carta mulheres & mídias bahia

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Documento apresentado ao poder público no Iº Encontro Baino Mulheres e Mídias

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Page 1: Carta Mulheres & Mídias Bahia

CARTA DA ARTICULAÇÃO BAIANA MULHER & MÍDIA AO PODER PÚBLICO

DO ESTADO DA BAHIA

Page 2: Carta Mulheres & Mídias Bahia

Preparem as mãos. Vamos contar nos dedos quantas mulheres participam

ativamente das decisões que definem os caminhos das políticas de Comunicação e

Cultura do estado da Bahia. Se você contou de verdade viu que sobraram dedos.

No entanto, a ínfima representatividade feminina nessas instâncias e a escassez de

políticas públicas de produção e difusão que valorizem a expressão de mulheres é

um desafio mundial, principalmente no que tange a representatividade e a

apropriação das mesmas nos meios de produção.

Um estudo da WACC (World Association for Christian Communication), de 2006,

mostrou que, mesmo constituindo 52% da população mundial, as mulheres

aparecem em apenas 21% das notícias. Ou seja, para cada mulher que aparece no

noticiário, quatro homens são retratados. No rádio, este percentual é ainda menor:

17%. Além disso, os veículos de comunicação retransmitem o mesmo imaginário

coletivo do racismo nas representações sociais da mulher negra, o que evidencia

que a presença da mulher negra mídia reproduz a sua realidade na sociedade.

No universo da Comunicação, o recorte que discute a imagem da mulher se depara

primeiramente com um entrave, que não está ligado à representação que já

existe, mas, a invisibilidade da mulher, em todos os campos da comunicação. De

quantas diretoras, cineastas e donas de concessão de rádio e TV você já ouviu

falar?

De modo que, quando a mulher consegue romper a barreira do silêncio e

marginalidade, ela dificilmente é lembrada pelos meios de comunicação como

protagonistas de conquistas históricas e culturais da trajetória mundial. Até

mesmo quando se trata das datas em que mulheres protagonizam a cena - Dia

das Mães, Dia Internacional da Mulher – permanece a desigualdade de gênero

e a visão limitada de que a mídia para e com mulheres se sustenta apenas no tripé

moda-casa-coração. Desta forma, vivemos ainda com outro desafio - Garantir a

presença de fontes femininas como referência de temas relacionados à economia,

política e outros assuntos que conferem poder.

No que diz respeito às mulheres negras, a situação é ainda pior, quando

conseguem burlar a invisibilidade, os veículos de comunicação retransmitem o

Page 3: Carta Mulheres & Mídias Bahia

mesmo imaginário coletivo do racismo - um exemplo é o que acontece nos

programas de televisão nos quais a mulher negra tem sua aparição limitada à

representação dos arquétipos da mãe-preta, da negra de alma branca, da

nega maluca ou da mulata boazuda, abafando questões importantes como à

escassez de âncoras e apresentadores negros/as na TV, num estado como a Bahia,

por exemplo, onde mais de 80% da população é de afro-descendente.

A imagem da mulher na mídia é reflexo de uma contradição histórica da pouca

democratização dos meios de comunicação no país. A participação das mulheres

nos ditames da indústria cultural na Bahia imita a expansão das relações mercantis

em que a mesma é um produto em busca de um mercado artístico que não a

absorve. Impedida de fazer algo de conteúdo porque não vende e não faz sucesso,

se depara com um triste cenário de falta de criatividade e pensamento crítico nas

expressões artísticas que ganham notoriedade midiática para dentro e fora da

Bahia.

Por isso, as proposições construídas pela Articulação Baiana Mulher & Mídia em

consonância com as resoluções do eixo de comunicação da II Conferência Estadual

de Políticas para as Mulheres apontam para o fato de que a comunicação não

apenas nomeia o mundo, mas, também, o institui. Por isso, cada ação proposta

neste documento foi concebida para ter a capacidade de criar novas realidades a

partir de signos que construam um imaginário justo e condizente com um mundo

melhor para todos, não somente para as mulheres.

Recomendações à SEPROMI:

· Criar um grupo de trabalho dentro da SEPROMI, com a participação de

representantes de instituições de mulheres da sociedade civil para construir

em conjunto, as ações de implementação do eixo 8 (Cultura, Comunicação

e Mídia Igualitárias, democráticas e não-discriminatórias) que integra o II

Plano Estadual de Política para as Mulheres com texto que se encontra

disponível no site da própria Sepromi;

Page 4: Carta Mulheres & Mídias Bahia

· Fomentar e financiar a criação de campanhas de comunicação que

combatam a discriminação das mulheres no mercado de trabalho, além de

campanhas preventivas de saúde sobre o aborto e doenças que acometem

prioritariamente as mulheres;

· Lançamento de linha de editais exclusivas com o tema – Mulher & Mídia,

para apoiar e incentivar o trabalho de mulheres que utilizam as mídias

como instrumento de luta;

· Apoiar organizações da sociedade civil na realização de cursos e oficinas de

Audiovisual, Rádio, WEB;

Recomendações à AGECOM:

· Patrocinar sites e blogs de grupos de mulheres através da veiculação de

campanhas sociais do governo;

· Fomentar e financiar a criação de campanhas de comunicação que

combatam a discriminação das mulheres no mercado de trabalho, além de

campanhas preventivas de saúde sobre o aborto e doenças que acometem

prioritariamente as mulheres;

Recomendações ao IRDEB:

· Abrir espaço na grade da TVE e Rádio Educadora para veiculação de

programas, campanhas, VT e Spots de divulgação de eventos propostos por

instituições de mulheres integrantes da Articulação Estadual Mulher & Mídia;