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1-11 TC026 – Resistência dos Materiais I
Capitulo 4
ESTADO TRIPLO DE TENSÕES
4.1 Estado de tensões
No ponto genérico de um corpo carregado, para cada plano que o contém, define-se um vetor tensão. Como o ponto contém uma família de planos, tem-se também uma família de vetores tensão nesse ponto. A esta família de vetores tensão, dá-se o nome de ESTADO DE TENSÃO NO PONTO.
O estado de tensões no ponto, fica perfeitamente definido, conhecendo-se as tensões em 3 planos que passam pelo ponto.
4.2 Tensões normais e deformações específicas no ponto genérico
Considerando apenas xσ agindo:
E
xx
σε =, ;
E
xzy
σνεε −== ,,
Considerando apenas yσ agindo:
E
y
y
σε =,, ;
E
y
zx
σνεε −== ,,,,
Considerando apenas zσ agindo:
E
zz
σε =,,, ;
E
zyx
σνεε −== ,,,,,,
Com o princípio superposição dos efeitos, resulta:
B
x
y
z
O=B
dz
dx
dz
σx
σx
σy
σy
σz
σz
2-11 TC026 – Resistência dos Materiais I
( )[ ]
( )[ ]
( )[ ]yxzzzzz
zxyyyyy
zyxxxxx
E
E
E
σσνσεεεε
σσνσεεεε
σσνσεεεε
+−=++=
+−=++=
+−=++=
1
1
1
,,,,,,
,,,,,,
,,,,,,
Onde E = módulo de elasticidade longitudinal
ν = coeficiente de Poisson
4.3 Tensões tangenciais e distorções angulares no ponto genérico
Considerando apenas as tensões tangenciais xyτ e yxτ agindo no
paralelepípedo elementar:
x
y
z
τxy
τxy
τyx
τyx dx
dy
y
x
τyx
τyx
τxy
τxyxyγ
π+
2
xyγπ
−2
O=BO=B
x
y
z
O=B
dz
dx
dz
τxy
τyx
τxz
τyz
τzy
τzx
3-11 TC026 – Resistência dos Materiais I
Aplicando a condição de equilíbrio ∑M0 =0, resulta:
0...... =− dydzdxdxdzdy yxxy ττ
Donde: yxxy ττ =
E, por analogia: zyyz ττ = e xzzx ττ =
Estas relações são conhecidas como TEOREMA DE CAUCHY ou TEOREMA DAS TENSÕES RECÍPROCAS e pode ser enunciado como:
“As tensões tangenciais sobre dois planos ortogonais são recíprocas”, isto é:
Existindo tensões tangenciais τ sobre um plano, existirão tensões tangenciais τ , também no plano ortogonal ao primeiro, de modo que seus sentidos se aproximam ou se afastam da aresta comum aos dois planos.
Este teorema é conseqüência das condições de equilíbrio.
A Lei de Hooke aplicada às tensões de cisalhamento e distorções angulares, resulta:
G
xy
xy
τγ = ;
G
yz
yz
τγ = e
G
zxzx
τγ =
4.4 Lei de Hooke generalizada
Considerando o princípio da superposição dos efeitos, pode-se combinar as tensões normais estudadas em 4.2 com as tensões tangenciais do item 4.3, resultando:
( )[ ]zyxx σσσε ν
E
1+−=
( )[ ]zxyy σσσε ν
E
1+−=
( )[ ]yxzz σσσεE
1+−=
G
xy
xy
τγ =
G
yz
yz
τγ =
G
zxzx
τγ =
4-11 TC026 – Resistência dos Materiais I
ESTADO HIDROSTÁTICO
pzyx === σσσ
Assim: εεεε ===zyx
( )νε ppE
21
−=
( )
pE
νε
21−= ou considerando :
m
1=ν
pEm
m
.
2−=ε
4.5 Planos e tensões principais
Todo estado de tensões apresenta três planos nos quais as tensões tangenciais são nulas, restando apenas tensões normais Iσ , IIσ e IIIσ .
Estes planos são conhecidos como PLANOS PRINCIPAIS e as tensões que lhes correspondem, denominam-se TENSÕES PRINCIPAIS.
I
II
III
O=B
σIσI
σII
σII
σIII
σIII
5-11 TC026 – Resistência dos Materiais I
4.6 Deformação do paralelepípedo infinitamente pequeno (dilatação cúbica)
O volume do prisma, antes de qualquer solicitação é: V0 = dx.dy.dz
Ao ser solicitado por forças normais às faces do prisma, teremos:
dzdy
N xx
.=σ ;
dzdx
N y
y.
=σ e dydx
N zz
.=σ
Estamos supondo que as tensões sejam de tração.
Qualquer que seja o estado de tensões, teremos deformações nas três direções.
Após as deformações, o volume do prisma será:
( ) ( )( )zyx dλdz dλdy dλdxV +++=
+
+
+=
dz
dλ1dz
dy
dλ1dy
dx
dλ1dxV zyx
sendo x
x
dx
dε
λ= ; y
x
dy
dε
λ= ;
zz
dz
dε
λ=
( ) ( )( )xxx ε1 ε1 ε1 dzdy dx V +++=
A variação de volume do prisma é: 0VVV −=∆
x
y
z
dz
dx
dz
Nx Nx
Ny
Ny
Nz
Nz
O=B
6-11 TC026 – Resistência dos Materiais I
Portanto:
( )( )( ) dzdy dx ε1 ε1 ε1 dzdy dx ∆V xxx −+++=
A dilatação cúbica é a relação: 0V
Ve
∆=
( )( )( )
dzdy dx
dzdy dx ε1 ε1 ε1 dzdy dx
V
∆Ve xxx
0
−+++==
( )( )( ) 1ε1 ε1 ε1 xxx −+++=e
11 −+++++++=zyxzyzxyxzyx
e εεεεεεεεεεεε
Abandonando os infinitésimos de segunda ordem, teremos finalmente:
zyxe εεε ++=
“A dilatação cúbica é a soma das deformações específicas nas três direções, qualquer que seja o estado elástico”.
4.7 Dilatação cúbica no estado elástico triplo
Considerando todas as forças de tração, teremos as tensões xσ , yσ e zσ positivas.
Da Lei de Hooke generalizada (item 4.4) temos:
( )[ ]
( )[ ]
( )[ ]yxzz
zxyy
zyxx
E
E
E
σσνσε
σσνσε
σσνσε
+−=
+−=
+−=
1
1
1
Substituindo esses valores de xε , yε e zε , na expressão da dilatação cúbica,
teremos:
( ) ( ) ( )[ ]yxzzxyzyxzyxE
e σσνσσσνσσσνσεεε +−++−++−=++=1
( )[ ]zyxzyxE
e σσσνσσσ ++−++= 21
7-11 TC026 – Resistência dos Materiais I
( )zyx
Ee σσσ
ν++
−=
21
Ou em função de m:
( )zyxEm
me σσσ ++
−=
.
2
Para corpos incompressíveis (líquidos), temos e=0. Assim:
( ) 021
=++−
=zyx
Ee σσσ
ν
Se 0≠++ zyx σσσ
Então 021 =− ν
2
1=ν ou 2=m
4.8 Tensões ideais – Critério de Saint Venant
Em 4.4 foi visto que:
( )[ ]
( )[ ]
( )[ ]yxzz
zxyy
zyxx
E
E
E
σσνσε
σσνσε
σσνσε
+−=
+−=
+−=
1
1
1
Se multiplicarmos as deformações pelo módulo de elasticidade longitudinal, teremos:
( )( )
( )yxzziz
zxyyiy
zyxxix
E
E
E
σσνσσε
σσνσσε
σσνσσε
+−==
+−==
+−==
,
,
,
As tensões ideais ou tensões de comparação ( xi ,σ , yi ,σ e zi ,σ ) , são
empregadas no Critério de Resistência de Saint Venant, que consiste em:
8-11 TC026 – Resistência dos Materiais I
ctzi
ctyi
ctxi
ou
ou
ou
σσσ
σσσ
σσσ
≤
≤
≤
,
,
,
Este critério é aplicado com mais exatidão aos materiais frágeis e no estado duplo de tensão. Todavia, este critério não dá bons resultados ao compará-los com os obtidos em ensaios em laboratório.
As tensões xσ , yσ e zσ , são tensões normais principais, temos então:
IIIz
IIy
Ix
σσ
σσ
σσ
=
=
=
e
( )
( )
( )IIIIIIIIIi
IIIIIIIIi
IIIIIIIi
σσνσσ
σσνσσ
σσνσσ
+−=
+−=
+−=
,
,
,
4.9 Decomposição do estado de tensão
Podemos decompor um estado geral de tensão em dois estados. Um chamado de estado de tensão de mudança de volume ou “hidrostático” e outro de estado de tensão de mudança de forma.
Considerando um estado triplo de tensão principal 1σ , 2σ e 3σ , podemos fazer:
,
3
,
2
,
11
σσ
σσ
σσ
+=
+=
+=
p
p
p
z
y (1)
σ1σ1
σ2
σ2
σ3
σ'1 σ'1
σ'2
σ'2
σ'3
p
p
p
p
p
Mudança de volume(hidrostático)
Mudança de Forma
9-11 TC026 – Resistência dos Materiais I
No estado de mudança de forma, temos: ( ) 021 ,
3
,
2
,
1 =++−
= σσσν
Ee portanto:
0,
3
,
2
,
1 =++ σσσ (2)
Somando membro a membro, as equações (1) e considerando (2), resulta:
pp 33 ,
3
,
2
,
1321 =+++=++ σσσσσσ
3
321σσσ ++
=p (3)
De (1), temos:
p
p
p
−=
−=
−=
3
,
3
2
,
2
1
,
1
σσ
σσ
σσ
Substituindo o valor de p, dado por (3):
3
2
3
2
3
2
213,
3
312,
2
321,
1
σσσσ
σσσσ
σσσσ
−−=
−−=
−−=
(4)
10-11 TC026 – Resistência dos Materiais I
1- Um cilindro reto de base circular suporta em toda a sua face lateral, uma pressão p=500kgf/cm2 e segundo o
seu eixo longitudinal atua a força de compressão P. Qual é a intensidade da força P, sabendo que o cilindro
não sofre variação de comprimento? Adotar m=4 e E =2x106kgf/cm2
SEÇAO TRANSVERSAL
Resposta: P =2010,62 kgf
p p
P
P
3,2cm
p3,2cm
2- Uma barra de seção quadrada de 10mm de lado e comprimento de 100mm, é solicitada por um estado de
tensões em suas faces como mostra a figura. Conhecendo-se o valor da tensão na direção x, e sbendo-se
que as deformações nas direções x, y e z são iguais, calcular:
a- As tensões nas direções y e z;
b- O valor das deformações
RESPOSTAS
σz
σx
σx
σy
σyσz
10mm
10mm
100mm
σx = 200MPaν = 0,3E = 72GPa
Dados
σy = σz = 307,46MPa
λx=λy = λz = 0,02mm
3- Uma chapa quadrada perfeitamente ajustada entre duas paredes rígidas é solicitada pela força P = 9,0tf,conforme a figura. Calcular a variação da espessura da chapa, sendo m=3 e E = 1000 tf/cm2
RESPOSTA
PP
PP
100cm
100c
m
10cm
xz
y
∆e = 4x10-5cm
11-11 TC026 – Resistência dos Materiais I
4- Um paralelepípedo com as dimensões indicadas, é mergulhado em um tanque de óleo, como mostra a figura
Calcular os valores das forças P1, P2 e P3, sabendo que ocorre apenas uma variação de volume igual a3,858cm3. Considerar m =4 e E =2,1x106 kgf/cm2.
RESPOSTA
P1 = 180000kgf
P2 = 108000kgf
P3 = 180000kgf
P3
P2
P1
Nível Óleo
0,3 m
0,3 m
0,5 m
5- Um instrumento para investigações nas profundezas do oceano, está imerso a uma profundidade H =6000m
e suspenso por um cabo AB até a superficíe dágua, conforme mostra a figura. O peso do instrumento naágua (peso aparente) é P =1,0tf. O peso específico da água é 1 tf/m3 e o peso específico aparente do mate-rial do cabo é γ=0,5 tf/m3. Calcular o menor diâmetro do cabo, de modo a satisfazer as condições de segu-
rança, adotando o critério de Saint-Venant.
DADOS DO CABO DE AÇOσt = 5000kgf/cm2
σc = 4500kgf/cm2
m = 3
RESPOSTA : dmin = 3,57cm
N. A.
H =
600
0m
A
B
P
diâmetro = d