características do processo administrativo disciplinar no estatuto do servidor público municipal

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BELO HORIZONTE, 13 DE DEZEMBRO DE 2013 TRABALHO FINAL DO PROGRAMA MUNICIPAL DE VOLUNTARIADO INTERNACIONAL Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público Municipal. Características do Régimen Disciplinario no Estatuto General del Personal da Administraçao Pública. Princípios aplicáveis ao processo Disciplinar Administrativo. Comparação das leis aplicáveis aos servidores públicos em Belo Horizonte e Buenos Aires María Julieta Duedra

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Artigo Maria Julieta Duedra

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Page 1: Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público Municipal

BELO HORIZONTE, 13 DE DEZEMBRO DE 2013

TRABALHO FINAL DO PROGRAMA MUNICIPAL DE VOLUNTARIADO INTERNACIONAL

Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público Municipal.

Características do Régimen Disciplinario no Estatuto General

del Personal da Administraçao Pública.

Princípios aplicáveis ao processo Disciplinar Administrativo.

Comparação das leis aplicáveis aos servidores públicos em Belo Horizonte e Buenos Aires

María Julieta Duedra

Page 2: Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público Municipal

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Índice temático

Introdução .......................................................................................................................2

Objetivos .........................................................................................................................3

Processo Administrativo Disciplinar ...............................................................................4

Finalidade do Processo Administrativo Disciplinar .........................................................4

Fundamento legal ...........................................................................................................5

Os princípios no Processo Administrativo do Brasil .......................................................5

Princípios que estruturam, governam e regem os processos administrativos

sancionatórios, especialmente o disciplinar em Buenos Aires .....................................18

Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público

Municipal (Lei n° 7.169/96, Belo Horizonte) e do Regime para o pessoal da

Administração Pública da província de Buenos Aires (lei n° 10.430) ..........................20

Procedimento Disciplinar ..............................................................................................25

Conclusões ...................................................................................................................27

Page 3: Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público Municipal

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Introdução

No presente trabalho, além de tentar compreender o fundamento, a finalidade e os

princípios aplicáveis ao Procedimento Administrativo Disciplinar contido no Estatuto do

Servidor Público Municipal de Belo Horizonte, procura-se elaborar uma comparação

com o regime aplicável ao Servidor Público Municipal na cidade de Buenos Aires.

Também analisa resumidamente os parâmetros dos processos administrativos

disciplinares de ambas as cidades.

Page 4: Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público Municipal

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Objetivos

Este trabalho tem como objetivo conhecer as diferenças entre os processos

administrativos da cidade de Belo Horizonte e de Buenos Aires, evidenciar as

diferenças de ambos sistemas e suas similitudes, assim como também os princípios

aplicáveis em cada sistema.

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Processo Administrativo Disciplinar

O processo administrativo disciplinar (ou processo disciplinar, simplesmente) nasce de

uma irregularidade praticada por funcionário que possa ser capitulada como infração

disciplinar, ou seja:

Violação de deveres;

Violação de proibições;

Outras circunstâncias que a lei especifica como prática de crime contra a

Administração Publica ou ato de improbidade administrativa.

É um processo de natureza jurídica singular, um instrumento do poder-dever de

controle da Administração e também um instrumento de controle dos seus atos pelo

administrador e pelo servidor.

Consiste em um conjunto ordenado de formalidades a que a Administração submete o

servidor publico que cometeu falta grave e atentatória à hierarquia administrativa.

O processo é instruído pelas comissões Disciplinares cuja finalidade é garantir a

imparcialidade das decisões proferidas.

Finalidade do Processo Administrativo Disciplinar

O processo administrativo disciplinar tem como objetivo específico esclarecer a

verdade dos fatos constantes da representação ou denúncia associadas, direta ou

indiretamente, a exercício do cargo, sem a intenção prévia de incriminar ou de

inocentar indevidamente o servidor, para assim cumprir com uma adequada prestação

do serviço público.

A investigação desenvolve-se com o objetivo exclusivo de precisar a verdade dos

fatos, sem a preocupação de incriminar ou inocentar indevidamente o servidor.

Assim, busca-se garantir ao acusado o atendimento aos princípios constitucionais do

devido processo legal, um processo contraditório e da ampla defesa diante do poder

estatal.

É o Poder Executivo quem tem o poder de controle administrativo derivado do poder-

dever de autotutela que a Administração tem sobre seus próprios atos e de seus

agentes.

Fundamento legal

O processo administrativo disciplinar é regido pelos estatutos dos servidores (lei

Municipal 7,169), em especial o Estatuto dos Servidores da União (Regime jurídico

dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações Públicas

Federais, Lei 8,112). Eles contêm os tramites processuais básicos para o processo

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disciplinar, mas não exaure todas as formas, então as Comissões Processantes

devem recorrer ao direito processual geral, autorizadas pelos próprios estatutos.

Os processos administrativos regem-se pelas suas leis próprias, com aplicação

suplementar da Lei n° 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da

Administração Pública Federal. No caso do município de Belo Horizonte, aplica-se a

Lei Municipal N° 7.169/96, e em caso de vazios legislativos aplica-se, segundo o artigo

242, as normas do Código de Processo de forma suplementar.

Os princípios no Processo Administrativo do Brasil.

Os princípios são regras que servem como interpretação das demais normas jurídicas,

apontando os caminhos que devem ser seguidos pelos aplicadores da lei. Os

princípios procuram eliminar lacunas, oferecendo coerência e harmonia para o

ordenamento jurídico. Também podem ser interpretadas como limites às prerrogativas

da Administração Pública.

O rol do artigo 37 da Constituição Federal é exemplificativo, os Estados podem criar

outros quando da elaboração da sua Constituição (poder constituinte derivado) o

permite, mas observando aqueles previstos na Constituição Federal (art. 25 da CF).

Os Municípios e o Distrito Federal também têm essa possibilidade, como também a de

elaborar suas leis orgânicas, desde que observados os previstos na Constituição

Federal (art. 29 e 32 da CF).

O legislador infraconstitucional também pode estabelecer outros princípios, desde que

não exclua aqueles previstos no artigo 37 da Constituição Federal.

Princípios da Administração Pública Previstos no Artigo 37 da Constituição Federal do

Brasil

Como regra geral, a Administração direta e indireta de qualquer dos Poderes da

União, Estados, Distrito Federal, Municípios, Autarquias, Fundações Públicas,

Agências reguladoras e executivas, Empresas Públicas e Sociedades de Economia

Mista também estão submetidas a esses princípios.

Princípios previstos no artigo 37 da Constituição Federal:

- Legalidade

- Impessoalidade

- Moralidade

- Publicidade

- Eficiência

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Princípio da Legalidade

Importância: O Princípio da legalidade é fundamento do Estado Democrático de

Direito, tendo por fim combater o poder arbitrário do Estado. Os conflitos devem ser

resolvidos pela lei e não mais através da força.

Conceito: "Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em

virtude de lei" (art. 5º, II da CF).

O Princípio da legalidade aparece simultaneamente como um limite e como uma

garantia, pois ao mesmo tempo que é um limite a atuação do Poder Público, visto que

este só poderá atuar com base na lei, também é uma garantia para o funcionalismo

público, visto que só deveremos cumprir as exigências do Estado se estiverem

previstas na lei. Se as exigências não estiverem de acordo com a lei serão inválidas e,

portanto, estarão sujeitas a um controle do Poder Judiciário.

Segundo o princípio da legalidade, o administrador não pode fazer o que bem

entender na busca do interesse público, ou seja, tem que agir segundo a lei, só

podendo fazer aquilo que a lei expressamente autoriza e no silêncio da lei está

proibido de agir. Já o administrado pode fazer tudo aquilo que a lei não proíbe e o que

silencia a respeito. Portanto, tem uma maior liberdade do que o administrador.

Assim, se diz que no campo do direito público a atividade administrativa deve estar

baseada numa relação de subordinação com a lei ("Administrar é a aplicar a lei de

ofício", "É aplicar a lei sempre") e no campo do direito privado a atividade desenvolvida

pelos particulares deve estar baseada na não contradição com a lei.

Conceito de Lei: Quando o princípio da legalidade menciona "lei" quer referir-se a

todos os atos normativos primários que tenham o mesmo nível de eficácia da lei

ordinária. Ex: Medidas provisórias, resoluções, decretos legislativos. Não se refere aos

atos infralegais, pois estes não podem limitar os atos das pessoas, isto é, não podem

restringir a liberdade das pessoas.

A Administração, ao impor unilateralmente obrigações aos administrados por meio de

atos infralegais, deverá fazê-lo dentro dos limites estabelecidos por aquela lei à qual

pretende dar execução. "Compete privativamente ao Presidente da República

sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e

regulamentos para sua fiel execução" (art. 84, IV da CF). "Cabe ao Congresso

Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem o poder

Page 8: Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público Municipal

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regulamentar ou dos limites da delegação legislativa" (art. 49, V da CF).

Princípio da Impessoalidade

Conceito: A Administração deve manter-se numa posição de neutralidade em relação

aos administrados, ficando proibida de estabelecer discriminações gratuitas. Só pode

fazer discriminações que se justifiquem em razão do interesse coletivo, pois quaisquer

outras caracterizam abuso de poder e desvio de finalidade, que são espécies do

gênero ilegalidade.

Impessoalidade para ingressar na Administração Pública: O administrador não pode

contratar quem quiser, mas somente quem passar no concurso público, respeitando a

ordem de classificação. O concurso pode trazer discriminações, mas apenas quanto à

exigências relacionadas à natureza do cargo.

Impessoalidade na contratação de serviços ou aquisição de bens: O administrador só

poderá contratar através de licitação. O edital de licitação pode trazer discriminações,

mas apenas referentes ao serviço a ser executado ou produto a ser adquirido.

Impessoalidade na liquidação de seus débitos: A Administração tem que respeitar a

ordem cronológica de apresentação dos precatórios para evitar privilégios. Se for

quebrada a ordem pode gerar sequestro de verbas públicas, crime de

responsabilidade e intervenção federal.

"À exceção dos créditos de natureza alimentar, os pagamentos devidos pela Fazenda

Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária far-se-ão

exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos

créditos respectivos, proibida a designação de casos ou pessoas nas dotações

orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim" (art. 100 da CF).

Teoria do órgão: Esta Teoria atribui a responsabilidade pelos danos causados a

terceiros, em vista de atos administrativos, não ao agente que o praticou, mas à

pessoa jurídica por ele representada.

"As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviço

público responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a

terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo

ou culpa" (art. 37, §6º da CF).

Page 9: Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público Municipal

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Publicidade nos meios de comunicação de atos do governo: "A publicidade dos atos,

programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter

educativo, informativo, ou de orientação social, dela não podendo constar nomes,

símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridade ou servidores

públicos" (art. 37, §1º da CF).

A publicidade dos atos de governo deve ser impessoal em razão dos interesses que o

Poder Público representa quando atua. Tal publicidade é uma obrigação imposta ao

administrador, não tendo qualquer relação com a com a propaganda eleitoral gratuita.

Princípio da Moralidade

Conceito: A Administração deve atuar com moralidade, isto é de acordo com a lei.

Tendo em vista que tal princípio integra o conceito de legalidade, decorre a conclusão

de que ato imoral é ato ilegal, ato inconstitucional e, portanto, o ato administrativo

estará sujeito a um controle do Poder Judiciário.

Instrumento para se combater a imoralidade dos atos administrativos: Ação Civil

Pública: Só pode ser promovida por pessoa jurídica. Ex: Ministério Público,

Associação de Classe e etc.

Ação Popular: Só pode ser promovida por pessoa física que esteja no pleno exercício

dos direitos políticos.

"Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato

lesivo ao patrimônio público ou entidade de que o Estado participe, à moralidade

administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,

salvo comprovada má fé, isento de custas judiciais e ônus de sucumbência" (art. 5º,

LXXIII da CF). Tendo em vista que só se anula o que é ilegal, confirma-se a idéia de

que ato imoral é ato ilegal.

"Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular" (súmula 365 do STF)

O prazo prescricional para propositura da ação de improbidade administrativa é de 5

anos a contar do término do exercício do mandato, cargo em comissão ou função de

confiança (art. 23, I, da Lei 8429/92)

Hipóteses exemplares de imoralidade administrativa:

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- Atos de improbidade administrativa que importem em enriquecimento ilícito (art. 9º da

Lei 8429/92). Ex: Utilização em obra ou serviço particular, de veículos, materiais ou

equipamentos públicos.

- Atos de improbidade administrativa que importem em prejuízo ao erário (art. 10 da

Lei 8429/92). Ex: Aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior

ao do mercado.

- Atos de improbidade administrativa que atentem contra os princípios da

Administração (art. 11 da Lei 8429/92). Ex: Fraude à licitude de concurso público.

É crime de responsabilidade o ato do Presidente da República que atente contra a

Constituição Federal, especialmente contra probidade administrativa (art. 85, V da

CF).

Sanções aos agentes públicos que pratiquem atos imorais: "Os atos de improbidade

administrativa importarão na suspensão dos direitos políticos, a perda da função

pública, a indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário (cofres públicos), na

forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível" (art. 37, §4º da

CF).

Estas sanções podem ser aplicadas simultaneamente, precedendo de instrumentos

que apurem as irregularidades praticadas pelo servidor, ou seja, de processo

administrativo disciplinar ou sindicância, garantindo o contraditório e a ampla defesa.

Cabe ao legislador infraconstitucional estabelecer a forma e a gradação dessas

sanções.

Princípio da Publicidade

Conceito: A Administração tem o dever de manter plena transparência de todos os

seus comportamentos, inclusive de oferecer informações que estejam armazenadas

em seus bancos de dados, quando sejam solicitadas, em razão dos interesses que ela

representa quando atua.

"Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse

particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob

pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à

segurança da sociedade e do Estado" (art. 5º, XXXIII da CF). O prazo para que as

informações sejam prestadas é de 15 dias (Lei 9051/95).

"A lei disciplinará as formas de participação do usuário na Administração direta e

indireta, regulando especialmente o acesso dos usuários a registros administrativos e

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a informações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII" (art.

37, §3º, II da CF).

Exceções ao princípio da publicidade: Tendo em vista que algumas informações

deverão permanecer em sigilo, podemos concluir que o princípio da publicidade não é

absoluto.

- Informações que comprometam o direito a intimidade das pessoas (art. 37, §3º, II da

CF): "São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,

assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua

violação" (art. 5º, X da CF).

- Informações de interesse particular ou coletivo quando imprescindíveis para a

segurança da sociedade ou do Estado (art. 5º, XXXIII da CF).

Garantias contra a negativa injustificada de oferecimento pelo Poder Público:

- "Habeas data": Tem cabimento quando a informação negada injustificadamente é

personalíssima (a respeito do requerente). Toda informação ao meu respeito é de meu

interesse particular, mas nem toda informação de meu interesse particular é a meu

respeito.

- Mandado de segurança: Tem cabimento quando a informação negada

injustificadamente é de meu interesse privado ou coletivo ou geral.

Cabe mandado de segurança, pois tenho direito líquido e certo a obter informações de

meu interesse privado ou coletivo e geral. Ex: Informação sobre o número em que

está o precatório; sobre um parente que desapareceu; sobre plano de desapropriação

em determinado imóvel; sobre transferência de um preso para outra penitenciária.

A negativa de publicidade aos atos oficiais caracteriza improbidade administrativa.

Improbidade administrativa que atenta contra os princípios da Administração Pública

(art. 11, IV da Lei 8429/92).

O não oferecimento de certidões de atos ou contratos municipais, dentro do prazo

estabelecido em lei, gera como conseqüência a caracterização de crime de

responsabilidade do prefeito (art.1º, XV do Decreto-lei 201/67).

Princípio da Eficiência

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Conceito: A Administração Pública deve buscar um aperfeiçoamento na prestação dos

serviços públicos, mantendo ou melhorando a qualidade dos serviços, com economia

de despesas. - Binômio: qualidade nos serviços + racionalidade de gastos.

É relevante lembrar que mesmo antes da inclusão deste princípio na Constituição com

a emenda constitucional 19/98, a Administração já tinha a obrigação de ser eficiente

na prestação de serviços. Ex: Lei 8078/90; Lei 8987/95.

Princípio da eficiência na Constituição: A investidura em cargo ou emprego público

depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou provas e títulos, de

acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em

lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre

nomeação e exoneração" (art. 37, II da CF). Também presente no princípio da

impessoalidade.

- "A União, os Estados, e o Distrito Federal manterão escolas de governo para

formação e aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação

nos cursos como um dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso,

a celebração de convênios ou contratos entre os entes federados" (art. 39, §2º da CF).

- O servidor nomeado para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso

público submete-se a um estágio probatório de 3 anos, em que o administrador irá

apurar a eficiência na prática (art. 41 da CF). Ex: O administrador verificará a

freqüência, o rendimento do trabalho, o cumprimento de ordens emitidas pelo superior.

- "Como condição à aquisição de estabilidade, o servidor está submetido à avaliação

de desempenho por uma comissão constituída para essa finalidade" (art. 41, §4º da

CF): Trata-se de uma norma de eficácia limitada, pois esta na inteira dependência de

uma lei que dirá quem vai integrar a comissão, quais serão os critérios, quais matérias

serão avaliadas etc.

- O servidor público estável poderá perder o cargo em razão de insuficiência de

desempenho, mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na

forma da lei complementar, assegurada a ampla defesa e contraditório (art. 41, III da

CF): Trata-se de uma norma de eficácia limitada, pois está na inteira dependência da

lei.

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- "A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios não poderá exceder aos limites estabelecidos em lei complementar"

(art. 169 da CF).

A LC 101/00 estabeleceu que a União não pode gastar com seu pessoal mais de 50%

do que arrecada. Já os Municípios e os Estados não podem gastar mais de 60% do

que arrecadam. Para cumprimento destes limites acima o Poder Público pode tomar

algumas medidas (art. 169, §3º da CF):

Redução de pelo menos 20% as despesas com servidores que titularizem

cargo em comissão e função de confiança (art. 169, §3º, I da CF).

Exoneração dos servidores não estáveis (art. 169, §3º, II da CF).

Se as medidas acima não forem suficientes, dispensarão servidores

estáveis, desde que o ato normativo especifique a atividade funcional, o

órgão ou unidade administrativa objeto de redução de pessoal (art. 169, §4º

da CF). O Poder Público deve demonstrar porque a escolha recaiu em

determinado servidor, tendo em vista que os critérios não são livres, isto é,

que deve considerar o tempo de serviço, a remuneração percebida o

número de dependentes, a idade do servidor e etc.

Assim, o servidor público pode perder o cargo por excesso de quadro ou

despesa, quando o Poder Público estiver gastando mais do que lhe for

permitido, sendo assegurado o contraditório e ampla defesa.

"A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades

da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a

ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por

objeto a fixação de metas de desempenho para órgão ou entidade,

cabendo à lei dispor sobre: o prazo de duração do contrato; os controles e

critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e

responsabilidade dos dirigentes, a remuneração do pessoal" (art. 37, §8º, I,

II e III da CF): Trata-se do contrato de gestão através do qual se oferece

maior autonomia às Autarquias e Fundações em troca do atingimento,

durante prazo certo e determinado, de novas metas de desempenho

(Agências executivas).

"Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios

disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenientes da

economia com despesas decorrentes de cada órgão, autarquia e fundação,

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para aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e

produtividade, treinamento e desenvolvimento, modernização,

reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive sob a forma

de adicional ou prêmio de produtividade" (art. 39, §7º da CF).

Princípios da Administração Pública não Previstos no Artigo 37 da Constituição

Federal

Princípio da isonomia ou igualdade formal

Conceito: È dar tratamento desigual às pessoas que são desiguais e igual aos iguais.

A igualdade não exclui a desigualdade de tratamento indispensável em face da

particularidade da situação.

A lei só poderá estabelecer discriminações se o fator de descriminação utilizado no

caso concreto estiver relacionado com o objetivo da norma, pois caso contrário

ofenderá o princípio da isonomia. Ex: A idade máxima de 60 anos para o cargo de

estivador está relacionado com o objetivo da norma.

A lei só pode tratar as pessoas de maneira diversa se a distinção entre elas justificar

tal tratamento, senão seria inconstitucional. Assim, trata diferentemente para alcançar

uma igualdade real (material, substancial) e não uma igualdade formal.

Princípio da isonomia na Constituição: "Constituem objetivos fundamentais da

República Federativa do Brasil: promover o bem de todos sem preconceitos de

origem, raça, sexo, cor idade e quaisquer outras formas de discriminação" (art. 3º, IV

da Constituição Federal).

- "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza..." (art. 5º da

Constituição Federal).

- "São direitos dos trabalhadores: Proibição de diferença de salário, de exercício de

funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil" (art.

7º, XXX da Constituição Federal).

Princípio da Motivação

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Conceito: A Administração está obrigada a motivar todos os atos que edita, pois

quando atua representa interesses da coletividade. É preciso dar motivação dos atos

ao povo, pois ele é o titular da "res publica" (coisa pública).

O administrador deve motivar até mesmo os atos discricionários (aqueles que

envolvem juízo de conveniência e oportunidade), pois só com ela o cidadão terá

condições de saber se o Estado esta agindo de acordo com a lei. Para Hely Lopes

Meirelles, a motivação só é obrigatória nos atos vinculados.

Há quem afirme que quando o ato não for praticado de forma escrita (Ex: Sinal,

comando verbal) ou quando a lei especificar de tal forma o motivo do ato que deixe

induvidoso, inclusive quanto aos seus aspectos temporais e espaciais, o único fato

que pode se caracterizar como motivo do ato (Ex: aposentadoria compulsória) não

será obrigatória a motivação. Assim, a motivação só será pressuposto de validade do

ato administrativo, quando obrigatória.

Motivação segundo o Estatuto do servidor público da União (Lei 8112/90): Segundo o

artigo 140 da Lei 8112/90, motivar tem duplo significado. Assim, o ato de imposição de

penalidade sempre mencionará o fundamento legal (dispositivos em que o

administrador baseou sua decisão) e causa da sanção disciplinar (fatos que levarão o

administrador a aplicar o dispositivo legal para àquela situação concreta).

A lei, quando é editada é genérica, abstrata e impessoal, portanto é preciso que o

administrador demonstre os fatos que o levaram a aplicar aquele dispositivo legal para

o caso concreto. Só através dos fatos que se pode apurar se houve razoabilidade

(correspondência) entre o que a lei abstratamente prevê e os fatos concretos levados

ao administrador.

Falta de motivação: A falta de motivação leva à invalidação, à ilegitimidade do ato,

pois não há o que falar em ampla defesa e contraditório se não há motivação. Os atos

inválidos por falta de motivação estarão sujeitos também a um controle pelo Poder

Judiciário.

Motivação nas decisões proferidas pelo Poder Judiciário: Se até mesmo no exercício

de funções típicas pelo Judiciário, a Constituição exige fundamentação, a mesma

conclusão e por muito maior razão se aplica para a Administração quando da sua

função atípica ou principal.

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"Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos e

fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse

público o exigir, limitar em determinados atos às próprias partes e seus advogados, ou

somente a estes" (art. 93, IX da CF).

"As decisões administrativas dos tribunais serão motivadas, sendo as disciplinares

tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros" (art. 93, X da CF).

Princípio da Autotutela

Conceito: A Administração Pública tem possibilidade de revisar (rever) seus próprios

atos, devendo anulá-los por razões de ilegalidade (quando nulos) e podendo revogá-

los por razões de conveniência ou oportunidade (quando inoportunos ou

inconvenientes).

Anulação: Tanto as Administrações como o Judiciário podem anular um ato

administrativo. A anulação gera efeitos "ex tunc", isto é, retroage até o momento em

que o ato foi editado, com a finalidade de eliminar todos os seus efeitos até então.

"A Administração pode declarar a nulidade dos seus próprios atos" (súmula 346 STF).

Revogação: Somente a Administração pode fazê-la. Caso o Judiciário pudesse rever

os atos por razões de conveniência ou oportunidade estaria ofendendo a separação

dos poderes. A revogação gera efeitos "ex nunc", pois até o momento da revogação o

ato era válido.

Anulação Revogação

Fundamento Por razões de ilegalidade Por razões de conveniência e oportunidade

Competência Administração e Judiciário Administração

Efeitos Gera efeitos "ex tunc" Gera efeitos "ex nunc"

Alegação de direito adquirido contra ato anulado e revogado: Em relação a um ato

anulado não se pode invocar direito adquirido, pois desde o início o ato não era legal.

Já em relação a um ato revogado pode se invocar direito adquirido, pois o ato era

válido.

"A Administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os

tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivos de

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conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvados em

todos os casos, a apreciação judicial" (2a parte da sumula 473 do STF).

Princípio da Continuidade da Prestação do Serviço Público

Conceito: A execução de um serviço público não pode vir a ser interrompida. Assim, a

greve dos servidores públicos não pode implicar em paralisação total da atividade,

caso contrário será inconstitucional (art. 37, VII da CF).

Não será descontinuidade do serviço público: Serviço público interrompido por

situação emergencial (art. 6º, §3º da lei 8987/95): Interrupção resultante de uma

imprevisibilidade. A situação emergencial deve ser motivada, pois resulta de ato

administrativo.

Se a situação emergencial decorrer de negligência do fornecedor, o serviço público

não poderá ser interrompido.

- Serviço público interrompido, após aviso prévio, por razões de ordem técnica ou de

segurança das instalações (art. 6º, §3º, I da lei 8987/95).

- Serviço público interrompido, após aviso prévio, no caso de inadimplência do usuário,

considerado o interesse da coletividade (art. 6º, §3º, II da lei 8987/95): Cabe ao

fornecedor provar que avisou e não ao usuário, por força do Código de Defesa do

Consumidor. Se não houver comunicação, o corte será ilegal e o usuário poderá

invocar todos os direitos do consumidor, pois o serviço público é uma relação de

consumo, já que não deixa de ser serviço só porque é público.

- Há várias posições sobre esta hipótese:

- Há quem entenda que o serviço público pode ser interrompido nesta hipótese pois,

caso contrário, seria um convite aberto à inadimplência e o serviço se tornaria inviável

à concessionária, portanto autoriza-se o corte para preservar o interesse da

coletividade (Posição das Procuradorias).

O fornecedor do serviço tem que provar que avisou por força do Código de Defesa do

Consumidor, já que serviço público é uma relação de consumo. Se não houver

comunicação o corte será ilegal.

- Há quem entenda que o corte não pode ocorrer em razão da continuidade do serviço.

O art. 22 do CDC dispõe que "os órgãos públicos, por si ou suas empresas,

concessionárias, permissionárias, ou sob qualquer outra forma de empreendimento

são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e quanto aos

essenciais contínuos". "Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das

Page 18: Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público Municipal

17

obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las

e a reparar os danos causados, na forma prevista neste Código" (art. 22, parágrafo

único do CDC).

Princípio da Razoabilidade

Conceito: Estabelecido n artigo 2 da lei n° 9784/99 institui que o Poder Público está

obrigado, a cada ato que edita, a mostrar a pertinência (correspondência) em relação

à previsão abstrata em lei e os fatos em concreto que foram trazidos à sua apreciação.

Este princípio tem relação com o princípio da motivação.

Se não houver correspondência entre a lei o fato, o ato não será proporcional. Ex:

Servidor chegou atrasado ao serviço. Embora nunca tenha faltado, o administrador,

por não gostar dele, o demitiu. Há previsão legal para a demissão, mas falta

correspondência para com a única falta apresentada ao administrador.

Princípio do devido processo legal

Este principio é vértice do direito processual, que antecede aos outros princípios e

permeia todo o direito processual.

O devido processo legal deve ser compreendido sob dois ângulos: o substancial e o

formal.

No sentido substancial, as decisões judiciais não tem que ser só formalmente

regulares, mas também é necessário que uma decisão seja substancialmente razoável

e correta.

No sentido formal, é o direito a ser processado e a processar de acordo com as

normas previamente estabelecidas, normas cujo processo de produção também deve

respeitar aquele princípio.

A ampla defesa e o contraditório são o resultado do exercício do devido processo

legal, garantido no aspecto formal do processo a plenitude da defesa, em espécie: o

direito à defesa técnica, a publicidade do processo, a citação para produção ampla de

provas, de ser processado e julgado pelo juízo competente, aos recursos, a uma

decisão imutável, à revisão criminal.

Page 19: Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público Municipal

18

O devido processo disciplinar é, por último, um direito fundamental, e contemplam

esse direito os princípios da legalidade, da finalidade, da motivação, da ampla defesa,

do contraditório, da moralidade, da segurança jurídica, do interesse público, da

eficiência, da proporcionalidade e razoabilidade, princípios estruturais do Processo

Administrativo, e assim, do Processo Administrativo Disciplinar.

Contido no artigo 5°, LIV da CRFB/88, o devido processo legal elevou seu status a

direito e garantia fundamental, pelo que sua exclusão nos processos administrativos

carrega à nulidade do ato.

Os princípios que estruturam, governam e regem os processos administrativos

sancionatórios, especialmente o disciplinar em Buenos Aires, são:

Legalidade, devido processo legal, oficialidade, informalidade, "non bis in idem", "in

dubio pro imputado", igualdade, "principio da lei mais benigna", proporcionalidade,

principio de inocência.

Principio de legalidade

Estabelecido no art. 18 da Constituição da Nação Argentina, tem o mesmo

fundamento constitucional que o Brasil.

Principio Nullum Crimen, Nulla Poena Sine Lege Previa

Faz referência à impossibilidade de haver crime sem uma lei prévia que estabeleça

que tal fato seja um crime. Aplicado ao processo administrativo seria: cada falta deve

estar estabelecida previamente. Além disso, este princípio é de aplicação relativa

dentro do âmbito do processo disciplinar, já que o poder disciplinar poderia exercer-se

na ausência de norma legal formal que tipifique a falta ou contemple a sanção, sendo

possível recorrer à analogia nos casos de falta de regulação normativa, mas com os

seguintes limites: a- se as sanções estão taxativamente previstas na norma, não

podem impor-se mais que elas. b- algumas sanções, como a multa ou o arresto,

somente procedem se surgem de uma lei formal.

Tipicidade.

Este princípio exige que os delitos estejam em tipos e não em vagas ou imprecisas

definições genéricas, deriva do princípio Nullum Crimen, Nulla Poena Sine Lege

Previa.

Princípio do devido processo.

Page 20: Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público Municipal

19

Art. 29 lei 25.164. Este princípio é parte do princípio de direito de defesa em

julgamento, estabelecido no art. 18 da Constituição Nacional.

Princípio “Non Bis In Idem”.

Princípio que limita ao poder sancionatório do Estado, proibindo-o condenar duas

vezes pelo mesmo fato (art. 42, CN). Tal proibição rege só no âmbito disciplinar, sem

que implique a proibição de aplicar, por um mesmo fato, simultaneamente, uma

sanção penal e outra administrativa, por exemplo.

Princípio de oficiosidade.

É a faculdade dada à Administração para ordenar e efetuar atos dentro de um

procedimento, mesmo não tendo sido expressamente solicitados pelas partes. Por

meio deste princípio se incumbe a autoridade administrativa de dirigir o procedimento

e ordenar a prática de quando seja conveniente para o esclarecimento e resolução da

questão planteada, este princípio domina o processo administrativo. O art. 222.1 da

LGAP estabelece o mesmo quando indica: “o impulso do procedimento administrativo

realizar-se-á de ofício, sem prejuízo que possam dar-lhe as partes”.

Princípio de imparcialidade.

Por meio deste princípio busca-se garantir a verdade dos fatos: a administração atuará

com objetividade na tomada de decisões e com respeito aos direitos subjetivos e

interesses legítimos dos administrados.

Princípio de informalismo.

O informalismo protege a ideia “pro- actione” pelo fundo, segundo a ele devem-se

eliminar os obstáculos postos desnecessariamente no desenvolvimento do

procedimento próprio da administração, a fim de que o mesmo realize-se de forma

ágil, procurando garantir que o assunto seja definido com a maior celeridade. Por

isso, o procedimento administrativo deve orientar-se a evitar o procedimento

complicado e excessivamente burocrático.

Princípio de Devido Processo Legal.

Este princípio foi desenvolvido pela jurisprudência. Implica o cumprimento de uma

série de requisitos. Deste princípio geral surgem outros como: direito geral à justiça,

direito ao juiz regulamentar, direito de audiência e defesa (que implica intimação,

imputação, direito de audiência e direito de defesa em si), princípio de inocência,

princípio de “in dubio pro homine”, os direitos ao procedimento (liberdade de acesso

Page 21: Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público Municipal

20

ao expediente, confidencialidade, amplitude de prova, liberdade na prova, legitimidade

na prova, imediação da prova, identidade física do julgamento, comunidade das

provas, valoração razoável da prova) o direito a uma resolução justa, dupla instância.

Princípio da verdade real ou material.

Implica que deve estabelecer-se de forma certa a realidade histórica dos fatos

investigados. Sendo necessária sua reconstrução por meio da prova compilada. A

verdade real consiste em determinar as verdadeiras razões sobre as quais se deram

estes fatos, ou seja, qual foi o quadro fatídico que proporcionou a atuação utilizada. A

verificação dessa verdade real deve ser o fundamento sobre o qual se impõe uma

sanção administrativa. Por isso, o órgão Diretor que tenha a investigação disciplinar

não deve preestabelecer nenhuma situação fatídica como certa, até ter demonstrados

os fatos investigados. (art.214 da LGAP)

Pode-se concluir que os princípios que regem os processos administrativos

disciplinares de Belo Horizonte e Buenos Aires são muito similares, ambos surgem da

Constituição Federal/Nacional e são pilares fundamentais que regem o processo

administrativo disciplinar, sem os quais não seria possível tal processo.

Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor

Público Municipal (Lei n° 7.169/96, Belo Horizonte) e do Regime para o pessoal

da Administração Pública da província de Buenos Aires (lei n° 10.430)

Neste tópico, se analisa o funcionamento de cada regime aplicado aos funcionários

públicos, tendo em conta seus deveres e proibições, as penalidades e a autoridade

competente para sua aplicação, o procedimento administrativo disciplinar e a

sindicância investigativa em si mesma.

Deveres e proibições

Neste ponto, as duas leis dão ênfase aos mesmos deveres: cumprir o serviço com

zelo, presteza e eficiência, com uma conduta de acordo com a moralidade

administrativa, seja respeitando as ordens dos superiores, no trato com terceiros ou

colegas; guardar sigilo sobre os assuntos da repartição; levar ao conhecimento da

autoridade todo o ato irregular ou ilegal que possa causar dano ao Estado, incluindo

os casos de abuso de poder, e se conduzir com lealdade e fidelidade no seu trabalho

cotidiano, o que abarca desde usar o uniforme adequado, até cuidar os bens do

Page 22: Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público Municipal

21

estado, e o trato com pessoas, dado que os funcionários são os representantes do

Município, e assim, do Estado.

Proibições: no artigo 184 da Lei n° 7.169/96 se estabelecem as seguintes proibições:

ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização da chefia

imediata; retirar, sem prévia permissão da autoridade competente, qualquer

documento ou objeto da repartição; exercer, durante o horário de trabalho, atividade a

ele estranha, negligenciando o serviço e prejudicando o seu bom desempenho; deixar

de comparecer ao serviço sem causa justificada perante a chefia imediata; cometer a

outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de

emergência e transitórias; cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos

previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de responsabilidade sua ou de

subordinado; recusar fé a documento público; opor resistência injustificada ao

andamento de documento e processo ou à execução de serviço; ofender a dignidade

ou o decoro de colega ou particular ou propalar tais ofensas; utilizar pessoal ou

recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares; praticar ato

contra expressa disposição de lei ou deixar de praticá-lo, em descumprimento de

dever funcional, em benefício próprio ou alheio; deixar de observar a lei, em prejuízo

alheio ou da administração pública; manter sob sua chefia imediata, em cargo ou

função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente, por consanguinidade ou

afinidade até o segundo grau; valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de

outrem, em detrimento da dignidade da função pública; fazer contratos com o Poder

Público, por si ou como representante de outrem; exercer, mesmo fora das horas de

trabalho, emprego ou função em empresas, estabelecimentos ou instituições que

tenham relações com o Poder Público, em matéria que se relacione com a seção em

que estiver lotado; atuar, como procurador ou intermediário, junto à repartição pública,

salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o

segundo grau, de cônjuge ou companheiro; receber propina, comissão, presente ou

vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; praticar a usura em

qualquer de suas formas; proceder de forma desidiosa.

Não atuar como procurador, assessor, diretor, patrocinador, ou representante de

pessoas, sejam estas físicas o jurídicas, que explorem concessões da Administração

na ordem Nacional, Provincial ou Municipal; receber benefícios originados em

contratos, concessões, franquias ou adjudicações celebradas ou outorgadas pela

Administração; manter vinculação que lhe proporcione benefícios ou obrigações com

entidades fiscalizadas pelo órgão no qual presta serviços; organizar ou propiciar direta

Page 23: Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público Municipal

22

ou indiretamente, com propósitos políticos, atos de homenagem ou reverência a

funcionários em atividade, subscrições, adesões ou contribuições de pessoal; utilizar

com fins particulares os serviços do pessoal e os bens destinados ao serviço oficial.

Sanções, autoridade competente, procedimentos disciplinar e sindicância

investigatória na Lei 7.169/96

As sanções previstas no Estatuto do servidor Público de Belo Horizonte são cinco:

repreensão, suspensão, demissão ou rescisão de contrato, cassação de

aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão ou de função

pública.

A Lei considera, na aplicação da penalidade, a natureza e a gravidade da infração

cometida, os danos que ela causar ao serviço público, as circunstâncias agravantes ou

atenuantes e os antecedentes funcionais.

A repreensão será aplicada nos casos de descumprimento de dever funcional previsto

em lei, regulamento ou norma interna, que não justifique a imposição de penalidade

mais grave, bem como nos casos de violação das proibições contidas no art. 184,

incisos I a IX, se o servidor não for reincidente.

A suspensão será aplicada nos casos de reincidência nas faltas puníveis com

repreensão, bem como nos casos de violação das proibições que não constituam

infração sujeita a penalidade de demissão ou rescisão de contrato, e não poderá

exceder a 90 (noventa) dias.

Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser

substituída por multa, ficando o servidor obrigado a permanecer no serviço.

Após de cinco anos de exercício em que o servidor não houver praticado nova infração

disciplinar, as penalidades mencionadas anteriormente terão seu registro cancelado.

A demissão e a rescisão contratual serão aplicadas nos casos de: crime contra a

administração pública; abandono de cargo ou função; desídia no desempenho das

respectivas funções; ato de improbidade; incontinência, má conduta ou mau

procedimento; insubordinação grave em serviço; ofensa física, em serviço, a servidor

ou a particular, salvo em legítima defesa; crimes contra a liberdade sexual e crime de

corrupção de menores, em serviço ou na repartição; aplicação irregular de dinheiro

Page 24: Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público Municipal

23

público; revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo ou função, para

lograr proveito próprio ou alheio; lesão aos cofres públicos; dilapidação do patrimônio

público; corrupção; acumulação ilícita de cargo, emprego ou função pública, desde

que provada à má-fé do servidor; transgressão do disposto nos incisos X a XX do art.

184.

Além dos casos mencionados anteriormente, é causa de demissão ou rescisão

contratual a sentença criminal transitada em julgado que condenar o servidor a mais

de dois anos de reclusão.

A cassação de aposentadoria ou a disponibilidade se dará quando ou inativo tenha

praticado, na atividade, falta punível com a demissão ou a rescisão contratual. À

mesma seguir-se-á o ato de demissão ou rescisão de contrato.

A destituição de cargo em comissão ou de função pública será aplicada nos casos de

infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão, quando exercido

qualquer deles por servidor ocupante de cargo de provimento efetivo.

As penalidades disciplinares, segundo a Lei, serão aplicadas pelo Prefeito, quando se

tratar de demissão ou de rescisão contratual, destituição de cargo em comissão ou de

função pública, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e suspensão por mais

de trinta dias ou multa equivalente; pela autoridade máxima do órgão em que estiver

lotado o servidor, quando se tratar de suspensão por até trinta dias ou multa

equivalente; pelo chefe imediato, quando se tratar de repreensão; pelo Corregedor-

Geral do Município, na hipótese do § 2º do art. 197 (suspensão de até quinze dias

para o servidor que, injustificadamente, deixar de comparecer, quando

comprovadamente convocado, para prestar depoimento ou declaração perante a

Corregedoria-Geral do Município ou perante quem presidir, na forma desta Lei, à

sindicância ou ao processo administrativo disciplinar). No caso de diversidade de

sanções, sendo um ou mais de um acusado, o julgamento caberá à autoridade

competente para a imposição da pena mais grave.

À Corregedoria-Geral do Município, órgão central do sistema de aplicação do regime

disciplinar, compete não só a implantação do regime disciplinar, mas também a

orientação geral, a coordenação e a execução de todas as atividades relativas à

disciplina dos servidores públicos municipais da administração direta, e a ela serão

Page 25: Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público Municipal

24

encaminhadas as denúncias relativas a qualquer falta disciplinar, sendo também a

responsável por iniciar o procedimento.

Da sindicância poderá resultar o arquivamento, por falta de prova da existência do fato

ou da sua autoria, por falta de prova suficiente à aplicação da penalidade

administrativa; a absolvição, por existência de prova de não ser o acusado o autor do

fato, ou por existência de prova da não ocorrência do fato ou por este não constituir

infração de natureza disciplinar; a aplicação de penalidade de repreensão ou

suspensão de até trinta dias ou a instauração de processo administrativo disciplinar.

Do processo administrativo disciplinar, a sua vez, poderá resultar arquivamento ou

absolvição, ou a instauração do processo administrativo disciplinar obrigatório, quando

a falta praticada pelo servidor enseje a imposição de penalidade de suspensão por

mais de trinta dias, de demissão ou rescisão de contrato, de cassação de

aposentadoria ou de disponibilidade e de destituição de cargo em comissão ou de

função pública.

A sindicância precederá ao processo administrativo disciplinar somente no caso de

não haver elemento de convicção suficiente para a imediata instauração do segundo

procedimento.

Os dois processos serão conduzidos com independência e imparcialidade, assegurado

o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da Administração, a

ampla defesa (admitidos todos os meios a ela inerentes), e as reuniões e as

audiências que ocorram no curso dos procedimentos disciplinares terão caráter

reservado.

A sindicância vai se desenvolver da seguinte forma:

I - instauração por ato do Corregedor-Geral, que designará servidor responsável por

sua instrução e por emissão de parecer ;

II - ouvida de testemunhas;

III - parecer do responsável pelo procedimento, com relatório e sugestão sobre a

solução que entenda adequada, seja arquivando o caso, seja instaurando Processo

Administrativo Disciplinar.

Page 26: Características do Processo Administrativo Disciplinar no Estatuto do Servidor Público Municipal

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O Processo Administrativo Disciplinar será conduzido por comissão composta de três

servidores, e vai se desenvolver da seguinte forma:

I - instauração, com a expedição da portaria do Corregedor-Geral, da qual constará o

resumo do fato atribuído ao processado e a menção dos dispositivos de lei aplicáveis;

II - citação do processado para o interrogatório, abrindo-se-lhe, em seguida, prazo de

três dias para a apresentação de defesa prévia e de rol de testemunhas, até o máximo

de 10 dez, limitadas a três para cada fato, e para a indicação das provas que quiser

produzir;

III - ouvida de testemunhas da denúncia, até o máximo de dez, limitadas a três para

cada fato;

IV - ouvida de testemunhas arroladas pelo processado, até o máximo de dez, limitadas

a 3 três para cada fato;

V - prazo de três dias para o processado requerer diligências probatórias

complementares;

VI - despacho do presidente da comissão, que se manifestará quanto ao pedido

formulado pelo processado, e, se entender conveniente, determinará a ouvida de

outras testemunhas, a reinquirição das já ouvidas, a inquirição das referidas, a juntada

de documentos ou a realização de prova técnica;

VII - abertura do prazo de dez dias para o processado apresentar razões finais;

VIII - julgamento, oportunidade em que a comissão processante apreciará as provas e

emitirá relatório, sugerindo a penalidade a ser aplicada, dando fim ao processo.

Sanções, autoridade competente, procedimento disciplinar e sindicância investigativa

na Lei n° 10.430 (Buenos Aires)

As sanções previstas nesta lei são: apercebimento, suspensão até sessenta (60) dias

corridos, cesantía e exoneração, correspondendo a cada falta só uma sanção. As

mesmas, vão ser aplicadas gradualmente tendo em conta a gravidade da falta, a

personalidade e antecedentes do servidor que a comete e o dano causado.

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O apercebimento é uma espécie de chamada de atenção, e vai ser aplicado no caso

de incumprimento reiterado do horário fixado pelas leis e regulamentos; falta de

respeito aos superiores ou a público; negligência no cumprimento de suas tarefas ou

funções. As mesmas faltas aplicam-se para a suspenção até sessenta dias. (art 70 ley

10.430)

A cesantía é aplicada nos seguintes supostos:

- Abandono do serviço sem motivo justificado

- Faltas reiteradas no cumprimento de suas tarefas ou faltas graves aos superiores na

oficina ou no ato de serviço.

- Má conduta notória

- Descumprimento das obrigações determinadas no art. 66 (prestar serviço de forma

regular e contínua, dentro do horário geral, especial ou extraordinário que se

determine, com toda sua capacidade, dedicação, contração a trabalho e diligência,

que conduzem ao seu melhor desempenho e à eficiência da Administração Pública;

obedecer às ordens do superior hierárquico) salvo quando surjam as sanções

estabelecidas no artigo anterior.

- Descumprimento das proibições estabelecidas no art 67

(http://www.tfaba.gov.ar/l10430.pdf)

- Descumprimento intencional de ordens legalmente dadas.

- Insistências injustificadas reiteradas, conforme se estabelece na regulamentação.

O agente que tenha três (3) ausências continuadas, sem prévio aviso e prévia

intimação vai ser considerado como abandono do cargo, e decreta-se sua cesantia

sem substanciação de sumário. (art 72)

São motivos de exoneração:

- a sentença condenatória dada em prejuízo do agente como autor, cúmplice ou

encobridor dos delitos estabelecidos no Código Penal (nos títulos IX “Delitos contra la

seguridad de la Nacion” X “Delito contra los Poderes Públicos” XI “Delitos contra la

Administración Publica” XII “Delitos contra la Fe Publica”)

- a sentença condenatória dada em prejuízo do agente como autor, cúmplice ou

encobridor de delito comum de caráter doloso.

- falta grave que prejudique materialmente a administração ou que afete o prestigio da

mesma.

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Não poderá sancionar-se disciplinarmente ao agente com suspenção de mais de três

(3) dias, sem prévia instituição de sumário administrativo ordenado pela autoridade

competente nas condições, e com as garantias que se estabelecem neste estatuto.

Exceção: abandono do cargo previsto no art. 72 e no caso de reiteradas ausências

não justificadas.

Toda resolução devera aplicar-se por resolução fundada que contenha clara exposição

dos fatos e indicação das causas que determinam a medida imposta. (art. 75)

Procedimento Disciplinar

O Procedimento Disciplinar se substancia por meio de um procedimento sumário, que

se inicia por resolução do chefe da unidade de organização ou autoridade superior e

se realiza pela Assessoria Jurídica. Caso o imputado seja Diretor, Subdiretor ou

equivalente, a instrução vai se substanciar pela “Fiscalía de Estado” (organismo de

assessoramento jurídico do Poder Executivo e de defesa legal).

O objetivo do procedimento sumário é comprovar a existência de fatos que tragam

como consequência alguma sanção disciplinaria, individualizar os responsáveis,

verificar a existência de agravantes ou atenuantes da responsabilidade, e comprovar a

extensão do dano sofrido pela Administração.

A instrução é secreta, durante os primeiros 15 dias, e o imputado tem direito a

conhecer os fatos e faltas que a ele se atribuem, expressar o que considere

conveniente para sua defesa, e escolher um advogado defensor.

O procedimento termina por resolução que declara a inexistência da responsabilidade

disciplinar ou a aplicação de uma das sanções estabelecidas pela lei, fundada pela

autoridade que corresponde segundo a sanção que esteja sendo julgada.

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Conclusão

Conforme se pode perceber no trabalho, concluo que os regimes disciplinares

de Belo Horizonte e da Cidade de Buenos Aires se assemelham no tocante aos

princípios e às penas a serem apuradas, mas possuem algumas diferenças

procedimentais, diferenças essas que acabam não influenciando no objetivo final, que

é o controle da disciplina dos servidores públicos.

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