capítulo 06 o vendedor de armas de tristain. · 3 light novel project –sim, eu sei que os dias...

1 Light Novel Project

Capítulo 06 – O vendedor de Armas de Tristain.

Kirche acordou antes do meio dia. Hoje é o dia do nada... Pensou. Olhou para a janela

e viu que o vidro não estava lá e havia marcas de fogo em volta dela. Ainda sonolenta, ela ficou

um tempo parada antes de relembrar o que tinha acontecido na noite passada.

–É verdade... Um monte de gente apareceu aqui ontem à noite... E eu mandei todos

para o inferno.

Parou de se preocupar com sua janela, e se levantou. Começou a se maquiar e pensava

em como deveria seduzir Saito hoje. Kirche era uma caçadora nata.

Quando ela terminou, saiu do quarto e bateu na porta de Louise. Ela colocou a mão

sobre a bochecha para esconder seu sorriso.

Saito abrirá a porta, e então eu o abraçarei e o beijarei o máximo que eu puder. Oh,

mas o que Louise fará quando vir isso? Pensou Kirche. Talvez eu possa fazer com que ele venha

aqui para fora, ou melhor, talvez ele venha por conta própria. O pensamento de uma possível

rejeição não passava por sua mente.

Mas ela não obteve resposta do outro lado. Tentou abrir a porta, mas estava trancada.

Sem pensar duas vezes usou um feitiço de abertura na porta de Louise, e foi recompensada

com um clique. Na verdade os feitiços de abertura estavam proibidos na academia, mas Kirche

não se importava. “Paixão acima de tudo” era o lema de sua família.

Mas o quarto estava vazio. Nenhum dos dois estava.

Kirche olhou o quarto.

–Sempre igual... Um quarto sem nenhum bom gosto.

A bolsa de Louise também não estava lá. Como era Dia do Nada significava que eles

deveriam ter ido a algum lugar. Kirche olhou pela janela e viu duas pessoas montadas no

cavalo, prontas para sair. Eram Saito e Louise.

–O quê? Um passeio é? – murmurou Kirche irritada.


Depois de pensar por um momento, saiu correndo da habitação de Louise.

Tabitha estava em seu quarto, navegando em seu mar de livros. Debaixo de seu cabelo

azulado e seus óculos, havia brilhantes olhos azuis que reluziam como o oceano.

Tabitha era na realidade quatro ou cinco anos mais nova do que aparentava. Era

menor do que a pequena Louise, e seu corpo era bem magro. Uma garota que não se

importava com o que os outros pensavam sobre ela.

Tabitha amava os Dias de Nada. Era quando ela podia mergulhar em seus mundos

favoritos. A seus olhos, as outras pessoas eram „intrusos‟ naquele seu pequeno mundo, o que

lhe dava um sentimento de melancolia.

Não passou muito tempo e alguém a chamou fortemente em sua porta. Sem se

levantar, Tabitha se limitou a pegar seu bastão, que era maior que ela, e realizou um “Feitiço

de Tranquilidade”, um feitiço de vento. Tabitha era uma maga com afinidade de vento. O

“Feitiço de Tranquilidade” calava todos os ruídos chatos. Satisfeita, ela voltou à sua leitura,

sem mover um centímetro do rosto nesse processo.

Então alguém forçou a porta pára abri-la. Dando-se conta disso, Tabitha moveu seus

olhos dos livros. Era Kirche.

Começou a balbuciar algo, mas com a magia de silêncio, nenhuma de suas palavras

chegou até Tabitha. Kirche tirou o livro de Tabitha, e pegou a pequena leitora pelos ombros

para que ela a olhasse. Tabitha olhou fixamente para Kirche com uma expressão vazia. Mesmo

assim era possível dizer que Kirche não era bem vinda.

Mas Kirche era amiga de Tabitha. Se não fosse assim, Tabitha teria a feito voar pelos

ares com um ciclone. Sem alternativa Tabitha cancelou sua magia. Como se um cadeado

tivesse sido aberto, a voz de Kirche emergiu em um instante.

–Tabitha, se arrume! Nós vamos sair!

Tabitha explicou suavemente a sua amiga:

–Dia de Nada.

Essa explicação era o suficiente para Tabitha, que tentava pegar de volta o livro das

mãos de Kirche. Kirche levantou o livro no ar, aproveitando a diferença de altura entre elas.


–Sim, eu sei que os Dias de Nada são importantes para você. Mas agora não é tempo

pra descansar! Estou apaixonada! É o amor! Entende?

Tabitha não entendia, e colocou sua mão na cabeça. Kirche era impulsiva, mas Tabitha

era uma pessoa tímida e tranquila. Alguns se perguntam como pessoas tão diferentes são tão

boas amigas.

–Certo... Você não vai fazer nada até que eu explique não é mesmo? Deus... ESTOU

APAIXONADA! Mas o garoto saiu com aquela irritante da Louise hoje! Quero seguilos e saber

aonde eles foram! Entendeu?

Tabitha continuava sem entender, pois não sabia o que ela tinha com tudo isso.

–Eles acabaram de sair! A cavalo! Não posso alcançá-los sem seu familiar, sabe? Dê-me

uma mão, por favor! – Kirche começou a chorar

Tabitha por fim assentiu

–Então é por isso... Você precisa de meu familiar para alcançá-los...

–Oh, muito obrigado... Então... Vamos lá!

Tabitha assentiu de novo. Kirche era sua amiga, e não podia fazer nada se uma de suas

amigas estivesse com um problema que não poderia ser resolvidos sem ela. Era um pouco

chato, mas ela não tinha escolha. Abriu sua janela e começou a tocar sua flauta.

A música invadiu o céu azul por um momento. Depois ela pulou da janela. Aqueles que

não a conheciam poderiam achar aquilo estranho, ou até mesmo alarmante.

Kirche seguiu Tabitha e pulou a janela sem ao menos pensar duas vezes. Só uma

observação. O quarto de Tabitha ficava no quinto andar. Normalmente ela não usava a porta

para sair, pular a janela era bem mais rápido.

Asas fortes e largas se abriram no ar. Logo depois um dragão de vento pegou as

passageiras que caiam.

–Sua Sylphid é incrível, não importa quantas vezes eu veja!


Kirche se agarrou na escama saliente e suspirou com admiração. Esse era o familiar de

Tabitha, um pequeno dragão de vento.

O dragão, que foi nomeado “Fada do Ar” por Tabitha, pegou espetacularmente uma

corrente de ar ascendente ao redor da torre e subiu uns duzentos metros em um piscar de

olhos.

–Onde? – perguntou Tabitha secamente a Kirche.

–Não sei... Eu estava em pânico. – Kirche falou chorando.

Tabitha não se importou e ordenou ao seu dragão de vento:

–Duas pessoas. A cavalo. Não é de comer.

Seu dragão emitiu um pequeno grunhido mostrando entendimento. Suas escamas

azuis brilharam e suas asas batiam fortemente ao vento. Voou alto, olhando ao chão

procurando duas pessoas a cavalo; tarefa fácil para um dragão de vento.

Satisfeita com o trabalho de seu familiar, Tabitha tomou o livro das mãos de Kirche, se

recostou em seu dragão, e voltou à leitura.

Enquanto isso, Saito e Louise caminhavam devagar pelas ruas da cidade de Tristain,

tendo deixado o cavalo emprestado no estábulo dos portões da cidade.

As costas de Saito doíam cruelmente. Era a primeira vez que andava a cavalo.

–Meus rins estão doendo... – se queixava caminhando lentamente.

Louise franziu a sobrancelha enquanto olhava para Saito.

–Inútil. Nunca havia andado a cavalo? Os plebeus não são nada mais que...

–E você é irritante. Andamos em cima daquele cavalo por três horas!

–Bom... Não podíamos vir andando, não é verdade?

Apesar da dor, Saito olhava ao redor com curiosidade. Ruas e calçadas brancas...

Parece até um parque temático. Comparado com a academia, havia muito mais pessoas

vestidas normalmente aqui. Ao lado da rua, os vendedores vendiam frutas e verduras.


O amor de Saito por lugares exóticos se manifestou por um momento. Mas era um

mundo estranho. Havia pessoas andando calmamente e pessoas correndo freneticamente.

Homens e mulheres de todas as idades caminhavam pela rua.

Não tinha nenhuma diferença do mundo de Saito, somente as ruas que eram mais

estreitas.

–Está meio apertado aqui...

–Apertado? Essa é uma rua realmente larga.

–Larga? Isso?

Não tinha sequer 50 metros.

Com toda aquela gente caminhando, cada passo era incomodo.

–A Avenida Bourdonné, a avenida mais larga de Tristain. O palácio fica logo adiante. –

apontou Louise.

–Então, para o palácio.

–Por que temos de ir visitar Sua Majestade, a Rainha?

–Quero pedir que aumente minha porção de comida.

Louise riu.

As ruas estavam cheias de tendas. Saito, cheio de curiosidade, não podia apartar seus

olhos delas. Quando ele parou para olhar um sapo preso em um frasco estranho que um

vendedor tinha, Louise o agarrou pela orelha.

–Não vá a lugares. Têm muitos ladrões e bandidos por aqui. Você está guardando

minha carteira em seu casaco, não é mesmo?

Louise havia dito que a carteira dos nobres devia ser levada por servos, e sem piedade

pôs essa responsabilidade em Saito. A carteira estava cheia com pesadas moedas de ouro.

–Eu sou... Eu sou cuidadoso... Mas como alguém poderia roubar algo tão pesado?

–Com magia se pode fazer em um segundo.


Mas ninguém ao redor parecia ser mago. Saito aprendeu a distinguir os magos dos

plebeus na academia. Os magos sempre usavam capas, e tinham um caminhar arrogante.

Segundo Louise, era a forma de caminhar de um nobre.

–Não são todos plebeus?

–Mas é claro. Os nobres são apenas dez por cento da população, e eles nunca

andariam em lugares como esse.

–Por que razão os nobres roubariam?

–Todos os nobres são magos, mas nem todos os magos são nobres. Se por qualquer

razão um nobre é deserdado de sua família, ou desiste de seu nome por vontade própria, cai

em um status de mercenário ou criminoso... Ei! Está me escutando?

Saito não estava escutando. Estava fascinado demais com as placas nas ruas.

–O que esse sinal em forma de garrafa quer dizer?

–Taberna.

–E o que diz essa placa com a grande cruz?

É um centro de recrutamento de guardas.

Saito parava em cada símbolo estranho, e Louise tinha que segurá-lo pelo pulso para

fazê-lo andar.

–Ok, ok, eu entendi, mas não precisa ter tanta pressa. Onde fica esse tal ferreiro?

–Por aqui. Mas acho que ele não vende só espadas.

Louise entrou em uma rua ainda mais estreita. Um odor asqueroso, vindo de pilhas de

lixo e outras sujeiras no chão, invadiram suas narinas.

–Que lugar mais sujo esse.

–Eu te disse que nobres não vem aqui.

No quarto cruzamento, Louise parou e olhou ao seu redor.


–Deveria ficar perto da Tenda de Poções de Peyman... Lembro-me que era por aqui. –

viu uma grande placa de bronze e gritou alegremente. –Ah! Encontrei!

Uma placa em forma de espada estava pendurada. Parecia que essa era a loja do

comerciante de armas. Louise e Saito subiram as escadarias de pedra, abriram a porta e

entraram.

Apesar de ser uma brilhante manhã, a loja estava escura. Uma lamparina de gás

iluminava o cômodo. As paredes e estantes estavam cheias de armas desorganizadas. Uma

armadura bem detalhada decorava o lugar.

Um homem de meia idade e fumante olhou Louise com suspeitas. Então quando viu o

pentagrama em seu botão de ouro ele falou.

–Minha senhora... Minha nobre senhora... Todos os meus produtos aqui são reais e

com preços acessíveis! Não há nada ilegal aqui.

–Serei sua cliente.

–Oh... Que raro... Um nobre comprando uma espada! Muito estranho.

–E isso por quê?

–Bom... Os sacerdotes empunham bastões sagrados; os soldados espadas; e os nobres,

varinhas. Não é essa a regra?

–Oh, não é para mim. Quem usará é meu familiar.

–Ah... Um familiar que pode usar espada? – falou o vendedor com voz curiosa e olhou

para Saito. – Então aquele garoto ali é seu familiar?

Louise assentiu.

Enquanto isso, Saito esta abstraído com a vasta coleção de espadas, gritando

periodicamente coisas como “Ahh! Essa aqui é impressionante!”

Louise ignorou Saito e continuou:

–Não conheço muito sobre espadas, então, por favor, me mostre algo razoável.


O vendedor caminhou alegremente até o armazém, murmurando em silêncio algo

como “Oh, isso é perfeito, posso subir um pouco mais os preços” e pouco depois apareceu

com uma grande espada com um metro de altura.

Era uma espada ricamente decorada. Parecia que podia ser brandida com uma só mão.

Havia até um protetor de mão no punho.

O vendedor falou então como se tivesse se lembrado de algo.

–Falando nisso, parece que os nobres deixam seus servos usarem espadas

ultimamente. A última vez que um passou por aqui, ele escolheu uma desse tipo.

Entendo... Uma espada brilhante e reluzente. Perfeita para um nobre. Pensou Louise.

–Será que essa é a moda? – perguntou Louise.

O vendedor assumiu convencido.

–Sim! Parece que tem havido um crescimento da delinquência nas ruas de Tristain...

–Delinquencia?

–Sim. Um mago ladrão que se chama “Fouquet, a Terra Desmoronadora”. E ouvi falar

que ele já roubou muitos tesouros de nobres. Esses nobres estão muito perturbados, e por isso,

estão armando seus servos com espadas.

Louise não tinha interesse em bandidos, e se concentrou na espada. Parecia algo que

iria se quebrar em um instante. Saito havia usando uma espada muito maior da última vez.

–Preferiria algo maior e mais largo.

–Minha senhora, por favor, perdoe minha franqueza. As espadas e as pessoas têm

compatibilidades, igual a homens e mulheres. Acho que essa espada cairia muito bem ao

familiar de minha nobre senhora.

–Não acabo de dizer que quero algo maior e mais largo? – disse Louise abaixando

impacientemente a cabeça.

O vendedor entrou de novo, resmungando em silêncio “ah, leigos...”. Depois de um

tempo, voltou trazendo na mão outra espada envolta em um pano oleoso.


–O que acha dessa?

Era uma espada esplêndida larga de um metro e meio de tamanho. O punho da espada

era feita para se usar com as duas mãos e estava repleta de jóias. A lâmina, que parecia um

espelho, refletia uma luz incrível. Qualquer um que olhasse diria que era uma espada afiada.

–Essa é a melhor que tenho. Em vez de dizer que é para nobres, eu diria que é algo que

os nobres desejam usar em sua cintura, mas isso é algo reservado a apenas homens muito

fortes. Se não for o caso, usá-la nas costas não é tão ruim.

Saito caminhou para mais perto, com seus olhos fixos na espada.

–Incrível! Essa espada parece poderosa. – Saito a quis instantaneamente. Era uma

espada magnífica, independente de onde quer que olhe.

Acho que essa está boa. Pensou Louise, vendo a satisfação de Saito.

–Quanto é? – perguntou.

–Bom... Foi feita pelo famoso alquimista Germaniano Lord Shupei. Pode cortar metais

como se fosse manteiga com a magia embutida nela. Vê essa inscrição? – o vendedor apontou

com orgulho para o punho da espada. –Não encontrará nada parecido e mais barato.

–Bom... Eu sou uma nobre... – Louise levantou o queixo.

Com isso, o vendedor disse o preço friamente:

–Somente 3000 moedas de ouro novo.

–O quê? Posso comprar uma casa de verão com jardim por esse preço! – disse Louise,

incrédula.

Saito, que não tinha nem idéia do valor dessa moeda, somente a olhava.

–Uma espada famosa vale tanto quanto um castelo, minha senhora. Uma casa de

verão é barata comparada com isso.

–Eu só trouxe 100 moedas de ouro novo... – disse Louise. Sendo nobre, não tinha a

habilidade de pechinchar, e cometeu o erro de dizer o quanto havia trazido.

O vendedor moveu sua mão com desdém.


–Olha... Até mesmo as espadas normais valem no mínimo 200 moedas de ouro novo.

O rosto de Louise ficou vermelho. Não sabia que as espadas eram tão caras.

–O quê? ... Não podemos comprar essa? – disse Saito com um tom de tristeza.

–Não... Temos que escolher algo mais acessível.

–Os nobres são to arrogantes, e agora... – murmurou Saito.

Louise lhe cravou uma olhada.

–Têm idéia de quanto custam poções? Porque alguém esteve gravemente ferido...

–Me desculpe. – Saito abaixou a cabeça, envergonhado.

Acariciava a espada, contrariado.

–Mas eu gostei dessa espada... – disse

Nesse momento, uma voz masculina e grave saiu de uma montanha de espadas

desorganizadas.

–Não seja tão orgulhoso, garoto!

Louise e Saito olharam na direção de onde veio o som. O vendedor levou as mãos na

cabeça.

–Por que não olha para si mesmo? – a voz continuou. –Você empunhar essa espada?

Não me faça rir! Você só está apto para uma vareta!

–O que acaba de dizer? – perguntou Saito. Ele não gostou do insulto, mas não havia

ninguém na direção de onde veio o som para ele se irritar. Só havia uma montanha deespadas.

–Se entendeu volte para casa. Sim, você! A garota nobre!

–Que mal educado!

Saito se aproximou do som lentamente.

–Mas aqui não tem ninguém...


–Seus olhos são apenas para decorar? – zombou a voz.

Saito olhou para trás dele. O quê? É uma espada que está dizendo isso? A voz vinha de

uma espada velha e enferrujada.

–Uma espada que fala! – exclamou Saito.

O vendedor gritou subitamente irritado:

–Derf! Não diga essas coisas aos clientes!

–Derf? – Saito inspecionou cuidadosamente a espada. Era do mesmo tamanho que

aquela grande espada, só que a sua lâmina era um pouco mais fina. Era uma longa espada,

mas não se podia dizer se ela foi bem feita ou não, pois estava cheia de ferrugem.

–Cliente? Um cliente que nem pode comprar uma espada? Deve estar brincando

comigo.

–Poderia ser... Que essa seja uma daquelas espadas sencientes? – perguntou Louise.

–É sim minha senhora. É uma espada senciente, mágica, inteligente. Pergunto-me que

classe de mago pode fazer uma espada que fala... Mas essa tem uma língua podre, sempre

discute com meus clientes. Ei, Derf! Continue sendo assim insolente e pedirei para essa nobre

te fundir!

–Parece bom! Gostaria de vê-la tentando! Estou cansado desse mundo. Seria um

máximo ser fundido!

–Muito bem! Eu te fundirei! – o vendedor se aproximou, mas Saito o deteve.

–Está um pouco gasta... Mas uma espada que fala não é algo importante? – Saito

voltou-se para a espada. –Você se chama Derf, não é?

–Não! Sou Derflinger-sama! Lembre-se disso!

–Igual a uma pessoa, até tem um nome. – murmurou Saito. –Meu nome é Saito Hiraga.

Muito prazer.


A espada se calou, e parecia observar Saito. Depois de um momento falou em voz

baixa:

–Então você veio... Você é o portador?

–Portador?

–O quê? Nem sequer conhece seus poderes? Eh? Garoto inútil... Está certo!

Compreme, meu caro amigo.

–Concordo. Eu te comprarei. – disse Saito. A espada voltou a se calar. –Louise, eu

quero essa.

–Quer esta coisa? – disse Louise com cara de poucos amigos. –Não quer outra mais

bonita e que não fale?

–Não gostou? Acho que essa espada é boa.

–Entendi... Mas eu não gostei dela... – queixou-se Louise. Mas não tinha dinheiro para

nada mais, então perguntou ao vendedor:

–Quanto custa essa?

–Eh... 100 estão bons.

–Não está barato?

–Por isso? Eu o vendo barato pra vocês– disse o vendedor, acenando as mãos em

desgosto.

Saito pegou a carteira de Louise do bolso de sua jaqueta e esvaziou o conteúdo no

balcão. Uma por uma, moedas de ouro caíram na superfície de madeira. Depois de contar com

cuidado o vendedor finalmente assentiu.

–Obrigado pela compra! – disse, enquanto colocava a espada em sua bainha e

entregava a Saito. –Se ela ficar muito barulhenta, apenas coloque-a em fundição e ela se calará.

Saito assentiu, e recebeu Derflinger.

Duas silhuetas olhavam para Saito e Louise na loja de armas. Kirche e Tabitha. Kirche

os vigiava das sombras desde que eles estavam na rua, mordendo o lábio com força.


–Louise o Zero... Tentando esquentar a relação com Saito comprando-lhe uma espada.

Eh? Subornando-o com presentes depois de saber que ele é minha presa? Droga!

Kirche golpeou o solo com raiva. Tabitha, tendo acabado o seu trabalho, estava lendo

como sempre. Sylphid voava pelo céu sobre elas. Elas os haviam seguido até a loja.

Kirche esperou que os dois saíssem, e correu ao interior da loja. O vendedor olhava

para Kirche sem poder acreditar em seus olhos.

–Outro nobre? Que diabos está acontecendo hoje?

–Olá, patrão... – Kirche brincava com seus cabelos, com um sorriso encantador em

seus lábios.

O rosto do vendedor ficou vermelho com a repentina sedução.

–Você por acaso sabe o que essa nobre que acaba de sair comprou?

–Uma e - espada... Comprou uma espada.

–Entendo... Então ela lhe comprou uma espada... Que tipo de espada?

–U - Uma suja e enferrujada.

–Enferrujada? Por quê?

–Não tinha dinheiro o suficiente.

Kirche riu com a mão na bochecha.

–Estava quebrada! Vallière! A casa de seu Duque chorará por isso!

–Acaso minha senhora também veio comprar uma espada? – o lojista animou-se, não

querendo perder a oportunidade.

Essa nobre parece rica comparada com aquela pequenininha, pensou.

–Sim... Mostre-me a melhor.

O homem entrou, sacudindo as mãos de excitação. Voltou, naturalmente, com a

espada que tinha acabado de mostrar a Saito.


–Ah... É uma espada muito bem feita!

–Tem bons olhos, senhora. Aquela nobre de antes tinha um servo que a queria, mais

era caro demais para eles.

–Ah, é verdade? – perguntou Kirche. O servo da nobre? É a espada que Saito queria!

–É claro... Foi feita pelo famoso alquimista Germaniano Lord Shupei. Pode cortar

metais como se fosse manteiga pela magia embutida nela. Vê essa inscrição? – o vendedor

repetiu o mesmo conto.

Kirche assentiu.

–Quanto?

O vendedor pediu mais, vendo que Kirche era muito mais rica.

–Isso... 4500 moedas de ouro novo.

–Hmm... É um pouquinho caro. – queixou-se Kirche.

–Bom... As melhores espadas são valiosas, sabe?

Kirche pensou por um instante, movendo seu corpo até o vendedor.

–Patrão... Não está um pouquinho caro demais?

Ao ser acariciado na garganta, o homem perdeu o ar. Sua mente foi instantaneamente

bagunçada pela tentação.

–Eh... Mas... As melhores espadas...

Kirche sentou no balcão, levantando sua coxa esquerda.

–O preço não está muito elevado? – levantou devagar seu pé esquerdo até colocá-lo

em cima do balcão. Os olhos do lojista se dirigiram irresistivelmente para as coxas dela.

–É p-possível... Então... 4000 moedas...

Kirche levantou ainda mais a coxa, de modo que ele quase podia ver entre elas.

–Ah... Não, não, não, 3000 estão bons...


–Ahhh... Que calor faz aqui! – ignorando-o Kirche apontou para os botões de sua

camisa. – Estou com muito calor. Ajuda-me a tirar essa camisa, por favor... – lançou-lhe seu

olhar mais irresistível.

–Ah... Eu me equivoquei... 2500!

Kirche abriu um botão e olhou para o vendedor.

–1800! 1800 estão ótimos!

Outro botão. Expondo seu decote. Voltou a o olhar.

–1600 bastarão!

Kirche parou com os botões e voltou sua atenção para sua saia, subindo-a um

pouquinho. O homem parecia não suportar mais.

–Que tal por 1000? – ela sugeriu, levantando a saia, lentamente, um pouco mais. O

homem estava a ponto de hiperventilar.

E de repente ela parou. A agitada respiração dele virou um gemido triste.

–Oh... Ohhh...

Kirche endireitou-se e pediu novamente.

–1000 moedas?

–Ok! 1000 moedas!

Kirche desceu do balcão, rapidamente escreveu um cheque, e colocou no balcão.

–Comprei!

Ela então pegou a espada e saiu da loja, deixando o vendedor olhando o cheque.

Depois de um instante, ele recuperou a consciência, e segurou a cabeça.

–MERDA! VENDI AQUELA PRECIOSIDADE POR APENAS 1000 MOEDAS? !

Ele pegou uma garrafa de licor de seu gabinete.


–Oh... Já está ótimo por hoje...

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