carlos lacerda acervo 1 (pdf)

290
Fitas de rolo – Acesso somente em CD As datas entre colchetes foram arbitradas de acordo com o período em ocorreram os episódios relatados nos documentos BR RJAGCRJ.CL.FAM.1001 1. Assuntos 1.1 Faixa 1 Hospital Moncorvo Filho 2. Temas 2.1 Faixa 1 Inauguração da unidade de saúde, anexo do hospital Moncorvo Filho, excelência do hospital escola, assassinato de mendigos, viagens, empréstimos F1: 30min F1: 30/09/1965 Faixa 1 Hospital Moncorvo Filho O dr. Brito, secretário de Saúde, comemora a entrega de mais uma unidade de saúde à população do estado da Guanabara. Comenta que a nova unidade então inaugurada, o anexo do hospital Moncorvo Filho, tinha custado 500 milhões de cruzeiros. Fala que a unidade receberia equipamentos da República Federal da Alemanha. Diz que o empréstimo conseguido, no valor de 4 bilhões de cruzeiros em equipamentos da Alemanha, era altamente vantajoso para o estado da Guanabara. Explica que o hospital abrigava cinco das mais importantes cátedras de ensino da Faculdade Nacional de Medicina. Destaca que na nova unidade ficariam os serviços de radiologia, endocrinologia, diabetes e de anestesia. Além desses serviços, continua, foi instalado o laboratório de radioisótopos da Faculdade Nacional de Medicina. Fala sobre o grande número de médicos residentes e técnicos de enfermagem dos hospitais estaduais Critica as administrações anteriores e valoriza a então vigente administração, afirmando que os antigos administradores não podiam voltar. Diz que entrega ao governador, para ele entregar à população, uma nova unidade hospitalar. Agradece a presença de todos. O governador Carlos Lacerda conta que encontrou o hospital Pedro Ernesto quase fechado e que o estava reformando. Fala sobre a importância de um hospital em que os médicos complementam a sua formação. Critica os governos anteriores por não investirem na Faculdade Nacional de Medicina. Comenta sobre os moradores da antiga favela do esqueleto, que agora eram proprietários de casas na Vila Kennedy e diz que no terreno onde havia a favela ficaria o campus da Universidade da Guanabara. Afirma que o anexo do hospital Moncorvo Filho seria um hospital-escola, que além de tratar os pacientes, formaria bons médicos para cuidar deles. Salienta que os antigos governantes não podiam voltar ao poder. Afirma que as reportagens nos ornais que o acusavam de responsabilidade no afogamento de mendigos no rio da Guarda e do abandono de alguns mendigos em outros estados, era falso. Acrescenta que os responsáveis pelo afogamento de mendigos eram policiais nomeados por administradores anteriores. Um, era membro da guarda pessoal do ex-presidente Juscelino, outro, era um ex- mendigo. Lacerda fala que os dois foram demitidos, processados e estavam presos.

Upload: lykhuong

Post on 10-Jan-2017

280 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Fitas de rolo – Acesso somente em CDAs datas entre colchetes foram arbitradas de acordo com o período em

ocorreram os episódios relatados nos documentosBR RJAGCRJ.CL.FAM.1001

1. Assuntos

1.1 Faixa 1Hospital Moncorvo Filho

2. Temas

2.1 Faixa 1Inauguração da unidade de saúde,anexo do hospital MoncorvoFilho, excelência do hospitalescola, assassinato de mendigos,viagens, empréstimos

F1: 30min F1: 30/09/1965 Faixa 1Hospital Moncorvo FilhoO dr. Brito, secretário de Saúde, comemora aentrega de mais uma unidade de saúde àpopulação do estado da Guanabara. Comentaque a nova unidade então inaugurada, o anexodo hospital Moncorvo Filho, tinha custado 500milhões de cruzeiros. Fala que a unidadereceberia equipamentos da República Federal daAlemanha. Diz que o empréstimo conseguido,no valor de 4 bilhões de cruzeiros emequipamentos da Alemanha, era altamentevantajoso para o estado da Guanabara. Explicaque o hospital abrigava cinco das maisimportantes cátedras de ensino da FaculdadeNacional de Medicina. Destaca que na novaunidade ficariam os serviços de radiologia,endocrinologia, diabetes e de anestesia. Alémdesses serviços, continua, foi instalado olaboratório de radioisótopos da FaculdadeNacional de Medicina. Fala sobre o grandenúmero de médicos residentes e técnicos deenfermagem dos hospitais estaduais Critica asadministrações anteriores e valoriza a entãovigente administração, afirmando que os antigosadministradores não podiam voltar. Diz queentrega ao governador, para ele entregar àpopulação, uma nova unidade hospitalar.Agradece a presença de todos. O governadorCarlos Lacerda conta que encontrou o hospitalPedro Ernesto quase fechado e que o estavareformando. Fala sobre a importância de umhospital em que os médicos complementam asua formação. Critica os governos anteriores pornão investirem na Faculdade Nacional deMedicina. Comenta sobre os moradores daantiga favela do esqueleto, que agora eramproprietários de casas na Vila Kennedy e diz queno terreno onde havia a favela ficaria o campusda Universidade da Guanabara. Afirma que oanexo do hospital Moncorvo Filho seria umhospital-escola, que além de tratar os pacientes,formaria bons médicos para cuidar deles.Salienta que os antigos governantes não podiamvoltar ao poder. Afirma que as reportagens nosjornais que o acusavam de responsabilidade noafogamento de mendigos no rio da Guarda e doabandono de alguns mendigos em outrosestados, era falso. Acrescenta que osresponsáveis pelo afogamento de mendigos erampoliciais nomeados por administradoresanteriores. Um, era membro da guarda pessoaldo ex-presidente Juscelino, outro, era um ex-mendigo. Lacerda fala que os dois foramdemitidos, processados e estavam presos.

Page 2: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Critica a reportagem que o acusara de viajar 18vezes ao exterior como governador. Ressalta queforam menos vezes e que sempre trouxe dasviagens empréstimos e acordos em benefício dogoverno da Guanabara.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.002

1. Assunto

1.1 Faixa 1Assinatura do Decreto queAumenta em 50% a Pensão deVários Pensionistas do IPEG

1.2 Faixa 2Carlos Lacerda Lê o Manifesto doGolpe de 1964

1.3 Faixa 3Marcha da Família com Deuspela Liberdade

1.4 Faixa 4Inauguração da Escola AryBarroso

1.5 Faixa 5Entrevista na TV Itapoã

1.6 Faixa 6Discurso de Carlos Lacerda naCâmara Municipal de TeófiloOtoni – MG

1.7 Faixa 7Inauguração da Escola RômuloGalegos

1.8 Faixa 8Inauguração da Escola MarcílioDias

1.9 Faixa 9Inauguração da Escola GeorgeBernamos

1.10 Faixa 10Inauguração da Escola MarechalEtschegoyen

1.11 Faixa 11Discussão Sobre Adultério doPonto de Vista Jurídico

1.12 Faixa 12Instalação da Superintendência doQuarto Centenário da Cidade doRio de Janeiro

F 1: 10minF 2: 10 minF 3: 30minF 4: 10minF 5: 32minF 6: 40minF 7: 10minF 8: 12minF 9: 10minF10: 20minF11: 1 minF12: 15 minF13: 50min

F1: 17/04/1964F2: [1964]F3: 02/04/1964F4: 10/04/1969F5: 01/03/1964F6: [1960/1965]F7: 10/04/1964F8: 10/04/1964F9: 17/04/1964F10: 13/04/1964F11: s/dF12: 04/03/1965F13: 20/03/1964

Faixa 1Assinatura do Decreto que Aumenta em 50% aPensão de Vários Pensionistas do IPEG Lacerdafala sobre a alegria de ver a recuperação doIPEG (Instituto de Previdência do Estado daGuanabara). Diz que era preciso acabar com apolítica do empreguismo para obter votos.Ressalta que as vagas no serviço públicodeveriam ser preenchidas por concurso público.Elogia o secretário de administração, Pires Leal.Lacerda afirma que quando assumiu o governo amenor pensão que o estado pagava era de 375cruzeiros e a maior de 11.400 cruzeiros e que onovo governo aumentou a menor pensão para3.750 cruzeiros. Menciona que depois o governodeu um abono fixo de 2.500 cruzeiros para aspensões e que a aposentadoria mínima era entãode 7.250 cruzeiros e a máxima de 29.708cruzeiros. Explica que a despesa era paga pelasreservas do Instituto. Acrescenta que o governodaria máquinas de costura para as antigaspensionistas, de forma a aumentar a sua renda, eque o governo também doaria óculos de graupara as pensionistas que precisassem. Agradecea presença das autoridades e das pensionistas àcerimônia de assinatura do decreto queaumentava em 50% as pensões de 19.000 daspensionistas do IPEG

Faixa 2Carlos Lacerda Lê o Manifesto do Golpe de1964 O governador Carlos Lacerda faz a leitura demanifesto escrito pelos generais Arthur da Costae Silva, Humberto de Alencar Castelo Branco eDécio Palmeiro Escobar. O manifesto propagaque a aproximação do presidente João Goulartcom notórios comunistas punha em risco ademocracia no Brasil e acusa o presidente depressionar o Congresso e de levar o Brasil aocaos econômico e social. Difunde que aliberdade estava ameaçada e que quando sesubvertia a democracia as Forças Armadas eramdestruídas. Veicula que as Forças Armadasdeveriam proteger a pátria, garantir os poderesconstitucionais, a lei e a ordem e por isso deveriaser dado um basta às manobras desagregadoras esubversivas. Os manifestantes conclamam atodos os camaradas do Exército brasileiro acerrar fileiras em nome da segurança nacional,para a salvaguarda das Forças Armadas,gravemente ameaçadas. O manifesto se estendeà Marinha, à Aeronáutica e às Forças Auxiliaresestaduais. Prometem restaurar a legalidade egarantir a democracia. Conclamam a todos a se

Page 3: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

1.13 Faixa 13Almoço no Rotary de Osasco –SP

2. Temas

2.1 Faixa 1Aumento de pensões, concursopúblico, aposentadorias

2.2 Faixa 2Manifesto de Arthur da Costa eSilva, Humberto de AlencarCastelo Branco e Décio PalmeiroEscobar, aproximação de Goulartcom comunistas, ameaça àsForças Armadas, democraciaversus comunistas

2.3 Faixa 3Vitória da “Revolução”, vitória dademocracia, guerra contra ocomunismo, elogios ao generalMourão Filho, eleições em 1965,politização do povo brasileiro

2.4 Faixa 4Inauguração da quarta escola nomesmo dia, escola dedicada a AryBarroso, fama de Ary no exterior

2.5 Faixa 5Elogios a Rui Barbosa, combate àcorrupção, reformaadministrativa, remoçãoconsentida, Guandu, empréstimosexternos, construção de unidadeshospitalares, reforma agrária,comunistas reacionários

2.6 Faixa 6O exemplo de Teófilo Otoni, adescentralização administrativa,críticas à burocracia e à reformaagrária, Lenin e o NEP

2.7 Faixa 7Homenagem a um professor,depois presidente da Venezuela,vitória da “Revolução” e dasForças Armadas

2. 8 Faixa 8Compara a bravura de MarcílioDias à das Forças Armadas,elogia a “Revolução” semderramamento de sangue,regozija-se com o combate ao

unirem em defesa do Brasil. Carlos Lacerda sediz orgulhoso de ter lido este documento. Acusaa rádio Mairink Veiga de provocar o povo e dizque ela deveria parar de fazer isso. Pede a todosque confiem nas Forças Armadas, que eram agarantia de liberdade. Diz que no Brasil nãohavia lugar para os comunistas e para oscúmplices dos comunistas.

Faixa 3Marcha da Família com Deus pela LiberdadeLacerda diz que o povo tinha celebrado, no diaanterior, em São Paulo, e naquele dia, no Rio deJaneiro, a vitória da justiça. Fala que todosdeveriam agradecer a Deus, pois pela primeiravez ocorrera uma vitória sem guerra sobre ocomunismo. Afirma que todos deveriamagradecer às Forças Armadas do Brasil. Fazelogios a atuação das Forças Armadas. Elogia ogeneral Mourão Filho, que precipitou a“Revolução” e assim evitou o sangue no Brasil emilhares de mortes. Elogia dois membros doCongresso brasileiro, o deputado ArmandoFalcão e o senador Mem de Sá. Afirma quecabia ao Congresso eleger o presidente e o vice-presidente até que houvesse a eleição, em 1965.Conta sobre a sua ligação com a Aeronáutica,por causa da morte de Rubens Vaz. Acusa aRússia de tentar dirigir o Brasil através detraidores. Comenta que os russos nãoimaginavam que os democratas teriam coragemde enfrentá-los. Acrescenta que a reconstruçãodo Brasil teria que começar imediatamente, nãopoderia esperar até 1965. Diz que não se poderiaconfundir generosidade com leniência. Afirmaque na democracia não havia lugar para quem atraísse. Ressalta que a tarefa de defender ademocracia era de todo o povo brasileiro. Falaque os estudantes deveriam fazer renascer aUNE. Comenta que se alguma coisa eraaltamente animadora no Brasil, era a politizaçãodo povo brasileiro. Considera que o povo sabiaa diferença entre democracia e demagogia.Afirma que o povo queria a reforma agrária paraaumentar a produção, queria justiça social, ter oque repartir e não repartir o que não havia.

Faixa 4O governador Carlos Lacerda assinala que era aquarta escola que estava sendo inauguradanaquele dia. Destaca que o nome da primeiraescola inaugurada era a Rômulo Galego,presidente da Venezuela, a segunda, Pintor LasarSegall, e a terceira, homenageando MarcílioDias, herói da Marinha brasileira, e a quarta teriao nome de Ary Barroso. Lacerda conta umahistória para mostrar o prestígio de Ary Barrosono exterior. Relata que ele estava na Suécia eque no hotel em que estava hospedado haveriaum show. Quando os integrantes da banda

Page 4: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

comunismo

2.9 Faixa 9Combate à traição comunista,vitória da “Revolução”,democracia, participação dos pais

2.10 Faixa 10Escola na Vila Kennedy, respeitoaos favelados, militares no lugardos políticos, guerra subversiva,intervenção dos militares, carreirapara policiais, exploração dopovo

2.11 Faixa 11Discussão sobre adultério doponto de vista jurídico.

2.12 Faixa 12importância nacional einternacional do QuartoCentenário do Rio de Janeiro,funcionamento, apoio dapopulação, cidade hospitaleira

2.13 Faixa 13Favelas, reforma agrária,progresso, civilização, teoria daCEPAL, D. Hélder, visãoromântica das favelas, favelas noexterior, COHAB, trabalhovoluntário, problema habitacional

souberam que ele era brasileiro, tocaramAquarela do Brasil. Diz que ninguém nuncaenjoou de uma música de Ary Barroso e queninguém também nunca esqueceu de umamúsica dele.

Faixa 5Entrevista de Carlos Lacerda à TV Itapuã, naBahiaComeça a entrevista falando sobre o quesignificava a sua presença na vida pública. Dizque como jornalista combativo foi naturalmentese encaminhando para a política. Lacerdaenaltece Rui Barbosa e critica os que falavammal dele. Diz que era injustiçado como foi RuiBarbosa, embora não tivesse a pretensão de secomparar a ele. Conta que criaram uma imagemfalsa a seu respeito, de que só guardaria ódio,que era um destruidor, incapaz de construirqualquer coisa duradoura, incapaz de afeto, deamor. Considera que esta perseguição ocorriaporque ele combatia a corrupção e a demagogia.Mas, mesmo assim, comenta, cogitou dapossibilidade de governar o estado da Guanabaraque, segundo ele, estava abandonado. Explicaque o principal problema era a falta de ânimo, decoragem, de confiança. Lacerda fala queconseguiu fazer uma reforma administrativa, queaumentou de 3 para 30 bilhões os fundos doBanco do Estado da Guanabara. Acrescenta queera só um exemplo da aplicação, na prática, dosprincípios do seu governo. Menciona queencontrou cerca de um milhão de favelados eque algumas favelas foram removidas, outrasforam melhoradas, mas nunca uma família defavelados foi removida pela força. Consideraque a mudança tinha sido para melhor, porque omorador passava a ser proprietário de sua casa.Fala sobre a obra na adutora do Guandu, que nãotinha obtido o apoio do Banco do Brasil, daCaixa Econômica Federal ou do BNDES,somente um empréstimo do exterior, e que oresto tinha sido garantido pelo BEG. Prometeconstruir unidades hospitalares de dois em doismeses e reformar hospitais, como o GetúlioVargas. Admite que não iria resolver o problemadas favelas, mas diz que seria possível resolver oproblema de habitação da população, e que eraisso o que o seu governo estava demostrando.Afirma que os grandes latifundiários do estadoda Guanabara eram os institutos de previdência,que compraram grandes terrenos paraespeculação imobiliária. Considera a reformaagrária uma palhaçada, porque a reforma agráriacomo era aplicada não pretendia aumentar onúmero de proprietários, uma vez que apropriedade estava sendo constantementedesvalorizada. Discorre sobre a teoria deMalthus que versava sobre a Inglaterra no séculoXIX, e que afirmava que a população aumentaria

Page 5: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

em progressão geométrica e a comida emprogressão aritmética, logo haveria fome. Mas,acrescenta que a previsão estava errada, que apopulação tinha aumentado duas vezes,enquanto a produção de alimentos tinhacrescido duas vezes e meia. Comenta que aprevisão de Marx de que aumentaria aconcentração da riqueza enquanto a miséria seespalharia pela população estava errada, e que oscomunistas eram os maiores reacionários queexistiam. Defende as grandes propriedades,necessárias para alimentar a população. Explicaque não adiantava um homem ignorante serproprietário, que ele precisava ter condições deter um caminhão para transportar a suaprodução. Defende a tese de que era possívelgovernar o estado da Guanabara - que diziamser ingovernável - , não acertando sempre, masagindo sem medo de errar. Pede para nãoconfundirem indignação com radicalização.

Faixa 6Discurso de Carlos Lacerda na CâmaraMunicipal de Teófilo Otoni – MGCarlos Lacerda diz sentir-se honrado por recebero convite da Câmara de Teófilo Otoni para estarpresente à cerimônia. Conta que queria conhecera cidade há muito tempo, que tinha ouvido falarmuito bem de Teófilo Otoni por seu amigoVirgílio de Melo Franco. Destaca que TeófiloOtoni, que deu nome à cidade, era um exemplo aser seguido. Agradece pela hospitalidade e peloexemplo de civilização política, que esperavaque fosse seguido em todo país. Critica aclassificação da ONU, que para ele sepreocupava com a média de cada nação, por issocolocava o Chile em uma posição superior aoBrasil, assim como o estado americano de PortoRico. Considera que o Brasil tinha estados muitodesiguais, então, não se poderia levar emconsideração as estatísticas da ONU. Explicaque o Brasil era, ao mesmo tempo, uma naçãodesenvolvida, em desenvolvimento esubdesenvolvida e que o Brasil deveria seguir oseu próprio caminho. Acrescenta que as regiõesmais desenvolvidas do país deveriam auxiliar asmenos desenvolvidas. Ressalta que esperavaque o Brasil, em 20 anos, desse o salto que osEUA deram no século XIX e a Inglaterra noséculo XVIII. Acrescenta que o Brasil precisavautilizar o petróleo, a eletricidade, e a energiaatômica para dar o salto sobre o atraso. Defendemaior investimento do Brasil em energiaatômica. Acredita que era preciso instalar umapolítica de descentralização no Brasil, quecolocasse a autoridade pública próxima docontribuinte. Acha que era preciso umaaproximação do administrador local com asassociações de moradores. Enfatiza que istoestava sendo feito no estado da Guanabara.

Page 6: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Comenta que a descentralização era muito fácilde ser feita no plano nacional, porque já existiamos estados e municípios, faltava apenas que osgovernantes percebessem que o poder não eradeles, que eles estavam exercendo o poder emnome do povo. Propõe que as soluções para osproblemas do Brasil começassem pelosmunicípios, de cima para baixo, porém, deveriahaver cooperação entre o governo federal,governo estadual e os municípios. Explica quesua proposta não era nova, existia desde oImpério. Critica a burocracia brasileira peloexcesso de documentos que os governantestinham que assinar e anuncia que então jáassinava menos 30% do que antes. Fala querecebia decretos com oito vias para assinar, epassou a assinar apenas a primeira para ver oque acontecia e não aconteceu nada. Continua acriticar a burocracia brasileira e a afirmar queera necessário haver uma descentralizaçãoadministrativa no Brasil. Conta que falavammuito sobre as reformas, mas poucas reformastinham sido feitas. Critica as propostas dereforma tributária e reforma agrária. Critica areforma agrária russa e diz que Lênin searrependeu de ter feito a reforma em 1917, tantoque dez anos depois lançou a NEP (NovaPolítica Econômica), que permitia a propriedadeprivada. Considera que não era preciso fazerreforma agrária para dar terras e conclui dizendoque a maior partes das terras pertenciam aUnião, a estados e municípios.

Faixa 7Inauguração da Escola Rômulo Galegos.Carlos Lacerda conta que a sugestão do nomefora do embaixador venezuelano e que Rômulotinha sido professor primário, secundário euniversitário, e que depois se tornou presidenteda Venezuela. Além de professor e político,Rômulo também era romancista. Ressalta que opovo brasileiro estava prestando solidariedade àVenezuela pela agressão de que foi vítima,perpetrada pelos agentes comunistas a serviçode Fidel Castro. Afirma que o Brasil iria romperrelações com a tirania de Fidel Castro e ficar fielà Venezuela e a outras nações do continente.Explica que houve no Brasil uma revolução, masnão de usurpadores e sim de servidores da lei edo povo. Acredita que só quem nunca sofreu atraição poderia ser contra a posição das ForçasArmadas de tomar o poder e que elas existiampara defender a população e garantir ocumprimento da lei. Segundo Lacerda, obrasileiro deveria se sentir orgulhoso por terderrotado o comunismo internacional, semderramar sangue.

Faixa 8Inauguração da Escola Marcílio Dias

Page 7: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Carlos Lacerda conta que os nomes das escolaseram escolhidos para servirem de inspiração eexemplo aos alunos. Considera que nenhumnome poderia ser melhor para uma escola daGuanabara do que o de Marcílio Dias, que seconverteu em um marinheiro símbolo da glória eda honra da Marinha do Brasil. Acha quequando as Forças Armadas do Brasil selevantaram em nome da lei e da ordem, ofizeram pelas mesmas razões que levaramMarcílio Dias a morrer com os olhos fitos nabandeira do Brasil. Lacerda acredita que a guerrase fazia então dentro de cada nação, pelaagressão, usando a pobreza, a ingenuidade, apropaganda e a traição. Esta guerra interna,segundo Lacerda, era estimulada pela Rússia,usando o comunismo como uma arma de guerra.Lacerda defende a atuação das Forças Armadasno combate ao comunismo no Brasil. Acrescentaque elas responderam à agressão e à traição doscomunistas. Relata que o Brasil inteiro se uniupara restaurar a ordem, as Forças Armadas e aopinião pública. Concorda com a cassação dosmandatos dos políticos que traíram a população,mas pondera que isso não representaria falta deliberdade, mas justiça. Lacerda acha que o Brasildeveria se orgulhar de ter conseguido vencer ocomunismo, sem derramar sangue. Elogia maisuma vez as Forças Armadas por terem agido nahora certa e comenta que nos últimos três anosos brasileiros estavam assustados,envergonhados. Elogia a participação deMarcílio Dias na Batalha do Riachuelo.

Faixa 9Inauguração da Escola George BernamosCarlos Lacerda diz que o movimentorevolucionário não tinha vindo pedir desculpas aninguém por ter vencido, que tinha vindo paraacabar definitivamente com a corrupção e atraição comunista. Afirma que o espírito da“Revolução” precisava continuar. Acredita queera preciso não ter medo do esforço, não tervergonha do heroísmo e ter consciência dagrandeza do país para fazer do nacionalismouma força de construção e não de negação.Lacerda discorre sobre a importância detransformar o Brasil em uma grande nação. Achaque o país não era subdesenvolvido, a não ser nacabeça de alguns subdesenvolvidos. Afirma queao entregar uma escola, estava entregando umaoficina de democracia. Considera fundamental aparticipação dos pais no funcionamento dasescolas e esperava que a escola se tornasse maisum elo de amizade entre ele e o povo. Acreditaque o povo deveria tomar em suas mãos a“Revolução” .

Faixa 10Inauguração da Escola Alcides Etchegoyen

Page 8: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Lacerda se diz emocionado por estarinaugurando uma escola em Vila Kennedy.Considera que os moradores fizeram umapressão legítima para que a escola fosseinaugurada rapidamente. Menciona que aindapretendia construir oficinas e dar financiamentopara artesanato e pequenas indústrias, de forma aque os moradores de Vila Kennedy se bastassem.Explica que a ideia era integrar a comunidade,que antes era maltratada e favelada, e por ele eratratada com dignidade, com direitos e deveres;que a ideia de não expulsar ninguém das favelas,mas trazer as favelas para as verdadeiras cidadesnovas, era uma prova de respeito à população ede confiança no futuro do país. Acredita que aeleição do general Castelo Branco para aPresidência da República não representava ofim dos objetivos da “Revolução”, mas apenas oinício. Lacerda considera que muitas pessoasainda precisavam ser afastadas da vida pública,pessoas que foram desleais e desonestas com oBrasil, porque estas pessoas tinham explorado apobreza do povo brasileiro. Acha que algunspodiam estranhar que os militares estivessemocupando o lugar dos políticos. Ele explica que aguerra, naquela época, tinha várias modalidades:a guerra atômica, a guerra convencional, aguerra fria, a guerra civil e a guerra subversiva.Lacerda menciona que esta última era a queestava sendo feita no Brasil, por isso os militarestiveram que intervir. Mas, acredita que quemenfrentou esta guerra foram as mulheres de BeloHorizonte. Acrescenta que os militaresdemoraram a intervir e que esperava que asForças Armadas não saíssem do poder antes quetodos os objetivos da “Revolução” tivessem sidoatingidos. Espera que não se repetisse o queaconteceu em 1930 e 1954, fatos que iludiram edecepcionaram os militares e o povo brasileiro.Aguarda que o Brasil realmente tivesse eleiçõeslivres e que elas não tivessem a participação doscomunistas. Comenta que aquela não fora umarevolução reacionária, tinha sido como umaeleição feita pelas armas. Ressalta que não sabiacomo tinha suportado os últimos três anos deboicote ao estado da Guanabara. Faz elogios aAlcides Etchegoyen, escolhido como nome daescola que estava sendo inaugurada. Comentaque tinha dificuldade em chamá-lo de marechal,tamanha a sua simplicidade. Agradece apresença de representantes da Marinha,Aeronáutica e Exército à cerimônia deinauguração da escola. Afirma que ahomenagem a Alcides Etchegoyen tornou apolícia respeitada pela população da Guanabara.Conta que ele tentou acabar com a corrupção napolícia e criar uma carreira para os policiais, eque Alcides fez parte da geração dos tenentesque fizeram revoluções, mas ingenuamenteachou que poderia fazer uma revolução e ficar

Page 9: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

do lado de fora. Ele só compreendeu que nãopoderia fazer isso na idade madura.

Faixa 11Discussão Sobre Adultério do Ponto de VistaJurídico.

Faixa 12Instalação da Superintendência do QuartoCentenário da Cidade do Rio de JaneiroLacerda anuncia que estava sendo instalada aSuperintendência do Quarto Centenário, criadapela Assembleia Legislativa do estado.Acrescenta que o Quarto Centenário tinhaimportância nacional e internacional. Explicabrevemente como funcionaria aSuperintendência, que seria presidida pelosecretário de Turismo, e se estenderia até o fimdaquele ano. Conta que cuidou das obras debase, fez uma reforma administrativa, investiuem saúde, educação, saneamento, abastecimentod’água e na expansão da atividade econômica,para poder comemorar o Quarto Centenário.Salienta que esperava que a população tambémajudasse na comemoração, já que aSuperintendência fora criada para ajudar eincentivar as comemorações, e não para ser aúnica responsável. Explica a importância dacomemoração tanto nacionalmente quantointernacionalmente. Faz diversos elogios àcidade do Rio de Janeiro, à sua natureza e a seusmonumentos. Comenta que a cidade semprerecebeu imigrantes de todas as partes do mundo,principalmente da África.

Faixa 13Almoço no Rotary de OsascoLacerda diz que já tinha falado várias vezes umatolice, que as favelas eram fruto da falta dereforma agrária. Comenta que mudou sua visão,que as favelas eram criadas pelo progresso, pelaurbanização, eram consequência da revoluçãoindustrial por que passava o país. Lacerda criticaa teoria da CEPAL (Comissão Econômica para aAmérica Latina e o Caribe) que considerava oBrasil um país subdesenvolvido. Diz que umaprova de que esta teoria estava errada era que aCEPAL não classificou o Chile e o Uruguaicomo países subdesenvolvidos. Diz que o Brasilé um país com dimensões continentais e um paíscom diferentes graus de desenvolvimento.Lacerda critica a teoria econômica da CEPAL deque a construção de casas era inflacionária e dizque esta era a principal causa da expansão defavelas no Rio de Janeiro e no Brasil, porque nãose investia na construção de casas, apenas naconstrução de fábricas. Acredita que a elite tinhauma visão distorcida das favelas ou asconsiderava um antro de marginais ou umaespécie de capela na qual só havia santos. Critica

Page 10: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Dom Hélder Câmara que, segundo ele, tinhauma visão romântica das favelas. Lacerdacomenta que a maioria dos moradores de favelatinham que pagar aluguel pelos barracos ondemoravam e, muitas vezes, para pessoas que nãomoravam nelas. Explica que as favelas não eramprevistas pela lei, e poderiam ser consideradasum triunfo da iniciativa particular do seumorador, privado de crédito, do amparo da lei.Afirma que as favelas da Zona Sul existiamporque os favelados precisavam morar perto deseus empregos. Acrescenta que as favelastambém eram construídas perto das fábricas, nasquais os favelados trabalhavam. Diz que um dosmaiores erros que se poderia cometer era dizerque o favelado era um desclassificado social.Assinala que depois de estudar as favelas tinharesolvido enfrentar o problema. Critica aspessoas que se preocupavam em remover asfavelas por causa dos estrangeiros. Relata queconheceu favelas em Paris, Londres, Nova Yorke que não havia motivos para nosenvergonharmos. Conta que começou o trabalhonas favelas com a Fundação Leão XIII, depoiscriou a COHAB (Companhia de Habitação). Porfim, destaca, conseguiu um parecer doDepartamento Nacional de Previdência Socialpara que os institutos entrassem com osterrenos, que tinham disponíveis, como parte docapital da COHAB, de forma que fossemconstruídas casas para os contribuintes dosinstitutos, que depois seriam vendidas, mas dizque até aquele momento os terrenos não tinhamsido cedidos. Lacerda comenta que não eramtodas obras do seu governo, que havia verbas dogoverno dos Estados Unidos como, segundo ele,afirmavam os comunistas. Acredita que o RioGrande do Norte já tinha recebido mais verbados EUA do que a Guanabara. Conta que usou averba destinada às favelas para urbanizá-las epara comprar terrenos com vistas a criarconjuntos habitacionais como Vila Kennedy eVila Aliança. Lacerda rebate as críticas quevinha recebendo por não ter entregue as casascompletas, ou seja, por ceder as casas com umterreno para que a casa pudesse ser,posteriormente, ampliada. Menciona que na VilaAliança 40% dos moradores já tinham ampliadoa sua casa. Defende a ideia de que os moradorestinham que comprar as casas na Vila Aliança ena Vila Kennedy, pagando 15% do saláriomínimo por mês, durante 10 anos,aproximadamente. Fala sobre a urbanização dafavela da Vila da Penha, que foi feita pelogoverno do estado da Guanabara. Diz que estetrabalho contou com a ajuda dos moradores dafavela e que a favela do Vintém foi urbanizadapor dois mil moradores, coordenados por umengenheiro do governo do estado. Consideraque com o trabalho voluntário o governo tinha

Page 11: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

economizado 30 milhões de cruzeiros. Lacerdanarra o caso de um deputado que quis comprarvotos dos moradores de uma favela oferecendoduas bicas e que ouviu a resposta de que a favelanão precisava de bicas, porque já tinha sidoconstruído um reservatório no local. Comentaque obras como estas libertavam os moradoresde políticos interesseiros. Lacerda fala sobre aremoção da favela do Pasmado e menciona queo Partido Comunista tentou evitar a remoção dafavela, para não perder o seu curral eleitoral.Mas, relata que os moradores das favelasqueriam ir para Vila Kennedy e que pelo menos40 % das famílias tinham geladeira. Comentaque estas famílias tinham crédito para comprargeladeira, mas não tinham crédito para compraruma casa. Salienta que muitos políticos eramcontra a remoção de favelas, não queriam que osfavelados tivessem condições de comprar umacasa. Ressalta que chegou à conclusão de queera preciso haver um financiador para aconstrução de casas populares. Explica que nãoera o estado o responsável por resolver oproblema de habitação, mas que deveria criarcondições para que as pessoas construíssem asua própria casa ou construíssem casas paraoutras pessoas comprarem.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1003

1. Assuntos

1.1. Faixa 1Exposição à Câmara dosDeputados pelo SecretárioRaphael de Almeida Magalhães

1. 2. Faixa 2Continuação da Faixa 1

1.3.1 Faixa 3aContinuação da Faixa 2

1.3.2 Faixa 3bInauguração da Escola GeorgePfisterer

1.3.3 Faixa 3cTransferência do Hospital PedroErnesto para a UniversidadeEstadual da Guanabara

1.3.4 Faixa 3dGovernador Lacerda na TV Tupi

1.4.1 Faixa 4aContinuação do Discurso deCarlos Lacerda na TV Tupi

1.4.2 Faixa 4bInauguração da Escola Augusto

F 1: 60minF 2: 60minF 3a: 10minF 3b: 10 minF 3c: 15 minF 3d: 20 minF 4a: 40 minF 4b: 23 min

F1: 05/07/1962F2: 05/07/1962F3a: 05/07/1962F3b:01/03/1962F3c:09/08/1962F3d:07/08/1962F4a: 07/08/1962F4b: 05/02/1962

Faixa 1Exposição à Câmara dos Deputados peloSecretário Raphael de Almeida MagalhãesDiz que foi convocado à Câmara para explicar aatuação violenta da polícia militar na dissoluçãode um comício no centro do Rio de Janeiro.Afirma que a polícia estava diretamente ligadaao governador, então ele não respondia por suaação, embora concordasse com ação de acabarcom um comício que não havia sido autorizado.Fala que a democracia é um regime de ordem esegurança e, em um estado de direito, a lei temque ser respeitada. Considera que não existeliberdade onde não existe direito, por isso aautoridade tinha que cumprir o seu dever, fazer alei ser respeitada, mesmo que fosse necessáriousar a força. Critica o governo federal por nãocombater a inflação, gerando uma crise social.Comenta que não adianta aumentar o salário se ainflação não fosse combatida e que esta deveriaser a reforma de base prioritária. Salienta que ogoverno estava emitindo mais dinheiro do que onecessário e estava adotando o empreguismo.Fala que todos sabiam que providênciasdeveriam ser tomadas. Critica o aumento dospreços que diminuíam o poder de compra dostrabalhadores, o que gerava um sentimento derevolta da população contra as autoridadesconstituídas. Rafael considera que apenas ogoverno federal era responsável pela crise deabastecimento de açúcar e álcool. Destaca queas reformas de base eram um paliativo para ogoverno não falar sobre a crise. Assinala que não

Page 12: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Paulino Filho (FOM)

2.Temas

2.1 Faixa 1Sabatinado sobre dissoluçãoviolenta de comício, críticas dosdeputados Roland Corbusier,Paulo Alberto e Saldanha Coelhoà atuação da polícia, secretárioexime-se de responsabilidade ecritica o governo federal, defesado secretário feita por AliomarBaleeiro

2.2 Faixa 2Deputado Paulo Alberto, comíciono largo do Caco, repressão acavalo, secretário critica governofederal, comícios não autorizados,exoneração do capitão Leão,deputado Gonzaga da Gama,polícia age dentro da lei

2.3.1 Faixa 3aSecretário agradece convite daCâmara e se prontifica acomparecer para falar sobre aSecretaria de Segurança

2.3.2 Faixa 3 bHomenagem a industrial, obras dereforma nas escolas, baixo nívelde ensino, concursos públicos

2.3.3 Faixa 3cAgradecimento ao corpo médico,elogio ao hospital Pedro Ernesto,plano de reformas e construção dehospitais

2.3.4 Faixa 3dParlamentarismo, emendaconstitucional, ato adicional,comunismo, João Goulart, LeonelBrizola, renúncia, ministrosmilitares

2.4.1 Faixa 4 aParlamentarismo, ato adicional,presidencialismo, legalidade,plebiscito, Partido Comunista,desabastecimento

2. 4.2 Faixa 4 bComunismo X liberdade, novomodelo de escola, terreno noLeme

via motivos para o governo criticar o Congresso.Defende que se dissolvesse o comício, porqueestava previsto na Constituição que todospoderiam se reunir sem armas, desde que apolícia autorizasse o local da reunião. Explicaque a desobediência à lei não poderia serrelevada pelas autoridades. Volta a afirmar que ocomício não havia sido autorizado. O secretárioresponde às perguntas dos deputados PauloAlberto e Roland Corbusier sobre a dissoluçãodo comício e afirma que a polícia agiucorretamente ao acabar com um comício que nãohavia sido autorizado. O secretário se dizsurpreso porque embora o comício fosseorganizado por estudantes, nenhum dos cincoferidos no confronto com a polícia era estudante.O deputado Saldanha Coelho, autor dorequerimento de convocação do secretário,critica-o por eximir-se de responsabilidade daSecretaria do Interior e Segurança com relação àatuação da Polícia Militar. Critica, também, otempo que o secretário dedicou às críticas aogoverno federal, que não era o assunto para oqual tinha sido convocado a falar na Câmara. Odeputado disse que o secretário deveria terfalado mais sobre as atribuições da suaSecretaria. Critica as respostas que o secretáriodeu às perguntas dos deputados, pois se não erao responsável pela atuação da polícia, não tinhaautoridade para responder por ela. Acrescentaque não sabia o que o secretário fora fazer naCâmara. O deputado Roland Corbusier tececríticas ao discurso do secretário, que considerainoportuno e inadequado. Afirma que osecretário não foi chamado para dar lições deDireito, nem para criticar o governo federal, maspara responder sobre a atuação da Polícia Militarno caso do comício. Questiona porque osecretário respondeu às perguntas se afirmou quenão era responsável pela atuação da polícia. Dizque não ficou satisfeito com as respostas às suasperguntas. Critica o governo do estado, queacusa de ser reacionário, de aumentar o gabaritodos imóveis da cidade, de reprimir comviolência as manifestações populares, deaumentar as tarifas de serviços públicos. Falaque mesmo com a atuação violenta da políciamilitar no governo do estado da Guanabara, asvozes da oposição não se calariam. Acusa ogoverno de ser incapaz, corrupto e financiadopelos bicheiros. Defende o governo federal dascríticas do secretário de Segurança e acreditaque não havia possibilidade de diálogo com areação. O deputado Aliomar Baleeiro defende osecretário, diz que a interpelação não foi feita demaneira adequada, de acordo com o regimento.O deputado Paulo Alberto menciona que aquestão de ordem pedida pelo deputado Baleeirofoi feita em hora inadequada, deveria teria sidofeita no momento em que o secretário estava

Page 13: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

sendo interpelado.

Faixa 2Continuação da Faixa 1O deputado Paulo Alberto pergunta ao secretárioporque não foi dissolvido o comício no largo doCACO (Centro Acadêmico Cândido de Oliveira,Direito, UFRJ) depois do incidente dois diasantes no comício do Centro. Pergunta porque apolícia reprimiu o comício com cavalo. Afirmaque as respostas do secretário foram inoportunase desrespeitosas aos deputados, porque ele nãofora chamado à Câmara para criticar o governofederal. Rafael de Almeida Magalhães respondeque não fugiu do assunto no seupronunciamento. Afirma que o que o trouxe atéali foi a dissolução do comício pela PolíciaMilitar, que não houve na convocação pedido deesclarecimento sobre o funcionamento daSecretaria de Segurança. Defende-se ao dizerque era necessário esclarecer que a polícia tinhao direito de evitar a realização de comícios nãoautorizados. Considera que as críticas aogoverno federal eram pertinentes porque,segundo ele, as ações do governo federalestimularam o comício realizado semautorização da polícia. Explica a demissão docapitão Leão por não ter impedido a realizaçãodo comício, por ter chegado ao local com umahora e meia de atraso. Diz que por causa do seuatraso o comício teve que ser desfeito com usode maior energia por parte da polícia. Acrescentaque era sempre necessário pedir à políciaautorização para a realização de eventos emlocais públicos. O secretário declara que oscomícios eram permitidos, desde que fossesolicitada autorização à polícia militar, que otema fosse adequado a um ato público e que olocal fosse adequado também. Pede ao deputadoque o ajude a convencer os organizadores decomícios a pedirem autorização previamente àpolícia. A respeito do comício no Caco, osecretário diz que houve uma peça intramuros,desta forma não haveria nada a ser feito pelapolícia. O deputado Paulo Alberto faz um apartedizendo que houve um comício na rua e que nãofoi reprimido pela polícia. O secretário ratificaque desconhece a razão da polícia não terreprimido esse comício, pois diz que a função dapolícia era sempre evitar a realização decomícios sem autorização. O secretário volta adizer que a polícia não era de suaresponsabilidade, mas que respondeu àsperguntas por se sentir obrigado a respondê-las,uma vez que tinha sido convocado pela Câmarapara este mister. O secretário responde àsperguntas do deputado Gonzaga da Gama sobrea atuação do capitão Leão, durante o comícioocorrido no Centro da cidade. O deputadopergunta ao presidente da mesa se ele tinha as

Page 14: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

cópias das perguntas escritas pelos deputadospara o secretário. O presidente passa asperguntas ao deputado. O deputado Gonzaga daGama conclui que o comício foi realizado emlocal não permitido. O deputado pergunta sehouve feridos. O secretário responde que houveseis feridos sem gravidade. O deputado perguntaqual foi a atuação dos deputados presentes aocomício. O secretário afirma que os doisdeputados tentaram evitar que o comício fossedissolvido. O deputado Gonzaga da Gamaafirma que não havia motivos para que se fizessecríticas ao executivo pela ação de dissolução docomício. Diz que a polícia agiu de acordo com alei e que, mesmo sendo de partido opositor aogovernador, era a favor da atuação da polícia emdefesa da ordem. Indaga o que aconteceria se umcomício não autorizado acontecesse em Cuba.Defende o regime democrático brasileiro. Criticao incitamento à desordem e à baderna.

Faixa 3aContinuação da Faixa 2O deputado Amaral Neto faz um discurso emdefesa da atuação da Polícia Militar, dosecretário de Segurança e critica o presidente dopaís e o governador do Rio Grande do Sul. Osecretário de Segurança, Rafael de AlmeidaMagalhães agradece o convite para ir à Câmara ediz que iria sempre que fosse convidado aprestar esclarecimentos sobre o funcionamentoda Secretaria de Segurança.

Faixa 3 bCerimônia de Inauguração da Escola MunicipalJorge PfistererO governador Carlos Lacerda diz que o nome daescola era uma homenagem ao jovem industrialJorge Pfisterer, morto em um acidente de avião.Fala que esperava que o nome da escola servissede estímulo para os estudantes se tornaremindustriais. Critica o Ministério da Guerra pornão ceder um terreno no Leme para a construçãode uma escola. Enumera as escolas que aindaseriam construídas com recursos da FundaçãoOtávio Mangabeira. Comenta que precisava demais recursos para finalizar a construção dealgumas escolas. Critica a burocracia do estado,que acabava prejudicando a conclusão das obras.Acrescenta que estava também reformandoescolas em mau estado de conservação. Critica onível da educação no estado e diz que o maisdifícil não era construir escolas, mas reformar oensino. Explica que teve que anular a prova doconcurso para professor de História, devido àfacilidade das questões. Anuncia que iria fazerconcurso para procurador do estado e que oprocesso de seleção seria rígido e que fariaconcurso para todas as vagas que estivessemdisponíveis no estado. Considera que governar

Page 15: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

também é educar.

Faixa 3cTransferência do Hospital Pedro Ernesto para aUniversidade Estadual da GuanabaraCarlos Lacerda conta que se sentiu emocionadoao entrar no hospital. Agradece ao secretário deSaúde, aos médicos que eram professores daFaculdade de Ciências Médicas do Estado.Elogia o corpo de estudantes da Faculdade deCiências Médicas que se utilizava do hospitalem suas aulas. Afirma que o Pedro Ernesto erao segundo maior hospital de clínicas do Brasil eem breve seria o melhor da América Latina.Acrescenta que havia um ano o governo doestado vinha investindo no programa de reformae expansão da rede hospitalar do estado e que ogoverno alemão tinha emprestado 10 milhões demarcos ao governo da Guanabara para financiareste programa. Menciona que esperava ampliar ohospital Souza Aguiar ainda naquele ano econstruir uma unidade médico-sanitária naTijuca. Anuncia que pretendia fazer obrastambém nos hospitais Miguel Couto e GetúlioVargas. Elogia a faculdade de Medicina e dizque ela deveria ser um centro de diálogo edeveria trazer pessoas do exterior para palestrase debates. Encerra a cerimônia agradecendo apresença de todos.

Faixa 3dGovernador Lacerda na TV TupiCarlos Lacerda diz que preferia estar falandosobre as realizações do seu governo, masprecisava falar sobre outros assuntos devido àcrise pela qual passava o país. Afirma que foicensurado pelo ministro da Justiça ao serobrigado a gravar sua fala e não poder falar aovivo. Conta que se conformou ao saber que estaregra valia para todos. Menciona que a primeiramedida das ditaduras era acabar com ademocracia representativa, sob o pretexto de queestava acabando com as barreiras entre o povo eo governo. Acha que o Congresso Nacionalestava passando por um momento de agonia.Lacerda diz que vinha falando muito emlegalidade e que aqueles que ameaçavam fazeruma guerra civil para defender a legalidade,defendiam então a legalidade para fazer umaguerra civil. Cita um trecho do livro “O que omundo deve saber a respeito do comunismo”que diz que “o talento do Partido Comunistaconsiste na sua capacidade singular de trabalharpara finalidades ilegais, usando uma variedadede meios, muitos dos quais tomadosseparadamente, e que estão estritamente dentroda letra da lei”. Diz que esta era a legalidade queo país estava vivendo, em que a inflaçãochegava a 45%, o comércio e a indústriavendiam pouco, o que levaria ao desemprego.

Page 16: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Acredita que os comunistas sabiam disso.Lacerda contesta a versão de que o AtoAdicional, votado pela Câmara no ano anterior,pelo Congresso Nacional, para passar depresidencialismo para parlamentarismo, fosseilegítimo. Diz que quando foi votado o ato jáhavia sido votada uma emenda parlamentarista,que obteve aprovação da Câmara, e não houveprotestos na época. Comenta que na votação daemenda nem Brizola nem João Goulart votaramcontra ela. Afirma que a renúncia do presidentenão estava prevista na Constituição do Brasil eque, quando Jânio Quadros renunciou, o vice-presidente estava em viagem oficial. Paraassumir o governo, era preciso que o Congressodeclarasse a vacância do poder. Mas os ministrosmilitares eram contra a posse de Goulart, porconsiderarem que havia risco à segurançanacional, pela proximidade de João Goulart como comunismo. Lacerda disse que o país passoupor uma crise institucional, que foi resolvidapelo Congresso, que aprovou uma emendaconstitucional chamada de Ato Adicional Nº 4.Afirma que foram dois ministros quenegociaram a emenda, que permitiu a posse deGoulart, e que eram aliados do presidente,Afonso Arinos e San Tiago Dantas.

Faixa 4aContinuação do Discurso de Carlos Lacerda naTV TupiDiz que João Goulart, ao assumir a presidênciagraças ao Ato Adicional, prometeu seguir aConstituição, incluindo o referido Ato. Lacerdachama a atenção para o fato de que se a Câmaranão tinha legitimidade para votar o AtoAdicional, a posse de João Goulart era ilegítima.Comenta que não podiam pedir a realização deplebiscito se não havia na Constituição aprevisão de um plebiscito, a não ser no AtoAdicional. Então, continua ele, se o AtoAdicional era ilegítimo, o plebiscito também era,argumenta Lacerda. Menciona que no dia setede outubro iria haver um plebiscito, onde o povoiria escolher o novo Congresso, que aí sim, iriapoder decidir no ano seguinte entreparlamentarismo e presidencialismo. Lacerdafala que não estava satisfeito com oparlamentarismo, mas também não era a favordo presidencialismo que existia anteriormente.Acha que era preciso encontrar um novosistema, mas que este não era um problemaurgente que precisasse ser resolvidoimediatamente. Lacerda conta que o país estavaparado, que a fome aumentava. Critica a políticaexterna brasileira por não dar atenção à AméricaLatina e fazer negócios com países da cortina deferro. Critica o governo por boicotar a Aliançapara o Progresso. Lacerda não admite a hipótesede estudantes da UNE integrarem os conselhos

Page 17: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

universitários. Critica o governo federal por nãoagir para acabar com o problema dedesabastecimento no Brasil. Explica que estavaprevista na Constituição como deveria ser aatuação do governo no caso dedesabastecimento. Porém, assinala, o primeiroministro não estava seguindo a Constituição,alegando que precisava ter poderes especiaispara agir. Lacerda critica a vontade do governode reformar a Constituição e argumenta que nãoera necessário haver uma reforma e que ogoverno poderia querer usar esta reforma paraampliar o mandato do presidente ou paralegalizar o Partido Comunista. Acha que ogoverno não queria fazer as reformas, fala que jáexistiam no Congresso propostas de reformabancária, reforma tributária e reforma agrária eque o presidente João Goulart não dava atençãoa elas.

Faixa 4bInauguração da Escola Augusto Paulino Filho(FOM)O governador Carlos Lacerda conta que AugustoPaulino Filho foi um grande cirurgião, queforam grandes amigos, que o conhecia desde ainfância. Explica que o nome da escola iriainspirar os alunos. Acredita que Augusto nasceupara servir à medicina. Elogia Otávio BorghettiTeixeira, tabelião que se dedicou,voluntariamente, à criação da fundação OtávioMangabeira, e comenta que ele foi injustiçado aoter que prestar depoimentos a uma CPI, queterminou não conseguindo provar nada contraele. Conta que o governo não quis desapropriarum terreno na avenida Atlântica e conseguiuencontrar o terreno no Leme, onde estava sendoinaugurada a escola. Lacerda esperava que oExército cedesse outro terreno no bairro paraconstruir mais uma escola. Afirma que o que fezem um ano de governo na Guanabara, em termosde educação, era uma lição que deveria serrefletida pelos moradores do estado. Elogia otrabalho de Flexa Ribeiro na Secretaria deEducação e acrescenta que as críticas quefizeram a ele foram injustas. Lacerda explica quea escola foi construída com uma técnicarevolucionária de construção e que outra escolaestava sendo feita na Lagoa., seguindo o mesmomodelo. Elogia a caixa d’água construída naescola, para evitar a suspensão das aulas quandofaltasse água. Agradece ao arquiteto cubano queprojetou a obra. Fala que o governo teria o apoioda Fundação Otávio Mangabeira para construirnovas escolas, defende o ensino supletivo pelorádio e pela televisão, mas diz que isto nãosubstituía o ensino em sala de aula. Consideraque o dever do seu governo era fazer a revoluçãopela escola. Acredita que o homem precisava terconsciência da sua grandeza e que isso se daria

Page 18: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

através da educação. Lacerda alerta que embreve a população teria que escolher entre ocomunismo e a liberdade.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.004

1. Assunto1.1 Lançamento de Títulos –Bolsa de Valores

2.Temas

2.1 Faixa 1Títulos do estado, investimento,BEG, crescimento, liquidez,poupança particular, Secretaria deFazenda, orçamento

F 1: 28min F1: 11/01/1963 Faixa 1Lançamento de Títulos – Bolsa de Valores .Lacerda conta que se sente feliz por estar naBolsa de Valores para selar um acordo que iriabeneficiar a todos. Afirma que o sucesso doBanco do Estado da Guanabara demonstrava ocrédito que o governo do estado obtivera junto àpopulação. Explica que os títulos do governo doestado tinham liquidez e que o crescimento doestado era garantido, por isso os títulos eram umbom investimento. Diz que os interesses daSecretaria de Fazenda do Estado se conjugavamcom os interesses da poupança particular e que orendimento dos títulos seria utilizado apenas emobras de primeira necessidade. Conta queesperava arrecadar 30 bilhões de cruzeiros como lançamento dos títulos. O secretário deFazenda do Estado da Guanabara explica comoseria o rendimento dos títulos lançados pelogoverno do estado e conta que ao fazer oorçamento para aquele ano tinha constatado queseriam necessários mais 15 bilhões de cruzeiros.Acrescenta que o estado tinha limites legais parapedir empréstimos e que por isso foi precisobuscar alternativas. Destaca que o título era derenda mensal e era isento de impostos. Anunciaque qualquer dúvida poderia ser tirada com oscorretores da Bolsa de Valores. Salienta que ocrescimento da renda dos títulos estavadiretamente ligado ao crescimento da taxainflacionária e que a Fazenda da Guanabarahonraria sempre os seus compromissos em dia.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.005

1. Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração dos Galpões da TeJames (Perfilação e Laminação deAço e Material de Incêndio)

1.2 Faixa 2Colégio Santa Úrsula - Paraninfoda Turma de Clássico eHumanidade na Maison de France

1.3 Faixa 3Posse de Engenheiros e MédicosAprovados em Concursos –Palácio Guanabara

1.4.1 Faixa 4aMorro do Dendê – Ilha doGovernador

1.4.2 Faixa 4bInauguração do Mercado a

F 1: 15 minF 2: 20 minF 3: 40 minF 4a:20 minF 4b: 25 minF 5: 25 minF 6: 7 minF 7: 5 minF 8: 20 minF 9 a:5 minF9 b: 55 minF 10: 3 minF 11: 5 min

F1: 04/10/1962F2: 11/12/1963F3: 11/12/1963F4a: 05/12/1963F4b: 05/12/1963F5: 05/12/1963F6: 17/10/1963F7: 05/03/1963F8: 05/03/1963F9a: 05/12/1963F9b: 04/03/1963F10: s/dF11: 17/10/1963

Faixa 1Inauguração dos Galpões da Te James(Perfilação e Laminação de Aço e Material deIncêndio)Lacerda considera que o estado da Guanabarafoi o estado brasileiro que mais gerou riquezacom a criação de novas indústrias, 50 bilhões decruzeiros. Critica a inflação no Brasil, mas dizque apesar disto a COPEG (Companhia para oProgresso da Guanabara) conseguiu umempréstimo de 4 bilhões de dólares paraconverter em cruzeiros, com vistas aempréstimos para o desenvolvimento industrialdo estado. Menciona que esta era a melhorresposta a seus adversários. Faz elogios a ThorJaner pelo muito que ele fez, pela escola decivilização industrial que ele criou no Brasil. Dizque se sente muito feliz por ver como a COPEGera útil. Afirma que a COPEG era como umsinal de salvação, que ela sozinha reabilitava asempresas estatais do Brasil. Lacerda diz queesperava que a inauguração mostrasse que nãoera necessário que o estado controlasse tudo.Defende a ideia de que ao invés de todos seremproletários, todos os proletários fossem

Page 19: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

COCEA na Praia de Olaria naIlha do Governador

1.5 Faixa 5Inauguração do Viaduto JoãoXXIII

1.6 Faixa 6Posse do Tabelião MárioFontainha

1.7 Faixa 7 Inauguração da linha de ônibusCastelo – Bairro Peixoto

1.8 Faixa 8Aula Magna Proferida peloGovernador Carlos Lacerda, naEscola Rivadávia Corrêa

1.9.1 Faixa 9aContinuação da Inauguração doViaduto João XXIII na Penha

1.9.2 Faixa 9bAula Magna Promovida peloGovernador Carlos Lacerda, naEscola Amaro Cavalcanti

1.10 Faixa 10Gravação de música

1.11 Faixa 11Cerimônia de Posse do TabeliãoMauro Araújo

2. Temas

2.1 Faixa 1Inauguração, industrialização,COPEG, empréstimos, proletáriose proprietários, cassinos

2.2 Faixa 2Exaltação às mulheres, àeducação, importância da religião

2.3 Faixa 3Saúda médicos e engenheiros,triênios, profissão como bico,SUSEME, orçamento, veto,paralisação de obras

2.4.1 Faixa 4aObras, direito de greve, criticasao governo federal, ordem eprogresso, assassinato de JohnKennedy, inflação, reformas debase, cassinos

proprietários. Avisa que apenas tinha iniciadouma obra e que ainda tinha três anos e meio paracompletá-la. Conta que na eleição para vice-governador esperava que a população nãoelegesse um adversário, mas um companheiro detrabalho. Destaca que se isto ocorresse, ointeresse do povo seria derrotado. Afirma quenão se arrependia de não ter reaberto os cassinosno estado.

Faixa 2Colégio Santa Úrsula - Paraninfo da Turma deClássico e Humanidade na Maison de FranceDiz que como paraninfo não deveria apenas darconselhos mais ou menos ocos e mais ou menosinócuos, mas tinha o dever de conferir com suasafilhadas a razão profunda da afinidade mútua.Elogia os discursos anteriores ao seu, dizendoserem semelhantes ao de chefes de estado. Falaque conhecia bem esta fase em que as mulheresabandonam as bonecas. Novamente elogia asoradoras. Exalta o ensino dos colégios dasfreiras ursulinas. Afirma que o mundo estavaatrasado em relação à igreja e não o contrário.Salienta que os discursos não foram apenascomemorativos, mas também não foramexageradamente sentimentais. Fala sobre o papelda mulher na sociedade. Diz que não poderiahaver nada mais alentador do que a consciênciada limitação, a verdadeira humildade. Elogia umtrecho do discurso de uma aluna “nós sabemosque nem todas podem ser capitães e nósqueremos ser dignamente tripulação”. SegundoLacerda, palavras dignas de um capitão. Diz queaqueles discursos dariam novas motivações paraele prosseguir na luta. Acrescenta que ajuventude brasileira o deixava entusiasmado, quetodos eram um pouco poetas e que o poder não ocorrompia porque o usava para realizar afantasia, para transformar sonhos em realidade.Comenta que não havia glória maior do quetransformar os sonhos em realidade.

Faixa 3Posse de Engenheiros e Médicos Aprovados emConcursos – Palácio GuanabaraCarlos Lacerda lê o nome dos médicos e dosengenheiros que passaram nos concursos. Dizque o governo do estado da Guanabara estavapagando pela primeira vez os triênios. Relataque assinou um decreto que aumentava o saláriode todos os servidores estaduais. Explica que noorçamento de 1964 estavam previstos recursospara o aumento dos salários de acordo com oaumento da arrecadação. Lacerda ressalta que osmédicos iriam encontrar os hospitais estaduaisentregues a uma nova autarquia, a SUSEME(Secretaria de Saúde do Estado da Guanabara).Lacerda afirma que era necessário contratar maismédicos porque o governo estava ampliando a

Page 20: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

2.4.2 Faixa 4bConstrução de armazéns,Companhia Central deAbastecimento, greves, governofederal, SURSAN, Secretaria deObras, Cocotá, aumento devencimentos

2.5 Faixa 5Elogio a Enaldo Peixoto,Secretaria de Obras, prêmio emulta para as empreiteiras, novopavilhão do hospital GetúlioVargas, parque N.S. Da Penha,substituição dos bondes, Light,atentado, comunistas, demagogia

2.6 Faixa 6Tribunal de Alçada, despesas,concurso público, carreiraindependente, nepotismo

2.7 Faixa 7Serviço de transporte moderno,construção de escolas e ginásios,bolsas de estudo

2.8 Faixa 85 ginásios noturnos, bolsas deestudo, histórias em quadrinhos,ampliação de vocabulário,utilização do cérebro

2.9.1 Faixa 9aGreves, reformas de base,reforma da cúpula

2.9.2 Faixa 9bConceito de Economia Política,economistas e sociólogos,marxismo, hipertrofia dobacharelismo e dos economistas,construção civil, industrialização,agricultura, estatização, crítica aoPlano Trienal

2.10 Faixa 10Gravação de Música

2. 11 Faixa 11Nomeação versus concursopúblico

rede estadual. Ele pede que a lei fosserigorosamente cumprida, que os médicostrabalhassem quatro horas por dia. Critica osistema que permitia que o médico trabalhasseapenas um dia por semana, cumprindo as 24horas exigidas. O governador ressalta que eranecessário que o médico trabalhasse 4 horas pordia, até para ter condições de acompanhar seuspacientes. Informa que não queria que otrabalho dos médicos no estado se transformasseem um bico, e por isso já tinha aumentado osalário dos médicos e pretendia depois de umtempo ter condições de contratar alguns médicospara trabalharem em horário integral. Fala que asaúde pública não era gratuita, era paga pelapopulação e que a lei deveria ser cumprida portodos os médicos, desde os mais experientes atéos que tinham acabado de entrar. Discorre sobreos engenheiros eletricistas, contando queprecisou abrir concurso para engenheiros deforma a realizar uma série de instalações deredes de baixa tensão e redes de iluminação emgeral. Critica o orçamento aprovado pelaAssembleia Legislativa e alerta que se os vetosque fez no orçamento não fossem respeitados,seria obrigado a paralisar todas as obras doestado, fechar hospitais e interromper aconstrução de escolas. Ressalta que iria levarestes esclarecimentos à televisão e ao rádio paraavisar à população sobre o risco dos seus vetosao orçamento não serem aprovados. Faz umapelo ao deputado Álvaro Vale, para que aAssembleia devolvesse ao orçamento a suaintegridade. Dá boas vindas aos médicos eengenheiros.

Faixa 4aMorro do Dendê – Ilha do GovernadorLacerda menciona que o estado já tinha gasto34. milhões nas favelas da Ilha do Governador,em obras de pavimentação, abastecimentod’água e redes elétricas de baixa tensão.Destaca que não era Papai Noel, que não estavafazendo favor, nem dando esmola. Afirma que otempo do favor tinha acabado e que o objetivoera ajudar os moradores a se ajudarem. Lacerdafez campanha para que os moradores sealistassem e votassem nas eleições. Diz queexiste o direito de fazer greve, mas que não sedeve abusar deste direito, porque istoenfraqueceria o país. Critica o governo federal,calcula que houve uma greve de cinco em cincodias no governo. Goulart. Afirma que o governoqueria greve porque queria uma nação fraca parapoder ser ditador. Lacerda fala que país nenhumfica rico com greve e que sem ordem não háprogresso. Comenta que trabalha tanto quantotodos os outros trabalhadores e que uma naçãoforte é feita de trabalhadores. Pede uma salva depalmas a John Kennedy, que tinha sido

Page 21: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

assassinado recentemente. Lacerda ressalta que asua eleição foi difícil, mas que conseguiu seeleger governador. Diz que já foi chamado denazista, de comunista, mas era democrata. Contaque quando entrou no governo havia 100 milcrianças fora da escola, e que no momento emque estava falando havia 100 mil vagas nasescolas estaduais. Defende das acusações de serassassino de mendigos. Salienta que o Brasilera um país jovem, mas que não seria ricoenquanto todos os jovens não estivessem naescola. Critica a inflação brasileira e mencionaque até a Indonésia que, segundo ele, eragovernada por um maluco, tinha uma inflaçãomenor do que a brasileira. Comenta que areforma de base que tinha que ser feita era areforma da cúpula, que estava podre. Explicaque a Guanabara, três anos antes, eraconsiderada ingovernável e que os seusproblemas não tinham solução. Lacerdamenciona que Juscelino defendia a abertura decassinos na Guanabara, mas ele não abriucassinos e ainda fechou alguns.

Faixa 4bInauguração do Mercado a COCEA na Praia deOlaria, na Ilha do GovernadorLacerda diz que o estado tinha prejuízo com os26 armazéns de sua propriedade, mesmo sempagar imposto. Afirma que os armazéns doestado vendiam as mercadorias pelo preço daconcorrência, mesmo sem pagar imposto. Haviaum prejuízo anual de 200 milhões. Fala que asolução do seu governo foi construir mais doisarmazéns e criar uma Companhia Central deAbastecimento para ajudar o comércio a semodernizar e a baratear o seu processo dedistribuição e venda. Critica o funcionamentodos antigos armazéns, que fechavam na hora doalmoço. Comenta que isso ocorria porque osarmazéns não pagavam imposto, que asindicações para trabalhar nestes armazéns erapolítica e que havia interesses de deputadosenvolvidos. Conta que tentavam chantageá-lodizendo que, se ele mexesse nos armazéns, suascontas como governador não seriam aprovadas.Mas, afirma que não tinha medo de ter suascontas reprovadas e que ia mexer nos armazéns.Fala sobre o número de greves ocorridas nogoverno federal e diz que não houve greve naGuanabara e não iria haver, porque ele tinhaaumentado o salário mínimo dos servidoresestaduais e porque em todas as companhiasestaduais os funcionários, operários eempregados elegiam um diretor. Agradece àSURSAN e à Secretaria de Obras pela praia doCocotá. Salienta que a praia era o resultado dosonho dos moradores, que valia a pena sonhar.Explica que escolheu estar ali no dia do terceiroaniversário do governo. Afirma que ganhou a

Page 22: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

eleição por muito pouco, por causa dos boatosque existiam contra ele. Diz que a Assembleiairia custar, no ano seguinte, 5 bilhões aocontribuinte. Acrescenta que os deputadostinham aumentado os seus próprios vencimentose os vencimentos do governador, mas que eletinha rejeitado o aumento e pediu para osecretário de Justiça que recorresse à justiça paraanular os aumentos. Ressalta que não se deveriapensar em enriquecer através da política, quequem quisesse enriquecer deveria procuraroutras áreas. Menciona que se preocupavaapenas com o julgamento de Deus e dasmulheres, que são mais rigorosas e justas que oshomens.

Faixa 5Inauguração do Viaduto João XXIII, na PenhaO governador Carlos Lacerda começa o discursoelogiando o companheiro de trabalho, oengenheiro, secretário de Obras, Enaldo CravoPeixoto. Fala que a obra foi concluída antes doprazo, ganhando um prêmio de 6 milhões decruzeiros. Conta que o governo premiava asempreiteiras que acabavam as obras antes doprazo e multava as que atrasavam a entrega dasobras. Diz que somando as obras no entorno doviaduto, os custos da obra foram de 400 milhõesde cruzeiros. Afirma que o hospital GetúlioVargas, localizado perto do viaduto, projetadopara atender 300.000 pessoas, já atendia a1.000.000 de pessoas. Por isso, estavaconstruindo, ao lado, um novo pavilhão para estehospital, com o nome do cirurgião AlfredoMonteiro. Comemora a inauguração do primeiroparque público do subúrbio carioca, o parque deNossa Senhora da Penha. Lacerda prometeinaugurar pelo menos mais um parque nosubúrbio. Anuncia que estava prestes a vencer aluta contra a Ligth, acabando com os bondes naGuanabara, recebendo uma indenização em vezde comprar o acervo e recebendo daconcessionária um pagamento em vez decomprar seu patrimônio. Destaca que a Ligthtinha percebido que o melhor negócio era aqueleem que todo mundo lucrava. Diz que os bondesseriam substituídos por 300 ônibus. Pede àpopulação uma salva de palmas em memória dopresidente John Kennedy. Lacerda diz quequeria que os comunistas no Brasil ouvissem aspalmas e que soubessem que os brasileirosgostavam mais de um democrata morto do quede um demagogo vivo. Lacerda considera que sóo trabalho redime o homem, que o trabalho é umato de amor. Promete que no próximo atentadoque sofresse, morreria calado e sorridente, paranão chocar os bons sentimentos das excelentespessoas para as quais um atentado não era nada,contanto que fosse contra a vida alheia. Afirmaque os atentados não impediriam a marcha do

Page 23: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

povo para a conquista do seu destino.

Faixa 6Posse do Tabelião Mário FontainhaLacerda conta que estava para receber o projetode reforma judiciária para apresentá-lo aosdeputados, e ficou inquieto porque leu umareportagem no jornal O Globo, que calculavaque os Tribunais de Alçada iriam custar 200milhões de cruzeiros por ano. Lacerda diz que os200 milhões de despesa com os tribunais erammais baratos do que o prejuízo que o estadotinha com a falta de Tribunais de Alçada. Afirmaque em São Paulo os Tribunais de Alçadaestavam funcionando muito bem. O governadorreafirma o seu compromisso de transformar emcarreira independente tudo aquilo que tangesse,que tocasse o funcionamento e a distribuição dajustiça. Lacerda diz que esta era a primeira vezno Brasil em que se provia o cargo de escrivãode cartório com concurso de títulos e provas.Deseja que este primeiro ato de posse porconcurso de títulos e provas, de um escrivão decartório na Guanabara, fizesse com que isso setornasse irreversível e nunca mais um escrivãofosse nomeado por ser parente ou amigo dealguém.

Faixa 7Inauguração da Linha de Ônibus Castelo –Bairro PeixotoCarlos Lacerda fala que era um prazer inaugurarum serviço de transporte confortável, moderno erazoavelmente barato. Afirma que já poderia terconstruído uma escola no local, se não houvessepolêmica, por isso, preferiu fazer escolas emlocais onde a construção fosse unanimidade. Dizque no dia anterior tinham sido inauguradoscinco ginásios noturnos. Conta que já havia10.000 bolsas para ginásios particulares, e outras10.000 bolsas no Banco do Estado Guanabara,com o comprometimento do pagamento em 8anos. Considera que desta forma aumentaria onúmero de vagas nos ginásios estaduais. Salientaque o estado tinha dinheiro para quem queriaestudar.

Faixa 8Aula Magna Proferida pelo Governador CarlosLacerda, na Escola Rivadávia Corrêa – 5/3/63Agradece ao secretário de Educação pelainauguração de cinco ginásios noturnos noestado da Guanabara. Reclama que os jornaisnão publicavam notícias sobre as 10.000 bolsasdisponíveis para estudantes que nãoconseguiram vagas em ginásios públicos. Afirmaque havia poucos candidatos às bolsas, por faltade informação. Diz que alguns anos antes tinhaestudado as histórias em quadrinhos e que temiaque elas substituíssem os livros. Acha que este

Page 24: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

assunto era mais importante do que poderiaparecer, porque um estudo com jovens tinhacomprovado que a assimilação de vocabulárioampliava a inteligência. Conta que o defeito dashistórias em quadrinhos era reduzir o uso depalavras, desta maneira estimulava menos ainteligência do que os livros. Fala que nuncaseria a favor da língua brasileira, mas da línguaportuguesa falada no Brasil, porque haveria umempobrecimento da língua. Explica que osportugueses tinham uma palavra para cada coisa,enquanto os brasileiros usavam a palavra coisa,em várias situações, por preguiça e falta deginástica da inteligência em não procurar saber onome de cada coisa. Lacerda discorre sobre aimportância de se dominar o vocabulário, paratransmitir ideias. Ressalta que não era precisoconhecer as palavras apenas para ser escritor, erapreciso saber as palavras para qualquer profissãoe para ser bom como pessoa, na convivênciacom outras pessoas. Menciona que uma dascoisas que mais o impressionaram nos últimostempos era a verificação, por cientistas, de queapenas uma parte do cérebro era utilizada peloser humano. Considera esta afirmativa muitoestranha e uma prova do atraso em que seencontrava a ciência. Desconfia que a ciênciaainda não descobrira para que servia o resto docérebro, mas deveria haver alguma utilidadepara esta parte. Conta que, na sua época, oginásio era chamado de preparatório, porquetinha a função de preparar os alunos paraingressarem na universidade, mas que o ginásioera já então concebido como um aprendizadoque poderia terminar ali, embora não fosse oideal. Porém, se tivesse que acabar ali, a pessoadeveria ter condições de conseguir um emprego,sem ser obrigado a ter um diploma universitário.Para finalizar, afirma que estudar ainda era umprivilégio no Brasil.

Faixa 9aContinuação da Inauguração do Viaduto JoãoXXIII na PenhaLacerda critica o número de greves desde oinício do governo João Goulart e acusa ogoverno de incentivá-las. O governador diz quequeria falar de coisas boas e desejava votos defelicidades aos moradores da Penha. Consideraque o Brasil não precisava de reforma de base,mas de reforma da cúpula.

Faixa 9bAula Magna Promovida pelo Governador CarlosLacerda, na Escola Amaro Cavalcanti - 4/3/63Carlos Lacerda informa que tinham sidoinaugurados cinco ginásios noturnos no estadoda Guanabara. Conta que não era economista,mas se sentia honrado com o convite e se sentiacapaz de dar uma aula magna. Explica que era

Page 25: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

preciso evitar a confusão entre EconomiaPolítica e Política. Segundo Lacerda, a definiçãode Economia Política em um dicionário era: “um ramo da ciência social que tem por objetivoa atividade voluntária do homem”. Ele explicaque o objeto da Economia Política era a partedesta atividade que se aplicava à produção,apropriação e ao consumo das riquezas. Quantoà Economia Política aplicada, assegura ele, erauma arte que durante muito tempo limitou-se acuidar para que um povo fosse o mais prósperopossível e se ampliou a ponto de cuidar tambémde procurar as condições nas quais a sociedadepoderia manter em vida o maior número possívelde criaturas e as melhores criaturas possíveis.Considera que no Brasil havia uma duplaconfusão. A primeira era que os economistasestavam ocupando o lugar dos sociólogos. Asegunda era a que submetia todos os valores aum só conceito, o da Economia Política deinspiração marxista, e, afirma ele, marxista desegunda mão. Diz que o Itamaraty estavamatando os diplomatas, ao fazer com que eles sóse preocupassem em comprar e vendermercadorias, que no Brasil houve umahipertrofia do bacharelismo e que agora já estavahavendo uma hipertrofia do economista.Assinala que qualquer um se considerava capazde falar sobre economia no Brasil, que se faziaconfusão entre plano e programa e entreEconomia e Economia Política. Lacerda afirmaque o Brasil estava deixando de ser uma naçãopara se tornar um arquipélago de estados eregiões separadas umas das outras. Acreditaque a construção civil era a área que gerava maisemprego no país, e que o processo deindustrialização levava à urbanização, enquantoque a modernização da agricultura diminuía anecessidade de trabalhadores no campo.Acrescenta que uma comissão da CEPALconcluiu que a construção de casas era um fatorinflacionário e, como consequência destepensamento, houve uma restrição do crédito àconstrução civil. Assegura que houve umaconfusão entre a construção civil e a especulaçãoimobiliária. Enquanto isso, diz ele, as favelascresceram. Afirma que era necessária aestatização das empresas de gás, transportescoletivos, luz e telefone, desde que fossemadministradas sem corrupção, e que o custo daestatização não fosse acima de um certo limite.Comenta que não fazia sentido a compra dosbondes da Ligth. Considera que a estatização, domodo que estava sendo feita, era um péssimonegócio. Acredita que Marx não fundou umaciência, mas uma religião, e que a teoria derelatividade acabava com o marxismo, assimcomo a psicologia de Freud também tinhadestruído o marxismo. Assinala que o marxismoera o campo ideal do charlatão, e lamenta que no

Page 26: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Brasil houvesse muitos marxistas. Mencionaque no Brasil a ignorância da classe dirigente eramais grave que a ignorância do povo e quequando se falava em reforma, se pensava emrevolução. Comenta que se chegou a criar umadoutrina do desenvolvimento, odesenvolvimentismo, que nada mais era do que aaplicação do marxismo à arte de furtar. Critica oPlano Trienal, que chamava de um conjunto dedesejos e promessas. Acha que o ministro daFazenda provavelmente conseguiria aumentar oprazo para pagar a dívida que o Brasil tinha comos Estados Unidos. Considera que o Brasilprecisava ter uma administração descentralizada,honrada e eficiente e que no Brasil dever-se-iadar liberdade para que os cidadãos criassemriquezas.

Faixa 10Gravação de música

Faixa 11Cerimônia de Posse do Tabelião Mauro AraújoCarlos Lacerda discorre sobre a sua satisfaçãoem ver a ascensão de um antigo colega decolégio. Lacerda garante que não havia neste atocrítica aos titulares de cartório que foramnomeados e que precisava dizer isso para evitarque alguém se ofendesse. Explica que oobjetivo de se criar concurso público para a vagade tabelião de cartório não tinha tido a intençãode ofender ninguém, mas de acabar com umaprática comum no Antigo Regime, mas queestava defasada.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.006

1. Assunto

1.1 Faixa 1Carlos Lacerda Reassume oCargo de Governador – PalácioGuanabaraDiscursos de Rafael de AlmeidaMagalhães e de Carlos Lacerda

2. Temas

2.1 Faixa 1Trabalho em equipe, honestidadee eficiência, leitura do termo deposse, obras, liberdade, ForçasArmadas, crítica à classe política,vitória da “Revolução”,adiamento das eleições, UNE

F 1: 30 min F1: 09/07/1964 Faixa 1Carlos Lacerda Reassume o Cargo deGovernador – Palácio GuanabaraDiscursos de Rafael de Almeida Magalhães e deCarlos LacerdaO governador Rafael de Almeida Magalhães dizque estava restituindo ao governador asalavancas de comando da administraçãoestadual, que o governo da Guanabara era umtrabalho de equipe, cuja fecundidade repousavana identidade de pensamento resultante do livredebate e do sentimento de dever a cumprir, quetodos os colaboradores do governo de CarlosLacerda tinham. Diz que o governo era honestoe eficiente, ousado e atrevido na solução dosproblemas. Discorre sobre a abertura de escolas,hospitais, túneis e viadutos e sobre a obra daadutora do Guandu. Afirma que a opiniãopública apoiava o governador Carlos Lacerda eque todos estavam felizes com o seu retorno.Segue a leitura do termo de transmissão deposse. O governador Carlos Lacerda assinalaque encontrou o governo melhor do que deixara,o que demonstrava que o governo não era umapessoa só, mas um conjunto em ação, a serviçode uma ideia. Agradece aos que trabalharam

Page 27: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

durante a sua ausência, membros do judiciário,deputados, servidores do estado, sua equipe degoverno, e à população, além do vice-governador Rafael de Almeida Magalhães.Acredita ter trazido informações que iriamauxiliar o presidente Castelo Branco em seugoverno e que encontrava o Brasil melhor, livredo medo e da ansiedade que existiam antes dasForças Armadas que, atendendo a um apelo damaioria da população, libertaram o país daameaça que a inépcia dos quadros políticos tinhadesencadeado sobre ele. Lacerda afirma que oinimigo ainda estava vivo, por isso ainda erapreciso ficar atento, porque o inimigo tinhamuito dinheiro no país e no exterior. Critica aclasse política brasileira de modo geral.Assegura que o Brasil tinha um povo melhor doque a elite e que a elite não confiava no povo.Afirma que a resistência da Guanabara tinhaacelerado a vitória da “Revolução”. Comentaque falava por todos, pelo bem da pátria.Considera que o adiamento das eleiçõesimpopularizava a “Revolução” e consagrava osseus inimigos. Aponta como prova o fato de queo adiamento tinha o apoio de inimigos da“Revolução”. Acredita que era um risco marcaras eleições em 1965, mas que o risco aumentariase as eleições fossem adiadas. Defende que aUNE (União Nacional dos Estudantes) deveriacontinuar aberta, e que fechar a UNE, porque elatinha sido ocupada por comunistas, era o mesmoque fechar a República porque foi ocupada porJoão Goulart. Propõe que a UNE fosse reabertacom eleições livres nas escolas.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1007

1. AssuntoReportagem sobre a Convençãoda UDN, em São Paulo

2. Temas

2.1 Faixa 1Candidatura de Carlos Lacerda àPresidência da República

2.2 Faixa 2Peça teatral

F1: 10minF2: 25min

[1965] Faixa 1Reportagem sobre a Convenção da UDN, emSão PauloConvenção da UDN para a escolha do candidatodo partido à Presidência da República. Ofavorito era o governador da Guanabara, CarlosLacerda, que faria o discurso de encerramento daconvenção. A previsão era de que iriamcomparecer à convenção 400 udenistas. Estavamprevistas comemorações após a indicação deCarlos Lacerda como candidato da UDN, emSão Paulo e no Rio de Janeiro.

Faixa 2Peça teatral

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.008

1. Assunto

1.1 Faixa 1Discurso do Governador naCâmara de Rio Preto – SP

1.2 Faixa 2Discurso do Governador naCâmara de Rio Preto – SP

F1: 10minF2: 5min

[1963/1965] Faixa 1Discurso do Governador na Câmara de Rio Preto– SPDefende que a Constituição deveria serduradoura, não deveria ser mudadaconstantemente. Diz que a cidade era umexemplo do que vale a liberdade e a proteção dalei. Comenta que tinha vindo para fazer umapergunta: “Foi preciso reformar a Constituiçãopara fazer Rio Preto progredir?” Ressalta que opaís progrediu mais em 40 anos de liberdade do

Page 28: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

2. Temas

21. Faixa 1Liberdade, escravidão, progresso,União Soviética, propagandasoviética, descentralização,educação

2.2 Faixa 2Promessas X compromisso,diálogo, comunistas, caixeiroviajante da liberdade

que a Rússia em 40 anos de escravidão. Afirmaque as estatísticas da União Soviética eramsempre datadas de 1917, e que as estatísticaseram usadas como propaganda para enganar osingênuos. Comenta que as estatísticas brasileiraseram melhores que as soviéticas. Afirma que adescentralização administrativa era necessáriapara o Brasil. Diz que essa era umareivindicação que existia desde o Império,quando José Bonifácio defendeu a ideia. Achaque os municípios iam ficando cada vez maispobres e os estados se transformavam empedintes do governo federal. Considera que adescentralização e o planejamento eramfundamentais. Defende que a prioridade deinvestimentos deveria ser a educação. Diz quetinha chegado a hora do país escolher entre aliberdade e a escrevidão, entre o progressoautêntico e o progresso de papelão.

Faixa 2Discurso do Governador na Câmara de Rio Preto– SPLacerda diz que não pedia votos fazendopromessas, que promessas deveriam ser feitas noaltar da igreja. Considera que já existiam muitaspromessas por lá. Comenta que em vez depromessas preferia estabelecer um compromissocom o eleitor, ou seja, fazer tudo o que deveria,mais até do que poderia. Mas, esperava que oeleitor também fizesse tudo o que podia. Diz queo povo deveria ter a oportunidade de criarriquezas para viver em segurança e não sertratado como um João ninguém, porque todoseram filhos de Deus e mereciam o mesmotratamento. Conta que dialogava com oscomunistas, mas que não dava para dialogar comquem só sabia fazer monólogos. Menciona quenão podia dialogar com os. filhos de LeeOswald, assassino de John Kennedy, comaqueles que queriam trazer para o Brasil asemente do ódio. Anuncia que pretendia ser ocaixeiro viajante da liberdade.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.009

1. Assunto

Faixa 1Conferência do GovernadorCarlos Lacerda na EscolaSuperior de Guerra

2. Temas

21. Faixa 1Constituição estadual,Assembleia Constituinte,nomeação dos prefeitos,centralização, burocracia,delegação de poderes, BEG,

F1: 75min F1: 03/06/1965 Faixa 1Conferência do Governador Carlos Lacerda naEscola Superior de GuerraCarlos Lacerda fala que estava emocionado porvoltar à escola onde tinha estudado. Acentua quena escola aprendera a pensar sobre os problemasbrasileiros e que por isso tinha escolhido aescola para falar sobre as suas realizações noestado da Guanabara. Conta que a primeiradificuldade que enfrentou foi criar umaConstituição estadual, mas que isto foi resolvidocom a criação de uma Assembleia Constituinte eele considerava que essa era a melhorConstituição estadual do Brasil. A segundadificuldade enfrentada era o caráter municipal doestado e a terceira era a nomeação dos prefeitospelo presidente, o que gerava incerteza sobre o

Page 29: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

falência da educação, Guandu,sistema de saúde, CPI,Administração Regional, custeio,investimento, militares em cargoscivis, Plano Agache, favela doEsqueleto, UEG

tempo de mandato. Sobre a estrutura, consideraque o antigo Distrito Federal era a maior vítimada centralização do poder, o que, segundo ele,era o pior problema administrativo do Brasil.Critica o excesso de requerimentos que ogovernador era obrigado a assinar diariamente.Diz que o excesso de documentos impedia que ogovernador lesse tudo o que assinava. Afirmaque, ao delegar poderes, reduziu em 80% onúmero de documentos assinados pelogovernado. Lacerda revela que mais da metadedos auxiliares de enfermagem do estado eramanalfabetos e nenhum dos estatísticos do estadotinha curso superior. Diz que desistiu de criaruma Secretaria de Planejamento, pela falta deestrutura do estado, e para compensar aumentouas atribuições da Secretaria de Governo.Ressalta que um dos problemas do novo estadoera a preponderância das atividades meio sobreas atividades fins. Lacerda reconhece que esteproblema ainda existia, mas chama a atençãopara a sua redução. Discorre sobre os concursospúblicos que realizou para preencher os cargosno estado. Cita o teto estabelecido pelaConstituição Estadual que limitava a 60% osgastos com pessoal. Comenta que ainda estavacom 64%, mas estava decrescendo anualmente,mesmo com o aumento de salário dos servidores.Fala sobre o crescimento do Banco do Estado daGuanabara na sua gestão, que já estava entre osoito primeiros bancos do Brasil. Diz que nãoprecisou do aval do Banco do Brasil ou doBNDES para conseguir empréstimosinternacionais, pois o próprio BEG foi oresponsável e deu o aval para os empréstimos.Relata os problemas na educação quandoassumiu o governo do estado: escolas com trêsturnos, déficit de 10 mil vagas, escolas malconservadas e uma universidade estadual maladministrada. Diz que em seu governo a situaçãoestava melhorando. Defende a política de saúdedo estado, que investia mais na medicinapreventiva do que na medicina curativa. Falasobre as campanhas de vacinação organizadaspelo estado e sobre a implantação do sistema deresidência nos hospitais. Discorre sobre aimportância das obras no Guandu pararegularizar o abastecimento de água no estado daGuanabara. Lacerda conta que investiu naconstrução e reforma da rede de esgoto doestado. Comenta que a Guanabara era o primeiroestado do Brasil a cumprir as diretrizes da LeiFederal sobre orçamento. Diz que o estado foielogiado pelo Tribunal de Contas e Lacerdadivide o mérito com a Assembleia Legislativa.Considera que o orçamento era essencial para oplanejamento do governo. Comenta que o seugoverno passou por diversas ComissõesParlamentares de Inquérito, mas que todasacabaram por não encontrar nada de errado na

Page 30: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

sua administração. Sobre a estruturaadministrativa do estado, explica que paradescentralizar a administração foram criadas asAdministrações Regionais. Fala que osadministradores regionais eram funcionários doestado e trabalhavam como representantes dogovernador nas regiões. Critica o orçamentotradicional utilizado em outros estados e defendeo orçamento/programa do estado da Guanabara,que separava bem o que era investimento do queera custeio, facilitando a fiscalização e aexecução do orçamento. Volta a falar sobre osconcursos públicos promovidos pelo estado eelogia a Escola do Serviço Público. Lacerdadefende a contratação de militares da reservapara cargos civis em empresas públicas. Diz queos militares tinham uma boa formação técnica eque as faculdades não preparavam os estudantespara o serviço técnico. Fala sobre a ampliação darede de telefonia no estado da Guanabara. Dizque esta ampliação foi feita em 3 anos e custou 2bilhões de cruzeiros. Explica que os usuáriosseriam donos de ações da companhia detelefone. Menciona que o serviço era barato eum dos mais modernos do mundo. Em relaçãoao plano viário, Lacerda conta que buscouinspiração no Plano Agache, de 1928. Consideraque o Plano foi abandonado e que foramcometidos muitos erros, como a construção daavenida Perimetral, que não resolveu o problemade trânsito no local. Ressalta que estavaremovendo a favela do Esqueleto para instalarno local o campus da Universidade do Estado daGuanabara.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.010

1. Assunto

Faixa 1Conferência do GovernadorCarlos Lacerda no CírculoOperário de Botucatu

Faixa 2Conferência do GovernadorCarlos Lacerda no CírculoOperário de Botucatu

2. Temas

21. Faixa 1Reforma agrária, café, saúde,BEG, empréstimo a agricultores,burocracia, produção agrária,política do café, inflação Xdesinflação, diversificação daeconomia, CLT, PrevidênciaSocial

F 1: 60minF 2: 15 min

F1: 20/12/1964F2: 20/12/1964

Faixa 1Conferência do Governador Carlos Lacerda noCírculo Operário de BotucatuCarlos Lacerda fala sobre a reforma agrária. Dizque o objetivo principal deveria ser aracionalização da produção agrícola, ou seja,tirar mais com o mesmo esforço. Afirma que erapreciso reabilitar o Ministério da Agricultura.Diz que havia anos o governo tentavadesestimular o plantio de café, mas sempre havianovos plantadores. Lacerda diz que o problemaera o processo de financiamento do café, que eradiferente do financiamento de outros grãos,como o arroz. Segundo Lacerda, se ofinanciamento fosse igual, o problema estariaresolvido. Lacerda diz que mais importante doque investir na indústria ou na agricultura erainvestir no homem. Por isso, era necessárioinvestir na educação, em escolas que dessem aoportunidade do filho do trabalhador chegarmais longe do que o pai. Lacerda acha que sedeveria dar prioridade também à saúde, não sócom a construção de novos hospitais, mas cominvestimentos também na prevenção de doenças.Ele atribui o fortalecimento do Banco daGuanabara ao sucesso do plano de crédito para a

Page 31: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

2.2 Faixa 2Crítica ao ministro de CasteloBranco, ameaça à “Revolução”,o episódio do governador MauroBorges

agricultura do estado da Guanabara. Diz que oagrônomo era quem ficava responsável peloempréstimo aos agricultores. Critica a burocraciado Banco do Brasil para conceder empréstimos eafirma que o BEG não tinha burocracia.Comenta que ainda não tinha havido calotedesde que o programa fora implementado e queo estado da Guanabara, mesmo sendo o menordo Brasil, fora o único onde, nos quatro anosanteriores, a área agricultada tinha aumentado, etambém o único onde a população agrícolatambém aumentara. Diz que a produção agráriabrasileira poderia aumentar em 30% se fossemusados fertilizantes, mas, para isso eranecessário barateá-los. Ressalta que não sedeveria discutir se uma medida era socialista ouliberal, mas se ela deveria ser adotada ou não.Espera que a informação do governo, de que asafra seria muito grande naquele ano, fosseverdade. Mas, esperava que não ocorresse oproblema de safra grande, falta de transporte,safra pequena, transporte sobrando. Lacerdaacredita que o que o governo precisava fazer eradar condições para o agricultor produzir. Afirmaque governar era fazer, fazer, e fazer com que osoutros fizessem. Mas, que para isso era precisosaber fazer. Surge uma pergunta sobre a políticado café e sobre a limitação de preços dosprodutos agrícolas. Lacerda responde que emrelação ao café, primeiro era preciso saber seéramos contra ou a favor do café. Explica que oBrasil ainda era dependente do café. Defende adiversificação da economia brasileira, mas,segundo ele, havia um exagero em não querervender café. Lacerda diz que o café aindarespondia por 60% das exportações brasileiras.Sobre o tabelamento de produtos agrícolas,Lacerda afirma ser contra qualquer tabelamento.Adverte que se deveria tomar cuidado casohouvesse falta de produtos. Salienta que nãoexistia fiscalização da produção industrial. Contaque os produtores pagavam muitos impostos eisso acabava se refletindo no preço para oconsumidor. Considera que a luta contra ainflação não deveria afetar a produção e que ogoverno deveria estabelecer bem as suasprioridades. Pensa que o Brasil tinha saído deuma inflação desenfreada para uma desinflaçãodesenfreada. Critica o aumento do preço dosingressos no Maracanã para um jogo decisivo ecomenta que impediu o aumento do ingresso,mas declara que a renda foi a mesma que seria seo preço tivesse sido aumentado, porque maispessoas tinham ido ao estádio. Lacerda afirmaque as pessoas queriam conforto, segurança equeriam consumir, mas que o governo estavacerceando o consumo. Explica que a contençãodo consumo desestimulava a produção,dificultando o progresso do país. Surge outrapergunta sobre os planos de Lacerda para os

Page 32: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

operários brasileiros. Ele agradece a pergunta eresponde que, antes de ser candidato apresidente, quando era deputado, criou umprojeto de consolidação da Consolidação dasLeis Trabalhistas. Um dos artigos do projetoprevia que o operário fosse livre para sesindicalizar, desde que fosse comunicada aexistência do sindicato ao Ministério doTrabalho. Lacerda lamenta que seu projeto tenhasido sabotado na Câmara. Ele afirma que odéficit da Previdência era de responsabilidade dogoverno federal. Defende a descentralizaçãoadministrativa, que ele ressalva queimplementou no estado da Guanabara,. ao criaras Administrações Regionais. Argumenta que adescentralização valorizava o trabalho doservidor público. Defende a descentralização daPrevidência Social, deixando a parte assistencialpara os sindicatos, enquanto a Previdência seriaresponsável pelas aposentadorias e pensões.

Faixa 2Conferência do Governador Carlos Lacerda noCírculo Operário de BotucatuLacerda responde a uma pergunta dizendo quenão escreveu uma carta se desculpando, o quepoderia ter feito, porque o homem público só seengrandece ao pedir desculpas. Afirma queescreveu ao presidente Castelo Branco porquehavia escrito duas cartas antes criticando seusministros e o presidente havia retrucado, dizendoque uma crítica a seu ministro era uma crítica aele. Lacerda respondeu que não o incluía nascríticas, porque as suas intenções eram boas eele era um homem de bem, mas se eleconsiderava que as críticas colocavam em risco a“Revolução”, ele se calaria. Salienta que nãoqueria dar uma oportunidade para os inimigos dopovo se aproveitarem da divergência. Mencionao caso Mauro Borges e concorda que a maneiracomo ele foi conduzido abalou a imagem da“Revolução” perante a população brasileira.Afirma que se era para intervir, a intervençãodeveria ter sido feita imediatamente. Ressaltaque os jornais publicaram matéria paga, aoescreverem sobre o caso, transformando ogovernador em herói. Considera que as leisdeveriam servir à pátria e não o contrário, ealerta que para isso existia o Poder Legislativo,para modificar as leis quando necessário.Defende a aposentadoria de boa parte dosmembros do STF e que a Assembleia de Goiásdesistisse de votar a perda do mandato dogovernador Mauro Borges.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.011

1. Assuntos

1.1 Faixa 1Reunião com a Irmandade Nossa

F1: 15 minF2: 55 min

F1: 02/10/1965

Obs: Fita comdefeito a partirdos 18:40min

Faixa 1Reunião com a Irmandade Nossa Senhora daConceição, no Palácio GuanabaraO governador Carlos Lacerda recebe flores deuma criança em agradecimento por tudo o quevinha fazendo pelo estado. Discorre sobre o

Page 33: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Senhora da Conceição no PalácioGuanabara

1.2 Faixa 2Jantar Promovido pelo BEG paraComemorar os Resultados doBanco no Primeiro Semestre eHomenagear o GovernadorCarlos Lacerda

2. Temas

21. Faixa 1Cessão de terreno pelo estadopara construção de igreja

2.2 Faixa 2Resultados do BEG, prestígio doBEG, autonomia administrativa

termo de cessão com encargos de um terreno natravessa Marieta, para a construção da igrejaNossa Senhora da Conceição, no largo doCatumbi. O presidente da Irmandade fala queaquele dia tinha um significado emocional emoral que comovia e sensibilizava a suairmandade. Agradece a cessão do terreno pelogoverno do estado para a construção da novaigreja. Faz elogios ao governador. Lembra quedisse a Lacerda que a construção de uma igrejaera importante no combate ao comunismo noBrasil. Narra o processo de mudança para umasede provisória, antes da mudança para a sedeque estava sendo inaugurada. Elogia a equipe dogoverno por sua dedicação em resolver oproblema da irmandade. Agradece mais uma vezao governo do estado. Menciona que no local daantiga igreja, passava a canalização do rio PapaCouve e as pistas de acesso ao túnel SantaBárbara. Considera que a solução foi satisfatóriapara os dois lados.

Faixa 2Jantar Promovido pelo BEG para Comemorar osResultados do Banco no Primeiro Semestre eHomenagear o Governador Carlos LacerdaErnani Duarte Barreto, funcionário do BEG,elogia a diretoria do banco. Comemora a boaliquidez do banco do estado. Afirma que os bonsresultados alcançados pelo banco também sedeviam à administração do governador CarlosLacerda. Em nome de todos os funcionários dobanco, saúda o governador do estado. Darío deAlmeida Magalhães, ex-presidente do BEG, falaque se sentia honrado por falar naquelacerimônia. Relata os oito meses em que ficou àfrente do banco, período que considerou umaadmirável experiência. Elogia a recuperação doprestígio do banco e todos os presidentes dobanco na administração do governador CarlosLacerda. Destaca que o BEG era um exemplo deque a virtude compensa. Comenta que não houvemudança de funcionários, que houve um capitalnovo de trabalho, moralidade e responsabilidade.Discorre sobre o recrutamento dos membros dadireção do banco, afirmando que não haviainfluências políticas nas nomeações e que ogovernador sempre respeitou a autonomiaadministrativa da instituição.Fita com defeito a partir dos 18:40 .

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.012

1. Assunto

1.1 Faixa 1Governador Lacerda naFaculdade de Direito de Bauru

1.2 Faixa 2Governador Lacerda na

F 1: 60 minF 2: 18 minF 3: 20 min3a) 15min3b) 5min

F1: 08/06/1963F2: 08/06/1963F3a: 1962/1964F3b: s/d

Faixa 1Governador Lacerda na Faculdade de Direito deBauruO governador Carlos Lacerda agradece o convitee espera ter a honra de conferir suas ideias com opovo de Bauru. Diz que lutou pela liberdade deensino, que como deputado se esforçou pelaaprovação da Lei de Diretrizes e Bases. Afirmaque queria limitar a sua palestra a alguns temas,como as origens da crise pela qual o país

Page 34: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Faculdade de Direito de Bauru

1.3.1 Faixa 3aRaul Brunini Faz Discurso dePosse na Presidência daAssembleia Legislativa.

1.3.2 Faixa 3bPrograma de Rádio: Doisapresentadores falam sobremúsica

2. Temas

21. Faixa 1Lei de Diretrizes e Bases, crise,problema social, eleitoradoobediente, coronelismo,Revolução de 1930, caudilhismo,ditadura, marxismo,hegelianismo, satélite docomunismo, liberdade, progresso

2.2 Faixa 2Reforma agrária, Ministério daAgricultura, UNE, comunistas,liberdade, transporte marítimo,crises

2.3.1 Faixa 3aElogios a Carlos Lacerda,udenismo, defesa do governo

2.3.2 Faixa 3bDiscussão sobre Música

passava e a verdadeira natureza do problemasocial que o Brasil enfrentava. Conta que oBrasil saiu da monocultura e da escravidão comouma nação grande em território, mas pequenaem população e menor ainda em capacidade deprodução e consumo. Explica que até 1941 onúmero de consumidores de eletrodomésticos noBrasil não passava de 7 milhões, enquanto apopulação já estava em torno de 50 milhões.Considera que o Brasil tinha uma virtude,porque alguns homens representavam a todos,procurando honrar esta representação. Comentaque alguns se elegiam deputados pelos seusestados sem precisar voltar a eles para fazercampanha. Cita os exemplos de Gilberto Amado,Afrânio Peixoto, Humberto de Campos.Comenta que os coronéis elegiam os intelectuaisatravés do seu eleitorado obediente. Lacerda falaque a Revolução de 1930 foi resultado de umamadurecimento do país e fala de novidadesimplantadas como o voto secreto, o votofeminino, a formação dos sindicatos deempregados e empregadores. Menciona que apopulação começou a dar um grande impulso decrescimento, mas que no momento em que odireito de voto foi ampliado houve um impulsoda industrialização, os trabalhadores tiveramliberdade para se organizar, a lavouradiversificou a sua produção. Chama a atençãopara o fato de que, entretanto, o impulsoinovador da Revolução se transformou em uminstrumento de uma ambição personalista,caudilhesca, de uma ditadura que se implantouno país. Diz que São Paulo teve que fazer aRevolução de 32 para acordar o Brasil. Depois,Lacerda conta que foi preciso oficializar aditadura em 1937 e importar uma Constituição.Lacerda diz que nas universidades, nas cidades,nos campos começou uma conspiração pelaretorno do direito do povo de votar e o retorno auma Constituição votada pelos representanteseleitos. Acha que a Constituição deveria serpreservada para evitar que o caudilhismovoltasse a comandar o país. Discorre sobre aaproximação das ditaduras sul-americanas com aAlemanha nazista. Relata que quando Paris foiinvadida e tomada pela Alemanha, no Brasil, osrepresentantes da ditadura, a bordo do navio deguerra Minas Gerais, diziam que a invasão deParis marcava o início de uma nova era, que iriaremover o entulho das ideias mortas. Conta quedepois da Segunda Guerra Mundial começou-sea valorizar as ideias de Karl Marx. Lacerdaconsidera que o marxismo foi inspirado pelohegelianismo, que foi o pai filosófico donazismo e a mãe filosófica do comunismo. Dizque o comunismo jamais prosperou nas naçõesadiantadas, esclarecidas, e foi triunfar na Rússia,país de imenso analfabetismo, que nuncaconheceu a liberdade. Explica que Marx previa

Page 35: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

que o comunismo seria implantado na Inglaterra,na França, na Alemanha e nos Estados Unidos,mas só na Rússia o comunismo prosperou.Afirma que o Brasil precisava acordar para nãose transformar em um satélite do comunismo.Acredita que não havia mais necessidade darevolução social proposta por Marx, que asnações socialistas estavam realizando os ideaisdo socialismo de maneira mais rápida do que ospaíses comunistas. Conta que as naçõescomunistas não conseguiram sequer alimentarseu povo e que o Brasil nunca precisou deditadura para progredir. Atribui os avanços queocorreram no país à liberdade de trabalho, àliberdade econômica. Lacerda pergunta se SãoPaulo alguma vez precisou sacrificar a sualiberdade para comandar o progresso do paísAfirma que foi o contrário, a liberdade era quetinha proporcionado as condições para que SãoPaulo se desenvolvesse. Lacerda vê o fantasmado caudilhismo no Brasil, que, de acordo comele, ia buscar na Rússia a sua inspiração. Criticaa ideia de reforma da Constituição. Lacerda dizque se falava então que o Congresso nãorepresentava o povo, mas sim os interesseseconômicos e lembra que em 1937 se dizia que ofechamento do Congresso iria acabar com osintermediários entre o povo e o governo.Defende a democracia, apesar de todos os seusproblemas. Critica o sofisma de que não adiantater liberdade se não há pão para comer. Afirmaque a falta de liberdade não dava pão a ninguém.

Faixa 2Governador Lacerda na Faculdade de Direito deBauruCarlos Lacerda diz que não existe progressosocial sem liberdade. Salienta que não poderiahaver reforma agrária em um país que destinavaapenas 5% do orçamento para o Ministério daAgricultura. Conta que havia dois anos que oBrasil passava por sucessivas crises. Critica afalta de utilização do transporte marítimo e osgovernantes brasileiros nos últimos 30 anos.Acha que o país cresceu apesar dos seusgovernantes e não por causa deles. Critica aexistência da indústria da seca no Nordeste.Mais uma vez, faz criticas aos comunistas,menciona que eles tinham dominado a UNE eque não podiam dominar o Brasil. Complementadizendo que mesmo sendo minoria oscomunistas precisavam ser combatidos, que oExército não poderia tolerar comunistas em suasfileiras. Alerta que os governadores nãodeveriam se comportar como interventores e nãodeveriam depender de esmolas do Banco doBrasil, que eles precisavam se comportar comohomens. Lacerda fala que não se importava deser chamado de reacionário, porque nunca tinhaapoiado uma ditadura no Brasil. Coloca-se como

Page 36: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

um arauto, um defensor da liberdade. Salientaque era preciso realizar a justiça social semquebrar a Justiça. Considera que o PoderExecutivo precisava conviver em harmonia como Poder Legislativo e com o Judiciário.

Faixa 3aRaul Brunini Faz o Discurso de Posse naPresidência da Assembleia Legislativa.Elogia o governador Carlos Lacerda. Diz sesentir feliz por ser um udenista. Prometedefender o governo sem perder a tranquilidade,como foi aconselhado pelo governador.Agradece a presença de todos.

Faixa 3bPrograma de Rádio: Dois apresentadores falamsobre música

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.013

1. Assunto

1.1 Inauguração da EscolaAquino Corrêa, em Copacabana

1.2. Governador no Tijuca TênisClube

1.3 Pronunciamento doGovernador Carlos Lacerda naTV Tupi

1.4 Discurso do GovernadorCarlos Lacerda na Cerimônia deInauguração do ComputadorEletrônico

1.5 1º ano do Serviço Social noPalácio Guanabara

1.6 Posse do Novo Presidente daSURSAN

1.7 Faixa 7Exposição do GovernadorLacerda aos Favelados

1.8 Faixa 8Discurso do Governador CarlosLacerda em Público [talvez emum comício].

2. Temas

21. Faixa 1Vida de Dom Aquino Corrêa,favela João Goulart, elementos deconforto, desapropriação, av.Radial Oeste, favela do

F1: 17minF2: 45:58minF3:58:34minF4:10:54minF5:04:03minF6: 12:04minF7: 24:12minF8: 18:04min

F1: 04/03/1962F2: 25/04/1962F3: 05/09/1962F4: 06/12/1962F5: 26/06/1962F6: 03/10/1961F7: 01/06/1962F8: [1962]

Faixa 1Inauguração da Escola Aquino Corrêa, emCopacabanaPronunciamento do governador Carlos Lacerdacom Transmissão da Rádio Roquette Pinto.Carlos Lacerda começa anunciando o secretáriode Educação, Flexa Ribeiro, o deputado RaulBrunini, o administrador regional deCopacabana, arquiteto Hélio Mamede, osecretário de Governo, Rafael de AlmeidaMagalhães, o presidente da Fundação OtávioMangabeira, Otávio Borghetti, os amigosRaimundo de Brito e Mauro Magalhães, acoordenadora de Educação, a diretora da escola,os pais de alunos e os alunos. Em seu discursoele informa que a nova escola manteria o nomedo antigo centro de recreação que existia nomesmo local. Acrescenta que “não haveriaqualquer cabimento em mudar o nome de quemtão bem patrocinava uma escola na Guanabara”.Fala brevemente sobre a vida de Dom AquinoCorrêa, que foi padre aos 17 anos. Morreu comoarcebispo de Cuiabá. Além disso, informa quecomeçaram o dia visitando as obras da favelaJoão Goulart, em Santa Teresa. Com cerca de150 barracos, a favela, através da FundaçãoLeão XIII, estava recebendo luz, lixeiras, água,ou seja, aquilo que ele chama de “elementos deconforto singelos, mas reais”. Além disso, ogovernador comunica que foram cessadas asdisputas de proprietários, autênticos ou não, porconta das providências tomadas pelo governopara desapropriação da área, assegurando aosmoradores da favela tranquilidade para viver empaz. Fala ele também da nova avenida RadialOeste, entregue no mesmo dia ao público,ligando a praça da Bandeira, rejuvenescida erestaurada, ao subúrbio da Central. Refere-se àpraça como “a entrada monumental do caminhodos subúrbios da Central”. Informa que durante10 anos a obra estava por ser feita, com o projetopronto, com as verbas preparadas. Mas, segundo

Page 37: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Esqueleto, remoção, enchentes,praça da Bandeira, Catumbi, rioPapa-Couve, construção deescolas, empréstimos alemães,

2.2 Faixa 2Elogios a Lopo Coelho, vice-governança, reforma da educação,harmonia entre os três poderes,Constituinte, Tijuca: celeiro dajuventude carioca, transformaçãode hospitais em autarquias

2.3 Faixa 3Missão subversiva, crimescomum, eleitoral e político,Polícia Militar, rebelião, governodo estado, plebiscito, referendopopular, Congresso, ForçasArmadas, povo, consciência damiséria, russos, comunistas, bensde consumo, capital imigrante,cortina de ferro, avanço docomunismo, trabalhismo, troca deministros

2.4 Faixa 4Secretaria de Finanças,computador eletrônico,modernização da administração,treinamento de equipe,racionalização da administração

Faixa 5Serviço Social do palácioGuanabara, dedicação dassenhoras, Fundação leão XIII,ajuda aos necessitados

Faixa 6Servidor público, remuneração,técnicos, problema deabastecimento de água, concessãode empréstimos, papel daSURSAN

Faixa 7melhorias nas favelas, Fundo dotrigo, Fundação OtávioMangabeira, SURSAN, SERFA,Departamento de HabitaçãoPopular, reforma agrária,reacionarismo, migração campo-cidade, leis do inquilinato,restrição de crédito, casaseconômicas, RegiõesAdministrativas, COHAB,Fundação Leão XIII, reforma dos

ele, ninguém tivera confiança de entrar na favelado Esqueleto para então, “sobre ela, rasgando-ade ponta a ponta, abrir uma avenida quecomunicasse o subúrbio com a praça daBandeira”. Ressalta que, dessa forma,conseguiram resolver o problema das enchentesna praça da Bandeira e também o que parecia serinexpugnável e irredutível para outrosgovernantes, que foi a remoção, considerada porele como realizada de forma voluntária, alegre eentusiástica, de cerca de 850 famílias que alihabitavam, na favela do Esqueleto. Mencionaque essas famílias passaram a viver no recém-fundado bairro popular Nova Holanda, atrás dafavela da Maré, na avenida Brasil, com água,esgoto, luz, aterro, rua e escola. Faz alusão àmais uma obra realizada, que foi a perfuração,debaixo do asfalto da avenida Presidente Vargas,pelos engenheiros do estado, de uma galeria pelaqual passaria na semana seguinte, “devidamentecontido, canalizado, disciplinado e domado, orio Papa-Couve, responsável pelas imensas etrágicas inundações do bairro do Catumbi”.Refere-se ao povo do Estado do Rio de Janeirocomo um “povo livre, sereno, trabalhador aomesmo tempo que jovial, mas tão sério que nãose deixava dominar nem pelo pânico, nem pelaprovocação”. E acrescenta: “Um povo que faz dasua serenidade o seu escudo. Um povo que fazda fé a fonte da sua coragem. Um povo que fazda esperança o seu escudo contra a dominação ea tirania. Um povo assim, é um povo que sepode governar com honra. Um povo assim, é umpovo ao qual se pode dar alegremente a vida”.Voltando à escola Aquino Corrêa, o governadoraproveita a ocasião da sua inauguração paraanunciar o programa escolar para Copacabana,nos meses que ainda restavam de 1962 e durantetodo o ano de 1963:

• Conclusão das obras da escola dr. CócioBarcellos, entrando na fase da pintura;• Intensificação das obras de recuperação da“admirável” escola Marechal Trompovsky;• Construção, na rua Francisco Otaviano, comcolaboração do secretário de Viação, da escolaPenedo, em homenagem à cidade alagoana domesmo nome;• No Posto 6, junto ao Clube, ao Forte e àigrejinha, iniciação em pouco tempo, pelaAdministração Regional, da construção de umaescola primária;• E a última demão da escola Jorge Pfisterer, aser inaugurada ainda naquele mês.

Comunica que foram visitar o imenso terrenobaldio de propriedade do estado, outrorapertencente à Companhia Ferro-Carril JardimBotânico, no largo do Machado, onde seriaconstruído o “grande parque da Zona Sul”, em

Page 38: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

estatutos, Romeu Loures, VilaVintém, Vila da Penha, casaspopulares, Parque da Alegria,Buraco da Lacraia

Faixa 8Criação do estado da Guanabara,eleição de Juraci Magalhães,transferência da capital, falta derecursos, repercussão no exterior

continuação aos jardins do largo do Machado.Assegura ele que não venderia o terreno paraapartamentos e loteamentos. Avisa, ainda, queos imensos galpões, as coberturas imensas dasantigas oficinas de bondes seriam entãoaproveitadas para a construção de campos deesportes para a juventude, para a adolescênciacarioca. Fala do seu esforço em conseguir ofinanciamento do governo alemão pararemodelação e recuperação da rede hospitalar doestado, dizendo que o governo federal não haviachegado ainda a uma conclusão com a missãoalemã de apoio às regiões em desenvolvimento.Fala da recusa do Brasil em receber 200 milhõesde marcos, a serem pagos no prazo de 30 anos, ajuros de 3% ao ano. Fala do empréstimo de 10milhões de marcos pleiteados pela Guanabara,pois era o único estado com projeto inteiramentecompleto de remodelação de sua rede hospitalar,guardados nas gavetas do Itamaraty, com asautoridades federais, pela impossibilidade de sechegar a um acordo com os que queriam ajudaro Brasil a desenvolver-se e a crescer. Informaque o orçamento de 1963 já tinha sido enviado àAssembleia Legislativa e que tudo seriaaplicado, pelo governo, em investimentos. Partedos 32 bilhões de Cruzeiros seria destinada àconstrução do novo pavilhão do hospital queentão servia à toda Zona Sul: “o diligente, odedicado, ainda que arruinado, hospital MiguelCouto”. Ele, como ex-estudante de escolapública e pai de filhos estudantes de escolas daGuanabara, faz alusão a “críticas levianas,ignorantes” formuladas a esmo contra aqualidade de ensino das escolas da Guanabara. Econclui: “As professoras da Guanabara, omagistério da Guanabara não estão sujeitos aojulgamento de analfabetos só porque eles tenhamdiplomas, obtidos sabe Deus como, em escolassabe Deus de quê”. Ainda sobre as professoras,discursa o governador: “As professoras daGuanabara estão acima de qualquer críticaapressada dos que não nos conhecem, dos quenão conhecem o esforço deste povo, dos quetalvez não saibam dirigir-se, orientar-se nacidade, pois só conhecem algumas boates dapraia de Copacabana, e não sei se outras, sehouver alguma, na Zona Norte”. Porém, nãoconhecem nunca uma oficina, uma escola, umlocal de trabalho, nunca sequer um larorganizado de uma família decente. Eleaproveita para agradecer às professoras, às mães,aos pais e às crianças “do seu estado” quesouberam esperar pela conclusão das obras, “quenada têm de improviso”.

Faixa 2Governador no Tijuca Tênis Clube Trata-se de uma solenidade em homenagem aostrês poderes do estado da Guanabara. Carlos

Page 39: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Lacerda começa o discurso: “Minhas senhoras,meus patrícios e amigos” e fala sobre como eragovernar a Guanabara, cuja cidade era a maispolitizada do Brasil. Refere-se à Tijuca como“valorosa”, de “povo vanguardeiro”. Sobre ostrês poderes diz que, embora divididos, não sefracionaram. Comenta que estava presentetambém, ao lado do governador, “a figurasingular de magistrado, jurista e cidadão que é odesembargador Oscar Tenório”. Carlos Lacerdafaz alusão ao chefe do Legislativo, deputadoLopo Coelho, capaz de, ao mesmo tempo, serfiel aos partidos e pairar acima e além deles,sendo “uma expressão legítima da consciênciademocrática carioca”. Durante o discurso, CarlosLacerda informa que não precisavam pregarreformas de base, pois estas já estavam sendofeitas pela escola. Acrescenta que “não háreforma de base que prevaleça onde os filhos dopovo não possam aprender a governar-se; e nãohá democracia onde a escola não seja tão banal,tão cotidiana, tão encontradiça, tão ao alcancedas mães e das mãos dos que a procuram”.Comunica que o Rio de Janeiro estava navanguarda do Brasil no movimento pela reformada educação. Refere-se ao Rio de Janeiro comouma cidade que se recusava ao desânimo e aodesalento, que confiava no seu futuro e quepreparava o futuro de seu país. E vai além:“Uma cidade assim tem de ser governada porhomens capazes de serem eles próprios o vivotestemunho e o cotidiano exemplo de seusgovernados. Para que eles se orgulhem dele”.Explica que não pôs um vintém dos cofrespúblicos em sua campanha e não desviou nuncaum vintém dos impostos para a campanha deninguém. Fez campanhas com a mais rigorosahonradez. Lacerda menciona Hugo Ramos Filho,o deputado Raul Brunini, o promotor RafaelCarneiro da Rocha, Edson Guimarães e GeraldoFerraz. E afirma que naquele momento a Tijucacelebrava a glória dos três poderes daGuanabara. Lembra, ainda, que na data doevento seria mais um aniversário de PedroErnesto. Ele fala de brigas políticas e ideológicase diz que o maior prejudicado por uma eventual‘rinha de galos’ era o povo, que via serconsumido o dinheiro dos impostos. CarlosLacerda, ao longo de seu discurso, exalta afigura do deputado Lopo Coelho, que, segundoele, presidiu a Constituinte do estado, nãopermitindo que a Assembleia degenerasse emCâmara de Vereadores. E com a criação do cargode vice-governador, Carlos Lacerda anunciacomo seu ocupante, Lopo Coelho, informandoque ele assim já o era virtualmente, pelo seupapel na política do Estado. Fala da necessidadede se ter um senador em Brasília, que defendesseos interesses da Guanabara, como a suaautonomia. Para tal, ele anuncia Juraci

Page 40: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Magalhães, como a voz que fora respeitada peloSenado por 8 anos. Informa que fora buscá-lo depropósito na Bahia, porque se apresentava como“o homem capaz de romper o cerco que searmou em torno da Guanabara”. Voltando a falarde Lopo Coelho, o governador comunica ser eleseu eventual substituto no governo daGuanabara. Comenta que era preciso tê-lo navice-governança para que o governador pudessedormir tranquilo as poucas horas de quedispunha para dormir. Exalta outra figuratambém, afirmando que feliz era o povo, felizera o estado que podia oferecer ao Senado, comosuplente de Juraci Magalhães, em caso dequalquer impedimento do senador efetivo,“umhomem com pinta de governador”, o tijucanoHélio Beltrão. Ele, ao longo do discurso, vaiexaltando a lealdade de seus pares no governo esempre denunciando e condenando atos detraição política. Afirma que a cidade do RioJaneiro não brincava em serviço, gostava debrincar no carnaval, mas não fazia carnaval nosoutros dias do ano. Ele vai além: “Nem muitomenos confunde dia de carnaval com dia deeleição: não elege palhaço!” Em sua exaltação aLopo Coelho ele afirma: “dei-me um gaúchocomo os gaúchos de verdade são. Não os dementira, não os de fancaria, não os de presepada,não os de fantasia, não os de molecagem, não osde brincadeira, não os de disfarce, não os desábado da Aleluia. Dei-me um gaúcho capaz dehonrar o Rio Grande do Sul. Dei-me um gaúchocomo o meu avô gaúcho. Dei-me um gaúcho deverdade, um gaúcho de palavra, um gaúcho dehonra, um gaúcho de lei, um gaúcho delegalidade, mas não apenas quando beneficia aprópria família e sim quando beneficia a imensafamília do povo brasileiro. Um gaúcho comoLopo Coelho”. Sobre os projetos que entãotramitavam na Assembleia, Carlos Lacerda falada disponibilidade do crédito para começar aconstrução do metrô e completar para a Tijucaos ônibus elétricos e outros melhoramentos. Falatambém do projeto que estava tramitando naAssembleia à espera de maioria sólida para votá-lo, afim de transformar os hospitais emautarquias, para que eles pudessem ressurgir erealmente serem reconstruídos, parasobreviverem à miséria e à paralisia que osestavam liquidando. E sobre a capacidade doshomens de seu governo de decidir sobre osprojetos, ele fala: “Não tenho medo do homemcapaz. Tenho medo do incapaz, disfarçado desabichão. Tenho medo do que esconde atrás deuma falsa austeridade a sua incapacidade dedecidir, de discernir, de optar e de escolher. (...)Dêem-me homens capazes de escolher, pois eunão tenho medo das escolhas que devem fazer”.Ele exalta os projetos, afirmando que elespodiam ser aperfeiçoados, mas nunca

Page 41: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

subestimados. Comenta que quem votava contraos projetos, assim procedia porque sabia queuma vez aprovados nunca mais ladrão nenhumgovernaria a cidade do Rio de Janeiro. Continua,afirmando que: “Somos, na nossa sacrossantaliberdade, a maioria indestrutível (...) Que nãoteme os comunistas às claras, porque os sabemincapazes de travar uma luta às claras. Masteme, sim, aqueles embuçados, que falam emreforma e pensam em revolução; que falam emunião e tramam a desagregação; que falam emfederação e conspiram a intervenção”.Acrescenta que o discurso havia de ser naTijuca, “estuário da história cívica do Rio deJaneiro”; e havia de ser no Tijuca Tênis Clube,“celeiro da juventude carioca”. Ele acrescenta:“Havia de ser nesse povo de jovens, nesse povode adolescentes. (...) Nesse povo, portanto, quetem os ímpetos da mocidade e dela osentusiasmos e o puro idealismo da devoção àpátria e à liberdade”. Informa que o governo daGuanabara abria mão do seu direito legal denomear pessoas dignas para exercer os cartórios,com o objetivo de transformar os cartórios emmatéria de concurso público, na carreira doserventuário de Justiça. E, no fim do discurso,ele volta a exaltar Lopo Coelho. O governadorfala que a Guanabara era o estado em que ospoderes eram realmente independentes, mas nãoindiferentes um para com os outros, e que porisso mesmo quando era necessário deixava oestado nas mãos do presidente da Assembleia,sendo justamente por isso que ele promovia avice-governador de direito quem já era vice-governador de fato: o homem de sua extremaconfiança, o deputado Lopo Coelho.

Faixa 3Pronunciamento do Governador Carlos Lacerdana TV TupiCarlos Lacerda fala sobre a democracia e danecessidade de que nela as pessoas pensassemem voz alta. Menciona que tinha uma boanoticia para dar, que consistia em dizer, comalegria, que as coisas estavam melhorando, nãono setor econômico, que ia mal, não noadministrativo, também. Diz que haviapeleguismo oficial, pois políticos não tinham opoder que queriam ter. Destaca que parecia queos ‘agitados’ estavam se ‘agitando’ menos.Carlos Lacerda conta que ouviu o procurador daJustiça do Estado, doutor Cordeiro Guerra,considerado por ele “jovem e competentejurista”. Conta que o governador do Rio Grandedo Sul, que se encontrava então no Rio deJaneiro em missão subversiva, era acusado depraticar vários crimes: um comum, um eleitorale um político, de acordo com as leis vigentes nopaís. Lacerda ouviu a opinião do doutorCordeiro Guerra que lhe disse que pelo crime

Page 42: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

eleitoral o referido governador deveria responderperante a Justiça Eleitoral. Pelos crimes políticoe comum, entendiam o procurador e o governodo estado, que a matéria era competente àAssembleia Legislativa do Rio Grande do Sul edo Tribunal de Justiça do mesmo estado,respectivamente. Carlos Lacerda afirma ter tidoalívio com esta opinião, pois repugnava-lhefazer de vítima o algoz e de mártir o carrasco.Além do mais, acrescenta, ninguém melhor parajulgar do que aqueles que diretamente sofriamcom os efeitos de um mau governo A missãosubversiva, aludida por Carlos Lacerda, consistiaem recomendar à polícia da Guanabara que serebelasse contra o governo do estado. Isso,segundo Carlos Lacerda, era “vergonhoso eescandaloso”, e diz à população, nopronunciamento: “confio a minha vida e asegurança da população à Polícia Militar doEstado da Guanabara. Podem fazer-lhe os apelossubversivos que quiserem. A polícia é fiel ao seudever”. E, então, dá como encerrado o episódio.Mudando de assunto, Carlos Lacerda fala sobreo texto do famoso plebiscito e do compromissoassumido pelos parlamentares. Comenta que aimpressão que tinha crescido na opinião pública,pelas insinuações de coação, era que os líderesem Brasília tinham resolvido dar o plebiscito ‘já-já’, o que era uma fantasia, segundo Lacerda. Oque existia de real no texto aprovado, lembra ele,era o sistema de governo instituído pelo AtoInstitucional ou o que resultasse da reformaconstitucional, de acordo com a emenda queseria submetida a referendo popular, até 15 deabril do ano seguinte, na primeira hipótese, ouao se completar 60 dias da promulgação dareforma, na segunda hipótese. Carlos Lacerdaanalisa então o texto, esclarecendo suasminúcias à população. O governo instituído peloAto Institucional tratava do sistema parlamentarvotado em agosto do ano anterior pela Câmara; oque resultasse da reforma constitucional, deacordo com a emenda, tratava-se do AtoInstitucional modificado com o que por acasofosse votado na Câmara. Um, ou outro, seriasubmetido ao referendo popular até 15 de abrilde 1963 e, no caso de haver reforma no AtoInstitucional, ou seja, algumas modificações,qualquer chamada ao povo se daria no prazo deaté 60 dias, a contar da promulgação da reforma.Ele termina dizendo: “Este é o compromisso doslíderes!” Carlos Lacerda alude ao fato de queprovavelmente haveria quorum para tomar umadeliberação sobre a matéria e que seriavergonhoso para o Congresso se a matéria fosseresolvida pela ausência. Afirma ele que nem opresidente e nem os ministros compareceriam,pois a administração estava parada. Se osdeputados não comparecessem estariam no seudireito e nada ia acontecer à Câmara, nenhuma

Page 43: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

violação à Constituição. Carlos Lacerda falasobre seu ponto de vista a respeito do que definecomo a pátria comandada pela força irracional eteleguiada, a partir da conspiração dos militares.Para ele, as Forças Armadas eram a expressãolegítima da nação em armas e trair-se-iam a simesmas no dia em que consentissem que algunsde seus homens transviados usassem as armascontra a nação. Carlos Lacerda salienta que nãoacreditava na democracia fora da inteligência.Diz ele: “Não basta povo para que hajademocracia. É preciso que haja povo livre,consciente e capaz e decidido a usar a cabeça!”Destaca que havia povo na Alemanha de Hitler,na Itália de Mussolini e na Argentina de Perón.Mas ele era usado como matéria-prima datirania. Ele pergunta se havia mais miséria noBrasil naquele momento do que havia antes. Eresponde que a rigor, não. Havia sim, para ele,que considerava, inclusive, que seria bom quehouvesse, mesmo, maior consciência da misériaque existia. Uma inconformidade com a pobreza,necessária inconformidade, que para ele era umlegítimo e desejável descontentamento dapopulação. A que se devia isto? Pergunta ele.Responde que o que havia realmente era umacoisa sobre a qual muitos brasileiros ainda nãotinham refletido. O que ele propunha, em plenaeleição, era: ao invés de falar de promessaseleitorais, falar de ideias, de princípios. Umaeleição sem ideias para ele não era uma eleição,era uma esterilizarão. Acrescenta que oselementos de comunicação deram ao povo aideia do que ele poderia ter e ainda não tinha!Carlos Lacerda alfineta os comunistas nestemomento do pronunciamento: “Então, enquantoo russo ouve o rádio de uma só estação;enquanto o russo lê o jornal de um partido só;enquanto o russo vai à escola de uma professorade uma só ideia; enquanto, em suma, em vez dojogo livre e fecundo das ideias, o comunistacrava ou joga a terrível paciência da ideia só, daideia fixa, os brasileiros, na sua imensa maioria,viram que a vida lhes oferece muito mais do queele pode no momento possuir. Então, aspira,então deseja, então reclama, então reivindica,então pretende. Que boa pretensão, que boareivindicação...”. Ele se refere aos elementos deprogresso humano e social que a revoluçãodemocrática americana oferecia ao mundo, comoos bens de consumo – geladeira, automóvel,torradeira elétrica, o livro barato. E acrescenta:“Tudo isso que o povo americano tem e o queaspira o povo brasileiro. Então, é bom que sejaassim; é ótimo que seja assim. Contanto que nãonos deixemos deformar por uma espécie deinveja, por uma espécie de despeito”. Ele afirmaque o americano estava para João Goulart comoo judeu estava para Hitler, ou seja, um bodeexpiatório, pois o presidente não conseguia fazer

Page 44: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

o que prometera, porque não sabia fazer. E, nolugar do nada, punha-se alguma coisa, que era oressentimento, a frustração... Carlos Lacerda falasobre o desenvolvimento do país aliado aocapital estrangeiro. A respeito de João Goulart,Carlos Lacerda diz que quando ele assumiu aPresidência da República, na condição de vice-presidente, não disse o que era capaz de fazerpelo país, mas sim o que o americano deixava defazer pelo país. E acrescenta: “Ora, nãoelegemos americano para presidente daRepública, que eu saiba!”. E afirma que era aoJango que o povo brasileiro deveria cobrar. Nãoa um ‘Mr. Brown’ qualquer. Entretanto, eleconsidera importante para o desenvolvimento dopaís a vinda do capital imigrante junto com oimigrante. Ele lembra que na história recente doBrasil o que tinha ocorrido era que nós tínhamosaprendido a técnica do capital com os gringos edepois os ‘dispensáramos’, fazendo de algunsdeles amigos, de outros não. E o que se dizia,continua ele, era que surgira a indústria nacional.Ele, então, afirma: “Não há nacionalismo sólido.Não há nacionalismo verdadeiro que não sejafundado, sobretudo, na convicção dainterdependência das nações”. E se não fosseassim, ele pergunta, onde iríamos buscar ocapital para aumentar rapidamente o ritmo dedesenvolvimento do país? Ressalta que opresidente não poderia ignorar que já havia umasérie de firmas no Brasil, cujo negócio afinalconsistia em simular negócios com a cortina deferro. Sem fazer um jogo cambial, muita gentelucrava. Menos o povo brasileiro! Lacerda diznão temer ir ao palácio Laranjeiras dizer o nomedos amigos do presidente da República queparticipavam deste tipo de comércio. CarlosLacerda prossegue considerando o comunismobase ilegítima para o desenvolvimento dequalquer nação, no que diz respeito à autonomiae à dignidade nacional. Comenta que a últimaárea do mundo à disposição da Rússia era aAmérica do Sul, sendo o Brasil a chave decontrole do continente. Conta que mesmo naÁfrica, os países menores e mais jovens que oBrasil, dos mais modestos estadistas, estavam jáse federando, afastando a esperança comunistaque rondava o continente, porque os estadistastinham mais senso do que os homens quegovernavam o Brasil. Menciona que isso erauma humilhação para o país, resultante da açãodos homens que estavam levando a nação àagonia e à decadência, o que exigia uma tomadade posição dos homens de consciência. CarlosLacerda fala do avanço do comunismo russopela Europa, Ásia e África e suas dificuldadesdiante de outras forças políticas. Atribui aentrada do comunismo na América à novaesperança comunista, ao Fidel Castro, que eleconsidera um traidor. Carlos Lacerda acusa João

Page 45: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Goulart de trair a pátria e o adjetiva deenriquecido, farto e corrupto, ao se encherindevidamente de créditos indevidos do Bancodo Brasil, além de receber tudo o que jamaismerecera e roubar do trabalhador o próprionome, ao se intitular trabalhista sem o ser. Aolongo do pronunciamento, pede ao governo quetrabalhe, já que se julgava trabalhista, e desse aopovo o exemplo, em vez do convite aodesespero. De acordo com Lacerda, Jango jáestava havia mais de um ano na presidência eainda não fora vista a sua ‘estreia’ comotrabalhador, como governante maior do país. E ochama a trabalhar, porque já era tempo. Destacaque os ministros entravam e saiam e ninguémmais sabia quem tinha entrado ou saído, poisentrando ou saindo era a mesma coisa, já queeles não eram, não estavam, não existiam. ParaCarlos Lacerda, a nação só não tinha paradoporque o povo não parou, era o povo quetrabalhava. Acrescenta que a administraçãofederal não existia, que João Goulart erarespeitável para Lacerda apenas pelo cargo queexercia, ou que se incumbira de exercer. E, nofim da fita, ele conclama o povo a exigir eleição,para que nela se pudesse votar pela República,pelo futuro e pela pátria.

Faixa 4Discurso do Governador Carlos Lacerda naCerimônia de Inauguração do ComputadorEletrônico, em 06 de dezembro de 1962.Lacerda começa o discurso apresentando o caroamigo e companheiro professor Mário LourençoFernandes. Segue apresentando os secretários deestado, deputados, presidentes de companhias eautarquias do estado, presidente do Banco doEstado da Guanabara, diretores de serviços edepartamentos, funcionários e servidores doestado, muito especialmente da Secretaria deFinanças, presentes ao evento. A cerimôniamarca o início da operação das máquinas, o queimplicaria a redução pela metade do prazo deemissão dos papéis que habilitavam o estado areceber os tributos, que eram devidos pelacomunidade à comunidade. E com a entrada dosegundo equipamento, reduzir-se-ia a um quartoo prazo até então exigido para as referidasoperações. O governador fala da importância damelhoria das condições de funcionando damáquina administrativa do estado da Guanabara.Afirma que o estado da Guanabara tinha a honrade ser a primeira entidade pública do Brasil -pois até então somente as entidades privadasdesfrutavam dessa situação - , que formara seuspróprios técnicos para operar essas máquinas.Ele acrescenta que na União e nos estados haviapoucas dessas máquinas e que eles tinham derecorrer aos fornecedores delas para operá-las.Na Guanabara, em contrapartida, a Secretaria de

Page 46: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Finanças tinha formado seus próprios técnicos.Por essa razão, a Guanabara tinha dado umpasso à frente com a utilização da eletrônica naracionalização do trabalho e da competência einteligência para o melhor aproveitamento dotrabalho da máquina. Carlos Lacerda conta, emseu discurso, que o professor Mario LourençoFernandes recusou-se a indicar os técnicos queforam formados, sendo dever do governador, nomomento do discurso, nomear para exercer afunção para a qual se prepararam. A recusadevia-se ao fato de que entre os 10 técnicosfigurava um filho seu. O governador afirmacompreender o escrúpulo do professor, mas querque ele entenda o dele também. Acrescenta quese trata de um caso de orgulho legítimo, pois ofilho do professor, integrante da equipe, tinhatirado o primeiro lugar no curso. O governadormostra-se feliz com a tarefa desempenhada pelaSecretaria de Finanças da Guanabara, que eleconsidera como extraordinária. Ele diz queaprendeu a respeitá-la na competência de suagente. Lembrou de uma “humilde colaboradora”da Secretaria, que foi sua mãe – por muitos anosfuncionária, mas já aposentada. Lacerda contaque vinha, então, há muitos anos acompanhandoa modernização dos métodos de trabalho daSecretaria, em meio à desordem e à ausência deplanejamento e, sobretudo, à falta de sequência econsequência da administração pública do antigoDistrito Federal, na estreita dependência em queela se encontrava dos azares e caprichos de umapolítica federal não vinculada às necessidades dapopulação carioca. Carlos Lacerda considera quea modernização trazida com as máquinas, demaneira a que se pudesse ter maior controlesobre a arrecadação tributária da Guanabara, erauma das etapas para que se alcançasse umobjetivo maior: a justiça tributária, a fim de quealguns não pagassem pelos que deixaram depagar. O intuito, segundo Lacerda, erahumanizar a política tributária do estado,distribuindo proporcionalmente o encargo dostributos. A justiça tributária seria, portanto, aprimeira consequência dessa racionalização.Carlos Lacerda saúda o Secretário de Finanças,professor Mário Lourenço Fernandes.

Faixa 51º ano do Serviço Social no Palácio GuanabaraO governador começa dizendo ser a celebraçãodo esforço feito no governo por quem já tanto seesforçava fora dele. Ele agradece e acrescentaque passaria a vida inteira a agradecer ao grupode senhoras, que de maneira discreta e eficaz,vinham dedicando suas horas e seus dias ao bemdo próximo. Diz que muitas dificuldadespoderiam ser atenuadas quando entrasse emfuncionamento a loteria do estado, que deixariauma verba mais substancial para esse tipo de

Page 47: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

ajuda, cada vez mais entrosada com as ações daFundação Leão XIII, órgão do estado deassistência às favelas. Dentre as senhoras àsquais ele se refere destaca a D. Hermínia, figurade “feliz e rara combinação de uma pessoa quese dedica com a maior modéstia – com insistentemodéstia – ao bem do próximo e que ao mesmotempo compreende quanto é necessário que acomunidade acorra em socorro do estado tantoquanto o estado em favor dela, para dessa feliz eharmoniosa combinação alguma coisa resultarde útil a todos”. Carlos Lacerda encerra dizendoque não podia governar sem as senhoras doServiço Social do Palácio Guanabara.

Faixa 6Posse do Novo Presidente da SURSANEle começa o discurso anunciando os senhoressecretários de Estado, os deputados, asautoridades e os senhores presentes. De acordocom suas palavras, coincidia a posse da novapresidência com o momento em que o governodo estado cumpria um de seus mais gratoscompromissos e galgava um degrau decisivopara a conquista da consolidação da situação deestado autônomo na federação brasileira.Segundo ele, “graças aos estudos procedidos naSecretaria de Administração tornou-se possívelao governo do estado associar os servidores doestado ao êxito da administração pública”. Ogovernador fala do custo de vida, daremuneração, da hierarquia dos vencimentos doservidor público. E também da necessidade dedar ao titular do diploma universitário acategoria que ele precisava ter, não apenas emrelação ao conjunto dos servidores, que seriapouco dizer, mas em relação a si próprio e àsresponsabilidades que seu diploma lhe conferianos quadros do servidor público. Ressalta queera motivo de excepcional orgulho e alto grau desatisfação conferir ao engenheiro, assim comoao médico, e demais portadores de diplomasuniversitários do estado, "o grau de apreço econsideração que o estado lhes deve para queeles possam dar à população o que ela tem pordireito". Carlos Lacerda diz que o estado estavaajustando os vencimentos de seus engenheiros, emuito mais do que isso, estava se impondo umsacrifício para dar ao engenheiro aquele mínimoa que ele fazia jus, a fim de que o estado pudessedele receber o máximo que a população tinha odireito de receber de seus servidores. Ogovernador promete que praticamente iriatriplicar o vencimento inicial dos portadores dediploma universitário no estado. E pergunta, emseguida respondendo: "É um risco? Sem dúvida!Mas é um risco calculado". E diz que o governodo Estado assumiria esse risco, certo de que ocorpo de engenheiros do estado corresponderiacada vez mais a essa demonstração de apreço

Page 48: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

profundo, de segura confiança. Em seu discurso,o governador diz que a SURSAN decorreu, emgrande parte, de um momento de desânimo dosadministradores em relação aos serviços usuais,aos serviços tradicionais da antiga Secretaria deViação. Segundo ele, a SURSAN pôde libertar-se das contingências que lhe permitiram realizaruma obra que conquistou desde logo o respeitode toda a população da Guanabara. Informa queo órgão tornou-se uma equipe, porque em grandeparte captou ou capturou uma considerávelparcela da elite dos servidores do estado,técnicos do estado, e recebeu o acervo daformação de homens que tiveram uma escola nasua respectiva especialidade, como era o caso deEnaldo Cravo Peixoto, cuja formação se fez emserviços que não eram propriamente do estado,que completou na luminosa carreira de técnico eadministrador e que vinha sendo reiteradamentecomprovada à frente do antigo Departamento deEsgoto Sanitário. Carlos Lacerda comenta que aposse de Enaldo Cravo Peixoto na presidênciada SURSAN se dava na plenitude da sua carreirade técnico, com uma longa experiênciaacumulada, na qual o estado confiou,entregando-lhe uma larga responsabilidade.Também cita o assistente de Enaldo CravoPeixoto, que tomava posse também. Congratula-se com ambos e agradece a presença de todos,passando então a palavra aos empossados nacerimônia. Observação: Aos 07:47min a fitasofre um corte, retornando 4 segundos depoiscom o locutor falando: "acabaram de ouvir aspalavras do engenheiro Enaldo Cravo Peixoto,presidente da SURSAN. Depois o governadorCarlos Lacerda volta a discursar. Explica que oscréditos negociados no Banco Interamericano deDesenvolvimento para a ampliação econsolidação do sistema de abastecimento deágua e esgoto do Rio de Janeiro dependiam, emlarga medida, da atualização não só do serviçocomo das taxas que por ele se pagava no Rio.Carlos Lacerda lança um dado para os“distraídos” e “desinformados”, como elemesmo define: "enquanto no Rio de Janeiropaga-se 0,50 centavos pela água, em Niteróipaga-se 6 Cruzeiros e em Brasília 10 Cruzeiros".Para o governador, essa ideia de se ter umserviço de abastecimento de água comqualidade, sem pagar coisa alguma por esseserviço, não estava mais de pé! O governadorfala que o volume de investimentos a se fazerpara resolver em definitivo o problema da águano Rio de Janeiro (em definitivo enquanto otempo vai ajudando a formar novas soluçõespara novos problemas que se apresentem nacidade) era na ordem de 20 bilhões de Cruzeiros.Acrescenta que tudo o que fosse possível colocaremergencialmente na solução do problema daágua o estado estava procurando fazer, e por isto

Page 49: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

fora imperativa a transferência do Departamentode Águas para a SURSAN, a fim de tornarpossível a concessão de créditos. Com asmedidas que estavam sendo implementadas,Carlos Lacerda assegura que em dezembro doentão corrente ano o estado conseguiria aliviargrande parte da pressão que a falta de águacausava sobre a população. Mas, sobre a soluçãodefinitiva, ela viria em 2 anos ou 2 anos e meio(e não em 6 anos, inicialmente previstos) esomente com a concessão do crédito do BID(Banco Interamericano de Desenvolvimento).Carlos Lacerda fala da escolha de homens aaltura de merecerem o crédito e da escolha deórgãos capazes de absorvê-los e empregá-los,como a SURSAN. Ele dá então por encerrada acerimônia.

Faixa 7Exposição do Governador Lacerda aosFaveladosLacerda reconhece que não havia recursosuficiente para resolver, de uma única vez, todosos problemas de todas as favelas. Informa queantes o referido problema era tratado comoestando a parte dos problemas da cidade, comose a cidade tivesse sido acometida por umadoença que cabia combater. Os favelados seriam,então, uma espécie de doentes da cidade. Ogovernador fala que entendeu sempre, haviamuitos anos, que era preciso tratar o problemadas favelas como uma aglomeração detrabalhadores que, em sua imensa maioria,moravam em barracos porque não tinhamencontrado ainda recursos, financiamento ououtra forma para poder morar melhor. Nãomoravam, portanto, em barracos por gosto, massim porque não dispunham de outro meio paramorar. Acrescenta que as condições decrescimento da cidade, as condições deindustrialização sem planejamento e ascondições de transportes faziam com que apessoa preferisse morar mal, mas perto do seulocal de trabalho, do que morar igualmente mal,longe de seu local de trabalho. A partir das ideiasconsideradas como básicas, o governador propõeum estudo em profundidade para poder planejare evitar improvisos (ou seja, diz ele, botar‘biquinhas’ que secam no dia seguinte à eleição,abrindo escolinhas que geralmente fecham nodia seguinte à eleição, e assim por diante).Carlos Lacerda arranca aplausos ao dizer:“Muitas vezes, mais vale um pequenomelhoramento feito hoje do que um grande feitono dia de São Nunca”. Para dar aplicação àsolução do problema, assegura ele, não bastariafazer apenas estudos e levantamentos dasfavelas. Tudo isso era necessário, reconhece,mas recursos e um órgão próprio para dar saída àsolução do problema seriam essenciais. Carlos

Page 50: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Lacerda fala da demora na disponibilização dosrecursos, mas diz que já estavam a caminho:2,5% da arrecadação de impostos do estado, porforça da Constituição do estado, deveriam seraplicados nas favelas. Deveriam chegar à ordemde 1 bilhão ou 1 bilhão e pouco de cruzeiros etodo este montante, garante Carlos Lacerda,seria aplicado integralmente nas favelas. Citaoutras fontes de recursos, como o ‘fundo dotrigo’, resultante de um acordo entre o governoamericano e o governo brasileiro, no qual o trigoimportado dos EUA pelo Brasil, em vez de serpago em cruzeiros ou em dólares, não seria pagoimediatamente, e sim em 40 anos, e a parte queiria ser paga seria então aplicada no Brasil, emobras de caráter social e de solidariedadehumana; 2 bilhões de cruzeiros que a Guanabararecebera da União, ainda no governo de JânioQuadros, sendo que estes 650 milhões foramrecebidos e estavam sendo aplicados em obrasde saneamento básico; 1 bilhão de cruzeirosainda não recebidos, estavam na última demão,na Comissão Brasileira Americana Federal, queestava examinando os projetos da Guanabara;pedido ao BID (constituído pelos governos detodas as nações do continente) para usar osrecursos de todas essas nações, sobretudo asmais ricas, para projetos de interesse social; e orecurso do orçamento federal. Carlos Lacerdaconta que esperava que no ano de 1963 as verbasfossem maiores do que as do ano de 1962.Carlos Lacerda chama atenção dos senhorespresentes para a necessidade de se ter aconsciência de que a Guanabara, cuja populaçãose constituía na maior parte de filhos de outrosestados, era o maior mercado em potencial demão de obra do Brasil. Daí a importância dogoverno em industrializar o estado e investir emestrutura. Ele fala da importância de seespecializar a mão de obra e da importância deevitar que as indústrias saíssem daqui. Dentrodeste ponto de vista, ele ressalta que nãopretendia fazer coisas monumentais, nãoaspirava “construir as pirâmides em algunsmeses”, mas precisava abordar o problema dasfavelas. Para tal, ele fala da necessidade de se terum órgão próprio, suficientemente flexível eautônomo, capaz de tomar iniciativas decomprar e lotear terreno, por exemplo, semdepender de toda a máquina burocrática doestado, que era necessariamente lenta. Escolhe,como exemplo, a bem sucedida experiência daFundação Otávio Mangabeira no âmbito dasescolas. Conta que a Fundação estavaconstruindo, em um ano, mais escolas do que aSecretaria de Educação poderia fazer em muitomais tempo. Outra excelente experiência noestado, a que alude Carlos Lacerda, era aexperiência da SURSAN, que foi um pouco oresultado de uma confissão de impotência dos

Page 51: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

administradores, quando eles chegaram àconclusão de que com a Secretaria de Viaçãoseria impossível fazer obra pública no estado.Carlos Lacerda considera isso um pessimismo ealerta de que com a SURSAN tinha havidomenos lentidão do que antes nas obras públicascomo, por exemplo, o trabalho de água e esgoto.Carlos Lacerda conta que encontrou no estadodois órgãos responsáveis pelos assuntosrelacionados às favelas: o SERFA (Serviço deRecuperação de Favelas) e o Departamento deHabitação Popular. O ultimo mais preocupadocom a construção de conjuntos habitacionaispara servidores do estado, mas, em todo caso,voltado também para o problema das favelas. Eo SERFA voltado para tratar exclusivamente defavelas. A Secretaria de Viação tratava dacidade; a Secretaria de Educação tratava daeducação dos filhos do povo; a Secretaria deSaúde tratava da saúde do povo. Quandochegava no favelado... O favelado, não! Ele eraum bicho, à parte, tratado por um órgão que sóse ocupava de favelado. Carlos Lacerdaperguntava-se se a gripe do favelado eradiferente da gripe do sujeito que não mora emfavela? Por que o filho do favelado era diferentedo outro? Neste momento, ele arrancou aplausosdos presentes. Uma lição que Carlos Lacerdaconta que aprendeu foi a de que o faveladoesperava melhorar de vida e que melhorar afavela para que ela não fosse mais favela era oobjetivo. Fala sobre sua oposição a um certo tipode política que consistia em querer melhorar umpouquinho a favela contanto que os faveladoscontinuassem lá, servindo de viveiro, indobuscá-los somente no dia da eleição, assim comouma pessoa retira um peixe vivo para servir-senum almoço de domingo. A sua ideia era que afavela se comunicasse com o resto da cidade,ainda que houvesse quem considerasse a favelacomo mancha ou vergonha. Ele diz queconsiderava a favela um estágio de evolução dacidade, formada por gente que veio do interior ese instalou nas residências. Ele sustenta quequando muita gente falava do problema dareforma agrária, assim o fazia da forma maisreacionária do mundo, mesmo sem saber queassim procediam, chegando até a achar que eramrevolucionários. Falar em reforma agrária com ointuito de fazer voltar, da favela para o campo,aquele que um dia se instalou na cidade, embusca de melhores condições de vida, dando-lheterras, seja na Baixada Fluminense ou em MatoGrosso, diz Lacerda, era um equívoco. Ele lançaum desafio de experimentar tirar da favelaaquele que no campo nada tinha e que na favelabem ou mal tinha luz, emprego, tinha escola,tinha acesso a uma saúde precária, mas tinha...Arranca aplausos dos presentes. Carlos Lacerdaconta que essa era uma exposição que há muito

Page 52: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

ele queria fazer, mas optou por não fazer antesda eleição, pois pareceria promessa decandidato. No momento, já no governo, CarlosLacerda diz que contava com o apoio dospresentes para apenas uma coisa: para ajudá-lo aresolver os problemas deles. Segundo ogovernador, falar em reforma agrária para seconseguir braços fortes para a lavoura, seria amesma linguagem utilizada pelos barões do café.Salienta que a lavoura não era uma questão debraço, e sim uma questão de mecanização, deeletricidade, de adubo, de crédito... De acordocom suas palavras “Não é mais questão decolocar uma porção de trabalhadoresesfarrapados e famintos”. Ele emenda: “Isso nãoé reforma agrária, só porque a terra de algunspassou a ser a terra de muitos” (Mais aplausos!).Ele afirma não ser contra a reforma agrária, masa favor dela. Isto se ela partisse daquilo quefaltava ao trabalhador agrícola e não para lhe darterra e não lhe dar mais nada. Voltando aoproblema das favelas, ele evidencia que aquelesque se instalaram nas favelas assim o fizeramporque as leis do inquilinato, as restrições aocrédito para a construção imobiliária (até certoponto justas, reconhece Carlos Lacerda, porquehavia muita especulação) desinteressaram ocapital privado do investimento e aplicação naconstrução de casas econômicas, de casasbaratas. Sem falar na inflação que dificultava aconstrução de casas. Faz uma retrospectiva,destacando que o antigo trabalhador agrícola esua família estavam morrendo de fome nasfazendas, pois não tinham mais como produzirporque o produto agrícola se desvalorizara emprivilégio do encarecimento do produtoindustrial. Então, mudava, junto com suafamília, para a cidade, para trabalhar e melhorarsuas condições de vida. Carlos Lacerda diz que omorador da favela sabia que as condições dafavela eram péssimas. Mas, comparando com avida anterior, ele preferia ficar na favela. Oproblema do morador favelado não consistia emmandá-lo embora, de volta para o campo. Oproblema era melhorar suas condições de vida,pois voltar ele não voltaria mais, uma vez que atendência do homem é se aglomerar em centrosurbanos. A industrialização, o aparecimento defábricas pagando melhores salários,proporcionando melhores condições de vida emais conforto, o usufruto do lazer e dapossibilidade de se instruir e de se divertir, tudoisso o campo não oferecia. Ele acrescenta: “nocampo não tem Maracanã, no campo não temginásio, no campo não tem clube, no campo nãotem namorada, no campo é mais difícil ... Opessoal casa, mas custa a encontrar a moça paracasar”. Acrescenta que a história de fazerreforma agrária para os outros irem para ocampo era muito engraçada. Ele faz um convite

Page 53: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

aos presentes para eles irem para o campo então,plantar batatas. Para Carlos Lacerda, saúde nasfavelas era problema da Secretaria de Saúde,pois a saúde do favelado não era diferente dasaúde do não-favelado, dos que estavamembaixo. Com a educação, assinala ele, era amesma coisa, era problema da Secretaria deEducação. Diz que em junho do ano anterior ogoverno propôs à Assembleia Legislativa umareforma administrativa que autorizasse ogoverno, entre outras coisas, a criar as RegiõesAdministrativas, da maior importância para acidade e para a favela em particular, e quepunham o governo muito mais próximo do povo,já que o administrador regional era umrepresentante direto do governador junto aobairro, dentro do bairro. Pediu autorizaçãoindispensável à Assembleia Legislativa paracriar a Companhia da Habitação Popular – aCOHAB. Conta que o projeto ainda não foraaprovado e que sem a companhia não podiainiciar as construções e nem aplicar as verbas.Relata que no Conselho do governo surgiu umasolução: a atuação da Fundação Leão XIII. Ogoverno, então, propôs aos dirigentes daFundação Leão XIII uma reforma de estatutosque permitisse ao estado utilizar a Fundação semprejuízo da parte assistencial, na qual ela fazia oque era possível, mas onde não iria muito longepor falta de recursos, de acordo com a franquezado governador. Segundo suas palavras, a reformafaria da Fundação Leão XIII, ao mesmo tempo,o órgão antigo e um novo órgão, que era elamesma: um órgão capaz de fazer e receberempréstimos para a casa; capaz de servir decanal através do qual os governos federal,estadual, interamericanos, os órgãos de crédito efinanciamento de apoio e assistência e assim pordiante, pudessem canalizar os recursos e, dentrodos planos e programas, aplicá-los, a fim decomeçar obras de verdade nas favelas. CarlosLacerda comenta que a Fundação tinha aprovadoa reforma em seus estatutos e, nessaconformidade, assumiu então a presidência daFundação, como representante do governo doestado, o doutor Romeu Honório Loures. CarlosLacerda fala, então, um pouco do doutor RomeuLoures. Foi diretor do hospital Rocha Faria, emCampo Grande, conseguindo fazer com que ohospital funcionasse mesmo com todas asdificuldades, criando uma coisa “simpática” e“modelar”. Carlos Lacerda acrescenta que desdelogo o impressionou como um homem capaz defazer as coisas com simplicidade, com pobreza,sem mania de grandeza, etc. Menciona que aprimeira Região Administrativa criada foi a deCampo Grande, por sugestão do secretário deSaúde, aprovada pelo Rafael da AlmeidaMagalhães, e que Romeu Loures foi seradministrador regional de Campo Grande. E o

Page 54: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

que ele fez lá, em poucos meses, foi bastantecoisa, confirma Lacerda. Ele aproveita para dizerque a criação de Regiões Administrativas noestado era a solução para resolver os problemasda cidade. E Loures, por ter-se mostrado capazde “tirar minhoca do asfalto” e de trabalhar emequipe, pareceu-lhe ser o homem mais adequadopara dirigir a Fundação Leão XIII, naquela faseem que não deveria haver prejuízo dasatividades de ordem assistencial. Lacerda contaa espécie de milagre que estava acontecendo naVila do Vintém, que os ‘homens de pouca fé’acreditavam ser um milagre o que na verdadenão chegava a ser um milagre, sendo apenas oresultado da confiança recíproca: a vila estavarecebendo água e esgoto em toda a sua extensão.Assinala que o estado, através da SURSAN,estava gastando 30 milhões de Cruzeiros emmaterial, e que 2000 moradores, que seinscreveram voluntariamente para trabalhar,estavam dando com seu trabalho o equivalente a15 milhões de cruzeiros de mão de obra.Acrescenta que as obras deveriam ficar prontasno mês seguinte. Ressalta que isso era “simplescomo pão e água”, bastava criar as condições,dar o projeto, orientação técnica e recursos.Explica que o pessoal que selecionou o assuntopara a verba do Fundo do Trigo estudou umprojeto de urbanização da favela da Vila daPenha, absorvendo 160 milhões de cruzeiros,que correspondiam à quantia destinada aoaperfeiçoamento da estrada do Recreio dosBandeirantes, talvez um pouco menos, que seencontrava toda esburacada. Carlos Lacerdaafirma: “Vai continuar esburacada mais algumtempo, porque eu dependo daquele dinheiro parapavimentar a avenida Suburbana e a avenida dosDemocráticos”. Lacerda fala a razão de ser doprojeto de urbanização da favela da Vila daPenha. Por que lá e não em outras? Respondeque era porque o governo precisava mostrarimediatamente o resultado disto, desde logo,para ir buscar mais. Carlos Lacerda diz quepediu aos técnicos que selecionassem uma favelaque tivesse condições de, mais rapidamente,mostrar resultado, porque uma vez provado oresultado que se poderia alcançar, mais fácilseria a tarefa de buscar recursos para fazer omesmo em outras favelas. Ele pede, então,àqueles que num primeiro momento não estavamsendo contemplados com as obras, que nãodesanimassem e nem se desesperassem. Eleprevê que em 4 meses, a contar daquelemomento, seriam feitas as obras de água, esgoto,arruamento e pavimentação da favela da Vila daPenha. A outra parcela do bilhão de cruzeirosestava prevista para a construção de habitações.Mas, menciona ele, havia um problema, sujeitoà crítica dos presentes, que ele tinha a certeza deque se trataria de uma crítica a favor da solução

Page 55: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

que o estado pretendia adotar. Ele assinala quenão queria que se dissesse depois que, emmatéria que tratava do problema da habitação, oestado tinha imposto uma soluçãoarbitrariamente. Continua explicando que oproblema era que se fosse fazer uma casa comtodos os aposentos necessários para acabar coma promiscuidade de crianças dormindo com ospais até à idade maior e tudo o mais, com assoluções que a assistência social julgava asmelhores, o estado faria um númeropequeníssimo de casas., porque não haviadinheiro para fazer todas. E a casa sairia por umpreço que o favelado não poderia pagar. Partindodesse princípio é que Carlos Lacerda lançou asolução, que ele chamava de ‘solução carioca doproblema’: afirma que o governo entendia que omelhor era fazer mais rapidamente um maiornúmero de casas pequenas, que se pudesseaumentar depois. Menciona que estudaram umprojeto básico que de nenhum modo erasatisfatório para ele, nem para ninguém. E pedeque ninguém ache que era a solução definitivapara o problema, mas que o governo entendiaque as obras deveriam, inicialmente, consistirem água, esgoto, arruamento e pavimentação.“Pavimentação simples, barata, pobre, sumária,mas que não dê lama e mosquito, etc.” Adiantaque ele previa colocar luz nas favelas, também.E com relação às casas em si, ele anuncia queseria adotado um projeto que, desde logo,construísse um quarto, uma cozinha e umbanheiro. Relata que era um projeto pronto paradar ao morador a possibilidade de construirmais um quarto e depois, quando ele quisesse edispusesse de recursos, de mais um quarto e umavarandinha. Carlos Lacerda salienta que dessaforma a casa poderia chegar a ter 3 quartos, umavaranda, banheiro, cozinha, quintal e sala, e queisso representava a casa ao final. O governadorassinala que o estado, com o pouco recurso deque dispunha, iria precisar da compreensão dosmoradores, porque não queria fazer demagogia,mas também não queria que a demagogia oimpedisse de fazer alguma coisa. Acrescenta quea casa seria de alvenaria, com telha e tijolo, quenão seria de madeira como fora feito na NovaHolanda, por um outro problema surgido. Seriauma casa de gente, como a casa de todo mundo,feita sem tapeação. Comenta que a cota deurbanização sairia por 183 mil cruzeiros,conforme as contas feitas na hora pelogovernador, que compara o preço falando de umprojeto de construção de casas populares que eleencontrou no arquivo da Secretaria de Saúde,que dava mais ou menos 700 mil cruzeiros paracada casa popular e a prestação mensal sairáentão na ordem de 2 mil a 2.100 cruzeiros,aproximadamente, um pouco mais ou um poucomenos, mas nada muito além, nada muito

Page 56: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

aquém. Destaca que em 10 anos o morador seriadono do terreno e poderia fazer nele o quequisesse, dentro das posturas do estado,evidentemente, para não transformar o terrenoem favela. Um ponto considerado muitoimportante por Carlos Lacerda, que ele queriadeixar bem claro no início do projeto, era amaior dificuldade para levantar tudo e fazer issoem quantidade. Conta que inicialmente seriam2.250 casas, mas, ressalta, a falta de casas noRio por ano era da ordem de 10 mil e havia umdéficit de 10 mil por ano acumulado durante 10anos! Então, acredita ele, havia um déficit de100 mil famílias precisando de casas no Rio deJaneiro. Lacerda reconhece que qualquerpromessa precisava ser feita com muito cuidadoe fala da necessidade do futuro morador de pagara mensalidade da casa recebida, para que odinheiro captado fosse utilizado para beneficiaroutra família com a construção de outras casas.Mas, o governador diz, repetindo o que ele falouao arquiteto chileno [Baruk], especialista emhabitação popular, quando da missão do BID(Banco Interamericano de Desenvolvimento) noRio de Janeiro, que a experiência de longos anoslhe assegurava que em matéria de casa não havianinguém no mundo que tivesse tanta honestidadee pusesse tanto empenho em pagar sua casa doque o morador de favela, que só não pagavaquando não tinha mais nada para comer, porquesua grande ambição era melhorar as condiçõesde sua residência. Carlos Lacerda diz que o êxitodo projeto, portanto, estava baseado nahonestidade do morador e que confiava muito nacapacidade de iniciativa e honradez daquelesque, mesmo morando nas condições maisindesejadas e de lutarem com as dificuldadesmais sérias, continuavam, em sua imensamaioria, a zelar pela sua família e a cuidar desua vida, trabalhando e dando de comer a seusfilhos. Carlos Lacerda diz que quem dava esteexemplo merecia confiança. Avisa que tão logoo estado recebesse 1 bilhão do Fundo do Trigo,começaria a construção das primeiras 2.250casas. O governador assinala que mostraria, comas primeiras obras, o que era possível fazernuma favela. Comenta que o governo daGuanabara e os favelados da cidade precisavamda convicção de que podiam resolver oproblema. E, continua, precisavam dar, para ogoverno federal e para os órgãos financiadores,uma demonstração de força, de capacidade defazer as coisas, pois, segundo ele, ninguémemprestaria dinheiro a quem não fosse capaz deutilizar bem esse dinheiro. Sobre a assistência aoutras favelas, ele ressalta que ninguém estavaesquecendo de favela alguma, mas que porenquanto estava previsto apenas o primeirobilhão. Entretanto, informa que pediu, ao órgãoque examinava os projetos do governo, um

Page 57: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

pouco mais de 10% (155 milhões do 1 bilhão),para uma série de pequenos melhoramentos emdiversas favelas. Ele compara: “quando a gentetá com muita fome, enquanto prepara a janta, agente diz: bom, você vai se agüentando aí comum sanduíche ou um cachorro quente, enquantonós vamos dar de jantar a quem tá com maisfome, depois nós vamos cuidar de seu jantartambém”. E conclui: “em resumo é isso!” Lê osprojetos já programados com a série de obrasque incluem, entre outras, as principais, queeram relacionadas a saneamento básico, comoconstrução de reservatórios de água em diversaslocalidades, canalização de rios, retificação devalas, construção de galerias de águas pluviais,construção de lixeiras, de encanamento de águapara o alto dos morros, etc. Cita as comunidadesbeneficiadas: a favela do Jacarezinho (sendo quesó lá seriam gastos 10 milhões de cruzeiros!);morro da Coroa, no Catumbi; morro dosTelégrafos, em São Cristóvão; Vila Nova, emOswaldo Cruz; Nova Holanda, em Ramos;Catumbi; rua do Bispo, 117, no Itapiru;Salgueiro; Cachoeira Grande, na Boca do Mato;Fernão Cardim, no Méier; Cantagalo,Copacabana; Jardim Zoológico, em Vila Isabel;Vila Croácia, Senador Câmara; Baixa doSapateiro, em Bonsucesso; favela da Maré;Barreira do Vasco, em São Cristóvão; Matinha,no Itapiru; favela da Liberdade, no RioComprido; Borel, na Tijuca (salienta ogovernador que lá já estavam fazendo muitacoisa por conta própria); Pavão-Pavãozinho, emCopacabana; Vila São Jorge, em Cosmos; JoãoCândido, na Penha (no momento em que CarlosLacerda anuncia as obras de melhoria nestafavela, reconhece a dívida pessoal a pagar com afavela João Cândido, do saudoso companheiroJosé Américo); São Carlos, no Estácio; Matriz,no Méier. Ele aproveita para agradecer o esforçodos que trabalharam no levantamento dasnecessidades. Agradece ao SERFA (Serviço deRecuperação de Favelas) e ao DHP(Departamento de Habitação Popular) quetrabalharam em cooperação com as associaçõesde moradores. E salienta que não era conversa,pois já estava tudo orçado. O começo dotrabalho seria imediato, segundo ele. Haveria umprograma de visita às favelas, uma visita detrabalho e um levantamento das demais. Elemenciona que algumas não foram citadas, masnão foram esquecidas. Fala da descrença damaioria, pois alguns acreditavam no sucesso dotrabalho, mas muito poucos. Ele diz que erapreciso vencer essa descrença, que haveria muitagente que ainda não estava convencida, mesmodepois das obras. Acrescenta que o governo nãoiria muito longe sem a colaboração dosmoradores. Já próximo de encerrar, ele entãoconclui que seu ideal de governo, no que diz

Page 58: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

respeito à política de habitação popular, era queas favelas se tornassem bairros, comrepresentação junto às Regiões Administrativas.Reconhece que não iria fazer tudo de uma vezsó, e que seria natural que houvesse divergênciasinternas nas favelas e que isso era assunto dosrepresentantes das associações. Acredita queessas seriam superadas em prol de um objetivocomum que era a melhoria das condições de vidadas favelas contempladas com as obras. Olocutor anuncia, em nome dos favelados,Benedito Guilherme, presidente do Parque daAlegria, ex-favela do Buraco da Lacraia. Elecomeça saudando o governador, os presentes eos amigos da favela. Menciona que era decoração que todos agradeciam ao governo.Acrescenta que sem a ajuda do favelado ogoverno nada poderia fazer. Fala do Parque daAlegria, uma favela já urbanizada, quedemonstrava a vontade e a sinceridade com queo governo resolvia os problemas dos favelados.Lê a história do Parque da Alegria para mostrarque o plano estava dentro daquilo que se deveriafazer.

Faixa 8Discurso do Governador Carlos Lacerda emPúblico, Talvez em um Comício.Lacerda fala da “voz nacional da Guanabara”que era a figura do senador da República, escudoda federação brasileira. E de um homem depassado de honra e fidelidade, capaz derepresentar as aspirações da Guanabara. Eassinala “Queremos um homem capaz dedesmanchar a conspiração de gabinete feita parasufocar o ímpeto progressista do estado daGuanabara., ímpeto esse que ninguém detém”. Ediscorre sobre a Guanabara como o maiormercado industrial do Brasil. O que importa,conforme seu discurso, era levar ao Senado umafigura de “importância, de significação e devalor democrático”, “eminente líder brasileiro”.Refere-se a Juraci Magalhães. Alerta que éessencial que na Assembleia Legislativa não seamontoassem os projetos, “à espera de uma tristemaioria ocasional, catada sabe Deus como”. Falasobre a importância do regimento das leis ebrada: “Um governo que faz da lei a sua únicaescravidão. Temos que viver dentro da lei e,portanto, precisamos ter leis para viver”.Discorre sobre o malefício das divergênciasideológicas que entravavam projetos quevisavam melhorar a vida do povo do estado daGuanabara. E completa: “Alguns se recusam avotar neles sob o fundamento de que são deesquerda, como se não tivesse também aesquerda o seu triste e fanado coração”. E, paracombater isso, ele defende ser essencial naeleição não esquecer um só voto: o vice-governador, o senador, o deputado federal, o

Page 59: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

deputado do estado da Guanabara, para formarum conjunto integrado ideologicamente. CarlosLacerda fala que o povo tem memória curta e dizque quando a capital mudou-se para Brasília etodos pensaram que a Guanabara ia morrer,somente uma voz levantou-se no CongressoNacional para protestar contra o triste crédito de3 bilhões votados como uma esmola. Oempréstimo era referido pelo governador como“dádiva da pátria”. E acrescenta que essa únicavoz vinha ao povo pedir votos com a certeza deque o povo não se lembrava mais. Parece-lheestranho premiar a quem quis esfomear aGuanabara. Ele exalta o estado da Guanabara eo seu povo, e sua importância para a história doBrasil. Diz que a cidade preparava-se para serpioneira no Brasil, não disputando a dianteiracom ninguém. Diz que o povo carioca sepreparava para uma aurora de progresso ecrescimento, de autêntico desenvolvimento.Enfatiza a importância de escola. E diz: “O queadianta fazer fábricas se não soubermos formaroperários para ela”. Conclama o povo à luta echama-o para ir adiante, com uma Guanabarareconstruída e renascida. Renascida., afirma ele,porque recuperou em cada consciência aconfiança perdida no seu próprio futuro eacrescenta em resposta aos que pensavam que acidade só viveria com a reabertura dos cassinos:“Em vez de cassinos, abrimos escolas e eis que acidade renasce”. Diz que a Guanabara salvava láfora o nome do Brasil, que era discutida nomundo inteiro. Segundo ele, o que não sediscutia mesmo era a honra e o trabalho dosbrasileiros da Guanabara, que era patrimôniomaterial e moral com os quais não se podiabrincar e nem jogar fora.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.014

1. Assunto

1.1 Faixa 1aReunião com o Diretório da UDNem Natal – RN

1.1.1 Faixa 1bReunião com o Diretório da UDNde Maceió – AL

2. Temas

21. Faixa 1aMacartista, professorado bempago, boas escolas, investimentosnas áreas pobres, CompanhiaEstadual de Telefonia, aditora doGuandu, empréstimos no exterior,plano de habitação, UDN,liderança democrática

F1a: 30 minF1b: 110 min

F1:31/10/1964F2: 01/11/1964

Faixa 1aReunião com o Diretório da UDN em Natal –RNCarlos Lacerda fala sobre o desafio queenfrentou, com grande disposição, no campo daeducação, no governo da Guanabara. Acreditaque contrariou a expectativa das pessoas que ochamavam de reacionário, macartista, que nãofazia nada, só falava. Afirma que não havia noestado da Guanabara crianças em idade escolarfora da escola por falta de escolas. Comenta queo ensino público no estado era tão bom quanto oparticular, porque os professores eram os maisbem pagos do país. Afirma que mais de 80% dosinvestimentos do governo do estado estavamconcentrados nas áreas mais pobres. Fala sobre adificuldade de instalar telefones no estadoquando a Ligth and Power tinha o controle datelefonia. Lacerda diz que resolveu o problemacriando uma Companhia Estadual de Telefonia.Discorre sobre a importância da obra deconstrução da adutora do Guandu e desmente ainformação de que a maior parte do dinheiro

Page 60: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

2.2 Faixa 2Segismundo Andrade e senadorRui Palmeira fazem elogios àcandidatura de Lacerda e ao bomadministrador ,“Revolução”,legalidade, extinção dos partidos,Jânio Quadros, renúncia, derrotagloriosa

para as obras no estado fossem empréstimosconcedidos pelos Estados Unidos. Mencionaque apenas 4% da verba do seu governo erafruto de empréstimos dos EUA. Comenta sobreo plano de habitação do seu governo, criado paraabrigar antigos moradores de favelas. Fala sobreo sucesso da Vila Aliança e da Vila Kennedy, emque os moradores compraram as suas casas, com15% do salário mínimo, por mês. Diz que oestado da Guanabara não foi transformado emum feudo do seu partido, mas reconhece que ogoverno era quase todo formado por integrantesdo seu partido. Diz que a UDN tinha osmelhores políticos. Lacerda promete realizaruma obra na Amazônia, prometida por GetúlioVargas. Diz que os sucessores de Vargas nãocompletaram suas obras, porque os políticos nãogostam de dar continuidade a obras, gostam deiniciá-las. Sente-se amadurecido para exercer nopaís uma liderança democrática, a única queconsidera possível. Explica que pretendiainaugurar no país um novo estilo de fazerpolítica. Confia no voto dos jovens que iriamvotar pela primeira vez nas eleições de 1966.Agradece o apoio recebido, que ultrapassou asua expectativa. Menciona que iria mais vezesao Rio Grande do Norte e que estavapercorrendo o país não para ensinar, mas paraaprender. Comenta que não terminou auniversidade e que tudo que aprendeu foi naescola, lendo e viajando muito. Conta que, dosestados brasileiros, só não conhecia o Acre, porisso era lá que iria iniciar sua campanha comocandidato a presidente. Diz que teve o privilégiode conviver com Juvenal Lamartine e quepoucos como ele tinham condições de entender aluta política interna potiguar, mas acredita queera possível acabar com as divergências.

Faixa 1bReunião com o Diretório da UDN de Maceió –ALSegismundo Andrade fala sobre a visita deCarlos Lacerda ao diretório. Diz que o diretóriofoi um dos primeiros a apoiar a candidatura deLacerda. Afirma que o governador de Alagoastambém era favorável à candidatura de Lacerda.Diz que a visita não era necessária porque oapoio já estava garantido, mas fez questão de ira Alagoas. O senador Rui Palmeira saúda avisita de Carlos Lacerda em nome do diretóriode Alagoas. Comenta que Lacerda era umsímbolo do que era indomável, rebelde. Masafirma que Lacerda não era apenas o grandedemolidor, que ele mostrou quando lhe foi dadaa oportunidade de construir, que também era umbom administrador, que tinha talento paraconstruir e demolir. Discorre sobre atransformação que o governo Lacerda fez noestado da Guanabara. Afirma que Lacerda esteve

Page 61: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

presente em todos os momentos marcantes dapolítica brasileira. Diz que os alagoanos sesentiam felizes por estarem ao seu lado e que aUDN tinha sido mal sucedida ao escolhercandidatos de outros partidos para chegar aopoder. Acredita que havia um movimento dedesmoralização dos políticos em geral. Destacaque Lacerda era um político verdadeiro, queatendia às necessidades da população. Critica a“Revolução” que ainda não tinha acertado opasso. Comenta que os comandosrevolucionários se apressaram a restituir alegalidade, antes do tempo necessário paraorganizar o país. Cita a declaração de MiltonCampos que considerou um erro a sua indicaçãopara ministro da Justiça da “Revolução”, porquenão era necessário um ministro da Justiça quedissesse o que a “Revolução” não poderia fazer.Carlos Lacerda responde que os dois discursosanteriores quase tornaram desnecessários o seudiscurso, mas que falaria assim mesmo, paraagradecer o apoio recebido. Ressalta quetambém queria agradecer o apoio do governadorde Alagoas, Luís Cavalcanti, que não eraudenista. Comenta que estava se aproximandodo segundo terço das viagens programadas.Acredita que se não precisava pedir votos naconvenção, não se sentia mal em pedir votos, jáque os pedia até para os adversários e para osque eram indiferentes, portanto não tinha porquenão pedi-los aos aliados. Mostra um documentoescrito por um membro da UDN carioca, JoséVicente de Souza, destinado ao presidente daRepública, em que ele se diz preocupado com ainformação de está sendo criada uma lei paraextinguir os partidos e criar novos, em nomedos interesses da “Revolução”. Afirma que, porsua história, apenas a UDN estaria preparadapara ser o partido de apoio à “Revolução”. Cita ojornal da Arquidiocese do Maranhão por terpublicado um editorial em que criticava oscomunistas e o PSD por fazerem oposição àcandidatura de Carlos Lacerda á presidência.Lacerda lê uma frase de apoio do brigadeiroEduardo Gomes, que afirmava que a suacandidatura iria politizar a “Revolução”. Diz quea “Revolução” estava cometendo erros, mashavia tempo de consertá- los. Menciona que aeleição garantiria a comunicação com o povo,essencial para qualquer revolução. Alerta quesem comunicação, a “Revolução” se tornariauma ditadura, uma tirania. Lacerda acha quetinha aprendido a ouvir críticas, que a suapaciência tinha aumentado. Conta que não teveum momento de infelicidade em seu governo eque a renúncia de Jânio Quadros, que causou umdesastre ao país, deu-lhe a convicção de que umgovernante não pode renunciar. Diz que umgovernante não pode trair a confiança do povo eque estava convencido de que seria o candidato

Page 62: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

aclamado pela convenção da UDN, que nãohaveria oposição ao seu nome no partido.Salienta que até em Minas Gerais, onde ogovernador se apresentou como candidato, tinhao apoio de vários membros do partido. Sobre otemor de esvaziar o governo da “Revolução”, dizque esta era um tese terrorista, que o seugoverno contribuiria para dar à “Revolução” umcaráter permanente. Comenta que se foi escaladopelo presidente para explicar a “Revolução” noexterior, estava na hora de explicar a“Revolução” ao povo brasileiro. Critica políticoscomo Carvalho Pinto, que esteve no governo deJânio Quadros, João Goulart, que não erainimigo de ninguém, mas diz que estes poderiamchegar ao poder se a “Revolução” demorasse ase decidir sobre o apoio à sua candidatura.Explica que neste caso a UDN, mais uma vez,teria uma derrota gloriosa. Enumera osargumentos para que a “Revolução” apoiasse asua candidatura.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.015

1. Assunto

1.1 Visita do Governador Lacerdaà Câmara de Rio Preto – SP –

1.2 Inauguração da EscolaPenedo

2. Temas

21. Faixa 1URSS, estatísticas melhores,descentralização administrativa,planejamento, liberdade eescravidão

2.2 Faixa 2Elogios a Lacerda, investimentoem educação, honestidade, cidadealagoana, candidatura apresidência, assassinato de JohnKennedy, IBAD, Aliança para oProgresso

F1: 5 minF2: 20 mi

F1: 21/03/1964F2: [1964]

Faixa 1Visita do Governador Lacerda à Câmara de RioPreto – SPLacerda comenta que as estatísticas da URSSdatavam sempre de 1917 e que faziam cálculosde aumento percentual de produção de aço de1917 a 1964. Afirma que se o mesmo cálculofosse feito no Brasil, o país teria estatísticasmelhores do que as da URSS. Defende adescentralização administrativa e o aumento daimportância da administração municipal. Dizque a descentralização era pedida no Brasildesde a época do Império. Acredita que adescentralização e o planejamento eramfundamentais e que a prioridade deveria ser aque resolvesse o problema do maior número debrasileiros. Fala que a maior riqueza do país eraa sua população e que tinha chegado a hora dopaís escolher entre a liberdade e a escravidão.

Faixa 2Inauguração da Escola PenedoO prefeito de Penedo, Raimundo Marinho,discursa e tece elogios ao governado de CarlosLacerda, por seu investimento em educação. Dizque a opinião pública nacional estava entediadacom a degradação dos políticos e deixou deexercer o papel de estímulo e motivação para osautênticos devotamentos cívicos. Acrescenta quea virtude e a honestidade dos políticos,qualidades que deveriam ser intrínsecas aosocupantes dos cargos públicos, eramconsideradas qualidades que distinguiam algunspolíticos. Agradece ao governador por inaugurara escola Penedo, que remete à cidade alagoanade mesmo nome. Também agradece ao secretáriode Obras Públicas, Enaldo Cravo Peixoto, e atoda equipe do governo Carlos Lacerda. Diz quea presença na solenidade de antigos moradores

Page 63: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

de Penedo é uma prova de que eles estavamgratos pela homenagem. Diz que esperava queCarlos Lacerda fosse eleito presidente. Oadministrador regional de Copacabana, JoséDias Lopes, fala que a escola teve a inauguraçãoadiada por causa do assassinato do presidenteamericano, John Kennedy, mas afirma que cadaescola inaugurada era mais uma unidadedemocrática no estado. Explica que o nome daescola era uma homenagem a grandes vultos deAlagoas e a Enaldo Cravo Peixoto. Comenta queCopacabana recebia feliz mais uma escola.Elogia o governador e também menciona odesejo de que Lacerda fosse eleito presidente. Ogovernador de Alagoas, general Luís Cavalcanteconsidera que inaugurar escolas era uma dassuas maiores alegrias como governador.Acrescenta que tinha uma grande gratidão pelassuas professoras, que era por causa delas que eletinha se tornado governador de Alagoas. Contaque chegou jovem ao Rio, sem dinheiro, mas,graças à sua formação escolar, conseguiuprogredir em sua carreira no Exército. Comentaque em Alagoas 70% da população eraanalfabeta, mas que o governo estava seesforçando para mudar isso. Relata que recebiamuita ajuda do governo federal, do IBAD(Instituto Brasileiro de Ação Democrática) e daAliança para o Progresso. Salienta que nãoqueria elogiar apenas a área educacional dogoverno Lacerda, mas comenta que aadministração dele, Lacerda, na área daeducação no Rio de Janeiro era inédita, quenunca outro governante tinha feito tanto pelaeducação no estado quanto ele. Defende aeleição de Lacerda para a presidência do Brasil

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.016

1. AssuntoDepoimento de Carlos Lacerda

2. Temas

21. Faixa 1Reformazinha agrária

F1: 50 seg [1960/1965] Faixa 1O governador Carlos Lacerda fala que, naGuanabara, o máximo que se podia fazer erauma reformazinha agrária. Diz que estavamjuntos em um teco-teco para quem sabe um diatomar parte em um jato nacional.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.017

1. Assunto

1.1 Faixa 1Governador Lacerda no CineTeatro em Bauru – SP

1.2 Faixa 2Lacerda na TV Bauru

F1: 08/06/1963F2: 08/06/1963

Com defeito

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.018

1. Assunto

F1:8 minF2: 100min

F1: 27/08/1963F2: 27/08/1963

Faixa 1Discurso do Governador em Campos - CineTrianon

Page 64: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

1.1 Discurso do Governador emCampos - Cine Trianon

1.2 Discurso do Governador emCampos - Cine Trianon

2. Temas

21. Faixa 1Reacionário, direita, Petrobras,UDN, Estatuto da Terra, MiltonCampos, atenção às favelas e àeducação, perigo vermelho,democracia

2.2 Faixa 2Renúncia, Jânio Quadros,candidatura de princípios e ação,reformas de base, crítica àreforma agrária, expropriação,alterar direito à propriedade,Constituição, Lenin, cinturãoverde, problema agrícola,subdesenvolvimento intelectual,salário do servidor, oligarquia,direito de greve, salário justo.inflação

Orador não identificado critica os adversários dogovernador Carlos Lacerda, que o chamavam dereacionário e diziam que o seu partido era dedireita. Cita o exemplo da Petrobras que,segundo ele, era obra da UDN, dos deputadosBilac Pinto e Aliomar Baleeiro. Acha que aUDN não podia ser chamada de reacionáriadepois de apresentar o Estatuto da Terra, obra deMilton Campos. Afirma que não podia serchamado de reacionário o governo de Lacerda,que dava especial atenção às favelas e àeducação. Conta que na época da ditaduraLacerda fazia parte da resistência democrática,então não podia ser acusado de pertencer àextrema direita. Comenta que Lacerda semprecombateu a ditadura de Getúlio Vargas, queparticipou da campanha que levou JânioQuadros à presidência. Acrescenta que emborao general tenha desertado, as tropas estavamfirmes. Considera que as barreiras partidáriasestavam rompidas com a campanha contra oinimigo comum, o perigo vermelho. Elogia odeputado Amaral Neto, que também combatia operigo vermelho. Diz que Lacerda era o maiorguardião que a democracia já teve no país.

Faixa 2Discurso do Governador em Campos - CineTrianonAfirma que Deus lhe deu impermeabilidadecontra o orgulho e a vaidade e que era precisoque a vaidade tivesse limite. Conta que conheciaCampos desde que era garoto, quando vinha àcidade com seu pai. Comenta que a renúncia deJânio Quadros deveria servir para acabar com amania de se seguir homens iluminados,insubstituíveis. Salienta que deveriam serseguidos os homens capazes de pregar ideias ejuntar a ação às ideias. Afirma que, se fossecandidato a presidente, seria a primeira ocasiãoem que se juntaria, em uma candidaturapresidencial, uma candidatura de princípios auma candidatura de ação. Lacerda chama asreformas de base de imposturas, diz que quantomais se falava, menos se queria fazer. Critica aproposta de reforma agrária. Não concorda coma proposta de mudança da Constituição para arealização da reforma agrária. Comenta que aConstituição previa o pagamento em dinheiropreviamente à expropriação da propriedadeprivada, justificada pelo interesse social e pelautilidade pública. Acentua que o governo queriaalterar este artigo, afirmando que não havia noBrasil dinheiro para pagar previamente pelasterras desapropriadas. Lacerda contesta dizendoque o governo se propunha a pagar aexpropriação com títulos vencendo a juros de6% e com uma garantia contra a desvalorizaçãoda moeda de 20% ao ano. Lacerda questiona estaproposta dizendo que o governo gastaria mais

Page 65: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

com esta nova proposta do que pagando emdinheiro. Afirma, ainda, que dois terços dasterras do Brasil pertenciam à União, aos estadose aos municípios, então o governo não precisariacomeçar um processo rápido de desapropriação.Considera que a Constituição não precisava serreformada, precisava ser cumprida. Explica quepara alterar o direito de propriedade, teria que sealterar toda a Constituição. Comenta que erapossível fazer a reforma agrária no Brasilimediatamente sem alterar a Constituição.Lacerda cita Lenin, que afirmava que a pequenapropriedade tinha um grande problema, toda vezque ela era bem sucedida se transformava emgrande propriedade. Salienta que a grandepropriedade não se transformava em uma sériede pequenas propriedades porque o pequenoproprietário, assim como o grande, não tinhaapoio para produzir. Acredita que os latifúndiosexistiam no Brasil porque a terra não valia nadano país e que as crises agrícolas no Brasilsempre foram causadas por superprodução e nãopor falta de produção. Questiona como fazerreforma agrária se o Ministério da Agriculturatinha recebido apenas 5% do orçamento dogoverno federal. Lacerda critica a desvalorizaçãoda profissão de agrônomo e acha que oprogresso acarretava a concentração deempregos, levava a se migrar da agricultura e daindústria para o setor terciário. Menciona quefalar em “cinturão verde “ era uma bobagem.Diz que era preciso mudar a concepção doproblema agrícola no Brasil e que o maiorproblema do país era o subdesenvolvimentointelectual de seus políticos e dirigentes.Ressalta que tinha vindo dar exemplos paramostrar como era útil fazer na ação uma políticade ideias e nas ideias uma política de ação.Comenta que quando iniciou o governo apopulação estava desconfiada, não confiava emninguém. Considera que venceu as eleiçõesgraças à divisão dos seus adversários. Discorresobre a sua atuação na área de educação,transformando um déficit de 100 mil vagas em23 mil vagas sobrando nas escolas estaduais.Destaca que era difícil chamar de reacionárioum governo que dava prioridade à educação.Fala sobre os investimentos na Universidade doEstado. Lacerda discorre sobre o salário móvelque instituiu para o serviço público estadual,explicando que toda vez em que a arrecadaçãodo estado aumentasse, o salário dos servidoresaumentaria. Lacerda promete que aumentaria osalário mínimo no estado na semana seguinte.Diz que o Brasil só seria realmente umademocracia quando os políticos não sedeslumbrassem com o poder. Considera que opoder dava coisas demais a pouca gente e que oBrasil estava se transformando em umaoligarquia. Lacerda diz que o direito de greve

Page 66: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

não estava sendo bem utilizado, que as grevesestavam tornando a nação mais pobre, e quantomais pobre ficava a nação, mais pobres ficavamos pobres e mais ricos ficavam os ricos. Achaque era preciso investir em educação, que amaior parte da população era jovem e por issonão se devia pensar no passado, mas no futuro,em preparar a nação para os jovens. Lacerdamenciona que não acreditava em riqueza semsalário justo e que era possível controlar ainflação aumentando o salário, porque com oaumento do salário aumentava-se o consumo,que, por sua vez, aumentava a produção,reduzindo a inflação. Explica que os próprioscomunistas afirmavam que só tinham chance deganhar as eleições se houvesse fome entre apopulação, então, devia-se combater a fome enão o comunismo. Lacerda contesta esteraciocínio e diz que os comunistas estimulavama fome no país, para terem chances de vencer aseleições. Comenta que a maior ameaça a JoãoGoulart era mostrar que trabalhandohonestamente se podia conseguir o que ele nãoconseguia. Anuncia que iria por a nação de pé enão agachada com ela estava. Demonstra queconfia na inteligência do povo, e avisa que nãoveio falar de moscas, mas de inseticidas. Relatao sucesso do Banco do Estado da Guanabara emseu governo. Conta que o banco tinha comoprincipal acionista o governo do estado, e comomaiores acionistas privados o senhor e a senhoraKubitschek de Oliveira. Diz que se sentehonrado com a confiança do ex-presidente nogoverno da Guanabara e que o BEG (Banco doEstado da Guanabara) pagou 17 salários aos seusfuncionários enquanto se discutia o 13º salário.Ressalta que só acreditam na sua fama dereacionário, de assassino de mendigos, quandonão o conhecem, e que quando ele falava com apopulação percebiam que a fama era falsa. Contaque investiu 85% do orçamento do seu governonos subúrbios e que estava construindo dezhospitais no Rio de Janeiro. Alude ao fato deque no Rio nascia a flor da esperança. Explicaque se deveria investir no desenvolvimento dosestados da Bahia, Guanabara, Rio de Janeiro,Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais paraque estes, junto com São Paulo, auxiliassem osoutros estados do país a se desenvolverem.Anuncia que aumentou o salário dos professores,médicos, engenheiros, agrônomos, arquitetos eoutros servidores do estado e que talvezprecisasse reduzir o número de obras para poderpagar os salários, mas afirma que erafundamental que os profissionais tivessem umbom salário.

BRRJAGCRJ.CL.FR.1.019

1. Assunto

F1: 45 min F1: 01/03/1964 Faixa 1Comissão de Assuntos Gerais – BahiaCarlos Lacerda critica o governo brasileiro pornão utilizar 100 bilhões de cruzeiros depositados

Page 67: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

1.1 Faixa 1Comissão de Assuntos Gerais –Bahia

2. Temas

21. Faixa 1Aliança para o Progresso,empréstimo, desvalorização,inflação, descentralizaçãoadministrativa, governador daBahia, enfraquecimento do podercentral, regulamentação deempréstimos externos, bandeira,imposto único, minérios

no Banco do Brasil pela Aliança para oProgresso. Conta que este dinheiro estava sedesvalorizando por causa da inflação. Afirmaque os estados deveriam ter direito a maisrecursos tributários e que a Guanabara erasolidária aos demais estados. Defende adescentralização administrativa no Brasil. Orepresentante do governador da Bahia fala que aBahia se sentia honrada de receber osgovernadores de outros estados. Defende adescentralização administrativa, desde que nãohouvesse um enfraquecimento do poder central.Ressalta que a Bahia tinha algumasdiscordâncias com relação à proposição do RioGrande do Sul e que o Congresso deveriaregulamentar o recebimento de empréstimosexternos pelos estados. Acredita que era precisobuscar uma opinião média entre os estados. Orepresentante de Minas Gerais avisa que ogoverno de Minas Gerais votaria de acordo coma proposição do Rio Grande do Sul, mas faz asmesmas ressalvas que o governo da Bahia.Lacerda critica o governo federal por não aceitaro empréstimo de 200 milhões de marcos, porquenão chegou a um acordo com o governo alemãosobre qual bandeira teria o navio quetransportaria os equipamentos conseguidosatravés do empréstimo. Destaca que o Senadodeveria resolver esta situação. Acirra-se adiscussão sobre se a regulamentação deempréstimos do exterior concedidos aos estadosdeveriam ser regulamentados pelo Congresso,pelo Senado, ou pelo governo federal. Polêmicaa respeito da proposição do Rio Grande do Sul.Lacerda defende a mudança de governo federalpara Senado na proposição, mas que se estivessebem esclarecido que a função era do Senado daRepública, não era necessário fazer a mudança.Discussão com pessoas falando ao mesmo tempoe debate sobre o imposto único nacional sobreminérios.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.020

1. Assunto

1.1 Faixa 1Debates no Ginásio NelsonFreitas – ES

1.2 Faixa 2Debates no Ginásio NelsonFreitas – ES

1.3 Entrevista com JornalistasCarlos Lacerda no Programa deEsdras Leonor, no Espírito Santo

2. Temas

F1: 90 minF2: 1minF3: 60 min

[1962] Faixa 1Debates no Ginásio Nelson Freitas – ESCarlos Lacerda agradece a recepção recebida,mesmo sabendo que nem todos que oencontraram concordavam com as suas ideias.Considera que o povo do Espírito Santo derauma prova de maturidade democrática e que oestado deveria servir de exemplo para o resto doBrasil. Faz um resumo da sua administração naGuanabara. Menciona a reforma administrativaque começou com a descentralizaçãoadministrativa, diminuindo o número dedocumentos que precisavam ser assinados pelogovernador, dando a ele mais tempo pararesolver os problemas do estado. Acha que esteproblema ocorria em todo Brasil, que osgovernantes não tinham tempo de ler o queassinavam e não tinham tempo de governardevido ao tempo que passavam assinando

Page 68: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

21. Faixa 1Resumo da administração deLacerda, burocracia,descentralização administrativa,Secretarias de Turismo, Economiae Agricultura, vacinação,paralisia, difteria, raiva, hospitalPedro Ernesto, saúde, educação,ESDI, salário mínimo, concursopúblico, falta d´água, subúrbios

2.2 Faixa 2Povo do Espírito Santo, espíritodemocrático

2.3 Faixa 3Personalidade 1962, Correio daManhã, O Jornal, capital norte-americano, recursos federais,BEG, comunismo, trabalhismo,Rússia, princípio dareciprocidade, reformas de base,prisão de Hélio Fernandes

documentos. Narra a criação da Secretaria deTurismo e os resultados que ela já estavapropiciando ao estado. Comenta que vinhaaumentando o número de congressosinternacionais, além do aumento do número deturistas no estado. Acredita que o turismodeveria ser estimulado pelo poder público.Menciona o apoio do governo estadual aoesporte e comenta que estava reformando oMaracanã. Lacerda declara que todas as greveslegítimas foram respeitadas pelo governo daGuanabara, mas as greves políticas foram econtinuariam sendo combatidas pelo governo.Fala sobre a transformação da Secretaria deAgricultura em Secretaria de Economia.Menciona a criação de uma Companhia Estatalde Telefone que iria atender a toda a populaçãoda Guanabara, dentro de um ano e meio. Diz quecriou uma estatal para estimular a atividadeindustrial da iniciativa privada. Conta que estavasendo criada uma empresa para coordenar oabastecimento. Afirma que não era nemsocialista nem capitalista, que adotava asmelhores soluções, de acordo com cadaproblema. Considera que essa era a maneira degovernar de um verdadeiro democrata. Comentao sucesso da campanha de vacinação contra aparalisia infantil, que atingiu 93% das criançasde até seis anos de idade. Fala que o estado tinhavacinado dois milhões de pessoas contra avaríola e que as próximas prioridades seriam avacinação contra a difteria e contra a raiva.Relata o processo de doação do hospital PedroErnesto à Universidade da Guanabara. Mencionaas reformas feitas no hospital antes da doação.Critica a situação em que encontrou o hospital,resultado das administrações anteriores.Menciona a construção do Centro Sanitário deMadureira, do novo hospital Souza Aguiar, daUnidade Mista da Tijuca, do novo hospitalMiguel Couto, do novo hospital Getúlio Vargas,alem de reformas em outros hospitais. Volta afalar sobre as conquistas do seu governo na áreada educação. Diz que havia 23 mil vagassobrando nas escolas estaduais e que aAssembleia tinha passado de 7 para 6 anos aidade mínima para a criança entrar na escola,aumentando em 30 mil o número de estudantes.Acrescenta que o governo também estavatentando acabar com o terceiro turno e depreferência fazer com que os alunos tivessemaula em um turno só, para que eles ficassemmais tempo em sala de aula. Avisa que estavarespondendo a quem dizia que ele iria acabarcom o ensino público e ressalta os investimentosque fez na universidade estadual. Diz que criou aprimeira escola de Desenho Industrial daAmérica Latina. Discorre sobre a importânciaestratégica de fazer a produção industrial com amarca brasileira, utilizando material encontrado

Page 69: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

no país. Fala sobre o funcionalismo do estado.Acredita que alguns inimigos votaram nele paraque ele fracassasse no governo do estado.Menciona o limite estabelecido de 68% doorçamento para o pagamento dos funcionários eafirma que a solução encontrada foi criar osalário móvel e que ninguém trabalhava então noestado da Guanabara recebendo menos do queum salário mínimo. Anuncia que iria aumentar osalário de 21 mil para 31 mil cruzeiros e que aAssembleia o tinha autorizado a aumentar osalário mantendo o percentual de 68%. Assim,toda vez que aumentasse a arrecadação,aumentaria o salário dos servidores. Defende aadoção dos concursos públicos parapreenchimentos de cargos no estado. Afirma queesta era a melhor maneira de selecionar osfuncionários públicos, e que isso evitaria que osfuncionários entrassem por pistolão ou favorespolíticos. Menciona os concursos para varredorde rua e para escrivão de cartório e fala que aúnica exigência do cartório era ser serventuárioda Justiça. Ressalta que ficou feliz ao ver um ex-presidente da Câmara dos Deputados, seuadversário, inscrito no concurso para escrivão.Acha que alguma coisa estava mudando no país.Anuncia que seu governo realizou 89 concursos.Discorre sobre o Banco do Estado da Guanabara.Salienta o aumento de 3 bilhões para 17 bilhõesde cruzeiros em depósitos no banco, em doisanos e meio de governo. Comenta que conseguiuconvencer a diretoria do banco a abrir umaagência em Paquetá, que já estava com 40milhões em depósito. Repete que os bancáriosreceberam 17 salários e não 13. Lacerda avisaque a obra da água ainda não tinha acabado, quesó acabaria só em fevereiro de 1965, mas quemesmo assim foi reduzida drasticamente aquantidade de reclamações sobre falta d’água noestado. Considera de grande importânciainvestir em obras de saneamento, que era umaobra que os políticos não gostavam de fazerporque não tinha inauguração, mas que diminuíaa mortalidade infantil e prolongava a vida detodos. Lacerda afirma que 85% dosinvestimentos do estado foram feitos nosubúrbio e na Zona Norte, por dois motivos. Oprimeiro era que a maior parte da população seconcentrava nestas áreas, o segundo é que estasáreas precisavam de mais obras que a Zona Sul.Comenta que vinha desapropriando muitas casase terrenos para poder realizar obras na cidade eque tinha contrariado o interesse de umempreiteiro para inaugurar uma escola doserviço público, mas tudo de acordo com a lei.Questiona a necessidade de mudar aConstituição para realizar as desapropriações embenefício da reforma agrária. Diz que a reformaagrária deveria ser feita taxando a terra nãoutilizada, para que ela se tornasse antieconômica

Page 70: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

e o latifundiário quisesse vendê-la.

Faixa 2Debates no Ginásio Nelson Freitas – ESFala que não tem palavras para agradecer pelocarinho que recebeu. Diz que o povo do EspíritoSanto deu um exemplo para todo o país deconvivência democrática e tolerância patriótica.

Faixa 3Entrevista com JornalistasCarlos Lacerda no Programa de Esdras Leonor,no Espírito SantoAgradece o honroso convite que recebeu deEsdras Leonor, que o incluiu em um grupo depersonalidades de 1962. Diz que sempre gostoude viajar para o Espírito Santo, e que foi aoestado quando era repórter do Correio daManhã, na época em que o jornal tinharepórteres. Fala das afinidades que tinha comparlamentares capixabas na Câmara. Diz que selembra com saudades do capixaba NelsonMonteiro, exalta a sua integridade, honestidade eprincipalmente a sua bondade. Fala quetrabalhou na aprovação da Lei de Diretrizes eBases, com o deputado Dirceu, e da sua amizadecom outros políticos capixabas. O repórterEdmar Lucas do Amaral, da edição capixaba deO Jornal, pergunta a Lacerda se sua crítica aogoverno federal, por não permitir que os estadoscontraíssem empréstimos no exterior, estavarelacionada ao fato da maioria das obras doestado da Guanabara terem sido feitas comcapital norte-americano. Lacerda responde lendoo artigo da Constituição que diz ser atribuição doSenado dar autorização para que os governosestaduais contraíssem empréstimos no exterior.Lacerda afirma que menos da metade do custodas obras do estado era paga com empréstimoscontraídos no exterior. Porém, destaca que nãose recusaria a aceitar mais empréstimos doexterior. Explica que não recebia os empréstimosdo exterior em moeda estrangeira, mas emmoeda nacional desvalorizada. A moedaestrangeira ficava com o governo federal. Orepórter Edvaldo Sales, de O Diário, pergunta aogovernador se ele utilizava dinheiro federal parafazer as obras na Guanabara. Lacerda diz querecebia dinheiro do governo, do exterior, domunicípio, de todos os lugares, e que o segredoera o dinheiro bem empregado, pois o dinheiro,quando bem empregado, rendia. Lacerdacomenta que não tinha recebido nada da CaixaEconômica Federal, mesmo ele tendo seoferecido para pagar juros de 16% peloempréstimo. Conta que a sua alternativa foireforçar o Banco do Estado da Guanabara. Dizque não fazia mágica nem milagre, apenastrabalhava. Nova pergunta do jornalista Edmar,que afirma que em Vitória, para ser servidor

Page 71: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

público, tinha que ser de esquerda. Pergunta oque ele achava da aplicação do dinheiro públicoem favor da esquerda. Lacerda critica a nãoutilização de concursos para selecionar osfuncionários públicos. Diz que o governo nãotinha ideias, não tinha programa, então, aceitavaas ideias comunistas. Comenta que na única vezem que se encontrou com João Goulart, elogiouo nome do seu partido e alguns políticos quefaziam parte dele, mas diz que o partido erarefém de Getúlio Vargas, e não tinha programa,não saberia o que fazer quando Getúliodesaparecesse. Disse, ainda, que este partido iriaacabar sendo colonizado pelos comunistas.Conta que Goulart concordou com ele e disseque estava procurando nomes para darem umaformação teórica para o partido. Fala queaconteceu exatamente o que ele temia, que oPartido Trabalhista tinha o voto de muitostrabalhadores honrados, não precisava doscomunistas. Explica que, na Guanabara, o PTBestava dividido entre os verdadeiros trabalhistase os comunistas. Comenta que isto poderiaacontecer no PTB, mas não poderia acontecer noBrasil. O jornalista pergunta sobre o que tinhafeito o governador deixar de ser comunista, seele disse que se tornou comunista por causa dadesilusão com os políticos corruptos najuventude e os políticos continuavam corruptos.Lacerda responde que primeiro voltou a sercatólico, depois percebeu que não deveriaapenas criticar os políticos, mas trabalhar pelosbons políticos, para acabar com os maus. Relataque quando começou a lutar contra a ditadura,percebeu que deveria acender a luz e nãoamaldiçoar a escuridão. Comenta que quandocomeçou a conviver com os políticos percebeuque a maioria não era desonesta e que, muitasvezes, era o eleitor que corrompia o político.Afirma que foi criado um sindicato da mentiraem Brasília, que os jornalistas eram comprados,não ganhavam apenas o salário das redações.Conta que quando se desiludiu com ocomunismo descobriu que os comunistastambém eram corruptíveis. O jornalista perguntacomo seria a relação entre o Brasil e a Rússia, seele fosse eleito presidente do Brasil. Lacerdacritica a rapidez com que San Tiago Dantasrestabeleceu relações diplomáticas com a Rússiae garantiu que haveria reciprocidade. Afirma queque não era isto o que estava acontecendo, osbrasileiros estavam sendo maltratados na Rússia,enquanto os russos eram bem tratados no Brasil.Lacerda retruca que, se fosse presidente,defenderia o princípio da reciprocidade. Ressaltaque não tinha medo de russo, mas de brasileirotraidor. Outra pergunta é feita sobre aimportância das reformas de base e se elasseriam aprovadas. Lacerda contesta que cada umtinha uma reforma de base na cabeça e ninguém

Page 72: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

fazia nada, só falava e que para ele reforma debase era abrir escola, botar para fora quem eraladrão. Considera que havia um erro em pensarque tudo dependia da economia, como diziam osmarxistas. Defende que deveria haver umadescentralização administrativa e que o povodeveria fazer a nação e não a nação fazer o povo.Por isso, diz que não era nacionalista, que opovo estava acima da nação. Diz que o nazismoe o comunismo punham a nação acima do povo,ao contrário do que acontece na democracia. Dizque temia o plebiscito, que bom era eleição,desde que o poder econômico não entrasse,principalmente o governo. O jornalista entãopergunta como Lacerda estava encarando aprisão de Hélio Fernandes. Diz que sentevergonha pelo país. Acha que a prisão era umaafronta e uma provocação inútil. Perguntam,então, quantos anos ele levaria para instalar aordem no Brasil, se fosse eleito presidente. Eleresponde que cada presidente precisava de cincoanos de mandato, mas tinha que trabalhar 24horas por dia. Mas salienta que quem realmentefazia a ordem no Brasil era o povo. Explica queele não era mito, nem mágico, que era apenasum homem público que se preparou paraadministrar e que soube escolher bem a suaequipe, e que nada faria sem o apoio da suaequipe e da população. Lacerda se diz feliz porter participado do programa, agradece aos doisjornalistas que o entrevistaram e ao Esdras quetinha apresentado o programa. Fala que oEspírito Santo era um enigma e um desafio e quenão entendia a demora da região norte do estadopara se desenvolver. Acredita que o EspíritoSanto poderia dar um grande salto com o apoiodo governo federal e dos municípios.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1021

1. AssuntoInauguração do Mercado Livre deProdutos – Santa Cruz

2. Temas

21. Faixa 1Indústrias, emprego, escolatécnica, grilagem, siderúrgica,porto do Rio, hospitais,Ministério da Fazenda, RobertoCampos, eleições diretas eindiretas

F1: 30 min F1: 25/09/1965 Faixa 1Inauguração do Mercado Livre de Produtos –Santa CruzO governador Carlos Lacerda fala que vai ler onome dos lavradores que vão tomar conta do seumercado. Mas, antes avisa que vai falar sobre odestino de Santa Cruz. Comenta que ainda nãotinha sido feito tudo que era necessário, mas quemuito já tinha sido feito. Conta que seriamconstruídas indústrias em Santa Cruz, que iriamdar emprego a moradores da região e quetambém seria construída uma escola técnica nobairro. Lacerda acrescenta que iria combater agrilagem em Santa Cruz. Defende o apoio dogoverno federal para que fosse instalada umaindústria siderúrgica em Santa Cruz. Assinalaque tinha estabelecido um compromisso, com aGuanabara e com Santa Cruz, de fazer aindústria siderúrgica. Critica a localização doporto da cidade do Rio de Janeiro, no centro dacidade. Explica que isso prejudicava amovimentação das mercadorias, por isso eleestava transferindo praticamente o porto do Rio

Page 73: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

para Santa Cruz. Conta que esta mudança foifruto de trabalho e de estudo, mas salienta que ogoverno federal, com o apoio do PSD, apoiava aentrega do minério brasileiro a Rana, que nãoiria exportar o minério. Avisa que não daria parafazer tudo em quatro anos, que não fazia apenashospitais novos, também estava reformando oshospitais velhos, porém, alguns não tinhamcondições de serem reformados. Explica quetinha mudado a direção dos hospitais e que issoera o mais importante. Comenta as reformas quefez em hospitais como o Pedro Ernesto e oSouza Aguiar. Lacerda fala que tinha havidouma “Revolução” no Brasil e as pessoas quasenão se lembravam porque a “Revolução”esqueceu da Guanabara. Critica a escolha deRoberto Campos para o Ministério da Fazenda.Diz que a “Revolução” veio para garantir aseleições livres, mas diz que as eleições só iriamacontecer por pressão, porque o presidentequeria que houvesse eleições indiretas. Contaque em uma ditadura as pessoas sabem comocomeça, mas nunca sabem como acaba. Falasobre a importância daquela eleição para quehouvessem outras eleições.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.022

1. Assunto

1.1 Faixa 1Entrevista do GovernadorLacerda na TV Itapoã

2. Temas

21. Faixa 1Candidatura, radicalismo,conceitos de esquerda e direita,reflexo condicionado, LeonelBrizola, Magalhães Pinto, PartidoComunista, abolição daescravatura, sindicatos,urbanização de favelas,analfabetismo, eleições

F1: 45 min F1: 02/03/1964 Faixa 1Entrevista do Governador Lacerda na TV ItapoãO repórter pergunta se Lacerda se consideraradical e ele responde que sim, que suacandidatura iria arrancar o mal pela raiz., masressalva que o radicalismo não estava ligado àviolência. Diz que no Brasil as pessoas tinhammedo de algumas palavras, como radicalismo,que as pessoas tinham reflexo condicionado,como o cachorro da experiência Pavlov.Discorre sobre os conceitos de esquerda edireita, que, segundo ele, eram cada vez maisdifíceis de serem distinguidos, mas que aspessoas falavam sem se preocupar com adefinição. Diz que radicalização era o novoreflexo condicionado que se queria implantar.De acordo com Lacerda, falavam que a suacandidatura era radical, mas cita outros doiscandidatos, Leonel Brizola, que chama deengenheiro por correspondência, e, do outrolado, Magalhães Pinto, e pergunta se nenhumdos dois radicalizava. Comenta que MagalhãesPinto era o dono do maior banco privado do paíse que Leonel Brizola não era banqueiro noBrasil, mas podia ser no exterior. Perguntanovamente se nenhum dos dois radicalizava.Fala que tinha medo dos homens nem carne nempeixe. Acredita que usavam a palavraradicalização para adultos como usavam apalavra bicho- papão para as crianças, para botarmedo. Conta que um grupo não muito numeroso,convocado por entidades que serviam de fachadapara o Partido Comunista, foi à universidadeimpedir a aula inaugural do professor ClementeMariani. Diz que entre as faixas de protesto

Page 74: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

tinha uma escrita “Go home, Lacerda”. Afirmaque estes estudantes eram fanáticos, não queriamouvir e queriam impedir que os outros ouvissem.Diz que eles eram filhos de Lee Oswald,assassino de Kennedy. Declara que era precisoradicalizar para provocar mudanças nasociedade, que Lincoln radicalizou ao abolir aescravidão, que Getúlio Vargas radicalizou aocriar os sindicatos. Diz que a radicalizaçãoconsistia em optar pela paz e liberdade do povobrasileiro e que era preciso tomar uma decisão.Lacerda explica que pensava da mesma maneiraque a população de Salvador, que puderaperceber isto desde que chegara à cidade. Falaque a única opção era a sua, porque o outrocaminho era o da submissão pela inércia e pelotemor. Critica o Partido Comunista da Bahia pornão saber organizar um protesto, considera queeram péssimos militantes, muito malorganizados, que se sentiu decepcionado com oPartido Comunista da Bahia. Comenta que estesmilitantes não riam, apenas vociferavampalavras de ordem e que os comunistas tentaramconvencer a população de que ele era de direita ereacionário porque era contra ao comunismo.Declara que era contra o comunismo, assimcomo Kennedy, o papa João XXIII e outros.Afirma que os militantes deveriam ser punidosde acordo com a lei, que eles teriam de serpunidos como qualquer outro cidadão seria.Surge uma pergunta sobre como o governadorestava resolvendo o problema da habitação naGuanabara. Ele responde que encontrou ummilhão de moradores nas 183 favelas da cidadedo Rio de Janeiro, que estava construindo 400casas em Vila Aliança, que estava urbanizando aVila da Penha e que estava construindo maiscasas na Vila Kennedy. Destaca que o problemada habitação tinha solução, desde que fosseencarado com seriedade e com urgência.Enumera as favelas que estavam passando peloprocesso de urbanização do governo do estado.Outra questão lhe foi apresentada, se ele era afavor do voto do analfabeto. Ele retruca que eraa favor de que o analfabeto estudasse, não que selutasse para que o analfabeto votasse. Comentaque faltava pudor ao governo ao pedir o voto dosanalfabetos. Critica o reitor de uma faculdadeque defendeu o voto dos analfabetos. Diz queestas pessoas não se importavam com aeducação. Afirma que era contra o voto doanalfabeto porque era a favor do fim doanalfabetismo. Perguntam a ele se existia o riscode não haver eleições. Lacerda responde quehavia, mas que a mobilização popular poderiagarantir a realização das eleições

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.023

1. Assunto

F1: 20 minF2a: 10 minF2b: 20 min

F1: 20/03/1964F2: [1964]F3: 02/03/1964

Faixa 1Reunião com o Rotary – OsascoFala sobre uma favela próxima ao Jockey Clube,que foi removida para parques proletários,

Page 75: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

1.1 Faixa 1Reunião com o Rotary – Osasco

1.2 Faixa 2Carlos Lacerda Discursa emCascadura

1.3 Faixa 3Entrevista do GovernadorLacerda na TV ItapoãRepetição Parcial do Conteúdo daFita de Rolo 22

2. Temas

21. Faixa 1Discurso de Carlos Lacerdaremoção de favelas, problema dahabitação, crédito, crítica à CaixaEconômica Federal, água corrente

2.2.1 Faixa 2aGovernador Carlos LacerdaDiscursa em Cascadura.Elogios ao povo de Cascadura,reforma democrática,“Revolução”

2.2.2 Faixa 2bRepetição Parcial do Conteúdo daFita de Rolo 22urbanização de favelas, voto doanalfabeto, mobilização popular,eleições

apesar da tentativa do ministro da Justiça deimpedir a remoção dos moradores e garantir queiria distribuir terras na beira da Lagoa Rodrigode Freitas, para os moradores continuarem naregião. Ele afirma que não havia nada queprejudicasse mais a justiça social dosdemocratas e cristãos de certo tipo, do queproporcionar aos favelados uma casa decenteatravés de crédito e trabalho. Lacerda afirma quequando os favelados tivessem boas condições demoradia já não haveria possibilidade de fazerreformas na Constituição. Diz que procurou umasolução para o problema da habitação no estadoda Guanabara e que chegou à conclusão de queprimeiro era necessário resolver o problema docrédito. Afirma que o estado não deveria serresponsável pela construção de casas, masdeveria criar condições para que as pessoasconstruíssem a sua própria casa, ou construíssemcasas para outras pessoas comprarem. Critica aCaixa Econômica Federal por não investir osuficiente na construção de casas populares.Acredita que o governo deveria estimular aindústria da construção civil, dando crédito eresseguro para os moradores que não pagassem.Explica que desta maneira o governo iriaconstruir milhões de casas. Comenta que quemconstruía estradas, iria querer construir casas.Salienta que o principal problema de habitaçãoera causado por falta de crédito para otrabalhador comprar a sua casa e que se ogoverno desse crédito aos trabalhadores,acabaria o problema da habitação. Lacerda contaa história de uma moradora de Vila Kennedy quefoi falar com ele para dizer que estava muitofeliz por dois motivos, o primeiro era que ela játinha arrumado um biscate, estava alisando ocabelo dos outros moradores, tinha aberto umsalão de beleza. Lacerda disse que ela o levouaté a cozinha de sua casa para contar o segundomotivo, abriu a torneira da pia e disse: “Doutor,o senhor já viu água correr da torneira depois de20 anos de lata na cabeça?”

Faixa 2aO Governador Carlos Lacerda Discursa emCascaduraFala que confia no desempenho da juventudebrasileira nas eleições de 1965. Diz que ajuventude não se preocupa com o passado, mascom o futuro. Ao entregar a praça aosmoradores, ele comenta que trazia um imensoagradecimento e estabelecia um novocompromisso. Afirma que era Cascadura porfora e coração por dentro. Explica que não viadiferença entre o mais rico e o mais pobre nahora de cumprir o seu dever. Salienta que areforma não deveria ser o ópio do povo, não sedeveria ter a falsa escolha entre a reforma e a“Revolução”. Promete promover a reforma

Page 76: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

democrática do Brasil.

Faixa 2bRepetição Parcial do Conteúdo da Fita de Rolo22 Entrevista do Governador Lacerda na TVItapoãEle diz que encontrou um milhão de moradoresnas 183 favelas da cidade do Rio de Janeiro.Menciona que estava construindo 400 casas emVila Aliança, que estava urbanizando a Vila daPenha. Acrescenta que estava construindo maiscasas na Vila Kennedy. Considera que oproblema de habitação tinha solução, desde quefosse encarado com seriedade e com urgência.Enumera as favelas que estavam passando peloprocesso de urbanização do governo do estado.Perguntam a ele se era a favor do voto doanalfabeto Ele responde que era a favor de que oanalfabeto estudasse, não que se lutasse para queo analfabeto votasse. Comenta que faltava pudorao governo ao pedir o voto dos analfabetos.Critica o reitor de uma faculdade que defendeu ovoto dos analfabetos. Afirma que estas pessoasnão se importavam com a educação. Ratifica queera contra o voto do analfabeto porque era afavor do fim do analfabetismo. Perguntam a elese existia o risco de não haver eleições. Lacerdadiz que havia, mas que a mobilização popularpoderia garantir a realização das eleições.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.024

1. Assunto

1.1 Faixa 1Almoço no Rotary de Osasco

2. Temas

2,1. Faixa 1Conteúdo igual ao da Fita 2 –Faixa 13 Favelas, reforma agrária,progresso, civilização, teoria daCEPAL, D. Hélder, visãoromântica das favelas, favelas noexterior, COHAB, trabalhovoluntário, problema habitacional

F1: 40 min F1: 20/03/1964 Faixa 1Conteúdo Igual ao da Fita 2 – Faixa 13Almoço no Rotary de OsascoLacerda diz que já tinha falado várias vezes umatolice, que as favelas eram fruto da falta dereforma agrária. Comenta que mudou sua visão,que as favelas eram criadas pelo progresso, pelaurbanização, eram consequência da revoluçãoindustrial por que passava o país. Lacerda criticaa teoria da CEPAL (Comissão Econômica para aAmérica Latina e o Caribe) que considerava oBrasil um país subdesenvolvido. Diz que umaprova de que esta teoria estava errada era que aCEPAL não classificou o Chile e o Uruguaicomo países subdesenvolvidos. Diz que o Brasilé um país com dimensões continentais e um paíscom diferentes graus de desenvolvimento.Lacerda critica a teoria econômica da CEPAL deque a construção de casas era inflacionária e dizque esta era a principal causa da expansão defavelas no Rio de Janeiro e no Brasil, porque nãose investia na construção de casas, apenas naconstrução de fábricas. Acredita que a elite tinhauma visão distorcida das favelas ou asconsiderava um antro de marginais ou umaespécie de capela na qual só havia santos. CriticaDom Hélder Câmara que, segundo ele, tinhauma visão romântica das favelas. Lacerdacomenta que a maioria dos moradores de favelatinham que pagar aluguel pelos barracos ondemoravam e, muitas vezes, para pessoas que não

Page 77: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

moravam nelas. Explica que as favelas não eramprevistas pela lei, e poderiam ser consideradasum triunfo da iniciativa particular do seumorador, privado de crédito, do amparo da lei.Afirma que as favelas da Zona Sul existiamporque os favelados precisavam morar perto deseus empregos. Acrescenta que as favelastambém eram construídas perto das fábricas, nasquais os favelados trabalhavam. Diz que um dosmaiores erros que se poderia cometer era dizerque o favelado era um desclassificado social.Assinala que depois de estudar as favelas tinharesolvido enfrentar o problema. Critica aspessoas que se preocupavam em remover asfavelas por causa dos estrangeiros. Relata queconheceu favelas em Paris, Londres, Nova Yorke que não havia motivos para nosenvergonharmos. Conta que começou o trabalhonas favelas com a Fundação Leão XIII, depoiscriou a COHAB (Companhia de Habitação). Porfim, destaca, conseguiu um parecer doDepartamento Nacional de Previdência Socialpara que os institutos entrassem com osterrenos, que tinham disponíveis, como parte docapital da COHAB, de forma que fossemconstruídas casas para os contribuintes dosinstitutos, que depois seriam vendidas, mas dizque até aquele momento os terrenos não tinhamsido cedidos. Lacerda comenta que não eramtodas obras do seu governo, que havia verbas dogoverno dos Estados Unidos como, segundo ele,afirmavam os comunistas. Acredita que o RioGrande do Norte já tinha recebido mais verbados EUA do que a Guanabara. Conta que usou averba destinada às favelas para urbanizá-las epara comprar terrenos com vistas a criarconjuntos habitacionais como Vila Kennedy eVila Aliança. Lacerda rebate as críticas quevinha recebendo por não ter entregue as casascompletas, ou seja, por ceder as casas com umterreno para que a casa pudesse ser,posteriormente, ampliada. Menciona que na VilaAliança 40% dos moradores já tinham ampliadoa sua casa. Defende a ideia de que os moradorestinham que comprar as casas na Vila Aliança ena Vila Kennedy, pagando 15% do saláriomínimo por mês, durante 10 anos,aproximadamente. Fala sobre a urbanização dafavela da Vila da Penha, que foi feita pelogoverno do estado da Guanabara. Diz que estetrabalho contou com a ajuda dos moradores dafavela e que a favela do Vintém foi urbanizadapor dois mil moradores, coordenados por umengenheiro do governo do estado. Consideraque com o trabalho voluntário o governo tinhaeconomizado 30 milhões de cruzeiros. Lacerdanarra o caso de um deputado que quis comprarvotos dos moradores de uma favela oferecendoduas bicas e que ouviu a resposta de que a favelanão precisava de bicas, porque já tinha sido

Page 78: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

construído um reservatório no local. Comentaque obras como estas libertavam os moradoresde políticos interesseiros. Lacerda fala sobre aremoção da favela do Pasmado e menciona queo Partido Comunista tentou evitar a remoção dafavela, para não perder o seu curral eleitoral.Mas, relata que os moradores das favelasqueriam ir para Vila Kennedy e que pelo menos40 % das famílias tinham geladeira. Comentaque estas famílias tinham crédito para comprargeladeira, mas não tinham crédito para compraruma casa. Salienta que muitos políticos eramcontra a remoção de favelas, não queriam que osfavelados tivessem condições de comprar umacasa. Ressalta que chegou à conclusão de queera preciso haver um financiador para aconstrução de casas populares. Explica que nãoera o estado o responsável por resolver oproblema de habitação, mas que deveria criarcondições para que as pessoas construíssem asua própria casa ou construíssem casas paraoutras pessoas comprarem.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.025

1. AssuntoVisita à Câmara de Vereadores deOsasco

2. Temas

21. Faixa 1progresso, democracia, problemasraciais, problemas religiosos,desigualdades regionais, marchapacífica, liberdade, comunistas,reforma, revolução, pelego,campanha, Presidência daRepública

F1:25 min [1965] Faixa 1Visita à Câmara de Vereadores de OsascoLacerda diz que nenhuma nação deve enriquecera custa da pobreza dos seus cidadãos. Afirmaque é melhor um povo rico com um governopobre do que o contrário. Diz que foi assim queos EUA, a Alemanha e todas as naçõesverdadeiramente governadas por democratasprogrediram. Acredita que o Brasil não tinhaproblemas raciais graves, não tinha problemasreligiosos, apenas desigualdades regionais e umadiferença excessiva entre alguns grupos ligadosao poder político e numerosas multidões semnenhuma proteção. Segundo Lacerda, osgovernantes estavam muito poderosos, do carrooficial à galinha oficial. Acrescenta que amarcha pacífica e vitoriosa ocorrida no diaanterior em São Paulo, mostrou a insatisfação dapopulação com a situação. Salienta que foi aOsasco celebrar a união do povo como um todo,todos movidos pela ideia de que sem liberdadenão se poderia nem exigir o que não se tinha.Diz que os ricos sempre tinham condições degarantir a sua liberdade, mas o pobre e oremediado, para quem nada era fácil, para estehomem que sofria para viver, para quem a vidatantas vezes era triste, que tinha como riqueza asua família, era para ele que Lacerda pedia ajudapara manter a liberdade, que era a riqueza dopobre. Comenta que não pedia liberdade para oshomens do decreto lei, para quem o poder erauma coleção de automóveis do último tipo, defazendas do último tipo, e hipocrisia do velhotipo. Refuta as acusações de ser reacionário, deser de direita e matador de mendigos. Lacerdafala que os comunistas eram irrecuperáveis paraa democracia porque só acreditavam narevolução. Comenta que se os comunistas

Page 79: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

queriam a revolução, não poderiam quererreformas. Lacerda afirma que faria umarevolução, iria inaugurar no Brasil a democracia,a democracia nos sindicatos, nos partidos, naadministração pública. Diz que em vez denomear seus filhos para cargos sem concurso,iria abrir concurso para que os filhos de todostivessem iguais oportunidades. Conta que tinhase alongado para deixar ao povo de Osasco otestemunho do seu respeito e gratidão pelacidade. Promete voltar à cidade para conversarcom os trabalhadores e afirma que nenhumpelego iria impedí-lo de falar livremente comeles. Lacerda fala que iria viajar por todo oBrasil em sua campanha para a Presidência daRepública. Assinala que aquele era o momento,que as mulheres se levantavam no Brasil paradizer ao presidente que aturasse o seu mandatoaté o fim, mas não perturbasse a vida deninguém. Que as mulheres se levantavam ediziam ao presidente da República “ é hora degovernar! hora de comer, comer, hora detrabalhar, trabalhar, hora de dormir, dormir.” Dizque a hora de agitar já tinha acabado, que haviaquase três anos o presidente não governava.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.026

1. AssuntoDiscurso do Governador Lacerdana Assembleia Legislativa de SãoPaulo

2. Temas

21. Faixa 1“Revolução”, convivênciademocrática, maturidade política,prosperidade, interesses,quartelada, defesa da liberdade,reforma pacífica

F1: 45 min F1: 21/08/1964 Faixa 1Discurso do Governador Lacerda na AssembleiaLegislativa de São PauloO deputado Nelson Pereira faz elogios aogovernador Carlos Lacerda e à então recente“Revolução”. Considera que Lacerda teve umaparticipação decisiva no movimento. Comentaque estava havendo uma revolução dasconsciências, da moral pública, da reconstrução,do trabalho e da ordem. Faz diversos elogios aopresidente Castelo Branco. Afirma que o povonão poderia se sentir traído pela “Revolução”que tinha sido feita para ele. Faz um apelo aogovernador para que não permitisse que as ideiasque motivaram a “Revolução” fossem traídas. Ogovernador Carlos Lacerda diz que estava gratopela cerimônia e que compreendia bem osignificado daquela sessão, que representava umato de convivência democrática e maturidadepolítica. Afirma que todos desejavam um paístranqüilo e próspero, com um povo maisconfiante e mais alegre. Mas acrescenta que nãose conseguiria fazer isso sem contrariarinteresses de alguns. Explica que não se deveriaconfundir uma revolução com uma quartelada.Fala que se inspirou em Rui Barbosa, em suadefesa da liberdade. Fala sobre o exemplo dosmilitares do Forte de Copacabana. Comenta quecolheu ensinamentos e exemplos em 30, 32, 37,45 e 54. Salienta que não se conformaria em vera população brasileira deixar passar aoportunidade de reformar pacificamente oBrasil. Lacerda diz que era chegada uma fase dedefinição, que era preciso tomar um caminho.Afirma que se a população queria liberdade, paz

Page 80: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

e uma pátria de irmãos era preciso agir. Lacerdaassegura que não se poderia substituir ofetichismo do bacharel pelo do economista.Destaca que o povo brasileiro desejava que a“Revolução” fosse justa e serena, atuante esevera. Acredita que uma revolução acontecequando uma geração consegue implantar sobre arotina uma nova mentalidade, diante de seusproblemas e suas aspirações. Acrescenta que asimples conquista do poder não era política, eraum corpo a corpo com a História, uma lutadiária. Acha que a vitória na política só a sabeusar quem sabe perder. Faz um apelo ao povobrasileiro para que confiassem na “Revolução”,mas que exigissem que ela cumprisse o queprometera e não o que desejavam fazer dela osque a tornaram necessária.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.027

1. Assunto

1.1 Faixa 1Reunião de Governadores

2. Temas

2.1 Faixa 1Acordos entre União e estados,aprovação, Congresso,Assembleias, salários, delegaciasfiscais, Poder Judiciário, moção,regulação dos acordos,municípios

F1: 50 min [1960 a 1965] Faixa 1Reunião de Governadores .Leitura pelo governador Plínio Coelho dodecreto que determinava a fixação de normaspara a celebração de acordos entre a União e osestados. São listadas as situações em que seriapossível haver acordo entre os estados e a União.Os acordos precisavam ser aprovados peloCongresso e pelas Assembleias estaduais. Umgovernador não identificado fala sobre oconvênio do estado da Guanabara com ogoverno federal. Ele prevê que os convêniostrariam dificuldades aos estados e levanta oproblema do pagamento dos magistrados, quepoderia ser muito elevado para os estados. Oorador volta a falar sobre a necessidade de queos governos estaduais pedissem autorização àsAssembleias Legislativas para realizaremconvênios com o governo federal. Segue-se aleitura dos artigos que regulamentavam osconvênios. Plínio diz que o estado, sendoautorizado, poderia requerer convênios parapagar auxílios suplementares aos vencimentosda magistratura. Ele defende que o auxílio dogoverno federal aos estados deveria ser entregueás delegacias fiscais, que ali depositariam onumerário, na conta do Poder Judiciário. Sugereuma moção na qual constasse que os convênioscom os estados, para auxiliar a magistratura,eram um auxílio da União à magistraturaestadual. Declara que este era o seu voto. CarlosLacerda afirma que a proposta já atendia a umareivindicação sua, a regulação dos acordos porcritérios objetivos e uniformes. Defende aautorização pelo Congresso. Concorda quetambém seria necessária a aprovação dasAssembleias Estaduais para assinatura dosacordos. Acrescenta que a Guanabara nãoprecisava de recursos federais para pagar omagistério, mas precisava em outras áreas.Considera que o governo federal tinha queajudar os estados a pagarem os seusfuncionários, devido à inflação. Os governadores

Page 81: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

discutem o assunto. Não existe consenso sobrese o Congresso devia ou não aprovar osconvênios da União com os estados. Umgovernador defende que os municípios tambémtivessem direito de assinar acordos com a União.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.028

1. Assunto

1.1 Faixa 1Reunião dos Governadores -Continuação da Fita Anterior.

2. Temas

21. Faixa 1Interferência partidária, emendanº 5, orçamento reduzido,Constituição, instrumento depressão, Congresso, AssociaçãoBrasileira de Municípios,assessoria técnica, pactofederativo

2.2 Não tem faixa 2

F1: 40 min [1960 a 1965] Faixa 1Reunião dos Governadores - Continuação daFita AnteriorO governador da Bahia diz que os municípiosestavam mais organizados que os estados emtermos de reivindicações, mas acrescenta que aentidade formada pelos governadores tinhaconseguido acabar com a interferência partidárianas decisões do grupo. Afirma que a vitória naaprovação da emenda número 5 só foi possívelgraças à união dos prefeitos e que osgovernadores precisavam se organizar melhor.Salienta que Lacerda governava um estadopoderoso e compara o estado da Guanabara como estado da Bahia, dizendo que enfrentavagrandes dificuldades para governar a Bahia comum orçamento reduzido. Defende mudanças naConstituição. Diz que os governadoresprecisavam ter um instrumento de pressão juntoao Congresso. Outro governador contesta a ideiade criar um grupo de pressão. O governador daBahia defende a ideia de pressionar o Congresso.Ele diz que as reuniões de governador davampoucos resultados práticos. Explica que quandoera prefeito, a Associação Brasileira deMunicípios ajudava os prefeitos a atingirem seusobjetivos. Um governador se manifesta a favorda ideia do representante do Acre, de se criaruma assessoria técnica que encaminharia asresoluções tomadas pela conferência. Assinalaque uma organização de governadores nãofuncionaria. O governador da Bahia retruca quea organização dos prefeitos funcionava, então, ados governadores poderia funcionar também.Lacerda diz que, na conferência de Araxá, houveum consenso sobre as reuniões dosgovernadores, que deveriam ser platônicas, ouseja, a influência das decisões seria porrepercussão, porque institucionalmente eramapenas governadores em conjunto,representavam um grupo de amigos que sereuniam informalmente. Comenta que haveria orisco de tomarem decisões que não fossemlegitimadas nem por eles mesmo. Mas, defendeuma maior organização dos governadores eelogia a proposta do representante do Acre. Dizque a única Associação de governadores queexistia era a União, formada pelo pactofederativo. O governador da Bahia mantém a suaposição em defesa de um grupo de pressãoformado pelos governadores. Lacerda respondeque o Congresso era quem deveria ser o grupode pressão sobre o Executivo, acrescenta quenão se poderia substituir o Congresso por umaAssociação dos Governadores. Propõe uma

Page 82: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Secretaria Técnica para auxiliar osgovernadores, sediada em Brasília, mantidapelos governos estaduais. Cada estado designariaum funcionário para que em conjunto elescriassem esta assessoria.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.029

1. AssuntoEntrevista do GovernadorLacerda a Rádio Guaíba de PortoAlegre – RS

2. Temas

21. Faixa 1democracia, grupo jornalístico

2.2 Não tem faixa 2

F1: 5 min F1: 20/07/1963 Faixa 1Entrevista do Governador Lacerda a RádioGuaíba de Porto AlegreLacerda considera um privilégio da democraciano Brasil a população poder dispor de um grupojornalístico que constava dos jornais Correio doPovo, Folha da Tarde e da rádio Guaíba. Saúdao governador do Rio Grande do Sul, IldoMeneguetthi.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.030

1. AssuntoHomenagem do GovernadorLacerda na Assembléia doEstado de Goiás

2. Temas

21. Faixa 1Programa da UDN, investimentono subúrbio, SUDENE, dinheiroamericano, remoção de favelado,concursos públicos, candidatura àpresidência

F1:45 min F1: 22/12/1963 Faixa 1Homenagem do Governador Lacerda naAssembléia do Estado de GoiásLacerda diz que estava muito feliz por estar emGoiânia, que foi muito bem recebido e que sesentia como se estivesse no Rio de Janeiro.Afirma que quase perdeu a eleição na Guanabarapor causa da campanha contra ele, espalhandoque ele iria acabar com as escolas públicas edespejar todos os favelados. Comenta que seugoverno estava seguindo a aplicação doprograma da UDN. Cita, como exemplo, aprioridade de investimentos no subúrbio, queimplantou no seu governo, e estava prevista noprograma da UDN. Diz que as suas obras nãoforam feitas apenas com dinheiro americano eque a SUDENE também tinha recebido dinheirodos EUA, mas não tinha utilizado. Comenta queo seu governo não tinha nada demais, era apenasresultado de trabalho. Considera que outrosgovernantes do Brasil precisavam aprender atrabalhar. Cita outra razão para o sucesso do seugoverno, apregoa que dinheiro de pobre na mãode governo honesto estica. Diz que venceu aeleição porque seus adversários perderam porexcesso de confiança e que quando assumiu ogoverno deu prioridade ao subúrbio, área ondehavia recebido menos votos na eleição. Destacaque conseguiu conquistar a confiança dapopulação. Afirma que em três anos de governo,nunca removeu um favelado com violência.Discorre sobre a realização de concursospúblicos em seu governo. Explica que seguiurigorosamente os princípios e fins do partido eque, após anos de demonstração de fidelidade aoprograma e aos princípios do partido, pôde seapresentar aos seus companheiros goianos daUDN para analisar objetivamente um problemapolítico. Diz que o povo carioca deu-lhe aoportunidade de mostrar que não era apenas umdestruidor. Conta que não queria concorrer àpresidência por vaidade e que também não tinha

Page 83: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

interesse no poder. Assegura que o governo nãodesejava eleições livres e democráticas e quepara enfrentar o governo era preciso tercandidatura, e para ter candidatura era precisoter candidato. Salienta que o povo estava dandouma lição ao continuar acreditando nademocracia, mesmo após a renúncia de JânioQuadros e a posse de João Goulart. Acredita quequanto mais rápido a UDN escolhesse o seucandidato à presidência, melhor, embora digaque o partido não precisaria ter apenas umaopção para candidatura à presidência. Afirmaque se fosse necessário, o partido deveria fazeruma votação para escolher seu candidato. CriticaJuscelino por se dizer defensor da legalidade,considera que esta bandeira era da UDN. Pedepara os udenistas goianos escolherem umcandidato que, fosse ele ou não, mas queescolhessem um candidato. Assinala que aindefinição quanto à sua candidatura impediaque recebesse apoio de outros partidos. Achaque o máximo risco que o partido corria erachegar à convenção com mais de um indicado aser candidato e diz que assim que o candidatofosse escolhido, ele passaria a ter apoio unânimeda UDN.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.031

1. Assunto

1.1.1 Faixa 1aConferência Proferida no CineVitória em Limeira, São Paulo

1.1.2 Faixa 1bCarlos Lacerda em BH

1.2 Faixa 2Carlos Lacerda em BH

1.3 Faixa 3Continuação da Fita 1a.Conferência Proferida no CineVitória em Limeira, São Paulo

1.4 Faixa 4Carlos Lacerda em BH

2. Temas

2.1. 1. Faixa 1acota de trabalho, PrevidênciaSocial, sindicalismo, violência,luta de classes, Hitler, Mussolini,Partido Comunista, liberdade,violência, legislação trabalhista,impostos, crédito, dívidas, casaspopulares, política habitacional,empregados, empregadores,

F1a:1:06:36minF1b: 46minF2:1:35:20minF3: 27:03minF4: 1.35.20min

F1a; 28/12/1963F1b: 27/12/1960F2: 27/12/1960F3: 28/12/1963F4: 27/12/1960

Faixa 1aDiscurso do Governador da Guanabara, CarlosLacerda, em Limeira, para a União Limeirensede Universitários e para a União Limeirense deEstudantes SecundáriosUma pessoa ao microfone agradece oatendimento do nobre povo de Limeiracomparecendo à conferência, faz referência àhospitalidade de Limeira a Carlos Lacerda e dáboas vindas ao governador. Passa a palavra aogovernador da Guanabara, que inicia dizendoque falaria sobre dois temas da mais fascinanteautoridade. Reconhece não ser especialista namatéria, embora tenha sido autor do projeto decota de trabalho, apresentado em 1955, naCâmara dos Deputados, e que ainda lá seencontrava. Antes de discorrer sobre os assuntos,Carlos Lacerda agradece as excelentes, sóbrias evigorosas palavras do orador. Lacerda começa afalar sobre Previdência Social e sindicalismo,temas vinculados ao processo geral de reformasocial que viria substituir a ideia de luta declasses. Acha ele que, ao invés da ideia de queera inevitável a luta de classes e de que elalevava necessariamente a um choque pelo qualos explorados se voltavam contra osexploradores e instauravam um governoditatorial através de um partido único – o PartidoComunista – , que por meio de uma ditaduratentava chegar à sociedade sem classes, oscristãos, os socialistas democráticos e osreformistas em geral tinham pugnado porsoluções evolutivas sem violência, que levassema um resultado mais satisfatório. Daí a ideia da

Page 84: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Estado, imposto sindical,sindicato único, justiça eleitoral,autonomia sindical . Ministériodo Trabalho

2.1.2 Faixa 1breforma agrária, água, estrada,latifúndio, mendigos, comunistas,Serviço Social, Petrobras,royalties, empréstimos externos,projeto para a Petrobras, inflação,capital estrangeiro

2.2 Faixa 2comunismo, socialismo,capitalismo, Revolução Industrial,Karl Marx, países nórdicos,democracia, reforma agrária,candidatura, UDN, cidadãohonorário, realizações de governo

2.3 Faixa 3Nordeste, Amazônia, São Paulo,ordem, desordem, construção decidades, greve, antecipação dasucessão presidencial, cidadesinventadas, união de princípios eação

2.4 Faixa 4É a mesma gravação da fita-rolo31, faixa 2.

Previdência Social, fundada em três noções: aque interessava ao trabalhador, que era a desaber que após haver alugado sua força detrabalho, quando suas forças começassem adesaparecer pela idade ou pelo esforçodepreendido – em suma, quando ele se cansasse– precisaria da garantia, da segurança de seulazer, de seu repouso e descanso; a que maisinteressava aos governos, que consistia emresolver o problema social, isto é, impedir quehouvesse trabalhadores que, após uma vida detrabalho, fossem postos na rua, com uma mão nafrente e outra atrás. Explica Lacerda que era poresse caminho que os governos tinham de pensarna Previdência Social; e a dos empregadores,que tinham de se interessar por ela, porqueinteressaria renovar o quadro de seustrabalhadores, sem criar problemas de revolta, dedesajustamento, de justiça social gritante.Portanto, por três caminhos diferentes cominteresses diversos, mas convergentes, aempresa, o trabalhador e o Estado – as trêsentidades – tinham que se interessar pelaprevidência. Conta que no Brasil ela teve seuscomeços logo depois da Primeira Guerra.Lacerda discorre sobre a história da Previdênciano Brasil. Fala da atuação de seu pai, Mauríciode Lacerda, como deputado. Assinala que, em1930, a Previdência tomou, por um lado, maiorimpulso, mas, por outro, começou a sofrer degigantismo, até chegar ao monstro em que estavatransformada. Ele menciona a relação entregoverno, empregado e empregador na estruturada Previdência Social no Brasil e sobre as suascontribuições. Ressalta que o governo nuncapagou suas contribuições e chama o governo decaloteiro. Explica que isso acarretou perda daforça material, esvaziando os Institutos, e perdade força moral para cobrar os demais, o que fezacumular por todo o país uma dívidaconsiderável. Cita a medida do Banco do Brasilde não conceder crédito aos devedores daPrevidência, mas, especifica que o espantosopara ele era que o patrão do Banco do Brasil,que era o próprio governo, também não pagava aPrevidência Social. Discorre sobre os Institutos,assegurando que eles tinham tomado a formaautárquica para poderem ter um regime depessoal adequado, em regime de legislaçãotrabalhista, tal qual os próprios trabalhadores,que contribuíam para eles. Defende o regime deconcurso público para a admissão de pessoal e,sobretudo, para admissão de pessoal no mínimoestritamente indispensável. Ocorre, porém, deacordo com a denúncia de Lacerda, que osautárquicos começaram a ser admitidos emregime de favor, aos milhares. Diz que, poucote4mpo antes, um número inteiro do DiárioOficial não tinha sido suficiente para asnomeações de um só mês. Ele também fala sobre

Page 85: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

a má aplicação das reservas da Previdência,sobre a aplicação compulsória pelo governo emnegócios ruinosos ou, pelo menos, nãoremuneradores. Diz que todo o dia 01 de maioera assinado um decreto que versava sobre aPrevidência Social. Carlos Lacerda considerauma injustiça, uma violência, exigir que osempregadores pagassem sua dívida com aPrevidência Social da noite para o dia. Para ele,o fato da União não pagar sua contribuição,aliado ao aumento, em folha, da contribuição doempregado e do empregador, eram os fatorescausadores do aumento da dívida. Assinala queos empregadores nunca tinham sido ouvidossobre a real possibilidade de pagar. O maisgrave, porém, para Lacerda, era a sucessão deencargos que a Previdência vinha acumulando,sem ter reservas financeiras para fazer frente aeles. Destaca que os auxílios de toda espécieformavam um imenso engodo. E daí elepergunta: “O que há a fazer?” Ele responde quenão acreditava que fosse preciso mais leis paraa reforma da Previdência Social, o que faltava,ressalta, eram portarias que fizessem cumprir asleis existentes. Fala do fracasso dos Institutos noque dizia respeito à política da casa própria.Reconhece que eles fizeram alguma coisa nopassado, mas que não se encontravam, então, emcondições, a rigor, de fazer coisa alguma.Exemplifica dizendo que não venderam as casas,alugaram-nas sem se defender contra os efeitosda inflação. O resultado disso era que haviaalguns conjuntos residenciais onde moravamalguns trabalhadores a custa dos que não tinhamcasa. Pagavam aluguéis de 10, 20 anos passados,que não representavam nada em face da inflação.Muitos deixaram de pagar, por não serem deles,também muitos não conservavam. O Institutotambém não estava recebendo o que deveriareceber, então, não conservava. Ele pergunta: “Oque há a fazer?” E logo responde, dizendo sersimples, que a solução era desenvolver umprograma de habitação popular em cada área,localizando ali um pequeno escritório do próprioInstituto, que financiasse o material deconstrução. E, com a sua contribuição, otrabalhador reservava o material necessário, euma agência do Instituto se transformaria numaespécie de Associação de Poupança eEmpréstimo, uma espécie de Caixa Econômicamais direta, simples e imediata. O que se exigia,de acordo com Lacerda, era descentralização ehonestidade na aplicação dos recursos. NaGuanabara, a média anual de casas popularesestava sendo superior à média anual somada detodos os Institutos de Previdência, mais aFundação da Casa Popular, mais a CEF, nosúltimos 20 anos. Comenta que eram 10 mil casassendo construídas na Guanabara. Por que isto?pergunta. Responde que tiveram o cuidado de

Page 86: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

não transformar em esmola eleitoral paraninguém. As casas eram vendidas, praticamentepelo preço do custo, pagando o favelado 15% dosalário mínimo por 10 anos. Fala da VilaKennedy, da Vila Aliança, de Vigário Geral e davila em Botafogo, na rua Álvaro Ramos. Mas,uma grande dificuldade para Lacerda consistiaem que a maior parte dos terrenos disponíveis noestado estava na mão dos Institutos dePrevidência, que não cediam, não vendiam, nãoalugavam, não arrendavam. Não faziam nada,assinala Lacerda, não construíam e nãodeixavam o estado construir. O segundo tema,abordado por Lacerda na conferência, era oproblema da sindicalização. Lacerda diz que osindicalismo não começou em 1930, como secostuma dizer. Fala que a tradição sindicalbrasileira era uma tradição do anarquismo comodoutrina de trabalhadores espanhóis, italianos,poloneses, húngaros, portugueses. Explica quecom a Revolução de 1930 começou ainstitucionalizar-se o sistema de sindicalizaçãode trabalhadores e igualmente se fez também asindicalização dos empregadores. Assinala queem 1934, quando foi convocada umaConstituinte, ao lado da representação políticapopular dos deputados constituintes eleitos pelopovo, aqueles sindicatos de empregados e deempregadores, criados no quintal do Ministériodo Trabalho, “feito frango de viveiro, semnenhum contato real com a massa trabalhadora,nem mesmo com a massa patronal”, aquelesprecursores dos atuais pelegos foram constituir,por eleição feita por 17, por 18 eleitores nasAssembleias sindicais, uma bancada profissionaldentro da Constituinte de 1934, em concorrênciae numericamente em vantagem com relação aosrepresentantes eleitos pelo povo em geral”.Enfatiza o governador que foi aí que se elegeude maneira indireta para presidente da Repúblicao ditador de então: através do voto sindicalcopiado rigorosamente do sistema fascista deMussolini. Voltou a ser crime, então, a ação dealguns trabalhadores como líderes sindicais. OMinistério do Trabalho passou a ser uma espéciede superpolícia, atuando nos sindicatos, pois apolícia podia e praticava violência contra ostrabalhadores nos sindicatos. O Ministérioanulava com uma simples portaria uma eleiçãosindical e no lugar das diretorias eleitas colocavainterventores nomeados pelo ministro doTrabalho. Lacerda considera que foi ali que sematou o começo do movimento sindicalautônomo e independente no Brasil. Acha que osindicato único era uma anomalia, que o Brasilera o único país supostamente democrático nomundo em que o trabalhador não tinha o direitode escolher o sindicato a que deveria ou queriapertencer. A fórmula que Lacerda iria adotar, sefosse eleito, era a seguinte: o sindicato era único

Page 87: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

em cada categoria, mas se os trabalhadores, pormaioria, decidissem fundar um outro sindicato,este receberia carta sindical e aquele perderia asua. Isso daria aos sindicatos a obrigação deservir realmente ao trabalhador, em vez de servirao governo ou ao partido do governo. Denunciaque o sindicato que se opunha ao governo nãorecebia o dinheiro do fundo sindical e morria àmingua, ou teria que exigir, implorar que osindicalizado pagasse duas vezes, através doimposto sindical e pagasse o sindicatoindependente, para que ele pudesse sobreviver.Para ele, havia dois meios de acabar com omonstro: um era matá-lo; e o outro era fazer-lheuma operação plástica. Lacerda acredita que osindicalismo no Brasil estava precisando dasegunda opção, que consistia em extirpar-lhe,em amputar-lhe o imposto sindical, em fazercom que o sindicato tivesse uma vida autêntica,para que ele pudesse ter uma vida autônoma.Lacerda discorre sobre a Justiça Eleitoral einforma que antes do seu advento o candidato deoposição ganhava nas urnas, mas perdia na horaem que havia o reconhecimento dos poderes, istoé, a maioria eleita julgava se a minoria tinha ounão direito de se considerar eleita. Conta que seupai foi vítima da degola na Câmara dosDeputados, que julgava se aquela eleição valiaou não. Para Lacerda, a instituição da JustiçaEleitoral foi, sem dúvida, uma conquista domovimento liberal de 1930. O fato de ela tomarconta das eleições foi o que começou a dar àsoposições a possibilidade de chegar ao governosem ser por meio de revolução. Carlos Lacerdapergunta: “Por que não fazer a mesma coisa coma eleição sindical?” E responde: “O sindicato éuma das formas através das quais a comunidadese organiza. Não deve, não pode e nem precisasubstituir o partido político, com a condição deque o partido político também não queira influirnem dominar o sindicato. O sindicato é umaforma de associação econômica na qual otrabalhador pleiteia a melhoria de suascondições.” Carlos Lacerda adianta: “A ideia dosindicato como um instrumento da luta declasses é uma ideia em grande parteultrapassada. A ideia do sindicato comoinstrumento de aperfeiçoamento profissional ede luta pela melhoria do padrão de vida dostrabalhadores é uma ideia justa e em grandeparte ainda não realizada no Brasil”. Propõe umaunião para libertar os sindicatos da tutela doMinistério do Trabalho, para dar aos sindicatossua plena e absoluta autonomia.

Faixa 1bEntrevista com Carlos Lacerda para o PovoMineiro.Carlos Lacerda, sem citar nomes, fala de umhomem honrado e bem intencionado que ele não

Page 88: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

sabia dizer porque se envolveu num governo quenão era honrado e nem bem intencionado.Resolveu tentar o que nenhum homem sozinhopodia tentar, que era combater a inflação. Diz eleque não havia como combater a inflação com oMinistério da Fazenda tendo contra si todos osoutros ministérios e o presidente da Repúblicade contrapeso. Acrescenta que se tratava de umexcelente financista, que não teve compreensãopolítica da gravidade do momento que o Brasilestava vivendo. Sobre a reforma agrária, elesalienta que não se queria fazer reforma agrárianenhuma. O que se queria, afirma ele, eradesorganizar a produção agrícola no Brasil.Explica que havia dois fatores – um natural eoutro feito pela mão humana – para afragmentação da propriedade agrícola: água e aestrada, respectivamente. A estrada, continua,valorizava a terra, pois facilitava o transporte,tornava viável ao latifundiário vender parcelasdo latifúndio, porque passava a ser negócio paraele vender as parcelas. A terra podia ser maisbem cultivada por causa do transporte, mas otransporte, nesse caso, em vez de ser umabenção, se transformava numa maldição. Fala daestupidez de um certo decreto que tinha a vercom a reforma agrária. Diz que o seu únicoresultado tinha sido a diminuição da produçãoagrícola, pois fez com que a terra fosseconcedida a quem ainda não tinha provado quepodia explorá-la. Segundo Lacerda, nesse caso,ao invés de produzir para todos, a terra ficavaretida por todos. Perguntam-lhe sobre o episódiodo extermínio de mendigos e ele retruca quefazia parte da técnica comunista pegar um fatoreal, atribuir-lhe origens e finalidades que nãoeram as reais e usar isso para destruir aquelesque podiam destruí-los. Assegura que o episódiodos mendigos foi um deles. Considera que oscomunistas viviam da técnica da propaganda, datal da denúncia que consistia em atribuir aogoverno de Lacerda o extermínio de mendigos.Ele se defende dizendo que, inclusive, quandosoube de um episódio de prática de violênciacontra um mendigo por policiais, estes sofreramas devidas punições. Acrescenta que taispoliciais não foram nomeados por ele, e sim pelopresidente Getúlio Vargas e pelo JuscelinoKubitscheck. Assinala que os mendigos daGuanabara eram tratados pela Secretaria deServiço Social, e crê que essa era justamente amelhor resposta à calúnia. Completacomunicando que, salvo engano, era seu oprimeiro governo do Brasil a elevar o ServiçoSocial à categoria de Secretaria de Estado, e elenão acredita que houvesse outro. Sobre omonopólio do estado sobre a Petrobras,declarado em lei, Lacerda diz que não discutia alei, ele a cumpria. Agora, ele entendia que aPetrobras fora criada para dar petróleo e não

Page 89: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

propaganda, que era tempo da Petrobras sermenor do que o Brasil, porque o Brasil, sim, eraintocável, a Petrobras não. “Ou ela dá petróleoou vai ser tocada, vai ser muito mexida”,enfatiza. Lacerda diz que, sendo eleito, tirariatodos os comunistas que lá estavam, não porraiva, mas pela simples razão de que oscomunistas entendiam que só quando elesestivessem no poder, só quando eles instituíssema ditadura do seu partido, era que poderiam darsolução aos problemas do Brasil. Lacerda afirmaque não era louco para deixar esses homensimpedirem que se desse outras soluções, paraque através do desespero o povo chegasse aadmitir uma ditadura comunista. Sobre aestrutura da Petrobras, Lacerda informa quetinha uma ideia para ela, contida num projeto dereorganização que já estava pronto, e quepermitiria a criação da Petrobras, dentro domonopólio do Estado, como empresaadministradora e com uma série de subsidiárias.Enfatiza que ficaria a Petrobras nacional,administrando, gerindo, beneficiando-se do lucroe redistribuindo o lucro, recebendo o lucro darefinaria, por exemplo, e pondo este lucro empesquisa e exploração; e uma Petrobrassubsidiária em cada área (uma na Bahia, uma emMato Grosso, uma em São Paulo, e assim pordiante). Carlos Lacerda diz que o grandecrescimento da Petrobras poderia ser prejudicialao país, que já estava grande demais para seruma empresa só. Perguntam-lhe se era a favor oucontra a nacionalização dos capitais estrangeirose porquê. Ele responde dizendo que o capitalestrangeiro era para uma nação sem capital, eque precisava dele para desenvolver-se,representava um bicho que cobra um certo‘salário’, na forma de royalties e dividendos, doserviço que prestava ao país em que aplicava odinheiro. Informa que a grandeza econômica dosEUA se devia ao capital estrangeiro. Ofortalecimento da Rússia também. Explica queno Brasil havia dois caminhos para industrializaro país: um caminho era o da inflação, isto é,obter o dinheiro aqui mesmo, imprimindo moedafalsa, mas consagrado pelo carimbo do governo.E o preço disto, avisa, era ‘aguar’ o salário dotrabalhador, a espoliação verdadeira querepresentaria tirar do salário o que o saláriovalia, para manter no salário apenas o que elenão podia valer, ou seja, pagar cada vez maispara que o trabalhador comprasse com essedinheiro cada vez menos. Entretanto, Lacerdasalienta que esta fórmula provou que não davacerto; e a outra fórmula seria buscar dinheiroonde ele estava. E onde ele estava? perguntaLacerda. Ele mesmo responde, dizendo queestava nos países que já tinham dinheiroacumulado e precisavam empregá-lo. Comentaque esta aplicação não podia ser indiscriminada,

Page 90: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

não podia entrar aqui qualquer capital para fazero que bem quisesse e mandasse como bementendesse, completa. Carlos Lacerda acha que aguerra ao capital estrangeiro no Brasil faziaparte do sistema de coação ao povo brasileiropelo medo, medo do capital estrangeiro, medodo imperialismo, medo do golpe, medo darevolução, medo da guerra civil, medo de tudo.E no medo e na insegurança, continua, ninguémconstrói coisa alguma. Lacerda diz quelevantava contra a bandeira do medo a bandeirada confiança e que não tinha medo de umgoverno honrado e nem de capital nenhum,viesse de onde viesse.Observação: Aos 00:34:46 uma voz aomicrofone informa que Carlos Lacerda nãopoderia prosseguir respondendo às perguntas porconta de um compromisso urgente em SãoPaulo, que era o de paraninfar uma turma deuniversitários. Antes de dar por encerrada aconferência, a pessoa, em nome dosuniversitários e secundários de Limeira, informaque gostaria de fazer uma pergunta aogovernador Carlos Lacerda. Eis a pergunta:Porque o governo federal criava faculdades enão instalava as faculdades em todo o interior eem todo o Brasil? Carlos Lacerda responde quedevia ser pela mesma razão pela qual ainda 52%dos brasileiros não tinham escola, 33 anosdepois de criado o Ministério da Educação. Falada mais absurda centralização, defendendo adescentralização, pois “o Brasil é umsubcontinente e ninguém governa umsubcontinente como quem governa umasubprefeitura”. Acredita que com adescentralização seria possível construir umademocracia, com o respeito às diversidadeschegava-se à unidade. Lacerda diz que os jovensdo Brasil tinham um grande desafio: “Ou usam aprópria cabeça para encontrar o caminho doBrasil e percorrê-lo juntos agora ou perderam acabeça antes de a terem usado”. Lacerdacomenta que combatia os slogans comunistasdisfarçados de nacionalistas. Acrescenta que nãoera a favor do nacionalismo, e sim dopatriotismo. Considera a nação uma entidade,uma ficção jurídica, uma categoria que passaria.O que não passava era a pátria, que era o queimportava. Enfatiza que o nacionalismo doscomunistas era o nacionalismo que convinha àRússia e não ao Brasil.

Faixa 2Continuação da Fita Anterior. Carlos Lacerdaem BHFala sobre reforma agrária, considerando oprojeto do governo profundamente imoral. Dizque Jango iria aperfeiçoar o sistema de fazerestrada em terra que ele queria tomar, e que ohomem do PTB que tivesse prestígio no palácio

Page 91: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

do Planalto – e nem todos tinham, pois erapreciso ser comunista para ter, segundo Lacerda-, este vai pedir ao presidente do partido que nãodeixasse que fizessem rodovias em sua terra,porque senão iria perdê-la. Conclui que ofazendeiro retrógrado, egoísta, atrasado, este iriamanter a terra; e o fazendeiro que dissesse “poisnão, entre como o seu trator e ponha aqui a suaestrada, eu tenho interesse nisso” iria perder aterra. Carlos Lacerda pergunta se haveria algumacoisa mais retrógrada e mais reacionária do queessa. E acrescenta dizendo que isso tinha sidofeito por um picareta, e não por um homem deestado. Perguntam a ele sobre o que achava danova reforma ministerial. Ele responde que nãoachava nada, e que quanto mais mudava, maisera a mesma coisa! Sobre o fato de Lacerda serconvidado para paraninfar turmas de formandosde várias regiões do país, fazem a ele umapergunta, se isso era ‘bossa nova’ de campanha.Ele responde que não, que diria que se tratava deum ‘aperitivo de campanha eleitoral’. Manifestater imensa satisfação em atender aos convites,porque considerava indispensável falar aosjovens, sondar a mentalidade e aferir ainteligência e o grau de preparo da juventude.Considera a juventude a melhor parte de nóstodos. “A melhor e a maior, pois no Brasil elessão a maioria”, salienta. Ele cita a frase“liberdade é expansão” dita pelo orador da turmade formandos de Direito da Faculdade Federalde Goiás, da qual ele foi paraninfo para falar daexpansão em estado de liberdade. Expansão nomundo físico, no mundo intelectual, no mundodas ideias. Liberdade é trabalho, asseguraLacerda. Sobre os comunistas, ele diz que elesreduziam o exercício da inteligência àmonotonia de uma ideia só, prendendo ainteligência no ‘cubículo da ideologia’. “Opetróleo é nosso”, “política independente”, esse‘chorrilho de imbecilidades’, de acordo com aspalavras de Lacerda, que fazia com que eles sejulgassem patriotas porque diziam uma asneiracom ênfase. Em mais ou menos 700 dias degoverno João Goulart, Lacerda denuncia quetinha havido 134 greves. Mais ou menos umagreve de 5 em 5 dias. Como quase todas elasforam feitas em autarquias, das quais o patrãoera o governo, de duas uma, assinala ele: ou ostrabalhadores das autarquias não estavamsatisfeitos com o governo, tanto assim quefaziam greve contra ele, ou era o governo quemandava seus empregados fazerem greve paradesorganizar o país. Então, continua, haviasupressão do trabalho também. Suprimindo isso,enfatiza, estavam suprimindo a expansão queestava ‘burrificando’ o país. Carlos Lacerdacomenta que: “A UNE é, sobretudo, uma‘catedral’ da burrice nacional!” Fala daimportância de se ter um governo democrático.

Page 92: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Ressalta que a democracia imprime e exprimeuma variedade de soluções, e que por contadisso não comporta uma ideologia, mas sim umadoutrina. E exige também um programa.Segundo ele, a ideologia aprisiona o homemdentro de formas pré-concebidas. Comparacapitalismo e socialismo, sendo o primeiropautado no lucro e na iniciativa privada (atécerto ponto), e o segundo na propriedadecoletiva dos meios de produção. Carlos Lacerdadiscorre sobre Karl Marx e o capitalismo, quefoi seu objeto de estudo. Ressalta que quandoMarx escreveu sobre o Capitalismo, este estavacomeçando na Inglaterra. Crianças de 11 e 12anos trabalhavam nos fundos da mina de carvão.Na Bélgica, a Sociedade Real de Medicina tinhaaprovado, então, um relatório dizendo que ascrianças de 9 e 10 anos que sobrevivessem, nofundo das minas de carvão, seriam excelenteprova da seleção das espécies. Lacerda assinalaque foi sobre o capitalismo da RevoluçãoIndustrial inglesa, da máquina a vapor, ocapitalismo em que nem a lâmpada elétrica tinhaaparecido, que Karl Marx tinha escrito umacrítica excelente e admirável, que ele quis depoistransformar numa profecia e de profecia numaciência, na qual muito ‘bocó’ acreditava ainda. Epergunta: “Onde ainda existe o capitalismo queconheceu Karl Marx?” E ele mesmo responde:“Nos EUA, onde a federação dos sindicatos dostrabalhadores tem tanto poder quanto àfederação ou mais? Onde se fazem contratos detrabalhos pelos quais a preocupação dossindicatos operários é apoiar os sindicatospatronais para evitar o desemprego? Ondeoperários e patrões se reúnem para discutir osproblemas que a automação, isto é, a máquina,vem trazer ao trabalho humano e como aplicar olazer que a máquina vai dar ao trabalho dohomem? Onde a maioria das grandes empresas épossuída realmente pela maioria do povo,através da compra de ações dessas empresas?Não é, positivamente não é, o capitalismo talqual descreveu e condenou Karl Marx...” Econclui: “Está se discutindo uma coisa que nãoexiste mais, conclui Lacerda”. E o Socialismo,onde é que ele existe? Pergunta Carlos Lacerda.Responde explicando que, ao seu ver, ele existiaem parte na Escandinávia (na Suécia, naDinamarca, na Noruega), países quecomportavam um certo grau de socialização. Elepergunta: “E no país em que foi feita a revoluçãosocialista, o que se vê?”. E ele mesmo responde:“vemos os meios de produção possuídos pelacoletividade? Isso é conversa, porque quempossui e controla esses meios de produção é umpartido único, que representa mais ou menos2,5% da população. O resto não tem participaçãonenhuma nesse negócio todo, sentenciaLacerda”. Afirma que não havia regime

Page 93: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

socialista na Rússia, e sim o controle brutal deum estado policial, de um partido únicoformando uma nova casta. Acrescenta quequarenta e tantos anos depois de haver umaditadura na Rússia, para melhorar a vida dostrabalhadores, os trabalhadores estavamcomendo trigo importado do país capitalista, istoé, dos EUA. Estavam bebendo vodka com álcoolimportado do país capitalista, dos EUA. Elepergunta: “Onde é que o operário tem melhorpadrão de vida e mais bem-estar?” A maioria dopovo americano está melhor que a minoria dopovo russo, salienta. Porque lá não existecapitalismo, e na Rússia não existe socialismo.Assegura Lacerda que, portanto, aqui no Brasildiscutia-se por duas coisas que não existiam emnenhum lugar do mundo. Fala da grandeza deSão Paulo e que ela não dependeu de reforma daestrutura. Atribui o crescimento do estado aotrabalho do homem, ao avanço tecnológico, àcontribuição trazida pelos imigrantes, além denordestinos, mineiros e dos próprios paulistas.Outros fatores, exemplifica, foram a boa terraroxa, as estradas de ferro, escolas, como, porexemplo, a Escola Agrícola de Piracicaba.Comenta Lacerda que a estrutura agrária emquestão, carente de melhorias e de modificações,era ainda a que respondia por todo odesenvolvimento industrial brasileiro. Em que sebaseia a economia do Brasil, pergunta ele, logorespondendo: “na exportação de jipes? Naexportação de automóveis? Não! A economiabrasileira se baseia em dois produtos agrícolaspor excelência, o café e o cacau”. Ele lança umdesafio ao perguntar: “O que poderia exportar oBrasil, se parasse de exportar café e cacau?”.Assegura que os comunistas queriam destruiruma coisa existente para por em seu lugar coisaalguma. Exemplifica: o Brasil tinha uma dasmaiores costas marítimas do mundo, o que ofaria ser a maior ou a segunda maior naçãomarítima da Terra, com seu próprio comérciointerno. Mas, acrescenta, os comunistas, e seusclientes no governo, transformaram o transportemarítimo em atividade gravosa, isto é,antieconômica. Do porto baiano de Ilhéus – oporto cacaueiro – ao porto de Santos, o cacaupagava mais para ser transportado do que doporto baiano de Ilhéus até Nova Iorque, ida evolta. Lacerda pergunta: “É possível usartransportes marítimos nessas condições?”Conclui que isso demonstrava o caráterantieconômico do transporte marítimo, pois ogoverno da União tinha aumentado grandementeos fretes e os encargos. Já o transporteferroviário, enfatiza, era objeto de autarquiacontrolado pelo governo federal e tambémtornou-se antieconômico. Restava o transporteaeroviário, que respondia com uma pequenaparcela de transporte de mercadorias, e o

Page 94: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

rodoviário, sobrecarregado, e pagando divisapara transportar. Para Lacerda, quando otransporte marítimo se tornava antieconômico,assim como o ferroviário, enquanto o rodoviáriose tornava altamente oneroso em relação àsmatérias-primas e ao nível de mercadorias, seriamuito fácil dizer porque não aumentava aprodução agrícola no Brasil. E pergunta: “Comopode a produção agrícola aumentar, se ela nãopode ser transportada? De que adianta plantarmilho, couve ou feijão e ver apodrecer na beirada estrada por falta de transporte, ou porquehavendo transporte ele é caro demais e amercadoria não compensa?” Carlos Lacerdaavisa que o que estava precisando era mudar ogoverno e não a estrutura, porque ela ia bem,direitinho, evoluindo constantemente à medidaem que a revolução tecnológica penetrava noBrasil. E finaliza: “O trator contribui muito maispara mudar a estrutura do que o doutor LeonelBrizola, que parece um trator, mas não é!”Argumenta que não se fazia reforma agrária comdiscursos, com gritos no rádio e na televisão. Sefazia pegando o trabalhador agrícola e dando-lheeducação, saúde, crédito e capacitaçãoprofissional; pegando o jovem das cidades dointerior e dando-lhe oportunidade de ser uminstrutor de capacitação profissional dotrabalhador agrícola. Perguntam a ele sobre asucessão presidencial de 1965 e sobre suadisputa interna, na UDN, com Magalhães Pinto.Ele retruca que achava a situação do Brasilmuito grave para transformar o problema dasucessão presidencial numa questão decompetições pessoais, numa querela derivalidades, etc. Sobre a escolha do candidato daUDN, ele acha que o partido já deveria tertomado uma posição a respeito da escolha.Entende que se a UDN tivesse duas ou maiscandidaturas, a que fosse vitoriosa deveria ter oapoio das outras. Ele não vê desonra nisso. Eleanuncia que pediria com humildade os votos doscidadãos brasileiros, um a um. Explica que seconsiderava apto e capaz para tal e entende queninguém poderia aspirar a ser presidente daRepública se não fosse capaz. Diz que não sedeixava levar por intrigas, por provocações, enão havia de ser uma notícia de jornalchamando-o para briga que o faria brigar. Dizque só tinha um inimigo, que era o inimigo doBrasil (numa referência indireta ao Comunismo).Lacerda, então, se despede do povo mineiro,dizendo que desejava que em 1964 o Brasilganhasse tempo para entrar 1965 em relativapaz, para que então, no dia 03 de outubro, com ovoto nas urnas, pudesse se livrar do que elechamava de pesadelo.Observação: O discurso de Lacerda termina aos00:54:33; a fita fica muda por 6 segundos edepois entra outro áudio, cujas informações

Page 95: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

agora seguem.Retorno ao Assunto da Fita 1aConferência Proferida no Cine Vitória emLimeira, São PauloO vereador Antônio Felix dirige então a palavraao governador Carlos Lacerda. Saúda ogovernador, apontando-o como o futuropresidente da República, o que arranca aplausosdos presentes. Diz que a cidade de Limeira tinhaa honra de recebê-lo como filho e salienta agrande oportunidade que estavam tendo, naqueleinstante, de mudar o país, aqueles queacreditavam numa solução cristã e democráticapara os problemas do Brasil. O vereadormenciona que não estava saudando apenas umcandidato, mas “um homem que representa todoum sentir, toda mágoa, angústia, revolta do povobrasileiro, que já não tem mais a quem apoiar”.O vereador prossegue dizendo que o povobrasileiro via em Lacerda todas as virtudes deum povo extraordinário. Destaca que elerepresentava os anseios da mocidade brasileira,todo o vigor e toda a esperança no futuro,despertando o patriotismo da mocidade.Acrescenta que para redimir a nação nãoprecisava muita coisa. Bastava trabalho honestoe desprendimento. Bastava vontade de servir.Era preciso, também, chicotear osaproveitadores da boa fé do povo humilde queera o brasileiro. Ressalta que Carlos Lacerdareceberia do presidente da Câmara Municipal deLimeira o título de cidadão de Limeira, e que acidade sentir-se-ia orgulhosa de seu novo filho eacompanharia a sua trajetória. Assegura que oBrasil estava necessitado de homens comoCarlos Lacerda. E eis que uma voz anuncia: “ACâmara Municipal de Limeira, de acordo com aResolução 33, confere ao governador CarlosLacerda, pelos relevantes serviços prestados àpátria, o título de cidadão limeirense”.Observação: Aos 01:09:45 a fita sofre um corteno áudio e entra uma outra pessoa falando emnome da Assembleia de Analândia, que resolveuconceder a Carlos Lacerda o título de cidadãoanalandense. Fala que a Câmara fez justiça emreconhecer o grandioso trabalho de Lacerdacomo governador da Guanabara e como grandebrasileiro que vinha estimulando a mocidade.Com a palavra, Carlos Lacerda, que agradece otítulo recebido. Diz que nunca se acostumariacom honrarias, mas sentia-se reconhecido noretrato que o seu amigo Perez tinha traçado,ilustre colega da Casa. Assinala que se sentiareconhecido nas palavras generosas de quemfazia a entrega do título da Câmara deAnalândia, ou seja, o presidente da Casa. Elesublinha duas ocorrências: a admirável prova decivilização política dada pelos partidos em suasrespectivas Câmaras, o que o fazia afirmar quejá existia no Brasil clima para a convivência

Page 96: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

democrática; e o fato de que era, sim, candidatoà Presidência da República. Ele fala sobre suasideias de como o Brasil deveria ser governado.Comenta que passou anos de sua vida públicafazendo oposição e denunciando o modo como oBrasil não deveria ser governado. Assegura queseu governo na Guanabara tinha se tornadoreferência para o governo do Brasil. Enaltecesuas realizações na Guanabara, principalmenteos programas de saneamento básico, habitação,saúde e educação. Salienta que tudo isso nãoviria a ser, se não tivesse um sentido social, deprogresso e justiça social autênticos. Conta quetudo foi planejado e sendo executado seguindouma rigorosa ordem de prioridade, fazendoprimeiro o que primeiro precisava ser feito.Explica que as dificuldades eram imensas, entreelas a inflação.

Faixa 3Continuação da Fita 1a.Conferência Proferida no Cine Vitória emLimeira, São PauloCarlos Lacerda fala em devolver ao trabalhadordas favelas o sentimento da sua importância e acompreensão do respeito que se tinha pela suadignidade. Diz ele que não distribuía nada aninguém, nem tinha inaugurado placa com o seunome e nem escola alguma recebeu o nome desua mãe ou de sua mulher. Discorre sobre oNordeste e a Amazônia, que ele considera ser‘brasileira de teimosa’, porque já foi esquecidahavia muito tempo pelos brasileiros. Ele fala desuas andanças pelo Brasil, e que, porconhecimento, aqui havia um movimento dedesagregação, um esforço de dilaceração dosbrasileiros. Ele defende São Paulo, porconsiderá-lo vítima do ressentimento de outrosestados da federação. E pergunta que culpa temSão Paulo por haver progredido e contribuídopara o crescimento do país? Assegura que tinhaorgulho do que tinha sido feito em São Paulo.Considera a força do trabalho do homem ‘amáquina das máquinas’. Aquela máquina que separar, tudo pára. Fala também da greve como uminstrumento político contra os trabalhadores, aoinvés de ser uma arma legítima e respeitável dotrabalhador dentro da lei, o último de seusrecursos para satisfação de suas reivindicações.Lacerda menciona a antecipação do debate dasucessão presidencial, dizendo que esta não erauma criação artificiosa de políticos, ao contrário,muitos deles, se pudessem, abordariam a questãodas eleições, da campanha eleitoral de 1965. Eleacrescenta que era o povo que estava procurandono debate sobre a sucessão presidencial fazeraquilo que se costumava dizer, enganar a fome,‘fazer uma boquinha’, isto é, enganar suaansiedade alimentando sua esperança. Afirmaque se falava em 1965 por todos os lados, em

Page 97: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

todas as fábricas, em todas as lavouras, em todasas escolas do Brasil, que o povo mal se continhacom a expectativa da mudança. Discorre sobre anecessidade de se lutar contra a desordem, pois adesordem levava à tirania e nunca à liberdade.Afirma que o povo não queria perder a sualiberdade e que não era daqueles que faziam dopessimismo uma profissão de fé. Também nãoera daqueles que faziam do otimismo umafilosofia de enganar os trouxas. Tampouco eradaqueles que pretendiam fazer cidades novasantes de refazer as antigas. Comenta queencontrou em cacos, em frangalhos, aquela queera então a maior cidade do Brasil e, semdúvida, orgulho de todos os brasileiros, e quesabia bem o que representava inverter emcidades inventadas o dinheiro que faltava para ascidades feitas com o suor e o amor dos homens.Ele pergunta: “Por que haveríamos de inventarcidades se temos tantas cidades a refazer e acompletar? Entende ele ser indispensável oprograma de enérgica descentralizaçãoadministrativa do Brasil. Menciona que cabia aoGoverno da União planejar a sua atuaçãorecebendo os elementos do plano vindos debaixo para cima. Acrescenta que essadescentralização era a pedra angular de umprograma de expansão e de desenvolvimentonacional autêntico. A ideia de um governohonrado era para Carlos Lacerda moralmentecerta e politicamente esperta. Enfatiza que ogoverno da Guanabara era um exemplo degoverno honesto e ressalva que nas mãos degoverno honesto o dinheiro do povo ‘esticava’, ena mão do governo desonesto o que ele fazia,encolhia E conclui que na Guanabara eleconseguiu juntar a ideia à ação; converter osprincípios em obras e serviços; dar este exemplode como sendo fiel a princípios podia-se ser fielao sentimento de urgência de levar princípios atransformarem-se em escolas e hospitais. Eleexplica que sua proposta para o Brasil erajustamente unir o princípio à ação.

Faixa 4Observação: é a mesma gravação da fita-rolo 31,faixa 2.Carlos Lacerda em BH

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.032

1. AssuntoDiscurso de Carlos Lacerda emOsasco, SP

2. Temas

21. Faixa 1Cidadão de Osasco, fábrica decivismo, Ministério do Trabalho,comunismo, ladrões da

F1: 48:45min F1: 20/03/1964 Fita 32Discurso de Carlos Lacerda em OsascoUma pessoa falando: “Viva o Brasil, viva ademocracia, viva Carlos Lacerda...” E entãoCarlos Lacerda começa a falar. Agradece aovereador Alfredo Thomaz pela autoria do projetoque lhe concede o título de cidadão de Osasco, ea outros vereadores, ao prefeito e ao vice-prefeito, aos deputados federais e estaduaispresentes. Fala de Osasco, comparando-a com aGuanabara em extensão territorial, densidadedemográfica, solidez industrial. Considera a

Page 98: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Previdência Social, liberdadesindical, pelego, minifúndio,latifúndio, reforma agrária, açõesde governo, esquerda, direita,Darcy Ribeiro

cidade a síntese do trabalho e do progresso deSão Paulo. Vê a união de deputados de váriospartidos, de diversa condição e opinião variadaem torno de uma decisão: a de entregar a umhomem público, a um repórter emprestado àpolítica, a honra de fazê-lo cidadão daquelafábrica de civismo que era Osasco. Sobre odiploma recebido, diz ser mais um pacto, maisum compromisso do que uma recompensa.Afirma que era como se quisesse significar queestavam juntos, Carlos Lacerda e Osasco. Eleconsidera que existia outra forma de fazerfábricas e produzir: “é a forma da chibata, dochicote, da escravidão e da insegurança noturna.É a forma pela qual cada instrumento doprogresso é regada pela lágrima muito mais doque pelo suor do trabalhador”, completaLacerda. Para ele existia outra forma também: “ade armar a nação contra si mesma e depois dedestruir a liberdade dos cidadãos dentro dela,sair pelo mundo afora conspirando, mentindo,intrigando, caluniando, odiando, para destruirem cada nação a semente da esperança e o frutoda liberdade”. Carlos Lacerda fala mal doComunismo. Adverte aos trabalhadores deOsasco para que eles não “caiam vítimas damentira com que se pretende embrulhá-los, paraque eles não pereçam vítimas da calúnia comque se pretende intrigá-los”. Assegura que nãohavia no país força capaz de separá-lo dostrabalhadores. Acrescenta que os trabalhadorestinham sido mantidos escravizados ao Ministériodo Trabalho e aos ‘ladrões da PrevidênciaSocial’ por uma intriga e que ele vinha dizer aostrabalhadores de Osasco, de São Paulo, doBrasil, que tinham uma causa juntos, a propagare a sustentar: “a causa da liberdade sindical, acausa que consiste em dar ao trabalhador, em seusindicato, a possibilidade de votar em liberdade,sem ter que dar satisfação ao criado do patrãoque é o pelego”. Ele declara guerra ao pelego edecreta ‘o novo 13 de maio do trabalhador’. Dizque vinha radicalizar a luta contra ele, pedir aotrabalhador que aponte seus líderes autênticospara com eles subir ao poder, para exercê-lojunto com eles. Pede também a ajuda dotrabalhador para promover a revolução pacífica,a reforma democrática do Brasil, a revoluçãogenuinamente brasileira, da diversidade, da livree orgânica divergência, do debate das ideias, nãoa revolução do diálogo ou do monólogo, massim a revolução do coro. Fala da dignidade dotrabalhador e do devido tratamento que deveriareceber do governo. Ele conta que vinha proporuma reforma agrária que consistia,fundamentalmente, em “aumentar aprodutividade de cada trabalhador da agricultura,para que ele possa ganhar um salário melhor,para que ele possa dar mais conforto à suafamília e para que possa, afinal, com o que

Page 99: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

ganhar, chegar a obter um pedaço da terra quechame de seu...” Sua proposta de reforma agráriatambém consistia em industrializar a agricultura,sair do artesanato agrícola como se saiu doartesanato para o parque industrial de Osasco.Acrescenta que não se alimentaria milhões detrabalhadores urbanos com uma horta no fundodo quintal. O que se precisava, então, era defábricas de produzir alimentos e matérias-primas. Ele lê o trecho contido na pagina 141 doPlano Trienal, que diz que para que umapropriedade agrícola fosse considerada rentávelno Brasil deveria ter o mínimo de 50 hectares e,no máximo, 10 mil hectares. Para baixo eraminifúndio e para cima era latifúndio. E, pelorecenseamento de 1950, quase 70% daspropriedades agrícolas no Brasil tinham menosde 50 hectares e 1,1% tinham mais de 10 milhectares. Ele, então, conclui que o maiorproblema da propriedade rural não era olatifúndio e sim o minifúndio. Ele pergunta sealguma nação progrediu eliminando a liberdadede iniciativa, se não eliminando ao mesmotempo todas as demais liberdades do povo.Assegura que a liberdade de criar riqueza era tãoimportante quanto a liberdade de falar nela. Denada adiantaria poder votar e não podertrabalhar, poder falar e não poder fazer. Assinalaque recebia o diploma, pois sabia que ele nãoestava sendo dado a um ‘papagaio’, sabia queele não estava sendo dado a um vociferador,mas que estava sendo dado a quem fazia escolastodo dia; a quem encontrou 138 mil metrosquadrados de hospitais em 400 anos e estava em5 anos construindo 132 mil; a quem encontrouuma cidade despedaçada, desesperançada,desiludida, desencantada, abandonada, umacidade que se esvaziava, de onde as indústriasfugiam e que então poderia dizer aos paulistas,com uma ponta de orgulho fraternal, poderiatrazer aos paulistas a fria estatística daconjuntura econômica da Fundação GetúlioVargas. Passado o ano de 1963 ele fala que pelaprimeira vez a soma de investimentos naindústria e na expansão daquelas já existentestinha ultrapassado a soma dos investimentos nomesmo ano feitos em São Paulo e em MinasGerais. Ao longo de seu discurso, Lacerda falada necessidade de lutar contra o conformismocomunista, implantando a democracia social noBrasil, deixando aquela estrutura anacrônica, doséculo XIX, para trás. Considera que era esse odesafio, o admirável desafio. Pergunta comoprepararíamos a estrutura econômico-social, aescola e a oficina no Brasil. Destaca queesquerda e direita eram palavras tolas, que adireita tinha morrido no subterrâneo de Berlim,com Hitler, e a esquerda ainda não tinha morridoporque estava matando o mundo de impostura,de medo, de coação e de terror. Acredita que o

Page 100: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

que se queria era assustar a inteligênciabrasileira, coagir o trabalhador brasileiro,amedrontar o estudante brasileiro. Conclui quenão queria jovens ‘embezerrados’,emburrecidos, feitos à imagem e semelhança doSr. Darcy Ribeiro. Assegura que não queriacatedráticos sem concurso, nem reitores deuniversidades que nunca foram professores, quenão queria provocadores transformados emsociólogos, nem cretinos disfarçados deeconomistas.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.033

1. AssuntoGovernador Carlos Lacerda naCâmara Municipal de Marília, SP

2. Temas

21. Faixa 1Soluções para a conjunturanacional, justiça social, liberdade,autoridade, plebiscito, eleições,comunistas, reformas, revolução,economia agrícola norte-americana, reforma agrária naRússia, nos Estados Unidos e noBrasil, minifúndio, latifúndio

F1:47:42min [1963] Faixa 1Carlos Lacerda anuncia os presentes: o prefeito eo vice-prefeito de Marília, o MonsenhorMagella, representante do bispo de Marília,Antônio Carlos, juiz de Direito, o delegadoWalter de Castro, Roberto Abraão Sodré,presidente da UDN de São Paulo, e outros, alémdas senhoras e dos senhores presentes. Mencionaque foi com grande honra e reconhecimento querecebeu notícias da proposta feita pelo honradorepresentante [Nagib Khoury] e aprovada pelagenerosidade e espírito público dos senhoresvereadores de Marília, para que, perante àCâmara, o governador comparecesse a fim deexpor ideias, analisar problemas e, quem sabe,sugerir soluções para a conjuntura nacional.Acha que aquele era um momento propício, poisnão falava somente para seus companheirosudenistas, e sim para todos os partidos, entreesses, o PSP – Partido Social Progressista, –enfatizado por Carlos Lacerda - e cujo chefe, ogovernador de São Paulo, segundo ele, naquelemomento se conduzia à altura dasresponsabilidades de quem tinha a honra degovernar tão grande povo. Carlos Lacerdachama a atenção para que não fosse reproduzidoali o fenômeno de nações que perderam sualiberdade achando que estavam conquistando aliberdade, que implantaram a injustiça pensandoque conquistavam a justiça social para todos.Afirma que estavam num tempo em que sepromovia a injustiça em nome da justiça, em quese fazia a guerra em nome da paz, em que sedestruía a liberdade, fingindo que se era a favordela. Considera ser aquele o tempo dedesmascarar os impostores, de obrigar osindefinidos a definirem-se e que se eles não sedefinissem, deveria-se definir pelos indefinidos.Acredita ser aquele o tempo em que ninguémpoderia ser bom moço, porque a pátria nãoprecisava de bons moços para salvar-se,precisava, sim, de bons cidadãos. Acha que opaís estava em perigo e que estava dizendo issopara salvar o país. Considera que tinham tudopara salvar o Brasil: um povo bom, paciente egeneroso, um povo que amava, acima de tudo, aliberdade, mas não desprezava – antes estimavae queria – a autoridade, mas a autoridadelegítima, que decorria da vontade soberana de

Page 101: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

um povo líder. Carlos Lacerda menciona que operigo estava em quando se queria substituireleições, com todas as suas imperfeições, porplebiscitos, que eram a forma totalitária de fingirdemocracia. Ele acrescenta: “Plebiscito fezHitler; plebiscito faz todo dia, na rua, FidelCastro”. Comenta que sua missão em Marília eramostrar publicamente o valor da multiplicaçãodo trabalho pela liberdade. E diz: “multiplicaitrabalho com liberdade de iniciativa e oresultado é Marília”. Salienta que de Maríliadeveria se irradiar pelo Brasil o exemplo deliberdade, de criar riqueza com o plantio doscafezais e algodoais. Assinala que sempre quequando um político, em qualquer lugar doBrasil, se manifestava a favor das reformas, masnão apontava quais e nem como fazê-las, estavana realidade ajudando aqueles que sabiam para oque as queriam, porque não queriam reformas, esim revolução. Acrescenta que chamar oscomunistas para ajudar em reformas seria omesmo que mostrar que não se acreditava nelas.Segundo Carlos Lacerda, em seupronunciamento, os comunistas acreditavam quesó poderiam resolver os problemas do Brasilquando estivessem sozinhos no poder e os outrosno paredão e na cadeia. Lacerda analisa o ladodos capitalistas, o lado dos Estados Unidos daAmérica do Norte, e conta que eles tinhamproduzido, em 1959, vinte e cinco vezes o seuconsumo de trigo e que tinham exportado, nosúltimos anos, trigo para o mundo inteiro, e noano então corrente, tinham exportado trigo paraa Ucrânia, para a Rússia. Ele salienta: “Se orusso come pão é por causa do trabalhadoragrícola americano, que além de produzir trigopara si e vender trigo para quem tem dinheiropara comprar, exportou sob a forma de créditos alongo prazo, ou doações, quase tanto trigoquanto consumiu”. Ele exalta a reforma agráriaamericana. Ao longo dos anos, indica Lacerda,caiu pela metade a população do campo nosEUA, recuando de cerca de 13 milhões para 7milhões, e, no entanto, a produção agrícolanorte-americana tinha dobrado. Levanta umdado que indica que, na década de 1960, umtrabalhador agrícola norte-americano produziacomida para 20 ou 25 pessoas. Segundo estudos,no século XXI, um trabalhador agrícola poderiaproduzir comida para 70, 80 ou 90 pessoas.Enquanto isso, no país em que a propriedadefora abolida em nome da extensão dapropriedade a todos, para Lacerda, o que se fez,na realidade, foi negar a todos aquilo que algunstinham e outros não. Comparando com ojaponês, Lacerda diz que, salvo exceções, esteera preparado a vida toda para o trabalhoagrícola, instruído para conhecer a terra e o queaquela terra poderia produzir. Enquanto que otrabalhador brasileiro era totalmente

Page 102: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

abandonado. Ele protesta contra esse abandono.Sobre o que acontecia na Rússia, ele ressalta que3% da área cultivada desse país estava ainda nasmãos de proprietários particulares. E esses 3%produziam metade do que o povo russo estavacomendo. Então, se beneficiam do capitalismoamericano, importando trigo do trabalhador livrenorte-americano. Ele propõe: menos genteproduzindo mais e não mais gente produzindomenos; industrializar a agricultura, ao invés de aconverter num artesanato. E afirma: “A boasemente, a que germina, é muito maisimportante para a reforma agrária do que todosos discursos do senhor Leonel Brizola”. Lacerdalevanta um dado: em 1920, nos Estados Unidos,havia 67 mil fazendas, com mais de 1000 acres;30 anos depois, 131 mil fazendas, com mais de1000 acres. Isso permitiu, segundo ele, menosgente produzindo muito mais e foi produto daliberdade multiplicada pelo trabalho. Elepergunta o que acontecia no Brasil, enquantoisso, fora da demagogia. Critica o Plano Trienalpara a agricultura. Das propriedades agrícolas noBrasil, comenta Lacerda, 70 e poucos por centotinham menos do que 50 hectares e 1,1% tinhammais do que 10 mil hectares. Assinala que se oPlano Trienal afirmava que as propriedades paraserem rentáveis, para serem economicamenteaproveitadas, deveriam ter nunca menos do que50 e nunca mais do que 10 mil hectares, eleconclui, então, que o grande problema do Brasilera o minifúndio, pois mais de 70% eramminifúndios, apenas um pouco mais de 1%eram latifúndios. Carlos Lacerda afirma: “Quemqueira tomar a sério uma reforma agráriaautêntica, tem que desmascarar a impostura queconsiste em por todo o dinheiro, todo o esforço,toda a propaganda, toda a agitação, toda arevolta, toda a supressão sobre um latifúndio quenão conta e esquecer o minifúndio, que este sim,seria inquietador”. Do ponto de vista econômico,assegura ele, uma reforma agrária só pode serútil, e o seria, na medida em que viesse a atingirum só e principal objetivo: “aumentar aprodutividade do trabalhador agrícola, isto é,aumentar a sua capacidade de produzir mais,com o mesmo esforço que agora produz menos,para que ele possa ganhar mais, com o mesmoesforço em que agora ganha menos”. SegundoCarlos Lacerda, interessava à nação que seaumentasse o número de proprietários agrícolascomprometidos com a liberdade, dispostos aenfrentar os abusos e desmandos dos governosquando deles não precisassem para viver. E issosó seria realizado na medida em que apropriedade fosse respeitada, protegida eprestigiada. Ele fala de velhice na estruturaagrária brasileira por conta do abandono e daexploração vil por parte dos governos. Cita oepisódio em que Miguel Arraes foi à televisão,

Page 103: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

em São Paulo, e disse que considerava SãoPaulo o estado mais espoliado do Brasil. CarlosLacerda acrescenta que tal declaração fazia logoocorrer à lembrança de qualquer pessoa oseguinte raciocínio: “se o mais espoliado é o queestá melhor, viva a espoliação!”

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.034

1. Assunto

1.1 Faixa 1Entrevista na TV Excelsior

1.2 Faixa 2Carlos Lacerda Fala sobreReforma Agrária

1.3 Faixa 2Entrevista com o DeputadoArmando Falcão no Programa deArnaldo Lacombe

2. Temas

21. Faixa 1Inauguração do parque Lage,quadrilha de O Globo, fúriaespeculadora, parque Ari Barroso,casas populares, COPEG,financiamento, “Revolução”contraditória e tartamuda, ForçasArmadas, eleições, comunismocorrupto, uso da máquinaadministrativa, candidatura,comunização do país

2.2 Faixa 2Plano habitacional, estatuto daterra, “coronel Brizola”, reformaagrária

2.3 Faixa 3Entrevista com o DeputadoArmando Falcão no Programa deArnaldo Lacombe.Comunistas, poder, Costa e Silva,vigência do Ato Institucional nº 7,espontaneidade

F1:33:13minF2:03:29min

F1: [1964/1965]F2: [1964/1965]

Faixa 1Carlos Lacerda, Governador do Estado daGuanabara, Falando na TV Excelsior, Fora daCampanha EleitoralDiz que seu intuito era informar ao povo edefender o governo. Coloca à disposição dajustiça eleitoral todas as forças de segurança e depolícia do estado da Guanabara. Convida o povopara a inauguração do antigo parque Lage, nodia seguinte ao esse pronunciamento. Anunciaque a partir da solenidade ele se chamaria‘Parque do Povo Carioca’, aberto ao povo, àscrianças, à juventude... Comenta que o governodo estado tinha salvado o parque da ‘fúriaespeculadora’ do Roberto Marinho e da‘quadrilha’ de O Globo. Fala também dainauguração do Parque Ari Barroso, na Penha,convidando a todos. Convida também osmoradores das vilas populares que estavamsendo construídas e informa que a COPEG(Companhia Progresso do Estado da Guanabara)entraria num plano inteiramente novo definanciamento para antigos favelados moradoresdas vilas populares (Vila Esperança, NovaHolanda, Vila da Cidade de Deus, Vila Aliança eVila Kennedy). O intuito era destinar 200milhões de cruzeiros para os antigos favelados,para que eles financiassem pequenos negócios(lojas, oficinas, ateliês, etc), tornando-se patrõesde si mesmos, adaptando-se a novas e melhorescondições de vida. Ele diz que essas eram as trêsgrandes inaugurações do dia seguinte. Ele cita,ainda, o caso de Santa Cruz, que começava entãoa se industrializar, absorvendo toda a mão deobra com melhores salários e com numerososempregos, o que fazia da Guanabara o sócio deSão Paulo na construção industrial e vidaeconômica do Brasil. Sobre O Globo, ele cita osinsultos que o governo sofria deste jornal,considerado por ele como uma caricatura daUltima Hora, uma espécie de ‘suplementoinfantil’ deste. Ele pede, depois, atenção dosservidores do estado, para que o ouvissem, e dossecretários de estado para uma ordem a serformalizada na segunda-feira seguinte, em atooficial, mas desde então anunciada, de forma atranqüilizar a população e levar mais umacolaboração do governo do estado da Guanabaraao estrito cumprimento da lei eleitoral e aorespeito devido à sua justiça. Carlos Lacerdadizia ter tido o maior cuidado, nos dias queprecederam à eleição, em evitar que a máquinaadministrativa do estado fosse usada em favor deum candidato, como também em evitar que

Page 104: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

dentro dela os adeptos de outras candidaturasusassem, contra esse candidato, a própriamáquina estatal. O governador diz que nãoqueria problemas e nem dificultar candidatonenhum. E acrescenta que, a partir do diaseguinte ao seu pronunciamento até o dia daeleição, nenhuma medida de políciaadministrativa, tais como multas de trânsito,multas no comércio, autos de infração, poderiaser lavrada sem a autorização pessoal dele. Nemcontra, nem a favor. Ninguém estava autorizadoa aplicar multa nesse período. Alerta ele paramanobras de água em lugares em que ela aindaera escassa. E conclui: “estamos conversados!”Ainda diz que desejaria aproveitar o temporestante para falar de uma situação que estavatomando, para ele, ares de escândalo. Diz eleque o governo do estado e seu governador eramacusados exatamente pelos crimes e errospraticados pelos acusadores. Ele menciona quehouve, sim, uma “Revolução” no Brasil, emboraisso fosse ignorado por certos movimentospolíticos. Ele alerta que o presidente tinhadeclarado, o ministro da Guerra tinha reafirmadocategoricamente que a corrupção e o comunismonão voltariam ao poder. Comenta que o povoobteve das Forças Armadas, que prontamentecompreenderam a conveniência de dar-lhe odireito que elas nunca lhe quiseram arrebatar,que era o de escolher o seu governo por eleiçãodireta. Argumenta que o não retorno docomunismo e da corrupção ao poder era umaquestão de sobrevivência da democracia. Eledenuncia a panfletagem de políticos e suaparentela que eram comunistas corruptos queintentavam voltar ao poder. Ele se pergunta deque tinha adiantado a cassação de direitospolíticos com a “Revolução”. Ele comenta que OGlobo saiu nos calcanhares do governo ganindo,“que é tudo o que o Sr. Roberto Marinho é capazde fazer em matéria de literatura jornalística –ganir, com a acusação de que o governo estáquerendo virar a mesa”. Carlos Lacerda mandaum recado a Roberto Marinho dizendo que eraele que estava querendo virar a mesa. Adverte aoeleitor para não esquecer que “há um ano e oitomeses passados ele levava vela e fósforo paracasa, pois não sabia se a luz de sua casa derepente não se ia extinguir e se às escuras elenão teria de atirar no seu irmão, pensando queera o inimigo, ou abraçar o seu inimigo,pensando que era o seu irmão”. Ele denunciaque a “Revolução” tinha aumentado o preço daspassagens da Central no mês da eleição “eproclamou a necessidade de ser impopular e, aomesmo tempo, convocou uma coisa chamadaeleição, cuja característica é a popularidade, cujacondição é ser popular”. Por essa medida, definea “Revolução” como contraditória e tartamuda.Mas, reconhece que ela era irreversível, não

Page 105: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

daria marcha a ré. Assinala que não oentusiasmava ver o país devolvido à situação denó cego em que se encontrava e nem o atraía,enquanto candidato à Presidência da Repúblicapela eleição direta do ano seguinte, “que pelocaminho se destrua essa possibilidade, se nãofosse pela razão mais nobre do serviço ao país,do interesse nacional e democrático, até pelarazão egoística de uma mera ambição pessoal depolítico carreirista”. Por todas as razões, da maisnobre à mais mesquinha, ele afirma desejar quenão se perturbasse a ordem natural das coisas. E,adianta, a ordem natural era que a “Revolução”não fosse destruída pela eleição. Ele comentaque temia uma nova “comunização” do país.Como ele mesmo define e assegura, não era avitória de A ou de B que o inquietava. Conta queo que o perturbava e realmente o preocupava,fazendo-o ser leviano em não levar ao povo estapreocupação, era ver como claramente ecinicamente, justificando-se e até criando-seteorias, fazia-se a preparação para a volta aopoder através da demagogia e da corrupção daaliança entre comunistas e corruptos. Consideraque ninguém poderia querer o que antes havia emenciona não saber qual era o pior ladrão: seera aquele que roubava o dinheiro do povo, ouaquele que roubava a sua esperança. Ele chama anação à prevenção e para votar em liberdade ehonestamente pela liberdade e pela honestidade.Um voto de trabalhadores pelo trabalho. Ele dizque ao ser eleito governador da Guanabaraencontrou o Rio de Janeiro vivendo do barato dojogo, com cassinos abertos pela cidade inteira,explorando os turistas. Denuncia as injuriassofridas por ele, então candidato à Presidênciada República.

Faixa 2Carlos Lacerda Fala sobre Reforma AgráriaCarlos Lacerda fala do plano habitacionalelaborado por técnicos e financiado por fontesfinanceiras e econômicas, que em brevecomeçaria a produzir seus efeitos. Discorresobre o estatuto da terra, que se tornaria,também, objeto de discussão. Comenta que eraum plano em que o homem do campo realmenteseria favorecido e amparado, sem demagogias.Ele diz que a afirmação de que os ricos iriamtirar partido da revolução e os pobres iriamperder com ela, parecia uma afirmação‘brizolesca’. Arranca risos dos presentes. Ele dizque, na verdade, a revolução deixaria os ricosigualmente ricos e os pobres menos pobres, poisos ricos ganhando, saberiam melhor usar o seudinheiro, distribuindo-o, pagando melhor a seusempregados. Acrescenta que o Brizola era umrico que se fingia de pobre. Ele pede que Brizolamostre onde estava todo o seu dinheiro: “Mostreaí, coronel”.

Page 106: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Observação: a partir dos 00:03:00 a fita torna-seinaudível

Faixa 3Observação: os 10 primeiros segundos da fitaestão incompreensíveis.Entrevista com o Deputado Armando Falcão, noPrograma de Arnaldo LacombeEle fala que até o dia 10, quando terminaria avigência do artigo 7 do Ato Institucional, muitagente estaria pensando que os comunistas iriamtentar agitar e fazer desordem no Brasil. Ele crêque não. Afirma que o general Costa e Silva nãoera de brincadeira. Se os comunistas quisessemexperimentar, paciência! Arnaldo Lacombe,apresentador do programa, agradece ao deputadoArmando Falcão por sua excelente entrevista. Odeputado agradece aos telespectadores e pededesculpas pelo desalinhavado da entrevista. Elecomenta que nunca preparava previamente assuas conversas com Arnaldo Lacombe, e isso erabom, pois conferia espontaneidade aos assuntos.Aos 00:02:25 o programa termina e entra emexecução música da vinheta da estação, comuma locutora veiculando a programação dos diasseguintes.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.035

1. Assunto

1.1 Faixa 1Coletoria do Méier

1.2 Faixa 2Propaganda do Cheque Verde doBEG

2. Temas

21. Faixa 1Sistema dos Distritos deArrecadação, rede de Coletorias,serviços fazendários, Inspetoriade Rendas, concurso público,nomeações, impostos,contribuinte, fins lícitos, dívidaativa, boca do cofre, direito defalar na TV, comício, servidoresdo estado, candidatura FlexaRibeiro, contratados, candidaturaNegrão de Lima, obras, BEG

2.2 Faixa 2Execução de música epropaganda do BEG

F1: 27:05minF2: 01:09min

F1: 27/09/1965F2: [1961/1965]

Faixa 1Coletoria do MéierDiscurso do Secretário de Estado e de Finanças,Dr. Mário Lourenço Fernandes, na Cerimônia deInauguração da Coletoria do Méier.Ele anuncia a presença do governador CarlosLacerda e diz que no governo ele tinha podidodobrar o número de coletorias. Conta que trezeera o número no inicio do governo, praticamenteo mesmo número quando foi instalado o Sistemados Distritos de Arrecadação no governoHenrique Dodsworth. O secretário avisa que, atéo fim do ano corrente, mais três coletoriasseriam instaladas, dentro de uma concepção deadministração pública, que colocava o serviçopúblico ao lado do contribuinte. Sobre osserviços fazendários, ele acredita que apreocupação tinha sido a de juntar, no mesmolocal, todas as repartições que interessavam aocontribuinte. No Méier, por exemplo, ficavamlado a lado a Coletoria e a Inspetoria de Rendas.Ele salienta que até o fim daquele ano a rede decoletorias atingiria todas as RegiõesAdministrativas. Porém, ressalta que isto não eratudo. Afirma que a ideia era fazer com que osimpostos da Guanabara pudessem ser pagos emqualquer agência do banco, com o convênio como banco do estado. trazendo o máximo defacilidades para o contribuinte. Diz que ocontribuinte, que já pagava impostos, nãodeveria ser sacrificado com o problema delongas distâncias. Já sobre medidas inéditas noâmbito da administração fazendária, ele explicaque era a primeira vez que um governo fazia

Page 107: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

concurso público para preenchimento de vagasde fiscais de impostos e para preenchimento devagas para funcionários do tesouro. Até então,comenta, eram apenas nomeações que nãosignificavam a nomeação dos melhores. Sobreos impostos da Guanabara, ele ressalta que emcomparação com os de outros estados eram osmais baixos, com a alíquota mais baixa dafederação para os impostos estaduais. Considerauma ‘mentira deslavada’ a de que o governo senegava a prestar contas, afirma que as contasestavam prestadas e bem prestadas. Eleacrescenta que o dinheiro público, ao ingressarnos cofres do estado, só saía dele para aaplicação em fins lícitos, legais e perfeitamentecomprovados. Diz que os sistemas de controletinham sido aprimorados. Assinala que osecretário estava entregando na solenidade umaColetoria para o governador e avisa que nospróximos dias seria inaugurada também aColetoria de Irajá. Acrescenta que o governadordeveria inaugurar, ainda no seu governo, 4coletorias a mais. Ele diz que a dívida ativa doestado da Guanabara tendia a diminuir a zero.Destaca que a massa de contribuintes quepagava na boca do cofre era algo consideradoimpressionante, e isso numa época dedificuldades, de recessão dos negócios que setraduziam numa perda de arrecadação efetiva.Era de se admirar, de louvar, a confiança dopovo no governo, conclui ele. Após o discursodo secretário, assume o microfone, então, ogovernador Carlos Lacerda. Ele anuncia queacabara de ganhar no Tribunal Eleitoral o direitode falar ao povo pela televisão. Diz que a justiçareconheceu que o procurador do governo federalnão tinha o direito de impedir um governador deestado de defender a honra do seu governo.Anuncia que por volta de 21:00, na inauguraçãodo viaduto de Del Castilho, seria feito umcomício em público, e que dos trêscompromissos que tinha no Méier naquele dia,só poderia cumprir apenas um, pedindo, então,ao seu companheiro, Mário Lourenço Fernandes,para representá-lo nos outros dois, haja vista anecessidade de ir então à televisão para atransmissão do comício público. Diz que o povodo Méier o compreenderia, porque umaexplicação pela televisão atingiria 300, 400 milpessoas. Comenta que pela manhã assistira auma coisa revoltante. Na noite anterior, ao sairdo comício na areia da praia, alguém o tinhainformado que havia uma campanha telefônicaentre contratados do estado, dizendo que ogovernador os havia convocado, na referidamanhã, para ir ao palácio Guanabara. Eleesclarece que não tinha convocado ninguém, atémesmo porque, naquela fase, a lei eleitoralproibia que se tratasse de questões relativas aofuncionalismo. Fala que nem costumava

Page 108: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

convocar servidores do estado para fazerpromessas no palácio e que só os convocariapara dar-lhes posse ou para celebrar ocumprimento das promessas feitas por outros,que as fizeram sem cumprir. Falou que estava noMaracanãzinho numa solenidade, quando foiavisado de que havia mais de 400 funcionáriosdo estado no palácio, aguardando-o. Isso tudofruto de um truque, segundo ele. Ele esclarece asituação para que os referidos funcionários nãoficassem decepcionados com ele e nem sesentissem maltratados por ele, fazendo com queeles votassem em outro candidato, que não FlexaRibeiro. Ele fala que a vantagem de governar àsclaras era essa. Ele conta que chegou no salão eexplicou sobre a intriga, que não pensava quefosse verdade, mas que, infelizmente era. Elerecebeu os funcionários e disse que o que sepodia fazer agora eles nem precisavam dizer oque era, pois estava no Diário Oficial (odesconto para o contratado, como se ele fossefuncionário; a licença para tratamento de saúde;a licença para gestante; e mais uma série degarantias e conquistas para o contratado, em péde igualdade com o funcionário). E o resto, sódepois da eleição. Ele disse que a intriga acaboudando errado, mas mostrou a que ‘requintes deinfâmia’ se podia chegar nessa ânsia de corridapara o poder. Diz que o seu governo fez tantopela Guanabara que os opositores nãoconseguiam mais negar as obras e quandoqueriam diminuir o valor delas lançavam mão decertos argumentos como, por exemplo, aqueleque consistia em dizer que a SURSAN não foracriação do governo Lacerda. Ele então diz que“Dom Alfredo Martins foi quem fez AlbertinhoLimonta, mas se não fossem as nossas ‘mamãesDolores’ aqui do Estado, coitado do Albertinho”.Diz que ‘eles’ fizeram o Albertinho eembarcaram para a Europa. Não pagavam àSURSAN de maneira que ela não podiatrabalhar. Fala que ao chegar ao governoencontrou uma dívida na SURSAN de2.300.000.000 de cruzeiros, com o valor damoeda em 1960, sendo que ano corrente haveriaa necessidade de multiplicar por 7, gerando umadívida de quase 16 bilhões de cruzeiros. Fala quesaldou a dívida e colocou o Albertinho nasescolas do Flexa Ribeiro, criaram-no no peito,levaram-no à Universidade do Estado daGuanabara, ele ficou ilustre, foi trabalhar noshospitais do Dr. Brito Cunha, foi trabalhar... “E,agora que o Albertinho fez tudo isso e é ilustre ebem quisto pelo povo, vem o ‘Dom Negrão’ equer pegar o baú.” Diz que o Negrão de Lima foium mau governante. Enfatiza que, em menos de5 anos, o governo Lacerda tinha feito umviaduto a cada 3 meses, e que Negrão de Limafez um em Madureira, e, ficaram tãodeslumbrados por terem feito um viaduto, que

Page 109: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

trataram logo de colocar o nome do prefeito,para ninguém deixar de saber que foi ele quemhavia feito. Carlos Lacerda diz que isso fazsupor que se ele voltasse, não faria mais viadutonenhum, pois não tinha mais nome dele parabotar. Afirma que o perigo de um mau governoera coisa grave, mas não a mais grave. Acreditaque existiam nas Forças Armadas, que fizeram a“Revolução” cheia de erros e hesitações,segundo sua acepção, com uma políticaeconômica considerada errada por ele, militaresque estavam do lado do Negrão e não do lado doFlexa, interessados na derrota do Flexa. Diz queos militares devolveram ao país uma certatranquilidade e uma certa paz para o povo viverfraternalmente. No entanto, avisa, se essa genteganhasse, haveria fatalmente uma divisão e oBrasil ficaria de novo na iminência de escolherduas coisas igualmente indesejáveis: umaditadura da corrupção com o comunismo ou umaditadura para acabar com o comunismo e acorrupção. Isso era o mais grave para CarlosLacerda. Flexa Ribeiro seria a garantia de paz eunião dos democráticos, para evitar as ditaduras.Por isso, Lacerda não estranhava o fato de oscomunistas abandonarem seu primo socialista, oprimo pobre Aurélio Viana, para irem apoiar ocandidato mais reacionário, que já foi servidorde ditaduras, que servia a qualquer regime. Porquê, pergunta o governador? Para eles, quantopior, melhor. Por isso, apoiavam Negrão deLima. Segundo Lacerda, ai estava a importânciade se conservar a cabeça fria. Negrão de Limaera, para Carlos Lacerda, candidato ao mesmotempo: da Light e do Luís Carlos Prestes; do OGlobo e da Última Hora; dos fascistas e doscomunistas; do Adhemar de Barros e de JânioQuadros. De acordo com o governador toda essagente estava interessada na divisão das ForçasArmadas, sem se lembrar que essa divisãolevava necessariamente a uma guerra civil, amaior ameaça de perturbar a paz do povobrasileiro. Acha que a Zona Sul estavaanestesiada pelos editoriais do ‘homem doParque Lage’, só começando a despertar naquelemomento, e o subúrbio já tinha despertado hámuito tempo, pois viu um governo todo voltadopara ele. Comenta que no fim do governo haviaainda muitas obras por entregar, e ressalta ficavafeliz com isso, pois mostrava o trabalhorealizado pelo seu governo ao longo dos 5 anos.Agradece à Secretaria de Finanças e ao Bancodo Estado por viabilizarem a realização de tudoo que foi feito.

Faixa 2Execução de Música e Propaganda do BEGApenas o fim da execução de uma música numaestação de rádio. Ao entrar a propaganda darádio, um anúncio chama a atenção: o do

Page 110: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

cheque verde do Banco do Estado da Guanabara,que garantia até 50 mil Cruzeiros no Banco doEstado, sendo “legítimo orgulho do povocarioca”, aceito por todos em todas as partes. Apropaganda frisa que o Banco do Estado daGuanabara era o banco que mais crescia no país.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.036

1. AssuntoExecução de Músicas

2. Temas

21. Faixa 1execução de músicas

Não tem faixa 2

F1: 29:12min [1960 a 1977] Faixa 1Execução de músicas em toda a extensão da fita.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.037

1. Assunto

1.1 Faixa 1Programa de Rádio com Sambade Martinho da Vila sobre aCaderneta de Poupança(gravação comercial)

2. Temas

21. Faixa 1Mensagem das Associações dePoupança e Empréstimo (APEs),Banco Nacional de Habitação,Plano Nacional de Habitação,correção monetária, revista AGente, Colmeia, 6ª ReuniãoInteramericana de Poupança eEmpréstimo do Rio de Janeiro,Teleplan

F1: 26 min [1967/1968] Faixa 1Programa de Rádio com Samba de Martinho daVila sobre a Caderneta de Poupança (gravaçãocomercial)Programa de Rádio com Execução de um Sambade Martinho da Vila com a seguinte letra: “Ah,como ter dinheiro é bom... E agora é tão fácilaumentar a caderneta de poupança que a [?] fazlucrar. Dinheiro chama dinheiro e dinheirocresce sem parar. A correção monetária, garantiae dividendo, capital vai aumentando e mais lucroeu vou tendo... Ah, como ter dinheiro é bom...Ah, como ter dinheiro é bom... Ah, como terdinheiro é bom...” O locutor entra após aexecução da vinheta e fala sobre o samba,dizendo que era música que o povo entendia,com sua linguagem alegre, um ritmo quente, quecomunica. Acrescenta que foram buscar nasorigens do samba, para transmitir aos brasileirosde São Paulo, a mensagem das Associações dePoupança e Empréstimo (APEs), cooperativas decrédito criadas pelo Banco Nacional deHabitação e garantidas pelo governo federal. Olocutor comenta que era a primeira vez queMartinho da Vila fazia uma gravação comercial.Salienta que era graças à conjugação do rádio eda TV com anúncios e objetivos nos jornais queo cliente vinha conseguindo sucesso crescentenos depósitos com correção monetária nascadernetas de poupança das APEs. Destaca quetodos conheciam uma revista que era o melhorveículo de divulgação da poupança e do PlanoNacional de Habitação no Brasil: a revista AGente. Surgida para ajudar a implantar em todoo país o sistema que então se criava e do qual asAPEs eram então a filha direta e caçula. Sobre aprimeira APE do Brasil, a Colméia, ele diz queela surgiu, em Brasília, com a 6ª ReuniãoInteramericana de Poupança e Empréstimo doRio de Janeiro. Diz também que a Teleplan jálevava o nome do Brasil para o exterior, comuma edição internacional bilíngüe, que servia àsdelegações que nos visitavam e levou às

Page 111: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

embaixadas brasileiras no exterior a notícia dapolítica de poupança e do Plano Nacional deHabitação. O locutor conclui que, o que elequeria dizer, na verdade, era que a Teleplanentendia do riscado, que não chegara naquelemomento, possuindo know-how. Conta quehavia dois anos, tinham criado para o BancoNacional de Habitação a “semana da economia”.Destaca que, desde 1967, estavam fazendo comque as crianças das escolas primárias cariocasaprendessem o hábito da poupança e elas tinhamentendido a mensagem. Diz que o problemahabitacional brasileiro estava sendo resolvido, eque havia todo um sistema funcionando normale adequadamente. Salienta que o Brasil era,então, exemplo para o mundo e que esperavaque as APEs fossem o mais poderosoinstrumento de captação da poupança populardestinada à habitação. Fala que gostaria quetodos acreditassem nisso. Ele lê um texto, quefoi o texto do primeiro anúncio, e, após lerdiversos anúncios das APEs, encerra dizendoque o ‘Cruzeiro Gordo’, que era o dinheiroaplicado e multiplicado pela correção monetária,assim como as APEs do estado de São Paulo,seria um sucesso. E o programa se encerra com avinheta que é a música cantada por Martinho daVila.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.038 Fita com defeitoBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.039

1. AssuntoPosse de Procuradores do Estado– Palácio Guanabara

2. Temas

21. Faixa 1Concurso de provas e títulos,oportunidades iguais, filosofia deação do governo, recursos,probidade intelectual, severidadedas provas

F1: 29:58min F1: 14/03/1963 Faixa 1Posse de Procuradores do EstadoTransmissão da Rádio Roquette Pinto, Direto doSalão Nobre do Palácio Guanabara.Com a palavra o governador Carlos Lacerda, nacerimônia de posse de 42 Procuradores doestado da Guanabara aprovados em concurso. Ogovernador enfatiza que era a primeira vez nahistória da Procuradoria Geral do Estado em queo governo tinha aberto concurso de provas etítulos, dando oportunidade igual para todos.Anuncia que que iria começar assinando osdecretos de nomeação dos 42 Procuradores, eque tinha lhe parecido conveniente acentuar oato com uma singela cerimônia. Aproveita parachama o embaixador Muniz de Aragão paracompor a mesa. De acordo com o governador oato marcava a filosofia de ação do governodemocrático. Sobre o concurso, ele consideraque foi severo, o que comoveu. “Um concursocuja integridade sofreu o crivo de protestos erecursos; cuja extrema severidade, por algunsconsiderada excessiva, frisou a necessidadecrescente de transformar a formulações habituaissobre democracia numa aplicação prática doprincípio fundamental da democracia, que é aigualdade de oportunidades”. Diz que o governose orgulhava profundamente da resposta dadapelos aprovados ao convite para a solenidade.Exalta a qualidade e o talento dos concursados.Acrescenta que não havia honra maior do que

Page 112: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

recebê-los no serviço público no estado daGuanabara. Acredita ser uma honra assinar odecreto de nomeação do primeiro colocado noconcurso, José Carlos Barbosa Moreira. Emseguida, foi divulgando o nome dos outrosaprovados, sempre seguido por aplausos..Carlos Lacerda anuncia com prazer um grandecolaborador do concurso e pronuncia comrespeito, pelo muito que lhe devia na área dojudiciário, o nome do desembargador HermanoCruz. Passa a palavra ao desembargador que falada responsabilidade na organização do concursoe que passaram os mais capazes e os maisdignos. Congratula-se com os aprovados, quederam uma prova de probidade intelectual. Edeseja que eles continuassem com estaprobidade no exercício da função de procuradordo estado da Guanabara. Carlos Lacerda retornaao microfone e fala que era com prazer que eledava a palavra ao procurador Tavares Cavalcantique começa seu discurso falando sobre a justiçae dando boas vindas aos novos colegasprocuradores.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.040

1. AssuntoConferência no Sindicato dosMetalúrgicos – SP

2. Temas

21. Faixa 1Boas vindas, movimento sindicaldemocrático, peleguismo,Ministério do Trabalho,comunismo, leninismo, Light,brigadeiro Eduardo Gomes,derrota, mendigos, intriga dosmarmiteiros, candidatura àpresidência, educação, remoçãode favelas, dinheiro americano,imposto sobre a água, reformaagrária, comunismo, Nacional-socialismo, política econômica,partidos políticos, campanhaeleitoral

F1:01:06:19min F1: 18/12/1964 Faixa 1Conferência no Sindicato dos Metalúrgicos – SPUm representante do sindicato fala de máquinasindical montada contra Carlos Lacerda que oimpedia de ter acesso aos sindicatos para sedefender. Diz ele que era com orgulho querecebia Lacerda no maior sindicato da classe naAmérica Latina. Diz que era importante queCarlos Lacerda ouvisse os trabalhadores, poiseles tinham reivindicações a fazer e queriam serouvidos sobre os problemas nacionais. E pedeque o governador aceite as boas vindas. Ogovernador Carlos Lacerda responde que aqueleera um grande dia, pois há muito esperava pelaoportunidade. Acrescenta que a máquinamontada não era exatamente contra ele, mascontra o movimento sindical democrático noBrasil. Conta que a máquina sindical brasileiratinha oscilado durante todos aqueles anos entre opeleguismo da burocracia do Ministério doTrabalho e o peleguismo comunista, e que umera pior do que outro, impedindo o aparecimentoe o desenvolvimento de um movimento sindicalautêntico e democrático. Acrescenta que nãopodia haver democracia no Brasil enquanto seustrabalhadores não se organizassemdemocraticamente em seus sindicatos. Elemenciona que foi até o sindicato na condição decandidato à Presidência da República e quequanto mais candidato à Presidência daRepública o sujeito fosse, mais interesse otrabalhador devia ter em ouvi-lo e perguntarcoisas a ele. Ele discorre sobre as dificuldadesde se instalarem os sindicatos no Brasil, com ostrabalhadores imigrantes, sobretudo italianos,portugueses e espanhois. Conta a história do seupai, que foi excluído da candidatura a deputado

Page 113: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

no Rio de Janeiro quando foi acusado de sercomunista por defender, como advogado, umlíder operário de Santos, acusado injustamentede matar o chefe da fábrica. Carlos Lacerda falasobre seus dois tios militantes comunistas que olevaram a se interessar pelo problema social sobo ponto de vista do marxismo leninista, uma tesepolítica que ele diz ter estudado a fundo. Quandoele decidiu que o marxismo não servia e que ocomunismo era ruim, não foi por medo dapolícia, e sim porque verificou que a liberdadeque ele procurava, que ele queria defender paratodos, os comunistas só queriam para si, porquequeriam negar aos outros. Explica que aprendeua não temê-los e nem a nutrir ódio por eles.Apenas acha que eles estavam errados.Considera que eles eram minoria, e a minorianão poderia governar. O que estava acontecendono Brasil, segundo Carlos Lacerda, era ainfiltração de uma minoria no governo, seapossando dos sindicatos através da corrupção,usando o imposto sindical, o Ministério doTrabalho, os partidos políticos, os cargos daprevidência social, etc, ou seja, tomando contado país em nome da maioria, mas contra ela. Elediz também que todo o esforço da propagandacontra ele visava não a destruir as suas ideias,mas a impedir que os trabalhadores conferissemsuas ideias com as dele. Enfatiza que consistiam,também, em inventar o que não se disse e o quenão se fez e em esconder o que se fez eembaralhar o que se dizia. Ele comenta que nãose dizia, por exemplo, que no seu governo nãohavia empresa pública no Estado que não tivesseem sua direção, entre os diretores, um eleitopelos trabalhadores e empregados; que o únicobanco no Brasil, oficial ou particular, que tinhados seus 5 diretores 4 bancários, sendo 1 eleitopelos próprios bancários, era o Banco do Estadoda Guanabara; e que o seu governo foi oprimeiro da história do Rio de Janeiro aenfrentar a Light, sem nenhuma demagogia,respeitando seus direitos legais, mas fazendo-acumprir a lei que não cumpria. E ele denunciaque o que se dizia era que o governador daGuanabara tinha tanto ódio aos mendigos quemandava matá-los. Mas, não se dizia que quemmatou esses mendigos foram alguns policiaisnomeados pelos governos anteriores e demitidospor ele, quando este descobriu seus crimes.Carlos Lacerda fala que o brasileiro quesoubesse ler e escrever, com mais de 18 anos,era obrigado a votar em alguém, então, tinhamais era que ter o direito e a oportunidade dediscutir com os candidatos para saber se iriam ounão votar neles. Acrescenta que os sindicatosnão deveriam ser partidos políticos, masdeveriam ser o lugar em que todos os partidospolíticos viessem a expor os seus programaspara os trabalhadores julgarem e adotarem o que

Page 114: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

lhes parecesse o melhor. Começam então aserem feitas perguntas a Carlos Lacerda pelostrabalhadores do sindicato. A primeira delas ésobre a causa da derrota do brigadeiro EduardoGomes vinculada à existência de uma intriga.Carlos Lacerda, antes de prosseguir com aobservação feita pelo perguntador, diz que nãoera tempo ainda de o derrotar, e sim deconsolidar a sua candidatura à presidência.Acrescenta que seus ferrenhos adversários eramos comunistas. Não porque ele fosse reacionárioe os comunistas revolucionários; e sim, porqueele considerava os comunistas reacionários e elerevolucionário. Ele diz que gostaria de preveni-los, pois se queriam que houvesse eleição noBrasil, deveriam ajudá-lo a afirmar a suacandidatura, pois do contrário não haveriaeleição. Considera que todos tiveram culpa emter pegado a ‘intriga do marmiteiro’, financiadapelo Banco do Brasil com o dinheiro que sedestinava ao financiamento do algodão (400milhões de Cruzeiros). Ele reconhece que de umlado os políticos da UDN não prestaram a devidaatenção ao perigo da intriga. Em 1945, a massaoperária brasileira se constituía em grande partede elementos que nunca tinham votado na vida,sem experiência com as intrigas políticas. Porisso, segundo Lacerda, uma intriga como a domarmiteiro pegou fácil, e derrotou um homemde bem, um homem sério, como o EduardoGomes. Diz ele que já não era tão fácilintrigarem os trabalhadores. Carlos Lacerda falaque a advertência do perguntador era coerente,até porque quando ele fora candidato ao governoda Guanabara, a intriga dirigida contra eleconsistia em dizer que, se fosse eleito, ele iriaacabar com a escola pública e que se o paiquisesse ver o filho estudando, deveria pagarescola particular. Ele diz que tanto isso era umafalsidade, que quando ele entrou no governohavia um déficit de vagas, 110 mil crianças emidade escolar fora da escola, e já então as vagassobravam; acrescenta, também, que tinhaaumentado o número de ginásios, quasedobrando, e o número de bolsas em escolasparticulares também. Diziam que no seugoverno, iria desalojar os favelados, botando opessoal na rua. Ele comenta que deveria dizeraos presentes que no seu governo ele ainda nãoconseguira acabar - infelizmente, segundo elemesmo define – com as favelas, e que haviaquase 1 milhão de pessoas morando em favelas.Conta que conseguiu acabar com 8 ou 10favelas, algumas das piores. Mas, acrescenta queestavam construindo 10 mil casas e começariama construir mais 30 mil, e que venderiam ascasas e não as dariam como esmolas. Sobre oBrigadeiro, ele menciona que não tinha aapresentar ao povo senão o heroísmo de suavida, senão uma vida toda ela dedicada à

Page 115: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

liberdade e ao povo brasileiro. Mas, não tinhacomo apresentar ao povo uma obra de governorealizada. Comparando com ele mesmo, CarlosLacerda diz que na condição de candidato tinhaa oportunidade de dizer que não falava apenas,pois estava fazendo. Relata que 80% das obrasque vinha fazendo na Guanabara estavam sendofeitas nos bairros operários da periferia e dosubúrbio. Menciona que anteriormente só secuidava de Copacabana. Enfatiza que 60% dasobras eram obras enterradas (água e esgoto) quedavam muito trabalho pra fazer e quando eramfeitas ninguém mais via Ele duvida quehouvesse no Brasil alguém que pudesse dizerque fez tanta coisa em tão pouco tempo e paratanta gente como ele no governo da Guanabara.Perguntam a ele de onde tinha provindo odinheiro do financiamento para as obras que elehavia feito na Guanabara. Ele responde que apergunta foi muito boa. Argumenta que nãorecusaria dinheiro do americano se ele quisessedar para fazer escolas, que não recusaria e quenunca viu ninguém recusar: “Lenin na Rússianão recusou, porque eu iria recusar?”. Acha queo dinheiro americano tinha sido pouco, muitomenos do que desejaria. Destaca que osfinanciamentos internacionais, somados, nãochegavam a 4% do que estava sendo empregado.O resto era prata da casa, atesta. Ele pergunta:“qual é o milagre, qual é a mágica?” Respondeque tinha obrigado a pagar impostos aqueles queo sonegavam, e que atualizara algumas taxas,como, por exemplo, a da água, que não era pagano Rio de Janeiro. Diz que antigamente ninguémpagava água, como se poderia ter um serviço dequalidade? A principal razão de tudo isso era queo dinheiro nunca era o bastante quando o sacoestava furado. Acrescenta que o dinheiro depobre na mão de governo honesto estica.Conclui dizendo que aceitava crédito, poiscrédito não fazia mal a ninguém. Destaca não tervergonha de seu governo ter recebido créditosinternacionais. Um dos metalúrgicos, antes dedirigir a pergunta ao Carlos Lacerda, diz emnome dos trabalhadores que eles ansiosamenteesperavam pela esperança que a candidaturadele trazia. Salienta que era um prazer de todosreceber o candidato. Dirige-se a Lacerda,pedindo que que ele exprimisse sua opinião arespeito do assunto da agricultura e também seupensamento sobre as leis sociais referentes àindústria e aos trabalhadores da indústria, entremuitas outras perguntas. O candidato começou aresposta assim: “Meu amigo me pediu quaseuma plataforma de governo!” E tratou logo de sedesculpar, caso a resposta fosse insatisfatóriadada a quantidade de coisas que lhe foramperguntada. Explica que não concordava emmuitos pontos com a política econômica dogoverno Castelo Branco. Sobre reforma agrária,

Page 116: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

diz que ela não dependia de leis, que ela podeser feita sem mais lei nenhuma. Conta quedesapropriou a terra do parque Lage usando umalei de 20 anos, por exemplo. Ele compara: se sepodia desapropriar esta terra para preservar afloresta dentro do coração do Rio de Janeiro semreformar a Constituição, podia-se fazer reformaagrária sem reformar também. Acrescenta queessa história de reformar a Constituição parafazer a reforma agrária era história para boidormir. Era uma das formas de falar muito emreformas sem fazê-las. Ele salienta, entretanto,que muitos dos que estavam criticando ogoverno Castelo Branco se esqueceram de quetinham apoiado os governos que antecederam aoseu, e que esses governos foi que deixaram asemente dos males que ele agora estavaprocurando enfrentar. A inflação, por exemplo,ressalta Lacerda, não foi ele quem inventou e acura desse mal era dolorosa e o processo de curatinha vários erros. Afirma que o país iria morrerde inflação, mas estava se curando. ProssegueCarlos Lacerda enfatizando que não adiantavanada o sujeito dizer que era democrata, quequando ele via um comunista dizendo-sedemocrata ele se lembrava que Hitler tambémdizia que era democrata. Lembra que o partidodele se chamava ‘Nacional Socialista’. Salientaque os ditadores, os maiores reacionários,faziam questão de bancar os democratas e quenão faziam a barba pra fingir que erampopulares; tiravam o paletó, não para trabalhar,mas sim para falar, como se fosse preciso tirar opaletó para falar em público, e na hora detrabalhar punham o paletó e nada queriam com otrabalho. Comenta que no Brasil muitos foramtreinados para confundir democracia combagunça, democracia com desordem e com faltade autoridade, e que tudo isso nunca deuliberdade a ninguém, pelo contrário, era atravésda desordem que se chegava à tirania. Elelembra que Hitler só subiu por causa dadesordem na Alemanha e Mussolini na Itáliatambém. Comenta que aqui, no Brasil, foi avirtude do povo, a glória de seu trabalhador, ofato de ter resistido nos três últimos anos aosconvites oficiais que lhes faziam para que eles setornassem desordeiros. Enfatiza que ostrabalhadores brasileiros revelaram umamaturidade democrática extraordinária,recusando-se a servir de instrumento para atirania. Ele fala de sua ideia de libertar osindicato da tutela do Ministério do Trabalho,pois o Ministério existia para servir aossindicatos, e não o inverso. O compromisso queele assumia com os metalúrgicos no debate erade que no prazo máximo de um mês após a suaposse haveria eleições sindicais livres em todo oBrasil. Mas, acrescenta que tinha confiança equase certeza de que isso seria feito antes. Ele

Page 117: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

considera necessário para o treinamento e ummaior amadurecimento democrático dostrabalhadores que seus líderes pudessem rebelar-se, pudessem sofrer a comparação de uns com osoutros, e que a massa trabalhadora pudesseescolher livremente os seus representantes. Sóassim, continua, haveria democracia, nãoapenas no meio sindical, mas no Brasil inteiro.Sobre os partidos políticos ele diz que estes sóseriam autênticos quando os sindicatos tambémfossem. E, assinala, como vários sindicatos jáeram autênticos, alguns partidos políticostambém já eram “Por exemplo, o meu”, asseguraLacerda. Menciona que era preciso acabar com asuperstição contra a UDN, acabar com a históriade que a UDN era partido de rico. “Eu conheçoalguns ricos na UDN, mas eu conheço uma listade milionários no PTB, e isso não me faz dizerque o PTB seja um partido de ricos”, conclui.Comenta que a UDN foi tímida, “foi intrigadacom os trabalhadores, não teve a coragem deforçar a porta dos sindicatos. Pois bem, agora elaentrou e não vai sair não”. Afirma que suacampanha eleitoral seria feita nos sindicatos, e selhe negassem a porta dos sindicatos seria feita naporta das fábricas, e se lhe negassem a porta dasfábricas existia uma porta que se abria para ele,pois se abre para todo de homem de boa fé epara todo homem honrado no Brasil, que era aporta do lar do trabalhador, e ele lá iria. Por isso,ele completa afirmando que precisava de 2 anos,pois era muito lar pra visitar.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.041

1. Assunto

1.1 Faixa 1Palestra de Carlos Lacerda noRotary Clube, em Osasco – SP

2. Temas

21. Faixa 1Palestra de Carlos Lacerda noRotary Clube em Osasco – SPfavelas, reforma agrária,progresso, civilização, teoria daCEPAL, D. Hélder, visãoromântica das favelas, favelas noexterior, COHAB, trabalhovoluntário, problema habitacional

2.2 Faixa 2

F1: 60 min [1961 a 1965]

Obs 2: Osúltimos 3minutos da Fita1 apresentamfalha degravação

Obs: Conteúdo igual ao da fita de rolo 2, faixa13.Obs 2: Os últimos 3 minutos apresentam falhade gravação.

Faixa 1Palestra de Carlos Lacerda no Rotary Clube emOsasco - SPLacerda diz que já falou várias vezes uma tolice,que as favelas eram fruto da falta de reformaagrária. Comenta que mudou sua visão, que asfavelas são criadas pelo progresso, pelaurbanização, são consequência da revoluçãoindustrial por que passa o país. Lacerda critica ateoria da CEPAL (Comissão Econômica para aAmérica Latina e o Caribe) que considerava oBrasil um país subdesenvolvido. Diz que umaprova de que esta teoria estava errada era que aCEPAL não classificou Chile e Uruguai comopaíses subdesenvolvidos. Diz que o Brasil é umpaís com dimensões continentais e um país comdiferentes graus de desenvolvimento. Lacerdacritica a teoria econômica da CEPAL de que aconstrução de casas era inflacionária e diz queesta era a principal causa da expansão de favelasno Rio de Janeiro e no Brasil, porque não seinvestia na construção de casas, apenas naconstrução de fábricas. Acredita que a elite tinha

Page 118: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

uma visão distorcida das favelas, ou asconsiderava um antro de marginais ou umaespécie de capela na qual só havia santos. CriticaDom Hélder Câmara que, segundo ele, tinhauma visão romântica das favelas. Lacerdacomenta que a maioria dos moradores de favelatem que pagar aluguel pelos barracos ondemoram e, muitas vezes, para pessoas que nãomoram nelas. Explica que as favelas não eramprevistas pela lei, e poderiam ser consideradasum triunfo da iniciativa particular do seumorador, privado de crédito, do amparo da lei.Afirma que as favelas da Zona Sul existiamporque os favelados precisavam morar perto deseus empregos. Conta que as favelas tambémeram construídas perto das fábricas, nas quais osfavelados trabalhavam. Diz que um dos maioreserros que se pode cometer era dizer que ofavelado era um desclassificado social.Acrescenta que depois de estudar as favelasresolveu enfrentar o problema. Critica as pessoasque se preocupavam em remover as favelas porcausa dos estrangeiros. Relata que conheceufavelas em Paris, Londres, Nova York e que nãohavia motivos para nos envergonharmos. Contaque começou o trabalho nas favelas com aFundação Leão XIII, depois criou a COHAB(Companhia de Habitação. Por fim, fala,conseguiu um parecer do DepartamentoNacional de Previdência Social para que osinstitutos entrassem com os terrenos que tinhamdisponíveis como parte do capital da COHAB,de forma que fossem construídas casas para oscontribuintes dos institutos que depois seriamvendidas, mas diz que até aquele momento osterrenos não tinham sido cedidos. Lacerdacomenta que não eram todas obras do seugoverno, que havia verbas do governo dosEstados Unidos como, segundo ele, afirmavamos comunistas. Acredita que o Rio Grande doNorte já tinha recebido mais verba dos EUA doque a Guanabara. Conta que usou a verbadestinada às favelas para urbanizá-las e paracomprar terrenos com vistas a criar conjuntoshabitacionais como Vila Kennedy e VilaAliança. Lacerda rebate as críticas que recebeupor não ter entregado as casas completas, ouseja, por ceder as casas com um terreno para quea casa pudesse ser ampliada. Menciona que naVila Aliança 40% dos moradores já tinhamampliado a sua casa. Defende a ideia de que osmoradores tinham que comprar as casas na VilaAliança e na Vila Kennedy, pagando 15% dosalário mínimo por mês, durante 10 anos,aproximadamente. Fala sobre a urbanização dafavela da Vila da Penha, que foi feita pelogoverno do estado da Guanabara. Diz que estetrabalho contou com a ajuda dos moradores dafavela e que a favela do Vintém foi urbanizadapor dois mil moradores, coordenados por um

Page 119: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

engenheiro do governo do estado. Afirma quecom o trabalho voluntário o governoeconomizou 30 milhões de cruzeiros. Lacerdanarra o caso de um deputado que quis comprarvotos dos moradores de uma favela oferecendoduas bicas e que ouviu a resposta de que a favelanão precisava de bicas porque já tinha sidoconstruído um reservatório no local. Comentaque obras como estas libertavam os moradoresde políticos interesseiros. Lacerda fala sobre aremoção da favela do Pasmado e menciona queo Partido Comunista tentou evitar a remoção dafavela, para não perder o seu curral eleitoral.Mas, relata que os moradores das favelasqueriam ir para Vila Kennedy e que pelo menos40 % das famílias tinham geladeira. Comentaque estas famílias tinham crédito para comprargeladeira, mas não tinham crédito para compraruma casa. Salienta que muitos políticos eramcontra a remoção de favelas, não queriam que osfavelados tivessem condições de comprar umacasa. Ressalta que chegou à conclusão de queera preciso haver um financiador para aconstrução de casas populares. Explica que nãoera o estado o responsável por resolver oproblema de habitação, mas que deveria criarcondições para que as pessoas construíssem asua própria casa ou construíssem casas paraoutras pessoas comprarem.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.042

1. Assunto

1.1 Faixa 1Entrevista Coletiva doGovernador Carlos Lacerda naRádio Diário da Manhã, emFlorianópolis.

1.2 Faixa 2Reunião com a UDN deFlorianópolis

2. Temas

21. Faixa 1Briga com O Globo, parque Lage,Convenção da ONU, candidaturaà presidência, UDN, QuartoCentenário, infraestrutura,aumento de impostos,eleições/65, reforma agrária,Estatuto da Terra, dissolução departidos e sindicatos, fechamentoda UNE,Ato Institucional

2.2 Faixa 2Carlos Lacerda em Visita a Santa

F1:50 minF2: 60 min

F1: 21/10/1964F2: 21/10/1964

Faixa 1Entrevista Coletiva do Governador CarlosLacerda na Rádio Diário da Manhã, emFlorianópolis.Perguntam a Carlos Lacerda se ele tinha brigadocom o Globo ou o jornal é que tinha brigadocom ele. Lacerda responde que não tinhaocorrido nem uma coisa nem outra, que apenasuma divergência, a respeito do parque Lage, comum diretor do jornal que tinha comprado oparque e queria tirá-lo da lei de proteçãofederal, como patrimônio histórico e artístico,para valorizá-lo. Perguntam se Carlos Lacerdairia aceitar o convite do presidente CasteloBranco para ser chefe da delegação brasileira naConvenção Anual da ONU. Lacerda retruca quenaquele momento era apenas candidato àPresidência da República, e que só poderiatomar uma decisão após a decisão da UDN sobrea sua candidatura. Porém, acrescenta que nãodescartava a possibilidade de aceitar o convite.Perguntam sobre o que o governador estavapreparando para a comemoração do QuartoCentenário do Rio de Janeiro. Ele informa queestava investindo na infraestrutura da cidade,para que o povo pudesse comemorar por contaprópria. Perguntam sobre a suposta declaraçãode Lacerda de que governador que administracom impostos não é administrador, e o que eleachava do aumento de impostos no estado.Lacerda fala que não dava para governar sem

Page 120: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

CatarinaSucessão de Castelo Branco,candidato da UDN, precocidadeda candidatura, crítica a RobertoCampos,

arrecadação de impostos e que a taxa decrescimento de tributos na Guanabara era umadas menores do Brasil. Discorre sobre asrealizações do seu governo e considera que osmoradores da Guanabara estavam satisfeitoscom a aplicação dos impostos no estado. Orepórter pergunta se a UDN era governo, dada asimpatia do presidente pelo partido. Eleresponde que não, que o partido apoiava ogoverno, mas que a UDN seria governo em1965. Perguntam a Lacerda sobre a declaraçãode Magalhães Pinto de que o lançamento de umacandidatura, naquele momento, era contra oBrasil e contra a “Revolução”. Lacerda diz quefoi sobre isso que viera falar com os udenistasem Florianópolis, que a maioria do partidoapoiava o lançamento de uma candidatura equestiona se Magalhães Pinto teria a mesmaopinião se o seu nome tivesse sido indicado paraser o candidato. Perguntam se ele acreditava quehaveria eleições para governador, em 1965. Elefala que ainda não sabia, mas que, se dependessedele, teria. Afirma que não via motivos paratemer a decisão do povo. Perguntam sobre adiferença entre a proposta de reforma agrária dogoverno Castelo Branco e a do governo anterior.Lacerda retruca que a principal diferença era amesma diferença que havia entre um governodesonesto e um governo honesto. Critica oEstatuto da Terra, defende uma lei orgânica paraa reforma agrária, com 10 ou 15 artigos.Considera que o Brasil precisava de menoslegislação e mais ação. O repórter diz quequando Juscelino foi eleito presidente, Lacerdadefendia que o presidente precisava ser eleitopor maioria absoluta e que, já então, ele pensavade forma diferente, e pede para que ele expliquea contradição. Lacerda afirma que não haviacontradição, que ele não era teimoso, quereconhecia quando errava e não se importava demudar de opinião quando consideravanecessário. Comenta que sabia o que iaacontecer quando o governo começasse, por issosua tática era criar o máximo de dificuldade paraele poder se instalar. E afirma que se o tivessemouvido, teriam sido evitados quase 10 anos deinflação e roubalheira. O repórter pergunta sobreo projeto do ministro da Educação de extinçãoda UNE (União Nacional dos Estudantes).Lacerda assinala que discorda do ponto de vistado ministro, que a tradição da UNE erarespeitável, e que antes de ser ocupada porcomunistas ela tinha desempenhado papelimportante. O repórter pergunta sobre adissolução de partidos e sindicatos. Lacerda dizque não acreditava em nenhuma das duas.Defende a eleição nos sindicatos, mesmo quefosse vencida por um comunista. Perguntam seos ideais da “Revolução” tinham sidoplenamente atendidos com o Ato Institucional?

Page 121: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Ele responde que o Ato Institucional fora criadopara fazer um trabalho preliminar, que se deverialegislar menos e agir mais.

Faixa 2Carlos Lacerda em Visita a Santa CatarinaCarlos Lacerda diz que estava em Santa Catarinapara pedir votos na convenção nacional dopartido. Considera que tinha chegado a hora de aUDN vencer. Afirma que o partido cumpriafielmente o seu programa, e que além de cumpriros seus compromissos, cumpria o compromissonão cumprido pelos outros. Lacerda conta queaprendeu a governar vendo como não se deviagovernar e depois governando. Discorre sobre aimportância do papel da oposição e propõe acriação de um novo estilo de candidatura, emque o candidato passasse por um processo deconhecimento do país. Lacerda menciona que omandato do presidente Castelo Branco acabariaem 1966 e que o melhor sucessor para ele seriaalgum integrante da UDN. Elogia os integrantesdo seu governo que pertenciam a UDN, mas dizque o seu governo também tinha integrantes deoutros partidos. Sobre a questão da precocidadeda candidatura, assinala que não concordavacom esta afirmação. Considera que quanto anteso partido formalizasse a escolha de umcandidato, melhor para a atuação da UDN,inclusive quando fosse preciso criticar opresidente. Diz que a “Revolução” ganhara abatalha, não a guerra. Afirma que a “Revolução”tinha começado quando Rui Barbosa percorreu opaís pedindo votos. Menciona que o governo eraimprovisado, que os adversários precipitaram a“Revolução”, por isso defende uma candidaturaa longo prazo, que desse tempo de se conheceros problemas e elaborar as soluções. Lacerdarelativiza a noção de país subdesenvolvido,afirmando que o país era desenvolvido emalgumas áreas e subdesenvolvido em outras.Afirma que era preciso acabar com a ideia deque através apenas de estatísticas se conheceria arealidade de um povo. Critica o ministro RobertoCampos pelo uso inapropriado que fazia dasestatísticas. Lacerda afirma que não renunciariaà sua candidatura, que tinha que lançar a suacandidatura logo e não depois. Assegura que oadiamento da convenção favoreceria a quemqueria dissolver a UDN e que adiar a convençãoseria adiar a eleição. Comenta que não gostavadas derrotas gloriosas, gostava das vitóriasgloriosas. Fala sobre a descentralizaçãoadministrativa que tinha implementado nogoverno do estado da Guanabara. Afirma quedesta maneira tinha valorizado o trabalho doservidor estadual e que seguira rigorosamente oprograma do partido. Considera que conheciabem o Brasil, mas precisava conhecer muitomais para ser presidente do país. Comenta que se

Page 122: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

o Brasil precisava de um líder, era preciso queeste conhecesse a população e não podia serimprovisado. Acredita que três meses era umtempo insuficiente para um candidato serconhecido por toda a população. Defende umacampanha presidencial perseverante e obstinada,pois queria conquistar o povo pela razão e pelocoração. Assinala que a UDN era o pior dospartidos, com a condição de não ser comparadocom nenhum dos outros.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.043

1. Assunto

1.1 Faixa 1Aniversário do Instituto deEducação

1.2 Faixa 2Gravação em Francês

1.3 Faixa 3Orfeão Villa-Lobos na EscolaCarmela Dutra

2. Temas

21. Faixa 1Tombamento, vencimentos,professores, democracia,liberdade

2.2 Faixa 2Gravação em francês

2.3 Faixa 3Orfeão Villa-Lobos na EscolaCarmela Dutra

F1: 30minF2: 8minF3: 3min

F1: 12/10/1965F2: [1960/1965]F3: [1960/1965]

Faixa 1Cerimônia no Instituto de Educação, com aPresença do Governador Carlos Lacerda.A presidente do Grêmio Cultural Rui Barbosa,Julieta Zaneli, menciona que se sentia honradapor falar em nome dos alunos. Comenta que oInstituto era mais do que uma escola, que todosconviviam como se formassem uma família eque naquele dia comemorava-se o aniversáriodo Instituto, oportunidade para todos os alunosdeixarem expressos o carinho e o amor pelocolégio. Um grupo de alunas presta homenagemao governador e à secretária de Educação. Ogovernador Carlos Lacerda agradece o convitepara participar da cerimônia. Defende otombamento do prédio, para que ele nunca fossemodificado. Fala sobre as realizações do seugoverno com relação à educação. Fala que suaintenção era aumentar os vencimentos dosprofessores, no início de 1966. Lacerda enfatizaque muito mais do que ensinar o que está noslivros, os professores deveriam ensinar a firmezana adversidade, a resignação no sofrimento, aesperança e a confiança no coração. Consideraque os alunos deveriam se tornar mensageiros depaz, propagadores da fraternidade, instrumentosdo uso adequado e responsável da liberdade,para que se pudesse dizer que vivíamos em umademocracia. Discorre sobre a responsabilidadedos professores perante os alunos e mencionaque o Instituto foi construído com este espírito.Agradece novamente por ter sido convidado.

Faixa 2Duração: 8 minutosGravação em francês.

Faixa 3Duração: 3 minutosOrfeão Villa- Lobos na Escola Carmela Dutra

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.044

1. Assunto

1.1 Faixa 1Governador Carlos Lacerda naFaculdade de Direito – SP

2. Temas

F1: 55 min [31/01/1961 a25/08/1961]

Faixa 1Governador Carlos Lacerda na Faculdade deDireito – SPSemana da Unidade Nacional Organizada peloCentro Acadêmico 22 de AgostoManuel da Costa Santos, do Centro e Federaçãodas Indústrias de São Paulo, elogia a juventudeque luta pela liberdade e pela justiça. Assinalaque a Semana da Unidade Nacional mereciaapoio. Afirma que o tema da unidade nacional

Page 123: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

21. Faixa 1Centro e Federação das Indústriasde São Paulo, unidade,separatismo, estados mais pobres,desigualdades regionais,colonização, industrialização,São Paulo, vaias, PartidoComunista, quinta coluna,provocadores totalitários, FidelCastro, Kruchev, fuzilamento,estado da Guanabara

sempre fora uma preocupação acadêmica noBrasil. Comenta que apenas um milagre poderiaexplicar como o Brasil tinha mantido a unidade,enquanto a América Espanhola tinha se divididoem vários países. Argumenta que embora nãohouvesse movimentos separatistas, era precisoprestar atenção nas queixas dos estados maispobres. Assegura que a causa da desigualdadeentre os estados tinha origem na colonização,que privilegiou algumas áreas em detrimento deoutras. Afirma que os estados do Norte e doNordeste eram os mais afetados pelasdesigualdades regionais. Ressalta que depois daSegunda Guerra Mundial tinha aumentado adesigualdade entre os estados brasileiros. Alertaque a desigualdade continuava aumentando.Enfatiza que o desenvolvimento econômico dopaís não tinha representado benefícios para osestados do Norte e Nordeste, apenas para osestados do Sul e do Centro. Contesta a afirmaçãode que São Paulo era responsável pela pobrezado Norte e Nordeste. Afirma que São Paulo davamuito mais à União do que recebia. Garante queSão Paulo sempre se preocupou em reduzir asdesigualdades existentes no país. Salienta que sóa industrialização e a racionalização daagricultura poderiam diminuir as desigualdades.Considera que era responsabilidade do governofederal e dos governos estaduais garantir ainfraestrutura dos estados para estimular aindustrialização. Acredita que as indústriaseram um meio de civilização e desenvolvimentoe que os industriais de São Paulo não deixariamde participar do desenvolvimento dos estadossubdesenvolvidos. Mário Carneiro, presidentedo Centro Acadêmico 22 de Agosto, critica ocomportamento da plateia e diz que a tribunaestava aberta a quem quisesse se manifestar, maspede que todos respeitem os oradores. Ogovernador Carlos Lacerda recebe vaias e semanifesta dizendo que iria esperar que osmanifestantes se calassem. Diz que as câmerasde televisão deveriam focalizar os futuroscarrascos de seus pais e espiões de seus irmãos.Afirma que eles eram representantes da quintacoluna comunista em São Paulo. Menciona queera bom que o presidente Jânio Quadros visse eque era indispensável aquele espetáculo queestavam dando. Agradece ao Partido Comunistapor ter enviado os seus representantes. Ressaltaque seria bom que Jânio Quadros visse que ajuventude de São Paulo estava minada pelosprovocadores totalitários. Afirma que ele estavacolhendo os primeiros frutos da sua erradapolítica estrangeira. Diz que seria bom que elesoubesse como começaria a guerra civil noBrasil, com urros e uivos de moçosirresponsáveis. Acusa-os de analfabetos dademocracia, que precisavam aprender o abc daliberdade. Assegura que era um homem livre,

Page 124: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

lutando pela liberdade da sua pátria. Afirma queos manifestantes nunca seriam fuzilados, mastambém nunca fuzilariam ninguém. Comentaque eram inúteis o urro e o uivo, que não eraJânio o que queriam dizer, dizem Jânio e pensamKruchev. Fala que aceitaria fazer um debatesobre o patrão deles, Fidel Castro, e pede paraque o gênio do grupo viesse debater com ele.Sugere que em vez de uivar, aprendessem apensar. Conta que tinha vindo falar sobre oestado da Guanabara, o menor do Brasil, e quefoi criado de maneira improvisada.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.045

1. Assunto

1.1 Faixa 1Reunião do Governador com oDiretório da UDN para aConvenção em Porto Alegre

1.2 Faixa 2Entrevista na TV Piratini

1.3 Faixa 3Entrevista na TV Gaúcha

F1:F2:F3: 21/10/1964

Com defeito

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.046

1. Assunto

1.1 Faixas 1, 2, 3, 4Discurso de Carlos Lacerda naCâmara dos Deputados

2. Temas

21. Faixa 1Convocação do ministro daFazenda, Câmara, SUMOC

2.2 Faixa 2Interiorização do Brasil,Conferência do Direito Marítimo,espaço marítimo, pesquisas deriquezas do litoral

2.3 Faixa 3Crise moral, desordem, desuniãodas Forças Armadas, JK, anistia,Lott e Jânio Quadros, dispositivomilitar

2.4 Faixa 4Desmoronamento das ForçasArmadas, golpe, candidato,presidente, ditador

2.5 Faixa 5

F1:18 minF2: 10minF3: 30 minF4: 3 minF5: 25 min

F1:[1959/1960]F2: [1959/1960]F3: [1959/1960]F4: [1959/1960]F5: [1959/1960]

Faixa 1Discursos de Carlos Lacerda na Câmara dosDeputadosLacerda critica o líder do governo por não quererque o ministro da Fazenda comparecesse àCâmara, quando o próprio ministro sedemonstrou disposto a ir à Câmara. O líder sejustifica, dizendo que a Câmara tinha outrasprioridades. Diz que pediria a convocação doministro em outra ocasião. Lacerda insiste que oministro deveria atender ao requerimento dodeputado Aliomar Baleeiro. Afirma que oministro tinha várias explicações a dar aosdeputados. Lacerda questiona se o ministrorealmente desejaria vir. Afirma que o ministronão deveria deixar de ir porque o líder damaioria não queria. Diz que faz parte dasfunções da Câmara convocar ministros paraesclarecimentos, por isso sempre deveria havertempo para ouvir um ministro. Diz que asinstruções da SUMOC (Superintendência daMoeda e do Crédito) modificavam toda apolítica financeira do país e precisavam serexplicadas aos deputados .

Faixa 2Discursos de Carlos Lacerda na Câmara dosDeputadosLacerda diz que todos concordavam com anecessidade de interiorização do Brasil. Afirmaque o destino Atlântico do Brasil fora objeto dedebate na conferência de Direito Marítimo,realizada pela ONU, em Genebra. Considera

Page 125: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

ministro da Guerra, Lott,golpistas, desordem, novaIntentona

que então havia uma grande disputa pelo espaçomarítimo. Diz que alguns países tentavamaumentar as suas zonas territoriais marítimas.Cita como exemplo a Islândia e o Peru. Contaque o Brasil se colocou em uma posição discretae sóbria. Lacerda considera que o orçamento erafundamental para definir uma política nacional.Pede ao Instituto Oceanográfico de São Paulouma verba para a compra de um navio, com oobjetivo de pesquisar as riquezas do litoralbrasileiro. Solicita a aprovação de uma emendano orçamento para a pesquisa das riquezas nolitoral.

Faixa 3Discurso de Carlos Lacerda na Câmara dosDeputadosLacerda fala que o país estava em criseeconômica, o que levava a uma crise moral.Acredita que naquele clima a desordem ganhariaas ruas. Afirma que o país tinha profundasreformas a realizar, o que demandaria coragem eespírito público de todos os cidadãos. SegundoLacerda, as feridas da desunião das ForçasArmadas, que teve o ápice em 11 de novembrode 1955, ainda não estavam fechadas. Comentaque no dia 21do mesmo ano a crise se agravaraOutro deputado pede um aparte para dizer que opresidente JK tinha resolvido o problema aoanistiar os revoltosos de 11 de novembro.Lacerda responde que concorda parcialmentecom o aparte, mas acha que o maior beneficiadopela anistia fora o próprio presidente. Continua afalar sobre a crise militar e critica a mudança dosministros militares. Diz que as Forças Armadasbrasileiras sempre foram unidas e prestigiosas.Pergunta, então, porque estavam desunidasnaquele momento. Diz que pretendiam esmagara Força Aérea Brasileira. Considera que a FABfora responsável pelo fim dos ataques aossubmarinos brasileiros na Segunda GuerraMundial e que havia uma razão misteriosa paralançarem a Marinha contra a Aeronáutica.Critica o general Lott por se utilizar do Exércitopara justificar a restauração da oligarquiacorrupta no Brasil. Questiona porque se abriuuma crise militar no país. Supõe que poderia serporque a UDN era a favorita nas eleições de1960. Diz que o povo brasileiro mostrou que nãoestava do lado dos que diziam que falavam emseu nome. Acredita que o dispositivo militar de11 de novembro estava gasto. Diz que o generalLott não tinha condições de vencer uma eleiçãocontra Jânio Quadros e que estavam tentandoreforçar o dispositivo militar de novembro.Afirma que os integrantes do dispositivo militarprovocaram a FAB. Continua atacando odispositivo militar de novembro por fomentar adiscórdia nas Forças Armadas.

Page 126: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Faixa 4Continuação do Discurso na Câmara dosDeputadosLacerda diz que o seu partido via com tristeza oExército ser comandado por um candidatofrustrado antes de nascer, gorado no ovo egorado, sobretudo, porque não tinha decidido sequeria ser presidente ou ditador. Comenta quenão poderia ser acusado de golpista pelosgolpistas e que não sabe qual seria o fim da crisemilitar, mas diz que se impediria que os tanquesde novembro se convertessem nos votos espúriosque pretendiam frustrar ao povo o direito de selevar ao país, em 1960, governantes incapazesde se deixarem guiar, de um lado, pelaincapacidade de governar, e, de outro, pelafrouxidão com que assistiam aodesmoronamento das Forças Armadas no Brasil.

Faixa 5Discurso na Câmara dos DeputadosLacerda critica o ministro da Guerra que, aomesmo tempo em que condenava a participaçãode militares na política, dava aos militares oexemplo de uma série de pronunciamentos sobrea vida política. Ao mesmo tempo em quecondenava a candidatura de militares da ativa,era saudado por um militar da ativa eleitodeputado. Continua a criticar o ministro daGuerra. Diz que o Exército era uma instituiçãopermanente e o general Lott era transitório. Masfala que estava preocupado por ouvir falar emgolpistas pela boca dos que preparavam o golpe.Considera que esta era uma prática utilizadadesde Júlio César, ou seja, atribuir ao adversárioo que realmente se queria fazer. Nega que aMarinha tivesse a intenção de dar um golpe em1955. Um deputado pede um aparte e mencionaque Lacerda estava fazendo referência ao seudiscurso e que não se considerava o defensor dademocracia. O deputado afirma que o navio deguerra não teria saído do porto se não houvesse aintenção de dar um golpe. Afirma que havia umgolpe e um contragolpe preparados. Lacerdaretruca que os pronunciamentos do ministro daGuerra tinham levado a uma crise naAeronáutica e quase tinham provocado umacrise na Marinha. Avisa que existia umadesordem organizada em São Paulo, MinasGerais e no Ceará. Critica os deputadoscearenses que tinham apoiado o presidente daRepública. O deputado pede um aparte e afirmaque Lacerda estava organizando um golpe.Lacerda responde dizendo que o deputado estavaconfirmando o que ele dissera, que os distúrbiosem Belo Horizonte, São Paulo e em Fortalezatinham sido noticiados na imprensa. Outrodeputado cearense critica o governador doestado, que pertencia ao partido de Lacerda.Lacerda se defende e afirma que o deputado

Page 127: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

tinha apoiado o motim em Fortaleza. Lacerdaassegura que havia uma exploração da desordeme que havia interesse no país em criar uma novaIntentona.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.047

1. AssuntoCerimônia na Faculdade Nacionalde Medicina – Orador AntônioDias Rebelo Filho

2. Temas

21. Faixa 1Carência na saúde, ideais damedicina, mudança de métodos,importância dos médicos

F1: 10 min F1: 19/11/1965 Faixa 1Cerimônia na Faculdade Nacional de MedicinaAntônio Dias Rebelo Filho conta que ao voltar,25 anos depois, à faculdade, sentia alegria esaudade ao mesmo tempo. Comenta que sesentia feliz de reencontrar antigos mestres ecolegas e discorre sobre as mudanças namedicina nos últimos 25 anos. Critica a políticade saúde, menciona que foram estabelecidosmétodos anacrônicos e confusos. Acredita que,como resultado de uma medicina socializada emum país capitalista, havia um povo sem saúde emédicos frustrados. Assinala que o povo sofriamoléstias de carência, enquanto os médicos nãotinham recursos para prover necessidadesprimárias da própria família. Mas, assegura queos governantes começavam a perceber os seuserros, traçando diretrizes para mudar estasituação. Afirma que os governantes começavama perceber a importância dos médicos e que oslegisladores, ao votar o orçamento, selembrariam da importância do médico.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.048

1. Assunto

Faixa 11.1 Inauguração do Retrato doGovernador na Sede da UDN, noParaná

2. Temas

21. Faixa 1Democracia moderna, eleições,missão da UDN, povo nas ruas,adversário, estratégia decampanha, demagogia, propostas,eleição indireta

2.2 Faixa 2Não tem faixa 2

F1: 30 min F1: 22/03/1965 Faixa 1Inauguração do Retrato do Governador na Sededa UDN, no ParanáLacerda diz que tem o compromisso de acelerar,através da vitória nas urnas, o processo detransformação do Brasil em uma democraciamoderna. Considera que a UDN iria ganhar aseleições e garante que iria haver eleições, e quepara ganhá-las eram precisas várias coisas, entreelas, não discutir o passado, mas o futuro.Lacerda assegura que era tão importante discutircomo ganhar a eleição. Afirma que foi precisofazer uma “Revolução” para que houvesse umaeleição. Diz que era preciso separar a avaliaçãodo governo da avaliação da “Revolução”. Achaque a eleição iria ser decidida pelos que iriamvotar pela primeira vez, que o Brasil era umpaís jovem, por isso a importância do jovem.Acredita que a missão da UDN era levar o povoàs ruas. Lacerda fala que lançou um novo estilode campanha e, a favor de sua campanha, ele dizque tinham o tempo, e contra, a falta dedefinição sobre quem iria ser seu adversário.Acha que o governo da Guanabara era a suamelhor estratégia de campanha. Conta que a suacampanha iria se concentrar no essencial, nãoiria debater os assuntos superficiais. Lacerdacomenta que estava andando em terreno minado,mas que iria ganhar as eleições nas ruas.Conclui que não era preciso ser demagogo paraser popular. Lacerda garante que o povobrasileiro estava preparado para ouvir a verdadee que a UDN sempre tinha falado a verdade.Destaca que durante o período eleitoral a

Page 128: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

população queria ouvir as propostas dospolíticos para as situações cotidianas, não estavainteressada nos debates parlamentares. Critica osargumentos contra a eleição e considera que aseleições não punham em risco a “Revolução” eque não causariam desordem no país. Anunciaque não concordava com a mudança daConstituição, e que se o presidente não queria aseleições, deveria vir a público explicar o motivo.Critica o projeto de eleição indireta paragovernador.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.049

1. AssuntoDiscurso de Raul Brunini naAssembleia de Deputados

2. Temas

21. Faixa 1Defesa do governo Lacerda,UDN, divisão, favorecimento doadversário

F1:20 min

Conferência doGovernadorLacerda noTeatro Tupi – SP– 7/6/63

[1960/1965] Faixa 1Discurso de Raul Brunini na Assembleia deDeputadosO deputado Raul Brunini faz a defesa dogoverno de Carlos Lacerda. Afirma que, comoparlamentar, tinha defendido do gari aosecretário de estado. Conta que era um defensorintransigente do governo de Lacerda. ChamaLacerda de a última esperança e assegura quenunca trocaria de partido, que não tinha ambiçãopessoal. Menciona que era acima de tudoudenista. Defende que o partido deveriapermanecer unido porque a divisão favorecia aoadversário. Agradece as palavras proferidas emhomenagem à sua mulher. Agradece novamentee diz que não havia nada que o fizesse sair doseu caminho ao lado do governador CarlosLacerda. Considera que ele precisava serajudado, por ter sido acusado injustamente.Ressalta que tinha que fazer muito esforço paramanter o mesmo nível da Assembleia quandopresidida pelo deputado Lobo Coelho. Elogia odeputado Frota Aguiar, que também tinhapresidido a Assembleia. Conta que ogovernador tinha lhe recomendado serenidade, ea defesa, em qualquer hipótese, da dignidade daAssembleia.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.050

1. Assunto

1.1.1 Faixa 1aRepetição do Discurso de RaulBrunini na Fita 49

1.1.2 Faixa 1bReportagem da Rádio RoquetePinto sobre o 4º CongressoInteramericano de Correios,Telégrafos e Telefones no HotelGlória. Discurso de CarlosLacerda

1.1. 3 Faixa 1cRádio Roquete Pinto – Gravaçãoda Reunião do Governador CarlosLacerda com o Presidente eDiretores da Associação

F1a: 20 minF1b: 30 minF1c: 40 minF2a: 30 minF2b: 23 minF2c: 22 minF2d: 15 min

F1a:[1960/1962]

F1b:[1/06/1964]

F1c: [1962]

F2a: [1962]

F2b: [1962]

F2c: [1962]

F2d:[1962]

Faixa 1aRepetição do Discurso de Raul Brunini Gravadona Fita 49O deputado Raul Brunini faz a defesa dogoverno de Carlos Lacerda. Afirma que, comoparlamentar, defendeu do gari ao secretário deestado. Conta que era um defensor intransigentedo governo de Lacerda. Chama Lacerda de aúltima esperança e assegura que nunca trocariade partido, que não tinha ambição pessoal.Menciona que era acima de tudo udenista.Defende que o partido deveria permanecer unidoporque a divisão favorecia ao adversário.Agradece as palavras proferidas em homenagemà sua mulher. Agradece novamente e diz que nãohavia nada que o fizesse sair do seu caminho aolado do governador Carlos Lacerda. Consideraque ele precisava ser ajudado, por ter sidoacusado injustamente. Ressalta que tinha quefazer muito esforço para manter o mesmo nívelda Assembleia quando presidida pelo deputadoLobo Coelho. Elogia o deputado Frota Aguiar,

Page 129: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Comercial do Rio de Janeiro.

1.2 Faixa 2aPronunciamento de CarlosLacerda na TV Tupi, Depois deum Longo Silêncio, para PrestarEsclarecimentos à População.

1.2.2 Faixa 2bInauguração da Escola Corinto daFonseca em Realengo

1.2.3 Faixa 2cInauguração do Ginásio OlavoBilac em São Cristóvão

1.2.4 Faixa 2dInauguração da Escola Suíça naPenha

2. Temas

2.1.1. Faixa 1aDefesa do governo Lacerda,UDN, divisão, favorecimento doadversário

2.1.2 Faixa 1bSindicalismo livre, CompanhiaEstadual de Telefone, ManifestoComunista, Revolução Industrial,luta de classes, revolução social,movimento sindical autônomo,Ministério do Trabalho, Institutode Educação Industrial,reacionarismo, combate aocomunismo

2.1.3 Faixa 1cassassinato de mendigos, justiça,plebiscito, Cuba

2.2.1 Faixa 2aCrise de abastecimento degêneros alimentícios, iniciativaprivada, controle do governofederal, COFAP

2.2.2 Faixa 2bFundo Nacional de Educação,critica à Assembleia Legislativa,reforma de escolas, inaugurações

2.2.3 Faixa 2cCritica à Assembleia Legislativa,bolsas de estudo, concurso paraprofessor, defesa de algunsdeputados, liberdade de ensino

que também tinha presidido a Assembleia.Conta que o governador tinha lhe recomendadoserenidade, e a defesa, em qualquer hipótese, dadignidade da Assembleia.

Faixa 1bReportagem da Rádio Roquete Pinto sobre o 4ºCongresso Interamericano de Correios,Telégrafos e Telefones, no Hotel GlóriaCarlos Lacerda diz estar orgulhoso por participarde um congresso que reunia o sindicalismo livredo continente. Saúda os convidados docongresso em nome da população carioca.Discorre sobre a importância do sindicalismolivre para preservar a liberdade e oaperfeiçoamento da ordem social cristã, paraimplementar progresso e a justiça social.Lacerda fala sobre a melhora do sistema detelefonia no seu governo e lamenta a intervençãomilitar do governo federal na CompanhiaTelefônica, que impedia o governo estadual demelhorar o serviço e nacionalizar a empresa.Assinala que por isso foi criada uma CompanhiaEstadual de Telefone. Lacerda menciona aimportância do dia 1º de Maio em todo o mundoe comenta que nesta data se celebrava acrescente participação da classe trabalhadora nocomando da sociedade. Destaca que no início daRevolução Industrial o maior sacrifício foi feitopela classe operária. Lembra que era normal otrabalho infantil e que os operários tinhampéssimas condições de trabalho. Discorre sobreo manifesto comunista escrito por Marx eEngels, e sobre a ideia de luta de classes e daditadura do proletariado. Assinala que Marx nãocontava com a revolução da técnica e dainteligência, que tornaram desnecessária arevolução social. Assegura que a escolarizaçãoda classe trabalhadora e o avanço da tecnologiafizeram com que a revolução social não fossemais necessária e que a eletrônica, por si só,valia por uma revolução armada. Comenta queaquela reunião assumia um significado muitomaior do que uma celebração, porque osprofissionais de comunicação postal, telegráficae telefônica representavam a vanguarda datécnica, tornavam a democracia mais ao alcanceda população. Enfatiza que o movimentosindical tinha que ser livre das influências dospartidos, das influências do Ministério doTrabalho. Acha que nos últimos 30 anos tinhamelhorado a escolha de candidatos pelapopulação, mas o movimento sindicalcontinuava dependente do Ministério doTrabalho. Acredita que era a hora de intensificarum movimento social autêntico, tornando-oindependente de qualquer tutela e que não sedeveria confundir os partidos políticos com ossindicatos. Discorre sobre o investimento dogoverno da Guanabara na educação primária,

Page 130: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

2.2.4 Faixa 2dVeto, critica à AssembleiaLegislativa, bolsas de estudoensino médio, diferença entreSuíça e Brasil, nacionalismo,patriotismo, neutralidade,tolerância

destacando que em dois anos tinha acontecidoum grande aumento no número de vagas nasescolas estaduais. Cita a inauguração doprimeiro Instituto de Educação Industrial.Considera que o sindicalismo precisava tornar-se independente. Assegura que não sabia porqueera chamado de reacionário, que estava sendojulgado por ter uma posição contrária aocomunismo internacional. Assinala que ocomunismo era uma ideologia a serviço daexpansão de duas ou três nações e que, assimcomo se combateu o nazismo e as ditaduras naAmérica Latina, era preciso combater ocomunismo.

Faixa 1cPronunciamento de Carlos Lacerda na TV Tupi,Depois de um Longo Silêncio, para PrestarEsclarecimentos à População.Relata que no dia 18 de Janeiro apareceram doiscadáveres e uma sobrevivente no Rio da Guarda.Diz que uma semana depois estavam presos osautores do crime. Acrescenta que no dia anterior,dia 28 de janeiro, tinham sido demitidos doisfuncionários da polícia acusados do crime.Considera que foi um crime hediondo e que osdetalhes a imprensa já havia fornecido. Contaque um dos assassinos já tinha sido mendigo.Lacerda considera que a polícia t5inha cumpridoo seu papel com rapidez e eficiência. Defende-seda acusação de ter mandado assassinar osmendigos. Enfatiza que nenhum dos acusadostinha ligação com ele, portanto, se eximia deresponsabilidade pela conduta dos policiais.Menciona que um dos assassinos era funcionáriodo Jornal do Brasil. Pergunta se alguémconsideraria o jornal responsável pelo crimecometido por seu funcionário. Pergunta o quequeriam dele, além de punir os culpados pelocrime, se queriam que ele matasse os culpados,que fizesse justiça com as próprias mãos.Menciona o assassinato de dois exilados cubanosna embaixada brasileira em Cuba. Perguntaporque não falavam sobre isso. Assegura queCuba estava intervindo no Brasil com armas edinheiro. Critica a lentidão da investigação dosassassinatos da embaixada brasileira em Cuba.Critica o plebiscito e os integrantes do governofederal. Diz que o objetivo do governo eraentregar o Brasil à Rússia com o dinheiro dosEUA. Acredita que esta era uma verdade que anação precisava ouvir. Lacerda critica asonegação de informações no Brasil.

Faixa 2aRádio Roquete Pinto – Gravação da Reunião doGovernador Carlos Lacerda com o Presidente eDiretores da Associação Comercial do Rio deJaneiro.O governador Carlos Lacerda discorre sobre a

Page 131: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

crise de abastecimento de gêneros alimentíciosno estado. Assinala que pediu à Assembleia umcrédito de 100 milhões para comprar os gênerosalimentícios em falta. Critica a fixação de preçospelo governo federal e sugere que o problemafosse resolvido pelo comércio e não comcaminhões de abastecimento, como na época daguerra. Acrescenta que a rede comercial eraindispensável para resolver a situação deemergência. Reitera a sua ideia de quejustamente na emergência era que a iniciativaprivada deveria ser incentivada, porque aestatização do comércio era onerosa e precáriano sentido de atingir os seus objetivos. Afirmaque o seu interesse era acabar com as filas dearroz e feijão. Garante o apoio do governo doestado ao comércio. Acrescenta que não sepoderia deixar sem solução o problema doabastecimento. Lacerda cobra da AssociaçãoComercial uma atitude para resolver a situação.Relata as dificuldades de governar devido aospoucos recursos. Diz que o problema era dogoverno federal e da COFAP (Comissão Federalde Abastecimento e Preços), que controlava ospreços. Comenta que, por isso, a reunião eraimportante para definir as responsabilidades.Defende uma atitude viril no enfrentamento dacrise.

Faixa 2bInauguração de Escola Corinto da Fonseca emRealengoCarlos Lacerda explica que era a primeira dascinco escolas que seriam inauguradas naqueledia. Considera que as escolas não eram umpresente do governo, mas uma obrigação.Orienta a população a escolher os políticos queencaravam as suas realizações como obrigação,não como presentes para a população. Comentaque muitos deputados não sabiam porque tinhamsido eleitos, mas que outros cumpriam o seudever. Afirma que o político deveria continuarestudando depois de eleito, porque ninguémnunca deveria parar de aprender. Critica aAssembleia por não ter votado o Fundo Nacionalde Educação. Considera fundamental aaprovação do Fundo para melhorar a educaçãono estado. Questiona a quem este projetoprejudicaria e responde que apenas àqueles quequeriam manter o povo na ignorância, que nãovotavam leis que garantiriam escolas aos filhosdos trabalhadores. Relata que além daconstrução, estava reformando escolas e quepretendia reformar mais escolas em 1963. Dizque nunca se preocupou em saber quem votounele, pois governava para todos. Afirma que opovo podia votar em inimigos do governador,mas que não teriam escolas para os seus filhos.Enfatiza que quem escolhia mal perdia o direitode reclamar. Faz elogios a Corinto da Fonseca,

Page 132: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

patrono da escola.

Faixa 2cInauguração do Ginásio Olavo Bilac, em SãoCristóvãoCarlos Lacerda elogia o patrono da escola OlavoBilac, que considera o grande poeta do seutempo. Explica que foi Olavo Bilac quemdefendeu na imprensa a utilização de roupastropicais no Brasil. Lacerda conta que Bilac eraum evangelizador do civismo no Brasil e quelevou a juventude ao Exército. Elogia onacionalismo de Bilac e diz que, além de tudo,Olavo Bilac era carioca. Fala que defendia aliberdade de ensino como estava previsto na Leide Diretrizes e Bases. Afirma que as bolsasoferecidas pelo governo da Guanabara eramdestinadas a alunos que realmente queriamestudar. Conta que queria preencher as vagas deprofessor por concurso. Critica as votaçõesrealizadas pela Assembleia Legislativa. Diz quetinha vetado 300 projetos encaminhados pelaAssembleia. Afirma que nenhum partido estavaisento de culpa, nem o seu próprio. Comemora ofato dos deputados não terem conseguidoderrubar seus vetos. Comenta que uma escolacustava no mínimo 30 milhões de cruzeiros.Defende alguns deputados e acusa jornais decaluniarem estes deputados.

Faixa 2dInauguração da Escola Suíça na PenhaCarlos Lacerda explica que não poderiademorar muito, porque tinha que visitar umprédio em Jacarepaguá, que poderiatransformar-se em um ginásio. Fala que em seugoverno tinha ocorrido um aumento do númerode alunos em escolas estaduais. Agradece oapoio da população carioca e elogia asprofessoras e professores do estado. Discorresobre as bolsas oferecidas pelo estado e sobre oinvestimento que fez no ensino médio. Diz que aAssembleia elaborou algumas leis boas e outrasnão, por isso teve que vetar cerca de 200 leis.Fala sobre a importância da escolha do nome daescola no processo educativo, assim como aconservação da escola. Salienta que tinha sidocom surpresa que havia percebido que ainda nãoexistia uma escola com o nome Suíça. Fala sobreo exemplo da Suíça, país com três raças, trêsidiomas, um país que foi construído com base natolerância. Narra as diferenças entre o Brasil e aSuíça, mas acha que os dois países tinham umacoisa em comum, a vocação para a liberdade.Diz que o nacionalismo e o patriotismobrasileiro não eram contra nenhum país, apenasa favor do Brasil. Condena o ódio entre asnações, elogia a neutralidade da Suíça, que deuabrigo a todos que a procuraram. Comenta que odesabastecimento era causado pelos erros e pela

Page 133: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

desonestidade do governo e que a culpa era dopovo que escolhia mal os seus governantes.Considera que o povo deveria reagirdemocraticamente e que para isso era precisoinvestir em educação.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.051

1. Assunto1.1 Faixa 1Entrevista de Rafael de AlmeidaMagalhães, após sua Eleição paraVice-governador do Estado daGuanabara.

1.2 Faixa 2Entrevista com Marcos TitoTamoyo, Diretor doDepartamento de Urbanização daSURSAN

1.3 Faixa 3Discurso do Governador CarlosLacerda na Faculdade de Direitoda PUC-Rio.

1.4 Faixa 4Discurso do Governador CarlosLacerda no Theatro Municipal, naSolenidade de Entrega deDiplomas a Novos Médicos daTurma que Concluiu o Curso de1963, na Faculdade de CiênciasMédicas na Guanabara.

2. Temas2.1 Faixa 1problema dos transportes, depoliciamento, concurso público,governo reacionário,intervencionismo, livre-empresa,educação, saúde, programaescolar, juventude comunista

2.2 Faixa 2Aterro do Flamengo, túneisMajor Vaz e Rebouças,problemas e soluções para otráfego, transporte marítimo Rio-Niterói, ponte, canalização derios

2.3 Faixa 3

horror à utopia, “angelismosocial”, falácia da sociedade

F1: 17:05minF2: 09:03minF3: 44:13minF4: 14:53min

F1: [1964]F2: [1963]F3:29/12/1963F4:29/12/1963

Faixa 1Entrevista de Rafael de Almeida Magalhães,após sua Eleição para Vice-governador do Estadoda Guanabara.A primeira pergunta é do repórter Pirelli, da TVRio. Ele pergunta se a eleição animaria Rafaelpara “voos” mais altos na política. Ele respondeque não e que considerava a eleição umademonstração de compreensão da Assembleiapelo momento brasileiro. Comenta que o que oanimava seriam os voos de servir ao país, o queseria sempre motivo de orgulho. A segundapergunta versa sobre qual seria o mais graveproblema da Guanabara naquele momento. Eleresponde que talvez o mais difícil de serformulado, e que era praticamente impossíveltentar sobre ele uma formulação, era o problemados transportes. Explica que o estado era servidopela CTC (Companhia de Transportes Coletivos)- empresa estatal -, pela Rede FerroviáriaFederal, através de duas linhas, e também servidopor empresas individuais de lotação e de ônibus.Rafael Magalhães considera que a conjugaçãodesses três elementos seria extremamente difícile que seria impossível contar com qualquercombinação conjunta com a Rede Federal. Otema da terceira pergunta é o problema dopoliciamento. O repórter quer saber se ele oconsiderava grave. Ele responde que opoliciamento ainda era deficiente, masequacionável e em vias de solução. Diz que osefetivos da Polícia Militar, da Guarda Civil, daPolícia de Vigilância, do Corpo de Bombeiros eda Polícia Civil deveriam ser aumentados emelhor equipados e que gradativamente osmelhoramentos tenderiam a resolver o problema.Acrescenta que a realização de concurso públicopara aumento do efetivo levaria de 3 a 4 meses,desde o lançamento do edital até o fim dotreinamento dos aprovados, ou seja, demandavatempo. Continua falando que, para preencher5000 vagas, o período deveria ser maior ainda.Contudo, ele conclui que não era um problemaque assustava e preocupava o governo do estado,sendo uma questão de tempo e de paciência.Outra pergunta - quando o já então vice-governador estava assumindo o cargo deixadopelo Elói Dutra - , sobre se ele saberia dizer se oElói estava ficando ‘maluco’, ‘doido’, de acordocom as palavras do entrevistador. Rafaelresponde: “Não, não sei nada a respeito do Sr.

Page 134: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

perfeita, reforma agrária,liberdade, comunismo, desordem,analfabetismo, eleitor decabresto, demagogia, SUDENE,anarquismo

2.4 Faixa 4Hospital das Clínicas, debate,exame de teses, desprezo pelaliberdade, progresso,insuficiência das universidades,ações construtivas

Elói Dutra. Nada posso adiantar a respeito dele”.Mário Franqueira, da rádio Globo, pergunta seRafael se considerava um reacionário. O vice-governador responde que isso era umamistificação, que se tentava criar, em torno dogovernador Carlos Lacerda e do governo daGuanabara, isto é, o mito de ser um governoreacionário. Para Rafael, um governointervencionista não poderia ser visto como umgoverno reacionário; um governo queconsiderava a iniciativa privada fundamentalpara o crescimento do Brasil, mas jamais deixoude intervir, criando diversas companhias estataissempre que achava que a solução do problemaera de natureza intervencionista e não livre-empresa, não poderia ser reacionário. Assinalaque não saberia dizer se um governo que tambémtinha feito investimentos maciços em aspectosque interessavam mais de perto às classes menosfavorecidas da população – a dos subúrbios daCentral e da Leopoldina - os investimentosvultuosos em educação, em saúde pública, e emassistência hospitalar, poderia ser consideradoreacionário. Enfatiza que um governo que tinhalançado um programa de habitação popular,praticamente pioneiro, que conseguiu construir,em pouco mais de dois anos, 7000 residências, ese preocupou em realizar uma imensa obra desaneamento, poderia ser considerado reacionário.Acrescenta que um governo que pautava suasdecisões em uma filosofia que consistia em darao problema concreto a solução mais compatívele que atendia melhor ao bem comum poderia serconsiderado reacionário. Salienta que umgoverno que não temia tomar decisões, que sefosse a melhor solução em conjunto com ainiciativa privada, não poderia ser tachado dereacionário. Para Rafael a grande força dogoverno Carlos Lacerda residia no fato de setratar de um governo democrático. Já a segundapergunta de Mário Franqueira vem precedida deuma afirmação. Diz Mário que o melhor dajuventude da brasileira estava se dirigindo para ocomunismo, e que sua pergunta era como Rafaelse dirigia à juventude carioca. Ele responde queconsiderava a premissa da perguntaabsolutamente falsa, pois a juventude brasileiranão caminhava para o comunismo, caminhava,como caminhava o governador Carlos Lacerda eo governo do estado da Guanabara, para umaposição de compreensão do problema brasileiro.Uma compreensão de que o Brasil estava em fasede transformação, e que a sua estrutura deveriaser adaptada às novas realidades econômico-sociais. Isso, menciona ele, sem que se chegassea teses reformistas de fundo comunista. Por fim,há uma pergunta de Walter Fontoura, de OJornal. Considerando ele que a eleição doRafael, de fato, demonstrou a formação de umasólida constituição, na Guanabara, de uma equipe

Page 135: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

política, ele pergunta se haveria um novoesquema na política carioca. Em resposta, RafaelMagalhães afirma não crer que seria aperspectiva de um novo esquema e que issotraduzia uma coisa mais profunda: o sentimentode que era preciso, em termos de Brasil, pensarem termos maiores. E este era o sentido que eledava ao comportamento da bancada petebista naAssembleia Legislativa Estadual. RafaelMagalhães termina dizendo ao povo daGuanabara que confiasse no governo daGuanabara e confiasse no governador CarlosLacerda, que tudo vinha fazendo e que tudo fariapara que a Guanabara fosse restaurada.

Faixa 2Entrevista com Marcos Tito Tamoyo, Diretor doDepartamento de Urbanização da SURSANTamoyo, discorrendo sobre as obras realizadaspara melhorar o fluxo do tráfego para a Zona Sul,diz que, com o Aterro (parque BrigadeiroEduardo Gomes) o fluxo melhoraria, poispassaria de 4 para 2 vias de acesso. Ele explica asrazões: Se fossem 20 pistas para Copacabana, aoinvés de 4, então todos os veículos que saíssemda cidade, no rush da tarde, chegariam aCopacabana em meia hora. E aí, pararia tudo, eninguém mais entraria. Por isso, não se podiafacilitar demais o tráfego. Comparando, ele dizque não se poderia fazer uma canalização larga eemendar depois com uma estreita. Menciona queo Aterro do Flamengo estava sendo feito com afinalidade de recreação, ou seja, para construirum parque e que por isso não se poderia encher‘aquilo’ de asfalto. Antônio Domingues, dojornal O Dia, comenta que achava que o governoestava se dedicando muito à Zona Norte, aossubúrbios, e abandonando a Zona Sul. Elepergunta: “Tirando o túnel Major Vaz, a Zona Sulestá abandonada, não está não?” Marcos Tamoyoresponde que o programa viário do governoabrangia as três ‘ligações-tronco’, que ademografia do estado da Guanabara tinha criadoe que era consequência da nossa topografia.Segundo Tamoyo, elas eram: a ligação Centro-Sul, a ligação Centro-Norte e a ligação Norte-Sul. Fala que o governo Carlos Lacerda tinha seocupado com todas as três. Sobre a ligaçãoNorte-Sul, ele comenta que ela era ‘virgem’, masque estava sendo aberta com o túnel Rebouças;quanto à ligação Centro-Sul, menciona queestava sendo atendida pelas pistas de Botafogo,do Flamengo e da Glória, e a ligação Centro-Norte estava muito bem atendida pelo viadutodos Marinheiros, pela rua Teodoro da Silva, queiria chegar em breve até o estádio do Maracanã, ecom a duplicação da avenida 24 de Maio. No quediz respeito a soluções locais, ele acrescenta quea Zona Sul também tinha recebido contribuiçãomaciça, uma vez que o túnel Major Vaz tinha

Page 136: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

aberto a 4ª via paralela à praia de Copacabana,criando o eixo Tonelero-Pompeu Loureiro, quenão existia. A pergunta seguinte era sobre aresolução do problema do tráfego Rio-Niterói,como ele resolveria a questão. Tamoyo respondeque, em primeira análise, a solução da ponte eramuito mais barata. Entretanto, não havia umaresposta definitiva para este problema, quedeveria ser encarado de outra forma. Salienta quea solução das barcas, se fosse bem tratada, aindadaria escoamento muito bom. Somente após oesgotamento desta solução é que se deveriapensar em ponte. Considera que estávamos aindana ‘idade da pedra lascada’ em matéria detransporte marítimo Rio-Niterói. Outra pergunta,dirigida a Marcos Tamoyo, versava sobre a razãode se ter escolhido o dia 22 e não o dia 21 para agrande inauguração do túnel Major Vaz. MarcosTamoyo responde que o que tinha ficadoacordado era que a inauguração seria no primeirodia em que o túnel tivesse condições de receber otráfego em seu interior, e que esse dia foi o dia22. No fim da fita, ele ainda fala um pouco dacanalização de rios pelo Departamento deUrbanização. Diz que era incumbência doDepartamento a parte de saneamento das baciasfluviais.

Faixa 3Discurso do Governador Carlos Lacerda naFaculdade de Direito da PUC-Rio.Começa seu discurso falando que tínhamos saídoda louvação e do culto ao bacharel para alouvação e o culto ao técnico. Ele manifesta oreceio de que, passando de um exagero ao outro,tenhamos perdido a capacidade de dispor nacomunidade de homens capazes de realizar agrande síntese, que se fazia, e só se fazia,através do Direito. Rememora a figura retóricado historiador que definia o Direito como asombra da sociedade. Ele lembra que quando asociedade perde a sua sombra era porque perdeua luz do sol da liberdade. Adverte aos carosbacharelandos do ano que deveriam guardar-seda utopia, ter horror a ela. Fala do seu receio deque se estivesse praticando um novo tipo deheresia no país. Atenta para o fato de que,principalmente no meio católico, estava setentando generalizar o angelismo, a nova heresiado tempo presente: a do ‘angelismo social’, queconsistia, segundo Carlos Lacerda, “em inventar,por inteiro, uma sociedade quimicamente pura,uma sociedade tão perfeita como nunca existiu,nem existiria. Assinala que se rebelavam contra asociedade possível, contra a sociedade doshomens, tal qual os homens a poderiam fazer eque poderiam melhorá-la,. Mas, em vez demelhorá-la, propunham degradá-la, corrompê-la,negá-la, destruí-la em nome da perfeição, emnome do angelismo social, que era a perseguição

Page 137: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

de uma utopia. Ele discorre sobre a necessidadede não se perder a fecundidade das ideias, embenefício da simplificação das formas. CarlosLacerda enfatiza: “Uma reforma não se faz nasociedade com a mesma facilidade com que seencontram frases para vender sabonetes”. Ecompleta que a reforma sim, se faria comhumildade, com tenacidade e, sobretudo, comesforço. Se a religião era o ópio do povo,conforme o anátema de Marx, o mito da reformaagrária era o ópio do camponês brasileiro. Eleteme que se estivesse querendo fazer doreformismo uma posição negativa, ao invés deafirmativa, uma posição que destruía valoresexistentes, pondo em seu lugar coisa nenhuma,uma posição que negava a preeminência dosvalores espirituais, entregando aos materialistas aarma por excelência da vida cristã, que era aconfiança no valor do espírito. Carlos Lacerdaadianta: “Precisamos inventar nossa próprialinguagem, para não sermos apenas portadores dapropaganda estupidificante com que se procuramassacrar a inteligência, para pôr em seu lugar oautomatismo dos totalitários incuráveis, dereformistas e revolucionários cuja característica éa incompetência”. Comenta as palavras do papa,que permaneciam como uma constante sobre airreconciliável diferença que existia entre umaposição cristã diante da sociedade e uma posiçãomaterialista contra ela; que defendia aimpossibilidade da convivência real, no plano daação social e política, entre aqueles queriammelhorar a sociedade e os que queriam destruí-lapara dominá-la. O que se deveria defender,acrescenta, não era o privilégio de alguns e sim ode todos. Todos deveriam ter o privilégio de nãoabrir mão da sua liberdade. Ele pede para que secombatesse o medo, que significava umcrepúsculo precoce da nação, que a colocava nasombra e fazia com que ela decaísse antes dechegar ao apogeu. Acredita que o Brasil tinhacaído na escuma da falsa elite, nas garras docaudilhismo, da aventura, da ambição pessoal eda improvisação. Insinua que os comunistasapelavam para a subversão, a desordem e oanalfabetismo. Comenta que o analfabeto estavacondenado a ser um aspirante a eleitor decabresto e a continuar a ser um pária da terra.Menciona que não se falava mais em abrirescolas. Ele acrescenta que as elites não temiamque o analfabeto entrasse para a escola, para tercapacidade de julgar qual o melhor governo, qualo que lhe convinha. Sobre a PUC, assinala queera formada sob o signo das elites, pois não tinhaocorrido no mundo ocidental maior elite do que ada Companhia de Jesus, e acrescenta: “E nãopode ela renegar a sua função de elite e devanguarda, que jamais se atemorizou diante datirania dos demagogos, e que nunca temeu aimprecação de fanática e de reacionária. E não

Page 138: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

poderia, portanto, temer agora ser chamada dereacionária, a ponto de capitular diante dademagogia e da confusão mental que, pior do quea seca, assola este país”. Sobre a situação doNordeste – ele se diz estar cansado de ouvir falarde desníveis econômicos entre o Nordeste e oSul, porque o desnível já tinha sido muito maior.Não havia estradas para fugir para o Sul e nem aSUDENE para assistir ao nordestino. Segundoele, a pobreza do Nordeste era um momento daevolução nacional, assim como a pobreza dasfavelas. A própria favela era, para CarlosLacerda, uma etapa da evolução do sertanejo,que saiu da situação de pária, e com coragemtinha construído seu próprio lar, ainda que delatas. Diz que o favelado era uma demonstraçãoda necessidade de ressuscitar no país a iniciativaprivada, por ser, ele próprio, um triunfador dainiciativa privada. Ele pede que não se confundareforma social com anarquismo, que era tudo quea inteligência comunista nos poderia dar.Observação: Aos 00:21:45 a fita fica muda,retornando 10 segundos depois com a repetiçãodo mesmo áudio gravado anteriormente na fita.

Faixa 4Discurso do Governador Carlos Lacerda noTheatro Municipal, na Solenidade de Entrega deDiplomas a Novos Médicos da Turma queConcluiu o Curso de 1963, na Faculdade deCiências Médicas na Guanabara.Ele começa o discurso falando da importância doHospital das Clínicas, para a saúde do povo doestado da Guanabara, cuja transformação estavaem andamento. Ele acrescenta que esperavadeixar o hospital em pleno funcionamento antesdo fim de seu mandato. Prosseguindo, eleacreditava que não estava invadindo o protocoloda cerimônia ao expor sua opinião acerca dasteses sustentadas pelo orador da turma.Considera parte inseparável da missão dauniversidade o debate, o franco e livre exame dasteses. E, conforme suas palavras, nem asolenidade do momento, nem a conveniênciaevidente de não quebrá-la, deveria impedir queele registrasse a sua ressalva, em louvor de suafranqueza e em louvor do seu idealismo, emlouvor de seu entusiasmo e, ainda eprincipalmente, de seu inconformismo. Diz nãoquerer uma universidade confundida com um'rebanho', e uma mocidade satisfeita com ainiqüidade. Salienta que não se podia ficarimpedido de reclamar junto à universidade maiorobjetividade nos exames que ela fazia e maiorvigilância nas fontes que ela consultava, nosautores em que ela ia buscar a sua erudição. Elecrê ter chegado o tempo de dizer aos jovens que“não há maior perigo para eles e para a nação,que deles depende e neles confia, que o cultivodessa espécie de desprezo pela liberdade, que foi

Page 139: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

conquistada a pretexto de que outros ainda não atinham”. Para ele, era grave o fato de nem todospoderem ter jornal. Mas, era mais grave ainda ofato, sob o fundamento de que nem todos tinhamjornal, de que ficassem todos a ler um jornal só.Assinala que nada substituía o trabalho comoinstrumento de libertação de um povo, que eratempo de compreendermos que não havia de sernos folhetos de divulgação, de agitação e deslogans que se encontraria a solução para osproblemas da nacionalidade brasileira. Ressaltaque já era tempo de que todos se convencessemde quão improdutivo era jogar sobre americanos,russos, chineses, franceses e ingleses a culpa dasnossas próprias omissões. Enfatiza que asuniversidades brasileiras eram incompletas, porforça de suas limitações originais, por força doserros de concepção elas ainda eram inferiores àstarefas imensas e às imensas responsabilidadesque a nação lhes desejava e lhes precisavaconferir. Não poderiam prosseguir como merasescolas de formação de profissionais de nívelsuperior. Ele fala da necessidade de que umespírito universitário imperasse, e que istoconsistia numa interação, numa interpenetração,que correspondia a uma presença da universidadena comunidade, indispensável na própriacomunidade. Explica que o progresso pelointerior do Brasil era evidente demais e nãopoderia ser negado pela via do discurso. Comentaque o povo brasileiro estava impregnado de umaconsciência profunda de que a ordem eraessencial para a preservação da liberdade.Acrescenta que a desordem levava à tirania e queele acreditava na vantagem do inconformismo,que não se acomoda com a iniqüidade, sendoexatamente por isso que ele aplaudia e recebiacom emoção as palavras, para ele acolhedoras(ainda que salientando que alguns a julgariamirreverentes) do orador da turma. Felicita-o pelobrilho da oração. E finaliza assinalando quedeixaria à própria consciência do orador, e aotempo, a maturação necessária para que suainconformidade se convertesse em açãoconstrutiva e renovadora.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.052

1. Assunto

1.1 Faixa 1Plano de Estabilização da Moeda

1.2 Faixa 21Discurso de Carlos Lacerda

1.3 Faixa 3Discurso de Carlos Lacerda NaTribuna

2. Temas

F1: 1:02minF2: 07:35minF3: 54min

F1:[1956/1958]F2:31/10/1958F3: 29/10/1958

Faixa 1Plano de Estabilização da MoedaCarlos Lacerda Fala ao Presidente da CâmaraComenta que a bancada da oposição tinha sereunido para tomar uma série de resoluções, apartir do estudo do Plano de EstabilizaçãoMonetária enviado à Câmara pelo governo daUnião. Comenta Lacerda que nos primeiros diasdaquele mês tinha sido entregue à oposição umtrabalho em dois volumes, com 167 páginas,cada um intitulado Programa de EstabilizaçãoMonetária, para o período de setembro de 1958 adezembro de 1959, com recomendações, análisese apêndices estatísticos. “É de supor ter elerecebido a aprovação do sr. Presidente da

Page 140: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

21. Faixa 1Crítica ao Programa de Metas deJuscelino Kubitschek,apresentação das propostas ecorreções da UDN para oprograma

2.2 Faixa 2Continuação das críticas aoPrograma, ao valor estabelecidopara o salário mínimo, àeconomia e às ações dopresidente

2.3 Faixa 3

Aumento dos vencimentos dosparlamentares , funcionários,aposentados, defesa dos gastos edos subsídios dos parlamentares,problema educacional,diversidade brasileira,analfabetismo, projeto Diretrizese Bases da Educação, questão doterritório do Rio Branco

República”, diz Lacerda. Acrescenta que no dia04 daquele mês, a bancada da UDN tinhadesignado - para estudo do programa do governoe para desenvolver um relatório - uma comissãocomposta pelos deputados Herbert Levy, JoãoAgripino, Aliomar Baleeiro, Raimundo Padilha,Oscar Correia, Dias Lins e Carneiro de Loiola.Lacerda explica que a reunião contou tambémcom a presença dos ilustres colegas senadores eque tiveram a honra de contar com a cooperaçãodos aliados do Partido Libertador. Para CarlosLacerda, o Programa, a princípio, não passava deuma brilhante exposição de motivos, comnumerosos dados interessantes. Considera quecom ele o governo confirmava o que a oposiçãovinha falando há três anos. Mas, informa que oGoverno não assumia no programa ocompromisso de dar a todos segurança quanto aocumprimento das novas promessas que fez,depois das muitas que na mesma matériadescumprira. Lacerda fala que era precisoacreditar – e ele afirma, em nome da oposição -,que eles acreditavam na capacidade do Brasil emvencer a crise. Mas, diz que se o governoapresentasse um programa que consistisse emaumentar os seus poderes e reduzir aspossibilidades de iniciativa dos produtoresnacionais, era dever da oposição declarar que ogoverno não estava capacitado para realizar oobjetivo da estabilização monetária. O programaconsistia, em última análise, assinala Lacerda,em justificar o aumento de impostos para cobrir odéficit orçamentário. Lacerda assume que a crisebrasileira estava a ponto de provocarconsequências trágicas, mas não exigia, a rigor,um programa como aquele, ao mesmo tempocoisa demais e coisa nenhuma. Acrescenta queum programa de estabilização monetária só eratecnicamente acertado se fosse socialmenteaceito. Enfatiza que o programa do governo erasocialmente injusto e disforme. E acrescenta:“Não há compatibilidade possível entre umapolítica de defesa da moeda e a realização demetas que absorvem não apenas parte doconsumo precário de um povo, já privado dequase todo o essencial e, até mesmo, daquelaparte indispensável à manutenção de condiçõesmínimas de bem-estar social e paz nacional”. Dizque a oposição não tinha faltado ao seu dever deanalisar o programa. Acusa o silêncio doprograma no que se referia à questão da políticacambial e a do comércio exterior. Acha que ogoverno iria manter e até agravar a política do‘dirigismo’. Lacerda conta que a oposição seresignava, pois, a oferecer, ao país e à Câmara, acrítica de um programa que não era programa.Comenta que queriam, com isso, deixar o povosalvo da agonia que o condenava pela políticadas ‘verdades provisórias. Sobre as análises doprograma pela bancada da UDN e suas

Page 141: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

recomendações, Carlos Lacerda, em seu discurso,cita-as:

• Deveriam apoiar uma política de estabilizaçãoque visasse a defesa da moeda, por meio demedidas monetárias e fiscais, inclusive controledo crédito bancário e a eliminação dos déficits nobalanço de pagamento e a defesa da moedadeveria preceder à política de investimentos;

• A UDN apoiava o reajustamento dos salários evencimentos compatível com as necessidadesmínimas provocadas pelo aumento do custo devida e com base nos índices de 1956;

• Propunha a redução das despesas militares aomínimo indispensável à defesa nacional, vistoque a maior ameaça à soberania do Brasil era asua crise financeira;

• Defendia a revisão da legislação vigente parareduzir as despesas públicas de consumo e alimitação às nomeações no serviço públicofederal e autarquias;

• Propugnavam a limitação da taxa deinvestimentos, isto é, da relação entre a soma dosinvestimentos e o valor global da produçãonacional, durante o período de recuperação doequilíbrio econômico do país;

• Davam prioridade aos investimentos que serelacionassem com habitação, transporte ealimentação. Em suma, com as condiçõesmínimas de sobrevivência do povo;

• Exigiam a exata determinação do custo socialde cada investimento e o levantamento completoda contabilidade nacional;

• Solicitavam uma legislação específica,limitando ainda mais os níveis de emissão dopapel-moeda pelo Tesouro;

• Defendiam a eliminação do sistema vigente detaxas múltiplas de câmbio e faziam oposição atodos os aumentos de impostos indiretos;

• Propunham a adoção, pelo governo, de normasque favorecessem a seletividade do crédito eassegurassem toda procura socialmente útil;

• Pediam providências para a rápida tramitaçãodos projetos que criariam o Banco Central e oBanco Rural;

• Forneciam apoio aos projetos que, sem oaumento dos impostos, dessem recursos aogoverno para reaparelhar e aprimorar o sistemafiscal;

Page 142: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

• Negavam apoio a qualquer agravação doimposto de renda dos proprietários rurais,enquanto perdurasse a situação de crise queatingia amplos setores da agricultura;

• Não apoiavam a aprovação da iniciativa contidano programa do governo de criar fundos deinvestimento junto ao Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico, por constituir oembrião de um controle intolerável do Estadosobre a iniciativa privada no Brasil;

• Propunham a reforma de base da PrevidênciaSocial e o controle da sua receita e despesa emorçamentos aprovados pelo Congresso;

• Defendiam que se considerasse que o cálculoda receita, correspondente ao tributo deimportação na base do dólar fiscal encaminhadopelo governo na proposta orçamentária em curso,tornara-se obsoleto, e que com a sua atualizaçãoe a intenção do governo de explorar esse recurso,somado ao reajustamento do imposto de renda eao aumento da arrecadação do imposto sobrecigarros, em razão da crescente elevação dopreço destes, dariam para cobrir todas asnecessidades decorrentes do aumento devencimentos, que o próprio governo reconheciaindispensável;

Observação: Carlos Lacerda considera que com amelhoria da arrecadação o governo teria maisrecursos do que com o aumento de impostos queestava solicitando. Ou seja, teria mais do que eleconsiderava necessário para o custeio doaumento dos salários e vencimentos.

Prosseguindo com as análises e recomendações:

• Defendiam a correção da excessiva agravaçãoda escala do imposto complementar progressivosobre a renda, por efeito da inflação;

• Apoiavam todas as medidas justas de reduçãode despesas que conduzissem ao equilíbrioorçamentário e repudiavam o ilegal e chamadoplano de economia;

• Pregavam a adoção de medidas de concentraçãoe racionalização de compras, e de racionalizaçãodo trabalho na administração pública;

• Propugnavam o entendimento imediato dogoverno da União com os dos estados e seupreposto no Distrito Federal, para adoção de umprograma conjunto de concentração de todos osesforços na defesa da moeda, do atendimento dasnecessidades mínimas de subsistência dapopulação e do restabelecimento da federação,

Page 143: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

em toda a sua plenitude;

• Queriam a redução do ritmo de investimentos,inclusive na nova capital, que, por não secomportar dentro das possibilidades daeconomia, agravava a inflação;

Observação: Um dos presentes interrompeLacerda e menciona que julgava ser interessantee útil, fora alguns detalhes, o programaenunciado por ele, e que considerava que emtorno dele todos os partidos deveriam se unir emuma pacificação política para o bem do país. Eanuncia: “Vossa Excelência receba oscumprimentos de um velho estudioso dasCiências Econômicas. O trabalho que VossaExcelência está lendo é um trabalho à altura doParlamento e deve merecer a aprovação e a uniãode todos os parlamentares do Brasil”.

Ainda as recomendações da oposição:

• Queriam o controle efetivo das obras públicas,para eliminação do desperdício e da corrupção,que deveria ser energicamente reprimida, em vezde fomentada;

Conclui Lacerda que só com essa repressão teriao governo a fonte de receita que vinhadesprezando há muito tempo. E, citando outrospontos do programa, continua:

• Solicitam a supressão do abuso de despesassem autorização orçamentária ou porautorizações impróprias e a revogação dosartigos 46 e 48 do código de contabilidade, paraque não se pudesse mais violar, frontal ouhipocritamente, o artigo 77, parágrafo 3º, daConstituição;

• Pedem a adoção, pelo governo, diretamente eatravés da maioria de que dispunha noCongresso, de uma política de contenção dedespesas, com a apreciação dos projetos declientela eleitoral, projetos de interesse de gruposou mesmo projetos normalmente úteis, paradecisão dos que deveriam ser adiados de forma adar prioridade às medidas de salvação pública,que eram, a esta altura, as de defesa da moeda;

• Sugeriam proibir que o poder Executivocusteasse, através do Banco do Brasil, com areceita de ágios, despesas não autorizadas, e arevogação da permissão que tinha a União defornecer letras do Tesouro aos estados emunicípios – Lei 3337, de 12 de dezembro de1957;

• Propunham o andamento dos executivos fiscaise inventários paralisados dos autos de infração de

Page 144: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

grandes somas, que às vezes prescreviam, e aapuração dos débitos dos defraudadores;

• Solicitavam o abono de 30% para os servidorescivis, a partir de janeiro do ano seguinte, eposterior elevação dos vencimentos com o planode classificação;

• Condicionavam o apoio às emissões aoconhecimento do Congresso, e que o Executivodeveria obrigar-se da natureza das despesas quetivessem lhe dado causa;

• Queriam instituir, para estímulo da produçãoagrícola, o crédito através da nota de créditorural, já autorizada pela lei 3553 - Lei RondonPacheco –, de 27 de agosto de 1957, de seguroagrícola e garantia de preços;

• Propunham o aumento do salário mínimo, nabase dos índices do custo de vida de 1946; aadoção de uma política de fomento à produção detrigo e de medidas eficientes de combate aochamado ‘trigo papel’, que vinham financiandouma parte inexistente de trigo nacional; aapuração imediata de responsabilidade pelaespeculação com o ‘trigo papel’, que causara aopaís, ainda naquele ano, prejuízo na ordem demeio bilhão de Cruzeiros; a redução severa dasdespesas que o governo vinha realizando comobras e planos suntuários, viagens oficiais,missões internacionais e propaganda de suaschamadas metas;

• Defendiam as alterações propostas nalegislação do imposto de renda, que visassemtornar mais justa essa tributação;

• Queriam resolver racionalmente o problema docafé, de modo a estancar a maior fonte deinstabilidade cambial e de utilização de recursosem cruzeiros para compra, financiamento eestocagem dos excedentes, mediante uma políticaagressiva de reconquista de mercados efortalecimento da lavoura cafeeira.

Essas foram, então, as recomendações dabancada da UDN lidas por Carlos Lacerda naCâmara e ele adianta que se o governo realmentepretendesse combater a inflação e estabilizar ovalor da moeda, para permitir a mínima condiçãode vida ao povo e a fim de que se pudesseproduzir, deveria dar a essa política todo o apoio.Mas, ele afirma que o programa não estabilizariaa moeda e apenas agravaria tais condições devida, em nome das metas. Acha que o programaera, sobretudo, um esquema financeiro paraexecução do plano de metas e que não ofereciaqualquer segurança com relação à estabilizaçãomonetária. Além disso, ele assegura que o

Page 145: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

programa não continha as medidas capazes deincrementar a produção agrícola, de aumentar aprodutividade. Considera Carlos Lacerda que acrise brasileira não era tanto de receita pública,era muito mais de despesa pública. Acrescentaque o preço do desenvolvimento não poderiareduzir o povo ao desespero. Assinala que osrecursos de que dispunha a nação paradesenvolver-se normalmente eram inferiores àspretensões anormais do governo. Para ele, adefesa da moeda deveria ser a primeira meta,pois sem a sua estabilização o país iria mergulharna desordem. Clama que o governo era o agenteinflacionário número 1, ao absorver do Banco doBrasil três quartas partes dos recursos postos àdisposição do sistema bancário. Considera que ocomércio teria de assumir o ônus das acusaçõesde especulação, pois os aumentos de impostos,especialmente os de consumo, recaindo sobreseus clientes, seriam facilmente confundidos coma ganância e a especulação. Salienta que oprograma queria tirar do consumidor o seu poderde compra, para aplicá-lo no Plano de Metas,fazendo com que o homem deixasse de sersujeito para transformar-se em objeto daeconomia. Pelos dados do próprio programa – osaldo em papel-moeda, em 31 de dezembro, nãodeverá exceder a cifra de 107 bilhões decruzeiros. Ele ressalta a quase impossibilidade dese atingir essa meta: “Como, porém, esse saldo seelevara a 109 bilhões em setembro, seria precisoreduzir essa soma, até dezembro, em 2 bilhões decruzeiros, para chegar ao teto que o governotinha fixado para si mesmo, no programa emquestão. Pois bem, adverte Lacerda, em vezdisso, o governo emitira no mês de outubro,daquele ano, 2,5 bilhões; em 3 de novembro,mais 2,5 bilhões; em 4 de novembro, mais 1bilhão; em 5 de novembro, mais 1 bilhão. Querdizer, assinala Lacerda, que em praticamente ummês e cinco dias o governo emitira 7 bilhões deCruzeiros. Então, conclui, em vez de reduzir 2bilhões, tinha aumentado 9 bilhões”. As razõesque levaram o governo a fazer isso eram, emgrande parte, compreensivas para CarlosLacerda. Mas, demonstravam a impossibilidadedo governo de fixar tetos para uma emissão queele já não controlava mais. Carlos Lacerdaressalta que não havia garantia de que oprograma fosse uma coisa séria.

Observação: Aos 48:32min o locutor anuncia:“Com a palavra o nobre deputado AlbertoTorres”. O deputado não chega a falar, não hávoz por 9 segundos, e aos 48:41 a fita sofre umcorte e Carlos Lacerda retorna.

Ele considera que o problema da Previdência nãoera insolúvel, e que a solução seria parte de umapolítica realista, uma solução justa conveniente

Page 146: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

ao contribuinte, ao previdenciário e ao interessepúblico, e não a solução do sofisma e dainiquidade. Sobre o salário mínimo, Lacerdafornece informações oficiais para a correção dopresidente. No Programa analisado, havia asugestão de um salário mínimo entre 4800 e 5400cruzeiros, ou seja, o mínimo e o máximoplanejado pelo governo, sendo que um salário de5400 cruzeiros provocaria efeitos indesejáveissobre a economia nacional, segundo o própriogoverno, destaca ele. Lacerda faz alusão a umestudo concluído a 16 de outubro daquele ano, naEscola Nacional de Ciências e Estatísticas doIBGE (Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística), subordinado à Presidência daRepública, no qual se verificava que o saláriomínimo não poderia ser, sob hipótese alguma,inferior a 5400 Cruzeiros, isto é, o máximoconsiderado pelo programa como nocivo àeconomia nacional. E que mesmo 5400 Cruzeirosnão satisfaria às condições mínimas desobrevivência do trabalhador. Eis que o estudoconclui sugerindo ao presidente da República queo salário mínimo fosse fixado entre 6000 e 6700cruzeiros.

Faixa 2Continuação da Faixa 1Carlos Lacerda falando ainda sobre o Programade Estabilização Monetária do governo. Ele dizque o programa do ministro da Fazenda, quantoao salário mínimo, tinha sido elaborado tendo emvista os índices conjunturais, com vistas àavaliação das necessidades mínimas dotrabalhador. Para ele, existiam três coisas queestavam destruindo o Brasil: o principio daisonomia, a equidade e o jargão de umeconomicismo que justificava todas as heresiasem matéria de economia política no país.Segundo Lacerda, o Ministério tinhaencaminhado à Câmara um Programa que visavaa assegurar o aumento do salário mínimo, mastinha feito avaliações para fixar esse aumento emíndices conjunturais. Lacerda acredita queenquanto isso os especialistas, os homens daEscola de Ciência e Estatística, o professor[Kfoury], o professor Câmara e o grupo detrabalho que com eles fizeram a pesquisa pelatécnica indicada, adequada, através daamostragem de dados concretos, procuraram opresidente para fornecer-lhe este dados. Lacerdaconsidera que os dados em que o governobaseava as suas avaliações se contradiziam,porque negavam os próprios dados dos mesmosórgãos subordinados à Presidência da República.E brada: “Alguém está mentindo, ou, na melhordas hipóteses, alguém é incompetente”. Elerefere-se ao ministro da Fazenda, que tinhainformado à Câmara, com dados errados, umabase de salário mínimo errada, e à Escola de

Page 147: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Ciências e Estatísticas do IBGE, que, atestando,nesse caso, a incompetência, não poderiacontinuar a funcionar. A UDN reclama dogoverno o prazo até a 3ª feira seguinte, semurgência nenhuma na matéria, para estudar oassunto, a fim de trazer ao conhecimento danação a resposta àquilo que o povo brasileiroqueria saber, segundo acepção de CarlosLacerda. Brada Lacerda: até quando o Sr.Juscelino Kubitscheck iria brincar de governar opaís; até quando ele iria dizer se o que tinha feitonaqueles três anos era o que queria fazer ou era oque não tinha podido evitar que se fizesse. CarlosLacerda encerra dizendo que Juscelino falavamais do que um deputado e agia muito menos doque todos eles.

Faixa 3Discurso de Carlos Lacerda Na TribunaCarlos Lacerda discursando na tribuna adverte àopinião pública sobre o perigo da intriga contra aCâmara, no que dizia respeito ao aumento dosvencimentos dos parlamentares e funcionários.Assegura que a Câmara estava cumprindo aConstituição. Para ele, restava saber se estavacumprindo o regimento e, a seu ver, estava. Dizque era preciso que o povo não se deixasseenganar com a intriga que se estava fazendo ouque se pretendia fazer, alegando que a Câmaratinha negado aumento de vencimentos aosfuncionários e que tinha aprovado o vetopresidencial contra os aposentados. Não fora aCâmara que tinha aprovado a decisão de veto dopresidente da República, assegura Lacerda, e simaqueles que o apoiavam. Discorre sobre osvalores, em cruzeiros, dos vencimentos doscargos da máquina governamental, comparando-os com os vencimentos dos legisladores. Cita arealidade da economia privada de um deputado,que se fosse de fora do RJ tinha, por lei, 50% deabatimento nas empresas aéreas nacionais,Carlos Lacerda salienta que ainda existia quemconsiderasse isso um escândalo, num país em queo presidente da República tinha passe livre emtodas as empresas de aviação e tinha compradodois aviões. Acrescenta que um deputado de fora,que chegasse ao Rio de Janeiro, não pagariamenos de 15 ou 20 mil cruzeiros numapartamento sem mobília, e que havia outrasdespesas como o colégio dos filhos; manter naterra de origem uma casa aberta; despesas derepresentação, compatível com a dignidade ecom as prerrogativas e responsabilidades do seumandato, etc. Conclui Lacerda que o salário dodeputado deveria ser honroso, para quehonrosamente ele pudesse exercer o seumandato. Comenta que os deputados do DistritoFederal não faziam do mandato um bico, umbrinquedo, que eles o exerciam em tempointegral. Mas, adverte que havia aqueles que

Page 148: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

faziam de seu mandato uma ‘diversão ocasional’.Lacerda defende o aumento dos vencimentos. Eafirma que o problema do subsídio consistia emhaver um equilíbrio: nem tão alto, para que nãohouvesse uma disputa pelo mandato calcada, porsi só, na obtenção do valor, nem tão baixo paraque não se consagrasse a ‘lepra da representaçãonacional’, a invasão dos homens de fortuna navida pública, pois, assim, pobre não poderia sefazer representar pelos seus iguais, pobre nãopoderia ser deputado de pobre. Ele denuncia queera a presidência e os ministérios que faziamfortunas e não eram objeto de notícias nosjornais.Observação: Aos 16:50 parece ser discurso deCarlos Lacerda em outra ocasião, pois há umamudança no ambiente e uma mudança radical noassunto.Ele passa a falar, a partir de então, sobre oproblema educacional no país. Considera queestava havendo uma preparação para a anulaçãodas qualidades e das vocações, das tendências edas potencialidades da inteligência do povobrasileiro. Acredita que a escola era organizada,dirigida, teleguiada por uma burocracia federal,que prefixava o programa de norte a sul, e que adiversidade brasileira não era, ainda, levada emconta. Carlos Lacerda acha que o Ministério daEducação era inútil e pernicioso, pois fora criadopela Revolução de 1930, pelas esperanças deuma nação carente de escolas e, principalmente,de incentivo para dar educação a seu povo. Achaque o Ministério tinha falhado, falido, traído asesperanças que o povo brasileiro depositara nele,convertendo-se num órgão que tinha subtraído aconsciência e a inteligência da criança brasileira.Ele fala do descaso da educação brasileira, dogrande índice de analfabetos, sobretudo, os ex-alfabetizados, que aprenderam a ler a escrever,mas depois tinham regredido à posiçãoprimitiva., por falta de ambiente propício adesenvolver-se. Por outro lado, assinala, a escolano Brasil, desde a ditadura, vinha procurandodividir os brasileiros entre trabalhadores manuaise intelectuais, entre aqueles que tinham avocação para a técnica e entre aqueles quedemonstravam a tendência para a cultura.Comenta que era uma concepção tipicamentearistocrática, para não dizer autocrática,oligárquica, reacionária, totalitária da cultura e daescola. Considera prematura essa separação quevisava a separar as crianças daquelas que iriampara as profissões consideradas pelo legisladorincultas, meramente técnicas. A divisão nãopoderia perdurar, admite Lacerda. Pois erapreciso mais tempo para que a criança pudessedecidir sozinha, ou com a ajuda dos pais, dafamília e do professor. Até porque, salienta ele, atécnica e cultura eram inseparáveis. Essaseparação era a que perdurava na legislação

Page 149: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

ditatorial ainda vigente no país, asseguraLacerda, e regia a educação dos filhos da pátria.Ele condena a adoção de programas iguais para opaís inteiro, para grupos sociais e regionais, cujoambiente de cultura não era exatamente omesmo. Menciona que essa sistemática deprograma pré-determinado não deveria perdurar,deveria haver diversidade dos programas.Explica que a proposta inicial do projeto deDiretrizes e Bases da Educação era o de manteruma extrema centralização quanto ao aumentogeral, nacional e básico da educação, mas umaextrema descentralização quanto à sua execuçãoem cada região do país. As deficiências doprojeto deviam-se à ausência de um pensamentounificado, de uma doutrina sólida e consistente.Ele verbaliza que o projeto era de arquiteturasimples do ponto de vista legislativo. Eacrescenta: “Mas, eis que recebeu águas de tantascorrentes e correntes de tantas origens que estácomo uma fachada rococó, cheio de rosetas,cheia de enfeites”. Comenta que ele nasceu como propósito deliberado dos mandarins daburocracia no Brasil. Sobre o registro dediplomas, Lacerda considera necessário e decerto modo inócuo, pois era um dos meios decontrole sobre as universidades que estavamfederalizadas, para o propósito nem semprelouvável de garantir o pagamento, em paridadecom os professores federais, aos professores dasantigas universidades estaduais. Lacerda discordada federalização das universidades euniformidade dos programas. Ele diz que auniversidade no Brasil estava reduzida a ummero conjunto de ‘fábricas de diplomas’, quetinham a pretensão de dar ensino gratuito noplano universitário a jovens que tiveram devencer a barreira do dinheiro. Perguntam aLacerda se ele sabia quantos diplomas estavampara serem registrados no Ministério daEducação. Ele responde que não, mas quegostaria muito de saber, e que a centralização doMinistério da Educação, que se exemplificava nocaso do registro de diplomas, mostrava aindamais a necessidade de não incluir pormenoresnos registros de diplomas, numa lei que fixava asbases e diretrizes da educação nacional. CarlosLacerda conta que a lei visava a dizer sequeríamos preparar as futuras gerações do paíspara a democracia ou para a ignorância, que era acondenação da democracia à desordemdemagógica. Visava a dizer que democraciaqueríamos implantar no Brasil: se era aquela quenascia da informação da escola primária e daformação moral e cívica do cidadão no ginásio ena universidade, assim como da capacitaçãoprofissional e técnica, ou se era o contrário,queríamos continuar nessa imensa mentira queera o sistema vigente de educação no Brasil.Comenta que a educação no Brasil ainda não era

Page 150: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

democrática do ponto de vista financeiro, pois sóalcançava educação no Brasil quem tivessedinheiro para comprá-la. Ainda não erademocrática do ponto de vista doutrinário, pois aescola no Brasil ainda não fora penetrada pelosideais e princípios que regiam a formaçãodemocrática de uma comunidade civilizada. Nãoera democrática porque dividia a infância entreos que iriam para o pseudo ensino técnico,deserto de concepções e conceitos filosóficossobre o seu destino, sobre a finalidade daquiloque estava aprendendo, sobre o objetivo que setinha quando se educava a criança e que a criançatinha quando ia ser educada e esta pobre, estalamentável situação de um ensino pseudoenciclopédico, de 13, 14 e mais matérias em cadaano, que não eram dadas nenhuma delas até o fimde cada programa, com o consenso prévio doMinistério da Educação. Outra farsa paraLacerda eram as chamadas provas parciais, quesubstituíam o conhecimento autêntico edeixavam de ser meio de aferição doconhecimento adquirido pelo estudante duranteanos, para se converter na finalidade mesma detodo o sistema escolar. Ele diz: “não se faz provana escola para saber se o estudante aprendeu; sefaz prova na escola para fazer o estudante passar,pois a finalidade já não é aprender, e sim passar”.Prossegue perguntando: “E passar para quê, sr.presidente?” E ele mesmo responde logo emseguida: “Passar para chegar o mais depressapossível no fim da escola, e assim ingressar navida sem o indispensável instrumento para lutarpor ela”. Um ex-professor catedrático daFaculdade de Direito da então Universidade daBahia e então professor de outra universidade sedefende dizendo que os exames em ambas eramsérios. Conta que ele não tolerava cola em provae se pegava alguém colando tomava a prova edava um zero. Acredita que outros colegas seustambém faziam isso. Diz que não tem nenhumprazer sádico em reprovar estudante. Mencionaque era obrigado a fazer esta ressalva, e pede aCarlos Lacerda que fizesse exceções. Sobre oproblema da moralidade do ensino, Lacerdaassinala que este problema não fora por elemencionado por considerar que ele estava fora doprojeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação.E se os exames eram ou não dignamente feitos,ele acrescenta que não cometeria o desprimor denão abrir exceções. Sobre a tendência de seacabar com o vestibular e o fechamento dasmatrículas, eram estas medidas antidemocráticaspara Lacerda, efeito nocivo sobre a educaçãogeral no país, pois protegia as elites e vedava oacesso à cultura à maior parte da população.Carlos Lacerda salienta que a tese que ele estavasustentando era justamente essa. Se ele tentavafixar um ponto em suas considerações, adverteque não era a da moralização do ensino, pois esta

Page 151: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

era uma questão a parte, e sim o da definição dosobjetivos da educação. Era nesse sentido que eleconsiderava o ensino primário, ginasial, deformação universitária fora dos trilhos, porquevisava a formar profissionais, visava a prepararcrianças para lançá-las fora da escola, ou, aocontrário, para mantê-las dentro da escolapública primária por conta do Estado, quantosanos desejasse, repetindo ano, obstruindo ocaminho de outras crianças que não tinhamescola no Brasil. Para ele, o Brasil era um paísque não tinha escola primária nem em qualidade,nem em quantidade necessária para suprir asnecessidades da população. E, sobre a Lei deDiretrizes e Bases da Educação, prega que eladeveria ser enxugada, desidratada, reduzida àssuas expressões básicas e fundamentais, dandoao país uma definição do conceito de educaçãopara, a partir do conceito, chegar àdescentralização do ensino e à liberdade doensino, quer no aspecto formal, quer no aspectosubstancial. Mudando de assunto, Carlos Lacerdafala então sobre a questão do território do RioBranco e a eleição do seu deputado, o únicorepresentante da Casa. Ao que parece, este seinscreveria na bancada do PSD comorepresentante das oposições coligadas doterritório do Rio Branco. Lacerda faz alusão a umfato curioso (talvez o único na história do Brasil):os territórios são administrados sobresponsabilidade do Ministério da Justiça e têmseus governadores nomeados pelo própriopresidente, e nas eleições de 03 de outubroLacerda conta que o governo federal mandou atropa federal para garantir o pleito. Ele pergunta:“Contra quem o governo federal mandouoferecer garantias?” Ele mesmo responde:“Contra si mesmo, contra o seu próprio delegado,contra o próprio governador do território do RioBranco”. Então trata-se de um episódio em queum presidente manda uma tropa federal, emacordo com a Justiça Eleitoral, para garantir-secontra si próprio. Ou seja, a tropa federal foioferecer ao povo do Rio Branco garantias contrao governador federal do território federal do RioBranco. E o povo do Rio Branco, através dasoposições ali coligadas, tinha eleito o seurepresentante. A tropa federal, que fora garantircontra o governador federal o território federal,retirou-se do território federal e lá só ficou ogovernador da União. Carlos Lacerda conta querecebeu um telegrama de seus colegas de partidodaquele território, do Diretório da UDN local, deBoa Vista, capital do Rio Branco. Estavamrevoltados porque as perseguições continuavam aser feitas pelo governador Maria Barbosa contraseus adversários políticos, pediam protesto natribuna da Câmara contra esse estado de coisasque persistia, revoltando o povo

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.053 F1:1:031min [1958] Faixa 1

Page 152: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

1. Assunto

1.1 Faixa 1Discurso de Carlos Lacerda naCâmara dos Deputados

1.2 Faixa 2Discurso de Carlos Lacerda

2. Temas

21. Faixa 1Documento Cohen, crítica àatuação do ministro da Justiça,Partido Comunista, estado deGuerra, ditadura, Getúlio Vargas,PTB, João Goulart, reservas àsalianças eleitorais, revoluçãoConstitucionalista, Congresso doPartido Comunista

2.2 Faixa 2Crítica ao comunismo, destruiçãoda liberdade, antidemocrático

F2: 3:41min Discurso de Carlos Lacerda na Câmara dosDeputadosCarlos Lacerda, então deputado, faz discurso naCâmara e alude a um telegrama que já era entãode conhecimento público, enviado pelo deputadodo Amazonas, Pereira da Silva, do PSD, quemuito tinha honrado a bancada da UDN, e pediaque fosse colocado em anexo ao seu discurso.Cita também um telegrama recebido peloministro da Justiça – ele lê o conteúdo dotelegrama, inclusive – que, assim como aresposta que foi enviada pelo governador doAmazonas, pedia também que fosse anexado aoseu discurso. O teor do telegrama do ministroCarlos Cirilo Júnior era que ele acusara orecebimento do telegrama de Carlos Lacerda,referente aos acontecimentos ocorridos emManaus, com o deputado Pereira da Silva.Informa haver o Ministério tomado as medidasde sua competência. Carlos Lacerda diz ser essaa prova, ainda que telegráfica, da existência dafigura do ministro da Justiça. Acrescenta quegostaria que o ministro explicasse quais asmedidas de sua competência e qual a suacompetência na matéria, pois o telegrama “nãoinforma nada, não esclarece coisa alguma”,segundo as palavras de Lacerda. Carlos Lacerdafala do falso Documento Cohen que, em 1937,foi imposto pelo Estado Maior do Exército àCâmara, ao Congresso e à nação, para servir depretexto à declaração do estado de guerra que,por sua vez, foi o instrumento através do qual seimplantou uma ditadura no Brasil. Ele vaiesclarecendo os fatos, dizendo que se tratava deum documento originado no Partido Comunista,contendo os planos da subversão da ordem talqual a concebia o partido naquela altura(destruição de lares, incêndios, sabotagens,torturas, atentados, terrorismo, etc.). CarlosLacerda assegura que o documento teve suaautenticidade garantida pela palavra de honra dasmais altas autoridades do Exército na época:chefe do Estado Maior, ministro da Guerra,comandante de região, etc. Quando CarlosLacerda faz alusão a Getúlio Vargas como entãoditador do Brasil, uma voz se levanta:“Inesquecível presidente Getúlio Vargas!” CarlosLacerda responde: “Tem Vossa Excelência todarazão de não esquecê-lo, porque o esqueceu nodia 24 de agosto, lá não estava para defendê-lo”.A pessoa replicou dizendo que não estava porquenão se encontrava no Rio de Janeiro. E daícomeçou uma discussão! Lacerda fala que, napágina 298 do livro em que o general GóisMonteiro deu seu depoimento, encontrava-se orelato pelo qual aquele ex-chefe de Estado Maior,aquele ex-ministro da Guerra, aquele que foi omaior poder do Exército do seu tempo e uma dasfiguras mais influentes dos acontecimentos deuma certa fase da vida brasileira, conta como o

Page 153: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

modesto capitão do Estado Maior, OlímpioMourão Filho, havia proporcionado àsautoridades do Ministério da Guerra oconhecimento do papel que se chamouDocumento Cohen. Carlos Lacerda diz que umgrupo de homens poderosos – da espada, dodinheiro e do poder – tinha abusado da boa fé deum capitão do Exército e o fez instrumento desua falsidade e o transformaram na maior vítimada falsidade que lhe atribuíram e pela qualdurante 19 anos este homem amargurou a maisdura, a mais cruel das injustiças. Até a semanaanterior Lacerda diz que esteve convencido deque o documento Cohen havia sido umdocumento falso levado ao Estado Maior pelocapitão, hoje general Olímpio Mourão Filho. E,após quase 19 anos de calúnia e de horror, atéentão, não havia tido, da parte do ministro daGuerra, o general Lott, sequer um gesto dereconhecimento da restauração de sua honramilitar e cívica, de sua dignidade, da suaintegridade, de um general que era então,segundo Lacerda, o ‘ditador do rádio’ no Brasil.Carlos Lacerda afirma que após dois anos desilêncio que lhe foram impostos por este general,instrumento de uma política governamental decensura à imprensa e rádio, ele tinha a alegria dedizer à Câmara e ao país, que o antigo capitão,hoje general do rádio, jamais induziu a um erroou em falso os seus superiores e foram esses que,espontaneamente, deliberadamente,voluntariamente, conscientemente, induziram umfalso à nação para lançá-la nas garras de umaditadura voraz. Carlos Lacerda lê uma declaraçãode Getúlio Vargas, de 1935, em que ele fala sobrea ação do comunismo no Brasil e no mundo. Adeclaração faz alusão aos atentados materiais –do homicídio premeditado ao frio genocídio emmassa; consistia em dizer que os comunistasaliciavam os desprevenidos, incitando paixões ecobiças, usando de grandes palavras e rótulosideológicos vistosos, além de simularem atitudesnacionalistas, apelando para sentimentosaltruísticos e nobres, enquanto corrompiam peloouro as consciências venais, compravamcumplicidades e auxílios pelo terror dasdenuncias e delações. O intuito de CarlosLacerda era denunciar a contradição existente naestreiteza de laços entre o Partido Comunista e oPTB, partido criado por Getúlio Vargas. Lacerdaregistra as declarações do vice-presidente daRepública, também presidente do PTB, JoãoGoulart: “Os comunistas defendem melhorescondições de vida para o operariado, uma políticanacionalista na exploração de nossa riqueza eoutros itens que também fazem parte do nossoprograma”. Jango defende que nada mais justodo que caminharmos juntos na defesa deste ideal.Então, o mesmo deputado, que se tinha oposto aodiscurso de Lacerda no início, levanta a voz

Page 154: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

novamente e diz que Jango tinha toda a razão emassim dizer, e que era preferível isso do quecaminhar de mãos dadas com aqueles queatraiçoavam a nação, com aqueles que vendiam anação. Manifesta seu desejo de construção de umBrasil com os ideais de Vargas, para a maiorgrandeza da pátria, e não a entrega do país.Lacerda responde que apoiando as palavras deJoão Goulart ele manifestava o seu formal, o seucompleto desacordo com as palavras proferidaspor ele. Mas, adverte-o e sugere que ele se atenhaàs declarações de Jango. Lacerda taxativamentediz que não era ele quem estava inventando tudoisso, e sim que eram palavras de Vargas, dofundador do PTB. Os dois voltam a discutir.Lacerda é acusado de fazer calúnias. O deputadodiz que ninguém pode negar que Getúlio Vargasteve sempre o objetivo de dar ao Brasil o quefosse necessário para ser uma grande nação.Carlos Lacerda ironicamente responde:“Palavras, palavras, palavras, palavras,palavras...” E Lacerda prossegue dizendo que oPTB era um partido que cada vez mais davadinheiro aos ricos e aos pobres distribuía retratosde Getúlio Vargas. Conta que ele se alia aoPartido Comunista do Brasil e se atira contra oorador, porque não podia responder ao discursode seu próprio fundador. E ele provoca e desafiao deputado: “Vossa Excelência responda aodiscurso de Getúlio Vargas, responda às palavrasdo fundador de seu partido”. Lacerda lembra quequando Vargas era um homem válidopoliticamente, essa tinha sido sua reação aomovimento comunista de 1935. Comenta que eraessa a palavra de um homem cujos erros políticosnunca tínhamos poupado e cujo patriotismo eraentão integro, tão integro na sua desmedida eexcessiva ambição política. O seu oportunismoque, segundo Lacerda, foi um erro que o levouao poder, também o tinha levado à tragédia desua morte. Lacerda se indaga: “Como pode opresidente do PTB encontrar identidade?” Sobreas alianças eleitorais, Carlos Lacerda diz que elaseram deploráveis. Acrescenta que não as admitia,porém as compreendia no quadro desordenado davida política brasileira. Diz que eram aliançasmeramente eleitorais, sem compromisso paraobter votos aqui, ali ou acolá. Refere-se à‘identificação programática’, ‘fraternizaçãopolítica’, à ‘simbiose ideológica’ feita pelopresidente do PTB, que era também presidenteda República. A voz do deputado novamente selevanta: “Presidente da República, por umagrande maioria do povo brasileiro!” E Lacerdaretruca: “Nós não estamos discutindo isso!” Odeputado não se dá por vencido: “Então aRepública do Brasil não vale nada?!” Seguem-semais discussões e vozes altas, sem que se possaidentificar o que falavam... Carlos Lacerdapergunta com que idade o deputado havia votado

Page 155: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

pela primeira vez. Ele respondeu que havia sidoem 1934 e Lacerda disse que foi graças àRevolução Constitucionalista de São Paulo, auma revolução contra a ditadura... Lacerdarelembra que ele não tinha podido votar de 1934a 1945 para presidente da República. Acrescentaque, antes de 1945, nunca se pôde cumprir odever elementar da cidadania de escolher opresidente de seu país. E que foi somente em1945 que se votou pela primeira vez paraescolher o presidente da República. Acrescenta,também, que ele tinha votado apenas porque aUDN reconquistara para o povo o direito de voto.Lacerda insinua que, pelas convicções getulistasdo deputado, ele teria votado no General EuricoGaspar Dutra. O deputado diz que, para osbrasileiros, Carlos Lacerda tinha duaspersonalidades: de um lado, era realmente umhomem brilhante, de cultura, um deputado dignode honrar seu mandato; mas, de outro, o maiorculpado da morte de Getúlio Vargas, pois tinhausado os termos mais fortes, a demagogia maisbaixa, mais injusta para colocar o povo contraele. Carlos Lacerda responde: “tenho várias,graças a Deus!” E dispara: “Antes tarde do quenunca, pois sempre é tempo de lembrar a VossaExcelência que, nesse crime de suicídio queVossa Excelência me atribui, o maiorbeneficiário não fui eu e sim os donos do partidode Vossa Excelência. Vossas Excelênciaselegeram Juscelino Kubitscheck não com oatestado de seus méritos, não com a certidão desua probidade, mas com o atestado de óbito deGetúlio Vargas nas eleições”. Lacerda diz que apolítica do PTB no Brasil em vez de ser a políticados berços era a política das sepulturas, dosmausoléus e das coroas fúnebres. O deputado lheresponde: “Não, é a política da memória, é apolítica do ideal...” E Carlos Lacerda replica:Vossa Excelência fala de memória... Então, se oPTB tem tão boa memória, como esquece comtanta facilidade as palavras de seu fundador sobreo Partido Comunista, no momento em que seuatual presidente se identifica com ele.” De acordodo Lacerda, essa contradição era um fatoconcreto, pois Getúlio Vargas tinha sido um dosgrandes inimigos do comunismo no Brasil,enquanto conservou domínio sobre o seu própriogoverno. Salienta que a partir do momento emque o perdeu e em que foi envolvido na novaonda de compromissos, que para benefício do seudesejo de permanecer no poder ele assumira comaqueles que o traíram em vida, tanto quanto oexploraram depois de morto, residia a diferençaentre o que dizia Vargas vivo e o que dizia o seuherdeiro, em seu nome, depois de Vargas morto.Ressalta que a UDN tinha votado contra aretirada do plenário dos deputados comunistas eque, embora anticomunista, apesar dedemocrático, preferia ter no plenário deputados

Page 156: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

comunistas, mas legítimos, sob a legenda dopartido, do que tê-los enrolados em outrabandeira, em outros rótulos. E ele continua: “Opartido que Prestes dirige ainda no Brasil, comouma espécie de chefe de relações públicas, pois aisto está ele reduzido, é um partido que mal oubem, certa ou erradamente, sem a contribuição daUDN, é considerado por lei, por decisão dajustiça e por cumprimento que lhe deu o poderexecutivo, um partido fora da lei, marginal,conspirativo, ilegal, revolucionário esubversivo”. Carlos Lacerda explica que foi noCongresso do Partido Comunista do Brasil, em1954, presidido por Prestes, que foi decidida aaliança com o PTB. Acrescenta que estava nosanais do Congresso, na revista comunistachamada Programa, a prática da fraternizaçãocom o PTB. Emenda dizendo que Jango era umtocante misto de ingenuidade e perversidade.Carlos Lacerda relata o que Prestes tinha ditosobre a pretensão de se implantar uma ditadurano país após o golpe de 24 de agosto, e que desdeentão se vinha conspirando contra a ordem.Acredita que esta era a ordem ‘húngara’, aordem ‘polaca’, a ordem ‘romena’, a ordem‘búlgara’, na qual a UDN era apontada comoconspiradora contra a ordem, pelo chefe doPartido Comunista do Brasil. Ainda sobre asafirmações de Luís Carlos Prestes, Lacerdamenciona que ele também tinha dito que JoãoGoulart estava em condições de disputar aPresidência da República em 1960, em virtude desua enorme influência sobre a massa detrabalhadores. Carlos Lacerda faz a seguintepergunta: “Que atos terá cometido o Sr.Presidente e o Sr. General Lott para ser assimendossado, aplaudido, recomendado, preconizadopelo chefe do Partido Comunista do Brasil?” Aconclusão a que Carlos Lacerda chega era a deque só uma força poderia polarizar odescontentamento do povo, antes que ele setransformasse em desespero. Ele diz que essaforça era precisamente a UDN. Depois de dizerisso, foi aparteado pelo mesmo deputado, quetinha feito oposição a ele no início de seudiscurso, com as palavras “na opinião de VossaExcelência...”. Lacerda se defendeu dizendo quea UDN era força desde 1945, quando a ditadurafora derrubada e que fora assegurada a liberdade,até mesmo para os ditatoriais. Lacerda vê que oPTB colocava os seus ódios e ressentimentospessoais e políticos acima dos interesses dospróprios trabalhadores. Se fosse pelo trabalhador,qual seria o problema, pergunta Lacerda, dehaver uma união com a UDN? O deputadoresponde dizendo que a UDN nunca fora a favordo trabalhador. O deputado pergunta a Lacerda senão seria menos legítima, se não seria menospura, a aliança e o apoio que a UDN recebia doPartido Comunista em outros estados da

Page 157: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

federação. Lacerda responde que existiafidelidade sim, mas era uma fidelidadeideológica, fidelidade a ideais, e que emborafosse contrário, compreende que fossem feitosacordos eleitorais nesse ou naquele lugar, emcaráter meramente regional, para se obter votossem maiores compromissos. Mas é taxativo aodizer ser contra qualquer aliança entre o seupartido e o Partido Comunista, em qualquer partedo território nacional. Fala que sobre o PTB, oque ele não compreendia, não admitia era afraternização, identificação de objetivos que nadatinham a ver com aliança meramente eleitoral,tampouco uma improvisação de véspera deeleição. Carlos Lacerda afirma que o PartidoComunista tinha se aliado ao PTB por saber quenão chegaria ao poder fazendo uma revoluçãoproletária, e, sim, se aliando com as forças dacorrupção, que já estavam no poder. A fita seencerra com ele afirmando que a UDN era onúcleo da esperança, o centro de recuperaçãopopular.

Faixa 2Discurso de Carlos LacerdaCarlos Lacerda, criticando o comunismo,discorre sobre os falsos democratas que, sempaciência de esperar, não reconheciam ocomunismo como a maior força de retroaçãosocial, maior força de reação anti-humana, maiorforça de destruição da liberdade do homem e dadignidade, da inteligência e do trabalho.Considera o comunismo como repositório dademagogia, instrumento da desagregaçãonacional, e que tomava o poder nas sociedades,com objetivo eminentemente antidemocrático. Jáno fim do breve áudio ele diz que a paternalismodo presidente com o Partido Comunistaconfigurava um cair de máscaras.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.054

1. Assunto

1.1 Faixa 1Visita a Portugal do GovernadorCarlos Lacerda

2. Temas

2.1 Faixa 1Urbanização de favelas, casaspara os favelados, comunidadeluso-brasileira, contribuição dalíngua portuguesa, fim dopassaporte Portugal/Brasil,tratado de Amizade e Consulta

F1: 42:05min F1: 06/1964 Faixa 1Visita a Portugal do Governador Carlos LacerdaAntes de tudo diz que, sendo a Guanabara omenor estado da federação, na verdade umacidade-estado, ele – então um ‘prefeito-governador’ – sentia-se próximo dos problemas.Comenta que no instante em que falava, umafavela estava sendo transformada em ‘nova’ e‘irradiosa’ cidade proletária, construída pelospróprios moradores, cujas casas seriam a elesvendidas a longo prazo, com uma amortização de15% sobre o salário mínimo. Conta que umprograma de 30 mil casas para trabalhadores iasubstituindo, num instante, as favelas, que seamontoaram menos por falta de reformas do quepor falta de reformadores. Explica que istosignificava a incorporação de milhares detrabalhadores brasileiros a uma comunidadedemocrática e cristã, fundada na solidariedadedos homens entre si. Sobre o advento daComunidade Luso-brasileira ele declara:

Page 158: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

“Queremos ser irmãos dos portugueses. Comoeles, falantes da mesma língua, ainda que comdiversos acentos...” Ressalta que éramos umanova contribuição a uma velha civilização,porque tínhamos trazido à língua portuguesaescritores novos, vocábulos novos, queexprimiam talvez conceitos novos, por exemplo.Outra contribuição, destaca, era oestabelecimento de “uma nova entidade, umanova sociedade multiplicada por dois, uma novacomunidade feita da variedade das raças, naunidade dos sentimentos; feita da diversidade dossentimentos na unidade dos pensamentos; feitada multiplicidade dos atos e na profunda eirredutível homogeneidade da ação”. Consideraque os portugueses nos tinham ajudado a formaruma cidade, a formar uma nação. E mencionaque se havia alguma coisa urgente a fazer porPortugal e Brasil era derrubar a barreira dosregulamentos, destruir o muro da burocracia quese tinha levantado no Atlântico, para queportugueses entrassem e saíssem do Brasil comoo sol pela vidraça. “Aqui, como lá também”,acrescenta Lacerda, que adverte: “Pois não soudos que dizem aqui o que lá não fazem!” Elepede que se acabe com os passaportes entrePortugal e Brasil, pois uma comunidade – e crêque não havia uma voz que se levantasse contraela - começava com a extinção do ‘papelucho’,do carimbo. Carlos Lacerda defende a imigraçãoentre os dois países, e que o imigrante “possa eleentrar e sair livremente numa pátria que étambém sua, pois foram seus maiores que afizeram”. Carlos Lacerda discorre sobre asrelações entre Brasil e Portugal, cita os acordosassinados pelos governos dos dois países, quesignificavam os primeiros passos para aconcretização do chamado Tratado de Amizade eConsulta. Acredita que era preciso darconsequência a este tratado, e, se o quisessem,deveriam fazê-lo através do Congresso do Brasil,na forma da Constituição. Mas, se não oquisessem, bastava regulamentar o acordo que játinha sido ratificado pelos governos e órgãospróprios dos dois países. Deseja que a livreentrada de brasileiros em Portugal, com carteirade identidade, e a entrada livre de portugueses noBrasil, com carteira de identidade fornecida pelasautoridades de Portugal fosse a primeiraconsequência do estabelecimento de umacomunidade luso-brasileira. Acrescenta Lacerdaque Brasil e Portugal não eram duas naçõesestrangeiras e que, portanto, deveriamdesconhecer o passaporte entre si, e diz o que oBrasil queria da comunidade luso-brasileira: “éque ela não seja mais uma peroração ou um tropode retórica; não seja mais uma figura nas muitasmensagens que de lá para cá e de cá pra lá setrocam periodicamente, nessa espécie de turismodos subúrbios da inteligência”. Acha que a

Page 159: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

comunidade luso-brasileira transcendia osregimes, ultrapassava os sistemas de governo,superava as fraquezas ou as grandezas doshomens que, por ventura, os encarnassem nummomento dado, num período determinado denossa história. Salienta que a era da afirmação denovas nações, a era dos nacionalismos do séculoXIX, a era da integração da nação alemã, daafirmação de Napoleão III, da unificação italiana,das afirmações das soberanias nacionaisintocáveis, fechadas em seu egoísmo, esta eraestava irremediavelmente condenada pelarevolução tecnológica, que tinha superado arevolução social. Defende que revolução dainteligência e da técnica vinha fazendo com queo mundo caminhasse para a integração e não paraa dissociação, caminhasse para ainterdependência, muito mais do que para aindependência. E completa que as nações sóseriam verdadeiramente livres quando seapoiassem num sistema de alianças para garantira liberdade de cada uma. E sentencia: “Ou éassim ou a ONU não tem razão de existir!”.Conclui dizendo que o mundo caminhava para asgrandes Assembleias. Fala que em Portugal sesentia em casa, pois nada precisava explicar, poisem cada olhar tinha encontrado a compreensãode quem de longa data entendia o que se estavapassando no Brasil, e havia muito tempo temia oque se ia passar. Destaca que em cada aperto demão encontrava um sinal de esperança e alegria,pois o Brasil recuperado seria o mais poderosoaliado que Portugal poderia ter.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.055

1. Assunto

1.1 e 1.2 Faixas 1 e 2Discurso do Governador Quandoda sua Viagem à Europa

F1 e F2: 04/1964 Fita com defeito

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.056

1. Assunto

1.1 Faixa 1Continuação da Faixa 2, da fita55.

1.2 Faixa 2Entrevista na Rádio e na TVPortuguesa

1.3 Faixa 3Entrevista à Imprensa Brasileira

2. Temas

21. Faixa 1Programa setorial, liberdade de

F1:32:12minF2: 26:53minF3: 05:22min

F1: 04/1964F2: 07/04/1964F3: 08/04/1964

Observação: oáudio da fita 3está muito ruim,com chiado, oque dificultou aaudição

Faixa 1Discurso do Governador Quando da sua Viagemà EuropaCarlos Lacerda comenta que o país sóenriqueceria na medida em que o brasileiropudesse criar riqueza e o brasileiro não poderiacriar riqueza enquanto estivesse montado numaparelho que impedisse esse enriquecimento.Acredita que não se podia fazer planejamentoeconômico no Brasil, o que se podia fazer eramprogramas setoriais (de educação, de lavoura, deindustrialização, etc...). Ele pede que se fale deprograma e não de planejamento, ainda. Lacerdaafirma que pensa como pensava o primeiroministro Reinhart, da Alemanha - autor materialdo renascimento da economia alemã pós-guerra -, para quem a liberdade de produzir e deconsumir fazia parte das liberdades inalienáveisdo homem. Sobre revolução, ele defende quefosse uma revolução para mudar o conceito de

Page 160: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

produzir e consumir, agricultura,desenvolvimento, contenção doavanço comunista, nacionalismomesquinho, autodeterminação dostrabalhadores, prosperidadeeconômica, demagogia do PartidoComunista, “Revolução” de 1964

2.2 Faixa 2Viagem ao exterior, morte demendigos, regiõesadministrativas, agentesprovocadores chineses, crítica aocomunismo, elogios a CasteloBranco, críticas a JuscelinoKubitschek, “Revolução” de1964, declínio das taxas decrescimento, exploração dasmassas

2.3 Faixa 3Elogio à liberdade, crítica àescrevidão, “Revolução” de 1964,libertação do movimento sindicalbrasileiro, eleições sindicaislivres

desenvolvimento nacional, dando à agricultura ocrédito que lhe estava sendo negado - pois eracom o seu dinheiro que se custeava todo odesenvolvimento industrial brasileiro -, sob oargumento de que ela estava obsoleta. CarlosLacerda levanta um dado: pela primeira vez emmuitos anos, o Brasil tornava-se credor domundo – dos EUA, da França, da Inglaterra, daAlemanha, da Itália, da Suíça, etc. Ele pede quese pensasse bem a respeito disso, pois insinuaque, por exemplo, os EUA não seriam capazes deimpedir, sem armas, a instalação de uma baserussa contra eles, no maior país do continente.Diz que o Brasil tinha vencido, sem armas, aguerra do mundo democrático, pois fora noBrasil que pela primeira vez o avanço comunistatinha sido contido, sem nenhum fuzilamento. Dizque era preciso ‘desamesquinhar’ o Brasil, esteBrasil pequenino e encolhido que estavamtentando estabelecer, com o que ele chamou de“nacionalismo mesquinho”, uma “caricatura donacionalismo”, uma “cópia reduzida donacionalismo fecundo”. Explica que era precisodar ao país uma posição que não fosse a de quemestava pedindo favor, senão justiça. Lacerda dizque o Brasil tinha vencido a guerra para si e paratodos. Acrescenta que estava na hora de se criaras condições para o pobre enriquecer, de dar aotrabalhador uma voz e um voto para dirigir suaspróprias organizações, sem a tutela de ninguém,de partido nenhum, para que eles seautodeterminassem. Sobre a “Revolução” de1964, ele diz que o Brasil poderia fixar um preçoaos EUA pela “Revolução”. Para ele, não se fezuma “Revolução” para prender uns e outros. Dizque tais prisões deveriam se limitar aoestritamente indispensável, evitando a caça àsraposas e o espetáculo, considerado por elesórdido e sádico, de prisão apenas por amor àprisão. Acredita que havia uma dinâmicarevolucionária que deveria coincidir com adinâmica de desenvolvimento do país, quedeveria coincidir com a ideia de que só existiajustiça social nos países que tinham prosperadoeconomicamente. Diz que não havia comolibertar uma nação da miséria, se não alibertassem primeiro do comunismo. Denunciaque o Partido Comunista estava tentandoorganizar-se através dos órgãos de ação católica,graças à ignorância e à demagogia de alguns deseus membros. Acrescenta que era preciso dizercom todas as letras, sem medo das conveniênciase nem respeito às hipocrisias, que se nãodesejávamos a interferência de Moscou ou deWashington, também não queríamos a doVaticano no Brasil. Para Lacerda, a democracianão era isso, nem mesmo o cristianismo. Diz quenão podíamos ver o Brasil na dimensão do JoãoGoulart, nem amenizado nas mesquinhasproporções e ambições pessoais do Sr. Juscelino

Page 161: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Kubitscheck. Acrescenta que o Brasil era maisimportante do que todos nós, “e muito maisimportante do que o dr. Juscelino Kubitscheck”,assegura Lacerda. Ele sugere que ou se davasentido à “Revolução”, imprimindo-lhe afecundidade necessária para que ela produzissefrutos, ou ela ficaria esterilizada. Fala daurgência do Brasil em se apresentar altivo,solene, forte, decisivo, dizendo ao mundo quetinha salvo grande parte de sua liberdade. CarlosLacerda afirma que o comunista era o maiorreacionário do seu tempo, pois era ele quemnegava eleições livres, que negava a liberdade deconsciência, que negava a liberdade de escolher asua fé, a sua escola, a sua profissão, o seu localde domicílio, a sua mulher... Tudo. Ele conclui,então, que ser anticomunista era, portanto, serantirreacionário. Defende que era preciso acabarcom aquele ‘baile de máscaras’ de palavras ededuções mal disfarçadas.

Faixa 2Entrevista na Rádio e na TV PortuguesaObservação: o áudio da fita está muito ruim, ochiado dificulta a audição. Por esse motivo, nemtudo o que foi dito por Lacerda encontra-seinteligível.Carlos Lacerda, em pronunciamento em redenacional, agradece às emissoras de rádio e TVnaquilo que ele definiu como “uma despedidacordial”, ou melhor, um “até breve”. Diz quemuito se falou e muito se falará ainda sobre suaviagem ao exterior. Para a revista americanaTimes, ele foi mandado embora pelo ministro daGuerra, general Costa e Silva. Conta que umjornal tinha publicado uma notícia dizendo que ogovernador da Guanabara havia feito uma leiproibindo a existência de mendigos. E, comoainda havia mendigos, tinha mandado matá-los.Carlos Lacerda responde: “Nem os comunistastinham chegado, ainda, a esta perfeição!” Eleconsidera o pronunciamento uma satisfação queele devia à opinião pública, especialmente aopovo da Guanabara. Menciona ter saído de trêsanos de pressão cotidiana, tanto ele como suamulher. Lacerda não sabe dizer como a naturezahumana podia resistir ao que eles tinham passadonaqueles últimos anos: ameaça contra a vida,contra a honra, o julgamento temerário, acrueldade, a impiedade, a maldade. Ele cita comoexemplo o fato de que havia dias em que ele iainaugurar uma escola sem saber se ia terminar ainauguração. Carlos Lacerda diz que a ideia deque se pudesse, no meio do desespero, criar umailha de esperança para o povo brasileiro era umaideia insuportável para aqueles que queriam levaro povo ao desespero, ao pânico e, portanto, àtirania. E quando estava tudo tão bemencaminhado para preparar uma ditadura noBrasil, uma tirania, um governador de um estado,

Page 162: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

que se dizia ingovernável, com problemas quepareciam insolúveis, começou a trabalhar edevolveu ao povo a confiança no governo ecomeçaram a aparecer coisas e as coisascomeçaram a acontecer. Lacerda faz alusão aospapeis que circulavam entre os comunistas,sobretudo aquele referente a um plebiscito de 21de abril, no qual tinha sido decidido que aGuanabara não seria município. Diz que oPartido Comunista viu que o povo não queriamunicípios na Guanabara, e sim regiõesadministrativas, por isso aderiram à ideia de dizernão à criação de municípios. Sobre oscomunistas, Lacerda fala: “Aderem à tesepopular e ao mesmo tempo sabotam a execuçãoda tese; aderem à reforma agrária e sabotam areforma agrária; aderem à divisão do estado emregiões administrativas e sabotam as regiõesadministrativas”. Ressalta que estava no fundode sua capacidade e que precisa reavivá-la paraenfrentar o que viria pela frente. Conta que tinhaaceitado a candidatura à presidência, que eracandidato e iria voltar candidato à Presidência daRepública em 1968. Enfatiza que não costumavafugir de seus compromissos, que era candidato etinha candidato à sua sucessão, que se chamavaHélio Beltrão. Sobre a “Revolução”, eleconsidera que ela demonstrou que a burguesiabrasileira não tolerava a existência de umgoverno moderado. Acrescenta que haviacomeçado no mundo inteiro a campanha dedesmoralização da revolução capitaneada porMao Tse Tung e pelos comunistas. Ele conta ocaso que tinha circulado na imprensa do mundointeiro e até então sem resposta dos nove agentesprovocadores chineses que, supostamente, seencontravam presos e estavam sendo torturados.“Isso é rigorosamente falso”, assegura Lacerda,que conclui: “Eles estão entregues ao Exército epresos num regimento do Exército nacional”.Lacerda ainda menciona que não tinha havidouma compreensão do que significava o poder daopinião pública dentro do país e lá fora.Considera que estávamos arriscados a ganhar aguerra pelas armas, mas a perdê-la pelapropaganda. Sobre sua viagem, ele exprime odesejo de não querer partir sem renovar o seurespeito e a sua gratidão pelos que o ajudaram nogoverno da Guanabara. Respeito pelos militaresque fizeram a “Revolução”, pelos civis que não aatrapalharam; pela experiência que tinha de umgoverno honrado, sob a direção do generalCastelo Branco. Sobre os objetivos primeiros eimediatos da “Revolução”, ele cita a riqueza dopaís; a promoção do seu progresso econômico,social e cultural; e a preparação de eleiçõeslivres. O terceiro objetivo consiste, para CarlosLacerda, em quebrar a máquina de JuscelinoKubitschek. Ele afirma que era uma máquinamonstruosa, montada pelos homens aos quais

Page 163: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

serviu e que então o seguiam: os homens daditadura. Continua afirmando que era umamáquina na qual ele tinha começado sua carreirapolítica. Por outro lado, ele não queria quevissem em suas palavras nenhum amargor. Dizque tinha uma sólida confiança na ação exemplardo presidente Castelo Branco, um homem de fé,de palavra, digno, cumpridor de seuscompromissos. Sobre o segundo objetivosupracitado, ele deixa claro que, para ele, se nãohouvesse ação, haveria um retorno das reformascomo slogan. Diz que o povo deveria evitar issodefinindo a natureza da “Revolução”, e que nãohavia como melhor fazê-lo do que defini-la emrelação aos problemas gerais do Brasil. Eleprossegue falando das taxas de crescimentoeconômico do Brasil, que estavam declinando.Diz que a guerra para os democratas, a guerrapara os que amavam a paz era uma catástrofe eum estado anormal da sociedade humana. Já paraos totalitários, acentua ele, não era. Ele cita oexemplo dos nazistas, dos comunistas e dosfascistas. Salienta que eles eram filhos dosmesmos pais espirituais, dependentes da mesmafilosofia política que visava, afinal, o poderabsoluto. A guerra para os comunistas, segundoCarlos Lacerda, era um estado permanente enatural Ele discorre sobre a guerra fria e sobre aguerra subversiva revolucionária dos comunistas,que destaca ser uma de suas modalidades, e quetinha por objetivo implantar a indisciplina nopaís no qual iria se desencadear. Afirma que oscomunistas desejavam quebrar a hierarquia;incitar a revolta e a insurreição, graças a umapropaganda bem conduzida para a exploração dasmassas. Explica que o comunismo objetivava,principalmente, a desorganização e adesintegração da estrutura social do país.Destaca, no fim da gravação, que o Brasil tinhasido o primeiro país do continente que haviafeito, a tempo, a “Revolução” contra ocomunismo!

Faixa 3Entrevista à Imprensa BrasileiraObservação: o áudio da fita está muito ruim, comchiado, o que dificultou a audição.Carlos Lacerda fala sobre as formas de fazer anação progredir e dar vida melhor a seu povo.Fala da escravidão, da prosperidade através dotrabalho escravo; de um controle rígido sobreum estado terrivelmente desorganizado, sendotalvez incompatível com a natureza do brasileiro– o que para Lacerda era, graças a Deus -, aforma chinesa, revolucionária, comunista. Eleadverte que tínhamos que definir a nossaposição: “somos pela liberdade ou pelaescravidão? Por controles rígidos ou pelalibertação das forças de produção nacional?” Eleconta que a “Revolução” não tinha sido feita para

Page 164: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

consagrar o lucro de ninguém, mas paraconsagrar a liberdade de cada um, o direito quecada um tinha de criar riqueza. De acordo comLacerda, urgia, por exemplo, libertar omovimento sindical brasileiro da tutela doMinistério do Trabalho. Ele conclui dizendo queo que importava era que a nação soubesse quenum tempo razoável haveria eleições sindicaislivres pela primeira vez na história dotrabalhismo no Brasil.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.057

1. Assunto

1.1 Continuação da Faixa 4, daFita 56

1.2 Chegada em Portugal –Entrevista

2. Temas

2.1 Faixa 1Parte Inaudível

2.2 Faixa 2Conferência em Lisboa, objetivospermanentes das duas nações,cultura luso-brasileira,insulamento de Portugal,estratégia no Atlântico Sul,comunidade de língua portuguesana África

F1: 25:57F2: 11:05

F1: 06/1964F2: 06/1964

Faixa 1Continuação da Faixa 4, da Fita 56Observação: A fita apresenta o mesmo áudio dafita 54, compreendido entre 12:07min e38:24min.

Faixa 2Chegada em Portugal – EntrevistaObservação: até aos 02:27min o áudio ainda é odiscurso de Carlos Lacerda, continuação da fita-rolo 54, consequentemente, continuação da fita57 (faixa 1). Carlos Lacerda agradece àsautoridades e imprensa de Portugal, além dassenhoras e senhores que compareceram àconferência em Lisboa.Aos 02:39min retorna Carlos Lacerda, comoutro discurso. Saúda o ministro dos Negóciosestrangeiros, os ministros de estado, o presidenteda Câmara corporativa, os embaixadores, e assenhoras e senhores presentes. Diz ele que setorna mais difícil, mas ao mesmo tempo maisagradável, um brasileiro falar em Portugal.Explica que tudo o que havia para dizer tinhasido dito, porém nem tudo o que havia para fazertinha sido feito. Acrescenta que o Brasilcomparecia novamente, cumprindo seu deverpara com Portugal, dever que se exprimia nafidelidade, na “comunidade de interessesnacionais permanentes e na consecução deobjetivos internacionais permanentes”. CarlosLacerda considera que não éramos instrumentosde nenhuma política estranha aos interesses dasduas nações; salienta que não éramos, nãoseríamos, não queríamos, não haveríamos de serinstrumentos de qualquer política estranha ao quese constituíam em objetivos permanentes doBrasil e de Portugal. Acrescenta que os objetivosde Portugal e Brasil convergiam como se, afinal,nascidos das mesmas origens, tivessem umdestino convergente de unificação, senãopolítica, pelo menos, quando menos, cultural,econômica e social. Lacerda considera Brasil ePortugal responsáveis pelo Atlântico Sul,corredor do qual a soberania e a sobrevivência dacultura luso-brasileira dependia. Destaca queéramos, no Atlântico Sul, responsáveis para quena África não se plantasse o inimigo dos doispaíses, e para que a África permanecesse nacomunidade da língua, uma obra civilizadoraque Portugal fez nos arremessos do Imperialismo

Page 165: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

do século XIX. Noticia Lacerda que o presidenteda República, sabedor de que ele iria a Portugal,o tinha incumbido de, com a ajuda valiosa daembaixada do Brasil, levar ao governo portuguêse, por seu intermédio, ao seu povo valoroso egeneroso, a certeza da presença brasileira, namedida em que ela fosse necessária e útil, namedida em que ela fosse solicitada e querida, namedida em que pudéssemos ser instrumento dacomposição, da conciliação, da consolidação deuma paz internacional, que dependia daresistência portuguesa, mas por igual da nuncadesmentida inteligência política de Portugal, paraque assim pudéssemos todos contribuir para quea impertinência das acusações infundadas, paraque a insolência das provocações inusitadas nãoviessem a criar para Portugal uma espécie deinsulamento, que ele não merecia e com o qualnão podíamos concordar. Afirma Lacerda queestávamos com Portugal para defender acomunidade luso-brasileira, e que aqueleencontro seria a celebração de uma retomada decontatos para uma solidariedade sincera, pronta,lúcida, séria, que não se limitava às palavras, masque ansiava, uma vez documentada, por passar àação. Conclui manifestando seu orgulho por sero intérprete da mensagem de um homem de bem,descendente de portugueses, que era o presidenteCastelo Branco, do Brasil.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.058

1. Assunto

1.1 Faixa 1Continuação da Faixa 2 da fita 57Chegada em Portugal –Entrevista

1.2 Faixa 2 Recepção na Câmara Municipale Partida de Lisboa

2. Temas

2.1 Faixa 1Ressurreição da confiançanacional, elogios a CasteloBranco, reforma agrária,mobilidade social, emissário deCastelo Branco em Portugal, obrada “Revolução”, crítica aocomunismo, ao oportunismo e aonegocismo, crítica a MárioSimonsen e a Walter MoreiraSalles, cassação, independênciade Angola e Moçambique,financiamento americano noCongo

F1: 31:47minF2: 31:00min

F1: 06/1964F2: 29/06/1964

Faixa 1Chegada em Portugal – EntrevistaCarlos Lacerda, em Portugal, justifica a posiçãonova do Brasil. Diz que, na verdade, sempre foiassim, menos no intervalo em que não tínhamosum governo brasileiro no Brasil, “mas umgoverno através do qual alguns brasileirosexploravam e desacreditavam o Brasil perante omundo, mas, antes de tudo, perante a si mesmo”.Fala da ressurreição da confiança nacional, quese fez não em torno de um homem, pois diz queos brasileiros não acreditavam em homensmessiânicos, providenciais e salvadores. Fez-se,sim, ressalta, em torno de uma ideia, em torno deuma causa, de que se tornou principalresponsável o presidente da República, omarechal Castelo Branco. Exalta a figura deCastelo Branco, atribuindo-lhe uma profundacapacidade de comando e de decisão. Sobre areforma agrária, diz que num país em que 70%ou mais do território ainda pertenciam aogoverno, não seria preciso distribuir apropriedade dos que já tinham, bastava darpropriedade aos que não as tinham, distribuindoas terras do governo. Explica que o Brasilusufruía de uma realidade promissora, em que ooperário de então poderia ser o patrão deamanhã. Esta seria a razão, segundo ele, para queo problema da luta de classes no Brasil fosse umfracasso para os comunistas e, se não fosse ainvenção do nacionalismo e outras invenções

Page 166: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

2.2 Faixa 2Eliminação de adversários nasurnas, desenvolvimentismo, omonstro da inflação, abertura deportos nos territóriosultramarinos, intercâmbiocomercial, campanha eleitoral,inflação, direita e esquerda, OEA,

semelhantes, eles já teriam sucumbido por faltado que fazer.Observação: aos 05:53min termina este discursode Carlos Lacerda. Sete segundos depois entraoutra gravação feita em Portugal, versando sobrea visita do governador Carlos Lacerda, quando desua chegada à Lisboa, sobre o almoço noMinistério do DNE, numa conferência deimprensa. Aos 06:25min a fita sofre um corte eemudece, retornando 16 segundos depois, já coma voz de Carlos Lacerda encerrando seu discurso,com o mesmo conteúdo apresentado nosprimeiros 02:30min da fita-rolo 57 (faixa 2).Lacerda diz que trazia não apenas a amizadeconstante e fiel de um brasileiro, mas a palavrado presidente do Brasil, que ele desejavatransmitir ao governo de Portugal e ao povoportuguês. Menciona que trazia uma palavra decompreensão e leal fraternidade, de constanteidentificação. Agradece a todos os presentes, aoministro dos Negócios Estrangeiros, ao ministroda Defesa, ao secretário Nacional da Informação,ao ministro do Exército, ao presidente daCâmara de Lisboa, aos representantes dasentidades culturais e profissionais, ao rádio, àtelevisão e à imprensa e, com especial carinho,afetuoso carinho, à presença das senhoras e dossenhores.Observação: Aos 09:15min termina o discurso deCarlos Lacerda. A fita fica muda, retornando osom aos 09:32min, com o mesmo conteúdo dafita-rolo 57 (faixa 2), a partir de 02:30min,estendendo-se até os 18:42min. Por três segundosa fita fica muda e retorna com outro conteúdo, noqual Lacerda agradece à imprensa portuguesa eabre espaço para perguntas.Em resposta às perguntas feitas, Carlos Lacerdadiz que o maior problema do Brasil, naquelemomento, era realizar a obra da “Revolução”.Acrescenta que uma revolução era um fatoanormal, como diria o conselheiro Acácio, que sóse justificaria se fosse capaz de atingir os seusobjetivos. Esclarece que os objetivos não eramunicamente anticomunistas, que o comunismoera apenas a parte de um quadro geral da crisebrasileira. Salienta que ele existia em váriospaíses do mundo, sem que isto implicasserevoluções contra ele. O que havia de mais graveno Brasil, para Lacerda, era uma coligação entreo comunismo, o oportunismo e o negocismo.Sobre o negocismo, Lacerda demonstra que nasligações internacionais poderosas, o grupo dehomens e de forças que, acima do próprio medoao comunismo, acima do próprio amor à pele,punham a sua cobiça por lucros ilegítimos econtinuavam intactos – como os ‘MárioSimonsen’, os ‘Walter Moreira Salles’. Todos osgrupos que serviam e serviriam a qualquerregime, porque apodreceriam todos os regimesque tocassem com suas mãos. continuavam

Page 167: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

intactos”, conclui Lacerda, que ainda perguntapor que estes não eram também cassados. E dizque só quando o fossem, teria a “Revolução”conseguido destruir a máquina contra a qual elase levantara. Ele ainda discorre sobre o interessejá demonstrado pelo presidente Castelo Brancoem promover as medidas de governoindispensáveis. Perguntam a ele sobre suacandidatura à Presidência da República.Responde que havia, no fundo, a mesmadisposição com a qual ela fora antes apresentada.Acrescenta que se procurava conhecer a opiniãode um homem através da versão que deleapresentavam os seus adversários. Conta que oscomunistas tinham o grande interesse deapresentá-lo unicamente como anticomunistaferoz. “E os órgãos mais capitalistas deste mundoengoliram esta pílula, e chegam a pensar que sousó anticomunista, o que profundamente meofende”, diz Lacerda. Afirma que era contra ocomunismo, assim como fora contra o fascismo,e pelas mesmas razões. E diz que era a favor deescolas, dava prioridade à competência e àhonradez. Comenta que a grande reforma quetinha se iniciado no Brasil fora a de por nogoverno gente que sabia fazer as coisas e que asfaziam em benefício de todos, não em seupróprio benefício. Lacerda comenta a políticainternacional de independência dos paísesafricanos. Diz que Angola e Moçambique játinham atingido um grau de independência realmuito mais concreto, muito mais tangível do queuma grande parte das nações que a ONUchamava de independentes. Diz que não havia,talvez, área no mundo mais dependente do que oCongo, porque dependia de seus ódios internos, euma nação não se organiza no ódio, e porquedependia do financiamento americano para suasimples sobrevivência, e não se construía umaindependência nesta base, pois um dia osamericanos se cansariam de pagar as despesasdas supostas independências. Lacerda responde aoutra pergunta dizendo que nutria uma afetuosacuriosidade de conhecer os nossos co-irmãos,nossos quase compatriotas da África portuguesa.Mas, crê que não poderia fazer isso naquelemomento, pois ao retornar ao Brasil precisariavoltar ao batente pela Guanabara. Diz que suaspróximas férias haveriam de ser na África e noMinho.

Faixa 2Recepção na Câmara Municipal e Partida deLisboaCarlos Lacerda menciona que não estavasatisfeito em eliminar um adversário a não serpelo voto e que desejaria batê-lo nas urnas.Acrescenta que o derrotaria nessas condições,pois a ‘embriaguez da inflação’, de que ele setinha beneficiado, já estava chegando à última

Page 168: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

fase e já tinha um ar de ressaca. Acrescenta que aimensa impostura que se resumia emdesenvolvimentismo, tinha produzido umempobrecimento real do país e um sacrifíciomaior para os trabalhadores, as maiores vítimasda inflação. Para Lacerda, o pai da inflação,portanto, não poderia beneficiar-se dasconsequências do monstro que ele tinha gerado.Mas, ele diz que, ao pronunciar-se contra, dava aimpressão de que desaprovava o ato presidenciale, no entanto, considerava-o um ato de coragempolítica, um ato de visão cívica. Explica que umarevolução só se justificaria na medida em quetirasse consequências do fato de ter existido.Carlos Lacerda afirma querer evitar umpronunciamento pessoal sobre o problema criadopor Juscelino Kubitscheck, mas acredita que elepróprio compreenderia que não poderia ser aomesmo tempo beneficiário de um sistema quetinha sido destruído e continuar a beneficiar-se desua destruição. Sobre a interação entre Portugal eBrasil, ele narra a sua importância para oestabelecimento da comunidade luso-brasileira epara a entrada do Brasil nos mercados africanos.Diz que uma conquista agressiva de mercadospara a indústria brasileira só poderia chegar àÁfrica na medida em que Portugal fizesse o quequeria fazer: abrisse ao Brasil portos francos nosseus dois grandes territórios ultramarinos.Comenta que havia muito que explorar eaproveitar no campo do intercâmbio comercial,Diz Lacerda que gostaria de acrescentar quehavia 4 ou 5 acordos assinados pelos doisgovernos e que até então aguardavam ratificaçãodo Congresso brasileiro. Falando sobre asucessão presidencial, diz que havia ainda 1 anopela frente, que uma campanha presidencialnormal não precisaria durar mais do que 6 meses,o que já daria para jogar qualquer candidato nohospital. Diz que não havia porque se precipitar,uma vez que tínhamos o que nos faltava:governo. Pede que ajudássemos o governo agovernar, a por o país em ordem. Menciona quea campanha para acabar com a inflação era muitomais urgente do que a campanha eleitoral e quenão adiantava ter o direito do voto se nãotivessem o direito de usar o produto do trabalho,isto é, o salário, porque à noite a inflação ‘comia’o que se tinha ganho de dia. Ressalta quecontinuava na imprensa, mas, ao invés de fazerjornal impresso fazia jornal construído, faziajornal com tijolos. E crê que era ele mesmo omaior fiscal de seu governo. Comenta que amaior característica da oposição ao seu governoera a incompetência. Fala, também, do episódiocom o governo francês, sobre um encontro comhomens políticos da oposição francesa. Lacerdasempre acreditou ser a França, apesar dasaparências, o país da lógica e não da metafísica,entendeu que seria útil esse contato. Ao chegar a

Page 169: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Paris encontrou um convite impresso para umaconferência, o que não estava nos seus objetivos.Tratou de se informar e verificou que havia, entreos que patrocinavam a conferência, elementosque seriam ligados a certos grupos da direita,assim chamada ainda na França, poranacronismo. Admite Lacerda que seu destinoera apanhar da direita e da esquerda. Diz quechamou alguns amigos e lhes disse que não erabem aquilo o que ele havia proposto. Explicaque não foi à França servir de ‘boi de piranha’para ninguém. Reconhece que seu destino napolítica brasileira foi, durante muitos anos, serum boi de piranha e que se isso era um mal quelhe acontecia no Brasil, seria um cúmulo tambémse acontecesse na França. Lamenta que certosórgãos da chamada direita francesa quisessemexplorar este aspecto. Diz que não estava deacordo nem com a OAS (OEA, Organização dosEstados Americanos), nem com nenhum grupoterrorista francês, que não se submetia àsetiquetas que lhe quiseram por. E que por issodesapontou alguns remanescentes do fascismoitaliano como desapontou alguns órgãos doextremismo direitista francês. Carlos Lacerda sedespede da entrevista agradecendo a todos.Observação: O áudio termina aos 19:43,retornando treze segundos depois com outroáudio de Carlos Lacerda, ainda em Portugal, queé o mesmo áudio da fita-rolo 54, prolongando-seaté o final da fita.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.059

1. Assunto

1.1 Faixa 1Governador Lacerda em Penedo– AL –

12. Faixa 2Inauguração de uma Praça emPenedo

1.3. Faixa 3Solenidade de Entrega doDiploma de Cidadão Penedenseao Governador Lacerda

2. Temas

21. Faixa 1Reforma agrária, investimento naavicultura, reformas como ópiodo povo, “Revolução de março”,investimento nas crianças,comunismo, Petrobras, reformanas universidades, carência deempresários e operários, Nordeste

F1: 32:12minF2: 22:25minF3: 10:29min

F1: 04/08/1964F2: 04/08/1964F3: 04/08/1964

Faixa 1Visita do governador Carlos Lacerda a Penedo,Alagoas, no dia 16 de setembro, data deemancipação de Alagoas. Data de aniversáriotambém da Rádio Difusora de Alagoas.Carlos Lacerda fala da reforma agrária, afirmaque ela estava em marcha pelos homens daprodução e cita como exemplo o cultivo degalinhas em terras que antes destinavam-se aocultivo de café. Discorre sobre o investimento doBanco do Brasil para os avicultores, comempréstimos a 12% de juros, mais 2% de vistoriae mais 2% que não se explicava exatamente paraquê. Menciona a fábrica de gaiolas para asgalinhas confinadas, que produzia 1000 gaiolaspor dia a 850 Cruzeiros cada, e que tinha umalinha de crédito no Banco do Brasil de 1 milhãode Cruzeiros, descontáveis em duplicatas, o queimpedia a venda a prazo para os pequenosprodutores. Diz Lacerda que esta era a miniaturada situação do país no que tangia à reformaagrária, “pitoresca, porque se trata de galinhas,mas muito mais grave quando se trata de açúcarou algodão”. “É a pequena história da imensasimulação da dramática impostura das reformascomo ópio do povo no Brasil”. Diz Lacerda quehavia uma reforma de estrutura em marcha noBrasil, e que esta reforma precisava acentuar-se.Explica que deveríamos tomar conhecimento

Page 170: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

2.2 Faixa 2cidadão penedense, exaltaçãodos feitos de seu governo,saneamento e Enaldo CravoPeixoto, SUDENE,

2.3 Faixa 3ISEB, célula comunista,Ministérios da Educação e doInterior

dela. Defende a variedade de soluções, asimultaneidade de proposições, a coexistência defórmulas de organização econômica e social quesão características da democracia. Em vez dareforma que se pregava, diz ele, dever-se-iapregar a revolução. A revolução que é a reformadas reformas, pois é uma transformação pelabase, e não apenas uma reforma de base. É umatransformação pela qual o Brasil passaria aincorporar aos seus costumes e ao seu sistemapolítico uma nova realidade social implantada naraiz da sociedade brasileira. Carlos Lacerdadeposita o futuro do Brasil nos jovens. Diz que asgrandes áreas desérticas e despovoadas do paísestavam à espera de crianças para povoá-la.Ressalta que nossos imigrantes deveriam ser ascrianças e que o grande investimento do Brasildeveria ser o jovem, pois a imensa maioria dapopulação brasileira era formada por pessoas deaté 25 anos de idade. Lacerda, reforçando o quefoi dito pelo governador de Alagoas e o prefeitode Penedo, diz que a “Revolução” de março tinhadespertado uma enorme esperança no país. Eacrescenta que não havia desespero maior do queaquele que sucedia a uma esperançadesenganada. Destaca que compromisso muitosério era o da melhora, pois se piorasse ou nãocomeçasse a melhorar imediatamente, o povoentraria em desespero. E caso isso acontecesse,nada impediria a vitória do comunismo, asseguraLacerda. Ele pergunta: “Para quê se fez a“Revolução”? Para onde se vai levar o Brasil?Para a mera repetição de slogans?” Ele sugere ocontrário: que tratássemos de devolver ao país aconfiança perdida, que a déssemos aos homensque trabalhavam, sem prevenções contra ariqueza, pois a prevenção era contra ahonestidade e não contra a fortuna legitimamenteconquistada. Carlos Lacerda sustenta que “umpaís sem universidades tem falsos economistas,mas não tem economistas bastante, nem capazesem numero bastante para dirigir uma economia,que por isso afunda, que por isso malogra, e omaior exemplo disto, o mais grave exemplo distoe o mais trágico exemplo disto é a Petrobras, quese converteu num privilégio de generais, que depetróleo nada entendem, embora entendam, sim,do amor à pátria e que são, como nós,exemplares. Mas, não é só com amor à pátria quese explora e se obtém petróleo, é entendendo depetróleo e, portanto, a Petrobras deve serentregue a quem entenda de petróleo, e nãoapenas a quem entenda de patriotismo, poispatriotismo nunca tirou sozinho petróleo da terrade ninguém”. Sustenta que a participação dosestudantes na vida cívica brasileira não eraapenas desejável, mas sim inevitável, pois a suaprecocidade era indispensável a uma nação quenão tinha quadros suficientes para dirigi-la.Lacerda denuncia que não tínhamos engenheiros

Page 171: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

suficientes, nem médicos o bastante, e a provaera a carência de alguns municípios brasileirosque não dispunham de médicos para cuidar deseus doentes. Explica que não tínhamosempresários em quantidade suficiente, nemoperários. A causa disso, para ele, era a falta deescolas e universidades. E pergunta: “Como falarde reforma de base num país em que ainda não sefez escolas para sequer entendê-las, quanto maisfazê-las?” Sobre o Nordeste, diz que era falsa aideia de que seu desenvolvimento estavacondicionado pelo domínio do Estado, pelaatividade predominante do dirigismo estatal.Salienta que era necessário planejamento noNordeste, um certo tipo de prevenção eprogramação para a solução dos problemas daregião. Comenta que uma ‘imensa’ e ‘poderosa’contribuição trazida ao Nordeste, era aquela quefez do Nordeste o que ele era, uma força empermanente luta contra a natureza, uma força dedomínio do homem sobre as forças da natureza:“a iniciativa privada das organizações industriais,das organizações agrícolas, das organizaçõescomerciais e, sobretudo, daquela férrea vontade,daquela energia indômita, daquela teimosiaheróica, daquela perseverança cristã que é amarca do homem nordestino”. Carlos Lacerdaexalta a força do Nordeste e de seus homens. Epede que os nordestinos não se deixem tutelarpelo Estado e nem se deixem dominar pela‘mitologia das reformas de base’. Conclama oNordeste e o nordestino a se levantarem e alutarem pelo seu direito de criar riqueza semprevenções, nem preconceitos, “sem medo doEstado, donos do poder do Estado, mandando noEstado, decidindo sobre o Estado elegendo seusgovernos”. No fim de seu discurso ele diz: “aquiestou penedenses, aqui alagoanos, aquinordestinos, brasileiros... vim convocar-vos, jáque a mim me convocastes também. Todos juntosvamos caminhar para fazer no trabalho, na honra,na lei, na liberdade, a revolução que o Brasilespera”.

Faixa 2Inauguração de uma Praça em PenedoO ‘novo cidadão penedense’, o governador daGuanabara Carlos Lacerda, em Penedo (AL), nasolenidade de inauguração do parque DoutorAdail Freire Pereira, quando ele recebeu o títulode cidadão honorário de Penedo.Ele saúda o seu “eminente e caro amigogovernador de Alagoas, Luís Cavalcante”, o“prezado companheiro e amigo vice-governador,Teotônio Vilela”, o “caro conterrâneo e prefeito,Raimundo Marinho” e outros. Diz que nãogostaria de transformar a festa em comícioeleitoral, pois ainda havia tempo parapropaganda eleitoral. Exalta suas realizações no

Page 172: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

governo da Guanabara no que tange à educação.Diz que quando chegou ao governo encontrou110 mil crianças fora da escola e que criou, pelaprimeira vez no Brasil, o cargo de fiscal daescola, a bater de porta em porta convocando ascrianças para a escola, procurando saber porqueelas não iam. Diz que não se faz democracia semescola e que sem escola se faz demagogia. Contaque encontrou no Rio de Janeiro hospitaisfechando e que o seu governo abriu hospitais!Exalta suas realizações na área de saúde naGuanabara. Cita o nome do penedense EnaldoCravo Peixoto que vinha desempenhandoimportante papel na área de esgoto e saneamentobásico na Guanabara. Fala também de soluçõespara o problema das favelas. Renovação era, paraCarlos Lacerda, sinônimo de revolução. “Umarevolução que não renova nasce morta, e umarevolução que nasce morta enterra-se, não segoverna com ela!” Fala da falta do repasse deverbas da SUDENE (Superintendência deDesenvolvimento do Nordeste) para o estado deAlagoas, do governador Luís Cavalcante. AfirmaLacerda que a SUDENE não tinha transferido ocrédito para o governador porque ele não eracomunista. Diz que a SUDENE não tinha pressade acabar seus planos e planejava tão devagarque, quando acabava, já tinham ficado velhos.Ele pergunta porque não criar, se é que se queriamesmo fazer reforma agrária, um banco rural noMinistério da Agricultura e um Ministério daAgricultura, que ainda não existia, para trabalhar.Porque não tirar do Banco do Brasil o créditoagrícola, transformando o crédito agrícola emcrédito do trabalhador agrícola, do produtoragrícola? Comparando com a Guanabara,Lacerda diz que a população agrícola do estadotinha aumentado justamente porque o Banco doEstado ficara a serviço da produção. Acrescentaque crédito agrícola só se fazia com base naconfiança na capacidade do trabalhador agrícola.No fim, ele encerra a solenidade falando ao povopenedense exaltando-o como exemplo dolaborioso povo nordestino. Ele chama o povo àrevolução que supõe mudança, e diz que nomomento em que houvesse eleições, o povosaberia escolher não somente a melhor ideia, masaquela que carrega consigo a realidade de açõesde um governo honrado, honesto e trabalhador. Enesse ponto ele exalta seu governo na Guanabara,mostrando a recuperação do estado e daesperança e alegria de seu povo como provadisso.

Faixa 3Solenidade de Entrega do Diploma de CidadãoPenedense ao Governador LacerdaCarlos Lacerda anuncia o caro amigo, valorosocolega e concidadão, governador Luís de SousaCavalcante, o presidente Hélio Lisboa, da

Page 173: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Câmara de Vereadores de Penedo, o queridoamigo e jovem companheiro, prefeito RaimundoMarinho, D. José, bispo de Penedo, o vigáriogeral, autoridades religiosas, ilustres vereadores,etc. Diz que uma sala do antigo ISEB (InstitutoSuperior de Estudos Brasileiros), num prédio emBotafogo, transformara-se numa célulacomunista patrocinada pelo Ministério daEducação, e onde, então, se instalara, mal emal, o novo Ministério do Interior. Ele secompara a Alagoas, reconhecendo ser umapretensiosa comparação, com demérito para oestado: ambos, na história políticacontemporânea do Brasil, eram tidos comovalentões e desordeiros, agressivos e truculentos,provocadores de desordens, quando apenas hálongos anos clamavam por justiça, por ordem,paz, trabalho, honra e liberdade.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.060

1. Assunto

1.1 Faixa 1Discurso de Carlos Lacerda emPenedo, Alagoas

1.2 Faixa 2Continuação da Fita e da FaixaAnteriores. Discurso de CarlosLacerda em Penedo, Alagoas

1.3 Faixa 3Discurso de Carlos Lacerda emAlagoas

2. Temas

2.1 Faixa 1Ratificação da candidatura,elogios a Enaldo Cravo Peixoto,loas à “Revolução”, elogios aCastelo Branco, destruição dasoligarquias políticas,descentralização do país, miopiade Celso Furtado, vista cansadade Roberto Campos, defende aliberdade de iniciativa, priorizainvestimentos em educação esaúde, acusa a tragédia dodesemprego, exalta Rui Barbosa

2.2 Faixa 2Eleições, elogios à “Revolução”,poder sem usurpação

2.3 Faixa 3Modificação dos métodos ementalidades, ditadura,centralização do poder,

F1: 31:24minF2: 09:59minF3: 21:34min

F1: 04/08/1964F2: 04/08/1964F3: 04/08/1964

Faixa 1Discurso de Carlos Lacerda em Penedo, AlagoasCarlos Lacerda diz que seus sonhos começaram atornar-se realidade, não somente por ele, mas,sobretudo, por homens que ele foi buscar ondeeles estavam e que apenas, como ele, esperavama oportunidade de revelar o que sabiam e deaplicar o que aprenderam. Foi encontrar noquadro do estado da Guanabara, vindo da antigaCompanhia City Improvements, que tivera aconcessão do serviço de esgotos sanitários noRio de Janeiro, escola de técnicos, um homem dePenedo, capitão da ‘invasão penedense’ naGuanabara, o seu amigo, seu secretário ecompanheiro de trabalho, Enaldo Cravo Peixoto,a quem considerava como uma das autoridadesmundiais em engenharia sanitária. Fala que ogovernador de Alagoas havia ratificado a suacandidatura à Presidência da República, nacerimônia de inauguração da escola Penedo, emCopacabana. E ele diz que esta era umaconfirmação que ele aceitava. Afirma que seaceitava, se insistia, se arvorava-se, se almejava,se pretendia a Presidência da República era porservir a uma ideia em marcha, que ninguém enada mais poderia travar neste país. Mencionaque aos homens da “Revolução”, aos homens dogoverno da “Revolução”, ao eminente brasileiro,o presidente Castelo Branco, ele desejariarelembrar que nós brasileiros éramos irmãos,tínhamos um destino comum, e que nãopensassem eles jamais que nossas advertênciasvisavam a feri-los ou atirar-lhes ou disputar-lheso poder. Ao mandar o recado a Castelo Branco,ele é enfático: “Não queremos o seu poder!”Acrescenta que não precisávamos tomar-lhe oudiscutir a autoridade que lhe havíamos concedidopela força de um movimento revolucionário.Queríamos, ao contrário, que ele a usasse paraimplantar a “Revolução”. Comenta que a“Revolução” deveria ser não apenas ummovimento contra a desordem e o comunismo.

Page 174: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

tenentistas, Rui Barbosa,programas para educação etransporte, eficáciaadministrativa, reforma ansiadapelas massas,

Deveria ser, sobretudo, um movimento a favor.Mas, a favor de quê? Das reformas de base?Sustenta que a “Revolução”, deveria buscar umatransformação que consistisse na destruição dasoligarquias políticas que, no Brasil, sufocavam odesenvolvimento cultural e cívico do povo.Preconiza a libertação do povo desses falsostutores, que não tinham sequer capacidade paratutelá-los. Diz que o povo brasileiro estavamelhor, mais amadurecido, mais capacitado paraa vida democrática do que a maioria dos que seintitulavam líderes desse mesmo povo. Defendeque era necessário livrar o povo dos ‘falsostutores’. Sobre a luta que dividiu o povo e oshomens do Brasil entre si, Lacerda diz que nãohouve uma escola aberta por causa dela. Nãohouve um hospital funcionando também. Nãohouve nada, até então, que trouxesse ao povobenefícios reais em nome de um diálogo falso,em nome de um combate falso, em nome de umaguerra feita em torno de equívocos e embenefício de minorias dominantes, a dasoligarquias políticas, a dos grupos econômicos, adas forças e dos sindicatos de homens fundadosnos lucros extraordinários que roubaram o Brasilantes da “Revolução”, e que agora queriamroubar a própria “Revolução” do Brasil. CarlosLacerda defende a descentralização do país, queconsistia em dar aos municípios, dar aos estados,recursos financeiros e apoio técnico pois,segundo ele, ninguém melhor conhecia osproblemas locais do que os homens dalocalidade. Ele faz uma série de perguntas:pergunta onde está o programa escolar do Brasil,quantas escolas precisamos fazer e em quantotempo e onde, quantos professores precisaríamosformar para as escolas... “Onde? Como?Quando? Por quanto?”; pergunta também comoum país cujo maior capital era o homem podepreocupar-se com uma reforma financeira,desprezando o financiamento do trabalhohumano; se o Brasil havia de sair das concepçõesda ‘miopia’ de um Celso Furtado para asconcepções de uma ‘vista cansada’ de umRoberto Campos, ou seja, se haveríamos dedividir a nação entre duas escolas filosóficas dafinança internacional; por fim, pergunta seteríamos feito uma “Revolução” para dar razãoao ex-deputado Leonel Brizola. Ele pedeautonomia às regiões, aos estados e aosmunicípios abandonados do Brasil. Mencionaque isso não se faria com o planejamento teóricofrio, de cima para baixo, e sim com um programaque ele chama de “programa de trabalho em cadaespecialidade”. Prioriza os investimentos emeducação, saúde pública e saneamento comomeios de dar a liberdade a que o Brasil aspirava,instaurando a liberdade de iniciativa. Salientaque teríamos de ter coragem de adotar ideias,proclamá-las e aplicá-las. Ele ressalta que

Page 175: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

tínhamos começado a conhecer no país a tragédiado desemprego, e ele pergunta: “É para isto quefoi feita a revolução? Para desempregartrabalhadores?” Acrescenta que começávamos aconhecer também o leilão do crédito bancário,que já não era de 5, mas de 10, 12 e 15% ao mês,em muitos casos. E mais uma vez ele pergunta:“É para o desenvolvimento da agiotagem oficialque se fez uma revolução?” Sobre a reformaagrária, Lacerda diz que, se era para fazê-la, erapreciso pôr um homem de estado à frente doMinistério da Agricultura, e não um ministropelo simples fato dele ser um agrônomo.Acrescenta que ser agrônomo era muitoimportante... Na terra, mas na repartição não!Afirma, também, que se era para democratizar avida brasileira,era preciso dizer quando e comoseriam convocadas as eleições sindicais noBrasil, para que os trabalhadores pudessem votarpela primeira vez livremente e devessem sualiberdade sindical à “Revolução” democrática.Explica que não foi feita uma “Revolução” parasubstituir pelegos por pelegos; não foi feita uma“Revolução” para manter um honradofuncionário desses que, por função, servem aqualquer regime e obedecem a qualquer senhor.Acrescenta que, se foi feita uma “Revolução”,não foi para repetir os mesmos homens, muitomenos os mesmos métodos do passado. Senão,não tinha sido uma “Revolução”, e sim repetição.Exalta a figura de Rui Barbosa como o precursorda revolução. Diz que essa revolução vem delonge. Carlos Lacerda denuncia que os donos detodos os partidos eram recebidos no seio amanteda “Revolução”, ou seja, os ‘donos’ do Brasilpodiam partilhar da mesa magra da“Revolução”..Mas as suas vítimas, os seuseleitores, aqueles que foram por eles enganados,esses não! Deveriam ser mantidos à parte.Lacerda afirma que eles se enganavam. Sustentaque nós, que muitas vezes nos levantáramoscontra alguma coisa, naquele momento, juntos,nos levantaríamos a favor da “Revolução”brasileira, não tomada como episódio isolado de1º de Abril, data considerada por Lacerdaenganosa e perigosa, mas sim como um episódioque representava o apogeu de uma longasequência de sacrifícios, uma longa sequência deesperanças. Acrescenta Lacerda que ele nãoformava entre os primeiros da “Revolução”, quenão era um dos seus chefes, e, se fosse, já estariaum pouco envergonhado de ver, naquelemomento, tantos chefes na primeira fila.

Faixa 2Continuação da Fita e da Faixa Anteriores.Discurso de Carlos Lacerda em Penedo, Alagoas.Afirma Lacerda que estabelecera com as criançasdo Brasil um compromisso: o de manter em seusrostos o sorriso em vez do desespero e do ódio;

Page 176: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

de manter o dever para com eles de uma“Revolução” que se fez para eles e para maisninguém, nem para o Exército, nem para opaisano, nem para a Marinha, nem para o civil,nem para o partido, nem para a facção. De uma“Revolução” nacional que não foi feita paraentregar o poder a nenhum homem, mas sim auma força irresistível, que era o processo dedemocratização, através do qual o povobrasileiro, no sofrimento, no esquecimento, noabandono, na aflição aprendeu e amadureceupara chegar à aurora da “Revolução”. DizLacerda que se o povo não estivesse com arevolução esta poderia ser fascista, poderia sercomunista, menos democrática, pois ainda não seinventara um jeito de fazer democracia sempovo. E que por isto ele teme a ideia de seafastar o dia em que se iria deliberar. Ele serefere às eleições que estariam sendo marcadaspara 1966. Ele diz: “Que seja!” “Mas, antes daseleições, que tal trabalharmos um pouco?” Sobrea “Revolução”, explica que como o poder foidelegado de forma brusca e revolucionária “temde ser exercido com extremo cuidado para quenão se converta numa usurpação. O poder tem deser exercido com a delicadeza, com a presteza,com a devoção de quem sabe que transporta,como numa urna sagrada, os sentimentos, asaspirações, as esperanças e as decepções de umpovo longa e duramente experimentado. Obrasileiro não agüenta outra decepção”.

Faixa 3Discurso de Carlos Lacerda em Alagoas. Entendeele ter chegado a hora de dizer, com toda asimplicidade, mas também com igual franquezabrasileira, que não adiantava chegar ao poder,uns após outros, com a ideia de que por nossosexclusivos valores pessoais iríamos modificarmuitas coisas, se não modificássemos antes amentalidade e os métodos, para realmenteconseguirmos realizar muitas coisas no país.Acrescenta que tinha a impressão de que cadahomem que chegava ao posto de poder no paíscomeçava por considerar-se tão diferente dosantecessores, que era capaz de botar parafuncionar uma máquina que já não era máquina,porque era sucata. Sustenta que a ditadura tinhacentralizado demais a administração brasileira.Conta que o sonho da descentralização dogoverno no Brasil, alimentado pelos liberais noImpério, pelos tenentistas e por Rui Barbosa, atéentão não era uma realidade, e sim uma promessasempre adiada. Carlos Lacerda tem para ele que aprimeira condição da eficiência administrativa noBrasil era a rápida, decidida, completadescentralização da administração brasileira.Planejamento sim, mas apenas quandotivéssemos estatísticas, pois planejar sobrenúmeros falsos era pior do que improvisar.

Page 177: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Carlos Lacerda defende o planejamento, masapenas quando se conhecesse a realidade sobre aqual se iria planejar. Antes, o que se deveriafazer, eram programas para a educação,transporte, produção, distribuição e assim pordiante. Mas, tais programas não poderiam,segundo Lacerda, ser feitos de cima para baixo,não poderiam ser executados de cima para baixo.Se quiséssemos fazê-los democraticamente ecom eficácia administrativa, teriam de vir debaixo para cima da realidade local para a síntesenacional. Afiança Lacerda que a transformaçãodo Brasil não era mister fazê-la nem pelo terror,nem pela coação. Acrescenta que não era precisoser reacionário para fazer uma revolução, mastambém não era preciso ser um revolucionáriopara fazer uma reforma no Brasil. Fala que areforma democrática no Brasil era a que não secontentava com slogans, com as palavras vans damera propaganda ideológica. Salienta que essaera a reforma pela qual ansiavam as massaspopulares, era, sem dúvida, aquela pela qualclamavam os jovens do Brasil. Fala danecessidade do apreço da democracia pelas ideiase pela humildade diante dos fatos, e do seu despirde preconceitos ideológicos. Assegura que a“Revolução” ocorrida no ano corrente foraapenas um episódio ainda não terminado, mastímido, excessivamente cauteloso, porém feliz,por ter libertado o país sem dar nenhum tiro. Éem torno de tarefas do vulto da reformademocrática brasileira engendrada pela“Revolução” que Carlos Lacerda conclamava opovo.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.061

1. Assunto

1.1 Faixa 1Continuação da Faixa 3, da Fita60Discurso de Carlos Lacerda emAlagoas.

1.2 Faixa 2Comício na Praça dos Martírios

2. Temas

21. Faixa 1Elogio á participação dasmulheres no golpe de 64,Discursode Raul Brunini na Assembleiade Deputados reforma doexecutivo e do legislativo,campanha presidencial

2.2 Faixa 2Título de cidadão honorário de

F1:5minF2: 30min

F1: 04/08/1964F2: 16/09/1964

Faixa 1Continuação da Faixa 3, da Fita 60Discurso de Carlos Lacerda em Alagoas. Elogiaas mulheres do Brasil por irem às ruas fazer comas preces o que os homens não tinhamconseguido fazer com os votos. Elogia asmulheres alagoanas. Assinala que as mulheresainda não tinham acabado a obra iniciada.Afiança que elas foram mais valentes einteligentes que os homens. Consideraindispensável ao país a reforma do executivo edo legislativo. Menciona que se curva reverenteao poder legislativo de Alagoas, que vinha trazero testemunho do seu respeito e revela a esperançade que juntos se encontrariam na maiorcampanha presidencial que este país jáconhecera, a campanha presidencial da“Revolução” democrática brasileira.

Faixa 2Comício na Praça dos MartíriosO governador Carlos Lacerda conta que foi aAlagoas receber na Assembleia o título decidadão honorário de Alagoas. Agradece aogovernador de Alagoas por lhe conceder aoportunidade de falar com a população do estado

Page 178: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Alagoas, Guanabara perseguidapelo governo federal, construçãode escolas, universidade,hospitais, obras de saneamento,dinheiro americano, conjuntoshabitacionais, candidatura àpresidência, comunismo, voto dosestudantes e das mulheres, críticaà SUDENE

em uma praça. Assinala que há váriostrabalhadores alagoanos no estado da Guanabara.Comenta que durante 3 anos e meio comandouum governo perseguido pelo governo federal.Mas menciona que tem perseverança e que porisso insistiu, construiu escolas, criou umauniversidade, e estava criando um centro deformação de professores de ensino técnico.Discorre sobre as obras nas áreas de saúde esaneamento. Desmente a versão de que todas asobras foram financiadas por dinheiro americano.Explica que a maior parte do financiamento dasobras era do próprio governo do estado e que80% das obras eram no subúrbio. Afirma que oproblema das favelas ainda não fora resolvido,mas que já tinha acontecido um grande avançocom a construção de casas em conjuntoshabitacionais, compradas por antigos moradoresde favelas removidas. Sustenta que a suacandidatura à Presidência da República não eraum prêmio, que ele pretendia apenas cumprir oseu dever de governar. Lacerda destaca que nãoprecisava de canhões, de censura e de terror paravencer, apenas do voto livre do povo. Conta queo país esteve ameaçado pelo comunismo e queentão estava ameaçado pelo comodismo, que eraigual ou pior que o comunismo. Lacerda falasobre a importância da juventude no futuro doBrasil, que os jovens seriam os futurosgovernantes do país. Afirma que não queriavencer sem o apoio dos estudantes. Ressalta quetambém não abria mão do voto das mulheres.Lacerda assinala que as mulheres precisavamajudar os homens a escolherem os candidatos.Afirma que não existia problema do Nordeste,existia o problema do Brasil para com oNordeste. Critica a SUDENE ((Superintendênciade Desenvolvimento do Nordeste) por fazerplanos, mas não executá-los. Elogia asfaculdades, as lavouras, as fábricas do Nordeste,que foram feitas com pouca ajuda do governofederal. Afirma que o povo nordestino eratrabalhador e que precisava de incentivo dogoverno federal para produzir. Lacerda asseguraque o segredo da sua administração estava emconseguir fazer com que os outros fizessem.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.062

1. Assunto

1.1 Faixa 1Carlos Lacerda na CâmaraMunicipal de João Pessoa - PB

1.2 Faixa 2Conteúdo Igual ao da FitaAnteriorDiscurso de Carlos Lacerda emJoão Pessoa – PB

F1:15 minF2: 15minF3: 8 minF4: 45 min

F1: 17/09/1964F2: 17/09/1964F3: 17/09/1964F4: 17/09/1964

Faixa 1Carlos Lacerda na Câmara Municipal de JoãoPessoa - PBLacerda diz que estava cada vez mais confuso,principalmente pelas demonstrações de afeto eestima da população da Paraíba, que o deixavamsem saber como retribuir. Agradece a medalharecebida da Câmara dos Vereadores. Lacerdalembra que começou sua carreira política comovereador. Ressalta que a medalha recebeuaprovação unânime dos vereadores. Diz que era ogovernador de uma cidade, que era o segundocentro industrial do país. Discorre sobre asmudanças no orçamento que implementou no

Page 179: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

1.3 Faixa 3Governador Lacerda no TeatroSanta Rosa - PB

1.4 Faixa 4Continuação da Faixa Anterior

2. Temas

21. Faixa 1Defesa da descentralizaçãoadministrativa, recebimento demedalha, agradecimento ao povoda Paraíba

2.2 Faixa 2Defesa da descentralizaçãoadministrativa, recebimento demedalha, agradecimento ao povoda Paraíba

2.3 Faixa 3Crítica à Universidade do Brasil,ausência de pesquisa, escolas deformação profissional

2.4 Faixa 4Educação nos EUA e Inglaterra,investimento em tecnologia epesquisa, energia nuclear, saídado subdesenvolvimento,Discursode Raul Brunini na Assembleiade Deputados infiltraçãocomunista, liberdade de cátedra,crítica às universidadesbrasileiras

governo da Guanabara, tornando-o melhor.Lacerda conta que não era unanimidade no seupartido. Afirma que a oposição, apesar dealgumas divergências, sempre votava matérias deinteresse público. Menciona que um deputadodesistiu de fazer oposição a seu governo por eleter investido tanto na região que o deputadorepresentava. Defende a descentralizaçãoadministrativa, que considerava revolucionária.Diz que não precisava usar palavras rebuscadaspara ser entendido por todos, e que a prova dissoera a cerimônia em sua homenagem, que estavasendo realizada naquele momento.

Faixa 2Conteúdo Igual ao da Fita 62 – Faixa 1

Faixa 3Governador Lacerda no Teatro Santa Rosa - PBLacerda comenta que se sentiu honrado emreceber o convite para falar na Universidade daParaíba. Agradece a recepção que recebeu dapopulação do estado. Explica que não falariaapenas sobre as universidades, mas alerta queeste era um assunto essencial, que precisava serdiscutido. Afirma que ainda não existiauniversidade no Brasil. Critica a Universidade doBrasil por ter sido formada artificialmente. Seuargumento era que ainda não havia um campusuniversitário, com a convivência entre mestres ealunos. Sustenta que as universidades não tinhampesquisa, o que era essencial para ofuncionamento de uma universidade. Consideraque o que existia eram escolas de formaçãoprofissional.

Faixa 4Continuação da Faixa AnteriorAcusa as Universidades de Omissão no Projetode Desenvolvimento do Brasil. Cita os exemplosde EUA e Inglaterra que conseguiram sedesenvolver através de tecnologia e deinvestimento em educação e pesquisa. Defende ouso da energia nuclear no Brasil, assim como aInglaterra utilizou o carvão e os EUA aeletricidade. Explica que o Brasil deveriaaproveitar a utilização da energia atômica para sedesenvolver. Critica o exíguo número de alunosnas Faculdades de Engenharia em relação àsfaculdades de Direito e Filosofia. Cita osnúmeros: 25 mil alunos de Direito, 12 mil alunosde Engenharia, 18 mil alunos de Filosofia.Critica a tendência dos últimos 10 anos, ou seja,aumento de 100% em Direito, em Medicina 11%. Diz que estes números comprometiam ofuturo do país. Lacerda afirma que, em recenteconferência da ONU, chegou-se à conclusão deque um país só poderia sair dosubdesenvolvimento com investimento emtecnologia e educação. Por isso, continua, era

Page 180: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

necessário que o Brasil investisse em educação.De acordo com ele era uma lástima auniversidade gratuita e a construção deuniversidades em locais sem escolas. Afirma queas universidades formavam profissionais ruins,que procuravam empregos em outras áreas,principalmente no serviço público. Sustenta queas universidades tinham se tornado um local deinfiltração comunista. Critica os estudantes porfazerem greve por motivos não relacionados coma educação. Ressalta que o povo pagava por suaeducação e que por isso o estudante não tinhadireito de fazer greve impunemente. Afirma quese os estudantes que estavam nas universidadesnão estudavam, então estavam cometendo umcrime. Repreende os estudantes da UNE, quechamava de estudantes profissionais. Conta que o“movimento revolucionário de 64” tentou baniros estudantes e professores subversivos, mas nãoconseguiu. Lacerda diz que eles estavamescondidos e que tinha medo de quem esconde assuas ideias. Narra uma eleição em um CentroAcadêmico no Rio, em que, por uma pequenamargem, venceu um antigo locutor da rádioMairink Veiga, uma emissora da corrupção esubversão. Mas, afirma que era natural que istoacontecesse, que o anormal seria o inverso.Sustenta que os subversivos se aproveitaram dosomissos para continuar nas universidades. Criticao governo por reduzir as verbas para asuniversidades, assinala que a educação não erauma despesa, era o maior investimento que o paísdeveria fazer, pois que sem investimento emeducação não adiantaria investir em nenhumaoutra área. Fala sobre o tema de liberdade decátedra. Reconhece que alguns abusos foramcometidos após a “Revolução”, mas comentaque estava havendo um exagero. Cita o caso deum professor de Física Teórica, da Universidadede São Paulo, que foi detido por ser um agente dasubversão comunista. Afirma que a FísicaTeórica exigia dedicação exclusiva e que oprofessor era vereador pelo Partido Comunistaem São Paulo. Considera que a liberdade decátedra existia e deveria ser respeitada, namedida em que o professor respeitasse aliberdade do aluno de aprender.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.063

1. Assunto

1.1 Faixa 1Homenagem da AssembléiaLegislativa do Ceará

1.2 Faixa 2Entrevista na TV Cearense

F1: 18/09/1964F2: 18/09/1964

Não tem gravação

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.064

1. Assunto

F1: 30 minF2: 20min

F1: 18/09/1964F2: 18/09/1964

Faixa 1Continuação da Faixa 2, da Fita 63Entrevista de Carlos Lacerda a uma Emissora de

Page 181: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

1.1 Faixa 1Continuação da Faixa 2, da Fita63Entrevista de Carlos Lacerda auma Emissora de Televisão noCeará

1.2 Faixa 2Continuação da Faixa 1Entrevista de Carlos Lacerda auma Emissora de Televisão noCeará

2. Temas

21. Faixa 1Crítica à SUDENE, crise naimprensa brasileira, deturpaçãoda informação, crítica a LeonelBrizola, expropriação deconcessionárias, indenização,crítica ao comunismo e à igrejacatólica, esquerda X direita, MaoTse Tung X Kruchev

2.2 Faixa 2Divisão da igreja católica,materialistas de Cristo, revolta edesespero do povo, perfeiçãoinatingível, elogio à democracia,desenvolvimento esubdesenvolvimento, utopia,comunistas, classe média, pobres,eleições em 1966, candidato da“Revolução”

Televisão no CearáLacerda critica a SUDENE (Superintendência deDesenvolvimento do Nordeste), que ao invés decolocar os seus recursos a favor dos estados doNordeste, tinha os estados nordestinos a favor dasua organização. Assinala que os funcionários daSUDENE eram inexperientes. Afiança que aSUDENE tinha tornado Francisco Julião seugaroto propaganda na televisão americana, parapressionar os Estados Unidos a concederemempréstimos à organização. Lacerda questionaporque a SUDENE não tinha utilizado 200milhões de cruzeiros de crédito concedido pelogoverno americano, que estavam no Banco doBrasil. O apresentador pergunta a Lacerda sobrea compra das concessionárias. Ele responde quea imprensa brasileira estava passando por umagrave crise. E diz que por isso tinham contratadojornalistas que não entendiam nada dosproblemas sobre os quais escreviam. Comentaque estava havendo uma deturpação dainformação. Afirma que havia trêsconcessionárias que prestavam serviços deenergia e telefonia no Brasil, a Ligth and Power,a Eletric Bond and Share e a ITT (InternationalTelephone Telegraph). Critica o governador doRio Grande do Sul, Leonel Brizola, por terexpropriado uma concessionária sem seguir a leibrasileira, isto é, mediante pagamento de umaindenização. Ressalta que isto criou um alarmeem todos os acionistas destas empresas e quecomo não houve o aumento das tarifas, nãohouve expansão do serviço e por isso começou acair a qualidade dos serviços prestados por estasconcessionárias. Destaca que falou com opresidente Kennedy que não precisava de capitalestrangeiro para ampliar os serviços dasconcessionárias. Lacerda afirma que dando aousuário do serviço a oportunidade de se tornaracionista da empresa que presta o serviço, erapossível arrecadar capital suficiente para ampliá-lo. Assegura que as concessionárias propuserama sua compra pelo governo brasileiro, mas ogoverno brasileiro caiu antes de concretizar acompra. Roberto Campos, que havia sidoministro da Fazenda e então era ministro doPlanejamento, tentou retomar esta negociação.Lacerda diz que o governo não era obrigado acomprar as concessionárias. Considera que seriaum erro a compra. O apresentador pergunta seCarlos Lacerda era de esquerda ou de direita.Lacerda responde que não havia tolice maior doque colocar a solução dos problemas do Brasilem termos de ideologia. Cita o exemplo dofascismo, que era uma das ideologias maisconhecidas, mas que, segundo ele, era umaetiqueta que os comunistas punham em todos quenão serviam à doutrina. Comenta que existia umavasta bibliografia sobre comunismo, mas MaoTse Tung e Kruchev estavam se desentendo

Page 182: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

constantemente, cada um defendendo a sua visãosobre o que era o comunismo. Argumenta quequando os comunistas já não se entendiamquanto à sua ideologia, não valia a pena sedesentender por causa da ideologia deles.Sustenta que por ter estudado o comunismo,podia afirmar com segurança que não erareacionário. Elogia o presidente do Senegal,porque tinha feito uma revisão completa domarxismo. Lacerda diz que se os trabalhadorestinham melhores condições de vida nos paísescapitalistas do que nos socialistas, então estespaíses não eram mais capitalistas e os outrosnunca seriam socialistas. Por isso, não haviasentido em discutir ideologia. Comenta que oscomunistas estavam no seu papel, tentandodividir os que não eram comunistas. Lacerda nãoentende como podia haver uma esquerdacatólica, porque seria levar para a doutrina daigreja todas as misérias, contradições evicissitudes da querela ideológica.

Faixa 2Continuação da Faixa 1Carlos Lacerda afiança que a igreja católicabrasileira estava então divida em três partes.Uma, que queria deixar tudo como estava. Outra,que achava que a Igreja precisava manter asinstituições e queria transformar a Igreja em umainstituição de beneficência, que apoiasse acriação de cooperativas, ambulatórios, hospitais.Lacerda ironiza dizendo que os padres deixariamde dar extrema unção para dar injeção. E aterceira posição afirma que todos os problemasvêm da miséria e que não se podia pensar noabsoluto quando o relativo era o que importava.Lacerda os chama de materialistas de Cristo. Dizque os defensores desta corrente achavam que asociedade deveria ser tão perfeita que nãodeveria ter nem pobreza nem injustiça. Assinalaque na impossibilidade de conseguir tornar asociedade perfeita, estas pessoas alimentam arevolta e o desespero do povo e entregam arevolta e o desespero do povo aos comunistas.Defende que os católicos deveriam ser realistas,lutar por melhorias, sabendo que a perfeição éinatingível. Lacerda afiança que a democracianão deveria ter ideologia, que a democracia eraessencialmente uma técnica de convivênciasocial, que exigia tolerância e variedade. Lacerdaassinala que a principal função do governo eradar condições para que os cidadãos sedesenvolvessem por conta própria. Ele nãoconsidera que o Brasil fosse um paíssubdesenvolvido, mas um país com áreasdesenvolvidas e áreas subdesenvolvidas. Explicaque o Brasil tinha a tentação da utopia, que osbrasileiros gostavam do perfeito para não ter anecessidade de fazer o que era possível. Asseguraque não era preciso fazer uma revolução para

Page 183: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

melhorar a condição de vida da população, queera possível mudar a situação com trabalho, coma utilização da energia atômica. Salienta que oBrasil esqueceu três coisas: casa, comida eescola. Comenta que os comunistas tinham maioraceitação na classe média do que entre os pobres.Defende que os incentivos ao café deveriam serestendidos ao arroz, ao feijão, ao milho e a outrosalimentos básicos da alimentação do brasileiro.Afirma que desta maneira iria aumentar aprodução agrícola nacional. O apresentador fazduas perguntas a Lacerda: Se ele acreditava naseleições em 1966 e se ainda era candidato àPresidência da República. Lacerda responde queestava na lei que as eleições seriam em 1966,então, não havia porque não haver eleições em1966. Destaca que para que a “Revolução” fossecompleta o povo precisaria passar um recibo. Eque era preciso que a “Revolução” tivesse umcandidato. Lacerda se dispõe a ser este candidato,por ter a ambição de servir.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.065

1. Assunto

1.1 Faixa 1Governador na TV Itacolomi –Belo Horizonte

1.2 Faixa 2Governador na TV Itacolomi –Belo Horizonte

2. Temas

21. Faixa 1Divulgação da “Revolução” noexterior, punição de JK, crítica àprorrogação de mandato,continuísmo de Costa e Silva,discurso de Raul Brunini naAssembleia de Deputados,elogios a Costa e Silva, críticas à“Revolução” , custo de vida,confiança do produtor nogoverno,

2.2 Faixa 2BEG exemplo de gestão pública,parceria iniciativa privada egoverno, reformas agrária euniversitária, transformação deestrutura, crise de liderança,liderança democrática,maturidade política

F1:35 minF2: 20min

F1: 15/07/1964F2: 15/07/1964

Faixa 1Governador na TV Itacolomi – Belo HorizonteO repórter pergunta até que ponto a viagem deCarlos Lacerda ao exterior tinha sido oficial,atendendo ao pedido do presidente CasteloBranco para divulgar a “Revolução”, e até queponto foi apenas para ele descansar com a suafamília. Lacerda assinala que foi uma honrarepresentar o governo brasileiro. Mas sustentaque foi mais fácil explicar a “Revolução” lá forado que aqui. Afirma que aconteceram dois fatoslamentáveis enquanto estava no exterior, apunição a Juscelino Kubitschek, que foi umafalha grave, porque Juscelino não teve direito adefesa, e não foi explicado o motivo de suapunição. Também critica a prorrogação domandato do presidente Castelo Branco. Comentaque foi difícil explicar isso no exterior. Perguntase o que se estava pretendendo era colocar osinteresses de alguns acima do direito de todos?Pergunta se era isto a “Revolução”, negar aopovo o que se tinha feito em nome dele.Menciona que já estavam salvando o povo àrevelia dele. Afirma que estava havendo umamistificação, da qual as maiores vítimas eram osmistificadores. O repórter cita uma declaração doministro da Guerra, Costa e Silva, “A revoluçãoestá em marcha e continuará por quanto tempofor necessário”. Pergunta se Lacerda via nestafrase um indício de continuísmo. Lacerdaresponde que preferia uma outra frase do general,em que ele afirma que falou como um homemlivre, em um país livre. Lacerda enfatiza quetambém falava nesta condição, e que Costa eSilva não tinha falado como ministro, o que seriagrave. Lacerda considera que o general nãoconhecia a política e faz elogios a Costa e Silva.O repórter pergunta se Lacerda considerava queMourão Filho tinha precipitado a “Revolução”.

Page 184: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Ele responde que não havia dúvida de que ogeneral Mourão Filho a tinha precipitado, masque se Mourão Filho não a precipitasse, nãohaveria nada. Lacerda critica a “Revolução” porestar levando a discussão para o lado político,enquanto os problemas nacionais estavam sendoesquecidos. O repórter pergunta se oencarecimento do custo de vida era consequênciados fatos anteriores ou eram erros do governo.Lacerda responde que os preços estavam subindohá muito tempo e que o erro era o governo nãoter dado a devida importância a este fato.Lacerda destaca que se o governo não prestasseatenção a isto, nem a prorrogação de mandatoiria salvar a “Revolução”. Diz que as discussõespolíticas eram secundárias. O repórter perguntaquais seriam as soluções para diminuir o custo devida. Lacerda retruca que a prioridade deveria sero estabelecimento da confiança do produtor nogoverno, pois a confiança do produtor eraessencial para o aumento da produção. Lacerdadefende também que o governo deveria buscardinheiro no exterior, mas que para isso seriapreciso que o Brasil demonstrasse que era umpaís sério.

Faixa 2Governador na TV Itacolomi – Belo HorizonteO repórter pergunta se havia uma falência dopoder público como administrador ou apenas apouca vergonha na administração da coisapública e, neste caso, qual seria o papel dainiciativa privada no Brasil. Lacerda diz que nãoera tão pessimista em relação ao poder público.Cita o Banco do Estado da Guanabara como umbom exemplo de gestão pública. Explica que arazão do sucesso era a parceria entre a iniciativaprivada e o governo. Lacerda diz que umgoverno competente e honrado estimularia ainiciativa privada. O repórter pergunta sobre asreformas, se havia alguma a ser feita. Lacerdaresponde que sim, havia a necessidade de sefazer uma reforma agrária e uma reformauniversitária urgentemente. Ele menciona que asForças Armadas substituíam a falta de formaçãouniversitária no país. Sustenta que o Brasil tinhauma grave crise de formação de quadros. Masacredita que não se podia banalizar a palavrareforma. Lacerda diz que o Brasil já estavapassando por uma profunda transformação deestrutura, que vivia uma grave crise de liderança.Afiança que não havia no Brasil um substitutopara ele como líder democrático, e que se tinhatornado um líder democrático porque perceberaque não havia outro melhor. Salienta que não eraum auto-elogio, mas uma constatação. Oapresentador pede para Lacerda dar umadeclaração final. Lacerda elogia o programa porsua duração de quase uma hora debatendo osproblemas do país. Comenta que a audiência do

Page 185: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

programa era um indicativo do interesse dapopulação que estava a caminho de suamaturidade política. Por isso não se deveriaatrasar a marcha de um povo para a democracia.Agradece a atenção e pede a confiança dapopulação.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.066

1. Assunto

1. 1 Faixa 1Programa da 5ª SemanaBrasileira de História daMedicina, Comemorativa do 19°Aniversário do InstitutoBrasileiro de História daMedicina

12.1 Faixa 2aDiscurso de Carlos Lacerda emAgulhas Negras

1.2.2 Faixa 2bDiscurso de Carlos Lacerda emBarra Mansa

12.3 Faixa 2cDiscurso de Carlos Lacerda emAnchieta

1.2.4 Faixa 2dInauguração da Escola EstadualBenedito Ottoni

1.3 Faixa 3Discurso de Carlos Lacerda emAgulhas Negras

2. Temas

21. Faixa 1Elogio a Roquete pinto,telegrafia, amor pelo Brasil

2.2.1 Faixa 2aApoio à “Revolução”,escolha docandidato à presidência, uniãodos brasileiros, exaltação àdemocracia e à “Revolução”

2.2.2 Faixa 2bConvenção da UDN, participaçãodo povo, domínio da oligarquiapolítica, destino decidido nasurnas

2.2.3 Faixa 2cFazer o sucessor, ser presidente

F1:35 minF2a,b,c,d:45minF3: 3min

[1965]

Obs: Trechocom defeito naFita 2c...

Faixa 1Programa da 5ª Semana Brasileira de História daMedicina, Comemorativa do 19° Aniversário doInstituto Brasileiro de História da MedicinaA Rádio Roquete Pinto passa a apresentar oprograma da 5ª Semana Brasileira de História daMedicina, comemorativa do 19° aniversário doInstituto Brasileiro de História da Medicina,dedicado ao professor Roquete Pinto, beneméritofundador da emissora.O professor Serpa discorre sobre o tema RoquetePinto e a telegrafia e fala sobre a sua amizadecom Roquete Pinto. Menciona que foi à casa delefalar sobre sua candidatura à ABL. Conta que foimuito bem recebido por Roquete Pinto. Comparao professor a Eistein e Goethe. Fala sobre aconversa que tiveram sobre telegrafia, e que foipromovido por ele a telegrafista da RádioSociedade do Rio de Janeiro. Afirma queRoquete Pinto foi um legítimo precursor e umtinha um grande amor pelo Brasil.

Faixa 2aDiscurso de Carlos Lacerda em Agulhas NegrasAgradece aos militares de Agulhas Negras porterem apoiado a “Revolução”. Diz que no diaanterior tinha participado em São Paulo do maiorato cívico de sua vida. Conta que o seu partidotinha reunido representantes do Brasil inteiropara a escolha de um candidato à Presidência daRepública. Diz que a sua candidatura não eracontra a “Revolução”, mas era uma forma defazer o povo participar da “Revolução”. Diz quevoltaria a Resende e a Agulhas Negras paraconversar com a população, antes das eleições.Lacerda diz que antes de pedir o voto queriaconquistar a amizade e a fraternidade dasfamílias brasileiras, para construir um grandeBrasil. Defende a união dos brasileiros e otrabalho para tornar o Brasil uma grande nação.Exalta a democracia, a liberdade e a“Revolução”.

Faixa 2bDiscurso de Carlos Lacerda em Barra MansaFala novamente sobre a convenção da UDN(União Democrática Nacional) em São Paulo.Destaca que o povo precisava participar da“Revolução”. Salienta que a sua candidaturapretendia mobilizar o povo. Lacerda afirma quea “Revolução” não tinha sido uma quartelada,mas um movimento para acabar com a oligarquiapolítica que dominava o Brasil havia tantos anos.Contesta que subdesenvolvido era quem pensava

Page 186: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

2.2.4 Faixa 2dDeputados davam poucaimportância à inauguração deescolas, alunos valorizavam

3. Faixa 3Apoio à “Revolução”,escolha docandidato à presidência, uniãodos brasileiros, exaltação àdemocracia e à “Revolução”

que o Brasil era subdesenvolvido. Afirma que sóo povo poderia decidir o seu destino nas urnas.Pede apoio para fazer no Brasil o que tinha feitona Guanabara.

Trecho com defeito...

Faixa 2cDiscurso de Carlos Lacerda em AnchietaDiz que seu objetivo era deixar um sucessordigno e honrado no governo da Guanabara.Também tinha o objetivo de assumir aPresidência da República.Trecho com defeito.

Faixa 2dInauguração da Escola Estadual Benedito OttoniCarlos Lacerda fala sobre a inauguração da outraescola Ottoni, Teófilo Ottoni. Lembra que naantiga inauguração vários deputadoscompareceram, e naquela poucos tinham vindoComenta que no passado se dava maisimportância a inauguração de escolas. Consideraque era suficiente que os alunos valorizassem aescola.

Faixa 3Discurso de Carlos Lacerda em Agulhas NegrasMesma gravação da Faixa 2a

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.067

1. Assunto

1.1 Faixa 1Entrevista do GovernadorLacerda na TV Coroado –Londrina - PR

F1: 10/10/1964 Não tem

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.068

1. Assunto

1.1 Faixa 1Continuação da Faixa 1, da Fita67

1.2 Faixa 2Continuação da Faixa Anterior

1.3 Faixa 3Discurso em Praça Pública, noParaná

F1: 10/10/1964F2: 10/10/1964F3: 10/10/1964

Não tem

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.069

1. Assunto

1.1 Faixa 1Continuação da Faixa Anterior

F1:10/10/1964 Não tem

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.070 F1: 01/03/1964 Não tem

Page 187: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

1.1 Assunto

1.1 Faixa 1Entrevista Coletiva na TVBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.071

1. Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração da Escola Capistranode Abreu

F1: 21/05/1962 Não tem

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.072

1. Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração da Escola AlípioMiranda Ribeiro, Honório Gurgel

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola OdilonBraga, Penha

1.3 Faixa 3Demolição do Prédio onde Será aEscola Geny Gomes, RioComprido

F1: 02/10/1962F2: 05/10/1962F3: 06/10/1962

Não tem

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.073

1. Assunto

1.1.1 Faixa 1aContinuação da Faixa 3, da Fita72Discurso de Carlos Lacerda

1.1.2 Faixa 1.bDiscurso de Carlos Lacerda naCerimônia de Inauguração daEscola Alípio Miranda Ribeiro,em Honório Gurgel.

1.2 Faixa 2Discurso sobre a Importância daCultura

2. Temas

2.1.1 Faixa 1aCobrança à Light, proibição decomício eleitoral, defesa de seucandidato a vice-governador,exalta Lopo Coelho, dívida dogoverno federal com aGuanabara, ausência de uma vozda Guanabara no Senado Federal,

F1a/b27:24minF2: 00:20seg

F1a:06/10/1962F1b:02/10/1962F2: [1960/1965]

Faixa 1aContinuação da Faixa 3, da Fita 72Discurso de Carlos LacerdaContesta Lacerda que não era preciso falar contrao americano, nem contra o inglês ou o canadensepara cobrar da Light o que ela devia, pois elesnada tinham a ver com a Light, ou tanto quantoos brasileiros que a dirigiam e os brasileiros quese vendiam a ela. Diz ele que não deseja fazerum comício eleitoral, porque era contra a lei e jánão se precisava mais dele.Observação: aos 02:36min a fita sofre um corteentrando outro áudio com a voz de CarlosLacerda. Neste outro áudio, Lacerda fala sobre aescolha de seu vice-governador na Guanabara.Diz que não podia continuar a governar o estadose no lugar de vice-governador, cuja únicafunção era substituí-lo em caso de sua ausência,estivesse uma pessoa que era o contrário do queele era, que queria o contrário do que ele queria.Acrescenta que havia um governador eleito queninguém, a não ser Deus, podia derrubar, que iacumprir seu mandato até o fim. Então, se lhedessem um companheiro de governo parasubstituí-lo, era preciso que esse companheirofosse um companheiro e não um inimigo. Dizque era preciso que construíssem o estado juntose não separados, divididos. Carlos Lacerda,então, pede ao povo de Barros Filho e HonórioGurgel o voto para Lopo Coelho, para ser seuvice-governador. Exalta a figura de Lopo Coelho,

Page 188: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Juraci Magalhães desmascaraLuís Carlos Prestes, FundoEstadual de Educação, eleição debancada atuante, hospitaistransformados em autarquias,retomada da obra de PedroErnesto

2.2.2 Faixa 1bImportância educativa do nomeda escola, educação liberal,elogio ao patrono da escola, adefesa da liberdade e dademocracia pela educação,queixa contra o tribunal deContas

2.3 Faixa 3Cultura como arma política,elogios a Lacerda

fala de sua atuação na Câmara dos Deputados, desua participação efetiva na Constituição doEstado da Guanabara. Lacerda ressalta que eleque tinha evitado que a Câmara dos Deputadosdegenerasse de novo em Câmara dos Vereadores.Lacerda fala da dívida que o governo federaltinha com o estado da Guanabara, orçada emquase 500 milhões de Cruzeiros. Comenta que osecretário de Educação fora a Brasília convocadopelo governo para receber o dinheiro. Lacerdadiz que veio a promessa de entregar, depois daseleições, 60 milhões dos 500, somente paraescola. Ele atribui esse descaso ao fato de nãohaver uma só voz da Guanabara no SenadoFederal. Diz que essa voz tinha que serforçosamente uma grande voz no Brasil. E porisso, comenta ele, foram buscar “um cearense daBahia para ser senador da Guanabara, a fim deser carioca em Brasília: Juraci Magalhães”. Dizque os comunistas estavam empenhados emderrubar Juraci Magalhães, pois sabiam que emmatéria de defesa da liberdade do povo ele era‘carne de pescoço’. Ressalta Lacerda que Juracitinha desmascarado o comunismo e o chefe docomunismo no Brasil, Luís Carlos Prestes.Lacerda assegura que para todos que queriamque a liberdade continuasse a vigorar no Brasil,era essencial eleger Juraci Magalhães para oSenado. Explica que o governo da Guanabara sóagia dentro da Lei, não sabia agir fora da Lei, epor isso mesmo precisava da Lei, pois sem elanada se poderia fazer. Fala que só os ditadoresagiam sem lei. Demonstra a necessidade de umaAssembleia que votasse as leis. Ele discorresobre os projetos que estavam tramitando naAssembleia e não viraram leis, como, porexemplo, o do Fundo Estadual de Educação; atransformação dos hospitais em autarquias, paraque o ano de 1963 fosse o ano da saúde pública,atualizando o plano hospitalar, retomando a obrade Pedro Ernesto; e a reforma dos quadros dapolícia da Guanabara, transformando a políciaem polícia de carreira. Nisto, continua, residia aimportância do povo eleger nas eleições de 7 deoutubro uma bancada que fosse efetiva e atuante,de modo que os projetos se tornassem leis. Elemanifesta o desejo de que fossem eleitosdeputados capazes de entender os projetos eaprová-los.Observação: aos 13:18min termina o discurso deLacerda. A fita fica muda por 3 segundos edepois entra outro discurso de Lacerda.

Faixa 1.bDiscurso de Carlos Lacerda na Cerimônia deInauguração da Escola Alípio Miranda Ribeiro,em Honório Gurgel.Lacerda comenta que o nome na fachada de umaescola era tão educativo quanto a própria escola,que era preciso que a professora, quando

Page 189: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

explicasse aos alunos o porquê daquele nome nafachada de uma escola, pudesse lhes dizeralguma coisa que os fizesse melhores, criandoassim aquilo que se chamava de educação liberal,que preparava o homem para a liberdade. Porisso mesmo, Lacerda diz que o seu governodecidiu parar com o mau costume de colocar nasfachadas das escolas inauguradas o nome deparentes dos governadores, dos presidentes, dosministros, dos secretários, etc. Lacerda fala domotivo da escolha do nome do zoólogo AlípioMiranda Ribeiro para uma escola. Diz que foiindicação de Antônio Melo Barreto, diretor doJardim Zoológico. Ele exalta a figura de AlípioMiranda Ribeiro na cerimônia de inauguração daescola que leva seu nome em Honório Gurgel.Observação: a gravação do discurso de Lacerdana solenidade de inauguração da escola terminaaos 22:25min, sendo que em seguida entra outroáudio com a voz do governador.Ele fala nos minutos finais da fita do papel daeducação no estado da Guanabara, que era o dedefender a liberdade e a democracia. Discorresobre a atuação do professorado e exalta-o. Falado descaso e abandono da escola Olavo Bilac eda reforma da mesma, desde que a Assembleiadeixasse e o Tribunal de Contas não se opusesse.

Faixa 2Discurso sobre a Importância da CulturaUm cidadão falando falando sobre a culturacomo arma política, da cultura servindo àpolítica, completando-a. E que a personificaçãodeste pensamento estava em Lacerda, governadorda Guanabara, a quem se devia admirar por estedom supremo que possuía.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.074

1. Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração das Oficinas doGinásio Industrial Tomé deSouza, em Bangu.

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola MunicipalAdemar Tavares, em Cavalcanti

1.3 Faixa 3Inauguração da Escola Noel Rosa

1.4 Faixa 4Entrevista a Rubens Marquespara o Programa ‘A voz daAmérica’

1.5 Faixa 5Continuação do Discurso deCarlos Lacerda na Cerimônia de

F1: 01:23minF2: 15:37minF3: 09:38minF4: 01:21minF5: 23:48min

F1:16/04/1963F2: 27/07/1963F3:{1963]F4:[1963]F5: [1963]

Faixa 1Inauguração das Oficinas do Ginásio IndustrialTomé de Souza, em Bangu.Deseja ele todo êxito aos alunos, no momento eposteriormente. Considera muito importante, sejaqual for a carreira ou o rumo que viessem atomar a vida dos alunos, que eles aprendessem atrabalhar com as mãos aquilo que a inteligênciaira aprender e abarcar. Fala das instalações,definindo-as como simples, porém eficientes.

Faixa 2Inauguração da Escola Municipal AdemarTavares, em Cavalcante.Carlos Lacerda comenta que a partir de umareunião com o secretário de Educação, FlexaRibeiro, com a entusiástica adesão do governo doestado, ficou acordado que o trabalho começassepelo bairro de Cavalcante, tão característico daGuanabara e uma das zonas mais abandonadasdo estado. Conta que o governo do estado,excluídas todas as obras que beneficiavam todasas zonas – como a da água e de certos túneis –estava aplicando na Zona Suburbana 85% dos

Page 190: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Inauguração da Escola NoelRosa, em Vila Isabel, Iniciado naFaixa 3.

2. Temas

2.1 Faixa 1Trabalho com as mãos orientadopela inteligência

2.2 Faixa 2Maior investimento no subúrbio,abandono dos subúrbios daCentral, saneamento da área,construção de escola,inauguração da 50ª escola, apoioda Fundação Otávio Mangabeira,escolha educativa do patrono,exaltação do poeta AdelmarTavares

2.3 Faixa 3Abertura de inúmeras escolas,Guanabara na dianteira daeducação, elogio a Noel Rosa

2.4 Faixa 4Esposa do governador da Bahiapresenteia Jacqueline Kennedy

2.5 Faixa 5Exaltação das realizações naGuanabara, elogios a LopoCoelho, Juraci Magalhães e HélioBeltrão, educação: reforma debase duradoura, inflação,aumento da produtividade,exaltação do trabalhador,Fundação Otávio Mangabeira

seus investimentos, e que isto não significavaabandonar a Zona Sul, mas praticar um ato dejustiça com os subúrbios da Guanabara,trazendo-lhes o que tantos anos lhes foi negado:o carinho e a atenção do poder público.Considera o governador que o abandono que seestende por toda a zona dos subúrbios da Centralera uma estiagem cívica e administrativa.Ressalta que, naquele momento, estavamconstruindo também na área, sob a direçãoimediata do administrador regional, OsmarResende, 18,5 km de esgoto, e que istosignificava tirar dessa área o tifo e outras doençasque resultavam diretamente da falta desse serviçoelementar. Destaca que não tinha empreiteironenhum que tivesse se apresentado para fazermais uma escola no bairro, com medo de perderdinheiro e tempo nos corredores do Tribunal deContas. Acrescenta que seria necessário fazer aescola por tomada de preços, poraproximadamente 21 milhões de Cruzeiros. Dizque administração do estado não descuidava enem se esquecia das aspirações legítimas de suapopulação. Para ela estavam voltadas as maisafetuosas intenções. Explica que não faziapromessas vãs e nem tomava o tempo deninguém com falsos compromissos. Salienta quefaziam o que não prometiam. Crê que OsmarResende estava habilitado a encaminhar aosórgãos da administração superior do estado asreivindicações e necessidades mais imediatas emais prementes dessa área de Cavalcante.Assegura que era com alegria de todos dogoverno que ele entrega a 50ª escola com que aFundação Otávio Mangabeira enriqueceria opatrimônio material, moral e cultural do povocarioca. Justificando a escolha do nome daescola, Carlos Lacerda diz que era parte doprocesso educativo esta escolha. Explica que nãoadianta abrir uma escola para deseducar a criançaque a freqüenta, desde o nome. Não adianta abrira escola e educar a criança também através doculto e da adulação, da valorização do que nãotem valor. Para Lacerda, o patrono de uma escoladevia ser alguém sobre o qual já se tivessepronunciado tranquilamente o juízo doscontemporâneos e diante do qual se abrisserespeitosamente a admiração. Por conta disso,Carlos Lacerda exalta a figura de AldemarTavares como poeta.

Faixa 3Inauguração da Escola Noel RosaAssinatura do Termo de Posse da Escola NoelRosa pelo Governador da Guanabara CarlosLacerda.Ele adianta que a escola, então inaugurada, abriauma série de inaugurações de escolas nos diasque se seguiriam. Assegura que da data entãocorrente até o dia das eleições seriam abertas

Page 191: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

ainda mais treze escolas na Guanabara; três diasdepois das eleições seriam abertas mais duas e norestante do ano Carlos Lacerda e Lopo Coelhodeveriam inaugurar mais 30 escolas naGuanabara. Afiança que assim a Guanabara iriatomar definitivamente a dianteira no comando dacampanha da educação dos brasileiros, a fim deque conquistássemos a democracia para o Brasil.Diz que a escola recebia o nome de Noel Rosapara atender a um compromisso sentimental.Confessa Lacerda conhecer poucos nomes tãodignos e exalta a figura de Noel Rosa e suaprodução, considerando que cada verso, cadasamba, cada marcha, cada canção sua era ummarco na vida sentimental da cidade.

Faixa 4Entrevista a Rubens Marques para o Programa‘A voz da América’Pequeno trecho da entrevista nos jardins da CasaBranca, com a esposa do governador eleito doestado da Bahia, Antônio Lomanto Júnior. Dizela que tinha trazido para Mrs. Kennedy umapulseira de balangandãs feita por artesãos de seuestado.

Faixa 5Continuação do Discurso de Carlos Lacerda naCerimônia de Inauguração da Escola Noel Rosa,em Vila Isabel, iniciado na faixa 3.Em seu discurso ele utiliza um verso de Noel,extraído do samba Feitiço da Vila, para dizer que“a Vila Isabel só quer mostrar que tem escolatambém!” Diz que Vila Isabel tinha favela comotodos os bairros do Rio, mas tinha também umaclasse média, sólida e democrática, defuncionários, de pequenos empregados, pequenoscomerciantes e de militares. Explica que haviamuito ainda que fazer pela cidade do Rio deJaneiro. Assegura que olhando para trás e vendoo que já tinha sido feito e o quanto tinham feitoaqueles antes dele, ele verificava que só haviauma coisa a fazer: continuar fazendo, nãodeixando que o desespero tomasse conta do povoe nem que a descrença avassalasse-o, que adesunião e a intriga os separasse. Ele exalta aGuanabara como o grande estado do Brasil,embora fosse o menor territorialmente. Consideraque tínhamos uma história de amor e de buscapela liberdade e que para sermos brasileiros nãoprecisávamos pedir licença. Chama a atençãopara o fato de que a história do Rio de Janeiro seconfundia com a própria história da formaçãonacional, pois aqui tínhamos fundado a nossapátria. Lacerda diz que seu governo tinhaconfiança no futuro, tinha certeza de que seconseguíssemos juntos educar os nossos filhos,abrindo para eles escolas, tratando das doenças edas mazelas, consolidaríamos a obra da honra eda liberdade. Lacerda adverte, também, que era

Page 192: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

preciso que os filhos tivessem orgulho dasescolhas de seus pais e não vergonha. Porque elenão conhecia um modo melhor de educar umfilho do que poder mostrar-lhe que os pais eramcapazes de escolher e honrar a quem procuravahonrá-los, de ajudar a quem procurava ajudá-los.Volta a exaltar suas realizações na Guanabara ediz que a jornada, que estava apenas começando,não poderia ser interrompida por um voto maldado, um voto distraído. Exalta também asfiguras de Juraci Magalhães, Lopo Coelho, HélioBeltrão e os deputados presentes à cerimônia. Elesustenta que sem estes deputados não seriapossível construir escolas, como a Escola NoelRosa. E acrescenta que juntos poderiamcontinuar a fazê-las, muitas, cobrindo o territórioda Guanabara de escolas, para realizar a únicareforma de base duradoura: a da educação. Elefala de um grande mal do Brasil que era ainflação, que degradava o trabalho e empobreciaainda mais o trabalhador. Diz que para lutarcontra a inflação teríamos que aumentar aprodutividade, isto é, a capacidade de cada qualproduzir para si e para a comunidade brasileira.E, para aumentar a produtividade, explica, elecontava com a importação de máquinas e defábricas. Mas também era preciso que semelhorasse a produtividade do homem brasileiro,ou seja, dar-lhe meios de aumentar a suacapacidade de produção. Assim, o Brasil estariaaumentando de 30 a 40% a produção nacionalcom as mesmas máquinas existentes, mas com omelhor aproveitamento da única máquina de queaté hoje não se lembraram: a ‘máquina-homem’,sem a qual as outras não funcionariam. Por isso,a necessidade de preparar o jovem para otrabalho, para a produção, para melhores salários,para melhores condições de vida, para uma rendanacional per capta maior e para um maiorconforto em cada lar do trabalhador brasileiro.Este era, segundo Carlos Lacerda, o investimentomais rendoso a ser feito no Brasil. Ele mencionaque cada escola que inaugurava na Guanabaraera como se ele estivesse inaugurando umafábrica, pois a escola era uma fábrica de ensinar aviver, a síntese perfeita entre o lar e a oficina,porque era ali que o lar e a oficina davam asmãos. Ele afiança que era exatamente por issoque a inauguração de uma escola na Guanabaratinha uma significação muito grande. Consideraque a confiança era a tônica de seu governo, aconfiança na honradez do povo e no trabalho dopovo, e que este dado era ignorado peloseconomistas, mas tinha sido a chave para osíndices positivos econômicos da Guanabara.Encerra exaltando o povo de Vila Isabel comosíntese do povo carioca. No fim da fita, o locutordiz que a Escola Noel Rosa era a 31ª escoladoada ao Estado pela Fundação OtávioMangabeira.

Page 193: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.075

1. Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração da Escola AfonsoPena

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola FirmoCosta - Padre Miguel

1.3 Faixa 3Inauguração da Escola Bangu –Bangu

1.4 Faixa 4Inauguração da Escola AlbertoNepomuceno

2. Temas

2.1 Faixa 1Elogios ao ex-presidente e à suafamília, defesa da revolução dosmétodos do ensino, adoção detempo integral nas escolas, elogioao Massachussets Institut ofTechnology dos EUA, crítica àeducação, qualidade de ensino Xquantidade, escolarização detodas as crianças, elogio aoprofessor

2.2 Faixa 2Elogio ao patrono Firmo Costa, afilosofia educacional de FirmoCosta, escola igual à democracia,comemoração do 4º ano degoverno, construção de ginásios,mania de fazer escola

2.3 Faixa 3Crítica a nomes de parentes emescolas, escolha educativa dopatrono, Elogios a Bangu, bairrooperário, elogio aostrabalhadores, perseguição doSupremo Tribunal federal,sinecuras da Light and Power,maioria facciosa domina oSupremo, “Revolução”, custo devida, solução das filas nasescolas, concretização da“Revolução” pelo voto, críticas aRoberto Marinho, parque Lage,perseguição da imprensa

F1:18:57:minF2: 13:14minF3: 19:53minF4: 11:36min

F1: 30 /11/1964F2: 11/12/1964F3: 01/12/1964F4: 03/12/1964

Faixa 1Inauguração da Escola Afonso PenaEle comenta que a cerimônia era a continuaçãode uma homenagem ao presidente Afonso Pena,realizada há anos atrás. Estava presente, e foisaudado por Lacerda, Afonso Pena Neto. Afirma,também, que não era a inauguração de umaescola, e sim a continuação de uma escola. Sobreo prédio, ele diz que o projeto de construção foraaprovado ainda em 1958 e fora um dos muitosesqueletos encontrados pelo seu governo. Então,já não sendo mais esqueleto, e sim ‘recheado decarne e osso’, ele começava a funcionar. Lacerdadiz ser um prazer ver expandir-se a escola. Elefala sobre Afonso Pena Junior, filho de AfonsoPena e pai de Afonso Pena Neto. Exalta a figurade Afonso Pena Junior e a família, ao considerara inteligência e a cultura, bem como o serviço aopaís, como quase uma fatalidade histórica dafamília. Carlos Lacerda fala do MassachusettsInstitut of Technology dos EUA. Viu o programadas escolas que formavam o Instituto e viu queeste mudava de dois em dois anos. Fala de suarevolução nos métodos de ensino, como a adoçãodo tempo integral e também a prática de nãomais ensinar a operar as máquinas que jáexistiam, e, sim, ensinar a criar o que iria ser, afazer o que tinha que ser feito num futuropróximo. Cita que lá, no instituto citado,lecionava o homem que estava preparando a naveespacial que faria a viagem à lua e que foi nestaescola que o primeiro submarino atômico teveseu método de condução dirigido por inércia, quepermitiu transformar simples submersíveis emsubmarinos capazes de viajar a umaprofundidade até então não atingida pelo homem,durante mais de um ano, sem voltar à superfície.E, segundo ele, tudo isso tornou-se possívelporque jovens resolveram dedicar-se a estarevolução. Lacerda sustenta que era importanteque no Brasil se tomasse conhecimento do queestava se passando no mundo em matéria deconhecimento. Diz que estávamos ainda na ‘pré-história’ da educação. No Brasil, adianta ele, sediscutia a quantidade, enquanto que no mundo sediscutia qualidade de ensino. Acha queestávamos ainda construindo escolas, quando adiscussão deveria ser que escola pretendíamosformar e não a quantidade necessária. Discorresobre as realizações da Guanabara na área deeducação, mas diz que era preciso transformarquantidade em qualidade. Ele afirma quepretendia que seu governo passasse à históriacomo um governo que deu início a umarevolução pela educação no país; como umgoverno que considerava possível escolarizartodas as crianças do Brasil, assim como foipossível escolarizar todas as crianças daGuanabara. Sobre o auxílio das máquinas naeducação, ele diz que o homem, ou seja, o

Page 194: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

2.4 Faixa 4Dificuldade de administrar,morosidade do Tribunal deContas, economia nos cofres dogoverno, confiança na palavra dogoverno, elogios a AlbertoNepomuceno e ao padre JoséMaurício

mestre, multiplicado pela máquina, seria aresposta ao desafio da educação das grandesmassas populares. Ele espera que, num futuronão muito longínquo, pudesse trazer essas novasexperiências para o Brasil, que eram as damáquina de ensinar, postas a serviço da máquinainsubstituível, tão preciosa e tão complicada, queera o professor.

Faixa 2Inauguração da Escola Firmo Costa.Ele fala do professor sergipano Firmo Costa. Fazalusão aos milhares de homens e moças queFirmo Costa formou, inclusive ele. “Formou, enão ensinou”, ratifica. Lacerda esperava que acerimônia contasse com grande parte dos queforam alunos de Firmo Costa. Sobre o professor,diz que foi desses mestres do ensino particularque têm espírito público. Ensinava qualquermatéria, mas se espalhava em história. Era umhistoriador por vocação e sentimento. Lacerdaconta que o conheceu quando entrou para oLiceu, então chamado Liceu Francês, mal saídodo seu curso primário na escola José de Alencar,no Largo do Machado. Carlos Lacerda fala dafilosofia da educação que Firmo Costa abraçara.Conta um episódio em que ele e outros colegascolavam em uma prova de geografia. “A colacom Firmo Costa era feita às claras, pois elequeria que não escondessem a cola”, lembra.Lacerda conta que eram 40 alunos na sala e todosos 40 colavam, menos dois: Carlos de AraújoLima e um menino que se chamava Rui Barbosade Faria. O professor definiu assim sua filosofiade ensino: “Ao menos, quando vocês colam, como nervoso, este ponto vocês estudam!” DizLacerda que ele nunca se limitou a ensinar amatéria. Esta era um acidente. O que ele ensinavaera caráter, era o sentimento do valor da vida e dadignidade da criatura. Ele conta que nuncaencontrou alguém com mais profundosignificado da obra da educação. Porque ele nãoensinava uma matéria, através das matérias queele lecionava ele ensinava a viver, e esta era aobra da educação. Lacerda diz que acreditava queninguém como ele tinha amado tanto ascrianças; que ninguém como ele tinhacompreendido tão bem o sentido da obra daeducação. Para Lacerda, não havia democraciaonde não havia escolas para todos. Sustenta queesta não era a primeira e nem seria a últimainauguração de escola na região. Menciona queno dia 04 seguinte, véspera do quarto aniversáriode seu governo, haveria uma nova inauguração.E que em Realengo estava completando aconstrução de um ginásio. Acrescenta que oBrasil ainda não era uma democracia, porquemetade dos brasileiros ainda não tinha tidooportunidade de ir à escola. Ele então diz:“Portanto, quem faz escola é democrata, quem

Page 195: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

não faz é reacionário!” Comenta que no Brasilhavia uma tendência à ternura para com osladrões e criminosos e uma profunda antipatiapara com quem queria trabalhar honestamente,uma grande dificuldade, como se parecesseloucura querer trabalhar no Brasil. Diz que OGlobo o chamou de louco, o Diário de Notícias,que pela primeira vez concordava com O Globodesde sua fundação, e o presidente do SupremoTribunal também concordaram.Lacerda propõesubmeter-se a um tratamento médico para ver sefazer escola era loucura, porque desconfiava quedevia ser uma doença nova: a mania de fazerescola. E ele diz: “Eu sofro dessa mania. E estoumuito contente com isso!” E conclui dizendo quefoi com Firmo Costa e com algumas pessoascomo ele que ele contraiu essa contagiosa eperigosa doença: a mania de fazer escolas.

Faixa 3Inauguração da Escola Bangu – BanguO governador Carlos Lacerda comenta que atéquatro anos antes as escolas fundadas recebiam onome dos parentes do governador, da sogra dopresidente, do compadre, da irmã, da tia, doprimo, do conhecido, da namorada, do filho dopresidente... Denuncia que era o povo quempagava as escolas com os impostos, mas na horade dar o nome, não eram os nomes que o povoqueria, mas os da família de quem estava nopoder. Lacerda diz que sua mãe não era diferentedas mães dos outros e, por conta disso, não haviamotivo para o nome de sua mãe estar numaescola, se não fora ela nem ele quem tinha pago aescola. Acrescenta que tinha muito cuidado coma escolha do nome das escolas. “Nome só degente que já morreu, pois não há perigo de virarum ‘tio’ e de repente a gente ter que mudar onome”. Nome de escola faz parte da educação dacriança, acrescenta ele. Acha que era preciso quea criança crescesse sabendo porque tinha aquelenome à frente de sua escola, que era preciso quea professora não tivesse dificuldade de explicarporque estava aquele nome à frente da escola.Para Lacerda, uma criança não poderia sereducada sob a ideia de adulação dos poderosospois não se faz democracia com adulação, define.Conta que recebia sugestões, mas quem dava onome era ele. E que se tem um bairro quemerecia ter seu nome em uma escola era o bairrode Bangu. Primeiro, porque era o bairro maisbairrista do Rio de Janeiro. Segundo, porque setratava de um bairro operário do Rio de Janeiro.Comenta que às vésperas do quarto aniversáriode seu mandato, sentia-se numa casa rodeado deinimigos por todos os lados, menos por um, queera a escola. Ele supõe que era exatamente numbairro operário que ele poderia falar essalinguagem: “As pessoas para quem a vida semprefoi fácil não sabem o quanto custa o que nós

Page 196: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

estamos fazendo. As pessoas que receberam tudodesde o berço de ouro até a herança do papai; aspessoas que receberam dinheiro facilmente, emuito dinheiro, pensam que tudo é fácil...” Econtinua: “Mas, para quem a vida é umaconquista de todos os dias, aqueles que têm queganhar o seu pão com o suor do seu rosto,aqueles que trabalham numa fábrica e sabemquanto custa trazer o salário para casa são os quebem sabem o que significa o esforço do governoe as dificuldades que precisam vencer, asfacilidades que precisam criar (...) Tudo que épreciso vencer para conseguir o que estamosalcançando os trabalhadores compreendemmelhor do que ninguém, porque eles, paravencer, têm que conquistar toda manhã o seudireito de viver, que às vezes perdem na noiteseguinte!” Fala que desejava comemorar a‘honrosa condecoração’ que acabara de receberdo Supremo Tribunal Federal. Comentadesconsiderar uma honra ser perseguido pelossenhores do Supremo. Lacerda acusa que ascausas da Light and Power nunca foram julgadasno Supremo Tribunal porque os seus ministrosempregavam a família em suas sinecuras. Contaque os ministros vendiam-se àqueles contra osquais tinha que fazer justiça. Diz que entre osministros do Supremo Tribunal havia homensdignos, sem dúvida, mas, que eram minoria, tãopequena, que não tinha coragem de se colocarcontra a maioria facciosa e política que dominavao Supremo Tribunal. Lacerda diz que a“Revolução” não fora feita para aumentar o custode vida do povo brasileiro. Não tinha sido feitapara os ricos ficarem mais ricos, e os pobresficarem mais pobres. Lembra que quatro anosantes havia a fila das escolas, o que foisolucionado, pois dependia do governo doestado da Guanabara. Porém, a fila do feijão edo arroz, esta não dependia do governo doestado. Defende que a “Revolução” tinha sidofeita sem armas, mas que então não podia serconcretizada sem voto. Afiança que desde logoera preciso nos prepararmos para eleições livres,fazermos valer a vontade do povo, a vontadelivre e soberana do povo. Considera Lacerda quealguns jornais continuavam muito ofendidos coma mania do governo da Guanabara de trabalhar.Diz que eles gostavam do tempo em que o Dr.Roberto Marinho, quando queria instalar o jornalluminoso na Urca, pondo um anúncio no Pão deAçúcar, tinha só que telefonar para o prefeito edizer: “se não puser, O Globo ataca o prefeito”.E, como o prefeito tinha ‘rabo de palha’, nãopodia sofrer o ataque de O Globo. Lacerdaprossegue dizendo: “Mas, como eu não tenho oque temer, nem o que esconder, pode o Sr.Roberto Marinho atacar-me à vontade porquenão leva o parque Lage, este parque é do povo!”Lacerda acha que o povo estava muito mais

Page 197: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

sabido do que pensava esta gente. Já fora tãoenganado, mas não adiantava querer enganar opovo, pois ele sabia onde estava o seu caminho eele conhecia o seu interesse e seu dever. Demaneira que, continua ele, quando o Dr. RobertoMarinho pensava que os editoriais de O Globoorientavam o povo, o povo comprava o seu jornalpor causa do Mário Filho, no futebol, e não porcausa dos seus editoriais; quando a Última Horapensava que o atacando estava vendendo jornal,estava vendendo jornal por causa da Vida comoela é, mas não por causa dos ataques que fazia aele. Lacerda diz que quem não deve não teme. Eele não temia jornal nenhum, rádio nenhuma,televisão nenhuma e nem o Supremo Tribunalnenhum. Ele sustenta que só tinha medo de Deusem sua consciência, mas toda vez que lheatormentava o medo, ele pedia para inauguraruma escola.

Faixa 4Inauguração da Escola Alberto NepomucenoCarlos Lacerda manifesta o deseja de dar aospresentes uma aula prática do que era adificuldade de administrar dentro da rotina edentro da falta de vontade de fazer as coisas queexistia em alguns lugares do nosso país. Contaque apenas no dia anterior, dia 02 de dezembro,tinha chegado a comunicação do Tribunal deContas de que tinha sido registrado o contrato deconstrução da escola. Quer dizer que, adianta ele,se o governo corresse muito, a escola que estavasendo então inaugurada estaria começando suaconstrução apenas naquele dia. E custariaprovavelmente 30% mais caro, no mínimo.Talvez 50%. Porque isso, ele pergunta. Para ascontas serem bem examinadas? Não, não é isso,responde Lacerda, acrescentando: “É para ascontas demorarem a ser examinadas.” E seaprofunda na questão: “Não se trata de examinarbem, trata-se de examinar devagar, o que não é amesma coisa. Ela demora não é porque é bemexaminada. Ela demora porque fica bem nofundo da gaveta”. Lacerda explica que o que foifeito no caso daquela escola foi o envio de umprocesso para o Tribunal de Contas e, enquantoisso, uma firma foi chamada e o governo disse aoresponsável:“Vocês comecem a escola com agarantia de que vamos pagar!” Lacerdaprossegue dizendo que com a garantia da palavrado governo, a firma veio e fez uma boa escola.De maneira que, no dia anterior, quando tinhachegado a autorização do Tribunal de Contaspara pagar, o governo ia chamar a firma e dizer:“Tá aqui o seu dinheiro, muito obrigado pelaconfiança que teve em nós!” Essa palavra rendeuaos cofres do governo uma economia de quase 30milhões de Cruzeiros, apenas nesta escola,declara o governador. Ele considera que umgoverno honrado representa economia do

Page 198: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

dinheiro do povo. Explica que se a firma nãoconfiasse na palavra do governo, ia esperar oTribunal de Contas mastigar o processo, e aescola só teria sua construção iniciada naqueledia, ao invés de ter ali a sua inauguração.Lacerda diz que o povo precisava saber disso!Ele agradece a todos, aos incansáveiscompanheiros da Secretaria de Educação, e atodos da Administração Regional de CampoGrande. Logo depois da cerimônia deinauguração de outra escola, ele manifesta odesejo de ir à favela da Vila São Jorge para ver otrabalho admirável dos moradores que, comgrande espírito de comunidade, estavamrealizando para o seu próprio bem, e com aatenção e a dedicação da Região Administrativade Campo Grande. Ele fala um pouco sobre opatrono da escola, Alberto Nepomuceno, queestava completando o centenário de seunascimento, e sobre o padre José Maurício, quefoi um dos primeiros músicos conhecidos naHistória do Brasil.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.076

1. Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração do Ginásio EstadualJosé Bonifácio, na Gamboa.

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola BernardoO´ Higgins em Bangu.

1.3 Faixa 3Inauguração da Escola Baronesade Saavedra.

1.4 Faixa 4Inauguração da Escola AugustoFrederico Schmidt

1.5 Faixa 5Inauguração da Escola MarechalMachado Bittencourt.

1.6 Faixa 6Inauguração da Escola Padre JoséMaurício - Campo Grande

1.7 Faixa 7Inauguração da Escola MeralinaCastro – Santa Cruz

1.8 Faixa 8Inauguração da Escola Eusébiode Queirós, em Bangu.

2. Temas

F1: 21:06minF2: 14:53minF3: 10:03minF4: 16:02minF5: 10:33minF6: 12:06minF7: 12:47minF8: 12:39min

F1: 05/12/1964F2: 09/02/1965F3: 02/02/1965F4: [1964/1965]F5: 17/03/1965F6: 03/12/1964F7: 04/10/1964F8: 04/12/1964

Faixa 1Inauguração do Ginásio Estadual José Bonifácio,na Gamboa.Lacerda diz que com a inauguração da escolaestava pronto para funcionar o compromisso dogoverno do estado da Guanabara na região. Dizque logo no início, quando mal começava o seugoverno, foi saber as necessidades do bairro e aprimeira reivindicação era justamente umaescola, assim como em todo lugar no estado emesmo no país. Fala que havia outras, mas estaera a primeira, a mais urgente. Sobre aarquitetura do prédio, que era um prédio jáantigo, não sendo, portanto, construído para serginásio, ele exalta a riqueza de detalhes e diz quefoi construído numa época em que havia tempode primar por tais detalhes. Compara com asescolas que estavam sendo construídas em seugoverno. Diz que havia necessidade de seconstruir escolas pobres em material, mas paraque se pudesse construir muito, ou seja, fazersimples para fazer para todos. Conta que estavaconvencido de que havia no Brasil dinheiro desobra para fazer escolas para todos. O que nãotinha havido era tempo sobrando para se ver queisto era possível. Diz que com esforçosemelhante, em 4 ou 5 anos, podia-se ter escolaspara todas as crianças e jovens no Brasil.Acrescenta não acreditar em democracia edesenvolvimento no Brasil enquanto isto nãoacontecesse. Acredita que esta era uma das obrasmais luxuosas do estado, porque não se tratavade uma obra nova, e sim de uma restauraçãometiculosa, pois alguns detalhes arquitetônicostiveram de ser refeitos. Lacerda anuncia queforam gastos quase 80 milhões de Cruzeiros nainstalação do ginásio no prédio. Diz que a obraera uma prova concreta de que pobre, usando a

Page 199: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

21. Faixa 1Escola para todos, construçõesbaratas, economia no mobiliáriodas escolas, democracia,usurpação do dinheiro destinadoàs escolas, trabalhadoresmarítimos, reformas no porto doRio, Elkem Rana: grupo denegocistas

2.2 Faixa 2Estatísticas da educação naGuanabara, obrigatoriedadeescolar por faixa etária, bolsasescolares, educação pública dequalidade sem ostentação, exaltaBernardo O´Higgins, relaçõesentre Brasil e Chile

2.3 Faixa 3Recenseamento escolar, escolasde construção modesta, elogio àCarmen Saavedra,

2.4 Faixa 4Dados da política educacional,Fundação Otávio Mangabeira,nome educativo para a escola,Crítica às posições políticas deAugusto Frederico Schmidt,elogio ao poeta AugustoFrederico Schmidt, líder cívico

2.5 Faixa 5Antecipação da idade escolarfacultativa, obrigatoriedadeescolar, magistério público,concessão de bolsas de estudo,elogio a Machado Bittencourt,nome educativo para a escola

2.6 Faixa 6Rádio Roquette Pinto,COSIGUA, Guanabara, segundocentro industrial do Brasil, usinade aço inoxidável, porto deminérios em Santa Cruz, críticasa O Globo, parque Lage, centrocultural, muitas escolas modestas

2.7 Faixa 7Venezianas ao invés de vidraças,escolas modestas, elogios aCesário de Melo e à Amaralinade Castro, termelétrica de SantaCruz, CHEVAP, elogio à“Revolução”, CompanhiaSiderúrgica da Guanabara emSanta Cruz

cabeça, fazia melhor do que rico sem cabeça, eque foi um grande exemplo de economia. Contaque foi ver um ginásio público em Florença, naItália, praticando um ato que ele denomina de‘espionagem econômica’. Um ginásio caro emuito bonito. Lá encontrou uns móveis que eleconsiderou excelentes para o Brasil. Como oBrasil não tinha dinheiro e nem precisavaimportar móveis, ele fotografou o mobiliário e, apartir das fotos, operários de Triagem, técnicosda antiga oficina da Cidade Light, que passarama trabalhar a serviço do governo da Guanabara,fizeram a mobília utilizando outra madeira maisbarata. “Isso é uma lição de economia dada porquem não entende de economia”, diz Lacerda,que acrescenta que esta era a prova do que eracapaz o trabalhador brasileiro quando tinhaescola e estímulo. Afirma que o desenho italianofoi melhorado, inclusive. Ressalta que ascarteiras tinham saído mais baratas do queaquelas que antes eram adquiridas pelo governo.Isso sem falar na durabilidade, conforto e beleza.Comenta que o mobiliário adotado para o ginásioJosé Bonifácio estava sendo aos poucosimplantado em todas as escolas da Guanabara.Lacerda acredita que democracia era isso:governos que, escolhidos pelo povo, trabalhavampara conseguir o melhor possível para o povo. “Oque for mais barato, o que servir a todos, o quefor útil à maioria, o que for aprovado pelamaioria, o que a maioria decidir... respeitado odireito da minoria divergir”. Denuncia a práticaque o Congresso Nacional estava ameaçandofazer de pegar o dinheiro destinado às escolas,retirar 50% e doar aos governos para aplicaremnas escolas, enquanto que os outros 50% seriamdistribuídos entre os seus cabos eleitorais.“Assim não há dinheiro para escola”, lamentaLacerda, que completa: “Cada vez que se roubana construção de uma escola, é meia escola quefica por fazer!” Ele diz que faz parte também dademocracia saber as necessidades do povo, paranão gastar primeiro com coisas que poderiam serfeitas depois e gastar depois com coisas queprecisavam ser feitas em primeiro lugar. CarlosLacerda sustenta que se perguntassem à grandemaioria dos trabalhadores brasileiros o que elesprecisavam mais nesse momento, além dacontenção do custo de vida, eles diriam: “escola,para que meu filho vá além do ponto a que euconsegui chegar!” Ele, aproveitando quediscursava na zona portuária do Rio de Janeiro,dirigiu-se aos trabalhadores que viviam do portoe para o porto - aos trabalhadores, marítimos,estivadores – pedindo a eles que ajudassem ogoverno a se esclarecer, que ajudassem opresidente da República a compreender anecessidade de desenvolver o porto do Rio deJaneiro ao invés de esvaziá-lo; de ampliá-lo eequipá-lo, em vez de entregá-lo à Elkem Rana,

Page 200: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

2.8 Faixa 8Elogio a Eusébio de Queiroz,exaltação aos homens decididos,abolicionismo

empresa norte-americana que não tinha créditonem nos EUA, pois tinha respondido a uminquérito no Senado norte-americano, pelo qualse verificou que em plena guerra ela roubava ogoverno americano lucrando indevidamente450% no minério de níquel que vendia para oesforço de guerra norte-americano. CarlosLacerda fala sobre a empresa referindo-se a elescomo ‘grupo de negocistas’: “Depois deroubarem o seu próprio povo eles querem agoraroubar o nosso!” Lacerda diz que era tempo dedizer não. Mas, não se trata de reproduzir odiscurso de certos demagogos (referência diretaaos comunistas). O fato de haver demagogos nãoo impedia de ver que existiam tambémnegocistas. Ele conclui agradecendo a presençade todos!

Faixa 2Inauguração da Escola Bernardo O´ Higgins, emBangu.Sobre o desenvolvimento escolar da região elefala que em 1960, no início de sua administração,havia na área 30 escolas públicas primárias; nomomento da cerimônia, 54. Ou seja, foramacrescidas 25. O número de matrículas escolaresna região era de 22.654 crianças; no momentoeram de 43.213 crianças. As vagas existenteseram 6.500; passaram para 9.700. O aumento empercentagem em relação ao ano de 1960, ou seja,em quatro anos de trabalho, foi, em relação àmatrícula, de 91%; quanto ao número de salas ede escolas foi de 80%. Diz Lacerda quecontinuava a corrida entre os tijolos e as crianças.As vagas abertas na Guanabara eram 43.400, masele diz que era bom lembrar que na Guanabara aeducação já não era obrigatória apenas a partirdos 7 anos de idade; era obrigatória até os 14anos de idade. Lacerda conta que se tratava dodia da inauguração da escola, um dia de grandealegria. Acrescenta que estavam à disposição dospais, para os filhos que tinham capacidade deaproveitamento, não só os ginásios do estado jáexistentes, mas bolsas escolares para ginásiosparticulares, num total de 3 bilhões de Cruzeiros,isto é, 37.500 bolsas escolares para ginásio, alémdas matrículas no ginásio do estado. Lacerdapede que os pais que tinham dificuldade empagar ginásio para seus filhos que se dirigissem àSecretaria de Educação para candidatar seusfilhos às referidas bolsas. “Só não tem direitoquem não tiver aproveitamento para entrar noginásio”, assegura Lacerda, que conclui que erapreciso estudar bem na escola primária parapoder ter ginásio de graça. Sobre a escola a serinaugurada, Lacerda diz que ela já começavalotada, pois já estava com 510 alunos. Ele diz: “Éessa a corrida entre as crianças e os tijolos. Mas,eu espero que os tijolos cheguem antes que ascrianças. O diabo é que os pais não nos dão

Page 201: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

tempo!” Ao eminente representante do governochileno e aos seus colegas de representaçãoCarlos Lacerda pede desculpas pela modéstia dahomenagem, por conta da simplicidade da escola.Assinala que preferia fazer pobre para fazermuito, pois não acreditava na opulência e naostentação da educação pública num país queainda não era rico o bastante para educar todos osseus filhos. Diz que o primeiro dever era fazerescolas para todos, e que o mármore e o bronzeviriam depois. Conta que o único luxo da escolaera a glória do nome que lhe foi dado. Ele exaltaa figura de Bernardo O´Higgins., tanto ou maisdo que Simon Bolívar, fala que ele representou oromantismo na política na era da independênciadas nações latino-americanas. Lacerda discorre,também, sobre as relações entre Brasil e Chile,marcadas pela amizade, compreensão eentendimento desde os tempos do Império. Falada troca de experiências políticas.

Faixa 3Inauguração da Escola Baronesa de Saavedra.O governador fala do recenseamento escolar aser realizado pelas professoras da Guanabara, em26 de abril daquele ano, na área de Bangu eRealengo. E acrescenta que esperava que nareferida data não houvesse nenhuma criança commenos de 14 anos fora da escola, senão elemesmo iria buscá-la em casa para colocá-la naescola, junto com seus pais, porque pai que nãopunha o filho na escola, tendo escola para o filho,tinha que ir junto com o filho para a sala de aula.Ele afirma que, assim como em outras escolasinauguradas na Guanabara, o luxo da escola a serinaugurada na cerimônia era o nome dela: o deCarmem Saavedra. Diz que este era o luxo queera permitido ao seu governo, e não o mármore, amadeira fina, etc. Ele, então, exalta a figura deCarmem Saavedra como uma grande educadora,sem nunca ter dado aula. Ele lê trechos de umartigo escrito por ele mesmo, quando aindajornalista, na época da morte de CarmemSaavedra, para falar um pouco mais sobre aBaronesa de Saavedra. Lacerda fala dopioneirismo de Saavedra, quando ela fundou suaescola, iniciando um processo de renovação daeducação “pela aproximação, pela identificação,pela compreensão, pelo parentesco espiritual quese estabelece entre o verdadeiro professor e overdadeiro aluno, realizando a obra, entre todas,capital da educação, que é a única e verdadeiraintervenção do homem no processo de formaçãodo homem”. Carlos Lacerda relembra seu brevecontato com Carmem Saavedra e volta-se parasua lembrança para agradecer o que com elaaprendeu: “a tolerância e a sedução pelainteligência; a compreensão e a aflição de ajudar;a ânsia de ser útil; a permanente preocupação defazer da sua vida alguma coisa a mais do que

Page 202: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

simplesmente vida; a fazer da sua vida umapromessa, um sinal, uma antecipação deimortalidade.” Ele diz também que dar à escola onome de Carmem Savedra era como trazê-la umpouco mais para perto de todos. Carlos Lacerdaencerra o discurso agradecendo a presença detodos.

Faixa 4Inauguração da Escola Augusto FredericoSchmidt.Carlos Lacerda levanta dados sobre os resultadosda política educacional de seu governo. Diz que aSecretaria de Educação e a Fundação OtávioMangabeira tinham construído na Guanabara umtotal de 159 escolas, elevando assim a 539 onúmero delas, incluídas 44 classes emcooperação. Segundo, ainda, os dados, o númerode salas de aula na Guanabara, no dia de suaposse, era de 2.960; em março do ano de 1965 onúmero havia passado para 4.360 salas de aula. Amatrícula, que era de 231.000 crianças, passouser de 421.000 crianças. Acrescenta Lacerda quenaquele momento estavam construindo ainda 32escolas novas, com uma programação deconstrução para mais 32, sendo ainda duas daFundação Otávio Mangabeira. Acrescenta, ainda,que cabia à Fundação uma nova e não menormissão que lhe seria atribuída em poucos dias, deacordo com o seu conselho diretor. O aumentodas matrículas nas escolas primárias públicas daGuanabara fora, nos últimos 4 anos, de 81%.Lacerda comenta que tinha também tido extremocuidado na escolha dos nomes para as escolas,partindo do princípio de que o nome da escolafazia parte do processo de educação da criança.Sobre a escolha da escola em questão, comentaque foi decisiva a sugestão do deputadoArmando Falcão. Carlos Lacerda discorre sobresua relação com Augusto Frederico Schmidt. Dizque eles andaram por longo tempo em camposseparados, e que quanto mais dura era adivergência entre eles, quanto mais áspera(porque indispensável, no entender de Lacerda) asua crítica, mais ele se rendia a uma constante, auma permanência que era a admiração pela suapoderosa inteligência. Lacerda ressalta que nãofosse esse poder, ele não o temeria nem odistinguiria em sua crítica. Lacerda diz queaprendeu desde cedo o valor de sua poesia.Exalta a figura de Augusto Frederico Schmidtcomo poeta. Lacerda comenta desejo de Schmidtde fazer, “essa espécie de angústia departicipação que o levou a saltar por cima detodas as cercas que se oferecem no Brasil àinteligência, quando ela quer se converter emação. E na angústia de agir, na febre de fazer, ena ânsia de participar fez com que ruíssem paraele todos os obstáculos das prevenções políticas ede ordem até moral para, abrindo mão das

Page 203: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

próprias exigências da própria limpeza moral, daprópria austeridade, entender que tudo erasecundário, que tudo era dispensável, que todosos escrúpulos até seriam adiáveis, contanto quenão se faltasse ao compromisso com a história,ao encontro com o destino nacional para odesenvolvimento do Brasil. Foi em função dessatese do desenvolvimento a todo custo e aqualquer preço, convencido de que aprosperidade nacional traria necessariamente nasua bagagem, no seu séqüito, a dignidadenacional. E talvez aí, sim, errando, porqueinvertendo ou pelo menos suprimindo um dostermos essenciais da problemática brasileira,cuidando que era possível governar rapidamentemesmo que indignamente, Schmidt teriacapitulado diante de um dos compromissos dopoeta que é a limpeza da inteligência, que é oasseio da inteligência, que é o decoro dainteligência, que é, em suma, a dignidadeindestrutível e intangível da inteligência. Nãofora para a sorte dele e nossa o desafio terrível dasubversão que afinal nasceu da corrupção comoseu filho inevitável e necessário. E foi aí que eleacordou para o grande momento da sua vida, efoi aí que ele se engrandeceu de tal modo quetransfigurou-se para passar de poeta à promoçãode profeta, e foi realmente um profeta de temposnovos, confirmando na consciência dosbrasileiros essa espécie quase, eu diria, decondenação à grandeza, que é o destino doBrasil.” Lacerda conta que “o vimos converter-seno líder de uma espécie de oposição dainteligência, a ininteligência e a estupidez quehavia se apossado do comando do Brasil.”Acrescenta que “foi em nome da inteligência, efoi em nome da intolerância, mas também emnome da intransigência que ele foi capaz detrazer, ao mesmo tempo, uma palavra de amor euma palavra de rebelião, que ele foi capaz detrazer uma palavra de afeto pelo povo e de alertapara o povo. E foi aí que o poeta se converteunum líder cívico, no maior, no melhor, no maiscompleto, no mais perfeito, no mais puro sentidoda palavra. E assim, sem ter sido político, ajudoua formar uma nova política para o Brasil.”

Faixa 5Discurso de Carlos Lacerda na Cerimônia Oficialde Inauguração da Escola Marechal MachadoBittencourt.Carlos Lacerda adianta que proferirá poucaspalavras, apenas para sublinhar a alegria com queo governo do estado entregava a 159ª escolaconstruída em quatro anos de seu mandato. Eleafiança que o Estado da Guanabara tinha afelicidade de poder, de forma pioneira no Brasil,e não só graças à decisão da Assembleia doEstado, antecipar para seis anos a idade escolarfacultativa, permanecendo a obrigatoriedade a

Page 204: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

partir de sete, e, não só prolongar em dois anosfacultativos o curso primário para aqueles quenão podendo, por qualquer motivo, ir para osecundário, quisessem aperfeiçoar ainda noprimário, contando com dois anos excedentes,como, e principalmente, através da rede deginásios públicos do estado da Guanabara. CarlosLacerda exalta a atividade do ‘admirávelmagistério público da Guanabara’ e afirma que oensino público da Guanabara tinha condições deassegurar o cumprimento da obrigatoriedade daeducação até os 14 anos de idade. Diz queninguém mais teria, com filhos de 12 a 14 anos,motivo para não matriculá-los na escolasecundária a partir de 1966. Atesta ele que eraessa a realidade que o seu governo queria deixarcomo legado. Ele discorre sobre a política deconcessão de bolsas de estudo para o ensinosecundário na Guanabara. Fala do cuidado e docritério que o governo do estado vinha tendo paraa escolha dos nomes das escolas. Diz que não seforma uma criança ensinando-a a adular ospoderosos. Ele então exalta a figura do patronoda escola, o Marechal Machado Bittencourt.

Faixa 6Inauguração da Escola Padre José MaurícioTrata-se da 13ª escola entregue à região. Ele dizque são poucas as palavras, em primeiro paraagradecer a participação do excelente coral darádio Roquette Pinto. Reconhece que a rádioestava muito ‘fraquinha’, e por conta disso poucagente a ouvia, mas ele esperava que antes do fimdo seu governo ela ficasse mais forte um pouco,porque era uma rádio que merecia ser ouvida.Sobre o patrono da escola, ele fala mais uma vezdos critérios do governo para a escolha dosnomes das escolas inauguradas e sobre apossibilidade da RRana tomar conta daexportação de minério de ferro do Brasil. Diz quese isso ocorresse, adeus COSIGUA (CiaSiderúrgica da Guanabara). E se a COSIGUAnão viesse, o segundo centro industrial do Brasil,que era a Guanabara, teria muito maisdificuldades para consolidar o seu progressoeconômico. Avisa que precisávamos de umausina de aço inoxidável e de um porto deminérios na zona de Santa Cruz para criar, nestaárea, “o centro solar de uma constelação, isto é,uma espinha dorsal, uma coluna vertebralindustrial” na qual surgisse uma porção devértebras de indústrias. Carlos Lacerda diz que aideia da COSIGUA não era sonho, não erautopia. Afiança que a construção da usina e doporto era uma ideia viável e inteiramenterealizável, que consumiria três anos de trabalho,ao preço de cerca de 30 milhões de dólares. Mas,para isso, ele explica que era preciso que o povoelegesse um governo honrado e trabalhador. Eledeseja que a RRana e seus parceiros no governo

Page 205: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

não viessem a perturbar este projeto. Lacerdaconta que essa era a luta que estava travando eque quando O Globo dizia que ele era louco, eraporque ele rasgava o dinheiro deles, não o dopovo. Louco porque tomava o Parque Lage - queo ‘dono de O Globo’ queria transformar numloteamento de luxo - , para abrir o parque aopovo e fazer da casa de Henrique Lage oprimeiro centro cultural da juventude do Rio deJaneiro. Lacerda sustenta que denunciava issopara que o povo soubesse o porquê do ataque deO Globo a seu governo. Ressalta que se tivessefeito a vontade do ‘Sr. Roberto Marinho’ OGlobo o consideraria o ‘maior homem domundo’. Lacerda diz que não queria ser umgrande homem para O Globo, e sim para seusfilhos e netos e para os filhos e netos do povo.Salienta que ainda tinha mais seis escolas emconstrução na região, a serem entregues até ocomeço do ano seguinte. Finaliza avisando quenão adiantava construir escolas de luxo se, a umcusto maior, não pudesse construir muitas. E queera preferível fazer escola modesta, para fazermuitas.

Faixa 7Inauguração da Escola Meralina Castro – SantaCruzCarlos Lacerda fala do tipo de escola construídona Guanabara: com cinco salas e sem vidraças,para as crianças não quebrarem as vidraças, “poisquem conhece repartição pública sabe dadificuldade de se trocar uma vidraça quebrada e ovidro está muito caro”. Completa afirmando queo tipo de veneziana implantado era perfeitamenteadaptável ao clima do Rio de Janeiro, pois aquinão faltava luz solar para iluminar as salas. Paraele, era mais importante uma boa veneziana doque uma vidraça quebrada. Ele acrescenta: “Nósfazemos simples, para fazer muito. Nós fazemosescolas pobres para que o povo todo estudandopossa enriquecer o Brasil!” Ele agradece aodeputado Cesário de Melo pelo favor feito a ele eao secretário de Educação, que era o verdadeiroautor da obra de educação da Guanabara(Lacerda reconhece que só levava a fama), delevar o nome de Amaralina de Castro parapatrono da escola. Ele fala, mais uma vez, doscritérios de escolha dos nomes das escolas peloseu governo: “Entendo que ninguém gosta maisde sua respectiva mãe ou de sua esposa do que euda minha. Mas isso não me dá o direito de por onome de minha mãe nem de minha esposa emescola feita com o dinheiro dos outros!” E daí eleexalta a figura da educadora Amaralina deCastro. Ele diz que o aumento de 36% no númerode escolas públicas sem Santa Cruz era umaresposta àqueles que acreditaram na falácia ditanas eleições de que ele acabaria com a escolapública. Ele fala sobre o funcionamento e

Page 206: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

progresso da usina termelétrica de Santa Cruz,construída pela CHEVAP (CompanhiaHidroelétrica do Vale do Paraíba), graças à novadireção honrada e capaz do presidente CasteloBranco. Ele lembrou da ameaça de não se terenergia para a região e para a Guanabara, masdepois da “Revolução” a região estavaprogredindo. Uma outra notícia boa que eletransmitiu aos presentes, sem o exagero de dizerque era ótima, refere-se à prontidão do decretoque regularizava de uma vez por todas aconstrução de casas em Santa Cruz. Ele enaltecea participação do deputado Cesário de Melo e doadministrador regional, Dr. Almiro. Uma últimacoisa que ele desejava informar ao povo de SantaCruz era o seguinte: o governo do estado estavalutando com todas as forças a seu alcance paraque não morresse o sonho, que já não era só umsonho, era uma próxima realidade, da CompanhiaSiderúrgica da Guanabara em Santa Cruz.Considera Lacerda, como parte de seu dever degovernador do estado, colaborar o mais possível,fazer todos os esforços possíveis para que aCompanhia Siderúrgica da Guanabara não fosseprejudicada, não fosse retardada, destruída aonascer por qualquer outro interesse ou projeto.

Faixa 8Inauguração da Escola Eusébio de Queirós, emBangu.Lacerda agradece a inesperada e comovedoracelebração, e a gentileza da cooperação, naquelacerimônia, da banda do glorioso regenteSampaio. Afiança que seriam poucas as palavrasna cerimônia de entrega de mais uma escola aopovo de Bangu e que se tratava da 50ª escolaconstruída na área, perfazendo um total de 142escolas novas em toda a Guanabara. Ele exalta afigura de Eusébio de Queirós. Diz que sua ação eobra demonstravam que grandes transformaçõespelas quais passava uma nação não eram feitaspor homens ‘mornos’, ‘incolores’, e sim pelos‘homens nítidos’, ‘definidos’, pelos homens quedos quais se poderia dizer que ‘se mede suaqualidade pelos inimigos que soube fazer’.Lacerda fala da importância da atuação deEusébio de Queirós na luta pelo fim daescravidão.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.077

1. Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração da Escola DalilaTavares – Campo Grande

1.2 Faixa 2Mesmo Conteúdo da Faixa 1

1.3 Faixa 3

F1:16,39minF2: 18:43minF3: 17:02minF4: 07:55minF5: 22:09min

F1: 19/03/1965F2: 19/03/1965F3: 30/03/1965F4: 30/03/1965F5: 18/03/1965

Faixa 1Inauguração da Escola Dalila Tavares – CampoGrande - Transmissão da Rádio Roquette Pinto.Lacerda apresenta a nova mobília das escolas daGuanabara, implantada pela primeira vez emCampo Grande. Conta, mais uma vez, a históriaque o levou a adotar esta mobília nas escolas daGuanabara. Diz que graças aos artífices daCidade Light, considerados por Lacerda a ‘fina-flor’ em matéria de trabalho em oficinas naGuanabara, estava podendo fabricar, a partirdaquele mês, o mobiliário inteiro de uma escola,

Page 207: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Inauguração da Escola RioGrande do Norte – CampoGrande

1.4 Faixa 4Inauguração da Escola PérolaByington - Jacarepaguá

1.5 Faixa 5Inauguração da Faculdade deCiências Médicas do Estado daGuanabara

2. Temas

2.1 Faixa 1Mobiliário das escolas, artíficesda Light, participação dacomunidade na construção daescola, Administração Regionalde Campo Grande, DER,Fundação Otávio Mangabeira

2.2 Faixa 2Mesma gravação da Fita Anterior

2.3 Faixa 3Construção de escolas, escolascom 3 turnos, construção defamílias mais rápida queconstrução de escolas, construçãode uma escola por semana,ginásio para todos, estatísticasescolares, vagas em escolasparticulares custeadas peloestado, inspetor daobrigatoriedade escolar, eleiçõespara governo da Guanabara

2.4 Faixa 4Estatísticas escolares, elogio àPérola Byington, alistamentoeleitoral dos jovens, voto dospais, continuidade de gestão

2.5 Faixa 5UEG, recursos, custeio básico,formação de um proletariadointelectual, universidades sempesquisa, crítica às universidadesbrasileiras, autonomiauniversitária, liberdade decátedra, debate, universidade semcomunistas e fascistas

atingindo cinco salas por dia! Sobre a escola, elefala que ela era a única construída, em quatroanos de trabalho, integralmente com trabalho,dinheiro e material dados diretamente pelapopulação. Salienta que ela era “um milagre deamor, de dedicação, um prodígio decompreensão, um fruto do entusiasmo, da união edo trabalho”. Carlos Lacerda discorre sobre oprograma da Administração Regional de CampoGrande, com a cooperação do DER(Departamento de Estradas e Rodagem), daSecretaria de Educação e da Fundação OtávioMangabeira. Diz que Gilson conseguiu reunir umelenco de pessoas, de materiais, de títulos de obraque constituíam uma honra para o povo deCampo Grande e um exemplo do povo do Rio deJaneiro. Ele exalta a figura e a ação de seu amigoGilson e sua capacidade de mobilização “nocomércio, na indústria, nos artífices, nostrabalhadores, nos moradores desses bairros queconstituem uma parte da ‘cidade carioca’ deCampo Grande”, e na construção da escola DalilaTavares. Lacerda fala que o nome da escola foiuma vontade de Gilson, para homenagear umaprofessora de Campo Grande.

Faixa 2Mesmo Conteúdo da Faixa 1

Faixa 3Inauguração da Escola Rio Grande do Norte –Campo GrandeLacerda comenta ser aquela a quinta escola a serentregue no mesmo dia à população daGuanabara, sendo que tinha ultrapassado a faixados 50% de acréscimo no número de escolas noestado. Ressalta que com uma diferença: agoraelas são construídas mesmo, pois antes muitaseram instaladas em prédios alugados ou em casasde família transformadas em escolas, comparaele. As áreas que concentravam o maior númerode escolas construídas eram Bangu, Jacarepaguáe Campo Grande. E ele diz que ainda assim emCampo Grande existiam muitas escolas aindacom três turnos. Ele compara dizendo que aconstrução de famílias vai mais depressa do quea construção de escolas. Ele diz que não iriapedir às famílias que se construíssem maisdevagar, mas que iria, sim, pedir que elasauxilassem a construir governos queconstruíssem escolas mais depressa. Lacerda dizem quatro anos foram construídas 163 escolasnovas, contando com a que estava sendoinaugurada. Dá mais ou menos uma escola porsemana, calcula. E ele diz que, naquelemomento, construir uma escola saía ao custo de65 milhões de Cruzeiros. Acrescenta que era porisso que o povo deveria aprender a elegergovernos que usassem bem o seu dinheiro, emvez de pôr o seu dinheiro no bolso dos outros.

Page 208: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Ele dá uma boa notícia aos presentes. Ele diz quenão era mais só a escola primária na Guanabaraque existia para todos. Era o ginásio também. Elefala que o número de ginásios tinha passado de32 para 64 e que o número de vagas tinha saltadode 12.000 para 147.000, contando as vagas nosginásios particulares por conta do estado. Ouseja, quem não encontrasse lugar para o filho noginásio público do estado, mas tivesse dinheiro,punha o filho na escola particular, é claro. Mas,quem tinha pouco dinheiro o estado dava o resto,e quem não tinha dinheiro o estado dava tudo,contanto que os pais de filhos de 14 anos nãodeixassem de mandar seus filhos para o ginásio.Carlos Lacerda diz que este tinha sido o decretoassinado no dia anterior. Mas, para ele, não eraum decreto para ficar no papel, porque lei oBrasil tinha demais, o que era preciso era umgoverno para cumprir a lei! Ele fala dorecenseamento a ser realizado no dia 26 de abrilpara saber o índice de jovens em idade escolarque estavam fora da escola. Diz que os pais nãodeviam ter vergonha de dizer que não tinhamdinheiro para bancar o ginásio dos filhos, pois eletinha ciência de que o ginásio era caro. Ele falada importância do papel do inspetor daobrigatoriedade escolar, porque se falava daobrigação dos pais em colocar o filho na escola,mas não se falava da obrigação do governo embuscar os jovens que estavam fora da escola. Eleacrescenta que a obrigação era de mão-dupla. Eleconclui que essa era a grande e feliz novidadeque trazia para todos. Não como um favor, mascomo uma obrigação. Sobre a continuidade deseu governo, ele diz que seria preciso maisquatro anos para aperfeiçoar o sistema deadministração regional. Mas, por conta daConstituição, ele não poderia – e nem queria,assegura – ser reeleito. O que ele afirma querer epoder era ter o direito de pedir a todos ospresentes que lhe dessem a oportunidade deajudá-los a escolher bem. Fala das eleições paraescolha do novo governo na Guanabara. Eleespera que todos o perdoassem por lembrar,numa hora tão feliz que era a da abertura de umaescola, como era Campo Grande há quatro anosatrás, sem telefone, sem água, sem escola...Acredita que esta era a hora de todos pensaremse queriam voltar para trás ou se queriamcaminhar para a frente. Ele fala das eleições deoutubro. E destaca que a democracia era assim:um governo, por melhor que fosse, precisavamudar, pois se não, começava a piorar. Acreditaque já estava mesmo em tempo de sair dogoverno. Mas, ele afiança que não foi àcerimônia pedir voto para ninguém, apenaspediria ao povo que se lembrasse como era aGuanabara há quatro anos passados. Ele afirmaque desejava pedir ao povo uma só oportunidade:se havia alguma coisa que em quatro, quase

Page 209: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

cinco anos de trabalho ele merecia era apenas odireito de antes de sair do governo prestar aopovo da Guanabara um último serviço, que era ode ajudá-lo a escolher bem. E ele desejava quenão fosse um governo pior que o dele, e simmelhor, capaz de tocar adiante as escolas, poisainda havia muitas a fazer.

Faixa 4Inauguração da Escola Pérola Byington.Em poucas palavras, segundo Lacerda, eledesejava sublinhar a alegria com a inauguraçãoda escola Frei Leopoldo, em Cavalcanti, querepresentava o alcance de 50% de aumento donúmero de escolas na Guanabara, e que a escolaPérola Byington abria o caminho para se atingiros 51%, ou seja, metade mais um. Ele fala sobrea patronesse da escola, exalta sua figura, dizendoque ela foi pioneira em acreditar no povo.Sustenta que quando o povo tem escola ninguémo domina, todos aprendem a servi-lo, e que numademocracia era necessário que o povoaprendesse para poder ensinar. Fala que Pérolaacreditava que a democracia só era possívelquando os filhos do povo iam à escola. CarlosLacerda diz concordar com isso e acrescenta queo governo que fazia escola mostrava que nãotinha medo do povo, e mostrava mais, mostravaque precisava realmente do povo. E explica quefoi por isso que seu governo aumentara em 50%o número de escolas que havia na Guanabara. Elepede ao povo, aos jovens, que se alistassem paravotar naquele ano, que os pais e as mães nãodeixassem de votar. Lacerda assegura que nãovinha pedir para um partido, tampouco para umnome ou para um homem, e sim que o povo sepreparasse para que surgisse na Guanabara umgoverno melhor do que o seu. Ele conclama opovo a votar pelas crianças, pelos jovens, pelasmães, para que elas não voltassem a amanhecerna fila à espera de um favor, de um lugar naescola para seu filho, e para que não houvessedentro da mesma família filhos mais velhos quetinham aprendido e irmãos mais novos semescola, por conta de um governo que não dessecontinuidade à sua obra, sob o risco de haverhumilhação dos mais velhos sobre os mais novos,o que faria com o que o filho mais novoperguntasse: “Minha mãe, por que eu não tenhoescola e meu irmão teve?” Ele encerra dizendoque contava com o voto de todos para o melhorcandidato, e só pedia uma coisa: que o ajudassema dizer a todos qual era o melhor!

Faixa 5Inauguração da Faculdade de Ciências Médicasdo Estado da Guanabara – 18/3/65Leitura dos Relatórios do Reitor e da AulaInaugural dos Cursos da UniversidadeEle anuncia o reitor da Universidade do Estado

Page 210: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

da Guanabara, os professores, estudantes,funcionários, os presidentes do Tribunal deJustiça e da Assembleia Legislativa, ossecretários do estado, autoridades e as senhoras esenhores presentes. Carlos Lacerda fala sobre aUEG. Diz que era a Universidade mais pobre doBrasil, que começou pelo idealismo e pelosacrifício de um grupo de professores, que emvárias escolas decidiram pensar a grandeaventura da cultura universitária do Brasil. Falado melhoramento na Constituinte, por iniciativado professor Adhemar Baleeiro, pois aConstituinte, em boa hora, tinha destinado verbado orçamento do estado ao custeio básico,precário, pobre, humilde da universidade.Acrescenta Lacerda que era necessário ter plenae permanente consciência do fato de quepretender fazer uma universidade com 8 ou 9bilhões de cruzeiros do orçamento estadual porano era uma impostura. Ele fala da importânciade permear a universidade, fazendo-a participarda vida coletiva, dos cursos de extensão,impedindo que nascesse estratificada como umconjunto de escolas profissionais de nívelsuperior, com a pretensão de conferir privilégiosde exercícios de profissão através de diplomas.“Essa é a doença infantil que assola e degrada auniversidade brasileira”, segundo CarlosLacerda, que acrescenta que a universidade, emvez de formar corpos dirigentes, estava formandoum proletariado intelectual. Explica que maisimportante do que a quantidade que poderiacomportar uma universidade, ela soubesse qual otipo de aluno que poderia e deveria formar. Porexemplo, o que interessa para Lacerda não eraformar muitos médicos, mas sim formar bonsmédicos. Lacerda diz que não existiauniversidade onde não houvesse pesquisa; nãoexistia universidade onde em vez de se prepararlideranças, se preparava funcionários para asautarquias. Sobre a democracia, Lacerda acreditaque ela não era um privilégio, e sim umcompromisso de convivência e não apenas decoexistência física e tática. A democracia era,sobretudo, uma técnica de viver, aprender eensinar. Chama a atenção para o fato de quereivindicações de massa, por cartazes e porpressão de praça pública, fazem-se exatamentenos regimes totalitários. Nos regimesdemocráticos, ressalta, aprendia-se pelahumildade a conquistar um lugar ao sol, e nãoatravés da pressão, julgando que o desejoeleitoral dos políticos pudesse prevalecer sobre oseu dever para com a nação. Carlos Lacerdaacrescenta que jamais tentaria conquistar votosadulando a popularidade fácil que consistia emtumultuar o ensino, julgando ou pensando queassim se servia a quem queria estudar. Ele secoloca a favor da autonomia da universidade. Dizque ela deveria existir, e, para tal, o primeiro que

Page 211: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

deveria respeitá-la era a figura do governador.Por isso ele diz que não intervinha nauniversidade. Para que o Brasil pudesse ter maisdinheiro seria preciso que os estudantesestudassem mais e produzissem mais; serianecessário que os professores dessem aula, ouseja, era premente que as universidadesdeixassem de ser “uma cozinha de terceira e umacapela de primeira, para serem centros depesquisa e investigação”. Ele fala sobre aliberdade de cátedra e salienta que o que sedefendia nesta liberdade não era o privilégio doprofessor ensinar ao aluno a sua verdade, maspreparar o aluno para todas as verdades, a fim deformar a da sua própria inteligência. A liberdadede cátedra não era o monopólio da verdadeimposto pelo professor à consciência de seusalunos; não era o assalto da surpresa de quem seprevalecia dos livros que já aprendera para negarao aluno a oportunidade de aprender em outroslivros. Lacerda sustenta que a liberdade decátedra era um debate e não um monólogo; era ainvestigação e não a supressão dele. Por isso que,para ele, não poderia haver liberdade de cátedrapara um comunista ou para um fascista, porqueeles acreditavam em uma só verdade. Aressurreição da universidade, a reabilitação doconceito da universidade só se daria na medidaem que os alunos compreendessem que arevolução a fazer no Brasil ou começava pelauniversidade ou não saberia onde acabar. Arevolução, de acordo com ele, consistia numatomada de consciência pelos jovens “de que sim,eles devem falar, mas devem, por isso mesmo,primeiro aprender a falar; de que sim, eles devempensar livremente, mas precisam, por isso,aprender o que é liberdade e para que serve”.Afirma Lacerda que era diante do empenho degrande humildade, de deliberada humildade doreitor e de seus auxiliares, que o governo doestado, com honrosa participação dos chefes dosdemais poderes em que o estado se harmonizapara trabalhar, que ele vinha falar aos estudantes,aos professores que trabalhassem e confiassemem si mesmos, para que pudessem ter aconfiança do governo e então reivindicar ealcançar o que pretendiam. Carlos Lacerdadenuncia que se podia contar nos dedos da mãoos que realmente lutaram pela universidade daGuanabara.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.078

1. Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração da Escola Mervamde Figueredo - Jacarepaguá –

1.2 Faixa 2Trecho de uma Fala de Gaspar

F1: 16:03minF2: 00:28segF3: 11:47minF4: 18:23minF5: 14:51minF6: 14:00min

F1: 30/03/1965F2: [1962/1965]F3: 30/03/1965F4: 08/05/1965F5: 08/05/1965F6: 30/03/1965

Faixa 1Inauguração da Escola Morvan de Figueiredo -Jacarepaguá.Carlos Lacerda fala que a escola inauguradatinha uma peculiaridade especial, pois ela nãofora construída pelo estado, e sim pelosbancários. Diz que este era o testemunho dovalor cívico da compreensão brasileira edemocrática da classe dos bancários. Explica queao estado incumbia apenas agradecer e receber a

Page 212: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Coelho, direto de Nova York.

1.3 Faixa 3Inauguração da Escola Pires doRio – Senador Câmara

1.4 Faixa 4Inauguração do Ginásio EstadualIrã, em Vila Isabel.

1.5 Faixa 5Segunda Parte da Cerimônia deInauguração do Ginásio EstadualIrã.

1.6 Faixa 6Inauguração da Escola FreiLeopoldo, em Cavalcanti.

2 Temas

2.1 Faixa 1Escola construída pelosbancários, pedido de ginásionoturno, concurso para omagistério, eleições paragovernador, nome educativo paraescola, “partido da escola”,nomeação eletrônica deprofessores, liberdade,democracia

2.2 Faixa 2Instrumento utilizado porastrônomos, galaxias, energia emfrequência de rádio

2.3 Faixa 3Elogio à Terezinha Saraiva,processo de alocação deprofessores, mérito, professores ecrianças independentes, eleiçõespara governador

2.4 Faixa 4Homenagem ao Irã, discurso doXá do Irã, educação popular,consolidada a obra da Secretariade Educação, ensino obrigatório

2.5 Faixa 5Emenda Nelson Carneiro

2.6 Faixa 6Bolsas de estudo, pavimentaçãode ruas, homenagem a FreiLeopoldo, Estado leigo, eleiçõespara o governo da Guanabara

oferta. Acredita que amor com amor se paga eele tinha uma boa notícia: informa que acabarade receber um memorial pedindo a criação de umginásio noturno no prédio. Acrescenta que osecretário de Educação, Flexa Ribeiro, acabarade concordar com a criação de concurso paracontratar professores para o ginásio estadual dosbancários, no conjunto dos bancários, à noite.Carlos Lacerda diz que o memorial sugeria que oginásio recebesse o nome de sua mulher. Eleagradece a gentileza, mas diz que isso era “contraa sua religião”. Acrescenta que quandoconstruísse uma escola dentro de sua casa, aí sim,ela receberia o nome de sua mulher! Salienta queo nome do ginásio haveria de ser um nome capazde inspirar as crianças. Seria um nome que asprofessoras poderiam citar como parte daeducação que as crianças iriam receber. Contaque uma última palavra que ele desejava dizeraos presentes não era uma palavra política,partidária e facciosa, mas sim uma palavracívica. Afirma que naquele ano a democracia iriafuncionar mais uma vez no Brasil, poiscompetiria ao povo a escolha do novo governo daGuanabara. E ele desejava lembrar, antes queaparecessem os ‘salvadores do povo’ pedindovotos, como seu governo, ao ser eleito, encontrouo estado. Ele lembra que Jacarepaguá talvezfosse a zona do estado que mais necessitava deescola. E assinala que tinha passado quatro anosde seu governo inaugurando incessantementeescolas em Jacarepaguá, sendo que ainda haviamuitas a inaugurar, para se chegar ao limitemínimo do indispensável. Ressalta que em 396anos tinham sido feitos apenas 32 ginásios noRio de Janeiro, e que nos quatro anos de seugoverno este número tinha pulado para 65.Carlos Lacerda afiança não querer saber o que ospais pensavam, nem quais partidos preferiam,mas desejava que, em nome de seus filhos,preferissem o partido da ‘escola’, e não o partidoda ‘não escola’. Para Lacerda, democracia semescola não era democracia, e sim demagogia, e,apregoa, a demagogia era a porta de entrada paraa ditadura. Ele pede que o povo o ajudasse aescolher um governo melhor do que o dele, quetivesse à frente um homem não com os seusdefeitos, mas com as qualidades dos homens deseu governo; que o ajudasse a escolher umhomem capaz de fazer mais escolas, e nãoentregar as que já tinham sido feitas nas mãos depolíticos demagogos e aventureiros. CarlosLacerda exalta o professorado da Guanabara e aestrutura e nomeação dos professores. Fala quenão havia pistolões e que o processo denomeação era feito eletronicamente. Fala daliberdade dos professores da Guanabara emensinar. Pede ao povo que não escolhesse umgoverno que fizesse com que o professorado daGuanabara ficasse escravizado nas mãos dos

Page 213: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

políticos, pois quem era escravo não poderiaensinar liberdade a ninguém.

Faixa 2Trecho de uma Fala de Gaspar Coelho, direto deNova York.Ele fala de um instrumento utilizado porastrônomos, que seria, na opinião do Dr. GothanStanley, diretor do observatório local, o maispossante e flexível do mundo, dedicado ao estudode corpos existentes em nossa galáxia, e alémdela, e que emitiam energia em frequência derádio.

Faixa 3Inauguração da Escola Engenheiro Pires do Rio- Senador Camará.Carlos Lacerda chama a professora Terezinha aopalanque e antes de falar sobre a escola ele exaltaa figura dela no seu papel de educadora, comodiretora do Departamento de Ensino Primário doEstado. Afirma Lacerda que se trata de um‘símbolo do magistério da Guanabara’. Contacomo a conheceu. Tinha sido na campanhaeleitoral, quando ele foi ao morro do Salgueiro,em visita à escola Checoslováquia, que entãomudara de nome para Geraldo Dias. Lá, há 15anos, trabalhava Terezinha e Lacerda, quandovisitou a escola, logo sentiu a marca de umamestra, segundo ele relata. O governador contaque ofereceu a ela a Administração Regional deJacarepaguá, mas ela não aceitou. A impressãode Lacerda era que ela queria ficar apenas noterreno da educação. E Lacerda conta que FlexaRibeiro foi buscá-la para dirigir o referidodepartamento. Carlos Lacerda discorre sobre oprocesso de alocação dos professores daGuanabara, que era comandado por uma máquinae não por ‘pistolões’. Fala da importância dacapacidade profissional e diz que Terezinha erajustamente desse tempo em que o professor nãochegava ao magistério por pistolão e sim pormérito. Ele discorre sobre eleições de sucessãodo governo da Guanabara. Pede ao povo que oajudasse a eleger um governo igual ou,preferencialmente, melhor do que o dele. “Nuncapior!” Justamente, afiança ele, para manter a obrada educação iniciada por seu governo. CarlosLacerda diz que era preciso professoresindependentes para ajudar a formar criançasindependentes. Comenta que viriam candidatosfazendo promessas, mas ele esperava que ocandidato da maioria da população fosse ocandidato que firmasse com ele o compromissode continuar o progresso do estado. Ele citacomo exemplo ele mesmo, dizendo que nunca foia Bangu fazer promessas, e que, inclusive, foimais a Bangu depois das eleições, para cumpriras promessas feitas pelos outros. Salienta queainda tinha algo para dar ao povo, mais

Page 214: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

importante do que escola: orientação, ajuda,conselho e que “Na hora de escolher, eu só peçoque me perguntem, porque eu não vou escolherpara mim, eu vou escolher para todos!”

Faixa 4Observação: No início da fita há resquícios deuma gravação feita na cerimônia de inauguraçãoda escola Suécia, em 20 de abril de 1965. Ogovernador Carlos Lacerda não compareceu.Inauguração do Ginásio Estadual Irã - VilaIsabel.O secretário Estadual de Educação, o professorFlexa Ribeiro, fala em francês, e depois ogovernador Carlos Lacerda, em português. Ogovernador Carlos Lacerda diz que o imperadordo Irã tivera a bondade de aceitar a ideia dedirigir aos presentes algumas palavras. Eacrescenta que era uma grande honra anunciar apalavra de Sua Majestade Imperial, o Xa do Irã.O imperador fala em francês também. Depois,Carlos Lacerda diz que começaria por resumir,em português, as palavras do imperador do Irã,que disse não haver honra maior do queparticipar de uma cerimônia na qual se entrega aopovo um colégio. E, por conta disso, manifestousua alegria por estar presente à cerimônia, quantomais porque nela se prestava homenagem ao seupaís. Salientou o imperador que se falava naigualdade entre os homens, nos seus direitos e najustiça social. Mas, não havia maior injustiça,nem maior desigualdade do que privar os homensdos meios de ver e de saber, para que todospudessem exercer os seus direitos e beneficiar-seda igualdade com que nasceram perante Deus.Rememorou o Xa que seu país, que foi um dosberços da civilização, depois de chegar aoapogeu, teve anos de decadência, e sofreu ahumilhação do analfabetismo e da ignorância.Mas, os ‘soldados do exército do saber’, comoele denominou o movimento pela educaçãopopular no Irã, junto com voluntários,prepararam-se e percorriam todo o país para dar atodos a igualdade de oportunidades, sem a qualos homens jamais serão iguais perante Deus. Econcluiu, formulando votos pelo êxito doprograma e do trabalho que se desenvolvia noestado da Guanabara, para dotar o povo brasileirodos mesmos instrumentos com os quais eleprocurava dotar o povo do Irã. Carlos Lacerdaprossegue dizendo que após a apresentação deSua Majestade, o imperador, pelo secretário deEducação, Flexa Ribeiro, ele gostaria deacrescentar poucas palavras. Explica Lacerda quea construção de mais um ginásio, que aumentaraa oferta de matrículas nos ginásios da Guanabaraem 300%, consolidava a obra da Secretaria deEducação, que conseguiu tornar obrigatório, naGuanabara, já não apenas o ensino primário, mastambém o ensino secundário de primeiro grau,

Page 215: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

isto é, até os 14 anos de idade.

Faixa 5Segunda Parte da Cerimônia de Inauguração doGinásio Estadual Irã. O governador CarlosLacerda inicia um discurso que é interrompido.Observação: Aos 00:00:59 o áudio sofre umcorte e entra outra gravação, na qual uma pessoa(parece ser um deputado na tribuna da Câmara)está falando a um outro deputado, discorrendosobre cassação e suspensão de direitos políticos edizendo que era preciso pensar numa coisa: quenunca era tarde, ou nunca demasiado cedo paraimpedir que os inocentes continuassem pagandopelos crimes que não praticaram. Outra pessoafala da surpresa e estranheza causadas pelaposição tomada por Vossa Excelência (o dono daprimeira voz) perante a Emenda NelsonCarneiro. Acrescenta que foi ao microfone o ‘seumodesto colega’ – ele próprio – para emprestar asua solidariedade e afirmar que não poderiaesperar outra atitude de um representanteautêntico, que encarnava muito bem opensamento e o sentimento do povo brasileiro. Eentão parabeniza o primeiro, concluindo quefazia essa afirmativa em seu próprio nome.

Faixa 6Cerimônia de Inauguração da Escola FreiLeopoldo - Cavalcanti.Carlos Lacerda fala do aumento de 50% nonúmero de escolas na Guanabara, ao longo dos 4anos de seu governo; do aumento de 100% donúmero de ginásios no estado. Fala da concessãode bolsas de estudo no ginásio, integrais eparciais, pelo estado, ao povo da Guanabara. Eacrescenta que, no ano em curso, seria iniciada aconstrução do ginásio público de Cavalcanti.Fala de outras obras na região como, porexemplo, a pavimentação das ruas HerculanoPena, Barbosa Rodrigues, Itália, Núncio Teixeirae Zeferino Costa. Um trabalho que custaria, aotodo, cerca de 80 milhões de Cruzeiros. Sobre opatrono da escola, comenta que devia a FreiDaniel, por intermédio de seu assessor, professorMonerat, a sugestão do nome da escola, eacrescenta que foi com emoção e reconhecimentoque ele recebeu e aceitou a sugestão. Diz saberbem o que foi o sacrifício e o exemplo de umhomem como Frei Leopoldo, nascido em outrasterras. Exalta a perseverança, a tenacidade, apaciência e o engenho do povo holandês naconstrução de sua terra. Sustenta que o fato deser holandês acrescentado ao prodígio de serfranciscano, multiplicava a qualidade deholandês, como no caso de Frei Leopoldo. Sobrereligião, Carlos Lacerda enfatiza que embora oestado fosse leigo e não tivesse uma religiãooficial, acolhia a fé do povo, respeitando-a eajudando-a a se desenvolver. Afirma que era

Page 216: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

justamente por isso que o estado não era hostil enem nunca indiferente à fé, até porque nãopoderia um estado democrático ser assim perantea força que movia, alimentava, consolava,confortava, exaltava e estimulava o povo, do qualo estado da Guanabara era mera representação. Econclui que era por isso que o governo tinha oorgulho de dar a uma escola pública o nome deum homem de Deus, o nome de um filho doevangelho, o nome de um semeador, quesemeando a fé, plantou uma cidade dentro dacidade do Rio de Janeiro. Sobre as eleições desucessão ao governo da Guanabara, ele fala aopovo de Cavalcanti presente pedindo que sealistassem para votar no fim do ano, de modo aajudá-lo a escolher um candidato que, caso viessea vencer, não derrubasse as escolas que tivessemsido construídas; um sucessor que nãoabandonasse as escolas da Guanabara. Lacerdaalerta o povo para as promessas feitas pelos entãofuturos candidatos ao governo da Guanabara nopassado, pois no passado eles já haviam feitopromessas e não as tinham cumprido. Lacerdapede ao povo que perguntasse a eles o por quê donão cumprimento. Ele aproveita para agradecerao povo pela confiança depositada no seugoverno. Agradece, inclusive, àqueles quepresentes, embora não tivessem votado nele há 4anos atrás, eram o vivo testemunho dasolidariedade prestada a um governo queinspirava confiança.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.079

1. Assunto

1.1 Faixa 1Continuação da Faixa 4, da Fita78Discurso do Governador CarlosLacerda na Cerimônia deInauguração da Escola GinasialIrã, Após o Discurso doImperador do Irã.

Faixa 2Continuação da Fita AnteriorDiscurso do Governador CarlosLacerda na Cerimônia deInauguração da Escola GinasialIrã, Após o Discurso doImperador do Irã.

Faixa 3Cerimônia de Entrega do Títulode Cidadão Carioca ao Prefeitode Londres, Jones Miller.

2. Temas

2.1 Faixa 1

F1: 10:50minF2: 14:15minF3: 18:44min

F1: 08/05/1965F2: 08/05/1965F3 [1965]

Faixa 1Continuação da Faixa 4, da Fita 78Discurso do Governador Carlos Lacerda naCerimônia de Inauguração da Escola GinasialIrã, Após o Discurso do Imperador do Irã.Trata-se do mesmo áudio da fita 78 (faixa 4). Agravação termina aos 00:06:23, quando entraoutra gravação com execução de músicas,inclusive, já no fim da fita, dos hinos nacionaisbrasileiro e português, na cerimônia dehasteamento do Pavilhão Nacional Brasileiropelo Ministro dos Negócios Estrangeiros dePortugal, Franco Nogueira, enquanto ogovernador Carlos Lacerda procedia aohasteamento do Pavilhão do Estado daGuanabara. O Reverendíssimo padre Carlos deua bênção ao ginásio Nun. Álvares Pereira.

Faixa 2Continuação da Fita Anterior,Inauguração do Ginásio Nun. Álvares Pereira.O governador da Guanabara, Carlos Lacerda,anuncia as autoridades presentes, inclusive acomitiva vinda de Portugal. Ele já apresenta osecretário de Educação da Guanabara, FlexaRibeiro, como seu favorito na sucessão dogoverno da Guanabara. Ele exalta a figura deNun. Álvares Pereira através da leitura de umtexto escrito por um contemporâneo do patrono

Page 217: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Execução dos hinos do Brasil edoe Portugal, hasteamento debandeiras do Brasil e do estadoda Guanabara

2.2 Faixa 2Favorito de Carlos Lacerda à suasucessão, homenagem a Portugal,elogio à juventude e aomagistério, elogio ao patronoNun. Álvares Pereira

2.3 Faixa 3Homenagem ao prefeito deLondres, auxílio aos moradoresde favelas, jornada “Lacerda1966”

da escola, Fernão Lopes. Carlos Lacerdapergunta: “Que melhor nome poderia a históriainventar para luzir, para iluminar o frontão deuma escola de adolescentes do que o desseadolescente que, salvando Portugal, salvou acruz, e salvando a fé, salvou o mundo?” CarlosLacerda aproveita a questão para salientar que“parece que as nações se salvam quando osjovens tomam o seu comando e nos momentos decrise são capazes de doar, já não apenas o pobredom da vida, mas o dom sobrenatural da fé,transfigurada pela esperança e pela caridade, astrês virtudes de que Nun. Álvares se fez expoentee exemplo.” Diz Lacerda ao ministro portuguêsque se tratava da modesta homenagem que ogoverno da Guanabara, pela voz do secretário deEducação, Flexa Ribeiro, do inestimávelmagistério público do estado da Guanabara e dapopulação do bairro, quis prestar a Portugal. Ummodesto tributo de gratidão e veneração aosportugueses, por ocasião das comemorações doaniversário do quarto centenário da cidade doRio de Janeiro. Após o discurso de Lacerda, tomaa palavra o ministro dos Negócios Estrangeirosde Portugal, Franco Nogueira. Ele fala sobre aimportância da juventude para um país e doprazer e emoção de estar numa cerimônia ao ladoda juventude do Rio de Janeiro, o que seria omesmo que dizer estar ao lado da juventude doBrasil. Diz-se grato ao governador CarlosLacerda e que toda sua profunda emoção se davapelo fato de aquele ginásio ser dedicado a umherói de seu país. Destaca que Nun. ÁlvaresPereira ainda era lembrado por toda a juventudeportuguesa. Acrescenta que ele era um altoexemplo para a juventude de todos os países. Eleconclui desejando a todos que viessem a seralunos da escola que seguissem o exemplo dopatrono da escola. Afirma que tal exemplo seriaseguido pelos alunos se estes estudassem, seaproveitassem, se disciplinadamente seguissem alição de seus mestres.

Faixa 3Cerimônia de Entrega do Título de CidadãoCarioca ao Prefeito de Londres, Jones Miller.A fita começa com uma salva de palmas após odiscurso de Mr. Roland, presidente da Câmara deComércio Britânico. O locutor anuncia que coma palavra então estaria Lorde Jones Miller,prefeito de Londres. Aos 00:06:35 termina o seudiscurso em inglês e o locutor anuncia a palavrado governador do estado da Guanabara, CarlosLacerda, que discursa também em inglês. Oprefeito de Londres depois retorna ao microfonepara agradecer o título recebido. A gravação datransmissão pela rádio Roquette Pinto terminaaos 00:13:20 da fita. Depois deste trecho entraoutra gravação.O general Salvador Mandin discursa, dizendo

Page 218: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

que estaria com os presentes em qualquer época etempo em que eles precisassem de sua ajuda,desenvolvendo, junto à administração do estado,todo o esforço possível no sentido de trazer parao morro tudo aquilo que ele necessitava parapoder viver e trabalhar em paz. Promete aossenhores, senhoras e crianças presentes, sobresua palavra de honra, que todas as dificuldadesque eles tivessem, se chegassem a ele, seria ele ointerprete fiel junto ao governador do estado,Carlos Lacerda. Ele fala do lançamento dagrande jornada ‘Lacerda 1966’, desejando quefosse aquele o dia do marco inicial da arrancadapara levar o governador Carlos Lacerda àPresidência da República. Ele exalta ogovernador e seu zelo para com o povo daGuanabara, assegurando que ele teria o mesmozelo para com o povo brasileiro. Ele pede o apoiode todos na campanha para conduzir Lacerda àpresidência. Depois do general, tem a palavrauma pessoa chamada Eurico. Ele relaciona asautoridades que estavam presentes ao encontro,representando o governo. Diz ser essa sua maiorsatisfação. Ele agradece ao povo e aos homensque compareceram e oferece o ‘pobre banquete’,com chope e churrasco, comprados com odinheiro do povo, aos presentes.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.080

Assunto1.1 Faixa 1Inauguração da Escola AlmiranteBarroso, na Tijuca.

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola LeonorCoelho Pereira.

1.3 Faixa 3Continuação da Fita Anterior.Inauguração da Escola LeonorCoelho Pereira

1.4 Faixa 4Inauguração da Escola Atenas

1.5 Faixa 1Inauguração da Escola Azul eBranco - Flamengo

2. Temas

2.1 Faixa 1Tijuca bairro fraternal, elogio aopatrono da escola, exaltação daMarinha, eleição sem gasto dedinheiro público, filas dematrículas, sucessão no governoda Guanabara

F1: 15:35minF2: 45minF3: 10:35minF4: 07:57minF5: 09:27min

F1:11/06/1965F2: 21/02/1961F3: 21/02/1961F4: 1962F5: 29/06/1965

Faixa 1Inauguração da Escola Almirante Barroso, naTijuca.Carlos Lacerda anuncia os presentes, entre osquais as autoridades da Marinha. Fala da honracom que o governo do estado recebia arepresentação da Marinha. Exalta a Tijuca comoum bairro ‘fraternal’, da ‘fraternal’ cidade do Riode Janeiro. Ao falar sobre o patrono da escola,ele traz à tona uma lembrança muito pessoal. Dizque foi criado na casa de um médico da Marinha,botânico e professor, que esteve em várias dasbatalhas, uma das quais se travava naquele dia,ver passar o primeiro centenário, o do médicoJoaquim Monteiro Caminhoá, seu bisavô, umamigo íntimo do almirante Barroso. Fala daexistência, na casa de sua mãe, de um álbum deautógrafos, que foi primeiro de sua avó, quecomeçava com a seguinte frase: “Pedir a umvelho que comece o álbum de uma jovem é comopedir ao inverno que faça florescer um jardim!”Carlos Lacerda conta que a frase estava assinadapelo almirante Barroso. Acrescenta que se oAlmirante os pudesse ouvir, ele saberia que erapossível a um velho fazer florescer um jardim,“pois aqui se abre um jardim com o nome deBarroso!” Ele exalta a Marinha do Brasil, a quemdevotava apreço e confiança e atribui à suahonra, vocação, destemor e dedicação uma largaparcela do destino do futuro do país. Sobre suasucessão no governo da Guanabara, ele asseguraao povo que não seria gasto um vintém dodinheiro público para eleger o seu sucessor. Mas,

Page 219: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

2.2 Faixa 2Política educacional, estatísticasde construção de escolas, FlexaRibeiro candidato a sucessor,elogio a Teresinha Saraiva,Hospital das Clínicas PedroErnesto, UEG, campanhaeleitoral, obra educacional, voltados privilégios

2.3 Faixa 3Escolha a favor ou contra escolas,Guanabara, maior escola doBrasil, campanha Flexa Ribeiro,exaltação da patronesse

2.4 Faixa 4Votar bem, crianças fora daescola, candidatura CarlosLacerda a presidente, centroindustrial e cultural, candidaturaFlexa Ribeiro

2.5 Faixa 5Defensores do palácioGuanabara, democracia, cores dalealdade e da liberdade,mobiliário das escolas, Secretariade Serviços Públicos, crianças de7 a 14 anos na escola, extensãoao jardim, democracia, eleições

o que ele via com preocupação, e ao mesmotempo com esperança, era que a sucessão daGuanabara se fizesse de tal maneira, que o Rionão voltasse ao dia das filas das mães em buscade escolas. Ele alerta ao povo que não sedeixasse iludir, pois na hora da campanha tudoeram promessas. E promessas que já tinham sidofeitas antes por eles mesmos, ‘democratas’, quequeriam eleitores, mas não queriam cidadãos,pois não abriam escolas. Os mesmos que queriamos votos dos pais, mas não davam livros aosfilhos. Ele promete que devolveria à Tijuca emescolas o que ela lhe tinha dado em votos, porgratidão. Exalta o seu “admirável” companheirode trabalho, Flexa Ribeiro, e diz que só podiapedir ao povo da Tijuca que se defendesse,defendendo para o governo da Guanabara omelhor, e não o mais ou menos, porque para aGuanabara só poderia servir o melhor, e o melhorera quem tinha provado na honradez, na luta, notrabalho e no resultado, do qual a escolaAlmirante Barroso era uma fração infinitamentepequena. Afiança Lacerda que não haviademocracia sem escolas e não havia escolas semgovernos escolhidos com a inteligência do povoe não com o engano do povo. E acrescenta queera para a inteligência do povo que ele vinhaapelar. Conclui pedindo que votassem certo.

Faixa 2Inauguração da Escola Leonor Coelho Pereira.Carlos Lacerda fala sobre a região da Penha,Penha Circular, Olaria, Vigário Geral, Braz dePina, Cordovil, Lucas e Jardim América e dizque, ao chegar ao governo, havia, em todos essesbairros, apenas 15 escolas primárias. Acrescentaque tinha entregue ao povo da área mais 14, istoé, quase tanto quanto seu governo tinhaencontrado, sem falar em mais três que estavamsendo construídas e mais duas que estavam sendoprogramadas, totalizando 19. Ele conclui que em5 anos de seu governo a região tinha obtido maisescolas do que havia tido em 396 anos, ou seja,desde a fundação da cidade do Rio de Janeiro.Comenta que o aumento de matrículas na regiãofora de 107%. Acredita Lacerda que o resumo daobra de Flexa Ribeiro, enquanto secretário deEducação, era o caso da Penha. “Eis aí o que elefez em matéria de educação!” Lacerda diz que setrata do último dia em que Flexa Ribeiroapareceria em público como secretário deEducação, pois no dia seguinte, às 17 horas, elepassaria o cargo à professora Terezinha Saraiva.Carlos Lacerda exalta a figura de Flexa Ribeiro,professor, filho de mãe professora e de paiprofessor. Considera admirável a sua realizaçãocomo educador no estado da Guanabara. Fala daascensão de Terezinha, a quem consideravarepresentativa do que o magistério cariocapossuía como melhor qualidade, ou seja,

Page 220: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

“devoção à missão de educar, como umprolongamento daquela missão de mulher e demãe que ela exerce com exemplar dedicação”.Carlos Lacerda menciona o fato de que afaculdade de Ciências Médicas da Universidadedo Estado da Guanabara estava em regime detrabalho e estudo integral, dotada, afinal, de umhospital de clínicas – o Hospital Pedro Ernesto –com os rapazes estudando de manhã e à noite.Lacerda acrescenta que eles ainda ganhariamuma biblioteca, doada pelo Banco do Estado,para que os jovens que não tivessem dinheiropara comprar livros pudessem se formar emmedicina e serem bons médicos para o povocarioca. Diz que era preciso manter a obra daeducação na Guanabara, e que, justamente porisso, não tinha vergonha nenhuma de fazer dacerimônia de inauguração de uma escola públicaum comício, e um comício eleitoral. Acrescentaque não vinha impor sua vontade à ninguém,nem muito menos fazer a propaganda de umpartido político determinado. Ele diz que o quetinha vindo fazer era justamente o que a escolatinha a obrigação de fazer: “ajudar o povo aescolher o caminho certo, ajudar o povo a sedefender de seus inimigos e a escolher aquelesque podem ser os seus servidores”. Alerta o povoda Penha, avisando que o que estava em perigo,se o povo não escolhesse certo, se se inclinasse afavor da intriga, a favor da briga, da injúria, dadisputa meramente política entre os políticos dopassado, que abandonaram a cidade, entre os quenada mais queriam do que a volta ao passado, avolta dos pistolões para escolhas de professoras,privilégios e agrados a algumas delas, enquanto amaioria era injustiçada, o que estava em perigo,repete, era a continuidade de 5 anos de trabalho.Dessa forma, conclui Lacerda, as escolasandariam para trás e o estado teria perdido 5 anosde sua vida, de sua história.

Faixa 3Continuação da Fita Anterior.Carlos Lacerda explica que o povo teria deescolher nas eleições não apenas entrecandidatos, nem entre partidos, nem entrelegendas. O povo tinha de escolher a favor oucontra escolas, pois, ele acrescenta, o que foiencontrado pelo seu governo foi o que foideixado por um governo contra a escola, por umgoverno que não fazia escola. Ele pede ao povoque ajudasse um homem a continuar a fazer oque se vinha fazendo. Ele pede ao povo que votepor escolas, a fim de tornar a Guanabara, estandonas mãos de Flexa Ribeiro, na ‘maior escola doBrasil’. Lacerda diz que os olhos do Brasilinteiro estavam voltados para a Guanabara, e dizisso com ‘amorosa’ inveja, com ‘afetuosa’inveja. Acrescenta que a transformação pela qualvinha passando a cidade do Rio de Janeiro fora a

Page 221: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

verdadeira revolução, pois revolução não se faziacom leis no Congresso, mas com crianças naescola, para que elas construíssem seu própriodestino. Exalta a figura de Leonor CoelhoPereira, a patronesse da escola. Deseja que elafosse o símbolo da união entre a mãe e a mestra,símbolo do completamento da escola comoprolongamento da obra do lar. Deseja, também,que a cerimônia consistisse em um compromissofirmado entre o povo da Penha e os educadoresda Guanabara. Pede que se fizesse das eleiçõestambém uma obra de educação, uma obra comodeveria ser a escola: uma obra da razão, umaobra do entendimento esclarecido, uma obra decidadãos que, ao votarem, soubessem queestavam decidindo o futuro de seus filhos e asobrevivência de sua terra. Ele então lança aopovo da Penha, oficialmente, a candidatura deFlexa Ribeiro ao governo da Guanabara, naseleições de 1965, seu secretário de Educação atéà solenidade, quando sairia do cargo, e seriasubstituído pela professora Terezinha Saraiva.

Faixa 4Inauguração da Escola Atenas.O governador Carlos Lacerda realiza o corte dafita simbólica. Aos 00:20 a fita sofre um corte efica sem áudio, retornando 10 segundos depois,já com o discurso do governador. Ele crê queseja a 19ª escola entregue pelo governo à regiãode Campo Grande. Diz que vinha fazendo opossível para cumprir o seu dever. Acrescentaque desejava que nas eleições do ano corrente opovo cumprisse o seu. Ou seja, se quisessem umgoverno que continuasse a fazer escolas,deveriam ajudar a continuar o seu governovotando bem (neste caso, em Flexa Ribeiro,candidato apoiado por ele), pensando em seusfilhos, seus irmãos e na sua mocidade; se nãoquisessem, votassem mal, votassem nos homensou nas forças que tinham mantido durante tantotempo a Guanabara na ignorância e no abandono.Ele conclui que ao povo competia resolver, não aele, pois cada um fazia o que devia. Mas, alertaque, quando chegou ao governo, encontrou 110mil crianças fora da escola. E, ao fim de seugoverno, não havia crianças fora da escola. Eleespera que o povo de Campo Grande soubesseescolher. Discorre sobre o nome da escola, umahomenagem à capital da Grécia, mas tambémuma homenagem à figura que na Antiguidade foio símbolo da sabedoria e da inteligência.Fazendo uma análise de seu governo, ele diz quenão foi de todo ruim, mas crê que o próximopoderia ser ainda melhor, sobretudo, sehouvessem eleições presidenciais em 1966, paraque existisse em Brasília um governo amigo queajudasse a Guanabara, em vez de atrapalhar(Carlos Lacerda faz alusão à sua candidatura àPresidência da República nas eleições que ele

Page 222: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

esperava que ocorressem em 1966). Asseguraque o desenvolvimento da Guanabara dar-se-ia,sobretudo, na região de Jacarepaguá, CampoGrande e Santa Cruz. Carlos Lacerda sustentaque em estudos realizados foi constatada aimportância dessa área para o futuro do estado.Diz que Campo Grande e Santa Cruz estavamdestinadas a serem o futuro centro industrial comramificações até ali, sendo o centro a passagemdo grande eixo rodoviário, que faria da área umadas áreas de maior e mais rápidodesenvolvimento industrial e cultural do Brasil.Tudo iria depender de duas coisas, afirmaLacerda: das eleições presidenciais de 1966, emvez da usurpação, isto é, de retirar o direito dopovo de escolher, dos deputados e senadoresescolherem por ele; e da eleição de 1965 aogoverno da Guanabara, ou seja, do povo escolhercerto, deixando de lado qualquer outraconsideração. Carlos Lacerda, em nome danecessidade de manter um governo trabalhando,pede ao povo de Campo Grande que o ajudasse aescolher um bom governo para suceder a ele,melhor do que o dele, o que não seria muitodifícil, segundo suas palavras, mas, sobretudo,melhor do que os que vieram antes dele, o queera facílimo de acordo com Lacerda, nãocustando nada obter um governo melhor do queos que tinham vindo antes. Carlos Lacerdaaproveita para dizer que se tratava da primeirainauguração de escola tendo à frente daSecretaria de Educação a professora TerezinhaSaraiva, mas que, de certo modo, aindarepresentava o trabalho desenvolvido peloprofessor Flexa Ribeiro.

Faixa 5Inauguração da Escola Azul e Branco -FlamengoCarlos Lacerda anuncia o secretário de Obrasengenheiro Tamoyo, o presidente da FundaçãoOtávio Mangabeira, Otávio Borghetti, oMonsenhor Ivo, o tenente-coronel, síndico docondomínio em que estavam os presentes, oprofessor Flexa Ribeiro, deputado ArmandoFalcão, senhoras e amigos. Lembra o governadorque azul e branco eram as cores da Guanabara;eram as cores dos lenços que na noite de 31 demarço deviam distinguir os defensores do PalácioGuanabara dos seus eventuais atacantes. Azul ebranco, portanto, tornaram-se as cores dos que sedispuseram a arriscar a vida para defender oestado da Guanabara e a democracia naGuanabara. Não podia ser, portanto, na suaopinião, a cor dos omissos, a cor dos covardes.Não era nunca a cor dos que, tendo aresponsabilidade de defender o estado, não odefenderam, ou, tendo a possibilidade de lutarpor ele, não lutaram. Sobre a escola, Lacerda dizque ela tinha sido feita por iniciativa dos

Page 223: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

moradores, com a colaboração dos porteiros, como trabalho de cada um, o esforço e a contribuiçãode cada família e de cada empregado daqueleprédio. Sob a animação do seu infatigável síndicoe criador. Carlos Lacerda diz que era bem o localpara dar o nome de azul e branco, cores daGuanabara, cores da valentia e da lealdade, coresda fidelidade a um ideal e a um princípio.Anuncia que queria dar uma boa notícia aospresentes relativa à pequena escola que estavasendo inaugurada: “o mínimo que o estado podiafazer era dar o mobiliário. E de acordo com o quefoi combinado antes com o professor FlexaRibeiro e com a infatigável participação dosecretário de Serviços Públicos, general SalvadorMandim, que trabalhava nas oficinas da antigaLight, então sob tutela do estado, o governo fariao mobiliário da escola, bastando que o sindicoprocurasse o general Mandim na secretaria deServiços Públicos, outro ‘azul e branco’!”Lacerda exalta o exemplo dado pelos moradoresdo local. E diz que se cada pequeno núcleo, cadacomunidade da Guanabara seguisse esseexemplo, o estado teria em pouco tempo aquiloque ele esperava que seu amigo Flexa Ribeirofizesse em seu governo: estender a educação àidade do jardim de infância, que ele já estendia atodas as crianças dos 7 aos 14 anos de idade.Carlos Lacerda reconhece que estava fazendo umcomício eleitoral em favor da candidatura, aogoverno do estado da Guanabara, do professorFlexa Ribeiro. Estava porque considerava umahipocrisia separar a eleição da democracia. Dizque a ‘oração’ que ele pregava tinha predicados,sujeito e objeto direto: “objeto direto é a eleição,predicados são as qualidades do sujeito e osujeito chama-se Flexa Ribeiro!”

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.081

1. Assunto

1. 1 Faixa 1Continuação da Faixa 5, da Fita80

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola ProfessorEscragnole Dória em CostaBarros

1.3 Faixa 3Inauguração de Ginásio GilVicente, em Realengo

1.4 Faixa 4Continuação da Faixa 3Discurso do Governador CarlosLacerda na Inauguração deGinásio Gil Vicente, emRealengo

F1:2 minF2: 15 minF3: 15 minF4: 8 minF5: 25 min

F1: 29/06/1965F2: 11/08/1965F3: 16/08/1965F4:16/08/1965F5: 18/08/1965

Faixa 1Continuação da Faixa 5, da Fita 80Lacerda afirma que a eleição daquele anocondicionaria a do ano seguinte. Se perdessemnaquele ano, iriam dizer que era melhor não fazereleição no ano seguinte. Conta uma história queouviu no dia anterior: Com a derrota de FlexaRibeiro na Guanabara naquele ano, não houveeleições em 1966, e, por volta de 1975, umacriança perguntou para mãe: Mãe o que é fila? Ea mãe disse: Minha filha, eu nem me lembravamais desta palavra. Mas com a permanência dosnossos beneméritos governantes durante todosestes anos sem eleição, com a entrega datelefônica a um grupo privado que quer comprá-la, com a política econômica admirável que nósseguimos nos últimos dez anos do beneméritopresidente que temos há dez anos no poder semeleições, acabou esta história de fila. De maneiraque eu nem me lembrava mais desta palavra.Então diz a menina: Mas mãe, o que é fila? Amãe embaraçada, sem saber como explicar umacoisa que não existia mais, diz: Minha filha, era o

Page 224: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

1.5 Faixa 5Inauguração do Ginásio CamiloCastelo Branco - Lagoa

2. Temas

21. Faixa 1Eleições, filas, candidatura deFlexa Ribeiro

2.2 Faixa 2Promessas de véspera de eleição,campanha para Flexa Ribeiro,cobrança de merenda, elogios aopatrono da escola e à TerezinhaSaraiva, alusão à candidaturaLacerda

2.3 Faixa 3Jornais defendem seus interesses,propaganda da candidatura deFlexa Ribeiro, “Revolução”,comunistas, elogio, vida e obrado patrono

2.4 Faixa 4Governo honrado e honesto,construção de escolas, VilaKennedy, casas populares,emprego, união entre militares ecivis, candidatura de FlexaRibeiro, candidatura de Lacerda

2.5 Faixa 5Flexa Ribeiro continuador deLacerda, obra barata e dequalidade, elogio, vida e obra dopatrono, sucessão, voto com amor

seguinte: quando a gente queria comprar leite, agente ficava uma atrás da outra na calçada echegava a dobrar a esquina. Você não sabe rabode cachorro? Pois era assim, um rabo de gente nacalçada. A menina disse: Mas fazia isso paracomprar leite? Diz ela: É, hoje não há mais fila.Diz ela: É mãe. Agora me diz uma coisa, você jáme explicou o que é fila, agora me diz oseguinte, o que é leite? Lacerda diz que se nãoqueriam que as crianças, dentro de dez anos,perguntassem o que era leite, votassem em FlexaRibeiro para haver eleição no ano seguinte.

Faixa 2Inauguração da Escola Professor EscragnoleDória, em Costa BarrosCarlos Lacerda conta que já tinha construídomuitas escolas em seu governo. Destaca oaumento do número de crianças matriculadas eafirma que antes de o seu governo acabar aindaseriam construídas mais três escolas. Mencionaque sairia do governo com 51 anos de idade, ecom a mesma idade entraria no governo o seusucessor Flexa Ribeiro, isso se a populaçãoquisesse. Pede para a população tomar cuidadocom as promessas de véspera de eleição e paradarem o voto a quem já tinha feito e não a quemprometia fazer. Explica que a sua especialidadeera cumprir a promessa dos outros. Lacerdagarante que só prometia o que podia cumprir eque não era qualquer um que merecia o nome nafrente de uma escola. Lembra-se da acusação deque iria acabar com a escola pública quandofosse governador, e que diziam também que amerenda iria ser cobrada. Pede votos para aeleição presidencial no ano seguinte. Conta querecebeu o estado da Guanabara destruído, e queas pessoas diziam que não havia solução.Salienta que aplicava o dinheiro do povo emobras e defende o seu direito de fazer campanhapara seu candidato na inauguração de obras. Fazelogios ao professor Dória, que emprestava seunome à escola. Faz elogios à secretária deEducação, Terezinha Saraiva. Lacerda ressaltaque se escolhessem errado, depois não poderiamreclamar, e cita o ditado: quem avisa amigo é.Explica que o voto era importante para defendera escola e as crianças.

Faixa 3Inauguração de Ginásio Gil Vicente, emRealengoDiz que este era o primeiro ginásio inauguradono bairro, mas que outro seria construído nolocal, se Flexa Ribeiro fosse eleito. Critica os quereclamavam por ele fazer propaganda docandidato Flexa Ribeiro em inaugurações ecomenta que não precisaria fazer isso se os que ocriticavam não utilizassem os seus jornais paradefender seus interesses, ao invés de defender os

Page 225: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

interesses públicos. Diz que a “Revolução” tinhase tornado indispensável porque os governantesfaziam uso indevido do dinheiro do povo.Menciona que quando usava os microfones nasinaugurações para defender o Brasil doscomunistas, todo mundo achava muito bom. Porisso tinham que achar bom também que eledefendesse o Brasil dos desonestos, pedindovotos para o professor Flexa Ribeiro. Salientaque queria evitar que a cidade voltasse a ser oque era quando assumiu o governo do estado daGuanabara. Agradece o apoio recebido dodeputado Ubaldo de Oliveira à campanha deFlexa Ribeiro. Diz que ele se unira à campanhapara defender os interesses do povo querepresentava. Faz elogios ao patrono da escola,Gil Vicente. Elogia Gil Vicente por suahabilidade em usar as palavras. Conta que GilVicente tinha sido um homem do Renascimento,um criador da Língua Portuguesa. Diz que GilVicente era um discípulo de Shakespeare e deErasmo. Agradece a presença do embaixador dePortugal à cerimônia. Elogia a vinda de umgrupo de portugueses de diferentes áreas aoestado da Guanabara. Volta a falar sobre a eleiçãode três de outubro. Diz que o maior amigo dacolônia portuguesa na cidade era Danilo Nunes,candidato a vice na chapa de Flexa Ribeiro.Sustenta que governava para todos, inclusivepara os que não tinham votado nele, mas queentão pedia para que votassem em Flexa Ribeiro,para o bem da própria população. Afirma quequanto mais pobre, mais importante era elegerum bom governante.

Faixa 4Continuação da Faixa 3Afirma que os mais pobres precisavam ajudá-locom votos, de forma a garantir mais quatro anosde governo honesto e honrado. Lacerda cobra agratidão do povo, mas diz que ninguém era maisgrato ao povo do que ele, por ter sido eleito parao governo da Guanabara. Diz que o voto a FlexaRibeiro seria um sinal de gratidão a ele. Afirmaque todos deveriam poder ser candidatos porquecabia ao povo votar e escolher quem deveria sereleito. Diz que enquanto os outros decidem quempodia e quem não podia ser eleito, Flexa Ribeiropodia e devia ser eleito. Pede para a populaçãoeleger um governo que estava a serviço de Jesus.Acredita que Jesus servia às crianças que tiveramescola com Flexa Ribeiro, que Jesus servia aoshumildes que tiveram casa na Vila Kennedy, queJesus servia aos mais pobres, aos maisabandonados, aos quais pela primeira vez umgoverno estendera sinceramente as mãos. Contaque brigava por mais escolas, por mais casas paraos trabalhadores, por mais justiça, por maistrabalho por parte dos governos. Explica que aoinaugurar o ginásio Gil Vicente desejava falar

Page 226: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

especialmente aos moradores de Realengo, noqual se encontram integrados fraternalmentemilitares e civis, união que era desejada portodos. Afirma que a eleição de Flexa Ribeiro eraa garantia de eleições no ano que seguinte e depermanência da democracia.

Faixa 5Inauguração do Ginásio Camilo Castelo Branco,LagoaA secretária de Educação e Cultura, TeresinhaSaraiva, discorre sobre a vida e a obra de CamiloCastelo Branco. Pede votos para Flexa Ribeiro.Diz que ele iria continuar a obra do governoLacerda. Afirma que estava defendendo aeducação de todas as crianças e adolescentes daGuanabara e por isso pedia que toda a populaçãovotasse no candidato do governo. Carlos Lacerdafala sobre a inauguração de mais um ginásio emseu governo. Comenta que a obra era barata parapoder se fazer muito, mas era uma obra de boaqualidade. Discorre sobre a obra de CamiloCastelo Branco e diz que leu os seus livros. Falatambém sobre a vida do escritor. Ressalta quenão quis dar o seu nome a uma escola decrianças, mas a uma escola de adolescentes, paraque eles tivessem um exemplo de grandeza e deadvertência contra os perigos do romantismo,levado a todas as suas consequências. Agradecea presença de um grupo de portugueses àcerimônia. Acha que conseguiu dar esperançanovamente à população do Rio de Janeiro.Afirma que a missão de quem governa eraensinar e aprender com o povo. Explica queaprendeu no governo que o povo era capaz degratidão, que o povo era capaz de ser justo e dedar o dobro da amizade que tinha recebido.Menciona que a sucessão do seu governo nãoestava relacionada a preferências pessoais.Afirma que a liberdade de escolher não deveriaser usada em vão e não poderia deixar de serusada, mas precisava ser usada de maneiraconsciente. Acredita que a população precisavase lembrar da cidade sem escolas, para selembrar do seu dever de escolher com amor e nãocom ódio.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.082

1. Assunto

1.1 Faixa 1Continuação da Fita 81, Faixa 5Inauguração do Ginásio CamiloCastelo Branco

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola deJardinagem - Caju

1.3 Faixa 3

F1:10 minF2: 20 minF3: 20 minF4: 5 min

F1: 18/08/1965F2: 23/08/1965F3: 23/08/1965

Faixa 1Continuação da Fita 81, Faixa 5Inauguração do Ginásio Camilo Castelo BrancoLacerda afirma que muitas escolas aindaprecisavam ser feitas. Diz que o seu governo feztudo o que era possível, mas era preciso fazermais e por isso o povo deveria saber escolher.Alerta a população para não acreditar naspromessas de época de eleição. Diz que tem aautoridade de quem lutou e sofreu, e foi nogoverno o líder da sua própria oposição, e queesta autoridade lhe dava o direito de se dirigir aopovo carioca para lhe pedir que tomassem adecisão de não permitir que a Guanabara voltasse

Page 227: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Continuação da Fita AnteriorInauguração da Escola deJardinagem

2. Temas

21. Faixa 1Flexa Ribeiro candidato dogoverno, continuidade das ações,eleições de 3 de outubro,esperança, gratidão

2.2 Faixa 2Desaparecimento da profissão dejardinagem, jardins cariocas, crisedo café, êxodo do campo,arborização da cidade, palmeirasdo Mangue, ação do estado naarborização

2.3 Faixa 3Profissão de jardineiro,manutenção de jardins, nome dasplantas, imitação de Burle Marx,elogios ao Departamento deParques, necessidade dearborização, parque do Flamengo,importância social de parques ejardins, turismo, árvores frutíferasnacionais

F.4. Faixa 4Estatísticas escolares, construçãode ginásios, campanha eleitoral

às mãos ávidas de poder, mas, incapazes deexercê-lo. Lacerda diz que havia quatro anos eoito meses lutava para defender a beleza dacidade e a esperança de seus moradores. Falasobre o risco de tudo ser destruído nas eleiçõesde 3 de outubro. Diz que pensando em todos,mas principalmente na juventude, que era amaioria no país, pede o voto em Flexa Ribeiro eDanilo Nunes, que dariam continuidade a seugoverno. Diz que se o povo fosse justo ecorrespondesse á amizade, o povo havia decompreender a sua ansiedade e a esperança deque nas eleições de 3 de outubro se confirmasseque o povo merecia o governo que escolhia.

Faixa 2Inauguração da Escola de Jardinagem no CajuO governador Carlos Lacerda conta que esta eraa escola mais importante que iria inaugurar emseu governo, porque ela aperfeiçoava umaprofissão que estava desaparecendo no Brasil.Faz uma recapitulação do que tinham sido osjardins no Rio de Janeiro. Diz que as criançastinham mais espaço para brincar quando as casastinham jardins. Diz que a desgraça começou emCopacabana, onde foram morar pessoas que nãogostavam de plantas, saídas do campo por causada crise do café. Diz que à medida que osapartamentos foram sendo construídos, oscariocas começaram a sentir nostalgia dasárvores. Fala sobre os parques públicos do Rio deJaneiro. Diz que a arborização das ruas tinhasofrido uma perseguição sistemática. Explica queo Rio de Janeiro foi perdendo árvores com aconstrução de prédios e a formação das favelas eque era muito difícil arborizar uma rua entrearranha- céus. Menciona que apenas os Oitistinham sobrevivido às constantes podas, fossepor causa da Ligth, fosse por causa dosmoradores. Lacerda afirma que existia umahipocrisia em relação ao canal do Mangue,porque todos sabiam que as palmeiras láplantadas estavam condenadas. Acha que erapreciso plantar outras árvores no canal doMangue. Afirma que as palmeiras deveriam serplantadas em outros locais. Lacerda consideraque estava na hora de rever as ideias sobrejardins. Sustenta que a ideia de pequenos jardinsera inviável. Defende a criação de parques, cadaum com um grupo de jardineiros responsável.Afirma que havia um renascimento do interessenos jardins particulares. Diz que poderia haverjardins em hospitais, escolas, universidades e quetodas estas instituições deveriam receber auxíliodo estado, em mudas, técnicas de jardinagem, emviveiros e em jardineiros que pudessem formar-se pelo estado e que pudessem trabalhar nestasinstituições.

Faixa 3

Page 228: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Continuação da Inauguração da Escola deJardinagem no CajuLacerda explica que os jardineiros precisavam teruma formação específica. Critica a ideia de fazerjardins e não se preocupar com a suamanutenção. Diz que todos os jardins precisavamde manutenção e que o jardineiro precisavasaber o nome das plantas, tanto o científicoquanto o popular. Lacerda considera que osviveiros do estado eram insuficientes, que o hortoflorestal era um dos fracassos do governo, tinhamais funcionários que plantas. Mas elogia oDepartamento de Parques. Lacerda destaca quedeveria acabar a mania de se imitar Burle Marx ecritica a falta de incentivos das escolas para queos alunos plantassem árvores. Comenta que umjardim público seria a solução para uma cidadecom poucas praças, muitos arranha-céus emorros ocupados por favelas. Acredita que nãose podia falar em turismo sem que se pensasseem lugares para ver no Rio de Janeiro. Comentaque o Parque do Flamengo dava uma perspectivada cidade. Lacerda ressalta que Londres era umacidade horrenda, mas conseguia ser bonita porcausa de três ou quatro parques. Cita o CentralPark e as praças de Roma para falar sobre aimportância social de jardins, praças e parques.Sustenta que deveriam ser proibidas novasconstruções em Copacabana, na Tijuca e emoutros bairros da cidade. Lacerda afirma que erapreciso construir mais parques para podercontinuar a construir arranha-céus. Acha quecada parte deveria ter os seus própriosjardineiros, que a arborização de ruas deveria serfundida com o setor de paisagismo do DER(Departamento de Estradas de Rodagem).Lacerda menciona que quis realçar a importânciaque o governo do estado dava à criação daquelaescola. Avisa que era preciso fazer um esforçopara valorizar as árvores frutíferas nacionais,pois considera que isso era importante para atrairos turistas. Defende que se plantassemmangueiras, jaqueiras, árvores de fruta-pão.

Faixa 4

Discurso da Secretária Terezinha SaraivaTerezinha Saraiva informa que esta era a escolanúmero 554 da Rede de Escolas Primárias daGuanabara. Terezinha afirma que foramconstruídas 174 escolas em quatro anos e oitomeses de governo, e que ainda estavam emconstrução 50 escolas. Lembra aos presentes queLacerda prometera construir 100 escolas e iriaterminar o governo tendo construído o dobro.Fala sobre a construção de 37 ginásios que,somados aos 32 que já existiam e um que estavaem construção, iriam somar 71 ginásios.Terezinha ressalta a importância de Flexa Ribeiropara a construção destas escolas. Menciona que

Page 229: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

estavam sobrando vagas nas escolas daGuanabara. Assinala que naquele momento emque os cariocas iriam decidir a sucessão dogoverno da Guanabara era preciso meditar paraescolher bem o candidato.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.083

1. Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração do Escola MaxFleuiss - Pavuna

1.2 Faixa 2Inauguração Escola NormalProfessor Azevedo do Amaral naGávea

1.3 Faixa 3Continuação da Faixa 2Inauguração da Escola ProfessorAzevedo do Amaral

2. Temas

21. Faixa 1 Obras, água, construção deescolas, casas populares, favelas,asfaltamento de ruas,eletrificação, telefone, elogio,vida e obra do patrono, eleições,candidatura Lacerda

2.2 Faixa 2Conquistas do governo Lacerdana área da educação, continuaçãoda merenda gratuita, continuidadedo governo, realizações dogoverno

2.3 Faixa 3Elogio à Terezinha Saraiva,escola pública, lembranças dainfância, escolas para alunos epara professores, elogios aopatrono, Escola de DesenhoIndustrial, aumento dos saláriosdo magistério, candidatura FlexaRibeiro, eleição direta parapresidente da República

F1: 25 minF2: 10 minF3: 30 min

F1: 24/08/1965F2: 26/08/1965F3: 26/08/1965

Faixa 1Inauguração do Escola Max Fleuiss - PavunaDiscorre sobre outras realizações do governo,além da área de educação, citando a construçãode viadutos, a obra da água, a urbanização defavelas, a construção da Cidade de Deus, aconstrução de casas na Vila Kennedy e VilaAliança. Fala também sobre o asfaltamento deruas, da eletrificação, dos telefones. Diz que paraisso continuar, e para que as crianças daGuanabara tivessem um futuro feliz, era precisoescolher bem o candidato. Faz elogios aogovernador Carlos Lacerda e pede para votarempor amor à Guanabara e por amor ao futuro dosseus filhos. O governador Carlos Lacerdacomenta que a secretária Teresinha Saraiva játinha dito tudo o que ele poderia dizer. Mas,mesmo assim, ele queria prestar um tributo dogoverno e pessoal à memória e à obra de MaxFleiuss. Explica que não fazia favores pessoaiscom nomes nas escolas, não homenageava osvivos porque o conceito sobre eles poderiamudar. Diz que conheceu Max quando eraestudante, e que ele era, sobretudo, um homembom, que era um homem voltado para os outroshomens, que prestou um grande serviço àhistoriografia com a sua obra sobre a históriaadministrativa do Brasil, que virou referênciapara qualquer livro de História que se escrevesseno país.

Faixa 2Inauguração Escola Normal Professor Azevedodo Amaral, na LagoaDiscurso da secretária de Educação e Cultura,Teresinha Saraiva, que fala sobre a esperança deque daquela escola saíssem os mestres que iriameducar e não simplesmente instruir as criançascariocas. Comenta que os jovens, que estavamentão naquela escola, deveriam manter oidealismo quando exercessem o magistério. Dizque naquele momento, em que as eleições seaproximavam, era preciso avaliar as conquistasdo governo Carlos Lacerda na área da educação.Avisa para os eleitores não se iludirem com aspropostas que ouviriam naquela época de eleição.Garante que a merenda continuaria a ser gratuitase o candidato certo fosse eleito. Anuncia quenão iria falar apenas sobre educação, falariasobre a construção de viadutos, pavimentação deruas, a obra da água e sobre outras realizações dogoverno Carlos Lacerda. Diz que Lacerda erajusto, leal, humano e trabalhador e que naquelemomento deveriam escolher entre a continuidadedo governo Lacerda, ou a volta ao que era o

Page 230: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

estado da Guanabara, colocando em risco ofuturo das crianças do estado.

Faixa 3Continuação da Faixa 2Inauguração da Escola Professor Azevedo doAmaralElogia o discurso da secretária de Educação. Dizque quando ouvia o discurso das professoraslembrava-se das professoras que teve na infância.Lacerda fala sobra a importância das professorasem sua formação como ser humano. Afirma quea escola pública da Guanabara era o que mais seaproximava de uma comunidade, com seusdefeitos e qualidades. Menciona que era com umsentimento de indisfarçável emoção quereinaugurava a escola. Elogia Azevedo doAmaral por seus serviços prestados àcomunidade. Diz que não havia nome melhorpara a escola. Lacerda comenta a inauguração demais escolas nos meses seguintes. Acha que tãoimportante quanto construir escolas para osalunos, era construir escolas para os professores.Conta sobre a inauguração, no seu governo, daprimeira escola de Desenho Industrial daAmérica Latina e sobre a escola de formação deprofessores de ensino técnico que seriaconstruída. Afirma que tinha um compromissocom o professor Flexa Ribeiro de deixar recursospara ele aumentar o salário dos professores, em1966. Explica que optou por construir escolas econtratar mais professores antes de aumentar osseus salários. Avisa que não era uma promessaeleitoral e que se sentia plenamente realizado eplenamente feliz com o seu governo, porquetinha feito tudo o que era possível. Considera quea última coisa que estava a seu alcance era pedirque a população votasse com consciência noprofessor Flexa Ribeiro. Assegura a todos ospresentes que, no que dependesse dele, sehouvesse a vitória de Flexa Ribeiro, ninguémimpediria a eleição direta para presidente daRepública, em 1966.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.084

1. Assunto

1.1 Faixa 1Discurso de Carlos Lacerda comoParaninfo no Instituto deEducação

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola Adlai.Stevenson, em Irajá

1.3 Faixa 3Discurso de Teresinha Saraiva naInauguração da Escola CíceroPena, em Copacabana

F1: 5minF2: 10minF3: 10minF4: 20minF5: 8 min

F1: [1965]F2: 30/08/1965F3: 31/08/1965F4: 31/08/1965F5: [1965]

Faixa 1Discurso de Carlos Lacerda como Paraninfo noInstituto de EducaçãoAfirma que se sentia honrado em ser paraninfoquando já se preparava para deixar o governo.Agradece ao Instituto de Educação por terescolhido a ele como paraninfo das turmas. Diz-se plenamente realizado na sua vida pública.Pede ao povo que vote em Flexa Ribeiro paragovernador. Garante que iria defender o direito eo dever da população de votar, por isso asseguraque, se dependesse dele, haveria eleições diretaspara a Presidência da República e Flexa Ribeiroseria eleito governador da Guanabara.

Faixa 2Inauguração da Escola Adlai Stevenson, em

Page 231: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

1.4 Faixa 4Continuação da Faixa 3Inauguração da Escola CíceroPena em Copacabana

1.5 Faixa 5Inauguração da Escola Roma, emCopacabana

2. Temas

21. Faixa 1Realização na vida pública,agradecimento por ser paraninfo,candidatura Flexa Ribeiro,eleições diretas para presidente

2.2 Faixa 2Aliança para o Progresso,duplicação do número de escolas,elogio, vida e obra do patrono,John Kennedy, Flexa Ribeiro e apolítica de educação, votorevolucionário

2.3 Faixa 3Demolição e construção deescolas, elogios ao arquiteto,votos para Flexa Ribeiro,conjuntos habitacionais, sorteioda casa própria

2.4 Faixa 4Sorteio de casa na Vila Kennedy,inauguração de escolas,“Revolução”, eleições parapresidente da República,revolução na escola e naeducação, crítica ao governofederal, política econômica esocial corajosa, progresso,candidatura Flexa Ribeiro

2.5 Faixa 5Escola pronta antes do prazo,escolas simples, sorteio de casasna Vila Kennedy

IrajáLacerda diz que aquela era a quarta das vinte eoito escolas financiadas pela Aliança para oProgresso. Conta que tinha duplicado o númerode escolas naquela região. Consequentemente,afirma, tinha aumentado o número de alunos.Explica que Adlai Steveson era o chefe dadelegação dos EUA na ONU, e que tinha morridono mês anterior à inauguração. Faz elogios aStevenson e fala sobre sua amizade com ele. Dizque Stevenson não tinha o perfil para sercandidato à presidente da República e acabouapoiando a candidatura de Kennedy. Afirma queos dois eram defensores da democracia. Pedevotos para Flexa Ribeiro, mencionando que sesentia muito à vontade para pedir votos paraoutra pessoa. Afirma que Flexa tinha sidofundamental para o sucesso da sua política deeducação e que poderia fazer muito mais comogovernador. Critica os governos anteriores, pedeum voto pelo futuro, um voto declaradamenterevolucionário.

Faixa 3Inauguração da Escola Cícero Pena, emCopacabanaA secretária de Educação e Cultura, TeresinhaSaraiva, fala sobre a escola que tinha sidoconstruída no mesmo local e que teve de serdemolida para que fosse construída uma escolacom capacidade de atender a mais alunos. Elogiao trabalho do arquiteto Francisco Bolonha,responsável pelos projetos de construção dasescolas do estado. Teresinha Saraiva enumera asrealizações do governo Carlos Lacerda na área daeducação e se diz à vontade para pedir o voto dospais dos alunos, presentes à inauguração, paraFlexa Ribeiro, candidato a governador daGuanabara. A secretária discorre sobre as obrasdo governo, sobre a construção dos conjuntoshabitacionais, viadutos e outras obras. Afirmaque a escolha do candidato poderia afetardiretamente o futuro das crianças do estado daGuanabara. Faz elogios ao governador CarlosLacerda. Teresinha Saraiva informa que seriasorteada uma casa entre os 49 operários quetinham trabalhador na construção da escola. Ogovernador Carlos Lacerda preside o sorteio dacasa própria entre os operários que entregaram aescola pronta antes do prazo e por issomereceram o prêmio.

Faixa 4Continuação da Faixa 3Inauguração da Escola Cícero Pena, emCopacabanaLacerda faz o sorteio da casa entre os operáriosque trabalharam na construção da escola. Osorteado ganha uma casa em Vila Kennedy. Dizque havia em Copacabana, quando chegou ao

Page 232: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

governo, oito escolas, e que então iria sair dogoverno tendo inaugurado sete escolas no bairro.Menciona o aumento do número de estudantesmatriculados nas escolas do estado. Contesta afama de Copacabana ser um bairro granfino.Comenta que o ginásio Pedro Álvares Cabral,situado no bairro, tinha grande procura de alunosmoradores da região. Salienta que a “Revolução”tinha se comprometido a realizar eleições e queseria candidato à Presidência da República. Falaque tinha ambição de promover uma revoluçãoonde ela deveria ocorrer, ou seja, na escola.Critica o governo federal por buscar recursos naRússia. Afirma que o Brasil precisava ter umapolítica econômica e social corajosa e deveriaabandonar as políticas ortodoxas, que nãoserviam para as nações em níveis dedesenvolvimento diferentes. Lacerda sustentaque para que a Guanabara continuasse apromover o progresso do Brasil, era necessárioque a população não permitisse a volta daGuanabara à mediocridade nas eleições de 3 deoutubro. Lacerda lembra que quando assumiu ogoverno diziam que a Guanabara não tinhasolução, era um caso perdido, e que ele provouque era possível governar. Por isso, pede que oseleitores votem no seu candidato. Diz que a suaintenção não era obrigar ninguém a votar em seucandidato. Garante que jamais perguntou a umservidor do estado em quem tinha votado.Acredita que estava apenas cumprindo um deverelementar, pedir ao povo, em nome da suaexperiência, que elegesse Flexa Ribeirogovernador.

Faixa 5Inauguração da Escola Roma, em CopacabanaCarlos Lacerda agradece a todos que trabalharamna construção da escola, que foi entregue àpopulação dois meses antes do prazo estipulado.Lacerda recorda o dia em que recebeu o projetoda escola do secretário de Educação. Reafirmaque sempre deu preferência por construir escolassimples, para poder construir muitas escolas. Maso secretário pediu que abrisse uma exceção paraesta escola, que ficava de frente para a praia deCopacabana. Sustenta que conseguiu que fosseconstruída uma escola sem luxo, mas bonita.Volta a mencionar que a escola foi entregue doismeses antes do prazo e que, como recompensa, ogoverno sortearia duas casas na Vila Kennedyentre os operários que trabalharam na obra.Lacerda preside o sorteio.

BRRJAGCRJ.CL.FAM.1.085

1. Assunto

1.1 Faixa 1Continuação da fita 84, Faixa 5Inauguração da Escola Roma, em

F1: 20 min [1965] Faixa 1Continuação da fita 84, Faixa 5Inauguração da Escola Roma, em CopacabanaLacerda menciona o prefeito de Roma nacerimônia. Fala sobre a importância de Romapara a humanidade. Diz que o nome Roma foidado pelos fundadores da cidade, os etruscos, e

Page 233: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Copacabana

1.2 Faixa 2Com Defeito

2. Temas

21. Faixa 1Importância de Roma, fundaçãode Roma, escolas, eleições livres,voto errado, dever cívico, votodo subúrbio e da Zona Sul, classemédia abandonada, prisão,ditadura, atentado, prestação decontas,

2.2 Faixa 2Com defeito

que vem da palavra rumem, que significa acidade do rio, assim como o Rio de Janeiro.Conta que se sente alegre e honrado por tergovernado a cidade e pede que todos o ajudassema manter na cidade uma obra de dedicação eamor. Comenta que além das escolas era precisolutar por eleições livres naquele ano e no anoseguinte. Por isso, ele pede ao povo para tomarcuidado ao votar, porque o voto errado poderialevar a nenhum voto no ano seguinte. Afiançaque o dever cívico consistia em escolher quemtinha dado escolas ao povo. Acredita que aeleição estava para a democracia como adiplomação estava para a escola. Sustenta queCopacabana não haveria de ficar atrás dosubúrbio. Acha que tinha o voto do subúrbio,mas precisava do voto da Zona Sul. Lacerda dizque a classe média não deveria votar com ódio,apesar da “Revolução” não estar dando atenção aela. Diz que era com amor que se governava umacidade e não com ódio. Faz elogios a Roma, queconsiderava uma cidade admirável. Diz que paraque o povo fosse livre ele, Lacerda, tinha sidopreso durante a ditadura [refere-se à era Vargas].Critica os que participaram da ditadura e queriamgovernar novamente. Lacerda reafirma quechegou ao governo pelo voto do povo. Recorda oatentado que sofreu [ na rua Tonelero], e prevêque as provocações seriam maiores, mas que iriaresponder a cada provocação com as realizaçõesdo seu governo. Crê que o programa de prestaçãode contas que tinha feito na TV tinha custado omesmo que uma sessão extraordinária naAssembleia Legislativa. Afirma que só naquelemês tinha havido três sessões extraordinárias.Salienta que era com um sentimento de profundagratidão e de alegria que saudava a presença derepresentantes de Roma na cerimônia. Consideraque eles tinham trazido uma mensagem de fé,paz e esperança.

Faixa 2Com defeito

BRRJAGCRJ.CL.FAM.1.086

1. Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração de Escola DiogoFeijó, na Tijuca

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola ArthurFriedenreich, Maracanã

1.3 Faixa 3Inauguração do Ginásio EstadualPedro I, em Coelho Neto,

1.4 Faixa 4

F1: 17 minF2: 15 minF3: 17 minF4: 15 min

F1: 28/09/1965F2: [1965]F3: 28/09/1965F4: 27/09/1965

Faixa 1Inauguração de Escola Diogo Feijó, na TijucaCarlos Lacerda diz que inaugurar escola erasempre a hora mais agradável do seu dia detrabalho. Lembra que foi estudante de escolapública e ressalta a dedicação das professoras dasescolas do governo. Elogia as professoras doestado da Guanabara. Lacerda critica reportagensque saíram no jornal O Globo em que sequestionava o fato de as professoras do estadotrabalharem apenas 3 horas. Lacerda diz que noscolégios particulares as professoras trabalhavam4 horas. Ele afiança que o terceiro turno forainvenção de Anísio Teixeira, que tinha sidoconsiderado, durante 30 anos, um papa daeducação no Brasil. Sustenta que não seencontraria no Brasil ou na América Latina

Page 234: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Inauguração da Escola ClotildeGuimarães em Ramos

2. Temas

21. Faixa 1Elogio às professoras, aluno deescola pública, carga horária,Anísio Teixeira, políticaeducacional, Candidatura FlexaRibeiro, elogio ao patrono

2.2 Faixa 2Obras no maracanã, ADEG,elogio ao patrono, futebol,FUNGAG, apoio ao jogador

2.3 Faixa 3Escolas modestas, FundaçãoOtávio Mangabeira,obrigatoriedade escolar,candidatura Flexa Ribeiro,divisão das Forças Armadas,guerra civil, ditadura comunista,ditadura contra o comunismo, D.Pedro II

2.4 Faixa 4Aliança para o Progresso, Uniãodas Operárias de Jesus, elogios àpatronesse, máscara das eleições

educação melhor do que nas escolas públicas doestado da Guanabara. Lacerda defende amanutenção das escolas normais e que os paisdeveriam ter o direito de escolher entre o ensinopúblico e o ensino privado. Ele ressalta que FlexaRibeiro ajudou-o a aprovar na Câmara dosDeputados a Lei de Diretrizes e Bases daEducação. Pede que votem em Flexa Ribeiropara governador do estado, pois seu governoprecisava ter continuidade. Fala que o padreDiogo Feijó, que emprestava seus nome à escola,era um homem duro, que salvou o Império e aunidade nacional, exercendo na vida civil papelsemelhante ao de Caxias na vida militar. Contaque o padre era acusado de ser orgulhoso, masdeu uma das maiores provas de humildade daHistória do Brasil.

Faixa 2Inauguração da Escola Arthur FriedenreichCarlos Lacerda ressalta que aquele era ummomento de satisfação, pelo término das obrasde embelezamento do Maracanã. Explica queabriu uma exceção ao dar o nome de uma pessoaviva a uma escola, mas que este fato tinha umajustificativa. A escola tinha sido construída com acooperação da ADEG (Associação Desportiva doEstado da Guanabara) e da Secretaria, portanto,deveria ter o nome de um grande desportistabrasileiro. E nenhum poderia ser mais bemindicado para esta homenagem que ArthurFriedenreich, um símbolo da criação do futebolno Brasil. Discorre sobre o início do futebol noBrasil, trazido pelos ingleses. Menciona que osheróis da sua infância eram os jogadores defutebol. Comenta sobre a importância do futebolpara a população brasileira e que o Maracanã erao paraíso de algumas horas. Lacerda salienta quenaqueles dias o jogador de futebol tinha maisconforto do que os jogadores mais antigos, masem compensação a sua carreira era mais curta,por isso era preciso se preocupar com o futuro.Para dar assistência aos ex-jogadores o estadotinha criado a FUNGAB, que mediante umamínima participação do público, assegurava oencaminhamento do ex-jogador a outrasprofissões, criando para ele um fundo degarantia, para que ele não fosse abandonado apóso fim da carreira. Diz que o espírito esportivodeveria estar presente em todas as atividadeshumanas, inclusive na política. Mas afirma queeste espírito não estava sendo respeitado naseleições. Por isso, pede mais votos, maisesforço, mais luta, para ser bicampeão naGuanabara. Lacerda comunica que iria disputar ocampeonato nacional em Brasília, mas pede quenão abandonassem o time do estado.

Faixa 3Inauguração do Ginásio Estadual Pedro I, em

Page 235: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Coelho NetoCarlos Lacerda diz que o ginásio era resultado deuma parceria entre a Secretaria de Educação e aFundação Otávio Mangabeira. Comenta que nãofazia escolas luxuosas, mas escolas bonitas, queatendessem a toda a população. Informa que aGuanabara era o primeiro estado do Brasil noqual todas as crianças até 14 anos tinhamcondições de estudar nas escolas estaduais.Lacerda promete que a partir do ano seguintetodos os adolescentes da Guanabara teriam vagasnas escolas estaduais. Comenta que não eraobrigação votar certo nas eleições de 3 deoutubro, mas também não era favor. Lacerdadestaca que se Flexa Ribeiro não fosse eleito, asForças Armadas iriam se dividir, alguns iriamdefender que qualquer um tinha o direito detomar posse, e outros iriam defender que a“Revolução” era mais importante que a posse dequalquer um. Segundo Lacerda, a desunião dasForças Armadas levaria o país a uma guerra civil.Lacerda diz que as Forças Armadas teriam queescolher entre uma ditadura comunista ou umaditadura contra o comunismo, e nenhuma dasduas opções seria boa para o Brasil. Lacerdasustenta que uma democracia verdadeira não eraaquela em que o povo votava em qualquer um,mas era aquela na qual o povo exigia escola paraseus filhos e elegia quem podia fazer isso.Lacerda agradece o apoio da Fundação OtávioMangabeira à construção de escolas e fala sobrea transformação do Parque Lage em um centro derecreação e cultura pré-universitária para ajuventude carioca, organizada pela Fundação. Arespeito de Pedro I, diz que ficou surpreso aosaber que ele ainda não tinha dado nome anenhuma escola no Rio de Janeiro. Conta que D.Pedro I era acusado de ser impulsivo, paranóico edesonesto. Lacerda compara Pedro I com DomQuixote e considera que não se deveria procuraros defeitos de D. Pedro I porque, se fosse feitoum balanço, o saldo seria altamente favorável,pois ele tinha fundado uma grande nação.

Faixa 4Inauguração da Escola Clotilde Guimarães, emRamosLacerda diz que já deveria ter inaugurado umaescola com este nome antes, e afirma que estavaemocionado. Conta que as últimas escolas foramconstruídas com recursos da Aliança para oProgresso. Explica a homenagem a ClotildeGuimarães. Menciona que conheceu Clotildequando ela o chamou para conhecer a União dasOperárias de Jesus, para dizer que ela e a Uniãodas Operárias de Jesus iriam apoiar a suacandidatura para vereador. Conta que maisimportante do que os votos que ela conseguiupara ele, foi o clima de amor e respeito pelacriatura de Deus. Diz que nunca viu nada menos

Page 236: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

parecido com um asilo, ou com um hospital,parecia uma grande família, a União dasOperárias de Jesus. Acha que todos os quepassaram por lá ficaram marcados com o selo doamor, que sobre eles imprimiu o dedo de umacriatura marcada por Deus para fazer a felicidadedos outros. Lacerda afirma que ninguém mereciamais uma homenagem do governo da Guanabarado que Clotilde Guimarães. Saúda o povo deRamos ao entregar mais uma escola e ressaltaque não precisava mais fazer campanha, porque opovo já sabia o que se passava por detrás damáscara das eleições.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.087

1. Assunto

1.1 Faixa 1Continuação da fita 86, Faixa 4Inauguração da Escola ClotildeGuimarães, em Ramos

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola Berthierna Base Aérea de Santa Cruz

2. Temas

21. Faixa 1Liberdade, paz, voto errado, diasde agonia

2.2 Faixa 2Apoio da Fundação OtávioMangabeira, parque Lage, FAB,elogios ao patrono

F1:2 minF2: 11 min

F1: 27/09/1965F2: 25/09/65

Faixa 1Continuação da Fita 86, Faixa 4Inauguração da Escola Clotilde Guimarães, emRamosLacerda diz que se o povo votasse certo ecompletasse pelo voto o que as armas apenastinham começado, seria possível manter noBrasil a liberdade e a paz. Mas, se o povo votasseerrado, o país caminharia para dias de agonia quedeveriam ser evitados. Lacerda afirma que era oseu dever alertar o povo até o último dia antesdas eleições. Faz um apelo a todos para quevotassem no melhor, para que pudesse deixar ogoverno em mãos confiáveis.

Faixa 2Inauguração da Escola Berthier, na Base Aéreade Santa CruzLacerda destaca a construção de nove escolas emSanta Cruz, em quatro anos e meio do seugoverno. Mas, lembra que faltava uma escola nabase aérea de Santa Cruz. Explica que comaquela escola, e mais uma a ser construída,encerrava-se a primeira fase do apoio daFundação Otávio Mangabeira ao governo doestado. A segunda fase seria o aproveitamentointegral do parque Lage, criando cursos deextensão universitária. Lacerda fala que se sentiahonrado e emocionado por inaugurar aquelaescola. Menciona que o nome da escola foraescolhido pelo comando da base aérea. Recordaque o coronel escolhido para dar nome à escolaera um símbolo do destemor, da bravura e dalealdade com que os homens da FAB serviam aoBrasil. Ressalta que era também carioca e ratificaque o nome da escola também tinha a finalidadede educar.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.088

1. Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração de Escola DomAquino Correa, Praça Arcoverde,em Copacabana

1.2 Faixa 2

F1: 15 minF2: 15 minF3: 5 minF4: 15 minF5: 12 min

F1: 04/03/1962F2: 05/02/1962F3: 05/02/1962F4: 01/03/1962F5: 06/04/1962

Faixa 1Inauguração da Escola Dom Aquino Correa, emCopacabanaCarlos Lacerda lembra que há 30 anos atrás, acoordenadora de Educação da AdministraçãoRegional de Copacabana, professora Elisa,participava da inauguração daquele prédio comoprofessora caloura e, agora, estava sendoinaugurado o prédio remodelado. Faz elogios aopatrono da escola Dom Aquino Correa. Conta

Page 237: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Inauguração da Escola AugustoPaulino Filho, no Leme

1.3 Faixa 3Continuação da Faixa AnteriorInauguração da Escola AugustoPaulino Filho no Leme

1.4 Faixa 4Inauguração da Escola JorgePfisterer

1.5 Faixa 5Inauguração da Escola Manuel deAbreu, na Pavuna

2. Temas

21. Faixa 1Remodelação da escola, da praçada Bandeira, remoção de favelas,burocracia do governo federal

2.2 Faixa 2Elogio ao patrono, apoio daFundação Otávio Mangabeira,CPI, novo método de construçãode escolas

2.3 Faixa 3Parceria Fundação OtávioMangabeira, responsabilidade docomércio e da indústria,Constituição, ensino através dorádio e da TV, liberdade Xcomunismo

2.4 Faixa 4Apoio Fundação OtávioMangabeira, elogios ao patrono,crédito extraordinário, lentidãodos órgãos de fiscalização,projeto educacional, concursopúblico

2.5 Faixa 5Educação primária obrigatória,elogio ao magistério, metas paraa educação, Fundação OtávioMangabeira, ensino falsamenteenciclopédico, técnicopoliticamente neutro, elogios aopatrono, Abreugrafia

que começou o dia visitando as obras do estado,na favela João Goulart, em Santa Teresa. Depoisfoi ver a nova avenida Radial Oeste, saindo dapraça da Bandeira, já restaurada. Explica que estaobra deveria ter sido feita há dez anos.Comemora a remoção pacífica dos moradores daantiga favela do esqueleto, que agora habitavamo bairro Nova Holanda, atrás da favela da Maré.Diz que na abertura daquela escola, em umprédio remodelado, queria anunciar os planospara Copacabana. Lacerda conta que planejavaconstruir mais quatro escolas no bairro. Prometefazer um parque em um terreno do estado, nolargo do Machado e lamenta a burocracia dogoverno federal que impedia que o governo daGuanabara recebesse um empréstimo de 200milhões de marcos do governo alemão,destinados à área hospitalar. Lacerda secompromete a investir 32 bilhões de cruzeiros nasaúde.

Faixa 2Inauguração da Escola Augusto Paulino Filho, noLemeCarlos Lacerda afiança que a escola que estavasendo inaugurada, mesmo antes de dar aula àscrianças, dava aula aos adultos, a começar peloseu nome, Augusto Paulino Filho, grandecirurgião, cidadão exemplar e amigo querido.Menciona que se lembrava dele como o meninoda rua Alice, e que tinha duas razões para serescolhido o patrono de uma escola, era ummestre em sua vocação e uma lição na suainfância. Diz que ele nasceu para servir àmedicina, e morreu servindo à medicina.Acredita que o nome da escola deveria servir deinspiração para os alunos. Agradece a OtávioTeixeira, representante da fundação OtávioMangabeira, pela construção da escola. Critica aconvocação de Otávio para prestar depoimentosem uma CPI, que não chegou a nenhumresultado. Diz que Otávio deu uma lição deperseverança e coragem. Conta que outra liçãodada pela escola era a das vantagens dobairrismo, pois tinha sido o bairrismo dosmoradores do Leme que tinha feito a escola.Lacerda faz um apelo para que o Exércitocedesse um terreno no bairro, para que fosseconstruída outra escola no Leme. Ele valoriza oque o seu governo tinha conseguido em matériade educação naquele ano, no estado daGuanabara, mesmo enfrentando diversasdificuldades. Elogia o professor Flexa Ribeiropor ter conseguido abrir vagas para 70 milcrianças que estavam fora da escola. Ressaltaque a escola tinha sido feita com uma técnicarevolucionária de construção, pela metade dopreço. Lamenta, apenas, que a construtora fossede outro estado. Afirma que acompanhou oprojeto da escola passo a passo.

Page 238: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Faixa 3Continuação da Faixa AnteriorInauguração da Escola Augusto Paulino Filho, noLemeLacerda afirma que pretendia implantar o novométodo na construção das próximas escolas, queseriam construídas em parceria com a FundaçãoOtávio Mangabeira, que se comprometia aentregar 80 escolas. Lacerda faz um alerta para aresponsabilidade das indústrias e do comércio daGuanabara. Ele lembra que a Constituiçãodeterminava que as indústrias e estabelecimentosde mais de cem funcionários custeassem aeducação primária dos filhos dos empregados.Lacerda conta que a indústria e o comérciocomprometeram-se a cumprir a Constituição.Lacerda anuncia que a Fundação OtávioMangabeira tinha se oferecido para receberdinheiro da indústria e do comércio para aconstrução de escolas. Defende o ensino atravésdo rádio e da televisão, desde que não fosseusado para substituir o ensino em sala de aulaque, segundo ele, era insubstituível. Por issoafirma que o estado não reconhecia comocumprimento da Constituição o apoio daindústria e do comércio à educação pelo rádio epela televisão. Lacerda diz que seu objetivo erarealizar a revolução pela educação. Afirma queos brasileiros teriam que escolher entre aliberdade e o comunismo. Lacerda considera quesó se chegaria à paz através da educação.

Faixa 4Inauguração da Escola Jorge PfistererCarlos Lacerda faz elogios ao patrono da escola eà sua família. Fala que se considera honrado decolocar o nome de um industrial em uma escola.Espera que o nome de um industrial servisse deestímulo aos estudantes da escola. Enumera asescolas que seriam construídas pela FundaçãoOtávio Mangabeira. Comunica que 20 escolasestavam com a construção atrasada, porque ogoverno não tinha conseguido na Assembleia aaprovação do crédito extraordinário para osreajustamentos. Informa que este crédito eranecessário por causa da inflação e da lentidão dosórgãos de fiscalização do estado que resultavamno encarecimento das obras. Mas, garante queentre março e abril daquele ano, 50 escolasseriam inauguradas. Lacerda comemora osresultados do seu primeiro ano de governo, eassegura que iria entregar o estado livre doproblema do ensino primário, livre do problemade ensino profissional e das instalações escolares.Anuncia que o mais importante era fazer areforma do sentido da educação, da substância doensino e que iria rever todos os programas deconcursos que não se adequassem aos objetivosdo governo. Promete realizar concursos para

Page 239: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

todos os cargos que estavam vagos no estado.Diz que governar também era uma forma deeducar e constituía a soma dos esforçosindividuais.

Faixa 5Inauguração da Escola Manoel de Abreu, naPavunaLacerda diz que em 1961 tinha criado 70 milvagas nas escolas estaduais e que naquele ano de1962 o governo estava vencendo dificuldades,com o apoio da indústria e do comércio, com otrabalho da Secretaria de Educação e com acolaboração das professoras da Guanabara, quetrabalharam antes de terminarem o seu cursonormal. Lacerda ressalta que o estado daGuanabara era o primeiro do país no qual aeducação primária era obrigatória, pois haviavagas para todas as crianças do estado. Mas,ressalta que ainda havia escolas em mal-estadode conservação e escolas com três turnos.Lacerda considera que sem a ajuda da FundaçãoOtávio Mangabeira seria difícil cumprir as metasdo governo na educação. Critica a educação noginásio e no ensino médio, por ser falsamenteenciclopédico, que não preparava para a vida,nem para o trabalho da vida. Afirma que mesmocom o esforço da Secretaria de Educação, quetinha ampliado para 25mil o número dematrículas no ensino médio, ainda era gigantescaa diferença em relação às 400 mil criançasmatriculadas na escola primária. Lacerda diz quenão era possível uma nação prosperar semeducação. Ressalta que todo o esforço de seugoverno era para que se considerasse ocontinente americano como um todo, como umaunidade do ponto de vista da formaçãotécnico/profissional. Acha que o técnico erapoliticamente neutro. Considera fundamental queo Brasil formasse trabalhadores tecnicamentequalificados. Faz elogios ao patrono da escola,professor Manoel de Abreu, que nasceu em SãoPaulo, mas trabalhou no Rio de Janeiro. Diz queele participou do movimento modernista noBrasil. Fala sobre a importância da Abreugrafia,para promover o diagnóstico precoce datuberculose.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.089

1. Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração da Escola MiguelÂngelo, em Vicente de Carvalho

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola Rondon,em Realengo

1.3 Faixa 3

F1:15 minF2: 12 minF3: 3minF4: 15 minF5: 7 min

F1: 18/05/1962F2: 30/05/1962F3: 30/05/1962F4: 25/06/2962F5: 03/07/1962

Faixa 1Inauguração da Escola Miguel ÂngeloLacerda comenta que estava esperando aAssembleia votar a lei que criaria as RegiõesAdministrativas. Agradece a presença doembaixador italiano à cerimônia de inauguraçãoda escola e faz um breve relato sobre a vida e aobra de Miguelângelo. Destacando a suahabilidade como escultor, citando obras como oDavi e a Pietá. Lacerda conta que Miguelângelopintou a Capela Sistina contra a sua vontade,obrigado pelo Papa a ser pintor. O objetivo dedar o nome do grande mestre à escola não era

Page 240: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Continuação da Faixa Anterior Inauguração da Escola Rondon,em Realengo

1.4 Faixa 4Inauguração da Escola NormalHeitor Lima, Tijuca

Faixa 5Inauguração da Escola 5 deJulho, em Engenheiro Leal

2. Temas

21. Faixa 1Criação das RegiõesAdministrativas, elogio à vida eobra do patrono

2.2 Faixa 2Fundação Otávio Mangabeira,recursos da indústria e docomércio, rede de ginásiosindustriais, nome educativo daescola, elogio ao patrono

2.3 Faixa 3Integração nacional, elogio aRondon, comunismo, soberaniadas nações

2.4 Faixa 4Professores precursores dademocracia, professor maisimportante do que político, faltade educação da população,Cosmos Engenharia, homenagemaos professores e alunos

2.5 Faixa 5Agradecimentos à FundaçãoOtávio Mangabeira, à Secretariade Educação e a deputados,marco decisivo na civilização,revolta dos 18 do Forte, justiçapara os dois lados, brigadeiroEduardo Gomes

apenas o de homenagear um grande artista, masdar às crianças um exemplo de uma lutaconstante contra as adversidades. Salienta que eleteve uma vida marcada por tragédias edificuldades, que aprendeu a fazer as suaspróprias tintas, conhecia os segredos das pedras efazia as próprias ferramentas.

Faixa 2Inauguração da Escola Rondon, em RealengoCarlos Lacerda promete inaugurar mais umaescola com o apoio da Fundação OtávioMangabeira, que recebia recursos da indústria edo comércio da Guanabara, cumprindo aConstituição, que exigia o ensino primárioobrigatório. Informa que a nova escola previstatambém seria inaugurada em Realengo. Prometeque também inauguraria um ginásio industrial nobairro. Lacerda acredita que o ginásio nãodeveria ter a pretensão de formar sábios, mas ode preparar trabalhadores, capazes de sair dasujeição do salário mínimo e ganhar mais para si,para sua família e para a sua terra, para a suapátria. Por isso, o plano da Secretaria deEducação era o de investir no ensino primário ecriar uma rede de ginásios industriais, em que aolado do livro o estudante tivesse também aferramenta, para aprender o seu ofício, paraaprender a trabalhar melhor, com menos esforçoe maior resultado. Afirma que a escolha do nomedas escolas seguia um critério rigoroso, porqueconsiderava que tudo na escola deveria sereducativo, até o seu nome. Diz que os nomesdeveriam servir de inspiração e exemplo quedeixassem as professoras orgulhosas, porensinarem em escolas assim denominadas. Dizque não havia nome melhor para aquela escolaque Rondon. Segundo Lacerda, o MarechalRondon não aceitara receber homenagensenquanto estava vivo, por isso estava sendohomenageado naquele momento. Menciona queRondon era um homem singular, que surgiu damassa dos anônimos e que ele não foi apenas umgrande brasileiro, foi um grande servidor daespécie humana.

Faixa 3Continuação da Faixa AnteriorLacerda fala sobre a importância de Rondon paraa integração nacional. Menciona também o seutrabalho com os índios. Conta que Rondon,apesar de ser um homem das armas, não asutilizou para conquistar territórios e corações.Era defensor da liberdade e abominava a tirania,por isso foi levar a liberdade às selvas. Lembraque quando se via então o comunismo ameaçar aliberdade dos povos e a soberania das nações, onome de Rondon apresentava-se como o nometutelar de uma nação livre, de um povo quequeria conquistar pela cultura e pelo amor à

Page 241: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

prosperidade e à paz.

Faixa 4Inauguração da Escola Normal Heitor Lima, naTijucaCarlos Lacerda anuncia que aquele era um dia degrande alegria, por estar inaugurando a EscolaNormal Heitor Lira. Conta que tinha umaespecial alegria, porque considerava que osprofessores eram os precursores da democraciano Brasil. Lacerda considera que só haveriamesmo democracia no Brasil quando o professorfosse bastante para todos os alunos e quando osalunos fossem capazes de entender o que osprofessores tinham a lhes dizer. Isto aconteceriano dia em que o professor fosse mais importantedo que o político. Lacerda avisa que pretendiacontar com o apoio da Assembleia para votar atransferência de crédito, para que pudessecomeçar a instalação definitiva da escolaCarmela Dutra. Explica que tinha pensado emconstruir uma Escola Normal em Copacabana,mas desistiu porque o prédio onde ficaria aescola era cercado de arranha-céus, na ruaRepública do Peru. Lacerda salienta que haviarisco dos alunos serem atingidos por garrafasvazias dos prédios vizinhos e lamenta a falta deeducação de parte da população. Compromete-se, em um ou dois anos, a instalardefinitivamente a Heitor Lira e a Azevedo doAmaral. Esclarece que instalação definitivasignificava fazer uma escola normal em um localadequado, e não em um lugar apropriado parauma escola primária. Aproveita a oportunidadepara agradecer à Cosmos, empresa de engenhariaresponsável pela construção da escola. Convida atodos para uma homenagem que o governo doestado iria prestar à escola Heitor Lira,aproveitando a oportunidade de sua mudança deendereço. Comunica que seria realizado umconcerto sinfônico na escola Grécia e quegostaria de homenagear os futuros professores, eos em exercício, com aquele concerto.

Faixa 5Inauguração da Escola 5 de Julho, EngenheiroLealLacerda fala que aquele era um momento degrande emoção, a inauguração de uma escolacom o nome 5 de julho, em Engenheiro Leal.Agradece à Fundação Otávio Mangabeira, àSecretaria de Educação e, graças a algunsdeputados, a inauguração de muitas escolas.Lacerda menciona que nunca viu tantas pessoaspresentes à inauguração de uma escola. Destaca ogrande número de homens e afirma que era umaboa oportunidade para ter uma conversa dehomem para homem. Relata que a escola tinhaum nome singular, e que a data 5 de julhorepresentava um marco decisivo na civilização e

Page 242: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

na evolução do povo brasileiro. Lacerda fala queno “primeiro 5 de julho “ em 1922, 18 rapazes,sendo um civil, saíram do Forte de Copacabanae, para não bombardear uma população indefesae desarmada, enfrentaram mil e tantos de umtropa armada, que o governo mandara paracombatê-los. Comenta que já se podia fazerjustiça aos dois lados, pois um defendia aautoridade, e o outro, contra a ela, contrapondo-se, defendeu-a também, porque defendeu-anaquilo que era inseparável dela, o instinto, osentimento da liberdade. Comenta que estes 18acreditavam que a liberdade valia mais do que avida e, portanto, muito mais do que tudo aquiloque empobrecia ou enriquecia a vida. Desteshomens, enfatiza, restava um, que todosaprenderam a respeitar, o brigadeiro EduardoGomes, que a vida toda defendeu a liberdade dopovo brasileiro. Acredita que naquele tempo asbrigas tinham sempre um certo ar de briga emfamília.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.090

1. Assunto

1.1 Faixa 1Continuação da Fita 89, Faixa 5 Inauguração da Escola 5 deJulho

1.2 Faixa 2Inauguração do Ginásio IndustrialD João VI, na Penha

2. Temas

21. Faixa 1Desespero do povo, projetoeducacional, fim da escolapública, críticas injustas, vigíliasubversiva, greve dos bancários,alta dos preços, defesa da paz eda liberdade

2.2 Faixa 2Dinheiro dos impostos,reformulação do ensino ginasial,reforma agrária, êxodo rural,elogios a D. João VI, combate aocomunismo, invasor interno,

F1: 25 minF2: 22 min

F1: 03/07/1962F2: 09/07/1962

Faixa 1Continuação da Fita 89, Faixa 5Inauguração da Escola 5 de JulhoLacerda afirma que naqueles dias as dificuldadeseram fabricadas contra o povo, para levá-lo aodesespero. Ele alerta que a liberdade do povoestava em perigo. Lacerda diz que uma forçanova e ao mesmo tempo antiquíssima surgia noBrasil, organizada para industrializar o ódio, paraexplorar tudo que pudesse lançar brasileiroscontra brasileiros. Diz que com um ano e meiode governo se dirigia às famílias do subúrbiocarioca para afirmar, com absoluta segurança,que não havia um problema no Brasil que nãotivesse solução, desde que todos fossem capazesde compreender que, acima das ambições de cadaum, estava o dever de todos de valorizar otrabalho de todos. Lacerda considera que semeducação não há democracia. Pede que o seuexemplo de construir escolas na Guanabara fosseseguido por outros governantes, no Brasil.Menciona que quando assumiu o governoencontrou setenta mil crianças sem escola eenfrentou críticas injustas de seus adversários,como a de que iria acabar com a escola pública.Lacerda comemora o fato da Guanabara terescola primária para toda a sua população epromete construir uma nova escola Normal.Informa que, na manhã daquele dia, no rádio,tinha havido uma vigília subversiva feita porhomens treinados em Moscou, Praga e Havana,para fazer o povo se levantar contra si mesmo,desenvolver a arte de fazer o povo destruir pelaspróprias mãos a liberdade que Deus lhe tinhadado. Lacerda relata que correu de banco embanco para evitar que o povo deixasse de recebero seu salário, por causa da ameaça de greve dosbancários. Mas, alerta que os bancários queriamtrabalhar, não queriam fazer greve. Conta que foi

Page 243: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

parado por um cidadão na rua Buenos Aires, quelhe pediu arroz e ele respondeu que o cidadãodeveria reclamar com quem tinha aumentado opreço do arroz no Rio Grande do Sul, que, ao sairde lá, estava mais caro do que quando chegavaaqui. Lacerda ressalta que não estava defendendoa alta de preços, mas afirma que a falta de arroz efeijão era intencional e tinha o objetivo de levar opovo ao desespero, para desencadear uma grevepolítica, nascida da briga de políticos emBrasília. Destaca que a lembrança da data de 5de julho trazia uma lição, a de que para sermosdignos da liberdade que tínhamos em nossa vidaera preciso, às vezes, ser dezoito contra mil.Observa que representando a todos, governandoigualmente para todos, não precisava queninguém sacrificasse a sua vida para defender apaz e a liberdade do povo do seu estado, a suabastaria.

Faixa 2Inauguração do Ginásio Industrial D João VI, naPenhaCarlos Lacerda conta que iria construir, com odinheiro dos impostos, tantos ginásios quantos jáexistiam antes da sua administração. Relata que aLei de Diretrizes e Bases tinha sido fundamentalpara decidir os rumos da educação. Sustenta queo ensino ginasial precisava ser reformulado.Anuncia que no Brasil estava acontecendo umafalsa reforma agrária, que prendia o homem àterra. Lacerda salienta que havia uma tendênciamundial de êxodo para as cidades, que deveriaser seguida pelo Brasil. Critica a visão pejorativaque existia no Brasil a respeito de D João VI.Elogia Oliveira Lima, por mostrar uma novavisão sobre D. João. Lacerda menciona oepisódio da fuga da família real portuguesa parao Brasil, destaca o papel do Rio de Janeiro naimplantação da corte no país. Discorre sobre asrealizações do governo de D. João VI. Volta adizer que, ao inaugurar uma escola, estavacumprindo o seu dever, e que se recusava aadmitir que a minoria comunista dominasse o seupaís. Avisa que mais do que nunca era precisoalertar, que quanto mais pobre, mais se deverialutar contra o comunismo, porque os ricossempre conseguiam compor-se com o domíniocomunista. Mas, os pobres precisavam terliberdade para que não perdessem os seusdireitos. Acredita que o Rio de Janeiro deveriacapitanear o Brasil na luta contra o invasorinterno, o traidor da pátria e da liberdade, quequeria implantar o domínio do comunismo russo.Ressalta que era nos subúrbios que a populaçãose manifestava contra o comunismo. Parafinalizar, comenta a importância das escolas namanutenção da democracia e no combate aocomunismo.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.091 F1: 18:15min F1: 09/04/1962 Faixa 1

Page 244: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

1. Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração da Escola FernãoDias, em Marechal Hermes

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola ThomasJefferson, na Avenida AutomóvelClube, em Acari

1.3 Faixa 3Inauguração da Escola ImaculadaConceição.

1.4 Faixa 4Inauguração da Escola Laís Netodos Reis.

2.Temas

2.1 Faixa 1Educação, instrumento darevolução democrática, silêncioda imprensa, abertura de escolasé rotina, aliança com a iniciativaprivada, elogios à FundaçãoOtávio Mangabeira, escolas aospedaços, desparecimento doterceiro turno, preparação dostrabalhadores, gargalo do ensinotécnico-profissional, greveestudantil

2.2 Faixa 2Acari, região sem escola,benemérita Fundação OtávioMangabeira, burocracia doestado, morosidade do Tribunalde Contas, elogios ao patrono.liberdade X ignorância, AméricaLatina, analfabetismo, reformasnas escolas

2.3 Faixa 3Democracia, bairro doJacarezinho, falta de confiança dopovo, liberdade eresponsabilidade, construção deginásios, trabalho industrial

2.4 Faixa 4Semana da Enfermagem, apoioFundação Otávio Mangabeira,elogios à patronesse, nomeseducativos para escolas, elogios àcarreira de enfermagem,enfermagem destroçada, máquina

F2: 19:31minF3: 13:35minF4: 14:08min

F2: 10/04/1962F3: [1962]F4: 12/05/1962

Inauguração da Escola Fernão Dias, emMarechal Hermes, Sito à Rua MarapendiCarlos Lacerda fala da importância da escolapara o advento de qualquer democracia, sendoela o único instrumento da revoluçãodemocrática. Ele comenta estranhar o silêncio daimprensa carioca a respeito das inaugurações denovas escolas no estado da Guanabara. Relataque um antigo colega de jornal deu-lhe a seguinteexplicação: “É que já virou rotina, não é maisnotícia abrir escolas na Guanabara!” CarlosLacerda conta que respondeu a ele: “Roubartambém não é mais notícia de tanto que se rouba,ainda, nesse estado e, no entanto, os jornais todosos dias dão notícias de roubos no estado!” O queparece digno de relevo para Lacerda eraexatamente o fato de haver se transformado emrotina a abertura de escolas na Guanabara. Eis agrande notícia, salienta ele. Repousa, também,segundo o governador, em poder contar com aadmirável colaboração, com a fusão, com aaliança, e esperava Lacerda que fosse duradourae fecunda, entre a iniciativa privada e a iniciativado governo, isto é, o povo ajudando o governopara que o governo pudesse ajudar o povo. Eletambém exalta o papel da Fundação OtávioMangabeira na construção de novas escolas noestado da Guanabara. Comenta que a tarefaestava muito longe de ser dada por realizada,pois havia ainda muita escola na Guanabaracaindo aos pedaços, e muita por fazer, pois haviamuitas escolas com três turnos e o terceiro turnoprecisava desaparecer na Guanabara. Lacerdaavisa que não se deveria supor que o problema daescola primária na Guanabara estava resolvido,porque não estava. O que estava decidido era queo seu governo, junto com o povo, estavaresolvido a resolvê-lo. Ele discorre sobre oproblema dos ginásios, alertando que aGuanabara ficaria com quase 400 mil crianças naescola primária, e quando os alunos fossem paraa escola secundária, para o ginásio, nãoencontrariam um ginásio que preparassetrabalhadores capazes de irem além do saláriomínimo. Fala que sem ter dinheiro para pagarginásios particulares, cujos preços os pais nãopodiam custear, ficavam sem ter uma formaçãoadequada, resultando no “gargalo que era entãoo ensino técnico-profissional da Guanabara!”Lacerda reconhece o prejuízo que seria, para 400mil crianças que passariam pelo ensino primário,o fato de haver apenas 25 mil vagas no ensinotécnico-profissional, de grau médio, no estado.Isto porque, naquele ano, o trabalho realizadopela Secretaria de Educação, tendo à frente osecretário professor Flexa Ribeiro, tinhaampliado o número de vagas de 12 mil para 25mil. E no ensino superior, continua ele, a situaçãoera mais grave, de cada 10 mil brasileiros, menosde 4 chegavam à Universidade. E acrescenta que

Page 245: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

engessada, escola obrigatória egratuita, verbas públicas presas,missão alemã, rede hospitalar,pavilhões dos hospitais MiguelCouto, Souza Aguiar e GetúlioVargas, impostos, rede hospitalautêntica

ainda havia, no país, estudantes em universidadesque estudavam de graça às custas dostrabalhadores que não tinham escolas para seusfilhos e ainda se davam ao luxo de fazer grevepor causa de ditadores estrangeiros!

Faixa 2Inauguração da Escola Thomas Jefferson, naAvenida Automóvel Clube, em AcariCarlos Lacerda começa contando que pelasegunda vez que tinha ido a Acari, já eleitogovernador, perto da estrada de ferro, havia umgrupo numeroso de crianças empunhandocartazes de cartolina, em que informavam a eleaquilo que ele dizia já saber: que na região nãohavia escola. E, por conta disso, era com honraque ele anunciava na solenidade que completava-se, “pela mão da benemérita Fundação OtávioMangabeira”, a primeira escola pública de Acari.Diz que era preciso urgentemente uma reformana administração pública do estado, pois eleatribui a demora em fazer escolas à burocracia da‘máquina de moer paciências’ do estado ecompara com a agilidade da Fundação OtávioMangabeira que, semanalmente, inaugurava umanova escola doada ao estado para a sua rede deescolas públicas. Divulga que havia mais de 20escolas construídas pelo estado aguardando que oTribunal de Contas do Estado entrasse em acordocom os órgãos da administração e estes com osempreiteiros para os ‘finais de obras’, para‘arremates de obras’. Carlos Lacerda entendeque tudo na escola é educativo, e não apenas olivro, o papel, a professora. Por isso, ele fala daimportância de se ter no frontão da escola onome de alguém consagrado, nãonecessariamente alguém que tivesse sidopoderoso, mas alguém que tivesse tido o carinho,o amor e a consideração da criança que iriaestudar na escola à qual ele emprestava seu nomeDessa forma, quando as professoras fossemperguntadas pelas crianças sobre quem foraaquele que tivera seu nome escolhido paranomear a escola em que estudavam, elaspoderiam responder sem constrangimento, poisnão teria sido, de certo, alguém que forahomenageado por conta das conveniências dopoder. Carlos Lacerda discorre sobre o patronoda escola, Thomas Jefferson, e cita uma frasesua, a respeito da liberdade de um povo: “Se umanação pretende ser ignorante e ao mesmo tempolivre, ela espera o que nunca houve e nuncahaverá!” Carlos Lacerda completa dizendo quenão pode haver liberdade onde a ignorânciaimpera, e que no Brasil, naquele momento, amaior prova de que o povo brasileiro amadureciapara a democracia era a ânsia, a exigência deaprender que se sentia em todas as famílias, quese viam em todos os pais, em todas as mães e emtodos os jovens do Brasil. Comenta que onde

Page 246: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

quer que se abrisse uma escola, antes de que seabrissem as portas, as matrículas já estavamrepletas; onde quer que se iniciasse um curso,antes mesmo de iniciá-lo, para ali se dirigia umamultidão de jovens. Por isso Carlos Lacerdaafirma que não havia investimento, não haviaapoio econômico de efeito social mais rápido, deefeito político mais eficaz do que o apoio que sedava ao desenvolvimento da educação.Prossegue, entretanto, dizendo que não precisavae nem queria este apoio para a escola primária,pois uma nação, um estado, uma unidade políticaque não fosse capaz de compreender que todos osseus recursos deveriam ir para a escola primária eo resto, depois não era “capaz de merecer ajuda enem tem o que fazer com ela!” Carlos Lacerdafala da trágica realidade da América Latina deentão, na qual de 200 milhões de habitantes, maisde 100 milhões não sabiam ainda nem ler e nemescrever! Entretanto, diz que na Guanabara oproblema da educação primária estava sendocombatido. Promete ao povo que naquele anonão haveria falta de escolas e que no anoseguinte recuperaria a rede de escolas comreformas naquelas que estavam “caindo aospedaços”. Menciona, também, a necessidade desolucionar o problema do ‘funil vertiginoso’ queera a passagem de 400 mil crianças do ensinoprimário para apenas 25 mil vagas no ginásio daGuanabara. Isto porque, segundo ele, tinha seampliado o número de 12 mil para 25 mil vagasno último ano, e, antes disso, durante 12 anostinha-se passado apenas de 5 mil para as 12 milque seu governo encontrou. Carlos Lacerdaencerra seu discurso dizendo que o nome deThomas Jefferson na escola então inauguradasignificava para todos um exemplo, umainspiração e um desafio. Diz que o povo de Acarinão devia ao governo favor nenhum, pois era ogoverno que vinha dizer ao povo que tinhachegado tarde, não por sua culpa, mas, enfim,tinha chegado!

Faixa 3Inauguração da Escola Imaculada Conceição.Carlos Lacerda. discorre sobre a democracia. Dizdever a ela, entre outras coisas, o fato de ter sidoeleito governador da Guanabara e de ter estudadoem escola pública e ali aprendido a ler e escrever.Conta que ainda faltava muito para fazer umademocracia no Brasil. Sobre o bairro doJacarezinho, que as pessoas insistiam em chamarde favela, mas que para Lacerda tratava-se de umbairro, pois já estava se encaminhando para tal,ele fala que o governo da Guanabara ainda nãotinha feito o que precisava, o que deveria e o quedesejava fazer. Comenta que seu governo tinhaencontrado a cidade arrebentada e isso não erasegredo pra ninguém. Diz que a grande falta naGuanabara não era a falta de água, nem a falta de

Page 247: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

casas, nem de escolas, mas sim a falta deconfiança do povo em si mesmo e em seusrepresentantes. Era o desprezo dos representantespelo povo e o desprezo do povo pelosrepresentantes. Sobre liberdade, Lacerda diz quenão adiantava tê-la se não soubéssemos o quefazer com ela, se não soubéssemos usá-la com aconsciência da nossa responsabilidade. Terliberdade era ter responsabilidade e acrescentaque isto era uma coisa que só se aprendia naescola. Por essa razão, ele acredita que era inútilfalar em democracia num país que não tinhaescolas suficientes para formar os democratas.Para Lacerda, não adiantava falar em progressose a substância do progresso não estivesseassegurada. Conta que já ouviu alguém dizer abarbaridade de que uma nação só poderia terescolas quando ficasse rica, quando na verdadeera o inverso, uma nação só poderia ficar ricaquando tivesse escolas. Ele aproveita asolenidade para dizer que, naquele ano, o seugoverno abriria no estado mais de 60 escolasprimárias. E, no mesmo ano, iria passar para asegunda etapa do trabalho, que consistia naconstrução de ginásios de preparação para otrabalho industrial.

Faixa 4Inauguração da Escola Laís Neto dos ReisCarlos Lacerda discorre sobre o serviço deenfermagem do povo carioca. Fala que quis oestado da Guanabara, pioneiro que vinha sendoatravés dos tempos, com figuras como Laís Netodos Reis e de Raquel Haddock Lobo, celebrar aabertura da Semana da Enfermagem dando onome de uma grande educadora de enfermeiras àescola que a Fundação Otávio Mangabeiraentregava à Secretaria de Educação e ao povocarioca. Lacerda recorda, mais uma vez, aescolha de nomes dignos de figurar nas fachadasdas escolas da Guanabara. Nomes capazes deinspirar a infância e de servir de exemplo eestímulo para as mestras que nas escolas iriamlecionar. Ele afiança que não se quis homenagearapenas uma pessoa, mas uma carreira; nãosomente uma carreira, mas uma vocação; e nãoapenas uma vocação, mas uma alta, uma nobre,uma sagrada missão. Comenta que os serviços deenfermagem no estado da Guanabaraencontravam-se destroçados, estavam muitoabaixo das necessidades mínimas da suapopulação. Explica que no estado sempre se tinhaencontrado verbas para obras novas, mas poucasvezes para manter e desenvolver as existentes.Exalta a Fundação Otávio Mangabeira e suainiciativa ante a máquina engessada do estadoque, burocraticamente, impedia que obras fossempostas em prática. Acrescenta que, naquele ano,graças às 60 inaugurações das escolas previstas,o princípio de escola primária gratuita e

Page 248: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

obrigatória para todas as crianças pela primeiravez seria cumprido no Brasil. Ele dá graças àsmestras e administradores do sistema escolar daGuanabara. Carlos Lacerda se diz convencido deque não poderia haver democracia onde o povonão tivesse como aprendê-la, e o povo sóaprendia a ser democrata e a usar a liberdadecom responsabilidade na escola. Ressalta que nãosabia como se podia falar em democracia e, aomesmo tempo, prender as verbas públicas paraconstrução de escolas, ou diminuir as verbasnecessárias à expansão do sistema educacional.Ele fala sobre a missão econômica alemã, quedela esperava obter o financiamento para arecuperação, reabilitação, reconstrução eexpansão da rede hospitalar da Guanabara.Menciona a recuperação do pavilhão do hospitalGetúlio Vargas, que estava caindo aos pedaços,em quase trinta anos de existência; do pavilhãodo hospital Souza Aguiar, do hospital MiguelCouto, a formação das unidades sanitárias mistas,a exemplo da que fora feita no ano anterior emBangu; a formação de enfermeiras; a criação decentros de saúde, não apenas nominais, parajustificar a folha de pagamento, como tantos dosque existiam com filas imensas em suas portas einstalados em pardieiros que caiam aos pedaços acada dia. Carlos Lacerda refere-se a uma redehospitalar autêntica, fundada no trabalho técnicoe consciencioso das enfermeiras diplomadas;num salário adequado aos serventes e atendentes,em vez da exploração desumana do que era ochamado ‘trabalho do gandula’. Tudo isso,segundo Lacerda, exigia que houvesse impostoscomo os que existiam, sem exageros. Diz queninguém na cidade se recusava a pagar impostospara que os hospitais funcionassem, para que asenfermeiras trabalhassem, para que as escolas seabrissem, para que as mestras recebessem aquiloa que tinham direito pelo seu trabalho. Lacerdadiz que não havia nada mais antipatriótico, nadamais demagógico do que pretender tirar osimpostos dos que tinham casa própria e negar odireito aos que não a possuíam.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.092

Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração da Escola RodolfoGarcia, em Vaz Lobo

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola Debret,em Vila Valqueire.

1.3 Faixa 3 Continuação da Fita Anterior

1.4 Faixa 4

F1: 23:59minF2: 09:23minF3: 08:26minF4: 13:36minF5: 11:37min

F1:23/08/1962F2: 27/08/1962F3: 27/08/1962F4: 27/08/1962F5: 27/08/1962

Faixa 1Inauguração da Escola Rodolfo Garcia, em VazLoboSobre o patrono da escola, Lacerda salienta quepoucas seriam as palavras, pois após o discursodo representante da família do patrono não haviamuito o que se falar sobre Rodolfo Garcia.Adianta que embora não tivesse tido a honra deconviver com ele, tinha o raro privilégio deconviver com duas criações suas, com duas obrassuas: a família e os livros. Ele exalta a figura deRodolfo Garcia em sua atividade de historiador.Destaca que, ao que parece, foi ele, junto comCapistrano de Abreu e outros - todos patronos deescolas públicas na Guanabara, , “ um desseshistoriadores que criam parecendo apenas

Page 249: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Inauguração da Escola Nicolaude Taunay, em Del Castilho

1.5 Faixa 5Inauguração da Escola Evaristoda Veiga

2. Temas

2.1 Faixa 1Elogios ao patrono, nomeeducativo da escola , uma sala deaula por dia, reconstrução deescolas, escolas novas, FundaçãoOtávio Mangabeira, eliminaçãodo terceiro turno, semiescraidãodo salário mínimo, elogios aosecretário de Saúde, eleiçõesAssembleia Legislativa, rede deensino secundário público egratuito, crítica à concessão detítulos de cidadão carioca, votoem homens dignos

2.2 Faixa 2Nome educativo da escola,exaltação do patrono, ato defazer escolas não significademocracia

2.3 Faixa 3Eleições na AssembleiaLegislativa, boa Assembleia,deputados que não precisassemser comprados, máquinaadministrativa engessada,

2.4 Faixa 4Estatísticas educacionais,impostos, dedicação domagistério, escola para todos,obra da água, questão da saúde,patrono das escolas, exaltação aopatrono

2.5 Faixa 5Obra da democracia, o“demolidor”, impostos para fazerescolas, exaltação ao patrono ,independência X escravidão

acentuar a criação dos outros”. Carlos Lacerdafala do critério de escolha dos nomes para asescolas da Guanabara, salientando que fazia partedo processo educativo da criança. Lamenta o fatoque estava ocorrendo de as escolas da Guanabaraestarem se transformando em números, sendoidentificadas por um número. Justifica tal práticaexercida pelas professoras do estado dizendo queelas se ‘refugiavam’ no número das escolas pornão terem o que dizer sobre os patronos dasmesmas, pois eram nomes escolhidos entre osparentes dos poderosos do momento. CarlosLacerda elogia um dado de seu governo que eleainda não tinha visto nos jornais: o fato de emapenas um ano e meio seu governo ter construídouma sala de aula por dia, ou seja, mais de 400salas de aula com as inaugurações de escolas naGuanabara pelo Departamento de Prédios eMelhoramentos, mais pelo menos 100 salas emfuncionamento doadas ao estado pela FundaçãoOtávio Mangabeira. Ele também refere-se ao‘agradável trabalho’ de reconstruir o que estavaem ruínas, evidenciando que eram 135 escolassendo restauradas e que estavam ‘quase caindo’.Conta Lacerda que seu governo encontrava-senum tríplice programa de trabalho em matéria deescola primária: construção de novas, sendo queaté o fim do ano corrente 40 delas seriam abertassó pela Fundação Otávio Mangabeira, fora as dopróprio estado; restauração da rede escolar doestado; e eliminação do terceiro turno. Ele dizesperar que, em 1963, seu governo conseguisseacabar com o terceiro turno na Guanabara e, aomesmo tempo, pudesse incorporar todas ascrianças a partir de 6 anos, e não mais apenas apartir de 7. Prevê Carlos Lacerda que, em 1963,e, sobretudo, em 1964, seria posto em prática oprograma de ampliação de mais dois anos nocurso primário, para uma preparação melhor parao trabalho e para a vida. E sobre o ginásio, dizque o secretário de Educação, Flexa Ribeiro,esperava no ano corrente inaugurar 5 novos. Elefala do plano de tornar o estado da Guanabarapioneiro na instalação de uma rede de ensinosecundário público e gratuito, tendo em vistapreparar jovens trabalhadores para a indústria,para o comércio e para as atividades produtivas.Não seria apenas um ensino secundário parapreparar apenas futuros ‘bacharéis’ e ‘latinistas’.Ele fala da importância de se formar umajuventude trabalhadora com condições de escaparà semiescravidão do salário mínimo, para ganharmais, produzir mais, trazer mais dinheiro,conforto, bem-estar para sua família e poderformar o seu lar com mais tranquilidade esegurança sobre o seu futuro. Carlos Lacerdaenaltece o trabalho do secretário de Saúde doEstado da Guanabara, Marcelo Garcia, filho dopatrono da escola, Rodolfo Garcia. Diz que comonão escolhe o nome de pessoas vivas, escolher o

Page 250: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

nome de Rodolfo Garcia era uma forma dehomenagear também seu filho, cujo trabalhotinha sua importância reconhecida pelogovernador. Por último, ele agradece a presençade todos e fala das eleições na AssembleiaLegislativa do Estado da Guanabara, queestavam próximas. Diz que não desejava fazercampanha eleitoral na cerimônia de inauguraçãode uma escola, mas considerando que tinha odever de defender a cidade que o povo lheentregara para governar, pede ao povo que nãoelegesse gatuno ou demagogo, homens quedeviam fazer leis e não sabiam como fazê-las.Carlos Lacerda critica a atuação da AssembleiaLegislativa do Estado da Guanabara. Salvoalguns deputados, ele acha que a maioriapreocupava-se apenas em conceder títulos decidadão carioca. Diz que o governo precisava deleis para governar e que por isso que ele pedia aopovo que votasse em quem queria trabalhar, quenão votasse em ladrão, em gente que não sabia oque fazer ou porque fazer, em gente que por ódioao governador ou ódio ideológico a quem querque fosse, viesse a privar o povo das leis de queele precisava para ser governado. Ele diz nãoquerer uma Assembleia com homensincondicionais para com o governo e de amigospessoais dele, apenas ele queria uma Assembleiaformada por homens dignos, por homenscapazes.

Faixa 2Inauguração da Escola Debret, em Vila ValqueireCarlos Lacerda exalta a figura do patrono daescola e fala sobre a importância da escolha donome para as escolas da Guanabara como partedo processo educativo da criança. Diz que oprograma de escolas prosseguia e não se limitavaà escola primária. Afiança que até o fim daqueleano quarenta novas escolas primárias seriaminauguradas na Guanabara, e cinco novosginásios. Acredita Lacerda que tal programadecorria de uma convicção e resultava de umafirme determinação. Afirma que desejava umpovo livre, consciente, um grande povo para umagrande nação, pois nada que não fosse grandeserviria para a nação em que nascemos.Acrescenta que era na escola que o sujeitoaprendia o valor da liberdade, na escolademocrática, diga-se de passagem, pois Lacerdadiz que nos países totalitários também se faziamescolas e que o simples fato de fazer escola nãosignificava que se estava construindodemocracia. Era preciso que se abrissem escolascom professoras que vivessem democraticamentea sua missão. A escola democrática para Lacerdaera a escola em que o estado não mandava asprofessoras automatizadas ensinar só aquilo queconvinha ao estado, ou ao governo do estado, ouao partido que dominava o governo do estado.

Page 251: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Faixa 3Continuação da Fita AnteriorInauguração da Escola Debret, em VilaValqueire.Carlos Lacerda fala da proximidade das eleiçõesna Assembleia Legislativa do Estado daGuanabara e da importância da escolha dedeputados que não precisassem ser ‘comprados’para fazer leis, pois Lacerda diz que preferiafracassar em seu governo a ter que gastardinheiro do povo para comprar deputado, apenasporque precisava de uma determinada lei emvigor. Ele cita, por exemplo, o caso da lei decriação das Administrações Regionais que tinhasido solicitada à Câmara há mais de um ano, eencontra-se engavetada sob a alegação de falta detempo para votá-la. Lacerda diz que issoengessava a máquina administrativa do estado, eos reformadores que pregavam reformas e maisreformas não se preocupavam com isso. Eleacrescenta que se o povo desejava que asmudanças em marcha permanecessem, sedesejava, por exemplo, que o que foi feito com asescolas fosse feito também com os hospitais daGuanabara, votassem certo, dando-lhe uma boaAssembleia. Ele sustenta que não desejava fazerda cerimônia de inauguração de uma escola umdiscurso eleitoral.

Faixa 4Inauguração da Escola Nicolau de Taunay, emDel Castilho.Carlos Lacerda comunica ser aquela a quintainauguração do dia, na Guanabara. Ele fala doesforço e do resultado do trabalho incessantefeito no âmbito da educação no estado. Exalta oaumento de matrículas: 52% no ensino primárioe 98% no secundário. Considera que talresultado não se conseguia por acaso, e sim pelasoma de três parcelas: a boa vontade do povo, asua disposição em trabalhar e pagar dignamenteos seus impostos, para com esse dinheiro fazerescolas; a admirável dedicação do magistério daGuanabara; a disposição firme e inabalável deexercer com honra o mandato sem olhar quemtinha votado a favor e quem tinha votado contra,pois todos eram a favor de uma coisa: escola paratodos. Por isso ele fala da importância daescolha de homens sérios e trabalhadores naseleições de 07 de outubro daquele ano, paraeleger os deputados da Assembleia Legislativado Estado da Guanabara, para que o trabalhopudesse continuar. Ele acredita que havia muitoque fazer na Guanabara ainda. E relata que a obrada água estava caminhando, e em dois anos seriaconcretizada; mas a dos hospitais... Reconheceque os hospitais da Guanabara estavam ‘caindoaos pedaços’. Ressalta que não conseguira ainda‘pôr as mãos neles’, pois a ALEG (Assembleia

Page 252: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Legislativa do Estado da Guanabara) até entãonão tinha votado a lei que dava autonomia aoshospitais da Guanabara. Sobre o nome da escola,ele sustenta que em seu governo ninguém veria onome de algum parente ou familiar seu nofrontão de uma escola. Ou mesmo o seu próprionome, algo que ele desejava que fosse feitoquando ele estivesse já ‘aspirando uma vaga noReino de Deus’, pois para ele não havia honramaior do que ter seu nome no frontão de umaescola. Afirma não querer a glória fácil dospoderosos do dia, e querer para as escolas nomescomo o de Nicolau Taunay. Ele, então, exalta afigura do patrono da escola.

Faixa 5Inauguração da Escola Evaristo da Veiga,Carlos Lacerda destaca que, naquele momento,estava evidente para o povo, com a obra entãoinaugurada, mais eloquente do que qualquerdiscurso que ele pudesse fazer, o contraste: o quefoi encontrado e o que se estava fazendo! Mas,reconhece que não fora feita ainda a obracompleta, porque faltava demolir o antigo parase prolongar a nova escola até à frente. Consideraque era assim uma obra de governo, uma obra dedemocracia, como qualquer obra humana:primeiro ia-se construindo o que era possível;depois, se ia demolindo o que não servia mais,para que em seu lugar pudesse ser construídaalguma coisa nova, útil e boa. Lacerda reconheceque passou boa parte de sua vida demolindo, epor isso mesmo foi acusado de ‘demolidor’. Atéque o povo da Guanabara lhe deu a oportunidadede ser o seu primeiro governador eleito,chegando então a hora de construir. Lacerda dizque a velha escola Evaristo da Veiga tinha sidouma preocupação de todos os envolvidos nareforma do aparelhamento educacional do estadoda Guanabara, da professora Terezinha Saraiva,do diretor de ensino primário, do diretor dePrédios e Aparelhamentos e do secretário deEducação. Diz que tinha sido com o apoio dealguns deputados que se tinha tornado possívelobter créditos tirados do dinheiro dos impostosque o povo pagava para fazer as escolas. Sobre opatrono da escola ele exalta a figura de Evaristoda Veiga, a quem considera “um jornalista dosmais bravos e mais lúcidos”. Diz que ele foi umdos paladinos da Independência e, sobretudo, daluta para que a Independência não fosse tomadadas mãos do povo, daqueles que tinham, sempre,a palavra Independência na boca e a palavraescravidão no coração.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.093

1. Assunto

1.1 Faixa 1Continuação da Faixa 5, da Fita

F1: 10:38minF2: 21:34minF3: 12:32minF4: :13:19min

F1: 27/08/1962F2: 27/08/1962F3: 30/08/1962F4: 30/08/1962

Faixa 1Continuação da Faixa 5, da Fita 92Inauguração da Escola Evaristo da Veiga CarlosLacerda diz que queria cobrar do povo – pois eraseu dever cobrar do povo – um voto justo, umvoto livre e limpo de sentimentos subalternos;

Page 253: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

92 Inauguração da Escola Evaristoda Veiga

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola Viscondede Porto Seguro, em marechalHermes

1.3 Faixa 3Inauguração da Escola JúlioMesquita, em Bangu

1.4 Faixa 4Inauguração da Escola NovaHolanda, em Bonsucesso

2. Temas

2.1 Faixa 1Voto para a defesa das escolas,crítica à concessão do título decidadão carioca, Assembleia degente séria, venda de votos, boaAssembleia

2.2 Faixa 2Futuro senador daGuanabara,Juraci Magalhães,problema das favelas, bairroprojetado, estilo campo deconcentração, soluções naSulacap

2.3 Faixa 3Bangu, coração da vidaproletária, redenção educacional,democracia, processo educativo,elogios ao Estadão, cita O Globoe o Correio do Povo, JúlioMesquita, educador dademocracia, jornais de família,combate ao comunismo

2.4 Faixa 4Mordida de cachorro, campanhade vacinação, uma sala d aula pordia, elogio ao magistério,mentiras da campanha eleitoral,eleições para a Assembleia,remoção da favela do Esqueleto,avenida Radial Oste, enchentesna praça da Bandeira, SURSAN,casas populares, Nova Holanda,elogio ao povo holandês

um voto pelas suas crianças e para defender assuas escolas, um voto para que não continuassema negar ao estado as leis a que o povo tinhadireito, leis que ele, o povo, pagava para seremvotadas pelos deputados, e que, portanto, tinhamque ser votadas, porque para isso o povo elegia odeputado, “e não apenas para votar moções decensura ou de aplauso, nem dar título de cidadãocarioca a quanto cavalheiro por aqui aparece!”Ele sustenta que era preciso que a ALEG(Assembleia Legislativa do Estado daGuanabara) não reproduzisse “nem por seushomens, nem por seus métodos a triste, defunta,mas nunca assaz esquecida Câmara deVereadores;” continua, afirmando que era precisoque a Assembleia do Estado da Guanabara fosseuma assembleia de gente séria, de gente quetomasse “a sério os seus deveres e a suasresponsabilidades perante às mães, os pais e ascrianças da nossa cidade”. Carlos Lacerda pedeao povo que não votasse nos deputados pelos queeles prometiam, mas sim pelo que eles eram.Solicita que votassem em homens honrados,fiéis, capazes. E completa: “Não me mandempara a Assembleia homens que deviam estarentrando nesta escola e não na Assembleia, poisa Assembleia não é o lugar de ensinar a ler aninguém!” Lacerda pede que o povo tivesse ocuidado de não mandar à Assembleia deputadosque vendiam votos, pois ele ficava sem o voto, opovo sem as escolas e o deputado sem o dinheiro,porque uma coisa que ele não fazia era comprarvoto de deputado. Prevê Lacerda que ou o estadoda Guanabara conquistaria uma boa Assembleiaou as dificuldades seriam ainda maiores.

Faixa 2Inauguração da Escola Visconde de PortoSeguro, em Marechal HermesCarlos Lacerda fala que, sem nenhum favor oudesejo de fazer lisonja, o Jardim Sulacap era umdos bairros “mais simpáticos, mais acolhedores emais progressistas do Rio de Janeiro”. No meiodo discurso de Carlos Lacerda chega ao local ogovernador da Bahia e então futuro senador daGuanabara, Juraci Magalhães, arrancandoaplausos dos presentes. Lacerda interrompe seudiscurso e fala: “Parece que todos ou quase todosreconheceram o governador da Bahia e futurosenador da Guanabara, Juraci Magalhães”. Sobreo bairro da Aliança, em Bangu, conta que foi oprimeiro bairro projetado para resolução doproblema das favelas. Lacerda confessa que nasolução ali adotada ele se lembrou muito dasolução do bairro Sulacap. Explica que buscouevitar o que ele denominou de ‘estilopenitenciário’, ‘estilo campo de concentração’.Afirma que uma das coisas mais importantes dademocracia era não desumanizar o homem, erafazer com que a família pudesse viver, morar, e

Page 254: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

conviver, o que estava desaparecendo nosimensos arranha-céus, nas ‘imensas gavetas’,segundo sua acepção. Comenta que o bairroSulacap era um ponto de referência naGuanabara de como era possível organizar apopulação com seus próprios recursos e, atravésda iniciativa privada, chegar às soluções felizes,como a que a Sulacap tinha adotado.

Faixa 3Cerimônia de Inauguração da Escola JúlioMesquita, em BanguO bairro de Bangu é considerado por Lacerda o‘coração da vida proletária carioca’. Diz que jáesta se constituindo rotina a abertura de escolasna Guanabara, e não havia porque senãoconsiderá-la assim, pois abrir escolas não se erafavor nem acontecimento digno de maiorretumbância, senão num país em que de 14milhões de crianças em idade escolar primáriaapenas 7 milhões tinham acesso à escola.Comenta que a Guanabara caminhava para acompleta redenção educacional do povo carioca.Portanto, caminhava para uma função pioneira naevolução democrática do Brasil. Carlos Lacerdaexalta a priorização da funcionalidade da escolaem detrimento do aspecto suntuoso. Diz que asescolas da Guanabara eram a expressão dahumildade de seu povo. E que por isso, aquelesque se habituaram a palácios apenas nas pedrasfundamentais nunca prosseguidas, chamam taisescolas de ‘barracões de zinco’. Lacerdaresponde: “Pois que o fossem! Acredito que se opaís se povoasse de barracões de zinco comoeste, de zinco e de alumínio, mas povoados poralmas e por consciências lucidamentecompenetradas do seu dever, nós teríamos jáaquilo que ainda não temos: uma verdadeirademocracia no Brasil!” Fala da importância daescolha do patrono para as escolas da Guanabara,que fazia parte também do processo educativo dacriança. Exalta a obra do patrono da escola, JúlioMesquita, realizada a partir de São Paulo, que foio jornal O Estado de São Paulo, que Lacerdaconsiderava, assim como o ‘admirável’ O Globo,da família Marinho (Roberto Marinho estavapresente à cerimônia) e o grande jornal do RioGrande do Sul, o Correio do Povo, da famíliaCaldas, mais que um patrimônio de um clã, maisdo que propriedade de uma família. SegundoLacerda, o Estadão era referência pela segurançacom que a família o conduzia, pela firmeza comque ela se compenetrava da sua missão nacional,da sua responsabilidade nacional, estando àfrente de um dos maiores jornais do mundo, umaindispensável e indestrutível instituição nacional.Acrescenta que feliz era o homem cuja obraprosseguira em seus filhos, sem quebra decontinuidade, nem receio de incompreensão.Chama Júlio Mesquita de ‘educador da

Page 255: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

democracia brasileira’. Em referência direta aocombate ao Comunismo, Lacerda concluidizendo que tinha orgulho de conduzir um povolivre, um povo disposto a lutar pela sualiberdade, um povo em cuja casa o Comunismonão entrava, em cuja casa não desertava o amor,a vida livre, limpa e digna e que contava comhomens probos como Júlio Mesquita

Faixa 4Inauguração da Escola Nova Holanda, emBonsucessoCarlos Lacerda começa o discurso de forma bemhumorada, explicando às crianças presentes, queele julgava estarem curiosas, o porquê de umcurativo em sua mão. Ele disse ter sido mordidopelo seu cachorro. Aproveitou a ocasião parafazer campanha de vacinação dos animais, poisdiz que a vantagem de se ter um animal vacinadoera que, caso ele viesse a morder, quem teriatomado injeção era ele – antes -, e não o dono,depois. Diz que a escola a ser inaugurada erafruto de um devotamento insuperável de OtávioBorghetti e seus companheiros, e da exemplardedicação do magistério da Guanabara, tornadapossível no novo bairro da Nova Holanda. CarlosLacerda exalta seu governo, mencionando quetinha feito uma sala de aula por dia, naGuanabara. E ele acrescenta que se tratava deuma resposta àqueles que diziam que se fosseeleito ele iria acabar com a escola pública.Agradece a Deus pelo fato de muita gente não teracreditado nesta história e o resultado erajustamente o que então se via. Ele alerta o povopara as mentiras da campanha eleitoral. Diz nãoquerer transformar o discurso da cerimônia deinauguração de uma escola em comício político-eleitoral, mas pede ao povo que desse o voto paraos candidatos a deputados da ALEG (AssembleiaLegislativa do Estado da Guanabara), emeleições que seriam realizadas naquele ano, nodia 07 de outubro. Mas que o dessem para os queeram tão honrados quanto o próprio povo, aosinteressados em ter escola, hospital e casa tantoquanto o próprio povo, e não gente que queria sereleita para enriquecer à custa do povo, fazerpromessa na véspera da eleição e esquecer depagá-la no dia seguinte. Comenta que era comimenso prazer que entregava a escola ao bairroque era o ‘filho mais sofrido’, o ‘primeiro filho’do seu governo. Conta que foi justamente nolocal, ainda sem dinheiro, ainda sem saber ondeia arrumar o dinheiro, que eles conseguiram aprimeira, modesta, mas séria e honesta, tentativade atender ao problema que tanto afligia a quase1 milhão de cariocas que moravam nas favelas doRio de Janeiro. Explica que tudo tinha começadocom a necessidade de remoção da favela doEsqueleto, por conta da abertura da avenidaRadial Oeste, para solucionar o problema das

Page 256: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

enchentes da praça da Bandeira, com a aplicaçãodo dinheiro da SURSAN (Superintendência deUrbanização e Saneamento) na construção decasas para os moradores da favela então a serremovida. Lacerda diz que foi preciso vencerintriga, vencer incompreensão, pois não poucospensavam que se ia entrar com tratoresmigalhando as casas dos moradores. Mas,Lacerda relata que foram os próprios moradoresda favela do Esqueleto que ajudaram o governo aresolver o problema. Comenta que a NovaHolanda era, talvez, o mais modesto dos projetosde bairros novos, em que se havia de transformara série de favelas do Rio de Janeiro. Explica queainda era feito de madeira, mas tinha a seu favorcoisas consideradas extraordinárias: não era ummangue, não era um atoleiro, não era um brejo,tinha sido drenado e aterrado; tinha água, esgoto,luz, escola, rua, portanto, tinha melhor condiçãode saúde, de trabalho de moradia e de alegria, deacordo com o governador. Fala que o nome daescola era o mesmo nome do bairro, não por faltade criatividade, mas sim para exaltar o feito deum grande povo na sua pequena terra – aHolanda -, que secando e drenando o mar, neleplantou suas casas e suas lavouras, tirando doque era fundo do oceano vacas de leite,morangos e trigo para comer.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.0941.Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração da Escola OsvaldoAranha, em Rocha Miranda

1.2 Faixa 2Inauguração do Ginásio EstadualPedro Álvares Cabral, emCopacabana

1.3 Faixa 3Continuação da Fita Anterior.Inauguração do Ginásio EstadualPedro Álvares Cabral, emCopacabana

1.4 Faixa 4Inauguração do Ginásio José doPatrocínio, em Irajá.

2. Temas

2.1 Faixa 1Abertura de escolas, véspera deeleição, maioria na AssembleiaLegislativa, intervenção federal,referência ao patrono, vontade damaioria, patrimônio cívico emoral, líder do Brasil, nazismo,

F1: 12:12:minF2: 15:37minF3: 12:04minF4: 15:04min

F1: 21/05/1962F2: 01/10/1961F3: 01/10/1962F4: 03/10/1962

Faixa 1 Inauguração da Escola Osvaldo Aranha, RochaMirandaCarlos Lacerda diz que se trata de mais umaescola das 10 que o governo tinha aberto nos diasanteriores, fora os três ginásios públicos que atéantes do dia 07 daquele mês, data das eleições daALEG ( Assembleia Legislativa do estado daGuanabara), seriam abertos. Mas, queria queficasse bem claro que não estava abrindo escolaapenas porque era véspera de eleição. Conta quena semana seguinte à eleição mais duas ou trêsseriam abertas também. Ele adverte o povo quese queriam que a obra de inauguração de escolasna Guanabara continuasse, que dessem a elemaioria na Assembleia Legislativa do Estado daGuanabara, pois não seria possível continuar umaobra construtiva quando havia na Assembleiadeputados que pediam a intervenção federal noseu estado, que pediam tropa federal para vir aoseu estado para interromper a paz, a alegria, aliberdade com que o povo carioca se preparavapra exercer o seu direito. Por ultimo, Lacerdamanifesta o desejo de fazer uma referência aopatrono da escola. Discorre sobre suasdivergências com Osvaldo Aranha, mas se dizhonrado e satisfeito com a nomeação da escolacom o seu nome. E, acrescenta ele, fazia-o portrês motivos: porque tinha a certeza de que opovo apoiava este nome para uma escola; porqueo dever de um governante era sobrepor-se aqualquer sentimento pessoal que acaso existisse,

Page 257: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

democracia, aliados, liberdade Xescravidão, comunismo

2.2 Faixa 2Recursos de Brasília, elogios aopatrono, falta de terrenos paraconstrução de escolas, escolas emCopacabana, ginásio público naZona Sul, educação liberal,crítica à excessiva especialização,investimentos e retornos naeducação, Plano Nacional deEducação

2.3 Faixa 3Escolha do vice-governador,fidelidade a um programa, grandevoz nacional, indenização pelamudança da capital, elogios aLopo Coelho e a JuraciMagalhães, projetos não votados,Fundo Estadual da Educação,hospitais transformados emautarquias, críticas à concessãodo título de cidadão, carioca,ginásio em Copacabana,professorado classe nervosa,salário

Faixa 4Departamento de Prédios eAparelhamento Escolares,campanha para Lopo Coelho,feitos do governo na área daeducação, eleições para a ALEG,Revolução de 1930, voto secretoe feminino, sindicato dostrabalhadores, pelegos,comunistas, Juraci Magalhães,futuro senador, elogios aopatrono

pois o seu dever era atender ao que considerava avontade da maioria do povo que representava; eporque entendia que a morte era o grandemomento, era o instante decisivo e que aos quesobreviveram importava separar tudo aquilo quefora contingente, que fora passageiro na vida doshomens públicos, para consolidar e receber aherança do seu patrimônio cívico e moral, e essaherança em Osvaldo Aranha era muito grande.Salienta que Osvaldo Aranha se redimira dequaisquer erros que por acaso tivesse cometidoem sua vida pública, ao se tornar um verdadeirolíder do Brasil num momento em que a pátriaameaçava descambar para o lado totalitário dosnazistas, comandando o povo brasileiro paralevá-lo para o lado da democracia e dos aliados,ou seja, ressalta, para o lado da honra e daliberdade do povo. Carlos Lacerda compara asituação do Brasil da década de 1960 com a de1940. Diz que o país estava frente à escolha entreliberdade e escravidão novamente, e o que ontemse chamava nazismo, no momento em que elefalava chamava-se comunismo. Acrescenta que aescolha do nome de Osvaldo Aranharepresentava a homenagem ao homem que nomomento culminante da sua vida e da vida danossa terra teve a coragem de escolher, eescolhera com bravura e determinação, entre aescravidão e a liberdade, ele tinha apontado aopovo brasileiro o caminho da liberdade.Faixa 2Inauguração do Ginásio Estadual Pedro ÁlvaresCabral, em CopacabanaCarlos Lacerda justifica a ausência, na cerimônia,do secretário de Educação, professor FlexaRibeiro. Diz que ele tinha faltado à cerimônia porconta do cumprimento de um dever ainda maisalto: o de cobrar em Brasília cerca de 500milhões de cruzeiros que o governo federal deviaà Guanabara para fazer mais escolas. Explica quea construção da escola tinha sido iniciada nogoverno de seu antecessor, Sete Câmara, mas quecoubera a ele o mérito de terminar. Diz que umatabuleta informava que o prédio então construídodestinava-se a ser uma escola primária, com onome do antigo presidente de Minas Gerais (notempo em que os governadores eram chamadosde presidente) João Pinheiro. Lacerda mencionaque embora tivesse o mais alto respeito e a maioradmiração, além dos vínculos de profundaamizade que o ligavam a muitos dos membros dafamília de João Pinheiro - pois conta que foi nacasa de um dos filhos dele, Paulo Pinheiro, narua Paula Freitas, que ele se tinha refugiadoescapando da da polícia quando lutava pelaliberdade no Brasil - , já havia uma escolaprimária com o nome de João Pinheiro, demaneira que não poderia haver duplicata. Daí amudança no nome. Salienta que tinha sidodecidido também que seria construído um

Page 258: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

ginásio. Lacerda conta que havia uma superstiçãode que entre a ponta do Leme e o Forte deCopacabana não havia terreno para a construçãode escolas. Ele diz que aceitou o desafio demostrar o contrário e cita a escola construída noLeme, a conclusão da que estava sendo entãoinaugurada e, entre o fim do ano corrente e oprimeiro semestre do ano seguinte, anuncia ainauguração de mais duas escolas primárias emCopacabana: a escola Penedo, na rua FranciscoOtaviano, e a escola dos 18 do Forte, junto aoForte de Copacabana, no posto 6. Acredita que arazão pela qual tinha sido feito um ginásio eraobvia, porque faltava na Zona Sul um ginásiopúblico. Carlos Lacerda exalta a atuação de FlexaRibeiro na Secretaria de Educação, pois abrindoginásios públicos ele calava a boca daqueles queo caluniavam. Discorre sobre a educação que seugoverno pretendia implementar na Guanabara, aeducação liberal, a educação que formavahomens livres, a educação para o uso conscientee responsável da liberdade, a educação querepelia o conceito que a certa altura ia afundandoa educação moderna no mundo da excessivaespecialização, chegando-se a definir oespecialista como o homem que entendia cadavez mais de coisas cada vez menores. Acrescentaque a finalidade dos ginásios na Guanabara eraformar jovens – moças e rapazes - com uma basede educação liberal, isto é, educação comresponsabilidade, consciência e lucidez para queele se preparasse para qualquer carreira, qualquerprofissão – manual ou intelectual -, de modo quenunca um jovem pudesse ser transformado numautômato, nunca pudesse o Estado, ou umpartido, ou um caudilho, ou um ditador sobrepor-se à massa da juventude da sua pátria, e que ela,sim, deveria conduzir sua pátria em vez de serpor tais condutores conduzida. E brada: “Esta é aeducação que nós devemos ter em vista!” Ele falasobre os investimentos em educação a seremfeitos e os possíveis retornos, como o aumento daprodutividade brasileira pelo melhor uso dosinstrumentos, dos implementos e dasferramentas. Discorre sobre a Lei de Diretrizes eBases da Educação Nacional. Diz que afinal,depois de anos de boicote, conseguiu ser votadano Congresso, constituindo a base para o PlanoNacional de Educação. Carlos Lacerda informaque se congratularia com o governo da Repúblicase o Plano Nacional de Educação se mostrassebom, e, sendo bom, fosse posto em prática. Mas,acredita que não seria, mas também não esperavaque não viesse a ser mais uma promessa devéspera de eleição. Em todo o caso, ele se dizaliviado com o fato de a Guanabara estarcumprindo com o seu dever, uma vez que nãoacreditava em democracia num país cujo povonão podia educar seus filhos para a liberdade.Diz Lacerda que não desejava fazer da cerimônia

Page 259: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

de inauguração da escola um comício político,mas sim o que ela era de fato, um ato cívico, umchamamento à consciência cívica da populaçãode Copacabana, às vésperas de um ato decisivopara a formação e redenção do nosso país.

Faixa 3Continuação da Fita AnteriorInauguração do Ginásio Estadual Pedro ÁlvaresCabral, em CopacabanaCarlos Lacerda fala da importância da escolha deum vice-governador aliado, que se preocupassecom a obra que estava sendo feita pelo governo,e não um vice-governador que viesse a destruí-lae desagregá-la. Diz que o vice-governador nãopoderia ser escolhido apenas pelos laços deamizade, tampouco pelos da vinculaçãopartidária, mas sim pela mesma compreensão dasresponsabilidades de seu governo, pela fidelidadea um programa comum de trabalho e dereconstrução da cidade do Rio de Janeiro.Sustenta Lacerda que a Guanabara precisava terem Brasília uma ‘grande voz nacional’, para quenão ocorresse o que tinha ocorrido em 1960 e1961, algo que pouca gente sabia; em 1960,quando apressadamente fizeram a mudança dacapital para Brasília, o presidente da República eo Congresso, à guisa de indenização, resolveramdar à Guanabara 3 bilhões de Cruzeiros para suasobras como, por exemplo, a obra da água, quecustaria 1 bilhão desses 3. Acrescenta que aGuanabara estava desprotegida por falta de umagrande ´voz nacional´ no Senado Federal.Comenta que, naquele momento, um dos queeram candidatos a Senador pela Guanabara foraum dos que se levantaram na Câmara dosDeputados para protestar e votar contra a entregados 3 bilhões de Cruzeiros à Guanabara. Eleagradece a presença do deputado, presidente daALEG (Assembleia Legislativa do Estado daGuanabara), Lopo Coelho, e do governador daBahia, Juraci Magalhães, a quem ele comentaque só não chamava de senador porque dependiado povo a sua eleição. Lacerda discorre sobre adificuldade que vinha enfrentando para por emprática os projetos de seu governo. Fala sobre osprojetos que não tinham sido votados ainda,como o Fundo Estadual de Educação, e que, em1963, seria preciso que os hospitais daGuanabara virassem autarquias, para que fossefeito com os hospitais o que tinha sido feito comas escolas. Assegura que fazia parte de umgoverno que queria governar somente dentro dalei, mas que, para governar dentro da lei, erapreciso que a lei existisse, e para que elaexistisse, era preciso que os deputados sedispusessem a fazê-las e não apenas dar votos de“cidadão carioca”, de “congratulações” e outras‘perfumarias’, que não resolviam o problema deninguém. Lacerda salienta que Copacabana

Page 260: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

precisava de um ginásio também porque dos quelá moravam nem todos eram ricos, nem todostinham condição de pagar um ensino cada diamais caro. Acrescenta que eram milhares oselementos da classe média e os trabalhadores dassuas favelas. Ele desejava dizer às professoraspresentes - que para ele era ‘classe nervosa’,‘classe difícil’, porque acreditava em boato emuito traumatizada por toda sorte de disse-me-disse -, mas sem assumir um compromisso, poiscompromisso era coisa séria, que esperava entrarno ano de 1963 com um melhor nível devencimentos para o professorado público daGuanabara.

Faixa 4Inauguração do Ginásio José do Patrocínio, emIrajá.Carlos Lacerda informa que o ginásio tinha sidoconstruído pelo Departamento de Prédios eAparelhamentos Escolares da Secretaria deEducação, com 12 salas, abrigando em 3 turnos,para melhor aproveitar o prédio, 1200 alunos.Diz que se tratava do terceiro ginásio inauguradonaquele mês, sendo que haveria ainda mais dois:o Tomé de Sousa, no dia seguinte; e no dia 30, oCharles Dickens, em Campo Grande,inauguração esta que Lacerda esperava que fossefeita pelo deputado Lopo Coelho, na condição defuturo vice-governador da Guanabara, se o povoassim o quisesse. Ele exalta os feitos de seugoverno na área da educação, apesar de poucosmeses de mandato. Comenta que não sabia o queera feito pelos governos anteriores, mas de umacoisa ele tinha certeza: escola não era! E gaba-secom o fato de ser com tal credencial, a deconstrutor de escolas, que ele e seuscompanheiros de governo chegavam a Irajá parapedir ao povo que votasse certo nas eleições daALEG (Assembleia Legislativa do Estado daGuanabara), que seriam realizadas no dia 07daquele mês, para que ele pudesse ter umaCâmara que trabalhasse e permitisse que ogoverno trabalhasse também, contribuindo paraque se continuasse a construir escolas. Lacerdamenciona que durante anos falara-se que a cidadedo Rio de Janeiro era uma cidade ingovernável,com problemas sem solução; e em 18 meses demandato ele diz ter provado o contrário, poisalguns problemas estavam sendo solucionados eoutros ainda seriam. E acrescenta: “Nósconfiamos no povo, por isso eu acho que é justoque o povo confie em nós. Neste momento, nãoestou pedindo nada para mim. Já estou eleito,tenho ainda 3 anos e meio de mandato e pretendoexercê-lo até o fim, não pretendo renunciar!”Carlos Lacerda lembra da Revolução de 1930 edo surgimento do voto secreto e do voto damulher. E ele reconhece que: “ela (a mulher)precisava votar, pois ninguém melhor do que ela

Page 261: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

sabe o que convém aos seus filhos!” Em vez devotar na frente do patrão, ou na frente do chefedo cabo eleitoral, que depois ia cobrar, tomar oemprego de quem votasse contra ou dar empregoa quem votasse a favor, veio o voto secreto, osegredo da consciência de cada um. Mas, se ovoto secreto era, por um lado, uma garantia paraquem vota, era, por outro, para Lacerda, umaresponsabilidade também. Ele ainda acrescentaque quem escolhe mal pelo voto secreto escolhemal porque quer, pois não tem nem a desculpa domedo da perseguição. Pode escolher bem, e sóele pode escolher e mais ninguém. Ele fala dosurgimento dos sindicatos de trabalhadores,embora estes ainda não estivesse libertados dospelegos e dos comunistas que procuravamdominar a classe trabalhadora para implantaruma ditadura no Brasil. Mas, os sindicatos deramao trabalhador o direito de se organizar, de lutarpelos seus direitos, pelo melhor nível de vidapara a sua família. Carlos Lacerda fala daatuação de Juraci Magalhães no movimento de1930, como tenente, aos 27 anos de idade,exaltando-o e apresentando-o como futurosenador da Guanabara, falando para o Brasil.Sobre o patrono da escola, ele fala que para Josédo Patrocínio a luta tinha começado há muitomais tempo. Ele exalta a trajetória de José doPatrocínio e seu papel na abolição da escravidão.Diz ser um dos nomes mais dignos de figurar nofrontão de um ginásio publico do estado.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.095

1. Assunto

1.1 Faixa 1Cerimônia de Inauguração daEscola Pace, em Higienópolis

1.2 Faixa 2Inauguração do Ginásio EstadualTomé de Sousa, em SenadorCamará

1.3 Faixa 3Inauguração da Escola AspiranteCarlos Alfredo

1.4 Faixa 4Inauguração do Ginásio CharlesDickens, em Campo Grande

2. Temas

2.1 Faixa 1Homenagem à escola americana,estatísticas escolares, apoio daFundação Otávio Mangabeira,construção de ginásios, públicos e

F1: 19:24minF2: 09:12minF3: 06:38minF4: 19:08min

F1: 06/09/1962F2: 06/10/1962F3: 06/10/1962F4: 05/12/1962

Faixa 1Cerimônia de Inauguração da Escola Pace, emHigienópolis.Carlos Lacerda diz que o nome da escola é umahomenagem à escola de mesmo nome existentenos EUA, do professor Young, presente àcerimônia com uma comitiva de norte-americanos. A homenagem foi também umasurpresa, conforme divulga o governador CarlosLacerda, ao longo de seu discurso, pois acomitiva não sabia que a escola receberia estenome. O presidente do Diretório do Colégio daUniversidade Pace entrega o anel à diretora daescola, para passar como relíquia para o seupatrimônio. Após a entrega, com a palavra ogovernador Carlos Lacerda. Ele diz ser a 30ªescola que a Fundação Otávio Mangabeira, como dinheiro entregue pela indústria e pelocomércio da Guanabara, no cumprimento de umdispositivo da Constituição, construía e entregavaà Secretaria de Educação. Conta que em um anoe meio seu governo tinha construído mais de umasala de aula por dia. Ou seja, cada dia cerca de 80crianças encontravam lugar na escola, nosprimeiros um ano e meio do seu governo.Acrescenta que até o fim daquele ano, aFundação Otávio Mangabeira ainda entregariacerca de 40 escolas. E a Secretaria de Educaçãoentregaria também um número considerável.

Page 262: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

gratuitos, candidatura de LopoCoelho, pavimentação dasavenidas Suburbana eDemocráticos, verba alocada,intercâmbio com outros países,homenagem ao patrono

2.2 Faixa 2Construção de ginásios, eleiçãode vice-governador, candidaturaLopo Coelho, eleição de bancadadigna

2.3 Faixa 3Nome educativo para escola,homenagem ao heroísmo dopatrono, ameaça comunistas

2.4 Faixa 4Reforma de escolas, elogios aopatrono, subdesenvolvimento,escola para o desenvolvimento,revolução/tirania, educação/liberdade

Discorre também sobre a restauração dos antigosprédios escolares, constante do programa escolarpara fins de 1962 e 1963. Diz que mais de 300prédios escolares estavam sendo reparados erestaurados. Assinala que outro ponto doprograma era o corpo a corpo na batalha doginásio, do ensino secundário. Cinco novosginásios seriam, desde logo, construídos.Ginásios públicos, gratuitos. Lacerda faz mençãoà eleição de Lopo Coelho como vice-governadorda Guanabara. Diz que se por ventura ele vier afaltar, Lopo Coelho poderia dar continuidade aoprograma, sendo um ‘reserva’ de Carlos Lacerdano ‘campeonato da educação’. Lacerda fala quena falta do governador, era necessário que o vicefosse seu amigo e companheiro. Mas, mais doque amigo e companheiro, fosse um homemcapaz de entender e abraçar a mesma causa.Carlos Lacerda: “Inimigos não se substituem,destroem-se!” Ao povo de Higienópolis Lacerdafala de duas obras muito importantes: apavimentação e remodelação das avenidasSuburbana e dos Democráticos. Anuncia que jáestava começando, mas o povo ainda não tinhavisto nada, porque no momento em que elefalava era que o trabalho iria começar mesmo,pois ele diz que retirou uma verba que estavadestinada a uma estrada de turismo. Diz que parao turismo ainda havia tempo, o que se precisavamais era fazer avenidas decentes nos subúrbios.Carlos Lacerda comenta que já era tempo deestudantes brasileiros conhecerem outros países,e também de estudantes estrangeiros conheceremo Brasil. Conta que teve a alegria de obterpassagens gratuitas, não para a agitação esubversão, mais sim para uma missão de paz,entendimento e fraternidade. E acrescenta que foigraças às passagens concedidas pela PanAmerican que se tinha conseguido o seguinteresultado: entre 700 alunos do Colégio Pacenorte-americano alguns tinham sido entãoescolhidos para irem ao Brasil, e eram justamenteos que estavam presentes e apresentados porLacerda na cerimônia. Carlos Lacerda fala umpouco de como o professor Young estreitou oslaços com o Brasil. Foi quando ele veio dos EUApara cá estudar na Universidade de São Paulo,com apenas 25 dólares no bolso. Diz Lacerda quenão deixaram ele ingressar na Universidade, poisseus estudos nos EUA não eram compatíveis.Mas, conseguiu fazer enfim seu curso na USP,depois de estudar bastante aqui. Casou-se comuma brasileira, de Belém, e tornou-se professorde Relações Internacionais, quando retornou paraos EUA. Lacerda diz que a homenagem - aonomear a escola inaugurada como o nome daescola do professor Young - era um sinal deentrelaçamento e amizade entre “o bom,competente e dedicado magistério público daGuanabara” e o professor Young, o seu Colégio e

Page 263: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

seus colegas, e entre os estudantes do Rio e osestudantes de Nova Iorque.

Faixa 2Inauguração do Ginásio Estadual Tomé de Sousa,em Senador Camará.Carlos Lacerda anuncia que aquele era o 4ºprédio de tamanho proporcional que o governodo estado da Guanabara abria ao povo e aosfilhos do povo, naquela semana. Dos quatro,explica ele, aquele era o terceiro ginásio, enomeia os três: o José do Patrocínio, o PedroÁlvares Cabral e o recém-inaugurado, o Tomé deSousa. Ele promete ao povo outro ginásio, emRealengo, cuja construção tinha acabado de serautorizada. Ele discorre sobre as eleições do dia07 de outubro daquele ano e pede ao povo deSenador Câmara que o ajudasse a eleger um vice-governador, e não um ‘anti-governador’. Diz queapóia a candidatura de Lopo Coelho, entãodeputado e presidente da Assembleia Legislativado Estado da Guanabara. Conta que Lopo Coelhoera “uma prova do valor da educação numa vidanacional democrática”. Ele também pede ao povoque desse a ele, nas eleições, uma bancada de‘deputados honrados’, uma bancada de‘deputados capazes’, que soubessem o que eraum projeto de lei. Pede para que não elegessemhomens que faziam demagogia antes e depois daseleições, não elegessem homens que fizessempromessas que não podiam cumprir

Faixa 3Inauguração da Escola Aspirante Carlos AlfredoCarlos Lacerda manifesta sua satisfação pelainauguração de uma escola aguardada há 34anos, pois o bairro, que praticamente nascia,desde então esperava uma escola. Ele prometetambém a construção da praça principal do bairropara o início do ano seguinte. Ele fala do patronoda escola, da justificativa da escolha do nome doaspirante Carlos Alfredo. Fala sobre aimportância da escolha de nomes para as escolasda Guanabara como parte do processo educativoda criança. Sobre Carlos Alfredo ele conta umepisódio decisivo para a escolha: em 1957, ummoço de 21 anos servia no Exército no estado deMato Grosso. E no dia da festa de comemoraçãode aniversário de seu batalhão, este jovemparticipava da festa quando viu cair ao chão umagranada e em volta havia famílias e numerosascrianças. Sabendo que a granada ia explodir empouco tempo, ele tentou retirá-la do local. E eisque o moço de 21 anos, noivo, jovem, comsaúde, tendo diante de si todos os motivos paraacreditar numa brilhante carreira militar, tendo avida e o futuro diante de si, ao ver que a granadaia matar os inocentes, ao ver que a granada iamatar crianças, atirou-se com seu corpo sobre agranada e despedaçando-se salvou a vida

Page 264: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

daqueles que estavam em volta. Carlos Lacerdadiz que era preciso que alguém se lembrassedesse nome para por na frente de uma escola.Porque ele sacrificou sua mocidade para que ascrianças pudessem viver. Acrescenta que osjovens do país não precisariam atirar-se sobregranadas para salvar a vida das crianças; bastaque se livrassem e nos livrassem do comunismo,para salvar a liberdade das crianças

Faixa 4Inauguração do Ginásio Charles Dickens, emCampo Grande, com Transmissão da RádioRoquette Pinto, Emissora do Estado daGuanabaraCarlos Lacerda anuncia que aquele dia era o diado segundo aniversário do primeiro governo doestado da Guanabara, mas um dia de trabalhocomo outro qualquer. E que, por isso, todostinham a alegria de entregar ao povo aquilo quelhe pertencia: uma escola feita com o seudinheiro, e não com o dinheiro de ninguém; feitaà custa do esforço, do trabalho, da dedicação, dacompetência e da confiança de uma populaçãohonrada, digna de tudo que se fazia por ela.Sobre os esforços da Secretaria Estadual deEducação, tendo à frente o seu secretário, oprofessor Flexa Ribeiro, Lacerda fala que alémdos prédios novos construídos, praticamente nãohavia nenhum dos antigos prédios da rede escolarque não estivesse em processo de reforma,restauração e, muitos deles, de ampliação. Taisreformas eram, segundo as palavras de CarlosLacerda, substanciais, chegando a ser verdadeirasreconstruções dos antigos ‘pardieiros’. CarlosLacerda fala do patrono da escola: CharlesDickens. Diz que ele figurava entre os grandesescritores que a humanidade até então tivera eaquele que tinha demonstrado pela criança omaior carinho. Fala do momento pelo qualpassava a Inglaterra, quando surgiu a figura deCharles Dickens como escritor. Diz que o próprioMarx, o criador do comunismo moderno, tinhapor Dickens uma admiração sem limites, e ocolocava como um dos mais perigosos homensdo seu tempo, pois sentiu que Dickens, fazendo oque fazia com seus romances, uma espécie deretrato das injustiças da sociedade, era tambémum homem capaz de, através dos personagens desua ficção, mudar e modelar os personagens davida real para a reforma social. Nunca osrevolucionários do ódio temeram tanto ainteligência, como em casos como o de CharlesDickens, diz Lacerda. Inteligência essa através daqual ele mostrou que a sociedade podia mudar, emais, que só mudaria através da compreensão, daeducação, da informação, do esclarecimento enunca através daquilo que se chama slogan, aideia crua, a ideia bruta, incapaz de se traduzirem atos e esclarecimentos recíprocos. Carlos

Page 265: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Lacerda discorre sobre o crescimento da naçãobrasileira, acompanhado do crescimento danecessidade de se ter uma parcela cada vez maiorde pessoas qualificadas e preparadas pararesolverem os problemas do país que, à medidaque ele crescia, iam se tornando cada vez maiscomplexos. Fala da exigência de equipes dehomens numerosos e competentes para resolverproblemas que tinham solução, contanto que nãoaparecessem homens decididos a caminhar para adissolução, conclui Lacerda, dizendo ser esta acausa do famoso subdesenvolvimento. Para ele,era a escola que transformava osubdesenvolvimento em progresso real eduradouro. E avisa: não havia quem pudessedizer que não existia dinheiro no Brasil para sefazer escolas, pois havia. Carlos Lacerda diz quea educação poderia evitar e substituir arevolução, pois a revolução só conduzia atiranias, enquanto que a educação conduzia àdemocracia. Mais do que a obra da educaçãoprimária em curso - que ele diz que o muito quejá tinha sido feito ainda não era suficiente,fazendo com que esta obra ainda permanecesse -,ele fala da obra do ensino público ginasialgratuito, próximo desafio do seu governo na áreade educação. Encerra o discurso demonstrando aenternecida gratidão ao povo da região de CampoGrande que com a sua presença e ajuda veiosublinhar o esforço do governo, dando novasrazões para ele prosseguir e confiar.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.096

1. Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração do Ginásio GomesFreire de Andrade, na Penha.

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola Berlim,em Olaria.

1.3 Faixa 3Inauguração da EscolaConselheiro Zacarias de Góis, emBangu.

2. Temas

2.1 Faixa 1Iniciativa privada, poder público,viaduto Lobo Júnior, praça naPenha, remodelação do hospitalGetúlio Vargas, atendimento adoentes de outros municípios,verba federal, elogio a PauloSarasate, número de matrículasdobrado, reorganização da UEG,

F1: 29:12minF2:23:42min F3:09:23min

F1: 24/01/1963F2: 05/02/1963F3: 30/04/1963

Faixa 1Inauguração do Ginásio Gomes Freire deAndrade, na Penha.Carlos Lacerda sustenta que o ginásio não era oginásio de um partido, tampouco de um homem,e sim o ginásio de uma ideia, a ideia de que ademocracia só existiria no dia em que o povosoubesse o que ela significava. Salienta que oginásio era dos pais e das mães da Guanabara,pois fora construído com o dinheiro deles.Explica Lacerda que moradores e trabalhadoresda Guanabara tinham para com a Penha e paracom a região da Leopoldina uma dívida muitogrande, pois eram as que mais deviam àiniciativa privada de seus moradores e as quemenos deviam à iniciativa dos poderes públicos.Fala da construção do viaduto Lobo Júnior, e daprimeira grande praça arborizada da Penha, umapraça coberta de mangueiras e com campos deesporte para o acesso gratuito da juventude local.Lacerda fala do hospital do bairro, o GetúlioVargas, construído há mais de trinta anos, paraatender a uma população que mal chegava a 300mil habitantes. Diz que o hospital atendia a quase1 milhão de pessoas, sendo que cerca de 30%delas eram pessoas vindas do estado do Rio deJaneiro, de municípios como Caxias, São João deMeriti, Nilópolis, etc. Destaca que não se deviafechar as portas a essas pessoas, mas que não

Page 266: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

ampliação da rede pública deginásios, hospital Pedro Ernesto,bolsas de suplementação, Lei deDiretrizes e Bases, concursopúblico, aprovação de projeto naAssembleia, elogios a RaulBrunini e a Átila Nunes, episódiomudança de nome da escolaSarah Kubitscheck, elogios aopatrono

2.2 Faixa 2Terceiro turno, visita deestudantes alemães, Berlimdividida, operários livres eoperários escravos, ameaçacomunista, tanques do ExércitoVermelho, o muro monstruoso,Berlim exemplo para o Brasil,fuga para a liberdade, elogios aBerlim, experiência do nazismo,conspiração em escalainternacional

2.3 Faixa 3Impontualidade, ausência deCélio Borja, elogios ao patrono,parceria com a Fundação OtávioMangabeira, Escola de DesenhoIndustrial, Instituto de EducaçãoIndustrial, cumprimento daConstituição, população crescerápido, insuficiência de escolas

tinha condições de sustentar sozinho demasiadoencargo, e que por isso, por iniciativa dodeputado Menezes Cortes, foi conseguido juntoao governo federal uma verba de 200 milhões deCruzeiros para remodelação e ampliação dohospital Getúlio Vargas. Carlos Lacerda saúdaum dos presentes, o deputado Paulo Sarasate eexalta seus feitos como governador do Ceará. DizLacerda que ele era o que se poderia chamar de‘o deputado do Brasil’, pois a Guanabara vinhatendo dele, na sua influência, no seu talento, nasua dedicação na Câmara Federal, um dos seusmais constantes ‘advogados’. Diz Carlos Lacerdaque com o ginásio então inaugurado, seu governoestava se aproximando do objetivo traçado pelosecretário de Educação, Flexa Ribeiro, e por seusexcelentes auxiliares na Secretaria: dobrar, emdois anos, isto é, elevar para 200% o aumento dematrículas no ensino médio público e gratuito noestado da Guanabara. Salienta o governador, comorgulho, que não punha o filho na escola naGuanabara quem não queria. Mas, diz tambémque não bastava a escola primária, ainda comprecariedades e com o terceiro turno. Informaque seu governo tinha ainda duas tarefas: areorganização da Universidade do Estado atravésda sua transformação em Fundação, cujosestatutos em revisão final, no dia anterior, apósreunião com o reitor e a comissão de professorespara isso designada, pôde finalmente serpreparado para aprovação; e a ampliação, aexpansão da rede pública de ginásios, ou seja, doensino médio e do ensino técnico do estado.Ressalta, com respeito às duas tarefas, duascoisas: que a Universidade acabara de ganhar doestado o seu hospital de clínicas, o HospitalPedro Ernesto, e que foi graças à Lei deDiretrizes e Bases da Educação - lei que quasefez com que ele não fosse eleito, por conta dascalúnias -, que seu governo pôde por em marchatal expansão. Lacerda comenta a possibilidade deem fevereiro do ano seguinte injetar umsuplemento financeiro, para que os pais que nãotivessem condições de pagar o ginásio dos filhospudessem financiar os estudos com empréstimos,através de bolsas de suplementação, com prazode 8 a 10 anos para pagar. Defende a ideia de queos professores do ensino médio público e gratuitodo estado só deveriam nomeados por concurso enão por pistolão, pois eles eram caros, custavam,cada um, 1 milhão de Cruzeiros por ano àpopulação do estado da Guanabara. CarlosLacerda diz que, quem abrisse as páginaspolíticas dos jornais, teria a impressão de quehavia uma luta entre o governo do estado e aAssembleia Legislativa. Ele fala dos entraves edos problemas enfrentados para aprovação deprojetos na Câmara dos Deputados como, porexemplo, a isenção de impostos para quemconstruísse hotéis na Guanabara para incentivar o

Page 267: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

turismo, com melhores condições dehospedagem. Lacerda conta que ‘aproveitadores’votaram a emenda que previa a isenção deimposto para aqueles que abrissemestabelecimentos comerciais dentro desseshotéis. Isso para Lacerda configurava-se em umainjustiça, pois justamente aqueles que seinstalavam dentro de hotéis de luxo, com seusestabelecimentos comerciais, eram os que tinhammais condições de pagar impostos. Ele prestauma homenagem, através da figura do deputadoRaul Brunini, à Assembleia Legislativa doEstado da Guanabara, pelo que ela tinha deautenticamente representativo e prestativo.Exalta também a figura do deputado Átila Nunes.Diz que partiu de ambos o pedido insistente decalçamento da avenida Nossa Senhora da Penha,que fez arrancar do governador ‘este favorimenso’, ‘essa proteção descabida’, citaironicamente Lacerda. Carlos Lacerda fala dopatrono do ginásio, o Gomes Freire de Andrade –Conde de Bobadela – seus feitos e suaimportância como extraordinário administrador,renovando áreas inteiras da cidade, secandopântanos e criando a Cidade Nova, que seestende pela zona do Lavradio, Inválidos, Senadoe muitas outras ruas. Sobre a escolha dos nomespara as escolas da Guanabara, Lacerda esclareceum episódio: diz que o ex-presidente JuscelinoKubitscheck foi informado de que ele haveriamudado o nome da escola normal SaraKubitscheck, em Campo Grande, e atribuiu isso a“uma perseguição mesquinha, a uma prevençãopessoal, medíocre e indigna de qualquer um”.Lacerda conta que mandou explicar a ele averdade dos fatos: havia uma escola normal emCampo Grande em construção, a qual foi dada,no governo do presidente Juscelino Kubitscheck,o nome de sua distinta esposa. Continuava ahaver em Campo Grande uma escola normal como nome da Sra. Sara Kubitscheck. Quando estaescola se expandiu e através de outras unidades(ginásios, jardim de infância, escola deaperfeiçoamento, etc) formou um conjunto, odeputado Miécimo da Silva, e não o governador,que foi quem deu o nome primitivo, manteve onome, mas passou a chamar o conjunto deInstituto de Educação de Campo Grande. Amoral da história era assim resumida porLacerda: “Quem não quiser ser intrigado, e nãoquiser passar por dissabores desse tipo, nuncadeixe de dar o nome de sua família a uma escolaenquanto estiver vivo!” Ele concluiacrescentando: “Não viemos aqui para mudar onome das escolas, viemos para fazê-las; nãoviemos aqui para mudar o nome de ninguém,viemos para identificar as pessoas, e é por issoque o nome de Gomes Freire de Andrade à frentedesta escola servirá para recordar aos meninos eàs meninas da Penha um dos seus grandes

Page 268: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

administradores, um dos homens que iniciaram arenovação do Rio de Janeiro, para transformá-lona cidade em que hoje, entre penas, desilusões,amarguras, malogros, desapontamento, mas, aomesmo tempo, entre a alegria de um povo querenasce, entre o aperto de mão da mãe comovida,agradece aquilo que não precisa agradecer, do paique vê que, finalmente, o que ele paga emimpostos está sendo devolvido em serviços. Éesse o nosso esforço, é isso que nós procuramosfazer e quem achar assim nos ajude, porque osoutros já atrapalham bastante.”

Faixa 2Inauguração da Escola Berlim, em Olaria.Carlos Lacerda comunica que com a abertura daescola, que estava sendo inaugurada, a outra maispróxima passaria a ter apenas dois turnos, o queproporcionaria uma melhor qualidade de ensinoaos alunos da outra, graças à abertura daquela.Informa que mesmo preenchendo as vagas daescola então inaugurada com os alunos doterceiro turno da outra, ainda contavam com 200vagas abertas. Ele afiança que não iria parar poraí. Lacerda fala sobre liberdade e faz alusão àvisita de dois estudantes alemães, vindos deBerlim, e acompanhados por uma jornalistaalemã, para que eles vissem aqui, aquilo peloqual lutam lá. Relata que também teve aoportunidade de ver Berlim antes e depois domuro, que viu Berlim dividida, como estavadividido o próprio mundo: em uma parte escravae em uma parte livre. Na parte livre de Berlim,conta que se via fábricas onde operáriosprosperavam e tinham alegria, pois sabiam quenão estavam trabalhando para senhores, mas simpara si e para a comunidade; e do outro lado seviam fábricas em que os operários sabiam queestavam trabalhando como escravos para oEstado e só para o Estado, porque o Estado era odono de tudo, ele era o senhor de tudo, elemandava no trabalho e na consciência daspessoas. Alerta Carlos Lacerda que em Berlim sevia a ‘miniatura’ do que poderia acontecer noBrasil e no mundo se o povo não lutasse pela sualiberdade, quer dizer, se o povo não derrotasse ocomunismo como antes tinha derrotado onazismo. Em Berlim, uma geração que não tinhaconhecido Hitler e a ditadura nazista conhecia,então, a ditadura comunista. Carlos Lacerdasalienta que o povo de Berlim tinha dado umexemplo ao povo do mundo inteiro, quando selevantou e com suas mãos desarmadas tomou aspedras da rua para atirá-las contra tanques doExército Vermelho, a fim de defender a sualiberdade e a vida de seus filhos. Lacerda narraque tanta gente saiu do lado escravo para o ladolivre de Berlim, que levou, um dia, o dirigente daAlemanha Oriental, Walter Ulbricht, traidor desua pátria, a sair da parte oriental da cidade, indo

Page 269: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

a Moscou receber ordens do chefe da políciasecreta da ditadura russa, sendo que uma delasera a construção do muro, considerado porLacerda “o muro mais estranho, o muro maisesquisito, o muro mais monstruoso de quantosmuros até hoje mãos humanas chegaram aconstruir!” Ele diz que, até então, na história domundo, os muros tinham sido feitos para que aspessoas ficassem do lado de fora. Nas casas osmuros eram feitos para que a família ficasseprotegida dentro de casa, para que não houvesseinvasores, para que ladrões não entrassem, paraque animais não viessem a comer o jardim. EmBerlim, ao contrário, pela primeira vez, nahistória do mundo, construiu-se um muro paraaprisionar as pessoas atrás dele; pela primeiravez, na história do mundo, fez-se um muro paraque as pessoas não pudessem sair, diz Lacerda.Era preciso construir o muro para que apopulação comunista de Berlim não diminuísse,pois muitos estavam passando do lado daditadura para o lado da democracia, lembra ogovernador. Sobre isso ele ressalta, justificando aescolha do nome da escola: “17 milhões depessoas... Milhões de trabalhadores, milhões delavradores, milhares e milhares de estudantes,milhares de engenheiros, de médicos, de juízes,de industriais, de operários, maquinistas,foguistas, carpinteiros, metalúrgicos, gente detoda classe e condição uniu-se na fuga emcaminho da liberdade, uniu-se na repulsa àditadura comunista. Portanto, a lição de Berlimnão pode ser ignorada, nem esquecida por umpovo que tem a vocação da liberdade e horror àtraição como é o povo brasileiro!” AcrescentaLacerda que atrás desse ‘estranho muro’,construído com toda a espécie de materiais,nunca ficava um soldado sozinho, pois umsoldado sozinho do lado comunista tambémfugiria para o lado da liberdade. Soldados?Sempre aos pares, para que um denunciasse ooutro, para que um matasse o outro se o outroescolhesse a liberdade. “É como se a avenida dosDemocráticos de repente fosse dividida em dois:os que moram de um lado ficam livres, e os quemoram do outro lado ficam escravos; é como seno meio da avenida Suburbana de repente selevantasse um muro para dividir a nossahumanidade, para dividir o pai de um lado e amãe do outro, o filho de um lado e os pais dooutro, os netos de um lado e a avó do outro, oesposo de um lado e a esposa do outro lado,divididos por um muro pela vontade de ferro, deaço e de lama dos ditadores comunistas!”Lacerda afirma que nenhum povo seria digno deliberdade se não fosse capaz de lutar por ela. Eadmira-se com o fato de a Alemanha ter tido deenfrentar outra ditadura após passar pelaexperiência do nazismo. E foi esse sentido,segundo o governador, que inspirou o governo do

Page 270: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

estado a dar à escola o nome glorioso da cidadede Berlim, cidade de imensas tradições, sempreum foco de cultura, de arte, de técnica, deinteligência e de vocação para a liberdade.Lacerda comenta que o berlinense e o cariocatinham muitas afinidades: punham apelido emtudo, riam de suas próprias dores, gostavam daanedota, da festa, do barulho da música, etc. Elesalienta que tínhamos no Brasil um dever: o deevitar que a Rússia, através do Rio, através doBrasil, trouxesse para a América do Sul adesgraça que tinha levado à Alemanha e aquelaque tinha pretendido levar, e não conseguiu, àÁfrica, que era o comunismo, considerado porLacerda “uma conspiração em escalainternacional”.

Faixa 3Cerimônia de Inauguração da Escola Zacarias deGóis, em Bangu.Carlos Lacerda desculpa-se pelo atraso emenciona que a impontualidade era um dosprivilégios da oposição, o governo deveria serpontual. Manifesta seu sentimento pela ausênciado deputado Célio Borja, a quem Lacerda devia aexcelente ideia da escolha do nome da escola.Concorda com o engenheiro Ronaldo Monteiroque acentuara que se tratava de uma injustiça ofato de um homem do valor, da combatividade eda dedicação patriótica de Zacarias de Góis nãotivesse o seu nome numa escola, quando haviatanto pilantra que já tinha tido nome em escola,em nosso país. Carlos Lacerda exalta ecomemora o trabalho desenvolvido em 1 anopela Fundação Otávio Mangabeira. Lacerdacomenta que a escola Zacarias de Góis era a 47ªescola construída e entregue à Secretaria deEducação do Estado pela Fundação OtávioMangabeira. Carlos Lacerda comunica que osecretário de Educação anunciara não só aentrada em funcionamento, naquele ano, daescola de desenho industrial, a primeira de toda aAmérica Latina, para o desenvolvimentoindustrial do estado e do país, como a formaçãodo primeiro Instituto de Educação Industrial doBrasil, isto é, do Instituto destinado a formarprofessores do ensino industrial. Destaca quepara fazer as escolas que a Fundação OtávioMangabeira vinha fazendo, não fora precisomexer na Constituição, pelo contrário, forapreciso apenas cumpri-la, pois havia um artigoque dizia: “todo estabelecimento industrial ecomercial de mais de 100 operários ouempregados deverá prover os meios para aeducação dos filhos de seus empregados”.Acrescenta que existiam fábricas em Bangu quesempre fizeram isso, mas existiam numerosasoutras que nunca o fizeram. Diz que não foidifícil fazer com que o comércio e a indústria doestado da Guanabara cumprissem a Constituição.

Page 271: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Bastou apenas que o estado cumprisse também!A Fundação Otávio Mangabeira teve pequenasdificuldades com a inflação, que obrigaram arealizar o reajustamento dos preços na construçãode escolas, mas tinha retomou o ritmo anterior,assegura Lacerda. O governador diz que essapreocupação exacerbada com a construção deescolas não era propaganda eleitoral, até porquelonge estavam as próximas eleições. Explica queera por uma questão de brio e que se os presentespermitissem diria, ‘brasileiramente’, que setratava de uma questão de ‘vergonha na cara’.Ele sustenta que houve quem votasse emdemagogo, por acreditar na mentira que dizia queele acabaria com a escola pública, ao se tornargovernador, e que o secretário de Educação,Flexa Ribeiro, seria um ‘tubarão da educação’.Pois bem, ele ressalta que o governador que iriaacabar com a escola pública e o ’tubarão daeducação’ fariam, em 5 anos, mais escolas naGuanabara do que tinham sido feitas nos últimos50 anos. Mas, a outra razão para se fazer escolas,ressalta ele, esta mais importante na suaconcepção, era que os brasileiros tinham muitosfilhos e o povo crescia mais depressa do que tudoo mais no Brasil.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.097

1. Assunto

1.1 Faixa 1Continuação da Faixa 3, da Fita96Inauguração da EscolaConselheiro Zacarias de Góis

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola LuísCamilo, em Jacarepaguá

1.3 Faixa 3Inauguração da Escola Penedo,em Copacabana.

1.4 Faixa 4Continuação da Fita Anterior,Inauguração da Escola Penedo,em Copacabana

1.5 Faixa 5Inauguração da Escola MiguelRamalho Lobo, em Realengo.

2. Temas

2.1 Faixa 1Revolução na educação, reformaagrária

2.2 Faixa 2

F1: 05:02minF2: 19:52minF3: 07:09minF4: 09:53minF5: 19:47min

F1: 30/04/1963F2: 15/05/1963F3: 27/11/1963F4: 27/11/1963F5: 04/10/1963

Faixa 1Continuação da Faixa 3, da Fita 96Inauguração da Escola Conselheiro Zacarias deGóisO governador Carlos Lacerda continuadiscursando e afirmando ser mais barato, maisrápido e mais eficiente fazer escola do que fazeruma guerra civil no Brasil. Prosseguesustentando que sem comprar mais máquinas,embora fosse preciso comprá-las sempre, semtomar terra de ninguém e sem mudar aConstituição poder-se-ia aumentar em 30% aprodução geral do Brasil e aumentar acapacidade dos jovens trabalhadores paraproduzir. Acrescenta que a revolução a fazer noBrasil consistia no seguinte: em pouco tempo pôrmuita gente na escola. Fora disso, afirma, erapura demagogia. Ele cita, como exemplo, a casoda reforma agrária, pois preconizava-se que parafazer reforma agrária era preciso mudar aConstituição, enquanto que para Lacerda não setratava de mudar a Constituição, mas sim decumpri-la apenas. Afiança que os maioreslatifundiários do Brasil eram os própriosgovernos da União, dos estados e dosmunicípios, que detinham 2/3 das terras do país,e que, portanto, cabia a eles não enganar o povo,dizendo que era preciso mudar a Constituiçãopara se fazer reforma agrária. Ele encerra odiscurso fazendo seus agradecimentos e dizendoque era uma coincidência para ele ‘tão feliz’, ofato de que naquela manhã abrira cinco escolas,amenizando um pouco a abertura de seu 49ºaniversário.

Page 272: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Elogio ao patrono, destruição daPrevidência Social, organizaçãodo arquivo do Ministério dasRelações Exteriores, Manifestodos Mineiros, censura àimprensa, Departamento deImprensa e Propaganda, fascismo

2.3 Faixa 3Estatísticas Escolares, elogios àcidade de Penedo, SURSAN,Departamento de Obras, EnaldoCravo Peixoto

2.4 Faixa 4Recenseamento escolar,escolarização do estado daGuanabara, SUDENE,centralização excessiva,descentralização, Nordeste,Aliança para o Progresso,sabotagem, bravo povonordestino

2.5 Faixa 5Elogios ao patrono, excedentes,terceiro turno, eleição de vice-governador, candidatura LopoCoelho, voz nacional em nome daGuanabara, Juraci Magalhães,projetos engavetados, criação dasAdministrações Regionais,criação da Companhia deHabitação Popular, recuperaçãode favelas, recuperação daFundação Leão XIII, inércia daAssembleia, Tribunal de Contas

Faixa 2Solenidade de Inauguração da Escola LuisCamilo, em Jacarepaguá.Carlos Lacerda. anuncia as autoridades presentese os membros da família de Luis Camilo, entreoutros. Começa o discurso falando sobre opatrono da escola. Considera Luís Camilo um‘homem raro’, desses que muitas vezes nãoapareciam nos livros de História, mas que quasesilenciosamente, mais para realçar os outros doque a eles próprios, mudavam o curso daHistória. Diz que ele pertenceu a um ‘tipo poucoabundante’ de homens e quem o conheceu jamaiso poderia esquecer, pois ele marcava com a suapresença os seus amigos de uma forma a umtempo sóbria e discreta, mas absolutamenteinapagada, pois tinha a característica de ser umapersonalidade inesquecível. Carlos Lacerdaressalta a ‘mania’ de Luís Camilo de catalogar,de organizar, de pôr ordem às coisas, assim comoàs ideias. Salienta que ele tinha organizado abiblioteca de um dos institutos e o próprioinstituto, e que ele, Lacerda, via como salvadosde um incêndio da Previdência Social algunsdignos representantes ou remanescentes quevinham testemunhar a sua fidelidade à memória,ao exemplo e à obra daquele seu grandecompanheiro, pioneiro com Hélio Beltrão etantos outros, da obra então destruída daPrevidência Social no Brasil. Para CarlosLacerda, Luís Camilo fora, por assim dizer, umdos que construíram as Fundações da PrevidênciaSocial no Brasil. Tinha organizado também oarquivo e a biblioteca do Ministério das RelaçõesExteriores, transformando o seu arquivo, não odeixando ser apenas um arquivo morto dememórias do passado, mas um repositóriopermanente para a defesa e ilustração, para aedificação e consolidação do Brasil. Lacerdalembra do episódio em que Luís Camilo foidemitido de suas funções no Ministério, pelogoverno. Isto porque, ao ver a nação semeleições, sem o direito de falar, os brasileiros semo direito de se reunirem, sob pena de seremconsiderados fora da lei, entregou-se àarticulação do chamado ‘Manifesto dosMineiros’ e assinou-o. Tratava-se da declaraçãopela qual um grupo de brasileiros eminentes deMinas Gerais declaravam ao país a necessidadede dar aos brasileiros o direito elementar deescolher pelo voto os seus representantes.Lacerda ressalta que Luís Camilo tinha percebidoque o país corria o risco de se tornar o satélite dofascismo, das nações dominadas pelos regimestotalitários fascistas. Lacerda conta que depoisdisso ele passou a ser um articulador infatigávelde um movimento que era então conspiração: aconspiração da liberdade, a conspiração pelaseleições, a conspiração para que os brasileiros

Page 273: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

pudessem novamente, como todos os povos‘adultos’, escolher o seu governo. Carlos Lacerdarelata que foi Luís Camilo quem o tinhaaproximado de José Américo de Almeida, cujaentrevista com Lacerda iria derrubar a censura àimprensa. Prossegue dizendo que foi ele – LuísCamilo - quem convenceu José Américo aconceder tal entrevista. Sobre o fim da censurada imprensa, com a dissolução do DIP(Departamento de Imprensa e Propaganda), elaocorreu no dia seguinte à publicação daentrevista no Correio da Manhã, após LuísCamilo percorrer as redações dos principaisjornais, ‘esmolando’ a oportunidade de publicá-la, embora eles se negassem a assim proceder.Lacerda sustenta que os homens maisafortunados e poderosos do país, os que tinhamvários automóveis e mulheres como sinal de suaopulência, eram os que não tinham coragem depor em risco uma delas ou um deles paradevolver a liberdade ao povo. Comenta que erajustamente para que soubessem os que aindadesconheciam e para que se lembrassem os quenão podiam esquecer-se, era que o seu governoentendia de colocar na escola da FundaçãoOtávio Mangabeira, naquele momento entregue,o nome que, havia um tempo, era poucoconhecido e famoso, porém modesto e glorioso,de um homem cuja a vida fora mais importantedo que a biografia, cuja obra não se encontravanas estantes, pois se encontrava no procedimento,nas atitudes, nas liberdades que cada um de nósdesfrutávamos, ou seja, Luís Camilo.Faixa 3Cerimônia de Inauguração da Escola Penedo, emCopacabana.Carlos Lacerda anuncia as autoridades presentes,inclusive da cidade alagoana de Penedo,homenageada por nomear a escola. Começa odiscurso dizendo que ao iniciar o ano letivo de1964, haveria no estado da Guanabara a oferta de100 mil vagas no ensino público primário. Dizque naquele momento 60 novas escolas estavamsendo construídas, a grande maioria nossubúrbios. Menciona que a escola não fora feitapela Fundação Otávio Mangabeira, e sim pelaSURSAN (Superintendência de Urbanização eSaneamento), através da Secretaria de Obras,pelo Departamento de Esgotos Sanitários daGuanabara. Lacerda justifica a escolha do nomePenedo, nome da cidade alagoana, para a escolaentão inaugurada. Diz que quando visitou o locale viu ser possível a construção de uma escola, eranecessário falar com o dono do local, que era osecretário de obras Enaldo Cravo Peixoto.Lacerda destaca que tinha ‘comprado’ osecretário como o nome Penedo, sendo que, paraele, nunca houve uma compra tão vantajosa, nemtão honrosa, nunca houve suborno fundado emtamanha liberdade, nunca houve prevaricação tão

Page 274: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

generosa, nem tão honrada: vendeu-se osecretário de Obras pelo nome de sua cidade naescola; vendeu-se o governador ao secretário,dando para a honra sua o nome de Penedo para aescola.

Faixa 4Continuação da Fita AnteriorInauguração da Escola Penedo, em Copacabana.Ele anuncia que, cumprindo o artigo 28 da Lei deDiretrizes e Bases da Educação, os professoresda Guanabara tornar-se-iam recenseadores,fariam o recenseamento escolar no estado, pois ogoverno queria saber quantas crianças aindahavia que não iam à escola, queria saber porquenão iam, em que condições poderiam ir, comoviviam seus pais, que razões tinham para nãofreqüentar a escola. Manifesta a intenção deescolarizar por inteiro toda a população do estadoda Guanabara. Diz que isso seria feito pelasprofessoras, como um serviço ao povo, quecontaria para elas como ponto para a suapromoção, pois se orgulhava de ter substituído opistolão pelo serviço prestado à comunidade.Sobre o papel da SUDENE (Superintendência deDesenvolvimento do Nordeste), ele diz que seela, além de fazer, permitisse que os outrosfizessem, se conferisse aos governos estaduaisdelegação para executar obras e serviços, se emvez de agravar a centralização que asfixiava oBrasil ela desdobrasse em delegação edescentralização o congestionamento do país, seela valorizasse realmente o Nordeste, “dando-lhea possibilidade de realizar por si mesmo as obrasque no passado demonstrou ser capaz de fazersem recursos; se ela, por mobilizar os recursosdisponíveis, em cruzeiros ou em dólares, danação inteira que para ela contribuijubilosamente, repleta de esperanças teimosas; seela der validade, vitalidade, aplicação prática aosonho generoso da Aliança para o Progresso, nósteríamos todos juntos resolvido o problema doNordeste, vale dizer, resolvido o problemanúmero 1 do Brasil.” Carlos Lacerda condena acentralização como um ‘resíduo’ do caudilhismoe da ditadura. Destaca que não poderia persistir aideia de nem fazer e nem deixar que os outrosfizessem, ideia essa pela qual a SUDENEsabotava conscientemente, torpedeavadeliberadamente a Aliança para o Progresso, parapoder culpar os americanos pela misériabrasileira. Ele acrescenta: “Se ela, explorando umfalso nacionalismo, destruir a verdadeira nação;se ela chorar a morte do presidente Kennedy emexéquias oficiais, mas celebrar o malogro daAliança para o Progresso em entrevistas nãomenos oficiais; se ela celebrar quase jubilosa aentrada do Brasil no caos, no momento em que opovo inteiro ansiosamente aguarda a entrada doBrasil na ordem e no progresso, que em vão se

Page 275: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

inscreve na sua bandeira...” Carlos Lacerda nofim do seu discurso exaltando o governo deAlagoas e seu governador, proclama a força dopovo nordestino e a importância dessa força naspolíticas que levavam ao desenvolvimento dopaís, como a política educacional. Defende aunião, como a união que estava sendo perpetuadaquando a Guanabara se voltava para Alagoas,pois separados “sucumbiremos pelo trabalho daintriga e pela erosão da inércia, da incompetênciae da corrupção”. Encerra pedindo que contra a“trinca maldita” – a inércia, a incompetência e acorrupção – se levantasse a escola como símbolo,a educação como um programa e a criança comoa única e verdadeira meta para a grandeza doBrasil.

Faixa 5Inauguração da Escola Ramalho Lobo, emRealengo.Carlos Lacerda anuncia o governador da Bahia,Juraci Magalhães, o presidente da ALEG(Assembleia Legislativa do Estado daGuanabara) Lopo Coelho, o secretário deEducação, professor Flexa Ribeiro, o chefe daPolícia, general Newton Cruz, os deputados RaulBrunini e Waldemar Viana, o comandante daPolícia de Vigilância, coronel Deschamps, oDiretor de Ensino Primário, professor AntônioCarlos, o presidente da Fundação OtávioMangabeira, Otávio Borghetti, osadministradores regionais de Bangu e CampoGrande, a coordenadora de educação, a diretorada escola, as professoras e os alunos, entre outrospresentes. Carlos Lacerda fala sobre RamalhoLobo, patrono da escola então inaugurada, e quehavia sido seu professor de matemática: “Ohomem que ensinava a língua dos símbolos como talento e o fundamento de um humanista. Umhomem para quem a matemática não era senão aprojeção em símbolos misteriosos da imensariqueza do espírito humano, através de umaformação humanista”. Diz que a escolha do nomepara a escola foi sugestão do secretário deEducação, professor Flexa Ribeiro. SustentaLacerda que com a escola encerrava-se na regiãoa fase triste dos chamados excedentes. E que comela acabava-se o terceiro turno em duas outras.Diz Lacerda que a escola era o testemunho aopovo da região da presença do governo quedeixava de ser ausente, distante, isolado, paracomunicar-se com a população, transmitindo-lhesob a forma de escolas aquilo que recebia sob aforma de contribuições e de votos. Sobre aseleições para vice-governador do estado, a seremrealizadas no domingo seguinte ao dia dainauguração em questão, Lacerda diz nãoconfundir a cerimônia de inauguração de umaescola com comício eleitoral, mas que se sentiano dever de orientar o povo para que ele votasse

Page 276: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

certo. Alerta para o povo que se tratava não deeleição do ‘antigovernador’, mas sim do vice-governador. Tal eleição não era, e nem poderiaser, a de um inimigo para atrapalhar a vida doestado e perturbar a obra administrativa dogoverno, diz Lacerda. Salienta que o vice-governador não poderia ser um homem queexercesse oposição ao governador, e que aoposição só ganharia espaço no governo quandofosse chegado o momento de substituir todo ogoverno. A não ser que o povo quisesse que norestante de seu mandato, ao invés de escolas,viessem intrigas, ao invés de obras viessemcalúnias entre o governador e o seu vice.Lacerda reafirma então a candidatura dodeputado Lopo Coelho à vice-governança doestado e realça a sua trajetória política. E sobre aeleição para senador da República pelo Rio deJaneiro, ele diz ser necessário que houvesse umagrande voz nacional que se levantasse para falarem nome da Guanabara e fosse necessariamenteouvida por todos os estados do Brasil. E,justamente por isso, ele diz que ia procurar JuraciMagalhães, governador em fim de mandato naBahia. Sobre a ALEG, Carlos Lacerda fala queexistiam muitos projetos que estavamengavetados, aguardando a ação dos deputadospara que se tornassem leis a serem votadas eaprovadas. Cita o Fundo Estadual de Educação ea Lei de Reforma Administrativa para criar asAdministrações Regionais como exemplo. Falada pendência de decisão, havia mais de um ano,da criação da Companhia de Habitação Popularpara que o estado pudesse cumprir a Constituiçãoque mandava entregar 2,5% da arrecadação paraa obra de recuperação das favelas do Rio deJaneiro. E enquanto a Assembleia, por falta deuma maioria sólida, não conseguisse votar acriação da Companhia, Lacerda destaca areforma e a renovação de um órgão existente, aFundação Leão XIII, para que ela recebesse odinheiro e o aplicasse imediatamente nas favelas.Lacerda conta um episódio em que o Tribunal deContas do Estado, por uma maioria, resolveuinterpretar a lei não em favor do povo, mascontra o povo, considerando que o dinheiro queia para a Fundação Leão XIII para lá não poderiair até que a ALEG votasse a criação daCompanhia de Habitação Popular. E sobre issofala Carlos Lacerda: “Ontem fomos postos contraa parede, entre a inércia da maioria daAssembleia e a intolerância da maioria doTribunal de Contas; mas o dinheiro das favelas ésagrado, o interesse dos favelados é sacro-santo.Hoje vamos depositar esse dinheiro em contabloqueada no banco do Estado e vamos levantá-lo e entregá-lo em nome do banco do Estado àFundação Leão XIII, para que a obra das favelasnão se interrompa. E a Assembleia que se decidavotar a lei ou o Tribunal recuar de sua decisão.

Page 277: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Entendam-se ou desentendam-se os dois órgãos,mas nós é que não vamos parar a obra derecuperação das favelas!” Lacerda diz que issoera fácil de resolver. Salienta que na ALEG jáexistiam deputados ‘bravos’ e ‘bons’ e cita comoexemplo Raul Brunini e Waldemar Viana, masdiz que era preciso ter uma maioria substancialna Assembleia para que “as leis não fossempretexto para, em nome de falsas divergênciasideológicas, negar ao povo as leis que ele careciapara poder realmente resolver os seusproblemas”.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.098

1. Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração da Escola JorgeGouveia, em Vigário Geral

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola MarechalHeitor Augusto Borges, noJardim América

1.3 Faixa 3Inauguração da Escola EmílioCarlos, em Santo Antônio,Honório Gurgel

1.4 Faixa 4Inauguração da Escola DomMeinrado, em Campo Grande

2. Temas

2.1 Faixa 1Elogio ao patrono, desmanche decoreto, construção de escola,Amaral Neto, PSD, eleições paraa ALEG, lei para transformarhospitais em autarquias,campanha para Lopo Coelho,cerco à Guanabara, voz daGuanabara no Senado,

2.2 Faixa 2Elogios ao patrono, apoio daFundação Otávio Mangabeira,nomes educativos para as escolas,atraso na obra, devolução deglobos de iluminação, reformasnas Forças Armadas,aproveitamento dos militares emfunções civis, especialistas,desenvolvimento harmonioso,melhor remuneração

2.3 Faixa 3

F1:15:55minF2: 14:35minF3: 16:23minF4: 13:11min

F1: 01/10/1963F2: 13/01/1964F3: 28/01/1964F4: 30/04/1963

Faixa 1Inauguração da Escola Jorge Gouveia, emVigário Geral.Carlos Lacerda anuncia as autoridades presentes,entre as quais a viúva e a família de JorgeGouveia. Fala que antes de começar desejavacongratular-se com o povo de Vigário Geral quelhe tinha dado uma grande lição, pois foiconvencido pelo povo da região que seria umerro construir uma escola no lugar da única praçado local, derrubando o coreto. Lacerda conta querecebeu um telefonema do deputado AmaralNeto informando que subia à tribuna da ALEG(Assembleia Legislativa do Estado daGuanabara) outro deputado eleito pela legenda daUDN (União Democrática Nacional) ecomunicando o rompimento com o governo,justamente porque Lacerda decidira fazer aescola em outro lugar, preservando a praça. Eapenas pelo fato de a ideia de manter a praça seruma ideia de um homem do PSD (Partido SocialDemocrático) e Amaral Neto queria provar que oPSD não mandava em Vigário Geral. Sobre issoCarlos Lacerda diz: “Há certas coisas que vãoalém da nossa capacidade de ter paciência. Nósnão fomos eleitos para acabar com praças oufazer praças, conforme a UDN, o PSD ou o PTB(Partido Trabalhista Brasileiro) desejam ou nãodesejam. Nós fomos eleitos para servir ao povo, epraça não tem partido, nem coreto tem legenda!”Carlos Lacerda comenta este episódio, segundoele mesmo, justamente para que o povo soubesseque quase ficava sem a escola, porque umhomem tinha resolvido por seus ódios pessoais eseus coretos, colocar-se acima dos interesses dapopulação de Vigário Geral. Por isso ele fala daconveniência de mandar para a Assembleiahomens que não deixassem de votar as leis deque o governo precisava por causa de ‘ódiospessoais e por questão de coreto’. E pede que em07 de outubro do ano corrente, quando haveriaeleições para deputados da ALEG, o povo desse aele uma ‘bancada sólida’, uma ‘maioriaverdadeira’. Lacerda diz que seu governo agiadentro da lei, e que, por conta disto, para agirprecisava das leis votadas, aprovadas e em vigor.Acrescenta que na Assembleia havia homensvalorosos sim, mas em número insuficiente. Diz

Page 278: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Elogios a Raul Brunini, bolsasgratuitas, nomes educativos paraas escolas, elogios ao patrono,militante antinazista, PTN, escolaé a devolução do imposto

2.4 Faixa 4Nome educativo para as escolas,escolas construídas com osimpostos, elogios ao colégio SãoBento

que era preciso aumentar o número dos bons ediminuir o número de maus. Ele cita comoexemplo o fato de querer, em 1963, fazer com oshospitais da Guanabara o mesmo que tinha feitocom as escolas. Mas, para isso, precisava da leique transformaria os hospitais em autarquias.Sobre as eleições para vice-governador, elesalienta a importância de ter alguém que fosse afavor das obras que o governo vinhaimplementando. Diz que a atitude inteligente, deinteresse da população, consistia em eleger para avice-governança um homem que ajudasse, nãoum que atrapalhasse. Porque, para Lacerda,eleger um inimigo era fazer da Guanabara a casado cabrito e da onça, “onde o cabrito e a onça,por medo e raiva um do outro, nunca seentendem e um desmancha à noite o que o outrode dia procurou fazer”. Comenta que, não estavafazendo propaganda eleitoral, mas cumprindo oseu dever cívico de pedir ao povo de VigárioGeral que desse, no dia 07 de outubro do anocorrente, nas eleições para vice-governador doestado da Guanabara, um voto de confiança parao vice a quem ele pudesse entregar comconfiança o governo: Lopo Coelho! E no Senadoele afirma ser necessário a Guanabara ter umavoz com autoridade, para que o ‘cerco que foiarmado contra ela’ fosse desfeito. E por essarazão, ele tinha pedido a Juraci Magalhães, entãogovernador da Bahia, que fosse essa voz. Sobreo patrono da escola ele fala da importância de seescolher com cuidado os nomes para as escolas,pois o nome de uma escola era, para ele, talvez, oseu fator mais educativo. Fala que as criançasaprendiam a ler, escrever e contar na escola,“mas, mais do que isso, devem aprender a serlivres, a usar a cabeça e a usá-la para o bem”.Carlos Lacerda então exalta Jorge Gouveia,dizendo que ele não fora só um bom médico,mas, sobretudo, um médico bom. Ele ressalta queJorge Gouveia não se entregara ao ceticismo queimperava nos homens de ciência de então e,cheio de religiosidade, carregava Deus naspontas de seus dedos. Encerra o discursoagradecendo a todos os presentes e ao povo deVigário Geral.

Faixa 2Inauguração da Escola Marechal Heitor AugustoBorges, no Jardim AméricaCarlos Lacerda menciona ser aquela a 54ª escolaque a Fundação Otávio Mangabeira entregava àGuanabara. Discorre sobre os melhoramentosimplementados no Jardim América. Salienta queo bairro poderia ter a honra de ser o primeirobairro da cidade a receber um novo tipo deiluminação pública, com que seria dotado oestado, em comemoração ao 4º Centenário doRio de Janeiro. Carlos Lacerda só pede desculpaspela demora, pois tinha sido preciso devolver à

Page 279: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

fábrica os primeiros globos, pois ele mesmo ostinha examinado e constatara que eram feitos deum material que deixava a desejar. Mas, avisaque se tratava de uma demora pela necessidadede fazer bem, pois não bastava por luz; erapreciso por luz que durasse. Carlos Lacerda falasobre o patrono da escola. Sobre a escolha dosnomes para as escolas construídas com odinheiro do povo. Lacerda comenta que eraimportante que fossem escolhidos nomes capazesde inspirar os filhos do povo, que fossem nomeseducativos, pois numa escola o primeiro fator deeducação era o seu nome. Exalta a obra deeducador militar do marechal Heitor AugustoBorges, como a obra do escotismo, como apresença militar na vida civil, da qual ele foi,segundo as palavras do governador, ‘admirávelinspirador’. Lacerda considera isso um‘militarismo positivo’, absorvendo paraatividades úteis o dinamismo próprio da infânciae da adolescência. Entende ser urgente eindispensável a adoção da doutrina do EstadoMaior para uma reforma de bases nas ForçasArmadas, para dar aos militares do Brasil a suainteira e completa capacidade de servir à nação,para considerar a defesa nacional como umconceito global, não mais apenas como umaespecialidade confinada a uma determinadacategoria de brasileiros. Fala também do papeldas Forças Armadas na formação deespecialistas, já que as Universidades aindaformava especialistas em pouca quantidade equalidade. Seriam então as Forças Armadas,como ‘universidades ativistas’, que formariamespecialistas de todos os graus e setores, e assiminstitucionalizando o devido e racionalaproveitamento dos militares em funções civis,de modo a melhorar aquilo que a nação pagavaaos seus militares e aproveitar melhor aquilo parao qual os militares tinham se preparado emtempo de paz. Sustenta que o Brasil precisava dequadros dirigentes em todos os setores, paraindústria, para o desenvolvimento tecnológico,para o preparo educacional do povo. E isso,ressalta Lacerda encontrava-se de sobra nasForças Armadas que tinham, em relação aomundo civil, uma certa inibição, pois toda vezque se intrometiam era como se fossem de fatointrusos, quando na realidade a nação pagava aeles, o povo bancava o custo de seus estudos paraque seus elementos dessem à nação,imediatamente, e não apenas em tempo deguerra, senão que em tempo de paz, a preparaçãopara a prosperidade, para um desenvolvimentoharmonioso e autêntico. Destaca que se levavaanos para formar um oficial, e Lacerdaconsiderava nada mais justo que a nação tirassedessa formação imediatamente o maior proveitopossível, até mesmo para remunerá-los melhor.

Page 280: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Faixa 3Inauguração da Escola Emílio Carlos, em SantoAntônio, Honório Gurgel.Carlos Lacerda anuncia os presentes, entre eles odeputado Raul Brunini, como presidente daAssembleia Legislativa do Estado da Guanabara.Sobre o ginásio do estado ele diz haver 20 milbolsas gratuitas à espera de candidatos. Salientaque havia 8 mil bolsistas, mas ainda havia vagasem ginásios particulares pagos pelo estado.Afiança que já havia ginásios para todos. Sobre aescola em que se encontrava, ele conta que ogoverno do estado da Guanabara tomava muitocuidado na escolha de nomes para suas escolas,porque numa escola o nome também educava oudeseducava uma criança. Alerta que não se deviapor qualquer nome numa escola, nem muitomenos nome de parentes do governador. E, entãoele pergunta: “Por que demos o nome de EmílioCarlos a esta escola?” Antes de responder eleressalta que nunca dava o nome que não desseorgulho explicar. Discorre sobre o patrono daescola, Emílio Carlos. Alerta Lacerda que elerepresentava, como ninguém, “a imagem dogaroto filho de imigrantes que se fez triunfantepelo valor da sua inteligência, pelo fulgor do seuespírito, pelo talento com que soube sair dahumildade e da profundidade de suas origenslibanesas, tendo os seus pais desembarcado noBrasil, para atingir a culminância a que chegou”.Lembra que a escolha era também umahomenagem às suas convicções democráticas.Lacerda exalta seu papel como locutor na BBCde Londres, no tempo em que perigosamente oBrasil parecia se entregar aos braços do nazismo,quando através do noticiário e dos comentáriosque transmitia mantinha na alma do povobrasileiro a confiança na liberdade e no valor dapaz com honra. Era Emílio Carlos umcombatente, um militante antinazista durante otempo da guerra. Lacerda relata que já no Brasil,no Estado de São Paulo, era Emílio Carlos umcolega seu de profissão. Recorda que ele tinhasido um apaixonado pela obra de Getúlio Vargas.Conta que ele não conhecia outro presidente e naobra de Vargas ele tinha encontrado para seuespírito elementos de gratidão e de admiração.Acredita que havia em Emílio Carlos a qualidadeeminente do povo brasileiro, que era osentimento de gratidão e a capacidade deadmirar. Conclui dizendo que esse tinha sido ocaminho para a vida pública de Emílio Carlos.Exalta sua trajetória política como presidente doPTN (Partido Trabalhista Nacional), sendo paracom Lacerda um dos mais dedicados e maiscordiais aliados e companheiros. Carlos Lacerdaexalta a idoneidade de Emílio Carlos, pois eledeu exemplo de um homem público que “tendotodos os instrumentos da vitória na mão usousomente os lícitos e desprezou cordialmente e

Page 281: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

afastou displicentemente todos os instrumentosilícitos de que poderia lançar mão para triunfar”.Carlos Lacerda diz que era preciso “que não seperca este exemplo de humildade na evolução eno aperfeiçoamento, e de altivez na afirmaçãodos valores da inteligência, pois Emílio Carlosdeveu o seu triunfo unicamente à inteligência e éum tributo à inteligência dar-lhe o nome a estaescola do bairro de Santo Antônio”. Ele entrega aescola ao povo acrescentando ser ela apenas opagamento de uma dívida que o governo tinhacontraído com o povo, quando cobrava a eleimpostos para governar. Ele conclui: “Aqui está oimposto feito pedra e cal. Aqui está o impostotransformado em tijolo e livro. Possa ele libertarvossas crianças para que elas consigam manterlivre a pátria em que nasceram!”

Faixa 4Inauguração da Escola Dom Meinrado, emCampo GrandeCarlos Lacerda comenta que achava que estavaficando um pouco velho, pois já não conseguiadominar certas emoções... Fala da calúnia quequase fez com que ele perdesse as eleições e queconsistia em espalhar que, uma vez eleitogovernador, iria acabar com a escola pública.Lacerda alivia-se com o fato de a maioria teracreditado nele, e conta que resultado era umgoverno honrado, modesto, mas limpo, cujoúnico objetivo era dar ao povo aquilo que eleprecisava receber em troca de seus impostos. Eleavisa que estava na hora de cobrar à outra parcelada população, que não tinha acreditado nele.Mas, não cobraria para ele, mas sim para seugoverno. Carlos Lacerda diz saber que havia paisque recebiam as escolas que seu governo vinhaconstruindo como favor, mas não deveriam, poisera para isso que eles pagavam impostos, parareceberem do governo escolas para seus filhos.Lacerda diz que duas preocupações do governocom as escolas eram: o problema de mantê-las eo de dar o nome a elas, pois numa escola tudodeveria ser educativo: “uma escola cujo terreno ozelador deixa que se transforme em capinzal nãoé uma boa escola, por mais bonito que seja oprédio”, diz ele, que acrescenta que uma escolaescura, feia, que educava para a feiúra e não paraa beleza não seria uma boa escola, assim comotambém não seria boa a escola em queprofessores e alunos não fossem as aulas.Acrescenta o governador que escolas que tinhamem seu frontão o nome do governador nogoverno, ou da mãe do governador, ou da sogrado governador ou do compadre do governador,não eram boas escolas... Discorre sobre aimportância de se escolher nomes certos para asescolas da Guanabara. Diz que era preciso umnome que desse às professoras o orgulho que asfizessem dizer: “eu trabalho na escola fulano de

Page 282: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

tal...” Carlos Lacerda relata, ao fim do discurso, aimportância do Mosteiro de São Bento para aHistória do Brasil e do Rio de Janeiro. Ele oconsidera, pelo seu valor de ordem moral, umaparte inseparável do patrimônio do povo cariocae do povo brasileiro.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.099

1. Assunto

1.1 FaixaContinuação da Faixa 4, da Fita8Inauguração da Escola DomMeinrado, em Campo Grande

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola MunicipalRômulo Gallegos, em Cosmos

1.3 Faixa 3Inauguração da Escola MarcílioDias

1.4 Faixa 4Continuação da Faixa 3Inauguração da Escola MarcílioDias

1.5 Faixa 5Continuação da Fita Anterior.Inauguração da Escola MarcílioDias

1.6 Faixa 6Inauguração da Escola MarechalAlcides Etchgoyen, em VilaKennedy.

2. Temas

2.1 Faixa 1Elogios ao patrono

2.2 Faixa 2Exaltação ao patrono,solidariedade à Venezuela,agentes comunistas, romperrelações com Fidel Castro,“Revolução” dos servidores da leie do povo, guerra subversiva,atuação do Exército na repressãointerna, comunismointernacional,

2.3 Faixa 3Justificativa de atraso, inúmerasinaugurações, exaltação aMarcílio Dias, batalha do

F1:03:45minF2: 10:06minF3: 14:04minF4: 02:30minF5: 06:47minF7: 21:32min

F1: 30/04/1963F2: [1963/1964]F3: 10/04/1964F4: 10/04/1964F5: 10/04/1964F6: 13/04/1964

Faixa 1Inauguração da Escola Municipal DomMeinrado, em Campo Grande.Encerramento do discurso do governador CarlosLacerda. Ele elogia a devoção dos mongesbeneditinos e justifica a escolha do nome de DomMeinrado para o frontão da escola entãoinaugurada. Ele exalta, em particular, DomMeinrado.

Faixa 2Inauguração da Escola Municipal RômuloGallegosCarlos Lacerda anuncia as autoridades presentes,entre elas o representante da embaixada daVenezuela. Diz Lacerda que a escola recebe onome de um dos “escritores mais representativosda inteligência e da cultura do continente”: oromancista venezuelano Rômulo Gallegos. Eleexalta o patrono da escola e aproveita asolenidade para prestar solidariedade do Brasil àVenezuela por ter sido ela vitimada pelos agentescomunistas a serviço da ditadura de Fidel Castro:“Fiel aos seus compromissos, respeitador de suapalavra, dentro da invariável tradição desolidariedade continental, de fidelidade à paz ede serviço à liberdade, o povo brasileiro,restaurado em sua fé e em sua honra, em suasegurança e em sua paz há de cumprir oscompromissos assumidos, e, tão logo aOrganização dos Estados Americanos assimdelibere, há de romper relações com a tirania deFidel Castro para ficar fiel à fraternidade que nosune à Venezuela e às demais nações docontinente!” Comenta que no Brasil tinha sidofeita uma “Revolução”, sim. Mas, uma“Revolução” de servidores da lei e do povo, enão uma revolução de usurpadores. Diz queéramos vítimas de um outro tipo de guerra: “aguerra subversiva, a guerra da agressão interna, aguerra da agressão das minorias traidoras contraas maiorias traídas!” Carlos Lacerda defende aatuação do Exército na “Revolução” dizendo quenão era somente para guerras externas que asnações pagavam e confiavam nos seus exércitos,mas também para que na hora da traiçãopudessem contar com os que tinham armas paradefendê-los contra seus traidores. AcreditaLacerda que o povo brasileiro poderia orgulhar-se e dizer ao mundo que tinha vencido ocomunismo internacional sem derramar o sanguedos brasileiros e sem esmagar a liberdade doshomens livres. Lacerda encerra seu discursodizendo que os pobres tinham compreendido que

Page 283: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Riachuelo, guerra interna,comunismo, miséria, armamilitar, Marinha de Guerra,restauração da ordem,“Revolução” restauradora da paz

2.4 Faixa 4Elogio a Augusto FredericoSchmidt, eleição do vice-governador, Rafael de AlmeidaMagalhães, “Revolução” contra ocomunismo

2.5 Faixa 5Revolução contra o mesquinhoBrasil, falsa exploração damiséria verdadeira, eleiçõespresidenciais

2.5 Faixa 6Investimento em Vila Kennedy,Castelo Branco na presidência,reconstrução nacional, guerrasubversiva, eleições livres,movimento sindical livre,“Revolução” contra a demagogia,elogio ao patrono

sem honra não se livraria da pobreza e que semliberdade não se conseguiria viver com honra. Eacrescenta que esta foi a lição do escritor, doprofessor e do estadista Rômulo Gallegos e daVenezuela.

Faixa 3Inauguração da Escola Marcílio Dias.Carlos Lacerda anuncia as autoridades presentes,entre elas as da Marinha do Brasil e as religiosas.Ele pede desculpas pelo atraso e informa não serpróprio do seu governo atrasar-se, justificando-sepor conta do excesso de inaugurações de escolasno mesmo dia, em pontos distantes da cidade.Assinala que nenhum nome poderia ser melhorpara por no frontão de uma escola pública naGuanabara do que o nome de Marcílio Dias. Eleexalta então o patrono da escola, considerandoMarcílio Dias como símbolo da glória e honra daMarinha do Brasil, por seu papel na batalha doRiachuelo, na guerra do Paraguai. Lacerdasalienta que havia no mundo um medogeneralizado da guerra internacional. No entanto,o equilíbrio das armas do terror, o equilíbrio peloterror, a precária paz que vivia o mundo devia-seà existência de um lado e do outro do mundo dearmas tão terríveis de destruição que ninguémousaria empunhá-las ou desencadeá-las. E, porconta disso, a guerra enveredou por outrocaminho, assegura. Entende que a guerra se fazia,então, dentro de cada nação, pela agressão,usando a pobreza, a ingenuidade, a boa fé, apropaganda e a traição. Acrescenta que erajustamente esta guerra interna que proporcionavaà Rússia e a seus satélites, servindo-se de umaideologia estranha – o comunismo -, acapacidade de se expandir em cada nação,usando a miséria, que intensificava e queexplorava, para poder transformá-la numa armamilitar, ainda mais do que uma simples armapolítica. Acredita Lacerda que o comunismo nãoera apenas um movimento político, não eraapenas uma posição ideológica, era uma arma deguerra, uma agressão ideológica. Sobre o papeldas Forças Armadas, Lacerda pergunta para queserviriam elas se não se unissem, não semobilizassem e não se desencadeassem emdefesa dos princípios, ideais, aspirações einteresses de sua pátria. Relata Lacerda que aMarinha de Guerra do Brasil foi, entre ascorporações militares, a primeira e a maisagredida, e gravissimamente ameaçada na suaestrutura, pelo temor da guerra internaengendrada pela presença do comunismo noBrasil. E que foi ela, que se alertando, alertou anação. E com a ‘valorosa’ ajuda do Exército, daAeronáutica e da opinião pública civil, o Brasiltinha se levantado para desafogar-se, fazendouma “Revolução” pela paz, uma “Revolução”que não tinha sido uma sublevação, mas sim a

Page 284: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

restauração da ordem contra a ordem sublevada,a restauração da paz contra a guerra que seameaçava. Carlos Lacerda fala da liberdade comresponsabilidade, único meio de fazer com que aliberdade fosse para todos. Discorre sobre ocombate ao comunismo no Brasil e ressalta queera com esta ideia que o Brasil se reabilitavadiante dos olhos de seus filhos aliviados,desafogados... Salienta que o que estavaocorrendo no Brasil não era apenas uma guerracivil entre irmãos, mas algo muito maior: umaguerra internacional, que se servia de irmãos paralançá-los contra a fraternidade no Brasil. Encerrao discurso dizendo que o Brasil, libertando-se,trouxera para o continente americano a palavrada liberdade, da ordem, da paz, da lei, da honra,do trabalho e da justiça a todos os povos daAmérica. E que levava ao mundo a palavra defraternidade que era a sua vocação.

Faixa 4Continuação da Faixa 3Inauguração da Escola Marcílio Dias.Carlos Lacerda encerra a cerimônia após discursode Augusto Frederico Schmidt. Agradece apresença dos representantes da França, doencarregado de Negócios e do conselheirocultural da embaixada. Ele formula um apeloperante o povo do Méier aos deputadospresentes: que o deixassem descansar tranquilo,recuperar a saúde, elegendo o vice-governadordo estado, o seu jovem companheiro de trabalho,Rafael de Almeida Magalhães. Ele agradece aAugusto Frederico Schmidt. pelo seu discurso.Finaliza dizendo que o Brasil tinha sido oprimeiro país do Ocidente a fazer a tempo sua“Revolução” contra o comunismo.

Faixa 5 Continuação da Fita AnteriorInauguração da Escola Marcílio Dias.Diz Lacerda que não se tinha feito uma“Revolução” para ficar parado, nem muito menosuma “Revolução” para esperar que a marébaixasse e nos fizesse voltar ao ponto de partida.Acrescenta que se tinha feito uma “Revolução”para projetar o grande Brasil contra o‘mesquinho Brasil’, da demagogia e da falsaexploração da miséria verdadeira. EntendeLacerda que teríamos que fazer do Brasil umanação com audácia, uma nação de ímpetos, umanação corajosa, uma nação sem medo do destino,pois se havia uma nação à qual o destino pareciasorrir, era exatamente o Brasil. Acrescenta que oBrasil não era subdesenvolvido, como algunsdiziam, a não ser na cabeça de algunssubdesenvolvidos que o tinham governado. Elefaz campanha em torno de sua candidatura paraas eleições presidenciais que, presumia,ocorreriam no ano de 1965, dois anos adiante.

Page 285: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

Acha que a demagogia consistia em usar contra opovo a força de desprezar o povo, e que sóamava verdadeiramente o povo quem sentia queele era sério demais, importante demais para queum político tivesse a audácia de pretender servir-se dele. Considera que o povo precisava tomarem suas mãos a “Revolução”, e tendo à frente dogoverno da República, finalmente, um homem debem.

Faixa 6Inauguração da Escola Marechal AlcidesEtchgoyen, em Vila Kennedy.Carlos Lacerda menciona ser aquele ummomento de grande emoção para ele. Fala dosinvestimentos em Vila Kennedy, não só emhabitação, mas também na área educacional e noincentivo à pequena indústria e geração deempregos. Discorre sobre a importância de seintegrar a comunidade, que fora favelada, masque já não era mais, sendo tratada como gente,com seus direitos humanos respeitados. Naquarta-feira seguinte à inauguração, seriainiciado o exercício do general Castelo Brancona Presidência da República. E Carlos Lacerdadiz que o Brasil começava dias novos, deconfiança e entusiasmo, de honradez e delealdade às instituições nacionais. E desejava queo presidente Castelo Branco pudesse receber detodos, do mais humilde ao que se julgava o maisimportante de seus cidadãos, o apoio necessáriopara a obra gigantesca de reconstrução nacionalque ele tinha, então, a honra de iniciar. CarlosLacerda comenta o golpe militar de 1964. Dizque muita gente podia estranhar o fato dosmilitares terem saído às ruas e tomado o lugardos políticos. Mas, ele diz que gostaria deexplicar que a guerra então a ser travada não eramais como a guerra de antigamente, pois agora aguerra tinha várias modalidades, entre elas aguerra subversiva, que Lacerda conta quechamavam erroneamente de ‘guerrarevolucionária’. Lacerda acredita que narealidade tratava-se de uma ‘guerra reacionária’,a guerra da subversão comunista. Foi numepisódio da guerra subversiva que os militaresforam chamados a intervir, assinala ele,acrescentando que eles tinham esperado atédemais. Deseja Lacerda que os militares nãosaíssem enquanto todos os objetivos da“Revolução” não fossem atendidos, enquantoalguns políticos ‘apóstolos da corrupção’,‘raposas da política’, pretendessem roubar atodos como um ladrão de carteiras. Espera CarlosLacerda que militares e civis tivessem juízo,patriotismo e compreensão para que pudessemlevar por diante a obra da reconstrução,preparando o Brasil para eleições livres, semmáquinas eleitorais, sem institutos pondodinheiro na eleição, sem fundo sindical, com

Page 286: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

movimento sindical livre e independente, e comos comunistas fora de combate, para que nãopudessem trair o Brasil. Entende Lacerda que a“Revolução” não tinha sido uma “Revolução”reacionária, mas uma “Revolução” contra-reação,contra a demagogia e contra o desperdício, contraa indolência e a incompetência dos governos.Voltando a falar da inauguração da escola, elemenciona seu patrono. Antes de encerrar ele falao porquê da escolha do nome para o frontão daescola então inaugurada. Diz que Alcides tornoua polícia não temida, mas sim respeitada pelopovo e que foi Alcides que começou o combate àcorrupção dentro da polícia. Acrescenta que elefoi um pioneiro, um grande reformador da políciacarioca. Diz Carlos Lacerda que a ‘vitória deabril’, numa alusão ao golpe de 1964, foi emgrande parte semeada pela mão de AlcidesEtchgoyen, cujo nome no frontão da escolafigurava como um exemplo e um símbolo para asfuturas gerações.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.100

1 Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração da Escola AriBarroso, em Cordovil

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola MiguelCouto, em Olaria

1.3 Faixa 3Inauguração da Escola IVCentenário

1.4 Faixa 4Discurso de Carlos Lacerda

1.5 Faixa 5Inauguração da EscolaLuxemburgo

2. Temas

2.1 Faixa 1Elogios ao patrono da escola, AriBarroso

2.2 Faixa 2Lincoln Gordon, Aliança para oprogresso, dinheiro americano,eleições para sucessão dogoverno da Guanabara, campanhaeleitoral, Flexa Ribeiro, fim daescola pública, perseguição aosfavelados, governar paraCopacabana, candidato à

F1: 10:05minF2: 17:09minF3 :07:31minF4: 22:52minF5: 09:59min

F1: 10/04/1964F2: 17/08/1965F3: 02/08/1965F4: [1964/1965]F5: 02/08/1965

Faixa 1Inauguração da Escola Ari Barroso, em CordovilCarlos Lacerda anuncia que aquela era a 4ªescola que o governo entregava no dia,construída com o dinheiro do povo. Ele diz quenão seria possível por no frontão da escola onome de todos aqueles que pagaram pelaconstrução dela, mas que, como toda escola atéentão inaugurada na Guanabara, esta precisavade um patrono, um patrocinador cujo nome fosseinspirador no processo educativo. Ele volta aelogiar os nomes das escolas inauguradas no dia:Rômulo Gallegos, o pintor Lasar Segall eMarcílio Dias. E exalta também a figura de AriBarroso. Diz que Ari Barroso tinha a virtudesingular de ser “uma espécie de ponte entre amúsica espontânea do povo e a música eruditaque volta para o povo depois de filtrada noslentos, poderosos, laboriosos filtros da emoção eda cultura artística”. Acrescenta que ele era umafonte inesgotável de ritmos e emoções. E concluidizendo que Ari Barroso era um nome quefaltava numa escola da Guanabara.

Faixa 2Cerimônia de Inauguração da Escola MiguelCoutoCarlos Lacerda anuncia que aquela era a 16ªescola que o governo entregava ao bairro, sendoque ainda havia 4 em construção, fazendo comque o governo entregasse, ao todo, no final dogoverno, 20 escolas. Ele agradece a presença deLincoln Gordon, embaixador dos EstadosUnidos, e de seus colaboradores no programa daAliança para o Progresso. Conta que se tratava daprimeira escola construída na Guanabara com aajuda financeira do povo americano, através daAliança para o Progresso. Sobre o patrono daescola, ele diz que ele tinha no Brasil um

Page 287: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

presidência

2.3 Faixa 3Mudança do nome da escola,problema de telefone, problemascom a Light, remoção eurbanização de favelas doEsqueleto, Baixa do Sapateiro,Jacarezinho, continuísmo,escolha de um bom substituto

2.4 Faixa 4Relação entre a Guanabara e ogoverno federal, eleição de umcorreligionário para a Guanabara,eleição para presidente,promessas de campanha, Guandu,rio para levar água, exaltação dotrabalho de Flexa Ribeiro,política educacional

2.5 Faixa 5Escolas modestas, escolas paratodos, elogios a Luxemburgo,nome educativo para as escolas,centro industrial do país

exemplo da versatilidade e da capacidade de seinteressar por muitos assuntos, que parecia umacaracterística dos homens de tempo passados,dos homens do Renascimento. E no momento,com a excessiva especialização, não era maispossível encontrar homens deste tipo. Acrescentaque uma outra palavra que ele desejava dizer eraeleitoral. Ele discorre, então, sobre as eleiçõespara sua sucessão no governo da Guanabara. Dizque todos deveriam ter uma opinião, inclusiveele, mas que sua opinião não valia mais nemmenos do que a de ninguém. Mas, depois de 4anos e 8 meses de trabalho no governo, ele falado perigo da cidade voltar à rotina, à inércia, serdevolvida ao desperdício, de ser entregue àdesonestidade, ser recapturada pelaincompetência. Explica que a razão pela qual elepedia votos numa escola era simples: ele afirmanão forçar ninguém a votar, nem muito menos avotar num, noutro ou em qualquer candidato.Mas, a sua palavra era um apelo à consciência, àinteligência. Diz que tinha um candidato e pediavotos para ele porque tinha sido ele quem tinhafeito as escolas inauguradas na Guanabara. Eleassinala que o que tinha sido feito até então foraapenas o começo do que se poderia fazer se opovo quisesse que se fizesse. Faz campanha paraFlexa Ribeiro, para que ele fosse o governadorda Guanabara. Explica que se todos que tinhamvotado nele votassem em Flexa Ribeiro, ele jáestaria eleito. Faz um apelo, também, àquelesque não tinham votado nele e não votaram poracreditar na calúnia que consistia em dizer queele acabaria com a escola pública. A essa calúniaele responde: “Está aqui a escola pública!”.Acrescenta que esses não votaram também poracreditarem que ele perseguiria os favelados e sóiria governar para Copacabana. E, sobre essasquestões, ele pede que perguntassem ao povo deVila Kennedy, do Méier, Cascadura, Penha,Olaria e Ramos se isso era verdade! Ele pede quevotassem, mas não apenas num homem, mas,sobretudo, numa ideia, num programa, que jácomeçara a ser realizado, e parte de uma filosofiade vida, de uma ideia sobre a vida, a ideia de queo homem criado por Deus não deveria ceder aninguém o seu direito de escolher e que só Deuspoderia tomar-lhe. Sobre seu futuro político, eleenfatiza que seria candidato a presidente daRepública e encerra o discurso agradecendo apresença de todos.

Faixa 3Ampliação da Escola e Mudança do Nome paraEscola do 4º CentenárioCarlos Lacerda fala sobre a ampliação da escolae sobre a mudança de seu nome para Escola do 4ºCentenário. Ele refere-se a dois problemasconcretos, sendo um o do telefone. Conta queestava instalando 20 mil telefones públicos, com

Page 288: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

base para 200 mil em 90% da área da Guanabara.Explica que a área em que se encontrava a escolainfelizmente estava ainda nas garras da Light eLacerda diz que só poderia ‘aparar’ as garras daLight na Presidência da República, pois ogovernador nada podia fazer. Ele discorre sobre aurbanização das favelas do Rio de Janeiro.Assinala que havia favelas que precisavam serremovidas porque a lama era tamanha e a águamais suja do que o esgoto, de modo que nãohavia como manter os moradores no local. Mas,diz que se tratava da minoria: das 180 favelas dacidade, somente 11 precisaram ser removidas.Outras 40 estavam sendo urbanizadas.Acrescenta que a população da favela doEsqueleto tinha sido transferida para outro lugare com boa vontade, ninguém lá foi contra,assegura. Sobre a favela da Baixa do Sapateiroele diz que ela estava sendo urbanizada, assimcomo a favela do Jacarezinho, ou seja, tinhacondições de melhorar no local mesmo, abrindoruas, colocando esgoto, água e luz. Sobre asucessão no governo da Guanabara, ele lembraao povo que seu governo terminaria no dia 05 dedezembro, sendo que ele estava discursando nofim de agosto. Conta que um amigo seu, umportuguês, pedira a ele que permanecesse nogoverno, mas salienta que isso não dependia davontade dele, que a lei mandava substituir e queninguém era insubstituível. Alerta, apenas, quetinha o dever de ajudar o povo a escolher umbom substituto.

Faixa 4Discurso de Carlos LacerdaCarlos Lacerda discorre sobre a relação entre aGuanabara e o governo federal. Ele denuncia quedurante todo o seu mandato os ‘homens de lá’não queriam que seu governo fizesse algo naGuanabara, para que o povo tivesse a sensaçãode que o governo estadual nada faria. Lacerda dizque com sua possível ida para Brasília isso iriamudar. Mas, iria mudar apenas se o povoescolhesse para governador da Guanabara umcandidato que fosse aliado do governo federal[então sob sua responsabilidade] -, e não inimigo,porque do contrário ocorreria o inverso: seria ogoverno federal que iria querer ajudar aGuanabara e o governo da Guanabara negaria aajuda. Isso constituiria uma tragédia, um atrasopara a Guanabara, assegura Lacerda. Ele pede aopovo da Guanabara que conduzisse ao governoalguém que o entendesse e soubesse trabalharcom ele, pois tudo indicava que ele teria defirmar um novo ‘contrato de trabalho’ com opovo, para um trabalho de 4 anos em Brasília.Lacerda alerta o povo para que ele não sedeixasse levar por promessas de campanha, feitaspor políticos que só apareciam em vésperas deeleições, e até punham uma bica aqui e ali, mas

Page 289: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

ao ganharem o voto, no dia seguinte à eleição,como não tinha mais voto, também não teriamais bica. Ele acrescenta que eram os mesmospolíticos que fizeram promessas e que tiveram deser cumpridas pelo seu governo; que deixaramvários esqueletos de construções e que tiveramde ser terminadas em sua gestão. Lacerda relataque tinha ido ao Guandu e por conta dessa visitadava grande notícia ao povo presente, isto é, queno dia 30 de novembro, 5 dias antes de deixar ogoverno, o Guandu estaria cheio de água, e 43km de túnel seria um ‘rio’, correndo dentro damontanha, para levar água a todo o estado daGuanabara. Ele fala do compromisso que deveriaassumir um político quando eleito para um cargocuja principal atribuição era servir ao povo.Menciona que a oposição nunca tinha ido ver oGuandu e que dos 50 deputados da ALEG(Assembleia Legislativa do Estado daGuanabara), talvez 10 tenham ido ver a obra doGuandu, sendo que 40 nunca foram lá e falavamdo que não tinham visto, diziam o que nãosabiam. Ele faz campanha para eleger FlexaRibeiro para governador da Guanabara. Comentaque as 18-20 horas diárias de trabalho, ao longodo seu mandato, davam-lhe o direito de pedir aopovo que se juntasse a ele para por Flexa Ribeirono governo da Guanabara. Ele exalta o trabalhorealizado por Flexa Ribeiro na SecretariaEstadual de Educação, durante o seu mandato.Lacerda ressalta a política educacional de seugoverno e atribui grande importância a FlexaRibeiro no processo. Lacerda menciona que aBaixa do Sapateiro seria um pedido que ele fariaa Flexa Ribeiro, para que sua urbanização fossetratada como prioridade, logo que ele assumisseo governo.

Faixa 5Cerimônia de Inauguração da EscolaLuxemburgo.Carlos Lacerda anuncia as autoridades presentes:as altezas reais, o grão-duque e a grã-duquesa deLuxemburgo, o embaixador dos Países Baixos ede Luxemburgo, o embaixador do Brasil esenhora Afrânio de Melo Franco, autoridades deLuxemburgo, a secretária de Educação,professores, senhoras e amigos. Enfatiza queseriam poucas palavras para sublinhar a alegriacom que o governo do estado inaugurava maisuma escola. Defende Lacerda que só com escolase fazia democracia, e que se podia fazer escolasem democracia, mas o contrário não. Acrescentaque, de todas as obras feitas pelo seu governo, ada educação era a de que ele tinha mais orgulho,porque era aquela que trazia tranquilidade,segurança e bem-estar aos pais, além de seprojetar para o futuro. Salienta que preferia fazerescolas pobres e humildes para poder fazerescolas para todos. Acrescenta que era parte

Page 290: Carlos Lacerda acervo 1 (pdf)

inseparável, parte indispensável da obra deeducação, dar um nome à escola. O nome dogovernador, nem de sua mulher ou de sua sograjamais figurariam no frontão de escola que viessea ser inaugurada no estado da Guanabara, durantesua gestão, assegura ele. Agora, o nome de heróise de países; o nome de educadores, de artistas ede exemplos de trabalhadores de sua pátria e dahumanidade, estes, sim, eram dignos paraLacerda, que acredita que só os grandes nomesserviam para que as professoras pudessemensinar a seus alunos o que significava o nomeda escola onde estudavam. Ele adota estediscurso para justificar a escolha do nomeLuxemburgo para a escola então inaugurada.Carlos Lacerda diz que Luxemburgo era ‘aGuanabara da Europa’ e que a Guanabara tinha aambição de vir a ser o Luxemburgo do Brasil.Ele exalta o tamanho pequenino do estado frenteà sua importância como o segundo maior centroindustrial do país. Lacerda garante que aGuanabara havia de ser para o Brasil a escola dedemocracia, porque era uma democracia quedava escola para todos os filhos de trabalhadores.