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Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique 4-1 As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das estratégias neles descritos. CAPÍTULO 4 ANÁLISE DOS ATUAIS CONSTRANGIMENTOS E POTENCIAL DE DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA 4.1. Produção Agrícola 4.1.1. Escala da Área de Cultivo e Sistema Agrícola A agricultura de Moçambique é caracterizada pela agricultura de pequeno porte. Em geral, considera-se que a principal razão para a agricultura de pequena escala no país é a falta de mão de obra e/ou meios de cultivo, com a compreensão de que Moçambique é abençoado por uma vasta terra agricultável que não está em uso no momento. Esta percepção é também compartilhada pela maioria dos agricultores na Área do Estudo. A tabela, entretanto, mostra que a pressão populacional pode ser uma razão latente para a agricultura de pequena escala, no momento. O tamanho médio dos estabelecimentos agrícolas nas províncias de Nampula e da Zambézia, onde existe a maior densidade populacional do país, é significativamente menor que a média nacional, enquanto que o tamanho na província do Niassa, que tem densidade populacional menor, é muito maior que a média nacional. Devido à agricultura não intensiva com cultivo itinerante, os agricultores da Área do Estudo precisam de uma área maior que a área cultivada de fato para continuar sua agricultura em bases sustentáveis. De acordo com o resultado do levantamento de campo, muitos agricultores na área alternam a sua área de cultivo a cada 3-5 anos, quando eles sentem que a fertilidade do solo da terra cultivada está ficando menor. Se eles reservam uma área vazia por 10-15 anos para recuperar a fertilidade do solo desta área, eles teoricamente precisam uma área de reserva 2-5 maior que a área de fato cultivada, além da área existente. Isto significa que precisaria haver uma vasta área de reserva para o cultivo itinerante, além da área em uso atualmente. Considerando a densidade populacional atual na Área do Estudo, conforme mostrado na Tabela 3.1.7, um número substancial de agricultores na área pode enfrentar dificuldades para continuar a prática de agricultura extensiva em bases sustentáveis. Um livro que relata as práticas de corte e queima e de cultivo itinerante em vários países asiáticos, o “Inasaku Izen” (Práticas Agrícolas no Japão antes do Cultivo do Arroz), Sasaki Komei, NHK Books, 1971, estima que as práticas extensivas, em qualquer caso, podem alimentar no máximo 40 pessoas/km 2 , mesmo contando com outros alimentos complementares de outras atividades, como a caça e o extrativismo. A Tabela 3.1.7 mostra que a densidade populacional em vários distritos, assim como a média na Área do Estudo, excede 40 hab./km 2 .

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Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique

4-1

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

CAPÍTULO 4 ANÁLISE DOS ATUAIS CONSTRANGIMENTOS E POTENCIAL DE DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA

4.1. Produção Agrícola

4.1.1. Escala da Área de Cultivo e Sistema Agrícola

A agricultura de Moçambique é caracterizada pela agricultura de pequeno porte. Em

geral, considera-se que a principal razão para a agricultura de pequena escala no

país é a falta de mão de obra e/ou meios de cultivo, com a compreensão de que

Moçambique é abençoado por uma vasta terra agricultável que não está em uso no

momento. Esta percepção é também compartilhada pela maioria dos agricultores na

Área do Estudo. A tabela, entretanto, mostra que a pressão populacional pode ser

uma razão latente para a agricultura de pequena escala, no momento. O tamanho

médio dos estabelecimentos agrícolas nas províncias de Nampula e da Zambézia,

onde existe a maior densidade populacional do país, é significativamente menor que

a média nacional, enquanto que o tamanho na província do Niassa, que tem

densidade populacional menor, é muito maior que a média nacional.

Devido à agricultura não intensiva com cultivo itinerante, os agricultores da Área do

Estudo precisam de uma área maior que a área cultivada de fato para continuar sua

agricultura em bases sustentáveis. De acordo com o resultado do levantamento de

campo, muitos agricultores na área alternam a sua área de cultivo a cada 3-5 anos,

quando eles sentem que a fertilidade do solo da terra cultivada está ficando menor.

Se eles reservam uma área vazia por 10-15 anos para recuperar a fertilidade do solo

desta área, eles teoricamente precisam uma área de reserva 2-5 maior que a área

de fato cultivada, além da área existente. Isto significa que precisaria haver uma

vasta área de reserva para o cultivo itinerante, além da área em uso atualmente.

Considerando a densidade populacional atual na Área do Estudo, conforme

mostrado na Tabela 3.1.7, um número substancial de agricultores na área pode

enfrentar dificuldades para continuar a prática de agricultura extensiva em bases

sustentáveis.

Um livro que relata as práticas de corte e queima e de cultivo itinerante em vários

países asiáticos, o “Inasaku Izen” (Práticas Agrícolas no Japão antes do Cultivo do

Arroz), Sasaki Komei, NHK Books, 1971, estima que as práticas extensivas, em

qualquer caso, podem alimentar no máximo 40 pessoas/km2, mesmo contando com

outros alimentos complementares de outras atividades, como a caça e o

extrativismo. A Tabela 3.1.7 mostra que a densidade populacional em vários distritos,

assim como a média na Área do Estudo, excede 40 hab./km2.

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Relatório Intermédio 1

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

É interessante notar que a ocorrência de incêndios na Figura 3.3.1, em distritos com

alta densidade populacional na parte leste de Nampula, é menor que em outros

distritos. Por outro lado, a ocorrência de incêndios ainda é alta nos distritos de Alto

Molocue e Gurue na província da Zambézia, embora também tenham alta

densidade populacional. Presume-se que os agricultores na parte leste da província

de Nampula já tenham mudado para agricultura permanente (não itinerante) devido

à alta pressão populacional e, provavelmente, devido à existência de muitas

fazendas comerciais para a produção de algodão, banana, etc., enquanto que os

agricultores nos dois distritos da província da Zambézia ainda continuem a praticar a

agricultura extensiva, deteriorando as bases sustentáveis da sua agricultura.

Em alguns locais da Área do Estudo, a pressão populacional sobre a terra começa a

aparecer, causando conflitos fundiários entre a população, especialmente em áreas

férteis e com fácil acesso às estradas principais. Os agricultores destas áreas estão

em um momento crucial para mudar sua prática agrícola familiar de sobrevivência.

Muito embora a maioria dos agricultores não reconheça a situação atual, sua prática

agrícola atual pode desencadear uma grave destruição do meio ambiente, como já

aconteceu em outras partes do mundo. Eles devem entender que já não restam

muitas terras para a agricultura na Área do Estudo, se eles continuarem as atuais

práticas agrícolas extensivas.

Considerando a situação atual acima mencionada e as perspectivas futuras, os

agricultores devem mudar suas atuais práticas extensivas com todo o apoio possível

do governo. Eles podem esperar os seguintes benefícios se mudarem para

agricultura permanente.

1) Aumentar a produtividade da cultura através de práticas agrícolas intensivas.

2) Expandir a área agrícola atual através da recuperação da terra deixada em

descanso.

3) Conservar o meio ambiente para proteger as bases de sua agricultura.

4.1.2. Tecnologia de Cultivo

Os agricultores de subsistência predominam na Área do Estudo. A maioria dos

pequenos agricultores produz culturas apenas para consumo e são caracterizados

pela baixa produtividade e pelos ganhos modestos. Aqueles que trabalham em 1-2

ha ou menos, geralmente se concentram nos alimentos básicos, como milho,

mandioca, Mapira (sorgo), amendoim e vários tipos de feijão. Estas culturas são

normalmente plantadas juntas no mesmo campo. Os agricultores que cultivam áreas

maiores, aproximadamente 5 ha, plantam culturas diversificadas, além dos

alimentos básicos. Eles são, algumas vezes, agricultores contratados para cultivo de

algodão e tabaco na Área do Estudo e normalmente plantam hortícolas e outras

culturas de rendimento na terra que tem acesso a fonte de água para irrigação.

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Entretanto, os agricultores que cultivam em mais de 5 ha representam menos de 6%

de todos os estabelecimentos agrícolas em Moçambique (Censo Agrícola em

2009-2010, INE).

Um dos principais problemas da agricultura em Moçambique é a baixa produtividade.

A Tabela 4.1.1 mostra a produtividade (t/ha) das culturas que são populares na Área

do Estudo, em Moçambique e em países relativamente avançados como Brasil,

África do Sul e Quênia. A tabela mostra que Moçambique ainda tem muito espaço

para melhoria da produtividade de muitas culturas.

Tabela 4.1.1 Produtividade das Culturas em Moçambique e em Alguns Países em 2010

Culturas Produtividade (t/ha)

Moçambique Brasil África do Sul Quênia

Milho 1,2 4,4 4,7 1,6

Mandioca 6,0 13,7 NA 5,3

Mapira 0,6 2,3 2,3 0,7

Mexoeira 0,5 NA 0,5 0,5

Arroz 1,0 4,2 2,6 4,0

Trigo 1,0 2,8 2,6 3,2

Amendoim, com casca 0,2 2,7 1,5 1,0

Feijões NA 0,9 1,2 0,6

Feijão nhemba NA NA 0,6 0,4

Feijão boer NA NA NA 0,7

Soja NA 2,9 1,8 0,9

Batata doce 7,1 11,2 3,3 9,1

Batata reno 13,8 25,3 33,3 2,9

Semente de gergelim 0,7 0,6 NA 0,5

Semente de girassol 0,5 1,1 1,2 1,0

Hortícolas 4,2 11,9 11,6 9,5

Castanha de caju, com casca 0,9 0,1 NA 0,3

Bananas 7,0 14,3 49,5 19,0

Cana de açúcar 13,0 79,2 60,0 83,1

Semente de algodão 0,5 3,6 3,5 0,7

Tabaco 1,5 1,7 2,8 0,6

Fonte: FAOSTAT

Isto se deve a fatores combinados, incluindo práticas extensivas de agricultura e

pouco uso de insumos. A maioria dos agricultores da Área do Estudo, exceto os da

parte leste, ainda dependem bastante do sistema de queima e corte e do cultivo

itinerante. Eles normalmente mudam sua área de cultivo a cada 3-5 anos para

encontrar uma nova terra fértil. A causa fundamental para o baixo uso de insumos

deve ser o uso de práticas agrícolas extensivas que prevalece na Área do Estudo.

Enquanto prosseguir o método de corte e queima e o cultivo itinerante, os

agricultores não precisarão de insumos. Eles também apenas usam ferramentas

manuais simples, como enxada, catana (facão) e machado, que são ferramentas

típicas da agricultura de queima e corte. Em vista da conservação do solo e da água,

a raspagem da superfície do solo apenas com estas ferramentas simples é uma

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

prática comum de preparo da terra, em todos os lugares onde esta prática de cultivo

prevalece.

Considerando a incerta condição atual de precipitação e a falta de clareza sobre os

direitos à terra, é muito razoável que os agricultores escolham uma estratégia

agrícola estável, com poucos insumos e pouco retorno, mas que tenha uma

produção estável, como no caso do cultivo itinerante. Na estratégia, o aumento da

produção é conseguido com o aumento da terra cultivada, com toda a mão de obra

disponível, com a percepção de que ainda existe uma vasta terra para cultivo

itinerante ao redor deles. Portanto, a introdução de agricultura intensiva com o

objetivo de melhorar a produtividade da cultura apenas será uma realidade para os

agricultores após terem mudado suas práticas de cultivo itinerante para cultivo

permanente, através da compreensão da situação atual, na qual a terra se tornará

saturada com o aumento da população e eles perderão as bases para continuar o

cultivo itinerante em bases sustentáveis na Área do Estudo.

4.1.3. Culturas Promissoras

As culturas promissoras na Área do Estudo foram examinadas do ponto de vista da

oferta (produção). Antes deste exame, 24 culturas foram selecionadas com base na

Minuta da Reunião da Cooperação Triangular para o Desenvolvimento Agrícola da

Savana Tropical em Moçambique, em 17 de setembro de 2009, e com base na

familiaridade das culturas na Área de Estudo. Então, as culturas foram pontuadas

através dos 6 critérios descritos a seguir.

<Critérios de Pontuação>

(1) Política Fundamental do Gverno

O PEDSA declarou como prioridade as commodities dos pequenos

estabelecimentos rurais no contexto da abordagem do corredor e também a aplicou

ao IIAM e aos seus centros de pesquisa zonais. O IIAM CZnd em Nampula e o IIAM

CZnw em Lichinga, abrangendo a Área do Estudo, também declararam as culturas

prioritárias para pesquisa em seus planos quinquenais (2011-2015) de atividade. As

culturas prioritárias declaradas pelo PEDSA e pelos centros zonais de pesquisa do

IIAM diferem ligeiramente, mas a maioria das culturas se sobrepõe. A Equipe de

Estudo, portanto, classificou as 24 culturas em 3 graus, isto é, alta-prioridade,

prioridade e não-prioridade, integrando as culturas prioritárias do PEDSA e dos

centros zonais de pesquisa do IIAM.

(2) Visão Geral da Cadeia de Valor

O CEPAGRI determina as cadeias de valor dos produtos agrícolas mais adequados

para investimento no PNISA (o Plano Nacional de Investimentos no Setor Agrícola).

A equipe de trabalho do CEPAGRI filtrará os produtos através dos 3 grupos de

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

critérios para determinar quais são as prioridades para o planejamento da ação

futura. Embora o trabalho de filtragem ainda esteja em andamento, 9 cadeias de

valor foram selecionadas após 2 etapas da filtragem realizadas até o momento. As

24 culturas foram classificadas em 3 grupos através dos critérios a seguir:

Alto prospecto: Incluídas nas cadeias de valor filtradas em segundo lugar

Prospecto razoável: Incluídas nas cadeias de valor filtradas em segundo lugar

Baixo prospecto: Não incluídas nas cadeias de valor acima

(3) Popularidade na Área do Estudo

Com base nos dados de produção das culturas na Área do Estudo fornecidos pelos

DPAs concernentes, a área plantada média anual de 2006-11 foi calculada para

cada uma das 24 culturas. As 24 culturas foram classificadas em 3 grupos segundo

a área plantada, como mostrado a seguir:

Muito popular: > 50.000 ha

Popular: 10.000 – 50.000 ha

Impopular: < 10.000 ha

(4) Produtividade Atual (em 2010)

Com base nos dados de produtividade (t/ha) na FAOSTAT, as 24 culturas foram

classificadas em 3 grupos mostrados a seguir. Os dados faltantes para várias

culturas foram estimados pela Equipe de Estudo à luz da produtividade atual na

Área do Estudo.

Alta: > 5 t/ha

Razoável: 2 – 5 t/ha

Baixa: < 2 t/ha

(5) Produtividade Futura (em 2030)

Com o pressuposto da Equipe de Estudo de que a produtividade atual em países

razoavelmente avançados pode representar a produtividade de Moçambique em

2030, os dados da FAOSTAT em 2010 para o Brasil, África do Sul e Quênia foram

analisados. A maior produtividade, entre os 3 países, para cada cultura foi

considerada como a produtividade futura em Moçambique. As 24 culturas foram

classificadas em 3 grupos do mesmo modo que em relação à produtividade

presente (em 2010).

(6) Preço no Produtor

Com base nas informações coletadas, conforme mostrado na Tabela 3.3.8, as 24

culturas foram classificadas nos 3 grupos mostrados a seguir.

Alto: > MT 10/kg

Razoável: MT 5–10/kg

Baixo: < MT 5/kg

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

A Tabela 4.1.2 mostra o resultado da pontuação.

O resultado da tabela mostra que nove (9) culturas obtiveram mais de 9 pontos (3

pontos x mais de 3 critérios). As nove culturas são: Milho, Mandioca, Amendoim,

Soja, Batata, Hortícolas, Castanha de Caju, Banana e Algodão. Considera-se que

estas culturas sejam promissoras na Área do Estudo do ponto de vista da produção

(oferta). A priorização final das culturas, entretanto, será feita na próxima fase do

Estudo através de um exame abrangente de todos os aspectos, incluindo potencial

de mercado, competitividade do país e impacto social.

Tabela 4.1.2 Pontuação das Culturas

Culturas

Prioridade

IIAM/PEDSA

na Área do

Estudo

Foco

do

PNISA

Popularidade

na Área do

Estudo

Produtividade (t/ha)

Preço na

porteira

Pontuação

Total

Cultivo na

Minuta da

Reunião

Presente

(em

2010)

Futura

(em

2030)

Milho 3 3 3 0 1 0 10 Sim

Mandioca (seca) 3 3 3 1 1 0 11 Sim

Mapira (Sorgo) 1 0 3 0 1 1 6 Não

Mexoeira 1 0 0 0 0 3 4 Não

Arroz 1 3 1 0 1 0 6 Sim

Trigo 3 0 0 0 1 0 4 Sim

Amendoim (com casca) 3 1 3 0 1 1 9 Não

Feijão comum 3 0 1 0 0 3 7 Não

Feijão nhemba 3 0 1 0 0 1 5 Não

Feijão holoco 3 0 0 0 0 3 6 Não

Feijão boer 1 0 0 0 0 3 4 Não

Soja 3 3 0 0 1 3 10 Sim

Batata doce 1 0 0 3 3 0 7 Não

Batata 3 0 0 3 3 1 10 Não

Hortículas 1 3 0 1 3 3 11 Sim

Gergelim 1 3 1 0 0 3 8 Não

Girassol 0 0 0 0 0 1 1 Não

Castanha de caju 3 3 1 0 0 3 10 Sim

Bananas 0 3 1 3 3 1 11 Sim

Cana de açúcar 0 1 0 3 3 0 7 Sim

Óleo de mamona 0 0 0 0 0 3 3 Sim

Jatropha 0 0 0 0 1 3 4 Sim

Algodão (antes de descaroçar) 3 1 1 0 1 3 9 Sim

Tabaco 3 0 0 0 1 3 7 Sim

Legenda: Alto/Bom: 3 pontos

Razoável: 1 ponto

Baixo/Ruim: 0 ponto

Fonte: Equipe de Estudo da JICA

4.1.4. Balanço das Culturas Promissoras

O cálculo do custo-benefício foi feito para 5 (cinco) das nove (9) culturas

promissoras com base nos dados disponíveis no DPA da província de Nampula e

nas informações coletadas pela Equipe de Estudo. Uma vez que a coleta de dados

ainda está em andamento para algumas culturas, o cálculo foi feito apenas para

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

cinco culturas, isto é, milho, mandioca, amendoim, soja e algodão. A Equipe de

Estudo continua a fazer o cálculo para as culturas remanescentes.

O cálculo foi feito para 2 casos, o caso presente e o caso melhorado, para

comparação. No caso presente, exceto para o algodão, qualquer aplicação de

insumos, com exceção das sementes, foi ignorada no cálculo dos custos de acordo

com a atual prática agrícola realizada na Área do Estudo. Para as sementes, apenas

1/5 da quantidade foi calculada no caso melhorado, uma vez que os agricultores têm

um certo custo com sementes mesmo não usando sementes melhoradas. Para o

algodão, a Equipe de Estudo consultou a informação corrigida do IAM de Nampula.

As vendas totais foram calculadas com base na produtividade (t/ha) de Moçambique

em 2010 na FAOSTAT (ver Tabela 4.1.3 e no preço médio presente de mercado na

Tabela 3.3.8).

No caso melhorado, os custos foram calculados com base na recomendação do

DPA, exceto no caso da soja e do algodão. As vendas totais foram calculadas do

mesmo modo que no caso presente, embora a produtividade tenha sido calculada

com base na maior produtividade da cultura correspondente na Tabela 4.1.3. Para a

soja e para o algodão, a Equipe de Estudo consultou o material de apresentação da

TechnoServe “Campanha de Equilíbrio da soja 2011/12” e os dados do IAM,

respectivamente, para o cálculo dos custos e das vendas.

Tabela 4.1.3 Balanço das Culturas Promissoras

Cultura Práticas

Agrícolas

Custos de Produção (MT/ha) Vendas (MT/ha)

Balanço (MT/ha)

Mão de

Obra Trator Sementes Fertilizantes Pesticidas Outros Subtotal

Milho Presente (1,2 t/ha) 2.360 0 175 0 0 0 2.535 5.040 2.505

Melhorada (4,5 t/ha) 2.280 2.000 875 13.100 26 0 18.281 18.900 619

Mandioca (seca)

Presente (1,8 t/ha) 2.040 0 500 0 0 0 2.540 4.320 1.780

Melhorada (4,11 t/ha) 1.520 1.500 2.500 0 249 0 5.769 9.864 4.095

Amendoim (com casca)

Presente (0,2 t/ha) 2.120 0 520 0 0 0 2.640 1.180 -1.460

Melhorada (2,7 t/ha) 1.760 1.500 2.600 4.800 1.356 0 12.016 15.930 3.914

Soja Presente (0,75 t/ha) 3.520 0 300 0 0 0 3.820 9.075 5.255

Melhorada (1,5 t/ha) 3.000 2.000 1.500 0 250 300 7.050 18.150 11.100

Algodão Presente (0,5 t/ha) 4.660 0 188 0 340 1.775 6.963 7.500 537

Melhorada (1,5 t/ha) 3.040 3.500 188 1.000 425 3.857 12.010 22.500 10.490

Fonte: Equipe de Estudo da JICA

A Tabela 4.1.3 mostra que os agricultores de Moçambique não podem esperar um

aumento do lucro líquido para o milho, mesmo se puderem aumentar a

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

produtividade com práticas agrícolas melhoradas. Maiores custos de produção,

principalmente causados pelos fertilizantes, anulam a renda bruta extra. Por outro

lado, as outras culturas mostram uma renda líquida maior de acordo com o aumento

da produção, após a transformação da práticas em práticas melhoradas, sendo os

custos dos fertilizantes para tais culturas nulos ou relativamente pequenos. Também

é interessante observar que os custos do cultivo mecanizado (trator) excedem os

custos da mão de obra manual para todos os cultivos, de acordo com a tabela.

Presume-se que os altos custos dos insumos, especialmente os dos fertilizantes,

possam impedir os agricultores do país de desfrutar os lucros da agricultura

melhorada.

4.1.5. Pecuária e Pesca Interior

A criação animal não é popular na Área do Estudo, de modo geral. frangos são os

principais animais, únicos com apelo na área, enquanto que as cabras e ovelhas são

criadas, em alguma medida, pelos estabelecimentos rurais pequenos e médios. A

produção de frangos tem crescido na área, concomitante com o aumento estável da

demanda no mercado doméstico. A área tem um grande potencial para o

desenvolvimento da indústria avícola, uma vez que a produção de milho e soja,

principais culturas para a alimentação dos frangos, é popular e se expande entre os

agricultores locais. A demanda por carne de frango deve mais que triplicar, em

paralelo com a urbanização e com o crescimento da renda no país, de acordo com o

material de workshop do CEPAGRI “Estimulando o Investimento no Agronegócio do

Setor Privado em Moçambique”, realizado em 16 de julho de 2012.

De maneira geral, entende-se que a Região Norte, onde a maior parte da Área do

Estudo está incluído, tem relativamente pouco gado, principalmente devido à alta

prevalência do tse-tse e da tripanosomíase (PEDSA 2011-19, MINAG). Embora o

gado esteja sendo introduzido através de programas de desenvolvimento em

algumas áreas na província de Nampula menos afetadas pelo tse-tse, presume-se

que a criação de gado não seja uma parte importante da pecuária animal no futuro

próximo da Área do Estudo. Os porcos também são gravemente afetados por

surgimentos regulares da Febre Suína Africana, segundo o PEDSA 2011-19.

Existe pouca informação sobre a pesca interior na Área do Estudo. De acordo com o

DPA da província de Nampula, havia 400 famílias participando da piscicultura na

província em 2008. Quando a Equipe de Estudo da JICA visitou vários lagos

desenvolvidos para a piscicultura através do PROAGRI na área, a maioria deles não

era usada para piscicultura devido às seguintes razões. Consequentemente,

algumas das lagoas estavam sendo usadas para irrigação, enquanto que outras

estavam abandonadas.

1) Suprimento descontínuo de alevinos

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

2) Abastecimento de água instável para os lagos de piscicultura

Como a piscicultura interior é um novo setor na Área do Estudo, é difícil estabelecer

a pesca como uma fonte sólida de renda na área sem o desenvolvimento de uma

estrutura de apoio abrangente, que consiste de incubadora, fornecimento de

alevinos e dos insumos necessários, extensão técnica, assim com comercialização.

4.1.6. Sistema Fundiário

O sistema fundiário é uma questão de destaque para a promoção do

desenvolvimento agrícola em Moçambique. As questões fundiárias não são apenas

questões para os investidores que precisam obter um DUAT (direito de uso e

aproveitamento da terra) para uma grande área, mas também para agricultores

individuais emergentes que querem transformar sua agricultura em uma mais

intensiva.

Conforme indicado em vários materiais relacionados com as questões fundiárias em

Moçambique, a maioria dos agricultores não tem acesso a empréstimo bancário. A

terra agrícola não pode ser usada como garantia no atual sistema legal. A Lei das

Terras de Moçambique de 1997 confirma que a terra é propriedade do estado,

segundo a Constituição.

O histórico das questões fundiárias é complicado, uma vez que a Lei das Terras não

está bem harmonizada com o atual sistema de gestão da terra que prevalece na

maioria das comunidades rurais. De fato, a terra nas comunidades é gerida pelos

líderes tradicionais, de acordo com as regras costumeiras. A responsabilidade pelo

uso, exploração e distribuição das terras é dos líderes, embora eles não tenham o

direito de propriedade das mesmas. Não existe, entretanto, referência na Lei das

Terras ao sistema de liderança tradicional, embora a lei apenas mencione o DUAT

como algo privado, um direito real que pertence às comunidades e a seus membros.

Esta incompatibilidade algumas vezes tem causado sérios conflitos entre os

investidores e a comunidade concernente, quando um projeto agrícola ou florestal

de grande porte é posto em operação. Muitos investidores, de fato, entram em

confusão ao adquirir o DUAT. Os investidores normalmente respeitam os líderes

tradicionais, com a compreensão de que eles representam a comunidade alvo, com

relação à questão da gestão da terra, quando negociam a obtenção do DUAT. De

acordo com o princípio da Lei das Terras, os investidores devem negociar com as

comunidades locais, em troca de usarem sua terra, como respeito pela ocupação

tradicional. Entretanto, um acordo com os líderes para alocação de uma certa área

para um projeto não é legalmente válido se a comunidade em questão, por causa da

Lei das Terras, não reconhecer o sistema tradicional de liderança. Alguns dos líderes,

de fato, não têm a confiança dos membros da comunidade devido ao seu

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Relatório Intermédio 1

4-10

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

comportamento contra os interesses dos mesmos ou a conflitos por poder nas

comunidades e entre elas. Em tal situação, a suspeita contra os investidores

facilmente prevalece na comunidade.

Além disso, direitos de terra adquiridos por costume, que são normalmente o maior

apoio do agricultor para confirmar seu direito em público, não têm que ser

registrados segundo a lei. O registro está geralmente muito distante do alcance do

agricultor, devido aos altos custos e às formalidades complexas. Os agricultores

sentem que estão em uma posição insegura em relação à posse da terra (uso do

solo real), especialmente para garantir a área em pousio no sistema de cultivo

itinerante. Isto pode ser uma das razões para a reação de autodefesa excessiva por

parte da população rural contra os investidores que tentam obter o DUAT em sua

comunidade ou ao redor dela.

Para lidar com as questões fundiárias, o governo deveria ter um sistema onde a

propriedade dos agricultores fosse registrada por lei, depois que eles mudarem para

o cultivo permanente, tendo o devido respeito com o sistema tradicional de liderança.

Este também pode ser um bom incentivo para os agricultores pararem de realizar o

cultivo itinerante.

4.2. Serviços de Apoio ao Agricultor

4.2.1. Extensão de Tecnologia Agrícola

A extensão agrária em Moçambique historicamente teve como foco as culturas de

rendimento comerciais e para exportação, como o algodão, tabaco e cana de açúcar,

principalmente financiadas pelos setores correspondentes, antes da independência.

Mesmo após a independência, estas culturas tinham a prioridade, uma vez que

eram produzidas por fazendas pertencentes ao governo ou a cooperativas, na

política socialista. Em 1987, quando o sistema econômico do país foi liberalizado, o

sistema público de extensão foi criado de acordo com um paradigma de mudança

para o aumento da participação do setor agrícola privado, dominado pelos pequenos

agricultores.

Desde 2008, o governo já lançou um projeto de extensão agrária abrangente que

cobre todo o país, o PRONEA, como um programa operacional do Plano Diretor de

Extensão Agrária (2007-16). O PRONEA tem o objetivo de aumentar os ganhos e

melhorar a segurança alimentar familiar dos agricultores de subsistência através de

uma melhoria constante na eficiência da produção. Isto será alcançado através dos

seguintes três conceitos.

1) Fornecer acesso mais amplo aos serviços de suporte técnico efetivos com foco

nos distritos

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4-11

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

2) Melhor organizar os grupos de produtores que influenciam o fornecimento de

serviços

3) Melhorar a prestação dos serviços de suporte em resposta às solicitações

O papel da extensão agrária previsto no PRONEA não é apenas apoiar os

agricultores de subsistência através da transferência de tecnologia, mas também

facilitar a inovação agrícola através da estimulação do aprendizado interativo entre

todos os atores no agronegócio ou na cadeia de valor agrícola, como as

comunidades de agricultores, os trabalhadores de extensão públicos e privados, as

ONGs, os prestadores de serviços, a agroindústria, etc.

A abordagem do PRONEA, que representa o SISNE, deve ser razoável,

considerando o precário sistema de extensão pública existente na maior parte do

país e a história dos serviços de extensão. A política de extensão, no entanto, deve

dar maior atenção à causa principal que impede os agricultores de transformarem

suas práticas agrícolas em práticas mais intensivas como esperado no PRONEA.

Como mencionado acima, os agricultores na Área do Estudo podem não apenas

melhorar sua produtividade, mas também expandir sua área cultivada, desde que

mantenham suas práticas agrícolas familiares, corte e queima mais cultivo itinerante.

A menos que os agricultores do país transformem suas práticas agrícolas, todas as

tentativas do PRONEA não serão capazes de atingir os objetivos esperados.

Embora seja um grande desafio, os serviços de extensão agricultura devem atacar

esta questão de base.

4.2.2. Fornecimento de Insumos Agrícolas

A pequena demanda dos agricultores é um problema crítico para se ter um negócio

de fornecimento de insumos agrícolas, de acordo com todos os comerciantes e

donos de loja entrevistados pela Equipe de Estudo. As vendas pequenas e os altos

custos de administração devido ao pequeno mercado resultam em altos preços de

varejo dos insumos. Isto, novamente, resulta na pequena demanda por parte dos

agricultores. Outro problema é o acesso a empréstimo bancário. Os bancos do país

têm uma atitude conservadora em relação ao crédito, mirando pequenas e médias

empresas agrícolas, de acordo com os comerciantes e donos de loja. Mesmo se

eles pudessem ter acesso ao crédito, as altas taxas de juros, normalmente

superiores a 25%, são um desafio real para eles, em muitos casos.

Um problema estrutural do negócio de insumos agrícolas no país é o número

limitado de empresas que dominam o mercado, como mostrado no subcapítulo 3.5.4.

Isto pode ser resultado do pequeno mercado no país. A pequena competição entre

as empresas devido a esta estrutura pode levar às características de alto custo da

cadeia de valor. Além disso, o governo ainda mantém uma influência significativa no

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Relatório Intermédio 1

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

mercado, especialmente no mercado de sementes e tratores, através de sua

participação em empresas de agronegócio ou nos programas de desenvolvimento. A

intervenção do governo deveria ser modesta, e ter foco na melhoria do setor privado,

incluindo pequenas e médias empresas, ao invés de aumentar o papel do governo

na cadeia de valor.

Para vitalizar o mercado de insumos agrícolas, as medidas as seguir devem ser

consideradas pelo governo.

1) Transformar a prática agrícola existente em uma prática mais intensiva, para

que os agricultores comecem a utilizar mais insumos agrícolas.

2) Estabelecer um sistema financeiro favorável para os agricultores, assim como

empresas de agronegócio de pequeno e médio porte.

3) Fornecer subsídios ou estímulos fiscais para insumos estratégicos, talvez

fertilizantes químicos, com condições definidas para evitar uma cultura de

dependência entre agricultores e empresas.

4.2.3. Crédito e Empréstimo para a Agricultura

O financiamento de agricultores individuais e de setores do agronegócio é outra

questão crítica para o desenvolvimento da agricultura em Moçambique, conforme

analisado anteriormente. Entretanto, não existe nenhum sistema de financiamento

prático que os tenha como alvos, no momento. O sistema existente não consegue

lidar com a demanda potencial para financiar o setor agrícola. O governo deveria dar

uma atenção especial a esta questão. A Equipe de Estudo recomenda uma

contramedida hipotética para lidar com a questão no subcapítulo 4.7.

4.3 Irrigação e Drenagem

4.3.1 Aptidão da Terra para Desenvolvimento da Irrigação

A aptidão da terra para o desenvolvimento da irrigação é fisicamente avaliada com

base na identificação daquelas áreas que são suficientemente produtivas com o

desenvolvimento da irrigação, considerando as restrições impostas pelos solos,

clima e outras características da terra em relação às exigências eco-fisiológicas da

cultura. No estudo realizado pela ARA-CN1, a terra é classificada com relação à sua

aptidão para o desenvolvimento da irrigação em quatro classes, isto é, Classe 1 se

refere a alto potencial para desenvolvimento da irrigação; Classe 2, a condições

moderadas onde algumas limitações estão presentes, mas as áreas poderiam ser

desenvolvidas com a melhoria e mitigação de tais restrições; Classe 3, baixo

potencial, geralmente não irrigável, embora algumas áreas poderiam ser

desenvolvidas onde os riscos não são tão graves; e Classe 4, terra considerada sem

1 Relatório do Status Atual do Estudo para estabelecimento do ARA Centro-Norte, 2006, DNA.

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

potencial, onde as deficiências do solo, da topografia e da drenagem são graves

demais para justificar o desenvolvimento. Quanto à Área do Estudo dentro da

jurisdição da ARA-CN, que exclui os distritos do Niassa, exceto Cuamba, as áreas

de Classe 1 (alto potencial) e Classe 2 (aptidão moderada) são estimadas em

824.750 ha e 594.550 ha, ocupando 27% da terra total. Estas áreas são

consideradas como tendo possibilidade para o desenvolvimento de irrigação, em

condições onde terra e recursos hídricos estão disponíveis e a agricultura irrigada é

economicamente viável. Áreas alta ou moderadamente adequadas para irrigação

estão distribuídas em toda a Área do Estudo, sendo Malema o distrito que tem maior

potencial e Monapo é o seguinte.

Fonte: Relatório do Status Atual do Estudo para estabelecimento do ARA-CN (2006)

Figura 4.3.1 Terra com Aptidão para Produção de Cultura Irrigada na Área do ARA-CN

Tabela 4.3.1 Classificação de Aptidão para Produção de Cultura Irrigada

Distrito Classe 1 Alta (ha)

Classe 2 Moderada

(ha)

Subtotal das Classes 1 &

2 (ha)

Classe 3 Baixa (ha)

Classe 4 Inadequada

(ha)

Outros (ha)

Total (ha)

Monapo 129.300 107.375 236.675 76.975 3.775 33.825 351.250

Muecate 59.175 20.375 79.550 83.575 26.075 219.950 409.150

Meconta 44.350 35.225 79.575 99.700 12.350 175.800 367.425 Mogovolas 28.700 79.900 108.600 196.975 24.176 140.825 470.576

Nampula 3.675 21.900 25.575 133.425 76.100 160.000 395.100 Murrupula 1.425 8.525 9.950 57.975 58.150 182.025 308.100

Ribaue 93.925 33.825 127.750 113.500 72.475 309.200 509.425 Malema 276.300 85.675 361.975 27.375 135.275 80.250 604.875

Alto Molocue 67.600 76.900 144.500 59.250 68.250 356.125 628.125 Gurue 23.550 55.925 79.475 21.975 212.800 245.575 559.825

Cuamba 96.750 68.925 165.675 135.650 52.625 171.375 525.325 Mandimba

Ngauma Não incluídos na avaliação Lichinga

TOTAL 824.750 594.550 1.419.300 1.006.375 742.051 2.077.600 5.245.326

15,7% 11,3% 27,1% 19,2% 14,1% 39,6% 100,0%

Fonte: Relatório do Status Atual do Estudo para estabelecimento do ARA-CN (2006)

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

4.3.2 Recursos Hídricos Disponíveis

(1) Potencial dos Recursos Hídricos Superficiais na Área do Estudo

Devido ao mau funcionamento da rede de observação hidráulica após os anos 1990,

os dados de vazão dos rios apresentam uma séria limitação para a avaliação da

situação hidráulica na Área do Estudo. Entretanto, embora seja estimado por dados

disponíveis limitados e haja imprecisão na estimativa, ainda vale a pena estimar o

escoamento para compreender a situação e o potencial dos recursos hídricos. No

Estudo, a vazão média anual em cada distrito foi estimada como mostrado na

Tabela 4.3.2 e na Figura 4.9.17, com a vazão das principais bacias hidrográficas

estimada pelos ARAs. A vazão anual média na Área do Estudo é estimada em 8.800

milhões de m3/ano para os distritos da Província de Nampula, 5.700 milhões de

m3/ano para os distritos da Província da Zambézia e 5.700 milhões de m3/ano para

os distritos da Província do Niassa, enquanto que a vazão total da Área do Estudo é

aproximadamente 20.000 milhões de m3/ano. Observando a vazão dos distritos, a

vazão menor, tanto específica quanto em quantidade, é observada nos distritos do

leste, tais como Monapo, Muecate e Meconta, e a vazão maior é observada na parte

leste, tais como Ribaue, Malema e os distritos de Zambézia e Niassa.

Tabela 4.3.2 Vazão Média Anual Estimada na Área do Estudo por Distrito

Distrito Vazão Média

(mm/ano) Área (km

2)

Vazão Anual Média

(milhões de m3)

1. Província de Nampula

1) Monapo 111 3.514 391

2) Muecate 101 4.103 413

3) Meconta 175 3.675 643

4) Mogovolas 256 4.707 1.205

5) Nampula 215 3.989 859

6) Murrupula 256 3.091 790

7) Ribaue 330 6.245 2.062

8) Malema 395 6.053 2.393

Sub-total 248 35.376 8.757

2. Província da Zambézia

1) Alto Molocue 322 6.338 2.040

2) Gurue 648 5.646 3.657

Subtotal 475 11.984 5.698

3. Província do Niassa

1) Cuamba 400 5.353 2.143

2) Mandimba 265 4.712 1.246

3) Ngauma 262 3.001 786

4) Lichinga 262 5.657 1.482

Subtotal 302 18.724 5.658

Total da Área do Estudo 304 66.084 20.113

Fonte: Equipe de Estudo compilou dados do ARA-CN, ARA-N Nota: Os dados de vazão na estação com o menor alcance de cada bacia mostrados na Tabela 3.1.3 foram aplicados para a bacia de Lucingo (E90 próximo à cidade de Gurue foi adaptado ao invés de E91.), bacia de Melela (E192 próximo à cidade de Alto Molocue foi adaptado ao invés de E99.) e bacia de Lurio (Média de E142 do rio Malema, E133 do rio Mepuipui e E128 do rio Lurio foi adaptado) devido à localização da Área do Estudo.

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

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estratégias neles descritos.

(2) Equilíbrio Hídrico Global

Os potenciais das águas superficiais de todas as áreas de jurisdição da ARA-CN e

ARA-N são estimados em aproximadamente 25.000 milhões de m3/ano e 24.400

milhões de m3/ano, respectivamente, enquanto que as demandas hídricas são 405 ~

560 milhões de m3/ano e 160 milhões de m3/ano para ARA-CN e ARA-N,

respectivamente, conforme mostrado na Tabela 4.3.3. Estas regiões têm um grande

potencial para o desenvolvimento hídrico e o volume disponível é relativamente

grande, e existe água para agricultura mesmo se 30% da vazão for reservada para

vazões ecológicas e fins de conservação. A situação da Área do Estudo é a mesma

destas análises.

Tabela 4.3.3 Vazão Média Anual Estimada e Demanda Hídrica na Bacia

Organização ARA-CN ARA-N

Bacia Lurio e outras bacias Bacia Rovuma

Área da bacia 188.000 km2

Vazão anual média estimada 25.000 milhões m3/ano 24.400 milhões m

3/ano

Demanda hídrica estimada 405~560 milhões m3/ano 160 milhões m

3/ano

Abastecimento urbano de água 23 milhões m3/ano 9.2 milhões m3/ano

Pequenas tubulações ou abastecimento peri-urbano 5 milhões m3/ano 14.2 milhões m

3/ano

Abastecimento rural de água 67 milhões m3/ano 16 milhões m

3/ano

Irrigação 310~465 milhões m3/ano

(pressupondo 31.000 ha) 120 milhões m

3/ano

(pressupondo 8.000 ha)

Fonte: Estudo para o estabelecimento do ARA Centro-Norte, 2006, DNA Nota: A vazão é estimada apenas para as bacias principais, e as bacias pequenas que ocupam aproximadamente 30% do território não foram consideradas.

(3) Distribuição Temporal da Água do Rio

Embora a vazão média anual da bacia seja muito maior que a demanda esperada,

deve ser considerado que existe uma distribuição temporal dos fluxos do rio, tanto

ao longo do ano, como de ano para ano. Na Área do Estudo, o fluxo do rio se

concentra de janeiro a abril, em cujo período ocorrem 70% da vazão anual em

média. 4 rios têm quase 90% da vazão anual e os rios restantes têm quase 80% da

vazão anual até abril, sendo que a região tem uma vazão anual abundante, como

mostrado na Tabela

4.3.4 e na Figura 4.3.2.

Embora a quantidade

de água não seja uma

restrição, as

instalações de tomada

e armazenamento,

que são necessárias

para lidar com uma

distribuição desigual

da água no tempo,

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Licungo E90

Melela E443

Molocue E192

Ligonha E132

Meluli E127

Monapo E140

Mecuburi E122

Lurio E128

Lurio-Malema E142

Upper Lugenda E215

MIddle Lugenda E202

Figura 4.3.2 Vazão Acumulada das Bacias em Porcentagem

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

podem ser restrições ao desenvolvimento. Isto significa que o potencial de água que

pode ser utilizado é limitado pela capacidade de armazenamento de água.

Tabela 4.3.4 Vazão Média Mensal das Bacias

(Unid: milhões m3)

Bacia Estação Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Anual

Licungo E90 3,7 4,9 11,9 19,9 20,3 25,3 23,4 10,9 8,6 8,1 5,8 3,9 147

Melela E443 8,0 11,5 34,2 66,8 92,4 86,1 60,2 30,3 20,5 20,5 15,1 9,7 455

Molocue E192 3,2 4,3 11,7 22,1 27,7 29,5 21,3 11,0 8,0 6,9 5,2 3,7 155

Ligonha E132 60,3 59,6 85,4 202,3 261,2 239,5 177,6 107,7 87,8 77,2 68,4 61,3 1.488

Meluli E127 0,3 6,4 46,5 219,5 336,4 357,2 228,6 73,5 38,5 15,0 6,8 1,5 1.330

Monapo E140 1,9 9,6 55,7 156,7 165,3 172,9 100,0 53,6 15,7 11,3 7,0 3,5 753

Mecuburi E122 0,1 0,1 6,9 17,2 30,5 32,7 16,4 6,3 2,1 1,0 0,3 0,1 114

Lurio E128 13,3 18,0 289,1 1,282 2,493 2,242 1,156 356,2 130,4 78,4 45,6 23,5 8.127

Lurio-Malema E142 11,4 16,1 57,5 109,3 135,1 161,6 107,4 48,7 32,2 36,3 30,1 23,0 769

Alto Lugenda E215 27,0 13,6 107,2 307,2 505,1 1,135 916,7 357,8 242,2 111,7 71,7 69,7 3.865

Fonte: ARA-CN, ARA-N

(4) Potencial de Armazenamento de Água

Uma vez que o potencial utilizável de água é principalmente limitado pela

capacidade de armazenamento, ao invés da vazão das bacias, conforme discutido

anteriormente, a capacidade atual de armazenamento da água foi estimada para

avaliação no Estudo. As principais instalações de armazenamento de água na Área

do Estudo a serem utilizadas para os sistemas de irrigação são apresentadas em

resumo na Tabela 4.3.5.

Tabela 4.3.5 Principais Estruturas de Barragem de Armazenamento na Área do Estudo

Nome da barragem

Nome do rio

Distrito Altura (m)

Capacidade (milhões m

3)

Principal uso

Nampula Monapo Nampula 17,5 4,3 Abastecimento urbano de água

Cuamba Mepopole Cuamba 22,0 2,6 Energia*

Locomue Lucheringo Lichinga 17,5 1,9 Abastecimento urbano de água

*: não está em uso para geração de energia

Além das principais barragens anteriores, existem várias estruturas hidráulicas para

tomada e armazenamento da água. A maioria das estruturas é pequena e serve

para sistemas de irrigação. No momento, é impossível calcular o montante total de

armazenamento destas instalações devido à falta de informações. Entretanto, ele

pode ser tentativamente estimado com base na área de irrigação equipada e no

pressuposto da demanda de água do campo irrigado. Com o pressuposto de uma

demanda total de água para irrigação de 10.000 m3/ha/ano, a capacidade de

armazenamento na Área de Estudo é estimada em 67 milhões de m3 a partir da área

de irrigação equipada de 6.746 ha que é mostrada na Tabela 3.4.1 e na Figura

4.9.18. Como alguns sistemas de irrigação tomam a água por bombeamento ou por

canal de gravidade sem instalação de armazenamento, assim como existe uma

redução da capacidade devido a mal funcionamento, esta estimativa é considerada

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4-17

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

máxima. Do potencial estimado de armazenamento de água dos sistemas de

irrigação existentes, apenas 45% são usados devido às condições das instalações.

A capacidade total de armazenamento na Área do Estudo é estimada em 76 milhões

de m3 no máximo. Este valor é significativamente inferior aos recursos hídricos

potenciais da Área de Estudo, que são estimados em 20.000 milhões de m3.

Pode-se dizer que os Recursos Hídricos na Área do Estudo estão mantidos intactos,

no momento.

(5) Problemas Esperados na Gestão da Água

Embora a Área do Estudo tenha recursos hídricos abundantes de modo geral, uma

concentração do desenvolvimento é observada em algumas bacias hidrográficas,

como a do Rio Monapo na Província de Nampula. A vazão média anual da Bacia é

estimada em 975 milhões de m3/ano dos 7.734 km2 da área de captação. Por outro

lado, as concessões de água são dadas para o abastecimento urbano da água pela

FIPAG-Nampula e para grandes fazendas irrigadas, no total de 57 milhões de

m3/ano. A FIPAG está planejando aumentar a capacidade da Barragem Nampula,

que é a fonte do abastecimento urbano de água. Quanto à demanda hídrica do

abastecimento rural de água, ela é estimada em 4,5 milhões de m3/ano com o

pressuposto de uma população de 407.0002 e consumo de 30 L/dia/pessoa. Mesmo

que seja difícil estimar com precisão a demanda hídrica da irrigação de pequeno

porte devido à falta de dados, pode-se supor que as hortícolas sejam cultivadas com

irrigação total por sistemas pequenos, que ocupavam 590 ha na Bacia de Monapo3

em 2010/11. Com o pressuposto da demanda hídrica global para irrigação de 10.000

m3/ha/ano, a demanda hídrica para irrigação de pequeno porte é estimada em 6

milhões de m3/ano. Além disso, existem aproximadamente 5.400 ha de arroz

usando área de inundação, sendo considerados como demanda potencial de água

na Bacia.

Considerando o aumento da demanda de abastecimento urbano e rural de água

devido ao crescimento populacional, da irrigação da hortícolas ao longo do rio, do

desenvolvimento industrial, existe a preocupação de que o balanço dos recursos

hídricos e a demanda da água se tornarão um problema sério no futuro. Portanto, é

preciso estabelecer uma gestão apropriada dos recursos hídricos e um plano de

alocação de água nestas bacias.

2 A população da Bacia em 2011 é estimada pela combinação da população do distrito mostrada na Tabela 3.1.7 e a

proporção da área da bacia. 3 As áreas de horticolas e de arroz são estimadas pela combinação das áreas cultivadas por distrito mostradas na

Tabela 3.3.5 e a proporção da área da bacia.

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Relatório Intermédio 1

4-18

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

4.3.3 Avaliação do Cultivo de Culturas de Sequeiro

As condições dos cultivos de culturas de sequeiro são avaliadas do ponto de vista

do déficit hídrico da cultura em distritos selecionados, isto é, Lichinga, Cuamba,

Malema, Nampula e Meconta. Os distritos foram selecionados em consideração da

Zona Agro-Eco do IIAM (ver sub-capítulo 3.1.1), que foi preparada com base no

meio ambiente da cultura, incluindo o clima. A avaliação foi realizada com a

precipitação média de 1998/99~2010/11, com algumas exceções. Devido à falta de

clima agrícola adequado, os dados da CLIMWAT/FAO4 foram aplicados para os

dados climáticos necessários para a estimativa da demanda hídrica da cultura.

Milho, Feijões, Soja, Batata, Algodão foram adaptados para as culturas alvo da

avaliação.

Tabela 4.3.6 Déficit Hídrico de Culturas de Sequeiro na Área do Estudo

Cultura Itens Lichinga Cuamba Malema Nampula Meconta

Milho

Dia de Semeadura 15-Out 15-Out 15-Out 15-Nov 15-Out

CWR (mm) 448.6 592.3 662.9 504.9 652.3

Déficit Hídrico (mm) 8.3 18.8 29.6 28.2 93.9

em % do CWR 1.9% 3.2% 4.5% 5.6% 14.4%

Feijões

Dia de Semeadura 1-Nov 1-Nov 1-Dez 1-Dez 1-Dez

CWR (mm) 284.3 390.1 400.2 332.0 398.9

Déficit Hídrico (mm) 0.0 2.9 0.0 0.0 11.6

em % do CWR 0.0% 0.7% 0.0% 0.0% 2.9%

Soja

Dia de Semeadura 15-Dez 15-Dez 15-Dez 15-Dez 15-Dez

CWR (mm) 301.9 394.5 446.1 363.1 438.1

Déficit Hídrico (mm) 0.0 20.7 30.4 0.0 30.5

em % do CWR 0.0% 5.2% 6.8% 0.0% 7.0%

Algodão

Dia de Semeadura 1-Nov 1-Nov 1-Nov 1-Nov 1-Nov

CWR (mm) 490,4 646,0 725,4 585,7 711,5

Déficit Hídrico (mm) 36,0 97,3 135,6 45,2 136,1

em % do CWR 7,3% 15,1% 18,7% 7,7% 19,1%

Batata (1ª Estação)

Dia de Semeadura 1-Jan 1-Jan 1-Jan 1-Jan 1-Jan

CWR (mm) 283,1 368,3 415,2 336,7 406,7

Déficit Hídrico (mm) 15,6 62,4 81,6 12,3 64,2

em % do CWR 5,5% 16,9% 19,7% 3,7% 15,8%

CWR: Demanda Hídrica da Cultura (CWR) é representada pela Evapotranspiração da Cultura (ETc) estimada pela metodologia da FAO com base nos dados da CRIMWAT. Precipitação efetiva: Método USDA Dados de Precipitação aplicados: Lichinga - INM 2000-2010, Cuamba - INM 1996/97-2006/07, Malema, Nampula e Meconta -DPA 1998/99-2010/2011

O déficit hídrico das culturas durante o período de vegetação é estimado em 2% a

14% para o milho, onde o déficit hídrico ocorre no estágio inicial ou final do

crescimento. Esta taxa de déficit pode ser reduzida para menos de 6%

escolhendo-se o momento de semeadura apropriado nos distritos de Lichinga a

Nampula. Observou-se que os feijões foram cultivados sem estresse hídrico, exceto

pela área leste, que é representada por Meconta. O déficit hídrico da soja é

estimado em 0% a 7%, que é observado no estágio final da vegetação em abril.

4 Escopo da aplicação de dados climáticos no CLIMWAT DATA: Na compilação dos dados, foi feito um esforço para

cobrir o período 1971 - 2000, mas como os dados para este período não estavam disponíveis, foram incluídas quaisquer séries recentes que terminam após 1975 e que tinham pelo menos 15 anos de dados.

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4-19

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Embora o milho e a soja sejam cultivados com pequeno grau de estresse hídrico na

condição média, considera-se que distribuição desigual da precipitação tanto

durante o ano, quanto de ano para ano, afete o crescimento das culturas na Área do

Estudo, como mostrado na Figura 4.3.3. Portanto, espera-se que a irrigação

complementar contribua para o aumento e estabilização da produtividade das

culturas.

O algodão sofre aproximadamente 19% de déficit hídrico em Malema e Meconta,

principalmente em abril, que é a fase final da vegetação. Para a batata da 1ª estação

(estação chuvosa), são estimados 4% a 20% de déficit hídrico e será necessário

aplicar irrigação complementar de março a abril para uma produtividade adequada.

Nampula Cuamba

Figura 4.3.3 Precipitação Anual e Déficit Hídrico das Culturas nos Distritos Selecionados

4.3.4 Direção Esperada do Desenvolvimento da Irrigação

O desenvolvimento futuro da irrigação na Área do Estudo pode ser discutido a partir

de dois atores diferentes da irrigação, isto é, os agricultores irrigantes pequenos e

médios e o usuário de irrigação de grande escala, como empresas agrícolas ou

investimentos estrangeiros.

Com relação aos pequenos e médios agricultores, a seguinte direção do

desenvolvimento da irrigação pode ser considerada:

Uso integral do potencial do desenvolvimento da irrigação através da

recuperação dos sistemas de irrigação existentes é considerado essencial para

a expansão da área irrigada. Melhoria da operação e da manutenção das

instalações, aumento da eficiência do uso da água e melhoria da tecnologia da

agricultura de irrigação são necessários para utilizar a área irrigada expandida

de maneira efetiva.

Devido à existência de agricultores familiares pequenos espalhados em áreas

beneficiárias anteriores de sistemas de irrigação existentes,

independentemente de usarem ou não a irrigação, considera-se difícil convidar

0.0%

5.0%

10.0%

15.0%

20.0%

25.0%

30.0%

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

Annual Precipitation(mm)

Water deficit ofmaize (%)

Water deficit ofsoybean (%)

0.0%

5.0%

10.0%

15.0%

20.0%

25.0%

30.0%

35.0%

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

Annual Precipitation(mm)

Water deficit ofmaize (%)

Water deficit ofsoybean (%)

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Relatório Intermédio 1

4-20

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

grandes usuários para novos desenvolvimentos. Estas áreas são

recomendadas para uso na expansão e melhoria das pequenas e médias

propriedades irrigadas.

Através da consolidação da terra durante a recuperação dos sistemas de

irrigação existentes, será estabelecida uma rede sistemática de irrigação, assim

como será resolvido o problema da mistura de culturas irrigadas e culturas de

sequeiro na área.

Atração de agricultores comerciais que usam a irrigação, através da expansão e

do rearranjo da área irrigada, assim como da promoção da tecnologia de

irrigação apropriada.

Criação de associação de usuários de água ou fortalecimento da função do

grupo ou associação de agricultores é necessário para melhorar a operação e

manutenção da instalação, assim com a gestão da água do sistema de irrigação

de pequeno porte.

Promoção da produção de hortícolas por irrigação de pequena escala através

da promoção de bombas móveis e pequenos equipamentos de armazenamento

em área com fácil acesso aos rios, lagos e áreas alagadas, assim como acesso

ao mercado.

Quanto ao desenvolvimento da irrigação de grande escala por empresas agrícolas

ou pelo investimento estrangeiro, a direção a seguir pode ser esperada para o

desenvolvimento da irrigação:

Existem recursos hídricos abundantes a serem utilizados para novos

desenvolvimentos de irrigação de grande escala. As questões são a garantia de

terra livre próxima aos rios, lagos e áreas alagadas e necessária para

desenvolver instalações de armazenamento de água.

Deve-se levar em consideração que as bacias da região leste, representadas

pela Bacia de Monapo, não são adequadas para novos empreendimentos de

grande escala devido à pequena vazão e à concentração de terra e

desenvolvimento de recursos hídricos.

Estabilização e aumento da produtividade de culturas como milho, soja e

algodão que são cultivadas em sequeiro atualmente, através da introdução de

irrigação complementar.

Promoção da irrigação integral com tecnologia moderna de irrigação do milho,

soja e outras culturas de rendimento, que objetiva a alta produtividade, assim

como a alta qualidade da produção.

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4-21

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

4.4. Logística e Processamento de Produtos Agrícolas

4.4.1. Logística

(1) Custo de transporte

Alto custo de transporte causa competitividade dos preços no mercado interno.

Redução dos custos de transporte e de perdas de produtos são esperados com a

reabilitação das rodovias nacionais no corredor de Nacala. Além da rodovia nacional,

estradas rurais ligadas às estradas nacionais ainda permanecem como uma

limitação para os produtores e comerciantes.

(2) Instalações de armazenagem

De acordo com o resultado da pesquisa de comércio, a média anual de volume de

negócios das instalações de armazenagem é bastante baixa e chega a 462% ou

4,62 vezes. A utilização de instalações de armazenagem, exceto um período de pico

de operação deve ser considerada. Alguns produtos, tais como soja e gergelim, são

culturas de alto valor, têm alta taxa de perda em nível de armazenagem. A

reabilitação de antigas instalações deveria ser estimulada. E a gestão da higiene

deve ser devidamente aplicada. Em nível de produtor, em termos de operação

eficiente de produtos e evitar a deterioração da qualidade em certas áreas de

produção agregada, os produtos devem ser reunidos e armazenados em um lugar

próximo à área de produção ao invés de ser mantido em cada casa. Capacidade e

localização adequadas das instalações de armazenagem rural devem ser

consideradas com a cooperação da associação de agricultores.

4.4.2. Cadeia de Valor e Demanda do Mercado

(1) Soja

Conforme mencionado acima, Moçambique importou 36.000 toneladas de óleo de

soja e 7.200 toneladas de torta de soja em 2009, bem como 12.600 toneladas de

carne de frango. Indústria de carne de frango está crescendo adotando a demanda

doméstica de carne de frango. As granjas estão buscando soja doméstica, bem

como importada. A demanda por soja está aumentando como substituição de

importações.

(2) Milho

Milho é um alimento básico em Moçambique, bem como material importante para

alimentação animal. Conforme mencionado acima, a produção doméstica de carne

de frango é crescente e sugere aumento da procura de ração para animais. Além

disso, o milho é importante produto na província do Niassa para exportação a países

vizinhos através da fronteira de Mandimba e o Porto de Nacala. Mais demanda do

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Relatório Intermédio 1

4-22

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

mercado nacional e internacional existe acarretando em aumento do volume de

produção dentro do corredor de Nacala.

(3) Gergelim

O preço no local de produção do agricultor é alto e chega a 23 MT / kg. Além disso,

as exportações gergelim aumentaram, e alcançou cerca de 40.000 toneladas em

2009. De acordo com estimativa da AgriFuturo, volumes potenciais do mercado

internacional são estimados em 2,8 milhões de toneladas. A produção instável

devido a ataque de insetos é uma das restrições. Mais capacidade de instalação de

processamento será necessária para o aumento de produção e volume de

exportação.

(4) Mandioca

A mandioca tem uma demanda estável no mercado interno. Além de ser alimento

básico, a mandioca é utilizada como matéria prima de cervejaria. A utilização como

matéria prima de biocombustível está em experiência. A demanda por mandioca

continuará a aumentar como alimento básico e matéria prima para as fábricas de

cerveja e possível biocombustível.

(5) Castanha de Caju

A Castanha de caju é produto competitivo no mercado internacional. As fábricas de

caju em Nampula podem receber mais material para atender a sua capacidade de

processamento. O aumento do número de fábricas de processamento de castanha

de caju em 2000 causa escassez de castanha de caju verde. As restrições de

fábricas de caju é a aquisição estável de castanha de caju em qualidade e volume.

(6) Amendoim e Feijões

Amendoim e feijão comum têm demanda tanto no mercado nacional quanto

internacional. Os preços no local de produção do agricultor destes produtos são

muito elevados, chegando a 22 MT/kg e 19 MT/kg respectivamente. Estes produtos

têm exigências de competitividade de preços adaptando-se à demanda no mercado

de Maputo, e a outras regiões central e sul.

(7) Hortícolas

Os preços das hortícolas, tais como tomate, cebola e batata reno são altos, em cada

passo de cadeia de valor. A demanda desses produtos é alta em áreas de população

densa, a cidade de Nampula e a parte oriental da província de Nampula. Malaui será

um possível mercado no Niassa dependendo do custo de produção e do preço de

mercado.

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4-23

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

4.5. Organizações de Agricultores

As organizações de agricultores que aparecem na Área de Estudo podem ser

divididas essencialmente em "grupo de agricultores" e "associação de agricultores".

Grupo de agricultores significa que os agricultores estão apenas reunidos, mas a

associação de agricultores tem a sua regra (constituição) e órgão gestor para a sua

finalidade. O tamanho de uma organização é geralmente de 10 a 40 agricultores, por

exemplo; o serviço de extensão do MINAG reúne 10-30 agricultores em um

grupo/associação de agricultores, mas no caso de ONGs, um grupo/associação

consiste de 20-40 agricultores.

Quase todos têm, pelo menos durante parte de seu processo de formação,

conexões com entidades de financiamento, tanto ONGs quanto doadores e o

MINAG, na história da organização de Moçambique. Muitas das organizações de

agricultores foram agrupadas com a finalidade de receber o apoio de ONGs, mas a

situação real é que quando o apoio das ONGs é suspenso ou os projetos de apoio

são finalizados, as atividades das organizações de agricultores declinam. Por outro

lado, as associações de agricultores foram formadas para obter o apoio

governamental através das DPA, insumos de materiais agrícolas do PAPA do MINAG.

Além disso, o MINAG (DPA e SDAE) não é capaz de compreender todo o quadro

das organizações de agricultores.

(1) Resultados do Levantamento de Inventário

Os resultados do levantamento de inventário em relação às organizações de

agricultores são os seguintes.

A maioria das associações de agricultores não têm escritórios e armazéns. Elas

também não têm sistema de irrigação. Há falta de fornecedor de insumos. Eles

também vendem nos mercados informais. Não há serviços financeiros acessíveis

para os agricultores. Os agricultores e as associações não satisfazem as exigências

do banco devido à falta de garantias. Muitas associações de agricultores não

receberam formação adequada em termos de desenvolvimento organizacional,

controle interno, gestão e marketing. Muitas ONGs não usam abordagens

orientadas para a demanda, mas sim abordagens de extensão através do

fornecimento de sementes e outros insumos.

Os aspectos destacados acima, juntamente com a fraqueza da liderança, fazem

com que a maioria das organizações de agricultores não funcione bem. Os

principais aspectos observados nas organizações são a falta de habilidades em

gestão, governança interna e prestação de contas. A ligação entre a associação,

fórum e sindicatos é fraca. Os problemas de uma estrutura organizacional e

habilidades de gestão fracas das organizações de agricultores que abrem espaço

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

para a intermediação excessiva na aquisição de insumos e comercialização de

excedentes, também foram apontadas tanto pela Estratégia de Revolução Verde

(MINAG, 2007) quanto pelo PEDSA (2009-2019).

Por outro lado, de acordo com a DPA de Nampula, os principais problemas que

podem se apresentar como fatores importantes no desenvolvimento das

associações de agricultores são os seguintes:

Falta de informação e treinamento na associação;

Falta de conhecimento em gestão financeira;

Falta de apoio de maquinário agrícola para aumentar as áreas de produção;

Falta de troca de experiências entre os membros;

Falta de treinamento na preparação e execução dos projetos;

Falta de formação em agronegócio;

Falta de coordenação na comercialização.

(2) Desafios Empresariais das Organizações de Agricultores

No projeto PRODECER que é um exemplo típico de desenvolvimento na região do

Cerrado brasileiro, as cooperativas realizaram diversas medidas de apoio, para

acomodar, principalmente, os filhos de membros de cooperativas agrícolas

existentes, como fornecer financiamentos e doar, por exemplo, uma instalação de

processamento agrícola, que foi um importante fator de sucesso.

Normalmente, para um único pequeno agricultor ser capaz de ter um poder de

barganha igual aos intermediários e às empresas de processamento agrícola, é

necessário desenvolver uma organização voluntária ou cooperativa de agricultores.

A menos que exista um sistema no qual os fazendeiros respondam à distribuição ou

à formação de preços pessoalmente, os agricultores sempre têm uma atitude

passiva. A partir dessa perspectiva, organizar os agricultores é importante.

No entanto, muitas ONGs na Área de Estudo têm trabalhado na organização dos

agricultores há mais de 20 anos. Membros agricultores foram treinados em práticas

agrícolas melhoradas, bem como habilidades administrativas, como a alfabetização,

aritmética, resolução de conflitos, facilitação de reunião, pautas, práticas de

administração democrática e habilidades empresariais. Infelizmente, resultados

significativos na perspectiva econômica não foram expressos/observados. Muitas

ONGs internacionais têm sido muitas vezes criticadas por estarem mais

preocupadas com a produção do que com a comercialização, também ao apoiar a

criação de associações de produtores. Além disso, fica claro a partir dos resultados

do estudo, "para os agricultores de pequena escala, ao invés, demanda de

mercados e informações de mercado não existem, não há comprador, o comprador

não pode vir até a porteira da fazenda", é um grande problema. Isto também é

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4-25

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

verdade no que diz respeito às organizações de agricultores, assim como

agricultores individuais.

O resultado é a falta de sustentabilidade do ponto de vista empresarial. O principal

desafio da abordagem atual usada pela maioria das ONGs. Eles simplesmente

visam os números e resultados fáceis, através do fornecimento de insumos, sem

preparar o agricultor para lidar com os desafios dos negócios. No entanto, em anos

recentes, algumas empresas de produção agrícola e uma parte das ONGs, sem ter

que aproveitar uma organização de agricultores existentes do ponto de vista de

negócios, começaram um novo agrupamento empresarial de agricultores. Eles

colocam a ênfase nas atividades voltadas para compra e comercialização. É notavél,

segundo este caso, que tal abordagem há contribuido a êxito.

(3) A nova Lei Cooperativa

A nova Lei Cooperativa prevê um quadro jurídico bem definido para a organização

de cooperativas de agricultores - com um propósito claramente definido. A

comercialização de produtos pode atualmente ser o mais urgente, e o propósito para

o qual os agricultores podem criar cooperativas que funcionam razoavelmente bem.

Tornar a nova legislação conhecida e disponível, especialmente nos distritos e áreas

rurais, ainda é um desafio real em Moçambique.

Na Área de Estudo, há uma (na verdade a primeira) cooperativa de agricultores a

ser criada sob a nova Lei Cooperativa, a ALIMI no distrito de Cuamba na província

do Niassa. A ALIMI é uma de cooperativa de produtores; seus objetivos são

melhorar o poder de barganha dos produtores nos mercados agrícolas; ela começou

a negociar na temporada de comercialização de 2009, com vendas de 3,16 milhões

de MT na temporada de 2010. Na temporada de 2011 a meta de vendas da ALIMI foi

de 4.300 toneladas. Os membros da ALIMI eram cerca de 500 em maio de 2011,

com cada membro pagando uma taxa única de 200 MT que constitui o capital social

e o Fundo Social da Cooperativa. A cooperativa baseia-se em 'sindicatos' locais no

nível do subdistrito, denominados 'localidades'; cada um com um ponto de compra

(posto de compra) e depósito de armazenamento dirigido por um técnico de

comercialização e produção (TCP: Técnico de Comercialização e Produção) pago

por comissão sobre o montante adquirido. A ALIMI tem atualmente 52 pontos de

compra. Na campanha de marketing de 2010, a cooperativa usou seu fundo

(associação) social de cerca de MT 30.000 para financiar suas operações de

comercialização (Desenvolvimento de Organizações de Produtores Nacionais e

Unidades de Negócios Especializados em Moçambique, Noragric, 2012.).

A criação de novas cooperativas modernas no âmbito das estruturas modernas

dada pela nova Lei Cooperativa pode ser uma opção para a construção de uma

base para o estabelecimento de vínculos comerciais entre agricultores e

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Relatório Intermédio 1

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Fonte: Equipe de Estudo

Figura 4.6.1 Futura Malha Rodoviaria

organizações. A experiência da ALIMI, agora em seu terceiro ano de negociação,

será de grande interesse a este respeito. No entanto, estas novas cooperativas

provavelmente precisarão de alguns anos para provar a sua eficácia e

sustentabilidade.

(4) Apoio às Organizações dos Agricultores

Devido à capacidade limitada do trabalho familiar, falta de acesso a insumos

melhorados, tecnologia, habilidades de gestão e orientação empresarial, para apoiar

as organizações dos agricultores, seria considerado como se segue:

Estabelecimento de sistema de crédito rural por organizações/cooperativas de

agricultores para a produção agrícola em nível de agricultor de pequena escala

para aumentar capital de giro, contratar trabalhadores e equipamentos para a

mecanização da agricultura, incluindo o sistema de irrigação, aração,

semeadura, capina, e colheita;

Prestar assistência técnica qualificada na produção agrícola e gestão da cadeia

de produção, incluindo desenvolvimento de negócios da cooperativa;

Estabelecer mecanismos para melhorar o acesso dos agricultores à tecnologia

melhorada através da capacitação da organização dos agricultores em

associação, fórum, sindicato, cooperativa, e as federações; e

Fornecer tecnologia pós-colheita para o agricultor individual, e criar um sistema

para facilitar o acesso a instalações de armazenamento em nível da

organização de agricultores da associação, fórum, sindicato, cooperativa, e

federação.

4.6. Estradas e Infraestrutura Social

(1) Transporte Terrestre

Atualmente estão sendo construídas

várias estradas na área do Corredor

de Nacala. No início de 2015, duas

vias paralelas com duas pistas

pavimentadas serão construídas;

uma linha chamada “Corredor de

Nacala” que parte do porto de

Nacala até Cuamba, e outra

chamada “Corredor de Pemba”, que

parte de Pemba, na província de

Cabo Delgado, até Lichinga.

A reabilitação da estrada N13 que conecta Cuamba, no Corredor Nacala, a Lichinga,

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4-27

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

está sendo discutida entre o BAD e a JICA, e poderá estar concluída antes do ano

meta.

Também estarão reabilitadas até 2014, como redes verticais, a estrada N1 que liga

Quelimane, na Zambézia, a Pemba, e a estrada No.103 de Mocuma, na N1, até

Magegi, passando por Gurue na Zambézia.

O governo português havia se comprometido com a reabilitação/pavimentação da

estrada de Magegi a Cuamba, e de Cuamba a Marrupa no Corredor de Pemba,

porém o trabalho está suspenso devido à crise econômica. Entretanto, talvez as

obras venham a ser executadas em breve, uma vez que o projeto e os documentos

de licitação já estão preparados.

Se as obras mencionadas forem executadas, a cidade de Cuamba poderá se tornar

um ponto de concentração de transporte terrestre na parte ocidental da área do

Estudo.

(2) Transporte Ferroviário

O Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN) possui um plano de melhoramento

da linha Ferroviária Norte (doravante denominada Ferrovia de Nacala), para

conectar a província de Tete ao Malaui. A Companhia Vale, que atua na mineração

de carvão em Tete, é o principal acionista do CDN e líder da joint-venture para as

obras de reabilitação. O planejamento de curto prazo da Vale é produzir 22 milhões

de toneladas de carvão ao ano e espera embarcar 4 milhões de toneladas de carvão

do porto da Beira e os restantes 18 milhões do porto de Nacala. Assim, para

transportar os 18 milhões de toneladas de carvão será necessária a reabilitação da

Ferrovia de Nacala

A capacidade de transporte da Ferrovia Nacala chegará a 29 milhões de toneladas

ao ano depois de sua reabilitação. O CDN espera operar 22 milhões de toneladas

ao ano, sendo 18 milhões de toneladas de carvão, 2 milhões de toneladas de carga

nacional e 2 milhões de toneladas para carga em trânsito. Produtos agrícolas

poderão ser incluídos dentro dos 2 milhões de toneladas de carga nacional.

As discussões relativas à reabilitação da linha Lichinga ainda não foram iniciadas.

Se o CDN melhorar a linha Lichinga, a província do Niassa poderá contar com um

bom sistema de transporte de massa.

(3) Porto de Nacala

O porto de Nacala apresenta vantagens devido sua profundidade natural e

localização, próximo da Ásia. E assim, é considerado um dos portos mais

importantes da África oriental.

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Relatório Intermédio 1

4-28

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

O porto iniciou suas operações internacionais em 1951, suas instalações estão

antigas e a utilização não é eficiente. Assim, a JICA está elaborando um plano de

reabilitação do porto com doação e empréstimo em ienes para assegurar a

competitividade e sustentabilidade o desenvolvimento da Área do Corredor Nacala.

O plano considera o incremento gradual da capacidade do porto até atingir 250.000

T.E.U. em 2030. A expectativa de volume

de carga a ser operado por ano

encontra-se na Tabela 4.6.1.

O porto de Nacala é operado pelo CDN

que detém a concessão até o ano 2020,

podendo ser estendida por mais 15 anos.

A Vale planeja construir um novo porto,

especialmente para o embarque de

carvão, em Nacala Velha.

(4) Energia Elétrica

O melhoramento da Hidroelétrica de Cahora Bassa Norte (HCB) aumentará sua

capacidade de geração, passando de 2.075 MW para 3.320 MW. Para estabilizar o

fornecimento de energia elétrica da HCB para a área de Nacala, a empresa tem

planos de estabelecer novas linhas de energia entre Caia e Nacala. A nova linha

estrará em operação em 2020, com isso, o fornecimento de energia para Nacala e

Nampula, assim como para outras partes da área do Estudo, até o distrito de Ribáuè,

se tornará estável.

Com relação à energia elétrica em áreas rurais, o governo de Moçambique declarou

que o fornecimento de energia será expandido ao longo da rede existente. Esta irá

conectar primeiramente os postos administrativos e depois irá cobrir localidades ao

redor desta área, onde existem linhas. Isto significa que existe um potencial para a

instalação de agricultura mecanizada ou bombas de irrigação nestas áreas.

(5) Abastecimento de Água

O sistema de águas nas cidades é administrado pela autoridade de abastecimento

de água, FIPAG. A FIPAG planeja melhorar todos os sistemas de abastecimento de

água na área do Corredor Nacala.

Todos os centros distritais da área do Estudo contam com Pequenos Sistemas de

Abastecimento de Água- PSAA, exceto Alto Molocue na Zambézia. Os distritos com

PSAA tem potencial para instalar pequenas indústrias relacionadas à agricultura.

Além disso, a construção de poços é uma alternativa que pode garantir fácil acesso

a água em Malema, Cuamba e parte de Ribáuè.

Tabela 4.6.1 Volume Esperado de Carga

Unidade 2008 2020 2030

Total 1,000MT 995 4,523 9,972

Container 1,000MT 397 2,073 4,744

1,000TEU 50 211 491

Granel 1,000MT 598 2,450 5,228

Fonte: Estudo Preparatório para o Projeto de

Desenvolvimento do Porto de Nacala, Junho de

2011

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Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique

4-29

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

(6) Educação e Saúde

Não existem escolas ou postos de saúde suficientes, e garantir o número necessário

de professores e médicos nas áreas rurais é um grande desafio. Caso sejam

realizados investimentos nas terras, as comunidades rurais talvez possam se

beneficiar com melhores instalações de educação, saúde e com os recursos

humanos necessários, caso os investidores atuem com responsabilidade social.

4.7 Investimento Agrícola: Potencial para Agricultura Comercial

Envolvendo Pequenos Agricultores

(1) Modelos Potenciais de Agricultura por Contrato Aplicáveis ao Corredor de

Nacala

Conforme discutido na Seção 3.9.3, a agricultura por contrato é um modelo potencial

para o envolvimento de pequenos agricultores na cadeia de valor da agricultura

comercial, que resultaria no aumento da produtividade e no melhor acesso ao

mercado pelos pequenos agricultores. Quanto aos atuais modelos de agricultura por

contrato aplicados nos Corredores de Beira e Nacala, eles são principalmente

categorizados em 3 tipos, conforme listados a seguir, de acordo com as condições

do fornecimento de insumos e seu pagamento. A tabela a seguir resume o arranjo

detalhado de cada modelo:

Modelo 1: fornecimento de insumos (sementes e fertilizantes) baseado em

contrato de empréstimo bancário. Os insumos são entregues aos agricultores

por um parceiro do setor privado por um preço;

Modelo 2: fornecimento de insumos (sementes e fertilizantes) baseado em

acordo mútuo com os agricultores sobre a entrega da colheita. Os custos dos

insumos são deduzidos do pagamento pela colheita; e

Modelo 3: fornecimento de insumos (sementes e fertilizantes), gratuito, baseado

em acordo mútuo com os agricultores sobre a entrega da colheita.

Cada modelo tem suas vantagens e desvantagens relacionadas com os seguintes

pontos: i) o sistema de fornecimento de insumos; ii) a prestação de serviços de

extensão técnica; iii) arranjos para a coleta das colheitas; e iv) pagamento dos

custos dos insumos conforme descrito na Tabela 4.7.2.

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Relatório Intermédio 1

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Tabela 4.7.1 Resumo dos Arranjos para a Agricultura por Contrato

Acordo Contratado Fornecimento de Insumos e

Pagamento

Observações

M1 - Os agricultores fazem um

contrato de empréstimo

com uma instituição

financeira

- A garantia de compra é

dada por uma empresa.

- Agricultores compram

sementes e fertilizantes

usando o empréstimo.

- Agricultores pagam o

empréstimo ao banco

após a colheita.

- Uma empresa presta amplos

serviços de extensão aos

agricultores para aumentar a

produtividade.

- Uma instituição financeira local

deve estar envolvida no arranjo da

agricultura por contrato.

M2 - Não há contrato por

escrito.

- Acordo verbal com uma

empresa para a entrega e

compra da colheita.

- Uma empresa fornece

sementes e fertilizantes

aos agricultores.

- Os custos dos insumos

são deduzidos do

pagamento pela colheita.

- Os agricultores devem vender a

colheita para a empresa que

forneceu os insumos (sementes e

fertilizantes).

- Agricultores e uma empresa têm

que concordar mutuamente sobre

o pagamento dos custos dos

insumos antecipadamente para

evitar conflitos durante a colheita.

M3 - Não há contrato por

escrito.

- Acordo verbal com uma

empresa para a entrega e

compra da colheita.

- Uma empresa fornece

apenas sementes.

- Não é preciso pagar

pelas sementes.

- Os agricultores devem vender a

colheita para a empresa que

forneceu as sementes (mas não

são obrigados a isso).

- A empresa precisa adotar medidas

para garantir a coleta de colheitas

suficientes dos agricultores.

Como o caso de sucesso da ECA no Corredor da Beira, o Modelo 1, que requer um

contrato de empréstimo com um banco comercial para financiamento dos insumos,

parece ser o ideal já que um parceiro do setor privado pode estabelecer uma

parceria confiável com os pequenos agricultores. Ambas as partes compartilham

responsabilidades equitativas pelo fornecimento de insumos e de amplos serviços

de extensão por um parceiro do setor privado e pela entrega da colheita pelos

agricultores. O método de compensação pela dívida dos agricultores se uma

colheita fracassar devido a um fenômeno natural, como tempo ruim ou surgimento

de doença/praga, deve ser considerado mesmo se o parceiro do setor privado não

der uma garantia pelo empréstimo.

Os Modelo 2 e Modelo 3 são sistemas comumente aplicados no Corredor de Nacala

por prestadores de serviço (comerciantes) ou pelas fazendas comerciais de algodão

e tabaco. Embora as fazendas de tabaco e algodão tenham uma longa história de

realização de agricultura por contrato com os agricultores através do fornecimento

dos insumos necessários, o envolvimento dos pequenos agricultores na agricultura

comercial para a produção de culturas alimentares/de rendimento, como milho, soja,

gergelim, etc., em colaboração com parceiros do setor privado, ainda está no

estágio preliminar no Corredor Nacala. Como resultado, os parceiros do setor

privado têm enfrentado dificuldades em trabalhar com os pequenos agricultores com

relação à entrega efetiva dos insumos e dos serviços de extensão técnica, assim

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Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique

4-31

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

como com a entrega das quantidades esperadas da colheita. Entretanto, não há

dúvida de que o modelo de agricultura por contrato tem potencial para envolver um

grande número de pequenos agricultores na cadeia de valor do produto através da

facilitação de parcerias com o setor privado, o que, em última instância, poderia

contribuir para a melhoria da segurança alimentar e da renda da população local.

Tabela 4.7.2 Vantagens e Desvantagens dos Modelos de Agricultura por Contrato

Vantagem Desvantagem

M1 - A produtividade melhora através do uso de

insumos apropriados; assim, a renda líquida do

agricultor aumenta, mesmo depois do pagamento

do empréstimo bancário.

- Os agricultores podem adquirir habilidades

agrícolas avançadas através dos frequentes

serviços de extensão prestados por um parceiro

do setor privado.

- Parece ser um modelo sustentável para a

agricultura por contrato envolvendo agronegócio

privado e instituições financeiras.

- No caso do fracasso da colheita devido a clima ruim

(seca, etc.), os agricultores correm o risco de ficar

inadimplentes.

- Os agricultores podem hesitar em adquirir um

empréstimo bancário para a compra de insumos

devido às altas taxas de juros.

- O governo e os doadores/ONGs têm realizado

projetos com a distribuição gratuita de insumos, o

que pode dissuadir os participantes da agricultura por

contrato de pagar pelos custos dos insumos com um

empréstimo bancário.

M2 - A produtividade melhora se os agricultores

usarem os insumos fornecidos (especialmente

fertilizantes) de maneira apropriada.

- Os agricultores podem adquirir habilidades

agrícolas avançadas através dos frequentes

serviços de extensão prestados por um parceiro

do setor privado.

- Pode haver o risco de conflito entre os agricultores

quando os custos dos insumos são deduzidos no

momento da compra da colheita se eles estiverem

bem informados sobre o arranjo de pagamento.

- Os agricultores podem vender as colheitas para

outros comerciantes ao compararem os preços

ofertados. Como resultado, o parceiro do setor

privado pode não coletar colheitas suficientes dos

agricultores para cobrir os custos dos insumos

(sementes e fertilizantes)

M3 - A produtividade aumenta se os agricultores

aplicarem a gestão agrícola apropriada usando

sementes de qualidade fornecidas por um

parceiro do setor privado.

- Um parceiro do setor privado pode expandir

bastante esta abordagem para envolver milhares

de pequenos agricultores desde que o custo de

investimento inicial seja mínimo (apenas

fornecendo sementes aos agricultores)

- Os agricultores podem vender as colheitas para

outros comerciantes após comparar os preços

ofertados, fazendo com que o parceiro do setor

privado não tenha os lucros esperados.

- A distribuição gratuita de sementes pode, por fim,

levar à dependência dos pequenos agricultores.

(2) Uma Ideia Tentativa para Implementação de Projetos Piloto em Colaboração

com Parceiros do Setor Privado

No Plano Diretor de Desenvolvimento Agrícola para o Corredor de Nacala, Projetos

de Impacto Rápido (QIPs), que devem produzir um efeito positivo no curto prazo,

devem ser identificados a partir de uma lista de projetos de desenvolvimento

agrícolas prioritários, que serão identificados no Plano Diretor. Espera-se que alguns

QIPs sejam realizados em colaboração com parceiros do setor privado para

estimular investimentos na agricultura/agronegócio no Corredor de Nacala. Com

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Relatório Intermédio 1

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

relação a este ponto, é fundamental demonstrar a viabilidade do agronegócio a

partir de perspectivas diferentes, tal como das tecnologias, esquemas financeiros,

políticas e regulamentos, mercados e da estrutura organizacional para apoiar um

negócio, para atrair negócios privados para participar dos investimentos no

agronegócio. Embora ainda seja prematuro escolher projetos de desenvolvimento

agrícola prioritários nesta fase, vale a pena implementar alguns projetos piloto para

testar os arranjos potenciais para o envolvimento de parceiros do setor privado e de

pequenos agricultores na produção de culturas alimentares/de rendimento com o

fornecimento dos insumos agrícolas e dos serviços de extensão necessários. As

lições aprendidas dos projetos piloto serão refletidas no Plano Diretor, o que pode

tornar o esquema de implementação dos QIPs mais factível.

1) Os princípios básicos para a implementação dos projetos piloto

Os princípios básicos para a implementação dos projetos piloto são:

a) Realizar, como teste, um modelo de agricultura por contrato efetivo e eficiente

com um parceiro do setor privado envolvendo pequenos agricultores para

avaliar a viabilidade do modelo;

b) Trabalhar com negócios privados no Corredor de Nacala, apresentados na

Seção 3.8.1, para a implementação de projetos piloto, levando em consideração

suas experiências e redes com comunidades locais, o que poderia contribuir

para a produção de resultados em um período limitado de tempo;

c) Estabelecer um mecanismo de financiamento acessível para beneficiar o

parceiro do setor privado para o desenvolvimento de um modelo de agricultura

por contrato aplicável; e

d) Todas as experiências e lições aprendidas nos projetos piloto devem estar

refletidas na concepção da estrutura de implementação dos QIPs no Plano

Diretor.

2) O mecanismo de financiamento: Introdução de um Fundo de Investimentos

Como discutido na Seção 3.9.4 com “as experiências da iniciativa BAGC”, é

fundamental introduzir um esquema de empréstimo facilitado para apoiar os

esforços dos parceiros do setor privado na expansão dos seus negócios, que então

poderia ser usado para adquirir o maquinário ou as instalações necessárias, assim

como na compra da colheita dos agricultores. Em consultas com o Ministério da

Agricultura, a mobilização do Fundo da Contraparte5, que fica na conta administrada

pelo Ministério da Agricultura e pelo Escritório da JICA em Moçambique, será

proposta para criar um fundo de investimentos para os parceiros do setor privado

5 Uma parte do pagamento pela venda de maquinário ou insumos agrícolas feita pelo Governo do Japão através das Doações para

Assistência Alimentar e Produção de Alimentos está acumulada em uma conta para o país receptor (o Ministério da Agricultura).

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Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

implementarem projetos piloto. Uma instituição financeira privada, que tem um

mandato específico para o apoio a pequenos/médios empreendedores com

empréstimos comerciais, tal como o GAPI, será envolvida na gestão do fundo de

investimentos, que será consignado ao GAPI como um fundo fiduciário. Os critérios

para a mobilização do fundo devem ser claramente definidos, levando em

consideração os impactos sociais nos pequenos agricultores e nas comunidades

locais, a viabilidade comercial do negócio e a sustentabilidade do modelo comercial

proposto.

3) Seleção de Parceiros do Setor Privado para os Projetos Piloto

Quando os critérios para a concessão do Fundo de Investimento tiverem sido

confirmados, o Pro-SAVANA PD, em colaboração com o escritório do CEPAGRI em

Nampula, realizará uma apresentação pública para explicar: i) o objetivo da

implementação dos projetos piloto; ii) o apoio financeiro disponível e os critérios

para obtê-lo; iii) o cronograma esperado dos projetos; e iv) outras informações

necessárias. Deve ser enfatizado que um projeto proposto deve envolver um

grupo de pequenos agricultores como parceiros da agricultura comercial para o

estabelecimento de um modelo de agricultura por contrato. Uma convocação oficial

de propostas deve ser anunciada após a reunião pública. Espera-se que 3~4

negócios privados sejam selecionados como parceiros na implementação dos

projetos piloto.

4) O esquema de Implementação e a Estrutura de Gestão Propostos para os

Projetos Piloto (o Modelo de Agricultura por Contrato Proposto)

A Figura 4.7.1 a seguir ilustra o esquema de implementação proposto para os

projetos piloto, mostrando os parceiros potenciais para a agricultura por contrato

envolvendo pequenos agricultores. Uma equipe de operação do projeto piloto, que

inclui os especialistas japoneses do Pro-SAVANA PD e o pessoal técnico local, será

formada para dar apoio aos parceiros do setor privado na implementação das

atividades. A equipe terá as tarefas específicas de prestação dos seguintes serviços:

Apoio na preparação do plano de implementação do projeto;

Oferecimento de um empréstimo facilitado do Fundo de Investimento;

Treinamento do pessoal de extensão do parceiro do setor privado;

Consultoria técnica na gestão do lote demonstrativo, incluindo a preparação do

manual de extensão técnica; e

Serviços de monitoramento e consultoria durante a implementação.

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Equipe de Operação do Projeto Piloto

ProSAVANA-PD

Prestador de Serviço

(sementes, fertilizantes,

comercialização)

Fábrica de Agro-Processamento

(Moinhos, granjas, etc.)

Associação de

AgricultoresFazenda Comercial

Empréstimo

Assessoria Técnica

ONG

Mercado Internacional / Doméstico

Apoio Colheita

Fundo de Investimentos

JICA Ministério da Agricultura

GAPI / Instituição Financeira

Fundo da Contraparte

Gestão

Peq.

Agric.Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.Peq.

Agric.

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Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Figura 4.7.1 Esquema de Implementação do Projeto Piloto

5) Cronograma Tentativo para os Projetos Piloto

O cronograma proposto para os projetos piloto é resumido na Tabela 4.7.3 abaixo.

Considerando o ciclo de produção das culturas no Corredor de Nacala, onde a

estação chuvosa começa em novembro, o projeto deve começar em outubro de

2012, com o processo de seleção de parceiros potenciais, e ser concluído em julho

de 2013, de modo que todo o ciclo de produção e comercialização possa ser

observado para extrair lições dos projetos piloto.

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Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique

4-35

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Tabela 4.7.3 Cronograma Tentativo dos Projetos Piloto

9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9

�(Fase Preparatória)

1 Consultar com as agências governamentais envolvidas para estabelecer um Fundo de Investimento ProSAVANA, Governo

2 Desenvolver critérios para a avaliação de uma aplicação para o Fundo de Investimento ProSAVANA, Governo

3 Realizar um informativo público e anunciar uma chamada para uma proposta do Fundo de Investimento ProSAVANA

4 Seleção de potenciais parceiros privados para os projetos-piloto ProSAVANA, Governo

(Fase de Implementação - Produção)

5 Apoio à finalização do plano de implementação do projeto ProSAVANA

6 Realizar um treinamento para os trabalhadores de extensão de parceiros do setor privado ProSAVANA

7 Organizar um grupo de pequenos agricultores para a agricultura por contrato (uma série de consultas

com os agricultores)

Parceiros do setor privado

8 Realizar uma formação técnica para os agricultores (criação de um piloto de demonstração, etc) Parceiros do setor privado

9 Adquirir e fornecer insumos agrícolas a grupos de agricultores Parceiros do setor privado

10 Conduzir uma sessão de extensão técnica regular com grupos de agricultores Parceiros do setor privado

11 Práticas agrícolas Regulares (gestão agrícola) Grupo de agricultores /

Parceiro Privado

12 Acompanhamento regular e de apoio técnico ProSAVANA

13 Colheita das culturas Grupos de Agricultores

(Fase de Implementação - pós-colheita)

14 Consulta entre grupos de agricultores e um parceiro privado para negociar a aquisição de culturas Grupo de agricultores /

Parceiro Privado

15 Compra de culturas de grupos de agricultores e pagamento Parceiros do setor privado

16 Acompanhamento regular e de apoio técnico ProSAVANA

(Fase de Encerramento)

17 Pagar o empréstimo (um empréstimo de curto prazo para a compra de culturas) Parceiros do setor privado

18 Resumir experiências e lições aprendidas dos projetos-piloto ProSAVANA

Atividades2012 2013

Encarregado

(3) Transição do Fundo de Investimentos para os Projetos Piloto em um Fundo de

Investimentos Permanente para o Desenvolvimento Agrícola no Corredor de

Nacala

Uma vez que os projetos piloto tenham produzido resultados positivos, através dos

quais a efetividade do Fundo de Investimentos possa ser demonstrada,

recomenda-se que um esquema de financiamento permanente para apoio aos

atores do agronegócio/agroindústria local seja introduzido através da transformação

do Fundo de Investimentos para projetos piloto em um fundo formal de apoio ao

agronegócio (Fundo de Investimentos formal) com a adição de recursos adicionais.

Uma estrutura formal para a gestão deste fundo, como um comitê diretivo

envolvendo as autoridades concernentes, deve ser organizada em nível central para

supervisionar as operações do fundo, assim como os projetos de investimento

planejados no Corredor de Nacala. Ao mesmo tempo, deve ser criada uma unidade

de operações do fundo de investimentos, prestando serviços de

assessoria/consultoria a investidores potenciais que estão interessados em aplicar o

Fundo de Investimentos em novos investimentos em agronegócio. A Figura 4.7.2 a

seguir define um conceito tentativo para a gestão e para a estrutura operacional do

fundo de investimentos durante a fase de implementação do Plano Diretor Agrícola

do Corredor de Nacala.

Page 36: CAPÍTULO 4 ANÁLISE DOS ATUAIS CONSTRANGIMENTOS E …...Feijão nhemba NA NA 0,6 0,4 Feijão boer NA NA NA 0,7 Soja NA 2,9 1,8 0,9 Batata doce 7,1 11,2 3,3 9,1 Batata reno 13

Relatório Intermédio 1

4-36

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Unidade de Operação do Fundo de

InvestimentosAssessor de Investimento Agrícola

Prestador de Serviço

(sementes, fertilizantes,

comercialização)

Fábrica de Agro-Processamento

(Moinhos, granjas, etc.)

Associação de

AgricultoresFazenda Comercial

Comitê Diretivo

(MInistério da Agricultura, JICA, CEPAGRI, CPI, GAPI, etc.)

Assessoria Técnica

Projeto de Cooperação

Técnica da JICA

Assessoria Técnica

Gestão

JICA

ONG

Mercado Internacional / Doméstico

Apoio Colheita

Ministério da

Agricultura

Assessoria TécnicaGAPI / Instituição Financeira

Empréstimo Facilitado

SupervisãoPessoal

Peq.

Agric.Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Peq.

Agric.

Figura 4.7.2 Futuro Plano para a Gestão e Estrutura Operacional do Fundo de Investimentos

4.8. Investimento Agrícola Responsável

Espera-se que o ProSAVANA estabeleça um modelo de Investimento Agrícola

Responsável (RAI em sua abreviatura inglesa), como uma referência sob

circunstâncias de segurança alimentar em mudança global. Uma nota de debate

preparada pela FAO, IFAD, Secretaria da UNCTAD e do Grupo do Banco Mundial

"Princípios para RAI que Respeitam Direitos, Meios de vida e Recursos" foi tornada

pública desde Fevereiro de 2010. Embora os princípios propostos sejam voluntários

e sujeitos a consulta e refinamento, os principais organismos internacionais

concordaram que os seguintes sete princípios fundamentais são essencialmente os

certos:

Tabela 4.8.1 Princípios Fundamentais de RAI

Princípios Exigências Específicas

1 Os direitos existentes à terra e aos recursos naturais associados são reconhecidos e respeitados. (RESPEITAR OS DIREITOS À TERRA E RECURSOS)

i) Identificação de todos os titulares de direitos; ii) Reconhecimento legal de todos os direitos e usos,

juntamente com opções para a sua demarcação e registro ou gravação;

iii) Negociação com proprietários / usuários da terra, com base em uma escolha informada e livre, a fim de identificar os tipos de direitos a serem transferidos e as modalidades para fazê-lo;

iv) Pagamento justo e imediato de todos os direitos adquiridos;

v) Avenidas independentes para resolução de litígios ou queixas.

2 Investimentos não comprometem a segurança alimentar, mas sim a fortalece.

i) O acesso permanente a alimentos é assegurado; ii) Oportunidades para o envolvimento de produtores

sub-contratados e emprego não agrícolas são expandidas para proteger os meios de subsistência e

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Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique

4-37

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

(GARANTIR A SEGURANÇA ALIMENTAR)

aumentar os rendimentos; iii) Preferências alimentares são tidas em conta se a

mistura de produtos cultivados pode mudar; iv) Estratégias para reduzir a potencial inestabilidade da

oferta são adotadas.

3 Processos relativos ao investimento em agricultura são transparentes, monitorados e asseguram a explicabilidade por todas as partes interessadas, dentro de um ambiente apropriado de negócio, jurídico e regulatório. (ASSEGURAR A TRANSPARÊNCIA, BOA GOVERNANÇA E AMBIENTE HABILITADOR ADEQUADO)

i) Assegurar a disponibilidade pública de informações relevantes, tais como o potencial e disponibilidade de terra, aspectos fundamentais dos investimentos futuros, e fluxos de recursos ou receitas fiscais;

ii) Desenvolver a capacidade de as instituições que lidam com a seleção de investimento, transferências de terra e incentivos para seguir os princípios da boa governança, e operar de forma eficiente e transparente;

iii) Assegurar que um sistema independente esteja implantado para monitorar o progresso rumo a um melhor clima de investimento.

4 Todos aqueles materialmente afetados são consultados e acordos obtidos a partir de consultas são gravados e cumpridos. (CONSULTA E PARTICIPAÇÃO)

i) Precisam ser esclarecidos os requisitos de definição e de procedimentos em termos de quem representa os interessados locais, e o que é um quórum para comparecimento local;

ii) O conteúdo dos acordos alcançados em tais consultas deve ser documentado e aprovado por todas as partes;

iii) Métodos de execução e sanções por descumprimento devem ser especificados.

5 Os investidores garantem que os projetos respeitam o estado de direito, refletem as melhores práticas da indústria, são viáveis economicamente, e resultam em valor compartilhado durável. (INVESTIMENTO RESPONSÁVEL EM AGRONEGÓCIO)

i) Cumprir com as leis, regulamentos e políticas aplicáveis no país de acolhimento (e de preferência com todos os tratados e convenções internacionais pertinentes);

ii) Aderir a melhores práticas globais para transparência, prestação de contas, e responsabilidade corporativa em todas as áreas sensíveis;

iii) Esforçar-se não só para aumentar o valor para o acionista, mas também gerar benefícios significativos e tangíveis para a área do projeto, as comunidades afetadas, e o país anfitrião.

6 Os investimentos geram impactos sociais e distributivos desejáveis e não aumentam a vulnerabilidade. (SUSTENTABILIDADE SOCIAL)

i) Questões sociais e riscos relevantes são identificados durante a preparação do projeto, e estratégias são concebidas para enfrentá-los adequadamente;

ii) Os interesses dos grupos vulneráveis e das mulheres são explicitamente considerados;

iii) A geração de emprego local, transferência de tecnologia e fornecimento direto ou indireto (por exemplo, através de impostos) de bens e serviços públicos é parte do projeto de investimento.

7 Impactos ambientais de um projeto são quantificados e medidas são tomadas para incentivar o uso sustentável dos recursos, ao mesmo tempo em que se minimiza o risco / magnitude dos impactos negativos e se os reduzem. (SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL)

i) Análise independente de impacto ambiental para identificar potencial perda de bens públicos, tais como biodiversidade ou florestas, é realizada antes da aprovação;

ii) Preferência a ser dada à recuperação ou aumento da produtividade de recursos já em uso;

iii) O sistema de produção mais adequado é selecionado para melhorar a eficiência da utilização de recursos, ao mesmo tempo em que se preserva a disponibilidade futura desses recursos;

iv) Boas práticas ambientais em agricultura, processamento e manufatura são respeitadas;

v) Prestação de serviços de ecossistema desejável é incentivada;

vi) Os impactos negativos são abordados através de planos de gestão ambiental regularmente monitorados e compensados se for o caso.

Fonte: Adaptado de "Princípios para a RAI que Respeitam Direitos, Meios de Subsistência e Recursos, 2010"

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Relatório Intermédio 1

4-38

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Estes princípios precisam agora de ser traduzidos em ações; e espera-se que seja

uma mistura equilibrada de autorregulamentação voluntária e instrumentos

compulsórios, para os seguintes protagonistas diferentes:

O Governo de Moçambique em nível central e descentralizado;

Os investidores, incluindo as empresas e agências de financiamento;

Partes interessadas locais, incluindo as comunidades;

Protagonistas independentes neutros, tais como ONGs, sociedade civil e meio

acadêmico;

Doadores bilaterais / multilaterais e, na medida do possível, os governos dos

países de onde as iniciativas de investimento são provenientes.

O Governo de Moçambique já tem uma série de leis e regulamentos que podem, em

teoria, responder a alguns dos princípios e exigências acima mencionados. A

maioria dos doadores também tem suas próprias orientações em matéria de

proteção ambiental e social, aplicáveis na identificação, avaliação e execução dos

projetos. Portanto, os principais desafios da RAI sob o ProSAVANA serão os

seguintes:

(1). Fortalecer a aplicação da lei pelo governo e incluir os princípios RAI nos

processos de avaliação de diferentes licenciamentos;

(2). Levar os investidores a correta aplicação da autorregulamentação; e

(3). Envolver protagonistas neutros na tomada de decisões e monitoramento.

A elaboração de “Diretrizes de RAI em ProSAVANA" como um anexo ao "Livro de

Dados para Investidores Privados" (o quarto resultado do presente estudo) será uma

ideia plausível para alcançar essas metas. Um capítulo das Diretrizes será orientado

para as agências governamentais, tais como o CEPAGRI e o CPI como um manual

de operação dos procedimentos relacionados com a avaliação, consulta pública,

autorização, monitoração, assistência, inspeção e eventual revogação de projetos

de investimento agrícola. No longo prazo, é desejável que os princípios de RAI

sejam adotados como política pública do Governo de Moçambique. A Tabela 4.8.2

descreve o processo previsto para a elaboração das Diretrizes.

Quanto ao Fundo Nacala, o conselho consultivo terá um papel fundamental na

seleção de propostas de investimento. Espera-se que as Diretrizes da RAI no

ProSAVANA sejam utilizadas no presente processo, também. No entanto, devemos

também ter em mente que regras excessivamente rígidas podem afastar potenciais

investidores do Corredor de Nacala.

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Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique

4-39

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Tabela 4.8.2 Descrição Supostas das "Diretrizes de RAI em ProSAVANA"

Grupo de

Trabalho

Agências governamentais (CEPAGRI, CPI, MINAG / DPA, MICOA / DPCA, etc.),

Organização de produtores (tais como a UNAC), Organização de investidores (tais

como a CCIABM), Observadores (institutos acadêmicos, etc.)

Conteúdo Sinopse dos princípios de RAI

Resumo da legislação moçambicana sobre o investimento agrícola

Lista de verificação inicial de cumprimento dos princípios de RAI

Código de conduta esperada para investidores (empresas e agências de

financiamento)

Critérios para avaliação, autorização e fiscalização de projetos de investimento

Pontos fundamentais em consulta pública, monitoramento e assistência de

projetos de investimento

Boas práticas em parceria investidor-comunidade, agricultura e agroindústria

Lista de contatos e links úteis (tais como "Plataforma de Intercâmbio de

Conhecimento para RAI")

Fonte: Equipe de Estudo JICA

4.9. Zoneamento Agrícola da Área do Estudo

4.9.1 Revisão dos Zoneamentos Praticados em Moçambique

Vários tipos de "zoneamento" são utilizados para diferentes propósitos em

Moçambique, tais como ordenamento territorial, protecção do ambiente florestal,

mapeamento do potencial agrícola, etc. Em termos legais, são duas as principais

legislações que estruturam o zoneamento:

Lei de Ordenamento do Território (Lei nº.19/2007) e o seu Regulamento (Decreto

nº.23/2008)

O zoneamento define-se como um instrumento informativo e indicativo,

elaborado com base na qualificação dos solos, existência de recursos naturais e

na ocupação humana, que qualifica e divide o território em áreas vocacionadas

preferencialmente para determinadas actividades de carácter económico, social

e ambiental. Constitui objectivo do zoneamento salvaguardar as qualidades

ecológicas e ambientais das diversas regiões do território nacional definindo

limites à sua ocupação humana, exploração económica e qualquer outra forma

de utilização por forma a impedir a sua degradação ambiental e fomentar o seu

uso sustentável.

Zoneamento é também um dos sete instrumentos de carácter geral para o

ordenamento territorial: 1) Qualificação dos solos; 2) Classificação dos solos; 3)

Cadastro nacional de terras; 4) Inventários ambientais, sociais e económicos; 5)

Zoneamento; 6) Mapa geológico; e, 7) Cadastro mineiro.

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Relatório Intermédio 1

4-40

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Um zoneamento representa os seguintes elementos da área considerada 1)

Localização geográfica e ambiente; 2) Formas de ocupação dos terrenos

incluindo os direitos estabelecidos por DUAT; 3) Qualidades naturais

estabelecidas como únicas; 4) Relações de interdependência natural,

infra-estrutural, administrativa, económica ou outras; e, 5) História da ocupação

humana.

Lei de Florestas e Fauna Bravia (Lei nº.10/99) e o seu Regulamento (Decreto

nº.12/2002)

“Zoneamento” define-se como divisão e classificação do patrimônio florestal e

faunístico de acordo com o tipo de vegetação e uso alternativo da terra, e

também considera-se como um dos instrumentos fundamentais de aplicação da

lei.

O patrimônio florestal e classificado em “florestas de conservação”, “zona

tampão”, “florestas produtivas” e “florestas de utilização múltipla” através do

zoneamento para identificar as actividades adequadas de protecção,

conservação e exploração dos recursos florestais e faunísticos.

A planificação do ordenamento territorial está sendo realizada a nível distrital com o

apoio do Governo Provincial. Em exemplo disso está ocorrendo no distrito de

Monapo, província de Nampula, onde planos futuros de uso da terra são

apresentados na escala de 1:350.000, dividindo o território em área residencial,

reserva florestal, área de concessão agrícola e área de desenvolvimento

comunitário. Tais planos serão gerados em todos os distritos e serão incorporados

ao processo de zoneamento do Corredor de Nacala.

Por outro lado, o "zoneamento agroecológico" é um trabalho que vem sendo

amplamente realizado, sobretudo pela iniciativa do MINAG, e que consiste na

caracterização de clima, topografia, solo, vegetação, hidrologia e outros parâmetros

naturais, seguidos pela compatibilização com diferentes culturas e mapeamento de

aptidão. Nos casos recentes, outros factores tais como concessões e acesso a

estradas também estão sendo considerados. Alguns exemplos bem conhecidos

encontram-se abaixo listados:

O caso 2 mostra a área potencial para o desenvolvimento da agricultura em ampla

escala na província do Niassa, estimada sob o ponto de vista da cobertura vegetal,

declividade, profundidade do solo, área para cultivo, disponibilidade de água,

acesso a estradas principais.

O caso 3 foi uma abordagem inédita de identificação de terras disponíveis para fins

agrícolas. Os critérios usados para excluir “terra não disponível” da área total de

terras de Moçambique, nas duas fases, encontram-se na Tabela 4.9.2.

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Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique

4-41

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Tabela 4.9.1 Exemplos de Zoneamento Agroecológico em Moçambique

Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4

Cobertura Abrangência nacional Província do Niassa Abrangência nacional Abrangência nacional

Ano 1996 2007 2008 2010

Resultado Mapa mostrando 10

regiões

agroecológicas.

Mapas de aptidão

para investimento

na silvicultura,

agricultura, criação

animal e

ecoturismo.

Mapa de terras

potencialmente

disponíveis para

agricultura,

silvicultura, pastagem,

etc. na escala de

1:1.000.000.

Mapas de aptidão

para 4 culturas

(mandioca, algodão,

batata reno e caju)

em diferentes

cenários climáticos.

Fonte: Equipe de Estudo da JICA

Tabela 4.9.2 Critérios de Exclusão e Resultados de Identificação de “Terras Disponíveis”

Critérios de Exclusão para “Terra Não Disponível”

“Terra Disponível” em

Moçambique (ha)

Fase

1

Florestas produtivas (floresta densa, floresta aberta); Áreas de

conservação (parques e reservas nacionais, coutadas e concessões,

florestas de proteção); Mangais; Campos cultivados (culturas anuais,

canaviais); Cultivos arbóreos (cajueiros, chá, coqueiros); Plantações

florestais (reflorestamentos actuais); Áreas descobertas (solo sem

cobertura vegetal, ex. Dunas, leitos dos rios, areas habitacionais, etc.);

Agricultura itinerante com florestas; Florestas com agricultura itinerante.

12,016,800

Fase

2

Adicional à acima,

Áreas alocadas para fins não-agrários (eco-turismo, aquacultura, terras

húmidas de uso limitado); Áreas alocadas para centros de

reassentamento das populações afectadas pelas recentes cheias;

Áreas de prospecção mineira; DUATs (aprovados e em tramitação);

Concessões (florestais, mineiras); Fazendas de bravio; Áreas

comunitarias; Iniciativas locais e parcerias.

6,966,030

Fonte: Zoneamento agrário nacional de terras disponíveis para grandes investimentos em nível local, IIAM 2008

A distribuição de "terras disponíveis" na área de estudo encontra-se apresentada na

Figura 4.9.1 e Tabela 4.9.3. Importa realçar que as parcelas menores que 1.000 ha

não foram consideradas neste trabalho, assim, é provável que haja mais "terras

disponíveis" em escala relativamente pequena. No entanto, por outro lado, é

razoável imaginar que pode actualmente existir menos "terras disponíveis" em 2012,

devido à emissão progressiva de DUATs e concessões, como também à delimitação

de terras de comunidades. No momento, o Governo de Moçambique está realizando

um trabalho similar e melhorado, na escala de 1:250.000, a ser concluído até 2014.

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Relatório Intermédio 1

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Figura 4.9.1 Distribuição de “Terras Disponíveis” no Corredor de Nacala

Tabela 4.9.3 Distribuição de “Terras Disponíveis” no Corredor de Nacala

Distrito Área (ha) Província Área (ha) Área Total (ha)

Monapo 0

Nampula 298.046,66

968.159,03

Muecate 0

Meconta 0

Mogovolas 143.280,04

Nampula 44.371,43

Murrupula 74.181,97

Ribáuè 28.108,69

Malema 8.104,53

Alto Molócuè 44.480,67 Zambézia 153.512,37

Gurue 109.031,70

Cuamba 232.800

Niassa 516.600 Mandinba 243.800

Nguama 40.000

Lichinga 0

Fonte: Equipe de Estudo da JICA, adaptado do “Zoneamento agrário nacional de terras

disponíveis para grandes investimentos em nível local, IIAM 2008”

Mapa de cobertura e uso da terra também é necessário para o zoneamento

agroecológico. A CENACARTA disponibilizou mapa de cobertura e uso da terra em

nível nacional, elaborado com base em análises de imagens de satélite adquiridas

em 1997. A DNTF também disponibilizou mapa de cobertura e uso da terra em nível

nacional, elaborado com base em imagens de satélite adquiridas em 2004 e 2005. A

categorização da cobertura e uso da terra segue basicamente a diretriz de avaliação

da terra da FAO. Esses materiais foram usados para estimar a área agrícola, na

Área do Estudo.

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Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique

4-43

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

4.9.2 Zoneamento do ProSAVANA-PD

Zoneamentos agroecológicos por si só não fornecem informações suficientes para

atender as necessidades da Lei de Ordenamento Territorial, pois focam diferentes

objetivos.

O ProSAVANA-PD adotará uma abordagem abrangente de zoneamento para o

Corredor de Nacala, na qual o zoneamento agroecológico é considerado um

primeiro passo, sendo realizada, na sequência, a integração de parâmetros

socioeconômicos tais como tendência demográfica, disponibilidade de terra, acesso

a mercados e planificação do ordenamento territorial de cada distrito. O produto final

incluirá não apenas mapas, mas também propostas de medidas, restritivas e de

fomento, para se alcançar o uso desejável da terra, conforme os resultados do

zoneamento. A abordagem será explicada como segue.

4.9.3 Principal Metodologia para o Zoneamento

A principal metodologia do zoneamento no Estudo é mostrada na Tabela 4.9.4. Em

primeiro lugar, as condições ambientais são consideradas, porque a agricultura é

altamente influenciada pela condição natural. Em segundo lugar, as condições

socioeconômicas também são consideradas. Ambas as condições são consideradas

pelo ponto de vista da “Oferta (recursos disponíveis)” e da “Limitação”. Em terceiro

lugar, o potencial para o desenvolvimento é considerado, com base na análise das

condições naturais e socioeconômicas. Por fim, o mapa de zoneamento é composto

com base na análise integrada das condições atuais e potencial da Área do Estudo.

O processo detalhado e os mapas de zoneamento serão mostrados nos itens de

4.9.4 a 4.9.7.

Tabela 4.9.4 Matriz da Ideia para o Zoneamento

Etapa Oferta Limitação

1. Condições Naturais NS-1. Aptidão para a cultura

NS-2. Distribuição da produção

da cultura por distrito

NL-1 Declividade (< 8%)

NL-2. Uso do solo (excluindo área

montanhosa , corpos d´água, área

alagada)

NL-3 Solo (excluindo solo de baixa

produtividade)

2. Condições

Socioeconômicas

SS-1 Irrigação & recursos

hídricos

SS-2 Estradas, ferrovias

SS-3 Abastecimento de Energia

SL-1 Área ocupada por agricultores locais

SL-2 Conservação & DUAT

SL-3 Compatibilização entre agricultura e

florestas

3. Potencial para o

desenvolvimento

Desenvolvimento da irrigação e

promoção da cultivo de alto

rendimentol

(combinação de SS-1 e 2)

Desenvolvimento de larga escala

(Combinação de NL-1, 2, 3 e SL-1, 2, 3)

4. Zoneamento

Integrado

Zoneamento da Área do Estudo baseado nas análises anteriores

Fonte: Equipe de Estudo da JICA

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Relatório Intermédio 1

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

4.9.4. Classificação da Aptidão para a Agricultura pelas Condições Naturais

A classificação da aptidão da agricultura pelas condições naturais é considerada por

meio da aptidão das principais culturas às condições climáticas locais e a

distribuição atual da produção. A falta de disponibilidade de dados agroclimáticos

impede que a Equipe de Estudo faça uma análise apropriada da adaptabilidade de

cultivo. Análises adicionais serão realizadas com a coleta de dados agroclimáticos

de várias fontes. Por outro lado há dados suficientes disponíveis sobre a distribuição

das produções agrícolas. Os agricultores locais selecionam e adaptam cultivos

comuns como mandioca, milho, mapira, feijões conforme as condições

socioclimáticas por meio de longas tentativas.

(1) Aptidão do Cultivo Segundo a Condição Natural

1) Aptidão do Cultivo Segundo a Condição Climática (NS-1)

A aptidão do cultivo é considerada pela temperatura média anual e pela precipitação

anual, apenas para as 4 culturas apresentadas na Tabela 4.9.5. O número de

culturas da Tabela 4.9.5 pode aumentar pela coleta de mais informações sobre as

condições de cultivo das culturas e os dados agroclimáticos dos órgãos

concernentes.

Tabela 4.9.5 Aptidão da Cultura Segundo a Condição Climática

Culturas Temperatura (ºC) Precipitação (mm) Informação de referência

Batata reno 16-22 300 - 650 Diretriz SA, livros J

Feijão comum 18-24 Mais de 600 Diretriz SA, livros J

Mandioca 20 - 36 400 - 1600 IIAM, Diretriz SA, livros J

Milho 20 - 33 600 - 1200 IIAM, Diretriz SA

Informação de referência: IIAM = Entrevistas com pesquisadores do IIAM, Diretriz SA = Diretriz de Produção (Ministério da Agricultura, florestas & pesca da África do Sul). Livros J = livros japoneses sobre o cultivo de culturas alimentares cobrindo todo o mundo

Os mapas de aptidão da batata reno e do feijão comum são mostrados nas Figuras

4.9.2 e Figura 4.9.3. A área adequada para ambas as culturas localiza-se na parte

oeste da Área do Estudo, e está quase em sincronia com a área de alta produção de

feijão comum e de batata reno, como mostra, respectivamente , as Figuras 4.9.7 e

4.9.13.

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Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique

4-45

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Figura 4.9.2 Aptidão do Feijão Comum Figura 4.9.3 Aptidão da Batata Reno

Fonte: Equipe de Estudo da JICA Fonte: Equipe de Estudo da JICA

Os mapas de aptidão do milho e da mandioca são mostrados nas Figuras 4.9.4 e

4.9.5. A área de aptidão de ambas as culturas cobre quase toda a Área do Estudo,

exceto as áreas de altitude elevada. Enquanto a distribuição atual da produção de

milho está concentrada na parte oeste da Área do Estudo, a mandioca está

concentrada na parte leste da Área do Estudo, como mostra a Figura 4.9.6. Esta

diferença talvez seja causada pela distribuição e estabilidade da precipitação

anual. São necessários dados sobre precipitação mensal durante vários anos em

diversas localidades para uma análise mais profunda, de forma a tornar práticos os

mapas de aptidão de culturas.

Figura 4.9.4 Aptidão da Mandioca Figura 4.9.5 Aptidão do Milho Fonte: Equipe de Estudo da JICA Fonte: Equipe de Estudo da JICA

2) Mapa de Distribuição da Produção das Culturas (NS-2)

Os mapas de distribuição da produção dos cultivos mostram as situações de

produção por distrito, com base na análise estatística por distrito, com dados

coletados em cada serviço provincial, como mostrado na Seção 3.3.5.

a) Culturas alimentares básicas

A situação de algumas das principais culturas alimentares básicas na Área do

estado, o milho e a mandioca, é mostrada nos mapas da Figura 4.9.6. A produção

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Relatório Intermédio 1

4-46

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

da mandioca está distribuída na parte leste da Área do Estudo, enquanto que a do

milho está distribuída na parte oeste. A parte central da Área do Estudo é uma área

de transição entre a área de mandioca e de milho. Na área de transição, a mandioca

e o milho são cultivados. A Mapira (sorgo), Mexoeira (milheto) e arroz são cultivados

complementarmente à mandioca e ao milho conforme as condições locais. Em

Monapo, Meconta, Nampula e Murrupula, que são áreas com alta densidade

populacional, várias culturas são praticadas em complementariedade à mandioca e

ao milho. O mapa isotérmico está sobreposto ao mapa de distribuição da produção

de culturas, conforme mostra a Figura 4.9.6, e mostra que milho é a principal cultura

em áreas com condição de baixa temperatura, enquanto a mandioca é cultivada

principalmente em condições de alta temperatura.

Figura 4.9.6 Produção de Mandioca, Milho, Mapira (Sorgo) e Mexoeira

Fonte: Equipe de Estudo da JICA

Os feijões e a batata doce têm o papel de alimento complementar à mandioca e ao

milho. Os feijões comuns estão distribuídos na parte oeste, enquanto o holoco,

nhemba (caupi) e boer (guandu) estão distribuídos na parte leste. A batata doce é

cultivada, principalmente, na parte oeste, e talvez substituindo a mandioca.

Figura 4.9.7 Produção de Feijões Figura 4.9.8 Produção de Batata Doce

Fonte: Equipe de Estudo da JICA Fonte: Equipe de Estudo da JICA

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4-47

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

b) Outras culturas

A distribuição da produção de culturas tais como castanha de caju, amendoim,

gergelim, soja, é mostrada nas Figuras 4.9.9 a 12. A castanha de caju está

concentrada na área leste. O amendoim, gergelim e girassol são amplamente

cultivados desde a parte leste até a parte central. O algodão está concentrado na

área leste e na área central, enquanto o tabaco está concentrado na área central e

oeste.

Figura 4.9.9 Produção de Castanha de Caju

Fonte: Equipe de Estudo da JICA Figura 4.9.10 Produção de Amendoim

Fonte: Equipe de Estudo da JICA

Figura 4.9.11 Produção de Gergelim e Girassol

Fonte: Equipe de Estudo da JICA

Figura 4.9.12 Produção de Algodão e de Tabaco Fonte: Equipe de Estudo da JICA

c) Soja, Hortícolas e Batata Reno

A soja está concentrada na parte central da Área do Estudo e o cultivo se estende

pelos arredores, especialmente para a parte oeste, como mostra a Figura 4.9.13. A

distribuição da produção de hortícolas e de batata reno é mostrada na Figura 4.9.14.

A produção de hortícolas e de batata reno está concentrada na parte central,

especialmente no distrito de Gurue. O distrito de Lichinga também fornece um

grande volume de batatas reno.

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Relatório Intermédio 1

4-48

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Figura 4.9.13 Produção de Soja

Fonte: Equipe de Estudo da JICA Figura 4.9.14 Produção de Hortícolas e de

Batata Reno

Fonte: Equipe de Estudo da JICA

(2) Área limitada para a Agricultura Pelas Condições Naturais

1) Declividade da Área (NL-1)

A Figura 4.9.15 mostra o mapa de declividades, baseado em dados do SRTM

adquiridos do CGIAR. A declividade limite para o uso de maquinário agrícola, isto é,

tratores, é normalmente 8%. As áreas com declividade superior a 8% devem ser

excluídas das áreas aptas para produção de larga escala que usem tratores.

2) Mapa Integrado de Limitações para o Desenvolvimento Agrícola

O mapa integrado de limitações na Figura 4.9.16 foi feito por meio da sobreposição

do mapa de declividades, subtraindo a área além dos 8% de declividade, do mapa

de uso do solo (ver seção 3.1.7), subtraindo a área de corpos d´água e área alagada,

e do mapa de solos (ver seção 3.1.7), subtraindo a área imprópria para cultivo

agrícola. Este mapa integrado de limitações será usado para considerar a área

potencial para o desenvolvimento de larga escala.

Figura 4.9.15 Mapa de Declividade Figura 4.9.16 Mapa Integrado de Limitações

Fonte: SRTM de CGIAR Fonte: Organizado pela Equipe de Estudo da JICA

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4-49

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Fonte: ARAs

Figura 4.9.17 Vazão Média Anual Estimada por Distrito

4.9.5. Condições Socioeconômicas

(1) Irrigação e Recursos Hídricos (SS-1)

Conforme mostrado na Figura 4.9.17, a vazão média anual da Área do Estudo foi

estimada com base na vazão específica observada nas estações da parte inferior

das bacias, exceto por algumas bacias maiores, onde as estações de alcance médio

ou a média das estações da

bacia foi utilizada. A vazão da

bacia de cada distrito está

estimada segundo a vazão

das sub-bacias. Em geral, a

vazão dos distritos na parte

leste, como Monapo, Meconta

e Muecate, é menor, sendo

que as grandes vazões são

observadas na região

montanhosa do meio da Área

do Estudo.

A Figura 4.9.18 mostra a área equipada com sistemas de irrigação existente e em

uso, com base em inventário fornecido pelo escritório provincial. Malema tem a

maior área, em termos de quantidade de sistemas quanto em uso, e Monapo,

Murrupula e Nampula estão em segundo lugar, muito embora a taxa de uso seja

extremamente baixa. A área que não está em uso, que é indicada pela diferença

entre a área equipada e a área em uso, é considerada como uma área potencial

para o desenvolvimento da irrigação através da recuperação do sistema de irrigação

existente.

A Figura 4.9.19 mostra o número de sistemas de irrigação em termos de tamanho,

exemplo: pequeno (menos de 50 ha), médio (50 -500 ha) e grande (mais de 500 ha).

Em geral, predomina na Área do Estudo os sistemas de irrigação pequenos,

enquanto Alto Molocue, Gurue e Lichinga possuem sistemas de irrigação de médio

porte. Nampula é caracterizada por ter muitos sistemas de irrigação de pequeno

porte, em comparação com os outros distritos.

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Relatório Intermédio 1

4-50

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Figura 4.9.18 Área Equipada com Sistema de Irrigação Existente e em Uso por Distrito

Fonte: DPA de Nampula, Zambézia, Niassa

Figura 4.9.19 Escala dos Sistemas de Irrigação Existentes por Distrito

Fonte: DPA de Nampula, Zambézia, Niassa

(2) Estradas, Ferrovias e Abastecimento de Energia (SS-2, 3)

A situação das estradas, ferrovias e abastecimento de energia encontra-se

explicada no sub-capítulo 3.1.8. Estas infraestruturas sociais são importantes para

formar a cadeia de valor dos produtos agrícolas e para o acesso a mercados,

tornando-se um dos fatores fundamentais de análise do potencial do

desenvolvimento agrícola.

(3) Área Ocupada Pelos Agricultores Locais, Conservação e DUAT (SL-1, 2)

As ocupações por áreas reservadas, área de conservação e áreas com DUAT foram

sobrepostas ao mapa de áreas ocupadas por agricultores locais (sub-capítulo 3.1.7)

como mostra a Figura 4.9.20. A legenda “unknown” indica terras sem indicação de

uso específico no mapa de

DUAT, embora o banco de

dados de DUAT devesse

conter informações sobre o

uso da terra. Em Nampula,

quase toda a área é

ocupada por agricultores

locais e DUATs. Na parte

oeste, de Malema a Sanga,

especialmente nos distritos

de Mandimba, Majune e

Sanga, foi localizado

espaço substancial, não

Figura 4.9.20 Áreas ocupadas por Produtores Locais, Conservações e DUATs

Fonte: Organizada pela Equipe de Estudo da JICA

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4-51

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

ocupado por agricultores locais. Entretanto o potencial para o desenvolvimento de

grande escala será considerado no sub-capítulo 4.9.6 (2) com a sobreposição de

todas as informações relacionadas às limitações mencionadas nos sub-capítulos

4.9.4 e 4.9.5.

(4) Compatibilização Entre Agricultura e Florestas (SL-3)

A Figura 4.9.21 é uma

simplificação do mapa de uso da

terra do sub-capítulo 3.1.7 e

mostra a área de agricultura,

incluindo área de cultivo, agrícola,

silvicultura, pastos, etc., além de

área de florestas e outras. A

DNTF do MINAG definiu a área

de produção florestal no

levantamento de inventário

florestal (AIFM) de 2007. A área

de produção florestal é quase

igual à área classificada como

floresta na Figura 4.9.21. As

áreas elipsoidais na Figura 4.9.21

foram processadas para análise de áreas com potencial para desenvolvimento de

grande escala, como mostra as Figuras 4.9.23 e 24. O distrito de Majune é

relativamente abundante em termos de área com potencial para desenvolvimento de

grande porte. Entretanto, a maior parte destas áreas estão incluídas como área de

produção florestal, definida pela DNTF. Nestas áreas a compatibilização entre

agricultura e floresta deveria ser considerada, do ponto de vista da eficiência

econômica e conservação ambiental.

4.9.6. Potencial para o Desenvolvimento

(1) Desenvolvimento da Irrigação e Promoção de Cultivos de Alto Valor

O distrito de Malema tem um grande potencial de recursos hídricos e para o

desenvolvimento de irrigação, em termos de reabilitação de sistemas existentes,

conforme descrito em 4.9.5 (1). Os cultivos de alto valor, como as hortícolas são

feitos em áreas muito limitadas próximas aos rios na época seca. A estrada primária

que conecta Nampula a Cuamba será pavimentada até 2017. O acesso aos

mercados de Nampula e Nacala será significativamente melhorado com esta

pavimentação. Promover a produção de hortícolas ou outros cultivos de alto valor

por meio de irrigação é uma abordagem efetiva para a parte central da Área do

Potential area for large scale

development Figura 4.9.21 Área Ocupada por Agricultores Locais, Conservação e DUAT

Fonte: Organizado pela Equipe de Estudo da JICA

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Relatório Intermédio 1

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Figura 4.9.22 Desenvolvimento de Irrigação e Promoção de Produção de Horticolas

Fonte: Organizado pela Equipe de Estudo da JICA

Estudo, especialmente no

distrito de Malema. Para o

desenvolvimento da

irrigação de larga escala,

deverão ser considerados

novos desenvolvimentos de

instalações de

armazenamento de água ou

uso de água superficial.

(2) Potencial para Desenvolvimentos de Grande Porte

A Figura 4.9.23 contém todas as condições limitantes mencionadas nos

sub-capítulos 4.9.4 e 4.9.5, e mostra também a área que vai do distrito de Mandimba

até o distrito de Sanga. A área elipsoidal na Figura 4.9.23 mostra que possivelmente,

nestes locais, há condições favoráveis para empreendimentos de grande porte.

Entretanto há que se dar séria atenção à compatibilização entre agricultura e

desenvolvimento florestal, especialmente no caso de dos desenvolvimentos de

grande porte, conforme mencionado no sub-capítulo 4.9.5 (4).

A Figura 4.9.24 mostra áreas

potenciais para desenvolvimentos

de grande porte na parte central da

Área do Estudo. Algumas áreas

potenciais foram encontradas nos

distritos de Malema e Cuamba,

sendo difícil localizar espaços com

potencial na parte leste, conforme

mostra a Figura 4.9.25.

Na parte leste, talvez seja possível

o desenvolvimento de atividades

de pequenas e médias

propriedades, com menos de 1.000

ha, ao invés de empreendimentos

de grande porte. A área de cultivo

itinerante, incluindo pastos e

arbustos, é estimada em 1.785 mil

ha na Área do Estudo, conforme

Figura 4.9.23 Área Potencial para o Desenvolvimento de Empreendimentos de Grande Porte na Região Oeste da Área do Estudo

Fonte: Organizado pela Equipe de Estudo da JICA

Área

potencial

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4-53

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

mostrado na Tabela 3.1.15. O número real da área de cultivo itinerante deve ser

superior ao apresentado na figura, quando se considera a realidade observada na

Área do Estudo. A área potencial para o desenvolvimento de pequenos e médios

estabelecimentos agrícolas poderá ser criado por meio da transformação da atual

área de cultivo itinerante, incluindo a área de pousio, para áreas de cultivo normal.

Ao mesmo tempo, é necessário encorajar os serviços de extensão a promover

práticas de cultivo intensivo por meio de incentivos aos produtores.

Figura 4.9.24 Área Potencial para Desenvolvimentos de Grande Porte na Parte Central da Área do Estudo Fonte: Organizado pela Equipe de Estudo da JICA

Figura 4.9.25 Área Potencial para Desenvolvimentos de Grande Porte na Parte Leste da Área do Estudo Fonte: Organizado pela Equipe de Estudo da JICA

4.9.7. Zoneamento Integrado

(1) Resumo do Processo da Análise

O processo da análise para o zoneamento acima, encontra-se resumido na Tabela

4.9.6.

Tabela 4.9.6 Resumo das Considerações para o Zoneamento

Itens Resultado da análise Limitações da análise (L), Observações (O) &

Desafios (D)

1) Condições Naturais a) Oferta

Aptidão para a cultura

O mapa de aptidão para culturas foi feito apenas para algumas, devido à falta de informações climáticas.

(D) Coletar mais dados climáticos,

especialmente dados de precipitação mensal em vários locais.

Distribuição da produção da cultura por distrito

A distribuição das principais culturas, ex. mandioca, milho, combina com o mapa isotérmico. Isto mostra que os agricultores locais selecionam culturas adequadas adaptadas ao clima através de longas tentativas.

Cada cultura de rendimento também apresenta tendência de distribuição semelhante.

A análise foi quase concluída

(L) Alguns dados coletados do DPA da

província não eram confiáveis. O INE não elaborou estatísticas agrícolas por distrito.

(L) A distribuição de novas culturas, ex. a soja,

não combina com a situação climática.

(D) Checar resultados dos testes de

adaptabilidade feitos pelo IIAM em 2012; a soja pode ser cultivada em vários locais da Área do Estudo,

Área potencial

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Relatório Intermédio 1

4-54

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

1) Condições Naturais b) Limitações

Declividade Subtrair a área com declividade superior a 8%

Quase completo

Uso da Terra Subtrair a área de corpos de água, afloramento rochoso e áreas alagadas

(Área inadequada para cultivos de sequeiro)

(O) Requer outra análise, se considerado o

cultivo de arroz.

Solos Subtrair o solo inadequado para os cultivos

(Área inadequada para cultivos de sequeiro)

(O) Requer outra análise, se considerado o

cultivo de arroz.

(D) É necessário um mapa mais detalhado de

solos, no caso do zoneamento em nível do distrito.

2) Condições Socioeconômicas a) Oferta

Irrigação & recursos hídricos

A zona central tem alto potencial para desenvolvimento de irrigação

(D) Mais informações são necessárias no caso

de zoneamento em nível do distrito.

Estradas, ferrovias Muitas estradas ao redor do Corredor de Nacala serão pavimentadas até 2017

(D) Monitorar a possibilidade de recuperação

da ferrovia entre Cuamba e Lichinga.

Abastecimento de Energia

Coletando informações (L) A empresa de energia não divulga seu

plano de instalação de linhas elétricas.

2) Condições Socioeconômicas b) Limitações

Área ocupada por agricultores locais

Estimar a área ocupada pela população local por número de pessoas e tamanho do estabelecimento agrícola.

A maior parte de Nampula é ocupada por agricultores locais

Quase completo

(O) Atualizar o mapa, no caso de coleta de

dados mais recentes

Conservação & DUAT

Mostrar a área ocupada por área de Conservação e DUAT.

A maior parte de Nampula e Zambézia é ocupada por DUATs

(L) A estimativa dos números da área ocupada

por área de conservação e DUAT é inadequada, pois muitas das áreas de DUAT, definidas por diferentes fontes, estão sobrepostas, e não há uma base de dados integrada de DUAT necessária para verificação.

Compatibilização entre agricultura e florestas

A maior parte da área potencial para o desenvolvimento de grande porte está localizada na área de produção florestal nos distritos de Majune e Sanga. É necessária a compatibilização com a produção florestal.

(D) Diretriz ou norma de escolha entre

desenvolvimento agrícola ou conservação ambiental.

3) Potencial

Desenvolvimento da irrigação e promoção das culturas de alto rendimento

Promover o cultivo de alto rendimento, especialmente de hortícolas com o uso de irrigação em Malema

(D) Elaborar mapa de potencial de irrigação

em nível distrital.

Desenvolvimentos de grande porte

Existem algumas áreas para desenvolvimento de grande porte na área oeste de Malema a Sanga

(L) Estimar um número preciso da área

potencial é difícil, devido à falta de informação integrada sobre a área com DUAT.

(O) A área potencial para desenvolvimentos de

médio porte pode ser encontrada em quase todos os distritos, exceto nos locais com grande densidade populacional, como os distritos de Monapo e Nampula.

Legenda: (L): Limitação da consideração, (O): Observação, (D): Desafio Fonte: Equipe de Estudo da JICA

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Figura 4.9.26 Zoneamento da Área do Estudo

Fonte: Organizado pela Equipe de Estudo da JICA

Os três fatores fundamentais para o zoneamento foram extraídos da Tabela 4.9.6:,

tais como:1) Distribuição da produção agrícola, 2) Desenvolvimento de grande porte,

3) Desenvolvimento de irrigação. Dezesseis distritos na Área do Estudo foram

classificados segundo os 3 fatores fundamentais, conforme mostrado na Tabela

4.9.7.

Tabela 4.9.7 Classificação dos 16 distritos segundo os 3 fatores fundamentais

Fatores fundamentais Zoneamento dos distritos

Distribuição da

produção da cultura

Conforme mostra a Figura 4.9.6.

Alguma culturas de rendimento correspondem quase que completamente

ao zoneamento da Figura 4.9.6, apesar de pequenas discrepâncias.

Desenvolvimento de

grande porte

Existem poucas áreas: Monapo, Muecate, Meconta, Mogovolas, Nampula,

Murrupula, Ribaue, Alto Molocue, Gurue, Lichinga

Existe uma pequena área: Malema, Cuamba

Existem algumas áreas: Mandimba, Ngauma, Majune, Sanga

Desenvolvimento de

irrigação

Alto: Ribaue, Malema, Alto Molocue, Gurue

Médio: Cuamba, Mandimba, Ngauma, Lichinga, Majune, Sanga

Baixo: Monapo, Muecate, Mogovolas, Meconta, Nampula, Murrupula Fonte: Equipe de Estudo da JICA

(1) Zoneamento

A Área do Estudo está

dividida em 6 zonas,

conforme mostra a Figura

4.9.26, com base nas

considerações feitas

anteriormente. As

características de cada zona

são resumidas a seguir:

Zona I: Alta densidade

populacional, incluindo

Monapo, Meconta,

Nampula e Murrupula.

Pouco espaço para novo

desenvolvimento agrícola.

Recomenda-se o cultivo

de culturas de alto rendimento, com valor agregado, por meio do uso da

vantagem da grande acessibilidade a mercados.

Zona II: Área de concentração de mandioca e de castanha de caju, incluindo

Muecate e Mogovolas. Pouco espaço para novo desenvolvimento agrícola.

Recomenda-se a fruticultura em adição aos cultivos de alto rendimento.

Zona III: Zona com alto potencial para desenvolvimento da irrigação, incluindo

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Relatório Intermédio 1

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

Malema e Ribaue. Existe pouco espaço para novo desenvolvimento agrícola na

parte oeste de Malema. Recomenda-se a promoção do cultivo de alto

rendimento como hortícolas com uso de irrigação, em adição aos cultivos de

rendimento já existentes como o algodão e o tabaco, quando a estrada entre

Nampula e Cuamba for pavimentada até 2015.

Zona IV: Concentração da produção de hortícolas de alto rendimento, incluindo Alto

Molocue e Gurue. Pouco espaço para novo desenvolvimento, devido à alta

densidade populacional e as condições de áreas montanhosas. Como a área é

relativamente agraciada com alta precipitação e boas condições de estradas de

acesso, recomenda-se o desenvolvimento de vários cultivos de prática

intensiva.

Zona V: Alto potencial para o desenvolvimento de várias culturas incluindo as

industriais. Uma vez que a Zona localiza-se no ponto de intersecção de norte e

sul, e leste e oeste, de estradas e ferrovia, a área tem potencial para ser um

centro de cadeia de valor de vários produtos agrícolas na Área do Estudo.

Zona VI: Centro de produção de milho, incluindo Mandimba, Ngauma, Lichinga,

Majune e Sanga. Ainda existe espaço para empreendimentos agrícolas de

grande porte em Mandimba, Majune e Sanga. É possível o desenvolvimento de

produção agrícola em grande escala com a produção florestal e a conservação

ambiental, se o espaço não estiver ocupado por DUATs ou pela população local.

As outras características de cada zona são mostradas na Tabela 4.9.8. Presume-se,

assim, que não há vasta área disponível adequada para desenvolvimentos de larga

escala na Área do Estudo, conforme mencionado nos sub-capítulos 3.1.7 e 4.9.5.

Neste relatório, o zoneamento está dividido por unidade distrital, porque as

informações e os dados foram coletados por distrito pelos membros da Equipe de

Estudo da JICA. Entretanto as condições variam dentro de cada distrito. A situação

das áreas de alta altitude no distrito de Gurue, por exemplo, é diferente da área

plana localizada em altitude mais baixa. O distrito de Muecate também apresenta

várias condições diferentes, dependendo da distância da estrada primária. O

zoneamento da Área do Estudo será modificado com a coleta de informações

adicionais.

4.9.8. Considerações Adicionais

(1) Mapa de aptidão de Culturas Conforme Condições Agroclimáticas

Neste relatório, o mapa de aptidão de culturas foi feito apenas para quatro cultivos.

O número de mapas será maior com a coleta de informações adicionais sobre as

condições de cultivo e dados agroclimáticos dos órgãos concernentes.

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Assistência para Elaboração do Plano Director de Desenvolvimento Agrícola do Corredor de Nacala em Moçambique

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.

(2) Zoneamento em Nível Distrital

Conforme mencionado no sub-capítulo 4.9.1, a Lei de Ordenamento Territorial (Lei

nº.19/2007) exige que cada distrito faça seu plano de desenvolvimento com

zoneamento, e alguns distritos na província de Nampula já elaboraram. O mapa de

zoneamento preparado pela Equipe de Estudo será revisado, no futuro, para se

compatibilizar com estes mapas de zoneamento. O estudo do zoneamento em nível

distrital também é necessário, para manter o equilíbrio adequado entre

desenvolvimento e meio ambiente.

Como primeira etapa, é necessário coletar informações sobre a situação atual,

dificuldades e plano futuro do estudo do zoneamento em nível distrital. Como

segunda etapa, propõe-se que o governo central apoie um ou dois distritos na Área

do Estudo para a realização do plano de zoneamento, de forma a acelerar o plano

de zoneamento distrital.

(3) Proposta para o Zoneamento e Medidas Desejáveis para Sua Materialização

As medidas desejáveis para a materialização da proposta no plano de zoneamento

serão propostas na próxima etapa do Estudo.

Page 58: CAPÍTULO 4 ANÁLISE DOS ATUAIS CONSTRANGIMENTOS E …...Feijão nhemba NA NA 0,6 0,4 Feijão boer NA NA NA 0,7 Soja NA 2,9 1,8 0,9 Batata doce 7,1 11,2 3,3 9,1 Batata reno 13

As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são vinculativas ou

refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das estratégias neles descritos.

Tabela 4.9.8 Características de Cada Zona

Zona Distritos Cultura Desenvolvimento da

irrigação Desenvolvimento agrícola Observações

Culturas alimentares Culturas de rendimento

I Monapo,

Meconta,

Nampula,

Murrupula

Composição de

mandioca, milho, Mapira

(sorgo)/Mexoeira e arroz

Feijões (holoco, nhemba

(caupi), boer (guandu))

Castanha de caju,

Amendoim, Gergelim

Algodão

Girassol

Baixo potencial de recursos

hídricos. Recomenda-se

irrigação de pequeno porte

com bomba móvel ao longo

do curso do rio.

Pouco espaço para

desenvolvimento de novos

estabelecimentos agrícolas

Bom acesso aos centros de

Mercado devido à alta densidade

populacional.

II Muecate,

Mogovolas

Mandioca e Mapira

(sorgo)/Mexoeira

Feijões (holoco, nhemba

(caupi), boer (guandu))

Centro de Castanha de Caju

Amendoim, Gergelim,

Algodão

Baixo potencial de recursos

hídricos

Criar espaço para agricultura por

meio da redução do cultivo

itinerante

III Ribaue,

Malema

Composição de milho e

Mapira (sorgo)/Mexoeira

Feijões (nhemba(caupi) e

boer (guandu))

Amendoim

Gergelim, Soja, Algodão,

Tabaco

Alto potencial de recursos

hídricos. Recomenda-se a

promoção culturas de alto

rendimento especialmente

hortícolas.

Criar espaço para agricultura por

meio da redução do cultivo

itinerante.

Existe algum espaço para o

desenvolvimento de novas áreas

agrícolas

IV Alto

Molocue,

Gurue

Composição de milho e

mandioca

Feijões (comum, boer

(guandu) e nhemba

(caupi))

Hortícolas

Batata reno

Soja

- Idem - Criar espaço para agricultura por

meio da redução do cultivo

itinerante

Gurue tem duas áreas com

condições diferentes, uma

montanhosa e a outra plana.

V Cuamba Milho, Mapira

(sorgo)/Mexoeira e arroz

Feijões (comum, boer

(guandu))

Tabaco, Algodão

Soja

Médio potencial de recursos

hídricos

Criar espaço para agricultura por

meio da redução do cultivo

itinerante

Bom acesso a várias áreas

localizadas na intersecção entre

norte e sul, e leste e oeste

IV Mandimba,

Ngauma,

Lichinga,

Majune,

Sanga

Milho e batata doce

Feijões (comum)

Hortícolas

Batata reno

Médio potencial de recursos

hídricos

Criar espaço para agricultura por

meio da redução do cultivo

itinerante.

Ainda há espaço potencial para

agricultura de ampla escala em

Majune e Sanga.

Pouco espaço para o

desenvolvimento de

estabelecimentos agrícolas em

Lichinga.

É necessário monitorar a

possibilidade de Recuperação da

ferrovia entre Cuamba e

Lichinga.

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As opiniões e conclusões que integram esses documentos foram para fins de estudo e não são

vinculativas ou refletindo a posição das instituições coordenadoras, nem a implementação das

estratégias neles descritos.