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O Saneamento Básico em Ubá E assim foi a 12ª vez, durante 11 anos e 3 legislaturas, que o Poder Executivo Municipal não conseguiu apresentar à Câmara Municipal de Ubá uma proposta viável para solucionar os problemas do saneamento básico no município.

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Cartilha sobre o Saneamento Básico em Ubá.

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O Saneamento Básico em Ubá

E assim foi a 12ª vez, durante 11 anos e 3 legislaturas, que o Poder Executivo Municipal não conseguiu apresentar à Câmara Municipal de Ubá uma proposta viável para solucionar os problemas do saneamento básico no município.

“”

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O OfíciO da POlítica Ninguém está imune às dificuldades, às frustrações, ao sofrimento; e não há vida cristã sem a aceitação dessas cruzes. Não são mais pesadas nem mais difíceis de carrear as cruzes dos que es-colheram o ofício da política, são apenas diferentes das que cabem aos que fizeram outras escolhas. Vamos enumerar algumas delas que surgem logo nos primeiros passos da vida política e permanecem conosco para sempre. São dificuldades que se apresentam cotidianamente e que não conseguimos mais resolvê-las de forma absolutamente satisfatória. A atividade política implica, necessariamente, em disputa. Não há político – no sentido estrito da palavra – que não esteja envolvido em discussões, críticas, greves e manifestações de massa. É da natureza do ofício. Uma cruz difícil de carregar para quem se vê, de um lado, na obrigação de ser eficaz – e, portanto, combativo e contundente – mas que, de outro, não pode admitir que essa agressividade se transforme em violência e desrespeito aos outros. Não é nada fácil evitar que o combate apaixonado contra as injustiças descambe para a animosidade contra as pessoas. A disputa política trava-se em dois níveis: luta para conquistar os instrumentos requeridos para o exercício da atividade, o mandato, o prestígio, o poder; e luta também, com algum poder nas mãos, contra o poder dos outros. Em ambos os casos, é preciso ganhar aprovação, confiança, simpatia, le-aldade, votos, apoio de milhares de pessoas. Isto requer a ação deliberada de colocar-se em evidência, de fazer propaganda, de buscar notoriedade: Cruz difícil de carregar para quem foi educado na ética da modéstia, da gratuidade das ações, do desprendimento e que convive em um meio que se escandaliza quando alguém se esforça por “aparecer” ou não cede lugar ao companheiro. A política é uma atividade complexa, difícil de ser entendida por quem não a acompanha mais de perto. Os padrões de moralidade do homem público diferem dos que regem a ordem privada. No Brasil, dada a falta de participação do povo na vida pública, essas diferenças de comportamento tornam-se incompreensíveis para a grande maioria. Habilmente exploradas por certos meios de divulgação, geram a imagem de que todo político é um homem interesseiro, de duas palavras, “vira-casaca”, vaidoso aproveitador; uma pessoa que trabalha pouco e ganha muito; um parasita, quando não, desde logo, um ladrão. Essa imagem, infelizmente nem sempre equivocada, mas com certeza injusta quando generalizada, atinge a nós todos e machuca bastante. À cruz pesada da incompreensão, acrescenta-se da angústia: angústia de ser obrigado, em muitas ocasiões, a tomar decisões pelos outros; angústia de ser obrigado – nem sempre com todos os ele-mentos de informação nas mãos – a tomar atitudes que induzem a comportamentos alheios; angústia de possuir uma fala cheia de conseqüências e de ter de usá-la, sem poder exercer integral controle sobre essas conseqüências; angústia de nunca saber, de modo cabal, se essa palavra, expressada quase sempre no calor dos embates, foi de menos, foi demais ou bateu no ponto certo. Mas, a vida do cristão que faz política não é feita somente de cruzes, senão ninguém a suportaria. Nosso Senhor proporciona, também, muita consolação. A primeira é a alegria que vem de dentro. Os militantes cristãos, engajados na ação política, como os antigos construtores de catedrais, sabem que estão colocando algumas pedras para a construção de uma catedral magnífica e eterna – a da justiça e da fraternidade entre os homens. Esta consciência da importância da tarefa, consola. A outra grande alegria vem de fora: é o respeito, a estima, o serviço oferecido desinteressadamente pelos companhei-ros, a lealdade daqueles que percebem o esforço que o político faz e a dificuldade do seu ofício. Ser amado pelos outros, ainda que possam ser apenas uns poucos, também consola.

Adaptação do texto de Plínio de Arruda Sampaio. Por Claudio Ponciano .

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Propostas do vereador para a solução dos problemas de saneamento:

a) Elaborar o Plano Municipal de saneamento;

b) Criar o Sistema Municipal de Saneamento;

c) Fazer um estudo jurídico (isento) sobre o atual contrato com a COPASA;

d) Fazer um estudo técnico (isento) sobre o potencial hídrico do município;

e) Realizar um plebiscito ou referendo caso as medidas anteriores não indiquem caminhos.

claudio Ponciano45 anos;Casado;Dois filhos;Profissional Gráfico;Militante Social;Agente de Pastoral Social;Dirigente do PT em Ubá;Vereador;Presidente da Câmara Municipal.

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aS MENtiRaS O ex-prefeito de Ubá Dirceu dos Santos Ribeiro enganou a população na campanha eleitoral de 2004 quando disse que já havia negociado com a CO-PASA uma indenização de 11 milhões de reais pela concessão dos serviços de tratamento de esgoto da cidade e, na apresentação do projeto na Câmara Municipal, a indenização era somente 6 milhões de reais. Mentiu, em 2006, à Câmara Municipal de Ubá quando tentou aprovar propostas que eram do agrado dos vereadores e da comunidade, mas que não tinham a aprovação da direção estadual da COPASA em Belo Horizonte. O ex-prefeito tentou, também, enganar os vereadores ao tentar aprovar um contrato de concessão onde dizia textualmente que: 1) A COPASA iria operar o sistema de esgotamento sanitário de Ubá de graça durante um ano; 2) Que a COPASA iria realizar todas as obras de fundo de vale¹; 3) Que a COPASA iria construir uma avenida ao lado do campo do Ban-deirantes. Estas mentiras só foram descobertas quando os vereadores e uma co-missão de cidadãos viajaram até Belo Horizonte e a direção da COPASA per-guntou se estas propostas estavam em papel timbrado da COPASA. Como não estavam, a empresa não reconhecia como sendo dela. Como já sabia das mentiras, o ex-prefeito não viajou a Belo Horizonte com os vereadores para juntos discutirem com a alta direção da COPASA.

aS aMEaÇaS Se não bastassem as mentiras, vieram as ameaças: a então vereadora Cleusa Maria da Costa foi demitida do Lactário Anália Franco juntamente com a sua irmã que, posteriormente, veio a falecer com depressão. O vereador Jorge da Kombi sofreu ameaças e teve todos os seus irmãos demitidos das empreiteiras em que trabalhavam. O Vereador Claudio Ponciano foi demitido do Sindicato Rural depois das ameaças de corte de convênio feitas pelo ex-prefeito. O ex-vereador Pastor Darci Pires da Silva, teve o seu filho demitido e foi alvo de zombaria nos veículos de imprensa da cidade; O Dr. Atílio só não foi demitido da APAE porque o diretoria não se sub-meteu às ameaças.

O cOMPORtaMENtO da BaNcada dO Pt Na cÂMaRa MUNiciPal dE UBÁ EM 2005

Ao receber o projeto de Lei 049/2005, a bancada do Partido dos Traba-lhadores, composta pelos vereadores Dr. Atílio Geraldo Neto e Claudio Pon-ciano, elaborou um documento intitulado de “Análise do Contrato” que foi distribuído para mais de 150 entidades e autoridades municipais, que até a presente data não foi contestado por ninguém.

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PRiNciPaiS afiRMaÇÕES dEStE dOcUMENtO a) Negociação implica em ato bilateral, onde os poderes e a conces-sionária, conjuntamente, chegariam a um termo comum. No caso em dis-cussão, tal condição não ocorria e, no caso de alteração unilateral de algum dispositivo contratual, seria necessária a anuência da outra parte. Assim, a negociação devia preceder a elaboração do contrato e da edição de Projeto de Lei. Deixamos claro: “não existir espaço para emendas de vereadores”. b) A segunda questão relevante apresentada no documento da bancada do PT afirmava que o contrato não atendia aos requisitos da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, que dispõe sobre o regime de concessão e permis-são da prestação de serviços públicos previsto no artigo 175 da Constituição Federal. O contrato apresentado para votação na Câmara Municipal de Ubá é um modelo padrão fundamentado no PLANASA, da década de 70, época da ditadura militar, que não garante ao município e aos usuários as conquistas da Constituição de 1988 (ver texto completo no www.claudioponciano.com.br).

a conquista da participação popular Em 27 de janeiro de 2006, em acatamento à sugestão da Federação das Associações Comunitárias de Ubá, o ex-prefeito publicou a portaria nº 6.723 constituindo uma comissão de acompanhamento das negociações. A Comissão era composta pela: ADUBAR; ACIU; Câmara Municipal; Diocese de Leopoldina; FEMAC; SEA/CREA; INTERSIND; Imprensa; Prefeitura; OAB; Centro de Estudos Puris e OPLEU. A Comissão deliberou pela realização de 10 audiências públicas que foram realizadas nos diversos bairros de Ubá. O ex-prefeito optou por ti-rar férias neste período e, graças à credibilidade da FEMAC, as audiências tiveram uma participação de mais de 2 mil usuários dos serviços de água e esgotamento sanitários.

Audiências públicas em vários bairros da cidade

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a fala dos usuários nas audiências públicas Na audiência do Centro foi questionada a falta de investimento no meio ambiente e o método de tratamento da COPASA, já em desuso nos países desenvolvidos. A COPASA foi denunciada como poluidora do Rio Ubá, uma vez que ela retira mais água que o permitido por lei; trata a água e devolve o resíduo para o rio. A comunidade denunciou também a falta do projeto que não é do conhecimento dos usuários de Ubá. No Bairro Santa Bernadete e região, os usuários perguntaram por que, ao invés de fazer anel rodoviário e aeroporto, não se consegue dinheiro com o Governo Federal para o tratamento do esgoto? Finalmente, sugeriu-se que os recursos obtidos com a indenização se-jam utilizados para subsidiar os que não podem pagar. Os usuários pediram aos vereadores para levarem em conta a realidade local dos trabalhadores. No bairro Primavera e região, com a uma participação recorde de mais de 200 pessoas, as lideranças acusaram a executiva da FEMAC de estarem “vendidos” à COPASA e à Prefeitura, o que não era verdade, respondeu a FEMAC. Mais uma vez, a ausência do projeto e métodos do tratamento foram questionados. Como a empresa pode ter uma proposta de tarifa se ela não tem o projeto que determina os custos? A tarifa foi duramente questionada com pronunciamentos contundentes e sensatos e que estão, até hoje, grava-dos nos arquivos da FEMAC. No bairro São João e adjacências o assunto predominante foi a TARIFA. Os usuários afirmaram que concordam com o tratamento, mas o baixo sa-lário recebido pelos trabalhadores é o problema. Foi questionado também o porque da não municipalização ou mesmo a licitação. Na COHAB e região a tarifa foi o principal questionamento, além da já tra-dicional preocupação com a tecnologia e com o desconhecimento do projeto pela sociedade ubaense. A quinta audiência pública, que foi realizada na comunidade Ponte Preta e região, serviu para consolidar a posição contrária da comunidade à tarifa proposta pela COPASA. Apareceram apenas duas perguntas novas: A primei-ra, sobre a localização das estações de tratamento e se elas não trarão pre-juízos para a comunidade vizinha. A segunda: se o projeto não for aprovado, como iria ficar? Na Vila Casal, a principal pergunta que ganhou força foi por que a prefei-tura não assume este serviço? Os usuários afirmaram que a Prefeitura pre-cisa assumir a titularidade do serviço e a COPASA precisa flexibilizar alguns pontos, principalmente, quanto a um fórum de decisão regional levando em conta que a Zona da Mata é a segunda região mais pobre de Minas. No bairro São Domingos os usuários criticaram e denunciaram o auto-ritarismo da COPASA que troca os hidrômetros sem avisar ao usuário e a conta aumenta. A população paga pelo ar que vai no cano. Os buracos da COPASA nas ruas da cidade. Paga-se por 10m³ mas só se utiliza três. Quan-

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do gasta acima de 10 metros cúbicos a COPASA triplica o preço. Que cobra o reaviso. Que pouco se investiu em Ubá. Os usuários denunciaram, também, que fica muito ruim para o povo e cômodo para COPASA decidir tudo em BH e impor nas costas do povo do interior omitindo, inclusive informações, como é o caso da troca dos hidrô-metros. Mais uma vez, pede-se por licitação! No bairro Agroceres e região os usuários não pouparam a COPASA pela sua falta de transparência em relação às tarifas, com algumas posições ra-dicais, inclusive. Um morador perguntou o que a COPASA tem feito para melhorar a quantidade de água na nascente da Miragaia e não ficou satisfeito com a resposta, uma vez que o representante da COPASA falou o que pre-tende fazer, e não o que foi feito ao longo dos últimos 30 anos em que detém a concessão da água. Um morador questionou sobre a licitação e outro, o porque da não municipalização.

cONclUSÕES i - O município é o titular do saneamento: Eu, Claudio Ponciano, fui o único vereador que participou das 10 audiên-cias públicas. Após ouvir o povo, a COPASA e a Prefeitura de Ubá; após estudar as experiências de outros municípios e outros países; após analisar a lei 11.445 de janeiro de 2007, cheguei à seguinte conclusão: O município é o titular do serviço de saneamento. Por isso, ele transfere a concessão, mas não abre mão do planejamento, da regulação e da fiscali-zação, inclusive do planejamento da aplicação dos recursos. Mesmo o mu-nicípio cedendo a concessão à COPASA ou a qualquer outra concessionária, tem que construir instrumentos de regulação e fiscalização.

ii – O tratamento de esgoto é financiado com a cobrança de tarifas: Finalmente, quanto à municipalização, tem que haver vontade do execu-tivo, planejamento e competência gerencial. Todavia, mesmo se o serviço for municipalizado, haverá cobrança de tarifas. Não existe outra saída! A vantagem da municipalização é que a tarifa será definida em Ubá e, tradicionalmente, as tarifas dos serviços municipais são menores.

as propostas do grupo dos cinco, ouvida a comunidade

A comissão criada pela portaria nº 6723, de autoria do ex-prefeito mu-nicipal, elaborou uma proposta de contrato de concessão observado a legis-lação vigente e apresentou a ele para que fosse encaminhado à COPASA. A comissão requereu a vinda da diretoria da COPASA em Ubá para debater a proposta, o que até o momento não aconteceu. E, na visita de uma comis-são, dos vereadores e lideranças a Belo Horizonte, os advogados da COPASA

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disseram que só discutiriam um contrato padrão. Ignoraram, portanto, o tra-balho da comissão de negociação. Não sei se, por ignorância ou má fé, o ex-prefeito e o radialista da Rádio Educadora, Washington Ferreira, insistiam para que apresentássemos o tex-to fruto das audiências públicas como emendas ao contrato que tramitava na Câmara Municipal. Nós, os vereadores do grupo dos cinco, entendemos que este texto só teria valor se tivesse havido acordo com a COPASA, caso contrário, seria uma traição aos usuários, uma vez que, tudo o que não fosse do agrado da COPASA seria VETADO, passando a valer apenas o artigo que permite a concessão. A Comunidade ficaria desprotegida de todos os mecanismos de pla-nejamento, regulação e fiscalização. Conforme já dissemos anteriormente, “contrato é ato bilateral e não pode ocorrer alteração de algum dispositivo sem a necessária anuência da outra parte. (ver texto completo no www.claudioponciano.com.br)”.

PROJEtO da cOPaSa12 rejeições na câmara Municipal de Ubá.

12 projetos de lei sobre a concessão dos serviços de tratamento de água e esgoto da cidade de Ubá à COPASA-MG, já tramitaram na Câmara Munici-pal desde 1997 e foram todos rejeitados.

Mesmo depois de terem sofrido tantas rejeições e derrotas na Câmara Municipal, os mesmos textos dos mesmos projetos de lei são enviados pelos sucessivos governos e ainda não apresentam as respostas para os graves problemas do saneamento básico para Ubá. O primeiro projeto de Lei, que deu entrada na Câmara Municipal de Ubá em 29 de junho de 1997, autorizava a Concessão dos Serviços Urbanos de Esgotamento Sanitário da sede do município à COPASA-MG. O referido projeto de lei propunha um termo aditivo ao contrato atual, que concede o tratamento de água, prorrogação por mais 30 anos concedendo, também, o tratamento do esgoto por 30 anos. O Poder Executivo municipal através da sua liderança na Câmara Mu-nicipal apresentou diversas emendas ao projeto de lei original. As emendas foram aprovadas, mas o projeto rejeitado. A oposição entendia que as emen-das seriam “inócuas e estéreis” uma vez que a COPASA já havia dito que só aceitava o contrato padrão e o ex-prefeito havia dito que “iria lutar junto à COPASA para que as emendas fossem aceitas”. Em 27 de abril de 1998, a Proposta de Concessão dos Serviços de Tra-tamento de Água e Esgoto à COPASA deu entrada novamente na Câmara Mu-nicipal de Ubá através do projeto de lei 12/98. Na mensagem, o ex-prefeito avisava que o projeto de lei havia sofrido pequenas alterações, além de uma importante emenda alusiva ao Conselho Municipal de Saneamento. Em 22 de

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julho de 1998, o projeto foi retirado de tramitação pelo ex-prefeito ao saber que já não tinha os votos necessários à sua aprovação. Em 03 de agosto de 1998, recomeçou a discussão com a entrada em tramitação do projeto de lei 62/98 que autorizava a Concessão dos Serviços Urbanos de Água e Esgoto Sanitário à COPASA. Esta tramitação durou ape-nas 26 dias porque, no dia 31 de agosto de 1998, o projeto de lei 62/98 foi retirado pelo ex-prefeito sem sofrer nenhuma votação. Em 22 de fevereiro de 1999, a autorização para Concessão dos Serviços de água e Esgoto Sanitário à COPASA começou novamente a tramitar na Câ-mara Municipal de Ubá através do projeto de lei 05/99 e, em 13 de setembro de 1999, foi rejeitado por 08 votos favoráveis e 06 votos contrários (o projeto precisa de 10 votos para ser aprovado, ou seja, dois terços). “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”: com este slogan, o ex-prefeito inicia a mensagem que capiava o projeto de lei 001/2000, pro-tocolado na Câmara Municipal no primeiro dia legislativo do ano 2000. O Projeto autorizava a Concessão dos Serviços de Esgotamento Sanitário de toda a sede do município à COPASA. Mais uma vez, a Câmara Municipal não foi convencida e o projeto, rejeitado. Nos anos de 2001 e 2002, este tema ficou ausente das discussões da Câmara Municipal de Ubá, e só retornou em maio de 2003, mais especifica-mente no dia 23, quando deu início a tramitação do Projeto de Lei 049/2003 autorizando o município a renovar a concessão dos Serviços Públicos de Água à COPASA, mas, apenas a água. Este projeto de lei foi devolvido ao ex-prefeito, por solicitação do mesmo, sem sofrer nenhuma votação. Já eram 21 de junho de 2004 quando, novamente, deu entrada na Câ-mara Municipal de Ubá o Projeto de Lei 089/2004 autorizando o município a renovar a Concessão dos Serviços de Abastecimento de Água, mais uma vez, apenas a água. Projeto retirado pelo autor. No dia 05 de novembro de 2004, foi o dia da grande novidade dos úl-timos 30 anos. O ex-prefeito Dr. Antônio Carlos Jacob encaminhou para a tramitação na Câmara Municipal de Ubá o Projeto 130/2004 pedindo sim-plesmente autorização legislativa para celebrar um termo aditivo ao Contrato de Concessão vigente para execução e exploração dos serviços de abaste-cimento de água. O termo aditivo visava apenas estender a área de atuação da COPASA para todo o território do município, permanecendo inalteradas as demais cláusulas. Este projeto, se aprovado, permitiria a atuação da COPASA na Colônia Padre Damião, Diamante, Miragaia, Barrinha, etc. Este projeto de lei foi arquivado no dia 04 de janeiro de 2005, sem sofrer nenhuma votação. Observação: No período 2001/2004, governo do ex-prefeito Dr. Antô-nio Carlos Jacob, não houve nenhuma tentativa de entregar o esgoto para a COPASA. Todos os projetos apresentados visaram renovar a concessão do tratamento e distribuição da água.

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Quanto à solução para o esgotamento sanitário A equipe do Dr. Antônio Carlos Jacob elaborou e aprovou junto a Agência Nacional das Águas e o Órgão de Gestão das Águas da Bacia do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP, um projeto com recursos a fundo perdido para construir a primeira estação de tratamento de esgoto de Ubá no valor de mais de 01 milhão de reais e recursos para ações de meio ambiente. O sucessor do ex-Prefeito Antônio Carlos Jacob não deu continuidade ao projeto e os recursos foram perdidos. Reflexão de Claudio Ponciano: “É preciso refletir se esta é a melhor estratégia: entregar a água para a COPASA e ficar com o esgoto: Não! Na minha opinião, não é! O município deve entregar os dois ou ficar com os dois”. Mais a diante vamos explicar o porquê. Em 18 de novembro de 2005, já na administração Dirceu Ribeiro, deu início a tramitação na Câmara Municipal de Ubá do Projeto de Lei 091/2005, que ficou conhecido também como Projeto 171 (um sete um), ou contrato fantasia. O Projeto de Lei 091/2005 autorizava a Concessão dos Serviços Públi-cos de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário à COPASA. A prin-cipal novidade, foi que a comunidade de Ubá estava tomando um prejuízo de 05 milhões de reais, uma vez que o candidato Dirceu dos Santos Ribeiro havia prometido na campanha eleitoral de 2004 que a indenização seria de 11 milhões de reais. Todavia, no projeto de lei encaminhado à Câmara Muni-cipal, constava indenização de apenas 06 milhões. Mais uma enxurrada de mentiras foi dita à comunidade ubaense, confor-me já foi dito anteriormente. Diante da impossibilidade de negociar com a COPASA as propostas da comunidade - em sua maioria de cunho ambiental, econômica, de regulação e fiscalização e diante da quebra de confiança entre os poderes - não restou outra alternativa a não ser rejeitar o referido projeto de lei.

Nova lei federal do saneamento: lei 11.445 de 06 de janeiro de 2007: fim da ditadura militar para copasa.

Desde a década de 70 que o Brasil não tinha um marco regulatório para o saneamento básico. Esta lacuna dificultava a vida dos municípios e facilitava a vida das concessionárias que impunham, de forma imperial, aos municí-pios a sua política da época da ditadura militar. A aprovação pelo Congresso Nacional da Lei 11.445, de 06 de janeiro de 2007, também conhecida como o novo marco regulatório do saneamento, causou profundas modificações na relação das concessionárias em favor dos municípios. Imediatamente, após a aprovação da Lei 11.445, que favorecia a muni-cipalização dos serviços, a COPASA diminuiu a sua tarifa de esgoto de 100%

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do valor da água para 60% do valor da água. Não dá ainda para avaliar se esta “jogada” é boa ou ruim para comunida-de pois, no ano anterior, ela havia diminuído o mínimo de consumo para 6m³ e manteve o preço de 10 m³. Também não temos a garantia que a tarifa não voltará a 100% após a aprovação de várias concessões.

Mudança de contrato para convênio: Efeito da nova lei.

Em 20 de agosto de 2007, deu entrada novamente o Projeto de Lei 064/2007 que autoriza o município a celebrar convênio de cooperação com o governo do estado, onde o município transfere ao estado as competências de organização, regulação, planejamento, fiscalização e prestação dos servi-ços. A diferença básica entre contrato e convênio, neste caso específico, é que no contrato, como é hoje, a COPASA, autoritariamente faz o que quer com o município e com os usuários:

• Nãotemmetasestipuladasacumprir;• investeoquerequandoquer;• nãosesubmeteanenhumaagênciareguladoraoufiscalizadora;• defineastarifasemBeloHorizonteeasimpõeaosusuáriosdetodooestado sem observar as realidades locais; • praticaumapolíticadesubsídiocruzadoondeosrecursosarrecadadosem Ubá são levados para outras localidades e para remunerar os acionistas. • Faztudoissoamparadanumcontratoelaboradonaépocadaditaduramilitar.• No caso, o convênio domunicípio como estado deMinasGerais, anova estratégia da COPASA para não perder concessão após a nova Lei do Saneamento, Lei 11.445 de 06 de janeiro de 2007.• Omunicípiopassaaterinstrumentosdedefesa,umavezqueestanovalegislação atribui ao município a prerrogativa do PLANEJAMENTO.• OArt.90dalei11.445dizqueotitulardosserviçosformularáarespec-tiva política pública de saneamento básico, devendo, para tanto elaborar os planos de saneamento básico, nos termos desta Lei. De acordo com a lei, o município não pode entregar o planejamento.

a descoberta da roda Ora, se um dos entraves para aprovação da Concessão dos serviços de água e Esgotamento Sanitário de Ubá à COPASA, pela Câmara Municipal de Ubá, era o Contrato Padrão (autoritário, da época da ditadura militar, que só assegurava dos direitos da COPASA), o município não tinha os instrumentos jurídicos eficientes para cobrar os seus direitos. A Lei 11.445 de janeiro de 2007, acabara de criar vários instrumentos de

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fiscalização, regulação e o principal destes instrumentos é o plano municipal de saneamento que tem de ser elaborado pelo município antes da celebração do convênio. A lei é clara quando diz que a concessionária tem que acolher as propos-tas contidas no Plano Municipal de Saneamento aprovado antes da conces-são. Este entendimento resolveria, pelo menos, um dos grandes entraves en-tre o Município de Ubá e COPASA, que se arrasta há 11 anos. A COPASA insiste em atender com água e esgoto tratado apenas a sede do município, onde dá mais lucro. Trata os moradores de Diamante, Ubari, Miragaia e das localidades tais como, a Colônia Padre Damião, como cida-dãos de segunda classe. A Câmara luta há 11 anos para incluir estas locali-dades no projeto e a COPASA nunca encaminhou um documento em papel timbrado para a CÂMARA dizendo que aceita. Agora, com o Plano Municipal de Saneamento e com os novos instru-mentos jurídicos da Lei 11.445 de janeiro de 2007, a relação muda, o muni-cípio deixa de ser pedinte e passa ser propositor. É o município que vai dizer o que precisa ser feito. Suas necessidades constarão do plano com os prazos fixados e, posteriormente, constarão do contrato de programa e a negocia-ção será permanente durante a vigência do convênio. Este entendimento foi o ponto central para os posicionamentos dos ve-readores do Grupo dos Cinco mas, na verdade, não é nenhuma invenção da roda, pois ele já constava na Lei Orgânica do Município elaborada e aprovada pela Câmara Municipal de Ubá em 23 de março de 1990, portanto, há 18 anos. O Art. 281 da Lei Orgânica diz que a formulação da política de sanea-mento básico, a definição de estratégias para sua implementação, o controle e a fiscalização dos serviços e a avaliação do desempenho das instituições públicas serão de responsabilidade do Conselho Municipal de Saneamento Básico, que terá caráter consultivo. O parágrafo segundo do artigo 281 diz que o Conselho Municipal, con-solidando planejamento das eventuais concessionárias de nível supramu-nicipal, elaborará o Plano Municipal Plurianual de Saneamento Básico, que será submetido ao prefeito para, com as modificações que entender cabíveis, encaminhá-lo, sob a forma de projeto de lei, à Câmara Municipal. O conselho foi criado pela Lei Municipal nº 2.791 de 15 de abril de 1998, entretanto, nunca os seus membros foram nomeados pelo prefeito para atu-arem e, em consequência, o município não tem um plano municipal de sane-amento. Sem o plano, o principal instrumento de negociação, não há como cami-nhar na solução para os graves problemas de saneamento da nossa cidade. Partindo deste entendimento, o projeto de Lei 064/2007 recebeu dois pareceres na Comissão de Constituição, Justiça e Redação Final. Os vere-

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adores Cláudio Ponciano e Pastor Darci Pires da Silva deram parecer pela inconstitucionalidade e ilegalidade do projeto de lei, baseando-se na Lei Or-gânica do município e na Lei 11.445 de 06 de janeiro de 2007. Os vereadores alegaram no parecer que o município não pode delegar, sem antes fazer o plano municipal de saneamento, previsto na Lei Orgânica desde 1991. O vereador Carlos Rufato deu parecer pela constitucionalidade. No Ple-nário, o parecer dos vereadores Pastor Darci e Cláudio Ponciano, pela in-constitucionalidade, foi aprovado por 05 votos favoráveis e 04 votos contrá-rios. Portanto, a Câmara Municipal de Ubá entendeu que o município tem que fazer o plano municipal de saneamento antes de conceder o serviço. Em 2008, através da mensagem 001 de 18 de fevereiro de 2008, o po-der executivo encaminhou novamente o mesmo Projeto de Lei, sem nenhu-ma novidade, que autoriza o executivo a celebrar convênio de cooperação com o estado de Minas Gerais, para delegação ao Estado das competências de organização, regulação, planejamento, fiscalização e prestação dos servi-ços públicos municipais de abastecimento de água e esgotamento sanitário, bem como da competência para selecionar empresa para prestar tais servi-ços, por meio de contrato de programa a ser celebrado entre o município, o estado e a empresa. Paralelamente à tramitação deste projeto na Câmara Municipal, o ex-prefeito resolveu colocar no site eletrônico da Prefeitura Municipal de Ubá, em consulta pública 001/2008, a proposta de discussão do plano municipal de saneamento do município de Ubá. A proposta do ex-prefeito era do estilo “Crtl C - Ctrl V” (copia e cola), ou seja, baixada da internet, sem discussão no Conselho Municipal do Saneamento, já que este não foi nomeado, portanto, sem nenhuma legitimidade. A elaboração do plano municipal de saneamento é uma exigência da Lei Orgânica do município de Ubá, bem como da Lei Federal 11.445 de janeiro de 2007 e fundamento principal para o posicionamento dos vereadores do Grupo dos Cinco. O plano é o instrumento legal para garantir que as demandas dos usuá-rios sejam respeitadas após a assinatura do contrato padrão ou convênio. Mais uma vez o ex-prefeito fez uma cena e logo após a rejeição do pro-jeto na câmara, por causa da falta do plano municipal de saneamento, enga-vetou a proposta. E assim foi a 12ª vez em 11 anos, 3 legislaturas, o poder executivo mu-nicipal não consegue apresentar à Câmara Municipal de Ubá uma proposta viável para solucionar os problemas do saneamento básico no município.

cOMO EStÁ a SitUaÇÃO dO SaNEaMENtO EM UBÁ?abastecimento d’Água

De acordo com avaliação da Prefeitura Municipal de Ubá, contida na consulta pública 001/2008, o abastecimento de água é satisfatório na sede

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do município. As principais deficiências são: a vazão reduzida dos manan-ciais nos períodos de estiagem e intermitência de abastecimento nos bairros mais altos, o que gera o ar no cano e a comunidade é quem paga. Nos Distritos de Diamante, Ubari e Miragaia o abastecimento é feito através de poço semi-artesiano com manutenção da Prefeitura Municipal de Ubá. Além da água não ser tratada, a bomba às vezes queima e o povo fica vários dias sem água.

Nos vilarejos e outras aglomerações compreendidas fora da sede do município: Campo de Aviação, Barrinha, Ubeba, Ubá Pequeno, Ligação, Cór-rego da Zueira, entre outros (esqueceram da Colônia Padre Damião), o abas-tecimento é feito através de poços semi-artesianos ou captação direta de nascente sem manutenção e fiscalização da Prefeitura Municipal de Ubá. Obs.: O contrato que concede a água para a COPASA por 30 anos ven-ceu em 2004 e foi prorrogado automaticamente por mais 10 anos, devendo vencer em 2014, mas pode ser renovado a qualquer momento caso as par-tes cheguem a um acordo. De acordo com o contrato, se o município quiser romper unilateralmente este contrato ele terá que indenizar à COPASA todas as benfeitorias feitas no município. Pela prestação deste serviço os usuários pagam tarifa à COPASA, cujo valor é fixado pela empresa em Belo Horizonte. A empresa não tem a obri-gação de prestar constas ao município do valor arrecadado, bem como não investe em Ubá o superávit. Também não paga os impostos municipais.

Sistema de Esgotamento Sanitário A sede do município conta com sistema público operado pela prefeitura, sendo o índice de atendimento da ordem de 88% (oitenta e oito por cen-to). A parte central possui atendimento em sua totalidade. Já os bairros têm atendimento parcial, sendo muito comum a existência de fossas em vários bairros da cidade. A rede coletora de esgotos é constituída de manilhas de

E.T.A. Miragaia - COPASA

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Fossa no Bairro Santa Rosa

cerâmica com diâmetro entre 100 e 150 mm, numa extensão aproximada de 146km. Esta rede coletora lança as imundícies em fundo de vale e cursos d’água da região, sem qualquer tipo de tratamento. Nos distritos e povoados localizados fora da sede urbana do município, encontra-se uma rede coletora de esgoto parcial que é lançada em cursos d’água próximos. Inclusive, todo o esgoto do distrito da Miragaia (onde está localizada a nascente do Rio Ubá) que abastece a estação de tratamento de água da COPASA na Cohab, é lan-çado in natura no Rio Ubá. Todo o esgoto da comunidade do Tanquinho e do novo loteamento da prefeitura é lançado in-natura no Ribeirão Ubá-pequeno que abastece a estação de tratamento de água da COPASA de Peixoto Filho. A tarifa fixada pela Prefeitura Municipal de Ubá com valor aproximado de 3 reais por mês, cobrada através do IPTU, é insuficiente para financiar de forma eficiente a coleta e o tratamento do esgoto. Além das tarifas serem insuficientes, o meio da cobrança através do IPTU, também não permite uma arrecadação satisfatória dos recursos uma vez que é grande a inadimplência.

Resíduos Sólidos Aproximadamente, 70 toneladas de lixo domiciliar são recolhidos diaria-mente no município e despejados no lixão, na comunidade rural do Quebra-Côco. Uma grande quantidade de lixo continua sem aterramento, desde do ano de 2004, com o chorume correndo a céu aberto contaminando o solo, bem como as nascentes e cursos d’água de toda a região do Quebra-Côco. Nos mês de março de 2008, a comunidade vizinha do lixão, cansada de promessas durante os últimos 18 anos, fechou por algumas horas a pas-sagens do caminhão para despejar o lixo e acionou o poder judiciário. Em resposta, e para fazer mais uma cena, o ex-prefeito abriu um processo de licitação que, com certeza, não chegará ao fim já que o município não tem o dinheiro para realizar a obra. Por falta de eficiência na coleta e de uma política de comunicação, uma enorme quantidade de lixo doméstico é despejada dia-riamente nas encostas e nos cursos d’água. Nós últimos anos, as empresas

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que prestam serviço na coleta foram substituídas quatro vezes sem o devido processo licitatório. Apenas nos anos de 2006/2007, foram gastos mais de quatro milhões e meio com o pagamento da coleta de resíduos sólidos no município. Em várias ruas e avenidas da cidade, o lixo fica amontoado a espera do caminhão que passa três vezes por semana. A tarifa pela coleta de lixo é cobrada no IPTU, a exemplo da tarifa de esgoto, não existe eficiência na arrecadação devido à inadimplência no pagamento do IPTU. Por outro lado, a população não se satisfaz com o serviço prestado uma vez que, em várias ruas, nunca há varredores. Em 1993, quando tomou posse o Prefeito Dirceu dos Santos Ribeiro, por picuinha ou politicagem, não deu continuidade à instalação do projeto da usina de reciclagem comprada no governo anterior, que apodreceu sem o devido uso. Aproximadamente, 50 toneladas de entulhos da construção civil são despejadas diariamente nas margens dos rios, estradas e terrenos baldios da cidade, sem nenhum controle por parte da prefeitura. A própria prefeitura despeja entulhos e terra proveniente da limpeza da cidade nas margens das estradas, rios e terrenos baldios.

drenagem Urbana Os problemas de macro drenagem da cidade devem-se, principalmente, ao fato da cidade estar localizada em um vale estreito e íngreme às margens do Rio Ubá, recebendo assim, grande volume de água em curto espaço de tempo. No ano de 2005 e 2007, a região central da cidade e algumas comuni-dades ribeirinhas sofreram prejuízos com as enchentes, o que prova a ine-ficiência dos sistemas de macro e micro drenagens da cidade. Dezenas de fábricas e residências são inundadas anualmente com as águas das chuvas. A cada chuva, as poucas máquinas da prefeitura são colocadas nas ruas para retirar o barro que desce dos morros, gastando tempo e dinheiro

Chorume no Lixão de Ubá

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do contribuinte em serviços que não existiriam se cidade tivesse plano de drenagem e contenção de encostas, aliada a uma política de fiscalização sobre a movimentação de terra. Não existe cobrança de tarifa especifica para a drenagem urbana.

controle de vetores Desde a metade da década de 90, a cidade vive sucessivas epidemias de dengue. O setor de combate a dengue é constituído de 40 agentes comunitá-rios. Os recursos para funcionamento deste setor vêm dos governos federal e estadual. O trabalho tem se mostrado ineficiente devida a falta de um plano capaz de envolver os outros setores da prefeitura nesta tarefa. Nem os seto-res de fiscalização e de vigilância sanitária, imprescindíveis para o sucesso no controle da doença, trabalham articulados. A população vive reclamando da ausência da prefeitura no trabalho de eliminação de ratos, carrapatos, escorpiões, morcegos, entre outros.

RESUMO A contratação com a COPASA não cumpre satisfatoriamente os princí-pios a seguir, portanto, não resolve os problemas do saneamento em Ubá - integralidade: A COPASA não atende pelos serviços de saneamento com uma visão integral, que cuida do saneamento como um conjunto de ações envolvendo, pelo menos, o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, a limpeza pública, e drenagem pluvial e o controle de vetores. A COPASA cuida somente da água e esgoto, porque são mais lucrativos. Caso o município queira passar a água e o esgoto para o COPASA tem que apresentar à sociedade, antes da decisão, a solução para os outros pro-blemas de saneamento; - titularidade Municipal: A COPASA não tem reconhecimento e não res-peita a autonomia municipal em coerência com o preceito municipal - para se

Barro nas encostas do Ribeirão Ubá

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fazer justiça - o município, também, por falta de competência dos gestores, não se impõe como titular; - Participação e controle Social: É necessária como requisito indispen-sável para tornar visível e legitimada a diversidade de interesses, bem como, para a apropriação dos equipamentos de saneamento pela população. A COPASA vive ainda sobre a proteção de contratos feitos antes da Dita-dura Militar e se submete às agencias reguladoras. - intersetorialidade: Integração com o desenvolvimento urbano, a saúde pública e com as áreas ambientais e de recursos hídricos, entendida como indispensável para atingir o pleno êxito das ações, por natureza complexa. Mais uma vez, cabe ao município que pretende contratar a COPASA, provar para os seus munícipes como irá tratar estas questões, antes da apro-vação da concessão, é claro! - acesso: Compatibilização da política tarifária com o poder aquisitivo do usuário, mediante a prática de modicidade dos preços. A Política de tarifa social da COPASA é razoável para a região metropolitana da Capital onde, a maioria pobre, reside em favelas com residências inferiores a 44 m², mas não atende a cidade de Ubá, onde as residências dos pobres são maiores.

Respondendo as principais perguntas dos usuários de cidadãos ubaenses.

- Por que não municipalizar? Hoje o serviço de captação, tratamento e distribuição da água está concedido à COPASA até 2014 e é superavitário. Os demais serviços de saneamento são municipais e, conforme já foi dito anteriormente, são deficitários e não tem qualidade. A “opção” de municipalizar, ou não, o saneamento cabe ao Poder Exe-cutivo Municipal, ouvido a sociedade através de Conferências Municipais do Conselho Municipal de Saneamento e o poder Legislativo, conforme determi-na a Lei Orgânica do município ou outros meios de democracia direta como o referendum e plebiscito. A “decisão” de municipalizar, ou não, deve ser subsidiada com, pelo menos, dois estudos técnicos realizados por órgãos isentos, ou seja, não podem ser realizados pela COPASA. Para ser auto-sustentável financeiramente e eficaz, é recomendado que a política de saneamento básico seja unificada e não fragmentada como é hoje. A COPASA fica com a água e talvez com a coleta e tratamento de esgoto que são rentáveis e o município fica como o restante. Os tratamentos de água e esgoto têm de andar juntos, pois o meio mais eficaz para cobrar a tarifa do esgoto é na conta de água e o superávit destes serviços financia os serviços deficitários. Sendo assim, para municipalizar, precisa-se retomar a concessão dos serviços de tratamento e distribuição de água para o município. Para tomar esta decisão necessitamos de um estudo técnico/jurídico, feito por equipe

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competente e isenta, sobre o contrato vigente para subsidiar a comunidade sobre a validade do contrato existente bem como quanto à legalidade da indenização que o município pagará a COPASA e o seu valor. O outro estudo a ser feito é sobre o potencial hídrico do município. Os defensores da entrega do serviço afirmam, baseando em dados da COPASA, que em poucos anos teremos que captar água para o abastecimento huma-no nas cidades de Guidoval ou Astolfo Dutra. Eles afirmam também que só a COPASA terá os recursos para uma obra de tamanho custo. O estudo a ser realizado deve confirmar, ou não, estas informações e in-dicar as medidas necessárias para aumentar a “produção” e armazenamento de água no município de Ubá. Mais uma vez, é bom deixar claro também que não existe prestação de serviço de saneamento gratuito. Sendo a COPASA ou o município, o usuário terá que pagar tarifa pelo serviço. Em geral, quando o serviço é municipal, as tarifas são mais baratas que a tarifa da COPASA.

Experiências de municipalização bem sucedidas No Brasil, os serviços municipais são responsáveis pelo abastecimento de água em, aproximadamente, 1.800 municípios e pela coleta de esgoto, em 4.000. Neste universo, encontram-se municípios de diversos portes po-pulacionais: pequenos, médios e grandes. - araraquara, no interior de São Paulo, tem 100% de água e esgoto coletados e tratados por uma autarquia municipal. - alagoinhas, na Bahia, desde 2001 tem uma política municipal de sa-neamento ambiental construído de forma participativa. O Município acaba de elaborar o Plano Municipal de saneamento por meio de convênio firmado com a Universidade Federal da Bahia. - Unaí, Minas Gerais, possui 100% de água tratada e 100% de esgotos coletados e tratados com investimentos provenientes das tarifas. - caxias do Sul, é o segundo maior município gaúcho em população, tem sua economia calcada na atividade industrial e vive o desafio de ampliar de 6% para 100% o percentual de esgotos tratados. A cidade buscou na parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul o planejamento integrado do esgotamento sanitário com drenagem das águas pluviais. A perspectiva e o aproveitamento de redes coletoras de esgoto misto, atende 85% da cidade. - Em 1999 o serviço municipal de água e saneamento de Santo andré, SP - Semasa - tornou-se o primeiro órgão de saneamento do país a integrar todos os componentes dos serviços: água, esgotos, resíduos sólidos, dre-nagem urbana, defesa civil e gestão ambiental. Este arranjo permite que os setores não custeados por tarifas sejam sustentados pelos serviços supera-vitários. - Sacramento, Minas Gerais, o SAAE - firma-se como uma referência

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regional para outros serviços municipais e vêm ganhando o respeito o apoio em busca da autonomia financeira, utilizando as tarifas como principal recur-so para as obras e investimentos. - Bolívia, 44% dos serviços de água potável e de esgoto é administrada por cooperativas.

- fazer ou não fazer licitação? A COPASA não participa de licitação por entender que está amparada pelo artigo 24 inciso VII, da Lei 8.666 de 21 de junho de 1993 que diz: “Para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado”. Os anos 90, foram a década da privatização, cujo o fracasso se tor-nou evidente. Esperava-se conseguir maior eficácia a preços menores, atrair maiores volumes de investimentos – especialmente nos chamados “países em desenvolvimento” e ampliar o fornecimento de água e saneamento aos pobres que deles eram carentes. Esta desastrosa onda levou a um retrocesso na luta pelo direito universal da água potável, pois as transnacionais do saneamento deixaram bem claro que seu objetivo fundamental é a maximização dos lucros. Quase sem exce-ção, as grandes corporações não cumpriram as suas promessas de melhoria dos serviços, mas sim, aumentaram suas tarifas levando-as a níveis que ultrapassaram as possibilidades dos lares pobres. No mundo inteiro, as populações se mobilizaram em lutas continuas contra a privatização e pela construção de modelo publico capaz de atender às suas necessidades: - No Uruguai, a população luta por democracia direta na defesa do direi-to a água; - Na itália, a luta é em defesa da água e da participação cidadã; - Na África do Sul, a luta foi direta contra a privatização; - Na Ucrânia, as mulheres se organizam contra a pobreza e a privatiza-ção;

- Quanto a cOPaSa investiu em meio ambiente em Ubá? Esta é uma das perguntas mais frequentes entre os vereadores e a comunidade ubaense nos últimos 12 anos e a resposta, em números, nunca chegou. A reposta da natureza não nos agrada, mas está visível para todos. Ubá é considerado um dos municípios mais erodidos (que sofre erosão) do estado de Minas Gerais e do Brasil. Apenas 0,7% de sua área são cober-tas por matas naturais, sendo que, cerca de 70% de toda a sua área rural, é constituída de pastagens mal manejadas e degradadas. A bacia de captação do Rio Ubá ocupa uma área de, aproximadamente ,

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64,4 Km², sendo que, 70 % das águas de chuva precipitadas nesta área, se perde por percolação formando enxurradas em direção aos rios e, finalmen-te, para o mar, causando ainda erosão e assoreando os cursos d’água. As nascentes que abastecem os ribeirões vertentes ao Rio Ubá estão, em sua maioria, desprotegidas, sendo pisoteadas por animais e reduzindo ainda mais a infiltração de água ao seu redor. Por isso, estão secando ou reduzindo significativamente sua vazão.

Medidas urgentes têm que ser tomadas para se reverter esta situação, ou seja:

Que se tenha 70% das águas de chuva infiltradas no solo, abastecendo o lençol freático e com mínimo de perdas por escoamento. Com isso, estarí-amos reduzindo, ao máximo, a erosão garantindo reserva de água suficiente para o abastecimento da população e parta a regeneração da natureza, recu-perando o meio ambiente. De 1977 até 2001 foram criadas em lei um parque municipal, uma reser-va ecológica e várias áreas de preservação ambiental. Entretanto, nenhuma outra iniciativa foi executada para efetivar o funcionamento, na prática, des-tas unidades ambientais e de nada valeu a sua criação em lei.

- de quem é a obrigação legal de investir no meio ambiente? Por outro lado, é importante dizer com muita honestidade, que não é obrigação legal da COPASA investir no meio ambiente no município de Ubá. As obrigações de planejar e executar os investimentos são do município. O Plano Municipal de saneamento, feito com a participação da sociedade deve prevê estas ações. Defendemos uma proposta de criação de um fundo com um percentual de recursos investidos mensalmente pela COPASA e pelo município caso a concessão seja aprovada.

Os projetos sem continuidade A realidade no saneamento básico no nosso município é grave por que não há continuidade nos projetos. No ano de 1991, a administração do Pro-fessor Francisco Defilippo, contratou a empresa ENEFER-CONSULTORIA PROJETOS LTDA, que realizou um estudo pelo qual a prefeitura detectou as principais dificuldades do saneamento no município de Ubá. Infelizmente, com a mudança do governo após a eleição de 1992, o documento foi engavetado e grande parte dos problemas de saneamento básico, que vivemos hoje, poderiam já ter sido solucionados apenas com a continuidade dos projetos iniciados ou indicados naquele estudo de 1990.

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Projeto de Recuperação da Bacia do Rio Ubá: R$ 1.200.000,00 - Mais um projeto engavetado

No período da Administração 2001/2004 a equipe do prefeito Dr. Antônio Carlos Jacob elaborou a aprovou junto ao Comitê de Bacia do Rio Paraíba do Sul, recursos da ordem de um milhão e meio de reais para investir na recuperação da Bacia do Rio Ubá, incluindo a construção de uma estação de tratamento de esgoto. Em 24 de março de 2006, foi assinado um convênio com o Centro Co-munitário Rural da Miragaia, no valor de Trezentos mil e seiscentos reais, para iniciativas de recuperação da bacia, entretanto, o dinheiro nunca foi repassado. O pior é que o município mudou a destinação deste dinheiro para construção de muro de arrimo. Isto prova que não existe compromisso ne-nhum com a recuperação do Rio Ubá, ao contrário, a prefeitura é uma das maiores degradadoras do meio ambiente.

MUNicíPiOS QUE cONtRataRaM cOM a cOPaSa Antes de contratar a COPASA é preciso fazer o dever de casa. Vejamos as experiências dos municípios de Belo Horizonte e de Ipatinga, no vale do Aço de Minas Gerais. Nas duas experiências, queremos chamar a atenção para o processo. Por este motivo, a realidade econômica, muito diferente dos dois municípios em comparação com Ubá, não é importante. As duas cidades seguiram todo um cronograma de preparação e planejamento com a participação da sociedade, o que lhes permitiram a renovação de um contra-to mais favorável aos municípios.

iPatiNGa No caso de Ipatinga, a decisão foi judicial (processo nº 024907285225), da 7ª vara Civil da Comarca de Belo Horizonte. Cansado de brigar com a CO-PASA para ter esgoto tratado na cidade, uma vez que a população já pagava pelo serviço, não restou outra alternativa ao prefeito, que recorrer ao poder judiciário. Paralelamente a ida ao judiciário, o município implantou o Sistema Municipal, composto dos órgãos de planejamento, execução, regulação e participação da comunidade e controle social. Poucos anos após a decisão judicial, o município chegou a um bom percentual de esgoto coletado e tra-tado.

a Mobilização da comunidade de ipatinga Mesmo em estado avançado o tratamento do esgoto no município, a população continua mobilizada. Em outubro de 2007, um grupo de mais de 8 mil moradores apresentaram um projeto de lei de iniciativa popular que foi aprovado pela Câmara Municipal por unanimidade, suspendendo a tarifa uma vez que a COPASA estava recebendo a tarifa em comunidade onde o esgoto não é tratado.

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- Taxa de esgoto cobrada onde não há prestação do serviço deve ser devolvida em dobro; - Valor de taxa de esgoto sanitário cobrado indevidamente onde serviço não é prestado deve ser devolvido em dobro ao contribuinte. O entendimento é do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e baseia-se no Código de Defesa do Consumidor (CDC). A Primeira Turma atendeu ao recur-so de um condomínio localizado na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro (RJ). O Tribunal local havia determinado apenas a devolução do valor pago, corrigido monetariamente. De acordo com os precedentes citados pelo relator do recurso, o Mi-nistro Teori Albino Zavascki, a aplicação do CDC tem função pedagógica e inibidora de condutas lesivas ao consumidor. Outro ponto debatido pelo con-domínio, o direito de ser ressarcido pelos valores pagos nos últimos cinco anos, não foi conhecido pela Primeira Turma.

BElO HORiZONtE A COPASA tinha contrato com a prefeitura de Belo Horizonte para água e esgoto desde a década de 70, recebia da população e não tratava os es-gotos da capital mineira. Em 1994, se preparando para o fim do contrato, a prefeitura de Belo Horizonte criou uma autarquia municipal para retomar o serviço caso não chegasse a um acordo com a COPASA. Além da criação da autarquia, órgão executor, a prefeitura implantou o sistema municipal com-posto de conferência, conselho, plano municipal e fundo Municipal. Toda esta estratégia permitiu ao município negociar em posição de igualdade com a COPASA e o resultado foi a assinatura de um convênio de Cooperação, onde o município tornou-se acionista da COPASA. O mais importante foi que, a partir da assinatura do convenio, a gestão passou a ser partilhada, ao contrário do contrato padrão que dava a COPASA um poder imperial. Foi criado um fundo, onde as partes investiram recursos para as obras de fundo de vale que, em outros locais, a CAPASA impõe ao município.

Bibliografia - Arquivo da Câmara Municipal de Ubá – Projetos de Lei. - www.claudioponciano.com.br - Lei Orgânica Municipal - Plano Diretor de 1992 - Por um novo modelo público de água – Editora Casa amarela 2007.

“a concesão do serviço do saneamento básico em Ubá deve ser precedida de um amplo debate com a sociedade.”

Santinho Barreto

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