carta (2)

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CARTA É uma conversa por escrito, dirigida a uma pessoa ausente – assim se define tradicionalmente a carta. A simplicidade da definição não corresponde, porém, à dificuldade em escrever cartas. Trata-se de um meio de comunicação muito antigo que tem visto o seu espaço ser conquistado, no mundo moderno, por meios mais rápidos como o telefone, a rádio, o fax, net … e, muitas das suas velhas funções, pelo próprio jornal. Contudo, a sua actualidade mantém-se tal como as suas características: economia, personalização, substituto do diálogo. Estilo Como é uma conversa, o estilo da carta deve ser coloquial, isto é, manifestar a maneira de ser de quem a escreve e de quem a lê. Este cuidado em ser natural e adaptar-se ao receptor é uma das exigências da carta, juntamente com a clareza, a expressividade e a síntese.. Tipos As cartas dividem-se em privadas ou intimista, comerciais, administrativas, oficiais, técnicas e profissionais. As primeiras destinam-se a familiares e amigos e têm como qualidades principais: a correcção gramatical e a delicadeza, que a familiaridade e a intimidade não dispensam, a ordem e a boa apresentação, isto é, sem rasuras nem emendas, em papel normalizado, sendo de preferência manuscritas. A frase deve ser simples,

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estrutura da carta

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Page 1: CARTA (2)

CARTA

É uma conversa por escrito, dirigida a uma pessoa ausente – assim se define

tradicionalmente a carta. A simplicidade da definição não corresponde, porém, à

dificuldade em escrever cartas. Trata-se de um meio de comunicação muito antigo que

tem visto o seu espaço ser conquistado, no mundo moderno, por meios mais rápidos

como o telefone, a rádio, o fax, net … e, muitas das suas velhas funções, pelo próprio

jornal. Contudo, a sua actualidade mantém-se tal como as suas características:

economia, personalização, substituto do diálogo.

Estilo

Como é uma conversa, o estilo da carta deve ser coloquial, isto é, manifestar a

maneira de ser de quem a escreve e de quem a lê. Este cuidado em ser natural e adaptar-

se ao receptor é uma das exigências da carta, juntamente com a clareza, a

expressividade e a síntese..

Tipos

As cartas dividem-se em privadas ou intimista, comerciais, administrativas,

oficiais, técnicas e profissionais.

As primeiras destinam-se a familiares e amigos e têm como qualidades

principais: a correcção gramatical e a delicadeza, que a familiaridade e a intimidade

não dispensam, a ordem e a boa apresentação, isto é, sem rasuras nem emendas, em

papel normalizado, sendo de preferência manuscritas. A frase deve ser simples,

eliminando as dificuldades de construção e indo por partes, ao fazer corresponder a uma

frase pouca ideias.

As restantes constituem um documento escrito importante (…) São

caracterizadas pelo sentimento do útil e devem permitir uma comunicação eficaz. O seu

objectivo é obter uma reacção positiva. A carta formal caracteriza-se pelo respeito de

linguagem formal que implica a utilização de fórmulas de saudação e despedida

específicas.

Uma carta de carácter intimista (pessoal ou particular) distingue-se da carta

formal sobretudo pelo tipo de relação existente ente o remetente e o destinatário o que

condiciona, particularmente, as características da linguagem utilizada Essas

particularidades reflectem-se nas fórmulas de saudação e de despedida (Querido (a)…/

Olá,…/Meu caro amigo, etc,; Beijos, Um abraço, etc.), no uso de uma linguagem

familiar e na implicação do eu no discurso. Normalmente não apresenta os dados do

remetente no canto superior esquerdo.

Page 2: CARTA (2)

-------------

--------------

Dados do remetente no

canto superior esquerdo

-------,----------- Local e data, separados por

vírgulas e com o nome do

mês por extenso (canto

superior direito

----------- Destinatário: Exmo. Sr…./

Sr.ª Directora…./ Exma. Sr.ª

Presidente…;

--------------------------------------------

--------------------------------------------------

Parágrafo inicial, contendo

uma breve saudação ou

apresentando sucintamente o

objectivo da carta.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

--------------------

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

----------------------------------------------------------------

Corpo da Carta :

Parágrafo(s) onde se

desenvolve, em pormenor, o

assunto da carta, se

introduzem novos assuntos,

etc.

-----------------------

Fórmula de despedida:

termina a comunicação e

inclui uma curta despedida.

Ex:Subscrevo-me, com a

mais elevada estima e

consideração/Apresento a Vª

Exa. os mais respeitosos

cumprimentos/Atentamente…

------------------------- Assinatura manuscrita, no

fim, no canto inferior direito

A Carta formal deve obedecer a uma estrutura mais ou menos fixa:

Carta Privada

-------, -------------------------- Local e data

----------------------------, Fórmula de saudação e destinatário

-------------------------------------------------

------------------------------------------------.

Parágrafo inicial

Page 3: CARTA (2)

----------------------------------------------------

-------------------------------------------------------

------------------------.

Corpo da carta

--------------------------------------------, Fórmula de despedida

---------------------- Assinatura do remetente

Lisboa, 15 de Outubro de ……

Querida Marta,

Há muito tempo que não escrevo, porque tenho andado ocupadíssima com as

coisas da escola: aulas, teatro, associação de estudantes, e ainda o básquete. Por falar em

básquete, ontem, no treino, caí e torci um pé. Doía que se fartava, de maneira que, como

nestas coisas só confio no meu pai, fui ao consultório, sem avisar nem nada. Quando

entrei, a Lisete, sempre simpática, gostou imenso de me ver e disse-me que o meu pai

não devia demorar. Qual quê! Esperei três quartos de hora. Estava quase a ir-me embora

quando ele apareceu na recepção e me olhou como se eu fosse a mulher – aranha ou

coisa parecida. Perguntou-me que fazia eu ali àquela hora e, depois de lhe contar o

sucedido, lá me mandou entra para o gabinete. Viu-me o pé, pôs-me uma pomada,

ligou-o e disse que eu estava fina. No entanto, achou que eu não podia ir aos treinos

durante uma semana. Que seca!

Em cima da secretária, lá estava a moldura que eu lhe ofereci nos anos, com uma

fotografia da minha mãe, do tempo em que ele tinha o cabelo só de uma cor… Uma

autêntica relíquia que eu nem conhecia. Subitamente, arrependi-me de não lhe ter dado

a minha fotografia tirada na praia, mas não lhe disse nada. Como me viu a olhar para a

moldura sorriu e disse: “Foi uma bela ideia, filha. A outra que eu cá tinha partiu-se.” Fiz

também um sorriso que agora não sei definir e perguntei-lhe se ia jantar. Que sim, mas

tarde, lá para as dez. Já era de esperar. Despedi-me e, quando ia a sair, chamou-me:

“Espera aí. Que cara é essa? Sabes perfeitamente que eu tenho muito que fazer, Joana.

Por mim, claro que ia para casa mais cedo, filha. Tomara eu ter tempo para jantar com a

família!” Não acreditei, mas voltei a sorrir, porque não tinha nada para dizer. E percebi

Page 4: CARTA (2)

que os sorrisos servem para uma data de coisas, como por exemplo para tapar buracos

que aparecem quando o mar das palavras se transforma em deserto. (…)

Porque é que não estás aqui comigo, Marta?!

Acho que vou hibernar para o Havai, este Inverno.

Um beijo da

Joana(Maria Teresa Maia Gonzalez, A Lua de Joana, Verbo Editora)

Leitura/Compreensão

1. Atenta na fórmula introdutória da carta.

1.1. Identifica o remetente e o destinatário da missiva.

1.2. Classifica a carta quanto ao tipo, justificando a tua resposta com base

em critérios formais e temáticos.

1.3. Partindo da fórmula introdutória, determina a proximidade existente

entre emissor e receptor.

1.4. Classifica o tipo de linguagem existente no texto.

2. Delimita no corpo da carta a introdução, o desenvolvimento e a conclusão,

fundamentando a divisão que efectuares.

3.Resume os acontecimentos da vida da narradora que suscitaram a escrita

da carta.

3.1. Partindo do relato desses acontecimentos, caracteriza a relação de

Joana com o pai.

3.2. Sugere quatro adjectivos que permitam elaborar um breve retrato

do pai de Joana, conforme é apresentado no texto.

4.Explica de que forma a pontuação e o registo de língua familiar usados ao

longo da carta denotam o seu carácter subjectivo.

5.Recorda o diálogo entre Joana e o pai

5.1.Identifica os modos de relato de discurso utilizados em cada uma das

passagens.

a) “Foi uma bela ideia, filha. A outra que eu cá tinha partiu-se”

b) “ (…) perguntei-lhe se ia jantar”.

c) “Que sim, mas tarde, lá para as dez”.