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Caracterização Fitofisionômica do fragmento do Bioma Cerrado existente no Bosque dos Buritis Goiânia-GO Julho 2014 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Caracterização Fitofisionômica do fragmento do Bioma Cerrado existente no Bosque dos Buritis Goiânia-GO Jefferson Pereira da Silva [email protected] MBA Engenharia Sanitária e Ambiental Instituto de Pós-Graduação - IPOG Goiânia, GO (06 /08/2013) Resumo O bioma cerrado mesmo em condições de degradação eminente apresenta em sua amplitude diversas características demarcadas em seus aspectos físicos e químicos, além de possuir uma vasta diversidade florística e faunística endêmicas criticamente ameaçadas. O presente trabalho tem por objetivo caracterizar a fitofisionômia da remanescência desse tipo de bioma encontrado no Bosque dos Buritis, Goiânia-GO. Na área em estudo, foram colhidos registros fotográficos da vegetação com o intuíto de comparar os mesmos com as classificações paisagísticas propostas na literatura possibilitando traçar um parâmetro comparativo e diagnóstico da flora existente no local. Os resultados permitiram afirmar que existe uma predominância das fitofisionômias de aspecto florestal, apresentando um tipo de mosaico vegetativo, bem como a presença de veredas dentre outras formações vegetativas que demarcam bem as características do bioma cerrado existente no Bosque. Palavras-chave: Biodiversidade; Cerradão; Veredas; Bosque dos Buritis 1. Introdução O bioma cerrado com uma extensão de mais de 8,5 milhões de Km 2 , distribuídos por latitudes que vão desde aproximadamente 5°N até quase 34°S ocorrendo deste o Amapá e Roraima, em latitudes ao norte do Equador, até o Paraná, já dentro do trópico de capricórnio, no sentido das longitudes, ele aparece desde Pernambuco, Alagoas, Sergipe até o Pará e o Amazonas, aqui como encraves dentro da floresta amazônica (COUTINHO, 2006). Possui um grande potencial comercial em diversos aspectos sustentáveis, proveniente da utilização dos recursos de fauna e principalmente da flora nativa, junto às indústrias de cosméticos, fármacos, alimentação entre outros seguimentos ainda pouco explorados. Segundo Mendonça et al. (1998 apud FELFILI. et al, 2001), a flora do cerrado é uma das mais ricas dentre as savanas do mundo, com uma estimativa superior a 6.000 espécies vasculares. De acordo com Coutinho (2006) o bioma possui características fitofisionômicas, bem distintas, sendo estas relacionadas ao solo, relevo, clima, fauna e vegetação. 1.2. Bioma Cerrado Em sua definição mais ampla, o cerrado ocupa cerca de um quinto do território do Brasil (SILVA, 2006) sendo considerado o segundo maior bioma brasileiro de acordo com dados do IBGE, onde apenas 15% de sua área total encontram-se em estado de conservação

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Caracterização Fitofisionômica do fragmento do Bioma Cerrado existente no Bosque dos Buritis Goiânia-GO

Julho 2014

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014

Caracterização Fitofisionômica do fragmento do Bioma Cerrado existente

no Bosque dos Buritis Goiânia-GO

Jefferson Pereira da Silva – [email protected]

MBA Engenharia Sanitária e Ambiental

Instituto de Pós-Graduação - IPOG

Goiânia, GO (06 /08/2013)

Resumo

O bioma cerrado mesmo em condições de degradação eminente apresenta em sua amplitude

diversas características demarcadas em seus aspectos físicos e químicos, além de possuir

uma vasta diversidade florística e faunística endêmicas criticamente ameaçadas. O presente

trabalho tem por objetivo caracterizar a fitofisionômia da remanescência desse tipo de bioma

encontrado no Bosque dos Buritis, Goiânia-GO. Na área em estudo, foram colhidos registros

fotográficos da vegetação com o intuíto de comparar os mesmos com as classificações

paisagísticas propostas na literatura possibilitando traçar um parâmetro comparativo e

diagnóstico da flora existente no local. Os resultados permitiram afirmar que existe uma

predominância das fitofisionômias de aspecto florestal, apresentando um tipo de mosaico

vegetativo, bem como a presença de veredas dentre outras formações vegetativas que

demarcam bem as características do bioma cerrado existente no Bosque.

Palavras-chave: Biodiversidade; Cerradão; Veredas; Bosque dos Buritis

1. Introdução

O bioma cerrado com uma extensão de mais de 8,5 milhões de Km2, distribuídos por

latitudes que vão desde aproximadamente 5°N até quase 34°S ocorrendo deste o Amapá e

Roraima, em latitudes ao norte do Equador, até o Paraná, já dentro do trópico de capricórnio,

no sentido das longitudes, ele aparece desde Pernambuco, Alagoas, Sergipe até o Pará e o

Amazonas, aqui como encraves dentro da floresta amazônica (COUTINHO, 2006).

Possui um grande potencial comercial em diversos aspectos sustentáveis, proveniente

da utilização dos recursos de fauna e principalmente da flora nativa, junto às indústrias de

cosméticos, fármacos, alimentação entre outros seguimentos ainda pouco explorados.

Segundo Mendonça et al. (1998 apud FELFILI. et al, 2001), a flora do cerrado é uma das

mais ricas dentre as savanas do mundo, com uma estimativa superior a 6.000 espécies

vasculares. De acordo com Coutinho (2006) o bioma possui características fitofisionômicas,

bem distintas, sendo estas relacionadas ao solo, relevo, clima, fauna e vegetação.

1.2. Bioma Cerrado

Em sua definição mais ampla, o cerrado ocupa cerca de um quinto do território do

Brasil (SILVA, 2006) sendo considerado o segundo maior bioma brasileiro de acordo com

dados do IBGE, onde apenas 15% de sua área total encontram-se em estado de conservação

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permanente (fig. 1). Estima-se que a área “core” ou nuclear do domínio do cerrado tenha

aproximadamente 1,5 Milhões de Km2 (COUTINHO, 2006), e se encontre distribuída

principalmente, pelo Planalto Central Brasileiro, nos Estados de Goiás, Tocantins, Mato

Grosso, Mato Grosso do Sul, parte de Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal, totalizando

aproximadamente 196.776.853 ha. Existem ainda outras áreas de Cerrado, chamadas

periféricas ou ecótonos, que são transições com os biomas Amazônia, Mata Atlântica e

Caatinga (IBAMA, 2005). Segundo Coutinho (2006) poucas são as unidades de conservação, com áreas bem

significativas, onde o cerrado é o bioma dominante. Entre elas podemos mencionar o

Parque Nacional das Emas (131.832 ha), o Parque Nacional Grande Sertão Veredas

(84.000 ha), o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (33.000 ha), o Parque

Nacional da Serra da Canastra (71.525 ha), o Parque Nacional da Chapada dos

Veadeiros (65.515 ha), que vem a ser o maior sob território goiano e o Parque

Nacional de Brasília (28.000 ha).

A flora do cerrado por sua vez é riquíssima e muito pouco explorada sob o ponto de

vista de aproveitamento sustentável. Estimativas atuais sobre a composição do estrato

herbáceo mostram cerca de 3.000 espécies, sendo 1.000 delas do estrato arbóreo-arbustivo e

2.000 do herbáceo-subarbustivo. Como famílias de maior expressão se destacaram as

Leguminosas (Mimosaceae, Fabaceae e Caesalpiniaceae), entre as lenhosas, e as Gramíneas

(Poaceae) e Compostas (Asteraceae), entre as herbáceas (COUTINHO, 2006). A vegetação,

considerada aqui em seu “sensu lato”, não possui uma fisionomia única em toda a sua

extensão (COUTINHO, 2006). A flora do cerrado apresenta uma característica

marcantemente melitófila, mesmo considerando a escassez de informações para o estrato

herbáceo (SILVA, 2006), sendo reconhecido devido às suas diversas formações

ecossistêmicas. A fitofisionômia é a primeira impressão causada pela vegetação observada em

determinado ambiente (ALLEN, 1998). Segundo Grabherr & Kojima (1993:218), a

fitofisionômia é uma característica morfológica da comunidade vegetal, sendo Humboldt

(geógrafo e naturalista) quem a empregou pela primeira vez para descrever a vegetação como

um ambiente bem mais ambíguo e com uma relativa heterogenia entre o estrato herbáceo.

O solo do bioma cerrado apresenta uma característica definida tendo como aspectos

relevantes: baixo teor de matéria orgânica agregada ao solo, baixa capacidade de retenção de

água, caráter ácido com pH de variação entre (4-5), altos níveis de Al3+ que proporciona

limitações morfofisiológicas em parte dos indivíduos constituintes da vegetação, possui uma

textura predominantemente caracterizada por formações entre uma fração arenosa, argilosa e

por silte. (COUTINHO, 2006)

Na região em que o cerrado ocorre, o clima é tropical, com temperaturas médias anuais

entre 20 e 26º C, com uma precipitação pluviométrica anual de 750 a 2.000 mm, o que pode

ser considerado um índice relativamente alto, em relação aos demais biomas, uma vez que o

cerrado apresenta em sua maior parte características fitofisionômicas semelhantes ao bioma

da caatinga, com aspecto de sequidão proporcionado visualmente pelo tipo de vegetação

presente, apresentando estações bem definidas como seca e outra chuvosa bem (EITEN,

1972).

Já no que diz respeito à fauna deste ambiente, são conhecidas, até o momento cerca de

1.575 espécies foram descritas, formando o segundo maior conjunto animal do planeta. Cerca

de 50 das 100 espécies de mamíferos (pertencentes à cerca de 70 gêneros) estão no cerrado.

Apresenta também 837 espécies de aves; 150 de anfíbios, das quais 45 são endêmicas; 120

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espécies de répteis, das quais 45 endêmicas, além de uma rica diversidade principalmente

entre os invertebrados. Esta riqueza reflete a adaptação aos diversos tipos de vegetação

encontrados. Algumas espécies de invertebrados são restritas a determinadas formações

vegetais, enquanto que outras têm distribuição mais ampla habitando diversas

fisionomias.(CAVASSAM, 2006).

O acelerado processo de ocupação do cerrado, com intenso desmatamento tem gerado

grandes problemas, como a perda de solo por erosão e a de espécies animais e vegetais,

diminuindo consideravelmente a diversidade do seu banco genético. O cerrado caracteriza-se

principalmente pela diversidade de suas paisagens, onde cada uma mantém determinado nível

de relações ecológicas que as distinguem das demais, seja em nível de ciclagem de nutrientes,

produção de biomassa, ou mesmo balanço hídrico e energético. O avanço intenso da fronteira

agropecuária vem causando danos catastróficos à biodiversidade do cerrado, em que se pese a

significância da produção e produtividade da região no balanço econômico/financeiro do país.

1.3. Fitofisionômias do Cerrado

De acordo com dados da Embrapa (2007), são descritos onze tipos principais de

vegetação para o bioma Cerrado, enquadrados em formações florestais (Mata Ciliar, Mata de

Galeria, Mata Seca e Cerradão), savânicas (Cerrado sentido restrito, Parque de Cerrado,

Palmeiral e Vereda) e campestres (Campo Sujo, Campo Limpo e Campo Rupestre).

Considerando também os subtipos neste sistema são reconhecidos 25 tipos de vegetação.

(Fig. 2)

Figura 2- Esquema de Formações fitofionômicas do bioma cerrado. Fonte: agencia de Informação Embrapa,

2007

Ribeiro e Walter (2008) apresentam uma classificação fitofisionômica para o Cerrado,

dividida em três formações paisagísticas:

Formações Florestais: As formações florestais do Cerrado englobam os tipos de

vegetação com predominância de espécies arbóreas, com a formação de dossel

contínuo. Mata Ciliar: vegetação florestal que acompanha os rios de médio porte da

Região do Cerrado, em que a vegetação arbórea não forma galerias. Mata de

Galeria: vegetação florestal que acompanha os rios de pequeno porte e córregos dos

planaltos do Brasil Central, formando corredores fechados (galerias) sobre o curso

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d’água. Mata Seca: estão incluídas as formações florestais no bioma Cerrado que

não possuem associação com cursos de água, caracterizadas por diversos níveis de

caducifólia durante a estação seca. Cerradão: formação florestal do bioma Cerrado

com características esclerofilas, motivo pelo qual é incluído no limite mais alto o

conceito de Cerrado sentido amplo. Nos tempos de Warning (1973 – original de

1892) era chamado de “Catanduva” que foi definida por ele como “a mata virgem

particular dos planaltos”. Formações Savânicas: englobam quatro tipos

fitofisionômicos principais: o Cerrado sentido restrito, o Parque de Cerrado, o

Palmeiral e a Vereda. De acordo com a densidade (estrutura) abóreo-arbustiva, ou

com o ambiente em que se encontra, o Cerrado sentido restrito apresenta quatro

subtipos: Cerrado Denso, Cerrado Típico, Cerrado Ralo e Cerrado Rupestre. O

Palmeiral também possui quatro subtipos principais, determinados pela espécie

dominante: Babaçual, Buritizal, Guerobal e Macaubal. Cerrado sentido restrito:

presença de árvores baixas, inclinadas, tortuosas, com ramificações irregulares e

retorcidas, geralmente com evidências de queimadas. Os arbustos e subarbustos

encontram-se espalhados, com algumas espécies apresentando órgãos subterrâneos

perenes (Xilopódeos), que permite a rebrota após a queima ou corte.

Parque de Cerrado: formação savânica caracterizada pela presença de

árvores agrupadas em pequenas elevações do terreno, algumas vezes imperceptíveis

e outras com muito destaque, que são conhecidas como “murundus” ou “monchões”.

Palmeiral: A formação savânica caracterizada pela presença única de espécie de

palmeira arbórea é denominada de palmeiral. Nesta fitofisionomia praticamente não

há destaque das árvores dicotiledôneas, embora elas possam ocorrer com freqüência

baixa (RIBEIRO; WALTER, 2008, p. 164-180).

Segundo as proposições de Coutinho (2006), o bioma do cerrado em sua totalidade

apresenta uma fitofisionomia de relevo com semelhanças relevantes se comparada às grandes

savanas africanas, porém, com algumas particularidades que o tornam um tipo de mixagem

entre formações de relevo, resultando em um tipo unicamente presente nas ocorrências do

bioma em território brasileiro.

1.4. Goiânia-Goiás-Brasil

O município de Goiânia capital do estado de Goiás sob a localização Latitude: -

16.6799, Longitude: -49.255 16° 40′ 48″ Sul, 49° 15′ 18″ Oeste, com uma área territorial de

aproximadamente 732.802 Km² e uma densidade populacional estimada superior à 1.300.000

habitantes segundo dados do IBGE (2010).(Fig. 3). O município de Goiânia encontra-se

inserido no bioma cerrado e apresenta algumas dezenas de áreas verdes classificadas como

parques municipais, áreas verdes com dimensões espaciais relativamente grandes, geralmente

dotadas de cursos d’ água, nascentes, lagos e lagoas e bosques, áreas verdes de tamanho

reduzido (com exceção do Bosque dos Buritis, situado na região central da cidade) de acordo

com dados da AMMA- agencia Municipal Do Meio ambiente de Goiânia.

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Figura 3- Mapa da Localização de Goiânia-GO. Fonte: TV cultura.com.br

Os parques localizados no perímetro urbano ou na periferia das cidades são áreas de

proteção ambiental que desempenham uma função destacada no equilíbrio da malha

urbana. Estes parques são espaços da natureza que se protegeram da ocupação

humana e, devido sua estrutura florística, seu contingente faunístico, suas

características hídricas e sua influência no microclima, são importantes para a

qualidade ambiental do complexo urbano (MOHR, 1985:255).

A importância desses locais vai muito além do interesse social urbano, e devem ser

observados sob a visão ambiental ampla, de modo a atentar-se a função exercida para

viabilização de um espaço para a conservação da diversidade biológica, ostentando uma

significante manutenção do bioma onde estão inseridos (TERBORGH & VAN SCHAIK,

2002:518).

De acordo com AMMA (2013), os fragmentos de cerrado contidos dentro da área

urbana do município de Goiânia estão regionalmente distribuídos de acordo com o quadro.

(Fig. 4)

Região Unidades

Central

Norte

Leste

Sudeste

Sul

Macambira/Cascavel

Sudoeste

Oeste

Mendanha

Noroeste

Vale do Meia Ponte

Campinas

4

20

19

18

6

l2

33

26

19

25

16

3

Figura 4- Distribuição de áreas verdes urbanas no município de Goiânia-GO. Fonte: AMMA- Agencia

Municipal do Meio Ambiente de Goiânia

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1.5. Bosque dos Buritis Goiânia-GO

O Bosque dos Buritis criado junto ao plano original de Goiânia em 1938 possui uma

área total de 124.800,00m², e está localizado entre as ruas 01, 29, Av. Assis Chateaubriand e

Al. Dos Buritis, entre os setores Central/Oeste, região central da cidade de Goiânia-GO

(AMMA, 2013). (fig.5)

A B Figura 5- A- Mapa da região central Goiânia-GO, localização do bosque dos Buritis. B- vista panorâmica do

bosque dos Buritis, Goiânia-GO. Fonte: Google.com/imagens; Bosque dos buritis- localização

Dentre os recursos naturais existentes, o bosque abriga um fragmento de bioma cerrado,

além da APP (Área de Preservação Permanente), do Corrego Buritis, que se faz presente

como recurso principal hídrico e proporciona a manutenção natural do ecossistema local,

garantindo à flora e fauna local, uma abundante reserva de água no bosque.

A manutenção e os atuais planos de manejo exixtentes na área do bosque são

executados intagralmente pela prefeitura municipal, por via do órgão gestor (Agência

Municipal do Meio ambiente-AMMA), e com a participação ativa da sociedade. O bosque

conta também com infraestruturas para desfrute social, tais como: Museu de artes, orquidário,

locais para confecção de oficinas manuais, pista de caminhada, área de entreterimento, praça

de alimentação, entre outros.

De acordo com dados da Agência Municipal de Meio Ambiente, os números de

visitação do bosque são elevados, devido sua localização, com fácil acesso a qualquer região

da cidade (AMMA, 2013). Atualmente o bosque assim como diversas outras unidades de

conservação da cidade de Goiânia conta com uma biodiverssidade abundante em fauna e

flora.

Diante deste cenário esta pesquisa com objetivo principal caracterizar pela primeira vez

quanto as fitofisionomias que constituem o fragmento de cerrado que compoe o Parque

Municipal dos Bosques dos Buritis localizado no municipio Goiânia-GO, bem como

apresentar a importancia da preservação dos recursos locais e incentivar a elaboração de

novas pesquisas que proporcionem a maximinização de ações sustentáveis relacionadas ao

ambiente do parque.

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2. Material e Metodos

Foi executado um coordenado processo de varredura e observação da área total do

parque Municipal dos Bosques dos Buritis, sendo gerados registros fotográficos do ambiente,

tendo como foco principal as formações vegetativas e características limitantes para

posteriores comparações com os dados existentes na literatura, possibilitando uma coerente

caracterização das fisionomias constituintes da flora Local.

3. Resultados e Discussão A vegetação detectada às margens do córrego Buritis apresentou características bem

demarcadas da fisionomia de mata de galeria inserida no conjunto das formações florestais de

acordo com a classificação sugerida por Ribeiro e Walter (2008) que a descreveram como

sendo uma vegetação florestal que acompanha os rios de pequeno porte e córregos dos

planaltos do Brasil Central, com as copas das árvores se encontrando formando corredores

fechados (galerias) sobre o curso d’água. (Fig. 6A, B)

A presença deste tipo de formação vegetativa se faz de suma importância para a

minimização dos impactos negativos sobre o corpo hídrico e área de margens que a ostenta,

garantindo a manutenção de um microhabitat de uma diversidade biológica de grande

relevância para o equilíbrio do ecossistema local.

A

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B

Figura 6 (A,B)- Característica fitofisionomia de Mata de galeria, com o encontro eminente das copas das

árvores sobre o curso do córrego Buritis, Bosque dos buritis, Goiânia-GO. Fonte: Silva, J.P.

Foi evidenciado ao longo das margens do córrego Buritis um tipo de vegetação que se

pode classificar como sendo Mata ciliar, cujas características principais são formação florestal

densa e alta com árvores eretas com altura predominante entre 10 e 25 metros. (Fig. 7A, B,C e

D). Essa vegetação acompanha os rios de médio e grande porte, e a copa das árvores não

formam galerias sobre a água como proposto por Ribeiro e Walter (2008).

A B

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C D Figura 7 (A,B,C e D)- Características que se classificam como fitofisionomia de Mata ciliar, com vegetação

arbórea e Herbácea, ao longo das margens do córrego Buritis, bosque dos Buritis, Goiânia-GO. Fonte: Silva, J.P.

Grande parte do parque é constituída por uma é uma formação florestal, denominada

Cerradão que apresenta elementos xeromórficos (adaptações a ambientes secos) e caracteriza-

se pela composição mista de espécies comuns ao Cerrado Sentido Restrito, à Mata de Galeria

e à Mata Seca (Ribeiro e Walter, 2008). Este tipo de fisionomia talvez seja o de maior

heterogeneidade, e conseqüentemente maior complexidade de se classificar quanto aos

parâmetros sugeridos pela literatura. (Fig. 8A, B,C e D)

A B

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C D Figura 8 (A,B,C e D)- Situação que evidencia a fitofisionomia de Cerradão, com indivíduos arbóreos de altura

superior a 20 metros, e composição florestal densa. Fonte: Silva, J. P.

No fragmento de Cerrado também se encontrou a vegetação tipo Vereda sendo bem

demarcada pela presença do Buriti (Mauritia flexuosa), (Fig. 9), palmeira que ocorre em meio

a agrupamentos de espécies arbustivo-herbáceas. As Veredas são encontradas sobre solos

hidromórficos (alagados) e circundadas por Campo Limpo geralmente úmido. Esta fisionomia

é derivada de uma formação denominada de palmeiral caracterizada pela presença única de

espécie de palmeira arbórea. Nesta fitofisionomia praticamente não há destaque das árvores

dicotiledôneas, embora elas possam ocorrer com freqüência baixa de acordo com a

classificação sugerida por Ribeiro e Walter (2008). (Fig. 10A, B)

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Figura 9- Exemplares de (Mauritia flexuosa) Buriti, palmeira que compõe em grande parte a fitofisionomia de

vereda no bioma Cerrado. Fonte: Silva, J. P.

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A

Figura 10 (A)- Aglomerado de Buriti (Mauritia flexuosa), em detalhe um exemplar jovem, e uma planta adulta

com placa de identificação colocada pela AMMA (Agencia Municipal de Meio Ambiente), Bosque dos Buritis,

Goiânia-GO. Fonte: Silva, J. P.

Figura 10 (B)- Situação que evidencia a fitofisionomia de Vereda, com aglomeração de Buriti (Mauritia

flexuosa), no fragmento de cerrado do Bosque dos Buritis, Goiãnia-GO. Fonte: Silva, J. P.

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Mosaico obtido devido ao agrupamento predominante de diversos tipos de

fitofisionomias dentro do bioma cerrado foram características que reforçaram a de pesquisa de

Humboldt citada por Grabherr & Kojima (1993) que sugere um modelo vegetacional de

características relevantemente heterogêneas. (Fig. 11)

Figura 11- Situação que evidencia o a presença do modelo de mosaico existente no fragmento de Cerrado do

Bosque dos Buritis, Goiânia-GO. Fonte: Silva, J. P.

4. Conclusão

Sendo assim, a caracterização fitofisionômica observada na área do Bosque dos

Buritis, evidenciou uma relativa predominância de formações florestais, com indivíduos de

médio e grande porte, constituindo um mosaico de vegetação, que se fundamenta basicamente

nas seguintes formações: Mata ciliar, Cerradão, bem como a presença de Veredas, além de

um potencial sustentável relevante. Portanto, o parque é de fundamental importância para a

região uma vez que proporciona lazer à população e mantém características bem preservadas

de cerrado, sendo possível o desenvolvimento futuro de outras pesquisas voltadas para

biodiversidade e conservação dessa área.

5. Referências

AMMA Agencia Municipal do Meio Ambiente de Goiânia. Disponível em:

http://www.goiania.go.gov.br/shtml/amma/parquesebosques.shtml# acesso em: 06/06/13.

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