caracterização de circuitos planares de micro- ondas pelo ... · 5.6 linha coplanar: (a)...
TRANSCRIPT
i
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
ELÉTRICA E COMPUTAÇÃO
Caracterização de Circuitos Planares de Micro-
ondas pelo Método Iterativo das Ondas
Valdemir Praxedes da Silva Neto
Orientador: Prof. Dr. Adaildo Gomes D’Assunção
Co-orientadora: Profª. Dra. Nathalie Raveu
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Elétrica e Computação da UFRN (área de
concentração: Engenharia Elétrica) como
parte dos requisitos para obtenção do título
de Mestre em Engenharia Elétrica e
Computação.
Natal, RN, Julho de 2013
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Catalogação da Publicação na Fonte
Silva Neto, Valdemir Praxedes da.
Caracterização de circuitos planares de micro-ondas pelo método iterativo das ondas. / Valdemir Praxedes
da Silva Neto. – Natal, RN, 2013.
85 f.: il.
Orientador: Prof. Dr. Adaildo Gomes D’Assunção.
Co-orientadora: Profa. Dra. Nathalie Raveu.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Programa
de Pós-Graduação Engenharia Elétrica e da Computação.
1. Ondas eletromagnéticas - Dissertação. 2. WCIP - Dissertação. 3. Antenas de microfita - Dissertação. 4.
Filtros planares – Dissertação. 5. Superfícies seletivas de frequência – Dissertação. 6. FSS – Dissertação. 7.
Circuitos de micro-ondas – Dissertação. I. D’Assunção, Adaildo Gomes. II. Raveu, Nathalie. III.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.
RN/UF/BCZM CDU 621.372
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
“Não nos perguntamos qual o propósito útil dos pássaros cantarem,
pois o canto é o seu prazer, uma vez que foram criados para cantar.
Similarmente, não devemos perguntar por que a mente humana
se inquieta com a extensão dos segredos dos céus… A diversidade do fenômeno da
Natureza é tão vasta e os tesouros escondidos nos céus tão ricos,
precisamente para que a mente humana nunca tenha falta de alimento."
(Johannes Kepler )
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
À minha família que sempre foi o pilar e
alicerce de toda minha vida e acima de tudo a
Deus, que me deu vida, sabedoria, saúde e a
esta família que foram os agentes que
proporcionaram alcançar mais esse objetivo.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
Agradecimentos
Agradeço a Deus, que me deu sabedoria e saúde, força nos momentos de fraqueza,
coragem nos momentos difíceis e determinação nos momentos incertos, para alcançar este
objetivo tão esperado por mim e todos ao meu redor.
Aos meus pais, José Valdemir e Francisca Helena, e à minha irmã, Fabíola, meus
agradecimentos pelo amor, confiança depositada, incentivo em nunca desistir. Vocês são os
principais motivos de ter persistido até o fim.
Aos meus tios, Otacílio e Amélia, que me acolheram durante todos esses anos aqui
em Natal, meus sinceros agradecimentos.
A todos que contribuíram para a realização deste sonho, em especial, meus avós e
tios;
Ao orientador, amigo e professor, Adaildo Gomes D’Assunção, pela dedicação,
compreensão e amizade comprovada no transcorrer deste trabalho, sempre me apoiando e
incentivando. Foi um modelo seguido durante toda minha jornada acadêmica e os
ensinamentos com ele obtidos serão levados por toda vida.
À co-orientadora, Nathalie Raveu, por todo apoio, incentivo e ensinamentos que
foram indispensáveis para a consolidação desse trabalho.
Às professoras Cristhianne de Fátima Linhas de Vasconcelos e Maria Rosa
Medeiros Lins de Albuquerque, pelos ensinamentos, otimismo, disposição, solidariedade,
incentivo e confiança depositados.
Aos demais mestres, colegas e funcionários da UFRN.
Ao CNPq e à CAPES, pelo suporte financeiro concedido para a realização deste
trabalho.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
Resumo
Os circuitos planares são estruturas que atraem cada vez mais a atenção dos
pesquisadores, pelo bom desempenho e pela capacidade de integração com outros
dispositivos, na prototipagem de sistemas de transmissão e recepção de sinais na faixa de
micro-ondas. Neste contexto, o estudo e o desenvolvimento de novas técnicas de análise
desses dispositivos têm contribuído de forma significativa na concepção de estruturas com
desempenhos excelentes e alto grau de confiabilidade. Neste trabalho, o método de onda
completa baseado no conceito de ondas eletromagnéticas e no princípio da reflexão e
transmissão de ondas em uma interface, Wave Concept Iterative Procedure (WCIP), ou
método iterativo das ondas é descrito como uma ferramenta com alto grau de precisão no
estudo de circuitos planares de micro-ondas. O método proposto é aplicado na
caracterização de filtros planares, antenas de microfita e superfícies seletivas de frequência.
Protótipos dos dispositivos foram construídos e os resultados experimentais comprovaram
o modelo matemático proposto. Os resultados obtidos também foram comparados com os
resultados simulados pelo Ansoft HFSS, tendo sido observada uma boa concordância entre
eles.
Palavras-chave: Ondas eletromagnéticas, WCIP, antenas de microfita, filtros planares,
superfícies seletivas de frequência, FSS, circuitos de micro-ondas.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
Abstract
The planar circuits are structures that increasingly attracting the attention of
researchers, due the good performance and capacity to integrate with other devices, in the
prototyping of systems for transmitting and receiving signals in the microwave range. In
this context, the study and development of new techniques for analysis of these devices
have significantly contributed in the design of structures with excellent performance and
high reliability. In this work, the full-wave method based on the concept of electromagnetic
waves and the principle of reflection and transmission of waves at an interface, Wave
Concept Iterative Procedure (WCIP), or iterative method of waves is described as a tool
with high precision study microwave planar circuits. The proposed method is applied to the
characterization of planar filters, microstrip antennas and frequency selective surfaces.
Prototype devices were built and the experimental results confirmed the proposed
mathematical model. The results were also compared with simulated results by Ansoft
HFSS, observing a good agreement between them.
Keywords: Electromagnetic waves, WCIP, microstrip antennas, planar filters, frequency
selective surfaces, FSS, microwave circuits.
CAPÍTULO1. INTRODUÇÃO
i
Sumário
Sumário i
Lista de Figuras v
Lista de Tabelas ix
Lista de Símbolos e Abreviaturas x
Capítulo 1 Introdução 1
Capítulo 2 Técnicas de Análise de Circuitos Planares de
Microfita
5
2.1 Introdução
5
2.2 Método do Circuito Equivalente
7
2.3 Método da Imitância
7
2.4 Método dos Momentos e Método de Garlekin
8
2.5 Método dos Elementos Finitos
9
2.6 Método FDTD 10
2.7 Método Iterativo das Ondas (WCIP)
11
2.8 Conclusão 12
Capítulo 3 Formulação do Método Iterativo das Ondas 13
CAPÍTULO1. INTRODUÇÃO
ii
(WCIP)
3.1 Introdução
13
3.2 Princípios do Método Iterativo
14
3.3 Os Diferentes Operadores
16
3.4 Determinação do Operador de Espalhamento no Domínio
Espacial
3.4.1 Caso de Interface com Condutor Perfeito
3.4.2 Caso de Interface com Dielétricos de Permissividades
Diferentes
3.4.3 Caso de Interface com Dielétricos de Mesma
Permissividade
3.4.4 Caso com Fontes: Fonte Unilateral no Meio 2
3.4.5 Caso com Fontes: Fonte Unilateral no Meio 1
3.4.6 Caso com Fontes: Fonte Bilateral
3.4.7 Caso de Pixel em Região de Carga
17
19
19
20
21
22
22
24
3.5 Determinação do Operador de Reflexão no Domínio Modal
25
3.6 O Processo Iterativo
27
3.7 Relação entre os Domínios Espacial, Espectral e Modal
29
3.8 Conclusão
30
Capítulo 4 Análise de Antenas de Microfita pelo Método WCIP
32
4.1 Introdução
32
4.2 Resultados Numéricos
4.2.1 Antena de Microfita com Patch Retangular Impresso
em Substrato Cerâmico
4.2.2 Antena de Microfita com Patch Circular impresso em
33
36
36
CAPÍTULO1. INTRODUÇÃO
iii
Substrato de Duas Camadas Dielétricas
4.2.3 Antena de Microfita com Patch em Anel Impresso
em Substrato Anisotrópico
40
4.3 Conclusão 43
Capítulo 5 Análise de Filtros de Micro-ondas pelo Método
WCIP
44
5.1 Introdução
44
5.2 Aproximações para Respostas em Frequências dos Filtros
5.2.1 Resposta do Tipo Butterworth
5.2.2 Resposta do Tipo Tchebychev
5.2.3 Resposta do Tipo Elíptica
46
47
47
48
5.3 Tecnologias para Filtros de Micro-ondas
5.3.1 Tecnologia Volumétrica
5.3.2 Tecnologia Planar
49
49
50
5.4 Principais Topologias de Filtros de Microfita
5.4.1 Filtro com Seções de Linhas de Transmissão em
Cascata
5.4.2 Filtro com Stubs
5.4.3 Filtro em Anel
52
52
53
54
5.5 Resultados Numéricos
5.5.1 Filtro Passa-Baixa
5.5.2 Filtro Passa-Faixa em Anel
56
56
58
5.6 Conclusão 61
CAPÍTULO1. INTRODUÇÃO
iv
Capítulo 6 Análise de Superfícies Seletivas de Frequência
pelo Método WCIP
62
6.1 Introdução
62
6.2 Técnicas de Análise e de Medição de FSS
63
6.3 Aplicações de FSS
65
6.4 Resultados Numéricos
6.4.1 FSS com Estrutura Reconfigurável
6.4.2 FSS Circular com Fendas Radiais: Geometria Quase-
Fractal
66
66
70
6.5 Conclusão 74
Capítulo 7 Conclusões
76
Referências Bibliográficas 79
Artigos Publicados e Submetidos 85
CAPÍTULO1. INTRODUÇÃO
v
Lista de Figuras
2.1 Circuito equivalente para uma antena patch retangular: (a) pacth retangular
e (b) circuito equivalente.
7
2.2 Aplicação do método da imitância: (a) linha de microfita sobre duas
camadas dielétricas, (b) circuito equivalente para modos TM e (c) circuito
equivalente para modos TE.
8
2.3 Aplicação do método dos elementos finitos: (a) filtros passa-baixa e (b)
malha (mesh) de solução por elementos finitos.
10
3.1 Formulação do problema pelo conceito de ondas
14
3.2 Discretização da superfície de incidência de ondas.
17
3.3 Superfície discretizada.
17
3.4 Circuito equivalente para a fonte bilateral.
24
3.5 Circuito equivalente para pixel em região de carga.
25
3.6 Caracterização dos meios externos: (a) estrutura a ser modelada e (b)
caracterização pelos operadores de admitância.
25
3.7 Processo iterativo WCIP para a primeira iteração.
27
3.8 Fluxograma do método WCIP.
29
3.9 Relação entre os domínios espacial, espectral e modal: (a) transformada
modal de Fourier e (b) transformada modal de Fourier inversa.
30
4.1 Antena de microfita com patch retangular.
32
4.2 Antena de microfita com patch retangular impressa em substrato cerâmico
34
4.3 Perda de retorno para antena com patch retangular. 34
CAPÍTULO1. INTRODUÇÃO
vi
4.4 Perda de retorno para diferentes malhas de discretização.
35
4.5 Antena de microfita com patch circular sobre duas camadas dielétricas.
36
4.6 Perda de retorno para antena em patch circular sobre duas camadas
dielétricas.
37
4.7 Perda de retorno para antena em pacth circular impressa em substrato FR4
(εr1=4,4) suspenso.
38
4.8 Perda de retorno para antena em pacth circular impressa em substrato
cerâmico (εr1=20) suspenso.
39
4.9 Antena de microfita com patch em anel circular impressa em substrato
anisotrópico.
40
4.10 Perda de retorno para antena com patch em anel impressa em um substrato
anisotrópico de Safira (εxx= εyy= 9,4 e εzz =11,6).
41
4.11 Perda de retorno para antena com patch em anel impressa em um substrato
anisotrópico de Epsilam-10 (εxx= εyy= 13 e εzz =10,3).
42
5.1 Resposta em frequência de filtros ideais: (a) passa-baixa, (b) passa-alta, (c)
passa-faixa (passa-banda) e (d) rejeita-faixa (rejeita-banda).
44
5.2 Transformações em frequência: (a) passa-alta, (b) passa-faixa. (c) rejeita-
faixa.
45
5.3 Arquitetura resumida de um sistema de transmissão/recepção sem fio.
46
5.4 Filtros de micro-ondas em tecnologia volumétrica: (a) filtro de ressoador
dielétrico de ordem 4, (b) filtro em guias de onda circular e (c) filtro em
cavidade ressonante
49
5.5 Linha de microfita: (a) estrutura física e (b) linhas de campo.
50
5.6 Linha coplanar: (a) estrutura física, (b) linhas de campo elétrico e
magnético com parede elétrica no plano de simetria (modo par) e (c) linhas
de campo elétrico e magnético com parede magnética no plano de simetria
(modo ímpar).
51
5.7 Transformação do filtro para o equivalente em linhas de transmissão.
52
5.8 Filtro passa baixa em linhas de transmissão: (a) rede LC e (b) equivalente
em linhas de transmissão.
53
CAPÍTULO1. INTRODUÇÃO
vii
5.9 Topologia de filtro com stubs com inversores de quarto de onda.
53
5.10 Topologia de filtro em anel: (a) ressoador em anel e (b) resposta em
frequência.
54
5.11 Filtro passa baixa em linha de trasmissão (L1 = 8mm, L2 = 7,8 mm,
W1=7,8mm, W2 = 3 mm).
56
5.12 Perda de retorno para o filtro passa baixa.
57
5.13 Perda por inserção par ao filtro passa baixa.
57
5.14 Filtro passa faixa em anel: (a) vista superior e (b) vista lateral.
59
5.15 Resposta em frequência para o filtro em anel. 59
6.1 Esquema básico de uma FSS.
62
6.2 Geometrias mais utilizadas de elementos para FSS.
63
6.3 Esquema de medição de FSS em câmara anecóica.
64
6.4 (a) Geometria do Elemento de FSS reconfigurável : (b) aproximação para
os diodos no estado ON e (c) aproximação para os diodos no estado OFF.
66
6.5 Coeficiente de transmissão para a FSS da Fig.6.4(b).
67
6.6 Coeficiente de transmissão para a FSS da Fig.6.4(c).
67
6.7 Coeficiente de transmissão em função do número de iterações: (a) diodos
conduzindo e (b) diodos cortados.
68
6.8 Coeficiente de transmissão para diferentes malhas de discretização para a
FSS da Fig.6.4(b).
69
6.9 Coeficiente de transmissão para diferentes malhas de discretização para a
FSS da Fig.6.4(c).
69
6.10 Elementos de FSS circular quase fractal: (a) k=0, (b) k=1 e (c) k=2. 70
6.11 Coeficiente de transmissão para a FSS em geometria circular quase fractal
(k=0, k=1 e k=2).
71
6.12 Coeficiente de transmissão para a FFS circular em geometria quase fractal
k=0.
72
CAPÍTULO1. INTRODUÇÃO
viii
6.13 Coeficiente de transmissão para a FFS em geometria circular quase fractal
k=1.
73
6.14 Coeficiente de transmissão para a FFS em geometria circular quase fractal
k=2.
73
CAPÍTULO1. INTRODUÇÃO
ix
Lista de Tabelas
4.1 Resposta em frequência para antena com patch retangular.
35
4.2 Resposta em frequência para antena com pacth circular em
substrato de FR4 suspenso.
38
4.3 Resposta em frequência para antena com pacth circular em
substrato cerâmico suspenso.
40
5.1 Especificações do filtro passa faixa em anel.
58
5.2 Performance do filtro passa faixa em anel.
60
6.1 Resposta em frequência para a FSS quase-fractal. 74
CAPÍTULO1. INTRODUÇÃO
x
Lista de Símbolos e Abreviaturas
A
Onda plana incidente numa superfície.
B
Onda plana refletida numa superfície.
0A
Onda plana gerada por uma fonte e incidente numa superfície.
E
Vetor campo elétrico.
tE
Vetor campo elétrico (componente tangencial).
H
Vetor campo magnético.
tH
Vetor campo magnético (componente tangencial).
Superfície de descontinuidade.
J
Vetor densidade de corrente superficial.
n
Vetor normal unitário.
S Operador de espalhamento (domínio espacial).
Operador de espalhamento (domínio modal).
Z0 Impedância característica.
mnf Base modal para os modos TE ou TM.
Y Operador admitância.
mnY Admitância de modos TE ou TM.
mn Constante de propagação para os modos TE ou TM.
ε Permissividade elétrica.
µ Permeabilidade magnética.
CAPÍTULO1. INTRODUÇÃO
xi
εr Permissividade elétrica relativa.
µr Permeabilidade magnética relativa.
ε0 Permissividade elétrica do vácuo.
µ0 Permeabilidade magnética do vácuo.
km,n Número de onda do modo de propagação (m,n).
λ Comprimento de onda.
h Altura do substrato.
TE Modo Transversal Elétrico.
TM Modo Transversal Magnético.
TEM
Modo Transversal Eletromagnético.
WCIP Wave Concept Iterative Procedure.
MoM Method of Moments (Método dos Momentos).
FDTD Finite Diference Time Domain (Diferenças Finitas no Domínio do Tempo).
FEM Finite Elements Method (Método dos Elementos Finitos).
CAPÍTULO1. INTRODUÇÃO
1
CAPÍTULO 1
Introdução
Nos últimos anos, a sociedade tem vivido um processo de avanço tecnológico que
atinge diversas áreas de conhecimento, sendo as telecomunicações um domínio que tem
atraído a atenção de muitos pesquisadores e indústrias de desenvolvimento tecnológico. A
expectativa por sistemas de telecomunicações eficientes, de fácil uso e com
estabelecimento rápido da interação entre usuários, e a diversidade da comunicação são
fatores que impulsionam estudos para buscar novas tecnologias que possibilitem a
concepção de sistemas que atendam tais requisitos.
A maioria dos novos serviços e produtos de telecomunicações permite a troca de
informações entre si, favorecendo assim a convergência de voz, dados e imagens entre os
diversos sistemas, exigindo taxas de transmissão elevadas. Em outras palavras, espera-se
uma grande flexibilidade para acessar e processar informações em quaisquer que sejam as
situações, em qualquer ponto do planeta.
Em consequência, o atendimento às necessidades atuais dos serviços oferecidos
pelas telecomunicações requer o desenvolvimento de novos componentes para integrar os
novos sistemas de comunicações.
O estudo de configurações para circuitos planares, como os de microfita [1]-[3], e
prototipagem de novos dispositivos é essencial para o desenvolvimento de novos sistemas
de comunicações que requerem de seu hardware baixo peso, dimensões reduzidas, baixo
custo, facilidade de construção e capacidade de integração com outras tecnologias, além de
operação em múltiplas bandas de frequência, com bandas de transmissão mais largas.
CAPÍTULO1. INTRODUÇÃO
2
Diversos foram os fatores que atraíram o desenvolvimento e pesquisas em torno da
prototipagem de circuitos de microfita. Dentre eles, podem ser destacados a melhoria
incessante e crescente das características elétricas dos substratos dielétricos (como
constante dielétrica, fator de dissipação, coeficiente de dilatação térmica e condutividade
térmica) e o avanço das tecnologias utilizadas na concepção de circuitos impressos.
Dentre os circuitos planares, uma grande atenção tem sido dedicada ao estudo de
antenas, filtros e Superfícies Seletivas de Frequência (Frequency Selective Surfaces - FSS),
pelo fato de que com esses três componentes é possível ser obtido toda os componentes
passivos de um front-end e back-end de transceptores sem fio.
A primeira idéia de antena de microfita foi proposta em 1953. Ela consiste em um
patch condutor impresso sobre um substrato dielétrico que é apoiado sobre um plano de
terra [1]. Essa estrutura destaca-se das demais configurações de antenas por apresentar
características de baixo peso e tamanho, facilidade de construção e capacidade de
integração com outros dispositivos. Estas características são típicas de circuitos planares. O
projeto de antenas de microfita concentra-se em torno dos seus elementos básicos: patch
condutor e tipo de substrato. Com relação ao patch condutor, diferentes geometrias podem
ser especificadas a fim de atender às características do sistema ao qual serão empregadas. A
escolha dos materiais utilizados como substratos é de extrema importância, podendo ser
dielétricos isotrópicos, dielétricos anisotrópicos, materiais nanoestruturados, materiais
ferrimagnéticos e metamateriais.
Filtros planares são componentes de grande importância para o front-end e back-end
de transmissores e receptores de sistemas de comunicação sem fio. Os filtros são circuitos
que apresentam um comportamento típico em função da frequência do sinal a eles aplicado,
permitindo a passagem de sinais com certas frequências, enquanto suprime sinais com
outras frequências [4]-[8]. Na tecnologia de microfita, os filtros são compostos por
ressoadores planares, obtidos a partir de diferentes métodos de concepção, sendo o mais
comum o uso da teoria de linhas de transmissão.
As superfícies seletivas de frequência são arranjos periódicos de patches condutores
ou de aberturas que exercem a função de filtros de ondas, empregados em sistemas de
comunicações sem fio, com o objetivo principal de filtrar sinais de frequências indesejadas
CAPÍTULO1. INTRODUÇÃO
3
[9]-[11]. Diversas são as configurações de patches e de aberturas utilizadas para nas
superfícies seletivas de frequência.
O objetivo principal deste trabalho é efetuar a análise de estruturas planares tais
como antenas, filtros e superfícies seletivas de frequência por meio do Método Iterativo das
Ondas (Wave Concept Iterative Procedure- WCIP), para aplicações em sistemas de
comunicações sem fio [12]-[17]. A proposição do WCIP, como método de análise de
circuitos planares, é justificada pela relevância do tema para as pesquisas atuais, o que tem
atraído a atenção de diversos pesquisadores.
Através do método WCIP serão determinados, neste trabalho, a frequência de
ressonância, a perda de retorno e largura de banda de antenas de microfita com diversas
configurações de patch condutor e diferentes tipos de substratos; a resposta em frequência
de filtros com diferentes configurações e gabaritos, bem como os coeficientes de
transmissão e reflexão de superfícies seletivas de frequência.
Os resultados obtidos pelo método WCIP serão validados a partir da comparação
com outros métodos de onda completa como o método dos momentos, o método dos
elementos finitos e com resultados experimentais para diversos casos. Os resultados
simulados são obtidos através de softwares comerciais tais como Ansoft HFSSTM
,
ADS/Momentum e Ansoft Designer. A apresentação deste trabalho está organizada em sete
capítulos que são descritos a seguir.
O Capítulo 2 apresenta uma visão geral sobre as técnicas e os métodos de análise de
circuitos planares, destacando suas características mais relevantes, aplicações e vantagens.
O Capítulo 3 apresenta o Método Iterativo das Ondas – WCIP, e suas aplicações em
circuitos planares. Inicialmente, é realizada uma breve introdução sobre o conceito de
ondas eletromagnéticas e, em seguida, é apresentado um detalhamento da formulação do
método. Uma apresentação dos operadores utilizados para descrever o circuito, pelo
método das ondas, no domínio espacial e espectral, é realizada e a relação de passagem
entre os domínios é focalizada por meio da Transformada Modal de Fourier.
O Capítulo 4 apresenta os resultados da aplicação do método WCIP para
caracterização de antenas de microfita com diferentes configurações de patch e diversos
tipos de substratos. Dentre os patches condutores são considerados o patch retangular e o
CAPÍTULO1. INTRODUÇÃO
4
circular, além do patch em anel. São considerados, neste trabalho, substratos dielétricos
isotrópicos convencionais, dielétricos anisotrópicos e substratos cerâmicos
nanoestruturados.
O Capítulo 5 apresenta os resultados da aplicação do método WCIP no estudo de
filtros planares para aplicações em sistemas de comunicações sem fio. São apresentados
filtros com gabaritos passa-baixa e passa-banda, sintetizados por diferentes metodologias
tais como: filtro com associações em cascata de seções de linhas com impedâncias
características diferentes e ressoadores em anel (geometria em espira quadrada).
O Capítulo 6 apresenta os resultados da aplicação do método WCIP para
caracterização de superfícies seletivas de frequência em formato espiral e a proposição de
uma nova geometria quase fractal circular é analisada. Os resultados são validados
comparando o modelo WCIP com outros métodos de onda completa e resultados
experimentais.
O Capítulo 7 apresenta as conclusões destacando as contribuições mais relevantes
deste trabalho. São destacadas a eficiência do método WCIP e a precisão nos resultados.
Além disso, são apresentadas perspectivas futuras para a realização de novos trabalhos.
CAPÍTULO 2. TÉCNICAS DE
ANÁLISE DE CIRCUITOS PLANARES MICROFITA
5
CAPÍTULO 2
Técnicas de Análise de Circuitos Planares de
Microfita
2.1 Introdução
Com o advento dos sistemas de comunicações modernos e a necessidade de
desenvolver dispositivos de dimensões pequenas e com alto grau de integração, muita
atenção tem sido dada aos dispositivos de microfita. Durante muito tempo, grande parte
destas pesquisas concentrou-se no estudo de filtros e antenas, porém, nos últimos anos, uma
atenção especial tem sido dedicada ao estudo das superfícies seletivas de freqüência (FSS –
Frequency Selective Surfaces). Essas três estruturas constituem, hoje, componentes de
grande relevância para o funcionamento de vários sistemas de comunicação.
Grande parte destes dispositivos são projetados para trabalharem nas frequências
de micro-ondas, que são ondas eletromagnéticas com comprimento de onda variando de
1m a 1 cm, correspondendo à faixa de frequências de 300 MHz a 30 GHz,
respectivamente. Esta faixa do espectro eletromagnético concentra a maioria das aplicações
dos sistemas de comunicações sem fio.
Os sistemas de micro-ondas continuam sendo amplamente desenvolvidos e
utilizados em links de comunicação que usam dispositivos de microfita, pelas inúmeras
vantagens que podem proporcionar em comparação aos dispositivos e circuitos com guias
de ondas e cavidades.
A análise de estruturas de transmissão planares, em suas diversas configurações,
tem sido necessária para a consolidação da tecnologia de circuitos integrados de micro-
CAPÍTULO 2. TÉCNICAS DE
ANÁLISE DE CIRCUITOS PLANARES MICROFITA
6
ondas e ondas milimétricas. A variedade e a versatilidade destas estruturas têm permitido
escolhas adequadas, visando a aplicações específicas, para circuitos que operam na faixa de
freqüências de 1 GHz a 300GHz.
As técnicas de análise de circuitos planares estão relacionadas com as características
estruturais do circuito (como dimensões físicas, geometrias e tipos de substratos) e o tipo de
dispositivo considerado (antena, filtro e FSS). Os métodos de análise de circuitos planares
são agrupados em duas grandes classes, denominadas de métodos aproximados e métodos
de onda completa.
Os métodos aproximados são, em sua maioria, satisfatoriamente precisos até
determinados valores de frequência, reduzindo a precisão na predição do desempenho da
estrutura, à medida que a freqüência aumenta [18]-[22]. Um dos métodos aproximados
mais usados é o método do circuito equivalente.
Os métodos de onda completa são caracterizados por apresentarem uma rigorosa
formulação matemática e por necessitarem de um esforço computacional e analítico maior,
quando comparados aos métodos aproximados [23]. Contudo, esses métodos fornecem
resultados mais precisos. Dentre eles podem ser destacados o método da imitância, o
método dos momentos, o método dos elementos finitos, o método das diferenças finitas no
domínio do tempo (FDTD) e métodos iterativos como o WCIP, que será utilizado nas
análises efetuadas neste trabalho.
Diversos são os softwares comerciais que podem ser utilizados na análise dos
circuitos planares. Esses softwares implementam alguns dos métodos de análise
anteriormente citados. Como exemplos podem ser citados o Ansfot HFSS (que implementa
o método dos elementos finitos), o Ansoft Design e ADS/Momentum (que implementam o
método dos momentos) e o CST (que implementa o método das diferenças finitas no
domínio do tempo).
A seguir, alguns métodos de análise de circuitos planares são apresentados de
forma resumida e generalizada.
CAPÍTULO 2. TÉCNICAS DE
ANÁLISE DE CIRCUITOS PLANARES MICROFITA
7
2.2 Método do Circuito Equivalente
O método do circuito equivalente, também conhecido como método da linha de
transmissão é uma técnica aproximada de análise de circuitos planares eficiente e produz
resultados satisfatórios. Neste método, cada elemento condutor é modelado por seu circuito
equivalente por meio de componentes localizados indutivos e capacitivos [18],[19]. Uma
antena patch retangular Fig. 2.1(a), por exemplo, pode ser representada por um circuito
equivalente formado por duas admitâncias em paralelo separadas por uma linha de
transmissão, como pode ser visto na Fig. 2.1(b).
Fig. 2.1 – Circuito equivalente para uma antena patch retangular: (a) patch
retangular e (b) circuito equivalente.
A partir da resolução do circuito equivalente são determinadas as características do
circuito de microfita em estudo. Esta técnica usa uma aproximação estática para o cálculo
das componentes do circuito, permitindo assim uma análise rápida e que requer pouco
esforço computacional. Embora apresente boa eficiência computacional, é um método de
precisão limitada.
2.3 Método da Imitância
O método da imitância consiste em substituir a estrutura planar por circuitos
equivalentes constituídos de linhas de transmissão [23]-[25]. São obtidos dois circuitos,
denominados, respectivamente, de circuitos para modos TE (tipo h) e circuitos para modos
CAPÍTULO 2. TÉCNICAS DE
ANÁLISE DE CIRCUITOS PLANARES MICROFITA
8
TM (tipo e). Essa técnica permite o desacoplamento dos modos TE e TM, simplificando a
equação matricial que será utilizada para a solução do circuito. A Fig. 2.2 exemplifica a
aplicação do método da imitância para uma linha de microfita básica, sobre duas camadas
dielétricas.
Fig. 2.2 – Aplicação do método da imitância: (a) linha de microfita sobre duas
camadas dielétricas, (b) circuito equivalente para modos TM e (c) circuito equivalente para
modos TE.
A análise pelo método da imitância no domínio espectral requer a solução do
problema de contorno. A imposição das condições de contorno adequadas à estrutura
conduz a equações algébricas que relacionam as componentes de campo tangenciais, com
as densidades de corrente tangenciais, através de uma matriz de impedância, determinada,
aplicando a teoria de linhas de transmissão aos circuitos das Figs. 2.2(b) e (c).
2.4 Método dos Momentos e Método de Garlekin
O método dos momentos tem sido largamente utilizado na análise de circuitos
planares [26]-[29]. Este método é usado para a discretização de equações integrais, obtida
na tentativa de determinar a corrente induzida sobre o circuito, que é desconhecida e no
CAPÍTULO 2. TÉCNICAS DE
ANÁLISE DE CIRCUITOS PLANARES MICROFITA
9
caso é o integrando da equação integral [26]. A análise pelo método dos momentos pode ser
realizada tanto no domínio modal como no domínio espectral.
Em geral, expande-se a distribuição de corrente em uma combinação linear de um
conjunto de funções de base com coeficientes desconhecidos [27]. Este método permite
discretizar uma equação integral convertendo-a em uma equação matricial.
A corrente superficial do circuito é então determinada por meio da resolução da
equação matricial. Embora o método dos momentos possa ser aplicado com eficiência na
análise de circuitos planares, em alguns casos necessita de um processamento pesado para a
construção das funções de Green, pois a mesma depende da geometria. A determinação
dessas funções e a escolha das funções de base são as etapas mais importantes para a
aplicação do método dos momentos.
A escolha das funções de base e de teste pode ser facilitada, quando utilizado um
caso particular do método dos momentos denominado de método de Garlekin. Neste caso,
as funções de base e de testes são idênticas e as soluções resultantes são da forma
variacional [29].
2.5 Método dos Elementos Finitos
O método dos elementos finitos é uma ferramenta poderosa para a resolução de
equações diferenciais parciais. O principio básico deste método consiste em discretizar o
domínio de integração da estrutura planar (ou volumétrica) a ser avaliada em um conjunto
de regiões infinitesimais (elementos finitos), convertendo agora o domínio de resolução em
um domínio discreto [30]-[31].
Estas unidades discretizadas podem apresentar qualquer forma geométrica bem
definida como elementos triangulares para configurações planares ou tetraédricas e
elementos prismáticos para configurações tridimensionais, satisfatórios para geometrias
curvadas. A Fig. 2.3(b), exemplifica uma malha discretizada sobre um filtro planar
analisado pelo método dos elementos finitos.
CAPÍTULO 2. TÉCNICAS DE
ANÁLISE DE CIRCUITOS PLANARES MICROFITA
10
Fig. 2.3 – Aplicação do método dos elementos finitos: (a) filtro passa-baixa e (b)
malha (mesh) de solução por elementos finitos.
O método envolve integração de funções de base sobre o domínio de definição que
é dividido em várias subseções. A dificuldade de resolver equações de onda com condições
de limite não-homogêneas pode ser contornada decompondo estas equações em dois
problemas de valor de limite, um através da equação de Laplace com um limite não-
homogêneo e o outro através de uma equação de onda não-homogênea com uma condição
de limite homogênea. O método resolve a equação de Laplace em cada subdivisão do
domínio de definição [31]-[32].
Um extensão do método dos elementos finitos conhecida é o método dos elementos
finitos na fronteira. Este método consiste na aplicação do método dos elementos finitos a
uma região de fronteira. A equação diferencial parcial que relaciona os campos (ou
correntes induzidas) na região de fronteira é convertida em uma equação integral por meio
da aplicação das identidades de Green. A integral de superfície, no caso das equações de
onda, é discretizada em N elementos e desenvolvida para cada elemento individualmente.
Esse método apresenta um menor esforço computacional que o método dos elementos
finitos tradicional.
2.6 O Método FDTD
O método das diferenças finitas no domínio do tempo é um método de onda
completa, baseado na discretização das equações de Maxwell no domínio do tempo e do
espaço. Essa técnica permite analisar estruturas não-homogêneas, circuitos com quaisquer
geometrias [33].
CAPÍTULO 2. TÉCNICAS DE
ANÁLISE DE CIRCUITOS PLANARES MICROFITA
11
Em cada elemento da discretização, as informações relacionadas com o material são
levantadas de forma que a equação diferencial possa ser discretizada e convertida em uma
equação de diferenças. Quanto maior o refinamento da malha de discretização, maior será a
precisão dos resultados. Entretanto, o esforço computacional será maior. Em cada célula da
malha, os campos são inicialmente nulos e, em seguida, as fontes são aplicadas com uma
distribuição de corrente com amplitudes compensadas. À medida que a fonte se desloca ao
longo da estrutura discretizada, o método FDTD atualiza as amplitudes nas células em
torno da vizinhança.
2.7 Método Iterativo Baseado no Conceito de Ondas Transversais
O Wave Concept Iterative Procedure (WCIP) é um método de análise de onda
completa, baseado no conceito de ondas. É um método extremamente simples, que foi
desenvolvido em meados dos anos 90 e pode ser utilizado para diversas aplicações.
A modelagem realizada emprega a relação entre onda refletida e incidente sobre o
circuito para descrever o comportamento das estruturas. O método considera uma
modelagem em dois domínios de definição: o domínio espacial e o domínio modal. A
relação de tranformação entre esses dois domínios é definida por meio da aplicação da
transformada modal de Fourier (FMT) e da transformada modal de Fourier inversa (IFMT
ou FMT-1
).
Por tratar-se de um método iterativo, o WCIP requer menor esforço computacional,
com um tempo de execução extremamente pequeno. Além disso, o método WCIP
apresenta-se bastante flexível para aplicações em diversos circuitos, tornando-se bastante
atrativo como uma ferramenta de análise.
Neste trabalho, o método WCIP será empregado na análise de circuitos planares. No
Capítulo 3, será apresentada uma formulação teórica do método WCIP e nos capítulos
seguintes, serão apresentados resultados do modelamento de diferentes circuitos planares
(antenas, filtros e FSS, por exemplo) por meio deste método, comprovando sua eficiência e
flexibilidade de aplicações.
CAPÍTULO 2. TÉCNICAS DE
ANÁLISE DE CIRCUITOS PLANARES MICROFITA
12
2.8 Conclusão
Neste capítulo, foram apresentados os principais métodos de análise de estruturas
planares de microfita. As técnicas de análise foram descritas e discutidas suas principais
aplicações. Para cada método foram apresentadas suas vantagens e limitações, merecendo
destaque o método utilizado neste trabalho, o WCIP, que se trata de um método de onda
completa, bastante flexível para diversas aplicações, com alta eficiência computacional e
um alto grau de precisão.
13
CAPÍTULO 3
Formulação do Método Iterativo das Ondas
(WCIP)
3.1 Introdução
Os métodos integrais clássicos utilizam uma formulação baseada em campos
elétrico e magnético para estabelecer relações impostas pelas condições de contorno. A
utilização desses campos implica no uso de operadores de impedância e admitância, no
entanto, outras formulações são possíveis como, por exemplo, uma formulação baseada
no conceito de ondas. O Wave Concept Iterative Procedure (WCIP) é um método
iterativo baseado no conceito de ondas, também definido como método iterativo das
ondas utilizado na resolução de problemas eletromagnéticos e análise de circuitos
planares [34]-[46]. Neste método, a formulação utiliza uma combinação linear dos
campos tangenciais para descrever e formular o problema.
Esse método baseia-se na formulação do problema em termos de ondas
transversais e se apoia, principalmente, em duas equações, uma no domínio espacial e a
outra no domínio modal. Ao contrário dos métodos integrais, como o método dos
momentos e o método de Galerkin, dentre outros, dos métodos diferenciais, como
FDTD e elementos finitos, o WCIP não faz uso de inversão matricial em sua resolução.
Esse método foi introduzido para resolver problemas eletromagnéticos
independentemente das características geométricas da interface do circuito.
Neste capítulo, serão apresentados os princípios fundamentais deste método
iterativo para o modelamento de circuitos planares de micro-ondas. Essa formulação
será confirmada com a obtenção dos resultados da análise de estruturas planares com
substratos com uma e múltiplas camadas dielétricas, apresentadas ao longo desta
dissertação.
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
14
3.2 Princípios do Método Iterativo
Considere uma superfície arbitrária Ω, de espessura desprezível, imersa em uma
região em que existe uma onda eletromagnética se propagando. Denomina-se
n o vetor
normal unitário em cada ponto da superfície ou ainda eixo de propagação da onda e
denomina-se iA
e iB
, respectivamente, as ondas incidentes e refletidas na interface Ω,
entre os meios 1 e 2, como mostra a Fig. 3.1.
Fig. 3.1 – Formulação do problema pelo conceito de ondas.
O princípio do método WCIP baseia-se no processo de reflexão de ondas.
Considere agora dois meios em uma dada região do espaço, separados por uma interface
Ω. Uma onda A0 incide perpendicularmente, na direção do vetor normal, a partir do
meio 1. Ao incidir sobre a interface Ω, ocorrem dois processos: uma parte da onda é
transmitida para o meio 2 ( 2B
), e outra parte é refletida de volta par ao meio 1, 1B
. Em
função das condições de contorno e de propagação dos meios, as ondas 1B
e 2B
sofrerão
processos de reflexão, gerando novas ondas incidentes na interface Ω, representadas por
1A
e 2A
, respectivamente.
Após a k-ésima repetição do processo, a onda resultante sobre a interface é
obtida pela soma de todas as ondas incidentes e refletidas. Parte da potência é absorvida
a cada iteração, pelas características da interface e pelas condições de propagação nos
meios. Nesse sentido, o processo converge e as ondas incidentes e refletidas podem ser
determinandas.
0A
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
15
A utilização do conceito de ondas permite expressar as ondas incidentes e
refletidas em termos das densidades das componentes tangenciais do campo elétrico e
magnético, como mostrado nas equações (3.1) e (3.2), para o meio i (i=1,2), na Fig. 3.1.
Assim, torna-se desnecessário o cálculo dos campos elétricos e das densidades de
corrente [34].
nHZEZ2
1A i0ii
0i
i
(3.1)
nHZEZ2
1B i0ii
0i
i
(3.2)
Em (3.1) e (3.2), Z0i representa a impedância do meio, dada por [34]:
i
i0i
ε
μZ (3.3)
onde µi e εi representam, respectivamente, a permeabilidade magnética e a
permissividade elétrica do meio i (i = 1,2), na Fig. 3.1.
Considerare ainda um vetor iJ
, para (i = 1,2) na Fig. 3.1, denominado densidade
de corrente superficial, que possui a mesma natureza do vetor H
e da densidade
superficial de corrente. Pode-se definir a densidade superficial de corrente pela seguinte
relação:
nHJ ii
(3.4)
Em estruturas em que os modos TE e TM se propagam, os vetores iE
e iJ
são
paralelos (colineares). Substituindo-se a equação (3.4) nas equações (3.1) e (3.2),
obtêm-se:
i0ii
0i
i JZEZ2
1A
(3.5)
i0ii
0i
i JZEZ2
1B
(3.6)
Combinando-se as equações (3.5) e (3.6), obtém-se as expressões do campo
elétrico e da densidade de corrente superficial em função das ondas incidentes e
refletidas, no meio i (i = 1, 2), mostradas a seguir:
ii0ii BAZE
(3.7)
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
16
ii
0i
i BAZ
1J
(3.8)
As equações (3.5) a (3.8) são as equações básicas do método WCIP e serão
citadas e utilizadas nas seções seguintes. Analisando-se essas equações, pode-se notar
que a formulação aqui apresentada não é apenas uma função dos campos e/ou das
correntes, mas de grandezas descritas como uma combinação linear destes. Observando-
se as equações (3.7) e (3.8), pode-se verificar que a partir dos valores determinados para
iE
e iJ
, na superfície do circuito, pode-se caracterizar o mesmo por alguns parâmetros
tais como impedância característica e frequência de ressonância, obtidos a partir das
grandezas determinadas. Com a utilização do método WCIP, esta caracterização pode
ser feita em diferentes domínios tais como espacial, espectral e modal.
3.3 Os Diferentes Operadores
A primeira etapa da formulação em ondas (WCIP) consiste em modelar a
estrutura que se deseja analisar, sendo efetuada por operadores de espalhamento. Os
operadores de espalhamento dependem da interface da estrutura. Ao contrário dos
métodos clássicos, a resolução das equações Maxwell e a aplicação das condições de
contorno na interface serão realizadas em duas etapas, por meio de dois tipos de
operadores que serão apresentados a seguir.
Para definirmos os operadores de espalhamento, a primeira etapa a ser realizada
é a discretização das diferentes superfícies construtivas da estrutura em pixels, de
dimensões dx e dy, como mostra a Fig. 3.2. Para cada pixel um operador diferente está
relacionado, e este operador levará em consideração as condições de contorno sobre esta
superfície em função dos diferentes materiais que a constituem, tais como, interface
dielétrico/dielétrico, condutor perfeito, isolante perfeito. Além disso, existem pixels que
delimitam regiões de fontes e de cargas.
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
17
Fig. 3.1 – Discretização da superfície de incidência de ondas.
Cada pixel corresponderá a um operador S definido no domínio espacial. Por
sua vez, o meio em torno da superfície será caracterizado por um operador de
espalhamento denominado , que levará em consideração a reação do ambiente externo
e este será definido no domínio modal. Este operador é chamado de operador de
reflexão.
3.4 Determinação do Operador de Espalhamento no Domínio Espacial
Considere-se uma superfície discretizada, conforme a Fig. 3.3, que separa dois
meios homogêneos 1 e 2, em que cada pixel representa um tipo de material. Nesse caso,
tem-se que os pixels em branco representam material dielétrico e os pixels em cinza
representam metal (material condutor). As condições de continuidade dos campos
tangenciais serão asseguradas pelo operador de espalhamento espacial. As relações de
continuidade das ondas são dependentes de cada tipo de material.
Fig. 3.2 – Superfície discretizada.
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
18
As ondas incidentes e refletidas são definidas nas regiões 1 e 2 (Fig. 3.3), a
partir dos campos pelas seguintes expressões [34]:
1011
01
1 JZEZ2
1A
(3.9)
1011
01
1 JZEZ2
1B
(3.10)
2022
02
2 JZEZ2
1A
(3.11)
2022
02
2 JZEZ2
1B
(3.12)
Analogamente, pode-se definir as expressões do campo elétrico e da densidade
de corrente superficial (consequentemente, do campo magnético, nas regiões 1 e 2 da
Fig.3.1 através das expressões:
11011 BAZE
(3.13)
11
01
1 BAZ
1J
(3.14)
22022 BAZE
(3.15)
22
02
2 BAZ
1J
(3.16)
O operador de espalhamento S levará em consideração o material de cada pixel
da superfície discretizada e será definido em função das ondas incidentes e refletidas.
Assim,
2
1
2
1
B
BS
A
A
(3.17)
O operador S , levará em consideração as seguintes as condições de
continuidade de campo:
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
19
perfeitos condutores para ,J
JJsdielétrico para 0,JJ
0JJ sdielétrico para ,E
perfeitoscondutores para 0,EE
2121
21
21
(3.18)
As relações que irão definir o operador serão apresentadas a seguir, para
diferentes tipos de materiais.
3.4.1. Caso de Interface com Condutor Perfeito
Tratando-se de uma interface em que o material é um condutor perfeito, as
componentes tangenciais do campo elétrico sobre essa superfície são nulas, ou seja,
0EE 21
. Reescrevendo as equações (3.5) e (3.6), pode-se concluir que para a
região i (i =1, 2, na Fig. 3.1), tem-se:
ii0i
i BJ2
ZA
(3.19)
Neste caso, a relação entre as ondas incidentes e refletidas na superfície é dada
pela equação:
2
1
2
1
B
B
10
01-
A
A
(3.20)
As ondas são completamente refletidas de cada lado da interface, Fig. 3.3, e os
dois meios são distintos.
3.4.2 Caso de Interface com Dielétricos de Permissividades Diferentes
Tratando-se de isolantes (dielétricos), o somatório das densidades superficiais de
corrente é nulo 0JJ 21
e o campo elétrico tangencial é contínuo, ou seja, 21 EE
.
Aplicando-se essas condições às equações (3.7) e (3.8), obtemos as seguintes
expressões:
2BAZBAZ 2021101
(3.21)
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
20
22
02
11
01
BAZ
1BA
Z
1
(3.22)
Resolvendo-se o sistema de equações anteriormente proposto, obtemos a
seguintes relações entre as ondas incidentes e refletidas nos meios 1 e 2 (Fig. 3.1):
2
1
12
21
2
1
B
B
ηη
ηη
A
A
(3.23)
onde definiremos os termos η1 e η2 são definidos por:
1η
2ηη
1η
1ηη
22
2
2
1
(3.24)
com 01
02
Z
Zη .
Neste caso, parte da onda é transmitida ao meio vizinho e outra parte é
parcialmente refletida, o que corresponde às condições de contorno entre os dois meios
dielétricos distintos em linhas de transmissão ou em guias de ondas.
3.4.3 Caso de Interface Preenchida com Dielétricos de Mesma
Permissividade
Este caso é um caso particular daquele desenvolvido anteriormente.
Observando-se as equações descritas em (3.24), para o caso em que temos o mesmo
meio dielétrico, verifica-se que η = 1, portanto, η1 = 0 e η2 = 1. Sendo assim, a relação
entre as ondas na interface em que os meios apresentam mesma permissividade são
descritas por:
2
1
2
1
B
B
01
10
A
A
(3.25)
Assim, todas as ondas são transmitidas, de um meio ao outro sem ocorrência de
reflexão.
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
21
3.4.4 Caso com Fonte Unilateral no Meio 2
Considere agora fontes de campo e de corrente no modelamento dos circuitos
planares. Essas grandezas estão relacionadas segundo a equação (3.26), onde Z0
representa a impedância característica do meio.
0
0
0 EZ
1J
(3.26)
As equações, a seguir, descrevem as condições impostas pela fonte. No meio 1,
existe um contato metálico, enquanto que no meio 2 a fonte é levada em consideração.
2002
1
JZEE
0E
(3.27)
Impondo essas condições nas equações que definem os campos e densidade de
corrente em função das ondas, obtemos o seguinte:
0BAZ 1101
(3.28)
22
02
002202 BABAZ
Z
ZE (3.29)
Resolvendo-se o sistema de equações formado pelas equações (3.28) e (3.29), a
relação entre as ondas sobre uma fonte unilateral localizada no meio 2, é descrita por:
02
01
2
1
2221
1211
2
1
A
A
B
B
χχ
χχ
A
A
(3.30)
onde os elementos da matriz são dados por:
02
0
02
0
22
2112
11
1
1
0
1
Z
Z
Z
Z
(3.31)
A fonte de onda incidente terá suas componentes definidas pela equação:
0
02
002
02
01
E
Z
Z1Z
1A
0A
(3.32)
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
22
Neste caso, o meio 2 é modelado por um fonte de campo não ideal, de
intensidade E0 e impedância interna Z0, enquanto que o meio 1 não apresentará nenhum
valor inicial para o campo e, consequentemente, para a onda incidente.
3.4.5 Caso com Fonte: Fonte Unilateral no Meio 1
No caso da fonte unilateral está inserida no meio 1, a formulação é feita
seguindo o mesmo procedimento apresentado anteriormente. Sendo assim, a relação
entre as ondas refletidas e incidentes na superfície da estrutura modelada é dada por
(3.30). No entanto, os elementos da matriz são definidos por:
1
0
1
1
22
2112
01
0
01
0
11
Z
Z
Z
Z
(3.33)
Neste caso, a fonte de onda incidente terá suas componentes definidas pela
equação:
0A
E
Z
Z1Z
1A
02
0
01
001
01
(3.34)
Neste caso, o meio 1 é modelado por um fonte de campo não ideal, de
intensidade E0 e impedância interna Z0, enquanto que o meio 2 não apresentará nenhum
valor inicial para o campo e, consequentemente, para a onda incidente.
3.4.6 Caso com Fonte: Fonte Bilateral
Considere uma fonte bilateral de campo elétrico (tensão) ou campo magnético
(corrente), definida nos dois meios 1 e 2, tal que satisfaça à relação seguinte:
210021 JJZEEE
(3.35)
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
23
Substituindo as condições expressas pela equação (3.35) nas equações de
definição de ondas, obtêm-se:
22021101 BAZBAZ
(3.36)
22
02
11
01
002202 BAZ
1BA
Z
1BAZ
ZE (3.37)
A resolução do sistema de equações formado pelas equações (3.36) e (3.37)
permite determinar a relação entre as ondas incidentes e refletidas. Da equação (3.30),
obtêm-se:
02
0
01
0
01
0
02
0
22
02
0
01
00201
02112
02
0
01
0
02
0
01
0
11
1
1
1
2
1
1
Z
Z
Z
Z
Z
Z
Z
Z
Z
Z
Z
ZZZ
Z
Z
Z
Z
Z
Z
Z
Z
Z
(3.38)
A fonte de onda deve apresentar as duas componentes não nulas, visto que os
campos nas interfaces são contínuos e diferentes de zero. Portanto, essa fonte é descrita
por:
0
02
0
01
002
02
0
02
0
01
001
01
E
Z
Z
Z
Z1Z
1A
E
Z
Z
Z
Z1Z
1A
(3.39)
Neste caso, os dois meios serão representados por uma mesma fonte de campo,
que geram a primeira onda incidente em cada lado, iniciando o processo iterativo
proposto pelo método WCIP. O circuito equivalente para esse tipo de fonte é mostrado
em Fig. 3.4.
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
24
Fig. 3.4 – Circuito equivalente para a fonte bilateral.
A alimentação de FSS é descrita por meio de fontes distribuídas, e essas são
levadas em consideração pelo método WCIP no domínio espectral não ocorrendo
nenhuma alteração no operador de espalhamento no domínio espacial.
3.4.7 Caso de Interface em Região de Carga:
Considerando-se um pixel em uma região definida por uma carga de impedância
Zc, conforme o circuito equivalente mostrada na Fig. 3.5. As condições de contorno
definidas em (3.40) são tais que as componentes do campo elétrico deve ser igual ao
produto da carga pelo somatório das densidades de correntes superficiais.
21c21 JJZEE
(3.40)
Aplicando-se (3.40), nas equações de definição das ondas incidentes e refletidas
em uma interface, tem-se que:
02
22
01
11c1101
Z
BA
Z
BAZBAZ
(3.41)
22021101 BAZBAZ
(3.42)
Ordenando-se o sistema de equações obtido por (3.41) e (3.42), tem-se que:
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
25
2
1
21
21
21
3
21
3
21
21
2
1
B
B
1ηη
1ηη
1ηη
η
1ηη
η
1ηη
1ηη
A
A
(3.43)
onde;
01
c1
Z
Zη (3.44)
02
c2
Z
Zη (3.45)
01
c1
Z
2Zη (3.46)
Fig. 3.5 – Circuito equivalente para pixel em região de carga.
3.5 Determinação do Operador de Reflexão no Domínio Modal
Para determinar o operador de espalhamento no domínio modal, que representa
o ambiente exterior à interface e considerando o meio homogêneo, é necessário que as
equações de Maxwell sejam resolvidas. Cada meio será representado por um operador
admitância definido no domínio modal, conforme está ilustrado na Fig. 3.6.
(a) (b)
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
26
Fig. 3.6 – Caracterização dos meios externos: (a) seção transversal da estrutura a ser
modelada e (b) caracterização pelos operadores admitância.
Cada meio será caracterizado por um operador admitância definido no domínio
modal e a partir deste operador admitância, é possível definir o operador espalhamento
ou reflexão no domínio modal. As interfaces serão caracterizadas por quadripolos
obtidos pela aplicação das condições de contorno, conforme foram apresentadas na
determinação do operador de espalhamento no domínio espacial.
O operador admitância depende das características do meio, da altura em relação
à interface e das admitâncias dos modos TE e TM, podendo ser definido como:
m n
α
mnimn
α
mn
α
mni f)hcoth(γYfY
(3.47)
onde α = TE ou α = TM, αmnf representa uma base modal ortonormal para os modos TE
ou TM e corresponde às soluções das equações de propagação determinadas em um
sistema de coordenadas que dependerá da forma e estrutura da interface. αmnY
representa a admitância de modo TE ou TM e mn representa a constante de
propagação. O operador de reflexão que representa cada meio está diretamente
relacionado ao operador admitância pela relação (3.48),
1
i0i0i YZII X YZIIΓ
(3.48)
com i designando o meio e II representando o operador identidade.
O operado i traduz a relação que o meio externo impõe às ondas incidentes e
refletidas. Tais relações podem ser resumidas segundo a equação:
2
1
2
1
2
1
2
1
A
Aˆ
A
A
ˆ0
0ˆ
B
B
(3.49)
Na formulação das ondas, toda estrutura pode ser modelada utilizando dois
operadores de espelhamento: um operador definido no domínio espacial, levando em
consideração as condições de contorno nas interfaces e um operador definido no
domínio modal levando em consideração a relação dos meios homogêneos em torno
dessas interfaces. Este é denominado operador de reflexão visto que o fenômeno de
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
27
interesse para o modelo, no domínio espectral, é a reflexão das ondas em função das
condições de propagação impostas pelos meios.
3.6 O Processo Iterativo
O princípio de funcionamento do método WCIP pode ser ilustrado pela Fig. 3.7,
que consiste em dois meios dielétricos de permissividades distintas separadas por uma
interface Ω. Inicialmente, uma onda (1)0A
, gerada por uma fonte conhecida (tensão ou
corrente), incide sobre a interface Ω, vindo do meio 2 (εr2) em direção ao meio 1 (εr1),
como pode ser visto na Fig. 3.7(a). Ao incidir sobre a interface, a onda (1)0A
sofre
espalhamento por meio de dois processos: reflexão e refração.
Parte do sinal é transmitido para o meio 1, gerando o sinal (1)1B
com mesma
direção e sentido que o vetor normal à interface na região 1. A parte do sinal refletida
gerará (1)2B
o sinal que se propaga no meio 2, na mesma direção do vetor normal a Ω,
como está ilustrado na Fig. 3.7(b).
Fig. 3.7 – Processo iterativo WCIP para primeira iteração.
Em função das características geométricas da estrutura e das condições de
contorno, as ondas (1)1B
e
(1)2B
sofrem reflexões nos meios 1 e 2, retornando em direção
à interface Ω, gerando as ondas (1)1A
e
(1)2A
, respectivamente, conforme mostra a Fig.
3.7(c). Na segunda iteração, a onda gerada pela fonte incidirá sobre a interface com
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
28
atribuição das duas ondas (1)1A
e
(1)2A
, que sofreram um processo de reflexão gerando as
ondas (2)1B
e
(2)2B
,como é indicado em Fig. 3.7(c) que receberam a influência do meio
externo sofrendo reflexão e, desta maneira, dando continuidade ao processo. A
continuidade do processo é ilustrado na Fig. 3.7(d).
Após a n-ésima iteração, a onda resultante sobre a interface será obtida pela
combinação de todas as ondas incidentes e refletidas. A cada iteração, parte da potência
é absorvida devido às características da interface, pelas condições de contorno nos
meios 1 e 2, levando o processo à convergência. Nesse sentido, as equações (3.50) e
(3.51) descrevem o processo iterativo do método WCIP.
)(
0
)()( AASB nn
i
n
i
(3.50)
(n)
i
(n)
i BΓA
(3.51)
onde S descreve o comportamento da onda ao incidir na superfície considerada no
domínio espacial, representa a reação dos meios 1 e 2 e são consideradas no domínio
espectral, i representa o meio e n representa o número de iterações.
A formulação do WCIP apresenta dois domínios distintos, onde a análise dos
campos é realizada, considerando os fenômenos eletromagnéticos sobre ondas: a
reflexão e a refração na interface Ω (domínio espacial) e a propagação e reflexão de
uma onda sobre um meio (domínio espectral). A Fig. 3.8 descreve o algoritmo básico do
método WCIP.
A cada iteração, a passagem do domínio espacial para o domínio espectral é
obtida pela transformada modal do Fourier (FMT). A utilização da FMT permite
realizar a decomposição das ondas em modos TEmn e TMmn. Para cada modo é
calculado o respectivo operador de espalhamento no domínio espectral que leva em
conta as características do meio.
A aplicação da transformada modal de Fourier consiste em passar os operadores
de espalhamento de domínio espacial para o domínio da frequência e em seguida
projetar esse operadores para o domínio de modos de propagação, por meio do produto
escalar do operador com as funções de base modal para os modos TE e TM.
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
29
Fig. 3.8 – Fluxograma do método WCIP.
O número de iterações que permite a convergência do método é determinado em
função do cálculo dos parâmetros do circuito, tais como admitância vista pela fonte, em
função das interações, uma vez que se este valor torna-se constante, pode-se concluir
que o processo atinge a convergência. O número de iterações para atingir a
convergência depende da geometria da estrutura e de suas dimensões.
3.7 Relação entre os Domínios Espacial, Espectral e Modal
A utilização do método WCIP como ferramenta de análise de circuitos planares
de micro-ondas, implica na passagem por três domínios distintos durante a resolução.
São eles o domínio espacial, espectral e modal. As equações (3.50) e (3.51) descrevem o
princípio de operação do método WCIP. A equação (3.50) descreve a relação entre as
ondas incidentes e refletidas em uma superfície no domínio espacial, enquanto que
(3.51) descreve as ondas refletidas em função dos meios em torno da interface.
Inicialmente, uma fonte conhecida gerará a primeira onda a incidir na superfície
do circuito. Ao incidir nessa interface, por meio de (3.50), está irá gerar as ondas 1B
e
2B
devido às condições de contorno no domínio espacial.
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
30
A análise de propagação será feita no domínio modal. Inicialmente, as ondas 1B
e 2B
serão passadas para o domínio espectral por meio da transformada rápida de
Fourier (Fast Fourier Transform - FFT). Em seguida, essas ondas são passadas para o
domínio modal por meio da decomposição das expressões dessas ondas (1B
e
2B
) em
modos TEmn e TMmn. A operação que consiste na aplicação da FFT e, em seguida, a
decomposição em termos dos modos denomina-se transformada modal rápida de
Fourier (Fourier Modal Transform - FMT).
Para cada modo, um operador de reflexão é calculado por meio da expressão
(3.48) e este aplicado a equação (3.51), permitindo obter as ondas 1A
e
2A
no domínio
modal. Por sua vez, essas ondas (1A
e
2A
) são submetidas à transformada modal rápida
de Fourier inversa, sendo novamente descritas no domínio espacial. A Fig. 3.9 descreve
as relações de transformações entre os três domínios presentes na resolução pelo método
WCIP.
(a) (b)
Fig. 3.9 – Relação entre os domínios espacial, espectral e modal: (a) transformada
modal de Fourier e (b) transformada modal de Fourier inversa.
3.8 Conclusão
Neste capítulo, foram descritos os princípios fundamentais do método WCIP. As
equações obtidas serão usadas em aplicações na caracterização de circuitos de micro-
ondas como será mostrado nos capítulos seguintes.
CAPÍTULO 3. FORMULAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO DAS (WCIP)
31
Especificamente, foram determinados os operadores de espalhamento no
domínio espacial e o operador de reflexão no domínio modal, além de obtidas as suas
expressões para casos particulares. Também foi descrito o processo iterativo adotado.
32
CAPÍTULO 4
Análise de Antenas de Microfita pelo Método
WCIP
4.1 Introdução
Uma antena de microfita consiste basicamente de um elemento radiante,
denominado de patch condutor, impresso sobre um substrato dielétrico, e um plano de terra,
conforme a geometria apresentada na Fig. 4.1. Tipicamente, o elemento radiante (patch)
pode assumir diversas geometrias tais como retângulo, círculo, triângulo, polígonos
regulares, espiras e geometrias fractais [47]-[50].
Fig. 4.1 – Antena de microfita com patch retangular.
Os materiais utilizados como substratos no projeto de antenas de microfita podem
ser de diferentes tipos, como por exemplo, dielétricos isotrópicos, dielétricos anisotrópicos
[51],[52], ferrimagnéticos [53]-[55] e metamateriais [56],[57], entre outros.
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE
ANTENAS DE MICROFITA PELO MÉTODO WCIP
33
Dentre as formas de alimentação das antenas patches de microfita, destacam-se a
alimentação por linha de microfita, por linhas de fenda, por ponta de prova (cabo coaxial), e
de acoplamento por abertura dentre outros.
As antenas de microfita apresentam particularidades no que diz respeito à estrutura
física e propriedades elétricas que, dependendo da aplicação para as quais são projetadas,
podem ser consideradas vantagens. Dentre essas particularidades podem ser citadas
dimensões e peso reduzidos, técnicas de construção fáceis, baixo custo de fabricação e alto
grau de integração com outros dispositivos, dentre outros fatores.
As técnicas tradicionais de análise de antenas de microfita são em geral
caracterizadas por serem diretamente relacionadas às características construtivas dessas
antenas. Essas técnicas são agrupadas nas categorias de métodos aproximados ou métodos
de onda completa. Dentre os métodos aproximados, destacam-se o método da linha de
transmissão e o método da cavidade.
Neste capítulo, serão apresentados resultados numéricos da caracterização de
antenas de microfita pela formulação de onda completa detalhada no capítulo anterior.
4.2 Resultados Numéricos
4.2.1 Antena de Microfita com Patch Retangular Impresso em Substrato
Cerâmico
A estrutura básica para a antena considerada nesta análise é apresentada na Fig. 4.2.
A antena é constituida de um patch retangular, impresso em uma pastilha cerâmica de
permissividade elétrica relativa igual a 16 e tangente de perdas igual 0,01 [58]. Foram
obtidos os resultados de perda de retorno para essa antena, e estes estão mostrados na Fig.
4.3.
As dimensões físicas da antena são as seguintes: Lpatch=14,5 mm, Wpatch=13,6 mm,
Wline=1,71 mm, Lline=7,79 mm. O substrato consiste em um cilindro cujo raio da base é
R=13,73mm e a altura é h=1,65mm.
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE
ANTENAS DE MICROFITA PELO MÉTODO WCIP
34
Fig. 4.2 – Antena de microfita com patch retangular impressa em substrato cerâmico.
A Fig. 4.3 apresenta os resultados obtidos para a perda de retorno, considerando
três diferentes técnicas de análise: o método WCIP, o método dos momentos e o método
dos elementos finitos (Ansoft HFSS). Os resultados experimentais mostram que a antena
apresenta uma ressonância na frequência de 7,32 GHz e uma perda de retorno de -23,6 dB.
A análise pelo método WCIP indica que a antena tem uma frequência de ressonância de
7,28 GHz, com uma perda de retorno de -13,8 dB. Esses resultados indicam um erro de 0,5
% na frequência de ressonância entre os valores medidos e simulados pelo WCIP. Os
resultados obtidos, para a frequência de ressonância, pelo Ansoft HFSS e pelo método dos
momentos foram respectivamente, 7,43 GHz e 7,3 GHz.
Fig. 4.3 – Perda de retorno para antena com patch retangular .
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE
ANTENAS DE MICROFITA PELO MÉTODO WCIP
35
A tabela 4.1 apresenta os resultados obtidos. Para a frequência de ressonância, a
perda de retorno e a largura de banda (-10 dB de referência), observa-se que uma boa
concordância foi verificada entre o WCIP e os resultados experimentais obtidos. Os
resultados simulados pelo método dos momentos e pelo HFSS (elementos finitos) são
apresentados com o intuito de comprovar a modelagem matemática proposta.
Tabela 4.1 – Resposta em frequência para antena com patch retangular com uma camada
Parâmetro
HFSS WCIP MoM Medição
Frequência de
Ressonância 7.43 GHz 7.28 GHz 7.30 GHz 7.32 GHz
Perda de
Retorno -17.20 dB -13.80 dB -11.00 dB -23.60 dB
Largura de
Banda Relativa 0.20 GHz 0.18 GHz 0.07 GHz 0.25 GHz
A Fig. 4.4 apresenta os resultados obtidos para a perda de retorno da antena
considerando diferentes malhas de discretização.
Fig. 4.4 – Perda de retorno para diferentes malhas de discretização.
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE
ANTENAS DE MICROFITA PELO MÉTODO WCIP
36
Observa-se que à medida que o número de pixels aumenta, a curva se aproxima
mais dos resultados experimentais obtidos. Para uma malha de discretização de 60 x 60
pixels, a convergência foi obtida com 420 iterações, aproximadamente, e um tempo de
cálculo de aproximadamente 22 minutos. Para analisar a mesma estrutura e no mesmo
computador, agora considerando o método dos momentos, o tempo de cálculo necessário
foi de 42 minutos.
4.2.2 Antena de Microfita com Patch Circular Impresso em Substrato de
Duas Camadas Dielétricas
Nesta seção serão apresentados os resultados simulados pelo método WCIP, para
uma antena de microfita com patch circular impresso sobre duas camadas dielétricas,
conforme estrutura mostrada na Fig.4.5 [59].
Fig. 4.5 – Antena de microfita com patch circular sobre duas camadas dielétricas.
O patch condutor consiste em um círculo de raio igual a 29 mm. A região 1
apresenta altura h1 = 1,57 mm e permissividade elétrica relativa 20ε r1 e permeabilidade
magnética .0 A região 2 apresenta altura h2 = 1,57 mm, permissividade elétrica relativa
,(FR4)4,4εr2 e um permeabilidade magnética .0 O método WCIP é usado na análise da
resposta em frequência da perda de retorno da antena considerada. Os resultados obtidos
para a perda de retorno são comparados com os de simulações através do software HFSS,
para validar a formulação teórica apresentada.
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE
ANTENAS DE MICROFITA PELO MÉTODO WCIP
37
No caso de substratos com N camadas dielétricas, as matrizes obtidas para os
operadores de espalhamento empregados na formulação do método WCIP são modificadas
para atender às características impostas pela estrutura, sendo que as matrizes passam a ser
quadradas de ordem 2N, onde N é o número de camadas de dielétricos no circuito [13].
A Fig. 4.6 apresenta a resposta em frequência da antena patch circular. A região 1 o
substrato é uma cerâmica de alta permissividade )20(ε r1 e a região 2 é um substrato
típico de FR4 ).4,4(ε r2 A ressonância para o modo TM11, considerando os resultados
obtidos pelo método WCIP e da simulação HFSS ocorre na frequência de 2,5 GHz.
Fig. 4.6 Perda de retorno para antena em patch circular sobre duas camadas dielétricas.
A Fig. 4.7 descreve os resultados para a perda de retorno para antena impressa em
um substrato de FR4 suspensa, ou seja, na região 2 o dielétrico considerado é o ar
).1(ε r2 Os resultados obtidos pela simulação HFSS indicam que a ressonância da antena
ocorre na frequência de 2,15 GHz com uma perda de retorno S11 = –22 dB. Os resultados
obtidos pela simulação WCIP indicam que a frequência de ressonância para a antena nesta
configuração ocorre na frequência de 2,1 GHz, com um perda de retorno S11 = –17,7 dB,
aproximadamente. Desses resultados, pode-se observar um desvio de aproximadamente
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE
ANTENAS DE MICROFITA PELO MÉTODO WCIP
38
2,32% entre os valores de frequência de ressonância obtidas pelas simulações HFSS e
WCIP. A Tabela 4.2 apresenta os resultados para a resposta em frequência da antena com
patch circular suspensa em substrato de FR4.
Fig. 4.7 Perda de retorno para antena em patch circular impressa em substrato de FR4
)4,4(ε r1 suspenso.
Tabela 4.2 – Resposta em frequência para antena com patch circular em substrado
de FR4 suspenso
Parâmetro Simulação WCIP Simulação HFSS
Frequência de Ressonância 2,1 GHz 2,15 GHz
Perda de Retorno - 17,7 dB - 22 dB
Largura de Banda (-10 dB
de referência) 80 MHz 85 MHz
A perda de retorno para a antena com patch circular suspensa impressa em um
substrato de alta permissividade )20(ε r1 é apresentada na Fig. 4.8. Os resultados obtidos
pelo método WCIP indicam que a primeira ressonância da antena ocorre na frequência de
1,8 GHz com um S11= –16 dB, aproximadamente. No entanto, os resultados obtidos pelo
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE
ANTENAS DE MICROFITA PELO MÉTODO WCIP
39
Ansoft HFSS indicam um descasamento de impedância da antena em 1,8 GHz visto que, no
caso, a perda de retorno foi de aproximadamente -6 dB.
Fig. 4.8 Perda de retorno para antena em patch circular impressa em substrato cerâmico
)20(ε r1 suspenso.
Ainda, em relação à Fig. 4.8, pode-se observar uma boa concordância entre os
resultados obtidos pelas simulações WCIP e HFSS. Para a frequência de ressonância de 3,7
GHz (WCIP) e 3,8 GHz (HFSS), com os valores de perda de retorno de aproximadamente –
16 dB e –18,5 dB, respectivamente. As larguras de banda (referência de -10 dB) são iguais
a 200 MHz (WCIP) e 180 MHz (HFSS), aproximadamente. A Tabela 4.3 apresenta os
resultados para a resposta em frequência para a antena com patch circular em substrato
cerâmico, suspenso.
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE
ANTENAS DE MICROFITA PELO MÉTODO WCIP
40
Tabela 4.3 – Resposta em frequência para antena com patch circular em substrado cerâmico
suspenso
Parâmetro Simulação WCIP Simulação HFSS
Frequência de Ressonância 3,7 GHz 3,8 GHz
Perda de Retorno - 16 dB - 18,5 dB
Largura de Banda (-10 dB
de referência) 200 MHz 180 MHz
4.2.3 Antena de Microfita com Patch em Anel Impresso em Substrato
Anisotrópico
O método WCIP é empregado para analisar a antena mostrada na Fig. 4.9. A
estrutura consiste de um patch em anel circular com r1 = 14,5 mm e r2 = 29 mm. A região 2
corresponde a um substrato anisotrópico uniaxial com h = 1,57 mm, cujo tensor
permissividade elétrica é descrito de acordo com [60]. A região 1 corresponde ao espaço
livre.
Fig. 4.9 Antena de microfita com patch em anel circular impresso em substrato
anisotrópico.
As características de anisotropia do substrato uniaxial são consideradas no método
WCIP. determinando-se um substrato isotrópico equivalente e considerando que o campo
elétrico está orientado na direção z, de acordo com as equações descritas em [60], sendo
dadas por:
zzxxreq (4.1)
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE
ANTENAS DE MICROFITA PELO MÉTODO WCIP
41
zz
xxeq hh
(4.2)
A Fig. 4.10 apresenta os resultados de perda de retorno para a antena com patch em
anel impresso sobre um substrato de safira, cujo tensor permissividade elétrica é descrito a
seguir:
6,1100
04,90
004,9
0
(4.3)
Para o caso do tensor (4.3) o 44,10ε req e heq = 1,41 mm. Os resultados obtidos
por simulações WCIP, indicam que a frequência de ressonância da antena é de 2,6 GHz,
enquanto que os resultados da simulação HFSS indicam que a ressonância da antena ocorre
na frequência de 2,8 GHz. Esses resultados indicam um erro de 7,1 % em relação aos
valores de freqüência de ressonância, sendo atribuídas principalmente à utilizada, baseada
no método do mapeamento. A perda de retorno para essas simulações foi respectivamente, -
23,5 dB (WCIP) e -18,5 dB (HFSS).
Fig. 4.10 Perda de retorno para a antena com patch em anel impressa em um substrato de
safira (ɛxx = ɛyy = 9,4, e ɛzz = 11,6).
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE
ANTENAS DE MICROFITA PELO MÉTODO WCIP
42
A Fig. 4.11 apresenta os resultados da perda de retorno para antena impressa em
substrato anisotrópico Epsilam-10, cujo tensor permissividade elétrica é dado por:
3,1000
0130
0013
0
(4.4)
Para o caso do tensor (4.3) o 57,11ε req e heq = 1,76 mm. Pelos resultados
apresentados, pode-se verificar que pela simulação WCIP a antena tem sua ressonância na
frequência de 2,7 GHz, enquanto que a simulação HFSS apresentou um resultado de 2,8
GHz para a frequência de ressonância. Neste caso um erro de 3,5%, em relação à
frequência de ressonância, o que demonstra uma boa concordância entre WCIP e HFSS.
Fig. 4.11 Perda de retorno para a antena com patch em anel impressa em um substrato de
Epsilam-10 (ɛxx = ɛyy = 13, e ɛzz = 10,3).
Nos dois casos analisados um desvio de frequência foi verificado entre os resultados
obtidos pelo WCIP e HFSS. Esse desvio pode ser explicado pelo fato de que a aproximação
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE
ANTENAS DE MICROFITA PELO MÉTODO WCIP
43
da anisotropia considerada pelo WCIP é bastante eficiente para linhas de transmissão,
diminuindo a precisão quando se trata de outros dispositivos como a antena considerada.
4.3 Conclusão
Neste capítulo o método WCIP foi empregado como uma ferramenta de análise na
caracterização de antenas de microfita em diferentes configurações. Foram apresentados
resultados para a perda de retorno das antenas, e a maioria das análises foram realizadas de
maneira comparativa, com o objetivo de avaliar o desempenho do método WCIP no estudo
de antenas. Bons resultados foram obtidos, exceto para os casos de antenas sobre substratos
anisotrópicos que pode ser explicado principalmente devido a utilização do método do
mapeamento, permitindo-se concluir que o WCIP é um método eficiente para analisar
antenas planares.
44
CAPÍTULO 5
Análise de Filtros de Micro-ondas pelo Método
WCIP
5.1 Introdução
Filtrar um sinal consiste em separar a componente útil deste sinal das componentes
indesejadas. Os filtros são divididos em quatro categorias, de acordo com a resposta em
freqüência. Os filtros podem ser classificados em passa-baixa, passa-alta, passa-banda e
rejeita-banda. A Fig. 5.1 apresenta o tipo de resposta em freqüência de um filtro ideal para
cada uma das categorias de filtros consideradas.
Fig. 5.1 – Resposta em freqüência de filtros idéias: (a) passa-baixa, (b) passa-alta,
(c) passa-faixa (passa-banda) e (d) rejeita-faixa (rejeita-banda).
CAPÍTULO 5. ANÁLISE DE
FILTROS DE MICRO-ONDAS PELO MÉTODO WCIP
45
Os filtros do tipo passa-alta, passa-banda e rejeita-banda podem ser obtidos a partir
de um passa-baixa normalizado em frequência, por meio de algumas transformações em
freqüência [61]. Um filtro passa-baixa é constituído de dois elementos típicos: indutores e
capacitores. As redes LC dos filtros (passa-alta, passa-banda e rejeita-banda) são obtidas
pelas transformações em freqüência do circuito LC do filtro passa-baixa, conforme é
apresentado na Fig. 5.2.
(a)
(b)
(c)
Fig. 5.2 – Transformações em frequência: (a) passa-alta, (b) passa-banda e (c)rejeita-banda.
Passa Baixa Passa Alta
Passa Baixa Passa Banda
Passa Baixa Rejeita Banda
CAPÍTULO 5. ANÁLISE DE
FILTROS DE MICRO-ONDAS PELO MÉTODO WCIP
46
Na Fig. 5.2 ω0 é a frequência central, ω1 é a frequência de corte inferior, ω2 é a
frequência de corte superior, de forma que 210 ωωω e Δ corresponde à banda passante
fracionária ou banda passante relativa.
Os filtros são componentes de fundamental importância em qualquer sistema de
transmissão e recepção de sinais, estando presentes em diversos níveis da arquitetura de um
transceptor sem fio. Na Fig. 4.3 está mostrada a arquitetura básica de um sistema de
transmissão-recepção de sinal de RF, destacando-se a importância da aplicação das
estruturas de filtragem envolvidas.
Fig. 5.3 – Arquitetura resumida de um sistema de transmissão/recepção sem fio.
5.2 Aproximações para as Respostas em Frequência dos Filtros
As respostas em frequência dos filtros mostrados na Fig. 5.1 não podem ser obtidas
na prática, devido a um antagonismo existente entre amplitude e fase, pelo fato de que um
filtro ideal em amplitude e fase não atende ao princípio da causalidade [62] e nem a relação
de Bayard-Bode [63]. Nesse sentido, é necessário definir algumas aproximações, quer seja
em amplitude ou em fase, para caracterizar os filtros. Em geral, os sistemas de
comunicações apresentam seus requisitos principais em torno da amplitude do sinal
(perdas, rejeição e isolação). Portanto, neste trabalho, são apresentadas as principais
aproximações para amplitude da resposta em frequência de filtros [64]. São elas:
Butterworth, Tchebychev e Elíptica.
CAPÍTULO 5. ANÁLISE DE
FILTROS DE MICRO-ONDAS PELO MÉTODO WCIP
47
5.2.1 Resposta do Tipo Butterworth
A aproximação do tipo Butterworth fornece um filtro, cuja resposta em frequência é
a mais plana possível, em sua faixa de transmissão. Para um filtro passa-baixa, a resposta
do filtro é especificada em termos do coeficiente de transmissão e pode ser expressa por
(5.1).
N
c
jS2
2
21
ω
ω1
1)ω(
(5.1)
onde N é a ordem do filtro e ωc representa a frequência de corte.
Neste tipo de filtro, a atenuação deve ser a menor possível quando ω < ωc e
aumentar rapidamente para frequências maiores que a frequência de corte. A frequência de
corte é definida como sendo a frequência em que o valor do |S21| é 3 dB a menos de seu
valor máximo. A atenuação neste tipo de filtro aumenta com o aumento da ordem do filtro.
Portanto, para que um filtro deste tipo se aproxime ao máximo dos valores ideais precisa-se
de um filtro de ordem bastante elevada.
5.2.2 Resposta do Tipo Tchebychev
As respostas do tipo Tchebychev fornecem uma função de transferência que
considera ondulações na banda passante. Neste tipo de resposta, o coeficiente de
transmissão é definido como uma função da frequência de acordo com:
N
c
2
N
2
2
21
ω
ωTε1
1)ω(
jS (5.2)
onde N é a ordem do filtro, ωc representa a frequência de corte do filtro, TN representa o
polinômio de Tchebychev de ordem N e ε é o erro o máximo na banda passante. Os
polinômios de Tchebychev são definidos por:
CAPÍTULO 5. ANÁLISE DE
FILTROS DE MICRO-ONDAS PELO MÉTODO WCIP
48
c
c
1
c
c
1
N
ωωse,ω
ωNcoshcosh
ωωse,ω
ωcosNcos
ωT (5.3)
Esse tipo de resposta é de grande interesse pelo fato de ser possível fixar o valor
máximo para a ondulação do filtro na banda passante. Além disso, é possível obter elevados
níveis de rejeição na banda de atenuação. Quanto maior o valor da atenuação do filtro na
banda de rejeição ou quanto menor a ondulação na banda passante, maior será o valor da
ordem do filtro que se deseja projetar.
5.2.3 Resposta do Tipo Elíptica
Os dois tipos de respostas anteriores apresentam uma faixa de transição entre a
banda passante e a banda de rejeição, sendo, portanto não muito recomendados para
sistemas que precisam de um nível de acentuado de atenuação. A aproximação elíptica é
caracterizada por uma ondulação na banda passante e na banda de rejeição. Esse tipo de
resposta apresenta as frequências de transmissão zero na resposta elétrica, permitindo
nestes pontos, elevados valores de atenuação e de filtros com alto grau de seletividade. Para
um filtro passa-baixa, a resposta em frequência em termos do coeficiente de transmissão é
dada por (5.4).
N
c
2
N
2
2
21
ω
ωCε1
1)ω(
jS (5.4)
onde N é a ordem do filtro, ωc representa a frequência de corte do filtro, CN representa
funções elípticas de ordem N e ε é o erro o máximo na banda passante. Um dos problemas
desse tipo de filtro é o fato de que os zeros de transmissão são pontos de frequência fixa e,
em geral, a síntese desse tipo de filtro é mais complicada.
CAPÍTULO 5. ANÁLISE DE
FILTROS DE MICRO-ONDAS PELO MÉTODO WCIP
49
5.3 Tecnologias para Filtros de Micro-ondas
Diversas tecnologias podem ser empregadas para a concepção de filtros de micro-
ondas. Dentre elas podem ser citadas os filtros volumétricos e os filtros planares. A escolha
da tecnologia empregada na concepção do filtro dependerá da resposta desejada para o
dispositivo. Na seção seguinte são apresentadas essas duas soluções tecnológicas, sendo
dada ênfase a tecnologia de filtros planares, pois foi a utilizada na realização deste trabalho.
5.3.1 Tecnologia Volumétrica
Os filtros volumétricos são caracterizados pela utilização de estruturas de guias de
onda na sua concepção, tais como guias retangulares, guias circulares, guias coaxiais,
cavidades metálicas e ressoadores dielétricos. A Fig. 5.4 ilustra alguns filtros construídos
usando a tecnologia volumétrica.
Quando da utilização de guias de ondas, a função de filtragem é obtida pela inserção
de descontinuidades do tipo indutiva ou capacitiva, dimensionadas em função do tipo de
resposta pretendida. Os ressoadores volumétricos podem também ser obtidos utilizando-se
cavidades cujas paredes laterais podem sem elétricas ou dielétricas. Neste último caso,
trata-se de um ressoador dielétrico [65].
Fig.5.4 – Filtros de micro-ondas em tecnologia volumétrica: (a)filtro de ressoador dielétrico
de ordem 4, (b)filtro em guias de onda circular e (c) filtro com cavidade ressonante.
CAPÍTULO 5. ANÁLISE DE
FILTROS DE MICRO-ONDAS PELO MÉTODO WCIP
50
Os filtros volumétricos são empregados principalmente em sistemas que requerem
banda estreita e cujos sinais envolvidos apresentam uma alta intensidade de potência. Em
geral, esse tipo de filtro apresenta perdas baixas no dielétrico. Entretanto, por apresentarem
dimensões, em geral grandes, as perdas nos condutores são mais acentuadas [65]. Um dos
principais problemas desse tipo de filtro é a dificuldade de implementação prática, por
necessitar de um procedimento mecânico mais preciso.
5.3.2 Tecnologia Planar
a) Microfita
A tecnologia de desenvolvimento de filtros de microfita, também denominados de
filtros impressos ou planares, é uma das mais utilizadas na concepção de filtros de micro-
ondas. Seu estudo é baseado na estrutura da linha de microfita, conforme é mostrado na
Fig. 5.5.
Fig.5.5 – Linha de microfita: (a) estrutura física e (b) linhas de campo.
A linha de microfita consiste em um condutor na parte superior de um substrato
dielétrico e um plano de terra situado na face inferior do substrato. As linhas de campo em
uma linha de microfita estão principalmente confinadas no substrato dielétrico, sendo que
apenas uma pequena fração encontra-se no ar. Em geral, o campo em uma linha de
microfita não é o de um modo TEM, mas uma composição híbrida de modos TE e TM. No
entanto, nos casos em que h << λ e para freqüências inferiores de micro-ondas, o modo é
aproximadamente TEM, sendo denominado de quase-TEM [61].
A tecnologia de filtros planares é muito utilizada pela grande capacidade de
integração, também com dispositivos ativos. Além disso, apresenta baixo custo e grande
CAPÍTULO 5. ANÁLISE DE
FILTROS DE MICRO-ONDAS PELO MÉTODO WCIP
51
facilidade de construção. Um dos problemas desse tipo de tecnologia é o fato de não poder
operar com sinais de potência elevada e estar limitado a alguns valores de impedância, pois
para valores elevados de impedância, a largura W da linha de microfita pode não ser
adequada para realizações práticas.
b) Tecnologia Coplanar
No caso da tecnologia coplanar [66]-[67], a linha e o plano de terra encontram-se na
mesma face do substrato dielétrico, como pode ser visto na Fig. 5.6(a). Esse condutores
são separados por gaps dielétricos idênticos. Devido a sua geometria, as linhas de
transmissão coplanares apresentam dois modos fundamentais de propagação. O modo par
de uma linha coplanar é um modo quase-TEM, mostrado na Fig.5.6(b). A Fig. 5.6(c) ilustra
o modo impar que é um modo quase-TEM dispersivo, denominado de modo parasita que
nos projetos, em geral deve ser eliminado.
Fig.5.6 – Linha coplanar: (a) estrutura física, (b) linhas de campo elétrico e magnético com
parede elétrica no plano de simetria (modo par) e (c) linhas de campo elétrico e magnético
com parede magnética no plano de simetria (modo ímpar).
Dentre as vantagens desse tipo de tecnologia podem ser citadas a facilidade de
inserção de elementos em série ou paralelo, eliminação de efeitos de capacitâncias
parasitas, possibilidade de obter linhas com mesma impedância mas com dimensões
CAPÍTULO 5. ANÁLISE DE
FILTROS DE MICRO-ONDAS PELO MÉTODO WCIP
52
diferentes e a possibilidade de garantir um nível elevado de desacoplamento entre as linhas
pela presença do plano de terra na mesma face.
5.4 – Principais Topologias de Filtros de Microfita
Em geral, diversas são as topologias existentes para os filtros de microfita. A
escolha de qual topologia será escolhida depende do tipo de resposta desejada para o filtro,
e por conseqüência do tipo de sistema ao qual o filtro será aplicado. A seguir, serão
apresentadas as topologias de filtros de microfita consideradas neste trabalho.
5.4.1 – Filtro com Seções de Linhas de Microfita em Cascata
O procedimento de síntese desse tipo de filtro é simples e conhecido. Consiste na
aplicação da transformação de Richard, que permite obter o equivalente em linhas de
transmissão a partir de um elemento L ou C de uma rede de circuito, conforme mostrado na
Fig.5.7. Além disso, a síntese dessa topologia de filtro pode ser simplificada com o auxílio
das identidades de Kuroda [61] para obter uma solução otimizada para o circuito.
Fig. 5.7 – Transformações de elementos L e C do filtro para o equivalente em linhas de
transmissão.
O filtro recebe o nome de step-impedance e consiste em N seções de linhas de
transmissão associadas em cascata, com impedâncias características distintas, dispostas de
maneira alternada entre uma linha de impedância alta (Zai) e uma linha de impedância baixa
CAPÍTULO 5. ANÁLISE DE
FILTROS DE MICRO-ONDAS PELO MÉTODO WCIP
53
(Zbi). A Fig. 5.8, mostra a representação de um filtro step-impedance passa-baixa de ordem
5, em redes LC e seu equivalente em linhas de transmissão do tipo salto de impedância.
Fig. 5.8 – Filtro passa-baixa em linhas de transmissão: (a) rede LC e (b) equivalente em
linhas de transmissão.
5.4.2 – Filtro com Stubs
O filtro com stubs paralelos (com terminações em curto-circuito ou circuito aberto)
é a topologia mais clássica no estudo de filtros [69]-[70]. A síntese é desenvolvida a partir
de um protótipo passa-baixa com inversores de um quarto de onda. O esquema básico desse
tipo de filtro é mostrado na Fig. 4.9.
Fig. 5.9 – Topologia de filtro a stubs com inversores de quarto de onda.
CAPÍTULO 5. ANÁLISE DE
FILTROS DE MICRO-ONDAS PELO MÉTODO WCIP
54
Um problema dessa topologia é o fato de que ela não permite projetar filtros com
uma banda passante estreita, no caso de passa-banda. Para filtros mais seletivos, as
impedâncias das linhas devem assumir valores muito baixos, o que dificultaria a
implementação.
5.4.3 – Filtro em Anel
O filtro em anel apresenta uma resposta quase-elíptica. Este filtro é constituído por
um ressoador cujo perímetro total é igual ao comprimento de onda da onda na frequência
central, para o caso passa-banda, excitado por duas linhas acopladas de um quarto de onda
idênticas [71]-[73]. Esse filtro é caracterizado por dois modos de transmissão, um criado
pela banda passante e outro pela frequência de transmissão zero. A Fig. 5.10 ilustra a
topologia do filtro em anel e uma resposta típica dessa topologia de filtro passa-banda.
Fig. 5.10 – Topologia de filtro em anel: (a) ressoador em anel e (b) resposta em
frequência.
A resposta desse filtro é controlada pelas impedâncias dos modos par e impar das
linhas acopladas com impedâncias característica Z0o (modo ímpar) e Z0e (modo par) e pela
impedância característica da linha de microfita que constitui o anel (Zr). As impedâncias
para os modos par e ímpar são obtidas em função das admitâncias dos modos par e ímpar
(Y0e e Y0o), dadas por:
0e,o
0e,oY
1Z (5.5)
CAPÍTULO 5. ANÁLISE DE
FILTROS DE MICRO-ONDAS PELO MÉTODO WCIP
55
Inicialmente define-se um valor para Z0e e as características da resposta em
frequência desejada para o filtro tais como ftz (frequência do primeiro zero de transmissão),
f0 (frequência central da banda de transmissão), Z0 (impedância de normalização) e y
(ondulação na banda passante). Em seguida, são calculados os seguintes parâmetros:
0
tzf
f
fr (5.6)
2
0
tz
2
0
tz
z
2f
πfcos1
2f
πfsin
T
(5.7)
20
y
-10x (5.8)
Com esses parâmetros pode-se calcular os valores de Y0o e Zr, como definindo em
(5.9) e (5.10), respectivamente. Os demais parâmetros P, Q, R e SQ são dados por [71]:
r
zer
eZ
oo
Z
TYZ
YT
ZY
0
0
00
2
1 (5.9)
e
e
QeeZZ
rxY
xY
RQPxSZYZYTxT
Z0
2
0
0000
2
2
2
(5.10)
0Qz
44
z
2
0oe
3
z0 ZSx4T2xTZYT4xZP (5.11)
Q =2Z0Tz
2Yoe Z0 x2 - 2( )+SQ( ) (5.12)
R =-2Z0Yoe Z0 x2 -2( ) +2SQ( ) (5.13)
SQ = 1- x2( ) Tz
2 -1( )2
Z0
2 (5.14)
CAPÍTULO 5. ANÁLISE DE
FILTROS DE MICRO-ONDAS PELO MÉTODO WCIP
56
5.5 Resultados Numéricos
5.5.1 Filtro Passa-Baixa
Para ilustrar a aplicação do método WCIP na caracterização de filtros planares é
analisado um filtro com topologia “step-impedance” obtida pela associação em cascata de
linhas de microfita com impedâncias características diferentes, passa-baixa de ordem 7,
mostrado na Fig. 5.11. O filtro é impresso em um substrato dielétrico de FR4 (εr=4,4 e h
=1,6 mm). As linhas de alimentação são de 50Ω, e as dimensões de cada ressoador foram
obtidas utilizando o procedimento síntese apresentado em 5.4.1.
Fig. 5.11 – Filtro passa-baixa com seções de linhas de microfita (L1 = 8 mm, L2=7,8 mm,
W1=0,8 mm e W2=3 mm).
Para a análise desse filtro, através do método WCIP, foi realizada uma discretização
no domínio espacial de 80x80 pixels, para aproximar o modelo ao máximo da estrutura
real. Foram realizados testes de convergência para os parâmetros de reflexão e transmissão
do filtro, obtidas para aproximadamente 120 e 135 iterações, respectivamente. As Figs.
5.12 e 5.13 apresentam a perda de retorno e a perda por inserção, respectivamente, para o
filtro considerado. São apresentados os resultados obtidos através do método WCIP e do
Ansoft HFSS.
CAPÍTULO 5. ANÁLISE DE
FILTROS DE MICRO-ONDAS PELO MÉTODO WCIP
57
Fig. 5.12 – Perda de retorno para o filtro passa-baixa.
Fig. 5.13 – Perda de inserção para o filtro passa baixa.
CAPÍTULO 5. ANÁLISE DE
FILTROS DE MICRO-ONDAS PELO MÉTODO WCIP
58
Baseado nos resultados apresentados, o filtro apresenta um frequência de corte em
torno de 4 GHz e um valor de ondulação da banda passante de aproximadamente 0,5 dB.
Uma boa concordância entre os resultados obtidos pela formulação WCIP e pelo método
dos elementos finitos (implementado no Ansoft HFSS) é verificada, tanto para a perda de
retorno (Fig. 5.12) como para a perda por inserção (Fig. 5.13), o que valida, assim, a
aplicação do método proposto.
5.5.2 Filtro Passa-Faixa em Anel
Outro exemplo de aplicação do método WCIP como ferramenta de análise de um
filtro de micro-ondas é mostrado, para o filtro em anel conforme configuração proposta na
Fig. 5.14. As especificações para o filtro estão resumidas na Tabela 5.1. O filtro deverá ser
projetado em substrato Roger/Duroid 6010tm (εr=10,7 e h = 1,27mm).
Tabela 5.1 – Especificações do filtro passa-faixa em anel.
Parâmetro Especificação
Frequência central 2,4 GHz
Atenuação na frequência de rejeição < 0,2 GHz
Banda passante relativa 2% - 5%
Atenuação na banda de rejeição < - 20 dB
Ondulação na banda passante 0,01 dB
Casamento na entrada < -15 dB
Frequência de trasmissão zero 2,5GHz
O filtro projetado apresenta a configuração proposta na Fig. 5.14. As dimensões
físicas do filtro são as seguintes; L1 = 12,3 mm , W1=1,3 mm, L2 =17,8 mm, W2=0,6 mm,
L3 =12,15 mm, W3=0,66 mm e S=0,3 mm. A vista lateral do dispositivo é mostrada na Fig.
5.14(b).
CAPÍTULO 5. ANÁLISE DE
FILTROS DE MICRO-ONDAS PELO MÉTODO WCIP
59
Fig. 5.14 – Fitro passa faixa em anel: (a) vista superior e (b) vista lateral.
A Fig. 5.15 apresenta os resultados simulados e medidos para o filtro em anel.
Considerando a simulação em WCIP, a malha de discretização foi realizada para 80x80
pixels, e as convergências para as perdas de retorno e perdas de inserção, na frequência de
2,4 GHz, foram obtidas com 350 e 370 iterações, respectivamente.
Fig. 5.15 – Resposta em frequência para o filtro em anel.
CAPÍTULO 5. ANÁLISE DE
FILTROS DE MICRO-ONDAS PELO MÉTODO WCIP
60
Os resultados obtidos pela simulação WCIP montram que o filtro apresenta uma
banda passante relativa de 3,04 %, em torno da frequência de 2,4GHz. A perda por inserção
é de -5,02dB, a atenuação na frequência de rejeição (2,5GHz) foi de - 40,55 dB. A perda de
retorno simulada para o filtro é de -20,69 dB.
O filtro apresenta uma banda passante relativa medida de 3,9 % e uma frequência
central de 2,38 GHz. A perda de inserção medida foi de -5,02 dB e atenuação na frequência
de rejeição medida foi de -28,50 dB, em 2,46 GHz. Os resultados experimentais mostram
que existe um bom casamento de impedâncias na entrada do filtro, com uma perda de
retorno igual a -32,20 dB.
A Tabela 5.2 apresenta os resultados medidos e simulados para o filtro passa-banda
em anel.
Tabela 5.2 – Performance do filtro passa-faixa em anel.
Parâmetro WCIP Medição Erro Relativo (%)
Frequência central 2,4 GHz 2,38 GHz 0,8 %
Banda passante 3,04 % 3,9% 22,02 %
Frequência de transmissão
zero 2,5 GHz 2,46 GHz 1,6 %
Perda por inserção 5,02 dB 5,02 dB 0 %
Perda de retorno 20,69 dB 32,20 dB 36 %
Atenuação na frequência de
rejeição -40, 55 dB -28,50 dB 42 %
Baseando-se nos resultados obtidos, pode-se concluir que o WCIP fornece uma boa
previsão da resposta em frequência do filtro sendo uma técnica de análise indicada para tal
dispositivo. Os valores previstos pelo método WCIP garantiram um bom funcionamento do
dispositivo, atendendo as especificações estabelecidas para o projeto, apesar dos erros
percentuais observados para a banda passante, a perda de retorno e a atenuação na
frequência de rejeição.
CAPÍTULO 5. ANÁLISE DE
FILTROS DE MICRO-ONDAS PELO MÉTODO WCIP
61
5.6 Conclusão
Os resultados apresentados neste capítulo ilustram a eficiência do método WCIP na
caracterização de filtros planares. Foram obtidos com o método WCIP resultados para
perdas por inserção, perda de retorno, largura de banda, atenuação em banda de rejeição
para filtros de micro-ondas em diferentes topologias. Os resultados do método WCIP foram
comparados com os resultados obtidos por softwares comerciais e boa concordância foi
observada.
Na comparação com resultados medidos foi obtida uma excelente concordância para
alguns parâmetros principais (frequência central, frequência de transmissão zero e perda
por inserção), permitindo validar a recorrência do método WCIP na análise de filtros de
micro-ondas.
62
CAPÍTULO 6
Análise de Superfícies Seletivas de
Frequência (FSS) pelo Método WCIP
6.1 Introdução
Superfícies Seletivas de Frequência (FSS) são arranjos periódicos, tipicamente
bidimensionais, de elementos constituídos por patches condutores, ou aberturas, que
funcionam com filtros espaciais, apresentando gabarito rejeita-faixa ou passa-faixa,
respectivamente. Esses elementos podem ser impressos em estruturas com uma ou
múltiplas camadas dielétricas, em função da resposta desejada. A resposta em
freqüência de uma FSS é controlada por seus parâmentros como tipo de elemento,
dimensões físicas, tipo de material utilizado como substrato, e periodicidade [75]-[78].
Uma configuração típica de FSS está mostrada na Fig. 6.1.
Fig. 6.1 – Esquema básico de uma FSS.
Quando se utiliza uma FSS com elemento tipo patch, deseja-se obter uma
resposta típica de filtro rejeita-faixa, ou seja, pretende-se que o sinal na freqüência de
operação da estrutura seja refletido, apresentando perda de retorno mínima possível.
Analogamente, se o elemento utilizado é do tipo abertura a FSS atuará com um filtro
passa-faixa em que na freqüência de ressonância do dispositivo o sinal será transmitido
CAPÍTULO 6. ANÁLISE DE SUPERFÍCIES
SELETIVAS DE FREQUÊNCIA PELO MÉTODO WCIP
63
com a menor perda de inserção possível. A Fig. 6.2 mostra os tipos de elementos
frequentemente utilizados em FSS.
Fig. 6.2 – Geometrias mais utilizadas de elementos para FSS.
6.2 Técnicas de Análise e de Medição de FSS
Existem várias técnicas de análise de FSS. Em geral, são agrupadas em duas
grandes classes, a dos métodos aproximados e a dos métodos de onda completa. Dentre
os métodos aproximados, pode-se citar o método do circuito equivalente. Neste método
o elemento da FSS é modelado por um circuito equivalente de uma linha de transmissão
formado por elementos localizados dos tipos indutor, L, e capacitor, C. A solução do
circuito equivalente fornece o comportamento da resposta em freqüência (características
de transmissão e reflexão) da FSS. Este método usa uma aproximação quase-estática
para calcular as componentes do circuito e caracterizar a FSS sendo eficiente porém
limitado com relação à precisão.
O método da equação integral é muito utilizado no estudo de FSS. Inicialmente,
encontra-se a equação característica da FSS, por meio da aplicação das equações de
Maxwell e da teoria eletromagnética. Obtém-se uma equação que relaciona os campos
incidentes e refletidos na FSS, com função da densidade superficial de corrente. Para
levar em consideração o arranjo periódico, é aplicado à equação da célula elementar o
CAPÍTULO 6. ANÁLISE DE SUPERFÍCIES
SELETIVAS DE FREQUÊNCIA PELO MÉTODO WCIP
64
teorema de Floquet, expandindo a análise para o caso do arranjo com infinitos
elementos que compõem a FSS. Para a resolução da equação integral final obtida
utiliza-se o método dos momentos, reduzindo o número de coeficientes desconhecidos a
um número finito de equações contendo o mesmo número de coeficientes
desconhecidos.
Outros métodos de formulação de onda completa como FDTD e Elementos
Finitos são utilizados na análise de FSS. No entanto, nos últimos anos a utilização de
métodos iterativos tem chamando a atenção dos pesquisadores pela rapidez de
computação e pela eficiência no gerenciamento da memória computacional ocupada,
características verificadas no WCIP, o método considerado nas análises realizadas nesse
trabalho.
A resposta em freqüência de uma FSS é medida através do setup mostrado na
Fig. 6.3. A estrutura de medição consiste em duas antenas direcionais, geralmente
cornetas, utilizadas como elementos de transmissão e recepção, em uma câmara
anecoica. Um anteparo, revestido nas bordas com material absorvedor é colocado com a
FSS na linha de visagem entre as duas antenas, e a partir da relação entre os sinais
recebidos e transmitidos pelas antenas calculam-se as características de transmissão e
reflexão da FSS.
Fig. 6.3 – Esquema de medição de FSS em câmara anecóica.
Outro procedimento que pode ser utilizado na medição de FSS é a utilização de
antenas cornetas relacionadas com lentes. Por meio deste sistema é possível medir
coeficientes de transmissão e reflexão em ambas as polarizações. Uma vez que a FSS é
iluminada pelo feixe gaussiano estreito das lentes, a difração nas extremidades é
CAPÍTULO 6. ANÁLISE DE SUPERFÍCIES
SELETIVAS DE FREQUÊNCIA PELO MÉTODO WCIP
65
significativamente reduzida, possibilitando também a medição com vários ângulos de
incidência, diferentes da incidência normal apenas.
6.3 Aplicações de FSS
A principal aplicação de superfícies seletivas de freqüência é na transmissão e
recepção de ondas em sistemas de comunicação [76]. Outra aplicação bastante
conhecida para uma FSS é a do anteparo da porta do micro-ondas. Neste caso, é
formanda por um arranjo periódico com elementos do tipo abertura, funcionando como
um filtro passa-faixa. Ele permite que a faixa de freqüência da luz visível passe,
enquanto rejeita a faixa de freqüências de micro-ondas de aproximadamente 2,45 GHz.
As FSS são aplicadas em sistemas de antenas refletoras, absorvedores, radomes,
mísseis, aeronaves, etc. O uso de FSSs integradas a absorvedores de micro-ondas pode
melhorar o desempenho destes dispositivos, mudando efetivamente as suas
propriedades de reflexão. Em sistemas de antenas de refletor duplo, a FSS pode ser
utilizada como um sub-refletor. Diversos alimentadores independentes podem ser
utilizados e podem ser colocados no foco real ou virtual do sub-refletor, assim, apenas
um refletor principal é necessário para a operação multifrequencial, permitindo assim
redução de massa e volume da antena, por exemplo [77].
Superfícies Seletivas de Frequência podem ser aplicadas no projeto de radomes.
A FSS pode ser ajustada para fornecer características passa-faixa na frequência de
operação da antena, utilizando elementos de abertura. Logo, o sinal passa através da
antena com um mínimo de perda por inserção. Para frequências fora da banda desejada,
a FSS pode apresentar características de reflexão. O radome é projetado para o uso em
superfícies de automóveis ou aeronaves, de forma a garantir um espalhamento mínimo
do sinal.
Atualmente, tem-se dado muita atenção ao estudo de FSS para aplicações indoor
(wireless building). Estas aplicações são de grande importância para utilização de redes
sem fio seguras e com o mínimo de interferência, além de proteger as pessoas da
exposição à radiação eletromagnética.
CAPÍTULO 6. ANÁLISE DE SUPERFÍCIES
SELETIVAS DE FREQUÊNCIA PELO MÉTODO WCIP
66
6.4 Resultados Numéricos
6.4.1 FSS com Estrutura Reconfigurável
Nesta secção serão investigadas, através do método WCIP [79]-[80], as
características das superfícies seletivas de frequência constituídas de espiras
retangulares metálicas reconfiguráveis, impressas sobre um substrato dielétrico, usando
diodos PIN.
A Fig. 6.4(a) apresenta a célula elementar da superfície seletiva de frequência,
considerada neste trabalho. Para o estado ON do diodo, a tensão de polarização permite
polarizar diretamente a junção PN, pode ser aproximada por um curto-circuito, como
mostrado na Fig. 6.4(b). Quando a junção PN estiver reversamente polarizada, o diodo
estará no estado OFF, portanto não estará conduzindo, como mostrado na Fig. 6.4(c).
Fig. 6.4 – (a) Geometria de elemento de FSS reconfigurável: (b) aproximação para o
caso dos diodos no estado ON e (c) aproximação para o caso dos diodos no estado OFF.
As FSS são constituídas por quadrados de 10,5 mm de lado, apresentando uma
largura de 1,35 mm. No caso em que a FSS apresenta-se no estado OFF do diodo, o gap
que surge apresenta um comprimento de 0,5 mm. As FSS foram impressas em um
substrato de εr = 4,4 e h = 1,57 mm.
A Fig. 6.5 apresenta os resultados obtidos para o coeficiente de transmissão em
dB, em função da frequência, para a FSS da Fig. 6.4(b). Na solução através do método
WCIP foi utilizada uma malha de 80x80 pixels, tendo sido obtida a convergência com
300 iterações, aproximadamente. São mostrados os resultados da simulação do Ansoft
HFSS e uma boa concordância entre as curvas é verificada.
CAPÍTULO 6. ANÁLISE DE SUPERFÍCIES
SELETIVAS DE FREQUÊNCIA PELO MÉTODO WCIP
67
Fig. 6.5 – Coeficiente de transmissão para a FSS da Fig. 6.4(b)
A Fig. 6.6 mostra o resultado do coeficiente de reflexão, em dB, em função da
frequência, para a FSS da Fig. 6.4(a), considerando o diodo no estado OFF. O resultado
WCIP foi obtido considerando uma malha de discretização com 80x80 pixels, tendo
sido obtida a convergência em torno de 350 iterações. Os resultados da simulação de
Ansoft HFSS são mostrados e uma boa concordância entre as curvas é verificada.
Fig. 6.6 – Coeficiente de transmissão para a FSS da Fig. 6.4(c)
Considerando-se os resultados obtidos, pode-se concluir que a estrutura
apresentada em Fig. 6.4 exibe um bom potencial de reconfigurabilidade. Variando-se
CAPÍTULO 6. ANÁLISE DE SUPERFÍCIES
SELETIVAS DE FREQUÊNCIA PELO MÉTODO WCIP
68
apenas o estado de polarização dos diodos em cada célula, a FSS apresenta uma faixa de
operação em torno de 7 GHz (para a situação em que os diodos estão no estado ON) e
de aproximadamente 11 GHz, para a situação em que os diodos estão no estado OFF.
A Fig. 6.7 mostra o valor do coeficiente de transmissão em função do número de
iterações, para a frequência de ressonância e com uma malha de discretização de 80x80
pixels.. A Fig. 6.7(a), mostra os resultados para a FSS considerando os diodos
conduzindo, enquanto que a Fig. 6.7(b) apresenta os mesmo resultados para os diodos
em estado de corte. De acordo com a curva mostrada em Fig. 6.7(a), a convergência é
obtida para um número de iterações em torno de 300, para o caso de diodo conduzindo.
Para o caso dos diodos cortados, a convergência é obtida para um número de iterações
de aproximadamente 350.
Fig. 6.7 – Coeficiente de transmissão em função do número de iterações:
(a)diodos conduzindo e (b) diodos cortados.
No método WCIP, o número de termos no domínio espectral está diretamente
relacionado com a concordância e a convergência dos resultados do coeficiente de
transmissão para a FSS. O número de termos espectrais utilizados é determinado pela
malha de discretização utilizada na modelagem no domínio espacial.
A Fig. 6.8 apresenta os resultados para o coeficiente de transmissão em função
da frequência para diferentes malhas de discretização consideradas, para a FSS com os
diodos em estado ON. Para efeitos de análise, neste trabalho, foram consideradas as
seguintes malhas de discretização: 50x50 pixels, 60x60 pixels, 70x70 pixels e 80x80
pixels.
CAPÍTULO 6. ANÁLISE DE SUPERFÍCIES
SELETIVAS DE FREQUÊNCIA PELO MÉTODO WCIP
69
Fig. 6.8 – Coeficiente de transmissão para diferentes malhas de discretização
para a FSS da Fig. 6.4(b).
A Fig. 6.9 apresenta os resultados para o coeficiente de transmissão em função
da frequência para diferentes malhas de discretização consideradas, para a FSS com os
diodos em estado OFF.
Fig. 6.9 – Coeficiente de transmissão para diferentes malhas de discretização
para a FSS da Fig. 6.4(c).
Baseado nos resultados obtidos, pode-se concluir que à medida que o número de
pixels utilizados na malha de discretização e, por conseguinte o número de termos
CAPÍTULO 6. ANÁLISE DE SUPERFÍCIES
SELETIVAS DE FREQUÊNCIA PELO MÉTODO WCIP
70
espectrais aumenta, os resultados obtidos pelo modelo WCIP para a FSS mais se
aproximam dos resultados gerados pelo Ansoft HFSS.
6.4.2 FSS Circular com Fendas Radiais: Geometria Quase-Fractal
As geometrias fractais têm atraído a atenção dos pesquisadores para
desenvolvimento de FSS por diversos fatores tais como a possibilidade de
miniaturização das estruturas e a estabilidade quanto ao ângulo de incidência da onda
eletromagnética sobre a superfície dos circuitos. Essa característica é conferida por
algumas geometrias fractais, o que não se verifica na maioria das geometrias
tradicionais de FSS. Neste tópico será apresentada a análise de uma superfície seletiva
de freqüência em geometria “quase fractal” pelo método WCIP.
A Fig. 6.10 apresenta as geometrias consideradas nesta análise. A Fig 6.10(a)
mostra o elemento gerador da geometria fractal considerada que consiste em uma
circulo de raio R. As figuras Figs. 6.10 (b) e 6.10(c), ilustram os elementos obtidos para
k=1 e k=2, respectivamente.
Fig. 6.10 – Elementos de FSS quase-fractal: (a) k=0, (b) k=1 e (c) k=2.
A geometria quase-fractal considerada é obtida por meio de fendas radiais
introduzidas no elemento gerador, a cada iteração. Cada geometria quase-fractal é
caracterizado pelo nível de fractal k e por um fator de fractal α presentes na lei de
formação do fractal. A cada iteração, o comprimento de cada arco, Lk, é obtido por:
11
2
k
k RL
(6.1)
CAPÍTULO 6. ANÁLISE DE SUPERFÍCIES
SELETIVAS DE FREQUÊNCIA PELO MÉTODO WCIP
71
A Fig. 6.11 apresenta o coeficiente de transmissão, em função da frequência,
para o elemento gerador (k=0) e para duas iterações do fractal definidas para k=1 e k=2
(Fig. 6.10). Dos resultados mostrados, observa-se a relação inversamente proporcional
entre o número de iteração do fractal e a frequência de ressonância da FSS. Dos
resultados apresentados, observa-se um fator de redução de frequência de
aproximadamente 38 % entre o nível de fractal k=2 e o elemento gerador (k=0).
Fig. 6.11 – Coeficiente de transmissão para a FSS em geometria circular quase-
fractal (k=0, k=1 e k=2).
A Fig. 6.12 apresenta os resultados simulados e medidos para o elemento
gerador da FSS quase fractal circular com fendas radiais. Neste caso, a frequência de
ressonância obtida pelo método WCIP é 5,8 GHz, com uma banda passante de 1,6 GHz,
para a referência de -10 dB. Os resultados experimentais apresentam um erro de
aproximadamente 0,5 % para a frequência de ressonância. A banda passante medida foi
de aproximadamente 1GHz.
CAPÍTULO 6. ANÁLISE DE SUPERFÍCIES
SELETIVAS DE FREQUÊNCIA PELO MÉTODO WCIP
72
Fig. 6.12 – Coeficiente de transmissão para a FSS em geometria circular quase-
fractal com fendas radias (k=0).
A Fig. 6.13 apresenta os resultados medidos e simulados para a FSS quase-
fractal com o nível de iteração k=1. Nesta configuração, a FSS apresenta uma resposta
caracterizada por duas bandas de transmissão, a primeira com ressonância em
aproximadamente 4 GHz (simulado) e a segunda centrada na frequência de 6,20 GHz
(simulado). Os resultados obtidos pelas medições indicam que a primeira banda de
transmissão está centrada na frequência de 3,92 GHz e a segunda ressonância na
frequência de 6,08 GHz. Uma boa concordância entre os resultados medidos e
simulados é verificada, comprovando a eficiência do método WCIP na análise de
superfícies seletivas de frequência.
CAPÍTULO 6. ANÁLISE DE SUPERFÍCIES
SELETIVAS DE FREQUÊNCIA PELO MÉTODO WCIP
73
Fig. 6.13 – Coeficiente de transmissão para a FSS em geometria circular quase-
fractal k=1.
A Fig. 6.14 apresenta o coeficiente de transmissão para a FSS, considerado k=2.
Os resultados indicam duas ressonâncias, a primeira em 3,61 GHz e a segunda em 9,2
GHz. A primeira banda de transmissão apresenta uma largura de banda de 770 MHz e a
segunda 1,305 GHz.
Fig. 6.14 – Coeficiente de transmissão para a FSS em geometria circular quase-
fractal k=2.
CAPÍTULO 6. ANÁLISE DE SUPERFÍCIES
SELETIVAS DE FREQUÊNCIA PELO MÉTODO WCIP
74
Os resultados apresentados evidenciam a importância das geometrias fractais na
redução das dimensões dos circuitos. À medida que o nível de fractal aumenta, as FSS
diminuem a frequência de ressonância, ou seja, se quisermos manter a mesma
frequência de operação deve-se reduzir as dimensões físicas dos circuitos, permitindo
assim o processo de miniaturização. A Tabela 6.1 resume os resultados obtidos paras a
FSS (k=0, k=1 e k=2).
Tabela 6.1 – Resposta em frequência para a FSS quase-fractal
Parâmetro k=0 k=1 k=2
WCIP Medição WCIP Medição WCIP Medição
fr1 5,80 GHz 5,83 GHz 4,0 GHz 3,92 GHz 3,71 GHz 3,61 GHz
S21(fr1) -27, 3 dB -27,5 dB -25,7 dB -39,7dB -30,06 dB -29,9 dB
BW1 1,6 GHz 1 GHz 720 MHz 720 MHz 750 MHz 770 MHz
fr2 - - 6, 20 GHz 6,08 GHz 7,15 GHz 9,2 GHz
S21(fr2) - - -28,3 dB - 27,2 dB -14,3 dB -20,5 dB
BW2 - - 780 MHz 320 MHz 250 MHz 1,305 GHz
Para medição das FSS, foram utilizadas duas antenas cornetas para transmissão e
recepção do sinal, e entre elas foi colocada a FSS, a uma distância da antena
transmissora que garantisse a condição de onda plana, onda na frequência de
ressonância, incidente sobre a superfície da FSS. O setup de medição é o apresentado na
Fig. 6.3.
6.5 Conclusão
Neste capítulo foram apresentados resultados para a modelagem de superfícies
seletivas de frequência utilizando o método iterativo WCIP. Os resultados obtidos neste
trabalho foram comparados com resultados gerados por um software comercial (Ansoft
HFSS) e uma boa concordância foi verificada, permitindo-se assim validar o modelo
matemática proposto neste trabalho para a análise de FSSs.
Nos dois casos considerados, o método WCIP apresentou-se como um modelo
eficiente e preciso, podendo ser apontado como uma excelente ferramenta de análise
FSSs com geometrias e elementos diversos, além de superfícies seletivas de frequência
com a capacidade de reconfiguração.
CAPÍTULO 6. ANÁLISE DE SUPERFÍCIES
SELETIVAS DE FREQUÊNCIA PELO MÉTODO WCIP
75
76
CAPÍTULO 7
Conclusão
Este trabalho apresentou uma ferramenta de análise de circuitos planares de
micro-ondas, através de um formalismo matemático de onda completa rigoroso aplicado
no projeto de antenas de microfita, filtros planares e superfícies seletivas de frequência.
A eficiência e a precisão do método proposto foi comparada com resultados
experimentais e com resultados de simulações realizadas em softwares comerciais.
Foram investigadas as propriedades de antenas de microfita, filtros e FSS,
modeladas através do método WCIP. As principais características da resposta em
frequência desses circuitos foram determinadas em função das ondas incidentes e
refletidas na superfície das estruturas.
O método numérico apresentado, neste trabalho, tem sido utilizado na
caracterização de circuitos de micro-ondas, permitindo-se obter características de
ressonância desses circuitos, distribuição de corrente nos elementos e parâmetros de
radiação de antenas. No entanto, o uso do método WCIP em estruturas com materiais
mais complexos, como dielétricos cerâmicos não-estruturados e anisotrópicos, não é
observada com tanta intensidade na literatura. Outra contribuição importante deste
trabalho foi a utilização do método WCIP na caracterização de estruturas contendo
elementos ativos (diodos) e apresentando geometrias mais complexas, como FSS com
elementos fractais de fendas radiais.
O estudo de alguns parâmetros característicos do método tais como a malha de
discretização da superfície do circuito, a complexidade do algoritmo e o tempo de
execução computacional permitiu analisar a eficiência e precisão do formalismo teórico
empregado, constituindo-se numa grande contribuição deste trabalho.
Especificamente no estudo das antenas, foram analisadas diversas configurações
para esse dispositivo, variando parâmetros como geometria do patch, tipo de substrato e
número de camadas de dielétricas do substrato. O método WCIP mostrou-se eficiente e
CAPÍTULO 7. CONCLUSÃO
77
preciso, quando comparado com outros métodos como MoM e FEM, e com os
resultados experimentais.
Nestas análises foram gerados resultados para a perda de retorno, frequência de
ressonância das antenas e largura de banda. A validação dos resultados foi realizada por
meio de comparações com outros métodos de onda completa e resultados experimentais.
Em relação ao estudo de filtros de planares, foram investigadas duas topologias
para filtros, filtro em linhas de microfita e filtro em anel, com gabaritos passa-baixa e
passa-faixa, respectivamente. Os resultados obtidos pela análise WCIP para perda de
inserção, perda de retorno, atenuação em banda de rejeição, largura de banda e isolação
foram comparados com resultados gerados pelo método dos momentos e com resultados
experimentais e uma boa concordância foi observada.
O problema do espalhamento espectral em superfícies de superfícies seletivas de
frequência foi estudado através do método WCIP. Foram investigados dois casos de
FSS. O primeiro caso considerou uma FSS em espira retangular potencialmente
reconfigurável em frequência. A reconfiguração foi obtida por meio do uso de diodos
PIN estrategicamente posicionados no elemento de FSS para variar a estrutura da física
desses elementos, em função do tipo de resposta em frequência desejada.
A última estrutura de FSS foi denominada de geometria quase-fractal circular
com fendas radiais. Esta se constituiu na geometria mais complexa analisada neste
trabalho. Foram gerados resultados para o coeficiente de transmissão e largura de banda
para três níveis do fractal (elemento gerador, k=1 e k=2). Os resultados obtidos pela
simulação WCIP, foram comparados com aqueles obtidos pelo software HFSS e com
resultados experimentais e uma boa concordância foi obtida.
É importante ressaltar que os resultados obtidos nas análises realizadas neste
trabalho evidenciam que o método WCIP pode ser usado, de forma precisa e eficiente,
no estudo de estruturas planares para aplicações em sistemas de comunicações sem fio
apresentando-se como uma excelente alternativa ao uso dos métodos tradicionais.
Em futuros trabalhos, poderá ser explorada a hibridização do método WCIP com
outros diferentes métodos tais como FDTD e Elementos Finitos, com o intuito de
desenvolver novas ferramentas de análise mais precisas e com um maior grau de
eficiência computacional. Poderá ser explorada, também, a aplicação do método em
circuitos diferentes tipos de circuitos como circuitos com múltiplas interfaces, circuitos
CAPÍTULO 7. CONCLUSÃO
78
impressos meios não homogêneos, circuitos com elementos ativos, redes aperiódicas,
acopladores, divisores de potência e filtennas. Além disso, poderão ser realizados
trabalhos futuros na aplicação do método WCIP em estruturas de uma ou múltiplas
camadas na faixa de micro-ondas e terahertz.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
79
Referências Bibliográficas
[1] A.G. Deschamps, Microstrip microwave antennas. In. 3rd
. USAF Symposium on
Antennas, 1953.
[2] C.A. Balanis, Antenna theory: analysis and design, New York, USA: J.Wiley and
Sons, Inc; 2005.
[3] R.C. Hansen e R.E.Colin, Smal Antenna Handbook, Wiley, 2011.
[4] I.C. Hunter, Theory and Design of Microwave Filters. London, U.K.: IEE Press,
2000.
[5] K.K.M. Cheng, “Design of dual-mode ring resonators with transmission zeros,”
Electron. Lett, vol. 33, pp. 1392-1393, 1997.
[6] D.M. Pozar, Microwave engineering, 3rd
. edition, New York, USA: J.Wiley and
Sons, Inc; 2005.
[7] R. Sall e E. Ulbrich, “On the Design of Filters by Synthesis Circuit Theory”, IRE
Transactions on, vol. 5, pp. 284-327, 1958.
[8] J.S. Hong e M.J. Lancaster, “Microstrip filters for RF/microwave applications”,
New York: John Wiley & Sons, Inc., USA, 2001.
[9] B.A. Munk, Frequency-selective surfaces: theory and design, John Wiley & Sons,
New York, 2000.
[10] J. C. Vardaxoglou, Frequency-selective surfaces: analysis and design, Wiley,
New York, 1997.
[11] T.K. Wu, Frequency selective surface and grid array, J. Wiley,1995.
[12] A. G. D'Assunção Jr., G. Fontgalland e H. Baudrand, “Study of the parasitic effect
caused by vias in high-frequency circuit”, Proc. COMPUMAG 2009,
Florianopolis, Brazil, pp. 1-4, 2009.
[13] M. Azizi, H. Aubert e H. Baudrand, “A new iterative method for scattering
problems”. Proc. European Microwave Conf., Vol. 1, pp. 256–258, 1995.
[14] M. Azizi, M. Boussouis, H. Aubert, e H. Baudrand, “A three dimensional analysis
of planar discontinuities by an iterative method”, Microw. Opt. Technol. Lett., 13,
pp. 372, 1996.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
80
[15] M. Titaouine, N. Raveu, A. Gomes Neto, e H. Baudrand, “Electromagnetic
Modeling of Quasi-square Open Metallic Ring Frequency Selective Surface Using
Wave Concept Iterative Procedure”, ETRI Journal, Vol. 31, n 1, pp.1-3, Feb.
2009.
[16] R.S. N’Gongo e H. Baudrand, “Application of Wave Concept Iterative Procedure
in planar circuits,” Recent Res. Devel. Microwave Theory and Technique, vol. 1,
pp. 187-197, 1999.
[17] N. Raveu, T.P. Vuong, I.Terrasse, G-P. Piau e H. Baudrand : "Wave Concept
Iterative Procedure applied to cylinders", IEE Proc. Microwave Ant. and Prop.,
151, (5), pp. 409-416, Oct. 2004.
[18] H. Prues e V.D. Capelle, “Accurate transmission line model for the rectangular
microstrip antenna”, IEEE Proceding in Microwave, Optics and Antennas, vol.
134, pp.334-340, 1984.
[19] R.W. Dearnley e A.R.F. Barel, “A brod-band transmission line model for a
rectangular microstrip antenna”, IEEE Transactions on Antennas and
Propagation, vol. 37, pp. 6 -15, 1989.
[20] G. H.-H. Sung, K. W. Sowerby e A. G. Williamson, “Equivalent circuit
modelling of a frequency selective plasterboard wall”, IEEE Antennas and
Propagation Society International Symposium, vol. 4A, pp. 400-403, 2005.
[21] R.J. Langley e E. A. Parker, “Equivalent circuit model for arrays of square
loops”, Electronics Letters, vol. 18, pp. 294-296, 1982.
[22] R.J. Langley e E. A. Parker,“Double-square frequency-selective surfaces and
their equivalent circuit”, Electronics Letters, vol. 19, pp. 675-677, 1983.
[23] T. Itoh, “Spectral Domain Immitance Approach for Dispersion Characteristics of
Generalized Printed Transmission Lines ” IEEE Transaction on Microwave
Theory and Techniques, vol. 28, nº 7, pp. 733 – 736, 1980.
[24] T. Itoh e R. Mintra, “A technique for computing dispersion characteristics of
shielded microstrip lines,” IEEE Transaction on Microwave Theory and
Techniques, vol. 22, pp. 896 – 898, 1974.
[25] T. Itoh, “Analysis of Microstrip resonators,” IEEE Transaction on Microwave
Theory and Techniques, vol. 22, pp. 946 – 952, 1974.
[26] T. Itoh, “Numerical Techniques for microwave and millimeter-wave passive
strcutures,” John Wiley & Sons, New York, 1989.
[27] R.W. Dearnley e A.R.F. Barel, “A comparision of models to determine the
resonant frequencies of a rectangular microstrip antenna” IEEE Transactions on
Antennas and Propagation, vol. 37, pp. 114 -118, 1989.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
81
[28] E.K. Miller, L. Medgyesi-Mitschang e E.H. Newman, “Computational
Electromagnetics – Frequency domain in method of moments” EUA: IEEE Press,
1992.
[29] R. F. Harrington, “Field computation by method of moments”. EUA: The
Macmillan Company, 1968.
[31] M.N.O. Sadiku, “A simple introduction to finite element analysis of
electromagnetic problems”, IEEE Transactions on Education, vol. 32, pp. 85-93,
1989.
[32] H.D. Bruns, C. Schuster e H. Singer, “Numerical electromagnetic field analysis
for EMC problems”, IEEE Transactions on Electromagnetic Compatibility, vol.
49, pp. 253-262, 2007.
[33] A. Taflove, Advances in Computacional Electromagnetics – The Finite
Difference Time Domain Method, Artech House Publishers, 1998.
[34] M. Krumpholz e P. Russer, “A Field Theoretical Derivation of TLM” IEEE
Transactions on Microwave Theory and Techniques, vol. 42, Part 1-2, pp.1660–
1668, Sept. 1994.
[35] M. Azizi, H. Aubert e H. Baudrand, “A new iterative method for scattering
problems”. Proc. European Microwave Conf., Vol. 1, pp. 256–258, 1995.
[36] H. Baudrand, Introduction au calcul des éléments de circuits passifs en
hyperfréquence, Cépaduèsè-Editions, janvier 2001.
[37] H. Baudrand, "Représentation des sources dans les circuits planaires", Workshop
on global simulator of planar microwave circuits IEEE MTT-S San Francisco, 17-
21 June,1996.
[38] H.Baudrand, "Representation by equivalent circuit of integral methods in
microwave passive elements" Proceedings of European conference Budapest,
pp.1359-1364, 1990.
[39] H. Meganafi, N. Boruklin-Hacene, H. Baudrand, N. Raveu, e I. Allam, “A
Monolayer passive structure analysis by WCIP method”, Sciences of Electronics,
Technologies of Informatique and Telecomunications, SETIT–IEEE, 2012.
[40] M. Glaoui, El Amjed Hajlaoui, H. Zairi, H. Trabelsi e H.Baudrand, “Modelling of
non linear elements using an extended iterative method”, Microw. and Opt.
Technol. Letters, vol. 49, issue 1, pp. 143–147, 2007.
[41] N. Raveu, G. Prigent, T. Callegari e H. Baudrand, “WCIP applied to active
plasma circuits”, Progress In Electromagnetic Research Letters, vol. 21, pp. 89 –
98, 2011.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
82
[42] N.Sboui, L. Latrach, A. Gharsallah, H. Baudrand e A. Gharbi, “A 2D Design and
Modeling of Micro Strip Strucutres on Inohomogeneous Substrate”, Int. J. RF and
Microwave CAE, pp. 346 – 353, 2008.
[43] S. Wane e H. Baudrand, "A new full-wave hybrid differential-integral approach
for the investigation of multilayer structures including nonuniformly doped
diffusion", IEEE MTT., Vol.53, n°1, pp 200-213, Jan. 2005.
[44] A. Serre, G. Fontgalland, J.E.P Farias e H. Baudrand “Spatial coupling with
circular polarization on the interface of a dielectric layer”, Antenna Technology
and Applied Electromagnetics & the American Electromagnetics Conference
(ANTEM-AMEREM), 2010 14th International Symposium on., pp. 5-8, July
2010.
[45] N. Raveu e H. Baudrand “Metallic EBG Characterization with the WCIP”
Antennas and propagation symposium, APS-URSI, Charleston, USA, June 2009.
[46] Z. Mekkioui e H. Baudrand, “Bi-dimensional bi-periodic centred-fed microstrip
leaky-wave antenna analysis by a source modal decomposition in spectral
domain”, Microwaves, Antennas & Propagation, IET, Vol. 3, Issue 7, pp. 1141-
1149, Oct. 2009.
[47] R. Garg, P. Bhartia, I. Bahl e A. Ittipiboon, “Microstrip Antenna Design
Handbook”, Boston, USA: Artech House, Inc., 2001.
[48] P. Barthia, K.V.S. Rao e R.S. Tomar, “Millimeter-wave microstrip and printed
circuit antenna”, Norwood, USA: Artech House, Inc., 1991.
[49] D.M. Pozar e D.H. Schaubert, “Microstrip antennas – The analysis and design of
microstrip antennas and arrays”, New York, USA: The IEEE, Inc., 1995.
[50] K.F. Lee e W. Chen, Advances in Microstrip Antennas, Wiley, 1997.
[51] C.F.L. Vasconcelos, S.G. Silva, M.R.M.L. Albuquerque, J. R. Oliveira e A.G.
d’Assunção, “Annular ring microstrip antennas for millimeter wave applications,”
Int. J. Infrared Millim. Waves, vol. 28, pp. 821-829, 2007.
[52] V.P. Silva Neto, C.F.L.Vasconcelos, M.R.M.L.Albuquerque e A.G. d’Assunção
“Analysis of Annular Ring Microstrip Antennas on Anisotropic Substrates by Wave
Concept Iterative Procedure ”, IEEE Antennas and Propagation Symposium,
2013.
[53] M.R.M.L. Albuquerque, S.G. Silva, J.R.S.Oliveira e A.G. d’Assunção “Effect of
substrate heigth variations on radiation properteis of microstrip patch antennas on
ferrite”, Microwave and opt. Technol. Letters, vol.44, pp.289-292, 2005.
[54] H. How, T. M. Fang e C. Vittoria, “Intrinsic modes of radiation in ferrite
patch antennas,” IEEE Trans. Microwave Theory Tech., vol.42, pp. 988-994,
June 1994.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
83
[55] D. M. Pozar, “Radiation and scattering characteristics of microstrip
antennas on normally biased ferrite substrates,” IEEE Trans. Antennas
Propagat., vol. 40, pp. 1084–1092, Sept. 1992.
[56] C.F.L. Vasconcelos, S.G. Silva, M.R.M.L. Albuquerque, J. R. S. Oliveira, and A.
G. d’Assunção, “Full wave analysis of annular ring microstrip antenna on
metamaterial,” IEEE Trans. on Magnetics, vol. 47, pp. 1110-1113, May 2011.
[57] V.P.Silva Neto, C.F.L.Vasconcelos, M.R.M.L. Albuquerque e A.G. d’Assunção,
“Resonat Frequency Analysis os Microstrip Antenna on Dielectric-Magnetic
Medium” EUCAP – 2012.
[58] V.P. Silva Neto, J.L.G. Medeiros, A. G. d’Assunção, L.M. Mendonça e J.B.L.
Oliveira, “ Analysis of Microstrip Patch Antenna on Nanostructured Ceramic
Substrate by an Iterative Method Based on Transversal Wave Concept”,
Conference on the Computation of Electromagnetic Fields, COMPUMAG 2013.
[59] V.P. Silva Neto, C.F.L. Vasconcelos, M.R.M.L. Albuquerque, and A. G.
D’Assunção, “Wave Concept Iterative Procedure Analysis of Patch Antennas on
Nanostructured Ceramic Substrates ”, Advanced Electromagnetics Symposium,
AES 2013.
[60] M. Horno, "Calculation of quasi-static characteristics of microstrip on anisotropic
substrate using mapping method,'' IEEE/MTT-S Int. Microw. Symp. Digest, pp.
450-452, 1980.
[61] I. C. Hunter, Theory and Design of Microwave Filters. London, U.K.: IEE Press,
2000.
[62] J.Ortosi, “Etude Mathématique des circuits de l'électronique”. Tome II : Synthèse
des circuits, Ed. Masson, 1967.
[63] M. Hasler e J. Nierynck, “Traité d'électricité : Filtres électriques, volume XIV”,
École polytechnique de Lausanne, Ed. Georgi.
[64] R. Levy, R.V. Snyder e G. L. Matthaei, “Design of Microwave Filters”, IEEE
Transactions on Microwave Theory and Techniques, vol. 50, no. 3, pp. 783 –
793, March 2002.
[65] R.R. Mansour, “Filter Technologies for Wireless Base Stations”, IEEE
Microwave Magazine, vol. 5, no. 1, pp. 68 – 74, March 2004.
[66] E.C. Niehenke, R.A. Pucel e I.J. Bahal, “Microwave and Millimeter-Wave
Integrated Circuits”, IEEE Transactions on Microwave Theory and Techniques,
vol. 50, no. 3, pp. 846 – 857, March 2002.
[67] D. S. Williams e S.E. Schwarz, “Design and Performance of Coplanar
Waveguide Bandpass Filters”, IEEE Transactions on Microwave Theory and
Techniques, vol. 31, no. 7, pp. 558 – 566, March 1983.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
84
[68] K.C. Gupta, R. Garg e J.J. Bahal, “Microstrip Lines and Slotlines”, ARTECH
HOUSE, Debhamn MA, 1979.
[69] G.L. Matthaei, L. Young e E.M.T.Jones, “Microwave Filters, Impedance-
Matching Networks, and Coupling Structures”, ARTECH HOUSE, Dedham MA,
1980.
[70] C.M. Tsai, S.Y. Lee e C.C. Tsai, “Hairpin Filters With Tunable Transmission
Zeros”, IEEE Transactions on Microwave Theory and Techniques, 2001.
[71] M.K.M. Salleh, G. Prigent, O. Pigaglio e R. Crampagne, “Quarter-wavelength
side-coupled ring resonator for bandpass filters”, IEEE Trans. Microw. Theory
Tech. 56: 156-162, 2008.
[73] V.P. Silva Neto, C.F.L. Vasconcelos, M.R.M.L. Albuquerque e A.G.
D’Assunção, “Selective Bandpass Filters Printed on Isotropic and Anisotropic
Dielectrics, and Metamaterial Substrates”, IEEE Conference on Electromagnetic
Field Computation, CEFC 2012.
[74] V.P. Silva Neto, C.F.L. Vasconcelos, M.R.M.L. Albuquerque e A.G.
D’Assunção, “Simulation and Design of Bandpass Filter on Metasubstrates ”,
META’13 Conference, 2013.
[75] B. A. Munk, Frequency-selective surfaces: theory and design, John Wiley &
Sons, New York, 2000.
[76] T.K. Wu, Frequency selective surface and grid array, John Wiley & Sons, New
York, 1995.
[77] J.C. Vardaxoglou, Frequency-selective surfaces: analysis and design, Wiley,
New York,1997.
[78] G.H.-H. Sung, K. W. Sowerby, M. J. Neve, e A. G. Williamson, “A frequency-
selective wall for interference reduction in wireless indoor environments”,
IEEE Antennas and Propagation Magazine, vol. 48, pp. 29-37, 2006.
[79] M. Titaouine, A. Gomes Neto, H. Baudrand e F. Djahli, “Analysis of frequency
selective surface on isotropic/anisotropic layer using WCIP method”, ETRI
Journal, vol.29, no. 1, pp.36 – 44, 2007.
[80] M. Titaouine, A. Gomes Neto, H. Baudrand e F. Djahli, “Analysis of shorted ring
slots frequency selective surfaces using WCIP method”, Journal of Microwaves,
Optoelectronics and Eletromagnetic Applications, vol.7, no.2, pp.65-82, 2008.
85
Artigos Publicados e Submetidos
[1] V.P. Silva Neto, C.F.L. Vasconcelos, M.R.M.L. Albuquerque e A. G.
D’Assunção, “Wave Concept Iterative Procedure Analysis of Patch Antennas on
Nanostructured Ceramic Substrates ”, Advanced Electromagnetics Symposium,
AES 2013.
[2] V.P.Silva Neto, C.F.L.Vasconcelos, M.R.M.L. Albuquerque e A.G. d’Assunção,
“Resonat Frequency Analysis os Microstrip Antenna on Dielectric-Magnetic
Medium”, EUCAP – 2012, Praga, República Tcheca.
[3] V.P. Silva Neto, C.F.L. Vasconcelos, M.R.M.L. Albuquerque e A.G. D’Assunção,
“Selective Bandpass Filters Printed on Isotropic and Anisotropic Dielectrics, and
Metamaterial Substrates”, IEEE Conference on Electromagnetic Field
Computation, CEFC 2012, Oita, Japão.
[4] V.P. Silva Neto, C.F.L. Vasconcelos, M.R.M.L. Albuquerque e A.G. D’Assunção,
“Simulation and Design of Bandpass Filter on Metasubstrates ”, META’13
Conference, 2013, Sharjan, Emirados Árabes Unidos. Submetido à revista Applied
Physics A.
[5] D.R.Luna, V.P. Silva Neto, C.F.L. Vasconcelos e A.G. D’Assunção, “Microstrip
Patch Antennas with Metamaterial Inspired Substrates and Superstrates”, IEEE-
IMOC, 2013.
[6] V.P. Silva Neto, C.F.L. Vasconcelos, M.R.M.L. Albuquerque e A.G. D’Assunção,
“High Selective Band Pass Filter on Iso/Anisotropic Dieletric, Ferrimagnetic, and
Metamaterial Substrates”.(Artigo para publicação na Microwave and Optical
Technology Letters )
Trabalhos aceitos em congressos internacionais (2013), mas não apresentados :
[7] V.P. Silva Neto, C.F.L.Vasconcelos, M.R.M.L.Albuquerque e A.G. d’Assunção
“Analysis of Annular Ring Microstrip Antennas on Anisotropic Substrates by Wave
Concept Iterative Procedure ”, IEEE Antennas and Propagation Symposium,
2013.
[8] V.P. Silva Neto, J.L.G. Medeiros, A. G. d’Assunção, L.M. Mendonça e J.B.L.
Oliveira, “ Analysis of Microstrip Patch Antenna on Nanostructured Ceramic
Substrate by an Iterative Method Based on Transversal Wave Concept”,
Conference on the Computation of Electromagnetic Fields, COMPUMAG 2013.
ARTIGOS PUBLICADOS E SUBMETIDOS
86
Trabalhos em preparação para submissão:
[9] V.P Silva Neto e A.G. D’Assunção, “Analysis of Reconfigurable FSS Using an
Iterative Method Based on Transversal Wave Concept”.
[10] V.P. Silva Neto e A.G.D’Assunção, “Compact and Stable Designs of FSS with
Circular Radial Slit Elements Using an Iterative Method”.
[11] V.P. Silva Neto, J.L.G. Medeiros, A. G. d’Assunção, L.M. Mendonça e J.B.L.
Oliveira “Comparision Between Method of Moments and an Iterative Method
Based on Transversal Wave Concept in the Analysis of Microstrip Patch Antenna
on Nanostructures Ceramic Substrates”.