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Carta-resposta ao Governador Capitão-general Luiz de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres: estudo filológico Camila Lemos de Almeida 1 Elias Alves de Andrade 2 Resumo: Este artigo tem por objetivo o estudo filológico de um manuscrito datado de 15 de janeiro de 1784, escrito no Rio de Janeiro, pertencente ao acervo do Arquivo Público de Mato Grosso, do qual serão feitas as edições fac-similar e semidiplomática, a análise de aspectos paleográficos e a abordagem de características relativas às funções adjetiva e transcendente da Filologia, conforme definidas em Spina (1977: 77). Esta atividade está vinculada aos projetos: “Para a História do Português Brasileiro – PHPB” – e “Estudo do português em manuscritos pro- duzidos em Mato Grosso a partir do século XVIII”, do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem – MeEL – do Instituto de Linguagens da Universidade Federal de Mato Grosso. Palavras-chave: Edição; Filologia; Funções Adjetiva e Transcendente; Manuscrito; Paleografia. 1. INTRODUÇÃO este artigo tem-se por objetivo o estudo, sob a ótica da Filologia, de um manuscrito datado de 15 de janeiro de 1784, produzido no Rio de Janeiro, pertencente ao acervo do Arquivo Público de Mato Grosso – APMT, do qual serão feitas as edições fac- -similar e semidiplomática, entendida a primeira como a reprodução mecânica do testemunho, e a segunda, uma transcrição dele, em que apenas se transforma o texto manuscrito em tipografado, além do desdobramento das abreviaturas, visando à facilidade de leitura (Spina: 1977, p. 77). Serão também analisadas características paleográficas, assim como abordados aspectos das funções 1 Universidade Federal de Mato Grosso (MeEL/IL/UFMT). E-mail: camila.lemos@ymail. com. 2 Universidade Federal de Mato Grosso (MeEL/IL/UFMT). E-mail: [email protected]. N Filol. linguíst. port., n. 14(1), p. 99-120, 2012. FLP 14 (1).indd 99 07/11/2012 15:04:29

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arta-resposta Ao Governador Capitão-general

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  • Carta-resposta ao Governador Capito-general Luiz de Albuquerque de Mello Pereira e

    Cceres: estudo filolgico

    Camila Lemos de Almeida1

    Elias Alves de Andrade2

    Resumo: Este artigo tem por objetivo o estudo filolgico de um manuscrito datado de 15 de janeiro de 1784, escrito no Rio de Janeiro, pertencente ao acervo do Arquivo Pblico de Mato Grosso, do qual sero feitas as edies fac-similar e semidiplomtica, a anlise de aspectos paleogrficos e a abordagem de caractersticas relativas s funes adjetiva e transcendente da Filologia, conforme definidas em Spina (1977: 77). Esta atividade est vinculada aos projetos: Para a Histria do Portugus Brasileiro PHPB e Estudo do portugus em manuscritos pro-duzidos em Mato Grosso a partir do sculo XVIII, do Programa de Ps-Graduao em Estudos de Linguagem MeEL do Instituto de Linguagens da Universidade Federal de Mato Grosso.

    Palavras-chave: Edio; Filologia; Funes Adjetiva e Transcendente; Manuscrito; Paleografia.

    1. INTRODUO

    este artigo tem-se por objetivo o estudo, sob a tica da Filologia, de um manuscrito datado de 15 de janeiro de 1784, produzido no Rio de Janeiro, pertencente ao acervo do Arquivo Pblico de Mato Grosso APMT, do qual sero feitas as edies fac-

    -similar e semidiplomtica, entendida a primeira como a reproduo mecnica do testemunho, e a segunda, uma transcrio dele, em que apenas se transforma o texto manuscrito em tipografado, alm do desdobramento das abreviaturas, visando facilidade de leitura (Spina: 1977, p. 77). Sero tambm analisadas caractersticas paleogrficas, assim como abordados aspectos das funes

    1 Universidade Federal de Mato Grosso (MeEL/IL/UFMT). E-mail: [email protected].

    2 Universidade Federal de Mato Grosso (MeEL/IL/UFMT). E-mail: [email protected].

    N

    Filol. lingust. port., n. 14(1), p. 99-120, 2012.

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    adjetiva da Filologia, atravs da qual se analisam questes atinentes autoria, dentre outras, e transcendente, pela qual se abstrai do texto para observar es-tudar o que dele se depreende quanto a caractersticas da vida, dos costumes e das circunstncias histricas em que o texto foi escrito.

    A escrita surgiu quando o homem, no perodo neoltico, tornou-se menos nmade, menos errante e comeou a formar aldeias, a cultivar seu alimento e a domesticar animais, o que o levou, instigado pela necessidade, a criar recursos para registrar o nmero de animais que possua e quanto alimento havia esto-cado (Lobo, 1968: 35 e Pirenne, 1973: 13). Mais tarde, j dispondo da escrita, passou a registrar seus hbitos e costumes, batalhas, tratados, produo literria, atos pblicos de governantes, acontecimentos sociais, convices religiosas etc. Em suma, a escrita propiciou humanidade a possibilidade de registrar sua histria, permitindo a guarda e a propagao de informaes entre indivduos e geraes.

    Higounet (2003:10) refere-se relao entre homem-escrita-histria:

    A escrita faz de tal modo parte da nossa civilizao que poderia servir de definio prpria. A histria da humanidade se divide em duas imensas eras: antes e a partir da escrita [...]. Vivemos os sculos da civilizao da escrita. Todas as nossas sociedades baseiam-se sobre o escrito. A lei escrita substitui a lei oral, o contrato substituiu a conveno verbal, a religio escrita se seguiu tradio lendria. E, sobretudo, no existe histria que no se funde sobre textos.

    O texto, escrito ou impresso, antigo ou moderno, constitui o objeto de estudo da Filologia. Seu incio se d na biblioteca de Alexandria, maior centro de cultura helnica da Antiguidade, no perodo helenstico ou alexandrino da civilizao grega, cincia que prima pela valorizao do passado, pela ordena-o e catalogao de obras, com destaque para os poemas picos de Homero.

    Segundo Spina (1977:61),

    Foi, portanto, do amor poesia que nasceu a cincia filolgica. Voltados para a restaurao, inteleco e explicao dos textos, o labor desses eru-ditos consistiu em catalogar as obras, rev-las, emend-las, coment-las, prov-las de sumrios e de apostilas ou anotaes (esclios), de ndices e glossrios (indicaes marginais sobre as variantes das palavras), de tbuas explicativas, tudo isso complementando com excursos biogr-ficos, questes gramaticais e at juzos de valor de natureza esttica.

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  • Carta-resposta ao Governador Capito-general Luiz de Albuquerque de Mello Pereira... 101

    O termo filologia usado para designar o [...] estudo global de um

    texto [...] (Cambraia, 2005: 18), ou seja, a explorao exaustiva e conjunta de seus mais variados aspectos: lingustico, literrio, crtico textual, scio-histrico etc., contribuindo desta forma com o resgate, a recuperao e a transmisso do patrimnio cultural escrito de um povo, de uma lngua, de uma determinada cultura.

    O texto, assim, a base para o estudo filolgico. [...] a Filologia

    concentra-se no texto, para explic-lo, restitu-lo sua genuidade e prepar-lo para ser publicado [...]. (Spina, 1997: 75). O estudo dos textos antigos tem importncia tambm para outros pesquisadores e estudiosos de vrias reas de conhecimento, como a Histria, a Lingustica, a Literatura, a Geografia e a

    Arqueologia, dentre outras.Considerando que a transmisso de um texto sofre modificaes ao

    longo do tempo, a Filologia tem [...] como objetivo primordial [...] a restitui-o da forma genuna dos textos [...]. (Cambraia, 2005: 1), ou seja, procurar descobrir e explicitar qual foi a ltima vontade do autor. Para tanto, utilizam-se as tcnicas da Paleografia, disciplina que trabalha com a anlise dos caracteres

    grficos, tipos de letras, sinais diacrticos, abreviaturas, uso de letras capitais,

    de iluminuras, de gravuras, para se entender a escrita do texto e atestar sua genuinidade.

    Assim, esta atividade, que est vinculada aos projetos: Para a Histria do Portugus Brasileiro PHPB e Estudo do portugus em manus- critos produzidos em Mato Grosso a partir do sculo XVIII MeEL/IL/UFMT , tem por objetivo o estudo filolgico de uma carta manuscrita,

    pertencente ao Arquivo Pblico de Mato Grosso APMT , endereada ao Governador e Capito-general da Capitania de Mato Grosso, Luiz de Albu-querque de Mello Pereira e Cceres, datada de 15 de fevereiro de 1784, escrita no Rio de Janeiro, com a realizao das edies fac-similar e semidiplomtica e a anlise das funes adjetiva e transcendente da Filologia, alm de caracte-rsticas paleogrficas, conforme Spina (1977: 76).

    2. EDIES FAC-SIMILAR E SEMIDIPLOMTICA

    Sero realizadas a seguir as edies fac-similar, reproduo fotomec-nica, caracterizada por grau zero de interveno do editor no manuscrito, e

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    semidiplomtica, que apresenta baixo grau de interveno do editor no texto (Cambraia, 2005), marcada apenas pelo desdobramento das abreviaturas e, naturalmente, sua digitao, seguindo-se, com algumas adaptaes, os critrios definidos por ocasio do II Seminrio para a Histria do Portugus Brasileiro,

    realizado de 10 a 15 de maio de 1998, em Campos do Jordo, So Paulo. A opo pela edio semidiplomtica se deve preocupao de se procurar garantir a maior fidedignidade possvel forma original do manuscrito.

    1. As linhas so enumeradas continuamente de cinco em cinco, uniformizando-se o texto margem direita da mancha, ou esquerda do editor.

    2. As abreviaturas alfabticas so desenvolvidas, registrando-se em itlico as letras nelas omitidas: Exemplos: Illustrissimo (1r-1),3

    VossaExcellencia (1r-4).3. A pontuao original mantida.4. A acentuao original, a presena ou ausncia de diacrticos tambm so

    mantidos. Exemplos: (1r-14), (1r-25), (1v-34).

    5. As fronteiras de palavras so mantidas, assim como a grafia original. Exemplos: (1r-5) e (1r-5).

    6. No se introduz hfen ou qualquer outro sinal grfico onde no h.

    Exemplos: 4 (1r-15/16).

    7. O emprego de maisculas e minsculas tambm mantido como se apresenta no original.

    8. A ortografia original mantida, no se efetuando nenhuma correo ou

    atualizao.

    9. Os caracteres de leitura duvidosa so transcritos entre parnteses. Exemplo: (1v-50).

    10. As intervenes de terceiros so indicadas entre colchetes [ ].

    11. A assinatura indicada entre diples < >.

    3 Leia-se (1r-1) como flio 1, recto, linha 1.4 A barra vertical (|), como em , indica mudana de linha no manuscrito.

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    Flio 1r

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    Edio semidiplomticaTranscrio Flio 1r Cdigo de identificao: BR APMT SEC CA 0918 Caixa 19

    AssuntoCarta de Manoel da Costa Cardoso ao Governador e Capito-General da Capitania de Mato Grosso Luis de Albuquerque de Mello Pereira e Cceres a respeito de cobrana de dvidas com o Errio Real.

    Local Rio de Janeiro RJ

    Data 15 de Fevereiro de 1784. Assinatura Idigrafo

    [Respondido] Illustrissimo eExcellentissimo Senhor[15-2-84]Nesta mesma ocazia por outra viafao resposta as de VossaExcellencia que dis respeito aos seus par=

    05 ticulares proprios de que mefes ahonra encarregar; eesta serve de resposta de 2. de Agosto do anno passadoque dis Respeito aos daReal Fazenda dessaCapita=nia.Por entender tero chegado amo de VossaExcellencia

    10 edo Doutor Provedor as Cartas que acompanhro aReceita quefoy pello Alferes Gregorio Pereira, deixo de as repetirFoy VossaExcellencia servido remeterme com aditaCarta outra para Joo Rodriguez de Macedo Contratador quefoydas entradas, ejuntamente hua Letra da quantia

    15 de1:377$295 reis pertencente aRealfazenda dessa, passada pello Doutor Provedor, que VossaExcellencia dis ser obalancedo que odito Macedo devia Provedoria dessa, segundoaconta que lhemandou omesmo Provedor dentro da referi=daCarta.

    20 AditaLetra & Carta veyo naParada quetroce Cosme Joze deBarboza, eentregou ao Senhor Generalde Goyz, etendoodito Cosme daditaCapitania para esta Suaviage dilatada, j aqui estava amais de hum msquando chegou adita Parada, e por este motivo, S

    25 remet aditaCarta eLetra ao Escrivo da Iunta de VillaRica oThenenteCoronelCarlos JozedaSilva em 17,,

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    Flio1v

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  • 106 Camila Lemos de Almeida; Elias Alves de Andrade

    Flio 1vem 17,, do Mes passado para a aprezentar aodito Macedomas como no foy por Parada, ainda no cabe no tempoovir resposta, e por esta Razo, na fao nesta occazio a

    30 Receita que VossaExcellencia mepede, por me dizer naSuaCartaque s afizece se secobrace aLetra, que eu duvido muitoaSaptisfaa breve; por que oExcellentissimo Senhor Luis daCunhaconstame que otem vexado pello que deve asuaCapitaniae adeGoyz, es poderia ser paga se VossaExcellencia meman=

    35 dace Carta para omesmo Senhor que apadrinhace aSuacobrana.O Referido Contratador, ainda que Saptisfaa adita Letra, no tem pago aessa Capital o que devepor que lhefalta para saptisfazer aLetra de 363$900.

    40 passada por essa Provedoria afavor de Antonio LuisPeixoto, edeseu Socio Domingos Mendes deSouza.Damesma sorte ade 315$reis pertencente Jrmandade oSenhor Santo Antonio dessa Villa, eultimamenteade 267$809 reis passada pello mesmo Provedor daCobrana

    45 que com o respeito de VossaExcellencia sefes de Manoel de Almeidae Vasconcelos, eisto mesmo avizey eu aodito Ioo Rodriguezna occazio em que foy aLetra & Carta.A resposta que eu aeste respeitotiver doEscrivam da Junta, aporei na prezena deVossaExcellencia

    50 p(or) p(rov)a e segunda via na ocazio mais breve que seoferecer,E

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    Flio2r

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  • 108 Camila Lemos de Almeida; Elias Alves de Andrade

    Flio2r

    e talves que este mesmo amigo deL apartecipe aVossaExcellencia por via deGoys.Prezentemente nada mais tenho que

    55 dizer a VossaExcellencia a quem ofereo quanto em mim hdeprestimo para tudo quantofor deSeu Servisso egosto. Deos Guarde a Vossa Excellencia muitos annos Ryode Janeiro 15.de Fevereiro de1784..Beja as mos de VossaExcellencia

    60 Seu mais reverente eobrigadoCriado

    3. COMENTRIOS PALEOGRFICOS

    A Paleografia, de acordo com Spina (1977: 18), o [...] estudo das

    antigas escritas e evoluo dos tipos caligrficos em documentos, isto , em

    material perecvel (papiro, pergaminho, papel). Como disciplina auxiliar da Filologia, propicia anlise e a descrio dos caracteres grficos, tipos de letras,

    sinais diacrticos, abreviaturas, pontuao, acentuao, paragrafao, arabescos, dentre outros, possibilitando a leitura do texto e seu entendimento.

    No manuscrito sob anlise, a escrita utilizada foi a humanstica ou italiana (Spina, 1977: 35), com letras cursivas, traadas muitas vezes sem o descanso da mo. Tratando-se, provavelmente, de texto idigrafo,5 um documento produzido por mos hbeis, ou seja, o escriba, copista ou amanuense, apre-senta desenvoltura caligrfica, regularidade na escrita, com leve inclinao para

    a direita, uniformidade nas margens, sem borres ou rasuras, dentre outras peculiaridades indicativas de boa instruo, como se pode verificar no excerto

    a seguir (1r-3 e 8):

    5 Idigrafo o texto produzido por um escriba e assinado por um terceiro.

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    Nesta mesma ocazia por outra viafao resposta as de VossaExcellencia que dis respeito aos seus par=

    05 ticulares proprios de que mefes ahonra encarregar; eesta serve de resposta de 2. de Agosto do anno passadoque dis Respeito aos daReal Fazenda dessaCapita=nia.

    Quanto s caractersticas ortogrficas, no documento h ocorrncia da

    letra ramista por , assim chamada em razo do humanista francs, do sculo XVI, Petrus Ramus ou Pierre de La Rame (1515-1572), que introduziu no alfabeto, alm desta, o por . Exemplos:

    (1r-13)

    (2r-57)

    (1v-46)

    (1r-25)

    (1r-21)

    (1v-49)

    Pode-se observar a existncia de diversas realizaes de grafia de uma

    mesma letra, em razo da coexistncia de escritas de pocas diferentes, o que

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  • 110 Camila Lemos de Almeida; Elias Alves de Andrade

    era um procedimento usual, ou de estilo pessoal de cada escriba, como se pode ver nos exemplos: (1r-4), (1r-4), (1r-6), (1r-7), (1r-20), (1r-24), (1r-21),

    (2r-59), (1v-48), (1v-29), (1v-29),

    (1v-46).

    As abreviaturas que, conforme Spina (1977: 44-49), so classificadas

    por sigla, sncope, apcope, com letras sobrepostas, numerais, com letras sobrepostas, e signos especiais so encontradas no manuscrito, como se pode ver em: abreviaturas, por sigla: (2r-57), e por sncope, com letras sobrepostas: (1r-1), (1r-6),

    < Doutor Provedor > (1r-10), (1r-18), (1r-26) e (2r-58).

    So registradas no corpus ocorrncias dos seguintes diacrticos: (1r-9), (1r-17), (1v-31), (2r-52) e

    (2r-55).

    H tambm no manuscrito a presena de traos de oralidade, como em: (1r-21), (1r-23) e

    (2r-59).

    Alm disso, so detectadas algumas ocorrncias de poligrafia, como em:

    (1v-29), (1v-47) e

    (1r-3), (1r-25) , (1v-49), dado que, poca, no havia uniformidade nos procedimentos de escrita, o que veio a acontecer apenas em 1904, com Ortografia Nacional, de

    Gonalves Viana.

    No que se refere pontuao, emprega-se a vrgula, como nos excertos:

    [...] pertencente aRealfazenda dessa, pa|ssada pelo Doutor Provedor [...]. (1r-15 e 16)

    |

    [...] mas como no foy por Parada, ainda no cabe no tempo [...]. (1v-28)

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  • Carta-resposta ao Governador Capito-general Luiz de Albuquerque de Mello Pereira... 111

    [...] mais breve que seoferecer, |e e talves que este mesmo [...] (1 v-50 e 51 e 2r-1).6

    O ponto e vrgula encontrado em:

    [...] mefes ahonra encarregar; ees |ta serve de resposta [...] (1r -5 e 6)

    [...] aSapstifaa breve; por que oExcellentissimo Senhor Luis daCunha [...] (1v -32).

    O ponto usado, na maioria das vezes, no final de pargrafo, como

    nos exemplos:

    [...] edeseu Socio Domingos Mendes deSouza. (1v-41)

    [...] VossaExcellencia por via deGoys. (2r-53).

    Os dois pontos so utilizados em referncia numrica, em elementos no alfabticos, como em:

    [...] de1:377$295 reis pertencente aRealfazenda [...] (1r-15)

    6 A barra dupla vertical ( ) empregada para indicar mudana de flio.FLP 14 (1).indd 111 07/11/2012 15:04:30

  • 112 Camila Lemos de Almeida; Elias Alves de Andrade

    H ocorrncias de separao vocabular translinear com hfen duplo (=) e sem hfen, como em: (1r-4e5),

    | (1r- 7 e8) | (1r-5 e6), | (1r-15 e16), | (1r-18 e19) e | (1v-34 e36), no se registrando casos de separao vocabular intralinear.

    So encontrados os seguintes reclames no corpus: (1r-25), que se repete em (1v-27) e (1v-51).

    Por fim, observa-se ocorrncia de cetras, ao final da assinatura, recurso

    que lhe imprime caracterstica pessoal, procurando dificultar ou evitar sua

    falsificao: (2r-61).

    4. AS FUNES ADJETIVA E TRANSCENDENTE DA FILOLOGIA NO MANUSCRITO

    O texto condio para a existncia da Filologia que, segundo Spina (1977: 77), possui trs funes: substantiva, adjetiva e transcendente. Dentre os objetivos deste artigo, est o estudo do manuscrito sob o ponto de vista das funes adjetiva e transcendente, entendendo-se por adjetiva aquela que no se fixa propriamente no texto, mas dele extrai informaes como caracte-rsticas de seu autor ou do local onde foi escrito, e, por transcendente, aquela que, tambm no se atendo ao texto, tem-no apenas como fonte para o estudo de aspectos que esto fora dele, como questes relativas histria social nele apenas sugeridas.

    A propsito da funo adjetiva da Filologia, pode-se deduzir do ma-nuscrito, uma carta, que, embora no esteja explicitado o nome para quem enviada, infere-se, pelo tratamento formal da linguagem utilizada, tratar-se de carta em resposta ao quarto Governador e Capito-general da Capitania de Mato Grosso, Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Cceres, que, nomeado por Carta Rgia de 03 de julho de 1771, tomou posse em 13 de dezembro de 1772, tendo permanecido no cargo por 17 anos.

    A respeito deste governador, Siqueira (2002: 53) afirma:

    Um capito-general assumiu destaque na fortificao e expanso da fronteira Oeste: foi o 4 capito-general, Lus de Albuquerque de Melo

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    Pereira e Cceres, fidalgo lusitano, militar de carreira, assessorado por cientistas e engenheiros responsveis pelos trabalhos militares e cient-ficos desenvolvidos em terras mato-grossenses[...].

    A seguir, encontram-se excertos do manuscrito referindo-se a Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Cceres.

    (1r-4)

    (2r-59)

    (2r-

    57 e 58)

    Quanto ao missivista da carta, Manoel da Costa Cardoso, cuja assinatura se pode ver a seguir, residiu no Rio de Janeiro, onde foi um dos negociantes mais prsperos, tendo tido grande influncia e autoridade junto administrao

    da Real Fazenda no Brasil, quando reinava em Portugal D. Maria I, perodo em que foi redigida a carta em anlise.

    (2r-61)

    J pela funo transcendente da Filologia, pode-se perceber pelo manus-crito os aspectos poltico-administrativos que compunham o cenrio ao tempo em que foi produzido, de dependncia do Brasil colonial, que praticamente mantinha, com ouro e produtos primrios, a Coroa portuguesa. Tendo, obri-gatoriamente, que prestar contas da arrecadao de impostos ao Real Errio, as Juntas da Real Fazenda no Brasil colnia usavam, como instrumentos, os sistemas de administrao contbil-fazendria implementados pelo Primeiro--Ministro portugus, Sebastio Jos de Carvalho e Melo, o Marqus de Pombal, durante o reinado de D. Jos I.

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  • 114 Camila Lemos de Almeida; Elias Alves de Andrade

    Tal dependncia, na prtica, consubstanciava-se na instituio do Vice--Reinado, cuja capital era o Rio de Janeiro, cuja autoridade mxima era o Vice--Rei, D. Luiz de Vasconcelos, e, na Capitania de Mato Grosso, o governador Capito-general, Luiz de Albuquerque de Mello Pereira e Cceres, fidalgo

    portugus de confiana da Coroa, a quem foi conferida a responsabilidade

    de guarda e manuteno da regio fronteiria da Colnia. O excerto a seguir ilustra as relaes que houve, poca, entre as duas autoridades.

    [...] fao resposta as de VossaExcellencia que dis respeito aos seus par=05 ticulares proprios de que mefes ahonra encarregar; ees

    ta serve de resposta de 2. de Agosto do anno passadoque dis Respeito aos daReal Fazenda dessaCapita=nia. (1r-4 a 8)

    As Juntas da Real Fazenda mantinham rigidamente o controle da Co-lnia brasileira, ao exercer as funes de controlar as despesas e a arrecadao de tributos, dentre os quais a entrada de mercadorias, um dos grandes [...] tributos coloniais, bem como os dzimos, subsdio literrio e dcima predial e uma srie de processos de confiscos reais [...]. (Carrara, 2003: 28).

    No excerto a seguir, Joo Rodrigues de Macedo, que era contratador de tributos e uma mistura de banqueiro, negociante e coletor de impostos, foi mencionado como devedor Provedoria da Real Fazenda, em relato de Manoel da Costa Cardoso ao Governador Capito-general da Capitania de Mato Grosso.

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  • Carta-resposta ao Governador Capito-general Luiz de Albuquerque de Mello Pereira... 115

    (1r-12 a 19)

    A cobrana de impostos, uma dentre as muitas responsabilidades das autoridades citadas, se dava em locais especficos como a Casa dos Contos,

    cuja fotografia pode ser vista a seguir, construda em Vila Rica, Capitania de

    Minas Gerais, entre 1782 e 1784, para residncia de Joo Rodrigues de Macedo, como benevolncia Real, concesso feita pela Coroa a autoridades e nobres nas colnias portuguesas, responsveis pela recolha de tributos.

    Fonte: Adaptao da imagem disponvel em: . Acesso em: 15 de maio de 2010.

    A Casa dos Contos, serviu, durante a Inconfidncia Mineira, alm de local

    para aquartelamento das tropas do Vice-Rei, tambm de priso para conjurados como o cnego de Mariana, Lus Vieira da Silva, e Cludio Manuel da Costa.

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    Mais tarde, Joo Rodrigues de Macedo, em razo de muitas dvidas com a Fazenda Real, teve seus bens confiscados, inclusive a Casa dos Contos, defi-nitivamente incorporada Coroa em 1803. Em 1792, as atividades de cobrana de tributos foram transferidas para a sede da administrao e contabilidade pblica da Capitania de Minas Gerais, em Vila Rica, atual Ouro Preto.

    Outro credor citado na referida carta Lus da Cunha Menezes,7 Go-vernador Capito-general da Capitania de Minas Gerais (1783-1788), [...] tristemente clebre pelos seus desmandos [...] (Holanda, 1982: 396), cujo nome mencionado no excerto seguinte:

    (1v-32)

    A cobrana de impostos, que se fazia em ouro atravs do quinto e, aps, da capitao,8 tambm foi feita em moedas que circularam no perodo colonial brasileiro, cunhadas em prata, nos valores de 600, 300, 150 e 75 ris. Entretanto, para facilitar o comrcio na regio das minas, os preos eram estabelecidos em funo do preo do ouro, sendo 1.200 ris para cada 3,586 gramas de ouro. Essas moedas foram gravadas com srie J, iniciais do nome de D. Jos I, visando diferenci-las das patacas, moedas de prata, que circu-laram por mais tempo na Colnia, de 1695 a 1834, nos valores de 20, 40, 80, 160, 320 e 640 ris.

    Sobre o sistema monetrio da poca, Holanda (1982: 351) afirma:

    Outra consequncia nociva ao Brasil foi que nosso sistema monetrio era verdadeiramente anrquico, at a ocasio da vinda da Famlia Real Portugusa. Havia vrias relaes legais entre o ouro e a prata [...]. A co-

    7 Lus da Cunha de Menezes inspirou o poeta Toms Antnio Gonzaga a escrever as Cartas Chilenas, chamando-o de Fanfarro Minsio.

    8 O quinto correspondia quinta parte do que fosse extrado de ouro nas minas que, substi-tudo pela capitao, visava ao aumento da arrecadao de tributos, [...] imposto cobrado dos mineradores por cabea de escravo, produtivo ou no, homem ou mulher, maiores de doze anos. (Andrade: 2007: 39).

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    existncia de trs moedas, de mesmo valor nominal e diferentes valres reais, provocava multiplicidade de preos e favorecia especulaes [...].

    No reinado de D. Maria I, as moedas de ouro registraram diferentes momentos da vida de D. Jos I, retratado nelas aps sua morte. Entretanto, de 1777 a 1786, a prpria rainha foi nelas retratada, ao lado de seu marido, D. Pedro III, depois de cuja morte aparece sozinha, portando vu de viva. Terminado o luto, a partir de 1789, passou a ser representada nelas com um toucado ornado de joias e fitas. A seguir, as moedas e a gravura de D. Maria I:

    D. Maria I ao lado de

    D. Pedro IIIViuvez Aps a viuvez Gravura de D. Maria I

    Ao final do sculo XVIII, em face da crise do sistema colonial portugus,

    da independncia dos Estados Unidos da Amrica e da Revoluo Francesa, as ideias libertrias no Brasil colonial estavam em efervescncia. Assim, o in-teresse por informaes sobre a real situao econmica da Capitania de Mato Grosso, revelado nesta carta manuscrita em resposta a correspondncia de Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Cceres, era plenamente justificvel, dado o

    cenrio que j se vislumbrava na relao comercial metrpole-colnia, uma vez que [...] o Brasil portugus comeou a receber o impacto de grandes trans-formaes que ocorriam no cenrio internacional [...]. (Linhares, 2000: 122).

    CONSIDERAES FINAIS

    As anlises feitas neste artigo correspondem a estudos ainda preliminares de um projeto de dissertao de mestrado em andamento sobre manuscritos referentes Capitania de Mato Grosso, que naturalmente fez parte do sistema

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    contbil-fazendrio do Brasil colonial, subordinado Coroa portuguesa, assim como as Capitanias de Minas Gerais e Gois, citadas na carta manuscrita em anlise, obrigadas a prestar contas ao Errio Real, em conformidade com as medidas administrativas iluministas impostas pelo Marqus de Pombal.

    A recuperao de documentos antigos, com a edio semidiplomtica de manuscritos, possibilita o acesso a informaes histricas de inquestion-vel valor para os interessados em estudar, alm de caractersticas filolgicas e

    paleogrficas, aspectos socioeconmicos, culturais e histricos de uma deter-minada regio e de um povo, por meio das funes adjetiva e transcendente da filologia, conforme se procurou fazer neste artigo.

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    Letter in reply to the Governor General Captain Luiz de Albuquerque de Mello Pereira e Cceres: A Philological Study

    Abstract: This article is a philological study of a manuscript dated 15 January 1784, written in Rio de Janeiro, and part of the Public Archive of the state of Mato Grosso, Brazil, from which facsimile and semi-diplomatic editions are produced and paleographic aspects analyzed, with an examination of characteristics relative to the adjectival and transcendental functions of Philology, as defined in Spina (1977: 77). This activity is linked to the projects Towards the History of Brazilian Portuguese (Para a Histria do Portugus Brasileiro PHPB) and A Study of Portuguese in manuscripts produced in Mato Grosso from the 18th Century onwards (Estudo do portugus em manuscritos produzidos em Mato Grosso a partir do sculo XVIII), within the Post-Graduate Language Studies Program at the Language Institute of the Federal University of Mato Grosso, Brazil.

    Keywords: Adjectival and Transcendent Functions; Edition; Manuscript; Paleography; Philology.

    Recebido em: 15/11/2011

    Aprovado em: 09/04/2012

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