carmina burana - carl orff - tradução
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Carmina Burana - TraduçõesTRANSCRIPT
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Carmina Burana Canes Profanas
Carmina Burana, em portugus, Canes de Beuern Benediktbeuern,
Alemanha o nome dado a poemas e textos dramticos manuscritos do sculo
XIII. As peas so, em sua maioria, picantes, irreverentes e satricas e foram
escritas principalmente em latim medieval; algumas partes em mdio-alto-
alemo e alguns com traos de francs antigo ou provenal. H tambm
partes macarrnicas: uma mistura de latim vernculo, alemo ou francs.
Os manuscritos refletem um movimento europeu "internacional", com canes
originrias da Occitnia, Frana, Inglaterra, Esccia, Arago, Castela e do Sacro
Imprio.
O compositor alemo Carl Orff musicou alguns dos poemas de Carmina
Burana (1936), compondo uma cantata homnima. Com o subttulo "Cantiones
profanae cantoribus et choris cantandae", a obra, por suas caractersticas, pode
ser definida tambm como uma "cantata cnica". Estreou em junho de 1937,
em Frankfurt e faz parte da trilogia "Trionfi" que Orff comps em diferentes
perodos, e que compreende o "Catulli Carmina" (1943) e o "Trionfo di Afrodite"
(1952).
A cantata emoldurada por um smbolo da Antiguidade: a roda da fortuna:
eternamente girando, trazendo alternadamente boa e m sorte. uma parbola da
vida humana exposta a constante mudana, mas no apresenta uma trama precisa.
Orff optou por compor uma msica inteiramente nova, embora no manuscrito
original existissem alguns traos musicais para alguns trechos. Requer
trs solistas (uma soprano, um tenor e um bartono), dois coros (um dos quais
de vozes brancas), pantomimos, bailarinos e uma grande orquestra (Orff comps
tambm uma segunda verso, na qual a orquestra substituda por dois pianos e
percusso).
A obra estruturada em prlogo e duas partes. No prlogo h uma invocao
deusa Fortuna, na qual desfilam vrios personagens emblemticos dos vrios
destinos individuais. Na primeira parte se celebra o encontro do Homem com a
Natureza, particularmente o despertar da ou a alegria da primavera. Na
segunda, "In taberna", preponderam os cantos goliardescos, que celebram as
maravilhas do vinho e do amor. No final, repete-se o coro de invocao Fortuna.
Edio: Lucas Lopes | maio de 2015
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FORTUNA IMPERATRIX MUNDI FORTUNA IMPERATRIZ DO MUNDO
01. O Fortuna
O Fortuna
velut luna
statu variabilis,
semper crescis
aut decrescis.
vita detestabilis,
nunc obdurat
et tunc curat;
ludo mentis aciem,
egestatem,
potestatem
dissolvit ut glaciem.
Sors immanis
et inanis,
rota tu volubilis,
status malus,
vana salus
semper dissolubilis,
obumbrata
et velata
michi quoque niteris;
nunc per ludum
dorsum nudum
fero tui sceleris.
Sors salutis
et virtutis
michi nunc contraria,
est affectus
et defectus
semper in angaria.
Hac in hora
sine mora
corde pulsum tangite;
quod per sortem
sternit fortem,
mecum omnes plangite!
01. Fortuna
Fortuna
s como a Lua
mutvel,
sempre aumentas
e diminuis;
a detestvel vida
ora escurece,
e ora clareia
a mente por brincadeira;
misria,
poder,
os funde como gelo.
Sorte monstruosa
e vazia,
tu roda volvel
s m,
v a felicidade
sempre dissolvel,
nebulosa
e velada
tambm a mim contagias;
agora por brincadeira
o dorso nu
entrego tua perversidade.
A sorte na sade
e virtude
agora me contrria.
d
e tira
mantendo sempre escravizado.
nesta hora
sem demora
tange a corda vibrante;
porque a sorte
abate o forte,
chorais todos comigo!
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02. Fortune plango vulnera
Fortune plango vulnera
stillantibus ocellis
quod sua michi munera
subtrahit rebellis.
Verum est, quod legitur,
fronte capillata,
sed plerumque sequitur
Occasio calvata.
In Fortune solio
sederam elatus,
prosperitatis vario
flore coronatus;
quicquid enim florui
felix et beatus,
nunc a summo corrui
gloria privatus.
Fortune rota volvitur:
descendo minoratus;
alter in altum tollitur;
nimis exaltatus
rex sedet in vertice
caveat ruinam!
nam sub axe legimus
Hecubam reginam.
02. Choro as Feridas da Fortuna
Choro as feridas da fortuna
com os olhos rtilos;
pois que o que me deu
ela perversamente me toma.
O que se l verdade:
esta bela cabeleira,
quando se quer tomar,
calva se mostra
No trono da Fortuna
sentava-me no alto,
coroado por multicores
flores da prosperidade;
mas por mais prospero que eu tenha sido,
feliz e abenoado,
do pinculo agora despenquei,
privado da glria.
A roda da Fortuna girou:
deso aviltado;
um outro foi guindado ao alto;
desmensuradamente exaltado
o rei senta-se no vrtice
precavenha-se contra a runa!
porque no eixo se l
rainha Hcuba.
I. PRIMO VERE I. PRIMAVERA
03. Veris leta facies
Veris leta facies
mundo propinatur,
hiemalis acies
victa iam fugatur,
in vestitu vario
Flora principatur,
nemorum dulcisono
que cantu celebratur. Ah!
Flore fusus gremio
Phebus novo more
03. A alegre face da primavera
A alegre face da primavera
volta-se para o mundo,
o rigoroso inverno
j foge vencido.
Com sua colorida vestimenta
Flora preside,
docemente a floresta
em cantos a celebra. Ah!
Estendido no regao de Flora
Febo mais um vez
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risum dat, hac vario
iam stipate flore.
Zephyrus nectareo
spirans in odore.
Certatim pro bravio
curramus in amore. Ah!
Cytharizat cantico
dulcis Philomena,
flore rident vario
prata iam serena,
salit cetus avium
silve per amena,
chorus promit virgin
iam gaudia millena. Ah!
sorri, agora coberto
de flores multicores.
Zfiro respira
seu suave odor,
corramos a concorrer
ao prmio do amor. Ah!
O doce rouxinol
faz soar sua lira,
j riem
as luminosas clareiras floridas,
saem os pssaros em revoada
dos bosques encantadores,
e o coro das donzelas
anuncia delcias mil. Ah!
04. Omnia sol temperat
Omnia sol temperat
purus et subtilis,
novo mundo reserat
faciem Aprilis,
ad amorem properat
animus herilis
et iocundis imperat
deus puerilis.
Rerum tanta novitas
in solemni vere
et veris auctoritas
jubet nos gaudere;
vias prebet solitas,
et in tuo vere
fides est et probitas
tuum retinere.
Ama me fideliter,
fidem meam noto:
de corde totaliter
et ex mente tota
sum presentialiter
absens in remota,
quisquis amat taliter,
volvitur in rota.
04. O sol a tudo esquenta
O sol a tudo esquenta
puro e suave,
novamente revela ao mundo
a face de Abril;
para o amor impelida
a alma do homem
e jovial impera
o deus-menino.
Toda essa renovao
na gloriosa estao
e por ordem da primavera
leva-nos a rejubilar;
abre-te os caminhos conhecidos,
e em tua renovao
justo e correto
que desfrutes do que teu.
Ama-me fielmente!
V como sou fiel:
com todo o meu corao
e com toda a minha alma,
estou contigo
mesmo quando distante.
Quem quer que ame assim
gira a roda.
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05. Ecce gratum
Ecce gratum
et optatum
Ver reducit gaudia,
purpuratum
floret pratum,
Sol serenat omnia.
Iamiam cedant tristia!
Estas redit,
nunc recedit
Hyemis sevitia. Ah!
Iam liquescit
et decrescit
grando, nix et cetera;
bruma fugit,
et iam sugit
Ver Estatis ubera;
illi mens est misera,
qui nec vivit,
nec lascivit
sub Estatis dextera.
Gloriantur
et letantur
in melle dulcedinis,
qui conantur,
ut utantur
premio Cupidinis:
simus jussu Cypridis
gloriantes
et letantes
pares esse Paridis. Ah!
05. Eis a cara primavera
Eis a cara
e desejada
primavera que traz de volta a alegria:
flores prpuras
cobrem os prados,
o sol a tudo ilumina.
J se dissipam as tristezas!
Retorna o vero,
agora fogem
os rigores do inverno. Ah!
J se liquefazem
e desaparecem
o gelo, neve, etc.
a bruma foge,
e a primavera suga
o seio do vero;
de lamentar-se
aquele que no vive
nem se entrega
doce lei do vero. Ah!
Que provm glria
E felicidade
doce como o mel,
aqueles que ousam
aspirar
ao prmio de Cupido;
sob o comando de Vnus
glorifiquemos
e rejubilemo-nos
a exemplo de Pris. Ah!
UF DEM ANGER NO PRANDO
06. Tanz
06. Dana
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07. Floret silva nobilis
Floret silva nobilis
floribus et foliis.
Ubi est antiquus
meus amicus? Ah!
Hinc equitavit!
Eia, quis me amabit? Ah!
Floret silva undique,
nah min gesellen ist mir we.
Gruonet der walt allenthalben
wa ist min geselle alse lange? Ah!
Der ist geriten hinnen,
o wi, wer sol mich minnen? Ah!
07. Cobre-se a nobre floresta
Cobre-se a nobre floresta
de flores e de folhas.
Onde est
meu antigo amor? Ah!
Ele correu cavalgou para longe!
Oh, quem ir me amar? Ah!
A floresta floresce em toda parte,
Estou ansiando por meu amor.
As florestas verdejam em toda parte,
Por que meu amado demora tanto? Ah!
Ele cavalgou para longe,
Oh, quem ir me amar? Ah!
08. Chramer, gip die varwe mir
Chramer, gip die varwe mir,
die min wengel roete,
damit ich die jungen man
an ir dank der minnenliebe noete.
Seht mich an
jungen man!
lat mich iu gevallen!
Minnet, tugentliche man,
minnecliche frouwen!
minne tuot iu hoch gemout
unde lat iuch in hohen eren schouwen
Seht mich an
jungen man!
lat mich iu gevallen!
Wol dir, werit, daz du bist
also freudenriche!
ich will dir sin undertan
durch din liebe immer sicherliche.
Seht mich an,
jungen man!
lat mich iu gevallen!
08. Mercador, d-me as cores
Mercador, d-me as cores,
para avermelhar minhas faces,
de modo que eu possa fazer os jovens
me amarem irresistivelmente.
Olhem para mim,
rapazes!
Deixem-me seduzi-los!
Bons homens, amem
as mulheres carentes de amor!
O amor enobrecer seus espritos.
e lhes trar honra
Olhem para mim,
rapazes!
Deixem-me seduzi-los!
Salve, mundo
to rico de alegrias!
ser-te-ei obediente
pelos prazeres que me permites
Olhem para mim,
rapazes!
Deixem-me seduzi-los!
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09. Reie
Swaz hie gat umbe,
daz sint alles megede,
die wellent an man
allen disen sumer gan! Ah! Sla!
Chume, chum, geselle min
ih enbite harte din,
ih enbite harte din,
chume, chum, geselle min.
Suzer rosenvarwer munt,
chum un mache mich gesunt
chum un mache mich gesunt,
suzer rosenvarwer munt
Swaz hie gat umbe,
daz sint alles megede,
die wellent an man
allen disen sumer gan! Ah! Sla!
09. Dana Circular
Aquelas que ali giram em roda,
so todas donzelas,
elas querem passar sem um homem
todo o vero. Ah! Sla!
Vem, vem, meu amor,
eu suspiro por ti,
eu suspiro por ti,
vem, vem, meu amor.
Doces lbios rosados,
venham e faam-me sadia
venham e faam-me sadia
doces lbios rosados
Aquelas que ali giram em roda,
so todas donzelas,
elas querem passar sem um homem
todo o vero. Ah! Sla!
10. Were diu werlt alle min
Were diu werlt alle min
von deme mere unze an den Rin
des wolt ih mih darben,
daz diu chunegin von Engellant
lege an minen armen. Hei!
10. Se o mundo todo fosse meu
Se o mundo todo fosse meu,
do mar at o Reno,
eu a ele renunciaria
se a Rainha da Inglaterra
tivesse em meus braos. Hei!
II. IN TABERNA II. NA TABERNA
11. Estuans interius
Estuans interius
ira vehementi
in amaritudine
loquor mee menti:
factus de materia,
cinis elementi
similis sum folio,
de quo ludunt venti.
Cum sit enim proprium
viro sapienti
11. Queimando por dentro
Queimando por dentro
com veemente ira,
na amargura,
falei para mim mesmo:
feito de matria,
da cinza dos elementos,
sou com a folha
com quem brincam os ventos.
Se este o caminho
do homem sbio,
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supra petram ponere
sedem fundamenti,
stultus ego comparor
fluvio labenti,
sub eodem tramite
nunquam permanenti.
Feror ego veluti
sine nauta navis,
ut per vias aeris
vaga fertur avis;
non me tenent vincula,
non me tenet clavis,
quero mihi similes
et adiungor pravis.
Mihi cordis gravitas
res videtur gravis;
iocis est amabilis
dulciorque favis;
quicquid Venus imperat,
labor est suavis,
que nunquam in cordibus
habitat ignavis.
Via lata gradior
more iuventutis
inplicor et vitiis
immemor virtutis,
voluptatis avidus
magis quam salutis,
mortuus in anima
curam gero cutis.
construir sobre a pedra
as fundaes da casa,
ento sou um louco comparvel
ao rio que corre,
eu que em seu curso
nunca se altera
Sou levado
como um navio sem piloto,
como atravs do ar
um pssaro a deriva;
nenhum vinculo me prende,
nenhuma chave me aprisiona,
busco meus semelhantes,
e me junto aos insensatos.
Meu corao pesado
um fardo para mim;
o divertir-se agradvel
e mais doce que o favo de mel;
onde quer que Vnus impere,
o trabalho suave,
ela nunca habita
em coraes indolentes
Meu caminho amplo
como o quer minha juventude,
entrego-me aos meus vcios,
esquecido das virtudes,
mais vido de volpias
do que de salvao,
morta minhalma
s minha pele me importa.
12. Olim lacus colueram
Olim lacus colueram,
olim pulcher extiteram,
dum cignus ego fueram.
Miser, miser!
modo niger
et ustus fortiter!
Girat, regirat garcifer;
me rogus urit fortiter;
propinat me nunc dapifer,
12. Um dia morei no lago
Um dia morei no lago,
um dia fui belo,
quando eu era um cisne.
Ai de mim, ai de mim!
Agora negro
e completamente assado
Gira e gira o assador;
estou queimado completamente na pira:
o garom agora me serve.
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Miser, miser!
modo niger
et ustus fortiter!
Nunc in scutella iaceo,
et volitare nequeo
dentes frendentes video.
Miser, miser!
modo niger
et ustus fortiter!
Ai de mim, ai de mim!
Agora negro
e completamente assado
Agora repouso em um prato,
e no posso mais voar.
vejo dentes rangendo
Ai de mim, ai de mim!
Agora negro
e completamente assado
13. Ego sum abbas
Ego sum abbas Cucaniensis
et consilium meum est cum bibulis,
et in secta Decii voluntas mea est,
et qui mane me quesierit in taberna,
post vesperam nudus egredietur,
et sic denudatus veste clamabit:
Wafna, wafna!
quid fecisti sors turpassi
Nostre vite gaudia
abstulisti omnia!
Haha!
13. Sou o abade
Sou o abade Cucaniense,
meu concilio com os bebedores,
e quero pertencer seita de Dcio.
e quem me procurar de manh na taberna,
a noite ser deixado nu,
e assim despojado de suas vestes gritar:
Ai de mim! Ai de mim!
que fizestes, execrvel sorte?
nos tomastes da vida
todos os prazeres!
Haha!
14. In taberna quando sumus
In taberna quando sumus
non curamus quid sit humus,
sed ad ludum properamus,
cui semper insudamus.
Quid agatur in taberna
ubi nummus est pincerna,
hoc est opus ut queratur,
si quid loquar, audiatur.
Quidam ludunt, quidam bibunt,
quidam indiscrete vivunt.
Sed in ludo qui morantur,
ex his quidam denudantur
quidam ibi vestiuntur,
quidam saccis induuntur.
Ibi nullus timet mortem,
sed pro Baccho mittunt sortem.
14. Quando estamos na taberna
Quando estamos na taberna,
no pensamos na morte,
corremos a jogar,
o que nos faz sempre suar.
O que se passa na taberna,
onde o dinheiro hospedeiro,
podeis querer saber,
escutais pois o que eu digo.
Uns jogam, uns bebem;
uns vivem licenciosamente.
mas dos que jogam,
uns ficam em pelo,
uns ganham aqui suas roupas,
uns se vestem com sacos.
Aqui ningum teme a morte,
mas todos jogam por Baco.
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Primo pro nummata vini,
ex hac bibunt libertini;
semel bibunt pro captivis,
post hec bibunt ter pro vivis,
quater pro Christianis cunctis,
quinquies pro fidelibus defunctis,
sexies pro sororibus vanis,
septies pro militibus silvanis.
Octies pro fratribus perversis,
nonies pro monachis dispersis,
decies pro navigantibus
undecies pro discordaniibus,
duodecies pro penitentibus,
tredecies pro iter agentibus.
Tam pro papa quam pro rege
bibunt omnes sine lege.
Bibit hera, bibit herus,
bibit miles, bibit clerus,
bibit ille, bibit illa,
bibit servis cum ancilla,
bibit velox, bibit piger,
bibit albus, bibit niger,
bibit constans, bibit vagus,
bibit rudis, bibit magnus,
Bibit pauper et egrotus,
bibit exul et ignotus,
bibit puer, bibit canus,
bibit presul et decanus,
bibit soror, bibit frater,
bibit anus, bibit mater,
bibit ista, bibit ille,
bibunt centum, bibunt mille.
Parum sexcente nummate
durant, cum immoderate
bibunt omnes sine meta.
Quamvis bibant mente leta,
sic nos rodunt omnes gentes
et sic erimus egentes.
Qui nos rodunt confundantur
et cum iustis non scribantur.
Io io io io io io io io io io!
Primeiro ao mercador de vinho,
que bebem os libertinos;
uma vez aos prisioneiros,
depois bebem trs vezes aos vivos,
quatro a todos os cristos,
cinco aos fiis defuntos,
seis s irms perdidas,
sete aos guardas florestais.
Oito aos irmos desgarrados,
nove aos monges errantes,
dez aos navegantes,
onze aos briges,
doze aos penitentes,
treze aos viajantes.
Tanto ao Papa quanto ao Rei
bebem todos sem lei.
Bebe a amante, bebe o senhor,
bebe o soldado, bebe o clrigo.
Bebe ele, bebe ela,
bebe o servo com a serva,
bebe o esperto, bebe o preguioso,
bebe o branco, bebe o negro,
bebe o sedentrio, bebe o nmade,
bebe o estpido, bebe o douto,
Bebem o pobre e o doente,
bebem o estrangeiro e o desconhecido.
bebe a criana, bebe o velho,
bebem o prelado e o dicono,
bebe a irm, bebe o irmo,
bebe a anci, bebe a me,
bebe este, bebe aquele,
bebem cem, bebem mil.
Seiscentas moedas no so suficientes,
se todos bebem imoderadamente
sem freio.
Bebam quanto for, o esprito alegre,
Todo mundo nos denigre,
e assim ficamos desprovidos.
Que sejam confundidos os que nos difamem
e sejam seus nomes riscados do livro dos justos
Io io io io io io io io io io!
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III. COUR D'AMOURS III. CORTE DE AMORES
15. Amor volat undique
Amor volat undique,
captus est libidine.
Iuvenes, iuvencule
coniunguntur merito.
Siqua sine socio,
caret omni gaudio;
tenet noctis infima
sub intimo
cordis in custodia;
fit res amarissima.
15. O amor voa por toda parte
O amor voa por toda parte,
prisioneiros do desejo.
Rapazes, raparigas
unem-se como devem.
Se a jovem no tem parceiro,
Desaparece-lhe toda a alegria;
ela mantm a noite escura
escondida
em seu corao:
um sorte muito amarga
16. Dies, nox et omnia
Dies, nox et omnia
michi sunt contraria,
virginum colloquia
me fay planszer,
oy suvenz suspirer,
plu me fay temer.
O sodales, ludite,
vos qui scitis dicite
michi mesto parcite,
grand ey dolur,
attamen consulite
per voster honur.
Tua pulchra facies
me fay planszer milies,
pectus habet glacies.
A remender
statim vivus fierem
per un baser.
16. Dia, noite e tudo
Dia, noite e tudo
me so contrrios,
a tagarelice das virgens
me faz chorar,
e com frequncia suspirar,
e mais me faz temer.
amigos, estais brincando,
no sabeis o que dizeis,
a mim, infeliz, poupai,
grande a minha dor,
aconselhai-me por fim
por vossa honra.
Teu belo rosto
me faz versar mil prantos,
tens o corao de gelo.
Como remdio,
serei ressuscitado
por um beijo.
17. Stetit puella
Stetit puella
rufa tunica;
si quis eam tetigit,
tunica crepuit.
17. Era uma menina
Era uma menina
com uma tnica vermelha;
se algum tocasse nela,
a tnica farfalhava.
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Eia!
Stetit puella
tamquam rosula;
facie splenduit,
os eius fioruit.
Eia!
Eia!
Era uma menina
Como uma rosinha;
Sua face resplandecia
E tinha os lbios em flor.
Eia!
18. Circa mea pectora
Circa mea pectora
multa sunt suspiria
de tua pulchritudine,
que me ledunt misere. Ah!
Mandaliet,
Mandaliet
min geselle
chmet niet.
Tui lucent oculi
sicut solis radii,
sicut splendor fulguris
lucem donat tenebris. Ah!
Mandaliet
Mandaliet,
min geselle
chmet niet.
Vellet deus, vallent dii
Quod mente proposui:
ut eius virginea
reserassem vincula. Ah!
Mandaliet,
Mandaliet,
Min geselle
Chmet niet.
18. Em meu peito
Em meu peito
Esto muitos suspiros
Por tua beleza,
Que me faz voluptuoso. Ah!
Mandaliet,
Mandaliet,
Meu amor
no vem.
Teus olhos brilham
como raios de sol,
como o esplendor do raio
que ilumina as trevas. Ah!
Mandaliet,
Mandaliet,
Meu amor
no vem.
Queira Deus, queiram os deuses,
aplacar meu desejo:
que eu possa romper
as cadeias da sua virgindade. Ah!
Mandaliet,
Mandaliet,
Meu amor
no vem.
19. Si puer cum puellula
Si puer cum puellula
Moraretur in cellula,
Felix coniunctio.
Amore suscrescente
19. Se um menino com um menina
Se um menino com um menina
se encontram em um quarto.
o casamento feliz.
O amor avulta,
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11
Pariter e medio
Avulso procul tedio,
fit ludus ineffabilis
membris, lacertis, labii.
e entre eles
a vergonha posta de lado
e tem incio um jogo inefvel
em seus membros, braos e lbios.
20. Veni, veni, venias
Veni, veni, venias,
ne me mori facias,
hyrca, hyrce, nazaza,
trillirivos...
Pulchra tibi facies
oculorum acies,
capillorum series,
o quam clara species!
Rosa rubicundior,
lilio candidior,
omnibus formosior,
semper in te glorior!
20. Vem, vem, vem
Vem, vem, vem,
no me faas morrer.
hyrca, hyrce, nazaza,
trillirivos...
Teu belo rosto,
teus olhos brilhantes,
teu cabelo tranado,
que gloriosa criatura!
Mais rubra que a rosa,
mais branca que o lrio,
mais bela que qualquer outra,
sempre em ti glorificarei.
21. In truitina
In truitina mentis dubia
fluctuant contraria
lascivus amor et pudicitia.
Sed eligo quod video,
collum iugo prebeo;
ad iugum tamen suave transeo.
21. Na balana
Na balana os sentimentos oscilam
Um contra o outro;
Amor lascivo e pudor.
Mas escolho o que vejo,
E coloco meu pescoo sob o jugo;
Ao jogo suave todavia me submeto.
22. Tempus es iocundum
Tempus es iocundum
o virgines,
modo congaudete
vos iuvenes!
Oh, oh, oh!
totus floreo,
iam amore virginali totus ardeo!
novus, novus amor est, quo pereo!
22. O tempo de alegria
O tempo de alegria,
virgens,
vinde divertir-vos,
rapazes!
Oh, oh, oh!
floreso inteiro!
ardo todo de um amor virginal!
novo, novo amor o que me faz perecer!
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12
Mea me confortat
promissio,
mea me deportat
negatio.
Oh, oh, oh
totus floreo
iam amore virginali totus ardeo!
novus, novus amor est, quo pereo!
Tempore brumali
vir patiens,
animo vernali
lasciviens.
Oh, oh, oh,
totus floreo,
iam amore virginali totus ardeo!
novus, novus amor est, quo pereo!
Mea mecum ludit
virginitas,
mea me detrudit
simplicitas.
Oh, oh, oh,
totus floreo,
iam amore virginali totus ardeo!
novus, novus amor est, quo pereo!
Veni, domicella,
cum gaudio,
veni, veni, pulchra,
iam pereo!
Oh, oh, oh,
totus floreo,
iam amore virginali totus ardeo!
novus, novus amor est, quo pereo!
Minha promessa
me conforta,
minha recusa
me desola.
Oh, oh, oh!
floreso inteiro!
ardo todo de um amor virginal!
novo, novo amor o que me faz perecer!
No tempo das brumas
o homem paciente,
o sopro da primavera
o torna lascivo.
Oh, oh, oh!
floreso inteiro!
ardo todo de um amor virginal!
novo, novo amor o que me faz perecer!
Minha virgindade
brinca comigo
minha simplicidade
me preserva.
Oh, oh, oh!
floreso inteiro!
ardo todo de um amor virginal!
novo, novo amor o que me faz perecer!
Vem, amante,
com alegria
vem, vem, linda.
estou morrendo!
Oh, oh, oh!
floreso inteiro!
ardo todo de um amor virginal!
Novo, novo amor o que me faz perecer!
23. Dulcissime
Dulcissime,Ah!
totam tibi subdo me!
23. Amor querido
Amor querido. Ah!
Me entrego toda a ti!
-
13
BLANZIFLOR ET HELENA BLANCHEFLEUR E HELENA
24. Ave formosssima
Ave formosissima,
Gemma pretiosa,
ave decus virginum,
virgo gloriosa,
ave mundi luminar,
ave mundi rosa,
Blanziflor et Helena,
Venus generosa!
24. Salve formosssima
Salve, formosssima,
Joia preciosa,
Salve, orgulho das virgens,
Virgem gloriosa,
Salve, luz do mundo,
Salve, rosa do mundo
Blanchefleur e Helena,
Generosa Vnus!
FORTUNA IMPERATRIX MUNDI FORTUNA IMPERATRIZ DO MUNDO
25. O Fortuna
O Fortuna
velut luna
statu variabilis,
semper crescis
aut decrescis.
vita detestabilis,
nunc obdurat
et tunc curat;
ludo mentis aciem,
egestatem,
potestatem
dissolvit ut glaciem.
Sors immanis
et inanis,
rota tu volubilis,
status malus,
vana salus
semper dissolubilis,
obumbrata
et velata
michi quoque niteris;
nunc per ludum
dorsum nudum
fero tui sceleris.
25. Fortuna
Fortuna
s como a Lua
mutvel,
sempre aumentas
e diminuis;
a detestvel vida
ore escurece
e ora clareia
por brincadeira a mente;
misria,
poder,
ela os funde como gelo.
Sorte monstruosa
e vazia,
tu roda volvel
s m,
v a felicidade
sempre dissolvel,
nebulosa
e velada
tambm a mim contagias;
agora por brincadeira
o dorso nu
entrego tua perversidade.
-
14
Sors salutis
et virtutis
michi nunc contraria,
est affectus
et defectus
semper in angaria.
Hac in hora
sine mora
corde pulsum tangite;
quod per sortem
sternit fortem,
mecum omnes plangite!
A sorte na sade
e virtude
agora me contrria.
d
e tira
mantendo sempre escravizado.
nesta hora
sem demora
tange a corda vibrante;
porque a sorte
abate o forte,
chorais todos comigo!
Edio: Lucas Lopes | maio de 2015