caracterização magnética de nanocompósito à base de...
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Universidade de Brasília
Instituto de Física
Caracterização Magnética de Nanocompósito à Base deMaghemita Encapsulada em Matriz de Vermiculita
Dieime Custódia da Silva
Brasília - DF, Agosto de 2009
Universidade de Brasília
Instituto de Física
Dissertação de Mestrado
Caracterização Magnética de Nanocompósito à Base deMaghemita Encapsulada em Matriz de Vermiculita
Dieime Custódia da Silva
ORIENTADOR:
Prof. Dr. Paulo César de Morais
Brasília - DF, Agosto de 2009
Dedico,
À minha família,
meus pais: João e Lecilda,
e meus irmãos: Dione e Drielly.
Pois quando a sabedoria entrar no teu coração,
e o conhecimento for agradável à tua alma,
O bom siso te guardará e a inteligência te conservará.
Provérbios 2.10-11
Agradecimentos
Meus sinceros agradecimentos...
Primeiramente à Deus pelas boas oportunidades;
À minha amada família, meus pais João e Lecilda, meus irmãos Dione e Drielly e aos mais
novos membros da casa Enzo (meu sobrinho lindo e fofo) e Edian, por todo amor, carinho,
apoio e compreensão durante este período do mestrado;
Aos meus tios mais preocupados com o meu bem estar, Florinda e Warlei(Junior), Manoel
e à minha prima Sthéfany por toda demostração de carinho;
Ao meu orientador, Prof. Paulo César de Morais, pelo conhecimento transmitido, credi-
bilidade e con�ança depositada;
Ao Prof. Kalil Ske� Neto, pessoa por quem eu tenho uma enorme admiração e respeito,
pela amizade, paciência, dedicação, por todos os ensinamentos, discussões e pela ajuda in-
condicional nos ajustes dos dados de magnetização e elaboração deste trabalho;
Aos meus queridos amigos e companheiros de estudos que também vieram de Rondônia
assim como eu: Priscilla, Juliano, Anailde e Eliane, pela amizade;
Ao Marcus, uma das pessoas mais importantes na minha vida neste período de mestrado,
por todo apoio, palavras de incentivo e otimismo sempre acreditando no meu potencial;
À todos os meus amigos de Rondônia, não menos importantes mas que não citarei aqui
os nomes um à um, agradeço pela amizade;
Ao colega Leandro, por toda ajuda e discussões durante os ajustes e análises das medidas
de magnetização, ao Marcelo do laboratório de síntese de FMs do IF-UnB pelos auxílios na
manipulação das amostras, pela amizade e conversas de distração e à todos os colegas de
Brasília pelos momentos de convívio;
À Ewa Mosiniewicz- Szablewska, pelas medidas de magnetização realizadas no Instituto
de Física, Polish Academy of Sciences, Warsaw na Polônia;
Aos professores, Ademir, Marciano, Dodonov e Sônia pelas disciplinas ministradas;
3
4
Aos professores Aderbal e Garg pelas medidas de susceptibilidade e mösbauer, ao Prof.
Coaquira pelas medidas de magnetização, realizadas no Instituto de Física da UnB;
À Prof. Emília, do Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás, pela preparação
das amostras;
À Débora de O. C. e Silva, do Departamento de Biologia Molecular da UnB, pelas medidas
de microscopia eletrônica de trânsmissão;
À Luciana R. Guilherme pelas medidas de Raio-X realizadas no Instituto de Química da
Universidade Federal de Goiás;
Ao Instituto de Física da UnB;
Ao CNPQ pela concessão da bolsa de estudos.
Resumo
Neste trabalho estudou-se o comportamento magnético de nanocompósitos de vermiculita
natural expandida tratada com �uidos magnéticos. Duas amostras de nanocompósitos mag-
néticos foram preparadas através do tratamento na vermiculita com dois tipos de �uidos
magnéticos; um �uido magnético iônico (FMI), dando origem à amostra vermiculita natural
tratada com �uido magnético iônico (VFMI), e um �uido magnético surfactado (FMS), dando
origem à amostra vermiculita natural tratada com �uido magnético surfactado (VFMS). O
FMS é constituído de nanopartículas magnéticas revestidas com ácido oléico e dispersas em
solvente orgânico. Ambas as amostras de �uidos magnéticos contêm nanopartículas de óxido
de ferro obtidas pela oxidação de magnetita. Foram feitas caracterizações usando microscopia
eletrônica de transmissão (MET) e difração de raios-X dos pós dos �uidos magnéticos para
obter informações acerca dos diâmetros médios e polidispersão das nanopartículas. Curvas
de histerese e magnetização dos nanocompósitos foram obtidas variando-se a temperatura
desde hélio líquido até a temperatura ambiente, revelando diferentes parâmetros magnéticos.
Através dos ajustes efetuados utilizando-se uma função Langevin de primeira ordem modi-
�cada foi possível observar o comportamento magnético nesses materiais e a sua resposta
magnética quando submetidos a baixos valores de campos magnéticos. Em particular, a
análise dos dados de magnetização indicam a presença de ambos partículas isoladas e aglo-
merados.
Palavras-chave: Vermiculita, �uidos magnéticos, magnetização, nanocompósitos,
nanopartículas.
5
Abstract
In this work the magnetic behavior of vermiculate-based nanocomposites treated with
magnetic �uid samples was studied. Two magnetic nanocomposite samples were prepared by
treating the thermal-expanded vermiculite with two magnetic �uid samples; an ionic magnetic
�uid (IMF), giving rise to the natural vermiculite sample treated with ionic magnetic �uid
(IMFV), and a surfacted magnetic �uid (SMF), giving rise to the natural vermiculite sample
treated with surfacted magnetic �uid (SMFV). The SMF consists of magnetic nanoparticles
dressed with oleic acid and dispersed in organic solvent. Both MF samples contain iron oxide
nanoparticles obtained by oxidation of magnetite. Transmission electron microscopy (TEM)
and X-ray di�raction of the powders obtained by drying the magnetic �uid samples were used
as characterization techniques, thus obtaining information regarding the average diameter
and size dispersity of the nanoparticles. Hysteresis cycles and magnetization measurements
of the magnetic nanocomposites were obtained by varying the temperature from liquid helium
up to room temperature, revealing di�erent magnetic parameters. By �tting the magnetic
data using a modi�ed �rst-order Langevin function it was possible to observe the materials'
magnetic behavior and their magnetic response at lower magnetic �eld values. In particular,
analyses of the magnetization data indicate the presence of both isolated nanoparticles and
agglomerates of them.
Keywords: Vermiculite, magnetic �uids, magnetization, nanocomposites, nanoparticles.
6
Sumário
Agradecimentos 3
Resumo 5
Abstract 6
Lista de Tabelas 9
Lista de Figuras 10
1 Introdução 16
1.1 Vermiculita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2 Fluidos magnéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.2.1 Estabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.2.2 Tratamentos da superfície das nanopartículas . . . . . . . . . . . . . 31
1.2.3 Síntese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.2.4 Propriedades estruturais e magnéticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
1.2.4.1 Superparamagnetismo e coercividade das partículas . . . . . 38
2 Preparação e Caracterização Mic. e Est. do Material 42
2.1 Tratamento térmico da vermiculita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.2 Incorporação de nanopartículas magnéticas em vermiculita . . . . . . . . . . 43
2.3 Caracterização de nanopartículas magnéticas por MET . . . . . . . . . . . . 45
2.4 Caracterização de nanopartículas magnéticas e nanocompósitos por Raio-X . 48
3 Magnetização e Resultados Experimentais 51
3.1 Magnetometria de amostra vibrante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.1.1 Aparato experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.1.2 Modelo de Energia de Barreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.1.3 Modelo de análise utilizado para curvas M × H . . . . . . . . . . . . 54
7
SUMÁRIO 8
3.2 Resultados Experimentais e Análise dos dados . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4 Conclusões e Perspectivas 71
Apêndice 73
A Grá�cos de Magnetização 74
A.1 Vermiculita natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
A.2 Vermiculita natural tratada com FMI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
A.3 Vermiculita natural tratada com FMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
B Difratogramas de Raio-X e Dados Mössbauer 86
B.1 Difratogramas de raio-X . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
B.2 Tabela de dados de Mössbauer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
C Campos e Energias de Dipolos 90
Referências Bibliográ�cas 97
Lista de Tabelas
1.1 Composição química (%) média de vermiculitas comerciais brasileiras. [1] . . 20
1.2 Propriedades gerais de alguns óxidos de ferro[13] . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.1 Vermiculita magnética hidrofílica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.2 Diâmetros médios e polidispersão das nanopartículas obtidos por MET . . . 47
2.3 Parâmetros obtidos por difração de raio-X . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.1 Propriedades óxidos de ferro[13] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.2 Diâmetros médios e polidispersão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.3 Valores de χ2 obtidos nos ajustes de magnetização . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.4 Parâmetros ajustados do �uido magnético iônico . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3.5 Parâmetros ajustados da vermiculita natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3.6 Parâmetros ajustados da vermiculita natural tratada com FMI . . . . . . . . 69
3.7 Parâmetros ajustados da vermiculita natural tratada com FMS . . . . . . . . 69
B.1 Parâmetros obtidos por espectroscopia Mössbauer para amostras de Vermi-
culita natural, FMI, VFMI e VSFMI[15] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
B.2 Parâmetros obtidos por espectroscopia Mössbauer para amostras de Vermi-
culita natural, FMS, VFMS[15] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
9
Lista de Figuras
1.1 Estrutura cristalina da Vermiculita [3] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.2 Vermiculita de Santa Luzia-PB. (a) Vermiculita crua; (b) Vermiculita ex-
pandida [1]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.3 Interação entre dois dipolos magnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.4 Ilustração da interação atrativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.5 Ilustração da interação repulsiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.6 Modelos de formas de associação de partículas: (A) modo fanning e (B e C)
modo coerente. [7] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.7 Representação esquemática de dímeros: (A) tipo fanning e (B) tipo coerente.
[7] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.8 Esquema ilustrativo de duas partículas de FM, onde d é a espessura da cober-
tura de proteção, x é a distância entre as superfícies das partículas e r é a
distância centro-a-centro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.9 Representação de FMS em meio apolar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.10 Representação de tipos de FM num meio polar: (a) FMI; (b) FMS. . . . . . 33
1.11 Ilustração do processo de síntese dos FMI e FMS estudados. . . . . . . . . . 35
1.12 Estrutura cristalina espinélio normal[12] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.13 Representação qualitativa da magnetização de materiais ferromagnéticos, su-
perparamagnéticos e paramagnéticos quando um campo magnético é aplicado
sobre eles. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.14 Variação esquemática da coercividade intrínseca Hci com o diâmetro d da
partícula [7]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.1 Vermiculita na forma expandida e crua [14] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
10
LISTA DE FIGURAS 11
2.2 (a) Imagem de microscopia eletrônica de transmissão(MET) do �uido mag-
nético iônico; (b) Histograma da polidispersão das nanopartículas magnéticas
do FMI obtido por MET. O melhor ajuste é representado pela linha con-
tínua. O ajuste foi encontrado pela utilização de uma log-normal dada pela
equação(2.1); . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.3 (a) Imagem de microscopia eletrônica de transmissão(MET) do �uido mag-
nético surfactado; (b) Histograma da polidispersão das nanopartículas mag-
néticas do �uido surfactado obtido por MET. O melhor ajuste é representado
pela linha contínua. O ajuste foi encontrado pela utilização de uma log-normal
dada pela equação(2.1); . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
2.4 Difratograma de nanopartículas magnéticas obtidas por secagem do FMS com
diâmetro médio de 12,8 nm. A identi�cação de cada pico é feita de acordo
com os índices de Miller( h, k, l). A linha sólida vermelha é o ajuste feito
utilizando uma função de Lorentz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
2.5 Difratograma de nanopartículas magnéticas obtidas por secagem do FMI com
diâmetro médio de 8,8 nm. A identi�cação de cada pico é feita de acordo com
os índices de Miller( h, k, l). A linha sólida vermelha é o ajuste feito utilizando
uma função de Lorentz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.1 Diagrama esquemático dos diferentes componentes do MAV [17] . . . . . . . 53
3.2 Albumina e vermiculita, ambas contendo nanopartículas . . . . . . . . . . . 54
3.3 Curvas de histerese (HC(−) e HC(+)) da vermiculita natural, dado experimental
de magnetização (circulo), e curva do modelo (linha contínua é o ajuste uti-
lizando a função �Langevin modi�cada� descrita pela equação 3.6) como uma
função do campo aplicado H nas temperaturas e concentrações indicadas. . . 59
3.4 Curvas de histerese (HC(−) e HC(+)) do FMI, dado experimental de magne-
tização (circulo), e curva do modelo (linha contínua é o ajuste utilizando a
função �Langevin modi�cada� descrita pela equação 3.6) como uma função do
campo aplicado H nas temperaturas e concentrações indicadas. . . . . . . . . 60
3.5 Curvas de histerese (HC(−) e HC(+)) da vermiculita natural tratada com FMI,
dado experimental de magnetização (circulo), e curva do modelo (linha con-
tínua é o ajuste utilizando a função �Langevin modi�cada� descrita pela equação
3.6) como uma função do campo aplicado H nas temperaturas indicadas. . . 60
3.6 Curvas de histerese (HC(−) e HC(+)) da vermiculita natural tratada com FMS,
dado experimental de magnetização (circulo), e curva do modelo (linha con-
tínua é o ajuste utilizando a função �Langevin modi�cada� descrita pela equação
3.6) como uma função do campo aplicado H nas temperaturas indicadas. . . 61
LISTA DE FIGURAS 12
3.7 Dados experimentais de magnetização da vermiculita natural para HC(−) e
HC(+), nas temperaturas 4,3 K (circulo) e 298,4 K (quadrados) e o modelo
(linha contínua) como uma função do campo aplicado H. . . . . . . . . . . . 62
3.8 Dados experimentais de magnetização, normalizados ao Ms ajustado de cada
curva, da vermiculita natural para HC(−) e HC(+), nas temperaturas 4,3 K
(circulo) e 298,4 K (quadrados) e o modelo (linha contínua) como uma função
do campo aplicado H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3.9 Dados experimentais de magnetização, normalizados ao Ms ajustado de cada
curva, do FMI para HC(−) e HC(+), nas temperaturas 4,3 K (circulo) e 298,1 K
(quadrados) e o modelo (linha contínua) como uma função do campo aplicado
H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
3.10 Dados experimentais de magnetização da VFMI para HC(−) e HC(+), nas tem-
peraturas 4,3 K (circulo) e 298,1 K (quadrados) e o modelo (linha contínua)
como uma função do campo aplicado H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
3.11 Dados experimentais de magnetização, normalizados ao Ms ajustado de cada
curva, da vermiculita natural tratada com FMI para HC(−) e HC(+), nas tem-
peraturas 4,3 K (circulo) e 298,1 K (quadrados) e o modelo (linha contínua)
como uma função do campo aplicado H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.12 Dados experimentais de magnetização da VFMS para HC(−) e HC(+), nas
temperaturas 4,3 K (circulo) e 295,2 K (quadrados) e o modelo (linha contínua)
como uma função do campo aplicado H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.13 Dados experimentais de magnetização, normalizados ao Ms ajustado de cada
curva, da vermiculita natural tratada com FMS para HC(−) e HC(+), nas tem-
peraturas 4,3 K (circulo) e 295,2 K (quadrados) e o modelo (linha contínua)
como uma função do campo aplicado H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.14 Dados experimental de magnetização (HC(−)) em quadrados, e curva do mo-
delo (linha contínua é o ajuste) como uma função de campo aplicado H na
temperatura e concentração indicada para VFMS. . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.15 Dados experimental de magnetização ( HC(+)) em quadrados, e curva do mo-
delo (linha contínua é o ajuste) como uma função de campo aplicado H na
temperatura e concentração indicada para VFMS. . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.16 Dados experimental de magnetização (HC(−)) em quadrados, e curva do mo-
delo (linha contínua é o ajuste) como uma função de campo aplicado H na
temperatura e concentração indicada para VFMS. . . . . . . . . . . . . . . . 67
LISTA DE FIGURAS 13
3.17 Dados experimental de magnetização (HC(+)) em quadrados, e curva do mo-
delo (linha contínua é o ajuste) como uma função de campo aplicado H na
temperatura e concentração indicada para VFMS. . . . . . . . . . . . . . . . 67
3.18 Nas �guras tem-se curvas de histerese (HC(−) e HC(+)) do FMI e da VFMI,
sendo que na primeira Hi não coincide com Hc e na segunda Hi coincide com
Hc. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
A.1 Curva de histereseHC(−) e HC(+) da vermiculita natural, dado experimental de
magnetização (circulo), e curva do modelo (linha contínua é o ajuste utilizando
a função �Langevin modi�cada� descrita pela equação 3.6) como uma função
do campo aplicado H na temperatura e concentração indicada. . . . . . . . . 74
A.2 Dados experimentais de magnetização da vermiculita natural para HC(−) e
HC(+), na temperatura de 4,3 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como
uma função do campo aplicado H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
A.3 Dados experimentais de magnetização da vermiculita natural para HC(−) e
HC(+), na temperatura de 20,2 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como
uma função do campo aplicado H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
A.4 Dados experimentais de magnetização da vermiculita natural para HC(−) e
HC(+), na temperatura de 100,3 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como
uma função do campo aplicado H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
A.5 Dados experimentais de magnetização da vermiculita natural para HC(−) e
HC(+), na temperatura de 298,4 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como
uma função do campo aplicado H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
A.6 Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo
(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição
diamagnética ou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN
como uma função do campo aplicado H na temperatura e concentração indicada. 77
A.7 Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo
(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição
diamagnética ou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN
como uma função do campo aplicado H na temperatura e concentração indicada. 77
A.8 Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo
(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição
diamagnética ou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN
como uma função do campo aplicado H na temperatura e concentração indicada. 78
LISTA DE FIGURAS 14
A.9 Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo
(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição
diamagnética ou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN
como uma função do campo aplicado H na temperatura e concentração indicada. 78
A.10 Curva de histerese (HC(−) e HC(+)) da vermiculita natural tratada com FMI,
dado experimental de magnetização (circulo), e curva do modelo (linha con-
tínua é o ajuste utilizando a função �Langevin modi�cada� descrita pela equação
3.6) como uma função do campo aplicado H na temperatura indicada. . . . . 79
A.11 Dados experimentais de magnetização da VFMI para HC(−) e HC(+), na tem-
peratura de 4,3 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como uma função do
campo aplicado H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
A.12 Dados experimentais de magnetização da VFMI para HC(−) e HC(+), na tem-
peratura de 100,3 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como uma função
do campo aplicado H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
A.13 Dados experimentais de magnetização da VFMI para HC(−) e HC(+), na tem-
peratura de 298,1 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como uma função
do campo aplicado H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
A.14 Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo
(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição
diamagnética ou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN
como uma função do campo aplicado H na temperatura indicada. . . . . . . 81
A.15 Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo
(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição
diamagnética ou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN
como uma função do campo aplicado H na temperatura indicada. . . . . . . 81
A.16 Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo
(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição
diamagnética ou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN
como uma função do campo aplicado H na temperatura indicada. . . . . . . 82
A.17 Curva de histerese (HC(−) e HC(+)) da vermiculita natural, dado experimental
de magnetização (circulo), e curva do modelo (linha contínua é o ajuste uti-
lizando a função �Langevin modi�cada� descrita pela equação 3.6) como uma
função do campo aplicado H na temperatura indicada. . . . . . . . . . . . . 82
A.18 Dados experimentais de magnetização da VFMS para HC(−) e HC(+), na tem-
peratura de 4,3 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como uma função do
campo aplicado H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
LISTA DE FIGURAS 15
A.19 Dados experimentais de magnetização da VFMS para HC(−) e HC(+), na tem-
peratura de 100,2 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como uma função
do campo aplicado H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
A.20 Dados experimentais de magnetização da VFMS para HC(−) e HC(+), na tem-
peratura de 295,2 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como uma função
do campo aplicado H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
A.21 Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo
(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição
diamagnética ou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN
como uma função do campo aplicado H na temperatura indicada. . . . . . . 84
A.22 Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo
(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição
diamagnética ou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN
como uma função do campo aplicado H na temperatura indicada. . . . . . . 85
A.23 Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo
(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição
diamagnética ou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN
como uma função do campo aplicado H na temperatura indicada. . . . . . . 85
B.1 Difratogramas de raio-X dos FMI e FMS, onde a linha sólida vermelha é o
ajuste feito utilizando uma função de Lorentz. . . . . . . . . . . . . . . . . 86
B.2 Difratogramas de raio-X da VN e VFMI, onde a linha sólida vermelha é o
ajuste feito utilizando uma função de Lorentz. . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
B.3 Difratogramas de raio-X da VFMS e VSFMI, onde a linha sólida vermelha é
o ajuste feito utilizando uma função de Lorentz. . . . . . . . . . . . . . . . . 87
C.1 Campo produzido por um dipolo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
C.2 Campo H2 produzido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
C.3 Campos de dipolos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
C.4 Interação de dipolos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Capítulo 1
Introdução
Fluidos magnéticos (FMs) consiste em partículas nanométricas suspensas em um líquido
carreador. Além de numerosas aplicações industriais e biomédicas FMs podem ser utiliza-
dos com sucesso para introduzir nanopartículas magnéticas em matriz de certos materi-
ais. Este estudo relata a caracterização magnética de nanocompósitos magnéticos à base
de nanopartículas de óxido de ferro incorporado em vermiculita expandida térmicamente.
Vermiculita é um tipo de mineral que apresenta uma variação de distância entre seus planos
modulada por tratamento térmico, ela possui várias aplicações, dentre elas a utilização na
remoção de petróleo derramado em água. Observando que a vermiculita é considerada um
bom adsorvente, de baixo custo, há o interesse em melhorar sua e�ciência em tal aplicação
utilizando incorporação de nanopartículas magnéticas via �uidos magnéticos. Esta estratégia
irá proporcionar a possibilidade de remoção da vermiculita da água após a etapa de coleta
do óleo por adsorção.
O objetivo deste trabalho é o estudo da magnetização (M×H) dos materiais: vermiculita
natural (VN), vermiculita tratada com �uido magnético iônico (VFMI) e vermiculita natural
tratada com �uido magnético surfactado (VFMS). A presença de partículas isoladas, a for-
mação de agregados, o ordenamento magnético nesses materiais e a sua resposta magnética
quando submetidos à baixos campos magnéticos.
1.1 Vermiculita
A vermiculita é um mineral com alta capacidade de adsorção de metais pesados e com-
postos orgânicos e por isso muito utilizado em processos de tratamento de e�uentes. O nome
vermiculita é derivado do latim vermiculus que signi�ca pequeno verme e se deve ao fato de
que esse material se expande sob aquecimento, durante o qual suas partículas movimentam-se
de forma semelhante à dos vermes. Suas propriedades de superfície, somadas aos elevados
16
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 17
valores de área super�cial especí�ca, porosidade e carga super�cial (negativa) fazem da ver-
miculita um material adequado para o uso como adsorvente ou como carreador; Ela é inodora,
não é abrasiva, não se decompõe e nem promove irritações na pele [1]. Atualmente, a ver-
miculita vem se tornando alvo de pesquisas devido a suas propriedades estruturais, como a
con�guração do espaço intercamada e as ligações de cátions intercamadas com as camadas
de oxigênio. Segundo Ugarte et al. [1], a vermiculita é um silicato hidratado de magnésio,
alumínio e ferro com uma estrutura micáceo-lamelar e clivagem basal. Sua fórmula estrutu-
ral padrão é (Mg, Fe)3 [(Si, Al)4 O10] [OH]2 4H2O, ela possui estrutura básica semelhante às
micas e talcos, sendo que, o que a difere do talco é a presença de íons e moléculas de água
entre camadas, enquanto a mica não possui molécula de H2O na posição intercamada. O
termo vermiculita é utilizado também para designar comercialmente um grupo de minerais
micáceos constituídos por cerca de dezenove variedades de silicatos hidratados de magnésio
e alumínio, com ferro e outros elementos, apresentando coloração que varia do bronze ao
amarelo-amarronzado, com brilho perolado típico. A dureza do material pode variar de 2,1
a 2,8, na escala Mohs, e massa especí�ca de 2,5g/cm3[1].
Segundo Santos [2] a vermiculita possui estrutura cristalina lamelar, com célula unitária
do grupo do argilomineral 2:1, que contém duas camadas tetraédricas de silício (tetracoorde-
nado) e uma camada octaédrica de alumínio (hexacoordenado) entre elas. Os grupos tetraé-
dricos e octaédricos são os grupos fundamentais para a formação das estruturas cristalinas
dos argilominerais; eles possuem seus vértices compostos por átomos ou íons oxigênio e íons
hidroxila, que estão ao redor de pequenos cátions, principalmente Si4+ e Al3+, ocasionalmente
Fe3+ e Fe2+, nos grupos tetraédricos e Al3+, Mg2+, Fe2+, Fe3+ e Ti4+, ocasionalmente Cr3+,
Mn2+, Zn2+ e Li+, nos grupos octaédricos, geralmente com um certo grau de substituição
isomór�ca [2]. Todas as posições da camada octaédrica podem ser preenchidas (forma trioc-
taédricas) ou somente dois terços delas podem estar preenchidas (formas dioctaédricas) [1].
Temos a seguir, na �gura 1.1, a estrutura cristalina da vermiculita, onde na prancha (a) temos
a célula unitária do mineral e na prancha (b) as camadas de células unitárias separadas por
moléculas de água (canais onde pode entrar partículas de óxido de ferro do meio ambiente
ou dos �uidos magnéticos no processo de tratamento).
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 18
Figura 1.1: Estrutura cristalina da Vermiculita [3]
Cabe mencionar que a estrutura cristalina tetraédrica ou octaédrica favorece a troca
catiônica e o processo de intercalação da vermiculita, onde nova classe de materiais podem
ser formados com a adsorção do agente intercalante, assim como sua aplicação na remoção
de metais pesados e adsorção de óleo da indústria petrolífera. Os argilominerais possuem
capacidade de troca de íons, isto é, tem íons �xados na superfície, entre as camadas e dentro
dos canais do retículo cristalino que podem ser trocados por reação química por outros íons
em solução aquosa sem que isso venha trazer modi�cação de sua estrutura cristalina. E
esta é uma propriedade importante dos argilominerais, visto que os íons permutáveis in�uem
poderosamente sobre as propriedade físico-químicas e tecnológicas. Os íons trocáveis podem
ser orgânicos e inorgânicos. A capacidade de troca catiônica da vermiculita é estimada em
valores na faixa entre 100 a 150 meq/100g ( miliequivalentes/gramas), sendo que este valor
pode ser elevado para até 300 meq/100g devido a matéria orgânica contida nas argilas e solos
[2]. Sua baixa elasticidade, baixa densidade e elevadas capacidades de adsorção permitem
que ela seja também usada na composição de materiais para embalagens de uma variedade
de produtos industrializados [1]. Segundo Santos [2], átomos que possuem as duas camadas
mais externas incompletas, como por exemplo, cromo, manganês e ferro, apresentam diversas
valências, formam centros de cor e conferem cores e propriedades magnéticas aos cristais que
os contêm no retículo cristalino.
A vermiculita pode sofrer um processo de expansão e, quando recoberta por compostos de
magnésio, pode remover com e�ciência e�uentes gasosos de usinas geradoras de eletricidade.
Assim, são removidas quantidades signi�cativas de enxofre e nitrogênio dos e�uentes gasosos.
Estudos geológicos a�rmam que ela pode ser derivada da biotita, �ogopita, diopsídio, horn-
blenda e serpentito por um dos processos seguintes: intemperismo ao longo de zona de falha
até a profundidade de 100 m ou alteração hidrotermal a baixa temperatura (menos que 350°
C) de piroxenito, peridotitos, dunitos, carbonatitos e an�bolitos cortados por granodioritos
e pegmatitos, ambos alcalinos [1]. A seguir temos duas �guras de vermiculitas (1.2), natural
e expandida.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 19
Figura 1.2: Vermiculita de Santa Luzia-PB. (a) Vermiculita crua; (b) Vermiculita expandida[1].
A origem da vermiculita é sempre associada à alteração de minerais ferromagnesianos ou
magnesianos em diferentes contextos geológicos. No Brasil, há depósitos e jazidas de vermi-
culita nos estados da Paraíba, Goiás, Bahia e Piauí. Os depósitos brasileiros e mundiais de
vermiculita ocorrem principalmente dentro das zonas de complexos má�cos, ultramá�cos e
carbonatitos. Outros pequenos depósitos são formados por dunitos, piroxenitos, peridotitos
ou rochas má�cas cortadas por pegmatitos e sienitos e rochas graníticas. Segundo estudos
geológicos, os depósitos brasileiros são divididos em dois tipos: os derivados de alteração
da mica �ogopita em carbonatitos, e não silicática, como a maioria das rochas ígneas e os
derivados de alteração da biotita em complexos metamór�cos má�cos e ultramá�cos ser-
pentinizados, quando expostos ao desgaste intenso e modi�cação em temperaturas elevadas
[1].
Segundo os trabalhos de Ugarte et al. [1] vermiculitas estudadas e provenientes dos
estados de Pernambuco e Goiás são compostas de camadas mistas interestrati�cadas de
vermiculita com outras fases mineralógicas como o talco, a hidrobiotita, a biotita e �ogopita.
Quimicamente, a vermiculita é rica em óxidos e a tabela (1.1) é resultado de pesquisas desse
autor e apresenta a seguinte composição química média:
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 20
Tabela 1.1: Composição química (%) média de vermiculitas comerciais brasileiras. [1]
Os minérios brasileiros não contêm asbestos, o que confere aos concentrados de vermi-
culita maior valor agregado, além de favorecer o melhor aproveitamento econômico do bem
mineral. O Brasil detém 10% das reservas mundiais de vermiculita e ocupa, atualmente, a
quarta posição mundial na produção, com 5%. A produção nacional se concentra apenas em
quatro produtores com um crescimento na ordem de 35% nos últimos anos. É comum a lavra
de vermiculita a céu aberto e são raros os casos de lavra subterrânea. Nas minas modernas a
abertura de cavas, geralmente rasas, cerca de 50 m, é feita com equipamentos convencionais
incluindo, entre outros, escavadeiras mecânicas, onde as jazidas de vermiculita estão associ-
adas aos diques, sills e/ou outros corpos rochosos e compactos. Geralmente o processamento
é feito na própria mina e a céu aberto. Os minérios e concentrados são normalmente analisa-
dos pelo teor de vermiculita e tamanho das partículas. A amostra seca é peneirada em várias
frações granulares e pesada para então passar pelo processo de expansão térmica. Após o
resfriamento a vermiculita expandida é novamente pesada e a ganga residual é removida por
meio de separação a seco ou a úmido. O teor de vermiculitas nos concentrados �nais varia
desde 90 até 99% [1].
O concentrado de vermiculita é transportado na forma natural, como as exportadas para
os Estados Unidos e Europa, devido ao grande aumento de volume após a expansão. E-
xistem mais de 60 unidades industriais de esfoliação espalhadas pelo mundo, localizadas na
América do Norte e na Europa, geralmente localizadas próximas ao mercado consumidor.
No Brasil, existem unidades de esfoliação nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e
Piauí. No mercado interno os aplicativos de vermiculita são ainda limitados, com oferta de
produtos restritos a setores industriais de produtos manufaturados como, por exemplo, para
a construção civil nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 21
Sul. Os maiores consumidores de vermiculita na forma expandida no Brasil são os setores da
construção civil (cerca de 76,0% da quantidade produzida) e agricultura, particularmente na
horticultura, destacando-se a cidade de Holambra, no estado de São Paulo [1].
As aplicações da vermiculita em cada uso especí�co depende da sua granulometria e
pureza. Com granulometria mais �na é aplicada na produção de manufaturados para a
construção civil, além de utilizadas como carreadoras na produção de fertilizantes e de ali-
mentação para animais. Com granulometria mais grossa é utilizada para �ns de horticultura,
cultivo e germinação de sementes, dentre outros. Na forma natural a vermiculita é utilizada
na fabricação de massas e placas para recobrimentos de paredes como isolante térmico e
acústico. Porém, é na forma expandida que ela possui maior aplicabilidade, como elemento
na composição de fertilizantes e formação de solos para horticultura, como carga na indústria
de tintas, fabricação de pneus, pastilhas de freios para a industria automobilística, na pro-
dução de tijolos refratários, blocos e placas resistentes a altas temperaturas, na proteção de
estruturas de aço a temperaturas elevadas, no aumento da viscosidade de óleos lubri�cantes e
como ingredientes de compostos de vedação de juntas de dilatação, na fabricação de isolantes
térmicos têxteis, isolantes termo-acústicos para construção naval (cascos de barcos e canoas),
embalagens a prova de choque e fogo, isolante de câmaras frias, como carga na formulação
de �bra de vidro, revestimento de moldes para fundição de ferro e alumínio, lubri�cante de
junções de trilhos durante ajuste térmico, absorção de óleos, pesticidas e metais pesados [1].
A vermiculita nas formas natural e expandida possui propriedades catalíticas e, quando
modi�cada por tratamento químico, poderá ser utilizada com êxito na remoção de resíduos
nucleares, puri�cação de água, tratamento de esgotos tóxicos e assim por diante. Existem
estudos já realizados em escala de laboratório que mostraram que a vermiculita hidrofobizada
apresenta uma capacidade maior de sorção de compostos apolares, além de não adsorver água
em sua estrutura [1]. Sendo assim utilizaremos a vermiculita expandida como suporte para
incorporação de nanopartículas de maghemita introduzida na forma de �uido magnético
iônico (FMI) e �uido magnético surfactado (FMS) para estudos das propriedades magnéticas
neste trabalho.
1.2 Fluidos magnéticos
Muitos estudos em diversas áreas como na física, química, biologia, medicina, engenharia
e ciências dos materiais vem crescendo, devido ao grande interesse pelas propriedades a-
presentados pelos �uidos magnéticos (FM). Assim, a aplicação destes novos materiais tem
aumentado constantemente, dentre as quais pode-se citar indústrias de semicondutores, áu-
dio, rolamentos, amortecimentos, displays ópticos e instrumentação médica [4]. Entre as
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 22
aplicações mais recentes encontram-se a utilização de FM no processo de melhoramento
na e�ciência da refrigeração dos transformadores de energia, despoluição de meio ambiente
utilizando-o como separador magnético e etc.
Os �uidos magnéticos são conhecidas como suspensões coloidais de partículas magnéticas
no tamanho nanométrico à base de ferritas em um meio líquido que pode ser polar ou apolar.
Estas ferritas são cúbicas e apresentam a fórmula geral M+2- Fe2O4, onde M = Mn, Co, Ni,
Ba, Zn, Fe e etc. Sendo que uma das mais utilizadas é M = Fe, onde obtemos a magnetita (
Fe3O4), que após um processo de oxidação passa à fase maghemita ( γ- Fe2O3), que é mais
utilizada em �uídos magnéticos por possuir uma estabilidade química maior [5].
A estabilidade dos FM dependerá diretamente do tamanho do caroço e da camada de
cobertura das nanopartículas. O tamanho do caroço deve ser controlado de modo a diminuir
a in�uência da força gravitacional e evitar que o �uido apresente mudança de fase coloidal
ou a sedimentação dos grãos. À camada de super�cial deve ser acrescentada cargas elétricas
(repulsão eletrostática) ou adsorver moléculas (repulsão estérica, ou contato mecânico) para
evitar a atração dipolar magnética e a interação do tipo Van der Walls (dipolo-dipolo elétrico)
que provocam as aglomerações das nanopartículas [4].
1.2.1 Estabilidade
Como mencionamos anteriormente, existem parâmetros que in�uenciam na estabilidade
da dispersão das nanopartículas, dentre eles: a dimensão e a morfologia dos grãos, o estado
químico da sua superfície e as interações partícula-partícula e partícula-solvente. Assim,
para obter-se um FM altamente estável deve-se considerar as seguintes interações intrínsecas
e extrínsecas:
� Energia térmica
ET = kBT, (1.1)
onde k é a contante de Boltzmann e tem valor 1,38×10−23N·m·K−1, T é a temperatura
absoluta em Kelvin. As propriedades dos FM são profundamente afetadas pelo movimento
Browniano das nanopartículas, minimizando a possibilidade de aglomeração dos grãos [6].
� Energia magnética
E = µ0MHV, (1.2)
onde µ0 é a permeabilidade magnética do vácuo e tem valor 4π×10−7H·m, M é a magneti-
zação espontânea, V = πd3/6 que é o volume da nanopartícula, considerando-a esférica e de
diâmetro d e H é o campo magnético efetivo na posição da partícula.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 23
� Interação dipolar magnética
Como em um �uido magnético existem muitas partículas por unidade de volume existe a
probabilidade da aglomeração dos grãos devido à atração dipolar magnética [6]. A equação
(1.3) (detalhes no apêndice C), que é a energia potencial mútua de dois dipolos magnéticos
com momentos µ1 e µ2 a uma distância r entre seus centros e fazendo ângulos θ1 e θ2 com
uma linha (imaginária) que liga-os centro-a-centro, descreve a interação dipolar magnética.
Esta expressão também é chamada de energia dipolo-dipolo ou energia de interação dipolar
magnética que é a fundamentalmente uma energia magnetostática [7].
Ep =µ1µ2
r3[cos(θ1 − θ2)− 3cosθ1cosθ2] (1.3)
Para se chegar nesta expressão foi considerado o campo produzido por uma partícula no
�uido como sendo H. Lembrando que o campo produzido por um dipolo magnético num
ponto P a uma distância r do centro do dipolo e alinhado com o dipolo é obtido utilizando a
equação (1.4). O dipolo consiste de pólos (p,−p), distância interpolar l e momento magnético
µ = pl gerando a expressão(1.5) [7].
H =p
d2(1.4)
H1 =p
[r − (l/2)]2− p
[r + (l/2)]2=
2prl[r2 −
(l4
4
)]2 (1.5)
Se r for muito grande comparado a l, esta expressão torna-se:
H1 =2pl
r3=
2µ
r3
Considerando µ1 o momento de dipolo magnético de uma partícula, produzindo um campo
magnético paralelo em outra partícula µ2, num ponto P , fazendo ângulos θ1 e θ2 com a
linha imaginária que liga as duas partículas centro-a-centro, então a equação (1.5) torna-se
a expressão (1.6)(detalhes Apêndice C):
HP = Hrcosθ2 −Hθsenθ2 (1.6)
onde,
Hr =2(µcosθ1)
r3
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 24
Hθ =µsenθ1
r3
Figura 1.3: Interação entre dois dipolos magnético
Portanto, de acordo com a orientação dos momentos magnéticos das partículas a interação
pode ser atrativa ou repulsiva. Será atrativa para momentos magnéticos que se alinhem
paralelamente com r e entre si , �gura(1.4a) , e quando se alinham anti-paralelamente entre si
e perpendicular à r, �gura (1.4b). A �gura (1.4) ilustra uma situação onde se deve considerar
duas partículas esféricas e idênticas.
Figura 1.4: Ilustração da interação atrativa
A interação será repulsiva quando os momentos magnéticos se alinharem paralelamente
entre si e perpendicular à r como ilustrado na �gura (1.5).
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 25
Figura 1.5: Ilustração da interação repulsiva
Neste trabalho, será considerada a situação que envolve a interação de duas partículas
onde seus momentos magnéticos podem estar ordenados de duas formas e ter dois possíveis
movimentos quando submetidas a um campo magnético e variação de temperatura. A estas
duas partículas dá-se o nome de dímeros e à forma como seus momentos magnéticos estão
ordenados e movimentam-se denominamos fanning ou coerente. Existe, ainda, uma forma de
partícula que é o esferóide prolato, este pode apresentar um momento magnético equivalente
às duas esferas do tipo coerente. A �gura(1.6) abaixo ilustra estas situações [7].
Figura 1.6: Modelos de formas de associação de partículas: (A) modo fanning e (B e C)modo coerente. [7]
1. Modo fanning
Neste modo os momentos magnéticos das esferas não são ordenados paralelamente num
ponto de contato. Algumas variações de energia são portanto introduzidas, mas vari-
ações de energia são essencialmente de curto alcance, o que signi�ca que no modo fan-
ning os momentos contribuem para a energia total somente com uma pequena fração.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 26
Assim, a mudança na energia total é considerada pequena, e pode ser ainda menor
se considerarmos esferas isoladas [7]. A forma como os momentos magnéticos giram
quando submetidas a campos magnéticos pode ser simétrico ou antisimétrico, depen-
dendo da variação angular na rotação destes. Se |δθ1| = |δθ2| o sistema é simétrico e
se |δθ1| 6= |δθ2| é antisimétrico [8], porém o vetor MS de cada esfera gira em planos de
rotação em direções alternadas.
2. Modo coerente
Neste modo as esferas são ordenadas paralelas num ponto de contato, fazendo com que
a variação de energia seja considerada forte, sendo da ordem de três vezes o valor da
energia existente no modo fanning. Assim, a mudança na energia total é considerada
grande. Os vetores MS de todas as esferas são sempre paralelos. Se a área de contato
entre as esferas é grande as forças de troca favorecem este modo. A coercividade
calculada para este modo é então comparada com o que é calculado para a rotação
coerente de um esferóide prolato com mesma razão axial dos dímeros [7].
Figura 1.7: Representação esquemática de dímeros: (A) tipo fanning e (B) tipo coerente. [7]
Assumindo que cada esfera é um monodomínio sem anisotropia própria e que o momento
magnético em cada uma gira coerentemente cada esfera é tratada como um dipolo de momento
magnético µ e diâmetro a. A energia potencial de dois dipolos, que é basicamente a energia
magnetostática, é descrita pela equação (1.3) [7].
Ems =µ1 · µ2
r3[cos(θ1 − θ2)− 3cosθ1cosθ2] . (1.7)
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 27
Para um dímero no modo fanning temos,
µ1 = µ2 = µ,
r = a,
θ1 = θ,
e
θ2 = −θ
Assim, a equação (1.7) reduz-se à equação (1.8)(detalhes Apêndice C).
Ems = −µ2
a3(1 + cos2θ) (1.8)
Pode-se observar que esta energia depende de θ; a ligação magnetostática entre os dois
dipolos faz o par ter uma anisotropia uniaxial com um eixo fácil ao longo da linha que une
os dipolos, que é chamada de interação anisotrópica. A energia total do sistema será obtida
quando somar-se a esta energia a energia potencial sob um campoH aplicado. Para encontrar
a coercividade de dímeros em presença de um campo H paralelo ao eixo do dímero, nota-se
inicialmente que a energia potencial é dada pela equação (1.9), quando H é antiparalelo a µ
(detalhes Apêndice C).
Ep = 2µHcosθ. (1.9)
A energia total é escrita pela equação(1.10) abaixo:
E = Ems + Ep
E = −µ2
r3(1 + cos2θ) + 2µHcosθ. (1.10)
A equação (1.10) tem a mesma forma da a equação (1.11) para uma partícula uniaxial
invertendo coerentemente [7].
E = Ea + Ep = Kusen2θ −HMscos(α− θ), (1.11)
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 28
onde Ku é a constante de anisotropia uniaxial e α é o ângulo entre H e o eixo fácil ( eixo de
revolução da partícula).
O modo fanning é caracterizado por uma curva de histerese retangular e a coercividade é o
campo no qual os momentos irão girar de θ = 0 para θ = 180◦. Para encontrar a coercividade
considera-se d2Edθ2
= 0. O resultado para a coercividade intrínseca no modo fanning é dado
pela expressão(1.12), onde µ = (Ms) ·(
4π3
)·(a2
)3.
Hci =µ
a3=πMs
6. (1.12)
Para dímeros acoplados coerentemente,
µ1 = µ2 = µ,
r = a
e
θ1 = θ2 = θ.
A equação (1.7) torna-se a equação (1.13):
Ems =µ2
a2(1− 3cos2θ). (1.13)
A coercividade, para H paralelo ao eixo dos dímeros coerentes, é expressa pela equação
(1.14):
Hci =3µ
a3=πMs
2. (1.14)
Observa-se que em dímeros do tipo fanning a barreira de energia efetiva cresce com o
aumento da interação partícula-partícula, enquanto que para dímeros do tipo coerente a
barreira de energia decresce quando a distância entre as partículas é reduzida. Em ambos
os casos existe uma transição do modo antisimétrico para o simétrico que irá depender dos
fatores ligados ao campo magnético aplicado e à temperatura [8].
O modelo padrão utilizado para análises de magnetização (MXH) segundo Berkovski [4]
considera a seguinte situação: as partículas utilizadas em �uidos magnéticos são geralmente
monodomínios magnéticos, onde cada partícula ostenta um momento magnético permanente
de intensidade descrito em (1.15):
µ =MSπd
3
6. (1.15)
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 29
onde MS é a magnetização de saturação do material.
Quando um campo magnético é aplicado no �uido magnético, os momentos magnéticos
tendem a se alinharem entre si com a direção do campo e a magnetização do �uido aumenta,
seguido uma função Langevin de primeira ordem (1.16), a qual é para partículas monodis-
persas de diâmetro D [4].
M(d,H) = MSϕ(d)
[coth
mH
kT− kBT
mH
]. (1.16)
ondeMS é a magnetização de saturação da partícula, ϕ(d) é a fração volumétrica das partícu-
las, d é o diâmetro médio das nanopartículas, H é a intensidade do campo magnético aplicado,
T temperatura e kB a constante de Boltzmann.
Nestes pontos da expressão pode-se notar que a forma da curva de magnetização depende
do tamanho das partículas e neste caso da polidispersão do sistema. A distribuição dos
tamanhos, conforme será mencionado no capítulo dois deste trabalho, pode ser representado
por uma função do tipo log-normal e levando isso em conta, tem-se a expressão (1.17) para
a curva de magnetização:
M(H) =
ˆ ∞0
M(D,H)P (D)dD (1.17)
ondeD = d e P (D) é a lognormal (lei de distribuição de diâmetros),M(D,H) é a contribuição
para a magnetização de cada partícula, considerando um sistema disperso com partículas
isoladas.
Segundo o trabalho de Dutta [9] os ajustes de (M ×H) podem ser feitos utilizando uma
função de Langevin de primeira ordem modi�cada, considerando uma contribuição χaH e a
expressão pode ser descrita como na expressão (1.18).
M = MSL(µpH
kBT
)+ χaH.
M = MS
[coth
(µpH
kBT
)− kBT
µpH
]+ χaH. (1.18)
onde
L(X) = cothX − 1
X
µp é o momento magnético da partícula, kB é a constante de Boltzmann, Xa pode ser a
susceptibilidade a alto campo.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 30
� Energia gravitacional
Eg = 4ρV gL, (1.19)
onde 4ρ é a diferença de densidade entre a nanopartícula e o líquido dispersante, g é a
aceleração da gravidade e L a posição no campo gravitacional. A energia gravitacional é
importante, pois ela é responsável pela sedimentação dos grãos e está diretamente ligada
ao seus tamanhos no FM. Quando atuando juntamente com a energia térmica ela deve ser
menor para que as nanopartículas não sedimentem, ou seja, a força de agitação térmica deve
ser superior à energia gravitacional [6]. Sendo 4ρ a diferença de densidade entre o material
magnético e o líquido dispersante, L a posição do grão de volume V no campo gravitacional
g e considerando partículas esféricas (V = πd3/6) o diâmetro máximo dos grãos podem ser
estimados para que não haja a sedimentação, utilizando a equação abaixo:
dmax. < (6kBT
π4ρgL)
13 . (1.20)
� Forças de Van der Walls
As forças de Van der Walls surgem espontaneamente entre partículas neutras devido à
�utuação de cargas elétricas , que estão sempre presentes. A força representa a interação
quântica devido às oscilações dos elétrons no material induzindo dipolos oscilantes. Devido
à variação do campo do dipolo elétrico com r−3, o gradiente de campo varia com r−4. Se a
polarização é proporcional ao campo, dependendo de r−3, então as forças variam com r−7
e a energia com r−6. Isto encaixa-se no modelo de London que prevê uma lei inversa de
sexta potência entre pontos das partículas. Hamaker estendeu a teoria para aplicar a esferas
idênticas e obteve a expressão de energia de �utuação de dipolos(1.21) [6].
EV = −A6
[2
x2 + 4x+
2
(x+ 2)2+ ln
x2 + 4x
(x+ 2)2
], (1.21)
onde x é a distância de superfície-a-superfície, A é a constante de Hamaker, que é obtida a
partir das propriedades dielétricas das partículas e do meio utilizando a expressão abaixo:
A =3
4kBT
(εp − εsεp + εs
)2 3hνc(n2p − n2
s)2
16√
2(n2p − n2
s)23
. (1.22)
onde εp, εs, h, νc, np e ns são, respectivamente, a constante dielétrica da partícula, a constante
dielétrica do solvente, a constante de Planck, a freqüência característica de adsorção, o índice
de refração da partícula e o índice de refração do solvente. Para Fe, Fe2O3, ou Fe3O4 em
hidrocarbonetos, A = 10−19N·m [6].
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 31
Figura 1.8: Esquema ilustrativo de duas partículas de FM, onde d é a espessura da coberturade proteção, x é a distância entre as superfícies das partículas e r é a distância centro-a-centro.
� Gradiente de campo magnético
Considere um FM estável submetido a um gradiente de campo magnético externo. As
partículas são atraídas para a região de maior intensidade de campo magnético ao mesmo
tempo em que a energia térmica tenta neutralizar a ação do campo proporciona a mesma
probabilidade delas ocuparem qualquer lugar dentro do reservatório. A energia magnética
µ0MHV representa o trabalho reversível necessário para levar uma partícula magnética de
um ponto no �uido com campo H para outro ponto no �uido onde o campo é nulo (1.23) [6]:
W = −0ˆ
H
(µ0M
dH
dsV
)ds ≈ µ0MHV. (1.23)
Para que haja estabilidade contra a sedimentação a razão entre a energia térmica e a
energia magnética deve ser maior ou igual a um:
kBT
µ0MHV≥ 1. (1.24)
Rearranjando as variáveis e considerando o volume de uma esfera tem-se uma expressão
para o diâmetro máximo da nanopartícula em suspensão em um colóide estável(1.25):
d ≤(
6kBT
πµ0MH
) 13
. (1.25)
1.2.2 Tratamentos da superfície das nanopartículas
Conforme foi mencionado anteriormente a atração de Van der Walls apresenta um grande
problema, pois causa a aglomeração das nanopartículas nos �uidos magnéticos comprome-
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 32
tendo sua estabilidade. Assim, existem mecanismos como o tratamento das superfícies das
nanopartículas para minimizar a ação das interações de Van der Walls. Existem dois meios
carreadores para os quais as partículas são preparadas de modo a manterem uma suspensão
coloidal estável: apolar e polar.
� Meio apolar
Neste meio carreador as nanopartículas são mantidas afastadas umas das outras utilizando-
se um líquido dispersante que mantem a repulsão estérica entre as nanopartículas, como os
hidrocarbonetos. Dão origem aos chamados �uidos magnéticos surfactados. O termo surfac-
tado é derivado do inglês surfactant, que signi�ca agente ativo de superfície, onde a superfície
da nanopartícula é recoberta por uma camada molecular de aproximadamente 1 a 3 nm de
espessura e apresenta uma terminação apolar e outra polar do tipo: carboxila, hidroxila ou
amina. A região polar é hidrofílica e �ca voltada para a nanopartícula, já a região apolar é
hidrofóbica e voltada para o solvente.
Figura 1.9: Representação de FMS em meio apolar.
� Meio polar
Neste meio carreador o solvente pode ser, por exemplo: água, metanol, etanol e etileno
glicol. Todos são solventes polares, sendo que a água é o mais utilizado deles. O processo de
tratamento da superfície das nanopartículas pode ser de dois tipos distintos: recobrimento
com camada elétrica ou com dupla camada molecular, dando origem aos �uidos magnéticos
iônico (FMI) e surfactados (FMS), respectivamente.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 33
Nos FMI a estabilidade está associada à repulsão eletrostática; as ferritas magnéticas
recebem uma densidade de carga super�cial e a nanopartícula �ca carregada negativamente
ou positivamente. Esta densidade de carga super�cial e a força iônica do meio devem ser
precisamente controladas de modo que a repulsão eletrostática compense a atração magnética
dipolar que favorece a precipitação das nanopartículas. A densidade super�cial de carga da
nanopartícula pode ser positiva ou negativa dependendo do pH do meio aquoso utilizado; se
o pH for baixo gerará densidade de cargas positivas na superfície dos grãos, mas se o meio
aquoso tiver pH alto gerará densidade de cargas negativas na superfície das nanopartículas.
No caso dos FMSs neste meio as nanopartículas podem ser mantidas afastadas por repulsão
eletrostática ou estérica.
Figura 1.10: Representação de tipos de FM num meio polar: (a) FMI; (b) FMS.
1.2.3 Síntese
Existem dois métodos clássicos de preparação de FM; o método de moagem e o método
químico. O método de moagem é o método mais antigo e os primeiros a utilizá-lo foram
Papell [4] e Rosensweig [6]. Nos dias atuais o método de moagem não é mais utilizado de-
vido ao elevado tempo de preparação e à grande dispersão em diâmetros apresentada pelas
nanopartículas, comprometendo a estabilidade do �uido magnético. Já o método químico,
utilizado por Reimers e Khalafalla [4] é o mais indicado pois proporciona um maior contro-
le das nanopartículas para obter os parâmetros desejados em um FM. Neste trabalho será
abordada a segunda via devido ter sido este o método utilizado na preparação das amostras
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 34
estudadas.
As nanopartículas de ferritas magnéticas podem ser sintetizadas pelo método de copre-
cipitação de íons metálicos em meio aquoso. FMIs podem ser obtidos pela dispersão das
nanopartículas magnéticas em água ou em soluções aquosas ácidas ou básicas, obtendo-se
uma suspensão coloidal estabilizada por repulsão eletrostática. FMSs ( em meio orgânico)
estabilizados por repulsão estérica podem ser preparados fazendo-se a dispersão, em solventes
orgânicos, das nanopartículas magnéticas cujas superfícies são previamente funcionalizadas
com moléculas contendo terminações apolares. Esses solventes orgânicos podem ser tais
como: tolueno, hexano, ciclohexano, e outros solventes derivados de petróleo. No presente
trabalho o FMS foi preparado em tolueno e o FMI foi preparado em meio aquoso ácido.
As nanopartículas de maghemita foram preparadas a partir da oxidação de nanopartículas
de magnetita. As nanopartículas de magnetita, por sua vez, foram preparadas a partir da
hidrólise alcalina de íons de ferro divalente Fe(II) e trivalente Fe(III) em meio aquoso na
proporção 1:2. 100 mL de soluções 0,5 mol/L (ferro divalente) e 0,1 mol/L (ferro trivalente)
foram misturadas, sob agitação mecânica. À solução resultante foram adicionados 100 mL
de solução aquosa de NH3 a 28% (concentrado de amônia). Um precipitado preto foi ins-
tantaneamente formado. O sistema continuou sob agitação à temperatura ambiente por 20
minutos. As partículas de Fe3O4 produzidas pelo método descrito anteriormente [10] foram
oxidadas à fase de maghemita (g- Fe2O3) empregando o procedimento descrito na literatura
[11]. Para promover a oxidação das partículas de magnetita foram adicionados 80 mL de
uma solução aquosa de HNO3 (ácido nítrico) 2,0 mol/L e 120 mL de uma solução aquosa
de Fe(NO3)39H2O (nitrato de ferro) 0,35 mol/L. Em seguida, a mistura foi aquecida até a
temperatura de 96° C por 2 horas. Após o referido período houve a mudança da coloração
negra das nanopartículas de magnetita para coloração marrom, evidenciando-se a oxidação
para a fase de maghemita. As nanopartículas foram decantadas com a ajuda de um magneto
e redispersas em água para a obtenção de um �uido magnético iônico. Para a produção do
�uido surfactado as nanopartículas tiveram as superfícies funcionalizadas com ácido oléico e
redispersas no solvente orgânico tolueno. O esquema da síntese está descrito na �gura (1.11).
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 35
Figura 1.11: Ilustração do processo de síntese dos FMI e FMS estudados.
1.2.4 Propriedades estruturais e magnéticas
As propriedades magnéticas de sólidos são importantes e as tentativas de compreendê-las,
levaram a um profundo conhecimento sobre a estrutura fundamental de muitos sólidos, tanto
metálicos quanto não metálicos. Além do interesse fundamental em propriedades magnéticas
de sólidos, existe um grande interesse nas aplicações de materiais magnéticos [12].
Sabe-se que todas as substâncias possuem comportamento magnético em todas as tem-
peraturas, sejam elas sólidas, líquidas ou gasosas, o que torna o magnetismo uma propriedade
básica de qualquer material. Estas propriedades podem variar de material para material e
de acordo com as condições externas. Assim, podemos classi�cá-los de acordo com a forma
como respondem quando submetidos a um campo magnético em determinadas temperaturas;
a esta resposta do material damos o nome de susceptibilidade magnética (χ) e, associada a
ela, temos a permeabilidade magnética (µ), que é o grau de magnetização de um material
em resposta a um campo magnético. A susceptibilidade magnética pode variar de 10−5 até
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 36
106, e temos a seguinte classi�cação básica [7]:
materiais com χ < 0 e µ < 1, são ditos diamagnéticos;
materiais com χ > 0 e µ > 1 são ditos paramagnéticos ou antiferromagnéticos;
materiais com χ >�> 0 µ >�> 1 podem ser ferromagnéticos ou ferrimagnéticos.
De uma forma simples podemos de�nir cada uma destas propriedades como:
Diamagnetismo: corresponde ao tipo mais fraco de resposta magnética de um sistema;
ela é negativa e da ordem de χm∼10−5. O diamagnetismo está presente em todos os mate-
riais, mas só é observado quando não existem outros tipos de comportamentos magnéticos
superpostos. Nos materiais diamagnéticos, os átomos possuem momento angular total nulo,
ou seja, não possui momento de dipolo magnético intrínseco, ele é induzido pelo campo
magnético externo (Lei de Lenz).
(J = L' + S = 0),
Onde L' é o momento angular orbital e S o momento de spin.
Paramagnetismo: Caracteriza-se por uma pequena susceptibilidade positiva e, depen-
dendo da sua origem, possui uma grande dependência com a temperatura. Ocorre em mate-
riais que têm momentos magnéticos intrínsecos não interagentes entre si e que na ausência
de campo magnético a magnetização é nula. Quando submetido a um campo magnético a
magnetização diminui com o aumento da temperatura .
Ferromagnetismo: Caracteriza-se por apresentar uma magnetização espontânea, ou seja,
na ausência de campo magnético externo aplicado os materiais com ordenamento ferromag-
nético apresentam uma magnetização não nula. Esta magnetização está relacionada ao fato
de materiais ferromagnéticos possuírem momentos de dipolo magnético intrínsecos altamente
interagentes que se alinham paralelamente entre si quando submetidos a temperaturas abaixo
da temperatura de Curie (T < TC), fazendo com que exista um campo interno sem a pre-
sença de um campo externo. Existem dois tipos de materiais ferromagnéticos, chamados
de ferromagnéticos duros e ferromagnéticos moles ou doces. Esta classi�cação está associ-
ada à resposta magnética do material a um campo aplicado. Para distinguí-las observa-se
uma propriedade chamada de coercividade, que é o campo magnético necessário para levar
a magnetização do material a zero, sendo observada através de curvas de histereses. Materi-
ais que possuem uma coercividade alta são classi�cados como duros e os que possuem uma
coercividade baixa são chamados de moles ou doces.
Antiferromagnetismo: Embora haja ordenamento magnético caracteriza-se por não a-
presentar magnetização espontânea macroscópica a baixas temperaturas. A magnetização
e a susceptibilidade diminuem com a temperatura tendendo a zero abaixo de uma certa
temperatura (TN). Para temperaturas acima da temperatura de Néel (TN) o material passa
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 37
a ter um comportamento paramagnético com uma temperatura de Curie-Weiss negativa. Os
momentos magnéticos são iguais e estão acoplados antiparalelamente. Este comportamento
foi previsto por Néel e foi con�rmado através de experimentos de difração de nêutrons [12].
Ferrimagnetismo: Caracteriza-se por possuir momentos magnéticos que se opõem como
os materiais antiferromagnéticos, em sub-redes diferentes, porém os momentos magnéticos
possuem magnitudes diferentes o que faz permanecer uma magnetização espontânea. As fer-
ritas foram os primeiros materiais onde se observou este comportamento. As ferritas cúbicas
possuem estrutura spinel com 8 sítios tipo A (tetraédricos) e 16 sítios tipo B (octaédricos),
sendo que todos os momentos dos sítios A são paralelos entre si assim como os dos sítio B,
porém entre os dois sítios eles são antiparalelos.
As ferritas utilizadas em FMs são, geralmente, ferrimagnéticas e possuem estrutura es-
pinélio cúbica com uma célular unitária cúbica (ver �gura1.12) composta por 32 átomos de
oxigênio, com 64 interstícios, circundados por quatro íons de oxigênio que de�nem os sítios
tetraédricos (A), e 32 interstícios circundados por seis íons de oxigênio que de�nem os sítios
octaédricos (B), sendo que apenas 1/8 dos sítios tetraédricos e 1/2 dos sítios octaédricos estão
ocupados. A estrutura espinélio pode ser normal ou inversa. Considerada normal quando
os cátions divalentes ocupam os sítios tetraédricos (A) e pela letra (B) os sítios octaédricos
ocupados por cátions trivalentes. É considerada inversa quando todos os cátios divalentes
tipo (A) ocupam os sítios octaédricos e metade dos cátios trivalentes do tipo (B) ocupam os
sítios tetraédricos [12].
Figura 1.12: Estrutura cristalina espinélio normal[12]
A dureza magnética da maior parte dos materiais está relacionada à sua forma e/ou
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 38
anisotropia cristalina. Através de estudos destes efeitos, tenta-se fazer partículas essencial-
mente esféricas para eliminar as formas anisotrópicas ou partículas elipsoidais de um material
que não tenha ou que seja baixa a anisotropia cristalina [7]. Assim, o comportamento mag-
nética dos materiais varia de acordo com as suas propriedades gerais, isto pode ser observado
na tabela (1.2).
Tabela 1.2: Propriedades gerais de alguns óxidos de ferro[13]Mineral Goethita Hematita Magnetita Maghemita Wüstita
α− FeOOH α− Fe2O3 Fe3O4 γ − Fe2O3 FeO
Dimensão a=0,9956 a=0,50356(1) a=0,8396 a=0,83474 a=0,4302-0,4275
Celular (nm) b=0,30215 c=1,37489(7)
c=0,4608
Sistema da ortorrômbica hexagonal cúbica cúbica ou cúbica
celula unitária romboédrica tetragonal
Unid. da 4 6 8 8 4
célula unitária
Densidade(g/cm3) 4,26 5,26 5,18 4,87 5,9-5,99
Coloração amarela - marrom vermelha preta marrom preta
avermelhada
Ordenamento antiferromagnético fracamente ferrimagnético ferrimagnético antiferromagnético
ferromagnético ou
magnético antiferromagnético
Temp. de Néel (K) 400 203-211
Temp. de Curie (K) 956 850 820-986
1.2.4.1 Superparamagnetismo e coercividade das partículas
Um material superparamagnético possui comportamento semelhante ao material para-
magnético, porém com uma magnetização de saturação de cerca de duas ordens de grandeza
maior (ver �gura 1.13 abaixo).
Figura 1.13: Representação qualitativa da magnetização de materiais ferromagnéticos, su-perparamagnéticos e paramagnéticos quando um campo magnético é aplicado sobre eles.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 39
As nanopartículas superparamagnéticas possuem um diâmetro abaixo de um valor crítico
(d < dC), são chamadas de monodomínios e não apresentam campo coercivo (Hc) quando
submetidas a um campo magnético seguindo a retirada deste, não apresentando portanto
histerese. Na �gura (1.14) pode-se observar o comportamento da coercividade das partículas
de acordo com os diâmetros, ilustrando situação limite do comportamento para sistemas
monodomínios e multidomínios.
Figura 1.14: Variação esquemática da coercividade intrínseca Hci com o diâmetro d dapartícula [7].
Na maioria dos materiais a coercividade depende do tamanho das partículas e ela é
experimentalmente encontrada pela aproximação dada por (1.26) [7].
Hci = a+b
d(1.26)
onde a e b são constantes.
Abaixo de um diâmetro máximo, aqui chamado de dmax, as partículas revelam uma es-
trutura de monodomínio e nesta faixa de tamanho a coercividade atinge um máximo, sendo
que a coercividade Hci aumenta segundo a expressão (1.26). Para partículas com diâmetros
acima do dmax, chamadas de multidomínio, a coercividade Hci diminui conforme a expressão
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 40
1.27 [7].
Hci = g − h
d3/2, (1.27)
onde g e h são constantes.
Abaixo de um diâmetro crítico, aqui chamado de dc, a coercividade é zero, por causa dos
efeitos térmicos, que são fortes o su�ciente para desmagnetizar espontaneamente um conjunto
de partículas magnetizadas. Tais partículas são chamadas de superparamagnéticas [7].
Se o tempo de relaxação dos momentos magnéticos for menor que o tempo necessário
para realização da medida da resposta magnética a nanopartícula é dita superparamagnética,
caso contrário diz-se que a nanopartícula está bloqueada. Na região em que a magnetização é
estável ocorre histerese. Já na região em que a magnetização é instável não ocorre o fenômeno
de histerese e as nanopartículas são consideradas superparamagnética.
Fluidos magnéticos submetidos a um campo magnético externo apresentam alinhamento
dos momentos magnéticos com o campo. Ao retirar-se o campo aplicado os momentos mag-
néticos terão dois tipos de relaxação; relaxação Browniana e relaxação Néel, que depende
da relação entre a energia térmica e a energia de anisotropia do material. A energia de
anisotropia magnética é proporcional ao volume (KV ) e, quando o volume é pequeno, a e-
nergia de anisotropia magnética da partícula aproxima-se da energia térmica (kBT ), e o vetor
magnetização �utua como no caso clássico de um gás paramagnético. O momento magnético
de uma partícula é µ = MV , onde V é o volume da partícula [12].
� Relaxação Browniana
Ocorre devido à rotação das nanopartículas no meio em que estão inseridas quando, o
momento magnético está bloqueado na direção do eixo de fácil magnetização (rotação é
extrínseca). Para essa rotação o tempo de relaxação é dado pela expressão ( 1.28 ):
τB =4πη(rh)3a
kT, (1.28)
onde η é a viscosidade efetiva, rh o raio hidrodinâmico e a uma constante que depende da
forma da partícula, para uma esfera a = 1 [4].
� Relaxação de Néel
Esse mecanismo ocorre em partículas monodomínio magnético. A relaxação Néel está
relacionada com a �utuação térmica do momento magnético da partícula. Para o tempo de
relaxação Néel de partículas esféricas tem-se a expressão (1.29):
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 41
τN = τ0
√KV
kTexp
(KV
kT
), (1.29)
onde τ0∼10−9s [4]. No caso do momento magnético não estar preso ao eixo de fácil magne-
tização, girando em relação ao mesmo (rotação intrínseca), tanto o mecanismo Browniano
como o Néel podem contribuir para a magnetização, com o tempo de relaxação efetivo τefdado pela equação abaixo (1.30):
τef =τNτBτN + τB
, (1.30)
onde o mecanismo dominante será o que tiver o menor tempo de relaxação [7].
Capítulo 2
Preparação e Caracterização
Microscópica e Estrutural do Material
2.1 Tratamento térmico da vermiculita
O valor comercial da vermiculita relaciona-se com a camada de moléculas de água que
intercala as camadas de alumínio e silício na estrutura do mineral, pois responde pelo seu
elevado índice de expansão sob tratamento térmico, apresentando densidade na forma natural
entre 800 a 1.000 kg/m3 e na forma expandida na faixa de 80 a 140 kg/m3. A camada de
moléculas de água, quando a vermiculita é aquecida de forma rápida, a temperaturas elevadas,
transforma-se em corrente de ar quente e causa aumento no volume do mineral. Esse processo,
chamado de expansão térmica, é feito por meio de fornos especiais a gás ou a óleo e confere
ao produto �nal múltiplas aplicações industriais [1].
A vermiculita quando aquecida bruscamente a temperaturas de 800° - 1.100° C expande-
se abruptamente na direção axial aumentando seu volume em até 20 vezes. Segundo a
literatura, a água retirada por aquecimento até 150° C é reversível, podendo ser readsorvida
da umidade do meio ambiente. No entanto, para aquecimento a temperaturas acima de 260°
C a água removida causa esfoliação da vermiculita e a 870° C as hidroxilas são removidas.
Não é recomendável que seja retirada toda a água da vermiculita, pois isto causa uma grande
variação nas características físicas e mecânicas. Assim, no processo industrial, o forno deve
ser controlado de forma a não permitir a redução da água abaixo de 5 a 6 % [14]. A seguir
a �gura (2.1) apresenta a vermiculita esfoliada e crua.
42
CAPÍTULO 2. PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MIC. E EST. DO MATERIAL43
Figura 2.1: Vermiculita na forma expandida e crua [14]
Pode-se obter vermiculita expandida hidrofobizada a partir de um processo aperfeiçoado
desenvolvido por Martins (PI9004025-2, de 08/08/1990; Martins), utilizando reagentes orgâni-
cos derivados de silício, tais como etilsilicato, organohalogênicos, siloxanos e siliconas. Esses
reagentes ao entrarem em contato com a vermiculita expandida, durante o seu resfriamento,
logo após a expansão a uma temperatura que varia de 80° C a 400° C, a transforma em
material hidrofóbico, ou seja hidrorepelente. O reagente orgânico interage fortemente com a
superfície da vermiculita expandida, tornando-a apta a absorver, com mais e�cácia, líquidos
orgânicos como óleos e petróleo e seus derivados, de águas industriais ou de quaisquer tipo
de águas contaminadas com estes líquidos imiscíveis em água. Neste trabalho, como já foi
mencionado, foram introduzidas nanopartículas magnéticas via �uidos magnéticos, em vermi-
culita expandida (VN - vermiculita natural), para obtenção de dois tipos de nanocompósitos
magnéticos à base de vermiculita.
2.2 Incorporação de nanopartículas magnéticas em ver-
miculita
O objetivo da incorporação de nanopartículas é a produção de vermiculitas expandidas
magnéticas, usando �uidos magnéticos hidrofílicos e hidrofóbicos, onde o componente mag-
nético é constituído de, por exemplo, magnetita (Fe3O4) e/ou maghemita (γ- Fe2O3). As
vermiculitas expandidas magnéticas aqui compreendidas podem ser preparadas por diversas
CAPÍTULO 2. PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MIC. E EST. DO MATERIAL44
metodologias que envolvem a incorporação de partículas magnéticas ao mineral, antes ou
após a expansão por tratamento térmico. Um exemplo de metodologia de preparação é a in-
corporação de nanopartículas magnéticas à vermiculita expandida através da adsorção destas
nanopartículas. Por este processo pode-se preparar vermiculitas expandidas magnéticas com
características hidrofílicas, hidrofóbicas, ou ainda, que contenham funções químicas especí-
�cas para interação com íons metálicos e/ou moléculas orgânicas diversas. Características
hidrofílicas podem ser conseguidas fazendo-se a adsorção de nanopartículas magnéticas em
vermiculita expandida a partir de um �uido magnético aquoso. Características hidrofóbicas
podem ser conseguidas fazendo-se a adsorção de nanopartículas magnéticas usando �uido
magnético em solvente apolar.
Neste trabalho foram produzidas dois tipos de vermiculita expandida magnética, onde
o componente magnético é constituído por magnetita e/ou maghemita. A vermiculita ex-
pandida foi imersa em um �uido magnético iônico, contendo nanopartículas magnéticas car-
regadas mantidas em suspensão por repulsão eletrostática, por 60 minutos, tempo su�ciente
para adsorção de nanopartículas pelo mineral. A separação do mineral do �uido remanes-
cente após o processo de adsorção pode ser feita por decantação ou �ltração, seguida de
secagem ao ar ou em estufa resultando na obtenção de vermiculita expandida magnética,
resultando na obtenção da amostra VFMI (vermiculita natural tratada com �uido magnético
iônico). O processo de fabricação da vermiculita expandida magnética via �uido magnético
em meio apolar utilizou nanopartículas recobertas com ácido oléico e dispersas em solvente
orgânico (tolueno), VFMS (vermiculita natural tratada com �uido magnético surfactado).
A quantidade de nanopartículas incorporadas na vermiculita pode ser variada, controlando-
se a concentração de nanopartículas no �uido magnético ou fazendo-se mais de um ciclo
de adsorção. O controle da quantidade de nanopartículas adsorvidas permite modular as
propriedades magnéticas do nanocompósito magnético.
Uma terceira amostra foi preparada pelo seguinte processo: a vermiculita expandida
recebeu um tratamento prévio com silicone, produzindo uma matriz mais hidrofóbica, para
posteriormente ser imersa em �uido magnético iônico por um tempo semelhante ao processo
anterior, até a adsorção das nanopartículas pelo mineral. A separação do mineral tratado do
�uido remanescente após o processo de adsorção foi feita conforme descrito anteriormente,
por decantação ou �ltração, seguida de secagem ao ar ou em estufa, resultando na obtenção
da vermiculita expandida magnética hidrofóbica, chamada de VSFI (vermiculita tratada com
silicone e com �uido magnético iônico).
Foram obtidas amostras de vermiculitas expandidas magnéticas de granulometrias de
1, 2 e 5 mm para testes de remoção de petróleo espalhado sobre água. As vermiculitas
expandidas magnéticas foram produzidas para serem acrescentadas ao óleo espalhado sobre
CAPÍTULO 2. PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MIC. E EST. DO MATERIAL45
água e em seguida serem removidas com a ajuda de um imã. A quantidade de petróleo
associado à vermiculita, que foi removido por grama de vermiculita expandida magnética,
está apresentada na tabela (2.1), para cada granulometria empregada.
Tabela 2.1: Vermiculita magnética hidrofílica.Granulometria de vermiculita Quantidades de petróleo removido
expandida magnética por grama de vermiculita magnéticaVFMI1mm 3,3 g
2mm 3,8 g
5mm 3,7 g
*Teste realizado pelo nosso grupo de pesquisa ( IF-UnB e IQ-UFG ).
2.3 Caracterização de nanopartículas magnéticas por MET
O progresso dos conhecimentos em biologia, física, química e tecnologia depende, em
grande parte, da observação direta da microestrutura de materiais. O poder de resolução
do olho humano é de 0,2 mm, 200 000 nm, enquanto que os detalhes na microestrutura se
estendem abaixo de 1 nm. O microscópio eletrônico, com o seu alto poder de resolução,
permite a observação de partículas de dimensões nanométricas [2]. Assim, a microscopia
eletrônica de transmissão (MET) foi utilizada como a primeira técnica de caracterização dos
FMs estudados, com partículas na escala de nanômetros, sendo de suma importância para
as etapas seguintes de caracterização utilizadas neste trabalho.
As imagens de MET foram obtidas no Laboratório de Microscopia Eletrônica da UnB,
utilizando o microscópio JOEL JEM 1011 com um poder de resolução da ordem de décimos
de nanômetros. Para, coletar as imagens, os FMs (iônico e surfactado) foram diluídos em
solventes. O processo de diluição do FM iônico foi fácil por ser à base de água, porém
tivemos di�culdades para obter uma diluição do �uído surfactado devido à cobertura oleica
das nanopartículas. Após o processo de diluição uma pequena quantidade de cada FM foi
colocada separadamente em telinhas de cobre recobertas com uma película de formivar. Para
serem observadas ao microscópio foi necessário deixar secar por 24 horas, pois no microscópio
a amostra é colocada em uma câmara e submetida a alto vácuo. Após coletar as fotos
necessárias fez-se a contagem das nanopartículas utilizando o programa IPEX 34, obtendo
cerca de 1.200 partículas para o �uido magnético iônico e 1.000 para o �uido magnético
surfactado, com o objetivo de obter informações sobre o diâmetro médio das nanopartículas
CAPÍTULO 2. PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MIC. E EST. DO MATERIAL46
e a dispersão em diâmetro. Os dados foram apresentados na forma de histograma e utilizou-se
a distribuição do tipo log-normal, dada pela expressão abaixo (2.1) para o ajuste dos dados.
P (d) =exp(2σ2)
dσ√
2πexp
− ln2(
ddM
)2σ2
, (2.1)
onde σ é a dispersão em diâmetro e dM é o diâmetro médio. Utilizou-se o programa Origin
6.0 e Scientist para obter ajustes de dm e σ satisfatórios.
Figura 2.2: (a) Imagem de microscopia eletrônica de transmissão(MET) do �uido magnéticoiônico; (b) Histograma da polidispersão das nanopartículas magnéticas do FMI obtido porMET. O melhor ajuste é representado pela linha contínua. O ajuste foi encontrado pelautilização de uma log-normal dada pela equação(2.1);
CAPÍTULO 2. PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MIC. E EST. DO MATERIAL47
Figura 2.3: (a) Imagem de microscopia eletrônica de transmissão(MET) do �uido magnéticosurfactado; (b) Histograma da polidispersão das nanopartículas magnéticas do �uido sur-factado obtido por MET. O melhor ajuste é representado pela linha contínua. O ajuste foiencontrado pela utilização de uma log-normal dada pela equação(2.1);
Considerando o valor de σ podemos concluir que as partículas podem ser consideradas
monodispersas pois sigma é menor que 0,20. Podemos observar também nas �guras (2.2)
e (2.3) que as curvas são mais alargadas à direita, estando, portanto, dentro dos padrões
dos dados encontrados na literatura. O diâmetro médio e a polidispersão obtidos para as
nanopartículas dos �uidos magnéticos são dados na tabela (2.2) abaixo:
Tabela 2.2: Diâmetros médios e polidispersão das nanopartículas obtidos por METAmostra < D > (nm) σ
FMI 7,1 0,16
FMS 8,2 0,19
CAPÍTULO 2. PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MIC. E EST. DO MATERIAL48
2.4 Caracterização de nanopartículas magnéticas e nanocom-
pósitos por Raio-X
Raios-X são radiações eletromagnéticas cuja produção, em laboratórios, está associada à
perda de energia de elétrons desacelerados [2].
Em um cristal, a célula unitária se encontra espacialmente reproduzida em todas as
direções. Quando um reticulado cristalino é exposto a um feixe monocromático de raios-X
cada cela unitária produz um efeito de difração intensi�cado por superposições em todas as
direções, pois interferem construtivamente entre si. A frente de onda difratada é, portanto,
anulada, exceto nas direções em que os efeitos da células unitárias vizinhas provocam uma
interferência construtiva completa. Somente nessas direções preferenciais aparece um feixe
difratado de raios-X. Assim, a imagem produzida, o diagrama de difração ou de interferência
de raios-X, não é contínua e borrada, como a produzida por um líquido, e sim descontínua e
nítida nos pontos em que houve interferência construtiva [2].
Os raios-X são muito utilizados na determinação da estrutura cristalina dos sólidos, pois
possuem comprimento de onda da ordem de alguns Å, que é da mesma ordem do espaça-
mento entre os átomos em um cristal. Assim, esta técnica é utilizada para determinar a
estrutura cristalina das nanopartículas e o diâmetro médio das mesmas através da largura de
linha à meia altura da re�exão mais intensa, a mando da relação de Scherrer descrita pela
equação(2.2):
< dRX >= 0, 9λ
4cosθ, (2.2)
onde λ é o comprimento de onda dos raios-X utilizado, θ é o ângulo correspondente à linha
de difração mais intensa e 4 é a largura de linha à meia altura corrigida em relação a uma
amostra padrão (4 = Bamost − Bpad para ajustes utilizando função de lorentz), sendo que
Bpad é a largura à meia altura da amostra padrão utilizada na calibração do aparelho).
A partir do difratograma as posições dos picos de difração são comparadas com valores
de �cha padrão para identi�car a estrutura cristalina da nanopartícula. As �guras (2.4; 2.5)
apresentam os difratogramas das nanopartículas magnéticas com diâmetro médio calculado
pela relação (2.2).
CAPÍTULO 2. PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MIC. E EST. DO MATERIAL49
Figura 2.4: Difratograma de nanopartículas magnéticas obtidas por secagem do FMS comdiâmetro médio de 12,8 nm. A identi�cação de cada pico é feita de acordo com os índices deMiller( h, k, l). A linha sólida vermelha é o ajuste feito utilizando uma função de Lorentz.
Figura 2.5: Difratograma de nanopartículas magnéticas obtidas por secagem do FMI comdiâmetro médio de 8,8 nm. A identi�cação de cada pico é feita de acordo com os índices deMiller( h, k, l). A linha sólida vermelha é o ajuste feito utilizando uma função de Lorentz.
Foram feitas medidas de raios-X das amostras na forma de pó de FMI, FMS, VN, VFMI,
VFMS e VSFMI, utilizando o equipamento Shimadzu modelo XRD 600, com a radiação Cu
- Kα, λ = 1, 54056, 40kV e 30mA. Estas medidas foram feitas no laboratório de Difração
CAPÍTULO 2. PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MIC. E EST. DO MATERIAL50
de Raio-X da Universidade Federal de Goiás, por Luciana Rebelo Guilherme. A tabela
(2.3) apresenta alguns parâmetros obtidos por difração de raios-X para amostras estudadas
comparando-os com valores de �chas padrão da JCPDS-ICDD de 1996. A análise dos dados
da tabela (2.3) sugere a presença de duas fases magnéticas; magnetita e maghemita, as quais
foram comprovadas pelas medidas de espectroscopia Mössbauer no trabalho de dissertação
de Priscilla Paci Araujo [15] (veja tabelaB.1 e B.2 no apêndice B.2).
Tabela 2.3: Parâmetros obtidos por difração de raio-XAmostras: FMS FMI VFMS VFMI VN VSFMI
Diâmetros 12,8 nm 8,8 nm 7,2 nm 7,1 nm 7,2 nm 10,3 nm
Posição do pico (311) 35,618 35,578 35,094 35,223 34,889 35,455
Maghemita (pico 311) 35,631 35,631 35,631 35,631 35,631 35,631
Magnetita (pico 311) 35,423 35,423 35,423 35,423 35,423 35,423
Hematita (pico 311) 33,152 33,152 33,152 33,152 33,152 33,152
De acordo com Brown [16] os espaços entre as camadas dos minerais variam de acordo com
o tipo de pré-tratamento. A vermiculita varia seu espaço basal dependendo do cátion utilizado
na saturação. Outros fatores que afetam a expansão da intercamada são umidade relativa
e carga da camada. Neste estudo, assim como em várias outras referências, é constatada a
presença do óxido de ferro (Fe2O3) na vermiculita e identi�cado como sendo maghemita ( γ-
Fe2O3) por espectroscopia mösbauer, que supostamente é resultante da adsorção natural do
meio ambiente onde estão localizados os depósitos de vermiculita.
Capítulo 3
Magnetização e Resultados
Experimentais
3.1 Magnetometria de amostra vibrante
É através do magnetômetro de amostras vibrantes que obtemos para as amostra um valor
de momento magnético. Assim, as medidas de magnetização vão fornecer informações dos
óxidos de ferro que se encontram nas amostras estudadas. Tais fases de óxidos de ferro podem
ser: magnetita (Fe3O4), maghemita (g-Fe2O3), hematita (a-Fe2O3) e wüstita (FeO). A tabela
(3.1) fornece algumas informações importante destes óxidos.
Tabela 3.1: Propriedades óxidos de ferro[13]Mineral Hematita Magnetita Maghemita Wüstita
a-Fe2O3 Fe3O4 g-Fe2O3 FeODensidade(g/cm3) 5,26 5,18 4,87 5,9-5,99
Coloração vermelha preta marrom preta
avermelhada
Ordenamento fracamente ferrimagnético ferrimagnético antiferromagnético
magnético ferromagnético ou
antiferromagnético
Temp. de Néel (K) 203-211
Temp. de Curie (K) 956 850 820-986
De acordo com as informações obtidas a partir de medidas da magnetização do material
particulado, em diferentes temperaturas, é possível entender o comportamento magnético
das partículas e das interações entre elas. Conforme já foi mencionado no primeiro capítulo
as propriedades magnéticas sofrem in�uências da variação de temperatura. Na variação da
magnetização em função da temperatura podemos identi�car temperaturas de transição como
51
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 52
por exemplo: temperaturas de bloqueio, temperatura de Curie (TC) e temperatura de Néel
(TN), que são importantes para a compreensão do ordenamento dos momentos magnéticos
das partículas. A demais, medidas de magnetização em função de campos magnéticos aplica-
dos são usadas para revelar o comportamento diamagnético, paramagnético, superparamag-
nético, ferromagnético, ferrimagnético e antiferromagnético. Através deste comportamento
podemos enriquecer as informações obtidas das fases dos óxidos de ferro incorporados em ma-
trizes hospedeiras (vermiculita) estudadas através das técnicas de caracterização estrutural
e espectroscopia Mössbauer (realizadas no trabalho de dissertação de Priscilla Paci Araujo
[15]).
3.1.1 Aparato experimental
Segundo a literatura Simon Foner conhecido como o inventor do magnetômetro de amostra
vibrante, após a publicação do artigo �Vibrating Sample Magnetometer� em 1959, embora
ele tenha feito referência a um trabalho não publicado de H. Pltkin de 1951 [17]. Mais tarde
Foner teve sua contribuição cientí�ca con�rmada devido a um outro trabalho publicado
na mesma revista sobre maiores detalhes da técnica de magnetização estática (DC) [17]. O
método de amostra vibrante desenvolvido por Foner é baseado na mudança de �uxo magnético
nas bobinas sensoras quando a amostra vibra próximo a ela e sob a ação de um campo
externo. A amostra é �xa na ponta da haste e esta �xa pela outra extremidade em um
dispositivo vibratório. A variação temporal e periódica do momento magnético da amostra
na região da bobina sensora induz uma força eletromotriz (fem) na mesma, proporcional ao
valor do momento magnético da amostra. Esta oscilação da amostra ( momento magnético
efetivo induzido pelo campo magnético externo) induz um sinal nas bobinas, S = cte× µeff ,onde µeff é o momento magnético efetivo, e a constante pode ser o volume ou a massa do
material. Na �gura 3.1 temos, por exemplo, esquematicamente os componentes que formam
um magnetômetro de amostra vibrante (MAV).
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 53
Figura 3.1: Diagrama esquemático dos diferentes componentes do MAV [17]
3.1.2 Modelo de Energia de Barreira
Considerando o modelo de Strikman-Wohlfarth [18] a energia associada ao potencial da
barreira de inversão do momento magnético (EB) de uma partícula de volume V e magneti-
zação na ausência de relaxação intrínseca (Mnr) é estimada pela expressão(3.1).
EB = EB0 +H′
iMnrV tanh
[H
′iMnrV
kBT
], (3.1)
onde EB0 é a energia associada ao potencial da barreira para partícula não interagente
(partículas isoladas), H′i é o campo de interação fenomenológico, T a temperatura e kB
a constate de Boltzmann.
Para interações fracas, a tanh na equação (3.1) tende para o argumento da função e a
energia de barreira no modelo Shtrinkman-Wohlfarth(3.1) é dada pela equação(3.2).
EB = EB0 +(H
′iMnrV )2
3kBT, (3.2)
que pode ser reescrita pela equação(3.3).
EBkBT
=EB0
[kB (T − T0)], (3.3)
com
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 54
T0 =
(H
′iMnrV
)2
3kBEB0
. (3.4)
A equação (3.3) é valida somente se T0 � T . Então, T0 não pode corresponder a uma
temperatura em que τ = τ0exp[
EB0
kB(T−T0)
]diverge. Esta é uma temperatura fenomenológica,
que não pode ser relacionada com uma temperatura de transição.
Usando o modelo Dormann, Bessais e Fiorani (DBF) [19], e limitando as interações aos
vizinhos mais próximos, o que representa cerca 90% do efeito total, obtemos a expressão
(3.5).
EB = EB0 + n1a1M2nrV L
[a1M
2nrV
kBT
], (3.5)
onde n1é o número de vizinhos mais próximos, a1 ≈ Cv√2(Cv é o volume das partículas na
amostra) e L é a função Langevin de primeira ordem. Podemos observar que as equações
(3.1) e (3.5) são similares. As equações (3.1) e (3.5) são idênticas para dímeros (n1 = 1)
acoplados, onde Hi = a1Mnr.
3.1.3 Modelo de análise utilizado para curvas M × H
O modelo utilizado para a análise das curvas de magnetização neste trabalho é o mesmo
utilizado no trabalho de doutorado, em fase de elaboração, de Leandro Carlos Figueiredo,
para o sistema da albumina contendo nanopartículas de maghemita. As curvas de magneti-
zação foram ajustadas utilizando um modelo descrito por uma função Langevin de primeira
ordem �modi�cada� desenvolvido por K. Ske� Neto e P. C. Morais, pois é um sistema se-
melhante à vermiculita natural tratada com FMI, conforme pode ser observado nos grá�cos
mostrados na �gura (3.2).
Figura 3.2: Albumina e vermiculita, ambas contendo nanopartículas
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 55
Neste modelo leva-se em consideração aglomerado de partículas [20] e não somente partícu-
las isoladas. As curvas de magnetização (M ×H) foram ajustadas aos dados experimentais
pela expressão (3.6).
M(T,H) = aH +M ss
ˆ ∞0
[L(Xp)Yp + L(Xa)Ya + L(Xb)Yb]P (D)dD, (3.6)
onde D = d e
L(Xi) = coth(Xi)−1
Xi
, (3.7)
A expressão (3.7) é a função Langevin e Xi = Xp, XaeXb
sendo que
Xp- partículas isoladas;
Xae Xb - são interações de partículas do tipo A e do tipo B respectivamente;
Yi para i = p, a e b é a concentração de partículas isoladas e dos tipos de agregados,
portanto, Yp + Ya + Yb = 1 ou 100%, onde Ya são agregados do tipo A, Yb são agregados do
tipo B.
H é o campo magnético aplicado, a do termo aH representa a contribuição diamag-
nética do material hospedeiro ( vermiculita) ou (χa) uma contribuição da susceptibilidade a
alto campo [9], ou (χa) susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da vermiculita
natural [21];
Temos que o argumento Xp é dado por:
Xp =µpH
kBT.
onde µp = πMps d
3
6é o momento magnético de cada partícula isolada, Mp
s é a densidade de
magnetização da partícula que pode ser escrita como Mps = M s
sρ,onde ρ é a densidade de
massa que tem o valor de 4,87 g cm−3 para a maghemita [13, 9] e M ss é a magnetização de
saturação;
E para partículas agregadas do tipo A e B, o argumento Xi é dado pela expressão abaixo
(relacionada com interação de dipolo):
Xi =
[Qiµp +
(Qiµp)2
r3
](H −Hi)
kBT. (3.8)
onde Qi é o número de partículas agregadas e (H −Hi) é o campo efetivo, com H sendo o
campo externo e Hi o campo de interação.
Substituído r = d na equação (3.8) temos:
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 56
Xi = Qiµp
{1 +
(π
6QiM
ps
)}(H −Hi)
kBT.
Assim o argumento Xa e Xb (interações entre partículas) da Langevin (3.6) é descrito
abaixo pela equação(3.9 e 3.13).
Xa = Qaµp
{1 +
(π
6QaM
ps
)[ga (H) + Fa (H)]
}(H −Hi)
kBT, (3.9)
onde incluiu-se a soma de duas funções ga(H) e Fa(H), sendo que:
ga(H) = B +A
H −Hi
,
com B e A contantes, onde B depende do campo efetivo e está relacionado com o comporta-mento linear na função e A independe do campo efetivo e está relacionado com a magnetizaçãoremanente.
Qa ≥ 2,
Fa(H) = fa(H)tanh
[QaM
ps V
(H −Hi)
kBT
]. (3.10)
esta função é o termo de interação, dada pela multiplicação de uma função fa(H) que está
relacionada com a susceptibilidade rotacional dos momentos magnéticos multiplicada a uma
tanh à exemplo do modelo proposto por Strikman-Wohlfarth.
Para os dados experimentais da vermiculita natural (M × H) nas temperaturas 4,3 K,
100,3 K e 298,4 K e para o FMI (M ×H) a 4,3 K:
Fa(H) = fa(H). (3.11)
Ver na seção anterior, equações da energia de barreira para interações fracas de partículas,
onde Eb = Eb0 + Ebi.
Sendo que para campo magnético H ≤ 0 e H > 0 a função fa(H) é dada por:
fa(H) = A1 + A2[1− tanh2(Y )],
com A1 e A2 duas constantes, sendo que A2 multiplica uma função assimétrica. Temos que:
Y = (ya + yb),
ya =Hma
(H −Hi),
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 57
yb =1
ya.
sendo que Hma fornece valores do máximo da permeabilidade.
Para campo magnético H > 0, fa(H) pode ser uma log-normal expresso como a equação
(3.12).
fa(H) = A1 + A2
exp−ln2
(H
Hma
)2σ2
H
. (3.12)
Para o argumento Xb:
Xb = Qbµp
{1 +
(π
6QbM
ps
)[gb (H) + Fb (H)]
}(H −Hi)
kBT, (3.13)
onde
gb(H) = ga(H),
Qb = 2,
Fb(H) = fb(H)tanh
[QbM
ps V
(H −Hi)
kBT
]. (3.14)
Para os dados experimentais da vermiculita natural (M × H) nas temperaturas 4,3 K,
100,3 K e 298,4 K e para o FMI (M ×H) a 4,3 K:
Fb(H) = fb(H), (3.15)
fb(H) = B1 +B2
[σ2b
[σ2b + (H +Hmb)2]
+σ2b
[σ2b + (H −Hmb)2]
]. (3.16)
sendo que B1 e B2 são constantes, e B2 multiplica duas funções de Lorentz.
Onde B1 = A1 = 0, para os dados experimentais da vermiculita natural (M × H) nas
temperaturas 4,3 K, 100,3 K e 298,4 K e para o FMI (M ×H) a 4,3 K.
3.2 Resultados Experimentais e Análise dos dados
As medidas de magnetização foram feitas para as amostras FMI, VN, VFMI, VFMS
próximas das temperaturas de 4K, 100K, 300K.
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 58
Tabela 3.2: Diâmetros médios e polidispersão
Tabela 3.3: Valores de χ2 obtidos nos ajustes de magnetização
*A notaçãoHC(−) eHC(+) é utilizada para fazer referência ao trecho da curva de magnetizaçãona variação de campo magnético de 20 kOe à -20 kOe chamado de trecho HC(−) e -20 kOe à20 kOe trecho HC(+).
Nos ajustes de magnetização os valores utilizados para o diâmetro médio das nanopartícu-
las e a polidispersão são descritos na tabela (3.2) obtidos por microscopia eletrônica de trans-
missão (MET) para as nanopartículas dos �uidos magnéticos, ou seja < D > = 8,2 nm para
VFMS e < D > = 7,1 nm para FMI, VFMI, exceto para o valor utilizado na vermiculita
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 59
natural, onde utilizamos o diâmetro médio obtido por raio-x para obter um melhor ajuste,
que em comparação com as outras amostras é similar quando obtido por raio-X. Para os
ajustes de magnetização (M ×H), obtivemos para as somas dos quadrados (χ2) os resulta-
dos apresentados na tabela (3.3).
Foi utilizado o programa Scientist para ajustar os dados experimentais e gerar os grá�cos
de magnetização (M ×H) e as tabelas (3.4, 3.5, 3.6 e 3.7). Podemos observar nas curvas de
histerese das �guras (3.3, 3.4, 3.5 e 3.6), que os materiais apresentam campo coercivo (HC)
e magnetização remanente (MR) em todos os casos, conseqüentemente existem interações
entre partículas (agregadas). Observa-se que quando diminui a temperatura do
material o campo coercivo e a magnetização remanescente aumenta . Observa-se
também que o valores do campo coercivo e da magnetização remanescente para a
vermiculita natural são menores que os obtidos para o FMI, VFMI e VFMS .
Curvas de histereses da VN, FMI, VFMI e VFMS:
Figura 3.3: Curvas de histerese (HC(−) e HC(+)) da vermiculita natural, dado experimentalde magnetização (circulo), e curva do modelo (linha contínua é o ajuste utilizando a função�Langevin modi�cada� descrita pela equação 3.6) como uma função do campo aplicado H nastemperaturas e concentrações indicadas.
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 60
Figura 3.4: Curvas de histerese (HC(−) e HC(+)) do FMI, dado experimental de magnetização(circulo), e curva do modelo (linha contínua é o ajuste utilizando a função �Langevin modi-�cada� descrita pela equação 3.6) como uma função do campo aplicado H nas temperaturase concentrações indicadas.
Figura 3.5: Curvas de histerese (HC(−) e HC(+)) da vermiculita natural tratada com FMI,dado experimental de magnetização (circulo), e curva do modelo (linha contínua é o ajusteutilizando a função �Langevin modi�cada� descrita pela equação 3.6) como uma função docampo aplicado H nas temperaturas indicadas.
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 61
Figura 3.6: Curvas de histerese (HC(−) e HC(+)) da vermiculita natural tratada com FMS,dado experimental de magnetização (circulo), e curva do modelo (linha contínua é o ajusteutilizando a função �Langevin modi�cada� descrita pela equação 3.6) como uma função docampo aplicado H nas temperaturas indicadas.
Observa-se nas curvas de magnetização (M × H), �guras (3.7, 3.10, 3.13) e nas curvas
normalizadas, �guras (3.8, 3.9, 3.11, 3.13), à temperatura de 4,3 K, um comporta-
mento magnético na vermiculita natural, diferente do comportamento observado
na vermiculita tratada com FMI e FMS . Observa-se também, nas curvas de mag-
netização (M × H) nas �guras do apêndice A.1 (A.6, A.7, A.8 e A.9), a mudança no
comportamento magnético a medida que variamos a temperatura .
Temos que levar em consideração que na estrutura da vermiculita natural existe a presença
de ferro e no FMI e FMS a existência do óxido de ferro magnetita (Fe3O4) o qual apresenta
comportamento ferrimagnético, além do óxido de ferro maghemita (γ − Fe2O3) em todos os
materiais estudados (ver tabelas de mösbauer B.1 e B.2 no apêndice). A diferença observada
nas curvas de magnetização (M ×H), na temperatura de 4,3 K, para a vermiculita natural
e para a vermiculita tratada com FMI e FMS é devido também a presença desses óxidos de
ferro.
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 62
Figura 3.7: Dados experimentais de magnetização da vermiculita natural para HC(−) e HC(+),nas temperaturas 4,3 K (circulo) e 298,4 K (quadrados) e o modelo (linha contínua) comouma função do campo aplicado H.
Figura 3.8: Dados experimentais de magnetização, normalizados ao Ms ajustado de cadacurva, da vermiculita natural para HC(−) e HC(+), nas temperaturas 4,3 K (circulo) e 298,4K (quadrados) e o modelo (linha contínua) como uma função do campo aplicado H.
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 63
Figura 3.9: Dados experimentais de magnetização, normalizados ao Ms ajustado de cadacurva, do FMI para HC(−) e HC(+), nas temperaturas 4,3 K (circulo) e 298,1 K (quadrados)e o modelo (linha contínua) como uma função do campo aplicado H.
Figura 3.10: Dados experimentais de magnetização da VFMI para HC(−) e HC(+), nas tem-peraturas 4,3 K (circulo) e 298,1 K (quadrados) e o modelo (linha contínua) como uma funçãodo campo aplicado H.
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 64
Figura 3.11: Dados experimentais de magnetização, normalizados ao Ms ajustado de cadacurva, da vermiculita natural tratada com FMI para HC(−) e HC(+), nas temperaturas 4,3K (circulo) e 298,1 K (quadrados) e o modelo (linha contínua) como uma função do campoaplicado H.
Figura 3.12: Dados experimentais de magnetização da VFMS para HC(−) e HC(+), nas tem-peraturas 4,3 K (circulo) e 295,2 K (quadrados) e o modelo (linha contínua) como uma funçãodo campo aplicado H.
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 65
Figura 3.13: Dados experimentais de magnetização, normalizados ao Ms ajustado de cadacurva, da vermiculita natural tratada com FMS para HC(−) e HC(+), nas temperaturas 4,3K (circulo) e 295,2 K (quadrados) e o modelo (linha contínua) como uma função do campoaplicado H.
Observa-se nas �guras (3.14 e 3.15) que as contribuições, na magnetização total da ver-
miculita tratada com FMS, são devidas a dímeros do tipo A (52,8%) e dímeros do tipo B
(47,1%). A magnetização dos dímeros do tipo B cresce rapidamente com o campo magnético
e satura. Esta contribuição (B) é mais signi�cativa a baixos valores de H (contribuindo
para campo coercivo e a magnetização remanente). Nas �guras (3.16 e 3.17) observa-se as
contribuições dos tipos A (74,0%) e B (16,9%) à temperatura ambiente. Sendo que a baixos
valores de H, a resposta da magnetização é devida aos dímeros do tipo (A).
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 66
Figura 3.14: Dados experimental de magnetização (HC(−)) em quadrados, e curva do mo-delo (linha contínua é o ajuste) como uma função de campo aplicado H na temperatura econcentração indicada para VFMS.
Figura 3.15: Dados experimental de magnetização ( HC(+)) em quadrados, e curva do mo-delo (linha contínua é o ajuste) como uma função de campo aplicado H na temperatura econcentração indicada para VFMS.
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 67
Figura 3.16: Dados experimental de magnetização (HC(−)) em quadrados, e curva do mo-delo (linha contínua é o ajuste) como uma função de campo aplicado H na temperatura econcentração indicada para VFMS.
Figura 3.17: Dados experimental de magnetização (HC(+)) em quadrados, e curva do mo-delo (linha contínua é o ajuste) como uma função de campo aplicado H na temperatura econcentração indicada para VFMS.
Observa-se na tabela (3.4) para o �uido magnético iônico, quando diminuímos a tempe-
ratura, o aumento na magnetização de saturação e da fração de agregados respectivamente.
A diminuição na fração de agregados do tipo A e o aumento na fração de agregados do tipo
B.
Na tabela (3.5) observa-se para a vermiculita natural, quando diminuímos a temperatura,
o aumento na magnetização de saturação e a ausência de partículas isoladas. O aumento na
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 68
fração de agregados do tipo A e a diminuição na fração de agregados do tipo B respectiva-
mente.
Na tabela (3.6), observa-se, para a vermiculita natural tratada com FMI, quando dimi-
nuímos a temperatura, o aumento na magnetização de saturação e da fração de agregados
respectivamente. A diminuição na fração de agregados do tipo A e o aumento na fração de
agregados do tipo B.
Na tabela (3.7), observa-se, para a vermiculita natural tratada com FMS, quando dimi-
nuímos a temperatura, o aumento na magnetização de saturação e da fração de agregados
respectivamente. A diminuição na fração de agregados do tipo A e o aumento na fração de
agregados do tipo B.
Tabela 3.4: Parâmetros ajustados do �uido magnético iônico
Tabela 3.5: Parâmetros ajustados da vermiculita natural
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 69
Tabela 3.6: Parâmetros ajustados da vermiculita natural tratada com FMI
Tabela 3.7: Parâmetros ajustados da vermiculita natural tratada com FMS
Nas �guras (3.18), ambas na temperatura de 4,3 K, é possível observar o comportamento
da curva de histerese quando é gerada considerando somente o primeiro termo da função Xi
que gera uma curva de histerese com os valores de Hi , obtidos através do ajuste, diferentes
dos valores estimados para HC na amostra FMI mas que coincidem para a amostra VFMI,
mostrando que os valores de Hi não são necessariamente iguais aos valores estimados para
HC .
CAPÍTULO 3. MAGNETIZAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 70
Figura 3.18: Nas �guras tem-se curvas de histerese (HC(−) e HC(+)) do FMI e da VFMI,sendo que na primeira Hi não coincide com Hc e na segunda Hi coincide com Hc.
Capítulo 4
Conclusões e Perspectivas
O modelo utilizado para a análise das curvas de histerese (M Ö H) permitiu concluir
que existem interações partícula-partícula, na forma de agregados, pois todas as amostras
apresentaram histerese. Reduzindo-se a temperatura de todos os materiais investigados o
campo coercivo e a magnetização remanente aumentam. Observa-se que os valores do campo
coercivo e da magnetização remanente para a vermiculita natural são menores que os valores
obtidos para o �uido magnético iônico (FMI), vermiculita natural expandida tratada com �u-
ido magnético iônico (VFMI) e vermiculita natural expandida tratada com �uido magnético
surfactado (VFMS). À temperatura de 4,3 K o comportamento magnético da vermiculita
natural expandida é diferente do comportamento magnético observado nas amostras VFMI
e VFMS. Observa-se, ainda, uma mudança nesse comportamento magnético à medida que
aumentamos a temperatura do material. Foi possível concluir que a resposta magnética do
nanocompósito VFMS, quando submetido a baixos valores de campo magnético e à tem-
peratura 4,3 K, é devida aos dímeros do tipo (B), pois foi a componente da magnetização
que cresceu rapidamente e saturou. No entanto, quando submetemos a mesma amostra à
temperatura de 295,2 K a resposta magnética, a baixos valores de campo magnético, é devida
aos dímeros do tipo (A), pois neste caso representa a componente que cresce rapidamente e
satura.
Como perspectivas futuras sugerem-se:
� Estudar novas amostras de vermiculita natural expandida tratada com �uidos magnéti-
cos;
� Realizar medidas de magnetização (M Ö H), com maior detalhamento em valores de
baixos campos e em uma faixa de temperatura mais ampla;
� Realizar medidas de susceptibilidade e analisar os dados experimentais já obtidos;
71
CAPÍTULO 4. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS 72
� Realizar medidas de Birrefringência Magnética Estática, com o objetivo de estudar
o comportamento magneto-óptico dos �uidos magnéticos utilizados no tratamento da
vermiculita natural expandida.
Apêndice
73
Apêndice A
Grá�cos de Magnetização
A.1 Vermiculita natural
Figura A.1: Curva de histerese HC(−) e HC(+) da vermiculita natural, dado experimentalde magnetização (circulo), e curva do modelo (linha contínua é o ajuste utilizando a função�Langevin modi�cada� descrita pela equação 3.6) como uma função do campo aplicado H natemperatura e concentração indicada.
74
APÊNDICE A. GRÁFICOS DE MAGNETIZAÇÃO 75
Figura A.2: Dados experimentais de magnetização da vermiculita natural paraHC(−) eHC(+),na temperatura de 4,3 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como uma função do campoaplicado H.
Figura A.3: Dados experimentais de magnetização da vermiculita natural paraHC(−) eHC(+),na temperatura de 20,2 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como uma função do campoaplicado H.
APÊNDICE A. GRÁFICOS DE MAGNETIZAÇÃO 76
Figura A.4: Dados experimentais de magnetização da vermiculita natural paraHC(−) eHC(+),na temperatura de 100,3 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como uma função do campoaplicado H.
Figura A.5: Dados experimentais de magnetização da vermiculita natural paraHC(−) eHC(+),na temperatura de 298,4 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como uma função do campoaplicado H.
APÊNDICE A. GRÁFICOS DE MAGNETIZAÇÃO 77
Figura A.6: Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição diamagnéticaou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN como uma função do campoaplicado H na temperatura e concentração indicada.
Figura A.7: Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição diamagnéticaou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN como uma função do campoaplicado H na temperatura e concentração indicada.
APÊNDICE A. GRÁFICOS DE MAGNETIZAÇÃO 78
Figura A.8: Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição diamagnéticaou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN como uma função do campoaplicado H na temperatura e concentração indicada.
Figura A.9: Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição diamagnéticaou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN como uma função do campoaplicado H na temperatura e concentração indicada.
APÊNDICE A. GRÁFICOS DE MAGNETIZAÇÃO 79
A.2 Vermiculita natural tratada com FMI
Figura A.10: Curva de histerese (HC(−) e HC(+)) da vermiculita natural tratada com FMI,dado experimental de magnetização (circulo), e curva do modelo (linha contínua é o ajusteutilizando a função �Langevin modi�cada� descrita pela equação 3.6) como uma função docampo aplicado H na temperatura indicada.
Figura A.11: Dados experimentais de magnetização da VFMI para HC(−) e HC(+), na tem-peratura de 4,3 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como uma função do campo aplicadoH.
APÊNDICE A. GRÁFICOS DE MAGNETIZAÇÃO 80
Figura A.12: Dados experimentais de magnetização da VFMI para HC(−) e HC(+), na tempe-ratura de 100,3 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como uma função do campo aplicadoH.
Figura A.13: Dados experimentais de magnetização da VFMI para HC(−) e HC(+), na tempe-ratura de 298,1 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como uma função do campo aplicadoH.
APÊNDICE A. GRÁFICOS DE MAGNETIZAÇÃO 81
Figura A.14: Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição diamagnéticaou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN como uma função do campoaplicado H na temperatura indicada.
Figura A.15: Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição diamagnéticaou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN como uma função do campoaplicado H na temperatura indicada.
APÊNDICE A. GRÁFICOS DE MAGNETIZAÇÃO 82
Figura A.16: Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição diamagnéticaou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN como uma função do campoaplicado H na temperatura indicada.
A.3 Vermiculita natural tratada com FMS
Figura A.17: Curva de histerese (HC(−) e HC(+)) da vermiculita natural, dado experimentalde magnetização (circulo), e curva do modelo (linha contínua é o ajuste utilizando a função�Langevin modi�cada� descrita pela equação 3.6) como uma função do campo aplicado H natemperatura indicada.
APÊNDICE A. GRÁFICOS DE MAGNETIZAÇÃO 83
Figura A.18: Dados experimentais de magnetização da VFMS para HC(−) e HC(+), na tem-peratura de 4,3 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como uma função do campo aplicadoH.
Figura A.19: Dados experimentais de magnetização da VFMS para HC(−) e HC(+), na tempe-ratura de 100,2 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como uma função do campo aplicadoH.
APÊNDICE A. GRÁFICOS DE MAGNETIZAÇÃO 84
Figura A.20: Dados experimentais de magnetização da VFMS para HC(−) e HC(+), na tempe-ratura de 295,2 K (circulo) e o modelo (linha contínua) como uma função do campo aplicadoH.
Figura A.21: Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição diamagnéticaou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN como uma função do campoaplicado H na temperatura indicada.
APÊNDICE A. GRÁFICOS DE MAGNETIZAÇÃO 85
Figura A.22: Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição diamagnéticaou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN como uma função do campoaplicado H na temperatura indicada.
Figura A.23: Dados experimentais de magnetização (HC(−) e HC(+)), e curva do modelo(linha contínua ajustada com a equação(3.6)), a pode ser uma contribuição diamagnéticaou susceptibilidade do ordenamento antiferromagnético da VN como uma função do campoaplicado H na temperatura indicada.
Apêndice B
Difratogramas de Raio-X e Dados
Mössbauer
B.1 Difratogramas de raio-X
Figura B.1: Difratogramas de raio-X dos FMI e FMS, onde a linha sólida vermelha é o ajustefeito utilizando uma função de Lorentz.
86
APÊNDICE B. DIFRATOGRAMAS DE RAIO-X E DADOS MÖSSBAUER 87
Figura B.2: Difratogramas de raio-X da VN e VFMI, onde a linha sólida vermelha é o ajustefeito utilizando uma função de Lorentz.
Figura B.3: Difratogramas de raio-X da VFMS e VSFMI, onde a linha sólida vermelha é oajuste feito utilizando uma função de Lorentz.
APÊNDICE B. DIFRATOGRAMAS DE RAIO-X E DADOS MÖSSBAUER 88
B.2 Tabela de dados de Mössbauer
Tabela B.1: Parâmetros obtidos por espectroscopia Mössbauer para amostras de Vermiculitanatural, FMI, VFMI e VSFMI[15]
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APÊNDICE B. DIFRATOGRAMAS DE RAIO-X E DADOS MÖSSBAUER 89
Tabela B.2: Parâmetros obtidos por espectroscopia Mössbauer para amostras de Vermiculitanatural, FMS, VFMS[15]
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Apêndice C
Campos e Energias de Dipolos
Considerando um dipolo, com dois pontos de pólos p(−p; +p) distância interpolar l, e
momento magnético µ = pl. O campo H1 do dipolo num ponto P com distância r do centro
do dipolo e alinhado com o dipolo é dado pela equação (C.1) como na �gura (C.1) [7].
Figura C.1: Campo produzido por um dipolo
H =p
d′2, (C.1)
onde p = ±p e d′ = r ∓(l2
)E a equação (C.1) �ca:
H1 = +p[
r −(l2
)]2 − p[r +
(l2
)]2
H1 =p[r +
(l2
)]2− p
[r −
(l2
)]2[r −
(l2
)]2 [r +
(l2
)]2
H1 =p[r2 + 2r
(l2
)+(l2
)2]− p
[r2 − 2r
(l2
)+(l2
)2]
[r2 − 2r
(l2
)+(l2
)2]·[r2 + 2r
(l2
)+(l2
)2]
90
APÊNDICE C. CAMPOS E ENERGIAS DE DIPOLOS 91
H1 =p[r2 + rl + l2
4
]− p
[r2 − rl + l2
4
](r2 − rl + l2
4
)·(r2 + rl + l2
4
)
H1 =pr2 + prl + p l
2
4− pr2prl − p l2
4
r4 + r3l + r2 l2
4− r3l − r2l2 − r l3
4+ r2 l2
4+ r l
3
4+ l4
16
H1 =2prl
r4 + 12r2l2 − r2l2 + l4
16
=2prl
r4 − 12r2l2 + l4
16
=2prl[
r2 −(l2
4
)]2 .Se r é grande comparado a l, esta expressão torna-se:
H1 =2pl
r3=
2µ
r3. (C.2)
Na expressão acima(C.2) pode-se observar que quanto mais longe estiver o ponto P , onde
o campo produzido pelo dipolo atua, menor será este campo atuando no ponto P . O campo
é inversamente proporcional a distância entre o dipolo e o ponto P .
Se considerarmos duas nanopartículas, r será a distância entre seus centros, l é o diâmetro
médio de cada nanopartícula. Quanto mais próximas elas estiverem maior é a força de
interação entre elas, pois H é maior. O diâmetro é outro ponto que in�uência nesta força,
pois quanto menor o diâmetro, menor será o campo H.
Figura C.2: Campo H2 produzido
Similarmente, o campo H2 no ponto P de frente para o centro do dipolo é a soma dos
dois campos H(+) e H(−) iguais em magnitude como na �gura(C.2).
APÊNDICE C. CAMPOS E ENERGIAS DE DIPOLOS 92
H2 = H(+)cosα
H2 = 2
p
r2 +(l2
4
) ·
l2[
r2 +(l2
4
)] 12
,
H2 =pl[
r2 +(l2
4
)] 32
.
Novamente, se r � l:
H2 =pl
r3=
µ
r3.
Figura C.3: Campos de dipolos
Na �gura (C.3) nós desejamos saber o campo H no ponto P , onde a linha de P ao
dipolo faz um ângulo θ com o eixo do dipolo. O momento do dipolo pode ser resolvido em
componentes paralelas e normal à linha do ponto P . Assim,
Hr =2(µcosθ)
r3,
APÊNDICE C. CAMPOS E ENERGIAS DE DIPOLOS 93
Hθ =µsenθ
r3.
Somando os dois campos (soma de duas componentes vetoriais):
H = (H2r +H2
θ )12 ,
H =
[2µcosθ
r3
]2
+
[µsenθ
r3
]2
12
=
[4µ2cos2θ
r9+µ2sen2θ
r9
] 12
=
[µ2
r9
(3cos2θ + cos2θ + sen2θ
)] 12
,
H =µ
r3
(3cos2θ + 1
) 12 ,
O campo resultante H é inclinado no ângulo (θ + φ) do eixo do dipolo, onde:
tanφ =Hθ
Hr
=µsenθ
r3· r3
2 (µcosθ)=
1
2
senθ
cosθ=
1
2tanθ.
Figura C.4: Interação de dipolos
A expressão para a energia potencial mútua de dois dipolos. Na �gura(C.3) vemos dois
dipolos de momentos µ1 e µ2 a uma distância r e fazendo ângulos θ1 e θ2 com uma linha
ligando-os centro-a-centro. O campo em µ2 paralelo a ele e devido a µ1, é:
Hp = Hrcosθ2 −Hθcos(90− θ2).
APÊNDICE C. CAMPOS E ENERGIAS DE DIPOLOS 94
A energia potencial de µ2 no campo de µ1 é obtido pela equação(C.3).
dEp = 2(pHsenθ)l
2dθ,
dEp = µHsenθdθ.
É convencional, segundo [7], tomar o zero da energia como a posição θ = 90 para o limite
inferior.
ˆdEp =
ˆ θ
90
µHsenθdθ,
Ep = µH
ˆ θ
90
senθdθ = µH(−cosθ) |θ90,
Ep = µH [−cosθ + cos90] ,
Ep = −µHcosθ. (C.3)
Sendo que a expressão (C.3) é para um campo aplicado paralelo ao momento magnético.
Se o campo (H) for antiparalelo a µ teremos:
Ep = µHcosθ.
Assim,
� Ep será −µH quando o momento magnético estiver paralelo ao campo H , (θ = 0);
� Ep será zero quando o momento magnético estiver perpendicular ao campo H, (θ = 90);
� E Ep será +µH quando o momento magnético estiver antiparalelo ao campo H, (θ =
180).
No caso de dímeros temos:
Ep = 2µHcosθ.
APÊNDICE C. CAMPOS E ENERGIAS DE DIPOLOS 95
Onde substituindo Hr e Hθ obtidos anteriormente e considerando µ = µ1, teremos:
Ep = −µ2 [Hrcosθ2 −Hθsenθ2] ,
Ep = −µ2
[(2µ1cosθ
r3
)cosθ2 −
(µ1senθ
r3
)senθ2
],
Ep = −µ2µ1
[2cosθcosθ2
r3− senθ1senθ2
r3
],
Ep = −µ1µ2
r3(2cosθ1cosθ2 − senθ1senθ2) ,
Ep =µ1µ2
r3[cos (θ1 − θ2)− 3cosθ1cosθ2] . (C.4)
Similarmente, pode-se ver que a energia potencial de µ1 no campo de µ2 é dado pela
mesma expressão. Assim, Ep é a energia potencial mútua de dois dipolos. Ela também
pode ser chamada de energia dipolo-dipolo ou energia de interação entre dois dipolos. Esta
é fundamentalmente uma energia magnetostática, onde pode-se observar que, quanto menor
o r, maior será a energia magnetostática.
Conforme descrito na primeiro capítulo deste trabalho, no caso de dímeros de nanopartícu-
las, a energia potencial mútua das nanopartículas é descrita pela equação (C.4) que é a energia
magnetostática:
Ems =µ1µ2
r3[cos (θ1 − θ2)− 3cosθ1cosθ2] , (C.5)
onde r é a distância entre elas e θ1 e θ2 são de�nidos na �gura (C.4).
Para um dímero invertendo pelo modo fanning:
µ1 = µ2 = µ,
r = a,
θ1 = θ,
APÊNDICE C. CAMPOS E ENERGIAS DE DIPOLOS 96
θ2 = −θ.
Assim, a equação (C.5) reduz-se a equação (C.6) abaixo:
Ems =µµ
a3{cos [θ − (−θ)]− 3cosθcos(−θ)} ,
Ems =µ2
a3
{cos(2θ)− 3cos2θ
},
Ems =µ2
a3
{2cos2θ − 3cos2θ − 1
},
Ems = −µ2
a3(1 + cos2θ). (C.6)
Para dímeros rotacionando coerentemente,
µ1 = µ2 = µ,
r = a,
θ1 = θ2 = θ.
E a equação (C.5) torna-se a equação (C.7).
Ems =µµ
a3[cos(θ − θ)− 3cosθcosθ],
Ems =µ2
a3(1− 3cos2θ). (C.7)
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