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MEGAPRO CENTRAL MEGAPRO DE PRODUÇÕES CAP. 06 “Este texto é de propriedade intelectual exclusiva do MEGAPRO e seu autor, podendo conter informações confidenciais. Não poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer forma e por qualquer meio, sem o prévio e expresso consentimento dos mesmos. No caso de violação do sigilo, a parte infratora estará sujeita às penalidades previstas em lei e/ou contrato.” Novela de WESLLEY VITORITTI Escrita por WESLLEY VITORITTI Direção Geral JOÃO CARVALHO Direção Artística LUCAS LUCIANO CAPÍTULO DE HOJE RETALIAÇÃO

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MEGAPRO

CENTRAL MEGAPRO DE PRODUÇÕES CAP. 06

“Este texto é de propriedade intelectual exclusiva do MEGAPRO e seu autor, podendo conter informações confidenciais. Não poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer forma e por qualquer meio, sem o prévio e expresso consentimento dos mesmos. No caso de violação do sigilo, a parte infratora estará sujeita às penalidades previstas em lei e/ou contrato.”

Novela de

WESLLEY VITORITTI

Escrita por

WESLLEY VITORITTI

Direção Geral

JOÃO CARVALHO

Direção Artística

LUCAS LUCIANO

♦ CAPÍTULO DE HOJE ♦

RETALIAÇÃO

1

FLASHFORWARD

BETINA – (V.O) Toda ação gera uma reação. Às vezes, a impulsividade nos faz agir de forma

impensada, de modo que nunca agiríamos.

CENA 01. COMPILAÇÃO DE CENAS. INT. NOITE

1. MANSÃO MATOZZO. CORREDOR

SLOW MOTION. A cena se abre em Betina, vestida por uma linda camisola vermelha, correndo

por ali, desesperada, em meio a grossas lágrimas. O medo dela é evidente.

2. MANSÃO MATOZZO. SALA

BETINA – (V.O) As ações geram consequências, mas nem sempre quem as provocou é que será

atingido...

Betina a descer a escada apressada, desesperada.

CORTA IMEDIATAMENTE PARA:

3. MANSÃO MATOZZO. SALA DE ESTAR

BETINA – (V.O) E sim as pessoas que mais amamos.

O saco é retirado da cabeça de Gustavo, completamente apagado. Sem sinais de vida. O corpo

cai no sofá. FADE TO BLACK

FIM DO FLASHFORWARD

FADE IN

CENA 02. HIPERMERCADO. PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO. INT. DIA

Continuação não imediata da última cena do capítulo anterior. Luísa vai para levantar, ainda

sem acreditar, mas Marcos segura em sua mão.

MARCOS – Pera, me escuta.

LUÍSA – Eu não quero ouvir mais nada.

MARCOS – Você não pode deixar que a assassina do seu pai continue usufruindo do que ele

construiu a vida toda.

LUÍSA – (POR CIMA) Vida essa que você fez questão de acabar.

MARCOS – Mas eu paguei. Durante 12 anos.

2

LUÍSA – E esses 12 anos não modificaram nada. (OLHOS MAREJADOS/P) Meu pai continua

morto, enquanto você tá aqui, na minha frente. Podendo viver, sair, conhecer outras pessoas...

Luísa na eminencia de um choro, olhos marejados, mas logo se recompõe. Finge força.

LUÍSA – (RÍSPIDA) Eu não quero ouvir mais nada que venha de você. Se era só isso, com licença.

Luísa levanta-se e vai saindo. Em Marcos, bufando.

CORTA IMEDIATAMENTE PARA:

CENA 03. HIPERMERCADO. BANHEIRO FEMININO. INT. DIA

Luísa entra apressada. Para diante do espelho. Desaba de vez em um choro compulsivo. Tempo.

Marcos adentra.

LUÍSA – O que você tá fazendo aqui? (EXPLODE) VAI PRO INFERNO! Me deixa em paz! Sai

daqui!

MARCOS – (SE APROXIMANDO) Me escuta. Eu não terminei de dizer o que eu queria.

LUÍSA – (SAINDO) Eu vou chamar a segurança!

Marcos a intercepta e eles ficam cara a cara. Olham-se nos olhos.

MARCOS – Tudo bem, eu vou sair. Calma, tá bom? (SERENO) Calma... Calma, isso. Posso falar?

Eu não quero e não vou te fazer mal. Eu tou aqui pra te ajudar, do seu lado. Será que você pode

tentar me ouvir?

Neles.

CENA 04. HOSPITAL SÃO F. DE ASSIS. SALA DE WESLEI. INT. DIA

Continuação imediata da cena 37 do capítulo anterior. Mateus a segurar Weslei pelo braço,

transtornado.

WESLEI – (SE SOLTANDO) Eu disse pra você me soltar.

MATEUS – Eu quero saber onde você passou a noite!

WESLEI – E se eu disser que não interessa? Que você não tem nada a ver com isso?

MATEUS – Eu sou seu namo/

WESLEI – (CORTA) O fato de você ser meu namorado não te dá o direito de você vim até o meu

trabalho e me interpelar como você tá fazendo. Me pegando pelo braço como se eu tivesse

cometido um crime, como seu eu fosse um moleque, devesse satisfações a você.

3

MATEUS – (RI) E não deve?

WESLEI – (APROXIMA-SE DE MATEUS) NÃO! EU não te devo!

MATEUS – Ah, tá bom...

Mateus caminha por ali, inquieto. Senta-se.

WESLEI – Eu passei a noite no hospital. Sentado em uma cadeira desconfortá/

Weslei é cortado por altíssimas gargalhadas de Mateus, incrédulo. Debochando.

MATEUS – (CONTENDO-SE) Você ainda vai insistir nessa pataquáda? É isso?

WESLEI – Você quer saber, não quer? (TOM) Vai deixar eu contar? Sim, porque se você for ficar

nesse tom, nesse deboche, é melhor eu parar por aqui mesmo.

Mateus ergue os braços, como se dissesse “Tô esperando”.

CENA 05. CASA DE MARINA E LUCAS. SALA. INT. DIA

Continuação imediata da cena 36 do capítulo anterior. Marina diante de Dinorá, na porta.

MARINA – Eu não devo satisfações a você.

DINORÁ – Será que cê não vê que o seu filho sofre? Ele não vai à praça, Marina. Você não deixa.

Vocês só ficam dentro dessa casa, trancados. Parece que você quer se isolar do mundo, se

enterrar em vida, sei lá, mulher.

MARINA – (T) Ir a praça? Por que eu devo ir à praça com o Fábio? Pra ele vê as outras crianças

fazendo o que ele não pode? Já basta na escola.

DINORÁ – Ele não é um vegetal, Marina. Para um pouco, reflete. Você não vê que ele pode se

tornar autossuficiente, independente, mesmo com todo e qualquer tipo de limitação?

Sinceramente, até parece que você não quer que ele se/

MARINA – (POR CIMA) Para de se meter na minha vida e da minha família. Vai cuidar da sua!

DINORÁ – Se você continuar maltratando o Fabinho desse jeito, eu vou ter que conversar com o

Lucas.

MARINA – (IRRITADA) Então conta! Mas enquanto você cuida da minha família, você esquece

da sua. O filho é meu, eu crio e trato como eu quiser.

DINORÁ – Olha aqui/

Marina bate com a porta na cara de Dinorá. Em Marina.

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CENA 06. HOSPITAL SÃO F. DE ASSIS. SALA DE WESLEI. INT. DIA

Weslei senta-se em sua cadeira, diante de Mateus.

MATEUS – Você quer que eu acredite nisso? Que você saiu daqui ontem, estava indo pra casa

de táxi e que, no trajeto, aconteceu um acidente. Humm... Aí, você socorreu a vítima, a

acompanhou até o hospital e que acabou dormindo numa cadeira enquanto esperava mais

informações, é isso?

WESLEI – Você esqueceu do celular descarregado.

MATEUS – (LEVANTA-SE, CAMINHA) Ah, claro. Muito conveniente numa situação dessas.

WESLEI – Esse seu ciúme me cansa, sabia?

MATEUS – (APOIA NA MESA, ENCARA WESLEI) Ah, te cansa? Sério?

WESLEI – Eu nunca te dei motivos pra ser assim.

Tempo.

MATEUS – Sabe o que cansa? Cansa você vê que o que é importante pra você não é pra quem

você ama. Cansa você ser trocado por um indigente a qualquer momento.

WESLEI – Eu estava fazendo o meu trabalho, caramba! Será que não dá pra você entender?

MATEUS – (POR CIMA) Era seu trabalho dormir lá?! Seu trabalho é aqui, nesse hospital!

WESLEI – Eu sei que eu errei, te peço descul/

MATEUS – Desculpas? Eu cheguei atrasado no evento por sua causa! Tive que aguentar a maior

encheção de saco do meu pai, mas pra você um simples pedido desculpas resolve, não é?

WESLEI – Vai querer que eu me ajoelhe e te peça perdão?

MATEUS – Eu não quero mais nada! Faça o que você quiser!

Mateus sai, furioso. Em Weslei.

CENA 06 HIPERMERCADO. PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO. INT. DIA

Luísa diante de Marcos.

LUÍSA – Eu não vou me unir ao cara que assassinou o meu pai.

MARCOS – Por mais absurdo que possa parecer, é o mais sensato. É o que você deve fazer!

Aquela maldita acabou com a minha, com a sua vida. Com a de muita gente. (P) E nós, eu e você,

juntos, podemos fazer ela ter o que merece.

Luísa encara Marcos, tempo.

5

MARCOS – Que foi?

LUÍSA – Como você pôde ter feito o que fez por grana, cara? Grana!

MARCOS – Você não sabe o que eu passei. O que é ser pobre.

LUÍSA – Cê também não sabe o que eu passei após a morte do meu pai. Pobreza e necessidade

não definem caráter. Esse teu discurso de vítima não me comove. Você só teve o que mereceu.

E ainda foi pouco!

MARCOS – (T) Eu paguei pelo meu crime. Tô limpo na justiça. Se o inferno existe, ele é aqui e

dentro de um presídio. (REFLETE) Acho que é melhor você ficar sozinha, por enquanto. Tentando

digerir tudo que eu te falei, que te propus.

Ele retira um papel do bolso de sua camisa e coloca em cima da mesa.

MARCOS – Tá aí meu número. (P) Pensa.

CLOSES ALTERNADOS. Olhos nos olhos. Marcos retira-se. Nela.

CENA 07. PRESÍDIO. CELA. INT. DIA

Bento ao celular. Presos dispersos por ali, em segundo plano. Conversa já a meio.

BENTO – (FELIZ) Isso! Isso mesmo! O meu alvará saiu, Diana! Pode levar uns dois dias pra ele

chegar aqui pra eu assinar, mas, assim que eu assinar, eu to livre. Livre disso!

INTERCALA COM:

CENA 08. PENSÃO. COZINHA. INT. DIA

Dinorá a bater um bolo, com o celular apoiado no ombro. Cici a sua frente.

DIANA – (INCRÉDULA, FELIZ) Sério, Bento? Graças a Deus, Bento. Graças a Deus! Finalmente

esse inferno vai acabar.

D. CICI – (BAIXINHO) O que foi, filha?

DIANA – O Bento, mãe. Vai sair.

Nesse momento Stephanie chega e já vai questionando:

STEPHANIE – Como é? Aquele bandido vai sair da cadeia?

D. CICI – Não fala assim do seu pai, filha!

STEPHANIE – Não é à toa que esse país tá como tá. Vive soltando bandido.

6

Diana fuzila Stephanie. Ela pega uma maçã e sai.

DIANA – (AO CEL.) Não liga pro que ela disse, Bento. (T) Bento, olha, Bento... (LARGANDO O

CELULAR) Desligou. Ele ouviu o que a Stephanie disse.

D. CICI – Essa menina tá precisando é de uma boa surra, isso sim.

CENA 09. PRESÍDIO. CELA. INT. DIA

Em Bento, triste. Ele joga o celular por ali.

CENA 10. RESTAURANTE. INT. DIA

Movimento comum ao ambiente. Lotado. Em uma das mesas estão Túlio e Taísa, almoçando.

TAÍSA – Você não tinha que ficar provocando o Mateus ontem. Ele já tava uma pilha e com suas

provo/

TÚLIO – Nem o Weslei suporta ele, Taísa. Tanto que furou.

TAÍSA – Mas você foi inconveniente. Nós somos amigos do Weslei e, por enquanto, ele ainda

está com o Mateus.

TÚLIO – (RESSALTA) POR ENQUANTO! Por causa do Mateus, porque se dependesse do

Weslei...

TAÍSA – Faz um esforço. Tenta conviver melhor. Weslei é nosso padrinho de casamento.

TÚLIO – Será que ninguém vê que esse cara é um mau-caráter?

TAÍSA – Cê tá fazendo juízo de caráter, Túlio.

TÚLIO – Mas eu sei que tou certo. Ele não me engana. E um dia cê vai ver que eu to com a razão.

TAÍSA – Ah, tá bom... (LEMBRA-SE) Ah, por falar em casamento... Hoje à tarde eu vou fazer uns

ajustes no vestido.

TÚLIO – (SE GABANDO) Eu sou o noivo mais sortudo do mundo. Vou casar com a mulher mais

linda desse universo! Da galáxia! Agora me dá um beijinho aqui, vai.

TAÍSA – Ah, não, amor... Eu tô comendo.

TÚLIO – Ah, sim... (T) Tô esperando.

Sem jeito, Túlio curva-se sobre a mesa e a beija.

TAÍSA – (RI) Bobo.

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Ele vai sentar, mas acaba derrubando a bebida de seu copo.

TÚLIO – Ah, nossa. (FAZENDO SINAL P/ UM GARÇOM) Amigão!

TAÍSA – Cê é um desastrado mesmo, hein? Se os nossos filhos puxarem pra você...

Em Túlio, incomodado, se mostra desinteressado no assunto. Em Taísa, entusiasmada, a

tagarelar.

CENA 11. CASA DE JEDSON. EXT. DIA

Marcos ao telefone, vai tentando abrir a porta. Ele seleciona uma chave de forma aleatória em um

molho de chaves.

MARCOS – (AO CEL.) Sim, ela reagiu como a gente esperava, mano. (T) Não, não. Relaxa. Vai

dar tudo certo, cara. (NÃO CONSEGUE ABRIR A PORTA) Ah, droga. (P) Não, mais tarde eu

chego aí. Falou.

Desliga. Ele tenta, tenta...

MARCOS – Droga!

Ele troca a chave, a porta abre. Vibra.

CENA 12. CASA DE JEDSON. SALA. INT. DIA

Marcos entra, vai trancando a porta.

BETINA – (V.O) Apêzinho legal.

Marcos vira-se, sobressaltado. Diante dele, Betina.

MARCOS – (SURPRESO) O que você tá fazendo aqui?

BETINA – Eu?

CLOSES ALTERNADOS. Nela, cínica.

ABERTURA AQUI!

CENA 13. CASA DE JEDSON. SALA. INT. DIA

Continuação imediata da cena anterior. Marcos ainda paralisado, visivelmente incomodado.

BETINA – Eu só vim conversar.

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MARCOS – (ABRE A PORTA) Vai embora.

BETINA – Credo! Você já foi mais gentil comigo, sabia? (PEGA UM RETRATO DE JEDSON) É

esse aquele menininho fo/

MARCOS – O mesmo que você ameaçou matar.

BETINA – (SARCÁSTICA) Ah, sem ressentimentos. (REPARA) Ficou bonito, não mais que o tio.

Marcos bate a porta e vai como uma águia até Betina.

MARCOS – (TOMANDO O PORTA RETRATO) Me dá isso daqui. Você não ouse chegar perto do

meu primo, entendeu? (TOM) ENTENDEU?

Betina se joga sobre ele.

BETINA – (SE INSINUANDO) Sabe, eu senti saudades suas.

MARCOS – Sai da/

BETINA – Você ainda me ama, não é?

MARCOS – (CONVICTO) ÓDIO! É isso que eu sinto por você.

BETINA – Tem certeza? Mesmo?

Nisso, Betina beija Marcos de surpresa e ele corresponde, vai cedendo. Caem no sofá.

CENA 14. MATOZZO & ASSOCIADOS. SALA DE OLAVO. INT. DIA

Olavo em uma chamada de vídeo com CAMILA (23 anos, loira, branca, linda, roupas descoladas,

imagem do museu do Louvre ao fundo).

OLAVO – (EXALTADO) Não tem conversa! Eu te mando pra Londres, pra estudar, e você vai

parar na França, Camila?

CAMILA – Ah, pai. Deixa de ser careta. Eu só faltei uns diazinhos.

OLAVO – Dias? Dias, Camila? Já tem mais de um mês que/

RAMON – (ENTRANDO) Olavo, já tá... (PERCEBE QUE INTERROMPEU) Desculpa.

Ramon vai para sair, mas...

OLAVO – (A RAMON) O que foi?

RAMON – Já está na hora da reunião.

OLAVO – Já tou indo.

Ramon sai.

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OLAVO – (A CAMILA) E você, mocinha, arrume suas malas. Eu te quero de vo/...

Camila finaliza a chamada de vídeo.

OLAVO – (TOM) Vamos ver se você não volta.

CENA 15. CASA DE JEDSON. SALA. INT. DIA

Betina sobre Marcos, o beijando, muito fogo da parte dela, Marcos relutando.

BETINA – Eu sabia que você queria, que ainda me amava.

MARCOS – Eu quero que você morra.

BETINA – Então, vem me matar, vem! Vem me matar de prazer!

Ela começa a retirar sua blusa enquanto beija Marcos, que começa a sorrir, gargalhar,

descontroladamente. Ela para.

BETINA – (SEM ENTENDER) Do que você tá rindo?

MARCOS – (CONTROLANDO O RISO) “Vem me matar de prazer”, pareceu frase de

pornochanchada. (A EMPURRA) Você é patética!

Marcos levanta-se. Betina fica ali no sofá, subjugada.

MARCOS – Cê achou mesmo que eu tava caindo nesse seu joguinho de sedução?

BETINA – Marcos, olha, eu te quero! Eu tava com/

MARCOS – (A ERGUENDO) Eu não sou mais o otário que você pensa. A única coisa que eu

quero é acabar com você!

Betina derruba sua “máscara”.

BETINA – E cê acha mesmo que vai conseguir me derrubar?

MARCOS – Essa sua ação aqui mostra o quanto cê tá desesperada. Você ainda não viu nada.

BETINA – Vai dizer que você não sentiu nada enquanto eu te beijava? Que você não quer, de

novo?

Ela vai para beijá-lo, mas ele cospe no chão.

MARCOS – (COM ASCO) Senti. Repulsa. Você é um lixo humano. (T) Dessa vez o teu joguinho

de manipulação e sedução não vai funcionar. Saia daqui agora mesmo.

Encaram-se. Tensão vai aumentando. O ódio entre eles é evidente.

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CENA 16. RUA. EXT. DIA

Betina sai da casa de Jedson. Marcos bate a porta. Betina caminha até seu carro que está

estacionado por ali. Entra, fica a pensar.

BETINA – Desgraçado! (BATE CONTRA O VOLANTE) Desgraçado!

Ela pega seu celular na bolsa. Disca.

BETINA – (CONSIGO MESMA) Eu quis ser generosa, eu fui generosa. Ninguém pode dizer que

eu sou um monstro, sem al/... ((CORTA-SE/ AO CEL.) Alô, Clóvis? Acaba com ele!

Em Betina, com sangue nos olhos. FADE OUT

FADE IN

CENA 17. VILA SÃO MANOEL. EXT. DIA

SONOPLASTIA: Sou Mais Eu – Gabi Amarantos

Em duas malas cor de rosa com a bandeira do Pará estampada, em ambas. CAM SUBJETIVA,

em dois pares de pés calçados por sapatos de saltos altíssimos, poderosíssimos. Todos que

passam ficam boquiabertos.

Aos poucos a imagem vai subindo. Em SLOW MOTION, revela-se ZAIRA (30 anos, ruiva, cabelos

curtos, magra, roupas curtas) e INGRID (29 anos, baixa, magra, cabelos negros, roupas

estampadas, porém tão sensuais quanto as de Ingrid), ambas de “óclão” na cara, “divas”, a

desfilarem, no melhor estilo Gisele Buchermen.

NARDONI – (APARECE NA PORTA DO BAR) Vem vê só quem voltou, Higor!

Higor vem correndo até a porta, fica hipnotizado. As meninas vão passando em frente ao bar.

NARDONI – E aí, meninas, como que foi lá no Pará? Deu pra matar a saudade da terrinha?

INGRID – Foi pai d´égua!

ZAIRA – Só num foi melhor por causa dos carapanã! Té doido, tem mais carapanã que gente lá

em Belém!

INGRID – Nem fala, mana. Mas diga, maninho, e as fofoca?!

NARDONI – E eu lá sei de fofoca? Tá me estranhando, Ingrind?

INGRID – (IRÔNICA) Hum... Tá, cheroso!

ZAIRA – Vamo, mana? Eu to é morta!

Voltam a caminhar.

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HIGOR – (TRISTE) Minha “cumbuquinha” nem falou comigo, seu Nardoni.

NARDONI – Também quem mandou meter gaia na menina com a vila toda?

HIGOR – Era pro senhor me apoiar e não me criticar, sabia?

Higor e Nardoni ficam a debater, Higor ressentido. Sonoplastia cessa.

CENA 18. PENSÃO. INT. DIA

Zaira e Ingrid adentram com suas malas.

INGRID – Tu viste, mana, Higor? Meu coração chega ficou num fole só. (COLOCANDO A MÃO

DA AMIGA EM SEU PEITO) Olhe!

ZAIRA – Égua, mana! Te atenha! Tu foste corna pra vila toda e ainda fica nessa por causa do

bofe? Eu hein.

INGRID – Mas é que eu sou romântica.

ZAIRA – Tu és lesa, isso sim!

Stephanie, toda produzida, vulgar, cabelo só o kolene, vem descendo a escada.

STEPHANIE – (BUFA) AFF! As indígenas sem-terra chegaram da selva.

INGRID – Dá selva e doida pra dar com meu cipó na tua cara, entojada!

Ingrid parte pra cima de Stephanie, mas Zaira a segura. Começa um bate boca entre elas. Vitorina,

Cici e Diana aparecem.

VITORINA – Mas que confu... (AO VÊ AS MENINAS) Tá explicando. Onde essas duas chegam

tem confusão!

D. CICI – Meninas, que bom que vocês voltaram.

ZAIRA – (A INGRID) Égua, e cadiquê a gente não ia voltar, né, mana?

Todos se cumprimentam. Stephanie sai sem ser percebida.

CENA 19. CASA DE LUCAS E MARINA. QUARTO DE FABINHO. INT. DIA

Marina entrega um prato de biscoitos e um copo de leite para Fabinho.

FABINHO – Esse vai ser meu almoço, mãe?

MARINA – (IMPACIENTE) Come isso daí e não reclama. Hoje eu não to legal, tá bom? Parece

que hoje todo mundo tirou o dia pra me torrar a minha paciência por tua causa!

12

FABINHO – Minha? Mas eu não fiz nada.

Marina encara o filho, Fabinho com um olhar penoso, frágil.

MARINA – Essa tua cara, esse teu olhar, me irrita, sabia?

FABINHO – Mais tarde a Manu e a Sara vão vim brincar comigo. A senhora deixa elas me levarem

na praça?

MARINA – Não!

FABINHO – Mas, por quê?

MARINA – Porque eu não quero!

FABINHO – A gente só vai brincar, mãe.

MARINA – Você é um aleijado, um deficiente. Será que você não vê que os outros meninos vão

zombar de você, fazer pouco?

FABINHO – Mas/

MARINA – (CORTA) Não!

Em Fabinho, triste.

CENA 20. SÃO PAULO. EXT. DIA

Tomada rápida de São Paulo. Fluxo.

CENA 21. PRÉDIO DO ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA DE LAURO. HALL. INT. DIA

Stephanie adentra o ambiente. Fica admirada com todo luxo do local e das pessoas bem vestidas

que transitam por ali, elegantes. Ela repara suas roupas, sente-se deslocada. Caminha até a

recepcionista.

RECEPCIONISTA – Pois não.

STEPHANIE – Eu vim pra entrevista de emprego do escritório de advocacia do doutor Lauro

Godoy.

A recepcionista olha de forma crítica para as vestimentas de Stephanie.

STEPHANIE – Gostou, foi?

RECEPCIONISTA – Não, não...

STEPHANIE – Só pode. E aí, qual é o andar? Vai dizer ou não?

13

CORTA IMEDIATAMENTE PARA:

CENA 22. ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA. RECEPÇÃO. INT. DIA

Na porta do elevador se abrindo, Stephanie já salta e vai em direção a secretária, que chamaremos

de Sílvia.

SÍLVIA – Boa tarde.

STEPHANIE – Boa tarde. Eu vim para a entrevista de emprego!

SÍLVIA – (REPARA NAS ROUPAS) Ah, claro. Vem comigo que eu vou te levar até a área do RH,

por aqui.

Sílvia levanta-se.

LAURO – (O.S) Sílvia, por favor...

Stephanie se vira e esbarra em Lauro. Stephanie quase cai, mas ele a ampara.

LAURO – Tá tudo bem?

Nela, encantada.

CENA 23. MATOZZO & ASSOCIADOS. SALA DE REUNIÕES. INT. DIA

Ramon e Olavo a conversarem enquanto outros sócios retiram-se.

OLAVO – Isso é inadmissível!

RAMON – Nós precisamos tirar ela da presidência, Olavo.

OLAVO – Isso é impossível. Ela é detentora de 60% da mineradora. É a sócia majoritária.

RAMON – Eu e você, juntos, temos 30% das ações, os outros sócios 10%. Somados, nós

podemos provocar barreiras e obrigar ela abrir mão da presidência. Fecha comigo?

Otávio pensa por um instante, mas logo aperta a mão de Ramon, selando o acordo. Ramon vibra.

CENA 24. ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA. RECEPÇÃO. INT. DIA

Stephanie se recompondo diante de Lauro, fazendo a recatada.

STEPHANIE – (MEIGA) Tá. Tá tudo bem, sim. Desculpa o esbarrão. É que/

LAURO – Imagina. Eu que tenho que pedir desculpas. Bom, (A SÍLVIA) Sílvia, por favor, liga agora

pro João Carvalho Netto e transfira para a minha sala, ok?

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SÍLVIA – Sim, senhor.

LAURO – E não esquece de enviar a cópia daquele contrato para o jurídico da emissora, ok?

SÍLVIA – Sim, senhor.

LAURO – Obrigado! (A STEPHANIE) Com licença.

Ela observa Lauro sair. Sílvia disca no telefone. Stephanie volta-se para ela.

STEPHANIE – (ENTUSIASMADA) Quem é esse gato, amiga?!

SÍLVIA – Dr. Lauro. Dono disso tudo aqui. Gato, né? Pena que é casado. (AO TEL.) Alô?

Stephanie caminha por ali, pensativa.

STEPHANIE – Dr. Lauro... Rico, bonito... É de um homem desses que eu preciso.

Nela, ambiciosa.

CENA 25. HOSPITAL PÚBLICO. INT. DIA

Jedson deitado em uma maca a olhar para o teto, tediado.

INSERIR FLASHBACK: O carro está muito, muito próximo. No impulso, Jordana empurra Jedson

para longe, que cai.

O carro acerta Jordana em cheio, que rola por cima do veículo e caí no chão, diante dos olhos de

Jedson e Marcos, impactados, desesperados.

JEDSON – (Ecoa) Mãeeeeee!!!!!

O carro segue. Jedson em choque. FADE OUT

VOLTA AO TEMPO PRESENTE.

Jedson vira-se para o outro lado da cama.

JEDSON – (V.O) Denuncia ela. Simples.

MARCOS – (V.O) Isso é pouco! Eu quero mais. Eu quero justiça!

JEDSON – (V.O) Não! Você não quer justiça! Você quer vingança! E se você acha que, contando

isso pra mim, eu vou compactuar com o que tu quer fazer... Perdeu teu tempo!

Em Jedson, frágil, quase aos prantos.

CENA 26. SÃO PAULO. EXT. DIA

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Stocks-shots de São Paulo. Um clipe bonito, porém, denso, da grande metrópole. Mostrando a

sua beleza em meio ao caos. As horas passam. ANOITECE.

CENA 27. CASA DE JEDSON. QUARTO. INT. NOITE

Marcos está dormindo, quando ele acorda de sobressalto ao ouvir um barulho de algo caindo que

vem de outro ambiente. Tensão.

CENA 28. CASA DE JEDSON. CORREDOR. INT. NOITE

Marcos caminha por ali, sorrateiro, atento a tudo. De repente, um homem alto e forte surge por

trás dele e lhe dá uma chave de braço, o sufocando.

HOMEM – Tu vai morrer, parcero! Tu vai morrer!

Tensão. Em Marcos, debatendo-se. O homem a apertar cada vez mais a chave de braço.

CENA 29. PRAÇA. EXT. NOITE

D. Cici senta no banco da praça, perplexa. Luísa diante dela.

D. CICI – Então, quer dizer que/...

LUÍSA – (COM ÓDIO) Foi ela! Foi aquela maldita desgraçada que começou tudo, ela que planejou

tudo! ELA É A MANDANTE!

D. CICI – Mas por que ele não entregou ela? Isso que eu não consi/

LUÍSA – (POR CIMA) Porque ele não podia. A vadia ameaçou um parente dele, uma criança.

D. CICI – (LEVA A MÃO A BOCA) Essa mulher é um monstro! Meu Deus... Mas o que ele quer

com você, te dizendo tudo isso?

LUÍSA – Ele me propôs uma aliança pra acabar com ela.

D. Cici levanta-se de sobressalto e gruda nas mãos de Luísa.

D.CICI – (AMEDRONTADA) Não aceita, filha.

LUÍSA – A senhora acha que ela não tem que pagar?

D. CICI – Ela vai pagar, mas não é você que tem que fazer isso. Entrega nas mãos de Deus, filha.

Essa mulher é capaz de tudo!

LUÍSA – Eu não sei/

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D. CICI – Fica longe desse homem. Ele não é uma boa pessoa. Ele pode acabar com você, com

a sua vida, filha... Como acabou com a do seu pai! Fica longe dele.

CLOSES ALTERNADOS. Em Luísa, pensativa.

CENA 30. CASA DE JEDSON. SALA. INT. NOITE

Marcos vem cambaleando do corredor com o homem ainda lhe dando uma chave de braço, reluta.

Marcos se joga contra a parede e o homem afrouxa, Marcos se solta e cai no chão.

HOMEM – Filho da puta!

Ele chuta Marcos com muita fúria, Marcos rasteja pelo chão.

HOMEM – Onde tu pensa que vai?

O homem chuta Marcos mais uma vez, senta sobre ele, volta a estrangulá-lo.

MARCOS – (COM DIFICULDADE) Foi ela que te mandou, não foi?

HOMEM – Cala a boca!

Marcos tenta se soltar, até que vê a sua frente o criado-mudo com o abajur em cima, ele derruba

o criado-mudo e pega o abajur. Acerta no rosto do capanga.

HOMEM – (GRITANDO/ COM AS MÃOS NO ROSTO) Desgraçado!

Marcos se desvencilha e sai cambaleando para a cozinha.

CENA 31. CASA DE JEDSON. COZINHA. INT.

Marcos entra correndo, procura algo para se defender. O homem já entra em seguida e Marcos

lhe dá um soco, o homem revida. Marcos corre até a pia, pega uma faca e, sem pensar, crava a

mesma no homem.

MARCOS – (FRIO) Morre, infeliz!

O homem leva a mão a barriga, olha para Marcos, em choque. Cai no chão. Morto.

MARCOS – (COM ÓDIO) Vaca!

Na faca pingando sangue. CLOSE UP no olhar frio de Marcos. FADE OUT

FADE IN

CENA 32. DESCAMPADO. EXT. NOITE

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Local iluminado apenas pelos faróis do carro. O corpo do homem que tentou matar Marcos é

jogado em uma cova rasa por Marcos e Jardel.

MARCOS – Foi ela, Jardel.

JARDEL – O que tu vai fazer agora, mano?

MARCOS – A gente vai mostrar pra ela quem é que manda.

CLOSES ALTERNADOS. Em Marcos, que pega uma pá e começa a fechar a cova.

CENA 33. SHOPPING. INT. NOITE

Wanda e Vera a passearem pelo local. Conversa já iniciada.

WANDA – A Irina é tão prepotente, gananciosa... Só pensa em status sociais.

VERA – Não sei como você consegue viver com ela. Eu não, sou do povão! Vim lá da Zona Leste.

Status pra mim é só de alegria e os das redes sociais.

Sentam-se em um banco.

WANDA – Sabe, às vezes, me preocupa a forma que ela pressiona o Weslei. Colocando

expectativas, querendo impor o querer dela... E o pior é que ele também tem que aguentar as

pressões do Mateus.

Vera fica meio incomodada, Wanda percebe.

WANDA – Desculpa, amiga. Eu sei que é seu filho, mas.../

VERA – Não precisa pedir desculpas, Wanda. Eu sei e conheço o filho que tenho.

CENA 34. MANSÃO DOS AGNELLI DE BRAGANÇA. ESCRITÓRIO. INT. NOITE

Em Mateus, nervoso, diante de Irina.

MATEUS – (TOM) Eu não sei mais, entendeu? Se o Weslei acha que eu acreditei nesse papinho

dele/

IRINA – (POR CIMA) E por que ele iria mentir pra você?

MATEUS – Traição!

IRINA – Quê? Ele nunca faria isso. Ele é tão certinho, Mateus. Até parece que você não conhece

o Weslei. Traição, imagina... Controla seu ciúme, rapaz. Meu filho te ama!

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MATEUS – Me ama tanto que recusa todos os pedidos de casamento que eu faço. E agora deu

pra sumir uma noite toda, me faz de palhaço e, no dia seguinte, vem com uma desculpinha fajuta.

É sério que ele me ama, Irina? Você acredita? Se você acredita, eu não.

IRINA – (TENSA) Você vai terminar com ele? É isso? Mateus, não/

MATEUS – (POR CIMA/DECIDIDO) Não. Eu não vou terminar. Eu amo o seu filho! Amo! E não

vai ser um qualquer que vai chegar do dia pra noite e acabar com a nossa história, não vai. Eu

não aceito!

Irina abraça Mateus, o afaga, e em seguida o olha firme.

IRINA – É isso mesmo. Você tá certo. Eu estou do seu lado, meu querido. Eu vou te ajudar. Além

de você, não tem ninguém que mais queira esse casamento que eu.

Mateus segura nas mãos dela.

MATEUS – Então me ajuda. Me ajuda a fazer o Weslei se casar comigo. (SUPLICANDO) Por

favor.

IRINA – Eu já tenho um plano, mas você tem que ser corajoso, Mateus. (RETICENTE) É arriscado.

Mas deve dá certo.

MATEUS – (FIRME) Fala só o que eu tenho que fazer. Só isso. Eu topo!

Em Mateus, esperançoso.

CENA 35. HOSPITAL PÚBLICO. QUARTO. INT. NOITE

Em Jedson olhando para o teto. Weslei chega e o olhar de ambos cruzam. Sorriem.

WESLEI – (SEM JEITO) E aí, tudo bem?

JEDSON – (CONVENCIDO) Eu sabia que tu vinha, man.

WESLEI – Eu vim apenas pra saber como você tá.

JEDSON – Bem. Mas... E então?

WESLEI – Então, o quê?

JEDSON – Vai ficar aí, me admirando?

WESLEI – (RI) Eu? Te admirando? Você é bem convencido, hein?

WESLEI – Modéstia nunca foi o meu forte.

Riem.

JEDSON – Já você... Me diga sobre você? Quem é você?

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WESLEI – Bom, primeiro eu tenho que me apresentar, não é?

Jedson afirma com a cabeça.

WESLEI – Bom, meu nome é Weslei Agnelli de Bragança, médico recém-formado e...

Weslei trava.

JEDSON – E...?

WESLEI – E que eu que sou o médico aqui. Portanto, sou eu que faço as perguntas e você

responde. Fechado?

JEDSON – Mas você não é o meu médico.

WESLEI – Quem foi que te salvou?...

JEDSON – Já que é assim... Mas não se acostume não, rapá! Num gosto de receber ordens não.

WESLEI – Mas as minhas você vai receber e obedecer.

JEDSON – Isso é o que tu pensa, man.

Jedson gargalha, Weslei também.

JEDSON – Já vi que a gente vai se dar bem. (OLHANDO WESLEI NOS OLHOS) Mais até do que

a gente pensa.

Na troca de olhares. Clima.

CENA 36. BAR RECANTO DOS PRAZERES. INT. NOITE

Bar lotado. Animação geral. Pagodão rolando solto, mulheres a sambarem, entre elas, Ingrid e

Zaira, “divando”. Nardoni e Higor admiram elas. Enquanto dança, Ingrid olha para Higor de forma

nada discreta, faz a difícil, mas nada convicta. Higor com olhar de cachorro sem dono.

NARDONI – (P/HIGOR) As meninas voltaram da terra delas com tudo, hein?

HIGOR – Nem fala, mano. (BOBO) A minha cumbuquinha tá linda. Olha só.

Ingrid olha para Higor e comenta com Zaira:

INGRID – (SUSPIRANDO) Ai, manazinha, espia como aquele cachorro do Higor tá gostoso. Égua.

ZAIRA – (REPREENDENDO) Axí credo, mana! Tu tiras o olho dele. Chegas de tu seres a búfala

da vila.

INGRID – Mas é que/

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ZAIRA – (CORTA) Olhe, mulher, pare de frescar e samba, vai! Samba pra mostrar que tu tá por

cima! Faz carão igual as trava lá de Belém. (FAZ CARÃO) Só no carão!

INGRID – (SE CONVENCENDO) Tu tais certa, mana. (ENCARA HIGOR) Tu tais certa.

Ela e Higor encaram-se por alguns segundos, ambos se desejando. Ela resiste e faz carão, volta

a sambar.

Imagem fica em Nardoni e Higor, o segundo está aéreo, a fitar Ingrid.

NARDONI – (P/ HIGOR) E Jed que não aparece. Bar lotado e esse menino some. Já tô

preocupado. Ele não falou contigo não? (T) Higor? Ei!

Ele bate, de leve, com o pano em Higor, fazendo o “despertar”.

CENA 37. MANSÃO DOS AGNELLI DE BRAGANÇA. QUARTO DE IRINA E ARTHUR. INT.

NOITE

Ambiente amplo, luxuosíssimo, cores sóbrias, harmônicas. Arthur afrouxando sua gravata, tirando

o sapato. Irina adentra, vai até o marido e o beija.

IRINA – Dia puxado, amor?

ARTHUR – Como sempre. Mateus, já foi?

Ele senta-se na cama. Ela começa a massagear ele. Arthur relaxa.

IRINA – Sim. Estava à procura do nosso filho.

ARTHUR – Até aí, nenhuma novidade.

IRINA – Sabe, Weslei anda muito relapso, pisando na bola feio. Ele acha que é todos que tem a

sorte de ter um partido bom como Mateus? Uma pessoa culta, de família tradi/

ARTHUR – Esse seu discurso é tão ultrapassado, Irina. Será que você não vê que o nosso filho

não liga pra essas coisas? Aliás, quem liga pra isso hoje em dia?

Ela vira Arthur para sua direção. O encara.

IRINA – Todos do nosso meio social. Desde os primórdios sempre foi assim, sempre será.

ARTHUR – Os tempos mudaram.

IRINA – (FIRME) Mas as pessoas e a sociedade, não. Tudo continua igual. Como sempre foi. A

diferença é que hoje em dia as pessoas gostam de fingir que são diferentes, certinhas, ainda mais

brasileiro. Adora viver na hipocrisia, falar uma coisa e fazer outra, só que, no fundo, tudo continua

igual. Nada evolui, ainda mais nesse país chinfrim.

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ARTHUR – (LEVANTA-SE/COMEÇA A TIRAR A CAMISA) Se eu fosse você não botava muita fé

nesse enlace entre o Mateus e o Weslei, não. Eles são completamente diferentes.

IRINA – Mas não dizem que os opostos se atraem?

ARTHUR – Nesse caso, não. Pelo contrário, só os repele.

Arthur sai em direção ao banheiro. CLOSE em Irina.

IRINA – (MISTERIOSA) É o que vamos ver!

CENA 38. PENSÃO. QUARTO DE STEPHANIE. INT. NOITE

Quarto simples, pouco decorado, porém, aconchegante. Stephanie está deitada na cama,

pensativa. INSERIR FLASHBACK do momento em que Stephanie esbarra em Lauro no escritório

de advocacia e ela o admira, encantada. VOLTA AO TEMPO PRESENTE.

STEPHANIE – É ele que eu quero, é ele que eu vou ter!

Fecha nela, ambiciosa. Sorri descaradamente.

CENA 39. APART. DE RAMON E PLÍNIO. SALA. INT. NOITE

Sala completamente bagunçada, revirada. Objetos jogados no chão, copos sobre a mesa de

centro, um com uísque ainda servido. A garrafa vazia. Plínio jogado no sofá, dormindo,

embriagado.

A imagem vai para a porta, Ramon entra e exulta ao ver todo pandemônio.

RAMON – (ALTO/ INDO ATÉ PLÍNIO) Mas que porcaria é essa, Plínio? Passou um furacão por

aqui? Hein? (SACODE PLÍNIO) Ei, acorda, bebum! Plíniooo... Êi, acorda! Plí... (BUFA)

Plínio resmunga e vira-se para o outro lado. Em Ramon encarando Plínio, farto.

CENA 40. MANSÃO DOS AGNELLI DE BRAGANÇA. FACHADA. EXT. NOITE

Weslei estaciona o carro em frente, sai do carro e vai se dirigindo a mansão quando Mateus o

intercepta.

MATEUS – Onde você tava até agora? No hospital, eu sei que não era.

WESLEI – (CAMINHANDO) Deu pra ficar me monitorando agora, é? Colocou um GPS em mim?

Mateus agarra o braço de Weslei com truculência, Weslei se solta, com raiva.

WESLEI – VOCÊ NUNCA MAIS FAÇA ISSO, TÁ ME OUVINDO?

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MATEUS – Tá nervoso assim por que? O amante não deu conta?

WESLEI – Como você é idiota... Vai se ferrar, Mateus!

Weslei volta a caminhar. Mateus em segundo plano.

MATEUS – (ALTO) Pra mim já deu!

Weslei vira-se e no impulso já diz:

WESLEI – Ótimo! Pra mim também! Então, vamos terminar aqui e agora!

MATEUS – É isso que você quer, não é?

WESLEI – Eu to de saco cheio de você, das suas desconfianças! De tudo! Eu não aguento mais

essa pressão, essas brigas, essa discussão... Chega.

MATEUS – Eu não quero terminar. Eu te amo.

WESLEI – (CORTA, GRITA) Mas eu não te amo! Entendeu, agora??! EU NÃO TE AMO! ACABOU!

A-CA-BOU!

CLOSES ALTERNADOS. Em Mateus, abalado.

CENA 41. CONDOMÍNIO. EXT. NOITE

TENSÃO/SUSPENSE, esse clima impera até a última cena. Alguém encapuzado a caminhar,

de forma sorrateira, pelas ruas desertas do condomínio. A pessoa anda ágil, olhando sempre para

os lados, com as mãos nos bolsos.

CENA 42. LOCAL DESCONHECIDO. INT. NOITE

CAM fechada no rosto de Marcos, ao telefone, frio, sério.

CENA 43. MANSÃO MATOZZO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE

Gustavo termina de acender a lareira.

GUSTAVO – (ESFREGA AS MÃOS) Vamos dar uma esquentadinha nisso aqui.

Gustavo caminha até a pequena adega que há ali e serve-se de um vinho. Degusta.

CORTA IMEDIATAMENTE PARA:

CENA 44. MANSÃO MATOZZO. COZINHA. INT. NOITE

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Local vazio. A maçaneta gira e, então, salta para dentro a pessoa misteriosa não identificável. Ela

olha para tudo e segue para outro cômodo.

CORTA IMEDIATAMENTE PARA:

CENA 45. MANSÃO MATOZZO. QUARTO DE BETINA E GUSTAVO. INT. NOITE

Betina deitada na sua cama, vestida em uma longa camisola vermelha, seu celular no criado-

mudo. Ela dorme. O celular começa a vibrar, tocar.

CENA 46. MANSÃO MATOZZO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE

Gustavo continua a beber seu vinho, pensativo. Em segundo plano a pessoa misteriosa aproxima-

se sorrateiramente de Gustavo e, quando está próxima, avança sobre ele, coloca um saco na

cabeça dele e começa a sufocá-lo. A bebida cai no chão, Gustavo a se debater. Tempo na agonia

de Gustavo.

CORTA IMEDIATAMENTE PARA:

CENA 47. MANSÃO MATOZZO. QUARTO DE BETINA E GUSTAVO. INT. NOITE

No celular tocando, Betina bate a mão sobre ele, o pegando, atende sem verificar a chamada.

BETINA – (IRRITADA) Quem é o desgraçado que/

Ela fica paralisada, com medo.

MARCOS – (V.O) Mais que demora, hein? Pensei que você não fosse me atender, amorzinho.

Pensou que eu tinha morrido, não foi?

BETINA – (ABALADA) Você só pode tá/

MARCOS – (V.O/CORTA) Ah, você foi muito má comigo, sabia?

INTERCALA COM:

CENA 48. LOCAL DESCONHECIDO. INT. NOITE

Marcos ao celular enquanto alisa algumas correntes, verifica cordas...

MARCOS – (AO CEL.) Eu nunca pensei que você fosse querer abreviar o nosso jogo, sabia? Mas

eu to aqui.

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BETINA – (V.O/ ALTERADA) Isso foi só pra você ver do que eu sou capaz! Então, seu desgraçado,

pega teus panos de bunda e some de São Paulo, porque, senão, eu/

MARCOS – (CORTA/ SERENO) Você já teve a sua vez. Agora é a minha.

INTERCALA COM:

CENA 49. MANSÃO MATOZZO. QUARTO DE BETINA E GUSTAVO. INT. NOITE

Betina já está em pé, diante da janela, ao celular, inquieta.

BETINA – Eu acho melhor você pa/

MARCOS – (CORTA/AMEAÇADOR) Quando nós tomamos atitudes erradas, as pessoas que nós

amamos acabam sendo atingidas. Se alguma coisa acontecer com quem você ama, você será a

culpada.

BETINA – O que/

ÁUDIO: A ligação é encerrada.

BETINA – (RACIOCIANDO) O que esse infeliz quis dizer, o quê?... (CONCLUE) Não, não, não!

Ela joga o celular sobre a cama e sai correndo em disparada.

CORTA IMEDIATAMENTE PARA:

CENA 50. MANSÃO MATOZZO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE

No saco sendo retirado da cabeça de Gustavo, completamente apagado. Sem sinais de vida. O

corpo cai no sofá.

CORTA IMEDIATAMENTE PARA:

CENA 51. MANSÃO MATOZZO. CORREDOR. INT. NOITE

CAM em SLOW MOTION. Betina corre por ali, em meio a grossas lágrimas, desesperada.

CORTA IMEDIATAMENTE PARA:

CENA 52. MANSÃO MATOZZO. SALA. INT. NOITE

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Betina vem correndo do corredor e chega até a escada, desce apressada, desesperada. Ela pisa

em sua camisola e desce rolando pela escada como se fosse um mamão. TEMPO. Betina chega

ao chão, toda machucada, tenta se erguer, não consegue.

BETINA – (SEM FORÇAS) Gustavo...

Lentamente, a pessoa misteriosa se aproxima de Betina e para diante dela. Com dificuldades,

Betina ergue a cabeça, tenta encará-lo.

BETINA – Quem é você? O que você fez com o Gustavo?

A pessoa continua parada, olhando ela. Sem forças, Betina desaba no chão. Apagada. CLOSE

UP nela. FADE OUT

FADE IN

CENA 53. LOCAL DESCONHECIDO. INT. NOITE

PANORAMA GERAL do ambiente em ângulo alto. O local parece ser um quarto de ferramentas,

cheio de poeira, teias de aranha, abandonado.

CAM em PLANO BAIXO começa a percorrer todo a extensão do ambiente até encontrar os pés

de alguém, amarrados em uma cadeira.

CORTE DESCONTÍNUO: O saco é retirado da cabeça do encapuzado, revelando quem é que

está amarrado: É BETINA! Ela continua apagada, com as mãos para trás. SUPER CLOSE NELA.

FADE TO BLACK

FIM DO CAPÍTULO 06!

ALICE WEGMANN como CAMILA

BRUNA HAMÚ como STEPHANIE

CACO CIOCLER como MARCOS

CARLA SALLE como LUÍSA

CÉSAR MELLO como ARTHUR

DALTON VIGH como LAURO

DANIEL DANTAS como BENTO

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DIEGO AMARAL como JEDSON

DHU MORAES como WANDA

EMANUELLE ARAÚJO como MARINA

EMÍLIO DANTAS como JARDEL

IRANDHIR SANTOS como CLÓVIS

JESUÍTA BARBOSA como WESLEI

JOÃO BRAVO como FABINHO

LAILA ZAID como ZAIRA

LAURA CARDOSO como VITORINA

LAVÍNIA VLASAK como TAÍSA

LOUISE CARDOSO como VERA

LUANA MARTAU como INGRID

LUCI FERREIRA como GABRIEL

MALU GALLI como DIANA

MARJORIE ESTIANO como BETINA

REGINALDO FARIA como PLÍNIO

RENATO GÓES como HIGOR

SANDRO ROCHA como NARDONI

TAÍS ARAÚJO como DINORÁ

TATO GABUS MENDES como OLAVO

THIAGO AMARAL como MATEUS

THIAGO FRAGOSO como RAMON

VERA HOLTZ como DONA CICI

VIVIANE PASMANTER como IRINA

WAGNER MOURA como GUSTAVO