inglês, conversaram-se de que falavam com Deus onipotente e que entendiam o que Ele dizia”. Esse comentário de Thomas Hobbes (1588-1679)

a) ironiza uma das conseqüências da Reforma, que levou ao livre exame da Bíblia e a alfabetização dos fieis. b) Alude à atitude do papado, o qual, por causa da Reforma, instou os leigos a que não deixassem de ler a bíblia. c) Elogia a decisão dos reis Carlos I e Jaime I, ao permitir que seus súditos encolhessem entre as varias igrejas. d) Ressalta o papel positivo da liberdade religiosa para o fortalecimento do absolutismo monárquico. e) Critica a diminuição da religiosidade, resultante do incentivo à leitura da bíblia pelas igrejas protestantes.

7. Henrique VIII, Lutero e Calvino foram vultos da reforma protestante. Indique a alternativa ligada, respectivamente, a seus nomes a seus nomes:

a) 95 Teses contra a venda de indulgências, instituição da Religião Cristã e Doutrina da Justiça pela Fé. b) Doutrina da Predestinação absoluta, criação da Igreja Anglicana e a Paz de Augsburg. c) Concílio de Trento, venda de Indulgências e Index. d) Criação da Igreja Anglicana, 95 Teses contra a venda de indulgências e Doutrina da Predestinação Absoluta. e) Edito de Nantes, Paz de Augsburg e a Paz de Kappel. 8. Entre as decisões do Concílio de Trento está a de:

a) favorecer a interpretação individual da Bíblia de acordo com seus princípios fundamentais. b) adotar uma atitude mais liberal com relação aos livros religiosos, diminuindo a censura. c) criar uma comissão para melhorar o relacionamento com povos não cristãos. d) estabelecer uma corporação para o Sacro Colégio, para representar todas as nações cristãs. e) estimular a ação das ordens religiosas especialmente no campo educacional.

9. Pode-se relacionar a Reforma protestante, nos campos político e cultural, respectivamente:

a) à expansão do poder feudal e ao desenvolvimento da estética barroca. b) ao desaparecimento do absolutismo e ao renascimento cultural espanhol. c) à teoria do poder divino e ao progresso científico d) ao fortalecimento do Sacro Império e à divulgação do alemão pela tradução da bíblia. e) à fragmentação do poder temporal da Igreja e à disseminação do racionalismo. 10. A principal crítica de Lutero à Igreja foi:

a) a divisão do clero em regular e secular. b) a venda de relíquias religiosas que garantiam a salvação. c) a livre interpretação dos textos sagrados. d) a atuação da Inquisição. e) a construção da basílica de São Pedro. 11. Todas as alternativas apresentam fatores que permitiram o avanço do anglicanismo, exceto:

a) fusão dos dogmas protestantes ao formalismo ritual católico. b) popularização das doutrinas protestantes. c) fortalecimento do intervencionismo papal na Inglaterra. d) interesse pelas propriedades da igreja. e) objetivo real de fortalecer o poder monárquico. 12. João Calvino defendia que alguns homens já nascem salvos pela vontade de Deus e que o indício dessa salvação seria o acúmulo de riquezas através das virtudes e do trabalho. Tal princípio ia de encontro aos interesses da burguesia.

O texto refere-se:

a) à livre interpretação da bíblia. b) à predestinação. c) às indulgências. d) à simonia. e) ao Ato de Supremacia. 13. “comparar a Reforma com uma ponte que conduz não só de períodos escolásticos até o nosso mundo do livre pensamento, mas, também, em direção oposta, adentro da Idade Média – talvez ainda mais além, sob a forma de uma transmissão cristã-católica, preservada do cisma, de um alegre amor à cultura.”

Associando seus conhecimentos à análise do texto anterior, conclui-se que a Reforma:

( ) significou a reafirmação doutrinária e a reorganização institucional da Igreja de Roma. ( ) buscou resgatar doutrinas teológico-filosóficas predominantes na Idade Média, caracterizada pelos conflitos entre a fé e a razão. ( ) constituiu-se um renascimento religioso, por se contextualizar no processo geral de mudanças da Idade Média para a Idade Moderna. (08) constitui-se um marco cultural, vez que nos remete da Idade Média à Modernidade e, em sentido Oposto, ao Mundo Antigo.

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( ) procurou recuperar o contato com as origens do pensamento cristão, impregnadas de simplicidade, de pureza e de amor à cultura. ( ) caracterizou-se por um profundo revigoramento da espiritualidade católica e pela valorização da vida voltada para as coisas do espírito. ( ) representou o fim da supremacia eclesiástica na Europa e o surgimento de diversa Igrejas reformadas, denominadas genericamente de protestantes. 14. O Ato de Supremacia, promulgado por Henrique VIII, na Inglaterra, contribuiu para:

a) divulgar intensamente a doutrina calvinista no país, sobretudo na região da Escócia. b) iniciar a expansão externa, formando assim as bases do império colonial inglês. c) promover a reforma anglicana, ao mesmo tempo em que contribuiu para a centralização do governo. d) implantar o catolicismo no reino, o que foi acompanhado de repressão aos reformistas. e)restaurar os antigos direitos feudais, que foram limitados pela Magna Carta de 1215. 15. (Fuvest) “O puritanismo era uma teoria quase tanto quanto uma doutrina religiosa. Por isso, mal tinham desembarcado naquela costa inóspita (...) o primeiro cuidado dos imigrantes puritanos foi o de se organizar em sociedade.” Essa passagem de A democracia na América, de Aléxis de Tocqueville, diz respeito à tentativa:

a) malograda dos puritanos franceses de fundarem no Brasil uma nova sociedade chamada França Antardida. b) malograda dos puritanos franceses de fundarem uma nova sociedade no Canadá. c) bem-sucedida dos puritanos ingleses de fundarem uma nova sociedade no Sul dos Estados Unidos. d) bem-sucedida dos puritanos ingleses de fundarem uma nova sociedade no Norte dos Estados Unidos, na chamada Nova Inglaterra. e) bem-sucedida dos puritanos ingleses, responsáveis pela criação de todas as colônias inglesas na América. 16. “Embora a origem da reforma de Lutero se deva a uma experiência pessoal, ela refletiu, na verdade, o estado de espírito comum a muitos seguidores da Igreja Romana. De fato, a iniciativa da livre interpretação da Bíblia deve ser compreendida como mais uma das muitas manifestações típicas do individualismo do homem renascentista.”

a) Quais foram as relações culturais da Reforma protestante com o Renascimento? b) Por que a livre interpretação da Bíblia era criticada pelo alto clero medieval? 17. (Unicamp). “Atualmente se escolhe ser cristão ou não. No século XVI não havia escolha. Era-se cristão de fato. Mesmo não querendo, mesmo não entendendo claramente, todos desde o nascimento, se encontravam imersos num banho de cristianismo, do qual não se escaparia nem na hora da morte.” Este texto de Lucien Febvre refere-se ao clima religioso que tomou conta de grande parte da população européia após a Contra Reforma, dirigida pelo

Vaticano. Quais são as características desse movimento?

18. (Unicamp) Segundo Calvino, o homem já nasce predestinado à salvação ou condenação eternas, e um dos sinais da salvação é a riqueza acumulada através do trabalho.

Estabeleça a relação entre a expansão da doutrina calvinista e o fortalecimento do capitalismo no século XVI.

19. (Unicamp) “Embora a origem da Reforma de Lutero se deva a uma experiência pessoal, ela refletiu, na verdade, o estado de espírito comum a muitos seguidores da Igreja romana. De fato, a iniciativa da livre interpretação da Bíblia deve ser compreendida como mais uma das muitas manifestações típicas do individualismo do homem renascentista.”

a) Quais foram as relações culturais da Reforma Protestante com o Renascimento?

b) Por que a livre interpretação da Bíblia era criticada pelo alto clero medieval? 20. (Fuvest) Em 1571 a Igreja Católica criou a Congregação do Index. a) Que era Índex? b) Quais as implicações históricas de sua instituição? GABARITO 1) V V F F 2) A 3) C 4) D 5) A 6) A 7) D 8) E 9) E 10) B 11) C 12) B 13) V F F F F V V 14) c 15) e

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História Frente III - Aprofundamento CCAAPPÍÍTTUULLOO 0022 –– AA CCOOLLOONNIIZZAAÇÇÃÃOO DDAA AAMMÉÉRRIICCAA

A COLONIZAÇÃO EUROPÉIA DA AMÉRICA

AMÉRICA ESPANHOLA Os colonizadores e as formas de trabalho Os espanhóis que aqui desembarcaram tinham por objetivo o rápido enriquecimento. Portanto, estavam motivados essencialmente pela cobiça de bens materiais. Tal disposição harmonizava-se em parte com a política fiscal do Estado, embora se chocasse com seu espírito missionário. Sendo a religião o fundamento da legitimidade do Estado, este não poderia cortar seus vínculos com a Igreja. Os próprios conquistadores eram profundamente cristãos, mas entendiam a religião e seu papel na América de maneira diferente da que defendia a Igreja. Para esta, a evangelização dos nativos deveria ser colocada acima de tudo. Os conquistadores não discordavam, porém argumentavam que a obra missionária só seria realizável mediante o apoio material. Em suma, a pergunta essencial era a seguinte: dever-se-ia explorar os nativos para cristianizá-los ou cristianizá-los sem explorá-los? Na prática, para os conquistadores, a questão econômica vinha em primeiro lugar. Por isso, os choques entre os colonos e a Igreja tornaram-se inevitáveis. A questão escravista O conflito apareceu com toda a intensidade e clareza quando a questão escravista foi colocada. Para fazer frente às despesas, Colombo despachou alguns nativos para serem vendidos como escravos na Espanha. No início, os reis católicos concordaram, esperando que com a venda pudessem levantar fundos para financiar a exploração do Novo Mundo – então entregue ao comando do descobridor. Porém, já em 1500, em razão de pareceres de juristas e teólogos espanhóis, os reis católicos suspenderam o tráfico nascente e declararam livres os povos americanos. Deixaram claro que eram contrários a qualquer dano às pessoas e aos bens dos nativos. Essa decisão, entretanto, teve também uma razão política. Desde 1495, quando foi concedida a permissão oficial para a iniciativa privada atuar na América, o acesso à mão-de-obra dos nativos não fora objeto de regulamentação. Contudo, deixar o caminho livre para a escravização significava colocar entre o rei e a América a figura do conquistador. Dispondo livremente da mão-de-obra escrava, os conquistadores tornar-se-iam excessivamente poderosos e independentes da Espanha.

Restringir a escravidão, declarando livres os nativos equivalia, portanto, a sujeitar à autoridade real os que atuavam por conta própria na América. A guerra justa A proibição total da escravidão, entretanto, deixaria os conquistadores sem meios para manter as conquistas e assegurar a posse da terra. Por esse motivo, a proibição dizia respeito aos nativos que já haviam sido submetidos ao domínio espanhol, e não aos que resistiam de armas em punho à dominação. Nascia, desse modo, a idéia da “guerra justa”, praticada contra as populações hostis, cujos cativos era legalmente permitido escravizar. Como era previsível, tais regulamentações foram insuficientes para impedir abusos. Para evitar que, sob falsa alegação de “guerra justa”, os nativos fossem escravizados, o rei estabeleceu em 1513 um critério para definir o que se devia entender por “guerra justa”. Um jurista espanhol chamado Palácios Rúbios redigiu um documento conhecido como Requerimiento, no qual expunha a criação do mundo e do homem segundo o cristianismo, declarando ainda que a América pertencia ao papa e ao rei da Espanha. Por fim, exortava os nativos a adotarem a fé cristã e a reconhecerem o rei espanhol como seu senhor. Em casos de recusa, o Requerimiento ameaçava os nativos e seus familiares com uma guerra impiedosa e a escravidão. Pois bem, o documento deveria ser lido e traduzido para os nativos, e dependendo de sua reação decidia-se ou não pela “guerra justa” contra eles. Pode-se imaginar quais foram os resultados práticos dessa medida. O frade dominicano Bartolomeu de Las Casas, que ficou famoso como “defensor dos índios”, considerou os termos do Requerimiento “injustos e absurdos, nulos de direito”. Uma vez tornada evidente a farsa do Requerimiento, a escravidão acabou sendo totalmente proibida em 1530, por ordem do rei Carlos I (Carlos V, no Sacro Império). A forte reação dos conquistadores, entretanto, obrigou o rei a rever sua decisão em 1534. Mas esse recuo foi temporário. Depois de muitas controvérsias, a questão foi finalmente resolvida em termos legais em 1542, quando foram promulgadas as Novas Leis, proibindo a escravidão – desta vez, em caráter definitivo. Nas regiões em que o domínio espanhol havia se consolidado – México, Peru e Antilhas -, as Novas Leis foram aplicadas com relativa eficiência. Contudo, nas regiões fronteiriças onde os conquistadores ainda estavam em avanço – Chile e Venezuela, por exemplo -, a escravidão continuou a ser praticada. As Novas Leis representaram, de certo modo, uma vitória da Igreja sobre os conquistadores – ainda que uma vitória apenas parcial.

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Repartimiento e encomienda

Paralelamente à escravidão, desenvolveram-se outras formas de trabalho, sendo as mais importantes o repartimiento, a encomienda e a mita. Para remunerar ou aumentar a renda dos funcionários reais enviados à América, adotou-se freqüentemente a prática do repartimiento de nativos entre eles. Cada qual, de acordo com sua distinção, recebia um certo número de servidores. Alguns podiam receber até 200 homens, e houve casos em que esse número chegou a 800. A encomienda era um tipo especial de repartimiento, em que também se “repartia” um certo número de nativos entre os particulares, mediante autorização oficial. Nesse caso, porém, o encomendero (titular da encomienda) comprometia-se a instruir os nativos na fé cristã – obrigação que não se impunha ao beneficiário do repartimiento. A encomienda de trabalho

A encomienda foi consagrada em 1512, com as leis de Burgos, promulgadas pelo rei após a convocação de uma junta de juristas e teólogos. As leis de Burgos permitiam aos particulares beneficiarem-se do trabalho nativo, mas proibiam maus tratos e estabeleciam obrigações que, em resumo, consistiam na educação dos “encomendados” dentro da fé cristã.

Teoricamente, os encomenderos eram protetores da população submetida; na prática, porém, transformaram-se em senhores de escravos disfarçados. Assim, a aniquilação dos nativos em decorrência de trabalhos excessivos e maus tratos continuou ocorrendo da mesma forma que na escravidão.

Por essa razão, a encomienda de trabalho sofreu violentos ataques da Igreja, representada pelos dominicanos – entre os quais sobressaiu-se Las Casas. A encomienda de tributos

A abolição da encomienda era, entretanto, problemática. Carlos I, rei da Espanha, ordenou a Hernan Cortez que não mais procedesse à repartição dos nativos. Este mostrou ao rei que a ordem não poderia ser cumprida, pois, do contrário, não haveria meios para manter a tropa de 4 mil homens que garantia a posse das terras conquistadas aos astecas.

Em 1532 encontrou-se uma solução. Em vez de repartir os nativos obrigando-os a trabalhar para o encomendero, concedia-se a este uma dada circunscrição administrativa, da qual receberia vitaliciamente os tributos até então pagos ao rei. Abolia-se, desse modo, a encomienda de trabalhos forçados, substituída pela encomienda de tributos.

Essa solução, entretanto, só funcionou nas regiões mais densamente povoadas, como entre os astecas e os incas. Em outras regiões, como Venezuela, Equador, Chile, Argentina e Paraguai, permaneceu a encomienda de trabalhos forçados.

A mita

Em 1545 foram descobertas as minas de prata de Potosi (na atual Bolívia), as mais ricas e famosas da América. Para sua exploração utilizou-se o repartimiento de nativos entre os donos das minas. Porém, a força de trabalho assim obtida foi-se tornando insuficiente para realizar as escavações, cada vez mais difíceis e árduas. Os proprietários mineiros pediram às autoridades o envio de mais 4.500 trabalhadores extras. Em 1574, atendendo ao pedido, o vice-rei do Peru, Francisco de Toledo, instituiu a mita.

A mita era uma instituição pré-incaica, posteriormente adotada pelos próprios incas, que obrigava as aldeias dominadas a enviarem, em regime rotativo, um certo número de trabalhadores para servirem aos kuracas (chefes) das aldeias dominantes – e, mais tarde, ao Estado inca.

Na versão espanhola, a mita consistiu na transformação de cerca de 16 províncias circunvizinhas de Potosí, com o total de 80 mil habitantes, em províncias mitayas, isto é, sujeitas à mita.

Visto que as condições de trabalho nas minas eram particularmente duras no gélido planalto andino, Francisco de Toledo estabeleceu que os mitayos deveriam trabalhar uma semana e descansar duas. Para tanto, foram instituídos três turnos de trabalho, cada qual com 4.500 trabalhadores. A cada ano enviava-se a Potosí um total de 13.500 mitayos, que substituíam os anteriores. Os que serviam por um ano só poderiam ser reconvocados após decorridos sete.

Os mitayos deslocavam-se com suas famílias para Potosí, e os proprietários das minas comprometiam-se a pagar-lhes, além do salário, todas as despesas.

Essas obrigações, no entanto, foram sistematicamente descumpridas. Tratados como escravos e forçados a trabalhar além do estipulado em lei, os mitayos morriam esgotados.

Um ano após a descoberta de Potosí (1545), foram encontradas no norte do México as minas de prata de Zacateca. Também aí adotou-se um regime semelhante de trabalho, o qual ficou conhecido, nessa região de tradição asteca, como cuatequil.

O SISTEMA DE EXPLORAÇÃO E DOMINAÇÃO COLONIAL

Estrutura do sistema colonial espanhol Entre 1519 e 1556, os conquistadores alcançaram o ponto mais importante de seu trabalho, ao estabelecerem brutalmente a dominação espanhola sobre o México (astecas) e o Peru (incas). Nessas duas regiões, as principais minas de prata foram descobertas no curto período de 1545 a 1565. Com isso, passava-se da conquista à organização da economia e, portanto, à efetiva estruturação do sistema colonial espanhol. O próprio uso das palavras conquista e conquistadores foi proibido em 1556 por determinação

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legal. Essas palavras deveriam ser substituídas por descobrimento e colonos. Ocorre nesse processo uma redefinição global da política do rei que transforma a Espanha em metrópole e seus domínios americanos em colônias. Embora o espírito missionário não tenha sido abandonado pelo Estado, a economia mineira criou uma nova realidade. Na fase da conquista, o objetivo declarado do Estado espanhol era a cristianização dos “gentios”. Agora, sua atenção voltava-se para a política fiscal. Controlar a produção e a comercialização da prata, evitar a sonegação dos tributos e o contrabando e arrecadar o máximo de impostos tornaram-se novas prioridades da máquina administrativa do Estado. No período da conquista, o problema crucial era restringir a violência contra os nativos e, conseqüentemente, a autonomia e o poder dos conquistadores. No período seguinte, com a formação e o desenvolvimento da economia mineira (1545-1610), a política indigenista passou para segundo plano – e com ela o espírito missionário que a acompanhava. Em primeiro lugar vinha agora a política colonial, que teve como eixo principal a restrição da liberdade de comércio dos colonos através do “exclusivo” ou monopólio metropolitano, que reservava à Espanha o direito de exclusividade no comércio com seus domínios americanos. O sistema colonial mercantilista

A política indigenista tinha por base a religião, e através dela o Estado unira-se à Igreja para manter os conquistadores sob sua autoridade. A política colonial tinha por base o comércio, e através dela o Estado uniu seu interesse fiscal ao interesse pelo lucro da burguesia mercantil metropolitana.

Esse entrelaçamento entre política e economia ganhou corpo e consistência no mercantilismo, conjunto de práticas econômicas que caracterizou o Estado moderno absolutista. O exclusivo metropolitano

Um dos mecanismos criados pelo mercantilismo foi o exclusivo metropolitano, que consistia na obrigação dos colonos de realizarem o comércio somente com a metrópole – tanto na venda de seus produtos como na compra de mercadorias européias.

Segundo os cálculos do historiador francês Pierre Chaunu, entre 1503 e 1660, a América espanhola produziu cerca de 25 mil toneladas de prata, das quais permaneceram na colônia cerca de 7 a 8 mil. É possível que o Estado tenha transferido para seus cofres quase o equivalente ao metal retido na colônia, isto é, aproximadamente 5 mil toneladas. Portanto, pouco mais da metade do total havia passado para as mãos da burguesia mercantil metropolitana.

O sistema de porto único

Desde 1503, com a criação da Casa de Contratação, sediada em Sevilha, o Estado controlava as relações comerciais com a América. Contudo, a autoridade suprema sobre os domínios espanhóis na América foi o Conselho Real e Supremos das Índias, ou simplesmente Conselho das Índias, que existia informalmente desde 1511 e foi oficializado em 1524.

Sevilha, já por essa época um poderoso centro mercantil, além de sediar a Casa de Contratação era o único porto através do qual era permitido comerciar com a América. Essa condição favorável da cidade estimulou a criação, em 1543, de uma poderosa associação de comerciantes sevilhanos – o Consulado do Comércio – que monopolizou, na prática, o comércio com a América.

Como o principal produto colonial era a prata, a preocupação com o controle levou o Estado a regulamentar com rigidez os contatos comerciais entre a metrópole e a colônia. Esses contatos só poderiam ser feitos através do envio de frotas e galeões apenas duas vezes por ano. Os particulares só podiam comerciar com a colônia desde que se integrassem com seus navios às frotas oficiais.

Saindo obrigatoriamente de Sevilha, o comércio limitava-se, na América, aos três terminais: Cartagena (Colômbia), Porto Belo (Panamá) e Vera Cruz (México). A formação da aristocracia colonial Os espanhóis vieram à América com o objetivo de enriquecer rapidamente servindo-se do trabalho ameríndio. Na prática, porém, alcançar esse objetivo não era tão fácil. A desorganização das sociedades ameríndias, devido à violência da conquista e à falta de interesse dos conquistadores pela agricultura, trouxe o primeiro problema: a falta de alimentos. Nas primeiras décadas do século XVI, à medida que aumentava o número de espanhóis, a crise de abastecimento foi-se agudizando. A constante elevação do preço dos gêneros alimentícios acabou por tornar a agricultura e a pecuária um bom negócio. Com a possibilidade de obter-se altos lucros, ampliou-se gradualmente a área de cultivo e criação, embora não na proporção adequada, pois a descoberta e a exploração de metais preciosos continuaram sendo a prioridade absoluta dos espanhóis. Entre 1545 e 1610, com a descoberta das ricas minas de prata de Potosí (Bolívia) e Zacatecas (México), a economia agropecuária recebeu um poderoso estímulo para o crescimento. Cerca de 150 mil pessoas viviam em Potosí, no altiplano andino, a mais de 4 mil metros de altitude, onde a agricultura era impraticável. O abastecimento desse enorme mercado, que dispunha da prata como meio de pagamento, atraiu para a região os produtos agrícolas do Chile, e da região platina (atuais Argentina e Paraguai) chegava o gado para ser vendido. A partir da última década do século XVI, com o declínio da mineração – devido em grande parte parte à morte em massa dos ameríndios -, os ricos

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mineradores e comerciantes passaram a adquirir terras. A fim de impedir a formação de grandes propriedades – e, portanto, de proprietários poderosos e independentes -, a Coroa espanhola pretendia criar em seus domínios um sistema de pequenas e médias propriedades. Porém, tal como aconteceu no caso do trabalho escravo, as determinações legais foram ignoradas, e as terras acabaram por concentrar-se em poucas mãos. As terras, de início concedidas gratuitamente pelo rei, como recompensa aos particulares por serviços prestados, eram freqüentemente vendidas pelos seus titulares aos ricos investidores, apesar da disposição legal que vedava esse tipo de comércio. Servindo-se de testas de ferro (parentes e dependentes), os ricos concentravam disfarçadamente enormes quantidades de terras. Nos últimos anos do século XVI, devido às dificuldades financeiras que enfrentava, a Coroa viu-se forçada a eliminar as concessões de terras – chamadas merced de tierras – e passou a vendê-las. Com isso, favoreceu a especulação imobiliária e a concentração fundiária, contra a qual a Coroa já não dispunha de qualquer meio de controle. As terras ilegalmente ocupadas foram legalizadas através do que se chamou de composición de tierras, que consistia no pagamento de uma soma à Coroa. Desse processo de concentração de terras formaram-se as estâncias de gado e as haciendas (fazendas), sendo estas últimas as formas típicas da grande propriedade rural nos séculos XVII e XVIII. Em contraste com a economia mineira do século XVI, a economia rural dos séculos seguintes tendeu à auto-suficiência, voltada que estava para uma economia de subsistência. Os grandes proprietários exploravam diretamente uma parte de seus domínios, sob a direção dos capatazes, arrendavam outras e deixavam a maior parte improdutiva. Com a consolidação das haciendas no século XVII, firmava-se na América espanhola uma aristocracia rural equivalente aos senhores de engenho no Brasil. Criollos e chapetones

Desde o fim do século XVI, começou-se a fazer distinção entre espanhóis europeus e espanhóis americanos. Com a formação da aristocracia rural, a diferença foi-se acentuando, e os espanhóis nascidos na América passaram a ser conhecidos como criollos (crioulos). Essa denominação teve a principio um sentido pejorativo, pois designava o escravo negro nascido na América, com o qual eram equiparados os descendentes dos conquistadores.

Aos espanhóis da Espanha ou peninsulares, os criollos atribuíram, por sua vez, nomes igualmente depreciativos: guachupín, no México, e chapetón, na América do Sul.

Essa rivalidade, porém, tinha raízes econômicas. O declínio da mineração e a ruralização da economia provocaram uma nítida divisão entre a

produção e o comércio, representados, respectivamente, por criollos e chapetones.

Como a elite dominante da colônia, os criollos desfrutavam de grande prestígio social e procuravam apresentar-se como nobres. Apesar, contudo, de suas aspirações aristocráticas e senhoriais, eram obrigados a atuar como empresários, já que produziam para o mercado objetivando o lucro.

Nesse sentido, o regime colonial de “exclusivo” funcionava contra seus interesses, pois boa parte do lucro auferido acabava se transferindo para os comerciantes, ou seja, para a burguesia colonialista.

A oposição entre criollos e chapetones constituiu, portanto, a corporificação do conflito entre interesses coloniais e metropolitanos. Centralização administrativa Aos conquistadores que, com o risco da própria vida, faziam avançar o domínio espanhol na América, a Coroa conferia o título de adelantado, com grandes poderes sobre os territórios e a população dominada. Nas cidades que foram brotando no rastro das conquistas, formaram-se os ayuntamientos, que seriam mais tarde convertidos em cabildos (câmaras municipais). Os membros dos cabildos eram selecionados dentre os criollos mais ricos de cada localidade, cujos interesses os cabildos representavam. Gozando de grande autonomia, os cabildos tornaram-se praticamente as principais autoridades em vigor na colônia. Com o passar do tempo, porém, seus poderes foram se restringindo devido à centralização administrativa da Coroa. Vice-reis e audiências

O controle do Estado metropolitano foi gradualmente implantado através de duas instituições: o vice-reino e a audiência.

Em 1535 foi criado o vice-reino de Nova Espanha, com capital no México e cuja autoridade abrangia as Américas do Norte e Central, as Antilhas e a Venezuela. Em 1543 instituiu-se o vice-reino do Peru, com capital em Lima e autoridade sobre o atual Panamá e toda a América do Sul, com exceção da Venezuela.

Dois outros vice-reinos surgiram muito mais tarde, no século XVIII. Em 1717 foi criado o vice-reino de Nova Granada, com capital em Bogotá, o qual, todavia, foi dissolvido em seguida para ser recriado, em caráter definitivo, em 1739. Seu domínio estendia-se sobre a região que hoje compreende Colômbia, Equador e Panamá. Finalmente, em 1776, fundou-se o vice-reino do Prata, com capital em Buenos Aires e que controlava a Bacia do Prata e a atual Bolívia.

Os vice-reis, escolhidos entre a alta nobreza espanhola, eram propostos pelo Conselho das Índias e nomeados pelo rei. Como representantes diretos deste último, acumulavam as mais amplas atribuições: controlavam as minas e a administração, tinham o comando militar, zelavam pela cristianização dos ameríndios e presidiam as audiências.

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As audiências, criadas em 1511 e instaladas em todos os centros importantes da colônia, eram órgãos com ampla competência administrativa e judiciária. Cada audiência era constituída de um presidente e um número variável de ouvidores (os juízes). Como tribunais, subordinavam-se diretamente ao Conselho das Índias, perante o qual se podia apelar de suas sentenças. Ao lado do vice-rei, as audiências eram a instituição de maior poder na América, podendo inclusive substituir os vice-reis em caso de morte. Fundamentalmente, zelavam pelos interesses da Coroa, evitando que fossem sobrepujados pelos interesses locais.

AS COLONIZAÇÕES TARDIAS FRANCESES E INGLESES NA AMÉRICA França: os obstáculos internos à expansão No século XVI, Portugal e Espanha eram as duas únicas potências coloniais da Europa. Pelo Tratado de Tordesilhas (1494) haviam dividido e monopolizado a América. Porém, ao longo do mesmo século, outras potências marítimas e comerciais se constituíram, e a França foi a primeira delas a contestar esse monopólio, passando da palavra aos atos. Os primeiros ensaios do expansionismo francês ocorreram no reinado de Francisco I (1515-1547), que pretendia fazer do Canadá uma Nova França. Entre 1523 e 1524, envia à América do Norte o explorador florentino Verazzano, e dez anos mais tarde, em 1534, o francês Jacques Cartier, que explora o território canadense ao longo do rio São Lourenço. Em 1555, os huguenotes (calvinistas franceses) perseguidos na França tentam fundar no Rio de Janeiro um núcleo de povoamento chamado França Antártica, mas são repelidos por Mem de Sá. A expansão francesa foi interrompida devido a uma violenta guerra de religião entre católicos e huguenotes (1562-1598). Colonização no Canadá e na Luisiana Com o fim da guerra de religião, o novo rei da França, Henrique IV (1589-1610), retoma a velha idéia de fundar, no Canadá, a Nova França. Concebida então como a sede do império colonial francês e uma fiel reprodução da sociedade metropolitana, a Nova França funcionaria também como ponto de apoio às colônias francesas nas Antilhas. Com esse objetivo, a França inicia, a partir de 1603, a ocupação do território, chefiada por Samuel Champlain, que em 1608 funda a cidade de Quebec, dando origem ao Canadá. Agricultores são instalados no vale do São Lourenço, porém estes se dedicam principalmente ao lucrativo comércio de peles com os huronianos e algonquinos. Esse comércio acaba por tornar-se a principal atividade econômica da região. No governo do cardeal Richilieu, primeiro ministro de Luís XIII (1610-1643), fundou-se, em 1627,

a Companhia da Nova França, encarregada de povoar o Canadá e à qual foi concedido o monopólio do comércio de peles. Junto com a Companhia foram enviados também missionários católicos, que fundaram em 1642 a cidade de Montreal. Com o objetivo de criar no Canadá uma réplica da sociedade francesa, as terras eram doadas apenas aos nobres, que traziam consigo camponeses e artesãos. Esse tipo de ocupação diferia completamente dos padrões ibéricos – espanhóis e portugueses -, de modo que, em 1660, meio século depois da fundação de Quebec, viviam no Canadá apenas 2 mil franceses. Os franceses, não obstante, ampliaram seu domínio territorial na América do Norte. Em 1671, apossaram-se dos Grandes Lagos, e a descoberta da foz do Mississipi, em 1673, tornou possível a viagem, em 1682, de Cavelier de La Salle, que explorou e anexou os territórios ao longo do rio, até a nascente. Surgia, assim, uma extensa possessão francesa, batizada de Luisiana. Para protegê-la instalou-se, perto da foz do Mississipi, um forte que deu origem a cidade de Nova Orleans. O imenso território representado pelo Canadá e por Luisiana não chegou, entretanto, a ser ocupado, como esperavam os franceses. Em grande parte, o fracasso do povoamento é explicado pela política aristocrática adotada pelo Estado, que não oferecia atrativos aos membros das camadas inferiores, cujas energias sociais foram, em outras partes, decisivas para garantir a posse territorial. Inglaterra: presença na América do Norte A presença inglesa na América do Norte data de 1585, quando Sir Walter Raleigh fundou Virgínia – nome dado em homenagem à rainha Elisabeth I (1558-1603). Porém, a efetiva ocupação territorial que dará origem aos Estados Unidos ocorreu no reinado de Jaime I (1603-1625). Tendo iniciado o povoamento da América mais de cem anos depois dos países ibéricos, a ocupação inglesa no Norte assumiu características muito diferentes. Os ingleses fundaram na costa atlântica, ao longo dos séculos XVII e XVIII, 13 colônias divididas tradicionalmente em três grupos: colônias do Norte (New Hampshire, Massachusetts, Connecticut e Rhode Island); colônias do Centro (Nova York, Pensilvânia, New Jersey, Delaware) e colônias do Sul (Maryland, Virginia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia). As duas primeiras colônias

Como em outras partes do continente, a tarefa de povoamento da América do Norte foi entregue a particulares. Em 1606, Jaime I concedeu uma carta-patente autorizando a fundação de Companhia de Virgínia, uma sociedade por ações cujos recursos foram repartidos entre duas sociedades: a Companhia de Londres e a Companhia de Plymouth.

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Por iniciativa da Companhia de Londres, em 1607, uma centena de ingleses, chefiados por John Smith, iniciou o povoamento da Virginia, fundando a cidade de Jamestown. Nos primeiros anos, particularmente duros, os povoadores suportaram doenças como o paludismo), fome e ataques indígenas. A situação só começou a melhorar depois de 1614, quando chegaram novos povoadores e mantimentos da Inglaterra. O plantio do tabaco, então incipiente, encontrou compradores na Inglaterra a preços favoráveis, assegurando um pequeno mas importante êxito econômico. Porém, a data decisiva foi 1619, quando chegaram navios holandeses com os primeiros contingentes de escravos africanos adquiridos pelos povoadores. Nesse mesmo ano, um outro acontecimento é digno de menção: instalou-se em Jamestown a primeira assembléia representativa da América inglesa. Esse órgão será o principal instrumento de autogoverno e educação democrática dos povoadores. Manteve seu vigor mesmo depois de 1624, quando a Virginia passou a ser administrada diretamente pela metrópole, através de um governador nomeado pelo rei. Em 1620, um navio de pequeno porte, o Mayflower, trouxe para a América um pequeno número de povoadores, que fundariam a colônia de Massachusetts. Diferentemente dos aventureiros que desembarcaram com John Smith na Virginia, os ingleses do Mayflower eram puritanos (calvinistas) que se transferiram para a América por motivos político-religiosos. Perseguidos pela religião oficial – a Igreja anglicana -, os puritanos escolheram a América para viverem segundo sua consciência religiosa. O processo de cercamento de terras na Inglaterra também explica a transferência dos camponeses para a América. As terras comunais, condição de sobrevivência dos camponeses pobres, começaram a desaparecer na medida em que as grandes propriedades individuais tendiam a se formar. O cercamento de terras foi uma forma de garantir a posse e aumentar o aluguel da terra, ou seja, privilegiar ainda mais a aristocracia. Com isso, grande parte dos trabalhadores foi expulsa do campo. Restavam duas alternativas: a cidade ou um lugar fora da Inglaterra.

Desse modo, as perseguições e o cercamento de terras na Inglaterra a partir do século XVI e que só se completará no século XVIII são responsáveis pela migração da população do campo e da cidade. Os excedentes de mão-de-obra, criados por essa migração, deslocam-se ou para as cidades (êxodo rural), tentando vida melhor, ou para as colônias inglesas na América, como forma de recomeçar uma vida nova, sem perseguições. Enfim, como se vê, o objetivo maior dos povoadores ingleses não era enriquecer, como mostram as atitudes dos ibéricos em relação às respectivas colônias na América.

Apesar de terem adotado um sistema de autogoverno, que, depois, se difundiu para suas colônias irmãs, os puritanos impuseram, inicialmente, em Massachusetts uma administração marcada pelo fanatismo religioso. Perseguiram impiedosamente

outras seitas – como a dos quacres (quakers) – e executaram dezenas de pessoas acusadas de práticas de feitiçaria.

Essa intolerância religiosa foi diretamente responsável pela fundação de outras colônias na Nova Inglaterra – como ficou conhecida a região das quatro colônias do Norte.

Expansão da colonização A colônia de Rhode Island foi fundada pelo teólogo Roger Williams, que se opôs à intolerância religiosa praticada pelo governo civil em Massachusetts, manifestando-se contrário ao estabelecimento de uma Igreja oficial. Por defender tais idéias, Roger Williams recebeu ordem, em 1636, de retornar à Inglaterra, mas preferiu fugir para o sul, onde fundou um núcleo de

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povoamento que daria origem a Rhode Island. Posteriormente, requereu e recebeu o reconhecimento formal da colônia pelo rei, em 1644, como território independente de Massachusetts. Por motivos semelhantes, em 1638 o reverendo John Wheelright foi banido de Massachusetts. Tendo fugido para o norte, lá fundou a colônia de New Hampshire, formalmente reconhecida em 1679. A colônia de Connecticut, também fundada por iniciativa dos povoadores oriundos de Massachusetts, foi reconhecida em 1662, através de carta real. Maryland foi doada pelo rei Carlos I (1625-1640) ao lorde Baltimore, por serviços prestados. Seu povoamento foi iniciado pelo irmão caçula do lorde, que era católico convicto. As duas Carolinas surgiram como desmembramento de um território concedido pelo rei Carlos II (1660-1685) aos nobres lorde Carendon e duque de Albemarle. Os grandes proprietários, instalados no sul da Carolina, concentraram todo o poder e impuseram uma legislação restritiva que deu origem a muitas revoltas. Os opositores apelaram ao rei e foram atendidos em sua reivindicação (1729), que dividiu a colônia em duas: Carolina do Norte e Carolina do Sul. Nova York foi doada em 1664 pelo rei Carlos II a seu irmão, duque de York. Este, por sua vez, doou uma parte de seus domínios aos amigos Sir John Berkeley e Sir George Carteret, que formaram a colônia de New Jersey. Uma outra parte foi doada pelo duque de York a William Penn, dando origem à colônia de Delaware, onde uma colônia sueca havia se estabelecido. Pensilvânia foi doada pelo rei Carlos II a William Penn, em 1681. Geórgia, a última das treze colônias, nasceu de uma concessão feita pelo rei Jorge II, em 1729, a um general de espírito filantrópico, chamado James Oglethorpe. Autogoverno e tolerância religiosa A tolerância religiosa e o autogoverno são as duas características complementares que marcaram o povoamento inglês na América do Norte. Tendo experimentado na metrópole a perseguição por motivos religiosos, os povoadores que buscaram a América tinham em mente viver de acordo com sua consciência religiosa. Pretendiam fazer da América sua morada definitiva, ao contrário dos portugueses e espanhóis, que encaravam sua estadia aqui como temporária e lucrativa. Os povoadores ingleses diferiam ainda num outro ponto: não vieram imbuídos da idéia missionária que caracterizou, ao menos no início, o povoamento ibérico. Mesmo os católicos ingleses que se instalaram em Maryland, por terem sofrido perseguições na Inglaterra, eram favoráveis à tolerância religiosa. Em Maryland, numa lei que dispunha sobre assuntos religiosos (Act concerning religion), estava escrito: “... Considerando que a imposição da consciência em matéria de religião se verificou

freqüentemente de perigosa conseqüência nas comunidades em que foi aplicada (...) fica, pois, estabelecido (...) que nenhuma pessoa ou pessoas nesta Província (...) que professam crer em Jesus Cristo serão doravante de modo algum perturbados, molestados ou incomodados em sua prática religiosa nem no seu exercício da mesma nesta Província (...) nem de nenhuma maneira constrangidos a confessar ou exercer qualquer outra religião contra seu consentimento (...)”. William Penn era quacre e procurou fazer da Pensilvânia o refúgio dos adeptos de sua religião, também perseguida na Inglaterra. A cidade que fundou para esse fim foi batizada de Filadélfia, que significa “cidade do amor fraternal”. Teve ainda o cuidado de redigir leis – conhecidas como Great Law – que garantiam a liberdade de escolha e de prática religiosa, o direito de voto para os que pagassem impostos e o acesso aos cargos eletivos e funções públicas a todos os cristãos. Tais princípios vigoraram, em maior ou menor grau, em todas as colônias. A relação com os indígenas

Com a chegada dos ingleses teve início a guerra contra os índios, que perdurou por 250 anos. Na Virgínia, os povoadores estavam rodeados por uma federação das tribos Powhatan, com as quais viveram em relativa paz até 1618. A partir dessa data, com a ascensão do novo chefe Opechancano, eclode uma longa guerra que só terminará em 1643, com a captura e execução de Opechancano. Na Nova Inglaterra, após uma tentativa infrutífera de desalojar os ingleses, os Pequot são finalmente derrotados em 1637, por não terem conseguido a pretendida aliança com a tribo dos Narraganset – que permaneceram neutros graças à influência de Roger Williams. À medida que chegavam novos povoadores, a pressão inglesa sobre os índios aumentava, Deixando de lado as rivalidades tribais, os indígenas uniram-se para enfrentar a invasão dos brancos. Disso resultaram três grandes guerras: a guerra do rei Filipe (1675-76) na Nova Inglaterra, a guerra dos Tuscarora (1711-12) na Carolina do Norte e a guerra dos Yamasse (1714-15). Rei Filipe era o nome dado pelos ingleses ao chefe dos Wampanoag, cujo nome verdadeiro era Metacomet. Mas nem todo núcleo de povoadores hostilizava os índios. Roger Williams (Rhode Island), por exemplo, estabeleceu relações pacíficas com os Narraganset. Na Pensilvânia, os seguidores da religião adotaram o hábito de comprar as terras aos índios e chegaram, inclusive, a constituir um conselho paritário – isto é, com igual número de representantes índios e brancos – para resolver os litígios. Em Nova York, os sucessivos governadores conviveram pacificamente com os índios da região, pois o interior era dominado pela confederação das cinco nações da família iroquesa. Atrás do território iroquês estava o domínio francês do Canadá – a Nova França -, cuja ameaça aos povoamentos ingleses era bem percebida. Por isso, o governador de Nova York,

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A economia na Nova Inglaterra Sir Edmund Andros, cuidou para que as relações entre índios e brancos transcorressem sem graves conflitos, resolvendo com imparcialidade os litígios.

Em razão das condições geográficas, as quatro colônias do Norte desenvolveram-se com base na pequena e na média propriedade e na policultura (milho, alfafa, centeio, cevada e frutas). Ao lado da mão-de-obra familiar, e portanto livre, empregou-se paralelamente o trabalho dos servos por contrato (indentured servants). Tratava-se, em geral, de pessoas que, não tendo recursos para a viagem à América, tinham suas passagens financiadas pelos fazendeiros, em troca das quais trabalhavam, sem remuneração, por um tempo preestabelecido.

A amizade com os iroqueses mostrou-se muito útil quando estourou a guerra contra os franceses: a guerra dos Sete Anos (1756-1763), que terminou com a vitória inglesa. Uma vez superado o perigo francês, o conflito de interesses entre índios e ingleses tornou-se inevitável. É de se notar que as relações entre índios e povoadores ingleses deixaram marcas menos profundas do que na América portuguesa ou na América espanhola. Isto porque o povoamento dos Estados Unidos atuais começou quando o tráfico negreiro estava bem implantado no Atlântico. Os colonos ingleses das cinco colônias do sul limitaram-se a adotar a solução já existente, ou seja, a escravidão africana, descartando a escravidão indígena. Nas colônias do norte e do centro, o povoamento seguiu uma outra direção, que também dispensou a escravidão indígena, como veremos. Diferentemente do que ocorreu na América Ibérica, o indígena e o negro não contaram com a proteção do trabalho missionário. Esse fato os deixou mais fragilizados, isto é, à mercê da exploração dos brancos e, no caso dos negros, da escravidão.

Além da agricultura, expandiu-se também nas colônias do Norte a atividade pesqueira. Em razão da costa acidentada de excelentes portos naturais e abundante vegetação costeira, desenvolveu-se muito cedo, na Nova Inglaterra, a indústria naval. A pesca era realizada na região da Terra Nova, riquíssima em bacalhau, arenque e cavalas. Além do mais, os barcos pesqueiros dedicavam-se ainda à captura de baleias, cujo óleo era utilizado para iluminação noturna das casas. Paralelamente, desenvolveu-se a indústria de salgamento de peixes, que logo depois passaram a ser exportados. A vocação comercial das colônias nortistas revelou-se precocemente. No essencial, as relações mercantis eram mantidas com as Antilhas e com a África, através de um circuito comercial conhecido como comércio triangular.

O fato, porém, de não terem sido escravizados não foi propriamente uma vantagem para os índios. Enfrentando povoadores muito melhor equipados, e dispostos, desde o princípio, a permanecer na América, os índios foram simplesmente dizimados.

Nesse comércio nota-se uma peculiaridade: a Nova Inglaterra não estava impedida de realizar o comércio com portos estrangeiros, ao contrário do que ocorria com as colônias espanholas e portuguesas.

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O comércio triangular

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A economia no Sul e no Centro As cinco colônias do Sul, apesar de terem sido povoadas segundo os mesmos padrões nortistas, acabaram por ser dominadas pelo escravismo colonial diretamente inspirado no modelo português. Com a monocultura do tabaco (e, mais tarde, do algodão), a grande propriedade e o trabalho escravo (plantation), as colônias do Sul cresceram dentro dos padrões típicos do antigo sistema colonial mercantilista em vigência nas Américas espanhola e portuguesa. Do mesmo modo, desenvolveu-se aí uma aristocracia de proprietários em tudo diferente do modelo nortista. As colônias do Centro, por sua vez, embora semelhante às do Norte em termos econômicos, delas diferiam quanto ao povoamento. Enquanto no Norte a população era essencialmente formada por calvinistas ingleses, no Centro destacavam-se os holandeses (que ocupavam a região de Nova York, antiga Nova Amsterdã) e os suecos de Delaware (colônia originalmente sueca), além de um contingente apreciável de huguenotes franceses. Em torno da Filadélfia (capital da Pensilvânia), e também em Nova York, desenvolveram-se manufaturas metalúrgicas e têxteis de alguma importância. Nas colônias do Centro, as terras férteis estimularam o crescimento da agricultura e da pecuária, com predomínio da pequena e média propriedade (embora as grandes propriedades não fossem raras). Plantavam-se trigo, cevada, centeio, e criavam-se bois, cabras e porcos. Muito depressa essas colônias ficaram conhecidas como “colônias do pão”, tornando-se o grande celeiro da América. As colônias do Centro também desenvolveram o comércio e, junto com as do Norte, formaram no Atlântico uma complexa rede comercial que dinamizou notavelmente suas economias. Estrutura da colonização inglesa

Os dois esquemas ao lado, indicados pelo historiador francês Frédéric Mauro, mostram o quanto se desenvolveram as colônias do Norte e do Centro, fora da restrição metropolitana típica da colonização mercantilista. Disso resultou uma forma peculiar de colonização. Enquanto as colônias ibéricas e as do sul dos estados Unidos são de exploração, as colônias inglesas do norte e do centro são de povoamento. Trata-se, portanto, de diferenças de estrutura e de funcionamento.

A explicação não está no grau de bondade do colonizador inglês e na maldade do colonizador ibérico, ou vice-versa. É preciso analisar a metrópole inglesa no momento da colonização, ou seja, as sucessivas crises político-religiosas que caracterizavam a intolerância religiosa do absolutismo inglês. Essa atitude buscava reafirmar a unidade de crença, tão preciosa ao poder do Estado absolutista. Também fazia parte desse quadro o processo de cercamento de terras que levou à emigração de ingleses cujo objetivo era recomeçar uma vida nova, sem perseguições, como uma continuidade da Inglaterra.

Outro fator que não pode ser esquecido é o interesse inglês no Oriente. A Inglaterra, no começo do século XVII, estava muito interessada em conseguir privilégios e lucros no comércio oriental. Ora, o controle desse comércio vinha sofrendo mudanças. O pioneirismo ibérico cedeu lugar aos avanços ingleses, holandeses e franceses no sentido de garantir privilégios de compra e de venda dos “produtos exóticos” (especiarias), tão lucrativos no Ocidente. A crise desse comércio do Oriente para os ibéricos representava a abertura de promissoras fontes de lucro, especialmente aos ingleses. Assim, o “olhar” do Estado inglês, ao que parece, estava voltado para o Oriente, minimizando o significado da ocupação e do povoamento de suas colônias na América por perseguidos religiosos e indivíduos sem posses. A colonização inglesa na Nova Inglaterra promoveu o que se convencionou chamar de colônias de povoamento, as quais, nos termos característicos do sistema colonial mercantilista, podem ser

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consideradas como atípicas. Toda a sua organização econômica não está montada, como já vimos, em função dos interesses da metrópole, ou seja, não se constitui como economia complementar. Sua estrutura é baseada na pequena propriedade; o trabalho é livre e assalariado; a técnica tende a desenvolver-se, pois não há o bloqueio da escravidão, a policultura garante a diversificação dos produtos. Assim, seu funcionamento não está atrelado ao mercado externo, de modo que o mercado interno pode crescer, garantindo maior estabilidade. O comércio triangular permite relações econômicas com outras colônias inglesas. Como o trabalho é livre, atenua as diferenças sociais, favorecendo a formação de uma classe média que amortece os choques inevitáveis entre a classe dominante e a classe não-proprietária. Politicamente, há mais autonomia. O autogoverno (self-government) elimina a ação direta da metrópole, permitindo a movimentação partidária e possibilitando o aparecimento de lideranças locais. As colônias de exploração, ao contrário, podem ser consideradas típicas da colonização mercantilista européia. Sua estrutura baseia-se na grande propriedade, no trabalho escravo, na monocultura, na produção em larga escala com uma técnica rudimentar, cujo crescimento entretanto é comprometido pela implantação do trabalho escravo. As diferenças sociais são imensas, pois, neste caso, a sociedade divide-se simplesmente entre proprietários e não-proprietários, existindo uma “camada flutuante”, segundo Caio Prado Jr., pouco densa, que não amortece os conflitos. Politicamente, as colônias de exploração estão atreladas fortemente às suas metrópoles. Leis e representantes diretos da Coroa garantem o total domínio político do Estado metropolitano, marginalizando a todos, inclusive as classes dominantes locais, que, enriquecidas, querem abrir seu espaço político – o que significaria romper com a metrópole. O mercado externo é o grande regulador dessa estrutura, que funciona de acordo com interesses da metrópole. São gritantes as diferenças entre as colônias de povoamento e as colônias de exploração. Certamente, aí estão as raízes profundas de caminhos tão desiguais dos Estados Unidos e da América Latina.

RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS AQUINO, Rubim Santos Leão de (Org.). História das

sociedades americanas. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1990.

KOSHIBA, L. & PEREIRA, D. M. F. Américas: uma introdução histórica. São Paulo: Atual, 1992.

LAS CASAS, Bartolomé de. O Paraíso Destruído: Brevíssima Relação da Destruição das Índias. (Tradução de Brevíssima Relación de la Destruición de las Indias Occidentales, por Heraldo Barbuy; Ilustrações de Theodore de Bry). Porto Alegre: L&PM, 1996.

EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS PPRROOPPOOSSTTOOSS TESTES Nível Básico 1. (UNESP 1999) "... desde o começo até hoje a hora presente os espanhóis nunca tiveram o mínimo cuidado em procurar fazer com que a essas gentes fosse pregada a fé de Jesus Cristo, como se os índios fossem cães ou outros animais: e o que é pior ainda é que o proibiram expressamente aos religiosos, causando-lhes inumeráveis aflições e perseguições, a fim de que não pregassem, porque acreditavam que isso os impediria de adquirir o ouro e riquezas que a avareza lhes prometia." (Frei Bartolomeu de Las Casas. Brevíssima relação da destruição das Índias, 1552.) No contexto da colonização espanhola na América, é possível afirmar que: a) existia concordância entre colonizadores e

missionários sobre a legitimidade de sujeitar os povos indígenas pela força.

b) os missionários influenciaram o processo de conquista para salvar os índios da cobiça espanhola.

c) colonizadores, soldados e missionários respeitavam os costumes, o modo de vida e a religião dos povos nativos.

d) os padres condenavam as atitudes dos soldados porque pretendiam ficar com as riquezas das terras descobertas.

e) os missionários condenavam o uso da força e propunham a conversão religiosa dos povos indígenas.

2. (UFRGS 2003) Assinale a alternativa que identifica as principais características da política econômica adotada pela Espanha na administração de seus domínios na América. a) metalismo – balança comercial favorável – escambo. b) balança comercial favorável – colonialismo –

escambo. c) metalismo – colonialismo – monopólio comercial. d) livre comércio – industrialismo – colonialismo. e) balança comercial favorável – escambo –

industrialismo. 3. (UFOP 2003 julho) Uma das principais conseqüências da conquista da América pelos europeus foi a chamada “catástrofe demográfica”: a queda vertiginosa da população indígena, em todas as regiões do continente, inclusive com extinção de populações inteiras. Sobre a catástrofe demográfica é correto afirmar: a) As principais causas foram o elevado grau de

exploração a que os índios foram submetidos pelos europeus e o contato com doenças até então desconhecidas.

b) A principal causa foi a permanência de hábitos pré-colombianos, como a antropofagia, e a introdução de hábitos recentes, sobretudo a bebida alcoólica.

c) A diminuição da população foi menor em áreas densamente povoadas, como a Confederação Asteca e o Império Inca.

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d) A diminuição da população indígena, no período colonial, é apenas a continuação do processo de encolhimento originado ainda no século XIV.

4. (UNESP 2001) No decorrer dos séculos XVI e XVII, as lutas religiosas na Europa provocaram a separação entre os cristãos, tendo como conseqüências muitos conflitos políticos e sociais. Está associada a esse movimento religioso: a) a colonização de parte do território do que são,

atualmente, os Estados Unidos. b) a independência das colônias americanas. c) a instalação da Inquisição nas colônias espanholas. d) a expulsão dos jesuítas das colônias portuguesas. e) a ação dos missionários contra a escravidão

indígena. 5. (UNESP 2002) Na Idade Moderna, o processo de colonização européia das regiões do continente americano não foi uniforme. Pode-se distingui-las em áreas de: a) colônia de povoamento, ocupada por contingentes

de escravos africanos, e de colônia de exploração indígena.

b) colônia de exploração, baseada na escravidão e na grande propriedade agrícola, e de colônia de povoamento.

c) produção e de exportação de mercadorias manufaturadas e de importação de matérias-primas européias.

d) domínios políticos, com a submissão da população local, e de domínios econômicos, sendo garantida a liberdade indígena.

e) exploração econômica de recursos naturais e de catequese das populações nativas por missionários cristãos.

Nível Intermediário 6. (FUVEST 1998) As relações comerciais, entre a Espanha e suas colônias, até a primeira metade do século XVIII, se caracterizaram por: a) um sistema de portos únicos, responsáveis por todas

as transações comerciais legais. b) um pacto colonial igual àquele que se desenvolvia

entre o Brasil e sua metrópole. c) um sistema de liberdade de comércio, sem qualquer

controle metropolitano. d) um sistema de comércio livre triangular, envolvendo

a Espanha, a América e a África. e) um sistema que concedia privilégios aos

comerciantes da região do Prata. 7. (UFF 2002) Durante o Renascimento, o Mundo Ibérico caracterizou-se por sua política de descobrimentos e de colonização do Novo Mundo. Sobre as relações coloniais na área de expansão espanhola no Novo Mundo, afirma-se: I. A Casa de Contratación era uma entidade com sede em Sevilha que se encarregava de organizar o comércio na América e cobrar a parte real nas transações com metais preciosos (o quinto). II. O domínio espanhol sobre Portugal foi parte da política expansionista de Felipe II.

III. A criação dos vice-reinos teve como um dos objetivos manter os colonizadores sob a direção metropolitana. IV. A enorme extensão dos domínios da Espanha na América e a força dos interesses particulares dos colonos prejudicaram a política descentralizadora de Castela. As afirmativas que estão corretas são as indicadas por: a) I, II e III. d) I e IV. b) I e III. e) II, III e IV. c) I, III e IV. 8. (UFOP 2003) Sobre o sistema colonial espanhol é incorreto afirmar: a) A administração das colônias baseou-se, sobretudo

no século XVII, na utilização de membros das elites coloniais nos governos locais e regionais.

b) A existência de importantes grupos mercantis, em cidades como Lima e na Cidade do México, permitiu a ocorrência de significativa acumulação interna nas colônias.

c) A escravidão africana teve pouca importância na maior parte da América espanhola, devido à possibilidade de utilização da mão-de-obra indígena.

d) O “exclusivo colonial” permitiu elevados lucros para a Espanha, contribuindo para a industrialização e desenvolvimento agrícola.

9. (UFV 2004) “As formas de apropriação atual da terra na América Latina remontam à época colonial. Os conquistadores recém-chegados, em sua maioria, não enfrentaram os perigos do desconhecido e da conquista para produzir. Fiéis ao espírito feudal de que eram tributários, estabeleceram-se onde existiam homens, por seu trabalho, mas sobretudo pelo prestígio e poder que lhes conferia seu número.” (Adaptado de ROUQUIÉ, Alain. O Extremo-Ocidente: Introdução à América Latina. Trad. de Mary A. Leite de Barros. São Paulo: Editora da USP, 1991. p. 73-74.) Com base nessa interpretação e nos seus conhecimentos sobre o processo de apropriação da terra na América Espanhola, durante o período colonial, assinale a afirmativa INCORRETA. a) Os índios das áreas mais densamente povoadas

foram confinados nas reducciones, áreas de terras menos férteis, sendo obrigados a pagar tributos e a trabalhar.

b) A Coroa distribuía terras aos soldados da conquista para transformá-los em colonos e, dessa forma, controlar os resultados finais da exploração, o que impedia a ocupação ilegal.

c) A encomienda não era propriamente um feudo, pois tratava-se de uma responsabilidade administrativa e religiosa, não hereditária, concedida pela Coroa.

d) Os índios, embora considerados súditos livres pela Coroa, eram distribuídos aos espanhóis em função das necessidades da economia e do peso político de cada senhor.

e) O predomínio das relações pessoais e das distâncias sociais no campo resultou, em parte, da confusão entre as funções públicas e privadas na administração e na atividade missionária.

10. (FUVEST 2005) Sobre a chegada dos espanhóis à América e a subseqüente colonização, pode-se afirmar que:

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a) as populações indígenas foram escravizadas, suas riquezas confiscadas e a evangelização do Novo Mundo atribuída, pela Coroa, exclusivamente aos jesuítas.

b) os indígenas, depois da execução dos seus imperadores, foram confinados dentro de missões religiosas e os espanhóis organizaram expedições para a captura dos fugitivos.

c) os espanhóis fizeram incursões bem sucedidas pelo interior do continente, dominaram culturas indígenas complexas e encontraram metais preciosos em abundância.

d) a agricultura de exportação foi a principal base do comércio colonial, sustentado por um sistema cooperativo de produção e pelo trabalho indígena compulsório.

e) o trabalho indígena eliminou a necessidade de escravos africanos, o lucro do comércio metropolitano permitiu afrouxar as regras do mercantilismo e estimular o sistema de frotas e galeões.

11. (UFOP 2005) Com muito investimento da Espanha, o continente americano entrou, nos séculos XV e XVI, no circuito político e comercial europeu. Com relação a essa fase da colonização, é correto afirmar: a) Teve limitações nas áreas de maior presença da

população nativa, como as capitais dos Impérios Inca e Asteca, mais próximas às minas de prata e ouro.

b) Revelou, já no início do processo, acentuada diminuição das populações ameríndias, provocada pelas más condições de trabalho, pelas doenças e pelas guerras de conquista.

c) Teve por base sistemas de trabalho que incluíam a mão-de-obra africana nos principais centros mineradores do México e do Peru.

d) Estabeleceu a constituição da empresa colonial, cujo centro dinâmico era a produção agropastoril para exportação.

12. (UFSCar 2006) Foi portanto como (...) prêmio de vitória que foram dados os índios aos espanhóis (...) Como depois de ganho o Novo Mundo, ficasse tão distante do Rei, não podia de modo algum mantê-lo em seu poder se os mesmos que o tinham descoberto e conquistado não o guardassem (...) acostumando os índios às nossas leis (...) Segue-se que tratemos do serviço pessoal dos índios, no qual se compreende toda a utilidade que pode obter o encomendadero do trabalho do índio. Este texto foi escrito pelo cronista José da Costa, no século XVI. Para entendê-lo, é importante considerar que, na sociedade colonial hispano-americana, no período da conquista da América, os índios: a) tinham uma posição social semelhante aos

guachupines, que eram brancos pobres trazidos da Europa para trabalhar na lavoura, com direito também de exercer ofícios artesanais.

b) eram considerados como simples instrumentos de trabalho e podiam ser comprados, vendidos e doados, sendo utilizados na agricultura, nas minas, no transporte de mercadorias e nos serviços domésticos.

c) permaneceram no regime de trabalho existente antes entre os incas, chamado de cuatequil, no qual eram

submetidos a uma servidão na agricultura, com fixação na terra e na comunidade originária.

d) foram utilizados como mão-de-obra a partir da encomienda e da mita, sendo que no primeiro caso eram confiados a um espanhol a quem pagavam tributo sob a forma de prestação de serviço.

e) transformaram-se em súditos do rei da Espanha e deviam pagar a ele tributos, através da entrega periódica de metais preciosos e da prestação de serviços em terras comunais, inclusive mulheres e crianças.

13. (UEL 2005) "É bem verdade que outros colonizadores europeus estavam também ocupando espaços, mas impressiona no caso da América inglesa, a velocidade assim como a variedade das formas de ocupação e de atividades econômicas. Impressiona também a convicção de um direito divino, assim como de uma missão especial desse povo na América. Essa crença na própria excepcionalidade resultava de uma tradição religiosa (puritana) que realçava a realização da virtude individual, assim como de uma tradição republicana que fundava as instituições políticas na ação e na vontade de homens livres." (MOURA, Gerson. Estados Unidos e América Latina. São Paulo: Contexto, 1991. p. 11.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre a colonização das Américas anglo-saxônica, portuguesa e hispânica, é correto afirmar: a) As colonizações das Américas estiveram fortemente

marcadas por uma cultura urbana, sendo que, desde o início, a penetração rumo ao interior e a fundação de cidades, com suas instituições políticas, foram os aspectos que as aproximaram.

b) A colonização da América anglo-saxônica recebeu famílias camponesas pobres endividadas, burguesas ou nobres, vítimas de perseguições político-religiosas; no entanto, em ambos os casos, colonizar foi sinônimo de dominação econômica, política e religiosa.

c) As concepções políticas e religiosas semelhantes nas colonizações das Américas foram decisivas para estruturar modelos de desenvolvimento similares, de valorização das capacidades individuais.

d) Na América hispânica e portuguesa, a adoção da escravidão negra e do catolicismo subverteu o modo de colonizar ibérico e explica os eficientes processos de emancipação política nos diferentes países latino-americanos.

e) Ao contrário dos povos que colonizaram a América anglo-saxônica, aqueles que colonizaram as Américas hispânica e portuguesa foram incapazes de desenvolvê-las economicamente, em razão das disposições naturais adversas nelas encontradas, a exemplo do clima e das condições geográficas.

Nível Avançado 14. (UFF 1999) No ano de 1998 comemoraram-se os quinhentos anos da chegada de Vasco da Gama às Índias, fato considerado como um dos marcos das grandes navegações e descobrimentos que antecederam a descoberta e a colonização do “Novo Mundo”.

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Assinale a opção que revela uma característica da colonização espanhola na América. a) Criação de Universidades por toda a área de

colonização com o propósito de ilustrar as elites indígenas americanas para consolidar o domínio colonial.

b) Redirecionamento da política colonial no Novo Mundo tendo como fato determinante o florescimento do comércio com as Índias.

c) Exploração da mão-de-obra negra escrava por meio de instituições como o repartimiento com o objetivo de atender às demandas de produtos primários da Europa.

d) Divisão do território ocupado em sesmarias com o intuito de extrair maior volume de prata e ouro do subsolo.

e) Fundação de uma rede de cidades estendida por toda a área ocupada, formando a espinha dorsal do sistema administrativo e militar.

15. (FUVEST 2002) Sobre o trabalho compulsório na América Espanhola, durante o período colonial, é possível afirmar que o mesmo: a) baseou-se na predominância da escravidão negra,

como aconteceu no Brasil. b) caracterizou-se pela escravidão continuada dos

indígenas, como nas culturas incas e astecas. c) apoiou-se em formas diversas de exploração do

trabalho indígena e na escravidão negra. d) restringiu-se a sistemas particulares de coerção

como no caso da encomienda. e) manteve um sistema organizado e dirigido pelos

próprios caciques indígenas. 16. (ESPCEX 2003) Analisando-se alguns dos sistemas coloniais implantados na América, pode-se afirmar que: a) as treze colônias inglesas da América do Norte foram

classificadas em colônias de exploração, ao norte de Maryland, e colônias de povoamento, ao sul da Pensilvânia.

b) a administração real espanhola, por meio do Conselho das Índias, dividiu as possessões americanas em 5 vice-reinos e 3 capitanias gerais.

c) a França obteve grandes territórios no Novo Mundo, vindo a possuir, no século XVIII, a maior extensão de terras na América, depois da Inglaterra.

d) a França, a Holanda e a Inglaterra buscaram estabelecer colônias em áreas sob controle português, obtendo sucesso permanente nesse intento.

e) um traço comum aos sistemas coloniais espanhol, francês e inglês foi o emprego do latifúndio monocultor e escravista em algumas de suas colônias.

17. (UFF 2003) Segundo o historiador Sérgio Buarque de Holanda, vários aspectos estabeleceram a diferença entre a colonização portuguesa – dos “semeadores” – e a colonização espanhola – dos “ladrilhadores”. Identifique a opção que revela uma diferença observada no tocante à construção das cidades no Novo Mundo. a) As formas distintas de construção das cidades no

Novo Mundo derivaram do modo como a Espanha concebeu a idéia renascentista de homem, o que fez seus navegadores, ao contrário dos portugueses,

considerarem os indígenas americanos como seus pares.

b) As cidades portuguesas na Costa da América tornaram-se feitorias por um acordo de não concorrência firmado entre Espanha e Portugal, expresso no Tratado de Tordesilhas, pelo qual a Espanha ficou encarregada das áreas de mineração.

c) As experiências comerciais na Ásia e na África acentuaram o papel da circulação nas práticas mercantilistas de Portugal; por isso, as cidades portuguesas da América eram feitorias, diferentemente das espanholas que combinavam comércio e produção.

d) As cidades portuguesas na América – feitorias – constituíram-se centros comerciais por influência direta do modelo de Veneza e Florença. As cidades espanholas, por outro lado, tiveram como modelo a experiência urbana manufatureira francesa.

e) As cidades portuguesas especializaram-se em organizar a entrada de produtos agrícolas no território colonizado, enquanto as espanholas atuaram como núcleos mercantis voltados para a criação de mercados consumidores de produtos manufaturados da metrópole.

18. (FUVEST 2004) Comparando as colônias da América portuguesa e da América espanhola, pode-se afirmar que: a) as funções dos encomenderos foram idênticas às

dos colonos que receberam sesmarias no Brasil. b) a mão-de-obra escrava africana foi a base de

sustentação das atividades mineradoras, em ambas as colônias.

c) a atuação da Espanha, diferente da de Portugal, foi contrária às diretrizes mercantilistas para suas colônias.

d) as manufaturas têxteis foram proibidas por ambas as Coroas, e perseguidas as tentativas de sua implantação.

e) as atividades agrárias e mineradoras se constituíram na base das exportações das colônias das duas Américas.

19. (UFRRJ 2004 julho) Leia o texto abaixo e responda à questão.

1670 – Lima Tenha dó de nós

Tinham-lhe dito, sem palavras, os índios das minas de Potosi. E no ano passado o conde de Lemos, vice-rei do Peru, escreveu ao rei da Espanha: não há nação no mundo tão fatigada. Eu descarrego minha consciência com informar a Vossa Majestade com essa clareza: não é a prata o que se leva à Espanha, e sim sangue e suor de índios. O vice-rei viu o monte que come homens. Das comunidades trazem índios atados a cordas com argolas de ferro, e quantos mais o monte come, mais cresce a sua fome. As aldeias ficam vazias de homens. (GALEANO, E. Nascimentos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 357) Desde a conquista e do início da Colonização da América Espanhola, o trabalho do ameríndio foi utilizado de forma sistemática, sendo um elemento básico para o enriquecimento da metrópole. A forma assumida por esse trabalho nas minas americanas foi:

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a) o sistema escravista, que acabou por mesclar ameríndios e africanos no trabalho obrigatório e não remunerado.

b) o assalariamento tipicamente capitalista, que, apesar de garantir um ganho para o trabalhador, mascarava sua superexploração.

c) a servidão, já que ao ameríndio e à sua comunidade era garantida uma parcela do que era extraído das minas.

d) a “encomienda”, na qual o ameríndio recebia formação religiosa em troca de seu trabalho.

e) a mita, na qual o trabalho era compulsório, temporário e formalmente assalariado.

20. (UEL 2005) “Se, às vezes, estranhas famílias desembarcam – como uma pobre mulher de Granada, com um filho e quatro filhas das quais uma vai cair nos braços de Hernán Cortés –, aqueles que chegam são, em sua maioria, homens sós, solteiros ou casados que deixaram mulher, amante e filhos na Espanha. Como a astúcia e a teimosia, a juventude e a mobilidade dão a quem sobreviver e enriquecer atributos indispensáveis. Las Casas está com dezoito anos, Bernal Díaz e Cortés com dezenove, quando atravessam o Atlântico. O futuro conquistador do México responde a um amigo que propõe que permaneça na Hispaniola e que aceite ficar lá por pelo menos cinco anos para aproveitar dos privilégios reservados aos residentes (vecinos): ‘Nem nesta ilha, nem em nenhuma outra, não tenho a intenção nem o pensamento de ficar por muito tempo; é por isto que não ficarei aqui nestas condições’”. (GRUZINSKI, Serge; BERNARD, Carmen. História do Novo Mundo. Trad. Cristina Murachco. São Paulo: EDUSP, 1997. p. 294.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Conquista e a Colonização da América, considere as afirmativas a seguir. I. Os conquistadores, na sua maioria, eram filhos caçulas de famílias de média, pequena e bem pequena nobreza que conheceram em suas casas o modo de vida aristocrata, com as ambições que a terra de Espanha não podia mais alimentar. II. As vilas, muitas vezes miseráveis, que deveriam reter e fixar os recém-chegados, revelaram-se lugar de descanso provisório até que conseguissem, em outro lugar, um destino melhor, índios e ouro. III. Os casamentos de espanhóis com mulheres indígenas acrescentaram às sociedades americanas elementos estáveis e integradores, suficientes para constituir o núcleo de um mundo futuro. IV. Naquela fronteira americana do mundo ocidental, os conquistadores organizaram suas vidas de maneira estável, fixando suas famílias e cultivando a terra para a produção de especiarias exportáveis. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e II. d) I, II e IV. b) I e III. e) II, III e IV. c) III e IV. 21. (FUVEST 2006) “As guerras que, há algum tempo, horrorizaram a Europa, as pestes e fomes na Espanha, as rebeliões na Nova Espanha foram causadas por qual cometa? Nenhum. Portanto, os males que porventura aconteçam, não serão causados pelo cometa de agora, ainda que as autoridades se empenhem em prová-lo.”

(Carlos de Sigüenza y Góngora, astrónomo mexicano, 1680.) Com base no texto, é correto afirmar que: a) essa perspectiva nada tinha de inovadora, pois a

ciência moderna já havia sido reconhecida pelas autoridades civis e eclesiásticas na Espanha, desde o início do século XVII.

b) a opinião do autor é de exclusivo caráter político, não se podendo estabelecer relações com debates e posições sobre astronomia e ciência moderna.

c) a perspectiva crítica sobre a relação entre a passagem dos cometas e as catástrofes terrenas fazia parte dos manuais religiosos dos jesuítas, desde o início do século XVII.

d) a visão do autor surpreende pois, no México colonial, não havia universidades, imprensa ou uma vida cultural que possa explicar afirmações semelhantes.

e) a visão do autor era a de um estudioso que, mesmo vivendo no México colonial, tomava posição na defesa dos conhecimentos científicos mais avançados produzidos na Europa.

22. (UNIFESP 2006) Sobre o trabalho compulsório (seja servil, seja escravo) em toda a América, no período colonial, pode-se afirmar que: a) restringiu-se às áreas econômicas de exportação. b) atingiu apenas os indígenas e os negros. c) impôs-se sem maiores resistências. d) incluiu até mesmo os brancos. e) inexistiu nas terras voltadas para o Pacífico. QUESTÕES ANALÍTICO-EXPOSITIVAS Nível Básico 1. (UNESP 1997) “Em uma esquematização levada ao extremo, pode-se dizer que os primeiros cento e cinqüenta anos da presença espanhola nas Américas foram marcados por grandes êxitos econômicos para a Coroa e para a minoria espanhola que participou diretamente da conquista, e pela destruição de grande parte da população indígena preexistente ...” (Celso Furtado, Formação Econômica da América Latina) a) A que principal atividade ligam-se “os grandes êxitos econômicos”? b) A que se deve “a destruição de grande parte da população indígena preexistente”? Nível Intermediário 2. (FUVEST 1997) No Brasil e no Caribe, a escravidão africana constituiu-se na principal modalidade de trabalho. Na América de colonização espanhola – México, Peru – predominou o trabalho indígena compulsório. Explique as origens dessas diferenças. 3. (FUVEST 1999) Frei Antônio de Montesinos, em 1512, no Caribe, pregava aos conquistadores espanhóis: "Com que direito haveis desencadeado uma guerra atroz contra essas gentes que viviam pacificamente em sua própria terra? Por que os deixais em semelhante estado de extenuação? Por que os matais a exigir que vos tragam diariamente seu ouro? Acaso não são eles homens? Acaso não possuem

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razão e alma? Não é vossa obrigação amá-los como a vós próprios?" Explique essas palavras de Montesinos dentro do contexto da conquista espanhola da América. 4. (FUVEST 2001) “Em suma, a combinação de eficiência técnica e convicção mística, submetidas ambas à expansão comercial e ao poder político foi a característica (…) da conquista espanhola na América.” (David A. Brading, Orbe indiano.) Com base no texto, estabeleça as relações entre: a) avanços tecnológicos e expansão comercial. b) poder político da Coroa Espanhola e Igreja Católica. 5. (UNESP 1999) “Os puritanos eram ‘atletas morais’, convencidos de que a ‘vida correta’ era a melhor prova (embora não garantia) de que o indivíduo desfrutava a graça de Deus. A vida correta incluía trabalhar tão arduamente e ser tão bem sucedido quanto possível em qualquer ofício mundano e negócio em que Deus houvesse colocado a pessoa. Animados por essas convicções, não era de se admirar que os puritanos fossem altamente vitoriosos em suas atividades temporais, em especial nas circunstâncias favoráveis oferecidas pelo ambiente do Novo Mundo.” (Charles Sellers. Uma reavaliação da história dos Estados Unidos.) a) Dê uma razão da emigração dos puritanos ingleses para a América. b) Por que o autor afirma que os puritanos foram “altamente vitoriosos” no Novo Mundo? 6. (UFF 2000) Christopher Hill, historiador inglês especializado no século XVII, ao examinar a sociedade e a política inglesa do período, denominou-o século da revolução. Sabe-se que esta revolução a que se refere o autor foi modificadora não somente do perfil da sociedade mas contribuiu, com seus reflexos, para a transformação da Inglaterra e do Novo Mundo. A partir da referência apresentada, responda: a) Qual a instituição inglesa, organizada em duas câmaras, que representava os interesses da sociedade, dificultando a ação centralizadora dos monarcas? b) Quais as conseqüências do processo revolucionário inglês na ocupação do território norte-americano e qual o papel dessa ocupação no movimento de independência dos Estados Unidos? 7. (UFRJ 2005) Distribuição (%) da propriedade escrava de acordo com a faixa de tamanho de plantel de escravos – Bahia (1816-1817) e Jamaica (1832).

Fonte: SCHWARTZ, Stuart. Segredos internos. São Paulo, Companhia das Letras, 1988, p. 374. A tabela acima estabelece o perfil de concentração da propriedade de escravos no recôncavo da Bahia e na

Jamaica na primeira metade do século XIX. Ela mostra, por exemplo, que 34,2% dos cativos baianos pertenciam a senhores cujas fazendas possuíam de 10 a 49 escravos, e que os donos de cativos dessa faixa de plantel representavam 13,8% do total de escravocratas baianos no período em questão. Considerando a tabela, indique qual das duas sociedades escravistas – a baiana ou a jamaicana – apresentava maior grau de concentração da propriedade de escravos. Justifique a sua resposta. Nível Avançado 8. (UNICAMP 2005) Uma vez terminada a Reconquista, o ímpeto espanhol encontrou na colonização americana o campo amplo onde aplicar sua energia; e nas cidades regulares do fim da Idade Média, como Granada, estava o esboço da grande tarefa urbanística hispano-americana, que encheu um continente de cidades traçadas com rigor geométrico muito superior ao da metrópole. (Adaptado de Fernando Chueca Goitia, Breve História do Urbanismo. Lisboa: Editorial Presença, 1982, p. 99). a) Segundo o texto, qual foi a grande tarefa urbanística hispano-americana? b) Explique o que foi a Reconquista. c) Indique duas edificações que caracterizavam a colonização ibérica no Novo Mundo. 9. (UNICAMP 2005) O livro Utopia, escrito pelo humanista Thomas More, em 1516, divide-se em duas partes. Na primeira, More descreveu a situação de seu país, dizendo: (...) os inumeráveis rebanhos que cobrem hoje toda a Inglaterra são de tal sorte vorazes e ferozes que devoram mesmo os homens e despovoam os campos, as casas, as aldeias. Onde se recolhe a lã mais fina e mais preciosa, acorrem, em disputa de terreno, os nobres, os ricos e até santos abades. Eles subtraem vastos terrenos da agricultura e os convertem em pastagens, enquanto honestos cultivadores são expulsos de suas casas. (Adaptado de Thomas More, Utopia. São Paulo: Nova Cultural, 2000, p. 7 e 29-30). Na segunda parte do livro, More concebeu uma ilha imaginária chamada Utopia. a) Explique o que foi o processo de cercamentos ocorrido na Inglaterra a partir do século XVI. b) Qual o significado de utopia para Thomas More? GABARITO DOS TESTES

(01) E (02) C (03) A (04) A (05) B (06) A (07) A (08) D (09) B (10) C (11) B (12) D (13) B (14) E (15) C (16) E (17) C (18) E (19) E (20) A (21) E (22) D

RESPOSTAS DAS DISSERTATIVAS (1) Resolução: a) Os grandes êxitos econômicos estão relacionados à extração de ouro e prata.

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b) O contato com o europeu e suas doenças, os maus tratos a que foram submetidos, a forma violenta como foi feita a conquista, a exploração do trabalho compulsório do indígena através da mita e da encomienda são alguns dos motivos explicativos da destruição de grande parte da população indígena. (2) Resolução: Os conquistadores espanhóis, assim que chegaram à América, entraram em contato com povos do México (astecas) e do Peru (incas), que já formavam civilizações, isto é, organizavam-se em sociedades que já haviam atingido um alto grau de complexidade econômica, social, política e cultural. Tais povos exploravam minas e sabiam trabalhar com metais preciosos. Eram sociedades muito populosas, que conheciam o trabalho servil e o poder fortemente centralizado, aspectos que foram utilizados pelos espanhóis em benefício de seus propósitos de dominação e exploração. A extração dos metais preciosos para os espanhóis foi realizada pela mão-de-obra indígena através da mita, forma de trabalho compulsório existente entre os incas.

No Brasil e no Caribe, a exploração econômica exigiu a organização de uma produção agrícola em larga escala, baseada na mão-de-obra escrava africana, para atender aos objetivos mercantilistas da colonização. A demanda crescente por escravos favoreceu a ampliação do tráfico, beneficiando os interesses dos comerciantes e da coroa portuguesa. Além disso, essas regiões possuíam população nativa pequena ou, no caso do Brasil, dispersa. (3) Resolução: Entre os fatores que se associam aos mecanismos da conquista da América existia a crença na descoberta da mítica Eldorado, terra de abundância de metais preciosos que muito interessava aos conquistadores, pressionados também pela "fome monetária" mercantilista. No ímpeto da busca pelos metais preciosos, os conquistadores não viam qualquer impedimento de ordem moral que pudesse se tornar um obstáculo aos bens que procuravam. Nestes termos, promoveram a destruição sistemática dos indígenas, seja para obter o que desejavam ou para submetê-los à escravidão. Estes atos contrapunham-se frontalmente à moral cristã, que via nos indígenas criaturas de Deus que deveriam ser conduzidos para o seio da Igreja por intermédio da catequese. Daí a indignação do religioso em relação aos conquistadores. (4) Resolução: a) O desenvolvimento econômico europeu iniciado na Baixa Idade Média (séculos XI a XV) produziu grandes transformações sociais e políticas (surgimento e consolidação da burguesia, desenvolvimento urbano, formação e fortalecimento das monarquias nacionais). A partir do século XV, a necessidade de consolidação do Estado Nacional, associada aos interesses da burguesia mercantil, impulsionou a expansão comercial, que foi ainda beneficiada diretamente pelos avanços das ciências náuticas (invenção da caravela, aperfeiçoamento da cartografia, utilização da bússola e do astrolábio) e das técnicas bélicas (o uso da pólvora foi fundamental para o domínio europeu sobre as regiões que seriam exploradas comercialmente). b) Na Espanha, a Igreja Católica foi o principal elemento de coesão do Estado Nacional, justificando a

sua existência como força de combate aos “infiéis”. A expansão comercial espanhola foi apoiada por essa instituição, segundo o ideal cruzadista de expansão religiosa, combate aos “infiéis” e conversão dos “gentios”. (5) Resolução: a) A principal razão foi de caráter político-religioso. Na Inglaterra, os puritanos eram dissidentes, sofriam perseguições da monarquia inglesa, cujo chefe de Estado era titular da Igreja Anglicana, e esperavam encontrar na América um espaço para poderem professar livremente seus credos religiosos. Destacam-se, entre as perseguições, aquelas ocorridas durante o reinado de Jaime I (1603-1625), da dinastia Stuart. b) Os puritanos constituíram-se nos principais colonizadores da Nova Inglaterra, conseguiram obter uma grande prosperidade econômica para os parâmetros da época e desenvolveram instituições de autogoverno que tiveram um papel importante no processo de emancipação política da América Inglesa. (6) Resolução: a) Parlamento. b) A forma ideal de resposta seria o candidato explicar as conseqüências da Revolução Inglesa do século XVII no âmbito da estrutura social, destacando o papel das tensões religiosas, especialmente da ação dos puritanos. A partir daí, o candidato traçaria o quadro econômico e político do final do século XVII, mostrando como a política do Estado inglês incentivou a ida de ingleses para o território americano.

A parte final da resposta envolveria a forma de organização dos colonos e as relações entre economia e religião, decorrentes da experiência do século XVII, que atuaram como constitutivas do ideário de liberdade dos colonos americanos, influindo decisivamente no processo de independência. Os candidatos poderão citar fatos ou nomes que se destacaram na organização da independência dos Estados Unidos. (7) Resolução: O candidato deverá indicar ter sido a Jamaica, pois ali prevaleciam grandes propriedades de cativos: 7.6 % dos proprietários tinham plantéis com mais de 100 escravos, o que representava 61,5% da população cativa da ilha. Em contrapartida, apenas 0.5% dos proprietários baianos possuíam plantéis dessa envergadura, os quais congregavam 9.4% da população escrava. (8) Resolução: a) A organização, o planejamento e a construção de cidades seguindo um plano geométrico como forma de consolidar a colonização. b) A Reconquista foi o processo da expulsão dos muçulmanos da Península Ibérica, durante a Baixa Idade Média, em meio ao forte ideal cruzadista. c) A igreja e a fortaleza. (9) Resolução: a) Processo de apropriação das terras comunais por parte de nobres proprietários com o intuito de criar carneiros. b) A criação de uma sociedade ideal, fundada em princípios racionais, voltados para o humanismo e o bem comum.

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