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Viva o 1º de Maio! Viva a luta dos trabalhadores! Fim dos Governos servidores do capital financeiro, da exploração e da guerra! Pela união livre e solidária dos povos soberanos! Carta do Militante Socialista M ilhões de trabalhadores e trabalhadoras enchem as praças e as ruas das principais cidades do mundo, para assinalar o combate das classes trabalhadoras, ao longo de gerações, na conquista pelo trabalho com direitos, consignados em contratos colectivos de trabalho e sua generalização a todas as camadas do povo trabalhador, através da sua inscrição nos Códigos jurídicos de cada país. Países há em que este combate se trava ainda nas condições mais terríveis e dolorosas, marcadas pela repressão, pelas prisões e pela tortura de militantes e trabalhadores. Países há em que a profunda aspiração a viver com dignidade se transforma num sonho longínquo, perante as bombas e a carnificina da guerra. A título de exemplo, lembremos a Turquia, a Ucrânia ou a Síria. Cada um com a sua circunstância particular, mas em todos a mesma necessidade de resistir e de lutar para pôr fim à fonte de onde emanam todos os ataques: as instituições internacionais, os governos subordinados às exigências do sistema capitalista em decomposição. As circunstâncias da luta no nosso país decorrem, de forma recente, dos passos que foram dados para pôr fim ao Governo do PSD/CDS e à sua política. Passos que agora queremos transformar numa viragem para reatar com o 25 de Abril. Passos que nos colocam confrontados a uma Assembleia da República com uma maioria de partidos cujo mandato seria cumprir este desígnio, mas que acabam por aparecer “embrulhados” na mesma subordinação ao Tratado Orçamental e às demais exigências da União Europeia, para suportar o Governo que, além de não se arredar um milímetro destes ditames, faz questão em ir mais além. Este é o nosso 1º de Maio, tendo pela frente o desígnio de não abrir mão da exigência do restabelecimento da livre negociação colectiva e do fim da lei dos despedimentos colectivos. O nosso 1º de Maio, que coloca a premência de garantir trabalho com direitos e vínculos, nos trabalhadores dos call centers, nos trabalhadores da EDP, nos trabalhadores das “grandes superfícies”, da indústria hoteleira, ou dos aeroportos (ao serviço do turismo low cost). É o nosso 1º de Maio, que não pode aceitar um Plano de Estabilidade 2017-2021 que mantém congelados os salários dos trabalhadores da Função Pública e as suas carreiras, que continua a agravar as condições de trabalho da sua maioria, em virtude da crescente redução do seu número – em cada escola, em cada hospital, em cada serviço da Segurança Social. O nosso 1º de Maio, solidário com as populações que não admitem perder o seu balcão da CGD. É o nosso 1º de Maio, que olha para a luta dos trabalhadores dos outros países da Europa e vê nessa luta os mesmos objectivos: defender direitos, emprego, Segurança Social, Serviços públicos, como os trabalhadores franceses que recusam admitir que passe na prática o novo Código do Trabalho, do senhor Macron. É o nosso 1º de Maio que, com eles, pergunta: porque não havemos de nos juntar numa mesma mobilização, já que o epicentro da ofensiva é o mesmo – as instituições da União Europeia? Sim, está na hora das Direcções das nossas organizações sindicais procurarem a maneira de ligar a acção dos trabalhadores que elas representam, recusando subordinar-se “aos constrangimentos orçamentais de cada país”, abrindo o caminho para a formação de Governos que apostem na Cooperação Livre e Solidária, no respeito pela soberania e identidade de cada país. É partilhando estas preocupações e o desejo de contribuir para que – no seio das organizações dos trabalhadores – seja construída uma saída política capaz de pôr fim à Guerra e defender todas as conquistas da civilização, que um conjunto de dirigentes e quadros sindicais, militantes de diferentes correntes partidárias, oriundos de 46 países do mundo, estão a preparar ou a apoiar a realização de uma Conferência Mundial Aberta, contra a Guerra e a Exploração, entre 5 e 8 de Outubro, na Argélia. n DIRECTOR: JOAQUIM PAGARETE 28 DE ABRIL DE 2017 0,50 EURO

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Viva o 1º de Maio!Viva a luta dos trabalhadores!Fim dos Governos servidoresdo capital financeiro, da exploração e da guerra!Pela união livre e solidária dospovos soberanos!

Carta do Militante Socialista

Milhões detrabalhadores etrabalhadorasenchem as praças eas ruas das

principais cidades do mundo,para assinalar o combate dasclasses trabalhadoras, ao longode gerações, na conquista pelotrabalho com direitos,consignados em contratoscolectivos de trabalho e suageneralização a todas ascamadas do povo trabalhador,através da sua inscrição nosCódigos jurídicos de cadapaís.Países há em que este combatese trava ainda nas condiçõesmais terríveis e dolorosas,marcadas pela repressão, pelasprisões e pela tortura demilitantes e trabalhadores.Países há em que a profundaaspiração a viver comdignidade se transforma numsonho longínquo, perante asbombas e a carnificina daguerra. A título de exemplo,lembremos a Turquia, aUcrânia ou a Síria.

Cada um com a suacircunstância particular, masem todos a mesmanecessidade de resistir e delutar para pôr fim à fonte deonde emanam todos osataques: as instituições

internacionais, os governossubordinados às exigências dosistema capitalista emdecomposição.

As circunstâncias da luta nonosso país decorrem, de formarecente, dos passos que foramdados para pôr fim aoGoverno do PSD/CDS e à suapolítica. Passos que agoraqueremos transformar numaviragem para reatar com o 25de Abril. Passos que noscolocam confrontados a umaAssembleia da República comuma maioria de partidos cujomandato seria cumprir estedesígnio, mas que acabam poraparecer “embrulhados” namesma subordinação aoTratado Orçamental e àsdemais exigências da UniãoEuropeia, para suportar oGoverno que, além de não searredar um milímetro destesditames, faz questão em irmais além.

Este é o nosso 1º de Maio,tendo pela frente o desígnio denão abrir mão da exigência dorestabelecimento da livrenegociação colectiva e do fimda lei dos despedimentoscolectivos. O nosso 1º deMaio, que coloca a premênciade garantir trabalho comdireitos e vínculos, nostrabalhadores dos call centers,

nos trabalhadores da EDP, nostrabalhadores das “grandessuperfícies”, da indústriahoteleira, ou dos aeroportos(ao serviço do turismo lowcost). É o nosso 1º de Maio,que não pode aceitar um Planode Estabilidade 2017-2021que mantém congelados ossalários dos trabalhadores daFunção Pública e as suascarreiras, que continua aagravar as condições detrabalho da sua maioria, emvirtude da crescente reduçãodo seu número – em cadaescola, em cada hospital, emcada serviço da SegurançaSocial. O nosso 1º de Maio,solidário com as populaçõesque não admitem perder o seubalcão da CGD.

É o nosso 1º de Maio, queolha para a luta dostrabalhadores dos outrospaíses da Europa e vê nessaluta os mesmos objectivos:defender direitos, emprego,Segurança Social, Serviçospúblicos, como ostrabalhadores franceses querecusam admitir que passe naprática o novo Código doTrabalho, do senhor Macron.

É o nosso 1º de Maio que,com eles, pergunta: porquenão havemos de nos juntarnuma mesma mobilização, já

que o epicentro da ofensiva éo mesmo – as instituições daUnião Europeia?

Sim, está na hora dasDirecções das nossasorganizações sindicaisprocurarem a maneira de ligara acção dos trabalhadores queelas representam, recusandosubordinar-se “aosconstrangimentos orçamentaisde cada país”, abrindo ocaminho para a formação deGovernos que apostem naCooperação Livre e Solidária,no respeito pela soberania eidentidade de cada país.

É partilhando estaspreocupações e o desejo decontribuir para que – no seiodas organizações dostrabalhadores – seja construídauma saída política capaz depôr fim à Guerra e defendertodas as conquistas dacivilização, que um conjuntode dirigentes e quadrossindicais, militantes dediferentes correntespartidárias, oriundos de 46países do mundo, estão apreparar ou a apoiar arealização de uma ConferênciaMundial Aberta, contra aGuerra e a Exploração, entre 5e 8 de Outubro, na Argélia. n

DIRECTOR: JOAQUIM PAGARETE 28 DE ABRIL DE 2017 0,50 EURO

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2Mobilizações recentes dos trabalhadorese das populações em Portugal…

Um pouco por todo omundo, ostrabalhadores e aspopulações se estãoa mobilizar contra

as consequênciascatastróficas geradas pelosistema capitalista em crise edecomposição.Damos alguns exemplos dasmobilizações recentes nonosso país e noutros paísesdo resto do mundo.

Mobilizações em defesados balcões da CGD

A população de Almeida(Guarda) barricou-sedentro da agência da CGDpara impedir o seuencerramento

“Não pararemos!”, “Apopulação tem outras formasde luta!” (autarca deAlmeida)

População protesta narua contra fecho daCGD em Silvares(Fundão)

“Mas estão a gozarconnosco? Onde é que isto jáse viu?” (autarca do Fundão)

Os habitantes de Silvares,concelho do Fundão,manifestaram-se no 25 deAbril contra a decisão defechar a agência da CGD. Apopulação exige a manutençãodeste serviço público.Juntaram-se à manifestação oshabitantes de freguesiasvizinhas, nomeadamente docouto mineiro, bem comorepresentantes sindicais,autarcas e políticos dediferentes cores políticas dosconcelhos do Fundão eCovilhã.Um popular dizia indignado:“É uma vergonha por partedo governo. Eu não esperavaisto de um governo do PartidoSocialista. O Paulo Macedo, opresidente da Caixa, é doPSD. Neste caso, afinal sãotodos iguais. Isto é tudo umacobardia.”Presente no protesto, apresidente da Junta deFreguesia de Aldeia de SãoFrancisco, concelho daCovilhã, Joana Campos,lembrou que o encerramentotambém “penalizalargamente” toda a populaçãodo couto mineiro, tendo porisso garantido que aquelazona vai manter-se na luta.

A Concelhia do PS Fundão salienta que, em caso de encerramento, a população teria em muitassituações de percorrer mais de 30 quilómetros para ter acesso aos serviços.O PS refere as “dificuldades sérias” que o encerramento provocaria no quotidiano dos actuais clientesdaquela agência e rejeita que a substituição do serviço por uma caixa multibanco ou o recurso aosserviços ‘online’ sejam solução, principalmente tendo em conta a idade, o nível de escolaridade daspopulações, bem como o facto de estas estarem pouco familiarizadas com as novas tecnologias.Argumentos que são reiterados pelos deputados socialistas eleitos por Castelo Branco, que jáentregaram na Assembleia da República questões dirigidas ao Governo.

Encontro Intersectorial de TrabalhadoresO 1º de Maio é o dia do trabalhador. Um dia de luta, mas tambémde reflexão.Tendo o Governo afirmado que se recusa a revogar a Lei dacaducidade, que quer manter congelados os salários dostrabalhadores da Função Pública, e asfixiar com cativações ecortes orçamentais os serviços sociais do Estado, o que esperam ostrabalhadores das suas Centrais Sindicais?Para quem tem estado o Governo a governar?Podem as organizações sindicais conformar-se com manobrasdilatórias e correlações de força que, na Assembleia da República,conduzem ao impasse, e impedem a resolução dos problemas dostrabalhadores?Pode o movimento sindical resignar-se com a posição do Governo,cuja recusa em revogar a legislação lesiva dos direitos dostrabalhadores, contrasta com o acolhimento dado às pretensõespatronais (TSU, legislação laboral,...)?Centenas de militantes, de responsáveis sindicais e membros deCT’s, procuram encontrar respostas a estas questões. Respostasque permitam ultrapassar os impasses e obstáculos com que sedefrontam.É com esse propósito que militantes e quadros sindicais decidiramassociar-se na preparação de um Encontro Intersectorial deTrabalhadores (EIT).

Marinha Grande defendeos seus serviços de Saúde

A 5 de Março, numa sala “àpinha”, a população daMarinha Grande – mobilizadapela sua Comissão de utentesem defesa do Serviço deAtendimento Permanente –exige às entidadescompetentes, juntamente comos seus autarcas da Câmara

Municipal e das Juntas deFreguesia de todo o Concelho:– A manutenção do SAPrepondo a normalidade do seufuncionamento no mais curtoespaço de tempo;– A garantia de resolução dasituação de ausência demédicos na extensão da Vieirade Leiria;– Que todos os utentes tenhamdireito efectivo a médico defamília. n

A população de Almeidabarricou-se, no 25 de Abril,na dependência da CGD.O vice-presidente da CâmaraMunicipal de Almeida, JoséMorgado, esteve entre osbarricados.O autarca afirmou que obalcão, que estava previstoencerrar a 27 de Abril, irápermanecer aberto até 2 deMaio. Centenas de pessoasnão aceitam perder mais umserviço público deproximidade, no interior doPaís.

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Especial 1º de Maio / Publicação do

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… e no resto do mundoao PC do Japão, exigindo asubida dos seus salários e amelhoria das condições detrabalho.

Na Coreia do Sul, amobilização geral dostrabalhadores, ao apelo dassuas Confederaçõessindicais, impôs a demissãoda Presidente da República eestá a ser preparada umagreve geral em defesa dasreivindicações económicasdos trabalhadores e pelaretirada do país do Parquemilitar dos EUA.

O que se passa naAmérica Latina?

No Brasil realizou-seuma greve geral a28 de Abril, contraas políticas dogoverno golpista de

Temer.

A 26 de Março, dois milhõesde chilenos saíram às ruaspara recuperar a SegurançaSocial pública, confiscada há36 anos pela ditadura militar.

No Equador, a maioria deu avitória a Lenín Moreno,“para evitar que o país sejasaqueado peloimperialismo”, nas palavrasde um trabalhador.

A Venezuela resiste contra asinvestidas do imperialismo,que se apoia em governostíteres do continente, como ogolpista Governo brasileiro.

Na Argentina, ocorreu umagreve geral, a 6 de Abril,convocada sob o impulso dasmobilizações que marcaramo país no passado mês deMarço.

Resistências no continenteque expressam, cada uma deforma particular, a resistênciados trabalhadores em todo omundo contra os planos dedestruição do capital. n

O que se passa naEuropa?

Em França, tem havidomobilizações emmassa, em múltiplossectores, organizadasem unidade pelas

Confederações sindicaisCGT e CGT-FO, paradefender as conquistassociais e laborais obtidas em1936 e 1945.

Em Itália, os trabalhadorescom as suas principaisorganizações sindicaisdisseram “Não” no referendoà Constituição, que levou àqueda do governo de Renzi.

Em Espanha, em Março,através da greve e damanifestação, os estivadoresdos portos de todo o paísfizeram recuar o governo deRajoy que visavadesmantelar o seu contrato detrabalho.

Na Alemanha, em Abril, ostrabalhadores de terra doaeroporto de Berlimganharam a sua greve contra“os salários de miséria e odumping social”.

No Reino Unido, têm sidomuitas as greves sectoriaisrecentes dos trabalhadores

ConferênciaMundial Aberta, arealizar de 5 a 8 deOutubro de 2017

As imagens de Aleposão atrozes:cadáveres, pessoasque fogem dosbombardeamentos

russos e dos do Exército síriosem saber para onde ir,alimentos e medicamentosque faltam, milhares depessoas que esperam osautocarros para saírem dacidade. Desde 2011, a guerra naSíria já matou 400 milpessoas e atirou milhões desírios para os caminhos doexílio, dos quais mais de ummilhão está na Europa,encerrados em campos deconcentração pelos governos“democráticos” da UniãoEuropeia.

A guerra é a morte e adesolação. A guerra, na suaforma actual, é o produto dadescomposição do sistemaimperialista que, parasobreviver, não tem outrocaminho senão a marchapara a barbárie.

Lutar contra a guerra, é lutarcontra o capital (através daacção da classe operária comas suas organizações), é aluta contra cada Governoimperialista para defender osdireitos e as garantias dostrabalhadores. Ao afirmar osseus direitos ereivindicações, a classeoperária arvora as exigênciasda humanidade contra abarbárie engendrada pelocapital. São precisamenteestas as questões que estarãono centro da ConferênciaMundial Aberta, a realizarem Argel, de 5 a 8 deOutubro de 2017 .n

Manifestação em defesa do Serviço Nacional de Saúde (NHS) do ReinoUnido, em Londres, a 4 de Março.

para combater a destruiçãode todas as suas conquistas(trabalhadores do Metro,ferroviários, enfermeiros,professores,…).

Na Bielorússia, ostrabalhadores e os jovensfizeram uma manifestaçãomassiva, a 25 de Março,contra o imposto lançadosobre as pessoas semtrabalho, fazendo recuar oGoverno.

Na Grécia, os agricultores eferroviários manifestam-seem massa contra as políticasde austeridade do governo doSyriza.

Manifestação em defesa doServiço Nacional de Saúde(NHS) do Reino Unido, emLondres, a 4 de Março.

O que se passa naÁsia?

Na China houve, defonte oficial, 1,77milhões de“conflitos detrabalho”

recenseados em 2016.

No Japão, no início deMarço, 200 mil trabalhadoresfizeram greve, ao apelo daConfederação sindical ligada

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Especial 1º de Maio / Publicação do4desviar a rejeição do rigor e daausteridade contra ostrabalhadores imigrados,tornando-os responsáveis porisso.O Sr. Macron e a Srª Le Pensão a continuação eamplificação das políticasreacionárias e anti-operáriascontra a República, contra ademocracia, contra a laicidadee contra todas as conquistassociais, contra os serviçospúblicos e contra as comunas.E será necessário irmos votar afavor disso?

Nem um voto para oscandidatos da reacção!Nem um voto para o Sr.Macron e a Srª Le Pen!

Na nossa Declaração de 12 deAbril – reafirmando o que játínhamos escrito na nossaResolução de 18 de Março –dissemos: «Sejam quais foremos votos expressos, aesmagadora maioria dapopulação laboriosareconhece que é necessária aunidade dos trabalhadorescom as suas organizaçõesindependentes para bloquearos objectivos destruidores dospatrões através da UniãoEuropeia, dando continuidade

às mobilizações que nãoenfraquecem apesar doperíodo eleitoral.»Estamos neste ponto.Quaisquer que eles sejam, osresultados da 2ª volta já sãoconhecidos: a reacção. OPartido Operário Independente(POI) não pretende impor oseu ponto de vista: cada umfará como entender, no quadrodecomposto desta eleição.Mas, mais do que nunca – oque quer que cada um tenhavotado ou irá votar – a questãoé e será mais ainda:Resistência! Mas, mais do quenunca, a questão é e será:juntar-se e unir-se, com asorganizações independentes –de forma clara e honesta, semespírito de capela, discutir eorganizar-se para defender asconquistas sociais, aRepública, a democracia e alaicidade.É por isso que o POI,consciente dos perigos que seaproximam, ajudará aconcretizar a proposta daConferência Nacional de 25 deMarço, dirigida a todos, deconstituição de um «Comité nacional pela defesadas conquistas e dos direitos arrancados em 1936 e 1945» . n

(1) A Lei NOTRe visa provocar odesmantelamento do sistema deorganização administrativa doterritório que tem por base ascomunas.(2) Os Artigos 16 e 49.3 daConstituição francesa dão poderesexcepcionais ao Presidente daRepública.(3) CICE (crédito fiscal para acompetitividade e o emprego) é umamedida implementada em 2016 porMacron, quando era ministro daEconomia do governo de Hollande.(4) CAC40 é o índicecorrespondente às 40 empresas maiscotadas da Bolsa de Paris.(5) Actual Secretário Nacional doPCF.

Aprimeira volta daeleição presidencialconfirmou, de novo,a vaga de fundo queatravessa toda a

sociedade. Após Hollande,Sarkozy e Valls, Fillon eHamon foram derrotados.Todos aqueles que incarnam oexercício do poder nasinstituições da Vª República –desde há muitos anos e, emparticular, neste últimos dezanos – foram expulsos.A esmagadora maioria dostrabalhadores, dos jovens, dosmilitantes e dos sindicalistasque combateram e combatem,quotidianamente, contra a Leide El Khomri, osagrupamentos hospitalaresterritoriais da Srª Touraine(ministra da Saúde), odesmoronamento da Escola(feita por Vallaud-Belkacem,Peillon e Hamon), a LeiNOTRe (1)… exprimiram asua vontade de ir o mais longepossível na via da ruptura como sistema e as suas políticas derigor e de austeridade quedesmantelam tudo.Eles manifestaram-noclaramente ao votar em Jean-Luc Mélenchon, cuja votaçãosubiu 8% em relação àseleições de 2012.Outros abstiveram-se. Outros,ainda, pensaram exprimir a suarejeição destes últimos dezanos votando no Sr. Macron ena Srª Le Pen. Mas, é essa umarejeição? O Sr. Macron e a Srª Le Penreivindicam-se, abertamente,como defensores dasinstituições antidemocráticasda Vª República, dos Artigos16 e 49.3 da Constituição, dosdecretos (do Governo ou dopróprio Presidente), doParlamento sem poderes, doestado de emergênciarecorrente… O Sr. Macrondefende a União Europeia e a

NATO ao serviço doscapitalistas. Para além dos seusdiscursos, a Srª Le Pen estáinstalada nas instituições daUE de que tira prebendas eimunidade.O Sr. Macron é o CICE (3) eos biliões de euros dados aospatrões do CAC 40 (4), é a LeiMacron e a uberização dasociedade; é o trabalho aodomingo, é odesmantelamento do Códigodo Trabalho por decretos deaplicação imediata e a lutacontra os sindicatosindependentes… É – como odiz François Hollande – «ofilho que ele gostaria de tertido». E naturalmente, elerecebeu de imediato o apoio deFillon, Hamon, Valls e mesmode Pierre Laurent (5). Acoberto de serem anti-Le Pen –slogan muitas vezes utilizado erepisado – eles apelam a votarem Macron. Combater a Srª LePen votando pela política queé responsável pela aparição daFrente Nacional?A Srª Le Pen é – acima e antesde tudo – a tentativa de lançaros trabalhadores uns contra osoutros. É a hostilidade contraas organizações sindicaisindependentes. É a preferêncianacionalista e a vontadeostentada e reafirmada de

Nem um voto para os candidatos da reacção!Nem um voto para o Sr. Macron e a Srª Le Pen!

Declaração do Secretariado Nacional do POI (24 de Abril de 2017)

RESISTÊNCIA!