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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA | UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO TURISMO E ARTES | CCTA DEPARTAMENTO JORNALISMO Curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo CARTOGRAFIA CONCEITUAL DE ECONOMIA CRIATIVA PARA O JORNALISMO ADINAEL PEREIRA DE LIMA FILHO JOÃO PESSOA, PB 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA | UFPB CENTRO DE COMUNICAÇÃO TURISMO E ARTES | CCTA

DEPARTAMENTO JORNALISMO Curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo

CARTOGRAFIA CONCEITUAL DE ECONOMIA CRIATIVA PARA O JORNALISMO

ADINAEL PEREIRA DE LIMA FILHO

JOÃO PESSOA, PB

2015

ADINAEL PEREIRA DE LIMA FILHO

CARTOGRAFIA CONCEITUAL DE ECONOMIA CRIATIVA PARA O JORNALISMO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso Jornalismo, da Universidade Federal da Paraíba, em atendimento às exigências para obtenção do Grau de Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Orientadora: Profª. Doutora. Zulmira Nóbrega

JOÃO PESSOA, PB

2015

ADINAEL PEREIRA DE LIMA FILHO

CARTOGRAFIA CONCEITUAL DE ECONOMIA CRIATIVA PARA O JORNALISMO

O presente trabalho foi submetido à avaliação

da banca examinadora, em cumprimento às

exigências da disciplina Trabalho de Conclusão

de Curso, como requisito parcial para a

obtenção do Grau de Bacharel Comunicação

Social, habilitação em Jornalismo, na

Universidade Federal da Paraíba.

Aprovado em _____/_____/_____

Banca examinadora

____________________________________ Professora Doutora. Zulmira Nóbrega

Orientadora – UFPB

____________________________________ Professor Doutor. Dinarte Varela

Examinador – UFPB

____________________________________ Professora Doutora. Joana Belarmino

Examinadora – UFPB

O que te excita? Que tipo de situação que você gostaria?

Vamos supor, eu faço isso muitas vezes em orientação vocacional de estudantes,

eles vêm até mim e dizem, “bem, vamos sair da faculdade e não temos a menor ideia do

que queremos fazer”. Então, eu sempre pergunto: “o que você gostaria de fazer se o

dinheiro não fosse o objetivo? Como é que você realmente gostaria de viver? ”

Bem, é tão incrível o resultado de nosso tipo de sistema educacional, uma multidão

de estudantes diz “bem, nós gostaríamos de ser pintores, nós gostaríamos de ser poetas,

nós gostaríamos de ser escritores, mas como todo mundo sabe você não pode ganhar

dinheiro dessa forma”. Ou uma outra pessoa diz “bem, eu gostaria de viver uma vida fora de

escritórios e andar a cavalo”. Eu digo “você quer ensinar em uma escola de equitação?

Vamos continuar. O que você quer fazer? ”

Quando finalmente chegamos a algo que o indivíduo diz que ele realmente quer

fazer, eu vou dizer a ele, você faz isso e esqueça o dinheiro, porque se você disser que

conseguir dinheiro é a coisa mais importante, você vai gastar a sua vida perdendo

completamente o seu tempo. Você estará fazendo coisas que você não gosta de fazer para

continuar a viver, e continuará a fazer coisas que você não gosta de fazer, o que é estúpido.

Melhor ter uma vida curta, cheio de cosas que você gosta de fazer do que uma longa vida

gasta de uma forma miserável.

E assim, por isso mesmo, é tão importante considerar esta pergunta: O que Eu desejo?

Alan Watts

AGRADECIMENTOS

A jornada até chegar a este ponto foi bastante longa e esforçada, mas faria

tudo novamente por amor. Posso afirmar que eu me redescobri ao decidir deixar

minha antiga graduação em Administração para enveredar na comunicação e

jornalismo. As pessoas que conheci, os momentos que vivi ao longo desses quase

cinco anos de vida acadêmica valeram cada manhã levantando cedo para chegar o

dia em que eu poderia falar “sou jornalista! ”.

Gostaria de agradecer aos meus grandes colegas de curso, Gefferson

Borges, Jéssica Sales, Arthur Luiz e Lunara Moreira que contribuíram e muito tanto

na vida acadêmica, quanto na vida pessoal. Meu enorme agradecimento aos

professores Zulmira Nóbrega, Neta Trigueiro e Antônio Mousinho. Agradecer aos

meus pais e minha irmã pelo total apoio. Deixo meu obrigado também a Vitor

Pessoa, sem ele, eu jamais teria possuído coragem para cursar o jornalismo. Quero

agradecer aos meus eternos tios Adriano e Francisco Antônio de Maria, que mesmo

em outro plano, foi exemplo de coragem, honestidade e determinação. Por último, e

mais especial, agradecer a minha para sempre amada tia, Nailde Lima, que apesar

de também não estar mais entre nós, seus valores e amor ainda se fazem presentes

na minha vida. Amo todos vocês!

“A imaginação é mais importante que o conhecimento.

O conhecimento é limitado. A imaginação envolve o mundo. ”

Albert Einstein

RESUMO

FILHO, Adinael. Cartografia Conceitual de Economia Criativa para o Jornalismo,

2015, XX p.

O presente trabalho é a reflexão sobre bibliografias de um repertório de fontes com o

tema economia criativa. Tem por finalidade, formular um material que sirva de

referência tanto para estudiosos da área de jornalismo, e por ventura, também para

as outras áreas de comunicação e demais interessados. Este trabalho contém

analises dos resultados do jornalismo aliado a economia criativa no Brasil e em

diversos países como: exemplos de trabalhos bem-sucedidos, perspectiva de

salários e modos de como iniciar um negócio. Percorre pelo conceito geral de

economia criativa, passando por questões Legais até, finalmente, chegar na relação

entre o jornalismo e economia criativa e seus resultados.

Palavras chave: Jornalismo, Economia Criativa, Comunicação.

ABSTRACT

FILHO, Adinael. Cartografia Conceitual de Economia Criativa para o Jornalismo,

2015, XX p.

This work is a reflection on bibliographies of a directory of sources with the topic

creative economy. It aims to formulate a material to serve as a reference both to the

field of journalism scholars, and perchance to other areas of communication as well

as other interested parties. This work contains some analysis of journalism results

combined with creative economy in Brazil and in several countries as examples of

successful work, wage perspective and ways of starting a business. It covers the

general concept of the creative economy, from legal issues to the relationship

between journalism and creative economy and its results.

Key-words: Journalism, Creative Economy, Comunication

8

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - CATEGORIAS DAS INDÚSTRIAS CRIATIVAS ................................................ 20

FIGURA 2 - CLASSIFICAÇÃO POR CAMPO CULTURAL................................................... 23

FIGURA 3 - PEIXONAUTA É A PRINCIPAL PREFERÊNCIA DO PÚBLICO INFANTIL ...... 26

FIGURA 4 - ESCOLA PARA CACHORRO .......................................................................... 27

FIGURA 5 - PORCENTAGEM DE PROFISSIONAIS POR ÁREA ........................................ 28

FIGURA 6 - PORCENTAGEM DE PROFISSIONAIS POR ÁREA ........................................ 29

FIGURA 7 - AS PROFISSÕES MAIS BEM REMUNERADAS NO BRASIL .......................... 30

FIGURA 8 - MÉDIA BRASILEIRA DE REMUNERAÇÃO POR ÁREA E ESTADO ............... 31

FIGURA 9 - POSTER DA ANIMAÇÃO A TURMA DO COBI ................................................ 56

9

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABSTARTUPS Associação Brasileira de Startups

ANPROTEC Associação Nacional das Entidades Promotoras de

Empreendimentos Inovadores

BBC British Broadcasting Corporation

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento

CCEI Centro de Economia Criativa e Inovação

CNPQ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CONPES Conselho Nacional de Políticas Econômicas e Culturais para

Indústrias Culturais

DCMS Departamento de Cultura, Mídia e Esporte

FGV Fundação Getúlio Vargas

FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

FOSS Movimento pela Circulação Livre e Aberta de Software

HM TREAUSRY Tesouro Nacional Britânico

LASO Plano de Tecnologia da Informação, Cultura Digital,

Empreendedorismo Social e Laboratórios Culturais

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

OMC Organização Mundial do Comercio

OMPI Organização Mundial da Propriedade Intelectual

ONU Organização das Nações Unidas

PIB Produto Interno Bruto Nacional

PNUD Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento

SBT Sistema Brasileiro de Televisão

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas

SEC Secretaria da Economia Criativa

SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

UNCTAD Conferência para Comércio e Desenvolvimento

10

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e

Cultura

WWW Word Wide Web

11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

2 ECONOMIA CRIATIVA: CONTEXTO E EVOLUÇÃO ........................................... 17

2.1 MAPEAMENTO DE ATUAÇÃO NO BRASIL ................................................ 22

2.2 PANORAMA NOS SETORES DA COMUNICAÇÃO ..................................... 24

2.2.1 Editorial, vídeos e filmes .............................................................................. 24

2.2.2 Rádio e televisão .......................................................................................... 25

2.2.1 Quais interesses atendem ............................................................................ 32

3 JORNALISMO E ECONOMIA CRIATIVA .......................................................... 33

3.1 CONDIÇÕES BÁSICAS PARA DESENVOLVIMENTO ................................. 36 3.1.1 A propriedade intelectual .............................................................................. 36

3.1.3 Boa Infraestrutura Digital .............................................................................. 39

3.1.4 Investimento ................................................................................................. 42

3.2 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA ESTIMULO DO JORNALISMO CRIATIVO .. 45

3.2.1 Seu primeiro cliente: O Governo .................................................................. 46

3.2.2 Clusters: a cidade é seu habitat ................................................................... 47

3.2.3 Educação ..................................................................................................... 49

3.2.4 Incubadoras ................................................................................................. 50

4 JORNALISMO E ECONOMIA CRIATIVA EM OUTRAS CIDADES E PAÍSES . 51

4.1 REINO UNIDO ................................................................................................ 51

4.2 CONTINENTE ASIÁTICO .............................................................................. 52

4.2 COLÔMBIA .................................................................................................... 53

4.2 BARCELONA ................................................................................................. 55

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 58

6 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 61

12

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho é a reflexão sobre bibliografias de um repertório de

fontes com o tema economia criativa. Tem por finalidade, formular um material que

sirva de referência para estudiosos da área de jornalismo, e por ventura, também

para as outras áreas de comunicação e demais interessados.

Para o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq), por exemplo, os estudos do jornalismo e da comunicação social não estão

inclusos no conceito da chamada economia criativa existente programa de bolsas

Ciência sem Fronteiras. Nesse programa de bolsas de estudo para intercâmbio do

Governo Federal, gerido pelo CNPq, a justificativa para o indeferimento das

inscrições dos estudantes de jornalismo é justamente esta, a de que o curso não faz

parte do campo contemplado como economia criativa.

Essa pesquisa é o resultado de uma batalha contra o CNPq, que durante as

etapas de seleção do programa federal Ciência sem Fronteiras, negou minha

inscrição com a justificativa de que o curso de jornalismo não é uma área prioritária

no programa e não faz parte da Economia Criativa. Apesar de preencher todos os

requisitos linguísticos, ensino e de pesquisa exigidos no edital, não fui aceito. Após

buscar por obras que envolvam o jornalismo e economia criativa e constatar que são

poucas e superficiais, decidi que traria à tona essa análise de modo que outros

estudiosos da área possam tomar conhecimento e usufruir do resultado desse

trabalho.

Visando esses dois fatores é que a produção dessa cartografia se faz

necessária para demonstrar o que existe do jornalismo dentro da economia criativa e

como os profissionais podem estar atuando nesse novo modo de economia. A

escassez de estudos que apresentem soluções e norteiem para algumas políticas,

apresentando dados e cases de sucesso é considerável, sendo assim, esse trabalho

tenta preencher essa lacuna no cenário acadêmico.

Este trabalho analisa a perspectiva do jornalismo dentro da Economia

Criativa, identifica as áreas atuantes dos profissionais e relata experiências de

atuação dentro do âmbito. Mas antes, vamos conceituar o que é economia criativa.

A palavra “Criatividade” pode ter diversas definições, mas todas remetem a

capacidade de criação de algo novo, de reinventar ou conectar coisas que

aparentemente são desprovidas de qualquer semelhança que possa uni-las. Por

13

consequência, essa criatividade pode trazer soluções para novos e velhos

problemas do cotidiano, das cidades e pessoas.

No campo da economia, a criatividade é considerada um combustível

renovável; ao passo de que o estoque aumenta conforme o uso. Além disso, a

concorrência entre os produtores criativos não se satura, pelo contrário, estimula a

atuação de novos produtos e agentes na busca pela singularidade. Essas

características da economia criativa reinserem o cidadão e o consumidor a partir de

um atrativo que provém da sua própria origem e sua cultura criando um orgulho de

identidade.

Uma necessidade de mudança na economia fez com que o foco das

atividades industriais se voltassem para a produção de conteúdo de conhecimento

cultural com singularidade, principalmente no setor de serviços.

A economia criativa tem sido cada vez mais recorrente nas estratégias de

governo, organizações, empresas e outros tipos de instituições para alavancar

rendimentos e a exploração da inovação. Várias publicações, sejam elas livros,

artigos ou relatórios trazem informações ricas a respeito das inúmeras áreas que

compõem a economia criativa. Porém, no campo do jornalismo, esse cenário não é

semelhante.

Parte do interesse no desenvolvimento de políticas voltadas para a

economia criativa provém do impacto econômico que este causa nos países que o

adotam. No entanto, como cada país possui sua própria cultura, controle econômico,

histórico social dentre outras características é errôneo a comparação de números

provenientes da economia criativa relativos a geração de emprego, exportação e

lucro entre eles. Como é errado também, adotar o plano que deu certo na Grã-

Bretanha sem reedita-lo para a realidade de cada nação. Sobre esse tipo de

situação, o Embaixador Rubens Ricupero, que foi Secretário Geral da Conferência

para Comércio e Desenvolvimento (Unctad) através de relatório sobre a Conferência

Unctad, na Organização das Nações Unidas (ONU), afirma que:

Em 2001, as iniciativas em torno do assunto estiveram em posição destacada na Conferência da ONU sobre Países Menos Avançados, que constituem as 50 economias mais vulneráveis do Mundo. Desde então, a indústria criativas se converteu num dos programas para promover o desenvolvimento de países da África, Ásia e América Latina. (REIS apud RICUPERO, 2008, p.19)

14

Sobre o conceito de economia criativa, CAVES (2000) em sua publicação

Criatives Industries afirma que o foco é marcado pela dinâmica econômica ou no

modo de capacitação dos trabalhadores criativos, e como sintetiza FLORIDA (2003)

em The Flight of The Creative Class. “Atualmente percebe-se que qualquer caminho

que seja percorrido, a base da economia criativa é a convergência entre novas

tecnologias e a globalização.” Sobre os modelos econômicos vigentes na economia

criativa, Florida afirma que embora uma abordagem regional possa ser útil, a

estratégia de desenvolvimento de cada pais precisa levar em consideração seus

atributos e circunstâncias singulares. Eles não necessitam apenas de uma

atualização global, mas regional e nacional e seus potenciais, levando em

consideração as especificidades de cada realidade.

Um outro questionamento existente na economia criativa é o seu grau de

novidade. Essa categoria não é apenas um reordenamento de setores já existentes,

caso seja considerado desta forma pelos governos. O conceito de novidade na

economia criativa se faz a partir da convergência das tecnologias e mídias, a

globalização e a insatisfação com o atual quadro socioeconômico mundial. Esse é

um assunto já abordado desde meados dos anos 2000 por Santaella em A Cultura

do Pós-Humano e recentemente por Jenkins no seu livro Cultura da Convergência

de 2006. Ao unir esses fatores surge a capacidade de criar novos modelos de

negócios e agentes econômicos e sociais capazes de produzir uma economia

rentável.

É recorrente ao citar economia criativa abordar um tema ligado a ela, que é

a chamada Mercantilização da Cultura. A sociedade do consumo encontrou nos

bens culturais um refúgio para novas estratégias de mercado. Observa-se hoje uma

mercantilização extrema de bens culturais e, ao mesmo tempo, uma culturalização

do consumo. O cenário atual faz com que o consumo de cultura coloque o cidadão

em um posicionamento diferenciado dos demais.

Sendo assim, as indústrias buscam desenfreadas a produção em larga

escala de bens considerados culturais e criativos, imprimindo nestes um

determinado valor diferenciado e os mercantilizam. Sobre o comercio de bens

culturais, o sociólogo belga Mattelart explica que a indústria cultural:

Trata da produção em série, da homogeneização e, em consequência, da deterioração dos padrões culturais. A exploração comercial de bens considerados culturais reforça a dominação técnica imposta pelo sistema, gerando passividade. A cultura, com a intervenção técnica e os meios de

15

reprodução em massa, perde sua “aura” e passa a ser mercadoria, descaracterizada enquanto manifestação artística. (MATTELART apud SANTOS, 1992, p. 82)

A sociedade da informação ou do conhecimento está diretamente ligada a

mercantilização da cultura e a economia criativa. O acesso rápido a bens e produtos

através da internet e outros meios de comunicação tornam o consumo de bens

culturais extremamente mais rápido e com um grande poder de dissipação.

No Brasil, iniciativas envolvendo a economia criativa se faz presente

principalmente nas produções audiovisuais, que envolvem contrapartida de iniciativa

privada, esse é setor que envolve jornalistas, profissionais do cinema e da Televisão

e outros especialistas no campo da comunicação. As produções nacionais

ganharam força nos últimos anos e envolvem a mão-de-obra de várias áreas do

mercado criativo. Uma boa parte dessas produções evidenciam exatamente a

cultura ou algum produto cultural local.

Para dar conta de nosso objeto, no primeiro capítulo deste trabalho, temos o

contexto e evolução da economia criativa com dados históricos do seu surgimento,

sendo subdivido em uma visão mais micro com dados de mapeamento no Brasil das

áreas de interesse do jornalismo. Apresenta-se também um panorama dos setores

competentes ao profissional jornalista enquanto Brasil como televisão, rádio, editorial

e vídeos. O segundo capitulo marca pela didática de como o jornalista está

correlacionado a Economia Criativa. Questões importantes do ponto de vista da

infraestrutura e legalidade para iniciar a produção de um bem ou serviço. Seguido

das políticas públicas para estimulo do jornalismo criativo e como se capacitar.

Por fim, o terceiro capítulo apresenta panorama de outras cidades, países e

regiões nas quais essa relação entre jornalismo e Economia Criativa obtiveram

sucesso e tornaram-se referência.

Objetivo geral: Desenvolver cartografia conceitual para introduzir o

jornalismo no âmbito da economia criativa no Brasil e apresentar alguns panoramas

de outros países em que o método obteve sucesso.

Objetivos específicos:

Analisar a perspectiva do jornalismo dentro da aspecto da indústria criativa.

16

Identificar os profissionais do jornalismo inseridos na economia criativa.

Analisar as experiências dos profissionais do jornalismo com atuação na

economia criativa.

17

2 ECONOMIA CRIATIVA: CONTEXTO E EVOLUÇÃO

Economia Criativa é um termo criado com a finalidade de nomear modos de

gestão, produção e negócio que têm origem nas atividades que prevalecem o

conhecimento e singularidade. Diferente da economia tradicional, a economia

criativa foca no potencial individual ou coletivo. Para facilitar o entendimento,

tomemos como exemplo, um artista plástico, ou uma festa tradicional de uma cidade

ou região. A Economia Criativa explora o modo como esses produzem bens, e

serviços criativos.

Parte dessas atividades provém dos setores de cultura, moda, design e

audiovisual. Outra parte importante vem do setor de tecnologia como Software,

Jogos e biotecnologia. A edição especial do ano de 2013 do Relatório de Economia

Criativa, elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência

e Cultura (Unesco) e pelo Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento

(Pnud) destacou a economia criativa como uma grande força transformadora no

mundo. E também a solução mais viável para problemas na economia no mundo.

O conceito de economia criativa é derivado do termo Indústrias Criativas,

que por sua vez apareceu em um discurso intitulado Nação Criativa (originalmente

Creative Nation em inglês), proferido pelo Primeiro-Ministro da Austrália em 1994.

Visando o crescimento das mídias digitais e a facilidade da comunicação imediata, o

discurso defendia o aproveitamento das oportunidades geradas por esse fator e pela

globalização.

A crescente pressão sobre os recursos em diminuição da Terra e o

reconhecimento emergente da realidade de mudanças climáticas têm

conspirado para alterar a natureza dos acordos comerciais. Neste contexto,

as indústrias criativas deixaram de ser um fator menor e novo na economia

mundial para se tornarem uma chave da economia do conhecimento e um

fator atraente para quase todos os governos do mundo. (NEWBIGIN, 2010,

p.27)

No entanto, vamos antes distinguir o que é Economia Criativa e o que é

Indústrias Criativas e porque adotaremos a Economia Criativa no presente trabalho.

Na Economia Criativa, temos um forte valor agregado às ideias, sejam elas

do insumo primário, ou de toda a cadeia produtiva (criação, produção e distribuição

de bens, produtos e serviços. Já as Indústrias Criativas corresponde a um setor do

mercado e a sua criatividade embutida, desse modo, constitui um setor do mercado

18

que em conjunto a outros setores, resultam em uma economia. É do ponto de visto

econômico em macro analise que decidimos abordar o jornalismo com a Economia

Criativa.

Para a Unctad, as indústrias criativas são a essência da economia criativa;

estão centradas nas artes e na cultura, mas não restritas a elas. Em Dialética do

Esclarecimento, de 1947, Theodor Adorno e Max Horkheimer criticam a

massificação e mercantilização da arte rejeitando a relação dela com a economia ao

alegar que isso transforma a arte em processo industrial no qual o homem é um

mero instrumento de trabalho e consumo.

As indústrias criativas têm amplidão; lidam com a interação dos vários

subsetores, vão do artesanato tradicional, da literatura, das artes visuais e

do espetáculo, aos campos mais voltados à tecnologia e aos serviços, tais

como o audiovisual, o design e as novas mídias. (DUISEBERG,2008, p. 63).

Esse conceito de industrias culturais e mercantilização da arte passou por

metamorfoses e hoje, as indústrias criativas podem ser produtos tangíveis, serviços

intangíveis e conteúdos criativos de valor econômico com objetivo de mercado.

Digno de nota é que a designação “indústrias criativas” ampliou a amplitude

das indústrias culturais, transcendendo as artes, e marcou uma mudança na

abordagem das atividades comerciais em potencial, que até recentemente

eram consideradas predominantemente em termos não-econômicos.

(DUISEBERG, 2008, p. 62).

Foi focalizando na perspectiva de produtos tangíveis, serviços intangíveis e

a possibilidade de economia do conhecimento que o Reino Unido deu início ao

primeiro plano de sucesso da economia criativa. Com a ascensão de mercados de

países considerados subdesenvolvidos e tomando a frente da crescente competição

econômica mundial, em 1997, o governo do Reino Unido criou uma força tarefa

multisetorial para analisar tendências de mercado e potencialidades locais. Era

posto em prática o Creative Industries Unit and Task Force.

O plano tinha pretensão em parcerias público-privada e a articulação entre

diferentes setores e Ministérios como Cultura, Turismo, Desenvolvimento e Relações

Exteriores. Desse trabalho resultou a identificação de treze setores com maior

potencial na economia britânica. Desse grupo de setores, a conexão entre eles era a

possibilidade da geração de direitos de propriedade intelectual, criando uma grande

economia correlacionada.

19

É possível que a o grande sucesso do plano do Reino Unido tenha sido a

extinção das fronteiras entre setores e reformulação do sistema educacional, urbano

e a valorização de bens intangíveis. Um dos principais, que é o reposicionamento da

cultura de modo que ela seja vista de modo essencial em diversas áreas,

principalmente na economia.

A Economia Criativa, portanto, valoriza o toque próprio, inovador e cultural.

Reconhece a originalidade, a colaboração e prevalece os aspectos intangíveis. Da

economia do conhecimento, toma a ênfase no trinômio tecnologia, qualificação de

trabalho e geração de direitos de propriedade intelectual. E, da economia da cultura,

propõe a valorização da autenticidade e do intangível cultural único e inimitável.

Para demonstrar a Economia Criativa e suas indústrias, adotaremos a

classificação de indústrias criativas definida pela Unctad, por demonstrar uma

melhor distribuição das categorias e setores sob a ótica do trabalho e função. Essa

classificação é a incorporada pela maioria de países, empresas e corporações para

delimitar as áreas que compõem a economia criativa. Ela é dividida em quatro

categorias gerais: artes, criações funcionais, mídia e patrimônio cultural. Dessas

quatro categorias estão subdividas em oito áreas conforme imagem extraída da

publicação da Unctad: Economy & Industries Programme:

20

FIGURA 1 - CATEGORIAS DAS INDÚSTRIAS CRIATIVAS

Fonte: UNCTAD 20081

Considerando a transversalidade do jornalismo, é possível identificar no

mínimo uma atividade nas quatro categorias das indústrias criativas. A atividade

pode estar inserida na categoria de Patrimônio Cultural com expressões culturais,

Artes através da fotografia, e Criações Funcionais por meio de atividades de

conteúdo digital. Além de sua categoria nativa de mídia com atividade em Edição e

mídia impressa ou a área de audiovisual.

A economia criativa tem criado bases mais sólidas de desenvolvimento

quando comparada com outros setores menos ágeis e dinâmicos. Uma das

principais ferramentas utilizadas por esse novo segmento é a tecnologia. Através

dela a economia criativa se aproxima dos clientes com mais facilidade, oferecendo

seus produtos e vantagens de forma mais informal quando comparada aos outros

1 UNCTAD. Relatório 2008. Disponível em <www.unctad.org>. Acessado em: 10 MAIO. 2015

21

setores da economia. Não se trata do preço do produto, mas sim do valor agregado

por ele.

Interpretam e fazem uma aplicação criativa do conhecimento de forma

inovadora, adotam tecnologias e novos modelos de negócio e de

cooperação com facilidade, pensam em função de planos internacionais e

utilizam a tecnologia para se aproximarem de seus clientes. (NEWBIGIN,

2010, p.25)

De acordo com Benhamou (2007), três fatores foram cruciais para o

reconhecimento da importância da economia cultural e consequentemente da

economia a partir da criatividade: o crescente fluxo de emprego e renda, a avaliação

das decisões culturais e a compreensão dos desafios imposto de um novo campo de

atuação econômico.

Como a cultura pode ser entendida nesse esquema? Para Throsby (2001), a

palavra cultura possui dois tratamentos: o primeiro no campo antropológico na qual é

utilizada para descrever um conjunto de crenças, moral, costumes e valores que são

comuns a um determinado grupo ou compartilhado entre os membros. Desse ponto

de vista, fundamenta-se a noção de identidade, já que existe reconhecimento mutuo,

assim os diferenciando de outros através de manifestações distintas.

Já o segundo tratamento refere-se ao funcional, que determina uma serie de

aspectos intelectuais, artísticos e morais. Throsby (2001) destaca que nesse

segundo aspecto questões como a educação e o conhecimento cientifico didático

auxiliam para o desenvolvimento do conceito de cultura.

A utilização dessa segunda abordagem é importante para o desenvolvimento

econômico dos fatores culturais e criativos, principalmente com a alta demanda do

ensino superior a nível global e exploração da área da criatividade.

Um estudo realizado pelo Tesouro Nacional Britânico (HM Treasury) e

divulgado no Cox Review of Creativity in Business, relatório das finanças da

economia criativa britânica, em 2005, constatou que 49% da força de trabalho na

economia criativa possui formação em ensino superior, em comparação com 16% do

total da mão-de-obra do país. Ainda mais interessante são os dados apresentados

que mostram que nos setores de mídia e editoração esse número chegou a 69% de

profissionais formados.

22

Em artigo publicado, a comissão europeia para as empresas e Industrias no

ano de 2010 afirma que “As indústrias criativas não são apenas um fator econômico

importante, mas também alimentam a economia com dinamismo, inovação e

conhecimento.”

O verdadeiro significado da economia criativa não permanece apenas no

seu valor econômico, tão pouco no valor social e cultural, mas sim no fato de que ela

fornece um exemplo de como os outros segmentos da economia, os antigos e os

novos precisam mudar e sobreviver cada vez mais às mudanças comerciais na era

digital. Uma espécie de nova revolução industrial, porém focada nos novos desafios

dos recursos cada vez mais limitados e escassos.

2.1 MAPEAMENTO DE ATUAÇÃO NO BRASIL

No Brasil, 14 segmentos da indústria criativa foram classificados como

fundamentais para a cadeia produtiva criativa na estratégia de desenvolvimento

desse setor. Para isso, o Ministério da Cultura no ano de 2012 criou a Secretaria da

Economia Criativa (SEC). São elas: Publicidade, Arquitetura, Design, Moda,

Expressões Culturais, Patrimônio, Música, Artes Cênicas, Editorial, Audiovisual,

Pesquisa & Desenvolvimento, Biotecnologia e Tecnologia da Informação.

Criada pelo Decreto 7743, de 1º de junho de 2012, a SEC tem como missão

conduzir a formulação, a implementação e o monitoramento de políticas públicas

para o desenvolvimento local e regional, priorizando o apoio e o fomento aos

profissionais e aos micro e pequenos empreendimentos criativos brasileiros. O

objetivo é contribuir para que a cultura se torne um eixo estratégico nas políticas

públicas de desenvolvimento do Estado brasileiro.

A existência de um órgão gestor para essa nova política econômica é

essencial para o funcionamento e participação cada vez maior no Produto Interno

Bruto (PIB) de um país. Porém, as condições básicas para um crescimento saudável

não param por aí.

No Brasil, o Governo Federal por meio da SEC classificou como núcleos

criativos as seguintes áreas:

23

FIGURA 2 - CLASSIFICAÇÃO POR CAMPO CULTURAL

Fonte: Ministério da Cultura (2011)2

De acordo com o plano de diretrizes 2011-2014 da SEC, até recentemente o

escopo dos setores contemplados pelas políticas públicas do Ministério da Cultura

se delimitava apenas à atividades tipicamente culturais como patrimônio, expressões

culturais e audiovisual. No entanto, essa abrangência foi ampliada abrangendo

também setores de base cultural com viés de aplicabilidade funcional, como

arquitetura, artesanato e moda. Chegando a disposição apresentada na figura 2

acima.

2 MINISTÉRIO DA CULTURA. Plano da Secretaria da Economia Criativa 2011-2014. Disponível em:http://www.cultura.gov.br/documents/10913/636523/PLANO+DA+SECRETARIA+DA+ECONOMIA+CRIATIVA/81dd57b6-e43b-43ec-93cf-2a29be1dd071>. Acessado em: 18 NOV. 2014

24

2.2 PANORAMA NOS SETORES DA COMUNICAÇÃO

Quando citamos Economia Criativa e Comunicação, nos deparamos logo de

imediato com inúmeras empresas de pequeno porte, também chamadas Startups.

Esses são caracterizados pela informalidade nos negócios e dependentes

das lei e fundos de incentivo dos governos e também empréstimos. Verifica-se de

modo recorrente, casos como estes nos setores de Filmes & Vídeos, chamados

tradicionais e também voltados para as novas tecnologias, como a internet, e peças

computadorizadas.

2.2.1 Editorial, vídeos e filmes

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) entre os anos de 2005 à

2012 desembolsou cerca de 577 mil reais em financiamentos para o Mercado

Editorial no Nordeste3. Dentre os campos ditos culturais (Artes, Patrimônio, Música),

este foi o que mais captou recursos do órgão durante o período. Editora Saraiva,

Positivo Didáticos e Abril figuram como as que mais solicitaram fundos para

produção de material criativo.

No Brasil, 18 mil empresas compõem o núcleo criativo do Mercado Editorial,

ou seja, atuam diretamente na edição de livros, jornais e revistas. Quando

consideradas as atividades da cadeia criativa, como a impressão gráfica e o

comércio de livros, esse número se expande e ultrapassa os 100 mil

estabelecimentos no País. (FIRJAN, 2012, p.20)

Os dados de 2012 da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

(Firjan) dizem que em números de empregados, esse setor é um dos cinco maiores

da economia criativa. 235 mil trabalhadores compõem a cadeia criativa e no núcleo

criativo, são quase 50 mil profissionais.

3 RAMUNDO, Júlio. BNDES e a Economia Criativa: Seminário de Desenvolvimento Regional: Avaliação, Desafios e Perspectivas. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/seminario/s_DesenvRegionalNE_J_Ramundo.pdf> Acessado em: 13 JUN. 2015.

25

Entre as profissões do núcleo, os Editores de texto e imagem e os

Jornalistas são os mais numerosos, somando mais de 21 mil profissionais.

Em contrapartida, os Diretores de redação e Editores de revista são os mais

bem remunerados, com salários de R$ 7.774 e R$ 7.594, respectivamente,

mais do que o dobro do salário médio no núcleo editorial (R$ 3.323).”

(FIRJAN, 2012, p.20)

O Setor de vídeos e filmes, segue como os com mais investimentos, na

ordem de 225 mil reais. Dentre os beneficiados, as produções da Globo Filmes.

Cerca de 366 filmes foram apoiados e 145 novas salas de cinema foram construídas

e reformadas com os recursos do BNDES.

Uma fator bastante interessante é visto no setor de Filmes & Vídeo nos

dados da mesma pesquisa. Nesse campo, o número de empresas chega a superar

o número de empregados. São 81 mil empresas na cadeia e 30 mil empregados.

Isso é resultado da prática de dos profissionais trabalharem em suas próprias

empresas, sem vínculos empregatícios.

Um bom exemplo disso são os fotógrafos, basta dizer que a produção

fotográfica é a principal atividade do núcleo de Filme & Vídeo em número de

empresas – são 6.268 dos 22.629 estabelecimentos do núcleo criativo”.

(FIRJAN, 2012, p.20)

Da perspectiva do número de empregados, os dados da Firjan (2012)

apontam que os Montadores de Filme são principais profissionais do núcleo de

Filmes & Vídeos com cerca de 13 mil empregados. Por outro lado, os mais bem

remunerados são os Autores e Roteiristas, com salário médio de R$ 7.347, o que é

bastante superior à média do núcleo criativo de Filme & Vídeo que recebem por

volta R$ 1.661,00.

2.2.2 Rádio e televisão

O número de empresas de Rádio e Televisão é bem reduzido quando

comparado com os outros setores dos segmento criativos. Em função do formato de

criação, custos de entrada, concessões, participação em redes por assinatura

26

encarecem tanto a sua abertura quanto a manutenção, o que resulta no pequeno

número e predominando as grandes empresas.

No Brasil, há 6,5 mil empresas na cadeia de TV & Rádio, com predomínio

no núcleo criativo – 6,1 mil (94%). As atividades de Rádio se destacam,

respondendo por 76% dos estabelecimentos do núcleo criativo, seguidas

pelas atividades de Televisão aberta, com 20% do total. (FIRJAN, 2012,

p.20)

A cadeia de TV & Rádio é composta por 67 mil empregados, dos quais 39%

(26 mil) atuam em ocupações do núcleo criativo. Os Locutores e Repórteres de rádio

e televisão possuem a maior presença nesse grupo, somando 15 mil profissionais,

enquanto os Diretores de programas de televisão se destacam pelo elevado salário

médio: R$ 10.753, valor mais de cinco vezes maior do que da remuneração média

do núcleo de TV & Rádio com média de R$ 2.015. (FIRJAN, 2012, p.20)

Infelizmente as produções para TV desenvolvidas por pequenas empresas e

estúdios ainda não tiveram o devido reconhecimento. No entanto, é impossível não

citar um caso de sucesso nesse meio que é a animação brasileira Peixonauta.

Desenvolvida em 2009 pela produtora TV PinGuim, a animação já foi exportada para

diversos países. Vendida para a rede de canal infantil Discovery Kids Latin America,

no Brasil a animação é uma das líderes de audiência do canal no Brasil.

FIGURA 3 - PEIXONAUTA É A PRINCIPAL PREFERÊNCIA DO PÚBLICO INFANTIL

Fonte: Estadão (2011) 4

4 PADIGLIONE, Cristina. SBT compra Peixonauta. Disponível em:

<http://cultura.estadao.com.br/blogs/cristina-padiglione/sbt-compra-peixonauta>. Acessado em 20

JUN. 2015

27

Outro caso de sucesso é a animação Escola pra Cachorro, de 2009.

Produzida pela empresa brasileira de audiovisual Mixer, com sede em São Paulo.

Hoje, o desenho animado é vendido para o canal Nickelodeon, um dos maiores

nomes em entretenimento infantil dos Estados Unidos e transmitida para diversos

países latinos por meio da Nickelodeon Latin America.

FIGURA 4 - ESCOLA PARA CACHORRO

Fonte: 5

O que essas produções têm em comum é a proposta de despertar em seu

público-alvo a criatividade, interatividade, valorização da cultura e do indivíduo, bem

como o reconhecimento da sua importância na sociedade. Valores esses essenciais

para e economia criativa e as indústrias culturais.

Através de um estudo com base nas estatísticas do Ministério do Trabalho e

Emprego, a Firjan, traçou um panorama das indústrias criativas no Brasil. A Firjan

avaliou e determinou com base em suas diretrizes o que pertence a economia

criativa e apresenta uma análise detalhada sobre os profissionais criativos.

5 ESCOLA pra cachorro. Disponível em: <http://tvbrasil.ebc.com.br/escolapracachorro/sobre>. Acessado em: 10 JUN. 2015

28

FIGURA 5 - PORCENTAGEM DE PROFISSIONAIS POR ÁREA

Fonte: FIRJAN (2012)6

Para apresentação de dados, limitaremos apenas às áreas tradicionais do

jornalismo, são elas: Filme & Vídeo, Mercado Editorial e TV & Rádio.

Segundo dados do sistema Firjan e Unctad, com base nos dados do PIB

mundial de 2011, o Brasil ocupa a 5ª posição no ranking de países com maior

6 FIRJAN. Indústria Criativa: Mapeamento da indústria criativa no Brasil, 2012. Disponível em: http://www.tonka3d.com.br/Estudo-Mapeamento-Industria-Criativa-no-Brasil.pdf. Acessado em: 14 dez. 2014

29

arrecadação dos núcleos criativos. No ano de 2011 o PIB da economia criativa foi de

110 bilhões de reais. Em primeiro lugar encontra-se os Estados Unidos da América

com 1.011 bilhões de reais e em segundo lugar o Reino Unido que atingiu 286

bilhões de reais. Para um país que começou a implementar a política da economia

criativa em menos de 10 anos os números se apresentam promissores.

O mercado de trabalho da economia criativa no Brasil é composto por 810

mil profissionais, isso representa 1,7% do total de trabalhadores com carteira

assinada em todo o país. Composta pelos segmentos de Filme & vídeo, Mercado

Editorial e Televisão & Rádio, na área de mídia soma quase 100 mil profissionais em

todo o Brasil. (FIRJAN, 2012)

FIGURA 6 - PORCENTAGEM DE PROFISSIONAIS POR ÁREA

Fonte: Dados FIRJAN (2012). Elaboração própria.

Como é possível verificar no gráfico, juntas, todas as áreas abrangentes

para jornalismo representam apenas 12,15% de todos os 810 mil profissionais, no

entanto, apenas Engenharia e Arquitetura representam 28,35% do total com apenas

dois campos de atuação.

De maneira geral, as profissões criativas demandam elevado grau de

formação, contribuindo para geração de produtos de alto valor agregado.

Além disso, a meritocracia é um fator muito valorizado entre as profissões

30

criativas, pois estas privilegiam o trabalho movido a desafios e estímulos

(FLORIDA, 2001).7

Por razões como essas, os profissionais criativos apresentam salários acima

da média da economia. “De fato, enquanto o rendimento mensal médio do

trabalhador brasileiro era de R$ 1.733 em 2011, o dos profissionais criativos chegou

a R$ 4.693, quase três vezes superior ao patamar nacional. (FIRJAN, 2012).”

O profissional do mercado editorial, é o que se encontra melhor posicionado

na avaliação feita pelo Firjan em 2012, das catorze áreas avaliadas ocupando o 6º

lugar com uma remuneração média de R$ 3.324. Televisão e rádio encontram-se em

10º lugar com uma média de 2.015 reais. Filmes e Vídeos é menos bem pago com

apenas R$ 1.661 de média salarial.

Já sobre as profissões criativas mais bem remuneradas, o jornalismo detém

quatro posições no ranking das dez mais segundo dados da Firjan:

FIGURA 7 - AS PROFISSÕES MAIS BEM REMUNERADAS NO BRASIL

Fonte: FIRJAN (2012).

Apesar dos salários de Diretor de programa de televisão e Autor roteiristas

serem os mais altos dos setores, parte das outras funções não acompanham o

mesmo ritmo. Sobre os salário médio do núcleo criativo, o estado do Rio de Janeiro

é o que mais bem remunera seus profissionais.

Em oito dos 14 setores criativos analisados, os profissionais fluminenses

possuem as maiores remunerações: Pesquisa & Desenvolvimento (R$ 12.036);

7 FLORIDA. Richard. The Rise of the Creative Class. Disponível em: http://www.uni-leipzig.de/~sozio/mitarbeiter/m19/content/dokumente/555/Creative_Class___Golinski_Mosebach.pdf. Acessado em: 12 NOV. 2014.

31

Arquitetura & Engenharia (R$ 10.809), Artes Cênicas (R$ 7.015), Software,

Computação e Telecomunicação (R$ 5.820), Televisão & Rádio (R$ 4.709), Filme &

Vídeo (R$ 3.671), Design (R$ 3.023) e Artes (R$ 2.954).

Na segunda posição aparece o Distrito Federal, mundialmente notório por

seus projetos arquitetônicos ousados e onde o salário médio da Arquitetura

& Engenharia (R$ 9.084) é o mais elevado entre os núcleos criativos do

Distrito Federal. Além disso, o Mercado Editorial local se beneficia do status

de capital federal, sendo o mais bem pago do País (R$ 5.832). (FIRJAN,

2012)

Abaixo o ranking do salário médio em Reais (R$) para os três setores que

mais empregam profissionais do jornalismo em todos os estados da federação

brasileira segundo pesquisa da FIRJAN sendo o primeiro campo, a média nacional.

FIGURA 8 - MÉDIA BRASILEIRA DE REMUNERAÇÃO POR ÁREA E ESTADO

Fonte: Dados FIRJAN (2012). Elaboração própria

32

2.2.1 Quais interesses atendem

Ao analisar a economia criativa, é essencial considera-la como uma cadeia

produtiva. “Nesse modo, além do núcleo criativo, devem ser levadas em conta as

atividades de provisão direta e serviços ao núcleo – chamadas de atividades

relacionadas – e os setor indireto, denominados de apoio.” (FIRJAN, 2012, p.18)

Para exemplificar esse nicho tomaremos uma telenovela como modelo.

Nesse processo, a criação da novela é considerada o núcleo compondo-a os

roteiristas, diretores e atores. Os Câmeras e cenografia pertencem à indústria

relacionada, enquanto a transmissão e comercialização fazem parte da atividade de

apoio ao núcleo.

Em relatório publicado sobre a conferência de junho 2004 em São Paulo, a

Unctad afirmou que “a excelência da expressão artística, a abundância de talentos e

novas experiências não são apenas um privilégio para países ricos” (UNCTAD,

2004, p.4). Tal afirmação se dá ao perceber a crescente transformação de setores

de países em desenvolvimento por meio da economia criativa.

Além do governo como principal cliente e fonte de crescimento, existem

setores que estão se desenvolvendo rapidamente e são resultado intrigante da

mistura de criatividade, políticas públicas e patrimônio cultural. Um exemplo disso é

a indústria de softwares indiana, a produção de produtos para exportação da China

e no Brasil as indústrias da televisão e música. Nosso país é conhecido

mundialmente pela música autoral e mais recentemente por suas produções

televisivas, tornando-se então, uma das principais áreas de interesse dos

profissionais de jornalismo para trabalho.

De acordo com Newbigin (2010), a maior produtora de conteúdo no Brasil é

a Globosat, do Grupo Globo, se diversificando em mais de trinta canais, dos quais

oito são de produção própria. Com uma audiência de mais 180 milhões de

telespectadores em toda a América Latina, a Globosat e TV Globo empregam,

juntas, cerca de dezoito mil pessoas de modo direto e indireto. Além de produzir

entretenimento, a empresa também procura gerar benefícios sociais para o público,

por exemplo, enfatizando valores como educação em canais como o Futura e a

perseverança e solidariedade através dos canais de esporte.

Compõe o conglomerado também a Globo Filmes que engloba uma gama

muito maior de áreas da economia criativa e em uma breve revisão podemos citar:

33

Artes Cênicas, Design, Publicidade, Música, além, é claro, do campo de Filmes e

Vídeos.

3 JORNALISMO E ECONOMIA CRIATIVA

Assim como todos os outros trabalhadores que a economia criativa abrange,

o jornalista também é um profissional essencialmente criativo. Até porque o conceito

de que o jornalista é aquele trabalhador que produz matérias para o jornal de hoje,

que amanhã servirá para embrulhar o peixe já é bem antiquado.

Muitas são as definições a respeito do jornalismo e o que faz o profissional

jornalista. Sobre o que é jornalismo, Nelson Traquina afirma que:

Pode-se dizer que o jornalismo é um conjunto de ‘estórias’, ‘estórias’ da

vida, ‘estórias’ das estrelas, ‘estórias’ de triunfo e tragédia. Será apenas

coincidência que os membros da comunidade jornalística se refiram às

notícias, a sua principal preocupação, como ‘estórias’?” (TRAQUINA, 2005,

p.21).

Certamente o jornalismo é uma área essencialmente de estórias, como

reporta-las, como interpreta-las e o que é essencialmente considerável a ponto fazer

o jornalista conta-las e as eternizar.

Uma atividade criativa, plenamente demonstrada, de forma periódica, pela

invenção de novas palavras e pela construção do mundo em notícias,

embora seja uma criatividade restringida pela tirania do tempo, dos formatos

e das hierarquias superiores, possivelmente do próprio dono da empresa. E

os jornalistas não são apenas trabalhadores contratados, mas membros de

uma comunidade profissional que há mais de 150 anos de luta está

empenhada na sua profissionalização com o objetivo de conquistar maior

independência e um melhor estatuto social. (TRAQUINA, 2005, p.22)

Os primeiros vestígios do jornalismo apareceram na Roma antiga. As

autoridades romanas afixavam papeis com os principais acontecimentos do dia na

parede do Fórum, o local onde se realizavam discursos públicos, os processos

criminais, os confrontos entre gladiadores, e o centro dos assuntos comerciais. Essa

folha era chamada de Acta Diurna (Atos do Dia) que era as diretrizes

34

governamentais. Não se sabe ao certo o início da prática, mas os registros datam do

ano 131 antes de cristo.

Com a criação da prensa móvel de Gutenberg, a atividade cresceu e os

primeiros periódicos surgiram. No século 17 os jornais ficaram mais populares. O

primeiro pais do mundo a implementar a liberdade de imprensa foi a Suécia em

1776. Bem como o primeiro jornal como o conhecemos hoje.

O surgimento da imprensa, no século XIX é histórico responsável por

apresentar as primeiras condições de crescimento da profissão de jornalista tal

como a conhecemos hoje. O reconhecimento do trabalho desenvolvido através de

pagamento é uma das primeiras conquistas e afirmação da profissão.

Um importante fator para a profissionalização do jornalismo foi a

desenvolvimento do seu ensino. Foi nos Estados Unidos, durante os 60 do século

XIX que ocorreu “a introdução formal de uma instrução jornalística no ensino

superior” (TRAQUINA, 2005, p.83).

Sem dúvidas o jornalismo atravessou essas barreiras e hoje aparece nas

mais diversas áreas de conhecimento. Antes de tudo o profissional do jornalismo

está firmado como um indivíduo com conhecimento na área da comunicação.

Atualmente é possível encontrar um profissional de jornalismo com trabalho voltado

para as Artes, Design, Moda, Música e, sem dúvida, a Pesquisas. Principalmente a

pesquisas de âmbito social e humano e de comportamento.

Apesar das dificuldades para ser reconhecido como uma profissão, o

jornalismo se fez de modo a representar os ideais da democracia e justiça. A cultura

é de que o jornalista estão dispostos a todas as adversidades da profissão, longas

jornadas de trabalho em nome da responsabilidade social.

No início do século XXI, o jornalista passou por uma crise de identidade

decorrente do avanço das tecnologias e a facilidade de produzir informação. Tal

sensação foi descrita na frase A saga dos cães perdidos, que foi subtítulo do livro

Comunicação & Jornalismo (2000), uma das bíblias do jornalismo atual no Brasil.

As fases do jornalismo certamente contribuíram para esse grande número

de setores abrangentes pela prática, de acordo com Ciro Marcondes Filho (2000)

são elas:

35

Pré-história do Jornalismo, corresponde ao período de 1631 a 1789

(Revolução Francesa), pertinente a produção artesanal, semelhante à

dos livros.

Primeiro Jornalismo: a fase romântica. Corresponde ao período de

1789 a 1830, grande influência literária e política, principalmente

comandado por escritores, intelectuais e políticos.

Segundo Jornalismo: A profissionalização. Corresponde ao período de

1830 a 1900 e marca o início da profissão do jornalista como imprensa

de massa. Criação das reportagens, manchetes e da publicidade.

Terceiro Jornalismo: Auge do capitalismo. Corresponde ao período de

1900 a 1960. Grandes tiragens, influenciando relações públicas e

políticas e surgimento de grandes grupos editoriais e monopolização

do mercado.

Quarto Jornalismo: Informação eletrônica e interativa. Do ano de 1960

até os dias atuais. Facilidade na informação eletrônica, interatividade,

surgimento da internet como veículo de comunicação. Período

marcado pela velocidade nas transmissões, valorização visual e crise

na imprensa escrita.

Essa evolução contribuiu para que os profissionais pudessem explorar

outras áreas. Atualmente temos o jornalismo cultural, literário, tecnológico, de

turismo e diversas outras especialidades desta área que se encaixam nessa nova

proposta de desenvolvimento chamada de economia criativa.

No Reino Unido, por exemplo, as indústrias criativas já geram receita de

mais de 639 bilhões de reais e empregam 1,3 milhões de pessoas de

acordo com o Departamento de Cultura, Mídia e Esporte. Vários outros

países desenvolvidos, tais como Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia

e Suécia, também foram bem sucedidos em explorar o potencial de suas

indústrias e estão cada vez mais vendo isso como uma porta de entrada

para novas tendências e informações. (UNCTAD, 2004, p.3)

36

Cada nação determina seus segmentos da economia criativa, quase sempre

baseadas no padrão britânico, que foi o primeiro país a adotar esse conceito. Na

grande maioria dessas seleções o jornalismo encontra-se incluso em pelo menos

três áreas. Porém, independente da cultura economia e social do pais, alguns

pontos são comuns para a produção de um bem ou serviço criativo no jornalismo.

3.1 CONDIÇÕES BÁSICAS PARA DESENVOLVIMENTO

Para um bom processo criativo de bens e serviços, alguns fatores precisam

ser levados em consideração dentro da Economia Criativa. Frente a nova face do

mercado do jornalismo, selecionamos pontos que convergem da pratica do

jornalismo e essenciais para a Economia Criativa.

3.1.1 A propriedade intelectual

Na economia criativa é preciso existir um controle efetivo sobre a

propriedade intelectual. Embora muitos países atuem criando leis voltadas para o

controle do direito autoral e de patentes, principalmente para setores de editoração,

música, vídeos e filmes há muito tempo, o crescimento mundial do comercio torna

urgente o estabelecimento de acordos e parâmetros comuns entre leis para o devido

controle.

Para gerir questões como esta, a ONU criou a Organização Mundial da

Propriedade Intelectual (OMPI), a agência trabalha em parceria com órgãos

nacionais e internacionais estabelecendo normas e parâmetros comuns. Boa parte

do debate público recente sobre a propriedade intelectual tem estado dominado por

tentativas de evitar a pirataria de música, texto, imagens, design e do valor das

marcas.

Alguns especialistas argumentam que essa “guerra contra a pirataria” é

simplesmente uma última tentativa das indústrias obsoletas que lutam para defender

os seus interesses num mundo em mudança, e cujos modelos de proteção do direito

autoral não são possíveis no mundo da internet. Mas um sistema eficaz que permita

37

aos criativos se beneficiarem do seu trabalho e que os donos de direitos legais

possam defender seus interesses é essencial.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE),

uma organização internacional composta por 34 países, estima que cerca de 5% a

7% da totalidade do comercio mundial são falsificados ou pirateados. Dados também

da OCDE, relatam que na área de audiovisual, o Reino Unido teve um prejuízo de

£460 milhões de libras, algo em torno de 2 bilhões de reais. Inclusos na lista

encontram-se publicações de livros em geral, músicas, filmes e vídeos e jogos

eletrônicos.

As leis da propriedade intelectual que foram concebidas para a economia de produção mecânica são inadequadas para uma ecologia criativa (...) mesmo que elas possam ser um meio poderoso de acesso ao conhecimento e aprendizagem, com uma frequência excessiva, o oposto é a realidade. (HOWKINS, 2010, p.29).

Dowbor (apud LESSIG, 2009) deixa mais claro e defende esse

reordenamento de patentes e direitos autorais baseado em algumas novas políticas

nos Estados Unidos da América:

Numerosas patentes são propriedade de empresas que por alguma razão não têm interesse em utilizar ou desenvolver o conhecimento correspondente, ficando assim uma área congelada. Em outros países, prevalece o princípio de use it or lose it, de que uma pessoa ou empresa não pode paralisar, através de patentes ou de copyrights, uma área de conhecimento porque ele tem uma função social. (LESSIG, 2009, p.9).

Pode-se concluir que o patenteamento e proteção intelectual de ideias não

podem permanecer no modo como existem até hoje. Tomamos como exemplo a

tecnologia one-click para compras online, originalmente desenvolvida pelo site

Amazon.com, atualmente é possível encontra-la em diversos sites brasileiros e no

mundo. Isto porque o direito de propriedade intelectual não está baseado no direito

natural de propriedade, mas no seu potencial de estimular a criatividade futura

Durante os anos oitenta, o Movimento pela Circulação Livre e Aberta de

Software (FOSS em inglês) desenvolve uma licença que permite a qualquer pessoa

adaptar os programas da forma que quiserem desde se possa fazer o mesmo com

essas adaptações, uma espécie de reação em cadeia para softwares livres. Essa

proposta obteve bons resultados e gerou outros conceitos inovadores, um deles é o

38

Creative Commons. Um bom exemplo de produção com base no Creative Commons

é o site Wikipedia. Os proprietários detêm direito, mas o sistema é livre para edição

por qualquer pessoa e disponível também para qualquer pessoa na Internet. Você

pode edita-lo, reproduzi-lo e usar para fins comerciais, mas ainda sim existe um

proprietário.

A implementação de uma mistura de direitos livres com direitos

reconhecidos, pagos ou rentáveis, não é impossível, mas deve fazer parte de um

sistema coerente e universalmente aceito. A propriedade intelectual é a peça

fundamental da economia criativa, como a definição original do Reino Unido

reconheceu.

De modo frequente, o profissional do jornalismo esbarra em questões legais

da gestão da propriedade intelectual. Um dos problemas é o uso indevido de obras

para produzir outros bens e serviços. Desconhecimento concessões e registros de

patentes, desenhos, marcas passíveis de responder judicialmente pela utilização. É

importante, ao produzir um bem ou serviço, verificar juridicamente a existência de

impedimentos Legais antes de disponibilizar os mesmos.

3.1.2 Liberdade do fluxo de informações

Enquanto as Leis de propriedade intelectual estão preocupadas com os

direitos dos donos e criadores criativos, ela faz parte de um outro debate muito mais

amplo. Os produtores criativos devem ter o direito de se beneficiar dos resultados do

seu trabalho, contudo, os cidadãos também têm o direito de desfrutar da cultura e da

informação. O acesso aos meios de expressão faz parte de qualquer sociedade

aberta.

É por essa razão que a World Wide Web (WWW) se tornou uma entidade

poderosa e algo decisivo para o crescimento da economia criativa. Contanto essa

abordagem gerou questões incertas para os governos, seja quando objetivos como

a supressão da criminalidade e garantir que as leis de direito intelectual ou para

tentar silenciar o debate e a discordância para seus próprios fins.

Funaki (2009) em A proteção dos direitos autorais na internet explica o ponto

de vista da legislação e vertente jurídica sobre o direito intelectual

39

Uma última corrente, a mais aceita nos dias de hoje, defende que a propriedade intelectual deve ser considerada como um duplo direito, moral e patrimonial. O primeiro (art. 24 da lei n. 9.610) corresponde ao sentimento de criador da obra pelo autor, pelo seu ineditismo, de ter seu nome vinculado à sua criação e sobre ela atuar de modo a protegê-la de publicações que ferem o seu direito autoral e de modificá-la ou aperfeiçoá-la como for sua vontade. Cabe dizer, ainda, que os direitos morais são irrenunciáveis e inalienáveis, e que fazem parte dos direitos da personalidade. O segundo garante ao autor o direito de explorar economicamente sua criação, “são aqueles que dizem respeito aos resultados econômicos da obra assegurados ao autor. (...) Com isso, possibilita-se ao criador auferir os proventos econômicos compensatórios de seu esforço”. Ou seja, é assegurado ou autor o direito de utilizar, fruir e dispor de sua obra (literária, artística ou científica), todavia, pode um terceiro exercer essas atividades tão amplamente quanto o autor, desde que autorizado por este; portanto, é garantido ao autor o direito de autorizar ou de impedir que terceiros utilizem suas obras publicamente. (FUNAKI, 2009, p.3)

.

Além dos governos, as empresas privadas de internet como Google, Yahoo

e Bing possuem suas próprias razões comerciais para controlar o acesso a

informação. Segundo Charles Leadbeater em sua publicação CloudCulture existem

“novos monopolistas e governos famintos que tentam reassumir o controle sobre a

rede mundial e as apostas são muito altas”. Isso fere de certo modo as liberdades de

expressão e opinião, direitos tão duramente conquistados e essenciais para o

jornalismo. Além das importantes consequências que podem sofrer cultura, políticas

e econômicas.

O governo ou empresa que encontrar uma maneira de controlar a rede de

fluxo de informações poderá facilmente influenciar sobre os padrões de crescimento

da economia criativa e sobre os pontos mais rentáveis da sua cadeia de valor.

O jornalista enquanto figura representativa da liberdade de expressão e

opinião, deve avaliar bem fatores como o fluxo de informações, já que sem

informação não há conhecimento e consequentemente não há criatividade

desenvolvida. Deve-se sempre analisar sob a ótica da evolução do seu produto, bem

ou serviço.

3.1.3 Boa Infraestrutura Digital

A infraestrutura digital e sua capacidade de conexão a altíssimas

velocidades e abrangência global é responsável certamente como motor mais eficaz

40

da economia criativa ao mesmo tempo que fornece benefícios sociais e culturais

abrangentes

Durante a crise econômica mundial de 2008 e 2009 que abalou

principalmente os Estados Unidos, o Diretor do Instituto ARC de Excelência para

Indústrias Criativas e Inovações, Stuart Cunningham comentou:

Não podemos esquecer que as vantagens e talentos digitais dos Coreanos nos setores do lar e da economia criativa surgiram devido à grande quantidade de desempregados decorrente da crise asiática que assolou o continente durante a década de noventa. Esse cenário deu surgimento a empresas baseadas nas possibilidades de crescimento e desenvolvimento oferecidas pela internet banda larga. (CUNNINGHAM, 2008, 14)

O Diretor em suas palavras quis afirmar que através dos investimentos do

governo Sul-coreano frente a possibilidade de crescimento através da infraestrutura

digital permitiu que empreendedores criativos surgissem. Esse é um exemplo claro

para todos nós, os Coreanos e demais povos orientais se firmaram como povo

criativo com alto poder de desenvolvimento de produtos com identidade cultural a

baixos custos financeiros para produção.

Visando essa habilidade dos asiáticos, em 24 de abril de 2015, o Brasil

firmou acordo de intenções com a Coréia do Sul que prevê a cooperação entre os

dois países juntamente com a empresa Samsung Electronics, corporação também

de origem sul-coreana, que servirá de ponte entre os dois países. A proposta é a

implementação de medidas do modelo de economia criativa utilizadas no país

asiático no Brasil, principalmente em parques tecnológicos e startups brasileiras. O

acordo foi firmado em cerimônia realizada no Ministério da Ciência, Tecnologia e

Inovação.

Assinaram os presidentes do Centro de Economia Criativa e Inovação

Daegu (CCEI) Daegu, Sunil Kim, da Associação Nacional das Entidades Promotoras

de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), Francilene Garcia, e da Samsung

Electronics para a América Latina, Pedro Kim. Durante a solenidade, em entrevista,

Pedro Kim afirmou que:

A adoção do Modelo Coreano de Cultura de Economia Criativa pelo Brasil é uma excelente oportunidade para o desenvolvimento das startups

41

brasileiras e da educação por meio da tecnologia, algo em que a Samsung acredita e já pratica no país. (KIM, 2015).8

O modelo de economia criativa sul-coreano visa o desenvolvimento de

tecnologia aliado a educação fomentando as áreas de software, filmes e vídeo,

editoração e rádio e TV, algumas delas diretamente ligadas ao profissional do

jornalismo. O foco é a produção de produtos ligados a interatividade e educação.

A cooperação entre os dois países teve início em 1991, com a assinatura de

um acordo de cooperação nas áreas de ciência e tecnologia. O documento listou

áreas de interesse para cooperação em ciência, tecnologia e inovação. Dentre elas

TV Digital, comunicação, tecnologia da informação, biotecnologia e nanotecnologia.

A Coréia do Sul é dos principais destinos na Ásia de bolsistas do programa

do Governo Federal Ciência sem Fronteiras. Ao todo, 550 brasileiros foram estudar

nas melhores universidades do país em 2014, segundo dados do Programa de

bolsas. As instituições que mais recebem estudantes são a Universidade Hanyang e

a Universidade Nacional de Seul.

Mas não só de empresas a Coreia do Sul estourou positivamente no

mercado econômico. A geração de conteúdo pelos usuários foi a consequência do

investimento do Governo em infraestrutura digital.

Mas, além das novas empresas, a Coréia do Sul viveu uma explosão de conteúdos gerados pelos usuários; a cocriação junto com o consumidor, grupos de fãs de jogos e um sincero compromisso entre consumidores, grupos de torcedores e profissionais que vão além dos fins econômicos. (NEWBIGIN, 2010. 32p).

O que Newbigin (2010) transmite nesse ensaio é que grupos de fãs de

jogos em ligação direta com produtoras de games tornando-os cocriadores, assim

como na área da filmes e vídeos, de repente todos os consumidores começaram a

ser também produtores, ocorreu uma interatividade entre indústria e consumo e

nela, o receptor também se torna emissor com suas opiniões, sugestões e também

um pequeno empresário criativo.

8 ANPROTEC. Samsung, Amprotec e CCEI formalizam acordo. Disponível em: <http://anprotec.org.br/site/2015/04/samsung-anprotec-e-ccei-formalizam-acordo-em-inovacao/>. Acessado em: 20 JUN. 2015.

42

Em 2010, em um artigo de jornal britânico, Tim Berners-Lee, o inventor da

WWW fez uma análise semelhante sobre o governo do Reino Unido rever os

protocolos para permitir o livre fluxo de dados e de modo mais fácil:

Não pertence a nós como governo, determinar onde os dados devem ser uteis e dizer como devem ser usados. Nossa tarefa diz respeito apenas em desencadeá-los para que os programadores independentes e empresas possam gerar serviços inovadores para sociedade. (Berners-Lee, 2010, p.84)

O suporte oferecido pelo governo contribuiu muito mais para apenas a

economia criativa e o surgimento de novas empresas, também gerou uma demanda

de produtos e teve um importante impacto social abrindo novas possibilidades para

os cidadãos.

O jornalismo, hoje vive sua era digital, onde tudo também está disponível na

internet, o profissional deve levar em consideração o avanço da web e fazê-lo

funcionar ao seu favor. Atualmente, se você quer que o seu produto seja conhecido,

se faz necessário inclui-lo na Web e nas redes sociais.

Em uma era em que tudo está na palma das mãos com os Tablets e

Smarphones, a convergência entre dispositivos é essencial. Podemos tomar como

exemplo o site de vídeos YouTube. Por meio de um aplicativo, o usuário pode

acessa-lo em sua SmartTV, Smartphone, Tablet, Notebook e mais recentemente.

Uma infinidade de vídeos de entretenimento, notícias, transmissões em tempo real.

3.1.4 Investimento

Uma das características que diferenciam as empresas criativas é que em

sua maioria, elas necessitam de relativamente pouco capital para começar. Muitos

empreendedores autofinanciam os seus primeiros projetos, de certo modo, a criativa

é o seu capital, mas se obterem sucesso e desejarem crescer, certamente irão

esbarra com o problema do financiamento e é aí que as dificuldades começam a

aparecer.

Tudo o que é necessário para se incluir na ordem econômica mundial atualmente é possuir um cachorro, uma cadeira e um computador ligado à internet. O cachorro para ajudar você a despertar, a cadeira para sentar-se

43

e o computador para desenvolver e conectar-se ao mundo”. (VERWAYEEN, 2010, p.38).

Pode ser que possuam poucos ativos com os quais possam garantir um

empréstimo e é possível que não desejem comprometer a sua visão criativa

convidando financiadores a comprarem parte do negócio. Um desafio encontrado

para esses novos empreendedores é o risco de comprometer a sua visão criativa e o

produto convidando financiadores a comprarem parte do negócio como medida de

financiamento.

A busca pelo financiamento é e sempre foi um problema para muitas

empresas de pequeno e grande porte, assim como é para o cidadão que deseja

comprar um carro ou uma casa. A burocracia das instituições financeiras é enorme o

que muitas vezes desestimula o produtor resultando em muitas ideias interessantes

desperdiçadas por falta de oportunidade.

Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Startups, (ABStartups)

revelou que no ano de 2012 foram investidos aproximadamente R$ 1,7 bilhão nas

pequenas empresas empreendedoras criativas. De acordo com a Fundação Getúlio

Vargas (FGV), cerca de 50% do capital investido em fundos privados (que é quando

se investe apenas visando o próprio lucro financeiro) no Brasil é de origem

estrangeira.

Ainda de acordo com pesquisas da FGV, o crescimento de startups criativas

é de 50% por ano desde 2005. Cada vez mais empresários estrangeiros têm

investido no potencial criativo dos brasileiros.

Em entrevista ao site Olhar Digital em 2013, Nicolas Gautier, diretor Bolt

Ventures, empresa especializada em gestão e financiamento, justifica o motivo dos

investimentos vindo de outros países:

Na Europa e nos EUA, muitas startups se tornaram referência no mercado

em que atuam. Já no Brasil, diversas necessidades ainda não foram devidamente

atendidas, o que naturalmente atrai o investimento estrangeiro. (GAUTIER, 2013).

Apesar do suporte financeiro, muitos empreendedores pecam pela falta de

um plano de negócios. É nesse ponto que empresas como a Bolt ou o Serviço

Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae) entram para ajudar.

Para se ter ideia, dados da FGV indicam que 41% das empresas que receberam

44

investimentos de fundos privados ainda estão em estágio inicial devido à falta de

plano de gestão.

A economia criativa é caracterizada pelo impacto duplo na geração de empregos e de riqueza e no aumento da geração de capital humano criativo/inovação. O motor da economia criativa depende da criatividade individual e não precisa necessariamente de um investimento financeiro significativo em suas fases iniciais, o que é importante em economias em desenvolvimento do Sul, como a Jamaica. Isso promove as iniciativas de negócios para empreendimentos de micro empresas ou empresas individuais e a tão sonhada inclusão socioeconômica é realizada como um benefício e um pilar de todo o conceito de economia criativa. (REIS, 2007, 182)

Já a economista Andrea M. Davis considera que o sucesso da economia

criativa vai além do investimento de capital:

A construção de uma economia criativa será sustentável desde que a necessária vontade política, a visão criativa e a reinstrumentação de infraestrutura sejam mobilizadas, de forma oportuna, entre os formuladores de políticas e os stakeholders do setor. No contexto da experiência jamaicana e caribenha, além dos problemas de erosão social e ambiental, os outros dois sérios problemas face à introdução de uma nova estratégia econômica são uma capacidade limitada de gerenciamento de mudança e uma lacuna entre o discurso e a ação. (DAVIS, 2008, p.183).

Nesse mesmo ensaio, DAVIS apud BONNICK:

A solução para o primeiro é uma ênfase especial em treinamento para burocratas dos setores público e financeiro que demonstrem uma aptidão específica para a inovação e para a tomada de risco. Também é necessário estabelecer prioridades e evitar que o governo se comprometa a fazer muitas coisas ao mesmo tempo. O segundo exige uma maior participação da sociedade civil no monitoramento do desempenho do governo e na exigência de prestação de contas. Também requer que a sociedade tenha acesso às informações e que seja mais crítica em relação à falta de ação do que em relação aos erros. A sociedade caribenha espera que o governo tome a iniciativa de liderar as mudanças para a promoção do desenvolvimento geral. Desde o começo, deve-se estabelecer a responsabilidade ministerial e oficial para decisões e ações, e a inércia não deve ser protegida pelo anonimato. (BONNICK, 1998, p.38).

São poucas as instituições financeiras com experiência e relações para

investimento com empresas verdadeiramente criativas, razão esta que torna a coleta

de dados bastante importante para a economia criativa. Aquele elemento de risco,

45

de “custos não recuperáveis” que devem ser incorridos antes de um único centavo

de rentabilidade, é comum a muitas indústrias criativas.

Os fundos das indústrias criativas dependem muitas vezes de um grupo

relativamente pequeno de Investidores, impulsionados por paixões e afinidades

particulares.

3.2 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA ESTIMULO DO JORNALISMO CRIATIVO

O cenário para a economia criativa no Brasil é bastante positivo. Porém,

para que o setor cresça é preciso acompanhamento dos governos para que ele

possa identificar dificuldades e venha a auxiliar, assim como ocorre com as demais

áreas da economia. Setores da economia criativa que envolvem o profissional do

jornalismo e da comunicação até então não tiveram estímulos de modo que fosse

uma ferramenta de geração de renda e contribuição importante para o PIB do Brasil.

Ao nosso ver o trabalho de jornalismo é transversal a praticamente todas as

áreas, já que todas convergem em ponto comum: a comunicação. O profissional do

jornalismo acaba por ser o barco pelo qual as outras áreas da economia vão

navegar até chegar ao seu público-alvo.

Como citado anteriormente, após o sucesso que foi o plano da economia

criativa no Reino Unido, outros países aderiram a política. No Brasil tivemos no ano

de 2012 a criação da SEC e no mês de setembro do mesmo ano foi lança o pacote

de medidas para estimulo chamado Plano Brasil Criativo. Estimando medidas para

os próximos anos para que esse setor se fortaleça.

Durante o lançamento do plano em Brasília, em 2012, a então Secretária da

Economia Criativa, Claudia Leitão declarou:

O plano tem que criar condições estruturantes para o campo criativo brasileiro. Ou seja, tem que criar ações que não sejam passageiras, mas sim permanentes. Ninguém vai construir um Brasil criativo em dois anos. Este é um plano para 20 anos, para que o país seja uma referência mundial de um novo modelo econômico no qual a cultura seja um eixo estratégico de desenvolvimento.9

9 RODRIGUES. Alex. MinC vai entregar em setembro plano para estimular e fortalecer economia criativa. Disponível em: http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2012-08-27/minc-vai-entregar-em-setembro-plano-para-estimular-e-fortalecer-economia-criativa. Acessado em 12 NOV. 2014

46

Por alcançar diversas áreas, o jornalismo é uma ferramenta importante para

o desenvolvimento da economia criativa. Um campo ainda pobre de estatísticas e

iniciativas públicas no Brasil e de até materiais acadêmicos em língua portuguesa

que abordem a conjuntura dessa relação.

Em contra partida, no Reino Unido universidades como a Kingston University

of London ofertam em seu currículo mestrado em economia criativa do jornalismo.

Além dos estudos voltados para a convergência das áreas com o jornalismo, o

mestrado também aplica visões de empreendedorismo para que o jornalista inicie

sua startup de consultoria e gerenciamento de plano de negócios.

Com base em trabalhos da Doutora em cidades criativas, Ana Carla

Fonseca Reis, publicações governamentais e relatórios de reuniões da UNCTAD foi

estipulado alguns pontos que se tornaram recorrentes nos materiais sobre políticas

públicas para incentivo da economia criativa nas áreas abrangentes do jornalismo.

3.2.1 Seu primeiro cliente: O Governo

Governos investem dinheiro em serviços públicos, educação, infraestrutura

pública, comunicações e publicidade. Através de ações como esta, os governos

conseguem prover o melhoramento e desenvolvimento dessas áreas.

Provavelmente, não existe uma maneira mais eficaz deles modernizarem e gerarem

a economia criativa do que usar desse poder no mercado aberto.

É através de exigências mínimas, de critérios rigorosos e de longo prazo

para estabelecer uma boa relação entre custo e benefício, além de licitações

públicas que os governos desenvolvem ferramentas para que fornecedores de bens

e serviços para o Estado elevem seus padrões.

Heliana da Silva, gerente do Sebrae no Estado do Rio de Janeiro, durante

uma mesa-redonda sobre tendências e oportunidades da economia criativa no ano

de 2012 no Rio Info acredita que é preciso formas de identificar as necessidades do

financiamento, bem como uma tributação diferenciada para o crescimento.

Outros desafios são a identificação de formas de financiamento adequadas para os diversos setores e um ambiente de negócios, ou seja, políticas públicas de incentivo, com tributação diferenciada. Enfim, todo um conjunto de fatores que podem estimular esse desenvolvimento. (SILVA, 2012).

47

O Rio Info é um dos principais eventos sobre tecnologia da informação. O

congresso, acontece há mais de dez anos na capital fluminense e há quatro anos

em Lisboa, Portugal.

Têm se tornado cada vez mais comum empresários e empreendedores que

priorizam a economia, gastos de produção baixos e impactos mínimos ao meio

ambiente ou que possuem sua conduta a chamada responsabilidade social. Os

governos, cada vez mais tem dado prioridade a fornecedores de bens e serviços

com esse perfil de gestão.

Uma abordagem mais criativa a respeito das aquisições públicas pode

economizar dinheiro e produzir melhores resultados para a população. Além de

estimular a economia local com novos postos de trabalho e habilidades. Ao ponto de

que a realidade exige cada vez mais novas políticas de sustentabilidade e economia,

as necessidades de uma abordagem desse tipo têm tido um impacto maior na

opinião pública.

3.2.2 Clusters: a cidade é seu habitat

Uma das características mais consistentes das indústrias criativas é que

muitas delas estão conectadas a uma especificidade geográfica. Ao contrário de

uma fábrica de roupas ou peças para carro que podem se instalar em praticamente

qualquer lugar ou mudar de região ou país conforme a mão-de-obra tenha custos

mais baixos. Uma atitude bastante recorrente do poder público, por exemplo, é a

isenção fiscal. De modo que uma determinada marca instale sua fábrica, o Governo

oferece uma série de vantagens, dentre elas a carência da cobrança de impostos e

outros tributos fiscais comuns a qualquer outra fábrica.

Diferentemente desse tipo de modalidade, a economia criativa e seus

geradores de bens e serviços não pode se deslocar ou serem levados

mecanicamente de um local para o outro.

Evidências de cidades ao redor do mundo onde a economia criativa

realmente deslanchou como Sydney, Londres e Paris apontam para o fato de que

um ambiente cultural rico e variado são tão importantes quanto uma infraestrutura

pública e espaço de trabalho acessível. Quanto mais diversa for a cultura de uma

48

comunidade, mais atraente será para as pessoas criativas, que atrairá mais pessoas

criativas interessadas no desenvolvimento recorrente.

Cidades e espaços criativos podem ser visto de diversas óticas:

a) de combate às desigualdades e violência e de atração de talentos e

investimentos para revitalizar áreas degradadas (FLORIDA, 2005; LANDRY, 2006);

b) de promoção de clusters criativos, destacando-se entre os mais

expressivos o distrito cultural do vinho na França, o cluster multimídia de Montreal,

os parques criativos de Xangai e o polo de novas mídias de Pequim (REIS, 2008);

c) de transformação das cidades em polos criativos mundiais, não raro de

maneira articulada com a política do turismo e atração de trabalhadores criativos,

conforme mencionado por Kovács na África do Sul. Quando não bem conduzido,

porém, isso pode engendrar um eventual processo de gentrificação e, na ausência

do envolvimento comunitário, um esfacelamento das relações locais e a exclusão de

pequenos empreendimentos criativos e da diversidade (REIS, 2008);

d) de reestruturação do tecido socioeconômico urbano, baseado nas

especificidades locais, como é o caso de Guaramiranga, com seu Festival de Jazz e

Blues, e de Paraty (REIS, 2008);

A diversidade cultural com toda a singularidade é o elemento chave do

sucesso nessas situações. Nenhuma outra cidade faz um carnaval com escolas de

samba como o do Rio de Janeiro, a cultura africana em Salvador. Nas festividades

juninas temos Campina Grande e Caruaru. Vale ressaltar que essas duas últimas

cidades encontram-se como modelos de economia criativa no Brasil por utilizarem a

cultura de modo transversal através Gastronomia, turismo, literatura e música dentre

outros setores. Já os estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e Distrito Federal

se destacam pela produção audiovisual, literatura, editoração, rádio e televisão.

49

3.2.3 Educação

Onde quer que a economia criativa se destaque, por mais tímida que seja, é

provável que exista uma universidade próxima que tenha ajudado a implantar e

também acompanhar nutrindo as empresas criativas locais e os mercados locais de

trabalho especializado do qual elas dependem.

Um exemplo disso ocorre em Dundee, na Escócia uma pequena cidade de

150 mil habitantes que explorou o ramo dos jogos eletrônicos. Esse mercado está

intimamente associado a universidade local e Abertay e juntos desenvolveram uma

promissora indústria de jogos.

As duas se tornaram interdependentes e sustentáveis. Uma história que se

repete ao redor do mundo, uma verdadeira economia do conhecimento que traz não

somente benefícios para a criatividade de forma flexível como também para e

economia em geral.

Em relatório da Comissão da ONU sobre a importância do ambiente

institucional, organizacional e regulatório, concluiu que:

A transição para a sociedade da informação, contudo, não é apenas uma questão de tecnologia. As mudanças que implica são potencialmente as de maior impacto desde a Revolução Industrial, e afetam profundamente a organização tanto da economia como da sociedade. A gestão destas mudanças representa, hoje, um dos maiores desafios para a União Europeia. A liberalização do mercado combinada com a inovação tecnológica cada vez mais rápida favorece a concorrência no fornecimento das telecomunicações, diminuindo os custos e aumentando a escolha e a qualidade dos serviços a maior parte da União Europeia: Os preços de acesso à Internet diminuíram drasticamente nos últimos anos, muito embora continuem a constituir uma barreira a uma utilização mais alargada em alguns países. (UE, p.62)

Desde esta perspectiva, as intuições de ensino superior não estão mais fora

da economia, elas são parte integrante da mesma. A academia é parte integrante da

comunidade; ideias e propostas fluem a todo momento nesses locais. O desafio para

elas é a construção de novos vínculos mais próximos com as indústrias sem

comprometer a sua independência acadêmica e intelectual.

Além desse vinculo, o sucesso da economia criativa, como em qualquer

outra economia depende dos níveis de educação da população, bom ensino

fundamental e bom ensino médio, além dos estímulos das artes e do conhecimento

50

como museus, galerias de artes, espaços para concertos dentre outras fontes de

cultura.

O Creative Partnership é um conhecido programa nas escolas inglesas e

tem demonstrado os benefícios que pode podem motivar estudantes a trabalharem

como empreendedores criativos. Criado em 2002 e gerenciada pelo Departamento

de Cultura, Mídia e Esportes com contribuição do Departamento de Educação do

Reino Unido o Creative Partnership aproxima os alunos das empresas criativas

através de pesquisas e acompanhamento de desempenho dos alunos de ensino

médio das escolas.

3.2.4 Incubadoras

Como o próprio nome sugere, as incubadoras são responsáveis por preparar

o amadurecimento do produto ou serviço criativo de modo que ele esteja preparado

para ganhar mercado. Elas oferecem suporte a profissionais e empreendedores que

atuam nos setores criativos por meio da oferta de informação, capacitação,

consultorias e assessorias técnicas, entre outros serviços voltados para a

qualificação da gestão de projetos, produtos e negócios de micro e pequenos

empreendimentos criativos. Através do programa Brasil Criativo do Governo Federal,

incubadoras da Rede Brasil Criativo encontram-se presente em treze estados do

Brasil: Acre, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná,

Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Distrito

Federal.

O programa conta com um investimento de 40 milhões de reais e uma

gestão interministerial envolvendo os Ministérios do Desenvolvimento, Industria e

comercio, Ciência tecnologia e inovação, Turismo, Educação e Cultura. Atuam como

parceiros o Sebrae, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Banco

do Brasil, Caixa Econômica e universidades.

Nas incubadoras o jornalismo pode atuar como produtor cultural,

empregando as técnicas comunicacionais de acordo com a necessidade do cliente

empreendedor.

51

O produtor cultural é um empreendedor que não conhece as ferramentas

financeiras e de comunicação e marketing. Por isso, é preciso fomentar um

empreendimento criativo autossustentável e, para isso, temos de ajudar os

gestores a desenvolver projetos. (FGV, 2006, p.86)

Utilizando das novas ferramentas da Web, Moisés dos Santos conclui que:

No campo comunicacional, o ator tecnológico deve servir de alavanca para

a disseminação de conhecimentos adquiridos, especialmente, como

incentivo aos produtos culturais. O movimento é cada vez mais nessa

direção. Em vez de concentração de ativos, uma rede espalhada e

descentralizada de “produtores culturais”. Na esfera da comunicação, o

fenômeno dos weblogs – onde emissor e receptor se confundem e o

“produto” são as discussões geradas. (FGV, 2006, p.90)

A cada momento surgem mais e mais leitores na internet, só no Youtube,

por dia são visualizados centena de milhões de vídeo, segundo dados divulgados

pelo site. Imagine então diversos produtos criativos sendo divulgados por vídeos e

publicações em blogs e sites, produção de textos impressos e digitais provenientes

de consultorias e gestões de profissionais do jornalismo nos quatro cantos do

planeta por meio da Internet.

4 JORNALISMO E ECONOMIA CRIATIVA EM OUTRAS CIDADES E PAÍSES

A depender da sua cultura ou níveis de importância, os setores da economia

criativa podem se reordenar e também serem priorizados. É o do Reino Unido e

China. Em números, desempenhos e resultados, ambos se destacam no setor de

Rádio & TV, Mercado Editorial, Filmes e & Vídeos.

4.1 REINO UNIDO

A Editoração, que compreende a publicações de livros, jornais, revistas e

tanto impressos quanto eletrônicos é um dos maiores empregadores de todas as

52

Indústrias Criativas. O uso cada vez maior da língua inglesa no mundo garante que

essa indústria cresça e se globalize.

Para Filmes e & Vídeos, está incluso no plano governamental do

Departamento de Cultura, Mídia e Esporte (DCMS), a produção, distribuição e

exibição de filmes. No entanto, apesar de produtores bem sucedidos como os

estúdios Working Title, o cenário no país ainda é tomado pelas produções de

Hollywood.

O subsetor de TV & Rádio, compreende as emissoras públicas e privadas,

TVs a cabo ou via satélite e difusão. A British Broadcasting Corporation (BBC)

domina quase que por completo o mercado do Reino Unido o que torna a

concorrência complicada para as produtoras de pequeno porte.

Sobre a soberania da BBC frente as pequenas empresas, o relatório da Unctad de 2010 afirma que as essas “se sentiram limitadas em sua habilidade de competir devido à marca da BBC, que é associada aos altos padrões de jornalismo, qualidade e variedade e profundidade do conteúdo (UNCTAD, 2010, p.92)

No entanto, muitas companhias independentes têm criado formatos de

sucesso e exportado para outros países. Por exemplo, o programa de TV Quem

Quer Ser um Milionário? (Who Wants to Be a Millionaire? Em inglês) de 1998,

idealizado e produzido pela Celador. O formato foi concedido para diversos países

europeus, asiáticos e americanos. No Brasil, ficou conhecido como: Show do Milhão,

apresentado por Silvio Santos, no Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) durante a

década de 2000. Nos cinemas foi tema do filme Slumdog Milionaire10, de 2008.

4.2 CONTINENTE ASIÁTICO

Nos países asiáticos, áreas como audiovisual e novas mídias (filmes,

animações e videogames) têm obtido bom desempenho por estarem aliadas ao

desenvolvimento tecnológico.

Na República da Coréia, “as políticas públicas para o audiovisual são

instrumentais não apenas para aprimorar o setor internamente, mas também para

10 SLUMDOG Millionaire, Direção: Boyle Danny. Celador Films, Reino Unido, 2008. 120 min. Son.

53

orientar as políticas de comércio internacional no contexto das negociações da

Organização Mundial do Comércio (OMC)” (UNCTAD, 2010, p.49).

No Líbano, a indústria criativa para TV & Filmes é bastante significativa.

Beirute costumava ser um dos principais centros de transmissão para todo o mundo

árabe. Com um mercado quase continental, 280 milhões de pessoas tinham acesso

a sua programação.

Ela é o centro de produção (e pós-produção) para a televisão e filmes e

possui vantagens regionais em termos de locação para os filmes, escritores

criativos, atores, diretores e uma entrada contínua de profissionais técnicos

graduados nas universidades libanesas, bem como uma vantagem

comparativa em termos de tradutores, já que muitas pessoas criativas de

Beirute são fluentes em, no mínimo, três idiomas. Sete universidades

libanesas oferecem cursos em produção de filmes ou artes audiovisuais. O

próprio país possui sete canais ativos “licenciados” de TV, bem como um

pequeno número de canais não licenciados, cuja maioria é composta de

canais de entretenimento. (UNCTAD, 2010, p.51).

De acordo com dados da Unctad de 2010, o Líbano possui 12 casas de

produção que produzem comerciais, vídeos musicais, filmes corporativos e

programas de TV e possui e diversas empresas de pós-produção, incluindo

modernas instalações de animação. Uma residência média libanesa possui dois

aparelhos de televisão e, no país, 65% da população assistem TV de 2 a 4 horas por

dia e 82% assistem notícias televisivas diariamente. Quase 80% dos libaneses têm

acesso à televisão a cabo.

4.2 COLÔMBIA

As primeiras avaliações do impacto no PIB colombiano começaram em

2003, quando o Ministério da Cultura decidiu acompanhar os rendimentos de bens e

serviços que relacionados a propriedade intelectual e patentes. Nesse processo,

verificou-se naquele ano que 2% do PIB correspondia a processos criativos

intelectuais. No ano de 2008, uma nova medição foi realizada pela OMPI. Eles

buscaram quantificar a contribuição econômica com base nas indústrias geradoras

de direitos autorais e suas concessões, descobrindo assim que eles contribuíram

54

com 3,3% do PIB e geraram mais de um milhão de postos de trabalho,

correspondendo a 5,8% da população do país.

Outra estratégia é destacar a criação e aprovação do Conselho Nacional de

Políticas Econômicas e Culturais para Indústrias Culturais (Conpes), em 2010, uma

vez que torna o incentivo da economia criativa uma política de Estado.

Na Colômbia, o Ministério da Cultura e do Ministério do Comércio, Indústria e Turismo, desenvolveram importantes iniciativas sobre a promoção e desenvolvimento das indústrias criativas entre os quais estão: Plano de Tecnologia da Informação, Cultura Digital, Empreendedorismo Social e Laboratórios Culturais (LASO). Em 2010 uma grande exposição sobre a realização destes objetivos é a publicação da Política Nacional de Promoção das Indústrias Culturais na Colômbia, o Conpes.11

Além disso, há iniciativas em regiões para o desenvolvimento de clusters

criativos, assim como aconteceu em cidades como Nova York, Londres e Barcelona.

Por exemplo, na região colombiana de Popayan, está sendo desenvolvido um

cluster de indústrias culturais com ênfase em tecnologia da informação e um cluster

de música na cidade de Valledupar.

Instituições como a Câmara de Comércio de Bogotá, desenvolvem iniciativas

que promovam o conhecimento das indústrias, do empreendedorismo e da

comercialização no mercado de clusters. Na área de audiovisual e de artes cênicas

são promovidas feiras de negócios como compradores internacionais e oficinas

especializas em audiovisual. Uma das principais feiras de negócios é a Rueda de

Negocios Audiovisuales de Bogotá ou Bogotá Audiovisual Market. Em sua última

edição, em 2015, a feira aconteceu durante cinco dias e contou com empresários do

ramo de audiovisual da França, da Alemanha, dos Estados Unidos, da Espanha, do

México, daArgentina, do Brasil, do Equador entre outros.12 A feira é composta por

produtores de cinema independente, companhias de distribuição de programas de

televisão, projetos de entretenimento e animação digital.

11 CAJAVILCA. Gloria. El Fomento de Industrias Creativas en Colombia, España y Chile. Disponível em: http://www.odai.org/archivos/fomento-idustrias.pdf. Acessado em 12 NOV. 2015. 12 EL TIEMPO. Audiovisuales / Rueda de negocios audiovisuales: Más de 120 participantes nacionales e internacionales del sector audiovisual entre el 7 y el 9 de julio en Bogotá. Disponível em: http://www.eltiempo.com/archivo/documento/CMS-7770973. Acessado em 12 NOV. 2015.

55

4.2 BARCELONA

Ao pesquisarmos economia criativa em Barcelona, na Espanha, logo

encontraremos o termo associado às olimpíadas de verão de 1992. Para a cidade,

os jogos vieram em um momento importante, já que esta vivia o ápice da crise do

modelo industrial tradicional e a descentralização dos blocos industriais na cidade. A

Olimpíada contribuiu para a internacionalização da capital catalã, deixando de ser a

cidade que se desenvolve por meio da indústria, para se tornar uma cidade turística

e centro de eventos audiovisuais da economia criativa.

Assim, com o início dos jogos, Barcelona passaria a ser vista por milhões de

pessoas ao redor do mundo. Para isso, foram feitos investimentos em infraestrutura,

visando atender o público presente e para os que acompanhariam pela TV, rádio e

outros meios de comunicação.

A transmissão dos jogos veio acompanhada de uma grande campanha de divulgação da cidade, basta lembrar a produção do desenho infantil Cobi, um cachorro da raça Pastor-catalão, mascote dos jogos olímpicos estilizado por Xavier Mariscal. A animação retratava as aventuras do personagem e seus amigos por Barcelona, hoje está exposta na Galeria Olímpica de Montjuic, uma das quatro áreas utilizadas nos jogos de 1992, onde está o Estádio Olímpico de Montjuic.13

Cobi foi apresentado ao público em 1987, após o anúncio de Barcelona

como sede e foi veiculado em uma série de propagandas de patrocinadores

olímpicos. Também apareceu em uma extensa variedade de produtos e souvenirs

da olimpíada, provando ser uma fonte de renda lucrativa. Na época, a animação foi

veiculada em diversos países do mundo, inclusive no Brasil. Cobi foi parte dos

planos de incentivo ao turismo nos jogos de Barcelona 1992. De acordo com o

Comitê Olímpico Internacional, Cobi, juntamente com Misha (mascote das

olimpíadas de Moscou 1980), foi um dos mais populares, rentáveis e bem sucedidos

mascotes olímpicos.

13 GEMINIS, Revista. A economia do audiovisual no contexto contemporâneo das Cidades Criativas. Disponível em: http://www.revistageminis.ufscar.br/index.php/geminis/article/viewFile/119/92. Acessado em 10 NOV. 2015.

56

FIGURA 9 - POSTER DA ANIMAÇÃO A TURMA DO COBI

Fonte: Guies Barcelona14

Bairros como o da Vila Olímpica foram criados, e outros como Poblenou

foram renovados e transformados de forma que hodiernamente concentram

escritórios e empresas de arquitetura e engenharia. Apesar de toda essa

transformação, Barcelona ainda apresenta deficiências na economia criativa, não

sendo suficientemente diversificada, e apenas os setores de TV, cinema, rádio e

artes cênicas estão conseguindo se firmar e atingir o patamar, já consolidado, de

áreas como arquitetura e design.

O destaque fica para o Parc Audiovisual de Catalunya, em Terrassa, cerca de 28 km de Barcelona que, em acordo com a Generalitat de Catalunya (o governo central) mantém convênio com a empresa 22@BCN para desenvolvimento e exploração das atividades no Parque. As universidades

14 BARCELONA, Guies. Jocs Olímpics, 1992, Cobi. Disponível em: http://guiesbarcelona.blogspot.com.br/2013/02/jocs-olimpics-1992-cobi.html. Acessado em 20 NOV. 2015

57

em Barcelona oferecem cursos voltados ao audiovisual, como o Instituto Universitario del Audiovisual. 15

O Instituto Universitario del Audiovisual localiza-se na Universidade Pompeu

Fabra, e é voltado a estudar os conhecimentos da comunicação, engenharia e

cognição, fazendo interdisciplinaridade entre os três. Tudo isso através da definição

de um espaço próprio com base na criatividade, reflexão, pesquisa e

experimentação sobre os aspectos relacionados com a mídia digital.

Na Universidade de Barcelona, a graduação em Audiovisual visa oferecer

uma formação global aos profissionais da comunicação, desde cinema à os novos

meios de comunicação, como internet. Os estudos dessa graduação visam a

aplicação dos conhecimentos nos espaços tradicionais, como também nos espaços

multimídia e virtuais com base nos princípios da profissão: criação, gestão, análise e

critica.

15 GEMINIS, Revista. A economia do audiovisual no contexto contemporâneo das Cidades Criativas. Disponível em: http://www.revistageminis.ufscar.br/index.php/geminis/article/viewFile/119/92. Acessado em 10 NOV. 2015.

58

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A finalidade principal deste trabalho foi identificar pontos da economia

criativa que contrastem com o jornalismo enquanto sua atual fase, que é a

tecnológica e digital, de modo que seja criado um material que sirva de base para os

profissionais do jornalismo entenderem o que é a economia criativa, como atuar ou

utiliza-la em seu favor. Foi apresentado dados das áreas mais atuantes,

perspectivas de salários, número médio de profissionais por região e Estado no

Brasil e alguns casos de sucesso dessa integração entre a economia criativa como

método de mercado e o jornalismo enquanto profissão e profissional no Brasil e em

outros países.

Acreditando na importância, decidimos reunir todos os pontos comuns e criar

este trabalho em perspectiva de cartografia com os principais temas e situações que

o jornalista possa enfrentar caso deseje ingressar na Economia Criativa e de

maneira didática, apresentar o tema para os que ainda não o conhecem.

Constatamos que o número de publicações que abordem os dois objetos é

tímida, o que trouxe dificuldades para a produção desse trabalho. A construção dos

discursos e textos foram feitos de modo interdisciplinar, o que requereu várias

leituras em outras áreas de conhecimento. A Economia Criativa no Brasil ainda é

visto como um campo dentro das Ciências Sociais Aplicadas, constando sua maioria

em estudos da Administração, Economia e Contabilidade. Em segundo, produções

da área de Ciências Humanas e por fim, no campo do Turismo e Comunicação,

abrangendo Jornalismo e Audiovisual. Desse modo, assimilando contextos dessas

diferentes áreas, foi construído o discurso do trabalho para o jornalismo.

Verificamos que as políticas de investimento por parte do Governo Federal

existem, mas de algum modo elas não são conhecidas, tampouco solicitadas ou

requeridas por parte dos empresários. As políticas de propriedade intelectual, por

vezes entre em choque com as questões de patentes e veiculação por terceiros,

confrontando com a política de que o criativo é a palavra de ordem dentro do

conceito de Economia Criativa. Concluímos que essa questão da propriedade

intelectual necessita de revisão Legal e reestruturação por parte das empresas e dos

profissionais detentores de direitos afim de que prevaleça o respeito a Economia

Criativa e a liberdade de crescimento econômico.

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Recentemente o Governo brasileiro reconheceu as áreas das artes e

tecnologia como sendo parte do plano da SEC, o que é bom para a economia e

desenvolvimentos desses setores no país, no entanto, as políticas econômicas como

a tributação e exportação para o micro empresário continuam as mesmas. Esse fator

pode ser um agravante, visto que a economia desse produtor de bem ou serviço é

diferente, consequentemente, a visão do Governo também necessita ser diferente.

Vale ressaltar que quando falamos do jornalismo e economia criativa no

Brasil, ainda percebe-se uma forte concentração de trabalhadores voltados para

produção de conteúdo para redes de emissoras, como por exemplo, Rede Globo e

outras grandes cadeias de TV aberta. No entanto, o que foi interessante de

constatar é que o profissional brasileiro tem se interessado mais para produção de

conteúdo independente, como citado por exemplo, as produções infantis. Isso é uma

vertente diferente dos outros países latinos, europeus e asiáticos.

Observamos que dentro dos 810 mil profissionais criativos no Brasil, apenas

12% deles estejam atuando no mercado editorial, audiovisual Televisão e Rádio.

Isso porque reunimos três setores, o número fica ainda mais modesto com eles

separados, em contrapartida, apenas arquitetura e engenharia ficam com 28% da

fatia de todos os empregos no Brasil. É de se imaginar que o Brasil caminha para

um futuro tão tecnológico a ponto de carecer de maiores e melhores atenções para a

atuação em outros setores do campo de humanas.

Foi interessante verificar que o jornalismo está tão próximo dos ideais da

economia criativa como qualquer outro setor que o compõem principalmente quando

abordamos questões do liberdade do fluxo de informações e o suporte da

infraestrutura digital e dos meios de comunicação. Algo tão defendidos pela

economia criativa que é o direito do indivíduo vivenciar de maneira única uma

experiência e ter acesso a ela independentemente do local que esteja. Jornalistas

enquanto profissionais do direito à informação e da liberdade podem contribuir

bastante para o crescimento desse conceito no Brasil.

Após as pesquisas, verificamos que grande parte do conteúdo, necessita de

suporte sobretudo acadêmico. Não apenas no setor da indústria criativa que o

profissional deseja trabalhar, mas como ele pode iniciar seu próprio negócio. Essa é

uma medida que já existe nas universidade do Reino Unido já e que no Brasil

poderia ser de grande importância para os estudantes. Parte dos estudantes

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concluem seu grau acadêmico, mas nem sempre possuem preparo para gerir seu

próprio negócio ou como trabalhar com startups e incubadoras.

Entendemos que o jornalismo enquanto profissional da comunicação possui

um bom papel dentro dessa engrenagem chamada Economia Criativa.

Principalmente nessa fase em que ele carece de novas perspectivas de atuação

decorrente do crescimento da tecnologia que faz com que tudo e todos possam ser

transmissores, canais e receptores de mensagens.

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