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Núcleo de Redução de Danos Departamento de Intervenção na Comunidade 2011 Caracterização dos projectos de Redução de Riscos e Minimização de Danos apoiados pelo IDT, IP 2010

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Núcleo de Redução de Danos

Departamento de Intervenção na Comunidade

2011

Caracterização dos projectos de

Redução de Riscos e Minimização de Danos

apoiados pelo IDT, IP

2010

Preâmbulo, 4

Sinopse, 5

Introdução e procedimento, 6

Rede de projectos de RRMD que são objecto de caracterização, 7

Ano de implementação dos projectos, 9

Localização geográfica dos projectos, 10

Tipificação genérica dos projectos, 14

População alvo dos projectos, 17

Serviços prestados pelos projectos, 29

Aspectos relativos à dinâmica e gestão dos projectos, 52

Conclusão, 61

Índice

Índice de Gráficos, Figuras, Quadros

Gráficos

Gráfico 1Projectos de RRMD co-financiados pelo IDT, IP a nível nacional, por ano de início de implementação, de 1997 a 2010

Gráfico 2.Projectos de RRMD por tipo de contexto geográfico em 2010 (%) (n=47)

Gráfico 3. Projectos de RRMD, por tipo de contexto de consumo de drogas em 2010 (%) (n=47)

Gráfico 4. Nº de respostas de RRMD implementadas segundo a tipificação do Decreto-Lei 183/2001 em 2010 Gráfico 5. Proporção da população do sexo feminino na população contactada pelos projectos de RRMD em 2010 (n=46) Gráfico 6. Percentagem média da população alvo dos projectos de RRMD em 2010, por faixa etária (n=43) Gráfico 7. Percentagem média da população alvo, por faixa etária em dois tipos de estruturas de RRMD, em 2010 Gráfico 8. Nº de projectos de RRMD por população alvo específica, em 2010 (n=47) Gráfico 9. Proporção da população de consumidores problemáticos na população contactada pelos projectos de RRMD em 2010 (n=45) Gráfico 10. Substâncias mais consumidas pelos clientes dos projectos de RRMD em 2010 (n=46) Gráfico 11. Substâncias que são, em segundo lugar, as mais consumidas pelos clientes dos projectos de RRMD em 2010 (n=45) Gráfico 12. Substâncias que são, em terceiro lugar, as mais consumidas pelos clientes dos projectos de RRMD em 2010 (n=42) Gráfico 13. Substâncias mais consumidas pelos clientes dos Pontos de Contacto e Informação em 2010 (n=7) Gráfico 14.Substâncias que são, em 2º lugar, as mais consumidas pelos clientes dos Pontos de Contacto e Informação em 2010 (n=7) Gráfico15. Substâncias que são, em 3º lugar, as mais consumidas pelos clientes dos Pontos de Contacto e Informação em 2010 (n=6) Gráfico 16. Vias de administração das substâncias mais consumidas pelos clientes dos projectos de RRMD, em 2010 (n=45) Gráfico17.Vias de administração das substâncias mais consumidas pelos clientes dos projectos de RRMD em 2010, por tipo de substância (n=45) Gráfico 18. Vias de administração das substâncias mais consumidas pelos clientes dos Pontos de Contacto e Informação, em 2010 (n=7) Gráfico19. Vias de administração das substâncias mais consumidas pelos clientes dos Pontos de Contacto e Informação em 2010, por tipo de substância (n=7) Gráfico 20. Nº de projectos que implementam cada tipo de serviço (n=47) Gráfico 21. % de Projectos que implementam cada tipo de resposta por tipificação dada pelo Decreto-Lei 183/2001, em 2010 Gráfico 22. Nº de projectos por cada tipo de estrutura que dispõem de Drop In (n=13) Gráfico 23. Tipos de serviços por projectos de RRMD com Drop In, em 2010 (n=13) Gráfico 24. Representatividade do trabalho de rua (em %) na intervenção directa com clientes dos projectos de RRMD, em 2010

(n=41)

Gráfico 25. Tipos de serviços por projectos de RRMD com apoio ao nível da higiene pessoal, em 2010 (n=34) Gráfico 26. Tipos de materiais de redução de danos por projectos de RRMD, em 2010 (n=45) Gráfico 27. Nº de projectos que disponibilizam seringas por tipologia (n=37) Gráfico 28. Combinações de tipologias de disponibilização de seringas dos projectos de RRMD, em 2010 (n=37) Gráfico 29. Representatividade da troca de seringas (em %) na intervenção directa com clientes dos projectos de RRMD, em 2010 (n=37) Gráfico 30. Nº de Estabelecimentos Prisionais regularmente contactados por cada projecto de RRMD com esta valência, em 2010 (n=5) Gráfico 31. Representatividade do apoio social (em %) na intervenção directa com clientes dos projectos de RRMD, em 2010 (n=40) Gráfico 32. Representatividade do apoio médico (em %) na intervenção directa com clientes dos projectos de RRMD, em 2010 (n=17) Gráfico 33. Nº de horas semanais de intervenção com clientes dos projectos de RRMD, em 2010 (n=45) Gráfico 34. Representatividade da intervenção dos projectos de RRMD em período nocturno (entre as 20h e as 8h) no contexto da intervenção directa com clientes, em 2010 (n=33) Gráfico 35. Representatividade da intervenção dos projectos de RRMD ao fim-de-semana no contexto da intervenção directa com clientes, em 2010 (n=34)

Figuras

Figura 1. Distribuição geográfica dos projectos de RRMD em funcionamento em 2010 Figura 2. Principais organizações/serviços com respostas de apoio social para as quais os projectos de RRMD encaminham clientes, em 2010 Figura 3. Principais organizações/serviços com respostas de intervenção de crise, aconselhamento e outro apoio psicológico estruturado para os quais os projectos de RRMD encaminham clientes, em 2010 Figura 4. Principais organizações/serviços com respostas de apoio médico/cuidados de enfermagem/cuidados paramédicos para os quais os projectos de RRMD encaminham clientes, em 2010

Quadros

Quadro 1. Projectos de RRMD financiados em 2010 e respectivas entidades promotoras Quadro 2. Projectos de RRMD financiados, em 2010, e respectivas respostas segundo o Decreto - Lei 183/2001 Quadro 3. Principais tipos de serviços prestados pelos projectos Quadro 4. Temas contemplados no documento de referência utilizado sobre troca de equipamento de injecção Quadro 5. Nº de projectos que prestam cada um dos serviços designados no âmbito do apoio social Quadro 6. Nº de projectos que prestam cada um dos serviços designados no âmbito da intervenção de crise, aconselhamento e outro apoio psicológico estruturado Quadro 7. Nº de projectos que prestam cada um dos serviços designados no âmbito do apoio médico/cuidados de enfermagem/cuidados paramédicos Quadro 8. Nº de projectos que concretizam cada uma das iniciativas de IEC Quadro 9. Descrição das horas de trabalho (pago) dispendidas pelos projectos, por semana, por tipo de área de intervenção

4

A Rede Nacional de Redução de Riscos e Minimização de Danos iniciou-se em 2001 com a abertura do primeiro

concurso nacional para a criação e financiamento de Equipas de Rua, realizado ao Abrigo do Decreto-lei 183/2001

de 21 de Junho que havia sido recentemente publicado.

Importa referir que à data existiam já, algumas intervenções nesta área, nomeadamente nos grandes centros

urbanos, Lisboa e Porto.

Desde então a Rede Nacional de RRMD foi sendo, com base em diagnósticos territoriais, progressivamente

alargada e consolidada e constitui-se hoje como um referencial da intervenção comunitária face ao fenómeno do

uso e abuso de substâncias psicoactivas em Portugal.

O modelo português para a constituição desta Rede assenta, por um lado nos princípios do humanismo e

pragmatismo, basilares em toda a actuação em matéria de Redução de Riscos e Minimização de Danos, bem como

nos princípios da participação e racionalização de meios procurando sempre o envolvimento da sociedade civil em

matéria de intervenção comunitária.

Assim, procura-se neste documento apresentar um olhar global sobre o trabalho efectuado pelos projectos

apoiados financeiramente pelo IDT, I.P. que constituem a Rede Nacional de Redução de Riscos e Minimização de

Danos.

Paula Vale de Andrade

Responsável do Núcleo de Redução de Danos

Preâmbulo

5

Em 2010, o IDT, IP apoiou técnica e financeiramente 49 projectos, sobretudo Equipas de Rua. A intervenção

desenrolou-se por todo o território nacional, com maior preponderância nos grandes centros urbanos, em

contextos de consumo de drogas ocultos e dispersos.

Foram contactados pelas Equipas de Rua, Gabinetes de Apoio, Programas de Substituição Opiácea e Centros de

Acolhimento cerca de 18.829 indivíduos, enquanto os Pontos de Contacto e Informação foram responsáveis pelo

contacto com 24.858 indivíduos.

A população alvo da intervenção é, essencialmente, do sexo masculino (em média, apenas 23% da população dos

projectos é do sexo feminino), sobretudo com idades compreendidas entre os 21 e os 40 anos (o que corresponde

a 57% da população, em média).

Praticamente todos os projectos trabalham, sobretudo, com consumidores de opiáceos e com consumidores de

cocaína e estimulantes, embora estas problemáticas se cruzem com muitas outras que são, também, abordadas.

Em 19 projectos, a percentagem de consumidores problemáticos é superior a 91%, sendo que, de uma forma geral,

a substância que é referida como a mais comummente consumida é a heroína, seguida da cannabis. A cocaína é,

por sua vez, a substância mais referida como a consumida em segundo lugar (sendo normalmente a heroína a

prioritária). As vias de administração mais utilizadas são por sua vez a injectada e a fumada.

Esta caracterização torna visível a maior complexidade e riqueza da intervenção desenvolvida pelos projectos,

verificando-se que os equipamentos e serviços disponibilizados transcendem em muito o expectável considerando

a categorização principal dos projectos no que reporta à tipificação prevista no Decreto-Lei 183/2001 de 21 de

Junho.

As áreas aplicadas de forma mais intensiva e extensiva são: trabalho de rua, serviços de higiene pessoal,

distribuição de material para redução de riscos e minimização de danos, encaminhamentos, apoio social,

intervenção de crise, aconselhamento e outro tipo de apoio psicológico estruturado, avaliação e educação sobre

práticas de risco a nível sexual e no consumo de substâncias, avaliação básica de necessidades de saúde,

tratamento de lesões, intervenção de emergência em situações de overdose e a informação, educação e

comunicação, sobretudo através de materiais.

A maior fatia de projectos actua entre 31 a 50 horas por semana directamente com clientes, incluindo o trabalho à

noite e ao fim-de-semana. De facto, praticamente metade dos projectos actua todos os dias da semana.

18 projectos incluem na sua formação utilizadores ou ex-utilizadores de drogas, sendo que a maioria das equipas

conta com uma política de formação definida e estruturada, que inclui componentes de formação relativas à

avaliação e educação sobre comportamentos sexuais de risco e no consumo de substâncias. A maioria das equipas

recebeu ainda formação sobre actuação em situações de emergência relacionadas com drogas.

A grande parte dos projectos efectua uma avaliação inicial de novos clientes, sendo que metade concebe projectos

de intervenção individualizados e também a maioria implementa uma avaliação sistemática da satisfação dos

clientes relativamente aos serviços prestados.

Por último, será de referir que, na maior parte dos casos, o sistema de recolha de informação dos projectos inclui

componentes diversas, centradas nos serviços prestados, nos contactos realizados e nos clientes.

Sinopse

6

O presente documento tem como objectivo apresentar uma caracterização sucinta da intervenção desenvolvida

pelos projectos de Redução de Riscos e Minimização de Danos (RRMD) financiados pelo IDT, IP, no que respeita ao

ano de 2010. Esta caracterização incide em aspectos como: natureza das entidades promotoras, implementação

geográfica dos projectos, população alvo da intervenção, equipamentos disponíveis e serviços prestados, gestão e

dinâmica dos projectos.

A caracterização da intervenção realizada pelos projectos de RRMD financiados pelo IDT, IP tem como suporte o

instrumento desenvolvido pela Correlation Network, sob orientação do Observatório Europeu da Droga e da

Toxicodependência (OEDT), com vista ao incremento da qualidade da informação recolhida em Redução de Danos a

nível regional, nacional e europeu: Data Collection Protocol for Specialist Harm Reduction Agencies1 (2008).

Trata-se de um instrumento de orientação qualitativa que possibilita a descrição da natureza da organização, dos

serviços prestados pelos projectos, da população alvo, dos mecanismos de gestão interna e de avaliação,

representando a vantagem de proporcionar informação comparável a nível europeu.

Uma vez que o instrumento está originalmente escrito em língua inglesa, realizou-se uma tradução livre para

português. De forma a contornar eventuais enviesamentos na interpretação das questões pelos respondentes em

virtude da tradução realizada, optou-se pelo procedimento de divulgar junto destes quer o instrumento traduzido

(Protocolo para Recolha de Informação em Projectos de Redução de Riscos e Minimização de Danos) quer a versão

original.

Em Julho de 2010, o projecto de caracterização da rede nacional (seus objectivos e metodologia) foi apresentado às

Delegações Regionais, desencadeando-se o seu processo de aplicação.

Neste contexto, todas as entidades promotoras de projectos de RRMD foram contactadas por via telefónica

(possibilitando-se deste modo a realização de esclarecimentos necessários) e por correio electrónico, com vista ao

preenchimento do referido Protocolo. À semelhança do original, este Protocolo inclui um Manual Técnico que

explicita os critérios de resposta a cada uma das questões, bem como clarifica os conceitos utilizados.

Com o propósito de criar um suporte à análise da informação recolhida através do instrumento referido, foi

construída uma base de dados em Excel com todas as variáveis previstas neste. À medida que foram recebidos os

instrumentos preenchidos, foi sendo realizada uma primeira análise com vista à detecção de lacunas e erros na

informação, que foram por sua vez clarificados com os respectivos respondentes. Após esta triagem inicial, toda a

informação recolhida foi inserida na base de dados construída.

Decorre da sua análise o documento que no momento se apresenta.

1 Working Group on Data Collection within the Correlation Network (2008). Data Collection Protocol for Specialist Harm Reduction Agencies.

Amsterdam: Foundation RegenboogAMOC/Correlation Network.

Introdução e Procedimento

7

A presente caracterização incide nos projectos de RRMD que foram apoiados técnica e financeiramente pelo IDT, IP

no ano de 2010, descrevendo-se aspectos relativos à sua actividade no ano em causa.

Assim, neste ano foram apoiados, quer ao abrigo da Portaria nº 131/2008 de 13 de Fevereiro, quer ao abrigo da

Portaria nº 749/2007 de 25 de Junho, 49 projectos. De entre estes, colaboraram neste processo 47 projectos2.

Na totalidade das situações, os projectos são promovidos por organizações não governamentais sem fins lucrativos,

conforme se expõe no Quadro 1.

Quadro 1. Projectos de RRMD financiados em 2010 e respectivas entidades promotoras

2 Não foi possível obter informação sobre os projectos “Consome Desporto” e “180º de Esperança”.

Projecto Entidade Promotora

Consome Desporto* Clube de Ténis de Mesa de Mirandela

3R (s) - reduzir, riscos e reintegrar Associação para o Planeamento da Família

Projectando Vida Centro de Solidariedade de Braga/Projecto Homem

Aproximar Cruz Vermelha Portuguesa - Delegação de Braga

Gabinete de Apoio Casa de Vila Nova Norte Vida – Associação para a Promoção da Saúde

GIRUGaia APDES – Agência Piaget para o Desenvolvimento

(in) Ruas Sol do Ave -Associação para o Desenvolvimento Integrado do

Vale do Ave

Intervir com Arte(s) ARTES - Associação Rio Tinto para a Evolução Social

Novas Metas ADEIMA - Associação para o Desenvolvimento Integrado de

Matosinhos

Rotas com Vida Norte Vida - Associação para a Promoção da Saúde

Estrada com Horizontes GAF – Gabinete de Atendimento à Família

Projecto Elos Arrimo – Organização Cooperativa para o Desenvolvimento

Social e Comunitário, CRL

Equipa de Rua da Zona Histórica do

Porto

Arrimo – Organização Cooperativa para o Desenvolvimento

Social e Comunitário, CRL

Aqui e Agora SAOM – Serviços de Assistência de Organizações de Maria

SER Santa Casa da Misericórdia da Trofa

Serviço Móvel de Apoio à

Comunidade - SMACTE Centro Social de Paramos

GIRU-Barcelos (Grupo de Intervenção

de Rua em Barcelos) Agência Piaget para o Desenvolvimento - APDES

Linhas e Rabiscos GAF – Gabinete de Atendimento à Família

In loco Pelo Prazer de Viver – Saúde, Cultura e Vida – Associação

Concelhia de Desenvolvimento Social

Âncora Arrimo – Organização Cooperativa para o Desenvolvimento

Social e Comunitário, CRL

Centro de Alojamento Temporário

“O Farol” Cáritas Diocesana de Coimbra

Dá a Volta Centro Comunitário de Esmoriz

GAT-Up Cáritas Diocesana de Coimbra

Rede de projectos de RRMD que são objecto de caracterização

8

Quadro 1. Projectos de RRMD financiados em 2010 e respectivas entidades promotoras (cont.)

Projecto Entidade Promotora

Vive a Noite Terras da Gardunha - Associação de Desenvolvimento Local

Giros IPSS Florinhas do Vouga

IN Realidades Cáritas Diocesana de Coimbra

Subtil Cáritas Diocesana da Guarda

Focus Associação Novo Olhar

Caldas Solidária Associação Viagem de Volta

Centro de Acolhimento de Alcântara Desafio Jovem (Teen Challenge) Portugal

Check in Lisboa APDES – Agência Piaget para o Desenvolvimento

Equipa de Rua – cidade de Lisboa

Ocidental Associação Crescer na Maior

Equipa de Rua – cidade de Lisboa

Oriental Associação Crescer na Maior

Encontros de Rua – Setúbal Desafio Jovem (Teen Challenge) Portugal

Ponto de Viragem ACEDA - Associação Cristã Evangélica de Apoio Social

PORTO + SEGURO ACOMPANHA – Cooperativa de Solidariedade Social, CRL

Programa de Substituição Opiácea

em Instalações Fixas e Móveis no

Concelho de Lisboa

Associação Ares do Pinhal

Projecto de Redução de Riscos em

Marvila APDES – Agência Piaget para o Desenvolvimento

Encontros com Resposta ABLA – Associação de Beneficência Luso Alemã

VITAE - Algueirão Mem Martins VITAE - Associação de Solidariedade e Desenvolvimento

Internacional

Sorrir à Vida – Reduzir Associação para o Desenvolvimento Social e Comunitário de

Santarém

180º de Esperança* Cruz Vermelha Portuguesa de Elvas

Arriscar MAPS: Movimento de Apoio à Problemática da SIDA

Chega-te a nós MAPS: Movimento de Apoio à Problemática da SIDA

9

A maior proporção de projectos teve início em 2008, isto é, tem em 2010 cerca de 2 anos de funcionamento. De

facto, a maior parte (31) dos projectos em funcionamento neste ano intervém há 2 anos ou menos. Contudo,

considerando que a área de RRMD é relativamente recente em Portugal, é de salientar a existência de projectos

com diversos anos de experiência, sendo na maioria dos casos Equipas de Rua que foram em primeiro lugar

financiadas ao abrigo do I e II Concurso Nacional para Criação e Funcionamento e para Financiamento deste tipo de

estruturas, implementado pelo IDT, IP, ao abrigo da Portaria 1115/2001 de 20 de Setembro. No grupo inicial de

projectos de RRMD é possível identificar ainda modalidades distintas de financiamento, como são exemplo o Plano

Integrado de Prevenção das Toxicodependências para a Cidade de Lisboa (no âmbito do qual se financiou o PSOBLE

de Lisboa e o Centro de Acolhimento3) e o Protocolo com a Segurança Social (que possibilitou o financiamento de

um Centro de Alojamento Temporário em Coimbra). Posteriormente a 2007 os projectos de RRMD financiados pelo

IDT, IP passaram a ter o enquadramento das Portarias 749/2007 de 25 de Junho e 131/2008 de 13 de Fevereiro. De

facto, é no âmbito da iniciativa PORI que a grande maioria dos projectos de RRMD foi implementada neste período

de tempo4 (Gráfico 1).

Gráfico 1 Projectos de RRMD co-financiados pelo IDT, IP a nível nacional,

por ano de início de implementação, de 1997 a 2010

3 Nos dados apresentados, identifica-se o Centro de Acolhimento de Alcântara como tendo tido início em 2009, em virtude de o projecto em

vigor ser implementado por uma entidade distinta da inicial. Na verdade, este equipamento encontra-se em funcionamento há alguns anos, com um período de interrupção devido à necessidade de realização de obras. 4

Em casos pontuais, há situações de projectos financiados segundo a iniciativa PORI que substituem intervenções anteriormente realizadas em territórios semelhantes pelas mesmas entidades.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

1997 2001 2002 2003 2005 2006 2007 2008 2009 2010

1

34

5

1 1 1

15

11

5

N.º

de

Pro

ject

os

Ano

Ano de implementação dos projectos

10

A maior parte dos projectos estão implementados no litoral do país, nos grandes centros urbanos, com particular

destaque para as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

O processo de decisão quanto ao financiamento da generalidade dos projectos, a partir de 2008, sustentou-se na

realização das primeiras fases do Plano Operacional de Respostas Integradas – PORI. A fase de identificação de

territórios envolveu a participação das várias unidades orgânicas do IDT, IP, bem como de outros serviços da

administração pública, autarquias, entidades da sociedade civil e líderes locais, totalizando o envolvimento de 896

entidades e incidiu nos seguintes problemas associados a factores e a situações de risco: experimentação de

substâncias psicoactivas, prevalência do consumo de substância psicoactivas, disponibilidade de substâncias

psicoactivas, privação económica e social extrema, existência de problemas sociais relacionados com substâncias

psicoactivas, prevalência de doenças infecto-contagiosas e ocorrência de situações e/ou de comportamentos de

risco vivenciadas directa ou indirectamente pelos indivíduos em contextos de consumo de substâncias psicoactivas

(Cruchinho, Silva e Carvalho, 2007: p. 11). Fruto da análise da informação recolhida, identificaram-se 126 concelhos

com problemas associados a factores e situações de risco, que foram hierarquizados e priorizados de acordo com a

análise da dimensão do problema, a sua gravidade e a importância atribuída pelos técnicos/decisores (p. 13),

dando lugar à identificação de zonas prioritárias de intervenção a nível concelhio. Uma análise mais precisa da

informação recolhida e com uma incidência de carácter mais localizado, permitiu por sua vez a identificação de

territórios de intervenção, entendendo-se neste contexto “território” como algo que “não se restringe a uma área

geográfica definida administrativamente. Está associado à apropriação que as pessoas fazem dos espaços, aos seus

percursos, aos contextos do seu quotidiano” (Ibidem, p. 19). De entre os territórios seleccionados, foram

identificados territórios prioritários, tendo em conta a magnitude e visibilidade da problemática e a necessidade de

uma intervenção integrada por um lado, bem como a presença de recursos institucionais e a capacidade de

mobilização das estruturas do IDT, IP por outro (Ibidem, 2007)5. Posteriormente foi elaborado um diagnóstico local

em cada território seleccionado para intervenção. Este diagnóstico local baseou-se na metodologia RAR (Rapid

Assessment and Response - OMS), tendo sido possível efectuar uma análise contextual, uma análise dos grupos e

contextos do território (contemplando as consequências para a saúde e a análise de factores de risco e de

protecção), a análise das consequências sociais e ainda o levantamento das intervenções existentes6. Assim, as

conclusões do diagnóstico de cada território fundamentaram a abertura de procedimento concursal para atribuição

de financiamento, para o desenvolvimento dos projectos, por parte do IDT, I.P.

A organização territorial da intervenção no domínio da RRMD espelha portanto as conclusões deste processo no

que diz respeito a problemáticas identificadas como merecedores de uma intervenção desta natureza.

5 Cruchinho, Silva e Carvalho (2007). Plano Operacional de Respostas Integradas: Diagnóstico Nacional. IDT, IP: Lisboa.

6 IDT, I.P. (2008), PORI - Fase 4 - Guião para o diagnóstico do território

Localização geográfica dos projectos

11

Figura 1 Distribuição geográfica dos projectos de RRMD em funcionamento em 2010

Praticamente todos os projectos actuam no centro da cidade e a grande maioria actua também noutras zonas da

cidade que, não sendo o centro, são ainda zonas urbanas, ou em pequenas cidades. Apenas 11% dos projectos

actuam em contexto rural, isto é, em zonas “com menor densidade populacional, com uma presença do sector

agrícola”7 (Gráfico 2).

7 Descrição do Manual Técnico do Protocolo de RRMD.

Legenda

ER: Equipa de Rua

GA: Gabinete de Apoio a Toxicodependentes sem

Enquadramento Sócio-familiar

CA: Centro de Acolhimento

PSO: Programa de Substituição em Baixo Limiar de

Exigência

PCI: Ponto de Contacto e Informação

12

Dois projectos referem intervir noutro tipo de contexto, distinto dos pré-definidos8, tratando-se, num caso, de uma

zona adjacente a um Instituto Politécnico e, noutro caso, um bairro de habitação social.

Mais de metade dos projectos (57%) actua em mais do que um contexto geográfico: no centro da cidade e outras

zonas urbanas. Paralelamente, 11% dos projectos actuam nestes dois tipos de contexto e ainda em zonas rurais.

Gráfico 2

Projectos de RRMD por tipo de contexto geográfico em 2010 (%) (n=47)

A grande maioria dos projectos actua em cena aberta dispersa (79%) e/ou em cena oculta (situação de 77% dos

projectos), isto é, em zonas com “pequenas concentrações de utilizadores em vários locais da zona urbana, desde o

centro da cidade, a intersecções rodoviárias, a zonas residenciais degradadas. Cada uma destas concentrações

normalmente é móvel e não dura o dia inteiro” (cena aberta dispersa) e/ou em zonas onde “Não há concentrações

visíveis de utilizadores. Existe uma consciência pública de que naquele contexto geográfico se consomem drogas,

mas normalmente sem se conseguir distinguir entre drogas leves e pesadas. A constatação do consumo de drogas

só é possível com a deslocação ao contexto residencial onde este ocorre, ou devido a utensílios deixados na via

pública (exemplo: seringas utilizadas)” (cena oculta) (Gráfico 3).9

A actuação em cena aberta concentrada, caracterizada como de “concentrações permanentes de grandes

dimensões de utilizadores de drogas numa zona crítica, frequentemente na parte central da cidade, caracterizada

por industrias de entretenimento e/ou uma zona de intercepção de transportes de dimensão significativa.

Identificada pelo público em geral e pelas autoridades como uma cena aberta. Dá-se um elevado nível de

confrontação em via da presença de pessoas que são obviamente utilizadores de drogas e da ocorrência do

consumo público de drogas”10

é a menos comum. Este tipo de contexto de consumo de drogas está particularmente

presente no Porto (intervêm neste tipo de contexto 2 projectos na cidade do Porto e 2 em áreas limítrofes: Trofa,

São João da Madeira, Santa Maria da Feira) e em Lisboa e Vale do Tejo (4 projectos em Lisboa, um na zona de

8 No Protocolo são definidas as seguintes opções de localização geográfica dos projectos: centro da cidade/outras zonas urbanas/zona rural.

9 Descrição do Manual Técnico do Protocolo de RRMD.

10 Idem.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Centro da Cidade

Outras zonas urbanas

Zona rural Outro

87%

70%

11%4%

% d

e p

roje

cto

s

Tipo de contexto geográfico

13

Cascais/Oeiras e 1 em Peniche). No entanto, é possível identificar este tipo de contexto de consumo nas zonas de

Viana do Castelo, Braga, Coimbra, Viseu, Marinha Grande e Leiria.

Mais de metade dos projectos (68% de 47) actua em mais do que um tipo de contexto de consumo de drogas,

sendo sobretudo comum a intervenção em dois tipos de contextos de consumo (situação de 94% dos projectos), e

a conjugação mais comum a intervenção em cena aberta dispersa e em cena oculta (situação de 60% dos

projectos).

Analisando o conjunto de projectos que se especializa num tipo de contexto de consumo de drogas verifica-se que

não existe uma consistência na relação entre o tipo de projecto e esta especialização, uma vez que 7 projectos são

Equipas de Rua, 2 são Equipas de Rua com PSOBLE associado, 1 é um Gabinete de Apoio, 2 são Pontos de Contacto

e Informação, 1 é um Ponto de Contacto e Informação com Equipa de Rua associada e outro é um Centro de

Acolhimento11.

Por outro lado, todos os projectos que actuam em três tipos de contexto de consumo de drogas (com excepção de

1, tratando-se de um Ponto de Contacto e Informação), são Equipas de Rua ou efectuam trabalho de rua (caso de

um Ponto de Contacto e Informação), denotando a maior mobilidade deste tipo de intervenção.

Gráfico 3

Projectos de RRMD, por tipo de contexto de consumo de drogas em 2010 (%) (n=47)

11

Note-se que a especialização num tipo de contexto não significa que geograficamente os projectos actuem em apenas um local, mas que os locais em que actuam têm características semelhantes no que diz respeito ao tipo de contexto de consumo de drogas.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

cena aberta concentrada

cena aberta dispersa cena oculta

36%

79% 77%

% d

e p

roje

cto

s

Tipo de contexto de consumo

14

A área de intervenção de RRMD mereceu uma tipificação legal em 2001, segundo o Decreto-lei 183/2001 de 21 de

Junho. Neste documento, são definidas as seguintes estruturas sócio-sanitárias e programas:

a) Gabinetes de apoio a toxicodependentes sem enquadramento sócio-familiar12

;

b) Centros de acolhimento;

c) Centros de abrigo;

d) Pontos de contacto e de informação;

e) Espaços móveis de prevenção de doenças infecciosas;

f) Programas de substituição em baixo limiar de exigência13;

g) Programas de troca de seringas;

h) Equipas de rua;

i) Programas para consumo vigiado.

De entre estas, o IDT, IP apoia Gabinetes de apoio, Centros de acolhimento, Pontos de contacto e de informação,

PSOBLE, Programas de troca de seringas e Equipas de rua. A autorização para a implementação de Espaços móveis

de prevenção de doenças infecciosas cabe às Administrações Regionais de Saúde. Por sua vez, a autorização para a

criação dos Centros de abrigo cabe ao Instituto de Solidariedade e Segurança Social.

Os programas de troca de seringas aqui descritos funcionam sempre no âmbito do financiamento de outras

estruturas ou programas. O material disponibilizado é da responsabilidade financeira do Ministério da

Saúde/Coordenação Nacional para o VIH/sida, sendo o programa operacionalizado pela Associação Nacional de

Farmácias. Como se pode constatar no Gráfico 4, a grande maioria das respostas implementadas no terreno são

Equipas de Rua.

Gráfico 4 Nº de respostas de RRMD implementadas segundo a tipificação do Decreto-Lei 183/2001 em 2010

Legenda: ER (Equipa de Rua); GA (Gabinete de Apoio); CA (Centro de Acolhimento); PCI (Ponto de Contacto e Informação); PSOBLE (Programa de

Substituição Opiácea em Baixo Limiar de Exigência).

12

Esta estrutura é neste documento designada como “Gabinete de Apoio” . 13

Doravante designado por PSOBLE.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

ER GA CA PCI PSOBLE

37

42

9 9

de

resp

ost

as

Tipos de respostas segundo o Dec-Lei 183/2001

Tipificação genérica dos projectos

15

Em diversas situações, particularmente nos projectos financiados ao abrigo do PORI, é possível que o mesmo

projecto implemente mais do que um tipo de resposta segundo a configuração do Decreto-Lei 183/2001. Assim,

por exemplo, há soluções de projectos que associam um Ponto de Contacto e Informação e uma Equipa de Rua, ou

uma Equipa de Rua e um PSOBLE ou ainda um Gabinete de Apoio e PSOBLE. Por este motivo, o número de

respostas apresentado no Gráfico 4 é superior ao número total de projectos financiados em 2010. A fim de melhor

clarificar esta distinção, apresenta-se no Quadro 2 uma distinção entre Projectos e respostas implementadas.

Quadro 2. Projectos de RRMD financiados, em 2010, e respectivas respostas segundo o Decreto - Lei 183/2001

Projecto Respostas Projecto Respostas

Serviço Móvel de Apoio à

Comunidade - SMACTE Equipa de Rua Subtil

Ponto de Contacto e de Informação

GIRU-Barcelos (Grupo de

intervenção de rua em Barcelos) Equipa de Rua Giros

Equipa de Rua Ponto de Contacto e de

Informação

(in) Ruas Equipa de Rua Dá a Volta Equipa de Rua

Ponto de Contacto e de Informação

Projectando Vida Equipa de Rua Vive a Noite Ponto de Contacto e de

Informação

Aproximar Equipa de Rua

PSOBLE GAT-Up

Gabinete de Apoio e Equipa de Rua

Projecto (in)dependências Equipa de Rua IN Realidades Equipa de Rua

Equipa de Rua "Despertar" Equipa de Rua PSOBLE Pontes do Alva Ponto de Contacto e de

Informação

Novas Metas Equipa de Rua

PSOBLE Check In Viseu

Ponto de Contacto e de Informação

Intervir com Arte(s) Equipa de Rua O Farol Centro de Acolhimento

Rotas com vida Equipa de Rua

PSOBLE Focus Equipa de Rua

3R (s) - reduzir, riscos e reintegrar Equipa de Rua Projecto Vitae-Buraca/Damaia Equipa de Rua

PSOBLE

Projecto Elos Gabinete de Apoio

PSOBLE Sorrir à Vida - Reduzir

Ponto de Contacto e de Informação

Linhas e rabiscos Ponto de Contacto e de

Informação Ponto de Viragem Equipa de Rua

SER Equipa de Rua

PSOBLE PSO em Instalações Fixas e Móveis no Concelho de Lisboa

PSO-BLE

GIRUGaia Equipa de Rua PORTO + SEGURO Equipa de Rua

Estrada com Horizontes Equipa de Rua Encontros de Rua Equipa de Rua

In loco Equipa de Rua Equipa de Rua – Crescer na Maior Lisboa I Ocidental

Equipa de Rua

ER Zona Histórica do Porto Equipa de Rua Equipa de Rua – Crescer na Maior Lisboa II Oriental

Equipa de Rua

Casa de Vila Nova Gabinete de Apoio Encontros com Resposta Equipa de Rua

16

Quadro 2. Projectos de RRMD financiados, em 2010, e respectivas respostas segundo o Decreto-Lei 183/2001 (cont.)

Projecto Respostas Projecto Respostas

Aqui e Agora Equipa de Rua

Centro de Acolhimento para Toxicodependentes sem enquadramento socio-familiar na cidade de Lisboa

Centro de Acolhimento

Âncora Equipa de Rua PSOBLE Algueirão Mem Martins Equipa de Rua

Caldas Solidária Gabinete de Apoio

e Equipa de Rua Arriscar Equipa de Rua

Projecto de Redução de Riscos em Marvila

Equipa de Rua Chega-te a nós Equipa de Rua

Check in Lisboa Ponto de Contacto e de

Informação

17

Dimensão da população

Para a contabilização da população contactada pelas estruturas de RRMD considerou-se relevante distinguir, num

primeiro nível, o número de pessoas que foram contactadas através de estruturas como as Equipas de Rua, os

PSOBLE, os Centros de Acolhimento e Gabinetes de Apoio, do número de pessoas contactadas através dos Pontos

de Contacto e Informação. Esta opção prende-se com a situação de o tipo de população alvo ser significativamente

diferente, tal como o tipo de abordagem junto desta. Assim, no caso dos Pontos de Contacto e Informação, que

contactam pessoas em ambiente festivo/recreativo, o número de pessoas contactadas é tendencialmente superior,

embora os contactos tendam a ser mais breves e não continuados no tempo. Enquanto nos primeiros tipos de

projectos enunciados existe uma maior estabilidade no grupo de clientes que utiliza os seus serviços, sendo

provável que a mesma pessoa seja contactada diversas vezes ao longo do ano, no caso dos Pontos de Contacto e

Informação, a probabilidade de ocorrer esta continuidade no acompanhamento é inferior, sobretudo se se tiver em

consideração o contexto festivo14.

Dos 47 projectos respondentes, 39 projectos (Equipas de Rua, Gabinetes de Apoio, PSOBLE e Centros de

Acolhimento) contactaram 18.829 indivíduos e, 8 projectos (Pontos de Contacto e Informação) contactaram 24.858

indivíduos, no período de 1 ano15.

Sexo

Em média, 23%, da população contactada pelo total dos projectos é do sexo feminino.16 Contudo, há diferenças

significativas de projecto para projecto, variando esta percentagem entre 1% (caso do projecto GIRU-Barcelos, uma

Equipa de Rua) e 70% (caso do projecto 3R (s) – Reduzir Riscos e Reintegrar, também uma Equipa de Rua).

Na maior parte dos projectos, a proporção de elementos do sexo feminino no conjunto da população contactada é

inferior a 25% (Gráfico 5).

14

Esta informação refere-se ao período de 1 ano, relativamente a 2009 no caso de 23 projectos, a 2010 no caso de 7 projectos, a 2009/2010 no caso de 13 projectos e 2008/2009 no caso de 2 projectos. 2 projectos não descrevem esta informação em virtude de funcionarem há menos de 1 ano. Apenas em 9 casos (20% dos 45 projectos que descrevem esta informação) a informação apresentada se baseia numa estimativa. Refira-se ainda que na informação apresentada relativamente a clientes de Equipas de Rua, Gabinetes de Apoio, PSOBLE e Centros de Acolhimento é possível que o valor global calculado seja um pouco superior ao valor real, em virtude, de nos centros urbanos de Lisboa, Por to e Coimbra poder ocorrer a situação de haverem utentes que utilizam mais do que uma estrutura de RRMD em virtude de estas darem respostas distintas (por exemplo, ER+PSOBLE ou ER+CA ou GA+CA). 15 Na contabilização de clientes dos Pontos de Contacto e Informação consideram-se ainda os clientes contactados em contexto festivo pelo projecto Novas Metas, que intervém também neste tipo de contexto embora seja financiado enquanto Equipa de Rua. Por outro lado, no caso do projecto Dá a Volta (Equipa de Rua + Ponto de Contacto e Informação), o número de pessoas contactadas (137) foi considerado na contabilização das pessoas contactadas no contexto de Equipas de Rua, Gabinetes de Apoio (…) em virtude de o perfil da população e dos serviços prestados se coadunar mais com o destas estruturas. 16

Este dado é apresentado com base numa estimativa no caso de 22 projectos (49% dos projectos que descrevem esta informação).

População Alvo dos projectos

18

Gráfico 5 Proporção da população do sexo feminino na população contactada

pelos projectos de RRMD em 2010 (n=46)

Considerando-se apenas o grupo de clientes dos Pontos de Contacto e Informação (n=7)17, a proporção média da

população feminina sobe para 37%.

Por sua vez, em 4 dos Pontos de Contacto e Informação respondentes, a percentagem da população feminina situa-

se entre 26% e 50%, em 2 é inferior a 25% e, numa situação, esta percentagem situa-se entre os 51% e os 75%18.

Faixa Etária

Num olhar pela população alvo deste estudo (n=43 projectos)19, podemos constatar que, em média, 56% tem

idades entre os 21 e os 40 anos, seguida da faixa etária dos 41 aos 50 anos, com 27% (Gráfico 6).

Existe contudo uma enorme variabilidade entre projectos no que reporta a esta dimensão. Assim, analisando faixa

etária a faixa etária, refira-se, a título de exemplo:

Alguns projectos referem não intervir com indivíduos com idade inferior a 20 anos (situação de 9

projectos) mas, 1 projecto aponta que 60% da sua população alvo se situa nesta faixa etária (tratando-se

de um Ponto de Contacto e Informação);

A percentagem da população alvo com idades compreendidas entre os 21 e os 40 anos varia entre 37% e

90%, consoante o projecto;

17

2 projectos não disponibilizaram esta informação relativamente ao Ponto de Contacto e Informação. 18

Neste documento, assume-se a opção de, relativamente a determinados parâmetros, se efectuar uma distinção relativa a dados específicos dos Pontos de Contacto e Informação, segundo o pressuposto de que são estruturas mais direccionadas para um tipo de contexto de intervenção diferente, o contexto festivo/recreativo. Alerta-se contudo para o facto de a discriminação de informação realizada ser apenas ilustrativa, devendo sempre merecer a ponderação de que alguns projectos incluídos no conjunto das Equipas de Rua + Gabinetes de Apoio + Centros de Acolhimento + PSOBLE intervirem também em contexto festivo, enquanto, por outro lado, alguns Pontos de Contacto e Informação não intervêm apenas neste tipo de contexto. 19

2 projectos não apresentam informação relativamente à população alvo por terem menos de 1 ano de funcionamento. 2 projectos não apresentam este detalhe da proporção de idades. A informação apresentada é uma estimativa no caso de 28 projectos (64% dos projectos).

0

5

10

15

20

25

30

35

0 a 25% 26% a 50% 51% a 75% 76% a 100%

32

12

20

de

pro

ject

os

% de elementos do sexo feminino (intervalos)

19

A percentagem da população alvo com idades compreendidas entre os 41 e os 50 anos varia entre 0%

(situação de 1 Ponto de Contacto e Informação) e 67%, consoante o projecto;

A percentagem da população alvo com idade superior a 50 anos varia entre 0% e 20%, consoante o

projecto.

Gráfico 6 Percentagem média da população alvo dos projectos de RRMD

em 2010, por faixa etária (n=43)

Partindo da distinção da população dos contextos festivos/recreativos relativamente à população alvo dos outros

tipos de projecto (Equipas de Rua, Gabinetes de Apoio, PSOBLE e Centros de Acolhimento), constata-se que as

idades compreendidas entre os 21 e os 40 anos permanecem as mais comuns20.

A maior distinção entre Pontos de Contacto e Informação e os restantes tipos de projectos, relativamente a esta

variável, ocorre nas faixas etárias de 20 anos ou menos e entre os 41 e os 50 anos.

A faixa etária dos 20 anos ou menos, aparece como menos relevante nas Equipas de Rua, Gabinetes de Apoio,

PSOBLE e Centros de Acolhimento, por comparação com os Pontos de Contacto e Informação.

Por outro lado, nas Equipas de Rua, Gabinetes de Apoio, PSOBLE e Centros de Acolhimento, é mais comum a

prestação de serviços a indivíduos com idades compreendidas entre os 41 e os 50 anos (Gráfico 7).

20

1 Ponto de Contacto e Informação não disponibiliza esta informação por funcionar há menos de 1 ano e os dados relativos a 1 Ponto de Contacto + Equipa de Rua foram considerados no outro grupo de projectos em virtude de se circunscreverem à população alvo da Equipa de Rua.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

20 anos ou menos

entre 21 e 40 anos

entre 41 e 50 anos

mais de 51 anos

8%

56%

27%

8%

% d

a p

op

ula

ção

(em

méd

ia)

Faixas etárias

20

Gráfico 7 Percentagem média da população alvo, por faixa etária em dois tipos

de estruturas de RRMD, em 2010

Legenda: ER (Equipa de Rua); GA (Gabinete de Apoio); CA (Centro de Acolhimento); PCI (Ponto de Contacto e Informação); PSOBLE (Programa de

Substituição Opiácea em Baixo Limiar de Exigência)

População-alvo específica

De entre os 47 projectos implementados em 2010, na sua maioria referem intervir 42 projectos com consumidores

de opiáceos e 43 com consumidores de cocaína e estimulantes.

Todos os projectos que não intervêm com consumidores de opiáceos actuam em contextos recreativos/festivos,

com excepção para um, que se trata de uma Equipa de Rua, mas que actua sobretudo junto de jovens com

consumos de cannabis.

Num segundo nível de expressão da intervenção com cada grupo alvo, são identificados como grupos alvo as

pessoas sem abrigo (referido por 37 projectos) e as mulheres consumidoras de drogas (36 projectos). Os grupos

populacionais menos enunciados como grupos alvo específicos dos projectos são o dos homens que têm relações

sexuais com homens (8 projectos) e o dos reclusos (4 projectos). De facto, poucos projectos actuam também em

estabelecimentos prisionais.

Como se pode constatar no Gráfico 8, uma boa parte dos projectos de RRMD actua junto de diversos grupos

populacionais, aspecto que decorre naturalmente do facto de existirem diversas problemáticas associadas na

mesma pessoa.

Como “outras populações prioritárias”, são referidos sobretudo consumidores de álcool e frequentadores de

contextos recreativos/festivos.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

20 anos ou menos

entre 21 e 40 anos

entre 41 e 50 anos

mais de 51 anos

28%

57%

10%5%4%

56%

30%

8%% d

a p

op

ula

ção

(em

méd

ia)

Faixas etárias

PCI (7) ER+GA+PSO+CA (36)

21

Gráfico 8 Nº de projectos de RRMD por população alvo específica, em 2010 (n=47)

Consumidores problemáticos

Em 19 dos 45 projectos respondentes21 a percentagem de clientes que são consumidores problemáticos, isto é,

com “consumo injectado de longa duração ou utilização regular de opiáceos, cocaína e/ou anfetaminas”22 é

superior a 91% no contexto da população contactada na globalidade, sendo que em 14 projectos esta percentagem

é ainda superior a 51% (Gráfico 9).

Em sintonia com o descrito, verifica-se que, considerando as populações específicas identificadas pelos projectos,

praticamente todos actuam com consumidores de opiáceos e de cocaína e estimulantes, sendo ainda na sua

maioria (33), consumidores regulares ou de longa duração.

Todos os projectos em que a percentagem de consumidores problemáticos é inferior a 10% são Pontos de Contacto

e Informação.

21

2 projectos não apresentam esta caracterização em virtude de funcionarem há menos de 1 ano. 22

Definição do OEDT, apresentada no Manual Técnico do Protocolo. Esta definição inclui especificamente a utilização regular ou de longo prazo de opiáceos prescritos, como a metadona, mas não inclui a sua utilização rara ou irregular nem a utilização de ecstasy ou cannabis.

42

43

4

19

37

36

17

11

8

27

20

0 20 40 60

Consumidores de opiáceos

Consumidores de cocaína e estimulantes

Consumidores de drogas reclusos

Consumidores de drogas adolescentes

Pessoas sem abrigo

Mulheres consumidoras de drogas

Migrantes

Grupos de minorias étnicas

Homens que têm relações sexuais com homens

Trabalhadores do sexo (h/m)

Outras populações prioritárias

Nº de projectos

Po

pu

laçõ

es e

spec

ífic

as

22

Gráfico 9 Proporção da população de consumidores problemáticos na população

contactada pelos projectos de RRMD em 2010 (n=45)

Substâncias e vias de administração

Substâncias

No âmbito do Protocolo de RRMD solicitou-se a cada projecto a indicação das substâncias consumidas pelos seus

clientes, segundo uma hierarquia, da mais consumida (isto é, consumida pelo maior número de clientes) à menos

consumida (isto é, consumida por um menor número de clientes). Para o efeito, consideraram-se apenas as

substâncias ilícitas ou adquiridas ilicitamente.23

Da análise dos resultados, constata-se que a substância que é consumida por um maior número de clientes em

mais de metade dos projectos (26) é a heroína, seguida da cannabis (10 projectos referem que esta é a substância

mais consumida pelos seus clientes) (Gráfico 10).

23

Medicação não prescrita.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

< 10% 11% a 50% 51% a 90% > 91%

4

8

14

19

de

pro

ject

os

% de consumidores problemáticos (intervalos)

23

Gráfico 10 Substâncias mais consumidas pelos clientes dos

projectos de RRMD em 2010 (n=46)

Por outro lado, a substância mais referida em segundo lugar, nesta hierarquia, é a cocaína (29 projectos referem

que a cocaína é a segunda substância mais consumida pelos seus clientes)24 (Gráfico 11).

Note-se que em 21 dos casos em que a cocaína é a segunda substância mais consumida pelos clientes, a heroína é a

principal, sendo portanto a conjugação mais frequente de substâncias (a heroína como substância prioritária e a

cocaína como num segundo nível de prioridade).

Gráfico 11 Substâncias que são, em segundo lugar, as mais consumidas pelos clientes

dos projectos de RRMD em 2010 (n=45)

24

O número de projectos que nomeia a substância mais comummente consumida pelos clientes diminui à medida que o nível de hierar quização é inferior. Assim, 46 projectos identificam a substância mais consumida, 45 identificam a que é mais consumida em segundo lugar, 42 a que é mais consumida em terceiro lugar. De referir ainda que, apesar de a solicitação realizada ser no sentido de serem identificadas apenas substâncias ilícitas, um projecto faz referência ao consumo de álcool.

26

10

5

2

1

1

1

0 10 20 30

Heroína

Cannabis

Cocaína

Heroína+cocaína

Opiáceos

Pólen Ax

Álcool

Nº de projectos

Sub

stân

cias

mai

s co

nsu

mid

as

8

3

29

2

1

1

1

0 10 20 30 40

Heroína

Cannabis

Cocaína

Heroína+cocaína

Benzodiazepinas

Metadona np

Drogas de design

Nº de projectos

Sub

stân

cias

mai

s co

nsu

mid

as,

em 2

º lu

gar

24

Por fim, ocorre uma maior diversidade nas substâncias que são identificadas como estando em terceiro lugar na

hierarquia das substâncias mais consumidas pelos clientes. Como se pode observar no Gráfico 12, 12 projectos

referem que a heroína é a terceira substância mais consumida pelos seus clientes, 10 projectos referem que é a

cannabis e 9 projectos referem que é a cocaína.

Gráfico 12 Substâncias que são, em terceiro lugar, as mais consumidas pelos clientes

dos projectos de RRMD em 2010 (n=42)

Considerando apenas o grupo dos Pontos de Contacto e Informação25, o perfil das substâncias mais consumidas

difere do quadro nacional. Assim, neste contexto, a substância mais referida como a mais comummente consumida

é a cannabis (Gráfico 13).

Um projecto menciona como substância mais comummente consumida a heroína. Trata-se de uma situação

particular de um projecto que tem em simultâneo as respostas Equipa de Rua e Ponto de Contacto e Informação,

sendo que a maior dimensão da população é constituída por consumidores problemáticos e é beneficiária da

Equipa de Rua.

25

1 projecto não disponibiliza esta informação em virtude de funcionar há menos de 1 ano. O outro projecto, tendo também como resposta uma Equipa de Rua, disponibilizou informação apenas relativamente à população atendida por esta estrutura.

12

10

9

6

2

2

1

0 5 10 15

Heroína

Cannabis

Cocaína

Heroína+cocaína

Benzodiazepinas

Metadona np

Drogas de design

Nº de projectos

Sub

stân

cias

mai

s co

nsu

mid

as,

em 3

º lu

gar

25

Gráfico 13 Substâncias mais consumidas pelos clientes dos Pontos de Contacto e Informação em 2010 (n=7)

A substância referida em segundo lugar como a mais consumida é, também, a cocaína. Nestes casos, a substância

que normalmente é a principal é a cannabis (Gráfico 14). A conjugação mais frequente consiste, portanto, na

cannabis como substância principal e na cocaína como secundária a esta.

Gráfico 14 Substâncias que são, em 2º lugar, as mais consumidas pelos clientes

dos Pontos de Contacto e Informação em 2010 (n=7)

Num terceiro nível de hierarquia quanto às substâncias mais consumidas pelos clientes dos Pontos de Contacto e

Informação, a cocaína destaca-se como a substância mais mencionada. Assim, num conjunto de 6 Pontos de

Contacto e Informação respondentes, 3 situam a cocaína como a terceira substância mais consumida. Nas 3

situações, a cannabis é, por sua vez, a substância mais consumida ou a segunda mais consumida (Gráfico 15).

1

4

1

1

0 1 2 3 4 5

Heroína

Cannabis

Pólen Ax

Álcool

Nº de projectos

Sub

stân

cias

mai

s co

nsu

mid

as

2

4

1

0 1 2 3 4 5

Cannabis

Cocaína

Drogas de design

Nº de projectos

Sub

stân

cias

mai

s co

nsu

mid

as,

em 2

º lu

gar

26

Gráfico15 Substâncias que são, em 3º lugar, as mais consumidas pelos clientes

dos Pontos de Contacto e Informação em 2010 (n=6)

Vias de Administração

Considerando o grupo de substâncias referidas como as mais consumidas pelos clientes dos projectos de RRMD

(ver Gráfico 10), constata-se que as vias de administração mais comuns são, por sua vez, a via fumada e a via

injectada. Assim, 30 projectos referem que a via de administração utilizada no consumo da substância mais

frequente é a fumada e 23 projectos referem que é a injectada (Gráfico 16).

Gráfico 16 Vias de administração das substâncias mais consumidas pelos clientes

dos projectos de RRMD, em 2010 (n=45)

De entre os 26 projectos que referem que a heroína é a substância consumida pelo maior número dos seus

clientes, 19 indicam a via injectada como a utilizada no consumo desta substância e 15 indicam a via fumada. Como

mencionado anteriormente, a cannabis é a substância que, depois da heroína, é referida como a consumida pelo

1

1

3

1

0 1 2 3 4

Heroína

Cannabis

Cocaína

Drogas de design

Nº de projectos

Sub

stân

cias

mai

s co

nsu

mid

as,

em 3

º lu

gar

23

1

30

0 10 20 30 40

Injectada

Snifada

Fumada

Nº de projectos

Via

de

adm

inis

traç

ão

27

maior número de clientes, sendo que, em todas as situações a via de consumo utilizada é a fumada. Finalmente,

dos 5 projectos que apontam a cocaína como a substância mais consumida pelos clientes, 4 referem que a via de

administração utilizada é a fumada, 2 indicam a via injectada e 1 a snifada (Gráfico 17).

Gráfico17 Vias de administração das substâncias mais consumidas pelos clientes

dos projectos de RRMD em 2010, por tipo de substância (n=45)

Analisando esta informação no grupo dos Pontos de Contacto e Informação, verifica-se que nas substâncias

consumidas prioritariamente, a via fumada é a mais utilizada (Gráfico 18). A referência à utilização da via injectada

diz respeito ao Ponto de Contacto e Informação que tem também a resposta de Equipa de Rua e em que a maioria

da população alvo é atendida no contexto desta resposta. Assim, a via injectada é utilizada no consumo de heroína.

Gráfico 18 Vias de administração das substâncias mais consumidas pelos clientes

dos Pontos de Contacto e Informação, em 2010 (n=7)

0

5

10

15

20

Heroína Cocaína Cannabis

19

2

0

15

4

10

01

0

de

pro

ject

os

Substâncias mais consumidas

Injectada Fumada Snifada

1

6

1

0 2 4 6 8

Injectada

Fumada

Oral

Nº de projectos

Via

de

adm

inis

traç

ão

28

Os 4 projectos que apontam a cannabis como a substância consumida pelo maior número dos seus clientes indicam

que a via de consumo utilizada é sempre a fumada. Por sua vez, o Ponto de Contacto e Informação que refere que a

heroína é a substância mais consumida, indica que as vias de consumo utilizadas são a injectada e a fumada

(Gráfico 19).

Gráfico19 Vias de administração das substâncias mais consumidas pelos clientes

dos Pontos de Contacto e Informação em 2010, por tipo de substância (n=7)

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

Heroína Cannabis

1

0

1

4

de

pro

ject

os

Substâncias mais consumidas

Injectada Fumada

29

Principais categorias de serviços prestados pelos projectos

No Protocolo para Recolha de Informação em Projectos de RRMD solicita-se às entidades promotoras a realização

de uma classificação do projecto através da identificação dos principais tipos de serviços prestados, segundo as

seguintes categorias:

Quadro 3. Principais tipos de serviços prestados pelos projectos

A generalidade dos projectos declara prestar um leque de serviços bastante abrangente, que inclui as diversas

áreas tipificadas no Protocolo:

Seis projectos concretizam 5 tipos de serviços

Dezasseis projectos concretizam 4 tipos de serviços

Dezoito projectos concretizam 3 tipos de serviços

Sete projectos concretizam 2 tipos de serviços

26 A categorização proposta incluía, segundo um critério de fidelidade para com o instrumento original, a categoria “Espaço para Consumo Vigiado”, apesar de o IDT, IP não financiar nenhuma estrutura deste tipo no momento. 27

Definição apresentada no Manual Técnico do Protocolo Para Recolha de Informação em Projectos de Redução de Riscos e Minimização de Danos. 28

O Manual Técnico cita por sua vez os autores: Hartnoll R. L. et al. (1990), A survey of HIV outreach intervention in the United Kingdom, London: University of London, Birbeck College.

Tipos de serviços prestados26 Definição27

Apoio Social disponibilização “de apoio sobre abrigo/habitação, emprego, benefícios sociais, a pessoas que consomem drogas actualmente”

Cuidados de Saúde

inclui “uma avaliação básica do estado de saúde, cuidados de enfermagem e médicos elementares, tratamento de feridas e educação para a saúde. [Para o efeito] O projecto tem de ter um médico/a ou enfermeiro/a na sua equipa técnica, ou ambos. Deve ainda reunir as condições necessárias para que um utilizador de drogas possa ter um acesso facilitado a um serviço desta natureza, nomeadamente estar localizado perto de zonas de tráfico/consumo de drogas, não exigir marcação, ter um horário prolongado, etc.”

Trabalho de Rua

“uma actividade orientada para a comunidade, desenvolvida com o propósito de se contactarem indivíduos ou grupos de indivíduos de populações alvo específicas que não são efectivamente contactadas ou alcançadas pelos serviços disponíveis ou pelos canais tradicionais de educação para a saúde”28

Programa de Substituição de Baixo Limiar

“trata-se de um projecto envolvido na prescrição de medicação de substituição a utilizadores de drogas por uma equipa com capacidade comprovada para o fazer e/ou envolvida na administração de medicação de substituição a utilizadores que são clientes de outro projecto. Devem ser reunidas algumas condições para que os utilizadores de drogas tenham acesso facilitado a estas instalações, como por exemplo uma localização próxima de locais de tráfico/consumo, não ser exigida marcação, ter um período de funcionamento alargado, etc.”

Outros tipos de serviços (Serviços não contemplados nas categorias anteriores)

Serviços prestados pelos projectos

30

As áreas implementadas de forma mais extensiva são o trabalho de rua29

(realizado por 44 projectos30

) e o apoio

social31 (realizado por 47 projectos). Por sua vez, 33 projectos concretizam cuidados de saúde32 (Gráfico 20).

Gráfico 20 Nº de projectos que implementam cada tipo de serviço (n=47)

Nos “outros tipos de serviços” prestados, as entidades identificam uma grande diversidade de serviços, que podem

na sua maioria ser enquadrados no plano da intervenção psicológica e social (os 23 projectos que identificam outro

tipo de serviços descrevem cerca de 30 serviços diversos neste capítulo, como são exemplo o apoio psicológico,

apoio psicossocial, alojamento, apoio jurídico, alimentação, vestuário ou higiene).

Ainda nesta categoria, os 9 projectos que são Pontos de Contacto e Informação acentuam como serviço

identificador do projecto a própria designação “Ponto de Contacto e de Informação”. Paralelamente, 7 projectos

acentuam a sua componente de desenvolvimento de actividades de informação e educação. Por último, um

número muito reduzido (3 projectos) destaca serviços enquadrados no plano dos cuidados de saúde (administração

de medicação por exemplo) ou de realização de actividades lúdico-ocupacionais.

Nesta categorização de serviços realizada pelas próprias entidades, de acordo com a sua experiência de terreno, é

possível constatar que o tipo de serviços prestados transcende a classificação formal de respostas dos projectos,

pela qual são financiados. Esta situação seria previsível no caso dos projectos financiados ao abrigo da Portaria

749/2007 de 25 de Junho, que possibilita apenas o financiamento de estruturas através de uma denominação

prevista no Decreto-lei 183/2001 de 21 de Junho (Equipa de Rua ou Centro de Acolhimento ou Centro de Abrigo ou

Gabinete de Apoio ou Ponto de Contacto e Informação ou PSOBLE). Assim, no caso dos projectos que são

29

Neste enquadramento, o trabalho de rua é classificado como um tipo de serviço, embora também seja vulgarmente conceptualizado como uma metodologia. 30

Na questão do Protocolo que deu lugar a esta descrição (Tipificação genérica do projecto: serviços de apoio social/serviços de cuidados de saúde/espaço para consumo vigiado/trabalho de rua/PSOBL/Outros tipos) apenas 41 projectos identificam a realização de trabalho de rua. Contudo, cruzando esta informação com a declarada noutras questões colocadas no Protocolo foi possível identificar um número adicional de 3 projectos que concretizam também este tipo de actividade, pelo que se conclui que 44 projectos realizam trabalho de rua. 31

Na questão do Protocolo que deu lugar a esta descrição, apenas 39 projectos identificam a realização de apoio social. Contudo, em questões posteriores, todos os projectos descrevem a realização deste tipo de actividades, pelo que se considerou também neste âmbito que 47 projectos realizam apoio social. 32

Na questão colocada no Protocolo é de 31 o número de projectos que assinala realizar cuidados de saúde. Contudo, cruzando esta informação com a de outras questões, identificaram-se 5 projectos adicionais que correspondem ao critério estipulado para esta questão quanto à identificação da realização deste tipo de serviço. Por outro lado, 3 projectos que referiram realizar cuidados de saúde não possuem na sua equipa um médico ou um enfermeiro, critério estipulado para esta questão. Conclui-se assim que 33 projectos realizam cuidados de saúde.

0

10

20

30

40

50

Apoio Social Cuidados de Saúde

Trabalho de Rua

PSO em baixo limiar

Outros tipos

47

33

44

15

23Nº

de

pro

ject

os

Tipos de serviços

31

financiados por esta via, a sua designação corresponde à sua resposta principal, podendo o projecto oferecer na

prática outro tipo de respostas reconhecidas no referido Decreto-Lei (por exemplo, um projecto que é financiado

enquanto Equipa de Rua, poderá implementar também um Gabinete de Apoio).

No entanto, verifica-se que também nos projectos financiados ao abrigo da Portaria 131/2008 de 13 de Fevereiro,

que previa a identificação das diversas respostas a implementar segundo a tipificação do Decreto-lei 183/2001,

sucede a situação de, na prática, alguns projectos em 2010 terem implementado uma maior diversidade de

respostas do que aquelas pelas quais são reconhecidos na sua classificação formal.

Deste modo, embora no Gráfico 4 e no Quadro 2 tenham sido identificadas 37 Equipas de Rua e 9 PSOBLE (o que

corresponde às referidas classificações formais dos projectos), este trabalho de caracterização dos projectos de

acordo com o que efectivamente estão a concretizar no terreno permite descortinar que:

para além das 37 Equipas de Rua designadas, 7 projectos adicionais implementam também esta resposta

(44 projectos implementam trabalho de rua);

para além dos 9 PSOBLE previstos (o que corresponde às referidas classificações formais dos projectos), 6

projectos adicionais implementam também PSOBLE (15 projectos implementam PSOBLE).

Para além das questões formais detalhadas, esta distinção entre as respostas que identificam o projecto e as

respostas efectivamente implementadas decorre do próprio processo de aferição contínua da adequação do

projecto às necessidades do público-alvo, a partir do qual, são realizadas adaptações aos projectos sempre que

identificada a sua pertinência e quando existem condições para a sua concretização.

Como se poderá analisar posteriormente na secção Equipamentos disponibilizados e serviços prestados pelos

projectos, é possível, a este nível de especificidade, verificar a ocorrência da implementação de mais equipamentos

complementares ao que é a resposta principal do projecto, pela qual este é designado. Estes equipamentos

relacionam-se com respostas tipificadas no Decreto-lei 183/2001 (por exemplo, um projecto que é identificado

como Gabinete de Apoio mas que tem também uma resposta de acolhimento e projectos que são identificados

como Equipas de Rua mas que têm como suporte Gabinetes de Apoio).

Abrangência dos serviços prestados pelos Pontos de Contacto e Informação em exclusivo ou

associados a Equipa de Rua

Como se pode verificar no Gráfico 21, apesar de serem estruturas que na sua essência têm como actividade

principal a Informação e Aconselhamento, os Pontos de Contacto e informação implementados realizam também

apoio social e cuidados de saúde, independentemente de se tratar de um Ponto de Contacto e Informação em

exclusivo ou de o projecto englobar também a resposta Equipa de Rua. De facto, constata-se adicionalmente que

todos os Pontos de Contacto e Informação em situação de exclusividade na prática implementam também trabalho

de rua.

32

Note-se contudo que no domínio dos cuidados de saúde, a percentagem de 14% corresponde a apenas 1 projecto,

que tem na sua equipa um enfermeiro mas cujas actividades nesta dimensão se circunscrevem à realização de uma

avaliação básica de necessidades de saúde e a intervenção em situação de emergência médica.

Abrangência dos serviços prestados pelas Equipa de Rua em exclusivo ou

por Equipas de Rua associadas a PSOBLE

Tratando-se de um factor definidor deste tipo de estrutura, constata-se que independentemente do modelo

considerado, todas implementam trabalho de rua. Paralelamente, todos os projectos realizam apoio social e a

percentagem que realiza cuidados de saúde é bastante elevada.

Abrangência dos serviços prestados pelos Gabinetes de Apoio, em

associação com Equipas de Rua ou com PSOBLE

Tratando-se de um número reduzido de estruturas, optou-se por englobar na categoria “GA+PSOBLE” um projecto

que formalmente se enquadra apenas na tipologia “Gabinete de Apoio” mas que também implementa o PSOBLE.

Verifica-se que todos os projectos realizam apoio social e cuidados de saúde.

Abrangência dos serviços prestados pelo PSOBLE

Apenas um projecto é financiado exclusivamente como PSOBLE, sendo que este engloba o recurso a unidades

móveis e a duas estruturas fixas, que funcionam como gabinetes de apoio. Este projecto realiza todos os serviços

em análise.

Abrangência dos serviços prestados pelos Centros de Acolhimento

Nenhum dos Centros de Acolhimento realiza trabalho de rua e ambos prestam apoio social e cuidados de saúde.

Gráfico 21

% de Projectos que implementam cada tipo de resposta por tipificação dada pelo Decreto-Lei 183/2001, em 2010

0%

20%

40%

60%

80%

100%

PCI (7) PCI+ER (2) ER (24) ER+PSOBLE (7)

GA+ ER(2) GA+PSOBLE (2)

PSOBLE (1) CA (2)

100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

14%

67%

100% 100%

50%

0%0% 0%

17%

0%

100%

50%

% d

e p

roje

cto

s

Conjugações de respostas por tipificação do Dec-Lei 183/2001

Apoio Social Cuidados de Saúde Trabalho de Rua PSOBLE

33

Legenda: ER (Equipa de Rua); GA (Gabinete de Apoio); CA (Centro de Acolhimento); PCI (Ponto de Contacto e Informação); PSOBLE (Programa de

Substituição Opiácea em Baixo Limiar de Exigência)

Em suma, o apoio social e os cuidados de saúde parecem ser as modalidades de intervenção mais transversais entre

tipos de projectos, uma vez que, em maior ou menor medida, todas as formulações apresentadas realizam estes

dois tipos de serviços.

Equipamentos disponibilizados e serviços prestados pelos projectos

Drop In/Clube/Gabinete de Apoio/Centro de Dia (acesso aberto)

A maior parte dos projectos de RRMD (33 em 47) não tem este equipamento. Como se pode verificar no Gráfico 22,

os 4 Gabinetes de Apoio identificam a disponibilização deste tipo de equipamento, mas, para além destes, 9

projectos adicionais disponibilizam também este tipo de resposta. Isto significa que, embora do ponto de vista

formal, o IDT, IP apoie 4 Gabinetes de Apoio, no detalhe, a rede de projectos apoiados pelo IDT, IP contempla 13

estruturas desta natureza.

A este respeito importa contudo tecer duas considerações:

Os 9 Gabinetes de Apoio adicionais não funcionam necessariamente segundo a totalidade dos trâmites

previstos no Decreto-lei 183/200133;

Na maioria dos casos tratar-se-ão, possivelmente, de estruturas suportadas pelas entidades promotoras

dos projectos ou entidades parceiras e que, inclusivamente, se constituirão, em algumas situações, como

um recurso utilizado também para outros projectos.

Estas duas considerações não diminuem, contudo, o valor que se pode inferir da proactividade de diversos

projectos na implementação de respostas que avaliam como necessárias para a intervenção, nem comprometem

por outro lado a apreciação de uma acrescida riqueza e complexidade dos projectos de RRMD implementados.

De entre os 13 projectos que têm uma estrutura com estas características, a maioria são Equipas de Rua (Gráfico

22).

33

No Protocolo para Recolha de Informação em Projectos de RRMD solicita-se apenas às entidades que identifiquem se disponibilizam aos seus clientes uma estrutura com a designação “Drop In/Clube/Gabinete de Apoio/Centro de Dia (acesso aberto)”, não se descrevendo detalhes sobre as características desta estrutura. Solicita-se apenas adicionalmente a indicação da oferta de determinados serviços específicos no contexto destas estruturas (como a internet ou o telefone acessível, por exemplo). Por outro lado, os Gabinetes de apoio a toxicodependentes sem enquadramento sócio-familiar previstos no Decreto-lei 183/2001 são estruturas com objectivos e funcionamento específicos.

34

Gráfico 22 Nº de projectos por cada tipo de estrutura que dispõem de Drop In (n=13)

Legenda: ER (Equipa de Rua); GA (Gabinete de Apoio); CA (Centro de Acolhimento); PCI (Ponto de Contacto e Informação); PSOBLE (Programa de

Substituição Opiácea em Baixo Limiar de Exigência)

De entre os projectos que dispõem de Drop In, quase todos disponibilizam uma refeição gratuita (sendo que

apenas em duas situações esta é paga) e uma parte significativa disponibiliza, também gratuitamente, internet e

telefone aos clientes (Gráfico 23).

Gráfico 23

Tipos de serviços por projectos de RRMD com Drop In, em 2010 (n=13)

Trabalho de Rua

Conforme referido anteriormente, praticamente todos os projectos (44 em 47) realizam trabalho de rua. Apenas os

2 Centros de Acolhimento e 1 Gabinete de Apoio não concretizam este tipo de actividade.

6

3

2

11

ER GA PCI PSOBLE GA+ER

13

7

9

9

0 2 4 6 8 10 12 14

Refeição (mínimo 1 sandes)

Actividades de lazer (jogos, tv)

Telefone acessível a utilizadores de drogas

Internet acessível a utilizadores de drogas

Nº de projectos

Serv

iço

s

35

Analisando a representatividade do Trabalho de Rua34

no contexto global da intervenção directa com clientes,

verifica-se que para praticamente metade dos respondentes35 (19) esta modalidade de intervenção corresponde a

entre 76% e 100% de toda a sua intervenção directa e, em mais de metade dos projectos, a representatividade é

superior a 50% (Gráfico 24).

De entre os projectos que realizam trabalho de rua durante mais de 75% do tempo de intervenção directa com os

clientes, 11 disponibilizam, também, durante mais de 75% do tempo, apoio social e troca de seringas.

Verifica-se, também, que no conjunto destes 19 projectos, 12 permanecem a totalidade de tempo de contacto com

os clientes em contexto de rua.

Relativamente aos 7 projectos em que o trabalho de rua tem um papel menos relevante (em termos de carga

horária) face à globalidade da intervenção directa com clientes, constata-se que, em 2 casos, se trata de um

Gabinete de apoio e num caso se trata de um Ponto de Contacto e Informação. Contudo, nos restantes casos trata-

se de Equipas de Rua.

Gráfico 24

Representatividade do trabalho de rua (em %) na intervenção directa

com clientes dos projectos de RRMD, em 2010 (n=41)

Centro de Dia com Camas Nenhum projecto tem um Centro de Dia com Camas.

34

O trabalho de rua é definido no Manual Técnico do Protocolo de RRMD. Relativamente a este ponto em particular, é especificado que “deve ser contabilizado apenas o tempo em que efectivamente ocorre uma disponibilização de serviços e não o tempo que a equipa demora a chegar ao local onde estão os utilizadores. Contabilize o tempo de trabalho de rua independentemente da dimensão da equipa técnica (não deve ser contabilizado um número de horas por elemento da equipa”. 35

Responderam a esta questão 41 projectos.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

0% - 25% 26% - 50% 51% - 75% 76% - 100%

7

10

5

19

de

pro

ject

os

% que o trabalho de rua representa no nº de horas de intervenção directa (intervalos)

36

Centro de Abrigo/Acolhimento Para além das estruturas formalmente designadas como “Centro de Acolhimento”, um dos projectos financiado

enquanto Gabinete de Apoio dispõe de uma valência de acolhimento, no âmbito da qual disponibiliza 17 camas

para a noite. Esta estrutura funciona no Porto. Em Coimbra, o Centro de Acolhimento disponibiliza 30 camas,

enquanto em Lisboa, esta estrutura disponibiliza 50 camas. Nas três situações o serviço não é pago pelo cliente.

Higiene Pessoal

34 projectos disponibilizam serviços de higiene pessoal. De entre estes, todos disponibilizam preservativos e a

grande maioria distribui roupa.

É de realçar o número de projectos que presta serviços de lavandaria (19) e espaço para banhos/duche (21),

considerando que apenas 3 projectos têm Centro de Acolhimento e 13 têm Drop In/Gabinete de Apoio.

Possivelmente este serviço de lavandaria envolve o apoio de rectaguarda da estrutura da entidade promotora ou

de uma entidade parceira para o efeito. Por outro lado, no caso do espaço para banhos/duche, poderão tratar-se

de situações em que este é disponibilizado na unidade móvel (Gráfico 25).

Gráfico 25

Tipos de serviços por projectos de RRMD com apoio ao nível da higiene pessoal, em 2010 (n=34)

Serviços para reduzir os danos na saúde associados ao consumo de drogas No Protocolo para Recolha de Informação este parâmetro circunscreve-se apenas à disponibilização de material

para este efeito. Verifica-se que, em maior ou menor medida, este é disponibilizado por 45 projectos. Os utensílios

mais vulgarmente disponibilizados são os contentores para depositar os utensílios utilizados, as ampolas de água

(para dissolver, enxaguar), o recipiente, os filtros, o ácido ascórbico/cítrico, os toalhetes de álcool, as

seringas/agulhas e o material informativo sobre vírus transmitidos por via sanguínea/injecção. Os utensílios que

são menos comummente disponibilizados são o tubo para consumo intranasal, o cachimbo de crack e os toalhetes

secos (Gráfico 26).

21

19

29

34

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Espaço para banhos/duche

Lavandaria

Distribuição de roupas

Preservativos (masculino)

Nº de projectos

Serv

iço

s

37

Gráfico 26 Tipos de materiais de redução de danos por projectos de RRMD,

em 2010 (n=45)

Diversos projectos acrescentam por sua vez outros utensílios/materiais disponibilizados ou serviços prestados

neste enquadramento. Assim, de forma mais comum, é referida a disponibilização de preservativos masculinos, por

5 projectos (trata-se de projectos que não assinalaram este aspecto no âmbito da prestação de serviços de higiene

pessoal), de preservativos femininos (4 projectos) e de lubrificante (por 4 projectos).

Adicionalmente, é mencionada a disponibilização de tubos para transportar seringas (3 projectos), agulhas de

calibre 25g (1 projecto), kit haxixe (3 mortalhas, 1 filtro, 1 folheto informativo de RRMD, referido por 1 projecto),

material Informativo acerca de temáticas relevantes para a RRMD (1 projecto), drug testing (2 projectos), teste de

alcoolémia (2 projectos), tampões auditivos (2 projectos), intervenção em situação de crise (2 projectos), página

web (2 projectos), facebook, (2 projectos), canal youtube (2 projectos), folhetos informativos sobre substâncias (1

projecto) e refeição (pequenos snacks, sandes, sopa ou outras refeições quentes, café, leite, bolachas, iogurtes, etc,

referido por 1 projecto).

Constata-se, portanto, que o tipo de material disponibilizado se prende, sobretudo, com a prevenção da

transmissão de infecções por via sexual e por via endovenosa. Apesar de o consumo por via fumada ser bastante

relevante entre os clientes dos projectos, a disponibilização de utensílios de RRMD para este fim é reduzida,

quando em comparação com os restantes utensílios (sendo contudo de realçar a expressão da disponibilização de

papel de alumínio para inalação de heroína).36

Na maior parte dos casos, os tubos para consumo intranasal são disponibilizados no contexto de Equipas de Rua (5

situações), sendo que duas destas realizam contudo uma intervenção em contexto recreativo. Paralelamente, um

projecto que engloba as valências de Equipa de Rua e Ponto de Contacto e Informação também disponibiliza este

36

Actualmente já é disponibilizado um kit para o consumo por via fumada de base de cocaína.

37

38

5

39

37

38

37

37

37

30

1

10

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Seringas e agulhas

Toalhetes de álcool

Toalhetes secos

Material informativo sobre vírus transmitidos …

Ácido cítrico ou ascórbico

Filtros

Recipiente esterilizado p/dose

Água (p/dissolver, enxaguar)

Contentores para depositar os utensílios usados

Papel de alumínio para inalação

Cachimbo de crack

Tubo para consumointranasal

Nº de projectos

Mat

eria

is d

isp

on

ibili

zad

os

38

material, bem como 2 Pontos de Contacto e Informação. Adicionalmente, um Gabinete de Apoio também

disponibiliza estes tubos.

Disponibilização de seringas/agulhas

37 projectos efectuam este trabalho de disponibilização de seringas. Os 10 projectos que não concretizam este

serviço são, essencialmente, Centros de Acolhimento e Pontos de Contacto e Informação.

A disponibilização de seringas/agulhas é realizada segundo três tipologias: no contexto de gabinetes de apoio

(espaço fixo), unidades móveis e/ou no âmbito do trabalho de rua, a pé.

De entre os projectos que referem disponibilizar seringas, na maior parte dos casos, esta disponibilização é

realizada pelas equipas no âmbito do trabalho de rua e/ou em unidade móvel (Gráfico 27).

Gráfico 27 Nº de projectos que disponibilizam seringas por tipologia (n=37)

Oito projectos focalizam-se num tipo específico de disponibilização de seringas:

em espaço fixo (1 projecto),

em unidade móvel (5 projectos),

em trabalho de rua (2 projectos).

No entanto, a situação mais comum reside na combinação de diferentes modalidades de disponibilização de

seringas, sendo que 6 projectos providenciam os 3 tipos de disponibilização. A combinação mais frequente consiste

na disponibilização de seringas na unidade móvel e no âmbito de trabalho de rua (Gráfico 28).

13

28

28

0 5 10 15 20 25 30

Espaço fixo

Unidade Móvel (carrinha, autocarro)

Disponibilizado por técnico no âmbito de trabalho de rua

Nº de projectos

Tip

olo

gias

de

dis

po

nib

iliza

ção

de

seri

nga

s

39

Gráfico 28 Combinações de tipologias de disponibilização de seringas dos projectos de RRMD, em 2010 (n=37)

Legenda: EF (Espaço Fixo); UM (Unidade Móvel); TR (Trabalho de Rua)

De entre os 37 projectos que têm esta prática, a maioria disponibiliza este serviço durante praticamente todo o

tempo disponível para a realização de intervenção directa com os clientes (Gráfico 29). De facto, 17 projectos

mantêm este serviço disponível na totalidade do tempo de intervenção directa.

Gráfico 29 Representatividade da troca de seringas (em %) na intervenção directa

com clientes dos projectos de RRMD, em 2010 (n=37)

19 projectos têm como referência um documento formal sobre troca de equipamento de injecção. Em 6 situações

trata-se de um documento disponibilizado por uma organização governamental, em 4 consiste num documento de

outra organização e, na maior parte dos casos (9) é um documento produzido pelo próprio projecto.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

EF UM TR EF+UM UM+TR EF+TR EF+UM+TR

1

5

2 2

15

4

6

de

pro

ject

os

Combinações de tipos de disponibilização de seringas

0

5

10

15

20

25

0% - 25% 26% - 50% 51% - 75% 76% - 100%

54

5

23

de

pro

ject

os

% que a troca de seringas representa no nº de horas de intervenção directa (intervalos)

40

Nos documentos de referência utilizados os temas mais comuns consistem na comunicação verbal ou escrita de

informação de prevenção de danos para a saúde relacionados com o consumo de drogas e, num segundo plano,

acerca do depósito seguro das seringas.

Apenas 4 projectos de entre os que utilizam um documento orientador sobre troca de equipamento de injecção

estipulam um número máximo de seringas por troca,37 variando este entre 8, 15, 20 e 30. Finalmente, a estipulação

de uma idade mínima para o acesso a este serviço é uma prática quase inexistente, sendo que o único projecto que

faz referência a esta tem como orientação a maioridade (Quadro 4).

Quadro 4. Temas contemplados no documento de referência utilizado sobre troca de equipamento de injecção

Trabalho de proximidade em estabelecimentos prisionais

5 projectos realizam trabalho de proximidade em estabelecimentos prisionais, tratando-se em 3 casos de Equipas

de Rua, e num caso cada, 1 Ponto de Contacto e Informação e 1 PSOBLE. O número de estabelecimentos prisionais

(EP) regularmente contactados por cada projecto varia entre 1 e 4 (Gráfico 30).

37

A orientação do Manual de Procedimentos do Programa de Troca de Seringas, é no sentido de não ser definido um número máximo de seringas disponibilizadas: Caspurro e col. (2010). Programa de Troca de Seringas – Manual de Procedimentos. Lisboa: Ministério da Saúde/Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida.

Nº de projectos que incluem os temas identificados no documento orientador da troca de equipamento de injecção

Um número máximo de seringas por troca 4

A promoção de distribuição secundária Distribuição por pares ou recolha de equipamento para parceiros e amigos

6

A promoção do depósito seguro 11

A idade mínima admitida para a disponibilização de equipamento de injecção

1

A comunicação verbal de informação de prevenção de danos para a saúde relacionados com a injecção de drogas

17

A disponibilização de materiais de informação escrita para a prevenção de danos para a saúde associados ao consumo injectado de drogas

17

41

Gráfico 30 Nº de Estabelecimentos Prisionais regularmente contactados por cada projecto

de RRMD com esta valência, em 2010 (n=5)

Encaminhamentos com mediação e seguimento dos encaminhamentos

Apenas 2 projectos não realizam encaminhamentos com mediação, tratando-se de 2 Pontos de Contacto e

Informação. De forma semelhante, praticamente todos os projectos (43) efectuam o follow up dos

encaminhamentos realizados. Os projectos que não efectuam este trabalho são, essencialmente, Pontos de

Contacto e Informação.

Serviços prestados no quadro do Apoio Social

Todos os projectos realizam pelo menos um dos serviços de apoio social identificados, sendo que todos oferecem

informação breve sobre aspectos relativos à saúde, aspectos sociais ou legais e encaminhamento e praticamente

todos realizam avaliação de necessidades sociais básicas, prestam apoio na obtenção ou recuperação de

documentação pessoal, aconselhamento relativamente a questões de abrigo/habitação e a benefícios sociais, apoio

financeiro e gestão de dívidas (Quadro 5).

2

3

2

1

4

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5

ER Estrada com Horizontes

ER In Realidades

ER Encontros com Resposta

PCI Subtil

PSOBLE em estruturas fixas e móveis (LX)

Nº de EP

Pro

ject

os

42

Quadro 5. Nº de projectos que prestam cada um dos serviços designados no âmbito do apoio social38

38

As descrições apresentadas são as constantes do Manual Técnico do Protocolo de RRMD.

Serviços de Apoio Social

Nº de

projectos

( n=47)

Avaliação de necessidades sociais básicas

É realizada uma avaliação sistemática das necessidades sociais básicas de cada cliente, que explora a situação

actual dos clientes no que se refere a habitação, condições económicas, rede social, incluindo especificamente o

seu acesso a alimentação e higiene adequadas.

45

Aconselhamento relativamente a aspectos legais

O projecto disponibiliza serviços gratuitos de um advogado aos seus clientes. O aconselhamento legal

disponibilizado pode ser relacionado com problemas judiciais relativos ao consumo de drogas (por exemplo,

tráfico, detenção, liberdade condicional) ou pode estar relacionado com outros problemas pessoais e sociais (por

exemplo, divórcio, custódia dos filhos, acidentes de carro).

26

Aconselhamento relativamente a questões de abrigo/habitação

O projecto efectua uma mediação activa (Mediar activamente significa não apenas fazer um encaminhamento

escrito ou oral ou disponibilizar informação acerca de acomodação ou abrigo temporário ou permanente, mas um

envolvimento num contacto directo e activo com projectos que disponibilizam este serviço) relativamente às

condições de abrigo temporário ou permanente para os seus clientes – alugar um apartamento, acomodação num

apartamento que pertença aos serviços da segurança social ou da saúde, ou conseguir abrigo num centro de

abrigo.

41

Aconselhamento relativamente a benefícios sociais, a apoio financeiro e a gestão de dívidas

O projecto deu formação à sua equipa técnica para que esta dê apoio aos utilizadores de drogas na resolução dos

seus problemas financeiros, incluindo a avaliação do direito a benefícios sociais e assistência no processo da sua

obtenção. Isto pode também incluir apoio no acesso a crédito para pagamento de dívidas pessoais.

40

Apoio na obtenção ou recuperação de documentação pessoal (exemplo: cartão de utente do SNS,

cartão da Segurança Social, carta de condução, bilhete de identidade)

O projecto ajuda sistematicamente os clientes a recuperar ou obter a substituição dos seus documentos pessoais,

como o bilhete de identidade ou passaporte, carta de condução; e documentos que dão acesso a benefícios de

natureza social ou da saúde.

43

Aconselhamento relativamente a emprego/pesquisa de emprego

O projecto recolhe e dissemina informação de forma regular sobre o mercado de trabalho local e realiza um

aconselhamento relativamente à procura de emprego de forma activa, através de pessoal com formação para

apoiar utilizadores de drogas a encontrar um emprego temporário ou permanente.

31

Informação breve sobre aspectos relativos à saúde, aspectos sociais ou legais e encaminhamento

Trata-se de um serviço útil em contexto de rua, quando o tempo disponível permite transmitir apenas informações

breves (e não aconselhamento) sobre temas relevantes, e quando o encaminhamento para projectos relevantes

assume um papel preponderante. O termo “encaminhamento” é definido como a orientação de clientes para uma

determinada fonte de ajuda ou informação noutro projecto (pode ser para um outro projecto ou serviço da mesma

Entidade Promotora).

47

Emprego estruturado diário (trabalho ao dia, emprego mediado)

O projecto disponibiliza regularmente oportunidades de trabalho pago aos seus clientes, numa base diária (o que é

diferente de um vínculo contratual ou para longos períodos de tempo).

6

Aconselhamento e apoio parental

O projecto deu formação a elementos da equipa para de forma activa e sistemática darem apoio a pessoas

responsáveis por uma ou mais crianças, avaliar as suas necessidades de apoio e aconselhamento relativamente ao

seu papel como pais e disponibilizar ou facilitar o acesso aos serviços necessários. Isto inclui o apoio a pais que

utilizam drogas durante a fase pré natal e pós natal.

15

Outro apoio social - Identificado pelos projectos (entre parêntesis, o número de projectos que identificou cada tipo de apoio social

enunciado): Alimentação (3), Vestuário (3), Apoio Psicossocial (2), Desenvolvimento Pessoal e Social (1), Apoio na Gestão

Doméstica (1), Cursos de Formação (1), Plano Individual de Inserção (1), Apoio à legalização de imigrantes

43

Para além dos serviços prestados pelos próprios, a generalidade dos projectos de RRMD efectua um trabalho de

articulação próxima com as estruturas disponíveis na comunidade, sejam estas públicas ou privadas, procurando

desta forma apoiar os clientes na identificação de soluções adequadas às suas necessidades e prioridades. O

número e diversidade de organizações com que os projectos desenvolvem este trabalho em rede (Figura 2) são

demonstrativos desta mesma proactividade.

Figura 2 Principais organizações/serviços com respostas de apoio social para as

quais os projectos de RRMD encaminham clientes, em 2010

Considerando a representatividade do apoio social no contexto do tempo dedicado à intervenção directa com

clientes verifica-se que para 17 projectos este tipo de actividade representa mais de 75% desta intervenção39

(Gráfico 31).

39

Dos 47 projectos que referem realizar apoio social, 40 detalham o número de horas que esta actividade representa no contexto da intervenção directa com clientes.

Apoio Social

Outros Recursos da Entidade Promotora

Recursos de OG

Segurança Social (SS), Centros Nacionais de Apoio ao Imigrante (ACIDI), Centro de Emprego (IEFP), Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, Hospitais, Centros de Saúde, Tribunais, Instituto de Reinserção Social, Comissão de Dissuasão da Toxicodependência, Loja do Cidadão, Comissão

de Protecção de Crianças e Jovens em Risco (SS), Balneários Públicos, Serviço de Estrangeiros e

Fronteiras, Embaixadas/Consulados

Recursos de ONG

Centro Porta Azul, Cruz Vermelha Portuguesa, Santa Casa da Misericórdia,

Grupo de Acção Social Cristã , Abraço, AMI, CASO, Associação para o Planeamento da

Família, Ordem de Advogados, Notário, Empresas de Trabalho Temporário, Projectos

de reinserção e de RRMD financiados pelo IDT,IP, entre outras

44

Gráfico 31 Representatividade do apoio social (em %) na intervenção directa

com clientes dos projectos de RRMD, em 2010 (n=40)

Serviços prestados no quadro da intervenção de crise, aconselhamento e outro apoio psicológico estruturado

Apenas 3 projectos não realizam de todo este tipo de intervenção. De entre os projectos que prestam este tipo de

serviços, é sobretudo frequente a realização de aconselhamento, intervenções breves, entrevista motivacional e

intervenção de crise (Quadro 6).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0% - 25% 26% - 50% 51% - 75% 76% - 100%

5

11

7

17N

º d

e p

roje

cto

s

% que o apoio social representa no nº de horas de intervenção directa (intervalos)

45

Quadro 6. Nº de projectos que prestam cada um dos serviços designados no âmbito da intervenção de crise, aconselhamento e outro apoio psicológico estruturado

40

Também nesta área de actividade os projectos de RRMD encaminham clientes para serviços públicos ou privados

quando não lhes é possível responder directamente à solicitação. Assim, como se pode constatar na Figura 3, são

40

As descrições apresentadas decorrem do Manual Técnico do Protocolo de RRMD

Serviços de intervenção de crise, aconselhamento e outro apoio psicológico estruturado

Nº de

projectos

(n=44)

Intervenção de crise

Intervenção realizada por pessoas com formação para actuar em situações agudas e críticas (por exemplo,

distúrbios emocionais graves, episódios de paranóia ou depressivos) no “ambiente natural” do projecto (por

oposição ao aconselhamento ou tratamento efectuados em contextos específicos) com o objectivo de recuperar

o nível de funcionamento normal da pessoa antes da crise e reduzir os danos psicológicos e sociais associados à

crise.

41

Aconselhamento, intervenções breves, entrevista motivacional

Terapeutas com formação apoiam clientes individuais a desenvolver estratégias de coping ou resolver conflitos,

disponibilizando um ambiente de apoio e aceitação.

O aconselhamento geralmente lida com situações de vida concretas, sendo uma actividade a curto prazo,

orientada por objectivos para desenvolver as capacidades do cliente.

Uma intervenção breve pode ir de 5 a 10 minutos de informação e aconselhamento até 2 a 3 sessões. As

intervenções breves são dirigidas a utilizadores de drogas que não estão ainda a experienciar grandes problemas

com o seu consumo de drogas. Não estão desenhadas para utilizadores de drogas dependentes. O objectivo da

intervenção consiste portanto em encorajá-los a reduzir o seu consumo de drogas a limites sensíveis, de forma a

reduzir o risco de ocorrência de futuros problemas de saúde.

A entrevista motivacional é um aconselhamento directivo e centrado no cliente com vista à geração de mudança

comportamental. Tem como propósito, de uma forma apoiante, facilitar e aumentar a motivação intrínseca da

pessoa para mudar o seu comportamento problemático, sendo no entanto uma conversa estrategicamente

direccionada para a utilização que a pessoa faz de substâncias e circunstâncias de vida relacionadas. Pretende

também aumentar a consciência dos pacientes para os riscos para a saúde que estão a assumir, bem como para a

sua capacidade de fazerem alguma coisa acerca disto. A entrevista é normalmente conduzida por elementos da

equipa com formação especializada.

43

Gestão de caso

A gestão de cuidados do cliente é atribuída a uma pessoa específica (ou pequena equipa), que coordena todos os

apoios médicos, psicológicos e sociais necessários com os projectos/recursos da própria Entidade Promotora ou

outras externas. Tendo por base uma avaliação de necessidades e um plano de cuidados definido com o cliente,

e em colaboração com os prestadores de serviços, o gestor de caso faz a ligação entre este e os prestadores de

apoio e de recursos, acompanhando-o em todo o processo de acesso a apoio e recepção do mesmo por parte de

serviços de saúde e humanos.

37

Trabalho de grupo

Os terapeutas com formação trabalham com grupos de clientes em contexto de grupo. Uma importante

componente do trabalho com o grupo consiste na traça de experiências entre elementos do grupo, mediada por

um terapeuta.

15

Grupos de auto-ajuda

Trata-se de grupos voluntários que envolvem utilizadores de drogas e são facilitados por uma pessoa sem

formação especializada (um utilizador ou ex-utilizador de drogas). O propósito consiste em partilhar informação

e lidar com as preocupações e problemas dos seus membros, e disponibilizar apoio mútuo na resolução desses

problemas.

2

Outras intervenções – identificadas pelos projectos

Atelier de Formação, Desenvolvimento Pessoal e Social, Aconselhamento Psicológico, Processo individual terapêutico de média

duração, Aconselhamento sobre estratégias de redução de riscos em contextos recreativos.

46

encaminhados clientes para estruturas do IDT, IP, grupos de auto-ajuda diversos, bem como para várias estruturas

do Serviço Nacional de Saúde e algumas organizações não governamentais.

Figura 3

Principais organizações/serviços com respostas de intervenção de crise, aconselhamento e outro apoio psicológico estruturado para os quais os projectos de RRMD encaminham clientes, em 2010

Serviços prestados no quadro do apoio médico/ cuidados de enfermagem/cuidados paramédicos

Os serviços identificados no âmbito deste parâmetro não correspondem na totalidade à tipologia de “Cuidados de

Saúde” anteriormente descrita. Assim, como se pode observar no Quadro 3, é definido como critério para a

classificação de um projecto como prestador de cuidados de saúde a integração de um médico e/ou enfermeiro na

equipa técnica. Por sua vez, ao nível da especificação de serviços prestados no quadro do apoio médico/cuidados

de enfermagem/cuidados paramédicos esta exigência não é colocada, sendo ainda contempladas neste plano

actividades que não são necessariamente realizadas por um médico ou enfermeiro, como é o caso da avaliação de

práticas de risco relacionadas com o consumo de drogas e de práticas sexuais de risco. Por este motivo, enquanto

33 projectos são identificados como prestadores de cuidados de saúde, 46 conseguem identificar a prestação de

pelo menos um dos serviços elencados no quadro em análise.

De facto, constata-se que os serviços prestados de forma mais comum são a avaliação de práticas de risco a nível

sexual e relacionadas com o consumo de drogas, aspecto que é coerente com o tipo de intervenção em causa.

Num segundo plano, destaca-se a realização de uma avaliação básica de necessidades de saúde, o tratamento de

lesões e a intervenção de emergência em situação de overdose (Quadro 7).

Intervenção de crise,

aconselhamento e outro apoio

psicológico

Consulta psiquiátrica dos Hospitais,

Unidades Locais de Saúde, Serviços de

Emergência Médica

Equipas de Tratamento,

Comunidades Terapêuticas

Grupos de auto-ajuda como os

Narcóticos Anónimos, Alcoólicos Anónimos, Projecto

Alavanca

Núcleo de Amigos da

Saúde, CPCJ, Abraço, Santa

Casa da Misericórdia

47

A prestação de respostas de saúde mais específicas como a vacinação, a realização de rastreios, o tratamento ou a

administração de medicação, são realizadas essencialmente no contexto de Equipas de Rua, Gabinetes de Apoio e

PSOBLE.

Quadro 7. Nº de projectos que prestam cada um dos serviços designados no âmbito do apoio médico/cuidados de enfermagem/cuidados paramédicos41

Serviços de apoio médico/cuidados de enfermagem/cuidados paramédicos

Nº de

projectos

(n=46)

Avaliação básica de necessidades de saúde

Uma avaliação básica de cuidados de saúde é desenvolvida por um/a médico/a ou enfermeiro/a e consiste na

recolha de informação relativa à história do utente, em termos de: utilização de drogas, tratamento da

dependência de drogas, práticas de risco, rastreios realizados, overdoses, outras consequências da utilização de

drogas e realização de vacinação para a hepatite B. Inclui um exame físico e, se necessário, a realização de

aconselhamento relativamente à saúde física.

32

Avaliação de práticas de risco relacionadas com o consumo de drogas 43

Avaliação de práticas sexuais de risco

As práticas de risco dos clientes são avaliadas pelos elementos da equipa em ocasiões específicas (por exemplo,

numa fase inicial de contacto e depois de forma repetida, em intervalos regulares), com a perspectiva de

proporcionar informação e desenvolver competências para a prevenção de danos e redução dos riscos.

A avaliação das práticas de risco associadas ao consumo de drogas inclui a exploração do padrão de consumo de

substâncias actual, as suas práticas actuais e passadas de injecção (incluindo competências e práticas de

partilha), experiência de overdose e competências de gestão de overdose, acesso e motivação para a realização

de rastreios e realização da vacinação para as hepatites A e B.

A avaliação de práticas sexuais de risco inclui a exploração das práticas sexuais dos clientes e eventuais

comportamentos de risco a estas associados, o seu conhecimento sobre infecções sexualmente transmissíveis e

forma de as prevenir, consciência da interacção entre o consumo de drogas e a adopção de riscos, e

conhecimento dos serviços ligados à saúde sexual e reprodutiva disponíveis.

41

Intervenção de emergência em overdoses

A intervenção em situação de emergência é disponibilizada por pessoal com formação a utilizadores de drogas

que manifestem alterações de consciência significativas na sequência do consumo de drogas, procurando reduzir

a morbilidade e mortalidade das overdoses. No caso das overdoses de opiáceos, a resposta apropriada poderá

incluir a colocação da pessoa em posição de segurança, alargar roupa apertada, assegurar que as suas vias

respiratórias estão livres, administrar oxigénio, realizar reanimação cardio-pulmonar, administrar naloxona se

disponível e necessário, chamar o INEM.

28

Tratamento de lesões

Consiste na avaliação da lesão, disponibilizando tratamento, monitorizar o seu progresso e aconselhar sobre as

medidas necessárias em caso de não sarar.

30

Clínica de Infecções Sexualmente Transmissíveis (rastreio e tratamento)

No âmbito desta actividade clínica disponibiliza-se aconselhamento, teste e tratamento de infecções

sexualmente transmissíveis. Estas infecções incluem o VIH, clamídia, verrugas genitais, gonorreia, hepatites A ou

B, herpes 1 e 11, parasitas intestinais, sífilis, entre outros.

7

Cuidados dentários

O projecto providencia de uma forma regular (pelo menos uma vez por semana) cuidados dentários nas suas

estruturas, por um profissional com formação específica para o efeito (dentista, higienista, enfermeira de

estomatologia).

1

41

As descrições apresentadas decorrem do Manual Técnico do Protocolo de RRMD

48

Quadro 7. Nº de projectos que prestam cada um dos serviços designados no âmbito do apoio médico/cuidados de enfermagem/cuidados paramédicos (cont.)

Serviços de apoio médico/cuidados de enfermagem/cuidados paramédicos

Nº de

projectos

(n=46)

Ginecologista (clínica especializada em mulheres/serviços de planeamento familiar)

O projecto disponibiliza localmente uma clínica para mulheres (veja a definição em baixo), com um/a médico/a

ginecologista, de uma forma regular.

Uma clínica especializada em mulheres disponibiliza serviços na área do diagnóstico e tratamento de distúrbios

ginecológicos e sexuais menores, presta aconselhamento sobre problemas de saúde associados: pode incluir

aconselhamento sobre problemas ginecológicos, planeamento familiar (incluindo a colocação de DIU),

esfregaços cervicais, patologias da mama e menopausa, contracepção de emergência.

0

Teste de gravidez

O projecto disponibiliza localmente (ou ao domicilio) testes fisiológicos para determinar se a pessoa está grávida,

usualmente através da primeira colheita de urina matinal, podendo-se assim avaliar a presença de uma hormona

associada à gravidez.

9

Terapia de Observação Directa, gestão da medicação anti-retroviral, tratamento da tuberculose,

hepatite C

A abreviatura TOD significa Terapia por Observação Directa e implica que um elemento da equipa (normalmente

uma enfermeira) faça a gestão da medicação necessária para o tratamento de doenças/infecções específicas do

cliente, relembre o cliente de que deve tomar a medicação, observe a toma de medicação e verifique a

existência de efeitos secundários. A TOD pode ser relevante para utilizadores de drogas com VIH, Hepatite C e

tuberculose, uma vez que pode ser necessário um esquema complexo de combinação de medicamentos, que

pode ser complicado de gerir por pessoas com determinado estilo de vida associado a um determinado padrão

de consumo de substâncias, bem como para pessoas sem abrigo. A categoria deverá ser respondida com “Sim”

se for disponibilizada a TOD a pelo menos uma destas doenças.

18

Teste de diagnóstico do VIH 24

Teste de diagnóstico do VCH 6

Teste de diagnóstico do VHB 6

O projecto disponibiliza localmente o teste diagnóstico de doenças infecciosas numa base voluntária, tendo antes

disponibilizado a informação necessária ao cliente para este poder realizar uma decisão informada sobre a realização deste teste

e garantido o seu consentimento. A equipa assegura que é realizado o pré e pós aconselhamento para lidar com as implicações

em termos de saúde física e psicológicas dos resultados obtidos.

Vacinação da Hepatite B

Esta categoria deve ser assinalada se se realizar vacinação para a hepatite B (ou A/B) no projecto, por pessoal

com formação específica.

11

Vacinação do tétano

Elementos da equipa com formação específica realizam a imunização para o tétano ou a protecção a curto-prazo

(utilização da imunoglobina do tétano quando se crê que a pessoa foi exposta a esta bactéria).

12

Prescrição de substâncias de substituição

As drogas farmacêuticas utilizadas para a realização de tratamento de substituição são prescritas por médicos

com formação adequada. Inclui a substituição de baixo limiar ou de emergência quando se aguarda pela inserção

num programa de tratamento regular.

11

Administração de substâncias de substituição

As substâncias de substituição (sobretudo metadona, buprenorfina) são disponibilizadas por elementos da

equipa com formação adequada, frequentemente numa base diária. Inclui o tratamento em cooperação com

prática clínica externa.

1842

42

O nº de projectos que referem realizar administração de substâncias de substituição (18) é superior ao número de projectos que identifica como resposta oferecida o PSOBLE (15). Estão em causa 3 projectos, da mesma entidade promotora e na mesma zona geográfica, qu e apesar de realizarem a administração da substância em articulação com a ET, não avaliam que o tipo de serviço prestado se enquadre na categoria de PSOBLE.

49

Na Figura seguinte é possível observar os principais serviços/estruturas que servem de suporte aos projectos de

RRMD no sentido de obterem resposta para as diversas problemáticas dos clientes ao nível da saúde. De entre as

estruturas descritas, verifica-se que as que são mais comummente referidas pelos projectos e para a prestação de

uma maior diversidade de respostas (rastreio, tratamento, vacinação) são o Hospital e o Centro de Saúde.

Figura 4

Principais organizações/serviços com respostas de apoio médico/cuidados de enfermagem/cuidados paramédicos para os quais os projectos de RRMD encaminham clientes, em 2010

Considerando especificamente o desenvolvimento da actividade de apoio médico, verifica-se que esta tem uma

expressão inferior no conjunto dos serviços prestados pelos projectos de RRMD, dado que, dos 47 projectos a

funcionar no terreno em 2010, apenas 17 prestam este serviço, sendo que destes, na grande maioria o apoio

médico representa uma percentagem inferior a 25% do tempo de trabalho directo com clientes.

De facto, apenas 2 projectos, um Programa de Substituição Opiácea (33% do tempo de intervenção directa) e um

Centro de Acolhimento (44% do tempo de intervenção directa) afectam entre 26% e 50% do seu tempo à realização

de apoio médico. Considerando os restantes 15 projectos verifica-se ainda que, na quase totalidade dos casos, o

apoio médico corresponde a menos de 5% do tempo de intervenção directa (Gráfico 32).

Apoio médico

Cuidados de enfermagem

Cuidados paramédicos

Hospital

Maternidade, Centro de Saúde, Unidades

Locais de Saúde, CAD, CDP

Linhas telefónicas de

apoio (1414/IDT,IP, Opções/APF)

Instituto de Segurança

Social, Universidade

do Porto (cuidados dentários)

Outros projectos: Projecto

AutoEstima

Equipas de Tratamento, Projecto

Integrado de Atendimento

Materno (IDT,IP)

Outros projectos de RRMD

Laboratório de Analíses

50

Gráfico 32 Representatividade do apoio médico (em %) na intervenção directa

com clientes dos projectos de RRMD, em 2010 (n=17)

Actividades desenvolvidas no domínio da Informação, Educação e Comunicação (IEC)

Praticamente a totalidade dos projectos realiza algum tipo de iniciativa de Informação, Educação e Comunicação,

sendo que dos 3 projectos que não descrevem nenhuma actuação de entre as designadas, 2 referem que realizam

um trabalho de informação e aconselhamento informal e individualizado junto dos seus clientes.

O tipo de iniciativa de IEC com maior grau de implementação consiste na divulgação de informação com suporte

escrito, realizada por 38 projectos. Neste âmbito, são divulgados materiais sobre todos os temas enunciados, com

maior preponderância para os temas “sexo mais seguro (incluindo as IST)”, “vírus transmitidos por via sanguínea”

e “injecção mais segura”. Por outro lado, o tipo de iniciativa menos implementada consiste na realização de

sessões de formação para membros da família e pares de utilizadores de drogas.43

Considera-se ser ainda de

salientar o número elevado de projectos que realiza sessões de formação com grupos alvo estratégicos,

demonstrando uma abordagem mais complexa à problemática em que incide a intervenção (Quadro 8).

43

A este respeito refira-se que relativamente ao grupo de pares de utilizadores de drogas, o número inferior de projectos que fazem referência a este grupo alvo poderá decorrer de um enviesamento introduzido pelo formato da questão, uma vez que os pares de utilizadores de drogas são também eles próprios utilizadores (pelo que poderão ter sido apontados no grupo dos utilizadores). Adicionalmente, 5 projectos identificam como grupo alvo estratégico os pares de utilizadores de drogas.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0% - 25% 26% - 50% 51% - 75% 76% - 100%

15

2

0 0

de

pro

ject

os

% que o apoio médico representa no nº de horas de intervenção directa (intervalos)

51

Quadro 8. Nº de projectos que concretizam cada uma das iniciativas de IEC

44

São referidos os grupos estratégicos identificados pelas entidades, segundo o número de vezes em que esta identificação ocorre. Esta categorização baseia-se numa análise de conteúdo das respostas dadas, sendo que possivelmente haverá uma sobreposição de algumas categorias.

Nº de projectos que implementam cada tipo de IEC (n=44)

Temas abordados no âmbito da IEC: nº de projectos que referem cada tema

O projecto organiza sessões de formação para grupos de utilizadores de drogas (IEC)

29

1. Injecção mais segura 19

2. Sexo mais seguro (incluindo as IST) 28

3. Prevenção de overdoses 20

4. Vírus transmitidos por via sanguínea 26

5. Gestão da overdose com opiáceos (incluindo a reanimação cardio-pulmonar)

7

6. Gestão da overdose com opiáceos e distribuição de naloxona

2

7. Resposta a overdose com estimulantes 10

O projecto organiza sessões de formação para membros da família e pares de utilizadores de drogas (IEC)

7

1. Injecção mais segura 4

2. Sexo mais seguro (incluindo as IST) 7

3. Prevenção de overdoses 6

4. Vírus transmitidos por via sanguínea 6

5. Gestão da overdose com opiáceos (incluindo a reanimação cardio-pulmonar)

2

6. Gestão da overdose com opiáceos e distribuição de naloxona

2

7. Resposta a overdose com estimulantes 3

Disseminação de IEC pelo projecto através de materiais

38

1. Injecção mais segura 30 2. Sexo mais seguro (incluindo as IST) 35

3. Prevenção de overdoses 26

4. Gestão da overdose com opiáceos 11

5. Gestão de overdose com estimulantes 13

6. Vírus transmitidos por via sanguínea 34

7. Tratamento da toxicodependência 26

8. Depósito seguro de seringas 23

O projecto organiza sessões de formação para outros grupos alvo estratégicos.

23

Grupos estratégicos (por ordem decrescente de frequência de identificação pelos projectos): Educadores de pares (6), técnicos de saúde (5), Empresários e trabalhadores de eventos/contextos recreativos/festivos (4), estudantes universitários (4), forças de segurança (4), voluntários (3), técnicos sociais (3), técnicos de educação (3), entidades parceiras (3), políticos (2), técnicos de redução de riscos (2), jovens adolescentes (2), comerciantes (1), técnicos que acompanham famílias de toxicodependentes (1)44.

52

Horário de funcionamento dos projectos

Considerando o horário de funcionamento semanal dos projectos de RRMD no que reporta a intervenção directa

com clientes, verifica-se que a situação mais comum consiste na dos projectos que intervêm entre 31 e 40 horas

por semana directamente com estes (19), seguida dos projectos que intervêm entre 41 e 50 horas (Gráfico 33). 2

projectos, não incluídos no Gráfico, intervêm um total de 168 horas por semana, tratando-se dos Centros de

Acolhimento. Os projectos que intervêm durante mais de 70 horas por semana são por sua vez Gabinetes de Apoio.

Gráfico 33 Nº de horas semanais de intervenção com clientes dos projectos de RRMD, em 2010 (n=45)

Dos 46 projectos em análise,45 33 realizam trabalho à noite com os clientes.46 Como se pode verificar no Gráfico

34, o trabalho nocturno corresponde de uma forma geral a menos de 40% do tempo de trabalho directo com os

clientes, desenvolvendo-se este sobretudo durante o dia. Nas duas situações em que a totalidade do tempo de

intervenção é realizada em período nocturno trata-se de Pontos de Contacto e Informação. Contudo, será de notar,

que entre os projectos em que o período nocturno corresponde a mais de 40% do tempo de trabalho directo,

contam-se Equipas de Rua (2) e 1 Centro de Acolhimento.

45

1 projecto refere que a realização de trabalho durante a noite depende da ocorrência de eventos, não sendo possível apresentar uma estimativa. 46

Os 13 projectos que não actuam de todo à noite não estão portanto incluídos na categoria (0a10%)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0-10 11a20 21-30 31-40 41-50 51-60 61-70 71-80 81-90 91a100

3

1

4

17

9

5

32

01

de

pro

ject

os

Nº de horas de intervenção semanais (intervalos)

Aspectos relativos à dinâmica e gestão dos projectos

53

Gráfico 34 Representatividade da intervenção dos projectos de RRMD em período nocturno

(entre as 20h e as 8h) no contexto da intervenção directa com clientes, em 2010 (n=33)

34 projectos trabalham com clientes também ao fim-de-semana

47, sendo que, maioritariamente, a percentagem

de trabalho ao fim-de-semana é inferior a 30% do tempo global de trabalho durante a semana. Dois projectos

actuam apenas ao fim-de-semana, tratando-se dos mesmos que actuam exclusivamente à noite (Gráfico 35).

Gráfico 35

Representatividade da intervenção dos projectos de RRMD ao fim-de-semana no contexto da intervenção directa com clientes, em 2010 (n=34)

18 projectos trabalham com os clientes todos os dias da semana. De entre os projectos que não intervêm todos os

dias, 29 não trabalham ao Domingo, 14 ao Sábado, 4 à Segunda-feira, 2 à Terça-feira e 2 à Quarta-Feira, sendo as

situações mais comuns a dos projectos que não trabalham no fim-de-semana (13) e a daqueles que não trabalham

apenas ao Domingo (11).

47

Os 13 projectos que não actuam de todo ao fim-de-semana não estão portanto incluídos na categoria (0a10%)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

0a10% 11a20% 21a30% 31a40% 41a50% 51a60% 61a70% 71a80% 81a90% 91a100%

9

7

5

7

1 1 1

0 0

2

de

pro

ject

os

% do trabalho nocturno relativamente ao nº de horas de intervenção directa (intervalos)

0

2

4

6

8

10

12

0a10% 11a20% 21a30% 31a40% 41a50% 51a60% 61a70% 71a80% 81a90% 91a100%

8

12

10

1 1

0 0 0 0

2

de

pro

ject

os

% de trabalho ao fim-de-semana relativamente ao nº de horas de intervenção directa (intervalos)

54

As Equipas Técnicas dos Projectos

Expressão de cada componente de intervenção

As Equipas Técnicas dos projectos asseguram a sua coordenação e a implementação das diversas componentes de

intervenção.

Neste capítulo, analisa-se, num primeiro ponto, a prevalência em horas de intervenção por semana (o que

corresponde à soma das horas de intervenção de cada elemento da equipa com a função indicada) de cada uma

das seguintes componentes técnicas no trabalho efectuado:

administração e coordenação do projecto,

apoio social e legal aos clientes,

apoio psicológico ou aconselhamento aos clientes,

tratamento médico e serviços de um enfermeiro,

Assim, as áreas da administração e coordenação do projecto, apoio social e legal e apoio psicológico ou

aconselhamento são as que se destacam no que reporta à abrangência da sua implementação, isto é, por um maior

número de projectos:

46 projectos contemplam horas de intervenção para administração e coordenação do projecto,

42 projectos contemplam horas de intervenção para apoio social e legal48,

44 projectos contemplam horas de intervenção para apoio psicológico ou aconselhamento aos clientes.

Paralelamente, dos 47 projectos em análise, 32 têm serviços de um enfermeiro e 12 de um médico.

Constata-se que as áreas implementadas com maior intensidade, isto é, com um maior número de horas de

trabalho semanais, são por sua vez a do apoio social e legal e a do apoio psicológico ou aconselhamento. Nestes

casos, 17 projectos referem que são implementadas 31 a 40 horas por semana de apoio social e legal e 16 referem

que é implementado o mesmo número de horas semanais de apoio psicológico ou aconselhamento. Na maioria dos

restantes projectos, o tempo dispensado a cada uma das áreas mencionadas é inferior.

Por outro lado, no que diz respeito à administração e coordenação do projecto, a situação mais comum é a dos

projectos que concretizam entre 11 e 20 horas de trabalho neste tipo de tarefa (17 projectos), sendo no entanto de

referir que 12 projectos executam por semanas 12 horas de trabalho de administração e coordenação.

O número de horas de trabalho de enfermagem e de apoio médico é claramente inferior nestes projectos, sendo

que no caso dos serviços de enfermagem 9 projectos referem a realização de 11 a 20 horas de trabalho por semana

e 8 apontam para um número inferior a 10 horas de trabalho neste domínio. Por sua vez, no que reporta à

realização de tratamento médico, é evidente que o número de horas de trabalho é na quase totalidade dos casos

inferior a 10 horas (Quadro 9).

48

Os 5 projectos restantes embora descrevam a realização de serviços de apoio social, não apresentam uma estimativa do número d e horas de intervenção dedicadas a esta componente.

55

Quadro 9. Descrição das horas de trabalho (pago) dispendidas pelos projectos, por semana, por tipo de área de intervenção

Neste âmbito, importa ainda referir a existência de trabalho voluntário em cada um dos domínios. Assim, 6

projectos referem a realização de trabalho voluntário na administração e coordenação do projecto, 5 relativamente

ao apoio social e legal, 2 relativamente ao apoio psicológico ou aconselhamento, 1 relativamente ao tratamento

médico e 4 relativamente aos serviços de enfermagem. O trabalho voluntário acresce por sua vez horas ao trabalho

já analisado.

Inclusão de utilizadores ou ex-utilizadores de drogas na equipa

18 projectos empregam utilizadores ou ex-utilizadores de drogas como educadores de pares. Parte destes

educadores de pares foram inseridos nos projectos em causa através do Projecto InPar, apoiado pelo IDT, IP.

Nº de projectos por tipo de intervenção

Nº de horas dispendidas por semana por projecto

Administração e coordenação do projecto (n=46)

Apoio social e legal aos clientes

(n=42)

Apoio psicológico ou

aconselhamento aos clientes (n=44)

Tratamento médico (n=12)

Serviços de um/a

enfermeiro/a (n=32)

0h a10h 13 4 8 10 8

11h a20h 17 9 12 1 9

21h a30h 2 4 1 0 6

31h a 40h 12 17 16 1 6

41h a50h 0 3 2 0 1

51h a 60h 2 3 1 0 0

61h a 70h 0 0 1 0 0

71h a 80h 0 1 0 0 1

81h a 90h 0 0 0 0 0

91h a 100h 0 0 0 0 0

101a110 1 0 0 0 0

111h a 120h 0 0 1 0 0

121h a 130h 0 0 0 0 0

131h a 140h 1 1 1 0 0

141h a 150h 0 1 0 0 0

151h a 160h 0 0 0 0 0

161h a 170h 0 0 0 0 0

171h a 180h 0 0 0 0 0

>180h 0 0 1 0 0

56

Estabilidades das Equipas

Na maioria dos projectos, as equipas técnicas mantiveram-se estáveis quanto à sua dimensão no período em

análise. Apenas 6 projectos referem um aumento significativo no número de profissionais relativamente ao ano

anterior e 3 referem uma diminuição significativa. O aumento de elementos na equipa decorre da inclusão de

educadores de pares em alguns casos e de voluntários/estagiários noutros.

Formação das Equipas

Em mais de metade das situações (26) a política dos projectos quanto à formação da equipa está escrita. O

requisito mínimo para a indicação de que existe uma política de formação da equipa é a existência de um protocolo

de formação específico, onde estejam descritos os tópicos da mesma que sejam relevantes para o trabalho do

projecto, ou a definição de um número mínimo de horas de formação asseguradas por este a cada trabalhador por

ano, ou um compromisso formal e escrito semelhante do projecto quanto à alocação de recursos com vista à

actualização das competências dos elementos da equipa de uma forma regular49.

Na quase totalidade dos projectos (40), a equipa técnica recebeu formação relativamente à avaliação de

comportamentos sexuais de risco e à educação quanto à redução destes riscos. Isto implica que alguns ou todos

os elementos da equipa do projecto tenham formação relativamente à exploração de práticas sexuais de risco

actuais e correspondentes riscos em que incorrem os clientes, o seu conhecimento sobre infecções sexualmente

transmissíveis, da interacção entre consumo de drogas e riscos, e o conhecimento das organizações locais que

disponibilizam serviços na área da saúde reprodutiva. Os elementos da equipa sabem como explorar as atitudes dos

clientes relativamente à utilização do preservativo e outras medidas preventivas e de gestão do risco (profilaxia pós-

exposição)50.

O mesmo número de projectos implementou formação junto da sua equipa técnica quanto à avaliação de práticas

de risco no consumo de drogas, incluindo o consumo que não é realizado por via injectada (neste caso específico o

número de projectos que implementou esta formação é de 37). Isto implica que alguns ou todos os elementos da

equipa técnica recebem formação para a avaliação de práticas de risco. A equipa recebe formação para explorar o

consumo actual de drogas dos clientes, as suas práticas de injecção actuais ou passadas (incluindo práticas de

partilha), experiência de overdose e competências de gestão de overdose, acesso e interesse no rastreio de

infecções transmissíveis por via sanguínea e na realização da vacinação para as hepatites A e B51.

A maioria dos projectos (28) formou também a sua equipa quanto à actuação em situações de emergência

relacionadas com drogas. Decorre disto que alguns ou todos os elementos da equipa técnica recebem formação

sobre como intervir em caso de overdose ou outras emergências relacionadas com drogas. Esta formação deve

incluir o conhecimento sobre factores de risco típicos (sobretudo interacções entre drogas, efeitos de drogas

depressoras do sistema nervoso central, incluindo o álcool); contextos e situações de risco de overdose; avaliação

dos perfis pessoais de risco dos clientes (experiências anteriores de overdose; sintomas depressivos, tentativas

49

Manual Técnico do Protocolo para Recolha de Informação em projectos de RRMD. 50

idem 51

idem

57

anteriores de suicídio, ideação suicida actual). A equipa deve também receber formação para conseguir identificar

sinais e sintomas de overdose e conseguir actuar nestas situações52.

Segurança da Equipa

Na maioria dos projectos (28) a equipa é sistematicamente informada sobre a relevância da Imunização para a

hepatite B, embora apenas em 10 projectos seja oferecido de uma forma sistemática a vacinação para a hepatite B

através do projecto aos elementos da equipa.

Em 9 projectos existe um Código de Prática escrito (procedimentos de segurança) relativamente a acidentes com

picada de agulhas (está em causa a avaliação da existência de linhas de orientação escritas, com a definição de

todos os passos necessários para prevenir e minimizar o risco de ocorrência de picadas com agulhas, bem como

reduzir as suas consequências, especialmente entre trabalhadores no âmbito de programas de disponibilização de

seringas/agulhas53

).

Processo dos utentes

Admissão

A generalidade dos projectos não estabelece à partida critérios quanto a impedimentos na admissão de novos

clientes. A estipulação destes critérios ocorre em 10 projectos. Em 3 casos, não são admitidas como clientes as

pessoas que não têm residência local. 8 projectos estipulam uma idade mínima de adesão, que na maior parte das

situações é de 18 anos (2 projectos, que actuam essencialmente com jovens, definem como idade de referência 16

anos). Finalmente, 1 projecto refere não colaborar com imigrantes sem documentos.

Avaliação inicial de novos clientes

A generalidade dos projectos (41) realiza uma avaliação inicial dos novos clientes. 5 dos 6 projectos que não

realizam esta avaliação inicial são Pontos de Contacto e Informação, no âmbito dos quais o tipo de contacto com os

clientes tende a ser mais efémero. A avaliação é realizada com instrumentos concebidos pelo projecto (referido por

32 projectos) e/ou por instrumentos disponibilizados pelo IDT, IP (referido por 24 projectos. Note-se a este

propósito, que no caso das Equipas de Rua, Gabinetes de Apoio, PSOBLE e Centros de Acolhimento, o IDT, IP

disponibiliza um modelo de Ficha de Caracterização do Utente, para a caracterização de novos utentes. Este

modelo não se destina no entanto a clientes que utilizam os serviços dos projectos em

contexto/festivo/recreativo).

52

idem 53

idem

58

Projecto de intervenção

Cerca de metade dos projectos (23)54 elabora um projecto de intervenção, com registo escrito, individualizado, para

cada cliente. Exceptuando uma situação, todos os projectos que têm esta prática são Equipas de Rua, Gabinetes de

Apoio, PSOBLE ou Centros de Acolhimento.

Código escrito sobre os direitos e os deveres dos utentes 18 projectos têm um código escrito sobre os direitos e deveres dos clientes.

Avaliação sistemática da satisfação dos clientes A maioria dos projectos (29) realiza uma avaliação sistemática da satisfação dos clientes.

Sistema de recolha de informação Uma vez que o financiamento dos projectos de RRMD por parte do IDT, IP implica um compromisso de

acompanhamento, monitorização e avaliação destes, todos os projectos estão envolvidos num processo de

avaliação.

O modelo de avaliação implementado incide com maior preponderância nos serviços prestados, no que diz respeito

a aspectos quantitativos e a aspectos qualitativos, sendo esta efectuada através de visitas aos projectos, reuniões

de acompanhamento, Fichas mensais de monitorização, Relatórios de avaliação intermédia e final.

A avaliação quanto a mudanças na problemática em que incide a intervenção é por sua vez expressa em

instrumentos como a Ficha de Actualização da Situação e nos Relatórios Intermédio e Final.

Finalmente, no que reporta a mudanças específicas na população alvo da intervenção, faz-se apelo da Ficha de

Caracterização e Ficha de Avaliação do utente (não aplicáveis a contextos recreativos/festivos).

Por sua vez, os projectos, em articulação com o IDT, IP têm autonomia para a definição de procedimentos,

instrumentos e focos de avaliação complementares, quer na abrangência, quer na especificidade.

Considerando os tipos de sistema de recolha de informação identificados no Protocolo – centrado nos serviços

prestados, centrado nos contactos realizados, centrado nos clientes, sistema misto ou outro sistema de recolha de

informação -, a generalidade dos projectos recorre a mais do que um modelo (apenas 4 projectos referem utilizar

somente um dos tipos identificados no Protocolo: centrado nos serviços prestados (2) e centrado nos clientes (2)).

Assim, 19 projectos utilizam um sistema misto (ou outro sistema de recolha de informação), sendo que os restantes

utilizam composições diversas dos sistemas mencionados, com particular destaque para o recurso a um sistema

que inclui componentes centradas nos serviços prestados, nos contactos realizados e nos clientes (Quadro 10).

54 Responderam a esta questão 46 dos 47 projectos em análise.

59

Quadro 10. Modalidades de sistema de recolha de informação utilizadas pelos projectos

Sistema de recolha de informação Nº de

projectos centrado nos serviços

prestados centrado nos contactos

realizados centrado nos clientes

sistema misto ou outro sistema de recolha de

informação

2

0

2

19

4

0

0

9

0

2

2

0

2

4

1

A generalidade dos projectos utiliza um diário de campo para fazer anotações no contexto da intervenção, sobre

aspectos relativos aos utentes e aos serviços prestados. A situação mais comum consiste por sua vez na

transposição desta informação para instrumentos que consolidam os dados relativos aos clientes por um lado

(história de vida, padrão de consumo, situação infecciosa, comportamentos de risco, por exemplo) e relativos aos

serviços prestados a estes, por outro (sejam serviços prestados directamente pelo projecto ou como resultado dos

encaminhamentos realizados).

Apresenta-se em seguida uma súmula dos objectos, instrumentos e procedimentos de avaliação desenvolvidos

pelos projectos55:

Questionários dirigidos a elementos da comunidade, entidades parceiras e clientes do projecto sobre a

qualidade/pertinência dos serviços prestados, designadamente sobre o nível de satisfação quanto a estes;

Grupos de discussão com os clientes do projecto sobre a qualidade/pertinência dos serviços prestados,

designadamente sobre o nível de satisfação quanto a estes;

Registos de observação (sobre práticas de consumo dos clientes, sobre a dinâmica do contexto

intervencionado);

Registos qualitativos da intervenção desenvolvida (diários de campo);

Registos de solicitações de parceiros;

Registos de assiduidade dos clientes;

Questionários de auto-avaliação da equipa sobre a intervenção desenvolvida;

Registo de resultados dos testes de alcoolemia aplicados;

Reuniões com parceiros;

Reuniões de supervisão sobre o desenvolvimento do projecto;

Reuniões de equipa;

Avaliação por entidade externa.

55

As categorias enunciadas decorrem da análise de conteúdo efectuada às respostas dadas pelos projectos à questão: “Especifique que instrumentos de avaliação são utilizados [na avaliação interna ou externa do processo da redução de danos ou dos resultados nos clientes]”.

60

De entre estes, são referidos com maior preponderância pelos projectos os questionários dirigidos a elementos da

comunidade, entidades parceiras e clientes do projecto sobre a qualidade/pertinência dos serviços prestados,

designadamente sobre o nível de satisfação quanto a estes e os Registos qualitativos da intervenção desenvolvida

(diários de campo).

Relação com associação de clientes 5 projectos, de 3 entidades promotoras têm uma relação estabelecida com a Associação CASO - Consumidores

Associados Sobrevivem Organizados.

61

O IDT, IP apoiou, em 2010, uma abrangente rede de projectos no domínio da RRMD, no quadro das condições

técnicas e financeiras existentes.

A caracterização realizada permite sugerir que, apesar de uma parte dos projectos ter, neste ano, uma experiência

de funcionamento relativamente reduzida, as suas respostas e as suas práticas revelam uma elevada proactividade

e uma elevada maturidade no que concerne à lógica de desenvolvimento do projecto, ao seu enquadramento no

seio da rede social e de saúde de apoio e à interpretação do paradigma de intervenção em RRMD.

Assim, constata-se que a generalidade dos projectos implementa no terreno um conjunto de serviços bastante

diversificado, em estreita articulação com a rede de apoio, segundo uma lógica de abordagem holística face às

necessidades e objectivos dos seus clientes, procurando sustentar projectos possíveis com estes, alicerçados na

realização de uma avaliação inicial e sujeitos a uma avaliação de satisfação.

Estes serviços são por sua vez implementados de forma bastante intensiva no que reporta ao horário de

funcionamento dos projectos e número de horas de intervenção directa, por equipas multidisciplinares compostas

por profissionais qualificados em áreas relevantes para a função.

Por sua vez, a definição e suporte da intervenção em documentos orientadores e metodologias de avaliação

diversificadas apontam também para uma maior qualidade da intervenção desenvolvida.

Conclusão