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Departamento de Engenharia Química e Biológica Caracterização dos processos de desinfeção de equipamento de enchimento em empresa de engarrafamento de Água Mineral Natural, por análise microbiológica Relatório de estágio apresentado para a obtenção de grau de Mestre em Processos Químicos e Biológicos Autor Ana Filipa Patrício Ferreira Orientadores Doutor Miguel Pedro Moura de Carvalho Sociedade da Água de Luso Professor Doutor António Luís Pereira do Amaral Professor Doutor Luís Miguel Moura Neves de Castro Instituto Politécnico de Coimbra Coimbra, Novembro 2012

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Departamento de Engenharia Química e Biológica

Caracterização dos processos de desinfeção de equipamento de enchimento em empresa de

engarrafamento de Água Mineral Natural, por análise microbiológica

Relatório de estágio apresentado para a obtenção de grau de

Mestre em Processos Químicos e Biológicos

Autor

Ana Filipa Patrício Ferreira

Orientadores

Doutor Miguel Pedro Moura de Carvalho

Sociedade da Água de Luso

Professor Doutor António Luís Pereira do Amaral

Professor Doutor Luís Miguel Moura Neves de Castro

Instituto Politécnico de Coimbra

Coimbra, Novembro 2012

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Instituto Superior de Engenharia de Coimbra

Departamento de Engenharia Química e Biológica

Caracterização dos processos de desinfeção de equipamento de enchimento em

empresa de engarrafamento de Água Mineral Natural, por análise microbiológica

Relatório de estágio apresentado para a obtenção de grau de

Mestre em Processos Químicos e Biológicos

Ana Filipa Patrício Ferreira

Orientadores: Professor Doutor António Luís Pereira do Amaral

Professor Doutor Luís Miguel Moura Neves de Castro

Doutor Miguel Pedro Moura de Carvalho

Coimbra, Novembro 2012

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

iii Ana Filipa Patrício Ferreira

AGRADECIMENTOS

Deixo aqui a marca do meu profundo agradecimento a todas as pessoas que

contribuíram de alguma forma para o sucesso deste trabalho.

Começo por agradecer à empresa (Sociedade da Água de Luso) pela oportunidade

desta experiência, ao possibilitar a existência de programas de estágio nas suas

instalações.

Agradeço igualmente a oportunidade ao Dr. Miguel, por toda a dedicação

demonstrada ao longo de todo o estágio, pela orientação e todo o conhecimento que

me facultou neste percurso.

Com imenso carinho relembro as pessoas que encontrei nesta jornada e que

deixaram a sua marca na minha memória, à Paula por toda a simpatia e sentimento

de bem-estar que me transmitiu, ao Sr. Lourenço por todos os provérbios citados

nos momentos oportunos e por toda a humanidade dos seus atos, ao Sr. António

pelas risadas e conversas inteligentes, à Dra. Isabel pela ajuda e conselhos, ao Dr.

João por todos os esclarecimentos teóricos que fui pedindo, ao Sr. Manuel por toda

a informação histórica sobre o Luso e toda a disponibilidade e apoio concedidos ao

longo do trabalho, e a todos os restantes colaboradores da empresa, especialmente

aos controladores, chefes de linha, operadores, entre outros, por toda a paciência e

atenção que tiveram para comigo.

Queria ainda agradecer ao professor Castro e ao professor Amaral por toda a

orientação e disponibilidade em ajudar no trabalho de estágio.

Agradeço ainda aos colegas de curso pela camaradagem e momentos animados

durante todo o meu percurso académico. Sem esquecer os amigos que sempre

estiveram presentes quando necessário, por mais tempo e distância que nos

separem.

Um agradecimento especial vai para as pessoas mais importantes da minha vida,

pai, mãe e irmã pelo amor e amparo que me têm dado durante toda a minha vida.

Ao Fábio por todo o carinho e paciência nos momentos mais complicados.

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

v Ana Filipa Patrício Ferreira

RESUMO

Este documento constitui o relatório do estágio desenvolvido na Sociedade da

Água de Luso, no âmbito do Mestrado em Processos Químicos e Biológicos,

decorrido no ano de 2012.

Os principais objetivos do estágio consistiram em avaliar a possibilidade de

redução na concentração de desinfetante e na periocidade dos processos de

desinfeção das enchedoras, das diferentes linhas de enchimento de Água de

Luso. Para o efeito analisou-se o processo de desinfeção procedendo à recolha

de amostras antes e após o processo de desinfeção, para posterior

contabilização dos microrganismos presentes na água.

No início do trabalho confirmou-se a existência da formação de biofilme na

tubagem durante as paragens de enchimento. Contudo a qualidade do produto

não é posta em causa, uma vez que a concentração de microrganismos na água

de engarrafamento, mesmo no início do enchimento, é muito inferior aos valores

estipulados por lei, sendo os primeiros da ordem das décimas da unidade por

oposição ao valor de 100 UFC/mL constante do Decreto-Lei nº 156/1998.

Como principal conclusão foi possível comprovar a viabilidade da redução da

concentração de desinfetante para metade (linha 4L) e da periocidade das

desinfeções (eliminação de duas desinfeções diárias por semana nas linhas 4L e

5L) reduzindo, num ano, um total de 286 L de desinfetante clorado e 429 L de

desinfetante peróxido usados na fábrica de Luso. Estimando-se uma poupança

total dos custos na ordem dos 2960 €/ano, respetivamente, 68,56 %.

Alerta-se contudo, para o facto da extrapolação destas alterações para as linhas

de enchimento da fábrica do Cruzeiro dever ser cuidadosa e acompanhada.

Nestas linhas a alteração da tubagem que abastece as enchedoras pode ser

vantajosa, por forma a remover qualquer biofilme formado nas tubagens sem

que passe pela enchedora e válvulas de enchimento, uma vez que foi observado

um significativo aumento da concentração de microrganismos na linha 6C (linha

de enchimento de Água de Luso na fábrica do Cruzeiro) comparativamente às

linhas de enchimento da fábrica de Luso.

Palavras-chave: Água de Luso, Água Mineral Natural, engarrafamento de água,

processo de desinfeção, análise microbiológica.

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ABSTRACT

This report addresses the work developed on the internship at “Sociedade da

Água de Luso”, framed in Masters of Chemical and Biological Processes,

passed in 2012.

The main objective of this internship consisted in evaluating the possibility of

reducing the disinfectant concentrations and the periodicity of the daily

disinfection throughout the week, in the fillers disinfection process of the different

filling lines of Água de Luso. For this purpose, disinfection process was analyzed,

regarding the enumeration of the microorganisms present in the filling water.

Furthermore, it has been confirmed the existence of biofilm formation in the pipes

during the filling stops. However, it was observed that this did not significantly

harm the product, since the microorganisms concentrations, even at the start of

the filling process, are far below (lower than 1 CFU/mL) than those stipulated by

law (100 CFU/mL, listed in Decreto-Lei nº 156/1998).

As a main result, it was possible to prove the feasibility of reducing the

disinfectant concentration by half (filling line 4L) and the disinfections periodicity

(suppressing two daily disinfections for week, in filling lines 4L and 5L). This

leads to a reduction, within the period of one year, of an average of 286 L of

alkaline disinfectant and 429 L of acidic disinfectant, in these two filling lines of

Luso industrial plant, leading to savings of 2960 €/year (68,65 %).

However, the extrapolation of these changes to the filling lines of Cruzeiro

industrial plant must be carefully monitored. It is expected that in these lines,

changing the tubing that supplies the fillers may be beneficial, in order to remove

any biofilm formed on the pipes, thus avoiding the contamination of the fillers and

filler valves, since there was a significant increase in the concentration of

microorganisms in filling line 6C (filling line of Água de Luso in Cruzeiro factory),

relatively to the filling lines of Luso factory.

Key-Words: Água de Luso, mineral and natural water, water bottling, disinfection

process, microbiological analysis.

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

vii Ana Filipa Patrício Ferreira

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1

1.1. Sociedade da Água de Luso .................................................................. 3

1.2. Água ...................................................................................................... 5

1.2.1. Água de Luso ................................................................................... 7

1.2.2. Água de Cruzeiro ............................................................................. 8

1.3. Enquadramento legal da exploração e comercialização de águas ........ 8

1.4. Sistema de Gestão da Qualidade ........................................................ 10

1.5. Higienização industrial ......................................................................... 12

1.5.1. Limpeza ......................................................................................... 14

1.5.2. Desinfeção ..................................................................................... 15

1.6. Impacto ambiental ............................................................................... 19

2. ESTÁGIO ................................................................................................... 23

2.1. Linhas de enchimento estudadas ........................................................ 24

2.2. Processo de engarrafamento ............................................................... 26

2.3. Processo de desinfeção das enchedoras ............................................ 27

2.4. Trabalho experimental ......................................................................... 29

3. RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .. 35

3.1. Causa do aumento de microrganismos após desinfeção .................... 35

3.2. Viabilidade da redução da periocidade das desinfeções ..................... 38

3.3. Viabilidade da redução da concentração de desinfetante ................... 40

3.4. Caracterização e comparação das linhas 2L e 6C .............................. 41

3.5. Análise económica ............................................................................... 44

4. CONCLUSÕES .......................................................................................... 49

5. BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 55

ANEXOS ........................................................................................................... 59

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Evolução do logótipo da empresa ........................................................ 4

Figura 2 – Esquema das etapas do processo de higienização ........................... 14

Figura 3 – Principais grupos de desinfetantes e antisséticos. ............................. 17

Figura 4 – Esquema das linhas de enchimento das fábricas. ............................. 25

Figura 5 – Enchedora e respetivas válvulas de enchimento ............................... 26

Figura 6 – Processo global de desinfeção praticado nas enchedoras. ............... 27

Figura 7 – Tipos de processos de desinfeção praticadas nas enchedoras. ........ 27

Figura 8 – Concentrações usadas nos processos de desinfeção. ...................... 28

Figura 9 – Válvulas de enchimento (local de recolha de amostras). ................... 30

Figura 10 – Ilustração dos momentos de recolha das amostras. ........................ 30

Figura 11 – Localização da válvula secundária. .................................................. 36

Figura 12 – Resultados dos ensaios da válvula secundária. ............................... 36

Figura 13 – Evolução dos microrganismos na água da tubagem. ....................... 37

Figura 14 - Esquema da enchedora e da modificação sugerida. ........................ 38

Figura 15 - Resultados dos ensaios da linha 5L (22 oC e 72 h). ......................... 39

Figura 16 - Resultados dos ensaios da linha 5L (37 oC e 48 h). ......................... 39

Figura 17 – Resultados dos ensaios da linha 4L (22 oC e 72 h). ........................ 40

Figura 18 - Resultados dos ensaios da linha 2L (22 ºC e 72 h). ......................... 42

Figura 19 - Resultados dos ensaios da linha 2L (37 ºC e 24 h). ......................... 42

Figura 20 – Resultados dos ensaios da linha 6 (22 ºC e 72 h)............................ 43

Figura 21 – Eficiência do agente Asepto com 8 horas de contacto. .................... 89

Figura 22 - Eficiência do agente Asepto com 30 minutos de contacto. ............... 89

Figura 23 - Eficiência do agente Oxonia com 8 horas de contacto ..................... 90

Figura 24 - Eficiência do agente Oxonia com 30 minutos de contacto. ............... 90

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ix Ana Filipa Patrício Ferreira

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Parâmetros microbiológicos no controlo de águas ............................. 9

Tabela 2 – Ensaios à linha 2L a 37 oC com 48 horas de incubação. .................. 59

Tabela 3 - Ensaios à linha 2L a 22 oC com 72 horas de incubação. ................... 61

Tabela 4 – Ensaios à linha 4L, a 22 oC com 72 horas de incubação. ................. 63

Tabela 5 – Redução da conc. de desinfetante, linha 4L (22 oC e 72). ................ 65

Tabela 6 – Ensaios à linha 5L a 37 oC com 48 horas de incubação. .................. 69

Tabela 7 – Ensaios à linha 5L a 22 oC com 72 horas de incubação. .................. 75

Tabela 8 – Ensaios à válvula secundária com tubagem comum à linha 4L. ....... 80

Tabela 9 – Ensaios à linha 6C a 22 oC com 72 horas de incubação. ................. 82

Tabela 10 - Ensaios para avaliar a concordância entre contagens. ................... 85

Tabela 11 – Menções e critérios previstos no Artigo 11o do DL no 156/98. ........ 86

Tabela 12 - Parâmetros químicos no controlo de águas. .................................... 87

Tabela 13 - Parâmetros indicadores no controlo de águas. ................................ 88

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v Ana Filipa Patrício Ferreira

SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS

APCER Associação Portuguesa de Certificação

CE Conselho Europeu

CEN Comité Européen de Normalisation

CIP Cleaning in Place

DL Decreto de Lei

HACCP Hazard Analysis and Critical Control Points

IPQ Instituto Português da Qualidade

NP Norma Portuguesa

PCC Ponto Crítico de Controlo

PET Politereftalato de etileno

PVC Policloreto de vinilo

SAL Sociedade Água de Luso

SGQ Sistema de Gestão da Qualidade

UFC Unidades Formadoras de Colónias

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INTRODUÇÃO

ESTÁGIO

RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

CONCLUSÕES

BIBLIOGRAFIA

ANEXOS

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1 Ana Filipa Patrício Ferreira

1. INTRODUÇÃO

Este documento, enquadrado no Mestrado em Processos Químicos e Biológicos do

Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, constitui o relatório de estágio

concretizado na empresa Sociedade da Água de Luso (SAL). Este estágio teve início

em janeiro de 2012 e fim em outubro do mesmo ano. O intuito do trabalho foi

caracterizar os processos de desinfeção efetuados nas enchedoras de diferentes

linhas de enchimento da empresa.

Este trabalho vem no seguimento de um estágio concretizado no ano de 2011, pela

aluna do Mestrado em Processos Químicos e Biológicos Elsa Marisa Miranda dos

Santos, do qual resultou o relatório de estágio intitulado ‘Validação dos processos de

desinfeção de linhas de enchimento em empresa de engarrafamento de águas

(Água Mineral Natural, Água de Nascente e Água Destinada ao Consumo Humano),

por análise bacteriológica‘. No âmbito desse estágio constatou-se que o processo de

desinfeção era prejudicado por um fator desconhecido, atestado pelo facto da

concentração de microrganismos após o processo de desinfeção ser, em muitos

casos, superior ao observado no período anterior ao processo de desinfeção.

Desta forma, foi estabelecido que os objetivos do presente estágio incidiriam na

determinação dos possíveis fatores limitantes da eficiência do processo de

desinfeção e na identificação de possíveis melhorias desse processo. Deste modo,

remeteu-se para o estudo de uma possível reformulação dos processos de

desinfeção, determinando-se a possibilidade da diminuição da concentração dos

desinfetantes usados e da periodicidade das desinfeções.

Antes de iniciar o trabalho de estágio, propriamente dito, foi necessário integrar a

empresa e como tal absorver determinadas conceitos. O processo foi iniciado com

uma apresentação de toda a empresa, visitando todas as secções das instalações

fabris, desde os depósitos de água até à saída do produto, com especial atenção

para o processo de enchimento e processo de desinfeção. Foi necessário ter uma

breve formação em segurança, ambiente e saúde integrados na política da empresa,

englobando segurança alimentar, comportamentos de segurança e uso de

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

2

equipamento de proteção individual, substâncias perigosas, aspetos ambientais e

gestão de emergências, entre outros assuntos de igual importância. Foi ainda

facultado todo o equipamento de proteção individual e todas as diretivas a seguir por

forma a respeitar as normas de higiene e segurança no trabalho.

Com a familiarização da empresa e dos processos fabris, houve um contacto mais

aprofundado na área da qualidade, observando e convivendo com os procedimentos

ligados a este sector. Presenciaram-se às análises químicas e microbiológicas

efetuadas ao produto, por forma a reconhecer os métodos praticados na empresa e

posteriormente praticá-los da mesma maneira. De forma a não causar impacto nos

trabalhos e análises de rotina efetuados nos laboratórios da qualidade houve a

oportunidade de adaptar um antigo laboratório, que no momento se encontrava com

utilização reduzida. Com o laboratório devidamente adaptado iniciou-se o trabalho

experimental.

A Sociedade da Água de Luso (SAL) possui duas instalações fabris, uma localizada

na vila de Luso e a segunda na Quinta do Cruzeiro/Vacariça. O trabalho foi iniciado

na fábrica de Luso no mês de fevereiro, prolongando-se até agosto, enquanto que

no mês de outubro foi estudada uma linha da fábrica do Cruzeiro. Neste mesmo mês

iniciaram-se as obras para levar as linhas da fábrica de Luso para a fábrica do

Cruzeiro, uma vez que a empresa pretende concentrar todos os seus processos

fabris, referentes ao engarrafamento de água, na Quinta do Cruzeiro.

A estrutura deste documento comporta a introdução, onde se encontra a descrição

de todos os temas de interesse deste trabalho, tais como a própria Sociedade da

Água de Luso e o seu produto, a água. Encontra-se ainda reportado todo o respetivo

enquadramento legal e sistema de gestão, assim como o processo de higienização

industrial, desde a limpeza à desinfeção e consequentemente o impacto ambiental

provocado pelos desinfetantes usados.

Com estes assuntos esclarecidos seguir-se-á todo o enquadramento do estágio,

mais especificamente, a apresentação das fábricas e das respetivas linhas de

enchimento analisadas, o processo de engarrafamento e os respetivos processos de

desinfeção, assim como a exposição do trabalho experimental desenvolvido. Os

pontos seguintes centrar-se-ão nos principais resultados obtidos ao longo do estágio

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3 Ana Filipa Patrício Ferreira

e a discussão dos mesmos. Por fim, serão expostas as principais conclusões obtidas

de todo o trabalho de estágio.

1.1. Sociedade da Água de Luso

A vila de Luso foi referenciada pela primeira vez no séc. V na Crónica e Catálogo de

Conventos de Santo Agostinho: “Et aliud ad Lusum”. Seguiu-se a menção a “hum

olho de agoa quente, a que chamam o Banho” em 1726. Mas as suas qualidades

terapêuticas e poderes medicinais foram apenas referenciados em 1775, pelo

médico José António Morais. Foi com a construção de um novo estabelecimento

termal que se deu o nascimento de uma empresa e o crescimento da povoação e do

lugar. Uma curiosidade interessante é o facto da piscina das Termas de Luso ter

sido um projeto de Gustave Eiffel. (SAL, 2002, 2012)

A Água Termal de Luso obteve excelentes resultados no tratamento de doenças de

pele, mas só em 1894 é que realmente se começou a beber desta água. Foi nesse

mesmo ano que houve o primeiro registo de venda da Água Termal de Luso e neste

mesmo ano a empresa obteve o Alvará de Concessão (no 112 de 17/05/1894).

Inicia-se assim em 1900 a compra de máquinas para lavar, encher e rolhar garrafas.

Após 3 anos, em 1903, o químico francês Charles Lepierre realiza a primeira análise

bacteriológica à Água Termal de Luso, classificando-a de “Água muitíssimo pura”. A

divulgação da Água de Luso foi feita através de relatórios elaborados pelo médico

António Gonçalves da Cunha Ferrão, Diretor Clínico do estabelecimento termal

desde de 1900, entregues a médicos por ele contactados. Estes relatórios anotavam

os diversos casos de curas detetados, sendo ainda acompanhados por análises

químicas e bacteriológicas realizadas por Charles Lepierre. Com os resultados

obtidos dos tratamentos rapidamente se chegou à conclusão empírica que a Água

Termal de Luso possuía poderes no tratamento de doenças de pele, do aparelho

respiratório e do aparelho digestivo. (SAL, 2002)

Em 10 de julho de 1938, houve o primeiro registo de marca com outro logótipo da

empresa, inspirado na escultura do artista plástico Mestre João da Silva. O logótipo

também foi objeto de evolução mas, mesmo após sete décadas, manteve sempre o

símbolo da água termal que distingue a marca. (SAL, 2012)

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

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Figura 1 – Evolução do logótipo da empresa. (SAL, 2012)

Nos 160 anos de existência da empresa ocorreram variadas inovações: a primeira

inovação de produto ocorreu em 1916, com o fabrico e comercialização dos

refrigerantes sortidos da Água de Luso. Sabores tais como laranja, ananás, limão,

morango, groselha e tangerina foram produzidos e comercializados, mas foram-se

parcialmente extinguindo de forma gradual. Foi retomada em 1931 a produção e

comercialização de refrigerantes, Yogura e Lusoranja. Ainda neste ano foi

construído o laboratório de análises clínicas para a Água Termal de Luso. Outro

acontecimento marcante foi a aquisição de uma parte da propriedade da Quinta do

Cruzeiro, com as instalações da Água de Cruzeiro e bebidas refrigerantes, em junho

de 1954. Após um período de dois anos a Água de Cruzeiro foi licenciada para

comercialização e, ainda nesse ano, foi comprada pela empresa a Quinta do

Cruzeiro, na sua totalidade. (SAL, 2002)

O grande impulso comercial ocorreu quando a Sociedade Central de Cervejas, S.A.,

em 1970, entrou no capital da empresa. Em 1971 esta empresa tornou-se a

acionista principal e passou a ser a única distribuidora dos produtos da empresa a

nível nacional. Diversas obras foram efetuadas, entre as quais a construção de um

moderno laboratório nas instalações fabris do Cruzeiro. No ano seguinte, 1972, a

SAL lançou um novo produto da Água de Cruzeiro, a Cola, e ao mesmo tempo

relançou a Lusoranja, mas desta vez produzido e engarrafado com Água do

Cruzeiro. Com tudo isto as vendas voltaram a aumentar consideravelmente. (SAL,

2002)

Ao longo dos anos, o progresso e a inovação foram mantidos, surgindo assim o

fabrico de novos produtos e a introdução de novas embalagens. As embalagens em

PVC foram introduzidas em 1981 e mantiveram-se até 1997, ano em que se iniciou a

sua substituição por novas embalagens de PET (politereftalato de etileno). Este

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5 Ana Filipa Patrício Ferreira

material beneficiou a imagem do produto devido à sua cristalinidade, resistência ao

choque e proteção do ambiente. Este último ponto tendo elevado interesse fez com

que em 2007 surgissem novas embalagens com tampas e gargalos com menor

gramagem (cerca de 25 %). Esta inovação originou uma poupança de cerca de 190

toneladas de PET por ano. Com igual intuito de redução na matéria das

embalagens, em 2011 o desenho de todas as embalagens PET foi alterado

originando uma redução de 1,5 g em cada embalagem. (SAL, 2012)

Ao longo dos anos foram criados diferentes produtos, enquanto outros deixavam de

ser produzidos e comercializados. Um dos produtos que nunca sofreu alteração foi a

Água Mineral Natural de Luso, o primeiro e principal produto da empresa.

1.2. Água

A água é um excelente solvente de inúmeras substâncias sólidas, líquidas e

gasosas, e em regra é um bom solvente de eletrólitos e mau de compostos não

polares. A sua definição ainda se estende a um líquido incolor transparente, inodoro,

insípido, com a particularidade de ferver a 100 oC e solidificar a 0 oC à pressão

atmosférica normal. É a substância com maior relevância na existência e

sobrevivência dos seres vivos. A elevada importância da água na existência e

sobrevivência dos seres vivos advém do facto de esta substância ser o principal

componente de todas as células vegetativas. É ainda o melhor solvente da maior

parte das substâncias vitais, tais como o oxigénio, sais minerais, açúcares, entre

outros, formando o líquido circulante, seiva das plantas e sangue dos animais. No

caso do Homem, esta corresponde a 70 % do seu peso corporal e desempenha um

papel vital. Gere todo o funcionamento do organismo, regula funções vitais tais como

a temperatura corporal, a dissolução de sólidos, transporte de nutrientes e resíduos

entre órgãos, entre outras variadas funções. Havendo assim a necessidade do ser

humano consumir diariamente 1 a 2 litros de água doce potável diariamente por

forma a manter-se vivo e de boa saúde. (Larousse, 2001)

Dada à elevada dependência humana deste recurso natural, esta torna-se a

substância mais relevante existente na Terra. As reservas existentes no planeta são

limitadas e a sua escassez tende a aumentar devido à utilização descuidada.

Mesmo sendo uma substância muito abundante, existindo cerca de 1360 milhões de

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

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km3, e cobrindo cerca de 71 % da superfície terreste, 95,5 % referem-se a água

salgada, imprópria para consumo humano. Dos restantes 4,5 %, 2,2 % encontram-

se contidos em calotes polares ou glaciares e apenas uma percentagem de 2,3 % é

referente a água doce na forma líquida. Isto é, água potável para consumo humano,

encontrando-se 95% retidos e alojados no solo e subsolo, constatando a elevada

importância da água subterrânea (Larousse, 2001; Ribeiro et al, 2004). Juntando o

facto de a água doce ser extremamente relevante para o ser humano e o facto de

esta existir maioritariamente no subsolo constata-se que é um bem demasiado

escasso relativamente à sua importância. É essencial ter presente a importância da

sua proteção e poupança uma vez que é essencial à sobrevivência de todas as

formas vivas terrestes.

A água retida no subsolo tem por norma encontrar-se a profundidades que excedem

um quilómetro, num lençol de água subterrâneo, constituindo 0,6 % do suprimento

total de água mundial. A parte superior desta zona é chamada de lençol freático, e

quando este repousa sobre o solo encontra-se em pântanos, lagos e água corrente.

Se a água subterrânea estiver contida em solo composto por rochas porosas ou

rochas muito fraturadas e as águas mais profundas estiverem em contacto com uma

camada de rochas impermeáveis forma-se um reservatório permanente chamado

aquífero. Esta água tende a ser extraída mediante perfuração de poços e pode

constituir um suprimento de água para o consumo humano. São tradicionalmente

consideradas como uma forma pura de água devido à sua filtração através do solo e

ao longo tempo de permanência no subsolo. Contém uma quantidade reduzida de

matéria orgânica natural e um número muito menor de microrganismos causadores

de doenças do que as águas superficiais, no caso de não se verificar a sua

contaminação por parte de produtos químicos e outros poluentes (Baird, 1999). As

águas que formam as jazidas subterrâneas são águas que provêm da infiltração e

que atuando sobre as rochas dissolvem elementos solúveis, mineralizando-se. Esta

particularidade divide as águas em “doces”, no caso dos sais dissolvidos terem uma

concentração inferior a 0,6 g/L, ou em águas “duras”. Existe ainda a designação de

“água mineral” para águas que contenham uma importante quantidade de sais

usados para fins terapêuticos. (Larousse, 2001)

Devido às possíveis contaminações das águas subterrâneas é necessário precaver

perímetros de proteção em volta das suas zonas de captação dessas águas. No

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7 Ana Filipa Patrício Ferreira

caso da captação da água de Luso, esta cumpre rigorosamente o que se encontra

previsto por lei, possuindo três zonas de proteção. O perímetro total compreende a

Serra do Buçaco, zona alargada que corresponde às áreas de recarga do aquífero;

as áreas próximas da Vila de Luso, que são a zona intermédia; e as zonas

imediatas, áreas em torno das captações, e possuem uma vasta restrição ao nível

do uso do solo. Existe uma constante vigilância das condições ambientais nas zonas

de proteção por parte da empresa para assegurar que o aquífero não seja

contaminado nem adulterado. (SAL, 2012)

A SAL procede ao engarrafamento de Água Mineral Natural - Água de Luso, e de

Água de Nascente - Água do Cruzeiro. A água mineral natural é toda a água de

circulação subterrânea, bacteriologicamente própria, com características físico-

químicas estáveis na origem. Existe uma gama de flutuações naturais, de que

podem eventualmente resultar efeitos favoráveis à saúde do consumidor. Distingue-

se pela sua pureza original e pela sua natureza em substâncias minerais,

oligoelementos ou outros constituintes. A água de nascente é uma água

subterrânea, bacteriologicamente própria, com características físico-químicas

adequadas para o consumo humano no seu estado natural. (DL, 1998)

1.2.1. Água de Luso

A Água Mineral Natural de Luso é muito peculiar, nasce a 28 oC na povoação de

Luso tendo origem na água da chuva infiltrada na Serra do Buçaco, em rochas

geralmente de quartzitos. São rochas que foram muito compactadas na altura da

sua formação, há mais de 400 milhões de anos, e desenvolveram uma densa rede

de fraturas e intercomunicações, que favorecem o armazenamento e circulação da

água. Estas características hidrogeológicas fornecem um notável recurso hídrico

subterrâneo nessa zona. Pensa-se que a água se infiltra e faz um circuito profundo,

atingindo mais de 500 metros de profundidade, o que provoca o seu aquecimento

acima dos 30 oC. Este aquífero corresponde à circulação profunda da Água Mineral

Natural de Luso e termina na povoação de Luso. Neste local existe a ascensão

concentrada das águas devido à interposição de uma barreira geológica

impermeável. (SAL, 2002, 2012)

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

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A vila de Luso é há muito conhecida pela sua riqueza em águas minerais

hipotermais, hipossalinas, bicarbonatadas, cloretadas, sódicas, usadas no

tratamento de variadas doenças (Larousse, 2001). No caso da Água Mineral Natural

Luso, esta é uma água hipossalina (concentração em sódio inferior a 20 mg/L),

muito pouco mineralizada (teor em sais minerais inferiores a 50 mg/L), usualmente

designada como levíssima e “doce”. As suas propriedades físico-químicas são

fortemente estáveis, onde pequenas variações, previstas nas tolerâncias exibidas no

rótulo, decorrem do facto de se tratar de um produto natural (SAL, 2012; DL, 1998).

Das suas propriedades químicas advém o facto de o seu uso ser apropriado em

regimes pobres em sódio e na elaboração de alimentos para bebés, devido à sua

baixa mineralização, em especial atenção do ião nitrato e com ausência do ião

nitrito. (SAL, 2002, 2012)

São ainda atribuídas propriedades, a nível termal, na prevenção e tratamento de

reumatismo, doenças de rins e do aparelho circulatório, além de redução dos níveis

de colesterol. Atuando ainda como um “desintoxicante” natural do organismo

podendo ser consumida sem qualquer restrição. (SAL, 2012)

1.2.2. Água de Cruzeiro

A Água de Nascente Cruzeiro é uma água hipossalina e oligomineral (pouco

mineralizada), com um teor em sais minerais inferiores a 500 mg/L. É classificada

como ‘moderadamente doce’, com leve reação química e com composição química

muito equilibrada. É uma água que possui um interessante teor em sais minerais,

tais como o magnésio e o potássio, entre outros sais, que tornando indicada a sua

ingestão por desportistas. (SAL, 2012; DL, 1998)

1.3. Enquadramento legal da exploração e comercialização de águas

Como foi referido anteriormente, o ser humano para se manter saudável tem de

garantir um consumo diário de água potável, isto é, isenta de substâncias tóxicas e

germes patogénicos. Para colmatar essa necessidade, desde cedo foram

desenvolvidas as atividades de exploração e comercialização de águas, devendo

estas ser executadas cumprindo os requisitos legais exigidos, por forma a obter um

produto de qualidade.

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9 Ana Filipa Patrício Ferreira

Ao longo dos anos, diferentes requisitos legais foram estabelecidos por forma a

garantir a qualidade do produto e a preservar a saúde do consumidor. A legislação

portuguesa tem exigências específicas por forma a proteger e avaliar a qualidade da

água de acordo com o uso que é pretendido. O enquadramento europeu é definido

pela Diretiva-Quadro da Água, a Diretiva 2000/60/CE do Parlamento Europeu e

Conselho de 23 de outubro, que estabelece um instrumento de Política da União

Europeia respeitante à água. Esta Diretiva foi transposta para o direito nacional

através da Lei no 58/2005 de 29 de dezembro, estabelecendo as bases e o quadro

institucional para a gestão sustentável das águas, águas de superfície interiores, de

transição, costeiras e subterrâneas.

A atividade de exploração de águas minerais naturais e as águas de nascente

encontra-se regulamentada pelo Decreto-Lei no 156/1998 de 6 de junho. Estabelece

ainda as regras relativas à sua exploração, acondicionamento e comercialização.

Assim, as águas minerais naturais (Água de Luso) e águas de nascente (Água do

Cruzeiro) devem encontrar-se isentas de parasitas e microrganismos patogénicos.

Os valores paramétricos estipulados pelo artigo 4o do DL no 156/98 para os

parâmetros microbiológicos na comercialização dessas águas estão indicados na

seguinte tabela:

Tabela 1 – Valores paramétricos para os parâmetros microbiológicos a controlar na comercialização de

águas, estabelecidos pelo Decreto-Lei nº 156/98. (DL, 1998)

Parâmetro Valor paramétrico

Unidade de amostra

Número de colónias a 37 oC (com 24 horas de incubação) 20 1 mL

Número de colónias a 22 oC (com 72 horas de incubação) 100 1 mL

Escherichia coli e outros coliformes 0

250 mL Estreptococos fecais / Enterococos 0

Pseudomonas aeruginosa 0

Anaeróbios esporulados sulfito-redutores 0 50 mL

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

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Refira-se ainda que o Decreto-Lei no 306/2007 de 27 de agosto estabelece o regime

de qualidade da água destinada ao consumo humano. Este define normas de

qualidade que devem ser respeitadas, estipulando os valores paramétricos de

diferentes parâmetros a controlar. Além dos parâmetros microbiológicos referidos

anteriormente, este diploma remete para parâmetros químicos e indicadores, os

quais possuem os seus valores paramétricos descritos na Tabela 12 e na Tabela 13,

apresentadas em anexo.

Na análise destes parâmetros devem ser seguidos rigorosos métodos por forma a

garantir a exatidão e reprodutibilidade dos resultados. De acordo com o DL nº

306/07 a metodologia de análise dos parâmetros microbiológicos, quer a título de

referência assim como de orientação, deve seguir o que se encontra estipulado nas

seguintes normas:

1. ISO 9308-1 para a análise das bactérias coliformes e Escherichia coli;

2. ISO 7899-2 para a análise de Enterococos;

3. ISO 12780 para a análise de Pseudomona aeruginosa;

4. ISO 6222 para a análise do número de colónias de microrganismos viáveis;

5. Decreto-Lei no 306/07 de 27 de agosto para a análise de Clostridum

perfringens, incluindo esporos.

1.4. Sistema de Gestão da Qualidade

Além de ser exigido por lei uma rigorosa vigilância na qualidade da água para o

consumo humano, a SAL é uma empresa com elevada atenção para a qualidade do

seu produto. Como tal, a empresa encontra-se certificada em ambas as fábricas pela

ISO 9001:2008 assim como pela ISO 22000, Segurança Alimentar – HACCP. Aliado

ao facto da Água de Luso possuir a marca de Produto Certificado, o que comprova o

empenho da empresa em cumprir um rigoroso Controlo de Qualidade e Segurança

Alimentar. Todas as etapas do ciclo produtivo, com início na captação até ao ponto

de expedição, são consideradas e controladas por forma a garantir o cumprimento

de toda a legislação e normas aplicáveis. (SAL, 2002, 2012)

A norma ISO 9001:2008 especifica requisitos para um sistema de gestão da

qualidade, fornecendo a uma organização a aptidão de fornecer produtos e/ou

serviços que vão ao encontro dos requisitos do cliente e regulamentos aplicáveis.

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11 Ana Filipa Patrício Ferreira

Esta norma assenta em sete principais princípios de gestão da qualidade: a

focalização no cliente; a liderança; o envolvimento das pessoas; a abordagem por

processos; a abordagem à gestão através de um sistema de gestão de qualidade

(SGQ); melhoria contínua; decisões baseadas em factos e relações mutuamente

benéficas com fornecedores. (APCER, 2012)

Para a certificação é necessário atender a cinco requisitos essenciais: todos os

processos devem ser padronizados; os processos de fabricação devem ser

monitorizados; deve ser possível rastrear o processo implementando e manter

registos adequados; deve existir uma inspeção de qualidade e ações corretivas

quando necessário; deve prevalecer uma revisão sistemática dos processos e do

sistema da qualidade para garantir a sua eficiência.

A segurança alimentar baseia-se no controle de perigos de contaminação dos

alimentos, de origem física, química ou microbiológica. As contaminações podem

ocorrer durante qualquer fase do processo de fabrico, desde a obtenção das

matérias-primas até ao momento do produto final chegar ao consumidor. O HACCP,

ou Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controlo, é um sistema preventivo de

controlo da qualidade e de gestão de segurança alimentar que se baseia na análise

das diversas etapas da produção de alimentos. Esta técnica é usada na análise de

potenciais perigos das operações, identificando quais as operações críticas, os

pontos críticos de controlo e as ações preventivas e corretivas a tomar caso

necessário. Mantendo estes pontos sobe controlo é garantida a conformidade e

qualidade dos produtos produzidos. (IPQ, 2012)

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

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1.5. Higienização industrial

Toda a atividade industrial requer e exige manutenção e higienização, tendo a

indústria alimentar especial atenção para este último aspeto. As exigências por parte

da legislação nacional, de regulamentos europeus e dos consumidores são elevadas

e somam-se à necessidade e desejo da empresa garantir um produto de qualidade.

A higiene industrial requer uma cuidada higiene pessoal dos colaboradores, das

instalações e de todo o equipamento integrado no processo fabril. É, assim,

essencial garantir boas práticas de higiene, com atenção para o que se encontra

descrito em normas e especificações e ao que é exigido pela legislação aplicável. As

instalações devem possuir processos de limpeza bem definidos, os equipamentos

usados nos processos de fabrico devem, ainda, ter uma manutenção adequada, e

todos os que de alguma forma interferem com a qualidade do produto devem adotar

procedimentos higiénicos adequados. (Pinto, 2003)

A higienização combina limpeza e desinfeção por forma a garantir um bom ambiente

de produção e uma boa condição higiénica de laboração, evitando qualquer risco de

contaminação dos materiais. É um processo muito alargado, constituindo um vasto

conjunto de práticas que têm como objetivo remover materiais indesejáveis a um

nível que não apresente qualquer risco para a qualidade e segurança do produto. Os

materiais indesejáveis, chamados de resíduos ou sujidades, tanto podem ser restos

alimentares, resíduos de produtos químicos, corpos estranhos ou microrganismos.

(Altanir, 1998)

Dependendo da natureza da sujidade a ser removida, do tipo de superfícies, do

tempo disponível, do tipo de produto, do tipo de processo fabril e do nível de higiene

requerido, deve ser escolhido o processo de higienização mais adequado. Os pontos

que exigem maior atenção neste tema são a eliminação e controlo de

microrganismos, especialmente daqueles que podem causar doenças (patogénicos)

e dos que favorecem a deterioração dos produtos. Os processos de higienização

podem ser feitos através de limpeza manual, imersão, alta pressão, do uso de

espuma e gel, por pulverização ou com limpeza de equipamentos em circuito

fechado. Este último, usado na SAL, em alguns processos de desinfeção, é

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13 Ana Filipa Patrício Ferreira

chamado de Sistema CIP (Cleaning In Place) e consiste numa circulação,

distribuição, aspersão e armazenamento de produtos de higienização e água sobre

superfícies a higienizar. Possui um elevado custo de instalação mas é muito rentável

para empresas de dimensões significativas com processos de higienização

exigentes e bem implementados. (Pinto, 2003)

Existem regras básicas antes, durante e após o processo de higienização. É

necessário, antes do processo se iniciar, uma boa escolha e um bom conhecimento

dos métodos a usar, dos produtos envolvidos e de uma sequência de limpeza

definida, iniciada nas áreas de menor contaminação e finalizando nas de maior

contaminação. É obrigatório o uso de vestuário apropriado, os operadores devem

estar envolvidos e informados sobre os métodos, não deve haver acumulação de

lixo e todo o equipamento de limpeza deve estar bem identificado, assim com os

produtos químicos devem estar devidamente acondicionados. Durante o processo

de higienização as instruções de trabalho e dos produtos usados devem ser

devidamente seguidas, a limpeza deve ser iniciada pelas paredes e equipamentos

de cima para baixo, a água de enxaguamento deve ser corrente e qualquer falta

deve ser comunicada. Depois do processo de higienização finalizado, o mais

importante é que todos os utensílios de limpeza sejam arrumados e os produtos

químicos guardados em locais apropriados, e no caso de substâncias tóxicas estas

devem ficar num local fechado.

Na escolha de um processo de higienização pode optar-se por uma combinação de

limpeza e desinfeção ou apenas uma das duas situações. A limpeza pretende

eliminar os resíduos que ficam sobre as superfícies e a desinfeção baseia-se na

eliminação de microrganismos. A Figura 2 representa um possível processo

completo de higienização, isto é, uma combinação de limpeza e desinfeção com um

enxaguamento prévio e outro após cada uma das duas principais etapas.

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

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Figura 2 – Esquema das etapas do processo de higienização. (Adaptado de (Pinto, 2003))

É essencial garantir um bom enxaguamento após uma limpeza ou desinfeção, de

modo a eliminar qualquer contaminação por parte do produto químico, detergente ou

desinfetante.

1.5.1. Limpeza

A limpeza pode ser de três tipos: ação física, como varrer, escovar, entre outros;

ação química, recorrendo à utilização de detergentes; ação mecânica, usando jatos

de água de alta pressão. (Pinto, 2003)

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15 Ana Filipa Patrício Ferreira

Um bom detergente apresenta as seguintes características: solubilidade rápida e

completa; não ser corrosivo; capacidade de remover a dureza da água; boa

capacidade molhante e de penetração; ação emulsionante; ação de dissolução de

resíduos sólidos; ação dispersante; ausência de toxicidade; económico; estável

durante armazenamento; amigo do ambiente. A eficiência dos detergentes assenta

em quatro princípios fundamentais, a concentração usada, o tempo de atuação, a

temperatura ambiente e a ação mecânica complementar. (Altanir, 1998)

Os detergentes podem ser divididos em quatro grupos principais, detergentes

alcalinos, detergentes ácidos, agentes tensioativos (emulsionantes) e solventes.

Para as sujidades inorgânicas os agentes ácidos são os mais indicados,

contrariamente os agentes alcalinos são mais apropriados para remover sujidades

orgânicas. Quando as sujidades são à base de petróleo é indicado o uso de

solventes. (Altanir, 1998)

1.5.2. Desinfeção

A desinfeção pretende manter o objeto de interesse isento de bactérias, fungos e

outros microrganismos, e pode ser feita, em sentido lato, por ação física ou química.

No primeiro caso, os agentes físicos usados no controlo dos microrganismos são: a

temperatura (calor húmido, calor seco, incineração); a radiação, que pode ser

ionizante ou não; a filtração, pela utilização de membranas filtrantes ou filtros de

partículas de ar; e a desidratação. A desinfeção por calor destrói todo o tipo de

microrganismos, não é um método corrosivo mas não pode ser usado em todo o tipo

de superfície, especialmente nas que são sensíveis ao calor. É um método

extremamente caro e exige que toda a superfície a desinfetar atinja a temperatura

necessária durante o tempo obrigatório, tornando este método pouco viável na área

industrial. A desinfeção por radiação é mais apropriada à área da saúde e é

igualmente desaconselhável para a indústria alimentar, uma vez que os restos

alimentares protegem os microrganismos por absorverem a radiação em primeiro.

(Madigan et al, 2009; Altanir, 1998)

Os agentes químicos de controlo de microrganismos podem ser divididos em cinco

grupos, esterilizantes, desinfetantes, germicidas, antisséticos e saneadores.

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

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Esterilizantes, desinfetantes e saneadores são usados na desinfeção de material

inerte, enquanto os antisséticos e os germicidas são usados no controlo do

crescimento microbiano em tecidos vivos. Este tipo de desinfeção, por produtos

químicos, é a mais utilizada na indústria alimentar. (Madigan et al, 2009)

Um desinfetante é uma substância capaz de destruir microrganismos presentes

numa dada superfície ou instrumento, mas não elimina as formas esporuladas. O

uso correto de um desinfetante reduz significativamente o número de

microrganismos patogênicos viáveis presentes em superfícies para níveis que não

ponham em causa a saúde pública. Os desinfetantes podem ser antifúngicos,

bactericidas ou antivirais, e podem apresentar-se na forma líquida, sólida ou gasosa.

A eficiência depende diretamente do tipo de microrganismos, do tempo de

contacto/exposição ao desinfetante, intensidade e concentração do agente

microbiano, natureza do meio ou material, limpeza prévia e tamanho da população

microbiana (Pinto, 2003; Madigan et al, 2009). Desta forma a escolha de um

desinfetante assenta em aspetos tais como a flora microbiana a eliminar, o nível de

contaminação, o tipo de superfície a ser desinfetada, o nível de sujidade residual, o

tempo disponível para a desinfeção. E ainda, o método possível de aplicar, a

qualidade da água de enxaguamento, a corrosividade do desinfetante e o odor

residual que pode deixar, entre outros aspetos também relevantes.

A forma de atuação de um desinfetante varia de caso para caso, é conveniente

determinar o espectro de ação de um desinfetante por forma a determinar o

desinfetante com melhor eficiência para os microrganismos em causa. Uns agem

sobre a membrana citoplasmática, outros na fixação da membrana citoplasmática,

atuando na parede celular, ou ainda, na oxidação dos constituintes celulares. Uma

vez que o pretendido é a alteração de aspetos estruturais dos microrganismos de

modo a provocar uma perda de funções vitais à sobrevivência das células. (Pinto,

2003)

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17 Ana Filipa Patrício Ferreira

Os principais grupos de desinfetantes e antisséticos encontram-se representados

seguidamente:

Figura 3 – Principais grupos de desinfetantes e antisséticos, e respetivas características.

•Derivados do cloro - oxidam componentes vitais e

destroem a atividade biológica, tais como a síntese

de DNA, pela combinação com proteínas celulares;

•Derivados do iodo - inativam enzimas e proteínas,

destruindo componentes vitais das células.

Halogéneos

•Desnaturam proteinas e solubilizam lípidos

provocando lesões na membrana celular. Álcoois

•Oxidam lípidos da membrana celular e consituintes do

DNA. Oxidantes

•Inativam as enzimas dos microrganismos ou mais

especificamente da membrana celular

•Inactivados pela presença de material orgânico.

Compostos quaternários de

amónio

•Altera a permeabilidade da membrana

citoplasmática, remetendo para uma perda de

substâncias intracelulares essenciais e para a

desnaturação de proteinas e enzimas.

Fenol e compostos fenólicos

•Compostos mercuriais - combinam com o grupo -SH

de enzimas e inibem a sua atividade biológica;

•Sais de prata - antisséticos;

•Compostos de zinco - fungicidas;

•Compostos de cobre - algicidas.

Metais pesados e seus

compostos

•Inativação de proteínas e ácidos nucleicos. Aldeídos

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

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Os principais desinfetantes utilizados industrialmente, principalmente por razões

económicas, são o cloro e compostos clorados, compostos quaternários de amônio

(detergentes catiónicos), e ainda os compostos oxidantes. O primeiro grupo é dos

mais usados devido à sua atividade germicida quando combinado com radicais

livres. Das vantagens associadas ao uso do cloro destacam-se a atuação contra

grande número de microrganismos e o facto de ser relativamente barato. Os aspetos

negativos do cloro incluem o facto de ser corrosivo, provocar irritações na pele e

causar alterações de sabor.

Os compostos quaternários de amónio são detergentes antimicrobianos, são

bactericidas mesmo em baixas concentrações e possuem atividade germicida e

simultaneamente ação detergente. As restantes vantagens residem no facto de

possuírem baixa toxicidade, elevada solubilidade em água e são estáveis e não

corrosivos. São excelentes agentes antisséticos e desinfetantes bem como

saneadores em instalações e equipamentos hospitalares, industriais e públicos. O

seu mecanismo de ação baseia-se na desnaturação das proteínas das células,

interferindo nos processos metabólicos e provocando lesões na membrana

citoplasmática.

O peróxido de hidrogénio e o ozono, entre outros, constituem o grupo dos

compostos oxidantes. Estes compostos possibilitam a oxidação de compostos

orgânicos e inorgânicos, presentes na água. O processo baseia-se na oxidação

direta dos substratos ou de forma indireta pela decomposição do composto oxidante

na água, originando radicais livres e OH, muito reativos. Como principais vantagens

destaca-se o amplo espetro de ação, a ação contra microrganismos e formas

esporuladas, possuírem elevada atividade e reatividade e terem uma boa relação

custo-benefício. (Sanches et al, 2003; Daniel et al, 2001)

Os desinfetantes usados pela empresa são: o agente P3-Asepto 2000, um composto

alcalino clorado e um composto oxidante, agente P3-Oxonia Active, constituído por

ácido peracético e peróxido de hidrogénio.

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19 Ana Filipa Patrício Ferreira

1.6. Impacto ambiental

É necessário sempre que são usadas substâncias químicas, avaliar a sua toxicidade

e o seu destino e efeitos no ecossistema. O comportamento de um produto químico

no meio ambiente afeta diversos ecossistemas, desde o solo, água e ar, até aos

restantes sistemas bióticos. É necessário avaliar esse impacto por forma a serem

tomadas providências para evitar ou reduzir a utilização de compostos

extremamente nocivos ao meio ambiente e consequentemente à saúde e bem-estar

público. Pois muitas vezes a degradação que advém da poluição não é reversível, e

é necessário procurar práticas amigas do ambiente de forma a preserva-lo.

(Klaassen et al, 2001)

A origem da poluição pode ser extremamente vasta, mas no caso presente advém

da atividade industrial, mais propriamente do uso de detergentes e desinfetantes.

São compostos tóxicos que afetam mais diretamente o ecossistema aquático.

Alguns compostos podem não ter elevada toxicidade mas podem provocar grandes

alterações num ecossistema, tais como a aceleração do fenómeno de eutrofização.

Ao nível da poluição aquática as consequências mais representativas são a redução

da água potável disponível, a diminuição da biodiversidade e dos recursos biológicos

e a degradação do aspeto. As condições propícias à utilização dessa água para fins

diversos como recreativos, industriais ou agrícolas, devido a alterações ao nível da

cor, cheiro, presença de algas, espuma, entre outras, são igualmente prejudicadas.

Os principais parâmetros físico-químicos que sofrem alterações, devido à poluição,

são facilmente detetáveis e podem ser resumidos a: temperatura; pH; mineralização;

turbidez e partículas em suspensão; coloração; oxigénio dissolvido; e potencial

redox. (Gaujous, 1995)

No caso dos desinfetantes usados, o P3-Asepto 2000, produto de limpeza alcalino

clorado, líquido de cor amarela com um pH de 12,2, possui uma elevada toxicidade

para mucosas e pele, é corrosivo para metais e complexa sais que fornecem dureza

à água. Este composto misturado com produtos ácidos gera perigosas reações

exotérmicas e é extremamente tóxico, por originar uma grande libertação de cloro.

No caso do desinfetante com base em ácido peracético, P3-Oxonia Active, é

corrosivo, e além de ser irritante possui um pH muito baixo, na ordem dos 2,8,

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

20

podendo ser nocivo para o meio ambiente. São assim evidentes as vantagens que

advêm da redução destes produtos químicos, ao nível da toxicidade para o meio

ambiente.

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INTRODUÇÃO

ESTÁGIO

RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

CONCLUSÕES

BIBLIOGRAFIA

ANEXOS

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23 Ana Filipa Patrício Ferreira

2. ESTÁGIO

O trabalho deste estágio decorre no seguimento do trabalho desenvolvido no estágio

de Elsa Marisa Miranda dos Santos no ano de 2011. Foi igualmente realizado na

Sociedade da Água de Luso, compilado na tese ‘Validação dos processos de

desinfeção de linhas de enchimento em empresa de engarrafamento de águas

(Água Mineral Natural, Água de Nascente e Água Destinada ao Consumo Humano),

por análise microbiológica’. Nesse trabalho pretendia-se quantificar a eficiência dos

processos de desinfeção mas tal não foi possível uma vez que na maioria dos

ensaios se verificou um maior número de microrganismos (UFC/mL) no fim do

processo de desinfeção comparativamente com o início. Foi ainda determinado que

o problema não se encontrava relacionado com a eficiência do processo de

desinfeção, em si mesmo, ou dos desinfetantes usados, a partir da determinação da

eficiência de eliminação dos microrganismos na Água de Luso de cada um dos

desinfetantes. Esse estudo foi, assim, realizado com dois tipos de desinfetantes

utilizados no processo de desinfeção das enchedoras, Asepto e Oxonia, e para os

tempos de contacto usualmente praticados. Procedeu-se ainda ao mesmo estudo

para outras concentrações dos desinfetantes e foi verificado que as concentrações

utilizadas são muito superiores às necessárias para garantir uma boa desinfeção.

(Santos, 2011)

Com os resultados que advieram desse estudo foram elaborados os gráficos da

Figura 21, Figura 22, Figura 23 e Figura 24 (em anexo). Constatou-se que é

garantida uma eficiência de remoção de microrganismos acima dos 99,5 % mesmo

com concentrações consideravelmente mais baixas do que as utilizadas nos

processos de desinfeção. De facto, para garantir uma eficiência acima dos 99,5 %

as concentrações mínimas, quer do desinfetante Asepto quer do desinfetante

Oxonia, a serem usadas são de 0,01 % para um tempo de contacto de 8 horas, e de

0,05 % para 30 minutos. Sabendo que a concentração normalmente utilizada de

Asepto se situava entre 0,1 e 0,2 %, consoante o tipo de desinfeção, e a

concentração de Oxonia era de 0,3 %, constatou-se assim a possibilidade das

concentrações de desinfetantes usadas nos processos de desinfeção das

enchedoras serem diminuídas (Santos, 2011).

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

24

Comprovada a eficiência dos desinfetantes usados, o aumento da concentração de

microrganismos após o processo de desinfeção remeteu para algum motivo externo

ao processo de desinfeção. Desta forma uma das linhas de trabalho desenvolvidas

no decorrer deste trabalho de estágio foi a de encontrar os possíveis motivos, ou

passos, que limitam o processo global de desinfeção. Foi ainda, com a comprovação

da eficiência dos desinfetantes usados, decidido que a principal linha de estágio do

presente trabalho seria a de observar a possível redução da concentração de

desinfetante nos processos de desinfeção das enchedoras. Foi ainda estudada a

redução do número de desinfeções semanais em determinadas situações,

contribuindo de igual forma para a diminuição do uso de desinfetantes, reduzindo

custos de operação e preservando o meio ambiente.

2.1. Linhas de enchimento estudadas

As linhas de enchimento estudadas foram as linhas 2L, 4L e 5L da unidade fabril de

Luso e a linha 6C do Cruzeiro. A linha 2L procede ao enchimento de Água de Luso

em garrafas de vidro de 0,25 L, 0,50 L e 1 L, na linha 4L são produzidas garrafas

PET de 0,5 L, 0,75 L e 1,5 L de Água de Luso e na linha 5L procede-se ao

enchimento de garrafões PET de 5L. A linha 6C remete para o engarrafamento em

garrafas PET de 0,33 L.

De seguida são apresentados os esquemas da distribuição das linhas de

enchimento nas unidades fabris de Luso e do Cruzeiro. No final do ano de 2012 foi

iniciado o projeto de centralizar todas as linhas de enchimento numa só unidade

fabril, a fábrica do Cruzeiro.

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25 Ana Filipa Patrício Ferreira

Figura 4 – Esquema das linhas de enchimento da fábrica de Luso e da fábrica do Cruzeiro,

respetivamente.

A zona assinalada como zona de transição é o local preparado para acolher as

linhas vindas da fábrica de Luso. É necessário salientar o facto dos esquemas não

se encontrarem à escala.

Recorrendo às plantas das fábricas de Luso e do Cruzeiro, foi possível determinar,

através dos comprimentos e dos diâmetros indicados, as características das linhas

analisadas. A linha 2L possui uma tubagem de aproximadamente 115 m, retendo um

volume de 522 L; A linha 4L possui 80 m, com 680 L; A linha 5L, 90 m, com 765 L de

água e 510 m com 5206 L de água na linha 6C. Tratam-se de valores aproximados,

uma vez que foram obtidos diretamente das plantas das fábricas.

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

26

2.2. Processo de engarrafamento

Analisando o processo global de engarrafamento de água destacam-se diversas

etapas envolvidas. Existe em primeiro lugar, a captação da água de furos e o seu

armazenamento em reservatórios; seguindo-se o seu bombeamento por tubagens

até a sala de enchimento, onde a água é transformada em produto; terminando com

o armazenamento do produto. Destas três etapas observa-se que a etapa do

enchimento é a mais relevante do processo, uma vez que é nesta etapa que o

produto poderá eventualmente contactar com materiais suscetíveis de provocar

contaminações.

Quer o equipamento, a enchedora e a capsuladora, quer a própria embalagem e

cápsula, podem alterar a composição e qualidade do produto final. Salienta-se assim

a elevada importância da prática de higienização deste passo, com especial

interesse na enchedora, dado que é o equipamento que contacta mais tempo com o

produto e possui características propicias ao aumento de microrganismos. As

características que favorecem o aumento dos microrganismos nas enchedoras são a

presença abundante de água, locais propícios ao alojamento de microrganismos,

tais como as válvulas e locais de reduzido acesso aos desinfetantes e material de

limpeza. Refiram-se ainda os elevados tempos de paragem, em que não existe o

escoamento contínuo de água e favorece o desenvolvimento de biofilme.

Figura 5 – Exemplo de uma enchedora e respetivas válvulas de enchimento. Fonte (Santos, 2011)

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27 Ana Filipa Patrício Ferreira

2.3. Processo de desinfeção das enchedoras

O processo global de desinfeção praticado em todas as linhas da empresa pode ser

esquematizado do seguinte modo:

Figura 6 – Processo global de desinfeção praticado nas enchedoras.

Os processos de desinfeção originalmente praticados nas enchedoras de todas as

linhas de enchimento da empresa seguem a seguinte tipologia:

Figura 7 – Tipos de processos de desinfeção praticadas nas enchedoras.

Fim do enchimento

Colocação de falsas garrafas

Enchimento da enchedora e

falsas garrafas com a solução

de Água de Luso e

desinfetante Tempo de contacto

Descarga do desinfetante

Enxaguamento da enchedora e

válvulas de enchimento, com Água de

Luso

Verificação da ausência de resíduos de desinfetante

Remoção das falsas garrafas

Enxaguamento externo, das válvulas de enchimento

Enchimento e rejeição do produto da

primeira volta da enchedora

Nova verificação da ausência de resíduos de desinfetante no produto

Início do enchimento

Tipo 1

Paragens superiores a 4 horas e

inferiores a 24 horas

ou

intervenções de manutenção

Paragens superiores a 24

horas e inferiores a 15 dias

Tipo 2

Turnos contínuos

(paragem de 40 em 40 horas para

desinfeção)

Tipo 3

Mensal

ou

Após paragem superior a 15 dias

ou

A pedido da qualidade

Semestral

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

28

Os desinfetantes, P3-Oxonia Active (desinfetante peróxido) e P3-Asepto 2000

(desinfetante clorado), e respetivas concentrações usadas originalmente em cada

tipo de processo de desinfeção encontram-se citados no seguinte esquema:

Figura 8 – Concentrações dos desinfetantes usadas nos diferentes tipos de processos de desinfeção das

enchedoras.

O processo de desinfeção Tipo 1 baseia-se na colocação do desinfetante, deixando

atuar um tempo mínimo de contacto de 20 minutos antes da descarga. De seguida

procede-se a um acentuado enxaguamento, confirmando sempre a ausência do

produto químico com o indicador respetivo. Só confirmada a total ausência deste é

assumido um enxaguamento completo e perfeito. Como último passo do processo

• Desinfetante Clorado: 0,20 % Semana par • Desinfetante Peróxido: 0,30 % Semana impar

Tipo 1.1 (Diária)

• Desinfetante Clorado: 0,10 %

Tipo 1.2 (Fim de semana)

• Desinfetante Clorado: 0,20 % Semana par • Desinfetante Peróxido: 0,30 % Semana impar

Tipo 2

• Soda: 1 % Desinfetante Peróxido: 0,30 %

Tipo 3.1

• Soda: 1 % Solução ácida: 1 % Desinfetante Peróxido 0,30 %

Tipo 3.2

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29 Ana Filipa Patrício Ferreira

de desinfeção, antes de iniciar o enchimento, é rejeitado todo o produto da primeira

volta da enchedora.

A desinfeção do Tipo 2 é idêntica à do Tipo 1 mas é feita em sistema de circuito

fechado e o desinfetante tem um tempo mínimo de contacto de 30 minutos.

No caso do Tipo 3 o processo é igualmente em circuito fechado com um mínimo de

30 minutos relativamente ao tempo de contacto de cada agente desinfetante, pois é

usado mais que um. Após cada desinfetante é feito um enxaguamento perfeito onde

se verifica que o pH é perto de 6 e que existe total ausência de qualquer vestígio do

desinfetante.

Em termos práticos, a desinfeção Tipo 1 e Tipo 2 são as que são mais frequentes, a

primeira é usada diariamente e possui usualmente um tempo de contacto de 8 horas

(funcionamento diário de 2 turnos). A segunda é usada quando a linha de

enchimento funciona em contínuo, 3 turnos diários.

2.4. Trabalho experimental

O trabalho desenvolvido ao longo do estágio baseou-se num trabalho de

investigação dos equipamentos e passos suscetíveis de contaminar as linhas de

enchimento, com o intuito de otimizar o processo de desinfeção. O interesse

centrava-se no estudo da viabilidade de modificações ao processo de desinfeção,

tais como a redução da concentração de desinfetante e redução do número de

desinfeções diárias.

Desta forma o trabalho de estágio reportou-se à análise do processo de desinfeção,

nas linhas de enchimento da SAL. Para avaliar este processo procedeu-se à recolha

de amostras antes e após a desinfeção das enchedoras, em frascos esterilizados,

diretamente das válvulas de enchimento das enchedoras, por forma a contabilizar os

microrganismos presentes na água da enchedora. É de salientar que esta análise foi

feita apenas às linhas de enchimento de Água de Luso.

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30

Metodologia

Procedeu-se à recolha de 3 a 4 amostras, em frascos (descartáveis) esterilizados

diretamente das válvulas de enchimento, antes do processo de desinfeção e do

mesmo número de amostras das mesmas válvulas, após o processo de desinfeção.

Quando estas amostras não eram imediatamente tratadas procedia-se ao seu

armazenamento no frigorífico, a uma temperatura de 3 a 4 oC, durante um tempo

máximo de 16 horas.

Figura 9 – Identificação das válvulas de enchimento, local onde se procedeu à recolha de amostras.

Figura 10 – Ilustração dos momentos de recolha das amostras.

O tratamento das amostras baseou-se na técnica descrita na ISO 6220, a qual indica

todos os passos a seguir de forma a obter o número de colónias de microrganismos

Fim do enchimento

Recolha de

amostras

Processo de desinfeção

• Enchimento da enchedora com a solução de Água de Luso e desinfetante

• Tempo de contacto

• Descarga do desinfetante e enxaguamento da enchedora e válvulas de enchimento, com Água de Luso

• Verificação da ausência de resíduos de desinfetante no produto

Recolha de

amostras

Início do enchimento

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31 Ana Filipa Patrício Ferreira

viáveis a 22 oC ou 37 oC com 72 ou 48 horas de incubação, respetivamente. Nesta

norma é referida a utilização do método de inoculação por incorporação, mas este

método teve de ser substituído pelo da incubação de membrana filtrante, por

filtração com rampa de filtração em membranas (200 PES Membrane Disc Filter) de

0,2 µm, devido ao facto da Água de Luso ser extremamente pura. Deste modo,

como possui um número muito baixo de microrganismos, foi necessário um volume

analisado consideravelmente superior a 1 mL para possibilitar a contagem de

microrganismos.

A filtração é um método que possibilita a retenção de microrganismos na ordem dos

0,22 µm, comumente utilizada na esterilização de líquidos. Contudo na análise de

águas é frequente usar membranas filtrantes com uma porosidade de 0,45 µm. Esta

técnica possui inúmeras vantagens, fornece resultados num curto espaço de tempo,

analisa grandes volumes de amostra de uma só vez e permite uma boa coerência

entre resultados, uma vez que são facilmente reproduzíveis devido à sua precisão.

Uma desvantagem deste método, sem influência neste trabalho, é a do processo ser

incompatível com amostras que contêm grandes quantidades de materiais em

suspensão, uma vez que as partículas entopem os poros e inibem a passagem do

volume específico de água a filtrar. (Lightfoot et al, 1998; Colins et al, 1995)

Os volumes filtrados variaram entre 100 mL, para as linhas 2L, 4L e 5L, e 50 mL,

para a linha 6C, após se ter verificado a presença de um maior número de

microrganismos comparativamente às linhas da fábrica de Luso. Outra alteração foi

o uso de Plate Count Agar como meio nutritivo em vez de Yeast Extract Agar. Após

o correspondente tempo de incubação, procedeu-se à leitura do número de colónias

presentes na placa de Petri, tendo sido feita a contagem direta das colónias visíveis

até um máximo de 300 UFC por placa, e determinada a concentração de

microrganismos na amostra em termos de UFC/mL.

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

32

De forma resumida, a metodologia usada foi a seguinte:

Preparação do meio de cultura Plate Count Agar;

Esterilização a calor seco de placas de Petri de vidro, a 170/180 ºC durante,

sensivelmente, 1 hora;

Recolha de amostras, em frascos esterilizados, com atenção para o uso de

luvas e para a não exposição do frasco e do seu conteúdo ao meio ambiente;

Filtração das amostras, recorrendo a uma rampa de filtração e bomba de

vácuo, cumprindo as condições de assepsia. Sem câmara de refluxo

procedia-se a uma prévia esterilização do laboratório (por ultravioleta) e no

decorrer da experiência mantinham-se dois a três bicos de Bunsen ligados;

Incubação a 22 oC e 72 horas (ou 37 oC e 48 horas) na estufa;

Leitura dos resultados (contagem do número de colónias).

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INTRODUÇÃO

ESTÁGIO

RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

CONCLUSÕES

BIBLIOGRAFIA

ANEXOS

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35 Ana Filipa Patrício Ferreira

3. RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Devido ao extenso número de ensaios só serão representadas as figuras relativas

ao tratamento dos resultados dos diversos ensaios efetuados. Os resultados

tratados advieram do cálculo da média das contagens de colónias, das amostras

recolhidas de três a quatro válvulas de enchimento nos momentos antes e depois do

processo de desinfeção. Em anexo serão apresentadas tabelas com o resumo dos

resultados usados na elaboração de todas as figuras apresentadas neste capítulo.

Os ensaios efetuados e os seus respetivos resultados podem ser agrupados em 4

temáticas: investigação da causa do aumento do número de microrganismos após o

processo de desinfeção, efetuada na linha 4L; análise da redução do número de

desinfeções diárias na linha 5L; estudo da redução da concentração de desinfetante

e posterior redução do número de desinfeções diárias na linha 4L; estudo e

comparação da evolução do número de microrganismos antes e após o processo de

desinfeção das enchedoras da linha 2L e da linha 6C.

3.1. Investigação da causa do aumento do número de microrganismos após o processo de desinfeção

Ao ser verificado um aumento no número de microrganismos após o processo de

desinfeção, a primeira suspeita recaiu na possível formação de biofilme na tubagem

durante as paragens da produção. Os ensaios efetuados para confirmar essa

suspeita basearam-se na recolha de amostras de água presente na tubagem sem

que esta passe pela enchedora. Uma vez que as tubagens que abastecem as

enchedoras não possuem válvulas diretas de descarga foi necessário recolher as

amostras de uma válvula presente numa pequena tubagem que deriva da tubagem

que abastece a enchedora. Esta pequena tubagem e respetiva válvula de descarga

são usadas para proceder ao enxaguamento externo das válvulas de enchimento da

enchedora, no processo de desinfeção. A água que sai desta válvula é transportada

por toda a tubagem que abastece a enchedora, havendo apenas, sensivelmente, 3

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

36

metros de tubagem até à enchedora que não são percorridos, pois esta é desviada

para uma tubagem secundária com 2 a 3 metros de comprimento.

Figura 11 – Esquema da localização de uma válvula secundária com tubagem comum à linha de

enchimento 4L.

A recolha de amostras foi feita no momento em que termina o enchimento e após a

paragem da linha (neste caso, após 8 horas de paragem); são recolhidas amostras

no fim e no início do enchimento e aos 30 minutos de produção. De seguida, na

Figura 12 e Figura 13, encontram-se representados os resultados dos ensaios

efetuados, a 22 ºC com 72 horas de incubação.

Figura 12 – Resultados dos ensaios efetuados à válvula de uma pequena tubagem derivada da tubagem

que abastece a enchedora da linha 4L.

Aquando da paragem da linha 4L, por um período superior a 8 horas, procedeu-se à

recolha de amostras num período de 25 minutos, enquanto ocorria um escoamento

acentuado por essa válvula de descarga. Os resultados obtidos deste ensaio

encontram-se na próxima figura.

0

0,5

1

UFC

/mL

Instante de recolha da amostra

Fim enchimento

Início enchimento

30 min de enchimento

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37 Ana Filipa Patrício Ferreira

Figura 13 – Evolução do número de microrganismos na água da tubagem ao longo do tempo.

Analisando as duas últimas figuras verifica-se a existência de um padrão

relativamente bem definido: o número de microrganismos presentes, relativamente

baixo, no final do enchimento, é contraposto com um número bem mais elevado

após o tempo de paragem da linha. Ao longo do processo de escoamento o número

de microrganismos tende a baixar de forma exponencial até atingir um número

próximo do final do enchimento após um período de 25 a 30 minutos.

Pela análise destes resultados foi proposta uma melhoria à configuração das

tubagens que abastecem as enchedoras. Na Figura 14 é identificada a enchedora e

válvula da qual foram feitas as recolhas. Do lado direito apresenta-se a proposta de

melhoria. A proposta de melhoria baseia-se na colocação de uma válvula

imediatamente antes da entrada da enchedora, possibilitando um escoamento prévio

da água que esteve estagnada na tubagem durante a paragem da produção. Nessa

água houve formação de biofilme e com esta alteração evita-se que o biofilme passe

pelo interior da enchedora e contamine as válvulas de enchimento. De salientar

contudo que as válvulas, por possuírem uma abertura mais reduzida, poderão

possibilitar elas próprias, em certa medida, o alojamento de microrganismos e

crescimento de algum biofilme.

No entanto, esta alteração deve ser devidamente ponderada, dado que, a Água de

Luso é uma água microbiologicamente pura, o que possibilita a existência da

formação de algum biofilme sem prejuízo na qualidade do produto final. Esta

0

1

2

3

0 5 10 15 20 25

UFC

/mL

Tempo de descarga (min)

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

38

modificação poderia, eventualmente, ser extremamente vantajosa no caso de se

tratar de Água Cruzeiro, dado o facto de esta água possuir uma flora microbiana

muito mais acentuada. Mas esta afirmação necessita de um estudo mais

aprofundado para se poder comprovar.

Figura 14 - Esquema da enchedora com a respetiva tubagem abastecedora e válvula de descarga na qual

se procedeu à recolha de amostras, e esquema da modificação sugerida.

Comprova-se assim, com este estudo, que existe formação de biofilme nas tubagens

que abastecem as enchedoras, durante as paragens de produção. Desta forma,

salienta-se a importância de proceder a uma rigorosa e intensa descarga de água,

antes de se iniciar o processo de enchimento, por forma a remover qualquer vestígio

de biofilme que se possa ter formado durante a paragem na tubagem e dentro da

enchedora e das próprias válvulas de enchimento.

3.2. Estudo da viabilidade da redução da periocidade das desinfeções (Linha 5L)

Na linha 5L foi adotada uma nova metodologia no programa de desinfeção diário,

em que duas vezes por semana não é feita a desinfeção diária (de segunda para

terça e de quinta para sexta, por exemplo). É contudo exigido o cumprimento dos

seguintes requisitos: não ultrapassar 48 horas sem desinfeção e prevendo um

máximo de 8 horas de paragem, sendo esta paragem no momento do primeiro turno,

isto é, das 00 às 08 horas.

Na Figura 15, encontram-se representados os ensaios da linha 5L, efetuados a 22 oC, com 72 horas de incubação, onde se observam os resultados obtidos para

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39 Ana Filipa Patrício Ferreira

desinfeções do tipo 1 (diárias e ao fim de semana), com Oxonia e Asepto, e para o

caso em que não houve colocação de desinfetante.

Figura 15 - Resultados obtidos para os ensaios da linha 5L, a 22 oC com 72 h de incubação.

A próxima figura inclui os resultados obtidos para as mesmas condições de

desinfeção que na figura anterior, de ensaios efetuados a 37 oC, com 48 horas de

incubação.

Figura 16 - Resultados obtidos para os ensaios da linha 5L, a 37 oC com 48 h de incubação.

Comprova-se assim, com a Figura 15 e a Figura 16, que a globalidade dos

resultados apresenta as mesmas características principais; isto é, um aumento no

número de microrganismos presentes, após o período de paragem da linha de

enchimento e posterior processo de desinfeção, independentemente do tipo de

desinfeção efetuada. Contudo é de notar que, para a metodologia proposta (coluna

0

1

2 U

FC/m

L

Desinfeção

Antes desinfeção

Após desinfeção

0

1

2

UFC

/mL

Desinfeção

Antes desinfeção

Após desinfeção

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

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designada de “sem desinfeção”), os valores se encontram perfeitamente dentro dos

limites legais e similares aos restantes, avalizando esta nova metodologia.

As duas figuras possuem a particularidade de representarem resultados obtidos de

ensaios com temperaturas e tempos de incubação diferentes. Esta situação advém

de as normas do setor preverem ensaios a duas temperaturas de referência: 22 oC e

37 oC, com 72 e 48 horas de incubação, respetivamente.

3.3. Estudo da viabilidade da redução da concentração de desinfetante e da periocidade das desinfeções (Linha 4L)

O primeiro estudo efetuado na linha 4L foi verificar a possibilidade da redução, para

metade, da concentração de desinfetante usado nas desinfeções do Tipo 1. Após a

validação decorrida da análise dos resultados, representados na seguinte figura,

esta metodologia foi adotada para esta linha.

A Figura 17 é a representação gráfica dos resultados obtidos nos ensaios a 22 oC

com 72 horas de incubação, de diferentes tipos de desinfeção.

Figura 17 – Resultados obtidos para os ensaios da linha 4L, a 22 oC com 72 h de incubação.

Os resultados apresentados com (a) foram realizados em dias em que foi usada a

concentração de 0,20 % de Asepto (concentração normal) com 8 horas de contacto

no caso das desinfeções diárias e 56 horas no fim-de-semana. Nos identificados

com (b) a concentração foi reduzida para metade. Com o decorrer deste estudo

0

1

2

UFC

/mL

Tipo de desinfeção

Antes desinfeção

Após desinfeção

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41 Ana Filipa Patrício Ferreira

iniciou-se ainda a redução do número de desinfeções diárias, após confirmada a

viabilidade e adoção dessa metodologia na linha 5L; continuando a usar-se apenas

metade da concentração de desinfetante nos dias em que era efetuada a desinfeção

da enchedora. Assim, a última coluna (designada de “sem desinfeção”) apresenta os

resultados dos dias em que não houve desinfeção diária nas paragens de produção,

duas vezes por semana, respeitado sempre o facto de não superar 48 horas sem

desinfeção.

Analisando os resultados nota-se a viabilidade destas novas metodologias, onde os

valores obtidos são extremamente satisfatórios. Os valores além de continuarem

dentro dos valores legais mantêm-se ao mesmo nível, ou até mesmo inferior, dos

resultados obtidos com colocação de desinfetante. Com a redução da concentração

de desinfetante e a periocidade de algumas desinfeções, são óbvias as vantagens

resultantes. Origina a poupança de desinfetante, reduzindo os custos associados à

sua compra e ao tratamento das águas residuais; estas não estarão tão

contaminadas, requerendo níveis de tratamento mais baixos e reduzindo qualquer

impacto ambiental que pudessem causar.

3.4. Caracterização e comparação das linhas 2L e 6C

A linha 2L, ao contrário das linhas 4L e 5L não teve qualquer tipo de alteração no

processo de desinfeção. Os resultados obtidos da avaliação do processo de

desinfeção da linha 2L encontram-se nas duas próximas figuras, Figura 18 e Figura

19. A Figura 18 difere da Figura 19 ao nível da temperatura e tempo de incubação

dos ensaios. A primeira foi obtida de ensaios a 22 oC, com 72 horas de incubação e

a segunda de ensaios a 37 oC, com 24 horas de incubação.

Os ensaios da Figura 19 foram efetuados a 37 oC com 24 horas de incubação, ao

invés de 48 horas como é indicado na ISO 6220, uma vez que o Decreto-Lei nº

156/98 permite o uso dessa metodologia sem provocar qualquer tipo de erro no

processo de análise. Procedeu-se a ensaios deste género por proporcionar um

maior número de ensaios para um menor espaço de tempo, possibilitando a análise

pretendida, ou seja, determinar o comportamento do número de microrganismos em

relação aos processos de desinfeção efetuados nesta linha.

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

42

Figura 18 - Resultados obtidos para os ensaios da linha 2L, a 22 oC com 72 h de incubação.

Figura 19 - Resultados obtidos para os ensaios da linha 2L, a 37 oC com 24 h de incubação.

Pelas duas figuras precedentes obtêm-se as mesmas constatações obtidas pela

análise às restantes linhas da fábrica Luso, nomeadamente a existência de um

aumento de microrganismos após o processo de desinfeção em oposição ao

momento que antecede o processo. Este comportamento advém da formação de

biofilme nas tubagens durante o período de paragem da produção. Note-se ainda

que independentemente da temperatura ou tempo de incubação as observações são

sempre condizentes.

No processo de desinfeção da linha 2L não houve qualquer tipo de alteração, uma

vez que, tratando-se de uma linha de enchimento de garrafas de vidro, é uma linha

mais delicada, pelo que se optou por não testar nenhuma nova metodologia no

processo de desinfeção.

0

1

2

Diária/Oxónia Diária/Asepto

UFC

/mL

Tipo de desinfeção

Antes desinfeção

Após desinfeção

0

1

2

Diária/Oxónia Diária/Asepto FDS/Asepto

UFC

/mL

Tipo de desinfeção

Antes desinfeção

Após desinfeção

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43 Ana Filipa Patrício Ferreira

No mês de outubro a linha analisada foi a linha 6C devido ao início dos trabalhos de

mudança das linhas da Fábrica Luso para a Fábrica Cruzeiro. Nesta linha observou-

se a evolução do número de microrganismos antes e após os principais processos

de desinfeção praticados nesta enchedora, desinfeções do Tipo 2 (funcionamento

contínuo de 40 horas), 1.2 (fim de semana) e 3.1 (mensal).

Figura 20 – Resultados obtidos nos ensaios da linha 6C, a 22 oC com 72 h de incubação.

A Figura 20 demonstra que nesta linha as desinfeções são eficientes e que,

contrariamente às linhas analisadas da Fábrica Luso; todas as desinfeções obtêm

um número de microrganismos inferior após o processo de desinfeção em relação

ao número obtido antes deste processo. Constata-se ainda que, mesmo obtendo

valores de UFC/mL muito inferiores ao legalmente permitidos estes são muito

superiores aos obtidos nas restantes linhas analisadas.

O facto de obter um maior número de microrganismos na linha 6C que nas linhas da

Fábrica Luso pode dever-se ao elevado comprimento da conduta (510 m) que liga as

duas fábricas, por forma a trazer a Água de Luso até à Fábrica Cruzeiro. Deste

modo, a área total propicia à formação de biofilme é maior neste caso, assim como o

tempo de retenção da água na conduta. O maior número de microrganismos

presente na linha do Cruzeiro antes do processo de desinfeção, comparativamente

ao presente nas linhas de Luso, pode estar na origem dos resultados positivos em

todas as desinfeções efetuadas.

0

1

2

3

4

5

6

UFC

/mL

Tipo de desinfeção

Antes desinfeção

Após desinfeção

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

44

Nesta linha não foi possível adotar a mesma metodologia das linhas 4L e 5L,

nomeadamente a redução da concentração de desinfetante para metade e redução

do número de desinfeções semanais, uma vez que não foi possível, por falta de

tempo, analisar e acompanhar os resultados que tal alteração poderia trazer.

3.5. Análise económica

Do trabalho de estágio desenvolvido foi possível validar alterações significativas no

processo de desinfeção das linhas de enchimento 4L e 5L, que por sua vez originou

uma poupança decorrente da redução do número de desinfeções efetuadas e/ou da

concentração de desinfetante utilizado. A poupança no processo de desinfeção

advém diretamente da redução dos custos com os desinfetantes, dos custos

relativos ao tempo despendido pelos controladores no processo de desinfeção e dos

custos originados na neutralização do efluente líquido gerado, contaminado com os

desinfetantes usados.

Constatou-se que o típico funcionamento destas linhas é maioritariamente de 2

turnos diários nos 5 dias da semana, implicando um total de 5 desinfeções diárias

(Tipo 1) por semana. Procedendo à análise económica, assumindo essa tipologia,

obtém-se um valor de 260 desinfeções do Tipo 1 num ano por cada linha de

enchimento. Destas, 130 remetem para o uso do desinfetante Asepto, que se

caracteriza por um consumo de 2 L de produto químico por desinfeção do Tipo 1

(correspondente a 1000 L de solução desinfetante com uma concentração de 0,2

%). As restantes 130 remetem para o uso do desinfetante Oxonia, com um consumo

de 3 L por desinfeção do Tipo 1 (correspondente a 1000 L de solução desinfetante

com uma concentração de 0,3 %). Neste contexto as linhas 4L e 5L consomem

anualmente 520 L de Asepto e 780 L de Oxonia. Assumindo um custo de aquisição

destes produtos de 0,80 €/L e 1,90 €/L, respetivamente, pode-se estimar um gasto

anual com produtos químicos, na desinfeção destas duas linhas, de 1898 €.

Uma vez que se constatou que o processo de desinfeção destas duas linhas podia

ser reduzido em 2 desinfeções diárias por semana (menos 104 desinfeções por ano,

em cada linha), nas linhas 4L e 5L, a poupança anual de 208 L de Asepto e 312 L de

Oxonia pode ser estimada em 759,2 €/ano.

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45 Ana Filipa Patrício Ferreira

Assumindo, ainda, que nos dias em que é efetuado o processo de desinfeção se

reduz para metade a concentração de desinfetante (156 desinfeções por ano) na

linha 4L, obtém-se uma poupança adicional de Asepto,de 78 L/ano e de Oxonia de

117 L/ano, resultando numa poupança adicional de 284,7 €/ano.

Assim, verifica-se que as alterações globais no processo de desinfeção validadas no

âmbito do presente trabalho se traduzem pela redução da periocidade das

desinfeções diárias, reduzindo duas desinfeções diárias por semana, nas linhas 5L e

4L; e reduzindo a concentração de desinfetante, para metade, nos dias em que é

efetuado o processo de desinfeção diária, na linha 4L. Estima-se que estas

alterações originaram uma poupança total de 286 L/ano de Asepto e 429 L/ano de

Oxonia, que correspondem a um total de 1043,9 €/ano. Por sua vez este valor

corresponde a uma poupança de 55 % nos atuais custos do processo de desinfeção

destas duas linhas de engarrafamento.

Se a redução da concentração de desinfetante, para metade, fosse igualmente

aplicada à linha 5L a poupança seria de 364 L/ano de Asepto e 546 L/ano de

Oxonia, que corresponde a um total de 1328,6 €/ano. Neste caso, estima-se que a

poupança no processo de desinfeção aumentaria para 70 %.

Por outro lado, as alterações introduzidas também se traduzem em poupanças ao

nível da mão-de-obra necessária no processo de desinfeção. Considerando o tempo

despendido pelo colaborador na preparação da solução desinfetante; na colocação e

remoção das garrafas falsas; em todo o enxaguamento interno e externo da

enchedora e válvulas de enchimento; e nas verificações da ausência de resíduos de

desinfetante, pode considerar-se que o tempo utilizado por cada colaborador é de,

no mínimo, 1 hora por cada desinfeção. Assim sendo, a redução de 104 desinfeções

em cada uma das linhas analisadas (linha 4L e 5L) resulta numa poupança de 208 h

de mão-de-obra/ano. Considerando um custo médio da mão-de-obra para a

empresa de 9 €/h, este decréscimo resulta num total de 1872 €/ano.

Finalmente, as alterações do processo de desinfeção traduzem-se, também, na

poupança na necessidade de neutralização dos efluentes líquidos gerados no

processo de desinfeção. Assumindo um consumo de apenas 234 L/ano de Asepto e

351 L/ano de Oxonia, em vez dos 520 e 780 L/ano, respetivamente, obtém-se uma

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

46

poupança adicional de 45 €/ano (trata-se efetivamente de um valor relativamente

desprezável mas que corresponde a uma redução, significativa, de 55 %). Este valor

é obtido da necessidade de neutralizar os 234 L de Asepto com, aproximadamente,

18,5 L de hidróxido de sódio e neutralizar os 351 L de Oxonia com,

aproximadamente, 2,8 L de ácido sulfúrico. Assumindo que estes produtos químicos

têm um custo de aquisição de 1,81 €/L e 0,64 €/L, respetivamente, obtém-se um

custo anual de, sensivelmente, 35 €, contrariamente aos 80 € obtidos da

neutralização dos efluentes das linhas 4L e 5L sem as alterações ao processo de

desinfeção.

Assim, estima-se que as alterações ao processo de desinfeção nas linhas 4L e 5L,

que foram validadas no âmbito deste trabalho, resultam numa poupança total de,

aproximadamente, 2960,9 €/ano (cerca de 68,56 % do atual custo do processo de

desinfeção – 4318 €/ano).

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INTRODUÇÃO

ESTÁGIO

RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

CONCLUSÕES

BIBLIOGRAFIA

ANEXOS

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49 Ana Filipa Patrício Ferreira

4. CONCLUSÕES

No decurso deste trabalho foi possível verificar a existência da formação de biofilme

na tubagem durante o período de paragem das diversas linhas de enchimento

estudadas. Tal facto aponta para a vantagem de se proceder a uma descarga

intensa e rigorosa antes de iniciar o processo de enchimento, removendo qualquer

vestígio de biofilme. Consequentemente foi proposta uma pequena alteração à

tubagem que abastece a enchedora, com a colocação de uma válvula no local que

antecede a enchedora, por forma a descarregar toda a água presente na tubagem

sem que esta passe pelo interior da enchedora e proporcione o alojamento de

biofilme em locais de acesso limitado. Contudo, antes de se considerar a sua

efetivação, esta sugestão deve ser bem ponderada, uma vez que a Água de Luso

possui excelentes propriedades a nível microbiológico. Assim, a pequena

contaminação que ocorre durante as paragens da produção, não afeta de uma forma

comprometedora a qualidade do produto final, uma vez que os valores mantêm-se

muito abaixo do limite legalmente permitido. Já o aumento considerável na flora

microbiológica da Água de Luso nas linhas de enchimento da Fábrica Cruzeiro,

comparativamente à Fábrica de Luso, pode tornar esta proposta mais atrativa do

ponto de vista prático. Esta sugestão é igualmente interessante para o enchimento

de Água Cruzeiro, uma vez que, comparativamente à Água de Luso possui uma

concentração muito superior de microrganismos.

Outra constatação deste trabalho foi que a linha 5L apresenta uma concentração de

microrganismos inferior e, consequentemente, menor formação de biofilme que a

linha 4L, uma vez que foram verificados menores valores de microrganismos nos

ensaios da linha 5L do que na linha 4L. Esta situação deve-se possivelmente ao

facto da tubagem da linha 4L se encontrar mais exposta ao ambiente exterior,

possuindo, assim, uma maior exposição à radiação solar, o que aumenta a

temperatura da água e favorece o desenvolvimento microbiológico. Deste facto

advém a conclusão que as tubagens devem estar, o mínimo possível, exposta ao

ambiente exterior.

O aspeto mais relevante e importante do trabalho foi constatar que se obtiveram

bons resultados no estudo da redução da concentração de desinfetante, para

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

50

metade, na linha 4L; e da redução do número de desinfeções diárias, duas por

semana, nas linhas 4L e 5L. Obtiveram-se assim duas grandes vantagens, tanto a

nível económico, como a nível ambiental: redução de custos devido à menor

utilização de desinfetantes e ao tratamento de águas residuais mais facilitado, e a

redução do impacto ambiental decorrente do uso destes desinfetantes. Estima-se

que a validação destas alterações no processo de desinfeção origine uma redução

de 286 L de desinfetante clorado e 429 L de desinfetante peróxido, por ano,

equivalente a uma redução de custos diretos na ordem dos 1043,9 €/ano, uma

poupança correspondente a 55 %. Se se considerar também as poupanças indiretas

associadas à redução do tempo de trabalho do colaborador, despendido em cada

processo de desinfeção, e à menor quantidade de desinfetantes presente no

efluente líquido a neutralizar, a poupança total remete para um valor próximo de

2960,9 €/ano (68,56 % de poupança).

É, contudo, de salientar que a possibilidade de extrapolar estas metodologias, de

redução da concentração de desinfetante e da periodicidade das desinfeções

diárias, para as linhas da fábrica do Cruzeiro, deve ser cuidadosamente estudada e

ser previamente comprovado o seu sucesso diretamente nas linhas, uma vez que a

concentração de microrganismos da Água de Luso das linhas de enchimento da

fábrica Cruzeiro ser superior à das linhas de enchimento da fábrica Luso. Por outro

lado, apesar da reduzida concentração de microrganismos presentes na Água de

Luso, a possibilidade de adoção dessas metodologias nas atuais linhas de

enchimento da fábrica Cruzeiro, deve também ser ponderada devido ao longo

comprimento de tubagem que liga as duas fábricas, que aumenta a possibilidade de

contaminação.

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51 Ana Filipa Patrício Ferreira

Sugestões para trabalhos futuros:

Confirmar a possibilidade de redução das concentrações de desinfetantes e

redução do número de desinfeções diárias nas enchedoras das linhas de

enchimento da fábrica do Cruzeiro;

Avaliar a diferença entre deixar a enchedora com água ou totalmente vazia,

nos dias em que não é colocado o desinfetante;

Analisar concretamente as possíveis modificações (químicas e

microbiológicas) na Água de Luso que advêm do longo comprimento da

conduta que liga a instalação fabril de Luso à do Cruzeiro.

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INTRODUÇÃO

ESTÁGIO

RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

CONCLUSÕES

BIBLIOGRAFIA

ANEXOS

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55 Ana Filipa Patrício Ferreira

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

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INTRODUÇÃO

ESTÁGIO

RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

CONCLUSÕES

BIBLIOGRAFIA

ANEXOS

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59 Ana Filipa Patrício Ferreira

ANEXOS I – Compilação de todos os resultados dos ensaios efetuados Seguidamente serão apresentadas tabelas com todos os resultados obtidos no

decorrer do estágio, que foram usados para as representações gráficas

apresentadas ao longo desta tese.

Tabela 2 – Ensaios à linha 2L a 37 oC com 48 horas de incubação.

Ensaio Data Tipo de

desinfeção Momento de

recolha da amostra UFC/mL

Média (UFC/mL)

Desvio padrão

µ σ

1

22/5 (16H00)

e

23/5 (9H30)

Diária

Oxonia

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,05

0,04 0,01

0,05 0,01

0,04 0,03

0,07

0,04 0,02 0,03 0,03

0,06

0,06 0,01 0,07 0,05

Início enchimento (Após desinfeção)

0,13 0,10 0,02

0,11 0,04

0,09

0,10

0,13 0,15 0,02 0,17

0,15

0,07 0,08 0,02 0,07

0,10

2

23/5 (16H00)

e

24/5 (9H30)

Diária

Oxonia

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,02 0,01 0,01

0,01 0,00

0,02

0,00

0,00 0,01 0,01 0,01

0,02

0,00 0,01 0,02 0,00

0,03

Início enchimento (Após desinfeção)

0,05 0,04 0,02

0,04 0,02

0,05 0,02 0,02

0,03 0,01 0,04 0,04

0,32 0,29 0,05 0,31

0,23

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

60

3

24/5 (16H00)

e

28/5 (9H30)

Fim-de-semana

Asepto

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,01

0,01 0,00

0,01 0,00

0,01

0,01

0,00 0,01 0,01 0,02

0,01 0,01

0,01 0,00 0,02

0,01

Início enchimento (Após desinfeção)

0,03

0,02 0,01

0,07 0,04

0,01

0,01

0,06

0,10 0,03 0,12

0,12

0,11

0,08 0,03 0,05

0,08

4

28/5 (16H00)

e

29/5 (9H30)

Diária

Asepto

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,00

0,01 0,01

0,04 0,03

0,00

0,03

0,06

0,07 0,02 0,10

0,07

0,05

0,05 0,01 0,06

0,04

Início enchimento (Após desinfeção)

0,00

0,00 0,00

0,01 0,01

0,01

0,00

0,00

0,01 0,01 0,01

0,01

0,16

0,25 0,08 0,29

0,31

5

29/5 (16H00)

e

30/5 (9H30)

Diária

Asepto

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,01 0,00 0,00

0,01 0,01

0,01

0,00

0,00 0,03 0,04 0,05

0,19

0,00 0,00 0,00 0,00

0,00

Início enchimento (Após desinfeção)

2,01

1,77 0,35

0,74 0,32

1,52

0,87

0,41

0,45 0,14 0,34

0,61

0,00

0,00 0,01 0,01

0,00

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61 Ana Filipa Patrício Ferreira

Tabela 3 - Ensaios à linha 2L a 22 oC com 72 horas de incubação.

Ensaio Data Tipo de

desinfeção Momento de

recolha da amostra UFC/mL

Média (UFC/mL)

Desvio padrão

µ σ

1

18/7 (16H00)

Diária

Oxonia

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,40

0,40 0,02

0,32 0,09

0,42

0,39

0,31

0,32 0,01 0,32

0,33

0,65

0,60 0,05 0,57

0,57

0,23

0,23 0,01 0,21

0,24

19/7 (9H30)

Início enchimento (Após desinfeção)

2,38

2,33 0,05

1,15 0,11

2,31

2,29

1,10

1,08 0,16 0,91

1,22

1,18

1,23 0,05 1,24

1,28

0,48

0,52 0,05 0,57

0,52

2

24/7 (16H00)

Diária

Asepto

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,53

0,48 0,06

0,60 0,10

0,48

0,42

0,69

0,66 0,09 0,73

0,56

0,64

0,65 0,06 0,60

0,71

25/7 (9H30)

Início enchimento (Após desinfeção)

0,22

0,18 0,04

0,19 0,02

0,15

0,16

0,18

0,20 0,03 0,20

0,23

0,03

0,04 0,01 0,04

0,05

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

62

3

26/7

Diária

Asepto

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,13

0,66 0,53

0,54 0,16

1,18

0,66

1,23

1,25 0,25 1,01

1,51

0,50

0,43 0,07 0,42

0,36

27-Jul Início enchimento (Após desinfeção)

0,78

0,86 0,07

0,89 0,05

0,87

0,92

3,84

3,63 0,18 3,52

3,52

0,89

0,93 0,16 0,79

1,10

4

2/8 (16H00)

Diária

Oxonia

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,43 0,46 0,04

0,48 0,12

0,50 0,46

0,62 0,61 0,02 0,61

0,59

0,32 0,36 0,04 0,39

0,38

3/8 (9H30)

Início enchimento (Após desinfeção)

0,98 0,91 0,11

0,24 0,05

0,97 0,78 0,28

0,20 0,07 0,15 0,18

0,29 0,28 0,03 0,25

0,30

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63 Ana Filipa Patrício Ferreira

Tabela 4 – Ensaios, antes de reduzir a concentração de desinfetante na linha 4L, a 22 oC com 72 horas de incubação.

Ensaio Data Tipo de

desinfeção Momento de

recolha da amostra UFC/mL

Média (UFC/mL)

Desvio padrão

µ σ

1

6/2 (23H30)

e

7/2 (8H00)

Diária

Asepto

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,16

0,15 0,02

0,14 0,01

0,17

0,13

0,14

0,15 0,01 0,15

0,15

0,14

0,13 0,01 0,12

0,13

Início enchimento (Após desinfeção)

0,66

0,67 0,02

0,66 0,01

0,69

0,65

0,67

0,64 0,02 0,63

0,63

0,62

0,66 0,04 0,69

0,67

30 min de funcionamento

0,21

0,20 0,01

0,18 0,01

0,19

0,19

0,16

0,17 0,01 0,18

0,18

0,18

0,18 0,02 0,16

0,19

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

64

2

8/2 (23H30)

e

9/2 (8H00)

Diária

Asepto

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,13

0,12 0,02

0,12 0,01

0,14

0,10

0,11

0,12 0,01 0,11

0,13

0,09

0,11 0,02 0,13

0,10

Início enchimento (Após desinfeção)

0,71

0,75 0,04

0,74 0,02

0,76

0,79

0,69

0,72 0,03 0,75

0,73

0,79

0,74 0,06 0,67

0,77

30 min de funcionamento

0,21

0,24 0,03

0,24 0,02

0,26

0,24

0,25

0,22 0,03 0,21

0,20

0,28

0,26 0,02 0,26

0,24

3

16/2 (23H30)

e

17/2 (8H00)

Fim-de-semana

Asepto

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,21

0,21 0,04

0,21 0,01

0,25

0,18

0,20

0,21 0,02 0,21

0,23

0,18

0,20 0,02 0,21

0,21

Início enchimento / após desinfeção

1,96

1,72 0,32

1,51 0,18

1,84

1,35

1,39

1,42 0,15 1,29

1,59

1,21

1,39 0,20 1,61

1,35

30 min de funcionamento

0,16

0,18 0,02

0,17 0,01

0,19

0,18

0,17

0,18 0,01 0,17

0,19

0,16

0,17 0,02 0,15

0,19

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65 Ana Filipa Patrício Ferreira

Tabela 5 – Ensaios à linha 4L com redução da concentração de desinfetante (22 oC com 72 horas de

incubação).

Ensaio Data Tipo de

desinfeção Momento de

recolha da amostra UFC/mL

Média (UFC/mL)

Desvio padrão

µ σ

1

16/5 (16H30)

e

18/5 (8H30)

FDS

Asepto

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,03

0,03 0,01

0,08 0,06

0,03

0,02

0,17

0,14 0,02 0,13

0,13

0,08

0,08 0,01 0,09

0,08

Início enchimento (Após desinfeção)

0,98

0,47 0,47

0,06 0,03

0,39

0,05

0,03

0,06 0,03 0,05

0,09

0,10

0,06 0,03 0,06

0,03

2

27/6 (23H30)

e

28/6 (8H00)

Diária

Asepto

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,05

0,04 0,01

0,06 0,02

0,04

0,04

0,07

0,08 0,02 0,08

0,10

0,04

0,04 0,01 0,05

0,04

Início enchimento (Após desinfeção)

0,23

0,22 0,01

0,41 0,17

0,20

0,21

0,58

0,48 0,09 0,46

0,41

0,57

0,54 0,07 0,59

0,46

30 min de funcionamento

0,05

0,04 0,01

0,05 0,03

0,04

0,03

0,03

0,03 0,02 0,05

0,02

0,10

0,09 0,01 0,08

0,09

Page 82: Caracterização dos processos de desinfeção de equipamento ...files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/Teses/Tese_Mest_Ana... · a informação histórica sobre o Luso e toda a

“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

66

3

09/7 (23H30)

s/ colocação de desinfeção

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,38

0,34 0,04

0,36 0,15

0,30

0,33

0,49

0,52 0,04 0,51

0,57

0,23

0,22 0,02 0,22

0,20

10/7 (8H00)

Início enchimento (Após desinfeção)

0,28

0,31 0,03

0,35 0,17

0,31

0,34

0,23

0,21 0,03 0,18

0,21

0,54

0,54 0,03 0,57

0,51

4

23-Jul

Diária

Asepto

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,23

0,22 0,07

0,18 0,05

0,14

0,29

0,17

0,15 0,03 0,16

0,12

0,41

0,58 0,17 0,57

0,75

24-Jul Início enchimento (Após desinfeção)

1,58

1,59 0,13

0,12 0,07

1,46

1,72

0,22

0,17 0,05 0,17

0,12

0,09

0,07 0,02 0,07

0,05

5

30-Jul

s/ colocação de desinfeção

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,30

0,15 0,14

0,07 0,07

0,10

0,04

0,10

0,07 0,04 0,07

0,03

0,02

0,01 0,01 0,00

0,00

31-Jul Início enchimento (Após desinfeção)

3,80

2,11 0,99

1,08 0,99

2,22

1,99

1,03

1,00 0,04 1,00

0,96

0,22

0,13 0,09 0,12

0,04

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67 Ana Filipa Patrício Ferreira

6

02-Ago

s/ desinfeção

Fim enchimento (Antes desinfeção)

1,01

0,85 0,16

0,07 0,08

0,85

0,69

0,16

0,13 0,07 0,05

0,18

0,00

0,01 0,01 0,02

0,02

03-Ago Início enchimento (Após desinfeção)

0,55

0,46 0,11

0,31 0,13

0,48

0,34

0,28

0,27 0,04 0,30

0,23

0,23

0,20 0,02 0,19

0,19

7

07-Ago

s/ desinfeção

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,08

0,07 0,01

0,09 0,05

0,07

0,07

0,09

0,06 0,03 0,04

0,04

0,09

0,15 0,08 0,24

0,12

08-Ago Início enchimento (Após desinfeção)

0,33

0,27 0,06

0,20 0,11

0,21

0,28

>3

0,96

>3

0,96

0,14

0,12 0,06 0,05

0,16

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

68

8

09-Ago

s/ colocação de desinfeção

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,12

0,06 0,05

0,03 0,04

0,04

0,02

0,58

0,43 0,13 0,34

0,38

0,01

0,01 0,01 0,00

0,01

10-Ago

1a água na

enchedora

0,50

0,43 0,08

0,62 0,17

0,45

0,35

1,00

0,74 0,37 0,90

0,32

1,14

0,69 0,39 0,41

0,53

5 min de funcionamento

0,44

0,24 0,18

0,03 0,01

0,19

0,10

0,02

0,02 0,01 0,02

0,01

0,04

0,03 0,01 0,04

0,02

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69 Ana Filipa Patrício Ferreira

Tabela 6 – Ensaios à linha 5L a 37 oC com 48 horas de incubação.

Ensaio Data Tipo de

desinfeção Momento de

recolha da amostra UFC/mL

Média (UFC/mL)

Desvio padrão

µ σ

1

15/3 (23H30)

e

16/3 (8H00)

Diária

Oxonia

(Nota: ensaio com 75 horas de incubação)

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,22

0,23 0,01

0,21 0,02

0,24

0,22

0,23

0,22 0,02 0,24

0,20

0,14

0,19 0,04 0,20

0,22

0,17

0,20 0,06 0,27

0,17

Início enchimento (Após desinfeção)

0,46

0,50 0,03

0,48 0,02

0,52

0,51

0,47

0,49 0,03 0,48

0,53

0,47

0,46 0,01 0,46

0,46

30 min de funcionamento

0,36

0,33 0,03

0,36 0,03

0,31

0,33

0,41

0,39 0,03 0,39

0,36

0,36

0,37 0,02 0,39

0,37

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

70

2

19/3 (23H30)

e

20/3 (7H30)

sem desinfeção

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,05

0,06 0,01

0,10 0,03

0,06

0,07

0,11

0,13 0,02 0,14

0,14

0,07

0,10 0,04 0,08

0,15

0,09

0,09 0,02 0,11

0,07

1a água na

enchedora

0,43

0,59 0,16

0,72 0,18

0,60

0,74

0,63

0,65 0,21 0,86

0,45

0,88

0,93 0,08 1,02

0,89

Início enchimento (Após desinfeção)

0,31

0,49 0,19

0,57 0,11

0,68

0,48

0,48

0,70 0,20 0,87

0,75

0,38

0,52 0,14 0,65

0,52

30 min de funcionamento

0,26

0,22 0,03

0,20 0,05

0,20

0,21

0,07

0,14 0,07 0,21

0,13

0,17

0,24 0,06 0,29

0,25

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71 Ana Filipa Patrício Ferreira

3 26 e 27

de Março Sem

desinfeção

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,22

0,23 0,03

0,17 0,06

0,21

0,26

0,14

0,18 0,03 0,20

0,20

0,10

0,11 0,05 0,07

0,16

Início enchimento (Após desinfeção)

0,73

0,75 0,11

0,79 0,19

0,87

0,65

0,64

0,62 0,12 0,73

0,49

0,94

0,99 0,10 1,11

0,93

30 min funcionamento

0,13

0,17 0,04

0,19 0,02

0,18

0,21

0,18

0,21 0,03 0,23

0,22

0,25

0,20 0,04 0,18

0,17

4 16-Abr Sem

desinfeção Fim enchimento

(Antes desinfeção)

0,04

0,09 0,05

0,09 0,03

0,14

0,08

0,06

0,06 0,02 0,04

0,08

0,11

0,11 0,01 0,12

0,11

Page 88: Caracterização dos processos de desinfeção de equipamento ...files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/Teses/Tese_Mest_Ana... · a informação histórica sobre o Luso e toda a

“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

72

5

17-Abr

Diária

Asepto

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,10

0,09 0,03

0,12 0,03

0,06

0,12

0,18

0,15 0,04 0,16

0,10

0,09

0,13 0,06 0,20

0,09

18-Abr

Início enchimento (Após desinfeção)

0,32

0,36 0,07

0,30 0,08

0,32

0,44

2,38

2,39 0,31 2,70

2,08

0,30

0,24 0,71 0,18

1,47

30 min funcionamento

0,36

0,27 0,08

0,22 0,07

0,24

0,20

0,20

0,17 0,03 0,14

0,16

0,81

1,00 0,23 1,25

0,93

6

08-Mai

Diária

Oxonia

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,10

0,11 0,02

0,07 0,03

0,13

0,09

0,05

0,05 0,02 0,07

0,04

0,04

0,06 0,02 0,06

0,07

09-Mai

Início enchimento (Após desinfeção)

0,02

0,06 0,03

0,06 0,02

0,07

0,08

0,09

0,08 0,05 0,03

0,12

0,05

0,05 0,01 0,04

0,06

30 min de funcionamento

0,05

0,06 0,00

0,07 0,02

0,06

0,06

0,05

0,09 0,03 0,11

0,09

0,07

0,05 0,02 0,05

0,03

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73 Ana Filipa Patrício Ferreira

7

15-Mai

sem desinfeção

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,03

0,04 0,03

0,07 0,04

0,07

0,02

0,05

0,07 0,01 0,07

0,08

0,08

0,11 0,03 0,13

0,13

16-Mai

água retida nos bicos (durante a paragem)

0,19

0,19 0,01

0,20

0,17

1a água a passar pela

enchedora

0,17

0,17 0,00

0,17

0,17

10 min de descarga

0,15

0,10 0,07

0,12 0,05

0,01

0,13

0,11

0,09 0,02 0,07

0,08

0,16

0,18 0,02 0,19

0,19

Início enchimento (Após desinfeção)

>3

>3

0,72 0,66

>3

>3

1,31

1,19 0,19 1,28

0,97

0,28

0,25 0,03 0,21

0,26

8 18 e 21 de Maio

FDS

Asepto

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,01

0,01 0,01

0,02 0,01

0,01

0,03

0,02

0,02 0,01 0,03

0,03

0,03

0,02 0,01 0,03

0,02

Início enchimento (Após desinfeção)

0,17

0,17 0,01

0,18 0,00

0,18

0,17

0,18

0,18 0,01 0,20

0,18

0,20

0,18 0,02 0,17

0,17

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74

9 11 e 12

de Junho sem

desinfeção

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,00

0,00 0,00

0,00 0,00

0,00

0,00

0,01

0,00 0,01 0,00

0,00

2,87

2,67 0,28 2,78

2,35

Início enchimento (Após desinfeção)

0,04

0,03 0,01

0,01 0,01

0,02

0,03

0,00

0,00 0,00 0,01

0,01

0,01

0,01 0,00 0,01

0,00

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75 Ana Filipa Patrício Ferreira

Tabela 7 – Ensaios à linha 5L a 22 oC com 72 horas de incubação.

Ensaio Data Tipo de

desinfeção Momento de

recolha da amostra UFC/mL

Média (UFC/mL)

Desvio padrão

µ σ

1

22/3 (23H30)

e

23/3 (7H30)

sem desinfeção

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,00

0,01 0,01

0,01 0,01

0,01

0,01

0,01

0,01 0,01 0,00

0,02

0,05

0,02 0,03 0,00

0,00

1a água

0,08

0,10 0,09

0,06 0,04

0,20

0,02

0,04

0,05 0,03 0,08

0,02

0,05

0,03 0,02 0,03

0,01

Início enchimento (Após desinfeção)

>3

>3

0,03 0,02

>3

>3

0,01

0,02 0,01 0,01

0,03

0,05

0,04 0,03 0,07

0,01

30 min funcionamento

0,00

0,00 0,01

0,00 0,00

0,00

0,01

0,00

0,00 0,00 0,00

0,00

0,00

0,01 0,01 0,01

0,01

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76

2 12 e 13 de Abril

sem desinfeção

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,11

0,04 0,06

0,03 0,02

0,02

0,00

0,01

0,01 0,01 0,01

0,00

0,02

0,04 0,02 0,06

0,04

0,00

0,01 0,01 0,02

0,02

Água retida nos bicos durante a

paragem > 3 > 3

Início enchimento (Após desinfeção)

0,21

0,20 0,04

0,33 0,12

0,23

0,15

0,44

0,35 0,10 0,36

0,24

1,06

0,97 0,08 0,92

0,94

0,62

0,43 0,17 0,40

0,28

30 min funcionamento

>3

>3

0,09 0,07

>3

>3

0,17

0,15 0,02 0,15

0,13

0,04

0,11 0,06 0,14

0,14

0,04

0,02 0,02 0,00

0,02

3 18-Abr Diária

Asepto

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,03

0,01 0,01

0,01 0,01

0,01

0,00

0,28

0,13 0,14 0,11

0,00

0,01

0,00 0,01 0,00

0,00

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77 Ana Filipa Patrício Ferreira

4

19-Abr

sem desinfeção

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,00

0,00 0,00

0,00 0,00

0,00

0,00

0,00

0,00 0,00 0,00

0,00

0,00

0,00 0,01 0,00

0,01

20-Abr

Início enchimento (Após desinfeção)

1,94

1,70 0,23

0,90 1,13

1,48

1,68

3,68

> 3

> 3

> 3

0,10

0,10 0,00 0,10

0,10

30 min funcionamento

0,21

0,21 0,01

0,13 0,11

0,20

0,21

0,06

0,05 0,04 0,00

0,08

0,79

0,82 0,03 0,84

0,84

5 16 e 18 de Maio

FDS (1.2)

Asepto

(17/5 Feriado)

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,01

0,01 0,01

0,01 0,00

0,00

0,01

0,03

0,01 0,01 0,01

0,00

0,01

0,01 0,01 0,01

0,03

Início enchimento (Após desinfeção)

0,20

0,21 0,02

0,23 0,01

0,23

0,21

0,23

0,23 0,03 0,26

0,20

0,23

0,24 0,03 0,27

0,21

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78

6 26 e 27

de Junho

Diária

Asepto

(Nota: 113 horas de

incubação)

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,13

0,13 0,02

0,21 0,07

0,15

0,11

0,36

0,26 0,09 0,25

0,18

0,22

0,23 0,03 0,27

0,21

Início enchimento (Após desinfeção)

0,73

0,68 0,05

0,69 0,04

0,66

0,64

0,86

0,74 0,11 0,64

0,71

0,81

0,65 0,15 0,63

0,51

7 28 e 29

de Junho

Diária

Asepto

(Nota: 113 horas de

incubação)

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,11

0,13 0,02

0,14 0,01

0,14

0,15

0,14

0,15 0,01 0,15

0,15

0,14

0,15 0,02 0,16

0,14

30 min funcionamento

1,04

1,02 0,09

0,16 0,02

1,09

0,92

0,16

0,15 0,01 0,14

0,15

0,17

0,18 0,05 0,23

0,13

8 5 e 6 Julho

Diária

Oxonia

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,01

0,00 0,00

0,01 0,00

0,00

0,00

0,00

0,00 0,00 0,01

0,01

0,01

0,01 0,00 0,01

0,01

Início enchimento (Após desinfeção)

0,14

0,13 0,01

0,12 0,02

0,13

0,11

2,45

2,43 0,09 2,51

2,33

0,11

0,10 0,01 0,11

0,09

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79 Ana Filipa Patrício Ferreira

9 2 e 3 de Agosto

Diária

Oxonia

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,02

0,01 0,01

0,01 0,00

0,00

0,01

0,03

0,02 0,01 0,01

0,01

0,01

0,01 0,02 0,00

0,03

Início enchimento (Após desinfeção)

0,06

0,05 0,02

0,07 0,02

0,03

0,07

0,09

0,08 0,01 0,09

0,07

0,53

0,48 0,05 0,45

0,45

10 9 e 10 de Agosto

Diária

Asepto

Fim enchimento (Antes desinfeção)

0,03

0,01 0,02

0,01 0,00

0,00

0,01

0,01

0,01 0,01 0,00

0,01

0,02

0,01 0,01 0,01

0,01

Início enchimento (Após desinfeção)

>3

>3

0,07 0,01

>3

>3

0,10

0,07 0,03 0,05

0,05

0,08

0,08 0,02 0,10

0,06

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

80

Tabela 8 – Ensaios à válvula secundária com tubagem comum à linha 4L.

Ensaio Data Momento de recolha

da amostra UFC/mL

Média (UFC/mL)

Desvio padrão

1

6/2 (23H30)

e

7/2 (7H30)

Fim enchimento

0,25

0,24 0,02 0,21

0,25

Início enchimento

0,80

0,82 0,02 0,83

0,83

30 min funcionamento

0,17

0,18 0,01 0,19

0,17

2

8/2 (23H30)

e

9/2 (7H30)

Fim enchimento

0,18

0,18 0,01 0,19

0,18

1a água na tubagem

0,18

0,18 0,02 0,16

0,19

10 min de descarga

0,65

0,64 0,02 0,62

>3

Início enchimento

0,71

0,71 0,01 0,72

0,71

30 min funcionamento

0,19

0,19 0,03 0,16

0,21

3

16/2 (23H30)

e

17/2 (7H30)

Fim enchimento

0,23

0,23 0,03 0,26

0,21

1a água na tubagem

>3

>3

>3

1,79

5 min de descarga

0,23

0,23 0,03 0,21

0,26

15 min de descarga

0,21

0,20 0,01 0,20

0,20

Início enchimento

0,22

0,22 0,01 0,22

0,23

30 min funcionamento

0,19

0,20 0,02 0,19

0,23

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81 Ana Filipa Patrício Ferreira

4 18/7 às 17H30

Instante 0 > 3

1 min de descarga

4,00

4,03 0,20 4,24

3,84

2 min de descarga

1,81

1,91 0,10 2,01

1,92

5 min de descarga

1,52

1,42 0,11 1,31

1,44

10 min de descarga

1,21

1,10 0,14 0,94

1,15

15 min de descarga

0,55

0,56 0,02 0,58

0,56

20 min de descarga

0,36

0,37 0,02 0,39

0,37

25 min de descarga

0,34

0,34 0,04 0,30

0,38

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

82

Tabela 9 – Ensaios à linha 6C a 22 oC com 72 horas de incubação.

Ensaio Data Tipo de

desinfeção Momento de

recolha da amostra UFC/mL

Média (UFC/mL)

Desvio padrão

µ Σ

1

9/10

15H15 e

16H30

40H

Asepto

Antes desinfeção > 6 >6

Após desinfeção

> 6 > 6

1,27 0,64

2,25

1,98 0,27 1,98

1,72

0,77

0,76 0,02 0,74

0,76

1,01

1,06 0,31 1,39

0,78

2 16/10

às 16H00

40H

Oxonia

Antes desinfeção

4,12

4,14 0,17

4,19 0,76

4,32

3,98

3,96

3,85 0,31 3,5

4,1

3,28

3,51 0,20 3,58

3,66

5,22

5,26 0,30 4,98

5,58

Após desinfeção

2,72

2,73 0,06

2,45 0,48

2,8

2,68

2,76

2,73 0,16 2,88

2,56

0,5

0,47 0,03 0,44

0,46

2,04

1,89 0,27 2,06

1,58

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83 Ana Filipa Patrício Ferreira

3

18/10

às 6H00 e 11H00

Mensal

Fim enchimento (Antes desinfeção)

2,62

3,08 0,71

2,77 0,86

2,72

3,9

> 6 >6

1,8

1,79 0,09 1,7

1,88

3,48

3,43 0,24 3,64

3,16

Início enchimento (Após desinfeção)

1,16

1,03 0,14

0,97 0,08

0,88

1,04

> 6 >6

0,12

0,11 0,01 0,12

0,1

0,96

0,91 0,08 0,94

0,82

4

19/10 (23H30)

e

22/10 (00H30)

FDS

Oxonia

Fim enchimento (Antes desinfeção)

> 6 >6

Início enchimento (Após desinfeção)

1

1,11 0,17

1,15 0,12

1,02

1,3

4,1

4,02 0,14 4,1

3,86

0,96

1,05 0,13 1,2

0,98

1,3

1,29 0,18 1,46

1,1

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“Caracterização do processo de desinfeção … por análise microbiológica”

84

5 23/10 às 12H00

40H

Asepto

Antes desinfeção

> 6 >6

> 6

0,48

0,42 0,18 0,56

0,22

Após desinfeção

3,1

3,06 0,14

4,39 1,21

2,9

3,18

4,26

4,68 0,44 4,64

5,14

5,5

5,42 0,19 5,2

5,56

> 6 > 6

6

27/10 (23H30)

e

29/10 (00H30)

FDS

Asepto

Fim enchimento (Antes desinfeção)

> 6 > 6

Início enchimento (Após desinfeção)

4,6

4,51 0,26

3,10 1,55

4,72

4,22

> 6 > 6

1,6

1,45 0,15 1,3

1,44

3,56

3,34 0,19 3,2

3,26

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85 Ana Filipa Patrício Ferreira

II – Concordância em contagens inferiores a 30 UFC

Os ensaios realizados com 100 mL de volume de amostra filtrado, que obtiveram

maioritariamente contagens inferiores a 30 UFC (dependendo das linhas), tiveram

resultados proporcionais aos realizados com volumes maiores. Consequentemente

houve a possibilidade de se utilizar esse volume de filtrado, poupando material

(frascos) e usufruindo de uma maior comodidade no manuseamento das amostras.

Tabela 10 - Três exemplos de ensaios efetuados para avaliar a concordância entre contagens, inferiores e

superiores a 30 para as mesmas amostras, variando o volume filtrado.

Contagem Volume filtrado

(mL) UFC/mL Média (UFC/mL)

11 100 0,11 0,13 41 300 0,14

92 600 0,15

14 100 0,14 0,15 46 300 0,15

88 600 0,15

28 200 0,14 0,15 49 300 0,16

54 400 0,14

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86

III – Caracterização de águas (Decreto-Lei no 156/98)

Existe um dado número de menções, e respetivos critérios, usados para caracterizar

mais especificamente uma água, como definido no Decreto-Lei nº 156/98.

Tabela 11 – Menções e critérios previstos no Artigo 11o do DL no 156/98.

Menções Critérios Oligomineral

(pouco mineralizada) O teor em sais minerais não é superior a 500 mg/L

Muito pouco mineralizada O teor em sais minerais não é superior a 50 mg/L

Rica em sais minerais O teor em sais minerais é superior a 1500 mg/L

Bicarbonatada O teor em bicarbonato é superior a 600 mg/L

Sulfatada A concentração em sulfatos é superior a 200 mg/L

Cloretada A concentração em cloro é superior a 200 mg/L

Cálcica A concentração em cálcio é superior a 150 mg/L

Magnesiana A concentração em magnésio é superior a 50 mg/L

Fluoretada A concentração em fluor é superior a 1 mg/L

Ferruginosa A concentração em ferro bivalente é superior a 1 mg/L

Gasocarbónica O teor em gás carbónico livre é superior a 250 mg/L

Sódica A concentração em sódio é superior a 200 mg/L

Conveniente para um regime pobre em sódio A concentração em sódio é inferior a 20 mg/L

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IV - Parâmetros de controlo da qualidade da água destinada ao

consumo humano (Decreto-Lei no 306/2007)

Existe um vasto número de valores paramétricos que devem ser cumpridos, por

forma a controlar a qualidade da água destinada ao consumo humano. Na próxima

tabela são apresentados os valores para os parâmetros químicos, definidos no

Decreto-Lei nº 306/07.

Tabela 12 - Valores paramétricos para os parâmetros químicos a controlar na água destinada ao consumo humano.

Parâmetros Valor paramétrico e respetiva unidade Acrilamida 0,10 µg/L Antimónio 5,0 µg/L Sb Arsénio 10 µg/L As Benzeno 1,0 µg/L Benzo(a) pireno 0,010 µg/L Boro 1,0 mg/L B Bromatos 10 µg/L BrO3 Cádmio 5,0 µg/L Cd Crómio 50 µg/L Cr Cobre 2,0 mg/L Cu Cianetos 50 µg/L Cn 1,2 dicloroetano 3,0 µg/L Epicloridrina 0,10 µg/L Fluoretos 1,5 mg/L F Chumbo 10 µg/L Pb Mercúrio 1 µg/L Hg Níquel 20 µg/L Ni Nitratos 50 mg/L NO3

Nitritos 0,5 mg/L NO2

Pesticida individual 0,10 µg/L Pesticidas - Total 0,50 µg/L Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP) 0,10 µg/L

Selénio 10 µg/L Se Tetracloroeteno e tricloroeteno 10 µg/L Trihalometanos total (THM) 100 µg/L Cloreto de vinilo 0,50 µg/L

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Os valores dos parâmetros indicadores que devem ser cumpridos, no controlo da

qualidade da água destinada ao consumo humano, como definido no Decreto-Lei nº

306/07 são apresentados na seguinte tabela:

Tabela 13 - Valores paramétricos para os parâmetros indicadores a controlar na água destinada ao consumo humano.

Parâmetro Valor paramétrico e respetiva unidade Alumínio 200 µg/L Al Amónio 0,50 mg/L NH4 Cálcio ≤ 100 mg/L Ca (desejável) Cloretos 250 mg/L Cl

Clostridium perfringens (incluindo esporos) 0 UFC/100 mL

Cor 20 mg/L PtCo Condutividade 2500 µS/cm a 20 oC Dureza total 150 ≤ mg/L CaCO3 ≤ 500 (desejável)

pH ≥ 6,5 e ≤ 9,0 (água engarrafada: ≥ 4,5)

Ferro 200 µg/L Fe Magnésio ≤ 50 mg/L Mg (desejável) Manganês 50 µg/L Mn Microcistinas – LR total 1 µg/L Índice de Langelier (IL) - 0,5 < IL < + 0,5 Cheiro a 25 oC 3 Oxidabilidade 5 mg/L O2

Sulfatos 250 mg/L SO4 Sódio 200 mg/L Na Sabor a 25 oC 3 Carbono orgânico total (COT) mg/L C Turvação 4 UNT α-total 0,5 Bq/L β-total 1 Bq/L Trítio 100 Bq/L Dose indicativa total 0,10 mSv/ano

Desinfetante residual 0,2 ≤ mg/L Cloro residual livre ≤ 0,6 (desejável)

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V – Gráficos representativos das eficiências dos desinfetantes usados.

A eficiência da eliminação dos microrganismos presentes na Água de Luso em

relação aos desinfetantes usualmente usados, com os devidos tempos de contacto

foi estudada anteriormente por (Santos, 2011), e encontra-se representada nas

seguintes figuras:

Figura 21 – Eficiência da eliminação de microrganismos na água de Luso em função da concentração de

Asepto usado com 8 horas de contacto.

Figura 22 - Eficiência da eliminação de microrganismos na água de Luso em função da concentração de Asepto usado com 30 minutos de contacto.

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Figura 23 - Eficiência da eliminação de microrganismos na água de Luso em função da concentração de

Oxonia usado com 8 horas de contacto

Figura 24 - Eficiência da eliminação de microrganismos na água de Luso em função da concentração de Oxonia usado com 30 minutos de contacto.

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VI – FICHA TÉCNICA DO AGENTE ASEPTO

P3-asepto 2000

Descrição: Produto de limpeza e de desinfeção líquido, alcalino, à base de cloro

ativo, indicado para a indústria alimentar.

Características: Combinação de substâncias alcalinas, agentes sequestrantes e

agentes oxidantes clorados, que permitem uma ação completa de limpeza.

Propriedades:

Aspeto Líquido amarelo

Odor a cloro

Natureza Alcalino clorado

pH (a 10 g/L H2O) (20 oC) 12,2

Densidade 1,21 g/cm3

Sensibilidade ao frio Inferior a -5 oC

Formação de espuma Não espumante

Prazo de validade 6 meses entre 0 e 30 oC

Toxicidade: De acordo com a sua concentração em agentes alcalinos e clorados é

perigoso para as mucosas e pele.

Segurança:

Em caso de contacto com os olhos, a pele, etc. lavar imediatamente e

abundantemente com água e consultar o mais rapidamente possível um médico.

Durante a manipulação do produto utilizar luvas, óculos, avental de acordo com o

especificado a ficha de dados de segurança.

De uma forma geral, todas as misturas de produtos detergentes são de evitar, em

particular um produto alcalino clorado concentrado com um produto ácido, gera uma

reação exotérmica muito perigosa e uma libertação de cloro muito tóxica.

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Este produto está classificado como perigoso. Antes de utilização ler atentamente os

conselhos mencionados no rótulo ou na ficha de dados de segurança.

Compatibilidade:

As soluções de PS-Asepto 2000 não devem se utilizadas sobre materiais ligeiros,

tais como o alumínio, bronze, latão e zinco, nem sobre galvanizados.

Pode ser aplicado com águas duras, pois complexa os sais de dureza da água.

Aplicações:

Este produto está particularmente adaptado à limpeza de materiais em aço inox e

plásticos. Não ataca ferro, esmalte vidrado, nem a maioria dos materiais sintéticos. É

particularmente recomendado para limpezas em circulação CIP de tubagens,

tanques, depósitos, maquinaria, e por aspersão em túneis/máquinas de lavagem de

caixas, tabuleiros, carros inox.

Modo de aplicação:

Limpezas CIP em geral

Concentração: 0,5 a 1% (p/v)

Temperatura: 50 – 70 oC (máx)

Tempo de contacto: 15 minutos a 1 hora

Limpezas por aspersão em túnel e máquinas de lavagem

Concentração: 1 a 2% (p/v)

Temperatura: 50 – 60 oC (máx)

Tempo de contacto: de 5 a 30 minutos

A sua utilização deve ser sempre seguida por um completo enxaguamento com

água potável.

Nunca aquecer uma solução de P3-asepto 2000 acima dos 70 oC, pois existe o risco

de libertação de cloro e de perda de eficiência, bem como o aumento do risco de

corrosão grave).

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93 Ana Filipa Patrício Ferreira

Controlo da concentração:

Titulação Concentração de P3-asepto 2000

Amostra: 50 mL

Titulante: HCl N/2

Indicador: Fenolftaleína

Neutralizar o cloro antes da adição do indicador, por adição de

algumas gotas de tiossulfato de sódio.

mL de HCl gasto x 0,52 = concentração em % (m/V)

Concentração de cloro ativo

Amostra: 100 mL

Titulante: Tiossulfato de sódio N/10

Indicador: Solução de amido

Antes de proceder à titulação adicionar 10 mL de iodeto de

potássio. Junta-se 10 mL de ácido sulfúrico para gerar meio

ácido. Esperar 1 a 2 minutos. Adicionar de seguida 1 a 2 mL de

solução de amido e titular.

mL de tiossulfato de sódio N/10 gasto x 35,5 = cloro em mg/L

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VII – FICHA TÉCNICA DO AGENTE OXONIA

P3-oxonia ativo 150

Descrição: Desinfetante líquido com base em peróxido de hidrogénio e ácido

peracético, indicado para a indústria láctea e de bebidas (indústria alimentar).

Características: Combinação estabilizada de ácido peracético e peróxido de

hidrogénio. Ação imediata a baixas temperaturas e eficaz contra todo o tipo de

microrganismos, incluindo esporos e vírus.

Propriedades:

Aspeto Líquido transparente incolor

Solubilidade A 20 oC em água (em todas as proporções)

pH (20 oC) 2,8 – 3,2 (a 1%, em água desionizada)

Viscosidade (20 oC) 1,7 mPas

Condutividade (20 oC) 0,285 mS/cm (a 1%, em água desionizada)

Densidade (20 oC) 1,08 – 1,13 g/cm3

Formação de espuma Não espumante

Armazenamento Entre -20 oC e 35 oC, por 1 ano

Compatibilidade:

Adequado para metais como o aço inoxidável, alumínio e aço estanhado. Em aço

zincado, cobre e suas ligas, assim como aço, tanto a perda de peso como a

estabilidade da solução dependem da concentração da aplicação. É possível usar

tempos de contacto curtos. Em desinfeções estáticas existe o risco de corrosão por

picadas sobre o aço inoxidável, devido à ação combinada do ácido e oxidante.

Soluções estáticas com águas de alto conteúdo de cloro e temperaturas altas

favorecem a corrosão por picadas.

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Adequado para plásticos, tais como, PE, PP, PVC rígido, PTFE e PVDF e

recobrimentos epóxi. Maiores concentrações e/ou outros materiais plásticos devem

ser estudados caso a caso. Os materiais plásticos podem ficar envelhecidos e

quebradiços.

As juntas de borracha devem ser testadas em cada caso. O envelhecimento pode

comprovar-se facilmente mediante um teste de imersão.

Aplicação:

O P3-oxonia ativo é um produto não espumante, utilizado na indústria alimentar para

uma desinfeção rápida de superfícies de aço inoxidável: sistemas CIP, tanques,

enchedoras, etc.

Modo de aplicação:

Utilizar por recirculação em sistemas automáticos de CIP depois da limpeza.

Concentração: 0,2 a 3 %

Temperatura: 5 – 40 oC

Tempo de contacto: até 30 minutos

Após o ciclo de desinfeção terminado, as superfícies tratadas deverão ser

enxaguadas com água.

Controlo da concentração:

Titulação Amostra: 100 mL

Titulante: Tiossulfato de sódio a 0,1 N

Permanganato de potássio a 0,1 N

Ácido sulfúrico a 25 %

Indicador: Iodeto de potássio e solução de amido a 1 %

ppm de H2O2 = mL de permanganato de potássio x 17

ppm de ácido peracético = mL de tiossulfato de sódio x 38

Uma solução a 0,1 % de P3-oxonia ativo 150 contém entre 140 e 70 ppm de

peróxido de hidrogénio e de ácido peracético.