carolina yume arazawa

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ESTADO DE GOIÁS SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS ACADEMIA BOMBEIRO MILITAR ABM CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS LIMPEZA DA MÁSCARA DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA AUTÔNOMO SÉRGIO DE OLIVEIRA JÚNIOR GOIÂNIA 2014

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Page 1: CAROLINA YUME ARAZAWA

ESTADO DE GOIÁS

SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

ACADEMIA BOMBEIRO MILITAR – ABM

CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS

LIMPEZA DA MÁSCARA DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA

AUTÔNOMO

SÉRGIO DE OLIVEIRA JÚNIOR

GOIÂNIA

2014

Page 2: CAROLINA YUME ARAZAWA

SÉRGIO DE OLIVEIRA JÚNIOR

LIMPEZA DA MÁSCARA DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA

AUTÔNOMO

Artigo Monográfico apresentado em

cumprimento às exigências para término do

Curso de Formação de Oficiais do Corpo de

Bombeiros Militar do Estado de Goiás sob

orientação do Cap QOS José Laerte Rodrigues

Da Silva Júnior e Co-orientação do 2° Ten

QOC Rogério da Silva Matos.

GOIÂNIA

2014

Page 3: CAROLINA YUME ARAZAWA

SÉRGIO DE OLIVEIRA JÚNIOR

LIMPEZA DE MÁSCARAS DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIO

AUTÔNOMO

Artigo Monográfico apresentado em

cumprimento às exigências para término do

Curso de Formação de Oficiais do Corpo de

Bombeiros Militar do Estado de Goiás sob

orientação do Capitão Laerte e Co-orientação

do 2° Tenente Rogério.

Avaliado em 13 / 06 / 2014.

APROVADO POR:

TC Roberto Machado Borges

Maj Carlos Borges dos Santos

Cap Antônio Carlos Moura

Goiânia

2014

Page 4: CAROLINA YUME ARAZAWA

Dedico essa conquista a minha esposa,

Jacqueline e minhas filhas Gabriela e

Antonella, qυе dе forma especial е

carinhosa mе deram força е coragem, mе

apoiando nоs momentos dе dificuldades.

Page 5: CAROLINA YUME ARAZAWA

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades, muitas vezes

colocada a prova durante o Curso de Formação de Oficias do Corpo de Bombeiro do

Estado de Goiás. Momentos difíceis em que foi necessário o apoio dos amigos e

familiares para a superação e conquista final.

Agradeço de forma especial a minha família. Minha esposa Jacqueline que me

apoiou nos momentos de incertezas e dificuldades passadas durante o curso de

formação, suportando minhas ausências e minhas angustias. Agradeço muito

minhas filhas Gabriela e Antonella, que mesmo sem entender puderam me dar força,

com aquele amor incondicional de “oi papai, cadê você, não te vi hoje”, me fazendo

superar todos os obstáculos e dificuldades advindas da profissão.

Е agradecer dе forma grandiosa meus pais, Sérgio е Marise, а quem еυ agradeço

todas os dias а minha existência. E que souberam me educar e ensinar com caráter

e sabedoria, para que me torna-se a pessoa que sou hoje.

Agradeço ao Corpo de Bombeiro Militar, na pessoa dos instrutores pelos

ensinamentos que serão levados por toda a vida. Com o suprassumo dos

ensinamentos de “Vidas Alheias e Riquezas Salvar”.

Ao meu orientador Capitão Laerte, pessoa admirada pela forma ética e profissional

de atender a todos. Pessoa a quem já conhecia e admirava desde quando foi meu

professor na graduação.

Aos meus amigos do curso de formação, pois sem a ajuda mutua não seria possível

esta conquista.

Page 6: CAROLINA YUME ARAZAWA

“Um homem pode ser tão grande quanto ele queira ser. Se você

acredita em si mesmo e tem coragem, determinação, dedicação,

iniciativa competitiva e se você está disposto a sacrificar as

pequenas coisas da vida e pagar o preço pelas coisas que valem a

pena, isso pode ser feito.”

(Dalai Lama)

Page 7: CAROLINA YUME ARAZAWA

RESUMO

O presente trabalho demonstra a necessidade de se realizar uma limpeza e desinfecção das máscaras dos equipamentos de proteção respiratória após cada uso. Como método de pesquisa, apurou-se através de questionários aplicados ao cursos e estágios presentes na Academia Bombeiro Militar do Estado de Goiás. Com os resultados dos questionários observou-se o modo que está sendo realizada e como as guarnições se preocupam com o assunto. Foi realizada coleta de material microbiológico das máscaras limpas pelas guarnições, utilizando o conhecimento individual, pois mais da metade dos perguntados do Estado de Goiás nunca tiveram instruções de desmontagem e limpeza das máscaras. Os resultados das culturas microbiológicas demonstraram que as máscaras contém micro-organismos patogênicos capazes de serem transmitidos através do uso coletivo das máscaras, levando a contaminações cruzadas entre os militares que fizerem o uso compartilhado da máscara. Como método de limpeza, foi utilizado métodos recomendados pelos fabricantes e métodos dos manuais de bombeiros, conjugados em um método de fácil aquisição e baixo custo para serem implementados pelas guarnições do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Como forma de auxilio aos militares foi proposto um manual de limpeza da máscara do equipamento de proteção respiratória autônomo, com 10 passos a serem seguidos para uma limpeza e desinfecção mais efetivas, diminuindo a contaminação cruzada de doenças infecciosas, assegurando a biossegurança necessária dos militares das guarnições. Palavras chave: Equipamento de proteção respiratória, Limpeza, Máscara.

Page 8: CAROLINA YUME ARAZAWA

ABSTRACT

This study demonstrates the need to perform a cleaning and disinfection of masks of

respiratory protective equipment after each use. As a research method, it was found

through questionnaires applied to courses and training present at the Academy

Firefighter of the State of Goiás Military With the results of the questionnaires was

observed mode being performed and how the trimmings care about the subject.

Collecting material from microbiological clean masks the garrisons was performed

using individual knowledge, since more than half of the State of Goiás asked never

had the disassembly and cleaning of masks. The results of microbiological cultures

demonstrated that the masks contain pathogenic micro-organisms capable of being

transmitted through the collective use of masks, leading to cross-contamination in the

military who do the shared use of the mask. As cleaning method was used methods

recommended by the manufacturers and the manuals firefighters, combined in a

method of easy acquisition and low cost methods to be implemented by Trims Fire

Brigade of the State of Goiás As a way to aid the military was created a manual

cleaning mask autonomous respiratory protection equipment with 10 steps to be

followed for a more effective cleaning and disinfection, reducing cross-contamination

of infectious diseases, ensuring the necessary biosafety military trims.

Keywords: respiratory protection equipment, cleaning, mask.

Page 9: CAROLINA YUME ARAZAWA

LISTA DE ABREVIATURAS

ABM Academia Bombeiro Militar

BBM Batalhão Bombeiro Militar

CBMAP Corpo de Bombeiro Militar do Estado do Amapá

CBMDF Corpo de Bombeiro Militar do Distrito Federal

CBMGO Corpo de Bombeiro Militar do Estado de Goiás

CBMMS Corpo de Bombeiro Militar do Estado de Mato

Grosso do Sul

CBMMT Corpo de Bombeiro Militar do Estado de Mato

Grosso

EPI Equipamento de Proteção Individual

EPRA Equipamento de Proteção Respiratória Autônomo

IRVAS Infecções respiratórias das vias aéreas superiores

NR Norma Regulamentadora

OBM Organização Bombeiro Militar

Page 10: CAROLINA YUME ARAZAWA

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 10

2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 13

2.1. Equipamentos de proteção respiratória .......................................................................... 13

2.2. Aparelho autônomo de ar respirável ............................................................................... 13

2.3. Máscara facial ..................................................................................................................... 15

2.4. Fomites ................................................................................................................................. 16

2.5. Limpeza e Desinfecção das Máscaras do EPRA .......................................................... 17

3. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................. 20

3.1. Tipo de Pesquisa ................................................................................................................ 20

3.2. Local ..................................................................................................................................... 20

3.3. Método e produtos utilizados para realização de limpeza e desinfecção ................. 20

4. APRESENTAÇÃO E TRATAMENTO DE DADOS .......................................................... 22

5. RESULTADOS ............................................................................................................... 23

6. DISCUSSÃO ................................................................................................................... 27

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................................... 30

8. REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 32

APÊNDICE 01 – Questionário Aplicado ............................................................................ 35

APÊNDICE 02 – Manual de Limpeza da Máscara de EPRA ............................................. 36

ANEXO 1 – Cultura Microbiológica 7° BBM ..................................................................... 46

ANEXO 02 - Cultura Microbiológica ABM ........................................................................ 48

ANEXO 03 - Cultura Microbiológica 8° BBM .................................................................... 49

Page 11: CAROLINA YUME ARAZAWA

10

1. INTRODUÇÃO

As atividades de bombeiros apresentam uma diversificada gama de

variáveis, que apresentam aspectos e natureza singulares, relacionados a cada uma

das ocorrências que desafiam diariamente as habilidades e a competência dos

nossos profissionais.

Dentre a grande variedade de materiais que o Corpo de Bombeiros

dispõe para o atendimento de ocorrências, há um grupo muito importante cujo

objetivo é a proteção individual, além de evitar acidentes pessoais. Os equipamentos

de proteção individual (EPI) garantem ao bombeiro uma proteção, minimizando ou

eliminando os riscos desnecessários. É preciso que os militares tenham consciência

da obrigatoriedade do uso dos EPI, bem como do uso correto e atualizado dos

conhecimentos dos novos equipamentos e materiais especializados.

Segundo a norma regulamentadora (NR-06) do ministério do trabalho,

equipamentos de proteção individual (EPI), são:

Todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado a proteção de riscos susceptíveis de ameaçar a segurança e a saúde do trabalhador.

O uso do EPI não torna o bombeiro imune a todos os riscos, nem evita

que ele sofra algum acidente. Seu principal objetivo é evitar danos à integridade

física do usuário e minimizar as consequências dos acidentes. Isso significa que

mesmo utilizando devidamente o equipamento, o bombeiro deve resguardar-se e se

expor o mínimo necessário. Cada bombeiro deve ter consciência da obrigatoriedade

de seu uso, o que melhora a capacidade técnica operacional.

Segundo a norma regulamentadora NR-06 do ministério do trabalho:

Os equipamentos de proteção individual, de fabricação nacional ou importados, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação- CA, expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde do trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego.

Page 12: CAROLINA YUME ARAZAWA

11

Os EPI’s devem ter boa resistência, serem práticos quanto à sua

utilização e devem possuir condições de fácil manutenção. O usuário do

equipamento de proteção individual deve atentar para a finalidade que o

equipamento foi concebido, respeitando seus limites. Para tanto, deve conhecer e

ter acesso às especificações técnicas que, além de fornecer maior conhecimento

quanto ao manuseio, finalidade e limites, permitem que o usuário atente para a

devida conservação, manutenção e guarda. Para a proteção do bombeiro no

atendimento de ocorrências com temperaturas elevadas, por estar sujeito aos efeitos

nocivos do calor, é necessário um conjunto de equipamentos de proteção individual

que protejam toda a sua superfície corporal. Neste entendimento, devem ser

utilizados os seguintes equipamentos: capacete, capuz, capa, luva, calça e bota.

Tão importante quanto às vestimentas para a superfície corporal, é a proteção para

o sistema respiratório.

Os bombeiros devem dispensar atenção especial aos aparelhos de

proteção respiratória. Isso porque os pulmões e as vias respiratórias são mais

vulneráveis às agressões ambientais do que qualquer outra área do corpo. É regra

fundamental que ninguém, no combate a incêndio, entre em uma edificação

saturada de fumaça, temperaturas elevadas e gases, sem estar com equipamento

de proteção respiratória. A não utilização deste equipamento pode não só causar

fracasso das operações como também trazer consequências sérias, inclusive a

morte.

Considerando as máscaras dos equipamentos de proteção

respiratórias como uma fonte de disseminação de doenças veiculadas pelas vias

respiratórias, é de suma importância para o corpo de bombeiros militar do Estado de

Goiás, garanta a proteção e a saúde dos seus militares.

Nesse sentido, há a necessidade de repensar e rever as práticas atuais

de manutenção e limpeza dos equipamentos de proteção respiratória, dando ênfase

principal a máscara dos equipamentos de proteção respiratória, pelo contato direto

com a pele e proximidade com as mucosas das vias respiratórias superiores, esses

podem funcionar como fomites na disseminação de doenças infecciosas.

Page 13: CAROLINA YUME ARAZAWA

12

Considerando as possíveis transmissões de doenças infecções

causadas pelo uso das máscaras dos EPRA sem a devida limpeza e desinfecção,

propõe utilizando recomendações do Ministério da Saúde e fabricantes de

equipamentos de proteção respiratória, métodos necessários de se realizar

adequadamente a limpeza e desinfecção das máscaras dos equipamentos de

proteção respiratória.

Quais métodos seriam eficazes e capazes de serem aplicados na

manutenção de primeiro escalão, realizada pelos usuários das máscaras após o uso

e que garantiria a mínima limpeza e desinfecção das máscaras dos EPRA nas

passagens de serviço?

Para responder essa questão, essa pesquisa pretende verificar a forma

dos métodos atuais de limpeza e desinfecção das máscaras do EPRA empregadas

pelas guarnições do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, com realização

de análises microbiológicas das máscaras em uso para verificar a limpeza atual, e

como proposta criar um manual de limpeza simplificado para auxiliar os militares na

limpeza e desinfecção das máscaras após o uso. Utilizando coletânea das

recomendações dos fabricantes, com aplicação de métodos de limpeza com

detergente neutro e desinfecção com soluções desinfetantes de fácil acesso e baixo

custo, que não acarrete danos aos equipamentos.

A contribuição desta pesquisa visa propor meios de limpeza e

desinfecção utilizando recursos de fácil acesso e atualmente disponíveis nas

unidades do corpo de bombeiros para realizar a limpeza e desinfecção.

Page 14: CAROLINA YUME ARAZAWA

13

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Equipamentos de proteção respiratória

Segundo a NBR 12543, é “Equipamento que visa a proteção do usuário

contra a inalação de ar contaminado ou de ar com deficiência de oxigênio”.

Segundo TORLONI (2002), os aparelhos de proteção respiratória

podem ser classificados em:

Dependentes de Ar: São aqueles que dependem do oxigênio

local para que o usuário possa respirar. Estes equipamentos só

podem ser utilizados quando conhecemos a concentração do

oxigênio (que não podem ser inferior á 18% em volume ao nível

da mar) e dos contaminantes. São exemplos de equipamentos

dependentes: máscaras com filtros que recebe o nome de

respirador.

Independentes de Ar: São aqueles que não dependem do ar

atmosférico local para fornecer o ar respirável para o usuário

continuar respirando. Este é o grupo de equipamentos adequado

para trabalhos em ambientes onde a concentração de

contaminantes é muito elevada ou quando existe no ambiente

em questão deficiência de oxigênio.

2.2. Aparelho autônomo de ar respirável

Os equipamentos de proteção respiratórios mais utilizados por

bombeiros são os aparelhos autônomos de ar respirável, também conhecido como

“conjuntos autônomos” (MTB 17, 2006).

Page 15: CAROLINA YUME ARAZAWA

14

Figura 01- Equipamento de Proteção Respiratória Autônomo

O aparelho autônomo de ar comprimido consiste de um cilindro

montado num suporte, fixado por meio de duas cintas metálicas de rápida abertura.

Caracteriza-se pela total mobilidade que fornece ao bombeiro, combinada com uma

razoável autonomia de tempo para a execução de atividades de combate a

incêndios, salvamento e atendimento de emergências químicas (MTB 17, 2006).

Ao abrir a válvula de alta pressão do cilindro, o ar que passa pela

mangueira flexível até a válvula de demanda, de onde é canalizado para um alarme

de baixa pressão e, por outra mangueira, até o manômetro. A vazão principal do ar

passa pela válvula de redutora de pressão até a válvula de demanda, a qual

automaticamente fornece a pressão positiva ao usuário, após a primeira inalação

(MTB 17, 2006).

A máscara facial, em que a válvula de demanda é conectada, abrange:

máscara interna, transmissor de voz (diafragma de voz) e válvula de exalação (MTB

17, 2006).

Page 16: CAROLINA YUME ARAZAWA

15

Ao inalar, o ar é fornecido pela válvula de demanda e entra na máscara

facial, invadindo a parte interna do visor (isto previne que ela fique embasada). Na

exalação o ar passa para o exterior, através de uma válvula de expurgo, com sentido

único de saída do ar (MTB 17, 2006).

2.3. Máscara facial

A máscara facial mais conhecida como máscara panorama ou

panorâmica é construída de uma estrutura de neprene ou silicone com um visor que

geralmente é de policarbonato, mas pode ser também em acrílico ou vidro laminado.

O visor em policarbonato possui alta resistência a impacto, mas pode ser danificado

se em contato com solventes e, ao contrário do visor em acrílico, não pode ser

polido para a remoção de ranhuras (MTB 17, 2006).

O visor em acrílico possui uma alta resistência à solventes, mas a

resistência a impactos é menor. O visor em vidro laminado é disponível para a

aplicação com trajes de proteção contra produtos perigosos (MTB 17, 2006).

A máscara é presa à cabeça do bombeiro, por meio de cinco tirantes

ajustáveis, que mantêm a máscara contra o rosto do usuário para impedir a entrada

indesejável contaminante, fumaça, pós ou outras substâncias indesejáveis (MTB 17,

2006).

A vedação da máscara é obtida por meio de um “anel”, que se ajusta

anatomicamente ao contorno de um rosto (MTB 17, 2006).

No interior da máscara “panorama” existe uma mascarilha que

direciona a passagem do ar através de duas válvulas unidirecionais. Assim o ar que

entra na máscara tem o fluxo na direção do visor, evitando o acúmulo de vapor

d’água e a existência de “espaços mortos” no interior da máscara facial, o que

provocaria verdadeiros “bolsões” de dióxido de carbono (MTB 17, 2006).

O ar expirado pelo bombeiro passa por uma válvula de exalação

também do tipo direcional, a qual se abre com uma pressão interna de 58 a 60

mmca (MTB 17, 2006).

Page 17: CAROLINA YUME ARAZAWA

16

Na parte frontal da máscara também se localiza o diafragma metálico

em aço inoxidável, que facilita a comunicação do usuário. Removendo um plugue

existente no compartimento deste diafragma, pode-se instalar um microfone

facilmente. O acondicionamento da máscara deve ser feito numa bolsa grande ou

saco plástico, de modo que o visor seja protegido (MTB 17, 2006).

É de suma importância o conhecimento do equipamento, a

identificação de suas partes, a inspeção de seu funcionamento e a limpeza e

desinfecção. O EPRA é um equipamento de proteção individual, mas atualmente no

Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, é um EPI de uso coletivo, pois o

mesmo é utilizado por diferentes pessoas, e com isso é necessário passar por

manutenção e limpeza adequada para manterem a integridade e a saúde dos

militares.

2.4. Fomites

As máscaras podem servir de fomites podendo causar disseminação

de doenças infecciosa, o que torna importante a realização de uma limpeza e

desinfecção efetivas (MFCB 13, 2006).

Fomite é uma superfície ou objeto inanimado, poroso ou não poroso, capaz de ficar contaminada com microrganismos infecciosos patogênicos, isto é, gérmenes capazes de causar doença, atuando como veículo de transmissão de infecções. Os exemplos de fomites são muito extensos, que incluem quase tudo com que contactamos diariamente: roupa, brinquedos, maçanetas, corrimãos, mesas, toalhas, roupa de cama, interruptores, teclados, comando de televisão, entre muitos outros. (VALE et al, 2011).

Entre as infecções de maior relevância na utilização das máscaras são

as infecções respiratórias, infecções cutâneas e infecções entéricas. As infecções

respiratórias são muito frequentes, particularmente as infecções respiratórias das

vias aéreas superiores (IRVAS) – como constipações (rinofaringites), faringites,

sinusites, otites médias agudas – mas também laringites, bronquites infecciosas,

bronquiolites, broncopneumonias e pneumonias (VALE et al, 2011).

Os microrganismos patogênicos são capazes de sobreviverem horas e

até dias, nos equipamentos, conforme Kramer A.(2006).

Page 18: CAROLINA YUME ARAZAWA

17

Tabela 01: Sobrevivência microrganismos infecciosos patogênicos em

superfície secas inanimadas. (Kramer A, 2006)

2.5. Limpeza e Desinfecção das Máscaras do EPRA

A eliminação e/ou redução microbiana pode ser executada pelo

controle do crescimento, ou pela destruição dos organismos. Assim, temos a inibição

de crescimento e a esterilização. Os agentes que destroem ou matam as bactérias

são chamados de bactericidas e os que inibem o crescimento são os bacteriostáticos

(MADIGAN, 2008).

Ministério da Saúde (1994) considera descontaminação como sendo

processo de eliminação total ou parcial da carga microbiana de artigos e superfícies,

tornando-os aptos para o manuseio seguro. Este processo pode ser aplicado através

de limpeza, desinfecção e esterilização. Considera desinfecção como processo físico

ou químico capaz de eliminar os microrganismos patogênicos, exceto os

esporulados e esterilização como processo de destruição de todos os

microorganismos, inclusive os esporulados, a tal ponto que não seja mais possível

detectá-los através de testes microbiológicos padrão.

Page 19: CAROLINA YUME ARAZAWA

18

Conforme TORLONE (2002): “Os respiradores utilizados por uma só

pessoa deve ser limpo e higienizado regularmente. Os usados por mais de uma

pessoa devem estar limpos e higienizados após cada uso.

Segundo o Manual de Fundamentos do Corpo de Bombeiros do

CBMSP (2006), no índice de Proteção respiratória há a preocupação em orientar e

conscientizar aos usuários dos EPRA a necessidade de limpeza e desinfecção. Ele

considera a limpeza após o uso como sendo obrigatória. E orienta o seguinte:

Lavar a peça facial com detergente neutro e água, colocando-a para secar em local fresco e ventilado e à sombra. Solventes, tais como acetona, álcool e gasolina, não devem ser usados na higienização, além dos materiais abrasivos que atacam o visor de acrílico e corroem as partes de borracha. A higienização do restante do equipamento é feita com um pano limpo e úmido ou uma escova macia. O uso de um mesmo EPR sem a devida higienização, possibilita o risco de contaminação por moléstias transmissíveis. Após o uso, a máscara poderá conter suor, sangue, saliva, poeira, fuligem, secreções e contaminantes diversos.

O Manual Técnico de Bombeiros do CBMSP(2006), MTB -17 trata dos

equipamentos de proteção individual e de proteção respiratória tratam a limpeza da

mascara da seguinte forma:

Após cada utilização, os aparelhos autônomos de ar respirável devem ser limpos e higienizados.

Para a limpeza da máscaras facial o procedimento é o seguinte:

a) desmontar a peça facial, removendo o diafragma de voz, membrana das válvulas, válvula de demanda e qualquer outro componente recomendado pelo fabricante;

b) lavar a cobertura das vias respiratórias com solução aquosa de detergente para limpeza normal a 43°C, ou com solução recomendada pelo fabricante. Usar somente escova macia para remover sujeira;

c) enxaguar com água morna limpa (no máximo 43°C) e preferencialmente água corrente;

d) quando o detergente não contém agente desinfetante, os componentes da máscara devem ficar por 2 minutos numa solução de 50 ppm de cloro. Ela é obtida pela mistura de 1 ml de água sanitária em 1 litro de água a 43°C;

Page 20: CAROLINA YUME ARAZAWA

19

e) enxaguar bem os componentes em água morna (43°C), preferencialmente água corrente, e deixar a água escorrer. O enxague evita dermatite pela ação do desinfetante e evita a deteerioração da borracha;

f) os componentes devem ser secos manualmente com o auxílio de um pano de algodão seco, que não solte fios;

g) montar novam,ente a peça facial e recolocar os componentes desmontados e

h) verificar se todos os componentes estão funcionando perfeitamente. Substituí-los, se necessário.

Segundo o fabricante MSA no seu manual da Máscara Autônoma MSA:

Após cada uso deve-se fazer a higienização do equipamento com agentes apropriados (água morna e sabão neutro); e para evitar a deteriorização de componentes de borracha,não utilizar álcool como germicida, processos de secagem por aquecimento ou uso de lubrificantes.

Segundo o manual do fabricante DRÄGER (2001), as máscaras

panorama devem:

Limpar a máscara depois de cada emprego. Para limpar peças de borracha e de silicone não utilizar dissolventes como acetona, álcool ou semelhantes. Limpar a máscara com água morna ao adicionar o detergente universal e com um pano. Lavá-la cuidadosamente com água corrente. Desinfecção: Desinfetar a máscara depois de cada emprego.

O fabricante SCOTT (2007), no manual de manutenção especializada

das peças facial, indica:

As peças Faciais devem ser limpas com água potável e detergente lava-louça neutro, com temperatura da água não superior a 43°C. E para desinfecção utilizar uma solução de 2% de peróxido de hidrogênio por 10 minutos de contato, após enxaguar com água e deixar secar ao ar.

Page 21: CAROLINA YUME ARAZAWA

20

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Tipo de Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa aplicada na forma de questionários que

aborda a forma de limpeza realizada atualmente pelas guarnições do CBMGO, e

aproveitando militares pertencente a outros estados, estendeu-se a pesquisa para

apurar a forma de limpeza realizada nos Corpos de Bombeiros dos Estados de: Mato

Grosso do Sul, Mato Grosso, Amapá e Distrito Federal. Como parte experimental foi

realizada uma coleta de material para cultura microbiológica para identificações de

possíveis patógenos nas máscaras que eram consideradas limpas nas viaturas.

3.2. Local

O estudo foi realizado na Academia Bombeiro Militar do Estado de

Goiás realizando levantamentos de dados de limpeza utilizado atualmente por

militares do CBMGO, CBMMS, CMBAP, CBMMT e CBMDF. Parte experimental foi

realizada com coleta de materiais para realização de microbiologia através de swabs

estéreis nas máscaras do ABT da Academia Bombeiro Militar, ABT do 7° Batalhão

Bombeiro Militar, ABT E ABS do 8° Batalhão Bombeiro Militar. As amostras

coletadas foram processadas e cultivadas nos Laboratórios Hermes Pardini e

Osvaldo Cruz.

3.3. Método e produtos utilizados para realização de limpeza e

desinfecção

Optou-se na realização do estudo produtos que fosse de baixo custo e

fácil obtenção pelas organizações bombeiros militar. Como produto para realizar a

limpeza das máscaras foi utilizado detergente neutro, que é de fácil acesso e baixo

custo. Como produtos químicos de desinfecção utilizou-se hipoclorito de sódio (água

sanitária) e peróxido de hidrogênio (água oxigenada).

Page 22: CAROLINA YUME ARAZAWA

21

Os produtos escolhidos foram recomendados por representantes dos

fabricantes Scott e MSA, sendo indicado por não danificarem os componentes das

máscaras. O hipoclorito de sódio foi indicado na proporção de 0,005% (50ppm),

sendo 2,5ml de água sanitária (comercia 2%) para 1000ml de água (ANVISA, 2009),

aplicados por meio de borrifador aplicado na parte externa e interna deixando agir

por 2 minutos. Já o peróxido de hidrogênio (água oxigenada) foi recomendado na

proporção de 2%, sendo borrifado nas partes internas e externas e deixar agir por 10

minutos (SCOTT, 2007).

O Food and Drug Administration (FDA, 2001) “recomenda a utilização

de cloro líquido e o hipoclorito de sódio concentrações entre 50 a 200ppm, com

tempo de contato de 1 a 2 minutos em superfícies e equipamentos”. E segundo

MASTROENI (2006), “o Peróxido de hidrogênio popularmente conhecido como água

oxigenada, é bactericida, viruscida, tuberculicida, esporicida e fungicida”.

Como meio de abrasão e fricção para auxiliar a limpeza, optou-se na

utilização de gazes de algodão por não danificarem o visor das máscaras e serem

de fácil acesso por estarem presente nas bolsas de primeiro socorros presente nos

caminhões e unidade de resgate da corporação.

Como meios aplicadores, foi utilizado borrifadores plásticos. Foram

escolhidos por serem de fácil acesso e garantirem um isolamento adequado com

meio externo.

Figura 02- Materiais Utilizados

Page 23: CAROLINA YUME ARAZAWA

22

4. APRESENTAÇÃO E TRATAMENTO DE DADOS

Este trabalho utiliza o método de pesquisa quantitativo e qualitativa,

pois além de fazer as análises microbiológicas das máscaras dos EPRA, também

interpreta os dados obtidos através dos questionários aplicados para militares das

corporações do CBMGO (35 militares), CBMMS (9 militares), CBMMT(1 militar),

CBMAP(4 militares) e CBMDF (1 militar) , todos os questionados são bombeiros que

atuam operacionalmente nas guarnições, com o intuito de compreender, analisar e

comparar as respostas obtidas e procurar alternativas de limpeza e desinfecção dos

equipamentos a serem utilizados pelos bombeiros em ocorrências, bem como a

garantia de segurança à saúde daqueles que estão convivendo com o perigo

diariamente. Os dados estatísticos serão aplicados apenas ao CBMGO, CBMMS e

CBMAP, pois os estados de MT e DF possuíam apenas um militar e o estudo não

apresentaria variação estatística, mas serão citados no estudo.

O questionário foi aplicado a 50 militares, e compreendeu quatro

estados brasileiros e o Distrito Federal. Foi aplicada 10 questões com procedimentos

relativos à limpeza e desinfecção das máscaras dos equipamentos de proteção

respiratória autônomo (Apêndice 01). Os resultados obtidos na coleta de dados

através de questionários foram apresentados no texto e em gráficos, considerando-

se a frequência absoluta e relativa, usando o programa Microsoft Excel.

Foram realizadas coletas de material para cultura das máscaras que foi

realizada com swab em meio Stuart, meio de cultura para transporte e conservação,

e semeada em meios de cultura para crescimento e isolamento do tipo Agar sangue,

Mac Conkey, Manitol e Sabouraud.

Page 24: CAROLINA YUME ARAZAWA

23

5. RESULTADOS

A primeira pergunta foi se os militares observam antes do uso se as

máscaras estão limpas. Entre os militares do CBMGO 91% disseram observar se as

máscaras estão limpas; entre os militares do CBMMS 100% disseram observar se as

máscaras estão limpas; os militares CBMAP 67% disseram observar a limpeza da

máscara. O militar do CBMDF disse verificar a limpeza e o militar do CBMMT disse

não observar se a máscara esta limpa antes do uso.

O segundo questionamento foi sobre a realização da limpeza correta

das máscaras. Os militares do CBMGO 74% consideram ser limpas corretamente as

máscaras; Já 33 % dos militares do CBMMS acham que as máscaras são limpas

corretamente; enquanto nenhum militar do CBMAP considera ser limpa corretamente

as máscaras. Os militares do CBMDF e do CBMMT consideram não serem limpas

corretamente as máscaras.

A terceira pergunta se o militar realiza a limpeza da máscara após o

uso. Em resposta 17% dos militares do CBMGO disseram realizar limpeza após o

uso; já os militares do CBMMS 89% disseram realizar a limpeza após o uso; os

militares do CBMAP disseram 100% realizarem a limpeza após o uso. Os militares

do CBMDF disse não realizar a limpeza após o uso e o do CBMMT disse que realiza

a limpeza após o uso.

O quarto questionamento realizado foi se acha a limpeza realizada em

sua organização bombeiro militar efetiva na proteção do usuário. Esse

questionamento será apresentado apenas em relação aos militares do CBMGO, pois

a pesquisa nos demais estado não se pode avaliar várias OBM.

Page 25: CAROLINA YUME ARAZAWA

24

A quinta questão é referente aos produtos utilizados na limpeza das

máscaras. Essa questão foi realizada a junção dos resultados dos estados para

melhor representação dos diversos produtos utilizados na limpeza e desinfecção das

máscaras.

Page 26: CAROLINA YUME ARAZAWA

25

A sexta questão indaga se os militares já tiveram alguma instrução de

manutenção e limpeza da máscara do EPRA. Os militares do CBMGO, 74% nunca

tiveram intrução sobre manutenção e limpeza dá máscara do EPRA; os militares do

CBMMS 22% não tiveram instrução sobre limpeza da máscara; e 67% dos militares

do CBMAP não tiveram intrução sobre limpeza. O militar do CBMDF disse ter tido

intrução sobre limpeza e manutenção, já o militar do CBMMT disse que há no

interior um sargento que passa orientações sobre limpeza.

A sétima pergunta se os militares sabem dos riscos do mal

funcionamento e má limpeza das máscaras do EPRA. Nos militares do CBMGO

obteve-se que 46% não sabem dos riscos oasionados pelo mal funcionamento e má

limpeza; nos militares do CBMMS obteve-se que 11% não sabem dos riscos; e nos

militares do CBMAP 33% não sabem dos riscos. Já o militar do CBMDF e CBMMT

disseram ter conhecimento dos riscos.

Na oitava pergunta teve como objetivo verificar se os militares tem

receio de se contaminarem utilizando a máscara do EPRA. No relato dos militares do

CBMGO obteve-se que 86% tem receio de se contaminarem; já nos militares do

CBMMS 78% disseram ter receio e os militares do CBMAP 89% tem receio de se

contaminarem no uso do EPRA. O militar do CBMDF tem receio de se contaminar, e

o militar do CBMMT não tem receio na contaminação na utilização do EPRA.

A nona pergunta relatou algumas patologias transmissíveis, e

perguntou quais os militares achavam que poderiam ser adquiridas após o uso das

máscaras. O resultado foi compilado em conjunto de todos os estados.

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26

Em relação a décima questão foi indagado se os militares achavam ser

importante ter instruções sobre manutenção e limpeza da máscara do EPRA. E

100% dos questionados disseram achar importante terem instruções sobre a

manutenção e limpeza da máscara do EPRA.

Os procedimentos de coleta de materiais na unidades do CBMGO, foi

para verificação de uma limpeza má executada e muitas vezes não realizada. As

culturas microbiológicas realizadas nas amostras coletadas no 7° BBM, verificou-se

a presença de Pseudomonas aeroginosa e Eschirichia coli (Anexo 01), ambas com

crescimento abundantes. Já as amostras coletadas na ABM apresentou

contaminação por Proteus mirabilis (Anexo 02) e nas máscaras do 8° BBM

apresentaram contaminadas por Klebsiella pneumoniae (Anexo 03).

Page 28: CAROLINA YUME ARAZAWA

27

6. DISCUSSÃO

Em análise aos resultados dos questionamentos aplicados com

militares que atuam nas diversas guarnições do CBMGO e outros corpos de

bombeiros do Brasil, que estão realizando cursos e estágios na ABM, foi possível

observar que grande parte dos militares se preocupa em observar se as máscaras

estão limpas antes do uso. E que 74% dos militares de Goiás acreditavam que as

máscaras são limpas corretamente, o que se contradiz com o fato de apenas 17%

dos militares do CBMGO disseram realizar a limpeza após o uso das máscaras e

que maior parte dos militares de Goiás consideram a limpeza realizada em sua OBM

como ineficiente (43%) e não realizada (8%).

Entre os produtos utilizados para realização da limpeza, 19% dos

militares da pesquisa utilizam como produto de desinfecção álcool, que é um

solvente orgânico e não recomendado pelos fabricantes, para realização da

desinfecção por danificar as peças e estruturas das máscaras. E nenhum militar

participante da pesquisa tinha o conhecimento da utilização do peróxido de

hidrogênio (água oxigenada) como forma de desinfecção. E apenas 8% utilizam

hipoclorito de sódio (água sanitária) como desinfetante.

A falta de instruções sobre manutenção e limpeza das máscaras do

EPRA foi relatada em sua grande maioria dos militares do CBMGO, demonstrando

que para que seja exigido um conhecimento o mesmo deve ser repassado

anteriormente. Esse desconhecimento foi observado nas unidades do CBMGO, no

qual foram realizadas as coletas microbiológicas, onde os militares das guarnições

que acompanharam a coleta de material relataram nunca terem visto o modo de

desmontagem das máscaras e modo de realização da limpeza.

Com isso parte dos militares desconhecem os riscos do mal

funcionamento e da má limpeza das máscaras do EPRA. Grande parte dos militares

têm receio de se contaminarem com o uso das máscaras.

Dentre as patologias perguntadas que seriam possíveis de serem

transmitidas pelas máscaras, todas apresentam possibilidades de serem

disseminadas através de fomites. O fato de a máscara muitas vezes estarem sendo

Page 29: CAROLINA YUME ARAZAWA

28

utilizada sem a devida limpeza ou mal limpas e desinfetadas pode acarretar na

contaminação cruzada entre os militares.

A realização das coletas de materiais para realização de culturas

microbiológicas foi com intuito de comprovação da presença de patógenos em

máscaras que eram consideradas limpas para o uso, nas viaturas. Em todas as

máscaras foram achados micro-organismos patogênicos: Pseudômonas aeruginosa,

Echerichia coli, Proteus mirabilis e Klebsiela pneumonia. Demonstrando a

ineficiência na limpeza e desinfecção realizada atualmente, o que pode levar a

transmissão via fomites, de doenças infecciosas devido à contaminação das

máscaras pelos militares.

Os patógenos encontrados nas máscaras são todos causadores de

infecções respiratórias. Estas infecções são classificadas basicamente em quadros

de traqueobronquite e pneumonia.

Segundo o manual Principais Síndromes Infecciosas da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária: “Entre as pneumonias, aquelas associadas com

ventilação mecânica através de entubação orotraqueal ou traqueostomia, são as

mais frequentes“. E associando-se ao fato do EPRA ser um tipo de ventilação

mecânica, então pode ser veiculador de doenças.

Segundo estudo da National Nosocomial Infections Surveillance- NNIS:

De uma maneira geral os microrganismos podem alcançar o trato respiratório pela aspiração de secreções da orofaringe, pela inalação de aerossóis contendo bactérias, pela translocação de microrganismos do trato gastrointestinal ou pela disseminação hematogênica de um foco a distância.

E segundo pesquisa realizada pela NNIS os seguintes patógenos

isolados em 4.389 pneumonias em UTI nos Estados Unidos de 1992–97,

apresentam as seguintes porcentagens:

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29

Fonte: NNIS, 2000.

Entre as bactérias encontradas em casos de pneumonias, a

Pseudomonas aeroginosa com 21%, a Klebsiella pneumoniae com 8% e a

Escherichia coli com 4 %, foram encontradas nas culturas microbiológicas das

máscaras dos EPRA do CBMGO. E contando que entre as bactérias isoladas nas

coletas realizadas nas máscaras foi encontrada a Klebsiella pneumoniae que

segundo Cotrin et al. (2012), é uma:

Bactérias multirresistentes. A resistência KPC ainda constitue uma ameaça para os pacientes hospitalizados e para as instituições de saúde, devido a dificuldade de identificação, tratamento e consequentemente o alto índice de mortalidade.

Page 31: CAROLINA YUME ARAZAWA

30

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Por meio deste estudo foi analisada as condições de uso e

manutenção das máscaras dos equipamentos de proteção respiratória autônomo.

Considerando os objetivos propostos, verificamos que os mesmos foram alcançados

uma vez que diagnosticamos as técnicas de assepsia e manutenção no que tange à

limpeza e desinfecção. Foram analisadas as normas da instituição e demais

literatura técnica que norteiam o uso e manutenção destes equipamentos e, além

disso, foi averiguada a eficácia das técnicas empregadas pelos militares na limpeza

e desinfecção das máscaras dos EPRA.

Pode-se constatar a necessidade de uma preocupação com a

biossegurança dos militares, conforme a avaliação do questionário quanto à

utilização das máscaras dos EPRA, de proteção individual, podemos notar que ainda

existe elevado número de militares que desconhecem a forma correta de realização

da limpeza e desinfecção das máscaras, assim com o a importância de uma limpeza

efetiva para garantir uma diminuição das transmissões cruzadas de infecções

transmissíveis através de fomites.

Pode-se constatar também a contaminação da máscara com

patógenos infecciosos e causadores de pneumonias e infecções hospitalares,

associadas a ventiladores mecânicos, o que pode ser aplicado aos EPRA. Entre as

bactérias encontradas, encontraram-se bactérias causadoras de pneumonias em

todas as máscaras o que pode acarretar ameaça a saúde dos militares, podendo

acarretar afastamentos do serviço e problemas sérios a saúde dos mesmos.

Como proposta final do trabalho, foi criado um manual de limpeza e

desinfecção das máscaras do EPRA (apêndice 02), seguindo recomendações de

fabricantes e manuais técnicos de bombeiros, para que sejam aplicadas após o uso

dos equipamentos, e como forma de auxilio aos militares do CBMGO na realização

de uma limpeza mais efetiva e uma desinfecção utilizando produtos de fácil acesso e

que garanta uma diminuição dos micro-organismos, diminuindo uma possível

transmissão cruzada entre usuários por meio das máscaras.

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31

Este trabalho teve o intuito de apresentar mecanismos de limpeza e

desinfecção de fácil aplicação e fácil aquisição para que as guarnições do CBMGO

possam criar a cultura de realizar uma efetiva limpeza e desinfecção da máscara,

auxiliando na manutenção da biossegurança dos militares.

Como forma de evitar essa contaminação sugere que as máscaras dos

equipamentos de proteção respiratória sejam cauteladas individualmente para os

militares das guarnições operacionais, no molde do que já esta ocorrendo em

algumas unidades do CBMGO com os conjuntos de incêndio e capacete de

incêndio.

Sugere-se que nos cursos de formação do CBMGO seja abordado com

maior ênfase o tema biossegurança bem como as formas de limpeza e desinfecção

dos equipamentos de proteção respiratória e demonstrando os benefícios e

consequências de suas ações.

Page 33: CAROLINA YUME ARAZAWA

32

8. REFERÊNCIAS

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Infecciosas. Manual. 2004. Disponível em:

http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/microbiologia/mod_1_2004.pdf.

Acesso em: 25 mai. 2014.

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de Proteção Respiratória – Terminologia. Rio de Janeiro, 1999.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13716: Equipamento

de proteção respiratória -Máscara autônoma de ar comprimido com circuito aberto –

Terminologia. Rio de Janeiro, 1996.

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documentação – Trabalhos acadêmicos –Apresentação. Rio de Janeiro, 2002.

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BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar.

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Brasília,1994. 50 p.

CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO.

Coletânea de Manual Técnico de Bombeiros - Manual de Equipamentos de Proteção

Individual e Respiratória, v. 17,2006. p. 78.

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Manual de Fundamentos do Corpo de Bombeiros- Proteção Respiratória, v. 13,

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COTRIM, Érica Ribeiro; ROCHA,Roberta D. Rodrigues; FERREIRA,Mônica de F.

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Maria. Microbiologia de Brock. ed. única. São Paulo: Prentice Hall, 2004. 608p.

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http://www.msanet.com/brazilcatalog/catalog500422_pt_BR.html> Acesso em 05 jun.

2012.

Programa de Treinamento Especializado Scott. Módulo das Peças Faciais AV-3000

e AV-3000 SureSeal; Manual de Manutenção Especializada. Disponível mediante

pedido junto ao Suporte Técnico da Scott Health and Safety. E-mail:

[email protected].

SCOTT® AIR-PAK® NxG7™- Aparelho de respiração autônomo (SCBA) com

demanda de pressão. Em conformidade com a norma NFPA-1981. 2007.

Page 35: CAROLINA YUME ARAZAWA

34

SILVA, Felipe Pires. A Importância da Utilização de Equipamentos de Proteção

Respiratória em Ocorrências Atendidas Pelos Bombeiros do CBMSC – Academia

Bombeiro Militar, Florianópolis, 2012.

TORLONI, Maurício. Programa de Proteção Respiratória: recomendações, seleção e

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<http://unesp.br/costsa/mostra_arq_multi.php?arquivo=8298>. Acesso em: 05 mar.

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VALE, Beatriz; DINIS, Alexandra. O papel das fomites na transmissão de doenças

infeciosas. Saúde Infantil, São Paulo, abr. 2011. p.23-27.

Page 36: CAROLINA YUME ARAZAWA

35

APÊNDICE 01 – Questionário Aplicado

PESQUISA SOBRE A FORMA DE LIMPEZA DA MÁSCARA DO EPRA

QUESTIONÁRIO A SER APLICADO PARA MEMBROS DA CORPORAÇÃO

Guarnição: ( )ABT ( )ABS ( )ASA

EPRA – Equipamento de Proteção Respitarória

1- Verifica antes de utilizar se a máscara do EPRA estava limpa? ( )Sim ( )Não

2- Acha que é realizada a limpeza correta da máscara? ( )Sim ( )Não

3- Você realiza a limpeza da máscara do EPRA após o uso? ( )Sim ( )Não

4- Acha a limpeza realizada na sua OBM efetiva para a proteção do usuário? ( )Eficiente ( )Razoável ( )Ineficiente ( ) Não é realizada

5- Quais produtos você utiliza para limpeza da máscara?(Pode marcar mais de um) ( )Água ( )Sabão em barra ( )Detergente neutro (

)Álcool ( )Água Sanitária ( )Água Oxigenada

Caso utilize outro, especificar: _________________________________.

6- Já teve alguma instrução de manutenção e limpeza da máscara do EPRA? ( )Sim ( )Não

7- Sabe dos riscos do mau funcionamento e má limpeza da mascará do EPRA? ( )Sim ( )Não

8- Tem receio de se contaminar utilizando a máscara do EPRA? ( )Sim ( )Não

9- Acha que pode adquirir algum problema de saúde após utilizar EPRA? ( )Gripe ( ) Infecção de Garganta

( )Conjuntivite ( )Dermatite (pele)

Outros:__________________________________________________.

10- Acha ser importante ter instrução sobre manutenção e limpeza da máscara do EPRA? ( )Sim ( )Não

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APÊNDICE 02 – Manual de Limpeza da Máscara de EPRA

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ANEXO 1 – Cultura Microbiológica 7° BBM

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ANEXO 02 - Cultura Microbiológica ABM

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ANEXO 03 - Cultura Microbiológica 8° BBM