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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS DE CURITIBA DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL – PPGEC CARACTERIZAÇÃO DA CINZA DE FOLHA DE BANANEIRA (Musa spp) - AVALIAÇÃO DO POTENCIAL POZOLÂNICO DISSERTAÇÃO CURITIBA 2010

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS DE CURITIBA

DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

EM ENGENHARIA CIVIL – PPGEC

CARACTERIZAÇÃO DA CINZA DE FOLHA DE BANANEIRA ( Musa

spp ) - AVALIAÇÃO DO POTENCIAL POZOLÂNICO

DISSERTAÇÃO

CURITIBA

2010

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RODRIGO CÉZAR KANNING

CARACTERIZAÇÃO DA CINZA DE FOLHA DE BANANEIRA

A AVALIAÇÃO DO POTENCIAL POZOLÂNICO

Dissertação de mestrado apresentada ao curso de

pós-graduação em Engenharia Civil da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Rogério F. K. Puppi

CURITIBA

2010

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Dedico este trabalho a meu pai Angelo Tortato Kanning.

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AGRADECIMENTOS

Esta dissertação foi escrita com o intuito de facilitar, na medida do possível, a

tarefa de pesquisadores, para que sirva de ajuda a todos aqueles aos quais a

construção põe em contato com outras áreas de interesse.

Por fim, para finalizar este preâmbulo consta aqui o meu agradecimento à:

• Deus, que me deu saúde e força para concluir este trabalho;

• A minha família pelo apoio e incentivo;

• A minha namorada Suelen que esteve sempre ao meu lado sendo uma das

principais incentivadoras do projeto;

• A todos os setores da UTFPR: diretoria, professores, alunos e outros

funcionários que contribuíram ao estudo do presente projeto;

• A dedicação e competência do professor orientador Rogério Puppi pela

amizade e comprometimento com o projeto;

• A Companhia de Cimento Rio Branco que possibilitou que este fosse

desenvolvido em seus laboratórios;

• A funcionária Carla e o funcionário Arnoldo da Cimentos Rio Branco.

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“A arte de ser professor é estar

em constante aprendizado”

(Rodrigo Kanning)

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Kanning, Rodrigo Cézar. Caracterização da Cinza de Folha de Bananeira –

Avaliação do Potencial Pozolânico. Curitiba, 2010, dissertação (Mestrado em

Engenharia Civil) - Programa de pós-graduação em Engenharia Civil, Universidade

Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 71 p.

RESUMO

O presente trabalho visou avaliar o potencial pozolânico da cinza de folha de

bananeira. Para tanto, as amostras de cinza foram coletadas após a sua combustão

em um forno e moídas em moinho de bolas nos tempos de (0,5; 1; 2 e 3) horas. O

índice de atividade pozolânica da cinza de folha de bananeira foi determinado por

meio da Cal conforme estabelece a norma NBR 5751/92 e por meio do Cimento

conforme a norma NBR 5752/92. Os resultados mostram que a cinza da folha de

bananeira apresenta atividade pozolânica, atendendo aos requisitos mínimos

prescritos pelas normas NBR 5751/92 e NBR 5752/92, sendo estes superiores em

40% para a Cal e 17,64% para o Cimento.

palavras-chave: Cinza de folha de bananeira, pozolana, atividade pozolânica.

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Kanning, Rodrigo Cézar. Caracterização da Cinza de Folha de Bananeira –

Avaliação do Potencial Pozolânico. Curitiba, 2010, dissertação (Mestrado em

Engenharia Civil) - Programa de pós-graduação em Engenharia Civil, Universidade

Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 71 p.

ABSTRACT

This study aimed to verify the presence of pozzolanic activity in the ash

coming from the banana leaf. To that end, samples of ash were collected after their

combustion in an oven and milled in a ball mill in times (0,5; 1; 2 and 3) hours. The

index of pozzolanic activity of leaf ash of banana was determined by cal as

established by the NBR 5751/92 and through the cement according to NBR 5752/92.

Preliminary results show that the ash of banana leaf shows pozzolanic activity, given

the minimum requirement set by the NBR 5751/92 and NBR 5752/92, which were

higher by 40% to the cal and 17.64% for cement.

Keywords: leaf ash of banana, pozzolan, pozzolanic activity.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Porosidade da pasta de cimento ....................................................... 19

Figura 2.2 – Porosidade da pasta de cimento ........................................................ 20

Figura 3.1 – Etapas de ensaio do Programa Experimental .................................... 35

Figura 3.2 – Equipamento para medição de temperatura ...................................... 37

Figura 3.3 – Projeto do forno para queima da folha de bananeira ......................... 38

Figura 3.4 – Vista interior do moinho de bolas ....................................................... 39

Figura 3.5 – Vista geral e interna do moinho de bolas ........................................... 39

Figura 3.6 – Quarteador ......................................................................................... 40

Figura 3.7 – Moinho de panela com anéis ............................................................. 40

Figura 3.8 – Balança digital de precisão ................................................................ 41

Figura 3.9 – Prensa para preparo da amostra ........................................................ 41

Figura 3.10 – Difratômetro de Raios X ................................................................... 42

Figura 3.11 – Ensaio de peneiramento via úmida .................................................. 43

Figura 3.12 – Equipamentos para obtenção da massa específica do cimento ...... 43

Figura 3.13 – Aparelho de Blaine ........................................................................... 44

Figura 3.14 – Flow Table ........................................................................................ 46

Figura 3.15 – Corpos-de-prova capeados com enxofre sendo ensaiados ............. 50

Figura 3.16 – Arranjo de ensaio de IAP ................................................................. 50

Figura 4.1 – Temperaturas de queima da folha de bananeira ................................ 53

Figura 4.2 – Quantidade cinza gerada durante a queima para os diversos

materiais .............................................................................................. 54

Figura 4.3 – Difração de raios X da cinza de folha de bananeira ........................... 56

Figura 4.4 – Porcentagem de material retido na peneira 45 µm para cada tempo de

moagem .............................................................................................. 57

Figura 4.5 – Massa específica das cinzas de folha de bananeira .......................... 58

Figura 4.6 – Variação do Blaine para cada tempo de moagem.............................. 60

Figura 4.7 – Índice de atividade pozolânica individual para as diferentes

moagens.............................................................................................. 61

Figura 4.8 – Atividade pozolânica da cinza de folha de bananeira com cimento ... 62

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LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 – Classificação dos poros quanto ao seu tamanho ............................. 19

Quadro 2.2 – Classificação das pozolanas conforme a NBR12653/92 .................. 22

Quadro 2.3 – Classificação das pozolanas conforme ASTM 618-95 ..................... 23

Quadro 2.4 – Classificação das pozolanas quanto ao diâmetro e área específica 25

Quadro 2.5 – Classificação e composição dos materiais pozolânicos, cimentantes e

filler ...................................................................................................... 26

Quadro 2.6 – Exigência química para os materiais pozolânicos (NBR 12653/92) . 28

Quadro 2.7 – Parâmetros físicos conforme estabelecido pela norma

NBR 12563/92 ..................................................................................... 28

Quadro 2.8 – Sistemas de moagem empregados para materiais calcinados ........ 29

Quadro 2.9 – Quantidade de Cinza produzida para cada material queimado ........ 32

Quadro 3.1 – Características físicas, químicas e mecânicas Cimento CPII – F32 . 36

Quadro 3.2 – Requisitos químicos e físicos do hidróxido de cálcio NBR 5751/92 . 45

Quadro 3.3 – Requisitos para atividade pozolânica com o cimento ....................... 48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Proporção dos materiais para IAP com Cal ....................................... 46

Tabela 3.2 – Proporção dos materiais da argamassa para determinação de atividade

pozolânica por meio do cimento .......................................................... 48

Tabela 4.1 – Quantidade média de folhas secas por pés de bananeira ................. 51

Tabela 4.2 – Quantidade de cinza em função do peso da folha de bananeira seca

............................................................................................................ 52

Tabela 4.3 – Análise química de cinza de folha de bananeira ............................... 55

Tabela 4.4 – Quantidade de material retido na peneira de malha 45 µm ............... 56

Tabela 4.5 - Análise da Variância (ANOVA) para o material retido na peneira 45

µm ..................................................................................................... 56

Tabela 4.6 – Massa específica da cinza para os diferentes tempos de moagem .. 58

Tabela 4.7 – Análise da Variância (ANOVA) para a massa específica das cinzas 59

Tabela 4.8 – Blaine das diferentes cinza de folha de bananeira ............................ 59

Tabela 4.9 – Índice de atividade pozolânica com a cal .......................................... 60

Tabela 4.10 – Índice de atividade pozolânica com o cimento ................................ 61

Tabela 4.11 – Análise da Variância (ANOVA) para o IAP com cimento ................. 62

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

Abs Absorção de água

a Altura (cm)

ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland

ASTM American Society for Testing and Materials

C-S-H Silicato Hidratado de Cálcio

Ca(OH)2 Hidróxido de Cálcio

c Comprimento (cm)

CPII Z 32 Cimento Portland com adição de Pozolana e resistência

mecânica de 32 MPa aos 28 dias

CPV ARI – RS Cimento Portland de Alta Resistência Inicial – Resistente à

Sulfatos

CPIV Cimento Portland Pozolânico

fcA Resistência média dos corpos-de-prova só com cimento

fcB Resistência média dos corpos-de-prova aos 28 dias

moldados com cimento e material pozolânico

Pci Índice de atividade pozolânica com o cimento

Pca Índice de atividade pozolânica com a cal

δ poz Massa específica da pozolana (kg/m3)

δ cal Massa específica da cal hidratada (kg/m3)

UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14

1.2 Objetivo Geral ......................................................................................................... 15

1.3 Objetivos Específicos .............................................................................................. 15

1.4 Justificativa .............................................................................................................. 15

1.5 Hipótese .................................................................................................................. 15

1.6 Limitação do Estudo ................................................................................................ 16

1.7 Estrutura do trabalho ............................................................................................... 16

2 REVISÃO DA LITERATURA .......................... .......................................................... 17

2.1 Cimento Portland ..................................................................................................... 17

2.2 Hidratação do Cimento Portland ............................................................................. 17

2.3 Porosidade da pasta de cimento ............................................................................. 18

2.4 Zona de transição entre pasta e agregado ............................................................. 20

2.5 Pozolana ................................................................................................................ 21

2.6 Classificação dos materiais pozolânicos ................................................................. 22

2.7 Tipos de materiais pozolânicos .............................................................................. 23

2.8 Classificação quando a atividade cimentante, pozolânica e filer ............................ 24

2.9 Reação pozolânica ................................................................................................. 27

2.10 Efeitos físicos e químicos das pozolanas .............................................................. 27

2.11 Sistemas de moagem para materiais calcinados ................................................. 28

2.12 Utilização da pozolana em concretos e argamassas ........................................... 29

2.13 Material com potencial pozolânico ....................................................................... 30

2.14 Identificação da oportunidade .............................................................................. 32

3 METODOLOGIA – MATERIAIS E MÉTODOS .............. ........................................... 34

3.1 Planejamento do Programa Experimental ............................................................... 34

3.2 Materiais utilizados .................................................................................................. 35

3.2.1 Cimento ................................................................................................................ 36

3.2.2 Areia ..................................................................................................................... 36

3.2.3 Água da mistura ................................................................................................... 37

3.3 Produção da cinza de folha de bananeira ............................................................... 37

3.4 Moagem da cinza de folha de bananeira ................................................................ 38

3.5 Difração e fluorescência de raios X ......................................................................... 40

3.6 Determinação do resíduo na peneira 45 µm – NBR 9202/85 .................................. 42

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3.7 Massa específica da cinza ...................................................................................... 43

3.8 Método de permeabilidade ao ar – método de Blaine ............................................. 44

3.9 Índice de atividade pozolânica com a cal ............................................................... 44

3.10 Índice de atividade pozolânica com o cimento ...................................................... 47

3.11 Caracterização da argamassa no estado endurecido ........................................... 49

3.11.1 Índice de atividade pozolânica com a cal – NBR 5751/92 .................................. 49

3.11.2 Índice de atividade pozolânica com o cimento – NBR 5752/92 .......................... 50

4 RESULTADOS PRELIMINARES ........................ ...................................................... 51

4.1 Quantidade de folhas secas por hectare ................................................................. 51

4.2 Produção da cinza de folha de bananeira ............................................................... 52

4.3 Difração e Fluorescência de raios X ........................................................................ 54

4.4 Determinação do resíduo na peneira 45 µm – NBR 9202/85 .................................. 56

4.5 Massa específica da cinza de folha de bananeira – NBR NM 23/01 ....................... 58

4.6 Método de permeabilidade ao ar – método Blaine NBR NM 76/98 ......................... 59

4.7 Índice de atividade pozolânica com a cal – NBR 5751/92 ....................................... 60

4.8 Índice de atividade pozolânica com o cimento – NBR 5752/92 ............................... 61

5 CONCLUSÕES PRELIMINARES ......................... ..................................................... 64

5.1 Sugestões para trabalhos futuros ............................................................................ 64

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 66

DOCUMENTOS CONSULTADOS ............................ .................................................... 71

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14

1 INTRODUÇÃO

O emprego de materiais alternativos na construção civil tem sido cada vez

mais intenso. MARGON e ROCHA (2003) descrevem que o referido emprego

assegura-se pelo grande volume de materiais consumidos, bem como a valorização

do uso destes no setor da construção civil e na área de proteção ambiental.

JOHN (2000) indica em estudo que a cadeia produtiva da construção civil já é

a maior recicladora da economia, haja vista que possui grande potencial para

aumentar o volume de materiais que recicla, em consideração a quantidade e as

características dos resíduos que consome.

Segundo CINCOTTO (1998) o emprego de resíduos oriundos de atividades

agrícolas na obtenção de novos materiais e componentes para a construção civil

deve-se a necessidade de redução do consumo dos insumos não renováveis, bem

como de custos na construção civil. Tal emprego atende aos quesitos de

sustentabilidade e economia;

Dentre os diversos tipos de resíduos que a construção civil pode empregar

destacam-se os materiais pozolânicos, que caracterizam-se por possuírem atividade

reativa quando em contato com os compostos do cimento.

A utilização de materiais pozolânicos combinados com cimento e cal para

obtenção de argamassas e concretos duráveis e econômicos fazem parte das novas

tecnologias, a fim de assegurar a melhoria nas suas características em estado fresco

e endurecido.

A intensificação da aplicação e o uso de adições minerais em argamassas e

concretos vêm sendo largamente estudadas nas últimas décadas, a fim de promover

a melhoria dos aspectos mecânicos e de durabilidade dos compósitos. Dentre elas

destacam-se as cinzas volantes como a cinza de casca de arroz e a argila calcinada

(NEVILLE, 1997).

Aliado a isso, a construção civil possui um grande potencial de utilização de

resíduos provenientes de outros processos industriais. A utilização de materiais

alternativos favorece não somente a destinação correta dos mesmos, bem como

propicia soluções tecnicamente viáveis quando tecnicamente analisados. O emprego

destes materiais visa obter qualidade, propriedades e características satisfatórias

para serem empregados e ainda buscar novas fontes de matéria-prima (MARGON e

ROCHA 2003).

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15

A possibilidade de se desenvolver um novo material, com matérias-primas

estudadas, agregando melhorias nos aspectos técnicos, propicia um novo foco para

a produção de argamassas e concretos compostos de matéria-prima reaproveitada.

Neste contexto é que se expõe a necessidade de utilização da cinza de folha de

bananeira como adição na produção de argamassas e concretos, haja visto que o

material mais consumido no mundo além da água é o concreto.

Contudo, o aumento na utilização das folhas de bananeira favorecem o

estudo de suas aplicações, sendo uma necessidade a qual contribui não só para o

surgimento de uma nova tecnologia, mas também um material voltado a

sustentabilidade.

1.2 Objetivo Geral

Estudar a influência do tempo de moagem, após queima em forno, na

atividade pozolânica da cinza de folha de bananeira.

1.3 Objetivos Específicos

• Obter o melhor tempo de moagem da folha de bananeira e verificar sua

influência na reatividade da cinza.

1.4 Justificativa

Com base a produção nacional de 50,8 milhões de toneladas de cimento no

período de março de 2008 à fevereiro de 2009 (SNIC, 2010) e de 50 milhões de m3

de concreto no ano de 2006 (NASCIMENTO, 2007), faz-se necessário e de suma

importância o estudo da incorporação de subprodutos com características

pozolânicas aos concretos e argamassas, atendendo a quesitos de qualidade,

durabilidade e economia (MEHTA e MONTEIRO, 2008).

1.5 Hipótese

As cinzas oriundas das folhas de bananeira possuem atividade pozolânica

superiores ao mínimo exigido pelas normas NBR 5751/92 e NBR 5752/92.

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16

1.6 Limitações do Estudo

A utilização da cinza de folha de bananeira como material de construção

limita-se em uma possível adição em argamassas e concretos como tentativa

inovadora de reciclagem. Os resultados obtidos com o desenvolvimento do referido

trabalho serão dentro das condições especificas realizadas em laboratório, tomando

como base as normas vigentes, e os equipamentos disponíveis, podendo estes

conterem variações condizentes às situações em escalas de produção industrial.

1.7 Estrutura do trabalho

Para o desenvolvimento da referida dissertação adotou-se os critérios de se

efetuar os ensaios no estado fresco e endurecido em laboratórios climatizados,

visando atender aos requisitos de controle de qualidade, estando esta subdividida

em capítulos conforme segue:

O capítulo 2 compreende a revisão da literatura sobre temas como: pozolana,

sua classificação, reação pozolânica, propriedades físicas e químicas das pozolanas

e cinza de folha de bananeira.

O capítulo 3 descreve a metodologia, no qual são apresentadas as variáveis de

estudo, os ensaios normatizados e os procedimentos adotados para a avaliação das

unidades de estudo.

No capítulo 4 os resultados dos ensaios são analisados e discutidos

primeiramente de forma individual e, por fim, é apresentada uma discussão geral,

correlacionando os diversos resultados.

No capítulo 5, são apresentadas as conclusões e sugestões para alguns temas

de pesquisa de modo a contribuir com o desenvolvimento deste assunto.

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17

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Cimento Portland

Descoberto por Joseph Aspdin em 1824, o cimento Portland foi patenteado

numa referência à semelhança entre o clínquer e a Portlandstone, tipo de pedra

arenosa muito usada em construções na região de Portland, Inglaterra

(SCANDIUZZI, 1946). O referido nome é uma denominação internacional aplicada

para o material aglomerante mais utilizado nas construções (ABCP, 2002).

O protótipo do cimento moderno foi criado em 1845 por Isaac Johnson, que

queimou uma mistura de argila e greda (giz) até a formação do clínquer,

possibilitando a ocorrência das reações químicas necessárias à formação dos

compostos de alta resistência no cimento (NEVILLE, 1997).

A ASTM C150 (American Society for Testing and Materials) define o cimento

Portland como um aglomerante hidráulico produzido pela moagem do clínquer, que

consiste essencialmente de silicatos de cálcio hidráulicos. Os clínqueres são nódulos

de 5 a 25mm de diâmetro de um material sintetizado, produzido quando uma mistura

de matérias-primas (calcário, argila, filito, minério de ferro) de composição pré-

determinada. Os materiais são aquecidos a temperaturas médias de 1450 °C.

Desta forma o cimento Portland é constituído basicamente por compostos de

cálcio e sílica com diâmetros na ordem de 30 à 100µm. Após a moagem do clínquer

adiciona-se quantidades na ordem de 5% de sulfato em forma de gipsita (gesso)

para inibir as reações instantâneas do clínquer (Ibidem).

2.2 Hidratação do cimento Portland

Dentre os compostos gerados no processo de clinquerização destacam-se os

silicatos de cálcio: C3S (silicato tricálcico – 3CaO . SiO2), responsável pela

resistência mecânica até os 28 dias de idade. Em contato com água forma uma

pasta pouco plástica, a adição de gipsita melhora esse aspecto também influindo na

pega e na resistência aos três dias. Hidrata de forma rápida, gerando calor de

hidratação (MEHTA, 1994 e BAUER, 1994); e C2S (silicato dicálcico – 2 CaO . SiO2)

sendo estável e responsável pela resistência após os 28 dias, hidratando-se

lentamente (Ibidem).

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18

Os aluminatos de cálcio: C3A (aluminato tricálcico – 3CaO.Al2O3) apresenta-se

instável em suas fases hidratadas, a pega é rápida com grande desprendimento de

calor. Também contribui para resistência nos primeiros dias, perdendo resistência

mecânica com a idade (ALVES, 1999 e BAUER 1994); o C4AF (ferroaluminato de

cálcio – 4CaO . Al2O3 . Fe2O3), possui pega rápida, porém não instantânea. Tem

baixa resistência e o óxido de ferro, age como fundente e fixa a alumina que

melhorando a resistência ao ataque das águas sulfatadas (Ibidem).

A alta reatividade do C3A quando em contato com a água é controlada com a

utilização da gipsita, que controla a tendência de pega (endurecimento) instantâneo

do clínquer.

O mecanismo de hidratação do cimento consiste no enrijecimento da pasta

(mistura de cimento e água) inicialmente pelos aluminatos seguidos da evolução da

resistência pelos silicatos (KAEFER, 2008).

A formação das agulhas de etringita de primeira fase são iniciadas logo após

o contato da água com o cimento, sendo conhecido como a fase de início da

hidratação desenvolvendo a resistência inicial.

A hidratação dos silicatos são iniciadas após algumas horas de reação

química do cimento, resultando em silicatos de cálcio hidratados, representados pela

sigla C-S-H, responsáveis pela resistência da pasta a esforços mecânicos. O

hidróxido de cálcio conhecido com CH (Ca(OH)2), é responsável por preencher os

espaços ocupados pela água, devido a baixa superfície específica, e pela

passivação das armaduras (elementos de aço responsáveis pela resistência a

tração). A geometria dos cristais de C-S-H são pequenas e fibrilares ao passo que

no CH são do tipo prismáticas (DAL MOLIN, 1995, MEHTA e MONTEIRO, 2008).

2.3 Porosidade da pasta de cimento

A resistência mecânica da pasta de cimento esta diretamente associada a

quantidade de poros existentes no compósito (KHATRI, 1997). Tal porosidade

relaciona-se com os poros entre as camadas de C-S-H, possuindo larguras que

podem variar de:

• 5 a 25 Å, não influenciando na resistência da pasta;

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19

• > 50nm, caracterizados como vazios capilares gerados pelo não preenchimento

dos espaços vazios pelos componentes do cimento, sendo prejudiciais a

resistência mecânica da pasta;

• microns (µm) até centímetros (cm), contendo ar, normalmente com forma

esférica, resultantes da deficiência no processo de vibração do concreto.

Como descrevem Mehta e Monteiro (1994) a porosidade da pasta de cimento

pode ser observada na Figura 2.1.

Figura 2.1 – Porosidade da pasta de cimento (MEHTA E MONTEIRO, 1994 e 2008)

Mehta e Monteiro (2008) e Campiteli (1987) classifica os poros quando ao

tamanho para as pastas endurecidas com mostra o Quadro 2.1.

Quadro 2.1 – Classificação dos poros quando ao seu tamanho

Designação Descrição Diâmetro Unidade

Poros Capilares Capilares grandes 10 - 0,5 µm

Capilares médios 50 - 10 nm

Poros do Gel

Capilares

pequenos 10 - 2,5

nm

Microporos 2,5 - 0,5 nm

Microporos

“interlamelares” 0,5

nm

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Helene (1993) em seu trabalho apresenta a porosidade da pasta de cimento e

seus agentes deletéreos conforme Figura 2.2.

Figura 2.2 – Porosidade da pasta de cimento (HELENE, 1993)

2.4 Zona de transição entre pasta e agregado

A zona de transição é caracterizada pelo contato entre a pasta de cimento e

os agregados, com dimensões na ordem de 50 µm. A mistura da água com os

demais componentes de um concreto ou argamassa propiciam a formação de uma

película de água na superfície dos agregados, o que aumenta a porosidade e a

heterogeneidade da zona de transição em relação a pasta. A referida

heterogeneidade torna-se o ponto mais fraco dos compósitos nos primeiros dias de

idade, diminuindo as forças de adesão entre pasta/agregado (NEVILLE, 1987,

MONTEIRO, 1985).

Para o concreto convencional, as forças mecânicas nas primeiras idades,

geram microfissuras que tendem a se propagar pela zona de transição

pasta/agregado.

A película de água ao redor dos agregados nas primeiras idades propicia uma

zona de interface pasta/agregado na qual se propagam as microfissuras. Tal fator é

reduzido com a hidratação do cimento formando novos compostos como o Ca(OH2)

que aderem a superfície dos agregados (miúdo e graúdos).

A ocorrência das fissuras passam a ser no Ca(OH2) depositado sobre o

agregado, criando assim o elo mais fraco do compósito. Porém grandes espaços

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vazios (na ordem de microns) gerados pelo alto consumo de água possibilita a

formação de cristais paralelos entre si e perpendiculares ao agregado facilitando

desta forma o rompimento dos mesmos e a propagação das fissuras.

A substituição de porcentagens de cimento por pozolanas controlam a

formação de cristais de Ca(OH)2, aumentando a densidade da pasta, em

conseqüência as regiões de interface de ligação entre pasta agregado, minimizando

desta forma a propagação das fissuras.

2.5 Pozolana

De acordo com Mehta e Monteiro (1994), a construção civil, apesar de

produzir grandes impactos ambientais, apresenta um grande potencial para

consumo de resíduos das outras indústrias. Há vários tipos de resíduos industriais

que já são reaproveitados ou reciclados, porém sua aplicação ainda é restrita

(QUEBAUD et al., 1997). Hoje tem-se, como exemplo, o aproveitamento de

resíduos de escória de alto-forno como adição no cimento Portland (MEHTA e

MONTEIRO, 1994), a sílica ativa em concretos de alta resistência (AÏTCIN, 2000) e

a cinza de casca de arroz como material pozolânico em concretos e argamassas.

A utilização de adições minerais na construção civil como descrevem

Malhotra e Mehta (1996) teve início no ano 300 a.C. na cidade de Nápoles, Itália. A

aplicação de adições na construção civil como descreve Souza (2003) foi mais

difundida pelo império romano no ano de 79 d.C. quando as cinzas vulcânicas

oriundas do monte Vesúvio foram utilizadas nas construções como um material com

propriedades cimentantes.

Na Europa, os materiais intitulados como tufos vulcânicos também eram

empregados na produção de argamassa e concreto, já, em outras regiões, aplicava-

se a argila calcinada.

Nos dias atuais a era ecológica que visa atender aos quesitos de economia e

de tecnologia amplia o consumo de adições minerais em concretos e argamassas,

empregando materiais com propriedades pozolânicas. A origem das pozolanas

podem ser do tipo industriais como as sílicas ativas provenientes de siderúrgicas, as

cinzas volantes provenientes de usinas termelétricas e as agrícolas como a cinza de

casca de arroz (MEHTA e RAMACHANDRAN, 1984).

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A utilização de pozolanas visando reduzir o consumo do aglomerante cimento

é muito vantajosa uma vez que estas possuem poder aglomerante quando em

contato com a umidade e temperaturas ambientes reagindo com o hidróxido de

cálcio (Ca(OH)2) formando compostos cimentantes (PRUDÊNCIO JUNIO et al.,

2003; WEBER, 2001; NEVILLE 1997 e CINCOTTO 1988; SILVEIRA e DAL MOLIN,

1995).

Como descreve Neville (1995 e 1997), Coutinho (1997), Mehta e Monteiro

(1994) as pozolanas podem apresentar atividade pozolânica no seu estado natural,

ou podem ser facilmente transformadas em pozolanas, aplicando-se para tal um

processo de calcinação e moagem. As pozolanas artificiais, de origem industrial não

necessitam obrigatoriamente de secagem e moagem para atuar como pozolana.

Por ser um material fino a pozolana quando mal dosada pode provocar a

retração em argamassa aumentando proporcionalmente com a quantidade de finos

(BASTOS et al. 2005).

Bastos (2001) já tendo avaliado este mesmo fator comenta que o aumento do

teor de finos, melhora a capacidade de retenção de água, porém, diminui o diâmetro

dos capilares da argamassa gerando desta forma tensões internas à argamassa

quando do processo de perda de água para o meio ambiente e para o substrato.

2.6 Classificação dos materiais pozolânicos

A classificação dos materiais pozolânicos tendo como base a sua origem,

podem atender tanto a norma NBR 12653/92, bem como a American Society for Test

and Materials (ASTM C 618-95), são apresentadas nos Quadros 2.2 e 2.3.

Quadro 2.2 – Classificação das pozolanas conforme a NBR12653/92

Classe NBR 12653/92

N Pozolanas de origem natural o artificial, materiais vulcânicos, terras

diatomáceas e argilas calcinadas.

C Pozolana produzida pela combustão de carvão mineral oriundo de

usinas termoelétricas.

E Pozolanas não enquadradas nas classes anteriores.

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Quadro 2.3 – Classificação das pozolanas conforme ASTM 618-95

Classe ASTM 618-95

N Pozolanas cruas ou calcinadas, oriundas de terras diatomáceas,

quartzo de opalina e xistos; turfos vulcânicos e argilas.

F Cinza volante produzida pela incineração de carvão betuminoso ou

antracito, tendo atividade pozolânica.

C Cinza oriunda de carvão betuminoso ou lignina, apresentado

propriedades pozolânicas e cimentantes.

2.7 Tipos de materiais pozolânicos

Conforme descreve Isaia (2005), Mehta (1987) as pozolanas se dividem em

naturais ou artificiais.

De origem natural, os materiais como vidros e tufos vulcânicos, argilas ou

folhelhos calcinado e terra diatomácea podem apresentar atividade pozolânica,

necessitando apenas de moagem para sua utilização.

Neville (1997) salienta que algumas pozolanas oriundas de terras

diatomáceas podem causas problemas em concretos e argamassas, devido a sua

angulosidade e porosidade, demandando uma quantidade de água muito grande.

De origem artificial as pozolanas podem ser obtidas como segue:

• Cinzas volantes: oriundas de usinas termoelétricas, onde o carvão é

pulverizado como combustível de queima. Sua combustão é realizada a

temperaturas elevadas entre 1200 a 1600 oC em caldeiras. A permanência

do carvão em chama oxidante como descreve Silva et al. (1999) é de dois

segundos, tempo necessário para sua total fusão, acarretando na geração

de cinza volante e cinza pesada. As cinzas volantes possuem textura fina

sendo carregada pelos gases de combustão até os coletores

eletrostáticos. As cinzas pesadas são acondicionadas no fundo da

fornalha e removidas hidraulicamente por meio de fluxo de água as quais

ocupam cerca de 15% da geração total de cinza não empregam-se como

adição em concretos e argamassas;

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• Sílica ativa: originada na obtenção do ferro-silício, atuando com

desoxidante e sílico-metálico na fabricação de componentes eletrônicos,

silicones e alumínio. Sua produção ocorre a temperaturas acima de

2000 oC com a redução do silício, gerando monóxido de silício que é

transportado em forma de gás para o topo do forno. Sua oxidação se dá

em contato com o ar, formando o dióxido de silício (SiO2) (MEHTA, 1984).

• Metacaulim: obtido da calcinação de argilas caulinitas e caulins em

temperaturas que variam de 600 à 900 oC, que propiciam a geração de um

material amorfo altamente instável quimicamente, denominado

metacaulinita (Al2Si2O7) (ISAIA, 2005).

• Cinza de casca de arroz: produzido na combustão da casca durante o

processo de geração de energia e parboibilização do arroz. Quando

queimada em temperaturas controladas entre 500 à 700 oC, produzem

cinzas amorfas de alta pozolanicidade, ao passo que quando não

controladas apresentam minerais de sílica não reativos e com baixo valor

pozolânico (ISAIA, 2005 e MORAES, 2001).

• Escória granulada de alto forno: material obtido em alto-fornos durante a

produção do ferro-gusa, pela mistura de impurezas encontradas no

minério de ferro, juntamente com calcário, dolomita e cinzas de coque.

Quando resfriadas lentamente ao ar, produzem fases cristalinas diferentes

e conseqüência disso perdem ação cimentante, e quando resfriadas

bruscamente por meio de jatos d´água sob alta pressão, apresentam-se

com material amorfo e altamente reativo (ISAIA, 2005);

• Cinza de Casca da Castanha de Caju: a produção da cinza ocorre após

misturada da casca com cardo durante o processo de decorticação, que

separa a casca da castanha. A cinza é obtida com a queima da casca para

a geração de calor nas caldeiras de decorticação (LIMA, 2007).

2.8 Classificação quando a atividade cimentante, pozolânica e filler

Mehta e Monteiro (1994) apresentam em seu trabalho uma classificação

quanto a atividades cimentantes e pozolânicas dos materiais. Segundo os mesmos

autores a composição química-mineralógica e a característica das partículas

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influenciam no comportamento destes quando aplicados em concretos ou

argamassas. Sua classificação apresenta-se subdividida em materiais cimentantes e

pozolânicos. CYR et al. (2006) e LAWRENCE et al. (2005) descrevem que as

características das partículas como a sua finura e a área específica, tanto nas idades

iniciais com nas finais estão diretamente ligadas a ocorrência dos efeitos

pozolânicos, se dando pelo efeito filler. O Quadro 2.4 apresenta a classificação das

pozolanas quanto ao seu diâmetro e sua área específica e o Quadro 2.5 a

classificação e composição dos materiais pozolânicos, cimentantes e filer.

Quadro 2.4 – Classificação das pozolanas quanto ao diâmetro e área específica

Material Diâmetro (µm) Área específica (cm 2/g)

Silica 0,5 (HOLLAND, 2005)

13000 à 25000 (MEHTA e

MONTEIRO, 2008)

Metacaulin 12 à 146

(VIZCAYNO et al., 2009) 4023

Casca de arroz 5 à 10 (ZHANG et al., 1996) 500 à 1500

(SANTOS, 2006)

Cana-de-açúcar 1 à 14 (PAULA, 2006) 2400 (PAULA, 2006)

Cimento Portland 45 (HOLLAND, 2005) 235 à 560

(ROSSIGNOLO, 2005)

Cinza volante 1 à 150

(MEHTA e MONTEIRO, 2008)

3000 à 4000

(MEHTA e MONTEIRO, 2008)

Escória de alto forno 10 à 45

(MEHTA e MONTEIRO, 2008)

500

(MEHTA e MONTEIRO, 2008)

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Quadro 2.5 – Classificação e composição dos materiais pozolânicos, cimentantes

e filler (MEHTA e MONTEIRO, 1994; ISAIA, 2007)

Classificação Adição mineral Composição

química e mineralógica

Características da partícula

Cimentante Escória granulada de

alto-forno

Silicatos contendo Ca,

Mg, Al e Si.

Possui dimensões de

agregado miúdo. Passam pelo

processo de secagem e

moagem ficando com

dimensões inferiores à 45 µm

(50 m2/g obtido por Blaine).

Cimentante e

pozolânicos

Cinza volante com alto

teor de cálcio

Vidro de silicato, possui

em sua composição Ca,

Mg, Al, alcalis e baixa

teor de C3A.

Material fino com

porcentagens entre 10% e

15% maiores que 45 µm (30 à

40 m2/g obtido por Blaine).

Pozolanas

altamente

reativas

Sílica Ativa Composta por Si em

estado amorfo

Material fino com dimensões

inferiores à 1 µm (130 à 300

m2/g – Absorção por

nitrogênio – BET).

Cinza de casca de arroz Composta por Si não

cristalino

Partículas com dimensões

inferiores a 45 µm.

Pozolanas

industriais

Cinza volante Contém Al, Fe e álcalis.

Possui pequena

quantidade de material

como tipo quartzo,

magnetita e hematita.

Material fino com partículas

que variam de 1 µm à 150

µm, porém maior parte

menores que 45 µm (20 à 80

m2/g obtido por Blaine).

Materiais comuns Composto por quartzo,

feldspato e mica

Partículas são moídas até

atingir dimensões menores

que 45 µm.

Pozolanas

pouco reativas

Cinza de grelha, de

escória e de casa de

arroz queimada no

campo.

Silicatos cristalinos com

pequena quantidade de

matéria amorfa.

O material moído com

dimensões inferiores a 45 µm

para desenvolver atividade

pozolânica.

Filler Calcáreo, pó de quartzo,

pó de pedra.

Variável conforme o

material estudado.

Não possui atividade química,

porém auxilia no

empacotamento

granulométrico.

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2.9 Reação pozolânica

A reação pozolânica como descrevem Silveira e Ruaro (1995), Leite e Dal

Molin (2002), Winkler e Müeller (1998), Isaia (2007) é a capacidade que a pozolana

seja ela natural ou artificial em reagir com a cal, tendo como produto final um

material cimentante (silicato hidratado de cálcio – C-S-H), como apresentado na

equação 1.

xSiO2 + yCaO + zH2O x CaO.ySIO2.zH2O eq. 01

Segundo Leite e Dal Molin (2002) Weber (2001), Shi (2002), Torres et al.

(2007) a atividade pozolânica é conseguida quando estes são queimados a

temperaturas que variam de 500 a 900 oC.

Um dos fatores importantes existentes nas pozolanas é o efeito microfilia. O

termo microfilia demonstra que a finura da pozolana é muito maior que a do

aglomerante cimento.

O fator microfiller propicia um melhor empacotamento entre as partículas de

pozolana e cimento, onde estas diminuem o espaço disponível para a água,

tornando as pastas mais densas em conseqüência disso acarretam no aumento de

resistência mecânica à compressão e durabilidade (Ibidem).

Segundo Coimbra et al. (2002) as pozolanas são materiais mais baratos que

o cimento Portland e apresentam hidratação lenta, bem como liberam pouco calor

durante sua reação com o Ca(OH)2, sendo este de suma importância para concreto

massa. A pozolana é comumente adicionada aos cimentos Portland do tipo: CPIV;

CPV ARI – RS e CPII – Z32.

2.10 Efeitos físicos e químicos das pozolanas

Os efeitos físicos e químicos das pozolanas estão diretamente relacionados

com a reação Ca(OH)2 para formar o silicato hidratado de cálcio - C-S-H (ISAIA,

2005). Conforme pré-descrito pela norma NBR 12653/92 as exigências químicas e

físicas são apresentadas nos Quadros 2.6 e 2.7.

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Quadro 2.6 – Exigência química para os materiais pozolânicos (NBR 12653/92)

Propriedades Classe dos materiais pozolânicos

N C E

SiO2 + Al2O3 + Fe2O3 (% mín.) 70 70 50

SO3 (% máx) 4,0 5,0 5,0

Teor de umidade (% máx) 3,0 3,0 3,0

Perda ao fogo (% máx) 10,0 6,0 6,0

Álcalis disponíveis em Na2O (% máx) 1,5 1,5 1,5

Onde: N – materiais vulcânicos de caráter petrográfico ácido, terras diatomáceas e

argilas calcinadas;

C – cinzas volantes oriundas da queima do carvão em usinas termelétricas;

E – qualquer pozolana que não se enquadram nas classes anteriores,

conforme estabelece a norma NBR 12563/92.

Quadro 2.7 – Parâmetros físicos conforme estabelecido pela norma NBR 12653/92

Propriedades Classe dos materiais pozolânicos

N C E

Material retido na peneira 45 µm

(% máx)

34 34 34

Índice de atividade pozolânica aos 28

dias com cimento (% min)

75 75 75

Índice de atividade pozolânica com a

cal aos 7 dias (MPa)

6,0 6,0 6,0

Água requerida (% máx) 115 110 110

A norma ASTM C 618-95 toma como parâmetros mínimos de 70% de SiO2 +

Al2O3 + Fe2O3, máximo de 5% de SO3 e 1,5% de Na2O.

2.11 Sistemas de moagem para materiais calcinados

Os sistemas de moagem empregados para reduzir o tamanho das partículas

de materiais calcinados podem ser do tipo agitadores, planetários, atritores e

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convencionais, como mostra o Quadro 2.8 (CASTAGNET, 2008, CORDEIRO, 2006

e SURYANARAYANA, 2001).

Quadro 2.8 – Sistemas de moagem empregados para materiais calcinados

Tipo de

Moinho

Funcionamento Desenho

Moinho de bolas

vertical

A redução do tamanho das partículas

ocorre no interior de um recipiente cilíndrico

onde são depositadas esferas soltas. A

rotação do moinho faz com que ocorra o

caimento das bolas uma sobre as outras

provocando a cisalhamento das partículas.

Moinho de bolas

horizontal

A fragmentação das partículas ocorre pela

agitação do conjunto no moinho, tais como

eixo, pinos e paredes do jarro. Aplica-se

para misturar pós como para processar

materiais. Possuem capacidade de

moagem de (0,5 à 40)kg com velocidades

de até 250 rpm.

Moinho de

discos

As materiais são fragmentados por discos

existentes no interior de um recipiente. A

força centrífuga produzida pelo recipiente

girando em torno do seu próprio eixo,

juntamente com a força de rotação dos

discos posicionados no seu interior

reduzem o tamanho das partículas.

2.12 Utilização da pozolana em concretos e argamassas

Entende-se como pozolana materiais ultrafinos com diâmetros na ordem de

0,5 µm, podendo ser obtidos do aproveitamento de resíduos de escória de alto-forno

como adição no cimento Portland (MEHTA e MONTEIRO, 1994): a sílica ativa em

concretos de alta resistência (AÏTCIN, 2000); a cinza de casca de arroz; as cinzas

vulcânicas (SOUZA, 2003); os tufos vulcânicos e a argila calcinada (MEHTA e

RAMACHANDRAN, 1984).

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Predominantemente na forma vítrea as pozolanas solubilizam quando em

contato com meio alcalino reagindo com íons Ca2+ (ISAIA, 2007; KIHARA e

CENTURIONE, 2005 e DAL MOLIN, 2005).

Sampaio et al. (1999) comenta que a finura das cinzas influência nas suas

atividades pozolânicas, porém, como descreve Bastos et al. (2005) por ser fino, e

quando mal dosado, pode provocar a retração em argamassa aumentando a medida

que a quantidade de finos aumenta.

A vantagem principal da utilização da pozolana como descreve Oliveira et al.

(2004) e Malquori (1960) é a capacidade de reagir com os hidróxido de cálcio,

formando novos compostos como silicatos e aluminatos hidratados de cálcio.

Segundo Oliveira et al. (2004) e Malquori (1960) as vantagens propiciadas pela

pozolana quando empregadas em argamassas e concretos são: redução da reação

álcali/agregado; aumento da resistência mecânica; redução da permeabilidade e do

calor de hidratação.

Nos primeiros instantes de mistura dos componentes dos concretos e

argamassas a pozolana atua como material de preenchimento. Ao longo do

processo de hidratação do cimento, as partículas de pozolana reagem removendo o

excesso de hidróxido de cálcio da pasta de cimento, conferindo a mesma mais

resistência.

2.13 Material com potencial pozolânico

As bananas são cultivadas em 130 países e constituem o quarto produto

alimentar mais produzido no mundo, sendo superado somente pelo arroz, trigo e

milho.

O Brasil é um grande produtor de frutas, sendo que a banana ocupa o segundo

lugar após os cítricos, com uma produção anual de 7,1 milhões de toneladas,

cultivados em uma área próxima de 500.000 hectares como descrevem Abanorte

(2010) e Ceagesp (2010).

A produção de banana no Paraná concentra-se principalmente na região

litorânea, ocupa 80% da área, cultivável entre o litoral norte e sul (IAPAR, 2008).

A bananeira consiste em uma planta do tipo herbácea vivaz acaule, da família

Musaceae (género Musa - além do género Ensete, que produz as chamadas "falsas

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bananas"), que apresenta seu verdadeiro caule subterrâneo, que tem a possibilidade

de gerar um nova planta por um período de 15 anos ou mais (ABANORTE, 2010).

A bananeira, por ser uma fruta de clima tropical, apresenta um melhor

desenvolvimento em climas com temperatura média anual na ordem de 22 ºC com

precipitações pluviométricas superiores à 1200 mm/ano. Segundo Manica (1997) a

bananeira possui um ciclo de crescimento mais acentuado para tempos quentes e

úmidos. Desta forma a planta e seus cachos se desenvolvem mais rapidamente nas

épocas de calor.

As variações na altitude influenciam na duração do ciclo da bananeira, sendo

mais produtivas em regiões tropicais com altitude máxima de 300 m acima do nível

do mar. Tal altitude favorece o ciclo de produção entre 8 a 10 meses, ao passo que

altitudes próximas a 900 m acima do mar, são necessários 18 meses para completar

o seu ciclo (Cordeiro, 2002).

Como descreve Cordeiro (2002) o espaçamento entre plantas situa-se na

ordem de (3,00 X 2,50) m, produzindo, em média, 1333 plantas por hectare.

A limpeza com a retirada das folhas velhas, totalmente secas, mortas, doentes

ou pendentes, favorece o fluxo de ar interno do bananal, melhorando a luminosidade

e diminuindo os frutos lesionados. A referida limpeza propicia desenvolvimento das

plantas, facilitando o desbaste, a aplicação de defensivos, movimento de máquinas

e agilizando a colheita dos cachos (Ibidem). Depois da maturação e colheita dos

cachos de bananas, o pseudocaule morre (ou é cortado), dando origem,

posteriormente, a um novo pseudocaule oriundo do caule subterrâneo (ABANORTE,

2010).

A folha da casca de bananeira por ser um material sustentável é descartado

periodicamente. Segundo Cordeiro (2002), pode apresentar atividade pozolânica

quando calcinada e moída. Tal reação não só diminui o custo da produção de

concretos e argamassas como propicia a redução da reação álcali-agregado e do

calor de hidratação em cimentos, aumentando a resistência à tração com redução da

permeabilidade e melhora da sua reologia (SANTOS, 1992; MEHTA e MONTEIRO,

2008).

Como descreve Lima et al. (2007) apud John et al. (2003) qualquer cinza

vegetal, desde que em estado amorfo, finura adequada e composição química com

elevado teor de sílica podem ser empregados em cimentos, concretos e

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argamassas. JOHN et al. (2003) apresenta em seu trabalho a quantidade de cinza

gerada durante a queima de alguns materiais, como apresenta o Quadro 2.9.

Quadro 2.9 - Quantidade de cinza produzida por tonelada de material queimado

(JOHN et al. 2003)

Produto

Cinza

(% em massa)

Produto Cinz a

(% em massa)

MEHTA (1992) CINCOTTO E KAUPATEZ (1988)

Folha de trigo 10,0 Bagaço de cana-de-

açúcar (seco) 0,5

Folha de talo de

girassol 11,0

Amendoim 3,0

Folha de milho 12,0

Folha de sorgo 12,0 Mamona 9,0

Folha de arroz 14,0

Bagaço de cana-de-

açúcar (úmido) 15,0

Casca de arroz 18,0

Casca de arroz 20,0

2.14 Identificação da oportunidade

Nesse capítulo foram abordados assuntos referentes à materiais com potencial

pozolânico, classificações das pozolanas quanto as normas vigentes e sistemas de

moagem.

As principais questões quando se trata de responsabilidade social e ambiental

no Brasil são o déficit habitacional e o desenvolvimento sustentável da construção

civil. Os pés de bananeira por produzem ao longo de sua vida apenas um cacho de

banana, sendo que após a colheita são cortados dando lugar a novos pés de

bananeira. Ao longo do seu crescimento geram as folhas secas que são cortadas e

depositadas ao longo do bananal. A geração periódica das folhas bem como o seu

simples descarte ao longo do bananal possibilita o estudo deste material com a

finalidade de gerar energia elétrica e ter ao final do processo uma cinza com

atividade pozolânica, atendendo desta forma aos quesitos de sustentabilidade.

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Nesse contexto, é avaliado inicialmente a viabilidade técnica de utilização da cinza

oriunda da queima de folha de bananeira, como uma proposta de elemento para

adição em cimentos, concretos e argamassas. A geração de energia elétrica pelo

calor oriundo da queima da folha não é analisada visto que são necessárias

comprovações técnicas da atividade pozolânica da cinza, evitando desta a

possibilidade de geração de energia com a produção de resíduo sem destinação

correta.

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3 PROGRAMA EXPERIMENTAL

O programa experimental foi desenvolvido em duas etapas. A primeira foi

constituída da queima e moagem da cinza de folha de banana em moinho de bolas e

a segunda na caracterização dos materiais utilizados, na dosagem e ensaios de

índice de atividade pozolânicas por meio de cimento e de cal.

3.1 Planejamento do programa experimental

O Programa Experimental teve como base as etapas descritas na seqüência,

visando a elucidação dos objetivos propostos, sendo:

• aquisição, acondicionamento e transporte dos materiais ou insumos ao

laboratório;

• caracterização físico-química da cinza de folha de bananeira.

Com intuito de se avaliar o Índice de Atividade Pozolânica da folha de

bananeira, realizou-se os seguintes ensaios:

• caracterização da cinza de folha de bananeira por meio de Difração e

Fluorescência de raios X, visando identificar a natureza química e as fases

presentes no material;

• dosagem das argamassas sem e com adições minerais;

• realização de ensaios físicos e mecânicos para avaliação das propriedades

das argamassas em estado fresco e endurecido.

• elaboração de um banco de dados com avaliação estatística dos resultados e

de desempenho do produto obtido.

A execução dos referidos ensaios teve como função avaliar a atividade

pozolânica das cinzas com diversos tempos de moagem.

O programa experimental teve como parâmetros a considerar:

• consistência padrão constante atendendo aos quesitos da norma

NBR 5157/92 e NBR 5257/92;

• rompimento de corpos-de-prova de argamassa, segundo recomendações de

norma em idades de 7 dias para argamassas de cal e 28 dias para

argamassas de cimento.

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As etapas experimentais estão descritas na Figura 3.1.

Figura 3.1 - Etapas de ensaio do Programa Experimental

3.2 Materiais utilizados

Para a confecção das argamassas para os ensaios de Índice de Atividade

Pozolânica com a Cal e Cimento, foram utilizados os seguintes materiais: cal,

cimento, cinza de folha de bananeira, areia normatizada e água. As características

dos materiais caracterizam-se a seguir.

Caracterização da argamassa no estado fresco

Consistência da argamassa – Flow Table

Moldagem de corpos-de-prova

Caracterização da argamassa no estado endurecido

Densidade de massa

Resistência à compressão

Produção da cinza de folha de bananeira

Moagem da cinza de folha de bananeira nos tempos de 0h; 0,5h; 1h; 2h e 3h

Fluorescência de raios-X

Determinação do resíduo na peneira 45 µm

Difração de raios-X

Índice de atividade pozolânica com a cal e com o cimento

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3.2.1 Cimento

O cimento utilizado para a confecção das argamassas do tipo CPII – F,

classe 32, devido ao mesmo não possuir em sua composição materiais pozolânicos.

As principais características do cimento utilizado constam nos Quadros 3.1.

Quadro 3.1 – Características físicas, químicas e mecânicas Cimento CPII – F32

Análise Física

Ensaio Resultado

Peneira #200 (%) 3,0

Peneira #325 (%) 13,1

Água da pasta de consistência normal (%) 25,4

Massa específica (g/cm3) 3,09

Superficie específica Blaine (m2/Kg) 3620

Inicio de Pega (min) 220

Fim de Pega (min) 275

Expansão à quente (mm) 0,0

Análise Química (%)

CO2 3,38

Perda ao Fogo 4,66

Residuo Insolúvel 1,09

Análise Mecânica (MPa)

Idade (dias) Resistência (MPa)

3 31,3

7 35,5

28 42,2

Fonte: Companhia de Cimento Rio Branco

3.2.2 Areia

O agregado miúdo utilizado na produção das argamassas para ensaios em

estado fresco e endurecido foram do tipo areia normal Brasileira, produzida pelo IPT,

conforme norma NBR 7214/84, com quatro frações na mesma proporção em massa

sendo: fração grossa compreendida em 2,4 mm < material retido < 1,2 mm; fração

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média grossa: 1,2 mm < material retido < 0,6 mm; fração média fina:

0,6 mm < material retido < 0,3 mm e fração fina: 0,3 mm < material retido < 0,15 mm.

3.2.3 Água da mistura

A água utilizada foi proveniente da rede de abastecimento local.

3.3 Produção da cinza de folha de bananeira

A produção da cinza de folha de bananeira foi efetuada em um forno com

blocos cerâmicos de (9 x 14 x 19) cm (altura x largura x comprimento), revestido em

argamassa de cimento com 1,0 cm de espessura. No recipiente de

acondicionamento da cinza utilizou-se de tijolos refratários onde a cinza era

depositada, não havendo interferência e variação de temperatura com o meio

externo. A temperatura de queima da folha de bananeira foi medida com o

equipamento termopar do tipo K com leitor digital, que pode registrar temperaturas

que variam de -50 oC até 1000 oC, como mostra a Figura 3.2. A escolha deste tipo

de termopar se deu devido a resistência a altas temperaturas bem como possuir

uma haste de leitura de 10 cm de comprimento, propiciando a medida de

temperaturas do interior do forno, eliminando uma possível perda de calor pelas

suas paredes.

Figura 3.2 – Equipamento para medição de temperatura

Leitor digital NOVUS N321

Cabo de leitura

Termopar do tipo K

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O posicionamento dos termopares se procedeu em quatro diferentes alturas,

tendo como premissa a medição das temperaturas de saída dos gases à 120 cm do

fundo (termopar 1); da chama de combustão à 90 cm do fundo (termopar 2); de

queima das folhas na grelha à 60 cm do fundo (termopar 3) e da brasa no recipiente

de acondicionamento (termopar 4), como visto na Figura 3.3.

Figura 3.3 – Projeto do forno para queima da folha de bananeira

3.4 Moagem da cinza de folha de bananeira

Os tempos de moagem da cinza de folha de bananeira foram estabelecidos

em (0; 0,5; 1; 2 e 3) horas tomando como base a possibilidade de estabilização

granulométrica do material, bem como da porcentagem de material retido na peneira

45 µm no intervalo de tempo pré-determinado.

Redução da chaminé para concentração da temperatura

no interior do forno

Abertura da câmara para deposição do

material

Grelha para queima da folha de bananeira

Isolamento térmico do com tijolos refratários

Recipiente de acondicionamento da cinza

Posicionamento dos termopares tipo K

Vista frontal Vista lateral

1

2

3

4

Sistema de injeção de ar

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A cinza foi depositada em um moinho de bolas com capacidade de 35 litros,

de marca MARCONI o qual possui revestimento interno e esferas de alumina,

material qual sofre menor desgaste e menor contaminação do material.

A moagem se procede com a colocação de 1,8 kg de cinza seca no moinho, o

qual inicia seu movimento de rotação e velocidade de giro de 55 rpm e moagem do

material pelo tempo pré-determinado em formato de catarata, como mostra a

Figura 3.4 (CORDEIRO, 2006). Nos intervalos de tempo (0,5; 1; 2 e 3) horas o

moinho é parado e feita a descarga do material moído, como observado na

Figura 3.5. Após a pesagem, o material é acondicionado em sacos plásticos para

posterior verificação da sua atividade pozolânica conforme a norma NBR 5751/92 e

NBR 5752/92.

Figura 3.4 – Vista interior do moinho de bolas

Figura 3.5 – Vista geral e interna do moinho de bolas

Sentido de rotação do

moinho

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3.5 Difração e fluorescência de raios X

A análise da cinza por meio de difração e de fluorescência de raios X

possibilitou identificar a natureza química e a fase dos minerais cristalinos presentes

no material.

Os difratogramas foram coletados em amostras quarteadas como mostra a

Figura 3.6 e posteriormente moídas até a completa passagem na peneira de

abertura de malha 75 µm, como apresentado na Figura 3.7.

Figura 3.6 - Quarteador

Figura 3.7 – Moinho de panela com anéis

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A massa preparada de cada amostra foi de 7 gramas de cinza e 1,4 gramas de

aglomerante do tipo cera orgânica que tem como função de aglomerar as partículas

de cinza com precisão de 0,0002 ± 0,0001, como visto na Figura 3.8. As amostras

foram prensadas mecanicamente em porta amostra de 50 mm de diâmetro à uma

pressão de 5 ton/cm² da máquina de marca Pfaff, como apresentado na Figura 3.9.

Os difratogramas foram coletados em equipamento PHILIPS PW1830, como mostra

a Figura 3.10. As medidas foram realizadas entre 3º e 70o 2θ, com passo angular de

0,020 2θ e tempo de passo de 0,5 segundos. Para as análises empregou-se tubo

com anodo de cobre 40 kV / 30 mA, com fenda divergente de ½º.

Figura 3.8 – Balança digital de precisão

Figura 3.9 – Prensa para preparo da amostra

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Figura 3.10 – Difratômetro de Raios X

3.6 Determinação do resíduo na peneira 45 µm – NBR 9202/85

O ensaio é efetuado inicialmente com a pesagem de um grama de pozolana em

balança de precisão da marca METTLER TOLEDO com três casas decimais,

seguido do seu acondicionamento em uma peneira de malha 45 µm (#325). O

peneiramento via úmida procede-se com o acondicionamento da peneira a uma

distância de aproximadamente 100mm da torneira com uma pressão de 0,75 kgf/cm2

controlado por um manômetro da marca SOLOTEST, como observa-se na

Figura 3.11. Após um minuto de peneiramento o conjunto peneira/pozolana é seco

em estufa a uma temperatura de 100 oC.

O resultado obtém-se da correlação entre a massa inicial e final retida na

peneira, como mostra a equação 02.

100×

=

mf

miR eq. 02

Onde: R – resíduo na peneira 45 µm;

mi – massa inicial (g);

mf – massa final (g).

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Figura 3.11 – Ensaio de peneiramento via úmida

3.7 Massa específica da cinza - NBR NM 23/01

A cada retirada de material nos intervalos de moagem pré-determinados,

realizou-se o ensaio de massa específica pelo Frasco de Le Chatelier, tomando

como base a norma NBR NM 23/01, como visto na Figura 3.12.

Figura 3.12 – Equipamentos para obtenção da massa específica do cimento

Os resultados da massa específica do material analisado foram obtidos pela

equação 03.

0vv

mMe

−= eq. 03

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Onde: Me – massa específica (g/cm3);

m – massa do material analisado (g);

v – volume do líquido + material (cm3);

v0 – volume do líquido (cm3).

3.8 Método de permeabilidade ao ar – método de Blaine – NBR NM 76/98

A superfície específica da cinza foi determinada pelo método de Blaine tendo

como base a passagem de ar em uma camada compactada de material com

dimensões e porosidade especificadas, como estabelece a norma NBR NM 76/98. O

aparelho de Blaine utilizado foi da marca Toni/Technik ToniPERN, como mostra a

Figura 3.13.

Figura 3.13 – Aparelho de Blaine

3.9 Índice de atividade pozolânica com a cal – NBR 5751/92

O referido ensaio foi efetuado nos laboratórios da Votorantim Cimentos e teve

como base verificar o índice de atividade pozolânica (IAP) da cinza de folha de

bananeira proveniente da região de Guaraqueçaba, Paraná, Brasil.

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A atividade pozolânica do material foi determinada pelo índice de atividade

pozolânica (IAP) com cal, de acordo com a norma NBR 5751/92.

Como requisitos químicos e físicos o hidróxido e físicos o hidróxido de cálcio

apresentarão o limites como mostra a Quadro 3.2.

Quadro 3.2 – Requisitos químicos e físicos do hidróxido de cálcio – NBR 5751/92

Requisitos químicos e físicos Limites

Óxidos de cálcio e magnésio (não-voláteis), min % 95

Óxido de magnésio (após calcinação), máx % 5

Dióxido de carbono, máx % 7

Material retido na peneira 600 µm (no 30), máx % 0,5

Material retido na peneira 75 µm (no 200), máx % 15

A pozolanicidade foi feita tendo como base de referência uma argamassa no

traço 1:4 (cal hidratada : areia normal) em massa (104 : 936) g e consistência de

(225 ± 5) mm verificada pelo ensaio de mesa de consistência (flow table).

A argamassa posteriormente teve uma substituição do volume de hidróxido de

cálcio para cada tempo de moagem, atendendo aos critérios da equação 04:

( ) 104cal x poz2 xxPca δδ= eq. 04

Onde: Pca – índice de atividade pozolânica com a cal;

δ poz – massa específica da pozolana (kg/m3);

δ cal – massa específica da cal hidratada (kg/m3).

As proporções estabelecidas para cada tempo de moagem da cinza de folha

de bananeira estão apresentadas na Tabela 3.1.

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Tabela 3.1 – Proporção dos materiais para IAP com Cal

Tempo de

moagem (h)

Hidróxido de

Cálcio (g)

Areia normal *

para cada porção(g)

Cinza

(g)

0 104 234 222,1

0,5 104 234 231,4

1 104 234 236,1

2 104 234 236,1

3 104 234 237,0

* Quantidade de areia (g) para cada fração estabelecida pela norma NBR7214/82

A mistura do hidróxido de cálcio com a pozolana foi em recipiente fechado por

um período de aproximadamente 2 minutos, seguido da sua colocação sobre a água

na cuba do misturador mecânico e posterior adição da areia.

O tempo de mistura se baseou nos parâmetros estipulados pela norma

NBR 7215/96. O índice de consistência foi obtido pela Flow Table, Figura 3.14, à

partir do preenchimento de um molde tronco cônico em três camadas com a

aplicação de 15, 10 e 5 golpes sucessivamente com o auxílio de um soquete

metálico. Após, efetuou-se o movimento do prato da mesa de consistência em 30

quedas, uma a cada segundo.

Figura 3.14 – Flow Table

O tamanho da amostra foi calculado tomando como base a equação 5 (DAL

MOLIN et al., 2005). Embora o número de corpos-de-prova calculado

estatisticamente tenham sido 2, optou-se por moldar 6 corpos-de-prova cilíndricos

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com dimensões de (5 X 10) cm para análise de resistência individual e média à

compressão aos 7 dias, de maneira a fornecer maior confiabilidade aos resultados

obtidos para os ensaios, totalizando 30 corpos-de-prova para as 5 amostras.

=

2

22

2/ Er

CVXzn α eq. 05

onde: n = número de repetições;

Er = erro relativo admitido da estimativa, fixado em 10%;

CV = coeficiente de variação da amostra calculado em 6%;

Zα/2 = valor tabelado para o nível α = 5% de significância apresenta

valor de 1,96.

A cura se precedeu em ambiente climatizado nas primeiras horas (24 ± 2)h à

temperatura de (23 ± 2)o C seguidos de (55 ± 2)o C até antes do ensaio de

rompimento.

Os resultados foram obtidos pela comparação da resistência média dos

corpos-de-prova com a resistência mínima estipulada pela norma NBR 5751/92.

3.10 Índice de atividade pozolânica com cimento - NBR 5752/92

O referido ensaio foi efetuado nos laboratórios da Votorantim Cimentos,

visando analisar o índice de atividade pozolânica (IAP) da cinza de folha de

bananeira com o aglomerante cimento em conformidade com a norma NBR 5752/92.

Como requisitos o cimento foi do tipo CPII – F32 devido ao mesmo não

apresentar materiais pozolânicos em sua constituição, atendendo aos parâmetros de

norma, como mostra o Quadro 3.3.

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Quadro 3.3 – Requisitos para atividade pozolânica com o cimento

Material

Massa necessária (g)

Argamassa A

(0% de pozolana)

Argamassa B

(35% de pozolana)

Cimento Portland 312,0 202,8

Material Pozolânico --- 109,2 x ((δp(A) x δc(A))

Areia normal 936,0 936,0

Água X(B) Y(B)

(A) representa as massas específica do material pozolânico e do cimento.

(B) quantidade de água para atingir a consistência de (225 ± 5)mm.

A pozolanicidade foi feita tendo como base de referência uma argamassa no

traço 1:3 (cimento : areia normal) em massa (312 : 936)g e consistência de

(225 ± 5)mm verificada pelo ensaio de mesa de consistência (flow table).

A argamassa de referência teve 35% de aglomerante substituído pela cinza de

folha de bananeira com diversos tempos de moagem, atendendo a equação 05.

109,2 x ((δp(A) x δc(A)) eq. 05

A proporção dos materiais utilizados em cada argamassa encontram-se

postados na Tabela 3.2..

Tabela 3.2 – Proporção dos materiais da argamassa para a determinação de

atividade pozolânica por meio do cimento

Sigla Cimento (g) Cinza de folha

de bananeira (g)

Areia

(g)

Referência 312 0,0 936

0 202,8 109,2 936

0,5 202,8 109,2 936

1,0 202,8 109,2 936

2,0 202,8 109,2 936

3,0 202,8 109,2 936

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Nota-se na Tabela 3.5 que a quantidade de cinza de folha de bananeira para

cada tempo de moagem se manteve constante devido a massa específica dos

materiais terem sido iguais.

A mistura do cimento do tipo CPII – F32 com a pozolana foi em recipiente

fechado por um período de aproximadamente 2 minutos, seguido da sua colocação

sobre a água na cuba do misturador mecânico e posterior adição da areia. O tempo

de mistura baseou-se nos parâmetros estipulados pela norma NBR 7215/96.

Embora vários trabalhos na área de tecnologia em argamassas utilizem de 3

corpos-de-prova, optou-se em moldar 6 corpos-de-prova cilíndricos com dimensões

de (5 X 10) cm para análise de resistência individual e média à compressão aos 28

dias de idade com cimento, fornecendo desta forma resultados com maior

confiabilidade. Os dados analisados tiveram como base um desvio padrão inferior a

6%, como prescreve a norma NBR 5752/92.

A cura ocorreu em ambiente climatizado nas primeira horas (24 ± 2)h à

temperatura de (23 ± 2)oC seguidos de (38 ± 2)oC pelos 27 dias restantes até a data

do ensaio de rompimento. Seus resultados foram obtidos pela equação 06.

%100xfca

fcbPci

= eq. 06

Onde: Pci – índice de atividade pozolânica com o cimento;

fcB – resistência média dos corpos-de-prova aos 28 dias moldados com

cimento e material pozolânico;

fcA – resistência média dos corpos-de-prova só com cimento.

3.11 Caracterização da argamassa no estado endurecido

3.11.1 Índice de atividade pozolânica com a cal - NBR 5751/92

O índice de atividade pozolânica com a cal foi determinada com idade de 7

dias, utilizando 6 corpos-de-prova de (5 x 10) cm, capeados com enxofre em

conformidade com a norma NBR 5751/92. Os ensaios foram efetuados nos

laboratórios de Novos Produtos da Votorantim Cimentos, utilizando a prensa Toni

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Technik / ToniNORM, como mostra a Figura 3.15, com velocidade de carregamento

de 500 N/s.

Figura 3.15 – Corpos-de-prova capeados com enxofre sendo ensaiados

3.11.2 Índice de Atividade Pozolânica com o Cimento - NBR 5752/92

O índice de atividade pozolânica com o cimento foi determinado com idade de

28 dias para as argamassas de cimento, utilizando 6 corpos-de-prova cilíndricos de

(5 x 10) cm, em conformidade com a norma NBR 5752/92. Os ensaios foram

efetuados na Votorantim Cimentos utilizando a prensa da marca Toni Technik /

ToniNORM, calibrada pela empresa Dinateste, com velocidade de carregamento de

500 N/s, como mostra a Figura 3.16.

Figura 3.16 – Arranjo de ensaio de IAP

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51

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo apresentam-se os resultados do programa experimental

analisados em função dos materiais empregados e dos parâmetros de qualidade

mediante o embasamento nas normas brasileiras vigentes.

4.1 Quantidade de folhas secas por hectare

Tomando como base os valores de produção de banana em 500.000 hectares

apresentados por Silva e Torres Filho (1997) e a produção média de 1333 plantas

por hectare descrito por Cordeiro (2002), tem-se 666,5 milhões árvores de banana

plantadas anualmente. A Tabela 4.1 mostra a quantidade média de produção de

folhas secas por pés de banana.

Tabela 4.1 – Quantidade média de folhas secas por pés de bananeira

Pé de banana número Número de folhas Quantidade de folhas secas por pés de banana (g)

1 22 1420 2 19 1311 3 21 1373 4 21 1369 5 20 1320 6 20 1309 7 21 1347 8 19 1272 9 19 1307 10 22 1389 11 19 1338 12 20 1316 13 21 1355 14 19 1376 15 20 1322 16 20 1328 17 21 1351 18 22 1397 19 20 1319 20 19 1347

Média 20,25 1343,30

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Nota-se na Tabela 4.1 que em média os pés de bananeira produzem cerca de

1343,30 gramas de folhas secas, o que representa um potencial nacional de

geração anual médio de 895,3095 milhões de toneladas de folhas secas.

4.2 Produção da cinza de folha de bananeira

A geração de folhas por pés de bananeira são apresentados a Tabela 4.1. As

folhas de bananeiras com variados comprimentos e pesos conforme Tabela 4.2

foram queimadas em um forno apresentando diferentes temperaturas para cada

local de medição conforme mostra a Figura 4.1.

Tabela 4.2 - Quantidade de cinza em função do peso da folha de bananeira seca

Folha de bananeira número

Quantidade de folha seca (g)

Comprimento (m)

Quantidade de cinza (g)

Porcentagem de cinza (%)

1 86 1,93 9,0 10,47 2 64 1,60 6,4 10,00 3 45 1,55 5,1 11,33 4 46 1,55 5,1 11,09 5 45 1,37 4,7 10,44 6 83 1,83 8,7 10,48 7 88 1,94 8,9 10,11 8 100 1,83 10,4 10,40 9 72 1,59 7,3 10,14 10 87 1,84 9,0 10,34 11 49 1,44 5,0 10,20 12 82 1,77 8,6 10,49 13 77 1,70 7,7 10,00 14 55 1,45 6,4 11,64 15 117 2,10 11,9 10,17 16 80 1,77 8,3 10,38 17 78 1,76 8,1 10,38 18 64 1,48 6,6 10,31 19 57 1,22 6,2 10,88 20 87 1,85 8,7 10,00 21 31 1,23 3,2 10,32 22 73 1,74 7,6 10,41 23 65 1,48 7,2 11,08 24 76 1,65 8,3 10,92 25 34 1,27 4,2 12,35

Total 69,64 1,64 7,3 10,57

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o

Figura 4.1 – Temperaturas de queima da folha de bananeira

A variação na temperatura de queima para os 4 termopares se deve ao fato de

ser injetado ar por um sistema de ventilação constituído de um tubo com 100mm de

diâmetro e um mini ventilador Cooler 3500 RPM/12V com dimensões de (8,0 x 8,0)

cm. Como o ar é injetado 60 cm acima do fundo a camada de cinza que fica no

fundo passa a ser resfriada lentamente para ser posteriormente coletada.

Ao ser resfriada, a cinza aquece o ar injetado fazendo com que o mesmo por

diferença de temperatura suba pelo forno auxiliando no processo de queima das

folhas na grelha, sendo o mesmo escoado para fora do forno após passar pelo

termopar 1.

Vista frontal Vista lateral

1

4

2

3

Termopar 1 posicionado a 120cm do fundo (290o C)

Termopar 2 posicionado a 90cm do fundo (850o C)

Termopar 3 posicionado a 60cm do fundo (350o C)

Termopar 4 posicionado no fundo (80o C)

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Correlacionando os dados da porcentagem de cinza de folha de bananeira

com as porcentagens de cinzas descritas por Mehta (1992) e Cincotto e Kaupatez

(1988) apresentados na Tabela 2.8 tem-se os resultados como mostra a Figura 4.2.

Figura 4.2 – Quantidade cinza gerada durante a queima para os diversos materiais

Nota-se na Figura 4.2 que a porcentagem de cinza de folha de bananeira

(10,57%) gerada durante a queima do material seco se equivale a quantidade a

cinza de folha de trigo (10%) e de folha de talo de girassol (11%), se enquadrando

na classe E conforme apresenta a norma NBR 12653/92 e classe C conforme

ASTM 618-95.

4.3 – Difração e Fluorescência de raios X

A análise química apresentou os óxidos presentes na cinza de folha de

bananeira e seus resultados apresentam-se descritos na Tabela 4.3.

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Tabela 4.3 – Análise química de cinza de folha de bananeira

Teor de óxidos Cinza de folha de bananeira (%)

SiO2 48,73 CaO 17,82 MgO 9,27 Al2O3 2,64 K2O 7,50 P2O5 3,89 SO3 1,59

Fe2O3 1,40 MnO 1,03

Cl 0,31 Na2O 0,21 BaO 0,20 TiO2 0,19 SrO 0,11

Rb2O 0,02 ZnO 0,02 CuO 0,01 PF 5,06

Soma 100

A fluorescência de raios X da cinza de folha de bananeira atendeu aos

parâmetros estipulados pela norma NBR 12653/92, tendo valores de 52,77% na

somatória dos valores de SiO2; Al2O3 e Fe2O3 em que se estabelece um mínimo de

50%. A quantidade SO3 encontrada foi de 1,59% sendo inferior à 5% previsto pela

norma bem como 5,06% de perda ao fogo contra 6% e 0,21% de Na2O inferior a

1,5%. Classifica-se a cinza analisada como uma pozolana de Classe E.

A difração de raios X mostrou a presença de formas cristalinas como Calcita e

Quartzo, que diminuem a atividade pozolânica do material em questão por serem

matérias de pouca ou nenhuma reatividade, como apresentado na Figura 4.3.

Provavelmente as formas cristalinas foram originadas devido ao resfriamento lento

da cinza de folha de bananeira, uma vez que após a queima a cinza permanece em

temperaturas na ordem de 80º C até sua retirada do interior do forno. O difratograma

também apresenta pequenos picos com 2.03 Ǻ e 2.34 Ǻ que se referem ao porta

amostras.

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Figura 4.3 – Difração de raios X da cinza de folha de bananeira

4.4 Determinação do resíduo na peneira 45 µm – NBR 9202/85

Realizado a moagem da cinza nos tempos pré-determinados efetuou-se o

peneiramento via úmida conforme parâmetros da norma NBR 9202/85 e seus

resultados apresentados na Tabela 4.3. Para melhor representar os dados obtidos

pelo peneiramento é apresentado o gráfico da Tabela 4.4 conforme Figura 4.4.

Tabela 4.4 – Quantidade de material retido na peneira de malha 45 µm

Tempo de

moagem da

pozolana (h)

Quantidade

inicial de

material (g)

Quantidade media de

material retido (g)

Material retido

(%) Média (%)

1 2 3 1 2 3

0 1,000 0,241 0,237 0,244 24,1 23,7 24,4 24,07

0,5 1,000 0,109 0,112 0,105 10,9 11,2 10,5 10,87

1 1,000 0,119 0,117 0,123 11,9 11,7 12,3 11,96

2 1,000 0,124 0,120 0,127 12,4 12,0 12,7 12,37

3 1,000 0,120 0,119 0,125 12,0 11,9 12,5 12,14

Quartzo Calcita

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Figura 4.4 – Porcentagem de material retido na peneira 45 µm para cada tempo de

moagem

Conforme ensaios realizados nos Laboratórios de Novas Tecnologias da

Votorantim Cimentos verificou-se valores médios de 24,07%; 10,87%, 11,96%,

12,37% e 12,14% para (0; 0,5; 1; 2 e 3) horas na porcentagem de material retido na

peneira 45 µm, sendo os valores inferiores ao máximo permitido de 34% pela norma

NBR 12653/92 como observado na Figura 4.4. Tal fator pode ter sido decorrente das

partículas após a queima em forno já possuírem dimensões reduzidas.

Analisando os resultados da quantidade de material retido na peneira 45 µm

antes e depois dos tempos de moagem pelo método estatístico ANOVA, nota-se que

o valor-p = 0,838618 é maior que o nível de significância de 0,05, bem como

F < Fcrítico, o que demonstra que os resultados não apresentarem diferenças

significativas estatisticamente, como apresenta a Tabela 4.5.

Tabela 4.5 - Análise da Variância (ANOVA) para o material retido na peneira 45 µm

Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico

Entre grupos 1,87E-05 2 9,33E-06 0,179487 0,838618 4,256495 Dentro dos grupos 0,000468 9 0,000052

Total 0,000487 11 Notas: SQ – soma quadrada; gl – grau de liberdade; MQ = SQ/GL – média quadrada; F –

valor calculado de F; Fcrítico – valor tabelado de F para nível de significância 0,05.

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4.5 Massa específica da cinza de folha de bananeira – NBR NM 23/01

Os resultados de massa específica para os tempos de moagem de (0; 0,5; 1; 2

e 3) horas são apresentados na Tabela 4.6 e plotados na Figura 4.5.

Tabela 4.6 – Massa específica da cinza para os diferentes tempos de moagem

Tempo de

Moagem

(horas)

Amostra (g/cm 3) Média

(g/cm 3)

Desvio

Padrão 1 2 3

0 2,37 2,38 2,38 2,38 0,006 0,5 2,53 2,53 2,52 2,53

0,006 1 2,52 2,53 2,52 2,52 0,006 2 2,53 2,52 2,53 2,53 0,006 3 2,47 2,50 2,49 2,49

0,015

Figura 4.5 – Massa específica das cinzas de folha de bananeira

Observa-se na Figura 4.5 que a diferença entre os valores de massa específica

quando comparados com a cinza sem moagem situam-se em 6,3%; 5,9%; 6,3% e

4,6% para os tempos de moagem de (0,5; 1; 2 e 3) horas respectivamente.

Com base nos dados obtidos na Tabela 4.6 realizou-se uma análise de

variância com intuito de verificar se os valores de massa específica para os

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diferentes tempos de moagem são em média diferentes, e seus dados foram

plotados na Tabela 4.7.

Tabela 4.7 – Análise da Variância (ANOVA) para a massa específica das cinzas

Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico

Entre grupos 0,000117 2 5,83E-05 0,132075 0,877942 4,256495

Dentro dos grupos 0,003975 9 0,000442

Total 0,004092 11

Notas: SQ – soma quadrada; gl – grau de liberdade; MQ = SQ/GL – média quadrada; F –

valor calculado de F; Fcrítico – valor tabelado de F para nível de significância 0,05.

Com um nível de confiança de 95% conclui-se que não existem diferenças

estatisticamente significativas de massa específica entre os diferentes tempos de

moagem, uma vez que o valor-p = 0,877942 é maior que o nível de significância de

0,05. Observando os valores de F e Fcrítico, nota-se que F < Fcrítico, aceitando

desta forma a hipótese da igualdade e concluindo assim que não existem diferenças,

na média, entre os grupos.

4.6 Método de permeabilidade ao ar – método Blaine - NBR NM 76/98

A Tabela 4.8 apresenta os resultados de permeabilidade ao ar. A Figura 4.6

evidencia os dados obtidos.

Tabela 4.8 – Blaine das diferentes cinza de folha de bananeira

Tempo de moagem Blaine (cm²/g)

Sem moer 8350

30 minutos 15400

1 hora 10000

2 horas 10690

3 horas 9580

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Figura 4.6 – Variação do Blaine para cada tempo de moagem

Observa-se que os valores de Blaine para as diferentes moagens situam-se

próximos aos valores de Sílica (13000 cm2/g) descrito por Holland (2005). A redução

dos valores de Blaine podem ter sido decorrente da fragmentação e um melhor

empacotamento das partículas da cinza.

4.7 Índice de atividade pozolânica com a cal – NBR 5751/92

A Tabela 4.9 descreve os resultados obtidos nos ensaios de índice de

atividade pozolânica com a cal.

Tabela 4.9 – Índice de atividade pozolânica individual com a cal

Tempo de

moagem (h)

Resistência individual do

corpos-de-prova (MPa) Média

(MPa)

Desvio

padrão 1 2 3 4 5 6

0 4,1 4,0 3,9 3,9 3,9 3,9 3,39 0,0837

0,5 10,0 10,2 9,9 9,9 9,9 9,9 8,61 0,1211

1 9,7 9,5 9,3 9,3 9,3 9,3 8,20 0,1673

2 8,5 8,2 8,3 8,6 8,6 8,4 7,51 0,1633

3 8,5 8,2 8,0 8,4 8,6 8,7 7,63 0,2608

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Figura 4.7 – Índice de atividade pozolânica individual para as diferentes moagens

O acréscimo de resistência dos corpos-de-prova de cinza de folha de

bananeira em 153,98%; 141,88%; 121,53% e 125,07% após terem passado pelo

processo de moagem em moinho de bolas pelos períodos (0,5; 1; 2 e 3) horas, pode

ter sido decorrente de uma possível redução do tamanho das partículas como

mostrado no ensaio de permeabilidade ao ar (método de Blaine).

Embora a cinza sem moagem não tenha atingido a resistência mínima de

6 MPa aos 7 dias como preconiza a norma NBR5751/92 a moagem já possibilita tal

utilização como mostra a Figura 4.7.

4.8 Índice de atividade pozolânica com a cimento – NBR 5752/92

A Tabela 4.10 descreve os resultados obtidos no ensaio de índice de atividade

pozolânica com o cimento e seu resultados encontram-se plotados na Figura 4.8.

Tabela 4.10 – Índice de atividade pozolânica com o cimento

Amostra Cimento Sem moer 0,5 horas 1 hora 2 horas 3 horas

1 32,6 28,7 31 32,1 32,2 29,6

2 33,4 28,8 31,8 31,1 31,7 28,9

3 32,5 29,0 32,3 30,0 32,8 28,0

4 34,7 29,3 32,7 31,4 31,8 29,8

5 34,4 28,5 32,3 31,2 29,4 27,6

6 33,0 28,6 33 30 29,3 28,6

Média 33,4 28,8 32,2 31,0 31,2 28,8

Desvio Padrão 0,85 0,27 0,65 0,75 1,36 0,79

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Figura 4.8 – Atividade pozolânica da cinza de folha de bananeira com cimento

A Figura 4.8 mostra que os valores de atividade pozolânica da cinza de folha

de bananeira com o cimento estão superiores em 10,46%; 21,41%; 17,81%; 18,41%

e 10,46% para os tempos (0; 0,5; 1; 2 e 3) horas os valores descritos pela norma

NBR 5752/92, que exige um mínimo de 75% do valor da argamassa de referência

para os 28 dias de idade. Nota-se também que independente dos tempos de

moagem os valores situaram-se muito próximos da resistência mecânica a

compressão da argamassa de referência o que demostra uma consideráel atividade

pozolânica da cinza de folha de bananeira.

Com base nos dados obtidos foi realizada uma análise de variância (ANOVA)

para verificar estatisticamente as diferenças nos resultados de índice de atividade

pozolânica com o cimento para os diferentes tempos de moagem da cinza de folha

de bananeira, conforme mostra a Tabela 4.11.

Tabela 4.11 – Análise da Variância (ANOVA) para o IAP com cimento

Notas: SQ – soma quadrada; gl – grau de liberdade; MQ = SQ/GL – média quadrada; F –

valor calculado de F; Fcrítico – valor tabelado de F para nível de significância 0,05.

Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico

Entre grupos 96,2696667 5 19,25393333 23,96755187 1,3141E-08 2,620654 Dentro dos

grupos 19,28 24 0,803333333

Total 115,549667 29

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Como observado na Figura 4.8 e nos resultados de análise de variância, a

resistência mecânica à compressão para as argamassas dosadas com cinzas

moídas nos tempos de (0,5; 1; 2 e 3) h não diferem estatisticamente dos valores

obtidos pela argamassa de cimento, uma vez que o valor-p = 1,3141E-08 é menor

que o nível de significância de 0,05.

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5 CONCLUSÕES

Tomando como base o embasamento teórico e os resultados obtidos pelo

programa experimental, são apresentados a seguir as conclusões válidas para este

trabalho referentes a avaliação da atividade pozolânica da cinza de folha de

bananeira como segue:

a) a cinza de folha de bananeira quando queimada a temperaturas de 850o C e

posteriormente moída em moinho de bolas apresenta atividade pozolânica superior

aos valores mínimos estipulados pelas normas NBR 5751/92 e NBR 5752/92.

b) o tempo ótimo de moagem da cinza de folha de bananeira apresenta-se em

30 minutos.

c) apesar da cinza sem moagem não apresentar atividade pozolânica mínima

com a cal estabelecida pela norma NBR 5751/92, bem como apresentar alguns

materiais cristalinos em sua composição, nota-se que após a sua moagem em

tempos relativamente curtos, esta reduz o seu tamanho, mantém constante a sua

massa específica e aumenta a sua atividade pozolânica.

d) foi comprovado estatisticamente que a atividade pozolânica da cinza de

folha de bananeira com o cimento para os diversos tempos de moagem não se

diferem.

d) Conclui-se desta forma que a cinza oriunda da queima da folha de bananeira

apresenta atividade pozolânica podendo desta forma ser acrescida como adição em

cimentos, concretos e argamassas.

5.1 Sugestões para trabalhos futuros

O referido trabalho teve como foco principal avaliar a atividade pozolânica da

cinza de folha de bananeira.

São necessários estudos mais detalhados sobre a influência da adição da

cinza em diversas proporções em cimentos, concretos e argamassas, tendo como

base avaliar à resistência mecânica à compressão e durabilidade. Análise por

microscopia eletrônica de varredura, faz-se necessário para verificar a interação

entre cinza e cimento, visando reduzir o consumo de recursos naturais.

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Faz-se necessário também analisar a viabilidade econômica da produção da

cinza de folha de bananeira, bem como desenvolver um sistema de caldeira

acoplado ao forno para geração de vapor e energia elétrica.

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