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EDIÇÃO N.º 524 | 9 DE MARÇO DE 2018 DIRECTOR CARLOS FERREIRA LUANDA 500 KWANZAS www.novojornal.co.ao POLÍTICA PARLAMENTO Lei de Repatriamento perde carácter de urgência | P06 SOCIEDADE CACUACO Pontes recentes desabam e «levam» milhões de Kz | P20 ESPECIAL INFORMAÇÃO COMBUSTÍVEIS Sonangol quer «câmbio flutuante» e especialistas prevêem aumento dos preços | P02 DESPORTO GIRABOLA Craques do bicampeão regressam diante do «goleador» Kabuscorp | P44 FECHO MAKA Jurista considera «ilegal» transferência em gestão corrente | P48 Muandumba nega conflito com Albino da Conceição Assessoria de Muandumba refuta conflito com Albino da Conceição e revela que a Casa do Desportista foi entregue a título compensatório a uma empresa próxima do governador do Moxico. | P08 ADJALI PAULO «Isabel dos Santos é cúmplice e o pai padrinho da corrupção» «Todos eles contribuíram para o estado miserável da Sonangol» | P14 «Em última instância, é o julgamento popular que vai contar» Entrevista a Rafael Marques CASO SONANGOL

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Page 1: CARLOS FERREIRA EDIÇÃO N º DE KWANZAS Muandumba … · ... vão-se vendo, ... seus preços de venda de combustíveis numa banda de variação ... entre o seu custo para a distribuidora

EDIÇÃO N.º 524 | 9 DE MARÇO DE 2018DIRECTOR CARLOS FERREIRA LUANDA 500 KWANZAS

www.novojornal.co.ao

POLÍTICA

PARLAMENTO Lei de Repatriamento perde carácter de urgência | P06

SOCIEDADE

CACUACO Pontes recentes desabam e «levam» milhões de Kz | P20

ESPECIAL INFORMAÇÃO

COMBUSTÍVEIS Sonangol quer «câmbio flutuante» e especialistas prevêem aumento dos preços | P02

DESPORTO

GIRABOLA Craques do bicampeão regressam diante do «goleador» Kabuscorp | P44

FECHO

MAKA Jurista considera «ilegal» transferência em gestão corrente | P48

Muandumba nega conflito com Albino da ConceiçãoAssessoria de Muandumba refuta conflito com Albino da Conceição e revela que a Casa do Desportista foi entregue a título compensatório a uma empresa próxima do governador do Moxico. | P08

■ ADJALI PAULO

■■ «Isabel dos Santos é cúmplice e o pai padrinho da corrupção»

■ «Todos eles contribuíram para o estado miserável da Sonangol» | P14

«Em última instância, é o julgamento popular que vai contar»

Entrevista a Rafael Marques

CASO SONANGOL

Page 2: CARLOS FERREIRA EDIÇÃO N º DE KWANZAS Muandumba … · ... vão-se vendo, ... seus preços de venda de combustíveis numa banda de variação ... entre o seu custo para a distribuidora

O retrocesso civilizacional das Mulheres Uma das razões fundamentais do início da luta de libertação nacional,

na perspectiva dos poucos dirigentes das colónias portuguesas em África que tinham fundamentos ideológicos sólidos e uma visão

de futuro para os nossos países, era também a recusa da condição de dupla escravatura a que as mulheres africanas no geral estavam submetidas.

A independência em Angola abriu caminho para um curto período em que se registaram notáveis avanços do ponto de vista legislativo, embora, verdade se diga, em qualquer debate de especialistas (juristas, direcção da OMA, especialistas em Direito Costumeiro) se encontrassem sempre barreiras por parte da generalidade dos homens.

A natureza cultural e sociológica da maioria dos integrantes desses debates, quase todos do sexo masculino, oferecia-lhes um campo suficientemente largo, a coberto de uma pseudo-narrativa que juntava a milenar matriz judaico-cristã com uma pretensa “africanidade”, para dificultar a obrigatoriedade a todos os títulos de abrir o caminho às dificuldades que as instituições coloniais, as igrejas e o próprio pensamento complexado da pequena-burguesia angolana impunham às mulheres. Foram batalhas sem fim — ainda há testemunhas e participantes, vivas e vivos, dessas discussões que podem confirmar estes factos.

O retorno a uma fórmula ideológica, também ela proveniente do tempo colonial, foi dando cabo dessas (poucas) conquistas das mulheres angolanas. E a ligação imediata feita pelo mesmo poder político, agora travestido de pró-capitalista neoliberal, principalmente as instituições como a Igreja Católica, empurrou a mulher, na sua generalidade, para a mesma situação em que se encontrava duas décadas antes. Os direitos das mulheres foram recuando, a esmagadora maioria delas — camponesas, sem acesso a recursos mínimos, porque até a alfabetização desapareceu das prioridades, mantiveram-se submissas e exploradas quer pelos companheiros quer por uma sociedade patriarcal — e algumas minorias das cidades, mais esclarecidas mas de todo incongruentes, recuaram em absoluto, voltando à sua condição de subserviência secular, escondendo-se debaixo de uma religiosidade que as voltou a oprimir e que, num assomo aparentemente de moda e não de convicção, tinham recusado nos alvores da independência. Escolheram copiar também as “madrinhas”

do exército colonial, silenciaram as suas vozes, remetendo-se de novo à condição de submissão e silêncio, para onde tinham sido empurradas desde sempre. Entre “acções de caridade”, “chazinhos dançantes” e recolhendo prendas para os “pobrezinhos”, estava completo o quadro que as levaria de novo à condição de espezinhadas e objectos, enquanto se reinstalou a correr (se é que alguma vez desapareceu...) a imposição de um ambiente sociocultural que favorecia e favorece a poligamia e a degradação da mulher em todos os campos da sua vida.

E enganam-se os que pensam que o discurso da “paridade” ao nível do número de mulheres que são nomeadas e têm acesso ao poder político é que resolve este problema. Nada mais enganador. Esse tipo de verbalização do problemaapenas permitiu o acesso de uma pequena faixa do sexo feminino a funções de deputadas, ministras ou executivas. A esmagadora maioria continuou a ser combatida e inferiorizada.

Como defende Alain Touraine, “uma vez que a dominação é cada vez mais cultural, é o apelo a uma cultura e a um tipo de personalidade, é a recusa da inferioridade cultural que se tornam as pontas de lança da luta pela igualdade real”. Felizmente, vão-se vendo, aqui e ali, ainda que timidamente, mulheres das mais novas gerações a juntarem-se para discutir os seus problemas e problemas mais abrangentes da sociedade angolana. Sendo, como era de esperar numa sociedade atrasada como a nossa, que as reacções mais típicas e imediatas passam por tentar ridicularizá-las, vulgarizá-las, pelo simples facto de nós, Homens, termos, generalizadamente, medo da sua afirmação e da importância que podem e devem ter, seja qual for a área que pensemos abordar. Essa luta tem de começar de novo. Mais difícil ainda, porque as novas gerações ainda são mais conservadoras, mais reaccionárias e mais machistas do que todas as gerações anteriores. ■

Editorial

Taxa flutuante favorece Sonangol O anúncio feito pela Sonangol, na semana passada, a respeito da intenção de tornar realidade o aumento dos preços dos combustíveis está a dividir a sociedade. De um lado, está o conforto da concessionária, que busca o preço real, e do outro, o imenso público consumidor, que antevê um cenário de dificuldades acrescidas.

◗ HORTÊNCIO SEBASTIÃO

Voltaram à sua condição de subserviência cultural, escondendo-se debaixo de uma religiosidade que as voltou a oprimir e que tinham recusado nos alvores da independência

A proposta da Sonangol para um novo aumento dos preços dos combustíveis está a dividir a sociedade

COMBUSTÍVEIS

Especial Informação

| 2 | SEXTA-FEIRA 9 de Março 2018

Page 3: CARLOS FERREIRA EDIÇÃO N º DE KWANZAS Muandumba … · ... vão-se vendo, ... seus preços de venda de combustíveis numa banda de variação ... entre o seu custo para a distribuidora

A eventual alteração dos preços dos combustíveis com taxas flutuantes, segundo defende a administração da petrolífera estatal, tanto poderá osci-lar para o aumento ou a redução dos custos para o público.

No entanto, segundo fontes ligadas à empresa, esta tendência incidirá mais para o incremento do que para a baixa de preços, uma vez que as receitas daí resultantes servirão para cobrir “bura-cos financeiros” decorrentes das ges-tões alegadamente danosas de suces-sivas administrações da empresa ao longo dos vários anos.

Em causa está a proposta da Sonan-gol que tem a ver com a necessidade de ajustar o custo dos derivados de petró-leo em “banda flutuante”, justificada com exageradas perdas na sua aquisi-ção a partir do exterior com recursos próprios, longe de cobrir as despesas efectuadas na sua compra.

Segundo o economista Galvão Branco, contactado pelo NJ, não há neste mo-mento condições políticas e sociais para a alteração dos preços dos combustíveis, sob pena de danificar ainda mais a vida das famílias e a actividade das empresas.

“Independentemente de ser absolu-tamente legítimo o propósito da So-nangol de estruturar a formação dos seus preços de venda de combustíveis numa banda de variação consoante a sua estrutura de custos, não há de mo-

mento condições políticas e sociais para que tal desiderato ocorra sem pe-sados danos na vida das famílias e na actividade das empresas, já por si afec-tadas pelo contexto bastante adverso no domínio da garantia dos serviços públi-cos indispensáveis e uma geração de rendimentos incapaz de assegurar um padrão de vida com alguma dignidade aos angolanos”, salientou.

Acrescentou que, “já sem os subsídios anteriormente concedidos, a Sonangol, na sua estratégia operacional, vai ter de conviver com estes handicaps de natu-reza política e social e adoptar medidas de racionalidade de custos de estrutura e acelerar o processo de implantação das refinarias, de modo a não depender-mos da importação de refinados e os custos que lhe estão associados”.

“Numa perspectiva estritamente em-presarial, suportada pelos ditames do cálculo económico, os preços dos com-bustíveis deverão ser formados em fun-ção da estrutura de custos que decorrer da disponibilização deste produto ao consumo público e privado”, observou.

De acordo com o economista, “mais coerente se torna a adopção deste prin-cípio quando a componente básica para a sua fabricação, que é o petróleo bruto, está sujeita a permanentes oscilações dos seus preços no mercado internacio-nal”, mas, “no nosso caso, não podemos ignorar que as necessidades são assegu-

radas com o recurso a cerca de 80% da importação de derivados de petróleo”.

O especialista referiu ainda que, no caso concreto de Angola, dadas as suas realidades económicas e sociais, “nem sempre é possível atender às regras uni-versalmente adoptadas na gestão das empresas, já que, tratando-se de comer-cialização de combustíveis, importa avaliar os seus impactos em diferentes sectores, como na produção de energia eléctrica, no transporte aéreo, e outros”.

Já o presidente da associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA), em declarações ao Novo Jornal Online, aventou a hipótese de propor ao Execu-tivo o financiamento dos combustí-veis aos taxistas, caso se implemente a medida de subida dos preços.

Segundo o líder desta organização, Geraldo Wanga, o preço aplicado na ac-tividade exercida pelos seus associados depende do tarifário da gasolina e do gasóleo aplicado pela Sonangol.

“Nós não concordamos com a propos-

ta da Sonangol de subir o combustível e vamos esperar para ver, mas, se for aplicada, nós também teremos a nossa palavra diante do Executivo, que passa pela exigência ao Estado de subvencio-nar o combustível para exercício desta profissão”, declarou, acrescentando que os preços actuais estão no limite do que as pessoas podem pagar.

Neste momento, o litro de gasolina nas bombas de combustíveis está fi-xado em 160 kwanzas, enquanto o ga-sóleo é de 135, sendo que a diferença entre o seu custo para a distribuidora e de venda ao público é suportada pela Sonangol na sua importação.

Durante uma conferência de impren-sa, o PCA da petrolífera estatal, Carlos Saturnino, considerou urgente o au-mento dos preços dos combustíveis, com vista a reduzir o esforço financeiro da petrolífera, que paga a diferença en-tre o valor nas bombas e o preço real destes nos mercados de importação.

Recordou que a taxa de câmbio utiliza-da há dois anos pela Sonangol é de 155 kwanzas por dólar, “mais baixa do que os 166 kwanzas utilizados anteriormente pelo Banco Nacional de Angola”.

“Portanto, 155 kwanzas por um dólar, nem que a gente recolha grande parte do dinheiro da venda dos combustíveis em kwanzas, não conseguimos com-prar na mesma proporção as divisas para comprar os combustíveis”, frisou.

◗ «Não há condições políticas e sociais para que tal desiderato ocorra»

■ LIDIA ONDE

Petrolífera diz que perde com o actual preçário

O economista Galvão Branco entende ser prematuro qualquer incremento nos combustíveis

■ QUINTILIANO DOS SANTOS

■ QUINTILIANO DOS SANTOS

COMBUSTÍVEIS

SEXTA-FEIRA 9 de Março 2018 | 3 |

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◗ HORTÊNCIO SEBASTIÃO

O economista Precioso Domingos de-fende o aumento dos preços dos com-bustíveis, afirmando tratar-se de uma medida já antiga que visa evitar distorções no mercado.

“É uma questão também de Angola adoptar medidas económicas mais con-dizentes com a economia e evitar distor-ções no mercado. As medidas que estão a ser colocadas agora já vêm do tempo do boom do petróleo”, salientou.

O especialista considera que, naquela altura, era muito mais fácil eliminar os subsídios, uma vez que agora o kwanza se vai depreciando, o que faz com que o reforço de subsídios aos combustíveis seja maior.

“Uma vez que o próprio Governo tam-bém se vai deparando com menos li-quidez, a sua capacidade para fazer face às despesas começa a ser também diminuta, porque se assim fosse quer dizer que continuaríamos sempre no mesmo ciclo. A Sonangol aumenta a

dívida e está sempre a sair dinheiro do Governo para subsidiar a Sonangol”, disse. Segundo o economista, os preços devem ser livres e justifica que na eco-nomia, quando os preços estão distor-cidos, têm efeitos que distorcem tam-bém a economia.

Uma das consequências do preço subsidiado, continuou, é que “depois o mercado gera excesso de procura, o que leva o Governo a fazer face a essa pro-cura com a injecção de mais capitais, neste caso, na empresa petrolífera”.

“Por outro lado, quando essa escassez começa a surgir, gera depois oportuni-dades de negócios, e isso é que faz com que em determinados locais o combus-tível seja vendido a um preço diferente dos preços de outro local”, justificou.

No entanto, ele defende não só a eli-minação dos subsídios dos combustí-veis, mas também no cômputo geral. Domingos Precioso disse ainda ter-se mostrado surpreendido com as recen-tes declarações do presidente da Sonan-gol, no qual considera haver alguma in-

coerência, porque em Janeiro de 2015, quando foi anunciado o aumento brus-co dos preços dos combustíveis, a Sonan-gol revelou que o Ministério das Finan-ças iria regular os preços.

“Na altura, isso significava que os pre-ços iriam oscilar no mercado, podendo subir ou baixar, o que até hoje não se cumpriu”, acentuou.

“Houve aquele decreto, do que se esta-va mais à espera? Foi abolido ou não? Eu, sinceramente, não sei o que se estava a passar, porque nessa questão dos preços livres há aqui um paradoxo, tal como eles podem subir, podem descer, porque há uma certa desvalorização”, concluiu.

Economista Precioso Domingos

«Aumento dos preços é uma medida antiga»

Economista defende não só a eliminação dos subsídios dos combustíveis, mas também no cômputo geral

■ LÍDIA ONDE

◗ «Uma das consequências para o preço subsidiado é que gera procura»

Inquietações

Condutores contra subida de preços Pedro Zeferino, automobilista, não deposita grandes esperanças quanto a uma iminente subida do preço do combustível, realçando que o au-mento “trará apenas benefício para o Estado”, em detrimento dos cida-dãos, que já vivem em “péssimas” condições sociais.

“A razão pela qual se insiste na su-bida do preço do combustível é pouco clara, mais ainda quando o momen-to em que o cidadão se encontra não é favorável. A Sonangol, pelo que te-nho constatado, quer tirar benefício disto”, afirmou o automobilista.

Na sua óptica, a intenção do Gover-no em aumentar o preço é “um erro irreversível”, que irá destruir mais ainda os sectores estratégicos da economia nacional, comprometerá também os taxistas, colocando em causa a deslocação das populações.

“O Governo devia esquecer a ideia de subir o preço dos combus-tíveis e reter o preço actual da ga-solina e do gasóleo, que já não está muito ao alcance dos bolsos dos automobilistas”, focou.

Por seu lado, o automobilista Do-mingos Cassenda disse ser parado-xal a flutuação do preço dos com-bustíveis, uma vez que a população perdeu o poder de compra.

“Essa oscilação trará repercussões muito negativas, porque tem a ver com as condições financeiras dos automobilistas, o que vai também condicionar a comunidade onde es-tão inseridos”, sublinhou, acrescen-tando que os condutores e os utentes de táxis vão passar a gastar muito dinheiro nas viagens.

“Esperamos que o Governo não aprove a ideia de subir o preço dos combustíveis, não queremos sofrer mais”, finalizou.

Homens do volante contestam aumentos

■ ADJALI PAULO.

Precioso Domingos considera o aumento dos preços dos combustíveis uma medida já antiga e que visa evitar distorções no mercado. O economista avança mesmo que deveria ter sido adoptada a modalidade flutuante em Janeiro de 2015.

Especial Informação COMBUSTÍVEIS

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Parlamento retirou carácter de urgência à lei Proposta entrou no Parlamento com carácter de urgência, mas o prazo de uma semana foi ultrapassado sem que a Assembleia tivesse formalizado a transformação para um discussão normal.

◗ NOK NOGUEIRA

A proposta de Lei de Repatriamento de Capitais enviada em Janeiro deste ano à Assembleia Nacional pelo executivo, e cujas propostas (de iniciativa do gover-no e da UNITA) foram aprovadas na ge-neralidade, perdeu o carácter de urgên-cia com que lá chegou por ter ultrapas-sado o tempo útil de uma semana, para este tipo de documentos, apurou o Novo Jornal de fonte parlamentar.

O carácter de urgência da referida lei, solicitado pelo Presidente João Louren-ço, era, entretanto, uma das matérias contra as quais se opunha a CASA-CE, por entender que a natureza da lei e o debate que se pretende a respeito não se poderiam esgotar numa semana, como prevê a lei.

A CASA-CE chegou mesmo a solicitar ao presidente da Assembleia que os de-bates relativos às propostas de Lei do Re-patriamento de Capitais fossem trans-formados num debate “normal”. “A res-posta que o presidente da Assembleia nos deu foi a de que não havia a necessi-dade de qualquer transformação porque só iríamos analisar e fazer a votação fi-nal global em Março. Estávamos, na-quela altura, em Fevereiro”, esclareceu o líder parlamentar da CASA-CE, André Mendes de Carvalho.

A mudança de natureza da lei e o con-sequente alargamento dos prazos da discussão das duas propostas daria, de acordo com André Mendes de Carvalho, possibilidades para que fossem feitas

“consultas necessárias” junto dos mem-bros da sociedade civil e de outros acto-res sociais e políticos.

Ainda segundo André Mendes de Carvalho, a abstenção da CASA-CE jus-tifica-se, sobretudo, porque as duas propostas aprovadas “enfermavam” dos mesmos vícios. “Eles partem do

princípio de que o dinheiro repatriado tem de parar às contas, vamos chamar assim, de uma maneira mais livre, dos ladrões. Dissemos que não, que o repa-triamento deve ser feito para as contas do Estado. A partir daí, poder-se-á atri-buir uma determinada percentagem para que essas pessoas possam refazer as suas vidas. E não o contrário, por-que, se nós formos dizer que o dinheiro vem para as contas deles, estamos a reconhecer que o dinheiro lhes perten-ce”, lembrou.

O parlamentar reconheceu que o mais coerente naquela situação seria ter votado contra os documentos, “mas, no espírito de abertura, demos a oportunidade de os documentos, pri-

O carácter de urgência do Projecto Lei de Repatriamento de Capitais não teve ainda continuidade na Assembleia Nacional

◗ O carácter de urgência era uma das matérias contra as quais se opunha a CASA

REPATRIAMENTO

Política REPATRIAMENTO

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■ QUINTILIANO DOS SANTOS.

A troca de acusações entre a actual e a anterior administração da Sonangol não é, de modo nenhum, um espectáculo bonito, mas era de certo modo

inevitável. O período de estratégia de exposição pública da vida de uma empresa, seja ela qual for, e muito mais a maior companhia angolana, é a impossibilidade de definição de limites. Até onde se deve ir?

No momento de profunda terapia e medicação dos efeitos de Isabel dos Santos na gestão daquela empresa ao novo conselho de administração, não cabia outra alternativa, senão demonstrar todo o discurso “sebastiânico” que Isabel dos Santos vem fazendo desde que assumiu a liderança da empresa. Tanto o anterior presidente, como a própria filha e até uma parte da sociedade, como analistas e juristas, acreditaram que a solução dos problemas estruturais e funcionais denunciados pela própria empresa passariam por entregar os destinos a uma outsider do sector, sem qualquer experiência na gestão de empresas tão complexas e operacionais como a Sonangol.

A presidência da Sonangol deixou a mensagem de que tudo e todos os anteriores à sua gestão faziam parte de um complot de má gestão e incompetência. «A empresa estava com os cofres vazios, tínhamos muitas dificuldades e este ano tem sido um ano, no fundo, de gerir essas dificuldades e conseguirmos, passo a passo, sobreviver às dificuldades e devagarinho começar a pensar no futuro», disse Isabel dos Santos, a 26 de Setembro, após a cerimónia de investidura de João Lourenço. Os quadros da empresa, vistos na sociedade como altamente qualificados, foram sendo afastados e substituídos por pessoas vindas de fora, incluindo estrangeiros. No discurso interno, nas reuniões e nas mudanças operadas, esses quadros de topo viram o seu orgulho e reputação profissional postos seriamente em causa, ao serem obrigados a realizar testes de avaliação, forçados a receber ordens de consultores que mal conheciam a empresa e o negócio, e, sobretudo, a serem submetidos a um ambiente de intriga e caça às bruxas aos supostos “homens” de Manuel Vicente e Francisco de Lemos. Perante o choque na cultura e na identidade da empresa, à nova administração não restava outra hipótese, senão inverter o quadro, recuperar a matriz original assente no poder hierárquico e, em termos de competências, demonstrar que a ideia de “santa Isabel” salvadora da pré--falência era absolutamente fantasiosa. Havia, por isso, que desmontar a presunção de que, em poucos meses, se logrou uma redução de custos, reequilíbrio das contas, o fim das práticas nefastas do passado, a instauração de uma cultura de promoção do mérito e de gestão com transparência e rigor. A recuperação do orgulho, da cultura organizacional e da reputação da Sonangol passava pela reabilitação e cura desses 18 meses de gestão de IS. É esse período de recobro que justifica o tom e o detalhe de Carlos Saturnino na conferência de imprensa. Foi, aliás, esse o efeito conseguido junto dos funcionários da Sonangol e da opinião pública.

A resposta de Isabel dos Santos não se cingiu às questões de que era acusada ou a levar a nova direcção a tribunal. Tanto pelas suas ligações familiares com o titular do poder executivo no período do “afundar da Sonangol”, como pela sua própria história empresarial, a filha do ex-Presidente tinha a obrigação de se defender, mas também de ser comedida quanto ao passado e de não encaminhar o debate para a política e para a luta entre grupos de interesses. Segundo IS, tudo faz parte de “uma campanha generalizada e politizada” que demonstra um regresso “dos interesses das pessoas que se enriqueceram de biliões à custa da Sonangol e pretendem “um retorno em força da cultura de irresponsabilidade e desonestidade que afundaram a empresa”. É aqui na resposta da antiga PCA que o problema deixa de ser de duas administrações que disputam, em

público e nos tribunais, visões diferentes e passa a estar directamente relacionada com o futuro do país.

O que queremos? Tomar a chegada de João Lourenço ao poder como linha de corte, um ponto de ruptura, ou vamos enveredar pelo apuramento de todas as falcatruas e negócios ilícitos criados e alimentados a partir da petrolífera?

Na gestão da Sonangol, não existem santos nem anjos. Durante anos, a petrolífera angolana foi usada como pivot do processo de enriquecimento de cidadãos do círculo do poder. Foi o “saco azul” para a internacionalização dos investimentos angolanos e o principal instrumento de financiamento na criação das maiores empresas angolanas. Os grupos que agora disputam publicamente quem terá sido mais ou menos favorecido por práticas perniciosas estão profundamente envolvidos na estratégia que a levou ao estado actual. Essa estratégia que comprovadamente lesou o interesse público e fez todos os nossos ricos foi aprovada e conduzida pelo pai de Isabel dos Santos. Todos os grandes negócios em Angola, desde a compra de bancos, empresas mineiras, de comunicações, transportação e agrícolas tiveram, ou comparticipação directa (que umas vez foi assumida, outras foi repassada para particulares), e de modo indirecto com a participação de pessoas ligadas à empresa ou

cuja fortuna provinha de negócios e esquemas como a sobrefacturação, contratos desvantajosos para a empresa e, em seu favor, comissões de negócios e altíssimos custos de operacionais que alimentavam uma rede de corrupção do topo à base. Era esse saco azul que pagava também as chorudas bolsas de estudo dos filhos dos dirigentes, as suas viagens em férias ou em consultas médicas, as suas

extravagâncias e dos filhos nas principais cidades do mundo, para além, claro, de todos os outros pagamentos que não interessava revelar no OGE.

Mais do que uma defesa do interesse dos angolanos, há muito que há na sociedade a percepção de que se trata de uma disputa entre grupos económicos afectos ao mesmo círculo e às mesmas práticas do passado, que lutam pela manutenção do domínio, influência e controlo da petrolífera. É nessa óptica que esperamos que o Presidente da República tenha coragem e autoridade para impedir que qualquer dos grupos tenha a influência perniciosa que ambos tiveram no passado. É preciso acabar com os estranhos negócios que prejudicam o país e acabar com as comparticipações duvidosas que mais não servem, senão para dar sustentação à transferência de negócios para mãos privadas. A Sonangol não pode continuar a ser o pipeline onde os intervenientes desses dois grupos económicos (e de outros) continuem a escoar de receitas dos cofres públicos para contas privadas, a tornarem-se donos de grandes empresas nacionais e estrangeiras com “financiamento emprestadado” pela Sonangol. É preciso que se credibilize e se submeta à avaliação independente do interesse estratégico das decisões de participação da Sonangol em sociedades comerciais. Espera-se que o Presidente da República se imponha com grande autoridade no sentido de a blindar da influência desses grupos, que estabeleça um ponto de ruptura a partir de 26 de Setembro de 2017, depois da qual todas as acções lesivas ao interesse do estado devem ser objecto de processos-crime. De outro modo, se embarcamos no lamaçal dos negócios promíscuos, falcatruas e aproveitamentos do saco azul chamado Sonangol, antes dessa data, certamente vamos inaugurar um “lava jacto” angolano com políticos, grandes empresários e muitos directores a terem de ir para a cadeia. Esta é decisão que temos de tomar em definitivo: ir a fundo e investigar as pessoas e os negócios ilegais realizados pela Sonangol antes da data de ruptura, ou estabelecer e assumir o deadline de corte e passar a punir seja quem for, que tenha continuado a usar as velhas práticas do pipeline para negócios privados.■

Na gestão da Sonangol não existem santos

nem anjos

Democracia e Cidadania ISMAEL MATEUS

Normalizar a Sonangol, precisa-se...

meiro, se fundirem num só, que isso facilitaría a discussão; segundo, deve-ríamos transformar um proceso de ur-gência para um proceso normal”, o que acabou por prevalecer sem que isso re-sultasse num procedimento formal da parte do Parlamento.

André Mendes de Carvalho cita três pontos que pensa serem fundamentais na discussão na especialidade sobre a Lei de Repatriamento de Capitais, aspec-tos que foram levantados e feitos cons-tar da declaração política da CASA-CE: “Quanto é que se estima que está lá fora? Segundo, deste dinheiro que as pessoas pensam que está lá fora, qual é a expec-tativa de recuperação que se tem? Em terceiro, temos de balancear tudo e veri-ficar se vale a pena esse exercício.”

“Se é para ir buscar uma miséria, não vale a pena fazermos esse exercício, que só vai resultar num limpar de face dos indivíduos que nos andaram a rou-bar. Só não votamos contra porque qui-semos deixar uma porta aberta de diá-logo em que tudo isso se vai aprofun-dar. Se esse diálogo não for produtivo, vamos votar contra. E mais: estamos a conjecturar posibilidades de acções de outra índole.”

Apesar de não ter solicitado, a CASA--CE entende que uma consulta pública poderia enriquecer a proposta de lei en-volta de alguma polémica.

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◗ HORTÊNCIO SEBASTIÃO

A Casa do Desportista, situada na Ilha de Luanda, foi adjudicada pelo Estado a uma entidade privada a título de com-pensação pela ocupação por utilidade pública de um edifício hoteleiro cons-truído na zona do Futungo de Belas, en-tão pertencente à empresa Kierland, da qual o actual governador provincial do Moxico, Gonçalves Muandumba, foi um dos investidores.

Esta informação foi avançada ao NJ

por uma fonte afecta à assessoria jurí-dica da empresa Kierland Internatio-nal Management, Lda., rejeitando in-formações postas a circular por este se-manário na sua penúltima edição, se-gundo as quais o actual governador do Moxico estaria em disputa com o anti-go ministro da Juventude e Desportos, Albino da Conceição.

“Não é verdade que estas duas entida-des estejam em ‘pé de guerra’”, garantiu a fonte contactada pelo Novo Jornal.

O NJ noticiou na penúltima edição que o novo governador do Moxico e o ex--ministro da Juventude e Desportos es-tariam em conflito, em consequência da disputa da titularidade de um apo-sento que este último ocupa na Casa do Desportista, da qual o primeiro preten-dia apropriar-se.

O caso remonta a 2010, altura em que o Conselho de Ministros aprovou uma resolução que previa a requalificação da zona do Futungo de Belas, através do Plano Director Metropolitano e Urbanís-tico daquele perímetro, onde se situa-vam, entre vários imóveis residenciais e outros, um empreendimento hoteleiro da empresa Kierland International Ma-nagement, Lda.

Segundo a fonte, nesse sentido foram expropriados os imóveis, nomeada-mente residências e terrenos perten-centes a pessoas singulares e colectivas, mediante indemnizações do Estado a

pessoas singulares e colectivas afecta-das pelo projecto.

Dada a envergadura da obra da Kier-land International Management, Lda., esta entidade privada terá sido notifica-da por despacho presidencial sobre a afectação do seu empreendimento com vista à sua demolição para dar lugar à empreitada prevista no Plano Director Urbanístico de Luanda.

Daí ter iniciado um processo de nego-ciação do Estado, através do Ministério das Finanças, com a empresa acima mencionada, que a título de compensa-ção apresentou a proposta de cedência da Casa do Desportista então detida pelo Estado a essa entidade privada, justifi-cada com o facto de que essa estrutura já não desempenhava o papel que levou à sua criação, como imóvel estatal.

Tomada a decisão, conforme atestam vários documentos oficiais a que o NJ teve acesso, incluindo a escritura de ad-judicação, a Casa do Desportista da Ilha de Luanda transitou para a empresa

Kierland International Management, Lda. como forma de permuta.

Refira-se que o acordo de permuta foi assinado pela Direcção do Património do Estado do Ministério das Finanças e pela Kierland em Dezembro de 2016, se-guindo-se depois o processo de transfe-rência legal do imóvel. Finalmente, os Ministérios das Finanças, da Economia e da Juventude e Desportos exararam um decreto executivo conjunto que ex-tinguia a Casa do Desportista, sendo si-gnatário por parte do MJD o próprio Al-bino da Conceição.

Posto isso, o MINFIN notificara os ocu-pantes das dependências nas áreas ad-jacentes da Casa do Desportista em 2017, no sentido de desocuparem aquelas fracções antes pertença do Estado, in-cluindo as ocupadas pelo ex-ministro da Juventude e Desportos, Albino da Conceição, uma vez que o Estado per-mutou a totalidade do edifício.

“Por isso, não existe nenhum ‘pé de guerra’ e nenhum conflito da Kierland com eventuais ocupantes daquele espa-ço”, reforça a fonte que vimos citando.

Refira-se que uma fonte conhecedora do dossier Casa do Desportista afirmou ao NJ que “um pretenso grupo de repre-sentantes de federações nacionais está a pleitear junto da titular da pasta da Ju-ventude e Desportos o resgate da infra--estrutura com o argumento de que de-veria servir clubes e selecções”.

Muandumba nega «pé de guerra»

Permuta dita entrega da Casa do Desportista à empresa privada

A titularidade deste imóvel (Casa do Desportista da Ilha de Luanda) confirma-se com vários documentos oficiais a que o Novo Jornal teve acesso há dias

■ OSMAR EDGAR.

◗ «Não existe nenhum ‘pé de guerra’ e nenhum conflito da Kierland com os ocupantes»

Assessoria do governador da província do Moxico desvaloriza o alegado “pé de guerra” com o ex-ministro da Juventude e Desportos e revela que a Casa do Desportista foi entregue a uma empresa privada a título de compensatório pelo imponente edifício que possuía na zona do Futungo de Belas, agora contemplada no Plano Director Urbanístico de Luanda, que visa a requalificação daquele perímetro territorial.

Política ESCLARECIMENTO

| 8 | SEXTA-FEIRA 9 de Março 2018

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Quando em 1975 alcançámos a independência nacional, o meu pai era um homem dinâmico, cheio de vida, estava no momento mais maduro da sua idade. Teve tempo de

acompanhar o processo de construção e consolidação das bases da nossa recém-nascida República. Iminente crítico que era — terei herdado dele essa qualidade (ou será defeito?) —, não tardou que começasse a apontar os erros que ia identificando nos diversos actos da ainda imberbe governação angolana. Nem sempre com a razão do seu lado, levantava a voz mal topasse qualquer coisa a cheirar a esturro. Na altura do famoso caso dos trilhões e do escândalo da CAP, o meu velho desabafou com amargura que nós, os angolanos, tínhamos aprendido depressa demais o que de pior nos deixaram os portugueses colonialistas, principalmente a apetência pela roubalheira.

Lembrando isso, recordo igualmente o visionário pensamento de um homem que tinha, entre muitas outras, a virtude de ser honesto e que, face ao que idealizou sobre o carácter de determinadas pessoas, concluo agora, porque o tempo e os factos têm falado por si, que estava cheio de razão. A questão das políticas e dos maus hábitos coloniais que nos foram transmitidos, fazem-me algumas vezes pensar nas coisas que já presenciei e nas situações já vivi e, claro, na gente que me decepcionou. Umas afligiram-me mais do que outras, porém, não fui surpreendido. A cultura, é uma área a que estou muito ligado. Posso por isso afirmar que, nesse sector, se registaram lamentáveis actos identificáveis com exclusão e censura, alguns dos quais, com ligeireza, vou reviver, por entender que nunca é demais puxar pela razão de certas pessoas. Se bem me lembro, a poetisa Ana Paula Tavares venceu o Prémio Nacional de Cultura e Artes de 2007. Contudo, não lhe foi entregue o respectivo Diploma que, normalmente, era assinado pelo Chefe do Governo, por razões até hoje desconhecidas pelo público. Como classificar este gesto que ainda permanece vivo na memória dos que não esquecem? Quando em 2009 foi retirada a atribuição do mesmo prémio, a título póstumo, ao grande Viriato da Cruz, fiquei muito mais esclarecido sobre o ambiente que me rodeava. Foi de louvar, todavia, a atitude do júri que teve a coragem de atribuir o que o Governo, por razões conhecidas, teve receio de confirmar. Substituir o insubstituível Viriato foi a solução encontrada. Sobre a censura que pesou sobre a peça As Orações de Mansata, uma forte crítica guineense à corrupção, que redundou, como sabe muita gente, no encerramento da sala de espectáculos do Nacional Cine-Teatro, estamos conversados. É simplesmente um triste episódio na história do teatro em Angola. Valerá a pena falar mais na controvérsia do Carnaval e do puro acto de exclusão a que sujeitaram o Unidos do Caxinde?

Não sendo, em absoluto, um caso de exclusão, muito menos de proibição, surpreende-me agora e no entanto, saber que o livro do escritor e historiador angolano Adriano Mixinge, O Ocaso dos Pirilampos, não seja conhecido do público leitor angolano. Praticamente, pouca gente o conhece como escritor. Não foi bem divulgado, é um facto, mas um facto que deveria ser investigado. Porque se trata de um excelente romance, vencedor do Prémio Literário Sagrada Esperança de 2013. Inocentemente, interrogo-me se, num caso como este, onde fica patente a ineficácia de quem tem a responsabilidade de divulgar e distribuir um livro que é uma obra premiada, acto que o impede de circular entre os leitores, pode ou não ser

considerado um acto de exclusão. Pelo que sei, quase toda a tiragem da edição angolana encontra-se encaixotada e encostada algures num armazém, e enquanto a edição portuguesa é conhecida, a nossa, nicles.

Por puro instinto, apenas por isso, uma vez que não existem semelhanças entre um e outro caso, veio-me à memória o que, em Fevereiro de 1959, aconteceu ao grande Aquilino Ribeiro, na sequência da publicação de Quando os lobos uivam, um dos seus últimos romances. No rescaldo de uma acção realizada pelas autoridades fascistas portuguesas, foi produzido um relatório que, entre outras coisas dizia, “O autor intitula este livro de romance, mas com mais propriedade devia chamar-lhe um romance panfletário, porque todo ele foi arquitectado para fazer um odioso ataque à actual situação política”. Foram tomadas as seguintes decisões relativamente ao caso: 1 – Não autorizada a reedição, 2 – Não permitidas críticas na imprensa, 3 – Apreender os poucos exemplares que, possivelmente, ainda existam.

Depois, li algures, numa revista da especialidade, que Aquilino Ribeiro foi o grande ficcionista posterior a Eça, o “mestre” da língua portuguesa. Entretanto, deixou de ser lido, desapareceu dos programas curriculares, saiu dos horizontes dos ensaístas, eclipsou-se das estantes.

Não posso nem quero pensar que O Ocaso dos Pirilampos possa ter alguma carga anti-regime, susceptível de ser condenado e, em consequência, possa condicionar a sua venda e contribuir também para o desenvolvimento da nossa cultura. Não vislumbro nada, a menos que o título de um dos capítulos “Por uma República Animista”, ou as expressões que introduzem o cuspo e a urina, o escroto e o ânus tenham ferido olhos e ouvidos tão sensíveis que obrigaram a esse acto de esquecimento. Sinceramente, espero que não tenha sido essa a razão. Parafraseando Edward Albee, o celebrado autor de Quem tem medo de Virgínia Woolf?, ouso perguntar se alguém tem medo de autores corajosos como Adriano Mixinge.

Tive ao longo dos anos em que fui dinâmico activista cultural, quase sempre, próximo ou discreto, um bófia a meu lado, a espiar os passos que dava na frente da instituição que dirigi por mais de um quarto de século. A homenagem a Viriato realizada em Porto Amboim — aproveito para recordar as saudosas presenças de Michel Laban, de Christine Messiant e de Lúcio Lara, também de Manuel dos Santos Lima e Ruy Mingas entre muitos outros —

não foi bem vista, lembro-me perfeitamente. Não foi por acaso que tivemos a companhia de elementos da segurança de Estado que se introduziram na caravana. A invasão de estranhos no nosso grupo de Carnaval, os inquéritos sobre as peças que eram exibidas na nossa sala, a dificuldade de acesso à comunicação, foram alguns dos casos que me fizeram lembrar a limitação da liberdade de expressão e compará-la com a mesma censura institucionalizada pela política do regime do Estado Novo em Portugal que, com se sabe, fazia censura prévia dos periódicos e procedia à apreensão sistemática de livros. A censura entrou também noutros domínios, como no teatro, na rádio, no cinema e na televisão.

Agora que este tempo passou, desejo, neste domínio, o melhor ambiente para o nosso país, nesta sua nova fase de vida. Tudo, ou quase tudo, menos censura para a nossa querida Angola que, com todas as makas que estamos com elas, vai estando segura, mais confiante que nunca, rumo ao seu melhor futuro. ■

Lembrete sobre a censura

Quando em 2009 foi retirada

a atribuição do mesmo prémio, a título

póstumo, ao grande Viriato da Cruz,

fiquei muito mais esclarecido sobre

o ambiente que me rodeava

Cooperação

PM espanhol Mariano Rajoy visita o país este mês O Governo espanhol confirma que o seu primeiro-ministro, Mariano Ra-joy, visita o país nos dias 25 e 26 de Março, a convite do Presidente angola-no, João Lourenço.

Segundo o Executivo de Rajoy, a visi-ta a Luanda visa fortalecer as relações políticas e económicas, campo que Madrid aponta como tendo “um enor-me potencial”, avançou a agência es-panhola EFE.

A nota indica que a agenda de Rajoy em Angola inclui um encontro oficial com o Chefe de Estado em Luanda e pelo menos um evento com empresá-rios dos dois países será realizado.

No seu discurso de tomada de posse, em Setembro de 2017, João Lourenço aludiu à relação prioritária que pre-tendia estabelecer com vários países, entre eles o Reino de Espanha.

Anteriormente, o Presidente da Re-pública já tinha feito um convite aos investidores espanhóis para que parti-cipem na diversificação económica do país, bem como nas privatizações que estão na calha no nosso país.

Ainda de acordo com estas informa-ções, as trocas comerciais entre Ango-la e Espanha ascenderam a 864 mi-lhões de euros nos últimos cinco anos, com especial enfoque nos sectores da energia, águas, telecomunicações, pe-tróleos, transportes, indústria, minas e turismo. O grupo espanhol Indra, com interesses no sector da Defesa, tem vencido os concursos públicos no país para o fornecimento de materiais e sistemas para os últimos actos elei-torais.

Em Fevereiro, no âmbito de uma vi-sita preparatória para a vinda de Ma-riano Rajoy, o secretário de Estado das Relações Exteriores de Espanha, Ilde-fonso Lopez, disse que Angola é um im-portante parceiro comercial.

Primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy

■ D.R.

Chá com Torradas JACQUES DOS SANTOS

SEXTA-FEIRA 9 de Março 2018 | 9 |

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Depois de deixar as funções de presidente do Tribunal Constitucional, Rui Ferreira está agora a liderar o Supremo, cargo deixado pelo seu sucessor no TC. As mudanças não convencem especialistas. ◗ BORRALHO NDOMBA

As mudanças registadas recentemente nos principais tribunais do país, segun-do juristas ouvidos pelo Novo Jornal, não vão trazer novidades em termos de independência dos órgãos judiciais.

Esta semana, o Presidente da Repúbli-ca, João Lourenço, empossou Rui Ferrei-ra ao cargo de juiz conselheiro presiden-te do Tribunal Supremo, funções que até ao ano passado eram de Manuel Miguel da Costa Aragão, o mesmo que está a li-derar agora o Tribunal Constitucional, instituição que durante longos anos foi presidida por Rui Ferreira.

O actual juiz presidente do Tribunal Su-premo foi, a 26 de Setembro, empossado por João Lourenço, na qualidade de novo

Presidente da República. Tinham sido ainda designados para aquele tribunal, igualmente sob proposta do Conselho Su-perior da Magistratura Judicial (CSMJ), os juízes Norberto Moisés Mona Capeça, Au-rélio Simba, João Pedro Kinkani Fuantoni e Anabela Mendes Vidinhas.

Durante muitos anos, a sociedade ci-vil, a oposição e algumas instituições internacionais têm vindo a criticar a ac-tuação dos órgãos de justiça do país, acusando o poder judicial angolano de não ser soberano.

O Ministério Público português che-gou a assumir que não confia na Justiça angolana, ao negar a transferência do processo do ex-Presidente da República, Manuel Vicente, para Angola.

As mesmas críticas foram feitas quando os dois principais órgãos judi-ciais eram liderados pelos mesmos juí-zes, Rui Ferreira, no Constitucional, e Manuel Aragão, no Supremo.

O jurista Pedro Kaparakata afirmou que as personalidades que apenas trocaram de “gabinetes” foram novamente indicados a dirigir aqueles órgãos porque “deram pro-vas de defesa dos interesses do partido MPLA. É nesta condição que eles são indi-cados para liderarem os tribunais”.

Pedro Kaparakata entende que quer o

Tribunal Constitucional quer o Supre-mo não tomam uma outra decisão que não esteja em conexão com os interes-ses partidários, por isso garante que “não espera nada”.

“Devem primeira obediência aos seus partidos, depois é que observam as re-gras que os tribunais impõem”, afirmou o jurista.

Para o advogado Luís Nascimento, o sistema judicial continua amarrado e dependente de todo o sistema político. “O papel de Rui Ferreira será o papel que o Executivo reservou à justiça. Podemos, de ânimo leve, dizer que o sistema judicial é independente?”, questionou.

O advogado afirma que “há uma gran-de atracção do Executivo na defesa dos corruptos, no caso de Manuel Vicente e outros”, por isso “não espero que o poder judicial venha a dar resultados”.

Justiça

Danças de cadeiras dão «K.O.» à independência dos Tribunais

Advogado Luís Nascimento acusa sistema judicial de continuar amarrado e dependente de todo o sistema político

■ ADJALI PAULO.

Lunda-Norte

SME nega ter repatriado refugiados congoleses O Serviço de Migração e Estrangeiros (SME) garante que os cidadãos con-goleses repatriados em Fevereiro es-tavam em condição ilegal no país.

Os mesmos encontravam-se no centro de acolhimento da Kakanda, onde aguardavam a sua inserção para que fossem transferidos para o campo de assentamento do Lovua, na Lunda-Norte.

“As autoridades angolanas, par-ticularmente os nossos serviços, nunca procederam ao repatria-mento de refugiados. Tratava-se de cidadãos que se encontravam no centro da Kakanda, embora na condição de ilegais, mas havia-se criado expectativas por parte da ACNUR com o propósito de que pudes-sem ser também inseridos no seu programa de controlo”, disse à Rádio Nacional Marcelino Caetano, alegan-do que há refugiados a regressar de forma voluntária.

Entretanto, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) diz estar preocupada com o repatria-mento de centenas de refugiados da República Democrática do Congo que se encontravam em Angola.

A ACNUR informa que entre os dias 25 e 27 de Fevereiro, o Governo repatriou cerca de 530 cidadãos da RDC. A falta de registos biométricos terá sido a justificação para esse re-patriamento, noticiou a DW África.

O coordenador nacional da co-munidade dos refugiados no país, Mussenguele Kopele, fala em acor-dos entre os Governos congolês e angolano para o repatriamento.

Segundo Kopele, as autoridades da RDC querem mostrar que são capazes de receber os seus cidadãos, numa altura em que há ainda conflitos naquela região. ◗ B.N.

Centro de acolhimento de refugiados

■ QUINTILIANO DOS SANTOS

◗ «O papel de Rui Ferreira será o mesmo que o Executivo reservou à justiça»

Política TRIBUNAIS SUPERIORES

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Quando recentemente estive em Luanda, visitei alguns parentes no Panguila. Estávamos no meio de um daqueles serões animados quando me advertiram que

tinha de regressar para Luanda porque havia o perigo das chuvas. Depois de uma grande chuvada, soube, o Panguila ficaria transformado em pequenos riachos e lagos. Fiquei triste porque estava a gostar daquele ambiente: o cheiro de peixe seco a ser grelhado; o filho do Zua lá no fundo a gritar bem alto sobre o ndoki e água da mukuenha; alguém sintonizado na Rádio Kairós a escutar um coro a cantar uma versão de “Finlândia”, a composição do grande patriota finlandês Sibelius. Estava lá com sobrinhos que me conheceram pela primeira vez. Tinha até descoberto parentes do meu avô de Malanje, da etnia songo. Tinha de abandonar aquilo tudo porque estava quase a chover…

Mesmo sem chuva, havia partes do Panguila com buracos bem fundos. Nem pareciam ser estradas. Falaram-me de um Panguila que tinha alcatrão e electricidade. Eu estava na parte da localidade menos feliz. Numa dada altura, a viatura em que eu estava avariou por causa de um buraco e tiveram de chamar o mecânico, o Sr. Moreno, que, claro, tem facturado bem ao salvar motoristas retidos pelo mau estado das estradas naquela localidade.

Regressei para os Estados Unidos e de cá, em Jacksonville, Flórida, estou a ver imagens que me entristecem profundamente. Há gente no Cazenga que está a passar muito mal. Há famílias angolanas que, de acordo com as indicações, perderam o pouco que tinham; e depois das inundações virão as doenças. Será que as autoridades estão preparadas? Parece-me que não.

Em Angola, o que deveria suceder agora era a formação de uma task force — uma força organizada somente para lidar com a questão das inundações. Todos os indivíduos que oficialmente lideram a questão das inundações no governo da província de Luanda deveriam ser postos de lado. Esta força especial deveria ser liderada por uma figura com conhecimentos técnicos, integridade e capacidade de traçar uma mini estratégia e implementá-la. A questão seria saber as razões que fazem com que as autoridades raramente estejam preparadas quando se trata de inundações e como as superar. O orgulho de sempre deveria ser posto de lado. Estamos a tratar das vidas dos nossos compatriotas e todas as sugestões para evitar os desastres deveriam ser bem-vindas. Há, sim, uma falta gritante de um sistema de drenagem eficaz na capital angolana e nos seus arredores. Até no Kilamba, que era frequentemente citado como um bom exemplo dos ganhos da paz, há uma falta de drenagem vergonhosa. Sim, o problema das inundações ocorre mesmo em sociedades com infra-estruturas bem avançadas. Porém, quando isto acontece, há sempre um plano para minimizar o sofrimento.

Nos Estados Unidos, há uma disciplina importantíssima conhecida como disaster preparedness ou “preparação para desastres.” Ligado a isto, há, também, a prática do scenario planning ou planeamento para eventualidades. Estas práticas vêm do exército, onde há o hábito de lidar com o What if ou “E se isto acontecesse?”. Quando eu estava a fazer o mestrado em Liderança e Estratégia na Universidade de Seton Hall, lembro--me que os meus professores passavam horas a fazer-nos

pensar sobre desastres. Os nossos professores insistiam que o líder tem sempre que estar bem preparado para a pior das situações. O que faz a diferença entre um gerente e um líder, sempre nos ensinaram, é que o líder sabe prever.

O caso do avião que aterrou no rio Hudson depois de ambos os motores terem falhado, foi algo que estudámos minuciosamente. Analisámos a comunicação entre o comandante do avião e a torre de controlo; ambos estavam calmos porque já tinham prática em tais eventualidades, embora usando simuladores de voos. Praticamente em todas as cidades americanas, há simulações de desastres. Nas inundações de Luanda, vimos o governador a andar pelas ruas, para constatar o que estava a acontecer. E depois? Onde é que estavam os que tinham preparado abrigos de alternativa?

Onde é que estavam equipas para evitar o aumento de doenças? Onde é que estava a equipa de psicólogos, para ajudar os cidadãos que tinham sido traumatizados por esta experiência? Será que o governo de Luanda tem documentos detalhando exactamente como é que as várias inundações do passado ocorreram e o que foi feito?

Há vezes que penso que uma das coisas que têm impedido o avanço dos africanos é uma cultura de fatalismo — as coisas acontecem porque há azar. A verdade é que há muitos infortúnios que podem ser evitados com os devidos cuidados. Há muitas tragédias que podem ser evitadas quando há planos para tais eventualidades. Diz-se que a falta de planos equivale a planear um falhanço. O sofrimento que estamos a ver em Luanda poderia ser aliviado. ■

Planear para o fracasso

Onde é que estava a equipa de psicólogos para ajudar os cidadãos que tinham sido traumatizados por esta experiência?

■ OSMAR EDGAR

Epístolas do Ocidente SOUSA JAMBA

Angola retoma acordos com o Vaticano O Presidente da República, João Lourenço, ordenou na quarta-feira, 7, a criação de uma comissão interministerial que terá a missão de retomar as negociações relativas ao Acordo-Quadro a celebrar com a Santa Sé dentro de seis meses. O comunicado da Casa Civil do Presidente da República, enviado à Lusa, refere que a comissão foi criada tendo em conta as negociações para a assinatura do Acordo--Quadro entre o Governo angolano e a Santa Sé que estavam pendentes desde 2015.

CEAST alerta para o fim da discriminação

Os bispos da CEAST consideraram nesta quinta--feira, 8, que as minorias étnicas angolanas têm sido “marginalizadas e esquecidas” ao longo dos anos. Os mesmos pediram à sociedade que prestassem maior atenção à classe discriminada. A ideia foi expressa por Dom Filomeno Vieira Dias, presidente da CEAST, quando discursava na cerimónia de abertura da primeira assembleia plenária anual dos bispos daquela conferência que se realiza no Namibe.

Bispos contra «via indigna» de enriquecimento A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé exortou os políticos angolanos a seguirem no “caminho da realização e desenvolvimento” das populações e que a política “não seja via indigna de enriquecimento pessoal”. “É ainda importante e imperioso neste campo desafiar os políticos dos próprios vícios históricos metendo-se num caminho da realização sem qualquer outro interesse daquilo que é o bem e o desenvolvimento das nossas populações”, disse Dom Filomeno Vieira Dias.

Breves

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Em declaração ao Novo Jornal, a administradora do Quitexe afirmou que não se trata de expropriação de terra. ◗ BORRALHO NDOMBA

O fazendeiro Mayaya André Filho, acu-sado de expropriar terras de cerca de 200 famílias na localidade de Njila Ngola, na província do Uíge, refuta as declara-ções proferidas pelos deputados do gru-po parlamentar da UNITA que apresen-taram um relatório-síntese sobre a visi-ta de trabalho efectuada na comuna de Vista Alegre, município do Quitexe.

O empresário, acompanhado do seu ad-vogado, apresentou ao Novo Jornal a docu-mentação que comprova ser o legítimo proprietário do espaço em litígio.

Segundo os deputados do maior partido da oposição, o empresário, sem nenhum contacto com as popu-lações, começou a destruir as lavras dos populares, utilizando um tractor.

Ainda de acordo com os parlamenta-res, Mayaya André Filho justifica a sua atitude, alegando ser o proprietário de 1000 hectares de terra concedidos pela administração municipal, com o co-nhecimento do governador provincial, à época Paulo Pombolo, que actual-mente goza de imunidade pelo facto de ser deputado.

Por esta razão, conta a UNITA, “o refe-rido empresário manda prender, tortu-rar e promete matar quem entrar para o interior da, agora, sua fazenda”.

Para inverter a situação, “os habi-tantes da aldeia, com o regedor, o soba e o coordenador do CAP 100 do MPLA à cabeça, resolveram lutar pelas suas vidas, suas lavras, suas culturas, sua aldeia, sua herança cultural e pelo ce-mitério onde estão enterrados os seus ancestrais há mais de um século”.

O relatório da UNITA, ao qual o NJ teve acesso, descreve que o rosto comum “destas populações é de sofrimento e de terror, resultantes das situações por que passam desde o ano de 2016”.

De acordo com os relatos dos deputa-dos do partido do ‘galo negro’, todos os

camponeses que tentaram reivindicar as suas propriedades foram presos pela Polícia Nacional, e entre os camponeses detidos constam uma criança de dois anos e um idoso de 65.

“Os camponeses são mesmo impedi-dos de aceder às suas lavras, sob pena de morte, já que a extensão de terra ocupada pelo suposto empresário é protegida por guardas armados. Aliás, a delegação par-lamentar foi aconselhada a não entrar demasiado para o interior do espaço, para evitar, segundo os guias, situações desagradáveis (disparos de armas de fogo pelos guardas)”, explicaram .

Mayaya André Filho alegou que o re-latório dos deputados da UNITA está mal feito e afirma que os parlamenta-

res não ouviram a sua versão. “O que está no relatório dos deputados e o que está a ser divulgado noutros jornais é tudo mentira”.

“Não tenho poder nenhum de pôr al-guém na cadeia. Eles, os deputados, in-vadiram a fazenda. Um Parlamento bem bonito que gastou muito dinheiro do Estado e ter seus deputados agirem daquela forma é lamentável”, reagiu.

O empresário alega que quando ad-quiriu espaço encontrou somente uma comunidade, a de Kissala Funda, e o so-bado da mesma aldeia é quem lhe cedeu o espaço de mil hectares. “Quando me foi cedido o lugar, não havia problema nenhum. Quando cheguei onde está a fazenda, havia apenas três ou quatro casas de caçadores. Agora é que está a crescer como bairro que estão a chamar de Njila Ngola,não era bairro e nunca foi aldeia antiga”, contou a sua versão.

O fazendeiro também nega que está a fazer exploração ilegal de madeira.

“Tenho aqui as licenças de exploração de madeira de 2016 e 2017, passada pelo IDF. Mas ainda dizem que estou a destruir a madeira. Isso é tudo mentira”, afirmou.

Mayaya André Filho justifica a sua atitude, alegando ser o proprietário de 1000 hectares de terra

■ QUINTILIANO DOS SANTOS.

QUITEXE

Administração diz que espaço está legalizado A administradora municipal do Quitexe, Maria Odeth Tavares, diz que não há expropriação de terra naquela zona.

O caso está a ser resolvido a nível do Governo Provincial, que está a encontrar mecanismos para resolver o conflito sem causar danos entre as partes. “O caso não é bem expropriação de terra. A informação que está a ser veiculada não é correcta. Aí é uma comunidade que depende de uma aldeia e nessa aldeia existe a direcção do sobado. O mesmo que lhe foi atribuído o espaço que está a ser explorado tem os documentos de base, desde a autorização a partir do sobado, neste caso a declaração do soba da mesma localidade e deu os passos subsequentes”, explicou Maria Odeth Tavares em conversa telefónica com o NJ.

Segundo a administradora, o fazendeiro tem o título de concessão de terra. “Infelizmente não sei quais são as divergências que existiram no passado entre as comunidades Njila Ngola e Kissal que culminou com um litígio. E temos tentado gerir”. ◗ B.N.

◗ «Os camponeses são mesmo impedidos de aceder às suas lavras»

Expropriação

Fazendeiro refuta informações do relatório da UNITA sobre terras

Política ACUSAÇÃO

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De passagem pela Catalunha, o pacote turístico ou a revisão médica aconchegam-se num lençol de petróleo. O petróleo serve

de almofada para confortar os bolsos. Mas o petróleo é apenas um mero pretexto

contabilístico. Destapadas as ramas, o que, no fundo, enreda a história e destapa o lodo é o poder.

A viagem bem poderia ser para o 20.º andar do edifício situado no cruzamento da avenida 10 de Dezembro com a Rainha Ginga.

Bem poderia ser mas não será. O destino, o verdadeiro destino dos gladiadores, é outro. Situa-se no cimo da Colina de S. José.

O destino, o verdadeiro destino, é o poder. Afinal, o centro de uma intifada espoletada entre tribos do mesmo poder.

Que começa a padecer de urticária provocada pelos arranhões de um freio, que já foi poder. Poder absoluto. A minha viagem, essa não será, assim, nem para a Cidade Alta, nem para a sede da Sonangol.

Mas o bilhete de passagem, comprado por quem está disposto a viajar pelas trevas de destino tão cobiçado, continuará a ter como itinerário aquelas duas escalas, que se fundem numa só: poder.

Hoje, a minha viagem não escalará a Catalunha. E não escalará a Catalunha porque na Catalunha não tenho nada para catar.

Por lá, não se catam fortunas, nem heranças. Por lá, não cato emoções, nem me deixam ser catado por aclamações.

Por aqui, viajo por um país das sete maravilhas, que não catou herança familiar alguma para alimentar o infantário lá de casa.

Sendo pública, essa herança, emanada de metamorfoses geológicas, não foi arquitectada pela luminária propagandística de engenheiro algum.

E só em Junho de 1976 — data da fundação da Sonangol e não em Fevereiro — é que essa herança comum começou a ser esculpida e explorada em toda a sua magnitude.

Por aqui, a torneira petrolífera iludiu, de forma estrambólica, a pretensão dalguns poderes públicos passarem a viajar num TGV, mas desmontada, agora, estrondosa incompetência, esses mesmos poderes nem dão conta que não conseguem sequer accionar a lanterna para iluminar o caminho das fontes alternativas de energia para alimentar o único aeroporto internacional do país...

Por aqui, não consigo catar petróleo para reanimar do estado doentio o antigo Hospital Universitário como instituição de ensino de excelência, em memória ao Prof. Dr. Nuno Grande, o grande formador das primeiras gerações de médicos licenciados em Angola a partir de 1965.

Por aqui, desperto num país bicefalizado por desinteligências políticas, que não estimulando a tentação para mais um saltinho até à Catalunha, ameaçam agora perigosamente vir a dar espaço ao triunfo de cataclãs! Isso não podemos permitir!

Não podemos porque não podemos perder a memória. Não podemos porque não podemos agora passar uma esponja sobre a forma entusiástica como, há ano e meio, foi tratado em praça pública o trabalho das administrações anteriores à chegada de Isabel dos Santos à Sonangol.

Não podemos porque não podemos passar uma esponja sobre a forma exultante como todos quantos aplaudiram a denúncia de um primeiro assalto ao castelo, protagonizado por uma matilha de abutres que deveria estar a contas com a justiça.

Não podemos esquecer que tudo o que está a acontecer era previsível que viesse a acontecer. Há ano e meio deixei um aviso: Eng.ª Isabel dos Santos não faça aos outros aquilo que não quer que lhe façam também a si amanhã. Ninguém me quis ouvir...

E se, perante a exposição, em carne viva, da gangrena, os abutres da época não estão a contas com a justiça, a responsabilidade só pode ser assacada a quem, no passado, ao mais alto nível, esteve comprometido com a farra.

Só pode ser assacada ao arquitecto que, com nome próprio, ao ter concebido, projectado, protegido e beneficiado com o florescimento do monstro, dificilmente sairá ileso deste lamaçal. É por isso que não podemos perder a memória...

Para que não nos esqueçamos que, naquela altura, se bem me lembro, não houve mortos e feridos.

Para que não nos esqueçamos que, naquela altura, se bem me lembro, as críticas, contundentes, disparadas à queima-roupa contra a herança de Manuel Vicente, foram então amplamente apoiadas por vários segmentos da sociedade.

Mas também para que não nos esqueçamos de olhar para a origem da nossa fortuna antes de vociferarmos contra os afortunados do assalto. Por isso é que não podemos perder a memória...

Aplaudida a purga, o tempo, esse maldito tempo, encarregar-se-ia de demonstrar que, afinal, poderia estar-se ali diante de um processo de ajuste de contas.

Um processo mais preocupado com a eficácia da calculadora nas contas de subtrair e multiplicar do que com a preservação e aumento da rentabilidade de herança comum.

O tempo, esse maldito tempo, encarregar-se-ia de demonstrar que no galinheiro, afinal, velhas raposas poderiam estar ali a ser substituídas por novas raposas.

E que a titularidade de herança comum, há muito

privatizada, não tardaria agora a passar a circular de uma margem do rio para começar a desaguar na outra margem do rio.

O tempo, esse maldito tempo, encarregar-se-ia de demonstrar que, afinal, novos senhores do templo poderiam também encarnar a imagem de gato escondido com o rabo de fora...

E demonstrava também que o poder de Isabel dos Santos nascia na Sonangol contra Manuel Vicente e acabaria na Sonangol contra Carlos Saturnino.

As suas balas incendiárias devastaram o ambiente, atingindo até alvos inocentes, mas o óleo cleptocrático que besunta a perfuração petrolífera manteve-se praticamente intacto.

Previsível, há ano e meio, criados e alimentados para satisfazer a voragem das crias, bantustões de rapina começavam a impor-se para regalo de gente especial, como gosta(va) de se lhes referir o Criador...

Na televisão, as antenas parabólicas transformadas em antenas paranóicas eram expostas num fogareiro financeiro de alta temperatura.

No Fundo Soberano, a soberania do fundo era queimada pelas chamas de uma combustão suíça. E, na Sonangol, o furacão que ali passou era classificado pela meteorologia petrolífera como um verdadeiro terramoto!

Agora, não havendo lugar para uma viagem para a Catalunha, estabilizar a transição não significa, porém, continuar a esconder por debaixo do tapete a porcaria que, aqui e ali, emerge sempre que há má gestão de recursos públicos.

Mas, sendo jornalista e não agente policial, não farei nenhum juízo de valor sobre as acusações e contra-acusações que ensombram a Sonangol.

Havendo uma denúncia pública e não notícias infundadas, a Procuradoria-Geral da República, que é dirigida agora por um novo magistrado, com outra formação, competência e visão, não poderia fazer dessa denúncia uma não denúncia.

Fez, por isso, o que lhe competia fazer: mandar instaurar um inquérito para apurar eventuais responsabilidades criminais.

Beneficiando tanto Isabel dos Santos quanto Carlos Saturnino do princípio da presunção de inocência, se as houver, encaminham-se ambos os processos para os tribunais.

Se as acusações de um e de outro estiveram destituídas de fundamento, então arquivam-se os processos. É assim que se age num Estado de direito.

É assim porque a política não é para crianças. E quando parece ser, como dizia Eça de Queirós, então é necessário, de vez em quando, mudar as fraldas...

E se o país está a mudar, a justiça também está a mudar e a quebrar barreiras. Ainda bem.

Ainda bem porque a justiça se está a revelar disposta a provar que ninguém está acima da lei...

Só espero agora que o tempo não engorde este caso. E que, no futuro, antes de atirarmos pedras para cima do telhado de vidro dos outros, olhemos primeiro para o espelho.

Para que, no futuro, os Josés não se sintam ressabiados com os Lourenços e as Isabéis não passem a vida a falar mal dos Vicentes.

Para que, no futuro, as pessoas inteligentes, (...) as pessoas que não querem entregar-se à voragem, parem. Para saberem onde estão e para onde querem ir.

Para que, no futuro, os nossos políticos passem a lidar com a diferença nos marcos da decência e da civilização. E deixem à justiça o que é da justiça. ■

Tudo o que está a acontecer na Sonangol era previsível que viesse a acontecer. Há ano e meio deixei um aviso...

Intifada no galinheiro

Palavra de Honra GUSTAVO COSTA

■ ARQUIVO NJ

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RAFAEL MARQUES «A chantagem pode sair cara à Isabel dos Santos» Um dos maiores críticos de Isabel dos Santos, sobre quem já escreveu inúmeros artigos a denunciar supostos casos que beneficiaram a empresária angolana, Rafael Marques reage nesta conversa com o Novo Jornal às últimas incidências sobre o “caso Sonangol”, que passou a dominar a agenda política nacional devido a declarações bombásticas do actual PCA da petrolífera nacional.

◗ NOK NOGUEIRA (textos) ◗ ADJALI PAULO (fotos)

Na semana passada, surgiram acusações de parte a parte (entre Carlos Saturnino e Isabel dos Santos) a respeito da falência da Sonangol. O actual PCA atribui culpas formais a Isabel dos Santos, e esta em resposta ao jornal português Negócios joga a responsabilidade da falência às administrações anteriores à sua gestão. Estamos perante o caso mais flagrante do zangar de comadres e das descobertas das carecas ou tudo isso sabe ainda a tão pouco? A falência da Sonangol é da responsa-bilidade primária do pai da Isabel dos Santos, o Senhor José Eduardo. É preci-so lembrar que, em 2011, o FMI repor-tou o desaparecimento de 32 mil mi-lhões de dólares dos cofres do Estado. O executivo do seu pai justificou-se afirmando que grande parte dos fun-dos deram, sobretudo, cobertura às “operações parafiscais da Sonangol”. A seguir, em 2012, José Eduardo dos San-tos promoveu o então presidente da Sonangol, Manuel Vicente, ao cargo de Vice-Presidente da República. Desde então, quer Dos Santos quer João Lou-renço têm sido ferozes na defesa de

Manuel Vicente enquanto este enfren-ta processos de corrupção em Portugal. Portanto, é efectivamente uma zanga entre comadres e uma mimada que se acha com o direito exclusivo de sa-quear o país com total impunidade.

O papel desempenhado pelas administrações de Manuel Vicente e de Francisco de Lemos são até agora postas de parte pelo actual PCA, mas Isabel dos Santos não deixa de sublinhar que o problema vem das anteriores administrações. Este é uma parte do problema que eventualmente esteja a ser negligenciada na análise sobre esta matéria? Carlos Saturnino não falou da gestão das administrações de Manuel Vicente ou de Francisco de Lemos porque lhe cabia reportar sobre a administração

anterior. A Isabel dos Santos, estamos lembrados, fez acusações graves con-tra a gestão antecessora de Francisco de Lemos e de Carlos Saturnino (en-quanto presidente da Sonangol Pes-quisa & Produção) durante o seu man-dato. Por sua vez, foi Francisco de Le-mos, enquanto presidente da Sonan-gol, quem teve a coragem de reportar o estado de falência da empresa, impli-citamente responsabilizando Manuel Vicente. Mas todos eles, sem excepção, contribuíram para o estado miserável da Sonangol. O Lemos era o adminis-trador financeiro de Manuel Vicente. Sabia das manigâncias do chefe. Do mesmo modo, Lemos era supervisor de Carlos Saturnino no período dos gran-des “desvios financeiros” denunciados por Isabel dos Santos quando esta de-mitiu o então presidente da Sonangol P&P. Foi nessa altura, em Dezembro de 2016, que Isabel dos Santos se autono-meou como presidente da Comissão Executiva da Sonangol Pesquisa e Pro-dução (P&P), e determinou que passaria a reportar a si própria. Nessa altura, em conferência de imprensa, Isabel dos Santos acusou a gestão de Manuel Vi-cente e Francisco de Lemos de ruinosas com três afirmações importantes: Pri-

“«José Eduardo dos Santos já está condenado pelo povo e, se João Lourenço não punir os corruptos, acabará também julgado pelo povo. Quanto à Isabel dos Santos, é só ouvir o que se diz nas ruas»

«O peso político de Isabel dos Santos é o poder do pai, que neste momento está agrafado de forma insegura no MPLA e falta pouco para cair de vez»

«O outro filho de José Eduardo dos Santos, o Filomeno “Zenu”, recentemente burlou 500 milhões de dólares do BNA, com a ajuda do pai, e anda por aí a passear que nem um granfino»

«JES deve entregar a presidência do MPLA o mais cedo possível para merecer algum respeito e consideração»

Frases

◗ «A Isabel dos Santos é cúmplice e o pai é padrinho da corrupção»

Política ENTREVISTA

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meiro, a Sonangol estava sem dinheiro; segundo, as contas oficiais e a contabi-lidade da empresa não eram fiáveis; e, finalmente, os negócios paralelos em que a petrolífera se envolveu eram rui-nosos. A propósito, escrevemos no Maka Angola, que era importante Isa-bel dos Santos accionar os mecanis-mos legais, com acções judiciais para a responsabilização dos gestores a quem acusava de terem arruinado a Sonangol. Não o fez porquê? O seu pai--Presidente não agiu porquê e decretou uma amnistia, incluindo os crimes económicos? Então, a Isabel dos San-tos é cúmplice e o pai é padrinho da corrupção.

Essa troca de acusações entre o actual PCA e Isabel não lhe parece ser o jogo do gato e o rato em que a culpa poderá morrer solteira? A culpa não morrerá solteira desta vez. Não podemos esperar que Procurado-ria-Geral da República conclua esta in-vestigação de modo que haja julgamen-to. Conta mais pelo simbolismo políti-co. Todavia, a sociedade tem evoluído bastante na sua forma de entender me-lhor o carácter delinquente da elite que

tem estado a saquear o país. Em última instância, é o julgamento popular que vai contar. José Eduardo dos Santos já está condenado pelo povo e, se João Lourenço não punir os corruptos, aca-bará também julgado pelo povo. Quanto à Isabel dos Santos, é só ouvir o que se diz nas ruas. Quantas pessoas a defen-dem no seu perfeito juízo? Neste mo-mento não há um jogo do gato e do rato. Quanto mais ela se opõe ao actual exe-cutivo, mais ela enterra o seu pai. Isso é importante para o país. Ela faz mais para arruinar o que resta da autoridade do pai do que os actos de João Lourenço e os descontentes dentro do MPLA. Me-rece todo o apoio.

Acha que o peso político de Isabel

dos Santos poderá de algum modo criar um contrapeso ao inquérito instaurado pela PGR? O peso político da Isabel dos Santos é o poder do pai, que neste momento está agrafado de forma insegura no MPLA e falta pouco para cair de vez. Nada mais. Quem são os aliados políticos dela? O porta-voz do MPLA, Norberto Garcia? O comentador da TV Zimbo, o João Paulo Ganga, que ameaça com instabilidade no país caso se acabe com a impunidade e os abusos da Isabel dos Santos? Algum militar ou agente da Polícia Nacional sairá à rua para defender os interesses da Isabel dos Santos? José Eduardo dos Santos vai fazer confusão para proteger a filha? Alguma figura relevante do MPLA, para além dos bajuladores de ser-viço, virá a público defender a filha do chefe? Talvez o Vice-Presidente da Repú-blica e membro do Bureau Político do MPLA, Bornito de Sousa. A Tchizé, a irmã da Isabel, já o defende como a escolha do pai para presidente do MPLA. Belarmino Van-Dúnem, Luvualo de Carvalho e Ma-nuel da Cruz Neto. Por outro lado, a chantagem pode sair cara à Isabel dos Santos. Ela enriqueceu muito por conta de operações realizadas pela Sonangol durante a gestão de Manuel Vicente.

Lembramos apenas a Unitel, o BFA e a GALP em Portugal.

Isabel dos Santos será apenas a ponta do Iceberg político ou não se pode nunca descartar as responsabilidades de foro judicial que vão pesar sobre o assunto? Caso a luta contra a corrupção de João Lourenço se fique apenas pela prisão preventiva do Nickolas Neto, o ex-ad-ministrador da Agência Geral Tributá-ria (AGT), detido há seis meses por cau-sa de uma “micha” de 24 milhões de kwanzas, ninguém o levará a sério. Será o seu descrédito total. O outro filho de José Eduardo dos Santos, o Filomeno “Zenú”, recentemente burlou 500 mi-lhões de dólares do Banco Nacional de Angola, com a ajuda do pai, e anda por aí a passear que nem um granfino. De-via estar na cadeia. Depois, os esqua-drões da morte do SIC fuzilam os miú-dos que roubam telefones e inocentes como a política de combate ao crime.

Há quem insista que o problema não deverá ser Isabel dos Santos mas, sim, uma estratégia que visa o seu pai no sentido de forçá-lo a abdicar do cargo no partido. É também o seu entendimento? A Isabel dos Santos tornou-se num pro-blema maior para o pai, pela sua ga-nância desmedida. José Eduardo dos Santos deve entregar a presidência do MPLA o mais cedo possível para mere-cer algum respeito e consideração. Dou-tra forma, acabará por sair de forma humilhante e sob apupos. Saiu bem da presidência da República, saia bem da presidência do MPLA. Pela sua boca, Dos Santos prometeu abandonar a política activa em Abril de 2018. Faltam alguns dias. Não há estratégia para forçá-lo a sair. Há alguma pressão para que ele cumpra a sua palavra.

A empresária chama o novo PCA de mentiroso e, no mesmo comunicado que emitiu logo a seguir às acusações, queixa-se de estar a ser alvo de uma “campanha politizada”. Estranhamente são as mesmas acusações, em sentido contrário, claro, de que ela era alvo quando foi nomeada pelo pai para assumir as rédeas da Sonangol? A Isabel é bilionária, gasta 160 milhões de dólares da Sonangol em consultorias, maioritariamente prestadas por empre-sas suas, e continua vulgar e malcriada. Como atrás referi, ela não moveu qual-quer acção judicial para que se investi-gassem os “desvios financeiros” por si atribuídos a Carlos Saturnino, quando o demitiu da Sonangol P&P. Este, por sua vez, acusou-a de falta de ética. Saturnino agiu de forma correcta e demonstrou co-ragem. Se ela tem provas de corrupção contra o actual PCA da Sonangol que as apresente. Estamos à espera com todo o interesse. Seria importante fazermos um levantamento das mentiras públicas da Isabel dos Santos e de Carlos Saturni-no, só para termos uma ideia de quem faz da mentira uma prática corrente. Nem precisamos de lembrar quem disse que ficou rica a vender ovos.

◗ «Se ela tem provas de corrupção contra o actual PCA que as apresente»

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Era previsível que fosse esse o desfecho depois de uma nomeação, também esta polémica em função das acusações de nepotismo? Sim. Eu apresentei uma queixa à PGR contra o acto de nepotismo praticado por José Eduardo dos Santos ao ter no-meado a filha para presidente da So-nangol. Na mesma queixa, referia-me também ao conflito de interesses po-tenciados pelos negócios cruzados de Isabel dos Santos e Sonangol na Unitel e GALP. A resposta do então procura-dor-geral da República, general João Maria de Sousa, foi: “Não pode a Procu-radoria-Geral da República, porque in-competente, conhecer ou determinar a instauração de algum processo-cri-me por denúncia contra o Presidente da República, o que é da competência estrita e absoluta da Assembleia Na-cional, pelo que indefiro o pedido cons-tante do requerimento em aprecia-ção”. O PGR, enquanto zelador da lega-lidade, comunicou à Assembleia Na-cional a denúncia de um cidadão? Não! Resultado: a cegueira em enco-brir-se todas as arbitrariedades de Jo-sé Eduardo dos Santos acabou por criar muros altíssimos que aprisionaram a sua tranquilidade e não lhe deixam saídas airosas. Mesmo tendo saído pe-los próprios pés da Presidência da Re-pública, arrisca-se a um tropeção poli-tico fatal ali na sede do MPLA. A Isabel não vê isso e não dá descanso ao pai.

O que é que pensa que está a escapar a este processo, ou seja, que chave mestra pensa não ter sido ainda utilizada e quem dos protagonistas envolvidos a teria como trunfo? O maior trunfo que pode ser usado é o arrependimento, a contrição e a pro-messa de devolver o que é alheio. É o engajamento, sem reservas, para as mudanças que se impõem no país para retirá-lo da crise. É a solidariedade para a realização do bem comum. A Isabel dos Santos está a tentar fazer

passar a ideia de que tanto ela como o pai têm trunfos sobre os podres dos ou-tros. Isso não são trunfos. A podridão é uma característica comum da classe dirigente. Todos sabemos disso. Poxa! Como pode alguém insistir que a cor-rupção deve prevalecer, assim como a impunidade, porque ninguém está limpo? Há o caminho do bem. Nin-guém que é corrupto ou mau deve con-tinuar a sê-lo. Há sempre a escolha de

«A podridão é uma característica comum da classe dirigente»

■ ADJALI PAULO

Retorno de capitais ao país

«A Lei de Repatriamento é um nado-morto»O desfecho ou o modo como este processo for conduzido poderá retirar ou acrescentar algum crédito a João Lourenço? João Lourenço ganhou grande populari-dade com algumas exonerações feitas por si, e perdeu bastante popularidade com nomeações de mais do mesmo. Agora está em ponto morto. Caso alguns dos grandes salteadores dos cofres do Estado e do património público não se-jam levados a tribunal e passem algum

tempo de reflexão nos estabelecimentos prisionais, esse governo terá de envere-dar pela repressão para se impor. Não terá crédito popular porque o tema cen-tral do governo de João Lourenço é o combate à corrupção. A Lei de Repatria-mento de Capitais, a grande bandeira legislativa contra a corrupção, é um nado-morto. Mesmo em Angola, vários dirigentes do actual governo têm patri-mónio incompatível com os seus rendi-mentos e devem estar sob observação

judicial. Também é importante reiterar que o Presidente João Lourenço tem al-gumas empresas e é preciso que saiba-mos, publicamente, se continua accio-nista, se transferiu as acções para os seus filhos. Tem de dar um exemplo de transparência para estar livre de chan-tagens ou servir de mau exemplo para os outros membros do seu executivo. Há ainda ministros e governadores que têm interesses privados concorrenciais com as actividades do Estado.

fazer diferente. Por exemplo, tivemos uma guerra fratricida. Não é bonito vermos hoje irmãos que antes mata-vam a favor do MPLA ou da UNITA a conviverem pacificamente? Então, não seria bonito vermos, amanhã, ladrões e vítimas a conviverem pacificamente e solidários na melhoria do país e das condições de vida dos cidadãos?

O Ministério Público mandou instaurar um inquérito em função das declarações/acusações do PCA da Sonangol, o que de algum modo deixa a coisa um pouco em suspense na medida em que entra em acção a questão do segredo de justiça. Em todo o caso, da parte de quem governa, esperava uma reacção mais acutilante do Executivo a esse respeito, tratando-se de fundos públicos que estão em causa? O segredo de justiça é sempre uma con-veniência para o poder. Qual foi o segre-do de justiça no Caso Miala, por exem-plo, ou no caso dos “15+2”, os revus? O João Maria de Sousa não chegou a apre-sentar provas fabricadas ao corpo di-plomático e a deputados quando o caso dos revus se encontrava em segredo de

◗ «O segredo de justiça é sempre uma conveniência para o poder»

Rafael Marques defende que João Lourenço deve dar um exemplo de transparência, para estar livre de chantagens ou servir de mau exemplo

Política ENTREVISTA

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justiça? Todavia, o segredo de justiça, que deve ser respeitado, não é descul-pa para que não se informe a socieda-de sobre a existência ou não de pro-cessos e a sua devida tramitação.

Isabel dos Santos parece querer disparar em todas as frentes, indicando mesmo nomes ou accionistas de bancos. Acredita que em situação de maior desconforto ela poderá vir a ser uma espécie de “bomba--relógio”? Essa “bomba-relógio” não tem rasti-lho. É de brincadeira. A Isabel já vem tarde. Notei a circulação recente de uma tabela de accionistas do BAI, feita por mim em 2012. Na minha investi-gação “Bai à Lavandaria”, expliquei detalhadamente como Manuel Vicen-te e José Castro Paiva, como gestores da Sonangol, “usaram os seus cargos para transferir um total inicial de dez por cento de um investimento público para os seus nomes próprios”. Isso era crime de peculato. O artigo saiu em Junho de 2012 e, dois meses depois, Manuel Vicente tornou-se Vice-Presi-dente da República. José Eduardo dos Santos, o pai da Isabel, promoveu-o e aparou-lhe o jogo. O jornal Expansão tem feito suplementos com as estru-turas accionistas dos bancos. Se a Isa-bel dos Santos quer denunciar a cor-rupção nos bancos, na Sonangol e, de um modo geral, o que se passou du-

rante a presidência do seu pai, temos de apoiá-la. Força! O combate contra a corrupção deve unir-nos a todos. Du-rante anos fui chamado de maluco, de parasita, de agente da CIA, antipa-triota por expor, de forma consistente e isolada, a corrupção e o comporta-mento nefário de muitos dirigentes. Agora, vejo, contente, que tanto João Lourenço como a Isabel dos Santos se manifestam como activistas anticor-rupção. Todavia, a Isabel dos Santos é uma das principais beneficiárias da corrupção institucional desenfreada apadrinhada pelo seu pai durante muitos anos. Por isso, devemos enco-rajá-la, antes de mais, a devolver o que é alheio. Devemos encorajá-la também a começar a frequentar a igreja, com o pai, para encontrar o ca-minho do arrependimento, da bonda-de e da redenção. Só assim evitará as contradições insuportáveis entre as suas declarações públicas e os seus actos. “Afasta-te do mal e pratica o bem e viverás sempre em segurança”, anuncia o Salmo 3:27.

COMBATE À CORRUPÇÃO ANUNCIADA POR JLO

«José Eduardo dos Santos também fez muitos discursos contra a corrupção» O Rafael Marques esperava um engajamento mais pessoal de João Lourenço, já que ele chegou a declarar guerra aberta à corrupção? Não esperava mais de João Lourenço. Até ser candidato presidencial, ele nunca tinha falado publicamente contra a corrupção. De repente, é o maior activista anticorrupção aos olhos do povo. Isso é uma ilusão. Enquanto não virmos alguns dos maiores corruptos deste país na cadeia, deveremos considerar os discursos anticorrupção de João Lourenço apenas pelo seu simbolismo político. José Eduardo dos Santos também fez muitos discursos contra a corrupção, tendo anunciado, em 2009, a política de tolerância zero contra a corrupção. A seguir a isso, foi o frenesim da roubalheira no país. Os dirigentes pareciam enfeitiçados, tal era a dedicação ao saque.

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■ ADJALI PAULO

◗ «Fui chamado de maluco, de parasita, de agente da CIA, antipatriota»

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A Polícia Nacional (PN) começa a en-saiar nos próximos tempos um novo modelo de policiamento, com vista ao combate à criminalidade geral e vio-lenta a que se assiste no país. O novo modelo, ainda em estudo, será apre-sentado na próxima semana, durante a realização do Conselho Consultivo Alar-gado da corporação, a realizar-se na província do Huambo.

O anúncio do novo modelo de actua-ção policial foi feito pelo comandante--geral da PN, comissário-geral Alfredo Eduardo Mingas “Panda”, durante a sua intervenção no 42.º aniversário da corporação, celebrado recentemente em Luanda.

O ‘número um’ da corporação explicou que a nova forma de actuação será ade-quada às necessidades operacionais da Polícia Nacional, assim como às neces-sidades específicas sociais, demográfi-cas e culturais, para estabelecer com as populações uma verdadeira parceria em nome da segurança pública.

“A todos os cidadãos, de Cabinda ao Cunene, queremos aproveitar esta opor-tunidade para reafirmar a nossa total determinação e empenho no combate ao crime em geral, mas fundamental-mente ao crime violento, no sentido de lhes devolver a tranquilidade, que nos últimos tempos vem sendo abalada”, reconheceu o comandante-geral.

A nova estratégia de segurança públi-ca, de acordo com o comandante-geral, inclui investimento tecnológico, medi-das para melhoria do controlo estatís-tico, o reforço da capacidade operacio-nal das unidades de policiamento, a criação de brigadas anticrime nos co-mandos municipais, a criação de uma

Unidade Central de Investigação de Ilí-citos Penais, o incremento de acções de fiscalização, o controlo de armas de fogo, entre outras.

Para o comissário Panda, a situação de falta de segurança que o país atra-vessa “não se compadece com confor-

mismos”, pelo contrário, “exige da parte de todos uma actuação firme, ancorada na busca permanente de so-luções criativas”, tendo em vista a ga-rantia de “mais” e “melhor” segurança para os cidadãos.

Desde que foi nomeado e tomou posse

em finais de Novembro do ano passado, o comandante-geral defende uma re-qualificação total da Polícia Nacional, que, de acordo com a alta patente, deve-rá estar mais preparada e mais bem ca-pacitada para intervir nos diversos ce-nários operacionais, “seja para prestar

Novo modelo será apresentado na próxima semana, durante a realização do Conselho Consultivo Alargado da

DISCUSSÃO

Combate à corrupção e aos crimes conexos O Conselho Consultivo da Polícia Nacional, agendado para o próximo dia 15 deste mês, de acordo com fontes policiais, prevê ainda a discussão da elaboração de uma estratégia de prevenção e combate à corrupção e aos crimes conexos, no âmbito da actividade policial.

Para o comandante-geral, a importância que a liderança da corporação atribui ao combate à corrupção e ao nepotismo no seio da Polícia Nacional representa a profunda convicção da chefia da instituição de que uma melhor gestão dos recursos, humanos e materiais “permitirá cumprir com mais eficácia, maior rigor e eficiência a missão da Polícia de garantir a segurança das pessoas, dos bens e da sociedade em geral”.

Por último, Alfredo Mingas “Panda” disse ter chegado o momento de ver alterado o quadro de segurança pública no país e, para tal, os efectivos militarizados da corporação deverão desempenhar mais funções nas ruas do que nos gabinetes, ao contrário do que acontece actualmente. “A nossa missão é garantir a ordem e tranquilidade públicas”, lembrou. ◗ A.P.

Polícia apresenta novo modelo de combate ao crimeA nova estratégia de segurança pública inclui, entre vários aspectos, investimento tecnológico, criação de brigadas anticrime e unidades de investigação de Ilícitos nos comandos municipais.

◗ A nova visão policial deverá definir os requisitos para a entrada na corporação

EM CONSELHO CONSULTIVO

◗ ANTÓNIO PAULO

Sociedade SEGURANÇA PÚBLICA

| 18 | SEXTA-FEIRA 9 de Março 2018

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auxílio aos cidadãos, seja para resolver incidentes tácticos operacionais de ele-vada complexidade, em que o uso da força se faça necessário”.

Para regular a situação do dispositi-vo, o comissário-geral informou que foi instruída a redefinição do quadro orgânico e funcional da Unidades e Di-recções do Comando-Geral, que será aprovado no próximo Conselho Consul-tivo, assim como a Política de Recursos Humanos da Polícia Nacional.

A nova visão policial deverá ter ainda em atenção um conjunto de procedi-mentos legais que, segundo Eduardo Mingas, irão definir os requisitos para a entrada na corporação, assim como permanência, avaliação, progressão na carreira, incentivos e subsídios, e ainda o processo de licenciamento à reforma dos efectivos da Polícia Nacional.

Com a aprovação de tais instrumen-tos, o novo ‘homem forte’ da corporação mostra-se confiante que a Polícia Na-cional estará em condições de organi-zar e distribuir o dispositivo policial ac-tual com base nas necessidades opera-cionais dos comandos territoriais e unidades operacionais.

Polícia Nacional

Os rótulos, principalmente quando assumem um carácter insultuoso, tendem a esvaziar qualquer discurso, crítica ou análise de fundo que se preze,

por criar um desvio de comunicação no plano interpretativo. Por exemplo, quando em Junho de 2009 o músico e activista irlandês Bob Geldof se dirigiu aos governantes angolanos como sendo gestores de um Estado cleptocrático (um governo de criminosos), durante a conferência sobre desenvolvimento sustentável, co-realizada em Lisboa pelo Banco Espírito Santo e pelo jornal Expresso, o embaixador de Angola retirou-se da sala sem hesitar e com alguma razão aparente.

Senão vejamos: como poderia um membro de uma cleptocracia ser um dos ilustres convidados num magno evento que se propunha a discutir o desenvolvimento sustentável no mundo?! Entretanto, fica apenas uma pergunta ou dúvida, quiserem, no ar sobre o que pensaria hoje Bob Geldof sobre Angola, sobretudo agora, perante tanto escândalo ligado à alta corrupção, envolvendo figuras de topo da governação em processos vários no país e no estrangeiro!

Como devem imaginar, de nossa parte não existe qualquer relação de proximidade ou de afastamento com o artista e cidadão irlandês, pelo que solicitamos encarecidamente quem tiver o contacto pudesse por nós levantar a questão acima evocada, que é também nosso interesse saber se ele mantém a sua opinião incólume e, na volta — até porque o embaixador angolano em terras lusas ainda é o mesmo —, se este já teria feito as pazes após saída em falso do irlandês!

O caso despoletado na conferência de imprensa do presidente do Conselho de Administração da Sonangol agravou ainda mais o quadro que desde 2014, quando se anunciou a crise económico-financeira, ensombra as nossas vidas e só não tem conhecido dias mais tenebrosos e paradoxalmente também mais esclarecedores sobre o estado de coisas em que andou e anda o país em matéria de alta corrupção porque falta em Angola uma cultura de debate e um certo profissionalismo no exercício político por parte das diferentes formações partidárias, que, diante de um caso tão sério, tão grave e revoltante, olham para o lado, como se fosse a situação mais reles e natural que poderia acontecer num país.

Há claramente aqui um erro de estratégia política por parte das várias formações partidárias, principalmente aquelas com assento parlamentar e não só, que não estão a saber tirar partido de uma agenda que lhes foi dada de bandeja pelas circunstâncias político-económicas que o país enfrenta, e o mesmo assunto talvez também de bandeja provavelmente se esfumará, uma vez que há claramente um fraco entendimento do exercício político relativamente a matérias da agenda extrapartidária que deveriam constar dos vários debates, até como prova do quanto valem os nossos políticos.

O caso evocado sobre os milhões do petróleo gerado pela Sonangol acaba por ser até certo ponto insultuoso para qualquer um de nós, pois vemos uma discussão pública que está a ser travada sem o mínimo de pudor e de decência, sobretudo por envolver somas monetárias estratosféricas

que a todos nós pertence, mas que estão em mãos alheias na maior das calmas! Porque um número de gestores públicos entendeu e continua a entender que gerir o país significa tomá-lo de assalto! Porque é esta ideia que nos passam! Pelo menos este caso assim o tem demonstrado!

A denúncia ou declarações do actual homem forte da Sonangol, prontamente desmentidas pela antiga PCA da petrolífera estatal, por sinal filha do ex-Presidente da República, atinge um nível de insensibilidade que os protagonistas deste enredo parecem ter perdido a noção de que estão a falar para um público que não é de todo ignorante, que hoje está mais esclarecido do que ontem de que as riquezas que se fizeram no país ocorreram à custa de dinheiros públicos.

Este caso da Sonangol expõe ao desnudo a parte mais cruel e vil da governação política angolana, por se nos

apresentar um quadro em que estão duas vozes a vociferar sobre uma acumulação de riqueza que prejudicou grandemente o povo e vai continuar a prejudicar, mas fazem-no, e isso é que é revoltante,

com a maior frieza, tal é o à-vontade com que discutem os milhões e mil milhões de

dólares desviados ou transferidos dos cofres da petrolífera estatal sem qualquer remorso!

Associada a esta análise mais fria e densa, há uma outra também

seca e dura, segundo a qual o caso Sonangol é apenas uma pedra de arremesso político que visa

esvaziar a credibilidade e a confiança política do actual presidente do partido que sustenta o executivo, de modo que este último se autodemita,

ou seja, afastado por meio de uma jogada que o obrigue a sair de cena política o quanto antes. Ora, não queremos cair no jogo fácil. Porque limitar a leitura deste caso a esse detalhe formata uma ideia que nem

é, quanto a nós, a mais importante sobre o assunto. Uma das questões mais importantes em todo

esse processo, cá para nós, é a seguinte: tudo isso só está a acontecer ou só é tornado

público porque em 2017 houve uma mudança na condução política do país.

Esta mudança veio, de algum modo, mexer com o jogo político e com os actores da gestão pública do país, sobretudo aqueles ligados aos grupos de interesses cujo poder é hoje alvo de alguma ameaça por estarem em cena “novos”, não tão

novos assim, actores ou decisores. Partindo desta premissa, surge

a pergunta mais importante, quanto a nós: e se o quadro governativo não

tivesse mudado de rosto em Angola? Nunca os angolanos teriam acesso a estas

informações a que tiveram através do novo PCA, nem tampouco teríamos uma ex-PCA a vir a público

defender-se, turvando ainda mais a água! O mais revoltante quanto a nós é exactamente pensar que

tudo isso teria continuado ou há-de continuar e que no fim das contas tudo não passará de um mal-entendido entre os principais actores políticos, porque não há coragem que baste em pedir responsabilidade pelos inúmeros danos causados ao país. Houve, sim, uma mudança na condução política do país, e foi esta mudança que precipitou este agitar das águas que deverá resultar em pequenos desarranjos que rapidamente serão sanados com uma palmadinha nas coisas, porque os que ajudaram a sequestrar a justiça nos últimos dez anos têm mais sete pela frente.

Logo, com que meios pensa a justiça repor a normalidade institucional do país que continua a assistir a tudo isso de mãos atadas e sem qualquer esperança de vir a ter uma reputação ilibada que nos permita olharmo-nos no espelho sem receio da imagem nela reflectida?! ■

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A que ponto chegámos!

■ OSMAR EDGAR.

Este caso da Sonangol expõe ao desnudo a parte mais

cruel e vil da governação política angolana, por se nos apresentar

um quadro em que estão duas vozes a vociferar sobre

uma acumulação de riqueza que prejudicou

grandemente o povo

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As infra-estruturas não suportaram a força das correntezas após as chuvas in-tensas que atingiram a cidade capital. O desabamento da ponte metálica na vala de drenagem do Malweka, que dá aces-so ao bairro dos Combustíveis, distrito urbano do Kima-Kieza, ocorreu no dia 28 e o da vala da Pedreira, mais conheci-da como vala do Cavuquila, sucedeu mais cedo, a 26 de Fevereiro.

O Novo Jornal esteve no local esta se-mana e ouviu alguns moradores que se mostraram aflitos com a situação. “É muito sofrimento, com a idade que tenho, andar essa distância toda. To-dos nós estamos impossibilitados de circular de um lado para o outro por-que a ponte que liga os dois bairros de-sabou, o administrador já esteve cá e até agora não se faz nada”, atirou Ma-ria de Fátima, de 57 anos, que desde que desabou a ponte percorre uma lon-ga distância para visitar a filha que se encontra internada há duas semanas na maternidade Augusto Ngangula.

Maria de Fátima disse ainda que, com o desabamento da infra-estrutura, a po-pulação ficou sem opção e a única alter-nativa que encontrou para a travessia foi passar pela vala que se encontra de-baixo da ponte, uma situação que põe em risco a vida dos munícipes.

As obras da construção da ponte,

contam os moradores da zona, come-çaram em finais de 2016, tendo come-çado a ser utilizada em Julho de 2017. “Não sabemos quem é que se vai res-ponsabilizar por esta obra mal feita. O Governo da Província tinha de respon-sabilizar os empreiteiros, porque isso não se faz. Em menos de um ano a ponte desabou, e ninguém diz nada”, observou, inconformado, Evaristo Mateus. Segundo o morador do bairro da Pedreira, a população contactou várias vezes o coordenador do bairro no sentido de interceder junto do ad-ministrador municipal para o alertar de que alguma coisa estava mal com a ponte, “mas não nos ouviram porque tinham pressa devido à campanha eleitoral, e o resultado é este”.

Boaventura Ramos da Rosa, residen-te no bairro Belo Monte, disse que vá-rios moradores já se juntaram para marcar um encontro com o governa-dor da província de Luanda, uma vez que o administrador municipal afir-mou aos órgãos de comunicação social que a obra não é da responsabilidade da administração. “Ele diz que não é da sua responsabilidade, então temos de cobrar ao governador. Neste momento não há saída, temos de sair do Belo Monte a pé”, contou o jovem de 37 anos, visivelmente agastado.

Quem testemunhou o desabamento da ponte foi José Domingos, de 16 anos, morador da zona há 13. No dia 26 de Fevereiro, contou ao NJ, um camião fazia o seu percurso normal de reco-lha do lixo quando, ao passar pela ponte, esta desabou. “O jovem que es-tava por cima da viatura só não mor-reu porque Deus não quis. A circulação está difícil, não estão a passar carros nem motorizadas, está de mais! Nos dias de chuva houve crianças que dor-

Consequências das últimas chuvas

Pontes construídas há menos de três anos desabam em Cacuaco

As obras da construção da ponte iniciaram em finais de 2016, tendo começado a ser utilizada em Julho de 2017

Passadas duas semanas desde que desabaram as duas pontes que dão acesso aos bairros da Cerâmica, Pedreira, Belo Monte e dos Combustíveis, no município de Cacuaco, não foram iniciadas até ao momento as obras de reabilitação. Moradores pedem socorro.

Foi neste estado em que ficou a ponte construída há menos de um ano

◗ «O administrador diz que não é da sua responsabilidade, então temos de cobrar ao governador»

◗ ISABEL JOÃO (textos) ◗ QUINTILIANO DOS SANTOS (fotos)

Sociedade INFRAESTRUTURAS

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miram na rua porque não tinham como passar para o outro lado”.

Ainda de acordo com o adolescente, o administrador municipal de Cacuaco estava no local quatro dias depois das chuvas, tendo garantido aos moradores que levaria a preocupação ao governa-dor de Luanda, e até hoje os moradores continuam à espera da resposta.

O desabamento parcial daquela pon-te metálica que dá acesso ao bairro dos Combustíveis, além de tirar o sono aos

habitantes daquela parcela da provín-cia de Luanda, deixou igualmente iso-lado o bairro do Malweka. Devido às dificuldades para chegar ao outro lado e ao grande fluxo de pessoas, a popula-ção chama o local de “ponte do Luvo”, aludindo à fronteira entre Angola e a República Democrática do Congo.

Há três semanas, para chegar ao mer-cado do Kikolo, os moradores gastavam 200 kwanzas; mas, devido ao desaba-mento da ponte, hoje chegam a gastar

600 kwanzas por dia, porque são obriga-dos a descer do táxi de um lado da ponte e a apanhar um outro.

Governador de Luanda visitou as zonas afectadas pelas chuvas O governador de Luanda, Adriano Men-des de Carvalho, visitou vários municí-pios e distritos logo após as chuvas, para constatar no terreno os danos causados. O município de Cacuaco também foi um dos visitados pelo go-

vernante, que prometeu aos munícipes resolver o problema das vias.

A comitiva do governador integrava também o ministro das Finanças, Archer Mangueira, que disse na ocasião tratar-se de um problema cuja solução vai oferecer dois caminhos: uma estruturante, que vai levar muito mais tempo, e outra paliativa, que deve ser posta em acção agora.

Archer Mangueira disse ter consciên-cia de que se trata de um problema que carece de uma pronta intervenção.

CARLOS CAVUQUILA REAGE

«A reabilitação da ponte não é da responsabilidade da administração»

Numa entrevista concedida ao Jornal de Angola, em Fevereiro, o administrador municipal de Cacuaco, Carlos Cavuquila, disse ser falsa a informação segundo a qual a ponte desabou dias depois de ser inaugurada.

“Contrariamente ao que se diz, as obras começaram, mas nunca foram concluídas. Por essa razão, a ponte não podia ser inaugurada”, salientou o administrador, para acrescentar que a empreitada nem sequer esteve sob a responsabilidade da administração municipal. “Não sei em quanto ficou orçada, quem assinou o contrato e que material se usou para a sua construção. Nem mesmo a cópia do contrato tenho, mas sou a pessoa que está a ser vista como incompetente. É sempre assim. A corda rebenta do lado mais fraco”, disse o administrador de Cacuaco.

Carlos Cavuquila disse que a via não foi asfaltada até hoje por falta de verbas. “A informação que temos é a de que o Governo Provincial já emitiu a ordem de saque para esta empreitada, mas o Ministério das Finanças não as homologa desde o ano passado”.

Recorde-se que as chuvas que caíram por Luanda provocaram a morte de quatro crianças da mesma família no município de Cacuaco. As quatro crianças, com idades compreendidas entre os dois e quatro anos, estavam sozinhas e trancaram-se em casa durante a chuva. A água inundou a residência e os menores acabaram por morrer afogados. O caso aconteceu no bairro Belo Monte. ◗ I.J.

A ponte do Malweka está neste estado há quase duas semanas

O desabamento parcial da ponte deixou isolado o bairro do Malweka

Desde que desabou a ponte do Malweka, este é o cenário que os moradores vivem diariamente

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◗ DULCINEIA LUFUA

Oito indivíduos, dos quais seis estrangei-ros e dois nacionais, foram detidos em Luanda pelo Serviço de Investigação Cri-minal (SIC), por suspeita da prática de cri-mes de falsificação de documentos, burla por defraudação, associação de malfeito-res e branqueamento de capitais.

Entre os detidos, estão quatro cidadãos tailandeses, um eritreu, um canadiano e dois angolanos, nomeadamente Raveeroj Rithchoteanan, Monthita Pribwai, Thee-ra Buapeng e Manin Wanitchanon (tai-landeses), Haillé Isaac Million (eritreu), André Louis Roy (canadiano), Celeste Marcelino de Brito António e Christian Albano de Lemos (angolanos).

O superintendente-chefe do Departa-mento Central do Serviço de Investiga-ção Criminal de Luanda, Tomás Agosti-nho, que falava em conferência de im-prensa, esclareceu que o grupo simulou dispor de acesso a uma linha de finan-ciamento aberta numa instituição fi-nanceira denominada Bangkok Sentral NG Philipines, das Filipinas.

“A rede de indivíduos tentava defrau-dar o Estado angolano com um finan-ciamento internacional de 50 [mil mi-lhões] de dólares através do qual preten-diam desenvolver projectos adormeci-dos por falta de investimentos no país”, disse o oficial superior.

Em face dos factos, continuou, “accio-nou-se a congénere filipina, de quem obtiveram a informação que os supos-tos promotores eram falsários e que os cheques não eram autênticos”.

Tomás Agostinho adiantou ainda que o processo envolve altas patentes das Forças Armadas Angolanas (FAA), razão pela qual foi transferido para a Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal da Procuradoria-Geral da República (PGR), para o devido tratamento.

A detenção dos cidadãos estrangeiros, segundo o responsável policial, ocorreu no passado mês de Fevereiro, numa das unidades hoteleiras de Luanda onde es-tavam hospedados à custa dos cidadãos angolanos envolvidos na negociata.

“O cheque apreendido era a favor da Centennial Energy Company, Limi-ted, suposta empresa com sede nas Filipinas”, adiantou a fonte, salien-tando que a detenção aconteceu no âmbito do mecanismo de prevenção do branqueamento de capitais.

Casos de burla continuam a crescer em Luanda Os casos de burla na capital do país continuam a tirar o sono a muitos cita-dinos que se deixam levar pelas pro-messas aliciantes de empregos, valo-res financeiros e materiais, entre ou-tros golpes. O porta-voz da direcção provincial de Luanda do Ministério do Interior, intendente Mateus Rodrigues, citado pelo Jornal de Angola, deu a co-nhecer que, de Janeiro a 15 de Dezem-bro de 2017, o Serviço de Investigação Criminal (SIC) registou 1.096 casos de burla só na província de Luanda, 44 dos quais já foram julgados.

Crime

Cidadãos nacionais e estrangeiros detidos por burla

■ LÍDIA ONDE

Tomás Agostinho, superintendente-chefe do Departamento Central de Investigação Criminal de Luanda

Com os acusados foram apreendidos vários meios, incluindo um cheque no valor de 99 mil milhões de dólares americanos, supostamente pertencente ao Bank of China (Hong Kong).

◗ O processo envolve altas patentes das Forças Armadas Angolanas (FAA)

A direcção do Sindicato dos Enfer-meiros de Luanda considera irrisó-rio o número de profissionais que o Ministério da Saúde prevê admitir para a capital angolana, asseguran-do que “não vai corresponder” às necessidades dos utentes.

O posicionamento foi expresso à Lusa pelo secretário-geral adjunto do Sindicato dos Enfermeiros de Luanda, António Kileba, argumen-tando que estas contratações — 335 médicos e 357 enfermeiros — “não vão permitir colmatar as dificul-dades”, em face das solicitações diárias nos hospitais e centros de saúde públicos.

“Porque temos muitos hospitais encerrados, outros trabalham a meio gás, com apenas 15 funcioná-rios. Então, olhando para vertente saúde e enfermeiros, esse número ainda não corresponde à expectati-va dos utentes e seria bom que crescesse mais”, disse.

O Ministério da Saúde de Angola aprovou a admissão de 5.085 novos profissionais, entre os quais 2.475 médicos, 1.310 enfermeiros, 800 técnicos de diagnóstico e terapeu-tas e 500 profissionais de apoio hospitalar, cujo concurso público arranca este mês.

Segundo o documento do Ministé-rio da Saúde, a província de Luanda vai absorver o maior número de pro-fissionais a serem admitidos, um to-tal de 1.047, sendo 335 médicos, 357 enfermeiros, 218 técnicos de diagnós-tico e de apoio hospitalar e ainda 136 vagas para apoio hospitalar.

Para o sindicalista António Kileba, o Governo “não avaliou as reais necessi-dades a nível da capital angolana, que deveria obrigar a um levantamento, a nível das unidades hospitalares e centros de saúde”, sustentou.

Enfermeiros

Sindicato critica «pouca contratação»

Luanda quer mais enfermeiros

■ CÉSAR MAGALHÃES

Sociedade REVELAÇÃO

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Uma imensa lagoa, que nasceu nas cercanias do Quintalão do Petro, está a deixar preocupados os moradores do Golfe 2, que viram bloqueadas as ruas e entradas de acesso ao bairro.

A água suja e esverdeada aumenta sempre que “São Pedro” entende abrir as torneiras, ou seja, sempre que a chuva cai, representando assim um perigo para a saúde pública, como de-nunciaram moradores à reportagem do Novo Jornal. “Esta lagoa tem torna-do a rua intransitável. As pessoas, para atravessarem a lagoa, vêem-se obrigadas a trepar às paredes”, disse-ram residentes, sublinhando que o lago é fundo e representa um perigo de afogamento para os populares.

Testemunham que várias pessoas já caíram na lagoa e tiveram de ser so-corridas por taxista e vendedores do mercado nos arredores. “Há um cida-dão que caiu na lagoa e por pouco não se afogou por ter ingerido quantidades de água suja”, lamentaram.

Segundo os moradores, a situação já dura há cerca de quatro anos e é do conhecimento da administração, que, “até ao momento, não tomou medidas para a resolução do proble-ma”, que voltou a agravar-se com o cair das chuvas dos últimos dias. “A administração apenas tem mandado homens da comissão de bairro para vir cobrar fichas às vendedoras do Quintalão”.

O trânsito de viaturas ficou corta-do devido à inundação, o que dificul-ta os automobilistas e residentes, que dizem ver-se mesmo obrigados a deixar os seus carros noutras áreas. “Temos tido muitas dificuldades. Já não conseguimos sair de casa com

as nossas viaturas porque existe uma lagoa enorme que condiciona o nosso acesso. Recentemente tive-mos de levar, a pé, um doente até à estrada” lamentaram.

A lagoa tem tornado a vida dos mo-radores cada vez mais difícil, os quais pedem que a administração tome me-didas urgentes para se evitar uma eventual “desgraça”.

Os munícipes apelam à intervenção do Governo da Província no sentido de criar mecanismos urgentes para ex-tinguir a conhecida “lagoa do bagre. “Eles devem colocar aqui esgotos e melhorar o saneamento básico da zona que está cada vez pior”, pediram.

Comissão dos moradores estranha o silêncio da administração O responsável da comissão de mora-dores, Moisés António, confirmou à nossa reportagem o drama dos mora-dores e disse mostrar-se surpreso com o silêncio da administração munici-pal, que, segundo ele, tem conheci-mento do problema. “Já contactámos várias vezes a administração, mas eles nunca resolvem o problema”, concluiu o coordenador. ◗ A.G.

Inquietação

«Lagoa do bagre» irrita moradores da zona do Quintalão do Petro

Várias pessoas já caíram na lagoa e tiveram de ser socorridas

Ministério da Saúde realiza concurso público este mês Cinco mil e oitenta e cinco novos profissionais de saúde devem ingressar este ano no Ministério da Saúde depois da realização do concurso público que deverá acontecer na primeira quinzena do mês em curso. Segundo uma nota do Ministério da Saúde, a que a Angop teve acesso, dos 5.085 novos profissionais, constam 2.475 médicos, 1.310 enfermeiros, 800 técnicos de diagnóstico e terapeutas e 500 profissionais de apoio hospitalar. De acordo com a nota, a província de Luanda vai absorver o maior número de profissionais a serem admitidos, um total de 1.047.

Cazenga necessita de mais de três mil novos professores O município do Cazenga necessita de 3.822 novos professores para todos os níveis de ensino, informou à imprensa o administrador local, Victor Nataniel Narciso. De acordo com o administrador, para o ensino primário, o município necessita de 432 professores, 1.824 para o I ciclo e 1.566 para os institutos médios. Constam igualmente das necessidades educativas do município 648 salas de aula para todos os níveis e 1.800 carteiras.

Agente da polícia alveja acidentalmente o colega Um agente da Polícia Nacional foi acidentalmente morto pelo seu colega, com um disparo de arma de fogo, no bairro da Mapunda, no Lubango, província da Huíla, quando conviviam no interior de uma viatura. A informação foi prestada à Angop, no Lubango, pelo director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Ministério do Interior na Huíla, Manuel Halaiwa, afirmando que o homicídio, de acordo com as declarações do suspeito, já detido, foi involuntário.

Breves

■ OSMAR EDGAR

As suspeitas de cólera em Cabinda fo-ram laboratorialmente confirmadas, com o registo de um morto e 13 casos da doença, informaram esta quarta-feira as autoridades locais.

Segundo a secretária provincial da Saúde em Cabinda, Maria Carlota Tati, as amostras de três casos suspeitos fo-ram enviadas para análises laborató-riais, em Luanda, tendo os exames con-firmado a presença do vibrião colérico naquele enclave.

A responsável, citada pela agência noticiosa angolana Angop, referiu que há o registo de 13 casos, dos quais foi no-tificado um óbito, ocorrido numa uni-dade sanitária privada. Maria Carlota Tati considera a situação controlada, salientando que os casos estão confina-dos a três bairros da cidade de Cabinda. O primeiro caso suspeito foi registado a 20 de Fevereiro deste ano, no Hospital Provincial de Cabinda.

Como medidas imediatas, a respon-sável avançou que equipas de vigilância estão a desinfectar as cacimbas e a dis-tribuir gratuitamente comprimidos para o tratamento de água para consu-mo, bem como educar e sensibilizar os moradores sobre medidas de prevenção contra a cólera.

Segundo a Lusa, Cabinda passa assim a ser a segunda província a enfrentar casos de cólera em Angola, depois do Uí-ge, afectado desde o ano passado pela doença, com mais de uma dezena de mortos em mais de 600 casos, desde Dezembro de 2017.

Na província do Uíge, as autoridades notificaram quarta-feira 28 novos casos de cólera desde o surgimento do surto em Dezembro último, que resultou em oito óbitos. Por este facto, autoridades sanitárias e jornalistas uniram-se para informar com precisão às populações sobre a evolução da epidemia na região.

Epidemia

Confirmados 13 casos de cólera em Cabinda

Cresce o número de casos de cólera no país

■ CÉSAR MAGALHÃES

◗ «A administração apenas tem mandado homens para vir cobrar fichas»

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Um recurso necessário para os gestores públicos Na promoção das políticas públicas, a análise de dados estatísticos oficiais ocorre desde a sua formulação à avaliação dos resultados, observa o estaticista Adrião da Cunha, num artigo de opinião enviado ao NJ.

Imaginemos que um cientista deseja saber a expectativa de vida ao nascer da população de uma determinada região ou país e que um cidadão quer conhecer o Produto Interno Bruto do seu país ou de uma determinada região surge uma necessidade de dados estatísticos ofi-ciais confiáveis e actuais, sendo im-prescindível que a Sociedade disponha de um Instituto Nacional de Estatística com credibilidade reconhecida.

As Estatísticas Oficiais propiciam o desenvolvimento da ciência e da cida-dania mostrando-se indispensáveis para investigações académicas em di-versas áreas do conhecimento cujos

resultados são divulgados regular-mente, sendo que o conjunto de dados estatísticos oficiais deve corresponder à complexidade da procura social.

As Estatísticas Oficiais configuram um recurso necessário para os gestores públi-cos. Na promoção das Políticas Públicas a análise de dados estatísticos oficiais ocor-re desde a sua formulação, a fim de carac-terizar um problema e definir a respectiva solução, até à avaliação dos resultados.

Imaginemos que um país executa uma Política de Educação cujo objectivo seja er-radicar o analfabetismo sem ter à disposi-ção indicadores estatísticos oficiais para identificar as regiões que apresentam

maior quantidade de analfabetos e a faixa etária em que se concentra o problema.

Nesta situação haveria grande pro-pensão para o erro e o desperdício de di-nheiro público mediante o uso inade-quado de recursos para alcançar o objec-

tivo. A gestão pública contemporânea depende de dados estatísticos oficiais para alcançar os seus objectivos.

Esses dados são também primordiais para a cidadania, sobretudo para o controlo social da gestão pública. O ci-dadão tem direito à informação estatís-tica oficial como participante de uma Sociedade baseada na democracia.

Por intermédio dos inquéritos esta-tísticos oficiais é possível obter dados que permitem analisar a evolução temporal do rendimento das famílias, do analfabetismo, do valor da produ-ção do comércio e da indústria, da taxa de desemprego e da inflação.

Estatísticas Oficiais propiciam o desenvolvimento da ciência e da cidadania

◗ A gestão pública contemporânea depende de dados estatísticos oficiais

ESTATÍSTICAS OFICIAIS

◗ ADRIÃO FERREIRA DA CUNHA*

Dossier ESTATÍSTICAS OFICIAIS

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Estatística

Dado indispensável no sistema de informação Os Princípios Fundamentais das Esta-tísticas Oficiais adoptados em 1994 pela Comissão de Estatística das Na-ções Unidas e que vieram a ser aprova-dos pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2014 referem o seguinte: 11 . Relevância, Imparcialidade e

Igualdade de Acesso: As Estatísticas Oficiais constituem um elemento in-dispensável no sistema de informação de uma sociedade democrática, ofere-cendo ao Governo, à economia e ao pú-blico dados sobre a situação económica, demográfica social e ambiental.

2. Padrões Profissionais e Ética: Para manter a confiança nas Estatísticas Oficiais, os órgãos de estatística devem tomar decisões, de acordo com consi-derações estritamente profissionais, incluídos os princípios científicos e a ética profissional, para a escolha dos métodos e procedimentos de recolha, processamento, armazenamento e divulgação dos dados.

3. Responsabilidade e Transparência: Para facilitar uma interpretação correc-ta dos dados, os órgãos de estatística de-vem apresentar informações de acordo com normas científicas sobre fontes, métodos e procedimentos estatísticos.

4. Prevenção do Mau Uso dos Dados: Os órgãos de estatística têm direito de comentar interpretações erróneas e utilização indevida das estatísticas.

5. Eficiência: Os dados utilizados para fins estatísticos podem ser obti-dos a partir de diversos tipos de fon-tes, sejam inquéritos estatísticos ou registos administrativos. Os órgãos de estatística devem escolher as fon-tes levando em consideração a quali-dade, oportunidade, custos e ónus para os informadores.

6. Confidencialidade: Os dados indi-viduais recolhidos pelos órgãos de es-tatística para a elaboração de estatísti-cas, referentes a pessoas individuais ou colectivas, devem ser estritamente con-fidenciais e utilizados exclusivamente para fins estatísticos.

7. Legislação: As leis, regulamentos e medidas que regem a operação dos Sistemas Estatísticos Nacionais de-vem ser tornadas de conhecimento público.

8. Coordenação Nacional: A coorde-nação entre os órgãos de estatística de um país é indispensável, para que se obtenha coerência e eficiência no sistema estatístico.

9. Uso de Padrões Internacionais: A utilização de conceitos, classificações e métodos internacionais pelos ór-gãos de estatística de cada país pro-move a coerência e a eficiência dos sistemas de estatística em todos os níveis oficiais.

10. Cooperação Internacional: A cooperação bilateral e multilateral na esfera da estatística contribui para melhorar as estatísticas oficiais em todos os países.

■ ARQUIVO NJ

Os dados para fins estatísticos podem ser obtidos a partir de diversos tipos de fontes

■ ADJALI PAULO.

As Estatísticas Oficiais possibilitam que os diferentes segmentos sociais verifiquem como as Políticas Públicas influenciam as suas vidas e, depen-dendo da sua análise exigir das auto-ridades públicas as medidas necessá-rias para a melhoria das condições socioeconómicas.

A Sociedade deve aproveitar a vanta-gem de ter à disposição um conjunto de Estatísticas Oficiais de qualidade para conhecer melhor dados como população estimada, densidade demográfica e ren-dimento nominal mensal domiciliar per capita da população residente.

O conhecimento de dados estatísticos oficiais é essencial para a formação de uma Sociedade integrada por cidadãos bem informados e a produção de inves-tigações académicas condizentes com as demandas sociais. Acresce que as Po-líticas Públicas devem ser baseadas no conhecimento da realidade local. Ca-nais de acesso a dados estatísticos ofi-ciais representam uma contribuição si-gnificativa para o progresso da ciência e o exercício da cidadania.

*Adrião Ferreira da Cunha é estaticis-

ta aposentado, ex-vice-presidente do Instituto Nacional de Estatística de Portugal. Trabalhou em Angola em sete missões de assistência técnica ao INE.

◗ A coordenação entre os órgãos de estatística de um país é indispensável

Os Princípios da Carta Africana da Es-tatística adoptados em 2008 pelo Con-selho Económico e Social das Nações Unidas, Comissão Económica para a África da ONU e Comissão da União Africana (CUA) referem o seguinte:

Independência Profissional: Inde-pendência científica: As autoridades estatísticas devem poder exercer as suas actividades de acordo com o prin-cípio de independência científica, em particular no que diz respeito ao poder político e qualquer grupo de interesse.

Imparcialidade: As autoridades esta-tísticas devem produzir, analisar, di-vulgar e comentar as estatísticas afri-canas no respeito da independência científica e de uma forma objectiva, profissional e transparente.

Responsabilidade: As autoridades estatísticas e os respectivos peritos africanos devem recorrer a métodos de recolha, tratamento, análise e apresentação de dados estatísticos claros e pertinentes.

Transparência: Para facilitar uma interpretação correcta de dados, as autoridades estatísticas devem for-necer, em função das normas cientí-ficas, informações sobre as fontes, os métodos e os procedimentos que uti-lizam. Os documentos legislativos e as disposições que regem o funcio-namento dos sistemas estatísticos devem ser do domínio público.

Qualidade: Pertinência: As estatís-ticas africanas devem responder às necessidades dos utilizadores.

Perenidade: As estatísticas africa-nas devem ser conservadas de uma forma tão detalhada quanto possível a fim de garantir a sua utilização pe-las gerações futuras, preservando os princípios de confidencialidade e de protecção das pessoas que tenham respondido aos inquéritos.

Acesso

Leis devem ser do domínio público

■ QUINTILIANO DOS SANTOS.

Exigida independência científica

SEXTA-FEIRA 9 de Março 2018 | 25 |

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Os Princípios da Carta Africana da Es-tatística preveem ainda o seguinte:

Rectificação: As autoridades esta-tísticas devem rectificar os resulta-dos das publicações com erros si-gnificativos, utilizando os padrões práticos em matéria de estatística.

Protecção de Dados Individuais, Fontes de Informação e Pessoas In-quiridas: Segredo da estatística: A protecção da vida privada ou do se-gredo dos assuntos dos fornecedores de dados devem ser garantidos pelas autoridades estatísticas.

Informação para os fornecedores de dados: As pessoas físicas ou mo-rais interrogadas durante os in-quéritos estatísticos devem ser in-formadas sobre a finalidade do questionário a que são submetidas assim como as medidas adoptadas em matéria da protecção dos dados fornecidos.

Finalidade: Os dados relativos a pessoas físicas ou morais recolhidos para fins estatísticos não podem em nenhum caso ser utilizados para fins de repressão ou processo judiciais.

Racionalidade: As autoridades es-tatísticas apenas deverão realizar inquéritos quando as informações de origem administrativa não esti-verem disponíveis ou quando a sua qualidade não for suficiente com respeito às exigências da qualidade da informação estatística;

Coordenação e Cooperação: Coor-denação: A coordenação e a colabora-ção entre as diferentes autoridades estatísticas do mesmo país são in-dispensáveis para assegurar a coe-rência e a qualidade da informação estatística.

Cooperação: A cooperação bilateral e multilateral na área de estatística deve ser encorajada para contribuir para a melhoria dos sistemas de produção das estatísticas africanas.

Relativamente aos Princípios da Carta Africana da Estatística adoptados pelo Conselho Económico e Social das Na-ções Unidas, Comissão Económica para a África da ONU e CUA, importa observar também os seguintes preceitos:

Fontes de dados: Os dados utilizados para fins estatísticos podem ser tirados de diferentes fontes, quer se trate de re-censeamentos, inquéritos e estatísticas e/ou ficheiros administrativos.

Exactidão e fiabilidade: As estatísticas africanas devem reflectir a realidade com exactidão e fiabilidade.

Continuidade: As autoridades esta-tísticas devem garantir a continuida-de e a comparabilidade no tempo das informações estatísticas.

Coerência e comparabilidade: As es-tatísticas africanas devem apresentar uma coerência interna no tempo e

permitir a comparação entre as regiões e os países; para o efeito, deverá ser possível combinar e utilizar conjunta-mente dados conexos provenientes de fontes diferentes.

Pontualidade: As estatísticas africa-nas devem ser divulgadas em tempo útil e, na medida possível, respeitando um calendário anunciado com antecedência.

Actualidade: As estatísticas africanas devem tomar em consideração os acon-tecimentos correntes e de actualidade.

Especificidades: Os métodos de pro-dução e análise da informação esta-tística devem tomar em conta as espe-cificidades africanas.

Sensibilização: Os Estados-Partes de-vem sensibilizar o público, em particu-lar os fornecedores de dados estatísticos sobre a importância da estatística.

Mandato para a Recolha de Dados e Recursos: Mandato: As autoridades es-tatísticas devem dispor de um mandato legal claro que as habilitam a proceder à recolha de dados para as necessidades da produção de estatísticas africanas.

Adequação de recursos: Na medida pos-sível, os recursos de que dispõem as autori-dades estatísticas devem ser suficientes e estáveis para permitir dar resposta às ne-cessidades estatísticas exigidas aos níveis nacional, regional e continental.

Relação custo/benefício: Os recursos devem ser utilizados de uma forma efi-

ciente pelas autoridades estatísticas. Isso pressupõe, em particular, que as operações sejam, na medida possível, programadas racionalmente.

Divulgação: Acessibilidade: Não deve ha-ver nenhuma retenção das estatísticas africanas. Este direito de acesso para todos os utilizadores, sem nenhuma restrição, deve ser garantido pelo direito positivo.

Concertação com os utilizadores: De-vem ser estabelecidos mecanismos de concertação com todos os utilizadores das estatísticas africanas, sem nenhu-ma discriminação, de modo a assegurar a adequação da informação estatística às suas necessidades.

Clareza e compreensão: As estatísticas africanas devem ser apresentadas com clareza e compreensão, divulgadas de uma forma prática e adaptada.

Simultaneidade: As estatísticas afri-canas são divulgadas de maneira que todos os utilizadores possam ter o seu conhecimento em simultâneo.

◗ ADRIÃO FERREIRA DA CUNHA

■ ADJALI PAULO.

Devem ser estabelecidos mecanismos de concertação com todos os utilizadores das estatísticas africanas, sem nenhuma discriminação

No que à Exactidão e fiabilidade diz respeito, as estatísticas africanas devem reflectir a realidade com exactidão e fiabilidade.

Uma condição que se exige nas estatísticas

Demonstração da realidade com exactidão

Sigilo

Segredo dos assuntos dos fornecedores

■ ARQUIVO NJ

Deve haver protecção da vida privada

◗ As estatísticas devem tomar em consideração os acontecimentos correntes

Dossier ESTATÍSTICAS OFICIAIS

| 26 | SEXTA-FEIRA 9 de Março 2018

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Pompa e circunstância foram o que ca-racterizou o retorno a partir de terras congolesas de um comboio de minério rumo à cidade portuária do Lobito, pas-sando pelo Luena, transportando o pri-meiro carregamento de manganês que comportava 50 contentores em 25 vagões, num total de mil toneladas destinadas à exportação pelo oceano Atlântico.

A composição recebida à chegada à vila do Luau, província do Moxico, por um elenco liderado pelo governador provin-cial Gonçalves Muandumba e transmiti-da pela cadeia televisiva nacional TV Zimbo que apresentara in loco a enverga-dura do acto que marcou o retorno de uma actividade mineira regional parali-sada há 34 anos, tendo como trajecto mais rentável estas terras angolanas.

“Estamos certos que vai impulsionar o desenvolvimento da nossa província na sua dimensão económica, turística, cultural e comercial”, enfatizou Muan-dumba, visivelmente emocionado com a chegada do comboio à estação ferro-viária do Luau cuja locomotiva estava engalanada com a bandeira congolesa.

O manganês é apenas um dos vários

minerais que a RDC tem por escoar, se-gundo confirmou o governador da região congolesa de Dilolo, Misi Mutombo, nas declarações que proferiu a propósito.

“É preciso esperar na expectativa de que teremos muitos minérios para An-gola. Temos o manganês, mas depois te-remos o cobre e muitos outros minérios para exportar através de Angola”, ga-rantiu o governante congolês para quem “a RDC com este caminho deu uma volta importante e mais rápida”.

Já o ministro angolano dos Transpor-tes, Augusto da Silva Tomás, conside-rou segunda-feira um dia marcante para o sector que dirige.

“Hoje [segunda-feira, 05] pode-se considerar um dia forte, pois abrimos

um novo ciclo”, referiu na altura Au-gusto Tomás, acrescentando que, com o reinício da transportação mineira da RDC passando por Angola, o CFB concre-tiza assim um objectivo há muito traça-do depois da reabilitação do troço Lobi-to/Luau em 2015, na sequência de quase total destruição do troço ferroviário pelo conflito armado.

Com investimentos avaliados em 1, 83 mil milhões de dólares aplicados na modernização e reabilitação do Ca-minho de Ferro de Benguela, esta in-fra-estrutura beneficiou recentemen-te de novas locomotivas, no intuito de assegurar a transportação de passa-geiros e mercadorias, sobretudo das regiões ricas em minério na RDC.

Totalmente reconstruído pelo grupo China Railway 20 Bureau Group Co (CR20), ao abrigo de uma obra pública, o ramal ferroviário teve concepção chinesa, desde a elaboração do projec-to à construção física da linha e de 67 novas estações, para além do forneci-mento de material circulante que en-volveu a renovação e modernização de 1344 quilómetros de via.

Na empreitada incluiu-se ainda a reabilitação das antigas estações, a ins-talação de novos sistemas de comuni-cações e de controlo de tráfego, a reno-vação do material circulante, mediante a aquisição de 48 novas locomotivas, 95 carruagens, vários vagões, oficinas e um centro de formação profissional.

Outrora, o Caminho de Ferro de Ben-guela afirmara-se umas das mais im-portantes empresas de Angola, tendo o valor máximo histórico da sua trans-portação sido alcançado em 1973, de 3 milhões 279 mil e 439 toneladas e 1 mi-lhão, 609 mil e 387 toneladas de carga, incluindo o tráfego internacional.

Com um universo de trabalhadores que chegou a atingir 13 mil e 232 ho-

◗ «Temos o manganês, mas depois teremos o cobre e muitos outros minérios»

Minério congolês exportado sobre carris do CFBDepois de largos anos de escoamento por via da África do Sul, as potencialidades minerais da República Democrática do Congo (RDC) voltaram esta semana a trilhar pelos carris do Caminho de Ferro de Benguela (CFB), assinalando assim o reinício de uma actividade paralisada há mais de 30 anos.

REABERTO CORREDOR DO LOBITO

◗ HORTÊNCIO SEBASTIÃO

Finalmente foi alcançado um dos maiores objectivos do CFB: o escoamento de minérios da RDC para o exterior

◗ «Pode-se considerar um dia forte, pois abrimos um novo ciclo»

Economia NEGÓCIOS

| 28 | SEXTA-FEIRA 9 de Março 2018

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Fiscalidade

Ernst & Young expectante com o IVA

■ OSMAR EDGAR

Fórum sobre fiscalidade debateu IVA

Lulo realiza segundo leilão de diamantes A Lucapa Diamond Company realizou o segundo leilão do ano de um lote de diamantes em bruto extraídos da mina do Lulo, na Lunda-Norte, por 1,7 milhões de dólares e a um valor médio por quilate de 804 dólares norte-americanos, muito abaixo dos 2 983 dólares de preço médio por quilate atingido em 2016, ano em que esta mina foi a estrela do negócio mundial de diamantes. A mina é gerida pela australiana Lucapa Diamond Company e tem como sócios a concessionária Endiama e os privados da Rosa & Pétalas. Em 2016 deu o maior diamante encontrado em Angola, de 404 quilates.

Produção petrolífera em queda até 2023 A produção diária de petróleo em Angola vai diminuir 370 mil barris até 2023 por causa do envelhecimento dos seus poços e falta de investimento, avançou a Agência Internacional de Energia (AIE). Segundo a AIE, apenas o projecto Kaombo da Total, com 230 mil barris/dia previstos, vai permitir o país atenuar as quebras na produção neste período, embora não seja suficiente, para que, dos 1,65 milhões de barris por dia em média no ano de 2017, se fixe em 1,29 milhões em 2023.

Cartões Multicaixa vão ter chip electrónico Os cartões Multicaixa vão passar a incorporar um chip electrónico como reforço de segurança, segundo informação avançada pela multinacional Gemalto, líder mundial em segurança digital. A empresa anunciou que está a fornecer à EMIS a migração para o novo sistema “mais seguro”, com código e chip electrónico nos cartões de débito. Em resultado desta alteração, milhões de angolanos vão ter acesso a uma maior protecção contra fraudes nas transacções domésticas”, refere a Gemalto.

Breves

mens, o CFB começou a ser construído em 1931, com ligação aos Caminhos de Ferro do Baixo Congo, sobre a ponte do rio Dilolo, na RDC. Em 1974, o tráfego in-ternacional era responsável por 90 por cento das receitas do CFB, com uma ca-pacidade anual de transportação de 10 milhões de toneladas.

O contrato de concessão entre o Gover-no português e o engenheiro inglês de minas, Robert Williams, para a constru-ção e exploração do CFB, assinado a 28 de Novembro de 1902 por um período de 99 anos, terminou em 28 de Novembro de 2001, altura em que o Estado angolano assumiu a sua tutela integral.

Com a concretização do envio do pri-meiro carregamento de minério a partir da República Democrática do Congo, abre-se uma nova era para o relança-mento da economia regional, que tem o município do Luau como porta de entra-da para Angola, num percurso de 1344 qui-lómetros, que possibilita chegar desde esta vila fronteiriça mais a leste do país à cidade da Beira, em Moçambique, e Dar--es-Salam, na Tanzânia, pelos caminhos--de-ferro da República da Zâmbia.

com o concurso do Porto Mineiro do Lobito

■ D.R.

Transitários alertam

Atrasos burocráticos prejudicam no LobitoCom a reabertura da ligação ferro-viária Angola/República Democráti-ca do Congo, os despachantes ofi-ciais alertam para debilidades na máquina administrativa das empre-sas do corredor de desenvolvimento do Lobito, em Benguela, convictos de que a falta de celeridade continuará a afugentar homens de negócios.

Segundo noticiou o corresponden-te da Voz da América em Benguela, os atrasos na chegada de locomoti-vas e na publicação de tarifas tem prejudicado o negócio, disseram despachantes.

O despachante Manuel da Costa Lobo criticou o atraso na divulga-ção de tarifas que, segundo disse, está a levar ao cancelamento de contratos.

‘’Infelizmente, e até ao momento, não tivemos estes cálculos por forma a entregarmos aos clientes. Os proces-sos foram morosos e os clientes desis-tiram. Se não formos rápido, não con-vencemos os empresários e, por con-seguinte, não colocamos o corredor em funcionamento’’, advertiu.

Outro despachante afirmou que “os prestadores de serviço, para fa-zerem propostas a nível contratual, devem possuir o tarifário, que é a coisa básica’’.

Em resposta a estas inquietações, o presidente do CFB, Luís Teixeira, garantiu que as tarifas foram ac-tualizadas e podem ser consultadas sem problemas.

Outra questão que se coloca é que já deveriam ter chegado do Canadá vá-rias locomotivas para o transporte de mercadorias de Angola para a RDC. “Neste momento estamos em condi-ções de fazer a transportação deste material circulante (do Canadá)”, disse Luís Teixeira à VOA.

■ CÉSAR MAGALHÃES

Despachantes no Lobito preocupados

A consultora Ernst & Young (EY) pre-para-se para a implementação do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) que deverá entrar em vigor no país a partir de Janeiro de 2019, anunciou esta semana a empresa.

O presidente da EY em Angola, Luís Henriques, anunciou o facto aos jor-nalistas, em delcarações à mar-gem de uma conferência sobre os desafios da fiscalidade no contexto económico de Angola.

Nesse sentido, o consultor consi-derou o IVA um imposto que prevê o efeito neutralidade em todo circui-to económico das transacções que se realizam no país, com efeitos positivos na economia.

“É um imposto que marca a nível internacional as receitas tributárias e tudo que representa o peso da fisca-lidade no bolso dos contribuintes”, salientou.

“O IVA é também um imposto que provoca nos agentes económicos alguma característica de serem fis-calizadores, na medida em que todo o IVA que for possível recupe-rar e de liquidar tem que ser transpos-to em facturas ou em documentos equivalentes”, acrescentou.

Segundo o responsável da Ernst & Young, o Imposto sobre o Valor Acrescentado vai obrigar o sistema informal a penetrar directamente no sistema formal, sob pena de não poder interagir com este, uma vez que a informalidade não poderá subsistir por muito tempo.

Quanto à conferência sobre fis-calidade, Luís Marques aferiu um conjunto de alterações que consi-derou relevantes no contexto ango-lano, com destaque para o IVA, como sendo aquele que tem mais visibilidade. ◗ H.S.

SEXTA-FEIRA 9 de Março 2018 | 29 |

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O trabalho de pesquisa sobre incubadoras de empresas foi o mote para a conversa com o economista Edgar Santos, que critica o modelo implementado no país e defende a redefinição dos seus objectivos para a integração sustentável na economia.

cubadoras conversa s, que critica s us

EDGAR SANTOS «As pessoas não têm noção do que é gestão»

Edgar Santos defende incubadoras mais eficientes e viradas para as tecnologias e para o dinamismo das empresas nacionais

◗ FAUSTINO DIOGO (textos) ◗ ADJALI PAULO (fotos)

O nosso modelo de incubadoras de empresas é eficaz? Os modelos dependem dos objectivos de cada incubadora. E estes podem va-riar desde o fomento de um cultura empresarial, empreendedora, comer-cialização de tecnologias, mecanismos de combate à pobreza, e em função des-ses objectivos escolhe-se o modelo a ser implementado.

No nosso caso, elas foram criadas para um determinado propósito e na sua fase inicial cumpriram os objecti-vos estabelecidos. Entretanto, muitas dessas incubadoras estão paradas, têm uma série de dificuldades que vão des-de o financiamento, passando pela es-cassez de mão-de-obra qualificada, até à própria forma de concessão das incu-badoras, que foi mal definida e precisa de ser redefinida.

As incubadoras em Angola são vistas como extensões dos departamentos ministeriais. Mas, na verdade, deve-riam ser vistas como um plano de fo-mento para ajudar na diversificação económica, porque elas agregam va-lor, formação… E isso ajudaria naquilo que se chama sobrevivência das em-presas, contribuindo para a diminui-ção da elevada taxa de mortalidade das empresas em Angola.

As incubadoras são estruturas flexí-veis em que diferentes empresas estão domiciliadas, recebem formação do que o mercado exige para que possam avançar e sobreviver neste mercado competitivo.

As incubadoras tecnológicas são as que mais vingam devido ao seu eleva-do grau de inovação que cria riqueza e emprego.

Por exemplo, o Brasil tem um plano de incubação muito forte, onde mais de oitenta por cento das empresas incu-badas sobrevivem no mercado.

Economia ENTREVISTA

| 30 | SEXTA-FEIRA 9 de Março 2018

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Edgar Santos é licenciado em Gestão e Administração Pública pela Universidade Agostinho Neto, com um mestrado em Políticas de Desenvolvimento. Tem 40 anos, é casado, pai de dois filhos e aguarda pelo terceiro. Os tempos livres dedica-os à família e quando pode pratica desporto.

PERFILA nossa realidade é diferente. Será má concepção das empresas? É, sobretudo, não saber o que é gerir. As pessoas não têm noção do que é gestão. E por isso é que as incubadoras estão aí para ajudar estes empreendedores, que têm criatividade e necessitam de um conjunto de suportes, como o jurídico, treinamento…

O arranque de uma empresa em An-gola acarreta custos bastantes elevados que são assumidos pelos investidores, pelos empresários. Teria de haver aqui, por parte do Estado, um financiamento para estas empresas incubadas.

Não é altura de o Estado deixar de assumir tudo? Neste caso particular, o Estado tem um papel determinante para o sucesso da-quilo que se pretende de forma macro, que é a diversificação da economia.

Estas empresas que iniciam agora, à partida, oferecem garantias intangíveis e os bancos têm pouca crença numa empresa que eventualmente não tenha garantias para oferecer. O Estado tem um papel determinante.

Uma micro ou pequena empresa precisa de grandes financiamentos para o arranque do seu negócio? É esse valor que muitos de nós chama-mos de ínfimo que, muitas vezes, o empresário não tem.

As empresas nem sempre precisam de dinheiro em si. Mais do que ter valo-res, precisam de treinamento e postas nas incubadoras recebem exactamente estas mais-valias.

O Estado/Governo foi determinante para o sucesso de todos os programas a nível das incubadoras no mundo. Sem es-quecer que há factores que proporcionam o surgimento de incubadoras, os quais têm a ver com o crescimento económico.

A previsão de crescimento do país é de 1,4 por cento. E estamos com dificul-dades, porque quando tivemos o cres-cimento de dois dígitos não imple-mentámos um plano de incubação que contribuísse significativamente para a diversificação da economia.

O Governo vai ter de fazer um esforço suplementar para poder implementar as incubadoras, porque é importante.

Por exemplo, a banca tem de conce-der crédito, tem de estar mais disponí-vel para as empresas. O Estado tem de

concertar com a banca e arranjar uma estratégia de financiamento eficaz.

Os programas de financiamento que têm sido anunciados pelo Governo, em concertação com a banca, não funcionam? Já existiram vários programas de apoio ao empresariado, com juros bonifica-dos. Mas temos indicadores que mos-tram que faltou o controlo destes progra-mas, sobretudo na forma de cedência dos créditos. Porque as pessoas recebem os créditos, mas aquilo que na minha vi-são era mais importante, a formação para aplicar os recursos, não recebem.

O insucesso de muitas das empresas no país é decorrente da falta de formação? Sim. As pessoas gerem mal. Não têm aquilo que se pode chamar de disciplina financeira, disciplina orçamental.

Associado a isso, há outros custos como os de instalação, arrendamento, os próprios impostos que fazem com que as empresas não tenham capacidade para poder avançar.

E quais são as soluções? Reduzir as barreiras administrativas, inovação institucional e, sobretudo, a disponibilidade do capital do risco. É isso que, a meu ver, o Estado ou o Governo deve assumir.

Que avaliação faz da criação dos pólos industriais para o desenvolvimento da indústria? Construíram-se pólos industriais em zonas que no passado eram de grande actividade produtiva, mas estas zo-nas entraram num processo de de-pressão e não se teve o cuidado de criar condições mínimas no seu meio envolvente.

Não basta, portanto, apenas criar pólos, é preciso criar o mínimo de con-dições para que esses projectos pos-sam vingar. Sem esquecer que são as micro e pequenas empresas que fazem a economia movimentar-se, como aconteceu no passado.

Como é que se corrige esta trajectória? É ouvindo as pessoas. E quando falo ou-vir as pessoas é o Estado juntamente com as Universidades trabalharem de mãos dadas. O Estado precisa de ter maior interacção com a Academia.

A Academia resolve tudo? Não resolve tudo, mas apresenta mode-los que se adaptam perfeitamente à nossa realidade.

Quais devem ser as apostas para tornar a nossa economia sustentável?

As opiniões são unânimes de que deve-mos apostar na agricultura. Mas há um problema na agricultura que é a questão do acesso e posse de terra.

O agricultor não se sente confortável em fazer um investimento em terreno que é alheio. Esta é uma realidade no interior do país. E muita gente não fala sobre isso.

Felizmente foi criada uma Comissão para ver esta questão e o novo governo terá apercebido de que sem terra não se faz nada. De outra forma, tudo aquilo que tivermos que falar sobre diversificação económica não vai funcionar.

A solução está no campo, com os peque-nos produtores. Até porque o problema do descongestionamento de Luanda passa também pelo acesso à terra no interior.

Este discurso de que a agricultura é a solução não é falacioso, tendo em atenção que o país importa até os inputs necessários para a produção? Não. Temos as pessoas. É verdade que ain-da importamos quase todos os inputs para a agricultura, mas podemos começar aqui uma indústria virada a esta área.

Os desafios são enormes, mas é preci-so assumirmos e definir as prioridades. Há ainda aqui um entrave para as em-presas ligadas à produção de produtos e material de apoio à agricultura, como os fertilizantes, por exemplo.

Quais são os desafios actuais da nossa economia? Os desafios passam, sobretudo, pela re-forma do Estado. Fala-se hoje da atracção de investimentos, mas fazer negócios aqui continua a ser difícil.

O aparelho do Estado tem de se ino-var, apresentar outras soluções para poder satisfazer a procura dos seus ser-viços. Isso é fundamental. Sem esquecer a melhoria da relação com a banca.

Medidas de rigor financeiro, com-pliance, estão a ser tomadas e isso já é um passo, mas é preciso não elevar muito as expectativas, porque temos desafios cujos resultados apenas serão visíveis a médio e longo prazos.

Este ano e o próximo, a meu ver, serão de muitos sacrifícios. E é preciso haver coragem e passar esta informação aos cidadãos porque o país se encontra numa situação muito precária.

Mas vamos esperar que as coisas me-lhorem, porque é impossível ficarem piores do que estão.

«A solução está no campo, com os pequenos produtores»

Edgar Santos é licenciado em Gestão e Administração Pública pela Universidade Agostinho Neto, com um mestrado emPolíticas de Desenvolvimento. Tem 40 anos, é casado, pai de dois filhos e aguarda pelo terceiro. Os tempos livresdedica-os à família e quando pode pratica desporto.

PERFIL

«O Estado precisa de ter maior interacção com a Academia»

SEXTA-FEIRA 9 de Março 2018 | 31 |

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Centralidade Vida Pacífica

SONIP «flutua» rendas para mais de 50 por cento◗ FAUSTINO DIOGO

A prestação mensal das habitações na centralidade Vida Pacífica (Zango 0), modalidade de renda resolúvel, dispa-rou com a entrada em cena do regime cambial flutuante, havendo casos em que o aumento da mensalidade ultra-passou os 50 por cento, para desagrado dos promitentes compradores.

Segundo apurou o Novo Jornal, a So-nangol Imobiliária e Propriedades (SO-NIP) alterou o preço das prestações men-sais sem comunicar aos moradores.

“Apenas reparámos que a renda au-mentou quando fomos pagar o mês de Fevereiro”, disse um membro da coor-denação de um dos blocos da centrali-dade Vida Pacífica.

Segundo o nosso interlocutor, até De-zembro do ano passado, por um aparta-mento do tipo T4, pagava mensalmente 60 mil kwanzas, valor que passou para mais de 90 mil.

“Antes pagava quase 60 mil kwanzas e agora estão a cobrar-me 93 mil kwan-zas. Não entendo!”, desabafou.

Quadro semelhante vivem outros mo-radores. “A renda do meu T3 era de 48 mil kwanzas e agora querem que pague 73 mil kwanzas”, disse, em auxílio do seu vizinho, uma moradora que preferiu o anonimato.

De acordo com a moradora, esta situa-ção está a acontecer porque a SONIP man-tém os preços das habitações indexados ao dólar, contrariamente ao que acontece em outras centralidades do país.

“Aqui os preços continuam indexados ao dólar. E sempre que este aumenta, a renda aumenta e o preço dos aparta-

mentos também”, explica a moradora. Perante este quadro, os moradores

alegam que não conseguem acompa-nhar a escalada dos preços.

“Assim não conseguimos pagar as ca-sas. Muitas famílias estão aflitas e não sabem como fazer. Hoje já ninguém re-cebe salários em dólares e não entende-mos como é que a SONIP continua a ter os preços das casas indexados ao dólar”, lamentou um outro morador.

Para o membro da coordenação de um dos blocos do Zango 0, os moradores da localidade devem ter o mesmo trata-mento que têm os que residem nas ou-tras centralidades.

“No Kilamba, Cacuaco e outras centra-lidades, as rendas, na modalidade reso-lúvel, não estão indexadas ao dólar. Isso acabou, por orientação do Governo. Por-que é que aqui as coisas são diferentes, se somos todos angolanos e trabalhado-res iguais aos outros?”, questionou.

O Novo Jornal contactou, por e-mail, o gabinete de comunicação e imagem da Sonangol para algum esclarecimento, mas infelizmente até ao fecho da edição não obteve qualquer resposta da petrolí-fera nacional.

◗ «Antes pagava quase 60 mil kwanzas e agora estão a cobrar-me 93 mil kwanzas»

Moradores da centralidade Vida Pacífica agastados com o aumento do preço das rendas

■ CESAR MAGALHAES.

Muito se tem falado sobre a suposta pretensão de criação de uma burguesia nacional que, com apoio das instituições do Estado, iria jogar um papel preponderante na criação de riqueza, na geração de emprego e no

desenvolvimento económico do país. A verdade é que esta pretensão não cumpriu as expectativas nela depositada,

até porque em vez de empreendedores nacionais de comprovada capacidade, pelos vistos, deu lugar a compulsivos acumuladores de riqueza à custa do erário público em detrimento do bem comum.

Embora muita gente pareça não se ter dado conta ou finja não perceber, empreender e acumular riqueza podem parecer semelhantes, mas existem características distintas entre acumuladores de riqueza e empreendedores, sendo as diferenças por demais evidentes. Empreender envolve muitas vezes um esforço focado na busca e aquisição de conhecimentos específicos para geração de riqueza de forma legal, exigindo de quem tem de empreender um melhoramento contínuo das das suas habilidades e competências para gerir de maneira assertiva os seus negócios, compreensão aprofundada do sector onde terá de investir, para além de uma série de outras capacidades que, quando combinadas, se tornam indispensáveis para se ser bem-sucedido(a) no mundo empresarial.

A acumulação indevida de riqueza, pelo contrário, demonstra-se caótica/predadora, e, em geral, envolve a delapidação dos bens públicos, a gestão danosa das instituições públicas e a influência em seu benefício de uma série de decisões, mesmo que estas acabem por prejudicar o interesse público, favorecendo o interesse individual.

Acumular riqueza desta forma não exige ser-se especialmente bom condutor dos negócios próprios, já que o seu sucesso, infelizmente, depende mais do grau de proximidade que se tem do poder político, em geral, e de um péssimo ambiente de negócios de forma mais específica.

Pessoas que acumularam volumosas riquezas à custa do erário público, geralmente, mantêm na sua carteira de negócios itens que possuem pouco ou nenhum significado de vulto para a sociedade em geral, ou valor acrescentado para o desenvolvimento económico do país, diferentemente dos empreendedores e empreendedoras, cujo volume de negócios pode não ser significativo, mas que representam um grande valor para as comunidades onde estão inseridas e uma importante força com a qual o país vai ter necessariamente que contar para se desenvolver.

A maioria dos acumuladores de riqueza é detentora de uma série de empresas e propriedades geridas de forma obscura, e as suas carteiras de negócios tendem a estar ou estão entulhadas de actividades empresariais que representam muito pouco em termos de geração de riqueza, de emprego e de bem-estar social para o país, sem contar com aqueles que se limitam a guardar o dinheiro que, muitas das vezes, ilicitamente retiraram do país para o exterior, com medo de que este viesse a ser confiscado. A maioria dos empreendedores pode e tende a lutar por um melhor ambiente de negócios, ao invés de comprar favores junto de quem pode para obter dividendos.

Pode esta não ter sido a intenção inicial mas, do meu ponto de vista, esta estratégia de acumulação primitiva de capitais em Angola não resultou; muito pelo contrário, contribuiu para o surgimento de uma elite que se dedicou à espoliação do erário publico ao invés de explorar de maneira adequada as oportunidades económicas que lhes foram sendo concedidas.

Isto explica em parte o facto de que, para muitas pessoas, os modos de acumulação de capital nos dias de hoje não diferem em alguns aspectos do que ouvimos dizer em relação ao passado colonial. Embora Angola pareça ter mudado, com a independência surgiram leis e discursos que protegiam o interesse nacional, mas a realidade é que não mudou muito, pois, a pretexto da acumulação primitiva de capitais, práticas nefastas tais como as fraudes, os roubos e a violência foram utilizadas por muitas pessoas como expediente para acumular riqueza. ■

Opinião SÉRGIO CALUNDUNGO Coordenador do OPSA

A maioria dos acumuladores de riqueza é detentora de uma série de empresas e propriedades geridas de forma obscura

Acumuladores versus empreendedores

■ D.R.

Economia EM FOCO

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Durante o mês de Fevereiro o Banco Nacional de Angola (BNA) realizou vendas de divisas ao mercado no montante global de EUR 672,7 milhões. O montante vendido foi essencialmente para cobertura de: operações de Diversos Sectores (70%); operações Privadas (12%); operações do Sector dos Transportes (7%) e liquidação de Cartas de Crédito para co-bertura de operações dos Sectores da Indústria e de Bens Alimentares (6%). A taxa média ponderada fixou-se em AOA 262,306/EUR e AOA 213,361/USD tendo registado neste mês uma depreciação da moeda na-cional de 2,73% e 1,65% em relação ao Euro e ao Dólar respectivamente.

Na semana de 26 de Fevereiro a 2 de Março, o Tesouro Nacional, por intermédio do BNA, vendeu Títulos do Tesouro no mercado primário no montante total de AOA 43.820 milhões, menos AOA 36.351 milhões em relação à semana anterior. O montante absorvido foi canalizado para Obrigações do Tesouro Não Reajustáveis (AOA 9.394 milhões) na ma-

turidade a 2 anos, e para Obrigações do Tesouro Indexadas à Taxa de Câmbio (AOA 34.426 milhões), nas maturidades de 3 a 7 anos a taxas de 7,00%, a 8,0% respectivamente, sem alteração face à semana anterior. Já no Mercado Interbancário as taxas de referência (LUIBOR) tiveram um comportamento misto com destaque para maturidade de 9 meses que teve um decréscimo de 19bp tendo encerrado em 22,44%. As res-tantes maturidades encerraram a semana da seguinte forma: Overnight a 20,02% (+5bp); 1 mês a 18,88% (+1bp); 3 meses 19,89% (-6bp); 6 meses 21,23% (-8bp) e 12 meses 23,76% (+3bp).

O Comité de Política Monetária do BNA reuniu-se na passada quarta-fei-ra (28 de Fevereiro) e decidiu manter a Taxa Básica de Juro (Taxa BNA) em 18% a.a., assim como manteve as Taxas de Juro da Facilidade Per-manente de Cedência e de Absorção de Liquidez (7 dias) em 20% a.a e 0,00% a.a respectivamente. O coeficiente de reservas obrigatórias per-

manece em 21%. A decisão consta do comunicado divulgado na mesma data e resulta da análise dos principais indicadores macroeconómicos referentes a Janeiro/2018. De entre estes destaque para (i) a contrac-ção de 9,15% da Base Monetária em Moeda Nacional face a Dezembro de 2017; (ii) o aumento de 83,12% dos montantes transaccionados no merca-do monetário interbancário (iii) decréscimo em Kz 95,82 mil milhões do agregado monetário que congrega a totalidade dos depósitos bancários em moeda nacional e as notas e moedas em poder público (M2); (iv) a depreciação da Moeda Nacional em 39,50% e 24,88% face ao Euro e ao USD, respectivamente e (v) a redução no valor das exportações do sector não-petrolífero que levou a uma diminuição de 6,41% do saldo da balança comercial face ao mês de Dezembro/17. A próxima reunião do CPM do BNA terá lugar no dia 30 de Março/2018.

Informação económica e de mercados

PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS

INTERNACIONAL

DADOS CEDIDOS POR:

05 de Março 2018

Copyright © 2018 Banco Económico. All rights reserved

Fonte: Bloomberg/BNA/PND/OGE 2015; SIGMA

Nota: O presente documento tem como único objectivo disponibilizar informação obtida a partir de diversas fontes, incluindo meios de informação especializados, fontes oficiais e outras consideradas credíveis e fidedignas. As opiniões e previsões emitidas não vinculam o BANCO ECONÓMICO (“BANCO”), não podendo o BANCO, por isso, ser responsabilizado, em qualquer circunstância, por erros, omissões ou inexactidões da informação constante neste documento ou que resultem do uso dado a essa informação, designadamente, de decisões de investimento ou contratação que tenham sido tomadas tendo por base todos ou alguns dos elementos contidos neste documento e que resultem em eventuais perdas, danos ou prejuízos para o investidor. Cabe ao investidor tomar as suas decisões, à luz do seu perfil e objectivos de investimento, e tendo em conta a legislação e regulamentação aplicável. Por outro lado, as opiniões e previsões expressas no presente documento reflectem o ponto de vista dos autores, na data da elaboração do documento, sujeitas a correcções caso se verifiquem alterações das circunstâncias, sem necessidade de qualquer aviso.

* «Bloomberg Dated Brent Oil 15-45 Days Fwd Strip Price Angola»

AGENDA INFLAÇÃO

TAXAS DO BANCO CENTRAL

TAXAS DE JURO INTERBANCÁRIAS

PETRÓLEO E OUTRAS MATÉRIAS PRIMASEVOLUÇÃO DO PREÇO DO PETRÓLEO (USD/BARRIL) Valores em mil milhões USD

EVOLUÇÃO DAS TAXAS DOS BILHETES DO TESOURO

EVOLUÇÃO LUIBOR O/N

EVOLUÇÃO DAS TAXAS DE JURO DO BNA

TAXA DE INFLAÇÃO HOMÓLOGA

RESERVAS INTERNACIONAIS LÍQUIDAS

TAXAS DE JURO DA DÍVIDA PÚBLICA

DATA INDICADOR ESTIMATIVA ANTERIOR6-Mar AO: Leilões de devisas - data prevista7-Mar AO: Leilões de BT’s (91, 182 e 364 dias)- data prevista7-Mar AO: Leilões de OTNR (2,3,4,5 y) - data prevista7-Mar AO: Leilões de OTME (5,7 y) - data prevista7-Mar AO: Leilões de OTTXC (3,4,5,6…10 y) - data prevista30-Mar AO: Comité de Política Monetária (CPM) do BNA6-Mar US: Encomendas à indústria Jan -1.3% 1.7%6-Mar RU: IPC A/A Fev 2.3% 2.2%7-Mar JP: PIB anualizado T/T 4Q 1.0% 0.5%7-Mar ZE: PIB A/ 4Q 2.7% 2.7%8-Mar ZE: Reunião BCE - decisão taxa de refª Jan 8.6% 8.7%8-Mar US: Novos Ped. Seg. Desemprego 3/mar 220k 210k9-Mar GE: Produção Industrial M/M Jan 0.6% -0.6%9-Mar UK: Produção Industrial M/M Jan 0.2% 0.3%

PRODUTO

COTAÇÃO VARIAÇÃO 52 SEMANAS

02-Mar 1 W MtD YtD Máx. Mín.

Crude Oil Angola* 64.2 -4.5% -0.3% -3.7% 70.3 44.2

Brent 64.2 -4.9% -2.4% -4.0% 71.3 44.3

WTI 61.3 -4.2% -0.6% 1.4% 66.7 42.0

Gás Nat. 2.7 2.6% 1.5% -8.3% 3.7 2.5

Ouro 1,320.6 -0.9% 0.1% 1.1% 1,366.2 1,194.9

TAXA

COTAÇÃO VARIAÇÃO EM BP 52 SEMANAS

02-Mar 1 W MtD YtD Máx. Mín.

Luibor O/N 20.02% 5 3 362 23.67% 14.50%

Luibor 1M 18.88% 1 3 61 19.35% 17.45%

Luibor 3M 19.89% -6 4 98 21.34% 16.62%

Luibor 6M 21.23% -8 7 108 23.16% 19.01%

Luibor 9M 22.44% -19 9 54 24.80% 20.84%

Luibor 12M 23.76% 3 17 68 25.80% 21.93%

EMISSÕES MERCADO PRIMÁRIO

Títulos Maturidade Montante 21-Fev 1 W YtD

Bilhetes do Tesouro

63 Dias 8.55% 0 0

91 Dias 16.15% 0 0

182 Dias 20.24% 0 0

364 Dias 23.90% 0 0

OTMN - Index. Tx de câmbio

3 Anos 22,452 7.00% 0 0

4 Anos 5,600 7.25% 0 0

6 Anos 500 7.75% 0 0

7 Anos 1,210 8.00% 0 0

OTMN Não Reajustáveis

2 Anos 9,394 24.00% 0 400

3 Anos 12.25% 0 0

4 Anos 25.88% 0 0

5 Anos 26.13% 0 0

TAXAS DE JURO DO BNA

28-Fev 29-Jan Var. (PB)

Taxa Básica do BNA 18.00% 18.00% 0

Taxa de Cedência de Liquidez 20.00% 20.00% 0

Taxa de Absorção de Liquidez 0.00% 0.00% 0

Taxa de Redesconto 20.00% 20.00% 0

Taxa de Absorção de Liquidez (7 dias) 0.00% 0.00% 0

VARIAÇÃO DO IPC POR CLASSE DE DESPESA

Classes de Despesa Variação Jan-18

Índice Geral 1.39

Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas 0.82

Bebidas Alcoólicas e Tabaco 0.89

Vestuário e Calçado 1.42

Habitação, Água, Electricidade e Combustíveis 0.51

Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção 1.60

Saúde 1.42

Transportes 0.48

Comunicações 0.15

Lazer, Recreação e Cultura 1.15

Educação 14.95

Hoteis, Cafés e Restaurantes 1.36

Bens e Serviços 2.59

NOTA:AO Angola ZE Zona Euro GE Alemanha UK Reino UnidoUS EUA JP Japão CH China BZ Brasil SA África do Sul RU RússiaAO Angola

COEFICIENTE DAS RESERVAS OBRIGATÓRIAS

28-Fev 29-Jan Var. (BP)

Reservas Obrigatórias - M. Nacional 21,00% 21,00% 0

Reservas Obrigatórias - M. Estrangeira 15,00% 15,00% 0

MERCADOS ACCIONISTAS MERCADO CAMBIAL TAXAS DE JURO USD E EUR

PAR

COTAÇÃO VARIAÇÃO(%) 52 SEMANAS

02-Mar 1 W MtD YtD Máx. Mín.

EUR | USD 1.231 0.0% 0.8% 2.4% 1.256 1.053

GBP | USD 1.381 -1.1% 0.2% 2.1% 1.435 1.211

EUR | GBP 0.891 1.1% 0.7% 0.3% 0.931 0.831

USD | ZAR 11.908 2.9% 1.0% -3.9% 14.576 11.454

COTAÇÃO VARIAÇÃO (%)

ÍNDICE 02-Mar 1W MtD YtD

DOW JONES 24,538.06 -4.6% -6.2% -0.7%

S&P 500 2,691.25 -3.2% -4.7% 0.7%

NASDAQ 7,257.87 -2.2% -2.1% 5.1%

FTSE 100 7,069.90 -2.9% -6.2% -8.0%

BOVESPA 85,761.34 -2.2% 1.0% 12.3%

PSI 20 5,367.16 -1.3% -5.2% -0.4%

Nikkei 255 21,181.64 -5.4% -8.3% -7.0%

COTAÇÃO VARIAÇÃO EM BP 52 SEMANAS

02-Mar 1 W MtD YtD Máx. Mín.

Taxa de Juro de Obrigações do Tesouro

EUA

2 Anos 2.218% -0.4 -3.3 33.5 2.282% 1.156%

5 Anos 2.601% -0.9 -3.9 39.5 2.691% 1.597%

10 Anos 2.839% -2.3 -2.2 43.3 2.954% 2.014%

Zona Euro (OTs Alemanha)

2 Anos -0.556% -1.9 -1.6 7.1 -0.473% -0.877%

5 Anos -0.001% -3.0 -2.5 20.1 0.153% -0.538%

10 Anos 0.625% -2.7 -3.1 19.8 0.806% 0.156%

COTAÇÃO VARIAÇÃO EM BP 52 SEMANAS

02-Mar 1 W MtD YtD Máx. Mín.

T

EUA

Libor O/N 1.448% -0.1 0.5 1.9 1.448% 0.682%

Libor 3M 2.025% 6.9 0.8 33.1 2.025% 1.106%

Libor 6M 2.228% 4.7 0.5 39.1 2.228% 1.391%

Zona Euro (OTs Alemanha)

Libor O/N -0.362% 0.6 -1.1 -1.6 -0.241% -0.373%

Libor 3M -0.327% 0.1 0.0 0.2 -0.325% -0.332%

Libor 6M -0.271% 0.0 -0.1 0.0 -0.240% -0.279%

LEILÃO DE DIVISAS DO BNA (MILHÕES USD)

MERCADO CAMBIAL

PAR

COTAÇÃO VARIAÇÃO 52 SEMANAS

02-MAR 1 W MtD YtD Máx. Mín.

USD | AOA 215.376 1.0% 0.9% 29.2% 215.376 166.733

EUR | AOA 262.306 0.0% 0.0% 40.8% 262.306 186.287

GBP | AOA 296.508 0.0% -0.1% 32.2% 298.378 202.283

ZAR | AOA 18.099 -0.8% -0.9% 33.9% 18.456 11.477

BRL | AOA 66.026 0.3% 0.0% 30.8% 66.246 49.453

CNY | AOA 33.875 1.0% 0.3% 32.7% 33.980 24.079

NACIONAL

ANGOLA

0% 5%

10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

Jan/16 May/16 Sep/16 Jan/17 May/17 Sep/17 Jan/18

InflaçãoHomóloga

0

500

1,000

1,500

2,000

2,500

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2016 2017 2018

20

30

40

50

60

70

80

mar/17 mai/17 jul/17 set/17 nov/17 jan/18 mar/18

Brent OGE

25 24 24 25 24 24 24 23 22 21 20 21 20 21

19 19 18 17 18 16 15 15 14 13 13

0

5

10

15

20

25

30

35

jan/

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17

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17

dez/

17

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18

Tx básica Tx Cedência

Tx Absorção Tx Reedesconto

5.0%

10.0%

15.0%

20.0%

25.0%

30.0%

mar

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17

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17

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18

Overnight 3 Meses

6 Meses 12 Meses

0.0%

5.0%

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15.0%

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25.0%

30.0%

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/17

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91 Dias 182 Dias 364 Dias

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Ao longo desta semana, a Autoridade Portuária de Antuérpia está a organi-zar uma exposição itinerante nos Ca-marões com uma grande delegação da comunidade portuária de Antuérpia. Esta é apenas a segunda vez que o por-to realiza uma exposição itinerante em África, e a escolha dos Camarões não é um mero acaso. “Com as suas exportações de matérias como a madeira e o cacau, os Camarões têm um grande potencial em Antuér-pia, que já tem intervenientes activos nestes segmentos”, declarou o vereador do porto, Marc Van Peel. “Além disso, o

porto tem um bom equilíbrio entre as importações e as exportações, que é já uma característica diferenciadora de Antuérpia”, prosseguiu.

“O porto de Antuérpia é uma porta de entrada para a Europa, lidando com um volume anual de 15 milhões de tonela-das de carga originária da África Ociden-tal. Vários estudos internacionais de-monstraram que o volume de contento-res movimentados nos portos da África Ocidental cresceu muito desde 2009.

Os mesmos estudos demonstram que estes portos são susceptíveis de sofrer um crescimento ainda maior no co-mércio de contentores no futuro ime-diato”, acrescentou o vereador. Marc

Van Peel disse ainda que“Antuérpia ofe-rece o maior número de serviços de en-vio directo para a África Ocidental, fa-zendo desta a porta de entrada ideal deste comércio na Europa”.

O porto de Douala encontra-se na margem do rio Wouri e é o principal

porto da zona económica CEMAC (Co-munidade Económica e Monetária da África Ocidental). Em 2016, movimen-tou um volume de carga de cerca de 12 milhões de toneladas.

O Centro de Formação do Porto de Antuérpia irá avaliar a possibilidade de organizar cursos de formação para trabalhadores do porto com o objectivo de maximizar a eficiência das opera-ções portuárias. O APEC, que já ajudou a formar profissionais portuários de Douala, irá proporcionar seminários e cursos de formação. O acordo inclui compromissos na área de marketing, troca de informações e boas práticas e organização de eventos comerciais.

Porto de Douala com apoio de Antuérpia Os portos de Antuérpia, na Bélgica, e de Douala, nos Camarões, irão colaborar mais estreitamente ao longo dos próximos cinco anos. O acordo de colaboração foi assinado na quarta-feira desta semana, durante uma visita prolongada de representantes do porto belga ao porto de Douala.

◗ NOVO JORNAL

◗ Porto de Douala, nos Camarões, é o principal da Zona Económica da África Ocidental

CAMARÕES

Porto de Douala, nos Camarões, movimentou um volume de carga de cerca de 12 milhões de toneladas em 2016

■ D.R.Internacional ÁFRICA

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Carne suspeita apreendida em Maputo O Instituto Nacional de Actividades Económicas (INAE) de Moçambique apreendeu 163 quilos de produtos derivados de carne, suspeitos de estarem contaminados com a bactéria da Listeriose. “Temos brigadas no terreno e o comando deu ordem para que, nas províncias, cativassem essas carnes”, disse Rodrigo Chiure, delegado provincial do INAE em Maputo, citado pela Rádio Moçambique. O surto de Listeriose na África do Sul já matou 180 pessoas.

Ulisses Correia “segura” ministro das Finanças O primeiro-ministro de Cabo Verde disse quarta-feira, na cidade da Praia, que o ministro das Finanças, acusado de favorecer uma empresa de que é accionista, vai manter-se no Governo e que tudo não passa de “uma cabala política”. Há toda uma encenação à volta deste tema no sentido de incriminar um ministro, um membro do Governo, com objectivos políticos partidários muito claros”, disse Ulisses Correia e Silva, que falava no palácio do Governo, no final de uma visita de cortesia do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues.

Populares de Micoló montam barricadas A população da vila de Micoló, localidade turística situada 12 quilómetros a norte de São Tomé, revoltou-se quarta--feira, montando barricadas e cortando estradas em protesto contra a intenção do Governo de extrair areias das praias. Seis grandes camiões foram enviados para o local para extrair inertes e foram todos retidos pela população, que exigiu a presença do Governo para libertar os veículos. Várias fontes disseram à Lusa que se tratou de uma “manifestação espontânea” de protesto contra a tentativa do Governo de extrair areias nas praias.

Breves ÁFRICA

PAIGC

Tribunal suspende deliberações do congresso O Tribunal Regional de Gabu decretou a suspensão “imediata” da execução das deliberações do congresso do Par-tido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) por “fla-grante violação da lei” dos estatutos do partido.

Segundo o mandado, assinado a 1 de Março e ao qual a Lusa teve acesso, e depois de uma queixa apresentada por dois dirigentes do partido em Ga-bu, a juíza Mirza Laura Bamba consi-derou que “houve flagrante violação da lei, dos estatutos e do Guião, tendo em conta que o tribunal já havia de-cretado uma providência em que sus-pendeu a realização da conferência regional de Gabu”.

De acordo com a juíza, a conferência regional foi realizada à “revelia no dia 11 de Janeiro”, salientando que os queixosos tinham o direito de partici-par na “conferência e consequente-mente no congresso e tinham o direito de eleger e ser eleitos” já que por ine-rência das suas funções “são delegados do partido”.

Os advogados do PAIGC garantem que o partido já “interpôs um recurso de agravo em Gabu”, sem fazer mais comentários.

O Partido Africano para a Indepen-dência da Guiné e Cabo Verde realizou o seu congresso entre os dias 1 e 4 de Fevereiro deste ano, e Domingos Si-mões Pereira foi reeleito presidente do partido.

O congresso deveria ter começado a 30 de Janeiro, mas a sede do partido em Bissau foi cercada pela polícia, na se-quência de várias providências caute-lares intentadas por um grupo de mili-tantes de várias zonas das regiões de Oio e Cacheu, norte da Guiné-Bissau, para impedir a sua realização.

Juíza considera que PAIGC violou a lei

■ D.R.

ZANU-PF

Dissidente pró-Mugabe forma novo partido Um antigo brigadeiro que deixou o partido no poder no Zimbabwe como protesto contra a destituição, em Novembro de 2017, do ex-Presi-dente Robert Mugabe, fundou um novo partido político no país, noticiou esta semana a imprensa local.

Ambrose Mutinhiri, um veterano da luta contra o poder da minoria branca e contra o regime de segre-gação racial (apartheid) que vigo-rou no país durante a década de 1970, na então antiga Rodésia, disse ter-se reunido no domingo com Mugabe antes de anunciar a cria-ção da Frente Patriótica Nacional (NPF, na sigla inglesa).

Mutinhiri demitiu-se na semana passada do cargo de deputado e de dirigente da Aliança Nacional Afri-cana do Zimbabwe – Frente Patrió-tica (ZANU-PF, no poder desde a in-dependência, em 1980), criticando a intervenção militar que, em No-vembro do ano passado, pressio-nou a destituição de Mugabe, de 94 anos, no poder desde 1980, que foi substituído pelo vice-Presidente Emmerson Mnangagwa.

No entanto, os veteranos de guer-ra do Exército Revolucionário Po-pular do Zimbabwe (ZIPRA, no acró-nimo em inglês) Headman Moyo e Freddy Mutanda acusam Mutinhiri de ser um “traidor” e “vendido desde a guerra de libertação”.

Segundo a imprensa estatal, o partido de Mutinhiri conta com o apoio de Mugabe e os dois surgem juntos numa fotografia publicada no site do NPF.

O Zimbabwe tem prevista este ano a realização de eleições gerais — presidenciais e legislativas — entre o final do primeiro semestre e o início do segundo.

Mugabe dá apoio a Ambrose Mutinhiri

■ D.R.

Eleições

Serra Leoa conhecerá novo Presidente A Serra Leoa pretende aprofundar o regime democrático e ajudar à ma-nutenção de um clima propício à re-cuperação económica na sub-região da África Ocidental. Os serra-leoneses foram às urnas na quarta-feira, 7 de Fevereiro, para eleger um conjunto de representantes políticos. Tratando-se eleições gerais, o pro-cesso compreende os funcionários presidenciais, legislativos, distritais e também autárquicos. O voto mais intensamente contes-tado, entretanto, é a eleição presi-dencial que teve 16 concorrentes (14 homens e duas mulheres). Os principais candidatos são Samu-ra Kamara, do partido APC, e Julius Maada Bio, integrante do SLPP, par-tido da oposição mais importante na Serra Leoa. O país elege obrigatoriamente um novo Presidente, já que o ora cessan-te, Ernest Bai Koroma, já não era ele-gível por ter cumprido dois mandatos de cinco anos, num total de 10, como está instituído constitucionalmente.

O país funciona com um parla-mento que tem duas câmaras com 124 legisladores, mas apenas 112 são votados nas cédulas. Os outros 12 le-gisladores, Paramount Chiefs, são escolhidos indirectamente.

A Comissão Nacional Eleitoral e a Polícia Nacional aconselharam as pessoas a deixarem as assembleia de voto depois de votarem, mas são livres de voltar para observar a con-tagem de votos e a declaração final de resultados.

A votação decorreu, no geral, de forma pacífica. Mas houve relatos de pequenas escaramuças depois do encerramento das assembleias de voto.

Serra Leoa foi a votos na quarta-feira

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SEXTA-FEIRA 9 de Março 2018 | 35 |

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Washington e a generalidades das capitais dos países ocidentais movem diariamente uma intensa campanha recheada de mentiras, enganando a opinião pública e procurando atiçar o ódio contra Bashar al-Assad, a Rússia, o Irão e os seus aliados.

◗ NJ/CSM

Sempre que o exército sírio derrota gru-pos de terroristas, os órgãos de informa-ção ocidentais divulgam notícias dando conta do exercício constante da violên-cia contra civis, exigindo que o “massa-cre” pare. É o caso de Goutha Oriental, que a Al-Qaeda e o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) — Daesh, em árabe — tentam tomar há vários anos, atacando a população civil de Damasco com bombardeios diários, o que levou a negociações e à Resolução 2401 do Con-selho de Segurança de Nações Unidas,

ordenando uma trégua humanitária com um cessar-fogo de 30 dias.

Contrariando a propaganda ociden-tal, no dia 25 de Fevereiro, esses grupos continuaram a atacar Damasco com mísseis e a coligação liderada pelos EUA violou a resolução atacando casas civis nas cidades de Al Shaafa e Dharat Allouni, matando pelo menos 29 pes-soas e ferindo dezenas de crianças e mulheres após os bombardeios. O uso de mísseis antitanque fabricados nos EUA nunca foi mencionado.

Uma das fontes inesgotáveis da pro-paganda norte-americana, britânica e ocidental é o Observatório Sírio dos Di-reitos Humanos (OSDH), administrado pela Agência Britânica de Inteligência.

A verdade é que a responsabilidade da situação em Goutha Oriental deve ser im-putada aos EUA e ao Ocidente europeu, que bombardeiam áreas residenciais de Damasco, matando crianças nas escolas.

Outras mentiras alimentadas pela propaganda ocidental: a coligação dos EUA na Síria é legítima e o seu apoio aos “moderados” armados é para a paz e a unidade na Síria; o governo de Trump venceu a Front Al-Nusra e

Daesh; a Turquia estabelecerá ordem no norte da Síria e derrotará o terroris-mo do EIIL-Al Qaeda; e, por último, tra-ta-se de uma guerra civil e religiosa, não causada por grupos terroristas.

De acordo com os chamados “monito-res de direitos humanos e agências de ajuda”, que têm sempre espaço garanti-do nas rádios, televisões e jornais, mais de 500 pessoas teriam morrido no espa-ço de alguns dias e outras centenas es-tavam feridas, em casos “comprovados” pelas próprias agências.

A verdade é que a situação em Goutha Oriental se deve àqueles que patroci-nam e mantêm terroristas que ainda estão lá e bombardeiam áreas residen-ciais de Damasco. Os mesmos que se abstêm de condenar os actos violentos

desses grupos e ignoram propositada-mente avanços como os diálogos de As-tana e Sochi, onde o Irão tem sustentado uma posição sólida em relação à paz, ou o trabalho do Centro de Reconciliação da Rússia, cujas negociações foram pri-meiro desvalorizadas e posteriormente quebradas pelos “rebeldes”.

A mesma propaganda ocidental es-quece-se de alertar o mundo que a Re-solução adoptada pelo Conselho de Se-gurança da ONU não incluiu respostas sólidas para garantir um cessar-fogo e que os Estados Unidos, o Reino Unido e a França estão conscientes da actua-ção de bandas criminosas terroristas com armas químicas.

A “ditadura” inventada por europeus e norte-americanos não é o mesmo que o direito do Estado sírio de defender os seus concidadãos, lutar contra o terroris-mo e quem o sustenta, no quadro da tra-ma contínua projectada por governos in-tervencionistas durante sete anos contra a nação árabe. Os milhares de mortes na Síria, graças a uma ocupação criminosa, implicam persistir na luta pela justiça social e pelos esforços de povos e nações para o fim do conflito sírio.

A linha vermelha representa a rota do petróleo da Arábia Saudita para os EUA e a linha verde é a nova rota pela Síria que interessa fundamentalmente aos Estados Unidos

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Massacres de Goutha

Como o Ocidente engana o Mundo sobre a guerra na Síria

◗ A situação deve ser imputada aos EUA e ao Ocidente europeu

Internacional MUNDO

| 36 | SEXTA-FEIRA 9 de Março 2018

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ONU preocupada com decisão sobre o Rio de Janeiro O Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, manifestou-se na quarta-feira alarmado com o facto de as Forças Armadas Brasileiras, por ordem do Presidente Michel Temer, terem assumido a segurança no estado brasileiro do Rio de Janeiro. No relatório anual que apresentou no conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, o responsável criticou o recente decreto que autoriza os militares a desempenhar as tarefas da Polícia no Rio de Janeiro, força que fica sob o comando do Exército.

Assessor económico de Trump demite-se Gary Cohn, o principal assessor económico do Presidente dos Estados Unidos da América, demitiu-se, de acordo com informações provenientes de Washington. A renúncia ocorre devido a desentendimentos com Donald Trump quanto à imposição das tarifas sobre as importações de aço e alumínio. Cohn é o último de uma longa série de demissões entre os conselheiros mais próximos do Presidente dos Estados Unidos, e seu anúncio ocorre poucos dias depois da partida do seu director de comunicações, Hope Hicks.

Budistas no Sri Lanka contra muçulmanos

O estado de emergência imposto pelo Governo há quatro dias não foi suficiente para debelar os focos de violência entre comunidades que surgiram na zona central do Sri Lanka. As autoridades enviaram soldados para Kandy depois de integrantes da maioria budista terem incendiado mesquitas e estabelecimentos comerciais pertencentes a muçulmanos, que constituem 10% da população de 21 milhões. A violência teve origem na morte de um homem budista que foi alegadamente espancado por um grupo de muçulmanos há uma semana.

Breves MUNDO

Vaticano

Tesoureiro investigado por abuso sexual Acusado em meados do ano passa-do por diversas testemunhas na Austrália, o tesoureiro do Vaticano, George Pell, é a mais alta autoridade da Igreja Católica a ser investigada por abuso sexual. As primeiras testemunhas foram ouvidas na segunda-feira, 5 de Março, num tribunal australiano conduzido pela juíza Belinda Wallington. O caso ainda está a ser investigado para saber se há evi-dências suficientes para ser levado a julgamento.

George Pell, de 76 anos, foi arcebis-po de Sidney e de Mebourne e é con-siderado o mais importante líder católico australiano.

A posição de tesoureiro representa a terceira mais importante autori-dade dentro da hierarquia católica, atrás apenas do Papa e do secretário de Estado.

A investigação contra o religioso teve início em 2012, quando o Gover-no australiano criou uma comissão para investigar como a Igreja lidou com denúncias de abuso sexual e pedofilia no século XX.

No início, Pell foi questionado apenas por seu possível papel em esconder os casos porque até aquela altura não havia acusações directas contra ele por crimes sexuais.

Foi só em 2015 que uma pessoa, que não teve seu nome divulgado, fez uma denúncia à comissão acu-sando o religioso de abuso. Com isso, outras pessoas também procuraram a Justiça para acusarem Pell.

Segundo o jornal Folha de São Paulo, Peel preferiu manter-se ca-lado durante os 25 minutos iniciais da sessão, enquanto ainda estava aberta aos jornalistas.

Tesoureiro do Vaticano é ouvido

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O fascismo retorna em força à Itália

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Eleições na Itália

Fascistas e eurocépticos vencem com maioria O Movimento 5 Estrelas (MS5), eurocép-tico e populista, liderado por Luigi Di Maio, tornou-se a maior força política no Parlamento italiano, com 32,7% dos votos para a Câmara e 32,2% para o Se-nado. Apesar de, durante toda a campa-nha, ter afirmado que não faria coliga-ções, Di Maio já assumiu que procurará o apoio de outras forças.

A Liga Norte, de Matteo Salvini, ago-ra apenas Liga, que defendia a seces-são do Norte da Itália, aliada da fas-cista francesa Marine Le Pen na Euro-pa, obteve 17,4% dos votos para a Câ-mara e 17,6% para o Senado. Coligada com o Força Itália, do populista Ber-lusconi, um dos grandes derrotados destas eleições apesar de tudo (14% para a Câmara e 14,4% para o Senado), o Irmãos de Itália (4,3% para a Câmara e para o Senado) e o Nós com Itália (1,3% para a Câmara e 1,2% para o Se-nado), reuniu, no total, 37% dos votos para a Câmara e 37,5% para o Senado.

Através da rede social Twitter, a líder da Frente Nacional de França saudou Salvini pelo resultado eleitoral, enfati-zando que tal “progressão espectacu-lar” está inserida “numa nova etapa do despertar dos povos”.

Os grandes derrotados foram sem dúvida a esquerda e o centro-esquerda, o que reforça a ideia de que esta onda pró-fascista e pró-nazi no continente tido por “civilizado” tem a marca dos erros políticos e económicos dos suces-sivos poderes em Bruxelas, que resul-tam num estrangular do velho sonho de uma Europa unida e pelo reforço sis-temático e cada vez mais alargado de projectos de extrema-direita, nos paí-ses do Leste europeu, na Alemanha, na França e agora na Itália. O Partido De-mocrático, de centro-esquerda, no po-der desde 2013, ficou-se pelos 22,8% para a Câmara e 23% para o Senado. Myanmar mantém chacina racista

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Continua a chacina

Myanmar prossegue genocídio à moda nazi Prossegue o genocídio contra a mi-noria islâmica Rohingya, com re-curso inclusive à violência sexual contra mulheres e raparigas desta minoria étnica.

Desde Agosto do ano passado que várias organizações humanitárias e a própria Organização das Nações Unidas acusam os militares birma-neses de estarem a conduzir uma operação de “limpeza étnica” contra os rohingyas no estado de Rakhine, no norte do país.

As Nações Unidas voltaram agora a denunciar a continuação das per-seguições movidas pelo poder da antiga Birmânia.

O assistente do secretário-geral da ONU para os Direitos Humanos, Andrew Gilmour, sustentou esta semana que, apesar de ter sido re-gistada uma redução do grau de violência nessa ofensiva, as forças de segurança continuam a execu-tar homicídios, violações, torturas, sequestros e a negar alimentos a elementos daquela etnia.

“Parece que a violência generaliza-da e sistemática contra os rohingyas se mantém”, afirmou Gilmour em comunicado após visitar alguns dos campos de refugiados do Bangla-desh. “A natureza da violência mu-dou para uma campanha de terror de baixa intensidade e de fome for-çada, que visa empurrar os Rohingya que ainda estão nas suas casas em direcção ao Bangladesh.”

O responsável também recriminou o governo liderado pela Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, a quem muitos já pedem que seja retirado o Prémio, dado que a violência se mantém, e chamando à atenção de que, nas ac-tuais condições, “o retorno seguro, digno e sustentável é impossível”.

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Na mais recente visita ao Plazza, em Luanda, situado em Talatona, na “Cali-fórnia luandense”, onde existem, em média, seis viaturas de topo para famí-lias de três adultos, cheguei a um dos meus portos de abrigo: ao “Show do Mês”; iniciativa muito louvável, que já vai na quinta temporada.

Dois concertos mensais durante to-dos estes anos. Multipliquemos. É uma teimosia saudável. E um exercício de enorme competência e zelo.

A produção inclui muita gente anóni-ma, mas um Trio “dá a cara”, como se diz na Tuga. E que Trio.

Jean Wagner, poeta francês de grande sensibilidade e escrita arejada e escor-reita, dizia muitas vezes: “não têm ne-cessidade de mais ninguém, mas toda gente precisa deles”. Estava a falar e a pensar nos Trios de Jazz, na sua formu-lação mais antiga: piano, contrabaixo e bateria. Os trios fazem um mundo. Oi-çam-se os trios de Oscar Peterson, de Er-rol Garner, de Bill Evans, de Keith Jarrett — todos eles pianistas de mão cheia — que se expressam nesta “aristocracia jazzística”, ponto de partida para tantas combinações orquestrais, que tantas alegrias trouxeram às nossas vidas.

Regressemos, entretanto, ao Trio antes que as chuvadas inclementes fuzilem a minha doce Maianga, que vai mantendo, a um custo épico, com uma coragem ine-narrável, os seus velhos telhados, en-quanto a voragem “dubaiana” não chega, e estas linhas possam chegar ao Jornal, sem precisar do velho carteiro.

O Trio que é responsável pelo sucesso da iniciativa “Show do Mês” é o casal Si-mão, Yuri e Yuma, e o simpático Salú Gonçalves, que, como um antigo relógio suíço, às 21H00, dá as boas-vindas a uma plateia atenta e activa, que vive a música com enorme entusiasmo.

E, com concertos pensados e organiza-dos de forma irrepreensível, dão luz neste mundo quase às escuras.

No sábado, 3 de Março, última noite da série de Fevereiro, o ponto de parti-da e de chegada foi o cantor e composi-tor do Marçal, Elias dya Kimuezo, que também foi um apaixonado praticante de atletismo.

Oitenta e dois anos de andanças e mais de sessenta de música.

De acordo com o cantor e entertainer Calabeto, uma presença frequente nos espectáculos do Yuri Simão, Yuma e Salú, o apelido artístico de Elias José Francisco deriva da barba que o nosso estimado manteve durante alguns anos; designa-ção que o Padre António da Silva Maia, autor do Dicionário Complementar Por-

tuguês-Kimbundu-Kikongo, confirma. No entanto, a docente universitária americana Marissa J. Moorman, no seu indispensável Intonations: A Social His-tory of Music and Nation in Luanda, from 1945 to Recent Times (Ohio Univer-sity Press, 2008), na págg. 65 apresenta outra versão: o cantor adoptou “Kimue-zo”, influenciado pelo nome de um pas-tor protestante que cuidou e o apoiou, após a morte do pai, no Sambizanga; as-sunto que, oportunamente, procurarei esclarecer com os especialistas Jomo Fortunato e Dionísio Rocha e ainda com Marta dos Santos, autora de uma bio-grafia do cantor compositor/cantor A voz e o Percurso de um Povo”.

Com Elias e seus cúmplices de luxo, Ca-labeto, grande mestre da arte de contar estórias do antigamente, sempre elegan-temente vestido, as vozes de Paula Da-niela, integrante das “Gingas do Macu-lusso” (nunca agradecerei adequada-mente à minha amiga Rosa Roque essa criação), Mister Kim, um swingão, com enorme balanço, e Massoxi, que não lar-

ga a Dikanza nem amarrado; musica que me traz à memória as minhas andanças pelo Ginásio, Maxinde, Giro- Giro, com o Viteix e o Chico Batalha.

A Universidade do Elias foi a vida, as peripécias que enfrentou, integrando um grupo de companheiros que recor-rem à tradição oral para integrarem nas suas produções artísticas estórias e conversas antigas, que apenas as “Mais Velhas” conhecem.

Com uma avó, que dele cuidou, come-çou verdadeiramente a sua “carreira”: “A minha vocação é cantar em língua na-cional Kimbundu e acho que não me en-quadro noutra. É uma questão de hábito. Aprendo Kimbundu com uma avó que

Elias Dya Kimuezo iluminou a noite de 3 de Março

◗ JERÓNIMO BELO

◗ Elias Dya Kimuezo, 82 anos de andanças e mais de 60 de música

SHOW DO MÊS

Elias Dya Kimuezo conta com mais de 60 anos de carreira

◗ A Universidade de Elias foi a vida, as peripécias que enfrentou

É assim: nos eventos com música há noites para esquecer e permanecem outras — mais raras — para recordar carinhosamente.

Mutamba ACTUALIDADE

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■ ASSINATURA FOTOGRAFIA

O acto de burlar tem um significado muito conhecido no seio dos angolanos, pois todos nós já fomos, em algum momento da nossa vida, vítimas de burlas quer do sistema

esquematizado quer por parte de ardilosos concidadãos. No seu sentido mais restrito, burlar significa enganar, ludibriar alguém e no sentido mais alargado pode incluir mecanismos para contornar uma situação usando artimanhas fraudulentas.

Acontece que quando a burla é pequena, perpetrada por peixe miúdo e envolvendo comprar gato por lebre, o desaparecimento de um cabrito, o desvio de uns milhares de kwanzas ou ainda a troca ilegal de divisas, há logo muitos detidos e interrogatórios infindáveis.

Todavia, quando a acção ardilosa dos afamados trapaceiros de colarinho branco envolve somas avultadas e delapidação do erário público, fica tudo com medo, pois a matemática e os números não são o forte de muita gente. É tanto dinheiro que há quem tenha dificuldade de colocar o número por extenso e por isso passa ao lado, de mãos dadas com a impunidade.

Por vezes, a burla nem precisa de envolver dinheiro vivo, basta um embuste rebuscado com o uso de uns apelidos de peso e já é possível viver à grande e à francesa em hotéis de luxo numa das capitais mais caras do mundo. Não são feitas perguntas, pois a desculpa é sempre a mesma: ordens superiores.

Ninguém de facto sabe de onde vêm as ordens superiores mas quase toda a gente, ao ouvir esta cantiga, fica em sentido e autoriza transferências absurdas e negócios que constituem um bom enredo para uma mão cheia de novelas de segunda categoria.

A sofisticação das burlas em Angola está a roçar números estratosféricos com capacidade para se adquirirem frotas de aviões e uns tantos satélites artificiais. São valores muito superiores a orçamentos anuais de vários países.

A verdade é que não são os valores de cheques cabeludos que são mais altos agora, mas sim o facto de só agora é que os números são apresentados e os presumíveis suspeitos começam a ser divulgados. E os gráficos ainda vão continuar a subir em razão à proporção de zangas na elite. Como diz o ditado, “zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades”. No final da história, os burlados não são ressarcidos e quem perde é o país. Esta é uma história com muitas reticências e sem ponto final.■

É tanto dinheiro que há quem tenha dificuldade de colocar o número por extenso e por isso passa ao lado, de mãos dadas com a impunidade

Burlas,burlados e cheques cabeludos

Mutamba OPINIÃO

Sorriso Crónico AMADEU BATATINHA

No Chá de Caxinde

Jacques lança «Subitamente no Cacimbo» Na próxima quarta-feira, dia 15, é lançado no Espaço Caxinde-Sukara, na Associação Chá de Caxinde, o mais recente obra literária de Jacques dos Santos.

A novela Subitamente no Cacimbo, que vem na esteira de outras cria-ções de um dos raros intelectuais an-golanos que nunca deixou de intervir social, cultural e politicamente nas causas que adoptou como suas, é um retrato implacável dos “anos de chumbo” que fomos vivendo e que ainda se estendem até hoje, depois da decisão de “acumular capital primitivamente”.

Jacques dos Santos desenha um quadro em absoluto real em que põe a nu as profundas desigualda-des sociais cujo fosso aumentou largamente depois da criação in-tempestiva e mal ponderada de uma burguesia nacional, cujos va-lores éticos, culturais, morais e ideológicos são iguais a zero. Quer pela via da violência das atitudes, quer pela incultura quase generali-zada, esta classe social a que pode-mos chamar de lúmpen-burguesia, além de procurar apagar o passado, ganhou o hábito de se impor pela arrogância, pela agressividade e pelo poder do dinheiro.

Nos antípodas das lutas e das ba-talhas dos pais da luta pela inde-pendência, traindo todos os princí-pios que conduziram o país ao 11 de Novembro, este descalabro é descri-to de forma exímia por Jacques dos Santos através de figuras que sinte-tizam com brilhantismo a ascensão e decadência desta burguesia.

Jacques dos Santos não tapa o sol com a peneira, e recusa-se ao papel passivo assumido pela maior parte da intelectualidade angolana.

Obra vai ser lançada no dia 15 de Março

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não falava português, e falo desde a ju-ventude. Fui órfão de pai e mãe desde os sete anos de idade e com ela aprendi de tudo um pouco”, disse numa entrevista.

Duas horas passaram a correr. Vinte e cinco composições de Elias dya Ki-muezo, muitas vezes com a participa-ção do público: Nzala, Agostinho Neto, Ressurreição, Kalumba, Belita e Cami-nho-de Ferro, que fizeram dele um compositor singular vieram colar-se ao corpo e à alma e, seguramente, vão passar a conviver com os felizardos que estiveram no Plazza.

Com uma banda de excelentes instru-mentistas — competentes e cumprido-res — com arranjos (sopros e cordas) bem concebidos e uma secção rítmica eficaz e criativa o “Rei”, do alto dos seus 82 anos, parece estar aí para as curvas…, mesmo se a voz já vai tremendo.

Elias é um ficcionista musical dos bairros pobres de Luanda, empurrados para longe, onde não há luz nem espe-rança, como Luandino Vieira e Arnaldo Santos admiravelmente escrevera.

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Acontecem um pouco por todo o país e registam um acentuado número de aderentes, na sua maioria jovens. Para uns, é uma febre e para outros, algo útil que ajuda a desviar os jovens de caminhos nada dignos.

◗ ERNESTO GOUVEIA Foi possível falar com alguns palestran-tes que, das muitas ideias que transmi-tiram, destacaram aquilo que mais preocupa o leitor não esclarecido quan-to ao valor e aos objectivos que se pren-dem com este tipo de iniciativas. Para Felisberto Filipe, “na realidade, não es-tamos diante de uma febre, mas sim do que já devíamos ter feito”. Aquele profis-sional de comunicação explica ainda que algumas pessoas decidem ser pa-lestrantes por diversas situações. “Por exemplo, existem aquelas que partici-param de uma e acharam que podiam e podem fazer melhor, então, no dia se-guinte reuniram alguns amigos e cole-gas para essa aventura ou desafio; ou-tras pessoas começaram por encontrar uma oportunidade de ganhar algum dinheiro”. Felisberto Filipe, que tem sido um dos rostos escolhidos para muitas palestras que já vão para além da capital, esmiúça que existem aque-les que, tal como ele, frequentaram uma formação, licenciatura, mestrado ou outra que lhes permite hoje realizar uma palestra motivacional. “Ninguém transmite o que não tem”, disse. Para o jornalista Victor Hugo Men-des, há pessoas que se preocupam mui-to com o desenvolvimento do capital humano, que devia ser a primeira preocupação do Estado. Há também os que usam esse pretexto para atingir os seus objectivos. É em parte uma febre, mas uma boa febre.

“Temos uma juventude que está a crescer sem o devido acompanhamen-to. Infelizmente, não têm mentores e, por conta desta falta, acabam por come-ter muitos erros. Por exemplo, no domí-nio da vida académica, percebemos que temos muitos jovens a frequentar cur-sos errados por falta de orientação voca-cional, por falta de um mentor que se preze”, diz o entrevistado.

Nomes como Zacarias Samba, Hélio Aragão, Jair Pereira são outros a citar.

No que se refere aos incentivos, os entendidos nas lides reconhecem que há muita gente na sociedade angolana que só precisa de “alguém que lhe dê um toque”, que transmita esperança e mostre um caminho. Para Fernando

Guelenge, quando se olha a perspecti-va de que uma palestra é toda a apre-sentação oral que leva um conheci-mento sobre determinado assunto, percebe-se que, dada a história remota da humanidade, não se trata de uma

febre como tal. É, considera, uma ne-cessidade vital ao homem, pois permi-te a passagem de experiências que po-dem servir de inspiração para quem não precisa de repetir erros e quem precisa de melhorar.

Em jeito de conclusão, Victor Hugo re-corda que temos uma sociedade com muitos problemas. É preciso não gene-ralizar a questão da mediocridade. Para ele, deve-se olhar para o que se está a fa-zer e, ainda assim, vale a pena dizer que continuaremos a ter muitos problemas.

“Em 2017 falei para quase nove mil pes-soas e só neste ano já foram quase mil. O tempo dirá o que andei a fazer e mesmo se não estiver mais a respirar as pessoas saberão”, afirma o apresentador.

Fernando Guelengue, director do Por-tal Marimba, aponta para a necessidade de se abandonar a total dependência dos pais, do emprego, da sociedade e até mesmo do mundo. É o mesmo que dar um fim à caixa, ou seja, “sair daquele ci-clo que vivemos ao longo de décadas”. É

A cada dia que passa, estas iniciativas estão a atrair jovens de vários estratos

■ D.R.

◗ «É toda uma apresentação que leva ao conhecimento» Victor Hugo Mendes, um comunicador que usa o dom da palavra para motivar jovens

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Palestras motivacionais

Uma utilidade que alguns consideram uma febre «saudável»

Mutamba DESTAQUE

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EMPIRISMO

Falar em público requer conhecimento Felisberto esclarece que para falar em público, transmitir know-how e contribuir para a elevação e desenvolvimento do “CHÁ” das outras pessoas, transmitindo conhecimento, habilidade e atitude às outras pessoas, precisamos de ter técnicas para tal. “Não é querer estar diante de uma plateia, pegar um microfone e blá-blá-blá, pronto acabou, sou palestrante. Não. Um palestrante motivacional é muito importante, sobretudo, para um país como o nosso que ainda está em fase de desenvolvimento. Podem surgir milhares de palestrantes motivacionais, isso é bom. Estamos diante da quantidade, depois o próprio mercado por si só vai determinar quem é quem, ou seja, vai optar pela qualidade e os outros só terão duas opções, que são as que de propósito, digo: saber fazer ou saber fazer”, explicou.

A palestra motivacional também é conhecida como “energizadora” e, como tal, objectiva mexer com as emoções dos colaboradores e tirá-los da sua zona de conforto. Eles saem do evento com uma visão completamente transformada, o que viabiliza as melhorias necessárias. Para além dos já citados, adicionam-se outros nomes como é o caso de Dárdano Santos cujas apresentações estão revertidas de elementos que, pela sua forma de exposição, tem contínuos seguidores. Se vivem disso, o óbvio será pensar que desta ocupação tira algum proveito para a sua sobrevivência e acima de tudo, consegue prover o seu trabalho de maior qualidade e consistência. ◗ E.G.

«Ele Vive» é igualmente transmitido no canal do Youtube de Guy Destino

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«Ele Vive»

Gospel na «tv» angolana estreia-se com rosto de Guy Destino‘Ele Vive’ é o título do primeiro progra-ma gospel na televisão angolana, que surgiu no início de Fevereiro último sob a chancela de Guy Destino. Foi pela privada TV Palanca que o músico gospel respondeu ao que chama um “antigo desejo de famílias cristãs” an-golanas, que “há muito cobravam” por um programa gospel nos ecrãs dos seus televisores.

O programa estreou-se na noite do primeiro domingo de Fevereiro. De lá para cá, já se passaram cinco edições, que mereceram um balanço “positivo” do mentor e apresentador do programa:

“A reacção foi satisfatória. Deu para aferir que o ‘Ele Vive’ é, de facto, a res-posta de um antigo desejo de famílias cristãs angolanas, que há muito co-bravam pelo surgimento de um pro-grama que falasse e tocasse sobre Deus, sobretudo sobre a doutrina do cristianismo”, realça Guy Destino.

Confidencia que se trata também da efectivação de um “antigo sonho pes-soal”. Diz ter batido às portas de “quase todas as televisões” do país, mas que “só a TV Palanca” se mostrou disponível para abraçar o seu projecto.

“Espero que surjam mais programas semelhantes. Não é justo que, num país como o nosso, que adora um Deus vivo com fervor, não houvesse um único programa gospel na televisão”, observa o maestro e compositor.

Informa que a temática central do programa é a “Palavra da Salvação”,

apresentada de forma cantada e fala-da através de um convidado da edição: “Em todas as edições, temos um con-vidado; alguém que seja uma referên-cia de vida cristã, que nos fale sobre o seu percurso de fé”.

Guy Destino descreve como “rigoro-so” o critério de selecção do convidado para o programa: “Somos bastante sé-rios na selecção dos convidados. Aliás, o ‘Ele Vive’ surge também para comba-ter o divisionismo, para combater o ‘denominacionalismo’”.

Como suporte musical, GD conta com uma banda composta por sete instrumentistas e um coral de perto de 20 vozes. O programa tem a dura-ção de 55 minutos e vai para o ar to-dos os domingos às 20H00, com repo-sição na madrugada de terça-feira e na tarde de sexta-feira.

“Além de outras inovações que esta-mos a estudar, é nosso desejo aumen-tar o tempo do programa para, pelo menos, mais 30 minutos”, avança o maestro, que aproveita para lançar um apelo a potenciais parceiros:

“Como devem calcular, produzir um programa televisivo é bastante onero-so. Precisamos de mais parceiros que nos possam ajudar sobretudo a publi-citar o programa através de outdoors”, refere o músico, tido como um dos mais consagrados do gospel angolano, já com oito obras discográficas no mercado e igual número de concertos musicais realizados. ◗ A.V.

■ ASSINATURA FOTOGRAFIA

Tio Celito:

«As pessoas mentem e, pior que isso, as pessoas mentem-se.»

No Ultramar-Jardim à Beira Mar plantado, preocupam-se as pessoas

com o tabaco que provoca cancro. Gastam-se milhões com propaganda antitabágica (dizem que paga pelas próprias tabaqueiras. Proibida a propaganda, contorna-se a situação: falem bem, ou falem mal, o que é preciso é que falem). O próprio governo alivia a consciência obrigando-se ao aviso nos maços: “O tabaco mata”. Mata sim, e quanto mais mata, mais impostos rende.

Vigiam os pais os seus rebentos maiores e menores, não vão eles, em vez de um trago sem importância, de uma curtição sem consequências, meter-se nas drogas pesadas (um charro é aceitável, um penalty é admissível, uma esporádica experiência com LSD, ou cocaína, não vicia).

E o vinho? “Ora, você não me diga que

também acredita que o vinho seja uma droga.”

Como dizia uma sapientíssima criatura que bebia o seu copito, unicamente por razões de economia humanitária: “Beber um copo de vinho é dar de comer a um milhão de portugueses…

E quem é você para querer desmentir um homem de celibato tão patriótico? Ele que acolhia com desinteressado interesse as mulheres esfaimadas dos amigos, gastos e incapazes de serem capazes?■

Octogenário Angolense DARIO DE MELO

Das drogas escondidas

paralelo ao deixar de fazer a mesma coi-sa todos os santos dias. O profissional precisa de aprender a criar ou inovar naquilo que já foi criado.

Milhares de pessoas têm acorrido a estas iniciativas que, de algum modo, tem ajudado não só estudantes, re-cém-formados e desempregados. O histórico dessas actividades, entre nós, é muito recente, fazendo parte do grosso de diferentes actividades que ocupam os jovens. Muitos jovens lide-ram estes eventos e transmitem as suas ideias para os da sua faixa etária, tornando-se referências num país que muito precisa delas.

◗ «Não se trata de uma febre como tal. É uma necessidade vital»

■ D.R.

E quem é você para desmentir um homem de celibato tão patriótico?

SEXTA-FEIRA 9 de Março 2018 | 41 |

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| 42 | SEXTA-FEIRA 9 de Março 2018

EVENTOS

Ladies Night no Bar 8 O Bar 8 apresenta a festa Ladies Night, no dia 10 de Março, a partir das 22h45, com Neide Sofia e o DJ Osvaldo Mauro. Ingressos à venda no Hotel Paraíso e no Hotel HD por 4000 kwanzas homens, e 3000 kwanzas mulheres.

Luanda Burger Fest No dia 10 de Março, o Luanda Burger Fest estará de regresso, desta vez no Skyna Hotel, ao longo de 10 horas de evento, das 12h00 até às 20h00. A iniciativa vai receber 10 hambúrgueres assinados por várias hamburguerias nacionais.

TEATRO

«Oficina de Encenação» O núcleo de teatro do Kilamba Kiaxi realiza a Oficina de Encenação, no atelier da Cia (Golf 2), no dia 24 das 09h00 às 13h00 e dia 25 das 14h00 às 18h00. Inscrições a 5.000 kwanzas, com direito a certificado e lanche.

«Clandestinos no Paraíso» O grupo teatral Twana Teatro apresenta no dia 11 de Março, na Liga Africana, a peça teatral Clandestinos no Paraíso, às 20h00. Ingressos a 2000 kwanzas.

LANÇAMENTOS

«Quero sexo» A terapeuta de casais Carita Celedónio lança hoje, às 18h30, na Mediateca de Luanda, o livro Quero Sexo. Preço do livro a 3000 kwanzas.

Março Mulher no HCTA O mês de Março volta a celebrar a Mulher num ambiente descontraído, encantador que visa reunir distintas personalidades do universo feminino nacional dos mais variados sectores. A acção terá a abertura no dia 1 de Março e contará com destacadas mulheres da sociedade angolana.

ESPECTÁCULOS

Show de Humor de Calado Show O Espaço Aplausos apresenta o Show de Humor de Calado Show, no dia 17 de Março, a partir das 21h00, com os convidados Preto Show, Scró que Cuia, Neide Sofia e Yasel. Ingressos a 4000 kwanzas com bar fechado.

Gilliardi ao vivo em Angola A Casa da Música do Talatona apresenta hoje o cantor Brasileiro Gilliard ao vivo, com o convidado Euclides da Lomba. Entradas de 20.000 a 35.000 kwanzas.

Yola Semedo na Casa 70 Acontece no dia 31 de Março, a partir das 19h30, na Casa 70 o grande show de Yola Semedo. Entradas a 30.000 kwanzas bilhete VIP, 25.000 kwanzas bilhete com jantar incluído e 10.000 kwanzas plateia.

EXPOSIÇÕES

Exposição de Isabel Baptista «Um dia por dia» Está patente ao público, até ao dia 22 de Março, a exposição individual de pintura Um dia por dia, da artista plástica Isabel Baptista.

«No Centro da Questão» no ELA Continua patente até ao dia 14 de Março, no espaço Luanda Arte a exposição do artista plástico Francisco Van-Dúnem “Van”, No Centro da Questão, um conjunto de 26 obras do pintor.

«Onde Tudo Começou» de Marley Nkosi Está patente até ao dia 12 de Março na Galeria Tamar Golan a mais recente exposição de Marley Nkosi.

AVENNIDA CINEMAS

12 Indomáveis 13h00; 18h15 23h30

As Cinquentas Sombras Livres 12h40; 15h00; 17h20; 19h40; 22h00; 00h20

Kickboxer: Retaliação 15h45; 21h00

Pantera Negra 3D 12h30; 15h25; 18h20; 21h30; 00h15

Proud Mary a Profissional 13h10; 15h15; 17h20; 19h25; 21h40; 23h45

A Idade da Pedra 10h40; 12h50; 14h55; 17h00

Três Cartazes à Beira da Estrada 19h00; 21h25; 00h10

A Agente Vermelha 12h40; 15h35; 18h30; 21h20; 00h20

Tomb Raider: O Começo 12h30; 15h30; 18h30; 21h10

AgendaCultural

Tom Raider: O Começo Lara Croft é a independente filha de um aventureiro excêntrico que desapareceu quando ela chegou à adolescência. No presente, já uma jovem de 21 anos, sem qualquer rumo ou objectivo real, Lara percorre as caóticas ruas da elegante East London como estafeta de bicicleta, mal ganhando para a renda. Aconselhada a enfrentar os factos e a seguir em frente, Lara parte em busca do último paradeiro conhecido do pai, um túmulo lendário numa ilha mítica que poderá ficar algures ao largo da costa do Japão. Mas a sua missão não será fácil, conseguir chegar à ilha será extremamente arriscado. A aposta não poderia ser arriscada para Lara, que tem de aprender a superar os seus limites enquanto viaja para o desconhecido.

TEATRO

«Os Monólogos da Vagina» regressa a Luanda, no palco da Casa das Artes

O espectáculo Os Monólogos da Vagina regressa à ribalta sete anos depois, na Casa das Artes. Cinco actrizes sobem ao palco da Casa das Artes em Talatona, designadamente Sophia Buco, Érica Chissapa, Tânia Burity, Yolanda Viegas, Edusa Chindicasse e Nael Branco, e darão corpo ao enredo que fica em cena durante cinco dias consecutivos a partir de 14 de Março, com apenas uma sessão por dia, pelas 20 horas, sob direcção de Maria João Ganga.

TOURNÉE

Damásio gira províncias do país com espectáculos gratuitos para os fãs

O músico Matias Damásio inicia, a partir do dia 7 de Abril, uma tournée em sete províncias do país. A intenção é estar mais próximo dos fãs. A actividade, denominada Somos Angola, Somos Cuca, vai começar no Campo do 11, na cidade do Soyo (Zaire), e passar pelas províncias do Uíge (dia 14), Lunda-Sul (dia 21), Malanje (5 de Maio), Huíla (12 de Maio), Benguela (19) e termina em Luanda a 26 de Maio, com um show no município de Viana. Os acessos serão gratuitos, cabendo apenas aos fãs deslocarem-se aos locais indicados em cada província para ver o artista da “Lixeira”.

■ D.R.

■ D.R.

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SEXTA-FEIRA 9 de Março 2018 | 43 |

Temos ouvido várias vezes que “somos especiais”, somos sui generis, temos uma forma diferente de ser e fazer acontecer, tanto que enquanto uns fazem chover, nós fazemos não chover, amarramos

a chuva, só para exemplificar essa dica dos especiais que dizem sermos! De tão especiais que somos, conseguimos fazer cenas que cientista algum consegue explicar de forma racional e científica, pela complexidade da criatividade boa e má em prol de uma vida supostamente melhor. Conseguimos viver mal mesmo tendo bué de kumbu, preferimos pagar caro um mambo para um avilo que já ganha bué, retirando o dinheiro de quem pouco ou nada tem em relação ao que vai ganhar a tal dita coisa/cena que empresta uma tal dignidade que devia existir pelo sentimento e dever de cumprimento das tarefas a si acometidas e pelo dever de servidor público e não pelo ngombelismo de se servir do público como bem quer, entenda-se contribuintes e eleitores, sem que os mesmos possam espirrar algum descontentamento ou reprovação por tamanha crueldade, que, aliás, tem criado muitos males à saúde do país e de quem serve esta bela terra.

De tanta pancada que leva, o pacato cidadão tem sido “convidado” a fazer milagres para poder sobreviver, por maus caminhos, fruto também da fraca educação e espírito ético-moral que o tornam órfão das estruturas que se espera de um homem íntegro e incorruptível. “É quanté?!” Essa expressão quase que se tornou de cultura obrigatória a todos que querem evoluir (ou se safar) em Angola, tal é facilidade e vezes que tem sido usada. Desde a busca pela satisfação das necessidades mais básicas aos aspectos mais ilusórios e menos essenciais da vida que o mwangolé a usa. Para se nascer, os pais têm que muitas vezes perguntar na maternidade “é quanté!?”, para a mulher grávida entrar e ser atendida de forma condigna e respeitosa, para que o bebé nasça são e salvo. Para fazer o acompanhamento médico da criança durante as consultas e vacinas, surge também “é quanté!?”, como uma palavra-passe que desbloqueia um serviço que devia ser público, tal como reza a constituição.

Se houver um thambi, então as cenas continuam na mesma, ouvimos “é quanté!?” para que o ente querido seja sepultado com alguma dignidade em algum dos campos santos oficiais. Caso não se faleça, então aí a questão vem da escola, na altura da matrícula ou passagem de ano, em que o mascarado de bata branca (mais um) põe em causa a normal progressão do estudante, bem como o processo ensino-aprendizagem caso a questão chave não seja respondida: “é quanté!?”. E assim vamos nos habituando à questão e às respostas, bem como às consequências das mesmas. Até na hora de sermos cidadãos documentados ouvimos soar, no ar tal qual espirro de quimbombo, “é quanté?!”. Se a resposta for do agrado de quem a fez, então lá temos o registo de nascimento, o b.i., certidão de casamento, registo criminal, passaporte ou carta de condução na mão em pouco tempo, tipo nada, numa normalidade de fazer inveja ao “normal” que devia ser, mas que hoje é tido como “anormalidade” trocada pelo errado que não devia ser!

‘Tá na hora de bumbar, mesmo com bué de formações não ‘tá fácil, xixilar é xixilar, bates aqui, ali, entregas e envias CVs, chamam-te para uma ou duas entrevistas, prometem que entrarão em contacto, mas… se não tiveres canal ou sorte, vais ouvir “é quanté!?”. Aí tens salo, com bom salário e quiçá escolher aonde bumbar e o que fazer. É sabido que tem de se bulir 35 anos até à reforma, sendo que neste intervalo há a progressão natural de acordo com o desempenho. Mas nem sempre isso acontece, há sempre causas cazumbísticas que ngombelam essa progressão, fazendo com que novamente a questão surja, isso quando a causa da tal não progressão na carreira não for a dita questão, que dá lugar a escaladas anormais e ilegais, tudo na base do “é quanté?!” e lá o colega recém-entrado já é chefe, já tem patente mais alta, maior graduação, melhor enquadramento salarial, benesses acima das dos outros graças a ascensões meteóricas! O mais estranho é que ouvirmos pelos becos e assobios que mesmo entre quem devia servir também se ouve essa pergunta “é quanté!?”. Será que é por isso que temos sido brindados com essa qualidade de prestação de serviço público?

Pena é que mesmo sendo do conhecimento de muitos, essa dica continue a fazer sassassa, sem se amedrontar com o sal, e ainda traz parentes para ajudarem: “tens quanté!? Falaram como!? Fala bem!? Queres dar quanté?! Garantes quanto?! Sabes como é! Qual é a ideia!? Vamos se ajudar!…”. E lá vamos a caminhar para um abismo em que daqui a nada, caso não se pare, há o risco de se começar a leiloar os altos cargos, quem der mais vai para este ou aquele cargo, tendo servidores públicos saídos de leilões: “é quanté ser presidente!?”! Katé+ ■

Mambos da Nguimbi CARLOS RENATO (DE KAMBAMBE)

Para se nascer, os pais têm que muitas vezes perguntar na maternidade “é quanté!?”

É quanté ser Presidente?

Mutamba OPINIÃO

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Números

ARTILHARIA

Tudo na mesma Depois da disputa da quinta jornada do Campeonato Nacional de futebol da primeira divisão, os artilheiros da prova ficaram em branco nas partidas das suas equipas. Nelito não participou da vitória de 5-0 do Kabuscorp frente ao Libolo, o mesmo aconteceu com Azulão, que não marcou golo na vitória de 3-0 dos tricolores frente ao Bravos do Maquis. Os dois jogadores lideram com três golos cada.

4.ª Jornada

Académica 1-0 1.º de Agosto Sagrada 3-1 Caála KK FC 0-1 Interclube 1.º de Maio 4-3 Domant B. Maquis 0-3 Petro Kabuscorp 5-0 Libolo Sporting 1-0 JGM Progresso 1-0 D. Huíla

Próxima Jornada

Libolo — Sporting Petro — Académica Caála — JGM Interclube — Progresso Domant FC — B. Maquis D. Huíla — 1.º Maio Sagrada — KK FC 1.º de Agosto — Kabuscorp

Classificação

JG GM GS EP DT VT PT 1.º Interclube 04 07 02 01 00 03 10 2.º Kabuscorp 04 10 02 00 01 03 09 3.º Petro 03 07 00 01 00 02 07 4.º Sporting 04 03 03 01 01 02 07 5.º Libolo 04 03 07 00 02 02 06 6.º Académica 04 04 05 00 02 02 06 7.º Progresso 03 02 01 02 00 01 05 8.º D. Huíla 04 04 03 02 01 01 05 9.º 1.º de Maio 03 04 05 01 01 01 04 10.º B. Maquis 03 03 04 01 01 01 04

11.º Domant FC 04 05 07 01 02 01 04 12.º Sagrada 04 03 04 01 02 01 04 13.º Caála 04 03 06 01 02 01 04 14.º KK FC 04 03 08 00 03 01 03 15.º 1.º de Agosto 02 00 01 01 01 00 01 16.º JGM 04 04 07 01 03 00 01

■ ARQUIVO NJ

1.º de Agosto em «teste de fogo» com Kabuscorp Com dois jogos já disputados no Campeonato Nacional, o ataque militar tem sido o mais fraco da presente fase, pelo facto de ainda não registar qualquer golo. Esta situação preocupa Ivo Traça, treinador adjunto do 1.º de Agosto.

◗ EDUARDO GITO

As equipas do 1.º de Agosto e do Kabuscorp do Palanca defrontam-se domingo no estádio 11 de Novembro, em partida refe-rente à quinta jornada do Girabola ZAP.

Pelo perfil e histórico das duas equi-pas, o jogo é tido como o clássico da jor-nada. De um lado estará o 1.º de Agosto, bicampeão nacional, mas que no “Gira” 2018 se encontra na linha vermelha, com um ponto, resultado que pressiona o comando técnico de Zora Maqui.

Do outro lado estará o Kabuscorp, se-gundo classificado da tabela, com nove pontos.

Antes do jogo deste fim-de-semana, os militares perderam por 1-0, no últi-mo sábado, diante da formação da Aca-démica do Lobito, ao passo que os pa-lanquinos aplicaram uma derrota de 5--0 ao Recreativo do Libolo, no jogo mais importante da quarta jornada.

Na conferência de imprensa que mar-cou o lançamento da prova, Ivo Traça não escondeu a sua insatisfação quanto ao ataque dos militares, por estes ainda não terem marcado qualquer golo nas duas partidas já disputadas.

“Apesar da derrota frente à Académica do Lobito, a nossa equipa tem trabalhado duramente, com vista a alcançar a pri-meira vitória. Só temos de lamentar o nosso ataque, por este ainda não nos ter brindado com golos. O 1.º de Agosto, como sabem, é uma equipa que está habituada a fazer golos, o que ainda não sucedeu neste Girabola 2018”, apontou Ivo Traça.

O adjunto de Zora Maqui afirmou que o 1.º de Agosto é candidato à conquista do título, mas, para tanto, o seu ataque terá de se entregar mais em todos os jogos do campeonato interno, tal como tem feito nos jogos das eliminatórias da Liga dos Clubes Campeões africanos de futebol.

“A equipa tem feito boas exibições nas provas que disputa, sobretudo nas afrota-ças. Queremos que esta exibição nas com-petições da CAF seja também feita no prin-cipal campeonato do país, porque somos nós os detentores do troféu”, garantiu.

A terminar os últimos dias do castigo imposto pelo Conselho de Disciplina da FAF, pelo facto de se terem recusado a trabalhar com os Palancas Negras, aquando da participação destes no CHAN em Marrocos, Dani Massunguna, capitão do clube militar, assegurou que a equipa está unida na busca de resulta-dos animadores, mas a presença do 12.º jogador em campo é necessária.

“Nós, jogadores, temos trabalhado para trazer vitórias para o clube, mas é neces-sário que a presença dos nossos adeptos,

que são o 12.º jogador, seja sentida nas nossas partidas”, pediu.

Um confronto à parte é o reencontro do avançado Jacques e do central Bobó com a sua antiga equipa. Jacques trans-feriu-se em Dezembro último para o 1.º de Agosto, tendo protagonizado uma das transferências mais polémicas dos últi-mos dois anos, enquanto Bobó cumpre a sua segunda temporada no clube mili-tar. Os dois jogadores são verdadeiros conhecedores da equipa do Kabuscorp.

Palanquinos em vantagem no histórico Sendo uma partida de risco para as duas equipas, de acordo com a estatística dos últimos dois anos, o Kabuscorp entra no jogo como favorito, pelo facto de ter ganho três dos quatro jogos das edições 2016 e 2017 do Girabola ZAP.

Em 2016, na primeira volta do Girabo-la, o Kabuscorp venceu o 1.º de Agosto por 2-0, o mesmo resultado com que os militares venceram os palanquinos na segunda volta.

Já em 2017, embora os militares se te-nham sagrado campeões, a formação da rua F do Palanca foi superior ao 1.º de Agosto, após ter ganho os dois jogos, 2-0 na primeira volta e 2-1 na segunda.

Líder recebe sambilas no 22 de Junho O Interclube, actual líder do campeo-nato, com 10 pontos, recebe sábado, no

◗ «A equipa tem feito boas exibições nas provas que disputa»

DERBY

Militares e palanquinos defrontam-se domingo, 11, no

Desporto GIRABOLA ZAP

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estádio 22 de Junho, no Rocha Pinto, a formação do Progresso do Sambizanga, sétimo da tabela, com cinco pontos.

À entrada para a quinta jornada do Girabola ZAP 2018, os dois emblemas es-tão separados por cinco pontos. Na quarta jornada, os polícias foram ao Kwando-Kubango vencer o FC KK por 1-0, ao passo que os sambilas derrotaram, no estádio dos Coqueiros, o Desportivo da Huíla, também por 1-0.

Depois da derrota por 5-0 diante do Kabuscorp, o Recreativo do Libolo rece-be, em Calulo, o Sporting de Cabinda,

equipa que vem de uma vitória caseira diante do JGM por 1-0.

De acordo com uma nota da Federa-ção Angolana de Futebol (FAF) a que o NJ teve acesso, as equipas do Desporti-vo da Huíla e 1.º de Maio de Benguela protagonizam esta sexta-feira, 9, a abertura da quinta jornada da prova maior do futebol doméstico, no está-dio do Ferrovia, enquanto o Petro de Luanda terá pela frente, sábado, a Académica do Lobito.

Os tricolores ocupam o terceiro lugar da prova, com sete pontos, contra os

seis da formação lobitanga, seu adver-sário de amanhã, sábado, no estádio 11 de Novembro. Na quarta jornada, o Pe-tro foi responsável pela abertura da re-ferida ronda, tendo vencido o Bravos do Maquis por 3-0.

No Huambo, a Caála e o JGM defron-tam-se no dérbi daquela província do centro do país.

Nas estatísticas das duas equipas do planalto central, a Caála é a mais bem posicionada na tabela, ocupando a 13.ª posição, com quatro pontos, contra um do JGM, na última posição.

estádio 11 de Novembro

■ ADJALI PAULO

Garantia

Demarte só defenderá título em Angola A direcção da agência Njila Sport Ma-nagements definiu que Demarte Pena, campeão mundial de lutas mistas (MMA), na categoria Extreme Fighting Championship-Worldwide, só irá defender o seu título caso o combate seja realizado em Angola.

A informação é avançada por Si-meão de Almeida, director da agên-cia que detém os direitos da carreira desportiva do atleta angolano.

“Decidimos que o Demarte Pena só deve voltar a defender o seu títu-lo se for cá. Havia em perspectiva um combate, agora no mês de Abril, mas dissemos que Pena só volta a lutar no nosso país. Estamos todos engajados para ver se até final do ano realizemos a defesa do título”, perspectivou.

Antes que chegue esta fase, o atle-ta irá cumprir um plano de estágio que irá terminar nos Estados Unidos da América. “O nosso desejo é ver o ingresso do Demarte Pena no UFC, versão americana, logo após a sua defesa”, garantiu.

Demarte Dachala Pena defendeu o seu cinturão pela 13.ª vez a 16 de De-zembro de 2017, na arena Menlyn Mai-ne Central Square, diante do sul-afri-cano Irschaad Sayed, na categoria de 61 quilos, peso galo do EFC.

Além do campeão, com quem as-sinou um contrato de gestão da carreira desde 2017, a Njila Sports Management agencia ainda as carreiras dos lutadores Marino Ku-tendana “Scorpion”, Nerik Simões (a evoluírem na África do Sul), Jo-semar Octávio e Eduardo Barros, bem como outros desportistas em modalidades individuais.

Simeão salientou que Pena vem a Angola para participar numa sessão de treino aberta ao público.

■ D.R.

Demarte Pena, lutador angolano de MMA

AFROTAÇAS

Petro deixa tudo para a última hora e 1.º de Agosto adianta-se O Petro e o 1.º de Agosto, os dois representantes nacionais nas competições africanas de futebol, estão com sortes diferentes para garantir a presença na fase de grupos da Liga dos Clubes Campeões e na Taça Nelson Mandela.

Apesar de uma exibição acima da média, os tricolores empataram com um nulo na terça-feira, 6, no estádio 11 de Novembro, frente aos sul-africanos do Super Sport United. O empate petrolífero ainda não coloca de fora a equipa nacional, mas é um resultado que pode pôr em risco a permanência do Petro, na luta por uma vaga na fase de grupos.

Para chegar a esta fase, os tricolores terão de ultrapassar o Super Sport United e esperar por uma equipa que perderá a qualificação na Liga dos Campeões.

O 1.º de Agosto, por seu lado, venceu o jogo da primeira mão por 1-0, diante da formação do Bidvest, também da África do Sul, resultado que coloca os militares a 90 minutos da fase de grupos. ◗ E.G.

■ ADJALI PAULO

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■ ASSINATURA FOTOGRAFIA

Angola – Marrocos jogam sábado em Futsal As selecções de Angola e do Marrocos de sub-17 em futsal defrontam-se amanhã, sábado, no pavilhão da Cidadela Desportiva, em partida referente à segunda mão da penúltima eliminatória de acesso à fase final da terceira edição dos Jogos Olímpicos da Juventude, a decorrer de 8 a 16 de Outubro, em Buenos Aires, Argentina. No passado dia 25 de Fevereiro, em partida da primeira mão, as duas selecções empataram a três bolas no pavilhão da cidade de Rabat, Marrocos.

Fiorentina retira camisola 13 ao clube Os clubes italianos Fiorentina e Cagliari anunciaram que a camisola 13 dos dois clubes vai deixar de existir, em memória do defesa David Astori, que foi encontrado morto no domingo passado, no quarto do hotel onde a equipa se encontrava hospedada. O presidente da Liga italiana de futebol e do Comité Olímpico de Itália revelou que o clube renovou o contrato de Astori, um acordo que já estaria acertado antes da morte do jogador. O salário fica para a mulher e a filha de 2 anos.

Mourinho será comentador no Mundial da Rússia O treinador do Manchester United, José Mourinho, vai comentar o Mundial 2018 de futebol para a estação televisiva pública russa. “Ele partilhará as suas opiniões especializadas, os seus conhecimentos e informação sobre futebol com os espectadores da RT”, informou a emissora. O canal televisivo refere ainda que o treinador está muito contente por fazer parte da equipa da RT, estação que não tem os direitos dos jogos do Mundial 2018, mas que realizará emissões especiais.

Breves

A última actualização feita pela Federação internacional de Basquetebol Associado (FIBA) “tamponou” Angola, ao fixá-la na terceira posição do ranking mundial da FIBA--África, mas o director do Unitel-Basket tranquiliza os Angolanos.

◗ EDUARDO GITO

Depois de ter ficado na 13.ª posição do ranking mundial da FIBA em 2010, no espaço de três anos, Angola desceu 14 lu-gares no que diz respeito às selecções se-niores masculinas de basquetebol, pelo facto de não ter sido campeão continen-tal, como não ter conseguido a qualifi-cação nos últimos Jogos Olímpicos, que tiveram como palco o Brasil.

De acordo com a actualização feita pela FIBA, Angola ocupa a 37.ª posição, com 197,4 pontos, numa lista de 147 países, mantendo-se os Estados Uni-dos e a Espanha na primeira e segunda posições do pódio mundial.

Tony Sofrimento, director do Unitel--Basket, Campeonato Nacional de bas-

quetebol da primeira divisão, disse em exclusivo ao Novo Jornal que o facto de Angola perder quatro pontos na actuali-zação mundial não deve preocupar os dirigentes e amantes da modalidade, porque as selecções da Nigéria e Senegal fizeram jogos, e Angola não os fez.

“É bom deixar claro aos angolanos que a perda de quatro pontos no ranking mundial não pode baixar o nosso moral. Houve uma actualização das estatísti-cas da FIBA, algumas selecções africa-nas tiveram jogos nos últimos dois me-ses, mas nós não jogámos, porque o nosso calendário de qualificação ao mundial não permitiu”, esclareceu.

Sofrimento garantiu que esta descida não significa nada, porque os quatro pontos perdidos podem ser recupera-dos nos próximos jogos. Para tal, o res-ponsável advertiu que nada nos será entregue de graça. “É preciso muito tra-balho para voltamos a conquistar a nossa hegemonia”, lembrou.

O director do Unitel-Basket avançou ainda que Angola irá procurar subir no ranking, quando, no próximo mês de Ju-nho, se disputar a segunda fase das pré--eliminatórias de acesso ao Mundial de 2019, na China.

“As estatísticas no ranking da FIBA fazem-se de acordo com as participa-

ções das equipas e selecções de um país nas provas internacionais. O nos-so país há muito que não ganha com-petições em juniores e em seniores, embora ao nível de equipas tenha tido boas prestações”, acrescentou.

Militares defrontam Sport Libolo e Benfica no Unitel-Basket Com as obras de melhoramento do pa-vilhão Victorino Cunha a prossegui-rem, o 1.º de Agosto transferiu para a Cidadela o jogo de destaque deste fim--de-semana, entre o 1.º de Agosto e o Sport Libolo e Benfica, partida a contar para a segunda mão da fase regular do Unitel-Basket.

O 1.º de Agosto é o líder da prova com 43 pontos, ao passo que o SP Libolo é o segundo com 39 pontos.

Ainda neste final de semana, jogam Petro – HELMARC e Marinha – ASA.

Tony Sofrimento

«A perda de quatro pontos no ranking não intimida os angolanos»

A Selecção Nacional perdeu o topo do basquetebol africano para as selecções da Nigéria e Senegal

◗ «É preciso muito trabalho para voltarmos a conquistar a nossa hegemonia»

■ OSMAR EDGAR

Desporto BASQUETEBOL

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Armando Machado, o antigo presidente da Federação Angolana de Futebol (FAF), costuma dizer que, se dispusesse dos recursos financeiros que os seus sucessores geriram, cantaria melhor que Luciano Pavarotti. A cada entrevista,

o homem que debutou no dirigismo desportivo no Atlético de Nova Lisboa repete a ladainha. Já o disse várias vezes e não se cansa de repetir. Até tem sido repetitivo e já cansa os ouvidos de quem o ouve.

O homem que também foi candidato à presidência da Confederação Africana de Futebol (CAF) em 2000, sofrendo copiosa derrota diante do camaronês Issa Hayatou, costuma apresentar a sede da FAF e o Hotel Palanca como cartões-de-visita da sua obra à frente dos destinos do futebol doméstico. Volta e meia, Armando Machado é atacado por crises de nostalgia e fala apaixonadamente da sua obra. Já lá vão duas décadas, mas o discurso não muda, não se cansa de gabar os “seus” feitos.

No contexto em que Armando Machado “construiu” aqueles dois empreendimentos — obviamente não sem a ajuda dos principais decisores da governação, entre os quais Augusto da Silva Tomás enquanto ministro da Finanças — pode-se-lhe considerar um verdadeiro herói, embora hoje aos olhos dos menos atentos não pareça grande coisa. A “obra” de “Machadinho”, como também gosta de ser chamado, era, para os padrões da época, deveras colossal. Nisso, parece que estamos conversados.

Hoje, passados mais de 20 anos, o homem que de forma reiterada promete cantar melhor que Pavarotti tem razões de sobra para ficar desgostoso, se não cortar os pulsos. É que o “seu” hotel anda fechado há já algum tempo e completamente escalavrado. Não se sabe se o Estado chegou a reaver os milhões de dólares ali investidos, até porque nos distintos relatórios e contas apresentados pelas distintas direcções da FAF o Hotel Palanca sempre foi ignorado, sempre passou ao largo.

O edifício que nos seus primeiros anos de funcionamento serviu as várias Selecções Nacionais, desde os Sub-17 aos AA, está encerrado há sensivelmente um ano. Tudo começou quando o então ministro da Juventude e Desportos, Albino da Conceição, terá instado a FAF a parar de investir na infra-estrutura por alegadamente ser propriedade do MJD e não da FAF. A partir dessa altura os dirigentes da Federação arriaram os braços e deixaram as coisas andar por si mesmas. Quando, finalmente, o governante terá percebido que muito dificilmente ganharia a “peleja” e terá voltado a reconhecer o direito de propriedade do empreendimento à FAF já era tarde demais. Ou seja, as instalações haviam começado a degradar-se de forma célere, processo que continua imparável.

Hoje, o Hotel Palanca, que bem ou mal rendia sempre uns cobres à FAF e também poupava-lhe gastos com hospedagens de Selecções Nacionais, está fechado, com o que também mais angolanos perderam o emprego. O empreendimento que era suposto ser uma fonte permanente de receitas, não só com a hospedagem mas também com os serviços de restauração, faz parte do passado da história da FAF. Um passado que muitos, entre os quais homens como Luís Gomes, Nicolau da Silva, José Fernandes, Bastos D’Almeida “Likas”, Armando Machado e Victor Giobetty Barros ajudaram a construir com muito sacrifício, num tempo de vacas magras.

Bem ao lado, mesmo no quintal da Cidadela Desportiva, a Federação Angolana de Ténis de Mesa (FATM) ergueu um empreendimento quase similar ao da FAF. Tony de Jesus e pares alçaram um edifício que além de incluir recinto de jogos dispõe de serviços de hospedagem e restauração. A verdade é que já lá vai quase década e meia e o empreendimento continua funcional, com uma clientela fiel e de quando em vez até acolhe eventos sociais de média dimensão. Isto quer dizer que, pelo menos para as despesas correntes, a FATM não se queixa. Em termos de dimensão, o empreendimento da FAF é ligeiramente maior que o da FATM. O que quer dizer que, em condições normais, poderia ser uma boa fonte de receitas. Aliás, a primeira grande Gala do Futebol nacional, realizada em 2000, na passagem de testemunho de Armando Machado para Justino Fernandes, teve como “berço” a esplanada-jardim o Hotel Palanca. Outros tempos…

Posto isto e porque um bem erguido com dinheiro público pode ter sido “escangalhado” por incúria de quem decidia, far-se-ia necessário encontrar os culpados de tão grave falta e serem exemplarmente punidos para que a história não se repita. Afinal, ali foi posto dinheiro do erário, dinheiro que é de todos nós, contribuintes. É óbvio que o Hotel Palanca foi construído a fundo perdido. Por isso mesmo, e porque o dinheiro saído dos cofres do Estado não foi devolvido, o que seria, aliás, o normal, nada mais certo do que encontrar quem de forma directa ou indirecta contribuiu para que a FAF perdesse uma importante fonte de receitas. A bem da moralização das instituições públicas, o culpado deve ser castigado, sem contemplações. ■

Bancada Central SILVA CANDEMBO

Fechada fonte de receitas da FAF

É óbvio que o Hotel Palanca foi construído a fundo perdido. [...] Nada mais certo do que encontrar quem contribuiu para que a FAF perdesse uma importante fonte de receitas

Liga dos Campeões

Unai Emery mais perto da saída do PSGA eliminação do Paris Saint-Ger-main pelo Real Madrid, nos oitavos--de-final da Liga dos Campeões, terá deixado Unai Emery numa po-sição desconfortável no comando técnico do clube gaulês.

De acordo com a imprensa france-sa, após mais um fortíssimo investi-mento no reforço do plantel às suas ordens, avaliado em mais de 400 mi-lhões de euros, a direcção do clube parisiense esperava um desempe-nho muito melhor em relação às temporadas anteriores.

No entanto, o sonho de chegar à fi-nal da competição caiu por terra, e agora Emery poderá ser dispensado no final da temporada.

Os parisienses, definitivamente, dão-se mal com os “colossos” de Es-panha, já que no ano passado fo-ram eliminados pelo FC Barcelona — após venceram por 4-0 no Parque dos Príncipes e serem goleados por 6-1 na Catalunha.

Dos confrontos disputados nesta semana, o Real Madrid, já por 12 ve-zes campeão europeu de futebol, o Li-verpool, cinco, a Juventus, duas, e o Manchester City, nenhuma, são as quatro primeiras equipas que garan-tiram presença nos quartos-de-final da competição mais cobiçada do mundo em clubes.

Pelo caminho ficaram o PSG, sem Neymar no jogo da segunda mão, o FC do Porto, o Tottenham e o Basileia, enquanto as outras quatro equipas serão conhecidas na próxima sema-na, quando jogarem Barcelona-–Chelsea, Manchester United-Sevi-lha, Bayern de Munique–Besiktas e Shakhtar Donetsk–Roma.

CR7 reforçou o lugar de melhor marcador da competição, com 117 golos, em 148 jogos, e 12 nesta época.

■ D.R.

A prova arranca no dia 25 de Março

■ D.R.

Formúla 1

Pilotos iniciam «guerra» de bastidores A duas semanas do início da maior prova de automobilismo mundial, as construtoras e os pilotos inscritos para a temporada 2018 da Fórmula 1 já começam a alimentar a “guerra” de bastidores, com a realização dos testes de pré-epoca.

O piloto inglês Lewis Hamilton, o alemão Sebasttian Vettel, o holandês Max Verstappen, o australiano Daniel Ricciardo, o espanhol Fernando Alon-so e o finlandês Valtteri Bottas, com as escuderias Ferrari, Red Bull e Mer-cedes, são os principais candidatos à disputa do campeonato.

Os primeiros testes da pré-época 2018 da Fórmula 1 foram concluídos na passada quinta-feira, 1, com Lewis Hamilton a colocar a Mercedes no topo das equipas líderes do início da prova que arranca no próximo dia 25.

No rescaldo dos primeiros quatro dias no circuito da Catalunha, Barce-lona, Vettel colocou a Ferrari no papel de quem corre atrás para apanhar os campeões do mundo.

“Penso que a Mercedes é a favorita quando se está a começar o ano. Por isso, se conseguirmos estar perto, mais perto do que na anterior tem-porada, isso significa um bom ritmo para nós”, afirmou o piloto à imprensa.

A estratégia de retirar pressão à Ferrari ficou comprovada quando Sebastian Vettel remeteu para mais tarde a resposta da construtora: “É um ano que será longo. Por isso, ain-da vai passar muito tempo daqui até ao final da época”, lembrou.

Com o novo serviço de transmissão em directo, a Fórmula 1 irá ainda ino-var as transmissões, com a coloca-ção de câmaras de filmagem em pla-nos inferiores, para dar uma maior noção das velocidades dos carros.

Emery, técnico que perdeu com o Real

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▼ AEROPORTO Apagão O Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro ficou cerca de 11 horas às escuras, por conta de um corte de energia eléctrica que se registou na manhã de domingo, 4. O sistema alternativo de energia eléctrica foi accionado, mas apresentou dificuldades, tendo, por conseguinte, impedido centenas de passageiros de viajar.

▼ PRESIDÊNCIA Dívida Cerca de quatro mil ex-trabalhadores da Casa de Segurança da Presidência da República exigem o pagamento de indemnizações, depois de terem sido despedidos em 2010. Alegam que a Casa de Segurança deveria disponibilizar indemnizações de 82,2 mil milhões de kwanzas, mas que a entidade patronal prevê pagar apenas 312 milhões de Kz.

◗ ÁLVARO VICTÓRIA

Reagindo às acusações de Carlos Satur-nino, Isabel dos Santos refutou em nota ter dado qualquer instrução de paga-mentos com data posterior a 15 de No-vembro, dia em que foi demitida da So-nangol. A empresária recorreu ao Es-tatuto do Gestor Público para salva-guardar qualquer exercício feito du-rante o período de gestão corrente. En-tretanto, o jurista Paulo Gamba afirma que, à luz do referido estatuto, a ex-PCA da petrolífera estaria impe-dida de realizar a transferência de 38 milhões de dólares nessa condição.

“Quando Isabel dos Santos vem a ter-reiro invocar o artigo 27.º do Estatuto dos Gestores Púbicos, para alegadamente pagar consultores, não tem provimen-to, na medida em que o exercício de fun-ções em sede do Procedimento Admi-nistrativo é bastante limitado em face da condição de gestão corrente”, disse.

Assim, observa Paulo Gamba, pode-se considerar que o exercício de gestão corrente tem a ver com os pagamentos de despesas correntes para o funciona-mento da empresa, tais como despesas de manutenção, assinatura de folhas de salários e outros.

“Se partirmos deste pressuposto, con-cluiremos que valores transferidos ale-gadamente numa noite de um único dia

da gestão corrente de Isabel dos Santos não têm provimento para esta categoria dos actos de ‘gestão corrente’ e nem fica-va em causa a sua gestão se não o fizes-se, uma vez que se tratava de uma despe-sa programada e a administração, ora nomeada, teria de obrigatoriamente o fazer”, acrescentou o jurista.

Concluiu: “A ética profissional está acima de qualquer regulamento admi-nistrativo. Isabel dos Santos, ao utili-zar como argumento a ‘gestão corren-

te’, terá deixado subjacente uma certa intenção no acto, porquanto a gravida-de não se consubstancia apenas na transferência, mas por ter sido feita em bancos no qual tem participações”.

Recorde-se que, em entrevista ao Jor-nal de Negócios, Isabel dos Santos con-siderou “chocantes, falsas e tendencio-sas” as acusações proferidas pelo actual PCA da Sonangol, tendo avançado que apresentará uma queixa-crime junto da PGR contra Carlos Saturnino.

Sonangol Jurista considera «ilegal» transferência em gestão corrente

Isabel dos Santos disse que a sua gestão foi a que menos gastou em consultoria entre 2014 e 2017

■ QUINTILIANO DOS SANTOS

▲ CFB Ligação Trinta e quatro anos depois, o trajecto ferroviário que liga a RD Congo a Angola, por via do Caminho--de-Ferro de Benguela (CFB), voltou a estar operacional. Como retorno, augura-se que a ligação impulsione o desenvolvimento económico, turístico, cultural e comercial, particularmente das regiões percorridas pela rota.

▲ DISTINÇÃO Bastos Bastos Quissanga está a atravessar um bom momento de forma ao serviço da Lazio de Roma. Os valores futebolísticos do defesa angolano de 26 anos foram recentemente reconhecidos pela UEFA, que o elegeu para integrar o “onze ideal” da semana em que se disputaram os jogos da segunda mão dos 16 avos-de-final da Liga Europa.

CARTOON | Sérgio Piçarra

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