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36 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

CAPÍTUO 2 CIDADE EM M3

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37 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

2. A CIDADE EM M3

O título “A cidade em M3” é aqui utilizado referenciando a publicação KM3. Excursions on Capacities,

de Winy Maas, publicado em 2005, pela editora Actar.

2.1. A HOLANDA

A Holanda surgiu há aproximadamente dois mil anos, quando uma tribo teutônica (frísios) instalou-se

em uma região hoje conhecida como os Países Baixos. Desde então, seus ocupantes lidam com a

questão terra X mar. (JORDIDIO; PHILIP, 2006)

Segundo Philip Jordidio, atualmente, 27% do seu território encontra-se abaixo do nível do mar,

abrigando 60% da população. Estimava-se uma população de mais de 16 milhões de habitantes em

2004, para um território de apenas 33.883 Km2, com uma densidade populacional ainda mais elevada

do que a do Japão. (JORDIDIO; PHILIP, 2006) MAPA DE LOCALIZAÇÃO - Holanda fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/images/mapa-holanda_haia_scheveningen.gif- acessado em 15/06/08

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38 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

Assim, por sua dimensão e condição geográfica, a percepção de um território finito parece ser ainda

mais nítida neste País e leva temas como a densidade e a ocupação do território, a serem pautas

constantes para a arquitetura e urbanismo holandeses.

Para um país pequeno, a dimensão da influencia e da importância que a arquitetura holandesa exerce

em todo o mundo é um fato extraordinário. O destaque e a projeção da produção arquitetônica

holandesa não se limitam à produção de Rem Koolhaas (OMA), mas se estende aos seu colegas mais

jovens, como Lars Spuybroek (NOX), Kas Oosterhuis (ONL), Erick van Egeraat e MVRDV. Apesar de

alguns preverem o fim deste “período dourado” de grande produção referencial que a arquitetura

holandesa atravessa, a cada ano surge uma nova safra de projetos admiráveis e de edifícios

construídos, confirmando o destaque da criatividade de novos e talentosos arquitetos. (JORDIDIO;

PHILIP, 2006)

De acordo com Philip Jordidio, é inegável ai influência de Rem Koolhaas no surgimento de toda uma

geração de arquitetos holandeses (e estrangeiros). Winy Maas e Jacob van Rijs do MVRDV, por

exemplo, foram um dos que passaram pelo escritório de Koolhaas.

Livro de Bart Lootsma fonte: http://www.amazon.com/SuperDutch-Architecture-Netherlands-Bart-Lootsma/dp/1568982399/ref=pd_bbs_1?ie=UTF8&s=books&qid=1213562353&sr=8-1- acessado em 15/06/08

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39 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

2.2. MVRDV

Formado em 1991 em Rotterdam por Winy Maas, Jacob van Rijs and Nathalie de Vries, MVRDV

constitui um escritório que não só se propõem a produzir projetos de arquitetura, como também, a

estudar e pesquisar temas inerentes a arquitetura, como forma de alimentar e embasar o resultado

de seu trabalho. Por ter sua produção alimentada e embasada por pesquisa e estimulada pelas pautas

decorrentes do crescimento das cidades x recursos naturais, ocorre nesta parte do trabalho, destaque

especial à sua produção.

“Para nós, a combinação de prática e pesquisa é indispensável. Durante os últimos anos essa relação tem se intensificado gradualmente. Se não existisse e Farmax, WoZoCo´s não teria existido ou teria sido totalmente diferente: sem 3d City, Penault não teria existido: e sem Silodam, nunca teríamos sido capazes a conceber Functionmixer....Até projetos de menor escala possuem qualidades que geram informação e ferramentas aplicáveis em âmbitos mais amplos. Isto aparece em projetos realmente minúsculos - como nas casas de Borneu – onde o confronto com o tamanho dos lotes, através de nosso trabalho com dimensões, levou, inevitavelmente, a uma investigação sobre implosão dimensional: sobre como viver no menor espaço imaginável.” (MAAS, 2003, P34)

Com o avanço tecnológico progressivo dos últimos anos, o acesso à informação (dados) tem

trazido a possibilidade de compreendermos através de uma outra esfera, a atual realidade e

experimentarmos o resultado de sua manipulação.

WOZOCO LEVENE, Richard; CECILIA, Fernando Márques. MVRDV: stacking and layering.Madrid, Espanha: El croquis editorial, 2003. 439. (pagina 177)

FARMAX - CAPA Fonte: MAAS, Winy; VAN RIJS, Jacob; KOEK, Richard. FARMAX: Excursions on Density – MVRDV. Rotterdam, Holanda: 010 Publishers. 736 p.

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40 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

O uso da informática para projetar novas formas e paisagens, não é exclusividade do MVRDV. O

que distingue o trabalho do MVRDV dos outros manipuladores de data, é, segundo Winy Maas, o

fato de que “o MVRDV conecta o moral e o normal”. Ao invés de usar os dados como instrumento

de se construir qualquer forma imaginável, o MVRDV os utiliza para tratar a arquitetura como

uma forma de pesquisa. (AARON; BETSKY, 2003)

No período pós-guerra, os holandeses desenvolveram uma maneira própria de alinhar a arquitetura

com projetos políticos e sociais, ao longo de seu desenvolvimento (a obtenção de recursos, o alcance

de um consenso e a criação da estrutura, são todos partes do projeto). Assim, não só o processo

FUNCTIONMIXER Fonte: LEVENE, Richard; CECILIA, Fernando Márques. MVRDV: stacking and layering.Madrid, Espanha: El croquis editorial, 2003. 439. (pagina 35)

SILODAM Fonte: LEVENE, Richard; CECILIA, Fernando Márques. MVRDV: stacking and layering.Madrid, Espanha: El croquis editorial, 2003. 439. (pagina 177)

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41 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

substituiu o objetivo final, mas ainda surgiu a noção de que o projeto não é definido apenas pela

edificação, podendo também ser especulação teórica ou esforço de pesquisa. (AARON; BETSKY, 2003)

O MVRDV parece transformar informação estatística abstrata em formas concretas. Eles apresentam

uma fascinação pela pesquisa metódica sobre a densidade e usam o método de dar forma ao espaço

através de quantidades complexas de dados, que acompanham o processo de concepção de

edificações.

A fascinação por dados estatísticos, é por eles usada como uma ferramenta para a compreensão da

realidade. Através da análise de uma realidade e do seu abrangente entendimento, o MVRDV

incorpora estatísticas em seus projetos, resultando em novas formas de arquitetura, que mesclam o

abstrato e o concreto. (AARON; BETSKY, 2003)

“Devido ao fato que os projetos do MVRDV serem ao mesmo tempo reais e irreais, especulativos e concretos, projetos e projeções, eles tem a capacidade de transformar idéias vagas em lugares que podemos experimentar. (...) Isto pode parecer vago mas funciona. (..) As casas Ypenburg, ofereceram um relacionamento diferente entre as moradias individuais e o espaço público. O Hanover Pavilion, transformou a percepção da Holanda em uma coleção de experiências, e Pig City desempenhou um papel ativo na política holandesa. O projeto de transformar data em realidade é, em outras palavras, eficaz. ” (AARON; P.123, 2003)

META CITY DATA TOWN LEVENE, Richard; CECILIA, Fernando Márques. MVRDV: stacking and layering.Madrid, Espanha: El croquis editorial, 2003. 439. (pagina 37)

META CITY DATA TOWN LEVENE, Richard; CECILIA, Fernando Márques. MVRDV: stacking and layering.Madrid, Espanha: El croquis editorial, 2003. 439. (pagina 37)

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42 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

Stan Allen define o método de trabalho do MVRDV como o processo de conduzir uma profunda

pesquisa, acumular enorme quantidade de dados e então, buscar racional e objetivamente uma

solução para os problemas. Segundo Allen, eles utilizam os instrumentos convencionais do

arquiteto, porém suplementados por métodos estatísticos, diagramas abstratos e mapeamento

de informações – ao invés de impor uma estrutura levando ao fechamento e uma definição

precisa, MVRDV trabalha para manter um esquema aberto pelo maior período possível, de

maneira a absorver o máximo possível de informação. (ALLEN; STAN, 2003)

“Ao articular os meios específicos disponíveis para a arquitetura para abranger

informações sociais, econômicas e políticas, o MVRDV abre a arquitetura para outras

áreas sem perder o que é específico da arquitetura enquanto prática. Isto significa que

a informação tem conseqüências formais, mas a forma, não é o objetivo final no

trabalho do MVRDV.” (ALLEN; P.85, 2003)

Pode-se dizer então que o trabalho do MVRDV parte da formulação de uma questão e, por meio

de profunda pesquisa e coleta de dados estatísticos, tenta apresentar diferentes possibilidades de

solução através da arquitetura.

O seu método de trabalho, muitas vezes leva à abertura de novas questões e possibilidades. O

resultado da investigação não deve ser visto como uma receita ou formato a ser seguido. Uma

CLIMATIZER Software, MVRDV/cTrogh,2005)

REGIONMAKER Softwaredemo, MVRDV, 2003

VOLUME MAKER MVRDV-Software, 2003

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43 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

das principais características que envolvem a produção do MVRDV, é o processo de imersão em

uma realidade dada e, o fato de sua análise poder gerar arquiteturas repletas de pensamento

propositivo.

O trabalho do MVRDV traz para a arquitetura uma postura de inquietação que poderia ser mais

explorada nos tempos atuais. A formulação de questões passa a ser tão importante quanto, ou

mais ainda, que as suas respostas. Assim, a proposta do MVRDV, de olhar sem preconceitos os

processos urbanos e sociais colocados e aprender a ler uma realidade, é sem dúvida, um passo

fundamental para que a arquitetura possa reinterpretá-la e mostrar-se criativa sobre ela.

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