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ISSN 0102-2539 Ministério da Agricultura, do Abaste- (iScimento e da Reforma Agrária ~Empresa Brasileira de Pesquisa Agro- pecuária - EMBRAPA Unidade de Execução de Pesquisa de Ambito Estadual de são Carlos UEPAE de são Carlos CARCHIM MOCHO: COMO OBTÊ-LO Maurício Mello de Alencar São Carlos 1992

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ISSN 0102-2539Ministério da Agricultura, do Abaste-

(iScimento e da Reforma Agrária

~Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária - EMBRAPA

Unidade de Execução de Pesquisa deAmbito Estadual de são CarlosUEPAE de são Carlos

CARCHIM MOCHO: COMO OBTÊ-LO

Maurício Mello de Alencar

São Carlos1992

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EMBRAPA-UEPAE de São Carlos. Documentos, 15

Exemplares desta publicação podem sersolicitados à:

EMBRAPA-UEPAE de São CarlosRod. Washington Luiz, krn 234Telefone (0162) 72.7611Telex: 162389 - Fax: (0162) 72.5754Caixa Postal 33913560-970 São Carlos, SP.

Tiragem: 500 exemplares

Comitê de publicações:

Presidente: Airton ManzanoMembros: Ana Candida P. de primavesi

Armando de Andrade RodriguesMaria Marina M.R.R.V.D. SilvaOdo M.A.S.P.R. primavesiOscar TupyRegina Célia Pisanelli de Ruzza

Setor de Difusão e Transferência de Tecnologia/

Editoração

Alencar, M.M. de. Canchim mocho: como obtê-lo.São Carlos: EMBRAPA-UEPAE de São Carlos,1992. 19p. (EMBRAPA-UEPAE de São Carlos.Documentos, 15).

1. Bovino mocho - Genética. 2. Bovino - RaçaCanchim - Mocho - Seleção. I. EMBRAPA. Unidadede Execução de Pesquisa de Âmbito Estadual deSão Carlos (São Carlos, SP). I. Título. 11.Série.

CC) EMBRAPA, 1992

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SuMARIO

Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Principios de Genética 6

Herança do caráter mocho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

Teste de touros 11

Exemplos de acasalamento para obtençãodo Canchim mocho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 12

Considerações finais 14

Referências bibliográficas 15

Anexos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. ... .. 17

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CANCHIM MOCHO: Como obtê-Ia

Maurício Mello de Alencar1

INTRODUÇÃO

No momento em que novas linhagens de gadoCanchim vêm sendo obtidas por meio dos váriosesquemas de acasalaroentos permitidos pelaABCCAN (Associação Brasileira dos Criadores deCanchim), é oport~na a apresentação aos criado-res de alguns aspectos genéticos do carátermocho em bovinos.

Antes de se falar dos aspectos genéticos quedeterminam a presença ou ausência de chifres,deve-se responder à seguinte pergunta: por que oanimal mocho? O caráter mocho é desejável comotantas outras características, pois facilitaprincipalmente o manejo dos animais e reduz osriscos ao homem, os prejuízos advindosde lesões nos próprios animais e os gastos cominstalações maiores. Para o criador deCanchim, existe ainda o Padrão da Raça, quetem como desejável o animal mocho ou amochado.Mas, se o animal não é mocho por natureza,poderáser empregada a descorna mecânica. Entretanto., oprocesso de descorna tem um preço e, quando mal

1 Eng.-Agr., Ph.D., EMBRAPA - Unidade de Exe-cução de Pesquisa de Âmbito Estadual deSão Carlos (UEPAE de São Carlos), CaixaPostal 339, CEP 13560-970 São Carlos, SP.

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feita, pode também abrir portas parainfecção, principalmente em animais maiserados. Existe, ainda, a perda em peso ou omenor ganho em peso, imediatamente após adescorna, apesar de o animal se recuperar, alongo prazo (Winks et aI., 1977; Loxton etaI., 1982). Para evitar-se os problemas ecustos da descorna e ainda ter asvantagens da ausência de chifres, o animal podeser "descornado geneticamente", uma vez queo caráter mocho é herdável. Contudo, existemoutras características desejáveis em gado decorte (desenvolvimento, eficiência reprodutiva,etc.) e, portanto, é necessário saber se ocaráter mocho está associado a elas, antes dese investir na seleção para a ausência dechifres. Trabalhos científicos no assunto sãopoucos, mas alguns autores como Frisch etaI. (1980), não observaram diferenças entreanimais com chifres e animais mochos paracaracterísticas de peso, fertilidade de machose fêmeas e mortalidade, sugerindo que ocaráter mocho não tem efeito danoso sobreas características produtivas.

PRINCÍPIOS DE GENÉTICA

Uma vez conhecidas as vantagens do carátermocho e, sabendo-se que não há redução naeficiência produtiva dos animais, o que ocriador deve saber sobre os aspectos genéticosque o determinam? A primeira coisa é que estesaspectos não são tão simples quanto seimagina. No caso, para facilitar oentendimento, deve-se rever alguns princípiosda herança.

As células do corpo do animal sãoconstituídas de membrana, citoplasma e núcleo.

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Dentro do núcleo existem estruturas denominadascromossomos, que ocorrem aos pares (30 paresnos bovinos). Nos cromossomos estão os genes,que são as menores "partículas" da herança eque também ocorrem aos pares nas célulassomáticas do corpo. As células sexuais(espermatozóide no macho e óvulo na fêmea)possuem apenas um dos genes de cada par. Quandoestas células se unem no processo defertilização, os genes são pareados novamente,sendo que um gene de cada par vem do pai e ooutro da mãe do animal.

O gen6tipo do animal é constituído peloconjunto de cromossomos com seus genes, e ofen6tipo é a expressão do genótipo, ou seja, éa aparência e o desempenho do animal. Existemos genes dominantes que são aqueles quemascaram a expressão dos seus pares (alelos),que são denominados genes recessivos. Os genesdominantes são universalmente identificados porletras maiúsculas (ex.: P) e os recessivos porletras minúsculas (ex.: p). Um gene recessivosó será expresso quando não existe genedominante pareado com ele (ex.: animal pp).Existe, ainda, o efeito epistático, que ocorrequando um gene em determinado loco (local nocromossomo), mascara a expressão de outro geneem outro loco (ex.: no animal de genótipo PpBb,o gene B mascara a expressão do gene P).

HERANÇA DO CARÁTER MOCHO

Grande parte do que se sabe sobre o assuntoé baseada em pesquisas com raças britânicas(Angus, Hereford e Shorthorn), cujo resultadopode não ser totalmente válido para outrasraças, principalmente as zebuínas (Lasley1978). O modelo de herança dos fatores que

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determinam a presença ou ausência de chífres embovinos mais aceito no momento, é aqueleproposto por White e Ibsen (1936) eligeiramente modificado por Long e Gregory(1978), que envolve quatro diferenteslocos:

1. Gene P - É responsável pelo carátermocho (Polled em inglês). É completamentedominante sobre seu alelo p e completamenteepistático em relação ao gene para chifres (H)em ambos os sexos. Animais PP e Pp são mochos eanimais pp possuem chifres, dependendo dosgenes nos outros locos.

2. Gene H - É responsável pela presença dechifres (Horn em inglês). Está sempre presentena forma homozigota (HH) em ambos os sexos e éepistático em relação ao gene para batoque(Sc). O seu alelo h não existe. Animais PPHH ePpHH são mochos e animais ppHH possuem chifres,dependendo dos genes nos outros locos.

3. Gene Ha - É responsável pela presença dochifre africano (African horn em inglês). Éepistático em relação a P nos machos; nasfêmeas existem evidências (Frisch et al., 1980)de ser parcialmente epistático ou não serepistático em relação a P. Está presente namaioria das raças, mas em baixa percentagem,sendo mais frequente no Zebu. Não modifica aexpressão do chifre em um animal ppHH. O aleloha existe e expressa a ausência do chifreafricano. O macho que apresentar pelo menos umHa na sua constituição, terá chifres africanosindependentemente dos genes nos outros locos,com exceção do animal ppHH que terá chifresnormais. As fêmeas com apenas um Ha nãoapresentarão chifres africanos.

4. Gene Sc - É responsável pela presençade batoque (Scur em inglês). A expressão do

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-:';:~~ -~-Et--gene Sc é influenciada pelo sexo (os machosScSc e Scsc apresentam batoque, enquanto quesomente as fêmeas ScSc o têm). Além disso, ogene Sc ~presenta penetrância incompleta nosmachos (para o macho Scsc apresentar batoque,ele tem que ser Pp; o animal PP não possuibatoque). O batoque só aparece no animal mochó.

Neste ponto, seria interessante apresentaralgumas definições. O chifre é uma estruturadura que possui um núcleo ósseo que éo prolongamento do osso frontal do crânio. Obatoque, por sua vez, não é ligado aocrânio; é móvel e pode variar de um simplesbotão até o tamanho de um chifre normal, quandoé conhecido por "banana". O chifre africanocresce para trás e para cima e é frequentementetorcido.

De acordo com o modelo de herança descritoacima e sem considerar o gene Ha, osgenótipos e fenótipos possíveis, são:

GENÓTIPOS FENÓTIPOS

Machos Fêmeas

PPHHScSc e PpHHScSc batoque batoque

PPHHScsc mocho mocho

PpHHScsc batoque mocho

PPHHscsc e PpHHscsc mocho mocho

ppHHScSc,ppHHScsc e ppHHscsc chifre chifre

Incluindo-se os genes para chifreafricano nos genótipos a~ima, ocorre oseguinte: terão chifres africanos aquelesmachos PP e Pp que tiverem pelo menos um

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gene Ha (Ha-) e as fêmeas PP e Pp que tiveremos dois genes Ha (HaHa); as fêmeas PP e Pp quetiverem Haha e ScSc serão batoque e aquelas PPe Pp que tiverem Haha e Scsc ou scsc, serãomochas. Os animais que tiverem babapermanecerão com os fen6tipos inalterados.

Existem, ainda, evidências de que apresença ou ausência de batoque pode serinfluenciada por mais de um par de genes, eque o tamanho do batoque pode ser reflexo donúmero de genes que o animal possui (Barberaet aI., 1974). Segundo Frisch et aI. (1980),a ocorrência unilateral de batoque indica quefatores não genéticos influenciam aexpressão do tipo de chifre, complicandoainda mais qualquer tentativa de explicar aherança do batoque. De acordo com Lasley(1978), é possível que outros genes nãoidentificados possam influenciar a presença ouausência de chifres e batoques e causarvariação no tamanho e na forma dos mesmos.

Resumindo, sem considerar o gene H, umavez que todos os animais são HH, o genepara o caráter mocho (P) mascara o gene para apresença de chifres (p), mas é, por sua vez,mascarado pela presença de um gene Ha nosmachos e dois genes Ha nas fêmeas. No animalque seria mocho (machos e fêmeas PPhaha ePphaha e fêmeas PPHaha e PpHaha), o batoqueaparecerá, em ambos os sexos, quando for ScSc etambém no macho Scsc desde que ele seja Pphaha.

O modelo de herança do caráter mochodescrito principalmente para as raçasbritânicas, parece ser apropriado ao gadoCharolês, sendo que nesta raça a frequência dogene para o chifre africano é baixa. No gadoZebu, a frequência do gene Ha é maiselevada e o modo de herança ainda não é bemconhecido. Para o criador de Canchim que

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deseja obter animais mochos pelos esquemas deacasalamentos que envolvam a raça Charolesa, ogene Ha não é problema por parte do machodaquela raça, uma vez que o touro mocho ésempre baba. Se a fêmea zebuina utilizada noprimeiro acasalamento for mocha econsiderando-se que o modelo de herança é omesmo admitido para as raças britânicas e aCharolesa, o problema está na identificação dasfêmeas mochas portadoras do gene Ha (fêmeasHaha) , as quais devem ser eliminadas. Com ogene do batoque (Sc) não acontece o mesmo; otouro sem batoque pode ser portador do gene Sc,desde que ele seja PP. O desejável seriautilizar sempre o touro sem batoque, sepossivel, scsc.

TESTE DE TOUROS

O touro mocho pode ser portador do gene p,mas o criador pode testá-Io para verificar seele é PP ou Pp. Acasalando-se o touro comvacas de chifre (pp), todos os filhos serãoPp, caso ele seja PP. Neste caso, se as vacasforem ppHaHa, os filhos machos terão chifreafricano (PpHaha) e as fêmeas serão mochas(PpHaha); se as vacas forem pphaha todos osfilhos (machos e fêmeas) serão mochos (pphaha);e se as vacas forem ppHaha, todas as filhasserão mochas (PpHaha ou Pphaha) e metade dosfilhos machos será mocha (Pphaha) e metade dechifre africano (PpHaha). Se o touro for mocho,mas de gen6tipo Pp, a metade dos filhos será Ppe a outra metade pp. Os filhos pp serão todoscom chifres e no caso dos filhos Pp a presençaou ausência de chifres dependerá da presença ouausência do gene Ha nas fêmeas e aspossibilidades serão as mesmas apontadasacima. É evidente que a proporção de filhos

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dos vários fen6tipos dependerá da frequência dogene Ha na população de fêmeas pp utilizadasnos acasalamentos com o touro em teste. Se ochifre africano é diferente e pode serdistinguido do chifre normal, e como o batoques6 aparece em animal mocho, o touro em questãopode ser avaliado para presença ou ausência dogene p com bastante precisão. Se o touro foracasalado com sete vacas com chifres normais etodos os sete filhos forem ~mochos, batoque oucom chifre africano, diz-se que o touro é PP,correndo-se um risco de 1,0% de probabilidadede estar falhando na detecção do touro comoportador (Pp) quando ele realmente o é.Entretanto, qualquer que seja o tipo e o númerode vacas acasaladas com o touro, o aparecimentode apenas um filho com chifres (pp) dá acerteza de o touro ser Pp e não PP.

Maiores detalhes sobre a herança docaráter mocho e origem das raças mochas,podem ser obtidas em Rosa et aI. (1992).

EXEMPLOS DE ACASALAMERTOS PARA OBTERÇÃO DOCARCHIM MOCHO

A seguir, três exemplos de obtenção dogado Canchim pelo esquema UEPAE, considerando-se os gen6tipos dos touros e das vacas comosendo aqueles entre parêntesis e que a presençaou ausência hereditária de chifres no Zebu e noCharolês segue o modelo proposto por White eIbsen (1936). No exemplo 1, o mais simples,iniciaram-se os acasalamentos com touros evacas com chifres normais e sem os genes Ha eSc nos seus gen6tipos (touros e vacaspphahascsc ou simplesmente pp parafacilitar), produzindo animais do grupo"A" com chifres. As fêmeas deste grupo são,

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então, acasaladas com machos mochos daraça Charolesa, supostamente dos genótiposPPhahascsc ou Pphahascsc (PP ou Pp parafacilitar). A partir do grupo "MA", apenasmachos e fêmeas mochos seriam utilizados,produzindo animais de diferentes genótipos, masaumentando sempre a frequência do gene P. Se ocriador desejar, ele pode testar os touros "MA"e canchins para a presença do gene p,acasalando-os com vacas nelores com chifres,como visto no item anterior (Anexo I).

No exemplo 2 os acasalamentos foraminiciados com touros e vacas com chifres,supostamente do genótipo ppHahascsc (ou maissimplesmente ppHaha para facilitar), paraproduzir animais do grupo "A" com chifrese dos três genótipos para o loco Ha. Asfêmeas deste grupo são acasaladas commachos mochos. da raça Charolesa, que sãosupostamente PPhahascsc ou Pphahascsc (PPhahaou Pphaha para facilitar), uma vez que afreqüência do gene Ha nessa raça é pequena.A partir do grupo "MA", apenas machos e fêmeasmochos seriam utilizados, de maneira que asfrequências dos genes p e Ha fossem reduzidascada vez mais (Anexo 11).

Se as vacas zebuínas utilizadas no iníciodos acasalamentos forem mochas, o processo deobtenção do Canchim mocho fica mais simples. Noexemplo 3, os acasalamentos são iniciados comtouros canchins com chifre, de genótipopphahascsc (pp para facilitar), e vacasnelores mochas, de genótipo Pphahascsc (Pp parafacilitar). Neste caso, já se obtêm fêmeas dogrupo "A" mochas que são acasaladas com touroscharoleses mochos (PP e/ou Pp). Este tipo deacasalamento parece mais complicado, como podeser visto pelo diagrama do exemplo; entretanto,isto se deve ao maior número de possibilidadesde acasalamentos. Verifica-se, também, que a

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frequência do P é maior neste exemplo, em todasas gerações (Anexo 111).

É evidente que os exemplos acima apresentadospodem ser complicados com a introdução degenes Ha e Sc nos gen6tipos. Entretanto,apesar da aparente complicação do modode herança, a obtenção de animais mochos épossível. Um bom esquema de identificação dosanimais mochos, batoque e com chifres éfundamental para o sucesso da empreitada e paraajudar a entender o modo de herança. Os animaispodem ser cuidadosamente observados à desmama eaos 12 meses de idade, quando já é possíveldistinguir os fen6tipos. Para facilitar otrabalho, parece existir urna relação entre aforma da cabeça na marrafa e as condições depresença e ausência de chifres (Seamans et aI.,1974). Segundo Long e Gregory (1978), a presençae o tamanho do batoque estão relacionados com aforma da cabeça; a presença do batoque é maisfrequente, em ordem decrescente, em animais commarrafa plana, arredondada, pontuda eextremamente pontuda. O tamanho do batoquesegue também a mesma tendência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Antes de investir em um programa de seleção eacasalamentos para o caráter mocho, deve-seconsiderar que a eficiência do processoprodutivo corno um todo, depende de outrascaracterísticas que são tão ou mais importantesque o caráter mocho. Desta maneira, s6 seconseguirá Canchim mocho de alta qualidade, se oselecionador tiver acesso a Charolês mocho dealta qualidade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FRISCH, J.E.; NISHlMURA, H.; COUSINS, K.J. etaI. The inheritance and effect on productionof polledness in four crossbred lines ofbeef cattle. Animal production, v.31, p.119-126,1980.

LASLEY, J.F. Breeding by genetics polledCharolais. Charolais Bull- 0- Gram, n.fev.,p.39-42, 50-51, 1978.

LONG, C.R.; GREGORY, K.E. Inheritance of thehorned, scurred, and polled condition incattle. The Journal of Heredity, v.69,p.395-400, 1978.

LOXTON, I.D.; TOLEMAN, M.A.; HOLMES, A.E. Theeffect of dehorning Brahman crossbredanimaIs of four age groups on subsequentbodyweight gain. Australian VeterinaryJournal, v.58 , p.191-193, 1982.

ROSA, A. do N.; SILVA, L.O.C. da; PORTO, J.C.A.Raças ~chas: história e genética. CampoGrande: EMBRAPA - CNPGC, 1992. 64p.(EMBRAPA-CNPGC. Documentos, 50).

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SEAMANS, D.D.; WILSON, L.L.; BARBERA, K.A.Re1ation of head shape to po11ed, scurred,horned catt1e. Charolais Banner, n.dez.,p.68-70, 1974.

WINKS, L.; HOLMES, A.E.; O'ROURKE, P.K. Effectof dehorning and tipping on 1iveweight gainon mature Brahman crossbred steers. AnimalBreeding Abstracts, v.45, n.1O, p.541,1977.

WHITE, W.T.; IBSEN, H.L. Horn inheritance inGa11oway-Ho1stein catt1e crosses. JournalofGenetics, v.32, p.33-49, 1936.

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ANEXO I

ESQUEMA UEPAE DE ACASALAMENTOS: Exemplo 1

GERAÇÃO TOURO x VACA

O Canchim Nelore( p p ) : "",~p p )

1 Charolês ..1..(PP) pp)e/ou

!(Pp

2 "MA "MA"*(Pp (100% Pp)

e/ou(50% Pp e 50% pp)

t3 Canchim

(25% PP; 50% Pp;e 25% pp)

,*Usar apenas fêmeas mochas para produzir

Canchim.

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ANEXO 11

ESQUEMA UEPAE DE ACASALAMENTOS: Exemplo 2

GERAÇÃO TOURO x VACA

O Canchim Nelore(PPHaha)~ (~rHaha)

1 Charolês "A"(PPhaha) (25% ppHaHa;

e/ou 50% ppHaha;e(Pphaha) 25% pphaha)

i2 "MA" "MA"*

(Pphaha) 50% PpHaha e 50% Pphahae/ou

(25% PpHaha; 25% PpHaha25% ppHaha; e25% pphaha)

~3 Canchim(6,25% PPHaha; 12,50%PpHaha; 18,75% PPhaha;37,50% pphaha;6,25% ppHaha; e18,75% pphaha)

*Usar apenas fêmeas mochas para produzirCanchim.

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ANEXO 111

ESQUEMA UEPAE DE ACASALAMENTOS: Exemplo 3

GERAÇÃO TOURO x VACA

O Canchim Nelore

(PP)~ (Pp)

~ t *1 Charoles "A tt

(PP (50% Pp e 50% pp)e/ou I

( Pp) +

2 "MA" "MA*"(lPP e 1 Pp 50% PP e 50% Pp)

e/ou e/ou

(lPP 25% PP, 50% Pp e25% pp)

3 Canchim56,25% PP; 37,50% Pp e6,25% pp)37,50% PP; 50,00% Pp e12,50% pp)50,00% PP; 41,67% Pp e8,33% pp)44,44% PP; 44,44% Pp e11,12% pp)

"- -- - ~*Usar apenas femeas mochas.

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