capitalismo tardio - mandel

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ERNEST MA O Capitalismo Tardio* Traducao de carlos Eduardo Silveira Ma Regis de Castro Andrade e Dinah de Abr 'Traduzldo de Laた Cap“ allsm Londres,Verso Edlton,1978(2 a impressao,1980)Es kap詭 lおrnus rVersuch einer nnarお llschen Erklattngl para O inglos por」 ois De Bres leva o mOntO de ter si da pelo Autor,conforlne ele declara na lntroducaO a essa edicao A prese o fOi Outro“ im confrontada com a2a ediφ 。。 nglnal alema da suhrkamp Verlag,Frankfun am Maim,1973

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Page 1: Capitalismo Tardio - MANDEL

ERNEST MANDEL

O CapitalismoTardio*

Traducao de carlos Eduardo Silveira Matos,

Regis de Castro Andrade e Dinah de Abreu Azevedo

'Traduzldo de Laた Cap“allsm Londres,Verso Edlton,1978(2 a impressao,1980)Essa vers5o do ongnal Der Spat_kap詭 lおrnus rVersuch einer nnarお llschen Erklattngl para O inglos por」 ois De Bres leva o mOntO de ter sido atuallza‐da pelo Autor,conforlne ele declara na lntroducaO a essa edicao A presente tradu゛ o fOi Outro“ im confrontada coma2a ediφ。。nglnal alema da suhrkamp Verlag,Frankfun am Maim,1973

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Inlroducaο

Um dOs prOp6Stos centais deste livЮ O fornecer uma interpretacao marxistadas causas da longa onda de crescirnento rapido na ccOnornia capitalsta internacio―

nal no p6s― guerra, que pegou de surpresa cconomistas marxistas e naO marxistas;e, ao mesmo tempo, verificar os lirnites inerentes desse perrodo, quc asseguravama sua substituicaO por Outra longa onda de crisc econOnlica c social crescente para

o capitalismo mundial, caracterizada por uma taxa bastante mais baixa de cresci―

mento global. Ern 1970/72, quando este trabalho fol inicialrnente escrito e publica―

do em alemao, suas teses basicas ainda apareciam, para muitOs leitores, cOmonaO_cOmprOvadas empiricamente ou duvidosas, e foram recebidas cOm ceticismogeneralizado__apesar dos sinais premonit6rios da quebra dO sistema moneErio in―

ternaclonal a partir de 1967 e da exp10saO pOpular na Franca cm malo de 1968.HOie,SaO poucOs Os que duvidam quc o momento crrucO de renuxo no desenvOlvi―mento econOrnico do p6s― guerra cstaa para tras, c naO diante de n6s, c quc a``longa expansao" seia agora uma coisa do passado. A crenca na permanencia dO

crescirnento rdpido e dO pleno emprego no scio da ``cconornia nllsta'' provOu ser

um rnito. Este livro tenta cxplicar por quc isso foi necessariamentc assirn, c quaisas consequOncias provaveis da dinarnica real do capitalismo de p6s― guerra, dentrOdO quadro de referOncia das categorias rnarxistas classicas.

Ao reexaminar O CapitalismO Tardio para a edi95o em lrngua ingicsa,procura―mos resistir a tentacaO de acrescentar a cle novos c extensos materiais, para mos―

trar a confi111lacao, pe10s fatos, de nossos argumentos iniciais PreferimOs, em vez

dissO,c9rrigir ou esdarecer exposicOcs SubsidiariaS e atualizar as cstatヽicas perti―

nentes. Todas as renex6es adiclonais serao reservadas para a discussaO internacio―

nal quc asOra se instaura acerca das contrad196es gerais e das tendencias a longoprazo do capitalismo mundial em sua prescnte fasc,para cuia COmpreensao O Ca―piralismO Tardio apresenta certo nimero dc hip6teses novas. Se elas se mostrarao

suficientes e cocrentes,ou nao,s6a hisbria podera lulgar. Nao temOs mOtivo paraterner o seu veredicto.

Pois 0 0● etiVO fundamental do presente tabalho ё justamento o de ofereceruma interpretacaO da hisbria do modo de producaO capitalista no sOculo XX, ca―paz de mediar as leis dO mo宙 mento do“ capital em gerar'com as formas fenome―nais concretas dos“ muitos capitalピ '.QuaiSquer tentatvas de restringir a analise

unicamente a cstas■lumas,Ou de deduzl-las diretamento a partir do p五 meirO,care―

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4 1N「 RODUcA0

cem de justificagao metOdO16gica ou esperanca de O対 lo praticO. Deveria ser claro,

para um maEttsta,quc a luta de classes entre o capital e o trabalho,o papel do Es―

tado burguOs e da ideologia do capitalismo tardio,a estmmra cOncreta e muttveldo comOrclo mundial e as foI11las predorninantes de superlucros― ―todos esses ele―

mentos precisariarn ser incorporados a qualquer expos19aO das sucessivas fases his―

6ricas do desenvol宙 mento do capitalismo,e mesmo da fase contempoぬ nea,decapitalismo tardio.Procurando cump五 r esses obicuvOs,O presente ttabalho assu―

miu uma estrutura nao sem relacao ao planO quc Marx inicialmente proietOu paraO Capital__quer dizer, ocupa― se do capital em geral; concorrencia; cに dito; capl―

tal por ac6es; propriedade territoriat ttabalho assalanadO; estado; comё rcio exte―

nor e mercado mundial(em Cuia parte inal Marx pretendia induir as cnses ecOn6-rnicas mundiais).Eu nao segut entretanto,cada secao desse plano,dO qual,inclusi‐

ve,a■ lima versao de o capital de Marx,naturalmente,des宙 ou―se de maneiraconsideravel.

Os pnmeiros quatro capr恒10s de O Capitalismo Tard,o demarcam o campoglobal de refettncia para o livTo.Eles tratam respecivamente do problema preliml―

nar do motodo(capitu10 1); da relacao entre O desenvolvimento do modo de pЮ ―

ducaO capitalsta, com suas contradicoes intemas, c a criacao de um me10 s6cio―geografiCo adequado a suas necessidades― ―isto O, o mercado mundial(caprtu10s2e3);e da conexao entre O desenvol宙 rnento da tecnologia capitalista c a valoriza―

9aO dO pbpno capital(capitulos 3 e 4).Os leitores menos familiarizados ou menosinteressados enl teotia podem deixar de lado o pFimeiro cap■ ulo ou reserv6‐ lo pa―

ra o final do livrO.

Os nove caprtu10s analiticos seguintes ocupam― se dos tra9os fundamentais do

capltalismo tardlo,numa ordem 16gico‐ hist6rica:seu porlto de pattda onglnariO__a melhona radical nas condig6es para a valorizacao do capital que resultOu das der―rotas hisbricas da classe trabalhadora frente ao fascismo c a guerra (caprtu10 5);

seu d“ enυ o′υimento subseqJen″ atravOs da Terceira Revolucao Tecn016gica(ca_p■ulo 6);seuS tracos dis,ntiυ os como uma nova fase no desenvolvimento do capl―tal――a reducao do cic10 vital do capital fixo,a aceleracao das inovac6es tecno16gi‐

CaS(geradOras de rendas que se tomam a pHncipal folllla dos superlucros monopo―listas sob o capitalismo tardio)e a abSorcao do capital excedente pelo rea111lamen‐

to ininterrupto(capitulos 7,8e9);sua pattculcr inte卜 κlaca~o ao mercado mundiar――a concentacao e centralizacao internaclonais do capital que d6 origem a cmpre_

sa mulunac10nal como a mais importante folllla fenomenica dO capital, c a trocadesigual ente nag6es produtoras de mercadorias a niveis diferentes de produti宙 da―

de mOdia do trabalho,que domina o mercado rnundial(capFtulos 10 e ll);e suasnoυas/o″ I,aS C`Ъ οluc6“"para o problema da realレ acaO__a inlacaO pellllanen―te ao ciclo econOnllco caracteristico do capitalismo tardlo,que combina urn ciclo in―

dustrial classicO a urn ``conttaciclo" de expansao do c"dito e contracao do crё ditO

sob o signo da innacaO(capitulos 12 e 13).

Os iltimos cinco capitulos, ao contano, 桜)rn carater sintetizador. Procuram

aproxirnar os resultados da analise precedente, e mostrar os melos pelos quais asleis fundamentais de movirnento c as contradi96es inerentes do capital n5o apenas

continuam a operar, mas na realdade encontram sua cxpressaO mais extrema nocapitalismo tardio(capitulos 14 a 18).

Nesse ponto, 壺o neces“ rias duas advertOncias. Em primeiro lugar, o tellllo

“capitalismo tardlo" nao sugere absolutarnente que o capitalismo tenha mudadOem essencia, tOmando ultrapassadas as descobertas analiticas de O Capitat dcMarx,e de O rmperialisrno, de LOnin.Assim como LOnin s6 consegulu desenvol―ver sua descFicaO dO irnperialismo apolando― sc ern O Capital, como confillHacaodas lcis gerais, folllluladas por Marx, que govemam todo o decorrer do modO de

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lN「RODUcA0 5

producao capitahsta, da mesma maneira, atualrnente, s6 podemos intentar umaanttse marxsta do capitalismo tardio com base no estudo de LOnin de O rmpeだ a_

lismo.A era do capitalismo tardio nao o uma nova Opoca do desenvol宙 Inento capl―

talista;constitui unicamente um desenvolvimento ultenor da opoca impenalista,decapitalismo monopollsta.Por implicac5o,as caracterisicas da era do impenalismOenunciadas por LOnin pellllanecenl, assinl, plenamente validas para o capitalismo

tardio.

Em segundo lugar, devemos exprimir nosso pesar por nao sellllos capazes depropor uma denonlinagaO mais apta para cssa Opoca hist6rica do quc``capitalismo

tardlo''―― um tellllo insatsfabno porque ё de ordem cЮ no16gica,e nao sinに uca.

No capFtulo 16 deste hvro explicamos por quc motivo ele C mais adequado quc oconceito de ``capitalismo monopolista de Estado". Sua superioridade sobre o ter―

mo “neocapitalismo" O e宙 dente, dada a ambigiildade deste■ lumo, que pode serinterpretado como trazendo implfcita tanto uma continuidade basica quanto umadesconinuidade em relaφo ao capitalsmo tradiclonal.Talvez num futuro pる 対moa discussao nOs fOmeca um inelhor tell1lo de Srntese. Por enquanto, conservamoso conceito de ``capitalismo tardio", considerando― o a mais itil expressao disponf―

vel, c, acirna de tudo, conscientes de que o realrnente importante nao O nOmear,mas sirn explicar o desenvolvimento hisbrico quc tem ocorndo em nosso tempO.

O Capitalismo Tardio tenta esdarecer a his6na dO mOdO de pЮ ducao capita_lista no p6s― guerra de acordo com as lcis bお icas de mo宙 mento do capitalismo,re―

veladas por Marx em O Capital.Em outras palavras,esforga― se por demonstrarquc as leis ``abstratas'' de moⅥ rnento desse modo de producao pellHanecem opo―radonais e venicaveis no desdobramento,e mediante o desdobramentO da hisb―ria “concreta'' do capitalismo contemporaneo. Nesse processo, contraria direta―mente duas tendencias basicas nO pensarnento s6clo― econOmico atual. Por um la―

do,n5o aceita a suposicaO daqueles quc acreditam― ―scia cm Crrcu10s acadomicos

ou maEttstas― ―que aS 10cnicas,cokeynesianas, a intervencao do Estado,o podor

dos monop61ios, o “planeiamentO'' piblico ou pnvado ou qualquer combinacaodesses elementos preferida por um autor ou escola especifica sciam capazes deneutralizar ou cancelar as icis de movirnento a longo prazo do capital. E nern acei―

ta,por outro lado,a tese oposta(mas,na realidade,convergente),de quc essasleis econOmicas de movimento senam五 0“abstratas''quc absolutamente nao po―deriam se manifestar na``hist6ria real'',c que,portanto,a inica funcaO de um ecO―

nomista seria mostrar como e por quc elas se tomam distorddas ou s5o desviadaspor fatores acidentais em scu desenvol宙 mento efeuvo_e naO a de mOstrar comoessas leis se manifestarn e confil11larn em processos concretos e lЛ s,veis.

A reanimacao recente da economia politica marxista(quC haviamos predito al―gum tempo antes)tem sido um fenOmeno especialmente graticante dos■1lmosanos. Deve‐se adrnitir,cntrotanto,quc a atual reapropriacao da hist6ria passada dateOna marxista por uma geracaO mais,ovem dC estudiosos e tabalhadores socialis―

tas consutui uma tarefa difFcil e e対 gente.Isso C especialmente verdadeiЮ para osleitores do mundo anglo― saxao, de quem algumas das autoridades classicas discuti―das neste livro―一por exemplo, nos capFtulos l e 4-― ainda podem ser em boaparte desconhecidas, No entanto, a referOncia a csses debates “mais velhos", daこpoca antenOr a 1939, nao o feita absolutarnente por sirnples devo9ao ou erudi_

95o. Pois as grandes controvOrsias daquele tempo estavam diretarnente relaё lona―

das aos problemas fundamenた ぉ colocados para a teona marxlsta pelas contradi―

96es basicas e tendencias a 10ngo prazo da sociedade burguesa,problemas quc ain―da hOie se c01ocam vivamente para n6s.PostenoIIliente,o fascismo e o stalinismosienciaram praticamente todos os te6FiCOS do apogeu anterior do debate econOFni―

co maEttsta ―― mas nao puderam suprimir o seu legado intelectual. Seria muito

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6 1ヽ TRODUcAO

mais diffcil dirnensiOnar os problemas centrais do capitalismo da atualidade sem a

devida retomada dessa heranca.Na nluma docada, o renascirnento da teoria cconOrnica marxista coincidiu

com uma ofensiva neo― ricardiana contra o marginalismo ``neocldssico", conduzido

pela chamada Escola de Cambndge inspirada por Picro Sraffa. Embora deva sersaudada qualquer reablitacaO da teoria do valor do trabalho,ainda que numa ver―saO prё _marxista, de nossa parte perrnanecemos convencidos de que nenhuma srn―

tese rea1 0 possivel entre o neo ncardianismo e o marxismo Os mar対 stas contem―

pOraneOs tom o dever de sustentar todos os progressos decisivos conseguidos por

Marx frente a Ricardo, c quc os te6Hcos nco― ricardianos estao agOra procurando

anular O presente trabalho naO diz respeito ao problema da relac5o entre os dois

sistemas,cxceto ern um pontol a controvё rsia especrfica quanto ao papel da produ―

caO de armas na formacao da taxa mё dia de lucro― ―em outras palavras,o proble―

ma da transformacao de va10res em precos de prOducao, quc ё rapidamente anali―

sado no capFtulo 9.

A mais sOria dificuldade com quc me defrontei ao escrever este livro fOi o fato

de Roman Rosdolsky,o cconomista pollico mais pr6対 mo de rnim te6FiCa C politi―

camente em nosso tempO,ter rnorndo antes quc eu pudesse comecar a c,creve― lo.

As lembrancas de nossas discussOes em comum e o estudo de sua grande obrap6stuma, Zur En奏 〕″chungsgcschichιe des Marxschen `lKapital'', tiverarn, portanto,

na medida do possivel, de servir de substituto para as criticas construtivas desse ta―

lentoso te6rico

Os estudantes e professores assistentes socialistas da Faculdade de CiOncias

Polfticas da Universidade Livre de Bcrlirn Ocidental,quc rne convidaram a ser pro―

fessor visitante no Semestre dc lnverno de 1970/71, forneceram a “pressaO exter―

na"一一tantas vezes necessana a um autor一 ―quc me levou a claborar rninha vis5o

te6nca do capitalismo tardio da forrna sistematica cm quc esta apresentada aqui.

Eles tarnbOm me proporcionaram o tempo livre para esse prop6sito.Portanto,dedico cste trabalho a meu falecido amigo e camarada Roman Ros―

dolsky,quc aludou a fundar o Partido Comunista da Ucrania Ocidental e foi um in―tegrante de scu ComitO Central,quc audou a criar o movimento trotskista na Ucra―

nia Ocidental, que durante toda a sua vida perrnancceu ficl a causa da cmancipa―

caO dO proletanadO e da revolucao socialista internacional e quc protegeu, nosanos mais negros de nOsso sOculo tempestuoso, a contihuidade da tradi95o te6rica

do mar対 smo revoluclonariO; c aos estudantes e professores assistentes socialistas

da【」niversidade Livre de Berlirn Ocidentat ctta inteligencia crrtica c cnativa preser―vara c arnpliard essa trad195o

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As Lcis dc MOυ irnento c a ffisttδ riα do Capiral

Ad∝50 enttc as bs"as de mO聖

『鶴ょ『

意:品iⅧЪFi貯:∬ :Marx__c a hist6ria do modO de produくplexos problemas da teOria marxista. Sua dificuldade pode ser avaliada pelo fato

de iamais ter havidO,attt agora,uma clarificacao satisfat6na desta relacao.

Tomou― se lugar comum repetir quc a descoberta,por Marx, das leis de desen―volvirnento do capitalismo foi o resultado de uma andlise dia10tica que progredia

do abstratO para o concreto:

“Os economistas do scculo XVH,por exemplo,comecam sempre pelo todO vivO:apopula95o, a nacaO, O EstadO, vanos Estados e assirn por diante, mas terrninam sem―

五l補爵獲き鳶r轟轟静蠅」l獲鰐驚fど菫憾ongem aos sistemas econOnlicos que, a pa面 r de relacoes sirnples―_trabalhO, divisaodo trabalho, necessidade, valor de trOca― ―, clevam―se atl o Estado, a troca entre na―

C5eS e O mercado mundial Esse c, manifestamente, o mOtodo cieniicamente corretoO concretO o concreto porque C a slntese de muitas determinagOes, isto ё, a unidadedo diversO Por isso,aparece no pensamento como um processo de slntese, cOmo umresultado e nao como ponto de pa地da, ainda que saa o pOnto de panda na realda―de e,portanto,tambё m o pOnto de partida para a intuic5o e a representa95o Polo p● ―meiro caminho, a representa95o plena evaporava― se em deteminacoes abstratasi cOmo segundo motOdO, as detenninac5es abstratas conduzem a roprOducao dO concretopor melo do pensamento Porisso ё quc Hegel caiu na ilus5o de conceber O real cO_mo resultante dO pensamento quo sintetiza a si mesmo, explora suas pr6prias profun―dezas e se desdobra a parlir de si mesmo e por si mesmo,enquanto O mOtodo de ele―

馳晋:ti鑑:L=器鳳ξc:1]&ξぷ器,Th qud°pensamenb se apro―

No entanto, “eduzir o mOtodo de Marx a uma``progressao dO abstratO ao cOn―

creto" irnplica ignorar a sua riqucza total. Em primeiro lugar, essa incompFeenSaO

desconsidera O fato dc quc, para Marx, O cOnCreto era tantO O “ponto de partidacfeivo''quanto o obieiVO inal do conhecimento,que ele宙 a cOmo um processo

l MARX,Karl Gnlnd,se Londres,1973p10X1101

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8 ASLEIS DE MOヽ lMENTO E A HISTORIA DO CAPITAL

ativo e praticO: a “reproducaO dO cOncreto no decorrer do pensamento''. Em sc―gundo lugar, ela csqucce quc uma progressao do abstrato para o concreto O neces―

sanamente precedida, como observOu Lenin, pOr uma progress5o do concreto pa―ra o abstrato2__pOis o abstrato ia O o resultado de um ttabalho pro宙 O de analisc,

quc procurou separar o concreto em suas ``relac6es determinantes''. Enl terceiro

lugar,esse erro destr6i a unidade dos dois processos, dc andlise e de sintese;o re―

sultado abstrato serd verdadciro apenas se tiver exitO em reproduzir a “unidade

dos diversOs elementos'' presentes no concreto S6 a totalidade O verdadeira, diz

Hcgel, c a totaldade O a unidade do abstrato e do concreto― ―unidade dc opos‐

tos,c nao a sua identidade. Em quarto lugar,a reproducao bern_sucedida da totali―

dade concreta s6 se toma con宙 ncente pela aplicacao na pratica lsso significa, en―

trc outros aspectos― ―cOmO Lenin enfatizou expressamente――, quc cada cstagiOda analise deve ser submetido a“ controle,saa pelos fatos,seia pela prltica"・

3

Por sua vez,entretanto,os“ cOnCeitos abstatos mais simples''(as categonas)

naO saO unicamente o resultado da ``compreensao pura", mas espelham as on―gens do desenvolvimento hisbnco real:

“I)esse ponto de vista pode― se dizer quc a catego● a mais sirnples pode exp● mir as

relacoes dominantes de um todo menos desenvolvido, ou rela95es subordinadas deum todo mais desenvolvido,relacOes quc histoncamente,a existiam antes que o todose desenvolvesse na dire95o que se expressa por uma categoria mais concreta. Nessamedida, o curso do pensamento abstrato,elevando― se do sirnples ao composto,corres―

pondena ao prOcesso hist6nco real"4

Desse rnodo,a dia10ica de Marx,para rnais uma vez citar Lenin,lmplica``uma and―

lise em dois niveis, deduiva c indutiva,16gica c hist6rica".5 Ela representa a unida‐

de desses dois motodos. Uma analisc ``indutiva'' nao pOde ser,nesse quadro, maisquc uma``inducao hist6rica",pois Marx considerava cada relacaO cOmO detemina―

da pela hist6na e sua dia10tica requcna,por issO,uma unidadc entre a teoria c o fa―

bhぎ寵 λⅧ 鵬 i a afirlla゛o dc MaⅨ de quc a dOnda ca n∝ ∝

na cxねmente pelo fato de essOncia c apattncia lamais coincidirem diretamente.7 Ele nao

via como funcao da cioncia apenas a descoberta da essOncia de relacOes obscureci―

das por suas aparOncias superficiais, mas tambOm a cxplicacao dessas aparencias―― em outras palavras, a descoberta dos elos interinediariOs, Ou mediac6es, qucpermitem quc a cssOncia c a aparOncia sc reintegrem novamente numa unidade.8

QuandO essa reintegracao deixa de Ocorrer,a teoria se ve reduzida a construcao es―peculativa de “mode10s'' abstratos desligados da realidade emprnca, c a dialこ tica

regnde dO materialsmo ao idealismo: ``Urna analise materialista n50 sc harmoniza

2LЁNIN Cο 〃ected Ⅳo「魅v38,p 1713fbid v 38,p 320

:麗駄留鵬 跳rピλ38,p3206 MORF,Otto G‐ chichた und Dialettk in der po″ tlschen Oた οnοmie Frankfurt,1970p 146 KaJ Marx:``Esse slstema organico, como uma totalidade, tem scus pressupostos, c seu desenvolΨ imento no sentdo dessa totalidade consis―

te precisamente em subordinar´ a si mesmo todos os elementos da sociedade,ou em crlar, a pa滝 r da sociedade,os 6r‐

gaOs de que ainda necessita E‐ α, hlstο"carnanた

, α,η aneira pela gu● l ele se tomα uma totalidα de O processo de

ur‐ a‐ser essa totalidade consitui um momento de seu pr∝ esso,de seu desenvol宙 mento"GmldnsSe p 278(Os gnfOssaO nOssos E M)7“ Toda ciancia sena supernua se a aparancia extenor e a essoncia das coisas coincidissem diretamente=Ⅳ LへRX Capito′ Londres,1972 v 3,p 7978 MarX: ``As v`nas fOrmas do capital,assim desenvolvldas neste livro,apro史 mam―se,portanto,passo a passo da forma

que assumem na superlicie da sociedade, na acao recrprOca dos diferentes capitais, na concorrOncia e na percepcao

habitual dos pr6pios agentes da produc5o'' Cα pital v 3,p 25

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AS LEIS DE MOⅥ MENTO E A HIS“ RIADO CAPITAL 9

a uma dialCtica idealista,mas a uma dia10tica materialista;ela lida com fatores empi―

ricamente verificaveis".9 otto Morf observOu com justeζ a: ``O processo pelo qual amediacao entre essencia c apattncia se apresenta nessa unidade dc uma dualda―de identica e oposta C,necessariamente,um processo dia10tico".10

Mais ainda, nao ha divida de quc Marx considerava de quc a assimilaca~o em‐prrica dO material deveria preceder o processo analrticO de conhecirnento,assirn co‐

mo a verificacao emprrica deveria conclur-lo prOvisoriamente― ― isto O, clev6-lo a

um n"el superior. Desse modo,cm seu Poshclo a 2.a cd195o dc O Cap"α l,Marxescreveu:

“E claro quc o mOtodo de exposi950 deve difenr formalrnente do mOtodo de invesu―gac5o Esta ilima deve assimilar em detalhe o matenal, analisar suas diferentes for―

mas de desenvolvirnento, descobrir suas conexё es internas S6 depoiS de tenη inadο

鰯 θ trabα′h90 que o movimento real pode ser adequadamente descrito E se for des―cntO cOm e対 tO, se a vida da ma峰 na reneur_se idealrnente como num espelho, poderdparecer que temos,diante de n6s,uma sirnples construcao a pガ 。万''11

Poucos anos antes,Engels afirmara praticamente o rnesmo,ao escrever:

``E evidente que o sirnples palavreado vazio n5o pode realizar coisa alguma nesse

contexto, e que apenas um grande volume de matehal hisbnco crlicamente exanlina―do, que tenha sido completamente assirnllado, pode tornar possfvel a resolucao desseupO de prOblema"12

E Marx frisou rnais uma vez esse ponto numa carta a Kugelrnann・

“Lange O ingenu。 。bastante para dizer que eu me movo conl rara liberdade nO ma―tenal empFnco Ele nao tem a menOr idё ia de quc esse `rno宙 rnento livre na matOna'

n5o O senao uma parafrase para o mι ttOdο de lidar com a maセ na――isto C,o mιιodοdiaた,co".13

Portanto,Karel Kosik esta ccrtO aO enfatizar quc:

“A progress5o do abstrato ao concreto C sempre,de iniclo,um movimento abstrato;sua dia10tica consiste na superacaO dessa abstraca~ο . Portanto, enl termos bastante ge―

rais, trata― se de um mo宙 rnento das partes para o todo e do todo para as partes, daaparOncia para a essencia e da essOncia para a aparOncia,da totalidade para a contradi―

95o e da contradicao para a tOtalidade,do o切 eto para O stteitO e dO suleito para o ob―jeto".14

Em resumo, podemos sugerir uma articulac5o em seis nfveis do mCtodo dialoticOde Marx,definida aproxirnadamente nos seguintes termos:

1)Assimlacao pOrmenorizada do material emprrico e dOmfn10 desse material

(aparOncias superficiais)em todo o seu detalhe historicamente relevanセ .

9 RAPllAEL,Max ZurErセ nntnlsthaοガe dar Konkた ten Di。た妊,た Frankfurt,1962 p 24310 MORF Op c″ ,p lll

E獣 歴 f鋼 電b燎雪質と認 ″」 危『 研里11轟 驚 :鷺f:WS品 調 Maunce ttd)A Cο nttbu"οnゎ めeC蘭 9υ●

げ POlitiCα′Ecο nοmy Londres,1971 p22113 “MaⅨ tO Kugelmann in Hanover' Inl MARX e ENGELS Seた cted Corropο ndencc (edicao re宙 sta)Moscou,1965 p 24014 KOSIK,Karel Die Dioた 趙kd‐ Kο nた″たn Frankfurt,1967 p31 0 autorso゛ ёico llyenkOv dedicou um livro inte―ressante a relacao entre(c a uni5o de)o abstrato e o concreto em O Cα pitαl de Marx VerILYENKOV,E : Lo di。 た

"ica de〃 'astrato e del concに to nel Cap“αle di MaⅨ Mib。,1961

Page 10: Capitalismo Tardio - MANDEL

10 AS LEIS DEMOⅥ MED「 FO EA HISTORIA DOCAPrrAL

2)DivisaO analitica desse material segundo scus elementOs abstratos consti―

hlintes(progressao do cOncreto ao abstrato).15

3)Exploracao das cOnexOes gerais decisivas entre esses elementOs, quc expli―cam as lcis abstratas de movirnento do material― ―a sua essencia, em outras pala―vras.

4)Descoberta dos elos interrnedid五 os fundamentais, quc efetuam a mediacaOentre a essOncia c a aparencia superficial da matOria (progresぬ O dO abstrato aoconcreto, ou a reproducao do cOncreto pensado como uma combinacaO de milti―plas deterrninagOes).

5)VenicacaO cmprnca p“ica da analisc(2,3,4)no moumento em cursO dahist6ria concreta.

6)Descoberta de dadOs nOvOs, empiricamente relevantes, e de novas cone―x6es― Inuitas vezes atё mesrno de novas dete11llinac6es elementares abstatas――,mediante a aplicac5o dos resultados do conhecirnento,e da pratica neles basca―da,a infinita comple対 dade do real.16

de ctte&漁 ぅ|:i::rlil:li〃鹿 sム 種躙 ∬ ボ 懲 異 ittily認 :a:I(1:c:llleTllilil:

cambiO inevitavel entre Os mesmos. Desse modo, podemOs ver que o mё tOdO deMarx o muito mais rico do quc os procedirnentOs de ``concretizacaO sucessiva" ou``aproxirnac5o sucessiva",tFpicos da ciencia acadenlica

“Na medida em quc Os tracos indiuduais e particulares saO(aqui)elirninados e rein―troduzidos apenas superficialrnente― ―sem quaisquer mediagOes dialё icas, em outtaspalavras__,pode facilmonte surgr a ilusao de que naO e対 ste ponte quahtativa entte oabstrato e o concreto. Desse modo,torna― se perfeitamente 16gico acreditar que O mo―delo te6rico contenha de fatO(ainda que numa forrna sirnpllicada)todos Os elementosessenciais do obiCtO COncreto sob invesigac5o, como no caso, pOr exemplo, de umafotograta irada a grande altitude, que mostra todos os elementos fundamentais deuma paisagem, embora apenas as cadeias de montanhas, os grandes rios e os bos_ques saam宙 s市eis''17

Pelo mesmo mo宙mento,torna―se evidentc a diferenca cntre o mOtOdo redu―clonista do materialsmo vulgar, em que desaparece a especificidade concreta dosObiCtOS individuais, c o mCtodo materialista dialCtico 18」 indrich Zelen,cnfatiza cor―

15 Na linha do te6● co so宙ёtlco llyenkov, Enck Hahn sallentou que “a divisao do suleito concreto real em deternlina―

95es abstratas nao deve, sob quaisquer circunstancias, ser equiparada ao mo宙 mento da matこ na emp〔 nca para a teo‐na o esほglo empirlco de cOnhecimento serve apenas como prepara95o para esse processo de dl宙 sao'' Hlst。 71sc力 er

r嘲 嘗写 :r『電 賀窃 :h彙 」漁 」:1よ 11認 ♀ふde.mco em tte eね ptt pЮ postO pdoセ 6●co∞‐宙Ctco V A Smimov Deinicio,SmirnOv separa as``observac5es''da.`andlise das observac∞ s reglstradas'',mas desta fonna deixa de levar em conta a mediacao cmcial entre essOncia e aparencia e redu2 0 prOblema a um confronto en―tre a teona c o matenalemp〔 ncO17 ROSDOLSKY,Roman Zur EntstehungsgOc力

icわた d“ Maっochen `Kapltα l'' Frankfun,1968 v 2,p 535 Vertam―

露 郡 I奥 善f鷺 轟 鮒 翻 路 締 ittrS鍬‰ 轟 r鶏 獄 悧 鼈 塩 ‰ &勝

coisa, admite―se que o naο―ser ou 0 0utro que toma o seulugar jd esteiaに α′menた α11,mas ainda nao Observavel Dessa maneira,宙 r― alser e deixar― de―ser perdem todo signil‐

讐触 ギ 離 陽 鍔 :,智ナ`りの 'p370

Page 11: Capitalismo Tardio - MANDEL

AS LEIS DE MOヽ lMEll「 O EA HISTORIA DO CAPIFAL ll

retarnente quc a reproducao intelectual da realidadc Ou, na temin010gia de Althus―

ser, ``a praica te6nca", deve conservar permanente contato com o mOvirnentoreal da hisbria:

“Todo O Capital de Marx esta permeado por uma incessante oscilacaO entre O de―senvol宙rnento dialё tico abstrato c a realidade matenal e cOncreta da hist6ria Ao mes―mo tompo, entrotanto,deve― se enfaizar que a an61ise de Marx inimeras vezes se desI:―ga da traet6ria supemcial da realidade hist6nca, para dar expressao conceFtuα ′as rela_

95s internas necessanas dessa realidade Marx foi capaz de apο dera卜 se da realidadehistonca devido ao fato de haver elaborado uma renexao cientifica da mesma na fOr―ma da organizacao interna, um tanto idealizada e iplicada, das rela90es capitalistasreais Ele nao se afastou dessas relacoes para distanciar― se da realidade hist6rica, enem pretendia,com isso,uma evas5o idealsta em relacao a esta`luma o Obleiv6 deseu desllgamento era assegurar uma Fntima e racional assirnlla95o da realidade"19

Hd um宙sfvel contraste com as opiniOes de Althusser e sua cscola nesse pon―to.Os pHnciplos apresentados acima nao transformam o marxismo mediante sua``historizacao",nem pOem em di宙da quc o obeto eSpecFico de O Capital saa acstrutura c as lcis de desenvolvirnento do modO de producao capitalista, preferin―do, cm vez disso, as ``leis gerais da ati宙 dade econOmica da humanidade''. O qucesses pnncrp10s reafil11larn, entretanto, O quc a dia10tica do abstratO e do cOncreto

ё tambёm uma dialCtica entre a hist6na real e a reproducaO intelectual desse pro―cesso hist6rico, c quc essa dia10tica nao deve se lirnitar exclusivamente ao nivel da

“producao te6● ca". A diferenca cntrc as concepc6es de Marx e Althusser despon―ta claramentc ern Marginal Nor“

`o Wagneらonde Marx afirma de mOdO cxplrcit。

:

``O primeiro pOnto ё que cu nao pa″O de `conceitos' Por conseguinte, eu n50 cO_meco a partir do conceito de valor, c assirn n5o tenho absolutamente de lntroduzl-lo'

Meu ponto de pa崎 da ё a forma socialrn,is sirnples do produto dO trabalho na socieda―de atual,e essa fOrma C a`mercadona' E ela quc anahso,e o faco,de infciO,na formaem que ela aparece''20

Althusser,por outro lado,afi111la:

``A isso somos conduzidos ao ignOrar a disinc5o b6sica quc Marx teve cuidado em

tracar entre o`d“enυο′υimento das rormas'do conceito no conhecimentο e o desen―volvirnento das categorias reais na hist6ria concreta: a uma ideo10ga empinsta dO cO―

nhecimento e a idenhicacao dO bgicο e do hお`6"co no pr6p五

o O CapitaI Praicamen_te naO devena surpreender― nos que tantos inに rpretes tenham andado em cfrculos naques●o que se prende a essa dein19う o, na medida em que todos os problemas cOn―cernentes a relagao entte O 16gco e o hist6nco em O Cap"α ′pressupOem uma κ′α,aοineガ stente"21

Althusser sanclona,dessa maneira,unicamente uma relacao entre a teoria eco―nOmica c a teoria hist6rica; a rela95o entre a teoria cconOrnica c a hist6ria concreta

O, ao contrariO, declarada ``um falso problema'', ``ineXistente" e “imaginario" Oque ele nao parece compreender C quc isso nao s6 esta cm cOntradicao cOm as ex_plica96es dc Marx quanto a scu pr6prio mOtodo, mas quc a tentativa de cscapar

規緑設端霧キFk肥ざ″II寵軍'ξ

■1おぶ攪1問h8:Lλ鷺"h ttrke v 12 p 369 ps"bssao nossos,EM)21 ALTHUSSER,Louis “The Oblect of Capital" in:ALTHUSSER,Louis e BALIBAR,Etenne Reα ding Capital LOn‐dres,1970 p l15

Page 12: Capitalismo Tardio - MANDEL

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責12 AS LEIS DEMOⅥ MEMO EA HISTORIA DOCAPrrAL

ao fantasma do cmpirismo c a sua teOria do conhecirnento――um fantasma de suapr6pria lavra―― pelo estabelecimento dc um dualismo basicO entre“ obietoS de cO―

nhecimento''c``ObetOS reais''ine宙 tavelmente sc apro対 ma do idealismo 22

A necessidade de uma tal reintegracaO entre a teona c a hist6ria tern sido por

vezes contestada, pela razao de quc a cspecificidade das icis de movirnento dequalquer rnodo de producao, c dO mOdo de producaO capitalista ёm particular, cx―

cluiria precisamente qualquer unidade desse teor com sirnples fatos emprncOs. Aslcis de mo宙 mento,costuma―se argumentar,sao apenas`lendOncias''no mai`am―plo sentido hist6nco. Adrnite― se, portanto, quc excluam a possibilidade de quais―qucr conexOes causais com ocorrencias temporais a curto e mё dlo prazos, e mes―

mO a longo prazo supOc― se quc as conex6es n5o seiam demonsttaveis de maneiraemprrica, materialrnente identificavel. Mais ainda, freqtientemente sc afi111:ou quc

cada uma dessas tendOncias pode provocar contratendencias que ncutralizariamseus efeitos por um perlodo consideravel.23(D ttatarnento dado por Marx a tenden_cia decrescente da taxa de lucro nOs capitulos XIH,XIV e XV do volume 3 dc O Ca‐pital tenl sido infindavelrnente citado como o exemplo classicO de uma tendOncia c

contratendOncia quc, segundo se atma, naO pellllitem nenhuma previsaO quantoao resultado final.

A partir dar,chega― se a cOnclusao de que ё praticamente impossfvel encontar``confimacao" empFrica para as leis de desenvolvimento dc Marx. De fato, susten―

ta―se que tentativas de rastrear tais ``confillllacOes emprncas" revelam uma funda―mental incompreensao “pOsitivista" quanto ao mё todo e intenc6es dc Marx, vistoque os dois niveis diferentes de abstracaO, aquele do modo de producao``purO" c

o do processo hist6rico``concreto", estaO a tal ponto distanciados entte si que nao

c対ste宙山 almente ponto algum em que possam entrar em contato.N5o sena diffcll provar quc,pelo menos, o pr6prio Marx releitava categ6rica c

resolutarnente esse fo3SO quasc intranspon"el entre a andlise te6rica c os dados

empfricos,pois o significado real dcssa separa95o O um recuo consideravel da dialC―ica materialista para a dialё uca do idcalismO.Do ponto de vista do materialismohist6rico, “tendencias'' que n5o se manifestarn material e empiricamente nao saotendencias; sao prOdutos da falsa consciOncia ou, para os que nao gOstam dessesteIIHos, sa0 0 resultado de erros cientricos. Mais ainda, eSSas tendencias n5o po―

dem conduzir a nenhuma intervencao matenalista c cicntrfica no processo hisbri―

cO.TaO 10go as``leis de desenvolvirnento" comecam a ser consideradas tao abstra_

tas que nao lhes c mais possfvel exphcar o processo real da hisbria concreta,a des―

coberta dessas tendencias de desenvolvirnento deixa dc ser um instlumento para a

transfoェ 11lacao rev01ucionaria desse processo.Tudo que resta O uma folllla degene―

rada de filosofia s6cio― econOmica cspeculaiva, na qual as ``leis de desenvolvirnen―

tO"tem a mesma c対 stOncia indisinta do``espfrito mundiar'de Hcgel―― sempre,

por assirn dizer, como se estivessem a10m do alcance dos dedos. Nos sistemas as‐

sirn construrdos, as abstrac6cs s5o verdadeiramente ``vazias" ――ou mera frascolo―

瘍 鴨 詭`″柵 庶胤覚呂評 襴 PJLttf難

鰹 j重鰐 l暑轟Ittξ汎Ⅷ 蔀轍 琴櫛 歌鸞鮮鮮器no qual essa`lratura''こ progress"amente superada Natu

uma identldade cοmpletal a dialCtca mateiahsta podc apenas tentar a reproduc5o cada ve2 rnaiS precisa da realidade

稔吼 腱 馳 Ⅷ 鼈 肥 現 繊 悧 :弊 瑞 鰐 隠 歳 費剛 l」ご 協 ド他 響 織 解 :亀所Fl『富1967 p 27-28 etc Note_se tamb`m a tese de Althusser de quc a mais― valia naoこ mensur`vel

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Page 13: Capitalismo Tardio - MANDEL

AS LEIS DE MOⅥ MENTO E A HISTORIA DO CAPITAL 13

gia,na linguagern mais agucada de Engels Por esse motivo,a raeicao de uma uni_

dade mediatizada ente teoria c hist6ria,ou entre teoria e dados emprricos,foi sem―pre relaclonada, na hisbria do marxismo, a uma revisaO dOs princFplos marxistas――ou no sentido de um determinismo mecanicO_fatalista, ou de um purO vOlunta―nsmo.A incapacidade cm re― unir teoria c hist6na inevitavelrnente conduz a incapa―

cidadc em re― unir teoria e pratica.

Pcter」 effries acusou― nos,por isso,de tentar verificar empiricamente as catego―rias dc Marx; ele sustenta quc categorias como capital, tempo de trabalho sOcial―

mente necessano, c assirn por diante, nao aparecem de modO emprricO nO sistemacapitalista. Mas, nao existinarn mediacOes que nos pellHitissern ligar, atravOs de re―

lac6es quantitativas, os fenOmenos superficiais(luCrOs, precos de producaO, precos

mOdios de mercadorias em deteminadO perrOdO de tempo)com as categorias basi―cas de Marx?Ele mesmO c Engels,pelo menos,julgavam que sim 24 A recarda de」effries na dia10Fica ldealista deve― sc ao fato de quc ele reduz ο cOncreFo unicamen―te a apαだncia,25 sem COmpreender quc a essOncia,juntamente com as mediac6esatC a aparencia, follHa uma unidade de elementos concretos c abstratos, c quc oObietO da dia10ica representa,para citar Hcgel,``nao apenas um universal absta‐to, mas um universal quc compreende, dentro de si rnesmo,a riqucza do particu―lar''.26 Assirn,ele tambOm deixa de compreender a seguinte observacao dc Engels:

``QuandO cOmecou a troca de mercadonas,quandO os pr6dutos gradualmente setransforrnaram em mercadO五 as,eles foram trocados apro対 madamente de acordo comseu valor Era a quanidade de trabalho gasto em dois obetOS que fornecia o unico pa_draO para sua compara95o quanitaiva O valor possuFa,portanto, uma cxistancia dire―Fa cたol naquela ёpoca. Sabemos que essa percepc5o direta do valor na troca deixoude e対stir, que nao acOntece mais agoral acredito que nao sera partcularmente difrcllpara voce o ttacado dos elos intermedid● os, pelo menos em seu delineamentO geral,que conduziram do valor diretamente real ao valor do modo de prOducao capitalista,

taO prOfundamente escondido que nossos economistas podem negar com tranquilida_de a sua c対stencia uma exposic50 Verdadeiramente hist6nca desses processos, o quC

24“ MaⅨ and Classical Politcal EconOmy'' II In:Wotte7S Piド 30 de maio de 1972 DaremOs aquiapenas um exem―

鋪導嘗鰹警者孵轟s撃綸『■棚譜繹Ъξ電継デi臨Ffl,1de pa“ agem queセmos aqm um exem口 o da com"Ы 95o‰騒Tl:」‖讐Ъ1lli滉聯:器膳品∬∫晋暑tiR:『ざtal se divlde em 12 182 1ibras esterlinas de capital constante e 318 1ibras esterlinas de capital van`vel, perla2endO12500恥ぬs∝セ山nざ ばЫd p 76)Pam Engel■ o,。

以:F:課ぷtli鍛詭:肥11思∬lttξ轟皿mente" ou “ndo ser mensuravel'', mas sim a obstrucao, tdendO dessa maneira os elementOs necess`nos e suncientes para a mensura95o do capital ``Uma vez que sao bempoucos os capitalistas aos quais ocorre fazer calcu10s desse gOnero acerca de seus pr6p五 os neg6cios, as estatisicas si

8哩乱 Ч:籠:麗留錦 TT憲 :,鷺 :将温重:ξ l鴇 %r認[£r:需tl:1月

雷l∬::慶s':1:薔 1腱電:ふ∬ ::ま曳dos lucrOs obtldOs em cada ra“ o industnal EmbOra questlondveis,tendo por inica base as declarac6es nao cOntrOla_das dOs capitalistas, esses dados sao, apesar disso, bastante valiosos,e os inicos reglstros de que dispomos a esse res‐

peito"Capital v 3,p76%“N∝∞po籠。Max ex"ca que O pr∝

“so de mo宙men家:)な錨i器∬盤h:λ;蓄

01F]fT:寵窮震蹴de ser um prOcesso lmedato"(」 EFFRIES, Peter “Marx

de maio de 1972)Na passagem de O Capitα l a que se refere a interpretacao de」 effies,Marx manifestamente nao fe2tal reducao dO cOncreto さ ``apattncia''(Vend。―o como menos “real'' do que a “essOncia'' abstrata)Ao contrarlo,Marx airmou nesse trech。 :``Em seu movlmentoに ol os capitais se enfrentam sob essa forma concreta,para a qualtan―baf∝ma do capltal no processo dreb de producaQ qull寵

穏 ま1°謬 1:LLT署 滉iふ」寵 態諭 cr饉:驚淋 扉como momentos● pecloた''(Os gnfos sao nossOs E M)FtO

“eα

' Para cle, assim como para Hegel, a verdade reside no todo, istoを, na unidade mediat2ada entte essOncia e

apattncla26 scienceげ Logic Londres,p58 Lucien Goldmann(Immanual Kα nt LOndres,1971 p 134)mostrou cOltetamenteque,sublacente a cr"ca da Razao Pura de Kant,estava a ldё ia da contradicao inexced待 el entre maに ha empinca e“essencia"(a coisa em si mesma)」 effnes es通 ,portanto,retrocedendo de Hegel(nem se mencione Marxり para Kant,quando reduz a essOnda ao abstrato,mostrando a sua incompreensaO da tlnidade dialこ ica dO abstrato e do concreto

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14 ASLEIS DE MOⅥ MElゞO E A HIS“ RIA DO CAPr「 AL

efeivamente requer uma pesquisa sistemaica mas promete em troca resultados ampla―mente compensadores, constituir― se―ia num suplemento de grande valia a O Capi‐tal''.27

0 duplo problema a ser resolvido, portanto, pode ser definido mais precisa‐mente nos seguintes termos:

1)De que maneira a hist6ria real do modo de produ95o capitalista nos alti_mos cem anos pode ser mostrada como a his6na dO desenv01vimento manifestodas contradigOes intemas desse modo de producaO, em Outras palavras, como de―tellllinada, cm iltima analisc, por suas icis ``abstratas'' de desenvolvimentO?Quc

“elos intermedi6Hos'' efetuam a unidadc entre os elementos concretos c abstratos

da andlise nesse ponto?

2)De quc mancira a hist6ria real dos ultimOs cem anos pode ser investigadajuntamente com a do modo de prOducao capitalista?Em outras palavras,como po―

dem as combinacOes do capital em expansao e das esferas prこ ―capitahstas(ou se―

micapitalistas)quc ele tenha conquistado serem analisadas ern sua aparOncia c ex―plicadas ern sua cssOncia?

O rnodo de producaO capitalista nao se desenvOlveu ern melo a um vacuO,mas no ambitO de uma estrutura s6clo― econOrnica especrfica,caracterizada por dife―

甲nCaS de grande importancia, por exemplo, na Europa ocidental, Europa oriental,

Asia continental,ArnOrica do Norte,Arnё rica Latina c」 apaO.28 As forrnac6es s6clo―

econOmicas especrficas __ as “sociedades burguesas'' c economias capitalstas――

que surgiram nessas diferentes areas no decorrer dos sOculos XVIII,Xメ e XX,Cquc em sua unidade complexa(juntamente com as sociedades da Africa e daOccania)abrangem o capttalismo“ concreto'',reproduzem em fol11las e propor―

95es variaveis uma combinacaO de mOdos de producao passadOs e presentes, ou,mais precisamente, de esttigios vanaveis, passados e sucessivos, do atual rnodO dcproduc5o.29 A unidadc organica dO sistema mundial capitalista nao reduz absoluta―

mente essa combinacao, quc c especrfica cm cada caso,a um fator dc imponttnciaapenas secundaria ern face da primazia dos tra9os capitalistas comuns ao coniunto

do sistema.Ao contぬ rio: o sistema mundial capitalista O,em grau consideね vel,

precisamente umaル ngaο da validade universal da lei de desenvolvimento desi―gual e combinado.30 uma analise mais sistemaica dO ttnOmeno do imperialismo,

27“Engelsto W Sombart'' in:MARX e ENGELS Seた cted Correspondence p 48128“lsso nao lmpede a mesma base econOmica― ―a mesma do ponto de宙 sta de suas cond195es pincipais― de mos―

tar, deνido a inumeraveis circunsttncias empficas diferentes, ambiente natural, relac6es raciais, inluOncias hist6五 cas

extenores etc, vanacOes e gradacoes ininitas na apattncla, que so podem ser veiflcadas atravOs da an61ise das cir―cundancias empincamente dadas"NIARX,Kan Capital v 3,p791-79229 “Os palses coloniais e semicoloniais tto paises atrasados por sua pr6pha essOncia Todavla, os paises atrasados saoparte de um mundo dominado pelo impenalismO seu desenvol宙 mento,portanto,tem um ca“ ter combinα dο :as for‐

mas econ6micas mais pnmltlvas se combinam com a llima palavra em cultura c tё cnica captansta o peso relatvo

das reivlndica95es democratcas indviduais e de trans195o nO COmbate do proletanad。 , suas ligacoes m`tuas e ordem

::畷潟湾『 :と ::::熙し

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19盤稔『 昭1ヂ:た」諸i∬t譜龍常ar服認善:ml潔 :

iOnal''In:The Founding Coげ οttncで ofthe Fou"h lnた mo"ono′ Nova YOrk,1939p4041311“ O capitalismo encontra as vdias porc5es da humanidade em dlferentes esね 」。S de desenvolvlmento,cada umacom suas pr6phas e profundas contradic6es internas A extrema diversidade nOs nlveis atngidos e a extraordin`na de_sigualdade no ntmO de desenvolvlmento das dlferentes parcelas do gOnero humano, ao longO de v`has Opocas, ser―vem de ponto de pα″idα ao capitalismo S6 gradatvamente C que este conquista a supremacia em relacao a desigual_

dade herdada, quebrando― a e alterando― a,passando a empregar seus pr6p● os recursos e mCtodos AsSm o capitalis―

mo efetua o rapprochement dessas parcelas e equipara os niveis econOmico e cultural entre os pates mais adiantados

e os mais atrasados No entanto,ao apro対 mar economicamente os pates entre si e ao nivelar seus graus de desen‐

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Page 15: Capitalismo Tardio - MANDEL

AS LEIS DE MOⅥ MEN「O EA HISTORIA DOCAPITAL 15

apresentada mais adiante, cOnfirrnara cssc fato: aqui, estamos apenas antecipando

seus resultados

Sem o papel quc as sociedades e ecOnOmias nao capitalistas,ou apenas semi_capitalstas, desempenharam e cOnunuam a desempenhar no mundo, seria pratica―mente impossivel compreender tracos especificos de cada esbgio sucessivo do mO―

dO de producaO capitalista__tais como o capitalismo bntanico de livre concorren―

cia, de WaterloO a Sedan,o perrodo classicO do impenalismO,antes e no intervalodas duas gucrras rnundiais,e o capitalsmo tardio da atualidadc.

Por quc motivo a integrac5o de teoria c hist6ria,quc Marx realizou corn tama―nha mestria nos Crundttssc e cm O Capitat nunca mais foi repeida com oxito,pa―ra cxphcar esses estagiOs sucessivos do mOdO de produ950 capitalista? POr qucnaO e対 ste ainda uma hist6ria satisfat6ria do capitalismo em funcao das icis internas

do capital―― corrL tOdaS as lirnitacδ es consideradas acirna― ―e ainda menOs umacxplicacao satisfabria da nova fase na hist6ria do capitalsmo quc, cvidentemente,teve inFclo ap6s a Segunda Gucrra Mundial?

O atrasO manifesto da consciencia ern relacao a realidade deve ser atriburdo,pelo menos em parte, a paralsia temporaria da teOria que resultou da perversao

apologё tica dO marxismo pela burocracia stahnista, c quc, por um quarto de sOcu―lo, reduziu a area em que o mOtodo marxista podia se desenv01ver livremente aominimo imaginavel.os efeitos a longO prazo dessa vulganzacaO dO marxisMO ain―da estao longe de haver desaparecido. No entanto, alё m das pressOes sociais ime―diatas, quc tolherarn um desenv01virnento satisfat6rio da teoria cconOmica deMarx nO soculo XX,tambこme対ste uma 16gica interior no desenvOlvimento do mar―対smo quc,cm nOssa opiniaO,exphcaria ao menos parcialrnentc O fato de tal nime_ro de tentativas importantes nao ter atingido o seu obietivO Nesse ponto, dois as―pectos da 16gica interna dO marxismo merecem Onfase pa由cular.O pnmciro dizrespeito aos instrumentos analfucOs da teOria cconOmica de Marx,c00utro ao mc_todo analrtico dos rnais irnportantes estudlosos rnarxistas

Praticamente todos os esfoκ os atO agora feitos para explicar fases especrficasdo mOdO de prOducaO capitalista__ou problemas especricos resultantes dessas fa―

ses――, a paぬr das leis de movirnento desse modO de prOducao, tais como fOramreveladas cm O Capital,uilizaram como ponto de partida os esquemas de reprO―du950 utilizados pOr Marx no volume 2 de O Capital. Em nossa opiniao,os eSquc_mas de reproducao quc Marx desenv01veu saO inadequados a essc prop6sito, cn5o podem ser uilizadOs na investigacao das leis de mo宙 rnento do capital ou dahist6ria do capitalismo Em consequOncia, qualquer tentativa no sentidO de inferir,

com base nesses csqucmas, a impossibilidade de uma cconomia capitalista ``pura"ou o colapso fatal dO modO de produ95o capitalista, o desenvolvimento inevit6vel

rumo ao capitalismo monopolista ou a essOncia do capitalismo tardlo,ve_sc condc_

nada ao fracasso

Roman Rosdolsky,a fOmeccu uma basc cOnvincente para essa concepcao emseu irnportante livro Zur En漁 難chungsgeschichte des Manschen `lκapital'' POdc―

volvimento, o capitalismo opera por mё todos 9υ e rhe sao p6p"οs, isto 6, por mOtodos an6rquicos, que permanente―

mente solapam as bases de seu pr6p● o trabalho, lancam um pars cOntra o outro c um ramo industnal cOntra o outro,

desenvolvendo alguns setores da economia mundial e, sirnultaneamente, dilcultando ou fazendO retroceder O desen‐volvimento de outros Unicamente a correlacao dessas duas tendOncias fundamontais― ― ambas surgldas da naturezado capitalismo一 ―nos pode explicar a textura uva do processo hist6nco''TROTSKY The Tli:rd lnたm。,onα1 9[er■ e―

nin Nova York,1970 p 19-20)VertambOm LUXEMBURG,Rosa The Accumula,ο n Or Captο′Londres,1971 p438: “O capital europeu absoⅣ cu em boa medida a econonlia camponesa eglpcia Enorrnes extens5es de terra, mao―

de―obra e inumeraveis produtos do trabalho, devldos ao Estado como impostos, conVe● eram_se em■ ltlma andlise em

capital europeu e foram acumulados Estt claЮ ,foijustamente a nature2a pimitva das condi95es egfpcias que mostrou ser um soloぬo俺rbl para a acurnulac5o do capital''

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Page 16: Capitalismo Tardio - MANDEL

16 AS LEIS DE MOⅥMEMO EA HIS"RIA DO CAPr「 AL

mos, portanto, lirnitar― nos a um breve sumario de sua argumentacao.31 Ele explicapor que n5o foram bem― sucedidas quatto das mais brilhantes tentativas empreendi―das por discrpulos de Karl Marx nO sentido de reintegrar teoria c hisbria― ―as ten―

tauvas de Rudolf Hllferding,Rosa Luxemburg,Hen″ k GrOssmann c Nikolal Buk―hann.(D mesmo pode― se dizer acerca dos esforcos succssivos de Otto Bauer, qucpela malor parte de sua vida ocupou― se do mesmO problema, sem que chegasse auma resposta satisfat6ria.

Os esqucmas de reproducao dc Marx desempenham papel rigorosamente dc―finido c especrficO em sua analse dO capitalismo, tendo ern mira a resolucaO deum inico problema, e nao mais. Sua funcao σ explicar por que motivo e de qucmaneira urn sistema cconOmico baseado na “pura" anarquia de mercado, cm quca vida cconOrnica parece deterrninada por rnilh6es de decisOes desconexas de corn―pra e venda,nao resulta crn caos perrnanente c em constantes interrup96es do pro―

cesso social c econOrnico de producao,rnas,em vez disso,em seu cottuntO funclo―na ``normalrnente" ――isto O, com um grande abalo enl forma de crise econOmicadesencadcando―sc(na OpOCa dc Marx)a cada Sete ou dez anos. Colocand0 0 pro―blema dc outra mancirai como O possivel a um sistema baseado no valor de troca,que s6 funciona no interesse do lucro e considera irrelevantes os valores de uso es―

pecricOs das mercadorias que produz, assegurar, apesar disso, OS elementos mate―

riais do process6 de reproducao, que saO deternlinados precisamente por seu valor

de uso cspecrfico?cOmO conseguc tal sistema,pelo menos por algum tempo,supe―rar ``cspontaneamente" a antinornia entre valor de troca c valor dc uso?A funcao

dos esqucmas de reprOducao O,pOr isso,a de provar quc ι possfυ cl a sirnples cxlis―

lancia dO mOdo de producao capitalsta.

Para csse firn, Marx utiliza algumas abstracOes familares Ele agrupa todas as

firmas em duas categorias,as que produzem rnelos de producaO(Departamento I)e as quc produzem bens de consumo (Departamento H). TOdos os produtores adisposicao da sOciedade, que se veem Obrigados a vender sua forca de ttabalho,saO ana10gamente repartidos por essas duas csferas.A mesma divis5o o aphcada amassa de melos de producao de que disp6c a sociedade, saarn fixos(maquinas,construc6es)ou circulantes(matё nas_p五mas,fontes de energa,clementos auxllla―reS).

Com essc instrumental analftico, Marx chega a cOnclusao de quc a producaosocial sc encontra num estado de c9uilrbriO, isto ё,quc a reproducao ecOnomica csocial pode prosseguir sem perturbac6es cnquanto,e na medida cm quc,a f6rinu―la de equllbrio por ele descoberta for observada No sistema da reprOducao sirn_ples essa f6rrnula 0 1v+ Is= IIc. Isso significa quc o equilfbno ecOnOmico prende―

se a pOssibllldade de a producao de mercadorias no Departamento l provocar umademanda monetariamente efetiva por mercadorias no Departamento II, correspon―dente em valor as mercadOrias que o Departamento l deve encarninhar ao Depar―tamento II, e vice― versa Urna f6111lula sirnilar de cqullbrio pode facllmente ser dc―

duzida dos esquemas de Marx de reprodu95o ampliada; tanto quanto saibamOs,Otto Bauer foi o primeiro a faze― lo 32

Para tornar a cstrutura de sua demonstracao a mais rigorosa possivel,Marx dc‐liberadamente deixou fora de scus esqucmas o setor naO capitalista da ecOnorniaNada O dito,portanto, acerca dos camponeses ou artesaOs prOdutores de mercado―

31 ROSDOLSKY Op cr,p534-537,583‐ 58632 BAUER,Ott。 “Marx'Theone der wirtschaftsknsen'' Ini Dic Neue Zeit v 23/1,p 167 Bukhann enunciou a mes―ma f6rmula em hnguagem mais simples e elegantel Der fmpι

"o子

lsmus und die Aた kurnulaliο n d“ Kapi`als Viena,1926 p ll Para uma traducao em ing10s deste ilimo,ver LUXEMBURG,Rosa e BUKHARIN,Nik。 lai fmpe"α′なmand the Accurnυ ′o″ On or Cap″ α′Londres,1972p157

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Note
Fórmula de estabilização do sistema. Aplicável? Se essa forma for aplicável, pra que Estado? Pra que a intervenção de uma instância outra na gestão do sistema? Uma possibilidade de resposta é a Teoria do Desenvolvimento Desigual. A partir disso eu poderia dizer que o Estado é necessário para administrar o capital para os capitalistas, para administrar as difenrenças entre os capitalistas e não diferenças sociais e humanas de toda a sociedade. Isso revelaria um sinismo do pensamento social democrata em gerencias as distâncias sociais entre os "cidadãos".
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AS LEIS DE MOVIMED「 FO EA HISTORIA DO CAPITAL 17

rias sirnples. Nao O difrcl,pOrё rn, claborar um esquema em quc esses grupos apa―recam como um setor separado, c no qual, por exemplo, cles comprern melos fi―xos de producao ao Departamento l, c ao mesmo tempo vendam a csse Departa―mento matё rias―primas e bens de cOnsumo Para reconstruir a f6111lula dc equlll―

bno dc Marx, seria preciso dirninuir, do volume de prOducaO dO Departamento II,o valor dos bens de consumo provenientes dos prOdutores de mercadorias sirn―ples.

No entanto, C evidente quc o desenvolvirnento global do mOdO de producaOcapitalista nao pOde sc subordinar a no950 de ``cqullbrio''. Esse desenvolvirnento

corresponde, rnais precisamente,a uma unidade dia10tica de periOdOs de equlllbrio

e perlodos de desequilibno, cada um desses clementos dando Origem a sua pr6-pna negacaO. cada per10do de cquilibrio conduz inevitavelrnentc a um desequilr―

brio,que por sua vez,ap6s certo tempo,toma poss"el um novo e pro宙 s6●o cquilf―

brio. Mais ainda, uma das caracteristicas da econOmia capitalista O que nao apenas

as crises, mas tambOm o crescirnento acelerado da producao__n50 apenas a re―producao inιerrOmpida, Inas tambOm a reproducao ampliada― ―, saO gOVernadaspelas rupturas de cqulibrio. Existem igualmente poucas dividas de quc as lcis de

movirncnto do modo de producaO capitalista conduzam a tais desequilfbrios cons―

tantes Um aumentO na compos19aO Organica dO capital ―― para dar apenas umexemplo――deterrnina, entre outras coisas, um crescirnento mais rapidO no Depar―tamento l do que no Departamento II Pode― sc ir ainda mais longe, c afirmar quc

as rupturas de cqullbrio, lsto O, o desenvolvirnentO irregular, saO caracterrsticas da

pr6pria cssOncia do capital, na medida cm que este se bascia na concorrencia__

ou, nas palavras de Marx, na cxistOncia de “muitos capitais". Dado o fatO da con―

corrOncia, ``o anselo incessante por enriquccirnento", quc O um elemento disintivo

do capital, consiste na realidade na busca de urn superlucro, de um lucro acirna do

lucro mOdio. Essa procura conduz a tentativas permanentes no sentido de rev01u¨

clonar a tecnologia, conseguir rnenores custos de producaO quc Os dos concOrren―tes c obter superlucros, o que C acompanhado por uma composicao organica d。capital mais elevada c, ao mesmo tempo, por uma taxa crescente de mais― valia.

Todas as caracterおticas do capitalismo como forma cconOmica cstao presentes nes―

sa descricaO,caracteristicas baseadas ern sua tendencia inerentc a rupturas de equi―

1lbrio Essa mesma tendencia tambё m sc encontra na origem de todas as leis demOVi:pento do rnodo de producao capitalista.

E cvidente quc esqucmas destinados a provar a possibilidade de equilibnospett6dicos na ccononlia, apesar da organizacaO anarquica da producao e da seg―

menta95o do capital em firmas isoladas em concOrrencia, serao inadequadOs parauso como instrumental analitico para provar quc o modo de producaO capitalistadeυ e,por sua pr6pria cssencia,cOnduzir a rupturas pen6dicas dc equnfbri。 ,c quc,sob o capitalismo, o crescirnento econOnlico deve sempF acarretar um desequilF―

brio, assirn como ele mesmo O sempre o resultado de um desequlibno antenOr.Tornarn―se necessanos,assirn,outros csquemas quc incorporern,desde o inic10,es―

sa tendOncia ao desenv01virnento desigual dos dois Departamentos, e de tud0 0quc se distribui por eles. Esses esquemas gerais devem ser construrdOs de tal rna―

neira quc os esquemas de reprOducao de Marx constituam apenas urn caso espe―cial__assirn como o equllb五 o econ6mico O apenas urn caso especial da tenden―cia, caracterrstica dO modo de producao capitalista, ao desenvOlvirnento desigual

dOs variOs sctores,departamentos c elementos do sistema.

Urna taxa desigual de crescirnento nos dois Departamentos deve correspon―der a uma taxa desigual de lucro nos rnesmos.O crescirnento desiguai nOs dOis De―partamentos deve cxpressar― se por uma taxa desigual de acumulacao e um ritrn。irregular no crescirnento da compos19ao Organica de capital, que por sua vez O pe―

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18 AS LEIS DE MOⅥMEN「O E A HIS“ RIA DO CAPITAL

ri6dica c parcialrnente interrompida pelo impacto desigual da crise nos dols Depar―

tamentos.Poderiam ser esses os fatores a nos perFnitirem,por assirn dizer,``dinami

zar'。 s esqucmas dc Marx(que contnuam a ser instrumentos importantes para oestudo das pOssibilidades e variaveis do equilbrio peri6dico Ou dO afastamento

鶴 躍 鷺 lまS織

::認 h,鶴i選燎 鷺セ6nc∝ de Rudtt Hilfedns R∝ aLぃ

ukharin, Otto Bauer e tantOs Outros esta―vam desinados ao fracasso porque eles tentaram inυ (秀″igar os problemas dasた is

de dcsenυο′υimento do capitalismo, istO ι, os prob′emas dccorren,cs da rL/ptura dec9uilrbriO,com instrumentos proJctados para c andlise dO cqui′ rbrio.

de総毀星1艦盤鮒ちRudolf Hilた rdng aima quc os esquemas de reprOducao

“que na producao capitalista,a reproducao em escala sirnples ou ampliada pode pros_

seguir sem perturba90es enquanto essas propor95es forem manlidas (. )Dessa for―ma, n5o se conclui absolutamente que a cnse capitalista deva ter suas raizes no sub―

consumo das massas, cOmo um traco inerente da produc5o capitalista… Nem se infe―re, dos esquemas, quc haJa uma possibilidade de superproducaO geral de mercado―rias Ao contrario,。 que os esquemas mostram O que C possivel qualquer expansaO daprodu95o que estaa em harlnonia com o potencial das for9as disponfveis de produ―

ca。 ''.33

Na reahdade Marx naO pretendeu, de modO algum,que seus esqucmas de rc―producao justificassem airFnac6Cs quanto a pretensa possibilidade da “prOdu95osem perturbacoes'' sOb o capitalismo; ao contrario, clc estava profundamente cOn―

vencido da inerente suscctibilidade do capitalismo a crises. Ele absOlutamente nao

at五buiu essa suscetiblidade apenas a arlarquia da prOduca~o, mas tambOm a discre_pancia entrc o desenvolvirnento das forcas de producaO e o desenvolvirnentO do

consumo de massa, defasagem quc ele acreditava ser parte integrante da pr6pnanatureza do capitalismO.

“As condigOes de explora95o direta c as de realiz6-la naO saO identicas: diferem n5o

滉l∫:。電:誂&肌Tttb鵬ご境よ喘雷‰愧1∬鴇潟鯛|℃1]LT愴

ホ竃聖ぎ:∬‰E:肝精ふ∬譜盤淵∫:f)瘍∬緊::fユよTttf輛 :

950, que reduzem O consumo da grande maiona da sOciedade a um minirno que vaHa

燎:(滉::き il‖轟∫星:』』`rT:∫翼菫F:』じ::湿「talttil:|。『」ittLil椒1:LTヤ

Marx airma, pOrtanto, cxaFamenた o cont76rio daqulo quc HlfeFding preten―deu ler nos csqucmas de reprOduc5o lsso ё ainda mais surprecndenteふ luz daspr6prias palavras de Hlferding nO iniclo dc suas renex6es sobre as crises e os es‐

quemas de reprOducaO: ``Tambom no modo de producao capitalista se cOnservauma ligacao geral entre producao e cOnsumo, quc ё uma condicao natural, cO_murn a todas as fOrmac6es sOciais".Ele prOsseguc ainda rnais claramente:

“Entretanto, a estteita base oferecida pelas rela9oes de consumO n,produ950 capi―talista C a raiz geral da cnse ecOnomica,pois a impossibilidade de expandir o cOnsumo

O uma prё ―condi95o geral para a estagnacaO das vendas Se o consumO pudesse ser

盤識畿電:),17曽lle疑

F18翼鷺ξ::」継:もよ)ぎ

、ゞ310

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AS LEIS DE MOⅥ MEN「OEAHISTORIA DOCAPIFAL 19

ampliado sem restri96es, nao seria possivel a superprodu95o Em cOndicoes Capitalis―tas, entretanto, a ampliagao dO cOnsumo implica uma reducaO na taxa de lucro, pois

‖:t,:∬。SCirno no consumo das amplas massas esta ligadO a um aumento nos sald―

Apesar destes vislumbres corretos, Hllferding O mais tarde desOrientado pe10s es―quemas de reproducao,v01tando― se para uma teoria das crises baseada na desprO―porclonalidade``pura''.

Em A Acumulacao dO capitaち Rosa Luxemburg acusa Marx de proietar seusesqucmas de tal maneira quc “ё absolutarnente impossfvel conseguir uma expan―saO mais rapida dO Departamento l ern relacao ao Departamento II''. Poucas pagi_nas depois, declara quc o csqucma exclui ``a cxpans5o da producao a passos lar―

9。s".36 No entanto, cla atribui essas aparentes contradic6es nOS esqucmas de re―producao unicamente aos bens de consumo produzidos pelo Departamento II qucnaO pOdern ser vendidos,isto ё,a ausoncia dc urn ``rnercado cOmprador nao― capi―

talsta'', quc seria indispensavel para a reahzacao de tOda a mais― valia prOduzida`Na realidade, suas criticas a csse respeito correspondem a incOmpreensao dchnea_

da anterioll:lente, quanto ao prop6sito e funcδ es dos osquemas EIcs naO visamabsolutamente a expressar a mais raplda taxa de crescirnento no Dcpartamento lem relacao aO Departamento II, o que C inevitavel nO capitalismO, Ou a “expansa。da prOducao a passos iargos",O quc,sob o capitalismo,conduz fatalrllente a ruptu―ras de equilibrio.Ao conttano,a inten95o dos esqucmas O provar quc,apesar des―sa``expansao a passos largos" c apesar das rupturas peri6dicas de cqttilib遷 o, tanl

bOrn ё possrvel existir equilfbnos peri6dicos ern cOndic6es capitalistaslsso exptca pOr que razaO Marx nao se preOcupou com a ``reprodu95o a pas―

sos largos". E igualrnente claro quc, se desconsiderarrnos a hip6tese dc equnfb五 。,

absolutamente naO teremos de buscar iuntO aOs “compradores nac― capitalistas" a

solucao para as “conttadic6cs internas'' dos esquemas de reproducao: Ossa deveantes ser encontrada na transferencia de mais― valia do Departamento II para o De―partamento I, no decorrer da igualizacao da taxa de lucro, tornada necessa五 a pelamenor composicao Organica de capital no Departamento II A pr6pna Rosa Luxemburg de inicio vO nessa transferOncia a soluc5o normal, tanto 16gica quanto histOn_camente,37 maS 10go ern seguida a racita com base na ``coerOncia interna" dOs es―qucmas de reprOducao, sustentando quc essa soluc5o nao obedecc as cOndic6escstabelecidas por Marx para O funcionamento dos esqucmas(por exemplo, a ven―da de mercadorias por scu valor). Desse modo ela deixa de perceber que tOdO Oprocesso de crescirnento da producao capitalista, c a desigualdade crescente de

seu desenvolvimento,nern soquer prctendem obedecer a tais condicocs.Essas obseⅣa95es apliCam― se ainda mais a Hcnり k GrOssmann,cmbOra,a pn―

meira vista, csse autor pareca comprecnder rnelhor do que Rosa Luxemburg a fun―

9aO dOs esquemas de reproducaO Em scu livro Das Aた たurnulations― und Zusom―mcnbttchsgese″ dcs たapllolistischen Sソ stems, cle frisa cxplicitamente o fato dequc os esqucmas saO calculados corn base num hipotOtico estado dc equillbrio.Lo―

go se percebe, entetanto, quc esta unicamente se refenndO aO equlrbriO entre a

oferta c a demanda de mercadorias,que resulta na ine対 stencia de flutuagoes dcpreco de mercado Na realdado, tais lutuac6es em precos de mercado nao saoapenas exclurdas dO contexto dos esquemas de reproducao no vOlume 2 dc O Ca―pi′αル ao longo de toda a analise de Marx do capitalismo clas naO desempenham

35 HILFERDING Finα,υkapital p 229

86 LUXEMBURG,Rosa Accumu′ otion cr Capllα ′p340‐34137fbid p 340

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20 AS LEIS DEMOⅥMEDITOEA HISTORIA DOCAPITAL

nenhum papet sendO tratadas apenas, de passagem, no capitulo X do volume 3de O Cap“ al.

O problema ё bastante diferente quando nos refenmos as lutuac6es nos prc―

9os de producao ou nas taxas de lucrO, quc exercem um papel cental no sistemade Marx. Nessas lutuac6es,isto O,na busca de urn superlucro,temos a explicacaobasica para a totalidade dos esfor9os de invesumentO c acumulacaO dO capitalista.Isso, por sua vez, nos remete imediatamente para a concorrOncia. Enquanto Marxcomprecnsivelrnente ignora a concorrencia ern seu procto de prOvar quc o cqulF―

bno ё possfvei no modo de produ95o capitalista,e pressupOe n5o apenas o cquilr―b●o entre oferta e demanda mas tambOm o desenv01vimento regular de ambos ossetores, isto O, de todos os capitais, GrOssmann insere os rnesmos pressupostos ao

longo de sua investigacao das tendencias a acumulacaO, crescirnento e colapsO do

capitalismo Ele nao percebe que tais pressupostos se tomam absurdOs para a ana―hse dessas tendencias,pois,de fato,negam o quc ele pretende provar.

Seia ditO quc a abordagem de Grossmann dos esquemas de reproducaO reve_la,cm contraste corn a de Rosa Luxemburg,uma incompreensao fundamental dopapel decisivo desempenhado pela concorrOncia no sisterna de Marx. GrOssmann

cita uma passagem de Marx acerca do surgirnento da concorrencia fora de seu con―texto一― isto O, de sua relacao cOm Os problemas do valor― ―, c conclui quc elanaO cxerce um papelimportante na cxplica95o dc Marx da 16gica interna do modode producao capitalista Ele o faz, cm que pese o fato dc haver citado a seguintepassagom do volume 3 de O Capital,38 que devia桜 )‐lo ensinado, de uma vez por

todas, que capitalismo sem concorrencia c capitalismo scm crescirnento: ``Tao lo90

a foHHa95o de capital caFsse em poder dc um nimero reduzido de grandes capitaisestabelecidos, para os quais o volume de lucro compensaria a taxa decrescente dc

lucro,a chama vltal da producao seria tOtalmente extinta Ela rnorreria".39

Em sua argumentacaO,GrOssmann emprega o csquema de(Dtto Bauer,clabo―rado em 1913 como uma resposta a A Acumulagao dO cap″ αι de Rosa Luxem―burg. Os csquemas de Otto Bauer parecem levar em conta as leis de desenv01vi―mento do capitat pOiS neles aumenta a compostao Organica dO capital一 ―e comela a taxa de acumulacao__enquanto, ao contrano, dirninui a taxa de lucro. Maslogo em seguida negam suas pr6prias pressupos190es, pOiS, juntamente com umacrescente composicao organica dO capital, contemplarn taxas idOnticas de mais― va―

ha c de acumulacao para Os dois Departamentos,o quc C insustentavel 16gica c his―

toricamente.40 Assim,os esquemas proporclonam a Grossmann a sua``prova mate―matica" de quc a acumulacao deve estagnar por falta de mais― valia, pois de outta

folllla nao sena bastante a parte cncanlinhada ao capitalista para consumo Reco―

nhecidamente, s6 devera ``estagnar'' no 34.° ciclo. Se lembrallHos quc o obictiVO

dos esqucmas de reproducao O f0111lular Situac6es de cquilibrio purificadas por cri―

ses pen6dicas a cada 5, 7 ou 10 anos, sera cvidente quc GrOssmann, contrana―mentc a suas pr6pnas intencOes,de fato demonstrou o oposto daqulo que preten―dia provar. Porquc a substancia dessc argumento O quc o capitalismo poderia so―

breviver por muitas dOcadas,se nao pOr variOs sCculos,antes de sofrer um colapsoeconornico.

Bukharin tarnbOm baseou sua crFtica a Rosa Luxemburg nOs esquemas deMarx. No prOcesso, tentou fomular uma “teoria geral do mercado e das crises",

quc mais uma vez parte das condic5es de equilfbrio c quando muito chega a des_proporcionalidade por melo de “tendOncias contradit6nas no capitalismo" (csfor_

38 GROSSNIANN,Hen″ k Das Aたたumulα

οns‐ und Zusarnmenbruchsg“ ●レ d“ kapittllstlschen Stttems Frankfurt,

1967 p 90-9239МへRX Capitα ′v3,p25440 BAUER,Otto “Die Akkumulaton des Kapltals" In:Dic Neuc Zer 1913 v 31/1,p83

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Page 21: Capitalismo Tardio - MANDEL

AS LEIS DE MOVIMEprTO E A HIS“ RIA DO CAPr「 AL 21

9os para aumentar a producao e reduzir Os salariOs)que n50 sao as tendencias ima―nentes do desenvolvirnento do capital ou as leis de movirnento dO pr6prio mOdOde producao capitalista. Bukharin parece tomar― se ほo fascinadO pelas ``cOndic6esde equllibrio" reveladas nos csquemas de Marx que sustenta, assirn como Hilfer―

ding, a tese de que nao haveria mais cnses de superproducao se a ``anarquia daprodu9aO'' fOsse climinada, comO no caso do ``capitalismo de estadO" cOm uma

cconomia plangada.41 Nesse ponto, ele tem o infonin10 de tOmar como base deseu argumento um ttecho das Tcorias da Mais― Valia de Marx, quc afillila precisa―

mente o contrario.Bukharin transcreve a seguinte passagern:

“Aqui,portanto,C pressuposta l)α producaο capitalista, em que a prOdu95o de ca―da indistria em particular e o seu acrOscirno n5o sao diretamente regulados e cο nrrOla_

dos pelas necessidades da sOciedade, mas pelas forgas produtivas a dispOsi9aO de ca_da capitalista isolado, independentemente das necessidades da sOciedade; 2)admite_se, apesar disso, quc a produ95o saa propOrcional(as e対 gencias), comO se o capitalfosse empregado nas diferentes esferas da produ95o diretamente pela sociedade, deacordo com suas necessidades Nessa hip6tese, caso a producao capitalista fosse pro―ducaO inteiramente socialista ―― uma contradicaO em temOs ―― de fato naO poderiahaver superproducao''.42

Bukharin acrescenta munfalrnente: “Sc hOuvessc uma economia planaada,naO haveria crise de superproducao. As idOias de Marx saO muito claras neste pon―

to:o triunfo sobre a anarquia,isto O,o plangamentO,n5o se opOc a liquidacao dacontradicaO entre producao e cOnsumo como um fator particular; ele ё representa―do comO abrangendo essa liquidacao".43 Nesse ponto,Bukharin na0 0bservOu queentre as condic6es sob as quais a producao capitalista sena ``prOduc5o inteiramen―te sociahsta", Marx inclui expressamente nao s6 a proporcionalidade entre as esfe―

ras isoladas da producaO,mas tambOm o emprego de``capitar'diκ tamcnte pelasocicdadc, de acordo com suas necessidades(isto O, nao a prOducaO de mercado―rias ou valores de troca,mas a producao de va10res de uso).Tant0 0 pardgrafo an―

terior ao trechO citado por Bukharin quanto os seguintes mostram com bastanteclareza que, para Marx, o crescirnento proporcional da cttaga~o de υαlor nos v6● Osramos indusmais na-O o a resposta ao probletta da rcalizacaO da mais― valia,pOrqucesse problema pode apenas ser resolvido sob condic6es dc ``producao inteiramen―

te socialista'',α traυお doり uSte da prOducao de υa10res de uso as necessidadcs dasocledadef

“Caso todos os Outros capitais se tenham acumulado a mesma taxa,absolutamentenaO se pode concluir que sua producaO tenha aumentado na mesma proporcaO Mas,se tiver, naO decOrre daf que eles queiram l%a mais de aigos de cutelana, pOis suademanda de aぬ gos desse tipo naO esta de maneira alguma relacionada aO acrOscirnoem sua pr6pna produca0 0u a seu poder aumentado para compra― los" E mais adian―te:

“A prop6sito,nos variOs ramos da indistria em que ocorre a rnω ma acumulaca~ο decapital(e essa c tambOm uma supos19aO infeliz,de que o capital se acumule a uma Fa―xα idantica nas diferentes esferas), o montante de produtos correspondentes ao capital

aumentado pode variar largamente, pois as forcas produivas nas diferentes indismasou os valores de uso totais produzidos em relagaO aO trabalho empregado vanam demodo consideravel c)mesmO valor ё produzido em ambos os casos, mas a quantida―de de mercadonas em que esta representado ё muito diferente Portanto,naO se pOde

41 BuKHARIN Impe"α ′たm and the Accumulα ″on or Capital p 22642 MARX Theo"‐ orSuplus Value Londres,1972v3,p l18囀BUKHARIN Op cit,p228-229

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Page 22: Capitalismo Tardio - MANDEL

22 ASLEIS DE MOⅥMEMO EA HI¨ RIA DO CAPr「 AL

compreender quc a indistria A, porque aumentou em l% o valor de sua prOducao,enquanto o volume de seus produtos cresceu em 2073, deva encontrar um mercadoem B,onde o valor aumentou igualrnente em l%, mas a quanidade de sua producaocresceu em 5% Aqui o autor deixou de tomar em consideracaO a diferenca entre va―lor de uso e valor de troca''44

Em outras palavras, para Marx as crises nao saO prOvOcadas unicamente poruma desproporclonalidade de valor entre os variOs ramos da indttstria, mas tarn―

bёm por uma desproporclonalidade entre o desenvolvimento do valor de trOca cdo valor de uso, isto O, pela desprOporclonalidadc entre a valorizacao dO capital e

o consumo. C)capitalismo de estado de Bukhann, livre da ocorrencia de crises, tc―

ria de eliminar igualrnente esse segundo tipo de desproporclonaldade__em ou―tras palavras, deixaria totalrnente de ser capitalismo, pois dcixaria de se basear na

pressao para a valorizacao do capital. Teria superado a antinonlla entre valor dc

uso e valor de troca.

Sc agora nos deslocallHos da inadoquacao dOs esqucmas de reproducao deMarx enquanto instrumental para a analise das icis de desenvol宙 rnento do capita―

lismo, c focalizarmos a inadequacaO dOs mё todos de analise ccOnornica, emprega―

dos depois dc Marx,defrontar― nos― emos com um fato pnmordial.As discussoes doproblema das tendencias de desenvolvirnento a longo prazo e do colapso inevit6-

vel do modo de producao capitalista tOrn sido dorninadas, por mais de meiO socu―

lo,pelos esforcos de cada um dos autores para reduzir esse problema a um`nico

raton45Para Rosa Luxcmburg esse fator O, naturalrnente, a dificuldade na reahzacao

da mais―valia, c a necessidade subsequente de absorver um nimero crescente deesferas do mundo nao― capitalista na circulacaO capitalista de mercadorias; esta ilti―

ma ё vista como a `nica maneira poss,vel para comercializar o resfduo inevitavelde bens de consumo quc,de outta fo111la,nao poderia ser vendido Essc mecanis―mo b6sico O utilizado para explicar tanto o desenvolvimento do capitalismo, da cta―pa da livre concorrencia aO imperialismo, quanto a pre宙 sta inevitabilidade dO cO―

lapso econOmico do sistema.46

Em Finanzkapitat dc Hilferding, a concorrencia一 ―a anarquia da producao― ―

O o calcanhar de Aqulles do capital. Mas Hilferding deslocou de seu cOntexto glo―

bal esse aspecto indubitavelrnente decisivo do mOdo de producao capitalista, c oidentificou como a causa cxclusiva das crises e desequlbrios capitahstas. Isso inevi―

tavelrnente conduziu― o a sua cOncepc5o posterior de ``capitalismo organizado'',em quc um ``cartel geral'' chrnina as crises, c a reie1950 da idё ia do cOlapso econO一

rnico final do capitalismo.47

“MARX Theο

"“げ Sulplus Vα ′ue v 3,p■ 8‐ 119

45 Atё agora,a mais extremada――e mais ingonua__vers5o de uma explicacao``monocausal"do desenvolumentO ca‐pitahsta O oferecida por Natahe Moszko、 vska:“O mesmo lator(!)que determina a curva conluntural deteHnina tam‐bOm a curva global da econOmia capitallsta Se nao conslderarmos os latores e causas secundd五 os,levandO unicamente em conta a causa pincipal,poderemos dsinguir duas tendOncias diametralmente opostas na economia politlca Osrepresentantes de uma tendOncia veOm a causa das rupturas na economia no consumo excessivo e na poupanca insul―

ciente(subaCumulacao), c Os da Outa tendOncia, inve、amente, Ⅲ buem_nas ao consumo insuiciente e a pOupancaexcesslva (superacumulac5o)'' Ela acrescenta a seguinte notal “E verdade que muitOs economistas r● eitam teohasmonocausais das cises,devldo a`cOmple対 dade de manelras pelas quais as cises se manifestam',e falam de uma`muliplicldade de lontes para esses eventos' Mas um exame mais atento mostra quc,mesmo nas teonas desses pes‐

quisadores,na maiona das ve2eS predomina uma causa inica'' MOSZKOWSKA,N Zur Dノ namiた d“ Spdtkapitalls―

,ηus Zuique,1943 p 946 0s pimeiros autores a desenvolverem sistematicamente essas idOias forarrll CUNOW,Heinnch ``Dle Zusammen‐

打廿i機:鑑;1癬毅`ぷ `朧鳳胤1,an:∬贈ιょ嚇nttb′じら;度管ξ:ゴ認鴛劃:驚禦:[cano BOUDIN,Louls B The The。″,cα I System orKα″■FaⅨ 1907,p163‐ 169,2432“47 ver GROSSNIANN Op cit,p57-59

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AS LEIS DE MOⅥ MEMO E A HISTORIA DO CAPr「 AL 23

Na obra de Otto Bauer ha uma luta peI11lanente para cncontrar a ``inica", amais importante contradicao ecOnomica intema do modo de prOducaO capitalista,luta que o encarninha, sucessivamente, a umasこ rie de posicδ es diferentes Poucoa pouco, a partir de sua concepcao original de quc a liberacaO peri6dica de capital

moneねno nao_acumulado ё o fator rnais importante na ruptura do equilrbrio capi―talista, ele desenvoive uma versao mais engenhosa da teoria de subcOnsumO deRosa Luxemburg.48 Essa versao estt presente ern scu● lumo trabalho de an61se eco―

nOrnica,Zwischen zwci tteルたriegen2, cm quc ele exp6e a tese de quc a contradi―

caO basica no capitalismo ё O fato de quc a producao de Capital constantc(no De―partamento I)cresce mais rapidamente quc a demanda de capital constante na pro―

ducaO de bens de consumO Isso O apresentado como uma ine宙 tavel consequOn_cia do aumento de mais―valia 49 Fritz Sternberg,Lcon Sartre c Paul Sweczy adOta―ram a tese de Bauer coln alterac6es de pouca importancia,。 u a desenvolveram in―dependentementc;50 cln resultado, tOdOs eles terrninam por chegar a mesma con_clus5o quc Rosa Luxemburg:o capitalismo sofre inerentemente,se nao de urn resr―

duo de bens de consumo invendaveis, pelo menos de capacidade nao utilizadapara a producao de bens de cOnsumo(ou,o que vem a ser a mesma coisa,de umvolume de melos de prOducao quc naO pOdem ser vendidos porquc,cmbora desti―nados ao Departamento II,nao podern ser adquiridos por este).

Em MaFist Economic Thco″ eu jd expus a incompreensao fundamental一uma 6b宙 a peririO pガ ncipr――subiacente a esse lpo dc argumento TOdos esses au―tores trabalham a partir da pressupos1950 basica de quc nao haa mudanca na pro―pOrcaO dO va10r de producao ou da capacidade produtiva entre os dOis Departa―

mentos, ao passo quc a demanda de mercadorias provenientes do DepartamentoII cresce naturalrnente mais devagar dO quc a demanda de mercadOrias dO Depar―tamento l, devido ao aumento na taxa de mais― valia c na composicao Organica dOcapital Assirn, a crise torna― se inevithvel Mas a constancia dcssa “proporcao tocni_Ca''(Otto Bauer fala de um ``cociciente tOcnico'')entre O crescimento da prOdu―

9ao no Departamento l e a capacidade produtiva do Departamento II(Swcezy)ouos meios de producao necessariOs a prOducao de bens adicionais de consumo

(13auer)naO fOi abs01utamente comprovada.O fatO de quc o desenvOlvirnento acelerado no Depaltamento l, ao aumentar

a composica0 0rganica dO capital na econornia como um todo, deve tambom au―mentar, cm■ ltima analise, a capacidade produtiva do Departamento II, nao prova

de mancira alguma que a capacidade produtiva dc ambos os Departamentos devaaumentar na mesma propο κσο. No entanto,sc houver uma alteracao nas prOpor―

cOes recゎ roCas das duas capacidadcs, e dado um grandc acrOscirno na producaototal de mercadOrias, uma demanda ampliada crn relacao as mercadonas dO De―partamento l podera certamente ser acompanhada por um aumento absoluto, crn―

bora menor em temos relativos, na capacidade produiva do Departamento H cpela utihzacao plena dessa capacidade, scm que isso necessariamente acarrete su―perproduca0 0u capacidade excedente

袷∬富鵠l器語恩キI?Ъ i『賜∫昴「IttiTT艦魔珊獄 :′蹴 誡品」も沸雷e譜iが

先ぶ際しll,聯li籠:計,1:鶴iI甘∫器'漁:£ :‖」r寸

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『ζi::『liittil慢II』no loram,em ordem cron。 16● ca,aS lutuac5es na FeCOnS

com oistas ac investmento no extenor{19o7),a discrepancinal(1913)e, inalmento, a discrepancia entre o cresciment

no Departamento II(1986)

i謬戟寛窯り|よ難鶴 担亀伊酔 )。発主Jt〃晏』羅‰,全勝Fλ}稚鷺朧und Seine K″ liたer Berlirn,1929 p 163 eFseqs

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24 AS LEIS DE MOⅥMEMO EA HISTORIA DO CAPr「 AL

Henvk Grossmann vO a debilidade malor do modo de prOducaO capitalistanos crescentes problemas de va10rizacao dO capital,que devem necessariamente le―

var a uma “superacumulacao", istO o, a uma situacao em quc a totalidade damais―valia disponfvel deixa de ser suficiente a valonzaca0 1ucrativa dO capital dispo―

nivel. Sua argumentagaO, que sc ap6ia de maneira exorbitante nas cifras algo arbi―

睡arias de quc ele parte, hesita entre duas abordagens principais. EIc afirma, por

um lado, quc as dificuldades de valorizacao do capital scriam uma barreira absolu―ta se de fatO conduzissem a uma queda na mais― valia improdutivamente consunll―da pelo capitalista. POr outro lado, pretende quc a incapacidade em va10Hzar ``lu―

crativamente'' オodo o capital acurntdado traria a interrupcao da tOralidade dO prO―cesso dc expansao.51(D primeiro argumento nao se sustenta,pois deixa de cOnside―rar o fatO de quc uma parte da mais― valia destinada ao consumo poderia ser dividi―da cntre um nimeЮ cada υαζ menOr de capitalistas(ainda mais nos termos dO cs―qucma de GrOssmann do quc na realidade,pois as dificuldades de valorizacaO quc

ele pressup6c intensincanam em grandc medida a compeicao intercapitalista).Urna queda nO cOnsumo enquanto parcela da mais― vaha produzida ё perfeitamen―te compativel com um aumento no consumo de cada famlla capitalista(nao consi_deraremos aqui atO quc ponto GrOssmann esta certO em ver as necessidades deconsumo do capitalista como o“ obicuVO ilimO''da producaO capitalista)O se―gundo argumento contOm urn erro evidente:sc tOdo o volume disponfvel de mais―

vaha deixar de ser suficicnte para a valorizacaO de tOd0 0 capital acumulado, O rc―

蠅 椰 な勲 電藤 各 讐 輔駆 電ncttnttalお 蹴 霊

ninho O quc a tendOncia inerente a supe_racumulacaO, quc ё indubitavelrnente um tra9o distintivo do capitalismo, deve serncutralizada pela tendencia, tambOrn inerente ao sistema, a peri6dica desvaloriza―

95o do capital, de maneira a cvitar uma estagnagao mais 10nga dO prOcesso de va―lorizacao COmO O pr6prio Marx enfatizou, essa C precisamente a funcaO das crisesde superprOducao. POrtanto, Grossmann naO cOnseguiu provar quc esse processotorne a valoHzacaO de capitalirnpossfvel em termos gerais,a longo prazo 52

0 ccOnOrnista polonOs― americano Michal Kalecki empreendeu a tentativa maiselaborada, atC O momento, de combinar Os mOtodos de pesquisa do marxismocom os da moderna cconometria――seu trabalho antecipou muitas das descober―tas de Keynes.Sua conclusao ё uma variante da tese de Grossmann:a taxa de acu―mulacao da mais_valia recorn― criada, istO o, a divisao dessa mais― valia entre o con―sumo improdutivO e a acumulacao, cOnstitui a ``variavel estratOgica" no sistema de

Marx Mas o isolamento desse fator em relacao ao cOntexto global do sistema naoexpllca por que razao os capitalistas apresentam uma taxa mais baixa de acumula‐

caO durante perfodos bastante longos,sucedida por uma taxa mais elevada(ou,in_versamente, uma taxa mais alta de consumo improdutivo, novamente seguida poruma taxa mais baixa)53

0utra variante da mesma posica0 0 prOpOSta pelos te6ricos da chamada``ecO―nomia de guerra permanente", representados p五 ncipalrnente pelo maEcsta britani―co Michael Kidron.54 A acumulacao pOdc conunuar alom de scus lirnites interiores

se quantidades crescentes de mais― vaha forem deslocadas ``para fora dO sisterna",por inte111lёdio do cOnsumo improdutivo.[)iscutiremos as contrad19oes b6sicas des―sa teoria no caprtu10 9: o adiamento do colapso do capitalismO o expllcado pelo

評 群ぽ 増ふ ∴

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AS LEIS DE MOⅥ MENIO E A HISTORIA DO CAPr「 AL 25

uso improdutivo, isto O, pelo desperdrciO de mais― valia. Permanecc incompreensf―vel,entretanto,de quc maneira a producc~o de annas,isto O,a producao de merca―dorias, a producaO dc υaloち pode ser equiparada ao desperdた :o de mais_υ alia, c

de quc maneira esse desperdrciO de mais―valia pode resultar em crescirnento eco―nOmico acelerado.

Bukharin o O unico marxista55 quC,Crn sua crruca a Rosa Luxemburg,assina―lou, ainda que de passagenl, quc seria preciso levar em conta diversas contradi―

96es b6sicas do sistema, para que se pudesse antever o seu colapso ine1/itavel.56Ao mesmo ternpo, Grossmann tern razao quandO acusa 3ukhann de naO ter dedi―cado uma inica linha a andlise da dinamica dessas contradicOes, e de nao haverexplicado em quc medida c por que motivo essas contradicOes― ―ou algumas de―las――deveriam possuir uma tendOncia a se intensificar.57

venficamOs,assim,que todas essas teorias(a cxcecaO de um cOmenttrio deBukharin, que lustarnente deixou de desenvolver uma teoria sistematica nessa dire―

caO)sOfrem da debilidade basica de prctender deduzir toda a dinamica do modode prOducao capitalista a partir de uma inica variavel dO sistema. Todas as Outrasleis de desenvolvimento quc Marx descobnu aginam,mais ou menos automaica―mente, apenas como func6es dessa variavel inica. No entanto, O o pr6prio Marxquern categoricamente contradiz essa supos19ao em variOs trechos POr exemp10:

“As crises econOmicas mundiais devem ser vistas como a concentra95o efeiva c oaluste compulsOrio de todas as contrad19ё es da econonlia burguesa Os fatOres is01a―dos que estto condensados nessas cnses devem, por esse moivo, apresentar― se e se―

rem descntOs em cada esfera da economia burguesa;quanto mais avancarmos em nos―sa investigacao desta olima, mais aspectos desse connito devem ser delineados e, poroutro lado, deve_se mostrar que suas mais abstratas forFnaS eSt5o reaparecendo, cOni―

das nas fonnas lnais concretas''58

Na realidade,qualquer suposicao de um anicO fator sc op6e claramente a con_cepcaO dO mOdO de producao capitalista como uma totalidade dinamica,na qual aacaO recrprOca de todas as lcis basicas de desenvOlvimento se faz necessaria paraquc se produza um resultadO especrficO. Essa idOia implica, cm certa medida, quc

todas as variaveis b6sicas desse modo de producao possarn, parcial e periOdica―

mente, desempenhar o papel de variaveis autOnomas ―― naturalrnente, naO aoponto de uma independencia cOmpleta, mas numa interacao cOnstantemente arti―

culada atravOs das lcis de desenvOlvimento de todo o modo de prOducao capitalis―ta. Essas variaveis abrangem os seguintes itens centrais: a composicaO Organica d。

capital em geral e nos mais importantes setores cm particular(o quc tambOm in―clul,entre outros aspectos, o volume de capital e sua distribu19ao entre Os sctores);

a distribuicao dO capital constante entre o capital fixo e o circulantc (novamente

cm geral e em cada um dOs principais sctores; a pa面 r de agOra onlitiremos csscacrOscirno auto― evidente a f0111lulacaO); O desenvolvirnento da taxa de mais― valia;

o desenvolvimento da taxa de acumulacao (a relacao entre a mais― vaha produtivac a mais―valia consumida improduivamentc)i o desenvolvimento do tempo de ro―

脆淋』薔麗T:C::嵩ポ憲盤]席:"野∬″:琥l¶:臨詣1『酬認辮::じ蹴警λ織¶『鼈鷺卵ca da` `rnOnocausalidade''56 BuKHARIN p 229-230,264‐ 268

1朧Ⅷ詭胤 紹 `盛織 :蹴t∬聯蠣藍淵躙 em_exatamente o esquema de seu bwo Zur Ooた onOrnie der Tr

源轍慾籠豊勲樅轍憮質質蓄蹴胤呪臨1い m品へ団as co籠甜

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26 AS LEIS DEMOVIMEDl「 O EA HISTORIA DO CAPITAL

ta95o do capital;c as relac6es de troca cntre os dois Departamentos(as quais sao

basicamente, mas nao de maneira cxclusiva, uma funcaO da cOmposicao organicade capital dada nesses Departamentos).

Urna parte importante do presente estudo sera dedicada a investigacao dO de_

senvolvimento e correlacao dessas seis variaveis basicas do modo de producaO ca_pitalista. Nossa tesc O quc a hist6na do capitalismo, c ao mesmo tempo a hist6ria

de suas regulandades internas e contradic6es em desdobramentO, s6pode ser ex―plicada c comprecndida comO uma funcao da acaO recゎ rOCa dessas scis variaveis.

As lutuacOes na taxa de lucro sa0 0 sism6grafo dessa hist6ria, na medida cm qucexpressam com a malor clareza possivel o resultado dessa interacao em cOnfOrnll―

dade com a 16gica de unl modo de producao bascadO no lucro― ―em outras pala―

vras, na valorizacao do capital. Mas tais lutuacOes sao apenas resultados, que tarn―

bOrn devern ser exphcados pela interacao das vanaveis.Aqui, numa antecipacao de nOssas descobertas posteriores, ofereceremos al―

guns cxemplos quc,ern nossa opiniaO,mOstram que cssa tese ё correta.A taxa de

mais― valia一―isto O,a taxa de exploracao da classe operaria__ё uma funcao da lu_

ta de classcs59 e de Seu desfecho prOvis6Ho em cada perfodo especrfico, entre ou―tras coisas Ve―la cOnno uma funcao mecanica da taxa dc acurnula95o, digarnOs, naforina simplificada― taxa mais alta de acumulacao=menOs desemprego=esta―bilizacao ou mesmo reducao da taxa de mais― valia――significa confundir condi95es

OttetiVas que podem cOnduzir a unl resultado especifico,ou atenu6-lo, com o pr6-prio resultado. Sc a taxa de mais― valia val efetivamente aumentar ou naO dependc―

r6,cntre outros fat6Yes, do grau de resistencia revelado pela classe operana aos es‐

forcos do capital para amplia_la. on`mero de variacё es possivels a csse respeito e

a diversidade dos scus resultados podern facilmente ser vistos na hist6ria da classe

Operaria e do mOvirnento sindical nos■ltimos 150 anos. Um exemplo ainda maisincorreto de relacao mocanica pode ser fornecido pela f6111lula de Grossmanni bai―

xa produtividade do ttabalho = baixa taxa de mais― valia; elevada produtividade

do trabalho = clevada taxa de lucrO. Marx repeudas vezes chamou a atencaO paraa situacao nOs Estados【」nidos,onde os salariOs fOram altos desde o inrclo,naO cO_

mo uma funcaO da ala produuvidade do trabalho mas da crOnica“ cassa de foル

ca de trabalho provocada pela FrontCira,portanto,a alta produtividade do trabalhonos Estados Unidos n5o fol a causa,mas o resultado dc altos salanOs,e consequcn―

temente fol acompanhada, durante um perrOdO bastante longo, por uma taxa delucro rnais baixa do que na Europa

O grau de resistOncia do proletariado,istoり , o desdobramento da luta de clas―ses, nao O o unicO deternlinante quc ieva a taxa de mais― valia a sc tornar uma va―

navel parcialrnente independente da taxa de acumulacao: a situaca~o hist6rica origi―

nar do exorcito industlial de reserva tarnbё m desempenha um papel decisivo. De―pendendo do tamanho dessc exCrcito de reserva,O poss"el quc uma taxa crescen―te dc acumulacao seia acOmpanhada por uma taxa de mais― valia crescente,cstacio―

ndna ou decrescentc. QuandO cxiste unl mac19o exOrcito de reserva, a taxa cres―

cente de acumulacao nao cxerce inluOncia significativa na relacao entre a deman―

da c a oferta da mercadona fOr9さ de trabalho (excetO, possivelrnente, cm algumas

profiss6es altamente quallficadas) IssO explica, por exemplo, o rapidO crescirnento

為 TIも 』朧 素 と畷

r島貯 肝 lri癬 縦 電T鳳 :譜鷲]∴ 硼 踏 霊

鶴 席雅 鷲T亀認 魁り癬 l摺L鶴鼈譜 潮11:猟孵 澱 讐 l靭:minacao de seu grau efetlvo s6 ica assente pela luta ince

P“co● Lucro in:MARX e ENGELS Salecた d Wοrtt Londres,1968p226

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AS LEIS DE MOVIMEN「 OEAHISTORIA DO CAPITAL 27

Ao conttario,quando h6 uma tendencia aO decrё scirno do exё rcito industrial de re―

serva, devidO__enせ e outros fatores― ―a enligrac5o em massa da forca de taba―lho``supOdua"para o estrangeiro,um rapidO aumento na taxa de acumulagao po―de perfeitamente ser acompanhado por uma taxa dc mais― valia cstaclonana Ou de_

crescente. Tal esquema seria adequado, por exemplo, a Europa ocidental entte1880e1900,ou alセ ilia no infclo dos anos 60 do presente sOculo.

De mancira sirnilar, a taxa de crescirnento da compos19ao organica do capital

naO pOde ser sirnplesmente considerada como uma funcao do prOgresso tecno16gi_co ligado a cOncOttncia. Esse progresso tecno16gico reconhecidamente induz asubstituicao do capital宙 vo pelo capital rnorto,de folllla a reduzir custos― ―em ou―tras palavras,ocasiona um aumento mais rapido nO dispendiO em capital′ xo doquc em salariOs. Podemos faclmente encontrar comprova95o emprrica para issona hisbria do capitalismo. Mas, como sabemos, o capital constante compreende

duas partesi uma parte fixa(rnaquinas, constru95es etc.)c uma parte circulante

(mattnas_pnmas,fontes dc energia,clementos au対 hares etc.).O crescimento rapi―

do do capital fixo c a rapida ampliacao na prOdutividade social do ttabalho dar re―

sultante ainda n5o nos dizem algo de definido acerca das tendOncias de desenvolvi―mento da compos195o organica do capital Porquc, no caso de a produti宙 dade dotrabalho nO setor quc produz matOrias― primas crescer rnais rapidamente dO que nOsetor de producao de bens de cOnsumO, o capital constante circulante tornar― sc―drelativamente mais barato do quc o capital variavel, c issO acarretara, cm iltirna

analisc,uma situacao em que,ap“ ar do prog“ 6soたcno16gico acelerado c ap“ ar

da acumulacao acelerada de maお‐υαla no capFa1/iXO,a cornposicaο Organica dOcapital cttsceだ mais deυ agaら e nao mais商

"idO dO quc an姥

月omenFe.Antecipamos aqui esses resultados de nossas investigacOes para ilustrar o mσ ―

todo que sera u」 lizadO nas mesmas. Esse mё todo ttata sirnultancamente todas asproporc6es basicas dO modo de producao capitalista como variaveis parcialrnenteindependentes, de maneira que se torne possivel foilllular leis de desenv01virnento

a longo prazo para esse modo de prOducao. A tarefa― chave consistira cm analisar

o efeito que essas variaveis parcialrnente independentes exercem nas situacOes his―

6ricas concretas,para que se possa interpretar e explicar as fases sucessivas da his―

t6ria do capitalismo.

Torrlar‐se―a clarO quc a ag5o recゎ rOCa dessas diferentes vanaveis e leis de de―

senvolvimento pode ser resurnida nurna tendencia aο desenυο′υimento desigualdas υdttas es」eraS da producaO e das υdttas pa″ es componenι

“do υa10r dO capト

Fal.O desenvolvimento desigual do Departamento l e do Departamento II O ape―nas o in,cio desse processo,que nao o abs01utamente redutFvel a esse unicO mOvi―

mento.Ao mesmo tempo,teremos de invesigar em quc medida a 16gica internado modo de producaO capitalista nao apenas conduz a um desenvOlvirnento desi―gual nos dois Departamentos,mas tambOm a um desenvolvimento desigual nas ta―

xas de acumulacao e de mais― valia nos dois Departamentos e na cconornia comoum todo,a um desenvolvi:nento desigual entre o capital fixo o o capital constantecirculante,a um desenvolvirnento desigual entre a taxa de acumulacao c O exё rcito

industrial de reserva c a um desenvolvirnento desigual entte O deSperdrclo imprOdu―

tivo de mais―vaha c a crescente composica0 0rganica do capital.A cornbinaga~o de todas essas tendOncias desiguais do desenvolvimento das

proporc5es fundamentais do modo de prOducao capitalista― ―a c9mbinacao des^sas variantes parcialrnente independentes das principais variaveis dO sistema deMarx― _vai pellllitir― nos explicar a hist6ria do modo de producao capitalista, c so―

bretudo da terceira fase desse modo de producao, que denorninaremos t`capitalis―

mo tardio'',mediante as leis de mo宙 mento do pbpno capital,sem recorrer a fato―res ex6genos, alhelos ao amago da andlise de Marx do capital. Assirn, a “1/ida da

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Page 28: Capitalismo Tardio - MANDEL

28 AS ttEIS DE MOヽ lMEMO Ё A HISTORIA DO CAPI「AL

ma縫na" deveria despontar pela acao reciproca de todas as leis de movirnento docapital. Em outtas palavras,O a totalidade dessas leis que fomece a mediacaO entre

as aparencias superficiais e a cssOncia do capital, c entre os ``rnuitos capitais" c o``capital ern geral''

Em sua recente polemica com Arghiri Emmanuel,Charles Bettelheim questio―nou a vahdade da nocao de``vanaveis independentes" no contexto da analise mar―対sta.Embora,em seu cottuntO,concordemos com os rumos dessa po10mica,n5opodemos adnlitir esse ponto sern uma ressalva.

Bettelheim escreve:

“Quando estamos lidando com as

mulas de Marx, C as empregando com plenaconsciOncia de sua fun9ao, naO temOs o direito de alterar as `rnagnitudes' presentesnessas f6mulas, a menos que tais alterac5es saam jusificadas por varia95es que afe―tern, de acordo com leis, os diferentes elementos constituintes da esttutura a que essas

f6mlulas se referem.Apenas tais mudancas teoricamente luSiiCadas poderiarn alteraressas magnitudes, n5o arbitranamente mas de uma maneira que obedeca precisamen―te as leis reais de estrutura''60

Nesse ponto Bettelheirn deixa de considerar duas dificuldades b6sicas. Em primel―

ro lugar, o fato de quc os esqucmas de reprOducao naO saO instrumentos para aandllse de problemas de crescirnento e rupturas de cquilibriO, c quc, assirn, ё im―

pOssrυ cl quc ``leis'' de qualquer espOcie regulem as variacOes de suas partes corn―ponentes.(Urn crescirnento igual dos dois Departamentos ou uma taxa ldentica deacumulacao nesses dois Departamentos n5o constituem “leis'' do modo de produ―

caO capitalsta, mas apenas abstrac6es metodo16gicas para desempenhar o prop6si―to dos esquemas, que ё provar a possiblidade de um equilibrio peri6dico na ccO―nonlia.)Ern segundo lugar, o fato de quc, cmbora as leis de desenvolvirnento docap■alsmo descobe■as por Matt revelem resulados′ naお a10ngo prazo(a cres_cente composicao Organica dO capital, a crescente taxa de mais― valia, a qucda na

taxa de lucro), claS naO revelam quaisquer proporc6es exatas e regulares entre es―

sas tendencias de desenvolvimentO. Portanto, こnao apenas legrumO,mas imperati―

VO, COnSiderar as variaveis listadas acirna como parcialmen,c independentes e par―

cialrnente interdependentes quanto a sua funcao. E claro quc essa independencianaO ё arbitaria, mas se manifesta dentrO da cstrutura da 16gica intema do modode producao especrfico e de suas tendOncias gerais de desenvolvimento a longopraz。.61 MaS O precisamente a integracao das tendencias gerais de desenvolvirnen―to a longo prazo com as lutuac6es a curto e mOdio prazos dessas variaveis quepossibilita a media95o entre o abstratO ``capital em gerar' c os ``rnuitos capitais''

concretos. Em outras palavras, O isso quc toma poss"ci reproduzir o processo his―

t6rico real do desenvolvimento do modo de producaO capitalista atravOs de seus es―

セigios sucessivos Assirn, a hist6ria desse modo de producao toma_sc a hist6ria do

antagonismo em desenvolvimento entre o capital e as rela95es econOmicas sernica―pitalistas e prO― capitalistas, quc o mercado mundial capitalista incorpora permanen―

temente a si mesmo.ComecaremOS,portanto,com um balanco das mudancas es―truturais quc a difusao dO mOdo de producaO capitalista talhou no mercado mun―dial no perlodo que sc estende de Waterloo a Saracvo,e das transforrnac6es sub―

scquentes desse mercado mundial na Cpoca de declinlo capitalista inaugurada pelaPnmeira Guerra Mundial

∞BETTELHEIM,Charles lni EMMANUEL,A Unequal Exchange Londres,1972 p 283-28461 0 pr6p● o Bettelheim admite a seguir quc hd uma ``indetennina9ao relaiva"nas relacoes partlculares quc Marx des―

cobiu Unequα ′Exchonge p 288

Page 29: Capitalismo Tardio - MANDEL

A Estruttra dO Mercadο Mundiα I Capitalisra

O mOvimentO efetvO dO capital manrestamente comeca a partir de relacOesnaO capitalistas e prossegue dentro do quadro de referencia de uma ttOca cOnstan―

te, exploradOra, metab6hca, cOm esse melo nao capitalista. Essa naO ё, de maneiraalguma, apenas uma das teses ou descobertas de Rosa Luxemburg: o pr6prioMarx O cOmpreendeu c sahentou, de modo explicito, cm varias ocasi6es. Assirn,por excmplo:

ぶ,∫臨「酬:]織 Wi黒里u:鑑

ぱt肝:[寵典∫雷曽

溜謝量e dos tesouros da Amorica, o sistema colonial一―todos conttburram substancialrnentepara destruir os entraves feudais a produ∞ o Entた ,antο ,cm wυ ρ

"meiro peだodo一 ο

penodo manuraFuttiro―弓ο modemo modο de prOducaο d“ enυοlυ eu‐ se apenas on‐de as cο ndic6“ para tar haυ iam se cο nc資3,レαdO no deco7rer da rdade Mediα .l compa―re― se, por exemplo, a H01anda c Pottgal … Os obsttculos apresentados a innuencia

yttl部響 l整 脳 籐 遡

織 :咽糧 轟 贈 l滉就 rt臀,ceu uma inluOncia revoluclondna sobre essas

comunidades e as rasgou em pedacos unicamente na medida em que os baixOs pre―

9os de suas mercadonas cOntribuFram para destruir as oicinas de fiagao e tecelagem,quc eram um tradicional elemento integrador dessa unidade da prOdu95o agrrc01a e in―

dustrial AInda assim, csse trabα′hο de dissο lugaο αυan9α de mOdO bastante gradual.¨Por ouFro lado,o comιrcio mssο ,αο cOntだガο do in麒後,deiXla inalた rada a base eco―nOmicα da producc~O αsid`ica''2

Vinte anos depois de Marx haver escrito essas palavras, Friednch Engels c010_

cou claramente,numa carta a Conrad Schnlidt:

“Acontece exatamente o mesmo com a lei do valor e a disttbuicaO da mais_valiapor rnelo da taxa de lucro Ambas aingem sua completa realizacaO aprO対 rnada ape―nas com o pressupο sto de quθ a producaο capi`α ′ista Fenha sidO cOmpletamente“ ta‐

beたcida por,ο da pα″e, isto ё,que a sociedade tenha sido redu2ida aS modemas clas―ses dos prOpnetariOs rurais, capitalistas(industriais e comerciantes)e operd五 os―_ten―

:憶散r蹴

|『もl『聡麦獨器:彿麗焼驚£:電響,動θ°ワ'p l19 125

29

Page 30: Capitalismo Tardio - MANDEL

30 A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDAL CAPITALISTA

do sido abolidos todos os graus intermediarios. Iョ 〔sa cο ndica~o nao e対s,e nem mesmοna rnglaterra c JamoiS exお

`ird―naO creixaκmos que cheguc a rar pont。 ''3(Os gnfos

saO nOssOs E.M)

Marx,a10m disso,elaborou o sirnples axloma te6rico de quc a gOncse dO capl―

tal naO deve ser equiparada a seu aulodesenυ o′υimen`ο :

``As condi90es e pressupostos do υlr― α―sc4 do desponJar dO capital, implicam preci―samente que ele naO estela ainda em e対 stencia, mas apenas em deυ eniち por isso, de―

saparecem quando surge o capital real, que coloca por si mesmo, com base na suapr6pna realdade, as cOndi90es para sua realiza95o Assirn, por excmplo, cnquanto oprocesso pelo qual o dinheiro ou um valor em sirnesmo se torna ongnahamente capl―

tal, pressupOe, de parte do capitalista, uma acumulacao― ―talvez mediante poupan9asarmazenadas de prOdutOs e valores cnados pOr seu pr6p● o trabalho,que ele empreen―deu comO um naο capitalista,isto ё, enquanto os pressupostos sob os quais o dinhoirOse toma capital aparecem como pressupostos externos, dados, para o nascer do capl―tal――(nao obstante),assirn quc o capital passa a e対 sir enquanto tal,ele cna seus pr6-prios pressupostos, ou sela, a possess5o das condic5es reais da criacaO de nOvOs valo―

res sem intercarnbiο __ mediante seu prOp五 o processo de producaO".4(G五 fado pOrMarx E M.)

EstamOs tratando, portanto, com um processo duplo, c os dOis iados ciO mes―mo devem ser combinados para que possamos compreender a genese c o subse―qucnte autOdesenvolvimentO dO capital. Em outras palavras, a acumulacao prirniti_

va de capital e a acumulag5o de capital atravOs da producao de mais― valia nao sa0apenas fases sucessiυ as da hist6Ha cconOrnica, mas tambOm prOcessos econOnlicosconυ ergentes. AtO hole, ao longo de toda a hist6na do capitalismo, proccssOs deacumulacao prirnitiva de capital tOm constantemente coexistido junto a forma pre_donlinante de acumulacao de capital, atravos da cria95o de va10r no processo deproducao. CampOneses, loistaS, artesaos, pOr vezes atё mesmo cmpregados, fun―c10nariOs piblicos e Operdrios altamente qualificados tentam tomar― se capitalistas e

explorar forca de trabalho, ao conseguirenl, de uma maneira ou dc Outra(consu―mo excepcionalrnente baixo; usura; roubo; fraude; heranca; prem10s de 10tena),apropriar―se de um v01ume inicial de capital Embora esse processo dc acumula―

caO primitiva ja pressuponha a cxistencia dO mOdo de producaO capitalista,ao con―trariO dO processo hisbnco de acumulagao primitiva de capital, descrito por Marx,

c embora scu papel nos paFses capitalistas id induStrializados saa insignincante, ele

C, apesar dissO, dc importancia cOnsideravel nOs pates coloniais e senlicoloniais――os chamados parses “em desenvolvimento". Em geral, nessas areas, O processopermanece ainda, quantitativa e qualitativamente, mais decisivo para a estrutura so―

cial c o descnvolvirnento econOnlico do quc a criacao dc mais― vaha no decOrrer doprocesso de produ95o

Esses dois mOmentos separados devem ser levados a cstabelecer entre si umahga950 estrutural A acumulacao pnmitiva de capital, cuias origens hisbricas re―

montam a genese do modo de prOducao capitalista, ganhou sua dinamica particu―lar precisamente de scu caた ,Fer monopο listai a cxcecao dos pOucOs lugares na su―

littξ ∫%F″ 駅 鶴 鳴翼I気

∬ ∬ 器 点 習:Rζ馳 絆 ‰ L:麗 Lλ譜 鷺 鶴 舅rttT」

ξttd‰capitalista encontla― se ali num estaglo desenvol宙 dO e nao οpera mals,comο ι o caso nα Europ● cοη″nentα l,sutttan―cialmente sobた o base de uma ccο nοmio componoα 9υa nao sc aJusta o●セ ''“Resultate des unrlnltelbaren Produktlonspro2eSSeS''(o scXto capitulo onglilal do pimeiro volunne de O Capita′ ),Arたん:υ Morな o:Engelso v。 1 11(Vl),Moscou,1933 p 258 (Os ghfossao nOssos E M)4NIARX Gttnd"sse p嬌 9-460

Page 31: Capitalismo Tardio - MANDEL

A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA 31

perfrcie da Terra onde brotaram as primeiras fabricas modernas, operando com

mdquinas, nao havia nO mundo nenhuma industria capitalista cm grandc escala

(embora hOuvesse cnacaO de valor em empresas capitalistas manufatureiras)Des―que quc,todavia,todas elas tinham um nivel mais ou menos analogo de prOdutivi―

dade――estivessem na Europa ocidental ou na AmOrica Latina, na Russia, chinaou」apao―― praticamente nao havia nenhum gradiente internaclonal em seus lu―cros para cstimular urn crescirnento dinarnicO.5

A situacao que define processos dc acumulacao p五 rnitiva na atualidade O Ob‐

宙amente bastante diversa Eles sc lnanifestarn dentro da estrutura de um mOdo deproducao capitalista e de um mercado mundial capitalista jd estabelecidos; es● 0,

portanto, cm constante competicao, Ou permanente troca metab61ica, com a pro―

ducaO capitalista la cstabelecida O crescirnento e difusaO intemaclonal do modode producao capitalsta nos ulumos dois sOculos constitul, assirn, uma unidade dia―

lιサica de tたs momentosfa)aCumulacao de capital em andamento, no ambitO de processos de produ―

caO la capitalistas;

b)aCumulacao prirnitiva de capital em andamento, fora do ambitO de prOces―sos de produ95o,a capitalistas;

C)deterrninacao e lirnitacaO dO segundo momento pelo primeiro, isto O, luta c

competicao entre o segundo momento c o pnmeiro

Qua1 0,Cnぬ 0,a16gica interna dessc terceiro momento―― a determinacaO c h_

mitacao da acumulac5o prirnitiva de capital em andamentO pela acumulacao de ca_pital ocorrendo no ambito de processos de prOducao ia capitalistas?

Em cada pars ou em escala internacional, o capital exerce pressao para fOra, apartir do centro― ―em outras palavras,seus lugares hist6ricos dc origem― ―para a

periferia Ele tenta continuamente estender― sc a novos dominiOs, converter setores

de reproducao sirnples de mercadorias em novas csferas da producao capitalistade mercadorias,suplantar,pela producaO de mercadonas, os sctOres quc atё entao

s6produziarn valores de uso.6 0 grau em quc esse processo continua a ocorrer ain―da hac,perante nossos olhOS, nos paFses altamente industrializados, C exemplifica―

do pela cxpansao, nas duas ultimas dOcadas, das indusmas quc prOduzern refel―

95es prontas para servir,maquinas distribuidoras de bebidas c assirn por dianteMas a penetracao dO mOdO de producao capitalista nessas esferas vO― se lirnita―

da por dois fatores cruciais Em primeiro lugar, csse modo de producao deve sercompeitivo,isto O, o pre9o de venda deve serrnenor do quc o preco de custo dosmesmos bens na csfera da prOduc5o simples de mercadorias ou da producaO farni_liar_― ou, pelo menos, suficientemente baixo para quc os produtores tradicionais

5 AndrC Gunder Frank cita um ex― presidente chileno、 que teia dito quo no sを culo XVIIl, a producao manufatureira no

Brasl era mais consideravel dO que nos Estados Unidos Capiめ lisn2 αnd Underdeυθ′οpment in Latin Ame"ca NovaYork,1967 p 606 ver Marx: ``Procisamente a produtΨ idade do trabalho, o volume de producao, o vOlume populacional. o volume depopulacao cxcedente, queぬ o desenvol,ldos por osse modo de produ95o. cham coninuamente, atrav● s da liberacao

de capital e trabalho, novos ramos empresarlais onde o capital pode nOvamente ttabalhar nunla escala reduzida e,mais uma ve2,paSSar pelos v6● os desenvolumentos,atO que esses novos ramos selarn tambを m cOndu21dOS numa lar―ga escala social Esse processo ocorre coninuamento Ao mesmo tempo a producao capitalista tende a conquistar to―

dos os ramos da indisma sObre Os quais ainda naoセ nha supremacia, quc tenha subordinado apenas forrnalrnenteTaO logo tenha assegurado o dominio sobre a agncultura、 a indistla dc mineracao, a manufatura dos mais importan‐tes matenais para vestu`io、 c assim por diante,o capital se apodera do esferas ainda mais dlstantes,onde seu cOntroleこainda apenas fornal e c対 stem aに mesmo artesδ os indopendentts'' R“ultate d“ unmi"Olbα″n Produktionsp“ 2‐‐

ses p 120-122

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32 A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA

considerem quc sua pr6pria producao, mais barata, deixa de scr lucrativa em vista

do tempo c trabalhO poupados pela compra dos novos produtos,7 Enl segundo lu―gar, deve cstar disponfvel algum capital excedente, culo investimento nessas esfe―

ras produzira uma taxa de lucro mais alta do que seu investimento em dOmFnios ia

cxistentes(nao necessanamente mais alta,em termos absolutOs,mas de qualquermaneira mais alta do quc a taxa marginal, produzida por urn investimento adicio―nal de capital nas csferas quc ia sao capitalistas).

Enquanto essas duas cOndic6es nao forem realizadas, ou O fOrem apenas cmparte, ou forenl rcalizadas sOb limitac6eS demasiado onerosas,a acumulacaO de ca_

pital auto― reprodutor ainda deixara espacO para a acumulacao p五 rnitiva de capital

O pequeno e mё dio capital penetra por esse espaco disponivel,leva a cabo O``tra―balhO s可 0" de destruir as relacOes nativas e tradicionais de prOducao8__e nO pro―cesso desaba em rurnas, 。u prepara o terreno para a produ95o “nOrmal'' de mais―valia, de que podera tambom pa間 cipar Neste iltimo caso, converte― sc em capital``normal'',industrial,agrfcOla,comercial ou financciro

Bukharin definiu corretamente a cconomia mundial como “um sistema de re―lac6es de prOducaO e relag6es dc troca correspondentes, numa escala internacio―

nar'9 No entanto,em scu livro fmpettalism and World Economノ , deixOu de enfati―zar um aspecto crucial desse sistema: a saber, quc a cconornia mundial capitalista

O um sistema a“ iculado de relacOcs de produca~o capitalistas, scmicapitalistas c

廃 落謡:attbl露嶋 :晰 毛鵠 鰍 f“C・talist“ dcゎ∞ e dOmmad∝ pd。

lte dessa mancira quc a forrnacao dessemercado mundial pOde ser entendida cOm0 0 produto do desenvolvimento do mo―do de producao capitalista― ―e nao ser cOnfundido com o mercado mundial cna―do pe10 capital mercantil, que fOi uma condicao prё via para csse modO de prOdu―

caO capitalista10-― e como uma combinacaO dc economias e nac6es capitalistica―mente desenv01vidas e capitalisticamente subdesenvolvidas num sistema multilatc―ralrnente autocondiclonante. Exploraremos esse problema de maneira mais profun―

da nO decorrer do presente caprtulo c aO nOs ocuparrnos das quest6es da trOca de―

sigual e do neOcOlonialismo.

O historiador Oliver COx tem um vislumbre dessa espOcie de sistema articula―do, mas esb inlucnciado de maneira forte demais por scu trabalho anterior sobreo capital mercantil veneziano para ver essa``hierarquia de econornias e nacOes"co―

mo determinada por alguma coisa a mais do quc ``situacOes diferenciadas nO mer―

cadO mundial''. Assirn, ele descOnsidera tOtalinente a c対 stencia de diferentes rela―

95es de producao.1l Esse O um erro que partilha cm maior ou rnenor grau cOm ou―tros autores,tais como Arrighi Emmanuel,Samir Amin c AndrO Gunder Frank;vol―taremos a isso no caprtul。 11.

Se cxarninarrnos a hist6na da ccOnOmia mundial capitalista desde a Revolu‐

:淋∬t器繋i囃a鑑∬吊:選lT買里'遅Lξ f111:℃出」脂ヽ講詠∬翼嵐野雷盟「『就脳:

:退l盤鷺器淵i首1'ed。なti糧∴″憲諄

)″種::lぽ製魔轟肥臓tま∬c:需潔『勝ゝ:8:↑

quenOs capitalistas desempenham, a。 1。ngO dO desenvolvi‐ca,e o exercem num duplo sentldo Eles iniciam novos mこ ‐

)s.e servem de instrumonto na chac5o de novos ramos deial Rび 077n O″ Reυο′υtion Nova York,1970p 151972 p 25-262sse modo de prOducao Por Outro lado,a necessidade ima‐la vez mais ampla, tende a expandir cOninuamente o mer―

111器驚犠ポ誡躍服:幌識翼littRl熙 i欄彎壻餐ギ葺L醤害i静え趨1l COX,Oliver C Capitalお m asα Sノstem Nova York,1964 p l,6,10

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Page 33: Capitalismo Tardio - MANDEL

A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA 33

caO Industrial,ao longo dos ultimOs duzentos ano,,pOderemos distinguir os seguin―tes esttgios nessa articulacao especrfica de relag6es de producaO capitalistas, senli―

capitalistas e p蒸多―capitalistas. Na era do capitalismo de livre concorrencia,a produ―

95o direta de mais― valia pela indistria cm grande escala lirnitava― se exclusivamentea Europa ocidental c a Arnё rica do Norte. Entretanto, o processO dc acumulacaoprinlitlva de capital estava se realizando sirnultancamente ern muitas outras partes

do mundO,Inesmo se o scu ritrno era irregular.Com isso,a producaO textil por ar―

tesaOs e camponeses nativos foi gradualrnente destturda nesses parses, enquanto a

nascente indistria domOstica combinOu―se com freqtiOncia a real industria fabril.

Naturalrnente, o capital estrangeiro aluiu aos parses quc estavam comecando a se

industrializar, mas fol incapaz de donlinar os proccssos de acumula950 em curso.12

Devenl ser destacados dois dos rnais importantes obstaculos a dominacaO do capl―

tal esttangeiro sobre essas econornias capitalistas nascentes. Em primeiro lugar, a

amplitude da acumulacaO de capital na Gra― Bretanha, Franca ou B01gica nao erasuficiente para peIInitir quc esse capital sc langasse ao estabelecirnento de fabricas

em outtas partes do mundo. Na Gra― Bretanha,a mOdia anual de investimentos decapital no cstrangeiro foi dc apenas 29 nlllh6es de libras entre 1860/69; eles au―mentaram em 75%entre 1870/79, chegandO a 51 mllhOes de libras anuais, e de―pois a 60 milhOes de libras anuais,entre 1880/89.13 0 segundo obstacu10 foi a ina―

dequacaO dOs me10s de comunicagao―_ O desenv01virnento desigual da Revolu―

9aO Industrial na industria manufaturcira e na indistria de transporte.14 Essc aspec―to bloqucou efetivamente a penetrac5o dos artigos baratos, produzidos em escala

::s電籠 l∫Flitti還 なFλ詰 ∫器 :a oddend,nao apenas nas mas afasta_,rica Latina,mas mesmo naquelas da Eu―ropa meridlonal e oriental. De fato,a insuficiOncia dos sistemas de transporte e co―

municacao praudicou a follHacao de mercados naclonais propriamente ditos mes―mo na EurOpa ocidental. Antes da difusao das ferro宙 as, o preco de uma toneladade carv5o na Franca variava, cm 1838, dc 6,90 francos na regi5o rnineira de St.Etienne, ao sul do Loire, at0 36-45 francos em Pans, chegando a 50 francos emBayonnc e nas areas mais remotas da Bretanha 15

12 A C Carter calcula que o capital h。 landOs cOmpreendia cerca de 1/4 do total das cotas de capital na Cra― BretanhapOr voita de 1760(ver a discussao desse pontO em WiLSON,Charles “Dutch investment in 18th Centuヮ England"h EcOnomた Hなわ″ R●所eω abJ de19⑩ O"劇 dO:]椒

,電lttl:電

機 鑑ra留轟 i潔%it¶ tt:盤∬ :los fundadores da mOderna indistna de constucaO de maqpenharam,a10m diss。 ,uma importante funcら o no pimeiЮ momento da industrlaLacao francesa(Ver HENDER―SON,W O The fndust71α ′Reυ o′u"on οn the COntinent Londres,1961:DHONT,」 “The COtton lndustv at Ghentdunng the French Regime'' In:CROUZET,F,CHALONER,W H eSTERN,W M (Ed)Essoν s in Europeα η Ecο‐nOmic Hlstο″ 1789-1914 LOndres, 1969)O mesmo se aplica ao capital holandOs em relacao a indisma alem5 namargem esquerda do Reno(Ver ADELIIANN,Gerhard “Structural Changes in the Rhenish Lnen and Cotton Tra_des at the Outset of lndusmallzatOn'' In:Essoys in European EcOnο mic HlstOヮ 17891914,Para o papel dO capltalfrancOs na pimeira onda de industnatacao na lttha, ver GILLE, A B L“ fη υ

“tlssemenお Francals en ftα ″e

1815‐ 1940 Tunm,19681 MOLA,Aldo Alessandro(Ed)LEcOnomia fra″ ano dopο ′'Un″ a Tunm,1971 p 130● I

se9s Para o papel central do capital estrangeiro,pincipalmente bdtanicO, na constucao do sistema ferrovi`五 o dos Es―tados Unidos(sobretudo no perfodo 1866/73),ver」 ENKS,L H “Railroads as an Economic Force in Amencan Deve‐1。pment''In:」Oumal● /Ecοnomic Hlsto″ iV,19禦13 DEANE,Phyllis e COLE,W A B"ttsh Economic Groω th l“θ-1959 Cambhdge,1967 p 36,266 Ver tambomMarx:“Cada vez mais ampla,a producao cm massa se demma sobre o mercado e対 stente e dessa maneira trabalhacontlnuamente para uma expans5o ainda maior desse mercado,levand。 ―。a romper com seus limites O que tOlhe es‐sa producao em massa naoり 。cOmCrcio(na medida em que ele expressa a demanda existente),mas a magnitude decapital empregado e o n~ el de desenvolvlmentO da produtlvldade do trabalho" (Capltal v 3,p 336)Alё m dessasobras,consultar」 ENKS,Leland Hamllton The Mlgr● ″οn Or B"ash Cα pital to 1875 Londres,19271 e ainda a conheci‐da Circular do Foreign Offlce datada de 15 de laneiro de 1848 e dl● 」da as miss6es diplomatlcas,。 exteior, que ex―pressamente enfatlzava a necessidade da precedOncia dOs investlmentos intemos sobre o cOntrole de cOmpanhias nO

estlangeiro(FOreign Ottce Arcluves,F016,v63)14“O meio pincipal de reduar O tempo de drculacaoこ 。aperfeicoarnento das comunicac6es Os`limos cinqtentaanos touxeram consigo uma revolu95o nesse campo, apenas comparavel a Revolucao lndustnal da segunda metade

さ縦 卍牲[欝踏:惚紀しIムЪ臓:u“ Europι ann‐ α″ndu,"ごlsatlon hた m面onoた dα

“ねP″mtt MOr

tlι du 19e Siecた Pa●s,1964,p 320

Page 34: Capitalismo Tardio - MANDEL

34 A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA

Nao foi, pOrtanto, por acaso quc o impacto gradativamente crescente dos in―

vestimentos externos de capital da Gra― Bretanha, Franca, B019ica c Holanda cOn―centrou―se pnncipalmente na consrrucaO deル rrOυ :αS nO θttcガοち poお a cxpansaodessa rede internacional de comunicacao era uma prO― condi950 para a cxtensaogradual de seu domrnio sObre Os mercados intemOs dos parses desenvolvidos, quc

haviam sido arrastados para o turbllhao da ccOnornia rnundial capitalista.16

No cntanto,foi precisamente essa concentracao na cOnstrucao de ferrOvias quc

deu Ongem a uma impottante dびaSagem―― comprecndida aproximadamente cntre a Revolucao de 1848 e O inal da dOcada de 1860-― durante a qual as econo―rnias quc estavam avancando no sentido dc urn modo de prOducao capitalista go―zaram, crn terrnos gerais, de unl raio de acao ilimitado para a acumulacao prirniti_

va de capitai naclonal nativo. Os diferenciais de salarios em escala internacional tor―

nararn mais facll esse processo.17 0 fatO de quc mesmO essa pnmcira revolucaonos transportes nao tenha cOnseguido uma reducao decisiva nos custos de condu―

caO dc mercadorias baratas e facilmente perecrveis, por longas distancias, signifi―cou quc o capita1 local dos paも es desenvOlvidos continuou a desfrutar de rrlerca―dOs naO ameacados nas industrias de ahmentos, bebidas fermentadas, malharia(aexcec5o dos artigos de luxo,em cada caso)e assirn por diante.A Italia,a Rissia,o

」apaO c a Espanha constituem os mais notaveis excmplos desse fenOmeno. Nessesparses, se nao considerarrnos os inveslimentos estrangeiros na cOnsttucao ferrOvia―

na c os emprostimos piblicos,fol o capita1 local quc dorninou a cxpansaO cOnstan―

te do mercado interno e'o avanco sem frelos da acumulacao primitiva.

Na ltalia,pOr exemplo, na dOcada de 1850, o sctor textil era ainda basicamen―tc composto de artesaos__camponeses ou trabalhadores da indistria dOmiclliar;cerca de 300 rnil camponesas eranl mobilizadas por aproxirnadamente 150 dias detrabalho por anO, na fia950 de linhO e canhamO. Da produc50 de l,2 mllhaO dequintais dessas matOrias― primas, 300 mll eram exportados e 900 mll cOnsunlidosna pr6pria ltilia――pouco mais de 1/9 pela industria la mecanizada c 8/9 pela pro―

ducaO dOmostica. Ainda cm 1880, a tecclagem domOstica excedia a fabril na pro―ducaO dOs vanOs tipos de tecidos de linhO.Na indistria da seda a arrancada indus―trial comecou por volta de 1870 e s6 sc completou no final do sOculo. Na produ―

caO de algodao,a indistria dOmOstica predorninou nas dOcadas de 1850 c 1860;aindistria em grande escala irrompeu na fiac5o por volta de 1870, c na tecelagems6dez anos depOis.18 Ao longo de tOdO esse proccsso de industrializacao o capitalestrangeiro nao desempcnhou nenhurn papel.

O mesmo OcOrreu na Russla Nesse pais,alnda quc a primelra vaga de indus―trializacaO, de 1840 a 1870, fosse levada a cabo com maquinana importada― _aRussia adquinu 26% das maquinas exportadas pela lnglaterra cm 1848 -― , naohouve participacao do capital estrangeiro digna de nota.19 Em 1845 o total das im―portac6es e da producao interna de maquinana na R6ssia valia pouco mais de lmlhaO de rublos: em 1870, atingia 65 mlhocs de rublos O valor total do equipa―men十 1D induSmal utilizado na Rissia chegava a 100 nlllh6es de rublos em 1861,ca

350 rnilh6es de rublos em 1870.O valor anual da prOducao nas indistrias rnais inl―

16“ Por Outro lado, o preco baratO dOs angos produ21dOS por maquinas e os meios aperfeicoados de transpone e co―municac5o fornecem as arnas para a conquista de mercados estrangeiros''(NIARX Capital v l,p 451)Acerca do

挙 嘗 I翼 勲 七 蛾 I聞 舶 轟鐵 i選脚 癬 1&踏 懺 ∵ Ъ錫 :¨

昴山 ‐

recebia um sald● o semanal equivalente a 37 francOs por 69horas de trabalhO na Cra_BFetanha,19 francOs por 72‐ 84 horas de tabalho na Franca e 9 12 iancos por um nimero

儡 、電爆 l轡 妄 l戦 艶 {::馨 1:鶴 遊 .L cMLONR,WHe釘 駅、 wM(Ed)Essays in Eun,Deoη Ecο nοmic ifis`on 1789-1914 Londres,1969 p 158

Page 35: Capitalismo Tardio - MANDEL

A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA 35

portantes(Sem cOnsiderar a Po10nia e a Finlandia)cresccu de aprOxirnadamente

100 rnilhё es de rublos em 1847 atO cerca de 280 rnilh6es de rublos em 1870. 0capital quc sustentou esse movirnento era quase cxclusivamente naciona120 Encon―tramos desenvol宙 rnento ana10gO nO 」apao. seu capital bancario total aumentoude 2,5 rnilh6es de yens em 1875 para 43 milh6es em 1880.Nesse ano,a indistriadomOstica ainda donlinava a tecelagem e fia95o de algodao,rnas em 1890 a indis―

tria crn grande cscala la havia cOnsoldado seu domfnio sobre esses setores.21

Foi dupla a articula95o concreta cntre esses pates,quc enぬ o eram nacOes ca―pitalistas `iem desenvolvirnento'', c o merCado mundial capitalista Por um lado, a

irnportacaO de artigos baratos, produzidos por maquinas no exterior, com o acom―panhamentO da “artilharia de precos baixos'', fOi a grande destruidOra da tradiciO―nal producaO dOmosticao Na ltaha,nO inicio da dOcada de 1880,metade das impor―tacOes ainda cOnsistia cm produtos da indistria manufatureira ou produtos serni―

acabados, c no」apao a irnpOrtacao sem restric6eS de fio baratO de algodao (aopre9。 modio de aproxirnadamente 29,6 yens por Kin em 1874 e 25,5 yens em1878)exerccu efeito devastador sobre a indistria camponesa domOstica (precomё diO de 42,7 yens em 1874 c 45 ycns em 1878).22 Nos dois casOs, entretanto, ainddsFria mecanizada local conseguiu preencher o lugar da indistria domOstica lo―

cal ern menos de dez anos, isto C, os produtos estrangeiros sirnplesmente prepara―ram o terreno para o desenvolvirnento do capitalismo``naclonal''.

Por outro lado, a rapida cspecializacao desses pates no comOrc10 exterior

(produtOs agricolas c,mais tarde,tambё m petr61eo,no caso da Rissia;seda em ra―ma c ern fio, no caso do」ap5o)cOnseguiu tornar importantes setores do mercadomundial em escoadouros para essas econonlias capitalstas em ascensao. os lucrOsassirn realizadOs tOrnararn― sc,por sua vez,a fonte mais importante para a acumula―

ca0 10cal de capital.Naturalmenに ,tambこm ё verdadc quc a integracao nO mercado mundial e as

condicOes de relativo subdesenv01vimento nessa fasc tiveram efeitos bastante nega―

tivos sobre a acumulacaO prirnitiva de capital nesses paFses A troca de mercadoriasproduzidas cm condic6es de mais alta produtividade do trabalhO por mercadoriasproduzidas em condic6es de mais baixa prOdutividade do trabalhO era uma troca

desigual; era uma troca de menos trabalho por mais trabalho, quc inevitavelrnente

conduziu a um escoamento, a um luxo para fora de valor e capital desses parses,cm benefrc10 da Europa ocidenta123 A c対 stancia de grandeS reservas de trabalhobaratO c terra nesses parses IogiCamente resultou numa acumula950 de capital com

uma compos19ao organica de capital rnais baixa do quc nos primeiros parses a seindustrializarem.24 MaS a amplitude desse escoamento c a da mais baixa composi―

ca0 0rganica naO fOrarn suficientes para representar uma sOria ameaca a acumula_

20 As companhias forrnadas na Rissia inham um capital de 750 mil rublos em 1855 e de 51 milh5es de rublos em

1858(fbid p 68)Ver tambё m PORTAL,Rぅ ger “The indusmallzaton of Russia'' Ini COmb"dge EcOnomic Hlstο ″or Eυ Pope v VI,Parte Segunda Cambidge,1966,quc aprosenta cifras de 350 mlh∝ s de rub10s em 1860 e 700 mト

狩詭81嚇8留弱聯『哩出]寵l境;:置謬1'済譜常ilLttI:揚『T[]嶽誓:盤ao de 6。 de dpd5oelevou se de 13 mil bolas em 1884 a 292 mll em 1894 e 757 mil em 1899:SMITH,ThOmas C Pο li,cal Change andlndustガ α′Deυelopmentin」apan:Goυ ernmen,Enた rpnSe 18“‐1880 Stanford,1965p37,632 SERENI Op cit,p32-33 SMITH Op cit,p26-278 Strumilin calcula que entre 1855/60 um valor em ouro de 80 milh6es de rublos tenha escoado para fora da Russia,e

que entre 1861/66 o nuxo tenha atln9do 143 mlh6es de rublos― ourO Reconhecidamente,boa parte da segunda somapode ser atlbuda a atuac5o dos arlstocratas russos que,enl resposta a abOlic5o da seFVld50,venderam seus dominios

i電眠1:L綺ぎ:∬識 譜電驚‖ぶ:Д%曹贈∫:宙lmpat e osttroSSOb祀 o ca,日 烙“m出。s poη ue o modo de

producao capitalista nao foi desenv。lvido em escala generalizada, ao passo quc, noutro pals, Os salanos e O pre9o datorra s5o supostamente alos,e baixos os jurOS Sobre o capltaL o capltahsta empregaね maior quanidade de m5o_de‐ o―

bra e tera no pnmeirO pais.e no outlo relatvamente mais capital''MARX Capital v 3,p 852

Page 36: Capitalismo Tardio - MANDEL

36 A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA

caO de capital nativa c independente― ―pelo menos,naO nOs parses Onde as fOrcassociais e polFticas de classe jd eram capazes de substituir a destru19ao de um artesa―

nato pelo desenv01virnento da indistna nac10nal em grande escala. Em regi5es co―

mo a Turquia, onde essas condicoes nao existiarn, ou c対 stiam apenas de maneirainadequada――porquc o Estado nao desciava, Ou nao podia, exercer sua funcao

de parteira do cap■ ahsmo modernO(por exempり ,onde cic era dominado pe10 ca―pital rnercantil externo,como a Companhia das lndias Orientais),ou porquc esttan―

geiros,e naO uma burguesia nativa,ja contrOlavam a acumulacao primitiva de capi―

tal rnonetariO, c assirn por diante― ―, as tentativas de gerar a industrializacao dO_mOstica cstavam destinadas ao fracasso, cmbora, de um ponto de vista puramenteeconOnlico, as prё ―condic6es existentes para essas regi5es nao fOssem menos pro―prcias do que na R6ssia,Espanha ou」 apao.25

Na era do imperialismo houve uma mudanca radical em tOda essa estrutura,co processo de acumulacaO de capital em economias anteriollllente nao capitaliza―

das passOu tarnbё m a subordinar― sc a reprOducaO dO grande capital do Ocidente.A partir desse ponto, foi a exportac5o de capital dos paお es imperialistas, c na0 0processo de acumulac5o primaria irnpulsionado pela classes dOminantes iocais,que detel11linou o desenvolvirnento econOnlico do que seria, mais tarde, denOrni―

nado``Terceiro Mundo". Este■ltimo宙 a―sc,agora,forcado a complementar as nc―cessidades da prOducao capitalista nos parses metrOpohtanos. Isso naO era apenasuma consequencia indireta da concoIOncia de mercadonas mais baratas prOve―nientes desses paFses metropolitanos; era, acirna de tudo, resultado direto do fato

de quc o pr6prio investimento de capital vinha desses paises metropolitanos, c s6

estabelecia as empresas que correspondessem aos interesses da burguesia imperia―

lista.

Em cOnscqtiOncia, o processo da cxportac5o lmpenalista de capital sufocOu OdesenvolvimentO econOmico do chamado “Tcrceiro Mundo''. IssO porque, em pri―meiro lugar, absorveu os recursos locais disponiveis para a acumulacaO pnmitivade capitat por meio de urn ``escoamento" qualtativamente acrescido. I)O pontOde宙sta da economia nacional, esse escoamento passou a assumir a fo111la de eX―propnacao cOntrnua, pelo capital esttangeiro, de produto excedente socia1 10cal, o

quc ob宙 amente acarretou uma reducaO significativa nos recursos disponfveis para

O aCumulacaO nacional dc capital.26 Em segundo lugar, concentrou os recursos re―manescentes nos setores quc sc tomariam caracterrsticOs do “desenvolvimento dosubdesenvolvirnentO'' 一― para citar(3under Frank― ― ou do “desenvolvilnento dadependencia", na te111linologia de Theotonlo dos Santos:27 comOrcio exterior,senЛ ―

9o dc inluencia para as firmas imperialistas, especulacao cOm a terra c a cOnstru―

caO irnObiliaria, usura, cmpresas de “servicos" da lumpen_burguesia e pequenaburguesia(loterias, corrupcao, gangsterismo, jogo, atO certo ponto O turismo). Fl―

nalrnente, o processo restringu a acumula95o prirnitiva de capital,ao cOnsolidar as

群 :選rrttl:略 lTl鮮 窮 :鴇 1`[11轍 lil紳 樹 場 郷 鞭 齢 比 壁 :

que a ausOncia de um “efeito de retomo" (`≒ ndustnallzacao cumulatlva'り をde fato determinada pe10 cOmplexo quedescrevemOs, e n5o pelo υalor de usO das phmeiras mercadonas prOduzldas por meios capitalistas No caso da Chinanao haua matё nas phmas,mas produtos texteis(ver KUCZYNSKI,」 urgen Di● G‐chichた der Lage der Arbe“ er un―

ter dem Kα pitollsmus Benim, 1964 p 16-41, 106-107, acerca da conslderavel extens5o da industna textli chinesa n。per〔odo 1894‐ 1913, e do renovado e signiicatvo cresciFnentO da mesma durante e ap6s a Phmeira Guerra Mundial)Apesar disso, n5o ocorreu nenhum processo de industnallzacao cumulatlva Dlscutlremos mais sistematcamente esseproblema no cap■ ulo ll

」¥鐵 虚 嚇 httT¶ 「 部 器 ど 寵 誌 潟 :sI場 :胤 do E∞ nomたoノ CamЫο Reυ Oluclο nα

"ο

enAme71co Lα tinα Ed Nueva lzquierda Caracas,1970

Page 37: Capitalismo Tardio - MANDEL

A ESTRtl「URA DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA 37

velhas classes dominantes em sua posicao nas regi6es rurais c ao conservar umaparte significativa da populac5o da aldeia fora da esfera da real prOducao de merca_

dorias e da economia rnonetaria.28

Ap五meira vlsta,o resultado parece paradoxal a reproduc5o amphada de capl―tal quc, nas areas metrOpolitanas,aprofundou o processo da convergente acumula―

caO prinlitiva de capital, sirnultaneamente impediu csse processo nas areas naO in_dustriahzadas. 」ustarnente ondc era “mais abundante", o capital foi acumuladocom malor rapidez;onde era``rnais escasso",a mobllizacaO c acumulacao do capi―tal foi rnuito mais lenta c conttadit6ria Esse quadro, que parece contradizer as re―

gras da econonlia de mercado e da teoria econOnlica liberal, torna― se cntretanto

irnediatamente compreensrvel ta0 10gO Consideremos a questao da taxa relativa de

lucro. O que detellllinou o ``subdesenv01virnonto" unilateral do chamado “Terdei_

ro Mundo" naO fOl a ma― vontade dos impenalistas,nem qualquer incapacidade so―cial__e muito menos“ racial''一一de suas classes dominantes nativas;foi um com―plexo de condig6es sociais c econOrnicas quc, enquanto promovia a acumulacaoprirnitiva de capital rnoneね rio,tornou a acumulacaO de capital industrial rnenos lu―

crativa――c, de qualquer maneira, menos segura― 一do quc os campos de invesu―mento listados acirna, para nao menc10nar a colaboracao com O irnperialismo nareproducao ampliada do capital rnetropolitano.29

Portanto, o que mudou na transicao dO capitalismo de livre concorrencia a。irnperialismo c16ssico foi a articulacaO especrfica das rela96es de producao e troca

entre os parses inetropolitanos e as nac6es subdesenvol宙 das. A dominacao dO ca_pital estrangeiro sobre a acumulacao local de capital(na ma10ria das vezes associa―

da a dOrninacao polrtica)pasSou a submeter O desenvolvirnento econOmico localaos interesses da burguesia nos parses rncttopolitanos.Nao era rnais a``artilharia le―

ve" de mercadonas baratas quc agora bombardeava os paFses subdesenvolvidos,mas a ``artilharia pesada'' do controle das reservas de capital Por outro lado, na

Opoca prё―imperialista, a concentracao na prOducao c exportacaO de matё rias― pri―

mas sob o cο ntroた da burgucsia natiυ a tinha sido apenas um prelidlo a substitui―

caO das relacё es prC― capitalistas de producao nO pars, dc acordo com Os interesses

dessa burguesia. Na era c16ssica do impenalsmO, cntretanto, passou a existir uma

alianca social e politica a longo prazo Ontre o imperialismo c as olgarquias locais,que congelou as relacOes prё ―capitalistas de producao no campo. Esse fato lirnitou

de fo111la decisiva a cxtensaO dO``rnercado interrlo",30 c aSSirn novamente tolhcu aindustnalizacao cumulativa do pais, ou dingiu para canais nao industriais os proces―

sos dc acumulacao prinlitiva quc,apesar de tudo,se manifestaram.No caso do Chle, ternos um exemplo quasc classicO dessa transfoHllagao na

est■ltura da econonlia mundial, quc ocorreu cntte a ёpoca do capitalismo de livre

concorencia c O imperialsmo c16ssico A primeira vaga de integracao dO chile aomercado capitalsta mundial, no sOculo XIX, se deu no setor da mineracao dO cO_

23 Emesto Laclau sugere quc,no caso da Argentlna,lsso decorreu,pelo menos em parte, do lato de que a renda dife‐

rencial da terra adΨinda a classe local de prophe撼 五os rurais absorveu boa parcela da mais― valia incorporada aos prO―

dutOs agricolas de exportacaO no slculo XIX e inicio do∞ culo XXi ver Mο dοs dc Producci6n, Slsた rnas EconOmicos y

Pobl●ci6n Excedente,Buenos Aires,197029 ver, entre outras obras, nosso ensaio, ``I)ie Marxsche der urspinglichen Akkumulatlon und die indusmalisierung

der Dntten welt'' In:Fο lgen einer Theo"e,Essα νs uber`つ as Kapital''υOn Ka″ Matt Frankfurt,1967 Note‐ se,tam‐

bёm,o recente bvro de KAY,Geoffrey Deυ elopment and υnderdeυ dopmen,A Mattζ ″Anolysた Londres,1974,queenfatlza o peso especiflco e o papel do capltal mercandi nas co16nias e serruco16nias, para qualquer explica95o do sub―

desenvol宙 mento∞Sobre o papei cruclal desempenhado pela diν i壺o do trabalho e a introduc5o da cconOmia monetiha no campo, na

際稔911鍮IW税器1獣,Vl£ i慮辮λ胃蹴もfl。背モよ瞥『雷歯乱Li:惣電話ふelque bloqueiam esse processo l olereddo pelas relac5es entre companhiaS petrol`leras e propicね 五os rurais natlvos naVenezucla Ver BRITO,Fedenco ven″ uela,Slglo XX Havana,1967p 17-60,181-221

Dell
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Page 38: Capitalismo Tardio - MANDEL

38 A ESTRUTURへ DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA

bre, quc, cntretanto, estava basicamente ern maos chnenas 31 A segunda vaga, ini―ciada cOm O desenvolvirnentO da cxtracaO dO salitre ap6s a vit6ria do Chile naguerra com o Peru, conduziu a cOmpleta dorninacao do capital britanico sobre arnineracao chilena Em 1880 o volume tOtal de capital britanico investido nO pars

era de aproxirnadamente 7,5 rnilh6es de libras esterlinas, corn mais de 6 milh6es

sob fOrrna de trtu10 publicOs. Em 1890 esse montante havia sc elevado a 24 nll―lhoes de libras; os investimentos de particulares chegavam a 16 rnilhOcs, dirigidosprincipalrnente para as escavac6eS e minas de salitre.32 De modO caracterrstic。 , naohouve mudanca na natureza do mais importante produto de expOrtacao (primeirOo cobre, c a seguir o salitre)O que mudara foram Os processos predonlinantes dcacumulacao de capital e as rela90es predorninantes de producao.33

A dominacao dO capital estrangeiro sobrc os processos dc acumulacaO de ca_pital nos pates subdesenvOlvidos resultou num desenvolvirnento econOrnico quc,

como afirmamos, tornou esses parses cOmplementares ao desenvOlvimento da cco―nomia dos paFses metropolitanos imperialistas. Como se sabe, isso significou quc

eles deveriam concentrar― se na producao dc matё rias―p五mas vegetais e nlineraisA caca de matOrias―primas velo de maos dadas, por assirn dizer, cOm a exportacao

de capital imperialista, c fol, em grande medida, um determinante causal da mes―ma.Assirn,o crescirnento de unl relativo excedente de capital nOs parses rnetropoll―

tanos c a procura de mais elevadas taxas de lucrO c matOrias― pnmas mais baratasformarn unl complexO integrado

A busca de matё rias―pnmas,entretanto,naO ё acidental.COrresponde a 16ocainterna do mOdO de producao capitalista,que conduz,mediante o aumento da prO―dutividade dO trabalho,a urn crescirnento regular na massa de mercadonas que pO―

dem ser prOduzidas por uma quantidade deteェ IHinada de maquinas e trabalho. Is―so, por sua vez, resulta numa tendOncia a queda na participacao do capital fix0constante e do variavei no valor mOdio da mercadoria, isto O, a uma tendencia a。

aumento na participacaO dOs custos de matё rias―primas na producao da mercado―na media:

“O valor da matё ria―pnma, portanto, forma um componente cada vez malor dO va―lor da mercadona― prOduto em proporcao ao desenvolvirnento da produividade dO tra―balho¨ porque em cada parte alfquota do produto total decrescem coninuamente tan―

to a porc5o que representa depreciacao da maquinana quanto a porcao formada pe10trabalho recё m― acrescentado Como resultado dessa tendOncia a queda, aumenta pro―porcionalrnente a outra por950 dO Valor que representa a matlria― prima, α menOs quθosc aumento sり a contrabα ′angado pοr um decγ ●scimo proporciona′ no υalor da mα′ι‐ガαっ

"ma, em decοηttnciα dc cresccnte prOdutiυ idα de dο trabα lhο empregο do em suα

propガα producao"34(Os gnfos s5o nossos E M)

A producao de matorias―primas por rneios primitivos, prё ―capitalistas, nos parses estrangeiros ―― simbohzada pela cconomia cscravagista nos EstadOs sulistas

31 NECOCHEA,Hernan Ramire2 `` Englands wirtschafdiche Vorherrschaft in Chile 1810-1914" In:La`ο inomο

"b zttls―

浙 λ留 繁:γ観 どn:り

雪空 離 Ъ劉 蹴 :靴 ll誡ユ 爵7 PdO m∝mo mbL Hため施 ″ f″●商施mο

“antco nas minas de cobre nao era supenor a 20-30% Vertambёm q tratamento gntё ico dessa ёpoca por Andrこ Gunder Frank(Op cr,p5763)、 na qual ele cita vanas fOnteschilenas E interessante observar que nos phmeiros cinqtenta anos de sua independOncia o Chile construiu uma frotamercante de 276 embarcac5es,quc aunglu O ponto ma対 mo em 1860 e depois decresceu para 75 na宙 os no inal nadlcada de 1870

髭Y朧 し1漫紀F癬ふ紆譜織鳳y常奮″龍鳴兄t:A鳳ェem q“ hwttu mas&9湘htts&

寵 ま ど

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11誌 :費ヂ`Ы

たa da pЮ宙nda em quの ぬo「ampacO俺m宙a,ob●s de面 gacao e bancOs NECO―

“MARX Capitol v 3.p108(p108109)

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A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA 39

dos Estados Unidos da ArnOrica ―― reforcou essa tendOncia ao relativo encareci―rnento das rnatё rias―primas, e, cm consequOncia, cOnduziu a tentativas do capitalrnetropolitano de ttansforrnar sua cacada inicial a estas em producao mais barata,

isto O,capitalista,cie matOnas― primas 35

0 aumento no preco do algod5o, ocasionado pola Gucra Civil norte― amenca_na, constituiu um dos fatores determinantes nesse desenvolvirnentO, mas naO fOiabsolutarnentc o inico. 0 1rnpulso ascendente generalizado dos precOs de mato一rias―primas, nao s6 ern termos relativos mas tambCm absolutOs, que representou

um traco distintivo de meados do sOculo XIX, O mais que suficiente para explicar a

universalizacao dessa tendencia 36 A intettencaO di“ cta do capital ocidental no pro―

c6so dc acumulacaο ρttmitiυ a de capital nos paお cs subd“ enυο′υidos foi pο ttntodeterrninada,cm grau consideだ υcI,pela pressao compulsiυ a sobtt cssC Capitaち nο

sentido de organlzar a produca~o capiぬ lista dc mattrias― primas cm grande escala

A producao capitalista de maに rias―primas nos paises subdesenvolvidos repre―

sentou, entretanto, producaO capitalista sob condicOes s6cio― econ6nlicas de produ―

95o bastante especrficas o enorme volume de forca de trabalho a baixO preco,emdispOnibilldade nessas regi6es, tornou nao lucrativo o emprego de capital ixo emgrande escala: a maquina mOdema nao pOdia competir com esse trabalhO baratoAssirn,no setor agrrcola,isso resultou basicamente numa cconomia de plantagern,37isto C, num capitalismo p々 多―indusFrial――o capitalismo do per10do das rnanufaturas.As vantagens do novo sistema, em comparacaO cOm uma cconomia de plantagemprO―capitalista, prendem se, sObretudo, a intrOdu95o dc uma divisao de trabalhoelementar entrc os trabalhadores rnanuais,a maiOr disciphna c a OrganizacaO e cOn_

tabilidade mais raclonais.38 E verdade que, nO setor de mineracao, O mOdO de prO―

ducaO capitalsta de matCrias― primas nos parses subdesenvolvidos represcntou a in―

trodu95o de maquinaria capitalista c o infcio do capitalismo industrial Mas, tarn―

bёm nessa csfera,o baixo pre9o da mercadona forca de trabalho,as propor95es gi―gantescas do exOrcito industrial de reserva c a relaiva fragilidade do prOletanado

nessas condicOes deslocaran■ o centro de gravidade do capital da producao demais― valia relatiυα, ja predOminante no Ocidente, para a producao de mais_valiaabsoluta.39

A imagem quc asdm se forma C a de um Sstema mundialimpe亘 alista cOnstrur―

“GENOVESE,Eugene The PO!:,cα ′Ecοnο my or SIα υa″ Nova York,1965 p 4369,fomece um con宙 ncente volu―

me de dados concernentes a baixa prOdutlvidade do trabalhO nas plantag6es de algodaO dos Estados sulistas dos Esta―

dos Unidos da Amё nca sOb O slsterna escravista36 NOs anos 60 o 70 do sё culo XIX, os precos de matё Has― p● mas importadas pela Gra― Bretanha alcancaram seu pontomais alto desde as guerras napoleOnicas()mergulho repentlno comecou em 1873.e por voita de 1895 reduziraら me―

tade。 〔ndice mldio de pre9os de importac6eJ(Ver MITCHELL,B R e DEANE,P Abstract or B"`お h Hls`ο

"cal Sta―tた tics Camb● dge.1962:KINDLEBERGER,C P e outrOs Tlle Terrns or Trode:A European Case Study CambHdge,Estados Unidos,1956:POT‐「ER e CHRISTIE T“ nds in Natural R“ οurco CommodFiの Balimore,1962)No nlesmo perlodo houve tambёm um decifnio roal no precO de matlhas‐ prlmas produadas na pr6pha inglaterra: entre1873/86 o preco do ago Bessemer caiu para 1/4 de seu nivel antenOr por tonelada (DOBB,Maunce op cit,p 306)37 0 termo designa a grande exploracao mercantl agricola ou agroindustnal,fundamentalmente monocultora e basea―

da no trabalhO escravo,que se desenvo卜 υeu nas Amё ●cas,irnpulsiOnada pela expansう o colonial europё ia (N dOT)38E対 stem numerosas descic6es da natureza espec16ca do capitalismo pr`industnal de plantagem nOs centros implan―tados pelo capitallsmo estrangeiro no“Terceiro MundO"para a producaO de algodao,bOrracha,ca縫 ,chi e outrOs pro‐dutos Ver,por exemplo,a contablidade das plantacOes do Ce15o ett TAMBIA.S」 The Rοた oF saυ ingNs and Weα ″カin SOuth Eα st Asia αnd the W(st Pans, 1963 p 75‐ 80,84 et seqs E interessante notar que mesmo num perlodo pos‐tenor houve diversos casos de intFOducaO de producaO prё _capitalista(comO por exemplo na alta do algod5o egipcio,

1860/66)que tornou posslvel a sustentac5o dos precos, mas postenonnente resultou na terr~ el ruina do Campesinatoe numa subseqtente adaptacao a mё tOdos modernos de produca。 (owEN,E R 」 “Coton Product10n and the De‐velopment of the Cotton Economy in 19h Centuヮ Eφpr' In:IssAWl,Cha■ es(Ed)The EconO/nic Hな

`oヮげ rha

Mlddた Eas,18θ θ-1914 Chicago,1966 p 410)39 Na ind6sma tOxti chinesa, o dia de trabalho de 12 horas subsistlu atO a Segunda Gucπ a Mundial, atё mesmo parachancas Nas ollcinas de tecelagem dO algod5o em Shangai ha、 ia aponas l,7 dia de repouso por mos em 1930, o umdocumentO do COnsul Geralingles na cidade re」straVa jOrnadas de trabalho de 14 horas sem interrupcOes Ver os dO‐cumentos em KUCZYNSKl,」 urgen op cr,p170‐ 173

Dell
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Page 40: Capitalismo Tardio - MANDEL

40 A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA

do a partir do desenvolvirnento desigual da acumulacao de capital, compOsicaO Or―ganica dO capital, taxa de mais― valia e produti宙 dade do trabalho, cOnsideradas emescala mundia1 0 que levou a Revolucao lndusmal a terinFcio no Ocidente fo1 0 fa―to dc ali se terem acumulado, nos trezentos anos precedentes, O capital rnonebrio

c as reseⅣ as de ouro e prata intemacionais― ―em resultado da pilhagern sistemati―

ca do resto do mundO atravOs das conquistas e do comOrcio colonial.40 1sso resul―tou na concentracao internacional de capital em uns poucos pontos do globO, nasareas predOminantemente indusMais da Europa ocidental(C, pouco tempo depois,da AmOrica do Norte). No entanto, o capital industrial que surgia nessas areas naO

tinha melos de impedir o processo interno dc acumulacao primitiva de capital pe―

las classes dorninantes dos parses inais atrasados;ele podia,na melhor das hip6te‐

ses, dirninuir o ntrno do prOcesso. Corn certas diferencas de tempO e de prOdutivi―dade,ligadas aO monop61lo britanico sobre os niveis rnais altos de produtividadc in―

dustrial, o processo de industriahzacao pOucO a pouco sc estendeu, na cra do capi―

talismo de livre concorrOncia,a urn nimero cada vez rnalor de parses

Com a cxportacao ern massa dc capital para os pa“ es subdesenvolvidos,paraa organizacao, nessas areas, da producao capitalista de matOrias― primas, a diferen―

ca quantitativa na acumulacaO de capital e no nfvel de produtividadc entre os par―ses metropolitanos e Os cconornicamente atrasados foi subitamente transforrnadanuma diferenca qualitativa. Esses paises tomararn― se dependentes, a10m de atrasa―dos. A dorninacao dO capital estrangeiro sobrc a acumulacaO de capital sufocOu oprocesso de acumula95o prirnitiva de capital, c a defasagern industrial em relag5o

as areas metropolitanas alargou― se regularrnente. A10m disso, cOmO a producaO demaにrias―primas ainda cra prO―industrial ou apenas rudirnentalHlente industrial, vis―

to quc os baixos custos da forca de trabalho desestimulavam a constante moderrli―

zac5o da maquinaria,cssa desafagem industrial deu origem a um abismO crescentenos respectivos n"eis de produtividade, que tanto expressava quanto perpetuavao real subdesenυοlυimento.Do pontto de υista marista, isto ι,a pattir dc uma teo―ria consistente do υalor do trabalho,subdesenυ ο′υimentoこ sempre, cm`ltima and―1おc,subernprego, quantitatiυ arnenた (desemprego em massa)c qualitariυ amenセ(baiXa prOdui宙 dade dO trabalho).41

Em ■ltima instancia, esse fato b6sico, quc tem constiturdo um dOs aspectosmais decisivos da cconornia mundial capitalista nos iltimos cem anos, s6pode ser

explicad9 pOr um aspecto ainda mais fundamental da cxpansaO internaclonal docapital E verdade quc as mercadorias capitalistas criaram e conquistaram o merca‐

do mundial capitalista, lsto O, levaram aos lirnites extremos do mundo a dOrnina―

95o da circula95o capitalista de mercadorias c o predominio das mercadorias pro―duzidas em grande escala na modema indistna capitalista. Mas,aO mesmo tempo,a cxpansao internaclonal nao implantou,por toda parte,o modo de produca~o capl―talista.Ao contrdrio, no chamado Terceiro Mundo、 criou c consolidou uma nlisturacspecrfica de relacOes de producao pro_capitalistas e capitalistas, quc impede, nes―

sas areas, a generaliza95o do modo de producao capitalista, c especialrnente da in―

distria capitalista em grande cscala. Af residc a causa principal da permanente cri―

se prO一 revoluclonaFia nOS parses dependentes por cerca de mcio sOculo,a razao b6_

sica pela qual esses pates provaram ser, atO agora, os elos mais fracos no sistemamundial imperialista

“МへNDEL,Emest M● alst Ecο nο mic Theο″ p準3-447

41 Fiセ Stemberg(Imp● 71011Smus, cap L p 456 etse9s)foi o p五 meiro a empreender uma invesigacao sistematca sO_bre a conexaO entre o desenvOlν imento dos salanOs e a popula95o exCedente(ist。 を, o ex`rcito industnal de reserva)Para uma discussao mais aprofundada desse problema,ver o cap 5 do presente trabalho

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A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA 41

A penettacao ern massa do capital na producao de maに rias―primas tornoupossfvel a interrupcao radical, ap6s 1873, da prolongada tendOncia ao aumento

dos pre9os desses materiais.()resultadO nao fOi apenas o colapsO not6rio no pre―

9o dos artigos agrrcolas__c a grande crise da agricultura curopOia― ―mas tambё muma rapida queda nO pre9o relativo dos minё rios, cm comparacao ao pre90 dosprodutos da indistria capitalista de bens acabados.42 A longo prazO, cntretanto, cs_

sa tendOncia estava desinada a inverter― se devido aos baixos custos de reprodu―

95o da forca de trabalho nos pates subdesenvolvidos, cm decorroncia da cscalamaclca de subemprego e do baixo grau de produtividade do trabalho, quc alarga―vam constantemente a diferenca no nivel de prOduti宙 dade entre esses parses e Osda metr6pole. COm a estagnacao da prOdutividade nos parses dependentes e, si―multaneamente, urn rdpido aumentO na produti宙 dade do trabalho nOs paFses in―dustrializados, cra apenas uma questao dc tempo antes quc o pre9o das matё nas―

pnmas comccassc a subirA alta comecou a manifestar― se durante a Primeira Guerra Mundial e para cer―

tas matOnas― primas continuou durante os anos 20, atC a crise econOmica mundialde 1929/32. As conseqtiOncias dessa crise acarretaram uma subita interrupcaO dOprocesso que, entretanto, abriu novamente canlinho com o surto armamentista in―

ternaclonal nos anos 40, atingindo scu apogeu cm 1950, no inicio da Guerra daCorOia.編 A cstrutura cspecrfica quc o inal do sOculo XIX havia gravado sobre acconornia mundial tornava― se agora um obstacu10 adiclonal a valorizacao do capl―tal ou, mais precisamente, urn fator adicional para o decirn10 da taxa mё dia de lu―

cro.

Assirn, a16gica interna do capital ocaslonou uma repeticaO dO processo quc id

ocorrera nas dOcadas de 50 c 60 do scculo anterior Naqucle momentO, quando opreco relativo das matorias― primas comecou a subir rapidamente, a sua producaocom mOtodos de ttabalho e relac6es de producao prc_capitalistas deixou de seruma fonte de superlucros, atravOs da exploracaO de fOrca de trabalho barata, c se

tomou, cm vez disso, um obstacu10 a ulterior expansao dO capital. Nos dias atuais,

analogamente,a producao de ma縫 nas―primas por mё todos que datavam do perfO―do de capitalismo manufatureiro ou do inrc10 da industrializagaO deixava de seruma fonte de superlucros coloniais, tornando― se um freio a acumulacao de capitalem escala mundial Na fase de transicaO dO capitalismo de livre cOncoHancia a era

do imperialsmo o capital respondera aquele desafio com uma penetragao macicano campo das lnatё rias― p● mas; quando o imperialismo``classicO'' deu lugar aO ca―pitalismo tardio, o capital respondeu com uma penetracao ern massa ainda maisprofunda.

A partir dos anos 30, e particularrnente na dOcada de 40 do presente sOculo,

cssa penetracao macica na csfera das matOrias― primas conduziu(exatamente comose passara no`ltimo quarto do sOculo XIX)a uma revolu95o fundamental na tecno―logia, organizacao do trabalho c rela9oes de producaO No inal dO socu10 XIX ti―

nha sido uma questao de substituir uma organizacao primitiva do trabalho,prё ―ca―pitalista, por mё todos organizaclonais adequados ao capitalismO manufatureiro ou

42 ver Pnx Relat1/sd“ Eゃo″α

Ons et fmpo7ta"Ons d“ Po"sο us‐deυeloppお ,Organzョ 95o das Nac5es Unidas,NovaYork, 1949 Para a Gra― Bretanha,。 tipico pais impeialista daquele perfodo, osセ rmos de toca tomaram― se notavel―

mente mais vantalosos, eleVando‐ se do indice 10Э ‐99 em 1880/83 a l13-115 em 1905/07 e ainglnd0 134‐ 136 em

P3雀 よ::°:∬:雪離 懸 :1:顎 ぎ讐漱SFだ

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en υde de Dι υeloppme離donsた Cornmerce Mο ndiα l, Nova York, 1963, o rndice geral de precos de exportac5o de matlnas_prlmas no period。1950/52 aumentou em mais de tres vezes em relacao a mё dia para 1934138, situando se 14%acima dO nivel mё di。

para 1924128 Em muitos casos, o acrを scirno em relacao a este ilimo per〔 odo foi bastante supenori 319る para algo‐da。 ,la,juta e sisa1 29%para cafを ,cha e chOcOlate:23%para motais n5o― ferrosos NO per`odo 1950/52。 indlce deprecos de expOrtac5es de bens elabOrados era 10%infe● 。ra mこdia para 1924/28

Page 42: Capitalismo Tardio - MANDEL

42 A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA

a fase inicial da industrializacao. Agora, csses mё todos deviam ser transfOrmadOsnuma avancada organizac5o industrial dO trabalho mediante um crescirnento devulto na produti宙dade dO trabalho lssO representou o desaparecirnento, cntretan―to, de um dOs motivos rnais importantes para a tradicional concentracaO da prOdu―

caO de matcrias―primas nas regiOes subdesenv01vidas Nesse momento havia me―nos risco em utilizar rnaquinaria dispendiosa nos centros rnetropolitanos do quc nO

estrangeiro,c a participacaO decrescente dos custos salariais no valor total das mer―

cadorias de material brutO tOrnava menos atraente do quc antes a utihza95o da for―

ca de trabalhO barata das cOlonias,cm lugar de seu equivalente,mais caro,dOs par―ses metropolitanos.A producao de matorias― primas foi portanto deslocada cm esca―la macica para essas regi6es(borracha sintёtica, fibras sintOticas); nOs casOs emquc,por motivos dc ordem frsica,isso nao fOl imediatamente possivel(por exem―plo, na indistria petrolffera), verificou― se uma pressao crescente para a preparacaodesse deslocamento a longo prazo. Naturalrnentc,tal preparo jd esta cOmecando adar frutOs(aS enormes despesas com a prospeccaO de petr61co na Europa ociden―tal e nO mar do Norte e a busca de gas natural na Europa),c ё acompanhado pOrurn refinamento continuo das tOcnicas de producao.

Os resultados desse rearranlo na cstrutura da cconomia mundial, no perrodode transicaO dO irnpenalismO “classicO'' ao capitalismo tardio, fOram numerosos,mas de natureza bastante contradit6na. As diferencas quanto a acumulacao de ca_pital e renda naclonal entre os pates rnetropolitanos e os subdesenvOlvidos alarga―

ram―se ainda mais, na,medida cm quc mesmo o mercado classicO para as matё ―

rias―primas exportadas pelos paises do chamado Terceiro MundO passava agora asofrer relativo declinlo, c a producao das mesmas, cm consequOncia, rnostrava― seincapaz de acOmpanhar o ritrno de crescirnento dos parscs industrializadOs.44 Pe10

mesmo lance, a cnse s6cio― econOnlica interna desses pates viu― se ainda mais cxa―cerbada, e sOb as condic6es favoraveis de um posterior enfraquecirnento polftico

dO imperialismo, durante e ap6s a Segunda Cuerra Mundial,cOnduziu a mOvirnen―tos endOrnicos de rebeliao e libertacao entre Os povos do chamado Tcrceiro Mun―

do Tais revoltas, amphandO_se cada vez mais, aumentaram consideravelrnente orisco da perda de capital investidO nesses parses__ameaca quc,juntamente com odespOntar de novos ramos da indistria nos pates metropolitanos, dcterrninouuma mudanca repentina no padraO de exportacao dO capital a 10ngo prazo. Emcontraste com o perrodo 1880-1940,o capital dcixou,nO fundamental,de se trans―fenr dOs pates metropolitanos para os subdesenvolvidos. Em vez disso, foi basica―

mente dc alguns paも es rnetropolitanos para outros parses imperialistas.も

O decirnlo nO preco absoluto e rclativo de matё nas―pnmas ap6s a Guerra daCorёia, devido a compeucaO dOs bens gerados pelo trabalho mais produtivo da

“Bs dgu“ nimeЮs pam o∝壺me献o da yodu゛ O de爵:旨畢iSI留:書

':『肥『罐&T∬視D留職きt倒Ъ分∬18魂9誼

r島ヂ醐癬18:∫鷺淵鵠 糧:。はha slntёia na yodu゛。mundJ de bomcha lnatwJ

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n露1:lttL濯識::灘米 Ъ肌∫漁』搬麟Lよ。鳩量古£器1瑠士庶鼈Ъ器『麗F∬出:

glstra uma economia muto maior no consumo de matё ●as―

prlmas(menorinsumo de ma"ha‐ phma para a mesma quantldade de produtO acabad。 )cOmo resultado do prOgessotOcnico (fbid p 162)

熙群諜讐lふ:驚L詣翼V:淵

:1はSξ糊畿塊ξ『:翼瀞11北『11亀照撫鮒i:,391鰭lil癬 :

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1耐掛1蜘鶴 ]鸞緋辮龍誠:乱:織駐ξ学鶴e判躍卜:lt胤1畷〕殷滉λ,1

Page 43: Capitalismo Tardio - MANDEL

A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA 43

moderna industria cm grandc escala, conduziu a aceleracao dO empobrecirnentorelalivo e,cm alguns casos,absoluto,dos parses subdesenvolvidos.Ao mesmo tem―po, cntretanto, significava quc o capital imperialista investido no campo das matO―

rias―primas, quc anteriormente havia conseguido apropriar― se nao apenas de lu―

cros coloniais, mas tambё m monopolistas, teria cada vez rnenos interesse ern se li―

mitar a producaO de matorias― primas nas semico10nias.C)capital rnonopolista inter―

naclonal passou a interessar― se naO sOmente pela producao de matOrias― primas a

balxo custo por meio de mё todos industriais avancados, cm vez de utilizar escra―

VOS CO10niais para produzi-los, mas tambσ m pela produc5o, nos proprios parses

subdesenvolvidos, de bens acabados quc ali poderiam scr vendidos a pre9os demonop61lo, cnl lugar das matOrias― primas quc haviam se tornado excessivamentebaratas.46 Assim, a reprodugaO da cliυ isa~o do trabGlhο c"ada no sιculo〉征X estd cn―

trando cm cOlapso υa`prosa mas′rrnCmente,facC a s`bita c導 〕ansaO da producaοde rnatι ttasっ ガmas c a urna alteragaO nas taxas d確 祀ndaお dC lucro proυ cnたn`“

cfa produ,a~o de matι ″as―prirnas e da produca~o de bens ccabados.

Esse processo foi reforcado, nesse rntetin、 por uma alteracao na cstrutura docapital rnonopolista nos parses impenalistas. No sOculo XIX e no inicio do sOculo

X)く , as exportacOes dos parses metropolitanos concentravarn― se basicamente embens de consumo, carv5o c aco. Ap6s a depressaO mundial de 1929, cntretanto, cespecialrnente depois da Segunda Gucrra Mundial, o padrao das indistrias expor―tadoras impenalstas desiocou― sc cada ve2 maiS para maquinas, vercu10s e bens decapital. O peso dessc grupo de mercadonas nO pacote de exportac6es dc um parstomou―se virtualrnente um indicador de seu grau de desenv01virnento industria147

No entanto,a exportacao cada vez rnaior de elementos do capital fixo resulta no in―

teresse crescente dos malores grupos monopolistas por uma industrializacaO inci_piente do Terceiro Mundo: afinal,nao O possfvel vender rnaquinas aos parses senll_

coloniais, sc eles nao tom pernllssao para u■ liz6-las ErFl ultima andlse, C esse fato__e naO qualquer consideracaO de Ordem filantr6pica ou politica― ―quc constitui

a raiz basica de tOda a “idcologia do desenvolvirnento'', quc tern sido promovida

no Terceiro Mundo pelas classes donlinantes dos parscs metropolitanos.

Esse novo curso na estrutura da cconOnlla mundial representana, finalrnente,

uma tendencia nO sentido de uma industriahzagaO sisterndtica do Terceiro Mundo,uma universalizac5o do modo de producao capitalista c a cventual homogeneiza―

9aO da ecOnOnlla mundial?De maneira alguma Significa, sirnplesmente, uma mu―danca nas formas de lustapos19ao do desenvolvimento e do subdesenvol宙 rnento.

Mais corretamente,cs● o cmerglndo novos nfveis diferenciais de acumulacao de ca_pital,produtividade e extracao de cxcedente一 ―c estes, cmbora de natureza diver―

sa, rnostram― sc ainda mais pronunciados quc os da Opoca do imperialismo ``c16ssi―

CO''

No que diz respeito a diferencas no nivel de acumulacao de capital, deve― se

sahentar, de inicio, quc a malor parte do investimento de capital imperialista nOmundo subdesenvolvido naO prOvom da cxportacaO dc capitais, rnas do reinvesti―mento de lucros ah realizados, da dorninacao crescente do mercado local de capl―tal e da absorcao cada vez malor da mais―vaha e do produto agrrcola cxcedente,

“O exemplo mais claro desse fato ё fomecido pela Amёica Latna,onde fontes da OCDE(0■ 9n麟,cao pαra coope

lacaο e D“ enυ o′υimento Ecο nδmicol mOStram que os investlmentos estrangeiros em 1966 chegaram a 5,3 blh&s ded61ares na indistna de transforrnac5o, para 4,9 bilh6es de d61ares na indistna petrolifera(inclusive reinanas e slstemade distnbuicao), 1,7 blhao de d61ares na minerac5o e 3,8 bllh6es de ddares em bancOs, cOmpanhias de seguros egandes plantacOes47 A paぬcipacao dO wpo de mercadonas que engloba ``m6quinas e meios de transporte" na exportac5。 das potOn‐

cias impehalistas elevou― se de 6.5%em 1890 e 10,6%om 1910,para a Gra Bretanha,atё mals de 40%para a Gぬ ―

B“tanha,os Estados Unidos e o」 a"o em 1968,c46%para a Alemanha Ocldental em 1969

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44 A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA

gerados nos pr6pnos pates subdesenvolvidos. Principalrnente no caso da AmOrica

Latina, dispomos de dados bastante precisos para esse processo.48 MaiS ainda, o``escoamento" ou vazao llquida de valor para os paises metropolitanos, a custa

dos econornicamente dependentes em relacao a eles,continua a operar de manei^ra imperturbavel. POdc―se afillHar, sem exagero, que cssa transfettncia lfquida devalor C ainda maior hole em dia do que no passado,nao s6 devidO a transferenciade dividendOS,juros e ordenados pagos aos diretores das granclcs companhias im―perialstas c aos dё bitos crescentes dos paFses subdesenvolvidos,49 maS tambOmpor causa do agravamento da troca desigual

lsso nos remete ao problema das diferencas nos n"cis de produtividade.A tro―

ca desiguai no mercado mundial,como toma claro Marx no caprtu10 xXII dO volu―me l de O Capiた 1,50 0 sempre o resultado de uma diferenca na produividade mO―dia do trabalho entre duas nacOes Ern si rnesma, a diferenca nao se relaciona com

a natureza material das mercadonas quc essas nacOes produzem__saam maに一

rias―primas ou bens acabados, prOdutos industriais ou agricolas. De fato, a diferen―

ca entre o nivel de produtividade corponficadO nos bens de consumo gerados pelaindustria moderna c o materializado nas maquinas e verculos prOduzidOs medianteprocessos serni― automatizados O, cm certa medida, tao grande quantO a diferencacntre os niveis corporificados, por um lado, nas matOnas― primas produzidas me―

diante prOcessos do capitalismo manufanireiro ou do infclo da industrializacao, c,por outro ladO, nos bens acabados industriais. Porquc as cOmposic6es organicas

de capital na primeira comparacao mOstrarn― se tao discrepantes quanto aquelas na

segunda.Ao mesmo ternpo, ocorre uma crescente acentuacaO das diferengas na taxa

de mais―valia.Nos parses impenalistas tornou― se praucamente imposs~ el aumentara producao de mais― valia absoluta, por causa da tendOncia duradoura a dirninui―

9aO dO exorcito industrial de reserva.(D capital, agora, linlita― sc a concentrar seus

esforcos na criacao de mais_vaha relaiva,c ainda assirn s6 pode faze-10 na medida

cm quc consegue ncuttalizar o efeito contradit6rio da produtividade acrescida so―bre a taxa dc mais― valia

Exatamente o conttario se passa nos paises subdesenvolvidos. Neles, o inicio

da industrializacao c o aumento subsequente na produtividade social rnOdia do tra―

balho pellllitem quc os custos de reproducao da fOrca de trabalho calam considera―velmente,embora essa queda em valor nem scmpre seia cXprimida em scu precomonebrio――um resultado, cntre outras coisas, da peHllanente iniacao Ao mes―mo tempo, entretanto, csse acrOscirno na produtividade social mё dia do trabalho

naO cOnduz a um crescirnento do custo, rnoral e hist6rico, da reproducao da forca

de trabalho Em outras palavras, novas necessidades naO saO incOηporadas aos sa―

lariOs,Ou O sao apenas em grau FnuitO lirnitado

Em primeiro lugar,o fenOmenO pode ser atriburdo ao fato de quc a tendOnciasecular,nas sernico10nias,O no sentido do crescirnento do exё rcito indusmal de re―

serva,porquc o vagaroso inicio da industrializacao mOstra― se incapaz de seguir o rit―

48 TheOtOnio dos Santos(Op Cit,p 75‐ 78)calcula que para o perfodo 1946/68 houve um escoamento de 15 bilhOesde d61ares da Amを nca Latlna para os Estados Unidos,sob fOrna de dlν idendos,juros etc, sobre os investmentos de

capital estrangeiro O novo capltal efetlvamente exportado dos Estados Unidos para a Amlnca Laina atlnju apenas omontante liquido de 5,5 bilh“ de d61aros,rnuito inleior,portanto,a va250 de mais― valia49 0 Relat6● o Pearson sobre a“ Dlcada do Desenvol宙 mento''(Pα ine7S in Deυοfopment,Repο

"げthe Cο mmlssion

οn fntema“onal Deυelopment,Londres,1969)oferece uma imagem chocante do enorme acrё scimo nos dこ bitos dospaises semicoloniais Entre 1961/68 estes passaram de 21,5 bilh5es de d61ares a 47,5 bilhOes de d61ares(p 371)Os

pagamentos anuais correspondentes a lurOS SObre essas diudas e a lucros dos investlmentos estrangeiFos,6 ultrapas―

sanl em 25%a renda das exportacoeS no Brasil,Mё 対co,Argenina,CO10mbia c Chile,c em 20%na lndia e Tuntta(p 374)

"MARX Capltal v l,p 559‐ 560 |

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A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA 45

mo, cada vez mais acelerado,de afastarnento dos camponeses pobres de suas ter―ras (D desvio gradativo do capital estrangeiro para a producao de bens acabadosreforca ainda mais essa tendOncia,pois esta■ ltima ё capital― intensivo(``poupadorade trabalho"), enquanto a produ9ao de materias_primas era relativamente traba―lho― intensivo(``poupadora de capital'').Assirn,a participacao da maO_de_Obra assa―

lanada na populacao trabalhadora da ArnOrica Latina perrnaneceu constante, em1478,entre 1925/63,cnquanto o percentual da producao industrial no produto na―clonal bruto dobrava:de llν 3 para 23%.51

Em scgundo lugar, uma relacao de fOrcas desfavor6vel no mercado dc traba―lho, devido a um exOrcito industrial de reserva cada vez maior,pode tornar efetiva―

mente impossfvel a organizacao cm massa do proletariado industrial e mineiro emsindicatos. Como resultado, a mercadoria forca de trabalho naO s6 0 vendida aoseu valor decrescente, mas mesmo abaixlo desse valor. Assirn, torna― se possivelque o capital, dadas condig6es polficas razoavelrnente favoraveis, compense qual―

quer tendencia nO declinlo da taxa de lucro ao assegurar um acrCscirno ainda

maior na taxa de mais― valia,atravOs de uma reducao signiicativa nos salarios reais.

Isso aconteceu na Argentina cm 1956/60, nO Brasil em 1964/66 e na lndOnOsiaern 1966/67.52

A cxistOncia dc um pre9o muito mais balxo para a forca de trabalhO nOs par―

ses semicoloniais, dependentes, do que nos parses imperialistas indubitavelmentepossiblita uma taxa mё dia de lucro mais alta,em terrnos mundiais― ―o que expli―

ca, em 61● ma analise, O fato do capital estrangeiro nuir para esses parses Mas, aomesmo tompo, age como uma barreira na continuidade da acumulacao de capital,porquc a cxpansao dO mercado O conservada dentro de lirnites extremamente es―

treitos pelo baixo nfvel dos salariOs reais e pelas reduzidas necessidades dOs Opera―

rios no Tercciro Mundo. Ern cOnseqtiOncia, a situacao famlllar,j6descrita cm nos―

sa curta analise do apogeu do impenalismO,O outra vez reproduzida: torna― se maislucrativo para o capital local investir fora da indistria do que no sctor indusmal. Es―

sa tendencia vo_se ainda reforcada pelo fato de quc, nos parses subdesenvolvidos,

a grande maloria das indistrias equipadas corn tecnologa mOderna― ―mesmo se,muitas vezes, se trata apenas do equipamento ``obsoleto" do Ocidente― ―apresen―

ta grau bastante alto de capacidade nao utilizada, bem como uma carencia de“econornias de escala".53 Em resultado,0廿avada a concentracaO de capital,inlpe―

dida a expansao da prOducao, prOmOvido o escoamento de capital para esferasnaO industriais e improdutivas c ampliado o exOrcito de proletariOs e semiprolet6-

nos desempregados e subempregados. Af reside o real ``cfrculo vicioso do subde―

senvolvirnento", e nao na alegada insuficiencia da rcnda nacional, acarretandouma taxa insuficiente de poupan9as.54

Em cOnscquOncia, a estrutura da econornia mundial na primeira fase dO capl―

51 FRANK,Andrё Gunder Lurnpanbueu“ iα:Lumpend‐ αrrOl10 Caracas,1970 p l10 Asfontes,o pubhCac6es ol‐ciais das Nac∝ s Unidas(CEPAL e a Organlzac5o lntemacional do Trabalho)Analo9amente, na lndia,a taxa mこ dia

anual de crescimento da produc5o industrlal foi de 6,6%de 1950 a 1972,ao passo quc a taxa mё dia anual de cresci‐

mento do emprego foi de apenas 3,398, chegando a cair at1 1,8% em 1966773, quando esteve abaixo da taxa anualde cresclmento da populacao Ver Basic Stα tls,cs Rι lorlng tO tlle fndian Econο mソ, publicadas pe10 Commerce Re―search Buroau,Bombaim,nOvembro de 197352 Ruy Mauro Maini calcula em 15,6%a queda nos saldios reais dos trabalhadores industnais em S5o Pau10__o cen―

tro mais altamente industnahzado no Brasll― ―nOs dois anos seguintes ao golpe militar de 1964 ハp6ia esse dado no ln_

dice oflcial de custo de νida, que certamente subestmou a taxa de innacao subdoα ,70〃0 ノ Reυοluci6n MO対 co,

1969 p 134 A mais longo prazo, o poder de compra do sald● o minimo calu em 62%enLe 1958/68 Ver SADER,

既 鳳鳳翌投望鰯 ざ981ξ≒礼cf::隈 ま攪翼隅窯」:幣場ぶil彎1た

::Rtti:鶴缶qu.N° 3,ab● 1づ unho de 1971●Paul A Baran em The P。 ″,cal Econο r2ν oF GrOωth submeteu essa tese da economia acadOmica a uma criica met―culosa c con、lncente

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Highlight
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46 A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAI¨ CAPITALISTA

talismo tardio difere em varias caracteristicas importantes de sua estrutura na era

do imperialismo cldssico, mas reproduz,c atO mesmo reforca,as diferencas nos nf―

veis de produtividade, renda c prosperidadc entrc Os parses imperialistas c os sub―

desenv01vidos. A participacao destes iltimos no comOrcio mundial declina一 _ emvez de aumentar ou permanecer constante― ―c o declinlo O rapido A totalidadedas transferOncias p`blicas e pnvadas de capital dos parses rnetropolitanos nao cOn_

seguc acompanhar o ritrno do cscoamento de valores na direcao oposta, c os par―

ses do chamado TerceirO Mundo sofrem, consequcntemente, um empobrecirnentOrelativo em suas transac6es com os parses imperialstas E 6bvio que essc empobre―

cirnento naO pOde ser acompanhado por uma pa由 cipacao crescente no comё rcio

mundial,isto O,por uma por95o crescente do poder de compra internacional.

A participacao cm rapido dccllnlo do Terceiro Mundo no cOmorclo mundial

一 de aprO対 madamente 32%em 1950 a cerca de 17%em 1970-― naturalmentena0 1mpliCa, de maneira alguma, quc estaa havendo um decroscirno absolutO nadependOncia das nac6es imperialistas ern relacao a certas rnatё五as―primas estratOgi

CaS(tais cOmo uran10, rninё rio de ferro, petr61coi nfquel, bauxita, cromo, manga―nes e outras),cxportadas pelos paFses coloniais;ao conttario,。 correu urn aumentoabsoluto nessa dependOncia.55 TodaVia, dentrO da estrutura da cconornia capitalis―ta mundial, a contradicao entre O valor de uso c o valor de troca das mercadorias

exprime―se no fato de quc a dependOncia amphada do imperialismo ern relacao asmatOrias―primas exportadas pelos parses c010niais O acompanhada por um deciinlo

relativo nOs precos pagos por essas matOrias― primas e por um declrniO relativO emseu valor

Entretanto, o decrOscirno a longo prazo nos tel11los de comorcio, as expensas

dOs parses expOrtadores de merCadOrias prim6rias,tambOnl resulta num dccirnlo rc_

latiυ o na taxa de lucro dos rnonop61ios produtores dessas rnercadorias,crn compa―racaO aqueles que produzem artigos rnanufaturados.56 1ss。 ,por sua vez,leva neces―sanamente a um aluxo muito maior de capital na industria de transforrnacao doque na produc5o primaria. A longo prazo, a desprOporcao crescente entre os dois

setores terFninOu sempre numa abrupta altera95o de scus precos relativos__dar agrande alta nos precos de mercadonas primarias ern 1972′ 74, cm quc a especula―

caO desempenhou um papel sccundano nada insignificante. Os elementos conlun―turais e cspeculativos nessa alta garantom quc os precos caiam outra vez, mas nao

atO os niveis anteriores a 1972 A presente modificacao abrupta dos precOs relati―

vos de produtos primariOs e manufaturados inaugura, assirn, uma nova fasc__aterceira desde o inicio do sOculo XIX― ―,cm quc as rnatOrias― primas se tornararn re―

pentinamente mais caras, cm comparagao aOs artigos manufaturados 57 Tal destlio

ern scus precos relaivos desencadcard inevitavelrnente novas tendOncias do desen―

volvirnento desigual da acumulacaO de capital atravOs do rnundo

SubiaCente a todo o desenvolvirnento desigual e combinado das relac6es deproducao capitalistas, sernicapitalistas e prO― capitalistas, interligadas pelas rela96es

capitalistas de troca,csta o probicma dO efeito concreto da lei do valoF nO niVel in―

5D Pierre」 alle analisa essa dependOncia acrescida cm gande detalhe(Op c″ ,p25‐26)Bairoch(Op cir,p76)venfi_cou que ente 1928 e 1965 a participac5o dos paises em desenvol、imento na producao mundial de minoiO de ferrOelevou― se de 7%a37%i na producao de bau対 ta,de 21%a69%,e na producら。de pe廿 61eo,de 25%a65%56 0s eSforcos bem‐ sucedidos das companhias petrollferas europё ias no sentldo de quebrar O c。 ltr01e do canel mun_dial do petr61eo sobre os pre9os do produto, nos anos 60,resultaram numa queda real nesses precos e nos lucros das``rnaiorais do petr61eo'',o que Orlginou uma escassez de petr61eo――aセ certo ponto deliberadamente planelada― 一 eorestabelecimento ternporano do controle de precos pelo canel Toda essa hist6ha de cOmpeScao e nlonOp61io, deuma dissolucら o e restabelecimento de precos dingdos,,untamente com a operacao sublacente da lei do valor no mercado de petr61eo,こ recontada por ELSENllAUS,H e」 UNNE,G ``Zu den Hintergrunden der gegenwartlgen Oelkrl―se'' In:Bldttrrur deutsclle tlnd irlternarionα lθ Politlk C。 16nia,1973 N° 1257 ver HOME、 Angus“ The P五ma″ COmmodites BoonI''Ini Neω Ltt Reυieω N° 81,setembro‐ outubro de 1973

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A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA 47

ternacional― ―em Outras palavras, o problema da fol:1lacaO dOs precos dO merca‐do mundial e suas repercussOes nas cconornias nacionais. Nao ha divida de qucs6c対 ste uma lei do valor;58 tem a funcao de regular,atravOs da trOca de quantida―

des cquivalentes a mOdlo prazo de trabalho, a distribulcao dOs recursos econOnli―

cOs a disposicao da sOciedade pelas varias esferas da producao, segundo as nutua_

90es da demanda socialrnente efetiva― ―em outras palavras, a estrutura dc consu―mo ou estrunlra de renda, deterrninada pelas relacOcs capitalistas de producao e

distribuicao. Mas esse fato geral nao nos diz ainda, de maneira alguma, como a lei

do valor opera no mercado rnundial.

Embora Marx tenha discutido esse problema em varias OcasiOes,59 ele na0 0analisou sistemaicamente em O CapiFal No entanto,com base em suas observa―

,5eS,na 16gica de sua teoria e numa analise dO desenvolvirncnto do mercado mun―dial capitalista ao longo dos iltimos 150 anos,torna―se poss,vel formular os princr―plos referidos a seguir.

1)Sob as cOndic6es das relacOcs capitalistas de prOdugao, precOS uniforrnesde producao(lst0 0,uma igualizacaO em larga escala das taxas de lucro)S6se apre―

sentarn no interior dos mercados naciOnais(na prOducao prc_capitalista de merca―

dorias, valores diferentes de uma mercadoria podem chegar a cxistir lado a ladOern mercados regionais dentro de um unicO pars, cOm base na produuvidade dife―renciada do trabalho nas varias areas, Onde existam irnpedirnentos a circulacao na_

cional de mercadOrias).60 A lei do va10r s6 resultaria em precos uniformes por todO

o mundo se ocorressc uma igualizacaO internacional geral da taxa de lucro, cm re―

sultado da completa moblldade internaclonal do capital e da distribuicao de capitalpor tOdas as partes do mundo,independentemente da naclonalidade Ou origem de

seus possuidores. Em outras palavras, somente se existissc, na pratica, uma ccOno―

■1la mundial capitalista homogeneizada, com um inico estado mundial capitahs―ta 61

2)A lirnitacao dOs pre90s uniforrrles de producao aOs mercados ``naclonais"necessariamente detel11lina uma variacao no va10r de mercadorias em diferentesnac6es.Marx enね oZOu expressamente,em va五 os escntos,essc efeito especricO dalei do valor a nfvel internacional. Ele se bascia cm niveis nacionalrnente diferencia―

dos da produtividadc ou intensidade dO trabalho (c consequentemente dos valoresdas mercadOrias), compos195eS Organicas de capital e taxas de mais― valia naciOnal―

mente diferenciadas, c assirn por diante. No mercado mundial, o trabalho de umpars cOm produtividade de trabalho mais alta O considerado mais intensivo, de ma―

ncira que o produto de um dia de trabalho nessc tipo de pars o trOcado pelo prOdu―

to de rnais de um dia de trabalhO nurn pat subdesenvolvido

“Pierre Na¢lle nao pisa um solo tao宙 rgem quanto acredita, ao apresentar esse lato comO uma grande descoberta

em Le Salol,で Sociallsた , Pans, 1970,p 14-30 A10m diss。 , ele tlra daF a conclusao erronea de que uma “inica lei dovalor'' regula todas as rela95os econOmicas no mundo inteiro, incluindo a URSS (p 24‐ 25)A lei do valorjd era a``inica''lei do mercado mundlal em meados do sOculo XIX,mas,por essa`poca,nao regulava absolutamente a dls饉 ―buicaO de recursos econOmicos por v`nos ramos da producao na china: para tal, loi necess6● a uma revolu95o nas re―lac5es de producaO na china E ncm regula, inclusive, as relacoes econδ micas atuais na China, ou na URSS: Navilleesquece que na cra do capitalismo essa regulamenta95o naoこ deterFninada pelo mot71mento das mercadonas, mas pe_lo movlmento do capital(deixamOs para trds a producaO dmples de mercadoias h`muito tempo)Acontece que o n‐vTe mo宙mento do capital naoこ pennitldo na China ou na URSS,Onde os invesimentos naoぬ 。de mOdO algum de―

壁攪「盤滞燎S槻

鶏TtttrttFa鵠絆ナヨTり2:を智瑞λ:†ど紺制i seca。 ュcΨ″“

v a inJdo cap XXI Cα pitol v 3,inal do cap メЭCXIXi Capital v 3,p 803-813i Cα pl`oち v 3,cap L,p 874-8751 Teo"。 sd。

樹:}7覚ふぎt:鷺:Ⅷ錦懺L爾亀」髪'品経溜:熙雪魚よt滋議i∞sn∝ v`.∝ Ettad∝ ぬ。前"da fundamentalmente diversos, a ponto de poder haver fome num Estado e pro9os norrnais de alimentos num Estado、Lanho COmpleta liberdade na circulacao de mercadonas e capital C, obvlamente, uma condicao prё vla para a forma‐

鶏 』i」糧 』 %縛籠:∬還 l■署[」]曽器 競 ::L祐∴ :196

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48 A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA

3)Pcla cxportacao de mercadOrias de um pat com mais alta produtividadedo trabalho para um outro de menOr produtividade,os possuidores dOs artigos ex_portados garantem um superlucro, porque podem vender suas mercadorias a umpreco acirna do pre9o de producao em seu pr6prio mercado interno, mas abaix0

do valor“ naclonal''das rnesmas no pat irnportador.

4)Se o volume dessa exportacao fOr grandc o suficicnte para dominar tOdO Omercado do pars importador, o valor ``naclonal'' da mercadoria neste ultimo aius―

tar― sc―a, cOm O tempo, ao valor da mercadoria no pars exportador,sob a pressaocompetitiva de artigos importados, lsto C, o superlucro desaparecera se a deman―

da dessa mercadoria continuar a crescer a passos largos, naO pOdendo ser cObertapelas importa90cs, haverd espa9o disponfvel para que uma indistria nacional commais alto nfvel de produti宙 dade do ttabalho venha substituir a indistria atrasada cern rurnas(cOmO no caso da indistria tOxtil nO R6ssia, It61ia,」 apao c Espanha de―pois de 1860/70, c mesmO parcialrnente na lndia c na China ap6s 1890-1900),mesmo sc a produtividade do trabalho dessa industria ``naclonal'' cstiver um pou―

co abaixo daqucla do pars exportador.

5)Sc o volume dessa cxportagao perrnanecer hrnitado dcmais para que possadeterrninar o montante de trabalho socialrnente necessariO cOntido nessa mercado―ria especifica no pars importador,o valor da mercadoria nesse mercado permanece―

ra acirna dO va10r ern scu pars de Ongem,c as mercadorias do paた cxportador cOn―tinuarao a fazer urn superlucro(esSc O,em boa parteレ o caso dos prOdutos farma―ceuticos exportados pe10s paises imperialistas para a lndia, O Sudeste Asiaico c a

Afnca).

6)Sc um pais possuir um virtual monop6ho mundial da prOducao de umamercadoria,as condic6es de producao da mesma consituir5o as prё ―condicocs pa―ra o preco do mercado rnundial(c isso,naturalmentc,acarreta um superlucro mO―nopolista,muito acima do lucro mOdio corrente do pars prOdutOr).A mesma lei ёvalida, muratis muFandis, quando o pais n5o tern monop61lo sobre a prOducaO damercadoria,rnas sobre a sua cxporta95o.

7)Se nenhum pars possuir rnonop61io sobre a producao ou expOrtacaO de de_terrninada mercadoria, seu valor no mercado mundial sera deterrninado pelo nfvelinternacional mOdio dos valores da mercadoria necessanos para satisfazer toda ademanda internacional rnonetanamente efetiva. Esse valor rnOdlo pode enぬ o supe―

rar o do pat mais produtivo,assirn como pode perrnanecer rnuito aquOm do valornO pars rnais atrasado 62

8)Sc um pars, cOm nivel mё dio de produtividade do trabalho abaixo da mO―dia mundial, fOr levado a produzir certos bens exclusivamente para cxportacao, ovalor desses artigos exportados naO sera deterrninado pelas quantidades especffi―

cas reais de trabalho gastas em sua producao, mas pOr uma mOdia hipOtoica(lstoO, pelas quantidades de trabalho quc teriam sido despendidas em sua producao,

62 Esse lato explica as lutuacoes, por vezes bastante grandes、 do preco de generos alimentlcios nO mercado mundial a

inteⅣ alos relabvamente curtos Tao 10go se manifesta uma escassez de alimentos no mercado mundial,ainda que ape―nas marglnal,os produtos das areas relabvamente menos fOrteis nos pates menos produtvos,que no口 nalmente nemsenam exportados,passam imediatamen"a determinar o preco no mercado mundlal COmo O comOrcio rnundial decereais, por exemplo, abrange apenas uma percentagem muito pequena da producao rnundial de cereais, um aumen‐to margnal na demanda de um grande Fnis pode elevar o preco,de um momento para outro,em 25%ou mesmo50%

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A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL CAPITALISTA 49

caso esta tivesse sido realizada com o n"el intemacional mOdio de produti1/idade

do trabalho).Nesse caso,o pais em qucstao sofre perda de riqucza atravOs de suas

exportag6es ―― em outas palavras, cm troca das quantidades de trabalho gastasna producao desses bens, ele recebe o equivalente a uma menor quantidade de廿abalho. Ainda assirn, ele pode conseguir urn lucro absoluto ern sua ttansacao ex‐portadora, se a producaO mObilizar recursos nlinerais e maO_dc_obra quc em ou‐tras circunsttncias naO seria utilizada. De qualquer maneira, o pars sofrera um em_pobrecirnento relativo, em comparacao aOs quc importam esses artigos de expOrta―

95。 .63

9)TodOS OS pnncrp10s antenores prossupOcm,cm maior ou menor grau,rela―

90es capitalistas de producaO cxtensivas nas vanas nag6es que comerciam entre si(Ver a Citacao da carta dc Engels a Conrad Schmidt, no iniclo do presente caprtu―lo). Sc, entretanto,as relac6es de producaO num pars fOrem apenas rnarginalrnen―te capitalistas, c se as mercadorias exportadas forem produzidas em condigOes prO―

capitalistas ou senlicapitalistas, a tendOncia para as mercadorias serem exportadas

abaixo de scu valor ``naclonal'' podera tOmar_se consideravelrnente mais forte― 一

entre outros fatores,porquc os ``salariOs" que cntram no valor da mercadoria po―dem descer muito abaixo do valor da mercadoria forca de trabalho,se os produto―

res forern apenas serniproletanos quc ainda possuem scus pr6prios rnelos para pro―

duzir os artigos de que necessitam, ou se forem pequcnos camponeses que prati―cam uma agncultura de subsistencia c cttO COnsumo se limita ao mfnimo fisio10gica

mente necessario a宙 da 64

10)Exatamente por causa dessas d¨ κngas no valor das mercadonas e naproduti宙 dade do trabalho cntre cada pars integrado ao mercado mundial capitahs―ta,a lei do valor compele inexoravelrnente os parses atrasados a sc especializarern,

no mercado mundial, de modo desvanセ

"oso para si pr6prios. Sc eles desciarem,apesar desse fato, lancar‐ sc a producaO de artigos industriais de alto valor(em pe―quenas sOries e com despesas colossais), eStarao condenados a vende-10s com pre―juizo ern scu mercado internO,porquc a diferenca nos custos de producaO,cOmpa―

rados com Os das na95es industrializadas, こgrande domais, cxcedendo a margemnoHllal de lucrO no mercado domOstico.AR`ssia c a China escaparam a essa sor―te depois de suas revolu96es socialistas unicamente devido a um monop61io prote―

tor sobrc o comorcio exterior

“MARX Capital v 3,p238

64NIARX Capたo′ v3,p805-806

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Page 51: Capitalismo Tardio - MANDEL

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As Tres Fontes Principais de Superlucro no D“ enυ olυimento

do Capitalismo Moぴ crno

NO segundo cap■ ulo afillllamos que o problema do imperialismo deve ser

considerado histoncamente como uma mudanca qualitativa na cstrutura da ccono―

龍 l釧 槻 謂ポ 譲鰤 盤

灘 犠 W搬

:舗

:廿c o desenvol1/irnento desigual e a concol

mento desigual e ao mesmo tempo ё embaracada por ele Discutremos,alё m dis―

sO,o problema do nivelamento da taxa de lucro Estaremos p五 ncipalrnente interes―

sados no papel quc a busca de superlucros desempenha no processo dc aculYlula―

95o de capital e de crescimento capitalista.Ja assinalamos que, por sua natureza, o crescirnento do modo de produ95o

capitalista conduz sempre a um desequlibrio Devemos ainda ter ern rnente quc oproblema da expansao do capital a novas esferas da producao__locnicas ou gco―grdficas― -O detellllinado, cm iltima anahse,pOr uma diferenca no nivel de lucro,

o quc significa que dcve haver ao mesmo tempo um excesso relativo de capital,uma relativa imobilidade do capital e limites relativos para a igualizacao das diferen―

tes taxas de lucro estabelecidas pelo monop61lo. Seguc― se quc o processo de cres―

cirnento real do modo de producao capitallsta nao O acompanhado por um niυ clα―

mento cre“ υo das taxas dc lucro.1

Sc a acumulacao de capital for considerada urn meio dC estender a producaode mais‐vaha relativa, ou de reproduzir o exё rcito industrial de reserva numa csca―

la ampliada, de maneira a assegurar uma reducao absOluta ou relativa nos salariOs,

tudo isso se reduzird ao mesmo processo de redistribu19ao da mais― valia socialrnen―

te produzida cm benefrciO daqucles capitais quc conscguiram a maior acumulacao

e possuem a mais alta composicao organica. se a acumulacao de capital for consl―

∬肥λ:LttL∬輩:麓Ъ淵:Ъ黒♂iλ籠11幣λ:眠1'驚lttr滞』」T濡量管'sltふ墨::rrittle聞e lucro e n5o como fOrma cmpinca,dlretamente 1/1s待 el,da

taxa real de lucro` '(Capit。 l v 3, p 367)Vertambё m p 369:(`Por outo lado,a taxa de lucro pode vanar inclusive

蒻 蔚 f醐 驀 囃 鮒 都 鱗

atravOs de lumac5es perrnanentos''

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52 TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCRO

derada uma resposta ao decirn10 da taxa modia de lucro, torna― se c宙dente quc oscapitais rnais fortes n5o se contentarao apenas ern aumentar a massa de rucrO,mas

tentarao ampliar igualrnente sua taxa de lucro. Sc a acumulacao de capital for cOn―

siderada dependente da realizacao de mais― valia, entao mais uma vez, no cOntextodc “muitOs capitais''一―isto ё, da concorrOncia capitalista__, cssa realizacao devc_ra,cm`ltima analise,consutuir um problema da busca de superlucrOs.Pois os capl―tais que apenas parcialrnente conseguem realizar a sua mais― valia,ou s6 pOdem fa―ze_10 a taxa modia de lucrO, Ou mesmo abaixo desse nfvel, cncOntram― se numadesvantagem evidentc em relacao aqueles capitais quc conseguern reahzar o valortotal de suas mercadorias cOm uma porcao adiciOnal, por assirn dizer__ istO o,com uma parte da mais― valia produzida cm OutrOs setores acrescentada a csse va―lor ou,crn Outras palavras,com superlucro.

“O superlucro que um capital individual realiza numa esfera especial da prOdu95o_prOvёm, se afastarrnos desvios fortuitos, de uma redu95o no preco de custO, nos cus―

tos de producao. Essa reducao resulta, por um lado, da circunstancia de se empregarcapital em quanidades supeHores a mё dia,com o que se reduzem osヵ uXJraぉ da prO_ducaO, enquanto as causas gerais que fazem aumentar a produividade do trabalho(cooperacaO, divisao dO trabalho)podem se tornar efeivas em grau suponOr, cOmmalor intensidade, por ter avmentado seu campo de ai、 idadei por Ouむ0 1ado, deve_se ao fato de quc, excetuado o mOntante de capital em funclonamento, s5o emprega―dos molhOres mltodos de trabalho, novas inven95es, rnaquinaha aperfe19oada, segre―dos qllfmicos de fab●ca950 etc.――em resumo,meios e mCtodos de producaO nOvOs emais pe亘citos,supenores ao nlvei normal"2

No entanto, n5o sena verdadcira a afirrnacao de quc esse dup10 prOcessO, cn―volvendo a cxpansao da massa de capital e a redu95o do precO de custo das mer―cadorias atravOs do uso de maquinana aperfe19oada c dc uma compos1950 0rganl―ca de capital rnais elevada, contOm em si todo o significado e prOp6sito da acumu―

lacaO dc capital sob a pressao da cOncOrroncia?E nao estarramos justificados,por―

tanto, ao descrever esse processo como dorninado pela incansavel busca de super―

lucro?

Assirn quc se reconhece, enttetanto, quc o processo de reproducao amphadaё determinado pela procura de superlucros, surge uma nova pergunta: como po―

惣 ∬鷺 乱 ::l橘∫躙 穏「雛 :譜1賄 i期思 為 ぎ寵 1::1乱

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possivel reduzir as cOndic6es para se conseguir urn superlucro a um inico fator;ι o‐

das as leis de movirnento do modO de producao capitalista devern ser levadas emconsidera950.No capitalismo,os superlucros surgern:

1)QuandO a cOmpos195o organica de urn capital especricO ё menor do quc amёdia sOcial, mas sirnultaneamente fatores estruturais ou institucionais impedem amais―valia supenOr a modia, produzida nesses setores, de ingressar rlo processO denivelamento da taxa de lucro.3 Essa O,por exemplo,a fonte do superlucro denOmi―

nado renda absoluta dO solo, gerado por urn monop61io da propriedade da terrasob O mOdO de producao capitalista. De maneira mais geral, O essa a fonte de tO―dos os superlucros dos rnonOp61ios.

2NIARX Capral v 3,p6443``um Superlucro pode tamblm surglr se determinadas esleras de produ95o se encontram em condicoes de subtrar se

a transfOrFnacaO dos va10res de suas mercadonas em precos de produc5o e, portanto, a redusaO de seus lucros ao lu‐

cro mё dio''Capitα ′v3,p199 Vertambё m Capitα ′v3,p743

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TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCR0 53

2)Quando a cOmpos195o organica se encontra acirna da modia social, isto O,quando deterrninado capital pode explorar uma vantagem em produti宙 dade numdado setor e, assirn, apropnar― se dc uma parcela da mais―valia prOduzida por Ou―tras fi111las naquele setor. “Nossa analise mOstrou como o valor de mercado(e tu―do o que foi dito a csse respeito aplica― se, com as modificac6es cabrveis, aO pre9ode producao)cOmpreende um superlucrO para aqueles que produzern sob as cOn―d195es rnais favoraveis em qualquer esfera de producao.''4

3)(⊇uando O poss"el pressionar o preco pagO pela forca dc trabalhO atё umnfvel abaixo de scu valor social,isto ё,abalxo de seu pre9o social rnOdlo ou,o quevem a ser a mesma coisa, quando C possivel comprar forca de trabalho em parsesonde scu valor(pre9o mod10)O menOr do quc seu valor(precO mOdio)no pars emque as mercadorias saO vendidas 5 Enl tais casos, os superlucros devem― se a umataxa de mais― valia superior a rnё dia social.

4)(⊇uando ё poss,vel pressionar o preco pago pelas varias partes componen―tes do capital constante a um nfvel abaixo da mё dia social(o pre9ё de produ95o).Na praica, isso s6 0 normalrnente possivei no caso do capital constante circulante,

c n5o do capital constante fixo__em outras palavras,quando o capital de uma fir―

ma, uma indistria ou um pais tem acesso a matOrias― primas quc sao mais baratas

do quc aquelas corn quc outros capitais se vOem obrigados a operar.

5)Quando ё acelerada a reproducao do capital circulantc(e conscquentemen_te do capital vanavel), iSto O, quando o tempo de rotacao dc um capital circulante

especrfico c menOr do que o da mOdia do capital circulante social, sem quc haauma generalizacaO a modio prazo desse perfodo mais reduzidO.(D superlucro semanifesta nesse caso apenas quando a taxa de lucro O calculada sobre o estoquctotal de capital,c nao sObre 0 1uxo anual dc capital,na medida cm quc ele tem ori―gem na producao adiciOnal da mais― valia no ambitO da pr6pria firma Essa variante

C,corn efeito, uma situacao especial do primeiro caso citado acirnal equivale a ummcnop61lo das tOcnicas para reduzir o tempo de rotacao dO capital circulante. L'rn

exemplo foi a dificuldade das firmas curopOias em financiar os altos custos de pro―

ducaO mediante esteira transportadora e linha de montagem na indistria automobi―

1もica nos anos 20,o quc concedeu as empresas estadunidenses um tempo de rota―

95o bem rnais reduzido para o scu capital circulante.

Em todos esses casos, estamos nos referindo a superlucros quc na~o partici―pam do processo do nivelamento a curto prazo, e dessa maneira nao cOnduzemsirnplesmente a um crescirnento da taxa de lucro social mё dio. Na verdade, elespodern ser acompanhados por uma queda na taxa mё dia de lucro, o quc efetiva―

mente se venfica na maioria das vezes. C)caso c16ssico de capitalismo monopollsta,

cm quc um superlucro aparece crn muitos setores sob protecaO dO mOnop61lo,mostta como os superlucros podern, sc o scu VOlume for consideravel, atё mesmointensificar abruptamente a queda do coeficiente mOdio de lucro, pois, afinal, esses

superlucros forarn rctirados da massa de mais― valia a ser dividida cntre Os setores

n5o rnonopolistas.

4fbid p 1985``De fato, o interesse dlreto que um capitalista, ou o capital, ou determinado ramo de producao tem na cxploracao

dos trabalhadores diretamente empregados por ele se llrnita a cOnseguir um ganho extraOrdindio, um lucro supeior a

mёdla,sela por um trabalho em excesso muito acima do normal,sela pela reduc5o dos salanos a um n~el inferlor a。

mOdio,ou ainda mediante a excepcional produtludade do trabalho emprё gado''NIARX,K Capital v 3,p 197

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54 TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCRO

Por que motivo nao OcOrreram vultosos movirnentos internaclonais de capital

(c, consequentemente, tarnpOuco uma interrupcao significativa dos prOcessos ele―mentares de acumulacao prinlluva do capital nos parses relativamente atrasados)no perlodo de capitalismo de livre concorrencia, aO contrdno do quc sucedeu, emlarga escala, na cra do irnpenalismo? Os seguintes fatores impediram o aumentode uma diferenca intemacional na taxa de lucrO,ou o lirnitararn a um mFnirno:

1)A irnportancia estrutural do exOrcito industrial de reserva nos primeiros par―

scs a se industnalizar.A longo prazo,isso resultou na cstagnacao Ou regressaO dOs

sa16rios reais(com acrOscirnos apenas ocaslonais), de maneira quc havia relativa―

mente pouco inccntivo para a explorac5o da forca de trabalho barata dOs parsesatrasados.6

2)A fraqueza institucional, em seu inicio, da luta de classe do prOletariado e

das organiza95es permanentes da classc operaria para cssa luta (em primeiro lu―gar, dos sindicatos), que deve ser amburda as dimens6es desse exOrcito industrial

de FeSerVa.′

3)A diferenca consideravei no nivel de prOdutividade cntre a agncultura c a

10Vem e mOderna indistria cnl larga escala foi uma fonte de “trOca desiguar' c

mais―vaha para o capital industrial na medida cm quc a penetra95o do capitalagricultura c o aparecimento da renda capitalista do solo nao passavam aindafen6menos Friarginais.8

4)A abundancia de areas de investimento livremente acesslveis na Europa oci―

dental(c na Amlrica do Norte)comO resultado,entre outros fatores,da expans5oininterrupta da construcao de ferrovias e da industrializacao de certo nimero de es―

feras de producao, tais como rnineracao, toxteis, construcao de rnaquinas, calca―

dos,ferFO C acO,fabricacaO de tiiolos,Cirnento etc.

6 Esse problema tem sido obleto de uma controvё rsla consider6vel entre histonadores mar対 stas e nao ma●lstas Aquestao C complicada pelo lato de que a Revolucao lndus饉 al e sua urbanlza95o enn larga escala alteraram drastca―

mente a estrutura de consumO entre a populacao labOnosa(por exemplo, pola introducao do aluguel para moradlas)tornando tomerdias as comparacOes de saldHos reais entre 1740-1840, por exemplo Deve― se observar. entretanto,

que dois histoiadores nao mar対 stas, E H Phelps― Brown e S V Hopklns, calculam que os saldios reais dos opera‐●os inglescs da construcao ca■ am de um fndice de 77 no ano de 1744 (considerando― se o n"el er1 1451,75 como

100!)at1 1834,35, decrescendo novamente em 1836′ 42e 1845/48: foi aponas a panr de 1849 que o nivel de 17441oi definitvamente ultapassado(Ver..Seven Centunes of the Pices of Consumables,Compared with Bullders'ヽ Va‐

ges'' In:Ecο nο micα , 1956)Analogamente,o consumo per capita de ac`car― ―um bem de consumo de``alta qualida―

de''一―decresceu na ln91aterra de 16,86 kg em 181l para 7,9 kg em 1841 Para urrla visao de cOniunto da controvlr―

sia, ver entre outrosi HOBSBAu′ N, Enc ``The B五 tlsh Standard of Li宙 ng'' In: Ecο nο nlic Hlstoッ R●υiett 1957:

ASHTON,T S ``The Standard of Life of Workers in England 1790‐ 1830'' In」οurnα r ol Ecο nο mic Hも ,ο″ Suple―mento Xl,1949,TAYLOR,A “Progress and Pove■ in Bntain 1780-1850'' In:Hlsto″ XLV(1960)

'Frltz Stemberg, que fol o pimeiro a empreender uma investlgacao em detalho do signiicado das lutuacOes a longopra20 dO eXCrcito induJnal de reserva para o desenvol、 lmento do capitalismo、 estava errado nesse ponto Ele alrna‐va quc o caso no■ e‐amerlcano prova que os sindcatos nら o sao um determinante fundamental dos salanos, pois estes

saO muitO mais elevados nos Estados Unidos do que na Europa ocidental, enquanto as associa95os sindicais sao muitOmais fracas Der l12np′

"ο

′ism us,p 579(O liVrO de Sternberg foi escnto antes da ascensao da clo〔 congresso das Or―

gan122o50S industhaisl e sua ObSen′ acao, para a をpoca, era bastante correta)No entanto, Sternbe■ esqueceu― se da

Onfase do Maっ くno elemento hist6nco e tradicional no valor da mercadorla forca de trabalho, que、 nos Estados Uni‐

dos,assumiu as lorrnas de uma escasse2 de fOrca de trabalho、 e da llonteira Ambos os casos ocorrera,η d“de ο in漁 olo

do capitallsmo nesse paた, e por um perbdo bastante longo tolheram qualquer perspeciva de rapida expansao dO capl‐talismo Na EurOpa e em outras dreas, as lutuac6es prolongadas do exё rcito industrlal de resen′ a cenamente determi‐

nann as possibilidades a longo prazo de urn acrlscirno nos sal`rlos reaisi mas mesmo onde essas possibilidades exis‐tern,sua roalizacうo enCOntra― se na dependOncia da lυ ぬ da classo operana e, cOnseqむ enternonte, tambOm da forca dOs

dndicatos Compare― se o desenvolvimento relatl● o dos sa161os FeaiS ntl Alemanha e na Franca、 por exemplo, antes daPrlmeira GueHa Mundial. que cenamente nao pode ser explicado por diferencas nos ex§ rcitos industnais de rese″ a

gヽ翼 :雇凝 lgCa e Aemanha porexOm口 o

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TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCR0 55

No entanto,os mesmos fatores que resultaram,no primeiro sCculo do mOdOde producao capitalista,na imobilidade predominante do capital em escala interna―

cional(ou na lirnitacaO b6sica de sua moblidadc a EurOpa ocidental)COmecaram ater efeito oposto a partir dos anos 70 do sOculo XIX:

1)HOuve uma rapida c ininterrupta ernigracao de fOrca de trabalho da Euro―pa ocidental para o estrangeiro, em primeiro lugar e antes de mais nada para aAmこrica do Norte, quc absorveu 22,5 milh6es de imigrantes entte 1851 e 1909Destes,9 nlllh6es ingressaram nas trOs dOcadas compreendidas entre 1861/90, en―quanto, entre 1821/50, chegaram 2 rnilhoes. A Europa ocidental e a EurOpa cen―

tal transforrnararn― se, em escala crescente, numa oficina industrial para O mundointeiro, de maneira quc i6 nao era tanto no Ocidente quc os artesaos e camponc―

ses eram arruinados e o exё rcito industrial de reserva sc ampliava,quanto na Euro―

pa Onental e meridional e, sobretudo, cm outros continentes Em consequencia,

ocorreu um decirn10 a 10ngo prazo no exOrcito industrial de reserva no Ocidente e

um reforco a longo prazo das organizac6es dos operariOs,O quc conduziu a um au―mento vagaroso mas continuo dos salariOs reais.9 Assirn desenvolveu― se um novointeresse na cxploracaO da fOrca de trabalho a baixo preco fora da Europa ociden―

tale da Amё nca do Norte.

2)A diferenca no nfvel de produtividade entre a agricultura c a minera9ao,por um lado,c a industlia de transfOrrnacao,por Outro,levou ao resultado opostO

Urna demanda crescente c insatisfeita manifestou― se para certo nimero de matc―rias―primas irnportantes, demanda reforcada pelas consequOncias catastr6ficas da

Guerra Civil norte― americana para a indistna britanica dO algodaO Enl muitos ca―

SOS OCOrreu um aumento absoluto nO preco de matё rias―primas, mas houve pelornenos uma alta relativa ern todos os casos(o precO dO a19odao continuOu a subirininterruptamente de 1849 a 1870)

3)A intensa indust五 alizacao dos parses da EurOpa ocidental alcancou urn tetoinicial especialrnente depois da expans5o francesa nos anos 60 dO soculo XIX e da

fase de fundacao dO novo lmpё rio Alemao: a tecnologia do vapor da primeira Rc―

volucao lndustrial era agora de uso corrente, c havia abundancia de capital exce―

dente cm diversOs paFses da Europa ocidental.A concentracao crescente do capital

c os custos cada vez maiOres de novos investimentos em setores quc id haviam si―

do industrializados― ―e mais tardo o crescimento dos trustes e monop61ios__acar―

retaram inevitavelrnente unl rapido acrOscirno no volume de capital que c対 gia no―

vos campos de investimento.

4):へ longo prazo,tornou― se evidente uma queda na taxa de lucro,causada pe―lo aumento consideravei na cOmposicao organica dO capital.10

A intensa exportacao de capitais para regiOes rnenos desenvolvidas,quc come―

9ou numa cscala macica ern incados de 1880, representou portanto uma resposta

'Sobre a conexao entre a tendOncia a longo prazo ao declinio do exёrcito industhal de reserva e os demais desenv。 lvi

mentos aqui descntOs,ver a an61ise sistematca de Fitz Sternberg em Derfnnpe"α ′ls,musiO As esumatvas dc Phソ llis Deane e W A Colo.que devem ser宙 stas com grande reserva,tambOm revelam uma que‐da na pamcipacao dOs lucros,,uros e `` renda mista'` na renda nacional da Cra‐ Bretanha, de uma m6dia de 39,4%nadёcada 1865/74 para 38,2%na dё cada 1870/79e37,8%para a dCcada 1885/94 (B",isん Ecο nο mic GrOω

`h, p 247)Para a ltalia,Enlllio Sereni refere uma queda ainda mais aguda do quc esta:o rendimento mOdio do capmal(rendimen―

to ,■edio der capiiaセ )teia decrescido de 24,29も na meia dlcada de 1871/75 para 14,19も na meia dOcada do1886/90 Capitα lたmο ο Mercα

`o fVα

ziο nole in fFaliα Roma.1968 p 246‐ 247

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Page 56: Capitalismo Tardio - MANDEL

56 TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCRO

para todos esses problemas O capital impenalista cxportado conseguia, agora, su―

perlucros pelos scguintes rnelos:

1)O capital era investido em paises e esferas de producao onde a cOmposicaoOrganica modia do capital era consideravelrnente mais baixa do quc nas industriasmanufatureiras do Ocidente, e por isso era possfvel assegurar uma taxa de lucrOmuito rnais elevada.

2)Essa taxa de lucro cresceu, inclusive, porquc a taxa de mais― valia era algu―

mas vezes muito mais alta nos parses dependentes do quc nas areas metropolita―nas,devido aO fato de quc a cxpansao a 10ngo prazo do exё rcito de reserva contri―

buiu para quc o preco da mercadoria forca de trabalho carsse abaixo de seu valor,

o qualid era bastante inferior ao da forca de trabalho no Ocidente ll

3)A concentracao das expOrtacOes dc capital nos sctores da agricultura e damineracao―_em Outras palavras, na producao de matonas― primas――perrnihu ini―

cialrnente quc esse capital obtivesse grandes superlucros, a um preco dado paramatOrias―primas(competindo com rnCtodos tradicionais de producao c uma produ―tividade do trabalho mais baixa). Ern seguida, resultou num declinio geral nos pre―

9os do conjunto das matOrias― primas e, consequcntemente, num acrOscirno na ta―xa de lucro(Ou reducao na cOmposicaO Organica do capital)nos paも es mettopohta―nos.

4)Esses invesimentos de capital abrangeram exclusivamente o capital que seencontrava ocioso nos parses metrOpolitanos e quc ja naO cOnseguia obter O lucro

mこ dlo,rnas apenas o JurO modio. Portanto,a cxportacao macica desse capital cOn―tribulu,igualrnente,para um aumento geral na taxa mOdia de lucro 12

Visto desta perspectiva, o infcio das primeiras duas fases sucessivas na hist6ria

do capitalismo industrial― ―a fase da livre cOncorrOncia c a fase dO imperialismoOu capitalismo monopolista c16ssico, tal como a descreveu LOnin_― apareco comodois perfodos de acumulacao acelerada O moυ imenιo de expo″ aga~o cfe capitais

descncadeado pcla busca de superlucros c o baraFcamcnto do cap″ α′constantc ciトculanFe resuルaram num aumentoたmpoだ月o na raxa mι dia dc lucro nos paお es mc―

1l Marx assinala expressamente que a taxa de mais‐ valia pode frequentemente ser mais baixa nos parses subdesenvol、 二―dos do que nos desenvolvidos lssO cOninua a ser verdadei na medida em que, naqueles paises, a tecnologa capitalis―ta na。 こ usada l、 a producao, a produt●・ldade do trabalho ё muito menor e a parte da jomada de trabalho em que otrabalhador simplesmente reproduz seu pr6p● O sal`iO o consequentemente muito maior dO que nOs palses metropoh―tanos Mas essa nao c absOlutamente uma lei geral,pois,se a tecnologa capitalista for introdu21da nas cO10nias e seml‐

co16nias sem que hala um acrё scirno no cOnsumo dos trabalhadores(entre Outras coisas、 devido a c対 stoncia do exё rci_

to indusmal de resewa), pOder6。 cOrrer uma rapida queda nO valor da forca de trabalho e conseqtlentemente um au―mento na taxa de mais‐ valia para um nivel acima do vlgente nos palses metropolitanos,apesar do fatO de a prOdutlvI‐dade do trabalho ser ainda muitO menor do que nestes ilimos A taxα de mals‐ υαlia naO ι umα J1/ncao ditttα da pro―duFiυ idαde do trabα lん。 Ela sirnplesmente expressa a relacao entre o tempo necessanO aO trabalhador para reprodu2iro equivalente de seus meios de subsistOncia c o tempo de trabalho remanescente,deixado sem custo algum para o ca‐pitalista Se o n`mero total de desempregados aumentar nas co16nias e sirnultaneamente diminuir nos paFses metropo―

litanos, e se a reducao dO tempo de trabalho necess6● o para reproduzir os meios de subsistOncia do trabalhador nOsparses metropohtanos for parcialmente neutralizada por um aumento no volume de mercadoias consumidas pe10 tra‐

balhador. enquanto esse volume permanece constante(ou mesmO decresce)nas c016nias, entao um aumento menorna produtvldade do tabalho nas cOlonias certamente poder6 ser acompanhado por um aumento na taxa do mais― va―

ha comparaivamente malor do que nos paises metropontanos De qualquer manera no vOlume 3 de O Capital Marxairma: “Na maiona das ve2eS diferentes taxas nacionais de lucro baseiam― se em diferentes taxas nacionais de mais― va―

lia'' Captal v 3、 p15112 ulimamente tOm sldo levantadas v6● as oble95es a teona do impenahsmo de LOnin,que atnbuia impoぬ ncia crucialさexponacao de capitais em busca de superlucros Discutlremos detalhadamente essas objec6es no cap ll

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Page 57: Capitalismo Tardio - MANDEL

TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCR0 57

FropOlitanos, 0 9uC por sua υα exprica o enormc acに scimo na acumulaca~o de ca‐pital no perrod0 1893_1914, ap6s o longo perfodo de cstagnacaO entre 1873/93,que fol dOrninado pOr uma taxa decrescente de lucrO.13 Esse aumento na taxa mO一

dia de lucrO possiblitOu ao capital a experiencia de um segundo perfOdO de expan―

saO impetuOsa,antes da Primeira Gucrra Mundial

Quando a prOducao capitalista de mercadorias conquistou c unificou o merca―do mundial, ela naO criOu urn sistema uniforrne de precos de prOducao, mas umsistema diferenciado de precos de produc5o nacionais variaveis e precos unificadOs

no mercado mundial. Isso pellHitiu quc o capital dos paFses capitalistas mais desen―

volvidos cOnscguisse superlucros, pois suas mercadorias podiam ser vendidas aci―

ma de seu``pr6pno"preco nacional de producao e,nO entanto,abaixo dO``preconaclonal de prOducao''dO pars cOmprador. Em ultima analisc,csse sistema interna―

cionalinente hierarquizado e diferenciado de valores diversificados de mercadorias

C explicado pOr urn sistema internacionalrnente hierarquizado e diferenciadO de nf_

veis vanaveis de produtividade do trabalho. C)imperialsmo, longe de nivelar acompostao organica do capital em escala internacional一 ―ou de conduzir a umacquiparacaO internacional das taxas de lucro_― congelou c intens′ cou aS diferen―

cas internacionais na composicao organica de capital e no nfvel das taxas de lucro.Marx considerou a possibilidade desse desenvol1/irnento quando escreveu:

`(O capital consegue irnpor o nivelamento, em maior ou menor grau, de acο rdOcom O α′cance do desenυ 01υ imentο capitα ′ista em uma dada rlagaO, istO c, na medidaem quc as condi95es no paFs em quest5o estelam adaptadas ao mOdO de prOdu9aO ca―pitalsta_ O equilib五 o incessante das permanentes divergOncias se efetua tanto mais ra―pldamente l)quanto mais m6vel seia o capital,istoり 、quanto mais rapidamente possatransfenr― se de uma esfera de prOducao para Outra e de um lugar para outro;2)quan―to mais rapidamente possa transfehr― se a forca de ttabalho de uma esfera de produ95opara outra e de um centro local de producao para Outro A phmeira condicao pressu―p5e completa liberdade comercial no intenor da sociedade e a remo95o de todOs os

monop61ios com exce9ao dOs naturais, isto り, daqueles que surgem naturalrnente apa地r do modo de prOducao capitalista PressupOe, alem diss。 , o desenvolvirnento doSstema de crё ditO… FinaFmente,lmplca a subordinα 9aο dcs υd百asのメeras de producao αο cOntrole dos capiね ristas Mas o prop五 o equnfb● o se defrOnた com οbstdcυ′osmaiο res, toda υα que entre as empresas capitalおtas sc intep6ern, encadeando― se adぉ,nunerOs“ θυ“ねsⅢ郎&ρЮ

竃鶏離ξttnυma b“ e naο cの回耐a lpor

exemplo,o culivO do solo por pequenosi

Naturalrnente, os obstacu10s que, pelas razoes esbo9adas acirna, dificultam onivelamento da taxa de lucrO numa escala naclonal adquirem peso ainda ma10rem escala internacional. A maior imoblidade relaiva do capital; a imObilidade pre―

dominante da fOrca de trabalho c, acirna de tudo, a cxistOncia crn larga cscala de

csferas nao capitalistas de produc5o__em outras palavras, a combinacaO gencrali_zada de relacδ es de prOducao capitalistas, sernicapitalistas e prO― capitalistas__, tais

sa0 0s fatOres quc tomaram possfveis as diferencas no nivel de lucrO entre as cOlo_

nias e os parses metropolitanos desde o inicio da cra do impenalismO, e quc fize―

ram do investimento de capital nas cOlonias e sernico10nias uma fonte permanente

de superlucrOs.

13 A paぬcipacao dos lucrOs, dos iurOS e da ``renda mista" na renda nacional da Cra‐ Bretanha que, de acordO cOm oscalcu10s de Phy11ls Deane e Vノ A COle_― vela―se a nota 10__, diminuiu de 1865 a 1894, a seguir elevOu‐ se nova―mente,aunglnd。 42%na dёcada 1905/14 Naturalmente,esses nimeros nao強 o de fOrrna alguma cOmpativels como conceito mar対sta da taxa de lucrol no entanto,indicam claramente uma tendOncia14 NIARX Capitα′v3,p 196(Os gnfOs saO nossos E M)

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Page 58: Capitalismo Tardio - MANDEL

58 TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCRO

Em 61tima instancia, a diferenca no nfvel de desenvolvimento entre os patesmetropolitanOs, dc uma parte, e dc outra parte as co10nias e semico16nias, deveser atnburda aO fato de quc o mercado mundial capitalista universaliza a circulaca~o

capitalista de mercadorias, mas naO a prOdugaO capitalista de mercadOrias Numacoloca95o ainda mais abstratal as manifesta96cs do imperialismo devem ser expli―

cadas,cm`1■ ma analise,pelaヵルa dc hOmOgencidade da econOmia mundial capi―tahsta

De onde provOm essa falta dc homogeneidade? Deve― se a pr6pna naturezado capital, ou C o resultado de uma estrutura hisbnca inicial― ―a cstrutura do co10-

nialismo―― que foi certamente um acompanhamento concreto da marcha triunfaldo capital atravOs do g10bO, mas que nao representa uma prC― cOndicao essencialpara o progresso da acumulacaO de capital?A resposta a cssa questao nOs remete

de volta ao problema das diferencas no nfvel de lucro, uma express5o da busca in―

cansavel de superlucros, que resulta do movirnento desigual da pr6pria acumula―

9aO de capital. No caso ``puro" de aumentos continuos na composicao organicade capital e no desenv01virnento incessante de novas tOcnicas e tecnologia, qucMarx anteviu mas que se apresentou em sua forma plenamente desenvolvida ape―nas no capitahsmo tardio da atualidade, as diferencas no nivel de lucrO despontam

a partir da concorrencia cntre capitais c da condenacao inexOravel de todas as ir―mas, ramos industriais c areas que se deixam ultrapassar nessa cornda c quc, porisso, sao forcadas a ceder uma parte de sua ``pr6pria" mais― valia aos que a lide―

ram O que C esse processo,senaO a prOducao perrnanente de firmas,ramos indus―triais,areas e regi6es subdesenv01vidos?

Mesmo no “caso idcal'' dc urn inicio homogOneo, portanto, crescirnento cco―nOrnico capitalista, reproducao amphada c acumulacao de capital sao ainda sinOni―

mos de justaposicao e constante combinacao de desenvolvirnento e subdesenvolvi―

mento. A propttα θcumulacao de capitOl produz descnυο′υimen`o c subdesenυο′υi―

rnento como momentos muruamenた dererminantes do rnoυ imento d“むuα′e com―binado do cap:ral. A falta dc homogeneidade na cconornia capitalista O um desfe―cho necessariO dO desdobramento daslcis de movirnento do pr6prio capitalismO

Virnos anteriormente quc a inovacaO tecno16gica c os acrOscirnos na produtivi

dade do trabalho nao foram absolutamente os unicOs melos para conseguir supeF―lucros; a descoberta da fOrca de trabalho a baixo preco, sua incorporacao ao prO_

cesso de trabalhO capitalista c a producaO de matOrias― primas baratas tambOm ser―

宙ram a essc obietiVO A forca de trabalho barata foi descoberta e reproduzida sob

condicOes das quais ainda estava ausente uma ampla divisao dO trabalho,enquan―to, ao mesmo tempo, a reducao dO va10r da forca de trabalhO aO custo frsicO desua reproducao lrnpedia qualquer expansao da demanda cfetiva e, consequente_mente,qualqucr ampliacao do mercado internO Em tais condicOes,」 Oi O Cap“al

qucm cttOu um limitc insupeた υθl para sua proptta cxparlsao. Em 61tima analise,mesmo as mais baratas mercadorias dc Manchester, Solingen ou Detroit nada po―diam fazer diante da falta de demanda das comunidades camponesas hindus,ame―rindias ou chinesas, que estavam ern larga medida aprisionadas no arcabouco dcuma cconornia natural.

As diferencas no nivel de produividade que resultaram dessas diferencas nonfvel de salariOs tenderam a cnttecer e a tornar― se permanentes A acumulacao decapital cristalizou― se internacionalFnente como o desenvolvirnento, por um lado, daindustria ern larga cscala nos parses metropolitanos, carninhando no sentido deuma completa indust五 alizacaO atravOs de uma avancada divis5o do trabalho e dainova95o tё Cnica; por outro lado, correspondeu a implantacao da prOducaO de ma_tOrias― primas nas co10nias, definida por uma divis5o do trabalhO interrompida ou

estagnada, por uma tecnologia retardataria c uma cconomia agrrcOla prc― capitalis―

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Page 59: Capitalismo Tardio - MANDEL

TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCR0 59

ta, bloqucando qualqucr avanco sistematicO da industnalizacao c refOrcando e per―petuando o subdesenvolviinento 15

Esse processo nao O uma sirnples excecao as tendoncias mais gerais do capital, uma vez que podemos encontr6-lo ern funclonamento nos pr6prios parses in_dustrializados, nas chamadas ``co10nias internas'' Nao O difrcil perceber na estrutu―

ra reglonal dos parses industriais do sOculo XIX e do infcio do sOculo XX os mes―

mos elementos de troca desigual, diferentes nfveis de prOdutividadc, subindustriah―zacaO, b10quclo da acumulacaO de capitais― 一 cm outras palavras, aブ usraposica~o

de descnυοlυimento c subdcsenυο′υimenlo, quc constitl■ i a marca registrada da cs―

trutura da cconornia mundial na cra do imperialismo

Ern todos esses parses, a emergOncia c desenvolvirnento do capital industnallocalizou―se e concentrou―sc em um nimero relativarnente pequeno de complexosfabris, envolvidos por um anel de regiOes agrfcolas que funcionavam como fontespara o suprimento de matOrias― primas e produtos alimentrciOs, como mercados pa―

ra os bens industriais de consumo c como reseⅣ as dc forca de trabalho a baixopreco

O caso classicO de urn ``pars subsidiano" agrd五 o no inter・ior da cconornia in―

dustrial em larga cscala da Europa ocidental, caso investigado pelo pr6prio Marx, ёo darガ andal

'`A Irlanda l na atuahdade apenas um distnto agrfcOla da inglaterra, separada por

uln laFgO canal do pars ao qual fornece tngo, 15, gado, recrutas n、 1litares e indus―

廿ials'16

0bviamente, csse distrito agrFcola tambё m expenmentou uma acumulacao de capi―tal, mas uma porcaO cOnsideravel desse capital foi drenada para os ``distritos indus―

triais'',isto C,para a lnglaterra'7 Assirn ocorreu uma determinacao recrprOca de de_

senvolvirnento e subdesenvolvirnento, pois o escoamento de capital intensificou asituacao de subemprego relativo na lrlanda, quc sob condic6es puramente agrrco―

las resultou apenas cm empobrecirnento e parcelizac5o ainda maiores 18 Por eSsemotivo Marx afirrnou cxpressamente quc, na alvorada do capitalsmo, O desenvol―virnento da industria nas cidadelas fab五 s O acompanhado pela dcstrt/ica~o da indus_tria nos``paFses dependentes''.19

No entanto. a lrianda nao fOi absolutamente uma excecaO na hist6na do capi―

talismo no sOculo XIX: podemos apresentar pelo menos trOs outros casos, iguaトmente cxcmplares, de “parses subsidianos'' 。u ``co16nias internas'' cm nac6es in―

dustnalizadas. Em p五 meiro lugar ha O caso das Flandres, na Bё lgica Esse pars,quc se tornara independente ern 1830,fol o segundo da Europa a so industrializar,

lo9o ap6s a Gra―Bretanha A destru19ao da indisma dOmiciliar iamenga(linhO)pe_lo aparecirnento da moderna fabrica em larga cscala resultou cm processos de ern―pobrecirnento absoluto, desemprego em massa, enllgrac5o e desindusthahzacaoquc coincidern, cm seus aspectos b6sicos, com aqueles descritos por Marx para a

15 chamamos a aten95o mais uma vez para os tabalhos de Andrё Gunder Frank, Theotonio dos Santos e SamirAmim,j6mencionados acima、 que encerram idι ias semelhantes O livro ainda nao pubhcado de Andrё Gunder Frank,Tοωards o Theo″ or underdeυdop“ ent,C paicularrnente digno de nota a csse respeno16 MARX Capi:α ′v l,p 702-70317 ver tterke v 16, p 452 0 fato de quc essa concentracao cOnstante de capitai no interlor dos distntOs agricolas e

seu escoamento para os distrltos industrlais tenha ocomdo n5。 s6na lHanda,mas tambOm na pr61na lnglaterra,na Es‐c6cia e no Pais de Cales,tem sido enfat12adO eXpressamente pelos histonadores dO sisterna banc`● o ing10s Ver. entreoutros、 KING,Vノ T C Histο ヮ Ofrわ。Lοndon Discountlyattat Londres 1986 p XII Xlll.6 etsa9s18 ver tambこ m FrancOis PerrOux: ``Crescimento を dese9υ″fb"ο Deselivol● irrento l desequilltD五 c A lrrplantac5o deum polo de desenvol,imento cο nd1/z o u′ ηc sucassaο de desc9υ llib″os ecο r16772iCOs e sociois' L'EconOmie dυ XXeSiOcた Pais,1964 p 16919卜hRX Capital v l,p757

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60 TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCRO

lrlanda Por rnais de melo sCculo,as Flandres foram urn reservat6rio de generos ali_

mentrciOs baratos, matOrias― primas agrrcolas baratas, forca de trabalhO barata e re―

crutas obedientes para o cottuntO da indistria belga.20 0 percentual de emprega―

dos industriais entre a populacao ativa das Flandres Ocidental e Oriental aumentou

somente de 22,3 para 26,4 entre 1846/90,cnquanto nas duas prOvincias de Liё gec Hainaut,da Va10nia,crescia,no rnesmo per,odo,de 18,3 para 48,4;para a totali―

dade da Bё lgica,o aumento foi de 15,2 para 33,6.21 Ainda crn 1895,o salario mo_

dio dOs trabalhadores agricolas nas quatro provincias da Va10nia era 50%3 superiOr

ao vigente nas quatro provrncias iamengas; ixado em 20 francos belgas, o maisbaixo salanO mensal nas Flandres,na regi5o pouco fOHil de Kempen,era tres vezesinferior ao menor salariO da regiao menOs fё rtil da Va10nia, as Ardenas, Onde atin―

gia 60 francos.22

Em segundo lugar, h6o caso dos Estados sulistas norte― amencanOs, tanto an―

tes quanto ap6s a abolicao da cscravatura. Essas areas funcionaram como urn re―

servat6rio de matCrias― p五mas agrrcolas e uma ``co10nia interna", na medida cmquc constituFram um mercado regular para a producao industrial do nOrte,sem dc―

senvolver nenhuma industria crn larga escala crn seu pr6prio territ6rio (esse qua―

dro iria se rnodificar apenas com a Segunda(3uerra Mundial)23

Ern terceiro lugar, hd o caso do Mczzogiorno na ltaha,ondc a uniicacao itaha_na foi seguida por um acentuado prOcesso de desindustttalレ agaο. Esse processo re―

sultou num cscoamento constante de capital para o norte,enquanto 6 sul se torna―

首I』rT:∬ 観b脳∫稲 邸雷 鵠 l∬」鰭 :i視:欝r鷺ょYttλ』梶:u織選 瀞 電Italia mendiOnal(mesmo que fosse basicamente na industna dOmiciliar c em pequena escala)dccresccu de l,956 nlllhao de pessOas ern 1881 para l,270 milha0

de pessOas em 1911. A diferenca no n~el de salanos entte a ltaha setentrional e

meridional elevou― se de 12% em 1870 para 25%em 1920 e 27%em 1929. Em1916, cerca de 13%do capital aciondrio italiano estava investido no sul; em 1947,

o investimento era dc apenas 8% Entre 1928 e 1954 a participacao do MczzOgiOr―no na renda nac10nalitaliana decresceu de 24,3%para 21,19る .25

Em sentido mais restrito, podc― se dizer quc a mesma sorte coube a vastas re―gi6es dO ImpOno Austro― Hingaro entre a Revolucao de 1848 c a Primeira GuerraMundial; a zonas como Bavaria, slosia, Pomerania_Mecklenburg c Prussia nO Irn「pOno Alemao(lst0 0,aO leste e ao sul);26 e na Franca,antes da Primeira Gucrra

Mundial,ao oeste agrario c ao centro(c em parte tambOrn as regi6es rurais do les―te). Na Espanha, durante os sOculos XIX c XX, o sul desempenhou uma funcao

20 sobre as conseqtOncias devastadOras dessa destruic5o e a fOme subsequente, ver」 ACOENIYNS, A G Hlstο ire delα C71se Ecο nο mique des Flandres,1845‐ 185θ Bruxelas,192921 vERHAEGEN,Beno■ Cοnt"bution a l'HlstOine EcOnorn19ue d‐ F′and“る Louvain,1961 v II,p 57,16522 DECHESNE,Laurent Hlstο ire Ecο nOmiqυ●o,Socioた de l● 13elgi9uc Pans,1932p48223 ver GENOVESE, Eugene D Op cた

p 19-26, 280-285 LEIMAN, Melvin M 」acο b N Cardο zο ― Ecοnο micThοughtin tlle Antebe〃 um South Nova York,1966 p 175‐203,238-24324E苅 ste uma literamra bastante consideravel sObre o desenvolvimento econ6mico da ltalia mendiOnal ap6s a unifica―

95。 itahana Ver entre outosi SERENI,Emilio rl Capltallsrnο nalセ Campagne(1860‐ 1900り :MOLA,Aldo AlessandroL'Ecο nomio fralianα dopο L'Unita Tuhm,19711 PANE,Luigi Dal Lo Sυ ilttppo Ecο nο micο de〃 'Ita″ o negli υ′:imi Cen―lo Anni Bolonha.1962i CARACCIOLO、 A Lo Fο rrnciο ne de″ 'Italia lndusIガ αle 3an,19701 ROMEO,Rosano Risor_gi,η entο e Cαpitα′is,ηο Bai, 1963 Antonio Gramsci abordou esse prOblema em diversos textos que escreveu na pn‐saO:Quademi der Carceに Tunrn,1964 v II p 97-98 e em outros trechos Ver tambom o volume ed■ adO por VIL―LARI、 Rosano fl s1/d nclla Stο

"ad'f`α

ttο Ban 197125 sYLOS― LABINI,Paolo Prο bたmi de〃 o Sυ″uppο EcοηοmicO Ban,1970p 130,12826 AsSm.por exemplo,os sa16五 os mlnimos na indistna da construcao em 19o6 eram duas vezes maiores nas grandescidades como Berhm. Hamburgo、 DusseldOrf, Dortmund e Essen do que nos distrltos rurais da Prissia onental e oci―dental(Gumbinnen, Zoppot)、 Brandemburgo e Silをsia c em algumas das regi5es mais pobres da Bavdha, Sax6nia ede Eifel KUCZYNSKI.R Arbeiお !ο hn und Arbeittwer in EurOpa und Ame"た o187θ -1909 Berllm. 1913 p 689 etseqs

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TRCS FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCR0 61

plenamente comparavel, nao apenas como uma ``co10nia interna", no sentido dapermanente reproducao dO subdesenvolvirnento, rnas sobretudO como uma areade captacao de capital adiclonal, quc, ap6s a Segunda Gucrra Mundial, era suga―

do da agricultura c ia acelerar o processo de industriahzacao em centrOs fabns,anti―

gos e novos,em Outras partes do pars.27 um interessante caso particular do mesmO

fenOmeno foi a chamada “estrutura dual'' da industria japOnesa, que se desenvol―

veu a partir dos anos 20 em dois setores contrastantes,o``rnoderno''co``tradiclo―

nal'', este 61timo baseado ern sistemas de prOducao dOrniciliar antiquada c de tra―

balho domiciliar com fornecimento de matOria― pnma.28 Essa cstrutura dual incon―

testavelrnente proporcionou uma transferoncia macica de mais― valia do setor``tradi―

clonar'para。 ``rnoderno",a tal ponto que o primeiro podia ser vlrtualrnente consi―

derado uma “co10nia intema" deste `ltimo. Foi s6 em meados dos anos 60, dc―pois quc o exCrcito de reserva de trabalho nas areas rurais dirninuiu abruptarnente,

crn resultado da rdpida indusmalizacaO e dO macico Oxodo rural, quc essa cstrutu―ra dual comecou a dedinar, c com ela a caracteristica fonte ``semi regionar' demais―valia no」 apao.

O relaclonamento entre essas regi6es desenvOlvidas e subdesenvolvidas nO in―terior dos Estados capitalistas industrializados guarda mais do que uma semelhanca

formal com a relacao entre Os pates imperiahstas c os subdeSenvolvidos, pois sua

funcaO ccOnOmica C a mesma em ambos os casos.A diferenca no nivel de produti―宙dade entre a agncultura c a indistria― ―que sc assemelha aqucla cntre a produ―

caO de matё rias―pnmas e bens acabados nas Opocas do capitahsmo de livre concor―

rencia e do impenalismO c16sdco―― gera intercambiO dedgual,ou uma translcだ n―

cia constante de υalor das regi6es subdesenv01vidas para as industrializadas domesmo Estado capitalista.A troca de produtos agricolas por bens industriais ё umatroca desigua129 A troca de maに rias―primas produzidas nas rcgiOes subdescnvolvl―

daS(pOr excmplo,o algodao nos Estados sulistas dos Estados Unidos)por bens in‐dustriais acabados ё uma troca desigual.O papel desempenhado pelas regi6es agrf‐

colas subdesenvolvidas nos paFses industnalizados como reservas de foκ a de traba‐

lho desempregada ou subempregada representa uma das func6es mais importan―tes dessas regi6es, porquc garante a sccular conseA/acao dO exё rcito industnal de

reserva(somandO sc a pen6dica reprOducao desse mesmo exOrcito indusmal de re_serva pela substitu195o da forca de trabalho quc ia se cncOntra numa relacao assala_

riada por rndquinas).30 As regiOes subdesenvolvidas no interior dos paFses capitalis―

tas,assim como as“ co10nias externaゞ ',fundonam dessa mancira como font“ dCsuperlucros. Eis a descricaO de Marx dOs superlucros que o capital industrial conse―

guc atravOs da troca com a producao dOs pequcnos camponeses c arteぬ os emseu primeiro grande perrodo de sturrn und Drangf

“Enquanto, em deteminado ramo da indusma, O sistema fab● I se expandir as ex_

27 ver,entre ou廿 os,COMIN,Alfonso C Espoう o deISur Madh、 196528 ver,entre outros,SHINOARA,Miyohei Structural Chang“ in」 apan's Ecο nο mic Deυ elορment T6quiO,1970 capVIII BROADBRIDGE,Seymour lndust"α l Duα

s/n in」apan Chicago,1966;BIEDA,K The Structu“ and Opera,onor the」αραnoο Economノ Sidney, 1970 p 186-199 Em 1955 havla ainda 26,5%de auto―empregados no setor n5oagricola da economia,apOnesa, para ll,8% na Aust`lia, 10% nos Estados Unidos e 6,2% na Gra― Bretanha(em1951)Os dlferenciais de sa16● os segundo as dimens5es dos estabelecimentos fabns cobiam uma faixa de 30/100 em1958i nos Estados Unidos, era de 64/100 e na Gra― Bretanha(em 1954), de 79/100 0s diferenciais,aponeses erammuito maiores antes da Phmeira Cuerra Mundial, quando os saldhos no setor ``tradicional''(baSiCamente ttxteis e in―

dustna leve)estavam “atados a baixa remuneracao no campo''i ver RANIS, G てFactor Proporbons in」 apanese Eco‐

nomic Development'' In:Arnellcon Econο mic Reυ ieω Setembro de 1957,p 59529 sempre com a ressalva de que estamos falando de producao agrfcOla por pequenos camponeses, quc ainda nao l

COndu21da por mё todos capitalistas e nao resulta ainda no aumento da renda capitalista do solo T5o logo a agiculturase torna plenamente capitalista,essa troca desigual desaparece30 ver matenalsobre esse problema em Sternberg,Derfmpa"αlsmus

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62 TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCRO

pensas dos anigos oficios manuais ou da manufatura,31 。deSfecho sera● O previsivelquanto o desfechO de um cOmbate entre um exOrcito dotado de armas de carregar pe―

la culatra c outro armado com arcos e nechas Esse p五 meiro perfodo,durante o qual amaquinana conquista seu campo de acao, c de importancia decisiva devido aOs super―lucros que ela auda a produzir Tais lucros nao s6 consituem uma fonte de acumula―

950 aCelerada, rnas tarnbё m atraem para a favorecida esfera da producaO bOa partedo capital social adicional quc esta sendO permanentemente chado e que esta semprea espera de novos invesimentos As υαηragens especiaお desse pガ meiro periodo deだ ―pida e ru"Osα α

“υidαde sao sen,das em cada ramο de prOducaο inυ adidο ρelas rndqυト

nas''32

Agora, porOm, defrOntamo― nos com duas dificuldades te6ricas quc prccisamser soluclonadas. Por um lado, a falta de homOgeneidadc na produca~o numa esca―la mundial fOi cxplicada por certa imobilidade do capital, cm outras palavras, pela

ausOncia de urn rnercado de capitais unificado em ambitO mundial.Mas um merca_do de capitais unificado certamente existe no interior das nac6es industrializadas;

na verdadc, sua criacao precedeu na maioria dos casOs, c aktt mesmo deterrninouparcialrnente, o advento da mOdema indistria em larga escala. Por quc ё, cntaO,quc esse mercado de capitais naclonal unificado naO cOnduz a uma estrutura indus―

trial naclonal unificada?

Por Outro lado, sabemos quc as exportac6es de capital enl larga escala tive―rarn infclo na dOcada de 80 do scculo XIX, rnuito antes de terem desaparecido asregi5es agrrcolas nO interior dos pates industrializados. Por quc motivO, cntao, fOi

o capital exportado dos pates imperialistas para as``co16nias externas'',cm vez de

ser inicialrnente utilizado para industrializar essas``co16nias intemas"?

A resposta a cssas perguntas permitir― nos― a aprecnder de maneira mais preci―sa um fenOmeno caracteristico da producaO capitalsta de mercadOnas,isto ё,a for―macaO dOs precos de producaO capitalistas e a especrfica aphcacaO da lei dO va10r

ao mercado mundial.A criacao de um mercado de capitais unificadO antes, Ou nOsprim6rdios do processo de industrializacao,33 criOu uma taxa nacional uniforme de

iurOS e de lucro. Isso pernlitiu apenas diferengas marglnais no nfvel dos salarios,ls_to O, as diferengas no nfvel dos salanOs industriais em diferentes areas geograficas

de um mesmo pars dificilmente excedenam certOs llmites.Assim,quando terminoua primeira onda de industrializacaO, quc alimentou c atO mesmo superalirnentou o``rnercado interno", e quando ocorreu, em conseqtiOncia, a primeira superprodu―

9らO relativa de capital, nao havia mais nenhum interesse premente na industnaliza―

caO sistematica das regi6es agrrcolas dentro do pais indusmal. A producao, nesseambit。 , contribuia para o nivelamento da taxa naclonal de lucrO: superlucros naopodiam ser obid6s ar,ノ ustarnente pelo/arO de quc cstaυ a cm operagao um sistc―ma uniわ′′rle de pttgos de producaο .POdena haver,quando muitO,um ligeiroacrёscirno na taxa mёdia de lucro Mas custos malores de transporte,uma infra― cs―

trutura pior e a falta de m50-de― obra qualificada tenam neutralizadO com bastanterapidez a diferenca relativamente pequena quc e対 stia no nivel dos salariOs.34

陥鮒電le躍鍛■はTttr∬RЛall童蹴滉鵬duぶ[・∬:S滉記ξ。1:ξ詭:」憚篤椒庶lil漁馳

)has produzldas por maquinas, que a grande Lbica ainda

尉偽鰤1島願朧翻鋼描挿職i響榊費嚇硝セ1削鐵::昌鳥[ま躍FCa°

de bens hdustnas banbs,produados em massa,para pates que anda se encOntam num esh」 o

J彎職墨熊礎爵ЪttffT需般篇辮1芽]F籠ボ婦[塞驚i認識』肥訛sem esse upo de firma(istoを ,uma reglao subdesenvOl宙da

a uma diferenca cada vez rnaiOr em seus ni′ eis de desenvol、imento LEcοnο mie du XXe Si●cle p 225 ctseqs

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TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCR0 63

Ao contrario,as cxportacOes de capital para os pates atrasados podiarn se be―

neficiar precisamente do fato de quc nao havia unl mercado de capitais unifolllle

em escala mundial, nem precos de producao unifOrines ou uma taxa unifoIIne delucro. A diferenca no nfvel dos salariOs era tamanha, c, assirn, ほo consideravel aprobabilidade de garantir superlucros sirnplesmente pela introducaO de motOdOs

manufatureiros ou do infcio do capitalismo na agricultura e na mineracao, quc as

taxas de lucro (superlucros)quc O capital imperiahsta podia cOnseguir nas ``co16-

nias externas''eram inicialrnente muito superiores aquelas quc O rnesmo capital po―

deria esperar obter nas ``co10nias internas''. Estas foram vitirnas do fatO de quc,

cmbora indubitavelrnente fossem subdesenvOlvidas, cstavam ao mesmo tempoatreladas as regi5es industrializadas num sistema uniforine de precos de produc5o,lucros e salarios.

Atё agora rest五 ngirno― nos apenas a casos de diferencas geograficas no nfvelde prOdutividade, as c016nias “externas'' c “internas''. A seguir, porё nl, devemOsinvestigar O caso mais geral de uma diferenca no nfvel de produtividade entre ra―

mos distintos da industria num rnesmo pat id induStrializado. Essc tipo de diferen―

ca manifesta― se principalinente atravOs do progresso tOcnico, do aperfeicoamentodas tOcnicas de producaO,da elevacao da cOmpOSicao organica do capital e,sobre―tudo,atravOs da reprodu950 ampliada do capital ixo. Nesse ponto, devemOs distin―guir entre duas variantes Se,alё m dc urn mercado de capitais unificado,de unl sis_tema unificado de luros e de precos unificados de producao, tampOuco existiremrestricOes a mobilidade do capital,depois de certO perrodO a cOncorrOncia de capi―

tais conduzira mais uma vez ao desaparecirnento dos superlucros, temporariamen―

te resultantes da introducao de tecn01ogia moderna。 (D capital deixara de ladO osramos com menores taxas de lucro e nuira para Os ramos com uma taxa ma10r.Nc―les haverd uma superproducao e superacumulacaO, acarretando a queda nOs prc―

9os de mercado c a supressao dos superlucros, enquanto os ramos que sOfreramum escoamento de capital deixarao de ter condic6es de supnr a totalidade da de―manda socialrnente efetiva com a producaO cOrrente Assirn, novamente se eleva―rao os precos de mercado nesses setores C)resultado scr6 0 nivelamento da taxade lucro

Na andlise desse processo, cntretanto, deveria ser lembrado mais uma vezquc, mesmo com uma completa mobilldade do capital, naO hd um nivelamentoirnediatO da taxa de lucro. Um per10do consideravel separa o momento inicial emquc uma descoberta tecno16gica recebe uma aplicacao produtiva(isto ё,o momen―to da inoυ aca~o tecno16gica)do mOmento em quc ocorre um nivelamentO da taxade lucro A mercadona mais barata,fabHcada com tecnologia mais modema,o ini―cialrnente produzida c vendida ao preco social rnOdio de producaO, e dessa manel―

ra assegura ao possuidor um superlucro E apenas gradualrnente――atravOs de rela―

t6rios comerciais c assirn por diante― ―quc esse fato penetra a consciencia da totah―

dade dos possuidores de capital. A producao nesse ramo enぬ o aumenta c a lutaconcorrencial se intensifica, de maneira quc a mercadoria prOduzida conl tecnolo―gia mais moderna comeca a baixar scu preco de custo social rnOdlo(Va10r de mer―

cado). Apesar disso, entretanto, cla conunua a proporclonar um superlucro, por―que scu valor individual ainda permanece abaixo do valor modio de mercado. Os

competidores, en6o, se esfo4arao pOr aplicar a mesma tecnologia mais moderna,ou novos possuidores de capital ingressarao nesse ramo da produca),visandO con―

seguir os mesmos superlucros. Somente quando essa concorrOncia intensificada ti―ver rnais uma vez baixado o lucro da firrna inovadora ao nfvel da mOdia sOcial,por

uma reducao nO valor de mercado em proporcao a poupanca de trabalho sOcial

(pOiS O a isto quc se reduz,afinal,todo progresso tecno16:jイ )genurnO)e pela cOn_seqtiente dirninuic5o no valor da mercadoria, sera pOssivel dizer quc foi atingido o

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TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCRO

nivelamento da taxa de lucrO.No decorrer de rocfO O pettο do 171`θ fr′ iedidriO, α ino―υacaο ttcnica pef“ liセ cたtiυamenた 。κα′レacao de supe″ ucros

Deveria ainda ser apontado que todo o proccsso dc aparecirnento e desapare―

cirnento de superlucros desencadeadO pela inOvacao tocnica O sirnultancamenteum processo da acumulac5o e desvalorizacao do capital,durante O qual rnuitos ca―pitais, operando com uma insuficiente produtividade do ttabalho, sao arruinados

ant(秀 quc ocorra o nivelamento das taxas de lucro. A desOalorizacao dO capital― ―a reducao ou destrutao de va10res― ―implica, cntretanto, um decroscirno na mas―sa total de capital com que deve ser comparado o total de mais― valia produzidO,c,portanto, um aumento temporariO na taxa social de lucro ou uma paralisacao tem_pOrana da tendencia aO decに scirno da taxa de lucro. Todos esses pontos explicampor que raz5o O altamente lucrativa para uma fiIIHa ou ramo industrial a introdu―

caO de inOvacOes tecno16gicas,apesar do(Subsequentc)nivelamentO da taxa de lu―cro.

Chegamos agora, porё rn, a segunda vanante, cm quc os superlucrOs podemser efetivados pela introduCaO de inOvac6esに cnicas mesmo na ausOncia de perfel―ta mobilidade do capital.E esse o caso classicO dOs monop61ios onde c対 stenl restri―

CёeS decisivas a mOblidade do capital de宙 do a combinacao de acordos operacio―nais entre os mais importantes possuidores de capital e aos volumosos cuStOS deinstalacao rfraぉ de pttmier ιtablissemenリ ー em Outras palavras,devido a um nf―vel quahtativamente mais alto de concentracao e centralizacao dO capital. Essacombinacao resulta nao s6 em superlucros tempord● os, mas tarnbOm nOs superlu―cros duradouros, quc saO um ttaco caracterFstico da Opoca dO capitalismo mOnopo―hsta.

Nao existenl, nantralrnente, monop61ios absolutos a longo prazo, c o cresci―

mento dos superlucros das cmpresas monopolistas ou ol19opolistas nao o desprOvi―

do de lirnites. AtO mesmo porquc a massa anual de mais― avalia ё uma magnitudcdacfa, lirnitada cm■ ltima instancia pelo nimero dc horas trabalhadas pelos assala―riados produtivos e que nao pode ser aumentada por fenOmenos de nenhuma cs―pOcie na esfera da circulacao. uma vez que saa dada a massa tOtal de mais―valia,

e portanto a massa total de lucro, os superlucros de um nimero reduzido de ern―presas ou ramos rnonopolistas da industria s6 podem ser acrescidos pela transferen―

cia de mais―valia de outtas empresas ou de outrOs ramos da indusma. Para cadasuperlucro haverd uma queda correspondente nos lucros de outras fillHas. Sc hou―ver um acrOscirno nos superlucros monopolistas, havera uma queda na taxa de lu―

cro nas esferas n5o monopolistas c a concorrOncia geral serd intensificada a tal pon―

to quc,em●ltima analise,tambOrn scrd inevitavel uma queda nos precos de produ―

caO(e nOs superlucros)dos mOnop61ios.35 Por Outro lado, empresas monopolistasou oligopolistas isoladas tampouco podern se pellllitir superlucros excessivos, pois,

como dissemos, naO ha mOnOp61ios absolutos. A dificuldade de penetrar em esfe―ras monopolizadas O sempre apenas relativa; em outras palavras, cnvolve um dis―pOndio de capital quc ё relativamente difrcil de cOnseguir. Se, entretanto, uma fir―ma se pellllitir um superlucro ``exagerado", haverd esfor9os crescentes dc outrOsgrupos capitalistas monopolistas para obter uma parcela desse superlucro, isto O,

para irromper nessa esfera. Uma vez quc, na maioria dos casos, o capital necessa―

no certamente sc acha dispon,vel em todos os parses capitalistas― ―com umas pou―cas excec6es caracterisucas a quc retornaremos mais tarde― ―e como os monop6-los e対stentes devem perrnanentemente considerar essa possibilidadc (quc envol―veria uma luta concorrencial aguda, com depress6es nos precos c lucros para to―

35 0 que Certamente nio quer di2er que atravё s disso deixe de ocorrer a translerencia de va10r dos setores n5o mono―pollstas para os setores rnonopolistas

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TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCR0 65

dos Os participantes),eles geralmente evitam tais ``exageros'' no ``interesse ma―

tuo''de todos os monop61los Mais ainda,壺 o Jo4adOS a faze-10 porquc,num sな ,c_

ma cm quc a maloria dos monop61ios estti relaclonada cntre si como fomecedoresrecrprOcOs, a quantidade de mercadorias negociaveis de um mOnOp61o dependedos precos(mOnOpolistas)dos demais monop61ios.36 Desse modo se manifestauma tendencia cquivalente ao niυ θlamento dos superlucros, isto O, duas taxas mO¨dias de lucro passam a c対 stir lado a lado, uma no setor rnonopolizado e a outrano setor nao mOnOpollzado dos pates imperialistas.37 Essa luStapos19ao de duas ta―

xas rnё dias de lucro nao o mais do quc a justapos195o de dois niveis rnё diOs de pro―

duti宙 dade ou, em outras palavras, a mesma discrepancia em produtividade quehavramOs anteriollHente descoberto na raiz da ttansferencia de valor entre as re―giOes indusl五 alizadas e as naO industrializadas do rnesmo Estado imperialista.38

Tal andlisc tem sido acusada de infringir os princゎ loS fundamentais da teoria

do valor de Marx e,na verdade,de qualquer follHa da teoria do valor― trabalho. De

acordo com essa acusacaO,a transferencia de valor sob as condic6es de concorrOn―cia “nollHar'(lsto c, excetuadas a violencia, a fraude, as tapacas c os monop6-lo● O imposs"d no arcabou9o ф teOna dO vJOr de Marx,uma vez que as meК a―

dorias s5o trocadas a seu valor. E incompreensivel quc um acrOscirno na produtivi―

dade do trabalho pudesse levar a obtencaO de superlucros, desde que tal acrOsci―mo certamente encontraria cxpressao numa queda, e naO num aumento, no valordas mercadorias.Sc a producaO de urn ramo industrial caFsse abaixo da modia glo―

bal, o valor de suas mercadonas deoeria aumentar, e n5o cair, cm comparacao aum ram6 operando com uma produtividade do trabalho acirna da mё dia. Final―

mente, as empresas que revelassem uma vantagern tOcnica devenam certamenteobter um supenucr。.Este,no enhnto,naO restltaria de uma transfettncia de valor,

mas sirnplesmente do fato de quc o ttabalho despendido por seus operariOs c calculado como mais intensivo porquc o nivel de sua produti宙dade O supenOr a mc_dia――em outras palavras,porquc a producao total de valores aumentou,gracas aesse trabalho mais produtivo, em mais horas de trabalho do que sugere o “sirn―

ples''nimero de horas de ttabalho despendidas nessas empresas.39

ResponderramOs quc tais obiecOes esほo fundamentalmente baseadas numaconfusao entre producaO sirnples de mercadorias e producaO capitalsta de merca―

36 TRIFFEIN,Robert Monopοlおt Cο rnp″ ition αnd General E9ui″ b"υ /n Theο″ Cambidge,Estados Unidos,1940

37 MANDEL,Emest Ma― t Ecο nornic Tho。 ヮ p 423‐426 0s mecanismos pratcos para nivelar dessa maneira os su―penucros monoponstas induem n5o apenas os fatores brevemente esbocados aqui,mas tambё m a bmtaξ5o do merca―

do e,ponant。 , da taxa de mals― valia,pelo preco de venda,c a compulsao para restnngr Ou impedlr a difusao de prO_

dutos diverdicados ou subsitutos A esse respeito, vela― se a importante bibliograla sobre o tema da “concorrOnciamonopolsta''que cltamos parclalmente em Marlst Economic Theο ヮ e quc tem inicio com o livro de CHAMBERLIN,E M The Theοヮ●JMonopollS,c Cο mp●

"‖

on Camb● dge,Estados Unidos,193338 No ensaio de N D Kondrateff,“ Dic Preisdynamik der industnenen und land輔 おchaflichen Waren'',in:Archiυ rurSozlalω ttensch可 %und sozialpolよ ,v 60/1,1928,p 50‐ 58,c対 ste uma confus5o edё ica entre a andlise dO valor do

trabalho e a andlise da utllldade marglnal Por um lado,Kondratleff admite acertadamente que reducoes a longo prazo

no preco de mercadonas(expresso em valores mone五 五os constantes)s6podem resultar de um acttscimo na produi‐、ldade do trabalho, lsto C, de uma reducao no valor das mercadoias Por outro lado, entetanto, ele discorre sobre o“poder de compra''dos bens agricolas e o“ poder de compra"dos bens indusmais,sem levar em conta o lato deque, nesse ponto, nao esね cOmparando valores de trabalho mas precos relatlvos de mercado Ainda maisl se em de―terrninado ano a produ95o de l tonelada de tngo requer 50 horas de trabalho, c a de 3 temos exlge 20 horas, 50anos depois a rela9ao pode ter cafdo para 30 horas de tabalho no p■ meiro caso e 10 no segund。 , e assim o ``poderde compra''do tngo terd aumentado em comparacao com O dos ttx"is No entanto,a producao de tecido ainda po‐de te,se expandido a custa da produc5o de mgO,c a troca de tngO por tecido ainda pode imphcar uma transfettnciade valor em beneficio da producao tOxtI Para descobir se o desenvobimento dos precos alterOu as proporc6es entrea producao de mgo e de tecido, devemos n5o somente considerar a elasicidade da demanda para os dois produtos,mas tambёm,c acima de tudo,as ttferentes taxas de rucro rrOs dois setores Um aumento no“ poder de compra''nao

implca absolutamente um aumento na taxa de lucro― e apenas este`limo podena reencaminhar de vola o capltalda indistta para a agnculttra39 ver,por exemplo,BUSCH,SCHOLLERe SEELOW Wel`mOrtt und Welω dh″ngsk71Se Bremen、 1971p21‐24

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66 TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCRO

dorias 4tD sob condicOes de uma est6vel produtividade do trabalho,Onde esta possa

ser considerada comO dada,as categorias“ tempo de trabalho socialrnente necessa―rio'' c “tempo dc trabalho socialrnente desperdicado'' saO claras e transparentes.

Em tais condic6es, os fenOmenos do mercado, ``na superffcic" da vida ccOnonlica,

correspondem em seu cottunto a CSSOncia mais profunda desses fenOmenOs, aomenos no que se refere a detellHinac5o quantitativa do valor 41(No entanto, a ori―gem e essOncia da forrna do valor ia havia cessado de ser transparente nessa Cpo―

ca da produ950 sirnples de mercadorias.)Todavia,sOb o modo de prOducaO capita―lista, quc ё caracterizado pela contrnua rcv01ucao tecnO16gica, as coisas deixam dc

ser taO sirnples t transparentes, mesmo no que diz respeito a deterrnina95o quanti―

tativa do valor.E irnpossrυ θl deterrninar a p百 o月 o quc consitui tempo de trabalhosocialrnente necessariO c O quc consitui tempo de trabalho socialrnente desperdica―do em cada mercadoria, porquc esses aspectos, afinal, s6podem ser revelados apOsrcriOri, ao se verificar se dcterrninado capital obteve o lucro mOdio, mais que o

lucrO rnCdio ou rnenos quc o lucro mOdio:

“A demanda e a ofetta pressup6em a transformacao dO va10r em valor de mercado,e na medida em que se desenvolvam sobre uma base capitahsta, na medida em qucas mercadonas selam produtos do capital,baseiam― se em processos capitalistas de pro―

ducaO,もtO o,em ttlago6 mu"od“ κnt“ da simplo compra c υenda de bens N5ose trata, aqul, da transformac5o formal do valor das mercadonas em precos, isto O, de

uma simples mudanca de forma: trata― se de determinados desvios quanitativOs dosprecos de mercado em relacao aOs valores de mercado e ainda em relac5o aoS pre9os

de producao sOb a produ。 さo capitalista naO se trata simplesmente de obter,por umvolume de valores lancado a circula95o sob fOrma de uma mercadoha, igual rnassa devalor em outra forma― ―sob a forma de dinheir0 0u de alguma outra mercadona― ―mas sirn de realizar sobre o capital inve面 do na producao tanta maぉ ‐υαliα , ou tanto ru_cro, quanto se conseguiria com outro capital da mesma magnitude, ou em proporcaoa sua magnitude, qualquer que fosse a linha de produ95o em que fosse aplicado Por―tanto,pelo menos comο um mrnim。 ,tra的―se de υender as mercado"as a pttgos 9υ θ

わmecam O lucro mι dio,お to ι,α ρκ9os de producaο ''42

0 processo de nivelamento das taxas de lucro resulta necessanamente numatransferOncia de valor, uma vez quc a soma dos precos de producao O igual a so―

ma dos va10res(viSto quc o nivelamento, isto ё, a concorrOncia, isto ё, os movimentos na csfera da circulacaO, naO pOdern ``criar'' por si mesmos um inico dto―

mo de valor adiclonal). Portanto, sc um ramo se apodera de parte da mais― valia

produzida em outros ramos, isso s6 pode significar que csses outros ramos devem

vender as rnercadorias que produzem abaixo de scu valor Marx expressamente en―fatizou esse aspecto 43 Toda a transformacao de va10res em precos de producao se

bascia numa tal transferencia de mais― vaha, isto ё, de valor.“ Em outras palavras,

“E caracteristlco que as citac6es em quc esses autores baseiam sua argumentacう o provenham do phmeiro e nao do

terceiro volume de O Capitα I No phmeiro volume Marx esM interessado no `.capital em geral'', e o problema da con―corrOncia capltalista, e da transformacao de va10r em precos de producao, sublacente a transferOncia de valor, naoこ

absolutamente considerado41 ver ENGELS,Frledich ``Supplement''a Capital v 3,p 89742 MARX Cap″oi v 3,p 194‐ 195(Os ghfoS sao nossos E M)43 ver pOr exemplo Capitar, v 3,p 758: ``Foi rnostrado que o preco de producao de uma mercadona pOde estar aci‐

ma ou abaixo de seu valor、 e quc apenas excepcionalmente coincide com seu valor'' Ver tambこm Thaο ″“

OF S●「prus v.1“e v 2 Parte Pimeira,p 30: `IPortanto,C errado aArmar que a concorrOncia entre capitais ocasiona uma ta―

xa geral de lucro ao igualar os precos das mercadohas a seus valores Ao contrdio, a concorrOncia chega a esse resul

tado pela conversao dos va10res das mercadorlas em precos mё dios, nos quais uma pane da mais‐ valiaを transfendade uma mercadona para outra'' O mesmo O dito nos Grund"ssc,p435436:Theο

"es o/Suっlus Vα′ue v 2 Parte

Pnmeira,p351 Capital v 3,p178‐17944 MARX Capral v 3,p 156,163-164 e muitas outras passagens

Page 67: Capitalismo Tardio - MANDEL

TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCR0 67

bascia― se no fato de quc mercadorias prOduzidas sob condicoes capitalistas geralmente na~o sao vendidas por seus valores.

Embora haa um pЮ blema metodo16gico suttacentc a ampliacao da determl―nacaO ``に cnica" do valor― ―o ternpo de trabalho socialrnente necessariO, deterrnl―

nado pela produti宙 dade mOdia do trabalho em cada ramo industrial一 ―, de manel―ra a abranger as necessidades sociais para cada va10r de uso especrfico,45 eSSe pro―

blema nao diz respeito a cOnexao necessaria entre valor de troca e valor de usoRosdolskソ mosttou que devemos ver essa dupla deteIIninacao dO valor cOmo``dois estagiOs diferentes da investigacao" ―_para deteil:linar, a partir das relac6es

de Oferta e demanda,os υalor(s cornerciais de firinas quc operanl com uma produ―tividade de trabalho mё dia, acirna da mOdia ou abaixo da mOdia A dinculdadereal consiste em detellllinar a rnassa roral de mais_υ α′:a que se encontra dispon,velpara distribuicaO entrc os capitalistas. Se, por exemplo, o valor comercial de certa

mercadoria for determinado pelo preco de producao das firmas com a mais baixaprodutividade do tabalhO― ―porque a demanda cxcede a oferta por um longo pe―rlodo――, a maloria das firmas nesse ramo obterd urn superlucro, isto ё, um lucroacirna da mOdia. De onde provOm esse superlucro? No inico caso em quc Marxempreendeu uma investigag5o especffica desse problema, o caso da renda da ter―ra, ele afirmal o superlucro se origina da mais baixa composicao organica do capi―

tal na agricultura, onde ё gerado na esfera da producaO c Onde a propriedade pri―vada do solo lmpede quc ingresse na redistribuicao geral dO coniuntO da mais― va―

ha social. Mas os varios ramos da industria__cOm excecao dos mOnOp61los, qucnaO pOdemOs examinar aqui― ― nらo podem impedl quc a ma"― Vaha seia rediStri―

burda dessa maneira,c assirn a solucao dc Marx nao sc aplica. E ainda menos aph―

cavel porquc as irmas(Ou ramOs)com uma pЮ duividade do trabalho acima damOdia sao nollHalrnente aquelas com uma composicao organica de capital rnais al―

ta, c nao mais baixa. Sc essa mais― valia extra naO o diretarnente gerada na csfera

cspecrica da prOdu950,nessc caso s6 pode provir de duas fontesi da redistribu195o

de mais―valia anteriorinente produzida cm outra parte― ―sendo resultado de umatansfettncia de mais― valia,isto ё,de valor;Ou,entao, ``cOmeca a existir'' na esferada circulacao. Naturalrnente, apenas a primeira dessas possiblidades o cOmpatrvelcorn a teoria do valor― trabalho e da rnais― valia dc Marx.

Busch,Schё ller e Seelow tentam explicar esse superlucro ao dizerem quc em―presas operando com uma produtividade do trabalho acirna da mOdia apresentam

um trabalho mais intensivo do que as empresas de prOduti宙 dade mOdia do traba―

lho――e, conseqtientemente, quc o trabalho, quc em iltima analise rende menOsdo quc o lucro mOdiO nO mё rcado,era em parte um trabalho naO cnadOr de va10r.Mas esta nao passa de uma pseudo‐ solucao. Tud0 0 que realrnente faz O des10cara criacao de va10r da esfera da produ95o para a csfera da circula95o.Pois ё precisa―mente sob as relacOes de producao capitalistas quc o problema de saber se umacmpresa val obter um lucro mOdio, mais quc o lucro mOdlo ou menos quc o lucromёdio, nao pOde surgir, de maneira alguma, comO uma conclusao antecipada no

45 BuSCh,Sch611er e Seelow sustentam que eu sou adepto de uma deterFninacaO``relicada''do tempo de tlabalhO sO―

cialmente neces“ no, considerando―o deterninado por um modo puramente ttcnico,istoを ,independente das necessi‐dades sodals ou do valor de uso lsso n5o O verdade 」

`em meu Trai″d'Ecοnοrnic Ma藤た (Pans,1962)eu inciuia

cxatamente esse aspecto das necettdades socias(rela゛ o da demanda e oferta)na deterrninacao dOs precOs de pro―duφ。(V l,p 193-194)Ver tambё m meu Einfuhrung in die mα Flsお che Wl"ェ ん

““

theO"e Frankfurt,1967p 15:“POis uma mercadona que nao satsttesse a necessidade de ninguom,uma ve2 que nao ivesse valor de uso sena in_vendavel desde o inicloi ela nao tena va10r de tloca Esse.eqtulibio implica, portanto, quc a sOma da prOducう o so―

cial, a soma das forqas produtvas, a soma das horas de trabalho de que dlsp6e a sociedade tenham sidO distrlbuidaspelos vinos ramOs da indistna na mesma proporcao em que os consumidores disttbuem seu poder de compra segun―do suas vanas necessldades''

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Note
A ideia de um corpo de trabalho coletivo, contemplaria também a segunda hipótese?
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68 TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCRO

momento do tOェ 11lino do prOcesso de producao. SOmente no processo de circula―

caO o quc OcOrre a transfoII:la950 de valores em pre9os de producaO.“A demanda mOnetanamente cfetiva", como a medida das “necessidades sO―

ciais'' a serern satisfeitas,46 pOr Sua pr6pna natureza s6 pode se manifestar no mer―

cado, e cOm larga margem de nutuaca。 . De acordo com Busch, Schё ller e Sec―

low,pOrtanto, o volume total de mais― valia sena deteminado por essas lutua95es.Era precisamente essa contradicao de sua teona da mais― vaha quc Marx procurouevitar, ao colocar a noHHa de quc a massa total de mais― valia la ё dada pe10 pro―cesso de producao,e de quc a soma total dos precos de producaO deve correspon―der a sOma tOtal dessa mais‐ valia. Isso significa, entretanto, que quaisquer superlu―

cros devern ser acompanhados por lucros abaixo da mOdia,obtidos por outros pos―

suldores de rnercadonas.A teoria marxista do valor parte do axloma de quc a massa total de mais― valia

ё igual a massa tOtal de trabα ′ho social excedente, ou, cm outras palavras, quc amassa total de mais― valia O detel11linada pela diferenca cntre o nimero total de ho―

mens― hora de trabalho c o montante total de tabalho necessariO(O nimero de ho―ras de trabalho necessarias para produzir o cquivalente da soma total dos salarios

dos opeぬ rios pЮ duivos).No cottuntO,essa massa total de mais― valia o indepen―

dente da produtividade especrfica dO trabalho cm cada empresa; considerando― scconstantes os salarios, pOde apenas ser modificada pela produti宙 dade dO trabalhona indistria de bens de cOnsumo. Considerar a massa total como dada nO fim dOprocesso de producao.significa, na realidade, considerar como dados um salario

甲。d10, uma intensidade mёdia do trabalho e um coeficiente mё dio de mais― valia.

E cssc o quadro de r農 り。ncia no qual noI11lalmente aparecem os superlucros47 s6em casos excepcionais O que um superlucro ocorre a partir de uma taxa de mais―valia acirna da mOdia numa fi111la isolada 48

Marx encOntrou uma solucao positiva para cssa diiculdade ao partir da prOpo―

s19aO de que a prOducao de mais― valia O deteIIIlinada pelo dispOndio frsicO,na csfe‐

ra da producao, de trabalho υiυo, abstrato c homogencO__esse aspecto, pela su‐poslcao do nivelamento da intensidade do ttabalho e da taxa de mais― valia. Todosos fenOmenOs suscitados pela concorrencia de capitais e as relac6es da oferta e da

demanda nO mercado podem unicamente efetuar uma redistHbuic5o dessa quanti―dade,sem aumenta_la Ou dirninur― la.

Quando Marx allllla quc as empresas quc opera"com uma pЮ dui宙 dadeabaixo da modia obtOnl menos do quc o lucro mOdio,c quc, em altima andllse,is―so corresponde ao fato de que desperdicaram trabalho social, tudo o quc essa for―mulacao quer dizer O quc, no mercado, as fillHas que funcionarn melhor se apro―

46N5。 se deve esquccer que l)imediatamente em seguida a passagem no capitulo X do volume 3 de O Capital,cmque Marx deine o caso em que a oferta excede a demanda como um dos casos em qu● o tempo de trabalho social f。 1

desperdicado, ele coninua c aflrma que ``a massa de mercadona(enta。 )vem a repr‐ entα r uma quanidade de taba‐lhO nO mercado muitO menor do que a quc estd“ almente incoっ orada nela''(Capral v 3,p 187 G● lado por n6sE M);2)toda uma discuss5o precede e seguc‐ se a essa passagem, em que o volume da demanda sOcial de um valorde uso espec“ co C relaiv12adO eヽ lsto como dependente do volume do valor de mercado47 MarX: “O fato de que capitais empregando quantldades desiguais de trabalho vivo produzem quanidades desiguaisde mais‐valia pressupoe,pelo menos atё certo ponto,quc o grau de exploracao dO trabalhO Ou a taxa de mais‐ valia se―

lam OS mesmos,ou quc as diferencas neles e対 stentes selam niveladas mediante causas reais ou imaglndhas(conven_cionais)de compensaca。 lsso tena cOmO pressuposto a concorrOncia entre trabalhadores e a nivelacao atravOs de suamigracao continua,de uma esfera da producao para Outra Essα cota geral de mals‐ υαliα ――宙sta como uma tendOncia,como as demais leis econOrnicas― ―foi pressuposta por n6s para ins de simpliicacao Mas na realidade constitui umop″ mlssa cra“υα dο modo de prOducaο cOprα llsta,ainda que se vela mais ou menos obstruida pOr atntos pratcoゞ 'capitα′ v 3,p 175(Os gnfossaO nOssos E M)48 MarX:``Na realidade,o interesse direto quc um capitalista ou o capital de deterrninada esfera de produ9う 。tem na ex―plorac5o dOs trabalhadores diretamonte empregados por ele se limita a obter um ganho extraordinう ●。, um lucro supe‐五or ao mOdio, sela atravё s de um sobretrabalho excepciο nal, pela reducao de seus sa16● os abaixO dO nivel mO出 。, Ouatrav`s da produtvldade excepclonal do trabalho env。 1宙dO" Capital v 3,p 197 (Os gifossaO nossos E M)

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TRES FONTES PRNCIPAIS DE SUPERLUCR0 69

priam do υαlor Ou da mais― υalia rearmente produzida pelos operariOs daquclas cm―presas, Nao significa absolutarnente quc estes tenham criado menos valor ou me―

nos lnais― vala do quc o indicado pelo nimero de horas trabalhadas.49 Essa O a ini―ca interpretaφ o de O Capital, volume HI, caprtu10 x que pode sё r haIIHOnizadacom o texto como urn todo e com o esprritO da tcona dO valor de Marx;e tal inter―pretacao manifestamente sirnplifica o conceito da transferencia de va10r.

DeverFamos acrescentar quc Marx registra de mancira cxpl,cita o fenOmenoda transferencia de valor, naO apenas entre ramos industriais― ―atravOs do nivela―

mento das taxas de lucrO― _mas tambё m nO interior do mesmO ramo industrial.50Ele o faz precisamente da maneira que reconcilia com elegancia os melos ``tOcni―

COS'' C aquCles baseados nO ``valor de uso" para deterrninar o tempo de trabalhO

socialrnente necessariO. sc a demanda social for exatamente satisfeita pela produ―

caO e,pOrtanto, a produti宙 dade do trabalho em empresas ``rnёdias'' deterrninar o

valor das mercadonas, issO significa quc a quantidade total de trabalho despendidO

nesse ramo da indisma representara num duplo sentido o trabalho socialrnente ne―

cessariO Isso porque,a partir do pressuposto de uma idOntica taxa de mais― valia, a

totalidade da massa de mais―valia produzida nesse ramo da industria sera igual a tO_

talidade da massa de lucro. Os superlucros das fil11las,operando com uma produti―宙dade do trabalho acirna da mё dia,s6poderao ser explicados por uma transfettn―cia de valor a custa das fillHas que operam com uma produtividade dO trabalhoabaixo da modia.Nessc caso― ―o``caso nomal''sob condic6es de livre concorren―cia c nivelamento das taxas de lucrO__, a transfettncia de valor o a soluc5o pro―posta pelo pr6pHo Marx. Nos casos excepcionais,ern condicOes de livre concorren―

cia, cm que firmas com a mais baixa produti宙 dade do trabalho determinam os va―lores de rnercado(quando a demanda C muito superior a oferta),ou em quc essesvalores sao deterrninados pelas finnas de malor produtividade(quando a oferta 0muito superior a demanda), o problema da criacaO de valor e da dcterrninacao daquantidade de valor nao oね O auto― evidente. Mas, nesses casos, prefenmos nossapr6pria solucaO aquela de Busch, Schё ller e Scelow, pelas raz6es apontadas aci―

maBusch,Schё ler e Seelow forarn e宙 dentemente desviados para sua pscudo― so―

lucaO por uma analogia com os problemas do comOrclo intemaclonal.51 Assirn,deixaram de observar quc,justamente no contexto do comOrcio internaclonal,as cOn―dic6es provias colocadas por Marx para a foilHacao de precOs de producaO e valo―

res unifo111les de mercado― ―a saber,intensidade do trabalho mOdia c giobalrnen―te valda, mObilidade em larga escala do capital e da forca de trabalho, nivelamen―

to das taxas de lucro― naO c対stem,ou s6 e対 stem raramente.Todo o sistema capitalista aparece, assim, como uma cstrutura hierarquica de

diferentes niveis de produtividade e como a consequencia do desenvolvirnento de―

sigual e combinado de parses, regi6es, ramos industriais c empresas, desencadea‐

do pela busca de superlucros.()sistema folll:a uma unidade integrada,rnas O umaunidade integrada de partes n5o homogeneas; e o precisamente a unidade que dc―

49 “Elas podem, por exemplo, ser vendidas total ou aprO対 madamente por sё u valor indivldual, podendo ocOrrer queas mercadorlas produadas nas cond195es menos favor`veis n5o reallzem sequer o scu preco de cust。 , enquantO qucas prodndas em condicCた s mё dias reallzam 9た nas umo parte dα mals υolα

"elas cοn,dα "MARX Capital v 3,p

179(Os gnfossao nossOs E M)

"“ Se a demanda nOnnal for satsfeita pela oた rta de mercado五 as de valor mёdio,portanto de um valor a meio caml‐nho dos dois extremos, as mercadonas culo valor indlν idual esiver abaixo do valor comercial reali2ar50 uma extaordi‐ndna mais_valia ou um superlucr。 , enquanto aquelas culo valor indi宙 dual exceder o valor de mercadO nao podera。reallzar uma parte la maiS― Valia nelas conida"MARX Capltal v 3,p17851 BuscH,SCHOLLER e SEELOW Op ci p 32-33 Em que medlda oて nヽtercambiO desigual"ё um problema datransfettncia de valor sera clanicado no cap ll Aqui mencionaremos unicamente o fato de que Marx fala a esse res―peito nら o apenas de quantdades deslguais de trabalho,mas tambё m de tё mpo de trabalho desigual

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70 TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCRO

temina,nesse caso,a falta dc homogeneidade.Por todo esse sistema o desenv01vimento e o subdesenvolvirnento se deterrninam reciprocamente, pois enquanto aprocura de superlucros constitui a forca motriz fundamental por detras dOs lnecanis‐

mos de crescirnento, o superlucro s6 pode ser obtido as expensas dos paises, re‐giOes e ramos industriais menos produtivos Por isso o desenvolvirnento tenl lugar

apenas em iuStaposicao aO subdesenvolvirnento, perpetua este ultimO e desenv01-ve a si rnesrno gragas a essa perpetuacao

Sem regi6es subdesenvolvidas nao pOde haver transferencia de excedente pa―ra as regi6es industrializadas, nern, conscqucntemente, aceleracao da acumulacao

de capital nestas `ltimas Pela duracao de tOda uma Opoca hist6rica nenhumatransferencia de excedente para os parses imperialistas poderia ter ocorndo sem a

cxistOncia dos pates subdesenvolvidos, nern teria havido,naqucles paises,acelera―

caO da acumulacao de capital Sem a c対 stOncia de ramos industriais subdesenvolvl―

dOs naO teria havido transferencia de cxcedente para os chamados sctores dinanli―

cos, nem a aceleracao correspondente da acumulacao dO capital nos iltimOs 25anos.

Pois,cmbora o sistema mundial capitalista seia urn todo integrado c hierarqui―

zado de desenvolvirnento e subdesenvolvirnento em nfvel internaclonal, regiOnal e

setorial,52 a Onfase pnncipal desse rarnificado desenvolvimento desigual e cOmbina―

do toma fOrmas diferentes em ёpocas diferentes. Na cra do capitalismO dc hvreconcorrencia, a onfase predorninante iaZia na lustapOSic5o regional de desenvOlvi―

mento e subdesenvolvirnento. Na ёpoca do imperialismo classicO, prendia― sc a jus_

taposicao internaclonal do desenvolvirnento nos Estados imperialistas e subdesen―

volvirnento nos paises coloniais e semicoloniais. Na fase do capitalismo tardio, resi

de na lustaposlcaO industrial global de desenvolvirnento em setores dinamicOs esubdesenvolvirnento em outros, basicamente nos parses imperialistas mas tambOrn,

de modo secundariO, nas semico10nias lsso n5o significa, naturalrnente, quc “ren―

das tecno16gicas" ―― superlucros decorrentes de avancos na produti宙dade basea―

dos em aperfe19oamentos tOcnicos, descobertas e patentes― 一 nao tivessem existi―

do no sOculo XIX, ou fossem excepcionais mesmo entao Significa apenas quc, naausencia dc um alto nfvel de centralizacaO dO capital, tinham duracao relativamen―te curta e, portanto, um peso menor nos superlucros totais do quc os superlucros``reglonais'' c, maiS tarde, coloniais. Mas, ern si rnesma,a inovacao tecnO16gica dc―

sempenhou papel― chave no crescirnento do capital e na busca de superlucros des―

de o infcio da Revolucao lndustrial.

Se compreendermos dessa foma a natureza do processo de crescirnento sobo modo de producao capitalista――isto O, a natureza da acumulacao dO capital― ―

,

poderemOs perceber a ongem dO erro de Rosa Luxemburg quando pensou haverdescoberto o“lirnite inerente''do modo de producao capitalista na completa indus―

trializacaO dO mundo ou na cxpans5o por todo o globo do modo de producao capl―talista。 (D que parece claro quando partimos da abstra95o do ``capital em geral''mostra― sc sem sentido quando prosscguirnos em direcao ao``capitalismo concreto",qucr dizcr,para os``rnuitos capitais"――em outras palavras,para a concorrencia ca_

pitalista,Pois,uma vez quc o problema pode ser reduzido a quesEo do valor ou datransferOncia de valor, nao ha lirnite de nenhuma espCcie, em termos puFamenteeconOnlicos,para cssc processo do crescimento da acumulacao de capital a custa dcoutros capitais,para c expansa~o do capital atraυ ιs da acumulacao e desυa10rizacaο

COttugadas de capitais, aFraυιs da unidadc e contradigaO dialι ナicas entre a

52 ``A irregulandade dO desenvolゃ imento no que dlz respeito a indisthas foi um dos tracos distlntlvos do periodO"(daRevolucao lndustial na Gぬ ―Bretanha)DOBB,Maunce op ct p 258

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Page 71: Capitalismo Tardio - MANDEL

TROS FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCR0 71

concorrencia θ α conccrltraca~O Nesse sentido,os limites ao processo de crescirnen―to capitalista ―― do ponto de vista puramente econOnlico ―― sao sempre apenastemporanos, pois enquanto eles se desenvolvem iustamente a partir das condicoesde uma diferenca no nfvel de produtividade, podern inverter essas condic6es・ Aszonas industriais iorescem as expensas das regiOcs agricolas, mas sua cxpansao se

vO lirnitada exatamente pelo fato de quc sua mais importante “co10nia intema'' es―ta cOndenada a cstagnagao relativa; mais cedo ou mais tarde, portanto, as primei

ras procurarao superar esse lirnite recorrendo a uma “co16nia externa". Ao mesmotempo, toda宙a, a relacaO “zOna industrial― regiao agrFcola" nao permanece cterna―mente congelada sob O capitalismo.Sc ela prOporcionar um novo estrlnulo aO prO―

cesso de crescimento(a possfvel fonte de tal estimulo jd foi descrita no caprtu10 2;

retornaremos ao problema no decorrer deste livro), n50 havera motivo pelo qualuma zona que sc industrializou cedo nao se transfoェ 1lle numa area relativamenteatrasada ou quc um antigo distritO agricola n5o se tome uma area de cOncentracao

industnal. Em sua ёpoca Marx j6 havia percebido esta possibilidadc, quando naopassava, no maxirnO, de urn fenOmeno marginal ou manifesto apenas em scus pri―meiros passos Ele chamou a atencaO para a reorientacao da prOducao ocas10nadapelas rnudancas nas comunicac6es e nos custos de transporte:53

“A melhona dos meiOs de comunicacao e de transporte reduz em termos absolutoso perlodo de deslocamento das mercadohas, mas n5o elimina a diferenca relativa notempo de circulacao dos diferentes capitais― mercadorlas nascida de seus deslocamen―tos, nem a das diferentes partos do mesmo capital―mercadona que se encalninham adiferentes mercados Os barcOs a vela c a vapor aperfe19oados,por exemplo,quc abre―宙am as viagens, fazem no tanto para portos pr6対 rnos quanto para portos distantes Adiferenca relaiva permanece, embora frequentemente dirninuFda No entanto, as dife―rengas relativas podem ser deslocadas pelo desenvolvimento dos melos de transportee de comunicacao de uma forma que nao cOrresponde as distancias geograncas Porexemplo, uma ferrovia que conduza de uma area de prOdu95o a um Centro populaclo―nal do interior pode fazer aumentar a distancia, em termos absolutOs Ou relaivOs, at0

um ponto mais pr6対 rno mas aonde n5o cheguem os hilhos, em compara95o com Ooutro, geograicamente mais distante Da mesma maneira, as mesmas circunstanciaspodem alterar a distancia relaiva entre as areas de produc5o e os maiores mercados,

o quc explica a deterioracao de antigos centros de produ95o o o despontar de novos,de宙do a mudancas nos melos de comunicacao e transporte (A isso devo se acrescen―tar a pa薇 culandade de que longos traletos sao relaivamente mais baratos do que ostraetos curtos)''54

0 efeito das ferrovias e navios a vapor no sOculo XIX fol igualado pelo efeitOdo ttansporte aё reo, das rodovias e do sistema de containers ap6s a SegundaGucrra Mundial: convuls5es frequentes nOs custos relativos de transporte levaram

a ascensaO de alguns centros de prOducao c aO declinio dc outFOS 55 Exatamenteda mesma maneira, os ramos principais da industria, quc atravOs de sua composi―

"Em seu a滝 g。 ``IntemabOnal Trade and the Rate of Economic Growth'',in:Ecο nomic HistO″ Reυ icω ,Segunda Sё ―he,v XII, n° 3, abil de 1960,p 352, Kenneth Berヮ l asslnala com justeza que em alguns paises subdesenvolvidos apreferencia pela exportacao de bens para o estrangeiro, em lugar de produa los para o mercado interno,pο de ser ex‐

plicada pelo fato de que o transporte marmm。 こmuito mais barato do que o terrestre Obviamente, essa ё apenasuma raz5o adiciOnal aquelas apontadas acima, para o fato de que a producao de mercadο

"as nesses paises se desen‐volve,em p● meiro lugar e antes de mais nada,para o mercado rnundial54 MARX COp″ο′v2,p25355 A chamada `indistna marftlma do ac。 '' da EurOpa ocidental, por exemplo, tomou‐ se lucratlva, istoを , posslvet unicamente porque glgantescos petroleirOs e cargueiros mostaram‐ se capa2eS de tlanspo■ ar petr61eo e minこ 五〇de ferrotaO baratO por longas dlstancias quc a Europa ocidental conseguiu fazer lrente a qualquer vantagem de custO possurdapelos centros siderur91cOs localizados nas vlzinhancas de dep6sitos nacionais de carvao, assim que o carvac,se tOmOu

mais caro que o petr61eo

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72 TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCRO

95o organica de capital acirna da mOdia obtem uma transferencia de va10r a custade outros ramos, podem gradativamente cair abaixo do nfvel sOcial rnё diO de prO―

dutividade do trabalho se, nO decorrer de uma revolucao tecnO16gica nos rnё todosindustriais ou fontes de cnergia, provarern ser menos capazes de rapida adaptacao

a nOva tecn01ogia.

Exemplos dessa inversao de papois de regiOcs56 pOdern scr encontrados nO re―lativo decllnlo de zonas dc antiga industrialzacao tais cOmo a Nova lnglaterra, nos

Estados Unidos; a Esc6cia, o Pars de Gales e o norte da lnglaterra, na Gra― Breta_nha;Nord/Pas― de―Calais c Haute― Loire,na Franca;e a Va10nia,na Bё lgica.A re^gi5o do Ruhr na Alemanha Ocidental encontra― se parcialmente ameacada por umdesenvolvimento sirnilar. Exemplos das mudangas de papOis de ramOs da indistriapodem ser descobertos no relativo decirn10 dOs setores da indistria toxtil dedicados

ao processamento de fibras naturais,na indistria do carvaO e pOtencialrnente na in―

distria do a9o.57 Nao h6 du宙 da de que tal reversao de papё is regionais ocorreu no

inicio da pr6pria Revolucao lndustrial. Urna invesigacao das causas desses des10ca―

mentos, que nunca foram sirnplesmente redutiveis a problemas de recursos natu―rais,constituiria um tema gratiicante para a hist6na cconOrnica maEttsta. Crouzct e

Woronoff pubhcaram uma interessantc analisc acerca das origens do declrn10 deBordCus,a me廿 6pole do capitalismo mercantil e manufatureiro na Franca prO― revo―

lucionaria. Em acrOscirno aos fatores mencionados por Marx―_mudancas nos sis_

temas de transporte e comunicacao e alteracOes de mercados――nesse caso ocOrre―

ram,acima de tudo,madancas nas fontes pnncipaお りas taXas de supenucro(antc_rio111lcnte, o comёrcio de mercadorias coloniais das lndias Ocidentais; a seguir, asindistrias de crescirnento tecno16gico, sobretudo a indistria textil)e a cspecializa―

95o excesgva de uma buroueda regional num mundo empresanal e num ramo hamuito estabelecido, o que to口 nou irnpossivel uma rapida reconversao dO mesmo.A posicaO geografica pouco favoravel dO sudoeste e os efeitos do bloquelo brittni―

co e do sistema continental durante as guerras napoleOnicas tambOm cOntriburrampara o declrn10 da cidade.58

Urn elemento crucial,enttetanto, na totalidade do processo de crescirnento ba―seado nO desenvolvimento desigual de parses,regi6es e ramos da indistria,diz res‐peito ao mecanismo quc o coloca em movimento.Quc espOcie de estrmu10 ё nc―cessario para perturbar uma forlna determinada de luStapos19ao de desenvOlvirnen―

56 walter izard e」 ohn H Cumberland aplicaram a estlmatva insumo‐ producao de LcOntef as relag6es inter‐ reglonaisem 1958 e por esse meio forneceram‐ nos o instmmental neces● 五o para a exposicao fOnnal das desigualdades dO de―senvolumentO re9onal Naturalmente esses instlumentos,em si mesmos,nao podem revelar a base causal e estutu‐ral para o subdesenv。 1宙mentO de ceias reg15es,nem calcular plenamente o volume do valor transfendo lzARD,Wal

臨 認ylttrN2」 ohn H“ Regond hp■ Ou"耐 Andyjs"h Bu〃 ain&″nstlttt hた m酬。nd&S的 お

9υ`

57 Tem havldO um id,do Crescimento na literatura acerca das``dlferencas re」 onaiS nos niveis de renda e prospenda‐de" nOs vanos Estados europeusi limitar― nos― emos, aqui, a uma men95o das “Regional Statstcs" publicadas pelaCEE IComunidade Econ6mica EurOp1lal em 1971 Elas mostram que na Iね lia em 1968,por exemplo,O emprego in―dusthai na Sardenha,no extremo sul e nos Abruzzos fOi de menos de 30%da populacao atva,enquanto a mldia pa―ra o conlunto da ltalia ld era de mais de 4196(p 47)No mesmo ano, na Alemanha Ocidental,a Renania_Palatlnado,com 6%da populaca。 ,recebia apenas 3,9%dos crё ditos bancanOs,enquanto na Franca o oeste e o leste,com um to―tal de 22,4% da populacao, recebia 14%dos crOditos bancarlos(p 202-203)O produtO inセ rnO bmto per capita no``rnais pr6spero" Estado da Rep`blica Federal Alema(Hamburgo)era mais de duas ve2eS maior que o dO “mais po―bre"Estad。 (Schles哺 g‐Holstein)O mesmOを verdade,na Bёlglca, quanto a diferenca entre a provincia de Luxembur‐go e o distnto de Bruxelas,enquanto na lttlia a dlferenca entre o distnto de Monse e a Lombardia era de quase um pa

ra tOs(p 211-214)NO sul dos Patos Baixos o nimero de m`dicos por 1 000 habitantes mal chegava a metade daproporgao encontrada nos distrltos de Amsterdam e de Utretch Na reglao de Drenthe o consumo paだ cular de ener‐gla por familia era menos da metade do consumo no distrlto de Utretch No Nord Pas de‐ Calais ha宙 a apenas a meta―de do nimero de leitos de hospital por 1 000 habitantes que na Provence e na Cote d'Azur Mesmo na Bavdha o cOn―

端 覇 :鮮 1鰐 宅 l嚇 :露 l蔦 i恐 I撤 滋 i茸 蹴 思 滉 uIT■ i∬1∬

凛 a

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TRES FONTES PRINCIPAIS DE SUPERLUCR0 73

to e subdesenvOlvirnento, gui6-la numa direcaO diferente ou revoluciOnd― la? QucfatOres podem causar uma modificacao abrupta das diferencas em niveis de produ―

tividade? Que nOvo impulso repentino leva uma fase de superacumulacao relativae daivo cКcsO de Ca,d_q pOぬ 耐

:Ь留 習 亀 F=棚 a::FF肝 詠 :dificuldades crescentes para a valonzacaoguinada para um periodo de valorizacao acelerada c, cOnseqtientemente, de acu―mulacao acelerada c crescirnento econOmico acelerado?

A exemplo da questaO das fontes de superlucro no modo de prOducao capita_lista, esses problemas tampouco podern ser sOluclonados com uma unica f6rrnulaTambOm nesse caso devem ser consideradas todas as variaveis basicas desse mo―do de prOducao. SObretudO, ё preciso nao esquccer quc a exploracaO de regioesagrFcolas, a exploracaO de cOlonias e sernico16nias e a cxploracao dos ramOs deprodu950 teCnologicamente meno6 desenvolvidos nao se llrnitam a suceder― se tem―poralrnente como fontes principais de superlucrOs, rnas quc, a10m dissO, cOCXiStem

lado a lado em cada uma das tres fases do modo de producaO capitalista. Urna cla―

rificac5o dessas combinac6es torna―sc indispensavel para uma compreensao dO ca_pitalismo tardio.

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4

“Ondas Longas"na rfisbria do CapFιαlismο

C)andamento cFdico do mOdO de pЮ ducao capltalista ocaslonado pela con―cOrrencia manifesta― se pela expansao e cOntracao sucessivas da producao de mer_cadOnas, e consequenternente da prodica6 de mais― valia CorrespOnde a issO ummovirnento ciclicO adiclonal de expans5o e contrac5o na realizacao de mais_vaha c

na acunnulacao de capital. Enl tellHos de ritmo, volume e proporc6es, a realizacao

de mais― valia e a acumulacao de capital naOぬ O inteiramente idOnticas entre si, c

tarnpouco sao iguais a prOducaO de mais_valia;as discrepancias entre esta iltima c

a realizacaO, c entre a realizacao da mais― valia c a acumulacao de capital, prOpor―cionam a cxplicacao das crises capitalistas de superprodu95o.()fato de que tais dis―

crepancias nao possam de maneira alguma ser atriburdas aO acaso, rnas derivemdas leis intemas do modO de producao capitalista, O a razao para a inevitabilidade

das Osclac6es coniunturais do capitalismo.1

0s rnovirnentos ascendente e descendente da acumulacao de capital no decOr―rer do ciclo econOmico podern ser caracterizados da maneira apresentada a seguir.

Num perrodo de Oscilacao ascendente,ha urn ac"scirno tanto na massa quanto nataxa de lucros, c um aumento tanto no volume quanto no ritrno de acumulacaO.Ao cOntrario,numa crise e no perrodo subsequente de depresぬ o,a massa c a taxade lucrOs declinarao, o O mesmo acontecerd ao volume e ao ntrnO da acumulacaode capital. C)ciclo econornico consiste, assirn,na accた racao e desaceた raga~o suces―

siυas da acumulaca~o

Por ora, nossa investigacao naO se preOcupara com a medida em que o cresci―

mento e o declrnlo da massa de lucrOs e da taxa de lucros seiam identicOs entre si

ou apenas congruentes,durante as fases sucessivas do ciclo O problema serd abor―

dado no contexto de nOsso exame do ciclo cconOnlico no capitalismO tardlo(ver ocapitulo 14).

Durante a fase de oscilacao ascendente, a acunnulacao de capital se acelera.Todavia, quando esse mournento atinge determinado pontO, toma― se dificil asse―

gurar a valorizacao da massa total de capital acumulado;a queda na taxa de lucrOs

l o ind魚 31o mais claro dessa linha divis6ria.A idOia de superacumulaca6 refere uma

l No cap Xlde MaⅨ お`Ecο

nomic Theο ッ tentamos resumir as diversas teonas acadomicas e maⅨ もtas do cicIO ecOn6‐mico,apresentando as ra20eS pelas quais esse ciclo ё inevitavei nO quadro de relerOncia dO modo de produ9ao capita_lista

75

Dell
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76 “oNDAS LONGAS"NA HISTORIA DO CAPITALISMO

situacao em quc uma parcela do capital acumulado s6 pode ser investida a uma ta―

xa de lucrOs inadequada, c, cm proporcao crescente, apenas a uma taxa declinan―te de juros.2 0 conCeito de superacumulacaO naO ё iamaiS absOluto, mas semprerelativo: n5o ha nunca capital ``em demasia",em temos absolutos; h6muitO capi―tal em disponiblidade para que se atinia a taxa rnOdia social de lucrOs esperada.3

Ao contario,na fase da crise e da subsequente depress5o,o capitalこ desvalo―

rizado e parcialmente destrurdo, crn tellllos de Valor. O subinvestimento ocorre

nesse perrodO, Ou, cm outras palavras, investe‐ se menos capital quc o montanteapto a se expandir ao nfvel dado de producaO de mais― vaha c a taxa modia de lu―

cros dada (em ascensao). cOmO sabemos, esses perrodos em quc o capital estadesvalorizado e subinvestido tem precisamente a funcao de elevar mais uma vez ataxa mOdia de lucros de toda a massa de capital acumulado, o que por scu turnopellllite a intensificacao da prOducao e da acumulagao de capital.Assirn,a totalida‐

de do ciclo econOmico capitalsta aparece como o encadeamento da acumulacaoacelerada de capital, da superacumulacaO, da acumulacao desacelerada de capitale do subinvestimento.4 0 aumento, qじ eda c revitalizacao da taxa de lucros tanto

correspondem aos movirnentos sucessivos da acumulacao dc capital, com0 0s co―mandam.

A ques● o agora sc coloca por si mesma:esse movimento crclicO o simples―mente repetido a cada 10,7 ou mesmo 5 anos,ou ha uma dinarnica intenor carac―teristica a sucessao de ciclos econOmicos ao longo de perfodos mais extensos?An―

tes quc respondamos a`essa pergunta a luz dOs dados empFricos, devemos exami―nd―la do ponto de vista te6rico

Marx dcte11llinou a extensao dO ciclo econOrnico pela duragao do ternpo derota95o necessariO a recOnsttucao da tOtalidade do capital fixo.5 Em cada ciclo deprodu95o ou em cada ano s6 0 renovada uma parcela do valor do componente fi‐xo do capital constante, isto O, principalrnente da maquinaria; decorrem variOsanos,ou ciclos de prOdu9aO sucessivos,para se completar essa reconstrucao dO va_

lor do capital fixo Na pratica,a maquinaria nao O renOvada em 1/7 ou 1/10 a cadaano,o que implicaria a sua total reconsttucao aO fim de 7 ou 10 anos. Em vez dis―

so, o processo real de reproducao do capital fixo toma a follHa de sirnples reparosnessas m6quinas durante os 7 ou 10 anos,findos Os quais elas sao substiturdas por

novas rndquinas ern urn s6 1ancc.6

Na teoria de Marx sobre os ciclos e as cnses, cssa renovacao do capital fixo

naO apenas explica a extensao dO ciclo econOmico, mas tambOm o momento deci―sivo subiacente a reprOducαo ampliada como um todo,o momento da oscilagao as―Cendente e da accleracaO da acumula95o de capital.7 Porquc ё a renovocao dO ca_pital fixo que detelHlina a atividade febril,na fase de alta repentina.[)iga― se de pas―

sagem que, ao salientar esse ponto crucial, Marx antecipou― sc a toda a mOdernateoria acadOrnica dos ciclos quc, como sabemos, vO na atividade de investimento

2 Henvk Grossmann(Op C″ ,p l18 etsecs)emprega nesse sentdo a idCia de“ superacumulacao'',cmbora nao dl_retamente em relacao ao cicIo industnal Marx a utllza dessa maneira em Capit● Iv3,p2513``No entanto,mesmo sob as condic5es extemaO de que parbmos,essa superproducao absOluta de capitai nao c uma

superproducao abs。 luta de meios de produ95o E superproducao de meios de produ9ao sOmente na medida cm quceSteSルnciOnem como capitat e portanto incluam uma auto expans5o do valor,istoを ,devam produzlr um valor adi‐cional em proporξ βo a massa acrescida"MARX Capltal v 3,p 2554 cf 30CCARへ

,Paul ``La cise du capitalisme monopoliste d'Etat et les luttes des travailleurs'' In:Economie e,Poli"‐

9ua n° 185,dezembro de 1969 p 53‐ 57,onde ele se refere a um ciclo de superacumulacao e desvalo滋 95。 dO capi―

tal5 NIARX Capitol v 2,p 1856 fbid,p 170 etseqs7 MarX: “Mas uma cnse sernpre consttui o ponto de paぬ da para novos e amplos invesimentos Por conseguinte, dopontO de宙sta da s∝iedade como um todo,ё mais ou menos uma nova base matenal para o pr6対 mo ciclo de rota―

ca。''capitα ′v2,p186 VertambCm Capital v l,p632‐ 633

Dell
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“ONDAS LONGAS"NA HISTORIA DO CAPITALISM0 77

dos empresa面 Os O estrrnu10 principal para o movimento ascendente do cic10.O elemento caracterttico no modo de producao capitalista, cntretanto, C o fa―

to de quc cada novo ciclo de reproducao ampliada comeca com maquinas diferen―tes das do ciclo anterior. No capitalismo, sob o lategO da concOrrencia e da buscapeIInanente de superlucros, s5o feitos esfor9os contrnuos para dirninuir Os custos

de producao e baratear O valor das rnercadorias rnediante inovac6es tOcnicas:

“A produ95o a serЛ 9o do valor e da mais― valia traz implrcita, como se mostrou no

decorrer de nossa andlise, a tendencia cOnstante para reduzir o tempo de trabalho ne―

cessario a prOducao de uma mercadoria, isto ё, o seu valor, a um limite inferior a m● ‐

dia social、 ガgente em cada momento A tendoncia a reduzir o pre9o de custo a seu ml―nirno torna‐se a alavanca mais poderosa para a intensincac5。 da produli宙 dade social

do ttabalho, a qual, entretanto, s6 aparece sob esse regirne como uma intensiicacaoconstante na produti宙 dade do capitar'8

A renovacao dO capital fixo lmplica,assim, renο υagao a um nrυ θl mais allo dc

たcnologia,c isso num senido triplice

Em primeiro lugar, o valor das maquinas mais novas constituird uma partecomponente malor do capital total investido, isto O, a lei da crescente composicao

Organica dO capital prevalecera nesse caso. Em segundo lugar, as maquinas maisnovas serao compradas unicamente se o custo de aquisicao c os va10res quc elasdeveraO transrnitir ao processo produtivo enl marcha nao criarem obstaculos aOsesfor9os dO``capitalista para conseguir um lucro,isto ё,sc a poupanca em trabalho宙vo pago exceder os custos adicionais do capital fixo ou,rnais precisamente,do ca―pital constante total''.9 Em terceiro lugar, as maquinas s6 serao cOmpradas se nao

apenas pouparem trabalho, mas tambё m pressionarem os custos totais de produ―

caO para um nfvel inferior a mOdia sOcial, isto C, somente se elas representaremurna fonte de superlucros ao longo de todo o perlodo de transicao―_ato que es―

sas novas lndquinas determinem a produti宙dade mι dia do trabalho em detellHina―

do ramo da producaO.No entanto, o problema dO acrCscirno na composicao organica do capital, isto

O, o processo de reproducao ampliada a um n~ el tOcnico mais elevado, n5o deve

ser reduzido sirnplesmente ao problema da composicaO dO valor dO capital em ter―

mos de capital constante e varidvel Como GrOssmann explica com iuSteza,em re‐ferencia a Marx,10 o conceito de composlcao organica dO capital inclui um compo―

nente tecno16gico e um corlponente de valor, e mais especificamente uma correla―

caO entre esses dois componentes(a COmposi95o dO Valor O dcterrnirlacra pela com_posicao tecn016gica).11 lsso quer dizer quc, para ser posta ern movimento, certa

rnassa de maquinaria requcr certa massa de matё rias―primas c materiais au対 liares,

bem comO certa massa de forca de trabalho, independenternente dos va10res ima―nentes dessas massas.12 TaiS propor95es nao dependem do va10r da maquinana,mas de sua natureza tOcnica. Por outro lado, cntretanto, a massa da maquinariaempregada depende da tecnologia de base quc C utilizada, c nao apenas dO volu―me ampliado de capital fixo. Para os prop6sitos dc uma trans19ao de um processotOcnico menos produtivo a um mais produtivo,rnuitas vezes O suficiente a introdu―

caO de pequenos aperfe19oamentOS na maquinaria, melhor organizacao c um rit_mo acelerado de ttabalho ou matOrias― pnmas lnelhores e mais baratas. No entan―

8 MARX Capl`α i v 3,p 859

'MARX Capital v 3,p26210 MARX Capital v l,p6121l GROSSMANN Op cr,p326-33412 NIARX Capiね′v3,p243

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78 ``oNDAS LONGAS''NA HISTORIA DO CAPITALiSMO

to, para sc にorganレar compた 3rarnen″θ o processo tOcnico tornarn― se necessariasnovas maquinas, que devem ter sido proietadas numa fasc anterior; muitas vezessaO requeridos novOs rnateriais,sem os quais os novos ramos de prOducaO naO pO_dem R/ir a existir; sao necessdrios saltos qualitativos na organizacaO dO trabalhO c

nas forrnas de energia,no estilo,por exemplo,da introducao da csteira transporta―

dora, ou das maquinas transferidoras automaticas. Em outras palavras, deve‐ se fa―

zer uma distincao entre duas formas diferentes da reproducao ampliada dO capitalfixo. Na p五 meira forma, ocorre certamente uma cxpansaO da cscala produtiva, umcapital adicional(conStante e variavel)o despendido c aumenta efetivamente acomposicao Organica dO capital― mas tudo isso ocorre sem quc haa uma reυ οru―

gaO naた cnOlogia,quc afete a totalidade do aparelho social de producao;na segun―da folHla,ha n5o sOmente uma cxpansao,mas uma κnoυacao rundamental datecnologia produtiva, ou do capital fixo, quc acarreta uma alteracao qualitativa naproduti宙 dade do ttabalho 13

Sob condic5es n01lHais da realizacao da mais_valia e da acumulacao do capi―tal, a reproduc5o ampliada do capital fixo a cada 7 ou 10 anOs sera caracterizadapelo fato de quc o capital liberado no decorrer dos sucessivos ciclos de producaO

para a compra ou manutencao de nOvas maquinas aumenta a uma porcao de va_10r Mβ.Se a massa total de mais― valia no decorrer do ciclo de 10 anos fOr indicadacomo M=Mα tt Mβ +Mγ,Cnt5o Mα representara a mais― vaha consumida improdutivamente pelos capitalistas e scus dependentes,cM、 ,o capital circulante adiclo―nal hberado pelos dez ciclos anuais sucessivos de producao__que,por sua vez,sedivide em capital adiclonal variavel, para a compra de forca de trabalho adicional,

c capital constante circulante adic10nal,para a perinanente introducao de matonas―primas adicionais na producaO. A terceira parcela componente de雛 ,Mβ , serd Ocapital fixo adiclonal progressivamente liberadO, c que pode ser utilizado tantO pa―

ra a compra de mais maquinaria, quanto para a compra de maquinas mais caras emals rnodemas

A relacao entte Mβ e qら entre o capital adicional ixo e o capital ixo existen―

te,consttui a taxa de crescimento do capital ixo,△ cん Ou a taxa dc au/71en'O nουαlor do cstoquc sociα′de maquinatta.(D nivel dessa taxa de expOnSaO permite―nos definir perlodos de vagarosa ou rapida renovacao tecn016gica 14 E claro quc es―

sas magnitudes devern sempre ser entendidas em ter/nos dc υαlo■ Evidentemente,o fundo dc amortizac5o dO capital ixo,d exiStente Cr tambOm pOde ser u● lizadopara a compra de maquinaria,rnas nunca atO urn valor rnais alto quc O da maquinaria anteriorrnente adquirida(pelo menos na medida cm quc estaamos lldandocom um fundo dc amortizacao eセ ivO,c nao com lucros encobertos)

ComecemOs do fato de quc uma mudanca basica na tecnologia produtiva de―ternlina um gasto adiclonal consideravel de capital fixo― ― entre outros aspectOs,pela cria95o de novOs 10cais e novos instrumentos de producaO, alom dos instru―

mentos adicionais de producaO quc Os processos de producao c対 stentes podemgerar nos casos de acumulacao``nOHllal" Em outras palavras,a mudanca tecno16-gica deterrnina uma taxa muito elevada de Mβ /(3「 Cada perrOdO de inOvacao tocni_

13 1MARX Capitα ′ v l, p 629: “Sao reduzidas as pausas intennedidias, nas quais a acumulacaO trabalha como sirn‐ples extensao da producao,em determinada base"cnica"14 Apesar disso, cOm uma aceleracao impOrtante da inovacao tecn016glca、

os aperfeicoamentos da tecnologia produtl―va em αndamentο , atrav6s de substtu19oes parciais de maquinana、 podem dosempenhar papel cada vez mais destaca‐dQ d而 n轟ndo a m画面 a&Mβ na d"∝ 50“ pod‖

謄 :L長瞭 嗣 よみ 雅 庶 :λ∫蹴 席 ∬ 篇 記 :Fcomo um dos marcos de uma“ revolucao tecn。1691co‐ Cie

mie derProduttionsrOnds Be■lm,1967p17‐ 18)No cap 7 voharemos a examinar esse conlunto de problemas

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``ONDAS LONGAS''NA HISTORIA DO CAPITALISM0 79

ca radical aparece, dessa maneira, como um perlodo de repentina aceleraca~o daacumuragao de capital.15

Nesse quadro, o subinvestimento pen6dico de capital no curso crclicO dO mO―

do de prOducao capitalista passa a englobar uma funcaO dupla: nao apenas expres―

sa o inevitttvel colapso peri6dico da taxa mOdia de lucros, mas, ao faze-1。 , comecatambOm a frear o decifnlo Mais ainda,cha um hist6nco rundo de resctta do capトtal,dc onde podern ser retirados os rnelos para a acumulacaO αdicionα ′,requeridosalё m da reproducaO ampliada ``nOrrnal'', de maneira a perrnitir uma renovacaofundamental na tecnologia produtiva. Isso pode ser exprinlido de forma ainda mais

clara: sob condic6es``norrnais" de produ95o capitalista,os valores liberadOs ao fim

de um ciclo de 7 ou 10 anos saO certamente suficientes para a compra de mais rna―quinas, e maquinas mais caras, quc as em uso no inrcio desse cicio. No entanto,

cles nao bastam para a aquisic5o de uma tecnologia produtiva fundamentalrnenterenovada, em especial no Departamento l, onde uma renOvacao de tal gOnerovem geralrnente hgada a criacao de instalac6es produtivas completamente novasS6os valores liberados para a aquisicao de capital fixo adicional em υdrios ciclos

sucessivos peHllitem quc o processo de acumulacao dO tal salto qualitativo.A repe―ticaO crclica de perfOdos de subinvestimento preenche a funcao obletiVa de liberar

o capital necessariO para cssa modalidade de revolucao tecnO16gica 一_ mas isso,

em si rnesmo, nao expliCa os motivos para a ocorrOncia de revoluc6es tecno16gicas

radicais em alguns perfodos, e nao em Outros A existOncia de um longo perfodode subinvestimento O justamente a cxpressao do fatO de quc algum capital adicio―nal estava certamente disponfvel, mas naO era investido ou gasto O problema real

O, por isso, o de explicar por que motivo, cm deterrninado momento, csse capitaladiciona1 0 despendido cm escala maclca, depois de pellHanecer ocioso por umlongo perlodo.A resposta O evidentei apenas um repenι ino aumenι o na Faxa dc lu―

cros pode explicar o investimento em massa de capitais excedentes― ―assirn como

uma queda prolongada na taxa de lucros(ou O medO de quc a mesma decline ain―da mais、 vertiginosamentc)pode explicar o 6cio desse capital ao longo de muitOsanos.16 As vOsperas de uma nova marO montante da acumulacaO de capital,poderramOs regiStrar o aparecimento dc uma sOrie de fatores,que tornam possrvelum aumento repentino na taxa mOdia de lucros alι m dos resulradOs pett6dicos da

desυalorizaca~o de capital ocorrendo no cuβ o da cnsc.

Os fatores relevantes sao os seguintesi

l)Urna queda sibita na composic5o organica modia do capital, cm resultado,por exemplo, de uma penetracaO mac19a do capital em esferas(ou parses)comuma compos19ao organica bastante baixa

2)Um aumentO repentino na taxa de mais― valia, cm resultado, por exemplo,

15“ um nuxo de novo conheCirnento conduz a uma mudanca perrnanente na funcao de prOducう 。para cada mercado‐

na lssO pode assumir inimeras forrnas Alguns progressos, partculannente aqucles que so orlglnam na cioncia de ba―se, afetam toda a natureza da funcao de prOdu15o, na medida em que os processos b`§ cos de uma indistna passampor uma mudanca radica1 0uttos progressos conduzem a aperfe19oamentos nos mOtodos b6sicos existentes" SAL‐TER,W E G Productiυ i″ αnd TeChnical Change Cambndge,1960p 2116 Kondratlefl tambё m anunciou as condicOes prё vlas que juigou necess6has para uma repentlna expansao da acumu‐

lacao de capital Eram ``1)Elevada intensidade da atl宙 dade de poupanca: 2)supnmentO barato e relatlvamente abun―

dante de capital de empr6stlmoi 3)sua aCumulacao nas maOs de empresas poderosas e centros financeirosi 4)baixonivel dos precos de mercadonas, estlmulando a atlvidade de poupanca c o investimento de capital a longo pr能 o''

(Dic P■ oお dソna,"iた, p 37)A fraqueza dessa explicacaoり evidentei todos esses fen6menos ocorrem iuStamente nas fa‐

ses de subinvestlmenio (por eXemp10, entre 1933/38 nos Estados Unidos)sem que isso acarrete uma rapida renova‐

C50 teCno1691ca Kondrateff descuidou completamente do papel crucial. em tem、 os estratё glcOs、 desempenhado pelataxa de lucros

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80 ``oNDAS LONGAS''NA HISTORIA DO CAPITALISMO

dc um aumento na intensidade do trabalho decOrrente de uma derrota radical e daatonllzacaO da classc operaria, O quc a impossiblita de utilizar cOndic6es vantaiO―

sas no mercado de trabalho para elevar o pre9o da mercadoria forca de trabalhO,ca obriga a vender essa mercadoria abaixo de scu valor mesmo num perrodO deprosperidade econOnlica.

3)Uma queda sibita no preco dos componentes do capital constante, cspe―cialrnente das matё rias―primas, o quc C comparavel, em seus efeitos, a um sibitodecirnlo da compos19ao Organica dO capital, ou uma queda repentina no preco docapital fixo dc宙do a um progresso revoluclonariO na produtividade dO trabalhO dODepartamento l.

4)Uma diminuicao repenina do tempo de rotacao do capital circulante,emdecOrroncia do desenvolvirnento pleno de novos sistemas de transporte e comunl―cacOes, rnOtodos aperfe19oados de distribuic5o,rOtacao acelerada de estoquc,c as―

sim por diante.

Nesse ponto, dois processos devem ser separados temporal e conceitualrnen―te, Por um lado, ha O processo que pellllite a clevacao da taxa modia de lucros, cpor assirn dizer dd impulso a essa clevacaO, Ocaslonando urn invesimento macico

de capital anteriormente ocioso; por outro lado, h6o processo quc se desenvolvea partir dessc investimento rnac19o de capital antes ocioso.

Se os fatOres desencadeantes forem tais, por sua natureza c volume, que scus

efeitos possarn ser neutralizados com rapidez pelo aumento na rnassa de capital acu―

mulado, a taxa mOdia de lucros devera aumentar apenas por um breve perlodo.Nesse caso, a aceleracao dO ritmo da acumulacao de capital serd ttavada brusca―mente e dara lugar, ap6s curta interrupcao, a um subinvestimento renovado. IssOocorreu, por exemplo, em diversos pates impenalistas durante e irnediatamenteap6s a Primeira Guerra Mundial. Se, ao conは なno, por sua natureza c volume, osfatores desencadeantes forern tais que seus efeitos nao possam ser neutralizadospelas conseqtiencias imediatas do acroscirno repentino na acumulacaO de capital,

toda a rnassa de capital antes nao investida ser6 progressivamente arrastada para

o sorvedouro da acumulacao. TOrna_se enぬ o poss,vel conseguir uma revolu95omac19a e universal na producaO de tecnologia, e nao apenas uma renovacaO par_cial e moderada.Isso sucedeぬ ,cm particular,se diυ cttos rator“

“"υ

cにm simuたa‐

nea e cumulatiυ amente contribuindo para um aumento na taxa rnOdia de lucrOs.Nos caprtulos antenores ia salientamos rapidamente as causas que conduzl―

ram a esse generO de expansao duradOura na taxa mOdia de lucros nOs anos 90do sOculo passado: o repentino invesimento macico, naS CO10nias, do excessO decapital exportado dos paFses metropolitanos, acarretando sirnultancamente umaqueda consideravel na composicao organica dO capital rnundial e um sibito dec"s―

cirno no pre9o do capital constante circulante, quc se combinaram para afetar a ta^xa rnOdia de lucros.17

Podenl ser registrados pelo menos dois outtos perFodos na hist6ria do capitalis‐

mo em quc tenha ocorridO urn mOmento assirn abrupto na taxa de lucros. O pri―meiro situa― se em meados dO sOculo XIX, lo9o em seguida a irrupoaO da Revolu―

cao de 1848 C)fator desencadcante decisivo parecc ter sido, nesse caso, uma ex‐pansaO radical na taxa de mais― valia, devido a um aumento radical na prOduti宙 da―

dc mOdia do trabalho na industria de bens de consumo,lsto O,devido a uma cleva―

1'Ver,entre outras coisas,a nota 13 do cap 3

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“ONDAS LONGAS''NA HISTORIA DO CAPITALISM0 81

95o radical na producao de mais― valia relativa. O segundo ocorreu as vOsperas ou

no iniclo da Segunda Guerra Mundiat sirnila111lente, foi deterrninado por um au―

mento radical na taxa dc mais― valia, tomado possivei nessa ocasi5o, entretanto,por uma alteracao radical na relac5o de forOas entre as classes Os efeitos dessa alte―

racaO fOram pr01ongados por uma clevacao radical na intensidade do trabalho e secombinararn com uma queda no preco,primeiro do capital constante circulante dc―

vidO a penetracao da tecnologia mais avancada nas esferas produtoras de matO一rias― p●mas, e depois do capital constante ixo,cm decorroncia dc um aumento re―pentino na produtividade do trabalho na indistria de constru95o de maquinaria

No pr6xirno cap■ ulo voltaremos as causas c efeitos concretos desse aumento na ta―

xa de mais―valia imediatarnente antes e no decorrer da Segunda Guerra Mundial

Em que consistern, enぬ o, cssas “revolucOes na tecnologia como um todo"que descrevemos como fases do reingresso do capital ocioso no processo de valori―

zacaO, dete11llinado por um aumento sibito na taxa mOdia de lucrOs?No caprtu10XV do volume l de O Capital,Marx distinguc trOs partes essencialmente diversasem toda a maquinana desenvolvida: maquinana motriz, rnaquinaria de transnlls―saO e maquinas ferramentas ou de ttabalho.18 Naturalmente, a cvolucaO c transfor―macaO das duas ultimas dependem, atO certo ponto, do desenvolvirnento das ma―quinas motrizes, quc corporificam o elemento decisivamente dinarnicO do cottun―

to:

“O aumento no tamanho da maquina, e no nimero de ferramentas com que ope―ra, cxige um mecanismo motor mais potente, e esse mecanismo requer, para vencersua pr6pna resistoncia,uma forca motnz mais potente que a humana;sem falar no fa―to de que O homem ё um instrumento muito imperfeito para a produ95o de movirnen―to uniforine e continuo"19 E mais adiante: ``Todo sistema de maquinana, saa basea_do na sirnples coopera95o de maquinas sirnilares, como ocorre nas f6bncas de tecela―genl, ou na combinacao de maquinas diferentes, como nas fabncas de ia95o, consitui

em si mesmo um grande autOmato,sempre que estaa impulslonado por um mOtorque naO receba for9a de outra fonte momz"20

A producao de “m6quinas motrizes", isto C, de produtores mecanicos de energia,pelas maquinas e nao mais pOr artesaOs, こ O movirnento deterrninante na forrna―

95o de um“ sistema organizado de maquinas'',na colocacao de Marx Essa produ―

caO de maquinas,c em primeiro lugar de maquinas motrizes,por intermOdio de ou―tras maquinas ё a prё―condicaO hist6nca para uma mudanga radical na tecnologia:``Em deterrninado estagio de scu desenvolvirnento, a indistria modema se tornou

tecnologicamente incompativel corn a base que lhe fomecia o artesanato c a manu―

fatura",isto O,corn a producao artesanal ou manufatureira das pr6prias rnaquinas

``A indusma modema teve portanto de apoderar― se da m6quina,seu melo caracteris―

18 usher chtlca essa defln19ao das m`quinas,quc Marx obteve de Ure e Babbage,sugeindo quc tal caractenzac50 omi―

te O cntё iO crucial do progresso na maquinaia, quc C a chacao de cOmbinac6es cada vez `.rnais elegantes''(presuml‐velmente signiicand。 “cada vez mais poupadoras de trabalho")de elementos dilerentes num ``trem'' indivlso e auto‐mOm2(USHER,A P A Hlsto″ げ Machanical lnυen,。ns HaⅣard,1954 p l16 117)Nesse caso Usher parece teresquecido quc Marx descreveu inicialmente a gOnesc hist6nca e o desenvolumento da maquina(capital v l, p 378et seqs)de tal rnaneira que pode,em seguida,colocar com bastante clareza a enfase na combinacaο m`ma de pa■es

de maquinana Ou de maquinas diferentes: “Um sistema organicO de m6quinas,mo宙 das pOr meio de um mecanism。de transmissao impulsionado por um au6mato central, representa a mais desenvol、 lda forma de produc5。 por meiode maquinana'' (fbid, p 381)Opる p● o Babbage nao estava menos consciente desse aspecto, pois sua mente brl―lhante dedicava― se,um sCculo antes dos infcios reais da automacaO,ao prOleto de um mecanismo autom6tlco de calcu_lo que devena cOnduar essa nocao da cOmbinacao amculada de todas as partes componentes a seu mais alto grau dedosenvolvlmentO19 MARX Cα p“olv l,p37620fbid,p 381

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82 ``oNDAS LONGAS"NA HISTORIA DO CAPITALISMO

ucO de prOducao,e cOnstruir mOquinas por meio de maquinas Foi s6 depOis quc isso

ocorreu que ela criou para si mesma uma base tlcnica adequada e se ergueu sobreseus pr6pnos pls Nas primeiras dCcadas desse sOculo a maquinana, cada vez mais di―fundida, foi progressivamente se apropnando da fabncac5o de maquinas― ferramentasMas foi apenas no decorrer da dOcada antenOr a 1866 que a consttu95o de estradasde ferro e transatlanicOs, numa escala monumental,proυ οcou a c77α caO das mdquinasCiC10picas atualrnente empregadas na constru05o dos rnecanismos rnotores"21

As revolucOcs fundamentais na tecnologia cnergOtica― 一 a tecnologa da pr。 _

du95o de maquinas motrizes por maquinas_― aparecem assirn como o momentodeterrninante nas revolu95es da tecn010gia como um todo A producaO mecanicade motores a vapor desde 1848; a producao mecanica de mOtOres e10tncOs c acombustao desde Os anOs 90 do sOculo XIX;a producao por me10 de maquinas deaparelhagem eletrOnica e da quc utilza energia atOrnica desde os anOs 40 dO socu―

lo XX――tais foram as tres revOlu95es gerais na tccno10gia engendradas pelo mOdO

de producao capitalista desde a Revolucao lndustrial ``onginal'', da segunda meta―

de do sOculo XVHl.

Urna vez quc tenha ocorrldo uma revolucao na tecnologia de maquinas mom_zes produtivas por rnelo da maquinaria,todo o sistema de maquinas O progressiva―

mente transforrnado Como explica Marx:

“Urna alteracao radical nO mOdo de produ95o em um ramo da indusma acarretauma mudanca sirnlar em outras esferas lsso acontece de iniclo naqucles ramos indus―triais quc, embora isolados pela divis5o social do trabalho, de tal fOnna que cada um

deles produz uma mercadona diferente, estao, apesar disso, ligados entre si como fa―

ses separadas de um processo Assim, o surgirnento da fiacaO mecanica fez da tecela―gem mecanica uma necessidade, e ambas tornaram imperaiva a revolu95o quFmico―mecanica nO branqueamento, na estampagem e no ingirnento Analogamente, a revo―lucaO da la95o do algodaO determinOu a inven95o dO descaro9ador,para separar da fi―bra de algod5o o caro9o; foi unicamente gracas a esse invento que a producao algO_doeira se tomou possfvel na enorme escala hole requenda Mais particularmente, a re―volucao nos mOdOs de producao da indistria e da agncultura tornou necessdna umarevolucao nas cOndic5es gerais do processo social de prOducao, istO o, nos melos decomunicacaO e de transporte Numa sociedade culo eixo, para uilizar uma expressaode Fourier, era a agncultura em pequena escala com suas indismas dOmosticas subsi―diarias, bem como os offcios manuais urbanos, os melos de comunicacao e transporteeram a tal ponto inadequados as e対 gOncias produivas do perfodo manufatureiro __

com sua ampliada divis5o social do trabalho, sua concentrag5o dos instrumentos detrabalho e dos trabalhadores e seus mercados coloniais――quc iveram de ser efeiva―

mente revoluclonalizados Da mesma maneira, os melos de comunica95o e transportolegados pelo perfodo manufatureiro logo se tornaram travas insuponaveis para a indis―

tria moderna, com sua irnpetuosidade febHl de produ95o, suas proporc5es gigantes―cas, seu deslocamento constante de capital e trabalho de uma esfera de produ95o pa―ra outra e suas liga95es recOm― cnadas com Os mercados do mundo todO POr issO― ―mesmo descartadas as mudancas radicals introdu21daS na constru95o de embarcac5esa vela――, os meiOs de comunica95o e transporte foram gadaivamente adaptados aosmodos de produ9さO da indisma mecanica,mediante a cnacaO de um sistema de vapo―res nuviais,ferrovias,transalanticOs e telё grafos''22

Nao O difrcil fOrnecer elementos para mostrar que cada uma das tres rev。 lu―

9δes fundamentais na producaO mecanizada de fontes de energia c maquinas mO_trizes transforrnou progressivamente toda a tecnologia produ通 va da cconOrrlia glo―

21 fbid,p 384-385 (Os gnfos saO nOssos E M)22 fbid,p 383‐ 384

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“ONDAS LONGAS''NA HISTORIA DO CAPITALISM0 83

bal, indusive a tecnologia dos sistemas de transporte e comunica96es 23 conSide―

rem―se, por exemplo, os vapores transatlanticOs e 10comotivas diesel, os autorn6-

veis e as radlocomunica96es na Opoca dos motores elё tricos e a combustaO; e OsaviOes de transporte a latO, as redes de comunicac5o por tele宙 sao, telex, radar e

sa"lite e os carguciros de containers,mo宙 dos pela cnergia atOmica,da era cletr6‐

nica e nuclear.24 A transfollllacao tecn016gica resultante das revolucOes da tecnolo―

gia produiva de base das maquinas mottzes e fontes dc energia conduz assim a

uma nova valo五 zacao do excesso de capitais que vern se acumulando,de cic10 emciclo, no ambitO do mOdO de prOducao capitalista. No entanto, exatarnente pelomesmo mecanismo, a generaliza95o gradativa das novas fontes de energia e novasmaquinas mOtrizes deve condu2ir, ap6s uma fase mais ou menos ionga de acumu―lacaO acelerada, a uma fasc igualrnente prolongada dc acumulacaO desacelerada――isto O,a renovagao do subinvestimento c ao reaparecirnento do capital ociosO.

Os locais de producao das nOvas maquinas motrizes implicam possiblidades alongo prazo para a expansao de capitais acumulados dc maneira noυ a Enquantoos capitais investidos durante perlodos sucessivos nas industrias fabricantes de mo―

tores elCtricos ou a vapor ou equipamentos eletrOnicos continuam a dorninar omercado, somente capitais reduzidos e afoitos, destinados a experimenta95o__emouttas palavras, destinados a nao atingir plena valorizacao― 一、Ousarao sc aventu―

rar nos``novos dornfnlos'' da cnergia e da maquinaria motriz.A medida quc a apli―

cacaO dOs nOvos motores sc generaliza, a taxa de crescirnento das indisttas qucos fabricam declina cada vez mais, c os capitais febrilrnente acumulados na primei―

ra fase de crescirnento depararn― se com dificuldades cada vez maiores para coni―

nuar sua valorizacao.

Uma transfollllacao geral da tecnologia produuva tambOm ocasiona um au―mento consideravei na composicao organica dO capital e, dependendo das cOndi―

96es concretas, esse aspecto conduzira mais cedo ou mais tarde a uma queda nataxa rnёdia de lucros Esse declfnlo,por sua vez,torna― se o principal obstacu10 a re_

volucao tecn016gica seguinte As dificuldades cada vez malores de valorizacao nasegunda fase da introdu95o dc toda nova tecnologia de basc acarretarn um subin―vestimento crescente e a criacao em escala cada vez mais ampla de capital ociosO.

Somente se uma combinacao de cOndicOes especrficas der origem a um aumentorepentino da taxa mё dia de lucros O que esse capital ocloso, lentamente reunido

no decorrer de varias docadas, sera encaminhado em escala mac19a para as novasesferas de producao,capazes de desenvolver a nova tecnologia de base.

A hisbria do capitalismo em nfvelintemacional aparece,assirn,n5o apenas co―

mo uma sucessao de mOvirnentos crclicOs a cada 7 ou 10 anos, rnas tambOm co―mo uma sucessao de perlodos mais longos, de aprOxirnadamente 50 anos, dosquais ate agOra temos experiencia de quatro:

__ o longo perfodo compreendido entre o fim do sOculo XVIH c a crise de

1847,badcamente caractenzado pela difusao gradaiva,da mdquina α υapor dc」 a―

bガcacaο α″canal ou manuratuκ ira,por todos os ramos industriais e regloes indus―

triais rnais importantes Essa foi a onda longa da pめ pria Revolucao lndustrial;

――o longo perlodo delimitado pela crise de 1847 e o inrciO da dOcada de 90do sOculo XIX,caracterizado pela goneralizacao da mdquina α υapor deメ abricO mc―

23LANDES,Da宙 d op Cit,p153-154,423 a secs24 vela Se um ensaio de Wolfgang Pfeifer em Neuc ZurcherZe″ ung,2牛 08‐ 1972

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84 “oNDAS LONGAS"NA HISTORIA DO CAPITALISMO

canico como a principal rndquina motriz. Essa foi a onda longa da primeira revolu‐

caO tecn016gica;25

-― o longo perlodO compreendido entre o inicio de 1890 c a Segunda(3uerraMundial, caracterizado pela aplicacao generalizada dos motores e10tricos e a com―

bustaO a tOdOs Os ramos da indistria Essa foi a onda longa da segunda revolucaotecno16gica;26

-― o longo perlodo iniciado na Amこ rica do Norte em 1940 e nos OutrOs patesirnperialistas em 1945/48, caracterizado pe10 cOntrole generalizado das maquinaspor meio de apaκ lhagem eletめ nica(bem cOmo pela gradualintrOducaO da cner_gia nuclear).Essa fOi a onda longa da terceira revolucao tecn016」 ca.

Cada um desses iOngos per10dOs pode ser subdi宙 dido em duas partes: umafase inicial, em quc a tecnologia passa efetivamente por uma revolucao, e durante

a quJ devem scr cnadOs Os bcas de p電話ls:す■ 潔 雷I:慇Ъr留 糞 劇 trninares dos novos melos de producaO E

lucrOs ampliada, acurnulaca~o acelerada, crescirnento acelerado, autO― expansao ace―lerada dO capital anteriollHente ocioso e desva10Hzacao acelerada do capital antes

investido nO Departamento l, mas agora tecnicamente obsoleto Essa fase inicial da

lugar a uma segunda,cm que i6 oCOrreu a transfomacao real na tecnologia produ―

脚 磯

寡 飾 聾 鸞 [驚 醐 鸞 [鸞indistria e da econOrnia Assirn se dissolve a forca que determinou a expansdO re―pentina, em grandes saltos, da acumulacaO dO capital no Departamento I;em cOn―

sequoncia, cssa fase se toma caracterizada por lucros em declfnlo,acumulaca~o gra―

datiυarnenre desacelerada, crescirnento econOrnico desacelerado, dificuldades cadavez inaiores para a valonzacaO dO capital total acumulado― ―e cm particular do no―vo capital adicionalrnente acumulado__ e o aumento gradativO, auto― reprodutor,no capital postO ern ociosidadc.27

De acordo com esse csquema, quc cobre as fases sucessivas de crescirnentoaceleradO ato 1823, de crescirnento desacelerado entre 1824/47, de crescirnento

轍 欝悪雉 露F蠅 笥榊:掛柵 競 l莉

阻 案譜'l鳥

織 盤nttnttFl:廿乳ia漱粘'∬き筋:跡ltteia‖‰::F拙臨i癬庫●面レam∝ 蜆面∝セrm∝ ゃiman Segun“ eセКtta淵1蹴紹調算:品

l躙:3」竃爵増響誦鋼:utllzada de “segunda e terceira revolucao industnal'' Ao fそ

anteio●nente

atts:3譜 ,「I『漁 [満 書 き珊 臨 正 ど 蹴 」lduS壼

ゴ'FRIEDMANN,Ge∝ ge“ S“d¨e du T●嘲 dTraltt de Sociologie d“ Traυoil Pans,1961 p 68

lξ霊で 調 蠍 甘 職 昴州 :L」1:T割趣 露 ξF=縄 :∫覗 :J畿 |お鷺 篤y奮

=糀蹴 躙 ゝ∬ 靡

mo mais lento, de 31,4 bilhoes atё 53,6 bllhoes Em seguida o valor pennaneceu quase constante durante 18 anosIa"s a Grande Depres壺 o,o montanセ de 53 bilh5es s6 foi aingldo em 1945,ocorrendo uma leve queda em 1946Em 1947 a cifra ainda era de apenas 54,9 bilhoes,s6em 1948 ё que serla inalmente ultapassado o ponto culminan―te de 1929,com 63,3 bilhOes de d61ares TOdavia, no mesmo perfodo,os atvos bancarlos aumentaram de 72 bilhoesde d61ares em 1929 para 162 bilhOes em 1945, e os atvos das companhias de seguros de vlda subiram de 17.5 bl‐lhOes para quase 45 bilh6es Ou sela, com uma desva10nzacao do d61ar de aproximadamente 30%, o aumento ainda

樫鳥 :‰ 獅 ]機搬 fttS#:∬誌 :h「 脱 :Tでど う∬ 』紛 席・

S US Depanamem d cOmmeκ e Lon多■m

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“ONDAS LONGAS"NA HISTORIA DO CAPITALISM0 85

accleradO entre 1848/73, de crescirnento desacelerado entre 1874/93, de cresci_

∬ ltts艦辮 :£鵬 :靴 :鶴 仇 Tl棚 出 鱚 Qξ:「:認 糟 Tgunda fase da ``10nga onda" iniciada pela Segunda Guerra Mundial, caracterizadapor uma acumulacaO desacelerada de capital. A sucessao mais rapida de recessδes

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鷺」畷::粘is龍/辞寵幌」譜9]ぅ粥

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雷:距剤T霧壼sdЯttl■翼鶴器::r鳳嵩」Ψ詣乱ndm meca‖ _

熙 T∬盤譜綸iふ 雷霞:ξ&:晶」`蹴

撫i説

こり棚sf籠ふξtmais curtas e mais superficiais as cnses crclicas de superproducaO. Inversamente,

置 精留 糊 ‰:官ょ品 隠 螺 電C umaセ ndttda a d"n∝aQ∝ 画 02 rnais passageiros, enquanto Os perlodos

das crises crclicas de superproducaO seraO mais 10ngos e mais profundos A “ondalonga" o cOncebivel unicamente como o resultado dessas lutuac6es crchcas, c ia―

聰 慰 亨 横 首穏 恥 肇

蹴 留 吼 ξ誡絆楓 t“a

nder Helphand(Parvus).30 Atravos de um

織 詰 職 調 寵 ∴ 脚 il認

驚 響 勤 難

椰tinha atriburdO tamanha importancia,31 de

nova fase ascendente de longa duracao.num artigo quc aparcccu no Sachsische Arbeitezcitung em 1896, e depOis elabo―rou― a mais dctalhadamente cm uma brochura pubhcada ern 1901,Dic Handelsた ガーsc und dic Cewerた chaFen 32 3aseando― se num ttecho bem cOnhecido de Marx,33Parvus utilzou a idё ia de um perlodO de S,urrn und Drang do capital para fornecerum quadro de referencia conceitual para as ``ondas iongas'' de expansaO seguidaspor ondas longas de ``depressao econornica". O deteminante desse mOvirnentoondulat6rio a longo prazo era, para Parvus, a ampliacao dO mercado mundial apartir de mudancas quc estavam``ocorrendo em todas as areas da ecOnOmia capi

talista__na tecnologia,no mercado financeiro,no comё rcio,nas co16nias"__e es―tavam elevandO “O cottuntO da producao mundial ato uma base nOva c muitomais abrangente".34 EIc nao Ofereceu dadOs estatrsticos cm apoio de sua tese,c cO_

meteu graves erros em sua penodizaca0 35 Apesar disso, entretanto, seu delinea―

mento pcIInanece como um brilhante esfOrco dc um pensador marxista dotadO de

l肌1:ぽ滉胤

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86 ``oNDAS LONGAS''NA HISTORIA DO CAPITALISMO

uma percepcao incOmumente aguda,cmbOra fosse, tarnbOm,indisciplinada c incOn―sequente.36

Passariarn mais de dez anos antes que essa fOrtil idOia dc Parvus― ―que con―quistou o louvor imediato de Kautskプ 7_fosse novamente retomada,desm vez

pelo marxista holandes」 .van Gelderen.38 Em 1913,sob o pseudOnirno de J.Fed―der,ele publicou uma sOrie de ttOs artigos no peri6dico da``esquerda" holandesa,De Nicuwe町こ em que,tomando como ponto de partida as altas de pre9os venl―caveis por toda parte nos paises capitalistas,consttulu uma hip6tese de``ondas lon―gas'' para a hist6na do capitalismo desde meados do sOculo XIX.Esses artigos,que receberam demasiado pouca atencao na literatura marxlsta atO o momento,colocaram o problema,em seu coniuntO,num nivel qualitaivamente muito maiselevadO dO que o das tentativas anteriores, dc Parvus ou Kautsky. Van GelderennaO apenas tentou reunir evidencia emprrica em apolo a sua tese,e seguir rninuc10-

samente o movlrnento de pre9os, o comOrCio extenor, a producao e a capacidadeproduiva ern diversas esferas,bem como os mo宙 mentos da taxa bancaria,da acu_mulacao de capital e da fundacao de fimas c assirn por diante;39 ele pretendeutarnbё m explicar o movirnento ondulabrio a longo prazo do mOdO de prOducaocapitalista, c ao faze-10 partiu,ao conttario dc PaA7uS,naO da ampliacao dO merca_

do,mas da ampliacao da prOducao:

“A condi95o prを via para a gOnese de uma marё montante na ccononlia capita―lista40 c uma ampliacao da prOducao, saa espontanea Ou gradaiva. Isso cna uma de―manda de outros produtos, indiretarnente sempre pelos produtos das indnstrias fab● ―

cantes de melos de prOduc5o,bem como pelas matCnas―primas.A natureza da deman―

da gerada pela extens5o da produ95o¨ pode apresentar as seguintes formas basicas:

1)Mediante a recuperagao de regiё es escassamente povoadas Nessas areas a agi―cultura ou a criacao propOrcionam aos habitantes produtos exportaveis com Os quaispodem pagar os utensllos de que precisam Estes■ ltimosぬ o de duas esplciesi bensde consumo de massa,basicamente manufaturas,e materiais para producao__maqui_nas, compOnentes para ferrovias e outras modalidades de comunicagao, materiais pa―ra construgao. O aumento nos pre9os decorrente dessa demanda difunde― se de unl ra_

mo de producao para OutrO

2)AtravOs da ascenぬ o bastante repentina de um ramo de producao, que passa a seencontrar numa pos19ao mais forte do que antes para salisfazer deteminada necessida―

de humana(indiStria cに 饉ca,indisma autOmobilisica)O efeito disso ё o mesmo,nu―ma escala rnais reduzida,que o do caso anterior''41

A conclusao a que chegou Van Gelderen a partir dessa analise__independen―

36 Entre outras coisas Parvus fOl,juntamente com Trotsky,o chador da teona da revolucao perlnanente aplicada a R`s―

sla, que, enn opost9ao as Oplni6es de todos os outros mandstas russos, preυ iu a constltu19ao de um govemo de Opera―五os como resultado da Revolucao Russa que se apro対 mava Mas,enquanto Parvus imaglnava um govemo sodal― de―

mocrata segundo o padrao australiano(lstO ё, um govemo que perrnanecena dentrO dO quadro de referOncia do m。 ‐

do de produc5o capitalista),desde 1906 Trotsky era de oplni5o quc a Revolu95o Russa conduzlna a ditadura dO prOle―taiado,apoiado pelos camponeses pobres37 KAUTSKY,Kari ``KnsentheOnen'' In:Dic Neue Zcit v XX 1901-1902 p 13738 simultaneamente a Van Gelderen――e de maneira independente em relacao a ele_― ,Albert Aftalion`Lo Cお‐ Pι‐

"ο

di9υ

“de Suprodu,on,, M Tugan-3aranovsky(na edic5o francesa de seu Sttldien zur Theo"e und G(schichた der

Hondし‖『

おen in Englondl,」 Lescure rD“ Cns‐ Gι neraた澪et POiodi9u“ de SuprOdu“ on,e w ParetO(em 1913)mencionaram brevemente o problema das“ ondas longas'',mas arnaS de fOrrna fragrnenttna e sem se apro対 mar se‐quer do alcance da an61ise de Van Gelderen (Ver,a esse respeito,WEINSTOCK,Ul● ch Das Problem der Kondm‐

'晰Zノ‖en Benim e Munique,1964p20-22)Em consequOncia,naoこ necoss`五 o anahsa los no presente trabalho

39 FEDDER,」 ``Spnn31oed‐ Beschouwlngen over industteele onmikkeling en pnlsbewegng'' In:De Nieuω ●[、 N°4,5,6 Ab●1,Maio,」 unho,v 18,1913∞Van Celderen chama a“ onda longa''expanslva de sp"ngυ loed(maぃうrnOntante),ca``。 nda longa"recessiva de ma‐

rO vazante41 FEDDER,」 Op cit,p447`И 8

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``ONDAS LONGAS''NA HISTORIA DO CAPITALISM0 87

temente dc Kautsky,que follllulou algo simiar na mesma ёpoca42_foi de queuma ``onda longa" em expansao o tipicamente precedida por um aumento cOnsi―deravei na producao de ourO.“ RecOnhecidamente, sua cxplicacao ressentia― se deum acentuado dualismo, pois as “marOs montantes" eram atriburdas tanto aexpansao do mercado mundial quanto ao desenvolvimento de novos ramos deproducao. Mais ainda,cle deixou de compreender quc o problema dos investimen―

tos em capital adiclonal n5o pode ser reduzido a prOducao de materiaF rnonetario

(lsto O, a prOducaO de Ouro), maS constitui um problema de producaO adiciOnal eacumulagao de mais― υaria. No entanto, n5o se pode e対 gir de um ploneiro― ― enaO ha dividas de que o trabalho de Van Gelderen tinha um carater p10neiro__quc ele fomeca ininterruptarnente respostas satisfabrias a todos os aspectos de um

complexo de problemas recCm― descobertO. Das elaborac6es posteriores da teoriade``ondas iOngas"nos anos 20 e 30-― de Kondratieff a Schumpeter e Dupriez__praticamente nenhuma foi alё m das idOias desenvolvidas por Van Gelderen. A in―suficiencia dO material estatistico a seu dispor nao dirninui o ploncirismo de suacOnmbulcaO. ulrich Weinstock se cquivoca ao acusa-10 de chegar ao ``estabeleci―

mento de uma peculiar mudanca de ritmo em todas as esferas da atividade ecOnO―rnica" a partir dc evidencia referente a uns meros 60 anOs, c ao afirmar quc esta

deveria ser``imediatamente reicitada''.44 0 quC esE cm iOgo naO o O problema fOr―mal da suficiencia Ou insuiciencia dOs dados de Van Celderen; a quest50 rea1 0 a

correcao ou incOrrecao da hip6tese de trabalho de Van Gelderen, a luz dos dadosatualrnente a nossa dispOsic5o. Weinstock deixa de aplicar esse teste, e por isso

n5o conseguc apreciar a qualdade antecipat6ria do ttabalho de Van(3elderen.

A Primeira Guerra Mundial rnal tinha tellHinado quando,no iOvem Estado sO―viOtico, pensadores cOmecaram a sc envolver profundamente com a questao das``ondas longas'' N.D.Kondraieff, cx― 宙ce―ministro da Alimentacao nO GovemOProvis6rio de Kerensky, estava interessado no problema desde 1919, c em 1920fundou o lnstituto de Moscou para Pcsquisa Coniuntural rKonillnttumy lnstiruり

,

que comecou a coligir material para sua pる pria``teoria das ondas longas".45 Lcon

Trotsky, quc estava trabalhando nO prOblema do desenvol宙 rnento do capitalismono p6s‐gucrra comparado ao seu desenvOlvimento anterior a 1914,tambom explo―rou esse complexo de problemas__embora provavelrnente sem conhecirnento dotrabalho de Van Celderen,“ que sofria a desvantagem de ser escrito nurn idiOmaacessfvel a pOucos marxistas e cconomistas. Em seu famoso infome sobre a situa―

caO Inundial no Terceiro Congresso da lnternacional Comunista,Trotsky dedaroua prop6sito da qucsぬ o das ondaslongas:

“Em ianeirO deste ano,o■ m“ de Londres pubhcou uma tabela cob五 ndo um perio―do de 138 anos_― da guerra de independencia das tre2e C010nias ame●canas atё nos―

sa pr6pria Cpoca. Nesse perlodo manifestaram― se 16 ciclos,isto O, 16 crises e 16 fasesde prospendade se analisarmos mais atentaFnente a curva de desenvolvimento, veri―icaremos quc ela se di、 パde em 5 segmentos, 5 perlodos diferentes e distintos. De

42 KAUTSKY, Karl “Dle Wandlungen der GoldprOdukton und der wechseinde Charaktor der Touerung'' Suplemen‐to a Dl● Neu● Zelt N° 16, 1912-1913 Stuttgalt,24 de janeiro de 1913 Na pagna 20 desse ensaio Kautsky explicaas oscilacOes ascendentes e descendentes de precos a longo prazo, nos periodos 181,49, 1850/73, 187″ 96 e

∫:こ器設,デザTΨ温暇留』畷鍬乱ξ:1‖温he,aeゃ噴50 pan“ “ond“ bng""bmω daamJ―

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46 KOndrateff,pe10 menos,alrma que naO unha cOnheclrnento do trabalho de Van Gelderen quando escreveu seus ar‐

igos em russo em 192225 e seu famoso ensaio em alemao de 1926,“ Dle langen Wellen der Konlunktur',in:Archiυ

ルr sOziabisenschttl und Sο Cialpol餞た v 56,n° 3,dezembro do 1926,p 599 ctseqs N5o ha moivos para p6r emd`vida a validade dessa airrna95o

Page 88: Capitalismo Tardio - MANDEL

88 “oNDAS LONGAS''NA HISTORIA DO CAPITALISMO

1781 a 1851 o desenvolvimento l `bastante vagaroso', praticamente nao ha nenhummournento observavel; descObrimos que ao longo de 70 anos o comorclo exterior ele―va―se apenas de 2 hbras para 5 hbras per capita. Ap6s a Revolucao de 1848, queatuou no senido de ampliar O quadro de referencia dO mercado curopeu, chega‐ se aum ponto de innexao De 1851 a 1873 a cuⅣ a de desenvol宙rnento eleva― se abrupta―

mente Em 22 anos o comlrcio exterior sobe de 5 1ibras para 21 libras per capl,α, en‐quanto a quantidade de ferro aumenta,no mesmo perrodO,de 4,5 kg a 13 kg percapi‐

ta.En●o,de 1873 em diante,ocorre um lpoca de depressao De 1873 att aprO対 ma‐

damente 1894 observamos estagnacao nO cOmOrclo ingles.… ha uma queda de 21 11-bras para 17 1ibras e 4 xelins no decorrer de 22 anos.Vem a seguir outra fase de pros―pendade,que se prolonga at0 1913-― o comerCiO exterior cresce de 17 1ibras at1 30 11-

bras. Finalrnente, no ano de 1914, comeca o quinto perFodo― ―O perfodo da desttui―

caO da ecOnOmia capitalista De que maneira as lutuagOes clclicas se combinam aosmo宙mentos p● maHos da curva dO desenvol宙 mentO capitalista?Muito simplesmente.Em perfodos de desenvolvimento capitalista as crises sao breves e de cardter superfi―

cial, enquanto as fases de prosperidade tem longa dura95o e alcance profundo. Nosperfodos de declFnio capitalista, as crises ttm um carater pr。 10ngado enquanto as fasesprosperas sao efemeras,supemciais e especulativas''47

Trotsky abordou a seguir o perfodo de Stu′ ′ri und Drang do capital ap6s 1850-― numa cvidente referencia a PaⅣus, seu antigo companheiro48 __ e COncluiucom duas predic6esi em primeiro lugar,que a curto pra20 Certo movirnento ascen―

dente do capitalismo naO s6 era econornicamente poss"el mas inevitavel, emboracssa ascens5o fosse cuHa c de maneira alguma frustrasse a oportunidadc hist6ricadc uma revolucao sOcialista na Europa.Ern segundo lugar,que a longo prazo, ``de―pois de 2 ou 3 dOcadas'', sc a ati宙dade revolucionaria da classc operana da Euro‐pa、Лesse a sofrer urn retrocesso duradouro, havia a possibilidade de uma nova ex‐pansaO dO capitalismo.49 Nos meses seguintes Trotsky retomou de passagem aomesmo problema por varias Ocasi6es,50 rnaS fol a partir do aparecirnento do primel―ro trabalho de Kondratieff quc ele sc envolveu mais uma vez com o assunto, nocontexto de uma carta ao corpo editorial de Viω tniた Soお ialisォichcskoi Aた odemii.

Nessa.carta ele reafiIIHou sua con宙 ccao dc quc, alё m dos ciclos industriais “nor―

mais", havia perfodos mais extensos na hist6ria do capitalismO quc eram de gran―

de impoHancia para a compreensao do desenvolvirnento a longo prazo do mOdOde producao capitalista.

“Esse l o esquema,em hnhas gerais Observamos na HistOria que os ciclos homoge―neos se agrupam em sё Hes E対stem Opocas inteiras do desenvol宙 mento capitalista em

que diversos ciclos sao caracteJttados por fases de prospendade nitdamente dchnea_

das e crises fracas e de curta dura95o Em resultado, temOs unl mo宙 rnento em eleva―

caO acentuada na curva basica dO desenvolvirnento capitalista Ocorrem periodos deestagnacao em que essa cuⅣ a, embora passando por osclacoes cFclicas parciais, per‐

manece apro対 madamente no mesmo n"el durante dCcadas Finalmente,durante cer―tos perrodos hist6ricos a curva basica, ainda quc experimentando como sempre oscila―

47 TROTSKY “Report on the World Economic Cisis and the New Tasks of the Communist intematOnar' SegundaSes通o do Terceiro Congresso da lntemacional Comunista,23 de junho de 1921 1ni TROTSKY,Leon The flぉ ι Fiυeyeα7S Orthe CommunlstFntemα

"onα

′Nova York,1945 v l,p20148 fbid,p20749 fbid,p211∞TROTSKY “日ood‐ Tlde――the Economic Conluncture and the World Labour Movement'' In:Praυ da,25 de dezem‐bro de 1921 Republicado em TROTSKY The Flys,Flυ

`Yιo7sげ the cOminた m Nova York, 1953, p 79-84:

TROTSKY “Report on the nfth Anniversaヮ of the October Revoluton and the FOurth WOrld Congress of the Com―munistlntematonar'(20 de outubro de 1922),ibid p 198-200

Page 89: Capitalismo Tardio - MANDEL

“ONDAS LONGAS''NA HISTORIA DOCAPrrALISM0 89

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麟em qualquer investigacao consequente tccos e sociais. Tal era a substancia de sua

dratieff,53 cuia prOVa da c対 stencia de `10ngos ciclos'' estava baseada em materialpuramente cstatttico:

“Em seguida ao Terceiro Congr(る so Mundial do Comintern,o Professor Kondratieffabordou esse problema ―_ cOmo de habitO, fugindo diligentemente a fomulacaO dOproblema adotada pelo pr6prio Congresso― ―e tentou justapor aO cOnceito do `cic10

島 躍 響 ]鷲 癬 :義薄 ittl£謂 器 鯉 よL織 ∬ 臨 織 蟹L

isiste em cerca de cinco ciclos econOmicos me―nores――e alёm disso, metade se apresenta como fases de prosperidade e metade co‐mo crises,com todos Os esttgos de trans195o neces“ rios As deterrnina96es estatist―cas dos ciclos maiores compladas por Kondratieff devenam ser submetidas a uma veri‐ficacao cuidadOsa e nao demasiado credula,tanto em relacaO a paises isolados quantono que se refere ao mercado mundial como um todO E possivel refutar de antemac atentativa do PrOfessOr Kondrateff de revestir lpocas por ele rotuladas de `cic10s ma10_

res'com o mesmissimo`五ho ngidamente ordeiro'que C ve● 1(五vei nos ciclos meno―res;trata― se de uma generaliza95o evidentemente falsa,a pa壼 r de uma analogia for‐mal. A reapaFicaO peri6dica dos ciclos menores C condiclonada pela dinamica internadas forcas capitalistas e se manifesta,sempre e por toda parte,desde que o mercadopasse a c対stir. No que se refere aos longos settentos da curva de desenvol宙 rnento

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締li搬顧31驚Derta de novos recursos naturais e, na esteira

de tudo issO, alguns fatos importantes de ordem `superesttumral', tais como guerras e

revolucё es, deteminam o carater e a s墨

臓 ]8:de op°Cas ascendentes, de estagnacao

ou declinantes do desenv。 1宙rnentO capital

Segundo George Gaり ,esse texto mosta que,cmbora Trotsky aceitasse ae対stencia de nutua96es a longo prazo, cle negava quc as mesmas tivessem caratercrclic。 .55 Essa宙 sao n5o o muito precisa,a menos que reduzamos tOdo O quadro auma disputa sern sentido quantO as diferencas semanticas entre ciclos, ``Ondas lon‐gas", ``10ngos perrodos'' c “grandes segmentos da curva de desenvOlvimento capi‐talista".TrOtsky apresentou dois argumentos centrais contra a tese de Kondratieff.

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90 “ONDAS LONGAS''NA HISTORA DO CAPITALISMO

Em primeiro lugar, quc a analogia entre ``ondas longas'' c ``CiC10s'' classicos ё fal―sa, isto ё, quc as ondas longas nao saO dOtadas da mesma ``necessidade natural''dos ciclos classicOs. Em segundo lugar, que os ciclos classicOs podem ser explica―

dos exclusivamente enl tellllos da dinamica intema do mOdO de producaO capitalis―ta, cnquanto a exphcacaO das Ondas longas requcr ``um estudo mais cOncretO dacurva capitalista e da inter― relac5o cnte esta■ ltima c todos os aspectos da vida so―

cial''.56 Em outras palavras, Trotsky contestou uma teoria monocausal das ``Ondas

longas" cOnstrurda pOr analogia com a cxplica95o de Marx sObre os cic10s classi^cos,bascada na renovacao do capitalfixo.

Essas duas crf● cas――quc eram partilhadas por muitos econornistas soviё ticos

nos anos 2057__pOdem ser plenamente cndossadas. Se tiverrnos definidO as``On―das longas" como ondas longas da acumulacao acelerada e desacelerada, detelllll―nadas por ondas longas no aumento e decifnlo da taxa de lucros, tOma― se claroque esse aumento e declrniO naO o detellHinado por um inico fator, mas deve ser

explicado por toda uma sё rie de mudancas sOCiais,nas quais os fatores listados porTrotsky desempenharn papel importante A tabela seguinte audara a esclarecer es―

se ponto.(Verp 92-93.)Urna vez estabelecido quc as cuⅣ as ascendente e descendente de uma ``Onda

longa" sao detellHinadas pelo entrecruzamento de fatores muito diversos, c que Se

enfatizou quc essas ``ondas longas" nao pOssuem a mesma periOdicidadc embuti‐da dOs cic10s c16ssicos no modO de producaO capitalista, naO ha raz6es para negar

a sua rntima conexao ao mecanismo central, que por sua propria natureza cOnstitui

uma cxpressao sintotica de rodas as mudancas a quc esta pellHanentemente sttel―to o capitali as nutuac6es na taxa de lucros.58

Na mesma Opoca quc Kondratieff,rnas senl relacaO cOm ele,o marxlsta holan―dOs Sam De WOlff tentou aprimorar estatsicamente as teses de Van Gelderen,en―tre outtos aspectos ao recorrer a sOries numOricas``decicladas''.No prOcessO,entre―

tanto, ele repetiu em grau ainda malor o erro dc Kondratieff, jd apontado porTrotsky, de estabelecer uma analogia foHHal com os ciclos classicos, ao pressupor

uma``regularidadc absoluta''para os``ciclos longos''一 -2,5``ciclos classicOs por ci―

clo longo". De VVolff atribuiu duragao rr`」 da as duas modalidades de cic10, cmbOra

lulgaSSe quc a duracao dO ``ciclo classicO'' lria gradativamente dirninuir de 10 para9,e depois para 8 e rnesmo para 7 anos.59 sua andlise,claborada ern 1924,foi do―

rninada pe10 desenvol宙 rnento dos pre9os e da producaO dc OurO, e dessa maneirana0 0fereceu explicacaO para as “ondas longas'', situando― se portanto aquё m daexpos195o de Van Gelderen.Num trabalho quc apareceu em 1929,60 ele recOnheci―damente forrlece esse tipo de explanacao, em hnhas sirnlares a de Kondralieff,ba―

seadO na reconstituicaO dO capital ixo de malor duracao― ― cOnstruc6es, fabricasde gas,rnatenal rOdante, canalizac6es,cabos condutores e submannOs e assirn pordiante.Uma rrgida analogia com a cxplicacao de Marx acerca dos “cic10s cldssl―

難 鱗撫鰤馘 鰹l露鸞』職孵辟i誰曇:欝程滅lttrttI駕冊‰珊器脱ふ:胤ile助"

den'' In:」ENSSEN,Ott。 (Ed)Der tebendlge Marlsmus」ena,1924 p 30,38-39ω DE WOLFF,Sam Het Ecο nο rnなch get,Amsterdam.1929p416419

Page 91: Capitalismo Tardio - MANDEL

“ONDAS LONGAS"NA HISTORIA DO CAPITALISM0 91

COS'' fOi rnais uma vez reivindicada;sua validade iamais foi verificada empiricamen―

te.61

A famosa tentativa de Kondratieff para isolar e definir as ``ondas longas"62 foi

mais tarde considerada por Schumpeter como “a" explicacao par eК cl′ence doslongos perfodos. Em sua primeira apresentacao amadurecida,63 entretanto,Kondra―tieff ainda hesitava de um lado para outro entre diferentes espOcies de explicacao.

Ele conseⅣ ou a ldOia de que``perfodos de renuxo"das ondas longas eranl caracte―rizados por severas depress6es agrrcolas, enquanto os aspectos trpicos dos `longosperlodos de osclacao ascendente" incluram a aplicacao de inameras descobertas e

inven90es que datavam da fase anterior, bem como uma aceleracao da extracaode ouro e grandes convuls6es sociais, inclusive guerras. Em referencia direta (mas

naO adnlitida)a critica de Trotsky, Kondratieff polemizou contra a consideracao

“essencial", mas nao “absOlutarnente estanque", de quc as “ondas longas", aoconttario das de mOdia duracaO, fOssem ``determinadas por circunsttncias fortuitas

e cventos externos", ``pOr eXemplo por mudancas tecno16gicas, guerras e revolu―

90es, integracao de nOvos paFses na cconomia mundial e nutua96es na cxtracaodo ouЮ ''.64 TaiS fatores,enfatzados por ele mesmo,foram declarados cル itOs e

naO causasi o movimento rrtmicO desses fatores,cuia inluoncia ele absolutamentenaO negOu, foi consideradO cOmo explicavel unicamente pelas lutuac6es a longoprazo do desenvol宙 rnento econOmico. Assim, por exemplo, Kondratieff argumen―tou no sentido de que nao ё ``a incorporacaO de nOvas regiOes(que da)rmpeto aascens5o de ondas longas na econornia, mas,ao contranO,uma nova oscila95o as―cendente quc, ao acelerar o ritrno da dinamica cconOrnica dos paFses capitalistas,

torna possivel e necessaria a cxploracao de nOvos parscs e novos mercados paravendas e matё rias‐primas''.“

Isso,por si s6,nao fOmecia ainda uma cxplicacao das``Ondas longas";esta vl―ria dois anOs depois,no segundo ensalo em alemaO de Kondratieff.66 sua eXplana―

9aO era fundamentalmente bascada na longevidade dos “grandes investimentos",

nas lutuac6es da atividade de poupanca, na ociosidade do capital rnoneね rio(capl―

tal de emprostimo)e nas consequOncias da continuidade de um baixo nfvel de pre―

9os durante longo perfodo:

“Tais bens igrandes investimentos, aperfe19oamentos, organizac6es de trabalho qua‐lificado e assirn por diantel tto aptos para utilizacao a longo pra20. Sua consttu95o ouproducao requer perlodos mais ou menos longos, que se estendem a10m da duracaodos ciclos comerciais e indusMais ordinariOs. O processo de ampliacao da reserva des―

ses bens de capital nao O cOntinuo nem regular A e対 stencia das ondas econOnllcaslongas estt ligada precisamente ao mecanismo de amphac5o dessa reserva; o periodo

61 Assim,os ciclos de consm゛ 。。u cOnstruφ o e tansporte percebidos por isard,Rlgdeman,Al宙 n Hansen e outtosnos Estados Unidos ttm uma dura゛ omを出a de apenas 17-18 anos,e n5o 38 como De Wolffsu"s(VerISARD,Wal―ter ``A neglected cycle:the transport buildlng cycle'' in:Reυ ieto or Eco●omic Statlstics 1942,v 34,republicado emHANSEN e CLEMENCE Readings in Busin‐ Cycたs and Na"ο nα llncοme Londres,1953 p 467,469)Para o ci―do de consm゛。_frequentemente denominado“ ciclo de Kuznets"― nos Estados Unidos,ver KUZNETS,SimonLοng Terrn Chang“ in Nα ,OnoIIncomeげ 出e Un″ed Statt since 1869 Cambndge,Estados Unidos,1952 Para a h―gacaO● (em parte)o sentdo contrano dOs ciclos ameicano e ingles de cOnsmcaも , ver os ensaios reunidos em ALD―CROF「 ,Derek e FEARON,Pcter(Eds)371tlSh Ecο nο rnic Fluluations 1 790 1939 Londres,197262 KONDRATIEFF,ND“ Dle langen Wellen der Konlunktur''

“PrOvavelrnente sob a inluancla das critlcas de TrOtsky e de outros mar● stas russos Kondrateff substlt,iu o conceito

de``dclos longos"pelo de``ondas longas"em 1926 Mas,substancialmente,suas“ ondas''壺。ldentlcas a ciclos64 KONDRATIEFF Op cit,p593

“fbid,p593

66 KONDMTIEFF Dic P“ おdソnamik der industre〃 en υnd landltli"schaFliChen wα″n`Zum PrObセ m derに la,υοnDノ namiた ●nd Ko可 untturl,refendo antenonnente

Page 92: Capitalismo Tardio - MANDEL

92 “ONDAS LONGAS"NA HISTORIA DO CAP「 ALISMO

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94 “oNDAS LONGAS''NA HISTORIA DO CAPITALiSMO

de sua expansao acelerada coincide com a onda ascendente, enquant0 0 peFrOdO emque a produc5o desses bens de capital se enfraquece ou pemanece estagnada coinci_

de com a Onda descendente do grande ciclo A produ95o dessa mOdalidade de bensde∞,日 necetta de ttsb d叩 い出o,7誂

:&lT:r詣胤猟鴨誂∫L』霧relativamente grande A manifesta9ao d(de capitat iSt0 0,perfodos de Ondas longas ascendentes,deponde portanto de uma so_rie de cond190es prё vias.Tais condi9oes sao as seguintes: 1)alta intensidade da at宙 da―

de de pOupanca; 2)sup● mentO relativamente abundante e baratO de capital de em―prOstimoi 3)sua acumulacao nas maOs de empresas poderosas e centros inanceiros;4)baixo nivei nos pre9os de mercadorias,o que age como estFmulo a pOupanca e aosinvestimentos de capital a longo prazO A presenca dessas prё ―cond19oes cna uma si_tuacaO que mais cedo ou mais tarde conduzird a um acrOsciFnO na prOducao de espC―de de bens bascOs de ca,ta mendonり a adma,e consoque■ 9mente a irrup9aO d9uma longa onda economica ascendente"|

Depois dc aparenternente ter oferecido, dessa maneira, uma explicacao cOmpletadas ``ondas longas", Kondratieff passa a uma investigacaO dOs diferentes ritrnosem que se desenvolve a produtividade modia do trabalho na agncultura e na indis―饉a,chegando a conclusaO de que``O aumento no poder de cOmpra dos bens agrf―colas", detellllinado pelo retardamento da prOduti宙 dade do trabalhO agrrcOla, cmiltima analise da impulso as``Ondas longas'',uma vez que por esse melo O acelera―

da a demanda de tOdas as rnercadorias.68

Ap■5priaたplica de Kondratieff a seus crficos aplica― se igualrnente bem as cin―co relac6es causais por ele listadas: ele nao prOvOu absolutarnente que se tratem

de causas e n5o de efeitos. A disttncia crescente entre a oferta c a demanda debens agrFcolas nas``ondas longas"dc expansao atO a Primeira(3uerra Mundial po―de perfeitamente ser considerada mais como um efeito do que cOmo uma causada cxpansao geral: O crescente nivel de emprego c a producao industrial em am‐phacaO criam de fato uma demanda de tal generO, pois a producaO agrana o me_

nos e16stica quc a industrial.69 No cntanto,se houvesse um aumento nos precos de

maセ rias―primas agricolas c gOneros alimenticios, deveriam ser investigados seusefeitOs nao apenas sobre a demanda, rnas tambёrn sobre a taxa de lucros. Kondra―tieff dcixOu de realizar essa segunda investiga95o, e, assinl, nao cOnseguiu cxplicar

por quc o ``poder de compra em declinlo das mercadorias industriais" naO sufOca

rapidamente a cxpans5oO capital monetanO Ocioso(capital de emprosumO)o uma caracterisica de to―

das as cnses;por quc esse capital penllanece ocioso por longOs perrodos__apesarda reduzida taxa de jurOs― ―em lugar de ser investido produtivamente?A mesmapergunta se aplica a um aumento na ati宙dade de poupanga e a crescente concen―tracaO de capitat que mais podenam ser descritos como constantes dO desenvolvi―mento capitalsta(cOm breves interrupc6e,no auge de sucessivas fases de prOsperi‐

dadC)do que comO variaveis.70 MaiS ainda, nO quc se refere a``bens de capital de

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Page 95: Capitalismo Tardio - MANDEL

“ONDAS LONGAS''NAHISTORIA DOCAPITALISM0 95

longa vida'',71 aplica― sc a obiccaO ja fena as teses dmiares de Sam De WOlfi“bens de capitar'com uma、Лda produtiva de 40 a 50 anOs desempenham somen―te uma funcaO marginai no capitalismo Se os melos de producaO em pauta tive―rem uma duracao de宙 da mais curta do quc esta, urn ciclo de 40 ou 50 anOs naOpodera prOvOcar nenhunl “efeito dc eco". Os movirnentos ascendente e descen―dente dO capital em ociosidade e do capital produtivamente investido deveraO nes_

se caso restringir―se fundamentalmente ao ciclo de dez anos. Ao excluir de sua ar―gumentagao duas detellllinantes cruciais― ―as lutuacOcs a longo prazo na taxa mё ―

dia de lucros c a inluOncia das revolucOcs tecno16gicas sobre O v01ume c o va10rdo capital fixo renovado― ―, o pr6prio Kondratieff fechou o carninho para a solu―

9aO dO prOblema quc havia lovantado A base metodo16gica dos erros cometidospor Kondratieff ao elaborar uma exphcac5o das ``ondas longas'' pode ser atriburda

a sua cxagerada FiXacaο nas/1utuacOes de pκ gos e na and′ おθ insuricientte das Jlu―ナυagOcs na produca‐ o indusrriar e no crescirη ento da prOdutiυ icfadc Em altima andli―

se,esses aspectos podern remontar a sua racicao,ou re宙s5o,da teOria de Marx sO_bre o valor e o dinheirO.

Joseph Schumpeter, responsavel pelo mais exaustivo tratarnento das “Ondaslongas na cconomia'',72 tentOu evitar esses enganos Partindo dO sua pr6pria teoriageral do desenvolvirnento capitalista, jd elaborada73 quando Kondratieff chamou

sua atencao para as ``ondas longas'', ele desenvolveu um conceito dc ``Ondas 10n―gas" baseado na ``ati宙 dade inovadora dos empresanos'', isto C, em harmonia comsua teona g10bal do capitalismo Procurou tambOm dar malor impOrtancia as soricsde prOducao quc as sё ries de pre,os, embora pare9a ter falhado empiricamente aesse respoito 74 Alё m disso, o prOblema de saber por que motivo as inovac6es saointroduzidas ern escala macica(``ern enxames")em detCIIllinados perlodOs nao pO_de ser satisfatoriamente resolvido sern um tratamento mais minucioso1 1)do papelda tecn010gia produtiva;2)das lutuac6es a longo prazo na raxa dc lucrOs. Precisa―

mente csses dois fatores sao exp10rados de maneira inadequada na magnum Opusde Schumpeter. Isso O tanto mais surpreendente visto que Schumpeter reconhe―ceu plenamente a imponancia central do problema do lucr0 75

AtC agora, as crrticas mais sistematicas das teorias de ``ondas longas" deSchumpeter e Kondraieff foram feitas por Hcrzenstein e CaⅣ ッ (para Kondrateff),Kuznets(para Schumpeter)e WeinstOck 76 Elas estao longe de serem con宙 ncen―

tes. As insuficienciasに cnicas dos mOtodos estatisticos de Kondraueff, a selecao ar―

bitana dOs pontos de partida e de chegada para as “ondas 10ngas'' c a naturezapouco plausrvel das sories de Schumpeter, cxceto ern relacao aos nfveis de pFecOS

――todos esses pontos podem ser adrnitidos.No entanto,pellHanccc o fato de qucos histoHadores econOnlicos sao praticamente unanirnes em distinguir uma cxpan―s5o acentuada entre 1848/73, uma pronunciada depressao a 10ngo prazo entre1873/93, uma cxpansao tempestuosa na atividade econOrnica entre 1893-1913,um desenvOlvirnento fortemente desacelerado― ―se nao estagnado ou ern regres―saO__entre as duas guerras mundiais,e uma renovada expans5o de grande vultO

碕魃轍 :躙肇鷲苧鸞 il■鸞1糧謂 あ晋職織 認糠 P鶴朧 l子

ボ恥盤 鷲む為?憲:胤FT器耐T象濫York 1953 p 105‐ 124 WeinstOck se ap6ia em boa media Schumpeter

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96 “oNDAS LONGAS''NA HISTORIA DO CAPITALISMO

no crescirnento ap6s a Segunda Guerra Mundial.77 s6 ern relacao aO ``primeiroKondratieff' 一― isto O, a pretensa altemacao de crescirnento mais rdpido entre

1793-1823, c mais iento entre 1824/47-― ha alguma divida,parcialrnente iustii―

cada.78 Tal SucessaO de pelo menos cinco ``ondaS longas'' nao pOde ser atriburdaao puro acaso ou a varios fatOres ex6genos

A crttca de Herzenstein a Kondraieff exp6s a maloria dos erros em sua expla―nacaO te6rica.No entanto,Herzenstein curvou em demasia o basほ o no outto senti―

do, quando buscou refutar empiricamente a c対 sttncia mesma das ``ondas lon‐gas''. De mancira impる pria,cle extrapolou tendOncias do desenvolvimento econO―

mico dos Estados Unidos da AmOnca do Norte e por esse melo tentou limitar apeニnas a Gra― Bretanha o longo movirnento ascendente de 1849/73, bem como a de―pressao acentuada de 1873/93. No entanto, o material estatttico reunido no final

deste caprtu10 mOstra,sern sombra de divida,quc essas duas ondas longas、 Лsivel―

mente envolveram a totalidade da producaO mundial e do mercado rnundial do ca―pitalismo do sOculo XIX.Na realidade,Herzenstein chegou ao ponto de reieitar at0mesmo o crescirnento ampliado do perfodo 1893-1913, baseando― se em um arti‐

go inconsistente de um inico jomal. Scus argumentos te6ricos contra Kondratieffforam mais interessantes. Ele combateu a tentativa deste iltimo dじ ``classificar ёpo―

cas hist6ricas como ciclos peri6dicos", porque― ―em suas palavras― ―a sOrie de

Kondratieff “de configurag6es hisbricas inicas.¨ conduZindo a mudancas funda―mentais nas condtOes gerais do mercado mundial e as relac6es mituas entte os se―

tores territonais dessc Fbercado" era logicamente incapaz de explicar``lutuag6es re―

petidas de regulandade cOnstante".79 No entanto, ele nao percebeu que “configu―

ra90es hisbricas inicas" no mercado mundial capitalista efetivamente podem serclassificadas em duas categorias basicas: aquelas que provocam o aumento da taxamOdia de lucros, c as que provocam o seu declinlo a longo prazo. Herzenstein naoconsegue mostrar que cssas configurac6es exercerao apenas efeitos irrelevantes ealeat6●os sobre a taxa de lucros; na ausOncia de tal prova (uma prOva quc, cmnossa opiniao,O te6nca e empincamente imposs"el de ser fomecida),n5o ha ra_zaO pela qual ``configuragOes inicas" naO pOSSarn ser consideradas aptas a favore―

cer, sucessivamente e a longo prazo, movirnentos ascendentes e descendentes dataxa mOdia de lucros― ―em outras palavras,movirnentos ascendentes e descenden―tes da acumula95o de capital e dos lndices de crescirnento econOnlico.

A tentativa de entender as ``ondas longas'' como simples express6es de ciclos

77 sena demagado apresentar uma hstagem de relettnctas bibL(x「

`icas para a expansao feb●l da econOmla mundlal

entre 1848/73,para o periodo entre os anos 90 do sOculo XIX c a Pimeira Guerra Mundlal e para o perlodo subse―quente a segunda cuerra MundiaL ou para a grande depres受 o mundlal H`uma extensa bibliograla sobre a “Iongadepres饉 o"do periodo 1873/96 em ROSENBERG,Hans “Pollical and Sodal Consequences of the Great Depres―sion of 1873-1896'' Ini The Economic Histo,ν Reυ ieω 1943,n° 1‐2,p 58-6178 0 mOiVo para isso j``d apresentado por Marx ha um"cul。 ,numa passagem acrOscentada a edicao francesa do vl de O Capitali ``Mas somente quando a indisma mecanica tver lancad。 籠o prolundamente suas raizes, que exer9uma innuenda avassaladora sobre a totalidaoe da produc5o nacionaL quando o mercado mundial iver dominado su―cesslvamente largas areas do Pヾ ovo Mundo,Asia e Australia;e quando, ainal, um nimero sunclente de nacoes indus―tnais iver entrado na arena― ―somente a pa由 r desse momento`quc ocorrerao esses ciclos em perrnanente geracao,estendendo―se por anos em suas lases sucesslvas e que sempre tenninam numa cnse geraL COnstltuindo a conclu壺 ode um ciclo e o ponto de pamda do pう 対m。'' O fato de que,apesar de tudo,muitos histOnadores e economistas ga―

rantam a ocorrOncia de uma onda longa ente 1793-1847 deve― se nao apenas aos sucessivos moΨ imentos de precos,

mas a febil expansao do mercado mundlal(eSpecialmente do comorcio bnttnicO), do desencadear da Revoluc5。 In‐

dusmal att O desfecho das Guerras Napole6nicas,a que sucedeu uma estagnacao Ou mesmo contra゛ o do COmё rcio

intemacional As exporta961s inglesas,quc ha宙 am atngdo um valor mё dio anual de 43,5 mlh徴秀de libras esterlinas

em 1815/19, diminuiram para 36,8 milh6es em 1820/24, chegando a 36 milh6es em 1825/29e38-37 milh5es de ll‐bras em 1830β 4 0 nivel de 1815/19s6foi atngdo em n`meros absolutOs em 1835/39,e em valores per copitα no l―

naldos anos 40 do sを culo XIX7,HERZENSTEIN Op c″ ,p 125

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“ONDAS LONGAS"NA HISTORIA DOCAPrALISM0 97

c16ssicos``mais forteピ 'ou“ mais fracos''mostra― se igualmente pouco plaus"el.800fato de que o desenvolvimento econOmico a longo prazo saa iniuenciado mais forternente por fases de prosperidade econOnlica em determinado perrodo e por fasesde CFiSe C estagnacao em Outto perfodo, numa alternancia r■ mica, devia pelo me―

nos representar um problema. Tao lo30 fOSSe reconhecido como tal, e nao cOmOurn fato e宙 dente por si rnesmo,seria necessariO buscar uma explicacao para ele, c

assirn voltarfamos novamente a problematica das``ondas longas''. A partir de Kuz―nets, tornou― se moda substituir ``ondas iongas" por``tendOncias'' c ``mOdias dece‐

nais''arbitarias.Mas,tambOm aqul,um problema real desaparece como por en―canto, por sua dissolucao em per10dos bastante extensos. 14esmo a Grande De―pressao de 1929/32 desaparece em alguns desses``calcu10s tendenciais"81__c, nO

entanto,ninguOnl pode pOr ern d`宙 da a c対sttncia dessa crisc em particular.

Weinstock sustenta quc a teoria das ondas longas ё dc inspiracao maEttsta c

portanto inutiliz6vel,82 baSeando― se na polenlica dc Popper contra o “historicis―

mo";toma― se claro que O ele,e nao algum pensador maEcsta, que dessa maneiramostra urn宙 Os nao cientrfico. Em ●ltima analise, o problema real consiste ern sa―

ber se a c対 stencia das ``ondas longas" fol ou nao estabelecida,9 cm caso afillilati―

VO,COmO Se deve cxplica_las,Weinstock vai mais longe em suas ёttCc6es,alllllan

do quc “as sOnes temporais para producao e renda, quc seriam necessarias parauma prova das ondas longas, naO pOdern ser reconstrurdas cOm a necessaria cOn_fiabilidade para um numerO suficiente de pates relativamente avangados, de fOr―ma a cobrir o perlodo iniciado pela Revolucao Francesa".83 Em outtas palavras, as

“ondas iongas" naO saO estatisticamente demonstaveis. N6s, ao contrariO, consi―

deramos quc o problema principal na~o O o da verificacao estatrstica mas o da expli―

ca95o te6rica,84 embOra saa evldente quc, se a teoria das ``ondas longas'' naO pu_

desse ser cOnfirmada cmpiricamente, ela constituiria uma hip6tese de trabalhO in―fundada c,em altima analisc,uma mistificacao.No entanto,os rn01odos de verifica―

95o emprrica devem adequar‐ se ao problema especrico a ser exphcado.(Ds movi―mentos de precos, que podern ser provocados por um desenvolvimento inlaclon6-rio――inclusive, no caso de um padraO_Ouro,por uma reducao rna10r no valorrncr―

cantil dos rnetais preciosos do quc no valor mё dio dc outras rnercadorias―_decidi―

80 Bogdanov parece ter sldo o pnmeiFO a fa2er tal tentatlva “As ondas longas naoぬ 。independentes dos cidos cOniun―turals,mas simplesmente(り o祀 sultado da soma de ciclos conlunmrak isolados de dilerentes durac6es,que por acaso

(!)caem dentro de cada fase dos cidOs Iongos''Garvy cita e“ a passagem com aprovac5o e Weinst∝ k a repote(Opcit,p 50)81 Dessa maneira Kuznets utlllza “mё dias'' do crescimento decenal do comё rcio mundial no perfodo 1928/63 ou mes―

mo 1913/63 que obscurecem completamente o fato especrico de uma contracao marcante no comOrcio mundial noperlodo 1929β 9 (KUZNETS, Simon “Quanttatve Aspects of the Economic Growth Of Naions, M‐ X Level andStucture of Fore19 Trade: LOng Terrn Trends'' In: EcOnο mic Daυο′οprn● nt and Cultural Change v XV, Parte Se‐gunda,n° 2,,aneiro de 1967)Isso faz lembrar aquelas“ rnOdias estatistlcas''que calculavam em 1 000 d61ares a``ren‐

da per cα pl`α "num pais atrasado e utlllzavam essa clfra para determinar seu``relatlvO padrao de vlda'',sem levar em

consideracao que essa mOdla era o resultado, dlgamos, de uma situacao em que 759る da populacao recebesse apenas100d61ares,2496 recebesse 2 000 d61ares e 198,45000d61ares82 wEINSTOCK Op cil, p 62-66 Weinst∝ k chega a cOndus5o de que as ondas longas devem ser consideradasmais como“ Opocas hisbncas''do que como``verdadeiros ciclos''cbid p 201),aparentemente sem compreenderque a mesma id6ia haua sido lonnulada quarenta anos antes pelo marttsta Trotsky(para as fOntes pe滝 nentes ver aci‐

ma,notas 51● 54)銘WEINSTOCK Op cr,p lol84 Num trabalho p6stumo,Lange observou:``Mesmo que os fatos hist6●cos acima(aS lases altemantes da prOducao capitalista desde o ano 1815)nao estelam suleitos a nenhurna resttφ o "ia, eles n5o constltuem prova suiciente dae対 sttncia de ciclos a longo prazo Para provar essa teona sena nece鏡 五o mostrar que e対 ste uma relacao causal entreduas fases consecutvas do ciclo,e ninwを m teve O対 to em mostr6 1o"(LANGE,Oskar Theoフ oFReprodudon αnd Accumulα tlοn Vars6vね , 1969 p 76-77)Embora tambOm releltemos o conceito do“ Iongo clclo"e,portanto,nao acel_temos a detenninacao mecanica dO“ reluxo''pelo“ luxo"c uce― versa,apesar de tudo pretendemos mostrar que a 16-jca intenor da onda longa C deterrninada pelas oscllac5es a longo pra20 na taxa de lucros

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98 “oNDAS LONGAS''NA HISTORIA DO CAPITALISMO

damente nao cOnstituem um indicador seguro.85 Da mesma folllla, deveriam servistos com certa cautela os nimeros de producao de mercadorias isoladas,que po―dem ser fortemente inluenciadas, cm certos perrodos, pe10 papel de ``sctOres emcrescirnento" desempenhado por deteminados ramos produtivOs. As curvas derenda, que podem sofrer inluencia de oscilac6es inlaciondnas de precos, s50 tarn―

bOrn indices derivados quc s6 devern ser utilizados ap6s uma an61isc hist6rica fun―

damentada. Em conscquOncia, Os indicadOres mais convincentes parecem ser osda producao industrial como um todo e os dO desenvolvirnento do volume de cO_mOrclo mundial(ou do volume per capita); os primeiros expressarao a tendencia alongo prazo da produca‐ o capitalista, c os ultimOs, O ntrno de expansao dO merca―do mundial. 」ustarnente no que diz respeito a esses indicadores, こ perfeitamentepossivel fomecer comprovacaO emprrica para as “ondas longas'' ap6s a crise de1847:

Indicc cumulatiυο anual dc crescimcnto da produca~o indusr"alda Gだ テーBrctanhal

l MITCHELL,B R eDEANE,Phynis Abstrad of B"tlsh Hな

`ο"coI Statた

,cs,o fndice de Hoffmann a縫 1913:o indicede LOmax para 191夕 38 (ambos sem O ramo da consttuca。 )c61Cu10s para o perlodo ap5s a Segunda Gucrra Mun―dlalsao tomadOs do Centro de Estatistcas da CEE.e incluem o setor da consmcao2DEANE,P eCOLE,WAB"tお おEcοnOmic GrOωth l“ 8‐1959p170(indui o setor da cOnstrl105o)

Indicc cumulatiυ o anuα l de cr∝ciγnento da prOduca~ο industrial da Alemanhal

(ap6s 1945,Indice da Repubhca Federal da Alemanha)

l Para os indices a縫 1938 HOFFNIANN Walher G Das Wac力 stum der daυ おc力en Wlぉcharr saF der Mi"ed‐ 19Johrhundett Benim,1965 0s nimOrOs ap6s a Segunda Guerra Mundial se o」 りnam de Stα

`な `ζ

ch“ 」αhrbuch furdie Bundも republiた

l Para os indices de 1849/73,GALLMANN,ROber E “Commodl,‐ Output 1839-1889'' In:Trands in the Ameガ canEcOnomy in the,gx centuηり v XXV de Studics in lncome and Wealth PincetOn, 1960 0s indices pOstenores sa。

'こ

盤穏=朧

'総島辮 詭雪貯蠍 l鑑斃電認鑑驚胤m―:篤 adame量。da“ Ondaる‐ga'' Assim, a producao cresceu de maneira muito mais abl■ lpta nos Estados Unidos do que na Europa,na.dё cada de80 do sOculo XIX

“As teses de Gaston imbert,baseadas exclusivamente em vana〔 ocs de pre=os, devem portanto ser r● eitadas(lM―

BERT,Gaston D“ MOuυemenお de Longue Duた o Kο ndFatierF Aix‐ en‐PЮvence,1959)Davld Landes releita a ldこ ia

de``Ondas longas''para a evolucao dOs precos,mas n5o conseg● iu de forlna alguma reftltar a sua e対 stOncia LAN―DES OP cit,p233‐234

MOdiα de lθθ1/11

18″‐1847184θ‐18751″ 6‐ lθ931894‐ 19131914‐ 193θ

1939‐ 1967

α

α mιdia de 1831/41:4′ %2

3,2%4,55%1,2%2,2%2%3%

185θ‐18741875‐ 18921893‐ 19131914‐ 193θ

1939‐ 1967

4.5%2,5%4,3%2,2%3,9%

Indicc cumulariυο anual de crescirnento da produca~o irldustriar dos EIJA.1

1849‐18731″ 4‐18931894‐ 19131914‐ 193∂

1939‐ 1967

5,4%49%25,9%2%5,2%

Page 99: Capitalismo Tardio - MANDEL

Taxa cumulatiυ a anual dcmundia11

“ONDAS LONGAS''NA HISTORIA DOCAPITALISM0 99

crescimento da producaο riSica per cap“ a cm escala

1865‐ 1882

1880‐ 1894

1895‐1913

1913‐ 193θ

2,58%

0,89%1,75%

0,66%

l DUPRIEZ,L`on H Des Mouυ ements Economiqu‐ Gιnaraux Louvain,1947 v II,567

Taxa cumulatiυa anual de crescimento nο υolume do cornι rcio mundia11

2,7%5,5%2,2%3,7%0,4%4.8%

1320‐ 184θ

:θ4θ‐18701θ70‐ 189θ

1891‐ 19131913‐ 19371938‐ 1967

l caculado por n6s a pa滝 r de MULHALL Didonα ヮ oF Stα

'S““Londres,18991 MULHALL e HARPER Cornpara,‐

υe Statls"col Tαblω and Choお oF the wOrld FnadOlia,18991 KUZNETS,Simon Qucn“`α“

υ●Crolttth o/the Ecο nO‐

ntics Wealh oF N。 だ。ns,SVENNILSON,ingvar GЮωth and Stagnarο"in the EurOpean Ecο

nOmノ Genebra,1954:Sta置たch‐ 」●hrbuch Fur di● Bundasrepub″ k De●おchland 1969

A passagern, desde 1967,de uma onda longa de expansao a uma Onda longade crescimento muito mais vagaroso O confiI11:ada estatisticamente pelas FeSpeCti―

vas tendencias da prOducao industrial mundial para cada perrodo:

Percentagem combinadα anual do crescimento da producao industricll

1947‐ 1966 1966‐ 1975

EUAOs“Sels''intclals da CEE

」apa。Reino Unldo

5,0732

8,9%9,60/。

2,9%

1,9%4,6%7,9%2,0%

l C6iculos baseados nas estatisicas da ONU e da OCDE Assumimos as seguintes taxas de dedinio,no docorrer da pre―

sente recessao:para 1974:-3%nos EUA,-3%no」 apao,-2%na GB Para 1975:-2%nos EUA,-1%no Jaぃ o,

-2%para a CEE,-176 na GB Tais avahacOes provavelmente subestlmam a escala da recessao geral de 1974/75 Na

medida em que a taxa de cresclrnento durante o restanto dos anos 70 certamonセ sera infeior aquela da dOcada do

60,especlalmente no」 apao,a tendoncia a longo prazo deverd acentuar, ao invls de diminuir, o contraste entre as ta―

xas de cresimento dos peiodos 1947/66● 1967/8?2Para Os EUA,1940-1966

Dupricz, por seu turno, publicou ap6s a Segunda Guerra Mundial a folllla fi―

nal de sua teoFia daS ondas longas no desenvolvirnento econOrnico.86 Essa teoriaatFibuFa o papel decisivo para a explicacao das Ondas de Kondratieff aos desviosentre o indice de valor do dinheiro e o rndice de valor dc lnercadorias:

“A ligacao fundamental entre o grupo de pr∝ essos econOmicos essenctais e os

eventuais fatos hisbricos deve ser buscada junto ao desvio do indice do valor dO di‐nheiro; na falta de uma estabilレ acaO da relacao entre dinheiro e mercadonas, tais des―

viosぬo宙山 alrnente inevitaveis Essa C a realidade econOmica de base que governa

86DUPRIEZ Op cr e Ko可 unktuphilosο phic Benim,1963

Page 100: Capitalismo Tardio - MANDEL

100 ``ONDAS LONGAS"NA HIST6RIA DO CAPITALISMO

as onda,de Kondraieff, que detemina todos os processos llgados as rnudancas deprecos. E esse o fato novO que introdu2imOS na cxplicag5o do prOcesso duradOuroque se desenvolve por baixo das ondas de Kondratieff, onde mostra ser um detemi_

nante muito mais decisivo e coerente do que nOs pr6pnos ciclos ecOnomicos''87

A base da argumentacao de Dupriez prendc― se a grande variablidade na de―manda pelo capital(os marxistas dirianl: a demanda dos capitalistas industriais pe―

lo capital rnonetario adicional).Na fasc ascendente da onda longa,Os pre9os em al―

ta que resultam de uma queda no va10r do coeficiente de dinheirO estimulam essabusca de capital. Ocorre entaO um mOmento decisivo, na maioria das vezes depoisde guerras ou revolucOcs, no qual ``o desao dc uma reorganizacao das finangaspublicas" sc toma predorninante, o cocficiente dc valor do dinheirO sc eleva devi―

do ao menOr volume de dinheiro para crOdito, c as corespondentes denacao equeda nos pre9os amarn nO sentido de deprimir o crescirnento da cconornia.88

0 ponto critico decisivo em todo esse esquema C assirn provocado por urn fa―tor puramente psico16gicO, O qual_… exatarnente da mesma mancira quc as noセ ■veis personalidades dOs empresanos de schumpeter, predispostOs aos aperfe190a―mentos que fazem Opoca――desempenha no mesmo o papel de um deus ex machi_na arbittari0 89 1ndependentemente dessa fraqucza,porOnl, a argumenta。 さo de Du―pricz repFeSenta uma nova e pecuhar versao daqucle dualismo entre mercadorias e

dinheiro, quc Marx j6 havia cnticado tao severamente cm RicardO, dualismO qucfalha na compreensao,de quc O dinheiro s6 0 capaz de desempenhar scu papel demelo de tFOCa pOrquc ele mesmo O uma mercadona urna vez,entretanto,que se―ja elirninado da demOnstraca0 0 valor mercantil(pre90 de prOducao)dO material

do dinheiro, istO C, do metal precloso,comO deterrninado por suas pr6prias condi―

96es de produ95o, o fator proclamadO por Dupricz como o motor crucial por ttasdas Ondas iongas se reduz a lutuac6es em papel moeda, isto ё, a inlacaO de pa_pel―moeda Todavia,como o fmpeto inicial das ondas longas fol atriburdO a deman_da de capital――capital real, capaz de valoriza95o, e nao papel_moeda― ―, O argu―mento entra ern colapso por si mesmo Nao fica claro por quc uma falta de papel―

moeda ern circulacao devena cnl certos perrodos sufOcar a dernanda de capital rno―

netanO, e pOr isso ser acompanhada por uma decrinante taxa de luroS, enquantoem outtos perfodos,lustamente quando ha uma cxpansaO dO crё ditO, a demandade dinheirO aumenta ainda mais acentuadamente e dessa maneira cmpurra para ci―ma a taxa de lurOs. Na realidade,o pr6p●o Dupriez publicou uma tabela mostran―do nutua96es crclicas na taxa de jurOs a 10ngo prazo na Gra― Bretanha,que revela ooposto do quc ele se propunha a provar lsso porquc, justarnenに nas fases de“reorganizacao da mOeda" e ``escassez do dinheiro", a taxa de lurOS O mais baixado que nas fases de``inlacao rnOnebria":

Taxa mιdia deブuroS a 10ngο prazo na Gだ卜Bretanhal

1825‐ lθ471852‐18701∂74‐18961∂

"‐

1913

3,99%4,24%3,11%3,25%

l DUPRIEZ Do Mouυ ernenお Ecοnorniq“

“Gι nι raux v ll,p54

器3艦 雅 』 罷鷺 暫 雹:::r:::nttq儀 惣 鴛 男:″ 髪 :ぉ。mた Deυd"me籠,onde de eゃЮ“amenセ almOu

que o aparecimento de algumas “persOnalidades inOvadoras" acarretaia inevitavelmente toda uma onda de inova―

c6es Em sua obra Business Cノ cた澪ele sc apega ainda mais a essa teona POrtanto, Kuznets tern razao ao acusa lo dehaver elaborado uma tese do ciclo da αptldao empresanal KUZNETS,Simon Schumpeた r's Btlsinatt Cソ ctt p l12

Page 101: Capitalismo Tardio - MANDEL

“ONDAS LONGAS''NA HIST6RIA DO CAPITALISM0 101

A cxemplo do casO de Kondratieff e Schumpeter, tambёm na teoria de Du―

脇 ξ壬 蹴 13雌 鬼∬ 詣 I貨 湯 ∬ LC胤 :鴬腰 記 継 瑞 羅 iteconOrnico n5o sa0 0 resultado da “escassez" ou ``superabundancia" de dinheiro,dependendO da presenca de uma geracao ``inlaclonaria'' nO leme ou de uma queSeia inspirada pe10 “deseiO de reOrganizacao das financas pibhcas''. Ao contrario:a demanda de capital rnone五 rio e conscqucntemente a taxa de lurOs passam porum decllnio relativo quando a taxa mё dia de lucros,cm queda,vem frear a ativida―de de investimento dos capitalistas. Apenas quando condicOes especrficas perrni―

tem uma elevagaO abrupta na taxa mOdia de lucros e uma cxpansao consideraveldo mercado ё quc a ati宙dade investidora consegulra sc apoderar dOs descobrimen―tos tCcnicos capazes de rev01ucionar a totalidade da industria,e dessa folllla ocaslo―

nar uma tendencia cxpanslonista a longo prazo na acumulacaO de capital e na dc―

manda de capital rnonet6no(a uma taxa de lurOs relativomcnte alta).

A conmbu19ao especrica de nOssa pr6pria analise para uma solucao do prOble―ma das ``ondas longas'' consistiu em relacionar as diversas combinac6es de fatOresque podem inluenciar a taxa de lucrOs(tais comO uma queda radical nO custO de

matOnas― primas; uma sttbita expans5o do mercado mundia1 0u de nOvOs campospara investimento pelo capital; urn rapido aument0 0u urn rapido decliniO na taxa

de mais― valia; guerras e revoluc6es)na 16gica intema do processo de acumulacaoe valorizacao do capital a longO prazo, baseado em iatOS de renOvac5o radica1 0u

reproducao da tecno10gia produtiva fundamental. Tais movirnentos saO explicadospela 16gica intema do processo de acumulacao e da pr6pna auto― cxpansaO dO capi_tal. Mesmo se adrniurmOs quc a atividade de invencao e descOberta c cOntrnua,ainda assirn o desenvolvimento da acumulacao de capital a longo prazo devera per―

manecer descOntrnuO, pois as condic6es que favorecem a valoriza95o dO capital(cque resultam no aumento ou na cstabilizacao, num altO patamar, da taxa de lu―

CЮS)devem,com o tempO,transfollllar sc em condic6es que determinam uma de―terioracao nessa valorizacaO (em Outras palavras, que deterrninam uma queda nataxa mOdia de lucros). Os mecanismos concretos dessa conversao devem ser anah―sados em referencia as cOndic6es hist6ncas concretas do desenv01virnento dO mo―do de prOducao capitalista por ocasiao desses pontos criticos rnais importantes(lsto

O, o infcio da dOcada de 20 e da docada de 70 do sOcu10 XIX; as vosperas da Pri―

meira Guerra Mundial; meados da docada de 60 do sOculo XX). Foi o que tenta―mos demOnstrar neste cap■ ulo.Mostramos quc uma combinacaO diFettnte de fatO―res desencadeantes fOi responsavel pe10s aumentos sucessivos e repentinos na ta―

xa rnё dia de lucros ap6s 1848,ap6s 1893 e ap6s 1940(para os Estados UnidOs)e1948 (Europa ocidental e」 apao). Depois das Revoluc6es de 1848, o aumento nataxa de lucros fOi parcialrnente de宙 dO a rapida cxpansao do mercado mundial__que, inclusive, em boa medida resultara dessas revolug6es― ―c a subita expansaoda prOducao de Ouro na Calif6rrlia c Australia,O quc gerou condic6es prOprcias pa_ra a pnmeira revolucao tecn016gica. Isso,por sua vez,conduziu a um barateamen―to extremo do capital constante fixo e a uma abrupta osclacaO ascendente na taxa

de mais―vaha――cOm urn incremento macico na produtividade dO trabalho nO De―partamento II, e dessa mancira urn incremento mac19o na producao de mais― vaharelativa. Todos esscs detellllinantes liberaram uma acentuada deslocacaO ascen_dente da taxa mOdia de lucros e,consequentemente,da acumulacao Oc capital en―quanto tal. No infclo dos anos 90 do sOculo XIX,os fatores desencadcantes da no―

va onda longa de expansaO fOram O enorme vigor das exportac6es de capitais pa―ra as co10nias e semico16nias, c o resuitante barateamento das matこ rias―primas egenerOs ahmentrc10s, que sirnilarmente conduziram a uma aguda clevag50 na taxa

de lucros nOs parses imperialistas. Isso tomou possivel a segunda revolu95o tecnO16-

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102 ``oNDAS LONGAS''NA HISTORIA DOCAPITALISMO

gica,bem como uma queda nos custos do capital ixo c uma aceleracao prOnuncial

da do tempo de rotacao do capital industrial em geral一 _em outras palavras, tOr―

nou possivel outro aumento fundamental na massa e na taxa de mais― valia e de lu―

cros. O problema central colocado pelo passado mais recente l o de saber porque,ap6s a longa recessao Ou estagnacao da acumulacao de capital ap6s 1913,in―tensificada pela Grande Depressao de 1929/32, foi possivel ocorrer um novO au―mento na taxa mOdia de lucros e uma nova aceleracao da acumulacao de capitalirnediatamentc antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial(dependendodo pais irnpenalista cm quesl盗 o) Isso Coloca o problema adiclonal de saber seuma nova onda longa pode ser prognosticada a partir da segunda metade dosanos 60 do sOculo XX― ―o renuxo em seguida ao luxo. Tcntaremos responder aessas indagac6es nos cap■ ulos seguintes.

Page 103: Capitalismo Tardio - MANDEL

Vα lo月レacao dO capi`α :,LuFa de CIαsses e a Taa dcMais‐Valiα no CapFFalismo Tardio

TOdOs Os Outtos fatores sendo iguais, um aumento na composicao organicado capital implica uma queda na taxa de lucros. No caprtu10 xIV dO volume 3 deO Capitat MarX mOstra que dols entre os mais importantes fatores que podem de―ter a queda da taxa mOdia de lucros sa0 0 barateamento dos elementos do capitalconstante e o aumento da taxa de mais‐ vaha(saa por uma amphacao no grau dcexploracao dO trabalho, seia pOr uma reducao dos salariOs a um nfvel inferiOr aovalor da mercadoria forca de trabalho).l Nos capFtulos anteriores ia cxarninamos o

desenvOlvimento do valor da porcao circulante do capital constante desdc os anOs20 deste scculo; nos captulos seguintes,consideraremos o desenvolvirnentO do va―lor do capital constante fixo.Antes, entretanto, devemos examinar as nutuacoes na

taxa de mais―valia no dccorrer do sOculo XX.

Se a duracao da iOrnada de trabalho perrnanecer a mesma一 _e, no funda―

mental,este tern sido o caso desdc a adocaO generalizada do dia dc oito horas emseguida a Primeira Gucrra Mundiat com eXCecao da OpOca do fascismo e da Se―gunda Cucrra Mundial(se desconsiderarFnOS lutuac6es em tellHos de trabalhO ex―traordinariO e trabalho em tempo parcial)一 ―, a taxa de mais― valia deverd elevar― sc

de acordo cOrn as condicOes apresentadas a seguir. 1)SC a produ垣 vidade dO traba―

lho no Departamonto II crescer mais rapidamente do quc os salanos, istO σ, se o廿abalhador consumir menor po、 ao de uma 10mada(constante)de trabalhO paraproduzir o cquivalente a seu salar・ iO;2)sc urn aumento na intensidade dO trabalhoconduzir aO mesmo resultado, isto o, o trabalhador produzir o equivalente cm va―

lor a seu sala五o ern rnenos horas de trabalho do quc antes, de maneira quc haiaum acrOscirno na duracaO dO sObretrabalho;3)se,inalterada a prOduti宙 dadc Ou in_tensidade do trabalho(e,a fO″ :Ori,corn urn crescimento na produti宙 dade c intensi―

dade do trabalho), houver uma queda no salario real, isto O, se o equivalente cmvalor do salario puder rnais uma vez scr produzido numa fFacaO menOr da lornadade trabalho

O aumento na taxa de mais― vaha sera ainda mais consideravel se dOis ou to‐dos Os ttos fatores esliverem sirnultancamente cm operacaO sOb c6ndicocs nor―mais, isto ё, enquanto o preco da mercadoria forca de trabalho for regulado pelasleis do mercado, essa sera uma OcOrrOncia rara. Com urll aumento na produtivida―

1漱RX Cαpitα′ v 3,p 232 etseqs

103

Page 104: Capitalismo Tardio - MANDEL

104 vALORIZAcAo DOCAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAiS― VALIA

de do ttabalho,os salanOs reais s6 cairaO cm terrnos absolutos se a tendencia a 10n_

9o prazo for no sentido de expansao dO exorcito indusmal de reserva, c tal naotern sido o caso nos parses industrializados ou imperialistas desde o■ ltimo ter9o do

sOculo XIX. Sc,a longo prazo,o exё rcito industrial de reserva pemanecer constan―

te Ou dirninuir, um aumento na produtividade do trabalho terd en6o um efeito du―plo e contradit6rio no nivel dos salanos POr um lado,o valor da mercadOria forca

de trabalho sera reduzido porquc as inercadorias tradiclonalrnente necessarias a re_producao da fOrca de trabalho perdem parte do scu valor. Por outro lado, o valor

da mercadona fOrca de trabalho sera clevado atravOs da incOrporacao de nOvasmercadorias ao rnfnirno indispensavel para a vida (pOr exemplo, os chamadosbens de consumo duraveis, cttO preco de aquisicao poucO a pOuco tracou seu ca―rninho para o salariO modio). ISS0 0corrcu nos Estados Unidos nOs anos 20, 30e40, na Europa ocidental nas dOcadas de 50 c 60, cnquanto no」 apao o prOcessO

esセi atualrnente em pleno desenvolvimento 2

Tambこ m podemos notar quc,sob condicOes nollllaiS,こ dificn aliar tempo inal―

terado de trabalho, salarios reais em queda c intensidadc ampliada de trabalho,pOFquC uma queda no salario real toma o trabalhador rnais passivo c indiferente,

assim como,cm terrnos obeivoS,O enfraqucce psico16gica c isicamente,3 pe10 me―nos em parte,c assirn cria um lirnite material quc nao pOde ser rompido pela inten―

sidade do trabalho. Rcconhecidamente,o desempFegO crescente exercc aqul o efel―to oposto, pois o medo de perder o emprego reduz as iutuacOes c estimula malor

“disciplina de trabalhO'', isto O, malor atencao e esfOrcO, como os empregadores

na Alemanha(Dcidental verincaram durante a recessao de 1966/67.4

No cntanto, o fascismo c a Guerra Mundial n5o sao``cOndicOes normais''.Urna de suas principais func6es obetiVas foi cxatamente a de pellllitir quc todas asfontes de urn acrOscimo na taxa de mais― valia nuissem simultaneamente,por assim

dizer,para combinar pelo menos em parte um acた scirno na produtividade e inten―

sidade do trabalho com um declrnio nOs salarios reais.

Uma das malores realizagOcs dc Marx consistu cm tomar claro que naO exis_tia nada semelhante a um ``fundo de salariOs'' claramente definido, nem outra es―pOcie de ``lei de ferrO dos salarios" que detellllinasscm o scu nivel com a forca dc

uma necessidade natural Embora, cm`ltima andlise, a detellllinacao do va10r damercadoria forca de trabalho numa sociedade produtora de mercadorias scia gO―vemada por leis obietivaS(tal comO toda dete111linacao de qualqueF eSpocie de va―lor de mercadoria), nao Obstante existe algo de especial sobre esse valor de merca―

doria cm particular,pois ele ё inluenciado ern larga medida pelos connitos enttc o

capital e o trabalho― ―em outras palavras, pela luta de classes. Em Saldrio,Preco

c Lucro,Marx diz:

“A10m desse mero elemento frsicO,na detenninacaO dO valor do trabalho entra o pa―dttο de υida tradiciοnαl em cada paFs Nao se trata somente da宙 da fisica,mas tam―

bOm da satisfacao de certas necessidades quc emanam das condic6es sociais em que宙vem e se cnam Os hOmens O padraO de vida ingles podena baixar ao iriandOsl o pa―

2 A maior debilidade da teoia de salaios de Arghii Emmanuel`a nao compreenぬ o de que o quc Marx denominou``elemento social ou hist6● co''no valor da mercadona lorca de trabalho n5oこ um elemento estatco e tradlclonaL mas

pelo menos potencialmente dinamicO (ver EMNIANUEL Une9uα ′ Exchanga p l16-120)IssO o Condu2 a teSeidealista de que “aquilo que a sociedade considera, em certo lugar e em certo momento, como 9 padrao de sal`五 os''

ё o dete口 ninante dos sa16五 os fbid p l193 ver a esse respeito a pesquisa de」 acquemyns quanto ao desenvolν imentO do estado de sa`de e da capacidade detrabalho dos operanos belgas durante a Settnda Guerra Mundial」ACQUEMⅣNS,J La Sociι tt Balge Sous I'Occupα ‐

::on Allemande Bruxe!as,1950 v l,p 135‐ 138,463‐ 465;v II P 149‐ 1644 ver,entre outros,Z″ ●″

“Welssbuch zur υnternchnlernoral,publlcado pela I G Metall(a uni5o de metal`rglcos da

Alemanha Ocldental), FrankLrt, 19671 MANDEL, Emest Die d`uasc力 e Wiぉ ch9時knze― Lθh″nder R″“sion

1966/67 Frankfurt,1969 p 25

Page 105: Capitalismo Tardio - MANDEL

VALORIZAcAO DO CAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE Mヽ lS―VALIA 105

draO de vida de um campones alemaO aO de um campones livon10 A irnportancia d。papel quc a esse respeito desempenham a tradic5o hist6rica e o costume social pode―

reis vO-la no livro do Sr Thomton sobre a Supelpopulacao Esse elemento his6ncoou social,que entra no valor do tlabalho,pode acentuar―se,ou debilitar―se e,ate mes_mo,extinguir― se de todo,de tal maneira quo s6 fique de pl o llrnite frsicO_se cOmpa―

rais os salanOs nOrmais ou valores do trabalho em diversos paises e em ёpocas hist6● ―

cas distintas, dentro do mesmo pais, vereis que o valor do trabalho n50 o por si umagrandeza constante, mas variavel rnesmO supondo que os valores das demais mercado―

rias permanecam ixos''5

Marx acrescentou ainda mais especificamente:

“Mas,no que se refere ao lucro,n5oe対ste nenhuma lei que lhe nxe o mfnimo N5opodemos dレ er qual saa o lirnite extremo de sua baixa E por que naO pOdemOs esta_belecer esse limite?Porque,embora possamos fixar o sald五 o mrnimO,n5o podemos i―xar o salariO mω dmo S6 podemos dizer que, dados os lirnites da,omada de trabalho,o mαttmo de lucrO corresponde ao mrnimο ″ЫCO dOS sα 鮨●os e que,pa滝 ndo de da―

dos sala● os, O ma測 mo de rucro corresponde ao prolongamentO da lornada de ttaba―lho na medida em que saa compativel com as forcas frsicas d0 0perariO POrtanto, oma対mO de lucro s6 sc ach■ 1lmitado pelo minimo ffsico dos salariOs e pelo ma対 mO flsi_

CO da 10mada de trabalho E evidente que,entre os dois lirnites extremos da taxa mα o―

ma de rucr。 , cabe uma escala imensa de variantes A determinacao de seu grau efe■ ―

vo s6 fica assente pela luta incessante entre o capital e o trabalho; o capitalista tentan―

do constantemente reduar os salanOs aO seu minirno fttico e a prolongar a lornada detrabalho ao seu ma対 rnO fisico, enquanto o operanO exerce cOnstantemente uma pres―saO nO senido contrano A 9u“ 饉o se redtt αο problerna da relagao de fOFas doscombα tent“ ''6

Urna vez que a ``relacao de fOrcas dos combatentes'' deterrnina a disMbuicaodo valor recё rn― criado entre capital e trabalho, cla dctermina, da mesma fOllIIa, ataxa de mais― valia. Isso pode ser entendido num duplo sentido. Em primeiro lugar,quando a relacao de fOrcas polficas e sociais ё favoravel, a classe operana podeter Oxito na incorporacao de nOvas necessidades, determinadas pelas condicocs sO―

ciais c hisbricas e aptas a serem satisfeitas pelos salarios, nO valor da forca de tra―

balh。 .7 Em outas palavras,pode conseguir aumentar esse valor. No entanto,se ascondic6es econOnlicas O quc se mostrarem vantaosas, isto ё, quando houver umaaguda escassez de m50-de― obra devido a um ntrno anollllal da acumulacaO de ca_pitat O pre9o da mercadoria forca de trabalho(o SalariO)tambё m pOder6 se clevarperiodicamente acima de seu valor.Ao contrario,quando a relacao de fOrcas polrti―

cas e sociais for desvantaiosa para a classc operdria, o capital podera ter oxito nareducao do va10r da forca de tabalho pela destru195o de uma sё rie de cOnquistas

hist6ricas e sociais dos operarios, ist0 0, pela elinlinacao parcial de mercadoriasquc correspondem a suas necessidades dentro do ``padrao de vida" considerado

nollllal. Analogamente, o capital pode forcar a reducao do precO da mercadoria

5MARX Wag“,PHce ond Prorl:InI MARX e ENGELS S● たcted Works Londres,1968p225‐ 226

6fbid,p226(Os gnfos sao nossos E M)7“A fun95o b6●ca dos sindcatos ё a de cnar__pela elevacao das necessidades dos trabalhadores, pela elevacao deseus padI∝s costumeiros acima do minimo fisico para a sobre● vOncia――um mlnimo sodal e cultural de subsisttncia,istoを ,deterrninado padrao cultural de vlda para a classe operana,abalxo do qual os salanOs naO podem cair sem pro―vocar imediatamente a resisttncia e o combate unitanO o grande signiicado do econ6mico da Social Democraciaprendc― se especilcamente ao lato de que, ao despertar intelectual e politlcamente as amplas massas dos trabalhado‐res,ela eleva o nivel cultural dos mesmos e com isso as suas nec“ sldades economicas Quando,por exemplo,se torna hab■ual que os trabalhadores assinem um jornal ou comprem folhetos, o padrao econ6mico de vlda do trabalha‐dor sc eleva cm conforrnidade e,consequentemente,o mesmo acontece com o seu saldn。 "LUXEMBURG,RosaEinfuhrung in die N● ,οno10たonomi`Bettm,1925p275

Page 106: Capitalismo Tardio - MANDEL

106 vALORIZAcAO DO CAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS‐ VALIA

fo、a de trabalho ato um nfvel abaixo de scu valor,quando a relagaO de fOrcas eco―

nOmicas for particularmente desvantaioSa para a classc operana.

O rnecanismo inerente ao modo de prOduc5o capitalista, que normalrnenteconserva dentro de lirnites o aumento no valor e no preco dos salariOs, ё a expan―s5o ou reconstucaO dO exё rcito industrial de rescrva ocaslonada pela pr6pria acu―

mulacaO dc capital, isto O, pelo aparecirnento inevitavel, em perrodos de alta sala―

rial,de tentativas no sentido de substituir em grandc escala a forca de trabalhO viva

por maquinaria 8 A queda na taxa mσ dia de lucros resultante de um aumento nacomposicao Organica do capital e dos salariOs em alta tem o rnesmo efeitO.Sc a ta―

xa de lucrOs cair abaixo do nfvei necessariO para promover uma contrnua acumula―

95o do capital, csta■ ltima cederd abruptamentei na depressao resultante a deman―da de mercadona forca de trabalho cai corn rapidez,c o exOrcito industrial de reser―

va ё reconstruFdo, detendO dessa maneira o aumento de salariOs ou provocando asua queda.

Ern Der fmperialismus, sua p五 ncipal obra, Sternberg empreendeu a primeiratentativa de investigar, com referOncia a hist6ria do modo de prOducao capitalista

nas primeiras dOcadas do sOculo XX, o papel do exOrcito industrial de reserva co―

mo o mais importante regulador das lutuac6es nos salariOs,um papel quc havia si―do enfatizado expressamente por Marx.9 Essa contribuicao naO pode ser negada aSternberg,10 rnesrno quc seu trabalho revele inimeros crros te6ricos c metodo16gicos,apontados por Grossmann e outros autores.11

Em sua crttica, Crossmann contestou acertadamente as follHulac6es ligeirascom as quais Sternberg sc iulgOu Obrigado a ressaltar as``negligOncias'' de O Capi―

tar de Marx.12 No entanto, suas apreciac6es nao apreenderam a essencia da tescde Sternberg, naO perceberam O significado das definicδ es de Marx sObre Os sa16-nOS(muitO mais complexos do quc GrOssmann prefere admiur)13 c aSSim nao cOn_seguirarn fomecer uma mediacao entre O abstrato c o conCreto― ―em outras pala―

vras, uma mediacaO entre as icis gerais deterrninantes do valor da mercadoria for―

8“A“ねgna95o da produ95o daxad d“ empttgada uma 12温:L典『雪:ぶ::歩∫ti器:乱£警寵避P溝:宙se vera colocada numa situa95o em que nao ter6。utro rer

ve abaixo da mを 出a lsso tem para o capital exatamente os mesmos efeitos de um aumento da mais valia absOluta ourelaiva, com a manutencao da modia de sala● Os A queda nos precos e a luta da concorronda terlam irnpelido cadacapitalista a reduzir o valor individual de seu prOduto total atこ um nlvel abaixo de seu valor geral, pOr meio de nOvasmaquinas, novos e aperfeicoados mOtOdOs de trabalho e novas cornbinac6es, lsto ё, a aumentar a produtlν idade dedeterminado montante de tabalho, a diminuir a propo、 きo do capital vandvel em relac5。 ao capital constante, e dessamaneira a nao utiレ ar alguns trabalhadoresi em resumo, a char uma supepopulacao anficial'' 卜VヽRX Cα pitα′ v 3,p 254‐2559 Ver MARX Capi的 ′ v l,p 637:“ Considerados cOmo um todo,os mo宙 mentos dos sal`五〇s s50 regulados exdusiva‐mente pela expansao e contacaO dO ex6rcito indusmal de rese″ a, e estas, por sua ve2, COrrespondem as mudancaspe● 6dicas do ciclo economico''10 STERNBERG Der fmpellallsmus Especialmente os dols pimeiros capitulos E verdade que ocasionalmente,sob a

inluOncia das teorlas de Franz()ppenheimer― ―さs quais aderlu em sua luventude prё ―mandsta__,ele troca uma com‐preensao correta do papel regulador do exを rcito industhal de reserva do trabalho nas rlutυ o(5os salα

"ols, por uma su―presimac5o do mesmo enquanto determinante decislvo da manチ ∝`α

gao da mals_vaha― lstOを , do propiO υolor doわ

α de trabα 腕oll GRosSIMANN,Henッ k “Eine neue Theorle uber impenalismus und sozlalo Revoluton'' Onginalmente pubhcadOin:GRUNBERC Archiυ /Jr die G“ chichte d‐ Sozi。lsmus unddar Arb●

erbeω e_qung Leipzig,1928 v XIn Aquirefe‐

曜 II:吼響 観 燻 T戴 錦 鞘 ♪】rt蠍 ぬ ∬ :“ 縦:A蹴 量 織 ]訛出 亀認 鷺 撚 還 、ёdos pequencburguesesi de que ole deixOu de comproender quc um retardamento da revOlucao sOcialista podena desfazer o `.sa20‐

namento para a socializac5o'' da econOmia curopё ia e da norle― ame● car、 a: que a teorla de Marx quanto aos sal`五 os

∬篤 1,e8鍵:漏嶽2:歌

H私』』漑 濯r(瞥

=t p 137

α se9s)a mpo■ anda d。 “deme離oh■6ico e sod」 "

na detenninacao dO va10r da mercadOrla forca do trabalho, e fala de custos ``exatamente ixos'' de reproducao desta

`itma, sem levar em considoracらo o fato de quo, por sua ve2, eSSes custos dependem das necessidades especlficas a

que devem satslazer Na p6gina 142 encontramos atl niesmo uma expressdo que ё verdadciramente supreendentepara um autor tao farnilianzadO cOFn O Capi′ σl: ``os sa16rlos,lsto C, o valor da forca de trabalhO'', quando devena ser.`o preco da lorca de trabalho`

'

Page 107: Capitalismo Tardio - MANDEL

VALORIZAcAO DO CAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS― VALIA 107

ca de tabalho e o desenvolvimento concreto dos sab五 os na EurOpa ocidental des―

de a segunda metade do sCculo XIXDeve tambこ m ser expressamente solicitado que, ぬo lo9o os trabalhadores

conseguem ehrninar em boa medida a concOrrOncia enl suas pる prias fileiras, pela

criac5o de uma forte organizacao sindical一―deセrrninada pela reducao a 10ngo pra―

zo do exё rcito industrial de reserva― ―, um novo aumento no desemprego (desdeque naO atitta propOrc6es catastr61cas)naO precisa acarretar automaticamente

uma queda no pre9o da mercadoria forca de tFabalho Nessc caso, o desempregos6pode exercer tal efeito dc maneira indireta, cm primeiro lugar pelo fatO de quc

os salarios reais das camadas desorganizadas do prOletariado comecam a cair emraz5o do desenvolvirnento desfavoravel da relacao entre a demanda c a oferta demaO_de_Obra, c, cm segundo lugar, quando a combatividade sindical das camadasorganizadas do proletariado esta enfraquecida. No entanto, essa scgunda condicaorepresenta uma mediacaO necessaria entre o desempre9o creSCente c a queda dossalariOs reais. Sc ela nao se matenalizar,ou na0 0 1zer imodiata ou suficientemen―te, a expansao do desempre9o podera ser acompanhada por uma cxpansao dossa16rios reais,como O mostrado pelos exemplos dos Estados Unidos ern 1936/39cda Gra― Bretanha em 1968/70. C)capital procurara,entaO,amphar o vOlume de de―semprego de tal maneira quc essa mediacao prevaleca apesar de tudo__ isto O:tentara nlinar a solidariedade de classe entre os trabalhadores empregados e de―

sempregados ern tal medida quc o desemprego macico vird debilitar, em `ltimaanalse, a capacidade de luta dos assalariados organizados e ainda empregados 140 combate contra a cxpansao do desemprego torna― se entao um prOblema de vi―

da ou rnorte para os operarios Organizados

Torna―se compreensivel, portanto, por que motivo a chamada Curva dc Phil―lips nao possui O alcancc auromdtico c mccanico a ela atriburdo por seu autor.15

Em opos195o a tese superficial,liberal― reforrnista,de quc o``pleno emprego"se tor―

nou um elemento duradouro e nOrmal na ``economia social de mercado" ou na``econornia rnista'' da “sociedade neocapitalista", Phillips tinha toda a raz5o ao

mostrar que cxiste uma correlacao deinida entre o rndice de alteracao dOs salarios

ern moeda,por um lado,c,por outro,o nfvel de desemprego,ou rndice dc altera―

caO dO desemprego. Isso significa quc o capitalsmo, hoic tantO quanto ontem, nc―cessita do exё rcito indusmal de reserva para cvitar um aumento ``excessivo" nossalariOs reais, ou para conservar a taxa de mais― vaha c a taxa de lucros num nfvel

14 A ongem sOcial e a composic5o do exё rcito industnal de reserva,ou as proporcoes relatvas de seus diversos cOmp。 _

nontes, sao da maior impo■ ancia a esse【もpeito Entre outros autores, Rosa Luxembur9 resumiu osses componentesda maneira apresentada a soguir “No entanto,o ex6rcito industnal de resewa dos dosempregados irnp5e o que podё ‐

na ser denominado uma restncao espacial no efeito dos sindicatosi somente a camada supeior dos trabalhadores mais

bem colocados,para os quais o desemprego ё apenas pe● 6dico e――nos terrnos de Marx― ―`luido',tem acessoう or―

gan12a95o sindical e a seu efeito As camadas infenores dO proletarlado, integradas por trabalhadores n5o quallicados

da construcao, que cOninuamente aluem do campo para a cidade, e por todos aqueles trabalhadores em oficios se‐mi―rurais i“ egulares,tais como os de fab● cacaO de筍 。1。S e de obras de terraplenagem,,a se mostram bem rnenos ap―

tas a organ12a950 Sindical, deν ido as cOndic6es eSpaciais e temporais inerentes a natureza de sua ocupa,ao e a seumeio social Flnalmente, as camadas mais balxas do exlrclto industnal de resenノ a, OS desempregados que encontram

algurn trabalho ocasional, os empregados domostlcos e, alё m disso, os pObres que vez por outra arranlam empregostempoぬ 五os encontram― so completamente lora do alcance da o■ aniza゛ O Em tormos gerais,quanto malor a mtlhac as dliculdades em deterrninada camada do proletanad。, rnenores serao as possibilidades de urn dndicalismo efeti‐vo Assim,a eflcacla dos sindicatos dentro do pFOletanado mOstra― se pouco profunda no plano vertlcal e,ao contr6● o,

bastante larga no plano hoizontal Em outras palavras,ainda que os sindicatos s6 incluissem uma parcela da camadamais alta do proletanad。 , seu efeito se estendena a totalidade dessa camada, pois as suas conqmstas beneicianam atoda a massa de opeぬ‖os empregados nos o(icios em quest5o''(LUXEMBURG,Rosa Einfuhnlng in die No“ onaloたο―

norni● p 276-277)Uma n“ vel conirmacao dessa anillse em nossa ёpoca pode ser encontrada, enl rela15。 aos Es―

tados Unidos,na obra de HARRINGTON,MichacI The Olher Ama"ca Harmondsworth,1963 p 36-39,4852,88a se9s15 PHILLIPS “The Relatlon bei″een Unemployment and the Rate of Change of Money Wages in tho UnitedKingdom'' In:Economico Novembro de 1958,v XXV

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108 vALORIZAcAO DO CAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS‐ VALIA

quc estimule a acumulacao do capital. Mas Philips equivocou― se ao construir umarelacao autOmatica c mecanica entre o nivel do desemprego (Ou rndice de altera―

caO dO descmprcgo)c a taxa de crescirnento dos salariOs norninais, sem levar emconsidera950 a “relacaO de fOrcas dos combatentes''. Esta 61tima, entretanto, incluinaO apenas a relacao entre demanda c oferta no``rnercado de trabalho",rnas tam―

bOm o grau de organizacaO,potencial de luta e consciencia dc classe do proletaria―

do.

A partir de um ensalo de Lewis, quc situava a causa basica da acumulacaoacclerada de capital durante a primeira fase de industrializacaO na c対 stencia dcuma oferta abundante de for9a de trabalho(lsto O, na c対 stOncia real ou potencial

de um pel:1lanente exCrcito industnal de rescrva)一 e dessa maneira reabilitandona pratica as teses classicas de Ricardo e Marx, ainda que negando cxplicitamente

sua validade ern relacaO aOs ``rnais maduros'' Estados industriais16__, Kindlebergerpretendeu,ate certO ponto de foma menOs rnecanica dO quc Phillips,fazer do anu―

xo grandementc ampliado de forca de trabalho17。 principal fator do crescirnento

econOrnico acelerado da Europa ocidental e Japao ap6s a Segunda Guerra Mun―dial, enquanto ao mesmo tempo procurava levar ern consideracao O prOgresso tec―no16gico.18 TodaVia,na medida cm quc ele cxclui de scu modelo as taxas de lucrOs

e de mais― valia (s6 o momento negaivo de uma prevencao da ``inlacao de sala―rios'' desempenha nele um papel dinarnicO),tOrna_sc incompreensfvel o motivO pe―

lo qual a liberacaO em massa de camponeses, artesaos e pequenOs comerciantes,撼o fundamental para a genese do exё rcito industhal de reserva cm regi6es como alt61ia, 」ap5o, Franga ou os Parses BaixOs, nao tenha exercido o mesmO efeito nu―ma fasc anterior,antes da Segunda(3uerra Mundial

Naturalrnente, todo esse cottuntO de problemas desempenhou um papel pri―mordiai na literatura maEcsta― ―e nao apenas nas ttes mais conhecidas polornicassobre o assunto: Marx contra Lassale e Weston; Rosa Luxemburg contra Berns―tein: Stemberg contra GrOssmann A tese do ``empobrecimento absolutO", falsa―mente atribuFda a Marx tantas e tantas vezes,19 estd enl total contradicaO a sua teO_

ria, cxplicitada nas passagens citadas acirna, de que dois elementos_― o fisio16gico

c o moral ou hist6rico――detellllinam o valor da mercadoria fOrca de trabalhO. CO―mo o minimo lslo16gico por sua pr6p五 a natureza diicilmente permite uma com―pressao, こ16gico que, para Marx, o elemento“ variavel''Ou “nexivel'' no valor da

mercadoria forca de trabalho fosse precisamente o clemento moral ou hist6rico.Em consequencia, a lutuacao do exorcito industrial de reserva c o nfvel alcancadOpela luta de classes em dado momentO sao os fatOres deterrninantes na ampliacao

ou reducao das necessidades a serem satisfeitas pelos salanOs. Do ponto de vistada classe capitalista, a luta em torno daねxa de mais― vaha C uma luta para restrin―

gir os salariOs as necessidades que saam compativeis com uma queda nO valor da

forca de trabalho (dado um aumento importante na produtividade do trabalhO, 0claro que naO ha motivO pelo qual essa diminuicaO dc υα′or naO se cOmbine a umaumento na rnassa de bens de consumo);ao cOntrdrio,a classc operaria se esfOrcapara quc um nimero cada vez rnalor de necessidades saa satisfeito pelos salarios.

Em contraposicao aO persistente mito de quc Marx via o trabalhador cOmO

16 LEWIS,Anhur “Development with Unhmited Supplies of Labour' In:The Manch“ ter Schoο l or EconOmic cnd So‐cioI Studi(澪 Malo de 1954,v X》 (II

17 Antes de Kindleberger, c independentemente dele, n6s mesmos haviarnos assinalado a gande importancia da re‐

constmOao do exёrdto industtal de resewa para o crescimento acelerado do capitalismO na Europa ocidental e no」 a―

pao ap6s a Segunda Cuerra Mundial Ver``The EcOnomics of Neo― Capitalism'' Ini Sociallst Reglsた r1964 LOndres,1964,p 6018 KINDLEBERGER,Charles P EurOpe's Pο

srωαr CrOttth― ―The Rο′●てプLο bour Suppl Cambrldge,EUA,196719 Por exemplo,KINDLEBERGER Op cit,p 201 STRACHEY、 」ohn Cο n`empο ra″ Cαpitallsm Londres, 1956 p93‐ 95

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VALORIZAcAO DO CAPITAL,LU■ へDE CLASSES E TAXA DE MAIS_VALIA 109

condenado a salaFiOS em estagnacao Ou mesmo em queda, podem ser inenciona―dos muitos trechos de suas Obras que raCitam explicitamente essa hip6tesc.20 Novolume 2 de O Capitalpodemosier

``O conttan0 0cOrre nos perfodos de prospendade, particularrnente nas ёpocas emque loresce a especulacao. Nao aumenta somente o consumo dos melos de subsis_鯰ncia necessanos;a classe operana ragora ariυ amente refo4α da pο r rOdO ο scu exι rci―

rO de r“e″al participa tambOm,por um periodo,no consumo de α7tigos de luxO nor‐malmente aに m de seu alcance, e daqueles produtos que, cm outras lpocas, cons■ ‐

tuem em sua maloria `necessidades' de consumo unicamente para a classe capitalis―ta".21

Diversos trechos nos Gttndrissc se referem ao mesmo coniuntO de prOble―mas,c apenas tres necessitarn ser citados aqul. Na primeira passagenl,Marx obser―

va:

“Para cada capitalista, a massa total de trabalhadores, com excecao de seus pr6-prios ttabalhadores, nao aparece como trabalhadores mas como consumidores, possul―

dores de valores de troca (salariOs), dinheirO, que eles trocam por sua mercadO五 a.

Existem inimeros centros de circulacao com Os quais tem inlcio o ato de trOca e me―diante os quais C conservado o valor de廿∝a do capital EIぃ representam uma parce―la bastante grande, emセ P7nOS propOrcionaお ――embora naO taO grande quanto geral_mente se imagina, se considerarmos o trabalhador indusmal prophamente ditO― _, da

toね ldade dοs consumidott Quanto malor o seu nimero一 o volume da populacaoindusmal――e a massa de dinheiro a sua disposi950,maior sera a esfera de troca parao capital ハヽmos quc a tendencia dO capital ё de amphar o mais possfvel a pOpulacaoindustrial''.22

Ern Outra passagem,Marx escreveu:

“Tudo isso, entretanto, pode mesmo agOra ser mencionado de passagem, aぬ ber,

quc a res饉 c5o relativa na esfera do consumo dos trabalhadores(que C apenas quanti―tativa e nao quahtaiva, ou melhor, apenas quahtabva enquanto baseada no quantitat‐V。)d6a eles como consumidores(no desenvol宙 rnento ulte●or do capital a relacaO en―

tre consumo e producao deve,cm termos geraお,ser examinada mais atentamente)uma imponancia tOtalmente distinta da que possuiam como agentes de producao naAntiguidade ou na ldade Mё dia,por exemplo,ou possuem atualrnente na Asia''

E Marx prOsseguc:

“A participa95o do trabalhador em prazeres mais elevados,mesmo culturais,a agita―

caO pOr seus p“ p●os interesses, a subscncaO de 10mais, o comparecirnento a confe―rencias,a educag5o de seus filhos,o desenvol宙 rnento de seu gosto,c assirn por diante――sua unica participacao na civilizacao que O distingue do escravo― ―, S6 0 possiveleconomtamente pdο αbrgamenゎ da Ⅲ ra&Seus hte“鰯

“qυandο os neg6cios

υαο bem.… Apesar de todOs Os discursos “piedosos'',(O Capitalista)por esse motivobusca me10s de esumula_10 aO consumo, de atribuir novos encantos as mercadOnasque produz,´ de suge"r‐ lhe nο υas necessidades pela tagarelice permanente, c assirnpor diante E exatarnente esse lado da relagao entre capital e trabalho que representa

um momento ci宙 lizador essenciat e nO qual reside nao apenas a lustifiCativa hisbrica,mas tamblm o poder contemporaneo do capital''23

戦 が鮮 朧 [還 [ご

螂 饉 Ⅲ 螂 DOLSKY Zur En3t― 赫

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110 VALORIZAcAO DO CAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS― VALIA

Ern seu discutivel l市 ro Dic Theorie der Lage der Arbeiteち quc expOs de ma―neira dogmatica a tese stahnista do ``empobrecirnento absoluto da classe operana''一― uma ld01a altamente apreciada na Opoca― ―, Kucηnskl levou fo111lalrnente em

consideracao a irnpOnancia das necessidades crescentes para qualquer avaliacaodo desenvolvirnento dos salariOs:

``()ra, se exanlinarmos a hist6ria do capitalsmo nos `ltimOs 150 anos, certamente

艦 ∬::鷺譜,デemenb h"6nco no ttbr da b<a de ttabdho mOttou uma

No entanto, Kuczynski tentou combinar a aceitacao de um aumento nas novas nc‐cessidades hist6ncas, a serem satisfeitas pelos salarios, cOm a afillnacao de umaqueda na satisfacao de necessidades fislo16gicas abaixo do nivel rninirno para so―

bre宙vencia,cOm O auxllo de cstatisticas duvidosas bascadas ern tendOncias especr―

ficas no desenvolvimento da nutricao. Todavia, nao e対 ste fundamento sё ri9 para

uma combinacao a tal pOnto esttanha,que conttadiz a cssencia mesma do c6ncel―to dc um“ mfnimo isio16gico para sobrevivOncia''.Sena muitO mais correto obser―

var que l)um aumento ininterrupto na intensidade do trabalho,sirnultaneo aO prO_gresso da tecnologia, deυ e resultar numa tendencia a clevacao desse rninirno para

sobrevivencia__pois sem um aumento nos salariOs reais sera ameacada a pr6priacapacidade de trabalho do operanO;2)o capitalismo tende a ampllar as necessida―

des da classe operaria num grau bem superior ao aumento de scus salanos reais,de folllla quc, ainda com o aumento, こposs'vel quc os nfveis salanais pellHane―

cam abaixo do valor da forca de trabalho.O pr6prio Kuczynski indica csses dois as‐pectos.25

Mais uma vez: se o potencial de luta e o grau de organizacao da classe opera―

na fOrem altos, mesmo uma queda nos salariOs rcais,cm resultado do desempregoern larga escala, ser6 somente de natureza passageira, compensadO por um rapidOaumento nos salariOs na fase subseqtiente,de ascensao industrial. E suficiente estu―

dar o desenvolvirnento dos salarios nOs Estados Unidos de 1929/37, ou na Francaentre os anos 1932/37, para se verificar quc a longo prazo mesmo o desempregocrescente ou crn larga cscala nao pode reduzir automaticamente os salariOs reais,

ou aumentar a taxa de mais― valia.

Dessa maneira, a categoria do “valor da mercadoria forca de trabalho" assu―

me seu pleno significado, sem absolutamente contradizer a deteminacaO dOs sa16-rios atravOs da “relacaO de fOrcas dos combatentes''. A curtO prazo esses salariOs

lutuam em tomo do valor da forca de trabalho que podc ser considerado comodado, ou correspondente a um padrao mё diO de vida, accito tanto pelo capital

quanto pelo trabalho A longo prazo,o valor da mercadoria forca de trabalho,afas―

tadas lutuacOcs no valor das mercadorias precisas para satisfazer as necessidades

basicas ``nollHais'' dos trabalhadores, pode aumentar se o proletariado, no prOces―

so de aguda luta de classes, conseguir incorporar novas necessidades aos padrOesde宙da aceitos como no111lais― 一ou dirninuir, sc a burguesia for bem― sucedida na

climinacao de nccessidades antes consideradas comO nollllais pelos “combaten―

tes".

Por outro lado, cntretanto, se o capital conseguir enfraquccer decisivamente

ou mesmo esmagar os sindicatos e todas as outras organiza90es da classe operaria

24 KUCZYNSKl,」urgen Die Theo● e der Lage derArbelに r Ettrlim,1948p8825 Lenin airrnou inequivocamente que o ca,taliSmO mostra uma tendOncia a intensiicar as necessidades do prOletana‐

d。 ,e com isso o elemento hisbico‐ s∝ial que panctpa dO valor da mercadona fo、 a de tabalho Collected Worに vI,p 106

Page 111: Capitalismo Tardio - MANDEL

VALORIZAcAO DO CAPITAL,Ltr「 A DE CLASSES E TAXA DE MAIS― VALIA lll

――inclus市e sua organνacao politica; se tiver exitO em atonllzar e intimidar O prOle―

tariado em tal rnedida quc qualquer folllla de defesa coletiva se tome impossivel,c

os ttabalhadores sciam nOVamente relegados ao ponto de onde ha宙 am partidO__,em outras palavras, se tiver exitO enl recriar a situacao “ideal'', dO ponto de宙 sta

do capital, da concorrOncia generalizada de operanO contra operano, toma― se per―

feitamente possivel l)uilizar a pressao dO desemprego para ocaslonar uma redu―

caO cOnsideravei nOs salanos reais;2)impedir O retomo dos salarios a scu nivel an―terior rnesmo na fase de osclacao ascendente quc sucede a uma crise,isto ё,redu―zir a longo prazo o valor da mercado● a foKa de trabalho;3)fOrcar O pre9o da mer―CadOFia fOrca de trabalho atO um nfvel abaixo desse valor ia dirninurdo, por melo

de manipulacOes, deduc6es e fraudes de todo tipo; 4)conseguir sirnultaneamenteuma expansaO cOnsideravel na intensidade social rnё dia do ttabalho c mesmo ten―tar, ern tellllos tendenciais, o prolongamento da jomada de trabalho.(D resultado

de todas essas modificac6es s6 pode ser um aumento rapidO e mac190 na taxa demais― valia.

Isso O exatamente o quc ocorreu na Alemanha enl seguida a vit6ria do fascis‐mo hidensta.A pressao do desemprego em massa ha宙 a forcad0 0s OperanOs ale¨maes a suportar consideraveis reduc6es de salariOs dc 1929/32.Essas reducOes fO―

ram menos catas“ icas em tel11los reais do quc em tell1los nominais,pois OcOrreuuma queda simultanea nO preco dos bens de consumo― ―mas,apesar de tudo,fO―ram consideraveis.A mё dia do salariO brutO por hora dc ttabalhO calu do fndice de129,5 ern 1929 para 94,6 em 1932,ist0 0,em mais de 35%. C)salario modiO porhora dos trabalhadores qualiicadOs em 17 ramos da indistria calu de 95,9 pren―nigs em 1929 para 70,5p」 ennigS,isto O,cm 27%;no caso dos ttabalhadores des―qualificados a queda foi menos severa: de 75,2 para 62,3 prennigS, Ou apenas

17%. Tais percentagens devem ser multiplicadas pela reducao nas hOras trabalha―

das. No entanto, uma vez que o preco de generOs alimentrcios declinOu cm cercade 20%no mesmO perlodo, c o pre9o de bens industriais decresceu segundo umapercentagem igualrnente elevada,o declinio em salariOs rcais nao foi taO agudo c。 _

mo poderia parecer, diante do mergulho abrupto dos salariOs nOrninais. De qual―quer maneira,nao fOiほ O grave quanto se podena imaginar,com o desempregoperto da marca dos 6 nlilhoes c um colapso catasは 61co nos lucros.26 A taxa demais― valia caiu― ―como acontece na maloria das vezes durante crises econOrnicasseveras――em parte de宙 do a desva10rizacaO das mercadorias que materialzavama mais―vaha, c em parte porquc uma parcela da mais― valia produzida naO pOdiaser realizada. Mas calu sobretudo pOrquc a pr6pria produc5o de mais― vaha cstavaem decliniO, de宙 do ao trabalhO enl tempo parcial e ao decroscirno no nimero dehoras trabalhadas,uma vez que nao O pOss"el reduzir o nimero de horas de traba―

lho necessarias a reprOducao da fOКa de ttabalho exatarnente na mesma propor―

caO quc a duracao da,Omada tOtal de tabalho.270 quc ocorreu,cnぬ o, depois que os nazistas lomaram o poder?A mOdia do

salariO bnito horano aumentOu do rndice 94,6 em 1933 para 100 cm 1936 c108,6 em 1939. No entanto, apesar do pleno emprego, csse Fndice mё d10 em1939 pe111lanecia bastante abalxo do nfvel de 1929,quando atingiu 129,5.A mas―sa total de salanos e vencirnentos pagOs em 1938 ainda era inferior a de 1929

26 BETTELHEIM,Charles LTconomie Alた mande Sο us te Nazlsrnc Pans,1946p210,211,25227 Kuttnsk calcula que os sal`● os nOminais brutos na ind`stta metal`rglca se precipltaram de um indice numё ncO de184 em 1929 para 150 em 1930, na indistna qurmica, de 247 para 203, e no conjunto da indisma, de 215 para

lttnlfl躙認嘱‰:ilttiだ「歴l:蹄

詰協『 :鰭冨:″Ъ墨電F襦ユ∫:智li島:nきち:鳳淑 l認:

mente KUCZYNSKl,」 urgen Di● G“chichた der Lage der Arbeller in Deutschland Berlim, 1949,v l,p 325-326,329-330

Page 112: Capitalismo Tardio - MANDEL

112 vALORIZAcAO DOCAPI「 AL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS‐ VALIA

(42,7 bilh6es de Reichmartt para tt bilh6es RM em 1929),enquanto,ao mesmoternpo,o nimero total dc assalaFiadOS ha宙 a aumentado de 17,6 Πlilh6es em 1929

para 20,4 milh6es em 1938.28 se COpsideral.los a grande ampliacao nas deduc6es

salanais(quC aumentaram de menos de 10%para mais de 20%da massa total desalaHOs),pOde ser estimado quc a renda anual efetivamente a dispOs1950 dOS assa―

lariados decresceu de 2 215 RM em 1929 para 1 700 RM em 1938, uma quedade apro対madamente 23%.O custo de宙 da era cerca de 7%mais alto em 1938do quc em 1933,e portanto provavelrnente uns 10%infenor ao nivel de 1929.As―sirn,antes da Segunda(3uerra Mundiat o salariO real do trabalhador alemao sob ONaclonal Socialsmo jd havia cardo ern mais de 10%em comparacao ao per10dOanterior a crise, apesar do consideravel acrcscirno na producao (em 1938 estava25%acirna do nfvel de 1929)e do aumento da produti宙 dade modia do trabalho

(em 1938 estava 10ツ aゝcima do nivel de 1929)conSeguidos sob a tutela nazista.29

Nao admira que sob tais condi96es a massa de lucros tenha subido vertiginosamen―

tei de 15,4 blh6es de RM ern 1929 e 8 bilhOes de RM em 1932 para 20 bilh6esde RM em 1938(tais Cifras referem― se a todas as follllaS de lucro,indusive os lu―

cros comerciais e bancariOs c os lucros naO distriburdOs das companhias).30

0 aumento na taxa de mais― valia foi portanto em larga escala.A participacao

dos salanos e vencimentos na renda naclonal decresceu de 68,8%em 1929 para63,1%em 1938;a participacao dO capital aumentou de 21,0%para 26,673:O au―mento na taxa de mais― valia pode ser calculado com precisao ainda malor ern com―

paracao a 1932,o plor ano da crise.De 1932 a 1938 os salarios nOminais totais a

disposicao dOs trabalhadores aumentaram em 6998, o nimero de indivFduos ern―

:鰍 需 箋 £ 測 轟 肥 膚 l騰鮒 [it鶴 鮮

吼 蹴 糠

lia diretamente resultante para o capital ten

QuaiS eram as fontes econOmicas de onde lura esse grande aumento na taxade mais―valia?(Ela parece ter dobrado宙 rtualmente,como pode serinfendo das ra_

z6es 8/26 e20/35).32 Em pnmeiro lugar, resultava de uma consideravel pr010nga―

caO da 10mada de trabalho sem a conきapanda de um aumento proporcional nos

salariOs reais. No perlodo 1932/38 o sald五 o nonlinal por indivrduO empregado au―

mentou em menos de 10%,enquanto o custo de宙 da aumentava em 7%.Ao mes―mo tempo, cntretanto, o nimero dc horas trabalhadas por indivrduO empregadocrescia em cerca de 40%.Assim,a massa de mais― valia absoluta aumentou consi‐

deravelmente.Nessc aspecto laz o mais importante segredo da expantto extrema―mente rapida da rnassa de rnais‐ valia e da taxa de rnais―valia sob o nazismo.

Em segundo lugar, entretanto, o valor da mercadoFia fOrca de tabalho reve―lou uma tendencia a queda. Isso porquc as necessidades atendidas pelos salariOseram menos numerosas do quc antes c,por outro lado,de宙 do ao significativo de―

cirniO na qualidade das mercadorias disponiveis para a satisfacao dessas necessida―

des, Por exemplo,houve um abrupto decllnio na construcao ci宙 t ist0 0,uma dete―

rioragao nas cOndi96es habitacionais dos trabalhadores(2,8 bilh6es de RM gastosem 1928 para 2,5 blhOes de RM dez anos depois, com uma populacao OpOrariamuito malor,mudanca equivalente a um decrOscirno de 20%na constucao habita_

28 BEl‐「ELHEIM Op cl,p210-222

ヨ《乱ふ畿Franz Bchemdh Nova Y。 ま,D“ p“ 5‐

“6

11誌f漢 ∬ lttR5esdeRMpa● 26 Ыh∝s de RM em mLHos e ordenados ds"n"as em 1932 Lcr∝ de 20 Ы―

h6“ de RIM pan uma“nda de 35 bih“ sem 1938 a dじ"J'蹴 踏1'朧

'鴇

戴 盤 ?謡 記 段

a織獣 ∬ 電 :rOs nao cOrrespondem exatarnente as categonas de maisJ

mo indicadores Mais adiante sera apresentada uma cianflcacaO adicional desse problema

Page 113: Capitalismo Tardio - MANDEL

VALORIZAcAO DOCAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS― VALIA l13

clonal por assalariado).Houve tarnbё m um aumento consideravel nO precO dOstOxteis:em mOdia,esses pre9os aumentaram em 26%entre 1932/38 33 HouVe umvisfvel aumento na participacao dos gastos com alimentos c artigos de pnmeira ne―

cessidade no orcamento mё dlo do trabalhador, o que, na hist6ria do capitalsmo,tem sido sempre urn indicio caracterrsticO de uma queda no valor da mercadoriaforca de trabalho.34 A deterioracao na qualidade dos bens de cOnsumo expressava―

se tanto nos bens industriais de consumO (roupas feitas de materiais sucedaneOs)quanto nos gOneros alimentrciOs.

Em terceiro lugar, depois do desaparecirnento do desemprego, os vendedoresda mercadoria foκ a de ttabalho forarn impedidos de se aproveitar das condic6esmais favortteis no mercado de trabalho para elevar O preco de venda da mercado―

ria. Depois quc esse pre9o calu abalxo de scu valor corrente sob a pressaO daGrande Depressao, ele pellllaneceu nesse nfvel durante a alta subseqtiente Dessamaneira, os nazistas realizaram corn sucesso o primeiro “nlllagre econOrnico ale―maO", mediante a reducaO a 10ngo prazo do valor da mercadona fOrca de traba―lho, enquanto sirnultaneamente deprinllam o pre9o da for,a de trabalho a um nf―

vel abaixo de scu valor,apesar do pleno emprego.

Nao ё difFci1 localizar o segredo social e politico por detras desse``sucesso". 0esmagamento dos sindicatos e de todas as outras organizac6es operarias e a resul―tante atomizacao,inimidacaO e desmorahzacao cOndenaram toda uma geracao dctrabalhadOres a uma perda de sua capacidade de autodefesa Na ``pellllanente lu―

ta entre o capital e o trabalho", um dos competidores tinha suas maOs atadas esua cabeca atordoada. A ``relacao de fOrcas dos combatentes" havia se inchnadOdecisivamente em favor do capital.

No entanto, mesmo sob condic5es nas quais a classc operaria sc encontra to―

talrnente atornizada, nao desaparecem as icis do mercado que deteminam lutua―

96es a curto prazo no pre9o da mercadoria for9a de trabalho. T5o10go se reduziuo exOrcito industrial de reserva no Terceiro Rcich, os trabalhadores puderarn ten―

tar,mediante rapida moblidade dc emprego――por exemplo,nos setores da indis―

tria pesada e de allllamentos,que pagavanl salarios mais altos c horas extraordind―

rias――, obter pelo menos uma pequena melhona cm seus salariOs, mesmo semuma atuacao sindical. S6uma violenta intervencao do Estado nazista para susten―

tar a taxa de mais― vaha c a taxa de lucros, na follHa da proibicao legal das mudan―

9as dc emprego e da υinculacao cOmpuls6ria dos tabalhadores a suas fun96es, 0que pOde impedir a classe operana de utilizar as condic6es mais proprcias nO mer―

cado de trabalho.35 Essa abohcao da liberdade de moⅥ rnentos do pr01ctariado ale―

m5o representou uma das mais impresslonantes confi111lac6es da natureza de clas―

se(capitalista)do Estado Naclonal Socialista.36

Nos outtos paises imperialistas dc imponancia_chave para o destinO da cconO―rnia mundial capitalista, um processo sirnilar ocorreu nas vOsperas e durante a Sc―

33 Entre abil de 1933 e abil de 1941 o aumento no custo do vestuano para o consumidor mё dio foi de apro対 Fnada―

mente 50% (NEUMANN Op cr p 506)Kucη nskl airrna que o crescimento hab■ aclonal Fquido em 1938-― cercade 285 269 casas― ainda esteve abaixo do n"el de 1929(317 682 casas)KUCZYNSKI Die C‐ chichセ der LagederArbeiたrin Deutschland Berlim,1949 v II,p210-21134 0s precos dos generOs aliment〔 dos aumentaram menos do que todos os outros componenteミ do Custo de宙da,a ex‐

cecao dOs aluguё is,e parLcularrnente menos que os tOxteis e os bens indusmais de cOnsumo As vこ speras da SegundaGuerra Mundlal a produc5o per capito de bens de consumo encontrava― se exatamente no nivel de 1928,antes da cn―

se BETTELHEIM Op c″ ,p207‐20835 sobre a restncao a liberdade de movimentos dos assalanados nO Terceiro Reich a padr de 1936 ver, entle outros,

KUCZYNSK1 0p c″ ,v II,p l19-121,195-198:NEUMANN Op cit,p341-342,61936 ver Neumann,Op ct,p3任 348,para os casos em que os assalaiados reagram,cOm relaivo sucesso,a algumasdas mais severas meddas coercitvas do Terceiro Reich mediante a reducao de seu ntmo de trabalho; pOr exemplo,por esso meio conseguiram a andacao da decis5o quc abolia o pagamento especial para O trabalho extraordindiO Ou

dominical

Page 114: Capitalismo Tardio - MANDEL

114 vALORIZAcAO DO CAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS― VALIA

gunda Guerra Mundial esse fol especialrnente o caso na ltala,Franca,」 apaO e Es―panha、 Na ltalia, sylos― Labini refere quc os salariOs reais da classe operaria carram

dO rndice 56 em 1922 para 46 em 1938 37 Ap6s a Libertacao, Os salariOs foramcongelados nos niveis do fascismo, s6 alcancando o rndice de 1922 em 1948. Apartir de en●o eles ultrapassaranl muito lentarnente esse nivel ato 1960, quandOaingiram o rndice 70.Na Espanha,fontes olciais indicam um dedrn10 da rendareal per capita de 8 500 pesetas ern 1935 para 5 400 pesetas em 1945-― em valo―res monettrios de 1953, que naturalrnente irnplicavam uma queda muitO malornos salarios reais.38 Entre 1945/50, o custo de vida aumentou mais uma vez em6098, enquanto os salariOs pellHaneciam bloqucados. Foi s6 depois de 1950 queocorreu uma recuperagaO gradual dos salariOs reais, que naO Obstante s6 alcanca―

ram seus niveis de 1935 provavelrnente no final dos anos 50. Durante todO essetempo,a producao industrial da Espanha ha宙 a dobrado.

O caso do Japao ё o mais claro dc todos. Ha alguma controvё rsia sobre O pa―

draO de sa16五 os durante a instalacaO da ditadura miltar fascista,antes da SegundaCuerra Mundial. No entanto, o aumento abrupto no percentual de salariOs gastOem alirnento―― de 34,4% em 1933/34 para 43,5% em 1940/41 __e o declin10concornitante no percentual gasto enl roupas, recreacao, saide e sen′ icos peSSOais――de 25,4%em 1933/34 para 21,75%cm 1940/41-― constitucm prova inegavelde uma queda nO efetivo padr5o de vida das massas. Naturalrnente, este sofreuum golpe ainda mais catasは6fico durante a Segunda Guerra Mundial. A seguir,osSalaFiOS fOram congelados em niveis muito balxos durante a ocupacao americana.Elevaram― se vagarosamente com o inicio da fase de prosperidade do p6s― guerra,

mas em termos gerais peullaneceram extremamente reduzidOs enquanto existiuum mac19o eだ rCitO industrial de reserva nas areas rurais,que supHa a industria la_

ponesa com um pei11lanente aluxo de m5o― de― obra barata. Ern 1957/59 o cOnsu―mo anual per capita de acicar no」 ap5o era de 13 kg, para 50 kg na Gra― Breta_

nha,40 kg na Finlandia c 18 kg no Cel15o; o consumo diario de prOternas era de67 g para 86 g na Gra―Bretanha, 78 g na Sfria e 68 g no Mё対cO. Os salanOs au_mentavarn tao lentamente, se comparados a produ950 c a industriahzacaO, que nodecorrer dos anos 50 a participacao dOs salarios e vencirnentos no valor bruto daindistna manufatureira(estabelecimentos com qua枷 o empregados ou mais)efe■ ―

vamente diminuiu,mesmo nas estatisucas Oiciais,de 39,6%em 1953 para 33,7%enl 1960.39 shinohara Observa sem rodelos:

``De maneira geral,uma econonlia com excesso de forca de trabalho tem fOrte possi―

bilidade de realizar uma taxa mais alta de lucrO listo C,uma taxa mais alta de acumula―

95o de capital por causa da taxa mais alta de lucros― EM]do que uma economia ca―rente dessa cond19ao,se as Outras circunstancias fOrem iguais Nao ё apenas pOrquc afor9a de trabalho deixa de constituir um fator de esttangulamento no primeiro caso,mas porquc os salariOs relaivamente baixos, combinados aos altos nfveis de tecnolo‐gia introduzida do exterior,resultarao em precos maiS baixos e na cxpans5o das expor―

tacOes''40

Em tais circunsttncias, nao ha mistё rios acerca do nivel excepclonalrnente alto de``poupancas'' 一―iStO ё, mais―valia, acumulac5o de capital e investimento__atingi―

do durante a noね velfase de prosperidade de p6s― guerra no」apao.

玉糧 鷲 蜃 醤

~1緊ドL酢世駄 さ¶ :ir鵠駄 留 :庶 ぷ 鶏よ 金 員紺 Anbtt ROMBRAVELLA,Ros Cap施 腱m。

i[聾1,喜1‡∫::111itili超駄 :電Ll:習11配I Madi19・

VLp5■lv L p 3Q 27 26

Page 115: Capitalismo Tardio - MANDEL

VALORIZAcAO DO CAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS― VALIA l15

Tambёm ё esclarecedOr considerar mais atentamente o exemplo da ccOnomianorte―americana. Um exame desse caso toma― se mais difFcl pelo fato de quc O de―senvolvimentO fOi muito menos reulineO nos Estados Unidos do que na Alemanha

鵠 髄 tミヽ rfttd:L昂 :罵鮒 品 歯 鍛 鳳 げ 竃 謡 留 :

nida, quc conduziu a um aumentO clara―mente expresso na taxa de mais― valia no perlodo subseqiiente a guerra T.N.Van―ce calcula csse desenvOlvimento41 da Seguinte maneira:

A"ο Capital Vα ttdυ el

rem bilhδ es de d61ares,Mais‐ Variα

Taxade Mais‐ Valic

1939194θ

19441945194619471948

43,346,798,898,192,698,9

105,4

39,946,3

103,0104,7106,3119,6136,3

92%99%104%107%115%121%129%

Urna confimacao indireta dessa tendOncia pode ser encontrada no rapido de_cifnlo da participacao dO cOnsumo privado no produto social lfquidO norte― america―

no. Enquanto este■ltimo aumentou de um rndice dc 100 cm 1939 para 178 em1945e158 em 1953,o consumo privado aumentou apenas de 100 em 1939 pa―ra l18 ern 1945 e 135 em 1953.A pre9os fixos,o conSumO privado per capita em1953 era apenas ll,5ツ 3 superior ao de 1939, apesar de uma cxpansaO macica naproducao――e essa verificacaO nenl sequcr leva cm conta a estratificacao de classc

dessc cOnsumo privado.42 0 marXista polones Kalecki chegou a uma cOnclusao si_mllar: segundo ele, a participacao dO cOnsumo privado no produto nac10nal totaldos Estados Unidos decresceu de 78,7%em 1937 para 72,5夕 ,crn 1955, enquan―to no mesmo perfodo a participacao da acumulacaO particular de capital aumentoude 16,4%para 21,4%43 Baran e Sweczy,por sua vez,calcularn quc a participacaoda “renda da propriedade" (rnais― valia)na renda naclonal total dos Estados Uni―dos se clevou de 14,7%para 17,796(26,6 blhOes de d61ares em 1945 e 58,5 bi―lh6es em 1955,para uma renda naё lonal de 181,5 bilhOes cm 1945 e 331 bllh6esem 1955).44

1nimeras indicacOes sirnllares para o 」apao confimam essa tendOncia geral.De acordo com estatrsticas Oficiais, o consumo privado calu de 60,4%do PrOdutoNacional Bruto em 1951 para 54,9%em 1960 e 51,1%em 1970.Ao mesmo tem―po,o dispend10 cOm a aquisicaO particular de capital fixo elevou― se acentuadamen―te,de 12,1ツ 3 do PNB enl 1951 para 20,398 em 1960.No decorrer dos anOs 60 cs―sa percentagem calu sob a inluencia da recessao, das amortizacOes crescentes cdo investimento em estoques. No entanto, a follHacao de capital continuou a au―

mentar,c em 1966 inha chegado a mais de 35%do PNB(para 27%em 1951).

麓翻 T'こ 記 PCλFnanettWarEconOmノ Berkdey,1970p23 .

譜 鵡 織 謝 Ъttpen6震:ぶ 樅 ヒ鱚 評 18:凛 鷲鳳鷺 穏 LttTttti轟 製 躙 ∬ 電訛 遮

“BARANe SwEtt Monopoly Capltal p 385‐ 387 A essas cilras eles acrescentam uma parte da mais‐ vana supO"a‐

mente“ escondida"nas cotas de depredacao N6s subtralmos novamente essa parcela

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116 vALORIZAcAO DO CAPFAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS‐ VALIA

Naturalrnente, a aplicacao das categorias dc Marx a essas sё ries numOricas de―

ve ser empreendida com extema cautela: as estimativas oficiais desse material s6podem ser redtlzidas a tais categorias por melo de calcu10s bastante complicadOs.

Do ponto de vista da teoria do valor dc Marx elas contOm numerosas quantidadesem sobreposlcao.45 De acordo com essa teoria, uma parte do total de salarios evencirnentos nao pertence nem ao capital variavel desembolsadO a cada anO nemas quantidades anuais de mais― valia; isso se aplica acirna de tudo aos salariOs dos

empregados no comOrcio c ern todas as esferas nas quais,C evidente,o capita1 0 in―

vestido para colher uma parcela de mais― valia gerada cm outro setor,mas que,porsi mesmas,nao produzem mais― valia.A10m disso,parte da soma de salarios e ven_

cirnentos evidentemente pertence a mais_valia e nao aO capital variavel__。 rendi―

mento de gerentes, dos altos funcionarios na indistria c nO aparelho de EstadO, c

assirn por diante. E ainda outra parte do total de salariOs e vencirnentos(e do pro―

duto social)representa rendirnento quc foi gasto por 2 ou 3 vezes(incluindO os sa―

lariOs dOs empregados no setor de sepし 19oS)・ TOdoS estes teriam de ser subtrardOs,para se calcular a taxa de mais― vaha.46

1sso posto, uma comparacao entre Os calcu10s Oficiais da participacao dO tOtal

de salariOs e vencirnentos e da participacao da massa de lucros no produto nacio―

nal certamente fomecc um indrciO cOnfiavel dO desenvolvimento a mOdio prazo dataxa de mais‐ valia,pois O pouco provavel quc a correcao necessaria desses elemen―

tos para alinh6-los com as categorias marxlstas宙 esse alterar em qualquer aspecto

decisivo as propoκ6es enttc eles,nesses perfodos de tempo.

Deve― se enfauzar,cntretanto,quc e対 ste uma diferenca fundamental entre o``rnlagre econOrnico"dos anos 50 na Alemanha Ocidentat」 ap50 e l校11la e dOs Es―

tados Unidos nos anos 60,e o desenvolvirnento anterior a guerra da Alemanha na―

zista e do」ap5o:apesar da ascens5o abrupta da taxa de mais― valia no Japao fascis_

ta e na Alemanha nazista, nao ocOrreu nesses paFses nenhum aumento significativonos investimentos privados no setor civil Praticamente toda a expansaO nOs investi―

mentos pode ser amburda a iniciativa do Estado ou a industria de allllamentos.Por isso, naO o possfvel discerrlir os elementos de um processo cumulativo de cres―

cirnento a longo prazo na cconornia na2iSta. O mesrno ё verdadeirO, muratis rnu_

tandis, para a econonlia dc guerra nos Estados Unidos entre 1941/44. Ao contra―rio, a ascensao da taxa de mais― valia no perFodo de p6s― guerra na Alemanha Oci―

dental, 」apao, Itttlia, Franca e nos Estados Unidos, tanto na p五 meira metade dosanos 50 quanto na primeira metade dos anos 60,ocaslonou efetivamente uma po―derosa cxpans5o dos investimentos pnvados no setor civil Em Outras palavras, fa―voreceu urn crescirnento cumulativo da cconornia fora da csfera aIInamentista.

Em 1938 os investimentos privados na indistria alema eram apenas cerca de25%mais akos do quc em 1928,c em 1937,mesmO em cifras absOlutas,eram ain―da infenores ao nivel de antes da crisc. E interessante comparar esses nimeroscOm O rndice de producao g10bal da indistria quc――se tomaliHos o ano de 1928como igual a 100-― alcan9ou l17 em 1937 e 125 ern 1938.47 Em outras palavras,foi somente depois de cinco anos de economia orientada pelo na2iSmO, quando oreallHamento estava em plena marcha e sc anunciava o desencadear da Segunda

“Tais quantldades superpostasぬ o dlscuidas mais detalhadamente no cap 13 do presente tabalho

46 TantO Vance quantO Baran e Sweev tentam fa2er tais corre96es,mas o fazem de modo bastanセ inadequado Van―ce calcula a renda dos assalanadOs(inclusive na aghcultura)ao deSCartar os saldios mais altos(supenOres a l ooO d6‐lares por ano),maS em seguida subtrai essa renda do produto s∝ ia1 1lquido usando detenninar a mais‐ valia Aζ m,ele conserva tanto as quanidades superpostas quanto a inclusao de uma pane do capital social no αllculo do nOvo va―1。r cnadO a cada ano(Op ct,p23)Baran e Sweezy avancam de maneira slmlar,e alё m dlsso acrescentam uma

曜 詳 轟 絆 瞥 Hl:L〃d iX° a mJ,И ha pr“面 da i動 O aoυ ●br nουo

Page 117: Capitalismo Tardio - MANDEL

VALORIZAcAO DO CAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS― VALIA l17

Guerra Mundiat quc OS investimentos privados se a10aram atC a proporcao da prO_ducaO industrial quc haviam aingido antes do iniclo da Grande Depressao.

Nos Estados Unidos os investimentos privados brutos pellllaneceram abaixodo nivel de 1929 durante todo o periodo 1939/45,com a inica excecao de 1941.Em 1946/47 o nfvel de 1929 fol ultrapassado, mas a mё dia para o perlodO1940/47 fomece urn total anual por investimento privado brutO quc 0 2196 inferior

ao n"el de 1929(calcu10s em pre9os ixos).48 MeSmO a mOdia para 1945/47 cal ll―geiramentc aquё m do nivel de invesumentOs brutos em 1929;em cOntrapartida,aproducao da indistria de transfomacao nesses ttes anOs superou o nfvel de 1929por uma mё dia de 78%,c o total do produto social bruto privado foi 5496 rnais al―to. A defasagem nos investimentos privados pode ser explicada por ttts motivosbaslcOs:

1)Antes da introducaO da cfetiva ccononlla de guerra(na Alemanha)ou logoem seguida a sua interrupcao(nOs Estados I」 nidos),a CStagnacaO relativa dos sala―

rios reais e do consumo p● vado representou uma barreira que lirnitou uma expan―s5o na ati宙 dade de investimento no Departamento II. Isso inevitavelrnente afetouas expectativas do mercado e, cm cOnseqtiencia, tambOm Os investimentos no De―partamento I.49

2)Depois quc a ecOnornia de guerra alcancou pleno desenvolvirnento, o vO‐lume de melos de desbm195o pЮ duzidos(Departamento HI)cresceu tao rapidamen―te quc as condic6es materiais s6 forarn suficientes para uma expansao bastante mo―

desta da reproducao, ou sirnplesmente naO pellllitiram nenhuma cxpansao adic10_nal da reprOducao. uma vez quc os bens do Departamento IH naO participam doprocesso de reproducao,uma disぬ ncia cada vez malor rnanifestOu― se entre o acrOs―

cirno da producao indusmal absOluta c as possibilidades de crescirnento contFnuo

Se, por exemplo, o Fndice de prOducao aumentasse de 100 para 150 no decOrrerde 4 anos, mas 35 desses pontos representassem bens do Departamento IH, ape―nas l15 pontOs(150-35)estariam disponfveis para reproducaO nOs Departamen―tos l c II.Mais ainda,digamOs quc,desses l15 pontos,20 no Departamento l e 15no Departamento II tivessem de ser desviados para a producaO dO DepartamentoHI; na reahdade, em comparacaO aO ano basc(1940, por exemplo), a reprOducaonos Departamentos l c II teria dirninuFdo em vez dc avancar,pois apenas 80 pon―

tos pellllaneceriam a dispoS19ao dOs dOis Departamentos produtivOs para reprodu―

9aO__menOs quc os 100 pontos no infclo do perlodo de quatrO anos 50 Em Outraspalavra,a longo prazo uma cconomia a′ 7“amentおナα ι funciOnal para a acumula‐caO de capiFal somente sc absotter capitais cxcedentes, sem desυ iar para a ind`s_tria de a′ ′′lamentos os capitais ncca6dttos a reprOducaο ampliada dos Departa‐mentos l c I.Uma econOmia aIIllamenista e de guerra impulslonada alё rn desseponto des廿6i em propoκ 50 Crescente as condi95es materiais para a reproducaoampliada c assirn,a longo prazo,dificulta a acumulacao de capital ao invos de favo―recO-la.

3)Como verificou Kuczynski a partir de dados oficiais,51 ern 1937 a produtivl―

48 Bureau Ofthe Census,US Depattment of Commerce Lο ng Ter7n EcOnο rnic GrOω th p 171 Tais nimeros represen―tam os investlmentos bmtos de toda a economia, c consequentemente tarnbOm da construcao habitacional, c assimpor diante

許U∬ 塩 1:5犠:[1翻l:::i里 1き 11li「島梶[:T量子も〔:1:l[i:|:l[iSaspeCt°

S C apreSentada uma anttse

Page 118: Capitalismo Tardio - MANDEL

118 vALORIZAcAO DO CAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS― VALIA

dade mOdia do trabalho na indistria alema de bens de consumo na reahdade caluabaixo do nivel de 1932. Enl tellllos gerais, portanto, a ditadura nazista mostrou―

se incapaz de realizar uma expansao na mais― valia n31atiυ αi conseguiu a clevacaoda taxa de mais―valia unicamente pela ampliacaO da mais― valia absolura, mediante

uma reducao nO valor da mercadoria forca dc tabalho. As possibilidades dessapratica sao naturalrnente lirnitadas. Ao conttario, O mctodo caracteristico de extra―

9らo de sobretrabalho sob o capitalismo tardio ё a ampliacao da rnais― valia relatiυ a.

A importancia dessas considerac6es esE cm mostrarem quc um dispOndio am―pliado com aIIllamentos nao pOde,em si rnesmo, dar origem a uma aceleracao da

acumulacao a 10ngo prazo,e quc em■ ltima andhsc um aumento continuo em gas―

tos a111lamentistas naO cOnseguO ultrapassar os lirnites da valorizacao do capital.

Dois fatores adicionais foram neces“ rios para quc a importante expansaO na taxa

de mais― valia na Alemanha depois de 1933 e novamente depois de 1948, c namaloria dos demais paises imperialistas ap6s 1945,conduzisse efetivamente a umaaceleracao a 10ngo prazo da acumulacao de capital, isto ё, a uma “onda longacom uma tonaldade basicamente expansionista". Tais fatores consistiranl nummercado em expansa~o constante e nas condicσ es pClas quais essa cxPansa~o na~o

`rouxe consigo uma quedaだ議)ida na taxa de mais― υalia, nem ocasionou um rapido

decrrnio na raxa de lucros Na situacao cOncreta ap6s a Segunda Cuerra Mundiatessa combinacao naO poderia ser criada por uma expansao geografica do merca―do,mas unicamente por uma tansfollHacao tecn016gica no Departamento I.S6uma revolucao tao fundamental quanto esta poderia conduzir ao mesmo tempo aurn crescirnento cumulativo em todos os ramos da indistria c a um aumento consi―

deravei na produtividade do trabalho,a uma importante expansao na prOdu95o demais― valia relativa aliada a uma ampliacao do mercado de venda para bens de con―

sumo(e,portanto,tambё m a um aumento na renda real dos assalanadOs).umacondicao pro宙 a dessa configuracao fOi a pel:1lanOncia da taxa de mais― valia em

um nfvel acirna da mOdia, de宙 do a recOnstucao, cm andamentO, do exOrcito in―

dustrial de reserva(e, a10m disso, ao enfraquccirnento relativo do potencial de luta

dos trabalhadores,em resultado de fatores subieuvos).Fol exatarnente essa configuracao quc cOnstituiu a cssOncia do “rnllagre eco―

nOnlico alemao" ap6s a refolllla mOnetaria de 1948 e, com varia90es seCundanas,de todos os``rnilagres econOmicos'' nos paFses imperialistas ap6s a Segunda Guer―ra Mundial. Por dez anOs, de 1949 a 1959, a participacao dOs que recebern sald―

rios e ordenados na renda nacional alema pemaneceu abaixo de seus nfveis de1929a1932.52

AηοRenda Nac,o"α I

(bilhOes de RM e DMI

Renda brura dα

maο_de_ο brα empregα dα

I cο mο%de r

卿蜆畑蜘卿

42,925,347,375,2

194,0

26

・5

26

・6

61,9%61,8%54,9%591%60,2%

52 Para Os anos 1929, 1932, 1938:cifras da Sec5o de Estatisicas,recalculadas para a area da Rep`blica Federal(a ex‐

Clu壺o de Saa■ and e Berllm)por DRAKER,HO ``intema● Onale Wirtscha■sstatsbken l'' In:"ISO― ―Korropondenz

Jur Wi"文hJS― und sぬ olω ttenschorten N° 22,15 de novembro de 19ω ,p 1054 Para os anos 1950 e 1959,」αh‐

に等ulaChttn d● Sachυerstondigenratt zur B"utachtung&r gesamtwiお chψ

Chen Entω た層ung Drucksache VVl(Ю

des Deutchen Bundestages,6° periodo eleitoral,l de dezembro de 1969

Page 119: Capitalismo Tardio - MANDEL

VALORIZACAO DO CAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS‐ VALIA l19

Se calculal11los a pattcipa`Fo relatiυ a dos sab"os mediante a di宙 sao da ren_da por assalariado pelo produto social por habitante(isto O,se levallllos ern consi―

deracao o fatO dc que desde 1929 ocorreu um aumento consideravel, de aprO対―

madamente 62%para mais dc 8098, na participacao dos assalariados no cOniuntOda populacaO empregada), verificaremos quc, de urn fndice numCrico de 150 em1929,cssa partiこ ipa゛o calu para 140 em 1950, 128 crn 1952, 121 em 1955 e pa―ra apenas l17 em 1959. Nesse momento a participacao relativa dos salariOs estavaak, mesmo abaixo de seu nivel durante o nazismo; em 1938 o lndice era 125.53Dessa vez, entretanto, o aumento na taxa de mais― vaha nao foi acOmpanhado poruma relativa estagnacaO na produtividade do trabalho, como nos anos 1933/38,mas,ao conttario,por um aumento extremamente rapidO na produtividade dO tra―balho, em resultado da inovacao tecn016gica acelerada. Mais adiante, a canaliza―

caO de nlilh6es de refugiados,camponeses,pequcnos comerciantes e donas― de―ca―

sa para o processo de producao garantiu uma peilHanente reconstrucao do exё rci―

to industrial de reserva, que conservou abaixo de certos lirnites a participac5o dos

salariOs no valor recOm― criado. S6 com o estabelecirnento do plenO emprego em1960, quando o nimero de postos vagos excedcu o nimero de desempregados(apesar da introducao adic10nal de milhoes de ttabalhadores, dessa vez do estran―geiro), こquc a participacao relativa dos salariOs deixou de cair. Ao mesmo tempo,

manifestou― se um decllnlo na taxa de mais― valia c na taxa mOdia de lucrOs, quc aclasse capitalista tentou refrear pela aceleracao da autOmacao, e que por sua vez

conduziu a recessao de 1966/67.54

Nesse contexto, deve― se Onfatizar a importancia da migracaO internaclonal damaO_de_Obra, que aumentou espetaculallliente a partir do mOmento em quc ocxOrcito de reserva intemo do trabalho praticamente desapareceu na AlemanhaOcidental. Em iulhO de 1958 havia apenas 127 nlil ttabalhadOres estrangeiros naRepiblica Federal;erarn ainda 167 nlll em julho de 1959. Scus efetivos entao au_

mentaram para 279 rnil ern meados de 1960, 507 nlil em meados de 1961, 811rnll ern rneados de 1963,933 rnil enl rneados de 1964,ulttapassaram a marca del mllhao em meadOs de 1965,chegaram a l,3 mllh5o em rneados de 1966 e ven―ceram a barreira dos 2 milh6es em 1971.55 sem eSsc anuxo de maO― de_Obra da Eu―ropa meridlonal,que pellllitiu a reconstucao dO exё rcito interrlo de reserva,o capl―

talismo da Alemanha Ocidental teria sido incapaz dc assegurar sua fonilidavel ex_pans5o de produ95o nOs anos 60 sem um declrnlo catas廿6fico na taxa de lucrOs.O mesmo ё verdade, muraris murandis, para a Franca, a Su19a e Os componentesdo Benelux, paises que no perfodo entre 1958 e 1971 absorverarn coniuntalnente2 rnilh6es de ttabalhadores estrangeiros em seu proletariado.

Urna expansao a longo prazo na taxa de mais― valia, por um lado; por Ouせ o,

uma cxpansaO a 10ngo prazo do mercado,atravOs da inovacao tecn。 16gica acelera―

da―一em outtas palavras, uma expansao a longO prazo na taxa de mais― valia con―jugada a um aumento sirnultaneO nOs salariOs reais: tal foi a combinacaO especrfica

quc torrlou possivel o crescirnento cumulativo a longo prazo da cconOrnia dos Esta―

dOs imperialistas no perfodo 1945/65,ern contraste com o perrodo nazista c a Sc―gunda Guerra Mundial. Mas a ditadura nazista c a Segunda Guerra Mundial cria―

ram as prC― condi96es decisivas para csse novo cstado de coisas taO vantaosO parao capital, na medida cm quc tOmaram possrvel uma expansao radical na taxa demais‐ valia c uma erosao radical no valor da foκ a de trabalho,obieiVOS que sc ha―

53 calCulos nossos, baSeados nas ctfras oiciais para o produto interno bruto, a populacao e a renda bnita do trabalho

dependente pela rnёdia de assalaiado empregado54 calCulada pelo mこ todo utllizado adma,a relacao entre a renda bnita por assalaiado e o prOduto intemo bruto por

habitante aumentou novamente para lβ 7 em 196655 NIKOLINAKOS,Manos Pol爾 sche Obnornie der Castarbeiた Jrage Hamburgo,1973p38

Page 120: Capitalismo Tardio - MANDEL

120 vALORIZAcAO DO CAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS― VALIA

viam revelado impossrveis de assegurar nas condicOes ``pacricas'' c ``nOェ lHais'' vi―

gentes ap6s a Primeira Guerra Mundial, de宙 do ao grande aumento da capacidadede hta dO prdeね nado sob a hnuonda da Revduc5o Russa e da_vaga htemado―nal de explos6es revoluclonanas

A absorcao de cerca de 10 mllh6es de refugiados e de rnilhOes de trabalhado―

res estrangeiros na Alemanha Ocidental do p6s― gucrra teve seu equivalente na I涯 1-

lia,com a inCorpOragao de milh6es de campOneses c habitantes das areas rurais dalt61ia mend10nal na industna da ltalia setentrional; no」 apao, cOm a absOrcaO deum nimero ainda malor de camponeses e trabalhadores ligados aos setores tradi―cionais da econornia pela grandc indusma laponeSa mOdema, com efeitOs sirnlla―res, c nos Estados Unidos, com a abSorcao na fOrca de trabalho urbana de cercade 10 rnilh6es de mulheres casadas e mais de 4 nlilh6es de prophettrios rurais,parceiros e tabalhadores agrrcolas.Tambこ m no Japao,quando o exOrcito de reser―va do trabalho no campo e no setor “tradiclonal'' da indistria come9ou a cscas―

sear, ocorreu um excepclonal anuxo de mulheres na producao assalariada durantea longa fase de prOsperidade no p6s― guerra: na verdade,o nimero de mulheresia―ponesas que recebiam salanos Ou Ordenados cresccu de 3 nlilhOes em 1950 c 6,5

mlh6es em 1960 para 12 mllhδ es em 1970. Tais deslocamentos representaram aprC―condicao necessaria e suficicnte para a continuidade a longO prazo de uma ta―xa‐ de mais― valia acirna da mこ dia――em Outtas palavras,para uma prevencao a 10n_go prazo da queda da taxa mё dia de lucros e, conseqtientemente, para um cresci―

mento acirna da mOdia na acumula95o de capital a longo prazo Assirn,entre 1950e 1965, cerca de 7 rnilhOes de trabalhadores deixaram o setor agrrcola nO」 apao.56

No mesmo perrOdO, O ndmero dc assalariados na indistria de transfOHllacao do―brOu (de 4,5 milh6cs para 9 rnilhOes). A soma total de salariOs e ordenados pagapela industria de tansfo`11la950(inclusive os sab● os dos empregados altamente re―

munerados, que devem ser considerados como uma parcela da mais― valia e naodo capital variavel)aumentOu de 744 blh6es de yens enl 1955 para 2 733,5 bilhOesde yens ern 1963,cnquanto no mesmo perfodo o valor acrescentado na indistria detransformacao aumentou dc aproxirnadamente l,99 bilhao de yCns para 7,459 bi―lh6es de yens,c os inVeStimentos anuais no novo capital fixo nesse ramo industrial

ampliaram―se de 228 blhOes de yens para l,750 tnlhao de yens 57 E facil per_ceber o segredo desse enolllle CreScirnento: entre 1960/65 os salarios reais por as―

salariado na indistria de transfomacao aumentaram em apenas 20,3, enquantO aproduti1/idade frsica dO tabalho por empregado aumentou cm 48%.58 A cOnse―quencia fOl um grandc acrOscirno na producao de mais_vaha relativa.

Esse declrn10 na participacao relativa de salariOs tambOm pode ser verificado

nos Parses BaixOs, uma vez quc a participacao de salariOs, Ordenados e cOnttbul―

96eS SOCiais na renda naclonal pemaneceu praticamente inalterada entre 1938/60(1938:55,9'8; 1956:55,3,8; 1960:56,6ツ3),enquanto no rnesmo perrodo a partici―pacaO dOs assalanadOs na populacao trabalhadora cresceu de 70%em 1938 para78,898 cm 1960.

O desenvolvimento a longo prazo da relacaO cntre a renda do ttabalho e arenda do capital na indisMa e no artesanato,tal como foi mOstrado por HOffmannpara a Alemanha, c a relacao a longO prazo entre a renda do trabalho e a renda

do capital na industria manufatureira, de acordo com as estatrsticas Oficiais dos Es―

tados I」 nidos. saO indicadores claros das ondas longas na auto― expansao do capl―

56 NAMIKl, Masayoshi The Fα rrn Populatio71 in」 apan 1872 1965 Sをhes de Desenvol宙mento AgFc。 la N° 17,T6-qui。 (Sem data)p 42-4357 MiniStOnO de ind6stna e ComOrciO intemacional Statls,cs en」 αpan“ο lndust"‐ 1966T¨ uio,1966p26‐27,8758 fbid,p88-89

Page 121: Capitalismo Tardio - MANDEL

VALORIZAcAO DO CAPITAL,LttADECLASSESETAXADIMAIS― VALIA 121

tal.Cabe repetir:trata― se apenas de indicadores,e nao de scries numCricas em cor―respondencia exata com as categorias dc Marx.Hoffmann subtralu a renda dos em―pregados mais bem pagos da renda do trabalho,rnas nao pode incluir na renda docapital na indistria c no artesanato aquela parcela da mais‐ valia quc, embora seiacertamente pЮ duzida ar,o ObietO de apropnagao fOra desse setor.Apesar dissO,ha prOvas claras tanto de uma ascensao quanto de uma queda a longo prazo na ta―

xa de mais― vaha,o que vem desmentir a repetida tese de``uma constante participa―

caO dO trabalho no produto llquido",59 que Os econonllstas acadOnlicos em geral,ca Escola de Cambndge em particular,宙 rtualmente consideram um axioma(Verquadro da p.122.)

Na medida em quc se assistiu, em 1950,uma reproducao da clevacao verticalda taxa de mais― valia, ocorrida durante o Terceiro Reich, pode ser cOnstatada de

irnediato por melo da comparacao das cifras para aquele ano cOm as do perfOdo1927/28: ainda quc a renda do trabalho fossc a mesma(naquela opoca a mOdiaera de 38,7 bilhOes de RM; em 1950 era de 38,9 blhOes de DM), a mais― valia

apЮpriada pela indisma e pe10 artesanato praticamente tyl)′ iCOu (aumentOu deuma mOdia de 5,6 blh6es de RM para 15,5 bilh6es dc DMI). S6nos anos 60 0quc haveria urn novo declrnlo na taxa de rnais― valia

Os nimeЮs para a indnsma manufatureira nos Estados Unidos mOstram diver―gencias importantes enl relacao as estimativas de Vance,citadas anteriollllente, ca

razさo b6sica para isso pode residir na massa crescente de mais― valia apropnada rO―

ra do setor industrial. O calcu10 dO desenvolvirnento a longo prazo da taxa demais― vaha na industria de transfomacao nOs Estados I」 nidos ve_se ainda mais cOm―plicado pelo fato de que as estatisicas do Census o/Manuractures oicial incluom

as cotas de depreciacao na categoria dc “valor acrescentado" e, a10m disso, naofomecern o montante preciso dessas cotas. Calculamos a taxa de mais― valia deacordo com o metodO utilizado por Gillman.60 No entanto,um outto problema o Ode venficar se unicamente os salanos dOs trabalhadores prOdutivos deveriarn inte‐grar o capital vari6vel, ou Se pelo menos uma parcela dOs trabalhadores ``de escri_

t6rio"一―aqueles quc tto indispensaveis para a producaO e realizagao da ma16_va_

lia, nos tellHos dc Marx― ―tambこm naO deveria ser inclurda cntte Os recebedores

do capital vari6vel; c, se este for o caso, a extensao dessa parcela deve ainda ser

detel:llinada.

Apresentarnos abaixo quatro sё ries numOricas, todas baseadas em dados Ofi―

ciais:

seric I:rnais― valia=valor acrescentado,rnenos salarios.

SOric II mais― valia=valor acrescentado,rnenos cotas de depreciacao e salariOs.

Sёrie lHi mais― vaha = valor acrescentado, menOs salanOs e 50% dos ordena―dos.

SCric IV: mais― vaha = valor acrescentado, menos cotas de depreciacao, sala_nos e 50シ dゝos ordenados.

59 ver,por exemplo,LEWiS,A山 ur “Unhmited Labour Further Notes'' In:Tha Manch“ 佗r SchOO1 0r Ecο nο micsand Sociα I Studi(" v XXVI,n° 1,,anei,。 de 1958,p 12 Strachey repete a mesma tese,com a ressa持 a de que a clas‐

8淵 Jttiど 1調 菰ヽ 1慨湖 fl釘 」'メ

臓 :T配:亀謄 場‰ PIP麗「Yぅ::':智器 出

Nicholas “Capltal Accumulaton and EconOmic Growth'' In:LUTZ,F A c HAGUE,DC(Eds)The The。 ヮ Or Cαpirol Londres,1961∞GlLLNIAN,」 。seph The Fdlng Roた ●JPrOFt Londtts,1967p46-47,60-61

Page 122: Capitalismo Tardio - MANDEL

AnοRenda do capital rrp

"α:nd`s麟ocn0

αresanα rO αremaes

Rcndα dο trabα :hο rffl

nα indistttα e n0

αロセsα口aro alemaesf/1r em%

18701″ 1

1″21″3187418751876

3716393044615099531054055356

Medic de 1870‐1876 22,2%

19″190θ

19091910191119121913

4995455445364890519859106242

16086160351624817164182911937420138

Mιdiα de 1907‐ 1913 29,4%

192519261927192819291930

261622955900533354893044

Media de 1925‐ 193θ 11,29る

1935193619371938

708875651348817049

30485333363659039494

i魚贄‖α de1935‐ 193θ 32,3%

19501953195419551956195719581959

1546224919302573297634352374823713046643

3894356884623197013379083857679203898357

39,7%

Mこdia de 1953‐ 1959 44,7%1

lHOFFMANN,Waler G Op cr,p508‐ 509

122 VALORIZAcAO DOCAPrAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS― VALIA

Analogamente,50%dos ordenados nas series IH c IV tambOrnぬ o cOnsidera―

dos capital variavel.(Ver quadro da p 123.)

O espantoso paralelismo entre as quatro sCries toma relativamente simples ainterpretacao desses nimeros, ainda quc um ponto pcllHaneca diξ cutrvel. I)o inf―

cio do sCculo atё depois da PHmeira Guerra Mundiat a taXa de mais― valia dirni―

nuiu vagarosamente,de宙 do ao declinlo a longo prazo do desemprego e do dё sen―

volvimento da organizacao sindical. A seguir, elevou― se abruptamehte duFante O``pr6spero perlodo" 1923/29, como resultado do rapidO crescirnonto na produtivi―

Page 123: Capitalismo Tardio - MANDEL

Anο

Tca de mα is‐ υαria=mais‐ υαliα/capital υαttdυ cI

f ″ rfr Al

19041914191919231929193519391947195θ

1954195819631966

146%149%146%142%180%153%182%146%159%151%185%209%219%

134%127%125%127%163%135%154%129%140%143%165%192%200%

117%108%108%106%135%124%

113%118%112%121%137%146%

97%94%94%84%113%97%

98%102%96%106%124%131%2

VALORIZAcAO DOCAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS― VALIA 123

1 0s nimeros para os ordenados dos trabalhadores de escit6io em 1939 n5o constam do Statた tical Abstracts or the

υniled Statt a nossa disposigiO2 Dados sobre o valor acrescentado e a soma dos salanOs e Ordenados na indistna manufamreira dos Estados Unidos

em Sぬ ,おたα′Abstract or the υnied States,n° 60 Washington,1938p749;n° 69 Washington,1948P825;nO89 Washington,1968 p 717-719

dade(prOducao de mais_vaha relativa)e da recOnstitu19ao dO exorcitO industrial de

reserva.Durante a Grande Depressao a taxa calu(mas naO tantO quanto geralmen―te se sup6c)de宙 dO ao trabalho ern tempo parcial(declin10 na mais― valia absoluta

c um relatvo aumento nos custos ixos).A taxa de mais― valia expeHmentou nutua_

95cs irregulares durante c ap6s a Segunda(3uerra Mundial(de infcio suspensao,cdepois reproducaO dO exorcito industrial de reserva)e a partir de meados da doca―

da de 50 registrou uma importante oscilacao ascendentc(ampliacao macica na pro―dui宙dade do trabalho e na producaO de rnais― valia relativa).

As sёries numOricas IH c IV―― que se desviam um tanto das estimativas deVance antes citadas neste caprtulo, rnas provavelrnente estao mais pr6xirnas do de―

senvolvimento real… …pe=Initem‐ nos cxplicar de mancira mais precisa tanto a acele―

ra95o quanto a funcao ecOnomica da situacao nos Estados(」 nidos durante os anos50(e na Alemanha Ocidental nos anos 60)Os efeitOs iniciais da terceira revolu95otecno16gica fizeram― se sentir numa queda relativa da participacaO das matorias― pri―

mas e, muitas vezes, mesmo das maquinas nOs valores mOdios das mercadorias, cconseqiienternente acarretaram um aumento na participacao dos salariOs nOs cus―tos unit6rios.61 Para cada capitalista, o esforco para elevar a taxa de mais― valia en―

contrava expressao empirica na luta para deprirnir a participacao dos salariOs. o

ObicuvO da automacao era possibilitar essa reducao,c simultaneamente reconstruiro exOrcito industrial de reseⅣ a

Numa tese de doutoramOnto de extremO interessc,c at,agOra nao pubhcada,Shane Mage chega a conclus6es opostas. Ele afima quc o desenvOlvimento a lon―

9o prazo da taxa de mais― vaha, a partir do inrcio deste sOculo atl o t011llino da Sc―

gunda Guerra Mundiat foi abruptarnente descendente nos Estados Unidos. Ainda

assirn, segundo sua cxpos1950, a taxa de mais― valia teria deixado de cair ap6s1946,comecando――ainda quc modestarnente― ―a se elevar Outra vez.Mage ten―tou reduzir as estatrsticas Oficiais norte― americanas as categorias empregadas pOrMarx,corn precisao bem maiOr quc a de Vance ou Baran e Sweczy.Assim,no“ ca―

pital variavel'' cle inclui apenas os salanos dOs trabalhadores produtivos, enquan―

61 sALTER,W E G Productiυilソ αnd Technicα l Chαnge Cambndge,1960 p 25 Ver o cap 6 do presente trabalhO

Page 124: Capitalismo Tardio - MANDEL

124 vALORIZAcAo DOCAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS― VALIA

to, por outro lado, todOs os lucros de neg6cios sao eng10bados na mais― valia Es―sas duas cOrrec6es esEo perfeitamente no espFnto da andlise de Marx.No entanto,Mage cOmete duplo errO,que falseia as suas conclusOes.62 Em pnmeiro lugar,considera comO mais― vaha unicamente os lucros li9uidos(c os iurOS e as anuidades liqui―

dOS, das filillas capitalistas, ao passo quc, para Marx, os impostos representavam

uma parcela da mais‐ valia social.63 Ern segundo lugar, cle soma ao capital vanavelos salarios dos trabalhadores empregados em firmas de prestacao de servlcOs, em―

bora, se a teoria do valor do trabalho for rigorosamente aplicada, os sc「 し190S, nosentido real da palavra__isto O,todos eles,com excecao dos que produzem trans―porte de mercadorias,gas,eletricidade,agua__n5。 produzem mercadorias c,cOn―sequentemente, nao criam nenhum valor novo. No cntanto,se as tabelas de Mageforem duplamente corngldas no que se refere a csses pontos,a queda a 10ngO pra―

zo na taxa de mais― valia desaparecett totalmente O pr6prio Mage faz uma cOrre―

950 parcial__ainda que inexata― ―mas apenas sob a fo111la de uma hip6tese detabalho em um apOndice a sua tesc,na qual ele calcula a mais― valia a partir dos sa―

lariOs brutos e dos lucros brutos(OS impostos pagos pelos trabalhadOres, enquanto

elementOs distintos das dedu96es para a previdencia sOcial, usualrnente naO pO―

denl ser inclurdos no capital variavel,no sentido em quc Marx utiliza o tel:Ho,uma

vez que nao tem nenhuma ligacaO cOm a reproducao da fOrca de trabalho enquan―to mercadona).Mas mesmo depois de feita essa correc5o insuiciente,venicamosquc houve um acrOscirno na taxa de mais―valia de 45,1%no perfodo 1930/40 pa~ra 57,1%no perfodo 1940/60.64 se fOr feita a correcao cOmpleta, serd Obtido umacrOscirno em plena adequa95o com as sё ries quc acabamos de apresentar.

O exemplo dos Estados Unidos doに rrnino da Segunda Guerra Mundial atl ofim da decada de 50 se toma ainda mais significativo na medida cm que cOntradiza tese de Lewis, de que nao o pOssfvel falar de uma reproducao duradoura dOexёrcito industrial de reseⅣ a ap6s o desaparecirnento dos setores p彪 ―capitalistasda cconomia, c quc, cm consequencia, Marx errou ao pressupor que, no decOrrerda acumulaca~o do capital, o 廿abalho vivo seria substiturdo pe10 “trabalhO mOr―t。"65 Esse perrodo assistiu luStamente a tal subsitu195o de trabalhadores por rnd―

quinas――em outras palavras, a uma taxa anual de crescirnento da prOdutividadedO trabalho quc excedia a taxa anual de crescirnento da producao 66 0 reSultado

62 MAGE,Shane The`Low orthe Fα‖ng Ten&ncy or the Rαた oF PrOrlt'IIお Place in thc Mattan S"tem and Rele‐υαnce to the υS Ecο nο mッ Tese de Ph D,Universidade de Col`mbia,1963,Universi,MiCrOllms lnc Ann Arbor,Mi‐chigan p 174-175,164167,161,164,225 etse9s63 Na teona de Marx tOdos os rendmentos podem ser refeHdOs aos sala」 os Ou a mais valia Uma vez que os rendimen‐

&!Ъ 舞 盤 l譜1躊鵬 器 etthttS散蹴 凛 里lf:螺aF:錯:こ:£::“∬ 亀:P認漢1:驚鴨

'陽:『

buicaO da mais―valia soclal ou um acrlscirno da mesma por intennこ dio de deduc6es salanais sua funcao se toma an―da mais clara nos casos em que os impostos sao diretamente forrnadores de capital,de maneira que seu carater com。parte da mais― valia soclai naO pode ser rehtado sem que se coloquc em quest5o a totalidade da teona de Marx verpor exemplo Capltal v I,p75664 MAGE,Shane Op cr,p 272‐ 273 0s“ lculos de Phelps‐ Brown e Browne sugerem um rapidO aumento na taxade mas_vaha desde o perfodo compreendido entre 1933 e 1940,e um novo aumento marcante entre 1946 e 1951 ACentuッ orPαノLondres,1968p45o-452

露躙 lttttti`y溜 ¶ :悲:撫 [:盤 淋 |'£hil。 ∞mo a massa d∝ q¨ recebem ttai¨ e σdenad∝―-lsto`,a massa daqueles forcados a vender sua forca de trabalho― ,aumentou em 14 milh5唸 s Ou 35% (nO entan_to, houve um acに scirno de apenas l milhao na indistna de transformacao efetva,e de somente 2,5 milhoes na indis―tna de transfo“ nac5。 mais a de constucao, mais os setores de transporte, 96s, elemcidade e outros sewicos p`blicos,a excecao dO aparelho efetvo de Estado)A producao ffslca por assalanadO {isto 6, a produtudade do trabalho)au―mentou em 50%na ind`sma de transfOrmac5o de 1947 a 1961,e de 42%nos outros ramos indisuais A soma totalde hOras trabalhadas aumentOu em 15% na indistna, e a producao ftica em quase 70% Ao cOnt`五 o, os saldiosreais semanais s6 aumentaram em 29%、 e o consumo real′ χr capro em apenas 20% N5o surpreende que nO mes‐mO per10dO Os investmentos em capital ixo dvessem aumentado em 70%e os invesumentOs nO Departamento l emnada menos de 100%, enquanto o desempre9o(excetuadOs os tOs anos de prospendade coreana)lutuava em tomodo lndice de 4,5%do total empregado__ou mesmo de 5%a6%,se o desemprego parcial fOr levadO em cOnsidera―

ca。 _embOra no periodo v6nos mih6es de assalanadOs esuvessem se"indo no ettrcito Ecο nο mic Rep。 7t Or thc P“‐sident_Tmnsmi"ed to Congiド ,」αnua″ 1962 V′ ashington,1962 p 236,244-245,242,227,248

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VALORIZAcAO DO CAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS― VALIA 125

fo1 0 ressurgirnento bastante rapidO dO exorcito industrial de reseⅣ a,quc havia de―saparecido no curso da Segunda Guerra Mundial,corn todas as implicacoes decor―rentes para a taxa de mais―vaha.67

Tal reprOducao dO exё rcito industrial de reseⅣ a nos Estados Unidos ap6s aSegunda Gucrra Mundial, assirn como a combinacao de taxas crescentes de mais―valia e salanOs reais em ascensao68 na Europa ocidental e no 」apao depOis dc1945 ou 1948,s6se tomou possrvel rnediante uma cxpansao cOnsider6vel e a 10n、go prazo na produti宙 dade do trabalho― ―cm outras palavras, correspondeu a urn``(3rande Salto'' na producao de mais_valia relativa. E cxatamente nesse sentidc

quc a terceira revolu95o tecno16gica deve ser宙 sta como parte essencial de nOssacomprecnsaO dO capitalismo tardio. Enquanto o exё rcito industrial de reserva per‐

rnitir o crescirnento da taxa de mais― valia一―condtaO criada,por sua vez,por umaexpansao consideravel da produtividade do trabalhO no Departamerito H __ naoocorrerao problemas especfficos nesse campo Em cOnsequencia, 。s anos 1949/60cm parses cOmo a Alemanha Ocidental e a ltalia, 1950/65 no」 apao e 1951/65 nosEstadOs l」 nidos representaram perFodos de serenidade absoluta para o capitalismotardio, durante os quais todos os fatores pareciam promover a cxpansao: taxa ele―vada de investimentos, crescirnento rapidO da prOdutividade do trabalhO, taxa em

ascensao da mais_valia, facilitada pela presen9a do exOrcito industrial de reseAla, c

conseqtientemente crescirnento mais vagaroso dos salariOs reais em comparacao apFOdutividade dO trabalho,cOrn arrefecimento sirnultanco das tens6es sociais.

Podemos agora resunllr o mecanismo geral da longa onda de expansaO cOrn_preendida entte 1940/48e1966,juntamente corn as diferencaS especfficas em sua

operacao nos variOs paises imperialistas.()rea口 Hamento e a Segunda Guerra Mun―dial tOmaram possiv・ ci novo impulso na acumulacao de capital, ap6s a Grandc De―pressao, ao reintroduzirem grandes volumes de capital excedente na produ950 de

mais― valia.69 Essa reinlecao de capital fol acompanhada por um acrOscirno significa―

tivo na taxa de mais― valia, primeiro na Alemanha, 」apao, Italia, Franca c Espanha――isto ё, naqueles paたcs nos quais a classe operaria havia sofrido graves derrotasdecOrrentes do fascismo e da guerra; c a seguir nos Estados Unidos, onde o com―pronllsso antigrevista da burocracia sindical durante a Segunda Guerra Mundial, a

irnposicao da Lci Taft― Harley depois de dOis anos de militancia industrial no p6s―guerra c a capitula95o do aparato da AFL― CI()frente a “(3ucrra Fria" e aO Macar―tismo conduziram a uma erosao rnais gradual na combati、 idade operaria.

As taxas crescentes de mais―valia c dc lucros facllitaram nesse momento O inl―

cio da terceira revolucao tecnO16gica Ap6s uma fase de ``industrializacao intensi_

va'', o investimento dc capital passou a assunllr a folllla de serni― automacao e deautomacao, especialinente nos Estados Unidos, na Alemanha Ocidental e nO 」a―

paO ocOrreu uma cxpansaO macica na produtividade do trabalho no Departamen―

to II,c por esse melo uma cxpansao correspondente na producaO de mais_valia re―

lativa(e, portanto, na taxa de rnais― valia).Um mO宙mento contrariO s6 se tomouevidente quando a pr6pria dinarnica dessa onda longa cxpanslonista comecou aatingir os lirnites do exOrcito de reserva do trabalho c,conSequentemente,as cOndi―

c5es dO “mercado de trabalho" passaram a favorecer a classe Operaria, enquanto

67 Tarnbёrr・ na Alemanha Ocidental grande n`mero de trabalhadores foram dlspensados em muitOS ramos industnais

em 1958/60, rnas puderam encontrar novos empregos nos ramos de maior expansao O Insttuto de Pesquisa Econ6‐mica IFO calculou que 4,33%da m5o― de―obra empregada tomava‐ se supl』 ua a cada anO no perfodo 1950/61, deu―do a intensitca95o de capital ao progesso tlcnico Em 1958/65 ocoπ eu diminuicao cOnsider6vei no v。 lume de pes―soal empregado na indistna ttxtll, na ind6sMa do couro. de cerarnicas inas, de processamento da madeira c em ou―ttosramos KRUSE,KUNZ e UHLMANN Wittcha■ llChe Ausω i渋ungen derAuわmattie″ ng p 79,6568 MarX levou expressamente em considerac5o a possibilidade de tal desenvolvimento Ver C,■ nd"sse p 75769 No cap ll ostudaremos os problemas te6ncos colocados pela retomada da acumulaφ o de capital ap6s a GrandeDepress5o medlante os gastos com o rearrnamento e a produ95o de arrnas

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126 vALORIZAcAO DO CAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS― VALIA

um pronunciado aumentO nos salarios reais comecava a fazer retroceder a taxa demais― vaha.

A Gra― Bretanha representa a excecao que cOnfillHa a regra.Ali a classe opera―ria sofreu uma derrota memoravel mais cedo do que nos outros parses imperialis―

tas irnportantes(a excecaO da ltalia),com O cOlapso da greve geral em 1926 c a de―

sintegracaO dO governO trabalhista cm 1931 A seguir, durante os anos 30, O de―semprego pemaneccu num nivel elevado na lnglaterra.(D resultado de tudo issofol uma expansao lenta mas constante na taxa de mais― valia,70 No im da docada,entretanto,a situacao da classe operana bntanica ha宙 a melhoradO em termos obic―tivos, com um declrnio nO exё rcito industrial de reserva Posteriorrnente, do ponto

de vista subietivO, fOi cssc o uniCO prOletariado importante do mundO que nao sO_

freu derrOtas sこ rias cntre 1936 e 1966-― experiencia que modificou profundamen―te a relacao de fOr9as de classe na lnglaterra. A Gra― Bretanha tornou― se assirn a

unica potencia imperialista que se revelou incapaz de ampliar a taxa dc exploracao

de sua classc operaria de maneira consideravel durante ou ap6s a Segunda GuerraMundial;a taxa no Rcino Unido establizou― se no novo perrodo nos nfveis rnais bai―

xos do pに―guerra.71 De uma perspectiva capitalista, o resultadO era cvidentei ero―

saO da taxa de lucros,c taxa muito mais lcnta de crescirnento econOmico e de acu―

mulacao do quc ern outros parses imperialistas(sem falar quc a inluOncia estimulan―te da cxpansao internacional sobre a econornia britanica foi responsavel pOr parte

consideravel desse crescirnento lirnitado)

No entanto, assim quc a cxpansaO cOnduziu a dcsmoblizacao e desaparecimento do exOrcito indusmal de reserva, e sirnultaneamente a entrada em cena denovas geracOes comecou a dirninuir o ccicismo subletivo c a resignacao nas filel―

ras operarias, Os anos dourados do capitalismo tardlo chegaram ao firn numa csca―

la internaclonal. Deixou dc haver qualqucr possibilidade de aumento automaticOna taxa de lucros ou de sua permanencia num nfvel elevado.Mais urna υαz sc aυ i―

υou a luFa cm tOrno da taxa de mais― υalia Mais ainda, ncssa luta era precisamente

o alto nivel de emprego quc contribura para uma considcravel expansaO da fOrcadOs assalaFiadOS, sobre os quais recairam press6es cxtra― econOmicas, desunadas aimpedi― los de diminuir a taxa de mais― valia.Sem divida,foi esse o obiciVO CO―mum da larga variedade de interveng6es estatais quc proclamavam ``a programa―

9aO sOcial'', “a atua,5o ern comurn'', uma“ poll● ca de rendirnentos''一 ―ou,na ou―tra face da mocda, uma ``politica cstatal de salarios" Ou O ``congelamento de sala―

rios''. Uma vez quc a genurna autOnOnlla de negociacaO por parte dos sindicatos,

a libordadc sindical efetiva c o irrestntO direito de greve constituem obstacu10s para

se aingir esse obieuvO,fOram propostas ou aprovadas varias mOdalidades de legis―lac5o de“Estado forte",visando a sua climinacao

A trans19ao de uma ``onda longa com tOnalidade basicamente cxpanslonista''a uma ``onda longa corn tonalidade basicamente de estagnacao", pOr vOlta dOsanos 1966/67, esteve assim intimamente relacionada a cssa luta ern torno da taxa

de mais―valia. O capitalismo tardlo naO pOde etlitar um perfodo dc expansao ecO_nOmica relativamente desacelerada, caso nao cOnsiga quebrar a resistencia dos as_

salariados e,por esse rnelo,garantir um novo aumento em largas proporc6es na ta―

xa de mais―vaha No entanto, isso O inirnaginavel sem uma cstagnacao, e mesm。sem uma queda temporana nOs salanos reais. Assirn, em meados da dOcada de60,uma hova fase de agucada luta de classes se manifestou em todos os parses irn_perialistas A partir da Gra― Bretanha, Italia e Franca, essa onda gradalivamente se

7o PHELPS― BROWN e BROIVNE Op ct,248250,44644771 fbid,p 458

Page 127: Capitalismo Tardio - MANDEL

VALORIZAcAO DO CAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS― VALIA 127

espraiou pela Alemanha Ocidental e o restante da Europa capitalista, atingindomais tardc o」 apao c Os Estados Unidos. A intensificacao sirnultanea das rivalida―des inter-lmperialistas veio diminuir as possiblidades de deslocar essa luta median―

te a cxportacao das tens6cs sociais, c em particular mediante a cxportacao do de_

semprego.Nessa intensificacao da luta de classes, o capital nao tem chance de assegurar

um acrOscirno efetivo na taxa de mais― vaha, comparavel aO conseguido sob a dita―dura nazista ou na Segunda Cuerra Mundial, enquanto as pめ prias condicOes dOmercado de trabalho modificarern `'a relacao de fOrcas dos combatentes'' cm favor

do prOletariado. Ern conseqtiencia, a expans5o do exOrcito industrial de reserva se

tornou atualrnente um instrumento deliberado de polltica econOmica em benefrciOdo capital.72 A csse respeito,torna― se necessariO recOrdar o trecho de Rosa Luxem―burg citado anterio11llentc (ver a nota 14), c analisar os variOs compOnentes do

exOrcito industrial de reserva. Devem ser levadas em conta, cntre outros aspectos,

as consideraveis lutuacoes no emprego feminino e de ,OVens de menOs de 21anos que,juntamente com os trabalhadores estrangeiros,atuam como amortecedo―res na reconstitu195o dessc exё rcito de reserva. Por exemplo, nos EstadOs I」 nidOs,

o nimero de mulheres adultas empregadas aumentou ern 719る entre 1950 c1970, c o de adolescentes empregaveis em 65%, cnquanto o aumento no empre―

9o dc homens adultos foi apenas de 16% nessas mesmas dOcadas Por esse mou―vo,cm fevereiro de 1972 a taxa de desemprego para adolescentes era de 18,8%epara mulheres adultas de 10,5'8, enquanto para os homens casados era de ape―

nas 2,7%. No entanto, csses para― chOques significam quc os nimeros oficiais dedesemprego nao correspondem de maneira alguma ao montante real de pessOasexclurdas do processo de trabalho,pois um ndmero consideravel de mulheres c io―

vens nao oferece sua forca de trabalho se as chances de vendo― la naO fOrem muitoaltas No caso do mercado de trabalho italiano, Luca Meldolesi chegou a cifras as―

sustadoramente altas para o dの empregado disfaκ adO,que deve ser indurdO nOexCrcito indust五 al de reserva.73写 impOrtante enfa● zar o dup10 papel do fundo adi―

cional de forca de trabalho represcntado pelas rnulheres casadas c pelos,Ovens,as―

sirn como pelos ttabalhadOres imigrantes(inclusive pelas rninorias naclonais e ra―

ciais nos Estados Unidos:pretos,chicanos e porto― nquenhos)na preservacao ou re_

72 0 uSO deliberado dos trabalhadores estrangeiros como um amonecedOr em rela95o a excessivas てlutuac6es inter‐

nas do emprego" tornou― se clarO durante a recessao de 1966/67 na Alemanha Ocidontal, quando mais de 400 milopeぬ●os estrangeiros perderam seus empregos entre junho de 1966 e lunhO de 1968(NIKOLINAKOS Op cit,p38, 66-70)O mesmo lenOmeno pode ser observado nos Estados Unidos, com Sua forca de trabalho prOveniente dePorto Rlco,do Mё斑co e(mais recentemente)da Amё rlca Central Nao cabe anahsar aqui os efeitos cOmplexos das lu―tuac5es nosse axι rcito intemaciOnallzαdο de resen・α dO trclbα lhο sobre o desenvol宙 mento econOmico dos paisOs maispobres, v121nhOS subsen′ ientes dos pr6speros EstadOs impenalistas TOdavia, ` not6no que grande prOporcao dOs tra―balhadOres imigrantes を de maO_de_obra nao qualiicada, coninada aos trabalhos mais sulos, rnais duros e mais malpagos nas economias metropolitanas Assim, こdeliberadamente crlada pelo capital uma nova estatlicac50 nas ileirasdo proleta五 adO、 entle trabalhadores `` natlvos'' e ``estangeiros" Isso fornece sirnultaneamente aos empregadores osmeios de consewar baixos os sal`五 os do trabalho nao qualiicado,de travar o desenvolvlmentO da consciOncia de clas‐se do proletanado pelo estimulo dos paruculansmOsを tllicos e reglonais e de explorar esses antagonismos artliciais pa―

ra propagar a xenofobia c o racismo na classe oper`na A campanha de Sch、 varzenbach na Suica, o PO、 vellismO naGra‐ Bretanha c Os pog,oms ant― arabes na Franca constltuem exemplos desse iltlnnO aspecto Em cOnsequOncia, acausa da solidanedadO prole饉 na internacional toma― se um dever elementar mesmo do pontO de vista da cOnsciOncia“sindicalista'',para n5o falar da consciOncia pol籠 ca de classe prophamente dita Quanto as discnminac6es a que est5osuleitos os trabalhadores estrangeiros na Europa ocidental,ver a documentacao em cASTLES,S e KOSSACK,G fm―rrllgrant Wο rk●●αnd tha Class Strucrutt in″ 0たm EurOpe Oxford,197373 wα〃s,にet」οuma1 25 de outubrO de 1971:Su″eν げCurrent Busin‐ fevereiro de 1972;MELDOLESl,Luca Disο ccupaziο ne ad Esarcito fndust"。le di Rたo″ο in f`α liο Bai, 1972 Enquanto em 1940 apenas 27,4% das mulheresamencanas de mais de 16 anos de idade trabalhavam mediante remuneraca。 , esse percentual havla se elevado a 42,6em 1970 Entre as mulheres casadas,o aumento era ainda maior― ― de 16,7%para 41,4% Nesse mesmo ano,a per

研F織_乱L篇 :竜を電11:ユ篤島服l選猛守凛 どちη91鴇i:::驚 楓R翼loふ盤品{訛 :

tnal de reserva do trabalho pode ainda ser encontrado nas regloes subdesenvolvldas do centrO e do sul

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128 vALORIZAcAo DO CAPITAL,LUTA DE CLASSES E TAXA DE MAIS― ちヽへLIA

construcao de urn exOrcito industrial de reserva do ttabalho. De um lado,as lutua―

90es ern scu nfvel de emprego sao muitO maiores do que no caso dos trabalhadO―res ``es6veis'', “chefes de famflia" De outro, recebem muito menos por sua for9ade trabalho, uma vez quc a burguesia cinicamente pressupOe que sua renda saaapenas urn ``complementO'' ao “orcamento famlllar''. Muitas vezes seus salarios semostrarn inadequados attt mesmo para a reconstrucao fFsica de sua forca de traba¨lho, de maneira quc, para garantir a custo a sobrevivencia, sao obrigados a recor―

rer a beneficencia,ao seguro social,a busca ``1legal'' de recursos,c aSSirn por dian―

te.Dessa forma,parte dos custos de reproducaO de sua forca de trabalhO o“ sOciali―

zada').74

0 capital dispOc atualrnente de dois melos para a reconstrucao do exё rcito in―

dustnal. Ele pode,de uma parte,intensificar as exportag5es de capital e sufOcar sis―

tematicamente os invesumentOs internos,isto ё,enviar capital para‐ ondc ainda cxis―ta cxcesso de forca de trabalho,ao invOs dc trazer forca de trabalho para Ondc haa

cxcesso de capital;dc outra parte,pode intensificar a automacaO,Ou,ern outras pala―vras, concentrar investimentos para liberar tanto trabalho vivo quanto possrvel(in_

dustnalizacao``ern profundidade",rnais do que``ern extensao").

A longo prazo, ambas as taicas podem conseguir apenas exito lirnitado, e re―produzirao mais ainda as agudas contrad196es sociais.Por um lado,a asfixia dos in―

vestimentos internos dirninui a taxa de crescirnento c assirn intensifica os antagOnis―

mos sociais. Por outro, depois de certo tempo――e o tempo O aqui uma questaode impOrtancia crucial__as diferencas no nfvel de salarios entre o pars expOrtador

de capital e o pars impOrtador tambom comecarao a dirninuir. Naturalrnente, a ve―

locidade dcsse processo sera deterrninada ern larga medida pela csttutura sOcial e

econOmica interna do pars impOrtador de capitali sc o mesmo la for industrializado,

csse processo nao sera adiavel; se for uma scmico16nia subdesenv01vida, o prOces―

so permaneceM sob cOntrole por um perlodo mais longo Ao mesmo tempo,cOmoё mostrado no capFtulo seguinte,a automacao poupadOra de trabalho deve,a10n―

9o prazo,contnbuir para o lirnite da massa de mais― vaha produzida,e dessa manel‐ra tornar necessanamente mais diffcil um crescirnento prolongado na taxa de mais―

vaha. No entanto,mais importante quc essas contradic6es a longo prazo na respos―ta tatica dO capital a queda na taxa mё dia de lucros C o efeito imediato dessa res―posta na luta dc classes O capitalismo tardio C uma 6tima escola para o proletaria^

do, ensinando― o a nao se prcOcupar unicamente com a partida imediata dO valorrecё rn―criado cntre salarios e lucros,mas com todas as quest6es do desenvOlvilnen―to e da polrtica ccon6rnica,c particulaェ 11lente com todas as quest6es quc envolvema organizacao do trabalho,o processo de producao e o exercrc10 dO pOder pOlitico

740'cONNOR,」 ames Op cr,p 1415,33-34 Em 1968,10 rnlh5es de assalanados nos Estados Unidos ganhavammenos de l、 6d61ar por hora e 3,5 mlhoes ganhavam menos de l d61ar por hora,enquanto o salano mё dio na indis―tna de transformacao era de 3 161ares por hora c na consmcao chegava a 4,4d61ares E対 ste hole uma vasta litera柚 ―ra referente a superexploracao do`` subproletanado''dos paises impenalistas

Page 129: Capitalismo Tardio - MANDEL

Aハrattrαα Especirica da rcrccira Rcυ οlugao Tecnο 16gicα

TcnttremOs agora combinar as duas analises desenvolvidas rlos caprtu10s pre‐cedentesi a andlise da sucessao de fOrlnas dominantes das diferencas em niveis dc‐produtividade, juntamente com os sentidos p五 ncipais da busca de superlucros aclas coⅡespondentes; e a analise dos tipos succssivamente dominantes de maquinas motrizes c fontes de energia, que detellHinam a esttutura global da producac

no Departamento I.Na cra dO capitalismo de livre concorrOncia a fonte principal de reprOducao

ampliada parecc ter sido o desenvolvimento desigual e combinado de regioes difc―

rentes rlo intenor dOs rnais importantes parses capitalistas.A liberac50 resultante de

capital― dinheiro atravOs da penetracao prOgressiva da circulacao mercantil capitalis―

ta na agricultura, e da separacao dos prOdutores corn relacao a terra, conduziu a

um luxo contrnuo de capital dinheiro para os rnais importantes distritos industriais,

onde ex― camponeses rnarginalizados forinaram urn exOrcito industrial de reserva.

Nesse ponto podem ser distinguidas duas fases interrnediarias, A pnmeira viu

o inicio da prOdu950, principalinente numa basc artesanal ou manufatureira. dem6quinas rnotrizes e das maquinas que por sua vez produziarn essas rndquinas mo‐

trizes. Uma consideravel parcela da producao nO Departamento l nao era trOcadapelas mercadorias dO Departamento H c naO seぃ 。ia a prOducaO mecanizada dcbens de cOnsumo, mas perrnanecia no ambitO dO Departamento I Tambom a prO_ducaO de matё rias―primas na agricultura ainda era substancialrnente realizada pela

indistria rural.Por essa Opoca,apenas a industria do ferro e do carv50 era caracte―

rizada por uma significativa mecanizacaO de certos processos de producao Masmesrno rla industna dO carvao ha宙 a ainda tal predomfnio do trabalho rnanual qucos custos salariais puros respondiam por mais dc 66%, c por vezes chegavam amais dc 75% do preco de custo do produto lsso e宙 dentemente correspondia auma compostaO Organica de capital bastantじ oaixa, a qual, na producao agrrcOlade rnatё rias― primas industriais,era provavelnlentc ainda mais baixa.

Durante a segunda fase do perfOdo de capitalismo de livre cOncorrOncia,a pro‐

ducaO mecanica tambёm ingressou na esfera das maquinas motn2Cも , dOs motoresa vapor.Che9ou― se ao ponto em que as rnaquinas produziam maqllinas para cOns‐

記 露 燒 sttΨ ゝ胞 憮 零i糧雲

。ぎ 漫

e%aねSq COnunuou a pFdttnar a proaracterrsticO, por exemplo, quc antes da

aplicacaの das patentes Bessemer e Siemens― Martin, a industria do acO fosse corrl

1/~:

Page 130: Capitalismo Tardio - MANDEL

130 A NATUREZA ESPFCiFICA DA TERCEIRA REVOLUcAO TECNOL● GICA

posta unicamente por empresas ern escala mё dia e nao apresentasse nenhuma for―

ma de producao cm massa.1Assinl, durante essas primeiras duas fases constitutivas do capitalismo de livre

concorrencia, a grande indistria operada por rndquinas predonlinOu apenas na in―

distr・ia de bens de consumo, c sobretudo na indistria textil Mesmo os grandesprodutores industriais de melos de transporte― ―cspecialrnente ferrovias― ―s6fizc―

rarn sua apartao na segunda fase clcsse perfodo,c estiveram entrc os fatores deter―

rninantes da manifestacao de uma “Onda longa corn tonalidade cxpansiOnista" de1847a1873

Surpreendentemente, verificamos dessa maneira quc, em termos gerais, acomposicao Organica dO capitai no Departamento II cra maior do que nO Departa―mento l, no primeiro sOculo ap6s a Revoluc5o lndustrial. A genese do capitalislnoindustrial,tal como retratada por Karl Marx no capFtulo XV do volume l de O Capl―

tal, deve efeivamente ser descnta cOmO a producao mecanic。 _indus`綺 αl de bensdc consumO por mcio de mdquinasル ″as a雄

“analmenttc

Uma vez comprecndido csse cstado dc coisas, lorna― se possfvct explicar porque demOrOu tanto tempo para se introduzir a prOducao rnecanica no Depaltamen―to l. O nivelamento da taxa de lucrOs entre o Departamento l,ondc a produtivida―

de do trabalho era mais baixa, c o Departamento II, de mais alta produtividrnde,

condtlziu a uma tansferOncia por:神 anente dc mais、 ,alia rlo Departtmento::ン ara o

Departamento H O processo dc troca desigual, consunlidor de superiucros, cranesse perfodo uma廿。ca entre bens agrrcolas e produtos do Departamento II;a in―

troducao em massa de rndquinas e fertilizantes artificiais na agricuitura nao havia

OcOmdO em lugar algum Na Europa ocidental(e nOs Estados Unidos)toda a dina¨rnica do modo de producaO capitalista nessa Opoca concentrava― se na acumL41agaoacelerada no Depa″anncnto r a custa da acumulaga~o no DcPartamenfo J.

Essa mesma configuracao tambom explica:

a)pOr quc nessa fasc o mais importante sentido intemacional da penetra9aoda producao mercantil capitalista crn regiё es nao indusirializadas assumiu a forma

da cxportacao de mercadorias,isto O,da cxportagao de bens dc consumOj pois aolongo desse perlodo foi esse setor que dorninou a econornia capitalista dOs parses

metropolitanos, c toda vez quc ocorrcu uma supeproducao crclica cla tomOu aci―ma de tudO a forrrla da superproducaO de bensindustriais de consumo;

b)por que mOtivo o capitalismo dessa Opoca foi efetivamente de livre concor―rencia: 。v。lume modesto do minirno de capital nccessario para ingressar no setor

de bens de consumo impedia o aparecimento de monop61los e ongop61ios.

O ponto critico quc ocorreu no inicio da Cpoca impenalista foi o resultadO deduas mudancas sirnultaneas e combinadas no funcionarnento do modo de prOdu―

caO capitalista.Por um lado,o Departamento l trocou a producao rnecanica de mO_tores a vapor pela producao mecanica de mOtores e10tricos A transformacao resul_tante de todo o prOcesso de produ95o no Departamcnto l causou grande aumentOna composicao organica dO capital do subdepartamento do Departamento l,prOdld―tOF de Capital constante rixo Mas uma transfomacao tambom ocorreu na tecnolo―

l LANDES,Da宙 d S The υnbο und Promatheus Cambidge,1970 p 254-259 0 invento de Bessemer estava intima―mente Lgado as necessldades mnitares no inicio da Guerra da Chmё io(Ver ARⅣ ⅣTAGE Vプ H A Sο ci。′Hlstοヮげ L~n

_qinee"ng Londres, 1969 p 153-155)“As repercuss6es sobre a organizac5o industnal, especialmente na indistia deconstrucao naval,foram decisivas A era do metal e da maquinana ineutavelmente propiciou o crescimento das unida―

des industhais em grande escala Os acionidas na Great[astern passaram pelo upO de expenOncia traum6ica qucseus predecessores haviam sofndo na Obsessao縫 lTOν iarla de t,ma dlcada antes 'p 155

Page 131: Capitalismo Tardio - MANDEL

A NATUREZA ESPECiFICA DA TERCEIRA REVOLUcAO TECNOLOGiCA 131

gia do subdepartamento do Departamento I,produtOr de capital constante circulan―

te―― a producao de matorias―primas. HavramOs caracterizado essa transformacao

como ``a trans195o da producaO artesanal de matOrias―pnmas para sua producら opor rnё todos manufatureiFOS Ou do inrc10 da indistria''. Ern cottunto, OS dOis pro―

cessos determinaram dessa forma… …c em grau variavel__utt aumento significati―

vo na composicao organica dO capital no Departamento l. E evidente quc o au―mento na composicao organica dO capital no Departamento II naO pOdia se dar nu―ma escala comparavel aO do Departamento l. De maneira geral,o revoluc10namen―to da tecnologia produtiva no Departamento II lirnitou― se a substituicao do mOtOr a

vapor pelo motor e10trico, o que nao pOderia acarretar uma mudanca decisiva nacompos195o Organica dO capital.2

Por outro lado, a progressiva introduc5o de maquinas a vapor produzidas pormaquinas nO perrod0 1847/73, aliando― sc a generalizacao crescente da construc5o

de ferrovias nesse peFrOdO,absOrveu quantidades colossais de capita1 3 Essa grandc

transferencia de capital comecou a consolidar o predornfnio do Departamento l so―

brc o Departamento II.A composicao Organica dO capital no Departamento l apro―対rnou― se gradativamente daquela venficada nO Departamento n, c a seguir ultra―passou‐ a com rapide2. A partir de entao, cessOu a decisiva transferOncia de mais―

valia do Departamento l para o Departarnento II, quc acompanhava o nivelamen―to da taxa de lucrOs;ao contrariO,a ttansferOncia passou a ocorrer do Departanlen―to II para o Departamento I

No cntanto, a natureza especrfica dO capital fixo produzido nf‐ D Departamento I

irnplicava a sua producao sob cncOmenda, e nao para venda nurn mercado ar、 Oni―

mo.Ern consequOncia,os locais de producao austararn― se a um ma撼 nlo de cnco―

mendas. T5o logo os mais importantes ramos industtais nos parses capitalistas sc

viram equipados corn motores a vapor de producaO mecanica_― situagao prOva_

velrnente aingida desde o infcio da dOcada de 70 do sOcu10 XiX__a capacidadede producao dO Departamento l n5o pOde rnais ser utilizada a pleno volume Essafoi uma das causas principais da Onda longa conl tonalidade de estagnacao, entre1873/93. No entanto,isso implicava quc uma parcela importante da mais―valia rea―

hzada pelo Departamento l e uma parcela nada insignificante da mais― valia produzi

da no Departamento H, rnas apropriada pelo Departamento I Inediante o nivela―mento da taxa dc lucrOs,nao mais podiarn ser valoHzadas Nos cinqttenta anos pre―

cedentes, os lirnites ao descnvolvimento continuo do mOdo de producaO capitalista

assunliram a foI:1la da superproduc5o nO Departamento II;no ultimO quarto do sё ―

culo XIX,tomararn a folllla da supercapitalレ aca~o no Depa″ amen10 J O resultado16gico fol uma alteracao nO impulso principal da tendOncia capitalista a expansao:

a cxportacaO de bens de consumo para regiOes prё―capitalistas deu lugar a cxporta_

9aO de capitais(e de artigos comprados com esses capitais,especialmento vias fOr―reas, locomotivas e instalac6es ponuarias, isto O, aparelhamento infra― estrutural pa―

ra sirnphficar e baratear a exportacao de matonas― primas produzidas com O capital

metropolitano).」 untamente com a concentracaO cada vez maior do capital,cssafoi a raz5o decisiva para o aparecirnento da nova cstrutura da cconornia capitalistamundial__a estrutura impenalista.

Essa mudanca na operacao dO mOdo de producaO capitalista, ou nas propor―

90es entre as principais vanaveis independentes desse modo de producaO, tam_bOm explica a trans195o dO Capitalismo de livre concorrencia aO capitalismo mono―

2 Landes fala da ``exaustaO das possibilidades tecno16ocas da Revolucao industnal'' e, com excecaO da transforma95o

da indisua dO ac。 , da dirninu19ao dos ``ganhos implfcitos no gmpo o● 91nal de inova95es que constlturram a Revolu―

cao lndustllar' fbid,p 234‐ 235,2373 fbid,p 153‐ 155,541

Page 132: Capitalismo Tardio - MANDEL

132 A NAIUREZA ESPECIFICA DA TERCFIRA REVOLUCI■ 0:ECヽ ●1 0Citi

polista A penetracao macica do capitai no Departamento l criou locais de prOduヽ

caO quc, nOs te:11,os dc Marx, de、 嗜am operar co「 l instrumentos ciciOpicOs de pro―

du,aO ci cOnseqtientemente: volumes cic16picos de capital HOuve um cresctrnentoenoryne no nlfttimo de capital requerldo para se poder competir nessc campo Ca―da voz illai3, a COncoFrOnCia conduzi3 a cOncenuacaO: s6urli nlimcro reduzidO dcer「tprcsas indcPcrldentes e companhia3 de Capital aし erto consegulu sobreviver. Cfato de quc a fasc dc estagnacaO a 10ngo prazo, comprCOndida cntre 1873/93, tcnha ccin=iぺ iこo com o aparecirncnto da segunda revolucao tecn。 :6● ca――SObretudtt pa tecnologia dos motOres e10mcOs__repre3entOu uma raz5o irrlperiosa para aformacao d2 trustes c monop61ios; Lenin id enfatizou o papel dccisivo desempe‐nhado por esses dois fatores na forillacaO dO capitalismo monopollsta 4 Nao O sur_preendeFtc quc essa rrtonopolizac5o ocorrcssc mai3 rapidamente nし 3

‐`n3v35" ra―

rros i● d:,31鍵 ais(aco,5 1naquinas e10tricas, petr61cc)c naS ``novas'' na鬱 Ocs indus―

讚ais(Estidの 3 Unidos,Alcmanha)do que nOs``velhos" ramos da irldistna itoxteis、can/aOl e llcs“volhOS"parscs industriais(Inglaterra,Franca)

De que marleira o desenvolvirncnto dos ttltimos cinquenta anos aparecc a lt,z

dessc esqucma? A acumula9ac acelerada do capital gerada pela segunda revolu´

caO tecn01691ca (1893-1914)foi sucedida por um longo perrOdO dc acumulacaobloqucada e relativa estagnacao ecOn6nllca, do tё rrnino da Pimeira Guerra Mun‐dial aO infclo da Segunda Cucrra Mundial Nos capFtulos 4 e 5 explicamOs a caus3basica dessa cstagnacaO: O aumento consideravei na composi950 0rganica dO capi―tal ern resultado da cletrificacao generalizada produziu uma tendOncia a queda da

taxa mこ dia de lucros, a qual s6 podena ser neutralizada por um aumentO cOrres―pondente na taxa de mais― valia No entanto,na grande vaga p6s― revoluclonaria de_

sencadeada ap6s a PHmeira Cuerra Mundial, a classe capitahsta teve de fazer cOn―cess6es ao proletariado para garantir sua dominagao pOlfuca, O que contribuiu pa¨

ra cstabilizar, c mesmo para reduzir,a taxa de mais― valia,c nao para amplid―la. De―

pois de breve asccnsao ecOnonllca cntre 1924/29, a queda na taxa de lucros cOn…

duziu a Grande Depressao de 1929/32 c a cstagnac5o nas atividades prOmOtorasda valonzaφ O e da acumulacao. s6a vit6ria do fascismo hitlerista一 _e, em outrosparses, とも2gunda Guerra Mundial――ё que capacitou ao capital conseguir um au―mento na taxa de mais― valia suficientemente amplo para perrnitir a ascensao tempOraria da taxa de lucrOs,apesar da mais alta composicao organica de capital.

Entrementes, ocorreram outras mudancas importantes nas condic6es globaisde e対stoncia do capital Em primeiro lugar, a Rissia SoviOtica separou― se do mer‐

cado mundiai capitalista; pela pnmeira vez, desdc a gOnese do modo de prOducaocapitalista, o mercado mundial capitalista sofria uma contracaO, em vez de se cx―

翻 糧『 ¥轟 蠅 」器 私膜 窯:総TRギ :職ぼ Iw卵 ?Ъ:lぷ :鋼e濯

需 I∬:

poderiam elevar novamente a exportacao de capital No entanto, logo ap6s o ir―romper da Grande Depressao,tOrnou― se claro quc havia uma tendOncia para o dc―clfnio a longo prazo da cxportacao de capital para as co10nias e sernico10nias, basi―

camente enゝ resultado do carater rnonopolista das empresas imperiahstas quc dorni―navam a producao c010nial de matё rias―primas. Assirn, a subacumulacao nos par―

ses rnetropolitanos e o decifnio das exportac5es de capital para as co10nias simples―

mente reforcaram o aparecirnento do capital excedente c a queda da taxa dc lu―cros ComO saberrlos, o capital excedente s6 obtCm o juro mOdio, c nao O lucrO

mこ dio, No entanto, urna vez quc o capital excedente nao participa na valonzacら O

4 verL8NIN I",■●]な",the Hlgh‐

:Stageげ CapFα llSm ini Seセ ded Wortt Londres,1969p1775 Essa prepOrγ レrar:cia c tao aut。 _evidente que Landes denomina ``A Era do Aco" らfase de desenvolvimento da eco―norria 9uropを ialniciada na dOcada de 70 do slculo XIX LANDES Op c″ ,p249 etse9s`VOr PADMO■F■■●rqo村ica,B"`oin's Third E,mpl″ Londres 19盤

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A NATURE乙 へESPECiFICA DA TERCEIRA REVOLUcAo TECNOLOGICA 133

irnediata do capitat e quC esse luro deve consequcntemente ser pago da mais_va―ha sOcial total,a taxa mё dia de lucros O forcada a decair ainda mais.

Em segundo lugar, csse capital excedente passou a ingressar nO Departamen―to II. Foi criado um novO setor de bens de consumo, para a producao dOs chama_dos bens de consurnο duttυ cis, que representavam a aphcacaO da segunda revOlu―

caO tecnO16gica ao setor de bens de consumo: a producaO autOmobilistica c O inf―cio da prOducao dc aparelhos e10tricos(aSpiradores de p6, radiOs, maquinas dccostura c10tncas etc.).Embora essa transformacao sc hm■ assc baЫ camente aos Es―tados UnidOs,em termos de producao em massa,apesar disso ela resultOu num au―mento consideravei na composicao organica do capital, o quc, especialrnente nosEstados Unidos,cOmecOu a dirninuir a vantagern do Departamento l na redistnbul―

caO da rnai3-Valia entre os dois Departamentos Como isso coincidiu com um perlo―doこ■l quc, de qualqucr forrna,a taxa mOdia de lucros estava caindo rapidamente,

c a seguir com a grande crisc que abalou a totalidade do Departamento l, a pres―

saO para elevar a taxa de lucros nesse Departamento tornou― se verdadciramentecxplosiva Essa pressao assumiu quatro formas:

1)no senudO de um aumento imediato na taxa de mais― valia(fascismo,econo―mia de guerra);

2)nO sentido de uma va10rizacaO irnediata dO capital excedente atravOs dOrearrnarnento;

3)no sentldo de uma nOva tentativa cm dirninuir o custo do capital cOnstante,isto O, de renOvada penetracaO em escala macica do capital na producao de matё _

rias―pnmas(nlinerais c agrrcOlas), rnas dessa vez corn tecnologia industnal avanca―

da e cOnsequentemente apta a dirninuir o custo do capital constante fixo. A pres―

saO para dirninuir o tempo de rOtacaO dO capital estava ligada a esse practo;

4)no sentido de uma reducao radical na participacao dos custos salanais nOpre9o de custo das mercadorias, cottugada a expenmentOs nOs campos da serni―

automacao e da automacaO A razao dessa inclinacao tempOraria foi a tendonciaao aumento da participacao relaiva dos custos salariais, sirnultanea a dirninuicaopronunciada nO preco das rnatOnas― primas e na participacaO dO va10r representadopelo capital fixo.

Ta0 10gO foi aingdO esse pnmeiro e crucial obeivO,lSto O,assim quc a taxade lucros cOmecou a sc elevar outra vez, a expansao de capital estava apta a subir

vertiginosamente atravOs da utilizacao dO capital acumulado mas naO valonzadO,no perfodo 1929/39, e da cxploracao sirnultanea das outras trOs tendOncias men―

clonadas acirna.()resultado fol a passagem para a terceira``onda longa corn tOnali―

dade expansionista",de 1940(1945)a1965.Entre outros aspectos,esse novo perfodo caracterizou― se pelo fato de que,pa―

ralelamente aos bens dc consumo industriais feitos por rnaquinas(surgidos nO inf―

cio do sOculo XIX)e das maquinas de fabncacao mecanica(surgidas em meadOsdo sOculo XIX),deparamo― nos agora com matё nas_pnmas e generos alimentrciosproduzidos por maqui,as Longe de coresponder a uma `ゝ ociedade p6s― indus―

tttα l'′ ,7。 capita″smο ただio aparecc assim como o periodo cm quc,pela p"meiraυez, ιOdos os ramOs da cconorlla sc enconrram plenamente indfJstttalレ ados, aO

7 Esse conceito― discutdo e citcado no capitulo 12-― ё u61izado,entre outros autores,pOr:BELL、 Daniel The Reforming or Ceneral Educα tion NOva York 1966: KHAN, Hcrmann The yeα /2θθθ Nova York, 19671 SERVAN―SCHREIBER,」ean Jacques Tlle Ame"con Clla″ ange Londres 1970

Page 134: Capitalismo Tardio - MANDEL

134 A NATUREZA ESPECFFICA DA TERCEIRA REVOLUcAo TECNOL6GICA

quc ainda seria possivel acrescentar a mecanizacao cresccnte da csfera da circula―

c5o(excchados os senυ icos de sirnples conserto)c a meCanizacao crescente da su―perestrutura.

No entanto, cssa cvolucaO deteminOu,ao mcsmo tempo, um nivelamentO ge―

榊 撫 蜀 鼈 鐵 脚 鸞 鸞cias plenamente automatizadas), nos ulumOs 25 anos a produti宙 dade dO trabalhOregistrou um aumento mOdio maiOr dO que nOs ramos produtores de capital fixO.Nos Estados Unidos, a producao agricOla por homern― hora trabalhada aumentoude 100 para 377 entre 1929 e 1964,cnquanto,no mesmo perrodO,atingiu somen―te 299 na indistria de transfollllacao.8 Na Alemanha Ocidental, de 1958 a 1965,houve um aumento anual de 7,7%na prOdutividade dos empregadOs na industnatOxtil, de 7% no prOcessamento da madeira, de 6,9% na indistHa do vidro e de5,1%na indistria alimentrcia, para 4,2%na inci6stria metalirgica, 4,6%na indus―tria eletrotocnica, 4%na siderurgia, 3,8%na producaO de verculos, 3,2%na cOns_tru95o ern ferro c a9o e 2,8%na prOducaO de rnaquinas Em cottuntO,a taxa mё _

dia anual de crescimento da produtividade dO trabalho nesse perfodo fOi de 6,1%na industria dc bens de consumo, para 4,2%na lndistFia de bOns de investimen―to.9

Esse nivelamentO da prOduti宙 dade mOdia dos dois grandes Departamentos, is_to O,da cOmposica0 0rganica mOdia do capital,ё parte da cssencia mesma na autO―magaO. IssO porque, uma vez possivel aplicar o p五 ncrpiO dOs prOcessos totalrnenteautomatizados a prOducao em massa,cles podern ser aplicados cOrn igua1 0xitO tan―

tO a prOducaO ern massa de matё rias―primas e bens“leves"de consumo,quanto apFOducaO de aparelhos transistorizados ou de ibras sintOticas,

D“sa mandt a Opoca do ca,ね騰蝋虜認ξ£魂謂叢滉:鷺

n織錮:tal a uma situacao aprO対 rnada aquela de

cente igualizacaO da prOduti宙dade mё dia dO trabalho. A pattir dar pOdern ser tira―das duas cOnclusδ esi

l)Em primeiro lugar, as difercncas regionais ou internacionais em nfveis deprodutividade deixam de representar a fonte principal para a realizacaO de superlu―

cros. Esse papel passa a scr desempenhado pelas diferencas entre setores e cmpre―

sas,10 cOmo pode ser logicamonte deduzido a partir da situacao descrita acirnao NaO

devemos esquecer quc o perrodo hist6rico anterior ao sOculo XIX era caracte五 zadOpela dirninu19ao das diferencas na produtividade do trabalho enttc Os dois Departa―

mentos, rnas o capital possura ma10res oportunidades de evadir― sc as cOnsequOn―cias dessa dirninuicao aO se deslocar para a agricultura c especialrnente para as co―

16nias e senllco16nias. Pelos mOtivos,a refendOs, tais oportunidades ou naO exis_

tem mais,ou sao rnuitO limitadas atualrnente.

2)Desenvolve― se assirn uma pressao peIInanente para acelerar a inovacao tec_

:器雌喘笠ぼ88T艤褐魯鵠梅:窃i脂昭脇ぶ露暫tt鶴:慇T官と;:鷺 nd“轟a de ibぬ si厳oi¨

響視路還Ъ騒:∫滉霧認:盤a:胤

詭:拳∬品七訛:r:ste麓 F潔鷺11獄盤鷺[RttLeunsOn emseu祀

[瞳絲 批 鷺 糊 諸騨鰯 属 聾M、 f螺勇岬

Page 135: Capitalismo Tardio - MANDEL

'` ',1:IRFみFヽSPECIFICA DA TERCEIRA RFVOI_UcAO TECNの L6GICA 135

no16dca, pOiS a reducaO de Outras fontes de mais― valia resulta inevitavelrnente nu―

ma busca cOntinua de ``rendas tecno16gicas" que s6 podenl seF Obtidas atravOs daincessante renovacao tecn。 16●ca.1l As rendas tecno16gicas sao superlucrOs deriva―

dOs da monopolizacao do prOgresso tOcnico― ―isto ё、 de descobertas c invencё esque baixam o pre,o de custo dc mercadonas mas naO pOdenl(pe10 menOs a mё ―

diO pFaZO)Ser generalizadas a deterininado ramo da producao c aphcadas por to―dos os concorrentes dcvido a pr6pria cstrutura do capital monopolistai dificuldades

de clltrada, dinlensOcs do investirnento mfnirpxo, controle de patentes, rnedidas car―

telizadoras, c assirrl por diante. Nesse sentido,a superproduc50 1atente de bens dc

consumo na ёpoca do capitahsmo de llvre concorrencia c O capital excedente emestado latente da cra dO impenalismo dao lugar,na fase do capitalismo tardio,a su―peproduca~o latenre dc rneiOs de producaο enqllanto foF:na predorninante das con―tradic5es econOrnicas da cconomia capitalista、 ernbora evidentemente combinadacom essas duas outras forrnas.12

Portanto, os ttacOS basicOs do capitalismo tardio j6 podem ser derivados dasleis de movimento do capital. No decorrer desta analse integraremos vdrios outros

fatores, essencialrnente bascados naqueles quc acabamos de elabOrar A origemirnediata da terceira revolucao tecnO16gica pode ser referida aOs quatrO Objetivosprincipais do capital nos anos 30 c 40 do presente sOculo, IstadOs anteriorrnente

A possibilidadc tocnica da automacaO prOvOm da econOmia armamentista, ou dasnecessidades tocnicas correspondentes ao gFau particular de desenvolvirnentO alcancado pela ccOnomia armamentista lsso se aphca ao princrpiO genё 五cO de pro―cessos de producaO cOntrnuos c automaticOs,cOmpletamente livres do contato dire―to por rn5os humanas(o quc sc torna uma exigOncia fisio16gica cOm o uso da cner―gia nucicar). Tambё m sc aplica a cocrc50 para construir calculadoras automaucas,produzidas por derivacao direta dOs princrplos cibernё ticos, capaZes de reuniF da―

dos com velocidade vertiginosa c tirar conclus6es a partir deles para a deterrnina―

caO de decisoes― ―por exemplo,a orientacao precisa de mrsseis automaticOs de de―

fesa aё rea para abater avi6es bombardeiros.13

A apllcacao prOdutiva dessa nova tecnologa cOme9ou noS Setores da industriaqurrnica para os quais a forca impulsionadora decisiva O o barateamento dO capital

constante circulante Do infcio dos anOs 50,ela se difundiu gradativamente por umnamerO crescente dc esferas,onde o o切 civO p五 ncipal era a reducao radical dOscuttos salanais diretOs― ―isto O, a clirninacaO dO trabalho vivo do processO de pro―

ducao.Nos Estados Unidos,esse otteiVO indubitavelmente correspondcu a neces_sidade de contrabalancar os(algumas vezes)substanciais aumentos de salariOs qucocorreram no perlodo imediato do p6s― guerra 14 A compulsao sentida pelos ``rnui―

tos capitais" para reduzir os custos salariais tinha sua contrapartida, para o ``capital

em gerar', na tendencia a reconstru95o do exOrcito industrial dc reseⅣ a, atravOs

da liberacaO de fOr9a dc tabalho desempregada

Rezler distinguc quatro tipos do automacaO Ou, rnais precisamente, de proces―

30S de producao serni_automatizados e automatizados, que delirnitam o campo daterceira revolucao tecnO16gica:

―― TransferOncia de partes entre processos de producao sucessivos, baseada

穆Y∬]霧鵠躍:]嶽慧lま蔦:忠ir&T朧:1∬:驚ぷ:::?忍譜壼常『蠍きdade pαmanettenos ramos do Departamento l13 POLLOCK,Fredench AutOmα tion Frankfurt,1964 p46‐ 4714 ver a quana cOluna dO quadro na p 123 deste tabalho

Page 136: Capitalismo Tardio - MANDEL

13C A NATURELヘ ビSPECIFICA LA TERCERA REVOLUt,AO'IECヽOLOCiCA

em dispositlvcl alliomatizndos― ―por ex9mplo, na lllaistiia autcttcbi:〔 36ca de Detroit

___ ProccssOi Cm nldxo cOntrnuO, bascados no contrr_le autcmaticO dO fuxc F

de stla qualidぉ de― ‐ por excmplo, na indastia quinlica, nas tcitinatt■ 3 dc Pct16ictl

e nos ctuiparllentos d● gas e cictlicidadt

―― Ploじessos(lontroladoc por computacao cnl qt.:alquct uilit・ adcかしril.

__ DifeFeFi'■ S Combinac5cs dos sistemas acirna lnenclonados―― pcr cxclrlpio;a superpos195o de cornputadores a senll_automacao, nO cstilo dc Detroit, crtiollcomplexos dc maquinas fcramentas nurnencamente controlados; a cOmbinagδ cde cOmpuね dolcs e plocessos de luxo contrnuO praucamcnte cOncreuzou c obloti‐vo de unidade3 do proddcao completamente autorndticas n()refino do netr61eo cnas empresas de scぃびitt~lS de utilidade pまblica 15

A extellsao da terceira revolucao tecnO16oca podC SCr 3Valiada a paF逓 r CiC fat(D

de quc

“um levantamento empreendido pela companhia McGraw― Hlll em meados da dOcada de 60 informOu quc algum grau de disposiivos de controle e de mensuragao au―tomatizados e sistemas de processamento de dados eram uilizados por 21 nlll dos 32ml estabolecirnentos industtais norte― ame五canos quc empregavam mais de 100 pes―soas Praticamente 9 em cada 10 empresas de petr61eo, de implementos e de equipa―mentos de computa95o e controle informaram quc usavam tais dispOsitivos 2/3 dasempresas de maquinana e de metalurgia tamblm estavam utilizando sistemas de con―trole Em 1963. esse levantamento indicou que cerca de 7 bilh6es de d61ares, ou18% do invesimento bmto na indusMa de transformacao (e cerca de 1/3 do invesi―mento em maquinana)estavam sendo gastos em equipamentos que os informantesconsideravam automaizados ou avancados"16

Em 1954, o inrciO dO uso de m6quinas eletrOnicas de processamento de da―dos no setor privado da econornia norte― americana franqucou afinal,para diversossenaO para todos os ramos da producaO,O campo da inovacao tecn016gica acelera―da c a caca de superlucros tecno16gicos que caractonza o capitalismo tardio lnci

dentalrnente,podemos datar a partir daqueic ano o tOrrnino do perfOdo de recOns―

trucaO ap6s a Segunda Gucrra Mundial e o inicio do surto de crescirnento rapidc)

desencadcado pela terceira revolu95o teCno16gica A distincao entre esscs dois sub―perrOdOs da “onda longa com tonalidade expansionista" entre 1945 e 1965 0 dcirnportancia tanto er terinos hist6● cos c econ6rnicos quanto crrl terrnos s6cio― po11、

ticos.

Econornicamente, podem ser destacadas as dez caracterfsticas p● ncipais da

terceira revolucao tecnO16gical

l)Aceleracミ c qualitativa do aumento na composicaO Organica do capital. i5to

O, o deslocamento do trabalho vivo pelo trabalho morto Nas empresas plenamen―te automauzadas esse desiocamento O quase tota117

2)Transferoncia de forca de trabalho viva, ainda ligada ao processo de prOdu―

15 REZLER.」 ullus At/:o,η αtiOn and lndus′ αf Lο bοr Nova York,1969 p 7-816 FROOMKIN,」 oseph “Automaton'' In in`ema′ οnα′EncycI●paedio oF Social Scienc6 Nova York,1968 v l,p1801'Levlnson(Op c“

,p 228-229)cita o exemplo de ostabelecirnentos petroqurmicos na Gra― Bretanha nos quais a pro

porcaO dOs custos de produξらo correspondentes a salanOs e ordenados dinlinu,u para O,02%.0,03%t・ 0.01%

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A NATUREZA ESPECIFICA DA TERCEIRA REVOLUcAo TECNOLIDGICA 137

caO, dO tratamento efeivo das matCrias― prirnas para funcOes relauvas a preparac5o

e supeA/isaO. Deve― se enfaizar quc, apesar de tudo, tais fun90es constituem atividadeS CFiadOras de valor, nos termos da defin195o de Marx,isto O,atividades funda―

mentais para a deterrninacao da fOrma dos valores de uso especrficOs produzidosOs cientistas, pesquisadores ern laborat6rio, planeladOres c proletistOs que traba―

lham na antecamara dO processo efetivo de prOduc5o tambσ m realizarn trabalhoproduivo,cnador de valor e de mais― valia, Na verdadc,o perlodO da terceira revo―lu950 tecno16gica, sob o capitahsmo tardio, O lustamente caracterizado, ern terrnosgerais,por aquele processo dc intcgraca~ο da capacidadθ social dc trabalho,tao cui

dadosamente analisado por Marx no esboco o五 ginal do caprtu10 vl do vOlume l

de O Cap″αル

``Urna vez que, com o desenvolvirnento da st4bOrdinacaο real dο trabα′わο αο cαρl_

ね′,ou do mο dο ■pecψco de prOducaο capita″sta,o fllnciOnd"O efeivo da totahdadedo processo de trabalho deixa de ser o trabalhador isolado para se tornar, cada vezmaも,uma capacidade de trabα′ho sociα′mente unψ cada,e uma vez quc as v`nas capa―cidades de trabalho, compeundO sOb a forma do m6quinas produtivas totais, participam de maneiras bastante diversas do processo irnediato de fOrmacao de mercadOnas

ou,o quc l mellhor neste contexto,de formac5o de prOdutos_― um trabalhandO maiscom suas maos,0 0utro com sua mente,um como gerente,engenheiro,tlcnico,outrOcomo supo口 ′isor e um terceiro diretamente como trabalhador rnanual ou mesmo cOmomero trabalhador temporano― _as rungoes da capacidade de trabα′ho se ahnham dire―tamente abaixo do conceito de trabalhο prοdutiυο,e os seus agentes,abaixo do conccito de trabα ′hadores produttυ os, diretamente explorados pelo capital e subordinadο s asua valo五 zacao e aO prOcesso de prOducao cOmO um todo Se cOnsiderarmOs O trabα ―

′hador toFal que integra essa oicina,a sua aividade combinada sera diretamente reali―zada,em termos matenais,num produ`ο

`ο `α

′que C ao mesmo tempo uma massa tο ια′de mercadο

"as, e se torna completamente indiferente o fato de a func50 do trabalha―dor individual,que representa apenas uma parte do trabalhador total,estar rnais ou me―

nos distante do trabalho imediato feito rnanualrnente"18

3)Mudanca radiCal na prOpor95o entre as duas funcOes da mercado五a forca

de trabalho nas empresas automatizadas Como O sabido, a fOrca de trabalho tantOcna quanto prescⅣ a o valor.Na hist6na do modo de prOducao capitalista,atO ago―ra a cnacaO de va10r tern sido evidentemente a funcao mais importante. Ao contra―

rio, nas empresas plenamentc automatizadas, ё a prescwa950 dO Va10r que se tor―

na crucial.19 1sto se d6 nao apenas no senido corrente, da transferencia autOmatica

de uma parcela do valor da maquinana aciOnada e das matOnas― primas transforma―

das para o valor da mercadona acabada,rnas tambё m no scntido muito mais espe―

cffico das econOrnias de melos de trabalho, ou poupancas de valor, corresponden―

tes ao colossal crescirnento em valor e a difusaO da aplicablidade dos conluntos de

maquinas automaucas cOntroladas ciberneticamente 20

4)Mudanca radical na prOporcaO entre a cria95o de mais― valia na pr6pna cm―presa e a apropriacao de mais_valia gerada cm Outras empresas,no ambito das em―

presas ou ramos plenamente automatizados Esse ё um resultado do necess6riodas tres caracterrsticas anteriores da automacao.

5)Mudanca na proporcao entre Os custos de produ95o c o gasto corn a cornpra de novas m6quinas na cstrutura do capital ixo, c conSequentemente tambOm

18MARX R““″。たd“ unmi"elbο

“n Prodυ k"ο nspЮzで、

“p128130

19 NICK Technお che Rο υοlution und Oた onοmie der Produttionげ ondS p 13 `て Uma situacao qualitatvamente nova surge se as pincipais ecOnomias em trabalhO ocOrrerem no campo do trabalho obeivad。 ''

20POLLOCK Op cr,p 256,284‐ 285 Poliock fala do``danO mac19o.'que pode resultar do manelo incorreto doscontroles

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138 A NATUREZA ESPECiFICA DA TERCEIRA REVOLUcAO TECNOLOGICA

nos investimentos industriais Nos Estados Unidos, a proporcao do capital de basc

alterou―se da seguinte maneira:21

1929 196θ

Paicipacao da cOnsttucaoPa面cipacao dO equipamentoPa■cipac5o dos meios de circula95o

32%52%16%

6)Dirninu19ao dO perfodo de producao cOnseguida por meio da produ95ocontinua e da aceleracaO radical do trabalho de preparacao e instalacaO(assirn cO_

mo da transicao para a reparacao corrente)22 PreSSao para abre、 iar O perfodo de

circula95o― ―c conSequentemente um perfodo de rotacao menOr para o capital一 一

atravOs do planaamento de estoques,pesquisa de rnercado,c assirn por diante 23

7)PrOpensaO para acelerar a inovagaO tecno16gica c acentuado aumento noscustos de ``pesquisa e dcsenvolvirnento'' Esse O o resultado 16gicO das trOs fOrcas

antenOres

8)Vida itil mais curta do capital ixo, cspecialrnente da maquinaria. Propen―saO crescente a introduzir uma planificacao exata da prOducao dentrO de cada em―presa c o planelamento na ecOnornia como um todo.

9)Uma Composicao Organica mais alta do capital conduz a um aumento naparticipacaO dO Capital constante no valor mOdio da mercadoria. DependendO de

cada caso, osse aumento pode se limitar a participacaO dO capital constante circu―

lantc(o custO de matOnas― primas, energia, substancias auxlliares), pOde se esten―

der ao capital constante fixo (amo雨 Za950 da maquina五 a)ou podc afetar ambosNo excmplo da indistna petFOqurFniCa,jd citado acima, Levinson refere as seguin―tes proporcOes para matOnas― primas e custos dc energiai etilbenzeno,8776; cloreto

de vinila, 7898; acetileno― ateleno, 59,6% A pa面 cipac5o dos custOs do capital fixo

chega nesses casos a respectivamente 12%, 219る c 40%24 Nick c Pollock salien―

tam com justeza quc, para a automacaO ser efetivamente competitiva no capitalis―

mo, o aumento na participacao relatiυa do capital constante no valor mё diO damercadoria devera ser inevitavelrnente acompanhado por um decrOscirno no dis―pOndio absoluto de capital constante por rnercadoria 25

10)O resultado coniuntO dessas p五 ncipais caracterrsicas econOmicas da tercei

ra revolucaO tecno16gica ё uma tendOncia a intensificacao de tOdas as cOntradi95cs

do modo de producaO capitalista: a contradicao entre a socializacao crescente do

21 NICK Op cit,p 21 1sso esta relacionado a diminu19aO nO tamanho das m`quinas automabzadas Cf LUDWIG,

Helmut Die GrOsscndagr‐ sion der technlschen Prodυ 妊lonsmi"θ l Co10nia,1962 Em 1973,na indistha metaltrgcabelga, fOram investldos 3,8 bilhδ es de francos em constuc6es e 13,5 bilhδes em equipamento Bulletin Fο b"maFal,

03‐ 12‐ 197322 REUSS Op c″

,p 27‐ 28:KRUSE,KtiNZ e UHLⅣ LへNN Op cr.p 28‐ 29 Ver tamblm fbid,p 49,a reducao depercentagem de pecas reieitadas e as economias em custos matenais: て'A introducao de um corrlputador ana16glco

nunn trem de laminacao a ttO para a regulamentacao da espessura conduziu a uma queda de 35%no mateial desper‐dicado Em uma usina geradora, a introducao de pressう o e suphmento autornatlcamente regulados reduziu o consu―mo de energla pim`Ha em 42%.em kWh''23 A magnitude dos proletos de investmento isolados aumentou tanto que mesmo em termos puramente de custos re―

presenta uma pressao impOnOsa para a utlizacao 6tlma24LEVINSON Op cF,p228‐ 22925 NICK Op clt,p 46‐54,POLLOCK Op cit,p 166 A longo pra20,COm a difusdo da produ9ao autOmatlzada dematenas prlmas,a paicipacao cOnstante e ixa do valor devena tOmar‐ se a parte mais importante,emに rmos relat‐

vos Cf KRUSE,KUNZe UHLMANN Op cr,p l13

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A NATUREZA ESPECIFICA DA TERCEIRA REVOLUcAo TECNOLOGICA 139

trabalho c a apropriacaO pnVada; a contrad195o entre a producao de va10res deuSO (quc chega a nfveis incalculaveis)e a realizacao de valores de trOca(que per_

mancce atrelada ao poder de compra da popula95o);a contradicao entre O proces―so do trabalho c o prOcesso de valorizacao; a cOntradicao entre a acumulagao decapital e sua valo五 zacaO,c tudo o mais quc se seguc

A proporcao entre a automacao parcial e a automacao total cOnstitui um pro―

blema decisivo da terceira revolu95o tecno16gica,na cra do capitalismo tardio,c dc―

ve ser investigada a luz dessa tendOncia geral a intensificacao de tOdas as contradi―

96es do modo de producao capitalista Se processos serni― automaticOs de prOdu―

95o forem introduzidos em deterrninados ramos da producao em escala mac19a, is―so sirnplesmente reproduzird em nfvel rnais alto a tendOncia inerente ao capital dc

aumentar a sua composicao organica, c nao levantara nenhuma questao te6ricade importancia, No entanto, na medida cm que a serni― automacao, particularmen―

te nos setores fabncantes de bens industriais leves, conduz a uma reducao substan_

cial no valor dos bens de consumo necessariOs para realizar os salanos reais,ela po―

de facilmente acarretar um aumento nao menOs substanciai na produ95o de mais―valia relativa. De acordo com os nimeros citados por Otto Brenner, as industnasprodutoras dc alimentos e bebidas c a indistria tOxtil na Alemanha Ocidental regis―

traram entre 1950 e 1964 um declinlo no nimero dc horas de trabalhO necessa―nas para produzir rnercadorias no valor de 1 000 DM de respectivamente 77 para37 e 210 para 89 horas 26 Esse consideravel acrё scirno na mais― valia relativa foi

acompanhado somente cm pequena extensao pOr um aumento nOs sa16nos reais,isto O, pela inclusao de mercadonas adicionais na deterrnina95o do valor da merca―

doria forca de trabalho

No entanto, se processos de produc50 plenamente automatizados forem intro―duzidos em escala mac19a em certas esferas de produ95o, todo o quadro se alteraNessas esferas, a producao de mais_valia absoluta ou relauva deixa dc aumentar etoda a tendOncia suttacente do capitalismo se transforma em sua pr6p五 a negacao:n6sas es」eraS O maお―υala pra,camente dcixa de scr produzida 0 1ucro tOtal deque sc apropriam as empresas presentes nessas esferas ё tomado dos ramos naoautomatizados ou semi― automatizados remanescentes Portanto, nestes altirnOsocorre forte pressao para a adocao de medidas substanciais dc raciOnalizacaO e in_

tensificacao da prOducao, dcstinadas a cobrir, ao menos parcialrnente, as diferen―

CaS Cada vez maiores em nfveis de produtividade quc os separam dos ramos auto―maizados,vistO que,dc outra rnaneira,CICS perdenam para seus concorrentes rnaisprodutivos uma porcao crescente da massa de mais― vaha produzida por``seus''tra―balhadOres. Dar os fenomOnos,tao caracterrsticOs dOs ulimos dez anos,da acelera―

caO das linhas de montagem e da cxtracao do ultirnO segundo de sobretrabalho dOtrabalhadOr(em M― T―M ou Movimento― Tempo― Mensuracao,com boa razao denO_rninado “processo de tempo rninimo" na Alemanha Ocidental, a unidade basica ёdcterrninada em 1/16 de segundO). No entanto, tudo o quc esta disponivel paradistribuicao teve antes de ser prOduzido Enquanto as empresas e ramos plenamen―

te automatizados de prOducao fOrem apenas uma pequcna rninoria,27 enquanto asempresas e ramos serni― automatizados naO mOstrarem nenhuma reducao substan―

26 Em AuFο mα tiο n,Rlsiた ο und Cllance Frankfurt,1966 v I,p 2327 EmbOra Pollock (Op cit, p 109)obse″e que processos plenamente autornatzados de producao, estendendO sedas matё has― prlmas ao produto acabado,j6seiam usados na fabicacao de tubOs de ac。 , destllacaO c refinacaO dO pe_tR51eo,aぬ gos de t71drO e papel,biscoitos e sorvetes,cigarros e obuses e na moagerrl da farlnha,ele airma que,em ge―

ral, unidades fabis plenamente automatlzadas constlmem somente urna pequena minoha Ele indica os obstacu10s tё c―

nicos prejudicando a automa95o general12ada: a necessidade de tornar a producao homogenea e contrnua, de dividir

O processo de producao em ac6es individuais estandardizadas, e assim por diante Somam― se a essas diiculdades tё c―

nicas as evidentes diiculdades econOmicas que destacannos brevemente acima

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140 A NATUREZA ESPECIFICA DA TERCEIWヽ REVOLUcAo TECNOLOGICA

cial no nimero de homens―horas trabalhados e, conscquentemente, cnquanto aquantidade total de trabalho despendido na industna cOnlinuar a aumentar,o capi

talismo tardio sera necessariamente definido pela concorrOncia intensllcada entregrandes empresas c entre estas c os sCtOres n5o monopollstas da industna Mas o

claro quc, em scu coniuntO, esse processo nao ё qualitativamente distinto daqucledo capitalismo rnonopolista``classicO''

Ainda a esse respeito, examinemos rapidamente as obic95es levantadas pormuitos crricOs da teo五a ccon6rnica de卜 larx, relativas a ausoncia de prova cmprn¨

ca ou evidOncia te6Hca para o conceito da crescellte composicao organica do capi―

tal.Tais crrticos sustentam quc uma redu95o no Custo das maquinas e matOrias― pri―

mas,c as econornias ern seu uso,podenarn conduzir a um progresso tOcnico llneu‐trol', gracas ao qual o valor do capital constante participando da produ95o cOrren―

te de mercadorias aumentaria unicamente a mesma taxa do valor dO capital vand―vel, apesar do crescimento na produtividade do trabalho.28 Empiricamente, O f6cll

demonstrar quc houve crescirnento mais rapido nOs ramos de producao fabrican―tes de capital fixo do quc nOs ramos da indisma prOdutOres de bens de cOnsumoluma vez que o aumento na producao de matorias― pnmas e bens interrnedianOs

n5o O cenamente mais baixo do quc o aumento no Departamento II,e comO O au―mentO na produc5o de cnergia O claramente ainda maior do que este`limo, naodeveria haver dificuldade para o fornecirnento de evidOncia emprnca de crescirnen―to a longo prazo na composicao Organica dO capital.Tal dernonstracao ja c対 ste pa_

ra perrodos mais curtos― ―por exemplo, para os anos 1939/61 no caso dos Esta―

dos Unidos Usando como instrumental os c61culos de insumo― prodtlcao de Lcon―

僣ef, Anne Carter investigou as mudan9as estruturais na cconornia norte― amencananesse perrodO.suas conclusOes sao bastante claras:

``A malona dOs coeficientes de trabalho calu mais do quc os correspondentes coefi―

cientes do capital, e dessa maneira a relacao capita1/trabalho aumentou na malona dOs

setores"

E continua ainda rnais inequivocamentci

``De todas as mudangas estruttirais atё agora examinadas, os decifnios nos coefi‐

cientes diretos de trabalho s5o os mais pronunciados¨ A cconomia se porta cOmo sea poupan9a de trabalho fosse o obletVO dO progresso tё cnico e a maioha das mudan―

cas na estrutura intermedidha e do capital pode ser iuSifiCada pelas reduzidas e対 gOn―

cias diretas e,em menor grau,indiretas de trabalho''

Nao ha divida de quc o aparecirnento da producao autOmatizada deve confirmarempiricamente cssa tendOncia econOrnica geral Em ramos isolados da indistria amesma tendOncia O igualrnente clara 」a citamOs o fato de que na producao de acOa transi95o dO processo Thomas para o processo dcido diminuiu de 25% para17%a pa籠 cipacaO dOS custOs de trabalho nos custos totais de producaO, enquan―

to a participac5o dos custos do capital fixo aumentava de 16%para 25%. Nas refi―

narias de petr61co a proporcao dos custos de capital fixo aumentou de O,21 para10, gracas a quatro mOtodos sucessivos de destilacao sOb pressao intrOduzidos en―tre 1913/55,enquanto o nttmero de horas de trabalho vivo necessanas para prOdu―

zir 10 rllil toneladas de gasohna decrescia de 56 em 1913 para O,4 em 1955. Nu―

ma fabnca britanica, a transi95o das m6quinas― ferramentas tradicionais para cqui―

28 ver entre outros ROBINSON、 Joan The AcCumυ ′ο,οnげ Capral Londres.1956:HICKS,」 R The The。 ″ OF Wcges 2a ed,Londres,1966 cap VL GUSTEN.Rolf Diε ′angfrs“ge Tendenz der Pに ′tate ba Kα lllyα

“und」οan Rο

binson Tese de Doutoramento Munique,1960

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A NATUREZA ESPECIFICA DA TERCEIRA REVOLUcAO TECNOLOGICA 141

pamentos controlados numericamente reduziu a metade os custos de prOducao ●modificou de 15/91 para 21/35 a relacao entre Os custos anuais de depreciagao c a

conta de ordenados e sa16Hos Analogamente, a substitu195o de maquinas de producaO adaptaveis a diversos usos e formatos por maquinas transferidoras plenamente automauzadas nas fabncas de autom6veis da Rcnault francesa alterou dc640/131 para 53/200 a relacao entre custos de maO_dc_obra c custos de equipa―mento por verculo Na indisma de plasticos da Alemanha Ocidental, o investimento bruto fixo por assalanado aumentou de 2 110 DM ern 1960 para 3 905 DM em1966, ou 8598, cnquanto, no mesmo perrodO,Os saldnOs e ordenados por empre―gado aumentaram apenas 68,5% (em 65,8%se considerarmos apenas os sa16nos)Na indistria de fiacao do algodao da Republica Federal, O va10r dO equipa―mento por empregado aumentou de 30 mil DM em 1950 para 324 mil DM em1971 para uma fabrica rnodelo incorporando a maquinaria mais avancada, en―quanto o nimero dc empregados trabalhando ern trOs turnos declinava, no mes―

mo perrodo, de 274 para 62, c a conta total de salariOs c OrdenadOs(baseada namOdia para a indistria tOxtil)aumentava somente dc 601 200 DM para 785 rnilDM por ano.Tais exemplos podiam ser multiplicados indefinidamente.29 virtualmente nao existe mercadoria para a qual os custos do trabalhO vivO representemuma parcela crescente dos custos totais de prOducao,nO sentido estrito do terrno 30

A irnpressao de uma ``estabilidade da pa由 cipacaO dOs fatores'' a longo prazoiou mesmo dc um acrOscirno na ``participacao do trabalho", transmihda pelas estaヽtrsticas Oficiais, nao cOntradiz essa tendencia b6sica no sentido de um aumento a

longO prazo na compos195o organica dO capita1 0s “custos de fatores" incluemn5o apenas o capital constante fixo c o capital varidvel,mas a mais― valia,e sirnulta―

ncamente excluem o valor do capital constante circulante. Assirn, nao saO compa_

raveis a c/υ Em consequOncia, nesse genero de material estatrsticO, um declrniO nataxa de mais― vaha ocultaria qualqucr aumento na compos1950 0rganica do capitalMais ainda, ``a participacao dO trabalho" inclui os mais altos custos com ordena―

dos, que cOrrespondem,pelo menos em parte,a mais_valia e naO ao capital varid―vel. Calculados em base macrOcё onOrnica, os ``CuStOs de fatores" desviarn― sc ain―

da mais dO cOnccito marxista da composicaO Organica do capital, pois incluemcompensacaO pe10 trabalho produtivo no conceito de “panicipacaO dO trabalho",o quc a rigor nao pode serinclurdo na categona de``capital variavel''.31

29 ver CARTER,Anne P Stmdural Changes in the Ame"can Economソ Ha″ard,1970 p 143,152:LEVINSON Op

cit, p 1291 ENOS,」 ohan L “Inventlon and lnnovatlon in the Petroleum lndustry'' Ini NELS()N, Richard(Ed)ThaRote and Di″ caon Or lnυ en‖υe Actibi″ PincetOn,1962 p 318:SMITH,Gerald W Enginee"ng Ecο nOmり Anα″Sた

or cap″α′Eゃediu″ Iowa,1968 p427:POLLOCK Op cit,p 101:HAMMER,Manus vecセ ichende Mο phο 10_

gie der eurOpalsche Automobrindust"e Basle,1959 p 69-70:Wiお chartsたonJunttur Dezembro de 1967 p 27:AM‐MANN, EINHOFF, HELMSTADER e ISSELHORST ``Eni″ icklunsstatege und Faktointensitaぜ ' In:Z● :tschnfrノ Jr

」惣 観 器 瑠 焦弊 設 籠『 籠 ll思::&11な地 溜 :籍,ミ

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em quc uma reducao radlcal no preco das matこhas‐ pimas compensasse o aumento nos custos de capital ilxO por uni

dade de producao, c asslm conservasse est`vel a relacao entre o capital constante e o vai6vel Todavla, no perfodopostedor a Segunda Cuerra Mundial, esta esteve longe de ser uma hip6tese、 16ve1 0correram economias perllnanen―tes no consumo fisico de mattnas_pimas,porこ m n5o houve um declinio absoluto、 a longO prazo,nos custos de prOdu‐tos pimanos utllzados nos phncipais ramos da indistna,e simultaneamente os custos de capltal ixo elevaram― se emrelacao aos custOs salanais Eν identemenセ ,lsso implica um aumento na composicao organica dO capital31 Para periOdos mais curtos, retardamentos ou avancos especttcos no progesso ttcnico, que barateiam a maquinana

em relacao aOs bens de consum。 ,podem naturalmente conduzir a uma estagnacao Ou mesmo a um retrocesso nacomposicao organica dO capital Bela Gold cita o exemplo da industna dO aco no■ e‐amencana, Onde os custos sala―iais nos altos fomos decresceram como parcela dos“ custos totaiず 'lnduЫ Ve lucros)de 8,9%em 1899 para 5,1%em1939, enquanto aumentavam de 17,19る para 21,4% durante o mesmo periodo nas oncinas de laminacao (Explο ra―

tiOns in Managellα ′Ecοnο mics― PrOdudiυ i″,CοSお,Technο 10gノ αnd GrOttth LOndres,1971 p 102)Pondo de la‐do o lato de que as luhュ acёes nas margens de lucro podem ter inluenciado esses resultados, deve‐ se assinalar que asmais irnpo■ antes revolucOes tecnol∝ icaS OCorreram nas ondnas de laminacao nos anos 50 e 60,com a introducaO daautomacao em larga escala Em 1939, os custos de investlmento ixo por hora de trabalho estavam apenas 17%acl‐ma do nivelde 18991 em 1958,haviam aumentado em 25%em relacao ao nlvel de 1939

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142 A NATUREZA ESPECiFICA DA TERCEIRへ REVOLUCAO TECNOLOGICA

Curiosamente, atё mesmo Paul Sweczy juntou― se as fileiras dos autOres qucnegam qualquer tendOncia a longo prazo para o aumento da compOs19a0 0rganicadO capitai no sOculo XX,ou chegam a sustentar quc a mesma tendeu ao declfniO.32POdemOs apenas acrescentar aos argumentos e fatos ahnhados acirna a bem cO―nhecida diferenca na proporcaO entre custos de trabalho e valor acrescentado para

o mesmo ramo industrial em parses de maior ou menor avanco tOCnico,o quc renc―te essc aumento na composicao Organica dO capital(embOra deva ser recnfatizadoquc o conceito dc ``valor acrescentado'' inclul os lucros c exclul os custos de matO一

nas― pnmas,c assim nao ё de maneira alguma identicO a c/υ ):

Cusιos do Trabalho comO Percentagem dο ValorAcrescentadol

Mage, om sua polOrnica corn Gusten, prOcurou provar teoricamente quc Femdc haυ er um aumento na composicao organica dO capital ern resultado das lcis dedesenv01virnento do capital.33 No fundamental, a sua cvidOncia O convincente, mas

sua demOnstracao tena sidO mais simples sc ele nao ivesse cxclurdO O pape1/unCiO―

nal do acrOscirno na composicao organica de capitai na analise de Marx De acor―

do com Marx, o progresso tOcnico O provocado sob a coacao da cOncOrrOncia, pe―la constante pressao no sentido de econOrnizar nos custos de prOducao,cu10 desfe―

cho macroeconOrnico n5o pode ser diferente dos resultados rnicrocconOmicos. Eco―nomias de custo sem um acrOscirno na composicao Organica do capital teriam co―mo pressuposto: o fato de trabalho vivo poder substituir lucrativamente maquinascada vez mais complexas, ou a producao, no Departamento l, de maquinaria mo―derna, que poupasse trabalho e valor sem um aumento no valor intrinseco de taiscomplexos de maquinas,ou uma dirninuicaO nO valor de novos rnateriais maior doquc a dirninuicao nO valor dos bens― sald五 os. Isso, entretanto, cxigiria um cresci

mento mais r6pido na produtividade do trabalho no Departamento l do quc nacconornia como urn todo Uma vez quc o novo equipamento deve ser cOnstrurdOcom a maquinaria preexistente c tOcnicas preestabelecidas, c dessa maneira scuprOpガο υalor O deterrninado pela produtividade do trabalho entaO existente, e naopela produtividade futura quc ele auxilia a aumentar; e uma vez quc essc equipa―

mento nao pode ser produzido ern massa nos es6gios iniciais, esse pressuposto se

mostra irreal a longo prazo. Em cOnscquOncia, as econonllas de custos por unida―

de de prOduto tenderao a 10ngO prazo para as econornias nos custos da mao_de_0_bra, cOmO Anne Carter aponta com iuSteza Portanto, a cconornia de custos serasempre acompanhada, a longo prazo, por um decrOscirno relativo na participacao

32 swEEZY,Paul “Some Problems in the Theoッ of Capital Accumulaton'' In:Month● Reυ ieω Maio de 1974 Espe―cialmente p 46‐ 4733 MAGE Op cit,p151‐ 159

Fiac5es de malllaPrοdttros qulmicο s de

bose eメ eriliZα"res

Estados Unidos(1954)Canad6(1955)Australia(1955/56)Nova Zelandia(1955/56)Dinamarca(1954)NOruega(1954)Co16mbia(1953)Mё対co(1951)

23,06%27,79%38,37%39,85%50,04%5046%53,02%79,68%

8,14%9,73%23,41%16,03%24,77%20,28%30,50%35,09%

l MINAS,Baglcha Singh An lnた ma,onal Cοmpansοnげ Foc:ο r Costs αnd Fα ctοr Use Amsterdam p lo2 103

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A NATUREZA ESPECIFICA DA TERCEIRA REVOLUcAO TECNOLOGICA 143

dos custos salariais no valor da mercadoria c, consequentemente,tambё m pelo dc―clrniO relaivo dO componente Oan6vel do capitaltotal

Embora a crttica convencional a tese dc Marx da crescente composicaO Organi_

ca do capital saa inadequada quando considerada como um todo, cla cOntOmuma parcela de verdade, na medida cm quc essc aumento ocorre de forrna menOsautomaica c radical dO quc tem sido considerado ern inumeras vulganzac6es.34 Aolongo de perrodos lirnitados, こperfeitamente possivel assegurar a reproducaO am―pliada sem uma alteracaO substancial na composicao organica do capital. Na verda―

de,podem ocorrer periodicamente aumentosrepentinos na produtividade dO traba―lho no Departamento l, que sao bcrn rnaiores do quc a modia social e permitem,por isso, substanciais economias de custo na indistria de transforrnacao, sem quc

haa um aumento no valor constante incorporado a suas mercadorias. Todavia, alongo prazo essas tendencias nao podern ser manidas numa cscala sOcial g10bal.O confrontO entre a produ95o parcialrnente automatizada c a plenamente automati―zada oferece iustamente um vislumbre da natureza do desenvolvirnento geral con―

temporaneo Porquc,se as empresas e ramos plenamente automatizados,c Os cOn―g10meradOs parcialrnente automatizados,se tornarem numerosos a ponto de passa―

rern a ser decisivos para a cstrutura da totalidade da indistria,reduzindO as empre―

sas industriais ``classicas" a uma parcela relativamente pequena da produ95o tOtal,

as contradi9ocs do capitalismo tardio assurnirao um carater explosivo: a massa to―tal de mais― υalia――cm outras palavras, o nimero total dc horas de sObretrabalho一―estaた ,crlta~ο tendencialmenFe condenada a dル ηinuir

Num estudo excelente sob outrOs aspectos, Roth e Kanzow deixaram de per_ceber a ligacao entre automa95o parcial e automacao tOtal, entre o caso cm que oaumento extraordinariamente rdpido da produuvidade do trabalho (decrOscirnonos custos de producao)de algumas empresas ё uma cxccgao, c O casO em qucsaO generalizados tais saltos para diante na produtividade do trabalho Tambё mnaO levaram em conta as resultantes diferencas qualitativas nas dificuldades de rca―

lizacao(ou nas dificuldades em valorizar o capital total)Eles escreverni

“Seu avan9o tecnologicamente determinado em novos ramos da indistha permitequc Os capitais combinados ampliem constantemente, por melo de contramedidas, as

suas possiblidades de compensar a tendOncia ao decllnlo de suas taxas de lucros''

No entanto, C evidente quc isso s6 0 verdadeiro para uma minoria dc capitais Pois

de que fOrrna,com a difusao da autOmacao― _em Outras palavras,cOm uma redu―

caO acentuada na massa de mais―valia c um aumento abrupto na cOmposi950 orga―nica do capital――poderianl todos os capitais aumentar a sua taxa de lucrOs? Noexemplo numёnco dadO pelos autores,35 cleS Consideram quatro estagiOs sucessiVOS―― da prOducao cOm esteira transportadora a autOmacら o em larga escala, oudo uso de 31 unidades de for9a de trabalho para 9 unidades36__e Chegam a cOn_

34 MarX: ``A razaoこ simplesmente que,com a crescente produbudade do trabalho,n5o s6 aumenta a massa de meiosde prOducao cOnsumidos por ela, mas o valor dos mesrnos diminui em comparacao cOm a sua massa Portanto,o seuvalor aumenta em termos absolutOs,mas nao em propottao a sua massa O aumento da dlferenca entre o capitalconstante e o vandvel ё, dessa maneira, rnuito menor do que o aumento da diferenca entre a massa de meios de pro―duc5o em quc ё conve滝do o capital constante e a massa de brca de trabalho em que ё conveido o capital var16velA pimeira diferenca acompanha o aumento da segunda,rrtas em menor grau'' Capital v l,p 62335 ROTH,Kan―Heinz e KANZOW,Eckhard じnω issen als Ohnmο ch`――Zum Wechselυ ιttdんnls υοn Kapitα′und И力s―

senschψ Be■im,1970p17R60 caSO seguinte mosta que esso exemplo numё ico, longe de ser uma superesumaca。 , esぬ , ao contrano, aquёmdas potencialidades: “Uma correia de transmissao, intrOdu21da juntamente com uma aparelhagem de endurecimentoindutvo numa fdbica de autom6veis, realセou 24 opera96es tOCnicas basicas Ou parciais que antenormente eram exe―cutadas por 18 con,untOS Separados de 15 operar10si a nova fabica Ora atendida por um operd五 o" KRUSE, KUNZ eUHLMANN Op cr,p21

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1“ A NATUREZA ESPECiFICA DA TERCEIIυ RヽEVOLUcAO TECNOLOGICA

clus5o de quc a produ95o dobra, o produto bruto aumenta scis vezes c a taxa delucros aumenta de 12%para 55,6%.Mas Roth e Kanzow ignoram as implicacOcseconOmicas globais das tros cond195cs que preCedem esse processo, c o quc acon―teceria com o mesmo no caso de automacao parcial generalizada (para naO falarna automacaO tOtal):pre90 de venda constante;volume em lobrO do produto fFsi―co; queda pela metade dos custos ern salariOs c Ordcnados E evidente quc a com―

binacao dessas tres condicoes se torna insustentavel cOm a extensao da senll― auto―

macaO. Quem cOmpraria um volume dobrado de bens de consumO duraveis se,com um pre9o de venda constante, a renda nominal da populacaO fOsse reduzidapela metade?No caso cspecial tratado por Roth e Kanzow, as seguintes premissas

devern ser accitas:

1)quc o decifnlo enl salarios nOminais na empresa em pauta O acompanhadopor unl aumento na renda global do consurnidor;

2)que certOs bens de consumo duraveis autOmaticamente produzidOs fOramsubstiturdOs pOr outros produzidos mediante processos naO autOmaticOs. 3asta for―

mular essas condicOes implicitas para perceber quc as mesmas estto destinadas areduzir― sc ou desaparecer com a cxpansao crescente da senll― automacaO. Deveracolocar― sc en6o um problema rnac190 de comercializacao ou rcalizacao.

Um enganO dmlar,cmbOra de espOcie oposta(pessimista,em vez de oumヽ―

ta), foi cometido por P01lock num estudo da relacao entre emprego e automacaoEle escreve:

``Urn dos mOtivos basicOs por detras da introducao da automacao ё recOnhecida―mente a produivldade mais alta,mas isso implica uma poupanca lttuidα em salanOs eordenados Se os operanos dessa maneira liberados tlverem de encontrar novos em―pregos na operacaO dOs pr6p● os aparelhos de controle ou na sua produ9ao, n50 senapossivel nenhuma poupanca lfquida dos custos salariais(dada uma quantidade cOns―

tante de produtos)Tais opera五 〇s tenam sidO meramente transfe五 dos para diferentes

aividades que, na0 0bstante, consituem precisamente um elemento dos custos, de talmaneira que,embora saa certamente possfvel falar de uma mudanca dos motOdOs deproducao,n50 ha incremento da produti171dade''37

A armadlha desse argumento reside nas palavras entre parOnteses: ``dada umaquantidade constante de prOdutos''. Todavia, como acabamos de ver, a automa―

95o jamais implicard uma quantidade constante de produtos. Ern consequOncia, aargumentacao dc PO110ck s6 sera cOrreta sc houver uma automacaO hOmOgOneaern todas as esferas de producao(com uma estrutura inalterada de consumo). Sc,entretanto, a automacaO tiver alcancado diferentes estag10s em diferentes esferas

da producao,こ perfeitamente poss"el que um aumento na produti1/idade c na pro―

ducaO cOmercialzada dos ramos automaizados saa acompanhado por uma absor―

950, pelos setores que produzem aparelhos de controle, dos trabalhadores libera―dos TodO o processo desenvolve― sc, entao, a custa dOs ramOs nao autOmauzados

(Ou menOs automatizados)Na verdade,foi exatamente isso o que ocorreu na his―t6ria do capitalismo tardlo no decorrer dos ultimOs anOs.

Urna vez quc a esfera de producao do capitalismo tardio sela visualizada co―mo uma unidade contradit6Ha de cmpresas nao autOmatizadas, sorni― automatiza―

das e plenamente automatizadas(na indistria e na agricultura, c por isso ern todas

37 POLLOCK Op cit,p202

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A NATUREZA ESPECIFICA DA TERCEIRA REVOLUcAO TECNOLOGICA 145

as esferas da producaO de mercadorias iuntas), torna― sc evidente quc, a partir decerto ponto e por sua pr6pria natureza, o capital dcυ e apresentar uma resistenciacrescente a autOmacao.38 As formas dessa resistOncia incluem o uso de trabalhO ba_

rato nos ramos serni― automatizados da industna(tais comO o trabalho de mulherese de menOres nas indistrias tOxtil, de alimentos e de bebidas), O que des10ca o ll

rniar da lucratividade para a introducao de cOmplexos plenamente automatizados;as mudancas constantes e a concorrencia matua na prOduc5o de cOttuntOs de ma―quinas automatizadas, O quc irnpedc o barateamento de tais cottuntOS e, conse‐quentemente, a sua mais rapida introducaO em Outros ramos da indistria; a busca

incessante de novos valores dc uso, inicialrnente produzidos em empresas naO au_tomatizadas ou serni― automatizadas etc. O aspecto mais importante ё quc, assirncomo na primeira fase da grande ind6stria de operacao mecanica, as grandes ma―quinas n5o eram produzidas mecanicamente mas de maneira artesanal, na pimeira Lse da automacaO atualmentc em processo os conluntos de maquinas automan―cas naO saO prOduzidos autOmaticamente mas na linha de montagem. Na verdade,a industria que prOduz melos eletrOnicos de producao tem uma compos19a0 0rgani_ca de capital noFaυ elmente baixla Ern meados da dOcada de 60,a participacao dOscustos em salarios e Ordenados nO mOvirnento total anual brutO desse ramo da in―

dustna nOs Estados Unidos e na Europa ocidenta1 lutuou cntre 45%e50%.39 1ss。exphca por quc o montante macico de capital que sc encarninhou para ela desde oinicio dos anos 50 tenha dirninuFdo e naO aumentado a composicaO sOcial rnё diado capital c, correspondentemente, tenha aumentado e n5o dirninurdo a taxa mO―dia de lucrOs. Em conscquOncia, a produga~o αutomdtica de mdquinas auromdFicasrepκsentaガ a um noυο ponto de″′exa~0,Cmセrrnos qualiFa"υ os,igual em signinca_do aO aparecirnento da producao mecanica de maquinas em meados dO soculoxlx,40 enfatizada por Marx:

``Urn desenvolvimento das for9as produivas que dirninursse O nimero absolutO de tra―

balhadores,isto O,que possibilitasse a tOtalidade da na9ら o o cumpnmentO de sua pro―du95o tOtal enl menor perlodo de tempo, provOcaha uma revolu950,porque marginah―zana a ma10r parte da populag5o Essa ё outra manifestacaO dO lirnite especricO a prO_du95o capitalista, que mostra ainda quc a produ95o capitahsta naO ё de maneira algu―ma uma forma absoluta para o desenv01virnento das forcas produtivas e para a cna―

9aO de nqueza, mas, ao contranO, quc em deterrninado momento entra cm conlitOconl seu desenvolvirnento''41

Aqui chegamos ao lirnite interior absoluto do modo de producao capitalista. Tal li

mite nao reside na penetracao capitalsta completa do mercado mundial(lSto O, nacliminacao das esferas nao capitahstas de producao)__cOmo acreditava Rosa Lu―xcmburg一―nem na impossiblidade definitiva de valoHzar o capital total acumula―

do,mesmo cOm um volume crescente de mais valia,como julgava Henッ k Gross―mann. Prende― se ao fato de quc a propria massa cfe maお ―υαlia dimindi necessaria―mente em resultado da criminacao do trabalho υiυo do processo dc produca~o, nο

38 Kruse,Kun2 e Uhlmann estabelecem empincamente que``para m6q血 nas Юtatvas(c対 ste)um valor limiar de cercade 75%, a paぬ r do qual a automacao crescente deterrnina uma producao desprOporcionalmente mais elevada do queo dispOndlo de capital Para alom desse valor hmite toma se anteconOmico aumentar o grau de automacao'' op cit,p l1339 FREEMAN, C `RO● orch ond Deυelοpment in E′●

`ronic Cap″α′Gοοds'' in:Nα

"。

n。 l lns,tuた EcOnο mic Reυ iaω

N° 34,novembro de 1965 p 5140 Nick(Op cr,p 52)chega a mesrna conclusaO Nesse ponto ele seguc Pollock(Op cit,p 95),o qual entretanto

percebe que os aparelhos para montagem automaizada{AUTOFAB)contOm em si mesmos a possibilidade de um pa‐radOx。 , na medida em quc “a pbpha ind`stna que produz aparelhagem para automacao encontra― se fundamentalmente na dependOncia do trabalho manual''41 MARX Cαpital v 3,p258

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146 A NATUREZA ESPECiFICA DA TERCEIRA REVOLUcAo TECNOL6GICA

dccorrer do“ Fdgio Final dC mecanレ acao― autOmagao.O capitalismo ё incompatrvelcom a producaO plenamente automatizada na totalidade da industria e da agncultu―ra, porquc essa situacaO naO mais perrnite a cria95o de mais― valia Ou a valorizacao

do capital Consequcntemente, C imposs,vel quc a autornacaO cOnquiste a totalida―

de das esferas de producao,na ёpOCa do capitalismo tardioi42

“Ta0 10go o trabalho na forma direta deixa de ser a fonte basica da riqucza, o tem―po de trabalho deixa e deve deixar do ser a sua medida, c consequentemente o valor

de troca[deve deixar de ser a medidal do valor de uso A mα is― υαlia da massa nao ёmais a condicao para O desenvolvimento da riqueza geral, assirn como o nao― trabα lヵοdc uns pο ucos,para o desenvolvirnento dos poderes gerais da mente humana Com is―so,suculη be α produ9σ O baseada cm υαlores de troca, c o processo direto, matenal deproducao,ё arrancado das formas da pen`na e da antFtese"43

Pode― se argumentar que a automa95o elimina o trabalho vivO somente naplanta produtiva: ela o ampha ern tOdas as esferas que precedem a producao dire_ta (labOrat6nos, departamentos experimentais e de pesquisa)onde o empregadotrabalho quc indubitavelmente constitui uma partc integral do``trabalhador produti―

vo coleivo", no sentido marxista do termO. Descartando― se o fato de quc umatransforrna95o da totalidade dos trabalhadores produtivos em produtores cientifica―mente treinados cnana ditculdades explosivas para a valonzacao dO capital, c som

mesmo considerarrnos atO que ponto ela sena compativel com a producao rnercan―til como tal, fica claro quc uma transforrnacao desse generO implicana uma supres―

saO radical da divisaO sOcial entre trabalho manual e trabalho intelectual. Tal rnu―

danca b6sica nO cOniuntO da fOrrnacao social e na cultura do proletariado solapana

toda a cstrutura hicrarquica da producaO fabnl e da econornia,scm a qual seria irnpossivel a cxtorsao de mais_vaha do trabalho produtivo Em outras palavras,as re―

lac6es de producaO capitalistas entranarn ern colapso Os primeiros indた ios de tal

tendancia la COnstitucrn subprodutos vislveis do capitalismo tardio, como sera de_

monstrado nos ultimos caprtu10s deste livro. Mas, sob o capitalsmo, cstao inevita_

velrnente destinados a perrnanecer ern cstado cmbriondno Por motivos de sua au―topreservacao, o capitaliamaiS poderia transformar todos os trabalhadores ern cien―

tistas, assim como lamaiS podcha automatizar completamente a totalidade da pro―ducaO rnatenal.

Os exemplos numOricos seguintes mostram a senedade das conscquOnciasdessa tendoncia a dirninu19aO da quanidade de trabalho criador de valor,crn resul―tado da automacao. cOmO sera vistO, essa tendOncia afeta profundamentc a capa―cidade do capitalsmo tardio de parar a queda na taxa de lucros mediante aumentoda taxa de mais― valia, bem cOmo a sua capacidade de irnpedir, com o aumentodos sa16nos reais,a intensificacaO das tensocs sociais Denorninemos A,B,CcDaquatro anos dc apogeu cm cicios sucessivos; saa dc aproxirnadamente dez anOs a

distancia cntre eics No ano inicial de nossa comparacao,saa de 10 blh5cs O n`―mero total de homens― horas despendido pe10s trabalhadores produtivos ern ambosos Departamentos(aproxirnadamente 5 mlh6os de trabalhadores produtivos, cadaum com 2 nlil horas anuais. ou 6 milh6es trabalhando 1 666 horas anualrnente).Sela de 100ツ 3 a taxa de mais― vaha,isto C,saam moblizadas 5 bllh6es dc horas pa―ra a producaO de mais― vaha. Ern resultado da amphacaO dO emprego, apesar da

二席盤獅廿λ魔罐富:肝3職鶴籍穏鳳 T8割ち鮒鵠麗Ъ

`顆rぶ珊:暇:臨卑λ

a valor12acaO de seu capital atrav6s da troca por mercadohas de outos pa〔 ses, nao prOdu′ das automaicamento Na

I艦ご酬瀾雪非S鋼

崎eSぬ譴S de d ttuac5o senam ex口 。まVas」ёm de qudqu∝ mettda

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A NATUREZA ESPECIFICA DA TERCEIIυ RヽEVOLUcAO TECNOLOGICA 147

autornacao crescente,no ano B sao gastas 12 bilh6es dc horas de trabalho prOduti―

vo, cm vez de 10 bilh6es. Adrnitamos quc a taxa de mais― valia agOra sc eleve de

100%para 15096(ern vez dc utilizar rnetade do scu tempo de trabalhO para a pro―

ducaO dO equivalento a seus salarios reais, os trabalhadores produtivos passam a

utilizar apenas 2/5 para essa finalidade)A massa de mais― vaha aumenta de 5 bilhOes para urn total de 7,2 bilh6es dc horas de trabalho,isto C,aumenta em 44%Urna vez que,a partir dc agora,os trabalhadores prOdutivos geram o equivalente a

seus salariOs em 4,8 bllhOes dc horas de trabalhol e nao mais ern 5 bilhocs,um au―mento total de 30%nos salariOs reais de todos os trabalhadores(uma pequena ta―xa de crescirnento anual de 2,6ワ 3)exigiria um acrOscirno de 35%na prOdutividadedo trabalho no Departamento H. Isso perrnanece dentro do campo de referOnciado possivel;na verdade,conforrna― sc ao desenvolvirnento dos■ ltirnOs 25 anos

No ano C de nossa compara95o, a automacao id deteve o aumento na massade emprego ou de homens― horas trabalhados,que perrnanece constante ern 12 bi―lh6es. Por exemplo, para compensar o acrOscirno na composicao organica dO capital(quc aurnentou em 50° /。 entre A c B c entre B e C),a taXa de mais― valia teria

de sc elevar rnais uma vez,de 150%para 233,33% Isto O,em lugar de dispor de4 horas de trabalho em 10,para produzir O equivalente a scu saldno real,o traba―

lhador produtivo tem a sua disposicao apenas 3 horas ern 10 para essa finalidade

A massa total de mais― vaha aumentou para 8,4 bilhOes de horas,isto C, aumentouem 16,6%. No entanto, para quc os trabalhadores possarn conseguir um aumentOadicional de 30% no consumo efetivo (na massa de produtos ou valores de uso)nos 3,6 bilh6es de horas de trabalho ainda disponiveis para a producao do equiva―

lente a seus bens de consumo, ern contraste aos 4,8 blh6es dc horas de trabalhodOs dez anOs anteriores, a produividade do trabalho no Departamento II tena deser aumentada cm 70%, isto O, apresentar uma taxa anual de crescirnento de5,4%.Isso ainda perrnancce no limite do possivel

Consideremos agora o quarto ano,D Para neutralizar o aumento na compOsi

ca0 0rganica do capital(de aprOxirnadamente 709も desdc o ano C), a taxa demais― valia teria de aumentar de 233,33%para 40098,isto O,o trabalhador produti―

vo seria deixado com apenas l hora de trabalho ern cada 5 para produzir O equiva―lente a seu salano [)igamos,cntretanto,quc a automacao tenha reduzido o nime―ro total dc homens― horas de trabalho de 12 bilh6es para 10 blhOcs A massa abso―luta de mais― υαlia torna― sc equivalente a 8 blh6cs dc horas de trabalho Em Outraspalavras, apesar dc um aumen″ o macico na Faxa dc mais― υαlia, de 233,33% para400%, a massa decresceu44 Para quc a massa de mais― vaha perrnanecesse pelomenos constante, a taxa de mais― valia tena de scr de 525%em vez de 400,3, demodo quc apenas l,6 bilhaO dc hOras de trabalho estana dispon,vel para a produ―

95o do cquivalentc aos salariOs reais Mas, mesmo se a taxa de mais― valia aumen―

tasse “apenas'' para 40098, um acrCscimo adicional de 30% nos salariOs reais aolongo de dez anos exigiria quc a massa de produtos fabncada cm 2 blhoes dc hO―ras de trabalho nO ano D aumentasse em 30WS sobre a massa de produtos geradacm 3,6 blhOcs dc horas de trabalho no ano C, isto C, cxigiria um aumento de140%na produtividade do trabalho no Departamento II Tudo indica quc a obten―

caO de uma taxa mOdia de crescirnento de 9,1'3,necessana para sc atingir essc ob―jetivo, seria imposs,vel; e ainda seria muito menos do quc a mOdia anual necessa―

44 MarX, nOs G″ nd"se, p 335 er se9s,jd demOnstrou que a mais‐ valia naO pode aumentar na mesma proporcao daprodutlvidade do trabalho, e quc o aumento do sobretrabalho ё proporcional a diminuicao dO tabalho necesttno enao ao acrёsdmo da produtvldade do trabalho Tal diminulcao dO trabalho necess6rlo tern limites, mesmo considera―da a hip6tese, utllizada poF MarX em seu racioc〔 nio, de um consumo prole僣●o em estagnacao Naturalmente, se hou‐ver um pequeno acrCscirno no consumo da classe operdna,O limite serd ainda mais estreito

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ria para garantir urn crescirnento de 30%nos salanOs reais pelo ano D, com ape―

nas l,6 bilhaO dc hOmens― horas dispon"eis, se l massa de mais― valia pernlaneces―

se constante Nesse caso,a produtividade do trabalho tena de aumentar, no decorrer da dOcada, em 192,5%― ―uma taxa de crescirnento absolutamente inatingfvel

de ll,4%A conclusao O evidente: com a automacao cada vez mais difundida, o aumen¨

to da composicao organica do capital e o infcio de uma queda no total dc homens―horas despendidOs pelos trabalhadores produtivos,O impossfvel a longo pra20 COn―

tinuar scnamente a aumentar os salariOs reais e ao rnesmo tempo conservar um vo―

lurne constante de mais― valia. Uma das duas quantidades devera dirninuir. Umavez quc sob condi95es n011llais,isto O,sem o fascismo ou a guerra,pode― se excluir

um decllnio consideravei nos salariOs reais,manifesta― se uma c"sc hist6綺ca da υalo―nzacaO dO capital e um declinio inevitavel, primeiro na massa de mais― vaha c a sc―

guir tambё m na taxa de mais― valia, c em consequOncia Ocorre uma queda abruptana taxa mOdia de lucros Em nosso excmplo numOrico, mesmo se os salariOs reaisestagnassem no ano D, enquanto a massa de mais― valia caFsse de 8,4 blhoes para

8 bilh6es dc horas de trabalho,isso ainda implicaria quc a produtividade dO traba―

lhO uvesse aumentado em 80%(uma taxa de crescimento anual de 6%).Sc a mas_sa de mais― vaha perinanecessc constante, assirn como os salarios reais,a produtivi―

dade do trabalho tena aumentado em 125%一 ―uma inatingrvel taxa de crescirnen―

to anual de 8,4%.45

Dessa maneira,ainda rnais claramente do que no capitulo 5,podemos ver nes―te ponto os motivos pelos quais O da pr6pria essOncia da automacao intensificar a

luta em torno da taxa de mais― valia no capitalismo tardio e tornar cada vez mais di―

frcil a superacao dOs Obstacu10s a va10rizacao dO capital,assim quc a massa dc ho―

mem―horas despendida na criacao de va10r comeca a declinar. A tabela seguintcrrlostra quc essa hip6tese nao O de fOrrna alguma irreal

N`mero dc homens― horas trabalhados na ind`stガ a dc trans」ormacaO dOs EsttdosUnidosl

”95θ蜘畑畑966卿

24,3 bilh5es

23,7 blh6es24,3 bilh5es

22,7 blh6es24,5 blh5es28,2 bilh5es

27,6 bilhOes

l Statls,cα ′Abstmct of tha unred Sttt“ ,1968,p717-719,para os anos at1 1966 1nclugve)Para 1970,calculadopor n6s com base nas cifras nOrte― amencanas publicadas em Monthlソ Lαbour Reυ l●ω dos Estados Unidos, publicacaooicial do Departamento do Trabalho(nimerO de maio de 1971)

⊂)indice dc horas totais executadas pelos trabalhadores de prOducao na indis―

tria de transforrnac5o declinou de 100 em 1967 para 97,5 em 1972.Na Alemanha

ヽsena possivel obletar que com um nimero em diminu195o de horas de trabalho,lsto ё,uma taxa dechnante de em‐prego, os saldhos reais per cα pita dos produtores empregados nao necessitanam de uma taxaほ o elぃ′ada na produtvl‐dade do trabalho para permanecerem constantes ou reglstrarem um cttscimento modesto A resposta para isso ё que:1)a reducaO nas hOras de trabalhoこ maiOr do que o declinio no nimero de indivlduos empregados,ou mesmo com‐pativel com um nimero constante ou em leve ascenぬ o de empregados, porque a longo pra20 um aumento adicionalna intensidade do trabalho ocasionado pela automacaO tOma inevibvel um decた scirno no dia noFmal de trabalho; 2)

o consumo real dos trabalhadores produtvos deve ser concebido como correspondente a totalidade da classe― ―emoutras palavras,tambё m inclui pens5es por idade para produtores aposentados mais cedo do que o norlnal,auxniO_de_semprego, pagamento de jovens nao empregados ap6s o tё rrnino de seus estudos ou aprendlzado― ―e,consequente_mente.com um nimero em declinio de horas de trabalho nas quais cnar O seu equivalente,isso pressup6e efetlvarnen―te as elevadas taxas de produtlvidado para sua realiza95o,apresentadas acima

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A NATUREZA ESPECIFICA DA TERCEIRA REVOLUcAo TECNOLOGICA 149

0cidental a mesma tendOncia O ainda mais evidente. Desde 1961 tem OcOrndouma dirninuicao absOluta nO nimerO dc homens― horas trabalhados na indistria:

Ndmero dc homens―horas trabalhados na ind`st"α de trans」 o′ ′′:acao na AIcmanhaOcidentar

:葬: 1 ll:8:11:::195θ 1 11,20 bilhOes196θ 1 12,37 bilhOes1961 1 12,44 bilh5es1962 1 12,1 l bilh5es1964 1 11,81 bilh5es1966 1 11,57 blh5es196∂ 1 10,83 blh6es1969 1 11,48 bilh5es1970 1 11,80 blhOes1971 1 11,30 blh5es1972 1 10,80 blh6es1973 1 10,80 bilhOes

1“Sachverstandigenrat'' Ini」 α力ragurachten 1974 Bonn,1974

Como era previsrvel, O aumento na compos195o organica de capital combina―dO a cstagnacao na taxa de mais― valia desde os anos 60 conduziu a um declinio nataxa mOdia de lucros. Mostramos a scguir as cifras para a Gra― Bretanha, calculadaspor dois ecOnornistas socialistas com basc em estatrsticas capitalistas oficiais e nao

em categorias estritamente marxistas― ―mas quc indicam tendencia sirnllar a da ta―

xa de lucros,no sentido rnarxista da cxpressao:46

Taxa de Lucps rdepOiS de deduzir a υalottzacaOl nos Aナ :υos L● uldoS das compa―nhias lndustttais c Comerciais

A"res dο lmpοsto Depοis dο lmpο srο

195θ/541955ノ59196θ/641965/69196θ

1969190

16,5%14,7%13,09る

11,7%11,6%11,1%9,7%

6,7%7,0%7,0%5,3%5,2%4,7%4,1%

Nos Estados Unidos, duas pesquisas sern relacao entre si chegaram a resulta―

dos sirnlares. Nell estimou uma queda na taxa de mais― valia de 22,9% em 1965para 17,5% em 1970 (lsto O, a participacaO dOs lucrOs e juros no valor llquido

acrescentado de companhias nao financciras de capital aberto).47 Nordhaus estabc―

leccu a scguinte tabela,ap6s cuidadosas correcOes para lucros fictrc10s de``inventa―

no'',devidos a inlaca0 48

46 GLYN,Andrew e SUTCLIFFE,Bob B"tlsh Capitα llsm,Worた o7S and the Prorlt Squeα o Londres,1972,p 66 Es‐ses calculos foram submetldos a vanas crttcas, mas a seguir foram conirrnados em larga medida pela andlise indepen―

dente de BURGESS,G e WEBB,A “The Pronts of B五 ish industy'' In:Lloノ dも Banた Reυ iett Abnl de 197447 NELL,Edward “PrOit ErOslon in the United States'' Introducao a edlcao estadunidense do livro de Glyn e Sutcliffeinitulado Cα pitallsm in Cnsls Nova York,197248 NORDHAUS,William “The Falling Share of Pronts'' Ini oKUN,A c PERRY,L (Eds)Brooklngs Pape、 。n Eco‐nomic Actiυ itt N° 1,1974,p180

Page 150: Capitalismo Tardio - MANDEL

150 A NATUREZA ESPECiFICA DA TERCEIRA REVOLUcAO TECNOLOGICA

Taxas ttθ

υaS dC Rctorno Sοbに O Cap"α I Abe″ o nao Financeiro

Arlres dO fmpο sro Depο is dο lmpο stο

1948/5θ1951ん 51956/6θ1961/651966/7θl%θ19711"21%3

16,2%14,3%12,2%14,1%12,9%9,1%9,6%9,9%10,5%

8,6%6,4%6,2%8,3%77%5,3%5,7%5,6%5,4%

Na Franca, o jornal Entreprise registra um declrniO gradual da taxa de lucrOs

entre 1950/63, certa cstabilizacao nO perrOd0 1964/67, queda cOnsider6vel em1967/68, acentuada oscila95o aSCendente em 1969/70 e novo decirnlo a partir deentao Na indistria francesa de transforrnacao, admitiu― se quc a taxa liquida de lu―

cros a partir de 1970 sobre os ativos de prOpriedade da cmpresa cra 1/3 inferioraquela dO infcio dos anos 60. Corrigida das reavaliac6eS iniacionarias de estOque,

a relacao de autOfinanciamento nas cmpresas francesas parecc ter cardO de 79,5° /。

no perfodo 1961/64 e dc 83%nO perlodo 1965/68 para 75,1%ern 1971, 76,6%em 1972,73%em 1973 e 65%em 1974(nimerOS provis6● os)Temp10 calculaquc a taxa lfquida de lucros tenha cardo dc 5,3%no perfodo 1954/64 para 4,3%

no perfodo 196響 67 e 3,8% nO perlodo 1969/73 49 Na Alemanha Ocidental, Osconsultores econOmicos oficiais da Republica Federal calculam um declinio acen―tuado na renda bruta das companhias(menoS Ordenados empresariais ficticlos e di―

vidido pelos ativos irquidOs das mesmas firrnas)de cerca de 20% entre 1960 c1968(um ano em quc os lucrOs registraram um aumento marcante,ap6s o dedr―nio dos anOs de recessao de 1966 e 1967), c em Seguida de 25% entre 1968 e1973.50

0 conceitO de capitalismo tardio como uma nova fase do imperialismo ou daёpoca do capitalismo monopolista, caracterizada por uma crise estrutural do mOdO

de producao capitalista, pode dessa mancira ser definido corn malor precisaO Essa

crise estrutural na~o se exprime pela interrupcao absOluFa do crescirnento das forcas

de producao Nas conclus6es de suas andlises do imperialismo, LOnin advertiu cla―ramente contra quaisquer interpretac6es dessc gOnero, chegando a cscrever quc,cm escala global, o lrnperialismo era caractenzadO por uma aceleracao dO cresci―mento:

“sena um erro acreditar que essa tendOncia ao decllnio impossibilita o rapido cresci―mento do capitahsmo Ela nao O faz Na CPoca do impenalismO, deternlinados ramosda indistria, determinadas camadas da burguesia e determinados paFses apresentam,em maior ou menor grau,uma ou outra dessas tendOncias Como um todo,o capitα lis―

mο estd crescendo muito maお rapidamente do quc antes, mas seu crescirnento naoapenas se torna cada vez mais desigual, em termos geraisl sua desigualdado tambё mse manifesta, em paricular, no declinlo dos paFses mais ncos em capital(a Gra― Breta_

nha)''51

49 Entrep"se, 13-10-1972; TEMPLЁ, Phlllppe “Repaぬ ton des Gains de PrOductutC et Hausses des Pttx de 1959ら

1973'' In:Ecο nomie et Stollsticuc N° 59,1974

:|[霞凝

eデTl群 乳‖;″ち晴臀獣 蟹 ЪttSt罵 品″sm h seた cFed陥薦 Lontts,1969p260(Os gnhs sa。

nossos E M)

Page 151: Capitalismo Tardio - MANDEL

A NATじ RE乙へESPECIFICA DA TERCEIRA REVOLUcAo TECNOLIDGICA 151

Em consequOncia, a rnarca distintiva do impenalismO e de sua segunda fase, 0

capitalismo tardio, naO o um dccllnlo nas for9as de producaO mas um acrOscirnono parasiusmO c nO desperdrciO paralelo3 0u SubaCentes a esse crescirnento.A in―

capacidade inerento ao capitahsmO tardio, de generalizar as vastas potencialidades

da terccira revolucao tecnO16gica ou da automacao, constitui uma cxpressao t50forte dessa tendOncia quanto a sua dilapidacao de fOrcas prOdutivas, transformadas

em for9as de destru195o:52 deSenvolvirnento arrllamentista perrnanente, alastramen―to da fome nas semico10nias(ctta prOdutividade rnOdia do trabalho se viu restrita a

um nfvel inteiramente scrn relacao aO quc O hole possfvel, crn termos tOcnicOs e

cientrficos), cOntaminacao da atrnosfera e das aguas, ruptura do equnfbno eco16gi―

co, c assirn por diante― ―os aspectos do imperialismo ou do capitalismo tardio tra―

dicionalrnente mais denunciados pelos socialistas.

Em termos absolutos, na cra do capitalismo tardio vem ocorrendo uma expan―saO mais rapida nas forcas produivas do quc em qualquer outra ёpoca Tal cresci

mento pode ser rnensurado ao longo dos ultimos 25 anos pelas cifras relativas aproducao frsica Ou capacidade prOdutiva e pelo volume do pr01ctariado indus―tria1 53(Ds dois cottuntOS numOncos aumentaram substancialrnente para o cottuntOda cconomia mundial capitalista No entanto o resultadoこ lastimavel,ern compara―

950 as possibilidades da terccira revolu95o teCno16gica, ao pOtencial da autOmacaoe a sua capacidade em reduzir radicalmente o sobretrabalho fomecido pela massade produtores nos paises industhalizados Nesse sentido一―mas apenas com basenessa defintaO一―cOntinua plenamente justificada a defint5o de LOnin do impena―

lismo comO uma fase da``decadOncia crescente do modo de prOducao capitalista''

O desperdrciO de forcas reais e potenciais de produ95o pelo capital aplica― scnao s6 as forcas matCnais, rnas tambOm as fOrcas produtivas humanas A cra daterceira revolu95o tecno16gica O necessariamente uma ёpoca de fusao da cioncia,

tecnologia e produ95o, numa cscala lamaiS ViSta A ciOncia podia se tornar efetiva―

mente uma forca produtiva dircta Na producao cada vez mais automatizada, deixa dc haver lugar para operd五 os nao quahficados e empregados de escnt6riosUrna transformacao rnacica c generalizada do trabalho manual em intelectual nら os6 ё possibilitada pela automacao, rnas se torna econ6mica e socialrnentc essen―cial A visao prOfotica csbocada por Marx c Engels de uma sociedade na qual``o ll

vre desenvolvirnento de cada um o a condicao para O livre descnvolvimento de to―

dos",54 e na qual a riqueza cfetiva se ongina na``produtividade desenvOlvida de tO_

dos os indivfduos",poderia agora se tornar realidade praticamente palavra pOr pa―lavrai

``O livre desenvolvirnento de individualidades[C agora 0 1ml e, dal, nao a redu950

do tempo de trabalho necessd● o de maneira a p6r sobretrabalho mas,em vez disso, a

52 cf Marx: “No desenvol、 lmento das foKas prOduivas chega um periodo no quai surgerrl as ttrcas produtlvas e osmeios de comOrciO e que,sob as rela96es existentes,s6acarretam danost nao sう 。mais(orcas produuvas,e sim destru―ivas(maquinarla e dinheir。 )'' lMARX e EN(3Ett Tha Ce77nan fdeologv Nova York,1960 p 6853 Para Marx, O conceito de iorcas produtlvas era, cm 611ma analise. redutivel as fOrcas matenais de prOducao e a prO_

duiudade flsica do tabalh。 (Ver G″nd"se,p 694 “A forca produiva da sociedade C medida cm cα p″ o′ JIXO,C対 S

te nele em sua forma obletva '')(Ver tambこ mC叩″αf v L p 329,621)Pala dar algum lundamento a airmac50 deque as forcas produivas cessaram de crescer, こ necessa五 o desligar o conceito de

`lorcas produlavas'' de sua baso ma―

セhal e atnbuirihe um conteido,deahsta Ta1 0,por exemplo,o procedirnento dos editOres do pe● 6dico francos Lα L/c―

"彪 (N° 551,p 2-3),que identicam o conceito ao``desenvoloimento do individuo social'',sem perceber quc essa de‐

inicaO ndO apenasを incompativel corn as opini6es de Marx, Inas que embeleza retrospectl● 7arnente o capitalismo do

sCculo XIX― ―o quat segundO eles, desenvolveu as forcas produtvas e, conseqtlentemente,tambOm o .`individuo so‐cial''(Ver as posic5es de Marx,contr6has a isso,em G″nd"“e,p 750 c em muitas outras passagens)A tose toma―se ainda mais grotesca se “o desenvol,lmonto do indivチ duo social'' for stlbsttuido pela formula malxista correta, .`pos―

sibilidades matenais para O desenvolvimento dO individuo social'' Pois, comoこ possivel alguёm negar senamente que

La躍階蓼獣慶選r滞彗:驚鮨llttfIオ RIiatt」悦慮Tξ鳥歯零:出:盤S悧

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ndtte p708

Page 152: Capitalismo Tardio - MANDEL

152 A NATUREZA ESPECIFICA DA TERCEIRA REVOLUcAO TECNOLOGICA

reduc5o goral do trabalho necessdno da sociedade a unn mlnirno,que eFヽ t50 Correspon―

de ao desenvolvimento artisico ou cient'fico dos indivrduOs no tempO livre, e com osmelos c五 ados para todos eles"55

A plor F0111la de dCsperdrcio, inerente ao capitalisrno tardio, jaz nO mau uso

das fOrcas de producao humanas e matenais existentes; ertn vez dc serem usadaspara o desenvol、 五mento de homens e mulheres livres,sao cada vez mais emprega―das na producao de cOisas initeis e perniclosas Todas as contradic6es hist6ncasdo capitalismo estao concentradas no carater duplo da automacao POr unl lado,ela represcnta o desenvolvirnentO aperfeicoado das forcas materiais de producaolque podenanl, crn si rnesmas, libertar a humanidade da obrigacao de realizar urll

trabalho mecanicO, repetitivo, enfadonho c alienante. Por outro, representa urrla

nova ameaca para o emprego c o rendirnento,uma nova intensificacao da ansieda―de, a insegurar19a, o retorno crOnico do desemprego em massa, as perdas peri6di´cas no consurllo c na renda, o empobrecirnento moral e intelectual. A automacaocap■alista,desenvolvimento maci9o tanto das fo(as prOdu“ υas do rrabalhο 9υ an―

to das foFas a″ enOnt“ e dω t剛

“υas da mercadoHa c do cap"α′,tOma― se dessa ma―

neira a quintessOncia obletivada das antinomias inerentes ao modo de producao ca―pitalista.

A idOia de quc a ёpoca da cnse estrutural do capitalismo― ―isto O,a era que,

de um ponto de vista hist6rico,se mostra madura para a revolucao socialista mun―

dial――devena de alguma forrna ser caracterizada por um declfnlo absoluto Ou pe―

lo menos po「 uma estagnacao absOluta das forcas produtivas remonta a falsa c me―

canica interpretacao de um trecho do famoso prefaclo dc Marx a Contribuicao aC消lica da Economia Pol“ ica, no qual ele forneceu o esbo9o mais sumario da teOria

do materialismo hist6rico. Marx caractenzou uma Opoca de revolucao sOcial da se―guinte maneiral

“Em certa etapa de seu desenvolvimento, as for9as produivas matenais da socieda―de enttam clm contradi95o com as rela9oes de producao existentes ou, o que nadamais l do que a sua expressao jurFdica, c6m as rela95es de prop● edade dentro dasquais aquelas at● entto se inham movido De formas de desenvolvirnento das forcasproduivas essas relacOes se transformaram em seus gnlh6es Sobrevё m entao umaOpoca de revolucaO sOcial Urna formacao sOcial nunca perece antes quc estelam de―senvolvidas todas as for9as prOduivas para as quais ela O suicientomente desenvolvl―

da, e novas relacё es de produ9ら o mais adiantadas,amaiS tOmarao o lugar, antes que

suas condi9oes materiais de c対stOncia tenham sido geradas no selo mesmo da velhasociedade''56

Parece bastante evidente quc a frase ``todas as forcas produtivas para as quais ela

C suficicntemente desenvolvida'' na realidade nao O mais do quc uma repeucao dasentenca inicial; em outras palavras, baseia― se na afirmacao de quc chega um mo―

mento em que o desenvol宙 rnento das forcas produtivas entra cm conttadicaO cOm

as relacOes de producao existentes Desse ponto em diante, a sociedade capitalistaj6desenvolveu todas as forcas produuvas ``para as quais ela O suficientemente de―

senvolvida". Todavia, isso nao implica absolutamente quc, a partir de entao, qual_quer desenvolvirnento adicional se torne impossivel scm a derrubada desse modo

de produ9ao: significa apenas que, desde cssa Opoca, as forcas de producao ulte_五orinente desenvolR/idas entraraO em cOntradicao cada vez mais intensa com o mo―do de producao existente e favorecerao a sua derrubada 57

6S MARX Grund"“ e p 70656 ⅣLへRX A Cοnt"burion tο the C"`iquc orPοlricα I Ecο nοmy Londres,1971 p2157 1ss。 l ainda mais evldente na medlda em quc Marx nao est6 se reた ●ndo nesse pontoさ derrubada especttca do capi

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A NATUREZA ESPECIFICA DA TERCEIRA REVOLUcAO TECNOLOGICA 153

As interpretac6es mecanicas desse famoso paragrafo viram sc indubitavelrnen―

te reforcadas pela cxperiencia da Rcvolucao de outubro na Rissia, p em especialpela generalizacao te6rica dessa cxpenOncia feita por Bukhann em okOnomiた derTrans」o′ ′′latiOnspettode.58 Nessc trabalho,Bukhann efeivamente enunclou,comoregra, quc a revolucao sOcialista seria precedida ou acompanhada por um declrnlo

das forcas produtivas. A configurac5o especificamente russa dos anos 1917/20__revolucao ap6s uma gucrra mundial, combinada a uma guerra civil bastante pro―longada, que despedacou completamente a totaldade da ccononlia do pars e oca_slonou um mergulho profundO nas forcas produtivas59__representa uma varianteextremamente improvavel para os Estados capitalistas altamente industriahzados.Nao ha razaO para que seia elevada a categOria de norma 60

0s te6ricos da lnternaclonal Comunista registraram acertadamente um declf―nlo nas forcas produtivas nos primeiros anos ap6s a Revolucao Russa Mediram es―

sa queda do ponto dc、ista matenal em tellllos de producaO,cmprego ctc,c con―clurram quc o capitalismo encontraria bastante dificuldade para suplantar a crisecconOnlica e social em quc estava envolvido, ainda quc ternporariamente.61 AGrande Depressao que se manifestou com forca total ern 1929, ap6s breve perlo―do de prOsperidade,confirrnou a luStCZa desse progn6shco Mas tanto LOnin quan―to Trotsky permaneceram bem maお cautelosos em suas aprecia9oes sObre o desen―

volvirnento a longo prazo Assim, no Terceiro Congresso da lnternaclonal Comu―nista,Trotsky declarou:

“Se admibrmos――e vamos fazO-lo por um momento― ―que a classe operana deixe

de se levantar numa luta revoluclon6rla, e pernlita que a burgucsia dirtta os desinos

do mundo durante numerosos anos, digamos, por 2 ou 3 dOcadas, entao certamentealguma espOcie de novo equlfbho serd estabelecida A EurOpa sera violentamente lan―

talism。 ,mas de todas as sociedades de classes em geral Certamente iamaiS tena OcOmdO a ele caractenzar O periodoanteior a hisbna das revolucoes burguesas{por eXemplo,a vibna da Revolucao Holandesa no sё culo XVl, da Revo―

lu95o lnglesa no slculo XNll e da Rcvolu95o Arnencana e da grande Revoluc5o Francesa no sOculo XVII)comO umafase de estagnacao oμ meSmo retrocesso das forcas produivas58 BuKHARIN,N Okonomiた der TransrOr7na'Onspeガ ode Hamburgo,1922 p 67 Num hvro postenor(Theο

"ed“HISt071SChen Maた 71α llSmus Hamburgo, 1922), Bukhann Oscilou entre trOs posicOes a esse respeito Na p6gina 289 es―

creveu: ``Portanto,a revoluc50。 cOrre quando hd um conllto manifesto entre as forcas prOdutlvas cr‐ centes, que n5o

podem mais ser contldas dentro do inv61ucro das relacOes de produc5o" (Os gnfOs sao nOssOs E M)Na pagina 290ele cOntlnuou: ``Essas relacOes de producao tolhem O desenvolvlmento das forcas produtlvas a tal pontO que devem

ser incondicionalmente postas de lado para que a sociedado possa contlnuar a se desenvolver Em caso contr6● o, es―

sas relacOes embaracaぬ o e sufocar5o o desenvolvlmento o,s fOК as produivas,e toda a sOciedade estagnara ou regre

dlra'' Mas na paglna 298 ele citou seu hvro antenor rObnomiた der Transr077nO“ Onspe"odの ,no qual declaraval“Sua forca destuidora(da Phmeira Gucrra Mundial)conSttui um indicador bastante acurado do grau de desenvol宙 ‐

mento capitalsta e uma trdjca expressao da cο mpたra incOmpo■bllldade de um cr● cimento ulte"or das rO(cls prOdu“

υas dentro do inv61ucro das relac6es capitalistas de producao" (os grlfos saO nossos E M)Se nao e対 ste cOntladicao

essencial entre o pimeiro e o segundo trecho(o segundo, sem sombra de divlda, reiere‐ se a toda uma ёpoca hist6rl―

ca que, ern /nedido c“"cente, tolhe O desenvoloimento das fottas produtlvas, o que nao signiflca que clas deixaraoimediα tamen″ de crescer, mas apenas em`ltimo andllse), ё patente a contrad19ao entre a pimeira c a terceira passa―

gem LOnin adotou uma posic5o COrrespondente a uma combinacao do prlmeiro e segundo techos、 mas n5o ao tercei

ro desses trechos de Bukhann59 Para uma analise realista do colapso das fo、 as produtlvas na R6ssia ao ternpo da guerra civil e do comunismo de

guerra, ver ente outros KRITZMAN, Leo N Dic herOlsche Pe"ο de der grossen ″ssischen Rcυοlutiοn Frankfu■,

1971 cap IX‐ XIIω A tlpologla futura das revoluc6es soclalistas nos parses altamente industnallzados provavelmente seguiri mais de per―

to o padrao das cnses revoluciOnanas,6 expeimentadas na Espanha(1931/37), Franca(1936), Italia(1948), Bを lglca

(1960/61),Franca(maio de 1968), Italia(。 utonO de 1969/70), quC O das cnses d● ``colapso'',apos a Phmeira Guerra

Mundial61 ver,pOr exemplo,a deschcao de Trotsky sobre o declinio das fo、 as prOdutvas na inglaterra em seu lnforrne ao Ter

ceiro Congesso da lnternacional Comunista: “A Inglaterra est6 mais pobre Calu a produtvidade do trabalho Emcomparacao ao iltmo anO do prC― guerra,seu comをrcio mundial em 1920 dedinou pelo menos lβ ,e ainda mais emalguns dos ramos mais importantes Em 1913 a indistna do carv5o da lnglaterra fomeceu 287 mlh6es de toneladasde carvら oi em 1920, 233 milh5es de toneladas, istoり , 20%a menos Em 1913, a produξ 5o de ferro chegOu a 10,4

milh5es de toneladas・ em 1920,a pouco menos de 8 rrllhOes de toneladas,lsto C,mais uma ve2 20%a menos'' Report οn the World Ecο nο mic C"sls and the Neω Tas魅 げ the Cο

"munlst rntema“οnal lni TROTSKY,1_eon The Fi、 1

F,υο Yοα7S Orthe Communlstfnttmaiono′ p191

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154 A NATUREZA ESPECiFICA DA TERCEIRA REVOLUcAO TECNOLOGICA

cada num retrocesso Milh5es de opera五 os europeus morrer5o de desemprego e des―nutr19ao Os Estados Unidos serao compelidos a se reonentar no mercado mundial, areconverter sua industna e a sofrer restri95es durante considerdvel perlodo Em segui

da, depois que uma nova divis5o mundial do trabalho for dessa maneira penosamentecstabelecida no curso de 15, 20 ou 25 anos, podera talvez surgir uma ёpoca de surto

capitalista Mas toda essa concep950 ё excessivamente abstrata e unllatera1 0s fatoss5o descntos aqui como se o proletanadO ivesse deixado de lutar Entrementes, se―quer ё possfvel especular a esse respeito pela sirnples razao de que as contradi95es declasse sofreram extremo agravamento precisamente durante os anos recentes''62

A primeira parte dessa citacao tern forca profOtica, como t5o frequcntemente

ocorre corn Trotsky Fol escrita em 1921; exatamente 25 anos depois, em 1946,milhocs de trabalhadores curopeus haviam morrido por causa do desemprego, dadesnutricaO, da gucrra e do fascismo. Os Estados Unidos haviam sido obrigados areconverter a sua indistria c a lirnitar a producao c o emprego por urn perfodo con―

sideravel(1929/39) O parS reOricntou― se no mercado mundial ―― naturalrnentetanto no de mercadorias quanto no mercado de capitais― ―contribuindO em`ltimaanalise para uma nova divisao internacional do trabalho c uma nova fase da cxpan―

saO capitalista da prOducao material

Por outro lado,a segunda parte da mesma citacao esta claramente lirnitada pe―las condic6es da ёpoca.63 TrOtSky estava absolutamente certo ao assegurar, em1921, que era abstrato e forrnal prever um novo surto das forcas produtivas, pois

naqucic momento hist6rico o potencial de luta do proletariado eurOpeu cstava ain―

da em ascensao Sob tais condic6es um aumento substancial na taxa de mais― valia

一― e consequentemente na taxa de lucros― ―era inirnaginavel. o que estava na or―

dem do dia naO era a especulacaO acerca da possibilidade de um novo perlodo decrescirnento capitalista, mas a preparacao da classe operaria para transforinar a cn―

se cstrutural do capitalismo numa vit6ria da revolucao proletaria nOs parses maisirnportantes do coninente As teorias de um novo surto do capitalismo, apresenta―

das pelos IFderes da Social Democracia,inham por ottcuvO jusificar a sua recusacm hderar essa luta revoluciondna 64 0 quC Colheram n5o foi um longo perfodo desurto mas, ap6s o curto intervalo de 1924/29,a Grandc Depressao,o desempregoem massa, o fascismo c os horrores da Scgunda Gucrra Mundial. A analisc c osprogn6stcos de Trotsky mostraram estar bastante certos.

O quc Trotskソ nao pOdcna querer dizer em 1921, entretanto, era isso: quc,num longo prazo,fosse suiciente para a classc operaria lLItar Corn o obletiVO dC irn―

pedir um novo perfodo de surto prolongado das forcas produtivas do capitalismo.Para tanto, era necessariO quc a classe operana alcancasse a υitO西a O fatalismohist6rico O nao menOs rniope em questao de perspectivas econOrnicas do quc emquestao das grandes lutas polrticas de classe Troも ky fol inteiramente claro nessaqucstao quandO, setc anos depois, criticou o Programa de Bukharin e Stalin para

o Comintern:

“Terd a burguesia condic5es de assegurar para si rnesma uma nova ёpoca de cresci―mento e poder capitalistas? Negar simplesmente tal possibilidade, com base na `posi―

95o desesperada' em que se encontra o capitalismo nao passana de verbOrragla revolu―

62 TROTSKY The Fi7St Flυ ●yeα 7s oFrhe cο rnmunlsllntema,ο nα′vI,p211"O mesmo se aphcaさ frase do Tl● nstiο nal Programe oF tha Fου″力Inたmα

"Ono4 que TЮtsky escreveu em 1938:て

`Asforcas produivas da humanidade deixaram de crescer''Trotsり lmodiatamente acrescentou:“ As nOvas descObertas j`naO elevam O nivel da nqueza mateiar' Jamais terla ocomdo a e10 negar o crescirnento das forcas produ[vas quando

como nos ilimos unte anos_一`nOVaS descobertas e apereicoamentoず `

efoiva e manifestamenセ aumentaram o nfvel global da nque2a lrlatenalて"Ver,por exemplo,os ensalos de Rudolf I1lferding e Karl Kau“ ky no per16dico social― dernocraね Die G“ ellscん ψAbilde 1924 v i n° 1

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A NATUREZA ESPECiFICA DA TERCEIRA REVOLUcAo TECNOLOGICA 155

c10nana `N5o ha situac5es absolutamente desesperadas'(Lenin) o atual equilfbn0insttvel de classes nos paFsts eurOpeus n5o pode se prolongar indeinidamente luSta―mente devido a essa instabilidade¨ Urna situacao instavel a ponto de o prOleta五 adonaO cOnseguir tomar o poder, enquanto a burguesia nao se vo com irmeza suficientecomo dona de sua pr6pna casa, deve mais cedo ou mais tarde ser abruptamente resolvida de uma maneira ou de outra, ou em favor da ditadura prOletdna ou em favor deuma sO五 a e prolongada establllza95o capitalista, assentada sobre as costas das massaspopulares, sobre os ossOS dOS povos coloniais e_ talvez sobre nossos pr6p五 os ossOs`Nao h6 situagOeS absolutamente desesperadas!' A burguesia europlia pode encOntrar

uma sarda duradOura para suas graves contradicOes unicamente atravOs das derrotasdo proletanadO e dos erros de sua lideranca revolucionarla Mas O cOntranO o igual_mente verdadeiro N5o havera nova fase de ascensaO duradoura dO capitahsmo mun―dial(naturalmente,com a perspeciva de uma nova O「 oca de grandes mo宙 menta―

90es),apenas no caso de o proletanadO cOnseguir encontrar,ao longO da estrada revo―luciondria,uma sarda para O atual equilお 五o instaver'65

Essa visao prOfё tica foi conirrnada cΠ l cada ponto A fase de equllibrio insta―vel,iniciada com a vit6na da Revolu9ao Russa o a derrota da revolucao alema,che_gou a seu tOrrnino ern 1929 Devido a incapacidade de sua lideranca,a classe Ope―

raria curOpOia naO se encontrava cm posicao para resOlver ern seu pr6prio benefl―

clo a aguda crise social.()fascismo c a Segunda(3ucrra Mundial cnaram as condi―

90es prёvias para quc a crise fossc tempOrariamente resolvida cm favor do capitalMais uma vez,no fim da Segunda Gucrra Mundial,as coisas poderiarn ter rnudadona Franca, It61ia c Gra― Bretanha; mais uma vez, os pa由 dos tradicionais da classe

Operaria naO s6 se revelaram totalrnente incapazes de rcalizar sua tarefa hist6nca,

mas demOnstraram ser os cumpllces acabados do grande capital europeu na cstabihzacaO da economia do capitalismo tardio e do Estado do capitalismo tardio.66

Foi essa a base hist6rica para a terceira revolu95o tecnologiCa, para a terccira

“onde longa com tonalidade expansionista'' c para o capitalismo tardio Nao foi de

maneira alguma ``sirnplesmente" o produto de desenvolvirnentos econOnlicos,pro―

va da alegada vitaldade dO mOdo de produ95o capitalista ou uma jusificac50 paraa sua c対 stencia.Tudo que prOvou foi que nos parses impenalistas,dadas a tecnolo―gia c as forcas produtivas existentes, naO ha “situacOes absolutarnente desespera―das"para o capital num sentido puramente cconOrnico,c quc um fracasso a longoprazo enl reahzar uma revolucao socialsta cm■ ltima andlsc pode cOnceder aO mo―do de produgaO capitalista um novo prazo de vida, que este iltimo utilizara, entaO,

de acordo com sua 16gica inerentei t5o logo se cleve novamente a taxa dc lucros,

ele intensificard a acumulacao de capital, renovara a tecnologia, retomara a buscaincessante de mais― valia, lucros mOdlos e superlucros e desenvOlvera nOvas forcasprodutivas.

Ta1 0, com efeito, o signiicado da terceira revolu95o tecno16gica: E issO tam―

bOm que deterrnina os scus lirnites hist6ricos Fruto do modo de producao capitalis―

ta,ela reproduz todas as cOntradic6es internas dessa forrna cconOmica c social. Gc―rada no seio do modo de producaO capitalista na Opoca do imperialismo e do capi―

talismo monopolista, a Opoca da crise estrutural e gradaiva desintegracao dessemodo de producao, csse surto renovado das forcas produtivas deve acrescentar ascontradic6es classicas do capitalismo toda uma sOne de novas contradicoes,que se―raO exarninadas nos cap■ ulos scguintes, c criam a possibllldade de crises revolucio―

narias ainda rnais amplas e rnais profundas quc as do perfOdo 1917/37.

“TROTSKY The Third lnternationaloFerLanin Nova York,1970p64て 爆

6o A esse respelto, basta dtar os comenbrlos do General de Caulle sobre o papel desempenhado por Maunce ThOre2

e a lideranca do Paido Comunista FrancOs ap6s setembro de 1944 Ver Mё moir● dσ Gtlere Pans, 1959 v II, pl18-119

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156 A NATUREZA ESPECiFICA DA TERCEIRA REVOLUcAO TECNOLOGICA

Seria preciso lembrar que,segundo Marx,a rnissao hist6rica do modo de prO―ducaO capitalista nao residia num desenvolvirnento quantitativamente ilimitado dasforcas produtivas, mas em deterrninados resultados qualitativos desse descnvolvi―

mento:

``A grande qualidade hist6nca do capital l cttar esse sο brerrabα ′んο, trabalho supё r―

luo do ponto de vista do mero valor de uso,da mera subsistencia;e O seu desinO his―t6rico se cumpre tao lo90 tenha ocomdO, por unl lado, um desenv01、 嗜mento tal dasnecessidades que o sobretrabalho, acirna c allm da carencia, se torne uma necessida―

de gerat que brOta das pr6pnas necessidades individuais; e, por outro lado, Onde a n―gorosa disciplina do capital, atuando sobre sucessivas geracOes, tenha desenvol、えdouma operosidade geral como prop●edade geral da nova espё cie; e, inalrnente, quan―

do o desenvolvirnento das forcas produivas do trabalho, que o capital incessantemen―

te impulsiona com a sua ilimitada obsess5o pela nqueza,o o desenvolvirnento das con―

dicoes especficas em que essa obsessao pode ser realレ ada tenham alcancado o graude norescirnento em que a posse e a preservacao da riqueza geral requerem um tem―po de trabalho menor da sociedade como um todo e a sociedade trabalhadora se rela―

ciona de maneira cientrica cOm o processo de sua progressiva reproducaO; em conclu―saO,Onde tenha cessado o trabalho em quc um ser humano faz o que uma coisa pode―ha fazer"67

Urna vez atingidos esses resultados quahtativos, pode― se dizer quc O capitalismocumpriu scu papel hist6rico, c as relac6es sociais estao prOntas para o socialismo

Comeca, entao,a CpOca do declFnlo da sociedade burgucsa. EmbOra as forcas pro―dutivas possam se desenv01ver ainda mais, isso nao altera O fato de quc a lnissaohist6rica do capital foi completada. Na verdade, cm determinadas circunsttncias,

tal desenvolvirnento quantitativo podeHa cfetivamente pOr em risco suas conquis―

tas qualitativas A tese de LOnin de que nao ha situacё es absolutamente desespera―das para a burgucsia imperialista nao imphca quc,enquanto n5o ocorrer uma revO―lucaO sOcialista, o mOdo de producaO capitalista possa sobreviver indefinidamente,

ao preco de perfodos crescentes de estagnacao ecOnomica c crise social Pois a au―

tomacao generalizada, que pressagia urn decrOscirno mais rapidO na massa dcmais― valia,nao sc lirnita a colocar uma barreira absoluta para a valonza95o do capi―

tal,quc nao pOde ser superado por nenhum aumento na taxa de mais― valia;a dina―

rnica do desperdrciO e destru195o dO desenvolvimento potencial quc a partir de ago―

ra acompanha o desenvolvimento efetivo das forcas produtivas ё tao grande, quca inica alternativa para a autodestruicaO dO sistema, ou mesmo de toda a civiliza―

caO, reside numa forrna superior de sociedadc Dessa maneira, apesar de tod0 0crescirnento internacional das forgas produivas nO mundo capitalista nO decOrrerdos iltirnos vinte anos, a op9ao entre ``socialismo ou barbarie" adquire atualrnente

scu pleno significado.

67 NIARX:Grund"sse p 325

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含』鰍寵乱鵬 籠鶴:昭織殿那慇li:獅出漁 ica

A reducao do tempo dc rOtacao do capltal ixo cOnsutui uma das caracterも ■―cas fundamentais do capitalismo tardio.A origem irnediata da reducao prende― sc aacelerag5o da inovacaO tecnO16gica,l o que por sua vez C unl resultado da rea10ca―

caO dO capital industrial, investido nao apenas na ati宙 dade dircta de prOducaomas tambёm,em escala crescente,nas esferas prё ―produivas(Pcsquisa c Desen―volvimento).2 A propensao a se envolver numa corrida armamenista com EstadosnaO capitalistas, cuio desenvolvimento tecno16gico nao O restrito pelas cOndi95es

de valorizacao em sua atividade prOdutiva,bem como a 16gica interna do desenvoト

virnento cientrficO saO fatOres que contribuem para esse processo.

No entanto, no contexto da hist6ria do capitalismo, a forca decisiva pOr dcttas

da reducao dO tempo de rotacao dO capital fixo O incontestavelinentc O fato dequc a fonte principal de superlucros reside agora nas ``rendas tecno16gicas'' ou no

diferencial de prOdui宙 dade entre fiIInas e ramos da indistria.A busca sisι cmdticac continua de inOυ acOcs tecnobgicas e dos superlucros corrcspondcnた s tOrna― se opadraO caracterttico das empresas do capitalismO tardlo,c especialrnente das gran―

des empresas de capital aberto do capitalismo tardio.3 Essa caca aos Superlucros

empreendida pelos ``diferentes capitais'' toma a folllla, para “o capital em geral'',da pressao para reduzir O custo do capital constante e para aumentar a taxa demais― vaha atravOs da prOducaO adic10nal de rnais― valia relativa.

A terceira revolucaO tecn016gica, origem e resultado da inOvacaO tecno16gica

acelerada e da redu95o do tempo de rotacao dO capital fixo, tern repercuss6es fisi―cas e tOcnicas negativas sobrc a extensao da宙 da do capital fixo, porquc aumenta

勒ittl 鑽蒋res em 197030●

ce―presidente da Companhia Budd l bastante daro a esse respeito “Qualquer inovacさ o que valha a pena ser fei―

蠅 lポl鞭r欄 i織詭紺a貯鶴 聯 艦 1∬蹴織 ,fttI

157

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158 A REDUcAO DO TEMPO DE ROTAcAo DO CAPITAL FIX0

a velocidade em que sao usadas as maquinas c, sirnultaneamente, acelera a suaobsolescOncia.4

A reducao do tempO de rotacao do capital fixo apresenta carater diplice. Por

urn lado, constitui a soma da subsutuicaO acelerada de antigas plantas por outras

completamente novas,isto ё,um processo da obsolescOncia acelerada do capital fi―xo.Ao mesmo tempo,representa a transic5o da pratica classica de manutencaO pe_ri6dica da planta cxistente, quc s6 0 fundamentalmente renovada a cada dez anos,para a pratica moderna de manutenc6es gerais, que implicam a introducaO de ino―

vacOes tecno16gicas em emergOncia, algumas vezes importantes 5 Em terrnos de va―

lor, isso pode ser expresso da seguinte maneira: cnquanto antes o processo de re―producao sirnples do capital fixo c o processo da acumulacaO dO capital fixo adicio―

nal perinaneciam estritamente separados c conduziam a reprOducao amphada aOinfcio de cada novo ciclo de dez anos― ―com alteracOes apenas secundarias na tec―

nologia prOdutiva― ―,hac em dia csses dois processos estao cada vez rnais combi―nados.A reproducao sirnples, acompanhada pela perrnanente renovacao tecnO16gi―ca, avanca continuamente c assirn sc integra a reproducao ampliada, a qual con―

duz,em perfodos rnais curtos do quc antes――pode―se admiur atualrnente urn ciclo

de cinco anos――,a uma renovacao completa da tecnologia de producao.A aceleracao dO tempo de rotac5o do capital fixo tambOm tem repercuss6es

sobre o tempo de rotacao dO capital circulante. Por urn lado, ela amplia a deman―

da de atividade corrente de invesimento lsso conduZ a uma reconversao cOntinuado capital circulante em capital fixo c aumenta a tendOncia, que de qualquer ma―

neira O inerente ao capitalismo monopolista, das empresas a converterern scu capi―

tal total em capital fixo o obterem de crOditos bancariOs a malor parte,senao a tOta_

lidade, do seu capital circulante. Isso tem repercuss6es no autofinanciamento das

empresas,o qual ё uma das caracterrsticas rnais importantes que distingucm o capl―talsmo tardio do irnperialismo c16ssico dominado pelo capital financeiro, descritopor Lenin.Tern tambё m efeitos sobre o cottuntO da ati宙 dade dos bancos na cria―

caO de crё dito e dinheiro,o que sera analisado rnais tarde 6 Por Outro lado,aumen―

ta o interesse do capital numa aceleracao ainda malor do tempo de rotac5o do ca―pital circulante enquanto fonte de prOducao adiciOnal de mais― vaha, que se torna

ainda mais importante na medida cm quc a accleracao do tempO de rotacao dO ca_pital fixo aumenta a composicao organica dO capital e,assirn,cria uma pressao adi―

clonal no sentido de um acrOscirno compensador na massa e na taxa de mais― va―

lia ()resultado O uma tendencia no sentido dc uma``aceleracao" de tOdOs os pro―

cessos capitalistas, a qual se expressa, entre outras maneiras, nos fenOmenos para―

lelos de uma intensificacao mais aguda do processo de trabalho e de uma``acelera―

caO" mais rdpida (diferenciacao quanlitativa e deterioracao qualitativa)do Consu―mo dos operanos―-lsto ё,na pr6pria reproducao da fOrca de trabalho 7

A reducao do tempO de rotacao do capital fixo tern sido muito discutida pelos

capitalistas c economistas e pode ser confirmada por boa dose de evidOncia emprn―

ca.Assim,por exemplo,Alan C.Mattison,Diretor― Presidente da Mattison Machinc

4 Para a velocidade ampliada das maquinas desde o im da Segunda Cuerra Mundial ver, por exemplo, REUKER,

Hanslbrg ``Einluss der Automatsiemng aufヽ Verkstuck und Werkzeugmaschine'' Ini Fο おch""b● ,chた d“ Vettins

Deutscher fngenieura SCne l, n0 8, outubro de 1966 p 29-30: SALTER Op clt, p 44; KRUSE, KUNZ eUHLMANN Op cit,p 59‐ 60,c outrOs Essa velocidade ampliada C uma das pincipals forcas por detras da tendon_ciaさ automa95o, a qual conduz, por sua ve2,a um aumento macico na veloCidade do processo de prOducao, tOman_

舞 剛

=9鍛

艦 品9■

写鶴 ∬ 織舗 :掘 詭 鷺 ∫ 麟 鰐 1鵠 義 島 鮮 :Pleπ e(Eds)Traitι de Sociο logie du Traυ o″ Pans,1961 ,

canic。 ,pOr exemplo,em Capital v l、 P 412● Ise9s,v 3、 p 2335NICK Op cお ,p176 ver O Cap 13 deste volume

'Ver O cap 12 deste volurno

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A REDUcAO DO TEMPO DE ROTAcAO DO CAPITAL FIX0 159

Works, declarou perante o CornitO do Congresso dos Estados Unidos Sobre Auto―macaO: ``o ciclo de obsOlescOncia de maquinas ferramentas esta em vias de dirnl―

nuir rapidamente dc 8‐ ou 10 anOs para 5 anos''.8 Na indistria automobllstica nor―te―americana, tornou― sc habitual deduzir cOmo depreciacao, no prazO dc um anO,os custos das ferramentas e matrizes cspecfficas, manufaturadas para a producaode cada nOvO modelo de autom6vel, toda vez quc uma empresa fabnquc e vendapelo menos 400 mll unidades daquele modelo (Na maioria dos casos, os cuStOSde tais ferramentas e matrizes chegam a cerca de 1/3 do capital fixo total de umagrande planta automobilrstica nOrte― americana).9 Freeman informa que na indis―tria de bens de capital eletrOnicos a``vida dos produtos''vana cntre 3 a 10 anos,is―

to O, 6 1/2 anos em mOdiai comparc― se com os 13 anOs em quc Engels estimou,numa carta a Marx, a vida mOdia das maquinas em sua Cpoca 10 A vida mOdia doscomputadores nao o superior a 5 anos,c a do radar ndutico,a7anos.1l Ern 1971,as tccelagens da Alemanha Ocidental estavam utihzando modelos Sulzer de duplalargura corn licar6is, totalrnente diversos do equipamento mais moderno emprega―

do em 1965 (rnaquinas automaticas cOnvencionais corn licar6is, sem unifil).12 As

autoridades fiscais norte― americanas calculam quc tenha ocorrido uma reducaO ge―ral dc aproxirnadamente 33%na vida fFsica das rnaquinas desde os anos 30.13 Essa

cifra tem sido acerbamente criticada, tanto pelos quc consideram muito elevada a

margem correspondente de amortizacao(istO ё,veem―na como um melo pelo qualas empresas disfarcam seus lucros),quanto pelos quc a consideram demasiado bai―

xa. Utilizando exemplos praticOs,Terborgh calculou quc a vida dos tornos rnecanl―

cos foi reduzida de 39 para 18 anOs, a dos ``mOldadores de engrenagem'' de35/42 para 20 anos e a dos geradores a vapor de 30 para 20 anos.14 Ele utilizacxemplos de empresas especrficas, e nao mё dias, para deterrninada industria oupara toda a indistria de transfo111lacao Nas mais modernas unidades petroquFrni―

cas produtoras de etileno,o capital fixo C amortizado cm 4 para 8 anOs,dependen―

do de suas dirnensOes.15 os comentariOs gerais sobre a duracaO reduzida de vidado capital fixo s5o numerosos demais para serem listados A tabela seguinte, dcnorinas de depreciacao nO infcio dos anos 20 e nOs anos 60-― istO C,com um in―

tervalo de cerca dc 45 anOs_― fornece cvidOncia da aceleracao dO tempo de rota―

95o do capital fixo.(Ver quadro da p 160)Essa reducao dO tempo de rotacaO dO capital fixo provoca dupla cOntradicao.

Por outro lado, acarreta um aumento no perrodo de preparacaO e experimentacaopara processos especificos de produc5o, c no tempo necessario para a construca。

de plantas.16 Essa contradicao ё taO grande quc algumas vezes deterrninado prOces―so de produca0 0u deteIIninada planta la pOdem scr cOnsideradOs tecnologicamen―

8 citado em LhuFomariOn_MathOdOlogie de b Recherche ILO,Genebra,1964p279 WHITE,La、 、Tence The Autο mobile rndustヮ since 1945 Haward,1971 p 39.57-5810 Werた o v 31 Berlim,1965 p 329 ets● 9s A carta tem a data de 27 de agosto de 18671l FREEMAN, C ``Research and Development in Electronic Capital Goods'' Ini Nα r10nο ′Institure Ecο nornic Reυ i●ω

L融 ポ 離 鳥 RTDER―SSELHORST Op計 ,p3013 calCulou―se que a ``νida do equipamento de se~ ico" na indistna de transformacao era 34% mais curta em 1961do quc em 1942(YOUNG,Allan H ``Altematve Esumates Of corporate Depreciabon of Proits'',Parte Pnmeira ln:Su″ey OF Current Business v 48,n° 4,abil de 1968 p 20 Vertambё m a segunda parte do mesmo arbgo,Supeノ●/Cu“ en`Busina“ v 48,n° 5,maio do 1968 p 18-19,22)George」 as2i CalCula que a mOdia real de idade dO capl‐

tal ixo(inclusive cOnstucocs)na indistt■ a de transforrnacaO dOs Estados Unidos tenha declinado de 12 anOs em 1945para 10,3 em 1950,9,4 em 1953 e 8,5 anosem 1961 Su″ の or Current Busin‐ Novembro de 196214 TERBORGH,George Busin‐ fnυestment Poli"Washington,1962p158,17915 NatiOnal lnsltuた Ecoη omic Reυ ieto n° 45,agosto de 1968 p 39 Nick(Op C静 ,p 59)anrma que o capltal ixo naindistna qulrnlca e renovado a cada 5 ou 6 anos16 MuitOs autores esimam quc hala um periodo de 10 a 15 anos entre uma descoberta real e sua producao lucratva

Ed"in Mansield(ο p cit, p 102)cita estatistlcas complladas por Frank Lynn,que sugerem que no periOdo 1945/65adlsttncia entre a descoberta c a cOmerciali2acaO podia ser estlmada em 14 anos,em comparacら o com 24 anos no pe‐rlodo 1920/44

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A B C D

tubos de a9ocaldeiras a vapor

hidrOmetrosturbinas

m6quinas de cervaanaedficios de fabncas

serras rnecanlcas

maquinas_femmentasmaquinas de impre亜 omaquinas de carpintaHae marcenana

± 192230/60 anos15/20205025

50/100142040

33

±1942

15/20 anos40/5010

± 195715 anos151522

± 1965

16 anos35

1616

20

160 A REDUcAO DO TEMPO DE ROTAcAO DO CAPrrAL FIX0

Estima“υas da Pc●pec"υα de Vida Produriυa dO Equ"amentO Fixlol

l SCie A:WO」 TIECHOW,P Amo″ おαJonsnornen und E● enttrISbew● 7tung Citado em HERZENSTEIN,A ``Gibtes grosse Konlunktuttklen?''In:υηttr dern Banner dω Mattsmus 1929 2° cademo,p307 Sёie B:Boleim F doUS Bureau of lntemal Rcvenue(1942), base dOs gastos iscais de depreciacao Scne c: decisao dO卜 ■nlstOno da Fa―zenda da Alemanha Ocidental,de 15 de agosto de 1957,estabelecendo norrnas de depreciaφ o SCie DI MAIRESSE,」acques L'Eυ olutton du Cap油 コ′Ftt Produdr Colecoes do INSEE Novembro de 1972,Sё ie C,n。 18-19

te ultrapassados antes rnesmo de serern aplicados a prOducao enl rnassa.17 Por Ou―tro lado, as plantas produtivas surgidas com a terceira revolucaO tecno16gica exi―gem investimentos de Fapital muito superiores aqueles requeridos pela primeira c

segunda revoluc6es tecno16gicas. A destinacao desses colossais montantes de capi―tal,combinada com a obsolescencia acelerada das plantas c linhas de produtos,tOr―

na assirn o coniuntO da produ95o capitalista muito mais aleat6Ho sob o capitalis―

mo tardlo do que na era do capitalismo de livre concorrOncia ou do capitalismomonopolista“ c16ssico".

Esses riscos ampliados se voem ainda multiphcados pela rigidez tOcnica especr―fica da producao autOmatizada, que nao mais pemite lutuac6es no emprego Ouna produc5o corrente, sob pena de pOr em nsco o conuntO da lucratividade rnini―

ma da empresa.18 MaiS ainda, o volume dos recursos destinados a pesquisa e dc―senvolvirnento toma necessariO c urgente calcular e planaar pre宙 amente esse dis―pendiO da maneira mais exata possfvel― ―inclusive as despesas indiretas, que po―

dem surgir da criagao e venda de novos produtos.19 Dessa follHa se manifesta noambito da empresa do capitalismo tardio uma pressao em quatro nfveis, voltadapara um planeiamentO Cada vez mais exato;

―― pressao resultante da pr6pna natureza da automacao,no sentido da planifl―cacaO exata do processo de producao a nfvel dc empresa;

―― pressao nO sentido de planificar os investimentos em pesquisa e desenvol―宙rnento,cOmbinada com a pressao no sentido da inovacao tecn016gica planificada;20

17 NICK Op cr,p2018“O dispOndlo crescente de capital envol● do na automacao crescente implica um aumento nos custos dependentesde tempo e um decた scimo na ela饉 cidade das empresas Com uma duracao de vida constante,isto ё,umaね xa anualconstante de depreciacao, quantO mais capital for investdo em meios de producao, rnais capital estard imobillzadO seestes`limos permanecerem ociosos e a capacidade de produ95o lor promaturamente resttta O aumentO na deman‐da pelo capltal em resultado da automacao impめ ,asslm,uma utllzacao total dOs melos de producao o aumento noscustos de capital dependentes de tempo envolvidos na automac5o s6 pode ser cobertO pola mais extrema intensidadede uillzaca。 "KRUSE,KUNZ e UHLMANN Op cit,p4619 BNNING,K G H ``The Uncenalntes of Planning Malor Research and Development'' in:DENNING,B W (Ed)

Co稗 rate LOngfange Planning Londres,1969 p 172‐ 17320 urna pesquisa pe10 1FO em Munique mostrou que em meados dos anos 60, 75%das grandes irmas ouvidas na Ale―

manha Ocidental forrnulavam um plano de investlmento para cada 2 ou 3 anos,e33%das grandes Armas fa21am‐ n0

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A REDUcAO DO TEMPO DE ROTAcAO DO CAPITAL FIX0 161

-― pressao nO sentido de planaar os investimentos gerais, derivada da ten―dencia anterior;

―― pressao nO sentido de planificar os custos para tOdos Os elementOs de pro―ducaO.

Os instumentos de automacao― _O cOmputador elettOnico,acirna de tudo__

tomam possivel o planaamento exato e em detalhe cm todas essas esferas,me―diante o rapidO processamento de colossais quanlidades e complexos de dados.Em Outras palavras, tomam possivel calcular variantes 6timas dos diversos modosposs市eis de operacao.Assirn difundiram― se as tOcnicas dc PERT e C.P.M.一 asquais, a cxemplo dos pる pnos processadores elettOnicos, conStitucm subprodutosda pesquisa militar.21

Naturalrnente, a planificacaO exata de investimentos, financiamentos e custosperde o seu sentidoぬ o10go deixa dc haver garantia de vendas. Ern consequOncia,a16gica da terceira revolugao tecnO16gica leva as empresas do capitahsmo tardio aplanificar as suas vendas,com o resultado famlllar dos dispOndios c01ossais em pes―

quisa e analise de mercado,22 publicidade e manipulacao dos cOnsurnidores, obso―

lescencia planaada de mercadorias(o quc muitO freqtientemente traz consigo umaqueda na qualdade das rnercadorias),23 c aSSirn por diante.TodO esse processO cul―

nlina numa pre摂6o concenttada sobre o Estado no sentido de lirnitar oscilacoes nacconornia, ao preco da inlacaO pellllanente. O processo gera uma tendencia cres―

cente no sentido da garantia“ tatal dos lucros, cm primeiro lugar atavOs do nime―ro cada vez malor de conttatos govemamentais, cspecialrnente na csfera rnilitar, c

em scguida atravOs da subscricao dc ac6es dc empresas tecnologicamente avanca―das. Essa tendOncia a garantia por parte do Estado, dos lucros das grandes empre―

sas, que se difundiu da esfera de producao e pesquisa para a dc exportacaO demercadorias e capital, constitul outto padrao distintivo crucial do capitalismo tar―

di。 .24

Alёm da tendoncia de o Estado garantir os lucros de grandes empresas,o capl―talismo tardio revela uma segunda resposta caracterttica aos nscos ampliados,liga―

dos aOs c010ssais proietOS dC investimento em condic6es de inovacao tecn016gicaacelerada e de tempo de rotac5o reduzido do capital fixo: os eSfOr9os para criaruma dttκ nciacao pe111lanente de produtos,proleto c mercado,25 que Se expressatanto na follllacao de gigantescos conglomerados quanto no estabelecirnento decmpresas multinacionais.26 A medida em quc esses processos estao relac10nados a

para 4 ou mais anos A rub● ca “investmentos'' vem em pimeiro lugar em todos os planos de largo alcance BE―MERL,R,BONHOEFFER,F O e STRIGEL,W “Wie plant dle industne?'' In: Wlぉ chJsbttunbi V 19,nOl,abil de 1966 p 31 A prOp6sito,escreve KnOppers:“ Por tOlaS essas razoes,nos,na Merck,consideramOs necessd―■o planelar nosso cresclmento e operac&s com uma perspectva de 5 anos'' KNOPPERS,Antonie T “A Manage―ment Vlew oflnnovatlon''In:DENNING,BW(Ed)Cο っora“ Long‐ Rα nge Planni,lg p 17221 0 raStreamento fe■ o por espaconaveS pela NASA resultou em progressos simlares nasにcnicas de cOmputac5o parao transpOrte e a indistta ciul POr exemplo,o uso de 41 800 computadores IBM para a andhse de solventes nos esta―

belecirnentos quimicos ou de testes de ``audltona de qualidade" dos carros sardos da linha de montagem na indistna

automobtistca Ver The Tlm‐ 28 de,unhO de 196822“ A pesquisa de mercado aborda um mercado que jd e対 ste;a andlise de mercado deteFnina Se e対 ste ou nao ummercado''GELLMAN,Aaron」 Op cr,p13723 ver pOr exemplo a discusぬ o sobre a obsolescencia planelada em PACKARD,Vance The Wasre Make7S Londres,1963,cap 624ver MANDEL,Emest Ma-l Ecο

nοmic Theo″ p501‐ 50725 sobre a estrattga de dversilcaφ o da grande empresa,ver entre outros HECKNIANN Op ct,p 71‐ 76:ANSOFF,H l,ANDERSON,T A,NORTON,F e WESTON,」 F “Planning lor Diversilcabon Through Merger'' In:AN―SOFF,H Igor(Ed)Businas stmtegッ Londres,1969p290 et“ 9s26 Para esse conlunto de problemas ver o cap 10 deste livro

Page 162: Capitalismo Tardio - MANDEL

162 A REDUcAO DO TEMPO DE ROTAcAo DO CAPITAL FIX0

reducao no tempO de rotacao do capital fixo C mostrada pelo volume dc amOrtiza―

90eS e por seu peso na massa total de investimentos brutos. A reducaO dO tempOde rotacao dO capital fixo cna, para cada empresa, um risco geometricamente pro―porcional do ser deixada paraは なs na luta concorrencial,pois o ritrno da concorren―cia aumenta com o ritrno de reproducao do capital fixo Sirnultaneamente, a fun―

caO dessa cOncorrencia__a realocacao da mais_valia total criada no processo deproducao―― tOrna―se muito mais vital do quc antes, cm resultado da pressao dastendOncias emergentes no sentido da plena automacao. A reunifica。 5o crescenteda reprOducao sirnples corn a acumulacao dO capital ixo,juntarnente com a redu―

caO dO tempO de rotac5o do capital fixo, cria uma propensa~o no scntidO dc umaam07tレacaO regular e regulada,isto C,uma tendencia a amottzα ,αO plan′cada.IS―

so ё sirnbolizado pelo fato de quc os analistas financciros atualrnente utilizam― se ca―

da vez mais do conceito de movirnento de caixa para julgar a solidez dc uma cm―presa――urn conceito que se refere a sOma dos lucros c encargos de depreciacao.

No caso em quc o capitalfixo O renovado a cada 10 anos,ha sOmente um en―cargo anual de amortiza95o de 10%do valor da maquinana sObre O prOduto anualda cmpresa ou companhia Sc, como resultado de uma situacao cOmercial ruirn ede uma queda na renda bruta da cmpresa,esses 10%do valor da maquinana naopuderem ser mantidos, isso n5o colocard em risco a totalidade da reprOducao de

seu capital fixo Esses 10% do valor da maquinaria devem entaO ser distriburdosao longo dos 9 anos restantes do ciclo,ou saa,o Onus anual de amortizacaO deveser elevado de 10%para ll,173, isto O, cm apenas l,1%do va10r da maquinariaE tOtalrnente diverso quando o tempo de rotacao dO capital fixo O de 5 ou mesmode apenas 4 anos Nesse caso, o insucesso em assegurar a cota dc amortizacao pa―ra a renovacao da maquinaria atC mesmo num inico ano j6 praudica substancial―mente todo o c61culo de investimento,se nao implicar a total impossibilidade de re―

novar o capital fixo no ciclo pre宙sto Assirn, o encargo anual de amOrtizacao au―mentou de 10 para 20 ou 25% do valor da maquinaria, c a impossibilidade demanter a cota de amOrtizacao mesmO num inico ano significa a necessidade derealocar esses 20%nurn ciclo de 5 ou 4 anos― ―em outras palavras,a nccessidadede elevar a cota anual de amortizacaO de 20%para 25% do valor da maquinaria,ou dc aumenta― la em 2596(para apenas 10% nurn ciclo de 10 anos). Quando otempo de rotacao dO capital fixo for dc apenas 4 anos, a perda da cota de amOrti―

zacaO pOr um inico ano significa, na verdade,a obrigacao de rea10car 25%do va―lor da maquinaria sobrc os outros 3 anOs de ciclo, isto O, cicvar a cota anual dc

amortizac5o para 33,3% do valor das maquinas, com uma sobrecarga de 33,3%

(em vez de 10咳 nゝum cido de 10 anos e 2573 num cido de 5 anos).Isso ё virtual―mente imposs"el numa cottuntura nOrmal,sem a ocorrOncia de excepcionais con―dicOes de prosperidade Na indistria automobilttica dos Estados Unidos,a taxa dclucros(calCulada numa basc “oficial'', nao marxista)cairia de 15,4% para ll,4%ou 8,7'3, se a depreciacao dos ``custos instrumentais" fosse realizada em 2 ou 3

anos,c nao em l an027Dar a pressaO inerente ao capitalismo tardio no sentido da amortizacao planc_

iada,a10ngo prazo,ou da planificacao do investimento a longo prazo.Mas a plani―ficacao do invesimento a longo prazo significa a planificacao a 10ngO prazo da ren―

da bruta c, consequcntemente, tambOm dos custos. No entanto, a planificacao alongo prazo dos custos nao podc,cm si mesma,aingir o obicivO宙Sado:para rea―lizar efetivamente a renda bruta prevista por uma firrna, nao O suficiente planaar

custos e precos de venda; as vendas tambё m devem ser garanidas. A Ferldancia

2,wHITE,Lawrence Op cr,p39

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A REDUcAO DO TEMPO DE ROTAcAO DO CAPITAL FIX0 163

crescente no scntido da prOgraγηaca~o cconOmica nos mais impottantes Estados ca―piFalistas corresponde assim,na era do capitalismo tardio,a pressao sobF as ern―

prescs no sentido de plan′ car OS inυ cstirnentos a longo prazo Essa tendOncia 0sirnplesmente uma tentativa de transpor, pelo menos parcialrnente, a contradicaoentre a anarquia da prOducao capitalista,inerente a prOpriedade pnvada dos meiosde producao,c essa pressao crescente c ottetiva,nO sentido de planaar a amorti―

zacaO e Os investimentos.(D planeiamentO nO interior das empresas capitalistas ёtaO velhO quantO a subordinacao formal dO trabalho ao capital― ―em Outras pala―

vras, a divisao elementar do trabalho sob o comando do capital no modo de prO―ducaO capnalista,iniciada com o perfodo das manufaturas.Quanto mais complica―do sc torna o processo efetivo de producao, c quanto mais integre dizias de pro―

cessos sirnultancOs __ inClusive processos nas esferas de circulacao e reproducao――tanto mais complexo e cxato inevitavelrnente se torna tal planaamento. O pri―

mciro livro sё rio sobre o planaamento interno nas empresas foi cscrito pouco tem―po ap6s a Primeira Guerra Mundial.28 uma Vez aperfeicoado o necessario cOniuntO

dc instrumentos(conceituais c mecanicos),cOm o desencadcamento da terccira re―volucao tecn016gica, csse planaamento no interior da cmpresa pOde mover― se pa―

ra um plano qualitativamente mais alto.

Certa ve2 ClauSewitz fez uma comparacaO entre a guerra c o comё rclo e viu

na batalha vitoriosa uma analogia a transacao bern_sucedida No capitalismo tar―

dio, Ou pelo menos crn scu vocabuldrio c ideologia, a relacaO entre ciOncia nlllitar

e pratica cconOm19a sc inVerte: fala― sc agora das grandes companhias planciandOa sua cstratOgia.29 E incontesttvel que na era do capitalismO monopolista n5o se co―

loca mais a venda, com o maxirnO de lucros e na velocidade mais rapida pOSs"el,da quantidade disponFvel de mercadorias prOduzidas Em cOndicOes de competi―

caO mOnOp01lsta a ma対mizacao dOs lucrOs a curto prazo O um obicivO COmpleta―mente sem sentido.30 A cstratё gia das empresas visa a maximレ aga~o dos lucros a

longo prazo,na qual fatores tais como o dominlo do FnerCado,a reparticao dO rner_

cado, a famlllaridade com a marca, a capacidade futura de atender a demanda, asalvaguarda de oponunidades para inovacao― ―istO o, para crescirnento― ―sc tOr―

nam rnais importantes do quc o preco de venda que pode ser imediatamente obti―do ou a margem de lucro que issO representa.31 Nesse caso,o fator decisivO naO ёabsolutamente o controle sobre toda a informacao relevante Ao contrarioi a neces―

sidade de tomar decis6es estratё gicas――em iltima analise,a cOmpulsa~o para o pla―

nelamento interno na cmpresa― 一expressa precisamente a incerteza inerente a to―

da decisao ecOnomica numa cconomia de mercado de prOducao de mercadorias.Assirn,o quc torna o planaamento pOSsfvei n5o O o fato de quc atualrnente O maisfacil dO que iamaiS fOi antes a reuniao de um maxirno de dadOs sobre assuntos ex―

teriores a cmpresa. O que torna o plangamentO possfve1 0 o controle efetivo quc o

capitalista tem sobre os melos de producaO e os trabalhadores enl sua cmpresa, c

sobre o capital quc pode seF aCumulado fora da cmpresa.32

28LOHMANN,M Der Wiたschartsplan des Bα

"eb“und der Unセ rnehmung Benirn,1928

29HECKMANN Op c″ ,p42 BEMERL,BONHOEFFER e STRIGEL Op c″ ,p30 Vertambom obras comO as deANSOFF、 H igor(Ed)Busin■ ss,mtegノiCHANDLER,Alfrefd D Straた gノ αnd Stmctu“i e outros titulos do gOnero30 um dOs erros b6sicos de Calbraith em The Neω lndus,"al Stαた (Londres, 1969)l que ele ignora a distlncao entrema対 mセncao de lucros a curto e a longo pra2os Voltaremos ao tema no cap 17 deste hvro31 YEWDALL,Gordon(Ed)Management DeclsiOn Making Londres,1969 p 91 etseqs BEMERL,BONHOEFFERe STRIGEL Op cit,p 34:``Expectatlvas de mercado e considerac6es de lucratudade(exercem)a malor inluOnciasobre o planelamento a longo pra20 daS empresas''32``Paie da infOn naξ 50 necesttna refere_sc a processos e condicOes dentro da empresa O grau em que tais processose condic6es estao disponiveis e em que a empresa, por isso, se tOma transparente ё em boa parte determinado pelapr6pna administracao da cmpresa"(BEMERL,BONHOEFFER e STRIGELイ Op cr,p32)NaturalmentO,a disponi―bllidade dos dados depende do controle sobre os meios de producao,e nao ao cOnt6no

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164 A REDUcAo DO TEMPO DE ROTAcAO DO CAPITAL FⅨ 0

Dentro da empresa ou companhia nao ha troca de mercadonas.(3onsidera―

96es quanto a lucratividade nao detellllinam absolutarnente se um nimero malorou menor de carrOgarias,em relacao a rnaquinas ou chassis,sera produzido no arn―

bito de uma cmpresa automobllttica.33 No intenor da empresa o trabalho ё direta―

mente socializado,no sentido de quc o plano global da empresa― ―a producao dex carros por semana, por mes ou pOr ano― ― detellllina diretamente a producao

das varias fabricas,Oficinas e linhas de montagem.A atividade dc investimento nes―

sas varias fabricas Ou Oficinas da mesma cmpresa depende de uma decisao cental,e naO da decisao de diretores das unidades isoladas. Portanto, no intenor da em―presa,o planaamento o efetivo.

Naturalmente,tal planeiamentO pode deixar de aingir seus obietvOS estraに gi―

cosi apesar disso, constitui planaamento real. Ha uma diferenca entre uma situa―

95o na qua1 5%dc uma producao de l milhao de carros nao pOdern ser vendidosdevido a urn sibito colapso na demanda,c uma situacao na qual com uma produ―

caO de l rnilhao de mOtOres c carrocarias de autom6veis,50 rnil carros nao pOdemser rnontados porque a producao dos chassis folinadequada.No primeiro caso,cir―

cungancias exteriores a empresa__se eram ou naO pre宙 sfveis O outto problema

――exercem efeito desfavoravel sObre um obicivO planeiado.O Segundo caso cor―responde a mau planeiamentO. A coordenacaO precisa de todos os fatores sob ocon廿ole efeivo de uma cmpresa cspecfica ё obeivamente possivel,c consituiapenas urn problema de bom planaamento Ao contrario,c imposs"el a coordena―

950 precisa de todos os fatores dentro e fora da empresa,de que depende,em`lti―ma analise, a ma対 rnizagao de lucros a longo prazo, porquc a cmpresa nao pOde―― ou nao pode plenamenセ ーー con廿olar os fatores fora da empresa. Assim, ha

uma nttda disuncaO entre planり amentO a n"el de cmpresa(ou companhia)e prO_gramaca~o da economia como um todo.

Na cconornia global de um pars capitalista― ―ou ainda mais,na totalidade da

cconomia mundial capitalista― ―naο existem centros plan′ CadOres ou autottdades

que possuarn quα lquer espOcie de contrOle sobre os melos disponiveis de produ‐

caO, sObre O capital acumulado e sobre os recursos econOmicos e対stentes, com as

possiveis exce96es das indistrias nacionalizadas. As v6nas empresas ou ramos da

industria nao podem de maneira alguma cstender seus recursos independentemen―te de estimativas ou expectativas de lucrati宙 dade. Em 61tima ananse, a lei do valor

em sua folllla capitalista― ― os esforcos do capital para obter pelo menos o lucromOdlo,c a busca de superlucros para alこ m dessa mOdia――dete111lina nesse caso o

anuxo e a vaz5o de capital, c em consequencia O aluxo c a vazao dOs recursOseconOmicos e melos de producaO,de um ramo para outro ou de uma empresa pa―ra outra. Nao existc, assirn, um plano global a estipular que, dada a producaO de

um nimero x de carrocarias de autom6veis, coeficientes tOcnico― econOnlicos exl―

gem a producao dc um nimero x de chassis.Sob o capitalismo,a concorrOncia do

capital, a cxpectativa de lucro c a cfetiva reahzacao da mais― valia criam uma situa―

95o na qual a demanda industnal e residencial de cquivalentes― carvao pOde ser de

z rnilh6es de toneladas,rnas o quc O efetivamente produzido sao x rnilh6es de tone―

ladas de carvao,ノ rnilh6es de toneladas de equivalentc― carvao em petr61eo e Ltl mi―

lh6es de toneladas de cquivalentc― carvaO em gas natural, onde(x + ッ + w)po―dem afinal se revelar consideravelrnente mais ou consideravelrnente menos do quc

a demanda z. Pois, enquanto a producao de carrOcarias,chassis e motores O deter―

"Pode ocottr que S●am俺■ぽCac」。s de hcnt宙 dadび 'paふ

F:嘲毀Tll:穏C讐踊窯l毬轟ξl:遼:路驚:tro da bbica Esses calculos s5o usados, em seguida, para

mentos(Ver,por exemplo,MERRETT,A 」 “Incomes,Taxaton,Manageial Effectlveness and Planning'' In:DEN―NING,BW (Ed)Cο ,っ。raた LοngRongc Planning p 90-91)Trata sc,no entanto,de lucratludade icticia ou simu―lada, uma vez que esses departamentos n5o Possuem capital independente c o investmento neles n5o depende de

“lucratvldade'',mas do plano estraに ぃco global da empresa

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A REDUcAO DO TEMPO DE ROTAcAO DO CAPITAL FIX0 165

rninada, no ambitO de uma empresa,a partir de um centto e por um s6 pOder, aproducao de carvaO, pe“ leo e gas natural ё detel11linada por diversos prOprieta―rios cOm base em estimativas de seus interesses privados ou especificOs. Em con―

traste com a empresa industrial, nesse caso nao ha cOntrOle centtal sobre os me10s

de prOducao.Portanto, a programa95o econOnlica no capitalismo tardio, ao contrario d。

atual planeiamentO ecOnOrnicO no ambitO das empresas industriais(ou, nO futuro,nO ambitO da sociedade, ap6s a derrubada do modO de producaO capitalista), naOpode fazer mais do que simplesmente coordenar as perspectivas de prOducao auto_

noma das companhias,34 baSeadas em■ ltima andlise nO carater rnercantil da prOdu‐

950-― iSt0 0, na propriedade privada dos melos de producao e no carater privad。

do trabalho despendidO nas diferentes empresas. Portanto, tal programacao o lrre_mediavelrnente bloqueada por dOis elementos cruciais de incerteza.

Em primeiro lugar, cla se baseia cm planos c expectativas de investimentosquc, na maloria dos casos, sao apenas procc6es, corrigidas com deteminadas va―

riaveis, de tendoncias anteriores de desenvOlvimento Se houver uma repentina al―

teracao na situacao de mercado ou uma mudanca inesperada na relacao entre de_manda c Oferta;sc um novo produto chegarinesperadamente ao mercadO c amea―

減鞣麟ミ潟 i絲繹Ъ艦:毛欄 Ⅷ罫[a adando‐ oo,saa pdo scu aumenb祀

肥電taξ埋乱爺:讐督:総9貯:∫龍lessas empresas podem sc equivocar fazel

潔 亀 糧 駆 :哩謎 挽 溝 :曽l淵島 ♂出 i熙雷

im∬穏 i:鼈轟 繋 」常 穐

medida ern que serao obrigadas a fazO-lo corn atraso.

Em segundO lugar, diferentes unidades de capital sao nOminalmente c00rdena―das na prognmacao ecOno面 ca,as quasぷ

r墓°

繁 翼 sr酬 :1〃留 翼 謎」d詣

:rentes, e naO em cOmum Naturalrnente,mum em conhecer Os planos de investimentos das empresas quc cOnstituem seusmais importantes fomecedOres e cOnsunlldores. Em`ltima insttncia, cssa o a base

鶯 拝 鮮 脚 轟 稀 鱗 i鵬鸞 峨

ma対mセacao de lucrOs,c as5m,em ilu―ma andlisc,para combarer Os planos de s肌

::1:l:暫 [le:ξI拙:』[『七I首]よ:llil::Lsrvel. PortantO, a concorrencia c a propripor9uc tern ocorndo uma troca de infol11la95eS, O pouco provavel que func10ne a

coordenacaO entre diferentes proctOS de investimento,justamente de宙 dO a tenta_

caO de utilizar os planos de uma fi=lHa concorrente para supera‐ la amplamente cObnga_la a retirar― sc. Em cOnseqtiencia, a coordenacaO dOs planOs das empresasparticulares implica ine宙 tavelrnente tanto a coordenacaO efetiva quanto a negacaode qualquer c00rdenacaO.

A incerteza basica da prOgramacao ecOnonlica do capitalismO tardi。 __na rea―

鰈 靱 鰈 難鱚 鐵 靱 :

f e adaptado para a Franca por Gruson O pr∝ edlmentoこ

盟 犠 胤 :Л [潔鍵 龍 蹴 :器 お 淵 駕S記

計:朧 :d°

鶏活乱じsyTど 器le::l亀藷 鴇 諸 稚 T龍柵exto p`blico MSSE,Plerre Lc Plan ου′'Anti Hasard Pa‐

ns,1965 p 173

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166 A REDUcAo DO TEMPO DE ROTAcAO DO CAPITAL FIX0

hdade, a praccao dOs desenvOlvirnentos econOmicos futuros globais medianteuma coordenacao dOs planos dc investimento fornecidos pelas empresas isoladas35

-constitui a base de scu cardter““

maFiυ o,em oposlcao aO carater derinidor deοttC“υOS de uma cconomia socialista planiicada.Aqueles que elaboram essas pre―visOes nao pOssuem o poder econOmico,お to O,o con廿ob soけe os maos de prO_duc50, para garantir quc esses progn6sticos saarn rcalizados. E caracterrsticO a es―

se respeito quc o unicO meio a dispos195o dos prOgramadores econOrnicos no capl―

talismo tardlo para a correcaO dO desenvolvirnentO real, quando este se desvia dasprevis6es,C a intervencao do Estado na cconornia― ―uma mudanca na politica go―

vernamental relativa a mOeda, ao crOdito, aos impostos, ao comerciO exterior ou a

atvidade piblica de investimento. Os lirnites dc tal polrica gOVernamental seraoexarninados num contexto posterior.

Urna das grandes deblidades da interpretacao de shOnfield do capitalismo tar―

dlo residc em sua confusao quantO a diferenca fundamental entre programacaocconOnlica capitalista c programacao ecOnomica p6s― capitalista. Shonfield cita O ca―

so excepclonal da agricultura norte―americana, cm quc os 6rg5os 9overnamentaisestabelecem as areas a serern culivadas e atё mesmo as quantidades a serem pro―

duzidas――com quc eficacia, o outro problema Ele parece n5o ver a diferenca en―tre tais praticas c um “consenso" frouxo entre cmpresas, onde o contrOle privadodomina sobre os melos de producao. Tal cOnsenso O sempre lirnitado pelos esfor―

9os para competir, cm outras palavras,pela pressao n9 sentidO de sua pr6pria ma―ximizacao de lucros Por parte de cada concorrente E no mfnirno surpreendentequc Shonfield, que considera o crescirnento acirna da mOdia do comOrcio interna―

clonal como uma das principais causas da prolongada prospendade dO p6s― guerra,

possa cxcluir a concorrencia internacional de sua an61ise da tendOncia a programa_

caO ccOnomica, quc ё especffica do capitalismo tardio, c esquccer o fato de quc aintegracao na econonlia mundial e a concorrOncia internacional criam ainda maisObstacu10s para a efetiva programacao ccOnomica naclonal.36

Ha indubitavelrnente certo efeito recrprOcO, ao mesmo tempo de carater tOcni―

co e cconOrnico,cntre o planelamento de produc5o c a acumulacao nO ambitO deempresas isoladas c a programacao da ccOnornia como urn todo A necessidadede planelar e calcular com exatidao dentro da cmpresa, deterrninada pela reducao

no tempo de rotacaO dO capital fixo, cna os instrumentos tOcnicos c o interesse pa―

ra um registro muito mais preciso dos dados cconOnlicos, que tambё m pode seraplicado a ccOnOrnia global Esse progresso aumenta enorrnemente o potencial tOc―

nicO do efetivo plangamentO socialista, em comparacao com as tocnicas a dispOsi_

caO dO hOmern,digamOs,ern 1918 ou 1929.Por outro lado, entretanto,a incerteza cconOmica basica inerente a prOgrama―

95o no capitalismo tardio tambё m deve ter profundos efeitos sobre a aplicacaO dc

tёcnicas exatas de planeiamentO a nivel de empresas AnOs de calcu10s e experi―

35`・ Firmas individuais, tendo feito estudos separados de mercado, podem considerar que a situacao dO mercado noque diz respeitoう oferta de insumos eら demanda de produtos nao garante nenhuma expantto para a irma Essa ava―liacaO pode ser plenamente correta no ambito daquele campo de referOncia,mas se um corpo de planiicacao respeita‐do esttabelecer uma meta de,digamos, 10%de expansao,esta pode ser atlngda com facilidade tanto individual quan―to coletlvamente,com exceca。 ,`claro,do setor externo O plano,apones“ antecipa''como o setor prlvado e o setor

p6blico se compo■ anam se cada flrma e cada depanamento governamental realizasse extensos estudos de mercado anlveis microeconOmico e macroecon6mico, considerando todas as potencialidades e fatores econ6nlicos imponantesem termos nacionais e intemacionais,c em seguida atuasse no sentldo de otlmlzar seu comportamento Assim,os pla―nos sao previs6es de qual devena ser O cOmportamento 6tmo da economia lapOnesa, como um todo e setonalmen_te Em resumo,no」 apao a execucao ou implementacao dO plano repousa apenas no`efeito de proclamac5o' do pla―

no,e a AgOncia dc Planelamento EconOmico atua como um consultor,e n5o como um 6rgao diretOr ''BIEDA,KOp cit,p 57,59-60%SHONFIELD,Andrew Modem Capitα llsm Oxford,1969p231‐ 232,255-257,299-300

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A REDUcAO DO TEMPO DE ROTAcAo DO CAPITAL FIX0 167

mentos, gastOs cOlossais cm pesquisa e desenvolvirnento poderaO ser descartadosnum s6 1ance devidO a vicissitudes no mercado ou decis6es de firmas rivais, sobre

as quais uma cmpresa nao tern controle c acerca das quais nada pode fazer. Errosimportantes em tel:1loS de pre宙 sao pertencem a mesma categona.Aに o momen―to, os centros de prOgramacao estatais repetidamente cometeram esses erros, algu―

讐 濡 £ Rttf躍 鮮 鶏 館

Ⅷ E‰ 器 肥 え1慧朧 ;瞥′estimentos privados enquadrarn― se nessa

categoria. A programacaO ecOnOmica c a intervencao ampliada dO EstadO na ecO―nomia nao acarretararn de maneira alguma O desaparecirnento dessas lutua―

c6es;clas continuam a ser um aspecto decisivo do mOdO de producao capitalista cde seu desenvOlvirnento crclicO. Precisamente na Franca, pat quc apresenta uma“economia planificada exemplar'',tais lutuac6es foram particulal1llente notaveis:

Taxa Anuα l dc AcPascimO da Fo,′“acao do capital Bruto na Frangal

1954195519561957195θ

12,4%9,3%

21,0%5,5%7,3%

1959196θ

196119621963

5,7%16,2%2,3%11,6%3,2%

1%4196519661967196θ

1969

9,6%4,3%9,3%5,6%7,4%

10,30/。

l Dados ato 1963:ROppo7t sur′ o Comp彙秀de la Natlο71 de 19631 de 1964 em diante,apenas para os ramos produb―vos,MAIRESSE Op,clt,p 52

Enquanto o efeito da prOgramacao econornica O sempre incerto e por vezespositivamente ``irnpulsivo'', Os CalCu10s da chamada ``prOgramacao sOcial'' reves―

F∬ 蹴 蹴「

昭 壌 臨麟 掛 尋 ll鍬 麟 鮮 ]驚 糧Mas O planaamento exato dos custOs ta

custos salariais. Por sua vez,o planelamento exato dos custos salariais pressup6e a li―

bertacao dO pre90 da mercadoria fO<a de trabalho das lutuac6es da procura e da

l器 席 :]電凛 £ 鶴 乱 輩 r麟灘 L:理機 :鵬 認

denda no wn,dO dO出

C)rnёtodo mais sirnples de assegurar essc aspecto ё unl sistema de acOrdOs cO_letivos宙 nculantes a longo prazO quc eliminam toda a inccrteza cm relacaO aOs cus_tos salanais nOs anos subscquentes. Mas numa demOcracia parlamentar norinal docapitalismo tardio, na qual ha um rnfnirno de liberdade para o desenvolvirnento dO

movirnento operariO e da luta de classes,cssa solucaO naO pOde ser implementadaa10ngO prazo e na pratica revelou― se urn fracasso.38 AtO porquc, durante a “ondalonga com tonaldade expansiOnista'', ap6s a Segunda Gucrra Mundial, a tenden―cia geral no mercado de trabalho era de uma escassez crescente de forca de traba―

慧鳳棚aT誦電酬λ樵理%iξ::鷺:臨.電∬器塁it欝野需 憩t:『

£s‰量椒Ъ∫Wml∬譜寵胤電:濡:瀧継:出lま麟甑躙:

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168 A REDUcAO DO TEMPO DE ROTAcAO DO CAPITAL FiX0

mente tornou― se claro atravOs da experioncia, para uFll nimero cada vcz maior dc

trabalhadores(poSSiblidades de mudar de emprego, pagarnentos acirna do estabe―lecido pelos empregadores e algumas vezes campanhas de seducao para Outrosempregos).A longo prazo,mesmo um mo宙 mento sindical que fosse apenas par―

cialrnente sensivel a pressaO das bases nao poderia escapar as repercussOes dessas

descobertas emprricas feitas por seus associados A irnpossibilidade dc um planeia―mento exato de salarios dc uma natureza ``voluntaria" entre empregadores e sindi―

catos tornou―se, assirn, cada vez mais clara, e deu lugar a uma tendencia nO senti―

do da media9ao do Estado. ``A polftica govemamental de rendas'' ou a ``acao emcomurn'', isto ё, a proclamagao das taxas de crescirnento salarial como normativaspara``os dois lados da indistria",tem substiturdo,cada vez rnais,os acordos a lon―

go prazo puramente contratuais.

cdeぶ:sTT:31∬ 聖 i:l堤:f席 ■ 脇 ∬IT酬

継 雷 乳 胤 胤 鼈

rendirnentos". Os assalariados n5o tardaram a descobrir quc um Estado burguOs Cplenamente capaz de planificar e controlar os salariOs Ou Os aumentos salanais,

W乱 確::脱∫:∫::Ⅷ l:∬ 瀾 盤 lよ 脂 ni:ちλtt」肥 常 llc:露listas c empresas capitalistas. ``As polfticas 9ovemamentais de rendirnentos'' mos‐

traram, assirn, ser apenas ``pollciamentos de salariOs'' 一― em outras palavras, um

esfor9o para restringir artificialrnente os aumentos salariais,c mais nada.39 Ern con―

seqtiOncia,os assalariados defenderam― se desse mё todo especffico destinado a ludi―

bri6-los, assirn como haviam feito em relacao a autOlirnitacao dOs sindicatos; namaloria dos casos procurararn, mediante pressao sobre Os sindicatos e mediante

輯 ilTttr龍鷺lttn:讐∬∬麗錦よs嚇跳品XtttLIttewTlho quando estas eram relativamente vantaiosaS aOs vendedores, c nao apenasqua唸

置電吉:IttmmTl論 el∬tttTtti∬糧認:T鮒∬:

las grandes empresas na cra do capitalisl

静儀ξlttim割蠅譜晴糧継評TⅧrttaw

leve haver, alCm disso, uma restricao legal

sobre o nfvel de salanos e sObrc a liberdade de barganha dos sindicatos, bem co―

mo uma lirnitac5o lcgal do dircito dc greve. Se puder ser evitada uma escassez de

bKade mb」 hQ Ыo a uma ttuacao dr輝:麒 d響 ま 慶 [∫論 :盤 鑑

退品「艦 TttL脚棚 」操 曜tttCttL詰」霊ぷt鵠累

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A REDUcAO DO TEMPO DE ROTAcAO DO CAPITAL FIX0 169

lho que acarreta preiuttOS pel11lanentes a seus interesses do dia― a―dia; a base demassas dos sindicatos declina.No entanto,uma vez quc a burguesia naO descia pu―

nir o aparato sindical por esse tipo de integracao, mas sirn recompensa_10, a perda

das cotas dos associados deve ser neutralizada ou compensada.Assirn, o resultado

16gico de todo o processo O, em`ltima andlise, a captacaO cOmpuls6ria das cOtaspelo empregador na fonte, isto ё, a participacaO cOmpuls6ria dos trabalhadOresnos sindicatos. Assistirfamos, nesse caso, a tansf。 1lHacao ostensiva dos sindicatOs

livres em sindicatos estatais,a conversao das cOnmbu195es de sindicalizados em ta―

xas c a transformacao do aparelho sindical num departamento especrfico da burO―

cracia govemamental,cuia tarefa particular sena“administrar''a mercadona fo4ade trabalho, assirn como outros departamentos da maquina estatal sc incumbemdas construc6es, a宙 6es e ferro宙 as.41 uma Vez, entetanto, quc os assalariados demaneira alguma aceitanam simplesmente tal processo,c colocanam nOvOs media‐dores particulares ou``ilegais''junto aos vendedores c compradores da mercadoriaforca de trabalho a fim de obter o mais alto preco possivel para os vendedores,tal

sistema de sindicatos estatais seria inirnaginavel sem um aumento significativO narepressao, ativa e passiva ―― em outras palavras, sem uma lirnitacao substancialnaO apenas do direito de greve, mas tambOm da liberdade de assOciacao, reuniaO,manifestagao e imprensa.42 Eis por quc a tendencia nO sentido da chrninacao da lu_

ta entre o comprador e o vendedor da mercadoria foκ a de trabalho na deterrnina―

caO dO pre90 dessa mercadoria deve culrninar, cm iltima analise, numa lirnitacaodecisiva ou mesmo na abol195o de llberdades democraticas fundamentais, isto O,no sistema coercitivo de um``Estado forte".

Se, entretanto, pressionados por associados quc agem cada vez mais por suapropria iniciativa e recriam a democracia operana, os sindicatos tiverem Oxito em

escapar a uma integracaO ainda malor no aparelho de Estado burguOs e retoma―rem a defesa resoluta dos interesses diretos dos assalariados,poderaO fazer em pe‐

da9os nao apenas O planeiamentO exato de custos e custos salariais no interior dasgrandes empresas, mas tarnbOm qualquer possibilidade de planificac5o econOrnicaindicativa empreendida pelos govemos burgueses. Os sindicatos deverao entao en―

廿ar cada vez mais em connito naO apenas com empresas e companhias isoladas,naO apenas com as federac6es de empregadores,Inas tambOm cOm Os goverrlos eos aparelhos do Estado burguOs. Pois a extensaO crescente em quc os interesscsdas grandes empresas sc entrelacam com as pollicas governamentais relativas amoeda, a financa e ao comOrcio O uma das caracterrsticas dO capitalismo tardlo. 0

conlito se tomara cn60, inexoravelrnente, um teste de forca entre os operariOs,por um lado,c,por outro,a classe burguesa e o Estado burguOs,pois o capital de―

ve tentar novamente restringir ou suprimir na medida do poss"el a atividade dasorganizac6es de ttabalhadores ―― e dessa vez tambOm dos sindicatos Oficiais ――quc ameacam seus interesses basicos POrtanto,tambOm nesse cenariO,todo o pro―

cesso conduziria a uma lirnitacao crescente do direito de greve e das liberdades de

associac5o,reuniao,rnanifesta95o e imprensa― ―se o capital conseguisse triunfar.

Os empregadores tentam, por sua vez, uilizar em benefrclo p■5prio as consc―

qtiencias da desaparicao tempOrana do exё rcito industrial de reserva, a qua1 0 de

tarnanha irnponancia na modificacao da relacaO de fOrcas entre o vendedor e o

41()s chamados `slndlcatos vencais'' na Espanha constltuem um exemplo c16sico de tal funcao do “aparelho sindi‐cal''錠 IrnpostO pelo governo conservador de 1970/74 por meio do Parlamento Brlttnico,o``industnal Relatlons Act'' tor‐

nou ilegais os apelos a greve pa両 dos de``pessoas nao autOr12adaS",o que inclui os jornais

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170 A REDUcAo DO TEMPO DE ROTAcAO DO CAPITAL FⅨ O

comprador da mercadoria forca de trabalho. TOcnicas como avahacao de tarefas,Trabalho em Tempo Controlado,MCtodo―Tempo― Mcnsuracao, c Outras semelhan―tes43 deStinam― se a trocar a venda colctiυ a da mercadoria forca de trabalhO(quc ёa luStifiCativa para a existtncia dos sindicatos)pela individualzacao dos salariOs;em outras palavras,atonllzando ainda mais os assalariados c reintroduzindo a cOn―

corrOncia cm suas fileiras. C)sucesso ou fracasso de tais esfor9os, entretanto, ё porsua vez basicamente dependente da relacaO de fOKas entrc o capital e o traba―lh。 .44

A combinacao da tendOncia a reducaO do tempo de rotacaO dO capital fixocom a tendOncia a lirnitacao da liberdade de barganha dos sindicatos esclareceuma lei mais geral a cocマαο inettnte ao capitalismo rardiO para ampriar o contro―

le sis′ emdttico sobre,odos os cicmenlos dos processos de producaO, circulaga~oθ 資}produca~o, urn controle sistematicO quc O impossivel sem uma arregirnentacao cres_

cente da vida cconOmica e social como urn todo Essa lei tem uma de suas princi―pais fontes na enorrne concentracaO de pOder econOrnico nas maos de umas pou―cas dizias de grandes empresas e grupos financeiros ern cada pars,c dc umas pou―

cas centenas de grandes empresas e grupos financeiros na totalidade dos Estadoscapitalistas. A press5o dessa gigantesca concentracao de poder ecOnOrnico para ga―

rantir uma concentracaO sirnllar de poder polrticO e social foi deζ crita por Rudolf

Hilferding ainda antes da Primeira Gucrra Mundial como um traco caracteristico de

toda a ёpoca do imperialismo e do capitalismo monopolista. Na conclusao de seu

livro Das Finarlzkapital ole cscreveu:

``Poder econOmico signinca sirnultaneamente poder pollico O domfnlo sobre a eco―

nomia assegura ao mesmo tempo o controle sobre os meios da coeκ ao estatal Quanto maior a concentracao na esfera econOmica, tanto mais ilimitada serd a dominacaodo grande capital sobre o Estado.A estreita integracao subsequente de todos os instru―

mentos de ac5o do Estado aparece como o auge do desenvolvirnento de seu poder, oEstado como inst■lmento invencivel para a permanencia da dOminac5o econOmica Si―multaneamente, po魔 うrn, a conquista do poder polmco aparece assirn como a prl― con―

dicaO da libertacao economica''45

Na fase do capitalismo tardlo, entretanto, um nimero ainda maior de forcascondutoras esta assOciado a essa tendencia geral. A orientacao nO sentido do pla―

naamento exato de custos e da programacao ecOnornica indicativa, quc exarnina―mos acirna, necessita em larga medida dc urn cOntrole estreito naO apenas sobre o

nlvel de salarios Ou custos salariais, mas sobre todos os elementos da reprOducao

do capital: inovacao e pesquisa “programadas"; prOcura organizada de matё rias―

primas; proiecao planificada de novas maquinasi reproducao planaada c controla―

da a distancia de forca de trabalho quahficada; consumo operario manipulado;par―

ticipa95o predeterrninada do consumo privado na renda nacional ou no ProdutoNaclonal Bruto,c assirn por diante No entanto,uma vez que todo esse desenv01vimento representa,cm si mesmo,uma educacao obletva para o proletanado,ensinando―o a levar a luta de classes a10m da empresa, para o nivel econOmico global

e conseqtientemente para o n,vel polluco, deve― sc tomar cuidado para quc a vasta

43 ver, por exemplo, Lelstungsloわn―s"teme Zunque, 19701 MEIER, Bornard Sα bires, S":ι ma"que de Rendement

Lucerna,1968,e as contnbuic60s de NIAYR,HansI WEINBERG,Nat e PORNSCHLEGEL,Hans ln:AurOmatiο n_Rlsiんo und Chance v II、 Frankfurt,1965

“Ver,entre outros,CLIFF,TOny The flmp′ οノe^'OrFensiυ e l´ ondres, 1970 Antonio Le籠 o● analisa as condic6es quc

levaram a ab。 1195。 da avaliacao de tarefas no mais recente acordo trabalhista(conCluFdo em 1971)na ltalsider,a com―panhia estatal do aco na lt61ia LETTIERI,Antonio in:Prο bたmi del Sο ciα llsmο n° 49

“HILFERDING、 Rudolf Das Finα nzkapitα ′,p476

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A REDUcAO DO TEMPO DE ROTAcAo DO CAPITAL FIX0 171

scne de fatOs, reunidos pela pesquisa cmprrica para Os prop6sitoS especrficos da

burguesia e do Estado no capitalismo tardio, sirnplesmente naO alcancem os traba―

lhadores ou s6 o facam sob uma foma fragmentaria,ideo16gica e misuicada,mas―carando as cOndic6es rcais de dominacao e cxp10racao de classe. Por esse motivo,

as func6es de organizacao geral, arrcgirnenta9ao e padrOnizacaO cxercidas pelo Es―

tado no capitalismo tardio devem ser estendidas ao coniuntO da superestrutura, c

especiicamente a esfera da ldeologia,com o obieiVO permanente de diluir a cons―

ciencia de classe do proletariado.

seraO investigados mais tarde, neste livro,o alcance real em quc essas tendOn―

cias prevaleccm, a medida cm quc o scu Oxito O lirnitado pela incapacidade basicadO sistema para cancelar ou esconder suas contradi96es objetivas,c o grau em quc

a relacao de fOrcas ottetiVa cntre as classes enl confronto― ――quc ern parte depen―

de, O claro, da tendOncia obictiVa do capitalismo tardio a agucar crises― ―eventual

mente molda tambё m as relacOes subiCiVas de classes.46

A tendencia de uma organizacao e planeiamentO aprofundados dentro dascompanhias ou cmpresas do capitalsmo tardio necessariamente repercute na estru―

tura da classe burguesa e sobre a natureza da pr6pria administracao economica Apressao para sc adotar um calcu10 c um planaamento exatos dentro das empresas

e companhias e para fazer o ma対 rnO de cconOrnias ern capital constante conduz ainttoducao, pe10s monop61os do capitalismo tardio, de rnι

`Odos dc organレaga~o

mais refinados e mais cientfficos.47 uma divisao dO trabalho muito mais tecnificada

substituiu agora a velha hierarquia fabril.Isso dd ongem a llusaO de quc a burocrati―

zacaO da administracao dc uma cmpresa O equivalente a uma burocratizac5o efeti―Va da JuncaO dO capital― em outras palavras,a uma delegacaO cada vez malordo controle sobre os meios de producao para um exOrcito crescente de gerentes,diretores,engenheiros e``chefes",grandes e pequenos.48

A realidade absolutamente nao cOrrespondc a cssa aparencia. A profunda tec―

nicidade e raclonalizacao da administracao de cmpresas e companhias representauma unidade dia10tica de dois processos opOStOs― ―por urn lado a dclcgaca~o cres―

cente do poder de decisaO sObre qucstOes de minicial e por outro lado a concen―

tracaO crescente do poder de decis5o sobre qucstOes cruciais para a cxpansao dOcapital. TOcnica c organizacionalrnente, isso se cxprime pela corporacao “multidivi―

sional''49 e pela compulsao a subOrdinar,ainda rnais rigorosamente do quc antes,a

delegacao de autOridade as considerac6es sobre a lucratividade giObal da empre―

sa.50 A tendencia para a direcaO dO “processo imediato de producao" ser tecnica‐

mente separada do processo dc acumulacao de capital, uma tendOncia que sc ma―nisfestou pela primeira vez com O aparecirnento das sociedades pOr acOcs e foi bre―

vemente descrita por Marx e revista cm malor detalhe por Engels, alcanca larga di―

fusaO na opoca do capitalismo tardlo.51 A tecn01ogia efetiva de prOduc5o Ou a pes―

46 ver O Cap inal deste livro

47POLLOCK Op cF,p282 etseqs REUSS Op cr,p 4851:W「 lYTE,Wnham H The Ottanレ α"on Man LOndres,19601 c assim por diante

48 Essa teona da ``burocrattcao''do capilal, que permaneccu enn rnoda no decorrer dos ultmos 40 anos,do trabalho

padr5o de Berle e Mcans(The MOdem Cο ,っoraFion and P"υ αte Prope7tノ Nova York,1933),passando pOr The Manα ―

ge"α l Reυ olution,de Burnham)atO Tha Neω lndust"oI Sねた,de Galbraith,こ examinada cOm mais detalhes nO cap17 deste llvro4● ver,entre outros,CHANDLER,Alfred D Strategソ ond St7uCtuに Nova York 1961∞“O problema fundamental da administrac5o modema ё o controle(na reandade,o planelamento)da lucratvidadenas grandes cOmpanhias,uma vez que esas companhias estao suleitas,sob condic6es modemas,a fOrcas extrema―mente poderosas cul● efeito pimordial ё no senido da desintegracao do cOntrole central sobre a lucrat宙 dade da em‐

F000,COm o resultado de que a companhia se toma(Ou permanece)uma confederacao inenciente e em larga medidadctonttslada de interesses funcionais e blocos de pOder conlitantes.'卜 4ERRETT Op cit,p 8951 MARX Capitα ′ v 3,p 380,514-526:ENGELS,Fnedrich sOcio′ Sm,U社 opian and ScianaFlc ln:MARX e ENGELSSalecたd Wortt p 427-428

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172 A REDUcAO DO TEMPO DE ROTAcAo DO CAPI「 AL FIX0

quisa cientrfica nO laborat6五 o,a pesquisa de mercado, a propaganda c a distribul―

950 pOdem alcan9ar um amplo grau dc autonomia.No entanto,o detellllinante b6-sico das decis6es em qualquer empresa ё a lucratividade― ―em outras palavras, a

valoHzacao da massa total de capital acumulado Sc essa valorizacao for insuficien―

te,a totalidade do programa de produc5o,pesquisa,propaganda e distribu195o po―dera ser iOgada fOra,sem que os pnncipais aclonistas que donlinam o conselho deadministracao jamais se submetam ao``conheCirnento especializado'' dos engenhel―

ros,trabalhadores de laborat6no ou pesquisadores de mercado.Na verdade,a ern―presa pode atO ser vendida, fechar ternporariamente ou ser ainal dissolvida semque nenhum desses ``gerentes", especialistas tOcnicos ou controladores de polllle―

nores possam fazer alguma coisa acerca disso.A unidade entre a delegag5o de po―

der para decidir nlinicias e a concentracao de pOder para decidir quest6es concer―

nentes a va10rizacao do capital forrna assirn uma unidade de opostos,na qual a re―

lacaO definidora do capital, lsto O,a possibilidade de dispor dOs maiores montantes

de capitat cOnstitul o 6rbitro final.C)errO dOs quc sustentarn a tese da``burOcratiza―

95o" das grandes empresas ou o predominlo da “tecnOestrutura'' prende― se ao fa―

to de confundirem a articulacaO tocnica do exercrcio dO pOder cOrn seu fundamen―

to econOrnico――a fonte efetiva desse poder.

o carater questionavel de tOdo o conceito de ``gerente'' torna― se manifestoquando o problema da relauva independOncia financcira das grandes empresasnum perlodo de crescirnento acelerado, com uma taxa clevada de autOfinancia―mento, こ confundido com o prOblema do suposto connito de interesses enttc osgrandes burgueses aclonistas c os adnlinistradores de cmpresa. O aumentO na taxa

de autofinanciamento das empresas desdc a Segunda Gucrra Mundial ё incOntesta―

vel―_assirn como ё incontesttvel a sua lirnitacao ciclica lsso nao tern nada a ver

com um conlito de interesses entre gerentes e grandes acionistas― ―quc,afinal,cs―

6o muito mais interessados ern aumentar o valor de suas cotas do quc ern aumen―

tar os dividendos. Hoie em dia, dificilrnente pode ser negado quc esses grandesacionistas continuam a donlinar a cconornia norte― amencana52__ainda que, nOr―malrnente,nao precisem interfenr na conducao dO dia― a― dia das empresas. Por ou―

tro lado, O necessario recOrdar que numa ordem social capitalista, na qual apenas

a propriedade――a posse de capital― ―garante a longo prazo a renda c o poder,ospr6prios gerentes se mostram exttemamente interessados em adquirir propnedade

acionaria Na verdade, esse ё precisamentc o melo pelo qual os principais gerentesgalgam a escada social rurno a classe dirigente dos possuidores de capital. A tOcni―

ca de adquirir cotas opclonais,por exemplo, representa urn importante vercu10 pa_

ra essa finaldade Quando essc expediente foi contestado por tecnicismos fiscaisnos EstadOs Unidos,sua funcao teve de ser desempenhada por outtos rnelos.53

As conseqtiencias reais do tempo de rotagaO reduzido do capital fixo,da obso―

lescencia acelerada da maquinaria e do aumento correspondente na irnponanciado ttabalho intelectual no modo de producao capitalista saO um deslocamento na6nica da atividade dos principais possuidores de capital.Na cra do capitalisrno dc

″υκ conco漱笏da,cssa OnfaSCプ aZbルndamentalmenた naのメera imedね た da prO―

52 Domhoff conirma que l%dos adultos nolte― amencanOs possuram mals de 75%de todas as cotas de companhiasem 1960-― uma propo45o maiS alta do que cm 1922 ou 1929(quando era de 61、 5%)Urna comiss5o do Senadochegou a reconhecer que O,2%do todas as famlias contolam 2/3 de todas essas cotas(DOMHOFF,William い列うoRutt Ame"ca2 Nova York,1967p45)Em 1960,o corpo de diretores de 141 grandes companhias,num total de232, possura a95es suflcientes para controlar suas empresas(p 49)Ver tambom Ferdinand Lundberg FThe Ricll andthe Super」 Rich Nova York,1968)que do m“ mO modo ataca vlolentamente a id01a de uma supremacia gerencial53 sobre esse ponto,ver PAT「ON,Arch “Are Stock Opions Dead?'' In:Hα rυ ard Busintt Reυ iew Setembro7outu―

bro de 1970;PETERSON,Shorey The Qυ α″eイν」οum● Iげ Ecοnomics Fevereiro de 1965 p 18

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A REDUcAO DO TEMPO DE ROTAcAO DO CAPITAL FIX0 173

duφO,C na cra do impeガ alおmo cldssico na es/cra dC acurnulacaο

hegemOniado capi的′rinanceiЮルhoC cm dia,na cra do capitalおmo rardiO,pFndc‐ sc a csFerada reproducao.54

Tanto a esfera da producaO quantO a da acumulac5o tomaram― sc altamenteにcnicas e auto― reguladas.Regras cientificas obeuvas pellllitem a esses prOcessos

correr maiS ou menos ``rnaciamente". Durante a “onda longa cOm tOnalidade ex―

::珈 を急 盤 響 ∬ 翼 摺 錦 路 乱 留 省:脳 毬 1::i∬TttTse motivo geral que poderes de decisaO a nivel de detalhe podenl ser delegados a

especialistas,pois eles necessitarn somente assegurar o funcionamento,sem proble―

mas, de processos id predeterlllinados.55 A area decisiva para o futuro e a fortuna

das empresas olgopolistas e monopolstas iaz na SCreca― 。, c n5o na conducao des_ses processos――em outras palavras,na decisa~o9uanto ao quc scだ produzido,on‐de c cornO, Ou, ainda mais precisamente , ondc e comO sc realレ aだ a reproducaoampliada. Exatarnente porquc a inovacao tecn016gica acelerada, a ObsOlescenciaacelerada dos melos materiais de producaO c O tempo de rotacaO reduzidO dO capi‐tal fixo criam uma inccPteza malor na esfera da reproducao dO quc Ocorria antesna cra do imperialismo classic0 0u do capitalismo monopolista classic。 , as opgOesfeitas nessa csfera consutuem as decisOes(黎 3‖υamen姥

“士ra士こgicas que detelilli―

nam a vida ou a morte de empresas e ainda, em larga medida, as tendencias glo‐bais da ccOnornia. Os donos reais do capital, os grandes acionistas dc empresas,magnatas industriais e grupos financeiros, reservarn tais decisocs para si rnesmos,

serrl absolutamente nenhurna espOcie de delegacao.56Em ■ltima andlise, a irnpossibilidade de uma coordenacao genurna cntre os

planOs econOmicos das diferentes empresas privadas nao O devida― _cOmo susten―

tarn os economistas burgueses57__a incerteza c descontinuidade dO progresso tCc―

nico, mas ao fato de quc um comportamento quc O raclonal para empresas indivi―duais pode conduzir e, periodicamente, deυ e conduzir a resultados irraclonais para

a economia como um todo.A ma対 mizacaO dO rendimento da cconomia como umtodo nao pode cOnsistir sirnplesmente na soma da maxirnizac5o dos lucros das em―presas industriais. Nao C a descOntinuidade dO prOgresso tOcnico enquanto tal, rnas

a descontinuidade do prOgresso tOcnico no ambito das empresas privadas,90verna―

das pela maxirnizacao particular de lucros―-lsto O,a propriedade privada c a pro―dugaO mercantil――quc C responsavel pela instabilidade e descOntinuidade insupe―

raveis do desenvolvirnentO econOrnico no rnodo de producaO capitalista

Nessc sentido, a cOntradicao caracteristica do capitalismo tardio, ente a pres―

ぬo para planaar a nivel dc empFeSa C a impossibilidade de avancar alCm da prO―gramacao ecOnomica ``indicativa" no.contexto giobal da econorrlla, ё apenas umacxpress5o mais aguda da contFadic5o gerat quc Marx c Engels mostrararn ser ine―rente ao capitalismo,entre a organizacaO planaada de pares dO prOcesso econOrni―

“``Um inforrに recente apresentou as observac∝ s de cerca de 40 gerentes industnais pronssionais dOs Estados Unl―

dos quanto a administracao em 9 paises europeus intensamente industnalttdos Eles宙 sitaram centenas de empresas

制 Lttλ出 憮 機 1願 獅彗Ъ 肝 電器

jT8墨ど 棚 潔

S掘除 認 i棚 れ 躍 懺

聖罐鳳蒸ヽザ'P轟`鷺

鳳:翼Tl富欝』躙 鯉鷺Ь乳:Re耐。emp‐ and a b^gO prazo osね bded_mento dos obletvos da empresa e da``estaセ gla concorrencialて 地ma'')das terceira e quarta fases(forrnulacao de um

艦 TTLttL:」∵:iril:鵠庶nttL亀メ樵『織Flttλ庸宙Fふ∫畷濡∬詭お:翼:f認駐

ainda que esses executlvos tomenl todas as decls6es inais57vor nOssa dlscussao dessa tese em Man由 ,EconOmic Theο″ p373376

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174 A REDUcAo DO TEMPO DE ROTAcAO DO CAPITAL FIXO

CO (producaO a nfvel de fabrica, decisaO nO ambitO da cmpresa, c assirn pOr dian―

te)e a anarquia da cconornia como um todo,dorninada pela lei dO va10ri

“A contradicaO entre producao sOcialレ ada c a aprOphacaO capitalista apresenta― seagora como um antagο nlsmo cntた o οrganレαoαo da produ,aO na oβ cina indiυ iduα l ea cnarquia dα prOducao nα sο ciedade cο mο unl conJunto''58

Essa contradica~o cntrc a raclonalizocao das pattes c c irracionalidade dO cOn―

ブuntO, quc alcanca seu apogeu nc epoCa dO capitalismo tardio, o a chave para umacompreensaO da ideologia do capitahsmo tard10, comO veremos no curso de nOssaanalisc.59

翼朧 蹴 驚 麗乳 1流Fttm,utopねn αnd Sde耐′c h NIARXe ENGELS Seセ αed恥お p423

Page 175: Capitalismo Tardio - MANDEL

8

A Acererα gao da rnουαcao TecnO:6gica

A reducao do tempo de rOtacao do capital ixo estt inimamente relaclonadaa aceleracaO da inovacaO tecno16gica,da qualindmeras vezes C somente a expres―壺o de valor.A aceleracao da inOvagら o tecno16gica deterrnina a acelerag5o da ob―solescencia da maquinaria, o que por sua vez torna obrigat6ria a substitu195o emrittno mais acelerado do capital fixo em uso, c cOnSeqiientemente reduz o tempode rotacao dO capital fixo.1

A aceleracao da inOvacao tecnO16gica O um corolariO da aphcacaO sistematicada ciencia a prOducao EmbOra tal aplicacao tenha rattes na 16gica do mOdO deproducao capitahsta, n5o esteve de maneira alguma contrnua c unifollllemente en―

trelacada a mesma, ao longo da hist6ria desse mOdo de producao Ao contrario,em G71/ndrisse, Marx sahentou expressamente quc dc inicio essa aplicacao difun_de―se de maneira bastante gradual naquele modo de prOducao, e na― o constitui a

base do desenvolvirnento hist6rico da maquinaria:

“Mesmo sobre esse plano, a apropnacao do trabalho宙 vo pelo capital alcancふ, namaquinaria, uma realidade trnediata Em primeiro lugar, C a analise e aplicacao dasieis quFrnicas e mecanicas, diretamente deFiVadas da ciOncia, que pernlite a maquinarealizar o mesmo trabalho antenomente realizado pelo operano No entanto,a maqui―naria s6 se desenvolve nesse sentido quando a grande indistria ld alCan90u um nfvelsuperior e todas as ciOncias foram foκ adas a se colocar a servico do capital;e quando,

em segundo lugar, a pr6pna maquinaria disponivel ia propOrcionar recursos considera―

veis A inυ enca~o ,ο ma‐sc, ntte caso, um ramo dο s negociο s, enquanto a apricaca。

da ciencia a producao di“ eta deFermina as inυ engoes e simtlltaneamente as sOlicita

Mas naO fOi esse o caminho pelo qual se desenvolveu a maquinaria, em hnhas gerais,e muito menos aquele pelo qual ela prognde a nivel de detalhe O caminho efetivO oum processo de andlise attaves da divisao dO trabalho, que gradativamente transfomaas ac6es do trabalhador em opera90es cada vez mais mecanicas, de maneira que, emdeterrninado ponto, um mecanismo pode subsitul― las Assim,o modo especficO dOtrabalho C aqui transferido do operano para O capital sob a forma de m6quina, e suapr6pria capacidade de ttabalho l desvalonzada por essa transformacao Daf a luta dos

trabalhadores contra a maquina (D quc era a atividade do trabalhador vivo tOrna― se

atividade da maquina"2

l Ver,nessas mesmas hnhas,a desc●cao quc PoIOck faz da autom∝ 5o POLLOCK Op c″ ,p16

2 Grundnsse p 703-704 Segundo C F Cartere B R Wllhams,foi s6 a pa蘭 r do flnal do"culo XIX,com O desenvol‐宙rnento das indismas quinica c ell籠 ca,que a inovacao se tOrnou diretamente interligada aO cOnhecirnentO cientmco,c que um treinamento cientilco passou a serindispensavel aOsinventores lnυ ttrnentin ln71。 υotlon Londres,pl 12

175

Page 176: Capitalismo Tardio - MANDEL

176 A ACELEMCAo DAINOVAcAO TECNOLOGICA

Essa andhse de Marx representa uma b亘 lhante anセcipacaO de cOndicoes qucs6se desenvolveram muito nlals taFde, COm a aceleracao das inveng6es e desco―bertas cientFficas e ttcnicas dosde o inicio da segunda revoluoaO tecn016gica, massobretudo desde os anOs 40 do sOculo XX,com a terccira revolu95o teCno16gica.Adruaca―ο na qual“ Fodas as dandas fOram JOrcadas a se colQcar a seFUで O dO Capトtal'' e na quα ′ ``a inυ erlgaο toma― sc um ramo dos negoclosp enquan士 o α aplicaca~0da ciOndα α producao direta dcた ,IIlina as inυ en"es e Simultattcamente as solici‐ta"s6enconι ra sua aplica"o cSpec′Ca na rase do capiralぉ mo ιardlo.Naturalmen‐te, isso nao quer dレer que nao tenham ocorrido inven9oes cientificamente induzi‐das durante o sCcJo XⅨ ou no iniclo do sCculo XX,e rnuito rnenos pretende insl_nuar que, naqucle peF10dO, a ati宙 dade de invencao OcOrresse ``independentemen‐te''do capital.No cntanto,o organレ acao sistcmdttca da pesquisa c d“ cnυο′υimcn‐to como um neg6cio cspeci卜Q,Organizado ntlma basc capitalista__em outras pa―lavras,o investimento auЮ nomo(em capital ixo e sabno dos tFabalhadOres)empesquisa e desenvolvimento― ―,s6,c manifestou plenamente sob o capitalismo tar―dio.

Neste ponto deveFn SeF aSSinalados dols problemas que e対 gem uma andhse di―

ferenciada: as tendencias de desenvolvimento inerentes ao廿 abalho intelectual, ca―

pazes de conduzir a uma aceleracao da atividade de invencao,c as condi95es espe―

cificas de valo比菱℃ao do capital,capazes de efetuaF uma aplicacaO maisぬ pida des―

sas inveng6es e descobertas aceleradas.A``descoberta e invencaO cientifica e 10cnl―ca'' c a ``inovacaO tecno16r' nao s5o duas categoFiaS idOnticas.3 A aceleraca0crescente da aividade cientnca cに cnica de invenゲ lo fOi deteス 1.linada por gFande

nimero de fatores em interacaO na hist6ria da ciOncia, do trabalho e da sOcieda‐

de.4 E mais quc evidente o significado hist6rico da segunda revducao cientFfica,quc teve infclo nas pFimeiras dOcadas do"culo XX e se desenvolveu cOrn a fisicaquantica, a teoria da relati宙 dade de Einstein, a pesquisa aЮ mica c as conquistasbおicas da matemduca mOdem.Nao壺 o menOs 6bvias a funcaO dO cOmputadorna aceleracao da au宙 dade denFfica,a taxa do crescirnento exponenclal dessa ativi―

dadc e sua socializacao c Organt,ハ cao capitalista crescentes.5 A segunda revolucaocientifica criOu uma subestrutura cientifica que graduallnente transfomou todas as

ciencias,assirn como a revolu950 cientrfica desencadeada por Galileu, CopOrnico c

Neuたon deu infdo ao coniuntO da m(ranica clttica e da qufrnica dos sOculosXVHl e XIX.A fisica c16ssica fomeceu a basc PaFa urrla sCric ininterrupta de aphca‐

9oes tecnol“ cas, da maquina a vapor ao motor el“贄nco; do meSmo mOdo, a se‐gunda revolucao cientrfica cstabeleceu os fundamentos para um cadeia contrnuade aplicac6eS tecnolttiCas a partir dos anos 20 o 30 deste sOculo,´ quc culminaramna liberacaO da energia nuclear, na cibernOtica e na automacao. E evidente por si

mesmo que e測 ste uma FelacaO causal direta a hgaF a teOria da relau宙 dade de Eins―

tein e a pesquisa atOmica a aplicacaOに cnica da energla nuclear e a autOmacao.

As cond19で発s ObietiVas para o aceleraFrlento da ai● dade de inven95。 esive―

ram inttmamenセ relacionadas a Segunda Guerra Mundial e ao subseqiiente reaF―

3 Eudenセ men"哺O podem ser conslderadas∞ mo fatoes ex9genos,mas∞ mo func“s do desenvol宙 mento ecOnO―

ぼtfT盛1喘鼈l常Ll識響竜庶賢Ⅷ麗鴨:'記諧じ轟芦響′臨 i″富為需∬常Jl乳乱F琴者賓七

1960 p 18840v。 lume Dた 瞬毬ansch`チ

“n der ttsensc晟 ′,Bettm,1968,prododo por um」 upo autottdo da universlda―

de Kal Marx,de Leipzlg,contom urFla anttse interessante dos fundamentos∞

ζ da ciOncta e de Sua funcao“ estra―

厖gca"no desenvolumento social(p70d彰 。)QuantO a l∝

"a inteina da hlst6●

a da clttclai ver KUHN,ThomasS The Stru山″ or SCたnげc Reυ olυ ,ons Nova York,1964 Ele,entretanto,ne」 genCla indeuぬ

“nte a sua intera―

950 COm o desenvol宙 mento do trabalho e da sociedadc Para as deterrninac¨ s sodaお da hi゛0●a da ciOnda ver BER―NAL,」 D The SociαI Fundon or SCten“ Londres,1939;Sclence in Hstott Londres,1969;LILLEY,S “S∝ial As―

pects ofthe Histoッ of Science''In:Archiυ‐Inたrno"ontt d'Hstoiた d“ Sclen`バ n° 2,p376″ 解95 DIEBOLD,」ohn Mα

"ond the Cοmputer Nova York,1970;KUHN,Thomas S OP cた ,p 72‐ 74,106-108 etc:Die

Wttenschψ υοn der Wttensch6弗 p9‐ 10 etc

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A ACELEMcAO DA NOVAcAO TECNOL6GICA 177

mamento do p“―guerra. Urna vez que o perlodo 1914/39 fol de crescirnentO ecO_nonllco desaceleFadO― ―uma``onda longa com tonalidade de estagnacao"__a fa_se dc entreguerra caracterizou― se por uma reducao do ritmO dc inovacao tecnO10gi―ca,simultaneamente com uma aceleraφ o inCiplente da au宙 dade de descobeFta Cinvencao, cOmO resultado da segunda revOlucao cientifica.6 0 reSultadO foi a cria―

9aO de uma reserva de descobertas tOcnicas nao aplicadas ou de invenc6cs tecno16.gicas potenciais.O desenvOlvimento alillamenusta cOmecou ent5o a absorver umaparte conslderavel dessas invenc6es, chegando a criar as pた‐cond195es das mes―mas.A bomba atOmica o,naturalmente,O pnmeiro exemplo a ser lembradO,masnaO fOi de maneiFa alguma o inico caso● gniiCaivo desse generO.7 0 radar,a ml―

niatuttagaO de equiparnentos ele廿 6nicos,o desenv01virnento de novOs cOmponen―tes eletrOnicos,na verdade mesmo as p● melras aplicac(た s da matemttica a proble―mas de organiza゛ o eCOnomica― ``a pesquisa operaclonal''一 todos tiveram suasorigens nos anos de guerra ou na economia armamenista. Analogamente, O cha―mado mode10 sinergO,co de planaamento empresanal_― nO qual o resultadO glo―

bal dos vaFiOS pFOgramas excede a Soma dos resultados parciaiS pre宙 stos em cadaprograma isoladQ-O denvado dos pFogramas mllitares ou paralelo a estes.8 o ca~

minho para a organzaca~o sistematica c intendonal da pesquisa cientifica, com oObieuVO de acelerar a inova゛ o tecnOlogica,tambOm foi desbravado nO cOntextoda guerra ou da econOrnia aェ 11lamentista.9 No infclo da PFimeira Guerra Mundial,0nimero de laborat6FiOs de pesquisa industrial nos Estados Unidos era inferiOr a100, mas, poF V01ta de 1920, havia aumentado para 220 e a seguir pe111laneceunesse n"el ``A confianga na pesquisa organizada foi amphada pe10s exitOs no tem―po de guerFa".1° Durante e ap6s a Segunda GueFFa Mundial aumentou cn0111lc―mente o nimero desses laboratO五 os con廿 olados por empresas; em 1960 erarn5400. O nimero total de cientistas dedicados a pesquisa quadruplicou, passandode 87 rnilern 1941 para 387 mil em 1961.11

No ambito da producao capitalista de mercadoFiaS, O crescirnento regular novolume de pesqulsa resultou ine宙 tavelmente em especializacao e “autOnomiza‐

9ao". De iniclo, a pesquisa e o desenvolvimento t… ram―se um ramo a paFte,dentro da divお5o do trabalho das grandes companhias. Mais tarde, teve condicoesde assunlir a folllla de uma cmpresa independente;surglram en● o Os laborat6riosde pesquisa operados por particulares, que vendiam suas descObertas e inventosao preco mais alto.12 A previtto de Marx era assirn consubstanciadai a invengao ha―

via se tornado um neg6clo capitalista sistematicamente organizadO.

cOmO qualquer OutЮ negてたlo,tambёm a“pesquisa"tem um inico ObietVOno capitalismoi ma対 FniZaF OS luCrOs para a empFeSa. A enol,1le expansao da pes―quisa c do desenv。 lvilnento desde a Segunda Guerra Mundialia C enl si rnesma

6“Desde a inven゛o da(楚lula fotoelёtlca,no inた io dos anos 30,tornou― se posslvel uma loma imperfeita de automa‐

,ao Antes de 1940 101 alcan9da uma ampla medlda de controle autorttico nas estact力 s de energa,nas reinanasde petr61eo e em alguns processos qulmico,ё provavel que a automヽ Fo nas indistnas de fabncaφ o de meね ヽfossetec憲nmente poss飩 el,cmboFa,C Claro,lssoに ia sido uma defomldade econ6mlca Durante a guerra e nω

"meirOSanos do pos― guerra,Os“pldos prttess∝ na eletFOniCa ampliaram enonnemente os conhecimentos de Fele憾 ncla pa―

ra a autom∝ ao:“ i“ o,em g mesrrlo,tena sldo sulclente paFa aCarFetar a sua uthzaφ o na indisma`um prOblema

忠 :路 踏 鷺 占 調 器 『諸 じJ窓 識 椒 馳 詭 器 :結 Y富

躍 織 T∫ Tdaφo a∝ q… meト

7 A pimeira僣 昴ca plenamente automattda na ind“ ma de transfo―゛。fOl a Rockford Ordnance Plant,que esta―

ざ珊 8選l&職Υ躍般鵬躍鳴編ツR端認眺躙鰹鳳路猟:島“だB“itt R0υたω・Novembro― dezembro de 1962

'Quanto ao rttpel dewmpenhado a~ e respe■O Fttla Pimeira GuerFa Mundlal,ver,por exemplo,MANSFIELD,Ed―

W3濃1熙 す払騰 盤 7箆 競 豚 1置 碗 rl曽3認:集生MANSRELD Op ct,p“1l fbid,p 5412 stk(Op dl,p5455)estabeLce dittn■ o entre“ investlgadores organttdos"e“ dentstas organセ ados''

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178 A ACELERAcAO DA INOVAcAO TECNOLOGICA

prova dessa ``lucrati宙 dade" estritamente capitalista.13 Na verdade, Leontief obser―va quc:

たr:鷺 T」嘉讐λ∬11慧臨ferl農尉寵盤L∬忍:鷺,vll`織鳳∫記:

cessanO c instalado, contrata―se pessoal qualificado e espera― se pelos resultados CO―mo qualquer outro produto,estes podem ser usados diretamente pela firma que Os Ob_teve ou podem ser vendidos a terceiros― ―por um bom preco; ou, como ocorre fre―qtientemente,podem ter as duas destinacOes"14

Silk refere quc um volume cada vez malor de capital estt atualrnente nuind。para pesquisa e desenv01virnento porque nesse campo``obtё m uma taxa mOdia deretomo fabulosamente alta em relacao aos d61ares gastos"15 Esse aspecto encon―tra―se plenamente de acordO corn a 16gica do capitalismo tardio,segundo a qual asrendas tecno16gicas se tornararn a principal fonte de superlucros.

Ainda mais significativa que a “pesquisa pura" O a inovacao industrial efetiva,

o desenvOlvimento de novOs produtos ou processos de producao. Quanto maiOr aaceleracao da renovag5o tecno16gica c a reducao do tempO de rotacao dO capital fi―xo, tanto maior serd a instalacao de nOvOs processos de producao; na verdade, aconsttu95o de unidades de producao inteiramente novas torna‐ se um empreendi―mento separado na di宙saO dO trabalho O fornecimento deね bricas inteiramenteequipadas, juntamente com processos de fabricacao, たnOtO‐ how tOcnico, patentese licencas, c tambё m dc.cspecialistas mais importantes, torna― se, assirn, uma novaforma de investimento de capital ou de cxportacao de capital. Na industria qurrnica

CSta ld COnstitui a forma predorninante de renOvacao dO capital fixo (Drganizacio―

nalrnente, a reproducaO o cOmpletamente separada da prOdu95o; sua realizagaotOcnica O entreguc a fiHHas especiais.16 seria preciso enfatizar quc a cxtensao de

tempo requerida pelo planaamento e desenvolvirnento dos proletos de investimen―

to mais importantes c o volume de pessoal qualificado por eles exigido resulta nu―

ma utilizacao descOntrnua dOsに cnicos,se Cmpregados por uma inica cmpresa.

“A duplica95o do tamanho da usina de aco Usinor, de Dunquerque, aumentandosua capacidade de 4 para 8 mllhoes de toneladas por ano,c対 giu que um grupo de es―tudos de 1 500 pessoas trabalhasse por trOs anos, a10m dos servlcos equivalentes dasfirinas construtoras A usina de a9o Solrner,cOnstruFda em Fos,em terreno aberto,en―frentou problemas ainda malores, c as equipes de pesquisa e planelamento eram ain―da mais numerosas, para uma capacidade sirnllar de produc5o. O sirnples padr5o e airregularidade de tais equipes torna impossivel o seu emprego numa base continua pe―

las firmas produtoras . Esse C o p●meiro fundamento 10」 CO para a uilizacaO de fir―

mas especiais de engenhana,priOritariamente voltadas para o planelamento e a progra―

mac5o,para esses investimentos"17

0 capital diretamente investido na esfera de producaO cOnduz a uma produ‐

9aO cOntFnua de mercadorias ou a uma ininterrupta valorizacao. o capital investidona esfera de pesquisa e desenvolvimento, que segue ou precede a producaO efeti―

va,18s6consegue valorizacao na medida cm que o ttabalho ali realizado saa pr。 _

13 Estamos falando aqui de gastos p"υ odos em pesquisa e desenvolvlmento、 e nao do dispOndiO estatal que, em certamedida,es饉 l市re da coerc5o da lucratludade14 LEONTIEF Introductlο n to S″たOp ct,p xti‐ 対v15sILK Op c″ ,p316 FREEMAN,C “Chemical Pr∝ ess Plant lnnovaton and Vノ orld Market'' Ini No● ono′ Instl`υ te Eco71omiC Reυ i●tt n°45,agosto de 1968 p 29-3017 Reυυ●EconOmique de la Bo● 9u′ Natlο nol● da Pαns Ab● l de 197418 As esferas de pesquisa e desenvolvlmento aqui refendas● 。sempre aquelas indispens6veis a manufatura e ao con―sumo de produtos, e nao as penencentes aos chamados custos de venda(por eXemplo, pesquisa em publlcidade)eque correspondem as condic∝ s sociais especlicas da cconomia capltalista

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A ACELERAcAo DA INOVAc.AO TECNOLOGICA 179

dutivO, isto O, conduza a producaO de nOvas mercadorias. Do ponto de 宙sta daempresa capitalista,quaisquer descobertas ou invenc6es que naO encOnttem aphca―

9aO constituem fauX/raiS de prOducaO, despesas gerais que deveriarn ser reduzidasao rnfnirno. No entanto, uma vez que numa cconomia de mercadO nunca se temcerteza, desde o infciO, de que sera pOssfvel aplicar as novas descObertas e inven―

質 二 臨 珠 ξ 富 亀蜘 町 暇 謬 業 ittf∫ Fttj選 |pesquisa e desenvolvirnento pode ser visto a partir dos seguintes excmp10s:Os cus―

tos do desenv01virnentO dO n6110n e dO Or10n fOram de respectivamente l mllhaO cde 5 milh6es de d61ares. O desenvolvirnento da penicilina exigiu varios milh5es de

認 誌 i乱 さ Ъ:常:躍°

富 ま 基 霞 算 :F割腑'″

檜 謄 認 窮 :唸 7:vencaO e desenvolvirnento da patente do F′οar Glass. Especialistas nOrte― america―nos referern― se a televisao cOmO um``risco de 50 milh6es de d61ares"devidO ao di_nhciro gasto em pesquisa e desenv01宙 rnento antes da comercializacao Na indis―ma aerOndutica os custos cOm pesquisa e desenvolvirnento elevaram― sc atc alturasastronOnticas: at0 1965 o pr(功 etO XB-70 havia custado l,5 bilh50 de d61ares, cO

慰 i勲 野 蓮 轟 纂 萎

蝿 富 雑 ぎ 椰 鮮pesquisa e dcsenvol宙 rnentO de um nOvORoche gastOu quantias equivalentes a

n46%de wu gЮ d」 em p∝ q面mel棚理篇:R£』::府庶吼隠esses enorrnes dispOndios de capital contique a modia, prOporciOnalmente, a serem obtidos pelas empresas que conseguem

“atravessar''.21

Como qualqucr outro capital prOdu:Ilし

』缶ξ3:|:『1(3n輩

:1:『 ill::降滉」きl∬ζquisa O constiturdO de cOmponentes fixOs

construcao c aO equipamento dos iaborat6rios;o capital variavel,aOs salarios e Or―

denados do pessOal neles empregado O fato de quc O trabalho de muitOs dessesempregados s6 rnuito mais tarde― ―Ou nunca――saa incorporado aO va10r de mer―cadorias especrficas nao altera a natureza do Frabalho roral dOs participantes do se―

tor de pesquisa e desenvolvirnento, trabalho produtivo na medida cM que ё indis―pensavel para a prOducaO de nOvOs valores de uso c, cOnscquentemente, tambё mde nOvOs valores dc troca.(D mesmo se aphca aos operariOs que devem dedicaruma parte de seu tempo anual de trabalhO para ligar as maquinas, examinar e lirn―par os scus componentes c efetuar Os reparos necessariOs 22 1sso naO altera absolu_

tamente a natureza de scu tempo de trabalho, pois seria tao impOSSivel rnanter aproducao em andamentO sern tais praticas quanto seria na ausencia de modelos,

鼈RIGHT,James R(Ed)Technο 10gicoI Planning on the Cο r_

轟凛藍難繹轟:

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180 A ACELERAcAo DAコ NOVAcAO TECNOLOGiCA

bllllulas, desenhos, estudos etc., provenientes dos laborat6rios e dos escnt6rios.Marx, que muitas vezes enfatizou que a natureza do capital industFial era definida,

entre outFOS aSpectos,por sua Capacidade de se apFOpnar gratlitarnente dos benefi―

cios da dtto do trabalho Ou da aplic∝ ao pЮdutiva da ciencia,23 afil:1lou inequi―

vocamente que c trabalho do pesquisador e do engenheiro era de car6ter pЮ duti―

vo.NO trecho de R“ ultat ctes unmiaclbα Fn PrOdu対,onsprozA“ citado no capFtu―

lo anterior, ele cxphcitamente incluiu os tOcnicos entre os trabalhadores produtivos,

c,em Theo"6o/Suplus varuc,cscreveu:

``Naturalmente,es6o induidos entFe eSSes trabalhadores produivos todos aqueles

que de uma maneira ou de outra conttbuem para a producaO de uma mercadoria,dotrabalhador efeivO ao gerente ou engenheiro(em cOntraposicao ao capitalista)''24

A incerteza quanto a futura valoFiZagaO dO capital investido em pesquisa repre―senta―_particulalillente nぃ ma Opoca de inovacab tecnOl∞ Ca∝elerada―_um in―

centivo cada vez mais podeFOSO para se planificar a pesquisa. A exemplo de qual―quer outro setoF V01tado para a venda de mercadonas,tal planeiamentO c assedia―

do―_neste caso,mesmO dentro da csfeFa de acao da cmpFeSa― ―pelos g01pes do

acaso, da arbitrariedade o das extrapolacoes nao cicntFficas de tendencias gerais.85No entanto,predsamente nesse setor,as pressoes do planeiamentO sac inequ"。―

cas.

」ewkes,Sawers e Sullerman tentaram refutaF a teSe de quc a aceleracaO dairlovacao t∝no16gca O'devida, entFe Outras coisas, a OFganiZacao sistematica dapesquisa e do desenvolvimento. Tudo que demonstFararn, poFё rn, O que mesmono sCculo XIX as inven9oes estavam FelaClonadas ao conhecimento cientrfico c aseus avan9os mais inimamente do quc eFn geral se imagina,e quc mesmo nosdias dc hoie OS invp_ntores individuais sao respOnsaveis poF grande nimero de des―

cobertas frequentemente revoltlclondFiaS.26 MaS OS elementos que fornecem nao

contradizem de modo algum O fato de que uma proporcaO cada voz ma10r de in―vencoes tem oFigem nos laborat6Hos de empresas industriais,27 comO pode ser veri―

ficado, entte outtas coisas,pelas patentes,ou o fato de quc a rapida cxpansaO dOnimero de pessoal cientificamente tFeinado deve FeSultar nuina aceleracao dO cres_cimento do conhecimento cientifico e da inov~ §ab tecn016gica,ainda que a corFela―

caO nab saa diretamente pFOpOrCional.28 TaiS autores,quc atribuem exageFada im―p04ancia aO``indivfduo de gOnlo inventivo",pisam terreno FnaiS RI11le quando cha―

mam a atencao para as desvantagens causadas a ati宙 dade de invencaO pela pes―quisa de natureza pragmaica,dingida paFa Certos obieiVOS e controlada pelQs mo―

nop61os,e pela subordina"o deSSa pesquisa a caca empFeSanal de lucros. E maisque evidente quc o conhecirnento e a originalidade naO podern ser pFOdllZldos da

23 Grundた se p 69424MARX TJleο 71eS Orsuplus V●ル●vI,p15615725 Andhses e exemplos h通 nantes desse aspecto podem ser encontrados em WLLS,Gordon,ASHTON,Daud e TAY―LOR,艶mrd(Eds)Technologtcα ′Foに c“Ing and Co平 ゅmtt S,mtty Bねdford,1969 Um exemplo recente ё for―necldo pela ima bi恰 ― Rlo Tlnto Zlnc,supostaFFlente lamosa por sua ciciOncia excepclonal,cuja nova cり ganセ爾usina de fund゛ o de Chumbo e estanho em Gloucestershlre,anunclada como a mals moderna dO mundo,FeVe10u― seum exemplo espetacular de plangamento lalho Deudo ao inesperado envenenamento de toda a rq“ o pelas emana

警 &Chumbo,a uina teve de seFた Chada por v`nos meses e FeCOnSnda MutOs casos de pOlul゛ 。 amblental podem SeF atnbuidos e essa∝

"cte de planejamentos tCcnlcos falhos26」EWKES,SAⅥ 喧RSeSTLLERMAN op c■ ,p40‐60 d pas,p73

"∞%de todas as patentts garant■ s nos LねdosUnldos Ъ 騨

o珊務 躍 rtS∬蹴 、騒 暦 ヽ 聞 諺tagem ha、ね caido para`0%das Patentes garantldas em

HANSSEN,KlauS Dた S鯰Ilung derElelCo fndustte ln fndusttJttettngspЮ tt Bedim,197Q p 8128 charple menctona uma taxa de cttsclmentO cumulabvo anual&7%para a ad● dade ttntinca Tamttm enhtt aextraordittia m」 [plL゛ O das pubhcで 姥s cientmcas,que possuem urna taxa de cresclrr ento m直 b supenor a da po―

PLぬ゛O rrlundal ou da indu壺ね麟 φo CHARPIE,Robert A “TechnolttCal innovabon and the intematlonal E∞ ―nomプ 'In GOLIttMITH,NIaunce(Ed)■ chnο logた d innoυatlon and tte Econornり p I Ver tamttm DIEBOLDOp cr,p33‐ 34

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A ACELEmいO DAINOVAいO TECNOLOGICA 181

mesma maneira c com a mesma regularidade automatica dos bens de consumo. Is―so n5o O um argumento contra o trabalho de equipe na pesquisa_― mas certarnen―te C um argumentO de peso contra o trabalho de cquipe suboFdinado a busca delucrOs.

Outra contadicao tipica dO capttalismo tardlo reside no fato de que grandesmonop61ios(oligop61os)nao es60 1amaiS tOtalmente pЮ tegidos da concOrroncia e

謝 鷹L驚 :蹂 翼総 L鶴 ∫痙 露ご e lan"rum mvo prd■ 0∞ merca―

lS COК Orrentes.Nesse senudO,estaO semd`宙da interessados em expandir a pesquisa c o desenvolvimento sob seu cOntrO―le.Ao rFleSmO tempo,cntretanto,ao considerar cada proietO diSpendiOso de pes―quisa, devem levar em conta naO apenas o risco inerente de quc ele n5o condu2a

a nenhum produto comercializavel, IIlas tambOm a possibilidade de uma inOvacaosirnu臓針rn de um concoFrente vir a tomar imposs対 el a FealiZacao dOs supeducFOSprevistos,de n10do quc,ern■ lma andlse,pode decorrer um longo tempO antesque o capital investidO nos custos de pesquisa e desenvOl宙 rnento scia va10rizadopor melo do lucrO“ nollllal'';um pЮduto diferente,que tivesse assegurado um mo―nop61io tempoFanO,teFia rendido mais.Ta1 0 a cxplicacao da complexa estraに gia

inovadora das grandes empresas quc as obriga a diversificar sua pesquisa c, aomesmo tempo,unicamente por moivos de valoriza゛ o de capital,a cshreitar o seudesenvolvimento,Nesse senido,」 ewkes,Sawers e Sillel11lan sem divida ttm Fa―zaO quandO dizem que,cm iluma analise,Os monop61los tolhem O progresso tOcni―co,ainda que issO deva ser entendido de modo relativo e nao absOlutO.29

No capitalismO tardio ocOFreu um enoI11lc acた scimo giobal nOs gastOs cOmpesquisa e desenvolvimentO:nos Estados Unidos esses gastos aumentaram de me―

nos de 100 mllh6es de d61ares em 1928 para 5 bilh6es em 1953/54, 12 blh6esem 1959, 14 bilh6es em 1965 e 20,7 bilh6es de d61ares ern 1970.30 TaiS aumen―tOS tOFrlam inevitavel uma expansao no v01ume de inovac6es, ainda que saa bas_tanセ provavel quc O retomo desses gastos,baStante alto nos anos 50 e no intio

dos anos 60, dirninua gradativamente. As empresas fannacOuticas norte― america―nas registraFam uma redu゛ O de 17 para 10 anos no perbdo em que se benel―ciam de“ rendas tecno16gicaゞ ',bem como um declrnlo subsequente na taxa de su―perlucros.31 1sso signinca que, dado um pellllanenle desenvOl宙 rnento allHamentis―ta,a acelera9歓 )da inovag5o tecnolⅢ a na industta ci宙 1-e especialmente noDepartamento l― assumm dO mesmo modo um caぬ teF COntinuo?De modO al―gum.As cOndi90es de valorizacao do capital pellllanecem como detemlinante deci‐

sivo da dinamica dO capitalismo tardlo,e nao podem sor ultrapa頌das pelos desen―volvimentOs na csfera da ciencia c tecndogla.Em alima訂 通Lse,a inovacao tecno―1∝,Ca acelerada implica o crescimento aceleradO da pFOdui宙 dade modia do traba―lho. No entanto, sO cm condi90es de importante expansao dO mercado c que ocrescimento acelerado da prOdutividade do trabalho pode ser combinado a uma ta―

xa de crescimento FelatVamente alta do pЮduto sodal,ou a um nivel rela,vamen―te alto do emprego.NOs capFmlos antenOres宙 mos as razOes para a expansao do

29 Nelson,Peck e Kalacheck obsewam que o sentdo dos gasts em pesqulsa e desenvolumentO,detenninadOs pelos

oblet、Юs de lucros das cPndぉ empresas,Ch“劇dvelmente oセntado para proletos quc ofeFecam um■制 O retOmO,e nao para a pesqtusa de base(que sう responde por ceFCa de 4%do dispOndlo p五 vado total em pesquisa e desenvoル 1-

1霊槻 T常

蜘 鞭 悧 幣 :響鸞 輛 鴛♂

番■ 溌

施ON認

鳳 ,亀畿 鳳 輩quc esses custos foram atenddos unicamente por fontes pl

me■o∝m de∞%dos m● mos tt cobertOs劇 。hdOl」覗黒i惣協£詰詭ξtざ漱f鑑冨

『13島,W[dade Os motlvos para a cresce● e SOCiaしa゛o dOS Custos(

vro Ma″"alen zur po″

鮨chen Oた。nomie d‐ AusbildIIngsscたゎ7S ALIVATER,E c HUISKEN,F(eds),Erlangen,1971 p 35635731 BuSiness Weeた 23 de novembro de 1974

Page 182: Capitalismo Tardio - MANDEL

182 A ACELERAcAo DAINOVAcAO TECNOLOGICA

mercado na Opoca do capitalismo tardlo: a terceira revolucao tecnO16gica c a transi―

9aO da tecn01ogia produtiva baseada cm motores e10饉 cos sirnples para a cletroni―

ca,a automacao e a energia nuclear.

Urna vez que essa revolucao tenha Ocorrido c se tenha formado um novo sc―tor do Departamento l,para fabricar rndquinas automatcas e coniuntOS de maqul_nas, a taxa de crescirnento do Departamento l comeca a cair.()mesmo se passacom a taxa de crescirnento do coniuntO da cconornia capitalista, pois deixa dc ha―ver uma renovacao fundamental da producaO no Departamento l, somente umacxpansao quantitativa das tOcnicas de produ95o j6 e対 stentes. Ingressamos, entao,

numa ``onda longa com tonahdade de estagnacao'' POr Outro lado, as condic6esmuito especiais que peIIIlitiram a taxa de mais― valia clevar― se repentinamente ap6sa Segunda Guerra Mundial tambOm possibllitaram o afluxo renovado do capitalem excesso na producao. No cntanto, com o tOェ I1lino da ``onda longa cOnl tonali―

dade de expans5o",a crescente compos1950 0rganica do capital provoca deteriora―

caO nas cOndic6es de valorizacao do capital Se esse processo coninua, deve con―dtlzir inexoravelrnentc a uma queda na atividade de investimento Assirn, os pro―

cessos sirnultaneOs dO ponto de宙 sta da valorizagao e da realizacao tendem a frearo crescirnento da ati宙 dade inOvadOra Em consequencia, a lacuna entre a inven―

caO e a inOvacao mais uma vez aumentara na segunda fase do capitalismO tardloPor essa razao O insustentavel a tese dc Bernal, reiterada por urn t`coniunto de es_

critores'' da Universidade de Lcipzig e muitos outros da Alemanha Oriental, deque a ciencia em nOssa,ё poca se tornou uma ``forca imediata de producao".32A

ati宙dade cientffica s6 ё uma forca produiva se for imediatamente incorporada aproducao material. No modo de producao capitalista isso significa: sc nuir para a

ati宙dade de producao de mercadorias Se isso nao OcOrrer― ―ern resultado, cntre

outras coisas, de restric6es Ou dificuldades quc afetam a valorizacao dO capital― ―entaO ela perrnanecera apenas como fo4a potencial, e nao forca real de prOdu―

ca。 .33

⊂)rapidO crescirncnto da pesquisa e do desenvol宙 rnento criou um vasto acrOs^

cirno na demanda de forca de trabalho intelectual altamente qualificada Dar a``ex_p10saO da universidade", quc, por sua vez, O acompanhada por uma vasta ofertade candidatos(aprendizes)a fOrca dc trabalho intelectualrnente tteinada,o que po―

de ser explicado pelo padrao mais alto de vida e pela promocaO sOcialindividual a

cle associada.」 a nO fim dos anos 50,32,2夕 ,do grupo ct6rio de 20 a 24 anos tinha

acesso a cducacaO superior nos Estados I」 nidos, 16,20/。 na Nova Zelandia, 13,1%na Australia e nos Parses Baixos e l% na Argentina; desde entao, tais percenta―gens aumentaram rapidamente No infcio dos anOs 60, cerca de 75% dos 10Vensde 15 a 19 anos haviam completado sua educacaO secundaria nOs Estados Uni―dos,Australia,Nova Zelandia,」 apao,Gra― Bretanha,Holanda c Bё lgica.34

32 BEttAL、 」 D,Sciencθ in Hlstoヮ p1248:Die Wlssenschart υοn der Wttanschψ p 102‐ 105,262 263 Esseりtambёm o erro bisico do imponanセ estudo publicado pela Academia Tchecoslovaca de CiOncias,o chamado Relab‐五。Rlchta Rlchta ve a ciencia cOmO um “fator residual''do progresso econ6micol ele a consldera cOmo uma forca deproducao que nao esta cOrpOnicada em maquinas e ferramentas O conhecimento e a expenOncia da fOrca de taba―lho humana――nら o apenas sua quahicac5o tё Cnica, mas tarnbё m sua qualificac5o cientfica, no sentldo geral da pala‐

vra ―― sao indubitavelmente um componente integral dessas forcas de poducao Mas eles s6 exercem unl “efeito''produtvo se produ′ rem valores de uso (numa sociedade p6s― capitalista)ou va10res de uso e valores deす oca(numasociedade capitabsta) FOra de tal producaO eles permanecem, sirnplesmente uma forca prOdtltlva potencial, e nao

uma forca produtlva real

“A binula de Marx sobre o conhecirnento que se tomou uma forca produtlva imediata encOntla‐ se numa secao de

Crund71sse que aborda o tema A Cο ntradicao ent“ ο Fundamento do PЮ du"o Bυ ttuOα

`Valor dο

rno iredida,c scuD‐enυ olυ intento(G″ηdnsse p 704)A passagem naO penrlite ambi゛ idades`.O desenvolvlmentO dO captal ixoindica em que medida o conhecimento social geral se tomou urna forna direta de producao, e cOnsequentemente emque medida as condic5es do processo da pr6p●a vida social sc colocaram sob o controle do entendimento geral e fo‐ram transformadas de acordo com O mesmo"(Gttndnsse p 706)34 HARBISON,F H e MYERS,C A Educa,ο n,Manpoω er and Ecο nomic Groω th,citado em BLAUG,M (Ed)Ecο ―

nOmics orEduca"on v 2,Harmondsworth,1969p41

Page 183: Capitalismo Tardio - MANDEL

AACELERAcAO DA INOVAcAo TECNOLOGICA 183

0 mais nottvel resultado da transfo:I:lacao socia1 0caslonada por essa``explo―

ぬo da universidade" ё que pelo menos nos Estados Unidos, e provavelrnente emvanos outros pates capitalistas,o nimero de trabalhadores na educac5o universit五 ―

ria,senao tarnbこ m o de estudantes,excede atualrnente o dc agncultOres Ou campo―neses.

Crescimento na Educaca~o Supeガ orl

O padrao distintivo desse crescirnento do trabalho intelectual cientfico__Obti_do a partir do crescirnento cumulativo do conhecirnento cientifico, da pesquisa e

do desenv01vilnento e deterrninado em iltima andlise pela inovacao tecnO16gicaacelerada― -O a reunificacao em larga medida das ati宙 dades intelectual e produti―

va c o ingresso do trabalho intelectual na esfera da producaO. uma vez quc essareinttoducao do trabalho intelectual no processo de producao corresponde as nc_cessidades imediatas da tecnologia do capitalismo tardio,a educacao dOs trabalha―

dores inteicctuais deve,analogamente, subordinar― se de maneira cstrita a cssas ne―

cessidades. C)resultadO c a crise da universidade humanista classica, tomada ana―

crOnica nao apenas devido a raz6es fOrmaぉ (nimero excessivo de estudantes,sub―desenv01vimento da infra―estrutura material,altera96es na fomacao sOcial dos estu―dantes,c対gindo um gasto social acima da modia no setor universittrio ctc.)Oumesmo a raz6es sociaた g′οbaお (tentaivas de e宙 tar o aparecimento de uma intelec―tualdade desempregada; esfor9os para linlitaF a reVOlta estudantil e intensificar a

ideologiza95o da ciOncia com vistas a manipulacao das massas),mas tambom,eacima de tudo,devido a razoes di“ rarnenた cconOmicas,especmcas a natureza dOtabalho intelectual no capitalismo tardlo;a press5o no sentido dc adaptar a esttutu―

ra da universidade,a selecao dc estudantes e a escolha de programas escolares pa―

ra a inovagaO tecno16gica acelerada sob condic6es capitalistas.35 A tarefa primor―

dial da universidade naO ё mais a producao de hOmens ``educadOs'', de discenli―mento e de qualificac5cs― ―ideal quc correspondia as necessidades dO capitalismode livre concoHencia__mas a produ95o de assalanados intelectualrnente qualifica―

dos para prOducao c circulacaO de rnercadorias.

mYttif臆胤鳳乱畷滋猟,%蔀鯖l鴫:濫濾濫寵F鴇狩l鼈|::書響塩脂鑑problemas em detalhes em scu hvro

1950 19651980

rp可∝aο,

EUA (a)em milhares(b)em%do grupo et6no

97

557041% 58%

」apa。 a

b 如協

108512% 23%

G`― Bretanha ・8。%

伐協 20%

Franca a

b・87協 524

協 31%

Alemanha Ocidental a

b ・35銘

368% 24%

lblia a

b24.%

G螺 24%

1 0ECD Repo″(nう。publicado)

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184 A ACELEmcAO DA ENOVAcAO TECNOLOGICA

O novo fenOmeno social do aumento rnac19o no irabalho intelectual gera,porsua vez, uma nova contradicao sOcial. Por um lado, num sistema de relac6es mer‐

cantis interioFiZadas, que deixa o indivrduo cOm a iluSao da livre escolha, o ingFeS―

so macico de trabalhadores intelectuais no setor de ``pesquisa e desenvolvimentO"n5o pode ser conseguido unicamente por pressao direta. Portanto, a ideologia do―

minante do capitalismo tardio busca onentar a luVentude para as areas que lhe saoconvenientes na CiOncia e na tecnologia(a csse reSpeito, uma importante funcaoこdesempenhada pelos melos de comunicacao de massa, desde as revistas em qua―

drinhos, os hVrOS infantis e a tele1/isao atc a fic95o Cientrfica). Tal desenvolvirnento

certamente tambOm corresponde as necessidades sociais globais obieiVas,e n5oapenas a Orientacao a CurtO prazo das grandes empresas para a concorrenda c a lu―cratividade.(D desenvolvimento cumulativo da ciencia e da tecnologia, quc gerouum eno`11le potencial para a llberacao da hunlanidade da milenar maldicao dO tra_

balho manual fatigante e mecanicO,que tolhe ou mulila o desenvOlvirnento do indi―viduo,tern seu pr6prio apelo natural para a luventude dc hoc,quc instintivamentepercebe essa fun,5o emancipadora.

Por outro lado, cntretanto, essa necessidade generalizada de qualificag6esmais altas, educagao un市 ersittria c trabalho intelectual entra inevitavelmente em

conlito com os esforcos da burguesia c do Estado burguOs para suboFdinar a pro―

ducaO da capacidade intelectual as necessidades da valorizacao dO capital pormelo das refomas tecnOCraticas da educacao superiOr.() que o capitai necessitanaO ё de um grande nimerO de trabalhadoFeS intelectuais altamente qualificados;necessita, cm vez disso, de uma quantdade crescente mas lirnitada de produtoresintelectuais munidos de quahficacOes especFficas c encarregados de desempenhartarefas eSpecmcas no proceso de producao ou ciFCulacao.36 Quanto ma10r o cresci―

mento cumulativo da ciOncia e mais rapida a acelera9aO da pesquisa e do desenvol―

virnento,rnais os processos especificamente capltalistas da cFeSCente divisao dO tra_

balho, da raclonalizac5o e da especializacao nO interesse do lucro pnvado_― emoutras palavras, um processo de continua fragmentacao do tFabalho― ―penettarao

as esferas do trabalho intelectual e da educacaO cientrfica. cOmeca a se desenvol―

ver urn novo ramo da cconomia,c可 o camp0 0 a an61ise dos``rendimentos nlate―

riais" dos gastos em educaca。 .37 seuS adeptos falam livremente de “investimentOs

produtivos" no sistema educaclonal e dedicarn‐ se cada vez mais aos calcu10s de

sua ``lucrati宙 dade''.38 Nao O precisO dizer quc a “lucratividade" cm ques●o naotem relacao cOm a satisfacao de necessidades sociais gerais, isto ё, a producao devalores de uso, naO mais do que qualquer outro ramo da cconomia polrtica basca_do na prOducao de mercadorias e valores de troca;referc― se unicamente a lucrativi_

dade dentro da estrumra da sOciedade c対 stente no capitalismo tardio, baseada na

maxirnizacao dos lucrOs das grandes empresas indusmais.39 E igualrnente claro quc

esses calcu10s naO servem sirnplesmente a busca platOnica do ``conhecirnento pu―ro", mas audam a estabeleccr o fundamento polrticO_financeiro para as refo111las

tecnocraticas da educacao superiOr, destinadas a ampliar a lucratividade da escola

superior do capitalismo tardlo.

36fbld,p36736837 Esse procedlmento impllca baslcamente prolec6es das FendaS mtts altas pЮ duttdas pelas∝ upac6es inセ lectuals qual―

icadasi deteminado n面 に de renda C slmplesmente subr eudo a uma extrapola゛ 。a longoッ azo Toda a an6職idedO」Ca do“Ca,tal human。 ''de Den威 son O detalhadamente∝ 籠cada em ALⅣ ATER e HUISKEN Op c″ ,p298‐ 30038 ver,por exemplo,l o tm画 。caractrstlcO de um amgo de BLAUG:``The Rate of Retum on investment ln Educa―ton''In:BLAUG,M(Ed)Eco● ornicsげ Educo"on Londres,1968 v l,p,215 a seq39 0 caC.1。 real do Fendmento do capital ι namralmente O produto do valor adldonal de que os empre饉 五os podemse apoderar devldo a dspOlilb■ dade da forca de trabalho altamente qualicada,enquanto eles,enl si mesmos nう o総m de fa2Cr frente aos custos&produaF a quahncaφ o impLcada,ou“ o fazem parclal e indlretamente,medlante

wusimド、tos

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AACELERAcAo DA INOVAcAo TECNOLOGICA 185

CiOncia aplicada, especializada c submetida a divisao capitalsta dO ttabalho――ciOncia fFagmentada, subordinada a maxinllzaφO doS lucrOs pe10s mOnop61los:tal ё o grito de guerra do capitalismo taFd10 para a educacao superior. As palavrasde Marx citadas nQ inFcio deste capitulo tomararn‐se uma realidade:quandO a apli―Cag10 da dOncia a prOducaO imediata tanto deteIHllna quanto solicita essa produ―

95o,a invencao toFna・ Se um ramo de neg6clos e as varias ciOncias tornam― se pnslo―neiraS dO Capital.No entanto,de um 10nto de vista social global__。 pOntode宙sta dos interesses dos assalariados e da grande maloria da pop● lacaO__cOpotencial libertador da ciencia e da tecnologia que proporclona urn sentido prOgres_

sista a Qada“ GFande Salto''nesse setor=Assim se deSenvolve uma nova c agudacontradicaO social entre,de um lado,o crescirnento cumulativo da ciencia,a neces―

sidade social de domind―la e dissemind,la ao maxirno e a crescente necessidade in―dividtlal de capacitacao na ciencia c na tecn。 logia contemporaneas;40e,de outF0 1a―do, a tendoncia inerente ao capitalismO tardlo de tomaF a Ciencia uma prisioneira

de suas transac5es de lucro e de suas estimativas de lucrO

Esse connito o essencialrnente uma fo11lla nOVa c especrfica da cOntradicao ge_ral caracteFiStiCa do modo de produc5o capitalista:a cOntradicaO entre a riqucza so―

cial em expansao e O trabalhO cada vez mais alienado c empobreddO,enquanto es―Sa FiquCZa social estiveF apFiSiOnada pela apFOpriacao privada. NO capitalisFnO tar―

dio,essa contradiφ o adquire nova dimen褻 o.QuantO mais a educacaO supenOr setOmaF uFna qualincacao para processos esPccrficOs de tFabalhO,quanto mais o tra―

balhO intelectual se tOrnaF pFOletarizado― ―em outras palavras,transfollnadO numamercadoria――tanto mais a mercadoria da forca de trabalho intelectual sera vendi_da num especifico “mercado de trabalho de qualificacOes intelectuais e cientifi¨caゞ ',41 e tanto mais seu pre9o tende a seF rebaixado a suas condicOes de FeprOdu―

caO, Oscilando enl toFnO de Seu valor de acordo com a oferta c a procura de umrrlomento detellllinado. Quanto mais avancar esse processo de pFOletanzacaO,mais profundamente entrincheirada estara a di1/is5o do trabalhO no ambito dasciOncias na cornpanhia inevittvel do excessO crescente dc especializacao e da ``idiO―

tia dos peritos'' c tanto mais os estudantes se tornarao prisloneiros de uma educa―gaO fechada, stritarnente subordinada お condicoes de valoriza゛ O dO Capital.

Quanto mais fragmentado sc tomar o trabalho e a qualincacao intelectual,tantOmaior serd a absoncao da educacao universitttria alienante peb trabalho intelectual

alienadO, subordinado aO capital,no ambito dO pr∝ esso total de produ゛ O dO Ca_pitalismo tard10.Essα ι a base s6do―eca16mたo suり aCente a dttsaO da reυ οたa“―tudan"I no capitalismO tardio,c a prova de sua tendencia O● euvamente anicapita―1lsta.

Na Opoca do capitalismO tardio,os monop61los dominantes pЮ cuFam eStabe―lecer seu contrOle sobre todas as fases de pFOducaO e da reprOducao,pOr intelll:こ ―dio do EstadO Ou da `iniciativa privada". Assim, presunliveLnente, o EstadO e Osp五ndpais monop61ios esttO hoic tentando controlar com uma“ pinga''organizacio―

nal o processo de subordinacaO dO tabalho intelectual ao capital,pela``progFama―

9ao" do nnmero de universidades, do alcance de seus cursos c a distribu1950 dOsestudantes pelas、 たnas disciplinas.Alguns planaadores ia preparaFam eSquemaspara um futuFO “retreinalTlento compuls6FiO", isto O, a desqualificacaO peri6dicados trabalhadores intelectualmente qualiacados:um exemplo〔 通o Os proietoS paraa chamada``universidade abrangente p貿 多―fabricada" Todos esses progFamaS pres―

解t鑑棚「R躙盟庶盤:乳農:離:deねbnbt que“Crutam ttdantts n∝ cwms de ttdu∝ aQ

嚇 L品」淑p皇抵F脱,躁

REEMAN,Rぬ adξ磋 、り胤協蹴騰総:P略1繁鳥

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186 A ACELERAcAo DA INOVAcAo TECNOLOCiCA

sup6em um numetts claustls pellHanente, para assegurOr a selecaO c a distribui―

95o de estudantes necessarias a va10rizacao do capital. E clarO quc esses progra―mas naO “segurarn'' os desenvolvirnentos culturais efetivos, assirn como a progra―macaO ecOnornica capitalista nao peilIIite progn6sticos corretos quanto aos desen―

volvimentos econOnlicos efetivos. Por outro lado, um ``planciamentO'' dessa espO―

cie intensifica naturalrnente a alienacao da宙 da estudantil e do trabalho intelectual.

No capitalismo tardlo,a demanda ampliada do trabalho intelectualmente qualifica―

dO naO esね de fonna alguma lirnitada as necessidades do processo de prOdu95oAtualrnente o desenvolvimento do ttabalho intelecmal tem carater duplo, corres―pondente as duas tendOncias fundamentais de desenvolvirnento do capitalismo tar―

dio como urn todo――por um lado, o tempo de rotacaO mais curto do capital fixo

devido a aceleracao da inOvac5o tecno16gica,c,por outro lado,a pressao resultan―te no sentido de sc ganhar um con廿ole sistematicO sObre todos os aspectos do pro―

cesso social de producaO e reproducao A integracao crescente do trabalho intelec―tual ao processo de producao cOrresponde a primcira caracteristica do capitalismo

tardio; a integracao crescente do tabalho intelectual nas instituic6es superestrutu―

rais e na adrninistracaO da fO、 a de producao(inclus市e a administacao indusmal e

a``adrninistragao"da fOrca de trabalho)correSponde a segunda caracterrstica 42Existem diferencas consideraveis entre a posicao socia1 0cupada pela m50-dc―

obra intelectualrnente qualificada incorporada ao processo de producao e pelamaO_de_Obra intelectualrnente qualificada integrada as instihlic6eS Superestruturais

e administativas.Tais diferencas nao podem ser reduzidas a distincao entre os indi―

vrduOs Ou grupos ctta cxiStOncia rnaterial se baseia na criacao de mais‐ valia c aque―

les que recebern rendas provenientes da mais― valia, ainda quc essa linha divis6Fia

sem divida alguma desempenhc um papel na deterrninacao do interesse social decada sctor especrico da foκ a de ttabalho intelectualrnente qualificada. No entanto,

a distincao decisiva se prende mais ao efeito estrutural quc a posic5o eSpecrfica de

cada grupo deterrninado na esfera da producao, adrninistracao ou superestruturaexcrce sobre a follHacaO da cOnsciOncia de cada urn desses grupos

A posicao social de todos os grupos que participam ocupaclonalrnente da su―pervisao da cxtra95o de mais―valia da mercadoria fo、a de trabalho ou da preserva―

95o do capital constante pela forca de trabalho induz tipicamente uma identificac5ogeral da funcao desses grupos com os interesses de classe da burgucsia empresa―

rial.Seria possfvel atO mesmo dizer quc uma identificacao de tal gOnero O uma prO―

condicao para O desempenho de sua funcao especrfica na fabrica Ou na sociedade.os pentOs em tempo e mo宙 mentos quc concordam e se solidarizam sistemaica―mente com os trabalhadores naO saO adequados para sua funcaO dentro do modode producao capitalista; nao es● O qualificados para controlar tempo ou mo宙rnen―

tos e logo estarao sem emprego――em outtas palavras, devem mudar de atitudeou de ocupacao. Os magistrados quc audam prisloneiros politicos a escapar tempoucas chances de fazer carreira c, tambOm, perderao Os scus empregos C)mes―

mo se aphca, a longo prazo, aos mё dicos de empresa, soci61o9os e psic61ogos da

indistria, ao pessoal adrninistrativo dos melos de comunicacao, aOs chefes da polf―

cia burgucsa c a todos os altos funcionariOs dO aparelho de Estado. Ao conttario,

os trabalhadores intelectualrnente qualificados envolvidos com o processo direto

de producao Ou reproducao, ou aqueles cuJa fun95o social naO entra necessana―mente em connito com os interesses de classe dos assalariados__por exemplo, osmOdicos de firmas de segurO cOntra doencas ou os assistentes sociais empregadospor uma autondade 10cal―― tendem muito menos a se idenificar subiCiVamente

42 Em 1973,de tOdos os(`gerentes pincipais"das empresas capitalistas da Europa contlnental,77%tlnha fOrmacao uni_

versitana Neυο zarcherZeirung 4 de outubro de 1973

Page 187: Capitalismo Tardio - MANDEL

艶灘 鸞 編辟鏃 轟だ糧T漏『まふ鵠 調器肥継Ъま鳳職響鮮L朧摺躙fi盤篭鷲瀧∫TI鑑露電1do excesso de cspeciahzacao e da educa

i∫:灘dPЪ:S器ぶL♂寵冨誂:」adquirida na universidade,enEO Os rnёdicOs,sOci61ogOs e psic61ogos industriais es―pecializados, O pessOal adnlinistrativo dOs me10s de cOmunicacaO e atё mesmO Os

性驚路慧 :∫Ⅷ翼胃碗s器冒i緊ぼミ駆irk『‰籠製:ム鍮ぽ:

i勲凛璽讐撃繹毯富壇戚黒J‰胤∫編:織i綸

)s honestos e nao cOmO agentes dO capi_

Enquanb d“ptta pottЫond rT路器[謂嘉肥rЪ&糧r:1ょお塁

ё:Tl轟児理:き£lT滉糧:詭里

relacao de fOrcas nesse mercadO de trab〔

WL轟1;誌意t:埋ila:龍:露〕Lξ景

滋轟琴筆 i:naST譜鼠幌臓認甕なi∬普留1:恵冦躍 rto d∝ hb」詭d0

『漁』督獅』:1器11乳虫糧::∬」R`:訛Z協

重i品『簡:L漱翼:3podeね cOnmbu■ cOnddcavdmenセ parλ

l∫富酬51寵憔::∬悲鷲臨if::

諸謝墨市盤鮮l鰍i勢慰澱‰im鯛舞織歌

Page 188: Capitalismo Tardio - MANDEL

188 AACELEmcAo En INOVAcAO TECNOLOGICA

ideologia da realizacaO individuat os ioVens podem ser encoralados a pensar indc‐pendentemente c a agir em termos de solidariedade coletiva. E evidente quc umapratica dessa espOcie pode conduzir a scrios conlitos com a classe dOrninante enaO pOde,a longo pFaZO,Se reconciliar com o funciOnamento norrnal da sociedadedo capitalismo tardio.

A contradicaO entFe a maO― dc―obra cientiicamente quahficada c sua subordi―

nacaO aOs interesses do capital ё, desse modo, de natureza potencialrnente muitomais abrangente do que de intio aparentao No capitalismo tardlo,a ciOncia O umafoκa potencial de producao num duplo sentido. Ela amplia a possibllidade mate―rial da libertagaO dO hOmem da cscravidao da exploracao de classc, da producaomercantil e da divisaO sOcial do trabalho,e potencialmente tambOm facilita a cman―

cipacao dos trabalhadores enl relagao a manipulacao por parte das superestruturase em relacao a alienaQaO ide016gica. Torna― se cada vez mais difrcil distinguir ente

ciencia enquanto fonte de riqueza mateFial e CiOncia enquanto fonte de consciOncia

revolucionaria,na medida cm quc todas as ciOnciaS Se tornanl cada vez mais prisio―neiras do capital na era do capitalismo tardio e cada vez malor nimero de cienis―

tas se rebela contta cssc cativeiro.44 Essa rebeli5o pode ser de natureza tecnocralica

limitada, expressa nas tentativas paralelas de urn Galbraith, no Oeste, ou dc umLёbi no Leste, no sentido de retratar o cientista como o criadoF efetivo da riqueza

material e, consequentemente, o administrador natural(lsto ё, o adrninistrador ob―

ietiVO)da cCOnOFnia e do Estado.45 No entanto,a mesma rebeliaO pode adquirir ca―rateF radiCal e irreconcili6vel, desde que se funda ao movirnento dos trabalhadores,

a luta revOlucionaria para emancipar o trabalho como um todo.A era do capitalismo tardlo,com sua inovacao tecnO16gica acelerada c a cxten―

saO macica e COncornitante do trabalho intelectualrnente qualificado,conduz a con―廿adicao basica dO modo de producao capitalista a seu mais alto grau.A socializa―

9aO dO ttabalho O levada a sua mais extrema dirncnsao na medida em quc o FeSul‐tado total acumulado do desenvolvimento cientrfico e tocnico do cottuntO da socic―

dade e da humanidadc sc torna cada vez mais a prO― cond19ao imediata para cada

processo particular de prOducao em cada esfera particular de producao.cOm a rea―

lizacao da autOmacao plena isso podena se realizar ern sentido literal. A posse pri―

vada dessa produ95o socializada condtlz a contFadicaO gritante, quc esse enolllle

“capital" tOcnico e cientFfico a disposicao da humanidade esteia subOrdinado ascondic6es de valorizacao do capital efetivo, c conseqiienternente seia negadO a ml―lhoes de pessoas ou apenas acessfvel a clas de folllla defeituosa ou fragmenttna.

Somente quando as forQas de produ95o raCitarem finalrnente a carapaca da pro―priedade privada quc as env01ve C quC as forcas revoluclonarias, quc ainda estao

em sua maloria adoI11lcCidaS na ciOncia contemporanea, poderao ser plenamenteutilizadas para servir a libertacaO dO ttabalho c a libertagao do hOmem.

SeFa quC a intrOducao crescente da mao― dc_Obra intelectualrnente qualificada

no processo efetivo de produc5o traz consigo uma desqualficacao crescente do tra―

balho manual,de modo que a tendOncia que tem o trabalho intelectual assalariadode se integrar ao proletariado paradoxalrnente se defronta com a barreira de umantagOnismo cada vez maloF entre o trabalho intelectual e o trabalho manual?Emuito difrcil responder empiricamente a essa pergunta, poFque VariOs processoscontradit6rios trabalhaFn ladO a lado dentro da cconomia capitalista, de宙 do ao de―

senvolvimento desigual de seus diferentes ramos, c a cstatistica ocupacional s6 for―

44 No cap衡 囃o inal desセ Lvro dscutFemOS Outo aspecto de“ a contradl゛ o:a Saber,o conlito entre a tendencla ine_

rente tanto a autom■ O quantO ao trabalho intelectualmente quahicado,no sentdo do aumento da responsabihdadein出udual no processo de trabalho,c a pres壺 o inerente ao capltalismo tardlo para a suborana゛ 。 ainda maor do tra_

製 躍 避「

寵 翼 晃 測 瀞 k陽 琴籠 税 北 艦 激 Rdctturls Ⅵenへ 19“

Page 189: Capitalismo Tardio - MANDEL

A ACELERAcAo DA INOVAcAO TECNOL6GiCA 189

necc a soma desses processos divergentes.Urna andlse dos resultadOs g10bais mos―

龍 思 l晶職 ,端 乱 糊 乱 ∬ 雅 c胤 電器 警l∬:柵 u馨ご路 :a mecanizacao e a sernl_automatizacao crescentes aumentam o nimero de traba―lhadOres semiqualiicadOs em detrimento dos trabalhadores qualificadOs e naO qua―

lificados,46 enquanto a automacao plena reduz o numero de trabalhadores serniqua―

lificados e da origem a uma fotta nova c altamente qualificada de trabalhO poliva―

lente 47 Em particular,os ramos de prOducao mais afetados pelo progressO da auto‐

macaO, tais como a indistria qurrnica,16 manifestam, na forca de trabalhO tOtal,

um aumento no numerO de trabalhadOres especializados, cm oposicaO a tendehciamOdia. A distincao entre trabalhadOres c empregados de escnt6rio perde em bOamedida o scu significado nas fabricas plenamente autornatizadas, c chega a cOrres―ponder rnais as condicoes forFnaiS de contratos e status do quc as pOs195eS Opera‐

cionais efetivas no processo de produc5o.48

Atё agora, a mais sCna praecao a 10ngO prazo nesse campO foi reahzada porBright, quc estudou dezessete estag10s sucessivos de mecanizac5o e no estag10 fi_nal(autOmacao plena, cxercendo os assalariados apenas funcocs de controle)de―parou― se com uma tendencia a dirninu195o do conhecirnento e da responsabilda―de,embOra esses elementos perinanecessem num n,vel rnais alto do que na indus_tria seml― automati2ada ou n50 automalizada.49 Essa andlise, baseada exclusivamen―te cm dados emprricOs,cOnfirrna o pressuposto te6nco de quc a automa95o no ca―pitalsmo tardio, p五 sioneira da valorizacao do capital, gera a longo prazo uma des―qualificacao relativa do trabalho, e n5o uma desqualificagao absoluta Em Outraspalavras, as qualificac6es requcridas pela industria tchderao cada vez mais a se si―

tuar abaixo do quc c tccnica e cientificamente possrυ cl, ainda quc ern mOdia per―manecam acima dos nfveis antenores exigdos pelo capitahsmo.E necessario salien―tar, de qualqucr rnodo, quc a transforinacao radical do trabalho e dO processo deprodu9ao implrcita na terceira revolucaO tecno16gica, com a aceleracao da sernl― au―

tomacao e da autOmac5o, irnplica naO apenas uma mudanca na maquinana utihza_da pelo capitalismo, rnas tambOm uma alterac5o nas hablidades e nas aptid5es dotrabalho vivo――ambas relaclonadas as modificacOes nO equipamento e as dificul―

dades crescentes na valorizacao do capital Pelo menos nas fdb五 cas plenamente au‐tOmatizadas,o declfnlo das hablidades tradiclonais ё acompanhadO pela ma10r rno―bilidadc e plasticidade da fOrca de trabalho dentro das instalacoes de producao.Em principio, isso torna possfvel uma percepcao c um cOntrole inteligentes do pro―

cesso global de producaO pOr parte dos produtores, quc haviam desaparecidO emlarga medida nas fabricas bascadas na linha de montagern e no trabalho fragmenta―

do No entanto, sob o capitalismo, o nfvel rnOdio ampliado dc hablitacaO dO “tra_balhador cOletivo'' assumo a forrna dc urn icve acrOscirno na hablitacaO mё dia decada trabalhador, combinado com um aumento substancial na habilitac5o de uma

46H`grande quantdade de evidencia cmpmca para em tendencia No coniuntO da ind6stna da Alemanha Ocidental,

a percentagem de trabalhadores semiqualificados aumentOu de 28 em 1951 para 36,4 em 1960 e para 37 em 1969,enquanto o percentual de trabalhadores qualiflcados caFa de 47,6 em 1951 para 40,6 em 1960 e para 42,8 em 19690 percentual de trabalhadOrc n5o qualillcados caiu de 24,4 em 1951 para 23 em 1960 e para 20,2 em 1969 (VerHUND,Wur Celstlge Arber und G“ ●llacharror7n。

On Frankfun,1973 p 103)Siebrecht regstra um aumentono percentual de trabalhadores semiqualincados no periodo 1951/57 de 29 para 32,4,um decliniO para Os tlabalhado―

res qualiicados de 47,6 para 44,8 e de 24,4 para 22,8 para os nao qualillcados A●`omatiο

nnsIたo und ChOnca v I,p 38347 NAVILLE,Pierre in:NAVILLE― FRIEDMANN Op cit,p381 οtseq48 1sso leva,entre outras coisas, as c対 gencias crescentes dos operanos para obter status de ``empregado"__incluslve

a宙so pた vlo de um mos e pagamento mensal dOs sal`薔 os――e ao宙 to●oso encaminhamentO dessa rei宙ndica95o pelaatuac5o sindlcal49 BRIGHT,」 ames R “Lohnindung an modomen Arbeitsplatzen in den U S A"In:AurOrnα :i。

"und technたcher Fο tts

ch"ttin Deuお chlond und den υ S A Frankfurt,1963 p 159‐ 168

Page 190: Capitalismo Tardio - MANDEL

190 A ACELERへ cAo DA INOVAcAo TECNOLOGICA

pequena rninona de prOdutores altamente qualificados(trabalhadores encarrega―

dos de consertos e tOcnicos pohvalentes)

A andlse conceitual da producaO e reprodu95o da forca de trabalho qualifica―

da C um dos pontos lnais difFceis e controversos da teona marxista.50 Podemos par―1lhar a opiniao de Roth e Kanzouノ , que Consideram os cuslos cm educacaO cOmodedu9oes da renda social e n5o como dispendio do capital socia151 Enquanto a ren―

da despendida em educa95o indubitavelmente ampha a capacidade social de traba―lho,e na verdade forrna certas condic6es necessarias de trabalho,52 em terrnos ime―

diatos ela nao cria va10r Assirn, nao O surpreendente quc o capital s6 seia inVesti―

do na educa95o cm setores selecionados c em carater excepcional No entanto,nらO ha lei te6rica nesse casol Marx acentuou cxpressamente que O possfvel que ocapital saa investido nessas “condicOes SOCiais gerais de prOducao''53 Ao cOntra―

no,a afirrnauva de quc os custos da educacao nao entram “diretamente'' na deter―

nlinacao do va10r da mercadOna ``fOrca de trabalho qualificada" encontra―se cmcontradicaO cOmpleta com as idOias dc Marx quanto ao assunto A crfica de Altva―ter a essa tese O correta quanto a csse ponto, cmbora, por sua vez, cle nao facaadequadamente a disincao entre O valor da mercadona “fOrca de trabalho qualifi―

cada'' c o “aumento dos custos de producao dessa qualiicacaO'' o temor deRoth de cair na contradi95o de Adarn Smith(deterrninacao do va10r da rnercadonapelos salanOs e dOs sala五 〇s pelo valor da mercadona)tOrna_se infundado se naolerrnos na forrnulacao de Marx― ―

(`em Culos custos de produ95o e reprodu95o en―

tram esses seA/icos'' 一一 maiS do que nela esta efetivamente escnt0 54 E cvidentequc Marx nao diz que o valor da mercadona ``fOr9a de trabalho quahficada'' o sirn―

plesmente deterrninado pelos custos de sua qualiicac5o Seu valor O deterrninadopelos custos de sua reprodu95o como urn todo, os quais incluem elementos fisio16-

gicos c hist6nco rnorais, assirn como os custos de reproduc5o dc sua qualifica―

95。 5Precisamente pelo fato de serem Os custos educacionais atendidos pelo Esta―

do ―― mediante redist五buic5o de renda por ele regulada ―― e porque o sistemaeducacional nao cOnstitui para o capital um campo de investimento produtor demais― valia, manifesta― se uma contrad19ao entre a demanda obleiVa de um aumen―to quanitativo nesse setor, decorrente da necessidade de inovacaO tecn016gica acc―

lerada,c a relutancia dos``rnuitos capitais''cm arcar corn os custos necess6五 os des―

50 ROSDOLSKY、 Roman Op c″ v Ⅱ,p 597614,apresenta um sumano das dlscussOes antenores sobre a relacaoentre o trabalho qualiicado e o nao quallicado, e sobre o modo pelo qual o phrneiro pode ser redu21dO aO segundoVer tambё m ROヽVTHORN,Robe■ .`Komphaene Arbe■

in MaⅨschen System¨ Ini NUTZINGER H e VノULSTET―TER,E (Eds)Dic Maっoche Theο

"a und ihre K"tiた

Frankfurt 1974 p 129 οtsaqs51ROTH eKANZOW Op c″ ,p717652 cf MARX Grundnsse p 533: `Todas as condi95es geraお , comuns de producao saO,assim,pagas por uma parte da renda do pars__a parhr dos cofres do 9overno――e os oper`● os nさ o aparecem como trabalhadores produtlvos,

鶴塩 隈 Hi席 ど 彙 ]fr守猟:i」l選哩 :hvdume減。d。 ∞Ⅲd C aingdo quando¨ condc6“ gαas do,0cesso de produc5o social nao saO pagas a parbr das deducδ

“da rendo social, dos impostos do Estado mas a partlr

do cap″αl enquα ntO copFο「 Ver tambOm Theο"“

or Surplus Vα ′υe v I,p410411,onde Marx cOnidera os prOfessores de escolas partculares conlo trabalhadores produtlvos, na medida em que eles eniquecem os capitalistas quepossuem essas escolas Mas no mesmo volume、 nas p6gnas 167 168.pode se ler..Quantoら compra de se“ 190s dOgOnero daqueles que lreinam,consen′ am ou modificam a forca de lrabalho,em uma palavra,dao lhe uma fonna cspe―cialセada ou mesmo se timitam a conse~ 61a――assim.por exemplo,o se~ lco do mestre escola,na medida em que se‐ja `industhalmente' `il ou necessdno estes sao se~ lcos que fornecem em retorno uma

`rnercadorla rentaver. a sa_

ber, a pr6pna forca de tabalho em cu,os cuStoS de producao Ou reproducao entram esses se"icos O trabalho d。mOdico ou do mestre― escola naO crla diretamente as reseぃ ′as a pattr das quais eles sao pagOs, embora o trabalho de―les paicipe dos custos de prOducao dO fundo que gera todas as espCcies de valor― ―istoを os custos de producao daforca de trabalho・

・勢ALTVATER e HUISKEN Op clt,p256● ,saq.294-29535 ROSDOLSKY Op cた .p 612-614 VertambOm MARX Capitο′ v l、 p 519:い Al●m disso.exlstem dois Outos fato―

F:■:電譜1:ntぶ警:喘ば:∫翼」∫譜ξ器」le虜盟littr::翼rlξ

∫∫Υ曽』絶羅l詣:T羊:蹟どη盤:

lho de homens e mulheres,chancas e adultos``

Page 191: Capitalismo Tardio - MANDEL

A ACELE鳥へcAo DAINOVAcAO TECNOLOGICA 191

sa expansao, mediante o aumento da parte nao acumulada de mais― valia(oS irn_postos). Desse modo, a sOё ializacao dos custOs em educacaO representa a tentativado capital para repassar tanto quanto possrvel essas despesas para os assalanadOs,

financiando― as por rnelo de dedu9oes fiscais da renda dos trabalhadores c empre―gados Essa contradic5o O reproduzida no ambitO da classe capitalista, ondc os sc_

tores da burguesia,baseadOs na cxplora95o da forca de trabalho barata(oficinas ar―

tesanais e pequenas empresas, ramos atrasados da industha), naturalrnente resis―

tern aos grandes acrOscirnos nos gastos em educacao, enquanto as grandes empre―sas c indistnas avancadas estら o preparadas para cob五 r uma parte dos custos edu―cacionais por rneio do chamado treinamento em servico dentro da empresa 56

A conclusao a quc chega o marxista hingaro」 anossy, de quc O desenvOlvi―mento inadequado da forca de trabalhO altamente quahficada pelo capitalismoconstitui a longo prazo um freio decisivo para as taxas de crescimento econOmicoacirna da mё dia, revela― se, assirn, duplamente errOnea 57 Em primeiro lugar n5oexiste mouvO pe10 qual o inegdυ cl atraso do capitalismo tardio em adaptar a cstru―

tura ocupacional as necessidades tecno16gicas de sua cconOrnia impliquc a impOssi

bilidade de tal adaptacao No final as exigOncias da valo五 2acaO do capital rnOnopo―lista tambom prevalecerao no sistema educacional; a inica forca capaz de impediressa supremacia a longo prazo C a classc operdna,e nao as camadas lnOdias ou ossetores capitalistas mais dё beis 58 Em segundo lugar o que precisamente no capita―lismO tardio as tendOncias a longo prazo da taxa de lucros dependem cada vez me―

nos das necessidades especricas de disthbuicaO Ocupacional e da quahfica95o dOtrabalho dOs “rnuitos capitais'', c cada vez mais da rela95o geral dc Oferta c procu―ra da mercadoria for9a de trabalho em scu conlunto― ―em outras palavras, da ta―

xa mι dia social dc mais― υalia,5'c。 _determinada parcialrnente pelas nutuacoCS no

exOrcito industnal de reserva A reproducao dO exorcito industnal de reserva C muito mais importante do quc a reproduc5o de forrnas especiais de quahficacao paraas tendOncias de crescimento a longo prazo do capitalismo tardio Na verdadc, sc=na possrvel atё mesmo dizer quc a grande empresa trpica dO capitalismo tardio semostra cada vez mais indrerente as fOrmas espec′ cas de qualincacoes do trabalho, pois, com a inovacaO tecno16gica acelerada cssas forrnas terao inevitavelrnen―

te de mudar por varias vezes, durante o perfodo dc aividade de unl trabalhadori aempresa esta fundamentalrnente interessada numa escolaridade abrangente, qucdesenvolva a adaptabilidade c o ``talento'' politOcnico A cxpenencia das escOlasalemas de engenhana e da educa95o teCno16gica superior no」 apao mOstram queo capitalismo tardio O perfeitamente capaz dc atender a suas necessidades de forca

56 Para a atltude da industla capitalista para com os cursos ttcnicos de nivel secund6rlo e O sistema de aprendizes,ver.

entre outros,ALIVATER e HUISKEN Op cr,p 162-165,173● I se957」 ANOSSY,Fran2 DaS Ende der Wiぉ chaFsttunder Frankfu■ ,1969p234-235,250,252-254 etc

“Aた ndanciO p″ nclpα′durante a ``onda longa com tonalidade expansionista'' no periodo 1945/65 era de que os au―

mentos salanais em deteHninados ramos da economia onde ocoma uma escassez de mao― de_。bra se estendessem aoConiuntO da fOrca de trabalho em condicOes de um exё rcito industha:de resen′ a decrescente59 NaO podemos desenvolver aqui uma critlca do tao valiOso e esimulante livro de」 anossy Limitar― nos― emos a obser―var que nas paglnas 246-247-― assim como em toda a conclusao de seu livTo― ―ele confunde calculos de valor e c61

culos de precOs, e, assim, cai em contradicoes inexticaveis se O nimero de tabalhadores empregados num ramo deindistta A decair de 8 ml para 1 000, perlnanecendo constante o tempo de trabalho、 。valor recё m― chado(mais‐ va‐

lia mais capital varlavel)cair6 para 12.5%de seu n"el anterlor Ao contrano,se nO ramO B de uma empresa O nime―ro de trabalhadores aumentar de 2 mil para 9 mll, lstoこ , em 450%, a massa de valor recCm― chado tambを m aumenta―rd em 450% Nesse exemplo, entretanto, a massa toto′ de valor novo {renda)perrnanecera cOnstante, a saber, de 10ml x em ambos os casos(sendo x=ntimero de hOmem― horas por trabalhador)、 uma ve2 que a produtl宙 dade ampha―da do trabalho se expresm por uma queda no valor das mercadonas As lutuac5es de mercadO podem redlst"buir es―sa massa de valor, mas naO podem ampli6‐ la Esse aspecto ё dissirnulado pelo calculQ inlacion6rio de precOs de」 a―

nossy, que em `llma andlise resulta num aumento de doze vezes na ``renda nacional'' Os precos das mercadonasnesse caso parecem ser detenninados pelos sa16● os e nao pe10s va10res, enquanto os salanOs em um ramo dobramunicamente com base no mercado_em Outras palavras,hbertam‐ se completamente do valor da mercadOrla forca detrabalho

Page 192: Capitalismo Tardio - MANDEL

192 A ACELERAcAO DA INOVAcAo TECNOLOGICA

de trabalho intelectualrnente qualiicada, num espa9o de tempo bastante reduzidoAs contradi96es mais notaveis dO capitalismo tardlo nao se prendem ao subdesen―voivirnento estrutural de scu sistema educaclonal.rnas a crise renovada de va10riza―

950 c a revOlta crescente dos assalariados contra as relac6es capitalistas de produ―

95o, uma revolta quc tambOm pode se cstender a um nimero cada vez maior deprodutores intelectuais, naO pOr causa do subdesenvolvirnentO da educacaO, mas

devido a sua subordinac5o as necessidades do capital, num embate crescente cfrontal com as necessidades da ati宙 dade de livre criacao.

Page 193: Capitalismo Tardio - MANDEL

9

A Economiα Arrnα rnenrista Pcrmancnte c o Capitalismo Tardio

A prOducaO de amamentos representa, desdc o final da dOcada de 30, umpapel importante na cconomia imperialista,a qualia cOnta corn rnais de,trOs dOca―

das de arinamentismo ininterrupto, e n5o ha nenhum indiclo de quc essa tendOn―cia venha a dirninuir nurn futurO previsivel Estarnos, portanto, tratando de umadas caracterFsucas dO capitahsmo tardio, que deve ser exphcada pelo desenvol、Л―

mento social e econOmico desse modo de prOducao. Devemos invettigar particular―mente em quc medida certos tracos econOrnicos especfficos do capitalismo tardio,quc o distinguem das fases anteriores da sociedade burguesa, estao ligadOs aO fe―

nOmeno das despesas perrnanentes com armas e sc esses tra9os tambOrn continua―raO a cOndiclonar todo o perfodo hist6rico do capitalismo tardio, caso persista esse

fen6meno.E evidente que nao ha nada de peculiarrnente novo na producao de arma―

mentos e nas despesas rnllitares enquanto fenOmenos econOrnicos da hist6ria domodo de prOducao capitalista A producao de arinas para as guerras dinasticas,dosCculo XV ao sOculo XVHl,fol uma das principais fontes da acumulacao prirnitiva cuma das rnais importantes parteiras do capitalismo.l Enquanto estimulo para acele―

rar a industrializac5o ou para ampliar o mercado capitalista,as despesas cOm arma―

mentos e guerras tiveram uma importancia cOnsideravel durante toda a hist6na mo―

derna(ver,por excmplo,a ascensao da industria inglesa depois de 1793;a prOdu―

caO de guerra na Franca durante as conquistas napolcOnicas; a guerra da CrimOia,cntre Gra― Bretanha, Franca c Rissia; os armamentos como p● ncipal alavanca da

industrializacaO durante o perlodo MeJl, nO」 apaO etc.).2 Depois do infclo da era

irnpenalista prOpriamente dita, as despesas militares tambOm contriburram substan_

cialrnente para acelerar a expansaO da producaO nOs 20 anos que precederam aPrimeira Guerra Mundial.3 Entretanto, cm nenhuma dessas fases iniciais do modode producao capitallsta, a producaO dc allHamentos aprescntou uma tao pr010nga―da c ininterrupta tendencia a subir ou a absorver uma parcela tao significativa doproduto anual total(comO fracao da renda nacional ou do produtO nacional bruto

l Ver,por exemplo,MARX Cap“ α′v l,p751:KULISCHER,」 osef Allgemeine Wlお chartSgeschichte v 2,p361:

Hlstoire Ecο nο m19ue et Sο ciale da la France v 2,p 269-276,310-3212 HALLGARTEN,George W F frnpa"alsmus υοr」 914 p 53,NIARX,K,ENGELS,F Werke XIV、 p 3751 SMITH,

Thomas C Poli,cal Change pnd lndust"α l Deυ eloprnentin」apan p 4 erse9siLOCKWOOD Op cit,p18‐ 193 KAEMMEL、 Emst Finα nzg‐ chichた Berlim,1966 p 330-331,335

193

Page 194: Capitalismo Tardio - MANDEL

194 A ECONOMIA ARNIAMENTISTA PERNIANENTE E O CAPInへ LISMO TARDIO

ou,cm outras palavras,do novo valor anualrnente criado ou do valor anual da prO―

ducaO de mercadorias). Segundo os calcu10s de vlmar,a despesa mundial cOrn ar―marnentOs por ano, cxpressa cm bilh6es de d61ares―ouro, passou de 4 bilhoes noperlodo 1901/14 para 13 blhOes nO perfodo 1945/55.4 PortantO, ha boas razoespara falar de uma transforrnacao de quantidade cm qualidade; o malor volumedas despesas com arrnamentos cnou, sem divida alguma, uma nova qualdadecrn terrnos econOnlicos. Para demonstra la s6 precisarnos mencionar uma cifra:em 1961, a prOducaO de arrnamentos correspondia a aproxirnadamente metadedos invesimentos brutos crn todo o mundO(fOrrnacao de capital bruto ou investi―mentos llquidos rnais amortizacao progressiva do capital fixo)5

A proporcao de prOducao de arrnamento c gastos militares sobre O produtonacional bruto dos Estados Unidos da AmOrica passou pelo seguinte desenvolvimento(considerando apenas os gastos rnilitares diretos,c nao os indiretos):6

1939194θ

19411942194319441945194619ク194θ

1949

1,5%2.7%11,1%31,5%42,8%42,5%36,6%11,4%6,2%4,3%5,0%

195θ

1951195219531954195519561957195∂

1959196θ

5,7%13,4%13,5%13、6%11,5%9,9%9,8%10,2%10,4%97%91%

1961196219631964196519661967196θ

1969197θ

1971

9,3%9,4%8.8%8,1%7,6%7、9%9,1%9,7%9,0%8,3%7,5%

Os ga,tos rnilitares dc outros Estados imperialistas no perlodo posterior a Sc―gunda Guerra Mundial podem ser estimados da seguinte forrna:

Gastos Aruaお cOm a Dりesa cm%dO ProduFo rnFemo Bruro α Pttgos Correntω l

195θ 1955 196θ 1965 197θ

Relno UnldoFrancaAlemanha Ocidentalitalia

6,3%5,8%4,5%3,2%2

7,7%4、9%3,3%2,8%

6,3%5.4%3.2%25%

5,9%4,0%3,9%25%

4,9%3,3%3,2%36%

1 0ECD Natonal Accounts,calculados a partr

menお αnd DisOrrlnantentt SIPRI Yeorbοοk,197221951

de dados nacionais do PIB e dos gastOs com a defesai И/Orld A//nα―

Tabelas 4 4 e 4 9

Gastos Militaた saPに ,os Constantes 1 95θ /7θ.Mudanca pcrccntual mOdia ranuα 〃

Estados Unidos da Amを nca l +6、 2%」apa。 | +3,9%1Reino Unido l +1.3%Franca l +4,2%Alemanha Ocidental l +5,8%Itaha l +4、 1%1

11951/70

4 vILNIAR,Fint2 RaStung und Abttstung i722 Spo`kapralぉ mus p 285 NacOes Unidas The Ecο non2,c and Social Cο nsecuenc● げDisarrllo771ent Nova York,1962p36 0s gastos mllitares diretos excluem as"nsOes dos veteranos,assim como as despesas da NASA As cifras correspon―

dentes aos anos 1952/65 foram tlradas de Tlle Nα`′

ono′ Income and Produclsげ`力

οじSA 1929-1965, publicado pe10US Department of Commerce As cifras correspOndentes aos anos postehores a 1965 foram tradas dO anuanO Statis_,cο :Abstracts。 /the usA As cifras correspondentes aos anos antellores a 1952 foram uradas de vANCE,T N ThePemonent War Ecο 71ο

"y p S As sCies de Vance naO saO exatamente iguais as esumaivas oficiais e a pattr de 1941

Page 195: Capitalismo Tardio - MANDEL

A ECONOMIA ARMAMENTISTA PERNIANENTE E O CAPITALISMO TARDI0 195

Precisamos invesigar agora os efeitos desses enorrnes gastos rnilitares sobrc o

desenvolvirnento da econornia capitalista tardia como urn todo Talvez o mOtodomais seguro seia analisar a dinanlica das mais importantes contradicOes internas,

ou dificuldades de desenvolvirnento do modo de producao capitalista,a luz de umorcamento rnilitar permanente e vultoso Para isso C necessario transforrnar o es―quema de reproducao dc Marx, quc opera com dois sctores一 ― Departamento l:

meios de producao; Departamento II:bens de consumo― 一nurn esqucma com trOs

setores, acrescentando a esses dois Departamentos urn terceiro, que produz osmeios de destru195o 7 Fazemos essa distin95o pOrquc o Departamento IH, ao con―tranO dOs Departamentos l c II, produz mercadonas que n50 entram no processodё reprOducao dos elementos matenais da producao(subsutuindO c ampliando osmeios de producao c a f6rca de trabalho consurnidos)e tambOm porque naO saOintercambiaveis cOm esses elementos, comO aCOntece, por exemplo, com as merca―dOnas de cOnsumo absorvidas improduivamente pela classe capltalista e por aquc―les quc a servem

Io A producao de armamentos c as dψ Culdades de realizacaο

A crescente composicao organica dO capital nos Departamentos l c IIleva a di―

ficuldades de realizac5o, pois com o progresso tOcnico, o poder de compra(a sO―ma dos salariOs)de bens de consumo, cnado pela produc5o dos rneios de produ―

950, eleva― se com uma velocidade menor quc a demanda pelos meios de produ―

9aO gerada pela produgaO de bens de consumo O poder de compra de bens deconsumo criado pelo Departamento l nao o suficiente para realizar o valor total emmercadorias das mercadonas prOduzidas pelo Departamento ll e que circularn foradele A menos quc esses bens de consumo saam vendidos pelo scu valor__em

躍 翠 懲

S」Stta隠 ∬ Tl驀

iボ1部

lI静 麒_de consumo, como mostram os cc

novsky c(Dtto Bauer:

``Urn dos coro16● os de uma composicδ O Organica crescente do capital ё que se con―trata menos trabalhadores e por isso o consumo social nao pode se ampliar a pontode absorver toda a producao mercantll do Departamento II Desequllb● os semelhan―

tes ocorrer5o necessahamente se houver um crescirnento da taxa de mais― valia Ou se

a parcela acumulada da mais― valia reclm― cnada fOr malor que nos perfodos anteilores

de producao Tambё m nesses casos o progresso regular da reprodu9δ o ampliad.: pre―

vlsta pelos esquemas torna― se imposs'vel, pois as desproporc6es nas relacδ c, le troca

entre os dois Departamentos, geradas pelo progresso tlcnico、 destroem sua proporcio―

naldade antenor''9

situam‐ se cerca de l,5%ao ano acima daquelas postellormente registradas pelo DepanamentO de ComOrcio dos Esta―dos Unidos Devenam ser incluidos depois de 1960 os gastos da NASA quc. de 1963 err diante aご rescentam umapercentuagem anual de O,5aO,7 ao PNB das cifras mencionadas7 Michael Tugan―Baranovsky foi o pnmeiro a usar o Departamento IⅡ em seu livro Studien zur Theolle und G(scllichte

der Hondelsk"sen in En_9′ and,publicado em 1901 PorOm、 restlangu sua aplicacao a prOdu9aO de bens de luxo(o con―

sumo improduivo dos capitalistas)e aO caso da reproducao sirnples Em nosso livro Mordst Econο ″,c Theο ,ν usa―

mos o Departamento III como setor de armamentos para mostrar a possibHidade da reproducaO regessiva Ern nomeda clareza conceitual、 devemos enfatzar quc esse terce■ o Deparlamento hmita se esmtamente aOs armamentos(ar

m:棚 鶴 盤 桃 ぽ悦 』熙 蔦 誌 rr轟富 t轟 聯 ぷ 鷲 朧 葬 翼 慰 電Deparlamento llI Se, ao contranO, cOmpra m6quinas para

indisma de arFnamentos compram bens de consumo com seus salar10s、 nesse caso o capital constante e o capital va―

●6vel do Departamento IIl estao sendO tocados por mercadonas dOs Depaltamentos l e lI Nossa an61ise ocupa― se

dos efeitos dessa troca sobre a circulacaO sOcial global,e nao dos efeitos do orcamento militar em si e por si rlesmosS Marx excluiu expllcitamente essas hip6teses quando tratou da reproducao Ver cο pital.o 2、 p 368つROSDOLSで /Zur Enお ιθhungsgochich`e p 358

Page 196: Capitalismo Tardio - MANDEL

196 A ECONOMIA ARMAMENTISTA PERMANENTE E O CAPITALISMO TARD10

sera quc a cmergencia dO Departamento IH pode,neSSe caso,superar essasdificuldades de realizacao ou restabelecer a proporclonahdade entre os Departa‐mentos l c II,a despeito da compos19ao organica crescente do capital?

O Departamento IH s6 podcna conseguirisso se

llc+Hsβ +HIC+HISβ =Iυ +ISα +lsγ +HIυ +HIsα tt HIsγ,

(onde a mais― valia se distribui numa parcela α quc O consumida improduivamente,numa parcela β quc C acumulada ern capital constante e numa parcela γ que ё acu―mulada ern capital vanavel).No entanto,sabemos que corn uma composica0 0rga_nica crescente de capital,Hc+ Hsβ sera rna10r quc lυ + Isα + lsγ (esSa c a raz5omesma da existOncia dc um resrduO invendavel de quaisquer bens de consumo).Para que se dO a equalizacao IHυ + Hlsβ + HIsγ ,teria de ser rnalor do quc IHc+IHsα ;em outras palavras,o scttOr militar tetta dc sc caractettα ちa longo prazo,poruma composica~o organica decrescente do capital E 6bvio quc isso C normalrnenteirnpossivel(com eXCecao,talve2,da fase final de uma guerra destrutiva). Isso provaquc uma indistria de armamentos nao pOde solucionar as dificuldades de realiza―

caO geradas pelo crescirnento da composicao organica dO capital.Consideremos o exemplo numOHco dos esqucmas dc Bauer. Para o primeiro

ciclo de produc5o temos o seguinte valor ern mercadorias para os dois Departa―mentos:

Bauer supOe que 75% da mais― valia de cada um dos dois Departamentos(37 500 unidades de valor)O cOnsumida improdutivamente pelos capitalistas, quc10 000 unidades saO acumuladas ern capital constante adicional e 2 500 cm capital variavel adicional.10(D sistema esta cquilibrado, pois o Departamento II compra

80000c+ 10 000sβ =90 000 do Departamento l,ao qual sirnultancamente ven―de 50 000υ + 37 500sα + 2 500sγ =90000. Sc a taxa de mais― valia c O cOnsu―

mo irnprodutivo dos capitalistas permanecerem constantes, o valor em mercado―nas do segundo ciclo de producao terd entaO as seguintes proporcOes:

I: 120000c 十

H: 80000c +

1 130000c 十

H: 90000c +

50000υ +

50000υ +

52500υ +

52500υ +

50000s =

50000s =

52500s =

52500s =

220000 1

16000011

2350001

19500011

Portanto, o sistema agora perdeu o equlrbriO,pois embora o Departamento IItivesse de comprar 90 000c + mais que 12 000sβ (lSt0 0, mais dc 102 000 unida―des de va10r,ao todo)do Departamento l para assegurar um crescirnento posteriorna composic5o organica do capital,s6podena vender 52 000υ +37 500sα + me―nos que 3 000sγ,isto O,menos quc 93 000 unidades de valor,ao tOdO.Desse mo―do forrna― se urn resrduO invendavel de aproxirnadamente 10 000 unidades de va―lor em bens de consumo. Esse resfduo desaparece no esquema de Bauer porqueuma parte da mais― valia realizada no Departamento II no primeiro ciclo acumula―

se no Departamento l no segundo ciclo(em outras palavras,o valor em mercado―ria produzido no Departamento H s6 0 inteiramente realizado porque se mantOm

:O BAUER,Otto ``I】 e Akkumulaton des Kapitals'' In:Die Neu● Zeit 1913 v 31/1,p 836

Page 197: Capitalismo Tardio - MANDEL

A ECONOMIA ARMAMENTISTA PERMANENTE E O CAPITALISMO TARD10 197

consideravelrnente abaixo do nfvel em que deveria estar em caso de um processonol:1lal de acumulacao nesse Departamento).11

Se procurallilos uma S01ucao para as dificuldades de realizacao nO prOgresso

de urn Departamento IH (prOducao de me10s de destruicaO), aO invё s de procura―

la nos osquemas de Bauer, quc contradizem a 16gica dos esqucmas de reproducaodc Marx, s6 a encontraremos se o valor de producao dos tros Departamentos sedesenvolver aproxirnadamente da seguinte maneira, no segundo ciclo de prOdu―

9ao:

51500s = 2290001

51500s = 18900011

7000s = 120001H

Nessa hip6tese sao mantidOs os pressupostos dc uma taxa constante de mais―valia e de um consumo improdutivo constante por parte dos capitalistas para osDepartamentos l c II.(D Departamento II agora vende bens de consumo no valorde 51 000υ + 37 500sα + 4 000sγ ao Departamento l. Sirnultancamente vendebens de consumo no valor de 4 000υ +3 375sα + 125sγ ao Departamento HI.Ovalor total em mercadorias, realizado fora do Departamento H, atinge assirn100 500 unidades de valor. Dessas unidades de valor, o Departamento ll comprade volta as 86 000 unidades de valor que precisa para repor c, c as 10 000 queprecisa para acumular melos de producao adic10nais. 4 500 unidades da mais― valia

realizadas no Departamento II saO deduzidas pelo Estado sob a forma de impostose servem para comprar 4 500 unidades de meios de destuicao do DepartamentoIH.O Departamento l vendc 86 000+ 10 000 unidades de valor em melos de pro―ducaO aO Departamento II e 4 000 + 500 unidades de valor em melos de produ―

caO para O Departamento HI. Das 100 500 unidades de valor realizadas atravOsdessa venda, o Departamento l compra 51 000 em bens de consumO do Departa―mento II para reproduzir a forca de trabalho despendida na producao de melos deproducao,37 500 em bens de consumo para o consumo improdutivo dos capitalis‐

tas e 4 000 em bens de consumo para a acumulacao de capital variavel adiclonal.O Estado deduz 7 500 unidades de mais― valia realizadas no Departamento l comoirnpostos para comprar 7 500 melos de destru195o. O Valor total dos rnc10s de des―

tru19ao produzidos no Departamento H1 0 assim realizado por mc10 dessa dupladeducao de impOStos de 4 500+7500.

Essc exemplo numOnco revela quc o surgirnento de urn ``setor perrnanentede aェ 11lamento'' s6pode resolver o problema da realizacao do va10r das meFCadO―

naS(mais_valia)prOduzidas no Departamento ll se atender a mais um pに ―requisi―

to:dc quc o poder de compra toral ncccssdrio para c compra dc arrnas e de mc,osde desttticao sり o lradO da mais― υalia total,oo mesmο たmpο que dcixla intactosos sattriOs rcais da classc opeだ ガα

Nenhum desses dois prC― requisitos faz sentido do ponto de vista da 16gica do

modo de producao capitalista. Em circunsttncias nollllais C irnpensavel que umacompos195o Organica de capital rnenor do quc a dos Departamentos l c H possac対stir pellllanentemente no setor dc allllamentos(COmO c irnpensavet cOnfO111lC

ll “Essa hlpe‖『oia da producao dos meios de producao,sem um aumento correspondente do consumo sociaL C o re―

sultado inexoravel dO esquema de Bauer,mas com certeza nao o cOmpativel com o espinto da teona de Marx Marxainal enfanva que `a produ95o de capital cOnstante nunca se da por si mesma, mas apenas porquc ha necessidadede mais ca,tal COnstante nos setores da produ95o culos produtos entram no consumo indivldual∵ 'ROSDOLSKYZur En漁

"ehungsg“chichた p 592

1 126000c +

H: 86000c +

H1 4000c 十

51500υ +

51500υ +

1000υ 十

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198 A ECONOMIA ARMAMENTISTA PERMANENTE E O CAPITALISMO TARDiO

se pode ver na f6rmula algObrica acirna, uma composicao organica quc caia namesma propottao em quc aumenta a do Departamento H).Sena mais impensavelainda quc os capitalistas organizassem a producaO de armamentos com a finalida―

de de aumentar a soma social dos salaFiOS,ao invOs de tentar reduzi la.

Entretanto,essc aumento es6 1ogicamente implFcito na ldOia de uma``s01u―

caO" dO prOblema da realizacaO por meio da industria de a`:1lamentos. Pois sccomparall.os o segundo ciclo de producao sem O setor de alillamentos cOm omesmo ciclo de prOducao cOm aquele setor,verificaremos quc a soma total de sa16-

rios passou de 105 000 para 107 000, cmbora o valor dos prOdutos perinanecaconstante a 430 000 Para produzir o mesmo valor, os capitalistas pagararn sa16-rios rnalores,mesmo quc isso contraric toda a 16gica do modo de producao capita―

hsta, O que nao nos dcvena surprcender,pois,afinal, a dificuldade de realizacao s6pode ser realrnente resolvida por meio de um aumento da demanda mOnetaria―mente efetiva de bens de consumo.()fato de um desenvol宙rnentO desse lipo naocorresponder a realidadc hist6rica mais do quc correspondc a 16gica analitca naoprecisa ser demonstado aqui 」a mOstramos detalhadamente no caprtu10 5 que ofascismo, a cconomia de gucrra c a cconomia do p6s― guerra foram seguidos poruma grande reducaO na parcela do produtO nacional bruto destinada ao consumodos trabalhadores prOdutivos, isto O, pOr um aumento consideravel da taxa demais‐ valia.Ern decOrroncia disso,uma indist五 a pcllHanente de arrnamentos O inca―paz de sOluclonar o proolema de realizacaO inerentc ao modo de prOducaO capita―lista quando o prOgresso tOcnico estt aumentando Os repetidos debates para sa―ber se os gastos com armamentos correspondem a uma ``drenagem de salanos"ou a uma “drenagem da mais― valia" onginaram― se de uma maneira metodologica―mente incorreta de formular O pЮ blema:tentam compreender um mO宙 mento,uma mudanca,com categonas estaicas. Do ponto de vista formal,qualqucr``dedu―

caO'' duradoura dos salanos cOnsutui um aumento da mais― valia. Por isso, tanto as

deduc6es dos salariOs quanto a alienacao direta da mais― oalia para cobnr as despe―

sas com armamentos significam igualrnente que os armamentos s5o financiados pe―

la mais― valia.Por isso,tal formulacao naO nOs diz nada sobre a dinamica do proces―so,pois nos deixa sern saber sc os impostos que financiarn o orgamento rnilitar alte―

raram ou nao a relacao total entre a mais― valia e os salarios tOtais e, em caso afir―

mativo, cm que sentido A pergunta correta deve referir― se, portanto, a mudangana relaga~ο entre salanOs e mais― valia, em outras palavras, ao crescimento cfa raxade mais―υalia que decorre dos gastos rnlitares Se essas despesas levam a uma quc―da da parcela destinada aos salarios ifquidos(O COnsumo dos trabalhadores)em re_

lacaO a renda naclonal, cntao Os gastos rnilitares saO, sem duvida alguma,financia―

dOs ``as expensas da classc Operaria", isto O, por uma baixa relativa dos salariOs.

Sc os lnalores impostos mlitares sobre os salariOs levam a uma reducao duradOuradOs salariOs lrquidos enquanto proporcaO dOs salariOs brutos,podemos atё mesmofalar de uma reducao no va10r da mercadona fOrca de trabalhO, uma vez quc essevalor O afinal representado apenas pelo pacote de mercadorias comprado pelos sa―

lariOs para a reproducaO da fOrca de trabalho, c n5o pela categoria dc ``salanOsbrutos'',quc O irrelevante para o consumo dos trabalhadores.

Nesse sentido Tsunl, Baran e Swcezy e Kidron estao errados aO considerar Osgastos rnilitares sirnplesmente como um ``irnposto sobre a mais― vaha" ou como“despesa do sobreproduto social''.12 Rosa Luxcmburg, ac conttario, cstava certacrn sua analise dOs gastos mllitares quando afirmou:

12 TsuRU,ShigetO Adonde υ●el copitalsmο ?Barce10na, 1967 p 31l BARAN,Paul A e SWEEZY,Paul M MOno‐p。しCapitar p 178 etso9si K:DRON,Mchael W“ たrn Capitalls/n since the Wα4 Londres,1968p39

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A ECONOMIA ARMAMENTISTA PERMANENTE E O CAPITALISMO TARDI0 199

“Parte do dinheiro que circula como capital variavel liberta― se desse ciclo e represen―

ta uma nova demanda nO tesouro do Estado Quanto aに cnica de恒 butacao,O clar。quc a ordem dos eventos C bem diferente,uma vez quc o volume dos impostos indire―

tos C efetivamente pagO ao Estado pelo capital e C sirnplesmente reemboisadO peloscapitalistas na venda de suas mercadorias, como parte de seu pre9o Mas ecOnomica―mente falando, isso nao faz nenhuma diferenca O ponto decisivo O que a quanidadede dinheirO com funcao de capital vanavel deve mediar,em phmeiro lugar,a trOca en―tre capital e forga de trabalho Depois, quando ha uma trOca entre trabalhadores e ca‐

pitalistas, enquanto compradores e vendedores de mercadonas, respectivamente, esse

dinheiro muda de m5os e passa para o Estado sob a forma de imposto. Esse dinheiro,CttO Capital foi posto em circulacaO,primeiro desempenha sua pincipal fun95o na tro―

ca com a foKa de trabalho, mas depois, pela mediacao do Estado, inicia uma carreirainteiramente nova Como um novo poder de compra,que naO pertence nem ao traba―lho nem ao capital, passa a se interessar por novos produtos, num setor especial daproducao que naO supre nem os capitalistas nem a classe operana, e dessa maneira

oferece ao capital novas opottnidades para criar e realレ ar mais―valia (⊇ uando antesconsideramos ponto pacFfico quc os impostos indiretos extorquidos dos trabalhadoressaO usadOs para pagar os funciondrios publlcOs e abastecer o Exlrcito,veriicamos quca ``poupanca'' no consumo da classe operana signilca que os trabalhadores, e nao oscapitalistas, ぬo obngados a pagar o consumo pessoal dos parasitas da classe capitalis―ta e os insttumentos de sua donlinac5o de classe Essa transferencia de mais‐ valia para

o capital van6vel e o volume correspondente de mais― valia tomaram― se disponfveis pa―

ra prop6sitos de capitalizac5o Vemos agora como os impOstos extorquidos dOs traba―lhadores propOrcionam ao capital uma nova oportunidade de acumulac5o quando saousados na fabicag5o de armamentos Com base na tlibutacao indireta,o mlitansmO,na pratica,atua de ambas as formas Ao baixar o padr5o de vida normal da classe ope―rana, assegura, ao mesrno tempo, quc o capital possa manter um exCrcito regular, 6r―gaO da dOminacao capitalista,e que possa obter um campo extraordinariO para acumu―

la95es posteriores"13

Se isso O verdade, e se aceitamos sirnultaneamente a concep95o de Ros―dolsky, baseada nos esquemas de Tugan― Baranovsky e Bauer(e na 16gica intemado modo de producaO capitalista), de quc O problema da realizacao sempre es饉

,

cm■ltima insttncia, na dificuldade de realizar a mais― valia congelada nas mercadO―

rias do Departamento II,en6o O claro quc uma indistria peilllanente de allHamen―

tOs naO pode soluclonar(Isa dificuldade

rr.A producao dc armas c a rendenciα αO decrinlo dα l`=xa dc rucros

A dllculdade de acumulacao inerente ao desenvolvimento do modo de prOdu―

950 Capitalista O, cm iltima instancia, a tendOncia ao declrniO da taxa mOdia de lu―cros devido ao crescirnento da composica0 0rganica do capital Sera quc a indus_tria pe=lllanente de arrnas pode solucionar essa dificuldade? Obviamente apenasse forem satisfeitas as duas condic6es que se seguem.

Em primeiro lugar, se o Departamento IH tiver uma composica0 0rganica de

13 LUXEMBURG,Rosa The Accurnulα

"ο

n or Capital p 463 464 A hiF6tese de quc a renda lscal do Estado provlmexcruslυamente de deduc6es sobre os sabios deve ser, na verdade,descartada como irrea1 0s impostos aingem tan‐to os salinos quanto a mais― vaha, e somente o modo concreto pelo qual dminuem essas rendas brutas__em outraspalavras,o modo pelo qual mtticam a relaφ o entre maζ ‐valia e s出nos――pode dlzernos sc os gastos com ama―mentos reduzlram ou nao os saldios relatlvos Marx alrrna expressamente quc as despesas estatais inancladas pelosimpostos壺 o sustentadas pela Юma de salanOs e mals‐ vaha(Cf The。

"o or Suplus v●′uc v l,p406:Capital v l,

p 756)Helninger comenta que“ o Estado aprop‖ ase de v`ias fontes deに nda(quals selam,lucros,sal`hOs e sobre‐produto dos produtores de mercadonas dmples)"e as usa“ para uma fOrrna especttca de consumo estatal parag“ ●。 no interesse de classe excluslvO da oLgarquia inanceira'' HEININGER,Horst Zur Theο

"e des staoおmοnopolお lls‐

chen Kapitallsmus p l19 e,seq

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200 A ECONOMIA ARNIAMENTISTA PERIIANEttE E OCAPITALISMOTARDIO

capital rnenOr quc os Departamentos l c II, c se por essa razao a indistria pelllla‐

nente de a111las reduzir a compos195o organica social rnё dia dO capital. Em cOndi‐

96es capitalistas nollHais, cssa hip6tese C totalrnente absurda;a cOmposicao organi_ca do capital no Departamento IH,ao contrano,ё nOrFnalrnente malor quc a rnodiasocial.E cquivalente a composicao dos setOres dc indistria pesada do Departamen―to l que funciOnam com as maquinas mais caras. TambOm nao se pode dizer queOs gastOs peェ :llanentes com amas reduziriam o pre9o do capital constante

A segunda condicao o se O surgirnentO do Departamento IH leva a um aumen‐to permanente na taxa dc mais― valia, comparativamente a seu nfvei nollHal antesdesse Departamento nascer.Aqui tambOnl precisamos distinguir dois casOs:

a)A taxa de mais― υalia do Departamento III cた υa―sc taο acima da mι dia so―

cial quc contribui para urn aumento dessa mι dia lsso aconteceria, por exemplo,se o segundo ciclo de producao dOs esquemas de valor usados acirna sc apresen―tasse da seguinte forrna:

1 126000c +

l1 86000c 十

111 4000c +

51500υ +

51500υ +

1000υ +

51500s = 2290001

51500s = 18900011

7000s = 120001H

Em outras palavras,se houvesse uma alteracao na fOrma Original do Departa―mento lH:4000c + 4000υ + 4000s= 12000. A taxa sociallde lucro teria cnぬ osubido de 33,3%para 34,498, isto o, a queda da taxa de lucros do primeiro parao scgundo cic10,sern a indttstria dc arlnamentos(de 33,3%para 32,3察 ;),teF― SC― ia

transforrnado numa alta da taxa de lucros gragas ao Departamento IH, de 33,3%para 34,4%. A dirnensao relativamente pequena desse aumentO deve― se unica―mente ao fato de que O setor de armamentos ainda representa apenas uma parcc―la ttuitO peqμ ena dO pЮduto social(menOs de 3%em nosso exemplo).Sc a mag―nitude dO ``Orcamento permanente para armamentos'' aumenta significativa―mente(digamos, 10%Ou 15%do prOduto nacional bruto),a alta da taxa de lucrosocial derivada do aumento na taxa de mais―valia do DepartamentO IH seria muitomais acentuada.

E6bvlo quc um aumento tao extraOrdinariO da taxa de mais― valia no Departa―mento IH nao pOderia ser o resultado de uma alta da mais― valia relativa.Essa 61timase origina de um aumento da produti宙dade do trabalho no Departamento II Ou,em outtas palavras,de uma reducaO nO υa10r da mercadona fo“a de ttabalhO(qucnaO deve ser confundidO cOm os salanOs reais), porque deterrninado pacote debens de consumo pode agora ser produzido corn uma fracao rnenOr dO dia de traba―lho,aumentando assirn a duracao dO sObrettabalho. Dessa maneira, um aumentoda mais― valla relativa nunca poderia seF um tra9o especffico dO Departamento IH,mas determinaria o valor da rnercadona forca de trabalhO em toda aindustria.

Em nosso excmplo numorico tratamos do aumento da taxa de mais― valia noDepartamento IH porquc a forca de trabalho empregada nessc Departamento temsido paga ou ``comprada" muito abatt de scu υα′ο∴ Repetimos quc sob condi―

96es capitalistas “nomais" uma discrepancia dessas O impossfvel. IssO s6 aconte―ce num caso excepclonal, qual seia, quando a producao dO Departamento H1 0executada na~O por trabalhadores “livres'', mas por trabalho escravo (pnsloneirosem geral),comO na fase inal da cconOmia de guerra dc Hiacr.A conseqtiOnciade “comprar'' forca de tabalhO muito abaixo de seu valor s6 pode ser uma quc‐

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A ECONOMIA ARIMAMENTISTA PERMANENTE E O CAPITALISMO TARD10 201

da rdpida na intensidade e na produti宙 dade do trabalho.14()rOSultado ё uma 16gi―ca completamente estranha a acumulacao nOrmal de capital e a ampllacaO da re_producao――uma 16gica de reproduca‐ o decttscen′ θ, onde a depredac5o da mer‐cadoria for∞ de trabalhO, c portanto a depredacao do capital fixo sOcial, devida auma hipertrofia do Departamento IH, leva a destnメ ica~O dOS Clementos materiais daampliacao da reproducaO.

b)O pbpriO surgirnento do Departamento lH ou da producao perrnanente deal:Has eleva a taxa mё dia social global da mais― valia(e por iSSo nao eleva a taxada mais―valia do Departamento ln em particular)Como O estabelecimento do De―partamento IH nao pOde por si rnesmo aumentar a producao da mais_valia relativa,

essa condicao s6 pode ser satisfeita sc a producao perlnanente de armas for finan―

ciada por uma reducao relativa do valor da mercadoria forca de trabalho (se, por_

tanto, os salarios reais c o conSumO fFsico dos trabalhadores fOrem menores doque seriarn sem os impostos pagos pelos trabalhadores para financiar a indistria

de armamentos).Essa ё a dtuacao normal dOs gastos capitalistas com armamen―tos, quando sao inanciados num grau consideravel pelos impostos sobre Os sa16-rios e pela t五 butacao indireta(um aumento no preco dos bens de cOnsumO)

Mas h6 uma ainladilha aqui A economia armamenista,como jd enfa● zamos,tern por natureza uma composicao organica de capital malor quc a mOdia socialnos Departamentos l e H Em consequencia disso, o 04amento permanente paraalHlamentos tem normalmente um ψ 汁o COntrad“6"o sobre a taxa sOcial mё dia

de lucros. Ao aumentar a compos19ao Organica modia do capital, accた 3ra a tendOn―

cia a queda por parte da taxa de lucros. Mas ao detellllinar um aumento na taxada mais― vala por intermOdlo de uma tributacao crescente sobre os salariOs e deum aumento dos precos dos bens de consumo,ele freia essa mesma tendOncia aqueda da taxa de lucrOs. Os dois efeitos podem neutralizar― se, de forma que no l―nal―― mais uma vez sob condic6es capitalistas ``norrnais" ―― o dcsenvolvirnentode uma industria permanente de armas tenderd a ter efeitos neutros sobre as lutua―

95es na taxa mOdia de lucrOs.Apenas sob as condicOes``anorrnais''de uma ecOno―rnia de guerra c/ou de um fascismo, ou de uma atomizacaO da classe operaria, 0desenvolvirnento do Departamento IH pode onginar uma alta tao prOnunciada nataxa de mais― vaha(prcssionados os sabrios para baixo de modo relativO ou absolu―to,a despeito do alto nfvel de empre9o)que COmpense o aumento da composic500rganica sOcial do capital que sua pr6pHa existencia criou 15

Se,ao invOs do segundo ciclo de prOducao:

1 130000c 十

H: 90000c +

supuserrnos o segundo ciclo de produc5o incluindo o Departamento lHi

52500υ +

52500υ +

50000υ

50000υ

2500υ

52500s =

52500s =

52000s =

52000s =

3500s =

2350001

19500011430000

I: 126000c

H: 84000c

HI: 10000c

0000侶

228 。。。

‐86 000

・6 000 ‐

[1部暫ぜ椰蠅熟貶 脇ゝ蹴7]籠協蹴 '£ 鰯舅釘∬帯絆観g鍔

許rd』¨l da produtlvidade do tlabalho no Depart

Page 202: Capitalismo Tardio - MANDEL

202 A ECONOMIA ARMAMENTISTA PERMANENTE E O CAPITALISMO TARD10

este sucedc o primeiro ciclo de producao cOm O scguinte valor dO prOdutO:

entaO, cmbOra a compos19ao organica social do capital tenha subido de 2 para2,14,a taxa rnOdia de lucrOs perrnaneceu sirnultaneamente constante a 33,3%.

100000s

I: 126000c +

H: 80000c +

200000c+100000υ

107500s

50000υ +

50000υ +

50000s =

50000s =

000004

0。0

 

000

220

 

・80

no primciro ciclo de producao.

no segundo.220000c+102500υ

Isso resulta do fato de que a taxa de mais― valia elevou― se de 10098 para10498,porquc os salariOs norninais sofreram uma redu95o equivalente a 5 000 uni―

dades de valor por causa da tributacao destinada a financiar a compra de arma―mentos pelo Estado,aO invOs de inanciar a compra de bens de cOnsumo pelos tra―balhadores Quanto ma10r o montante do Departamento IH e quanto mais rapidoo crescirnento da composicao Organica social mOdia do capital, tanto malor deveser esse aumento na taxa da mais―valia sem uma alta da mais― valia relativa, a fim

de conttabalancar a queda,de outro modo inevitavel,da taxa mOdia de lucrOs.Issolevaria muito rapidamentc a uma queda absoruta na soma dos salarios,que podeser considerada improvavel,se naO imposs"el,com um aumento de empregos sobcond196es ``norrnais''. Se todo o capital social constante aumentar, por exemplo,

de 1598,cntre o segundo e o terceiro ciclo de producaO,Ou de 22 000 unidades devalor para 253 000, enquanto o valor do prOduto social total aumenta cm 7,596,de 430 000 para 462 250, o capital variavel total terd de cair de 102 500 para93 755 sc a taxa mOdia de lucrOs se mantiver constante a 33,3%. O valor ern mer―

cadorias produzidO teria de se assemelhar de algum modo a seguinte f6rrnulal

I:138000c + 44387,5υ + 5473715s =

H: 90000c + 44387,5υ + 54737,5s =

HI: 25000c + 5000 υ + 6000s =

237125 1

189125 H

360001H

Aqui naO teria ocorrido uma reducao absOluta na soma total dos salariOs emterrnos de valor, mas a parcela dos salariOs nominais tirada dOs trabalhadOres por

mdo de mpodos e aumenbs de preco旨詭 ∫留 :l£1:1″1‖庶 !まふ :首」

°

とisto O,de apro対 madamente 20%da somi6b宙o que dificilmente se chega a uma situacao dessas,a nao ser cOm urn fascismo

dcclarado e uma atomizacao completa da classc operanaO quc, cntao, devemos fazer com a afirrnacao do ecOnOnllsta ing10s Kidron

de quc as despesas corn arrnamentos realrnente facilitam, a longo prazo, o proces―

so de acumulacao,aO dcter a tendOncia a queda da taxa mOdia de lucros?Eis o ar―gumento de Kidron:

``O modelo(de Marx)● um●Stema fechado,no qual tolo prOduto volta como insu―mo sob a foma de bens de invesumentO Ou bens― salariO Nao ha vazamentos Entre―tanto, um vazamento pOdeHa, em prlncFpio, isolar a compuls5o ao crescirnento de

Page 203: Capitalismo Tardio - MANDEL

A ECONOMIA ARMAMENTISTA PERMANENTE E O CAPITALISMO TARDI0 203

suas consequOncias mais importantes… Se os bens de `capital intensivO' fossem retira―dos, o crescirnento seria mais lento e― ―dependendo da magnitude e da composicδ odo vazamento――podena mesmO interromper ou inverter― se Nesse caso nら o havenareduc5o na taxa de lucros nenl moivos para csperar quedas cada vez mais graves etcNa pratica, O capitahsmo nunca tomou a forma de um sistema fechado As guerras eas quedas de pre90 destruFram enormes quantdades de produto As exportacδ es decapital desviaram e congelaram outras tantas quantdades durante longos per10dOsDesde a Sogunda Guerra Mundial, grande parte foi usada na produ9ao de armamen―tos Cada um desses vazamentos serviu para reduzir a velocidade do crescirnento dacomposicao Organica tOtal o da queda da taxa de lucros''16

A vaga categoria de ``vazamento" reine muitos fenOmenos diferentes As quc―das bruscas de preco destroem o capital por melo da desυ αlorizaca~o e um capital

desvalorizado ob、iamente irnplica (com uma taxa constante de mais― valia)taxas

de lucro malores Falando genericamentc, as guerras de modo algum desva10rizamo capital(a naO ser quando se perca a guerra, e mesmo asslm apenas ern conse―quencia dos efeitos da derrOta). As gucrras s6 podern ser consideradas ``vazamen―

los" que reduzem a tendencia da taxa de lucros a cair quandO destroem o capital

(iSt0 0,destroem― no risicamente).A cxportacao de capital s6 freia a queda da taxamOdia de lucros quando o capital ё investido em parses cOm uma composica0 0rga_nica mOdia de capital menor Em outras palavras, nao ha nenhurn “vazamento''misterioso em nenhum desses casos, mas apenas o classicO crescirnento da taxa delucros decorrente de uma redu9δ o da composicao Organica dO capital, incluindO adestruicaO de capital(a destruicaO dO valor,corn ou sem destruicao fFsica)

Quando Kidron aplica a nocao de ``vazamento" aos armamentos, csta eviden_temente confundindo o processo cfe produca~o (enquanto processo combinado detrabalhO e valo五 zacao)cOm O processo de reproduca~o(que na~o constitui uma unidade do prOcesso de realizacaO da mais― vaha,da acumulacao dO capital e do retOr_no de todas as mercadonas prOduzidas ao processo de produ950)Na medida emquc o capital investido nos v6nos sctores de producao o va10rizado e as mercado―

rias a sua dispos19ao saO vendidas por scu preco de producao, a mais― valia dessc

capita1 0 realizada, naO impO″ando se as rnercadorias vendidas entram ou nao nOprocesso de reproducao. Nesse caso, nao se trata de ``desvalorizac5o'' C)sobretra―

balho(a massa dc mais― valia)gerado pelo proletanadO na producaO de ``bens deluxo" ou arrnas entra na distnbuicaO da mais― valia social total exatamente na mes―

ma medida quc o sobretrabalho despendido na prOdugao dOs meiOs de prOducaoou dos bens de consumo para a reconstituicao da fOrca de trabalho

Para que a comparacao da prOduc5o de armamentos com crises ou guerras,ou com exportacao de capital para parses supercivilizados, ivessc alguma validade,

sena necessano prOvar quc essa producao representa um invesimento de capitalcom uma composicaO Organica menor quc a dos Departamentos l c II.17 E eviden―

16 KIDRON,Michael“ Maglnot Ma● ism"in:Intema"onαI SociaAsm n° 36,p3317 Esse seia o sentldo da observacao de KdrOn de que`ち medida quc o capital C trlbutadO para sustentar as despesascom armamentos, e pnvado de recursos que de Outro modo podenam dinり r_se a outtos investlrnentos Como umdos resultados 6bν ios dessas despesas ё o alto ni′ el de emprego e, como uma conseqtOncia dlreta disso, as taxas decrescimento sao cada vez malores, o efeito amortecedor(?)dessa trlbuta。 5o naoこ prOntamente vlslvel Mas nao est6ausente Se se perrnitlsse ao capital investr todo o lucro de que disp6e antes da tnbutacao, cOm O Estado cnando de―manda(?)como e quando fosse necess6● o, as taxas de crescirnento senam muitO maiores(!)''(p 39)PodemOs dei―xar a Kdron a descoberta realmente surpreendente de que a producao de arrnamentos ё um latOr que reduz a velocidade do crescimento do capitalismo tardio Nessa discussao geral, cle se esquece do elemento de re′ ocaο sOmentequando a taxa de lucros da indisma de arFnamentos O supenor a dOs Departamentos i c II ё quc a transferOncia de re―cursos econOmicos para o Departamento lⅡ pode frear a queda da taxa mOdia de lucros Somente se a acumulacaO decapital no Departamento IⅡ se da com 71rmo rnoisた ntο que a dos Departamentos l e llこ que essa transfettncia signin―

ca uma reducao de ve10cidade da taxa mё dla de acumulac5o ou crescimento A produc5。 de attgos militares O umaproducao capitalista de mercadoia rea12ada em funcら 。dO lucro e de lolna alguma um meio de destruic5。 de va10resou de capital

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204 A ECONOMIA ARMAMENTISTA PEMNENTE E O CAPITALISMO TARD10

te quc KidrOn nao pode prOvar essa propos195o Por isso,sua afi111lacao de quc aproducao pemanente de al11lamentos reduz o crescirnento da cOmpOs195o organi_

ca do capital,c assim a queda da taxa de lucros,n5o tern consistOncia.18 Ern seu li―

vro Wes,cm Capitalism Sincc the WOち Kidron recorre a fontes autorizadas a titulode prOva:Ladislaus von Bortkiewicz dcmonstrou quc a compOs1950 0rganica do ca‐pital no Departamento IH(“ bens de luxo",scgundo Von Bortkiewicz)nao inluen_cia a taxa mOdia de lucros.19 Von BOrtkicwicz realmente airma isso.20 MaS Sua afir―

macaO se baseia num erro de interpretacao da namreza dos pre9os de producao,que Von Bortkiewicz confunde com ``precos em ouro" Na realidade, Os pre9os deproducao para Marx nao saO de mOdO algum“ precos"no sentido cOmum da pala―Vra(eXpressOes do va10r das mercadorias em quanidades dc ouro, c lutuandO emtorno desse valor sob a inluOncia da lei da oferta e da procura, isto O, precos de

mercados); s5o, rnelhor dizendo, apenas resultado da redistribuicao da mais― vahasocial entre os variOs setores da producaO. Na verdade,Von BOrtkiewicz teve de sc

descartar da tese dc Marx de que a soma dos precos de producao c igual a somados valores; em Outtas palavras,seu csquema faz o valor(quantidades sOcialrnentenecessarias de trabalho despendido)``desaparecer'' ou “aparecer'' arbitraHa e rnis_teriosamente no processo de circulacao de mercadorias e nivelamento da taxa delucros. Na verdade, ele retoma uma incongruencia quc Marx conlglu na teoria dovalor dO trabalho de Ricardo. Essa incongruencia relaclonava― sc a inexatid5o daandlse de Ricardo quanto ao valor das mercadorias c a sua incapacidade de cOm―preender a natureza dd trabalhO abstrato criador de valor. Por issO RicardO chegOu

a falsa cOnclusao de quc apenas o barateamento dos mcios de subsistancia dos ttra―

bαlhadores poderia levar ao aumento da taxa de lucrOs 21 sraffa, a segunda autori―dade a quem Kidron recorre,caiu no mesmo erro de Ricardo.

Nas Theο ttes or Suplus_valuc,Marx cnicou explicitamentc a passagem de Rl―cardo citada poF VOn BOrtkicwicz em defesa de sua hip6tese.Primeiro Marx men―ciona o seguinte paragrafO do capitulo Vll dos Pttnciples de Ricardo:

“AtravOs de toda esta obra tentei mostrar quc a taxa de lucros s6 pode aumentarpor meio de uma queda dos salanOs,e que a queda perrnanente dos salarios s6 pode

exisur em cOnsequoncia de uma queda dos bens necessanOs nOs quais os salanos sa。gastos Portanto, se mediante a ampliacao dO cOmOrcio extenOr Ou Os aperfei9oamen―

tos tOcnicos da maquinana, a alimentacao e Os bens necessa五 〇s aO trabalhador pude―

18 Harlnan allrrna que a drenagem de capital para o Departamento lII retlra capital dos Departamentos i e II, pois a

composicao Organica dO cap■ al aumentana se este fosse aplicado nesses dois ilimos Departamentos(Paul Swee″faz uma airma゛ o semelhante em Theο ヮ Or Capiた Iな:Deυ eloprnent p 233)Ele tem ra250 MaS se esquece de que oinvesimento desse capttai no Departamento III tambё m eleva ali a composlcao or゛ nica Como enぬ o isso pOde impedir a queda da taxa mCdia de lucros coninua um mistCno(HARMAN,Chis ``The inconsistencies of Emest Mandel"In:Intemα

`ionα

I Sociαllsm n° 41,p 39)Seu settidor,Cliff,afirrna que uma economia de guerra remove os obsttcu―1。s a prOdu95o caplね lista e pre宙 ne as cises de superproducaO por meio de sua desvalonza9ao Ou destui゛。de capi―

tal,e desaceleracao da acumulacao(cLIFF,T Russi。 一 A Maっ

“`Analysな P 174)OuttDs representantes da mes―

ma tendOnda argumentam quc a mals_valia usada para comprar annas n5o ё mais― vala acumulada lsso,na verdade,こcenO P。たm,a mais‐ valla usada para construir ttbhcas de anlrlamentos e para prodttr amasり ,sem di宙da,mais―vaha acumulada A cOmpra de annas, antes de tudo,deve ter sldo precedlda pela ploduca~o de arrnas como mercα do―

Esse fato elementar tem escapado aos parbd`ios da n。9aO de uma ``econonlla pe● nanente de arrnamentos" en―

N婢辮 鸞淵鯛j襴覇翔¨崎祠池n

21 Rlcardo nao cOmpreendeu o duplo ca“ ter da loК a de trabalho como pにse″odOm de υolor e c"adom de υα′oた Epor isso que ele,cOmo Adam Smith,nao conseguiu enセ nder o problema da ttsincao ente a taxa de rnas― valia e a ta―

xa dc lucros lsso o leva――como mals tarde a Sraffa― ―a cOnclusao coerente de quc apenas um aumento do valor da

臓r発

まよ糀 ∫譜 乱Ⅷ 鍋 i″ EW晰 :劇゛面∞ d° ∽pltall podena Fduzlr a taxa de hcЮ sにue p¨taxa de mais― valia 6 se eleva e cal em fun゛ o dO desenvol‐

umento do DepanamentO ll(que prOduz bens de consumo para o trabalhador,os quais servem para a reproducao damercadona for9a de trabalho)se o dia de tabalho e o valor da mercadona fott de trabalho perrnanecem constantesA taxa de lucro,ao contrd● o,tambё m depende do desenvOl宙 rnentO da composiφ o organica dO capital

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A ECONOMIA ARMAMENTISTA PERMANENTE E O CAPITALISMO TARDI0 205

rem chegar ao mercado a um preco menor, os lucros subir5o Se ao invos de cultivar―mos o nosso mgo ou de fabHcar roupas e outros bens necesttnos aO trabalhadOr,des―

cobnrlnos um novo mercado que nos ptta fornecer esses artlgos a um pre9o maisbaixo, Os salarios cair5o e os lucros se elevaraO; mas se as mercadoガ as ob`idas a umpreco mais bα ,xο,quer pela amp“ acaO dο cOmをrcio e歳月οぅOuer pelo apeびθ

`Oα

men_to″cnたo da rnaquina"α ,ゎたm merCadο

"as cο

nsumidas exc′ uЫυarnente pelos"cOsnaο haυθた

“けthuma alた ragaο na Faxa de rucrOs A raxa dο s sab"os naO se"α areね―

da, embora os υinhos, os υeludos, as sedas e oυ tras mercado"as caras carsem em50ツ3e,cm decorOncia,os lucros cο ntinua"am inα′teradο s''.22

Marx entao cOmenta:

“Ec宙dente que essa passagem O bastante vaga Mas, deixando de lado esse aspec―to formal,as afirma95es s6 sao verdadeiras se traduzimos taxa de lucros por“ taxa demais―vaha", c isso se aplica a toda essa investlgacao da mais― valia relativa Mesmo nOcaso dos artigOs de luxo,os aperfeicoamentos tOcnicos podem elevar a taxa geral de lu―

cros desde que a taxa de rucros nesses seto■ ∝ da produca~o, assim cο mo em todο s οsoutros,pattclpe dο nわelamento de todas as taxas de lucro espec≠ caS a taxa rnι dね deFucros Se nesses casos, cOmO resultado das innuOncias mencionadas acirna, o va10rdo capital constante cair proporclonalmente ao vanavel, Ou se o perlodo de rotacao 0reduzido(lSto O, se ocorrem mudancas no processo de circulacao), entaO a taxa de lu―

cros sobe Alё m disso, a inluencia do comOrclo extenor l apresentada de uma fomaabsolutamente unilateral A transfonna95o do produto em mercadoria ● fundamentalpara a produgaO capitalista c esta inmnsecamente hgada a ampliagao do mercado, a

c五agaO dO rnercado rnundial,e,por isso,ao comё rclo extenor''23

Em seguida Marx chega a raiz dos erros de Ricardo, que sao posteriollllenterepetidos por Von Bortkiewicz e depois copiados por Kidron:

“Se o dia do ttabalho esta dado¨ entto a taxa geral de mais― vaha,isto o,de sObre―trabalho,es6 dada,desde quc os sald五 os tambOm perinane9am mё dios Ricardo preo―cupa― se com essa ldOia e confunde a taxa geral de mais― valia com a taxa geral de lu―cros.(Von Bortkiewicz nem chegou a entender a taxa geral de mais― valia,e alterou ataxa do mais―valia,transformando o valor em preco no processo de circula95o E M)Mostrei que com a mesma taxa geral de mais― valia,as taxas de lucros nos diferentes se―

tores da produ95o serao muitO diferentes se as mercadonas fOrem vendidas por seusrespecivos valores A taxa geral de lucros se forrna por meio da mais― valia total produ―

zida, sendO calculada sobre O capital total da sociedade(da classe capitalista)Cada ca_pital, portanto, em cada setor particular,representa uma parcela de um capital total de

mesma composicao Organica, tanto em relacao´ aO capital vanavel e aO cOnstante,quanto em relacao aO capital fixo e circulante Ec● dente que o surgrnento, realiza―

caO e cnacaO da taxa geral de lucros necessita da transformacao dos va10res em pre‐9os de custo, que 6o diferentes daquele valor Fucard。 , ao conhariO, supё e que valore preco de custo saO idenicOs, porque confunde a taxa de lucros com a taxa de mais―valia Por essa razao nao faz a menor idCia da mudanca geral que ocorre nos precosdas mercadorias durante o perfodo de fixacao da taxa geral de lucros. Ricardo aceitaessa taxa de lucros como algo pree対 stente que,por isso,chega a desempenhar um pa―pei na detemina95o do valor"24

Marx continua:

``Devido a sua cOncep9ao completarnente errada da taxa de lucros, Ricardo enga‐

22 MARX,Kan The。

"“。rSuっ lus Varu.v2,p422(Os gnfosぬ o nossos E M)

23 fbid,p423(Os gnfossaO nOssos E M)24 fbid,p 433‐434

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206 A ECONOMIA ARMAMENTISTA PERMANENTE E O CAPITALISMO TARDIO

na―se redondamente quanto a inluoncia do comOrclo extenor, a medida quc este n5oreduz diretamente o preco da alimenta95o dos trabalhadores Ele n5o ve, por exem_plo, a enorine importancia que tem para a lnglaterra assegurar matOrias― pnmas maisbaratas para sua indistria e que nesse caso,como la mostrei antes,a taxa de lucros so―

be, embora os precOS Caiam, enquanto no caso inverso, com precos crescentes, a taxade lucros pode cair, mesmo se os salariOs permanecerem inalterados em ambos Os ca―sos_ A taxa de lucros nao depende do precO de uma mercadorla especifica, mas daquantidade de sobretrabalho que pode ser realizado com determinado capital Em ou―

tra parte Ricardo tambё m deixa de reconhecer a importancia dO mercado,porque naocompreende a natureza do dinheirO''25

Para Marx ё O trabalho abstrato quc cria o valor Essc trabalho ё parte da ca―pacidade de trabalho social total e produz uma mercadoria quc, independente de

seu valor de uso, encontFa Seu equivalente no mercado porquc saisfaz uma neces―sidade social. Do ponto de vista da forinacao dO va10r, こtotalrnente indiferente sc

essa necessidade prOvё m dos trabalhadores ou dos capitalistas, de produtores esta―

tais ou nao capitalistas. Ern conscquOncia disso,o volume tOtal do valor prOduzido,

independente do valor de uso cspecifico de mercadorias individuais(e por isso in―

dependente tambOm de sua posic5o especffica dentro do processo de reprodu―

caO), o dcterrninado pelo volume total de mercadorias produzidas A taxa social delucros depende assirn da massa total de trabalho nao pago ―― sobretrabalhO―_acionada pelo capital social para a producao mercantil, indcpenclcnte do setor οn―

dc isso ocorre Sc o crescirnento da composicao organica dO capital em um setor

(da prOducaO de arrnamentos, por exemplo)leva a um aumento da soma tOtal dccapital comparativamente a uma massa consね nte de sobretrabalho, o resultado sc―

rd uma qucda na taxa mOdia de lucros,independente da relacaO entre o consumoprOdutivO c improdutivo ou entre consumo e acumulacaO se uma reducao dO ca_pital constante ou um aumento da massa de mais― vaha faz com quc as proporc6es

do valor dO capital social agregado caiam comparativamente a massa tOtalde sObre―

trabalho quc acionam, a taxa social de lucros subira a despeito das mudancas qucpodem ocorrer eventualrnente nas proporc6es das varias categorias de va10r deuso produzidas. Nosse sentido, a cxpansaO do Departamento HI sob a forrna deprodu95o de arrnamentos s6 pode aumentar a(ou reduzir a velocidade da quedada)taxa de lucros, saa com uma composicao Organica de capital rnenor que cmoutros sctores de producao mercantil(quC,ObViamente,naO ё O caso),saa prOvo―

cando direta ou indiretamente um aumento maior da taxa de mais― vaha do que Oquc haveria sem essc Departamento(o quC S6 0 possfvel em rarrssirnas circunsttn―

cias,como mostramos nas paginas antenores)26

111.A producao de armamentos e as d′Culdades deυαlo月レacao dO capital

A terceira contradicao fundamental do mOdo de producaO capitalista,que sur―ge quando essc atingiu certo nivel de maturidade, C a dificuldade cada vez malor

de valorizacao do capital, expressa pelo fenOmeno do capiral excedentc que naopode mais ser investido produlvamente. Esse fenOmeno C evidente nos parses ca_pitalistas mais desenvolvidos,desdc o comeco da cra impenalista(capitalismO mo―nopolista)e tomOu― se pa範 cularrnente not6rio nos anos 1913/40 (1945). Ao con―

るfbid,p43726 urna boa crttca da ``solucao" neO_五 cardiana do chamado problema de transformacao(transforrna95o de valores emprecos),sugenda pOr vOn Bortkle前 cz e Sraffa,pode serencontrada no tabalho de YAFFE,Da宙d “Value and Prlcc inMarx's Capltal''In:Reυ οル

"onαヮ Communな tn° 1,ianeirO de 1975

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A ECONOMIA ARMAMENTISTA PERⅣ ANENTE E O CAPITALiSMO TARDI0 207

廿ariO das teorias quc consideram os gastos pellllanentes com aIInamentos essen―

cialrnente como um artificlo para resolver dificuldades de realizacaO Ou para redu―

zir a velocidade da queda da taxa mOdia de lucrOs,こ nesse contexto quc examina―

remos a funcao especrfica da industria dc armamentos.

Suponhamos quc o produto social total em detellHinado perrOdO c representa―

do por 400 000 unidades de valor, havendo sirnultaneamente 60 000 unidades devalor de capital ocloso.A producao tem a seguinte estrutura de valor:

400000

Suponhamos tambOm que das 75 000s(37 500 em cada Departamento)con―surnidas irnprodutivamente pelos capitalistas, 3 000 representam os juros recebi―dos por urn capital ocloso de 60 000 como parte da mais― valia tota1 27 Pois bem,se

essas 60 000 unidades de va10r sao gradualrnente investidas nO Departamento HI,de modo que por elas se receba o lucro rnё dlo de 3396(isto O,quc aclonem tantostrabalhadores quc a massa de mais― vaha aumente em 20 000 unidades), ha umacxpansa~o econOmica 6bvia no que diz respeito a classe capitahsta (D capital totalinvestido aumentou; o volume de producao mercantil e o volume de scu valor au―mentaram; a massa de mais― vaha prOdu」 da cresccu; o nfvel de emprego subiu c arenda naciona1 0 rnalor do quc antes.

Enquanto houver reservas disponfveis na economia― ― e essc O o ponto depaぬda da “indistria permanente de arrnamentos'' 一― o Va10r de uso especfficodas 80 000 unidades de valor nao cna nenhum problema particular(em Outas pa―lavras, nao surgem problemas decorrentes do fatO dc os bens prOduzidOs nO De―partamento IH nao entrarem na reconstrucao c expans5o do capital constante nem

scMrem para reconstituir e expandir a forca de trabalho ativa). Nao ha, portanto,nada de inevitavel a respeito da equacao lc tt lυ tt ls=Ic+IIc+lHc+△ c(I tt II

+ IH), pois o capital adiclonal usadO no Departamento lH naO precisa necessana―

mente empregar melos de producao“ ecentemente criα dos Pode sirnplesmente ab―sorver a capacidade de producao ia c対stente que nao foi plenamente uulizada(ourel、Лndicar melos de producaO recentemente criados, enquanto pellllite quc a pro―

ducaO cOntinua de meios de producao dO Departamento II se realize por rnelo deuma utilizacao mais plena da capacidade de producao existente, ou por mcio daabso45o dos estoques e対 stentes de maに ria―prima).Assim um segundo cic10 deproducao:

I: 120000c +

H: 80000c 十

I: 120000c 十

H: 80000c +

IH: 45000c 十

50000υ +

50000υ +

50000υ 十

50000υ +

15000υ +

50000s =

50000s =

2200001

18000011

50000s = 2200001

50000s = 18000011

15000s = 750001H

O inteiramente poss"el e inclusive pode chegar a um terceiro ciclo de producaO:

1 126000c + 51500υ + 51500s = 2290001

27Nお podemos exa雨 nar aqui a questao por que os donos de captal produivo podem ser fOrcados a renunciar a par_te da mas― valia que possuem em favor dos donos de capital ocioso lsso esta ligadO a nature2a COmplexa da divlsao

de trabalho no intenor da classe capitalista e as vantagens estuturais de longo prazo denvadas dela pelo cap■ al produ‐

tvo Vamos supor,para maior dareza,que os capitalistas produivos pagam juros ao capital ocioso porque o tratam co‐mo um fundo de reserva social,ao qual podem e devem recorrer enl caso de necessidade

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208 A ECONOMIA ARMAMLNTISTA pERMANENTE E O CAPl■ LヽISMO TARDiO

18700011

860001H

sem nenhuma necessidade de restituir o valor total do capital constante despendi―

do(245 000 unidades de valor no segundo ciclo, e260 000 no terceiro), mais osvalores necessariOs para a acurnulacaO de capital constante exclusivamente a partir

da produ95o corrente de capital constantc(220 000 no segundo cic10 e 229 000no terceiro).

A acumulacao de capital tarnbOm nao precisa ser totalrnente garantida pelaproducao e realizac5o de mais― valia correntes, pois todo o processo de cxpansaoacelerada se deve a valorizacao do capital rnonebrio ja dispOnfveL mas naO va10ri¨zadO previamente. Se todo O capital excedente O des宙 ado para a producao dO De―partamento IH,gFadualrnente,ao invOs de subitamente,ё possivel ocorrer uma ace―leracao na acumulacao de capital que va alom da pFOduc5o e realizacao da mais_valia correntes,atO quc todo o capital excedente tenha cntrado no processo de va―

lorizacao. IssO significa quc o valor total do capital constante atualrnente consunli―

do pode ser compensado,em parte,pelos capitais excedentes quc entraram na cir―culacao e na prOdug5o uma vez rnais,assirn como parte das rnaquinas e das rnatё ―

rias‐primas usadas adicionalrnente nao sc Originam da producao cOrrente, mas deestoques naO usados legadOs por um planeiamento anterioF. Entretanto, o valor to―

tal das mercadonas certamente se realiza,e nenhum possuidor de mercadorias ven―de seus bens abaixo de seu valor. Assim que sc abandona a ficcao de quc O対 ste

apenas uma inica empresa capitalista em cada um dos ttes Departamentos e as―sirn que se sup6e,por exemplo,o reintlo da producao em fabricas quc ja c対 stiame que ficaranl temporariamente ociosas, cssa recntrada em cena dos capitais exce―

dentes nao cria problemas te6ricos para a 16gica dO esqucma de reproducao.

O capital excedente s6 scra investido produtivamente mais uma vez se tiveruma venda “lucrativa" garantida. A demanda adiclona1 0 inicialrnente gerada pelo

Estado,parte por melo de impostos e parte por melo dc empたsumOs.Kozllk temraz5o nesse ponto.28 A inlacao, na medida cm que leva a amphacaO da prOducaomercantil e da renda gerada por ela, pode, na verdadc, estimular um verdadeirOcrescimento econOmico capitalista(desde quc haa suicientes reservas dispOniveisde maquinaria,matOnas_pnmas e foК a de trabalho).Kozlik esta evidentemente er―rado quando fala da “desttuicao" ou “pulverlzacao" dO capital pela cconOnlia ar‐mamentista,pois o capital quc antes estava ocioso c agora O usado para criar rnais‐

valia,longe de ser``destrurdO",tem sido valonzado dessa folllla.

Do mesmo modo,nao tem fundamento a afil11lacao de Heininger de quc

“nac apenas Os marxlstas, mas recentemente tambem um nimero crescente de econO_mistas e pollicos burgueses demonstraram que a comda arrnamentista naO prOmoveo crescirnento econOnlico,mas,em■ ltima analise,cla o debilita consideravelrnente"29

Essa concepcao nao chega sequer a tocar no problema centrar do capital exce‐

dente.30

Entretanto,quando as reservas disponiveis de maquinana,rnatoria― pnma e for―

l響 鯵 鯉

::轟撤 靱 鰐 轡 麓蹂 蹴 蹂 do L由

Omm燎 へ depOlsお 価d““Guerra Fia'',fol idao「 む ω,naO te6nca seu obletvo agoraを provar que o desarrnamento`possivei no ca,tahSm。monopoLsta,uma ve2 que eSse desarrnamentoこ deselado pela diplomacla sttiё ica

11 84000c +

nl: 50000c +

51500υ +

18000υ +

51500s =

18000s =

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A ECONOMIA ARMAMENTISTA PERMANENTE E O CAPITALISMO TARD10 209

ca de trabalho foranl totalrnente absorvidas no processo de producao, a dificulda―de fundamental de valorizacaO dO capital vem novamente a tona. Pois as f6111lulas

de proporcionalidade recuperam agora sua validade, que parte da supos19ao deque cada Departamento s6 pOde comprar:nercado五 as dos outros pelo valor peloqual ele pr6prio as vendeu. Portanto, o valor das mercadorias produzidas no De‐

partamento IH tem de ser agora totalmente financiado pelas deducoes da mais―va―

lia sOcial total e dO salario sOcial total.Se supuscililos,para rnalor clareza,quc O Es―

tado fixa a mesma taxa x de imposto(cerca de 25骸 3)tanto sobre os salariOs quan―

to sobre a mais― valia,obteremos a seguinte女 5111lula:

HI=Iυx+lsx+1lυ x+llsxI+IHυ x+IIょ、TambOrn podemos escrever por exten―so o valor dc IH:

IHc+IHυ +IHs=Iυx+lsx+Ibx+IIsx+IHυ x+IIま、que nos di

IHc+IHυ (1-x)十 1Hs(1-x)=Iυx tt lsx+IIυ x+I象,ou,se x=25%,

IHc+ 75ツ'de lHυ

+75ツ'de IHs=25%dc lυ

+25咳'dc ls+25夕

,de IIυ +25%de lls.

Em outras palavras:para que o sistema csteia cm equnfbri。 ,。 v01ume da pro―ducaO pe111lanente dc allHas tem de ser tal quc a soma do valor dO capital cOnstan―

te despendido no setOr de allllamentos,mais os salariOs lfquidos dOs trabalhadOres

empregados nesse Departamento, mais o lucro lfquido dos fabricantes dc allHa―mentos nao scia superiOr nem inferior aos impostos fixados sobre a renda dos tra―

balhadores e dos capitalistas dos Outros dols Departamentos. A cquagao classicade proporcionalidade entre csses dois Departamentos apenas varia da seguinte ma―

neira:

Ic+Iυ +ls=Ic+Hc+HIc tt ls(1-x)β +HS(1-x)β +Hb(1-X)β ,quenOs da:

Iυ +Isx+Is(1-x)α ,γ =Hc tt HIc tt lls(1-x)β +HIS(1-X)β.IssO Significaque os salariOs brutos dos trabalhadores empregados no Departamento l,sOmados

a mais_valia total― ―naO investida cm um novo capital constante― ―criada nesseDepartamento(induindO impostos,e por isso a mais― valia bruta),tem de ser iguala demanda dOs novos rnelos de producao geradOs nos outtos dois Departamentos.Como essa demanda deriva tanto do Departamento II como do Departamento lH,essa equacaO, na verdade, n5o se aphca aos salariOs brutos e a mais_valia bruta,

cm oposicao aOs salarios ifquidos c a mais_valia lrquida(com excecao da mais― valia

acumulada em c)que devem ser trocados exclusivamente pelas mercadorias dODepartamento II e nao pelas do Departamento HI

C)fato de quc um progressoに cnico cada vez malor, uma compos19ao organi_ca crescente de capital e uma taxa crescente de mais― valia destroem essas condi―

95es de equllbrio,da mesma folllla quc as destroem nunl sistema de dois Departa―mentos,こ ditado pela 16gica intema do Sstema,como j6 mosttamos na pnmeiraparte deste capttulo.Os impostos fixados sobre os salarios e sObre a mais― valia saO,

afinat epifenomenos que pressup6em quc a mais― valia こ plenamentё realizada cquc os salariOs tto inteiramente pagos― ―em outtas palavras,prOducao prOporc10‐nal nos Departamentos l c II,sem resrduOs invendaveis de mercadorias.Agora exis‐

te tarnbem a dificuldade adiclonal de manter a proporcionalidade exata cntre O De―

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210 A ECONOMIA ARMAMENTISTA PERMANENTE E O CAPITALISMO TARD10

partamento IH, de um lado, c os Departamentos l c II do outro lsso naturalrnente

naO significa quc a producao perrnanente de armamentos afetara o ciclo cconOmi‐

co somente quando hOuver excesso dc capital, instrumentos de trabalhO OciOsos eforca de trabalho desempregada Mesmo depois de ser conseguido o plenO empre―go, ele pode exercer inluencia cOnsideravei na chamada econOrnia de guerra,quando a alteracaO das proporc6es entre os tres Departamentos nao cOnseguc as―

segurar elementos materiais adequados de reproducaO ampliada e pOdc haver umciclo de reprodu95o regressiva c, cm circunstancias ``nollllais" de paz, quando um

or9amento permanente para armamentos altera a rela95o entre o salario sOcial t9」

tal e a mais― valia social total― ―ao levar a uma alta da taxa social de mais―valia. E

claro quc isso pode ocOrrer com um nfvel de emprego c uma soma de salariOs cres_centes(nao s6 a soma bruta de salanOs,mas tambOm a soma liquida),cOmo pode―mos venficar nOs excmplos numOricos que se segucmi

Pttmeiro Ciclο

`祀

nda bttra das classes sociaおル

I:120000c +48500υ + 48500s

H: 80000c+ 48500υ + 48500s

IH: 10000c+ 3000υ + 3000s100000 100000

A compra da producaO dc amamentos pelo valor total de 16 000 unidadesde valor O financiada pelos impostos, quc tomam 10% da renda do trabalhador e6%da mais― valia(a renda dos capitalistas)O quadrO inal do pnmeiЮ ciclo de pro―

ducaO o O seguinte:

Pttmciro Ciclo ttnda lttuida das classcs socia司 :

I:120000c+43 650υ llquidos+ 45 590s ifquidos+

II: 80000c+43 650υ Fquidos+ 45 590sI〔 quidos十

Hl 10 000c+ 2 700υ Fquidos+ 2 820s lquidos+

90000 94000

7 760 de impostos paraa compra de lH

7 760 de impostos paraa compra dc IH

480 deimpostOs pana compra de IH

16000

Scgundo Ciclο

`“

nda bmta das c′ ass“ sociais9:

I:123000c+50000υ +50000s

II: 82000c+50000υ +50000s

HI: 12000c+ 4000υ + 4000s104000 104000

A compra da produ95o de arrnamentos pelo valor total de 20 000 unidadesde valor o financiada pelos impostos,quc tornam 12%da renda dos trabalhadoresc apenas 7% da renda dos capitalistas. Desse modo o quadro final da dismbu19aodo valor e da renda no segundo ciclo O o seguinte:

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A ECONOMIA ARNIAMENTISTA PERMANENTE E O CAPITALISMO TARDIO 211

I: 123000c+ 44000υ

II: 82000c+ 44000υ

HI: 12000c+ 3500υ

91500

lrquidOs+46400s

ifquidOs+46400s

lrquidos+ 3700s

lfquidos+9 600 de impostos paraa compra de lH

lfquidos+9 600 de impostos paraa compra dc IH

lfquidos+ 800 de impostos paraa compra de IH

2000096500

A soma bruta de salariOs subiu dc 4 000 unidades de valor dc um ciclo para 0

seguinte.A soma lfquida de salariOs subiu de 2 500 unidades de valor. Entretanto,

a taxa social de mais― valia aumentOu de 104,4%para 105,5%Os gastos rnilitares pe111lanentes tambOm significam uma redistribu1950 de lu―

cros para as companhias de arinamentos cuia grande maioFia ―― Senao tOdas__pertencem ao Departamento I, c essa redistribu19ao se da as expensas das empre―

sas do Departamento II. Se supusermos quc todas as companhias Ocupadas cOm aproducao do Departamento IH podem ser reduzidas as do Departamento I,a mais_

vala lfquida obtida por esse iltimo Departamento no primeiro ciclo(48 410 unida―

des de valor)O quase igual a mais_valia bruta dO Departamento l no primeiro e no

segundo cic10s.31 Portanto,do segundo cic10 em diante,os custos capitalistas dOs ar―

mamentOs saO financiados exclusivamente pelos capitahstas do DepartamentO H,cnquanto os custos dos armamentos pagos pela classe operaria correspondem aum aumento da mais― valia.POr essa razao os capitalistas do Departamento l recc―bem um lucrO duplo pelos armamentos― ―as expensas da classe Operaria c as ex_pensas dos capitalistas do Departamento ll.

Assirn vemos como Rosa Luxemburg inha razao ao escrever a seguinte passa‐gern:

``Aqulo que normalrnente teha sido acumulado pelos camponeses e pelas classesmёdias mais baixas atё que ivesse aumentado o bastante para ser invesido em ban―cos e caixas econOmicas, agOra esta hberado para consituir uma demanda efetiva euma opottnidade de investimento Alёm disso,o grande nimero de demandas indivi―duais insignificantes de toda uma gama de mercadorias, que se efeivara em diferentesmomentos, rnuitas vezes pode ser subslituldo por uma demanda abrangente c homo―genea do Estado A satlsfac5o dessa demanda pressup6e uma grande indusma de pn_meira linha Requer as condi95es mais favoraveis para a produgao de mais_valia e pa―ra a acumulacao Sob a fOrrna de contratos govemamentais para fornecirnentO de ar―mas,o poder de compra disperso dos consunlldores c concenttado em grandes quand―dades e,Ivre dos caphchos e das nutua9。 es Subleivas do consumo individual,alcancaum ntmo de crescirnento e uma regularidade quase autom6icos O pめ pno capital fi―

韻ξ∬:T麗鷺 器翼rl調乳r」棚:FFl篤ピ?∬‰跳絆 .宅por isso quc esse setor∝ pecffico da acumula9ao capitalista parece,ap● meira宙 sセ、 ca―

paz de uma expan■ o ininita Todas as outras tentatvas de expansao de mercados ede estabelecirnento de bases operaclonais para o capital dependem em grande partede fatores hist6ricos, sociais e politicos que escapam ao controle do capital, enquantO

31 Pode― se deduar O quanto essa hip6tese ё realista pelo latO de que,segundo fontes oflciais norte‐ Omeicanas, verbastotals do Departamento de Defesa, dentrO do Orcamento anual de 195859,que se elevavam a 22,7 bilh5es de d61a‐res,consistam em apenas 2 bilh5es de d61ares de bens da indusma leve(incluindo produtos agicolas)el,8 bilhao d。

龍 詰 調 凱 鷹 2,綿脳 T蹄 野 Ъ調 蹴 nfЪ詣 1錦窃:電振::Tτ鰍 ∫騎唆 Ьど麗 lし悧 卵 :1:

露ふ認轟店T意機':龍

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212 A ECONOMIA ARMAMENTISTA PERMANENTE E O CAPI「ALISMO TARDiO

a producao de armamentos representa um setor ctta expanttO regular e progressivaparece deterrninada principalrnente pelo pr6prio capital''32 .

「ソt A economiα arrnamentista c as possibilidades de crescimento a

longo prazo no capFtalismo rardiO

A analise quc acabamos de fazer expllca parcialrnente as raz6es pelas quais,durante todo o perfodo p6s― guerra,desde 1945,a producao pellllanente de allHas

馳籠ど胤翼寵。TЪ鵠淵稔霞鳳籍3輩S鯖

批隠∫:謂記para a aceleragao da inOva95o tecno16gica.33 A comda aHllamentista de unl coniun―

to de Estados nao capitalistas desempenhou um papel importante nessc estrmu10.Mas a questaO que surge agora ё saber sc a longo prazο a industria pellllanente de

a=11lamentos pode ncutralizar as tendOndas do modo de pЮ duφ O capitalsta tt c五ses eao cdapso e se ela pode asscgurar um grau relatvamente alto de crescimento.

Os p●rneiros econoMistas polttcos a darem uma resposta posibva a cssa ques―ぬo,baseando― se em Marx,fOram Natalic Moszkowska(1943)c Walter」 .Oakcs(1941).Com o pseudOnimo de T.N.Vance,esse■ lumo ocupou―se desse tema demaneira sistematica c cunhou o conccito de ``econornia de guerra pellHanente"__embora a cxpressaO tenha sido caracteristicamente usada pela p五 meira vez pelo

i:雛志 認 :蹴

∝∝` p∝セnOmenセ 祀αdanO da De範 Chan∝ EⅧ ―

C)argumento de MoszkO、 vska O o seguinte:

“A capacidade de expansao da indistria ci宙 l e da producaO de bens de consumodepende do padrao de vida da populacao Se o padraO de vida C reduzidO,havera res_tricё es equivalentes na indusMa de bens de consumo e de bens de producaO Assirn,se reduzem muito as possibilidades de investir capital de foma lucrativa na indisma ci_

vil. O capital cresce numa velocidade muito malor que suas opottnidades de va10riza‐

c5o C)menor volume de capital procura campos de atividade que naO dependam doinsuficiente pOder de cOmpra das massas; desaa setores de produ9aO cOm possibilida・des de investimento lllmitadas Esse setor sonhado pelo capital aparece com a indis―tria de guerra. Como a producaO de bens de consumo nao pOde desenvolver―se ade―quadamente por causa das resMc5es sObre o poder de compra das massas, o capitaldeve cada vez mais――mesmo que, ao conttariO, fOsse pacrico__廿 ansfenr_se para aprodugao de arrnas mortreras. Na situacao atual n5o ha outtO campo de investimento.

32 LUXEMЬ URG,Rosa The Accumula,onげ Capital p 465-466 Paul Ma籠ck oscna entre interpretac(た s diferentesA certa altura alrma que“ a produ"o promO宙 da pelo Estado''(inclusive a produ゛ o de amlamentos)aumenta ape―nas o consumo e n5o a acumulacaO de capltal lMaⅨ αnd Keソnω p l17‐ 118)Em outro lugar ainna, porё m, que aproducao de guerra naoこ sirnplesmente uma ``producaO desperdicada'', mas aluda a acelerar de novo O processo deacumulac5o Fbid,p 137‐ 138)Mamck O ainda mals claro em sua crttca do hvro de Baran e Swee7,MonOpoし Capトtal: “Qual ё a funcao real do Estado quando combina trabalho e recursos nao usados para a produ,ao de mercadodasinvendaveis(?)? Os impostos tto parte da renda reallzada em consequOncia de transa95es de mercado Quando sa。deduzldOs do capital, reduzem Os lucros, independente de que esses lucros possam ter sido consumidos ou invesidoscomo capital adcional Nさ 。sendo usado de nenhuma dessas lonnas,ainda tena e対 stldo ca,tal desempregado sob afOrma monet`na de pOupanca pnvada Enquanto tal nao pode cOnttbuir para o desenvolvimento do capitalismo MastambOm nao pode quand。 。Estado o usa para flnanclar a producaO na。 lucratlva de obras p`blicas ou esbanlamen‐to Ao invOs de uma poupanca monebia sem sentldo para o capitalismo,surge a produc5o de mercadonas e sewicossem sentdo para o cap■ansmo Mas hd uma Ⅲferenca:sem os impostos,o capital possuina uma poupanca mone饉 haquc,em conseqtancia da tnbutacao,c exprophada''(Na edicao de HERMANIN,MONTE c ROLSHAUSEN MOno‐porkap“ al_Th‐ en zυ de/n3uch υon Pα ul Baran und Poul Sω ●クソFrankfurt 1969,p5455)MathCk nao cOnsegueentender que sua ``poupanca inonettia exprophada" tem sido substlmlda pela producaο de amamentos,quc O pro―du゛。de mercadona quo absorve sObに ,rabalん o αdiciο nα l e esim c"α mals‐ υα

α adiciοnal―― extra〔da de uma fo<ade trabalho que de Outo modo naO teha produ21dO uma particula de mais― valia lsso signilca um aumento da valo● za―

95o do capltat quc ieva a um aumento da acumulacaO de capital e,portanto,de modo algum ё“sem sentdo''doponto de vis● do capitalismo, enquanto exlstr capital excedente― ―em outras palavras, cnquanto o capltal investldo

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A ECONOMIA ARMAMENTISTA PERMANENTE E O CAPITALISMO TARD10 213

Se o capitalismo ascendente desenvolveu a indisma de bens de prOducac e de bensde consumO, o capitalismo decadente O inevitavelrnente forOadO a desenv01ver, antesde tudo,a indistria de armamentos.O desenvol宙 mento da indistria ci宙 l o cada vezmais lirnitado pela ausOncia de uma demanda mone● na efetiva e pela estagnacaO dasvendas (D desenvolvimento da indistria de guerra nao conhece essas restrt6es sO_bre o pressuposto de uma guerra, a indistria de amamentos pode desenv01ver― se auma taxa totalmente diferente e com um fmpeto nunca antes conhecido Ou sequer sus‐peitado''.34

MoszkOwska prosseguc:

“A penetracao dO capitalismo na esfera nao capitalista, assirn como a aplicacaO in_dusmal de invencoes tOcnicas, s6pode retardar a c● se. Uma vez quc ela tenha ocom―do, pode―se esperar cnses ainda mais agudas que as que se deranl atO agora lssO naoacontece, entretanto, quando a producao de armamentos rei、 ガndica o excedente docapital acumulado. Essa industria absorve o capital sem necessidade de aumentar a ca―pacidade da prOducao ci宙 1, sela na indistria de bens de consumo,saa na de bens deproducao, nem de aumentar o poder de compra social, pois no mercado da indistria

lλ霊高:壌:謂現思諸鷲:器潔靖LA‖ま麗:詣 翼艦犠s吼』∬nas Aqul o EstadO faz o pedidO e se encarrega da entrega.… A expansao da indismade amamentos nao pOde, contudo, abolir os perigos inerentes a economia capitalistaO perigo de explo■ O sOb a foma de uma cnse C substltuFdo pelo pengO de exp10saosob a forrna de uma guerra''35

Na verdadc, MOszkOwska s6 ve dois lirnites para o crescirnento do capltalismotardio sOb O estimulo da ecOnOmia al:Hamentista perinanente: a misOria absolutada pOpulacaO (lst0 0,o lirnite da FeprOdu95o regressiva,pela qual a queda excessi―

va de prOducao do Departamento II torrla impossrvel a recOnstituicao fis1016gica da

forca de trabalho, c por isso provOca uma queda vertical na prOduti宙 dadc e na in―tensidade de ttabalho do Departamento lH)e a tendencia mais ou menos inevita―vel de uma econonlia aIInamentista desencadear verdadciras guerras imperialistas.

Para Vancc a cconomia amamenusta peェ Hlanente representa sobretudO ummecanismo para se obter um nfvel de emprego mais elevado. A acumulacao cres_cente de capital, ao invOs de levar a um desemprego crescente, detellllina, assirn,

um padrao de vida cada vez mais baixo.36 A econonlia allllamentista peェ :nanentetambёm pode deter temporariamente o crescirnento da composicao Organica d。capital, embora nao o consiga a longo prazo.37 0 creScirnento da cOmpos1950 0rga―

nica do capital e a tendOncia Oorrespondente de queda da taxa de lucrOs ё,segun―do o pOnto de vista de Vance, a ``espada de Damoclcs" suspensa sobre a ecOno―rnia de guerra pellllanente.

Vance O,portanto,mais prudente quc Moszkowska,mas ambos incOrrem nomesino erro:isolam o Departamento IH de seus efeitos sobre os Departamentos l eII e por issO nao consegucm analisar os efeitos a longo prazo de uma “econonllaaIInamentista pel11lanente''sobre a economia capitalista tardia corno urn todo. Del―

xando de ladO O caso marginal da reproducaO regressiva(uma cconOmia de guer―ra em sua fase inal),simplesmente n5o O verdade quc uma“economia aェ :1lamen―

tista permancnte" pode desenv01ver― se sem quaisqucr lirnites. No modo de produ―

9aO capitalista,a producao de al11lamcntos tambOm C apenas urn rnelo para se che―

34 MOszKOWSKA,Natahe Zur Dノnα miた d“ Spalkapitallsmus p l17-118

35 fbid,p 179-18036 vanCe estava evldentemente errado sobre esse ponto,como tamblm em sua pressupos19ao de um decllnio estは

tu―

ri:謬 :,rnaseや硫 C6es pnvadas&ca,日 恥 rPCmane鷹 陥 rEconο my p 2

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214 A ECONOMIA ARNIAMENTISTA PERMANENTE E O CAPI「 ALISMO TARDIO

gara um im,e n5o o um im em si mesma.Para os capitalistas,0 1m coninua sen―

do a realizacao do lucrO,a acumulacao de capital com o prop“ ito dc lucrO, e naoo prazer rnitico da acumulacaO pela acumulac5o. Quanto mais o desenvOlvirnentoda cconomia arrnamentista ameaca reduzir 0 1ucro bruto das principais sociedadespor ac6es(em outras palavras,quanto malor for a taxa de impOstOs que detelHli―na), tantO malor serd a resistOncia dessas empresas a qualquer expansaO pOSterior

dessa econornia.38 Em todO caso, como a expansao da ccOnOnlia aIIHamentista de―

tellHina uma redismbuicaO da mais_valia para um pequeno nimero de capitalstasas expensas de um nimero cada vez maior de outros capitalistas, o crescirnentopostenor do Departamento lH(e Com ele o crescirnento posterior da taxa de impos―

鋼 鴇 亀 :調欄 電 A曽普 電鯉r器

誉 名 昴譜 乳 出』踏 :留 蹴 雷 蹴 :

nornia armamentista a10m de certO ponto deve intensificar enollllemente as lutas e

tens6es sociais e politicas no seio da classe capitalista,assirn como deve intensificar

o connito entre capital e trabalho numa situa95o“ de mercado"cOm o nfvel de em―prego relativamente alto, que nao O precisamente desfavoravel a classe trabalhado―

ra. Podemos concluir cOrn seguranca,portanto, quc― 一com excecaO de guerra dc―clarada e do fascismo__a ampliacao dc uma cconomia aェ :namentista pellllanenteC necessariamente bloqucada por linlites sociais internos c obietiVOs.

Podemos chrninar a hip6tese de Moszkowska e de Vance de quc um nfvelcrescente de emprego combina cOm um padraO de vida decrescente numa``ecOno―rnia a111lamentista perrnanente''一 ―uma hip6tese que conttadiz frontalmente a 16gi_ca do capitalismo e dd transfOrrnac50 da forca de trabalho numa mercadoria cuiopreco ё inluenciado pela situacao dO mercado, c que naO se cOnfirmou nenl mes―mo no Tercciro Rcich. Aqui ambos os autOres confundem uma taxla crescente demais―υalia com uma queda dos saldrios reais.39 Descartada cssa hip6tese, o resulta―do autOmaticO ё quc um ``ciclo arrnamenista", que lirnita temporanamente as iu―tuacOes crclicas do capitalismo,deve ter tambOm um efeito estimulante sObre a acu―

mula95o de capital nos Departamentos l c II que,toda宙 a,reproduzira mais ou me―nos inevitavelrnentc os tracos c16ssicos de todo boom capitalista: excesso de acu―

mulacaO, taxa decrescente de lucrOs,utilizacao cada vez menor da capacidadc etc.No caprtul。 13 exphcaremos como a innacao perinanente representa a resposta docapitalsmo tardlo a esses problemas, como os gastos rnilitares s50, cOntudo, res―pOnsaveis apenas por parte(e a10m do mais, uma parte cada vez menor)da cria_

95o inlaciondria do dinheirO, c como a longo prazo a inlacao inexOravelrnenteapressa a catastrOfe quc nenhuma cconomia allilamentista pode evitar.

Ao con旺さno de Vance, sOmOs de opiniao de quc historicamente a cconorniaarmamenista perrnanente acclcra,ao invOs de frear a inovacao tecn016gica intensi―

va, e por isso o crescimento da composicao Organica de capital(em outra parteVance diz O contrari。 , quandq erroncamente confundc a cconomia de guerra coma economia allllamentista).40 E igualrnente inevitavel quc essa inovacaO tecno16gi―

ca se propague do Departamento IH para os Departamentos l c n corn todas as

38 Ninguё m menos que o anbgo comandante supremo das tropas none_ame● canas no PaciicO e na Guerra da Corё ia,

o general Douglas MacArthur,que tornou se podenonnente um dos diretores da Remington Rand,queixou se numdlscurso aos acionistas da Spenッ Rand Corporatlon,em 1957, de que o unico bbletlvo da ``pslcOse de ansiedade per―manente'' que o Govemo dos Estados Unidos chara na popula,5o amerlcana era demandar“ gastOs excessivos com adefesa",os quais impuseram sobre as sociedades por ac6es um Onusintoleravel sOb a loHna de impostos

器i詰癬 詣濯tHitti職 据誓:鰹71星毬l賭鷺総 凱 き犠 瞥 T翻Лda, pela detenoracao da qualidade dos bens de consumo,

pelas deducδ es salanais cada vez maiores etc BEπ ELHEIM Lτ cο nοmie Allemande sous た Nttsme p 210,222-224

“VANCE The Pamanent WarEcο nomy p 32

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A ECONOMIA ARMAMENTISTA PERMANENTE E O CAPITALISMO TARDI0 215

consequencias correspondentes 41 TambOm O ine宙 饉vel que no ambito da pr6priacconornia allllamentista haia um des10camento― ― exatarnente quando se reduziro crescirnento dos gastos nllhtares__da compra de material e do pagamento de sa~16riOs para despesas cOm pesquisa e desenvolvirnento, quc reduzira substancial―

mente O papel de “amOrtecedor de crise" da ecOnOnlia aIIllamentista no selo daccononlia global dO capitalismo tardio,pOis O crescirnento desacelerado desses gas―tos detellllina a busca dos``retOmos(desh■ licao)crescentes'' enl toda despesa adi―

clonal.42 Heininger fomece alguns dadosinteressantes a esse respeitO:43

GαsrOs Milirares nο s EUArsem os gastos dο programa espα c:αり

%dοs gαsros

des“"α

dοs αpesquisα m:litar

1939/401944/“1952/531957/5∂1960/611962/631963/64

1,5 bilhaO de d61ares

81,2 bilh5es de d61ares

50,4 bilh5es de d61ares

44,2 blh5es de d61ares47,5 bilh5es de d61ares

53,O bilh6es de d61ares

55,4 bilh6es de d61ares

0,2

1,7

5,510,216,2

16,016,61

122,4%,incluindo a pesquisa espaciat para 1960/61 a percentagem andiOga sena enぬ。17,6

As tabelas quc se seguern sao ainda rnais reveladoras:

Pcrcentagem da Compra de Arrnas nos Lucros Proυenient“ das tζ endas datria dc Bcns Duだ υcis dos EIJA

1955 9% 195∂ 9,1% 196θ 7,6% 1961 7,8% 1962 7,8%

Pcrcentagem do ConsumO de Arynamentos no Consurno Toral dOs EUn

1948 1952 1954 1955 1959 196θ 1962

AcoCobreAlumfniO

,

,

6,0

,

17,8

30,0

3,02,3

14,5

1,8

1,9

13,6

1■,

43,0

Indus_

Kidron tambё m Observa cOrretamente que:

``Ae対stencia de unl tetO para a despesa militar o impOrtante por Outra rttaO PrO_

m鷺柵轟鷺:sas indismas saO cada vez menos capaz:id:Il]1↓

葛:」」il:Li電:モ≦慧抵3r:『淵ぢll署o mesmo nivel de despesas relaivas C

41``Em pimeiro lugar,as encomendas de armas consituem um incentvo para invesumentos adicionais・mas,em vlsta

do aumento constante da produtlvldade,こ precisO haver um aumento nas despesas a flm de assegurar detenninado nivd de uJlzaφ O de nO‐s口anLS e mesmo a slm口 es e」

椒雅 :詮∫as deSpesas mhares ameaca bvar a capacdade

鱗靭淋饉憮牌偽bicas especialrnente construfdas “Frledllche Ntセ ung der Rtstungsindustne'' In:Atο rrlzeitalter n° 5,1964 p 133

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216 A ECONOMIA ARMAMENTISTA PERMANENTE E O CAPr「 ALISMO TARD10

de alguma ttansferOncia tecno16gica para a produti宙 dade civll, que exacerba a necessi―dade,sua capacidade compensadora toma― se cada vez rnais questionaver'.46

Assirn podemos concluir quc,a longo prazo,a ccononlia a::1lamentista pellHa―nente nao pode resolver nenhuma das contradic6es basicas do modo de producaocapitalsta, e nao pOde eliminar nenhuma das foκ as quc levam a crise inerente aesse modo de producao. McsmO O amortecirnento rempoだ

"o dessas contradicoese dessas forcas que levam a cnsc s6 ocorre as expensas de sua transfettncia deuma csfera a Outa――sobretudo da superprOducao efetiva a iniacaO e a capacida_de ociosa.A longo prazo essa transfettncia tambCm O cada vez menos bem― sucedi―

da,como demonstraremos crn nosso cap■ ulo sobre a inlacao pellHanente.A``eco―nomia a111lamentista pellllanente" contribuiu substancialrnente para a acumulacao

acelerada de capital na ``onda longa" de 1945/65, mas nao fo1 0 deteェ 11linante b6-

sico dessa onda.

E necessario, naturalmente, nao passar de um extremo a outro e subestimaros efeitos de um ``setor per:nanente de al11lamentos" sobre a cconOmia capitalista

tardia. Certamente nao o um dcus ex rnachina capaz de realizar, de qualquer ma―neira, uma mudanca qualitativa dos mecanismos do modo de prOducaO capitalista.Seus efeitos especFficos sObre a economia decerto se resolvem finalrnente ern to―dos Os tra90s gerais caracteristicos do capitalismo tardlo: a luta para aumentar a ta―

xa de mais―valia, para baratear o custo do capital constante, para reduzir o tempode rotacao dO capital e para conseguir a valorizacao dO capital excedente. Pois afi―

nal o capital nao disp6e de outras maneiras para cscapar a seu destino― _a quedada taxa de lucros. Mas naO ha divida de quc, tanto pelas raz6es apresentadas porLuxemburg quanto porquc a producao de a111lamentos cria valores de uso qucnaO redllzem nem ameacam o mercado de nenhum artigo produzido pe10s Depar―tarnentos l c I146(chegandO mesmo a assegurar uma cxpansao de vendas para al―guns deles, a longo prazo), o grande capital inostra uma predlecaO particular por

鰯 a fo111la de gastos estatais cm detnmento de todas as outras, especialrnente dOchamado gasto``social'',que mais cedo ou mais tarde levana a um aumento do va―lor da mercadona fOrca de trabalho.47 PerrOux fez alguns comenttrios rnuito perspl―

cazes sobre o lado especificamente econOnlico da producao dO Departamento HI:

“A demanda adic10nal de armamentos naO pode ser assinlilada pOr uma demanda adi―cional de bens de investimento Uma demanda adicional de bens de investimento nu―ma economia industrial norinal gera― ―se os estoques sao mantidOs a niveis cOmerciais6儘nlos__produtos suplementares para o mercado ou para a produc5o de bens reaisde capital No caso dos armamentos,l estocada uma parcela malor da producao adiciO_nal em virtude da natureza dos bens.Bombas ak)rnicas,artilharia,municё es e equipa―mentos para as tropas naO chegam ao mercado_Allm de seu efeito sobre o setor debens de consumo,On市 el de precos dos arinamentos nao ё integrado as fO、 as que res―

tauram o oquilibrio dO rnercado"48

“KIDRON,M W6た/nCの itallsm sin∝ the War p 55:Baran e Swcezy(op Ciム ,p214215)位 eram antes o mesmo

comen撼 五o46 vIImar(ο p cit,p193‐ 206)comenta os debates do comeco da d● cada de 60 sobre os problemas de uma possivel

熙 ::管:品詮驚 驚 出謬 需 電 1品鰍 麗 離r灘'L施

濯 鷲 毬 濡「

洲 胤 縄 剛 翼 :蹴雅racaO dο poder de cο mpra que qualquer reconvertto desse tpo envolve:que ipo de altera゛ oこ Compativel cOm amanuten゛ o de uma alta taxa de mais― valla,sem a qual o invesimento capltalsta c o nivel de emprego dele depen―denセ cainam imediatamente?POr isso Seymour Melman proメ 5e quc o Estado sela mantdo cOmo chente e a indismaeletrOnica como produtor; a conve面o desses aparelhos nao tena nanhum eセ lto, na prdica, sobre o valor da merca‐dorla forca de trabalho: aparelhos de controle de transitO, maqtunas de aprendlzagem eletrOnlca, equlpamento mё di―

co Outros proletos lalam de sistemas automatcos de tratamento de hxo e de controle da poltucao dO ar e da agua47 TsuRU Op cit,p39:ヽ lLMAR Op cit,p60 etseqs,209-216 e muitas outras

“PERROUX,Fran9ols Lo COexls″ nce Paclrlqua lll,p500

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A ECONOMIA ARMAMENTISTA PERMANENTE E O CAPITALISMO TARDI0 217

1sso, por sua vez, suscita complexos problemas relaivos a f0111lacaO dOs pre_

9os no Departamento IH ou, cm outras palavras, da cqualizacaO da taxa de lucros(ou da taxa monopolista de Superlucro)entre as empresas produtoras de allllamen―tos c outros rnonop61ios.49

Mas fica bem clarO,ern todo casO,O quanto intimamente se entrosarn a politi―

ca intema c extema c as forcas sociais c econOmicas para gerar a``economia allHa―mentista pellHanente'' Esse processo articulado tenta provar quc os elementos po―

1lticOs, e nao os ecOnomicos, こque s5o decisivos para csse desenvolvirnento algoquestionavel. urn exemplo da interdependOncia dos dois ё, cvidentemente, o“complexo industrial― rnilitar'' 一―a fusao rntima de empresas produtoras de aHlla―mentos,chefes militares e polttcos burgueses.50 vilmar estt certo,cnぬ o,ao enfa● ―

zar que “nao se trata apenas dos interesses particulares de lucro das indistnas dea111lamentos, mas das tendOncias imperialistas cxpanslonistas(e posterioI:Hente in―teresses ciclicos)do capitalismo tardio enquanto tal,que sao respOnsaveis pe10enollHe crescirnento da cconornia al11lamentista''.51 o crescirnento da ``econornia

attamentista permanente" depois da Scgunda Guerra Mundial tambё m desempe―nhou,cntrc outras,a funcao muitO cspecial de proteger o vasto capital norte― ameri―

cano investido no exterior, de salvaguardar o “mundO livre'' para “o livre investi―mento de capital'' e para a “livre repatriacao dOs lucros'', e de garantir ao capitalmonopolista norte―americano o ``livre" acesso a uma sOrie de matorias― primas vi―

tais. Em 1957,o presidente da Texaco disse francamente quc,sogundo o seu pon―to de vista,a tarefa basica dO Governo norte― americano era cnar``condic6es finan―ceiras e politicas, tanto nos Estados Unidos quanto no cxterior… quo facilitem osinvesumentOs extemos''152 vilmar tambё m tem raz5o ao enfaizar quc as empresasprodutoras de al11lamentos representaram um papel particulallllente ativo em todo

esse processo.

A irnportancia crescente do廿 6fico de allllamentos no comё rclo mundial tarn―

bёm naO deve ser subestimada― ―um neg6cio quc incidentalrnente mostra como ёabsurdO nao tratar a producao dc allllas como produ95o de mercadOria e n5o veros investimentos nesse setor como acumulacao de capital. Em 1955 a cxportacaode al:1lamentos no mercado mundial chegou a 2,2 bilh6es de d61ares,aproxirnada―mente. Em 1962/68, a mOdia la atingia 5,8 blh6es de d61ares, dOs quais a UniaoSo宙Ctica cra responsavel por 2 blh6es.53

Todo o fenOmenO da ccononlia allHamentista perrnanente, na verdade, acen―tua enfaticamente a natureza parasitaria dO capitalismo monopOlista,ia demonstra―

da por Lenin ha mais de melo sOculo, crn sua analise dO imperialsmo. Enぬ 0, dequc outra foIIHa se pode considerar urn sistema quc ha 25 anos vem esbattandO

na producao de melos de destru19ao uma parcelaほ o significativa dos recursos eco―

nOmicos de que disp6e?

49 sobre etta quesぬ o,ver WiLLIAMSON, Oliver R “The Economics of Defence Contracing: Incentlves and Per10r―mances" In:MCKい N,Roland N(Ed)Issu“ in Dりen∝ Econornics,PECK,MertOn」 e SCHERER,Fredenck M

鞠懲器111省照:1==朧£1£8昭辮驚と鷺搬鮮皇ud∝uβo&d“ pedlda a mφo amen∽ naは 7de,aneirO de 1961)Desde enぬ o tem haudo um ugoroso desenvolvlmento da nteratura sobre o“ cOmplexo indus―mal_mJitar'':。 lvro de Cook,The tV● びα

“Staた ,por exemplo,que,a citamos em dlversas opσ ttnidades,e O de Gal‐

bratth,Hoω to CοntrOl the Mi力 賄ッ O senador none― amOncanO Proxmire tambё m dedicou um livro ao assunto:Re‐pO"frOm wasteland Nova York,1970 Ver.tambCm MELMAN,Seymour Pantagon Capitallsrn No′ a York,1970:KAUFMAN,R The WarPに ′

`eCヽ

indianapolis Ente 1959 e 1969,o nimerO do oiclais refolnadOs(cOm patentede coronel para cima)trabalhando para as 43 sociedades an6nimas que recebem as pincipais ёncomendas da defesaaumentou de 721 para 2 07251 ⅥLNIAR Rustung und Abntstung im Spalkapi的 おmus p 47

'Essa ё mutas outras cltac6es semelhantes podem ser encontradas na obra de BARNET,Rlchard Rο ots Or War1973 p 200● t seqs53 Essas estmatvas foram fomecidas pelo StOctho′ m lnた mα

"onoI Peace rns,Iυ

た A questao em seu conlunto foi exa―minada num trabalho publicado por esse insituto:The Arns Trade ωith`力 ●Third World Estocolmo,1971 1ni STAN―LEY,」 c PEARTON,M Thernた mo,。nα′Trade in Amns Londres,1972;ALBRECHT,UlicL _Der Handel m“ Nべ_

たn Munique,1971

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10

A ConccnrracaO c centralizα caO InrernaciOnal do Capital

I)evidO a sua pr6pna natureza, o capital nao tolera lirnites gcograficOs a sua

expansao l Sua ascensao hist6rica levou a demOlicao das frOnteiras reglonais e a

forrnacao de grandes mercados nacionais, que scrviram dc alicerce para a criacao

do Estado nacional moderno Entretanto, o capital pouco penetrou na esfera daproducao antes de sua cxpansaO remOver tambOm esscs llrnites nacionais, Procu―

rou criar um genurnO mercado mundial para todas as suas mercadorias, aO invOsde apenas utilizar― se do mercado de a面 gos de luxo quc eram comercializados inter―

naclonalrnente no perfodo prO一 capitalista A producao em massa a baixo preco,via―

bilizada pela grandc industna capitalista, fol o instrumento mais importante desseprocesso, rnas na0 0 6nico O Estado, cnquanto servo da burguesia, teve de usar

da forca polftica, c muitas vezes da rnilitar,para remover os obsほ culos quc as clas―

ses c os Estados prO一 capitalstas representavam a cxpansao ilinlitada da cxportacao

capitalista de mercadorias Mesmo os Estados burgucses rnais ``puros'' c ``liberais"

do perlodo da livre concorrOncia nunca dispensaram o uso da cocrcaO para 90n_quistar mercados internaclonais: basta lembrar os exemplos das Guerras do Oplo

empreendidas na China pe19 capitalsmo britanico e das campanhas inglesas deconquista e consolidacao na lndia, da guerra expanslonista dos Estados Unidos nO

Mё対co,dagucrradaFrancanaArgOliacIL a expansao internaclonal do capital de―A relacao entre a cxpansaO nacional

terrninou, portanto, desde o come9o uma cstrutura combinada que se renetiu nasatitudes contradit6nas da burguesia quando chegava ao uso da forca no plano in―ternacional Em 61tima instancia, cssa relacao era urna expressao da lei do desen―

volvirnento desigual e combinado quc, como explicamos no caprtu10 2, ё inerente

aO mOdo de producaO capitalista. O capital tem a tendOncia inata de combinar acxpans5o internacional com a formacao c a cOnsOldacaO de mercados nacionaisPor isso, dependendo do desenvolvimento das forcas produtivas e das condicOessociais, as relacOes capitalstas de troca a nfvel rnundial aglutinam relac6es de pro―

肌∫織 濯機 肥 瞥出 品鼈宙潟剛灘 槻 躙 鶴 羊if:∫鰹椰 艦cado mundlal, de maneira que nesse caso ndo foi o com`r

tantemenセ revoluciona o comCrcio"NIARX,Kari Capital v 3,p328

219

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220 A CONCENTRAcAo E CENTRALIZAcAO INTERNACIONAL DO CAPITAL

du950 capitanstas,sernicapitalistas e prё ―capitalistas numa unidadc Organica.2Na fase de desenv01virnento imperialista e monopolista do modo de producao

capitahsta, acrescentou―sc uma nova dirnensaO tanto a relagaO entre cxpansao na―clonal e expansao internacional, quanto a relac50 entre as icis de desenvOlvirnento

capitalista e o uso dellberado da coercao estatal para fins cconOmicOs.A concentra‐

ca~o de capital a nivel naclonal― ―acelerada pela segunda revolucao tecnO16gica cpelo consequcnte aumento da acumulacao dO capital necessariO a cOncO"nciaefetiva dos setores em crescirnento na Opoca― ―levou cada vez mais a central″ a‐

ca~o do capital lsso significou uma reducao drastica no nimero dOs ``diferentes ca―pitais" em concorrencia ato que setores intciros da indistria foram dominados por

um punhado de trustes,cmpresas e monop61los,c os acordos de pre90s alteraramo comportamento cconOnlico desses monop61los. A tendencia resultante da con―co"ncia e portanto tambё m a tendencia a restricao da cxpansao do mercado in―temo levaram enぬ o a uma supercapitalizacao geral, a uma cxportacao crescentede capital e a urn interesse capitalsta cada vez maior nao apenas em expedicOesmlitares peri6dicas para assegurar a livre cxportacao de mercadorias,rnas em ocu―pacaO e cOntrole nlilitares perr"anentes para garantir novos campos de investimen―

to para as cxportacOes de capital A di宙s5o completa do mundo, efetivada pelasgrandes forcas imperialistas, resultantes elas mesmas da contracao da cOncOrrOncia

capitalista no mercado interrlo,levou a uma intensificacao da cOncOrrencia capitalis_

ta internacional no mercado mundial, a rivalidade interimperialsta c a tendencia a

redistribuicao peri6dica do mercado mundial, inclusive por melo das forcas alllla―

das_em srntese,por meio de gucrras imperialistas 3

Porёrn, com a eclos5o da cnse cstrutural do capitalismo4 nO SOCulo XX, umavasta regi5o foi subtrarda ao mercado mundial capitalista pela宙 t6ria da Revolucaode OutubrO na Rissia. Depois disso, a tendOncia secular dirigiu― se a uma restricaomaior da csfera geografica da acumulag5o de capital, quc chegou ao fim de suamarcha vitonosa pe10 globo com a incorporacao da china, nO final do scculo XIX.Agora a concorrOncia intemaclonal volta com intensidade cada vez malor dos mer‐

cados estangeiros para os parses que foram o berco do imperialismo. Estes come―

cam gradualmente a se transformar de stteitOS em obetOS da concorencia intema―clonal do capital, como ficou claro cspecialrnente durantc e ap6s a Segunda Guer―

ra Mundial. Ao mesmo ternpo, o podcr coercitivo do Estado burgues intervom nacconornia de maneira cada vez mais direta, tanto para assegurar a coleta regulardos superlucros do mOnop61o no exterior,como para garantir as cond196es da acu―

mulacao regular do capital ern sua patria Essc Passo marcou o inrc10 da era dO ca―pitalismo tardlo.5

A era capitalista inicial, de livre concorrencia, caracterizou― se por uma imObili―dade intemaclonal relativa do capital.A concenttacao do capital era predonlinante―mente naclonal;a centralizacao,cxclusivamente nacional. Mesmo nessa fase,a ten―

dencia p● ncipal con宙宙a evidentemente com a tendOncia oposta de mo宙 menta―

9aO internaclonal de capital, mantida sobretudo por alguns grandes grupos financci―

2 MarX assinala exphcltamente que a expansao da indistla capitalista b● 愴nica de angos de algoda。 “d“envOlveucom exuberancia tropical'' o modo de producao baseado no セ

`llco e no trabalho escravo nos Estados do sul dosEUA(Caprα′ v l,p 443)SObre essa questao,ver tambこ m WiLLIAMS,Eic Capitattm and Slaυ e″ LOndres,

:乳λ∬71紺螺t営漁Юbに 。nm″りd“ 剛たr出電,di∝ a&続い0&∽pd h¨ぬЮ∞moo Ca,d bancano que do前 na a mdistna e bma os de電

:FMme耐∝ mセmOs dα Ⅲ m dα prOducao como p耐。

'l:評

電 TTξ 辮 憩晋援 、暮簡 きも∫?轟

。do da de∽ denda catta騰 ぽ em∞u llvro do m“ mo no

霧 b舘舘省 肥 ぎ種鶴1:鯰 惚 麗′T∫し禦 署緊 践」確 monⅢ hoS― d。 ∝Ⅲ闘 smoねrttq Wr MANDEL,E―

nest Moalst Economic The。″ p 501-507

Page 221: Capitalismo Tardio - MANDEL

A CONCENTRAcAO E CENTRALIZAcAO INTERNAC10NAL DO CAPITAL 221

ros, c ganhando expressao na imponancia dos emprOstimos estatais internaclonais.

A crescente moblidade da fOrca de trabalho, principalrnente das chamadas cO10-nias brancas, tarnbOm se fez acompanhar de certo grau de mobilidade intemacio―nal dO capital, particula111lente na AmOrica do Norte. No MediterraneO, a lnglater―

ra, a Franca c a Bё lgica nao expOrtaram apenas rnercadorias; O capital da Europaocidental penetrou de mancira crescente e indireta no Egito e no lmpCriO C)toma―no por melo de dobitOs estatais, estabelecendO assirn os alicerces para Os investi―

mentos imperialistas de capital que mais tarde se deram nesses paises.6 MaS, nOseu todo, cssa mobllidade intemacional de capital era de pequena escala, sObretu―

do porquc ainda naO ha宙 a ncnhum linlite crmco a cxpansao da acumulacao de ca_pital nO mercado interrlo e, no perlodo prё ―imperialista, a seguranca dos investi¨mentos internos de capital era tao ma10r que a dos investimentos no exterior quc

as diferencas na taxa de lucro dO exterior eram anuladas pela incerteza la reinante.

No perlodo classicO dO imperialismo, o carater da concentacao do capital tor―nou―se cada vez mais internaclonal. Os investimentos de capital em paises colo―niOiS e semicoloniais tomaram― se parte importante do processo dc acumulacaO, chouve um aumento constante nas contribu195es feitas pelos superlucros cO10niais.

A mobllldade intemaclonal do capital avancou a paSSOS largos,pois O Estado c16ssi―

co burguOs ia Se tinha transfollllado em obstttculo ao crescirnento das fOrcas produ―

tivas. As dificuldades para continuar expandindO Os mercados internos, decorren‐

tes da monOpolizacao dOs principais pontos de venda internos, especialrnente daindistria pesada, forcou cada vez mais o capital a tomar a rota intemacional. Mas

O perrOdO classicO dO imperialismo foi rnarcado por uma concorrencia intensificada

entre as grandes fOKas imperialistas, onde o contr01e rnilitar e politico sObre zonas

geograficas(。 mercadO interrlo mais as co10nias)proporclonava a base para a defe―sa ou cxpansao de sua fatia do mercado mundial.7 Exatamente por essa razaO aconcentragao in,crnacional do capital nao assumiu apenas a foHlla de uma centrari―

zaca~o inた〕rnacionar de capital, como tarnbё m co10cou os monop61los impenahstasnaclonais como antagonistas no mercado mundial de mercadorias, matOria― primac capital.S6muito raramente houve uma efeiva fusao intemaclonal de capital.80monoρ 6″ocにssico Jundia‐ SC a nfυ el nacionat enquanゎ an"cl internacional con―tentaυα‐se com acordos ternpoだ 百os(cartOis intemaclonais etc.).A centralizacao na―clonal foi prOmo宙da c acelerada por cnses e recess6es,quc elirninavam irnpiedOsa―mente as empresas rnais fracas,ao mesmo tempo quc a intervencao estatal era ca―

da vez mais utilizada para garantir os superlucros dos monop61ios.Os acordos inter―

nacionais, ao conttariO, eram periodicamente desfeitos, porque a longo prazo nao

conseguiam resistir a crises, recess6es e guerras intemacionais, ou devidO as alter_nancias nas rela9oes das forcas intercapitalistas, detellllinadas pela lei dO desenv01‐

virnento desigual.9 1sso n5o significa quc antes da Segunda Gucrra Mundial na0houvesse sociedades anOnirnas intemacionais de natureza monopolista, com gran―de parte de sua producao de mercadorias situada fora do seu pais natal Quase tO_

das as empresas capitalistas que desfrutavarn do monop61io de inaに rias―primas en―

6 sob“ 。Eo● vet ente Outro,LAND田 ,Dttd Ban管蹴

bnd“` 195a a S“Ю a Turq面 ヽ LEWS,

踏雹諸燈瓶1留鶏糞■L惚:8■1温議ξ&∞m"quano o p6p●o pЮ∝"de prod“

aQ e ind_mente as condlc(た s de venda Geralmente ha trOs prOblemas assocladOS a ela:o problema dos mercados de matCias

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Page 222: Capitalismo Tardio - MANDEL

222 A CONCENTRへ cAO E CENTRALIZAcAo lNTERNACIONAL DO CAPITAL

caixavarn― se nessa categoria. E interessante notar que mesmo os monop61ios querealrnente mantinharn grande parte de sua prOducaO na pr6pria metr6pole imperia―

lista――como o grupo Rockfeller,na indistria petrolffera norte― americana――desen―

volveram, desdc o comeco do sCculo XX, uma estratOgia de contrOle das regioesde producao estrangeiras, de preferOncia aos mercados estrangeiros. Entretanto, to―

do esse prOccsso oCOrreu no ambitO da concentracao internaclonal e da centraliza―

caO naciOnal de capital,sem uma interpenetracao internacional significaiva de capi―tal, e sem afetar seriamente o setor manufatureiro propriamente dito Alё m disso,

de um pontO de vista puramente quantitativo, o peso das sociedades anonirnasmultinacionais no processo de exportacaO de capital era muito pequeno. Em1914,cerca de 90%de todos os rnOvirnentos internacionais de capital foram feitos

sob a forma de inveslimentos ern trtu10s, cnquanto hole 75%desse fluxo constitui^se de invesumentO direto das sociedades anOnirnas rnulinacionais 10

Entre 1890 e 1940, na verdade, houve excecOes a essa tendOncia principal.As duas grandes empresas angio― holandesas, a Royal Dutch Shell e a Unilever, rc―

sultaram de uma fusao internacional de capital. Empresas surcas importantes comoa Hoffrnann―La Roche c a Nest10 estenderarn― se para muito a10m de suas frontel―

ras A cmpresa succa Kreuger pertencia a mesma categ6na, antes de scu colapso.O capital belga c o francOs j6 haviam cooperado antes da Primeira Gucrra Mundialna construcao da industria siderurgica russa, c em algumas esferas essa coopera―

9aO tambёm teve continuidadc em escala maior depois da Primeira Cuerra Mun―dial. Entretanto, essas texcec6es caracteristicamente envolviam: 1)parscs de poucOpeso especffico, mas relativamente ricos em capital, quc eram cada vez menOs ca―

pazes de conduzir uma polltica imperialista mundial indepcndentc,cmbora ao mes―

mo tempo precisassem aumentar scus investimentos internacionais de capital porcausa de seu capital relativamente cxcessivo (HOlanda, Bё lgica e, em certa medi―

da, Surca c Suocia); 2)esferas quc nao eram vitais para o poderio econOrnico dasgrandes forcas imperialistas E significativo, por exemplo, quc quando as grandes

industrias quFrnicas― ―ICI c IG― Farben――se forrnaram na Gra― Bretanha e na Ale―

manha, os p五ncipais acionistas estrangeiros, quc em alguns casos estavam longe

de serern insignificantes(nO CasO da I(〕 1, a SOlvay chegava a ser o maior aclonista

isolado),1l foram excluFdos do controle desse grandc capital, ao invOs de serern in―

clurdOs na lideranca da cmpresa.

Embora Bukharin as vezes saa um pouco obscuro quanto a cssa questao,mesmo assirn compreendeu corretamente quc no perrodO imperialista antenor aPrimeira Guerra Mundial(acrescentarfamos:c entre as duas Guerras Mundiais),airnportancia das ``organizac6es internaclonais''(empreSas internacionais e cartё is)

naO era ``de modo algum tao grande quanto poderia pareccr a primeira vista".12Segundo sua concepcao, a tendOncia a internacionalizacao da vida cconOrnica ain―

da sofria grande inluOncia do processo de nacionalizacao dO capital.13 ``A `econo―

rnia nacional'transforrna― se num truste unicO,enOrine,combinadO,ondc Os partici―pantes sao os grupos financeiros e o Estado A essas formac6es damos o nome de`trustes capitalistas de Estado'"14 De acordo com Bukharin, a principal caracteristi―

10 VERNON,Raymond Sο υ●″lgntt at Boり LOndres,1971 p37,40-41,TUGENDHAT,Chistopher The Mulinaciο ‐

nals Londres,1973,p 381l STOCKING,George W eい TヽKINS,Myron W Cα

"elsin Action Nova York,1946p43112 BuKHARIN,N frnpe"α lls"α nd Wο rld Ecο nοmり p 60 Bukhain tambё m menciOna uma frase caracterisica da

obra classlca de sartonus vOn Walershausen sobre a economia mundial,Das υο′魅lti″schψ

Che system der Kap″α‐

′anlage irn Auslande Berlim,1907,p 100:`て Parece improvavel que se crle emp“ sas internacionais com uma adminis‐

tracao centrallzada reinlleitricllerl da prOducao'' Bemard Harrns, ao contr`ho, identlica cOrretamente os p● m6rdios

de internacionallzacaO da produc5o em Vo′魅ω,“sch“ und We″ ωl“sch`F」 unhO de 191213 BuKHARIN,N Impe"α llsm ond WOrld Econο ηtt p 61,53● t seqs14 fd,p l17‐ 120 Vertambをm BUKHARIN,N,0た onomik der Transfomo“ onspe"ode p 10-13

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A CONCENTRAcAo E CENTRALIZAcAo INTERNACIONAL DO CAPITAL 223

ca do per10do imperialista(c16SSico)era a cOncorrOncia entre esses``trustes capitalis―

tas de EstadO"c nao a fusaO internaclonal do capital

A terceira revolucao tecn016gica c a formacao dO capitalismo tardio marcaram

um ponto decisivo a esse respeito:a pa"ir dat a cOncentraga~o intemacional do ca―p“αl comecou a Frans」 Orrnar‐ se em ccntral盪 2caο intemacional No caplぬ ′おmo raトdio,a cmpresa mul"nacional`orrlou‐ se a」omla Organi劉

“υa dcterrninanた do gran―

de capiral.As ibrcas que desempenharam um papel rnuito importante nesse pro―cesso,e que nos aludam a apreender as diferencas quantitaivas entrc o desenvolvi―

mento das empresas no perlodo tardio do capitalismo e scu desenvolvirnento noperfodo do imperialismo c16ssico,sao as seguintes:

1)(D nOvO desenvolvimento das forcas prOdutivas desencadeado pela terccirarevolucao tecnO16gica alcancou um ponto no qual, cm um nimero cada vez malorde setOres, nao O mais pOssivel produzir lucrativamente em escala nacional, nao s6por causa dos lirnites do rnercado interno,mas tambё m por causa do enorrne volu―me de capital necessariO a prOducaO.A industria cspacial ou a fabncacao de avioes

supersOnicos de transporte, c amanha muitO provavelrnente a ``indistria antipolui

caO", sa0 0s exemplos classicOs absο luros desse processo na Europa ocidental Aproducao de circuitos integrados, quc embora ja tenha cOmecado ern muitos par―

ses curopeus, s6agOra pode ser lucrativamente desenvol1/ida por um inico produ―tor que atenda toda a EurOpa(Dcidental,ё urn exemplo relaFiυ o da mesma tendOn―cia. Mas em muitas outras areas tambOm ha cvidencias de quc as forcas produtivascontemporaneas estao rOmpendo os lirnites do Estado Nacional, pois a lucrativida―de rninirna para a producao de certas mercadorias envolve sё rics produtivas pro―porclonais aos mercados de variOs parses.15 Por eXcmplo:hae cxiste uma inica ma―quina que, com velocidadc e capacidade adequadas, pode produzir f6sforos para

10 rnilh6cs de consumidores; outra que pode produzir lampadas elotncas para 25milhocsi uma inica refinaria de petr61co pode responder pelo consumo de petr6-leo de mais de 15 mlh6es dc usuarios ctc.16 Num paFs como a SuOcia,o mercadointemo(consumO domOsico)s6requer 30%da capacidade minima 6ima de umafabnca de cigarros, 50% de uma fabnca de geladeiras e 70% de uma fabrica decerveia. MeSmO nO Canadd, O mercado interno O pequcno demais para perrnitir autilizacao da capacidade rninirna 6ima dc uma inica fabrica de geladciras 17 A in―

ternacionalizacao das fOrcas prOdutivas cria assirn a infra― estrutura para a interna―

clonalizacao do capital lsso se expressa,cntre outros,pelo fato de que uma parce―la crescente do movirnento comercial intemaclonal na verdade se efetiva no inte―

rior da mesma cmpresa intornacional(entre Outras,a cxportacao de pecas de autO―

m6vel para serern montadas em ou廿o local, de pecas sobressalentes etc)A pres―saO estutural quc o crescirnento das forcas produtivas cxerce coloca o custo dcmuitos proietOS gigantes de pesquisa alёm dos recursos inanceiros dos Estados de

15 BrOWn fomece as interessantes cifras que se seguem: uma fundicao mOderna pode produ21r fOrrO suficiente para

uma sociedade industnal com l mlhao de habitante,uma uslna sldemrglca modema"de prOd厳 r o suiciente para

uma sociedade semelhante com 2-3 milhoes de habitantesi uma lanllnadora continua modema pode produ′ r parauma comunldade de 20 mllhoes de habitantes; uma laminadora modema para produtos especiais tals como chapasiargas e chapas magnetzadas pode produzlr para populac6os ainda maiores BROtVN,A 」 fntroduc,on to the WorldEcο nο mノ Londtts,1965,p 12516 fd,p 126‐ 127 1sso naoこ verdade apenas em relacao a prOducao efetlva,rnas tambこ m em relacaO a drea do trans‐porte Asim a introducaO dO sistema container em larga escala na rota do AdantlcO NOrte foi empreendlda pela Adan‐

ic Container Line,fOnnada por seis companhias europdias de navegac5o o● undas de diversos pa〔 ses(COmpagnie Ge―nerale TransaJantque, Cunard Llne, Ho‖ and‐Amenca Llne, Transalanic Steamship Company of Sweden, SwedlshArnencan Line e Wallenius Shipping COmpany)Nenhuma das companhias naciOnais de navegacao teia cOnseguidoarcar sozinha com os custos e os● scos envol宙 dos nessa transforrnacao tecn。 16oca17 A capacidade miniFna 6imaこ um nivel abaixo do qual os custos de producaO pOr unidade comecam a aumentarVer SCHERER,F M “The Determinants of industnal Plant Slzes'' In:Reυ i●w or Economics and Statls"cs Maio de1973 p 141

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224 A CONCEmcAO ECEttLIZAcAoぃ ぼERNACiONAL DO CAPITAL

porte mOdlo, forcandO― os cada vez mais na direcao da c00rdenacao, da c00pera‐

95o e da divisao de trabalho intemaclonais em pesquisas financiadas pe10 Estado.Urn estimulante a mais para a criagaO de cOrporac6es mulunac10nais C a compul―saO a integraca~o υc"icat uma das fOrcas motrizes da centrahzacaO dO capital. Masessa integracao vertical envolve cada vez mais uma combinacao de regi6es produti―

vas situadas em paises diferentes, correspondendO a um crescirnento desigual defontes de matcrias― primas, inovacaO tecn016gica c acumula95o de capital pOr todOo rnundo

2)A acumulacao c a cOncentracao crescentes do capital no perfodo do capita―lismo monopollsta coloca uma quantidadc cada vez malor de capital a disposicaOdas grandes empresas oligopolistas e monopolistas, por ineio dos superlucros quc

realizam. As conseqiiencias sao o autOfinanciamento c a supercapitahzacao.18 P。 _

rCm, cOmo C tFpico do capital monopollsta chnlinar a concorrencia de precOs, 0crescirnento das vendas e da prOducao O cada vez mais lirnitado no paお .()resulta―

do c a cOmpulsao das grandes empresas no sentido de sc expandirem para a10mdo mercado naclonal, a fim de assegurar a sarda de scus produtOs. Essa cxpansaosegue dois carninhos: diferenciacao e combinacaO de setOres no mercadO interno19c especializacao e diferenciacao de prOdutos no mercado mundial. Devido a maxl―

rniza9ao dos lucros a longo prazo(as vantagens das grandes sё ries, das ccOnomiasde escala intema c externa, e do controle de mercado)O a segunda dessas duastendOncias quc predomina, levando as grandes empresas a produzir e vender emescala mundial A industria qurrnica o um bom exemplo. A grandc empresa surcaCiba(hoie ciba― Geigソ)penetrou no sctor de fotoqurmica(entre Outras folnlas,ab―sorvendo a British llford COmpany)c a partir dar comecOu a mover― se na drea dosequipamentos audiovisuais, da impressaO e da producao de instrumentos destina―dOs a aerofotografia nlilitar. As grandes empresas fannacOuticas invadiram a indus―tria alimentrcia(Bristol Myers),a area de cOsmoucOs(Roche,Eli― Lilly,Roussel― U―

Claf)e de equipamentos lnOdicO― hOspitalares(」 ohnson th Johnson,Roche).20

3)No capitalismo tardlo, os superlucros geralmente assumem a loHHa de su―perlucros tecno16gicos(rendas tecno16gicas). O menor tempo de rotacao dO capital

fixO c a aceleracaO da inovacaO tecno16gica detellllinam a busca de novos produ―

tos e novos processos de prOduc5o quc envolvem riscos inerentes a expans5o dOcapital, por causa das onOrmes despesas necessarias a pesquisa c aO desenv01vi―mento de produtos, c exigem 6 ma対 rno em prOducao e vendas para as rnercado―rias recentemente fabricadas 21 um pOrta― voz da indisma qurrnica norte― americanadissc muito claramente quc

``para se obter rnargens de lucro supenores a mё dia,o preciso descobrir continuamen―te novos produtos e especialレ ac5es que possam proporcionar grandes margens de lu^cro,enquanto os produtos mais anigos da mesma categona voltam a ser produtos qul―micos com margens de lucro menores''22

掲翻陽'』調器篤躍1驚T島:鶴ema、腸認堪肌滉愧胤T∫TTttn鯖譜畷¶:

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A CONCENTRAcAO E CENTRALIZAcAO INTERNAC10NAL DO CAPI「 AL 225

Essa pressao, por sua vez, こum poderoso incentivo para a producao intema_clonal, favorecida pela relativa facilidade de acesso aos grandes mercados(cOncen_

廿090es de populacaO em grandes arcas urbanas).23 uma nOυ α Joryna da diυ おσo dctrabalho, bascada na ωpecialttaga~o de produtos, correSponde agora お grandesempr“as muたinacionais cfo capitalsmo rardiO.24 TambOm procuram lucrar na dife―renga de pre90 intemaclonal na compra de maに FiaS‐primas,equipamentos,terras eedifrciOs, assirn como na compra da forca de tabalho e nas diferencas dos pre9os

de mercado para os artigos produzidos em suas fabricas,a fim de maxirninizar seus

superlucros lnonopolistas ern escala mundial.25 A indistria automoblrstica ё um ex―celente exemplo: empresas europOias c iapOnesas dominam O mercado norte― ame―ricano de carros pequenos;certas empresas(MerCedes,Volvo,BMW,Alfa― Romeo,Citroё n, algumas companhias norte‐ americanas)dominam O mercado eurOpeu decarros grandes e de luxo;algumas empresas especializaram― se na producao de car_ros rnCdios,c outtas na producao de caminh6cs rnaisleves ou mais pesados etc.

4)Forcas s6cio― polficas(fermentacao rev01uclonaria constante nas c010nias e

semico16nias,desde a Segunda Guerra Mundial),aSSim como forcas econOmicas(oS produtOs agrrcOlas passam a ser cultivados corn tecnologia industrial avancada;h6 desenvolvimento de mOtodos quFrnicos, ao invOs de naturais, para a obtencaode prOdutos agrrcOlas etc.),prOvOcaram um declfnio relativo das exporta95es de ca‐pital para regi5es subdesenvolvidas. Em cOnsequencia disso, o CXCeSso de capital

agora circula predominantemente entre as metr6poles imperialistas,o quc tambOmpromove a ascensaO da empresa multinacional. Embora depois da Segunda Guer―

ra Mundial esse nuxo de capital tenha vindo pnncipalmente da AmOrica do Norte cda lnglaterra,hac o capital da Europa conunental e o do」apao desempenhamum papel cada vez mais importante nesse movlrnento de exportacao intenmperia‐hsta. O desenvolvimento desigual dos variOs parses imperialistas o ele pbprio um

estFmulo consideravel para o entrosamento internaclonal do capital; na Europa,por exemplo, a capacidade de as empresas “naclonais" isoladas resistirem a cOn_correncla de suas nvals norte― amencanas sera ameacada de manelra critica de esseentrosamento nao OcOrrer.26

5)O desenv01宙 mento desigual das grandes e vanadas fOК as(Ou regiOes impe―rialistas)e a polrtica protecionista ou parcialrnente proteclonista que procuram efeti―

23 charles P Kndl● berger(Arne"can 3usines Ab‐ ●d P 14)salienta quc os dds p琵 ―requisltos para umぬ pido desen―voMmento dO raio de acao das sOcledades anOnimas mais impOhntesぬ o um alto glau de concentracao nacional daindisma jd ettnte e grandes possibLdades de vendas intemadonals ciadas pela familiandade da marca lsso res―ponde a quesぬ 。cOl∝ada por Hellbronner sobre a rtto de haver uma gttnde``produぃ 。intemadonal"de vldЮ dea■om“d■ mas n5o de m6q面 n“ o"●鹿

“Ou de na宙 oた

晰 七:闇翌 ‰ ∫窃 lL“Lc Mdinadond Corpom―

嬰 藤 顎 :響 戯 露 辮 鉾 [搬 猛 驚 猫 :留 鶴 ふ 竹 鷺 nね

"m&ぬ出中 ね adOm“ds

desinados ao mercado mundlal Ford labicava p`ra‐ lamas na Holanda para a producao de autOm6veis no resto daEuropa e pe9as de trator na Alemanha e motores de modelos reduadOs na lnglaterra para serem u● h7,dos nas monta―

doras norte― amencanas Singer espalhou os dlversos modelos de suas maquinas de costura entre a Esc6cla,o Canad6,o」aI通o e os Estados Unidos,conCentrandO a prOdu゛ o doS dlferentes tpos de m`qtunas,conforrrle sugeham O merca―do● 。s fatores de custo"VERNON Sο pe″lgn″ αt B。 ,p l10 H6 outros exemplos em TUGENDHAT The M● 僣na‐

tlonals p 139,142e14926 Para um exame detalhado dos prOblemas aqul envdvidos,ver nosso ivЮ

,Europe Veβ us Ame"“ ?Londres,19700r6pldo crescimento das eゃ olねc&s japonesas de capital nos`hmos anos tem ddo pa滝 cularrnente impreζ onanteAnt● de 1967 sua ml出 a nun∽

uva de l∞ 200耐h鵠:i認雷 ∬ l瑞『 潔

S∬T鶴織 li弯酬 アЬ強ra 400 milh6es de d61ares em 1968,670 milh6es em 19691

1or total dos investlmentos,aponeses no exteior pam agora de 10 bilh5es de d61ares S6 o invesimento dreto doseuropeus nos Estados Unidos cresceu de 6 blh5es de d61ar‐ em 1966 para 10 bilh5es em 1971:os investmentos emtftulos a longo pra20 dOS eurOpeus nos Estados Undos pauram de ll,5 blh6es de d61ares em 1966 para 26 bllhoた sem 1971

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226 A CONCENTRAcAo E CENTRALIZAcAo INTERNAC10NAL DO CAPITAL

var reforcam a tendencia contemporanea de substituir a cxportacao de mercado―rias pela cxportac5o de capital, a fim de evitar as restri96es alfandeganas. Por essa

razaO as empresas nortc― americanas e ingiesas estabeleceram numerosas filiais naCEE para proteger sua fatia de mercado dos efeitos das restric6eS alfandegarias c。 _

muns a toda a CEE relativas as exporta96es dc outros paises. Esse fator ia desern―penhou um papel importante nos primeiros esforcos de estabelecer unidades deproducao fora dO paFs de origem das grandes empresas,realizados pela Lcver Bro―

thers, pela Bayer ou pela」 urgens(um dos elementos orignais da unllever)antesda Primeira Guerra Mundial. A recente tendOncia protecionista da polftica comer―cial norte―americana一 ―evidente ia ha alguns anos,mas gritante no discursO dc Nl‐xon de 15 de agostO de 1971-― tambOm pode acelerar as exportac6es de capitaleuropeu c iapOnos para os Estados Unidos A crescente instabildade do sistemamonetario internacional representa um papel scmelhante,pois engendra receios ca―

da vez ma10res dc nutuac6es imprevisiveis nas taxas de camb10 e tannbOm fez as ve―zes de frelo a expansao das exportac6es de mercadorias,ao mesmo tempo que es―timula a exportacao de capital resultante da internaclonalizacao das regi5es produti―

vas 27

6)A especializacao c a ``racionalizacao" do cOntrole do capital, decOrrentesda crescente centralzacao do capital em escala nacional, induzem investimentos di―retos no exterior, na medida cm que perrnitem aos capitalistas especializar―se maise mais na area da atividade reprodutiva ``pura'', c na medida cm que deixam apreferencia por novos investimentos ser detellllinada por critOrios obictiVOS inde―

pendentes de cOnsideracOes nacionais c internaclonais. A 16gica da cOncottncia

olgopollsta e scu vercu10 cOm o progresso tOcnico carninham na mesma direcao,pOis, no caso de certos produtos, o “merCado norrnal'' nao se diferencia mais dOmercado mundial. O desenvolvirnento de uma cmpresa que passa do stα tus naclo―

nal para o internacional corresponde, a nivel dos ``rnuitos capitais", as tendencias

ObeiVas de desenvolvimento do“ capital em gerar',16 descritas.28

0 presidente do cOnselho administrativo da grande empresa alema RobertBosch GrnbH sintetizou recentemente as considerac6es econOrnicas que deterrnina―

ram a decisaO tOmada por sua cmpresa de se internacionalizar:

l mercados atuais,que muitas vezes imp6ern a producaO de uma mercadOnana zona cm quc O consumida,por razOes quc inclucm custos de transporte,garan―tia de oferta, adaptacaO de prOdutOs as necessidades locais, emprego e problemas

estruturais da regiao de vendas;

2. fatores de producao, quc incluem nao s6 matorias― primas e energia, masparticularmentc a forca de trabalho, ctta COmbinaca0 6tima ё um prё ―requisito pa―ra a rninirnizacaO dOs custos de producao;

3. desenvolvirnento mundial da tecnologia, quc compreende diferentes grausde progresso em diferentes regiOes e requcr coordenacao internaclonal;

27 KINDLEBERGER Ame"can 3usina“ Abroad p 188‐ 189:LEVINSON Cα pital,In/1a“。n and`力 ●Mul"nocionα ls p36,54‐55 etc28 sobre as ongens das empresas mulinaclonais no desenvol宙 mento intemo da grande cmpresa capitalista, verHYMER Op ct,p442‐ 443i CHANDLER Strategノ and Structu“ p42‐ 51,324 et se9 Ambos os setores atnbuemum papel decisivo a sociedade anonima de m`itlplas di、 ls6es su“ ■da na dё cada de 30, mas que 6 se generallzou de―pois da Segunda Cuerra Mundial como um estaglo intermedi`no entre a empresa``nacional"ea``intemacionar'

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A CONCENTRAcAO E CENttLIZAcAO INTERNACiONAL DO CAPITAL 227

4. distribuicao de nscOs, um ObietivO COmpreensivel quando as tendOncias cOr―

rentes se dingem aOs retornos decrescentes e aos perigos crescentes.

Algumas cifras serao suficientes para indicar a cscala dessa intemaclonalizacao

da produca~0, diferente da ttalレaca~o de mais― vala Se definirmos uma ``empresainternaclonal" como aquela que tem ao menos 25%do giro total, das vendas, dOsinvestimentos,da producao ou dO emprego fora de seu paも de origem ou da adrni―

nistracao central,cntao 75 a 85 das 200 malores sociedades anonirnas norte― amen―canas e das 200 maiores empresas europё ias sc encaixam nessa categoria 29 Entre

as 176 malores empresas norte― americanas, 71 tOm em mOdia cerca de 1/3 de em―pregados residentes no exterior.30 Em 1967, as exportacOcs das dez principais na―

90es capitalistas industnalizadas,correspondentes a 130 bllhOes de d61ares,cquiva―liam a pouco mais da metade do movirnento das subsidiarias e dos centrOs estran―geiros de producaO de empresas dessas mesmas nac6es(240 blh6es de d61ares).Em 1971, as sociedades anOnirnas multinacionais produzirarn mercadorias no va―lor de 300 bllhOes de d61ares fora de seus parses de Ongem, O quc corresponde aum Oalor superior ao valor total do comorclo mundial.31 segundo MagdOff, em1965 22% dos lucrOs de empresas nortc― americanas vieram de seus hOldings es―trangeiros.32 No come9o de 1972,o giro total de todas as companhias caracteriza―

das como multinaclonais foi estimado entre 300 e 450 bilh6es de d61ares, de acor―do com as defin196es usadas― ―em outras palavras,entre 15娑 ,c20%dO prOdutosocial bruto de todo o mundo capitahsta.33 comO essc giro duplicOu a taxa do pro―duto social bruto ern relacao a docada passada,sua parte nesse produto subiria pa―

ra 28%e40%nos pr6xirnos dez anos, se se mantivessc a tendencia atual, o qucparece improv6vel.

PorOm, ao falar da tendOncia a centralizacao intemacional do capital, ё precisodistinguir suas diferentes fomas e descrever de maneira mais exata, ou relativizar,

o conceito dc “empresa mulinaclonal'' CentralizacaO de capital implica um poderdirigente ccntral, ou centtralレ aga~o do controle dos meios de prOduca~o― ―em ou―tras palavras, a propriedade privada centralizada Nesse contexto nao o impOrtante

saber sc as ac6es se distribuern intemacionalrnente entre acionistas pequenos oumOdlos, pois um dos tracos not6rios das empresas capitalistas de sociedade anoni―

ma,e de capital rnonopolista como um todo,こ quc a posse dc uma grande quanti―

dade de capital no seio de uma sociedade anOnirna de vulto permite o controle so―

bre quantidades ainda rnalores de capital

A centralizacao intemaclonal do capital significa, portanto, controle central de

capital de diferentes origens e controles nacionais. Essa centtahzacao pOde tomar

duas forrnas ou as irrnas c as grandes empresas com d¨ 祀nt“ propnetanos impe_

nalistas naclonais podern ser controladas por uma anica classc imperialista(cOmO,por exemplo, quando a Machines Bull foi absorvida pela General Electric, a Phoe―

nixworks pela Firestone, a cmpresa belga ACEC pela Westinghousc etc); ou, poroutto lado,as irmas e as grandes empresas com d"祀 n″s propne五nos nadonaispodem entrelacar― se com uma companhia internaclonal sem quc o controle calacm maOs de um poder isolado, como, por exemplo, na incorporacao da A(3FA

"ROLFE,Sidney E e DANIM,Waler(Eds)The Multi N● tiο nal Cο pora,on in the Wo″ d EcOnOmり Nova York p17∞SIMMONDS,Kenneth ini BROヽ い ,ヾCourtney Wο rld Busin●s:Promな e and Problems Nova YOrk,1969,p4931 TuGENDHAT The Mulllno“ onals p 2132 HEILBRONNER Op cit,p21:MAGDOFF Op cit,p15933 A estmatlva mals baixa C apttsentada por MACRAE,Norman `.The Future of intematOnal Business'' In:Thι Eco‐

nOmお t 22 de,aneiro de 1972;a estlmatva mais alta 6 dada pelo maglata none‐ ameicano ROSS,Arthur .`Trendsbei mulinatonalen Konzemen'' In:Go“ leb Du"ωeiた r fns,tute――TOpics Ano 3,n° 5,maio de 1972

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謁 iifTh退:謄乱鞣淵昴「rll釈配耽憮T讐鷺1脳F』:鶏謂tFokker(truste alemao‐ h01andOs dc a宙ёes).34

As enormes sociedades anOnirnas norte― amcncanas quc criaram filiais e subsi‐

diarias em muitos parses(General ElecMc, Ford, Esso Standard, TexacO, Wes―inghouse,General Motors c IBM,por exemplo)esぬ0 0bViamente fora da catego―ria de uma verdadeira fusao internacional de capital, pois, tanto em telllloS dC Ori―

gem como de controle,seu capital continua inequivocamente naclonal. EmbOra es―

sas empresas norte― americanas, como as empresas classicas do lrnpёrio Britanico,

representern uma concentracaO internacional de capital, porquc uma proporcaocrescente do capital acumulado por elas origna_se da prOducao e realizacao demais― vaha fora do paFs de origem,35 elaS nao representarn uma centrahzacao inter_nacional de capital. Essa centralizacaO intemacional s6 ocorre quando essas cOmpa―

nhias absorvem firmas c empresas locais em vanos paFses no decorrer de sua ativi―

dade intemacionalPara csclarecer as tendencias de desenvol宙 rnento a longo prazo da centraliza―

9aO internacional de capital e sua relacaO cOm O Estado capitalsta tardio, O funda―mental distinguir rigorosamente a internacionalizacao da rcalレ agao de mais―valia(avenda de mercadonas), a internaclonalizacao da prOduca~o de mais― valia(a produ_

9aO de mercadonas),a intemadonalzacao da cOmpra da mercadoガ a」0(a de rra_balho(ou do mercado especrficO dessa rnercadoria)e a internacionalizacao dO con_trole do capital, quc cm.■ luma ins16ncia sempre sc bascia na intemacionalizacaoda propttedade do capital.

A internacionalizacaO da rcalizacaO de mais― valia, isto C, a venda de mercadO‐rias, O uma tendencia inerente ao capitalismo, mas desenvolve― se de follllas muito

diferentes na histOria desse modo de producao. Falando ern teIIHos gerais,cssa in―temaclonalizacaO ve10 crescendo desde o comeco do sOculo XIX atё as vosperasda Pnmeira Guerra Mundial(lsto O,as exportacδ es representavam uma parte cadavez malor da producao industrial dos parses capitalistas avancados); mas dirninuiu

entre 1914 e 1945; com o advento da era do capitalismo tardio, aumentou nOva―mente,embora o n~ cl relaivo(em Outras palavras,as exportac6es per capita)al―cancado antes da Primeira Guerra Mundial nao tenha sido atingido antes da dOca―

da de 60.36

No passado, a internaclonalizacao da produ95o de mais― valia na indistria ma―

nufatureira,fora do setor das matOnas― pnmas,era minima.Hoie cOnsitul o aspec―to paぬcular e realrnente novo da internaclonalizacaO dO capital. A maloria dasgrandes empresas agora despende capital constante e variavel em muitos parses da

Terra, quer em sucursais sob seu controle direto, quer em associa9ao com outtas

“Um c¨o■面セde亀褻ohセmadond de caメ d seha a脳ホ品品響:‖昴」

`出 T∬][乱雷:ゝ糀yムま攪:do" o padrao de prOphedade a ponto de a “naclonalldad(

zes se alrrna quc esse laこ 。caso da grande empresa su〔 韓 Nesuc,e mesrno da empresa holandesa PhJhps SOmos cё ―

tlcos quanto a ser esse realmente o caso35 0s maCicos“invesimentos poだ 61io''em ac“ s estrangeiras sem a inluencia(Ou contrOle)das empresas interessa‐das C uma forllna de concentrac5o internacional de capltal sem centallzacao intemadonal(que,6 e対 stla em embH5ono perlodo do impenalsm。 “c16ssico'')especmca do capitansmo tardio Assim os capitahstas europeus pOssuね m umtotal de 26 bilh6es de d61ares em acoes de llrrnas norte‐ ame五 canas,de cula administac5o nao parbcipavam Enquan‐to as exportac6es de capital da Europa para os Estados Unidos― ―att agora――sao predominantemente inveshmentospoだ61io, as exporta96es norte― ameicanas de capital para a Europa ocidental sao predominantemente investlmentosdlretos na Europa36 segundo as emmaivas de Lamarbne Yates,o comOrcio mundlalFFr cOpita era menor em 1937 do quc em 1913(―

7%),enquanto a taxa mё dia de crescimento estmada em periodos de dc anOs desse comё rclo mundial per capita,en‐

tre 1913● 1963, era de 8% Mas enquanto a cota de exporacoes de produto mundial aumentou durante todo um sl‐Culo(d12Se que pas∞ u de 3%em 1800 para 3398 em 1913),comecou um longo dediniO entre as duas guerras mun―dlaisi mesmo em 1963, quando estava em 22%,ainda n5o ha宙 a recuperado o nivel de 1913 KUZNETS,SimonQvonIね‖υο

~eCお ofぬ e Econοmlc GrOω th OrNa,ο ns p 4-9

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A CONCENTRAcAO E CENTRALIZAcAO INTERNACIONAL DO CAPITAL 229

companhias, em empresas fundadas por companhias estrangeiras em parses estran―geiros e posteriormente compradas, ou cm grandes companhias multinaclonaiscom as quais as empresas estrangeiras se cntrelacam Esse processo iniciou― se logo

depois da Segunda Guerra Mundial, em particular nas indistrias petrolrfera, auto―

mobllrsuca e de aparelhos elё tncos norte― amencanas,c hoie C urn fenOmeno mun―dial que pela primeira vez proporciona de fato um ambitO direFarnente internacio―

nal para a concorrencia dO capital(um exemplo 6bvio l o campo internacional deconcorrOncia entre as mais importantes empresas americanas de computacao na in_dustria clcttOnica)37

A internacionalizacao da cOmpra da mercadona fOr9a de trabalho O uma con―sequencia inevitavel da intemacionalizacao da prOducao de mais― valia, cmbora as

duas nao coincidam necessariamente de forrna cconOrnica. Por um lado, a produ―

caO nO exterior podc ocorrer sern muita forca de trabalho estrangeira, especialrnen―te em empresas ou setores industriais altamente mecanizados ou automatizados.Por outro, podc haver grandes movimentos internacionais da forca de trabalho aprocura de emprego, sem quc isso necessariamente se faga acompanhar da inter―naciohalizacao das regi5cs produuvas ou de sua possc: observem os movirnentos

鵠 fFtta驚 盤 謂 翼 鵬 畢 窮 留 誂 ::l麒れ 野 器 識 tξWb躍 :枇pates da CEE, sem quaisquer rnudancas nas relac6es de propriedade na indistria

da Europa ocidental Esses dois processos, o da moblidade internacional do capi―

tal e o da mobllldade intemacional da forca de trabalho, nao saO paralelos nemcomplementares no perfodo do capitalismo tardio (aO COntrd五 o de sua tendOncia

no perlodo capitalista luvenl): eleS Se OpOcm um ao outro. A forca de trabalhoanui das areas inargnais rnenos desenvolvidas para os centros industriais da Euro―pa ocidental exatamente pelo mesmo mouvo pe10 qual o capital nao sai(Ou naOsal em quantidade suficientc)desseS Centros para aquelas areas rnarginais 38

A internacionahzacao do cOntrole do capital, a verdadeira centralzacaO dO ca_pital,sempre implica uma transfeた,Cia de propttedade,sela de um pars para Ou―tro, saa de um grupo nacional de proprietanos de capital para outros Aqui tarnbёm prepondera a lei do desenvolvirnento desigual e combinado A centraliza95ointemacional do capital nao C necessaria nem mecanicamente congruente com a in―

ternacionaliza95o da producao, de prOdutores ou da venda de mercadonas. sO_mente quando a intemacionalizacao da prOdu95o leva a internacionalizacao da prO_pnedade dO capital― ―em outras palavras, a uma aル eracao internacional da pro―

priedade do capital― ―ё quc realmente podemOs falar de uma internacionahzacaodo contrOle do capital.39 A infra―estrutura matenal que possiblita ao capital exercer

37 Ё aCOnselhavel disingur companhias nacionais que operam em n"el intemacional das companhias intemacionaも ,

segundo as propor05es respectvas de sua producao domこ sica c estrangeira,e tambё m distlnguir as cOmpanhias int9r―

naclonais(COntroladas pelo capital de uma inica nacionalidade)das dO bpo mulinacional segundo os padr5es respect‐

vos de propiedade KINDLEBERGER Arne71can 3usines Abrood p 180-18438 NO caso das emigracOes europё ias om mas鉢 , as chamadas co16nias brancas do sё culo XIX e comecos do sё culo

XX,a forca de trabalho e o capital andaram na mesma dlrecao― _mesmo quando seu ntmo e seu vOlume difeiam O

mesmo 9conteCe{e aCOntecia)com a em19racao chinesa c iaponesa para o Paciflco, com a emigracaO hindu c libanesapara a Afnca ohental e oddental,respecivamente,e com mo宙 mentos menores de emigra95o no MeditenancO(gregos e italianos)MaS no caso da emigracao cOnternporanea da Europa oiental e mehdional para o lado ocidental docontlnente,o trabalho rnove‐ se na direcao contr6ha do capital39 Aqui ё preciso entender a propiedade do capital como controle sobre o capital,que pode baseOr― se na posse de per―

centagens minonね has relatlvamente pequenas do capital total Segundo Kindleberger, as empresas norte‐ amencanasnaO pOssuem,em mё dia,mais de 60%de suas sucursais estangeiras `Ame"cσ n Business Abrood p 31)Isso podeser comparado ao fato de que os estrangeiros ocupavam apenas l,6%dos 1 851 cargos de direcaO na adnlinistacaode empresas norte‐ amerlcanas com at゛ dades importantes no extehor Tugendhat comenta com acenO: ``A caracterlstl‐

ca mais noあvel da modema cmpresa mulinacional ι a sua direcao centrallzada Qualquer que sela seu tamanho equalquer quc sela o nimero de sucursais espalhadas pelo mundo,todas as suas aivldades sao coordenadas pelo cen―

tro'' Thc Mυ ′,in● tiο nα ls p 31

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230 A CONCENTRAcAO E CENTRALフ AcAo l卜

ERNACIONAL DO CAPITAL

um controle internaclonal real s6 foi cnada pela terceira revolugao tecnO16gica com

Scus rlex,scusiatOS e seus outros produtos caracterrsucos

E preciso distinguir aqui trOs tipos diferentes de relacao entre O Estado naclo―

nal burgues c a centrahzagao internacional do capital A centralizacao intemaclonal

do capital pode fazer― se acompanhar pela cxpansao internacional do poder dc um

`nico Estado. Essa tendencia j6 se evidcnciava na PHmeira Gucrra Mundial, e du―rante e ap6s a Segunda Cucrra Mundial, c expressou― se de mancira cspetacularatravOs da hegemonia politica c rnilitar do imperialismO nortc― americano. Este cor―

responde basicamente a primeira das duas forrnas principais da centraliza950 inter―

naclonal do capital: uma unica classe nacional de capitalistas__os capitalistas es―

trangeiros participam quando muito como sOcios minOガ tdrios――exerce urn contro―

le decisivo sobre o aparato internacional de producaO,sendo cada vez malor a par―

te que lhe cabc O poder internacional crescente de um unicO Estado imperialistaharmoniza―se com a supremacia internacional crescente de um inico grupo naclo―nal de prOpnetariOs de capital no ambitO global do capitalinternaclonal

A centralizacao internacional do capital tambOm pode fazer― sc acompanhar pe―lo desmantelamento do poder de vanos Estados nacionais burgucses e pelo surgi―mento dc um nουo rЮder estatalたderat um Estado burgua supraη acionαたEssavariante, quc parece pelo menos possivel, senaO prOvavel, para a regiaO da cEEda Europa ocidental,corresponde a segunda pFinCipal forma de centralizacao inter_nacional do capital: a fusao internacional do capital scm a predorninancia de nc―

nhum grupo cspecrficO de capitalstas nacionais. Como nenhum upo de hegemO―nia O tolerado nessas empresas realrnente multinacionais,a forrna cstatal correspon―

dente a cssa forma de capitai nao pode, a10ngo prazo, implicar a supremacia deuma inica nacao burgucsa sobre as Outras,nem uma confederacaO frOuxa de Esta―dos nacionais soberanOsi deve antes tomar a forma de um EstadO federal suprana―

cional,caractenzadO pela transferOncia de decisivos direitos de soberania

Certamente sena um errO tratar forcas puramente econOmicas como fatoresabsolutos dessa questaO, divorciando― as do contexto hist6rico global As funcoesdo Estado burgues nao se restringem apenas a salvaguardar os interesses econOrnl―cos imediatos dos proprietariOs dO capital― ―ou do grupo mais importante de capitallstas em cada uma das fases do modo de producaO capitalista Para desempc―nhar efeivamente essc papel, O preciso, com efeito, quc cstenda suas atividades a

todas as esferas da superestrutura, uma tarefa quc apresenta grandes dificuldades

se for emprcendida sern cuidadosa consideracaO das peculiaridades nacionais e cul―turais de cada naclonalidade 40 Na fase do capitalsmo tardio, as fungOes econOrni―

cas diretas ou indiretas do aparato do EstadO burgues vieram c。 locar―se taO marca―

damente no pHmeiro plano― ―pela necessidade de ganhar um controle cada vez

malor sobre todas as fases do processo de producao e reprOducao― ―que sOb cer―

tas circunstancias O capital rnonopolista pode, sem divida alguma, considerar co―

mo urn rnal rnenor certa divisao de trabalho entre um Estado federal supranacional

e a atividade cultural dos Estados naclonais Nao se deve esquecer que nos Esta―

dos Unidos,por exemplo,todas as qucst5cs relativas a educa950,a religiaO c a cul_

tura perrP.anecerarn― ―desde a fundacao da uniao一 一em m50s dos Estados indivi―

dualrncnte,ao invOs de passarem para o governo federal.A10m dissO,a regulamen―tagaO de quest5es educacionais e culturais em vanas lrnguas naO ё de fOrma algu―

ma imposs~el(ver o sistema cantonal da Federacao Sulca)A irresistivel compulsaO de criar um Estado impcnalista supranaclonal na Euro―

“A Onfase parbcular sobre esse fator superestu撼 ral nao ccOn6mico explica por que os gaullistas franceses adenram

innemente ao a対 orna de “pequenos Estados'' europeus e por que resistem a “supranacionalidade" representada pe―los“ eurocratas sem alma"

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A CONCENTRAcAO E CENTRALIZAcAo INTERNAC10NAL DO CAPITAL 231

pa ocidental__sc a centtalizacao internacional do capital realrnente assumir a for―

ma predorninante de fusaO de capital a nivel de toda a Europa, sem a hegemOniade nenhuma classe nacional burguesa― ―surge precisamente da fungao economicaimediata do Estado no capitalismo tardio O planaamento cconOmico estatal naclo―

na1 0 incompatrvel,a10ngo prazo,com a fusao multinaclonal de capita1 41(Du o pri―

meiro restringe a segunda, cspecialrnente em perlodos de crisc Ou recessao, Ou a

segunda cna uma forrna internacional de plangamentO econOrnico que saa coc―rente consigo rnesma.42

A cscolha de uma dessas alternativas sera bascada, em altima instancia, naquesほo da polrtica cconOmica anticrclica,pOis uma luta bem― sucedida contra crises

e recess6es,cm harrnonia com os interesscs de cmpresas rnultinaciOnais, naO pode

ser conduzida a nfvei nacional; s6 pode ser intemacional. Como os instrumentosda pOlfica anticrclica consistem em arlifrclos mOnetarios, creditrciOs, 。rcamenttrios,tribuねriOs c alfandcgariOs,cssa polftica deve ter a sua disposicao uma mOeda inter―naclonal uniforrne c uma orientacaO internacional uniforrne relativa a crё dito, Orca―

mentos e impostos(a pOlftica comercial internaclonalia O uma realdade na CEE)Mas a 10ngo prazo O impossfvel ter uma moeda cOmum,um orcamento cOmum,um sistema comum de tributacaO e um programa de obras publicas comum43 semum governo federal cOm soberania em questOes de tnbutacao e financaヽ dispon―

:3北黒∬‰踏ξ器l庶∬唱壌c鮒Ъ″葛nTttT蒜瓦s■躍 :

multinacionais cnam tambom urn mercado de capital internaclonal quc, em tOdOcaso,tornam cada vez mais problematica a sobrevivOncia de moedas nacionais, depolFticas creditrcias nacionais e de orcamentos nacionais 44

A terceira variante poss"cl da relacao entre a centrahzacao internacional do

capital e o desenvolvirnento do Estado capitalista tardio C a indび θrenca relativa docapital para com o Estado O exemplo de grandes empresas inglesas, canadensese algumas holandesas, cm particular, c muitas vezes citado para ilustrar esse ca=

s。45 costuma―sc enfaizar quc essas empresas internaclonalizararn tanto suas ativi

dades, c produzem e realizam rnais― vala cm tantos parses,que se tornaram indife―rentes ao desenvOlvirnento da coniuntura cconOmica c polrtica de sua patria 46

Sem negar, porё m, a existencia dessa variante, podemos considera― la basica_mente como sirnples interrnediano cntre as duas variantes principais apresentadas

acirna Numa analise mais dctalhada C preciso distinguir dois casos diferentes nofunciOnamento dessas empresas ``indiferentes ao Estado'' No primeiro, clas ope―

41 Ё pOr essa razao que durante muitos anos defendemos o ponto de vista de que a CEE ainda nao l“ ilel′ ersfver' c

TE鉗宙謂織:写1翼

息肥∬温露雷籠蹴pnmaЮ hgtt quandね ivamette― ou s● a rm tpo de pb‐nelamento econ6mico no qual o Estado pudesse acionar quantldades suicientes de recursOs antlciclict‐ g para enfrentar

dliculdades conlunturais de reallzacao e vendas sofndas por enonlnes empresas como a Siemens,a Phililps,a FIAT ou

a lCl em segundo lugar,qualitatvamente_ou sela,um ipo de planelamento econ6mico capaz de stiblugar interes

着l『評 おぽ :驚罵 lli織轟『 :F[脳 讐錦 濾a:鼈

肥 1ll騨 :織 ine宙ねvdmette da chacao daCEE,e argumentava que uma polttca empregatた ia c inia― estrutural(ou uma pol絶 ca dc Obras ptbiicas)comum sehatambOm ineutavei na cEE,a longo prazo EcOnOmic Theο ヮ and sヽtem EurOpean fnた gm′οη LOndres, 1967 p97-98

“V6●Os auto“ s,6 mencionaram o papel das empresas mulunaciOnais de frustrar as tentatvas nacionais de estabilセ ar

a taxa de,urOS e de cotac6es da Bolsa nOs ilimos anos(Ver,por exemplo,LEVINSON Op cit,p 36‐ 37,70-71:

理Ⅷ躙Wi搬湯itlm冨 節酬露8踊厭T臓島i胤′Bむ Bttn‐"4%7 Qm昴

さge,1971 p 62‐ 63,7446 Entre outros,ver ROW「 HORN,RObert ``Impenalsm:uniり or Rlvalry7'In:Nelt Lert Reυ ieω n。 69(setembrO‐ outubro de 1971),p 46‐ 47:MURRAY,Robin “IntematonallzauOn of capltal and the Naion State'' In:Nelt Lり をRe―

υiοω n° 67(maioづ unhO de 1971),p 104-108 Reconhece ele ar a cOntradicao e cOnclui que o capitalismo tardio es饉se tornando cada vez mais insね veL sem mencionar que as 9andes empresas sera‐o Obngα dαs, portanto, a buscar umpoder estatal adequado as suas necessidades

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232 A CONCEllTRAcAo E CENTRALIZAcAO INTERNACIONAL DO CAPITAL

ram em parses Ondc o pr6prio poder estatal ё tao fracO quc na0 0ferece resistenciaa busca de lucros adiclonais das empresas sem patria: isso s6 0 validO, em iltima

instancia, digamos, para os parses sernicoloniais controlados pelo capital inglos. No

segundo caso,clas operam em pates ondc o poder estatal quc inteⅣ Orn na ccono―

rnia O independente delas. Com a intensificac5o da concorrencia e da centralizacao

internacional do capital,os parses dO pnmeiro grupo tender5o a se tornar cada vez

mais propensos a usar todo o poder estatal a sua dispOS195o para defender scuspr6prios interesses de possiveis concorrentes Entretanto, nos parses dO segundogrupo,a posicao das empresas``indiferentes ao Estado" es桜 l suicita a ser cada vez

mais ameacada pelas sociedades anonirnas que desfrutam do apoio real do apara―to estatal local. Por isso ё apenas uma qucstao de tempo para quc essas empresasabandonern sua atitude de indiferenca ao Estado e prOcurem donlinar seu Estadonatal ou o local dentro de cttaS frOnteiras se da O grOsso de suas operac6es. Se

na0 0 fizerern, tais empresas antes “indiferentes" podem ter de pagar um alto pre―

9o por terern subestimado o papel do Estado no perfodo do capitalismo tardio;aca―baraO caindo nas rnaos de suas concorrentes.47

Portanto, a inica conclusao impOrtante que se pode tirar ao considerar essaterccira variante ё que mesmo sem a internacionalizacao da propriedade do capi¨tal,a internacionalizacao crescente da producao de mais_valia pOde levar a``desna―

cionalizacao" de uma grande empresa Em outras palavras,se uma cmpresa comoa Phillips ou a British Petroleum tivesse de transferir a malor parte de suas ativida―

des para a AmOrica do Norte, teria um interesse maior pela cOttuntura cconOrnicado Canadd Ou dos Estados Unidos do que pela bntanica Ou curopё ia,e por isso te―

ria de usar rnais o aparato de Estado da AmOrica do Norte do quc o britanico para

efetivar seus interesses econOmicos e poderia finalmente tornar― se parte da burguc―

sia amencana,talvez por mclo de amalgamas com empresas``puramente"norte―americanas. Nao cabe investigar aqui a probabilidade dessa ``rnigracao"; s6podc―mos estabelecer sua possibilidade te6rica. Mas esse desdobramentO apenas nostraz de volta,indiretamente,as duas primeiras vanantes.

Todos os autores quc,como Charles Levinson,consideram as empresas lnulti―naclonais como colossos soberanOs quc anulam o poder do EstadO capitalista tar―

dlo, assumem tacitamente a concep95o extremamente popular nas dOcadas de 50e de 60 de quc o grande capitalia nao enfrenta nenhuma dificuldade sOria de ven―das ou de realizacao, nern crises sociais importantes,48 e que mesmo em perrOdOs

dc “maus neg6cios'' seus invesumentOs prOsseguem inc61umes. Em outras pala―vras, sirnplcsmente pressupunham quc,a naO havia necessidade dO Estado intervirna cconornia para dominar cnses crclicas agudas c estruturais ou grandes erup95es

da luta de classes. A recessao da Alemanha Ocidental em 1966/67,a revolta fran―

cesa de maio de 1968, o“ outono quente" da lセ 1lia cm 1969/70,a recessaO nOrte―

americana de 1969/71 c a recessaO mundial de todos os parses imperialistas cm1974/75 mostraram o absurdo dcssa suposicaO. Na verdadc, a6nica previsao cor_reta que se pode fazer agora O quc as empresas rnultinacionais nao s6 precisam de

um Estado.comO de um Estado realmente mais forte quc o Estado nacional``clas―sico" quc as capacite,ao menos em parte,a superar as contradicOcs econOrnicas csociais que penodicamente ameacam scus gigantescos capitais

47 No ano recessivo de 1974, mesmo sociedades anOnimas muito grandes como a Bntlsh Leyland e a Cttroё n s6 esca―

param da falencla por causa dos subsidlos macicos de seus governos nacionais Mas essas s5o corpora95es que esね oexatamente abaixo do llmite que os Estados nacionais da Europa ocidental ainda podem sustentar MulinaciOnais co―mo a Phillips, a lCl, a Siemens, a Fiat ou a RhOne― POulenc precisanam de subven95es em tal escala, no caso deuma cise inanceira sёha,que nenhum govemo nacional da Europa capitalista podena prOvo_las so21nhO48 sobre essa questao,ver oscap 15 e 17

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A CONCENTRAcAO E CENTRALIZAcAo lNTERNACIONAL DO CAPiTAL 233

Essas tres variantes das relac6es possiveis entre a centralizacら O internacionalde capital e o Estado burguOs tardio fomecern trOs rnodelos possiveis paFa a CStru―

tura intemacional do sistema pollhco metropolitano do impenalismO ROs pr6xirnosanos c nas pr6xirnas dё cadasi

1 0 modclo do superirnperialisrno Nesse modelo,urp anitO porler imperialis―

ta cxercc hegomonia tal quc os outros poderes imperialistas perdenl tocla indepen―

dencia real e scu status cai para o status de pequcnos poderes senlicoloniais.A lon―

go prazo esse processo nao podc apoiar― se apenas na supremac,■ ,1llitar dO poder

superimperialista― ― um predornfnlo que s6 poderia ser exercido pe10 imperialismonorte―americano――mas deve voltar― se para a propriedade c o conけ olF diretOs das

regiOcs produtivas e das concentracOes de capital mais importantes, dos bancos e

de outras instituicOes financciras dc outrOs lugares Sern esse controle diretO,Ou se―

ia,Sem O poderimediato de dispor dO capitat n5o ha nada quc a longo pra20 aSSe―gure que a lci do desenvolvirnento desigual nao altere outra vez a tal ponto a rela―

caO de fOrcas ocon6nlicas entre os principais Estados capitalistas, que saa solapa―da a supremacia rnilitaF dO rna10r poder irnperialista

Os defensOres da teoria do ``superimperiahsmo" vOenl, consequcntemente, asprincipais empresas internacionais nortc― americanas como os verdadeiros― ―poten―

ciais ou宙 rtuais――senhores do mercado mundial.491)uVidam quc as grandes ern―presas europOias c iaponesas possam, a longo prazo, competir efetivamente com

suas congeneres norte― americanas, porquc iulgam quc aquclas estao tecnO10gica―mente muito atrasadas,que scu capital naO ё muito poderOso ou que nao disp6emde ``tOcnicas adrninisttativas''50 Por Outro lado, nao acreditam quc as empresas eu―

ropOias ou japonesas,ainda quando possam compeur no campo ``puramente eco―nOrnico'', reSiStam a cOncOrrOncia polrtica corn as norte― americanas, devido aO fato

de que isso poderia desferir um 9olpe fatal nO centro rnilitar e polfico do imperialis―

mo mundial contemporaneO e depois voltar― sc contra elas rnesmas 51 A csse respei―

to, a alegacao dc POulantzas de que nos deixamOs enganar por estatisticas``territo―

riais" ao subestimar a supremacia do capital nortc―americano (inClusive as socieda―

des anOnimas norte― amencanas estabelecidas na Europa)O tipiCa,mas nao tem nc_nhum fundamentO.52 Nossos argumentos sempre se basearam na concorrrOncia en―tre varias sociedadcs anOnirnas internaclonais de propttedade de diferentes grupos

(nOrte_americanos, curopeus ou iapOneses)de Capitalistas naclonais A Philhps, aFiat,al(〕 I,a Siemens Ou a RhOne― Poulenc sao de prOpnedade de capitalistas euro―peus,assirn como a Mitsubisht a HitaCht a Matsushita ou a Sony sao de prOprieda―

de de capitalistas iaponeses e a General Motors, a Exxon, a General Electric Ou a

US Steel sao de capitallstas norte― americanos.

2.O modelo do uル ra― impettalismο .Nesse rnodelo a fusao internacional do ca―pital foi ta0 10nge quo desaparecenl todas as diferencas crfticas entte os interesses

econOrnicos dos propnctanos de capital de diversas naclonalidades. Todos Os capl―

talistas importantes espalharam a propriedade de scu capital, a produc5o c a reali―

zacaO de mais― vaha, bem cOmO a acumulacao de capital(nOvoS invesimentos)deforrna taO cquitativa pelos varios pates e pelas varias partes do mundO que se tor―

narn completarnente indiferentes a coniuntura particular, ao processo particular da

49 ver BARAN e SWEEZY MonopοゅCapital,MAGDOFF,Hatt The Age orfmpa"α ′なm

Ю Essa C a advertencia cOntda em te Dψ Am●"cain,de Servan‐

Schreiber,se a incorporacaO do capital europeu foradlada c a unidade polttca da Europa∝ idental nao cOnseguir concretlzar― se51 Maぬn Nicolaus apresenta essa tese em sua po10mica contra n6s Die ObJediυ it●ld‐ Impe"olsmus Benim,197152 POuLANTZAS,Nicos CIsの in Cο ntempora″ Capralぉ

“Londres,1975p50-57

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234 A CONCENTRAcAo E CENTRAL2AcAO INTERNACIONAL DO CAPITAL

luta de classes e as peculiaridades “naclonais" do desenv01virnento politico dequalquor pars lncidentalrnente: 0 6bvio quc uma internacionalizac5o tao completa

da cconomia mundial tambё m signiicaria o desaparecimento dos cic10s econOrni―cos nacionais. Nessa cventualidade,s6restaria a concorrOncia cntre as grandes ern―presas multinacionaisi n5o haveria mais uma concorrOncia interimperialista propria―

mente dita――em outras palavras,a concorrOncia finalinente se libertaria do Estadonacional, seu ponto de paぬ da E claro quc nesse caso o Estado imperialista n5o“definhana''i s6 desaparecena o scu papel de instrurnento da concOrrencia interirn―perialista Scu papel de arFna Central de defesa dos interesses comuns de todos os

propnetanos impenalistas de capital contra a ameaca de cnses ecOnOmicas, contra

a insurreicao do prOletariado nOs parses imperialistas, contra a revolta dos povoscolonizados e contra o poder dos Estados nao impenalistas sena mais pronunciadodo que nunca Apenas esse Estado nao seria mais um Estado nacionalimperialista,mas urn “Estado mundial'' supranacional impenalista. Muitos defensores da teseda crescente ``indiferenca" das empresas multinaclonais ao poder do EstadO bur―guOs est5o muito pr6xirnos da teoria de urn “ultra―imperialismo'' nascente, cspe―

cialrnente Lcvinson 53

3.()modelo da concorttncia intcttmpcttcIお Fa continua,sob novas forrnas his―

t6ncas Nesse modelo, embora a fusao internaclonal de capital tenha sido suficien―

te para subsutuir grande numerO de grandes forcas imperiahstas independentes porpequcno namerO de superpoderes imperialistas, a forca contrana do desenvOlvi―mento desigual do capital impede a forrnacao de uma verdadeira comunidade glo―bal de interesses capitalistas A fuSaO dc cap″ α′se dd a nfυ cl continental,mas dessc

rnodo a conco巌 )ncia impenalお ta intercon,ncntal intcnsiFiCa_se mu"o mθお A novi―dade da moderna concorrOncia intenmpenalista, cm compara95o com O impenalis_mo c16ssico quc LOnin analisou, consiste em primeiro lugar no fato de quc apenastrOs forcas rnundiais se confrontarn na cconornia impenalista internacional,quais se―jam, o impenalismo norte― amencano (que cOntrOla grande parte do Canada e daAustraha), O irnperialismo japonOs54 e O impenalismO curopeu ocidental(D desen―volvirnento posterior do impenalismO lapOnes,saa cm direcao a independencia,sc_ja em direcaO a fusaO cOm grandes empresas norte― americanas, provavelrnente de―

cidina cssa concorrOncia Em segundo lugar ha natur。 lmente o fato de que naatual cottuntura s6cio― polltica de todo o mundo, quc O basicamente desfavoravel

ao capital, as gucrras mundiais interimpenalistas tornaram― se extremamente impro―v6veis, se nao impOssFveis lsso naO exclui, na verdade,as guerras locais interimpe―nalistas(pOr prOcuracao, por assim dizer), as nOVas guerras coloniais de plhagemnem as guerras anu― revoluciondnas contra os movirnentos de liberacao naciOnal― ―naO menciOnando o pengo dc uma guerra nuclear rnundial contra os EstadOs socia―

Istas burocrauzados

E sabido quc Karl Kautsky foi o p五 meiro a cogitar da possiblidade dc um t`en―

tendirnento ultra― imperialista'' cntte todos os poderes mundiais Eie pensou nisso

53 LEVINSON Op cit,p103106勢Sobre o papel cada ve2 maiS importante do impenalismO,apOnos e de grandes empresas,apOnOsaS no Pacinco,verStephen Hymer, “The United States l・ 4ulinatlonal ColporabOns and Japanese competllon in the Paciic''(palestra feita para a Conferencia del Paciico, Vllla del Mar、 Chile,de 27 de setembro a 3 de outubrO de 1970), cuio manuSCntOo autor teve a gendleza de nos enφ ar Hermann Kahn(Tlle E′ ηθ,管 17ng」 apon“ e Super state Londres, 1971)trata d。

mesmo assunto, rnas esse livro ё marcado pela tendoncia tipica do autor de fazer extrapolacao desenieada O capital

,apOnOS 1 0 maior invesidor estrangeiro na Corё ia do Sul(67%)e na Tailandia(37,3%, em compara95o com os16,2%dos Estados Unidos)e o segundo maior investdor em Singapura Ver Far EosFem Ecο nο mic Reυ iaω 13 dernaio de 1974

Page 235: Capitalismo Tardio - MANDEL

A CONCENTRAcAO E CENTRALIZAcAO INTERNAC10NAL DO CAPITAL 235

antes da Prirneira(3uerra Mundial.55 TambOrn C sabido como LOnin refutou catego―

ncamentc essa possibilidadc.56 Nicolaus acusou o autor deste trabalho de seguiri`os passos de Kautsky" por considerar a possibilidade dos vdrios poderes curo―

peus se fundirem em urrl supeっ Oder imperialista curopeu 57 Essa analoga O pura―

mente forinal e supcrficial A perspectlva dc Kautsky era a de quc um enfraquccimento gradual das contradi96es irnpenalstas levaria ao ``ultra-lmperialismo'' Anossa C diametralmente oposta:sup6c uma intenslFicagaο de tOdas as contradigOes

inerentes ao lmperialismo na cra do capitalismo tardio――o antagonismo entre capi

tal e trabalho nas metr6poles e nos parses senlicoloniais;o antagonismo entre Esta―

dos imperialistas e nac5es coloniais ou sernicoloniais e a intensifica95o da rivalida―

de intenmpenalsta scぬ exatamente cssa inた nsifiCacaO das contradicoes intenm―

perialistas que necessanamente fara surgir a tendOncia de cettos poderes imperialis―

tas a sc fundirem De outra forma nao teraO cOndic6es de coninuar com a lutacompetitiva. Enquanto a analise de Kautsky levava inexoravelrnente a conclus6esreforrnistas c apologOticas, a nossa, ao contrano, culrnina logicamente numa valori―

zacaO ainda maior das tarefas revoluciondnas independentes do proletariado dasmetr6poles 58

0 pr6pno LOnin nao cxcluiu de forrna alguma, evidentemente,a possibilidadede maior cOncentrac5o c centralizacao internacional do capital一 ― inclusive a dos

grandes poderes impenalistasi na verdade, afirmou expressamente que a tendOn―

cia hist6rica a longo prazo dirigia― se “lo」camente'' para um unicO truste mundial

Mas ele estava convencido de quc muito antes desse desenv01virnento atingir esseponto, o imperialismo sofreria um colapso, tanto em consequOncia de suas contra―

dic6es internas como da luta revoluclondna do proletariado e dos povos oprimi―dos 59 compartilhamos dessa concepcao e cOnclurrnos quc O adiamento da revolu―

caO prOletaria nos parses imperialistas metropolitanos tomou possrvel, se nao realmente provavel, a sirnphficacao do mOdelo de poderes impenalistas miltiplos emtres``superpoderes".

o ultimo dos tres mOde10s apresentados acirna O sem divida o mais provavel,ao menos no futuro pr6xirno. Em ultirna instancia, a efeuvac50 de cada um dessesmodelos depende da forma predominante assurnida pela centralizacao internacio―nal do capital,saa qualfor a importancia do peso auЮnomo tempord五 o das forcas

rnilitares e politicas.

O supenrnpenalismO s6 pode efetivar― se sc o capital rnonopolista do poder irn

penalista hegemOnico adquirir uma proporcao dccisiva da propttedade cro capiFal

de scus concorrentes potenciais rnais importantes. AtO agora o imperialismo norte―

amencanO naO a cOnseguiu nem na Europa ocidental nem no」 apao O capital fi

nanceiro desses parses esta muito independente de seu congOnere norte― america―

no.(Ds bancos nOrtc― americanos representam um papel apenas marginal em suas

55 KAUTSKY,Karl “Der impenalismus'' In:Dic Neue Zeit ll de setembro de 1914:“ Por isso,do pOnto de● sta pu―

ramente econ6mico、 naoこ impossitlel que o capitalismo ainda possa viver uma outra fase, a traducao da cartelizacao

em polfuca e対en。■ uma fase de uル ra impe"oAsmo contra a qual temos de lutar、 l eudenセ ,de modo tao enorglcoquanto lutamos contra o impehalismo,mas culos peigos tomam outla direcao,nao a da cOrnda arlnamentsta c a daameaca a paz mundiar' Ver a traducao do aigo de Kautsky publicada na Neω L9鼈 Reυiatl n° 59,,aneirO fevereiro

■こ k鳥 鵡 岬 enalお m,あ a Hgtt Sね geげ C■鮨ASm h Sdeded Wο tt v Lp 764 7725'NICOLAUS Dia ObJι

ctiυ itat d“ fmpe"oAsmus

“Ver nossa resposta a NICOLAUS,Marun Die Wido,、 pttche d“ fmpe"oAsmus Berlim,1971

59 ``Nao ha d`vida alttma de quc o desenvol、 4mento sc encaminha pαra um inicoセ ust mundial que absOwera to―

das as empresas e todos os Estados sem exce95o Mas o desenvolvlmento que leva a e%e resultado ocorre sob talpres蓋o,com tal itmo e com tais contadicOes,conlitos e convuis5es――nら o apenas econOmicos,mas tambё m poll● ―

cos,nacionais etc ――que antes de se efetvar um truste mundial inico,antes que os respectlvos capitais inanceiros na―

cionais formem um sindicato mundial `ultra impenalista', o impenalismo explodlr`ineutavelmente, o capitallsmo setransfonnard em seu opoま o''Lanin,na introducao ao f′

"peガαllsm andル Vο rld Econοmν,de Bukhann p 14

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236 A CONCENTRAcAO E CENTRALIZAcAo INTERNAC10NAL DO CAPITAL

econornias Embora o capital industrial de prOpriedade norte― americana sela degrande importancia, sendo bem acirna da mOdia, csPccialrnente nos chamados se―

tores em desenvolvirnento, atualrnente sua parte pode ser estimada cm pOucomais de 10-15% dos investimentos totais dc capital. E nao ha nenhuma tendOnciacoidente de que sua parte vd aumentar ininterruptamente;parece, ao contrariO, cs_tar dirninuindo Portanto, atO agora nao se pOde afirmar enfaticamente quc o Esta―

dO iapOnos Ou os Estados europeus ocidentais carram para a posicaO de semicO16-nias.Eles conduzern polFticas independcntes no que diz respeito ao comOrclo,as re―

lacOes extemas c aos assuntos rnilitares, mesmo que cssa independoncia seia CXer_

cidarentro dos lmites de uma ahanca comum contra os inimigos cOmuns de clas―se. E preciso notar quc essa alianca coincide plenamente com os interesses co―muns a todas as classes capitalstas, e de forma alguma apenas com os interessesespecrficos dO irnperialismo norte― americano. Com efeito, podemos acrescentarque desde o comeco da dOcada de 50, a relacao de fOrcas entrc o impenahsmOnorte―americano e seus congOneres da Europa ocidental e do」 apac alterOu_sc con―

unuamente com desvantagens para o pnmeiro e corn vantagens para os ultimOs.60

Eυolucao da Relaga~o Econ6,lica dc Fο (as enttrc EstadosUnidos――Europa Ocidental――」apa~ol

l As t10s pimeiras tabelas BARRAl‐「―BROWN,Michael FrOm Lα bοunsm to Sο ciallsm N。範ngham, 1972 p l10,

com excec5o da coluna referente a prOphedade de ouro e moedas estrangeiras para fevereiro de 1973,tlrada do N。 ‐薔οnαi lns,`ute EcοnOmic Reυ icω,malo de 1973 p 99 Quarta tabelal esimaiva para 1960,de MAGDOFF Op ct,p 56i a estlmatva para 1971 foi tlrada de Les Sο ci`“おMultinα tiο na16 et le Dり υelοppement Mondial Naξ 6es Unidas,Nova YOrk,1973,p 144

Percenragen do Prο ducaο lnd●srriα I Tο ral dο Mundο Capitalista

1953 1963 1"θ

Estados Unidos da Amё ●caComunldade Economlca EurOpliaReino UnldoJap5o

44%21,1%6,4%5,3%

40,5%22%5%9,5%

Pcrcentagern das Ettο ttaCOCS Tο ′ais do Mundo CaplFalた ta

1953 1963 1%θ

Estados Unidos da Amё ●ca

Comunidade EcOnomica Europё ia

Reino Unldo

」apa。

21%19,3%

9,7%

1,7%

17%27,8%

8,7%

4%

15,5%

32%7%7%

Pcrcen`agern do Toral dc ourO e dc Diυ isas do Mundo Capitalista

1953 1963 1"θ

Estados Unidos da Amё ncaComunidade EcOn6mica EuropliaReino Unido」apa。

43%11,5%5%1,5%

25%29,5%4,3%3,0%

8,3%37,0%3,5%11,2%

Page 237: Capitalismo Tardio - MANDEL

A CONCENTRAcAO E CENTRALIZAcAO INTERNACIONAL DO CAPITAL 237

Pcrcentagem dο s lnυestimentos Eternos Torais cIO Mundo Capitalista

1960 Iジ I

Estados Unidos da AmlHcaReino UnidoFrancaAlemanha OcidentalJapa。

SutaCanadaHolandaSueclaBё 10Calttlia

59,1%24,5%4,7%1,1%0,1%

52,0%14,5%5,8%4,4%2,7%4,1%3,6%2.2%2,1%2,0%2,0%

Entretanto, o desenvolvimento nessc campo de modo algum tellrlinou A lll―tensificacao da cOncOrrencia interllacional do capital vem aurnentando ha rlluitotempo c mais cedo ou mais tarde levara a um estagiO nOvO c qualitatvaniente su¨perior da centralizacaO internacional de capital.61(D nimero de empresas inた FnaCiO―

nais importantes O estimado hole enn torno de 800 Penrrlutter previu que por vol―

ta de 1985 a ecOnonlla capitalista mundial serd dorninada por umas 300 empre―sas Num trabalho urn tanto impresslonista, Lattes calcula que cerca de 60 ompresas multinacionais dividira0 0 mercado mundial entre si.62 Essas empresas serao ex―

clusivamente norte― americanas, ou havera cmpresas norte― americanas, por um la―

do, c europOias e iaponesas, ou europё ias, nipo― europOias e nipo― americanas porou廿o?A resposta a essa pergunta deterininara Sem divida alguma, a prObabilida―de ou improbabiliciade do modelo do supenmperialismo No final tudo deperlderade qual das duas follnas principais da centraliza9ao internaclonal do capilal triunfa―

ra no caso de mais um adiamento da revolu95o prolet6na nos parses metrOpoh健 ―

nos.

E cvidente quc as chamadas empresas multinacionais dos Estados Unidos en―tram nessa nova fase de concorrencia intensificada com duas vantagens iinpOrtan―

trssirnas sobre suas rivais: atualrnente dispOcm em mOdia de recui50S dO Capitalmuito maiores(廿 es Ou quatro vezes supenores)aoS de suas concorrentes importan―

tes, e de um Estado muitO mais poderoso. Suas congeneres iapOnesas e curopOiasocidentais s6 conseguiraO sObreviver sc,por sua vez,passarem por um rdpido pro―cesso de fusao internacional, sc atingrem um grau de propnedade de capital e decapacidade produtiva correspondente ao dc suas malores rivais norte― americanas cse,ao menos na Europa ocidental,fundarem um Estado federal em pё de 19ualda―

de com os Estados Unidos em termos polricOs e mllitares.O desunO da cEE nasduas pr6対 rnas recess6es provavelrnente decidira a possibilidade Ou a impossiblllda―

de de um superpoder indcpendente na EurOpa ocidental――e tambё nl as charlces

de realizacao de urn superimperialismo norte― amencanO.

∞Ver as provas empincas dessa altera95o em nosso estudo Europe υe^us Arrle,ca2 Enquanto os dados 16 apresenta‐

dos se referem phncipalmente a capacidα de prOdu“ υα,desenvol宙mentos mais recentes enfattram diferentes itmosda expo"ocaο de cα pital Hole as exportac&s de capltal da Alemanha Ocidental e do」 apao esね 。crescendo muito

mais rapidamente quc as norte‐amencanas61 Evidentemente n5o se pode exclⅢ r a poSSiblidade de que em alguns setores da indistl■ a pesada,que sofrerl:de su―

percapacldade e de cnse estrutural permanentes,se possa folnar um``cartel mundlal"para e宙 tar o dumpi7ig e os in―

vestmentos“ exagerados'',estabillzando se assim os precos do mercado mundlal Aqui temos e“ l mente sobreLdo a

indisma sldemrglca2 Verfnた plaソ,novembro de 1958,cittda por HEILBRONNER Op c″ ,p 22;LAl‐「ES,Robort M″ しハ右′riσ rd.・ deDollars Pans,1969 p 10 Lattes menciona uma prevlsao feita pela Natonal lndustnal Conttrelice Board Ofふ c USA.segundo a qua1 20%do PNB norte― ameicano sera cOntrolado por empresas euiop1las e,aponeSas e 25%do Rヾ B eurOpeu ejaponOs por empresas norte― ameicanas om 1975(p 37-38)

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238 A CONCENTRAcAo E CENTRALIZAcAO lll「 ERNACiORAL DO CAPITAL

Para que o modelo ultra impenalsta se torne realidadc, ё preciso haver, cmprimciro lugar, um grau muito maior dc centrahzacao internacional dc capital doque se pode esperar haC Isso pressupё c,acirna dc tudo,a pa範 cipa95o mac19a degrandes acionistas curopeus c iaponeses nas empresas norte― americanas mais irn―portantes, o quc imphca uma reducao da prOpriedade norte― americana nativa des―

sas companhias para holdings relativamente minoritanos. IssO hole parecc aindamenos provavel dO quc a redu95o paralela do padrao de prOpriedade das grandesernpresas curopcias c iaponesas.63

E veFdade quc a rapida cxpansao das expOrtacOes europOias e iaponesas parao mercado norte― americano__quc hole ropresenta o rnesmo papel centrai no iner―cado mundial quc o mercado domOsico bntanicO representara no perrodo entre1780-1880 -― ё acompanhada de uma tendencia a amphacao dos investimentosdo capitais europeus e iaponeses nos Estados Unidos. Embora esse processo aindanao saa de modo algurll tao impOrtante quarlto o investimento de capital norte―

americano na Europa ocidental, mesmo assirn nao pOde ser descartado cOmO algoinsigniicante Alё m dc investimentos diretos de cmpresas europOias nos EstadosUnidos, ё preciso moncionar algulnas absorc5es notaveis de cOmpanhias norte―americanas por sociedades anOnirnas curopOias A Briish Pctroleum de fatO adquinu O cOntrOle da Standard Oil dc Ohio e de grande parte do petr61eo do Alasca AFiat agora cxerce urn controle semelhante sobre o setor dc equipamentos de cons―

trucaO de cstradas da Allis Chambers A Oliveti comprou a Unde椰 ′ood Tambёmё verdade quc o Banco Ⅳ:undial e outras organizac5es internaclonais promoverampractos comuns associando muitos dos mais importantes gigantes industnais dO

rnundo. Alёm disso, certOS Iobbics inspirados pela ideologia ``atlantica" torn feito

esforcos conSCientes no sentido de conseguir uma comunidade dc inteFeSSeS e urnentrosamento de capital cada vez maiores entre a Europa c os EstadOs Unidos.Mas os impledosos ditarnes da concOrrOncia pesam mais quc o disccrnirnento polrti―

co ou quc as noc6es de cidadania mundial na conduta das burgucsias imperiahs―tas A Fendencia pガ ncゎαl da inFens′ Cacaο da cOncottrcia inι ernacional nao se di_ガgc hae para a rusao do grande capilα l a nfυ cl mundial,mas pα ra o cndurecimen―to do antagonお mo entκ diυesas/orrnac6“ impe"alおtas.

O rnode10 de conunuidade da rivalidade intenmpenalista parece, conseqtientc―mente, o mais provavel e rcalsta dos tros, mesmo com a ressalva de que O precisOhaver uma fusao internacional de capital nunl futuro pr6対 rno, entre a Europa ocidental e o」 apao, a firn de salvaguardar do imperialismo americano a independen―cia das classes irrlperialistas dcssas regiOes.64 Em■ltirna instancia, a maior probabli―

dade de efetivacaO desse tercciro modelo esta ligada a questaO de saber sc a se―gunda principal forrna de centraliza95o internacional sc opora cfetivarnentc a pri_

meira一― em outras palavras, sc a cenFralレ α,a~o inremaciOnal do capital assum″ 0,

nas pめximas dOcadas,α 」Orma de uma cornbinagao de cmpresas dominadas pelosnο

“θ―amcガcanos,dc um′αdo,e dc uma Fusao internacional de companhias muル 1-

nacionais,dc outro.

A tendOncia a cOmunidade de interesses e a participacaO recrprOca dos capi―

“E¨ぃうno¨∽tuar qtt dば“セa“口aneセ∝5♂ ¨盤 鯖ぶ鑑:∫:脳麓i!L:T翻謝霊

CF臨irmas europё ias,parLcularmente da Alenlanha Ocidental,Onental durante algum tempo(para singapura, Hong Kong e Corこ ia do Sul,por exempl。 ),a flm de explorar as vanta‐gens do baixo preco da forca de tabalho local na concorrOncia com empresas,aponesas Ver LEVINSON Op cit,p95‐99t4Bukhain recOnheceu plenamente a imponancia da fusao internacional do capitat embora osse fOsse apenas um fe―

nOmeno marglnal eり seu tempol てS6ha um casO em que podemos dレ er com seguranca que se cha aquela cOmuni

dade de interesses E o casO da crescente “parbcipacao" e inanciamento, Istoを , quando, de、 ido a posse cOmum deaCOeS,a classe de capitalistas de vanos paises tem a prophedade coleiva do um meslno obleto'' Impe"α llsm ondWo″d Econο ,"ノ p 62

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A CONCENTRAcAO E CENTRALIZAcAo lNTERNACIONAL DO CAPITAL 239

tais financeiros europeus O panicularmente importante nesse aspecto. Atё agora es―

sa fol a tendencia quc predominou na Europa ocidental e nao,cOmO pensa Levin―son,65。 surgirnento de uma comunidade de interesses entre grandes bancOs e gru―pos inanceiros curopeus e norte― amencanOs. Das quatro comunidades de interes―ses financeiras rnultinacionais rnais importantes,duas sao inteiramente curopOias:

一― a European Bank's lnternational Company(quC rOune o Midland Bank,in―glesi o Deutsche Bank, alem50;a SociOtO Gё nCrale de Banquc, belga; e o Amster―dam Bank, hOlandOs)quc, cntre outros, cnaram O Banquc EuropOenne de CrOditMoyen,bern como uma companhia financeira comurn nos Estados Unidos,a Euro―pean―American Banking Corporation e uma empreSa COttunta no PacricO,a Euro―Pacific Finance Corporation(Australia,IndonOsia e Africa do Sul);

― o CCB.Group, que compreendc o Commerzbank, alem5oi O CrOditLソonnaiS, francOs,c o Banco di Roma,italiano, mais o Banco Hispano― AmencanO,cspanhol, de uma forma bem pr6対 rna da fusaO; dizem quc esse grupo esta ligad。

ao Lloyd's Bank de Londres;

―― o terceiro grupo, a SociCtO FinanciOre EuropOenne, tem, na verdade, ums6cio americano,o Bank of Arnerica,mas esse iltimo tem um papel apenas secun―dariO no cons6rcio, o qual ё basicamente curopeu Rcunc o Barclay's Bank (in―g10s),o Algemene Bank Nederland(hOlandOs),o Dresdner Bank(alemaO),O Ban_que de Bruxelles(belga), o Banco Nazionale del Lavoro(italianO)e o Banque Na―

tionale dc Paris(francOs).O balan9o total desses bancos passa de 80 bilhocs de d6-

lares―-O malor do qualqucr outro grupo financciro ou bancariO dO mundO. Essegrupo一― sem o Bank of Americal ――, junto com variOs s6cios laino―americanos,criou um cons6rcio para realizar operac6es bancarias na Arnё nca Latina, que scchama Euro―Lainamerican Bank(Eulabank);

―― apenas o quarto consorclo, o Onon crOup, nao pode ser conslderadO eu―ropeu Alё m do Chasc Manhattan Bank, dos Estados Unidos, inclui o Royal Bankof Canada, o Natonal Westrninster Bank (Inglaterra)e O Westdeutsche Lendes―bank(Alemanha)

Em 1970 foi criadO um quinto grupo bancariO impOrtante,o United lnternatio―nal Bank,forrnado pelo BancO di Roma,Mecs&Hope,o Bank of Nova ScOtia,obanco Bayerische Hypothok― und―Wechselbank, o Banquc Francaise du Comrner―ce Extёneur e o CrOdit du Nord UΠ l banco norte― americano,o Crocker― Cittzens

National Bank, pancipa desse cons6rclo, mas conl uma posicaO lninoritaria

(14,3%).Os banqucirOs comerciais curopeus tambOm conseguiram prOgressO con―sidcravel em termos de cooperacao― _cOmo prova o recente acordo entre a Conト

panie Financiё re de Sucz c o Morgan Crenfel Holdings Na prirnavera de 1974, oBanque de Paris et des Pays-3as,O Schwcizcrische KFeditanstalt e a SociCto Gё nC―

rale francesa fundararn uma empresa para inanciar novos practOs energё icos im―

portantes, chamada Finarg. A Sociё tO GOnorale de Banque, belga, o MidlandBank, ing10s, c o Amsterdarn― Rotterdarll, holandOs, decidiram posteriorrnente asso―

ciar― sc a Finerg O traco caracterfstico de todos esses gFupOs inanceiFOS multinacio―nais O sua capacidade de fornecer crOditos gigantescos a cmpresas multinacionaisgigantescas Portanto, sao ao mesmO tempo o produto da centraliza9ao internacio―

“LEVINSON Op cit,p lll-112

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240 A CONCENTRAcAo E CENTRALIZAcAO INTERNAC10NAL DO CAPITAL

nal do capital e o produto do surgirnento de um mercado de capitais genuinamen―

te intemacional.66

E verdade quc atO agora a interpenetra95o direta do capital na CEE vem sedesenvolvendo de forma lenta. Entre 1961 e 1969, houve um tOtal de 257 fus6esentre irmas de diversOs membros da CEE,em comparacao corn 820 fusё es entrefirrnas de rnembros da CEE e de pates do Terceiro Mundo e 1861 fusOes entre ir―

mas do mesmo pars. As dificuldades jurrdicas c Organizacionais― ―quc em ultimainstancia correspondem a ausencia de um Estado federal na Europa ocidental――ti―

veram um papel importante no atraso da interpenetracao do capital na CEE. Nes―sas circunsttncias, a cooperacao entre firmas de variOs parses curOpeus desenvol―

veu―sc mais rapidamente quc a fusao prOpriamente dita. Exemplos disso sao a uni_data, O cOns6rclo de cOmputacaO criado pela Phillips(HOlanda), Siemens(Alema―nha Ocidental)e CH(Franca);C a Eurodifそ 受Urenco para a construcao de fabncasde uraniO enriquecido e cOmbustivel para reatores nucicares ieves.

Quanto mais lento o ntmo de crescimento da cconomia impenahsta intemacio―nal, tanto mais agudas seraO as cOntradicOes sociais nos Estados capitalistas mais

importantes Quanto mais feroz a concorrOncia internaclonal do capital,tantO maisessas contradicOes sOciais serao agucadas, c com elas as tentativas de cada classe

irnperialista individual de resolver suas contradicoes e dificuldades particularos as

cxpensas de seus pr6prios trabalhadOres e de suas rivais ―― em outras palavras,tentarao expOrtar suas contrad190es e dificuldades para a patna de suas cOncorren―

tes.()resultado da intensifiCacaO da luta de classes nos pr6xirnos anos co― determi―nard, por sua vez, os ritrnos e formas da centalizacao intemaclonal do capital.

Quanto mais a luta de classes se desenvolve, de campanhas de distFibuicaO da ren_da nacional a investidas sobrc o controle dos meios de producao c ataqucs as rcta_

95es de prOducao capitalistas, tanto mais independente sera a posicaO da classcoperdna cm relacaO a tOdas as variantes da centalizacao internaclonal do capital,

tanto rnais ela cvitara qualquer polrtica dO“ rnal rnenor''c tanto menos, na Europaocidcntal, cla sera env01vida nos connitos entre a hegemonia norte― americana, ospractos de uma ``Comunidade A」 anica'', um Estado federal eurOpeu como llmnovo superpoder impenalista, ou a continuidade da pletora de pequenOs Estadoseuropeusi e tanto maiores serao a confianca c o vigor com quc ela afirrnara suapr6pria posicao―_pe10s Estados Socialistas Unidos da Europal

Numa situacaO de crescirnento econOnllco desacelerado e de cOncOrrencia in_temacional intensificada, uma solucao tempOraria para O prOblema da centraliza―

9aO intemacional do capital s6 pode ser conseguida as expensas da classc opera―亘a, pois tOda solu95o desse tipo O, no final, detenninada por um aumento subitoda taxa modia de lucros no setor rnonopolista, c nos pr6対 rnos anos um aumentodesse genero s6 pode ser asscgurado pela clevacao da taxa de mais― valia, Ou seia,por uma exploracaO intensificada da classc operana ()fato dc quc a classe opera―

tia da Europa ocidental e posteriorrnente o proletanadO nOrte― amencanO c iapOnosresistirao a cssa intensificacao da cxploracaO pOde ser deduzido da cxperiencia pra―

薔ca dos iltimos quatro anos.

Antes de tudo O de sc esperar uma investida mais feroz sobre os salanOs reaisnos pr6pnos Estados Unidos A indistria nortc― amencana poderia manter scu gran―de diferencial de salariOs por dOcadas, por causa da lideranga quc exerce em ter―

“Ver o interessante estudo de CLEMM,Michael von “The Rise of Consorbum Banklng'' In:Ha"ard Busin● %Re―

ピiοω Mai。 lunhO de 1971 Essa compilac5o reosta cerca de 50 cons6rcios O nimero de cons6rcios europeus(in―ごluindo os quc ttm uma pancipacaO nOrte_amencana muito pequena)e de cons6rcios europeu‐ amerlcanos ё aproximadamenO O mesmo Mas,entre os maiores cons6rcios de capital,as combinaco2s europё ias sao de 10nge as mais im―portantes

Page 241: Capitalismo Tardio - MANDEL

A CONCENTMcAO E CEttLIZAcAOい「

ERNACIONAL DO CAPITAL 241

mos de pЮ duividade.HoiC essa lideranca cstt desaparecendo em muitos setoresde producao. De 1950 a 1965, a produi宙 dade modia do trabalho nos EstadosUnidos subiu cerca de 2,696,contra 4ツ nゝa Europa ocidental e 6,8%no」 apao.En―tre 1965 e 1969,essas cifras eram,respectivamente, 1,7%,4,5%3e10,6%.67 Entre1973e1974,a produtividade do trabalho parou completamente de crescer nos Es―tados Unidos. Nessas circunsttncias, o capital norte―americano tern interesse ime―

diato em reduzir os diferenciais de salariO. Dessa maneira, cm 1968 a prOducaopor empregado na indistria siderurgica cra a mesma nos Estados Unidos,na B01gi―

ca e no」apao,cnquanto os custos dos salaFiOS pOr hora nos Estados Unidos eramduas vezes malores que na B01gica c qua廿 o vezes malores que no」 apaO.68

A centralizacao intemacional do capital deve ser entendida como uma tentati―

va do capital ern romper as barreiras hist6ricas do Estado Naclonat assirn cOmo oplanciamentO ecOnOmico nacional(C amanha talvez supranacional)representauma tentativa de superar parcialrnente as barreiras da propFiedade privada e daapropriacaO privada ao desenvolvirnento das forcas produtivas. Ambas, nas pala―

vras dc Marx, 壺o tentativas de transcender o capital dentro dos lirnites do pbprio

modo de producao capitalista.69 Por isso,ambas apenas reproduzem num plano su―perior as contradic6es intemas desse modo de producaO,sObretudo tod0 0 antago―

nismo entre o valor de uso c o valor de trOca quc esほ na raiz de todas as cOnttadi―

c6es da producao capitalista de mercadorias.A press5o para haver urn capital inter‐naclonal e urn mercado monetanO adequadO as necessidades da crescente interna―cionalizacao do capital dcυ e coldir com O planeiamentO CCOnOnlico a n~ el nacio―

nal e assirn――depois de uma fase de extraOrdinariO crescirnento econOrnico― ―in―

tensificar a suscetibilidade da cconOmia capitalista atual a crises,o que sera cxplica―

do no caprtu10s 13 e 14 deste livrO. Enttetanto, こpreciso analisar antes os efeitos

das nOvas fOmas de organizacaO dO capitalismo tardio sobre as relacoes entrc acconornia das met6poles e das semico10nias(capttu10 11), e depois sobre as rela―

96es entre a esfera da producaO c a csfera da distribuicao(caprtu10 12)

67 BROOKS,Harvey “What's Happening to the US Lcad in Technolqw?''In:Hα ″ard Busina、 Reυ ieω

de 197268 1ntemabonal Metalworkers Federaton,AIヶ αh″iChe Erhebung Jber Loわ

"―und Arbeitsbedingungen,

und B“ ch申グ●in der ωichagsた n zωelgen der Meta〃 industie 1968 12-13,269 MARX,K Cap″ α′v3,p417

MaiOづ unhO

Produ峰 ion

Page 242: Capitalismo Tardio - MANDEL
Page 243: Capitalismo Tardio - MANDEL

1■

1■

O Neο cο:onialismo c a Troca Desiguα !

Os mOvimentos internacionais dc capital reproduzem e ampham constante―mente o diferencial internaclonal de produtividadc, quc C caracteristico da hist6ria

do capitalismo moderno; esses mo宙 rnentos sao, pOr sua vez, detel:Hinados por es―

se diferencial. Nas■ ltimas dOcadas do sOculo XIX, ainda cxistiam grandes reservas

de matOrias‐ primas e de forca de trabalho nao utilizadas e quc ainda nao tinham

entrado na producao de mais_valia. Essas rescrvas, combinadas a disponiblidadede excedentes substanciais de capital dos parses quc sc industriahzaram primeiro,

criaram uma exportacao crescente de capital das rnetr6poles para as co10nias e se―rnico10nias No perfodo imperialista c16ssico, a principal follHa de superlucrOs Origi―

nava―se das diferencas entre as taxas de lucro das rnetr6poles e as das c016nias

Vamos resurnir rapidamentc as fontes das diferencas consideraveis das taxasde lucrO sObrc o capital investido nas metr6poles e nas co10nias,ja discutidas nO ca―

prtulo 2:

1)a compos19ao organica mё dia do capital nos emprecndirnentos coloniais,produzindO matOnas―primas, gOneros alirnentrclos c artigos de luxo, bem comO das

rninas das c016nias, cra muito menor do que aqucla das industrias leve c pesadadas metr6poles;

2)a taxa Fnё dia de mais― valia das co10nias tambё m excedia frequcntemente adas rnetr6poles, em especial porquc a producaO de mais― vaha absoluta nos territ6-

rios coloniais poderia continuar a10m dos lirnites possfveis nas rnetr6poles(embora,

evidentemente, a producao de mais_valia relativa fosse muito menor do quc a daszonas metropolitanas). Alёm disso, o Va10r da forca de trabalhO nas co16nias naocaiu apenas relativamente, mas atё mesmo absolutamente, a longo prazo, como laaconteceu no(Dcidente entre a rnetade do sOculo XVHI c a rnetade do sOcu10 XIX;

3)a presenca de urn enOrlne cxё rcito de reserva indust五 al permitiu quc o pre―

9o da mercadona forca de trabalho carsse ainda mais abaixo de scu lalor nas cO16-nias.Enquanto os salariOs das rnetr6poles aumentavarn em perfodos de prosperida―

dc economica desde a segunda metade do sOculo XIX, c mesmo em perFodos decrise nunca carram abaixo de seu n"el da crise anterior ou do crescirnento ante―rior, os salarios das cO10nias caFam sistemaicamente ern todas as fases de crisc,

243

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244 o NEOCOLONIALISMO E A TROCA DESIGUAL

sem recuperar scus nfveis anteriores as crises no perfodo seguinte de crescirnento

(muitas vezes nao subiam de mancira alguma nas fases de ascensao);1

4)o sistema colonial transferiu parte dos custos indiretos do funciOnamento so―

cial total do modo de producao capitalista,que nas rnetr6poles teve de ser financia―

do pela massa de mais― valia produzida,que dirninura 0 1ucro mOdlo sobre o capitalprodutivO, para o sobreprOduto prこ ―capitalista das co16nias(a renda das classes sO―ciais nativas, tais como propne饉 ●os de terra, camponeses, artesaos e cOmercian―tes). Irnpostos locais, por exemplo, cobnam Os custos da administracaO cO10nial e

de algumas despesas com obras dc infra― estrutura 2 1sso muitas vezes possibilitOu

um aumento consideravei na taxa lrquida de lucro sobrc o capitalinvestido prOduti―

vamente.

No perfodo do imperialismo classicO, cssa grande diferenca cntte a taxa mOdia

de lucros das cOlonias e das metr6poles nao resultOu em aceleracao, mas sirn emdesaceleracao da acumulacao de capital nas co10nias, pois uma parte substancialda mais―vaha capitalisticamente produzida nesses parses (naO s6 os superlucrOs,mas todos os lucros)era drenada para as metr6poles, onde era usada para impul―sionar a acumulacao ou distriburda cOmO renda cxcedente.

A esses superlucros fOi acrescentado mais unl mecanismo de explorag5o dasco10nias e semico16nias pelos EstadOs metropolitanos, qual seia, a ttOCa desigual,que sc tOmou a regra geral depois do infcio da fasc impcrialista(interrompida pe―

los dois perrodos das duas guerras mundiais e da Guerra da Coroia, 1914/18 e1940/53). Troca desigual significa que as co10nias c as semico16nias tendiam a tro―

car quantidades cada vez maiores de trabalho nativo (Ou prOdutos dO trabalho)por uma quantidade constante de trabalho metropolitano (ou prOdutos do traba―lho).O desenvolvimento a longo prazo dos terrnos dc ιroca fol uma das follllas deaferir essa tendOncia, cmbora outros deterrninantes tambOm a tenharn inluencia―

do:entre outtos,o controle monOpolista dos inercados dc matOrias‐ p●mas e produ―tos coloniais dessas matOrias― primas por parte de grandes empresas imperialistasdas metr6poles etc.

Embora saa difrci fazer calcu10s estattticos,C claro quc tanto antes da Primel―

ra Guerra Mundial quantO no perrodO entre― guerras,a ttoca desigual era quantitati―

vamente menos importante do quc a produ95o direta c a transferencia de superlu―

cros das co10nias Os supenucros das c016nias cram a p"ncipal」 orma de cxplora―

caO metrOpOlitana do Terceiro Mundo naqucla Opoca, sendo a troca desigual ape―nas umaゎ′,7:a SeCunddtta.Nao O facl aquifomecer esimaivas no melhor dOs ca―sos, representam apenas aproxirnac6es. Vamos partir do fato de quc em vOsperasda Pnmeira Gucrra Mundial a malor nacao comerciante do mundo,aGぬ ―Breta¨nha, recebia uma renda anual de cerca de 200 rnllh6es de libras esterlinas dOs in―vestimentos exterrlos de capital――evidentementc n5o s6 das co10nias e das serni―co10nias, mas tambOm de varios paFses industrializados, cm especial dos EstadosUnidos. Essa cifra pode ser comparada cOm Os scguintes dados: entre 1910 c1913, os termos de trOca da lngiaterra com o extenor eram praticamente os mes―mos quc ente 1871e 1874. Durante 25 anos foranl rnais vant〔 losos para a lngla¨terra do qtle na opoca anterior a``Grande Depressao"de 1873/93,embOra as van―

l Ver a vanedade de fontes conflrlnando essa tese em nossa Maalst Ecο 710/nic Theο ,ν p 457-458t e tambOm~ n′INT,H The Ecο nοmics orぬ θD●υο′οping Count"“ Lonむes,1964 p 53● ,seq E tambこ m MARX Capた 。iv 3,p786‐ 7932 KOHLMEY, Gunther ``Karl Marx TheOrle von den internatlonalen Vヽerten, mit einigen Schlussfolgerungen fur diePrFisbildung im Aussenhandel^υ iSchen den sozlalistschen Staaten'' In:PrObた me der PO″ tlschen Okο nomie v V、3enim

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O NEOCOLONALISMO E A TROCA DESIGUAL 245

tagens mais importantes s6 tenham sido desfrutadas pela lnglate■ a na dこcada de80 dO soculo passado; dep01s dessa ёpoca os termos de troca deixaram de ser van―talosos para a Gぬ―Bretanha.3 MenOS de 50%do comorcio exterior da lnglaterra,entre 1880 e 1914, foi realizado corn co16nias e sernico10nias do lmpё FiO Britanico

e com a AmOrica Laina(a essas deverramOs acrescentar,cvidentemente, as cifrascorrespondentes a Europa oriental);4 。volume total desse comCrclo exterior fol del,3 bllhaO de libras esterlinas em 1913. Podemos supor que os iucros provenientes

da troca desigual com os terinos de troca da ёpoca nao pOderiam ultrapassar os2096(aS exportacOes,10ツ 3 acirna dO valor“ naclonar',c as importac6es, 10啜 3 abal―

xo do valor``colonial')). Essa suposicao da um lucro de cerca de 130 rnilh6es de li―

braO comparativamente aos rendirnentos do capital,de 200 rnilhOes de llbras.

As proporcδ es mudaram no perfodo tardio do capitalismo. A troca desigua1 0agora uma das principais formas dc exploracao c010nial; a producao direta de su―perlucros nas co10nias tern papel secundariO. samir Amin esumou o vOlume dasperdas sofndas pelos parses cO10niais e semicoloniais, crn consequOncia da ``trOca

desigual'',orn apro対 rnadamente 22 bilhOes de d61ares por ano na rnetade da dё ca―

da de 60.5 Essa impoHancia pode ser comparada a renda total bruta de 12 blh6esde d61ares proveniente dos invesimentos dc capital no exterior em 1964.6 0 con―trastc com a situagao antenOr a Primeira Gucrra Mundial C evidente(naO se deveesquecer que enぬ o havia uma dctenOracaO muitO significativa crn termos de trOcados prOdutos coloniais c semicoloniais desdc a dOcada dc 20,7 enquanto csse fen6-

meno era menos importante no apogeu do imperialislno antes da Pnmeira GuerraMundial).

Essa mudanca esta intimamentc ligada a uma sOrie de transfOrinacё es estrutu―

rais da ccOnomia capitalista mundial e do mo宙 rnento internacional de capital, so―

bre o qualia falamos 0 1uxo principal das exportacOcs de capital nao se dd maisdas me廿6poles para as co10nias, mas entre os pr6pnos Estados metropolitanos.Nos paises subdesenvolvidos, a enfase dOs invesimentos estrangeiros deslocOu― seda pura prOducao de matё rias―primas para a fab五cacao de bens de consumo Mo―vimentos antiirnperialistas locais levaram as co10nias c as sernico10nias a adotarem

medidas destinadas a dificultar a transferOncia de lucros e dividendOs para as me―tr6poles.As burguesias coloniais tentaram,nao sem sucesso,aumentar sua propor―5ゞo de mais― valia produzida pe105 0peranOs c campOneses pobres, cm detrimento

da proporcaO tOrnada pelas empresas e Estados impenalistas A transic5o realizadapelo imperialismo, do controle direto para o controle indireto dos pates subdesen―

volvidos, com a generalizacaO da independencia polltica, possiblitou as classes go―

vemantes naivas financiarem ao menos parte dos custos indiretos da producao demais― valia que antes unham de ser cObeFtOS pelo sobreproduto naO capitalista apro―priado por elas,a pattir da pr6pria mais― vaha――em outras palavras,alguns dessescustos foram transfendOs para o capitalirnperialista 8

0 desenvolvimento das empresas Fnultinacionais e o deslocamonto da Onfascdo imperialismo para a exportacao de rndquinas, cquipamentos e veFculos refoκ a

3 BARRAT BROWIN,Michactハルerfmp●

lおm p 76 1inlah′ ,。 ro●tro lado,aima quc Os termos comerciais propor‐cionavam a inglaterra uma valitagem de cerca de 20,6r,o poriodo quc∨ ai de 1880 atl as vё speras da Prlmeira Guer‐ra Mundial``The Terlnns of Tra(le in the United KIngdom"In:」 οumal oriJも

`ο

″ NovembrO de 19504BARRA1 3ROIVN CDp cit,p l10,こAMIN‐ Samirと 'Acc“

“●:α

Oll a L'Echelた Mcn7,diala,Pant,1970p 76 .6B"`oin's lnしぉible E● ,,ninJcs Relabrio do Comrnittce on l● vi3ible Expo‖ 臨 L● ndres、 1967 p 27

'Amin rOp cit, p 90-91,sintetn diversas fontes conよ tecidas A detenOracaO d。 3 termos comerciais do .`TerceiroMundO'' 101 estlmada onl 19%. entre 1954 e 1965: calcula― se que chを gou a 68%na Amё ●ca Latna(com excecao daVene2uela)entre 1928 e 1965 Segundc esimatvas da ONU、 os terrnOs comerciaも detenOraram em cerca de 40%en―te 1876βO e 1938,com desvantagerrl para os rtttes dc`.Terceiro Mundo‐ Nat6es Unidas Reた ,υο P″c‐ Olr Lrx

Pο た Ond frrpο 由 げ Undeltfeυ eloped Count"^No,o Yllk‐ 1962● 223 Ver EMヽ

Lへ NじEL O,cit,p223-229

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246 o NEOCOLONIALISMO E A TROCA DESIGUAL

ainda mais essa tendOncia que nao pode, pOrtanto, ser considerada apenas umaresposta “tatica" aos mo宙 rnentos de libertacaO das co16nias e senlico16nias. Deveser vista tambOm como urn resultado “OrganicO'' do desenvOlvirnento do pr6priocapitalismo tardio.9 A estratOgia mundial das pnncipais empresas multinacionais in―

clui um interesse incontes6vel em dorninar os lirnitados mercados internos das sc―rnico10nias__quc estaO crescendo vagarosamente― ―, mesmo que saa apenas pa_ra assegurar o controle/ururO desses mercados.Esse processo tende a p五 var a cha―mada burguesia ``nacional'' de sua preponderancia na indistria manufatureira, on―

de aブοint υcnturc, combinando o capital nativo c estrangeiro, privado e piblico,torna―sc um dos tracOs rnais importantes do capitalismo tardio,Ou da fase ncocO10_nialista dO imperialismo.10

Enquanto de 1948 a mar9o de 1967 todas as empresas estrangeiras na indiaregistraram um crescirnento de 860 milh6es de rupias em ativos llquidos(num to―

tal de 2,5 rnilh6es de rupias em ativos),S6no setor rnanufatureiro asプ οinι υcnturesestabelecidas entre 1956 e 1964 dispunham de mais de 2 blh6cs de rupias de ca―pital inicial, dos quais 800 rnilh6es eram controlados de fora luntO COrn aivOs rnui

to malores Em 1967, sociedades anonirnas norte― americanas multinaclonais parti―cipavam de mais de 550,oint υentl″es na AmOrica Latina. Entretanto,os verdadei―ros ploneiros ern larga cscala nesse campo foram as sociedades anonirnas curo―pOias mulinaciOnas,nas industrias automobilisica,qurmica,de maquinana elotncae siderurgia. Na Africa, a Unilever e sua subsididna local participavam cada vezmais deブοi/1F υCntures em parses cOmo a Nigσ na As multinacionais iaponeSas ago―ra inlitam largamente esse modelo nO leste e no sudeste asiatic。 , no Oriente MO―dio, na Africa e na Amё rica Latina. Exemplo disso C a planta petroqurrnica de 200bilhoes de yens que a SumitOmO esE construindo emブοin′ υenture com o Gover―no de Singapura para a producaO de 300 mi toneladas dc etileno por ano Umexemplo notavel de uma jο int υc/1Fure intemacional complexa O o praCtO para umcomplexo siderirgicO nO valor dc 800 milhoes de d61ares em Al」 ubayl, na ArabiaSaudita, com a seguinte estrutura de capita1 50% da Petromin(empresa estatalsaudita),20%da Marcona(contrOlada pela Utah lnternational,uma sociedadc an6-nima norte― amencana), 12,5% da Hoogovens ttmuiden― Hoesch_Dortmund Hё r

der―Hutten Union (companha siderurgica alema_h01andesa), c 12,5% da NipponSteel e Nippon Kokan(do」 apao)11

Por todas essas razδ es, os superlucros coloniais produzidos diretamente nospates subdesenv01vidos, cmbora cOntinuem muito consideraveis em termos abso―lutos, no caso especrfico do imperialismo bntanicO,12 perderam muitO a importan―

cia desde O final da Segunda Guerra Mundial, relativamentё aos lucros totais das

'Pre宙 rnos essa tendencia err.Marlst Ecο nο ,η ic TlleO,ν , p 480-481, no comeco da dё cada de 60 Ela se cOnfinnouinteiramente na dё cada seguinte10 Fizemos uma andlise detaihada dessa tendOncia em nosso aigo``ImpenalismO y burguesia nacional en Amenca Latl―

na" Ini Cuα"o lntemcciο

nα l n° 2, fevereiro de 1971 Ela se baseia pincipalmente em matenal cOncemente ao Bra―sl,ao Chile,aC。 16mbia eら Argenina Para uma andlise semelhante a respeito do Peru,ver QUUANO,Anibal “Na‐

幹:S蜜ぶ負£熙量w肥臀r漁誌1等恕器i£

「」「『札爺』島〕Nよゐ撫、ちザl“ 45,64‐ 6,VERNON Opcit,p 141:B● siness Weaた 3 de agostO de 197412 Antes da Prlmeira Guerra Mundial, a renda brltanica anual proveniente de invesumentos de capitai no extenOr che_

gou a 151 milhoes de libras(modia para o periodo 1906/10), e a 188 mllh6es de libras(modia para o perlodO1911/13) Nos anos de 1926/30、 cresceu ainda mais, ainglndo 245 milh5es de libras e entao calu no periodo de1934/38 para 170 milh6es de libras(moeda desvalonzada) Em 1965 chegou a apro対 madamento l bilhao de libras

認ふ器亀lLF:誡ちηfi:∬胞寵にS∬

f:脱轟『3乳:ξ 露主」lJ::品「:鞘3鮮Fi翼:e詭1協慇穐継艦出総瞭繊棚守糀騨翼鷺

1鷲:1:書驚l押基蠍螺[報島盤賞der de cOmpra em 1914, a renda bruta dos investmentos(

em 200 milh6es de libras em ouro em 1914 para 250 milhOes de libras em ouro em 1965, enquanto a renda l〔quida,ao contrar10.diminuiu de 188 milhoes de llbras en1 0uro para 125 mith6es

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O NEOCOLONIALISMO E A TROCA DESIGUAL 247

principais cmpresas imperialiStas. As cifras que sc costuma Citar sobre isso devem,

porOm,ser vistas de trOs maneiras.Em pnmeiro lugar,as empresas impenalistasmuitas vezes conseguem encobnr uma parte dos lucros produzidos diretamentenos parses cO10niais ou sernicoloniais, contabilizando― os como se tivessem sidO ge―rados nas metr6poles Os excmplos mais conhecidos desse tipo dc operacao saO aindistria petrolrfera, a dOs metais nao― ierrOsos e da bauxita, culas matOrias― primassaO cxpOrtadas cm estado bruto dos parses subdesenvolvidos para serem processa―

das para uso industrial nas zonas rnetropolitanas Ao reduzir artificialrnente o preco

de exportacao das senlico10nias interessadas, as empresas imperialistas desses cam―pos fazem desaparecer, cm termos contabeis, uma parte da mais― vaha produzidanas senlico16nias,o que s6 aumenta o pre9o de venda do petr61eo refinado,dO alu―rnrni。 , do cobre,do estanhO etc.13 comO as empresas em questao saO mOnOp61iosintegrados que controlam todos os estagos da producaO e da distnbuicao,desde aextracao da matcna_prima atё a venda a indusma manufatureira,para clas O indife―rente quc o lucro apareca em sua firma de extracaO, na de transporte e navega―

950,Ou na refinaria Urna parte da massa de valor quc as estatrsticas dos parses im_perialistas mostram como lucros produzidos pelas grandes empresas de matCrias―primas no mercado interno O, na verdade, a mais―vaha criada nao pe10s Operanosmetropolitanos,mas pelos produtores das semico10nias 14

No que diz respeito as operac6es entre subsidianas da mesma sociedadc an6-nirna multinacional, O comum haver “precos de transferOncia" independentes dequalquer``rnaxirniza95o de lucros'' ern separado, o quc obviamente facilita o Ocul―

tamento dos lucros 」6 forarn citados casos em quc,como na Co10mbia,por exern―plo, as subsidiarias das empresas farmacOuticas multinacionais pagaram 1559る amais quc o preco de exportacao nOrmal de artigos importados pela matriz. TarnbOrn fOrarn registrados precos de transferOncia de 40%acima dOs precOS norrnaisde exportacao na indistria da borracha e de 258ツ,a l 10096 mais altos na indis―tria eletrOnica. Da mesma forrna, as exportac5es de subsididrias sernicoloniais dc

sociedades anOnirnas mulinaciOnais podem ser reahzadas muito abaixo dO precOnomal. Um estudo dessas praicas no MCxico, no Brasl, na Argentina e na Vene―zuela mostra que cerca de 75% das subsidiarias investigadas expOrtararn scus pro―

dutos por 50%a menos quc os precos recebidos pelas firrnas locais por prOdutossirnlares.15

Em segundo lugar, Os pr6prios superlucros provenientes da trOca desigualsaO, muitas vezes, apenas uma forma disfarcada dos superlucros diretamente pro―

duzidos nas co16nias. Esse O o caso dos trustes verticalrnente integrados quc expor―

tarn rnatOrias― primas das co10nias para as rnetr6poles e depois as mandam de voltapara as scmico16nias como artigos acabados produzidos com essas matOrias― pri―

mas.16 Alё m disso,se Se pOde provar a e対 stOncia de um grande diferencial interna―

cional entre as sernico16nias e as rnetr6poles no preco das mercadorias prOduzidaspela mesma cmpresa internacional,O bem poss"cl quc haa produ95。 direta de su―

penucros na senllco10nia,disfarcada na metr6pole cm lucro de exportacao.

13」ALEE,Plerre Lirnpe"α Asmο en 1970 p 33 οrse9 Magdoff(Op Cit,p 145-147)enfatlza O uso de tanfas prOte‐cionistas por parte do Governo no■ e―amencano para impedir o processamento de matChas― prlmas nas senlic016nias14 0 que acontece nesse caso naoこ uma tOca desigual, rnas uma “redistrlbu195o'' COntabil dOs lucros declarados Amais― valla em questao, produttida pelos trabalhadOres das co10nias e semico10nias、 tem sido realizada, na verdade pヾ 。caso da trOca desigual. em que as mercadonas saO vendidas abaixo do preco de producaO “nacional'', cena quantda_de do valor,ou parte da mais― valia,naoこ realizada15、vEIGEL, Dale ``Vues Multlhatonales sur les SociCtls Multlnatlonales'' Ini Finaァ Icぃ et Dι υeloppe/nent,v ll, n° 3,

setembro de 1974: MULLER, ROnald “The Mulinatonal Corporatlon and the Underdeve10pment of the ThirdWond'' Na edicao de VvILBER,C K The Pο方

α′Econorrlノ or Deυ Jopm2η`and l」

nderdeυ aloprnen` Nova YOrk197416 0 caSO c16ssicoこ o das empresas de aluminio e a reexportacao dOs alugo3 dc● :こ frllllo acabados ,lriclu:ndo a、16● 5)

para os pates que produzem bau対ta

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248 o NEOCOLONIALISMO E A TROCA DESIGUAL

Em tercciro lugar, as quantidades de mais― valia novamentc acumulada nas se―mico10nias,disfarcadas ern reservas c quc nao entram por isso cOmO luCrOs nos ba―lancos dc empresas impenalistas, tambOm devem scr acrescentadas a soma totaldos lucros e dos superlucros das co16nias.17

Mesmo depois de todas essas especiicacOes, nao ha divida de quc O v01umetotal de superlucros diretamente produzidos nas co10nias tern hoc menOS importan―

cia quc a troca desigual, como forrna dc exploracao imperialista dO Tercciro Mun―

do. Os dados da AmOnca Latina esclarecem bem esse ponto1 16, a perda decOrren―te dos lucros da exportacao excedeu de muito a drenagem de capital efetivada pe―

loslucros de empresas estrangeiras no perlodo de 1951/66 18

Mas dc Onde vem entao a perda Ou ganho de valor suttacente a troca desi―gual?Marx responde conl rnuita clareza a essa questaO, que corresponde a aplica_

95o da teoria geral do valor do trabalho ao comё rcio internacional.19 Na era do ca―

pitalismo,20 a trOca desigual deriva,cm■ ltima instancia,da troca de quantidades dc―

3iguais de trabalho.

Dentro dos lirnites da cconornia capitalista mundial existem basicamente duasfontes de troca desigual:

1)o fato de quc o trabalho dos parscs industrializados O considerado mais in―tensivo(poFtantO, produtor de mais valor)no mercadO mundial dO quc O dOs par―ses subdesenv01ゃidos(ou,O quc vern a dar no mesmo,ao contrdrio da situacao dcurn mercado naclonali o trabalho menos intensivo e menos produtivO recebe umaremuneracaO maiOr);

2)o fato de na0 0cOrrer/1enhum nivelamento entrc as taxas de lucro nO mer―cado mundial, Onde coexistem diferentes precos naclonais de producao (taxas mc_dias de lucro),quc se articulam da forrna descrita no caprtu10 2.21

PartindO das tescs apresentadas originalrnente por Raul Prebisch,22 Arghin Ern―

manuci c Sanlir Amin tentararn esclarecer essa qucstao com O auxllo de uma tco―

ria ccl●tica combinando Marx e RicardO, c incursionando pelos custos salanais,23

17 Ё preCiso enfatlzar que parte signiicatlva do capital estrangeiro ``invesudO" nas semico16nias nao cOnsiste em expor‐tacOes reais de capital, rnas sirn de lucros nao distiburdos(lstoり , produ21dOS pelo trabalho assalanadO local)Para aAmlnca Laina,Dos Santos(Op ct,p77)esuma que a soma total de lucros reinvesidos das enlpresas norte^amen‐canas foi de 4,4 bilh5es de d61ares no per〔 odo 1946/67, que compara aos 5,4 bilh6es de d61ares de capitai nova―mente exportado Esses 5,4 bilh6es de d01ares devem ser comparados depois com os 14,8 bilhoes de d61ares que ocapital no■ c―amerlcano repatnou da Antё ica Latna no mesmo perfodo18 Dos Santos(op Cit, p 75-76)cita urn calcu10 pub〕 icado pela ECI A. segundo o qual a deterloracaO dOs tennos co‐merciais de 1951/66 acarretou uma perda total de 26,4 bilh6es de d61ares para a Amё rlca Latna(excluindo Cuba),ou o dobrO da dronagem de lucros pala as inetr6poles Essa impoiancia o malor que toda a `(aluda econ6mica'' rece―

blda pela Amcica Latlna nesse peri● do Devemos icmbrar ainda que,segundo a ECLA,menOs da rnetade dessa alu―da representava uma importa95o gonuina de novOs recursos econ6micos para o coninente(op cit,p 65)1'A allrmacao de Amin(op cit, p l〔 ,6 157)de quC Marx nunca se ocupou do prOblё ma da `acumula,5。 em escalanlundiar' no scculo XIX, bascia-3し 3●こ:uSl● amente nurna cita,ao de unl ensaio politco sobre o futllro da lndia,sem ne―■hurla congderacao pelas nurnerOsti,● 5Sagens do Cap″α′.de Cttnd71SSC e de Theο

"‐caF Suplus L7● ′ua,citadas

aqui nO cap 2, tratando do papel do ilomё rcio extenor cOmO meio de transferOncia de va10r dos pafses menos desen―volvidos para os paises mais deserlvol● 14os20 Para distlnguir da ``troca desigual 」e,alor dtsigual'' do perfodo do capital usur6● o e mercantli Ver Ⅳy、 NDEL, Er‐nest ``Die Marxsche Theone der ursprul,21ichen Akkumulabon und dic lndustnansierung der Dhtten Wel'' In:Fο lgan

eineF TheOlle― ―Esαッsし ber'` D`6K● pltt.,|` υoη KOrllyo瞑 Frankfult,1967 .21 No todo, as〔 ntese feita por K● I:ilney tid tセ ona mar賣 sね dos precos internacionais de producao(va10res), no aぬ go ci

tado acima, esね coneta,embOra aもegunda palte、 com suas referOncias a um``mercado mundial socialista'' ca` lorl・na95es internacionais de preco.'conten:lam nocOesincompat● eis com a teoia rnaⅨ lsta c16ssica,2 PREBISCH,Raul Tllο Ecoγiomic Deoな たρmentり La`in Ame"ca al,diお Probた ms Nova YOrk、 195023 Desse modo Amin、 por oxernplo(。 p tit, p 64),apreSento a tipica tese llcaFdiana de que o nivei geral dOs precos ёproporcional aos salanOs nOmina:s Nao ha nenhunna prova empiHca dessa airmacao, que leva diretamente a not6● ail、 13ao l● …Ospiral dt・ prel● s● itl●三

=、

Ⅲ I〕s sal`五 cs・lolTlinais dos Estados Unidos,que sao rnais de duas ve2eS Supeno―

res aos da CEE nao levaram de Fian iri alluni■ .au::,1、 lvel de precos duas vezes malor que os da Europa ocidental

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O NEOCOLONIALISMO E A TROCA DESIGUAL 249

ainda quc cla possa ser resolマ ida sausfat6ria e diretamente no contexto da tooria・・lo valor e da mais― valia dc Marx Com isso cmaranhanl― sc emま tumerosas contradi―

各ゞCSi algumas das qttais discutirenlos aqui Arnbos os autores pattem da hip6tese

ac quc existc uma imobilidade internaclonal da forca de trabalA● ?url13:nobilida―

do internaclonal do crnpita1 0 corola■ o148icO C o ni、 lelamento internaclonal das ta―

xas do lucro'4__ 。m Olutras palavras, a forrrlacaO de pr29os uniior奮 les da produ―

caO,cln Oscala rlundial Mas nessas circunstancias O capital normatrnenic luina pa_ra os parses de sal諷 五o3ntais baixos. Longe de explicar o subdescunvolvirnento estru―

turali essa hp6tcso lmplica一 _ no senhdo ricardiano classicO_― a lγηρossibilidadc

ごo sybdesP■ υGrυimentO:O incapaz de mostrar por quc os paiscs doュ !tos sa16nos sc

industnalizan、 ao pasco quc as na90es subdcsenvolvidas possllep vma in(16striarelatlvamente pcqllena 25

A hipё te3じ dc nive,amento internacional das taxas de lucio nら o se slJstenta

nenl teё nca nom 2mpiricament.・ Teoncamente pressup6c uma rnobi1143ric interna―

cional pereita do capital― ――na verdade, o nivelamento de todas a3 COndicё es eco―

n6micas, 30Ctais e po11● cas proprcias ao desenvolviF「 lento do capitalisrro moderno

ern escala rplundial Mas esse nivelamento O frontalrnente contestaご o Pcia lei do dc―

3enVCllvirnento desigual e combinado que rege esse processo No modo de prOdu―

caO capitalista, condicocs desiguais de desenvol、 ハmento dcterrninanl tamanhos di―

lerentes dc tlnercados internos ё ritrnos irregulares de acumulacao de capital.26 Nes―

se scntido, as enorrnes diferencas internacionais de valor e de preco da mercadorialorca de trabalho, quc Arghiri Emrnanuel enfatiza corretamonte, nao sao causas,mθs resulados do desenvOlvirnento desigual do modo de prodttgσ o capitalista, ou

da pFOduiVidade do trabalho ern tOdo o mundo, pois a 16gica do capital normalmente o leva para as zonas com maiores perspecuvas de valorizac5o・ Assirn, a res―

posta apresentada por Ernmanuel e Amin a qucstaO da Origem e da natureza dosubdesenvolvirnento propOe, por sua vez, um enigma: por quc as perspectivas devalonzacac cie capital llao saO mais vantalosas onde os saldnos sao os mais baixos,

e por quc por rnais de cern anos o capital naO salu cm escala macica dos parscs dealtos saldnos para os parses de balxos salarios?A resposta a essa qucstao nOs traz

4e volta aos problomas do ``rnercado interno", da alienacaO da acumula950 de ca―pital, da transferOncia da mais― valia e dos estreitos limites impostos a acumulacao``interna'' de capital pela cstrL/`ura sociai cxistente27 0s baixos sald五 os quc acom―panham um vasto exё rcito industnal de reserva c o subempre9o colossal tem, por_

tanto,a funcao de represar a acumulacao dO capital,c s6 podenl sor ext」 1lcados pe―

ia oporacao dO sisterrta capitalista intornaciona128 MaS tOdos esses ferlernOnos pres―

3up5em exatarnente a rest壼 ,aO, e naO a gOneralizacao da rnObiliJade internacionaldo capital. Empincarnente ё facil mOstrar as grandes diferencas elllrギ as taxas de lu―

cro dos diferentes sctores da cconoinia capitalista mundia1 0s calcu10s dc 6rg5os

oficiais norte― amencanOs da taxa de lucro dos investimentos de capital no cxterior

2● Ch●stan「 allolx PrOb10m“ dcお 3っ i“anceご n Ecじぅo“ lι OυυcPte Pan3.1969p 100,tita t u12cr que Marxsustentava esstt tesc Ele se rettre a urrla passagom do ν 3 dc7 Cαρitα l(p 232-233), quc n、 a:.ifesta奮 :=ntc cOmp,cer,―

deu mal Marx apenas diz que os maiores lucros coloniais, a medida que l)saO repamados e 2)nao exlste nenhummゥnop61io, elliram no nivelarrlento da taxa de lucros na l12(2`滋 , istoを , elevanl l`a tax.I IICdヽ こdt,し tros issoこ 6bvio,

rnas nac Prova de ll,ar)● ira aigtiria n● こうtaxn do lucros da co10nia sor6 p● f isso gradL● ll‐ tt nt● :● I● :,● 4凛 a● olvel da

ねxa de lucros da natiz Pala quc is、 o こccilteta, scha rう rCCiSc haすer urn nl● .Iniento inteiJ、 ここit i=i ::■==

■ l`itSint→ decapll● 1, e isso simpiesmente n議 oe対 ste 卜1こっくnurica disse c● lsa diferentc, pois dc outro:「 ■1=ぅ ■||:`titac de capital

o os inν estrrlentos de capilal:、 o comを rcic,xtolnor dlicilmeFitO Senaい nleiOs de irrtpedir a tttt it[|= ti■ ■」0こdia do lu

25 Todos sabem que Amin oscila quanto a essa questao,defendendc o pinciplo do ni、 ′clamerito intern●cional(ο p cit,

p 34,136,por exemplo)e depois negando― o(ibid,p 123‐124,156-157)26 Amin enfauza isso oxpressarrlente(,biご ,p 103,171,189 etc),mas coln isso contadi2 1rOfえ talnefll● atじse de Em―

manucl quc,nao obstante,tonta intottai a Sua pr6prla teoia27 verCap 3● 3 4esto livro28 Pa鵬

01、 (っク ε″′,113)apl● =a:唸umき t,3e sernelhante

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250 o NEOCOLONIALISMO E A TROCA DESIGUAL

de empresas norte― amencanas fornecem uma confirmacao notavel das teses classicas dc Marx sobre as diferentes taxas internac,onais de lucro― ―principalrnente errl

funcaO de diferentes compost¨ S Organicas de capital__ mesmo quc o conceitode taxa de lucro sublacente a csses calcu10s naO cOincida, naturalrnente, com o dc

Marx. Em 1967,o retorno des,cs investimentos er9 de 7,4%na Europa,dc 12,3・ 7。

na Amёnca Launa,de 14,3 na Asia e dc 19.798 na AfncaNos anos de 1970, 1971 e1972, as taxas oficiais de lucro para os investimen‐

tos norte― amencanOs nO exterior eram respectivamente 20,1,3, 21,896 e 22,3%nas semico10nias, e13%, 13,5ワ Se 15%nos parses imperialistas 29 Essas estatisticasbaseiarn― se nos lucros declarados; c como o acobertamento de lucros l lnuito maispFOnunCiado nas semico16nias quc nos parses impenalistas, as taxas oficiais de lu―

cro para as senlico10nias certamente estao muitO abaixo das cifras reais. さ4uller citao caso das empresas farmaceuticas da Co10mbia que declararam 6,773, quando ataxa real de lucro foi de 136%

As contradicOes resultantes da hip6tese de Lmrnanuel aparecem coln muitaclareza em scus cxemplos numё ricos, nos quais, salvo algumas excec6es,30 ele Su―p6e quc a compos195o organica de capital sela maior nas co10nias que nas metr6-poles.31 Nern sequer rnenciona a hip6tese muito itil quc mantOm o esprrito do ca_pital de Marx__qual sela, de que nOs parscs subdescnvolvidos a massa de capital

O muito menor, assirn como a compos19ao organica dO capital e a taxa de mais‐valia32__sendo que esta iltima nao neutraliza de forrna alguma o efeito de umacomposicao Organica dc capital menor A10m disso, cSSa hip6tese corFeSpOndc in―teiramente ao desenvolvimento efetlvo do capital internaclonal dos iltirnos cemanos. Pode ser sintetizada de rnaneira semelhantc a f6rmula que se scguc(onde Ao O pars descnvolvido c B o subdesenvolvido):

Valor do pacote de mercadorias exportado por A:

5000c+4000υ +4000s=13t)00;taxa dc lt.cro de 44%

Valor do pacote de FnerCadonas exportado pol b:

200c+2000υ +1800s=4000;taxa de lucro de 82%

Sc houvessc o nivelamento da taxa de lucro,urna patte da mais― valia prOdtlzi

da em B seria cfetivamente transfenda para A Os`tprecos intenlacionais de produ―

950''dOS dOis pacotes dc exportacaO se estruturanarn entaO da scguinte forma:

A:5000c+4000υ +4 680pr=13 680 preto de producao

B:200c+2000υ +1 120pr=3 320 preco de producao

3胤 ,9縫 i居 √ 野 VL,1よ 肌 坦よ1;盤1」

ちガ智 淵 虚 ;57b流 1:乱∬ 貯 ι鹿 二し1通ヽ;サ :ド磁 tlyrlos anos antes da independOncia,as companhias coloniais belgas no Congo cons● guiram uma taxa de lucrOs duas ve‐

zes superlor aquela das comparlhias ativas rla BOlgca cOm aperlas 16% doこ apital aciOnarlo gioしこl de todas as cornpanhias belgas,essas empresas coloniais conttbuirarn para 1/3 de seu lucro total30EMMANUEL Op c″

,p52 55 Mas,nesses casos,a laxa de mals‐ valia conunua a“ lesllaa c t aatci“ ,こしJo2 1gu41a os salar10s cOnstantes com uma taxa constante de rllais― valia,sem perceber que coin uma c● :rl,osicao olganica cres

cente de capital. uma taxa constantc・ de mais― valla na verdade signiflca uin aumertto enoraic■ Os s,16n3.reais, :,ctqu●

irnplica um aumento substancial da prOdutl、 ldade sctial do tab● lhc no DepanarI、 ●nt。 11

31 EMMANUEL. Op cit, p 55‐ 63, 73‐80. 161-163, 165、 170-171, 189-193, 203‐ 205 Nas pa」nas 73, 30e203. acolmposicaO Organica do capita1 0 cinco ve2eS maior nas co16nias que nas metr6poles32 1sso esti normalmente pressuposto em Marx, porque este airma que, com uma produtlvidade de tabalho muit(

rnaior nas metr6poles, haverd um oumento na relacao entre sobretrabalhc,trabalh,1 ,cessanc ou‐ 8:■ ‐,ut,as,こ laャ I● b

na taxa de exploracao da f。 ,9a de trabalho,e que o traballlador reproduttir6 seu salarlo real(mesmo Q■ e ette tenhご subidO)numa paie menor do seu dla de traba:ho mals carto luc ゥ■11 れaじollld●、,1 1■ ■1 :.13 ‐・ ■1● 11‐ . .=ュ li

mens5o do problema esta completamente auserite ern Einmarl● ι!

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O NEOCOLONALISMO E A TROCA DttIGUAL 251

0“lucrO internaclonal mOdio"seria de ± 52%.C)capital metropolitano tenaum lucro adiclonal relativamente pequeno, mas a perda de mais― valia sofrida pe10

capital colonial seria muito significativa;33 iss。 , na verdadc,austa― se ao modelo ernprricO. Mas o pた ,―祀quisito para csse nivelamento seria uma dttnagem constante c

substancial de capital de A para B, um decirniO relativo da demanda de produtosexportados por A c um rapidO aumento da demanda dos produtos fabncados pOrB. Sem esses processos nao havera nenhurn ``nivelamento internaclonal das taxasde lucrO", 0 1uxo de capital para B sera relauvamente pequeno c a perda de valorsofrida por B cm benefrciO de A,cm decorroncia da`lroCa desiguar'reduzird a ve―locidade da acumulacao de capital produtivo cm B E cxatamente csse rirmo maislento da acumulacao de capital produFiυ O cm B que cxplica o crescimen″ o do su―

bemprego cm B――isto O, os baixos salanos que Ernrnanuel toma como ponto dcpartida de seu argumento 34

Da mesma forma, cmpregando uma tcoria cc10tica do va10r c uma manipula―

9aO acrfica dos agregados macroeconOmicos, Emrnanucl tenta questionar toda ateoria leninista do impenalismO, negando a pr6pna cxistencia dc uma exportacaocrescente de capital em busca de superlucros coloniais, vinda dos parses impenals―

tas para as co10nias e senlico16nias antes da Pnmeira Guerra Mundia135 Ele calculaque naO ha absOlutamente nenhuma cxporta95o lrquida de capital, dada a larga cs―

cala do nuxO de rendirnentos das co16nias para as metr6poles, c quc mesmo dcixando isso de lado, o crescirnento efetivo dos invesimentos externos, baseadosern rcinvesimentos regulares de lucrOs nao dist五 burdOs, s6mostra uma taxa de lu―cro anual de 3%. Aqui Ernrnanucl cometeu dois errOs analiticos surprecndentesem um economistaぬ o inteligentel em p● meiro lugar, combina nuttos de capital de

longo prazo com luxos de rendirnento de curto prazo― 一quando todos os balan―

cos de pagamento sё FiOS analisam essas duas contas em separado Quando os fi―lhos e netos de pessoas que viviam de rendas repaMavam 100 rnilh6es de libraspor ano em iurOS e dividendos de acoes de fe■ ovias norte― americanas ou obnga―

90es ao portador hindus,essa cifra pode“ cancelar''os 100 mlhOes de libras nOva―

mente investidos por empresanOs e financistas britanicOs nas rninas de ouro da Afri―

ca do Sul,nas plantac6es de seringuciras da Malasia ou nOs campos petrolfferos da

POrsia, Mas essa cquacaO naO apaga a e対 stOncia cconOmica desses novos em―precndiFnentOs, mesmo quando csses desaparecem dc estatisticas´ super― sirnplifica―

das A quesEo pe111lanecei por quc esses capitalistas investem na Africa do Sul,na

Malasia e na Pё rsia, ao invOs de investirem na lnglaterra?Ao invOs de respondeF a

cssa questaO, Ernrnanuci faz com quc ela desaparcca num passe de magica.36 Emsegundo lugar, Emrnanuel sc esqucce de quc o nuxo de rendirnentOs externos pa―ra a lnglaterra representava rendirnentos adiclonais dos investimentos no exterior,

a10m dos lucros reinvestidos. Se acrescentarnos a cssas duas categorias os lucros

“Amin tra conclusao semelhante de seus calcu10s errtpincos dOs rcsultados da`.toca desigual''(Op cit,p 76)

“Franz Hinkelarrkme■ (``Tcona de la Dlalecuca del Desarollo Deigual''In:Cuadomos de lc Rccliピ ad NaciOnα l n° 6,

dezembro de 1970)conCorda com nosso pincipio de quc o subempregoこ a chave do subdesenvolvimento、 e que osbalxos salarlos sao mais uma consequOncia que uma causa do subemprego35 EMMANUEL,Arghin ``whte‐ Setder Coloniahsm and the Mtth of lnvestment impe● ahsm" In:Nett Lψ Reυieω n°

73,maioりunho de 197236 Mlchael Barrat Brown,quc tambё m releita a teoha do impenahsmo de LOnin(ainda que com outras bases empfn‐cas), reprOduz uma tabela que mosta o luxo de capital e de renda entrando e saindo da Gr5_BFetanha no periodoprl‐ 1914:ハルarfmpe"α ′なrn 1963 A sarda cado υα moiοr de capita1 0 e宙 denに :as exporta95es ahuais de capital pas

saram de unla mを dia de 4,5%da renda naclonal na dCcada de 1870 para 6%na dё cada de 1885/94,6,25%na dlca‐

da de 1895-1904,e mais de 8%na dlcada de 1905/13 Em diversos perbdos o investlmento l〔 quido de capital no ex―

tenOr era maior que o invesumento intemo ifquido一 ―em 1885/94 (6% da Fenda nacional comparaivamente a 4%em investlmento intemo)e em 1905/13(8,5%comparatvamente a 4,5%), por exemplo As rendas prOvenientes des―ses invostlmentos cresceram de modo constante de uma mё dia anual de 50 milhOes de libras na dё cada de 70 dO sё ‐

cu10 passado a 100 mllhOes de libras no inal da dCcada de 90, a 150 milh6es de libras no perFodo entre 1906/10e188 milh5es de libras no periodo 1911/13 3●

`oin's lnυ

isibた Eornings Committee on inν isible Exports,p 20-21

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252 o NEOCOLONIALISMO E A TROCA DESIGUAL

consunlldos nas co10nias e sernico16nias pelos capitalistas britanicOs e seus adep―tos, c comgirnOs as cifras ligeiramente irnprecisas, mantendo as esurnativas cidssi―

cas dc lmlah, a taxa anual de lucrOs dos investimentos bntanicos no exterior entre

1880e1914 esta mab pr6対 ma de 10%do que dos magros 3%mendonados porErnrnanuel. E isso quc explica por quc ocorreram esses investimentos externos noprimello caso e o quc estava havendO cOm o imperialisrnO.

Christian Palloix aponta corretamente alguns pontos fracOs da argumentacaodc Ernrnanuel,37 maS tambOm nao cOnseguc resolver questao da troca desigual, en―

tre outras, por causa de sua cclσ tica teoria do valor 38 Ao examinar as analises dOmarxista tcheco Pave139__ que sao em grande parte uma apologia da pOlruca dccomё rcio exterior da burOcracia soviё tica――ele define os “valores internaclonais"como mOdias“ entre os “valores menores" dos parsOs indusmalizadOs c Os ``valo―res malores" das co10nias e semico10nias, chegando assim a seguinte f61:1 ltユ la, On―

de υ representa o valor,c a cxportacao,b a impOrtacao, l um pars subdescnvOlvido,2 urn paも indusMalizadO c υ'o``va10r internaclonal'':

via>v'a>V2a

vlb>v′b>v2b

A partir dar cOnclui que`(Pavel sc esquece de que o paFs desenvOlvido,2,ten―

do abandonadO a producaO dc a,perde na importacaO daquele produto(a diferen_

ca vla 一 v2a)eXatamente o quc ganha do outro (a diterenca vlb 一 v2b)・ POde´seaphcar o meSmo raciocrn10 aO pat subdesenvolvido, 1. A distibuicaO dOs ganhOsou excedentes, dccorrente da cspecializacao internacional, beneficia a todos. 卜laoha transferOncia''.41

Em primciro lugar. rnesmo matematicamente falando, a conclusao tirada des―sa f6rmula C incorreta:sena cOrreta se a diferenca(vla ― V2a)fOSse idOn,lca a diferen_

9a (v:b 一 v2b), O que de maneira alguma se infere automaticamente dcssa f6r―mula Em segundo lugar, a conclusao sugerc a hip6tese da “harmonia'' de Ricar―do, segundO a qual os capitais da matriz “resolvem" como devem redistribuir aprodu9ao metrOpOhtana ld exiStente por todo o mundo com宙 stas ao lmaior lucro

O contrdnO, cvidentemente, ocorre nos processos hist6ncos rcais: esscs capitaistentam espalhar―se por todo O mundO segundo as necessidades de prOduゞ aO derllais― vaha e de valonzacao dO capital em sua patna.A idOia de que a ingistria bn―tanica de amgos de algodao se “transferina'' para os Estados Unidos,a lndia ou OEgito pOrque nesses parses Os artigos de algodao scnarn prOduzidOs de modO mais``lucrativo'' こ absurda A producao dc artig" dc algOdao nesses parses foi cttadapela cxpansao da indistna texul britanica. E por isso que desaparece a alegada

37 ver PAL_LOIX Op cた,p l12‐ 114

38 segundo nossa、lsらo, a oigem disso pode estar na aceitac5o acrrtlca de Palloix do conceito de ``excedente'' de Ba―

ran A medida de sua confusao aparece, entre outras coisas、 no fato de que Pall● lx usa esse conceito para denOtar na―

da menos de cincO coisas diferentesi l)oxCedente = um res,duo de mercadonas inveridaveis nO mercado intemo (p36-40, 119 etc)1 2)produto agicola excedente(p 40-42 e 71-72), 3)produto industrlal excedente, nO seritdo(naomarxista)daquela ,arte do produto industnal que nao pode ser roali2ada pelo3 rendimentOs― ― demと,da monet611aefetlva__decorrenttps da prod曖 9ら o indusmat(p 4748,69‐ 70,por exemplo)14,lucrOS excedentes ou tucros qtlo para―[samこ quoda da taxa m● dia de lacros(p 63、 65, 79-81‐ 99): 5)a sorrka de mais―valia e()cuStOS impro【 iuu・/Os devenda e despesas estatais(p 222● :seq)isto O,excedente no sentdo de“ cap■ al rnonopolista'.de Baran′ SWeeろ 7

39PAVEL T ``Pour un iuste calcul de la rentabJitl et relllcacitё du commerce extOneur sOcialiste.' Ini fludes EcOn。 ,"た

quas I、 °106107 1957 p 294J」 a discuamOs a questaO da cOrrespondoncta entre ``valores in“ rnacionais` ' e ``prt,dub、 idade rrlё dia do trabalho nOmercado mundial.'(ver o cap 2, llluitas vezes a propina questao perde o sentldol o qucを 。 ``valor mёdio no merca‐」o mundial''de um artlgo que s6 1 produzldo por um pars ou por alguns poucos parses?41PALLOIX Op c″ 、P95

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O NEOCOLONlAI_ISMO E A TROCA DESiGUAL_ 253

'`perda" da rlatllz, qtle pode五 a ter produ71・ lo _as mercad_onas qtle a9ora impottadc(orma t5o barata rlttanto as■ uc a9ora expona nrn terceiro lugar, a

‐vantagem

relativa'' qllc ambo3 0S parses POdem lirar do comё rc,o cxtenor O apre5entada co―mo prova do fato de que naO ha iTansfOrencia de valor;mas enl sua pollnlica con―

ra Ricardo, Mapく entatlza cxaね mente qtie a"わ as pocfθ″lcズ6tir simu′Fa,:撃 〔ηCntefa``vantagenn retaiva''para ambos os paFses,mais a transferOncia do va10r`′

Por isso,se o contetido da forrnula de Pa1lo,x fosse corrigd。 ,cla sena assirll:

VaE・ V′ じSe

via>v′ aC

VL′ >v2じ

?nt5o se podoria ver de imedia,o que rle fatr。 。corrou uma tr〕 nsferoncia de valor,

istoを ,uttla troca de diferentes quanddades de trabalhoCom o auxilio do exemplo ntimё rico quc usamos em nossa crfica a Ernrna―

nucl, podemos agora definir do modo rnais exato o contendo da t`troca desigual''VarnOs supor rnais uma vez quc a estiutura de valor da producao expOrtada saa5000c + 4 000tl + 4000s = 13(300 no pars impC五 alista, c 200c 1 20001夕 +1800s = 4 000 no pars stlbdeset、voit7ido Para cvitar complicacoes desnecessariasno raciocinio,inttodllziremosセ Os hip6teses sirnplificadoras adiclonaisi

l)quC esses ``valoFeS'' Corr● spondem exatattentc aos valoles l,lternaclonais.isto OF ao3 valores do rnetfado rnlundiali

2)que o pais sl■ bdesenvoivido mailda todo tt sell pacote dP exporta,6es para

っpars irnperialista;

3)qllc a balanca comercial entre os dois paFses esta cquilibrada c que todosi)s itens do balan9o de pagamentos‐ 、Llplerricntares a transferancia de vdlor da se‐t■1loo16nia parri a rrl?tr6pole estao lora d?qllestao

Conseqttentemente, a serrlico16nia troca mercador・ ias 1lo,ノalorこと ::● 1,0 ■3n―

cos por mercadona3 dO mesrino valor da lTletr6pOle impenalista rヽ cOtiし attn《1ld

d“ υa10res internaclcDttaお (Va10res do rnorcado mundial)assunll海 a jct、 uitte fく 、r―rlla■ o rnercado rnulldiali

1538工 +1 231υA■ 1231.‐A=200g+2000じ B+1800s3

Valoros internaclonais igllais saO trOcados por valores interliacior、 こis i9uais On―

de, cntao, cscOnde―se a ``troca desiguar' nessa cquiva10ncia?1ヽ o fato de quc esses

valores internacionais iguais representam quantidades desigucis dc trabalハ o. 1ヽ o pa―

cote de mercadonas cxpOrtado da metr6pole, varllos dizer quc haa apro対 rnacla―

mentc 300 rnilh5cs de horas de trabalhol o pacote de mercadorias exportado dascmicobnia, ao contぬ rio, cottё m ‐一 digarnos一―ccrca do l,2 bilhaO dc hOras dc廿abalho

A diferenca entre essas atias quantidades de trabalho na~o renete apenas a dife―

ren,a entre os saldrios(essa teOna nOs leva五 a de volta ao passado antenOr a lν larx

祀恥へRX G″rd"“′,372873

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254 o NEOCOLONIALISMO E A TROCA DESIGUAL

c mesmo a Ricardo, as cOntrad195es da teona do va10r do trabalho prirnitivo dcAdam Smith)VamOs supor quc o dia de trabalho mOdlo tenha a mesma duracaoem arrlbos os parses e quc o l,2 bilhaO de hOras de trabalho da serrtico16nia O reali―

zado pelo quddruplo de trabalhadores(aprOXirnadamente 600 rnil)necessariOs pa_ra os 300 rnilhOcs dc horas de trabalho da metr6pole(150 rnil,nesse caso). Os sa―

lariOs n10nctanos(capital vanavel por trabalhador)seriam entao dc 8 207 francosern A c 3 333 em B Essa proporcao de l:2,5 ia seria muito diferente da prOpor―

caO entre 300 milhOes de l,2 bilhaO dc hOras de trabalho Mas em si rnesma tambOrn nao diria nada sobre os saldttos rcais em ambos os casos

A troca desigual consiste na troca do prOduto de 300 nlllh6es pelo produto de

l,2 blhao dc hOras de trabalho, ou saa, no fato de que, no mercado mundial, ahora de trabalho do pais desenvolvido O considerada mais produtiva c intensivaquc a da nacaO atrasada Sera quc essa troca de valores internacionais cquivalen―

tes em mercadorias, consistindo em quantidades desiguais dc trabalho, irnphcauina transferOncia internacional de valor?A pnmeira vista a questao pOde ser des―

cartada como puramente semanuca. Pode parecer muito pouco importante saberse ё o mercado mundial ou o mercado nacional que deterrnina o valor, quandosaO vistOs de forrna estatica c isOlada (TCOncamente,para Marx,o mercado nacio―na1 0 a cstrutura correta)No primeiro caso, nao oco■e nenhuma transferOncia deυαlor nO verdadeiro sentido da palavra, uma vez quc o trabalho nao remuneradoou reconhecido pelo mercado, isto ё, trabalho socialrnente dissipado, nao cria, afi―nal,valor algum No s99undO Caso pode― se dizer quc o ttabalho socialrnente neces―

sanO (executado ern cOndi90es de produtividade social rnOdia de trabalho)O me_nos reconhecido internacionalrnente,rnas na verdade todo ele cna va10r.

Entretanto,se passamos de um ponto de vista estaticO para um ponto de vistadinamicO__o unicO quc esta de acOrdo com uma ngorOsa aplicacao da teOna dOvalor e da mais― valia――o quadro muda completamente.(D pars A dispOe de umpotencial de trabalho quc esta sttcitO a lirnites exatos: producao, consumO e acu―

mulacao (reprOducao amphada)sao cstritamente dcterminados pelo numero totalde horas trabalhadas. Suponhamos quc o valor do prOduto anual total em A saade 50 bilhOes de francos e quc o valor novamente cnadO sela de 30,8 bilh6es, dernodo quc o pacote de exporta95o represente aproxirnadamente 26% da produ―

caO anual, c o pacote dc exportacao trOcado pelas mercadorias da scmic016niacontenha cerca de ll,5596 do valor novamente criado (para nao complicar oexemplo,supomos quc o produto anual,o pacote de cxportacaO e as rnercadoriasexportadas para a sernico10nia tOm a mesma cstrutura de valor)E quc o nimerototal dc horas dc trabalho vivo, crlador de valor, a dispOSicao do pars A, saa de

aproxirnadamente 2,6 bilhOcs(1,3 rnilhao de trabalhadores prOdu● vos trabalhan―

do 50 semanas por ano e 40 horas porsemana)Pois born, se nao hOuve uma troca desigual, A tena de pagar nao 300 mi―

lhOes, Inas l,2 blhao dc hOras de trabalho pelo pacote de mercadonas importadoda sernicO10nia S6 teria conscguido realizar uma frac5o dessa importa,ao.No mfni―mO tena havido uma reducao consideravel nOs recursos destinados ao cOnsumo ea acurrlulac5o 43(D crescirnento oconOrnico tena dilninurdO.Nesse sentido a f6rrnu―

la da t`transferOncia internacional de valor'' cettamente te五

a um significado concre―

to. Essa `ttroca desigual'' rnediada pela transferOncia internacional de valor(a trans―

ferOncia de quanidades de trabalho)deve aumentar ainda mais com aqucla parce―la da rnais― valia acumulada em B, mas pertencente aos capitalistas das metr6poles

“Andrこ Gunder Frank(7bω ala a TheO″ げ Capitalな t υnderdeυ ο′ορment p lt19)salienta o papel decisivo do exce―

dente exportado pelas co16nias e semico10nias r、 o inanciamento dos investlmentos ingleses no sOculo XIX e comecodo slculo XX

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′)NEOCt,Lし N“ IISМ O L A FROCA DESICじAL 25じ

e levada l」 or elos, assliri cOnl(,o、 pesados oハ us ifrlpostos a B pelo subdestfivoivi―

IIlenlo, sob a fOrrlna de pagalnerlio pelo5 `・ seい′iゞos irlternaclonais)'(transPolte じ

custos dos seguros etc),‐ A Froca deslgしα′,cυo pοttarFo a uFia trans/Cだ rlcid de υ。―

10r(transferorlcia de cluantldades de trabalhc, lsto O, de rectlrsos econOrnicos)rlac

contra, rrlas em consc9麟 arlcia dα lci do“ br__nao por causa de um nivelamaltointernaclonal das taxas dじ lucro,rnas a despeito da illexistOllcia desse nivelamento

Em nossa opini5o,cssa arialise das fontes da troca desigual esta de acOrdo tarl

to com a teoria do valor de NIarx quanto com o processo hist6Hco real Ela nospossibilita entender e explicar a coe対 stOncia de altas taxas de lucro e baixos sala

rios, a acumulacao de capital e a produtividade do trabalho nos pa,ses subdeserト

volvidos, c o ennquecirnento relativo das lnetrOpoles as expensas das colorlias e

das semic016nias, pela transferOncia de valor resultante da troca de quantldades de~

SiSuaiS de trabalho rlo lnercado rnundial.

Urna abordagem critica da controvё rsia col丁1 6ettelheim)tluc aparece rlurr:

ar,OrldiCe do livlo dG ttξ rlmanuel, csclarece mel[lol os clementos de uma explana―

caO abrangerlte― 一 babeada naに薇 a do valor e da r■ ais― valia de rVIarx__ da dife

renCa de desenし olvirllento entre as metr6poies e as to10nias e selr、 ico10rllas EAlrna

nuel ve os salanos cOmO a `` vanavel independeFlle‐ do desenvolvirrlento cざ or10rlliヽ

co no capitalismo 45 Nos paises subdeserlvolvidos,os baixos salanos levarrl a investimentos ern “tiabalho― intensivo'' quc reforcam a diferenca cntre sua produtivida―

dc e a das metr6poles46 Nas metr6poles, o crescirnento da organizacao sindicai

(rnonopolizacao da Oferta da mercadoria forca de trabalho)no final dO sOculo XIXpossibilitou um aumento secular dos salanOs reais 47 1sso gerou entao a cOmpulsac

do crescirnento econ6mico do capitalintensivo nas metr6poles As diferencas deprodutividade eram,portaritoサ rnais resultado que catlsa das diferencas de salanOs

Bcttelheirn op6e― sc a cssa tese e a considera, conlo n6s, uma revis5o da teo―

na marxista do valor Ern sua opiniao, o quc esta na base da troca desigua1 0 umdesenvolvirnento desigual da prOdutlvidade do trabalho e das rela95es de produ、

caO cspecffica das semico16nias onde, entre outros fatores, FnuitOs dos produtoresdo setor de exportacao s50 recrutados do cstrato do serniproletarlado, que s6 scocupam cont 、)trabalho assalanadt)para 3と Iter l■ 11la lcnda sluplementar ntle reft)r

ce scus meios de subsistOncia com a agrlcullura, de mancira quc os salanOs pOderr

cair muito abaixo do rrlinirno, sem com isso dcterrninar necessariamente as condi

cёes efetivas de vida desse semiproletanadO Bettelheirn racita a tese de Emmanucl quc colっ ここd atttonorrli3 1elativa do:icseA▼ |}ivirrlel、 tc dos salatiOsじ das rieces―

sidades e lerT:b【 a a irlsisiOricia de Marx de quc(laじ sen。。ivirllento da aFea dO Con

SuFnO e dOs salariOs senlpre O dctermillado, eni nitirria instancia, pe10 dtr・ senvolvi

lriセ rito da area da pl。 こ嗅,ac.`Nessa coFitrOVOrsia, al■ じas as partes corneterli o c1lo de tentar decorllpor anil´

しialinente o deselゝ volvirile`、 to じoFnPleXも t illtegratto da ecorlon、 ia capitalista nlun

dial em valias solles 16gica5 1■ dcperidelltes arll。 5 daS じutras Fヾ ao ha dlivida dじ

que desde a rlletade ao soし uic XIX os saiarlos iolll ettado s■ titoS a difelenlcs teri

dOitc,as de desel、 volviiricrllo no3 paFsじ 53ましdeSer,′ Olvidos e nas inetr6poles, c essa

'F― Kヽ fbiJ.「 116 10b、 100101`し :、 ia,こ ■●1111●しritnt:● 、,ばしse fa:し :■ |‐ ,じ :i`:1● :、 こもst。 lt i;I:ル じ`taii3:た

.,

■EMA4ANUEL Op c江 ,p`1‐67● l seOs

“Para Emmanuel tibiご ′ p 265267)as 11lfere,ヽ as●

"`:=ι「iCdull■ 11■ 1● 3c● 1:11 it● I:0し ,1'.t i〔 | :,● :Stl ■1`penal:ι t。し ,

′las co10nias e semico16nias sac insulicier:tes para expltai t.s dileient^じ salan● ls A,nin c:tegtt irlclusive d afirlllar qし こ

75% das exportacё os das semico10nias consistem em produtos rrtanufaturados pelas grandes elnpresas 50b COndit6eしda “mais alta produbν idade do trabalho'' Mas l paセ nte quc ha uma dilerenca substancial entre o nivel de produivl

dade atlngdo mesmo nas minas e plantac6es organ,|ね das com te(nologla modema nas semico10nias e as fab● cas da

indtsma manufatureira das met6p● los47 EMIVtヽ NUE1 0p cit,p l19 123●BE口 [1_HEIM In EMMANUEI.A Oν ごt` ,28′ ″ウb

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256 o NEOCOLOlヾ lALISMO E A TROCA DESIGUAL

divergOncia tem ido, sem divida alguma, uma inluOncia impottante no desenvol―virnento cconOnlico internacional. ⅣIas as diferencas cie SalanOs esIょ っ rrlじ ito longe

、ie constittlir um dcL,S CX machina capaz de deterrninar toda a estrutura da ccOno―rnia rnundial,independentemente das icis de desenvolvirnento do modo cile produ―

caO capitahsta As divergOncias crescentes dos niveis salanais saO, aO cOntrario,mais um resultado do quc uma causa das tendOncia〔 gerais de descnvolvirnentoda econornia capitalista mundial. O aumento dos salanOs a 10ngo prazo t■ ependeda tendOncia a longo prazo do exё rcito industrial de reserva e da tendOncia a longo

prazo da produtividade do trabalhO no setor dos bens de consumo e da agncultu―

ra. Estas, por sua vez, sao deterrninadas por dois fatores: o pon,O de pa″ ittθ daЭferta e da procura da forca de trabalho, c a tendOncia secular da ccじ ηlll'acOo dc

capita1 0 primeiro explica por quc os salanOs das chamadas coionias ・va21iS‐ llos

Estallos Unidos, ブヽustralia, canadd e NOva Zelandia (vazias, entre outros fatores,por causa do cxterminio sistennaticO de seus habitantes onginais)eram altOs desde

o comeco O segundO cxplica por quc os sald五 os dos paFses da Europa ocidentalinostravam urrla tendencia a cair a longo prazo,entre a metade dO sOculo Xl`lll e a

l■etade do sOculo XIX, e por quc essa tendOncia inverteu― se depois, a paぬ r rla sc―

gunda metade do sOculo XIX.

Como a acumulacao de capital ocorreu pnncipalrnente por meio de rupturasde processos prO― capitalistas de producao e de classes sociais no mercado domosti―co,destruiu rnais empregos do quc criou, de forma quc o exOrcito industrlal cie re―

serva tendia a crescer e, ern conscquOncia disso, os trabalhadores nao cOnscguiam

3onstruir urn mov什 nento sindical forte一 一em outras palavras, n5o conseguiam ummonop61io rclativo da oferta da mercadoria forca de trabalho nO mercado, c llao3onseguiarn integrar a satisfacao de nOvas necessidades com um padrao de vida sO―

cialrnente reconhecido (va10r da forca de trabalho)Por isso os saldrios reais cafam

a longo prazo Entretanto, assirn que a acumulacao de capital parou de crescer,pl・incipalrnente por causa do deslocamento de classes prO― capitalistas no mercado

interno, c voltou―se para a cxpansaO dO mercado externo, comocou a cnar FnaiSempregos do que destrura, nas metr6poles,porqtre os enlpregos que destγ uね loca―

12oυ am‐sc,a pa"ir dai nOS paた es subdesenυ o′υidos.49 E Isso quc explica pOr que a

tendOncia secular de agora O uma reducao gradual do exOrcito industnal dc te。 し,vanas rnetr6poles c um aumento gradual do cxCrcito industrlal de reseⅣ a dos paises

ぅubdesenvOlvidos, o que por sua vez explica a discrepancia crescente entre os sald―tios reais nas duas partes do mundO. Longe de serem variaveis independentes, asduas traCt6rias divergentes dos saldnos das semico10nias e das rnetF6pOles sao mu―

tuamente detcrnlinantes, pois representam dois movirnentos complementares doJm processo rnllndial unicO de acumulacaO de capital, ou dois aspectos furldamen―

lais das repercuss6es dcsse processo no desenvolvirnento social c econornico dahumanidade sob o controle do capital A f6rmula,usada por vanos autOrOs,da mu―tua deterrninacaO dO desenvolvirnento do centro capitalista e do subdosenvolvimento da porifena capitalista ё perfeitamente adequada 50

A divergOncia quc Errlrnanuel apresenta como prova dc sua tese, cntre parses

especializados na prOducao agrrcOla,cOmo a Australia c a Nova Zelandia__corl altos salanos__e parses cOmO ArgOlia c Portugal, quc apesar de sua integracao r、 Oょnercado mundial e dc uma cspecializacao semelhante de exportacao de prOdutosagricolas, continuam sendo parses subdesenvolvidos com baixOs sald五 os,51 pOdcser explicada de maneiFa muito mais racional por nossa tese do que pOr scus lo―

19 Ver os cap 2 e 3 deste livro Para renex6es semelhantes,ver HINKELAMMERT Op cit,p64‐ 68ち6 HINKELAMMLR1 0p cit,p37.:EMIIANUEL Op ct,p 124‐ 125,265

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O NEOCOLONIALISMO E A TROCA DESIGUAL 257

lleios tauto16gicOs,que passam pelo``bloqucio''das necessidades e portanto do va―

lor da mercadona fOrca de trabalho, ao mfnimo fisio16gico que garanta a sobrevi―

vencia nOs parses subdesenvolvidos, Nos parses .`vazios" como a Attstralia c a No―va Zelandia,tOda a populacao fOi incorporada desdc o comeco a producaO oapita―Ista de mercadonas. Essa populacao consistia principalrnentc em produtores inde―pendentes que possuram eles rnesmos os mcios de producao(prOprictarios dc ter―ras extremamente baratas ou devolutas,quc existiam em abundancia)e que poris―so tinham garantido um nivel minirno de vida bem alto desdo o come,0, COm cqual o preco da mercadona fOrca de trabalho teve de competir para que o traba―

:ho assalariado chegassc a cxistir Em Portugal e na ArgOlia, ao contr6rio, a massa

da populacaO vivia fora do domfniO da producao capitalista de mercadonas.A len―ta substituicao das relacoes de producao prc_capitalistas levou a populacaO nativa

a uma rnisOria cada vez maior,c assirn a se dispor a vender sua forca de trabalho aprecos sempre menores, para consegulr arcar ao menos em parte com o Onus ca―

da vez mais opressivo dos impostos temtonais, da usura e da tnbutacao em geralA destru19ao dOs artesanatos indrgenas e a separacao dOs camponeses indigenasde suas terras fez― se acompanhar a longo prazo pelo crescirnento secular de umexOrcito industrial de reserva,o que cxplica o bloquclo dos salariOs e das necessida―

des,ao invos de sirnplesmente denv6 1os de modo axiomaticoAo contrdno de Ernmanucl, Bcttelheirn esta metOdOlogicamente correto ao to―

mar como ponto de partida as rela95es de producaO e as diferen,as relaivas deprodutividade como a ongem de tendOncias de desenvolvirnento fundamentalrnen―

te divergentes nas senlico10nias e nas metr6poles. No entanto, cle nao cOnsiderade modo suficiente as formas concretas dos efeitos do scgundo fator sObre o pn―

meiro,quc ttduziram ou aumentaram mu"oad¨ κnca de produtiυ idade Naobasta citar dados hist6ricos que mostram poL quC a industrializacao ocOrreu primel―

ro na Europa ocidental e nao na china, na lndia ou na AmOrica Latina Esses da―dos― analisados com mais detalhe cm nossa Marxlist Economic Tた

ノーー

ex―

plicarn a diferenca inicial Mas cssa diferenca podcna ter se reduzido a longo prazo,

como de fato aconteceu com o」 apao,pOr exemplo,que se industrializou urn sё cu―

lo depois da lngiaterra: haC a produtividade mOdia do trabalho no」 apao la alcan_

cou o nivel da Gra― Bretanha,se C que na0 0 ultrapassou

A diferenca inicial de produividade C, portanto,inadcquada para explicar a diferenga contempomnea. A cla devemOs acrescentar o modo pelo qual a ccononliamundial funclona ha 200 anos para reduzir ou aumentar essa diferenca Tratandodessa questao, Bcttelheirn fala do desenvolvirnento desigual das forcas produtivas

do centro e da periferia,que deterrnina os niveis desiguais da produtividade dO tra―

balho. Mas como o desenvolvirnentO das for9as produtivas sob o capitahsmo naO ouma variavel rnais independente quc o nfvel de subsistOncia, mas em ultima instan―

cia representa apenas o resultado de um ritmo paぬcular de acumulacao de capital

produtivo e de uma composicao Organica particular de capital, o problema centralievantado pelo argumento de Bettelhcim,de quc o d“ rcnCial de prOdu,υ ,dadcna~o precede o capiFalisrno, mas ι produzido por clc, nos traz de volta ao problemada acumulacao de capital em escala mundial Esse problema n5o pode ser resolvido sem que se veia que fOi a estrutura cspecrfica da ccOnolnia capitalista, especial

mente no perfodo imperialista,rnas em parte tambOm no perfodo antenOr,que pos―sibilitou a acumulacao de capital industrial nas metr6poles frear dccisivamente aacumulacao de capitalindustrial no chamado Tercciro Mundo. '

Em ■ltima instancia, O problema da ``trOca desigual'' traz de volta a questao

da cstrutura social diferente dos parses subdesenvolvidos Nessc aspecrO cOncorda―

mos inteiramente com Emmanuel,Palloix c Amin;muito antes desses autores,cn―fatizamos quc as condicOes desvantaiosaS para a acumulacaO de capital nesscs par

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258 o NEOCOLONIALISMO E A TROCA DESIGUAL

ses devern ser atriburdas a causas sociais que pioraram com o imperialismO.52 Tarn

bёm concOrdamos com a tese basica de AndrO Gunder Frank sobre essa qucttaolo pr6pno desenvolvirnento do capitalismo produz a luStapos19ao dO ``superdesen―

volvimento'' das metrOpoles e do ``subdesenv01virnento" das colonias e sernico16-nias. Nossas diferencas com Frank ongnarn_se de sua andlse dos mecanismos qucpermitem a dependOncia dos pates subdesenvolvidosl ele os ve na natureza capita―

lista da cconornia dessas co10nias e sernico10nias(que cOnfunde corn subordinacao

ao mercado mundial capitalista); n6s os vemos na combinacao cspecrfica de rela―

c6cs de producao pro_capitalistas, semicapitalistas e capitalistas, quc caracteriza aestrutura social desses parses.53 Ern seus ultimOs trabalhos, particularrnente em To―

ωαtt a Thco″ げ Cap"alお` Undedcυ

θlopmenち quC ainda nao fOi publicado,Frank faz ao menos uma tentativa parcial de levar em conta as crfticas corretas fel―

tas a seus primeiros trabalhos. Agora cnfaiza as repercussOes da integracao nomercado mundial sobrc a exploracao dilapidadora da terra e da for9a de trabalhOem cenas regi5es das co10nias e semico16nias 54 0s eXemplos apresentados porFrank sao perfeitamente convincentes. Mas a utilizacao quc faz dO cOnceito dc``rnodo de producao" O inexata. O quc ele realrnente entende por isso saO ``tocni―

cas'' ou ``organizacao" da producaO, e naO relac6es sociais de produ9aO.55 MaSsaO precisamente as relac6es de produc5o que deveriam ser inclurdas enl sua anali―se, para apreender os mecanismos do ``desenvolvimento do subdesenvolvirnento'',quc blοquciam a desintegracaO das relac6es de producao prO_capitalistas e sernica―

pitalistas, precisamente pela fOrrna cspecifica de sua integracao no mercado mun―

dial.56 MaS COmo nao leva cm conta as relacOes sociais de produ95o, Frank n5oconseguc explicar por quc a ampha95o da produ95o de mercadorias para cxporta―

950, nas co10nias e sernico16nias, n5o acionou o mesmo processo cumulativo dcacumulacao de capital e de producao capitalista, como ocorreu nos parses imperia―

listas(incluindo a Russia)e nOs“ Domfnios Brancos'',que LOnin analisou magistral―

mente ern seu O Dcsenυ o′υimento do Cap“ αlismo na R`ssia A resposta csta nasrelacOes de prOducaO e na estrutura social dos pates coloniais e semicoloniais,que

asseguravam quc a maior parte do sobreproduto sociai nao fosse usada com pro―p6sitos produtivos Em outras palavras,havia acumula95o de capital,mas esta con―

sistia cm l)capital estrangeiro c 2)capital rnonetariO(em geral investido improduti―

varnente),ao invOs de capitalindusthal.57

A mesrna 16gica explica o desenvol宙 mento contrastante da AmOrica do Norte

52 ver MαⅨist Ecο nomic Wlθοヮ p 472-47653 Ha uma boa critlca das fraque2aS da teona de Frank,quanto a esse aspecto,em NOVACK,George ``Hybnd Forma‐

ions and the Pennanent Revoluton in Lain Amenca'' Ini Undο olonding ifistο lν Nova York, 1972 Ernesto Laclau(“Feudalism and Capitansm in Latn Amenca'' In:Nο ω Lqtt Reυ iett n° 67,maioづunho de 1971 p 19 ctse9)defen_de uma tese semelhante a de Novack e a nossa Mas talvez nao tenha dlstlnguido de maneira suiciente ente condi

c5es de producao feudais,semifeudais e semicapitalistasi por isso deixa de enlatar que a crescente integracao de paises subdesenvolνidos no mercado mundial capitalista, em fases sucessivas do desenvol,imento do modo de producaocapitalista nas metr6poles,tem repercuss6es dlferentes sobre as relac6es de producaO dOs paises dependentes54FRANK TOltard α Theοヮ or CapFο Ast Undardeυ ●′op中 ent p 30 3255 Hinkelammert comete um erro sernelhante ao airmar que as semico10nias se tomam capitalistas“ porque suas rela―

c5es de prOducao saO deteHninadas por sua integragao no mercado mundial capitalista''(op cit, p 68)As relacOesde producao capitalistas baseiam‐ se na relacao especrica entre trabalho assalanadO e capital__em outras palavras, na

conversao da forca de trabalho em mercadorla e dos meios de produ9ao em caplta1 0nde essa convers5o nao se ge_neralizou, nδ o ha relac6es de prOduc5o capitalistas generallzadas, apesar da hegemonia do capital(quc explora a gran‐de maiona da pOpula95o enquanto capital mercanti、 banc`Ho e usur`● o, e n5o enquanto cap■ al produtvo indusmalou a『 icola empregando trabalho assalanadO e aumentando a producao de mais_valia)e apesar da integracao no mer_cado rnundial capitalista56 urna analoga interessante ё a consolidacao da prOducao agricOla feudal na Europa oiental(e Alemanha Onental)depois do sOculo XVI,exatamente como resultado da producao ampliada para o mercado rnundial5'Ver a noぬ vel an61ise de Amin(op Cit, p 198 et se9)da triplice distorcao da acumula9う 。de capitai nos paises sub―

desenvolν idos,resultante de sua subordinacaO as necessidades do mercado mundial capitalista c aos interesses das me―

tr6poles na valonzaξ 50 de seu capital

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O NEOCOLONIALISMO E A TROCA DESIGUAL 259

e da AmOrica do Sul nq sCculo XIX,Ctta divergOncia tem confundido muitos histo―

riadOres cconOrnicos.58 E clarO quc n5o pode ser explicada nem pela raca nem pe―lo clima, mas deriva da predonlinancia de pequenas empresas capitalistas indepen―

dentes na cconornia norte― americana, cm oposicao a predOrninancia de grandeshaciendas agricOlas combinadas ou nao a cOmunidadcs indigenas de ecOnonlia na¨tural na AmOrica do Sul.No primeiro caso,a acumulacao de capital foi rnantida du―

rante muito tempo pelo obstinado renascirnento do pequeno agricultor, quc expli―

ca,cntre outros fatores,por quc,a despeito dos imensos recursos naturais,os Esta―

dos Unidos nao eram a nacao industrializada predorninante no sOculo XIX.59 0 altOnfvel dos salarios reais, deterrninado pelo rnfnirno de subsistOncia relativamentc al―

to do agncultor norte― americano e pela insuficiencia cronica de forca de trabalho,levou por sua vez a um nivel de mecanizacao mais alto desde O comeco e,a longoprazo,a um potencial rnalor de industrializacao. Entretanto,isso nao se tOrnOu rea―

hdade enquanto naO desapareceram as fronteiras quc impediam a classe dos pe―quenos agricultores de escapar quando ameagada pela concorrOncia por ternt6rio

desocupado, c enquanto a cmigracao em massa do exё rcito industrial de reseⅣ ada Europa nao criOu a forca de trabalho suplementar necessaria para essa rapidaindustrializacao

A cstrutura agraria cspecffica da AmCrica Laina, ao contrano, desdc o cOmc―

9o deterrninou um nfvel salarial rnuito mais baixo c urn mercado domostico muitomais lirnitado Na fase inicial, essa estrutura pode ter sido adequada para uma in―

dustrializacao precOce de produtos desinados ao mercado mundial(comO a indus―tria cubana de acicar, por excmplo)ou de bens de luxo desunadOs as classes diri―gentes nativas(a fabricacaO de certos tecidos na AmOrica do Sul,por exemplo)nu―

ma cscala equivalente, digamos, a dOs cOme9os da industrializacaO dO Canad6.Mas naO pOderia depois chegar a plena industrialzacaO, pOis a separacaO entreagricultura c artesanato na hacicnda ocorria muito lentamente, quando ocOrria,quando a massa da populacao nativa nao era 10gada nO processo crescente da cir―

culacao de mercadonas.o neOcolonialismo ou nco imperialismo n5o muda cssa di―ferenca de desenvolvirnento ou prOdutividade, assirn como nao elirnina, de manei―

ra alguma, a ``troca desigual". Ao contrdno, as fontes da cxploracao irnperialista

mettopolitana das senllco16nias hole nuem corn mais abundancia do que nuncaHouve apenas uma dupla mudanca de forrna: em primeiro lugar, a distribu19aodos superlucros coloniais iniclou um decifn10 relativo da transferOncia de valor por

melo da“ troca desigual''l em segundo lugar,a divisaO internaclonal do trabalho di―

rige―se lentamente para a troca de bens industriais lcves por rnaquinas,cquipamen―tos e vercu10s, a10m da troca desigual ``c16ssica'' de generOs ahmentrciOs e matO一

nas― primas por bens de consumo industrializados Mas,cm 61tima instancia,a trans―

ferOncia de valor nao esta vinculada a nenhum ipo especffico de producaO mate_nal, nem a nenhum grau cspecffico de indusmalizacaO, mas a diferenca cntrc osrespectivos graus dc acumulacao de capital, de prOduividade do trabalho e de ta―

xa de mais― valia. S6sc houvessc uma homogencレ α9σo geral da prOducaO capitalis―

ta em escala mundia1 0 quc as fontes de superlucros secanam. sem essa hOmOgc―ncizacao, tudO O que muda O a forrna do subdesenvolvirnento, nao o seu cOntc`_do

A crescente acumulacao de capital quc haC O vis,vei nas sernico10nias O uma

58FⅣ NヽK Tοωαrd a Theoヮ げUnderdeυ eloprnent p 37 4859 sobre a dependOncia cnte a penetrac5o dos Estados Unidos nO mercado mundial capitalista c a “especiallzaca。

.'

agrたola dos Estados do norte e do oeste da Uni5o exatamente por essa ra2aO,Ver NOVACK,Georgo “US Capita―lism: Natonal or intemabonal?'' In:Essα ノs in Ame"cα n Hlstο″ Nova York, 1969 p 15-16 FRANK TOttord。Theο″げ Underdeυ eloprnen=p37-40,47

Page 260: Capitalismo Tardio - MANDEL

260 o NEOCOL01ヾ lALISMO E A TROCA DESIGUAL

acumulacao cspecrfica E a acumulac5o de capital indusmal saindO da csfera dasmatё rias―primas para a da indistria manufatureira, mas perrnanecendo ern mOdiaam ou dois esttgios atras ern terinos da tecnologia ou do ipo de indusmaliza9aOpredominante nas metr6poles. Como jd explicamos, isso ё um corolario do peque―no rnercado interno, do enOrrne exё rcito industrial de reserva e da tendoncia a in―

dust活alizacao com maquinaria obsoleta(isto O,com o ``refu9o'' da industna Ociden―tal, descartado por causa da obsolescOncia acelerada do capital ixo)e mesmO cOmequipamento obsoletO especialrnente produzido para essa industria (deterrninado,

lpor sua vez, pela lirnitacao dO mercado, isto ё, pela pequena producao em sё neque naO cOnseguc a valorizacaO de capital necessaria para O equtpamento mais

lnodernO).60

Vernon observa quc “sabemOs de empresas quc voltaram a usar um produtoou um processo j6 superado em seus mercados mais avancados'' CitandO vanas

IDeSquisas, acrescenta quc “a tendOncia das subsidiarias de cmpresas norte― ameri―

canas no MCxico c em Porto Rico a usar equipamento de segunda maO era bemforte no come9o da docada de 60'' Subrahamaniam afirrna de maneira igualrnen―te categ6rica:

“N6s nos deparamos com cas9S em que a tecnologa descartada em paises estran―geiros havia sido intFOduZida na lndia O uso do germanlo na fabhca9ao de transistO―

res, ac invos de silicio, O um exemploi o」 apaO e a Alemanha deixaram de uilizar ogermanio ha lo Ou 16 anos_ Da mesma forma,tCcnicos estrangeiros de uma fundi950obsewaram ■uc a lundicaO cOntinua era considerada um desenvolvirnento do p6s―guerra, serldo a moldagem e a fundiOao a v6cuO as tCcnicas modernas Entretanto, fo―

ram muito poucas as empresas que se interessaranl por estas`ltirnas''61

Utilizando dadOs referentes a industna congolesa de antes da independOncia,,,acques Couverneur provou tanto te6rica quanto emplricamente quc o pequenotamanho do mercado interno c o baixo nfvel dos salanos iOcais(deterrninado peloexCrcito industnal de reseⅣa)」o(am as empresas capitalistas a usar tecno10gia su―b6uma, rnesmO quc a tecnologia melhore com o passar do tempo 62 0nde, apesardisso, a tecnologia 6tima ё empregada(O quc s6 ocorre excepcionalrnente nas sc―■lico10nias, como na Argentina, por exemplo), a utilizac5o da capacidade O muitOpequcnai na Argentina, a uilizacao mσdia da capacidade nO perfodo 1961764 eradc 50,1%na indistria metalirgica(cxcluindo a industna mecanica)c, na industriadc aparelhos eletromecanicos,era de 47,7%63

No que diz respeito a industnalizac50 das senlico10nias,pode parecer que mul―tas vezes se faz acusac6es corttradit6nas ao impenalismo e ao capital internacional,pOis sao simultaneamente condenados por usar tecnologia obsoleta c superrnoder―

na em plantas de``capital― intensivo'', quC naO aumentam o nfvel de empre9o e irn―plicam um alto preco monopolista macico pOr causa da utilizacao sub6tima da ca―

pacidade Mas a contrad19ao aparente desaparece quando a analise ccOnomica

“Ver tambё rrl os conhecidos exemplos da indisula automobilistca,que mostlam qte as companhias nOrte― amenca

nas na Amoica Latlrta produzem carros duas ve2eS mais caFOS que nos pr6phos Estados Unidos com ``novas'' maquines obsoleね s especiaimente construidas para sこ ies pequenas FENSTER,LeO .`Me対 cO Auto Swindle'' In, Tわ e Nα ―

cn,2 delunho de 1969:MUNK,Bernard ..Theヽ Vel(are Cosヽ of Content Protecton:The Automatlve industrb in La‐Ln Amenca''In:Journα ′げ Pol″ iCal Ecο nomレ61ヾ ERIく Oヽ Op cit,p180i SUBRA「lAⅣLへNIAM Op cr,p170-171 '62G00vERNEUR,j P,oducttυ

:″ αnd r~actο r Propo″ iοns in ta“ D`υeloped Cο unt"es Ox10rd, 1971 p 20‐ 21,26,119 Uma comparacao entle a relacao capitaytrabalho das empresas de cimento belgas e congolesas nos dd uma pro―pOrcao c′ T de duas empresas congolesas em 1930 que n5o representam mais de 23%e41%.respecivamente,dapropor95o das belgasi ao paso que em 1956/60 essas cifras eram de 50%e3298 respectlvamente(ο p cit, p 103)Aproporcao C′

″r relaciona‐ se coni a composicao organica de capital de lVlarx,e■ lbora n5o s● am iguais

“Ver SALAIVLA,Pierre Lc PrOcぉ du Sο us‐ Dごυο′cpppment Palls,1972p154

Page 261: Capitalismo Tardio - MANDEL

O NEOCOLONIALISMO E A TROCA DESIGUAL 261

subsitui a indignacao mOral Nao vem aO caso censurar as sociedades anonirnasmultinacionais por desconsiderarem Os interesses de um crescirnento equilibradodas ecOnOrnias semicoloniais. Pois C a compulsao da cOncOrrencia inerentc ao mo―

do de producao capitalista que possiblita a cOmbinacao dc ambOs Os males nasoperacOes das empresas estrangeiras nas senlico10nias, dadas as estruturas s6clo―econOmicas existentes nestas ulimas

Seguern― se duas cOnclus6es importantes A primeira O quc os bens industriali―zados produzidOs cOm tecnologia obsoleta permanecem incapazes de compctir se―namente no mercado mundial com os bens industrializados prOduzidos nas metr6-poles. Nas senllco10nias, as exportac6es continuarn, portanto, concentradas no se―

tor das matOrias― primas, mais do que na producaO nativa como um todo.64 MaS CO―mo esse setor de matё nas_primas perdeu a posicaO de mOn6poho relatvo no mer―cado mundial, da qual desfrutava no perfodo do imperialismo ``c16ssico",65。 s pre―

cos das matё Has―primas exportadas pelas semico10nias e produzidas por rnanufatu―

ras ou corn tOcnicas industriais primarias tendem a cair ao preco de producao das

matё rias―primas produzidas nas metr6poles com a mais moderna tecno10gia lssoobriga as semico16nias a importarem das metr6poles um volume cada vez malorde maquinana cara e de pecas de reposicao ainda mais caras, a nm de conseguirpromover sua indusmalizaca0 66 No mercado mundial, as metr6poles agora Ope―ram como vendedores monopolistas de maquinas c equipamentos,enquanto as se―rnico16nias perderam sua posicao de vendedores monopolistas de matorias― pri―

mas.67 Ern consequencia,ha uma transferOncia constante de va10r de uma 20na pa―

ra outra pela deterioracao dos terrnos comerciais sofrida pelas semico10nias.

Contudo,desde 1972 vem ocorrendo uma nova alta nos precos das rnercado―rias primarias__determinada cm parte pela grandc alta inlaclOndna de 1972/73,marcada pela especula95o de curto prazo, rnas em parte tambOm reneindo umacscassez relativa real causada pela taxa de investimento de capital nOs setores dcproducao primana menOr do que no setor rnanufatureiro durante o longo perrodo

anterior 68 Essa nova clevacao de pre9os naO serd inteiramente suprimida pela rc―cessaO mundial de 197響 75; possiblitara as burguesias sernicoloniais melhorar suasituacao de s6cios minoritarios dO irnperiahsmo, nao s6 pOnticamente, mas tam―bOm inanceira c econornicamente A dependOncia crescente do imperialismo nor―to― americano de toda uma sOrie de matOrias― pnmas importadas69 torna o maior po―

der imperialista do mundo mais vuinerdvel a cssas mudancas do que nO passado

64 De aproximadamente 40 bllh5es de d61ares em exponacaO dOs paises subdesenvolν idos em 1965, apenas 4 bilh6es

(lsto C, 10%)eram prOdutos industnallzados(e dessOs, 600 mlh6es eram produtos agricolas beneAciadOs)(Paα 7SOnRepο″ p 370, 367)Mas, ao mesmo tempo, a producao indusmal dOs paises superdesenvolvldos,6 correspondia amais de 20%de seu PNB

“Em 1971, 80% das matё nas_p●mas importadas pelos Estados Unidos, c apenas 60% das importadas pelo」 apao,

50%das importadas pela lnglaterra e pela ltala e 42%das importadas pela Alemanha Ocidental e pela Bё lglca vieram

das semico16nias Uma nota do secre饉五o da UNCTAD,de 4 de ab● l de 1974,comenta que o grande bοorn de merca―doias haνido em 1973 ``redundou em beneficios muito maiores para os paises desenvOlvldos do quo para os paisesem desenv。lvlmento" Os paも es adiantados tlveram um ganho extra de 29 bilh6es de d61ares, cOmparatvamente aoganho extra de ll bilh6es de ddares dos parses subdesenvolν idos,sem contar as exportac6es de petr61eo66 QuuANO,Anibal Redψ niCi6n de lo Depandenciα ノProc“ ο de Mattinall・zoci6n en Ame"co Lσ

na p 43-“67KOHLMEY Op cit,p 70‐ 71 lsso signlica,entre outras coisas,que parte dos superlucros aprophados pelas burgue―sias impeialistas por meio da ``trOca desiguar' corresponde a ``rendas tecno16glcas''一 ―em outras palavras,a forlna tf_pica dOs superlucros no capitalismO tardlo68 0 relat6●o anual do GAl‐「,La Cο mmerce rnた mα tiona1 1 973‐ 1974,Genebra,1974,p32,m9stra essa discrepan―cia entre o investlmento no setor dos prOdutos pimanos e dasindistrlas manulatureiras dos Estados Unidos69 Entre 1950 e 1970,a importacao de bau対 ta para o consumo intemo dos Estados Unidos passou de 64%para 85%;de ostanh。, de 77%para 98%: de 21nCO, de 38%para 5996: de poほ ssio, de 13%para 42%: de minё ho de ferro, de8%para 30%;de enxofre,de 2%para 15% As importacOes de cromo respondiam por 100%do consumo domё stco Houve reduc5es na importacao de nlquel― ―de 94%para 90%――, de VanddiO――de 24%para 219る __e de co‐

bre――de 31%para 17%Ver BAttET,Richard e MULLER,Ronald Global Reach:The Pο ωer or the Mulina,OnalCο ,っora,ons Nova York,1974

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262 o NEOCOLONIALISMO E A TROCA DESIGUAL

(quando os pr6prios Estados Unidos eram os malores exportadores mundiais deprodutos primariOs)e poderia provocar novos cOnlitos rnilitares de vultO.

Em segundo lugar, o mercado mundial tambё m continua func10nando cOmOunl sifao,transferindo nao s6 a rnais― valia crescente,rnas tambё m a mais― vala capi―

talizada, isto O, capital, das semico10nias para as me“ poles. Todos sabem quc odёficit crOnico do balanco de pagamentos das semico16nias, quc acompanha suaindustrializacaO incipiente, O compensado pelo chamado ``auxlio de desenvolvi―mento", mas essc auxllo apenas revela o carater assistencialista dos monOp61osquc exportam maquinas dos paFses impenalistas.70 Essas subvenc5es, por sua ve2,

levam a um endividamento cada vez malor, de maneira quc uma parcela crescentedos retornos totais sobre as exportacOcs das semico10nias deve ser cOnvertida cmjuros reexportados para as rnetr6poles.No final de 1972,as dfvidas ativas acumula―

das das semico10nias tinham chegado aos 100 bilh5cs de d61ares. Os servicoS dad"りa abSOWem hoJe 31,5%das rendas provenienセ s das exporta95es da Repibli―

ca Arabe Unida, 37,5% das do Uruguai, 25% do PaquisEo, 24,1%das da lndia,22,296 das da Argenuna, 20,4% das do Afeganisぬ o e 18,8 das da Turquia. Aomesmo tempo, a penetacaO dO capital impenalista na industria manufatureira dassenlico16nias e sua crescente fusaO cOm O capital nativo da chamada "burgucsianaclonal'' significam quc uma proporcao cada vez malor da propriedade dO capital

desses paFses cai nas maos das empresas impeFialiStas(meSmO que muitas vezes is―SO SCia camunado pelos testas― dc― ferrO locais ou por vaHas fOrinas de,Oint υentu―

res, corn frequencia cOmbinadas corn institui96es estatais, nacionais ou internacio―

nais). Esse processo O acompanhado por um escoamento de capital disfarcado emgrandes pagamentos a cspecialstas e tOcnicos internacionais. A importancia desses

especialistas e desses tOcnicos cresce junto com a industrializacao 10cal, uma vezquc a indistria manufatureira, afinal, C muito mais dependente da tecnologia es―

trangeira do quc a producao de rnatё rias―primas 71

As estatisticas que se seguem revelam graficamente a cxtensao da pObrezadas rnassas e da desigualdade social nas semico10nias:72

70 1sso pode ser deduzldo do caぬ ter bilaた ral de grande parte da aluda ao desenvolvlmento Dos empにsimos piblicos

descntos como auxllo, 66%eram bilaterais em 1961, 85%em 1966 e 71%em 1971 Mas recentemente houve umanova mudanca na proporcao da “aluda ao desenvol宙 rnento'' piblico comparatlvamente as exportac5es pnvadas de

肥 sTぶ:繁Я:lplざ乱l:鼠 響Ъ騒題晃囁=濃濯『機鴛辮‰腕:署:記a轟

:鮪嘗館9まve滝cal de preco das maに has― pnmas de 1973/7471 HINKELAMMERT Op cr,p93‐ 95 0 exemplo do Chle mostra a extensao do crescimento da dependOncia tecno―16●ca durante as `ltlmas dё cadas Em 1937, 34,5% de todas as patentes ainda eram de prophedade nacionaL essapercentagem caiu para 20 em 1947,1l em 1958 e 5,5em 1967 MULLER Op ct72 ver AHLUWALIA,Montek Singh “Inegalitt des Revenus:Quelques Aspects du Problё me'' Ini Financ“ et Dιυe‐

loppment n° 3,1974 Vertambё m SALANIA Op cit,p8586

PNBαη

αI

per capita

em d61ares

%dο PNBαbsο口けidα pela

renda dο s 40%cο mrendimerrosmais bα 破οs

Rendαα"υ

αI

per capita

dοs 40%cο mrendimentosmαis batxο s

Rendαanual

per capita

dοs 20%cο mrendimertosPnαls α:ros

QuOnia(1969)Serra LcOa(1968)Filipinas(1971)

Tunおia(1970)Equador(1970)Malasia(1970)Turquia(1968)Bragl(1970)

7em(1971)Attca do Sul(1965)

・36・5923923927733028239。輌669

10.0%9,6%11,6%11,4%6,5%11,6%9,3%10,0%6.5%6,5%

34,038,865,170,446,291,270,097,579,0

104,8

462,4540,6642,6675,8

1018,924,―

857,31200,―

1440,―

1940,、

Page 263: Capitalismo Tardio - MANDEL

O NEOCOLONIALISMO E A TROCA DESIGUAL 263

As diferencas reais de rendaぬ O muitO malores do quc sugerem essas estatFsti―cas,pois l%a2%da populacao,que cOrrespondc a camada mais rica da socieda―de, disp6e de rendirnentos ほo superiores aos da ``classe mё dia", que representa20% da pOpulacao, quantO os dessa classe mё dia o sao relativamente aOs rendi_mentos dos pobres.O resultado O um sistema de``mercados intemOs''cOmparti―mentalizadOs,quc tende a se reproduzir

Mas o necessario enfatizar a cxistencia de uma tendencia oposta em um setor:

o das indistrias de trabalho intensivo que produzem artigos acabados,as quais po―

dern funcionar com maquinas relativamente baratas. Nesses casos, a disponiblida―

de da forca de trabalho barata nas serniCo16nias, onde essa O acompanhada deuma infra―esttutura adcquada c dc uma ``normalizacaO sOcial'' quc atendam os in―teresses dos donos de capital,permite o surgirnento de uma indistna leve produto―

ra de artigos acabados destinados a exportacao que pOdem cOmpetir no mercadomundial. Os inicos limites colocados ao crescirnento, na fase inicial, sao os custos

do transporte. Esse fenOmeno levou a producaO de cquipamentos transistorizadospara o mercado norte― americano na Corё ia´ do Sut em Hong Kong e Folll:OSa,detecidos asiaucos c ahmentOs enlatados na Ahca para os mercados da Amё nca doNorte c Europa ocidentat e da migracao da industria re10,ocira para as senlic016-

nias.73 Aparece um fenOmeno novo, o da subempreitada internaclonal: a Singertem 120 fabricas no Extremo Oriente,que fab五 cam ou montarn scus produtos,en―quanto subsidi6rias de relo,OCirOs surcOs Operam na Mauntania ctc Nesses casos,o

diferencial de salarios signllca superlucro para o capital investido nas sernico10nias,

mais do que para o capitalinvesido nas metr6poles Mas ha muitOs lirnites para acxpansao dessa tendencia os setores industnais de trabalho intensivo esぬ o per―dendO a irnportancia cconOmica por toda a parte, comparativamente aos setoresde capital― intensivo, automaizados ou serni― automatizados, que o capital rnonopo―lista naO tem interesse de transferir para as semico10nias C)capital monopolista dasme廿6poles conseguiu controle parcial ou completo sobre os sctores de producaomodemOs de trabalho― intensivo das sernico10nias. Os superlucros obtidos pOr algu―

mas senlico16nias no mercado mundial, devido a vantagens salariais, acabam sen―

do emb01sados pelo capital rnonopolista das rnetr6poles Por essa raz5o, o quc ge―

Falrnente ocorre C apenas uma transacao compensat6ria dentro da 6rbita das pr6-prias empresas imperialistas, isto ё, uma redistribuicao de mais― vaha ern favOr da―queles mOnOp61los que pa由 cipam desse ramo das exportac6es, c as expensas da―queles que nao participam, ao invё s de uma verdadeira redistribuicao ern favOr da“burguesia nacional'' dos paFses subdesenvolvidos QuantO mais pronunciada atendencia dc sc transferir setores da indistria leve para parses que disp6em de for―

ca dc trabalhO barata, tantO mais aguda serd a concorrOncia entrc os capitalistasmetropolitanos envolvidos nesses setores ou diretamentc afetadOs por eles Essaconcottncia assunlira a fOrma de racionahzacaO e automac50 Crescentes e assirnehrninara ternporariamente a diferenca de custos de prOducao resultante das dife―rencas de nfveis salariais, quc agora traz vantagens aos parses subdescnvOlvidos― ―em outras palavras,climinar6 os superlucros obtidos aktt agora por esses parses.

O progresso rela"υo da industrializacao em paises como o Brasll(induzidO pe―lo capital estrangeiro)e o lra(financiado pela renda proveniente do petr61eo)O inc_gavel. scu rrnpeto terrninou gerando um capital financeiro autOnomo nesses par―

ses, ativo nao apenas internamente, mas atё mesmo internacionalrnente, cOm cer―to grau de independencia do impenalism0 0cidental, apesar de sua rntima assOcia―

caO p01rtica c mllitar com este ultimO. Esse fenOmeno se fez acompanhar, de mOdO

73 Em rneados de 1973 havia 86 subsidianas de sOcledades anOnimas estrangeiras em Singapura, c cerca de 250 em

Hong Kong As sociedades anOnimas,aponesas fundaram 400 subsidianas na cOrこ ia do Sul

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264 o NEOCOLONIALISMO E A TROCA DESIGUAL

trpicO, pOr certo desenvolvirnento da industria pesada (siderurgia, petroquFrnica)

Mas naO o cOrreto falar dc``subimperialismo''nesses casos.O surgimento dO capi―tal financeiro ё apenas uma das muitas caracteristicas que devem estar presentespara quc e対sta uma cstrutura impenalista propriamente dita.A maloria desses ou―tros elementos esti completarnente ausente no Brasil,para nao falar do lr5,c cOnti‐

nuard ausente enquanto esses parses fOrern capitalistas, por causa da lirnitacao dO

mercado interno, do atraso do setor agrrcOla nativo,do entrelacamento dos interes―

ses financeiros,industriais c tecnocratas com os dos prOprictarios de terra,dos agio―

tas,dos intemediariOs e das sociedades anOnirnas cstrangeiras.74

0 destino das semico10nias sob o sistema impenalista intemaclonal assumesua follHa mais uさgica com a subnutricao cada vez maior dessas na96es. Na doca―

da de 30, ainda conseguiam exportar anualrnente 14 mllh6es de tOneladas de ce―reais. Na dOcada de 60, tiveram de importar por ano 10 nlllhOes de toneladas decereais,c o volume dessas importac6es corre o perigo de tomar― se muito malor du―rante a segunda metade da dOcada de 70 1sso nao se deve nem a explosaO demO_graica nem a falta de previsao, rnas as estruturas s6clo―econOmicas impostas pelolrnpenalismO. uma cxtensao de terra cada vez malor O utilizada para O cultivO deprodutos agricolas destinados a cxpOrtacao,para satisfazer as necessidades das me―

tr6poles c nao das populacOes iocaisi s6 na Afnca a producao de cafo aumentoucm 300%entre 1959 e 1967.A crescente proletanzacao do campo e o subempre―go e desemprego cada vez malores cnam um hiato crescente entre a produtividadepotencial e a produti宙dade modia do trabalho na terra. A diferencia95o creSCente

de classes c um mercado interno estagnado da``classe mOdia" para baixo resultamnum tremendo desperdicio de recursos produtivos. A crescente dependOncia datecnologia importada,usada muitas vezes de maneira irrespon“ vel e negligente

em relacao as cOnseqiiencias ambientais, provoca desastres sociais e eco16gicOs.75

A dependencia crescente das exportac6es imperialstas de alimentos O monetariza―da no mercado do mundo capitalista attavOs dos altos precos, causados pela restri―

caO artificial da oferta, quando necessariO.A fome quc grassou entre 1973 e 1974estava diretamente relacionada a reduca~o da producao, decidida pelos principais

exportadores de cereais no final da dOcada de 60 e comecos da dOcada de 70.

O fator decisivo continua sendo a irnpossibllldade da plena indusmahzacaOdos paFses subdesenvolvidos no ambitO dO inercado mundial no perfodo dO capita‐

hsmo tardlo e do neocolonialismo, que era tao grande quanto no perfodo “classi_co'' do irnpenalismO.76 As diferengas reglonais de desenvolvimento, industrializa―

caO e prOduuvidade esほ o constantementc aumentando. Nessas circunsttncias, to―

dos os mecanismos que garantem uma situac5o de crise social pel11lanente nas sc―rnico10nias continuarao funclonando; os trabalhadores desses pates terao de levar

a revolucao c010nial atl o ponto em quc a sua libertacaO dO mercado mundial capi―talista, cfetivada pela socializacao dos principais melos de producaO e dO sobrepro―

dutO,OCial, possibilite a solucao dO prOblema attariO e inicie a plena industrializa‐

cao. E claro quc a construcao de uma ccononlia socialista s6 podc efetivar― se emescala rnundial.

74H`uma boa critlca do conce■ o de `tubimpeiahsrno''em SALAMA,Pierre C7tt19u“ dι ′'Econornic Pοl“qua n°16‐ 17,ab五 1-seternbro de 1974 p 77‐ 7975 ver O monumental relabio da conlerOnda de 1968 sobre os asp2ctos ecol∝

,COS dO desenvol■ mentO intemacionalna edicao de TAGHl,M Farvar e MILTON,」 ohn The Ca″ less Technology Washington,1971:Alguns d∝ umentOsapresentados nessa confettncia pre宙 ram´ a cattstrofe do Sahel Erros calamlosos nos novos sistemas de imgaφO darepresa de Assua,nO E」 to e nO Sul da Asia,loram destacados,aSm como foram denunciados os pengos semelhan―tes,senao mais graves,nos proletos do Delta do Mekong76 0 relab● o anual da FAO de 1972 mostra que, entre 1950 e 1970, o numerO absoluto das pessoas ``empregadas"

(subempregadas sena um terrno pais correto)na agncultura realmente oumentou cerca de O,8%no Extremo Onente,fora。 」ap5o,e cerca de l,2%na Afnca

Page 265: Capitalismo Tardio - MANDEL

12

AEゃansaO dO seror de sepicο s,α “SOCiedade de Consumo"e c Rcalizacao da Mais‐ Valiα

()mOdO de producaO capitalista, enquanto producao generalizada de merca‐dorias,implica um desenvolvimento constante da divisao sOcial do tabalho.l Quan‐

to a isso,o fenOmeno hist6rico relevante foi a separacaO prOgressiva entte a agricuト

tura c a producao artesanat entre O campo e a cidade,que levou finalrnente a con_trapos195o entre os bens de consumo (Departamento II)e Os meios de prOducao

(IDepartamento I). MaS, nO final, o prOgresso ininterrupto da divis5o de trabalhotambOm dissolve gradualrnente essa separacao estrita entte os dois setores basicOs

da econOnlia, pois assirn como a producao capitalista de mercadorias destruiu defi―nitivamente a unidade entre agncultura e producao artesanal,tarnbё m dissolveu tO―

da uma sёrie de outros vFnculos entre diversos setores de produ95o das sociedadesprO―capitalistas, c penctrou incessantemente nos bolsOes de producaO sirnples demercadorias e de producao pura de valor de uso das sociedades pFC― Capitalistas

que sobreviveram na sociedade burguesa.

Se essa divis5o progressiva de trabalho fol uma caracterttica peculiar da pr6‐pria indistria no perrodO da livre concorrencia capitalsta,a partir da segunda revo‐

lucaO tecn01691ca, comecou a inluenciar diretamente na agricultura. Desde o surgi‐

mento da demanda mac19a de maに rias―primas agrrcOlas nas indastrias e de came

e scus derivadOs nas cidades, houve uma especializa95o crescente nos emprecndi―mentos agricolas.2 Ao lado dessa espedalizacao vem OcOrrendo― ―particulalillente

depois da grande crise agrFcola das dOcadas de 1880 e 1890,na Europa central ena Europa ocidental,decorrente do aumento da competicaO pe10s produtos agrico―

1``Como a producao c a circulacaO de mercadonas sao os prё _requisitos gerais do modo de produc5。 capitalista,a dl―

宙saO de trabalho na indisma requer que a divis6o de trabalho na sociedade em geralia tenha atlngdO certO grau dedesenvolvlmento Ao mesmo tempo,com a dlferenclacao dos instmmentos de trabalho,as indistnas que produzemesses instmmentos dferenciam― se cada vez mals Se um slstema manufatureiro se apodera de uma indistna quc antesera operada em cOnlunto com outras,sela como indistna phndpal,sela como indistna subordinada,e por um s6 pro―dutor,essas indisttas desligam‐ se imedhtamente e se tomam independentes Sc o slstema manufamrelrO apodera― sede um esttglo pa‖ bcular da producaO de uma mercadoia,os ou廿 os esttglos de producao transfomlam se em outrastantas indisLas independentes¨ Este na。 0。 lugar adequado para mostrar como a di宙 sao de trabalhO se apodera,n5o apenas da esfera econ6mica, mas de todas as esferas da sociedade e lanca por toda parte os fundamentOs daque―le sisterna a゛ mbarcador de especiallzacao e separacao dos hOmens, daquele desenvolvimento de uma inica laculda‐de humana,as expensas de todas as outlas ''MARX Capltal v l,P 353‐ 3542 KAUTSKY,Kan Die Agrarrage Refenm。 _nos aqui a ed95。 francesa,Lα Qυ

“"on Agraitt Pans,19oo,p 42 etseq

265

Page 266: Capitalismo Tardio - MANDEL

266 A EXPANSAo DO SETOR DE SERVIcOS,A“ SOCIEDADE DE CONSUMO''

las baratos, importados do exterior― ―uma separacao generahzada entte O cultivodo s010 c a criacao de gadO,c uma especializacao na pr6p五 a criacao de gadO

Mas, no cOniuntO, todo esse processo de especializacao e di宙 saO de trabalhodesenvOlveu―se com uma velocidade menOr na agricultura que na indistria aに asvOsperas da Segunda Guerra Mundial. A mecanizacaO da agricultura e o aumentoda prOdutividade dO trabalhO agrrcOla ficararn muito attas dOs prOgressos da indus_

tria,porquc, entrc outros motivos,a renda da terra consumia uma parte substan―cial do capital necessariO a cssa mecanizacao.Mas cOmo pre宙 ra Marx um soculoantes,3 a fOrga total das maquinas e dOs produtos qurmicOs aungiu a agncultura tar―

diamente,cm particular sob O impacto da Grande Depress5o de 1929/32(que co―mecou um pouco antes na attcultura).4 A rase do capitalismo rardiO,ao menosem sua primeira “onda longa com tonalidadc expanslonista'', tem se caracte月 レadopor um crescimenι o da produtiυ idade dO trabalho malor na agricultura quc na in―d口sttta.

Na Alemanha Ocidental,nO perfodo que val de 1950 a 1970,a produtividadcbruta do ttabalho agricola(produto bruto por unidade de trabalho),a produti宙 da―

de lfquida do trabalho(prOduto lrquidO por unidade de trabalhO)ea``produtivida―de efetiva do trabalho" (criacaO de va10r por unidade dc trabalhO)quadruphca―ram.5 Essa taxa de crescimento foi muitO malor quc a da indisma.Nos EstadosUnidos hOuve urn crescirnento anual de 3,8%do produto por unidade de ttabalhona agncultura,no perfodO de 1937/48(comparaivamente a l,9%do restante dacconomia);um crescimentO de 5,7%(comparattvamente a 2,6%do restante dacconomia)ente 1949/57; e de 6,0% ente 1955/70 Com as relacOes de prOdu―

9aO capitalistas, a escalada da produtividade do trabalho na agricultura assume afollna de uma cOnversao cada vez mais pronunciada dos empreendirnentOs agrrcO_las em empreendirnentOs capitalistas― ― em outras palavras, uma reducao radicaldas areas de produ950 sirnples de mercadorias ou de pequenOs empreendirnentosindividuais de camponescs produzindO valor de uso.A conquista macica da agncul_tura por parte do grande capital acelerou por sua vez a di宙 saO sOcial do trabalhoagricola,quc agora alcanca um esセ igio qualitativamente superior a do perrOdO da li―

vre concorrencia capitalista ou do irnperialismo classicO. TOdos os ttacos dessecomplexo processo de transfoI11lacao na agncultura contemporanea__a crescenteprodutividade do tabalho; a penetracao dO grande capital; os empreendirnentos

de larga cscala;a di1/1sao acelerada do trabalho― ―podern ser sintetizados sOb a ru―

brica de industttα lレaca~o crescente da agricultura.

Esse fenOmeno tem duplo sentido.Em pnmeirO lugar, o uso crescente de ma―quinas e produtos qurrnicOs na agncultura significa a conversao dO prOcesso de pro―

ducaO agrrcOla num prOcesso andlogo ao da prOducao industrial,6。 nde O esfOrco

3``Mais tarde,a produjudade avanca em ambas(indistna c agncukura),embora com itmos diferentes Mas quando

a ind`stla ainge certo nivel,a desprOporcao deve dirninuir ou,em outas palavras,a produt、 ldade da agncultura de―ve aumentar relatvamente com uma velocidade malor quc a da indistna"MARX Theo"“ げSuplus volue v 2,p

曜まi圭■1況鰍:黛 LttLttnuncladam“ ∞da de 2Q e&Ⅲ sde Fgedrn∝ an∝ de 19202z驚。m―peu novamette com br,a redobrada Sob“ esse tфたq猛 ,entre outo,VARGA,Eu"nD● Kおe tt Kttiぬお

叩轟鮨麟 鮮 路ゝ:慧鳳摺 '£」[:"滅蹴田htteHRUBESCЦ P憲

:#:蹴i■♂践柵|Output lndex zur Messung der PrOduktvltatsentucklung inlnI Bercん た Jber Landω irお chqし 1967,v 45,caderno 3-4,e informacaO dO Ministё ●o Federal de Relac5es“ Interger‐

manicas''para o periodo 1965/706 1sso se expressa de maneira notavel pe10 fato de que, desde 1948, a despesa anual da agncultura norte‐

amencana

剛需零itta:F,ぶ品顆 ふfi謂甜稔鳳dd° ma∝ qぃ t耐∝de ca,d hndd五♂にJttadO

椰齢響4誠鞠恵電轟i:堵則職鳥鮮)[椰樹 i掲憮蝋群dwlJじchaft in Wachstumsprozess de amedkanischen Wirts―

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A EXPANSAO DO SETOR DE SERⅥcOS,A“SOCIEDADE DE CONSUMO'' 267

constante de reduzir os custos de producaO sOb a press5o da cOncorrencia se manl―

festa na dispensa do trabalho vivo c ern sua substitu19ao por maquinas,e no aper―

fe19oamento da organizacao dO trabalho e das maquinas e produtos qurmicos queconstitucm os p"― requisitos da producao.7 Assim a agricultura C,ogada nO rede―

moinho da inovacaO tecno16gica acelerada8 e dO menor tempo de girO do capital fi―

xo despendido na maquinaria agricola, Por exemplo: o lnstituto」 aponos de Maqul_nas Agrrcolas produziu recentemente uma “capinadcira― colhedeira" quc “executatodas as tarefas do plantio de arroz: planta as mudas, elinlina as ervas daninhas,pulveriza pesticida,colhe e debulha.Esse trabalho,quc normalrnente e対 ge 300 ho―

mern―horas por hectare,pode ser feito ern 16 horas por essa maquina".9 Essas ino‐

vag6es geranl, por sua vez, novas contrad195es entre o ciclo do componente fixo

(e CirCulante)do capital, por um lado, c o ciclo do componente gasto na comprada terra,por outro,que na fase do capitalismo tardio estti stteitO as leis especricas

da cspeculacao com a terra.

Em segundo lugar, a crescente industrializac5o da agricultura significa tambOmuma separacao crescente de setores inteiros da prOducao da agricultura propria―

mente dita c sua conversao em setOres industriais ``puros", na indttma alirnentr―

cia.10 Embora a criacao de galinhas organizada segundo o mOdelo industrial aindapossa ser considerada uma foHila de transicao,as fabricas que processam e conser―

vam leite c came, frutas e legumes e que produzem ahmentos congeladOs Ou secoscorrespondem exatarnente aos empreendirnentos de larga escala que produzemmelas ou movels.

Essa separacao de setOres inteiros da producao da agncultura propriamente di―

ta explica por que a percentagem da populacao ativa trabalhando na agriculturacalu muito mais quc a percentagem da ahmentacao relaivamente ao consumo emgeral. Enquanto esta nitima ainda nutua entte 20% e 30% nos pates industriais

mais avangados,a proporcao de pessoas ocupadas com a agncultura calu para me―nos de 10%da populacao ativa na maioria dos casos, c em alguns parses, cOmo alnglaterra ou os Estados Unidos,chegou a 5ツ3 e as vezes rnenos ainda.Mas,sc in―

cluissemos as pessoas empregadas na industria alirnentFcia(que ё uma das indus―

chaft'' In: Be,chた Jber Londwirお chart 1963, nova sё ne, v 41/3-4, p 576-577)Enquanto cm 1950 as prOpneda_des agrた 。las norte‐ amencanas cOnsumiram 12,7 bilh6es de d61ares de capital constante drculante c 2,5 bilh6es de capl―tal constante ixo (depreCiac5o), totallzando 15,2 blh5es de ddares comparados a sua renda liquida de 16,9 bilh6es

de d61ares,em 1970 consumiram respecivamente 24,6b」 h∝se6,5 bllh&s de capital constante circulante e ixo,comparados a uma renda Fqdda de 22,5 blh5es de d61ares SIcascα ′Abstractげ the Un″ ed Sta烙,1971,p5817 KRIELLAARS,F W 」 Landbο ul●ploblematieた bヴ economた cha groei Leiden, 1965,p 21 Entre 1950 e 1970, ovalor da maquinana e dOs equipamentos agFcolas(incluindo os autom6veis partculares dos agncultOres)subiu de 12para 34 blhё es de d61ares Ao mesmo ternpo, a populacao do campo dechnou de 23 para 9,6 mllhoes,c as pessoasatlvas na agncultura,de 9,6 para 2,3 mlh6es(em 1970,40%da chamada populacao rural atva cstava empregada fo‐ra da agncultura)8c∝hrane esdma que 80%do aumento da producao agricola nos Estados Unidos no periodo 1940/58 deve ser atn_buido ao progresso tecnolα ic。 (。utros autores ettmam essa percentagem em tomo de 30%)Ele exphca depol,“ Achuva de novos conhecimentos por sobre a terra, a revolucao tecnOlα Jca eStendendo― seさ agncultura nao C uma cOl_

sa resmta lgada a maquinana c equipamento ё algo amplo que envolve melhores t`cnicas de trabalho e administra

950,nOVa demarca゛ o,reCombinacao e especlal麟

"o por area das empresas que prOduzem mercadonas,e adapta‐cao da agncultra a novas ttcnicas" C∝ HRANE,W W “FarFn TeChnolo9,Foragn surplus Dsposal and DomestcSupply Control''in:」 οurnαlorFar7n Economics De2mbro de 1959,p8879 The Japan■ 7n‐ 13 de agosto de 1974ЮA"“ enねgem“ vabr tぬl dos"na∝ ahmettos“

舷:盤麟濯TTT鳴19:ar隅1戦 訛las em seu processamento industial pode ser supenor a 51much is belng spentin the U S thls ycar for food?" In:Ag"culural Sittσ

on Setembro de 1963,p ll ctseq)。 bSe,va que no periodo 1950/62, os processadores e dlstnbtudores de generOs allmenticios receberam um cOnstante de12%da renda disponivel do Orcamento domlstlco mё do dos Estados Unidos,enquanto a percentagem dos agncult。 _

res calu de 8%para 5%dessa renda Em 1970,os agnculores norte‐ amencanOs ttceberam o equ市 alente a apenas19%dos gastos dos consumidores∞ m fainha de mgo e massas,25%dos gastos com lrutas e legumes,e39%dosgastos totat com produtos agrК olas

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268 A EXPANSAO DO SETOR DE SERⅥcOS,A“SOCIEDADE DE CONSUMO"

trias mais importantes em todos os Estados industriais)entre aquelas que se ocu―pam com``agicultura'',cssa percentagem sena mais que duplicada.11

%dc TrabalhadOres Agricolas Rclatiυ amenた a Todas as Ocupac6es Ciυ is

195θ 196θ I"θ

Estados Unidos

」apa。Relno UnldoAlemanha OcidentalFrancal

13,5%46,7%5,6%

24,7%36,0%2

8,3%30,2%4,1%14,0%22,4%

4,4%17,4%2,9%9,0%

14,0%

l Para a Franca em 1946,ver Commisslon pour l'Europe des Natons Unies,rtude sur,α Situαtion Econo

鍔%FerEulopeen19“Geneb●,1955p207

o rapidO aumentO da produtividade do ttabalho na agricultura, combinadO aum crescimento muito mais lcnto do consumo de"nerOs ahmentrc10s e a uma ne対 ―

bilidade negativa da demanda de certas matOrias― pnmas, lcvou a rapida queda dOspre9os relativos dos prOdutos agrfcolas, o que provocou uma reviravolta completa

na estrutura classica de valor e preco dessas rnercadorias nos parses imperialistas.Se

a concorrencia intemaclonal fosse mantida,a renda absoluta da terra,assirn como adiferencial, desapareceriam de grande parte da Europa ocidental, comO aconteceunuma parte nada desprezivel de terras cultivaveis da AmOrica do Norte.12

A persistencia de lutuacOes de preco muitas vezes de vultO no mercado mun―dial relete a Osclacao entre rescttas e insuficiencias de mercadonas― chave que po‐dem ocorrer de repente. Enl temos de valor, essas lutuac6es definern se os pre―

9os de producao de grandes areas de terra menos fё rtil da AmOnca do Norte, daAustralia Ou da Argentina detellllinar5o ou n5o o pre9o de mercado. ComO a prO_ducaO naO pode acOmOdar― se de irnediato a essas lumacoes repentinas, c cOmoos agricultores宙vem corn medo de uma superproducao cronica, ao mesmotempoquc a intervencao estatal nos pates impenalistas premia a lirnitacao da prOducao

corn mais frequencia dO quc a sua ampliacaO,na verdade a prOducao naO sc esten_de a essas areas menos ttrteis com muita rapidez,e solos que produzem mais(saapor causa da fertilidade natural ou de malores investimentos de capital, seia por

uma combinagao de ambOs)s6excepclonalmente dao a scus pЮ pne通nOs umaverdadeira renda da terra.13 E por isso quc a restricao aO cultivO direto em grande

escala capitalista acaba predominandO em paises como os Estados Unidos,pois naagricultura capitalista contemporanea la naO ha superlucros superiores ao lucro mё ―

diO(que,abm disso,ё tambOm o lucrO mё dio dos setores nao monOpolizados14),c

l10ECD Eco● omic Su″ eノ or Austra″ o Dezembro de 1972,p ll Para o」 apao em 1950,NAMIKI,Masayoshi TheFα r7n Populαtion in」。pan,1872-1965 p 4012 0 ntmero de estabelecimentos agricolas nos Estados Unidos, que nutuava em tomo dos 6 milh6es entre 1920 e

1945, calu para 2,9 milh6es por volta de 1970 Desses 2,9 milh5es, 1,8 milhaO sao estabelecimentos com aghculturade subsistOncia c em rejme de parcenal em Outras palavras, apenas l,l milhao de estabelecimentos agricolas produzpara o mercado 870 mil estabelecimentOs agricolas responderam por 84,4% do total das vendas agricolas de 1964,com um moν imento m`dlo de 34 mil d61ares por estabelecimento agricola(os outrOs nunca chegam sequer a aingressa mOdla)2 mlh5es de estabelecimentos agricolas iveram vendas de 4 mn d61ares ou menos Apenas 142 ml con‐seguiram um movlmento supenor a 40 mil d61ares N5oこ nenhum exagero airmar que a renda da terra pratcamentedesapareceu em 90%dos estabelecimentos agricolas norte― amencanos13 Aumentos vultosos e repentnos de preco de matこ ias‐ pimas s5o´ acompanhados por aumentos,19ualmente repeni―nos das rendas dlferenciais lssoこ vllido para as mtnas de ouro da AMca do Sul,por exemp10,depois da enorrne altano preco do ouro no mercado livre,ou dos campos petroliferos do Onente M`dio Em meados de 1974,。 invesimen―to necesttnO para produzir um baml de pe廿61eo por dia vaiava entre 100 1ibras no Ohente Mё dio, 1200a 13001ibras no mar do Norte e 3 mil a 4 millibras em areias betuminosas ou em camadas de対 sto betuminoso dos EstadosUnidos N5o ha necessidade de enfattar a consequente extens5o das rendas do pe嘘 もleo no Onente Mё di。

14 ver Khenaars(Op Cr,p28-31)relatvamente a poslcao esbは turalmente mais fraca dos agncuHores em face das em‐presas monopolistas Entre 1950 e 1960, a producao de m`quinas agrlcolas nos EstadOs Unidos numou entre indicesde 60 e 100:seu preco subiu cerca de 30% A producao de ac。 lutuou entre indices de 90 a 120;os precos subiram

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A EXPANSAO DO SETOR DE SERⅥcOS,A“SOCIEDADE DE CONSUMO" 269

軸∫聰撫Y駆鮮ぶ癬l鯉酬F雛品馘屹a do capital C a mesma,ou apro対 mada

電ilffllliI「 :hil[:|:1lSぎ]11:111き識

bこrn explica a tendencia de desaparecer alotar que essa tendencia naO se faz acOm―

panhar necessariamente por uma queda nos precos da terra (excetO em casO de

晋 賓 馨曇 轟 器 揮 諄 :酎 i犠 饗 官品 麗 雷 霊 翼 躍 塁 薯 豚

reco correspondente――tanto quc a rendanaO desaparece inteiramente;em scgundo lugar, os pre9os da terra sobem a medi_da que areas de cultivO sao transf0111ladas em areas residenciais ou em estradas, cdessa f0111la indireta sao jogadas na especulacao imObliaria, que por sua vez ё tan―to consequOncia quanto motOr da inlacao permanente.

Mas a queda dOs precos agrrcolas relativos nao leva automaticamente ao desa―parecirnento do pequeno agncultor.Mesmo no capitalismo tardio,uma``vOlta a ter―

ra" ainda C temporariamente possfvel em perfOdo de muito desemprego Ou insufi―ciencia de alimentOs. Por outro lado, sc uma rapida queda dos rendirnentOs relati―

vos dos agricultores coincide cOm uma demanda crescente de forca de trabalhonas cidades e uma diferenca cada vez malor entre os precos agricolas e os indus―

triais, c entre os rendirnentos dos camponeses e dos trabα ′hadores assalariadOs15da industria, O deslocamento do campO para a cidade assumira propO、 δes deuma verdadeira avalancha, comO aconteceu tanto na EurOpa ocidental quantO naArnё rica do Norte na “onda longa cOm tonalidade expanslonista'' de 1945/48 atё1965.

Sob crescente socializacao obletiVa dO trabalho, rnesmo com a producaO gene_ralizada de mercadonas, uma divisaO cada vez malor de trabalho s6 pode ser efeti―

vada se as tendencias a centralizacao predOrninarern sobre as tendOncias a atorniza―

cao. No capitahsmo, csse prOCesso de centralizacao tem carater duplo: ё "cnico eO econOmico. TccnicamenFe, uma divis5o crescente do trabalho s6 pode combinar―se corn uma socializacaO crescente e obictiVa do trabalho por melo de uma amplia―

caO das funcσ“

inた ff′ :edidttasf dar a cxpansaO sem precedentes dos setores de co―mOrclo,transporte c serv19oS em geral.16 Economicamente,o processo de centraliza―

cao s6 pode manifestar― se por rnelo de uma centahzacaO crescente de capital, en―tre outras, sob a fol:1la de uma integracaO vertical de grandes empresas, firmasmulunaciOnais c conglomerados.

A separacao entte ati宙 dades prOdutivas anteriorrnente unificadas tOma indis―pensavel a ampliacao das func6es intellliedianas. se a prOducao artesanal se sepa―

ra da agricultura, こ preciso garantir aos camponeses a mediacao dOs instrumentosde trabalho e de bens de consumo quc antes eles rnesmos faziam a mao,c aOs ar―

謂 ∴ 庶 器 ;曽l脇 :機 椒 鐙

f機譜 l£I漑 蹴 sttl∬ :電器 :Ⅷ

8淵:1楓撃1:躙胞Sfttaλ

∬Tλ盤」器iCP駆鴛電:ぜLttLttl

cerca de 50% Na agncultura,a produca0 1utuou entre indices de 100 o 125;os precos pagos aos agicultores,ao con―tra五。,calram cerca de 20%15 NOs EstadOs Unidos, a renda por hora de tabalho na agncultura, que ainda era equivalente a 75%da hora mё

dia

畿 :制

'3tt讐

指had°r hdu輛dem D侶 ,cau paaふ enos de 30%dese J6● o emり57■MBERttKE WE‐

16 Analisamos mais abaixo as grandes vanac∞s da estruぬ ra cconOmica do chamado setor de servlcos A funcaO dOs in‐

termedianos,que se expande no curso da divisao crescente do trabalhO e que pode ser atnbuida,no capitalism。,a cm―

鷲藍F蹴∫』T礎鸞輔驚誓I卜織轟懸群囃胤聴驀鮮

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270 A EXPANSAo DO SETOR DE SERVicOS,A``SOCIEDADE DE CONSUMO"

divisao de trabalho,tanto mais essas funcOes interlnediarias precisam ser sistemati―

zadas e raclonalizadas, a fim de assegurar producao e venda continuas. A tenden_

cia a reducaO dO tempo de giro do capital,inerente ao modo de producao capitalis―ta,s6pode tornar― se realidade sc o capital(comercial e financeiro)se apossar cada

vez rnais dessas func6es intermediarias.

Nos perfodos da livre concorrencia capitalista e do impenalismO classicO, essapenetracao dO capital nos setores interrnediariOs Ocorria principalrnente no proces―

so de circulac5o: o capital comercial, financeiro e de transporte mediava c acelera―

va a troca entre os Departamentos l c II(remeSSa de matOrias― primas e maquinaspara a industria de bens de consumO c agncultura),cntre diferentes empresas e ra―

mos da industria no Departamento I(mituO fOmecimento de maに nas_pnmas emaquinas para a indistria que fabncava os rnelos de producaO)e entte O Departa―

mento II c o coniuntO dOS consurnidores(venda de gOneros alimenticlos, bens deconsumo industrializados e artigos dc luxo para assalariados c capitahstas).17 Quan―

to mais avancam a di宙 sao intemacional do trabalho e a socializaca0 0biciVa inter―

naclonal do trabalho,tanto malor a importancia dO sistema de transporte e das fun―

96es intellllediarias nO dOrnin10 do comOrclo internacional e do sistema intemacio―nal de cたdito. Nessas duas fases do capitalismo,a penetracao dO sistema de cた di―

to na esfera do consumo privado efetivo llrnitava―se aos casos de extrema peniria

(penhor, aglotagern); somente na dOcada de 20 deste sOculo O quc estendeu― se se―

riamente pela drea de financiamento para a compra de bens de consumo duraveisnos Estados Unidos(na Europa e no」 apao essa nOva ampliacao dO sisterna de crё ―

dito relativamente ao consumo privado naO se generalizou antes do adventO dO ca―pitalお mo tardio).18

Na ёpoca do capitalismo tardio, o processo de capitalizac50, c, conSequente_mente, da di宙 sao de trabalho, adquire nova dirnensao tambom nessa esfera demediacao.Aquitambё m,mais tarde ainda quc na agricultura,a mecanizacao triun_fa, promovida sobretudo pela cletrOnica c pela cibemё tica. Os computadores c asmaquinas de calcular eletЮ nicas substituem enome quantidade de auxiliares de es―

crita, escriturariOs e contadores de bancos e companhias de seguro. As loiaS Onde

as pessoas mesmas se servem e as maquinas automaticas que fomecem cha, cafo,balas etc., com a introducao de moedas, tomam o lugar de vendedores e balcOnis―

tas. C)rnodico profisslonal libera1 0 substiturdo pOr uma policifnica cOm especialistas

afiliados ou por mё dicos empregados pelas grandes companhias;o advogadO inde―pendente d6 1ugar ao grande escrit6● o de advocacia ou aos conselheiros legais debancos,cmpresas e administracao pibhca.A relacao priυ ada entre aqucle que ven―de forOa dc trabalho com quahficac6es especificas e aquele que gasta rendirnentosprivados, quc ainda predominava nO sOculo XIX e fol analisada em detalhe porMarx,19 cOnverte‐ se cada vcz mais ern um seⅣ 19o capitarista,ao mesmo tempo qucse torna obiCiVamente socializado.O alfalate particular O subsiturdO pela indistria

de roupa feita;o sapateiro,pela divisao de cOnsertos das grandes loiaS de departa―mento, das fabricas e 10ias de Ca19ados; o cozinheiro,pela producao enl massa de

refe196es prё ―cozidas, consumidas em restaurantes com auto― servi9o ou pelo sctor

industrial especializado; a cmpregada domostica ou arrumadeira, pela mecanizacaode suas func6es sob a folllla de aspirador de p6,maquina de lavar roupa,de lavarpratos etc.

Essa socialzacao obeiva dOS Servicos ё particulallllente evldente onde a in―fra―estrutura c対ge o mais alto grau de raclonalizacaO em funcao dOs altos custos fi―

17 MARX Cap“α′v2,cap VI18 sobre a impo■ 6ncia do crOdito ao consunlldor como solucao temporana das dlflculdades de reahcao e comO umadas pincipais fontes de innac5。 ,vero cap 1319 MARX Theo″es orsuっ lus V● lu`vl,p157161

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A EXPANSAO DO SETOR DE SERⅥcOS,A“SOCIEDADE DE CONSUMO" 271

xos e das despesas de constucaO No sOculo XIX,o transporte de curta distancia,o aquccirnento domOstico, a luminacao, a agua c o fomecirnento de energla emgeral ainda cram puramente privados. Nas areas c。 loniais tecnicamente atrasadas,

esses serv19os chegavam a proporc10nar as principais fontes para a subordinacaodesp6tica dos naivos, quc eram obrigados a executar serυ 19os privados para Os se―nhOres c010niais, que dispunham dos ``cortadOres de lenha e dOs carregadores deagua''de fOI11la muito semelhante a dos senhOres de escravos de Roma.A pene―tacaO dO capital nessa csfera, sobretudo atravOs da eletrificacaO, signllcou enor―mes gastOs em capital fixO c uma queda correspondente na lucratividade dOs em―preendirnentOs privados; essa mudanca levou progressivamente aos trens de passa―

geirO e as estadas de ferro suburbanas, as usinas ebtricas c a agua e gas encana_

dos,quc hoe SaO regra geral na rnaloria dos paises imperialistas.O escravo domos―

tico,宙vo e pessoal,foi substiturdO pe10 escravo rnecanicO,inerte e socializado.

Mas essa cvolucao n50 deve, naturallnente, ser exagerada. Uma sociedadcprodutora de mercadorias, chela de impulsos aquisitivos, cria constantemente suapr6pria negacaO cOmO uma corrente secundaria.(Ds nlilhares de pequenOs em―preendirnentos ttabalhandO cOm carvao e madeira sao substiturdOs por um peque―

nO namerO de empresas multinac10nais de pe廿 61eo c gas natural. Mas para consc―guir atingir centenas de nlllhares de cOnsumidores, essas corpora96es sao obnga_

das, pOr sua vez, a incentivar o estabelecirnento de indmeros postos de gasolina cgaragens. Os servi9os de agua, lllz e gas, centralizados e reorganizados em instala―

c6es piblicas, scrvem diretarnente a rnilh6es de consunlldores. Mas, para realizarsuas func6es, os inconttveis aparatos que fazem a mediacao entre cssas fontes deenergia c o cOnsumidor final demandam, por sua vez, pessoas que facam conser―tos, encanadores, eletricistas e vendedores. Quanto mais barata a mercadoria, isto

O, quanto menor o ternpo de trabalho despendidO ern sua producao, tantO malo―res serao os custos de supervisao e reparOs comparativamente aos custos de prOdu―

caO,e tanto mais cara,cm te111los relativos,a forca de trabalhO qualificada necess6-ria para a realizacao dessa funcaO.20 MaS essa negacao deve peI11lanecer em cara―

ter secundariO, pois assirn que uma brecha considerttel no processO de centraliza―

caO parece ter― se tomado “lucrativa", irnediatarnente atrai capital, quc al tentardconseguir ao menos o lucro mOdio e pode elinlinar gradualrnente os pequenos ern―preendirnentos privados. Grandes empresas de reparos tendem a substituir o enca―

nador individual,assim como as grandes loas de departamento acabaram cOm opequeno lojista c os grandes bancOs com os cambistas privados Os elos e agentes

intellllediarios do processo de centralizaca0 0bjetiva sao por sua vez centrahzados.

Longe de representar uma ``sociedade p6s― indusmal'', O capitalismo tardioconstitui uma industガα′滋acaO generalレ ada uniυ cβal pela primeira vez na hisbria.A mecanizacaO, a padronizacao, a super― especializacao c a fragmenta95o do traba―lho,que no passado detellllinararn apenas o reino da producao de mercadorias naindistria propriamente dita, penetam agora todos os sctores da宙 da social.2ユ umadas caracterisicas do capitalismo tardlo O que a agricultura csta se tomandO gra―

dualrnente tto industrializada quanto a pめ pria indusma,22 a eSfera da circulacao

驚智T織1諸憾К&ξttΨ撫:Ъ溜出£l葡覧盤響擁舗盤響驚l∬等露霊眠∬臨鮒 躍

1£聟 :警甜鵬鮮

ores壺 o:o elettcista ё substltuido pOr especiahstas em con―n conserto do sistema de aquecimento central etc etc Mas

てi鳥肥sT機歯“umbrmぴ 'comQ po exempち

im6rdios da indusmallzacaO da agncultura em Lα Ques'ο n

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272 A EXPANSAo DO SETOR DE SERヽ lcOS,A“ SOCIEDADE DE CONSUMO"

tanto quanto a esfera de producao, o lazer tanto quanto a organizacao do traba_lho. A industrializacaO da esfera de reproducaO cOnstitui o dpice desse prOcesso.

Os computadores calculam o pacote de acOes ``idear' para O aclonista particular ea localizacao ``ideal'' para a nova fabrica da grande empresa.A tele宙 s5o mecaniza

a escola,lsto O,a reproducao da mercadoria forca de trabalho.23 Flmes e documen―

ねrios de tele宙sao tOmam o lugar dos livros e dos jomais.A``lucratvidade''dasuniversidades, academias de musica e museus comeca a ser calculada da mesmaforrna que a das fabricas de l巧 010S Ou de parafusos.24

Em iltima insttncia,todas essas tendencias cOrrespondem a caracteristica basi―

ca do capitalismo tardio: o fenOmeno da supercapitalizacaO, Ou capitais excedentes

naO investidos,aclonados pela queda secular da taxa de lucros c acelerando a tran―

sicaO para O capitalismo monopollsta. Enquanto o ``capitar' cra relativamente es‐

casso, concentrava―se nol11lalrnente na producao direta de mais― valia nos dornf―

nlos tadicionais da producao de mercadorias. Mas se o capital gradualrnente seacumula em quantidades cada vez malores, c uma parcela consideravel dO capitalsocial ia naO cOnsegue nenhuma valonzacaO, as novas massas de capital penetta―raO cada vez mais em areas naO prOdutivas,no sentido de que n5o crianl mais―va‐

lia, onde tomarao o lugar do trabalho privado e da pequena cmpresa de maneirataO inexOravel quanto na producao industrial de 100 ou 200 anOs antes.

Essa enolllle penettacaO de capital nas esferas da circulacao, dos serv19os e

da reproducao pode,por sua vez,levar a um aumento da rnassa de mais― valia:

1)aSSurnindo parcialrnente as fungOes produtivas do capital industrial propria―

mente dito,como ё o caso no setor dos transportes,por excmplo;25

2)acelerando o tempo de rotacaO dO capital produtivo circulante, como O ocaso do comOrclo e do serv19o de crOdito;

3)reduZindO os custos indiretos da producao,comO se da na infra_estrutura;26

4)ampliandO os lirnites da producao de mercadorias― ―em outras palavras,

substituindo a 廿oca de seM9os individuais por rendirnentos privados pela venda

de mercadorias contendo mais― valia.

A fa対neira, a cozinheira c o alfalate particulares nao prOduzem mais― valia;

mas a producao de aspiradores de p6,sistemas dc aquccirnento centtal,cletricida‐

癬 T聰 蹴 識 麗 T鰍 庶f鵬 欄 難outro tipo de producao industrial capita

職雷L詣 |∬λ戯継Lttl朧蹴de cattd no chamado∞br de w面 9oヽ

uza a taxa mOdia de lucros, porquc uma

massa malor de mais― vaha deve somar―sc a massa de capital social investido, quc

aumentou ainda mais do quc a quantidade de mais― valia. Alё m disso, a acumula―

23 com O Suromento do video‐ caswte,a repenetracaO da producao capitalista de mercadonas nO setOr educacional tor―

nou― se possivel em grande escala

豫£:i:tel:田麟 :淵:ぷ畷 麗翌1遇鍵露 出 Л 期 眠S bbe価Cas e"ao a“ u面ndO a dlrecao de edbras e co―

ta Xerox,da Bell,da 3M e Belle da Howen A a宙 ac5o nor‐

te‐amencana (sic)esほ enV。lΨida na prOduc5o de dgua poね vel pura A General Electnc es6 paぬ cipando da crlacao

de uma empresa chamada Ceneral Leaming,preparando‐ se para a produφ o de“ mercadonas educactonais'' Leas‐

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A EXPANSAO DO SETOR DE SERⅥcOS,A``SOCIEDADE DE CONSUMO" 273

95o de uma massa de capital ocloso que cresce constantemente ameaca as empre―sas gigantes com a perspectiva de que, a longo prazo, esse capital talvez nao se

contente com os iurOS modios e possa tentar penetrar a fOKa nos setores monopoll‐

zados, reativando assirn a concottncia c ameacando os superlucrOs dOs monop6-hos. O desvio do excesso de capital para o setor de scnЛ 9os aiuda a prevenir essamudanca.

Finalrnente, o capital monopolista nao tern nenhurn motivo para hostilizar odesenvolvimento completo da industrializacaO e capitalizacao intensiva de todOs os

setores s∝iais,porquc ele pr6pno participa cesSe prOcesso一 ao menos enquantoo “novo" capital desempenhar com sucesso o papel hisbrico dc abrir novos cam―pos de investimento e de experimentar novos produtos,de modo que a lucrativida―

de desses novos campos saa garantida. A concentracao e centralizacaO de capitalnas areas de alimentacaO e distribuicao pOssibilitam o surgimento de grandes em―presas a altura dOs mstes de a9o e de eletricidade(Unilever, NesuO, GeneralFood).As grandes companhias tomam posse das unidades de distribu195o(hoに is

dominados por fabricas de cerveia, pOStOs de gasolina dirigidos pOr trustes de pe―

tr61eo ctc.)Ou tomarn iniciativas de grande escala na esfera das loiaS de departa―

mentos ou dos sistemas de transporte(companhias de a宙 acao,cOmpanhias de na―vega95o maritima,lazer,た nas etc.).Os conglomerados combinam indiscnminada_mente a producao de acO, companhias de a宙 acao, prOducao de margarina, fabri―cacaO de maquinas elCtricas, companhias de seguro, especulacao de terras e gran―

des loias de departamento,a im de assegurar a taxa mOdia de lucros para o malorvolume possfvel de capital, de minirnizar os riscos do investimento especializadO emesmo de exp10rar as possiblidades crescentes da administracao rac10nalizada cda especulacao marginal,para embolsar superlucros para o todo desse capital cOn―glomerado.27

Se a disponibilidade de grandes quanidades de capital que naO podem valori―zar―se rnais na indistria propriamente dita ё um p贅多―requisito para a expans5o dochamadO setor de servi9os, uma grande diferenciacao dO cOnsumo, c especialrnen―

te do consumo dos assalariados e da classe operana, C um p資 ,_requisito comple―mentar a essas novas fo111las e campos da acumulacao de capital. Essa tendenciajd era perceptivel,em embnao,nO periodo da hvre concorrencia capitalista,c Marx

a descreve da seguinte follHa em Crundrissc:

“Na producao que se baseia no capital,o consumo O sempre mediado pela troca,co trabalho nunca tern um valor de uso imediato para aqueles que trabalham. Sua baseesb toda no trabalho enquanto valor de troca c enquanto criacao de va10r de troca Otrabalhador assalariado,ao contrario dO escravo, C ele mesmo um centro independen―te de circula95o,alguOm quc troca,que coloca seu valor de troca e mantOm O valor detroca por ineio da tr∝ a Em primeiro lugar: na troca entre aquela parcela do capitaldescrita como salario e a capacidade宙 va de trabalho, o valor de troca dessa parcelado capital coloca‐ se de imediato,antes que o capital sula nOVamente do processo prO‐duivo para entrar na circulacao, ou issO pode ser entendido como sendo em si mes―mo um ato de circulacao.Em segundo lugar para todo capitalista,a massa global detodos os ttabalhadores,com excecaO dOs seus pr6prios, nao aparece como trabalhadO‐

res, mas como consumidores, possuidores de valores de廿 oca(salanOs), dinheiro, quetrocam por sua mercadoria.Eles constituem muitos centros de circula∞ o com OS quais

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274 A EXPANSAo DO SETOR DE SERⅥ cOS,A“SOCIEDADE DE CONSUMO"

comeca o ato de troca e pelos quais se mantё m o valor de troca do capital.Sao umaparte proporclonalrnente muito grande― _embora nao●O grande quantO em geral sesupOe se considerannos o ttabalhador da industria propriamente dito― ― de todOs Osconsumidores (2uantO malor a sua quantidade― ―a quanidade de populacaO indus―mal__e a massa de dinheiro a sua disposic50, tanto malor o ambito de troca para ocapital"28

Aqui Marx pre宙 u, por assirn dizer, a “sociedade de consumo". HistOricamen―te a cxpansaO dO mOdo de producao capitalista significa uma cxpansao mac19a dossalariOs monetanOs c uma expansao igualrnente ampla do chamado ``mercado in―temo" para bens de cOnsumo industrializados, criado pela acumulacao dO pr6priocapital. Como, ent5o, devemOs considerar essa expansao da csfera da circulacaode mercadorias de maneira a incluir os pめ prios assalariados,crn tellHos de necessi―

dades(o padr5o de宙da)do prOletariado e dos problemas de valorizagao e realiza―

95o do capital?A diferenciacao da demanda monettria cfetiva do prOletariado dospaises indusmalizadOs,que se desenvolveu gradualrnente a partir da metade dO sё ―

culo XIX, quando o exё rcito indusmal de reserva do Ocidente come9ou a sofreruma baixa secular,deriva― se das seguintes fontes principais:

1)DeclFnlo secular da proporc5o dOS incios de subsistencia ``puros'' nos sa16-

rios reais da classe operana. Isso corresponde aquela tendencia, indicada pOrMarx, de um componente do valor da mercadoria forca de trabalho, hisbrica e so―

cialrnente dete11llinadQ,ocupar scu lugar ao lado do componente que tem uma dc―

tellllinacaO puramente fislo16gica. Quando essa tendencia acelera__cOmo aconte―

ceu cspecialrnente depois da Segunda Guerra Mundial― ―a diferenciacao crescen_te do consumo de trabalhador faz― sc acompanhar de uma crise peI11lanente naagricultura A demanda de produtos agricolas parece estar saturada; no casO decertos generOs alimentrclos, chega a haver inclusive uma nexibilidade negativa de

demanda.(D aumento do cOnsumo de mercadorias por parte dos trabalhadores,com excecao dOs alimentos, ё seguido de um r6pido decliniO no nfvel de empre―gos agrrcolas e da rurna dO pequeno empreendirnento camponOs.29

2)Desorganizacao prOgressiva da famlia prOletana cnquanto unidade de prO―ducaO,c sua tendOncia a se desfazer,mesmo como unidade de cOnsumo.()merca―do crescente de refe195es prontas e de alirnentos enlatados, roupas feitas e aspira―

dores de p6, c a crescente demanda de todos os tipos de aparelhos eletrodOmosti―

COS, COrreSponde ao rapido dcclinlo da producaO de valores de uso imediatos noselo da famlla, quc antes era de responsablidade da csposa, da mac Ou da filhado ttabalhador:refe195es,roupas,c todos os serV19os de casa,tais como lirnpar,la―

var a roupa, cuidar do aquecirnento etc. Como a reproducao da mercadoria forcade trabalho se realiza de modo crescente por rncio de mercadorias capitalisticamen―

te produzidas c organizadas e da prestacaO de scM9os, a base material da famniaindividual desaparece tambёm na csfera do consumo.30

Esse processo corresponde, por sua vez, a uma pressao ecOnornica, ou seia,as atividades prOfisslonais crescentes das mulheres, de uma parte(esSa c a tenden―

28 MARX,Karl Gttndnsse p 419 Neste trabalho vertambOm p 282 287,,a citadas no cap 5 deste llvro29E宙 dentemente ё preciso conslderar o fato de que a grande alta dos precos comerciais indl宙 duais de muitos gOnerosalimenticios de luxo,resultante dO crescimento dos custos de dlstrlbuic5o e vendas, resttng9 aぬ flCialmente o consumo

dos assalanadOs A saturac5o s6 1 absoluta no caso dos goneros de pnmeira necessldade E claro que uma dleta ldealnao edd de fOnna alguma garantlda na nutncao do proletanado dos pates``icos"∞PrOva disso ё o su9mento de um mercado,ovem bem forte,o consumo crescente da juventude opeぬ ia fOra da fa―

mlla operana, a separac5o cada vez maior entre os aposentados e os adultos etc Nao ha necessidade de enfatlzar ossёHos danos psiquicos decorrentes dessa atom12acaO(ciancas abandonadas,adultos soliね 五os,velhos decrё ,tos)

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A EXPANSAO DO SETOR DE SERVIcOS,A“ SOCiEDADE DE CONSUMO" 275

cia a longo prazo no capitalismo tardlo,embora a mё dio prazo saa poss,vel discer―

nir muitas lutuag6es, que correspondenl, ente outras coisas, as Osclac6es dos ci―

clos profisslonais efetivos), c a cscOlarizacao cada vez malor da classe operaria, dc

outa parte (o prOcesso social de reproducao de qualificacoes profiss10nais). Essa

cOeKaO ecOnOrnica tem correspondencia na 16gica intema contradit6ria do desen―volvirnento capitalista.Por um lado,o capita1 0 obrigado a reduzir O valor das rner―

cadorias individuais por causa de sua cxpans5o constante da prOducao de merca―dorias enquanto tal, e de sua mecanizacao crescente, quc e対 ge producao cm mas_sa c venda dessas mercadorias. Por essa raz5o procura estimular necessidades deconsumo sempre novas na populacao,inclusive na classe operaria. POr Outto lado,a producao de mais― valia, a realizacao do lucrO e a acumulac5o de capital conti―nuam sendo os obiciVOS Supremos de todos esses esforcos;dar a compulぬO per―

manente de lirnitar os sa16五 os e de mante-10s abalxo do nivel necessariO a satisfa_

9aO de tOdas as novas necessidades de consumo geradas pela p■5pria producao ca_pitalista. A disparidade crescente entre as necessidades de consumo da famlla c Os

salariOs do homern trabalhador leva as mulheres casadas a procurarem empregocom frequOncia cada vez maior e assirn garante expansao geral dO trabalho assala―

nad。 .31

Pode se infenr tambё m quc ao mesmo tempo quc o capital tem um interesse6b宙o de integrar a famlla nuclear patharcal na sociedade burguesa, seu descnvolvirnento a longo prazo tende a desintegrar esse ipo de famlia ao incorporar as rnu―

lheres casadas na fOrca de trabalhO assalariada c ao transf01lHar as tarefas femini―

nas no lar enl servicos capitalisticamentc organizados,ou ao substituF― las por rnerca―

dorias capitalisticamente produzidas. As donas― de―casa prolebrias realizam um tra―balho nao remunerado que durante muito tempo fol indispensavel para a reprodu―

95o da forca de trabalho dos operarios Mas esse trabalho naO remunerado nao 0trocado por capital nem produz diretarnente mais― valia Ele assume a fonna de uminsumo in natura, compensado por uma fracao do salariO quc O operanO recebeupela venda de sua fo、 a de trabalho.32 Em iltimo caso se poderia dizer que se O tta―

balho nao remunerado da dona― dc― casa proletaria desaparece repentina c comple―tarnente, a mais― vaha social provavelrnente seria menor, porquc o saldrio mrnirnonecessario a reprOducaO da fOrca de trabalho teria entao de subir. Um nimeromalor de mercadorias teria de ser cOmprado com Os sa16rios e o operano teria depagar por rnais servicos fora de casa. Mas quando a antiga dona― de―casa se junta a

massa de trabalhadores assalariados,ela aumenta a massa de mais― valia social pro―

duzida, c assirn expandc O campo da producao de mercadorias e da acumulacaode capital. Se parte dessas mercadorias adicionalmente produzidas saO cOmpradascom seu saldrio adicional,para repor o trabalho nao remunerado dOs servicos qucela antigamente realizava no lar, o capitalismo tira proveito de tudO isso, pois esse

processo faclita a aquisicao de lucros c a reproducao amphada.

3)As realizacOes culturais do proletariado, conquistadas pela ascensao e luta

da moderna classe operana(livrOs,,omaiS, a auto― educacaO, Os esportes, a organi―

zacaO etc.)perderam aquelas caracterrsticas de ati宙 dade genuinamente voluntariae de autonomia com relagao ao prOcesso capitalista de producao e circulacao demercadorias, quc as definiam no perfodo do imperialismo classicO (especialrnentenottvei na Alemanha, entre 1890 e 1933), c foram introdu2idaS Cada vez mais naproducao c circulacao capitalista. Os livrOs agora sao publicadOs p6r editoras co―

31 Quanto aos efeltos desse fen6menO sobre o v。 lume e nutuacaO do exCrcito indusmal de reserva,ver o cap 5 deste li

li11:撼鮪 ∬ 刊り:enttb d'SECCOMBE,Wany“Housework under Ca口 悧おボ'h ttω Lart Reυたω n083,land‐

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276 A EXPANSAo DO SETOR DE SERヽ lcOS,A“ SOCIEDADE DE CONSUMO"

merciais,ao invOs de o serem pelas cooperativas dos trabalhadores;a imprensa c a

televisao burgucsas tomam o lugar da imprensa socialista;fOnas,cxcurs6es e espor―

tes comerciahzados substitucm as atividades recreativas organizadas por associa―

96eS iuvenis de trabalhadOres ctc. A reabsorcao das necessidades culturais do pro―letariado pelo processo capitalista de producao e circulacao de mercadorias icva a

uma extensa rep"υ α士滅2cao da ttera dO lazer da classc operana.33 1sso representauma quebra muito sOria da tendOncia tl)ica da ёpoca da livre concorrencia capitalis―

ね e do impenalismO c16ssicO dc uma cxpansaO cOnstante das esferas de acaO cOleti―

va e de solidanedade dO prOletanado.

4)CompulsaO ecOnomica direta para comprar certas mercadorias e servi9osadiclonais, scm os quais se torna fisicamente impossivel vender a mercadoria fOrca

de trabalho e cOmprar os melos de sua reproducao(O que deve ser claramente di―ferenciado de cOmpuls6es de manipulacao sOcial indireta, tais como a publicidade,por exemplo)Assim, hoje ia naO o ecOnOnlicamente possFvel para o assalariado

mOdio ir a pO para o trabalho,nao sc envOlver cOm um plano de segurO de sadde,usar privadamente para aquecirnc,t0 0 Carvao industrializado ao invos de briquc―tes,petr61eo, gas Ou eletricidade E preciso fazer uma distincao entte dOis aspectos

dessa imposicao sOcial. Por um lado,o aumento substancial da intensidade dO tra―

balho torna necessario um nfvel de consumo mais elevado(entre Outras coisas, dcalirnentos de melhOr qualidade,rnalor consumo de came ctc.,a im de quc a fOrca

de ttabalho possa reconstituir― se, Por outro lado, a cxpansao crescente das me廿 6-poles capitalistas aumenta de tal rnod0 0 tempo de circulacao entre a casa e o tta―

balho que os bens de consumo que poupam tempo tambё rn se transfollllam emcond19ao necessana para a reconstituicaO efetiva da forca de trabalho. IssO cOm―preende atё mesmo o uso de autom6vel particular ondc a rede de transporte pabli―co coletivo O inexistente ou pouco desenvolvida(como enl muitas regiOes dos Esta―

dos Unidos,pOr exemplo).

5)Diferenciacao do cOnsumo ou cxpansaO dO cOnsumo de mercadorias, co―mo resultadO de pressao sOcial(publiCidade, cOnfOllHismo). Uma prOpo、 ao cOnsl_deravel dessas mercadorias ё indtil(oた iおCh na sala de visitas),quando nao preiudi―

cial a saide(cigarrOs). A conversao de muitos dos anigos bens de luxO em bensde consumo de massa geralrnente leva a uma queda sistematica na qualidade des―ses bens.34 As dificuldades de realzacao da mais― valla csumulam a tendOncia cres―cente dos monOp61los em alterar perpetuamente a folllla das mercadorias, muitasvezes de maneira absurda do ponto de vista do consumo raclonal.35 Nesse contex―to, Kay fala de uma reducao do “perfodo de consumo" das mercadorias quc, nocaso dos bens de consumo duraveis Ou serniduraveis, faz― sc acompanhar da dete―五oracao da qualdade.36

6)Amphagao genurna das necessidades(padraO de vida)do assalanado, quecorresponde a uma clcvac5o de seu nfvel de cultura c de civiliza95o. No final, po―

∞Obras socio16ocas cOmo as de D Duma2edler(Ve● une Ciυ illsα tiο n du■ olsir2 Pais,1962)ou de」 FourasuC(L“40 000 Heures Pans, 1965)certamente enfatレ am a inter―relacao da prOdut宙 dade mldla do trabalho com a possibili―dade de mais tempo de lazer,mas upicamente cometem dois erros analitlcos l)cOncebem a chamada“ dinamica d。consumo de massa"independento da estlutura social espec〔 ica do capitalismo,e conslderam mais,a phmeira que a il―tlma como deterrninante da coniguracao quanutatlva e qualitatlva do setor recreatlvo; 2)nao compreendem que ocomportamento sociai nO per〔 odo de lazer depende decisivamente das relac6es de produ95o: a massa de condenadosao trabalho alienado naO pode de repente desenvolver iniciatlvas ciadoras em suas horas livres

l惚 毬 y宝 穐讐rttL謬

腎 督Ъ跳 電T鮮 尾%F織 ど1協 p258 Sob“ a ndismaね rmacouica O Rebb轟 oKelauver dOs Estados Unidos estlma os custos efetvos de producao em apenas 32%dos prOcos de venda por ataca―do e em menosde 20%dOs precos a varelo The Mυ ltinα

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nα I Phanη ocautlcα flndust,ッ p 293bKAY Op cit,p165166

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A EXPANSAO DO SETOR DE SERVIcOS,A``SOCIEDADE DE CONSUMO" 277

demos acompanhar praticamente todo o curso desse prOcesso de conquista de umtempo maior de lazer, tanto quantitativamente(semana de trabalho redu2ida, finsde scmana livres, fё rias remuneradas, antecipacao da ldade para aposentadoria cum perrodo mais longo para a educacaO)quantO qualitaivamente (a ampliacaoefetiva das necessidades culturais, a medida quc a comercializacao capitalista naoas banalize Ou as prive de seu conteido humano). Essa ampliacao genurna dasnecessidades C urn corolario da necessaria funcao civilizadora dO capital.Toda reiel―

9aO da chamada ``sociedade de consumo" que vai alё m da condenacao justificadada comercializacao e desumanizacaO dO cOnsumo pelo capitalismo e passa a atacara cxpansao hist6nca das necessidades e do consumo em geral(lsto C,passa da crrti―

ca social a critica da civilizacao)v01ta os ponteiros do re16gio do socialsmo cientri_

co para o socialismo ut6pico, e do materialismo hist6rico para o idealismo Marxcompreendeu c enfatizou inteiramente a func5o civilizadora do capital,37 que ele

宙a como preparacaO necessaria da basc material de uma ``individualidade rica". Apassagem que sc seguc,tirada de Cttndttssc,dcixa esse ponto benl claro:

“A luta incessante do capital rumo a forma geral da nqueza leva o trabalho paraalem dOs lirnites de sua mesquinhez natural,e assirn cna os elementOs materiais para o

desenvolvimento de uma individualidade nca, rnulifacetada, tanto em temos de pro―duc5o quanto de consumo,ctto trabalho,portanto,tambё m ia naO aparece como tra―balho, mas sirn como a expressao plena da pr6pHa auvidade, na qual a necessidadenatural em sua forma direta desapareceu,porque uma necessidade histoncamente cna_da tomou o lugar da necessidade naturar'38

Para os socialistas, a racicao da “sociedade de consumo" capitallsta nuncapode implicar, portanto, a racicao da ampliacaO e diferenciacao das necessidades

como um todo, ou uma volta ao estado natural primitivo dessas necessidades; seualvo ё, necessariamente,o desenv01virnento de uma``individualidade nca"para to―da a humanidade Nesse scntido marxista raclonat a racicao da ``sOciedade dcconsumo'' capitahsta s6 pode significar racicao de todas as follHas de cOnsumo e

de producao que cOntinuern resmngindo o desenvolvirnentO do homern, tornan―do― O mesquinho e unlateral. Essa racicao raciOnal busca o inverso da relacao en_廿e a producao de mercadorias e o trabalho humano,que no capitalismo O determl―nada pela folllla da mercadoria, dc tal maneira que dar para a frente o O切 etiVO

principal da ati宙dade econOrnica n5o C a malor producao possivel de cOisas e omalor lucro privado possivel de cada unidade individual de prOducao (fabnca oucompanhia), mas sirn o nfve1 6timo da atividade pr6pna de cada pessoa individual―

mente.39 A producao de bens deve subordinar― se a csse obictiVO, quc significa eli―

minacao de f0111laS de producao e de ttabalho que praudicarn a saidc e o ambien―

te natural do homem,mesmo que seiam``lucrauvas''quando consideradas isolada―mente.Ao mesmo tempo ё preciso lembrar quc O homem,enquanto ser matenalcom necessidades materiais, nao podc atingir a plena cxpressao de uma “indivi―

dualidade rica" por melo do ascetismo, da autopun19aO e da autohnlita95o artifi―

Ciat mas sOmente pelo dcsenυ ο′υimento racional de seu consumo, conscicntemen―te controlado e conscientemente(lsto O, democraticamentc)subordinado a seus in―

teresses coletivos.

O pr6prio Marx salientou dchberadamente a necessidade de clabOrar urn siste‐ma de necessidacfas, quc nao tem nenhuma relacaO cOm O nco― ascetismo quc cir―

cula em certos melos como ortodoxia marxista.Em Gtthdrissc,Marx diz o seguin―te:

37MARX G″ ndnsse p 409‐ 410

誌燎 負だ :RGELS]ο Geman〃 ed∞り,67“

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278 A EXRへNSAO DO SETOR DE SERVicOS,A“ SOCIEDADE DE CONSUMO''

``A explora9ao da terra em todas as direcOes,para descob五r novas coisas para usar,

bem comO novas uilidades das anigas, tais como novas utilizacoes delas enquantomatcna_prima; o desenvolvirnento ma対 rnO, a pa地 r dat das ciencias naturais, 1lustrado

pela descoberta,pela criacaO e pela satisfacaO de nOvas necessidades surgldas da pr6-

p五a sociedade,o cultivo de todas as qualidades do homem social,a producao do mes_mo como a malor riqueza possivel de necessidades, porque nca em qualidades e rela―

96eS――a producao desse ser como o produto social mais total e universal possivelpois,para obter graifica95o de formas m■ ltiplas,ele deve ser capaz de fruir rnuitos pra―

zeres,por isso deve ter alto nfvel de cultura― ―tambё m e condicaO de prOducao basea_

da no capital. Essa cria9ao de nOvos setores de produc5o, isto ё, ac五acao de ternpo

excedente qualitativamente novo, nao C apenas di宙 saO de trabalho, mas tambOm acriacao, separada de deterrninada producao, de trabalho com um novo valor de uso;o desenvol宙rnento de um sistema em expansao constante e mais abrangente de dife―rentes tipos de trabalho, diferentes ipos de producaO, aO qual corresponde um siste―

ma de necessidades mais nco e em expansao cOnstante Dessa maneira,assirn como aproducao baseada no capital cha a operosidade universal,por um lado― ―isto c,sobre―

trabalho,trabalho quc cna va10r__,assim tambё m cria,por outro lado,um sistema deexploracao geral das capacidades naturais e humanas, um sistema de utilidade geral,usando a p"pria ciencia tantO quanto todas as faculdades fticas e mentais, enquantonaO parece haver nada supettor em si mω mo, nada legrimO por si rnesmo, fora desse

circulo de producao e trOca sOcial"40

Marx escreveu depols:

“0 1uxο ё o oposto do na″ uralmente necttdガ O As verdadeiras necessidades tto asnecessidades do pr6pno indivlduo reduzido a stteitO natura1 0 desenvolvirnento da in―

disma suspende essa necessidade natural,bem como esse luxo anterior― ―na socieda‐

de burguesa,O verdade,apenas de fomlα an“彪“ca,pois em Ы mesma apenas coloca

outro padraO sOcial como necessaHo, em Opos195o ao luxo Essas questOes relaivas aosistema de necessidades e aO sistema de trabalho――em que ponto l preciso tratar de―

les?一―seraO宙 stas no momento oportuno".41

Nao ha necessidadc alguma de dcmonstrar aqui quc as possiblidades de de―senvolvimento e diferencia95o do consumo material nao podern ser ihrnitadas; quco conceito de ``abundancia'' 0, portanto, uma categoria genuinamente material ehist6rica e nao um cOnceito ldealista ou ut6pico; e quc o desaparecirnento da cs―

casscz e de uma economia baseada na cscassez ё tanto possivel quanto necessa―

no,C um prO― requisito de um modo de distribu195o comunista.Hd igualmente pou―ca necessidade de tentar aqul uma definicao marxista de padrao raciOnal de desen―

volvimento do consumo ou da distincao entrc atividade cFiatiVo― produtiva e consu―

mo passivo de bens(nao se ``cOnsome" um piano, um livro cientrficO, uma arniza―

de ou uma paisagem da mesma foma quc um sorvete ou uma camisa).42

Quanto mais saisfeito o consumo efeivo de mcrcado"as,tanto mais irraclo―nal e indiferente ao homem se torna a sua cxpansaO quantitativa, e degenera empura cxttavagancia, todio c aversaO a宙 da(cOmparem a classe dirigente do lmpё ―

rio Romano entrc os sCculos l c IH com a corte aristocratica decadente do sOculoxvHl)43 1NeSSe contexto ё necessario apreender a dupla natureza do desenvOlvi―mento do consumo material enquanto consumo de mercadorias produzidas em

4C MARX Grund"sse p 40941 MARX Grund71SSe p 52842 MarX enfatzou exphcltamente essa relacaO entre consumo e atvidade chadora em seus pnmeiros eschtos Ver tam―

bこm a reloicao explicta do asceusmo em Theο"o orS・

plus Value v 3,p260‐ 261:e tambOm p 256-257 do mes‐mov。lume43 Nos Ecοnornic and PhilosophicαI Manuscnpお ,Marx descreve o lazer das classes dominantes como“ slmples indivl‐

du。 (S)efemeros consurnindo se frenetcamente(a si mesmOs)para nada''c enfattt quc a“ nqueza excessiva''estt ligada ao ``desprezo pelo homem'' MARX, Karl Ecο

"οmic and Philosophic。 1」イanuscapお or 18“ Ed D J Struik,

Londres,1970 p 156

Page 279: Capitalismo Tardio - MANDEL

A EXPANSAO DO SETOR DE SERVicOS,A“ SOCIEDADE DE CONSUMO'' 279

massa. Em sua analise da producaO capitalista de mercadorias, Marx enfatiza quc,quando o capitalismo cria a producaO cm larga escala, dete111lina sirnultaneamente

O carater unllateral e massificado do produto, “que impOc urn carater social estrel―

tarnente ligado ao contexto social, enquanto sua relacao imediata cOm o valor deuso que supostarnente satisfaz a nccessidade do produtor parece algo conlingente,indiferente e secundariO".44 Essa dirnens5o do consumo parece ter escapado intei

ramente a certos adnliradores da cconOmia de mercado capitalista, como Zahn,que nada ve de prOblematicO na comerciahzacao universal de ``bens" e “serv19os"tais como ``bens culturais" e scM9oS de “civilizacao", esquecendo― sc ingenuamen―te(sera que saO realmente 6o ingOnuos?)de quc a producao desses bens esta su―bordinada a rnotiυ aca~o do lucro do comOrcio capitalista.45 Esses apologistas afir―

mam, por urn lado, quc a “massa de compradores'' C agora soberana, rnas, poroutro lado, concedem quc a caracterrstica predorninante da “nova pubhcidade" ёquc esses ``consumidores sOberanos" tOm primeiro de ser persuadidos de suas no―

vas necessldades.

Mas, apesar da cxpansao cOnsideravel dO consumo do proletanado em patesaltamente indusmalizados,o quc o modo de producao capitalista nao pode fazer 0aumentar esse consumo a mesma taxa do aumento da produtividade do trabalho.A obngacao de valoHzar e de acumular capital― 一em outtas palavras, a concorrOn―

cia c a propnedade privada dos rnelos de producaO__lmpossibilita tal coisa.Sc alongo prazo, portanto, o consumo se desenvolve mais lentarnente ern termos devalor do quc a prOdutividade― ―que se expressa sobretudo na lei do crescirnento

da composicao organica de capital(poiS,se ha um declrnlo secular na parte vari6-vel dO capital total, a dcmanda de mercadorias do Departamento II naO pode au―mentar a mesma taxa da demanda de bens do Departamento I)一 ―, ent5o serd ca―da vez mais difrcil realizar a mais― vaha contida nOs bens de consumo ou ulilizar ple―

namente a capacidade social de prOduc5o de bens de consumo. O que parece bas―tante realista aos olhos do capitalista individual――a saber,cOnsiderar todos os pro―

letariOs que nao saam Os scus pr6pnos operariOs cOmo consumidores em poten―cial com poder de compra quc poderia crescer ilimitadamente― ―naO tern sentido

para a classe capitalista como urn todo. A16gica do modo de prOducao capitalista

irnpede a distribuicao dc uma parcela cada vez malor da renda nacional para o pro―letanadO.como explica Marx nos Cnlndttssef

“A massa de produtos cresce numa propOrcao semelhante(a prOdutlvidade do tra―balho)¨ da meSma forma cresce tambOm a dificuldade de realizar o tempo de traba―lho neles contido――porque aumentam as demandas de consumO"46

Essa C a cxphcacao dO desenvolvirnento fantasticO de dois scM9os especrficos――a pubhcidade c a pesquisa de mercado, por um lado, c o crё dito aO consurni―

dor,por outro― ―cuia funcaO o cOnhecer e cxtravasar esses lirnites.A cxpansao daproducao e da circulac5o capitalista de mercadorias na esfera do consumo no capl―

talismo tardio O acompanhada de uma expansao superiOr a mOdia desses dOis seto―res.

O grandc aumentO dos custos da venda, distribuicao c administracao(nos Es―tados Unidos id abSOrvem mais de 50%da renda naclonal)O uma expressaO inc_quivoca das dificuldades crescentes de realizacao nO capitalismo tardlo. Ao mesmo

ternpo O uma prova notavel dO cardter de desperdiclo desse modo de prOducao na

“MARX R“υ′

`oた

d“ unmittelbακn Produ畑。nsprOz‐ ‐ p 18645 zAHN,Emest Sοzialogie derPrOspe"tdt Munique,1964,p35‐ 36,64-71,8546 NIARX,Karl Grund"“ a p 422

Page 280: Capitalismo Tardio - MANDEL

280 A EXPANSAo DO SETOR DE SERⅥ cOS,A“SOCIEDADE DE CONSUMO''

fase de seu declinio hist6nco.47 Embora parte desses custos possa ser socialrnente

luStifiCada― ―a saber, aqueles que facilitam o consumo efetivO de va10res de usOproveitosos――e nao possa ser reduzida nem mesmo depois da derrocada do capl―talisino sem perda de tempo e de energia dos produtores― consumidores(oferta irre―

gular; estoques insuficientes; pouco conhecirnento de novos produtos),podc― seaceitar sem confus6es posteriores quc a maiora dessas despesas nao ё detel:llina―da pelos interesses dos consurnidOres, rnas pelas condic6es e contradicё es especifi―

cas do modo de prOducao capitalista(as compuls6es para a valorizacao dO capitale para a concorOncia,isto ё,para a propriedade privada dos rnelos de prOducaO).

O efeito exato do aumento fanttslico das despesas de venda sobre a massa demais― valia ou sobre a taxa de lucros s6 pode ser calculado se considera=11los toda

uma sOrie de relac6es complexas. Em primeiro lugar, o traco distintivo do capital

comercial em geral tambOrn o parcialrnente caracterttico do capital investido no se―

tor de servicosi seu obiCtiVO ё reduzir o tempo de giro do capital produtivo circulan―te, para assirn conseguir aumentar anualrnente a massa de mais― valia prOduzida.

Sua participacao na mais― valia social total一 ―o fato de que o capital investido nosetor de servicOs Obkttrn o lucro mё dlo――equivale, portanto, ao aumento da prO‐ducaO de mais― valia decorrente de sua entrada ar. Ern segundo lugar, as despesasde custo do setor de seA/19os(edifrciOs, aparelhagern, autom6veis, ordenadOs e sa―lanOs)naO saO cObertas por uma producao cOntinua de mais― valia, mas sirn pelocapital social(lSt0 0, mais― valia acumulada no passado)Esscs cuStOS sao repOstOspor rnelo da reconstrucao de parte do capital social agregado e naO pOr uma drena―

gem da prOducao contrnua de mais― vaha social. Somente o lucrO dO setOr de scM―

90S ё parte dessa producao contrnua de mais― valia. Mesm0 0 alto nfvel dos custosde venda nao reduz o volume de lucros das grandes cmpresas, nem a taxa de lu―cros,de maneiraぬ o decisiva quanto Gillmann erradamente sup6e.48 o que C para―sitanO nesse crescirnento macico ё a diSSipacaO improdutiva de capital social, e na0

o desperdrc10 de uma parcela substancial da prOducao regular de mais― valia. O gas―

to irnprodutivo de capital excedente naturalrnente significa quc a massa social total

de mais‐valia ё menor do que seria se esse capital fosse gasto de maneira produti―va. Mas O fato de ser gasto de maneira improdutiva nao ouer dizer que a parcelamais importante da mais― valia efetivamente produzida saa subtrarda as grandesempresas industriais.

O setor de serЛ cos privados do sOculo XIX consistia basicamente na troca en―廿e vendedores pnvados dc uma forca de trabalho especializada e rendirnentos ca―pitalistas; isso nao fazia diferenca na detellllinacao da massa total de mais― valia,

uma vez quc tudo quant0 0corria nessas cond195es era uma redistribu19aO de valo―res ia criados No capitalismo do sCculo XX,o setor de servlcos na csfera da circula―

caO cOnsiste basicamente na troca entte o possuidor de detellllinada parcela do ca―pital social agregado, quc ё gasto dc maneira improdutiva, c o possuidor de rendi―mentos(tantO Capitalistas quanto assalariados). Essa troca naO participa diretamen―

te da determinacaO da massa total de mais―valia,mas mesmo assim exerce sobreela inluencia indireta importante, pois auda a aumentar a massa de mais― valia re―

duzindo o tempo de giro do capital circulante. O efeito disso sObre a acumulacaode capital ё a liberacao de parte do capital ocloso para participar na dismbu1950 da

mais― valia social agregada. Mas, enn ■ltima instancia, essa participacao s6 podeocorrer por duas vias: ou se da as expensas daqucla parcela de mais― valia distribur―

da entre os possuidores de capital produtivo(reduzindo assim a taxa mё dia de lu―

猛逼1:誌鶴:搬::FR譜7:]i鮨 R:穆v譜「VS°b“ e“ea“ unb em ttnの ¨ C■d

Page 281: Capitalismo Tardio - MANDEL

A EXPANSAO DO SETOR DE SEttЛ cOS,A``SOCIEDADE DE CONSUMO" 281

cro,ao aumentar o capitaltotal do qual seぬ dedu2ida a mais― valia total),49。 u aS ex_pensas dos salariOs__em outras palavras,aumentando a taxa de mais― vaha(enteoutras fOrrnas, por melo de uma contracao relativa dos salariOs reais, decorrente

dos aumentos de preco dos bens de consumO).A grande expansao dO crodito aO consumidor na fase dO capitalismo tardio

proporclona cvidencias semelhantes das dificuldades crescentes na realzacao da

mais― valia. O enorrne volume do endi宙 damentO privado nos Estados Unidos naoconstitui apenas a base econOmica da expans5o mac19a, desde a Segunda GuerraMundial,do setor de constru95o civil;ё tambёm a base principal da innacao perma_nente.()fenOmeno dessa divida prova quc,apesar da acelerada inovacaO tecno16-gica, dos investimentos malores e do a111lamento pe111lanente, o capitalismo tardlo

naO o mais capaz do quc o capitalismo juvenil ou o capitalismo monopolista classi

co de resolver uma das contradic6es fundamentais do modo de producaO capitalis―ta一―a contrad略5o entre a tendencia aO desenvolvirnento llimitado das forcas pro―

dutivas e a tendencia a lirnitacao da demanda e do consumo dos``conSunlidores fi―nais" (cada vez mais constiturdos pOr trabalhadores assalariados). Essa contradicao

corresponde,こ claro,as lcis de valorizacao do pr6prio capital.

A nocao de uma cxpansao aparentemente homogenca dO sctOr de serv19os,tr―pica do capitalismo tardio,deve ser,portanto,reduzida a seus elementos constituti―

VOS COntradit6rios Essa expansaO env01vel

l)a tendencia a uma cxpansao geral das func6es intel11lediarias, cm cOnsc―quencia da contraposicaO entre uma divisao crescente do trabalho c uma crescente

socializacao obletiva do trabalho. Parte dessa cxpansao ё tecnicamente detellllina―

da e pOr issO sobre宙 verd ao pr6prio modo de producao capitalista(expansao dostransportes e da rede de distribuicao, de facilidades de manutencao e reparO demaquinas a dispOSicao dO cOnsumidor etc.);

2)a tendencia a uma vasta cxpansao tantO dOs custos de venda(publicidade,markcting e, cm certa medida, embalagens caras e outtas despesas improdutivas)quanto do crё dito ao consumidor.A malor parte dessa expansao do setOr de servl―

9os ё determinada socialrnente e naO tecnicamente; decorre das dificuldades cres―centes de realizacao, e desaparecera com O modO de producao capitalista ou coma producao generalizada de rnercadorias;

3)as possibilidades de crescirnento das nccessidades culturais e civilizadorasda populacaO trabalhadora (educacao, sa`de, lazer), COmO algO distinto do merOconsumo de mercadorias, criadas pela prOdutividade crescente do trabalho e pelacorrespondente lirnitacao dO tempo neccssariO de trabalho (com uma diferencia―

950 Crescente do consumo). Os servicos correspondentes a cssas necessidades naosaO exclusivamente dependentes da foma especfica da prOducao e da trOca capl―talsta;na verdade,nao pOdeぬ o desenV01Ver―se plenamente antes da desttuicaodo modo de producaO capitalista. E cvidente que tanto a natureza comercial des―ses servi9os,realizados corn a finaldade de produzir lucro privado,quanto seu con―

tendO,passarao por uma mudanca radicali ao invOs de manipular e alienar necessi―

dades humanas reais, serao subordinados a elas. De acordo com essa tendencia, a

49 0 eSfor9o dos monop51los no sentldo de assegurar superlucros e a correspondente forrnacao de duas taxas m●dias

de lucro――uma do setor rnonopollzado c outra do nao monOpollzado――correspondem,entre outtas coisas,a necessl‐dade de o grand, capital desembaracar‐ se da porda de lucro devida ao aumento do capital imprOdutlvo nos setoresn5o monopolレ ados

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282 A EXPANSAo DO SETOR DE SERVicOS,A`` SOCIEDADE DE CONSUMO''

realizacao independente desses “scM9os'' S6 desaparecera da s〕 3iedade sOcialista a

medida quc todos os homons e mulheres sc capacitem gradualrnente a executa―los. As formas de especializacao individual perrnaneceraO, mas a sociedade nao es―

tara mais dividida entre cxccutantes ``produtivos'' c consumidores passivos dos ser―

v19os culturais e civilizadores;

4)a expans50 da producao de mercadoガ as que nao ё absOlutarnente parte

do chamado``sctor de seぃ ′icoS'', mas O resultado da centralizac5o crescente de cer―

tas formas de producao quc antes eram basicamente privadas. Eletricidade, 96s,agua, refOic6es prOntas industrializadas c aparelhos eletrodomOsticos saO bens ma―

teriais e sua producao O prOducao de mercadonas nO seu verdadeiro sentido cnaO,de fOrma alguma,venda de servicos;50

5)o creSCirnento do numerO de trabalhadores assalariados cmpregados de fOr―ma improdutiva, uma vez quc a penetracao mac19a de capital na esfera da circula―

caO e dOs servicos proporciona aos capitais que nao podern rnais ser investidos prO―dutivamentc a oportunidade de receber ao menOs o lucro mOdio dos setores naomonopolizados,ao invos dc obter apenas os juros rnOdios Esse crescirnento ё,por―tanto,resultado da tendOncia a supercapitalizacao dO capitalismo tardlo.51

A expansao do setOr de servicos Capitalistas que caractenza O capitalismo tar―

dio resume, portanto,,a sua pr6pria maneira, todas as p五 ncipais contradic6cs dO

modo de prOducao capitalsta. Renete a enorrne cxpansaO das fOrcas produtivas so―

cio― tOcnicas c cientrficas e o crescirncnto correspondente das necessidades culturais

e civilizadoras dos prOdutores, cxatamente como renete a foIIHa antagOnica emquc essa cxpansao se realiza sob o capitalismo:pois ela se faz acompanhar de uma

supercapitalizacao crescente (difiCuldades de valorizacao do capital), de dinculda_

des crescentes dc realizacao, de desperdrclo crescente de valores materiais e deahenacao c defOrmacao crescentes dos trabalhadores ern sua atividade prOdutiva cern scu ambitO de consumo

O capital investido no setor de servlcos O Ou nao prOduivo?(D trabalhO exccu―tado pelos trabalhadores assalariados nesse setor O produtivo ou improdutivO?En―quanto o investimento dc capital ern serv19os tinha carater rnarginal,52 a reSposta a

essas quest6es tinha irnportancia apenas secundana na analise dO mOvirnento domodo de lrodu950 Capitalista como um todo Entretanto,como o setor de servicOsdo capitalsmo tardio sc expande tanto quc absorve uma parte consideravel do ca―pital social agregado, uma definicao corrcta dos llrnites exatos do capital produtivO

assume a malor importancia A f6rrnula“ no capitalismo,trabalho produtivO o tra―

balhO que cria mais― valia" O inadequada para essa defin19aO. Embora em si mes―ma saa correta,ainda assirn ё uma tautologia.Nao respOndc a ques● O dOs lirnites

do trabalho produivo, apenas a apresenta dc outra forma Essa dificuldade e対 sセ

nos escritos do pr6prio Marx, nos quais h6 certa discrepancia entre as Tcorias daMais―Valia c o volume 2 de O Capital

Em Teο"as da Mais―

Valia, na qual Marx enfatiza o papel positivo de AdamSrnith no desenvolvirnento da teona dO valor― trabalho e da nossa compreensao

5('A producao de ilrnes, de progamas de teleν isao. assim como de melos de comunicacao, ё prOducao matenal demercadonas nO capitalismo Se ё executada por trabalhadores assalanadOs, を produtlva no sentldo capitalista, isto こ

,

cia mais― valia A ``distnbuicao"de prOttamas de televis5o a milh6es de espectadores naO ё prOducao de mercadOnas,e sim um se■ 10o socializado Porisso nao prOduz mais― valia adicional51 Pierre Naνille fol o prlmoiro a apontar a tendOncia basica de universalizacao do trabalho assalarlado, que esta na ra12

da expansao dO setor de se~ icos do capitahsmo tardio52 ver NIARX Theο

"o oF Suplus t7alua v l,p 160-161,410

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A EXPANSAO DO SETOR DE SERVicOS,A“ SOCIEDADE DE CONSUMO" 283

das relacOes do capital, Marx oscila ainda entre a hip6tese de quc apenas o traba―

lho que participa diretamente da producaO de rnercadonas― _e, portanto, da pro―

ducaO dO valor e da mais― valia― -O produtivo,63 c a hip6tese de que qualquer tra―

balho comprado corrl capital pode ser considerado produtivo(trabalho trOcado pOrcapital,crn contaste com trabalho trocado por rendimentos).54 No caprtu10 sobre o``Conceito de Trabalho PrOdutivo'', que Kautsky pubhcou como apendice dO vOlu―

me l de Tcorias da Mais‐ Vα lia, cssas duas definicOcs ainda cs● o mescladas.550grau em que uma indeter,“ inacao real persiste enl sua concepc5o de trabalho pro―

dutivo esね evidente na passagem dessa obra na qual Marx, exatarnente ao con廿 6-

rio do quc afirma em O Capital,inclui na categoria de trabalhadores produtivos,os

inteェ 11lediarios cOmerciais quando executam trabalho assalariado.56

No volume 2 de O Capital, Marx define o trabalhador produtivo como aqucleque participa da producao de bens materiais c, assirn, da producaO dO va10r e da

mais― valia. Esclarece agora que nem todo trabalho trOcado por capital ё necessaria―

mente produtivo―― a comecar pelo trabalho assalariado empregado na esfera dacirculacao(capital comercial e bancano)57 A po10rnica dc Marx quanto a folllla pe―la qual Adam Snlith confundia as esferas da producao e da circulacao aO cOnsidc―

rar a criacaO dO valor e da mais― valia vai muito alCm das criticas que fez a Smith

em TcoHas da Mais― Valia.Em O Capital,Marx apresenta uma formulacaO cOeren―te com a lei geral que detellllina as fronteiras do trabalho produtivo no capitalis―

mo:

“Se,por uma di宙 saO dO ttabalho,uma funcaO,em si mesma improduiva,emborasaa elemento necessano a reprOducaO,passa de ocupac5o ocaslonal de muitOs a ocu―pacaO exclusiva de poucos, passando a ser aividade especffica destes ilimos, nemporisso a natureza dessa fung5o se transforma"58

Por conseguinte, se a funcao dO trabalho assalariado continua irnprodutiva,mesmo constituindo um elemento necessariO a reprodu95o, cntao essa regra apli―ca‐sc a」o"iO月,presumivelmente,a ipos de trabalho que nao desempenham sequer um papel direto na reproducao Nao ha nenhuma razaO plausfvel para quc atroca de servicos pessoais por rendirnentos, a medida que n5o leva a producao de

mercadorias, deva tomar― se subitamente produtiva apenas porquc ё organizada co―

mo atividade capitalista c executada por trabalho assalanadO.Aに mesmo em Tco‐

"as da Mais―Valia Marx distinguc, na indastria do transporte, entre o transito de

pessoas――que cnvolve a troca improdutiva de um seA/ico pessoal por rendirnen―

tos――eoけansitO de mercadorias, quc aumenta seu valor de troca c ё, portanto,produtivo.59 se mesmo o ttansitO de pessoas,organizado de fo`llla Capitalista,O irn

produtivo,en6o O de se supor quc as lavandenas,Os cOncertos,os cirCOS e a assis―

tencia mё dica c iurrdica, Organizados de foHlla capitalista, saarn mais improdutivos

alnda.

No volume 2 de O Capital,Marx usa a seguinte f6rmula para dctelHlinar a li―

nha divis6ria,rnuitas vezes sutil,entre o capital produtivo e o capital de circulacao:

53 fbid,p 172-173,185

“fbid,p 157,185-186,200

55 fbid, p 410: ``Pode―se dlzer, entao, que uma das caracterttlcas dos frα bal力 adο´“

produtiυ os, istoこ , trabalhadoresque produzem capital,ё que seu tabalho se reallza em mercado"as,em nqueza matenal'' ver ds passagens contras―tantes das p 406,41156 fbid,p 218‐21957 MARX Cαpital v 2,p 12758 fbid,p 131 Como contraste,ver as pOssagens sobre a prOducao capitalista nao materlal em R“ ultate dの unmi"elbα ren PFOduk'onsprozd“ , p 144-146 E evidente que antes de escrever o v 2 do Capitα ′Marx hesitOu em sua de‐marca∝ o de fronteiras entre trabalho assalanadO prOduivo e improdutlvo executado por capitalistas59 MARX Theo"“ or SupllJs Valυe v l,p412-413

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284 A EXPANSAO DO SETOR DE SERVicOS,A“ SOCIEDADE DE CONSUMO''

``Os custOs de circulacao,que se Onginam da simples mudanca de fOrma dO valor,

na circulacao,ldealrnente considerados,nao entram no valor das rnercadonas''60``Embora no caso apresentado os custos de formacao da Oferta(que aqui sao invO_

lunね riOs)decorram apenas de um atraso na mudan9a de forlna e de sua necessidade,osses custos diferem ainda daqueles menclonados em l, pelo fato de que seu obletivonaO o uma mudanga na forma do valor, mas sirn a preservacao do valor e対 stente namercadoria enquanto produto, uilidade, c quc naο pode ser prese″αdo de nenhumaουtra Jorrnα α′Om da preseruα gaο do produtο ,do p"pガο υa10r de uso Aqul o va10r deusO naO aumenta; ao con廿6no, dirninui Mas sua redu9ao o lirnitada c ele e preserva―

do O valor pago,conido na mercadona,tambё m n5o aumenta nesse caso;mas umnovo trabalho,rnatenalizado e vivo,C acrescentado"61

E finalrnente:

“A quantidade do produto nao aunlenta com o ttansporte Uma possrvel alteracaode suas qualidades naturais, efeivada pelo transporte, tarnbOm nao O, feitas algumasexcecOes, um efeito intencional ntil; o,ao conttdno,um malinevitavel Mas O υalor dcuso das cο isas s6 se marerialレ α em seu consumo, c seu cο nsumo pοde requerer umamudanca de local″ aca~o desas coisas,pο r isso pode c颯 gir um processo αdiciο nal deproducaο, na ind口 stria do transpοたc O capital produtivo invesido nessa indis饉 atransfere valor para os produtos transpOrtados, em parte acrescentando valor por meio

do trabalho realizado no transporte"62

A fronteira entre o capital produtivo c o capital de circulacao passa, portanto,

cntre o trabalho assalariado,quc aumenta, muda ou preserva urn valor de uso,ouO indispensavel para sua rcalizacaO,c O trabalho assalariado que nao represcnta na―

da para o valor de uso,お to O,para a rOrrnaメ むiCa de uma mercadona,mas que sur―ge apenas em decorrencia das necessidades especfficas envolvidas,Ou seia,alteran‐

dO(em Oposicao a c"α rldo)a forrna de um valor de trOca.63 Ampliando essa deini‐

caO dc Marx, podemos concluir quc o verdadeirO capital de servicOs__a medidaque naO seia CrOneamente confundido com O capital quc produz mercadorias__naO ё mais produtivo quc o capital dc circula95o.64

Seguc― se uma conclusao importantc. Do ponto de vista dos interesses globaisda classe capitalista, a cxpansao dO setOr de servicos no capitalismo tardio o, na

melhor das hip6teses, um malrnenor. E preferivel a cxistoncia de capitais exceden―

tes oclosos, mas continua scndo urn mal a medida que naO tem nenhuma relacaodireta com O aumento da massa total de mais― valia e que indiretarnente s6 contri―

bui rnuitO modestamente para csse aumento,ao reduzir o tempo de rotacaO dO ca_

∞ MARX Capitα i v 2,p 139 VertambOm p 152 Por``mudanca na fonna do valor'',Marx entende a metamorfoseda mercadona em dlnheiro e do dlnheiro em mercadona,fora dO prOcesso de producao61 fbid,p 14162 fbid,p153(Os gnfOS SaO nOssos E M)

“Em M●

"dst Economic The。,ν, de nossa autona, escrevemos: ``Em geral pode‐ se dlzer que todo tabalho que cha,

modiflca ou conserva valores de uso ou queを たcnicα mente indispensdυel para a real12ac5o do valor de us。

`trabalhoprodutvo,isto ё,aumenta seu valor de troca't(p 191)ISS。 §gniicava tracar um lirnite entre o trabalho produtvo e。trabalho realレado na esfera da circulaca。 , sempre com referOncia a produξ 50 c a clrculacaO de mercadonas Essa dei‐

nicao cOrresponde plenamente ao llmite tracado pelo pr6pno Marx nO v 2 do Capital, conforrne se pode venicar pe_las passagens acima citadas(com excec5o de que“ aumenta seu valor de・ Ioca" devena ser substturdo por``acrescen‐

ta valor de troca''ou,melhor ainda, ``acrescenta valor')Altvater es● errado,ponantO,ao declarar “O conceitO detabalho produtlvo, da fonna deinida por Mandel, nao corresponde de modo algum ao conceito de Marx'' e “repre―senta um retrocesso inclusive em relacao as cOmple対 dades do conceito em Adam Smith''(ALTVATER e HUISKENOp cF,p 249)Parece que ele nao entendeu a natureza da perganta que tenttvamos responder com referOncia aMarx: a da linha d卜 υl,6na exata entre a esfera produtlva, por um lado, e a esfera da circulacao e dos sewigos,por ou_to64 AtC agora,a dlscussao mals abrangente desse problema encontra‐ se em NAGELS,」 acques Traυ ●ll Collectlr er Tra_υα〃Produalr dans L[υ olu,ο n del● Pansι c Ma,おた Bruxelas,1974 Para o capit● llsmο indlυ iduaら todo trabalho as‐

salanadO_mesmo nos setores de circulacao e seNicos― ё obuamente produ[vo,uma vez que lhe possibinta apr。pnar_se dc uma parte da mais‐vaha social global

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A EXPANSAO DO SETOR DE SERVIcOS,A“ SOCIEDADE DE CONSUMO'' 285

pital.Po7ね ntO,a bgica dO capiね′おmo rardiO cOnsおた em conυettet nec“ sattamen―te,o capital ociosO cm capital de scnり icOs e ao mesmo tempo substituir O capi″ ar dcsen函9os por capital produriυο Ou,cm outras palaυras,subs“ tuir senり igos por merca―doガasl sc口′190S de transporte por autom6veis particulares;servlcos de teatrO e cine―ma por aparelhOs privados dc tele宙s5o; amanha, prOgramas de televisao e instru―

懇1翻夢ぶh胤籍憾 襦ぶ硝

er漑:d出慮響臓 胞器

∬:鱗∫驀猟甍鰹1ぼ橋rttr脂躙棚∫峨朧

llturais no capitalismO tardiO, possiblitada

謬灘:鋼liW勲聯 翻 1弊∬寧li訴鮮i割盤鶴∫辮l鮒概鍮Fttl∬胤露脚 聯蠍皇欄Л霊槻藷儡 掘質lぎ引素掛横囃肺驀ifttj職搬宅ittl盤懲獅F郷ど聾JIIぷ1:襲ギ鐸暇1磯『肝鮮露裏鴇iご

lll警髄辮瑠litti掟i鱗馬鶏i榊曙灘ミque fossem inteiramente produzidos por processos automaticos ia naO fossem ven―

didos,mas dismburdos gratuitamente,enEo O difrcilimaginar um mouvo quc levas―

蚤∫λ晃:Sお1服1詣

Sユぽ理

'鶴麗sT蝸詠:乱盤:ξ詰∬盪]認:y

nariO naO teria rnais nada a ver cOm o capitalismo.

鮮SL.∴』蹄:∬霊蹴lS:耀 :lξЪttt潔圭譜滉lttCttLi蠅 ]諾雛鶴継a:ヽ

t腫 盟ittr号

■maお‐valia de Marx

“Nagels(op clt, p 256)inclui a manutenc5o de bens de consumo duraveis, 0=蓼 nlZada em bases capitallstas,isto ё

,

譜辮臨蹴霧::e懺1乱品∫需s田 :甘 :」:結肥磯a■:塩出庶滉選ξ:鸞FS de teMぽ °u

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13

A rJagao Pcrmanentc

() dinheirO expressa uma rela95o soCial em quc o potencial de trabalho sOcialfoi fragmentado crn trabalhos p五 vados exccutados independentemente uns dos Ou―tros,razao pela qual os produtores s6 cntram em contato social por rnciO da trOca

do prOduto de scus trabalhos;esses produtos assumern a forrna de mercadonas,es_sas rnercadorias possucm valor de troca c a producao generalizada de mercadOnass6ё possivel se csse valor de troca as confronta de maneira independente como di―nheiro l Dessa forrna, o dinheiro esta na raiz tanto da natureza sOcial do trabalhopnvado dos produtores de mercadorias, quanto do fato de quc esse carater sOcial

s6pode predominar por melo da via indireta da troca de mercadorias,do mercadOe da apropriacao p五 vada do valor como produto(nO mOdO de producao capitalis―ta,apropriacao da rnais― valia pelo capital).

``Na realidade, o dinheiro n5o passa de uma expressao partlcular do carater sOcial

do trabalho e de seus produtores,o qual,no entanto,como ё opostO a base da produ―

950p●Vada, deve sempre aparecer,em ulima andhse,como uma coisa, uma mercado―Ha especial,ao lado de outras rnercadonas."2

0 fato de quc o carater social do trabalho que produz mercadOrias nao seiaconsideradO cOmO um dadO a p"o月 cria a necessidade de quc O mateガ al dinheirOou,cm outras palavras, do valor,saa incorporado ao valor de uma mercadoria es―pecFica――um equivalente universal.3 MarX explica por quc o ``dinheiro― trabalhO'',quc expressaria sirnpicsmente deterrninado nimerO dc horas de trabalho(“ valor'')

naO pOderia funcionar como um equivalente universal de mercadorias numa socie―dade prOdutora de mercadorias.4 Exatamente porque superou o dualismO tradicio―nal――ainda visfvel em Ricardo― ―entre a teona dO va10r― trabalho, que deterrnina

o valor da mercadona,5 c a teOria quantitativa, que deterrnina o ``valor monet6-

i MARX Grundnsse p 140-141,143‐ 144,165」NIARX CaplFal v 3,p593( か4arxI `'A pr6pha necessidade de pimeirO transformar produtos ou atlvldades individuais em υα′οr de trOcο , em di:2ナ 2ο iro.de modo que s6 adqu■ am e demonstrem seu pο dar social dessa forma otteiVa,prova duas coisas:1)que ago―ra os indiv〔 duos s6 produzem para a sociedade e na sociedade1 2)que a produ95o na。 こdirerα mente sOcial, naoこ ofruto da associacao',que distnbui O trabalho internamente'' Gnlnd"ssa p 58 Vertambこ m Capita′ v 3,p 503-504lN4ARX G″ ndnsse p 136 140,153156C"“ 9υο ofPο li'C。 IEcο nο mノ p83-86

・ ⅣARX C"″ qυ e orP。 ″,cα l Econο mソ p171179

287

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288 A INFLAcAo PERMANENTE

rio", O quc Marx conscguiu desenvolver uma teoria cconOnlica coerente e unifor―me corn base na tcoria do valor― trabalho.

Toda tentativa de atribuir a deteminacao dO “valor monebrio" a qualqueroutta fonte a10m do valor de mercadoria da mercadoria dinheirO (OurO, Ou ouro eprata), isto O, a “cOnvencao",6 a preSsaO estatal ou ao mero “renexo dos valoresdas mercadorias", leva a contradicOcs muito graves. Isso se torna c宙 dente a partir

do excmplo,cntre outros,dc Rudolf Hilferding quc,em seu Finarlzkapital,apresen―ta a teoria do ``valor de circulacao sOcialrnente necessariO" derivado diretarnente

da producao tOtal de mercadorias(a SOma dos valores de todas as mercadorias emcirculacao).7 Antes mesmo da PnmeiFa Guerra Mundial,8 Kautskソ id analiSara o er―rO basicO dessa teoria do dinheiro,cmbora nao tenha levado sua crftica a suas con―

dus6es 16gicas.9

Partindo de uma “soma dos valores de todas as mercadorias em circulacao"naO mediada, Hilferding n5o considerou a base da teona dO dinheiro dc Marx,qual seia:

``A diferenca entre preco e valor, entre a mercadona avaliada pelo ternpo de traba―

lho despendido em sua produc5o e o produto do ternpo de ttabalho pelo qual o troca―da__essa diferenca requer uma terceira mercadoria que funclone como uma medidaquc expresse o valor de troca real das mercadonas Como o pre9o nao O igual ao va―

lor, o elemento que determina o valor― ―o tempo de trabalho― _nao pOde ser O ele‐

mento quc expressa os pre9os, porque nesse caso o tempo de trabalho teria de mani―festar― se sirnultaneamente como elemento deteminante e como naO determinante, co―mo equivalente e nao equ市 alente a si mesmo"1°

A bmula de Hllferding,``a soma dos valores de todas as mercadonaゴ ',di宙 di―

da pela velocidade de circulacao do dinheiro, carece de significado em duplo senti―

dol em primeiro lugar, porquc a ``soma dos valores de todas as mercadorias" re―presenta a soma de quantidades heterogeneas de trabalho,que s6 pode ser reduzl―

da ao ternpo de tabalho sOcialrncnte necessariO por melo da trOca e de prOpor―

95es particulares diferentes; em segundo lugar, porquc essa quantidade de traba―lho n5o pode ser dividida pela velocidade de circulacao do dinheiro: 5 milh6es de

horas de trabalho divididas por rnoedas de ouro ou cё dulas bancarias quc circulam25 vezes por ano O uma f6111lula va2ia.

Ec宙dente quc sc a``soma dos valores de todas as mercadorias''C substiturdapela ``sOma dos precos de todas as mercadorias'',1l e se se adnllte quc o preco O a

cxprasao monc飯ガa(fo111la mOne饉 na)do υa10t entao sc ve“ quc a soma dospre9os C uma 資31aca~o, qual seia, entre O valor variavel das mercadorias e o valorvariavel da mercadoria― dinheiro, do dinheiro material. Qualquer andlise maEttstado prOblema do dinheiro deve partir de uma analise dessa relaga~o.12 Nesse senti‐

i首範剣111譜lttVi器『

1罵毒∬芭i「 il『ittWii鰹電』肌確d ttr輌39,p 3349 KAUTSKY,Karl “Gold,Papier und Ware'' In:Die Neυ

`Zeit v 3173,n°24,p 837 0utra critlca peぬnente da teo‐

ia do dinheiro de Hilferding encontra― se na obra de Suzanne de Brunhoff,L'0/fre de MOnnaic,Pahs, 1971,p 83 et

普粽 服 慇需 器露境 T:酬若 Tl露胤 1魁兜 1島i罵潤 翼rttTenbdedJvoぬた。ia do● nharO de MaⅨ

ll Marx tlrou uma conclu“ o importante de sua deflnicaO geral do dlnheiro: que as mercadoias s6 podem entrar em

靱 朧 蝠 鸞

騨 鰈 鮮 黒 賓 黎

lue pOSSa sewir como medlda de valor,porque apenas en―quanto rellcacao do ternpo de trabalho O que pode ser equivalente a Outras rnercado● asi mas em decOnQncia de mu‐

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A INFLAcAo PERMANENTE 289

do, Marx distinguc ttes diferentes foェ 11las do dinheiro correspondentes a tres dife_rentes leis de desenvolvirnentol

l)dinheirO mettlico puЮ .Como o dinheiro puramente mettlico__c,parasirnplificar nossa analse, consideremos apenas o ouro como dinheiro metalicO__possui aqui um valor imanente (a quantidade de trabalho socialrnente necessanonele contido), o seu v01ume cm cirCulacao o dete111linado pela dinamica dOs va10-

res das mercadorias ern circulacao e pe10s pagamentos a serem efetivados.Se a so―

ma dos valores das mercadonas cal(de宙 dO a um aumento da produtividade do廿abalho ou a uma baixa de producao),enquanto o valor do ouro pelinanece cons―tante,a circulacao de ourO se reduzird Ou os pre9os das rnercadorias cairao,c O Ou_

ro sera retiradO ern funcao de um aumento de scu entesouramento.Sc a sOma dosvalores das rnercadorias se eleva(devido a um aumento ou estabilizacaO da prOdu―

ca0 0u a uma queda na produti宙 dade do trabalho),Cnquanto o valor d0 0uro per―manece constante, o ouro em circulacao aumentara(o ourO entesourado sera pos_to em circulacao).Inversamente:sc o valor do ouro cal dc宙 do a um aumento sibi―to na produti宙dade do tabalho de mineracaO d0 0uro,o preco das outras rnerca―dorias subira, se naO hOuver alteracao na sOma dos valores das mercadonas. sc。valor do ourO sobe devido a uma queda repentina da produtividade dO trabalhode mineracaO d0 0uro,os precos cairao sc a sOma dos valores das rnercadonas per二

manecer constante.13 MaS eSses exemplos sao rarOs e marginais. O ponto― chave Ca determinacao do vOlume de dinheiro em circulacao por rnelo dos pre9os das mer―

cadOnas(detellllinado, em iltima inslancia, pela relacaO entre a soma dos va10resde tOdas as mercadorias e o valor d0 0urO), diVididos pela velocidade de circula―

caO dO dinheirO― Ouro. A variavel autOnoma sempre ё a circulacao e O va10r dasmercadorias;o luxo do dinheiro― ouro cntrando ou saindo de circulacao c uma fun―

caO das necessidades da reproduc5o capitahsta;

2)signos do dinheiro, isto O, papel― moeda conversrvel(Ou pequenas moedasde prata),que tOma o lugar do dinheiro― ouЮ a im de cconomizar melos de circula―

caO e expandir o crOdito.A mesma lei do dinheiro― ouro aplica― se aqui,com a ini―

ca ressalva de quc esses signos nao saam emitidos em quantidades cxcessivas. Seessa condicao ё respeitada, esse dinheiro O “ぬo bom quant0 0uro", e da mesmafol11la que o ouro pode ser tirado de circulacao a qualqucr rnomento e voltar a cir―

cular algum tempo depois. Mas se esse dinheiro C enlitido em quantidades rnaloresquc a quantidade correspondente de ouro,o papel― moeda conversrvel se desvalori―

za automaticamente A equacao l onca de OurO = l tonelada dc a9o, por exem―plo,compara detellllinadas quantidades de trabalho;assirn,se l onca de OurO cOr―

responde a 160 marcos,ao inves dc cOrresponder a 80 marcos,isso de maneira al‐guma altera o valor do ouro ou do aco.Mas a ernissao a mais de signOs do dinhei―

ro significa que todo signo de 10 marcos representa agora a metade da quantidadeanterior de ouro. Seu valor, portanto, calu pela metade一 ―em outtas palavras, opre9o do a9o(ern pape卜moeda)dobrOu;14

3)papel―mOeda inconvers"el com taxa de cambiO compuls6ria.No total,esse

dancas na produtvldade concreta do trabalho, a mesma quantdade de tempo de trabalho expressa‐ se em quantda‐

des diferentes do mesmo tpo de va10r de uso"Cガ"qu●

orPο″,cal Ecο nοmり p6713 Esttamente falando,isso s6 se aphca a prOducao slmples de mercadonas No modO de prOducao capitansta,a me_

dacaO deve Ocorrer por via da equaレ cao da taxa de lucro,como se dd entre o capitalinvestdo em minas de ouro eo resto do ca,tal Sob“ essa quesぬ o,ver BAUER,Otto “Goldprodukton und Teuerung'' In:Dl● Neue Zeit v30/2,n° 27,p 4et s● 914 Repand。 :nO modo de produ゛ o capltansta__em contrapos19o a prOduぃ 。Simples de mercadoias― ―as cone―

xでたs nao sao tao simples porque,entre outros m“ vos,a distnbuicaO da demanda moneMna efetlva por diferentes se―

tores de produ゛o,a dlnamica dos precos de producao e o desenvoMmento da acumulaぃ o de Captal,seguindo asnutuacoes da taxa de lucros,devem ser investlgados separadamente nesses setores

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290 A INFLAcAo PERMANENTE

dinhciro se submete a mesma lei do papel― mocda conversivel,mas com uma dife―renca importantei como a relacao entre O valor da mercadoria c o valor d0 0uro ja

naO o dada diretamente aqui, s6se pode cstabeleccr postメ esrum a quantidade deouro obieivamente representada por esse papel―moeda,que seね dctelll五nada pe―la taxa de cambio desse papel― moeda por ouro(no mercado``livre" ou``negro")epor meios de circulaga~ο estrangeiros

PortantO,inna95。 s6 ё um conceito significativo no caso do papel― mOeda15(Dtemo``inlacao d0 0urO"tern tao poucO sentido quanto``iniagaO dO ferrO"j O cOn―ceito correto aqui nao ё iniacao, rnas sirn queda do valor da mercadoria E verda―de que uma queda sibita c macica do valor dos metais preciosos, como a qucocorreu no sOculo XVI, depois de 1849 ou depols de 1890(o Transvaal e o usodo cianeto na producaO dc OurO),leva a aumentos de pre9o andlogos a uma inla―

caO macica de papel― moeda. Mas uma diferenca irnportante logo chama a aten‐

caO:quandO o ouro se desvaloriza,ainda pode ser estocado;o papel― moeda desva―loHzado, ao cOntrario, mantё m―se tipicamente em circulacao e se tOrna cada vezmais initil para a formacao dc estOques 16 Portanto, podc― se quando muito aplicaro tellllo“ inla950" aO dinheiro meセ illco quando o ouro das moedas ё reduzidO,is―to O, quando a cunhagem O adulterada. Mas esse caso confirma preciosamente aregra de quc as ``rnoedas inlacionarias" dcixam de ser estocaveis e coninuam cir―

culando,cm cOncordancia com a famosa lei de Gresham.Hofmann esほ errado,portanto,quando afirma que o custo de vida cresccntc,quc coincidiu corn a predo―

nlinancia dOs mOnop61ios a partir de 1890, marca o comeco da ``innacao secu_lar'',17 0s precos crescentes daquela Cpoca podem ser explicados por Outros fato―

res,particularmente pela queda do valor do ouro,decorrente dos custos decrescen―

tes de produ950.18s6se pode falar de “inlac5o sccular'' depois da Primeira Guer―ra Mundial; mais precisamente,s6depois que a Crande Depressao de 1929/32 foisuperada

Nos paises capitalistas desenvolvidos,ondc o meio circulante ё o ouro,a inla―

caO dO papel―moeda apareceu pela primeira vez com a hipertrofia das despesas es―tatais, causada pelo rca111:amento e pela gucrra(quand0 0s dOficits orcamenbriospassaram a ser cobertos pelo uso da maquina impressora)19 A inlacaO, cnquantOmecanismo de expansao dO crodito dentro da cstrutura do processo efetivO de prO―

ducaO e circulacaO de mercadorias, foi releitada como irresponsavel tanto pe10scconornistas pollicos burgueses como pelos polfticos capitalistas 20 0 raCiocrniO sub_

iaCente a esse ponto de vista cra de quc apenas as leis imanentes a ccOnonlia demercado podenam restaurar o cquilbrio norrnal e que toda tentativa de intervir

“artificialrnente'' nesse processo comprometeria a longo prazo a recuperacao dacconomia,e rnultiplicaria as contradic6es e causas de crimes 21

15 As emiss6es inlacionanas de papel moeda converslvel tomam― se inconversiveis a longo pra20,porque de Outro mo―do haveha o pengo de um cOlapso total dos pagamentos a outros pates,por causa do desaparecirnento das reservasde ouro Foi exatamente isso o que aconteceu agora com o d6tar、 na pratca, desde 1969, Oicialmente desde agostode 197116 MaS COm diferentes taxas nacionais de inlacao, O papel moeda que perde parte de seu poder de compra, mas quc

nao se desvalorlzou tanto quanto outros ttulos em circulacao、 Pode ser armazenado Foi O quc aconteceu com o d61ara parbr do inal da Segunda Guerra Mundialaた meados da dOcada de 601'HOFⅣANN,Wemer Die sakulore fnfla″ 。n Bcnim,1962,p10‐ 1118 sobre esse t6pico vor, por exemplo, KAUTSKY、 Kari “Die Vヽandlungender Goldprodukton und der WechselndeCharakter der Teuemng'' In Die lNletle Zeit 1912-1913 SuplementO n° 16,publicado em 24 de,aheirO de 1913 Ain―da voltaremos, nesセ capitulo a interessante discussao mantda cntre Eugen Varga, Karl Kautsky e Otto Bauer sObreesse assunto,antes da Phmeira Guorra Mundia!19 Sobre essa questao ver,por exemplo.VARCA,Eugen, `'Gold und Kapital in der Knegswirtschalt" in:Die Neua

Zei v 34′ 1,p 8151 do mesmo autor、 Die Wi″ schaJISpο ″`愚

chen Prob′ ●me der prOleto71schen Dittαtu■ Viena,19201e,tambё m de VARGA,Dia K"se derた op“αAstぶchen Welt″

"も

chり12・ ed,Hamburgo,1922 p ll,16,23‐ 25 etc20 Por exemplo,NIARShへ LL,Alfred P"71cipセ scプ Econο rlics Londres,1921 p 594-595e709-71021A19ura c16ssica com relacら o a esso assunto C o bem intencionado A C PigOu,o pal da``economia do bem― estar'',

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A INFLAcAo PERNIANENTE 291

Essa concepcao``ortOdOxa" do dinheiro continha,sem di宙 da, uma pitada deverdade. As crises capitalistas de superproducao, pOr exemplo, desempenham afunca0 0biciVa de facilitar a valonza95o do capital total(apesar da malor composi―

ca0 0rganica de capital),por me10 de uma desvaloHzacao macica de capitais parti―culares. Essa desvalorizacao de capitais produtivos e fictrciOs na0 0cOrre de manel―

9 unif0111lC e prOporclonal ao investimento de capital de cada cmpresa individual.E um processo seletivo no qual as empresas tecnicamentc avancadas sobrevivenl,enquanto as empresas atrasadas e ficticias sao cOmpletamente elirninadas.As plan―

tas de produti宙 dade mOdia sao atingidas mais severamente quc as p五 ncipais, mas

conseguem escapar da fa10ncia. AssiFn, uma crise de superproducao o O mecanis―mo apropnadO, dentro do modo de produ95o capitalista,para sc obter malor pro―dutiudade do tabalho,como o tempo de trabalho socialrnente necessario a prOdu_

caO de mercadorias que detemina o valor da mercadoria, e para chminar as ern―presas que obicivamente desperdicam o trabalho social com uma onda de falen―

cias, possibllitando novamente a ampliacao da reprOdu9ao, apesar do menOr valordas mercadonas. Os pre9os que subiram na fase de prospendade e de“ superaquc―

cirnento'' sao agOra alustados a reducaO dO valor das mercadonas,c a malor parte

dos superlucros C elinlinada. Ao mesmo ternpo, uma crise de superproducaO tarn_bOm O(com0 0bservamOs acima)O mecanismo que penodicamente posSbilitauma nova alta da taxa mOdia de lucros mediante uma desvalorizacao de capital, cum aumento da taxa de mais― valia. Isso, por sua vez, pemite uma intensificacao

da produtividade do trabalho nas empresas ``lrderes'' c, assirn, o rcaparecirnento

de superlucros para capitais individuais.

Se a inlacao e O cttdito crescentes impedem essc “saneamento" da ccOnO―rnia capitalista一―em Outras palavras,se uma queda peri6dica de pre9os,se o alus―

te pen6dico dos pre9os de mercado ao valor das mercadorias(precOs de produ―

caO)o artiicialmente impedido― ― toda uma sёne de empresas capitalistas que 16

estaO abaixo da produti宙 dade mOdia do trabalho em scu setor pode escapar a des‐

valorizacaO de scu capital,ou a faloncia,por um perfodo rnalor.Toma― se difrcil dis_

tinguir entte empresas “saudaveis'' c empresas doentes ou totalrnente fictた ias.22

Mas essa situacao s6 pode aumentar o desequllbrio entre a capacidade produtivac a demanda monebria efetiva a longo prazo: encerra, portanto, o perigo de umsimples adiamento do colapsor3 0 1mpacto,o alcancc e a duracaO da Grande De―pressao de 1929/32 1evou inevitavelrnente a uma re宙 s5o da ldeologia ecOnOnlica

que em vosperas da Grande Depressao defendia serlamente a tese de que as cises podenam ser Oitadas com saldnoscada vez rnenores,poisisso sena um estimulo para os empre“ ios aumentarem seusinvestlmentos22 MarX percebeu isso jd em seu pr6p● o tempo,pois alrma:``Todo o sistema anicial de expanぬ o foKada do pr∝ es―

so de reprOducao naO pode,naturalmente,ser comjdo pela c対 sttncia de urn banco,com0 0 BancO da lnglaterra,que,por meio de seus papeis,di a todos os ca10teiros o capital que lhes falta,e quc arremata todas as mercadonas de_

predadas por seu anigo valor nominal''(Capital v 3,p 490 VertambOm,ibid,p 503‐ 504)Desde a dlcada de 60estamos inequlv∝ amente em face dessa situa"o,manifesta pela bancarrota da Penn Centrai nos Estados Unidos,pela sibita fa10ncia por insolvOncta de empresas automobllstlcas ggantes cOmo a Bnish Leyland, a Citroen e a Toyo

Kogyo, que s6 se salvaram deゃ do as enOrrnes operacoes de salvamento empreendidas pelos bancos ou pelo Govemo

(se a Chrysler vai ou nao escapar de um desino semelhante 6 cdsa que ainda nao se sabe ao certo)Sem o boom in―lacionano dOs anOs antenores,a na。 lucratl,idade dessas irmas ter― se ia evidendado rnulto antes23 um bOm resumo da critca``ortodoxa neoclassica"a Keynes e ao Keソ nesianismo pode ser encontado na ant。 1。gla

de escitos de Sudha R Shenoy,organttda por F A Von Hayek,A Tlger bノ めe Tail― Tha Kの n“ icn Legacy or ln‐

Jlα

`ion Londres,1972 A tese de que o keyneslantmo provocana no inal uma grave c●se economiCa pela iniacao,

que esse autor defendeu durante quarenta anos com perfeita obsinacao, parece incontesttvel a longo prazo O inicoproblema C que para Hayek isso leva a conhecida altematva, entre a cruz e a espadal para cvltar uma grave cise eco―

nOmica a longo prazo, esse economista politlco tem defenddo sernpre uma p。 1籠ca econ6mica que provocana a mes_ma cnse ecOnOmica a curto prazo Uma宙 sao retrOspectlva do mundo no periOdo 1945/50 ё tudo quanto se precisapara entender por que os govemos das forcas impenalistas vntonosas nao pOdenam considerar ossa alternatva viavel,

mesmo com a maior boa vontade do mundo A resposta classica de Keynes a seus critcos:`` A longo pra20 tOdOs esta‐

remos mortos'', こum eco da famosa md対 ma da nobre2a francesal ``Aprё s nous le dё luge" Era essa a perspectva de

uma classe condenada pela hist6ha,naO de uma classe coniante em seu futuro hist6rico

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292 A INFLAcAO PERMANENTE

dorninante: pois havia agora uma alteracao nas priOridades da politica cconOmica

burguesa. A ameaca de instabilidade monetaria a 10ngo prazo era agora considera―

da menos ameacadora do quc os perigos a curto e mё dlo prazo dO desempregopellllanente e da estagnagao da prOduc5o. Do ponto de vista da valorizacaO dO ca_

pitat essa mudanca fol incontestavelrnente luStificada. Graves considerac6es so―

ciais e polfticas tambOm estaO pOr ttas da nOva autude da classe burguesa dos Esta―

dos Unidos, mesmo antes da Segunda Guerra Mundiat e doS Estados imperialistasrestantes,particulamente no perfodo p6s― guerra.A mudanca da relacaO intemacio―

nal das forcas sociais significava quc a repeticao de um desemprego em massa sc―

ria agora cquivalente a uma crise social catastr6fica para o capitalismo tardlo.

Por todas cssas raz6es, os grupos mais importantes do capital monopolista cdos governos impenalistas Optaram, um ap6s outro,pela inlacao pellllanente insti―

tuclonalizada,comO um dispositivo para superar ou impedir cnses ecOnOrnicas cata―

clismicas nas dirnens6es da quc foi cxperimentada cm 1929/32. A ``revolucaO" dacconornia polluca burgucsa inaugurada por Kcソ nes fol uma cxpressao ide016gica

consciente dessa mudanca de prioridades. Muitas declaracOes da Opoca podem sercitadas para provar que ё adequado falar dc uma mudanca conscicnte na polrticaeconOrnica do imperialismo.24s6precisamos citar aqul uma dessas declarac5es,fel―

ta pelo pr6prio Keynes:

“SO hd unl me19 efetivo de elevar os pre9os mundiais, que ё aumentar os gastoscom emprOsumOs em todo o mundo Portanto,op● meiro passo tem de ser dadO por

iniciativa da autondade piblical e isso provavelrnente tem de ser feito em larga escala

c organizado com deteminacao, para se poder romper o cFrculo宙 closo e estancar a

detenOracaO prOgressiva… Alguns clnicos, quc atё aqui compreenderam os argumen―tos, concluem que nada, exceto uma guerra, pode acabar com uma grande depres―s5o Pois aに agora a guerra tem sido o inico o切 eto de emprOsimos govemamentaisem larga escala.¨ EsperO que nosso governo prove que este pais pode ser enёrgc。

mesmo nas tarefas da paz''25

Tecnicamente falando, a inla95o pellllanentc comecou a aparecer com a cx―pansaO dO dinheiro bancdriO a partir do final do sOculo XIX. O papel― moeda con―versivel(signO do ourO)era cmiudO como um melo de garanur O cた d"O de circula―

caO nO soculo passado. O volume dessa cmissao de papel― moeda variava muito deacordo com o volume de titulos a descontar, isto C, estava estritamentc adaptadoas nccessidades da circulacaO capitalista de mercadorias Esse papel― moeda s6 po―

dia ser um meio dc expansa‐ o do crёdito atravOs da especulacao: era supOrior a to―

dos os capitais comerciais quc tomaram a iniciaiva nesse setor QuandO a pね uca dOsaquc a descoberto em contas correntes difundiu― se mais, a situacao mudOu 26A cnac50 de crOdito por parte dos bancos tomou…sc en6o muito mais independen―te da circulacao efetiva de mercadorias; a iniciativa deslocou― se do capital comer―

cial para as grandes companhias do setor de producao. Estas podiarn agora consc―guir crOdito para a producao pOr melo de um saquc a descoberto ern suas contas

correntes,isto O,por rnelo do dinheiro bancariO.27 0 volume de dinheiro tornOu‐ se

24 Hofmann(。 p cit,26-29)arrOla diversas fontes das ongens doumndhas ou justicac6es da“ inlacao pe●nanente"25 KEYNES,J M The Meα nsto Prospe"`ソ Londres,1933p 19,2226 0 capital inanceiro teve paぬ cular interesse nessa mudanca, que lhe possibilitou mais lucros Sobre essa questao,ver SAYERS,R S MOdern Banttng Oxford,1967p267-2702'ver, por exemplo, a declaracao de」。seph Schumpeter,j`em 1912: ``Na medida crn que o trё dito nら o puder ser

concedldo (aqui schumpeter quer dlzer crё dito de producao Ou empresarlal, disinguindo‐ o do cた dito de circulacao

一―E M)a paぬ r dOs resultados de empreendimentos passados,ou,em geral,a pa籠 r das rese″ as de poder de com―

pra cnadas pelo desenvolvimento passado, s6pode consistlr em meios de pagamento credit〔 dos chados ad hο c, que

naO pOdem ser respaldados pelo dinheirO,cm sentdo estnto,nem por produtos,de対 stentes_O crё dito,no caso emque C essencial(lsto C,crё dito empresanal__E M)s6pode ser concedido a pair de meios de pagamento recё m‐

chados'' The Theο ″orEconοmic Deυ elopment Nova York,1961 p 106

Page 293: Capitalismo Tardio - MANDEL

A INFLAcAo PERMANENTE 293

enぬo uma pirarnide invertida,com duas partes,ao invOs de tresi uma base de ou¨ro,sObtt a qu」 edendeuse uma camaき

』 瀞 Lξ:i濡3誌T翼ふ ∫°bre a qud,

por sua vez,estendeu― sc uma camada ain(MasenquantoocontroledasautOridalilξ

]1:i]『1:lili『:IS:‖li:Lil‖ll[:::de tOtal de dinheiro cOntinuava obedecel

da no padrao OurO, a ampliacao dOs motOdOs de criar dinheirO pellllaneceu como

枠 爾 琶鮮 獄 J藤 !:選 野晶 郡 Ⅷ 電 胤 論 a蹴 鮮

de dinhelro. O dinhelro bancanO,Ou de―p6sitos mais saques a descOberto em contas correntes bancarias, passOu a ser aprincipal fonte de innaca。

.

Inicialrnente, o Estado burguos tOmou a iniciativa dessa transfollllacao, insta_

do tantO por Keソ nes como por te6ricos monetaristas alemaes, com pontos de宙 stasemelhantes. O dё ficit financeiro――em outras palavras, o uso de dё ficits Orcamen―饉rios cOm a finalidade de criar uma “demanda mOnetaria efetiva" adic10nal__fOia estratOgia de longo prazo adotada pelo EstadO. O papel dOs gastos pablicos co―mo principal fonte da inlacao tOmOu―sc ainda mais pronunciado na SegundaGuerra Mundial. Mas depois da guerra, na nova ``onda longa cOrn tonalidade ex―panslonista", Os gastos estatais efetivos, embora ainda fosscm substanciais, acaba―

ram pOr assumlr impOdancla secundaria na dinanllca da lnlacao pe111lanente. Apa"ir daみ a princ"ar/Onte dc inflaca~O passou a ser o saquc a descobertO em cOn―tas correntes, concedido peros bancos ao setor p"υ ado, c cobertO pelos bancoscentrais e peros goυ emos―_em outras palavras, crё dito para a producao de em_presas capitalistas c"ditO ao cOnSunlidor particular(sobretudo para a compra de

驚I鷲麒鶴I磯醇ュ∬ 椰 ]』叩 撒

藷肥 鰊 瀾 鷺le os gastos nlllitares constituem a inica

ou,pelo menOs,a principal fonte de inlacao. COnmdO,as cifras falam por si rnes_mas. Basta comparar as sё ries seguintes de diferentes agregados da econOnlla nor―te―americana desde o final da Segunda Guerra Mundial.28

Para cOmpletar O quadro,basta acrescentar quc a divida privada total nos Es‐tados I」 nidos pellllaneceu praticamente estaclondria cntre 1925 e 1945 (131,2 bi‐

lFり&棚文 、織:Ψ ttS鵬 :ξ管臨″聞野麗鶴響ξ」:釧子1事織 ti:【3,覧難ver os dados estatisicos publicados pela CEE

A"o

APrOdurO Nα ciο

"αI

BrurO rernbilh5es de d61α res,

B¨

cmB cοmο %

de AC comο %

de A

1946195θ

19551960196519691"31"4

208,5284,8398,0503,7684,9932,1

1294,91395,0

269,4239,4269,8301,0367,6380,0600,0700,0

153,4276,8392,2566,1870,4

1247,31700,02000,0

129,484,067,859,753,740,846,350,0

73,697,298,5

112,4127,1133,8131,2140,0

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294 A INFLAcAo PERMANENTE

lh6es de d61ares em 1925, 139,7 bilhOcs de d61ares em 1945); essa cxpansaoenorme data apenas do perFodo p6s― gucrra. Na Alemanha Ocidental, a circulacaode papel― moeda subiu de 14 bilh6es de marcOs em 1955 para 47,5 blh6es em1973, mas os emprOsimos bancarios a firmas domOsticas c a particulares subiu, nO

mesmo perfodo, de 63 para 631 bilhOes de marcOs.No」 ap5o,a circulacao de pa_pel‐moeda passou de 422 blh6es de yens ern 1950 para 5,556 trilhδ es em 1970,mas os empた stimos bancariOs aumentaram de 2 500 yens em 1952 para 39 500blh6es de yens cm 1970.(D caso da Bё lgica―― um paFs quc tem relativamentepoucos compЮ missos militares ―― tambOm merece ser citado.No periodo1962/71, os crOditos bancariOs ao setor pablicO subiram para 210 bilh6es de fran‐

cos belgas,isto o,quase duplicaram enquanto os crOditos bancariOs a ccOnOrnia pri―

vada passaram de 72 para 340 bilh6es de francos belgas, ou saa, aumentaramquase 5 vezes. Mas durante o mesmo perfodo,o Produto Nacional B■ lto,a pre9osconstantes, subiu aproxirnadamente 55%. A natureza iniaciondna da criacao des_se credito 0 6bvia.

O conhecirnento contemporanco do fenomeno da inna95。 pellllanente come―

cou a aumentar quando, ao contrano dO padrao tradiclOnal, Os pre9os deixaramde cair em perfodos de evidente superproducao― _recessao―_, na verdade, cOnti―

nuaram inclusive subindo.A Grande Depressao levOu,naturalrnente,a uma quedacolossal de precos, numa cscala muito superior a qualquer coisa conhecida antesnas crises capitalistas de superproducaO A crise de 1938 tarnbOrn levou a umaabrupta queda de preco.

Depois dos aumentOs gerais dos precos nos anos 1940/46,surgiu um elemen―to contradit6rioi de mOdo contrano a tOdas as expectativas,os precos subiram rapi―

damente nos primeiros anos do p6s― gucrra, cxceto nos EstadOs Unidos, onde car―

ram―一ainda que pouco――durante a recessaO de 1949 ()%Boom da Guerra daCorCia" deu aos precos novo impulso. O efeito da ``inlacao peIInanente" tomou―se visivel quando as recess6es americanas de 1953, 1957 e 1960 foram tOdasacompanhadas por uma alta posterior nos precos de var(り o (em 1953, os precosde venda por atacado carram de novo ligeiramente). Na recessao de 1970/71, oaumento contrnuo dOs pre9os foi particulaェ 1llente acentuado,c mais ainda na reces―saO de 1974

Assim surgiu toda uma nova terminologia para descrever a“ iniacao mOdera―da", renetind。 。 entendirnento tardio de quc o capitalismo tardio 宙vera de fatOem cond196es dc inlacao perrnanente por mais de trinta anos. 」d em 1958, Galbraith obseA/ara:

``As aitudes e os obeiVOS atuaも nos impelem a tentar movimentar a econOmianum nivel em que,como vimos,a inlac5o n5o deve ser considerada um aspecto anor―mal,mas sim um aspecto normal''29

Como se pode provar quc a expansao do crodito, ou a moeda cscritural(di―nheiro bancario)tem um efeito inlacion6rio? Como essa inlac5o pode ser medi―da?A primeira宙 sta seria facil responder: pelo aumento dos precos das mercado‐rias.Mas uma sirnpllicacao dessas corre o risco de cair nO raciocrnio circular dc卜 lil―

ferding. Como os precos sao a expressao monetana dO valor das rnercadonas,a in―lacaO dO dinheiro nao pode ser automaticamente deduzida dOs precos crescentes.

29 Tha均りυent SoCiet,p 204 Sobre toda a questao ver,entre outros,JOURDAIN,Gines e vALIER,」 acques “L'E―

chec des explicatlons bourgeoises de l'inlat10n'' Ini Crlti9“

“ de lEcο nOmi● PO′ itique n° 1, setembro‐ dezembro de

1970,p 56‐58

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A INFLAcAo PERMANENTE 295

0 preco das mercadorias sempre expressa uma relacao entre O valor de duas mer―cadorias――a mercadona cm questao e O OurO. O desenvolvirnento e a correlacaode ambos os lados dessa cquacaO devem formar a base de nossa anahse. H6。 utrofator importante quc, cm certa medida, foi corretamente colocado pela escOla key―

nesiana. O dinheiro, enquanto poder de compra da demanda monetaria efetiva,naO deve ser comparado exclusivamenセ com o fluxO COntrnuo da prOducao demercadonas,pois tem tambё m um efeito mobrizador_em outras palavras,elemesmo pode restaurar a nuidez de detellHinado cstoque de mercadorias.30 EssafuncaO o especialrnente importante numa crise de superprOducao se O sistema debancos ou banco central costumam cnar melos de troca adicionais quando gran―des estoques de mercadorias nao vendidas ainda se encontram disponfveis, o efel―to dessa quantidade adicional de dinheiro podc aumentar os precos,c naO ser ne―cessanamente inlaciondrio.31 Pois esse dinheiro adiclonal nao s6 auxllla a troca daproducao contrnua de mercadorias, como tambOrn facilita os pagamentos de宙 dose assirn recoloca em circulacao as mercadorias quc haviam sido retiradas por naopoderem ser vendidas. A cscola keynesiana c a neokeynesiana apresentaram con―

scquentemente a tese geral de quc a criacaO de meios de circulagao Ou de paga―mento adiclonais s6 tem efeito inlaciondrio quando todos os “fatOres de prOdu―

C50"♪らO plenamente utilizados.32E incontesttvel quc quantidades adicionais de papel― moeda e de dinheiro ban―

cariO tem efeitos totalrnente diferentes, quando ha grandes estoques de artigos in―

vendaveis e capacidades prOdutivas inutilizadas, e quando o aparato produtivO es―

桜i funcionando com a capacidade total. Entretanto, a tesc keynesiana s6 0 correta

em parte Sua fraqueza cssencial ё o uso insuicientemente diferenciado de agregados, c a crenca enl reac6es automaticas c senl mediacaO. E verdade que um au―mento da quantidade de dinheiro em perfodos de recessao e crise pOde aumentara venda de bens de cOnsumo(embora naO necessariamente em proporcao fixa de_tellllinada) ContudO, s6 1cvara a um crescirnento de invesumentOs produtivOs sehouver tarnbOm expectativas de uma cxpansao do mercado a longo prazo, c sc ataxa de lucros aumentar(espeCialrnente quando os capitalistas a consideram baixademais no come9o da recessao). se isso nao acOntece, ou acontece numa medidanaO desaada pelos empresarios, Os investimentos privados n5o se dao, ou naO scd5o nO vOlume esperado 33(D efeito multiplicador de diferentes forinas de gastos es―

tatais,dOficits orcamentariOs,isencaO de impostos etc. podem,portanto,vanar rnul_

ttsirno ern coniunturas diferentes Os investimentos produivos― ―isto a OS investi―

mentos que levam a um aumento do valor produzido― ―tem efeito multiplicador

muito maior do quc os investimentos irnprodutivos Em certas circunsttncias, oefeito multiplicador de transacOcs econOmicas quc na rcalidade nada mais reprc―sentam alёm da conversaO de uma forrna dc capital ocloso em Outra― ―a vendade seguros,por exemplo,com a finalidade de usar os lucros para comprar lotes va―

90S COm dep6sitos dc especulacao, ou vice― versa――pode ser tao poquenO que au―

mente muito pouco o movirnento da cconomia, se aumentar. Portanto, こnecessa―

30 KEYNES,」 ohn Maynard The Ceneral Thaο ″or E/nploソ ment,Interest and Mοneノ Londres,1936 p l17 119,126‐ 128,300‐ 30331 MarX foi rnuito sarcastco em relacao ao Pcers Bank Act de 1844, que impedia o aumento ternporano da quanida‐

de de dinheiЮ em tempos de cnse capital v 3,p513-533,537 Vertamb`mC"tiquc orPOli,calEcο nοmy p 18532 A tese do “hiato inlacionan。 '' fOl fOrrnulada por Keynes pela pimeira vez no comeco da Segunda Guerra Mundial

em Hο ω to Poノ rOrthe Wα4 Nova York,1940 0s elementos dessa teseい estaVam presentes em sua General Theο ″,

p 302-30333 Essa lol a razao do lracasso parcial do New Deal de Roosevelt,e tamblm do fato de que,no Terceiro Reich,os in―

vestlmentos produtlvos civis nao foram mu■ o incentvados na fase 1933/38, apesar do aumento macico dos gastos es―tatais(ver cap 5)

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296 A INFLAcAO PERMANENTE

rio relacionar trOs tendencias para definir com mais exatidao o efeitO innacionariO

da expansao dO c"dito:

1)o aumentO da produti宙dade do trabalho na indistria do ouro cOmpara,va―mente a producaO de mercadonas nO mundo capitalista, e portanto das tendenciasa longo pra20 dOS precos das rnercadorias expressos em ouro;

2)o aumentO da quantidade de dinheiro comparativamente ao valor do pro―duto total(lstoこ ,ao volume de producao multiplicado pelo valor rnё dio das merca‐

dOnas),cOnsiderandO a velocidade de circulacao do dinheiro;

3)os problemas estrunirais dO aumento dos precos, isto O, o aumento diver―gente dos precos por atacado e a vareio,doS precos das rnaに rias―primas e dos pro―

dutos agricolas e dos pre9os de artigos industriais acabados, dos pre9os do merca―

do extemo e dos precos dc exportacao dO rnercado rnundial etc.

A terceira tendOncia nos dira se a inlacao da mOeda escritural l o resultado

de necessidades espec,Cas dOs mOnop61los do capitalismo tardlo ou apenas das di―ficuldades gerais de realizacao da mais_vaha e da valorizacao do capital.Aqui s6 po―

demos adiantar quc, do ponto de宙 sta da tcoria do dinheiro e do valor,a tese da``inlacao de custos'' nao sc justifica.34 somente quando ha um excedente de liqul―

dez O quc as empresas, sob o capitalismo monopolista, podem ttansferir automati―

camente os aumentos dos custos para os precos de venda,isto O,para os consunli―dores.35 Quando, aO conttariO, a quantidade de dinheiro pe111lanece constante en―quanto os salarios sObem ou apenas se ttustarn aos aumentos de producao,enぬ 0,

mesmo sern competicaο em certas industrias,Os custos malores naO levam a umaalta de pre9os.QuandO a moeda O cstavel,O teorema de Marx de quc um aumen―to de salariOs em detellllinada producao e cm detellllinado valor das mercadorias

apenas dirninul os lucros, e nao eleva Os precos, C absolutarnente v61ido.36(D que

estt por tras da tese da“ inlacao de custOs''nao o uma andlise dos efeitos Obici―

vos dos aumentos de salariO numa cconomia de rnercado capitalista,mas sirn a ob―

servacao de quc, no capitalismo tardio, o sistema de dinheiro bancario garantc as

companhias a quantidade de dinheiro necessaria para transferir automaticamentepara o consumidor os aumentos dos custos de producao.37 1sso significa que nao

壺o as demandas de salariOs``excessivos'', mas sirn a adaptagao especffica dO siste―

ma bancario e da cria95o de dinheiro para os interesses do capital monOp01istaque constitui a causa tOcnica dos aumentos de preco. A inflacaO pe′ ′

"anente こ ο

rnecanお mo especifico dO Capitalお mo tardio para rrear uma queda rф:da daナaxa

34 sobre a “teona da innacao dos custos'', ver, por exemplo, PAISH, F W ``The Limlts of income Poncies" In:PAISH,F W e HENNESSY,」 Poricソ for fncOm“ Insitute of Economic Affalrs,Londres,1968 p 13 er se9,BROO―MAN,F S Macrofconο /nics Londres,1963 p 234‐ 237

“Ha muitOs Outros argumentos que demonstram a debilidade dessa teoia Aumentos andlogos de preco podem ser

reglstrados em ramos da indistna onde os custos dos salanos cOnsttuem 35%e onde consttuem l%dos custos totaisde producao: em geral, os aumentos salanais maiores sao causados por aumentos antenores dO custo de vida Ver arefutacaoら teoia da`ヽnnacao de custos''em」 OURDAIN,Gi‖ es e VALIER,Jacques Op clt,p58-6736 MARX Wag‐

,P"ce ond ProFlt ini Seたcted Woた p21837P。ぬnto,a innacao tem ob゛ amente dupla funcao:perrnite aumento da taxa de mais‐ valia c ao mesmo tempo“ ―

condc a queda da percentagem relatlva dos saldios atravOs do aumento dos sal`● os mOneね ios Os salaios mone通 _

■os crescentes podem enぬo ser responsabilizados pela iniac5o Exemplo disso ё o estudo do comentansta ecOn6micoing10s ■iberal", Samuel Bnttan rThe Treasu″ under the Tο

"‐ 1951‐ 19647, que Ora se dedara defensor ardo―

roso da estabilidade do salanO mOne饉 no (p 150), ora acOnselha os trabalhadores a nao cOnfundlrem o custo de νidacom o padrao de vida Mas nao explica como se pode´ pretender que o padrao de vlda estela melhorando quando os

saldiOs sequer acompanham a alta do custo de vida E c宙 dente que Bittan defende um crescimento mais r`pldo asexpensas do salarlo Ou, em outras palavras, a poupanca compuls6● a as expensas da classe oper6na e assim um au―

mento da taxa de mais―valia

Page 297: Capitalismo Tardio - MANDEL

de mas_υdね e deねcro,sObcondgOescttuni麗なl=1郡

uねCao de cap"J ttb_

`:υ

amenrc P`pida c dc ηrυ cis de emprcgo資O aumentO da prOduti宙 dade do trabalhO na indistria do ouro s6 pode ser cal―

culado de f0111la indireta. Antes da Primeira Guerra Mundial, Os ``custos dO traba―

蟹 L雛 ∫:∫蹴 Ъ螺 』『 ほ腑 糊hSⅧ 嚇 C雛 れ 獄 飛

t耐 ∝ de ttab」h♂ dttm」ava wm d[j∬糧 』:,慨 1乱 総 £ 譜 穏 彗valia sOb a f01lHa de altos salarios dos diretores e supervlsores brancOs. Assim, em

1907, por exemplo, os 17 697 funcionariOs brancos dessas minas receberam umsdanO bd de 5,94耐 hoes dc hbЮ eヽξ

習置aξll雲認盤矧鯖糞『:腑∬receberam urn total de apenas 9,8 milh6e〔

憫 鸞 蠅 農柵 脚Ⅷ 鰤蠅 [total)era de aprOxirnadamente 183 rnll. Em 1940, o ndmero dc anOs de trabalho

盤僣扮 FLi脚輻l躍滞1甘絲ii肇犠dispendio dc trabalho inertc(capital cOnstantc),mas esse decertO tamborn aumen―tou. Entre as duas(3uerras Mundiais, portanto, a produtividade mOdia do trabalhona prOducao dO OurO estagnou,na melhor das hip6tescs,c ё mais provavel quc te_nha dirninurdo ligeiramente 39 Em 1967, as mesmas 400 ml unidades de trabalhOproduzirarn rnais do dObro dO quc ern 1940:950 mil kg de OurO purO Entretanto,

os custos totais de produ。50 pOr tonelada, quc foram estimados em 6,14d61arespor tonelada de nlinorio em 1907,c quc em 1940 chegaram a 5,15d61ares,subi―ram para 8,36d61ares(d61ares desva10rizadOs).40 Para O ano de 1973,as ёifras cOr―respondentes eram as seguintes: 852 mil kg dc OurO puro produzidOs pOr 400 mil廿abalhadores c supervisOres, a custos de produc5o de 14,7d61ares desva10nzadOsem 1973 por tOnelada de rninёrio, que correspondem a aproxirnadamente 4,05d61ares pelos valores de 1940. ComO tambё m hOuve reducaO do numero de hO―ras de trabalhO por semana,uma esumaiva realista diria quc o υalor dc um gramade OurO calu pela metade entre 1907 e 1967;como a semana de tabalho reduziu―se mais ainda cm 1973, pode― se supor quc esse valor ainda cOntinuava mais oumenos na metade do valor de 1907 Essa reducao de 50%do va10r do Ouro pro―

穏梨理漁11装驚r 曜聴IA鷲鼈酬し∬LTぶ孟::'ぷ :調湯劇」驚F£L鋼:鰍盤爵ξ臨盤:魚胤T∬ぜ朧ltl?]霞:ぽ留憔∫caO permanente39 1sso nao surpreende,urna vez que na mineracao a lei dos retomos decrescentes para determinado derbЫ

to de minO‐nO prevalece, na medida em que camadas cada vez mais profundas tOm de ser perfuradas Prestem atencう o a declara―

寵 瑞 :ar`普器 も鶴 品 :電織 1艦 ittЪ :]ぷ 乱 i que“vda」go da ttnamたa dos ttndme■os dた

“ndas

(ConSelho dasヽ inas de Transvaal e Orange Free State― ―EM)祀」セado em Johann“ bwg em,nhO de D“ ,CB留

盤思ぎ雛胤観I『υ『留ld幣謄粍:電::匙te com referOncia aos custos crescentes `Gostana de enfa

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298 A INFLAcAo PERNIANENTE

duzido na AMca do Sul pode ser atriburda,entre outras coisas,ao fechamento dasrninas mais pobres c a abertura de novas rninas ricas em Orange Frce State,Klerks―

dorp, Ewander β Fa、verstrand, quc aumentaram a producao de OurO por toneladade minOno na Africa do Sul de 6,67 g em 1955 para 10,78 g em 1965.A10m dis―so,foram introduzidos alguns aperfe19oamentos tOcnicos na rnineracao do our0 41

0 grande aumento do “preco do ourO'' no mercado hvrc(isto O, a grandequeda do valor do d61ar e dc outras moedas)a partir de 1967, levou a mudancas

estruturais importantes na indistria do ouro sul africana. Minas menos produtivas

forarn reabertas ou aumentaram sua producao. A producao das minas mais ricasfoi reduzida. A quantidade de ouro por tonelada de rninOrio calu para 10,11 9 cvai cair mais ainda Ao mesmo tempo,a renda lfquida por tonelada de minOriO au―mentou de 3,9 rands ern 1970 para 20,7 rands nos primeiros 9 meses de 1972(1rand valia l,4-1,5d61ar no outono de 1974).Os salarios dOs rnineiros afHcanos su―

biram acirna dos nfveis de fome em decorrencia da deficiOncia crOnica de mao― de_

obra prOvOcada anteriormente pelos mesmos salarios de fOttc (em 1974, apenas22,5% dos nlineiros foram recrutados na pr6pna Uniao da Africa do Sul; o restoda forca de trabalho das minas era irnigrante). OS SalanOs pOr turno aumentaramde O,3 rand em 1970 para l,6 rand no final de 1974. Mas, ao mesmo tempo, aproduividade do trabalho esta agora cOmecando a crescer, com a introducao da

mecanizacaO cm escala malor; dentro de poucos anos, os proprictanOs das minasesperam produzir mais Ouro do quc agora, com apenas metade da forca de traba―lho. Ern resumo, o valor do grama de ouro cstt agora comecando a cair, da mes―ma fonna quc o valor de todas as mercadorias produzidas segundo os rnoldes capl―

talstas 42

E mais facil calcular o aumento da produ● 宙dade do trabalho a partir da pro―

ducaO imperialista total de mercadorias durante o mesmo perlodo 1907/67. Na in―distria manufatureira dos Estados Unidos, o nimero dc horas do trabalho subiucerca dc 717S entre 1907 e 1967;o aumento do rndice de producao,ao cOnttario,foi superior a 90096(numa cscala dc 80 a 738)Isso Sugere urn aumento de 520%na produtividade do trabalho.Na agncultura,o nimero de horas de trabalho redu―ziu― sc ern cerca de 2/3, cntre 1907 e 1967(caindO de unl lndice de 95 para 32),enquanto a producao cresceu cerca de 77%.43 Por COnseguinte, a produtividadedo trabalho agrrcOla aumentou cerca de 540%nesses 60 anos,praticamente a mes―ma perccntagern da indistria.

Nos outros parses imperialistas, o aumento da produividade do trabalhO noperfodo 1907/14 fol o mesmo dos Estados Unidos; nO perlodo 19147/40, fOi rnuitomenor,mas depois rnuito maior,no perlodo 1947-67 44 Nao deve haver,portanto,grandes diferencas entre o aumento da produtividade do trabalho nos Estados I」 ni―

dos e da producao tOtal de mercadorias do mundO impenalista. Isso significa quc ovalor da mercadoria mOdia prOduzida nos paises imperialistas O hac cinco a seis ve―

zes menor do que antes da Primeira(3ucrra Mundial. Dado o fato de quc O valordo ouro calu cerca de 50%desde aquela Opoca, os precos em ouro das mercado―rias devern ser, crn mOdia, tres vezes mais baixos que cm 1907.45 MaS, na realida―

憫柵f鮮朧単∴賤卿虜鷲脚:磐後難静基轟I糊浦l」

‐:鼻胤減d43 As informac5es sobre o perfodo 1907/65 foram retirada

Commerce/Bureau of the Census Com o auxllo dos dados oiciais anuais do Sum6● o Estatisico dos Estados Unidos

da Am6nca,n6s os estendemos atё o ano de 1967

“Sobre a iltlma fase,ver os dados das publlcac6es atuais da OCDE,citados em NEUSUSS,BLANDE e ALIVATER

“Kapitalお tscher Wehmarkt und Webυ ahrungsknse''In:Probleme d“ Klassanた omp/6 Novembro de 1971●Essa esimabva― ―que ё supe油 cial,em todo caso一 ―evldentemente s6 faz senido para um pacote idonico de mer‐

cadOnas Nδ o tem sentldo calcular o aumento a longo pr能 o do valor das mercadonas n50 produzidas, ou produzidas

apenas em pequena escala e de qualidade totalmente diferente, em 1907 Mas para a produca。 lοtal de mercadoias

essa estlmaiva faz rnuito sentldo

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A INFLAcAo PERMANENTE 299

de, os precos das rnercadorias,quando expressos em d61ares― papet sao tros vezesmais altos do quc em 1907. Essa nOnupla desυ α′o月レacao dO dinhcirO pttencheuassim urna rungao οりetiυα precお a:“conder a queda subsぬ ncial dO υα10r das rneトcadorias expresso por quantidades de ouro,porquc urna queda rapida c inintenЪ p―

的dos precos das mercadottas pode"aたr impossibritad。 。runciοnarncnto da ccO―nomia cαpitalista a rongo prazo, nc ausencia de possibilidad“ de expansa~o geOgkl―

rica.46

Aqui surge um problema quc levou a uma discussao interessante entre Varga,Baucr e Kautsky ern vOsperas da Primeira Cuerra Mundial sera que por si mesmoum aumento da producao de OurO provoca uma alta nos pre9os(em ourO)dasmercadorias?47 Em nossa opiniao, os argumentos apresentados por ambas as par―tes nessa discussao eram falsos do pontO dc宙 sta de uma aplicacao rigorosa da teo―ria do valor―trabalho.A tese de Varga de quc,ao fixar o``preco do ouro'',os ban―cos centrais podiam iFnpedir quc a producao do Ouro aumentassc os precos, o in―defensavel, e foi refutada por Kautsky e Bauer de fol:Ha convincente.48 Kautskソ in―

sistia na pecuharidade d0 0uro cOm O obictiVO de demonstrar quc urn aumentO daproducao de OurO representa uma demanda global adiclonal__em outras pala―vras, uma expansaO dO mercado para a producao capitalista de mercadOnas. Aproducao de OurO ё a producao dO ``cquivalente universal'' quc, enquanto merca―doria individual,nao s6 possui um valor de uso particular(para 10alheiros e outtOs)

como,alem dissO,tem o va10r dc uso muito especial de poder ser trocado pOr qual―qucr rnercadoria. ComO tal,o ourO nunca pode chegar a ser``invend6vel'' nO capl―

tahsmo. Isso ё real e nao precisa de mais explicacOes. Mas Kautsky negligenclou ofato de quc um aumento do υolume da producaO de Ouro leva apenas a um au―mento dO capital mone“ 月o,49 e que a caracteristica parlicular d0 0urO o exatamen―te a de quc ele n5o precisa ser colocado em circulacao, mas pOde tambё rn ser ar―

mazenado sob a fo111la de tesouro N5o ha,pOrtanto,nenhuma certeza autornatica――como supunha Kautsky――de que a producao anual de OurO elevard a deman―da total de mercadorias paralelamente a seu pr6prio valor. Isso depende da integra―

ca0 0u da naO integra95o dessa quantidade adiclonal dc ouro a circulacaO, isto O,depende de detel:Hinada cottuntura da cconomia capitalista,do v01ume da prOdu―

caO de mercadorias, da ve10cidade de circulacaO dO dinheiro, dO volume do crOdi_tO(dos pagamentos quc,a10m das func6es de trOca,s5o feitos cOm esse dinheiro)etc.

46 urna queda rdPida e duradOura do precO das mercadonas causa, ente outras coisas, uma paralisia nO sistema de

翻2utrallzado pelo desemprego em massaie Neua Zeit v メDCVI, n° 7, p 212● I seq i fd, v メDCX1/1,

n° 16,p557 a seq;BAUER,OtQ“ Go日pЮduktonundЛ髯翫脱::1肥 tふ:諸:“施χ話翼 :}れよ::』il`糧『seq; KAUTSKY, Karl ``Gold, Papier und Ware'' c “Dle V

看嘱ζ催=静

:跳謁『hぽ

“abm嘔ぬ

押:[轟霧愚i織亜l静難謝喜織to de宙sta da teona do valor de Marx O preco das merca(C apenas a medida dos va10res, mas tambёm dos precos louro em ouro O que essa express5o realmonte traduz ё o“valor dos meios de circulacao",istoこ ,a quanidade de ou―ro quc a unidade de circulacao representa Aる rmula ``o preco do ourO ё de 35 d61ares pOr onca''quer realrnente di‐

1群壼欄:静豫lilili働きゼ1ま:胤T吼島辮鷺犠ittii鸞『i蠍き轍曇:憩モ僣γξュlif∬鷲:lllll#:1lili∫ 穏l品留

=譜鷺鞘em 1852 e掲 53,em decoFOnda d¨ nω 面n¨ de oぃ

ro da Austalia e da Cali16mia'' Capital v 3,p501

Page 300: Capitalismo Tardio - MANDEL

300 A INFLAcAo PERMANENTE

Entre 1929 e 1939,a producaO de Ouro quase dobrou sem urn aumento signi―ficativo da demanda total no mundo capitalista. O ouro adiclonal luiu para as re‐

servas monettnas dOs Estados Unidos c」 oi Cnt“ourado.Somentc uma redu95odo υalor dO Ouro lcva automaticamente a um aumento dos pre9os das mercado―rias expressos em ouro. Fol exatarnente a reducaO dO υalor dO ouro, a partir de

1890, e nao um aumento da produga~o de ourO, que desempenhou papel centralna alta do custo de vida no``apogeu"do imperialismo entre 1893 e 1914.

O aumentO dos melos de circulacao e pagamento (quantidade de dinheiro),da ёpoca que precedeu imediatamente a Primeira Guerra Mundial atё o final da

dOcada de 60,pode ser estimado corn precisao razOavel(a partir daqui nos hrnitare―

mOs a ccOnOmia norte― amencana cOmO o setor mais tipico do capitalismo tardio).Segundo as famosas sOnes de Friedman― Schwartz,50 a quantidade de dinheiro (ex―

cluindo as contas bancarias de longo prazo)subiu dO rndice 100 em 1915, para ofndice 215 ern 1920,isto C,cerca de l15%.No mesmo perlodo,a produ95o indus―trial aumentou 70%aproxirnadamente, enquanto a producaO agrrcOla foi constan―te. Segundo Friedman e Schwartz, houve tarnbё rn ligeira aceleracao na ve10cidade

de circulacao do dinheiro durante esse perfodo. Esta■ ltima declinou, contudo, cm

mais de 30%nos anos de crise depois de 1929, enquanto o volume dc ouro au―mentou mais uma vez em tomo de 25%51 De acordo com essas cifras,verificamosquc o nivel dos precos por atacado fol apenas 1096 rnais alto em 1939 do quc em

1915 (o nivel dOS precos a varoo, que Sempre demoram certo tettpo para renetiros pre9os em OurQ,fol 1096 rnais alto em 1939 do quc ern 1916).E claro quc naose pode falar de inlacao de 10ngo prazo quando o papel―moeda circulante s6 per―

deu cerca de 10%do scu poder de compra cm 24 anos(menOs de O,4%poranO).

O quadro muda completamente se comparamos o aumento ocorrido desdeo final da Segunda Guerra Mundial com o ocomdO entre 1915 e 1939. Entre1945e1967,a quantidade de dinheiro cresceu 9096,apro対 rnadamente;52 pOr V01‐

ta de 1967,era sete vezes rnalor do que em 1929,c nove vezes rnalor do quc em1907. A velocidade de circulacao do dinheiro dobrou entre 1945 e 1967, atingin―

do mais uma vez o ritrno do anO de 1929.Mas a prOducao industrial total de 1967foi apenas qua廿 o vezes malor quc a de 1929, cnquanto a producao agrrcOla fOiaproximadamente 45%malor.Aqui O indiscutivel a c対 stOncia de uma massa inla―

c10naria de dinheirO que nao cOrrespondc a nenhum aumento proporclonal da pro―du95o de mercadonas. cOnseqtientemente, o nfvel rnё dio dos precos de 1967 era

duas vezes malor do quc o de 1929 c tros vezes malor do que O de 1907. O au―mento da quantidade de dinheiro, isto O, de papel― moeda e de dinheirO bancariO,

fol, porlanto, a causa tOcnica direta c inequ"oca da innacao do d61ar. A quantida‐

de de dinheiro cresceu muito mais rapidamente do quc o volume de producaO frsi_ca――movendo―se em direcao opOsta a da grandc queda do valor(pre9os em Ou―rO)da SOma de mercadonas.

Urna comparacao final das diferencas dinamicas das sCries diversas de pre9ospe11llitir6 uma compreensao dOs mecanismos concretos da iniacaO pellllanente no

capitalismo tardio. Em 1967, o rndice dOs precos por atacado nos Estados Unidosera de 106,2,comparaivamente ao rndice de 52,l cm 1929 e de 57,9 em 1945;o

∞FRIEDMAN,Minon e scHWARTZ,Anna」 acobson Moneto″ Statls,csげ the Uniた d Stat“ Nola York,197051 urna bela refutacao da teOna OrtOdoxa ``puramente'' quantltatva do dlnheiro!Ao contrano de seus pincrpios, a ve―

locidade de circulacao do dinheiro nao pode ser tornada da fonna dada: um aumento signiflcaivo da quanddade de di―

nheiro pode ser neutrallzado pela desaceleracao de sua velocidade, se as necessidades da circulacaO de mercadonas eda acumulacao de capital, detenninadas pelo ciclo industnal, naO podem “absorver'' essa quantldade adcional de dinheiro cOm a velocidade antenor52 FRIEDh4AN e SCHWARTZ Op cit

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A INFLAcAo PERMANENTE 301

rndice dO varaO(pre9。 ao consunlidor)era de l15,4 em 1967,comparativamenteao de 59,7 em 1929 e de 62,7 em 1945. Os indices correspondentes a 1973 fo―ram de 142,3e 152,9. Parecc haver, portanto, um crescirncnto razoavelrnente pa―

ralelo em ambas as sOries. Mas esse paralelsmo aparente muda se se considera osseguintes fatos:

1)entre 1958 e 1964,Os precos por atacado nos EstadOs Unidos pe:11lahece―ram praticamente estaveis(lndiCe de 100,4 em 1958, de 100,5 ern 1964). Mcsmodurante o perlodo de 1957/64,houvc urn aumento de apenas 3,598,istO o,menosde O,5%por ano.TambOm ente 1951 e 1956,a cstabildade dOs precos por ataca―do foi absoluta.Durante todo o perOdO de 1951/64,o mcfice de prccoS por ataca―do nos Estados Unidos s6 aumentou sign′ catiυarnente num`nico ano, o ano“boom''de 1956,

2)rnas os precos ao consunlldor,ao contrano, sofrerarn aumento ininterruptodurante o mesmo perfodo.Somente de 1952 a 1955 esse aumento fol insignifican―te; em todos os outtos anos ultrapassou l% anual Durante todo o perrOdo de1951/64, os precos de varoO Subiram 17,6 pontOs,enquanto os pre9os por ataca_do subirarn apenas 3,8;

3)em 1967, o fndice de precos por atacado dos alirnentOs fomecidos diretamente pelas propriedades rurais, assirn como dos prOdutos qufrnicos c artigos de

borracha,foi menor do quc ern 1957/59 0s texteis,os artigos de papel,os rn6veisc os aparelhOs eletrodomOsticos ou mostraram um aumento abaixo da mOdia nOsprecos por atacado, durante csses dez anOs, ou pemaneceram constantes. Mas as

maquinas,Os artigos de metal e de madcira soieram um aumento acima da mOdianos precos por atacado;

4)comecandO em 1968, houvc aumento ininterrupto nos precos por atacadode todas as categonas impOrtantes,isto O,a inlacao tOmOu_se cumulativa c acelera―

da Mas, mesmo depois dessc ano, os pre9os individuais por atacado nutuaramEm 1969/70, por exemplo, os precos da madeira carram cOnsideravelrnente, c ospre9os dos aparelhos eletrodomOsticos dirninuFram ligeiramente. Os precos por ata―

cado dessas mercadorias eram 30シζ mais baixos em 1970 do quc em 1950, c25%mais baixos do quc em 1960.

Os precos ao consurnidor apresentam um quadro semelhante No perfodo de1957/67, os precos de varoO de alirnentos, texteis, rn6veis c aparelhos eletrodo―

mOsicos sub廿 am menos do que o rndice mё dio do custo de宙 da(embora munOmais quc os precos por atacado desses setores). Os Custos dos servicos(Sobretudode saide e recreacao,rnas tambOm dos chamados``bens mistos''),ao contrariO,re_gistraram um aumento acima da mOdia.

Sc a tendoncia virtualrnente ininterrupta de queda dos precos de matOrias― pri―

mas no mercado mundial,durante O mesmo perlodo,e que se inverteu apenas em1973,for acrescentada a cssas sCnes enほ o a cstrutura da desυ a10rizaca~o do dinhci―

ro podc apresentar― se assirn:

1)a trans195o de um padrao ourO para um sistema mone通 Ho;que aSSegureao capital monopolista a quantidade de dinheiro adequada as suas necessidadespor melo da criacaO dO dinheiro bancariO, pellllite as grandes empresas capitalis―

tas, ern condic6es de contrOle relativo do mercado(concOnencia 01igopolista, lide―

ranca de preco), aumentarern ligeiramente os pre,os das mercadorias que vendem

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302 A INFLAcAO PERMANENTE

em perfodo de alta,c estabiliza-los durante as recess6es.“ DadO O aumento impor―tante da produti宙dade do trabalho que se segulu a terceira revolucao tecn016gica,isso significa uma amphacao de suas margens de lucro (um aumento da taxa demais― valia)que leva aOs ``precos administrados" c a uma taxa relativamente altade autoinanciamento.54 um dOS p五 ncipais obietvOS da pollica subiaCente a esses``pre9os adnlinistrados" O antecipar as lutua96es de mercado, isto ё, planeiar es―quemas para as recessOes que mesmo as grandes empresas(ao conttaFiO de Scuside61ogos)cOnsideram ine宙 taveis.Assim,Mcans calculou quc os aumentos de pre―

co acirna da mё dia intrOduzidos pela l」 S Steel Corporation na dCcada de 50 redu―ziu tanto o breaた ―cυen ροint(isto O, a utilizacao minirna de capacidade neces“ napara tanspor o lirniar de lucratividade), que no segundo semestre de 1960 essa

cmpresa, utilizando apenas 479る de sua capacidadc (!)em decorrencia da reces―saO, Obteve apro対 rnadamente o mesmo lucro lfquido quc havia conseguido noano de alta de 1953,quando usou 98ワ dゝe sua capacidade;55

2)o aumentO substancial da rnassa dos valores de uso,que sobe ainda rnais ra―pidamente do quc a produti宙 dade do trabalho quc esta na sua base,cria dificulda―

dcs cada vez maiores de realizacao nO capitalismo tardio. Essas dificuldades sc ex―pressam por rnelo dc uma alta enorrne dos custos de venda e do crё ditO ao consu―

rnidor.Sob o capitalismo monopollsta,a rnedida quc n5o haia conCOnencia cstran―geira consideravei nO cOmorcio a varcio,CSSes aumentos substanciais dos custOs de

drculalao(dado sempre um aumento adequado da quanddade de dinheirO)podem sertransfendos para os consumidores.Seguc― se uma compara■ o dOS aumentos dos pre―

9os ao consumidor no mercado domOsico com os pre∞ s de exporlaφ o(rndice de 100em 1970 em tOdos os casos),que moStra tambё m quc as classes capitalistas nacionaも

鯰m aumentado com sucesso sua participa゛ o nas exportac6es do mercado mundial.お

Precο αο cο nsIIm:dο r Precο s de aκpο鷲ocaο

1969 1973 1969 1ワ3

Estados UnldosAlemanha Ocidental」apa。Reino UnldoFrancalblia

BolgcaHolanda

124104107125118108(1972)99(1972)

107

53 sobre esse assunto ver,entre outros,MEANS,Gardiner C P"cing Pο ωer and the Public lnセ“‐I Nova York, 1962:

SCHWARTZMAN,D “The Effect Of MonOpoly On Pnce'' In:」 οumo′ or Polircα I Ecο nο mν AgostO de 1959 Segun―do Means, 85%dos aumentos de pre9o entre 1953 e 1962 podem‐ r atnburdos aos produtos dos ramos de produ―

caO altarnente concentados Stgler e Kindhal questlonaram a impodancla dos“ precos administrados'', Citando as cl―

fras de nutuacoes de precos meSmo em setores monopohzados(The B`hα υiο r of fndust"α ′P,c“ Nova Vork,1970)Mas Mcans nunca negou essa lmpo● ancla consegulu mostar de manelra conolncente, baseado nas estaisicas doprop● o Stlgler, que nOs 18 setores caractenzados pela livre conconancia as lutuacOes de preco foram muito maiores

do que nos 50 setores monopollzados, e que a maior parte das lutuacoes dos setores monopoレ dos foram antcた li‐

cas “The administered Pnce Thesis Conirmed" in:Arne"can Ecο nomic ROυ ieω 」unho de 197254 Nessas circunstancias,a dlstln95o de Le宙 nson(op cit,p 30)entre aumentos de preco rOmα dos p鰯 衡●たpela mo―

nop。llzacao c aumentos de preco tomOdOS nec‐ 6″os pelas necessldades de malor acumulacaO de capltai nao temsentldo ()fato de que os monopolios podem conseguir margens de lucro acima da mOdia(superlucros tecnoloJCOS),que asseguram a alta taxa de autoinanciamento necesttna a inovacao tecno1691ca aCelerada, consitui um inico com―

plexo “cstl■lturar' ao lado da politlca innacion`na de cnacaO de dinheiro adotada pe10s bancos 6u pelo ststema banc6-五o central Consituem apenas dlmens∞ s diferentes da mesma csntura especmca do capltaltmo tardio55 MEANS Picing Pο ωer αnd the Publc lnterest p 148 Sobre o desempenho semelhante dos grandes mono"hosde produtos qurmicOs da Alemanha Ocidental na dι cada de 60,ver BLECHSCHMIDT,Alke,HOFFMANN,Gerhard,MARWITZ, Reinhold von der Das Zusarnmenω irたn υon Kοnzentration, Weltrnarkセ ntω ick′ ung und Staoお in鯰″e71‐

οn αm Belspiel der BRD Lampertheim,1974p2356 saCheverstandigenrat,」 ahragu`achten 1974,p 220 221l o relabio fnfla“ οn,da OCDE,de 1970,p 22,fomeceuma pesquisa semelhante dO periOd0 1961/69

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A INFLAcAo PERMANENTE 303

3)um grau malor de monOpolizacao permitra margens maiores de aumentode preco. No setor dos precos por atacado, esses aumentos serao malores no De―partamento l que no Departamento II. Inversamente,o aumento relativO da prOdu―tividade do trabalho(dirninuicao dO valor das rnercadonas e de seus precOs em ou^

rO)reSmngira, de mOdO correspondente, O alcance dos aumentos de pre9o Essesaumentos serao portanto menores nos setores quc,desde o comeco da fase dO ca―pitalismo tardlo, distinguiram― se por um aumento particularmente rapidO da prOdu―tividadc (agricultura, prOdutOs qurrnicOs, aparelhos e10tricos), do que nos setores

com grau menor de mecanizacao(cOnstru95o e senЛcos).57 MaS a Cstablidade rela―tiva dos precos dos setores com uma taxa de aumento da produtividade do traba―lho superior a mOdia ё por si mesma uma cxpressao● O caracterrstica da inlacaope111lanente quanto a alta mais rapida dOs precos dos setOres cuia prOduti宙 dadede廿ゆ」hO regstrOu um aumento menor.

E claro,cnta~o,quc a inflacaO perrnanenセ nao inυ alida dc rOrma alguma α′cido υaloL Essa lei agora simplesmente opera sob condicO“ paltiCulatts cm quc o

υalor rpoder de cornpra,do papel_moeda,lberado de scu lasFro dc ouro,dirninuiconstantemen,c. Enquanto a “innacao moderada" pe111lanente nao sc tansfoェ 11la

cm ``inlacaO ga10pante", a intensificacao da superprodu95o estrutural pode perfei―tamente levar a reducaO de precos em detellllinados sctores; mesmo uma quedageral dos precos por atacado nao pode ser excluFda como uma possibilidade futu―

ra. C)rdpido aumento das matё rias―primas durante 1973/74__que desempenhoupapel apenas secundariO na aceleracao da inlacao daquele perrod。 __foi acOmpa―

panhado por uma queda consideravel desses pre9os por causa da recessao mun_dia1 58

Aqui surgem dois problemas afins quc exigem uma resposta.A hipertrofia dosetor de senЛ 9os(e, alёm desta, a hipertrofia de todas as atividades quc nao criam

valor diretamente, isto C, as atividades do aparato estatal e do setOr de circulac5o)

O uma das causas da inlacao permanente?Qua1 0 a diferenga cntre nossa cxphca―

caO da inlacao permanentc e a teoria quantitativa convencional de Friedman ouRueff?

Urn exemplo aritrnOtico pode audar as analises da questao dO efeitO inlaclo―nariO dO setor de servi9os(ou de tOdas as despesas improdutivas). VamOs suporque o produto do valor anual dc uma sociedadc capitalista tem a seguinte estrutu―

ra:

I:10000c+5000υ +5000s=20 000 rneios de producao

II: 5000c+3000υ +3000s=11 000 ineios de consumo

Das 5 rnil unidades de mais― vaha criadas no Departamento l, 3 750 sao acu_muladas e 1 250 sao cOnsurnidas improdutivamente. No Departamento H, 2250das 3 rnil unidades de mais― valia sao acumuladas. Com uma producao total de llml meios de consumo,10 ml sao,pOrtanto,9Cralmente consumidos(8 ml pelosOperariOs e 2 mil pelos capitalistas e seus servidores), c 1000 saO deixadOs para

57 se9ndo Francois Perroux(“ Inlatons importё es et stuctures sectonelles'l ln:PERROUX,Francois,DENIZET,」 eane BOURGUINAT,Henn faFlation,Dο 〃αらEurODoilaら Pa●s,1971 p 108),dependendo do pals Ocidental considera‐do, de 70%a90%dos aumentos de preco pass"eis de andlise na dlcada 1958/68 podem ser atnbuidos a aumentosdos precos de se"icos e da indistna de constru95o civl58 1sso c claro nos Estados Unidos,culas importac6es respondem por apenas 5%de seu PNB Outros casos 6b宙 os sao。」apa。 ,O canadd e a Fran9,culos precos mё dios de imponacaO em 1973 aumentaram respectvamente de 6%,12%e13%acima dos ni′ eis de 1970,enquanto o custo de vida sublu 24%,16%e2096 relatvamente a 1970

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304 A INFLAcAo PERNIANENTE

ampliar a reproducao no anO seguintc(para o emprego da forca de trabalhO adiclo―

nal). H65 nlil rnelos de producaO dispOniveis para a ampllacao da reprOducaO dOcapital constante

Agora vamos supor quc, a10m desses dois setores, ha urn terceiro――servicos――que surgiu nessc ano― basc, c que vendeu serv19os por um pre90 tOtal de 3 600unidades de valor.AdmitindO que o setor de servicos nao cOmpra maquinas, ediff―

clos etc.(uma hip6tese introduzida apenas para sirnplificar os calculos,mas quc fa―

cilrnente poderia ser exclurda pOr uma廿 oca cntre servi9os e mercadOrias dO Depar―tamento I)o Sistema estt cm equilibno― em Outras palavras,nada perturba a prO―pOrcaO entre o valor da mercadoria produzida c o poder de cOmpra decorrente daproducao para a realizacao desse valor― ―se 2 700 unidades de poder de cOmprado consurnidor saO usadas para comprar servicos em vez de bens de cOnsumo, se900 unidades de servi9o Sao trOcadas entre os empregados do setor de servicOs, Cse os bens de consumo que dessa forma se tomam disponfveis saO cOmprados pe―los cmpregados do setOr de servicos e usados para reproduzir sua forca de ttaba―lho.

C)equllfb五o entre oferta e procura tcrn agora a scguinte forrna:

OJC歯

20 000 rncios de producao

11 000 rneios de consumo

Procura

10 000 reposicao c I

5 000 repos1950 C II

3 125 reproducao amphada cI1 875 reproducao ampliada c II

3 750 operariOs Departamento I2 250 operanos Departamento ll

812,5 capitalistas Departamento l

487,5 capitalistas Departamento H

625 reservas para a reproducao amphada I

375 reservas para a reprodu950 ampliada 11592 700 empregados do sctor de servlcos

3 600 servicos

1 250 operarios Departamento I

750 operarios Departamento II

437,5 capitalistas Departamento l

262,5 capitalistas Departamento II

900 servicOS,trocados dentro desse setor

A hip6tesc aqui O de quc os operanos gastaram 25%de sua renda real, e oscapitalistas, 3596 da mais― valia consumida irnprodutivamente, em serv19os, ao in‐vOs de o ser em bens de consumo, c quc os empregados do sctor de serv19os tam‐bёm gastaram 25%de sua renda real ern serv19os. O que significa cconornicamen―te essa condicao de cquilibrio?Ela mostra quc um grande sctor de serv19os nao ёnecessariamente iniacionariO numa cconornia capitalista, a medida quc o poderde compra dos empregados desse setor saa cxatamente igual ao poder de compra

59 comO os se■icos nao podem ser “produ21dOS" para estoque, a quanddade do bens de consumo necessdia a acu―mulacao conに m tanto o valor dos bens de consumo neces壺 no para empregar trabalhadores“ produtlvos'' adiCionais,

como o valor equivalente aquela parte de capital vai`vel adlcional que ё廿ocada por se●10os

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A INFLAcAo PERMANENTE 305

dos operariOs prOdutivos lnais a fracao de mais― vaha despendida imprOdutivamen―te,quc ё trocada pOr senЛ 9os,aO invOs de ser trocada por rnercadorias Sc a segun―da parte dessa equacao O descnta cOmo a ``renda do consunlidor'' que subiu naproducao de mercadorias, c se pressupomos a hip6tese de quc a renda per capita

dos cmpregados do sctor de serv19os ё igual a dos empregados na produ95o,Obte―mos a seguinte brmula quc,embora scia uma Simplificacao,C impOrtante em rela―

caO a tendancia hist6rica do capitalismo tardiO O Sistema pode perrrlanccer em equi―libtto com urn setor de scttigos grandc一 お,oι,cυ itar a inflacσ ο perrnanente一 se apaだicipagaO dOs sc″ icos nos gastos de consumο ι igual a participacao dos emprega―dos do serOr de scDicos na populaca~o trabalhadora Para cstar rnais pr6xirna da rea―

hdade,a segunda parte da cquacao teria de ser rnuliphcada por urn coeficiente que

expressc a relacaO da renda modia do setor de servicos COm a renda mё dia dO setor

de producaO.Com esse rodeio podemos introduzir a nocaO da ``prOdutividade do setOr de

seracos'' em nossa analisc(o ClarO quc uma aplicacao estrita da teoria do valor do

trabalho naO peェ :nite o uso dessa nocao sem aspas porquc, como mostramos nocaprtu10 12,o setor de sen■ 9os nao C mais``produtivo" no sentido real da palavra,isto O,cnadOr de valor e produtor de mais― vaha,do quc o setOr de circulacao).60 sea cquagao O invalidada por uma hipeJヒ ofia do setor de servicos, c sC a participa―

caO dOs empregados desse setor na populacao ttabalhadora total, multiplicada porum coeficiente de renda de l,1, lotaliza aproxirnadamente 50, enquantO a partici―pacaO dOs serv19os nos gastos de consumO totaliza apenas 40, havera um excesso

de renda no Departamento de Servicos, quc levara a um aumento do precO demercado dos bens de consumo (sc esse cxcedente for gasto exclusivamente cOmesses bens)ou tera cfeito iniaclonario na ccOnomia como urn todo, porque partedessa renda tarnbOm prOcura comprar meios de producaO sOb essas circuns“ n―

cias pa"iculares,osィ gitOS de uma hipe“ roria do sctor de sctticos sac inflaciOnd_

rios.61 Esse ё apenas um caso especial dc uma regra mais geral, qual sela, de qucqualquer desequllibrio setorial do capitalismo tardio tem efeitos inlaclond五os sc oaumento do volume de dinheiro dirninul ou restringe o rapidO ttustamento dos re―

cursos econOmicos(quantidades de trabalho despendido)de setOres especfficos aum padrao alterado de demanda mone撼 na efetiva.62

A nossa cxphcacao da inlacao peI11lanente caracterrstica do capitalismO tardio

o identica Ou semelhante as vers6es contemporancas da teoria quantitativa do di―

nheiro?Nao se pOde negar a cxisttncia de certa semelhanca; mas ela la esta pre_

T“A imp。通ncia cada vez malor das indistnas de scMcoS representa uma grande mudanca estlutural da ccOnomlaE unl setor em quc a produtudade aumenta menos rapidamente porque ё dificil de autOmatzar, c onde mais invest―mento de capital e forca de trabalho serao empregados na producao de se"19os subletlvos e nao duraveis, dos quaispoucos igurarao nos indlces de custo de vlda"(LEヽ lNSON,Charles Op c″ ,p 28)Segundo o“ lat6五 o fnrlarion aO

∝ DE,os aumentos anuais mOdlos do ihdice de precos do setor de servlcos durante o periodo 1958/68 foram duasvezes malores do quc os do setor de bens indust■ ais nos Estados Unidos,na Alemanha Ocidental, na Gra― Bretanha,na Franca e na lttlia61 A mesma regra aphca― se tambё m,mutatls rnutandls,a lolna pela qua1 0s gastos sao cobertOs,como os arrnamentospor meiO de impostos A cxtensao em que essa regra aluda a compreender a innacao perrnanente do capitallsmo tardlo pode ser medida pelo fato de que o nimero de trabalhadores e funcionanOs empregados no setor de serv19。 s

(com excec5o do transporte, das comunicac6es e das utlidades p`blicas)nos Estados Unidos subiu de 50,3% para60,6%da massa total de assalanados,entre 1950 e 1970,ao mesmo tempo quc a percentagem dos se~ icos no consu‐

mo mёdlo dos cidadaos ameicanos passou apenas de 32,7% para 42,6% no mesmo perbdo (lsso inclui g6s, 6gua,elemcidade etc;sem esses bens,a cilra sena de aprO対 madamente 29,5%e38,5%)Em Outtos parses impenalistas imponantes, a percentagem de cidadaos atlvos assalanados do sctor de servlcos passou de 33,2%pFa 46,9%no」 ap5o,de 42%para 50,6%na lnglaterra e de 32,5%para 40,7%na Alemanha Ocidental,entre 1950 e 197062 PERROUX Op cit,p l17 et se9s Sobre essa questao,conslderar a cu● osa tese apresentada por Schulセ e,de queos aumentos de preco de certos setores, em resposta a uma alteracao da demanda, n5o se lazem acompanhar por re‐

du95o de precos em Outros setores marcada por uma queda relatlva da demanda,por causa das condi96es de mono―

メ5ho(SCHULTZE,Cha■ es Recent inrla′ on in the Unted Stat‐ U S Congress」 oint Economic Commitee,StudyPaper l,Washington, 1959)Em cena medida,isso podena aplicar_se tambё m aos aumentos de preco acima da mC―

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306 A INFLAcAO PERMANENTE

sente na teoria mone五 na de Marx, quando aplicada ao papel― moeda63 Em TheC五

quc o/Po″'Cal Economノ

,lemos

``A quanudade de notas de papel se deixa, portanto, determinar pela quantidade de

dinheiro― ouro que elas representam na circulacaoi e uma vez que sO s5o sinais de va―lor na medida em que representam o ouro, o valor delas ё deteminado sirnplesmentepor sua pr6pha quantidade Enquanto a quantidade do ouro circulante depende dospre9os― mercadorias, o valor das notas de papel em circulacao depende, ao conヽ ario,

exclusivamente de sua pr6pna quanidade A intervenc5o do Estado ao emiur o papelmoeda com curso obngat6● o――estamos tratando apenas desse tipo de pape卜 moeda―一parece abollr a lei econOmica O Estado que,ao estabelecer O pre9o da moeda,sirn―plesmente dava a determinado peso em ouro um nome de baismo, e cunhando― o im―

prinlla sirnplesmente no ouro o seu selo,parece agora,pela magia de seu canmbO,po―

der transformar papel em ouro Uma vez que as notas de papel tOm curso obngabriO,ninguCm pode impedir ao Estado que lance a circula95o o nimero de notas quc quei―ra e que impnma nelas os nomes das moedas que deselar… Uma vez langadas a circu_

lacaO, tOrna― se imposs~ ol reura― las, pois os postos frontei五 9os naclonais deま )rn o seu

curso e rOra da circulacao perdem tOdo o valor, tanto o valor de uso como o valor detroca Separadas de seu modo de ser funcional transforinam― se em indignos farrapos

de papel No entanto,esse poder do Estado l pura aparencia E certo que pode lancarpara a circulacao a quantidade de notas que quiser,com os nomes monetanOs que lhe

aprouver, rnas todo o seu con廿 ole temina nesse ato meramente mecanicO uma vezabsowido pela circulacao, o sinal de va10r ou o papel moeda cai sob o domfnlo dassuas leis imanentes. Se a soma do ouro necessana para a circulacao das mercadoriasfosse de 14 mllh6es de libras esterlinas e o Estado lancasse a circulacao 210 milhOes

de notas com o nome de l libra esterlina,esses 210 milhOes seham transformados emrepresentantes de ourO num montante de 14 milhoes de libras esterlinas_Como O no‐me libra esterlina indicana agOra uma quanlia de ouro quinze vezes menor, os pre9osde todas as rnercadorias passadam a ser quinze vezes rnais elevados ''

A disincao fundamental entre a teoria monebria dc Marx, aplicada ao papel―moeda, c a teoria quanitaiva do dinheirO cldssica ou moderna64 0 quC, cmboraMarx atribua certo grau de autonornia a esfera da circulacaO,para ele a magnitude

basica c a csfera de prOducao,Ou a neccssidade ottcuva de melos de pagamentoe de troca detel“ linada pela lei do valor,c qualquer aumento da quantidade de di

nheiro pode detellllinar uma perda de valor da unidade monetana apenas emcomparacao cOm essa magniFudc.

Isso tem duas implica96eS decisivas Em primeiro lugar, a quantidade de dしnheiro socialrnente necessaria naO ё fixa, mas lutua durante o ciclo industrial. E

muito malor em perlodo de disturbios na circulacao do quc em perfodo em quc acirculacao csta nOrmal, por causa do aumento dos pagamentos devidos imediatos.

Nesses momentos, mesmo um aumento substancial da quantidade de dinheirO

dia no setor de sewicos Embora aqui n5o possarnos discutlr melhor o prOblema da innacao permanente nos pates se‐micoloniais, uma de suas detenninacOes importantes こ o aumento ininterrupto dos precos monopolistas de irnpo■ a―

caO sobre essa questao,ver NIATA,Hector Malavё Dioた cJca de la lnflaCi6n Vene2uela,1972(acOmpanhadO de ex‐

tensa bibliogralla),que registra,entre outras coisas,que entre 1956 e 1970 o indice de precos de arbgos na Venezuela

aunlentou apenas 19,4%enquanto o de amgos importados subiu cerca de 62,198(p 279)Sobre O mesmo assunto,ver PINTO,Anibal lnflaCi6ni Raic“ Es`田 ctural‐ Mё斑co,1973,que apresenta uma宙 sao mais geral do problema

“C"tique cゾ Pο liacα I Ecο nοmy p l19‐ 120(Os gnfOS Sao nossos E M)

o4Alё m dessa diferenca fundamental,ha muitas diferencas secund6nas como,por exemplo,o● 対oma da estabilidade

da velocidado de circulacao dO dlnheiro, que uma visaO mancsta naO pode aceitar Mas se se considera essa velocida‐

de uma vanavel, aO invё s de considerd‐ la uma magnitude constante, entao a quantldade de dinheiro deixa de ser a

m∽ 唸籠dmね m‐abm山“

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=Re‐ a bm山 ∞m ttas va“…

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tolo91a antmctlca As vers5es mais reinadas da teo五 a quantltatva, como as da Escola de Chicago, descartam essa tese

da velocidade constante da circulacう o do dinheiro Ver,por exemplo,FRIEDmN,Mnton op Cit,p 51 a sec

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A lNFLAcAo PERMANENTE 307

naO leva necessariamente a uma alta de pre9o.65 Ern segundo lugar, こa atividadedo capital produivo,isto ё,a taxa de lucro efetiva c a esperada, c nao a quantida‐de de dinheiro, quc ё o principal deteminante do ciclo econOmico. Isso significaque mesmo uma massa adiclonal de dinheiro em perfodo de recessao ou depres―

saO naO estimula automaicamente a producao,o nfvel de cmprego c especialrnen―te os investimentos, comO Fnedman e sua cscola descobnram a p■ 5pria custa(Cacusta do capitai norte―amencanO)no primeiro semestre de 1971,quandO a prOdu―

95o e o nivel de emprego continuavam estagnando apesar dos 6%de aumento daquanidade de dinheiro.66 0 meSmo fenomeno ocorreu na Cra― Bretanha em1971/72, quando a remocao das restricOes ao crOdito do governo Heath ao setOrprivado n5o levou a nenhum aumento de investimentos produtivos. Na metade do

mes de novembro de 1971,a soma total dos crOditos banc6rios a indistria manufa―tureira cstava no mesmo nfvel da mOdia de 1970-― o quc, considerandO a inna―

caO dOs precos,cra equivalente a uma reducao significativa do``crodito real''(o po―der de compra dessa soma).Esses exemplos mostram daramente que O incorretoconslderar a capacidade dos bancOs subvenclonarem uma cxpansao da moeda es―critural como a causa principal da innacao perinanente. Sua fOrca momz pnncipalvem das grandes empresas e de sua capacidade de usar a cxpansao da moeda es―critural para obter a curto prazo o volume de dinhcirO adequado as suas praCCOesde acumulacao e realizac5o.(D papel da inlacaO perlnanente no capitalismo tar―dio,de Ocultar a reducaO dO valor das rnercadorias,de facilitar a acumulagaO de ca_pital,de dissirnular a alta da taxa de mais―valia e de resolver temporariamente as di―

ficuldades de rcalizacao por me10 da expansao dO crё dito,depara― se assirn,em■ lti―

ma insぬncia,com limites intranspon"cis A inlacao inciplente deixa enほ o de serfunciOnal, ou se transforma cm inlacao ga10pante. Analisaremos esses lirnites nopr6xirno caprtu10,no cOntexto das forinas especFficas do ciclo industrial no capitalis―

mo tardlo.

“A Escola de Chicago declarava o oposto,com muita seguranca,atC ha bem pouco tempo(FRIEDMAN,Mlton Op

cit,p 235)Todo o ensaio de Fiedman,``Money and Business Cycles"(fbid,p 189‐ 235),ё devotado a esse t6pico66 MaiS p● nlltva aindaこ a vlgo de」 acques Rueff, que ainda acredita na auto―regulacao do padra。 _。 ur。 : ``Esse`ummecanismo absoluto e irresistivel, pois s6 deixa de funcionar quando reallzou seu efeitO necess`no''(■ 'AgF de rinfla_

tlon Parls, 1967 p 54)A airlnacao do quc as chses econ6micas eram de curta duracao ё cOntestada, entle outascoisas,pela longa depressao de 1873/93

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O Ciclo rndustriai no Capitalismo Tardiο

E de cOnhecirnentO geral que desdc o momento em quc a grande indistriacapitalista conseguiu donlinar o mercado mundial, seu desenvOlvirnento assurniuum carater crclicO pecuhar apenas a esse modo de producao, cOm fases sucessivasde recessao, ascens5o, bο orn, superaquccirnento, qucbra, depressao etc.l EmboraMarx nao tenha deixado uma teona acabada do ciclo industrial e das crises de su―perlDroducao,2 0 pOssfvel denvar as hnhas mestras dessa teoria de seus escritosmais importantes 3 No caprtu10 1 citamos a passagem em quc Marx raCita explicita―

mente qualqucr explicacao monOcasual das crises,insistindo em quc s5o uma cornbinacao de tOdas as contradicOes do modo de produ95o capitalista Nesse sentido,o movirnento crclicO da prOducao capitalista, sem divida alguma, encontra sua ex―pressao mais clara no movirnento crclicO da taxa mOdia de lucrO que,afinal,sinteti―

za o desenvolvirnento contradit6● o dc todos os momentos do prOcesso de produ―

950 C reproducaoUrna ascensao econornica s6こ possfvel quando a taxa de lucros estd em eleva―

caO, O que pOr sua vez cria as condicOes de uma nova cxpansao dO mercado euma nova enfase da ascensao. Mas,em certo ponto desse prOcesso,a malor composicao organica de capital e o lirnite do n`mero de mercadorias que pode ser ven―

dido aos ``cOnSunlidores finais'' reduzem a taxa de lucro c tambё m prOvocam umacontrac5o relativa do mercado. Essas contradic6es desaguam entao numa cnse desuperlDroducaO A taxa decrescente de lucros leva a uma reducaO dOs investimen―tos, que transforrna cssa queda geral em depress5o. A desvaloriza95o do capital e

a racionalizacao e desemprego crescentes(quc elevam a taxa de mais―valia)permi_

tem quc a taxa de lucrOs suba de novo A dirninuicaO da producaO c O cOnSumOdO estoque perrnitem uma nova cxpansao do mercado, que se combina corn a rc―cupera95o da taxa de lucros para reestimular os investimentos empresariais e assirn

iniciar um novo aumento de producao.

l Apresentamos uma explanacao e uma analise especffica do ciclo econOmico capitalista no cap ll de nOssa obra Mar―

知st Econo,η ic Theο ″ {p 342 ets●9)e nao queremos repetlr aqui o que 16 foi dito2 A raz5o disso ё que sua an61ise da superproducao fOi prOgramada,segundo o plano onginal de O Cα pital,para ser in―

cluida na Parte Sexta sobre concorrOncia e mercado mundial, e que nao chegou a ser eschta H6 v`rlas indicac6es deque ate escrever o Livro Terceiro de O Capital,Marx ainda seguia esse plano Ver Capital v 3,p 261,3633 sobre essa questa。

,as passagens mais importantes saO Tlleo"es or Su,っ lus vallla v 2,Parte Segunda,p 492‐ 546:

capiral v 2,p 185-186,315‐ 318,480-481,467-469:Capital v 3,p 236‐ 261,431‐ 432,471‐ 472,477‐ 482

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310 o clcLO INDUSTRIAL NO CAPITALiSMO TARDIO

O rnovirnento crclicO da taxa de lucros esta indubitavelrnente ligado ao descn―υο′υimento dcsigual dos variOs elementos do processo global de producaO e reprO_du95o Nurn momento dc ascensao, a taxa de lucros cresce mais rapidamente noDepartamento l do quc no Departamento II, o quc ieva a uma drenagem de capi―tal para o Departamento l, a um aumento substaricial nos investimentos e dar aOboom lnversamente, uma vez quc a superproducao (Ou exCessO de capacidadc)se manifesta primeiro no Departamento II,assumira suas fOrmas mais agudas nODepartamento l, c nao no Departamento II A reestimulacao da prOducaO durantea depressao quc se seguc a quebra provOrn, na maioria das vezes,do Departamen―to II,onde a taxa de lucros dirninui menos do que no Departamento I.

C)fato de quc o Departamento l so desenvolve mais do quc o DepartamentoII ё apenas uma express5o social giobal de um aumento da cOmposicaO Organicade capital inversamente, o fato de quc a produ95o do Departamento l dirninuimuito mais do quc a do Departamento II durante as recessδes ё,em`ltima insttn―cia,a expressao da queda da taxa de lucros e da desvalonzacaO dO capital Aqui se―

ria supOrnuo examinar esse descnvolvirnento desigual dos diferentes componentesdo capital total e de cada componente de seu va10r()impο ttante 0 9uc esse dc―

wnυο′υir“ nto d“ igual―― a dcsprOpο (aO一 ndO se dcυc apenas a anar9uia daproducaO c a ausοnda dc acordOs entた os cap"α lお

`as,como supunham HilferdingeBしたhattn,4 maS tem suas ra″ es nas lcis inerentes ao desenυ ο′υiγηento c as contra_dicOes do modo de produca~o capitalista Decorre,cntre outras coisas,do antagonis―

mo entre valor dc uso e valor de troca, da impossibilidade de elevar o consumodos“consumidores inais'' na mesma propor9ao cm quc aumenta a capacidade so―cial de produ95o,sem uma reducao substancial da taxa de lucros,5 e da impOssibili―

dade dc elirninar inteiramentc a concorrOncia capitahsta一 一em outras palavras, dcdirninuir Os investimentos aos primeiros sinais de capacidade cm excesso, pois as

firmas tecnologicamente mais avancadas continuam buscando superlucrOs e fatiasmaiores do mercado. Para eliminar O movirnento crclicO de prOducao O precisO ha―

ver naO s6 um crescirnento esほ vel, c ent5o uma taxa de investimento estavel__em outras palavras, nao s6 um cartel geral, rnas tambё m um cartel geral seguro otempo todo,o quc significana a abOlicao da prOpriedade privada e de qualquer in―

dependOncia nas atividades de acumulacaO e investimento― ―e tambOm um austa―mento total da distnbu195o do poder de compra de cada consunlldor individual adinarnica da producao e dO valor de cada produto individual Essas condicoes en―

volveriam a abolicao dO pr6prio capitalismo e da pr6pria producao de mercado―rias 6

4 Lembramos a famosa passagem do v 3 do Cο pitαた ''A ra250 fundamental de todas as cnses reais O sempre a pobre―za c o consumo resthto das massas em oposicao ao impulso da producaO capitalista para desenvOlver as forcas produti―vas como se apenas a capacidade de consumo absoluta da sociedade constrursse seu limite'(p 484)5 TambOm sobre o antagonismo ente a cxpansaO da produ95o e a valoizac5o do capitaL `.A cOntradicaO,falandO mui

to genencamente consiste em quc o modo de produ95o capitalista envolve uina tendOncia ao desenvoivimento abso―

luto das forcas produtlvas, independentemente do valor e da mais― valia que contё m e independentemente das condi

c6es sociais sob as quais se d6 a producao cap■ alista enquanto、 por outro lado seu obletlvoこ presewar o valor dO ca‐

pital existente e promover sua auto expansao ato O hm■ e ma対 m。 (lst0 6.promover um aumento cada ve2 maiS rapl―do desse valor)` ' MARX Capital v 3.p 2446 Em Grtlnd"“ e, Marx delxa claro que a regulamentaca。 9eral da econOmia que nao se baseia na proprledade sociale no trabalho social representaria uma esplcie de '`despotlsmo.` , rnas nao seria mais producaO capitalista de mercado―rlas:

て`O banco serla assim o comprador e o vendedor gera1 0 banco precisaria de um segundo atibutoi terla o po―

der de fixar o valor de troca de todas as mercadollas.lsto C.o tempo de trabalho nelas matenalizaOo de manetra auttn‐

ica ,4as suas funぐOes naO terminaham ai Tena de determinar o tempo de trabalho em quc as mercadohas podehamser produ21das com os rneios de producao modiOs dispon~ eis em dada indtlstrla, isto ё、 o tempo em que teriam deser produzidas Mas isso tambOm nao seha suflciente Nao tena apenas de deternninar o ternpo em que se tena de prO_duzir certa quanidade de produtos, c colocar os produtores em condicOes quc tornassem seu trabalho igualrnente pro‐dutlvo (isto O. tena de equilibrar e organ12ar a disthbuiξ δo dos meios de trabalho), comO tambё m terla de determinaras quantidades de tempo de trabalho a serem empregadas nOs diferentes ramos da producao E issO n5o ё tudo Omaior processo de troca naoり o que se dd entre as mercadorias, mas sim o quc ocone entre mercadonas e trabalho

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O CICLO INDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARD10 311

EりquantO O Capitalismo existir,a producaO cOntinuara seguindO um padrao cfclico E facil mostrar empiricamente como isso ainda ё vahdo nO capitalismO tardioAs recess6es da econornia americana em 1949, 1953, 1957, 1960 e 1969/71, c1974/75 sao do cOnhecirnento geral Desde o final da Segunda Guerra Mundialocorrem recess6es semelhantes em todos os parses imperialistas Durante muitotempo acreditou― se que a Alemanha Ocidental era uma cxce95o,7 maS a recess5ode 1966/67 dcu uma prOva notavel dO contrario; hOuve uma scgunda recess5o noinverno de 1971/72,c uma terceira cm 1974/75 Nao obstante,os ciclos ecOnOmi―cos assumirarn carater especrico ern cada uma das fases do modO de producao ca―pitalista As cnses ecOnOmicas de 1920, 1929 e 1938 revelam muitos tracos dife―rentes dos da ёpoca antenor a Primeira Guerra Mundial, no minirno porque a cx―pansaO geOgrafica dO capitalismo terminou com a incorporacao da china aO mer―

cado mundial, cnquanto a vit6ria da Rcvolucao Russa contribuiu para sua redu―

cao Da mesma forma, O necessanO examinar os tracos especiiCOS dO ciciO de pro―ducaO dO capitalismo tardio.

A tese apresentada pelo mar対sta hingaro」 anossy, de quc existe uma taxa decrescirnento mOdia a longo prazo, quc apenas a destru19ら o da gucrra pode desfa―Zer(levando a um perlodo subsequente de ``recOnstrucao'' cOm uma taxa de cres―cirnento acirna da mOdia)de maneira alguma c saisfat6ria 8 Desconsiderando O fa―

to de que as taxas de crescirnento acirna da mё dia registrada na Alemanha Ociden_tal e no」 apaO durante a dOcada de 60 dificilrnente poderiam ser explicadas peladestru1950 desencadeada pela Segunda Cuerra Mundial, permanece a realidadcfundamental da aceleracao da taxa de crescirnento da cconOmia amehcana na dO一cada de 60, quc evidentemente nada tem a ver com nenhum tipO de “reconstru―

caO"No decorrer de nossa anahsc escolhemos dois fatores decisivos quc, a nosso

ver, explicam a “onda longa conl tonahdade expansionista" de 1940(45)/66 Emprimeiro lugar, as derrotas hist6ncas da classe operana possibilitaram quc o fascis―

mo c a guctra clevassem a taxa de mais― vaha Em segundo lugar, O aumentO resultante da acumulacao de capital(investimentos), somado aO ntrno acelerado da ino―

vacaO tecn016gica c a reducaO dO tempO de giro do capital fixo, levou, na terceirarevolucao tecn016gica, a uma expansao de 10ngO prazo do mercado, perrnitindo oaumento da reprOducao de capital em escala internacional, a despeito da lirnita95ogeografica.

Como a inlacao permanente se articula com essa ``onda longa corn tonalida―de expansiOnista"?Em quc medida auda o capitalismo tardio a nlitigar os efeitosde suas cOntradicOcs internas?Sera que pOde fazer isso durante um perfodo ilirllita―

do?O dinheiro, cnquanto equivalente universal do valor das rnercadonas.ё a cOn―

traparte em valor das quantidades de trabalho socialrnente necessdnas Por essa ra―

zaO,ё aO mOsmo tempo uma reivindicacao sobre parte de todos os recursos de tra―

balho da sociedade, presentes ou futuros 9 No contexto da tcona dO va10r― traba―

Os trabalhadores nら。estallam vendendo seu trabalho ao banco、 mas recebeham o va10r de troca do produto total doseu trabalho Considerado do modo mais preciso. o banco nao sena portanto apenas o colnprador e vendedor geralmas tambё m o produtor geral De fato, ou sena um desp6tlco dingente da producao e administrador da distribuicao、ou na verdade nao passana de guarda‐ livros de uma sociedade que produz em cornum'. G,υ nd●sse p 155-1567 Na verdade, houve diversas lutuac6es conlunturais, mesmo antes da recessao de 1966/67 na Alemanha(cOm um pi

cO crclico nos anos de 1957 e 1960 e uma baixa cic!ica nOs anos de 1959 e 1963)ヽ 4as antes da recessao de 1966167essas oscilac6es se expressaram mais pelas vaiac6es da taxa de crescimento do que por um declinio absoluto da prO_ducao E preciso lembraF, pOrlm, que na ``baixa crclica''de 1962/63 houve uma queda absoluta na producら 。de m5-quinas operatnzes, e que o volume total dos investmentos industhais tamblm calu pela primeira vez desde o final da

Cuerra8」ANOSSY Op cr,p16 et se99」OURDAIN e VALIER “L'Echec des Explications Bourgeoises de rlnflaton'' p40

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312 o cicLO INDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARD10

lho, cssa deinicaO dO dinheiro mostra de imediato quc uma desvalonzacaO dO di_nheiro (isto O, um aumentO do nimerO de unidades de dinheiro que correspon―dem a deterrninada quantidade de trabalho)nao pOde ter nenhuma inluOncia dire―ta sobre a soma total das quantidades de trabalho a screm distriburdas:s6pode de―

terminar sua redistribuicao. N5o se pode distribuir quantidades de trabalhomalores do quc as existentes. Mas como uma crise de superprodu95o caractenza―se exatamente pelo fato de quc importantes forcas produtivas(for9a de trabalhO emaquinas)fiCam Ociosas, a cnacaO innacionaria de dinheiro pode, cm determina―das circunstancias, cstimular a acumulacao de capital, 9uando isso leυ a a um au‐mento da produca~o, Isto ι, da prOduca~o de rnais― υalic. Isso tambё m pode levar aum crescirnento das quantidades de trabalho a serem distnbuFdas.10 Sob O capitalis―

mo,issO s6 ocorrera se prOmOver um aumento da taxa de lucrO_― em outras pala―

vras, se reduzir a percentagem dos salariOs na renda nacional. Keynes, mais inteli―gente e mais crnicO dO que seus discFpulos``reformistas",cra bem claro quanto a is―

SO.

Como atO certo ponto a desvalorizacao da mOeda c o crσ dito podem dissirnu‐

lar essc estado de coisas pelo aumento ininterrupto dos precos(que bem pode cor―

responder a reducao dos va10res), faZ― Se necessario investigar a relacao entre inla―

caO, taxa de lucros, renda real dos assalariados e acumulacao de capital. ComO vi¨mos no capitulo anterior,uma das principais func6es da iniacao permanente O pro―porclonar as grandes empresas os meios de acelerar a acumulacao de seu capital.

IssO envOlve a conversaO de capital ocioso em capital produlivo, na medida cmquc o cmprOsumo de capital― dinheiro nui dos dep6sitos existentes nos bancos Hauma conversao de crё dito em dinheiro ern capital― dinheiro assirn quc o volume desaques a descoberto excede o dos dep6sitos que se forFnam de maneira autOno―ma ll A discussaO que se faz para saber se esse cttdito em dinheiro representa capl―

tal―dinheiro “puro", crOdito em dinheiro ou “capital ictFcio" parecc um pouco bi―2antina: na verdade C um adiantamento de capital― dinheirO c(com a taxa de inna―

caO)parcialrnente desvalorizado Na medida cm quc esse capital― dinheiro ё usadopara comprar forca de trabalho e melos de producao,c assim convertido ern capi―

tal produtivo, hd um aumento real na producao de va10r e de mais― valia――em ou―tras palavras,hd urn enriquccirnento real da sociedade capitalista

Afirrnamos antes quc a produ95o de arrnamentos― ― enquanto producao demercadorias― ― pode aumentar a massa de mais― valia quando o capita1 0cioso 0convertido em capital que produz mais‐ valia;o mesmo sc aplica,α 」o″:ο月,こ Claro,

ao capital ocioso voltado para a prOdu9ao naO dc arrnas, mas de va10res de usoque entram no processo de reproducaO A ilusaO de que a inlacao mOderada s6pode levar a uma redistributaO da sOmaブ d cXiStente de salanOs e precos surge as―

sirn que se supё e tacitamente quc a forca de trabalho e os rnelos de producao es―taO sendO plenamente uillzados e quc o capital social tota1 0 reconve範 do ern capl―

tal que consegue obter lucrO mё dio. Se desistimos dessa hip6tesc a― hist6rica ――que naO cOrresponde a situacaO dO mundo capitalista nem em 1930/40, nem dc―pois de 1945/48-― o mistCrio se resolve facilmente.

Vamos supor uma producaO sOcial anual corn a seguinte estrutura de valor:

10 Matick estd errado, portanto, quando, em sua criica de outla forrna,uStlicada do Monορο′,Capitα l, de Baran e

Sweezy, exclui a possibilidade da acurnulacao de capital ser estlmulada pela cnacao estatal de dinheiro_― um fen6me‐no que redu2 meramente a problemas de distibuicao一 ―ao limitar a intervencao estatal a ``prOducao de bens invend6-veiず ' MATTICK, Paul ``Marxismus und Monopolkapitart in:HERNIANN,FedencO,MoNTE. Kann e ROLSHAU‐SEN,Claus(Ed)Mο nοpο lたopFα l― Th“ an zu dem Buch υon Pσ ul A Bα ran und Poレ ′M Sω e“ッ Frankfurt, 1969p 52 et seqsll Nos paragrafOs inserldos por Engels em sua pr6pha edicao dO Livro Terceiro de O Capital, ele deine os saques a

descobeno(lstO O,chaぐ らo de dinheiro banc6● o)em vdhas opo■ unidades Capiral v 3,p 419,445-447

Page 313: Capitalismo Tardio - MANDEL

O CICLO INDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARD10 313

1:10000c+5000υ +5000s=20 000 melos de producao.

H: 8000c+4000υ +4000s=16 000 rncios de consumo

Estarnos em uma reccssao. Ha grandes quanidades de maquinas e matё rias―

primas que nao esぬ O sendo usadas, c o desemprego se difundiu na classc Opera―ria O Estado (ou o siStema bancariO)agora coloca 4 500 unidades de papel― moc―da cm circulacao dandO crOdito aos consunlldores c as empresas.12 Por alguma ra―

zaO, quc naO precisa ser especificada aqui(porquc O estoque de bens de consumo

la sc es90tOu no decorrer de prolongada cnsc, por exemplo), iSso leva inicialmentea um aumento do preco dOs rneios de consumo.()resultado O uma reducao de,digamos, 15% da renda real dOs trabalhadores(se mercadorias valendo 36 mll uni―

dades de valor se confrontarn com 40 500 unidades de papel― moeda, ha uma des_valorizacaO de 12,596 da unidade mё dia de papel― moeda. Mas issO naturalrnentenaO significa quc os precos de todas as mercadorias, ern terrnos de papel― moedadesvalorizadO, subam na mesma propor95o)Assirn ocorre um aumento da taxade mais―valia e da taxa de lucro, o que leva o capital a investir as quanidades adi―

cionais de dinheiro (quantidades de capital dinheiro)quc Se cOncentram em suas

電言 語 f馳鮒 Tc鐵 ざ臨 ム に 飛 1蕗:a雷嶽 [:雪翼 r■駐 漁 射 T悪aum n市el rnalor de cmprego,compensar a perda do poder de compra de seus sa―16rios,e se as 4 500 unidades adicionais de capital― dinheiro saO distnburdas na mes―ma proporcaO dO capital produtivo onginal, nesse caso, depois de certo tempo,13surgiria um produto do valor corn a seguinte estrutura:

I:11667c+5833υ +5833s=23 333 rnelos de producao

H: 9333c+4677υ +4677s=18 677 rneios de consumo

Por conseguinte,o quc houve a pa両 r da situacao inicial nao fOl uma redistribui―

caO,mas um aumento do prOduto do valor(e da mais― valia),que simplesmente foi

acionado pela criacao de dinheiro adicional.A dificuldade quc existe no final dessa

expansao seria pOrtanto a mesma quc aparece no momento da recess5o, s6qucem plano superior Quando se pode dispor de forcas produtivas de resen/a,a cria―

950 inlaclondna de dinheiro desempenha a mesma funcaO quc O sistema de crё di―

to como um todo. Pc口 :litc quc o desenvolvirnento das forcas produtivas ultrapasse

os lirnites da propriedade privada,ao mesmo tempo quc reproduz as contradicoesinerentes entre as duas ern escala rnaior,mas s6 depoiS CIC cc″ o perrodO de tempof

“O sistema de crodito aparece como a pnncipal alavanca da superprodu9さ o e da su_perespeculac5o do comё rcio unicamente porque o processo de reproducaO, quc 0 1e―xfvel por natureza, o fOr9ado aqui atO seus lirnites extremos; e s6 1 for9adO dessa ma―

neira pOrque grande parte do capital social ё empregado por possoas que n5o O pos―suem e que, cm cOnsequOncia,lidam com as coisas de forma bem diferente da do prO_p五 etan。 , que pesa cuidadosamente as lirnita9oeS de seu capital p五 vado a medida que

12 0u diSthbui aos desempregados papel‐ moeda produzido pelo dψ c″ flnanceiro inlacion`● 。 O mecanismo`ι cnicoda crlacao de dinheiro adlcional naO tem irnponancia13 A im de nao compllcar desnecessanamente Os c`lculos. evitarnos de modo deliberado insenr aqui as fases interme‐

diarlas: uma segunda fase, por exemplo, cm que determinada fraca。 , 50%, digamos, da mais‐ valia produ21da na pn―meira fase― _agora maior em funcao da redistibu195o das rendas na esfera da circulacao__ё acumulada e portantocaracten2ada por uma taxa de mais― vaha supeior a 100%;ou uma terceira fase,em quc o aparecimento de novOs an‐gos no mercado anula a desvalohzacao dO papel moeda e coincide com o restabelecimento da taxa de mais‐ valia ongi

nal em decorrOncia da luta da classe operana,de mOdO que dar passamos a uma quana fase que corresponde aO pon‐to de paruda de escala ampliada

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314 o clcLO INDUSTRIAL NO CAPITALiSMO TARDIO

ele pr6prio o administra lsso sirnplesmente demonstra o fato de quc a autO_expansaodo capital baseada na natureza contradit6ria da producao capitalista s6 permite um de―

senvolvirnento realrnente livre atO certo ponto, pois cOnstltui de fato um entrave, uma

barreira imanente a produ950, que O continuamente rompida pelo sistema de croditoPor issO O sistema de crlditO aceleFa O deSenvolvirnento matenal das fOrOas produivas

e a constitu195o do mercado mundial A missaO hist6rica do sistema capitalista de prO_

duc5o ё levar essas bases matenais dO nOvO modo de produ95o a certo grau de perfel―

95o l,4as ao mesmo tempo o crldito acelera as erup96es v101entas dessa cOntradi95o一一crises――e assim dos elementos de desintegracao do anigo modo de prOdu95o"14

」6 salientamos quc a expans5o do crё dito atravOs do saque a descobertO porempresas capitalistas representa a fonto mais importante da cnacaO innaciOndria de

dinheiro c, por isso, a fonte mais importante da pr6pna inflacaO permanentc lssoleva a uma mudanca na principal forrna de “crOdito a prOducaO''.15 Enquanto noperfodo impenalista c16ssico esse crё dito a prOdu9aO assurnia a forrna de ac6es ven―

didas no mercado de capitais corn a media95o dos bancos,ou corn a compra dire―ta por parte destes ultimOs, na ``onda longa com tonalidade cxpansionista" mais re―

cente assunllu basicamentc a forrna dO crOdito sobre o saquc a descObertO.A infla―

95o permanente assegurava as grandes empresas os meios de autOfinanciamentopor rneio dos ``pre9os adrninistrativos'' oferecendo abundancia de dinheirO banca―

rio lsso alterou temporariamente a relacao entre essas grandes empresas c O capi

tal financciro, ao menos em alguns dos parses impenahstas lnais importantes(Esta―

dos【」nidos, JapaO, Itala, Franca) O aumentO explosivo das taxas do lucro e demais― valia,no qual discernirnos o p五 ncipal estimulo a``onda longa com tonahdadeexpanslonista'', nao se deveu a infla950 perrnanente, cmbora csta tenha mediadoe prolongado o processo Tcoricamente C preciso separar o papel da cnacaO inia_ciOnaria de dinheiro na rnitigacao de crises em dois prOcessos distintos: por um la―

do, a pOssibilidade de us6-la para deter em certo nivel o carater cumulativO deuma crise de superlDroducao; pOr Outro lado, a possibilidade de lirnitar a redu95o

do volume de investimentos pnvados por rneio dc contratos estatais

Sc o Estado nao intervё m de maneira alguma na cconorrlia, a dirninuicaO dademanda monetana efetiva serd maiも que proporclonal a dirninuicaO dOS empre_gos Um rndice de desemprego de 6%ou 10シ ,corresponderd entao a uma redu―

9ao de 6%ou 10%na venda de bens de consumo,16。 que por sua vez levara a re_duzir a prOducaO nO Departamento II,a dirninuir as encomendas feitas pelo Depar―tamento II aO Departamento l,c as dernissδ es subsequentes nO Departamento l,as―surnindo, assim, o carater cumulativo de uma avalanche Mas sc O Estado distnbuiuma renda adiciOnal aos desempregados atravls da inla95o, da ordem de__diga―mos―-60%do salariO modio dos trabalhadores, nesse caso urn indice de desemprego de 6% provocard um deciinio correspondente a apenas 2,4% na demandamonetaria cfetiva de bens de consumo, c urn indice de desemprego de 1096 1evara

14N4ARX Cap″al v 3、 p“ 1

15 Sobre a diferenca entre crё ditO de producao e dO clrculacao,ver HILFERDING Dos Flnanzた api`ol p 77‐ 79 Hilferding chama o crё dito de producao de

``crこdito banc6● o・ e de .` crOdito de capilal'' ConsideramOs a formulacao.` crこ di

to de producδ o`` menos amb19ua e porisso a usamos em nossa obra lヽ イa,∝ お

`Ecc71onnlc]heοッ CrOdito ernpresarial

tambOm seria usado nesse mesmo sentido Renner distingue entre `crOdito a ennpresas'' qut・ proporciOna capital circu―

猫 質

itti撥

轟 纂 勢 艇 1翼 疑 ぷ i鮮`鮮 常 &肥 退凛 :柵 器 n驚 ∴

randes empresas ttansformar emprOsumOs a cuno pra20 em

鶏 蟹S11:L観

籠 :::『亀 :‖i晟∬ 繰 響 館 :腑 詰♀器 ∫富 t緊 :rrttososbensdecOnsumo Comoasde,pesas com gOneros alimenticios de primt‐ ira necessidade, com aluguel etc dincilmente podenam ser redu21daS, tOdaqueda dos sa16iOs nOminais dos trabalhadores ieva a uma queda dosproporcionalrnente grande das vendas de bensde consumO dur`veis Estes intrOduzem um elemento nas despesas de consumo que O rnais deternninado pelo cic10 in_dusthal do que em fases anteriOres do capitalisrno

Page 315: Capitalismo Tardio - MANDEL

L‖ Ъ謂 Ⅷ llまぶ ::S泄 i£早蹴 i勝

,ド燎 ふ PTttξ :電」鳳 恐 :

das do Departamento ll ao Departamento l Desse modo, o prOcessO cumulativodas cnses cldssicas de superproducaO tera sidO cOntrolado

O efeito da criacaO de renda adiciOnal sobre a cOmpra de mciOs de consumoem perlodos de superprOducao e recessao ё mais Ou menos automatic。 , rnas naose pode absolutamente dizer o mesmo quanto ao efeito do aumento dos invesu―mentos estatais sobre a venda de rncios de produ95o.

Sc uma reducaO de 5ワ3 na prOducao de bens dc consumo resulta numa quedade 20%nas encOmendas de meiOs de produ95o, um aumento no volume de con―tratos estatais nao levard automaticamente a uma alta de investimentos pnvadOsEsses investimentos dirninu"am nao apenas em decorrOncia da queda de encO―mendas e vendas do Departamento l, rnas tambё m, e pHncipalmente, por causada queda da taxa de lucro e da cxistOncia de cxcesso de capacidadc Urn nimerocada vez maior de contratos estatais com certos ramos industriais desse Departa―

mento nao os levara necessariamente a uma nova onda de investimentos. O mes―mo tambё m O v61ido ern relacao a menOr estagnacaO das vendas do Departamen―to II. O unicO efeito da criacaO inlaclonaria de crё dito em dinheiro c deter a quedadas vendas nO Departamento II.Mas deter essa queda n5o O absolutamente sinOnimo de expansao de vendas O Departamento II prOcurard apenas aumentar sua ca―pacidade produiva__em Outras palavras,fazer encomendas aOs setores do Depar―

tamento l que produzem capital fixo__se puder contar com uma expansao dasvendas. O aumento dos investimentos estatais n5o consegue deter a queda de prO―duc5o dO Departamento l de forma tao efetiva quanto o faz nO DepartamentO HOs diferentes efeitos da cnacao innaclondria de dinheiro nos Departamentos l c Hem perfodOs de cnse saO de grande importancia, porque revelam as lirnitac6es dachamada polrica anticrclica __ mesmo em condic6es “ideais'' para o capitalsmotardlo.Nenhurn governo capitalista tardio conseguiu superar essas hmitacoes.

Mas agOra nos deparamOs com uma dificuldade analitica COmo a criacao in―lacionaria de dinhcirO pode adiar ou rnitigar uma crise de superproducaO sc, porum lado,a pbpria superproducao era,cntre outras coisas,resultado dO cardter re―lativamente lirnitado da demanda dos ``cOnSurnidores finais", enquanto, por outro

lado, a inlacaO dirninui ainda mais a percentagern relativa dos assalanados(a gran―

de massa de consurnidores)na renda nacional? Essa dificuldade, quc estd intima―mente ligada aO desenvolvirnento econOmico dos parses imperialistas dos ultirnOs25 anos,pode ser decomposta cm quatro processos:

1)se o aumento dO “resrduO invendavel'' dos meios de cOnsumo18 cnadO pe_la iniacao permanente ameaca dirninuir a taxa de acumulacaO, pOde OcOrrer umacxpansao do crodito aO consurnidor,isto O,os bens de consumo podenl ser troca―dos cada υcz mcis por crёdito em dinhciro, ao invOs de serern trocados por umarenda genurna criada no prOcesso de producao. Essa tOcnica, que fol usada muitOraramente nos perfodos da livre cOncorrOncia capitalista e dO imperialismo “c16ssi

17 ver aS cifras apresentadas em Mo廊

`Econοmic Theo″ (p 531‐ 532),que comparam o declinio do movimento seto‐

1を11『 謂 雀よ ::lli::sC:f;雄:;:91懺籠 :,tξη針 鷺 鰐ユ

:議蠅 ∫鵬 ∫震 :誡∬ 爵 幾 f鴛 lliSとよfras mostram inequivocamente que o cOmecO da crlseこ inteiramente anal。 90 as cnses`` classicas''tipicas O que mu―dou foi o desenvolvirnento acumulaivo das cises18 Esse residuo invend`vei na。 こnecessanamente produzidot tambOm pode assumir a forma de supercapacidade Poroutro lado,。s mOnop61los tambё m podem reagir a uma alta da demanda,adiando as datas de entega ao invOs de au―mentar os precos Ver ZARNOWITZ ``Unf‖led Orders,Pice Changes and Business Fluctuatons'' In:Reυ iaω O/Ecο‐

nomi“ and Stα"s,cs Novembro de 1962

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316 o clcLO INDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARDIO

co", tem sido largamente empregada desde a Segunda Guerra Mundial, sObretudOnos Estados Unidos19_― maS tambё m em outros parses impenalistas__cOmo sepode verificar a partir das seguintes cifras relativas ao crescirnento da dfvida dO cOn―

sumidor nos Estados Unidosi20

rem bilヵδes de d6rares, 1946 1955 1969 1%3 1"4

Renda familiar dispOn"elHipOtecas sobre im6veisDMdas de cOnsumoDl宙da p● vada total

das famlias

160,023,0

8,431,4

275,388,238,8

127,0

629,6266,8122,5

389,3

903,7465,9173,5694,4

+一

十一

十一

十一

D como%de A 19,6% 46,1% 61,8% 71,8% 93%

2)outra reacao as dificuldades de realizac5o resultantes da innacao permanen―tO pode ser um aumento da taxa de exportac50-― em outras palavras,uma tentati―va de superar a estagnacao relativa das vendas no mercado domostico por meiode uma cxpansao ma10r nO mercado mundial.Nao ha divida de quc a grande ex―pansaO dO cOmorcio mundial desdc O comeco da dOcada de 50, quc ultrapassou ataxa de crescirnento da producao industnal ern certos parses impenalistas importan―

tes e acabou pOr cOmpensar a longa estagnacao do cOmorcio internacional entreas duas Guerras Mundiais,21 audOu tambσ m a amortecer as cnses.No perfodo1953/63, a prOducao industrial a precos fixos aumentou nos parses capitalistas cO_

mo um bdo∝κa de 62‰ enquado s跳:冨 棚 sifr鵠 鼻 :ll』L呪volta de 8298; no perfodo 1963/72, a

6598, c as exportacOeS Cerca de ll19る 22E6bvlo quc essa cxpansao tOmOu a fOr―

ma de um dcsenυο′υiγηen″ο desiguθ′ da cxpo″ aca~o de certos parses impenalistasou de dcterrninados ramos da prOducao,pois sc as importac6es de todos Os parsesou ramos da industria fOssern a mesma,perdenam nO mercado dOmostico o que ti―vessem ganho com as exportac6es Mas esse n5o O absolutamentc o caso. Em1969, os parses capitalistas da Europa importaram 26,6%de tOdas as maquinas c

群 戦 撥 驚 肝 ∬ 暫 纂

肌 群 ∫棚 よ群 ∫l記鵠)ara 45%nos outros parses curopeus On―

竃n野現胃幌退Ca盤

誦 :&1lti務ゲ糞r:°:SI胤認I魂 ,:税

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al, 52,1%para os outros parses da cEE,c 59,196 para O resto dos parses da Associacao EuropOia de Livre Comorcio

(AELC)A relacao entre O aumento das impOrtac6es de bens manufaturados c Ocrescirnento do Produto Nacional Bruto entre 1959 c 1969 foi de 2,83 na Franca,2,51 na Gra―Bretanha,2 na ltalia e l,23 nO」 apao Essas cifras rnostram,sem som―bra de divida, quc as potOncias imperialistas sao as quc mais se beneficiam com a

expansao do mercado mundial(exportacOes Fnundiais).23 TendO em mente a redu―

》iji領:鮮'慾鸞轟緋li器二駆l「T″

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O CiCLO INDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARDI0 317

caO catastr6fica da participacao dos parses cOloniais e semicoloniais no cOmё rcio

mundial,c a reducao igualrnente pronunciada da percentagem de generOs alimentF―clos e matёrias―primas no comёrcio internacional, podemos cOncluir quc esse au―mento da produ950 industrial contrnua das potencias imperialistas mais dinarnicas

na area das exportac5es corresponde a uma redistttbuica~o cfo mercado mundial ea uma substiruica― O relatiυ a c a longo prazo do poder de compra em vantagem dosprodutos da industria manufatureira imperialsta(eSpecialrnente de parses e setores

produtivos que disp6em de tecno10gia mais avancada), C em praurzo dos artigos

dos setOres de producao simples de mercadonas, de matё nas―primas tradicionais c

agricolas e dOs bens de consumo dasindistnas``leves";

3)a taxa de cxpansaO acirna da mOdia do comOrcio mundial na ``Onda longacom tonalidadc expansionista" que se seguiu a Segunda Gucrra Mundial s6 foipossfvel devido ao aumento de volume da moeda internacional, alё m dO aumentoda producaO dc Ouro. O PadraO de cambiO_ouro(na verdade O Padrao D61ar Ou―ro), bascado nos dOficits da balanca de pagamentos dos Estados Unidos,serviu co―

mo artifrc10 para a cxpansao cOnstante dos meios de pagamento internacionais, ataxa de 4%ao ano a parur de 1958 0 Padra~o D61ar-Ouro cttou um sisた ma de in―

ノacaO inFernacional do cttdito cm dinheiro,9ue sirnulFaneamente protegeu c ex―pandiυ o sおιema de inflag。

““nacionaお ''do cた dito cm dinhcirO,24

4)os efeitos da innacao permanente sobre a evOlucao dos precOS da prOdu―

caO regular sao llrnitados aos pates imperialistas pela cxistOncia de resewas cOnsideraveis de nqucza real A desvalorizacao dO papel moeda leva a “mobilizac50"das reservas de valores matenais,tais como terrenos bem situados,5。 ,ctoS de ar_te,26。 urO, rnetais preclosos c antiguidades, quc saO pOStos cada vez mais ern circu―

lacaO, alom da producao regular. O carater especulativo dessa “mobiliza950 de va―lores materiais" reforca―sc ainda mais, naturalmente, com a revalorizacao iniacio―nana dO capital fictrciO,27 eSpeCialrnente das acoeS・ QuantO maiores essas reservas,mais lenta sera a passagem da innacao acumulativa para a inlacao ga10pante. Masquanto mais essas rescrvas entram em circulacaO, tanto malor sera a especulacao,

por causa da alta dos pre9os e tambOm da tendOncia da inlacaO acumulaiva a ace―

lerar__em outras palavras,tanto maior serd o pengo dc uma innacao galopanteEspecialrnente durante o boom inlacionariO de 1972/73, houve uma onda dc

especulacaO qualtativamente malor28__ enVolvendo nao s6 os valores reais enu―merados acirna, como muitos bens prim6nos, c tambёm moedas. Essa cspecula―

95o levou inevitavelrnente ao colapso de toda uma sOrie de sociedades financeiras,cmpresas imobiliarias e bancos secundariOs(O Franklin Bank, dOs Estados Unidos,o Hcrstadt Bank, da Alemanha Ocidental, o Grupo Sindona, da ltalia), que mar

24 DENIZET,」 ean ``Chronique d'une Dё cennie'' Ini PERROUX,DENIZET e BOURGUINAT Op cit,p5525 Entre 1963 e 1971,os precos de terrenos na lngiaterra e nO Pais de Gales aumentaram mais de 140% (Financiα

f Tl_

mes, 8 de,aneirO de 1972)Na Franca,o preco do terreno vendido rυ oた ur mοソenne des transο crions,subiu 4,5 vezesentre 1956 e 1968 (Le■fonde 20 de abil de 1971)26 Arthur Hё ner‐Van Gogh escreveu um art19o interessante e ir6nico sobre a obra de arte enquanto mercadona (``DerUmsatz geht um in der Kunst" In lnfOrrnatiο n der fn`erna“ οnaたnT″υわond AG n° 37,3asJё ia,novembro de1971)O aumentO anual do valor das Obras de arteを ,em mOdia,de pelo menos 10% No campo puramente especu―latlv。 (cOmpra de quadros como investlmento para revenda), sabe― se de aumentos de precos de at1 5 000%nO espa―

co de 30 anos Nos EstadOs Unidos e na Alemanha Ocidental,a existem “sociedades de investlmento em arte'', quetambをm negociam selos e vinhos rarOs Sobre as lolas ipo se■ sa″ iCe no comё rcio da arte(feras de co10nia e Basl―lCia)e a crescento industrlalizacao da a■ e,ver Lο MOnde, 30 de lunhO de 1971 Segundo um arbgo do Times de 21de fevereiro de 1970, Os precos das obras de arte muliplicaram― se no periodo 1951/70 da seguinte fOrma: quadros

蠣 編欄絲再警lttI驚聯輔 F量霊i嶽意IIKap″αllstαた n° 2,1973

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318 o clcLO INDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARD10

cou o comeco da recessao de 1974/75 Mas o fato de ter havido ao mesmo tempogrande queda dos precos de mercado das acOes,de muitas rnatOrias―primas,de ter―

renos(que na lnglaterra carram cerca de 40%nos doze meses scguintes ao primel―ro semestre de 1974)e de certOs tipos de quadros,こ prova de quc a inlacao ainda

naO ё ga10pante.A tabela abaixo dd uma vis5o geral da acelera95o da inlacao.29

Taxlas Anuais dc Aumento dos Pに ,os ao Consumidor

Mι diα

196θ/651968 1969 197θ 1971

Estados Unldos」apaOReino UnidoAlemanha OcidentalFrancaltalia

1,3%6,2%3,6%2,8%3,8%4,9%

4,2%5,5%4,8%1,6%4,8%1,3%

5,4%5,2%5,4%1,9%6,4%2,6%

5,9%7,6%6,4%3,4%5,3%5,0%

4,3%6,3%9,5%5,3%5,5%5,0%

1"2 1%3 I"4(1.° Sem“ treリ

1"4(■I"mο

"mestre,Estados Unidos」apa。Reino UnldoAlemanha OcidentalFranca

lttlia

3,3%4,3%7,0%5,5%5,9%5,5%

6,2%11,7%9,2%6,9%7,3%

10,8%

10,20/。

23,0%14,2%7,3%12,5%14,8%

11,6%23,4%17,0%7,0%14,6%20,8%

A natureza inerentemente contradit6ria dessas quatro possiblidades de eva―saO tOrna_se assirn claramente aparente Tanto a cxpans5o desproporcionalrnentcgrande dO crCdito ao consurnidor quanto os aumentos especulativos dos precos

dos valores matenais30。 u das a9oes tendern inevitavelrnente a criar innacao e dc_pois de certo perrOdO transforrna― a num processo acumulativo e depois num pro―cesso galopante. Mas a transicao da iniacao moderada para a inla95o galopantemarca a conversao dO excesso de dinheirO de estfmulo lirnitado a cntrave a produ_

950:SOb uma inlacao ga10pante,o capital dcixa de realizar a metamorfose do capi―tal―mercadona cm capital― dinheiro. Ele vai desaparecendo da csfera da circulacao

ao mesmo tempo que se cstoca uma quantidade cada vez malor de mercadorias.Isso,por sua vez, significa quc a producaO cal e que a acumulacao de capital dirni―

nui rapidamente(rnesmo que sela verdade quc em perrodOs de inlacao ga10panteo capital van6vel sofra uma desvalonzacaO muito mais rapida que O capital constan―tc,de modo quc o efeito sobre a taxa de mais―valia traga vantagens ao capital).

Se a aceleracao da inlacao enquantO tal representa perigo para a acumulacaode capital, constitui entao uma cOntradicao ainda mais evidente a segunda sOlucao

2,Gビ/N―SUTCLIFFE Op ctt,p95:Sachverstandigenrat.」 ahresgutachten 1974 p 1630 Ha Var10s elementos de ligacao entre Os valores materlais integrados a circula9δ o e as mercadorias vendidas para re―

producうo do capital Desse modo, os aumentos de preco na esfera da circulacao acabam por afetar todo o espectrode precos, enquanto contlnuar a expansao inlaciondrla da oferta de dinheiro Um dos elementos de ligacao mais im_portante l o preco de terrenos para construcao e de terras、 e seu efoito sobre os custos de constucao ou de casas e

aluguを is Na Alemanha Ocidental, por exemplo、 o custo de vida subiu 44% entre 1962 e 1973: os precos de produ―

c5o de aぬ9os industrlais aumentaram 28%、 mas os precos de residOncias particulares subiram 87,1%, Os de edifrciOsindustnais, 93,6% e os precos de lotes para construcao subiram 171,3% (」 ahresgutachten 1974, p 280-281)NO Ja―

pa。 、 Os precos de terrenos em areas urbanas atlngiram em 1974 um nive1 22,9 ve2eS Supenor aO de 1955, enquantoo indice de precos ao consumidorfoi apenas 2、 l ve2eS Supenor aO de 1955

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O CICLO INDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARDI0 319

das dificuldades de realizacao QuantO mais a inlacao sc acelera num paFs imperia―

lista, tanto menores serao as chances de esse pars conservar― ―nern se cogita cmaumentar__sua cota atual do mercado mundial Depois de certO ponto Os precosascendentes, com todas as conscquencias deles resultantes sobrc o mercado inter―

no,inluenciam os pre9os das cxportacOes.31

Se a taxa de lucro ё ameacada__o quc costuma ocorrer antes de se atingir opleno cmprego rea132__a desvalonzacaO mOnet6na comeca a provocar mudancasestruturais na distribuicao dO capital social entre os vanOs sctores da ccononlia Fa―

lando genericamente, a atrnosfera innaclonaria promove uma expansao acumulati―va do crodito por causa da desvalorizacao dO dinheirO― ―com o que todo capitahs―ta conta――tornando vantaloso comprar a crOdito hoc e pagar amanha com dinhel_ro desvalorizado. Essa O a explicacao dO paradoxo aparente de que nOs perlodosem quc a inlacao esta aumentando, quand0 0s bancos emprestam uma quantida―de cada vez maior de dinheiro, as vezes ё possfvel haver uma ``falta de dinheiro''quc eleva osiuros A pr6pria innacao alimenta constantemente a demanda de capi

tal dinheiro e torna o artiffcio de criar crё dito e dinheiro muito pengosO para os ne―g6cios: significa sempre uma virada brusca para a recessao Por Outro lado, nao ha

absolutamente nenhuma cOntrad195o entre essa demanda crescente de capital― di

nheiro c a supercapitalizacaO subaCentes ao capitalismo tardiO(cOmO tambom aoimpenalsmO“ classicO'')

Urna parcela consideravel dOs croditos bancariOs n5o provom da ``pura'' cria―

9aO de dinheiro, rnas surge da acumulacao de dep6sitos que se formararn fora dosistema bancalio.33 0 creScirnento naO menOs impresslonante dos dep6sitos banc6-rios a longo prazo mostra o que realrnente ё uma verdadeira supercapitalizaca0 340 duplo papel do crOdito sobre o saque a descoberto(naO apenas como cnacaO in_lacionaria de dinheiro,rnas tambё rn como a media95o classica da conversao de ca_pital ocioso em capital produtivo)nunca deve ser negligenciado

Mas a iniacaO permanente nao apenas eleva a taxa de iurOS a curto prazo;tambё m tem efeitos a longo prazo Assim como os donos do capital dinheirO e osquc o tomam emprestado acostumarn― sc a desva10rizacao do dinheiro e comecama distinguir o juro norninal do juro real,tambOm os vendedores da mercadoria fOr―

9a de trabalho aprendem, nos perfodos de inlacaO perrnanente,a diferenciar os sa―lariOs nOnlinais dos salariOs reais Com uma mOeda que perde anualrnente 5%descu poder de compra, um iurO anual de 4フ ζ atingina O pr6prio capital;esse se tor―nana um`りurO real ncgativo''.Os emprosimos de capital― dinheiro cessanam cOm_pletamente nessas circunstancias Por isso,se o luro nOminal equivale a sOma da ta_

xa mOdia de iniacaO e dO jurO reat sua tendencia ё elevar―se, havendO aumentOsde precos a longo prazo 35 Nao obstante, sc a taxa de lurOs aumenta a longo

31s。けe O entrclacamento das alerac5es da taxa de cambiO,da taxa de inlacao e da capaddade compeuiva,verNEUSUSS,ALTt7ATER e BLANKE Op c″32 Em toda a hist611a de p6s‐ guerra da cconOmia nolte― arnencana,apesar de``superaquecimentos'' ocaSiOnais、 a ul112a―

caO da capacidade na industrla manufaturelra nunca passou de 94% e no perfodo 1948/71 a taxa foi de 90%ou maisom apenas 6 num totalde 24 anos33 A cnacao iniaciondia da moeda bancら ha pode reduzir― se a diferenca entre os crё ditos totais concedidos pelos ban―

cos e seus dep6sitos totais(chamados sirnplesmente de ``formacao de capital dinheiro・ ' na Alemanha Ocidental) No

periodo 1963170, a diferenca entre os dois chegou a um total liquido de 33 bilh6es de marcos na Alemanha Ocidental

(em 1968 a lormacao de capital dinheiro excedeti os crlditos concedidos)34 Nos Estados Unidos, os dep6sitos banc6● os a longo prazo― ―■,η o Depο sils――que nao resultaram de crё dito sobre

saque a descoberto, subiram de 4 bilhё es de d61ares em 1915 para 20 bilh6es de d61ares em 1929, para 32 bilh5esenl 1946、 50 bilhOes em 1956,106 bilhOes enl 1963 c cerca de 180 bilh5es enl 196735()s keynesianos ortodoxos discordam,porque consideram a taxa de luroS uma func5o da preferoncia pela liqulde2, e

o dinheirO o t5o desvalorlzado pela inia9δ o quanto os emprё stlmos (HARROD, R 「

■foney Londres, 1969 p179‐ 181)Mas iSSO dernOnstra apenas a debilidade da teona da preferOncia pela liquide2, que Corresponde a mentali_dade dos que uvem de rendas(caracteristlcas de parte da burguesia britanica dO teinpo de Keynes), mas de fOrma al‐guma a ab範 de de capitahstas normaも ,mёdios Estes ilumos renetem sobre a FOn12a pelo 9υ αlinυ

“,r seu capital ocio―

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320 o clcLO INDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARD10

praz。,36 enquanto a taxa de lucro lutua, Os lucros empresariais podern cair de re―pente. O aumentO contrnuO da taxa de iuros nOnlinal,combinado a innacao pei11la―

nente, pode impossiblitar tOtalrncnte os praCtos de investimento a longo prazO, ls―

to O, reforca a reducao dO tempo de rotacao dO capital fixo decorrente da acelera―

caO da inOvagao tecnO16gica, c adia indefinidamente certos praCtos que sao arris_cados demais por causa da longa duracao do tempo de rotacao quc envolvem.

A combinagao da c"acaο inJlac,Ondtta de dinheiro para m“ igar cガ ses com aconcor●ncia cr“ cente pelo mercado mundial dd ao ciclo industガ al da p"rneira ra‐

se``c導 )ansionたta"do capiFalお mO rardiO a rOrrna patticular dc urn rnoυimento cn―

trelacado com O ciclo do cだ diFo Na ёpoca da livre concorrencia capitalista, quan―do existia um padrao ourO c Os bancos centrais s6 intervinhanl rnarginalrnente no

desenvolvirnento do crodito, o ciclo do crOdito dependia completamente do cicloindustrial. No capitalismo tardio, quando a iniacao institucionalizada torna a esfera

monettria muito mais autOnoma c capaz de acao independente__opondo― sc aOciclo industrial― ―para moderar lutuacOes cottunturais, surgiu um ciclo creditrciO

temporanamente disuntO dO ciclo industrial A expansao do crё dito em dinheiroagora pode esimular a cconornia domOstica atl o ponto a10rn do qual arrisca a par―

cela do mercado mundial controlada pelo paFs em qucst5o Urna vez quc esse lirniar C atingido, O preciso parar taO rdpido quanto possive1 0 mode10 Stop andGo da economia brittnica no primeiro perfOdo Tory do p6s― guerra ё o exemp10classicO desse cicio de crё dito relativamente autOnomo.37 MaS a ecOnornia norte―americana―― e em menor extensao a ccOnOmia da Alemanha Ocidental__tam_bOrn tem se caracterizado por um entrelacamento semelhante dOs cicios industriale creditrc10 nOs iltirnos 20 a 25 anos.38 clarO que,mesmo quandO consideradO ummovirnento separado, o cic10 do 9rOdito nao tem uma autonomia completa dO ci_cio industrial propriamente dito. E dcterrninado pela pol“ ica creditrcia dO sistema

bancario central e do Governo, quc opta cntre uma expansao dO croditO a curtoprazo c uma restricao ao crodito. Mas as decisOes dos bancos centrais, por sua vez,

naO saO aplicadas scm mediacOes pelos bancos privados de dep6sitos;elas s50 mo―dificadas, ontre outras coisas, pelos ganhos pnvados dos iurOs desses dep6sitos(naFranca, os bancos nacionalizados operam segundo o mesmo p五 ncrpio)IssO acio―na urn rnecanismo complicado, nO qual o aumento dos dep6sitos bancariOs c a co―tacaO e rendirnentos dos fundos piblicos desempenham papel importantissimo. AsrestncOes ao crOdito, supostamente impingidas por um aumento da taxa de hqui―dez, por exemplo, podern ser evitadas pelos bancos por rneio de um rearratto dcseus ativos.39(D modO pelo qual os bancOs nortc― amcncanOs burlaram a polftica derestncao ao crodito do Governo norte― amencano, cxplorando o mercado do eurO―d61ar, O agora de conhecirnento geral、 Uma restn95o efetiva ao crOdito, por parte

so. e nao se vaO investlr ou nao Dadas as vanas possiblidades de investimento, ё exatamente em Opocas de inlacさopermanente que a desvalonzacさ。 do dinheiro fornece urn motivo importante para a '`preferOncia" por valores mate―nais, acoes etc, que os capitalistas quc expressam a demanda de capita卜 dinheiro devem neutralizar, oferecendO umataxa de luroS mais alta36 Nos Estados Unidos、 a taxa mOdia de luros SObre emprlstlmos de curto prazo feitos a empresas mais que thplicounos tiltlmos 30 anos Nas grandes cidades industnais do norle e do leste, era cerca de 2%em 19401 2,7%em 1950:5,2%em 19601 6,4%no pnmeirO semestre de 1967 Mas em 1967,um juro nominal de 6.4%equivalia a um juroreal de apenas 2,5%,aproxlmadamente3'ver、

por exemplo, BRITTAN The rreostlッ under tlle Tο rles 1954 1964 Mas O preciso acrescentar que o ciclo docrこ dito nao surbu efeito na Gra― Breね nha ou n5o se contrap6s genuinamente ao ciclo indusmal efetlvo Sobre essaquestao,ver DOW Tharイ οnagernant olthe Bガ tlsh Ecο nο rnソ Londres.196438 Assim a politca de limitacao da iniacao na administracao Eisenho、verlevou a uma taxa de crescimento inferlor a mo_dia No periodo KennedyJohnson、 o crescimento acelerado foi provocado pela innacさ 。acelerada A tentativa de Nixon de linlitar a innacao levou a uma recessao, que depois teve de ser contraposta por uma quantdade recOrde de

“gastos deficitariOs.'3,sobre esse problema,ver BRUNHOFF,Suzanne de .`L'Offre de Monnale'' p 132-1471 GOLDFELD,S M Cο

m―

merciα I Bank Bchoυ lο r ond Econο mic Ac,υ ″y Amsterdら 、1966

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O CICLO INDUSTRIAL NO CAPITAL:SMO TARDi0 321

do Governo, significa uma lirnitacao radical da liberdade de acao― ―e portanto dabusca de lucro__dos bancos pnvados.Essa polrtica o in宙 avel a longo prazo sem airnposicao de cOntrole sobre a mOeda― ―em outras palavras,sern resmcOes aO mo―宙rnento internaclonal dc capital e, em consequoncia, sem a aboli950 da livre cOn―

versaO das mOedas 40 Assirn surge uma nova contradicao, entre um ciclo creditrciO

efetivo, cttOS ObletivOS devenl incluir a manutencaO Ou expansaO da parcela dOmercado mundial que deterrninado pat cOntrola,c o crescirnento do mesmO mer―cado mundial com base na conversibilidade das moedas e na inlacao dO croditOmonetario internacional.A longo prazo as duas sao incOmpativeis.Nao se pOde iso―

lar o cic10 creditrclo de suas repercuss6es sobre a taxa de mais― valia一_em outraspalavras, nao se pOde isolar seus efeitos sobre as contradicOes c a luta de classes.

A expansao do crёdito que leva a um rdpido aumento da producao dirninui o exOr―cito industrial de reserva e, depois dc certo ponto, facilita uma alta dos salarios

reais. A inlacao retardara, mas naO impedird essa alta. Sc o capital procura defen―

der a taxa de mais― valia__nao se fala cm aumenta la__isso de alguma fOrma re―constitui um exCrcito industrial de reserva. Isso naO ё poSsfvel sem restricOes ao crё ―

dito e a taxa de crescimento da oferta de dinheiro.Boddy e CrO● cOnfirmam essaregra num estudo da relacao entre lucros e salariOs(inCluindo os ordenados dosempregados de escrit6rio)em sociedades anOnirnas nao financciras dos EstadosUnidos.41 Na primeira parte de ciclos industriais sucessivos(do auge da recessao aOauge da expans5o), 1953/57, 1957/61, 1961/70, essa fracao tendeu a crescer rapl―

damente――de 10%para 16ワ 3 em 1953/57;de 9,8%para 14,3ワ 3 em 1957/59;de10%para 16,7% em 1961/65. Na segunda parte desse ciclo, ela declinou cOm amesma rapidez __ bem antes das recess6es subsequentes calu de 16,796 em1965 para 9ワS ern 1969,por exemplo,enquanto a recessao s6 comecOu crn 1970Se a fracao de BOddソ ーCro世ソnao o idenuca a taxa de mais―vaha,O uma boa aproxl―macao.

A prob10matica basica das leis do movirnento capitalista continuou atuandoininterruptamente sob a superfrcie da “Onda longa cOm tonalidade cxpansiOnista"a partir de 1940. A terceira revolucao tecn016gca, aO efetuar reducOcs acima damOdia no custo de elementOs importantes do capital constante,levou a um aumen―to posterior da composicao organica dO capital, ainda que n5o tao grande quantoo lema ``automacaO" pOdena sugerir.(D salto da taxa de mais― valia, possiblitadOpelas grandes derrotas da classe trabalhadora internacional nas docadas de 30 e

40, nao pOderia repetir― se nas dOcadas de 50 e 60 Ao contrario,a reducao a lon_go prazo do exOrcito industrial de reserva,que fol o corolariO dO grande crescirnen―

to da acumulacao de capital,capacitou a classc operaria a tirar algumas fatias da ta―

xa de mais― valia. Desse modo, a10rn das lutuac6es conunturais de curtO prazoquc acabamos de discutir, surgiu uma crosao de 10ngO prazo na taxa mOdia de lu―cros, que persistiu atravOs do ciclo industrial ``normal'' abreviado A pressao sObre

o ciclo creditrciO aumentou,pOrtanto. Tornou― se necessd五 o cnar dinheiro de forrnacada vez mais autOnoma para proteger o sistema da ameaca de crises de superpro―ducaO e de aumentO de capital.A taxa de innacao comecOu a acelerar

Ao mesmo tempo, a lei do desenvolvirnento desigual continuava a atuar,transformando a rela95o internaclonal de forcas em concorrOncia interimperialista.

O irnperialismo norte― amencanO esta perdendO lentamente sua posicao de lrder daprodutividade para seus rivais curopeus e laponeses Sua parcela dO mercado mun―

40 DENIZET,」 ean in:PERROUX,DENIZET e BOURGUINAT Op cit,p 62 Vertambё m o relat6● o anual de 1971do German Bundesbank41 BODDY,R e CROT‐

「 Y,」 ,``Class Conlict,Keynesian Pohics and the Business Cycle'' MOnth′ ノRουleω Outubrode 1974

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322 o clcLO INDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARD10

dial esta dirninuindo Atualrnente csta tentando inverter esse desenvolvirnentO secu―

lar exportando capital para seus rivais imperialistas c aumentando a centrahzacao

internacional de capital por rneio da aquisicaO de quantidades substanciais de capl―

tal no seio da cconomia de seus concorrentes Mas a acumulacaO dc capital rnaisrapida a 10ngo prazo na Europa ocidental e no」 apao significa inevitavelrnente― ―

havendo uma desvalorizacao acelerada do d61ar― ―oportunidades maiores para a

exportacao de capital da EurOpa ocidental e do」 apao para Os Estados Unidos doque o contrariO. o lrnperialismo norte― amencanO tentou livrar― se de seus dilemas

atravOs de press6es atO agora bem― sucedidas sobre scus rivais para que revalori―

zem suas moedas, mas no final isso s6 pode levar a uma aceleracao ainda maiordas exportac6es de capital da Europa e do」 apao comparativamente as nOrte― ame―

ncanas.

Como o ciclo creditrciO,apesar de sua autonornia relativa e da natureza``polfu―

ca'' de muitas das decis6es quc o governam,teve, cm`ltima instancia,pouca pos,sibilidade de regular O peso decisivo do ciclo industnal, pode ser verificado pelo

movirnento crclicO da utilizacao da capacidade,que no capitalsmo monopolista tar―

dlo expressa de forma mais clara as tendOncias a superproducao inerentes ao siste―ma do que a proliferacao de mercadorias invendaveis. C)carater crchcO da superca―pacidade ё evidente tanto nos Estados Unidos quanto na Alemanha Ocidental, cO―mo se pode ver nas estimativas seguintes:

EUAf U"′レagaο anual da capacidade na ind`sttta manuratuκ iral

AIra cた Iicα 3α麓acた ricα

1952195519591966Ve面o de 1973

94%90%82%91%87.5%

1953195819611%0

ο dc 1975

76%74%79%75%65%

l Ecοnomic Repo″ ●J the P‐ ident,Transmi"ed`ο the Congros,」 o"υ o″ 1962 Washington,1962 Stans,cal Abstract

orthe υnied Stat“ ,19“ p719 Supeyげ Current BuЫ n‐

Aた manha OcidenFal ttilizα,αο θnuar da capacidadc na ind`sttta manuratuttiral

AIra ciclica Ba破a ciclicα

OuわれO de 196θCom∝ο de 1965Cοmecο de l"0Meadοs de 1973

93%88%95%93%

Cο meco de 1959Cο mecο de 1963Cο mecο de 1967Final de 1971Finar de 1974

87%81%77%88%88%

1 “Sachverstandigenrat 2ur Begutachtung der gesaml″ irtschaftlichen Enb″icklung'' Ini 」αllr‐guFach`an 1969 Drucksa―

che V1/100, Deutscher Bundestag, 6, Wahlpenode: 」αhragutachten 1971/1972 Stutgan 1971l Joわ r6gutachten

1974

Mas esse movirnento coloca um lirnite insuperdvel ao sistema de crOdito Se ja

existe uma supercapacidade substancial,nern as rnais abundantes iniec6es de crё di―

to monctariO feitas pelo sistema bancano c(。 u)pe10 Estado estimularaO Os investi―

mentos pnvados nesses setores 42 uma reducao cOnluntural dos investimentos pri―

42 Pode― se perguntari como a inlacao pOde cOmbinar simultaneamente com capacidades inutllizadas substanciais? Es‐

sa combinacao ё impensavel apenas no contexto de uma teona quantitatva pimitlva do dinheiro ixada por agrega―dos abstratos Uma vez que se compreende a estrutura especifica da oferta de dinheiro, incluindo a estrutura da cna_

caO dO dinheirO, torna― se 6bvio por que a renda adicional do consumidor, por exemplo, nao pOde assegurar um au―

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O CICLO INDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARDI0 323

vados toma― sc portanto inevitavel, c cOm ela a recessao.A partir daF a iniacao po―de nO maxirno lirnitar o alcance da recessao ou cvitar scu desenvOlvirnento acumu―

lativO.

Sc entao se acrescentam as capacidades excedentes estruturais de 10ngO pra―

zO as peri6dicas capacidadcs excedontes conjunturais― ―um indiciO claro de quc oefeitO esimulante da terceira revolu95o tecno16gica csta chegando aO firn― _a apti―

daO dO cic10 creditrcio para suavizar o ciclo industrial reduz― sc mais ainda. Ha pou_quFssima divida quanto a cxistencia hoe dessas capacidades excedentes estrutu―

rais na indistria metalargica, na rnineracao dO carvao, na industria textil,na indis―

tria de cletrodomOsucos, na industna automobilrstica c provavelrnente tambё m nasindustrias de aparelhos eletrOnicos e na petroqurmica 43

Todas essas indica95cs apontam,portanto,na direcaO dc um decliniO da auto―nomia relativa do ciclo creditrcio, e pOrtanto da aptidao da inlacao moderada para

rest五ngir o efeito acumulativo das cnses de superproducao. Essa O apenas uma ou―

tra express5o do fato de que jd ocorreu o momento de passagem de uma ``Ondalonga corn tonalidade cxpansionistゴ ' para uma ``onda longa corn tonalidade de cs―

tagnacao''dO capitalismo tardio

HOe pOdemOs observar Os sinais dessa mudanca em dois setOres Em pnmei―ro lugari o impacto estimulante da cnacao inlaclonaria de crOditO deixa de ser efi―

caz quando o peso crescente das di′ idas comeca a rest五 ngir o poder de cOmpracorrente Essc fenOmeno j6 0 perceptivel tanto dentro da economia norte― america―

na quanto fora dela,cspecialmente nas sernico10nias do mundo capitalista

Os Estados I」 nidos logo chegarao aO pOnto em que a carga acumulada de dfvidas representa uma ameaca direta tanto a renda farniliar disponivel(poder dccompra de bens de consumo)quanto ら liquidez das empresas. Os pagamentosanuais de lurOS e amortiza95o dC hipotecas, rnais o crOdito aO cOnsumidor e suaamortizacaO, cOnstitufram 5,9% da renda disponivel das famllas norte― americanasno ano de 1946, 11,8% no ano de 1950, 18,6% em 1965 e 22,8% cm 1969.Aqui a criacaO de crё dito esh sc aproxirnando claramente de seu castigo Comouma serpente que mordc a pr6pria cauda,a totalidade do crё dito adiciOnal corren―

te cobre apenas o dObito do crё ditO passado― ―em outras palavras,a renda dispo―nivel para a compra regular de bens e serv19os ё hole pouCO ma10r do que seriasern a expansao do crodito.Entre 1965 e 1969,as dividas dc hipOtecas e de cOnsu―

mo aumentaram em 88 bilh6es de d61ares, enquanto os iurOS C amortizacao a se_rem pagos pelos consurnidores aumentaram em 55 blh6es de d61ares. Em 1969,a diferenca entrc as duas quantias era de pouco mais de 5° /。 da renda farnlliar dis_

pon"el.44

Mais nefasto ainda tem sido o desenvolvirnento da hquidez das empresas Aproporcao cntrc Os ativos cm dinheiro(incluindo dep6sitos bancariOs)e obrigacoesp6blicas por um lado,c O endividamento por outro, caiu de 73,4%em 1946 para54,8% em 1951, para 38,4% em 1961, para 19,3%em 1969 e para menos de18% no cOmeco de 1974, no que se refere a cmpresas naO financeiras dos Esta―dos UnidOs. Isso significa quc em 1974 as di′ idas totalizaram mais de cinco vezes

mento na demanda de a、 15es ou de certas m6quinas Com grandes aumentos de preco e incerte2a quanto ao empre―go. a renda adicional do consumidor nao prOmOve necessarlamente nem mesmo a venda e a producao de bens deconsurno duravols43 NO cOmeco de 1972, 20%da capacidade de produ9δ o de p16stico PVC da EurOpa ocidental fol inutllizada (Finan‐ciol Times, 16 de fevereiro de 1972)A mesma percentagem prevaleceu para a indistta mundial de aluminio (Neu●ZJrcller Zeitung 20 de maio de 1972)Depois de uma pequena melhora,todos os indicios apontavam para uma no―va supercapacidade a nivel mundial nO ramo das ibras sintcucas nO inal de 1974, dessa vez afetando tambё m sena‐mente os monop61los,aponeses Ver Busine“ Weck 5 de outubro de 1974;Fα r Easた rn Ecο nο mic Reυieω 29 de no‐vembro de 1974

“`.The Lon9‐ Run Decline in Liquidity'' Inl ltfonthル Reυ ieω V 22,n° 4,setembro de 1970 p 6

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324 o clcLO INDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARD10

os ativos em dinheirO Ou cm quasc― dinheiro Enquanto no final da Segunda Gucr_ra Mundial a liquidez das grandes sociedades anOnirnas(ao va10r de mais de 100milhδes de d61ares em ativos por empresa)era supenor aO de suas nvais menores,agora se d6 o contrdno. Em 31 de marco de 1970, a taxa de liquidez era de 319ろpara cmpresas com ativOs infenores a l milhao de d61ares, de 24%para empresas

com ativos entre l e 2 mlhoes de d61ares,22%para cmpresas com ativos entre 5c100 milhδeQ de d61ares e 19%para aquclas com aivos superiores a 100 rnilh6esde d61ares.45 E evidente quc a pressao inlaciondna naO pOde aumentar muito maissem repercuss6es negativas imediatas nO processo de prOducao e reprOducaO__is_to O,sern produzir innagao ga10pante

Outros parses imperialistas presenciaram uma tendOncia semelhante ao decir―nio da liquidez em sOciedades anOnirnas Na lnglaterra, o volume de emprё simosbancariOs a firrnas industriais e comerciais quadruplicou entre 1958 e 1967, en―quanto os ativos brutos dessas empresas cresceram apenas 30% Em decOrrOnciadessa divergencia, 。s ativos irquidOs carram de 3,l blh6es de libras para 975 rni―lhOes de libras.46 A liquidez cada vez menor das sociedades anonirnas revela―setambOm nos indices decrescentes de autofinanciamento― ―id Citados ern relacao aFranca. No」 apaO, O rndice de lucrOs naO distribuFdos relativamente ao capital total

empregado caiu de 15,7%ern 1959 para 10,7%ern 1962,para 9,1%ern 1964 epara 8,6%3 em 1970 47

Em segundo lugar, a autonornia nacional relaiva dos cic10s de crOdito dos va―

rios Estados imperialistas transformou― se cm ameaca direta a uma cxpans50 pOste―nor do mercado mundial, rompendo c arruinando o sistema monetariO criado cmBrettOn WoOds c atrapalhando cada vez mais a sua substituicao por outrO sistemacoerente.

Na ёpoca do padraO―OurO, o metal amarelo podia desempenhar sirnultanea ccoerentemente a trlつ liCe funcao de medida de valor, de padrao de precOs e demoeda internacional.O mecanismo do padrao― ourO tOrnou o cic10 industrial virtual―

mente imune a influoncia do Estado burguOs ou a ``tentativas de regulamentacao"deliberadas por parte de 6rgaos representantes dos interesses globais do capitalApenas a lei dO desenvolvirnento desigual do modo de producaO capitalista e airnobilidade relativa do capital hnlitavam, cm certa medida, as repercuss6es das cri―

ses pen6dicas dos grandes centros do capital(plmeirO a Gr5-Bretanha, depOis OsEstados Unidos)no mercado mundial capitalista,ern certas cottunturas Mas o fun―clonamento aparentemente fdcil do PadraO_ouro antes da Primeira Guerra Mun―dial nao se devia a nenhurn ``processo automaticO": baseava― se na produtividadesuperior e na cstabilidadc hist6rica da indistria britanica, do capital britanico e da

moeda bntanica, como os capitalstas de todo o mundo cOniavam na libra esterli―na(lSto O, na estabilidade dO capitalismo britanicO), cOmO as libras esterlinas com―

pravam os procurados artigos ingieses, e como os trtu10s dO Governo expressOsem hbras davam a seus possuidores o direito de reivindicar a scgura mais― vaha futu―ra do capital ing10s, a libra era ``tao boa quanto o ouro'', e a cconornia capitalista

mundial bascava― se de fato num padrao― ourO libra nessa Cpoca, rnesmO quc as re―servas efetivas de ouro do BancO da lnglaterra fossem insignincantes.48

Quando a camada da classe burgucsa quc estava no poder nOs pates imperia―Istas rnais importantes optou pela inteⅣ encao ativa e macica no ciC10 industrial pa―

45 fbid,p6

[榊 iti鮮 稲 凝 電爾 撒 よl鰭聯 」欄 七λttaledal""dn4h二 り■p 145-149、 163‐ 174 De Cecco descreve conetamente o sistema monetさ no mundial do periodo 1890-1914 comOum Padraο -Ourο de Troc。 ,ao invOs de um padrao― OurO``puro''

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O CiCLO INDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARDI0 325

ra amenizar as cnses pela pratica de criagao de crodito, o resultado inicial foi uma

ruptura ainda maior do comOrcio mundial por causa da contra95o da liquidez inter―

naciona149 As p五 ncipais divisas, liberadas agora do ouro, deixaram de ser aceitascomo melos de pagamento internaclonais C)mercado mundial dividiu― se em b10-cos econOmicos autarquicos, e cntre eles a troca direta de mercadonas cOmecOu aaumentar, chminandO assim a possiblidade(entrc outras coisas)de quc a cxpan―saO dO crё ditO amplic o cOmё rcio mundial.50 0 reSultado disso fOi quc a reesimula―

caO dOs mercados internos por melo da criacao de dinheiro naO fOi seguida deuma cxpansaO cOrrepOndente do comOrcio mundial Na verdade,cste ulimO inclu―sive amea9ou declinar 51

Em BrettOn WOods, as potencias impeHalistas que vencerarn a Segunda Guer―ra Mundial estabeleceram um sistema moneta五 o internacional que pretendia ser abase da versao internacional da cxpansao inflacionδ ria do crodito que id fOra aceita

cm escala naciOnal. Tanto Os economistas quanto os polfticos burgueses acredita―vam quc o problema decisivO era o aumento da liquidez一 一a criacao cOntrnua dcmeios adicionais de pagamento 52 comO a oferta de ouro crescia de forma lenta de―mais e cra dist五 burda de forrna desigual demais para resolver o problema da liqui―dcz internacional,cnou sc um sistema quc cleυ aυa um papel―mocda cspecψ co acategoガ a de moeda rnundial ao lado do ouro,a situacao hist6nca concreta ao finalda Segunda Guerra Mundial era tal que, naturalrnente, s6o d61ar podena desern_penhar esse pape153

0 novO sistema foi construrdo sObre duas bases,sendo a pnmeira delas a cOn―versibilidade do d61ar em ouro (facilitada, cntre outras coisas, pela supervalonza―

caO substancial do ouro na desvalonza95o sofrida pelo d61ar ern 1934), que possiblitava aOs bancos centrais do mundo capitahsta usarem d61ares aO ladO dO OurOpara cobnr as rnoedas naciOnaisi c a segunda,as enorrnes reservas de producaO(ea lideranca de produtividade)da cconOrnia norte― americana, que significava a acu―mula95o de d61ares em maOs dc Governos e capitalstas estrangeiros, nao s6 naoera problematica, mas positivamente deselavel dO pOnto de vista destes ultirnos oproblema central da econOmia capitalista internacional nos primeiros anos depois

da Segunda Cucrra Mundial nao fOi a abundancia, mas a insuficiOncia de d61a―res.54

49 Tnffin apresenta a seguinte oxplicacao dO cOlapso da conversibilidade monet`na e dO declinio abrupto dO comlrcio

mundial na d6cada de 301 '`1)。 uso extensivo da capacidade de emissao dOs bancos centrais com a finalidade de ga―rantlr os dこ icits do pr6p五 o Estado e. a10m disso, a expansao de crё dito de outros bancos, sempre que essa expansδ Ose conforma aOs des●os, Ou sirnplesrnente as regulamenta95es existentes, das autondades mOnetarlas nacionais1 2)arelutancia em subordinar tOtalmente essas polltlcas de crOdito a preseⅣ acao Ou restauracδ o de um preco competltivoou padrao de custo e de um padraO externo global. a precos e taxas de cambiO cOrrentes、 compativel com o vOlumede resen′as em ouro e moeda estrangeira disponivel para as autorldades monet6nas'' TRIFFIN、 Robert Gο ′d ond`lleDο far Cnsの New Haven,1961 p2950 Entre 1928 e 1938, as rese″ as em ouro relativamente as importac5es mundiais por ano subiram de 35% paral10% O excesso de ourO produzido foi estocado porque n5o podena ser absor● 7ido pela circulacao cada vez menor

de mercadonas nO mercado rnundial51 0 caSo alem5o foi o mais claro Enquanto o indice da producao industhal subiu 90%entre 1933 e 1938,as exporta―

cOes do Reich (exCetuando a Austrla)foram apenas 10% maiores ern 1938 do que em 1933 Nos anos de 1935、1936e 1937, chegaram a cair de modo absolutO Mas tamb● m nOs Estados Unidos a producao industrlal ultrapassouo nlvel de 1929 em 1937,enquanto as expo■ ac6es foram inferlores a 60%em relacδ o ao nivel de 192952 sobre as conviccoeS de Keynes quanto a essa quest5o,ver HARROD Moncッ

p 178-17953 A producao de Ouro calu em 40%entre 1940 e 1945、

e estagnou entre 1945 e 1949 Em 1945, s6os Estados Unl‐dos possufam 75%de todas as Feservas de ouro dO mundo Participanセ s signiicatlvos do comOrcio mundial, comO aAlemanha, o」 apao, a lblia e a lndia, nao possuram pratcanlente nenhum ouro Sobre as ra25eS pelas quais fracassa―na inev■ avelrnente a decisao de permibr que a libra esterlina tambOm desempenhasse O papel de,mOeda‐ reserva, verALTVATER,EImar Diο Ⅳeltω dわ 融ngsknse Frankfurt,1969 p 49‐5054 somente em 1952 o Annual Report ofthe Bank for lnternatlonaI Paソ ments apresentou a seguinte deinic5。 da phn―cipal diflculdade de uma cxpansao ultenOr dO cOmこ rcio mundial .`A conversibilidade requer necessanamente um volu‐me suiciente de d61ares e, quando a prlmeira condicao para isso O que os parses da Europa disponham de mercado―

nas para vender em quantldades suficientes e a precos competltlvos. uma outra condica。 こque hala possibilidade devender essas mercadorlas de modO a per品 itlr quc obtenham d61ares e Outras moedas de que necessitem'' (Ttten`ノ ー

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326 o clcLO INDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARD10

Assim o Plano Marshall e outros programas semelhantes de``衛 uda cm D61a―res''(Do〃α卜Aidl do Governo norte― amencano tiveram,no contexto da ecOnomiacapitalista mundial, um resultado muito parecido ao da polftica keynesiana no con―

texto nacional: inictou―Se uma quantidade cnorrne de poder de compra adiciOnalna drea internacional, o quc―― dado o grande volume de capacidade inutilizada――levou inevitavelrnente a uma grande expansaO dO cOmё rcio mundial.55 A intensl―

ficacao da reprOducao ampliada de capital em escala internacional,somada a gran_de alta da taxa de mais― valia c ao irnpacto da terceira revolucao tecn016gica, gerou

entaO um prOcesso acumulativo de crescirnento, no qual os ciclos industriais nacio―

nais(amenizados pelos ciclos locais de crOdito)podiam ter efeito restritivo, masnaO catastr6fico. Inversamente,como o cicio industrial estava agora modificado pe―

lo cicio de criacaO de crOdito一―por decis6es polた ,cas dos Covernos nacionais――portanto, a partir dar perdeu a sincronia internaciona1 56 o reSultadO foi possibihtar

ao movirnento do ciclo industrial dc um pars aludar a amenizar os ciclos industriais

de outrOs parses imperialistas Agora, uma FeCeSSao em uma pOtOncia impenalistacoincidia tipicamente com um bοom nas outras, c o aumento das exportacOes pa―ra os mercados em expansao destas iltirnas lirnitava as repercussOes da contracao

da demanda no rnercado interno da primeira 57

Mas toda a 16gica do sistema monetanO internaclonal cnado eln BrettonWoods para promover a expans5o do comOrcio mundial inverteu―sc assirn quc asvigas mestras do sistema comecaram a desintegrar― se A10m do mais, a desintegra―

轟驚乳y乱躙鷺:sttl騒∬輩霊ふ謂鑑l詰庶eT蹟ぶs:∫朧:

nacional do crёdito rnOnetariO.

Ja virnOs que uma aceleracao rninirna da inflac5o do d61ar era um prё ―requisito b6sico para cvitar sOnas cnses de superproduc5o na cconomia norte― americana`Mas a inla95o acelerada do d61ar significava agravar o dё ficit da balanca de paga―

mentos norte―americanos e uma ameaca crescentc a paridade OurO― d61ar a uma ta―

xa de camb10 fixa. De ambos os lados a conversiblidade do d61ar em OurO estavacada vez mais debilitada Finalrnente, sua abolicao oficial tornOu― se apenas umaquestao de tempO

Alё m disso, a lei do desenvolvirnento desigual levou a uma reducao cFeSCente

da capacldade das rnercadonas nOrte― amencanas de concorrer com as dos rnals lm―portantes nvais imperialistas dos Estados Unidos 58 Em conseqtioncia disso,os capi

talistas de outras potOncias industnais estavam cada vez menos interessados em

Secο nd Annuα′Repο″ Baslёia,9 de,unhO de 1952 p 264)Com maior vis5o dialё ica,Tiflln advertlu quatro anosdepols que o dllicit crescente da balanca de pagamentos dos Estados Unidos levana o Go′ emo norte―amencanO a to―mar medidas que podenam arnscar uma expans5o posterior da liquidez internacional550ね to de que isso tarnbё m era de interesse dos Estados Unidos pode ser deduzido dos aumentos enormes das ex―portacOes norte― amencanas, que subiram de 9,5 bilhOes de d61ares om 1945 para 15,7 blh5es em 1953. isto ё, 66%enquanto no mesmo periodo o produto nacional bruto aumentou menos de 20% e a produc5。 industhal menos de30%56 QuantO a esse aspecto,O preclso fazer uma autocrmcal em nossa obra MaⅨ

``Ecοnomic Theoヮ ,subesumamos a

irnportancia dessa falta de simultaneidade(p 529)Mas fizelnos a necess6ha correcaO desse erro enn meados da dOca―da de 60,prc・ vendo as sこ nas consequoncias de uma recessao geral que afetasse a maiona ou todos os Estados imperia―

listas ao mesmo tempo57 Nesse aspecto, o exemplo classic。 こa recessao de 1966167 na Alemanha Ocidental Mas as repercuss6es da reces―saO de 1970,71 na Gra― Bretanha tambё m foram atenuadas pelo aumento das exportac6es,facilitado,entre outras col―

rl協 虚 111認 晶F:勝Ro nao b prOvOcadoporttnomenosda 6た ‐ monebna Ou de drculacaQ mas por mu―dancas radicais na esfera da producao Entre 1960 e 1965.a taxa de iniacao dO d61ar foi rnuito menor do quc a des―va10nzacaO relatlva do marco alem5o ou do yen Nesse perfodo o d61ar sofreu uma perda de 6,8%de seu poder decompra, enquanto o marco perdeu 15,1% de seu poder de compra, e o yen 34% Apesar disso, a balanca comercialdos Estados Unidos com o」 apδo jd era deicit6na em 1964, c com a Alemanha,ja em 1965、 pois a produtlvidade dotrabalho subiu 100%na indusma da Alemanha Ocidentai nO periodo 1953165、 enquanto s6 aurrlentou 50%na indis‐tl■a no■ e‐amencana

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O CiCLO INDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARD10 327

possuir papel― moeda para cOmprar mercadorias norte― amencanas, quer naquclcmomento,quer no futuro 59 As notas de d61ar s6 serviam para comprar capiFar nor_te― americano.()resultado foi a ameaca de uma volta ao ouro Mas essa vOlta signi―

ficana a v01ta aos mesmos problemas quc assolaram as dOcadas de 20 e 30, rnassob condic6es sociais e polfucas rnuito rnenos propicias ao capital rnundial

A fundacao do sistema de Bretton Woods mostra quc toda a cxpansao inter_nacional do crodito bascada no uso do d61ar como moeda internaciona160 pOderiaruir como um castelo de cartas. E urn sinal da inseguranca crescente da cxpansaonacional de crё dito Hd uma concxao evidente e profunda entre os dois fenome―nos (D ncxO entre as duas encOntra― se obviamente na contradicao entre O papeldo d61ar como para_chOque do ciclo industnal nOrte_americano e seu papel comOmoeda mundial Sua primeira funcao impliCa inna95。 permanente;a segunda,esta―

bilidade maxirna Era possivel quc o sistema sobrevivessc enquanto a innacao d。d61ar estivesse muito branda c a produtividade do trabalho nOrte― americano conti―

nuassc incontestavel. Mas ambas as condic6es foram eliminadas pouco a pouco, cjustamente pela``onda longa com tonalidade expanslonista''. Isso dcixou Os capita―

listas do resto do mundO sem alternativas: comprar a establidade do d61ar a custo

de uma crise de superprOducao nOs Estados Unidos― ―a secao mais importante domercado mundial― ―tena sidO O mesmo que cortar o galho onde estavam senta―dos.

A presente cnse mOnetaria cOnsiste no fato de quc a inluOncia de todOs Osmecanismos quc controlavam o longo bο om do p6s― gucrra aumentou necessana…mente as dificuldades de venda e de valorizacao dO capital nos mercados internos,

e dar a intensificacao da rivalidade internaclonal. C)resultado disso foi tOrnar o uso

do comCrc10 nacional, das barreiras alfandeganas e de pOlfticas monetarias cadavez mais inevitavel para promo95o de interesses imperialistas particulares na con―

corrOncia intercapitalista,c assirn condenar rnais e mais o papel especial atnburdO a

moeda de uma inica potOncia imperialista de melo de troca internaclonal. A inse―guranca da cconornia capitalista expressa― sc haC na concorrOncia internacional in―tensificada, que por sua vez correspondc ao decirniO relativo da preponderanciados Estados Unidos

Passou a cxistir enぬ o uma situacao paradOxal,quc nem porisso c menos trpi_ca da hist6ria do capitalismo: a cxpansaO intemaclonal do crOdito ameaga esgotar―

se no exato momento em quc mais se precisa dela. Enquanto a producaO se cx_pandia rapidamente no mundo capitalista, o aumento dos meios de pagamento in―

ternacionais, quc era uma das fun95es da iniacaO dO d61ar e do dOficit da balanca

de pagamentos norte― americana, podia ser mantido dentro dc certos lirnites. Mas

39 1sso nao se aplica aos capitalistas das semico16nias,quc evidentemente coninuam so■ endO mais de insuflciOncia doque de excesso de d61ares∞ O sistema do curod61ar,que surgiu na segunda metade da d● cada de 60、 aludOu consideravelmente a expans5o des―

se sistema internacional de crを dito em dinheiro Em deconOncia das resttξ 6es ao crこ dito nos Estados Unidos, as em―

presas norte―amerlcanas comecaram a lazer emprlstlmos de curto prazo a juros altissimos, de d61ares que estavam naposse de empresas europё ias tnCluindo setores europeus de empresas norte amencanas),e tambё m pediram empr6stlmos aos bancos centrais Esses d61ares aumentaram a expansao dO crを dito nos Estados Unidos, e por isso o dё ficit

na balanca de pagamentos norte― amencana, porisso a drenagem de d61ares para a Europa,onde levaram tanto a umaumento na circulacao de papel moeda e crё dito em dinheiro na Europa quanto a uma nova expansaO de curod61a‐res Sobre todo esse carrossel,ver,entre outros,EINZIG,Paul The Eurο ―Dο !lar Sソ sた/n Londres,1967 0 sistema doeurod61ar foi uma tentatlva de char um mercado intemacional de capital‐ dinheiro a curto prazo, com uma taxa de,u―

ros uniforme lsso corresponde tanto a crescente internacionallzacao dO capital quanto a contradicao ente essa interna―

donalizagaO e Os ciclos nacionais de crOdito em dinheiro lsso ficou partlcularrnente claro nos anos.de 1968/69 quando

os Estados Unidos, a im de restabelecer o equilfbio de sua balanca de pagarnentos,elevou a taxa interna de,uroS, Oque levou a um aumento mundlal das taxas de juros, sem nenhuma melhorla na situacao da balanca de pagamentosnorte― amerlcana (Sobre o prOblema do mercado de eurod61ares, sobre os emprё stlmos feitos pela Europa, cmpresas

intemacionais, o dinheiro internacional e o mercado de capital e seu desencontro com os ciclos nacionais de crё dito、

ver tambOm o capitulo l de Charles P KIndleberger,Europe and tlle Dolla` Cambndgo, EstadOs Unidos, 1966, quepottm tentou minimizar a chse do d61ar)

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328 o clcLO INDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARDiO

assirn quc ha uma queda na taxa de crescirnento e a supercapacidade aumenta ain―

da mais nas indistrias rnanufatureiras do mundo capitalista, a expansao dos meiOsinternacionais de pagamento deve acelerar― se para mobilizar as reseⅣas de prOdu―

95o. Mas exatamente nesse ponto a expans5o do crё dito internacional sc arrisca a

um colapso, porquc a longo prazO nenhuma outra potOncia imperialista poderaaceitar o ``d61ar desvalorizado'' comO drbitrO do sistema monctariO internaclona1 61

Tentou― sc uma solucao parcial dessa contradicao com O``Ouro― papel'',isto O,crOdi―

to internacional em dinheiro que s6 circula cntrc os bancos centrais c quc ё cOrn―pletamente desvinculado de todas as moedas naclonais Mas uma verdadeira sOlu―

caO a 10ngo prazo do problema da ``liquidez internacional'' nessa linha ё Obstrurdapela rivalidadc imperialista, que transforrna a distribuicao dO pr6p五 o “ouro― papel''

em uma fun95o da relacao de fOr9as internacional, c atravё s desse desviO da distn―

bu19aO, a innacao das moedas nacionais volta mais uma vez para a csfera dOsmelos internacionais de troca e pagamento. Emこ ltirna instancia, s6se pode imporpapel moeda inconversivel aos propricttrios de mercadorias ou de trtu10s mOneta―

Hos dentro da estrutura dc um Estado O papel― moeda mundiai necessitaria de umunicO gOvernO mundial A rivalidade intenmperialista c o papel do Estado cOmoinstrumento de autodefesa de alguns grupos capitalistas especrficos ern relacao a

outros―_em outras palavras,a concorrOncia capitalsta c a propriedade privada ou

o fenOmeno dos ``rnuitos capitais"― ―tornam irnpossrvel o surgirnento desse mun―dO n9 futurO pr6xirno,como indicamos no caprtu10 10.

E irnportante sahentar aqui quc a situacao presente difere muitrssirno do siste―

ma monetariO mundial antenor a 1914,e de forrna a indicar a profunda crisc estru―

tural do capitalismo contemporancO. Naqucla opoca, o Banco da lnglaterra podiapermitir―se manter suas rescA/as dc ouro a um nfvelinfenor a 5%das importac5csanuais. Sc O BancO quisesse aumentar suas reservas dc ourO, poderia vender trtu_los do Goverrlo ou acё es para compra lo a qualquer momento 62 Apenas durantecrises de superproducaO o quc havia necessidade de colocar o Ouro em circulacao,por um curto cspaco de tempo e para uma fracao negligencidvel dos pagamentos

vencidos totais. Isso ia naO acontece hoiC Cm dia: os bancOs centrais agora tem de

manter uma proporcao muitO maior de resewas de ouro e de moedas estrangeirasenl relacao as impOrtacOcs naclonais 63 Essa mudanca renete o fato de quc a auto―

61 Em relacao a issO, as trOs fases da hist6ha do eurod61ar analisadas por Den12et SaO parbcularmente caracteristlcas

Na pimeira fase, os bancos europeus, concorrendo com Os no■ e―amencanOs, procuraram conceder iurOs mais altossobre seus dep6sitos e impOrjuros menores do que os bancos no■ c‐amencanOs a seus devedores Na segunda fase,os bancOs nOrte‐ ame●canos, e especialmente os setores estrangeiros de empresas multlnacionais norte― amencanos,voltaram‐ se para esse mercado inanceiro internacional a flm de burlar as restnc6es ao crё dito e as exportac6es de ca―pital impostas pelo Governo norte― amerlcano Os fundos em d61ares nos bancos centrais europeus e iaponeses foram``reprlvatlzados'' por melo do mercado de eurod61ar Mas na terceira fase houve uma queda r6pida da taxa de lurOS e

o capital em eurod61ar renuiu para os bancos centrais(especialrnente para o banco da Alemanha Ocidental)Para osprophetar10s prlvados, Os bancos p● vados europeus e laponeSes e as empresas multlnacionais nao tlnham nenhummotlvo para reter dep6sitos em d61ar― papel que obinham um iuro baixO e estavam sendo desvalonzadOs nO mOmen‐to Do final de 1967 ao inal de 1969, os fundos em d61ares dos bancOs centrais nao ameicanos declinaram de 15,6para ll,9 bllhoes de d61ares, enquanto a prophedade p● vada de eurod61ares subiu de 15,7 para 28,2 bilh6es Masdo inal de 1969 ao inal de,aneiro de 1972,os ativos em d61ares dos bancos centrais curopeus e,aponeses aumenta‐ram para cerca de 36 bilhOes de d61ares DENIZET Op cit,p 70-781 Neue Zurchar Zeirung 20 de abil de 19722 TRIFFIN Go′ d ond`んo Dο〃arCnsG p 31

“H G 」ohnson airma que a crlse do sistema moneね rlo mundial deve― se a natureza do pr6p」 o padrao― OurO de troca

――em outras palavras, independe da evolucao do cicIo indusmal e da relacao de forcas intenmpenalistas MesmO queos bancos centrais nao amerlcanos mantivessem inalterada a relacao ourO_d61ar de suas resen′ as monetanas, abso3ノ e―

iam uma percentagem crescente da producaO regular de ourO e assim ameacanam, a 10ngo pra20, a COnversibilldadedo d61ar(“ TheOretlcal Problems of the internatlonal Monetaヮ System'' In: COOPER, R N (Ed)InternotiOnα ′Fi‐

nαnce Londres, 1969 p 323-326)Mas o pr6pho」 ohnson apresenta uma solucao 6bvla para esse dllema, sallentan‐do a pOssibilidade dos EstadOs Unidos usarem outras moedas impenalistas ao lado do Ouro para cobir o d61ar Se isso

naO acontece, ё porque a desconianca entre os Estados impenalistas em relacao ao futurO de suas moedas C mituaEssa desconflanca, por sua ve2, naOこ puramente subietVa, rnas esta intlmamente llgadaさ inlacao perrnanente em es―cala rnundial e a crescente instabilidade do sistema moneね 五o

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O CICL0 1NDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARDI0 329

confianca do capital mundial esta sendo perrnanentcmentc abalada, apesar(ou,mais corretamente, por causa)da cxpansaO de 10ngo prazo do crё dito internacio―

nal em dinheirO.64

Quanto mais profundas e generahzadas sao as recess6es, tanto malor O a inle―

caO de crё dito c a cxpansao da oferta de dinheirO bancariO necessarias para impe―dir quc essas recess5es deteriorern em depressOes de larga cscala― ―e com isso tor―

na―se muito mais agudo o perigo de quc a iniacao c a especulacao escapem dOcontrole do Estado burguOs e precipitem um panicO bancariO c O colapso de todoo sistema financciro 65」 d ern 1974, a falencia de alguns bancos secundarios levOua burguesia internaclonal a beira desse panico, quando retiradas generahzadas dedep6sitos dos grandes bancOs poderiarn ter provocado um colapso desse tipo Es―se colapso foi e1/itado por melo de urna decisao cOnsciente e coletiva dos bancOs

centrais principais e dos rnaiores dep6sitos bancariOs de socorrerem irnediatamentetodas as insituic6es financciras em pengO. As reservas desses ccntros bancarioseram obviamente mais que suficientes para realizar com sucesso essa operacaO deresgate. Mas isso deixaria de ser poss"el se variOs dOs maiores bancOs cstvessemenfrentando, eles mesmos, problemas de solvOncia, particularrnente se cstes ocor―

ressern ao mesmo tempo ou logo depois Dar a press50 do capitalinternaciOnal nosentido de aumentar a liquidez do sistema bancariO internaclonal e de tOmar rnedi―das quc assegurem sua recuperacao a 10ngO prazo,o quc imphca a necessidade dedeter tOda expansao postenOr da ameacadora piramide de dividas Por isso a com―pulsaO a restri95cs sirnultancas ao crOdito em todos os parscs impenalistas impor―

tantes. Por issO a perspeciva inevit6vel de uma sOne dc recess6es generalizadas.

CornO ato agora tern sido relaivas as restrig6es a cxpans50 do crOditO e ao aumen―to da oferta de dinheirO pode ser deduzido das cifras seguintesi

Mudangas ocorridas em ma4α 夕unhO&1974,compaladas“ do ano antc"orem%

針 向

"οre饉″α

l亀 1

鴫 +d"お itos

α pttο cοmmenοs de 4 anos

Emp薇魯″mοs

ban“百∝

PNB real

(1.° Semes能de 1974)

Alemanha CXidentalRano UnidOFran91血ndos undos」apa。

+44,4%+ 1,2%+ 9,9%+20,6%+ 5,3%+ 5,3%

+ 8,8%21,8%15,8%22,6%8,4%3,1%

+

+

+

+

+

+ 8,3%+31,4%+ 19,9%

+ 18,4%+ 3,0%

+1,5%-1,5%+5,0%+7,5%-0,5%-3,0%

l Papel moeda+der“SitOs em demanda

64 ver Marx: “Mas ё exatamente o desenvOlvlmento do crOdito e do sistema banc`五 o que tende, pOr um lado,a c010_car todo o capital dinheiro a sewico da producao(Ou o que vem a darno mesmo,tende a transfOrmar todo rendimen‐to monet6● o em cap■ aD e que,por outro lado,redu2 a reSe″ a em metal a um minimo em certa fase do ciclo,de mo―do que ia nao pOde desempenhar as funcOes para as quais fol cnadO__を o desenvolvimento do cたdito e dO sistemabancano que cna essa supersuscetlbilidade de tOdo O Organismo O bancO central ё o pivo dO sistema de cだ ditO Aresen′a om metal,por sua ve2,ё O piv6 do banco A passagem do sistema de crё dlto para um sistema mone僣 ●。こne―

cessdia, como 16 moStrei no Livro Pnmeir。 (cap II,p 137-138), ao discutlr os melos de pagamento Que os maioressacificiOs de iqueza real sao neces壺 五os para manter a base metalica num momento crttco ё algo que tanto Tookequanto Loyd― Ovorstone reconhecem A controvё

“ia gira apenas em tomo de uma questao de grau,e em tomo do tra―

tamento mais ou menos racional do inev■6vel Admite― se que certa quanidade de metal, insignillcante em compara―

caO cOm a prOdu95o total,ё o piv6 de todO O sistema Mas como se disingue o ouro e a prata de outras formas de n―queza?N5o pela magnitude de seu valor,pols esseを determinado pela quantldade de trabalho incorporada nesses me―tais, rnas pelo ねto de representarem personificac6es, expressOes independentes do carater sociα l da nqueza'' Capitα′v 3,p 572 etse96ry sobre os temores quanto a isso, nos Estados Unidos, ver o aぬ go “Are the Banks Overextended?" InI BusinessWeeた 21 de setembro de 1974 Entre 1967 e 1974,a proporcaO entle o pr6p五 o capital do bancO__reservas e atlvostotais― ―calu de 7% para 5% NO mesmo periodo, a proporc5o entre os omprё stimos bancanos e Os dep6sitos totais

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330 o clcL0 1NDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARD10

Tanto a pressao sobre O capital para impedir a transforinacao da iniacaO mO_

derada ern iniacaO ga10pante quanto a irnpossiblidado de cons01ldar a cxpansaodo crこ dito internacional em dinheiro expressam o fato de que a contradicao entre

uma capacidade produtiva prodigiosamente desenvolvida e possiblidades lirnita―das dc vendas e de valorizacao dO capital no mercado mundial estt comccando aassurnir forrnas cada vez rnais explosivas Hd indrciOs claros de quc a ``onda longacom tonalidadc expanslonista'' esta chegandO ao fim Apesar de suas enormes des―pesas improdutivas, especialrnente com armamentos, apesar da hipertrona de seu

aparato de vendas, apesar do aumento cnorrne das drvidas e da iniacao perma_nente,o capitalismo tardio tern sido c conunua scndO incapaz de superar as contra―

dic6es fundamentais do modo de prOdu95o capitalista. Conscguiu apenas modera―las e represa las tempOranamente, c assirn chegou inclusive a aumentar em certosaspectos a pressaO explosiva quc iorra de dentro do sistema

A16gca pengosa de inverter a relac5o entre o ciclo de crOdito c o ciclo indus―trial pode agora ser vista na multiphcacaO de sinais recentes de uma sincronizacao

internacional crescente do ciclo indusmal. A cnse dO sistema monetano internacio―

nal esta decididamente erodindo a autonOrnia das decisOes econOmicas nacionais―― a menos quc hala uma volta arriscada ao isolamento auttrquico do mercadomundial, como ocorreu na dOcada de 30. As tentativas de cstabelecer uma uniaomonetaria66 na CEE ampliada tambё rn reduzira de maneira significativa a autono―

rnia monetaria dOs parses imperialistas mais importantes da Europa ocidental.(Dconstante aumento do poder das empresas multinaclonais opera no mesmo senti―do

Ha algumas estimativas segundo as quais as sociedades anOnirnas multinacio―

nais quc controlavam 20%da producao industrial do mundO capitalista e 30%docomOrclo mundial em 1970/71 dispunham de 30-35 bilh6es de d61ares em ativosllquidos(pape卜 moeda e dep6sitos)em 1970-― isto ё,o triplo das reservas em ou―ro e moedas do Estado norte― americano. No comeco de 1972, erarn responsaveispor 50% dos movirnentos do eurod61ar, que na Opoca haviam atingido um vOlu―me de 60 blh6es de d61ares 67 Pe10 final de 1974,os emprOstimos dc eurOd61ar al―

cancararn 185 bilh6es de d61aresi e cnquanto a propor95o detida pelas sociedadesanOnirnas multinacionais dechnaFa ligeiramente, cm dccorrOncia da cntrada de pe―

trod61ares do Governo, os ativos totais dessas sociedades anonirnas registraramum aumento postenOr n06vel em relacao a 1972 Nδ o ё de surpreender, portan―to, quc as sociedades anOnimas multinacionais precisassern forrnar com urgOnciaurn mercado monetario organizado a nfvelinternacional E tambё m n5o O dc adrni―

rar quc procurem proteger― se contra perdas repentinas no camblo, cOntra ameacasde reintroducao de cOntroles de moeda Ou de capital ou contra aumentos dos irn―post6s aduaneiros.68 sua COnduta corresponde sirnplesmente a 16giCa de um mOdo

de producao baseado na propriedade privada e na concorrOncia, c nao numa ``sO_

subiu de 65% para 7576(agOra esta se apr。 対mando de 80%)Mas acima de tudo, os bancos temem cada ve2 maiSpela solvOncia de seus p●ncipais devedores: ``O capital de glrO das sociedades anOnimas e os atvos correntes subiram

ambos cerca de 30% nos iltimos quatro anos, mas os emprё stimos comerciais e industnais feitos pelos bancOs subi^

ram 60% A renda pessoal subiu menos de 50%nos iltirnos quatro anos.mas as d~ idas relatlvas a compras feitas a

prestacao garanidas pelos bancos o supenOr a 7098''

“ Dadas as condic6es de um desenvolvimento regional cada vez mais desiguai na CEE ampliada, uma verdadeira

uniaO mOnet`ha europё ia resultaia em pressao para uma transferencia mu■ o substancial de renda para as reg15es rola―

tlvamente pehfёncas Ou decadentes,ou levarla essas regiOes a slnas crlses sociais No momento ainda nao se sabe se o

capital estana preparado ou n5o para pagar o preco(ou melhOr,parte do preco)dessa transferOncia de renda67TuGENHAT Op cF,p 161:Lc Monde 21 de marco de 197268 A corporacao HOover afirrnou que isso incorreu em perdas de 68 milh6es de d61ares, por causa da desva10rlzacao

das moedas bntanica,dinamarquesa e inlandesa em 1967(Ver TUGENHAT Op cF,p 164)Essa atrmacaO pare_ce exagerada

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O CiCLO INDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARDi0 331

berania nacional" quc em `ltima instancia deve subordinar―se aos interesses glo―

bais dO capital Essa mesma 16gica nao leva apenas a evitar perdas, mas tambё m amaxirnizar os lucros―― em outras palavras, leva a cspeculacao monetdna que tempor finalidade conseguir ganhos financciros rapidos e, cOnsequentemente, a cOns―

tantes transferOncias internacionais de somas enorrnes de capital dinheirO. O cOlap―

so dos sistemas de Bretton Woods、 com suas taxas de cambiO fixas e a introducaogenOrica de cambiOs lutuantes com sua grande amplitude de variac6es(em Zun_quc, o d61ar lutuou entre 3,76e2,67 francos surcOs__iSt0 0,mais de 25ツ ζ entre

ianeirO de 1973 e novembro de 1974),aumentOu muito essa cspeculacao mOneta―na,que antes fora orientada para a ocorrOncia de modiicac6es abruptas(desvalori_zac6es e revalorizacOes)do cambiO Oficial.

“Em 1964 e 1965, quando a desvalonzacaO da lbra esterlina parecia irninente30% das l15 subsidiarias de firmas estrangeiras estabelecidas na lnglaterra, incluFdas

no levantamento (de BrOoke― Remmer), e que n50 haviam pago dividendos duranteos 3 ou 4 anos anteriores, pagaram entao 25 das l15 remeteram mais de 100% deseus ganhos, o que significava entrar nos lucros acumulados Algumas remeteram vir―tualrnente todos os ganhos retldos e uma, culos lucros inham atingido cerca de 700mil libras por ano, pagOu um dividendo de 3 mlhё es de libras a matriz s6 em 1964Em 1967, quando finalrnente ocorreu a desvalorlzacao da libra esterlina, houve outraonda de pagamento de altos dividendos nos meses antehores a cnse de nOvembro 0mesmo acontoceu na Franca em 1968 e 1969''69

A deterrninante rnais importante dessa sincronizacaO cada vez maioF dOS Ciciosindustnais das potOncias imperialistas ё a crescente socializacao ottetiva dO traba―lho a nfvel internacional. O antagonisrno entre essa internacionaliza95o, por um la―

dO, c a apropriacaO privada numa situacao de crescente centrahzacao internacional

do capital e a persistOncia de diversos Estados imperialistas,poF OutrO― ―em outraspalavras, a contradicaO entre a socializac5o internacional do trabalho e da cOncOr―

rOncia pela propnedade nacional e o sistema cstatal de capital― _O cada vez mais

escandalosa. A evolucao da va10rizacaO dO capital, das forcas produtivas e da tec―

nologia,que tanto foi causa como efeito da``onda longa com tonalidade cxpansiO―nista" de 1940(45)/65, acelerou essa socializacao O● etiVa dO trabalho a nfvel inter―

naclonal num ntrnO sem precedentes. O desenvOlvimento da divisaO internaclonaldo trabalhO na industna manufatureira foi, como virnos no caprtu10 1o, rnuitFssirno

alё m daqucle alcancado pelo capital antes da Primeira Gucrra Mundial A tendOn―cia a unifOrrniza95o dos precos rnundiais de mercado tambё m foi rnuito alё m da es―trutura tradiclonal de matё rias―primas, artigos semimanufaturados, alguns generosalimentrc10s e bens de consumo ern escala de massa da industrla leve(como os tex―

teis). Hole ha uma tendoncia inequrvOca de uniformizacao dOs precos dos bens deconsumo duraveis, dOs rncios de transporte e de algumas maquinas c cquipamen―tos, rnesmo quc ainda haa resistOncia significaiva a esse processo 70 Nessas cir―

cunstancias, 。 fenOmeno cada vez mais difundido de supercapacidadc estruturaldeve ocOrrer sirnultancamente; esta cada vez mais dificil para uma indistria esca―par da queda das vendas e do enfraquccirnento da capacidade de cOncOrrer nomercado internO voltando― se para as exporta95es, ao mesmo tempo quc as manl―

69 TuGENHAT Op cit,p 166 Sobre as especulac5es mOneね nas das sociedades an6nimas mulinacionais ver TU―GENHAT Op cit,p 167176,e VERNON Op cit,p 166 167 A capacidade que tOm essas sociodades an6nimasde manipular precos de tansferOncia entre matnzes e subsidi`nas pOssibilita‐ lhes muitas vezes burlar mesmo as regula―

mentacOes gOVernamentais mais severas70 As manipulac5es da pandade mOnetana e pratlcas de dumpilng nao desempenham um papelimportante nessa resis‐

tOncia

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332 o clcLO INDUSTRIAL NO CAPITALISMO TARD10

pulac6es das moedas para obter vantagens de exportacao a curtO prazo ameacam

廿ansformar― se numa guerra comercial generalizada.A analise dO cicio industrial confirma, portanto, as conclus6es centrais dos ca―

p■ulos anteriores A grande expansao ecOnomica do capitalismo, quc se seguiu aSegunda Guerra Mundial, naO resOlveu nenhuma das contradic6es internas funda―mentais do modo de produ9ao capitalista. A osclacao pen6dica dOs investimentos,deterrninada pela oscilacao pen6dica da taxa mOdia de lucros,continua sendo a re―gra O uso de urn ciclo de crOdito engrenado para mitigar o ciclo industrial s6 pode―

na funcionar por um perrOdO lirnitado, sob as condicoes favoraveis da cxpansaoacelerada induzida pela terceira revolu95o tecno16gica, c as expensas dc uma des―

valorizag5o permanente do dinheiro e da desintegracao crescente do sistema monc―tariO internaclonal.

Quanto menOr a cicacia da criacao anticrclica de dinheirO a nivel nacional, cquanto maiores as dificuldades dc assegurar uma criacao regular de crOdito mOnc―

brio internacional(liquidez internacional adequada), tantO mais os ciclos dessincrO―

nizados das dё cadas de 40 e 50 convergirao para uma nova sincroniza95o do cic10industrial em escala mundial, levando a recessё es generalizadas cada vez mais gra―Ves.QuantO menor a taxa mOdia de crescimento da producao mundial capitalista,tanto menores as fases de boom e tanto maiores as fases de recessao c estagnacaorelativa.

A transicao dc uma ``onda longa com tonaldadc expans10nista'' para uma“onda longa com tonalidade de estagnacao" esta hqe intensificandO a luta de cias―

ses internacional. O principal obiCtiVO da polrtica ccOnomica burguesa nao ё maisanular os antagonismos sociais, mas sirn descarregar sobre os assalanadOs Os cus―

tos do reforcamento de cada industria capitalista naclonal na luta concorrencial. Omito do pleno emprego perrnanente esta se desvanecendo. Aqul10 quc a seducaoc a integracao polrtica naO cOnseguirarn realizar efetiva― sc agora pela recOnstrucaodo exlrcitO industnal de reserva c pelo cancelamento das liberdades demOcraticasdo movirnento dos ttabalhadOres(cntre Outras,a repressaO cstatal a greve c ao di―rcito de greve) A luta pela taxa de mais― valia desloca― se para o centro dinamicOda cConomia e da sociedade, como ocorreu entre a virada dO soculo c a docadade 30. Por conseguinte, uma cxplicacao dO capitalismo tardio deve incluir tambё muma andlisc critica do papel desempenhado pelo Estado burgues tardio e pela ideO―

logia burguesa tardia na luta de classes contemporanca.

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15

O Eslαdo na Fase do Capirα lismo Tα rdio

O Estado O produto da divis5o social do trabalho Surgiu da autononlla cres―cente de certas atividades superestruturais, mediando a producaO material, cttO pa―pel era sustentar uma cstrutura de classe c relacOcs de prOducao O pOntO de parti―

da da teoria do EstadO dc Marx O sua distin9ら o fundamental entre Estado e socie―dadel __ em outras palavras, a compreensaO de quc as func6es desempenhadaspelo Estado nao precisarn ser necessariamente transferidas a um aparato separado

da ma10r parte dos membros da sociedade, oqり e s6 veio a acontecer sob cOndi―

96es especrficas c historicamente determinadas. E essa tese quc a distingue de to―das as outras teorias sobre a origem,a func5o c o futuro do EstadO.Nenl todas asfunc6es da superestrutura cstao inclurdas na csfera de acaO dO Estado, sern falar

daquclas quc correspondem aos interesses das classes subordinadas(comO, porexemplo, as anugas classes dirigentes ou as classcs oprinlidas revOlucionarias). Asfuncoes superestruturais quc pertencem ao dornfnio do Estado pOdenl ser gencnca―

mente resumidas como a protec5o c a reproducao da estrutura social(as relacoesde producao fundamentais), a medida que nao se cOnscguc isso com os processOsautomaticos da cconornia. Por isso nern todas as funcOes do Estado sao hOle ``pu―

ramente" superestruturais, como nao o eram nas formacOes sociais prO一 capitalis―

tas.Esse aspecto do Estado ё de particularimpoHancia nO modo de prOducao capl―talista,por razδes que discutiremos abaixo.

Podemos classificar as principais funcOes do Estado da seguinte forma:

1)criar as condi9ocs gerais de prOducao que naO pOdern ser asseguradas pe―las atividades pnvadas dos rnembrOs da classc dorninante;2

1 0 esboco de uma teo五 a do Estadoこ a parte mals fraca de um hvro atas excelente de KOFLER,Leo Tachno10glscheRa,ο nα″tatim spatた apitalた mus Frankfun,1971 Koler sube轟 ma esse elemento de autonoma crescente,c o resulta―do ё que,embora condene uma ldentflca,ao pura e sirnples entre Estado e socledade,tende a relntrodua― la pela por‐

ta dos fundos2 Exemplos farnOsos sao os grandes slstemas de imgacaO do chamado modo de producao aЫ うucOi e o transporte deeno●nes carregamentos de mgo para Roma c outras grandes cidades da Aniguldade A

rmda das ``cOnd195es ge―rais de producao"encontra se em Gttndな ∞ p533 Ver tambё m Engels“O Ebtado modemo,mals uma vez,C ape―nas a foma de organ2a95o adotada pela sociedade burguesa a im de manter as cond196es extemas gerais do modode producao capltallsta,para se proteger tanto de transgress6es dos trabalhadores quanto de capitanstas indiuduais''ハn,DJhing p 386

333

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334 o ESTADO NA FASE DO CAPITALISMO TARDIO

2)reprimir qualquer ameaca das classes dorninadas ou de frac6es particulares

das classes dorninantes ao modo de producao corrente atravOs do ExOrcito,da p011-

cia,do sistema ludiCiariO c penitencidHo;

3)integrar as classes dominadas, garantir quc a ldeologia da sOciedade cOnti―nue sendo a da classe dorninante c, em consequOncia, quc as classes exploradasaccitem sua pr6pria explora95o sem o exercrciO direto da repressao cOntra clas

(pOrquc acreditam quc isso O incvitavel, Ou que C ``dos males o menor'', ou a“vontade suprema",ou porque nem percebenl a cxploracao).

A funcaO repressiva de irnpor a vontade da classe dOrninante por meio dacoerc5o(Exё rcito,polrcia,lci,sistema penal)foi a dimensao dO EstadO mais inima―mente exarninada pelo marxismo classicO Mais tarde Lukacs c Gramsci co10caramOnfase malor ern sua´ fun95o integradora, quc atriburam essencialrnente a ide010giada classe dirigente E 6bviO, naturalmente, quc a dorninacao de classe baseadaapenas na repressao sena cquivalente a uma condicao insustentavel de guerra civilperrnanente.3 Nos diferentes modos de producao ou fOrrnacOes s6cio― cconOrnicasconcretas, a funcao integradora O exercida principalmente pelas diferentes ideo10-gias:4 magia c ntual, fi10sOfia c moral, lei e polftica, cmbora em certa medida cada

uma dessas diferentes praicas superestruturais desempenhe esse papel em tOda so―ciedade de classes A reproducao e a evOlucao dessas func6es integradoras efeu―varn― se pela instrucao,,pela cducacao, pela cultura e pelos melos de comunicacao――mas sobretudO pelas categorias de pensamento5 peCuliares a estrutura de classe

de uma sOcledadeSe a teona mar対 sta la realizou um exame bastante completo de como as fun―

90es repressivas e integradoras dO Estado tantO sao mecanismos distintos comomecanismos que se entrelacarn,6 a andlise da funcaO cOmpreendida pela rubnca

“providenciar as condicOes gerais de producao" esセ i muito menos descnvOlvida.Essa iltima funcao difere das duas outras principais funcOes do Estado pelo fatO de

relacionar― se diretarnente com a csfera da produ95o, c, assirn, assegurar uma me―diacaO direta entre a infra c a superestrutura.フ Esse dominio funciOnal dO Estado in―clui essencialrnentel assegurar os prё ―requisitos gerais c tι cnicos do processo dcproducao efetivO(meios de transporte ou dc comunicacao,serv19o postal etc);pro―

videnciar Os prё ―requisitos gerais e sociais do mesmo processo de producao (cO_mo, por exemplo, sOb O capitalismo, lei c ordem est6veis, urn mercado naciOnal eum EstadO temtorial, um sistema monetariO); c a reprodu950 cOntrnua daquelasformas de trabalho intelectual quc sao indispensaveis a prOducaO ecOnOmica, em―bora clas mesmas nao facam parte do processo de trabalho imediato(O desenvOlvi―mento da astronOrnia,da geOmetna,da hidrauhca e de Outras cioncias naturais apli―

cadas no modo de producaO asi6tico c,cm certa medida, na Antiguidadei a manu―tencaO de um sistema educaclonal adequado as necessidades de expansao ecOno_nlica do modO de produ95o capitalsta ctc)

A origem do Estado coincide com a ongem da propriedade privada c assOcia―

3 Fol Napoleao,um es"cialista no assunto,quern cunhou a m6対 ma de que ё possivel fazer qualquer cOisa com baio―netas,exceto sentar‐ se nelas4 POuLANTZAS,Nicos P。

1:lcal Pο ωer and Sο cial Class“ Londres,1973p211-2135 No caso das sociedades baseadas sobre o modo de producao capitalista,o que prevalece c sObretudo a lei dO fetlchis―

mo das mercadonas,descoberta por Marx,atravё s da qual as relac6es s∝ lais entre os homens assumem a aparOncia

:露:L壇'湿繊響T朧董〔隆留織耀Ttt」田鵠騎 鳥鶴 ξttb“ De sozlal―

湿職ギ贔,8魚計1`射鵠器視肥r麟:素は肥it盤‖ホimyi常鷺湖鯛亀磁鯉ぉ臨■lttQ e de

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O ESTADO NA FASE DO CAPITALISMO TARD10 335

se, cm certa medida, a separac50 das esferas privada c publica da sOciedade, ine―

rente a produc5。 sirnples de mercadonas,cOm sua fragmentac5o da capacidade sO―cial de trabalho em processos dc trabalho privados e independentes.8 MaS naO sedeve exagerar essa relacao.(D Estado O mais antigo quc o capital, e suas func6esnaO pOdem ser derivadas diretamente das necessidades da produ95o e da circula―

95o de mercadorias. Em sociedades prO― capitalistas, as formas especrficas do Esta―

do desempenham funcoes bem diferentes daquclas que garantem o tipo de segu―ranca legal necessario ao desenvolvimento da producao de mercadorias. Nessas so―

ciedadcs, a propriedade p五 vada assume a forma de apropria95o privada da terra cdo sO10,c naO das rnercadonas. Nesses casos o Estado garante as relacδ es entrc osproprietariOs de teFra e Sua uni5o contra inimigos, tanto internos quanto externos

(como contra as classes exploradas ``domOsucas'', por exemplo, que naO perten―cem a cOmunidade; primeiro tribos subugadas, depois escravos etc.)9 Esse EstadoO inteiramente inadequado ―― quando nao efetivamente contrdno _― a 16gica daproducao sirnples de mercadorias, para nao falar da acumulacao prirnitiva dc capl―

tal.Scu poder desp61ico pode obstruir por muito tempo o desenv01virnento da pro―

ducaO de mercadorias,por rnelo de confiscos sistematicOs,pOr exemplo. Os primei―

ros direitos privados que cOrrespondiam aos interesses dos prOprietariOs de merca―

dorias cOexistiam frequcntemente, portanto, com os direitos comunais que tenclo―

navam proteger a estabilidade das tnbos ou aldeias contra os efeitos desagregado―res de uma cconomia rnonetaria

Apenas depois quc a acumulacao pFirnitiva da usura e do capital rnercantil al―Can90u certo grau de maturidade, alterando de maneira fundamental as relacocsentre as antigas e as novas classes propriebnas e sOlapando as fOrrnas tradicionais

de dorninacao polttica por melo da expansao do capita卜 dinheiro, O quc o pr6prioEstado tornou― se mais explicitamente urn instrumento da acumula95o progressivade capital e o parteiro do modo de producao capitahsta E cldssica a andlise deMarx relativa ao papel desempenhado pela di′ ida nacional, pelos contratos gOver―

namentais durante as guerras dinasticas, pela cxpansao naval e colonial, pelo mer―

:淵 ξ‰ 譜 :r諮:g:罫鍵 私指哩 t鬼l塊i:織

&』鴛

1鳳

諦 』肥 癬 F:incorreto, portanto, tentar deduzir O carater e a funcao do Estado diretamente da

natureza da prOducao e circulacao de rnercadonas.11

0 Estado burgues c um produto direto do Estado absolutista, gerado pela to―mada do poder polluco c de sua maquinaria institucional pela classe burgucsa.12Mas C tambё m uma negacao dessc`ltirno, pois o Estado burgues c16ssico da Opo―ca da ascensao vitOriOsa do capital industnal era um ``Estado fracO"por excelencia

―― porque se fazia acompanhar pela demolicao sistematica do intervencionismoeconOrnico dos Estados absolutistas, que impedira o livre desenvOlvirnento da pro―

ducaO capitalista cnquanto ta1 0 governo do capital se distingue de todas as for―mas prё―capitalistas de governo pelo fato de naO se basear em relac6es extra― eco―

nOrnicas de coercao e dependoncia, mas em relacoes “livres" de troca13 que dissi

8 ver E H Pashukanis(Lα Thι。"e Gι

nι raセ du DrOit erle Moっ osme Pais, 1970),que desenv。 lve a tese de que a lei

ё apenas a forma mlsticada dos connitos entre os propheぬ ●os pivados de mercadoias, e que, portantO, sem a pro‐piedade pnvada e seus contratos,em outras palavras,sem a produc5o sirnples de mercadOnas,n5o h6 1ei9 Ver as considerac5es de Marx relabvas ao surglmento do Estado na Antguidade Crundasse p 475-47610 Ver MARX Capital v l,p7511l Uma denva゛ O demaSiadamente direta do Estado burguOs dos imperatvos da produφ o de mercadoias,sem um es

よ鵠驚紺鵠鮨trl∫糠翫:埋 :i:‖譜鳳裁潟『∬湯℃l』鷲謂¶盤lT蟹胤出lt埋堀1羅粗糧PLE,Dleter St● ●t und ollgem● ine Produttοnsbedingungan Berlim Ocidental,197312 ver a famosa dscussao feita por Marx sobre o Estado frances em The Elghttenth Brumoi″ ●J Louた BOnap●FeMARX e ENGELS Seた cted Worに p 17013 MarX: “Uma vez que a organ偽 ぃo do mOdo de produ゛ o capltalista tenha se desenvoル ido plenamente,nada lhe

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336 o ESTADO NA FASE DO CAPITALiSMO TARD10

mularn a dependOncia c sttc1950 CCOnOmicas do proletanado (separacaO entremelos de producao e subsistOncia)e lhe daO a aparOncia de liberdade c igualdadc.

Como ossas rela96es de troca em geral foram internalizadas pelos produtores dire―tos,14 eSpeCialmente no perfodo do capitahsmo ascendente,quanto mais desirnpedi―

das a dOrninacao ccOnomica c a cxpansao do capital,tanto mais a burguesia pode―ria abster― se do uso direto da coercao das armas contra a classe operdria c tantomais era poss,vel reduzir o poder do Estado as func6es minirnas de seguranca lsso

sc aplicava sobrendo aos Estados burgucses cula maquinaFia interna cra``rnais fra―gir' no perlodo do capitalismo competitivo, comO a lngiaterra, os Estados Unidos,

a B01gica c a Holanda.Onde,ao con廿 6no,o Estado burguOs dispunha de urn apa―rato administrativo mais poderOsO, como na Fran,a depois dc Napoleao l, isso eraindrc10 naO da fOrca, rnas da fraqueza relativa da burguesia local, tanto econOnlicaquanto politicamente.15

Mas o Estado burguOs se distinguc de todas as forinas anteriores de donlina¨

caO de classe por uma peculiaridade da sociedade burgucsa quc O inerente ao pr6-pno modo de producao capitalistal o isolamento das esferas publica e privada dasociedade, quc O consequencia da generalizac50 Sem igual da produ95o de merca―dorias, da propnedade privada e da concOrrOncia de todos contra todos. Assirn,qualquer representac5o dos interesscs gerais do capital por capitalistas quc operam

individualrnente O ern geral dificrlirna,quando naO tOtalmente impossfvel,numa sO_

ciedade burguesa― ―ao contrdrio de um Estado feudal,por exemplo, que podcnaconstituir― se sirnplesmente pelo nobre mais poderoso,o rei “A classe capitalista rel―

na, mas nao gOverna. Contenta― se cm dar ordens ao Governo"16 A concorrOnciacapitalsta deterrnina assirn, incvitavelrnente, uma tendencia a autOnOmizacao dOaparato estatal, de maneira que possa funcionar como um “capitalish tOtalideal'',17 serVindo aos interesses de protecaO, cOnsolidacao c expansao do mod。de producao capitalista como um todo, acirna c ao contrario dos interesses conll―

tantes do``capitalsta total real''constiturdO pelos``rnuitos capitais''do mundo real.

``O capita1 0 incapaz de produzir por si mesmo a natureza social de sua existOncia

em suas ac5es; precisa de uma insitu195o independente, baseada nele pr6p● o, rnasque naO estaa suleita a suas lirnitacOes, Culas ac5es n5o selam determinadas, portan―

to, pela necessidade de prOduzir(sua pr6pha)mais― valia Essa insutu1950 independen―

te, `ao lado, mas fora da sOciedade burguesa', pode,baseada sirnplesmente no capital,

saisfazor as necessidades imanentes negligenciadas pelo capital¨ O Estado naO deveser visto,portanto,nem como unl sirnples instrumento,nem como insituicao que subs―itul o capital S6 pode ser considerado uma forrna especial de preservacao da existOn―

cia social do capital`ao lado,mas fora da concorrOncia'"18

redste A geracao constante de um excedente relatlvo de populacao manttm a lei da oセ rta e da procura de trabalh。,

c assim manに m os sal`五 os num n"el que correspondc as necessldades do capital A ttste compulsao das relac∝ s

econOmicas completa a sule195o do trabalhador ao capltalista A lor"direta,fora as relac∝ s econ6micas,ainda ё usada,naturalmente,mas s6 em casos excepcionals'' Capral v l p 73714 Georg Lukacs lHlsto,ν

and Class Consciousn‐ Londres,1971 p 173)ao menoS concede que ι possrLler ao taba_lhador liberar se desse pr∝ esso de intemallzacao das relacoes de troca Em relacao ao ca口 taliSmo tardio,observa K。 ―

ler“ Nessa tenぬ o entre o prazer e o ascetsmo,a reconcinacao ide。 16glca com as condicoes s∝ iais e対stentes precisa

de um poderoso apolo psiquico, o qual ё proporciOnado pelo processo de intemallzacaO,aingdO por meio de manipulacao da consciOnda" Op cit,p 8515 ver a analise de Marx sobre a fOnna pela qual o bonapamsmo classlcO apoiava― se no pequeno campesinato francOs,

correspondendo assim a um desenvol宙 mento retardado do capltalismo na agncultura(In:The Elghteenth Bmmai“ )

NO mesmo trabalho,Marx alrrQou explicitamente:``Foi a sensacaO de fraque2a que Os levou a se afastarem das cOndl‐

C5eS puras do govemo de sua pr6pia classe e a deselar as formas antenores,menOs completas,menos desenvOl宙 das,

e porlsso mesmo menos pengosas desse govemo" MARX e ENGELS Sel●dedミ、rtt p 12016 Essa fol a fOHnulacao de Kautsky,ha 70 anos

17“ O Estado modemo,qualquer que sela sua forFna,こ essencialmente uma m`quina capitallsta,o EstadO dos capitalis―tas,a person■cacao ideal dO capital naclonal global'' ENGELS An“ ―D●力月ng p 38618ALWATER “Zu Einigen PЮ blemen des Staatsintervenionismus''

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O ESTADO NA FASE DO CAPITALISMO TARD10 337

As funcOes econOrnicas asseguradas por essa ``preservacao da existoncia so―

cial do capital'' incluem a manutengao de relacOes legais universalrnente validas, a

ernissao de mOedas fiduciarias, a expansao do mercado local ou regional, c a cria―

caO de um instrumento de defesa dos interesses competitivos especFficos do capitalnativo contra os capitalistas estrangeiros― 一em outras palavras, o estabelecimentodc lcis, rnoeda, mercado, ExCrcito e barreiras alfandegarias a nivel nacional. Mas o

custo dessas fung6es indispensaveis deve ser mfnirno. Os impostos necessariOs amanutencao dO Estado pareciam a burguesia tnunfante puro desperdrciO de umaparcela da mais― valia quc, caso contrd五 o, poderia cstar sendo empregada produti―

vamente A burguesia industrial ascendente sempre tentou,portanto,controlar rigo―

rosamente as despesas do Estado c questionar ou recusar qualquer aumento nes―sas despesas.

A autononllzac5o do poder do Estado na sociedade burguesa O decorrOnciada predonlinancia da propriedade privada e da concorrOncia capitalista; mas essamcsma predorninancia impede quc cssa autonornizacaO deixe de sor relativa. A ra―

z5o disso ё quc as decis6es do ``capitalista total ideal'', enquanto transcendem osinteresses competitivos conlitantes de capitalistas especfficos, tOm efeitos importan―

tes sobre esses interesses Toda decisao estatal relativa a tanfas, irnpostos, ferro1/ias

ou distribu19ao d0 0rcamento afeta a concorrOncia c inluencia a redistribu1950 sO―

cial global da mais― valia, com vantagens para um ou outro grupo de capitalistas.Todos os grupos capitalistas s5o obrigados, portanto, a se tornarem politicamente

ativos, nao s6 para articular suas concepc6es sobre os interesses coletivos de clas―

se, rnas tambOm para defender scus interesses particulares 19 Por essa razao,a fun_

950 ``C16SSica'' do parlamento na ёpoca do capitalismo concorrencial era expressar

os interesses comuns a classe de fOrrna a dar a cada grupo de capitalistas a mesmaoportunidade de defender scus pr6prios interesses― ― em outras palavras, impedirquc esses interesses de classe se fizessern sentir como coercao extra_cconOrnica ou

sirnplesmente como ordens. Desse ponto de vista, a repabhca parlamentar burguosa O incontestavelrnente a “forma ideal'' do Estado burgues, porquc renete da me_lhor rnaneira possivel a unidade dia10tica c a contradicao entre a``concorrOncia de

muitos capitais''co``interessc e a natureza social do capital em sua totalidade''20

A transicao dO capitahsmo concorrencial para o impenalismO e para o capitals―

mo monopolista alterou nccessariamente tanto a atitude suttetiVa da burguesia emrelacao ao Estado, quanto a func5o obictiVa desempenhada pe10 Estado ao reali―zar suas tarefas centrais 21 0 surgirnento dos monop61os gerou uma tendOncia a su―peracumulacao permanente nas metr6poles c a correspOndente prOpensao a cx_portar capital e a dividir o mundo cm dorninlos coloniais c esferas de inluOncia

sob o controle das potOncias impeFiahStas. Isso produziu um aumento substancialnas despesas com armamentos e o desenvolvirnento do militarismo, o que, por

19 Sempre h6,naturalmente,uma interconex5o entre esses dois aspectos da`'at● dade pollica'',embora nao sela me―

ぬnica nem unlateral Por exemplo: o banqueiro norte‐ amencanO Bray Hammond mostrou quc as controvё rsias so―

bre o sistema ban“ io norte―ameicano da pnmeira metade do sOculo XIX estavam ligadas,em certa medida,a conll‐tos mtuto concretos de interesses matedais entre grupos de capltalistas de Nova York e Flladё lla Ver 3antt αnd Pο″‐

,cs in Amettcorrorn the Reυ o′u"on to the Ciυ ″Wo「 Pinceton,195720 Manぐ “A rep`blica parlamentar era mais do que o tembio neu廿 o onde as duas facc6es da burguesia francesa,le」 ‐

imistas e orleanistas, grandes propnebios de terra c grandes indusmais, podenam convlver com igualdade de direitos Era a condicao ineutavel de seu govemo cο mtJ/n, a inica forrna de Estado em que seu interesse geral de classe

submetta a si,ao mesmo tempo,as reiゃindlca95es de suas facc6es parLculares e as de todas as outras classes da socio―

dade'' Selected Woお p 15321 MarX: “Enquanto o capita1 0 fraco,ainda se ap6ia nas muletas dos mOdos de producao anterlores,ou daqueles quemorrerao com sua ascensao Logo que se sente lo● e,,oga fOra as rnuletas e se move segundo suas pr6phas ieis Logoque come"a se perceber e a se roconhecer como uma barreira ao desenvolumento,busca refiglo em lomlas quc,ao restnnglr a lvre concorrOncia,parecem tornar o dommio dO ca,tal mais perfeito,mas quc ao mesmo tempo sao Osarautos de sua dssolucao e da dissolucao dO rnOdo de producaO nele baseado'' Grund71sse,p 651

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338 o ESTADO NA FASE DO CAPITALISMO TARD10

sua vez, lcvou a um crescimento ainda maior do aparato cstatal, cnvolvendO umdesviO malor de rendirnentos sociais para o Estado 22 As despesas com arrnamen―tos tOm, O claro, funcao duplai a de defender Os interesses especrficOs de cada po―

tOncia metropolitana contra os nvais imperialistas(e povOS COloniais)c a de prOpor―

cionar uma fonte de rnais acumulacaO dc capital.

Ao mesmo tempo, pelo menos na Europa ocidental, a ascens5o do capitalis―mo monopolista coincidiu com o aumento da inluencia pol■ ica do movirnento daclasse operaria, renetido de forma nottvel na aquisicao gradual do sufragio univer―

sal e ern scu uso pela democracia social c16ssica. Esse desenvOlvirnento teve efeitos

contradit6rios sobrc a cvolucao do Estado burguOs cm sua fase irnpenalista. Porum lado, o surgirnento de poderosos partidos da classc trabalhadOra aumentou aurgencia c o grau do papel integrador do Estado. Para o assalanadO, a llusao deigualdade formal enquanto vendedor da mercadoria forca de trabalho refOrcava―se

agora cada vez mais com a llusaO de igualdade fOrmal enquanto cidadao Ou eleitor―― dissirnulando a desigualdade fundamental do acesso ao poder polrticO, quc Cuma decorrOncia da profunda desigualdade de poder economico entre as classesna sociedade burguesa. A burgucsia poderia, portanto, denvar vantagens considc―raveis dessa forma de integracao dos partidos de massa da classe operaria na de―

mocracia parlamentar burguesa, na medida cm quc as crises econOmicas e sociaisnaO ameacassem diretamente a sua posicao de classe dominante 23

Mas,por outro lado,a cntrada em larga cscala de deputados sOciais― demOcra―tas e mais tarde de deputados comunistas nos parlamentos burgucses significavaquc esses 6rgaos icgiSlativos perdiam cada vez mais sua fun95o de arbitro de inte―

resses conlitantes no inι erior da classe burguesa A tarefa dc asscgurar a continul―dade da dorninacaO pOlrtica do capital foi gradualrnente transferida do parlamentopara os esca16es supenores da adnlinistracao estatal.24 DaF para o futuro, a tendOn―

cia do poder polftico de centralizar― se cada vez mais no aparato do Estado fol umaresposta a esses desenvolvirnentos. Correspondcu tambOm a uma inversao da si_tuacaO quc existira sob o capitalismo competiivo.Se antes era rara a ag5o autOno―

ma do aparato do Estado, com a finalidade de preservar o poder econOrnico daburguesia por melo de sua expropria95o pol"iCa cnquanto classe,25 agOra tornou―se frequcnte,sOb a forma de ditaduras militares,bonapartismo e fascismo

Outra caracterrstica dessa Opoca foi uma amphacao geral da legslacaO sOcial,quc ganhou impulso particular no perfodo impenalista Ern certo sentido tratou― se

dc uma concessao a crescente luta de classe do proletanado,destinandO― se a salva―

guardar a dominacao do capital de ataques mais radicais por parte dos trabalhadO―

res. Mas ao mesmo tempo correspondeu tambOm aos interesses gerais da reprOdu―

caO ampliada nO mOdo de producao capitalista,ao assegurar a reconstitu19ao fisicada forca de trabalh0 0nde cla cstava ameacada pela superexploracao A tendOnciaa ampliac50 da legislacao social dcterminou, por sua vez, uma redistribu19aO cOnsl―

22 Hilferding e Luxemburg jd havlam percebido i%。 antes da Pnmeira Guerra Mundlal,comO se pode ver pelas cita―

coes anteiores deste trabalho, enquanto que Bemstein fol o pnmeir。 “revlsionlsta'' a alimentar a ilusao de que O po―der politco da burguesia podena ser`Iadualmente subsi餞組o por uma dem∝ racia baseada nos“ direitos iguais de to―

dos os membros da comunidade"(Op cit,p 177),neutra enl relacaoお classes ou iadOra dos compromissos assumi‐dos entre elas

"Mas isso nao corresponde de modo algum ao desenvolvlmento“ na撻ral"da sociedade burguesa,que tendia muitomais a identicacao de direitos pol16cos “positvos" cOm a pOsse da prophedade p五 vada, istoを , quc tendia a excluirdo sufrij。 。s trabalhadores assalanados Esse naO fOi apenas um estado de coisas prevaleccnte'por mais de um sこ cu‐

lo depois da Revolucao industrlal, rnas a conviccao deciarada de todos os ide61ogos burgueses, inclusive dos mals arro―

iadOS,de Locke a Kant Ver KOFLER,Leo Zur G‐ chichた der butte″ ichen G“ ellschげ Han, 1948 p 437,443-444,46224 sobre essa questao,ver a an6hse e a extensa bibhogala de HIRSCH,」 oachin WlssenschaFllch‐ たChnlscher Fο ″‐

rW:ξ螺懲腱:猫■職挽轟鳳

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灘d ttrb p・2

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O ESTADO NA FASE DO CAPITALISMO TARD:0 339

deravel dO valor socialrnente criado ern favor do orcamento public。 , que linha dcabsorver uma percentagom cada vez maior dos rendirnentos sociais a fim de pro―porcionar uma base material adequada a cscala ampliada do Estado do capital rno―

nopolista

Todas as ilus5es subsequentes relativas a urn``Estado social''bascavam se nu―

ma cxttapolacao arbitraria dessa tendencia, na falsa crenca em uma redistribu195o

crescente da renda nacional,que tiraria do capital para dar aO trabalho 26 Na verda―

de,こ claro quc a queda da taxa mOdia de lucros,resultante dc qualquer redistribul―

95o nurn modo de prOdu95o capitalista,amscana n50 aponas a reprodu9ao amplia―da, rnas tambOm a reprOducao sirnplesi detonana uma greve dos investidOres,a fu―ga do capital e o desemprego ern massa.As ilus6es quanto a possibilidade de “so―cializacao atravOs da redistnbutaO"27 naO passam, tipicamente, dc esEgios prchrni―nares do desenvolvimento dc um refOrmismo c可 o lm 16gico C um programa com―pleto para a estabiliza95o cfetiva da ccononlia capitalista e de scus nfveis de lucrO.

Esse programa incluira habitualrnente restric6es pen6dicas ao consumo da classcOperaria,a fim dc aumentar a taxa de lucro c assirn``estimular investimentos"

Outra ampliaca9 das funcOes do Estado sc venica nO estagiO tardio do capita―lismo mOnOpolista E uma consequoncia de trOs caracterrsticas importantes do capl―talismo tardio: a reducao da rOtacaO dO capital fixo, a aceleracaO da inovacaO tec_

no16gica c o aumento enorrrle do custo dos principais praCtos de acumulacao decapital, devido a terceira revolucao tecn016gica, com scu aumento correspondentede riscos de atraso ou malogro na valorizacao dos enOrrncs volumes de capitai nc―

cessariOs a csses proletOS.()resultado dessas pressOcs O uma tendencia do capita―Ismo tardio a aumentar nao s6 o planelamentO econOmico do Estado, comO tam―bёm a aumentar a socializacao estatal dos custos(nscOs)e perdas em um nimoroconstantemente cresccnte de processos produtivos. Portanto, ha uma tcndο ncia

inerente ao capitalismo rardiO a incOporacao pe10 Estado dc um ndmero scmpremalor cfe sctores produtiυ os e reproduFiυos as ``cOndigocs gerais de produca~o''9uc

FnanCia.sem essa socialzacaO dOs custos,esses sctores naO senam nem mesmoremotamente capazes de satisfazcr as necessidades do processo capitalsta dc traba―

lho.

Essa ampliacao da esfera das “condi95es gerais de prOducao" c um renexoperfeito de uma tendencia inerente ao capital, da forrna descrita por Marx em

Grundttssci

“Quanto menores os frutos diretos gerados pelo capital夕 xo, tanto menor sua inter―

vencaO nO processo diretο de produca~o, e tanto malores devem ser o excedente relati‐υο de pο pu′αcaο e o de prοducaοi assirn,ha mais recursos para construir ferrovias,ca‐nais, aquedutos e tel● grafos do que para construir maquinaria diretamente aiva noprocesso produivo"28

Exemplos diretos dessa tendencia sa0 0 usO crescente dos orcamentos do Es―tado para financiamento de pesquisas e dos custos do desenvolvirnento, c as des―pesas estatais destinadas a financiar ou subsidiar usinas nuclcares, aviOes a latO e

26 Entre outras coisas, isso envolve falta de compreensao da unidade estutural das relac6es capitalistas de producao e

dlsmbu19ao uma critca anteior e muito interessante das ilusoes de um“ Estado social'',e das causas da colabOracao

de classes nas economias de guerra durante a Pimeira Guerra Mundlal,estt em LAPINSKl,P '`Der`Sozlalstaat'一Etappen und Tendenzen seiner En"υ icklung" In: Unたr dem Bαnner d‐ Ma鮨/nus n° 4, nO′ embro de 1928 p37727 Kan Renneria deinia em 1924 a“ clrculacao com。 。ponto de paruda da s∝ iahzaca。 '',in:Die Wlぉ chart oお Ge‐

samtprozess und die Sozialisierung p 348,379 Toda a literatura reforrnista bitanica das dё cadas de 30, 40e50 ba‐seava‐ so em ilus5es semelhantes28 MARX Gttndnsse p 707-708

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340 o ESTADO NA FASE DO CAPITALISMO TARDIO

grandes prOletos industriais de todos os tipos.Excmplos indiretOs sao o fOrnecirnen―

to de matё rias― p五mas baratas mediante a nacionaliza95o das indistrias particularesquc as produzern, subvencionando assirn, de forma dissirnulada, o setor pnvado

O capital estatal funciona portanto como um esteio do capital privado(c,em parti―

cular, do capital rnonopolista)29 A tabela quc se seguc mostra como a nacionaliza―

caO da industria da cletricidade trabalha para os interesses dos monOp61los aO ga―rantir fornecirnento de energia aos grandes consurnidores industriais a precos mais

baixos.30

Precos Mι dios da Energia EIι trica cm Paお“

Sclccionados,1973(em centavOs ded61ar pOr kWh)1

As quatro classes de compradore,

1 50kW/12 500 kWh baixa voltagem::: 150 kW/45 000 kWh baixa voltagemIll: 500 kW/180 000 kWh alta voltagem

lヽノ: 1 000 kW/450 000 kWh alta vOltagem

O capitalismo tardio caracteriza― se por dificuldades crescentes de va10rizac5odo capital(Supercapitalizacao, superacumulacao).(D Estado resOlve essas dificulda―des, ao menos em parte, proporcionando opottunidadcs odicionais, numa cscalαscm prccedenres, para inυ estimen″ os “′ucratiυ os" desse capital na ind`st"a dc ar‐mamentos,na`ind`st"a de proた ,aο αO meiO ambicnte'ち na“りuda''a paお es“―trangeiros,c obras de tttЮ―

“truFura(onde`lucrauvo''signinca tornado lucraivo

por rncio da garantia ou subsrdiO dO Estado)

Outra caracterrsica dO capitalismo tardio C a suscetibilidade crescente do siste―

ma social a explosivas criscs ccon6rnicas e polrticas quc ameacam diretamente to―

do O mOdO de producao capitalista Em cOnsequencia disso, a “administraca~o dascnses''O uma funcao tao vital do Estado na fase tardia do capitalsmo quanto suaresponsabilidade por um volume enorine dc “condicOes gerais de prOducaO" Ouquanto seus esforcos para assegurar uma valorizacao mais rapida dO capital exce―

dente.Econornicamente falando,essa``adrninistracao das crises"inclui tod0 0 arse―

nal das polfticas governamentais anticrclicas, cttO OttetiV0 0 evitar, ou pelo monOs

adiar tantO quanto possivel,o retorno de quedas bruscas c catastr6ficas cOmo a de1929/32. Socialrnente falando, ela cnvolve esforco perrnanente para impedir a cri―

se cada vez mais grave das relac5es de prOducao capitalistas por m01o de um ata―

29 MarX s6 usa o conceito de``capital estatal''no sentldo do capital que consegue valoぬr‐se a pa由r da fotta de traba―

lho em posse do Estado: ``na medida ern que os Governos empregam trabalhadores assalanadOs produtvOs enl mi―nas,estradas de ferrO etc desempenham a funcao de capitalistas industnais" Capilal v 2,p 973)INa"Onal υtility Se″ ic“,citado em Neuc ZurcherZe″ ung 25 delulhO de 1974

Frαncα

(Nord Passo deCalais e Pa● s)

G面‐BreranhaNE Elec BoardNヽV Elec Board

r“IIα

EUAVale do Tenessee

3,01

2,36

2,33

1,67

2,38

2,24

2,00

1,37

2,19

1,85

1,77

1,09

1,75

1.72

1,56

0,92

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O ESTADO NA FASE DO CAPITALISMO TARD10 341

que sistematicO a cOnsciOncia de classe do prOletariado. Assirn o EstadO desenv01-

ve uma vasta maquinaria de manipulacao idc016gica para ``integrar'' o trabalhador

a sOciedade capitalista tardia como consumidor, ``parceiro social'' ou ``cidadaO''(c,

ipso―racto,sustentacu10 da ordem social vigentc)etC.O EstadO procura constante―mente transfollHar qualquer rebeli5o ern reformas quc o sistema possa absorver, cprocura solapar a solidariedade na fabrica e na economia(por exemplo: pela intro―

ducaO de nOvos mOtodos para calcular e pagar os salariOs,pela promOcao da rivah―

dade entte trabalhadOres naclonais e irnigrantes, pela invenc5o de grande nimerOde organismos de participacaO e deliberacao, pela prornulgacao de p01lticas sala―

riais ou ``contratos sociais" ctc.). A press5o geral no sentido de um cOntrole ma10r

de todos os elementos do prOccsso produtivo e reprodutivo,quer diretarnente exer―

cidO pe10 capital ou indiretamente pelo Estado capitalista tardio,O uma consequen_

cia inevitavel da dupla necessidade de cvitar quc as crises sociais ameacem o siste―

ma e de proporcionar garantias econOmicas ao processo do valonzacaO e acumula―

caO dO capitalismo tardloA hipettroria c a autonomia cresccntes do Estado cap″ a″sta tardio sao um cOrO_

ldttο hおめ月cO das d′ culdades cttscentes dc υalottar o capital e rcalレara maお―υα―1,a de maneira regula∴ Renetem a falta de confianca cada vez maiOr do capital emsua capacidade de ampliar e consolidar sua dorninacaO pOr rnelo de prOcessos eco―nOmicos automaticOs 31 TambOm estao assOciadas a intensiicacaO da luta de classeentre capital e trabalho――em outras palavras, a cmancipacao crescente da classcOperaria da subordinacao cOmpleta e passiva a ide010gia da burgucsia, c a suaemergencia peri6dica enquanto foκ a independente em connitos pOlfucos COrres―pondem ao agravamento das contradic6es sociais tanto internas quanto entre osparses imperialistas rnetropolitanos,cntre o sistema imperialista como urn todo c Os

Estados nao capitahtas, c entre as classes dirigentes e as classes exploradas das se―

mico16nias.Quanto maior a interven95o do Estado no sistema ccon6mico capitalis―ta, tanto mais claro torna―sc o fato de quc esse sistema sofre de uma dOenca incu―ravel.

Em relacao a issO, a concepcao apresentada recentemente por Poulantzas deque na fase atual do capitalismo a p五 ncipal funcao do Estado burgues c polFtica,

enquanto a principal folllla da ldcologia burguesa C``economicista",O uma tentati―

va cscolastica c artificial de separar mecanismos de classc intimamente interdepen‐

dentes.32(D capitalismo tardio caractenza_se pela combinacao simultanea da funcao

diretarnente econOnlica do Estado burguOs, do esfoκ o para despolitizar a classe

operana e do nlito de uma cconOrrlla onipotente, tecnologicamente dete11llinada,que pode supostarnente superar os antagonismos de classe, assegurar um cresci―

mento ininterrupto,um aumento constante do consumo c,assirn,produzir uma so―ciedade``pluralista".A funca0 0bieuVa da ldeologia``economicista''こ ,sem davi―da,tentar desmantelar a luta de classe do pЮ letanado.Mas a necessidade obichVadessa ldeologia corresponde exatamente a compulsaO cada vez maior do Estadoem intenЛ r na economia capitalista tardia,c ao perigo de quc essa intervencaO edu_quc a classc operaria cm relacao a todas as follllas econOnlicas e sociais da socie―

dade ctta riqucza prodllz ―― potencialrnentc uma ameaca terrrvel aO capitalismotardio. Isolar um elemento dessa totalidade complexa c afiェ :Har que ё o``pnncipal''aspecto C um passaternpo fi● l em tellllos intelectuais.33

0 aumento da intervencaO direta do Estado capitalista tardlo na cconomia lhe

31 lsso cOrresponde plenamente a lむ ca da an`Lse do capital de Marx,que enfattn de mOdo exp1lctto que``。 desenvol―

vlmento ma対 mO dO capital se da quando as condic6es gerais do processo de producao social n5o sao pagas por dedu―

coes feitas da renda social'' Grundnsse p 53232POuLANTZAS Op cr,p21133 0 1ivro de Poulantzas,assim como o de K。 ler,caracte― ‐se por um rnenosprezo geral pelas conex● 3s diretamenteeconOmicas e pelos interesses matenais A tese de Koler,de que os administradores estao ligadOs a grande burguesia

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342 o ESTADO NA FASE DO CAPITALISMO TARD10

da urn cOntrole malor sobre os rendirnentos sociaiS. Em outras palavras, a parcela

dO capital total quc o EstadO redistribui,gasta c investe cresce constantemente

Despesas Estarais cOrno Percentagem do PNB Nolte Americanol

1913 1 7,1%

1%: 1 121鞠1950 1 24,6%1955 1 27,8%196θ 1 28,1%1965 1 30,0%1570 1 33,2%

l Sobre os Estados Unidos,ver US Department of Commerce,Long‐ Terrn Economic GrOω th,relatlvamente a dadosantenOres a guerra,e Statls,cal Abstract or the uniた d Stat“,1971,que fornece dados postenores a guerra N5oこposslvel comparar totalmente as duas sё ies, pois as esimatlvas antenores a guerra dlzem respJto a percentagem decompras estatals de bens e servlcos(inclulndO assim os sald五〇s dos empregados do Estado)em rclacao ao pЮ duto na―

donal bruto, enquanto as estmatvas de p6s―guerra correspondem a percentagem das despesas totais do Estado emrelac5o ao produto nacional bruto Sobre a Alemanha Ocldental, ver Elemen`ο einer ma`ο

llstlschen Staoお theο

"eFrankfurt、 1973

Gastos PablicOs TOFais(induindo o SegurO Nacional)comO Pcrcentagem do PIB,AIcmanha(depols de 1948,apenas a Repiblica Fedcral)

1913 1 15,7%192θ 1 27,6%1950 1 37,5%1959 1 39,5%1961 1 40,0%1969 1 42,5%

A hipertrofia do Esね do no capitalismo tardio O inevitttvel e necessaria aO capi―

tal total, mas apesar dissO cna novas contradic6es A nacionalizacaO de parte do ca―pital s6 faz sentido do ponto de vista da classe burguesa se levar nao a uma queda,

mas a estabilizacao, c se pOSS,vel ao aurnento dos lucros do capital pnvadO, Damesma foIIIla, a redistributaO dOS rendirncntos sociaiS para o orcamento naclonal

n5o pode levar a uma reducao a 10ngO prazo da taxa de rnais― valia, ou ameacar a

valorizacaO dO capitali do ponto de vista da classe burgucsa, o orcamento idcal ёaqucle quc gera um aumento da taxa de rnais― valia e da taxa de lucros

Tudo quanto pode acOnteccr O, ponantO, 1lrna redistribu19ao ``hOrizOntar' pormelo da centralizac5o de frac6es de rnais― valia c salanos(“ salariOs indiretOs'')一 ―cula final:dade ё assegurar a realizacao efetiva de certas despesas importantes para

a preservacao da sOciedade burguesa, quc os gastos pHvados das duas principaisfaixas de renda naO cObrem.

Os lirnites dessa ``redistribuicaO" s50 confirrnados plenamente pelo estudo dcParkin sobre a cvolucao dOs diferenciais de renda e a incidOncia de impostos sobre

phncipalrnente, se nao Oxclusivamente, por vlnculos ideo16ocos(op cit, p 76, 83)negligencia um ponto capital deque no modo de producao capitalista. a seguranca m`対 ma em termos de sobrevlvOncia nunca pode ser garantda porstα

`us ou renda,mas apenas peta propiledade dο capi`oた os administradores sao levadOs,portanto,a adquinr essa prO_

pnedade, e assim chegam a ter interesses mateiais errl comum com a grande burgllesia no sentldo de manter uma or―

denn social quo defendO essa posse

Page 343: Capitalismo Tardio - MANDEL

O ESTADO NA FASE DO CAPITALISMO TARD10 343

a populacao dOs pates ocidentais entre 1935 e 1960,apesar da c対 sttncia de siste―

mas de seguro social particulallilente avancados nesses parscs.34 MeSmO a possibli―

dade de uma redistribu19ao meramente ``horizontal'' da renda naclonal por paFtedo Estado depende,na0 0bstante,de condic6es o● ciVas tais como a taxa geralde aumento de producao, O desenvol、 ハmento da taxa de lucros, as relacoes de for―

ca entre as classes, o espectro de fung6es desempenhadas pelo Estado e o grau deinterferOncia nos interesses pnvados necessariO a rcalizacao dessas fun96es. Se es―

sas condic6es registtam mudancas graduais (naO mencionando as mudancasabruptas), comO incontestavelrnente vem ocorrendo desde o final da ``onda longade crescirnento rapido",o resultado O uma crise financcira cndernica do Estado ca―pitalista tardio.35 Assirn que comeca csse processo, as func6es especrficas do Esta―

dO arrOladas acirna nao pOdem mais realizar― se sirnultaneamente. A ``crise adrninis―

trativa" permanente do Estado transfollHa― se corn isso numa crise pellllanente do

Estado.

Por outrO lado,a crescente funcao ecOnomica do Estado do capitalismo tardlona centalizacao c redisttbu195o de parcelas do excedente social torna a inluencia

sobre suas decis6es um obieivO Cada vez mais imediato para todos os grupos decapitalistas,c rnesmo para capitais indi宙 duais Em muitos casos,o suCeSSo ou o fra―

casso dessa inluencia pode deterrninar a prosperidade ou a rurna de um capitalin―

di宙dual: mais ob宙 amente nos casos cm quc o Estado O o inico chente,c em quca producao depende dos contratos do Estado Assirn,a articulacao efetiva dos inte―resses da classe burguesa一 ―o processo coriCXtto atravOs do qual o ``capitalista to―

tal idcal'' estabelece deterrninadas prioridados entre suas diversas fungoes― ―adqul―

re uma imponancia mais decisiva para muitos(a longo prazo para todos)grupOscapitalistas do quc em qualquer fase anterior do mOdo de producaO capitalistaDuas sё ries de prOblemas surgem diretamente do exame das fun96es gerais do Es―tado burgues e de suas rnutag6es especificas no capitalismo tardlo. Em pnmeiro lu―gar,onde c com0 0s interesses de classe capitalistas se forrnulam e sc transfollHam

em ObeiVOS pol■ cos no capitalismo tardio?Em segundo lugar,como o poder eco―nOrnico c a donlinacao ideO16gica se traduzem em con廿 ole do aparelho estatal?

Em Outras palavras, dado quc as condic6es sao foェ 1llalrnente “desvantaiosas'' 一―

visto quc a classe operaria Organizada faz largo uso das liberdades democraticasburguesas――att que ponto o aparelho de Estado burgues ё um instrumento ade―quado de execucao dOs programas de agao ecOnonllcos e s6cio― polrticOs da classe

capitalista?

A translcao dO capitalismo concorrencial para o capitalismo monOpolista signifi―

ca um salto qualitativo da concentracao e da centraliza95o do capital,que deterrni―

na necessariamente um deslocamento da a範 culacao dos interesses burgueses declasse da arena politica do parlamento para outras esferas. A maior importanciados esca16es supenores do aparato do Estado burguOs(``Os ministos entram esaem; a polrcia c Os secrebrios permanentes fiCarn")O apenas uma das manifesta―

96es desse desiocamento. A cnorrnc ampliacaO dO campo dc acao das interven‐90es do Estado na宙 da cconomica c social, c a progressao geOmotrica de leis, de―

cretos, normas e regulamenta96es de todo tipo significa quc os pollicos profisslo―

nais nao conseguem entender, na praica, toda a importancia O finaldade de tantalegislacao nOva, para n5o menclonar sua fo111lulacaO.(D resultado dissO o quc o

34 PARKIN,Frank Clα s lnequα li″ and P。 lricα l order Londres,1971 p l17 SobFe eStlmatvas anterlores da situa―

95o na Franca, na Gr5-Bretanha, na Dinamarca e nos Estados Unidos, ver o cap X de nossa Mattst EconOmicTheο″35 ver O trabalho fundamental de O'CONNOR,」 ames The Fぶ cal Cns“ ●/the state Nova YOrk,1973

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344 o ESTADO NA FASE DO CAPITALISMO TARDiO

pr6p●o “govemo", no sentido de ``administracao", tOma_se uma profissao qucobedece as regras da divisao dO trabalho.

Nessas circunsttncias, os grupos de pressao da classe capitalista adquirem irn―pOnancia eno111lC. Muitas vezes saO a fOnte de idCias de nOvas medidas governa―

mentais ou de emendas,c na pratica quasc sempre桜 )rn a iltima palavra.()resulta―

do o quc as verdadeiras negociac6es ocorrem rnais freqtientemente entre esses gru―pos de pressao c a administracao estatal(talvez com o GovemO servindo de media―

dOr)dO quc ente partidos polrticOs.36 A csse respeito ё preciso fazer uma distincaoentre grupos de pressao, OrganizacOes patronais e os verdadeiros monOp61ios. Os

製 pos de pressao representarn interesses particulares de dete11llinados grupos de

capitalistas, de setores especricOs da indistria e do comOrcio, do capital financeiro

e de fillllas exportadoras conta os produtores nacionais.Em muitos paFses as orga―

nizac5es patronais representarn mais os interesses das pequcnas e mOdias empre―

sas do que os das grandes firrnas. Os monOp61los propnamente ditOs dispOem deum poder financeiro c econOnlico Eo grande quc podem intervir diretamente pordirOito pr6prio na follllulacao c cOnstitu195o das decis6es pollbcas a nfvel dO Esta―

do e do Govemo.37 Nos casos concretos, sempre O necessario verificar cOmO essasvanas formas de inluencia privada quc O capital exerce sobre O EstadO se ligarn,

se cruzam e sc chocam.(D resultado nem sempre ё necessariamente o consenso,mas sera uma decisao que renete os interesses de classe da burguesia no sentidode promocao e cOnsolldacao das cOnd,90es gerais de valorizacao dO capital,cmbO_ra possa, ao mesmo.ternpo, amscar interesses particulares mesmo de fra95es irn―portantes da classe burguesa.

Essa “reprivatizacao'' na0 0ficial, por assirn dizer, da articulacao dOs interessesde classe da burguesia C uma contrapartida da concentra95o e centralizacao cres_

centes do capital. E a sombra inseparavel da autonornia e da hipertrofia cada vez

malores do Estado burgues tardi。 . Atinge o ponto ma対rnO quando as decis6esquc afeta naO saO mais Opc6es secundarias, mas sirn opc6es estratOgicas c hist6n―

cas da classe burguesa como unl todo. Domhoff fez um longo estudo sobre a for‐ma pela qual a grande burguesia norte_americana toma suas decisoes esttatё gicas

globais e fOmula scus interesses de classe.38 Na maloria das vezes,todo O prOcesso

se desenrola fora da csfera de todas as insituic6es estatais oiciais(embora haa lf―deres polrticOs envolvidos), c O mediado por fundac6cs, ``grupOs de planaament。polltico", ``grupos de especialistas" ctc., atO por ``grupos de trabalho'' cspecfficos

quc “prop6ern'' ou ``sugerern'' essas decis6es a setores particulares do aparelho

de Estado ou do GovemO.A justaposic5o de uma articulacao privada dos interesses de classe da burguc―

36 um eXemplo entre muitos enquanto as campanhas polttcas agltavam o panament。,a imprensa c o pibhco a lavOr

e contra a reforFna bibubia patrocinada pelo governo de coalLao da sodal‐ democracia com a democracia― cJにぬ enca―

becado por Thё o Lettvre na Bё loca,em 1961/62,os grandes grupos inanceiros do pars estavam fazendo negoclacoesnos basidores para cstabelecer a emenda do proleto que inalmente lol aprovado, com functondnos piblicos e tec―

nocratas dos ministChos relevantes Uma refomla ttbuttia muito modesta foi“ tr∝ada''por novas regulamentac5esbancanas, O que perrnitu um desenvOlvimento explosivo dos crё ditos bancanos a pa面 culares e, com isso, dos lucrosbancanos37 ver,por exemplo,SAMPSON,Anthony The Soυ erelgn State― the Sec″ t月お

`ο

″ or f7T Londres,1973 Entre asinconttveis decis6es politlcas detenninadas pela intervencao dessa cmpresa pode― se apontar as regulamentac6es ol―ciais dos Proletos da Quinta Repiblica'`ant ame● cana''da Franca,o que assegurou que os custos dos telefones por li―nha,em 1970/75,lossem duas ve2eS mais alos na Franca do que na lnglaterra ou na Alemanha Ocidental_cOm lu―cros mais elevados para a l爾38 DOMHOFF,G WIham ``State and Ruhng Class in Corporate Amenca'' In:HARRIS,F(Ed)In the POc疑 ぉ Or a

&ω:The Dlst"bu"onげ Weaた hin Am●Hca Nova York,1974 No campo da politca extema,Domhor dtscute o papeldetenlninante desempenhado por entldades ``nao oiciais'' como a Foreign Policy Associatlon, o World Attairs COuncile o Counci1 0n Foreign Relatlons na forrnacao da ``Opiniao p`blica" burguesa dos EstadOs Unidos, e sua relacao comas rnaiores corpora95es e ttpos flnanceiros

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O ESTADO NA FASE DO CAPITALISMO TARD10 345

sia a uma centalizacao crescente das decis6es pollicas no aparelhoに cnicO―adrni―

nistrativo do Estado leva a uma “srntese" da alianca pessoal entre grandes empre―sas e altos(OS mais altos)funcionanOs dO Govemo,quc agora tomou― se regra cmmuitos pates. A afiェ IIlacaO de quc os grandes capitalistas retiraram― se ern grandeparte do exerciclo direto do poder polltico s6 pOde ser accita corn sOrias restri96es,

c enl relacaO a uns poucos parses imperialistas.39 Nos Estados I」 nidos, na Gra― Bre_tanha e no」 apao, a cOnivencia entre lrderes dO aparelho estatal e representantesproerninentes das principais empresas tem sido fartamente documentada desdc a

Segunda Guerra Mundial(na Gr5-Bretanha,os govemos trabalhistas tOm sidO ex―cecaO,rnas tambOm nesse caso a tendencia de``integragao"cOm a cipula adnlinis―trativa da cconomia O inequrvOca).40 sc eSsa alianca pessoa1 0 menos caracterizada

na Franca,na ltilia e na Alemanha Ocidental,41 0 pOrquc o grande capitaltem pro―pensaO a deixar a adnlinistracao da rOtina cotidiana(assirn cOmo nas grandes em―

presas)em maOS dC executivos c especialistas――nesse caso, politicos profissionais

――para rnelhor se concentrar nas decisOcs estrattgicas fundamentais.

Quais sa0 0s mecanismos concretos pelos quais sc exerce o controle da classeburguesa sobre o aparelho do Estado no capitalsmo tardio?A dorninacao financci‐ra c econOmica direta da maquina estatal__segundo o a対 oma marxlsta de quc aclasse social quc controla o sobreproduto social controla tarnbOm a superesttutura

financiada por ele――continua prevalecendo em grande medida,ainda que saa ca―da vez menOs enfatizada nos escritos marxlstas mais recentes sobre essa questao.A dependOncia do aparelho estatal em relacao ao crodito bancariO de curto prazo,

mais acentuada hqe do que nunca,c inesmo a impotOncia do``forte"Estado gaul―lista ou do Goverrlo norte― americano ao lidar conl movirnentos intemacionais decapital, sibitos e de curto prazo, s5o lembretes bastante claros de quc as ``cadeias

dc ouro" que prendem o Estado ao capital monopolista n5o desapareceram demaneira alguma onde as relacOes de produ95o capitalistas n5o foram ab01ldas.Mas continua sendo verdade quc toda avaliacao da dOnlinacaO polfica do grandecapital que se resmnge a pressao direta c 6bvia sobre esse tipo de Estado o umaclara vulgarizagao do marxismo.(Ds seguintes elementos tambOm devem ser inte―grados enl toda Consideracao da cOmple対 dade do poder polrticO dO capital.Embo―

ra n5o se deva identificar as ongens dc classe dos membros individuais do apare―

lho do Estado com a natureza de classe do Estado, a maquina estatal capitalistatem, nao obstante, uma οrganlzacao hicた ,rquica correspondente a ordem da pr6-pria sociedade capitalista;42。 s funclondrios lnais graduados,宙 rtualrnente scm excc―

caO, 壺O de Ongem burguesa ou esEo integradOs na burguesia.43 Bn量 an forneceu

cifras muito significativas referentes ao aparelho de Estado britanicO: de 630 milfuncionariOs dO serv19o ci、 ll ingles, somente 2 500 tOrn realrnente poder de deci¨

saO. s50 0s “funclonariOs piblicos adrninisttativos'' descritos pelo analista norte―

americano Kingsley como os``p01lticos pellHanentes'',44 e a maloria deles o recruta―

39 ver,por exemplo,KOFLER Op cit,p5540 Numerosos exemplos dessa ahanca pesSOal-1lustrada recentemente pela nomeac5o dc Nelson Rockfeller para a u―

ce―presldOncia dOs Estados Unidos― ―saO Citados noこ ap XIV de Moっ dst EcOnο rnic Theo″ Bamet calcula que de 91pessoas que ocupavam os cargos mais elevados no govemo norte― ameicano no penodo 1940-1967, 70 eram domundo das altas inancas e da grande indistna lnversamente, inimeros antlgos diplomatas e minlstros assumem altoscargos em 6rlnas pnvadas depols que se aposentam Ver The Rooお or War p 179,20041 MaS ι preclso lemし rar os vlnculos pessoais c対 stentes entre Pompidou e o grupo Rothschild,e Giscard d'Esting e o

興 po Schneider Creusot,e as interconex6es de v`ias facc∝ s do ParLdo Democrata― Cisぬo italiano com a Flat,a

Montedlson,a ENletc42 BuKHARIN,N Theo"e des hlstonschen Mate"allsmus p 169‐ 170

“Porque o montante de seus sal`五 os lhes permite acumular capital

“KINGSLEY,」 Donald Represantα

e Democracy Ohio,1944 Citado por BRITTAN,Samuel in:The Tr● asuヮ un‐

der th● Toll‐ Londres,1964 p 19‐ 20

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346 o ESTADO NA FASE DO CAPITALISMO TARDlO

da de camadas cspecfficas da classe capitalista.45 Nq Franca, Neynaud mostrOuquc,ern 1962,80%dOs estudantes quc entrararn na Ecole Nationare dttdministra‐tion, quc treina funcionarios para os altos postos do aparelho dc EstadO frances,pertenciarn a``camada FnaiS privilegiada da populacao".46

出叢吼 i雌鱗 徹 :雪欄 雫電北肥電譜蹴織 腹lo mais ``dcmOcratico'' 一― a possibilidade

de desempenhar essc e apenas esse papel,47 pOrque essa estrutura ё duplamentedeterrninada pela classe burguesa. Em primeiro lugar, a promocao aOs cargos exc_

cutivos do aparato estatal ё filtrada por um longo processo de selecao,nO qual naoC tanto a competencia profissional quc asscgura o sucesso, mas sirn a ёonf01111lda―de as nOl11laS gerais da cOnduta burguesa48__quando naO, cOmo ern muitOs par―ses imperialistas, participacao direta em um dos grandes partidos “governantes".ComO essa selecao env01ve por si mesma uma eliminacao implacavel e inculca tan―

to um espFrito competitivo quanto uma empatia para com a ideologia dominante,0inconcebrvel quc alguOm que racite ou resista a Ordem social vigente c as suas nor―

mas de pensamento e acao pOssa chegar, no decOrrer comum dos acOntecirnen―tos,ao topo do aparelhO do Estado burgues Pacitistas convictos c ativos naO costu―

mam tornar― se generais, c O absolutamente ceAo que naO seraO chefes dO EstadO―MaiOr.Irnaginar quc o aparelho de Estado burguOs pode ser usado para uma trans―fOrmacaO sOcialsta da sociedade capitalista こ tao ilus6rio quanto supor quc seriapOSSWel dissOlver um 9くOrcito com a aiuda dC t`generais paclistaず '.

E clarO quc em geral sempre se deve lembrar quc a ideologia dominante dequalquer sOciedade ё a ideo10gia da classe dOrninante e quc a classc que se apro―pria do sobrcprOduto sOcial conttOlara as superestruturas constturdas com este.49A

funcaO dO Estado burguos de proteger insumcionalrncnte e legitimar iuridicamente

a propriedade pnvada C algo quc impregna necessariamente a esttutura tipica decrencas e comportamento da grande maiOna da pOpulacaO em tempos ``norrnais"Deve, portanto, cxercer uma inluencia muito mais poderosa sobre aqueles mem―bros da sOciedade quc saO empregados por vocacaO nO proprio aparelho dO Esta―d。,50 pOis a ideologia geral da burguesia inevitavelrnente continua predorninandode folllla macica sobre a classe operaria durante os ``perfodos de calrna", nO inte―

rior da estrutura de divisao de trabalho,do trabalho atOmizado e dO cOmorciO feti―

chizado da prOducaO generahzada de mercadorias. Grande nimero de ``rnitOs basi―COS'' SaO aCeitOs, nessas circunsttncias, pela ma10na da pOpulacao, cOmO cviden―

tes por si mesmos, pela mesma razao pela qual consituem um renexo ldeo16gicO

“BRITTAN Op cir,p 20,23 Esse autor descreve sua oigem comO sendo das“ classes mldias n5o cOmerciais'',

que tendem a pOssmr pequenas rendas p● vadas hvesidi:∫ 乱|]‖塗L雀』昴胤ll雛∫寵&tttl記器lよXOS'' MaS aO rneslno tempo anrma:“ Elas naO fa2iam partetava ter capturadO a maquina estatar'A burguesia ё a classe de propretttOs de capital一 e as famflias de altos funcio―

謁盤ltぎ穐践肌酪∬施tぶ淵篇C:l:鷺題龍籠

nttli縣∫晴亀轟駅ま留器ξttf蝋:鍍‖ζ

訴X¬踏よ晶脂lよ:息脱犠tFtli醤漁l∫ Lt灘

[ilttξ度葬i韓革』響I湯:SC熙:機s':Ъ:脱pal fOnte de erros de todos os reformistas c neo‐ reformista

que propoem relorttlas``que transcendem o sistema"e os ad

靴膳誅ふ:1駄££is詭鷺s蟹Ⅷぶ量』霊熱量αem C"施雌Soddノ Lond“ ,p69p12“29

轟lぷ翼蠣鸞1籍∫づ「

If蝉灘警維望『:獅Ъ島麗jl轟耐踵∫蠍

trabalhistas cnados pela leglsiacaO sOcial,cula atvldade oi―cial sempre ё necessanamente resmta, na medida em que sua funcao nう oこ delender os interosses da prOphedade ph―vada e do lucr。 ,mas sim preludic6-los

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O ESTADO NA FASE DO CAPITALISMO TARDi0 347

das relac6es sociais vigentes. O eno111le pOder integrador do sistema cstatal bur―gues tOrna_so, assirn, imediatamente compreens'vel. Sirnbioses corn o aparelho ca―

pitalista de Estado, FealiZadas por melo de numerOsos comites mistOs, arrastamquadros dirigentes dos partidos de massa da classe operana e dos sindicatos a cOn_

follllldade com o sistema, quando nao ao cOnlulo direto com o capitalismo tar―di。 .51 A ngorosa udlizacaO dO Estado burgues como arma dos interesses de classedos capitalistas O escondida tanto dos atores quando dos obseⅣ adores c vitimas

deSSa tFagicOmOdia pela imagem mistiicadora do Estado como arbitro enttt as clas―

ses, representante do ``interesse naclonal'', juiz neutro e benevolente dos mOritos

de todas as``forcas pluralstas".52

A fol:lla pela qual essa utilizacao func10na na pratica pode ser ilusttada por

um FelatO das origens do planaamento econOmico na Gra― Breねnha,feito por iOr―

nalista liberal―burguOs e apresentado ingenuamente como prova da ``conversao"do capitalislno em``economia mista",na lnglaterra:

“Quando Selwソ n Lloソ d(ministro conseⅣ ador da Fazenda)assumiu O Ministono,iapensava quc o planelamento a longo prazo das despesas do Govemo era, como ou―tras coisas nas quais acreditava, `bom senso'. Ele havia se convertido tambom a cren―

ca de quc o planaamento tem algo a oferecer ao setor privado, numa conferencia daFederation of Bnish lndus籠 es, realizada em B五 ghton no inal de novembro de 1960,para considerar `Os Pr6対mos Cinco Anos'53 .¨ compareceram a cOnferencia deBrighton os 121 empresanos mais importantes e 31 con宙 dados, inclusive ministtos e

dingentes de indismas nac10nalレadas, c alguns economistas 54 No decorrer de1960, algumas das intehgencias mais vivas do MinistO五 o da Fazenda, independente―

mente da FBI,interessaram― se por novas idOias que agilizassem a indistria bri6nica

Era muito pequeno o nimero de funcionarios que pensavam valer a pena reunir osprOietOS e planos pelos quais algumas indusmas id estaVam funclonando, para ver se

se austavam''.55

sena dificll enconttar uma confillllacaO mais 6bvia da cstimativa marxista dasfun96es do Estado burgues tard10 dO quc esse relat6rio sincero das decisδ es esttatё―

gicas sugeridas pelos ``empresariOs mais importantes'', cnfatizadas pelos altos fun―

c10nariOs civis c executadas pelos politicos burgueses.

Ern scgundo lugar, a estrutura do Estado burgues ё deteilllinada pelos princr―plos de separacao dOs poderes e de uma burocracia profissional― ―em outras pala―

vras, a preveng5o peェ 11lanente de qualqucr exercrc10 direto do poder(autOgesぬ o)

por parte da massa da classc operaria. Essa estrutura poderia,na melhor das hip6-

teses, constituir uma demOcracia indircta― -9ovemo dos representantes do pOvO,ao invOs do governo do pr6pno povo;56 maS na verdade mesmo isso tem caraterpuramente follュ lal, pOr causa da lrnpotOncia econOrnica da maloria dos assalaria―

dos ern relacao a aquisicao dos me10s materiais necessarios aO cxercrc10 efetivo de

suas liberdades democraticas. Essa impottncia naO o s6 conseqiiOncia direta da de―

51 sobre esse problema,ver todo o cap VII do llvro de Miliband, que inclui o seguinte coment`五 o exemplar feito pelo

catedぬtco norte‐ ame●cano Heilbroner“ A caractertica mals impressionanセ do chma ideo1691co cOntempoぬ ncoこquc todos os ttpos `dlSSidentes', trabalhistas, govemamentais ou acadOnlicos procuram acomodar suas propostas de

mudanca social aos hmites de adaptablidade a ordem econ6面 ca dominante''(Op ct,p214)52 0 11vro de Galbratth(Am●

"can Copit●

lおmi T力 a Concep`Or Cο unた″α‖ing Poωoた LOndres,1956)l um bom exem―plo dessas teses misticadoras53 BRITTAN,Samue1 0p cit,p21654 fbid,p21755 fbid,p21956 A extensao em que esse carater puramente forrnal da democracia representatl・ va ё hole aberta e cinicamente admitl―

do pelos ``especlalistas''一―em oposicaO aOs ide61ogos“ puros''_― ё reVOlada pelo desenvOlゃ imento da tёcnica de “si‐

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348 o ESTADO NA FASE DO CAPITALISMO TARD10

sigualdade de propriedade sOb O capitalismo, mas tambOm da alienacao e da frag―mentacao do trabalho, quc cOndiciona constantemente a consciencia dos ttabalha―dOres cOndenados a clas. A consciOncia de classe proletana s6 pode ser Obtida eexercida coletiυ amentc, enquanto todo trabalhador ё admitido na cabine eleitOralapenas enquanto indivrduO isolado e atOmizado. Urn aparelho de Estado cOnstur―do sobre essas bases se prOp6c a administar o sistema social e対stente――Ou, namelhor das hip6teses, modifica-10 mediante refol11las “accitaveis", isto O, assirnl16‐veis. Sua funcao o intrinsecamente conservadora. Um aparelho de EstadO que naopreserva a ordem sOcial e pollica seria 6o impensavel quanto um extintor de in―

cOndlo quc espalha chamas ao invOs de apaga-las. 1」 ma institu195o conservadoradesse generO ё por natureza totalmente incapaz de conceber, para nao dizer efeti―var, qualquer alteracaO radical do sistema social vigenteo No capitalismo tard10, Os

ministros podem ser especialistas,c vice―versa.Mas a ideologia burgucsa Os cOnl―na rigorosamente a s01uc6es``raclonais"de problemas parciais;ё preciso quc cOnti―nuem aprislonados nessa ldeo10gia a fim de exercer suas fung6es de maneira sociaト

mente(nao tecnicamente)competente.Uma das conlllllac6es mais notaveis dessaregra ё o destino de medidas antimonopolistas, muitas vczes introduzidas em v6_五os setores de uma ecOnOmia capitalista``a im de pЮteger o piblico''(Os“interes―

ses gerais do capital'',quandO nao Os ``interesses gerais da sociedade"). Essas mc―

織 ピξ熙 継 活謬 譜 鶴 贔 ぎ嶋 em medd“

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“a∝ mOnOp6

“Mesmo Os orgaos mais bem dingdOs,com as melhores inten96es,sempre depen―dem da industna que administram. Os administadores precisam coniar nos adminis―trados simplesmente por causa das infomacoes basicas que necessitarn para tomar de―cis6es Uma vez tomadas as decisё es, sua aplicacao forcada a todas as opera96es deuma indistria esmagana todo o quadro de funcionarios da indisma,se fOsse levada aslrio――o que nao cOstuma acontecer".57

o carater esttutural e fundamentalmente conservador do aparelho de Estadoburgues, que faz dele um insttumento eficaz para a manutencao e defesa das rela―

90es de producao capitalistas, cxpressa― se da foI11la mais clara quando essas rela―

96es de producao saO diretamente ameacadas por crises prё ―revolucionarias e revO_luciOnarias. Nessas situagOes, o proletariado se desvenclha periOdicarnente da do―

■linacao em geral rnac19a da ideologia burgucsa. O proletanado entaO, de maneira

caracteristica c instintiva, faz da transfomagao radical das relac6es de prOducao

e対stentes 6 obiciVO das acoes de massa cm larga cscala,ou mesmo a questaopnncipal de campanhas eleitorais.Nessas cottunturas,o livre desenvol宙 mentO dc

sα “O ddondo sempre recebeぬ a magem do candd訛綿肥鷲品雀

Sttrl∫RIζ趣:』‖:」鷺肥 滉

aピ

混:deselavel nO momento,embora pOssa harmonlzar‐ se muito

rttS」職翼 幣 ょ alil:;胤オ::篇猟 棚 r∴「 福 器:ξ能 籠謂 糧 i乱緩 :::Ъ:'品:漑艦r告

灘ょmatcOs supOe● e que a grande rnaio"α dos eセitOr“ dψnarn Sua posicao emに lacaο a prObた rnOs indiυ iduαおde m●‐ndm mu″o“quemd,ca c s● αm hCap“ de Juセαr se um canddato“ αlmenた me“ce o conflancα quc he demons‐

:光 孵 緩 暮 脚 」 程 1竃寄肥 器 淵

dttiO鴨脂 機 :i:器冊 :∴l蹴 暇 ぉ"電 常

57 The Net● Yο tt Reυieω or BoO魅 28 de,unhO de 1973 Ha muitOs exemp10s nO liwo de K。 lko sobre as ferrOuas nor‐te―amencanas,c tambё m em GREEN,Mark The MOnOpoし Maた、 Nova YOrk,1973 Para exemp10s antenores dessas pratcas largamente difundidas,ver o cap XIV de nossa obra Mα xlst Economic Theο ″

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O ESTADO NA FASE DO CAPITALISMO TARD10 349

suas lutas politicas pode constituir― sc em ameaca direta ao modo de producao capi―talista.

Quando se defronta cOm esse pengo,a classe burguesa ainda pode cOntinuarmanobrandO. Pode prometer ou decretar reforrnas, criar uma impressao tempord―ria de mudanca fundamental, de preferOncia a pelinitir quc ocorra uma verdadeira

revolucao sOcial.58 MaS nO final ser6 0bngada a lancar rnao da ulι ima ratio da foК abruta. A verdadcira natureza do aparelho de Estado capitalista o entao revelada dc

maneira subita c inequrvOca.Fundamentalmente continua sendo o que sempre fol,urn ``grupo de homens aIInados" contratados para manter a donlinacao p01iticade uma classe social. Se necessario, prOclamard urn ``estado de s籠 o", como noChile, cm 1973, quando suas ac6es se tomaram exphcitamente um ataque a clas_se operana de seu pr6prio pais, c sua maquinana um insttumento de guerra civil.A trans195o do servi9o militar para um exё rcito prolssional,jusuicada em grupospuramente tOcnicos,c a ampliacao de institu190es repressivas e da legislacao puniti_

va,na maloria dos Estados imperialistas,C mais uma confirmacao de quc em tOdapatte, na fasc tardia do capitalismo, a classe burgucsa csセ i se preparando e sc ar‐

mando para esses ``casos excepclonais", e nao se cntregara passivamente a crises

sociais explosivas.59

A propensao dO capitalismo tardio a desenvolver fo111las extremas de ditadu‐ras violentas manifestou― sc atO agora cm situacOes excepcionais, quando prOduziuEstados fascistas ou regimes semifascistas como os sistemas mllitares espanho1 0u

chilenO, quc tambё m tentarn liquidar o mOvirnento organizado dos trabalhadOres eatomizar o proletanado enquanto classe.Nao obstante,こ a partir das tendencias vi_

siveis no desenvolvirnento econOrnico e social do esttgio presente do capitalismo

monopolista que se deve tirar conclusOes sobre a cvolucao pOlitica geral do Estado

capitalista tardio.Hoic o mo宙 mento se dinge daramente a um``Estado fOrte'',im―pondo resm96es cada vez maiOres as llberdades democraticas que c対 suram nO pas―sado, quando as condicOes eram mais proprcias para o movilnento organizado daclasse operana.

As raz6es basicas desse desenvolvirnento foram apresentadas nos capitulos 5e7deste trabalho.No momento estarnos numa``onda longa dominada pela cstag―nacaO".Grandes lutas sobre a taxa de mais― valia ld arderam nO final da``Onda lon―

ga de expansao"anteriOr,c a desaceleracao atual da taxa de crescirnento econOnli―

co s6 pode toma― las mais explosivas. Na verdade, sao mais intensificadas aindapor todo o modO caracterttico de funcionamento do pr6prio capitalismo tardio,cu‐jas tOcnicas de planeiamentO econOrnico e subsrdios pablicOs a indistria privada

daO aO prOletariado uma educacao pemanente em relacaO a tOda luta de classes,cconOrnica e social― ―ern outras palavras,politica.

Agora a classe operaria pOde potencialrnente usar sua forca Organizada, pormelo de acOes populares diretas e greves gerais, para resolver os enomes proble―

mas sociais criados pelas contrad190es intemas do capitalismo tardio.60 MaS O exer―

crciO dO poder pr01ctanO Opoc― se cada vez mais a outra tendOncia inerente ao capl―

58 Exemplo dlsso`o famoso slogan do SPD da Alemanha,“ A soctaLacao esぬ avan9ndo'',que tencionava persuadlros tabalhadores, na Cpoca da Assemb101a de Weirnar, a aceitar a supressao dos cOnselhos,que senam a inica possibl‐lidade de conseguir essa socia麟 95o,em dezembro de 191871aneiro de 191959 0 canlpo de treinamento ideal para essa preparacao saO as guerras coloniais dos ``governos democrttcos'', como a

da Franca,na Argё lia,da lnglaterra,na Ma16sia ou na lrlanda do None,e dos Estados Unidos,no Viemam60 Na llima dOcada tem ha宙 do um graicO ascendente de greves de massa po1licas e semipolitcas e de greves geraisna Europa ocidental, da greve geral belga em 1960/61, a greve geral francesa de maio de 1968, as greves de massana ltiia,em 1969,e as duas greves dos rnineiros bntanicOs,de 1972 e 1974

Page 350: Capitalismo Tardio - MANDEL

350 o ESTADO NA FASE DO CAPITALISMO TARDIO

talismo tardio, a suboFdina950 de todos os elementos do proccssO prOdu●vo c re―produtivo ao controle direto do capital rnonopolista c de scu Estado. As lutas por

aumento de salariO realizadas pelos sindicatos e os direitos irrestritos de greve,as li―

berdades ``noェ 11lais'' e liberais de imprensa, de reuniaO e dc Organizacao, O direitO

a manifestac6es― ―tudo isso estti se tomando cada vez mais intoleravel ao capitalis―

mo tardio. Portanto, o Estado precisa restringi― las, enfraquecO-las e aboli― las iegal‐

mente. A luta para preservar e ampliar esses direitos naO desenvOlve apenas umacompreensaO mais profunda da verdadeira natureza de classe dO EstadO capitalista

tardio e da democracia parlamentar burguesa, c tambOm da superioridade da de―mocracia proleね ria dos conselhos dosはabalhadores como folllla social de liberda―

de genurna; tambom proporclona mais energla para a luta decisiva pelo poder en―

tre capital e trabalho,por rnelo da demonstracao constante de quc a classe opera―

ria naO pode romper a donlinacao do capital em cada fabrica separadamente, masapenas na sociedade como um todo, O prO―requisito dessa cmancipacao O a cOn_quista do poder politico c a demolicao do aparelho de Estado burguos pelos produ―

tores assoclados.

Page 351: Capitalismo Tardio - MANDEL

16

A rdeo:。 giα na Fascごo Capiralismo Tardio

Assim como a marcha triunfal do cap■ ahsmo ascendente foi seguida de umaconvic95o profunda da onipotOncia c exce10ncia da concorrencia, a retirada dO ca―pitahsmo decadente csta scndo acOmpanhada pela proclamacao generalizada dasvantagens da organizacao l A cxpressao mais 6bvia dessa ``crenca na organiza―

caO" c o ideal capitalista tardio de uma“ sociedadc aFregirnentada", onde cada umtem(e mantom)O seu lugar,enquanto os lcgisladores t/is"eis(c inviS"eis)assegu_ram o crescirnento estavel e contrnuo da cconomia,dividem os beneffcios desse cres―

cirnento de rnaneira rnais ou rnenos``eqtiitativa''cntre todas as classes sociais e pro―

tegem um nimero cada vez ma10r de setores do sistema cconOmico e social dasrepercuss6os de uma ccOnornia de mercado ``pura". 0 ``ploneiro industrial vigoro―

samente indi宙 dualista'' o substiturdO pela ``equipe de especialistas",2 c os ``gigan―

tes inanceiros''pelas diretonas anonimas(em simblose com burocratas,c as vezcsatO com Fderes sindicab)A crenca na onipotencia da tecnologia O α」Orrna ωpec′―ca da ldcο′Ogia burgu“a no capitalismo rardiO Essa idcologa prOclama a capacida―de quc tem a Ordern social vigente de elirninaF gradualrnente todas as pOssibilida―

des de crise, cncontrar uma solucao ``tocnica'' para todas as suas cOntradicoes, in―

tegrar as classes sociais rebeldes e evitar explosOcs pollticas A nocao dc uma “sO_ciedade p6s― industrial'',3 na qual so sup6e quc a estrutura social ё dOminada pornoェ :Has de ``raclonalidade funciOnal'', cOrresponde a mesma tendOncia ideo16gica

Nas camadas intelectuais``superiores",cla sc expressa por rneio de um estruturalis―

mo estatico quc herdou dc Hegel a categoria de totalidade, mas naO a de mOvi_mento,e quc adotou a categona da reprOducao organica de tOdas as foI11:aQ6eS sO‐

掲 良 l寧品 ∫灘 L:野i謝轟 ∬ ∬ 織 網 )Mil鑽 庶 胤 魔sTW撤 :珊:F:盤響 l∬嘗responde mais a“natureza do hOmem''do que a subordinacao aO aparato de dominacao cOntrOlado pe10 grande capita1 0 clamor,1。 lento dO camponOs ainda comprometdo com a economia natlral FeperCutlu profundamente no sCcu―

職F理鮮褥 曼l躙事黙p盤磯鮮2quivale a``esbattamentO'' Vor,pOr exemplo,ZAHN Op

cit,p 72● ts● 92 The Ne″ Indus,″ αl Stα :ο,de Galbraith,com sua crenca na onipotOncia de uma``tecno― estutura''こ um arquCupo des_sa concepcao3 ver BELL,Danicl The Coming orPostJndust"α

I Societν Nova York,1973

351

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352 A IDEOLOGIA NA FASE DO CAPITALISMO TARDIO

ciais do materialismo dialё tico, mas nao a de sua decompos195o inevitavel. Nao 0por acaso que Os acontecirnentos de maio de 1968 aphcaram na Franca um golpe

devastadOr para cssas teorias,do qual elas nunca se recobraram.

EmbOra haia muitas vers6es dessa ideologia,as teses seguintes, cspeciicadaspor Iく oler,sao comuns a ma10ria(se naO a tOdas)das propost6es da``rac10nalida―de tecno16gica'':

1)o desenvOlvimentO tocnico c cientifico condensOu― se num poder autOnomode for9a invencrvel;

2)as宙sOes tradiclonais do mundo, do homem e da hist6ria que forrnam os``sisternas de valor'' quc est5o a10m do dornrn10 da acao e dO pensamento funcio―

nal s5o reprirnidas como algo sern sentido ou quc ia naO representa papel significa―

tivo na consciOncia popular. Esse processo de ``desideologizacaO" ё O resultadO daracionalizacao tecnO16gica pre宙sta por Weber em scu paradigma dO “desencantodo mundO";

3)o sistema social vigente nao pOde ser desafiado por causa de sua rac10nali―zacaO tocnica; problemas emergentes s6 podem ser resolvidos por melo de trata―mento funcional feito por especialistas;por isso as massas aceitam de boa vontade

a ordem social vigente;

4)a satisfacao prOgressiva das necessidades por rneio de mecanismos tecno16-gicos de producao e cOnsumo reforca o consenso popular de incOrpora95o e subor―

dinacao;

5)a dOrrlinacao tradiclonal de classe deu lugar a dorninacaO anonirna da tec―nologia, ou ao menos a um Estado burocraticO que ё neutro em relacao as classesou grupos e que se organiza sobre principlos tOcnicos; a polrtica de partidOs trans―

fo111la―sc ern luta conta adversariOs imaginariOs, uma tesc especialrnente enfatiza―

da por Schelsky.4

A ideologia da organizacao O urn renexo direto do capitalismo tardiO, cm quc

a sociedade burguesa naO pOde sobreviver sem a funcao cOntroladora dO Estado.Mas tamborn enraizou― se em nivel rnais profundo― ―e menos direto――da tendon―cia a industnalizacaO das atividades superestuturais ia analisadas.5 Muitas dessasati宙dades ia Se Organizam hole em terrnos indusMais:sao prOduzidas para o merca―dO e tem por OtteuvO a maximizacao do lucrO.Sob essc aspecto,a pop― arte,os ll―

mes feitos para a televisao c a industria do disco sao fenomenos trpicOs da cultura

capitahsta tardia.

Para o indivfduo cativO,cttaヽЛda o inteiramente subordinada as leis dO merca―do――naO apenas(comO nO sCculo XI)()na csfera da producao, mas tambom nacsfera dO cOnsurno, da recrcacao, da cultura, da arte, da edudagaO e das relagOespessoais――parece impossivel romper a prisao sOcial. A“ experiencia cOtidiana" re―

foKa c intenoriza a ldeologia neofatalista da natureza imuね vel da ordern social docapitalismo tardio. Tudo que resta● o sonho da fuga――por meio do sexO e dasdrogas, que por sua vez sao imediatamente industrializados. O desunO dO homem

4KOFLER Op cit,p745 ver O Cap 12 deste livro

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A IDEOLOGIA NA FASE DO CAPITALISMO TARD10 353

unidirnensional parece inteiramente predeterminado.6 MaS na realidade, o canitals_

mo tardio naO o de forrna alguma uma sociedade completamente organizada.E ape―nas uma combinaca~o hibnda e bastarda de organizacao c anarquia. O valor de tro―

ca c a concorrOncia capitalista nao fOram abolidos de maneira alguma. Em ne―nhunl sentido a cconomia baseia― se em producao planciada de Va10res dc uso des―tinados a satisfazer as necessidades do homem. A busca de lucrO c a valorizacaodo capital continuanl sendo o motor de todo o prOcesso econOmico,com todas ascontradicOes nao resOlvidas que clas geram de modo inexordvel. Na estrutura des―

sa ordem econOrnica de capitalismo p五 vado, a direcao c a OnentacaO estatal dacconornia sao apenas paliativos para remendar as rachaduras e adiar as explosOes.

Mas,por ttas da fachada,a ruFna est6 se propagando

A tese da abol195o, reconciliacao ou repressao de tOdas as cOnttad190es― ―ofim de todas as ideologias7__ naO passa, cla mesma, de ideologia ou falsa cons―

ciencia.sua funcao obieiva o simplesmente convencer as v〔 imas do trabalho alic―

nado de que nao faz sentido rebelar― sc contra cle.Assirn,nao cOnsegue exphcar asnovas explos6es peri6dicas de rebehaO,a naO ser pOr rneio de cliches psic。 16gicos.

Mas, como toda ideologia, nao c apenas uma ``fraude", rnas um renexo especFficoe socialrnente deteminado da realidade quc mistifica.

A ideologia do “raclonalismo tecno16gico" podc ser apresentada comO umarnistificacao quc escOnde a realidade social e suas contradic6es em quatro nfveis su^

cessivos.Pttmeiro,represcnta um exemplo tゎ iCO de rellcacao,cOmO ObservOu Ko―ner.Todo burguOs e muitos te6ricos que sc consideram marxistas apregoarn a onl―potOncia da tecnologia, clevando― a a um mecanismo completamente independen―te de todos os obietiVOS e decis6es humanas,quc age independentemente da cstru―

tura e da donlinacao de classe, de forma automatica cOmo uma lei natural.8 A dis―

tin95o entre hist6ria natural e hist6ria humana,ossencial para o matenalismo hist6ri―

co, na verdade desaparece Desse modo Haberrnas,endossando a tese de Gehlende quc os melos de trabalho suplementarn as capacidades frsicas inadequadas dOhomern,chega a conclusao equivOcada de quc:

``Na medida em que a organizagao da natureza humana nao muda, O que temos demanter a vida por melo do trabalho social e de instrumentos que s5o subsututOs do tra―

balho, C imposs● el ver comO poderfamos algum dia nos descartarmos da tecnologa,na verdade de nOssa tecnologa,para uma tecnolo9ia qualitativamente diferente"9

Aはなs desse sentimento esb uma crenca ingOnua ou apologOtica de quc ape―nas a tecnologia desenvolvida pelo capitalismo O capaz de compensar a inadequa―

caO dO trabalho manual simples.O grande desperdFcio do capitalismo tardio zorn―ba dessa concepcaO, c naturalrnente HaberIIlas O incapaz de apresenね r algumaprova a seu favor. Continua sendo um mistO五 o por quc homens e mulheres emcond190cs sOCiais diferentes,cada vez rnais liberados do trabalho mecanicO e desen―

volvendo progressivamente sua capacidade crialiva, nao cOnseguinarn prOmoveruma tecnologia que respondesse as necessidades dc uma ``individualidade rica".CornrnOner,ao contrariO de Haberrnas,mosttou de forrna con宙 ncente,a partir de

exemplos de mau uso de fertilizantes qurrnicOs,da difusao dOs detergentes e da po―

6ver MARCUSE,Herbei One Dimensional Man Londres,1964 Espocialmente os cap Vl e VII .フDaniel Bell rThe End orrd`οlogり Glencoe,1960)pareCe ter sido o prlmeiro a emitlr esse conceito8 0s gennes dessa concepcaO falsa e rellcada da tecn。

1。」a podem ser encontrados em Bukha五 n rThο。"ed`s Hlstons―chen Mate"α

srnus p 126, 131, 148-150)e iniCialmente foram chucadOs por Luttcs Em One Dimensionα I Man,

Marcuse chega muito penO de urna relicacう o andloga da ciOncla9HABERMへ S,」 urgen Tech71ik und Wlssenschart als`7dο ologie" Frankfu■ ,1969,p56‐ 57

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354 A IDEOLOGIA NA FASE DO CAPITALISMO TARD10

luicaO dO ar,quc ameacas ao meio ambiente nao respOndem a nenhuma``necessi―dadc にcnica'', mas sirn a decis6es tecno16gicas perniclosas deterrninadas pOr inte―

resses privados― ―perrliclosas do pontO de vista dOs interesses da humanidade. E

chega a seguinte conclusao:

``A terra n5o esta sendO poluFda porque o homem saa uma esp● cic anirnal paicu―larmente stta,nem porque selamos muito numerosos O erro esta na sOciedade huma―na――nas formas que a sociedade escolheu para ganhar,distribuir e usar a nqueza ex_traFda do planeta pelo trabalho humano Assirn que as o五 gens sociais da crise se tor―

nem claras,podemOs cOmecar a planaar acoes sociais adequadas para resolvO― la"10

H(功 e em dia, os interesses de classc e as leis econOmicas de desenvolvirnentO da

ordem social υigenFc(inCluindo as lcis da concorrOncia, ctta soma de “acidentes"produz o concorrente mais forte num momento cspecffico, num rnercado especrfi_Co)governarn as decisё es tecno16gicas basicas.um exemplo a mais de seu funclo―namento sera aqui suficientc.

A deformacao gntante dO desenvolvirnento urbano a partir da RevolucaO In―dustrial C o produto inequivoco.de condic6es sOCiaisi propnedade plivada da terra;

especulacaO de bens irn6veis; subordinacao sistematica dO planeiamentO urbanOao desenvolvirnento dos ``setores em crescirnento" da indistria privada; subdesen―

volvimentO geral dos servicoS SOCializados. Essas condicOes sOcicttrias,longe de se―

rern controladas ou ncutralizadas por qualquer 16gica tOcnica,deterrninaram por sua

vez subdesenvOlvirnento tecno16gico__como o atraso dos mctOdos indusmais naconstrucao civil,por exemplo__e desenvol1/imento anorlnal(cottuntOS de prodiosenorrnes,cidades― dOrrnit6rio ctc.).11

SegundO,a idcologia da“ racionalidade tOcnica"O incompleta,e por isso inter―namente incoerente Fracassa completamente ao tentar explicar a propagacao doirraclonalismo c a regressao a supersti950,ao nlisicismo c a rnisantropia quc acorn―

panham a suposta vit6Ha da``raclonalidade tecno16gica''do capitalismo tardio.12A

conttad19aO entte a malor capacidade e cultura da massa da classc operana, porum lado, c a estrutura hierarquica petrificada de mando na fabnca, na economia cno Estado, por Outro, gera uma ideologia pragmatica c apOlogOtica que combina aidcalizacaO dOs “especialistas" com o ceticismo enl relacao a ``educacao" ea ``cul_tura". Essa ideologa substitui a fO ingOnua na perfe19aO dO hOmenl, caracterrstica

da burgucsia ascendente dos sOculos XVHI c XIX, pela “certeza" da “natureza''agressiva c incorrigivelふ ente ma dO hOmem Um neodanvinismo grosseiro(Lo―renZ),um profundo pesgmも mo em relacao a cuhura c a civilizacao c uma misan―tropia fundamental seA/cm de suporte au対 liar a ldcOlogia da ``raclonaldade tOcni―

ca"em sua luStificativa global da ordern social vigente.13

0s germes da “desttuicaO da raz5o" ――quc apareceram pela pnmeira vez nocomeco do perfodo monopolista ou impe」 alista一―fru● lcam em idc01ogias fascis―

tas ou criptofascistas do perfodo entre― gucrras.14 Apesar da baiulacaO cOntempora―

nea as cioncias exatas,da aura dos especialistas e do culto as viagens espaciais,o ir―

racionalismo continuou norescendo do diversas forrnas desde a Segunda GucrraMundial. Sugestivamente, difundiu― se agora cm larga cscala nos paises anglo― sa―

1090MMONER,3arヮ The Closing Circセ iNo,υに,Man and TechnologJ Londtts,1972p178 'nEpo面 quc ЮddO"s mattsね s∞ mo Hen● Lettbwζ穆[摯 1『翠麗跳託

S:嶽嵩』昔掘鳳慨 %mento urbano, opoem― se veementemente a tecnOcracia e

Cソ bemanthrOpa Pans,1971:CASTERMAN Lα Pensをe Mattsた atia Vl′た Pans,197212 Koler tambё m faz uma excelente andlise dessa quesぬ o`Op Clt,p 64-65 et pas, Mas nao discute os outros dois as―pe9tOs mistlicadOres da ideologla da` `racionalidade tecn。16oca''dO que tratarnos abalxo

“E6bφ o que a宙da sob a amea(a de anqda゛ 。a6m穐h:謂冦tlittTandade e■

a condenada ho%prOpo“ bna

指響l機,電:鮮:響κ湯淵℃観 猟17:臨こり62

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A IDEOLOGIA NA FASE DO CAPITALISMO TARDi0 355

x6es, quc antes da Segunda(3uerra Mundial ainda eram dorninados pelo pragma―tismo burguOs― racionalista. Os fenOmenos ideo16gicos “inferiores'' com0 0 enorme

desenvolvimento da astrologia e da quirOmancia comerciais, o o uso de narc6ticos

devern ser considerados a mesma luz.15 A estrutura social e a ideologia do capitalis‐

mo tardio tambё m inculcam o empenho compulsivo pelo succsso c uma subnlls―saO mecanica a ``autOridade tecn016gica", o que freqtientemente gera tens6es neu―

ticas. Essas forrnas de comportamento,com a conseqtiente clirninacao dO pensa―

mento crftico ou da consciencia,c o treinamento a cega ObediOncia c ao confolillls―

mo, potencialrnente criam prO― requisitos perigosos para a aceitacao semifascista de

ordens desumanas,por razOes de conveniOncia ou habitO.16Tercciro, a ideologia da ``racionalidade tecno16gica" rnistifica a realidade do

capitalsmo tardio aO afinHar quc o sistema O capaz de superar todas as contradi―

96es s6clo― cconOrnicas fundamentais do modo de producao capitalista. O presentetrabalho tenta mostrar quc o capitalismo tardlo n5o conscgulu nem pode conseguirtal coisao Na verdade,a suposta“ integracao" da classc operaria a sOciedade capita―

lista tardia depara― se incvitavelrnente com uma barreira intransponfvel一 _a incapa―

cidade que tem o capital de “integFar'' O trabalhador como produtor ern seu local

de trabalho e proporclonar-lhe um trabalho criativo,ao invOs do trabalho alienado,

como melo de ``auto―realizagao". Os acOntecirnentos na Europa e fora dela desde

a rebeliao francesa de rnaio de 1968 demonstraram isso plenamente.17 Quando sin_

cera e profundamente os trabalhadores hostis ao capitalismo declaram a impotOn―

cia do proletariado dos paFses imperialistas ern desafiar a ordern social vigente, seu

tragicO engano os transfolllla cm engrenagens involunttrias da vasta maquina ideo―

16gica construrda pela classe dominante para aingir o o切 etvo Vital de convencer a

classc operaria de quc o impossfvel mudar a sociedade.A fonte dessc engano en―conta― se menos nos ``sucessos" do capitalismo tardlo do que na decep950 COm adegeneracaO burOcratica das primeiras revoluc6cs sOCialistas vitoriosas18 e em eSti―

malivas errOneas do carater cOttuntural e transit6Ho do dccllnlo da consciOncia de

classe do proletariado. Foi uma tragica ma interpretacao dos fatOs quc lcvou Ador―nO a afirrnari

“O gesto pseudo―revolucionanO I o cOmplemento da impossiblidade tOcnica e nllh―

tar de uma revolucao espOntanea, suge● da anos atras pOr」 urgen vOn Kempski Con―

tra aqueles que con廿 olam a bomba,as ba面cadas saO五 d,culas;brinca― sc,portanto,de

ba面cadas,e os senhores deixam que se b五 nquc a vontade durante algum tempo"19

Adomo nao conseguiu cntonder quc a ``tecnologia mlitar'' naO pode ser aplicadaindependcntemente de pessoas vivas engttadas nas atividades sociais. Em 61timaandlse,Auschwitz c Hiroshima nao fOram produto da tccnologia,mas sim dasた la―

fO“ dcゎκas sOCiaぉ ―― em outras palavras,foram o ponto inal(prO宙 s6no)dasgFandCS deFrOtaS hist6ricas do proletariado internacional depois de 1917. Depois

da Scgunda Gllerra Mundial, urna aniqunacao t50 cOmpleta na forrna cぬ o vasta

em escala deixou de ser possfvel por toda uma Cpoca hist6nca. A Cucrra do Viet―nam mostrou quc naO fOi a ``tecnologia rllilitar'', mas sim a crescente resistOncia a

guerra por paFte da populacao nortc_americana quc lirnitou o tipo de aI11las quc os

15 As rnacicas illstraooes psico16ocas prOduadas pelo capitalismo tardio,entre outras coisas pela lrnposicaO sistematlca

de insatsfacao corn O cOnsumo 一 sem o que se亘 a irnposs~ el uma elevac5o duradoura do consumo― ― desempe―nha:n aqui papelimportanセ16 Ver os experlmentos atorroizantes do Prof MILGRAM Obedianca rο Aυ

`ん

。7111 Londres,197417 Esse probloma O discuido posterloFlnente,no`ltlmo caprtulo deste livro

18 A ideoloぃ a dOnninante oscila ontro a .`teona do tOtalitansmo'' c a ``teona da cOnvergOncia" ao considerar o bloco

orlental,adaptando―se pragmabcamente as `.neces_3idades''predominantes da“ guerra fha'' ou da dι たnfe__as neces_sidades,cm outras palavras,do capitall'ADORNO,Theodor '`Margnallen zu Theone und Pla対 s'' Ini S,ch“ ο

"c―K"`lsche rtfOd●′セ2 Frankfun,1969p

181

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356 A IDEOLOGIA NA FASE DO CAPITALISMO TARDIO

``senhores"podem desenvolver.Ao rnesmo tempo,as barricadas nas quais os estu―

dantes franceses supostamente “brincaranl'' em malo de 1968 desencadearamuma greve de massa de 10 milh6cs de trabalhadores, cmpregados e tocnicos, cprovararn, por sua vez, quc, dado certo equilibriO de forcas politicas e sociais, o

uso de melos de repressaO mOrtfferos torna― se irnpossivel ou nao funciOna nasruas. Afillllar, depois dessas experiencias, quc a resistencia Ou rebeliao de massa

dos gOvernados s6 ocorre devido a tolerancia temporana dos gOvemantes nao こapenas absolutizar O poder desses ultimOs de foI11la a― hisbrica:O aiud6-10s obictiVa_

mente a convencer os governados de sua impotencia c,crn conseqtiOncia,da inuti―

hdade da revolta radical. E cssa conviccao― ―mais quc as amas de destrutaO emmassa――quc hole cOnstitul o mais eficiente dos instrumentos de dorninacao dO ca_

pital.20

0s fi16sofos quc se tomam vrtimas dO fetichismo da tecnologia c superesti―mam a capacidade que tern o capitalismo tardio de conscguir a integracaO das mas―sas se esquccern, de maneira caracterrstica, da conttad19ao fundamental ente va―

lor de uso e valor de troca,que dlacera o capitalismO,quando tentarn prover a im―possibilidade de resistOncia popular a ordem social vigente. Fazem grande rebuh9o

enl torno do fato de o capital conseguir transfollllar``tudo" ern mercadoria,inclusl―

ve a literatura maEttsta revoluciondna E absolutarnente verdadc qic os editores,``insensrveis'' ao valor de uso cspecrficO de suas mercadonas, viram no interesse

crescente de um grande piblico pela literatura marxlsta a opottnidade de fazerum bom neg6cio. Mas qucrn considera cssc fenOmeno uma``integra9ao" dO manc_mo ao“ rnundo das rnercadorias"recusa― se a entender quc a ordern sOcial burguc―sa c o consurnidor individual nao tOm,de forFna alguma, uma atitude ``neutta" ou“isenta dc valor'' quanto ao uso especricO da “literamra mancsta''. A distribuicaoem massa da literatura marxlsta― ―mesmo via mercado――significa, cm iltima ins―

綸ncia, fomacao (ou clevacao)da cOnsciencia de massa anticapitalista. A produ―

ca0 1de016gica quc assim se transforrna cm mercadoria aHisca― se a perder sua fun―

caO Obiciva de cOnsolidar o modo de producao capitalista,devido a na恒 reza dOvalor de uso vendidO.

Urn exemplo muitO recente da natureza contradit6ria do ``prOcesso dc integra―

caO ide016gica" ё dado pela consciencia__em rdpido crescirnento― ―das ameacasindustriais ao meio ambiente nos pates imperialistas. Do ponto de vista da produ―

95o de mercadorias e de valor,nao hd davida de quc isso podc abnr novos rnerca―dos para a ccononlla capitalista tardia: esta surglndo toda uma `indistria cco16gi―

ca".21 MaS perccber apenas esse aspecto imediato do problema, scm ver tambOmquc a discussao sistematica da naturoza da ameaca ao meio ambiente,cOmo cOnse―quencia do pr6pno modo de producao capitallsta e que nao pOde ser ehminadapor ele, pode ser uma arrna poderosa contra o capitalismO(n5o s6 no ambito da

“teoria abstrata", mas tambOm como “estrrnu10 a acao" e a moblizac6es de mas―Sa),O estar cego diante da comple対 dade da cnse sOcial do capitalismo tardio.

Isso nos traz ao quaだ o nivel,c o mais importante,no qual se pode provar quca idcologia da “rac10nalidadc tecno16gica" nao passa de rnistificacao. O conceitode racionalidadc capitalista desenvolvido por Lukacs,22 seguindo Weber, ё na ver―dade uma combinacao cOntradit6"a dc racionalidadc ρarcial e dc irracionalidadc

20 0 beCo sem saida em que a Escola de Frankfurt acabou entrando(c onde tambOm se encontrava Herbert Marcuse

antes do Maio FrancOs)bi uma cOnsequOncia direta de sua tese de que a classe operana` `integrada"り ,cm alima ins‐

ぬncia, incapaz de acao e de cOnsciOncia sociahsta Pesquisamos melhor essa questao em “Lenin and the Problenl ofProletanan ciass Consciousness'',que apareceu na colettnea Lο 71in,Rθυο′

“tiο n und Poli,た Frankfurt,1970

lM,選轟跳鵬盤鋼電:曽酬脳ΥttLX0

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A IDEOLOGIA NA FASE DO CAPITALISMO TARDi0 357

total.23P。 ls a pressao no sentido do calcu10 e da quantificacaO exatos dos prOces―sos econOnlicos, gerada pela universalizacao da prOducao de mercadorias, vai deencontro a barreira intransponfvel da propriedade privada e da concoIOncia capita―

Ista c O resultado o a irnpossibilidade de dete“ riinar com exatidao as quantidad“de trabalho sOcialmenre necessdriαs contidas realrnente nas mercadorias produzidas.

Essa contad19ao se manifesta no fato de quc as rnedidas rnicrocconOnlicas tO―madas pelos empresarios cOm base em ``calcu10s racionais'' levam inevitavelrnente

a resultados lnacroeconOrnicos quc conlitam com elas.Todo bο om de investimen―to lcva a supercapacidade c a superprodu95o. Toda aceleracao na acumulacao decapital acaba por levar a desva10rizacao dO capital.Toda tentativa feita pelo empre―

sanO para aumentar``sua''taxa de lucro,foκ ando uma baixa nos custos de produ‐

caO, leva, no final, a uma queda da taxa mё dia de lucro. Se em ultima insttncia araclonalidade econOmica O considerada cconomia de ternpo de trabalho24__pOu‐panca de ttabalho humano__enほ o a contradi95o inerente ao capitalismo entte araclonalidade parcial e a irraclonalidade total ressurge no paradoxo de quc a cOm―pulsaO de pOupar a malor quantidade possivel de trabalho humano na fabrica Ouempresa leva a um desperdFcio crescente de ttabalho humano na sociedade cOmOum todo.O υerdadeiro dolo do capitalismo tardlo O,po″ anto,o``especialista''cc―go a todo o contexto g′ obar,o cquivalente filos6fico dessa especializacaoに cnica oo ncoposi饉 宙smo.

Godelier estti e宙dentemente certo ao criticar Lange e outros autores por abso―lutizar O cOnceito de “raclonalidade econOnlica" derivado de Weber e pOr postularregras universalrnente validas de ``comportamento raclonal'' abstrardas da csttutu―

ra concreta da cconOrnia e da sociedade.25 MaS eStti errado ao fugir de tod0 0 prO―

blema da raclonaldade ccOnOrnica, substituindo― o pelo conceito de “raclonalidadesocial global''_― diferente para cada ordem sOcial e detellHinada por sua esttuturaespecrfica.26(D critoHo da produti宙 dade do trabalho,relacionada a satisfacao de ne_cessidades humanas racionais e ao autodesenvolvimento 6timo dos indivrduos, ёuma medida perfeita para comparar sisternas sociais diferentes;na verdade,sem es―

se critOrio o conceito de progresso humano perde toda base materialista. Afinat a

contrad195o entre a raclonalidade parcial e a irraclonaldade total dO capitalismO nc―

gligencia a contradlcaO entre a valorizagao maxirna do capital e a auto― realizacao6tima dos homens e mulheres.Essa contradicao, magistralmente explicada porMarx em Grundガssc,cnV01Ve,sem divida,uma dimenぬ o tele016gica,pois a acaohumana sempre tem um obiCiVO.27 A opos19ao enttc a radonalidade parcial e a貯 ―

rac10naldade total ap6ia― se na contradtaO entte dOis tipos de calcu10-― da ma対―

ma ecOnomia de melos e da consecucao de fins 6timos.A autonornia reificada dosmeios―_ dos valores de troca― ―prevalecc hoc. A racionalidade parcial sempreconsiste na melhor combinacaO poss"el dos recursos econOmicos rentaveis para alucratividade da cmpresa indi宙 dual. Por essa razao exclui tudo quc ``nao tem pre_

90''(ou que tem pre9o muito baixo).Mas o claro que mesmo em tellllos puramen―

23 0 pr6p● o LuMcs cenamente entendeu isso,ao contr6● o de muitos de seus dlscipulos “E evldente que toda a estu―tura da produφ o s∝iansta apda‐ se na interacao entre uma necessidade suleita a lds esmtas em todos Os fenOmenosisoladOs e a irradonatdade relatva do processo total'' lH競 oヮ and Class Cο nsciousnes p 102)Mas de vez em

罪督:な。[蹴:哉罐:霧蟹臨乱S:『

器:焼濯:蹴£露ふlminlmo e mmmぬ Od…,tos de producao);mas essa poupan"〔 ёl idenica ao desenvol● mento das forcas produtlvas N5o lgniiCa de maneira

l繹欝椰 嚇『靱 棚 11欄濃7乳……叩… Pnomics Londres,1972 p 15‐ 24 A po10mica da Godelier

蓼駿習舗『僻ぷ糧驚:i』鼈より“)

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358 A IDEOLOGIA NA FASE DO CAPITALISMO TARD10

te econOmicos, isso esセi muito longe de uma “globalizacao'' sOcial dos ``custos'' edos `lucros''.28 Nao hd expressao mais dramalica da cOntradicao entre a racionali―dade parcial e a irraclonalidade total do capitalismo tardlo do quc o cOnceito de

“eficiOncia cconOrnica c rnilitar crescentes" na producaO nOrte― americana dc alllla―

mentos――em outras palavras, o esforco para organizar o suicrdio nuclear coletivo

da humanidade com a malor``economia de trabalho humano"poss"el.Um eco‐nomista norte‐ americano, Frederic Scherer,encarregado dessa tarefa fez essa patё ―

tica confissao:

“Estou muito preocupado com a prenlissa pOlitica b6sica deste livro: quc a efician―cia C um obJeivo deseiavel nO desenvolvimento de amas avancadas e de prOgramasde producao lssO de modo algum esti certo O progresso na obtencao de amas pode

ia ser enciente denlais Na verdade, h6enorme falta de eficiencia. Mas apesar dela, oprocesso deu a humanidade demasiado poder para aniquilar‐ se.¨ Acredito que o pros―

seguirnento dessa comda amamentista nao reduzira, rnas provavelrnente aumentaraO nscO j6 muito grande de guerra nuclear devido a acidente, escalada, erro de calculo

ou loucura… Aumentar a eficiencia dO processo de obten9ao de amas nao vaiそ judar,

com certeza, e o embotamento de nossa avaliacao dOs sac五 ficlos econOmicos que os

programas arlnamenistas requerem pode muito bem preiudicar O desenvol宙 mentode uma perspeciva mais prudente entte as pessoas que tomam as decis6es e os cida―daOs cOmuns''29

Depois de dizer isso, o mesmo autor continua escrevendo quatrocentas pagi_nas sobre a “eficiOncia cconOmica" na producao e Obtencao de allllas de destl■ li―

cao em massa.Por defin195o, as ideologias do fetichismo にcnico naO supOrtam o confronto

com a irraclonalidade social total do capitalismo tardlo. A combinacao hibrida de

anarquia de mercado com o intervenclonismo estatal,tipica de nossa Opoca,ten―de, na verdade,a erodir alguns dos p● ncipais ahcerces da ideologia burguesa tradi―

cional, sem substitur―10s por nenhum outro de forca comparavel. Uma sociedadebaseada na propriedade p五 vada das rnercadorias e na troca fez dO contrato econO―

rnico ente iguais o centro de todo o scu sistema legal.30 As concep90es poFicas e

culturais derivadas da igualdade follllal dO Contrato afetararn todos os domrnios da

burgucsia e da ideologia da pequena burgucsia. As relac6es regulamentadas porcontratos econOmicos entre os propnc6rios privados de mercadorias combinaram―se tambこ m cOm anigas relac6es deセ ′

“Inadas pela posicao sociat denVadas das

sociedades de classe prO― capitalistas(doS mOdos de producao feuda1 0u asiaticO).

As ideologias correspondentes a estas■ltimas baseavarn― se mais no princFp10 dOs

“direitos especiais'' para grupos de pessoas especiais do quc no princlplo da igual―dade folllla1 0 C01onialismO impenalista lustapOs,de folllla caracterisica,as rela―

90es “puramente" capitalistas c as relac6es prO― capitalistas entre senhor e seⅣo:

um exemplo claro foi´ a ttansfo`IIlacaO de dOutrinas protestantes pelo Nederlandsc

HCttO′ 7"de Kerk da Africa do Sul ern toda uma ideologia de “direitos especiais''

28」 d em 1936,Ernst Bloch antectpava grande parte da dlscussao cOntemporanea sObre a“ radonalidade tecnol● gCa''

ao almar: “Assim como a prova do pudim ё comOlo, c a prova da teoha ё a pr6tca, a prttca ttcnica possiblitadapela c10nda matematca realmente aludou muito a justicar o calcu10 burgues nesse campo Mas a tecnologa burguc‐sa tambёm aumentou o nimero de acidentes e,metodolooCamente falando,um acidente tecnol∝ ,co O Comparavel auma chse econOmica― quer dlzer,o calculo matem`ico tambё m se relaclona com seu obleto mais de fomla abstrata

do que por uma medlac5o matenal cOncreta''(Dos M● た"alな

musprobた",seine C‐

chichた und Substanz Frankfurt,

1972p433-434)Ver tambё m Das P″ nzlp HoFnung Frankfurt,1959p81l Al se ambui a oigem dos acidentestecno16glcos e das cises econOmicas a“ rela゛o abstlata e indlreta dos homens com a subsぬ ncla matenal de sua

aca。 ''

29 scHERER,Frede● c M The Weapons Acquisi“οn PIOcasi Ecοnornic rncantiυ

“Boston,1964 p IX,X

30PASUKANIS,E B Lo Thιο"e Gι

n●口le du Dror etle Maxls/nc Pans,1970 p l10-111

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A IDEOLOGIA NA FASE DO CAPITALISMO TARD10 359

para os brancos, de confoI111ldade com o sistema de cxploracao material assegura―

lh灘略留敬訛 λ篇昔iま躍 蹴∫Ъ魔場零朧 rT肥臆

癬霧職1 種欝atavOs de lutas.As nollllas legais tradiclol

難量::aumento quantitativo abrupto do namerctornou essa cvolu95o宙rtualmente ine宙 饉vel.33

器基l嚇場漁 灘 穐罷孵:∬榊 蠅蠅淵 :蹴肥l満∬蹴alttsT

滉am凛 Ⅷ 棚 鳳

plⅧr郡

rT電。竃 11請

al含∫議 t:1∬iFⅧ 漁

eruditos sobre financas piblicas argumentarn repetidamente quc taxas excessivasde tributacao direta saO cOntaproducentes porquc saO ncutralizadas por aumentosmais ou menos automaticOs de sonegacao.34 A combina95o peculiar ente anarquiade mercado c intervenclonismo cstatal rencte― se fielrnente nas praticas das socieda―

des anOnirnas capitalistas tardiasi procuram ao mesmo tempo manter seus pr6pnos

躍 ヽ 朧 穣 躍 翼 瀧

C鷲躍 ∫ili郡

[X驚 灘 lmento das rendas do Estado. Essa relacada a sociedade capitalista tardia. Reproduz follHas de conduta, de pensamento ede moddade Fptas de uma sodedadel爵

∫[:蹴 晶∫Ъふ 譜 F謄 認 ::鵬胞para amparar a valorizacao do capital n

ia madura em excesso. Tanto nas concepc6es mentais quanto nas relac6es efetivas

31 Hilferdlng discerniu esse processo,d em 1914 ``Organisatonsmacht und Staatsgewalt'' ln: Di● Neuc Zeit v 32/2,

鰍 臓 κ儡 鰍 藉 鴛

轟 憮r輔辮 聯 黎

蝿ι淵 鮮構t器鳶β

鮮 i騨 棚 蠅 憔 翻 華器i躙井榊釜∬職撤錐 盤 圏 q「Ⅷ 躙 ic wngh Op d,p3“ a sett Verぬ mbOm C00K Fred」 The Co四,ed Land Lon―

dres,1967

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360 A IDEOLOGIA NA FASE DO CAPITALISMO TARD10

dos proprictanos de mercadOrias de poder econOmico diferente desenvOlve― se

uma rnistura de igualdade legal formal e de desigualdadc iurrdica Ou pratica(privi10-

gios ligados ao status), que revela as alterac6cs a quc a ideologia burguesa classica

submeteu― se a fim de sc adaptar a nOva fase A nova cxpansao c generalizacaO defoIInas extremas dc corrupcaO entre os politicos rnais importantes dos parses indus―

triais mais avancados revelada pelos casos Watergate c Tanaka一 ―fenOmenos ou―

廿ora associados ao infclo do capitalismo ou aos ``parses subdesenvolR/idos" ―- 0uma prova c宙 dente dessa transfo111lacao. Grande parte dessa corrupcao O inclusl―ve sancionada burocraticamente como inevitave1 0u legitima (D Internal RevenueService dos Estados Unidos, por exemplo, permidu quc as empresas deduzissemos subomOs pagos a funciondnos piblicos estrangeiros como ``despesa comercialcomum e necessaria"35

0s aspectos essenciais da ideologia do capitalismo tardio pOdem ser, conse―quentemente, deduzidos dos tra9os particulares da infra― estrutura dO capitalismo

tardio. N5o se deve negar a origem e a cspecificidade dessas ideologias na hist6na

intelectual.Mas depois de terern sido exploradas,ainda fica por explicar por quc es―

sas ideologias adquinram na fase do capitalismo tardio uma importancia desconhe―

cida na fase do capitalismo liberal do sOculo XIX ou mesmo, cm certa medida, nafase do impenalismO``classicO".

Como a malona dos autores burgucses mais sensiveis, os vanos representan―tes da teona dO chamado``capitalismo monopolista de Estado"naO cOnseguern en―tender a dinamica dO capitalismO tardio como um ιodo Chegam,portanto,da mes―ma forma, a cOnclusao equivOcada de quc as contradicOes intemas do capitalismotardio dirninurram.Principalmente no caso dc Baran e Swee7y, trata― se mais deuma questao cOm Os autores dessa escola de acao ide016gica do quc um sirnpleserro te6rico; pois a phncipal intencaO desses te6ricos ニー pertencentes todos elesaos PartidOs Comunistas``oficiais''一 ―こdCfender a tese de quc a principal contradi―

9aO dO mundo contemporancO naO o a cOntradic5o entre capital e trabalho(entrecapital e todas as forcas anticapitalistas), maS Sirn a contradicaO entre Os ``partid6-

nos mundiais" do ``capitalsmo" e do ``socialiSmo". A funcaO dessa “contradicao

principal'' 0, portanto, cnfraquccer as contradic6es internas do “lado capitalista''

(forcandO O capital monopollsta a ``adaptar― se")atO a chegada do grande dia cmquc a produividade mOdia do trabalho(ou o padraO de vida mOdio, ou a produ―

caO per capita)do “ladO sociahsta" sela maior quc a do ``lado capitalista", c as

massas populares do Ocidente se convertarn ao socialismo pela inluOncia desse fel―

t。36

35 ENGLER,Robert The Po″ ,csof Or p 45736 0 prOgrama partld`no adotado pelo Pa面 do Comunista SovlCtlco em seu XXII Congresso declara: ``NOssO esforco,

cula essOncia O a tansicao do capitalismO para o socialisrno,ё um esforco e uma luta entre dois sistemas sociais antag6‐

nicos, um esfor9o das revoluc6es socialistas e de liberacaO nacional, de demollcaO d。 lmpenalismo e de abo1195o do

sistema coloniat um esfor9o de transi95o de mais e mais pessoas ao caminho socialista, do munfo dO sOciansmo e d。comunismo em escala mundial()fator central do presente esforcoこ a classe operana internacional e sua phncipal cha‐

ca。, 。sistema socialista mundlar' ``o Novo Programa do Pa滝 do Comunista da Uni5o SoviCtca'' In: MENDEL,Arthur P(Ed)Essen“ αI Wortt or Mattsm Nova YOrk,1965p372 373 E mals adiantei“ O movlmento revolucio―

nano internacional da classe operdha conseguiu 宙t6nas sensacionais Sua phncipal conquista l o sistema socialista

mundia1 0 exemplo do socialismo vltonoso tem um eleito revoluciondio sobre os trabalhadoreξ dO mundo capitalis―

tal inspira os em sua luta contra o lmpeialismo e facilita cnormemente sua batalha''(fbid,p 397)E inalmente:``Napresente dこ cada(1961/70), a Uni5o Soゃ lёtlca, ao cnar a base matё nal e ttcnica do comunismo, ultrapassara os Esta―

dos Unidos, o pafs capitalista mais forte e mais ico, na producao per capita da popula95o" {fbid, p 422)``A Uniao

Souёica terd assim o dia de trabalho mais curto do mundo e,simultaneamenセ ,o mais produivo e o mals bem pa‐g。" (fbid,p 97)

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A lDEOLOGIA NA FASE DO CAPITALiSMO TARD10 361

Nao O dificil localizar a origem ideo16gica dessa concepcao:ё a teOna dO sOcia―

lismo nurn s6 pars, a negacao da cOncepcao leninista da relacao entre a revolucao

socialista mundial e o comeco da construcao de uma ecOnomia socialista cm par―ses isolados.37 A funcaO lde016gica dessa concepcao O igualrnente 6bvia: pretende

luStifiCar a subordinacao da luta da classc operaria nOs parses imperialistas as rnanO_bras diplomaticas da burocracia so¢ Otica, c substituir a luta por reivindicac6es anti―

capitalistas de transicao por uma luta lirnitada as reivindicac6es democrdticas com

uma``alianca antimonopolista".38 Na Opoca do imperialismo, durante a qual a revo―lucaO sOcialista,segundo Lenin,cstava``extremamente amadurecida",a inica luSti―ficativa para essa poll■ ca seria a de que csse``amadurecirnento''teria sido substitur―

do pela capacidade cada vez malor quc tem o “capitalismo monopolista de Esta―

do" de anular suas contrad195es A funcaO da teoria do “capitalismo monopolista

do Estado"O prOvar isso.

A pr6pna f6rmula vem de LOnin, quc a usou essencialrnente para descrever acconomia de gucrra do lrnpOrio GerrnanicO ern vanos escritos dos anos de1917/18 1Durante a vida de LOnin, cssa f6mula nao foi usada nos documentosprogramaticOs da lnternacional Comunista, cmbora apareca no segundo esbo9odo Programa para o Partido Comunista da R6ssia(Bolcheviques)em 1919.39 AsobjecOes a cla sao de dOis tiposi em primeiro lugar, o uso contemporaneo desseconceito, emitido orignalrncnte por LOnin para descrever o capitalismo monopolis―ta dos anos de 1914/19, lrnplica que nao houve nOvo estaglo de desenvolvirnentodo modo de producaO capitalista desdc esse perlodo.Mas O cxatarnente o novo es―

tagiO de desenv01virnento a partir da Segunda Guerra Mundial(ou a partir daGrande Depressao de 1929/32)quc O necessario explicar.Ern segundo lugar,a f6r―mula “capitalismo monopolista de Estado" enfatiza de forma exagerada a autono―mia relativa do Estado, enquanto os ttacos essenciais do presente estagio de desen―

volvirnento do modo de producao capitalista deveriarn ser expllcados pela 16gica in―

terna do pr6prio capital,e n5o pelo papel do Estado.

Essas ottcc6eS Senam secundaHas,naturalmente,se a f6rmula“ capitalsmo

monopolista de Estado"fosse endossada por uma andlise maEttsta correta das ten―

dencias de desenvol宙 mento do capitalismo tardio.Sena cnfadOnho riSCutir porcausa de f6111lulas diferentes, se seu conteido b6sico fosse o mesmo. E necessanocriticar aqui a teoria do ``capitalismo monopolista do Estado", nao pOr causa descu nome,rnas por causa de sua substancia. Essa crnica naO se tOrrla mais facil pe_lo fato dc haver numerosas variantes dessa teoria N6s nos lirnitaremos aqui a trOs

delasi a recente versao sOwiotica,a alema c a francesa.40

C)livro de Victor Tcheprakov, State Monopoly Capitalism, O apenas o ultimO

37 Algumas deciarac6es de Lanin sObre O assuntol “N5oこ o stattls de grande potOncia quc estarnos defendendO para a

R`ssia nem seus interesses nacionais, pois insistlmos em que os interesses do socialismo, do socialismo mundial, es―

taO acima dOs interesses nacionais, acima dos interesses do Estado''(Co″ actedルVοrks v 27, p 378)“ SabfamOs na―

quela ёpclca que nossa v16● a s6 sena duradOura quando nossa causa tvesse tnunfado em todO O mund。 ,e por isso,

quando comecamos a trabalhar pOr nossa causa, cont6vamos exclusivamente com a revoluc5o mundial'' (Co″ ected

mk∬ £ 穏 ladequadopaaad“ 面 o da“暉穎 錯 ξ器辮 ::llitt」樵 二ξLI龍馳 臓 ぶ

『impenalistas no perfodo impenalista os revoluciondios mそ

crabcas e reiφ ndicam sua ampliac5o Mas tambё m deixam claro para os trabalhadores que uma democracia genuina e

signilcatlvaこ impossivel sem a abolic5o das relac5es de producao capitalistas e do Estado burguOs, o que s6 pode ser

atngldo com a estロ ュturacao de uma democracia socialista baseada em conselhos de trabalhadores Combater5o espe‐cialrnente qualquer tendOncia de afastar os tabalhadores da luta por obJetiυοs da classe antlcapitalistas sob o pretexto

de quc essa luta ё`'prematura'' e ``salta sobre" o“ est6」 o dem∝ rduco"ou ``a誡sca"a“ alianca antlmonopolista" Es―

rttCB』 z魂淵 猟 FFちTtte“dψ

“a∽pacldade de Lね

40 wemer Petrowsky faz uma andise interessante das sucesdvas vanantes dessa teoia em seu arb9o``Zur Enmicklung

der Theone des staatsmonoponsischen Kapitalsmus'' ln:Probl● rne d“ Klassenkα rnprS n° 1,novembro de 1971 p125●

`seqs

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362 A IDEOLOGIA NA FASE DO CAPITALISMO TARDIO

de uma longa sё rie de tratadOs oficiais produzidos na UniaO sO宙 ёtica a partir dadOcada de 50, inspirados num tema derivado onginalmente de Varga 41 sua faltade precisao cientrfica c Obscuridade te6rica sao o pre90 de scu abandono de qual―quer dialё tica materialista Tcheprakov declara abertamente quc toda tendonciaproduz sua contrapartida,mas ao mesmo tempo ignora completamente a c対 sten―

cia de qualqucr tendencia pFinCipal de d“ enυο′υimento (deterrninada pela 16gicainterna das contradicOcs do processo cm questaO)Assirn, enquanto por um ladoTcheprakov vO o capitalismo monopolista de Estado como o produto das contradi―

96es inerentes ao modo de prOdu950 capitalista, por outro lado cOnsidera― o comoreacaO dO capitalsmo mOnopolista a uma “nova relacao de forcas''(o enfraqueci―mento intemaclonal e interno da burguesia c o crescirnento das forcas anticapitalls―

tas).42 Da mesma forma,capitalismo monopolista imphca,por um lado,fusa0 0rga_nica entre o aparelho de Estado e os monop61ios,mas naO se pOde negar,por ou―tro lado, quc esse mesmo aparelho possui ``certo grau de autOnOmia" 9 quC exis―tern “contradicOes'' cntre este e grupos de capitalistas monopolistas.43 As vezes, ojudic10sO eclctismo do “por um lado一―por outro lado" manifesta― se numa inicasentenca: “O capitalismo monopolista de Estado ι o capitalismo irnperialista naёpoca de sua crisc c colapso geral,quando a fusaO entte monop61os c Estado tor―

nou―se necessaria para a reproducaO ampliada do capital monopolista c, portanto,para a obtencao de nOvOs superlucros monOpolistas''.44 o colapso do lrnpenalis―

mo,que Se manifesta enl sua reproducao ampliada e na obtencaO de nο υOs supeトlucros,O uma pequena obra― prima de sofisma.

A tese basica de Tcheprakov, de quc, na fase do capitalismo monopolista deEstadO, o Estado assume a func5o de acumulacao Ou de reprOducao ampliada45nao sc hallHonlza com suas numerosas observac6es ocasionals de quc a concor―rencia entre os rnonop61ios``O rnaior do quc nunca''sern que seu conteido se per―

ca. Em■ ltima instancia, cssa tese ё pouco mais quc uma repeticao,expressa numatellllinologia pseudomarxista, da afirrnacaO dOs econornistas burgueses de quc a in―

tervencao c O planeiamentO estatal“ de maneira gerar'eliminam a concorrenciano capitalismo tardio.Ha um mundO de diferenca entre registrar quc o Estado capi―

tansta tardio esta se tornando urn instrumento(aceleradOr)cada vez mais indispen―

savel a acumulacaO p五 Vada das grandes empresas monopolistas, c afi111lar ser opr6prio EstadO, mais que csses monop61os, quem efelivamente desempenha aprincipal fun95o da acumulacao de capital

A essencia das contrad190es do ecletismo de Tcheprakov manifesta― se nas con―

clusё es estratOgicas quc ele tira de sua andlise do capitalismo monopollsta de Esta―

do.Dedara,por um lado:``O imperialismo contempoぬ nco enfrenta a grande mas―

sa proletana naO apenas com empresariOs isolados, mas cada vez mais com a clas―se capitalista c scu aparelho de Estado comO urn todo;a classe operaria cntra emconlito diretO cOm o aparelho dc Estado, quc executa a polltica dos monOp6-hos''.46 MaS em outra passagem afilllla tranqullamente: ``A conversao dO capitalis―

mo monopolista ern capitahsmo monOpolsta de Estado leva cada vez mais ao isola―mento dos mOnop61los em relacao aos estratos nao monOpOlizados da burguc―sia".47 E mais a10m: ``As forcas democraticas colocarn― sc a tarefa dc arrancar a ad―

41 TcHEPRAKOV,Victor Le Cap″ allsme Monop。′たte dEtat Moscou,1969;KUUSINEN,V (Ed)L“ P"nclp“ duMa"dsmete71inlsrne Moscou,1961 p 321 etsa942 TcHEPRAKOV Op cr,p15,16‐ 1843 fbid,p 16,96,119,120,428

“fbid,p17

45 fbid,p 15

“fbid,p 427

47 fbid,p 427

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A IDEOLOGIA NA FASE DO CAPITALISMO TARD10 363

rninistracao (da ecOnOnlia), as alavancas da regulamentacao estatat das maOs dOsmonop61ios, c, depois de tansforrna_las, usa― las cOntra os monop6hos''.48 A argu‐

mentacao tellllina com esse apelo animador“ Os programas democぬicos c対gemquc a intervencao estatal limitc(l)o direitO irrestrito de dispor dos melos de produ―

9aO e assegure a classe Operana a participacao (!)na adrninista95o das cmpre―sas".49

Aqul o revisionismo do Tcheprakov revela― se de fo111la inequivoca. Como o

aparelho estatal burguOs que supostarnente ``fundiu― sc" com os monop61ios pOde―

na de repente“privar os rnonop61ios de seu poder''?Como a regulamentacaO esta_tal da ccononlia,cuio objetivo ё assegurar superlucros aos rnonop61os,poderia`11-

mitar'' o poder que tOm os capitalistas de disporem dos rnelos de producao? Co―mo a cconornia poderia ser sirnultaneamente ``guiada" pela satisfacaO das necessi―

dades e pelo deseiO de lucro?Onde esl五 o rnisterioso estrato nao mOnopohzado da

burguesia, pronto a sacrificar sua busca p五 vada de lucro?50 sera que O obietiVOnaO o subOrdinar a classe operana,com o pretexto de uma``alianca antimonopolis―ta",ern beneftio dos``bons''capitalistas?

Ao contrario de Tcheprakov, quc apenas repete clichOs, os autores GtindetHcininger, Hcss e Zieschang,.da Alemanha Oriental, cm sua Zur Theorie desStaaお monopolistischen Kapitalismus, forrlecem algumas infoHlla96es fatuais valio―

sas.Entre outras coisas,consideram as fo111laS de mobilizacao dO capital(que Tche―prakov confunde com a ccumulaca~o c a υalorizaca~o do capital)empregadas pelo

Estado em nossa Opoca, c as repercussOes do arrnamento perlnanente e do plane―jamento econOmico sobre a concorrencia c a taxa de lucro.51 MaS,ao mesmo tem―

po, a tendencia revisionista da teoria do “capitahsmo rnonopollsta de Estado" de―

senvolve― se de foma mais clara c expressa‐ se de maneira mais evidente nesseste6ricos do que em Tcheprakov.Sera suficiente citar trOs passagens:

“Para as foκ as animonopolistas,ter inluencia sObre a foma quc(as despesas esta―tais)assumem O um dos prop6sitos mais importantes da luta contra os obeivoS(?)econOmicos e politicos dos monop61ios.Embora as despesas estatais audem os mOno―p61los a manter o poder,a realidade mostra,ao mesmo tempo,que o aumento dessasdespesas pode leva‐los a situacaO dO aprendiz de feiticeiro de Goethe, que no finalnaO cOnseguia livrar― se dos esprntOs quc ha宙 a invocado''52

E rnais adiante:

“Esse reforco do poder da ollgarquia inanceira attavOs da interven95o do Estadoproporciona ao mesmo セrnpo as fOttas antimonopolistas novas pOssiblidades de in_

luendar a produ95o(!), a diSMbu19aO, O poder econOmico_ O Estado― ―eis aqul o

ponto fraco dessa nova forma de monopolレ acao da 01igarquia inanceira_― nao O sirn_

plesmente um 6rgao atadO ao capital e governado por ele da mesma forma que, porexemplo, um monOp61io Enquanto instl■lmento da superesttutura pol■ca da socieda―

de,o Estado impenalista inclui tambё m todos os aspectos sociais(que devem necessa―

riamente receber mais atengaO (sic)na medida em que a socializacao da prOdu9ao sedesenvolve)e nao o,pOrtanto,simples e exclus市 amente um 6rgao de poder dos mo―nop61ios.Assim como diferentes interesses,constela90es econOmicas e politicas e com―

48 fbid,p46049 fbid,p460∞A contradicaO dO argumento de Tcheprakov toma‐ se mais e宙dente ainda quando lembramos que O mesmo autorsahenta em outa passagem quc“ esses estatos nao mOnOpolお tas,que se apegam mas ao lalss″ raire do quc Os mo

P測 路 ど 鷺嵩「 距 器 (寵:官錢 HESS,Paere ZESCHANG,Kui Zur Leo● ed‐ 群ooおmOnOpo雌おchen Kα‐pitallsmus Bettm,1967p17● Iseq52 fbid,p40

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364 A IDEOLOGIA NA FASE DO CAPITALISMO TARDIO

bina95o de forcas se manifestam em sua ai● dade tambё m o capitalismo monopolis―ta de Estado cna novas possibilidades para as for9as antimonopOlistas inluenciarem apolitica monopolista de Estado"

E,finalrnente:

“Ao mesmo tempo,como as despesas estatais representam o capital gigante(?)Oua foma suprema do capital social,a classe operana,com seus numerosos aliados e or‐ganizac6es, tem oportunidades reais e obletivaS de inluenciar as despesas do Estado e

afoma quc assumem,segundo sua pr6pha perspectiva''53

0 fato de nao ser possfvel descrever as despesas estatais irl′OFo Como capital

(e naO,certamente,como capital estatal)Oe宙 dente por si mesmo.Se o EstadO cO―bre as perdas dos empresarios privados ou lhes concede subsrdiOs para quc cOnsi―garn lucros monopolistas, nesse caso n5o valorizou nenhum “capital estatal'', ape―nas gastou parte de suas rendas com a valorizacaO dO capital privado. Apresentaros gastos totais do Estado cOmO capital(quando na realidadc a malor parte delesconstitul― se de mais―vaha redistriburda, da qual uma parcela nada insignificante ёgasta como renda pubhca)o um errO semelhante aquele cometido por Baran eSweeη ao calcular seus``excedentes''.Mas como pode a classc operana ganhar in―luencia sobre a ``follila assumida" pelo “capital''(mesmo que saa capital estatal)segundo ``sua pr6pna perspectiva''?Sera quc essa perspectiva nao consiste cxata―

mente ern tomar a valoAzacao dO capital rnais difrcl, fOrcando uma reducao da ta_

xa de mais― valia? Ha possiblidade de que uma economia capitalista funclone deoutra forrna que nao segundO as icis da valorizacao do capital?Como se pode di―zer ao mesmo tempo quc os rnonop61ios c対 gern a regulamentacao dO Estado paragarantir seus lucros e quc a classc operaria pode,nao Obstante,usar a mesma regu‐

lamentacao dO Estado monOpolista(com o mesmo aparelho estatal,isto O,sem an―tes demoli-lo e subsitur-lo pOr um Estado dos trabalhadores)para aingir otteiVOSdiamettalrnente opostos aos lucros monopolistas? Toda a cstrutura do mOdO deproducao capitalista e das relacocs de producaO capitalistas esta ausente dessa teo―

ria――assirn como da teoria dos refollllistas``vulgares''

Esses autores da Alemanha Oriental, no caprtu10 final de seu livro follllulam

dc fo111la bastante correta o problema central a ser resolvido:

“A questao que se apresenta de imediato O o efeito dessas novas relacoes econOmi―cas, dessas novas manifesta95es e conex5es descntas nessas pesquisas sobre o funclo‐

namento das ieis econOmicas do capitalismo e do desenvolvirnento de suas cOntradi―

cOes Colocar essa quesぬ o equivale, naturalrnente, a levantar inimeros problemas, en―tre os quais o mais fundamental ё a natureza do sistema global do capitalismo contem‐pOraneO e a maneira pela qual ele funciona''54

Mas, depois de follHular corretarnente a qucstao, naO cOnseguenl respondO-la. Naverdade, nern mesmo arriscam a conclusao dc quc o “desenvOlvimento'' das cOn―廿adi96es intemas do modo de producaO capitalista podc estar intensificandO asmesmas, uma descoberta que Tcheprakov anuncia repetidamente sem apresentarnenhuma prOva. Como poderiarn fol11lular tais conclus6cs quando lirnitam― se a co―

menttrios impressionistas como esse: “Acima de tudo,com O desenv01宙 mentO darevolucao tocnica, como podemos avaliar um aumento relativamente rapido da

53 fbid,p5054 fbid,p317

Page 365: Capitalismo Tardio - MANDEL

A IDEOLOGIA NA FASE DO CAPITALISMO TARD10 365

renda naclonal''?55(A longo prazo? Para sempre? Independente das dificuldadesde valorizacao e de realizacaO?)Alfred Lemnitz, outro econonlista da Alemanhaonental, afi11lla de fo:11la ainda mais clara: ``com o aumento da regulamentacaodo monop61io estatal surge a tendencia dc OcOrrer ccPtas mudancas nO funciOna_mento das lcis econOmicas rnaた i do υaloち por exlcmplo,''.56 E acrescenta:

“A regulamentacao mOnOpollsta do Estado,ctto p● ncipal o● eiV0 0 estabilizar inter―

namente o sistema capitalista(garanindo uma reproducao ampliada rapida aO mesmOtempo que mantOm um nivel alto de emprego e acelerando sirnultaneamente as mu―dancas estruturais da economia surgidas durante a revolucao tOcnica,que se tomaramnecessarias por causa da intensidade crescente da concorrencia), tOrna_se um fator im―portante da crescente desigualdade de desenvol宙 rnento entre os paises individuais''57

Mas toda a quesEo se resume precisamente cm saber se o Estado― ― ``a regula―

mentacao monOpollsta do Estado" ――pode garantir um nivel alto de emprego e

acelerar as mudancas estruturais da econornia a longo prazo Essa questao naO fOirespondida. ´

C)1lvro dc ensalos intitulado Lc Capitalismc Monopο liste d'E`α t,cscrito por va―

rios econornistas comunistas frahceses e editado por Paul Boccara,naO c apenas omais abrangente, mas tambOm O, sem divida, o mais teoncamente refinado e omais sё rio dos ttabalhos dedicados a esse tema 58 Ao mesmo tempo,a funcao ap010_gOtica da teoria do ``capitalismo monopolista de Estado" C ainda mais patente nes―

se livro francOs do quc enl seus congOneres alemacs ou russOs:aqui pretende luSti―ficar a politica do PCF,que defendc um estagio de transicaO de``democracia avan―

cada"entre a fase final do capitalismo e a revolucao sOciali,la.590s autores comunistas franceses responsaveis pOr esse volume fomecern mui―

tas analises interessantes, entre outras, da automacao, da superacumulacaO, da in―

lacaO, das implicac6es ideo16gicas de tOcnicas de planaamento, e da intemaclona―

lizacao das fOrcas prOdutivas. Mas ignoram por completo a caracterも tica central do

capitalismo tardio― ―a cnse dcs relacOcs de produca~o capitalistas desencadeada pe―

lo desenv01virnento de todas as conttadic6es inerentes ao modo de producao capi―

talista.Como consideram o``capitalismo monopolista de Estado''uma“ adaptacaoobletiva'' das relac6es de producaO aO progresso continuo dos forcas de prOdu―

9a。 ,60 e COmo esperam usar essa ``adaptacao" em benefrcio da classc operana nafase de “democracia avangada", perdem toda consciOncia real do fato de quc acxploracao da fOrca de trabalho bascia― sc exatamente nessas relagOes de produ―

ca。 .61 Permancce um mistOrio saber comO essa cxploracao pode ser exorcizadasem abohr as pr6prias rela90cs de producao capitalistas.62

55 rbid,p 32656 LEttlTZ,Allred ``I)i● ωostdeuお che 3● ndasrepub″ k――ein Staα t derMonOpοた'' Ini Einneit v ll,1964 p 91

玉:湊&議 Padにd)Le C叩 施騰ma Mon"dお鯰d'`耐 に ,)Pan■ 196959 fbid,v l,p 185-192;v 2,p 388‐ 44060 fbid,v l,p 157-159,183 Roger Garaudy{Tha Turning Point or Sociollsm Londres,1970)apresenta uma usうo

semelhante61 Boccara e seus companheiros lalam de relacoes de producao``hetero"neas''(sic)(v l,p 191:v 2,p 342,

363-367),sem aparentemente ter consciOncia do fato de que,do ponto de usta da teoia do modo de producao capi―

需醐 酬 臨 胤 ばL認 酬 T議弊 憮 鮮

誂 盤■

fT&全 濡Ψ ℃segundo as leis quahtaivamente diferentes geradas pela saisf62 Nesse aspecto,Tcheprakov ё mais honesto Airma slnceramente quc``as tansformac∝ s dem∝ぬtcas gerais nao

destroem a exploracao do homem pelo homem''{Op Cr,p456)B∝ cara e seus companheiros,por sua ve2,adml‐

tem que:“ No momento presente,as relac∝ s de produ95o capltaLstas,em sua fonna modema de capltalsmo pono‐ponsta de Estado,envolvem toda a sociedade numa rede em quc tudo estt intenigad。 ''(Op c″ ,vl,p181)E total―mente inexpli“ vel como os monop6hos podem ser``pnvados de seu poder'' nessas condic5es― ―sem a abollcaO das

relacてたs de produ゛ o capltatstas

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366 A IDEOLOGIA NA FASE DO CAPITALISMO TARD10

E preciso salentar tambё m quc Boccara e seus companheiros parecem perderde vista tOda a base da teona do va10r e da mais― vaha dc Marx:a saber,quc o capl―

talismo(seia ele``1lberal''ou``rnonopolista",da fase inicial ou da fase tardia)funda_

menta― se na produca~o generalizada de mercadorias. Nesse grosso volume de en―saios, as contradic6es da producao de mercadorias desempenham papel totalmen―te secundariOi naO s50 sequer menclonadas na secao dedicada ao tema ``Privandoos Monop61ios de seu Poder''.63 1sso nao acOntece por acaso, pois a fase de “de―

mocracia avancada" pellllanece inteiramente dentro dos lirnites do modo de pro―ducaO capitalista.A10m disso,uma crrica marxista perfcita da prOducao de merca―dorias nao se sentiria a vOntade, de qualquer maneira, entte os autores do PCF,uma vez que o conceito de ``prOducao sOcialista de mercadorias'' fol, na realidade,

elevado a categona de viga rnestra apologOtica do poder da burocracia so宙ёtica.

“O problema da economia baseada em mercadonas s6 1 analisado em relaca。 らquesぬ o do dlnheirO e da inlacao

(Op c静 ,p 390‐401)Na dlscussao da“ democrada avancada'',esse problema naoこ menciOnado Na verdade,decla―ra‐ se sirnplesmente que uma “organlzagaO racional da producao'' こpossivel por meio de naciOnalレ acoes no contextode uma ccOnomia capitalista baseada em mercadonas(Ibid,v 2,p 362 ctseq)

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17

O Capitalismo Tardio como um Todo

O prOblema quc agora se coloca O o seguinte: como as tentativas cada vezmais freqtientes de regulamentacaO privada c estatal da cconOrnia sao explicadaspelas leis de desenvolvimento do pr6prio capital?Como os lirnites finais dessa regu―

lamentacao__sua incapacidade de superar as contradic6es inerentes ao modo deproducao capitalista― ―podcnl ser demonstrados?Em Outras palavras,como se dc―

ve conceber e analisar a interconcxao entte o ``capitalismo organizado" e a produ―

caO generahzada de mercadonas?AtO agora,o malogro geral das tentaivas――tanto marxistas como naO marxis―

tas――de explicar o capitalismo tardio pode ser atriburdo a negligOncia quanto a cs―

sa interconexao―_em Outras palavras, pode ser amburdO a incOmpreensaO da fa_

mosa f6111lula aplicada por Marx as sOciedades anOnirnas no Capitali

“E α abο ligaο dO modo de prOducc~ο capitalista dentro dο propriο mOdο de produ―

9αο Cap"αris,a, e portanto uma contad195o que se autodissolve, que representa prima

racie uma simples fase de transicao para uma nova forrna de produ95o Manifesta― se

como essa contradicao em seus efeitos Estabelece um monop61io em certos setores eassirn requer interferencia dO Estado Reproduz uma nova anstocracia financeira, umanova vanedade de parasitas sob a forma de promotores de empresas, especuladores ediretores puramente nominais; reproduz todo um sistema de fraude e de trapaca por

ぎ需」3ぽ路乱鏃f:1:驚塩]詰`:認

糧詰ぶ篇ag Fa espeCdacao com das

E tambOm:

“O sistema de creditO parece a pnncipal alavanca da superproducaO e da superespe―culac5o do comOrcio unicamente porque o processo de reproducao, que 1 lexivel pornatureza, こforOado aqui a seus lirnites extremos;e s6 ё for9ado dessa maneira porque

grαnde pa"e do capitar sociα !O empregada por pessο as 9ue naο a possuem e que,emconseqJencia,ldam cο m as cοおas de fOrma bem d¨ κnた da dο prop"ed"o,que pe‐sa cuidadosamente as″ mitac06 de seu capital p"υ αdο,na medida cm.que cle propガοο αdminis,ra lsso simplesmente demonsta o fato de que a auto― expans5o do capital,

baseada na natureza contradit6●a da producao capitalista pemite um desenvol宙 rnen―

l MARX Capitol vo1 3,p 438 (Os gnfOSSaO nossos E M)

367

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368 o cAPITALISMO TARDIO COMO UM TODO

to realrnente livre s6 atё certo ponto, de maneira que, na verdade, constitui um entra―

ve, uma barreira imanente a prOducaO, cOnstantemente rompida pelo sistema de crOdi―t。"2

Com excecao dOs dOgmaticOs quc se contentam em declarar que nao houvemudancas na econonlla capitalista internacional desde a Segunda Guerra Mundial

(quando naO desde a Grande Depressao de 1929/32),pratiCamente todas as tenta―tivas marxlstas e nao marxistas de exphcar a cconornia capitalista tardia apresen―

tarn um denorninador comum: a suposicao de quc a regulamentacao privada c es―tatal da econonlia cOnseguiu elinlinar ou suspender as contradic6es econOnlicas in―

temas desse modo de prOducao VariacOcs dessa tese― ―das teorias da``econonlia

rnista" as da ``sOciedade indusmal'' __ reaparecem com frequOncia na economiapolltica do capitalismo tardio. Quaisquer quc seiarn Suas outras divergencias, clas

desembocam na rnesma conclusao.Nesse sentido,a ccononlia polftica``oficiar'do capitallsmo tardio,tanto a fran―

camente nao marxlsta como a ostens市 amente maEttsta, descende diretarncnte doste6ricos originais da mitigagao gradual das contrad196es capitalistas e da autOdisso―

猟留 i轟肥 鍵 籠 ∬ 鰤 :i鰐 協 電∬ s燎:υtti∫胤 3∴fI露 貯 甘

chard Lёwenthal e os social=democratas ingicses das dOcadas de 40 e 50-_sObre―tudo Strachey e Crosland――passaram sua tradtaO a ccOnOrnia poFica correntenas dOcadas de 60 c 70 de nosso sOculo.3 A pr6pria teoria ``oficial'' do capitalismo

tardio O, na verdade, uma expressao dO capitalismo tardio. A ideologia tecnocratageralrnente predorninante nesse estagiO da sOciedade burguesa,que proclama a ca―

pacidade quc os especiahstas tem de resolver todos os conlitos cxplosivos e inte―

grar classes sociais antagOnicas na ordem social vigente, corresponde ao papel es―

pecrficO da tecn01ogia e do planeiamentO econOmico no capitalismo tardio A cco―nonlia polrtica do capitalismo tardlo O, portanto, uma peca― chave da ldeologia ge―

ral do capitalismo tardio que se discutiu acirna. Ncsse sentido, ё um prO‐ requisito

essencial do mOdo de prOdugao capitalista na Cpoca atual. Nao O de surpreender,portanto, quc as varias tentativas de interpretac5o da ccononlla e da sociedade te―

nham carater muito semelhante, quando na0 1dentcO. Produtos da mesma classeou do mesmo esttato social(a intclligenお :a tecnocrata do capitalismo tardio),seus

autores renetern ficlrnente as estruturas mentais de sua foIIIIacaO,c repetidas vezes

mostram o mesmo tipo de preconceito ou de cegucira.No caso dos autOres que seconsideram marxistas,erros compaぬ veis devem ser atriburdOs a um malogro par―cial no cntendirnentO do materialismo hist6rico, ou a uma visaO cOmum a setoresp五vilegiados da classc operana, interessados na manutencao do status q口o social

intemaclonal(as burOcracias comunistas do Leste, as burocracias social― demOcra―

tas e sindicalistas do Ocidente e do」 ap5o).

2fbid,p441(Os gifos壺 o nossos E M)3“ Praicamente surge uma terceira questao,,d impliClta,em certa medida,na anteior,qual sela,a quesぬ o de saber se

a vasta expans5o geogr6flca do mercado mundal, combinada com a extraordinana reducao do tenlpo necessano ascomunicac6es e ao transpo■ c, n5o aumentou de tal maneira a possibilldade de cο ntrolar pelturbac5es, e se o enortne

crescimento da nque2a dOS Estados industnais europeus,combinado a elastcldade do modemo sistema de crё dlto c a

ascens5o dos canCis industnais,naO redu21u de tal maneira as,η percussι 文なdas pe■ urbac6es I∝ ais ou pa面 culares so―

bre a sltuacao econ6mica geral,que ao menos por urn longo periodo daqui para diante as cnses econ6micas gerais do

tpo anigo podem ser conslderadas totalmente improvavels"BERNSTEIN,Eduard Die V9rauss`レ ungen d‐ Sozialた ―

mus und die Aurgaben der SozialdemokЮ"e Stugart,1921,p l13‐

114 VertambOm LOWENTHAL,Rlchard(PaulSeing)」 enseiお des Kapitα llsmus 3 a ed,Nuremberg,1948(a la ed apareceu em 1946):STRACHEY,John Con‐たrnpora″ Capitaお m Londres,1956 p278‐ 279,289 290i CROSLAND,C A R The Futu“ (プ S∝ ialおm Londres,1956 p l‐ 42:SCHUMPETER,」 oseph Capitaお m,Sociα ′おrn and Demο cracν Nova York,1962,tambを m merece sermencionado Nas pagnas 131-134 desse hvrO(publicado pela pimeira vez em 1942),Schumpeter antectpa a tese deGalbraiふ de quc o empre壺五o capitansta c a rnoivacao capitalista de lucro desapareceiam

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O CAPITALISMO TARDIO COMO UM TOD0 369

Nenhuma separacao arbbほ ria cntre a esfera social ou s6cio― polftica c a esfera

cconOrnica pode dar uma resposta satisfat6ria a ques● O da natureza global dO capl―

talismo tardio.4 Reduzir a relacao dO capital apenas a estrutura hierarquica daね bri―

ca C ignorar um aspecto decisivo da totalidade desse modo de produgao. C)capita―

lismo deitou suas raizes na generalizacaO da producaO de mercadorias e da concOr―rOncia. A propriedade p五 vada――isto O, uma situacaO na qual o poder de dispordos me10s de producao se divide entre muitos centtos autOnomos, resultando emorganlzacaO priυ ada do trabalhο ――ё a causa fundamental da pressao exercida pe―la concOrrencia para acumular capital constantemente a fim de reduzir os custos daproducao e, pOr isso, de elevar tambCrn constantemente a produti宙 dade do taba―lh。 .5 Essa O a matriz s6clo― cconOmica peculiar ao modo de producao capitalista, daqual denvam tOdas as suasleis de mo宙 mento.

A cxploracao existe enl todas as fol:HacOes sociais e modos de prOducao ba_seados na divisao de classes. A folllla de exploracao especificamente capitalista de―

fine‐se pela universaliza9ら o da produ95o de mercadorias― ― o que, naturalrnente,

envolve a transfo111lacao da fOrca de trabalho enl mercadoria e dos meios de pro―

ducaO enl capital.

O capitalismo tardio ё,portanto,uma nova fase de desenvolvirnento do mOdOde producao capitalista, apenas seu esttgio monopolista, ou um sistema rival quc

superou completarnente as leis de desenvolvimento do capitalismo?A resposta aessa ques● o pode ser avaliada por um critCrio central. A regulamentacao gOvema_mental da economia, o “poder dos monop61los'', ou ambos, podern revogar para

sempre,ou de maneira duravel,a Operacao da lei do valor?

Dizer quc isso O possive1 0 dizer quc a sociedade′ contemporanea deixou deser capitalista. Sc O assirn,enぬ o o curso da econornia nao O mais deteIIninado pe―las lcis ottetiVas de desenvolvirnento da prOducao capitalista,atuando por廿 6s dascostas dos homens, mas sirn pelas decis6es conscientes, planeladas ou arbitrarias,6

dos monop61ios e do Estado. Sc ainda ocorrern cnses e recess6es,ia n50 podemser devidas a forcas inerentes ao sistema,mas simplesmentc a crros sutteivOS Ouao conhecirnento insuficiente daqueles que ``dirigem a cconornia" Seria cntaoapenas uma qucs● o de tempo para quc esses erros de regulamentacao ecOnorni―ca fossem corrigidos e surgisse uma``sociedade industriar'verdadeiramente semcrises. Mas se, por outro lado, ``a regulamentacao da ccOnOnlia" feita pe10 Gover―

4 Essa separacaoこ e宙dente nos te6ncos que pr∝ lamam a capaddade que tem o capltJヽ mo tardo de resolver suas dl―

icddades economicas, rnas que ao mesmo tempo reconhecem sua suscetlbilidade a cises no ambitO social, geradaspela contrad゛ o inSurぬ Vel ente os produtores de mais― vana c aqueles que lhes extorquem essa mals― vaha5 Esse problema O de espedal importancia para a andise mattta das relac6es de producao na sOctedade de tansicao

entre o capltatsmo e o socialismo, ou para entender a namreza sOcial da Uniao Soviё ica, da Rep`blica Popular daChina etc Nosso pr6対 mo Lvro trata desse assunto As acusac5es de que defendemos a teona da``convergOncia",fei―tas pelo Paido Comunista Alemao e pela RDA,壺o produtos da ignoぬ ncia ou de deturpac5o deliberada」 unto comtodos os companheiros que companlham da mesma oplni5o,semp“ salentamos o carater sOcial fundamentalmente

dferente da cconomia capitallsta tardia e da econOmia soviCtca ou Bloco Onental seia necessano haver uma revolu―

φo SOCial na pimeira,ou uma contra‐ revolu゛o sodal nas thmas,para tom61as semelhantes6 Ha uma extensa hteratura defendendo esse ponto de宙 sta Ver,por exemplo,Carl Kaysen:“ Os administrado“ s dasglgantescas sociedades anOnirnas(a quem chama de oligarcas irresponsaveis)dlspOem de grande llberdade para to―

mar dects5es, liberdade essa que nao sOfre restn゛ o daS fOttas de mercado de maneira que o que a administracaoconsldera l aquilo que decldlu considerar''(“ The SOclal Signilcance of the Modem Corporaton'' In:Ame"can Eco‐nOmic R● υiew Maio de 1957,p 316)A teoha da ``consciOncia soclal dos monop61ios'' de Berle c a d。 ■ヽ●Neω ln―

duS'7tα I State de Galbralth baseiam― se em ilus5es semelhantes Para um contraste,ver o s6b五 o estudo ingiOs de C FCarter e B R Willams: “Parece que no periodo p6s‐ guerra que estudarnos,o grau de incerteza envolvendo sCnOs es‐

for9os de pred゛ o(dO Sucesso dos investmentos inovadores_EM)costumava ser multo pequenp Ap」 ncipal ra―

´o da“ falta de importanda da incerteza"era o grau em quc as empresas eram arrastadas a inovacaO pelo exca%o dedemαnda ou insurlciondo d`● re商 ,ou a iniciabva dos fomecedores de instalacoes e maquinaha… Era,de fato,um pe―riodo de otlmismo,em quc a inovaφ o prOgredla sOb a pttaο da demanda imediata ou das esperancas generah2adaSquanto ao futur。 ''(Inυ

“tmentin ln"oυ αriο

" Londres,1969 p 99-Os 9■10S ttO nossos E M)E6b゛ o que se po―

de dlzer o mesmo de toda “onda longa com tonalidade expansionお ta'', como a do perbdO de 1893 a 1913, porexemplo

Page 370: Capitalismo Tardio - MANDEL

370 o cAPITALISMO TARD10 COMO UM TODO

no e pelos rnonop61os ё apenas uma tentativa de desviar e de atenuar tempOraria―mente(lsto O,apenas de adiar, em iltima instancia)a Operacao da lei dO valor,cn―

taO a atuacaO dessa lei dcve inevitavelrnente prevalecer no final. Se C esse o caso,

as crises continuam sendo inerentes ao sistema. O desenvOlvimento a longo prazoda``sociedade industrial'' ocidental cOntinuara sendO govemado pelas leis dO mOvi―mento do modO de prOducaO capitalista descobertas por Marx. A natureza da Or―denl social e econOnlica de nosso tempo pellllanece indubitavelrnente capitalista.

O presente trabalho foi dedicado a vcnficacao dessa `ltima tese. Tentaremosagora sintetizar os ternas independentes e sucessivos da andlisc anterior e mOstrar

aSfOf′′:as pelas quaお α lθi do υalor pttυ alece no capitalお mo tardio como um todO.Numa sociedade que produz mercadorias, a lei do valor desempenha duplo

papel l)proporciona um modelo obieiVO quc regula a dismbuicaO dOs recursoseconOmicos(forcaS de producao)pe10s diversos setores da ccononlla capitalsta,de maneira a poder assegurar urn equllfb五 o peri6dico c uma producaO e reprodu―

95o mais ou menos contrnuas;72)garante quc essa distribu1950 cOrresponda aomenos aproximadamente a cstrutura da demanda(eStrutura de consumo)dos“consumidores finais''(demanda de indivrduos, famllas c unidades de cOnsumomalores――com unidades locais, regionais, naclonais c ia, marginalrnente, intema―cionais――pelos chamados``sen■90s sociais").8

Como sabemos, a lei do valor opera diretarnente por meio do va10r de ttOcadas mercadonas apenas no contexto da prOduc5o sirnples de mercadorias. No mo―do de producao capttalista, cssa lei O mediada pela equiparacao das taxas de lucrO――cm outras palavras, pela concorrOncia dos capitais. Os lucros nao saO divididOsentre capitais rivais de folllla proporcional a mais_valia produzida por cada capital

variavel, mas sirn em proporcao a massa tOral de capital aclonada por cada cmpre‐

sa indi宙 dual. Por essa razao,O capital quc aumenta a produti宙 dade mOdia do tra―balho cOm O uso de mais maquinaria apropria― se de uma parte da mais― valia prO―

duzida por capitais considerados“ atrasados''em termos de produtividade dO traba―lho. C)capita1 luira dos setOres com uma taxa de lucro abaixo da mё dia para seto―

res com uma taxa de lucrO acirna da mOdia. Isso leva a uma redistribu19ao dOs re_

cursos econOrnicos vantaiosa aOs setores c6nl taxa de lucro acirna da mこ dia, atc O

momento em quc o aumento da producaO reduz os precos de mercado c os lucrOsdesses setores, c a queda da producaO dOs setores corn taxa de lucro abaixO damё dia aumenta seus precos e lucros Mas essa redistribuicao de va10res de trocatem de ser cOcrente com a estrutura da demanda de valores de usO detellllinadapelo capitalismo. Aqui podemos separar dois casos para exarninar a questao mais

de perto.

Sc as mercadorias produzidas com um lucro abaixo da mOdia mantem no con_junto sua participacao na cstl■ ltura da demanda dos ``consunlidores finais'', cntaoa sarda de capital desse setor da producao serd apenas Fempoだ ria. A reducaO dasforcas produtivas usadas nesse setor significa quc a produc5o sera menOr do que a

demanda. A elevacao dos precos levara en6o a um aumento da taxa de lucrosque novamente atraira capital com uma compos195o``rnais moderna"para esse sc―

tor. C)resultado de todo o processo sera,cm`ltima insttncia,apenas uma adapta―

95o da estrutura de produtividade, ou da composicao organica do capital,a um nl―vel social rnOdio quc,nesse rnterim,clevou― se.

7 Paul Ma籠 ck citlca corretamente o ponto de vista de Hlferding,de que essa funcao da lei dO valor cOrresponde masa“condic5es obleivas''a― hisbicas do que a uma dlstrlbui゛ 。

“pec"ca doS recurscls econOmicos pelos v`iOs ramos

da producao, cOrrespondente a l∞ ca da distnbuicao e dO mOdo de producaO capitallsta MOⅨ and Keν nes Londres,

駅改奪瀞vd a p 183 aseqs

Page 371: Capitalismo Tardio - MANDEL

O CAPr「ALISMO TARDIO COMO UM TOD0 371

Mas quando o prOcesso de saFda de capital de um setor da producao cOincidecom uma alteracao na esntura de consumO dos “usuarios finais", as expensas

dos valores de uso produzidos por esse ramo da producaO,9 nesse caso a sarda decapital desse setor sera rinar.No im do perlodo de desequilbno― ou ttuStamento――sera investida nesse ramo da producao uma percentagem dos recursos de taba―lho social menor do que antes da saFda de capital.(E desnecessariO dizer quc, sehouve um aumento significativo da producao total, cssa percentagem menor podeperfeitamente corresponder a um aumento de sua massa absoluta de capital e sem―pre sera seguida,a longo prazo, de uma compos195o organica ma10r do capital.)A

saFda de capital resulta do fato de quc a taxa de lucros nesse setor calu abaixo damOdia social,c isso,por sua vez,O apenas uma cxpress5o do fato de que,de宙 do auma alteracao na estrutura da demanda dos consunlldores, a sociedade burguesaagora designa ao setor de producao em qucs● o uma parte menor dos recursoseconOrnicos totais a sua dispos19aO.

Essa andlise te6rica geral revela de imediato tanto a funcao dos mOnOp61ios,

ou dos superlucros dos monop61os, quanto as lirnitac6es a quc esぬ o suicitOS. A

funcaO de urn monop61o O evitar(ou adiar indefinidamentc)a cquiparacao da ta_xa de lucro,dificultando o luxo do capital para dentro e para fora de certos ramos

da producao.os mOnop61os alcancanl seus lirnites no momento em que essa equi―paracao na~O pode ser eυ

"ada a longo prazo,no momento ern quc os lnOtodos des―tinados a impedir essa cquiparacao naO cOnseguenl atingir seu obietivO.

A validade do conceito de capitalismo monopolista(diStinto do capitalismo de

livre concorrencia)naO implica que nao exisuram mOnop61los antes do capitalismomonopolista,nem quc a concorrOncia estaa ausente do caoitaliSmo monopoli■a

Esse conceito indica a combinacao inι dita cのpec,ca de COncO巌 )ncia e monop6-lio10 que surge de um aumento qualitα tiυo da concentrac5o e centralizacao do capi―

tal. No capitalismo de livre concottncia, o valor relativamente pequeno de seus``rnuitos capitais'' tomou quase impossfvel a preservacaO dOs superlucros durante

longos periodos― ― com a cxcecao institucional do monop61o da posse da terra.As barreiras a cnttada nOs setores da producao eram despreziveis. Sob o capitalis―

mo monopolista――do qual o pbprio capitalismo tardio O apenas uma fase―_oOtarnanho gigantesco dos “rnonop61os'' ou, em outras palavras, a acumulacaO dealguns de seus “rnuitos capitais" em dirnens6es astronOrnicas,1l que constitul uma

barreira follllldavel a cntrada ern setores monopolizados,c assirn aumenta a dura‐

95o da apropriacaO dOs superlucros.Essa abordagem do pЮ bpma do monop61io enfatiza menos o lado do merca―

do que o lado da producao. Ec宙 dente quc o monop6ho significa sempre,em pri―meiro lugar, capacidade de elinlinar a concorrOncia dos precos― ―isto O, de conto―

lar o mercado por certo perfodo de tempo.Mas,em iltima instancia,O cOntrole domercado C detellllinado pelo quc acontece no domfnlo da producao, e naO nO dOmercado nem ern reuni6es conspirat6rias de financistas e cxecutivos.Se os superlu―

91ndependente da alセracao da estntura do consumo preceder a saida de cap■ al(como na mineracao do carvao betu_

minoso),ocOrrer ao mesmo tempo(comO nO algoda。 )。 u suCe“ la(comO na indisma do cObre)10 Ver Marx:“ O monop611o produz a concorrOncla,a concorrOncla produz o monop5Lo Os monopolLね s surgem da

concorrOncia;os concorrent“ se tomam monopolistas Se os monopolistas restnngem sua concorrencia mitua pormeio de asま 】Jac5es parciais, aumenta a concorrOnda entre os trabalhadores; e quanto mals a massa de prole憾 ios se

op¨ aos monopolお tas de uma naφ 。,tanto maお desesperada se torna a concorrenda ente Os monopolLね s das dfe―

11魔l'電 》乱器 乱 忠 屋J鳳 ,:鋭T咄 “

p°&∞ mmセr mmnd。 ぃ ねnセmⅢem Lね ∞“

α―

1l As cem maiores scdedades manufatureiras dos Estados Unidos possuiam 39,7%de todos os atvos de empresas ma―

nufaturelras em 1950,e48,9%em 1970 Setecentas s∝ iedades glgantes com mais de lClll mth6os de d61ares em at‐

VOS COnSituem apenas O,1%de todas as empresas;possuiam 1/2 de todos os atlvos em 1950,e2/3 de todos os aivosem 1970 Cento e quinze sodedades manufaturelras possuiam aivos da ordem de l bilhao de d61ares ou mais,em1972:controlavam 519る de todos os atvos e recebiam 56%de todos os lucros

Page 372: Capitalismo Tardio - MANDEL

372 o cAPITALISMO TARDIO COMO UM TODO

cros obtidos atravOs do controle monopolista do mercado atraem _― e quandoatracm――um ndmero suficiente de concorrentes para o mesmo ramo da indisma,a situacao de mOnOp61io tende a desaparecer, c com ela os superlucros. A ``coer―

950 eXtra― econOrnica" nao podc irnpedir esse ressurgirnento da cOncOrencia emdadO ramo da producao ou setor do mercado durante urn perFodo de tempo ra206-Vel(embOra nao se deva subestimar a asticia dos lcgisladores e politicos que mui―

tas vezes tentam assegurar iuStamente isso,sob O COmando dos mOnop61ios).Umabarreira imensamente malor ё representada pelo simples fato de que,se um capitalprecisa de l blhao de d61ares para concorrer com um monop61o, naO vai Obtercom faclidade essa soma c norrnalrnente tambё m nao a cOnseguird emprestadados grandes bancos ligados aos monop61ios, Portanto, o monop61io tendera a serestabilizado pelos fatos econOmicos da vida, nao por me10s ``extra― econOnllcos".Mas naO perrnanecerd esttvel por um perfodo de tempo llimitadO. Os mOnOp61iosnaO cOnseguern liberar― se da operacao da lei dO↓ alor A longo prazo,a concorren_cia precisa realrmar― se, embora naO necessariamente a concorrOncia de pre9os.Os superlucros dos rnonop61ios estao sempre stteitOS a crOsaO.

Em primeiro lugar, vamos considerar o problema do pontO de vista do valorde troca. Um dos fundamentos da teoria do valor e da mais― valia de Marx o a tescde quc a quantidade total de novo valor(renda)a dispOs195o da sociedade no pro―

cesso de producao c fixada ou predctcilllinada pela quantidade tOtal de trabalhOdespendido. Essa quantidade pode scr redist五 buFda no processo de circulacao,mas naO pOde aumentar nem dirninuir. A soma dos precos de producaO cOntinuaigual a dos va10res 12 sc os monop61ios asseguram para si superlucros monopolls―

tas permanentes,en6o eles s6 podem derivar de duas fontes ou de uma cOmbina―

caO delas: Ou denvam de uma reducao dO vOlume de lucrO a disposicao dOs ramOsde producao naO mOnOpohzados, isto C, sua taxa de lucro cai abaixo da mOdia so―cial; ou vom de um aumento da taxa social de mais― valia (uma reducaO nO valorda mercadOna fOrca de trabalhO que nao precisa, ct/identemente, fazer― se acompa―nhar necessanamente de uma queda dos salariOs reais). Mas ambos os processosresultam em efeitos de mOdio――c10ngo――prazo quc inevitavelrnente solapam Ou

reduzern os lucros rnOnopolistas.

Urn aumento da taxa sOcial rnOdia de mais― valia tem duas consequOncias con―tradit6rias, quc acabam por gerar uma reducao da taxa sOcial de lucro__em ou―tas palavras,da relacaO entte o capital social total e a quantidade total de mais_va―

lia social. Isso leva,por um lado,a um aumento da acumulacaO de capital;por ou―tro, a uma queda da percentagem do trabalho vivo nas despesas sociais totais como trabalho. Mas como sOmente o trabalho宙 vo produz mais― valia, c apenas umaquestao de tempO antes que o aumento da composicao organica dO capital,prOvO―

cado pela acumulacao acelerada, ultrapasse o aumento da taxa de mais― valia. Nes‐

se momento, a taxa de lucrOs― ―inclusive a dos monop61ios… …cOmeca a cair denovo.

E possrvel resmngir essa queda da taxa de lucros exclusivamente aos setoresde producao naO mOnOpolizados?Essa questao nOs lcva a segunda poss,vel fontcdos superlucrOs dOs rnOnop61los:a redistribuicao da mais valia socialrnente produzi―

da de forina vantaiosa aOS mOnop61ios. Para sirnplificar, comecaremos da hip6tese

de quc o Departamento l comp5c― se inteiramente de monop61ios, enquanto a li―vre concorrOncia predornina ainda no Departamento II como unl todo. Vamos su―

12 ``conseqtlentemente, a soma dos lucrOs de todas as esferas de producao deve ser igual a soma das mais_valias, ea

soma dos precos de producさo dO produto social total deve ser igual a sOma de seu valor"MARX,Kari Capita4 V 3,p 173

Page 373: Capitalismo Tardio - MANDEL

O CAPITALISMO TARD10 COMO UM TOD0 373

por tambё m quc a producaO tem inicialrnente a seguinte estutura de valor, cOm ataxa de mais―valia constante a 100%e com uma compos195o Organica crescentede capital

14000c+1500υ +1500s=70001H:2000c+1200υ +1200s=440011

Em cOndic6es de livre concorrencia, a equiparacao da taxa de lucros entre os

dois setores resuharia nos seguintes precos de producao em cic10s sucessivos:

PttmeirO Ciclof

I:4000c+1500υ +1 750 1ucro=7 205 rnelos de producaO.

H:2000c+1200υ + 995 1ucro=4 195 rnelos de consumo

SegundO Ciclof

I:4905c+1800υ +2 060 1ucro=8 765 rncios de producaO.

H:2300c+1400υ +1 140 1ucro=4 840 rnelos de consumo.

Tercciro Ciclo:

I:6005c+2160υ +2 450 1ucro=10 615 melos de producao.

H:2760c+1600υ +1 310 1ucro= 5 670 rnelos de consumo.13

Sc agora, em vez de uma cquiparacao da taxa de lucros de 319ろ no primeirociclo,30,7%no segundo cic10,30%nO tercciro ciclo,c assirn por diante,o Depar―tarnento l tentassc assegurar uma taxa regular de monop61lo de 40,3, cntao a re_distribuicao de va10res sc esttuturaria da seguinte maneiral

Pttrnelro Ciclo:

I:4000c+1500υ +2 200 1ucro=7 700 rnclos de prOducao.

H:2000c+1200υ + 500 1ucro=3 700 rnelos de consumo.

SegundO Ciclof

I:5350c+1850υ +2 880 1ucro=10 080 rnelos de producaO.

H:2350c+1250υ + 220 1ucro= 3 820 rncios de consumo.14

13 NO phmeiro ciclo,500 unidades de lucro do Departamento l e 495 unidades do Departamento II壺 o cOnsumidas im_produtlvamente No scgundo ciclo, 600 unidades do Departamento l e 480 do Departamento II sao cOnsumidas dessaforma14 No pimeiro ciclo,o lucro do Departamento l ё dlstnbu〔 do da seguinte maneira:500 unidades s5。 cOnsumidas im―produtvamente, 1 350 sao invesidas em c e 350 em υ;no Departamento ll, 100 unidades sao consumidas improdutl―vamente,350 sao acumuladas em c e 50 em υ

Page 374: Capitalismo Tardio - MANDEL

374 o cAPITALISMO TARD10 COMO UM TODO

Tcrcciro Ciclof

I:7610c+2070υ +3 370 1ucro=13 050 rnelos de producao.

H:2460c+1300υ + O lucro= 3 760 rnelos de consumo.15

」a nO terceiro ciclo seria impossivel atingr a taxa de monop61io de 40%.Mes―mo se o setor nao monOp01lzado nao obtivesse absolutamente nenhum lucro__is―to ё,se ar a prOducao parasse_― a taxa de lucrO do setor monopolizado cairia para

3370/9680,ou abaixo de 35%.Se descartarrnos a hip6tese dc uma taxa monopollsta de lucro muito supenor

a mёdia__40%comparativamente a 319る 一―e consideraII1loS,aO invOs, uma taxa

monopolista de lucro mais pr6xima a taxa social mOdia,ou seia,35%,enぬ o O fato

de quc essa taxa tarnbOm nao pode ser rnantida torna― se cvidente no sexto,ao in―

vOs de no terceiro ciclo,como se pode verificar nas sё ries seguintes:16

Pガ meiro Ciclof

I:4000c+1500υ +1 925 1ucro=7 425 rnelos de producaO.

H:2000c+1200υ + 775 1ucro=3 975 rneios de consumo

Segundo Cic,o:

I:5025c+1900υ +2 424 1ucro=9 349 rnelos de producao.

H:2400c+1425υ + 901 lucrO=4 726 rneios de consumO.

Tcrcciro Ciclο :

I:6449c+2400υ +3 097 1ucro=

H:2900c+1626υ + 929 1ucro=

Quc″o Cicb:

I:8417c+2929υ +3 971 lucro=

H:3429c+1826υ + 784 1ucro=

11 846 meios de producao

3 455 rnelos de consunlo.

15 317 rneios de producao

6 039 rnelos de consumo

15 No segundo ciclo,a dlstnbuicaO dO lucro se da da seguinte maneiral Departamento 1 400 unidades sao consunnidas

irnproduivamente, 2 260 sao acumuladas em c e 220 em υ,Depanamento 11, 50 unidades sao consumidas improdutl―vamente,120壺o acumuladasem c e 50 em υ16 NO prlmeiro ciclo, a dlstlbuicao do lucrO ё a seguinte: Departamento l, 400 unidades sao consumidas inlprodutlva‐mente, 1 025 sao acumuladas em c e 500 em υ: DepanamentO ll, 150 unidades,ao consumidas improdutvamente,400 sao acumuladas em c e 225 em tl No segundo ciclo: Departamento l,500 unidades s5o consumidas improdutlva‐mente, 1 424 sao acumuladas em c e 500 em υ, Dopartamento ll, 200 unidades sao cOnsumidas improdutvamente,500 sao acumuladas em c e 201 em υ No teК eiro ciclo:Dopartamento I,300 unidades sdo consumidas imprOdutva‐

mente, 1 968 sao acumuladas em c e 529 em υ: Departamento ll, 200 unidades sao consumidas irnprodutvamente,529 sao acumuladas em c e 200 em υ No quarto ciclo: Departamento l, 500 unidades sao consumidas improdutlva―mente, 2 971 sao acumuladas em c e 500 em υ: Departamento ll, 100 unidades sao consumidas imprOduivamente,500 sao acumuladas em c e 184 em υ No quinto ciclo: Departamento l, 300 unidades sao consumidas imprOdubva_mente, 4536 褻o acumuladas ern c e 350 em υ, Departamento ll, 50 unidades sao consumidas improdutvamonte,150 sao acumuladas em c e 53 em υ

Page 375: Capitalismo Tardio - MANDEL

O CAPITALiSMO TARD10 COMO UM TOD0 375

QuintO CiClof

I:11388c+3429υ +5 186 1ucrO=20 003 rnelos de producaO.

II: 3929c+2010υ + 253 1ucro= 6 192 rnelos de consumo.

Setto Ciclο :

1115924c+3779υ +5 842 1ucro

H: 4079c+2063υ + O lucro

Ainda quc a valoHzacao do capital cessasse inteiramente no setor nao monO_polizado no sexto ciclo―_o que significaria quc a producao desse sctOr parou― ―osetor monopolizado nao cOnseguiria mais obter a taxa monopollsta de lucrO de35ツ3:a taxa de lucro calria inclusive abaixo do lucrO mё dio inicial dc 319ろ ――para29,698,para ser exato.

Vamos deixar de lado uma de nossas suposic5es sirnplificadOras iniciais, qual

saa,uma taxa constante de mais― valia.Com uma taxa crescente de mais― valia,airnpossibilidade de manter a taxa monopollsta de lucro seria adiada atё O sё timo,

oitavo ou nono ciclo, dependendo do ritrno do crescirnento. Da mesma follHa, orittno de queda da taxa monopolista mudaria se as proporc6es iniciais da distribui

caO dO capital social(entre Os dois Departamentos,entre c e υ etc.)fossem altera―

das. Todas essas considerac6es devem capacitar― nos a foIInular uma definicaomais exata da lei de desenvolvimento, nao a ab011-la; quanto malor o rucro rnono―polis,α elatiυamente ao lucro mι dio, c quanto rnalor o setor monoporレ ad。, rantOmais皮議)ida Seだ α queda do lucro monopο lista ao nrυ cl dO rucro sociar mι dio d。

comeco,ou scu declrnio JuntO COm este. O aumento da taxa de mais― valia s6 pode

retardar essa lei,rnas nao pode abOli― la

Em outas palavras,o lucro monopolista s6 pode elevar― se acirna do lucrO mO一

dio se o setor monopollzado s6 donlina ainda uma parte bem pequena da produ―

caO.(2uantO mais o setor monopolizado se cxpande, tanto menor se torna a dife―renca entre o lucro inonopollsta c o lucro rnё dio.

Isso explica por que nao interessa aos sctores monopollzados absorver todosaqucles setores onde ainda c対ste a “livre concorrencia" Na verdade, chegam in―clusive a ganhar com a criacao de nOvos setores nao monOp0112adOS na ecOnon■ ia

Em relacao a issO, OS eXemplos classicOs sa0 0s chamados subcontratos assegura―dOs as pequenas e mこ dias empresas quc sobreviveram. O exemplo c16ssicO C a in―distria automobilもtica.Mas hOie em dia O sistema de subcontato estendcu se amaloria dos setores monopolizados. Em 1965, os mOnop61ios da Alemanha Oci―dental dorninavanl o seguinte nimero de empresas subcontratadas: AE(〕 __30000;Siemens― -30000; Krupp― -23000; Dairnler―Benz―-18000; Bayer__17500;BASF―-10000;Opel― -7800.17

0p五ncipal erro de Baran e Sweezy ern Monopο ′ノCapital ё que nao conseguiram apreender Os lirnites impostos aos lucrOs monopolistas pela quantidade finita

da mais―valia social total. SOu erro deriva de uma tentativa cclё tica de combinar a

17 HuFFSCHMID,」 Dic Po″″kd‐ Kapitaた ,Konzentla"on und Wi"schatpο ″"k in der Bund“

repub“た Frankfurt,

1969 p 70 Ttts autores italianos usaram o exemplo da indistna metalir」 ca da prOvincia ltaliana de Emilia Romag―

na para mostrar que a sobrevivencia da empresa artesanal e da pequena ind`s範 a,que ainda empregam metade do to―tal de tabalhadores desse ramo,depende,na esmagadora maioha das vezes,da politlca das grandes sociedades an6nl‐

mas,e s6 pode ser exphcada pela explora゛ o maiS intengva― ―pela maior producao de mals vaha― ―efeivada nessas

empresas Ver GARIBALDl, RINALDINl e ZAPPELLI ``Un'Anaiisi sull'Impresa Minore in Emilia― ― Rlstutura210ne

Ca,ねLiCa e Sfru■amento Operaio"In:Fα bb"cα e Stato v l,n° 2,marco― abilde 1972 p 29 d seq

Page 376: Capitalismo Tardio - MANDEL

376 o cAPITALISMO TARD10 COMO UM TODO

teoria do valor― trabalho dc Marx cOm a tcoria neoclassica baseada no conceito de``demanda total''18 de Keynes.()``excedente" de Baran e Sweezy inclui todOs Os

rendirnentos que correspondern a redistribuicao dupla e mesmo tripla da renda so―

cial.Assirn scu conceito perde imediatarnente todo o rigor.Nao pode ser usado pa―ra provar uma opos195o enttC a suposta ``tendencia dO excedente a elevar― se" ealei de Marx da tendOncia da taxla mιdia dc lucro a cair ou sua hip6tese de uma ten‐

dOncia da quantidade de mais―υalia a aumentar.E sirnplesmente impossivel comparar

essas grandezas.Alё m disso,sua analise c dificultada ainda mais pelo fato de Baran

e Sweczソ inclurrern tarnbOm o capital excedente ern scu conceito de ``excedente".

A supos19ao de Baran e Sweezソ de quc os rnonop61osぬ o capazes de manterpre9os de venda esttveis(enquantO os precos de custo caern)… …ap五ncipal fonte

do``excedente crescente"― ―leva‐os a concluir que sao peHllanentemente superca―pitalizados. Os monop61ios tomarn― se portanto bastante independentes, tanto do

mercado de vendas em geral quanto do mercado monettrio e financeiro.Aqui Ba―ran e Sweczy extl‐ apolam indevidamente um fenOmeno coniuntural.Na``onda lon―ga corn tonalidade expansionista", houve uma pronunciada elevacao geral da taxade autofinanciamento dos monop61los. Mas, assirn quc a taxa mOdia de lucrO co―mecou a cair de povo, a taxa de autofinanciamento das sociedades tambOm cOme―

9ou a dirninulr. E exttaordinano quc Sweeηゾ tenha percebido e descnto acurada―mente esse fenOmeno enquanto editor do peri6dico Month′ ソReυicw, ao mesmoternpo quc se apegava teirnosamentc a tese da autonOnlia financeira total das gran―

des sociedades enquanto autor do Monopott Capital― ――apesar das e宙 dencias dos

anos 1969/7119Agora vamos considerar o problema do ponto de 宙sta do valor de uso. A

transferOncia sistematica dc mais― vaha do setor nao mOnOpolizado para O sctor mo―

nopollzado nao pode cOntinuar por inuito tempo scm causar grandes dismrb10s,cx―ceto num caso especial: quando essa transferencia c acompanhada de uma altera―

950 na CStrutura do consumo― ―em outras palavras, quando a demanda moneゼ 1-

ria efetiva desloca― se do consumo dos valores de uso produzidos no setor nao mO_nopolizado para aqueles produzidos na esfera monopollzada numa proporcaomais ou rnenos equivalente a cssa transfettncia.No caprtu10 12,mostramos quc es―

sa mudanca ocorreu de fato no capitalismo tardlo, entre outras coisas,as expensas

do setor agrrcola,textil,de sapatos,de madeira e sirnlares.20 MaS,cmbora cssa ten―

dOncia cxista, sem divida alguma os pr6prios temos do problema revelam as difi―

culdades enfrentadas pelo capital rnonOpolista,pois os inonop6hos,afinal,nao ape_nas precisam assegurar um decirnio relatiυo duだυel da demanda de bens produzi―

dos pelos setores nao monOpOlizados一 o quc O islologicamente imposs"el,pois

o consumo de alirnentos ou de roupas nos pates temperados naO pOde cair a zero―― como tarnbOm garantir que esse decirn10 0cOrra numa propoκao exatamenたcorrespondentc ao processo de redistribu195o da mais― valia social. Nao ha necessi‐

dade de enfatizar aqui que O impossrvel cOnseguir isso com a propnedade privadac a cconornia de mercado.21

18」 6 analisamos as fraquezas e contradlcOes desse conceito de“ excedente''nos cap 12,13e14 Uma critca mais am―

農雹瞥薇L懺1,C柵毯E乱:‰禍::蹴服1轟謝T指∬現]よ卵Ъ鮒癬毘計T]鑑冊鑑M St●●クソ Frankfurt,196919 BARAN e SWEEZY Monοp。ly Capital p 15-20;Monthly Reυ ieω, v 22,n° 4,setembro de 1970;o arbgo deSweezy foi publicado em Monthtt R`υ ieω v 23,n° 6,novembro de 1971211 ver,por exemplo,CARTER,Annc P St″ dural Chonge in the Ame"can Econο mリ21 ver nossas oblecoes a n∝ ao de um“cartel geral"“ sistente a cises c a importante cltacao de Marx nos cap l e 14

deste trabalho Uma das phncipais rtts da oplniao erronea de Bukhann de quc o capital inanceiro podena chminara anarquia da producao,aO menos dentro de um inico Estado impenalista{0た onOmiた der TransrOr7nat10nsp●

"od● p

5)彙 nゞ5o conwguir entender a contadic5o entre valor de troca de uso一 ―em outras palaoTas,a incapacidade do capi―

tal em ``organlzar'' uma dis艤 buicao propordonal de centenas de diferentes valores de uso entre milh6es de consuml‐

dores independentes com rendlmentos indlviduais,sob cond196es de producao de mercadona

Page 377: Capitalismo Tardio - MANDEL

O CAPITALISMO TARDIO COMO UM TOD0 377

Sc o capital rnonopollsta reage a crescente inne対 bilidade de parte da deman―

da monetaria cfetiva total, procurando anexar ramos antenollllente nao monOpoh‐zados da producao,22isso leva autornaticamentc a uma cxpansaO dO setor rnonopo―lizado relativamente ao nao mOnOp01izado, o que significa reducao do vOlume desuperlucros em cOmparacao ao v01ume total de lucros. C)resultado sera uma ten―dencia da taxa monopolista de lucro a cair mais ainda crn relacao a taxa mOdia de

lucro.

Se,ao conttario,as transfettncias de mais_vaha a favor dos setores monopoli‐zados nao correspondem a uma alteracao especrfica da cstrutura de consumo, en―6o o retardamentO da acumulacao que OcOrre nos setores nao mOnOpOhzados le―vara a uma insuficiOncia relativa dos valores de uso produzidos por eles. Os precos

de mercado dessas mercadorias subirao, naO de f0111la abSOluta, mas relativamen―

te aos bens produzidos pelos rnonop61los,c assirn haverd um declrn10 peri6dico natansferencia de mais― valia. Nesse caso, a pressao da demanda dete111lina umaequiparacaO da taxa de lucrO, se necessariO acOmpanhada por uma aceleracao deacumulacao nOs sctores nao rnOnOp01lzados一 em outras palavras,por um aiusta―

mento da compOSicao organica dO capital desses setores relativamente a dos mOnO_p61os. E cxatarnente esse o proc● so quc ocorre penodicamente ern certos setoresnaO mOnOpOlizados da producaO de rnatё rias―primas ou da agricultura.

A capacidade dos monop61ios de assegurar seus superlucros esMveis a longoprazo―一isto O,de fugir aos efeitos da lei do valor e a cOncOrrencia entre capitais,a

qual faz a mediacaO dessa lei no capitalismo― ―subsiste ou desaparece, portanto,

conl sua capacidade de obter urn mercado constante para suas mercadorias,exata―

mente proporclonal tanto a demanda monetaria cfetiva total quanto a ma10r capa―

cidade produiva de valores de uso no sctor rnonopolizado,decorrente da acumula―

9aO dO capital rnonopolista. O enolllle desenvolvimento da pubhcidade, da pesqui^sa de mercado e das vendas pode ser consideradO, comO observa Galbraith, umatenta,υa dc assegurar c∬ a demanda“ pecifiCa cm quanidades exatas.23 A raclona―

lidade desses esfor9os O du宙dosa,para dizer o minirno.Mas o resultado fina1 0 ine―quivoco: nem um inico monop6ho de um inico sctor de producaO cOnseguiu fu―gir da lei do valor a longo prazo.Depois de uma fase inicial em que cOnseguiram

lucros mOnOpolistas substanciais, todos eles, mais cedo ou mais tarde, passarampor fases de declrn10 ciclico de vendas.Assim,todos eles es● o ameacados pelo pe―

rigo de supercapacidade pellllanente ou de um declinlo estutural relativo de ven―

das,se ё quc esses fatores ainda nao se manifestaram.A capacidade dos rnonOp6-lios em assegurar uma cstabilidade de lucros a longo prazo, apregoada por muitosautores burgueses e outtos que se consideram marxistas,ё um mito 24

Se os monop61os naO cOnsegucm assegurar um crescirnento duradouro dasvendas de suas pr6prias mercadorias, cntao a concOttncia volta com toda a suaforca mesmo entre os monop61ios.A ameaca dc uma queda dos superlucros mo―

22 1ss。 。correu com frequOncla cada ve2 maiOr nos Estados Unidos, nOs ilimos vlnte anos― ―na Europa ocldental e

no」 apao,nos■ lbmos dez a quinze anos― ―na ind6stna tOxtl e de roupas,na ind66ma de alimentOs e no pequeno co‐

mё rcio varelista23 ver GALBRAITH The Nω lndustaoIStaた cap 1824 Baran e Sweeaヴ tambをm airrnam quc as grandes sociedades an6nimas, a longo prazo, afastaram― se muito de qual

quer upo de concorrOncia (Mο nοpoly Copital p 47,51,7牛 75)Na realidade,uma comparacao da lista de socieda‐

des dc antes da Segunda Guerra Mundial com a nsta de tnnta anos depois revela quc a terceira revolucao tecn。 16oca,

c as grandes vanac6es das taxas de crescimento dos diferentes ramos da cconOmia e de socledades indふ 方duais,rnuitas

vezes aumentaram a vuinerabiLdade relaiva das empresas● gantes e reduzlram sua capaddade de concorrer Um

bom exemplo recente sao os superlucros madcos(rendas tecno169cas, pincipalmente)que a sOciedade nOrte‐ amen―

cana Texas lnstruments obteve inicialmente com seus microclrcultos― ―que logo perdeu,quando a entrada de capttal

nesse ramo levou a uma queda abrupta dos precos A mesma cdsa aconteceu com a Control Data Corporabon,queproduz grandos computadores Sobre a cnse da indistna eletrOnica norte― amencana em 1970/71, ver Lc Mο nde, 12

de seternbro de 1972

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378 o cAPITALISMO TARDIO COMO UM TODO

nopolistas――isto O, a aproxirnacaO da taxa monopolista de lucrO da taxa mё dia,que estti stteita a uma tendencia decrescente― ―s6 pode ser evitada por uma ex―pansaO cOnstante tanto dos mercados quanto da diferenciacao de produtOs.A dife―

renciacao de prOdutOs tarnbOm O muitも sirno incentivada pe10 fato de quc as em―

鷲::田朧ζ楓螺肌11冨電桑留甘轟認廿鑑』T肥駆翼∬詐te ern funcaO de sua apropriacao de superlucros. Defrontam― se,portanto, cOm umproblema de subutilizacao da capacidade prOdutiva一 ―que pode ser resolvido poralgum tempo corn a diversifica9aO de prOdutos.

“Com deterrninada demanda,こ irracional que uma empresa monOpolista in宙 sta naexpansao da capacidade de seu produto ongnal se o custo mё dio coninua o mesmo,exceto como medida para impedir a entrada no mercado ou iniciar uma luta pOr umaparcela malor do mesmo Dada uma curva de demanda invanavel,e ignOrando os in_vestimentos com melhorias destinadas a reduzir os custos,que apenas levantam o mes―mo problema num es●gio postenOr,resta apenas o invesimento em novos produ―tos_ A tendencia a diversiica95o serd provavelmente tanto mais acentuada quantOmenor fOr a ne対 bilidade da demanda do produto ongnal, quantO malor for o excessode capacidade, e quanto mehor fOr O grau de especialレ acao dos recursos matenaisprodutivos da empresa"25

Essa C a razao da tendencia a unl crescirnento macico da Pesquisa e do Desen―vohハ mento, da aceleracaO da inOvacao tecnO16gica, da busca incessante de “ren―das'' tecn016gicas e dos esfOrcos para irnpedir os perigos de um declrniO relativo

COttuntural, c particulaIInente estrutural, na demanda dc mercadorias especrficasmediante centralizacaO intemaclonal do capital― ― as sOciedades multinaciOnais__e fo111lagaO de cOnglomerados.Quanto mat avanca csse pЮ cessO,c quanto maiso pacote de mercadorias produzidas pelos monop61los esta pr6xirno dc abrangertodo o espectro da producaO sOcial, tanto menores tenderao a ser Os superlucrosmonOpOlistas e tanto mais a taxa monopolista de lucЮ tera de aiustar_se a taxa mo_dia de lucrO.Assim os rnonop61ios serao arrastados cada vez rnais para o redemOi―nho da tendOncia a queda dessa taxa rnOdia de lucrO.

Sweezy argumenta que sob o capitalismo mOnopolista, o capital rnonopolistatarnbё m pode nuir de setOres com uma taxa de lucro mais elevada para setorescom uma taxa menor;para uma grande spciedade,a consideracaO crfuca 1 0 1ucroadiciOnal do capital adiciOnal investido.26E6b宙 o quc os monop61ios desttutam dc

麗詭鴛肥λ選 乱醍∬鍛縄ξⅧ房i」:獄蠍F:よ:::穏f配 :

tonomia tem certos imiι

“.Se o capital adiclona1 0 sistema,carnenた invesidO em

setores conl taxa de lucrO inferior a mё dia, Ou mesmo apenas com taxa mOdia dejuros,o lucro tOtal desses mOnop61los cai“ .Uma sOciedade quc toma csse rumosofrerd decifnio enl sua capacidade dc autofinanciamento e finalrnente tambOm em

:じ:電ldl題:繋F寵∬ 1::3TTttiSuaS五Va&TOda a sua podcao cOmpe饉 _

itamente quando definirnos os lirnites daautonornia das grandes sociedades c a grande incerteza sob a qual operam a longOprazo que redescobrimOs Os efeitOs da lei do valor.27

25 MERHAV Op c″ ,p88‐8926 swEEZY,Paul “On the Theory of Monopoly Capitansm" In:Month′ ソReυ iett v 23,n° 11,ab●lde 1972 A Xe‐

淵織電轟 雙mi翼 繍 職補 F雷盤∬出 路溜:霧s懸 臨犠 fe鑑

``Encounter with inscrutabil," in:The Ottentα I EcOnο ‐rnls, v 40,n° 740,,unhO de 197227 MeanS descreve os hmites da autOnomla decis6● a das sociedades na indistna metalirgica norte― amencana nas s6-bias frases que se seguem:“ Que a empresa lder de precos de aco tenha cerね Iberdade para estabelecer Os precos

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O CAPITAL:SMO TARDIO COMO UM TOD0 379

0 fato de quc as sociedades monopolistas conseguem em geral fugir da dassi_ca concorrencia de pre9o nao O cm si FneSmO, naturalrnente, uma descoberta no―va;O uma das vigas mestFaS da teoria do capitalismo monopolista de Lenini Mas atese dc Galbraith, de quc a ``libertacao" das sOciedades da pressao da concOπ en―

cia dos precos correspondc a sua “emancipacao'' dO mercado e de suas leis,28 ba―seia― se em dupla confusao. Em primeiro lugar,confunde a maxirnizacaO dO lucrO acutto prazο e a lorlgo prazο;ern segundo, confunde a concorrOncia de precOs coma concorrencia cOmo um todo.

Empincamente falando,o comportamento dos p祀 9os numa econOmia capita―lista tardia poderia ser reduzido a um esquema de dois setoresi a area dOs pre9os

administrados e a area dOs precos competiivos.29 MaS a interacao entre Os dois ёconsiderdvel. A concorrOncia dentro do setor monopolizado, alrnciandO a maxirni―zacaO dO crescimento(aivos)prOcura constantemente a inovac5o tecno16gica parareduzir os custos e para diversificar Os produtos a fim de aumentar seu mercado;as―

sim,sempre tende a ameagar as fronteiras entre monop61os adiacentes e nvais.Sea demanda de um produto especifico entra cm colapso,atё mesmo os rnonop61iostem de conceder redu96es de pre9o. No setor concorrenciat ao Con廿 6五o,os acor―

dos de preco entt um grande mamero dc concOrrentes podem tentar compensarternporariamente situac5es de mercado pobre. Esses acordos nao cOntinuarao efeti―

vos indefinidamente;mas podem ter exito a curto prazo.

Galbraith parte cOrretarnente da primazia do crescirnento para as sociedadesmonopolistas. Mas o que produz a cornpulsao ao crescirnento, senao a concOnen_cia?A tentativa de Galbraith para explicar essa compuls5o, ambuindo― a as cOn宙 c―

96es morais ou pam6ticas daqucles que dirigem a “tecnoestrutura", nao pOde serlevada a sCrio.30 A concottncia entre as sociedades mOnopolistas realrnente assu―

me, cvidentemente, folinas diferentes daquclas prevalecentes entre fabricantes ri―

vais de tecidos do scculo XIX ou negociantes de legumes do comeco do sOculoXX. Mas o que,a10m dessa concorrencia ente os rnonop61ios,fOrca as sOciedadesa reduzir constanternente scus custos de producao, a prOcurar incessanternente ainovacao tecn016gica, a fabricar ininterruptamente produtos “novos'', a expandirinfatigavelrnente scus campos dc acao?Sera quc a cOmpulsaO ao crescirnento naoenvolve uma compulsao a ma対rnizar o autofinanciamento? E, por sua vez, cOmoisso pode ser alcancado,exceto pela maxirnizacao dos lucros a longo prazo?31

do aco nao signica que possa lxar O preco que achar melhor E 6bν io que o preco deve cobnr os custos e proporcio―nar lucros para quc a empresa se mantenha saudavel e cOninuc a cumphr sua fun゛ o prOduiva em nossa sociedadeDa mesma foma,a empresa Fder naO pOde estabelecer e manter um preco que seus pnncipals seguidores cOnsideramalto demais Num mercado de vendedores,as empresas menores podem cobrar um preco supeiOr ao 6odo pela em‐presa lider: e nunl mercado de compradores,podem cobrar precos infenores aos da empresa lider E provavel que se

desenvolvam dlferenclals geograicos Ou outros Mas,baslcamente,ha um grau de liberdade entre os limites dos lucrOsnece鏡五os e a ade壺 o dos concorrentos, onde a empresa llder de precos decide''P,cing Poω er αnd″he Ptlbllc lnた‐

`t Nova York,1962p4428 GALBRAITH The Neω lndust"α ′State p 123‐ 128,268-269 etc29 Quanto ao debate sobre os“ precos administrados'',VerO Cap 1330 A alrrnacao de Galbraith de quc os grandes especialistas esぬo extremamente seguЮ s em scus cargos,isto C,``eman―

clpados" das oscilacoes cichcas e dos efatOs da taxa decrescente de lucro, nao pode ser provada nem emplnca nem

teoicamente Nう o passa de uma extrapolaぃ o de uma tendOncia conluntural especiica,o produto de uma llu壺 o cha―

da por um per〔 odo pa濾 cdarFnente longo de prOspendade econ6mica(a eCOnOnlla norte‐ amencana naO passOu pornenhuma recestto real entre 1961 e 1969)Na verdade,nenhum empregado de uma nrma capltalista,por mais altoque sela seu cargo, tem a seguranca de rendimentos equivalente a dO um alto hnciondio publicO Nao s6 pode perder o emprego se os lucros caem drastcamente,como tambё m se sua empresa ё obigada a fazer demittes em mas―sa ou se ela vai a laloncia No momento em que este trabalho estava sendo esc● lo, havia 65 mil cientlstas eに cnicosdesempregados nos Estados Unidos,com altas percentagens em alguns campos(Lc Mο nde 28 de」 ulhO de 1971)Es‐tranhos ``senhOres" do ``novo Estado industnal'', que tram de si mesmos o pao de cada dla Se todos os assalanados

se caractettssem por essa inseguranca fundamental quantoさ s posses, entao o inico meio de que dlsp6em para ob―ter uma verdadeira seguranca econOmica consiste na aquisicao de prOp"edode p‖ υadα,isto l,do capitα l(em ac6es oubens im6veis etc I Em outras palawas,o comportamento da“ tecnoesmtum"り determinado badcamente pelo tracocaracteristlco dO modo de prOdu゛ o capitalista,c nao pOr moivos s6clo― politcos――para naO falar dos esに icos31 Em ilima insttncla,o conceito de“ tecnoestutura''naO passa de uma vertto um pouco mats reinada do conceltode“ revoluφO dOS gerentes''de Bumham A segμ inte passarm de」 enseits des Kap″ αltsmus,de Seing(Lowenthal),

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380 o cAPITALISMO TARDIO COMO UM ToDO

Se a compulsao dos monOp61ios ao crescirnento se deve a sua cOmpulsaO decontinuarem concorrentes― ―em outras palavras,a sua incapacidade de subttair― seaos efeitos da lei dO valor__enぬ o o problema da“taxa de lucro dual'',que colo―camos em nossa Maxisr Economic Theo4レ ,32 toma―se cxplicavel. Essa cxpressaofoi severamente criticada cm alguns crrcu10s.33 MaS pOde ser verificada cmpirica―

mente com muita facilidade,pela cra do capitahsmo monopolista cm scu cOniuntO,incluindo O perfodo do imperialismo``classicO"de 1890 a 1940.A origern e a fun―

caO dessa “taxa de lucrO dual'' derivam da pる pria natureza dos mOnop61ios, qucem ■ltimo caso sempre toma qualitativamente mais dificll quc O capital lua paracertos setores c assirn irnpedem quc os superlucros entrem na cquiparac50 geraldos lucros.

Mas o bloquelo a entrada de capital em certos setores sempre ё apenas relati―vo,nunca absoluto.Em primeiro lugar,a obtencao de superlucros por rnelo de pre‐

9os de mOnop61io leva, de maneira tipica, a uma estagnacao relativa Ou absolutado mercado, e finalrnente a introducao de prOdutos substitutOs.34 Em segundo lu‐gar, os capitais rivais nao conscguem resistir a atacaO de altOs superlucros. Assirn,

3∬ W鶴 ど 慇 温 Ⅷ 蹂 tttЪ ■ 1電機 ittsn鵠艦 ∬ 響 露outras palavras, geram uma tendencia a cquiparacao da taxa monopollsta de lu―cro.Se certos rnonop61ios cxcedem essa taxa rnё dia de lucro de todos Os rnOnop6-lios,en6o o capital luira para o setor donlinadO por eles,a despeitO de todas as di_

ficuldades, e dessa fOIIIla reduzir6 os superlucros daqueles monOp61ios(a industria

clettOnica norte― amencana da dOcada de 60 C um bOm exemplo).35 se OS Superlu―cros de certos rnonop61ios caem abaixo da mёdia, nessc caso podern eleva-los au_mentando os pre9os rnonopollstas,sem que isso provoquc grande resis10ncia.

Mas cOmo ao mesmo tempo os capitais continuam luindo livremente paradentro e para fora das esferas nao monOpolizadas, deve haver tambё m uma ten―dencia da taxa de lucrO em equiparar― se nessas esferas.Por conseguinte,no capita―lismo monopolista surgem duas diferentes taxas mё dias de lucro, separadas umada outra pela taxa mOdia de superlucros:uma do setor rnonopolizado,c a Outra dosetor nao rnOnOpOlizado.

Bain mostrOu quc, no perlodo de 1936/40,as grandes empresas comprometi―das cOnl ramos da industria,Ondc as oito malores fill:las responderam pOr rnais de

70% da produgaO tOtal, Obtiveram uma taxa de lucro consideravelrnente superiora das sociedades quc operam em ramos da indistria menos monopOlizadOs(uma

珊評昴1:£淵躍晶彗腑 甘漁曜1:胤繋器麗」は“A nam“ a caぬ vez mas de面 ica da pЮ du゛ o“

e funciond五 os com muitos anos de treinamento especlal As

量 朧 轡 l湖 勢 l緞 舗 lttI認

路 驚 竜尾胤 Ъ駕躙 詭 Ⅷ ‰ 誰quantO ao Estado modemo VImos como o esqueleto dessa

r醐辮 盤 ご:搬難 l螺鸞艦 塩晶品留翼1繹雰器 7~

Pl肥i籠紀蹴:蹴全翼鳳 瞥逮Lll鷺選路:'IRI:'£1:胤s,pЮdubs substttbs,た c減∽sh●ぬmenセ no―Ⅷ,M“mo o maoあs hOme“

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n°前C GЮωぬ and Puttcあり ,

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O CAPrALISMO TARDIO COMO UM TOD0 381

mOdia de 12,1%comparada a 6,9%).As esumaivas quc se segucm nao deixamnenhuma divida quanto a existOncia real de duas taxas mOdias de lucrO, c queelas forarn consolidadas a longo prazo.

Rαmο da rndlstttαl 1958 196θ 1ク2

Taxa global mё dia de lucro

na ind`sma manufattreira: 10.9% 12,1% 10,6%

Tαxαs de rucro αcima da mιdic:

A宙acaoProdutos quFrnicos

Maquinas elё ttcas

Autom6veisPem51eOAparatos cientFicos

17,8%13,2%12,6%12,5%12,4%12,0%

14,2%13,3%12,29る

15,1%12,3%16,6%

7,4%12,9%10,8%14,5%8,6%14,3%

Tcas delucro abα 破ο da mι diα :

MetalurgaPapel e g6fica ・

GOnerOs alimentFciosTOxteis e roupas

9,3%8,9%8,6%4,8%

11,7%9,7%10,8%8,8%

11,0%9,0%11,2%7,5%

l BAIN, 」oe S ``Relatlon of PrOit Rate to industnal Concentraton: Amencan Manufactuhng 1936-1940" in: TheQυα7terly」οumal or Ecο nοmio Agosto de 1951;BAIN,Joe S Bα rne7s ιo Neω Cο rnpai“。n Haward,1965 p 195S的お

"ca′

Abstract or the Unied States,1961 1971 Sobre 1972,ver Starls,c。 lAbstlad orthe unled S`α`‐

19刀

E neces“ rio fazer dois comenttrios ern rela95o a cssas estatrsticas. POr um la―

do,se chrninamos casos especiais como o da indistria de avi5es(muitO inluencia―

da pelas lutuac6es das despesas militares),as Semelhancas dentro de cada setor,alongo prazo, sao 6bvias. O caso da indistria de refinacao de petr61co em 1972 ё

uma cxcc95o eVidente; mas essa indisma conseguiu taxas de lucrO acirna da mO―dia todos os anos do perfodo de 1968/72, cxceto 1972, c compensou cm1973/74, numa cscala sensacional, a sua taxa de lucro excepclonalrnente baixa no

ano anterior.Por outrO lado,a taxa de superlucros tende a dirninuir a longo prazo.

Isso pode ser venficadO a partir do fato de quc as diferencas ente a taxa mOdia de

lucro de todos os ramos industriais c a taxa mOdia de lucrO dOs setores mais com―peulivOs dirninuFram: na indistria ttxtil, por exemplo, a disparidade foi -6,1%em

1958, -3,3%em 1968 c-3,1%em 1972 c na indistria ttdica foi… 2%em1958,-2,4%em 1968 e-1,16%em 1972.36

」a vimOs quc a tendencia dOs mOnop61ios a expandirem seu campo de acaodeve reduzir a longo prazo o volume de superlucros C)surgirnento de duas``taxasmё dias de lucro"no capitalismo monopollsta resulta no m6対 mo no κねrdamento,

e naO na abO″ cao do prOccsso de」 or′ ′facaO da taxa rnι dia sodal g′ obar de rucr。 .

No perlodo da livre concorrOncia, gerallnente era necessariO um ciclo de 7 a 10anos para quc a taxa de lucrO atingisse a mOdia, mas o poder ecOnOrnico relativodos monop61ios agora cna obsbcu10s consideraveis a csse processo de equipara―

caO.POrisso O preciso FnaiS tempo para quc se complete.Se a ``onda longa'' de desenvolvimento econOrnico que se manifestou depOis

36 Tem Sido feita a pettnta: ё COrreto usar taxas de lucro setonais como prova da presenca ou auSOncia de monop6-lio? Ebtttarnente falando, ё nocessano haver uma combinacao de dols cntcnOs para detenninar os supeJucros monO―pohstas:distncCた s de ramo e de tamanho Por si mesmo o tamanho nao prova condlc6es monopollstas Em setoresconcorrentes,mesmo empresas enorrnes nao conseguem chegar ao controle monopolista se sua fra゛ O daS Vendas to‐

セis for pequena demais, ou se o nimero total de empresas l grande demaisi nessc caso nao se pode eliminar a con―corrOnda dos precos A combina゛ o ideal para a monopollzacaoこ a da ind`sua autOmObilも tlca:um pequeno nimerode empresas,e todas enormes

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382 o cAPITALISMO TARDIO COMO UM TODO

de 1893 fosse o perfodo necessariO a cquiparacao da taxa de lucros entre os seto―

res monopolizados e nao mOnOpolizados, esse fato se encaixaria perfeitamentecom uma das hip6teses basicas deste ttabalho. Toda “onda longa conl tonaldadeexpanslonista" O marcada, devido a sua pr6pria natureza(enquanto fase de cxpan―

s5o)por uma ampliacao tempOMna dos setOres nao mOnOpolizados,istO ё,pelapossibilidado dc aumentar os superlucros. Na fase final dessa onda, c especialrnen―

te da``onda longa com tonahdade de cstagnac5o"que se sucedc a cla,ha,aO cOn_trttio, um aumento do tempo de concentracao e centralizacaO dO capital. O cam―po de acao dos setOres naO mOnOpollzados se conttal.Porisso ha uma reducao no

volume de mais―valia produzida nesses setores c uma reducaO cOrrespondente dafonte de superlucros.()lucro monopolista apro対 rna― se, portanto, do lucro mod10.

Mas naO pretendcmos desenvolver essa hip6tese mais detalhadamente; ela deveraser obleto de Outra investigacao.

Tudo indica quc a taxa mOdia de lucrOs mOnopolistas naO o uma abstracao va_zia, mas sirn algo muito presente nas sociedades anOnirnas. Por isso as diretOrias

de certas sociedades afirmaram bem francamente quc consideram deteI11linada ta―

xa de lucro``normal''c aiustam seus calcu10s de preco(num mercado monopolis―tal)a CSSa taxa.Nesse senido,Gardiner Mcans fala de uma“ taxa de retomo de in―

vesumentO a ser aungida'',quc Lanzillotti estudou na indistria manufatureira nor―

te―americana. Para o perlodo de 1947/55, dizern ter sido de 20%para a GeneralMotors,a Du Pont de Nemours e a General Electric,18%para a Un10n Carbide c16%para a Standard On de Nova」 ersey(ncsSe caso,a taxa mё dia de lucrO efeti―

vamente realizada).Evidentemente as grandes empresas tambё m podem errar noscalcu10s. uma supercapacidade crescente pode tornar a taxa mOdia de lucro mOno―polista quc esperarn inatingrvel a 10ngO prazo, cm conseqiiOncia do quc haverd

uma cquiparacao cOm a taxa mё dia de lucrO. A indistria altamente concentrada

de fibras sintOticas oferece um bom exemplo.Nesse setor,14 empresas saO respon―

saveis pOr 80% de toda a produ95o do mundO capitalista(Du Pont, Celanese cMonsanto, nos Estados Unidos; ICI c Coudands, na Gra‐ Bretanha;Toray, Toyo―

bo e Asahi, no」 apao; RhOnc―Poulenc, na Franca; Montedison e Snia Viscosa, nalttlia;AKZO,em Benelux― Alemanha Ocidё ntal e Surca;c Hoechst e Bayer,na Ale―

manha Ocidental). O pre9o de um qulo de fio de pol10ster calu de l,25d61ar em1970 para O,80d61ar enl 1972.37

Elrnar Altvater criticou categoncamente a tese das duas taxas mOdias de lucro

sob o capitalismo monOpolistai a taxa mё dia de lucrO dos sctores nao monOpOliza―

dos c a taxa mOdia de lucro dos setores monopolizados. Ao considerar seus argu―mentos, こ necessariO distinguir entre sua crrtica das iustifiCativas apresentadas por

autores como Dobb ou Varga relativamente a dualidade dessas mё dias, e sua con―

clusaO de quc essas duas mOdias nao existem porque a lei do valor s6 admite umataxa mOdia de lucro,que se realiza sob o capitalsmo monopolista da mesma fomaque sob o capitalismo concorrenciat mas cOm um ritrno mais lento e depois de um

intervalo maior.Altvater comeca sua o● ecaO airmandO que a c対 stOncia de dois

mo宙rnentos de cquiparacao da taxa de lucro numa inica sociedade capitalista irn‐plica a possibilidade de monOp61os``eternos",c aSSirn decomp6c a cconornia capl―

talista cm duas``sociedades",e n5o apenas em dois setores.38 MaS eSsa O uma infe―

rOncia ittuStificada

O surgirnento de duas taxas mё dias de lucro, nos sctores monopolizados enaO mOnOpolizados,C o resultado de um ttnico moυ imento de cquゎ aracaO dcter_

37 MEANS Op at,p240 Manage「 Magazin」 unho de 1972

“ALIVATER,Elmar Mο nοpolprorlt und Durchschniゅ rOrl`(Manuschto)p2‐ 4

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O CAPITALISMO TARD10 COMO UM TOD0 383

rninado pela Operacao de uma unica lei do valor.()capital continua ntindo dos se―

tores onde o lucro estt abaixo da mOdia para os setores onde os lucrOs es6o aci―

ma da mOdia.O surgimento de duas taxas mёdias de lucrO expressa ao mesmoternpo esse mo宙rnento inico de equiparacao c os ObsEculos cO10cadOs a sua con_sumacao pelas``barreiras de entrada",que sao sObretudo ba/reiras de“ cala. Iden―

tificar esse processo de equiparacao do capitalismo monopolista cOm aquele do“capitalismO de livre conconencia" こrninimizar essas barreiras e elinlinar da anali―

se maEttsta o monop61io. Negar a ocorOncia dcsse processo de equiparac5o porcausa da existencia dOs mOnop61ios C adrnitir quc estes altimOs podem subtrair― seindefinidamente a lei dO va10r por melo da coercao extra_econOmica, da manipula―

caO,da fraude ou da interven95o esセ 】tal,c isso tambё rn ё abandOnar a andlse mar―対sta. Na verdade, O cxatarnente a combinaca~ο do impulso pemanente dc equipa―ragaO da taxa de lucro com as barreiras fomidaveis c01ocadas pelos mOnop61los aessa cquiparacao quc leva ao surgirnento de duas taxas mOdias de lucrO, uma aolado da Outra, durante um longo perfodo de tempo, que s6 tendem a cOnvorgir alongo prazo.Concordamos inteiramente com Altvater em que“ monop61ios eter―nos"nao existem e nao podem e対 stir sob a producaO de mercadOnas,a prOprieda―de privada c os ``rnuitos capitais''. O surgirnento de uma taxa mOdia de superlu―cros monopolistas nos setores monopolizados nao contradiz mas,ao cOntrariO, har_

moniza‐ se com a operacaO da lei do valor,como salientamos antes. Se o capital in―vesudO num setor rnonopolizado― ―cOmO a industria automoblrstica, pOr exemp10-― efetiva aumentos constantes de pre9os, a despeito das reduc6es dO custO, c as―

sirn obtё m um superlucro monopolista acirna da mё dia dos superlucros de outrossetores monopollzados, a lei do valor exercera sObre ele uma pressao duplamenteadversa.

a, O Capital adiclonal luird para a indisma autOmobilrstica, atrardo por esses

enollHes superlucros. Isso criara uma supercapacidade relativa(Ou superprOducao)c assirn reduzird um pouco a taxa de superlucros Mas como sao necessarias cente―

nas de mllhoes de d61ares para se criar uma nova empresa automoblも tica,sornen―

た ο capitar dc ouFros monop61ios podeだ pa“icipar dessc moυ imen,o dc equipara―

ca~ο .(Ds pequenos empresarios naO cOnseguem reunir capital suficiente para criaruma nova cmpresa autornobirstica c, dessa maneira, se beneficiarem com os su―perlucros daquele setor.39 Esse ё o mecanismo principal do surgimento dc uma ta―xa rnOdia de superlucros rnOnopolistas.

b, A venda dessas mercadorlas de pre9os compulsoriamente clcvadOs roυ cト

pHccの declinard em termos absolutos ou ao menos em termos relaivos em com―paracao aos n"eis anteriores a clevacaO cOmpuls6ria rOυ epガ Cingり (Ou as expectati―vas das empresas vendedoras),pois a lei do va10r tambёnl fa2 0S SuperlucrOs``ex―

cessivos'' Cairem por melo da demanda social. Fol isso, na vordadc, o quc efetiva―mentc ocorreu em larga escala com a indistria automobilislica em 1974. No casOdos monop61ios que vendem produtos primarios Ou sernimanufaturadOs aos fabri―cantes―― as grandes empresas side託 rgicas norte―americanas, por exemplo―― aspossibilidades de substitu19ao tecn016gica como forrna de se cOntrapor a elevacaO

compuls6ria dos precos sao 6b宙 as, resultando de novo numa reducao da deman_

39 capital designa aqui a lorma pFatlCa de Organlzacao de uma ompresa ou sociedade, n5o o dire■ o a propiedade deacOes E●・ldentemente um pequenO fabncante, Ou mesmo um merceeiro, pode comprar ac5cs de uma empresa auto‐mobilistlca Para isso, n5o precisa de centenas de milh6es de d61aFeS MaS tarnbを m nao recebera superlucros monopo_listas,apenas a taxa mё dla de luros ao Valor corrente de suas ac&s,e muitas vezes nem isso

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384 o cAPITALISMO TARD10 COMO UM TODO

da c numa equiparacao da taxa mOdia dos superlucros monopolistas.(D mesmo ёpotencialrnente valdo nO campo dos produtos rnanufaturados.

Altvater nao da respOsta alguma a esses argumentos concretos a favor da cxis―tencia de duas taxas mOdias de lucro sob o capitalismo monopolista. As contradi‐

96es de seu ponto de vista aparecem da folllla mais c宙 dente quando ele passa da

critica a outros autores a foilllulacao de sua pr6pria solucaO dO problema dOs su―perlucros monopolistas. ``A modificag5o da lei do valor s6 pode significar quc as

tendOncias inerentes aos movirnentos do valor se imp6em no decurso nao de uminico ciclo, mas no decurso de varios ciclos."40 0 pr6prio Altvater afima correta―mente que a dura95o do ciclo industrial dirninuiu no``capitalismo altamente desen―

vol宙 do" de 7-1l para 4‐ 6 anos Assirn, ``variOs ciclos''lmplica no mfnirno um pe―rlodo de 8-12,provavelrnente 12-18,senaO,realrnente,de 16-24 anos.Para Altva―ter,a``rnodificacao"dO funcionamento da lei do valor consiste em quc os superlu―

cros peIIIlanecem “fixos" por unl perlodo dessa ordem. Mas o que realrnenteacontece aos superlucros monopolistas durante esse perrodO de tempo?Sera quepodem operar sem empecllhos― ―em outras palavras, sera que podern crescer de

ano para ano e de ciclo para biclo?Se Altvater adotasse essa opiniaO(O que naOfaz),isso implicaria uma inversao da idoia que corretamente combate― de quc osmonop61ios podern se livrar dc qualqucr inluencia da lei do valor durante 25 anos

mais ou menos. Sera que seus mOvirnentos sao cntaO cOmpletamente fortuitos ouocaslonais, por assirn dizer?Repetindo, essa tese negaHa qualquer regulamentacao

OtteiVa dOs superlucros pela lei do valor.S6existe uma foma de evitar essas con―clus6es insustentaveis e de manter o ponto de vista b6sico de quc os monop61:osnaO pOdem subtrair‐sc a た, dO υalot rn(3mo quando conFinuam apropttando‐ sc

dos superlucros durante variOs ciclos industriais sucessivos: O aceitar a tese de quc

se follllam duas diferentes taxas mё dias de lucro, uma no setor monopolizadO eoutra no setor nao mOnOpollzado,antes de se fundirern― ―a muito longo prazo――

numa inica taxa rnOdia de lucro.

Acreditamos quc o motivo do erro de Altvaセ r O sua identificacao indevida do

fenOmeno do monOp61io com os obsttculos aos rnovirnentos livres do capital de宙―

dos a fatOres tCcnicos(patentc)e de mercado c a consciencia insuficiente dos obs―

tacu10s a cquiparacao das taxas de lucrO devidos ao ramanhO dos monop6hos― ―

em outas palavras,ao grau de concentracaO e centralizacao dO capital.Sc a verda―

deira concorrencia cm detellllinado ramo precisa dc uma cOncentacao de 1 0ul,5 blhao de d61ares,por si rnesmo esse fato se transfolllla,sem divida,na maior

barreira ao movimento do capital para dentЮ e para fora desse ramo,c assim acquiparacaO efetiva da taxa de lucro.41 0 volume de capital envolvido explica, ao

mesmo tempo,por quc a concorrOncia pode ser efeivamente restringida nesses ra―mos durante longos perlodos, por que pode inlamar― se de repente mais uma vez

(as vezes de maneira muito violenta)quando Capitais adequados de volume seme―lhante se confrontarn,te por quc essa concorrencia o necessanamente lirnitada a ca―pitais desse volume As vezes urn ``intruso" menor consegue penetrar num ramo

mOnOp01lzado. Mas a excecao prOntamentc confi口 Ila a regra: nesse caso sera ab_

son′ido pelos rnonop61os.

40 ALTVATER Op cit,p 16,21‐ 2241 Pode‐se dlzer que os Ψiolentos choques sofidos pelos mercados dos paises impeialistas em 1973/74 devldo ao enor―me aumento dos precos do petbleo resultaram de uma entrada macica de capital nO setor de pet61eo(e poste五 or―

mente em todo o setor produtor de energa),e de uma saaa progressiva de capital do setor automobilヽ icO Mas O pb―pno tamanhO da industna autOmobillstlca, c as imphcac∝ s desastrosas que toda salda maclca de capltal desse setor

acarreta ao n"el de emprego,demandou subsdios estatais n5o menos macicos a im de limitar essa sarda― limita―

95es essas que nao apresentam a mesma escala no setor concorrenclal da economia

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O CAPITALISMO TARDIO COMO UM TOD0 385

Nao se deve esquecer a afi【 Illacao de Marx de quc a taxa mё dia de lucro ё

urn “fato da宙 da" economica que enta na consciencia dOs capitalistas e fonlla abase de seus calcu10s.42 Por iSso O preciso perguntar: que “taxa mOdia de lucro"

folllla a base dos c61culos dos rnonop61ios?Uma “rnOdia geral'' abstata que s6 se

toma realdade a cada 16 ou 24 anos?Ou a taxa mё dia de superlucros rnonopolls―

tas, que virnos nada ser alё m dos 15-20% da ``taxa de retomO esperada" que osmonop61os acrescentam a scus custos de producao? o pr6prio Marx colocou oproblema da equiparacaO da taxa de superlucro, se bem quc em relacao a renda

da terra.

“Se a equipara95o dos valores das mercadorias em precos de producao nao encOn_tra nenhum obsttculo,entac a renda se resolve em renda diferencial,isto O,lirnita― se a

equiparacaO dOs superlucros que seriam entregues a alguns capitalistas pelos pre9os re―guladores da producao e que saO agOra aprop● ados pelo prOp● ebrio de terras. Aqui,

enほo, a renda tem seu lirnite de valor definido nos desvios das taxas de lucro indi、 ガー

duais, originadas pela regulamentacao dOs pre9os de producao da taxa geral de lu‐cro_ Rnalrnente, se a equiparag5o da mais― valia em lucro modio encontra obshculos

nas vanas esferas de producao sOb a forrna de monop61los artiiciais ou nanrais,e soba foma de monop61lo da prOpnedade da terra,em pa血 cular, de maneira que um pre―

9o monopolsta se toma possivel― ―o qual se eleva acirna do preco da producao e do

valor das mercadorias afetadas por esse monop61io― ―, enta0 0s lirnites impostos pelovalor das mercadorias n5o serao remOvidOs O preco de monop61io de certas mercado―五as apenas ttansfe●na parte do lucro de outros produtores de mercadona aqueles queproduzem as inercadorias com o preco de monop61io Uma perturbacao local na distri―

buic5o da mais― valia entre as varias esferas de produ9ao ocOrreria de maneira indireta,

mas deixana inalterado o lirnite de sua pr6pria mais― valia 43

0 quc ё validO em relacao as tentabvas privadas d6s monop61ios de regular acconomia aplica― se igualrnente a regulamentacao do EstadO. Nao ha necessidadealguma dc analisar aqui a funcao social dessa regulamentacao. 」a tentamos mos―

trar, no cap■ulo 15, quc o Estado no capitalismo tardio continua sendo o quc erano sOculo XIX― ―um Estado burgues quc em iltima instancia s6 pode representar

os interesses da classe burguesa(``o Capital como um todo"),sobretudo de seu es―trato s6cio― econOmico dominante.Aqui nos ocupamos da funcao cconornica da re―gulamentacao estata1 0u, cm outras palavras, de sua suposta capacidade de liber―

tar de uma vez por todas a cconornia capitalsta tardia da lei do valor e das leis de

movirnento do modo de producaO capitalista. A intervencaO dO Estado na ccono―nlia do capitalismo tardlo pode ser sintetizada crn trOs rubricas: estimulacao, inla_

9aO e subvencao.」 a discutimOs, nos caprtu10s 13 e 14 deste estudo,a tentativa de

moderar o ciclo industrial criandO dinheiro ou crOdito No caso 6timo, em que aacao do Estado lirnita‐ sc a intervengao governamental no sentido de aumentar o nf―

vel de emprego ou de incentivar a utilizacao da capacidade scm inlacao dOs mciosde circulacao e da mOeda creditrcia,ela o,sem duvida,cfetiva em certa medida,co―

mo mostramos. Mas seus efeitos sao temporariamente lirnitados por duas raz6es.Em p●mciro lugar, s6pode exercer uma inluOncia cstimulante sc ao mesmo tem―

42``0 1ucro modloこ um conceito bisico,o conceito de que capitais de mesma magnitude devem proporcionar lucrosiguais em periodos deセ rnpo iguais lsso,repito,baseia‐ se no conceito de que o capital de cada setor da producao de_

ve ser proporcional a parte que lhe cabe da mals― valia total extorquida aos trabalhadores pelo capltal social total ou

que cada capltal indlvldual deve ser considerado apenas parte do capltal social totat e todo capltalista constderado co―

mo um acionista da cmpresa soctal total,cada qual trando do lucro total a parte pl● porciOnα l a seu volume de capital

Esse conce■o seⅣe de base para os calc」 。s dOs capitatstas por exemplo,se um capital cula rotac5oこ mais lenta do

que a de outro, porque suas mercadonas demoram mais para serem produzldas, ou porque sao vendidas em merca・

dos mals distantes,esse capital cobra pelo lucro que perde dessa forrna,e se compensa elevando os precos''MARXCapi的′ v 3,p 205‐ 20643 MARX Capital v 3,p 839‐ 840

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386 o cAPITALISMO TARDIO COMO UM TODO

po aumentar a taxa de mais‐ valia――e assirn aumenta de maneira automatica as di―ficuldades de realizacaO, na cxata medida em que melhora as cond195es de expan―

saO dO capital(para O capital ern gerat isSO COrrespondena a``perder''unl ciclo nu―

登穎都場IW曜道輔饗』Ъ織辮Ъ総鼈驚器3 quc operam abaixO da prOdutividade sO―

cial e mOdia dO trabalhO, Ou da lucratividade, man長 )rn― se a tona por inais tempodo que poderianl,sem a intervencao estatal. Isso toma mais ienta a desva10rizacao

do capital total, rnas ao mesmo tempo retarda o aumento da taxa mOdia de lucroresultante dessa desvalorizacao. POrtanto, mesmo nesse caso 6timo de intervencaOestatal nao innaciondria, こbem claro que ela naO cOnsegue dirninuir nern tarnpou―co abolir as cOntradic6es dO modo de prOdu95o capitalista: apenas adia a hOra de

sua irrup95o. Historicamente falando, esse tipo de inteⅣ encao estatal estimulantetem efeito semelhante ao do sistema monebrio e credittio cldssico do sOcu10 XIX.

Mas pOr tOdas as raz6es esbocadas acirna, o sOculo XX nunca testemunhouum exemplo real de um goverrlo que proporclona melhorias econOnlicas dessa ma―neira ``6tima" depois da irrupcaO de uma crise de superproducaO. TOdos os exem―plos desse tipo de estimulacaO ecOnOrnica foram att agora innaclonariOs. A razら obasica dissO id fOl diSCutida,c o pr6prio Keynes a conhecia bem.44 A rnera estimula―

caO da demanda de consumo ё duplamente ineficaz sob o capitalismoi em primel‐ro lugar, dirninui a taxa de mais― valia c por isso tambem a taxa de lucrO;c em se―gundo lugar, nao aumenta a atividadc empresarial de investimentO__cOm a pOssf―

vel excecao de uma alta lirnitada das despesas do Departamonto II. Mas sc O Esta―

dO naO desaa apenas aumentar a demanda monetaria efetiva dos ``cOnSunlidoresfinais", mas tarnbOm elevar o volume global de investimentos, s6pode faze-10 aOassegurar que seus investimentos nao entem em concottncia com os investimen―tos das empresas capitalistas privadas― ―em Outras palavras,se nao privar essas ul_umas de seus mercados,a restritos Assim,os invesumentOs estatais s6 promove―ぬo uma melhora se charem“ mercad6s adiclonais''.Histoncamente falandO,a prO―ducaO de aIInamentos e as obras piblicas tOm desempenhado esse papel.

Mas o fato de o Estado promover a producao de nOvOs va10res de us0 0u“servi9os" nao encerra a quesEo. Surge cnぬ o o problema da distribuicaO damais― valia ou da va10rizacao dO capital. Se essas despesas estatais tto inteiramente

financiadas pela tributacao, cnEO mais uma vez nao havera mudanca na demandaglobal e os investimentos estatais ievarao sirnplesmente a um declinlo relativO__s0

naO a um declinlo absoluto― ―das vendas do setor privado. Somente se esses in―vesimentos,ao menos em certa medida,resultarem em aumentO nominal diretodo poder dc compra― -lsto ё,se colocarern rnelos de pagamento adic10nais ern cir―culacao― teraO efeitO esumulante sobre a cconomia(inanciamento dO doicit).Mas cOmo esses investimentos nao aumentarn a quantidade de mercadorias em cir―culacao na mesma medida em que criarn melos de pagamento adiclonais, encer―ram inevitavelrnente uma tendOncia inlaclonaria.

Em tellllos cOnCretos,portanto,a intervencao estatal feita para esumular umacxpansao ecOnomica(para superar ou hmitar uma cnsc)tem levadO metOdicamen―te a innac50. Nao ha necessidade de voltar a csse t6pico,ja discutido no cap■ ulo13.Alёm disso, na analise do efeito da producaO dc allllamentos sobre as leis demovirnento do modO de producaO capitalista do caprtu10 9,rnOstamOs quc a inla―

9aO naO o capaz nem de deblitar nem de abolir essas lcis de mOvirncntO.Aqui tam―

[:‖『ie主祝詣l du::f[:ξ尋北R為鋼 電:::概猟』1ま露 tl識隠電竃:蹴:爵珊 乱

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O CAPITALISMO TARD10 COMO UM TOD0 387

bOm, da mesma foillla, os efeitos da regulamentacao estatal realizada para adiar a

cclosao das cOntradi96es do capitalismo fundem― se gradualrnente com efeitos quc

intensificarn essas contradicOes.

A atividade subvenclonista do Estado jd es五 embrionariamente presente na

funcaO burguesa do Estado de garantir as condic6es gerais da producao capitahsta,

examinada no capFtulo 15. Toda ati宙 dade govemamental na esfera das obras p6-

blicas ou da infra― estrutura cria``rnercadorias livres" e sepЛ9os que facilitam a valo―

rizacao do capital total. Ao transferir para o Estado a responsabilidade pelos custos

indirerOs da prOducaο e κα′レaca~o da mais― υαlia,a classe capitalista como unl todo

tarnbё m ganha ern tellllos de valor, se os melos para financiar essa atividade nao

derivam exclusivamente dos lucros das empresas capitalistas Dessa maneira, a tri―

器 鷹 %雛 sギ 認 TttlttF壺撒 郡 蔦 l萌 鎌 静melo da via indireta da expansao do caF

mento da producao de mais―valia Nesse sentido, a atividade infra― estrutural cres―

cente do Estado burguOs ёpor si mesma cquivalente a uma subvencao cada vez

malor do capital privado. E, portanto, uma manifestac5o da crise estrutural cadavez mais intensa do mOdo de pYoducao capitalsta― ―pois no apogeu do capitalis―

mo ascendente, o capital procurava lirnitar a ati宙 dade do Estado, rnesmo ern rela―

caO a seu papel de criar as condicOes gerais da producaO capitalista,cm vez de am―

臨 鯖 F蹴 鰍 濡 評 観蓬 ∬ 蠅 ∬ 拠 l欄 発desenvolve a atividade subvencionista do

entrelaca com as fascs do ciclo industriali cm perFodos de deteriorac5o da valoriza―

95o do capitat aumenta aos saltos,45 enquanto,cm perfodos de ascensao tempora―ria da taxa mOdia de lucros, reduz― se de folllla correspondente. A atividade estatal

de expandir a infra― estrutura C detellllinada, assirn, tanto por fatores estruturais

quanto cFclicos.Isso gera uma oposicaO tl)iCa do capitalismo tardio entre os interes―

ses daqucles sctores da burguesia como urn todo que dependem da utihzacao anti_crclica desses gastos c os interesses daquelas empresas capitahstas(incluindo os mo―

nop61ios individuais)espeCializadas em contratos importantes com o Estado, qucprocuram planaar esses praCtos muitos anos antes e por isso preferem uma politi―

ca infra¨ estrutural pel11lanente quc assegure a utilizacao contrnua de sua pr6pria ca―

pacidade produtiva.46

Aqui O necessario fazer uma distincaO entre duas follllas diferentes de subven―

:詠:器 T電 肌 1寵寵 £ 盤 14LliubVen゛。edad hd祀ね ao∽●d pode

mais―valia, a saber, quando a nacionaliza―

caO de certOs ramos da industria, produtores de matOrias―primas, cnergia ou arti―

gos serni― acabados leva a venda das mercadorias prodllzidas por esse setor piblico

a uma taxa de lucro abaixo da mOdia,se n5o com preluセ o,ern relacao a empresa

privada.Nesse caso,parte da mais― valia produzida pelos trabalhadores do setor na―

clonalizado O transferida para o capital privado, o que tern o mesmo efeito de uma

“QuantO a exemplos de cartellzacao fOttada ocomda sob pressao estatai no periodo da Grande Depressao,ver O

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388 o cAPITALISMO TARD10 COMO UM TODO

subvencao geral a cmpresa capitalista privada, ou de um aumento geral do volu―me de lucro apropriado pe10 capital privado.48

Seia A o sctor naclonalizado(da Gぬ ―Bretanha,Franca ou Iね lia,digamos)eBo setor privado. A criac5o de valor nos dois setores assume as seguintes propor―

90eS:

Af 2 000c+1000υ +1000s=4000

316000c+3000υ +3000s=12000

Pois bem,se os bens pЮ duzidOs em A(considerados todOs elementos dO capl―tal cOnstante de 3)sao vendidos a B por 3 000, enほ o B sc apropriara de 1 0oounidades de mais― vaha produzidas em A,c essa subvencao aumentard a taxa de lu‐cro do capital privadO de 33,3?3 para 44,4%.

Mas, mesmo no interesse do capital privado, os ramos naclonalizadOs da in―dustria cOnseguem chegar a reprOducao ampliada (embora naO tOdOs, necessaria―mente, nem necessariamente a mesma taxa dos setores pnvados da ecOnomia).49Por issO as deduc6es do volume de mais― valia neles produzidO devem ser aO me―nos parcialrnente compensadas por outros melos, para quc o sisterna de subven―

90eS indiretas naO leve ao desaparecirnento sistematicO da lucratividade no setornaclonalizado. As quantidades de trabalhO necessdnas a esse prop6sito s6 podem,por sua vez, ser finalrnente obtidas as expensas dos salanos(por rne10 de uma tri―

butacao mais pesada sobre a renda bruta dOs assalanadOs), as expensas dos pe―quenos produtores independentes Ou as expensas da mais― valia prOduzida emqualquer outra parte. Em ultima analise, portanto,o sistema de subvencoes indire―

tas lcva ou a um aumento da taxa social de mais― valia ou a uma redistribu19ao damais― valia social ern benefrciO de certos grupos capitalistas e em prauizo de outros.

A subvencao indireta tambё m pode tomar a fo`11la de lucros excessivos nos cOntta―tos com o Estado. Esses lucrOs podern ser obtidos por rnclo de uma ttansferonciade mais‐ valia as expensas das firinas p●vadas que nao trabalham para o Estado,atavOs de um aumento na tributacaO dO pr01ctanadO e da pequena burguesia ouentaO atravOs de uma combinacao de tOdas essas variantes.

As subvenc6es diretas costumam tomar a folllla de coberttra estatal das per―

das das empresas capitalstas, de garantias de lucrOs adiclonais, ou de financiamen―

to de certOs custos de prOducaO,tais como as despesas com pesquisa e desenvOlvi―ment。 .50 Esses subsrdiOs diretos tambё rn resultam num aumento da taxa sOcial demais― valia ou numa redistribuicao da mais― vaha social. As conttad195es inerentesao sistema nao podem ser superadas dessa fol11la. PClo contario, cssas conttadi―

90es prevaleceraO n。 。utto lado de qualquer aumento da taxa de mais― valia ――que sempre sera social e econonlicamentc hmitada ―― e nao seraO afetadas peladistnbu195o de lucrOs pelos variOs setOres do capital pr6dutivo.

Isso naturalrnente nao significa quc a intervencao dO EstadO na ecOnomia― _que pode ser classificada comO estimulacao, criacaO inlacionaria de moeda creditr―

cia c subvengao ao capital privado― 一saa inconsequentc Ou insignificante. Em du―plo sentido,O um aspecto essencial do capitalismo tardlo. Em primeiro lugar,O pa―

48 Ё eudente que esse aumento do volume total de lucrO apropnadO pe10 capltal pnvado nao beneicia igualrnente ca‐

オET11111′ 11:i胤盟et:鷲

'i悧

ユ朧 :∬:」:退:L:itra,vtta ente os ca,asm出

宙duaも

議麒孵饉 s郷鶴 1酬Ъ麟燃羅搬拝fttI縛:辮50 Esse problema,como o da importancia sOcial da ohentacao seletlva do investmento,ё

tratado no cap 15

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O CAPITALISMO TARDiO COMO UM TOD0 389

pel da camara de cOmpensacao geral do capital total,na dire95o da distribu19ao da

mais‐ valia social total entre diversos ramos da indisMa― ―quc era desempenhadOprincipalrnente pelos bancos e pelo capital financeiro na Cpoca do capitalismo mo―

nopolista classicO__o hoie eXercido cada vez rnais pela acao cottunta dO Estado e

dos grandes monop61los. Ern segundo lugar,a intervencao crescente do Estado naccononlla, em■ ltima insttncia, C apenas uma manifesta95o do fato de quc O pre―

sente esttgio das sodalizag6es obietiVas do trabalho e das fo、 as produtivas nao s6

se choca de maneira nottvel com a propriedade privada dos meios de producaocomo tambOm se tomou diretamente incompatrvel cOm ela aqui e agora, num ni―mero cada vez malor de setores. Assim, ha no Estado uma tendencia de intervirsempre mais em esferas onginalmente produivas da economia,a im de cnar cOn_dic6es de produ95o quc ia naO pOdem ser garantidas pelo capital privado. EssascondicOes vao desde a infra― estutura real e a esfera da educacao e administracao,

atO certos ramos da producao de matё rias―primas,do sisterna de transporte e mes―

mo atё ramos da pЮ ducao quc``avancaram"demais tecnologicamente(ugnas deenergia nuclear,por exemplo).

A especificidade da regulamentacao estatal da cconornia do capitalismo tar―

dio,c o papel reconhecido da camara de cOmpensacao centtal para a expansao,in―vestimento e distribu19ao do capital disponfvel, estt no entrelacamento dessa inter―

vencaO cOm as leis de movirnento do modo de prOducao capitalista. A ccononliacontinua bascada na producao e realizacaO de mais― valia,ainda esl五 suieita aO COn_

trole remoto da lei do valor e ainda C govemada pela compulsaO de valorizar o ca―pital e pela compulsほ o conseqtiente de crescer. Dentro dessa estutura, o EstadonaO pOde, a longo prazo, dirninuir_― nenl tampouco abollr__nenhuma das cOn―tradic6es ou das leis de movirnento desse modo de producaO. E nao poderia mes―mo, pois, em altima insttncia, continua sendo urn insttumento de dominacao declasse da burguesia. Embora muitas vezes venha a defender os interesses particula―

res dos rnonop61ios,nao pode faze-lo alom dO lirnite em quc isso arriscaria a sobre―

宙vencia dO sistema.O Estado de folllla alguma``produz lucros monopolistas"nern chega a assumir responsabilidade pela reproducao amphada comO tal.

O Estado nao pode melhorar as condicOes de valorizacao dO capital e ao mes―mo ternpo redtlzir as dificuldades de realizacao a longO prazo.Se a taxa de lucro di―

nlinui, ha tarnbёm uma queda na acumulacaO de capital, mesmo quc o mercadoeSteia em expansaO.se a taxa de lucro esta alta Ou em ascensaO,a acumulacao decapital ainda dirninuira de ve10cidade, se ao mesmo tempo houver uma contracaorelativa do mercado ou se dirninuir a utilizacaO da capacidade. Nenhuma combina―

caO de regulamentacao estatal e p五 vada da cconomia conseguiu o milagre de cle―var a taxa de lucro c expandir o mercado(alta utilizacao de capacidade em ambosos Departamentos)a longo prazo Mattick tambOm concluiu recentemente quc,alongo prazo,o Estado nao pode superar as contrad196es inerentes ao modo de pro―ducaO capitalista.51 MaS ele chega a cssa conclus5o certa por rnelo de um argumen―to falso, pois afil:1la quc as despesas cstatais envolvem uma deducao dO vOlumede mais―valia e por isso um retardamentO da acumulacaO de capital. Isso esta erra_

do por dois motivos, Mostramos quc as despesas estatais podem de fato aumentara taxa de mais― vaha c assirn acelerar, ao invOs de retardar, a acumulacaO dO capi―

tal.Mas o erro critico dc Mattick O o erro dos economistas burgueses neodassicOs:

ele parte da hip6teseね cita de quc o pleno emprego prevalece e que por isso todocapita1 0 investido e obtOm a taxa mOdia de lucro. Essa supos1950 nao sc aplica a

Cpoca do capitalismo monopolista.Se se sup6e que parte do capital superacumula‐

51 MTHcK MaⅨ and Keyn‐ p l15‐ 118

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390 o cAPITALISMO TARDIO COMO UM TODO

do s6 conseguc o juro mOdlo, istO o, quc O ocloso do pOntO de宙 sta da prOduca~ode mais― valia, cnぬ o usa_10 para produzir allHamentos ou faclidades infra― estrutu‐

rais pagas pelo Estado pOde perfeitamente aumentar o volume de mais― valia c as―

sirn tambOm acelerar a acumulacao de capital, mesmo quc o EstadO pague suascontas em parte com dOficit financeiro c em parte com irnpostos, A reivindicacaode parte da mais― valia futura nao O de maneira alguma incompatiOel com um au―mento da mais― vaha corrente, na medida cm que a reproducaO ampliada ocorraefetivamente Mesmo a producaO de mercadOrias que n5o entram no prOcesso dereproducao pOde aumentar o volume de mais― valia produzida.

No cOmeco deste traballo,nOs cap■ ulos 2,3e4fizemos um esbo90 antecipa^do do lugar do capitalismo tardlo na hist6ria do modo de prOducao capitalista e da

foma pela qual a lei dO valor governa as contradic6es que lhe sao inerentes. Ago―

ra, na conclusao, pOdemOs elucidar e resurnir nossas descobertas pnncipais. A fasc

tardia do capitalismo comecou quando o fascismo c a Segunda(3uerra Mundial ge―raram um aumento significativo da taxa de mais― valia, o qual foi pr010ngado pOruma reducao substancial do pre90 de elementos importantes do capital cOnstante.

rl出l鴇蹴 籠擦Ъ£ξ:業漁t“°篭

lm理品躍:鼈鷺詣盤::

ia allllamenista pellllanentc),que sc apo―

derou imediatamente das descobertas c inovagOes quc haviam amadurecido duran―te a dOcada anterior,c assirn desencadeOu a terceira revolucao tecnO16gica.

Nessas circunstancias especricas, a acumulacaO acelerada de capital prOmo―veu duplamente a taxa de lucro Em primeiro lugar,a forca de trabalho fOi constan―

temente liberada,de f0111la quc a taxa de mais― valia pOde ser rnantida num nfvel al―to. Enl segundo lugar, houve mais uma reducao nO custo dos elementOs dO capitalconstante, de maneira quc O aumento da compOsicao organica do capital fOi rnuitomais lento e moderadO dO que parecia a primeira vista. A taxa de lucro pellllanc―

ceu, portanto, relativamente alta durante unl longo p9rlodO; O Capitalismo tardiO

distinguc― se,crn conscquencia dissO,por um grande crescirnento das fOrcas produ―tivas a longO prazo. Mas esse desenvolvirnentO gerai nao fol dismburdO de fOrmacquitativa por todos Os elementOs do capital mundial. Parte da classe capitalista,mesmo nao sendO das mais importantes, foi completamente expropriada nesse pe―rlod。 .52 Nos parses imperialistas rnetropolitanos, uma sOrie de monOp61os se esta―

beleccu nos chamados ``sctOres em crescimento" e conseguiu superlucrOs tecno16-gicos bastante substanciais,em certa medida ampliados pela troca desigual cOm as

co10nias e senlico16nias. A acumulagao acelerada de capital ocorreu principalrnen―te nesses sctores― ―que foram Os verdadeiros suportes da``onda longa" de expan―saO__e issO levou a uma alteracao na cstrutura da demanda,pe10 quc grande n■ ―mero de setores da prOducao sofreu decliniO relativo ou absoluto dOs lucrosi minc―

racaO de carvao betuminoso, agncultura, indistna textil tradiciOnal(e, em parte,

mesmo a industria de roupas),pequenos vareiistas etc.Mas a rapida cxpansao per_mitiu quc o trabalho cmpregado nesses ramos fossc transferido para os setOres emcrescirnento do capitalismo tardio(indistria c serv19os)C assirn a ``onda 10nga cx_

鷲r輔韻∬ぶ猟蝶麟鷲翼器掛調l盤躙躍卍路f鋼蹴僣撫ophettnos deixaram de atuar como capitalistas Em muitos

鷲 :鶯 弊 ま熟 熱 勇j覇

讐 窪 讐 蝋 T,曹 XT瑾 驚 [ず 響 事 郡 護 1鐵 :

pagnie du Canal de Sue2, PatliO, O magnata boliviano do estanho, Ou a Union Miniё re possuem hole mais capital doque na Cpoca da naciOnalizacaO de suas empresas o● glnais

Page 391: Capitalismo Tardio - MANDEL

O CAPITALISMO TARD10 COMO UM TOD0 391

panslonista" assurniu o carater de uma nOva onda de industrializacao (em exten―

saO,especialrnente em paFses como a Franca,a ltdlia,o」 apao,a H01anda,a Escan―

dinavia,Os Estados do sul dos Estados Unidos,c em algumas sernico16nias cOmO OBrasl, o Mё 対co, Hong Kong e Singapura; c em profundidade, pela ``industrializa―

caO" da agricultura,da contablidade,do sistema bancario,de certos setores de ser―Vi90S e construcaO civil).MaS exatamente por causa dOs grandes superlucros rnono―polistas obtidos dessa maneira, os setores ern crescirnento distinguiram― se por umataxa de acumulacaO dO capital superior ao desenvolvirnento da demanda dos``con―sunlldores finais''ou a modificacao da estrutura global da demanda social. Urna ca―pacidade excedente cada vez maior surgiu nos principais ramos responsaveis pe10longo boom, semelhante aquele quc id Se manifestara cm setores da prOducaoquc estagnaram ou declinaram na rnetade da dOcada de 60

A expansao do crcdito,a``industrializacao"do cOmorclo por atacado e a vare―

,0,a amphacao do setOr de servicos e as inovac6es da terCeira revolucao tecn016gi―ca no setor de transporte c telecomunica96es,bem como cm ai宙 dades como con―

trole de estoquc,pellHitiram uma aceleracao cOnsideravel da rOtacao dO capital cir―

culante,a qual tambOm contribuiu para a alta da taxa de lucro depois da SegundaGuerra Mundial.53 MaS depois a despesa crescente com os proctOS dC investimen―to de capital fixo, o aumento do tempo necessariO a cOnsttucaO de nOvas fabricase complexos produtivos,a taxa decrescente dc autofinanciamento c a tendencia ca_da vez malor de contracaO dO crOdito lirnitaram a reducao do cic10 de rotacao docapital fixo e do capital circulante, c tenderam a imobilizar cada vez mais o capital

ern cond190es onde nao pOdia mais operar produtivamente,c isso,por sua vez,di―rninuiu de novo a taxa de lucro.

Nos parses imperialistas mais importantes, a grande duracaO dO crescirnentoacirna da mOdia significou ao mesmo tempo a absorcao dO cxorcito industrial de re―

serva――a despeito das enorrnes importacOes de trabalhadores estrangeiros da peri―

feria senlicapitalista para os centtos do capitalismo tardio Assirn tambё m a taxa de

lucro fol ameacada pela reducao da taxa de mais― valia,enquanto o aumento a lon―go prazo da composic5o organica dO capital, cmbora lento, inevitavelrnente exer―

cia uma inluOncia mais negativa sobre ela.A terceira revolucao tecn016gica,o tem―po de rotacaO reduzido do capital fixo, a importancia crescente da reproducaO da

forca de trabalho num nivel superior de qualificacao intelectual e tCcnica, a impor―

鯰ncia crescente da pesquisa e desenvolvirnento, sendo csses ultimos cada vezmais financiados pelo Estado, tudo isso combinou― se para gerar uma verdadeira

compulsao pOr rnalor planaamento econOrnico denttO das empresas e da socieda―de como um todo A malor sensibilidadc e vulnerabilidade do complexo sistemade producao criararn uma necessidade crescente de regulamentac5o econOrnicapnvada e pablica e de contrOle social. Mas os lirnites da cficacia dessa regulamenta―

caO saO estabelecidos pela insuperavel barreira do carater de producaO de merca―dorias e pela compulsao de valoHzar o capital. A longo prazo, a taxa mOdia de lu―

cro c os superlucros monopollstas, o mercado de mercadorias especrficas e a taxade crescirnento de cmpresas especrficas coninuam incertos e suieitOS a lei do va_

lor.

As crescentes tentativas de regular o ciclo industrial s6 foram bem― sucedidas

atC agora por causa da autonornia relativa das varias zOnas monetarias nac10nais

53 ver OS interessantes calculos de Helmut Zschocke(op Cit,p 88),que esuma que O nimero de cldos anuais de rOta―

caO dO capital circulante na indistna da Alemanha Ocidental passou de 3,86 em 1950 para 5,10 em 1968 Sobre aim―porぬncia do controle dos estoques feito por computadores,ver BODINGTON,Stephen Cο rnpuに7S and S∝ iαllsm

No籠ngham,1973p101102

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392 o cAPITALISMO TARDIO COMO UM ToDO

dぉ gand“ pdend“ mpenttsね &Esm悧段9塊電]鵠aStfrlttT就職∫電uma cxpansaO cOntinua do mercado rnt

maior potencia irnperialista, O d61ar norte― amencanO, pudesse func10nar cOmomoeda rnundial ao lado d0 0uro A erosaO cOntinua do poder de cOmpra do d61ar

躍 』‰ [槻 蠍 Ъ瑠 響 提誓鵠 謄 麟 臨 棚 鴇 計

辮雌織囃轟 難翼ぽ罵鶴:劇

1詳ボ露曇i箔観椰挿l驚

五o aceleradas de capital, que transfoIIュ 10uional decisiva da cmpresa do capitalismo

苺 耐 艇 盤 暴 鞭 瀧na prOmocao c nO crescimento de melhonas ecOnomicas.Quanto maた Os mono‐p6″os pensarn que se subtrarmm a lei do υalor em nわcl naclonat rantO mais tor‐nam―se sttci10S C ela cm nrυ clintemacional.

』T朧髪螂 珊 櫛i聯:榊撚 鼈Ca,d ttO hat mas do que nutt de躍

モi鴬鴻篤瑠留島認割器ao mesmo tempO que nao existe nenhtnal de capitais(nem hOmogeneizacaO alguma das relac6es de producaO em escalamundial).(D resultado dissO ё quc a produti宙 dadc,O rendirnentO e o diferencial deprosperidade entre os habitantes dos pates rnctropolitanos e os das colonias e sc―

mico10nias crescem continuamente c, assirn, multipllcam nestes 61timOs cOntinua―

mente os movirnentos revoluclonariOs de libertacao. A terccira revolucao industrial

謝 乱 MsT柵 麗λ』T混富 麗「

l∫霧:器 凛 :]識 潔 ■ 1:滞 tno conteido de trabalhO;rnas o capitalismO tardio O incapaz de atender a cssas ne―

認 智 為 [腑 λ総 ∴ :‰ 講'議 1`臆 9鴇

掘 l焦:認 [胤 鮒

nado.Asセ ns6es e conttadc6es sodas mぶ1繊露

i彗

:忠t∫歴T縄 :1:e電 :ses metropolitanos.Suas raizes esぬ o nacial cttas origens seraO discutidas ern nosso capFtulo final.

“A diallica desse desenvolvlrnento d tal que uma reduc5。 geogrdica dO mercado mundlal pode muito bem ser acom―

panhada de uma expan至 o do mesmo em tennos de valor e de quantdades fisicas de valores de uso vendidOs TOdos

脚 爾 撼 磯 醍 鬱ミ躙 脳 趙 翼鮒

祠 e鈍 ∞ ∞叩 mm……

。l da lndustna de arbgos acabados desse

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18

A Crise das Rclac5es dc Producaο Capilα listas

O capitalsmo tardio marca um perfodo hist6nco do desenvolvimento dO mo―do de prOducao capitalista em quc a contradicao enttc o crescirnento das fOrcasprodutivas c a sobrevivOncia das relac6es de producaO capitalistas assume uma for―

ma cxplosiva. Essa contradicao leva a uma crise cada vez mais acentuada dessasrela9oes de prOducao.

E necessario, em p五 meiro lugar, definir de folllla mais rigorosa a cssencia das

rela9ocs de produgao capitalistas. Para Marx, as relag6es de produ95o incluem± o‐

das as relacё es fundamentais entre homens e mulheres na prOdu9ao de sua vidamaterial.l E incorreto, portanto, reduzir essas relacOcs a apenas um inico aspecto

das relag6es dO capital, cOmo, por exemplo, a subOrdinacao do trabalhO宙 vO aotrabalho mOrtO,Ou as relac6es dos produtOres com scus rnelos de producaO nO in_terior de uma unidade de producao. A natureza especFfica das relac6es de produ―

95o capitalistas ё a producao mercantil generalizada. Esta iltima deteHllina a follllaparticular da separacaO ente os produtores e seus melos de producao, quc ё dife―rente daquela quc ocOrreu na Opoca do trabalho escravo; detcHllina a foェ Ina parti‐

cular de aprOpnacao do sObreproduto,que O diferente daquela que OcOrreu no feu―dalismo; detellllina a follHa particular da reconstitu19ao do trabalho sOcial, da hga―

caO entre as unidades de producao etc. A producao generalizada de mercadonasirnplica quc a forca de trabalho e os lnelos de trabalho se tomararn,eles pr6prios,

mercadorias. As relacoes capitalistas n5o podem, portanto, ser sirnplesmente deri―

vadas da subOrdinacao dOs prOdutores aos ``administradores" ou “acumuladores"quc e対stern em toda sociedade de classe. As relac6es capitalistas imphcam a υen―da da mercadoria forca de trabalho aos propricrdriOs dos rnelos de producao;impli―

ca a separacao desses propric五 nos em diferentes capitais ern concOrrOncia mitua,2

l MaⅨ :“Na producao sOclal de sua e対 sttnda,os homens entram ine宙 tavelmente em diferentes relacで 発s,quc壺 o in―

dependentes de sua vontade, ist0 0, as relac5es de produ95o pr6pnas de determinado estigo de suas fOrcas produtl―

vas matenals A tOta″ dαde dessas relacOes de prOducao constltui a esntura ecOnomica da s∝ iedade''C月

qu● or Pol‐

」=規

雷:T`:ふ雀IR踊撃乱躙l憲 晶増!.d,e como porヽ ゎnec●sanamenセ e対

"e arnas atravёs da troca

por um cOntmυ aloち repele a sl mesmo necessanamente um capltal uniυ e澪ol,sem Outos capltals que o enfrentam,pelos quals∞ troque――e desse ponto de vlsta nada o enfrenta,a nao ser Os trabalhadores assalanadOs ou ele mesmo

一 ,ё conseqtentemente uma nao_coisa A“ pu腟o reciproca entre os capltais,う es6 contda no capltal enquanto va―lor de troca real麟 do"MARX Gttndnsse p 421 Vertambこ m a citaφ o,a menciOnada:“ O capltal e)由 也 e s6 pOdee対str enquanto m面 tos ca,面 s,e pOr isso sua autodeterrnina゛ O aparece cOmo sua interaぃo reC●rOca" Grund漁 ャp414

393

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394 A CRISE DAS RELAcOES DE PRODUcAO CAPITALISTAS

que devern trocar por dinheiro as quantidades de valor das quais se apropriaram a

fim de realizar a mais― valia ar contida e de continuar a produzir em escala amplia―da; e implica a acumulaga~o desse capital adiclonal em unidades separadas de umprocesso deterrninado pela pressaO da cOncorrOncia

A producao matenal seria tao impensavel sem urn suprimento regular de matё―

nas― prirnas, maquinas c outros instrumentos de trabalho, materiais auxlllares e fon―

tes de energia, quanto sem uma relacao particular entre os trabalhadOres e Osmelos de trabalhO.Assirn,quando Marx define o capital como uma relacao especffi―

ca entre os homens― ―isto ё,um tipo especricO de relac6es de producaO__defincsirnultancamente a producao de ttercadorias como uma relacao especrfica entrcos homens.3

0 fato dc as empresas comprarem melos de produc50, matё rias―pnmas eenergia umas das outras, cnquanto valores de troca, tambOm constitul, da mesmaforrna, urn traco especrfico das relac6es de producaO caracterrsticas do rnOdO deprodu95o capitalista Se as relac6es entre capital e trabalho fossern totalrnentc abo―

lidas dentro das empresas (pela sua transforrnacao em c00perativas produtivas,por exemplo), rnaS a trOca generalizada de mercadorias entre essas cooperativas

ainda fosse mantida(isto O,Compra e venda recrprOcas dos rne10s de producao en_quanto mercadorias),cntaO haveria apenas uma questao dc tempO para quc a pr6-pria separacao entre produtores e meios de prOducao se reproduzisse atravOs dapersistencia desse elem9nto das relac5es de producaO capitalistas.4

0s homens produzem mercadonas porquc o trabalho social a sua disposicaofoi prcυiamente dividido ern ``tarefas privadas cxecutadas de forma independenteumas das outras".5 Essa fOrrna caracterrstica assunlida pelo trabalho dependc, poF

sua vez, de uma dia10tica particular deterrninada pelo desenvolvirncnto da divisao

social do trabalho e dos instrumentos sociaiS do trabalho. Enquanto o trabalhO sO_

cia1 0 executado em pequenas unidades de producao mais Ou menos auto― suficien―

teS(COmunidades tribais, de parentesco ou camponesas),uma sirnples regra a prio―

月, baseada nO cOstume, no ntual e na Organizacao clementar, assegura sem gran―des dificuldades a natureza diretamente social do trabalho. O desenvOlvirnento da

divisao do trabalho, da troca,da propnedade privada e da producaO mercantil sirn―ples fragmenta graduallnente cssa capacidade social de trabalho ern tarefas priva―

das, ctta natureza social ё reconhecida completamente, apenas parcialrnente ounaO ё recOnhecida de maneira alguma a posteriori, pela via do rOdciO das relacoesentre as mercadorias no mercado,e s6 depois de passar pelo teste decisivo da reali―zacaO dO valor da rnercadoria(no capitalismol do lucro rnё dio).

Enquanto,por um lado,esse longo processo hist6rico de atomizacaO dO traba―lho social em tarefas privadas executadas independentemente umas das outras atin―

3 MarX: “No lucro do capital, ou melhor, nos iurOS dO capital,na renda da terra, nos salanOs dO tabalho,nessa tunda―de econ6mica representada como a ligac5o entre as panes cOmponenセ s do valor e da nqucza em geral e suas fontos,

temos a completa mistlicacao dO mOdo de producaO capitalista,a conversao de relagoes sociais em coisas,a fusら o di

reta das relac5es de produc5o matenal cOm suas determinac6es hisbrlcas e sociais E um mundo encantado, perve■‐

do,um mundo as avessas,em que Monsicurセ Cαpral e lMadan2● ′●Terre fazem sua apan95。 iantasmag6● ca comopersonagens sociais e ao mesmo tempo atuam diretamente como sirnples coisas'' Capitα ′ v 3,p 8084 MarX: ``Mas coube ao Sr Proudhon e a sua escola declararem senamente que a degradacaO dO dinheirο e a exalta‐

caO das rnercα dο

"as constltuem a essOncia do socialismo,c assim reduarem O socialismo a um mal―entendido elemen‐

tar da correlacao ineu6vel e対stente entre as mercadonas e o dinheir。 '' C"′queげ Pο

““

Cal EcOnomノ Londres,1971 p 865 MarX: “Vla de regra,os aぬ gos iteis s6 se transforrnam em mercadonas porque sao prOduto do trabalhO de pa滝 cula―

res ou de grupos de indiv〔duos quc executam seu trabalho de brma independente uns dOs outros A soma do tlaba―lho de todos esses individuos panculares forlna o trabalho agregado da sociedade Como os produtores nao entramem contato uns com os outros atO trocarem seus produtos, o car6ter social especrico do trabalho de cada produtor

nao se manifesta a n5o ser no ato de tloca Em outras palavras, o trabalho do indivttuo s6 se alrrna como parte dotrabalho da sociedade por meio das relac5es que o ato de toca estabelece diretamente, entre os produtos e indlreta―mente,por meio destes,entre os produtores'' Capitα ′ v l,p 72-73

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A CRISE DAS RELAcOES DE PRODUcAO CAPITALISTAS 395

ge scu ponto alto no cstagiO anterior ao rnodo de prOducao capitalista,por outro la―

do estabelece― se uma tendencia Oposta, com o desenvOlvirnento desse mOdO deproducao e da tecnologia que lhe corresponde C)capital congrega um n`mero ca―

da vez malor de trabalhadores num processo de trabalho conscientemente organi―zado. Combina fracOes cada vez malores da humanidade cm processos de produ―

9aO Obletivamente socializados c ligados uns aos outros por rnlhares de fios de m`―tua dependencia. Essa cOntradicao fundamental do modo de producaO capitalista―― a contrad195o entre a crescente socializac5o obietiVa do trabalho e a cOntinuida―

de posterior da apropriacao privada6__correspondc assirn a cOntradicaO cntre odesaparecirnento crescente do trabalho privado(naO s6 no contexto de fabricas in―

dividuais, mas tambOm no de empresas grandes ou mundiais),por um lado, e poroutro, a sobrevivOncia do valor de troca sob a forma de mercadoria Ou dO lucrO,como o obictiVO da prOducao,que se bascia no trabalho privado

O rnodo de producaO capitalista s6 se toma possivel em certo esね glo do de‐

senvolvirnento das forcas produtivas ―― quando e対 stern condig6es materiais prC―

宙as para a subordinacao fOIIHal,e depois efetiva,do trabalho ao capital. Essas pre―

missas materiais sao naturalrnente precedidas e revestidas pelas prO一 condic6es so―

ciais ia descritas.Portanto,o modo de producaO capitalista pressupOc urn nivel par―

ticular de desenvolvirnento da socializacao dO trabalho, quc tanto C real quantoconttadit6rio QuandO a di宙s5o clementar de trabalho ё retida no es16glo de traba―lho privado completo, Onde se produz valores de uso para pequenas unidades deconsunlldores, com instrumentos de trabalho virtualrnente insubstiturveis e Ondc a

dependOncia mitua dos produtores se reduz a uma dependOncia apenas parcialdo trabalho dc outros para a satisfacao de umas poucas necessidades,C bem possf―

vel que se desenvolva a prOducao sirnples de mercadonas,rnas nao a prOducaO ca_pitalista de mercadorias.(D nfvel da socializacao dO trabalho, da produtividade dO

trabalho e do desenvolvirnento do sobreproduto social ainda O baixO demais nesseestigio para pellllitir a produ95o generalizada do capitalismo.7

Para que suria a prOducaO generahzada de mercadOrias do capitalismO, ё pre―ciso qu9 a soCializacao dO trabalhO comece a substituir o carater individual dO tra―

balho. E preciso quc a di宙 saO de trabalho entre as varias Ocupac6es sc acrescentea divisao de trabalho cm manufaturas e grandes empresas.E preciso quc a maloriados produtores dcixe completarnente de produzir para atender as pr6pnas necessi―

dades e passc a satisfazO― las principalrnente por melo do mercado. Isso demandamaquinaria desenvolvida, istO o, um sobreprOduto social rnuito malor, sem o qualde mancira alguma se pode produzir maquinana adiciOnal e grandemente amplia―da. A producao de maquinas,O desenvolvirnento da produlividade material do tra―balhO, a cOnstante aceleracaO dO processo de socializacao O切 etiVa dO ttabalho― ―saO fatOres que constimem as facanhas histoncamente progressivas do mOdO deproducao capitalista.8

o carater hOstil dessa socializacaO dO trabalho reahzada pe10 capital consisteno fato de quc o trabalhador agora se defronta tanto com seu produto quanto comseus meios de producao cOmO algo estanho, hostil e separado dele, inerente aocapital de mancira mヽtenosa.Marx salienta que cssa forma de sOcializacao obieu_

6 Engels“ Os meios de producao e a pЮ pha produc5o foram,em essOnda,sociallzados Mas foram suleitos a uma forma de aprOphacao que pressup6e a producao pnvada dos indv〔 duos, sob a qual,portanto, cada um possui o pr6p● oproduto e o traz ao mercado ()rnodo de producao estt suleito a cssa forFna dC aprophacao,cmbOra destrua as condi‐

96eS SObre as quais repousa essa forrna de apropnacao Essa contradicao, que da aO novo modo de produ95o o seuca“ter cap■ ansta,conttm O gerne de todos os antagonlsmos s∝ iais de hole'' Sociolls7n,UtOpian αnd Scicntψc ln:MARX e ENGELS S● たcted Wortt p 420 Vertambom as paglnas que se seguem a essa passagem7 MARX Grundisa p 397‐ 3988 fbid,p 309,699‐ 700

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396 A CRISE DAS RELAcOES DE PRODUcAo cAPITALISTAS

va do tabalho sob o capitalismo,tao Opressiva para o trabalhador,pode ser a題 bur―

da, cntre outras coisas, ao fato de quc o trabalhador se empenha indiυ idualmentec a massa dos trabalhadores se empenha de forFna atOrnlzada num processo deproducao em quc sua pr6pria forca produtiva comum se toma uma coisa separadadeles:

“Na realidade, a unidade cο munildria na cooperacao, o acOrdO na divisao dO traba‐

lho, na aplicac5o das forgas e das ciOncias naturais, dos produtos dO ttabalhO enquan‐

to maquinaria― ―tudo isso se apresenta ao trabalhador individual de forrna indepen―

dente,sem sua intervencao e muitas vezes contra ele,como algo“ tranhO,mαた"α

ちpredeteminado, como a mera forma de e対 stencia dos meios de trabα ′hο que s50 in―dependentes dele e que o gο υemam na medida cm que sao matenais; e a visao e avontade de toda a oficina se encarnam no capitalista e em seus au対 liares, na medida

em quc ela se forma atravOs de sua pЮ pna associacao――cOmo Jung。“

do capitalque宙vem no capitalista As formas sociais de seu pr6p● o trabalho__subleivas e oue―tivas――ou a foma de seu pr6pno trabalho social sao relacoes fomadas de maneira to―talrnente independente do trabalhador individual(Ds trabalhadores, quando submeti―dos ao capital, tomam― se elementos dessas foma95es sociais, mas essas forma9oes so―ciais nao lhes pertencem Por iSSO defrontam― se com elas como forrnas dO pr6p● o capl_

tal, pertencentes ao capital, cm opos1950 a sua propna capacidade de trabalho is01ada――como combina90es que brotam do capital e a ele se incorporam lsso assume for‐mas que s5o tanto mais reais quanto mais,por um lado,sua pr6pha capacidade de tra―balho for taO mOdificada por essas forrnas que perca o poder enquanto forca indepen―

dente,fora,portanto,do contexto capitalsta,de maneLa que sua capacidade de pro―duzir independentemente O desttuFda;e quantO mais,por outro lado,com o desenvol―宙rnento da maquinana, as cOndi90es de trabalho pare9am gOvernar o trabalho tam―bOm tecnolo」camente,c ao mesmo tempo subsituam,sup● mam e o tomem redun―dante em suas fomas independentes Nesse processo― ―em que de certa forma o ca―rater sοcial de seu trabalho se lhes apresenta de foma capitalizada, como, por exem―plo, quando com a maquinana os prOdutos visiveis do trabalho parecem gOvernar otrabalho, o mesmo acontecendo naturalrnente com as for9as e com ciOncias naturais,que sa0 0 prOduto do desenvolvimento hisbnco geral em sua quintessencia abstrata―― nesse processo, as fomas sociais do trabalho se apresentam ao trabalhador cOmo

fO(aS dO Capital Separam― se,de fato,da hablldade e do conhecimento do trabalha―dor indi宙 dual e, mesmo quando,consideradas em suas ongens,forem ainda o prOdu―to do trabalho,parecem estar incο lporadas ao capital sempre que aparecem no prclces―

so de trabalho"9

Marx acrescenta ainda:

“A forca de trabalho social natural naO se desenvolve no processο de expansa~ο dο

capital enquanto tal,mas sirn no proctto de trabα ′わο real Apresenta―se, portanto, co―

mo qualidades que aderem ao capital como uma coisa, como scu valor de uso O tra―balho produtivo――enquanto produtor de valor― 一apresenta―se ao capital como traba―

lho de operariOs isoladοs, quaisquer que saam as combinacOes sociais das quais essesoperanos pOssarn participar no processo de producao POr cOnseguinte, enquanto pa―ra os operariOs O capital representa a for9a de ttabalho prOdutiva social, para o capital

o trabalho produtivo representa apenas o trabalho de operanos isolados"10

E por isso quc Marx sempre descreve a sociedade socialista como uma socic―dade de prOdutores associados, pois assirn quc esse isolamento no processo deproducao e trabalho O totalrnentc abolido, de uma vez por todas, c.se a partir dar

9MARX R“ultate p 158,16010 fbid,p 162

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A CRISE DAS RELAcOES DE PRODUcAO CAPITALISTAS 397

os produtores organizam, planeiarn,1l discutem e realizam seu processo de ttaba―lho em comurn, cm associacao υO′un“ ria, cnぬo o mistёrio da forca social de pro―

ducaO desaparece naturalrnente, c esta`ltima n5o parece mais aderir as cOisas co―mo uma forca coletiva``extema"aos produtores,rnas O宙 sta como resultado da ca―

pacidade de trabalho comum a todos os trabalhadores, planeiada c Organizada em

comum.A socializacao obeuva dO trabalho ё urn processo em que o desenvol宙 mento

daセ cnologia,da ciencia e das fo、 as produivas toma― sc irreversivel.Mas a fo111la

cOncreta de sua combinacao com a cstrutura social difere fundamentalrnente nu―ma ordem econOmica capitalista c numa nao capitalista.DentrO dos limites do ino―

do de producao capitalista, a socializacao do trabalho s6 prevalece indiretarnente.

Ainda C a lei do valor que detelHlina a distribuicao dos recursos econOrnicos entre

Os variOs ramos da economia, correspondendo as nutuac6es da taxa mOdia de lu―cro e de seus des宙 os(o capital lui principalrnente para os setores nos quais se po―

de realizar superlucros).Sc,aO conttariO,O modo de prOdu95o capitalista_― isto O,

a producao generahzada de mercadorias…… foi abolido, enta0 0s produtores asso―

ciados podem apreender a priori a socializa95o obietiVa de seu trabalho. Os recur―

sos econOrnicos serao distriburdos pe10s vanos ramOs da 9cononlla de maneira pla―nCiada, segundo prioridades socialmente dete111linadas. E entao quc O carater dO廿abalho se toma imediatarnente social,c a categoria de``tempo de trabalhO social―

mente necessario" (a quantidade de trabalho socialrnente necessaria)deixa de terqualqucr significado a10m da valorizacaO dO capital.12

Nesse ponto costuma surglr um segundo equivoco quanto ao conceito das re―lac6es de producaO dc Marx:a tentativa de dividi― las ern relacOes``tOcnicas''c``SO―

ciais''.13 Evidentemente existem p咸 多―condicOcs tOcnicas para deterrninadas relac5es

de producao. Eぬ o impossivel chegar a uma verdadeira subordinacao dO tabalhoao capital sem a c対 stOncia de maquinaria moderna quanto sociahzar efetivamentepequcnas empresas baseadas ern mOtodos artesanais de trabalho, sem uma trans―

follllacao de sua tecn01ogia.14 MaS COncluir daF quc enquanto as ``rela96es tOcnicas

de producao" naO pellllitem uma ``socializac5o completa'' do trabalho, ou uma

“apropriacao completa dos produtos" pela sociedade, continuara havendO produ―

9aO de mercadorias,15 0 reduzir o conceito de Marx,que define as relac6es de pro―ducaO cOmO relac6es entre os homens, relag6es entre os homens c as coisas― -0,em outras palavras,cnar um nOvo feichismo da tecnologia.

o carater dO trabalho naO ё deteHllinado dirctamente pela tecn01ogia nem pe―lo grau de desenvolvirnento das forcas produtivas. Nao O diretamente detellllinado

dentro de cada unidade de prOducao isOlada.16 E nern mesmo na sociedade cOmo

ll Marx: ``Para vaiar um pouco,vamos agora imagnar uma comunidade de indlviduos llvres, executando seu traba―

lho com meios de produc5o comuns, onde a fotta de trabalho de todos os indivlduos C conscienternente aplicada en―quantO fOrca de trabalho combinada da comunidade O ternpo de trabalho desempenhaha duplo papel Sua pa壼 ‐

lha segundo um plano sodal deinido manttm a propor゛ o adequada ente os diferentes tpos de tlabalho a serem fei‐

tos e as diversas necessldades da comunidade" Copitα l v l,p 78‐ 7912 1sso naturalmente n5o signiica que o c61culo econ6mico e a comparacao dOs custos do trabalho― ―com o obletlvo

de pOupar trabalho― ―tambOm desaparecem Ao cont`Ho: tornam― se ainda mais importantes do quc antes,pols ago―

ra podem ser avaliados com mais exaidao,num nivel social global,considerando todos os cuStOS que nao sao levados

em conta na produc5o de mercadonas, mas que sao ``sOciallzados'' por tras das cOstas da sociedade Alを m disso, po―

dem ser afendOs pela contablllza95o exata de todas as quantldades de trabalho efeivamente despendldas{indepen―dente do fato de essas quantldades se expressarem agora em horas de trabalho ou em moeda cont6bil)Pols como apartr de entao a propna sociedade distnbui seus recursos econ6micos pelos dferentes ramos da producao,naO podeabdicar da responsablidade pelo carater diretamente social de qualquer pane dO trabalho coletvamente organ2ndo13 Entre outros,ver POULANTZAS Op cit,p646714 Nao obstante, essa sociallzacう o pode acelerar o desenvolvimento das forcas produtvas, se conseguir poupar traba‐

lho medlante a cooperacao sirnples em larga escala,como parece ser o caso nas comunas chinesas15 charles Betelheim apresenta essa tese com detalhes em seu livro Lo Transitlο n υers I'Econο mie Socialtste Pans,

196816 ver a aimagao de Bettelheim no livro que acabamos de citar

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398 A CRISE DAS RELAcOES DE PRODUcAo cAPITALISTAS

um todO. IDuas estruturas sociais fundamentalrnente diferentes podem correspon‐dera um n"el tecn016gico particular.Sempre seぬ assim em Opocas de revOlucaosocia1 17 Nessas Opocas,o desenvolvirnento de nova tecnologia,cuia tendencia c su―perar as relac6es de producao existentes, tornar― se―a cada vez mais incompleto,conttadit6rio e destrutivo dentro da ordern sOcial tradiclonal, enquanto ao mesmo

tempo, a introduc5o de novas rela96es de produc5o, relac6es de prOducaO revOlu‐ciOnarias_― quc, como todas as estruれlras, nao pOdern ser introduzidas ``passo apasso"――possiblitard ultrapassar o nfvel tecno16gico existente(assim cnando exa_

tarnente o cspaco necessario para O desenvolvimento dinamico de nOvas fOrcasproduivas).Os problemas paralelos,mas disuntOs,do capitalismO tardio e das sO_

ciedades contemporaneas de ttans195o entre o capitalismo c o socialiSmO podemser localizados nessa dia10tica particular das forcas e das relac6es de producao.18

Num perrodo de cOnι radica~o crescente entte as forcas produtivas e as relac6es

sociais de producao, naO se podc esperar,portanto,que todas as inovag6es possi―bilitadas pela ciencia e pela tecnologia se consumam antes quc as relac6es sociais

de prOducao pOssarn ser transformadas. Essa contradicao sc expressa,afinal,exata―

mente no fato de quc uma revolucao tCcnica c cientrfica porencial s6 pode se reali―

zar parcialrnente dentro da cstrutura das relac6es de producao sOciais do presente.A automacao cOmpleta da grandc indistria nao ё poss"ei nO capitalismO tardiO.Portanto, csperar essa automacao geral antes da abolicao das relac6es de produ―

caO capitalistas C t5o incorreto quanto esperar a abolicao das relac6es de prOducaocapitalstas pelo mero avanco da automaca0 19

A cnse das relac6es de producao capitalistas deve ser vista como uma crise so―

cial global, ist0 0, como a decadOncia hist6rica de todo unl sistema social e de mO―

do de producao em operacao durante todo o per10do do capitalsmo tardio. Naose identifica com as crises classicas de superproducao nem as exclui. Os picos mais

altos dessa crise social sao mOmentos p“ 多―revoluclondrios e revoluclonariOs da lutade classes, quando culrnina numa crise polruca tOtal do poder dO EstadO burguos,em quc o proletanadO apresenta otteiVamente a ameaca de destruic5o do capita―lismo e de inauguracao da transicao para O socialismo. Esses picos sao 1/igorOsa―

mente preparados por todos aqueles momentos de crise das relac6es de prOducaocapitalistas quc impelem os trabalhadores a estabelecer 6屯 aos prO宙 S6rios de po―

der dual em fabHcas e industrias, a nfvel local, reglonal e nacional Se isso OcOrre

sem recessaO ecOnOnllca, como ern maio de 1968 na Franca, ou em 1969 na lセ 1-

lia, ou corn recessao,cOmO em 1974//75 na Espanha,depende de fatores coniuntu―rais extrrnsecOs a natureza da Opoca. A consequOncia essencial e intrrnseca dO fim

da onda 10nga cxpanslonista do p6s― gucrra, e da luta intensificada pela taxa demais― valia desencadeada a partir de 1965, C uma tendOncia mundial a cOnlitOs declasse qualitativamente intensificados, que levarao a crisc endernica das relac6es

de producao capitalistas ao ponto de cxplosao

17“Em certo estaglo de desenvOlvlmento,as forcas produivas matehais da sociedade entram em conlito cOm as rela―

c5es de produ95o e対 stentes ou――isso apenas expressa a mesma colsa em temos legais― ―com as relac5es de pro‐phedade no inte● or da estutura em que a"entao funciOnaram De forrnas de desenvolvlmento das forcas produtvas,essas relacOes se transforrnam em entraves Comeca ent5o uma era de revolucao s∝ ial''MARX Prehcioさ C"“queorPο

′calEc9nο my p 2118 Para Se fazer toda lustca a essa dialё ica,seia preciso acrescentar: 1)que a mamndade das fOrcas produtlvas e対 sten―

tes para novas rela95es de produc5。 sOcializadas atlnla o nivel da econonlia impeialista mundlal;2)que a cise socialprovocada por essa matuhdade, deterrninada pela lei do desenvolゃ imento desigual e combinado,.n5o ocorra gmulta‐neamente, rnas sim descontlnuamente no ternpo e no espaco, ciando a possibindade e a necessidade de rev。 lu9oessocialstas que no inti。

s5o宙tonosas dento de hmiに s nacionalsi 3)quc entao sula maiS uma contradlcaO entre odesenvo掏 imento internacional das forcas produtlvas e as tentatvas nacionais de revolucionar as relacoes de produc5。19 Esse ё o dpo de esperanca sublacente as idcias que ROger Garaudy apresenta no Lvro The Tuming Point Or Socia_llsm,Londres, 1970, e em parte tamblm as de Rlchta Report,Politlsche Oι たonο mie d‐ 20 」αhrhu71derte Frankfurt,1970

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A CRISE DAS RELAcOES DE PRODUcAO CAPITALISTAS 399

Por essa razao, a crise das rela95es de produ95o capitalstas sc aprescnta co―

mo a crise de urn sistema de relacOes entre os homens, dentro c entre as unidades

de producao(empreSas),quc corresponde cada vez rnenos a base tocnica do traba―lho,quer ern sua forma presente,quer ern sua forrna potencial.PodcmOs definir es―

sa crise como uma crise nao s6 das condic6es capitalistas de apropriagao, va10riza―

950 C aCumulagao, mas tarnbё m da produ95o de mercadonas, da divisaO capitahs_ta do trabalho, da estrutura capitalista da cmpresa, do Estado nacional burguOs c

da subordinacao dO trabalho ao capital como um todo. Todas essas m61tiplas cri―ses saO apenas facetas diferentes de uma`nica realidade, dc uma totalidade s6cio―

econOrnica:o modo de produ95o capitalista.20A crise das relac6es de producaO capitalistas apresenta― se como crise das con―

di96es capitalistas de apropnacao, va10nzacaO e acumulacao. Em nossa discussaoda iniacao permanente la Cnfatizamos quc o sistema O agora incapaz de utilizaruma parte substancial de sua capacidade produtiva cm condic6es``normais'' dc va―lores estaveis dO ourO_一 em outras palavras, sem a inlacao permanente do cた di

to e da mOeda. As dificuldades fundamentais de realizacao nunca fOrarn ta0 6bvias――para uma analise te6rica que penetre sob a superfrcie dOs fenomenos econOrni―

COS―― quanto na fase da ``onda longa com tOnalidade expanslonista" que se se―guiu a segunda(3uerra Mundial.

A pressao concOrrencial permanente para que se reduzam os pre9os de custo,para quc se aumente a produti宙 dade do trabalho,para quc se socialize o trabalho,para que sc aperfeicoc a maquinaria c para quc se elevc a composica0 0rganica

do capital manifesta― se inevitavelrnente por um crescimento desprOporclonal dosυalores de uso. Os``rnuitos capitais''sao assirn cOmpelidos a uma cxpansao perma_nente c artificial do mercado,c a extensaO das necessidades das rnassas.21 Enquan―

to todo capitalista individual gostaria de restringir o consumo dc``seus"trabalhado―

res, a classe capitalista como urn todo deve ampliar o mercado de bens de cOnsu―

mo e, ao mesmo tempo, assegurar a valorizacao do capital. A classe capitalista po―

de resolver parcialmente essa contradicao de varias maneiras. Em primeiro lugar,pode tornar a producao de bens de consumO cada vez mais``indireta",de manciraquc uma fracao crescente do produto total consista crn melos de producaO,aO in―

vOs de consistir em bens de consumO.22 Enl segundo lugar,pode vender uma partesubstancial dos bens de consumo produzidos a outras classes sociais que n5o o pro―letanadO(camponeses c artes5os do pr6prio paFs e do exterior),ou alterar O poderde compra cm praurzo dos prOdutores sirnples dc mercadorias ou dc outrOs capita―listas(incluindo os capitalistas estrangeiros,por rnelo de uma redi宙 sao dO mercado

20 MaOく: ``A producう o capitalista distlnguc― se desde o comeco por dois tracos caracteristlcos P71meirο Produ2 SeuS pro―

dutos enquanto morcadonas O fatO de produzlr mercadoias naO a diferencia de outros modos de producao, mas simo fato de que ser mercadona C a caracteristlca dominante e determinante de seus produtos O segundο traco distlnd―

vo do modo de prOducao caplalista ё a producao de mais_valia como o obletvo direto e a razao determinante da pro―du95o O capital produz essencialmente capital, e s6 o fa2 a medida que produz mais― valia Em nossa dlscussao damais―valia relatva, e depois ao considerar a transformacaO da mais‐ valia cm lucro, ,lmos como um modo de produ‐

950 peCuliar ao per〔 odo capitalista ё fundado sobre isso― ―uma fOrma especial de desenvOlvimento da capacidade prO―

dutlva social do trabalho, mas defrontando o trabalhador enquanto poderes tomados independentes do capital e, por

conseguinte,tomando a direcao oposta aO desenvolゃ imento dos pr6phos trabalhadores'' Capitα l v 3,p 857-85821 ``se se usasse maquinaha valiosa para fomecer uma pequena quantldade de produtos,ela n5o atuana nesse caso co‐

mo fo、a produiva, mas sim para tornar o produto inflnitamente mais caro do que se o trabalho ivesse sido feito sem

ela As maquinas ciam valor n5o porque ttm valor― ―este ё simplesmente reposto― ―mas na medida em que aumen―tam o tempo excedente relatvo,ou diminuem o tempo de trabalho neces壺 ●o Na mesma propo鴫うo,portanto,emque seu alcance se amplia, a massa de produtos deve aumentar, c o trabalho vlvo empregado dirninui relatvamente

Quantο menOr O υalor do capitalrlXO em“ た,αo a sua qttcianci。 ,rantO maぉ cOrroponde a seu propあ ito"G″ ndns‐

se p 73922 segundo cifras oiciais, a producさ o de bens de consumo, enquanto percentagem do produto industnal total,calu de39%em 1939 para 28%em 1969,nos Estados Unidos da AmOrlca do Norte Federal R“●″e Bu〃●tin 」ulho de1971

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400 A CRISE DAS RELAcOES DE PRODUcAO CAPITALISTAS

mundial). Em terceirO lugar, pode vendcr a crё dito uma quantidade cada vezmalor de bens de consumO,ao invё s de trOca_10s por rendirnentOs(aumentO dO en―dividamento privado). Finalrnente pode garantir quc o aumento do cOnsumo demassa (incluindO o de ``seus'' trabalhadores)Saa propOrclonalrnente menor qucos valores totais das mercadorias, de forma a aumentar a producao de mais_valiarelativa.

Mas nenhum desses remOdios pode suprimir o fato de quc a dificuldade derealizacao da mais― valia e dc elevacao da taxa de mais― valia decorre do mOdO deproducao capitalista como tal, pois o processo de reproducaO dO capital representa

uma unidade do prOcesso de ttabalho e de va10rizacao dO capital, por um ladO, cdo processo de circulacao e realizacao, pOr Outro, de maneira que o capital s6 po―de assegurar o primeiro por rneios quc,a longo prazo,aumentarn a incerteza do sc―gundo,e vicc―versa.

Comこrclo c crёdito (incluindo a foI:Ha da iniacao pellllanente da moeda cre―ditrcia especffica do capitalismo tardlo)sao Os d01s meios fundamentais de afastar

ヤmpOranamente as dinculdades de realizacao da mais_valia.A autonomia crescen―te do capital comercial e bancario,c O desenvOlvirnento de uma csfera independen―

te de circulacao de mercadorias e dinheiro sao o precO pago pelo capital industrialpor um relaxamento provis6rio e parcial das dificuldades permanentes de realiza―

95o. A aceleracao resultante da rotacao dO capital circulante possibilita o aumentoda mais― valia produzida anualrnente, pois essa autonomia nao reduz necessaHa‐mentc os lucros aplopriadOs pelo capital industrial. Mas ao ladO da pressao geralpara clevar a composica0 0rganica do capital, desenvolve― se outra tendOncia, a dedirninuir a percentagem de capital circulante em relacao aO capital prOdutivO tOtal

e de converter todo capital em capital fixo, o quc aumenta ainda mais a composi―

caO dO capital e deve reduzir a taxa de lucros a longo prazo.Mas O surgimento das esferas de circulacaO e servicos nO modo de prOducao

capitalsta desempenha ainda outra funcaO: o urn instrumento indispensavel para afilllle expansao regular para a cconornia monebria e mercantil, e para a constante

cxpansao das relac6es rnonetarias e mercantis a domfnlos atO agora imunes a elasi

“Quanto mais a producao cOmO um todo evolui para a producao de mercadOrias,tanto mais cada homem precisa e quer tornar― se υendedοr de mercadoriα s, ganhandodinheiro com seu pr6prio produto ou com seus senり

'90S, caso seu produto s6 e対sta

sob a forma natural de servi9oi e esse ganhar dinheirO parece ser enぬ o o Obeivo Su_premo de toda alividade(ver Arist6teles)Na producao capitahsta,a fabnca95o de pro―

dutos comO mercadorias,por um lado, c a forrna de trabalho como′ rabα′ho assalaガ α‐

dο, por Outro, tornam― se entaO absOlutas lnimeras func6es e atividades que tinhamem torno de si uma aura de santidade consideradas ins em si mesmas, e que eramexecutadas gratuitamente ou pagas de foma indireta (COmO a atividade de tOdOs osprolssionais liberais, mOdicos, advogados etc.,na lnglaterra, onde o advOgado e O mO―

dico nao podiam e nao podem sOhcitar dinheiro), saO,pOr um lado, transformadas di―retamente em trabα′hο assala"αdo,por rnais que dinram seu conte6do e seu pagamen―rO. POr Outro lado,tornam― se suleitas――em termos de seu valor,do p“ e,o dessas dife―

rentes aFiυ idadω,sela a ai宙 dade de uma prosituta ou de um rei―

leお que regu‐

larn o pκ co do rrabα′hO assalattα do''.23

0s artesanatos independentes, as manufaturas domOsticas, o pequeno em―preendirnento agrrcola (aqul, agricultura de subsistOncia), o pequc,o comё rcio, apesquisa, os servicos priVados e a producao de ``bOns culturais" sucumbem um

23 MARX Roulα た p 132

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A CRISE DAS RELAcOES DE PRODUcAO CAPITALISTAS 401

ap6s outto ao “ganhar dinheiro enquanto ncg6clo organizado". Esse processo al―canca o apogeu na cra do capitalismo tardlo, como virnos, com a COmercializacaogeneralizada da arte, do ensino, da pesquisa cientrfica e das “vocac6es'' indivi―

duais. Por urn lado, s6a inlacao permanente pemite a realizacao c a apropriacaoda mais‐ valia contida na producao tOtal das mercadorias, cnquanto, por outro la―

do, desenvolve― se uma supercapitalizacao crescente, ou uma quantidade cada vezmalor de capital nao va10rizavel que s6 pode conseguir uma valoriza95o tempora―ria pela intervengao direta do Estado burguOs tardio na cconOmia. Um nimerocrescente de ramos da indistria dcpende exclusivamente dos contratos estatais pa―

ra a sua sobre、 lvencla.

Em nossa discussao sObre a cconornia a111lamentista perrnanente, enfatizamos

a imponancia dOs conttatos nlilitares para a cconomia norte― amencana depOis daSegunda Guerra Mundial(naO o preciso salientar o papel inicrnacional desempe―nhado pela cconOnlla allllamenista na superacao da Grandc Depressao da doca_da de 30). Urn nimero cada vez malor de prOletos de pesquisa ё diretamente fi―

nanciado pela sociedade. Porta― vozes de federag6es patronais inglesas chegaram

inclusive a reivindicar a sociahzacao completa de praticamente todos os custos daspesquisas.24 um namerO cada vez malor de investimentos s6 se viabiliza corn sub―

venc6es estatais diretas ou indiretas, nao porquc falte capital a classe burguesa em

sentido absoluto, mas porquc as cond195es de valorizacao dO capital deterioraram―

sc a tal ponto quc o nsco empresarial nao serd assumido sem garantias de lucrativi―

dade fornecidas pelo Estado burgues. C)rapidO desenvolvimento das forcas produ―tivas na cra do capitalismo tardio comecou historicamente― ―no decorrer da tercei―

ra revolucaO tecno16gica― ―a abalar atё mesmo o fundamento principal do modode producao capitalista, qual seia, a prOdu9ao mercantil generalizada. Isso ocorre

de dois nancos ao mesmo tempo 25 Por um lado,o prOgresso da tecnologia dos par―ses industrializados produz fenomenos de saturacao cada vez mais acentuados, oquc leva a economia de mercado ao absurdO O excmplo mais notavel o a agricul

turao Nos Estados Unidos e nO Canada cxistc ha docadas um sistema artificial para

reduzir a producaO, O qual, desde a fundacao da COmunidade EconOrnica Euro―pOia, difunde―se cada vez mais pela EurOpa ocidental, c agora esta cOmecando ase desenv01ver no」 ap5o. Como os prOdutos do trabalho agricola, agora macica―mente barateados, nao pOdem abandonar a forina de mercadona na estrutura domodo de producao capitalista,o excedente sempre malor desses produtos sirnples―mente nao pode ser distriburdO ente os rnuitos que ainda passam necessidade nosparses``ricos"――nem,acirna dc tudo,entre as populac6es farnintas dos parses sub―

desenvolvidos Ao invOs disso, foi preciso criar um sistema irraclonal de subsrd10s,que envolve a reducao da prOducao dc alimentos e a destruicaO dOs estoques,quc

resmnge artificialrnente o consumo possfvel, c que mesmo assirn nao c9nseguc as―

segurar o retomo esperado por hora de trabalho ao produtor agrrcola. E uma con―sequoncia 16gica dessa ordem absurda e desumana o fato dc a reducao sistematicada producao e da area cultivada dos parses mais ricos do mundo crn termos lgrfcO―las,´ em 1968/70, ter finalrncnte levado ao pengo de uma fome terrfvei na Asia cna Africa enl 1973/74.

Por outro lado,a oposicao o切 etiva cntre a raclonalidade parcial e a irracionali―

24 The Tlm‐ 26 de,ulhO de 196825()utro exemplo da chse da cconomia de mercadoi a Associacao Proflssional da lndistlla de NitrogOnio da Alemanha

Ocidental estt considerando ``a possibilidade de econOmizar os custos do frete abastecendo o consumidor apenas por

meio daね bica mais pわ 対ma,independente de quem sela o propnetano dessa fabica'' Frankrurer Allgemeine Zo「tung 」ulho de 1971

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402 A CRISE DAS RELAcOES DE PRODUcAo cAPITALiSTAS

dade global, cnraizada na contradlcao entre a socialzacao crescente do tabalho ea apropnacaO privada, uma caracterttica peculiar ao modo de prOducao capitalis―ta,26 adquire um potencial taO explosivo quc a irraclonalidade global do capitahsmo

tardio ameaca,a mOdio prazo, nao apenas a fo111la prescnte da sociedade, mas to―

da a civilizacao humana. Qualquer crianca podc entender o fato de que seria naoapenas irracional e sem senudo mas tambё m um gesto suicida perrniur a“ cOmprac venda irrestritas'' de bombas atOrnicas e gases venenosos. Um nimero crescentede pesquisas revela quc a``produc5o livre"ea``venda livre"de alimentos envene‐nados, de produtos farmaceuticOs e drogas perrliclosas a sande, de vercu10s preca―

rios e de produtos qurrnicOs que destroem o melo ambiente― ―tudo isso confiadO

a iniciativa privada movida pelo deseio de lucro― ―pode finalrnente ameacar a vi―

da humana.27 MaS OS especialistas que expuseram esses processos recusam― se, cmgeral, a tirar as necessarias cOnclusOes sociais de sua analisc.28 A raiz desses males

estt na sobre宙 vOncia da produgao de mercadorias―― em outras palavras, na re―

construcao da fOrca dc trabalho social total,fragmentada cm trabalhos privados pe―

la via do rodeio das leis do mercado,corn sua reificacao de tOdas as relacOes huma―

nas e sua mudanca de todas as atividades econOrnicas, passando de meios a finsde satisfacao das necessidades humanas raclonais e dc amphacao das pOSsiblida―des da vida humana, como fins em si mesmas.29 Apenas a socializagao direta daproducao e sua subordinag5o consciente as necessidades democraticamente deter―nlinadas das massas pode levar a um novo desenv01virnento da tecnologia e daciencia, promovendo,o autodesenvol宙rnento e nao a autOdestru195o dos indivl―

duos e da humanidade.30Em teHllos puramente cconOmicos,a irracionalidade global obieiVa dO modo

de producao capitalista pode ser reduzida a opos1950 ente o c61culo dos custos deproducao ``pagos privadamente'' a n市 el de fabnca (Ou empresa)e oS custos deproducao sociais globais, diretos e indiretos― ―em outras palavras, a Opos1950 en―

26 ver O Cap 16 deste trabalho27A16m do livro de Commoner antenOrmente citado,ver,entre outlos,NICHOLSON,Max The Enυ irOnmentol Reυο‐

′υ‖on Londres,1969;EXPOSITO,」 ohn Vanlshing Air Washington,1965;NICOL、 H The Limiお Or Man Londres,1967 A literatura sobre esse assunto est`crescendo em propoκ 5o geOm6日ca――como o pr6p●o problema Atこ ago―

ra, o melhor trabalho mandsta que trata do problema global da ameaca capitalista ao meio ambiente e das possiveis

meddas para combatO‐ lo fol escnto pOr nOsso amigo ROTHNIAN,Hatt Murderous PrOυ idence― α Studッ Or P。〃u_tlon in fndtlst71α I Societi‐ Londres,197228 Exemp10s dlsso s5o os trabalhos de E 」N41sham(The COsお o/Econο rnic Croω th Londres,1969)e de Dennis Ga―

bor, que recenternente ganhou o PremiO Nobel, que tratam de muitos dos problemas sumarlamente apresentadosaqui,mas apenas em alguns campos, nunca levantando a quesね o do “por quO?", ou respondendo a ela com banali―

dades tais como “agressao humana" Ou `崎gnorancia'' Esses autores recusam― se a expor o nexo entre a produc5o demercadohas, a racionalidade positν ista parcial e a irradonalldade social e global Eles mesmos, ponantO, cOntlnuampisioneiros do complexo de racionalidade parcial especiallzada e da irracionalidade global Uma boa crttca de ambos

os ilvros foi publicada pela reν ista Contempora,ν lssues v 14, n° 55, abil de 1971: MAXWELL,Andrew ``On theNoton of`Wealth'"29 Herbert Gintls, em sua inteligente andlise do fetlchismo da mercadoia(manuscnto quc atこ agora n5o foi editado),

salienta corretamente a natureza enganadora do a対 oma b6sico da economia pollica buttesa de que todo cOnsumoque se reallza por meio da demanda moneね ia efetva C lpsO facto racional Caso fossem coerentes,os protagonlstas

dessa doutnna tenam de declarar quc a dstnbuic5o de drogas pengosas tambOm C racional,pois estas tambё m encon―

tram compradores Marx sempre destacou que o consumo l determinado em grande parte pela produ゛ o,e que,emconseqtencia disso, suas tendOncias de desenvoMmento dependem das relacOes de producaO Depds de Galbralth ede Mishan,ninguё m mais acredita hole no conto de fadas da``soberania do consunlidor''30 Estender a estrutura de producao norte_ame五 cana conternporanea aO mundo inteiro dest血 ia todas as fOntes de

matё ia―p● ma antes do inal do sOculo, e de fato colocana em pengo o cinturao de hidrOganio dO mundo, allrlnamMEADOWS,Donella H,MEADOWS,Dennis L,RANDERS,」 orgen,RANDERS,Williarn e BEHRENS II,W11liamW in:The Limiお ●J Groω th Nova York,1972 Posstυ elmente tOm rぬ o,embora sem divida exagerem nas extlapo‐

la95es das tendOncias correntes de desenvolvimento E claro que uma alterac5o radical do sistema social e,em conse‐quoncia, da distibui95o de recursos mateiais e piondades sociais podeha real12ar um avanco qualitatvo nas tё cnicas

de combate a poluicao e de prOtecao ao rneio ambiente,c um aumento quantatvo dos subsitutos de mattias― pnmasescassas Falta dレer que a extensう o em ambito mundial do capitalsmo norte‐ amencanO sena um pesadelo para a hu‐manidade Naturalmente nao se cOnclui daF quc o crescimento econOmico deva ser paralisadO, apisionando em suamisCha as massas dos pa〔 ses subdesenvolν idos A unica conclus5o 16● ca que Se pode tlrar O que o crescimento andrquico e destrutvo deve ser substltuido pelo crescimento conscientemente planelado que considera todos os“ custos so―

cials indiretos''

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A CRISE DAS RELAcOES DE PRODUcAO CAPITALISTAS 403

tre a lucratividade das firmas individuais c o balango social de custos e benefrciOs.31

A ccononlla burguesa apenas rnistifica cssa oposicao cOrn a terininologia dc``retor―

nos"produzidos cm parte por``rnercadorias livres".32 A crescente ameaca aO meioambiente representada pela tecnologia conternporanea C assirn amburda a uma in―suficiOncia cada vez malor dessas``rnercadorias livres''ou O considerada uma``rner‐

cadoria negativa", ou ``retorno negativo".33 Por eSse rodelo, assegura― se o futuroda producao mercantil e da ctema escasscz. N5o O preciso discorrer aqui sobre a16gica brutal do fanaismO de mercado.ComO as companhias poluem a atmosferaa fim de maxirnizar seus lucros,abolc―sc o sirnples direito ao ar puro: o“ acesso" aessa ``rnercadona escassa" deve ser comprado com um ``imposto".34 MaS de fato averdadeira tarefa C, precisamente, livrar a producaO dOs calculos de lucrati宙 daderelativos a fabnca Ou a empresa da propriedade pnvada c da prOducaO de merca―dorias, c satisfazer raclonalrnente as necessidades, scnl desperdFclos descOmu―nais.351」 ma Vez que se cheguc a essas condic6es, o planciamentO COnsciente e de―mOcraticO assegurara naturalrnente que nem a ``explos5o populacional'', nem a

“avalanche de mercadOrias''ameacem o ar,a agua,a terra ou o homem. POis n50saO a ciencia c a tecnologia contemporaneas ``em si mesmas" quc arriscam a so―bro宙vOncia da humanidade,rnasヽ sirn sua organizacaO c aphcacaO capitahsta.A bus―ca de rendas tecno16gicas cria condicOcs quc entram em conlito direto com a pro―

tecaO da sandc humana; obriga a indistria qurmica, pOr exemplo, a jOgar novosprodutos sintOticos no mercado a cada quatro ou cinco anos, antes dc haver tem―po para qualquer estudo respons6vel sobrc os riscos blo16gicos e ccO16gicos envol―

vidos potencialrnente nesses produtos. Marx previu csse processo ha mais de umsOculo, quando afirmou quc o capital s6 poderia desenvolver― se(e desenvOlver asforcas produtivas)saqueando sirnultancamente as fontes da riqucza humana, daterra e do trabalho.

Na era do capitalismo tardio, esse saquc atingiu propor96es imensurdveis. Aoposicao entre valor de ttOca c valor de uso, que no apogeu do capitalismO s6宙 ―

nha a tOna cxcepcional e repentinamente em tempos de c五 se econOmica, O sem―pre visfvei nO capitalismO tardlo. Essa opos195o encontrou sua forma de cxpress5o

mais dramatica na producaO cm massa de melos de destru19ao (n50s6 dc armasrnilitares,mas tambё m de todos os outrOS instrumentos destinados a destruicao ftica,psico16gica c moral do homem):pOde ser vista,tambOm,naqueles setores daeconornia que ja naO saO deterrninados por calcu10s de lucratividade da cmpresa,mas por prioridades ``pablicas"36 As forcas produtivas, os interesses da humanida―

31 Embora a asdm chamada Andhse de Custos e BeneficiOs(entre outros,ver MISHAN,E」 Cost Bcnィ`Anolysた

LOn―

dres,1971)permita a inclu壺 o dos``custos sociais indiretos''de diセ rentes proletos de invesbmento,ela O lorcada a ex―pressar em“ valores mone饉五os''o malfeitO a saide e mesmo a uda humana,o que s6 pode ser feito capitaliandoOs lucros A desumanidade implicita nessa forlna de tratar o problema e os resultados reacion6ios a que leva sao 6b―●。S(Ver crttca bem elaborada de ROTHMAN Op cr,p 312-316)A andlise de custos e beneficios apenas revelaos lirnites da racionalidade econ6mica parcial, mesmo quando generallzada a flm de levar em conta os ``custos indire―tos''32 ver,pOr exemplo,DORFMAN,Robert P"c‐ Nova」 ersey,1964 p l19-21033 scITOVSKY,Tlbor Welraに αnd Cο mpe""οn Londres,1952 p 187 Esse argumento aparece pela pimera vezem PIGOU,A C The Economics of Welra“ 4 aed,Londres,1960p134-135,183-18734 ver O Comenほ五o de Weiss“ A premissa fundamental inaceiね vel(doS esfoК os de converter a宙 da c a sa`de huma―na em valores monetthos)l uma reinterpreta,5o das necessidades fticas phmanas de repouso, de ar puro, da 6guanaO p。luida e da sande corpOral em terrnOs de necessidade de renda monebna Exatamente essas necessidades naodeveiam ser amculadas e satlsfeitas pelo mecanismo de mercado" WEISS, Dieter “inlrastrukturplanung" in:Zieた

,

K"た"en und Beω

e″ung υοn Alternα tiυ en Berlim,1971 p 46

“Ver,por exemplo,a assustadora produ95o de lxo que caracte● 2a O Capitansmo tardlo:1,25 kg oid五 〇per capita nos

Estados Unidos em 1920,2,5 kg em 1970(na Bを 191ca,ainda era de apenas 250 g per capitα em 1960),istO ё,rnais de180 milh5es de toneladas de llxo pOr ano36 Exemplo disso foi o programa norte― amencanO de uagens a Lua Mas, ao mesmo temp。 , 。 entrelacamentO do“p●。ndades sociais'' arbitranamente escolhidas(determinadas, em 61ima insttncia, pela comda armamentlsta e pela“competcao p。 1ltlca'' com a URSS)cOm as relac6es de producaO p● vadas capitalistas era tal quc a cmpresa se tor‐

nou uma fonte glgantesca de superlucros monopolistas e de recursos desperdicados Ver O estudo feito pelos Fep6rte―

res Hugo Young,Bvan Silcock c Peter Dunn do Sundaノ Tlm_

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404 A CRISE DAS RELAcOES DE PRODUcAO CAPITALISTAS

de, a ev01ucao “irnanente" da ciOncia, tendem cada vez mais para essa direcao.Mas na cstrutura do modo de prOducaO capitalista, esses proletos Sempre seraomarginais. O estabelecirnento de priOridades publicas por pequenas facc6es da clas―

se donlinante ameaca apenas criar um desperdicio adicional de recursOs matenaise causar dano a existoncia humana(exploracao rnihtar das viagens espaciais, expe―rimentos bio16gicos empreendidos por aparatos estatais c interesses privados).371)a

mesma forrna,o practo de um``fichanO''para cada cidadao,cOdificando todOs os``incidentes'' de sua vida particular e piblica,com vantagens 6bvias para uma fisca―

lizacao polfuca pOtencial, こ mais um exemplo da aplica95o desumana da tecnolo―gia contemporanea para a conserva95o do sistema socia138 A combinacao da apro―priacao privada e da intervencao ecOnomica do Estado cria mais um efeitO ccOnO―

rnico que deve ser investigado mais de perto. A prOpnedade pnvada capitalista, aconcorrencia entre os``rnuitos capitais''levam a urn c61culo preciso dentro das ern_presas e a uma raclonalidade parcial relativos a reducaO dOs custos de producao.

Aqui o pnncip10 determinante O a mais ngorosa ccOnomia de recursos.3,MaS O se―tor estatal,ao con廿 6五o,onde naO existe nenhum mecanismo social o切 euvO para areducao constante dos precos, O governado pe10 princrpio da cconomia dc aloca‐gaO,quc envolve um desperdrciO perrnanente de recursos na medida cm que os in―divrduOs ativos nessa area tern interesse material em aumentar essas alocac6es,40pois sao dorninados pelo desao de cnriquecer, quc ё geral numa cconomia qucproduz rnercadorias 41

Essa contadtaO ё ainda mais intensificada pelo fato de que malores aloca―

95es do setor estatal podern constituir uma fonte dc lucrOs privados maiores paraas empresas e os capitalistas, ou podem aumentar sua capacidade para competircom outros capitais 42 0 entrclacamento dos setores nacionalizados da ccOnonllacom a apropriacao privada de mais― valia intensifica, portanto, a irraclonalidade do

sisterna global― ― gerando, entre outras coisas, um desperdicio malor de recursos

econOmicos. Essa irracionalidade naO pOdO ser superada nern mesmo pela sirnula‐

caO de lucrati宙 dade nO setor p`blico.43

0 declinlo do mOdO de producao capitalista,suttacente a esse entrclacamen―to da econornia privada com a intervengao estatal, aparece de forma ainda maisclara numa perspectiva hist6rica Antigamente o capital――instigado pela cOmpul―

saO de cOncOrrer e acumular, de valonzar―sc ern grande escala―― estava bem afrente do progresso tOcnico; iniclou― o, gulou― o para canais produtivos e o mantevefirmemente sob seu poder A centralizac5o do capital(noS bancos, digamos)eramuito supenOr a dO prOcesso efetivo de trabalho Ar esta a base da ``autOnorniaeconOrnica"do capitai no sOculo XIX HaC em dia,o desenvolvimento da tecn01o―gia O inalmente muito mais rapidO dO quc a centralizacao dos“ muitos capitais''.A

37 sobre os pengOs ligados a``bomba re16glo bio16gca'',ver,entre outros,TAYLOR G Rattray The Biο logicar]町 me

量跳:絶:鵠11:&∬蹴やれ現惚∫〃響驚li凱'“

S1971

3,Isso naturalmente C muito menos validO para o capitalismo monopolista do que para o capitalismo do perfodo da li

40 Numa economia de al∝acら o, economlzar nas despesas leva a uma reducao das al∝ ac5es Os interessados, culo

proveito reside num aumento das alocac5es――e n5o numa ma対 rnlzacao capitalista de lucros― ―,壺o, portanto, cons‐

tante e automatlcamente impelidos a aumentar suas despesas Esse pincipio governa toda a administlacao publica nu_

ma sociedade que produz mercadonas41 Na medlda em quc a burocracia estatal e econOmica das sociedades de translc5o do Leste sultrafram_se a qualquer

contole politlco da massa de produtores, culo interesse b6sico ё economlzar seu tempo de tabalh。 , 。mesmo pincl‐pio tambё m se aphca a essa camada social42 Por eXemplo:a combinac50 de um sep19o social de sa`de gratuito com uma indistna farrnacOuica pivada transfor―

ma‐se em enorme mecanismo de constante expansao dOs lucros desse ramo industnal, aumentando sign16caivamentesua capacidade de concorrer com outros setores da indistrla qulmica

“A tentatva desse tlpo de simula95o folintroduzlda em maior escala nO Penttgono pelo tecnocrata da Ford, MacNa―

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ir

,

A CRISE DAS RELAcOES DE PRODUcAo cAPITALISTAS 405

sodalizaca0 0bieuVa dO trabalho,os mOtodos de producao maぉ mOdemos supera―rarn repetidas vezes as folllias mais avancadas de concentracao c centralizacao do

capital. A propriedade privada capitalista, a apropriacao privada de mais‐ valia c a

acumulacao pnvada constituem cada vez mais um obsMculo a um desenvOlvimen―to maior das forcas produtivas. A centralレ acao estatal re supranαciona″ de pa″θ

do sobreproduto social tornOu― se de noυ ο――como em numerosas sociedades prё―

capitalistas――,c cada υ%mais,um κquisito rnaセ月al para um crescimento malor

daS JOκas produ“υas,Mas,embora a crescente ccntralizacao estatal da mais―valia

social no capitalismO tardio estaa mais bem adaptada a socializa95o obieiva dO tra_

balho do quc a concorrOncia privada capitalista, cla tambё m estt cada vez maisatrasada cm relacao a tecn010gia mais avancada Esse atraso manifesta‐se de ma―

neira muito evidente no fenOmeno das empresas multinacionais e de todas as ten―dencias a elas inerentes.

O fortalecirnento do Estado no capitalismo tardio O, portanto, uma expressaoda tentativa de o capital superar suas contradic6es intemas cada vez mais explosi―

vas, c ao mesmo ternpo C expressao do fracasso nccessanO dessa tentativa. Hoies6 uma associacao mundial de produtores O congruente com a situa95o atual dasforcas produtivas e da socializaca0 0bietiVa do trabalho.Toda``solucao intclllledi6-

ria" que abole a concorrencia(lst0 0, anarquia)em um niVel apenas a reproduzcom uma forOa muito mais destrutiva num nfvel supenor lsso vale tanto para o Es―

tado burguOs tardlo quanto para os monop61os multinaclonais do capitalismo tar―dlo.

O crescirnento posterior das forcas produtivas nao apenas se op6e cada vezmais frontalmente a foHlla de mercadoria da prOducao, sua apropriacao privada ca detenllinacao pela lucratividade individual das grandes empresas; tambこ m seop5e diretamente a foIIIla mercadona da」Oκα de trabα ′ho.O congelamento da di―

visaO de ttabalho e da qualificacao prOfisslonal, correspondente a essa follHa mer―

cadoria, chega ao absurdo com a accleracaO da inovacaO tecno16gica― ―assirn co―

mo a fol11la mercadoria da manteiga e das macas chega ao absurdo com a``super―producao" pellllanente da Europa ocidental. A necessidade de urn “retreinamen―

to'' pen6dico, devida a mudanca cada vez mais rapida das quahficacOes profisslo―nais basicas, cstende‐ se agora ao dornFnio do trabalho intelectual; na estrutura derefollllas capitalstas da universidade, chega inclusive a criar tendOncias marginais

de estudo em regirne pellllanente de tempo parcial,realizandO assirn uma das pro―

fecias dc Marx. Mas dentro dos lirnites do modo de ppducao capitalsta, cssa ten―

dencia potencial naturalrnente naO pOde prevalecer. E acompanhada e sufocadapor uma tendencia Oposta neuttalizante e repressiva de tornar a universidadc c o

sistema de ensno como um todo diretamente``lucraivoゞ '.Mas a pressao obeiva

a extensaO dO aprendizado a ma10r parte da vida solapa necessariamente o carater“privado" das qualificacOcs profissionais. Essas qualificac6es fizeram sentido en―

quanto foram comO qualificac6es individuais, pnncipal fruto do esfo4o individual――c eram pagas por farnflias individuais(ou pe10 pr6prio indivrduO). Mas hOic em

dia a maloria dos custos de producao da qualificacao individual foi socializada. A

csmagadora maloria dos inventores,pesquisadores,cientistas e doutores iamais po―

dcna desempenhar suas func5cs sc centenas dc milhares de trabalhadores, mi―lhoes, na verdadc, nao tivessem produzido os laborat6nos, os edifrcios, as maqui_

nas, os aparatos, os instrumentos e os materiais com os quais operlm; sc O SObre―produto social,produzido pela massa total de produtores,nao lhes tioessc assegura―

do o necessariO tempo de trabalho livre da pressao de reprOduzir sua cxistenciairnediata, sem o qual naO pOdenam dedicar― sc ao trabalho cientffico; se gerac6espassadas e presentes de outrOs inventores, pesquisadores, cientistas e doutoresnaO tivessem realzado o necessario trabalho antecedente e concornitante, sem o

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406 A CRISE DAS RELAcOES DE PRODUcAO CAPITALISTAS

qual, na maloria dos casos,a ati宙 dade cientrfica individual seria impossfvel. Assirn,

todo trabalhador intelectual contemporaneo s6 podg entender seus talentos particu―

lares como parte da capacidade de trabalho social E cxatamente no ambitO da prO―

ducaO intelectual quc o atraso da sociahzagao dO prOcesso de trabalho mais se ma―

nifesta agora, climinando qualqucr justificativa da c対 stencia de uma divisaO de tra_

balho s6cio― hierarquica entre “produtores'' c ``adnlinistradores", ou entre criado―

res``rnateriais''rnal pagos e criadores“ intelectuais''bem pagos.44

Mas o desafio objetivo― ―que se avulta no interior da sociedade burguesa tar―

dia――a divisaO capitalista do trabalho e a sua fOrma cspecifica de manifestacao, o

carater de mercadona da fOrca de trabalho, assume tarnbё m outra fo111la ineSpera―

da.Mas tambOm aqui as analises de Marx se conirmam“ A forca produiva dO in_

divrduO emancipa― se cada vez mais do csfor9o fisico e nervoso(alienacao de ener_gia)e toma_se cada vez mais uma funcao do equipamento tCcnico ou cientrficO e

da qualificacaoに cnica ou cientrfica. A conseqiiencia disso O quc as fronteiras entrc

tempo de trabalho c tempo livre comecam a se tomar luidas.O resultado obieivodo trabalho nas empresas e ramos da indistria mais desenvolvidos tecnicamentetorna―se uma funcao da atencaO e dO interesse concedidos pe10 cmpregado a suaati宙dade A atencao c o intereSse mantOm uma relacao inversa a duracaO dO tern_po de trabalho c a scu grau dc alienacao,c saO uma funcaO direta da possiblidade

de auto― afiHllacao e de autOdeterminacaO pOr meio do trabalho coletivo irnedia―t。 .46 Na verdade esta sc aproxirnando a situacao em quc a produtiυ idade do traba―

lhO dependc mais c mais dο aurnento do tcmpο ′iυre,tempo livre tanto no sentido

de tempo para aprender quanto no scntido de tempo para desenvolver Os talen―tos, aspira96es e desaOs individuais,que sao os inicos fatores quc podem estimu―

lar o interessc c o trabalho potencialrnente cガ a,iυο. A reducao do trabalho mecanl―

camente repetiivo, viablizada pela automacao cOmpleta, acabara, por sua vez,com as medidas estritamente quantitativas de tempo dc trabalhO― ―os melos hist6-

ricos de arrancar de cada produtor a rnaior quantidade poss'vel de mais― valia.

A organizacaO dO trabalho tipicamente taylonsta, baseada na linha de monta―gem e no fraclonamento do trabalho no intenor da fabrica, naO cOrresponde a nc―nhuma necessidade absoluta de carater tё cnico ou cientricO, nem a nenhuma ten―tatva de cconomia maxima dO trabalho vivo.S6sc harmonizava com o obieiVOcapttα lista de combinar uma severa reducao dos custOs de producaO cOm O aumen―to rndxirno de mais― valia ou lucro para as empresas quc usavam essas tOcnicas. Is―

so irnphcava a necessidade de controle e regulamentacao completos do prOcessode trabalho de cada produtor inditidual, e sua reducaO a uma peca quase mecani―ca c facilmente quanilcavel dO sistema global de maquinas.47 MaS em fabncas par_cial ou totalrnente automaizadas, a fungao de cOnservar o capital, desempenhadapelo trabalho vivo, torna― se mais importante do que sua funcao de prOduzir mais―valia, pois essas fabricas(firrnas)apropriarn― se essencialrnente de fracOes da mais―

valia social efetivamente geradas em outras firmas A maquinaria enollllementc

」4 os soc161ogos burgueses ainda se apegam ao mito da`lgnorancia'' dOs trabalhadores,ou de sua“ sensac5o de igno‐

ぬndざ ',pan Ⅲ壺iCa ou pepdua a hα aqma sodd,c■li雪:きふ iご

3瑶:鷲冒]誂 瞥 ‰ 漁『 9Ъ:響デQH°‐

ROWITZ,1■ ing Louis ``La Condulte de la Ciassc Ouvnё re a

“Ver a famOsa pasagem de Crund"“ o,quc,a cltamOs: ``A poupanca de tempo de tabalho(ё )igual ao aumento do

tempo livre, istoり ,tempo para o pleno desenvol、 imento do indlvは uo,o que,por sua ve2,V01ta.a inluenciar a capaci‐

dade produtlva do trabalho como a maior das forcas produtlvas''(p 711)46 As tentatvas de introduzir a semana de quatro dias nOs Estados Unidos, co ``dia m6vel de tabalho'' nOs Estados

Unidos e na Suica,aumentaram a produtlνidade do trabalho Mas esses esquerrlas sao sempre determinados pela pres‐

s5o para aumentar a lucratlvidade(de Outro mOdo, nao senam intOdu21dOS)Ou por condic6es mOnopolistas especlll―cas Ver,por exemplo,GOMOLAK,Lou``Quattro Giomi di LavorO e tre di Festa"In:Espansiο nc Abrll de 197147 Andrё Gorz esta certO ao enfatセar isso em seu ensaio ``Technique,Techniciens et Lutte de Classe" Ini C",9ue de

lα Diυ lsiOn du Traυ αiI Parls、 1973

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A CRISE DAS RELAcOES DE PRODUcAO CAPITALISTAS 407

complexa c cara quc necessita de manutencao e reparOs feitos nessas fabricas pelo

trabalhO vivO demanda grande atencao e perrcia, quc nao podern ser adquiridasde maneiraぬo mecanica c rapida. POr conseguinte, a alta rOtatividade do trabalhOc a indiferenca geral pelo trabalhO e pelas maquinas ameacam o capital nessas fa―

bricas――bem como nas fabricas quc lidam com matenal de precisao, quc exigema maxirna atencao relativamentc a qualdade de seu prOduto Nessas circunsttn―cias, nao foi apenas o obietivO de ``reduzir as tens6es sociais'' c assirn reduzir os

pontos de cxplosaO da crise global das relag6es de producao capitalistas, mas tam―

bёm fOi 0 0biCiVO mu■ o maお d士cto de ma対 mizacao do lucrO,que levou os em―presariOs a cxperimentarem tOcnicas de ``enriquccirnento do trabalho", de maiormoblidade do trabalhO dentro da fabrica, de supressaO das linhas de montagemetc.48 MaS eVidentemente a cxtorsao de mais― vaha e de sobretrabalhO nunca desa―parecera sob as relac6es capitalistas de reprOducao, naO irnpOrtando O quantO ela

saa camunada pelo capitalismo tardioA divisao sOcial dO trabalhO caracteristica do modo de produ950 capitalista― _

a di宙 sao entre prOdutores de mais― valia c todos Os quc ampliam ou asseguram oprocesso de expansao do capital__ detellllina uma cstrutura hierarquica nO intc―

rior de cada empresa,bascada rlo cumprimento ngOrOso da rac10nalidade parcial edo principlo de rcahzacao. As tendencias Objetivas a socializacao c maiOr qualifica―

9aO dO trabalho, inerentes a terccira revolucaO tecno16gica, chocam― se inevitavel―mente,e de forrna particularrnente vlolenta,corn essa hicrarquia.

A10m disso,a capacidade sOcial de trabalho nao ё hOic a atiVidade de prOduto―res livremente associados,autO―administrada e conscientemente dirigida, istO ё, pla―

neiada de fOrrna democratica c ccntralizada; cal, ao contrario, c mais do que nun―

ca, sob o poder central de uma corrente vertical de comandO. Mas essa cOntradi―

950 0 0 Calcanhar de Aqulles do capitalismo tardio,rnesmo nos perrodOs da``ascen―saO mais favoravel'', do crescirnento``rnais rapidO" e dO consumo de massa “maisintenso". Pois quanto mais o trabalho se torna obletivamente socializadO e depen―

dente da c00peracao consciente, rnenos ocorrem aquclas insuficiOncias imediatas,c quanto malor o nfvel de educacao e qualificacaO modia do produtor tl)iCO― ―tan―

to mais intoleravel para a massa dc assalariados sc torna a subordinacaO tocnica c

diretamente organizativa do trabalho aO capital, bem como sua subordina950 so―cial e ccOnOmica.

A cnse das relac5es de producao capitalistas encontra sua expressao 16gica na

cnse de autOridade dO cmpresario e da cstrutura da empresa. Embora O capitalsempre tente estaclonar ou lirnitar essa cnsc,49 surge uma nova tendencia nas lutas

de classe cotidianas, capaz de transforinar os conlitos enfrentados em pontO departida de movirnentos anticapitalistas de massa. A enfase da luta de classes deslo―

ca―sc cada vez mais da questaO da divisao dOs valores novos criadOs pelo trabalhoentre salariOs e mais― valia para a questaO dO direito ao controle das lndquinas e daforca de trabalhO. O nimero de disputas trabalhistas imediatas detonadas por rc―

voltas conta a cstrutura da empresa cresce constantemente;hoc em dia Os traba―lhadores negarn cada vez mais o direito que tem os empregadores de reduzir O nd―

mero de cmpregados, de mudar as mdquinas e as normas, de estabelecer o ritmo

48 ver a interessante andlise da organlzacao dO processo de trabalho na ttb● ca italiana da lBM em Per La C"tica DellaOeanレz●zione dο l Lα υοro Fevereiro de 1973: sobre as expenOncias na Norsk Hydro e na VolvO, respecivamente,ver Lc Monde 5 de abnlde 1972;e Neu● Zurcher Zaitung 16 dejunho de 197449 Daf as tentatvas cada vez mais freqientes do grande capital para neutalセ ar o poセ ncial revoluciOndiO desse novodesenvol,imento da luta de classe `て espontanea'', com esquemas de “paぬ cipac5o'' Ou ``cogestao'' dOstlnados a cOn―

verte 10 em instrumento positvO dO planelamento econOmico do capitalismo tardlo Os revoluciondios mar対 stas lu―

tam, `claro, pelo cOntole dos tabalhadores enquanto poder de vetO sem nenhum interesse pelo lucr。 (pela ``solida‐hedade de classe,e n5o pela lucratlvldade da empresa'')

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408 A CRISE DAS RELAcOES DE PRODUcAO CAPITALISTAS

da linha de montagenl, de alterar a organiza95o do trabalho, de revisar o sistema

de pagamento dos salariOs, de aumentar a lacuna entre os salarios mais altos e osmais baixos(ou rnё diOS)da fabrica e de fechar fabricas.50

Mas o modo de prOducao capitalista nao consiste cm unidades de producaoque se combinam umas com as outras de maneira frouxa c acidental.O grau de so‐

cializacao ObletiVa dO trabalho criado pelo capitalsmo impossibilita econOmica e so―

cialrnente quc a classe operaria reconquiste os melos de produ9aO pOStos a funclo―

nar apenas dentro da cmpresa.51(⊇ uandO representa os interesses coletivos do capl―

tal,a acao dO Estado capitalista tardlo,ao intervlr repetidamente para controlar a sl―

tuagaO dO trabalho e os nlveis de renda da classe operana(lrnpostos e iniacao,pO―

litica de emprego e c"dito, comOrclo exterior ou decis6es relativas a agnculturaCtc.),C uma fonte permanente de educacao p011●ca para o prolctanadO.A inteA/en―

95o estatal,com efeito,treina a classc operana para as follllas mais elevadas da lu―ta de classesi para a conquista do poder polltico e controle dos melos de produ―

9aO, para a abolicao do mOdO de producao capitalista c a dissolucaO gradual dacconornia monettria e de mercadorias e da divisao social dO trabalho. A contadi―

950 Crescente entre o trabalho obietiVamente socializado e a apropnacao privadanaO o detellllinada apenas pela terccira revolucao tecnO16gica,pela necessidade ca―

da vez mais premente de trabalho altamente qualificado e pelo alargamento do ho―

rizonte cultural e polftico da classe operaria, mas tarnbOm pelo abismo entre aabundancia pOtencial, por urn lado, c a alenacaO e reificacao efetivas, por outro.

Enquanto na Opoca do capitalismo c16ssico o principal impulso das lutas dos traba―

lhadores provinha da tensao entre O presente c o passado, hoie reside na tensaoentre o real e o poss"el.

Comparados a abundancia potencial e ao desenvol宙 rnento possivel das capa―

cidades criadoras do indivrduO, a fadiga crescente provocada pela prOducao semsentido de artigos inferiores,52 。s sentimentos de ansiedade experimentados igual―

mente por trabalhadores e capitalstas,resultantes da supressaO da ati宙 dadc espon―

tanea e da difusao de uma inseguranca generalizada, mais a compulsao a se ``cOn―

foHllar'' ca ``ter sucesso", CaraCterttica da sociedade burguesa, a solidaO cada vez

malor da vida social e a frustracao crescente com a publicidadc e a diferenciacao

de produtos, o cstado de deterioracao do transporte de massa, a decadOncia dascondig6es de moradia c o estrangulamento das grandes cidades estao se tOmandOcada vez mais insuportaveis. No cxato momento cm quc o autodesenvolvimentodo indivrduO sOcial deveria ser incomparavelrnente mais facil de cOnseguir do que

antes,sua realizacao parece dcsvanccer― se cada vez mais.

Para Marx,a ahenacao ё tambёm uma categona OtteuVa,e naO apenas umacategoria suttetiVa Mesmo o indivrduO alienado da consciencia de sua pr6pria alie―

nacaO cOntinua alienado. Essa condica0 0betiVa cOnstitui― sc, a longo prazo, numa

realidade mais poderosa do quc todas as tentativas de manipulaca0 0u integracaoda classe operaria industrial;no capitalismo tardlo,leva os assalanadOs a uma cons―

ciencia cOletiva da alienacaO cOnstante a quc esぬ o suicitoS, C assirn cna as condi―

90es para a autollbertacao socialista.MesmO numa situacaO de ma対 ma“prosperi―

dade", cssas contradic6es fundamentais do capitalismo mosttararn― se inso16veis e

乱誡讐鰍都t臨鴫:脊簡ぷ鶴願鰐EI乱:鑑鍛煩鳶i垂:ξI瀾Ver,por exemplo,a penetrante andlise de Emma RothschFsica na ttbnca ultramoderna da General Motors em Lordstown(OhiO)Neω Yo法 Reυ :etl・ or Boo魅 23 de marco de

197251 ver nossa introducaoさ antOlogla,Con″ oセ Ouυ″eら Cοnseils Ouυ

"●

ハ,Autog‐″on Pans,197052 Todo ano, 20 milh5es de norte― amencanOs ferem se em acidentes de trabalho a ponto de precisar de tratamentornё dco Cerca de l10 mil icam permanentemente incapacitados e 30 mil morrem em conseqtencla desses acidentesO custo ecOn6mico ё supenor a 5,5 bilh6es de d61ares anualmente

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A CRISE DAS RELAcOES DE PRODUcAO CAPITALISTAS 409

lrredutiveis em nossa Cpoca. A longo prazo, o trabalhador nunca estara satisfeito

com horas de trabalho que parecem perda de vida,com um processo de trabalhOque parece trabalho forcado e com uma cmpresa cuia estrutura nao lhe cOncede

sen5o a condicao de subOrdinacao.

Urna prOfunda crise das relacOcs de prOducao capitalistas torna‐ se evidentequando os trabalhadores desafiam a autoridade dos empregadores nas empresascom a luta na pr6pria fabrica. Mas hoic a massa dc assalanadOs contesta cada vezmais os valores fundamentais e as prioridades do modo de prOducao capitalistatarnbOm a nivel social. Esse``processo de contestacaO" giobal,di● gido cOntta as re―

lacδes de producaO capitalistas como um todo, assunllu atё agoraせ Os fOlillas prin―

cipais,na rnedida crn quc entramos ern urn novo perlodo de rev01uc5o sOCial:

1)Ataquc critico a contradi9らo entre a crescente abundancia de bens de cOn―sumo e o subdesenvol宙 mentO mac19o do consumo social rsctticos coreオ :υ。り.oagudo contraste cntre csses dois fatores, reconhecido hole atё mesmo pelos libe―rais,53 contribui para a inseguranca crescente das ideologias burguesas e pequcno―

burguesas bascadas na glorificacaO da ``ccOnOmia livre de mercado" e dO ``estadodo bem―estar social''. O grau crescente de necessidades, dete111linadas pe10 desen―

volvirnento das forcas prOdutivas e pela onda longa cxpanslonista que vem desdea Segunda Cuerra Mundial, cOncedeu uma irnportancia cada vez maior a certosservlcos――Sande, mOradia, educacaO,transpOrte local,fOrias― ―n5o apenas na es―trutura``obeiva''dO cOnsumo,mas tambOm na consciencia subeuva dos trabalha―dores. POr sua pr6pna natureza,essas necessidades s6 podenl ser atendidas rnargl―

nalrnente pela produca~o mercantil capitaristai essa O, na verdade, a razaO pela qual

elas sao sistematicamente ``subdesenvolvidas" pela economia p● vada capitalistaMas esse subdesenvolvimentO, por sua vez, intensifica a pressao das massas nosentido de sua satisfacao econornica basica e potencialrnente eleva a demanda decompleta socializacao dOs custOs de satisfacaO dessas necessidades. Dessa manol―

ra, tende a surgir uma luta por nova foIIna de distribuicao prOfundamente contra―

na ao modo de producao capitalista, baseada na satisfacao 6tima das necessidadese na completa clinlinacao do mercado (servi90S gratis de sa`de, 廿ansporte local,moradia etc.).As dedarac6es do politico ingles Powell,de quc as necessidades decuidados modicOs sao ``ilirnitadas" e por isso scu pre9o devena ser deteェ 11linadopor uma “economia livre de mercado",54ja S50 cOnsideradas barbaras pela malo_ria da populacao de muitos paises industrializados,senao pela rnaloria deles.

2)Desalo frontal aOs mecanismos que determinam os invesumentOs.No mo―do de producao capitalsta, o capital teoricamente lui dos setOres que realizamuma taxa de lucro inferior a mё dia para os setores quc rcalizam uma taxa de lucrosuperior a modia. COmO as vantagens tecno16gicas(e situag6es de monOp61io tec―no16gicO)facllitam os superlucros,a doutrina oficial afirrna quc o mode10 de investi―

mentos setoriais geralrnente promove a eficiencia c a raclonalidade da ccOnOrniaglobal.Na prauca,cOmo宙 mos,os invesumentOs estrategicamente decisivOs dasgrandes empresas desviaram― sc cada vez mais dessas noHHas de alocacao. cOndi―

53 0 1ivro de Galbraith,AFluent SoCie″,bem COmo os esfOrcOs do cfrculo de Nader,nos Estados.Unidos,exerceram

grande lnluOncla nessa questao54 Esse argumentO apenas revela o absurdo da ideoloja econOmica “ortodoxa" burguesa Sera que realmente pode―mos acredltar que as pessoas tomam“ cada ve2 maiS''remё dios e icam“ cada vez mais tempo''no hospital apenasporque essas mercadonas e seMcos ttO diStnbuldos gramitamente com base nas necessldades?Esse excesso de con―sumo nao preludicana a sande?seu car6ter irracional nao poderla ser inculcado nas massas atravё s da educacao emlarga cscala?Naoこ exatamente a 16oca da ma対 m12a950 do lucro e da economia de mercado,cOm seu sistema de pro―paganda e comunicacao (para nao lalar de escapismo inconscionte), que cha a pr6pia nocao desse excesso de consu‐

mo dO capitalismo?

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410 A CRISE DAS RELAcOES DE PRODUcAO CAPITALISTAS

96es rnonopolistas e ol19opohStas de mercado ha muitO acabararn corn a apro対 rna―

caO relaiva entre o sucesso de mercado c a produti宙dade do trabalho. A subven―

9aO estatal, a garantia de lucros mOnopolistas concedida pelo Estado c a iniacaopellllanente exercem uma inluOncia direta sobre as decis6es de investimentO dasgrandes empresas, com muita freqtiOncia cm sentido diretamente contariO a raciO_

nalidade econOmica. A16gica da “concorFOnCia monopolista'' e do `つ ogO concor―rencial'' tern muito pouco a ver com a reducao sisternatica dOs custos de producao

dC hOiC. Nessas circunsttncias, as grandes massas assalariadas consideram cadavez mais inaceitavel quc as decisocs de investimentos, tomadas por um punhadorninuscu10 de diretores das grandes empresas, deterrninem o emprego, a renda cmesmo o domicrliO de cenセ nas de milhares de famlias.A socializacao das deci_sOes dc investimento――c a apresentacao piblica das p五 ondades sOciais subiaCen―tes a essas decis6es――logo se tomard uma c対 gOncia proletana tendendO a demo―lir as relac6es de prOducao capitalistas

3)Denincia popular da contradicao entre a reiterada dependencia das gran―des empresas relativamente a subven96es, contratos e auda do Estado cm perFo―dOs de recessao,c a c10sa presorvag5o do sigilo bancariO e comercial dessas emprc―

sas.55 A exigOncia da aboli95o do sigilo bancario, de publicacaO das cOntas, dO cOn―

trole operariO sObre a producao na oficina, na fabrica e na sociedade comO urn to―

do, esta hoe ganhando fOrca. Essas e対 gOncias tambOm ameacam diretamentc asrela9oes de prOducao capitalistas, pondo radicalrnente em quesほ o a propriedadeprivada, a cOncOrrOncia c o con廿 ole do capital sobre a forca de trabalho e Osmeios de producaO Ao mesmo tempo, a tendencia a integra95o dos sindicatoscom o aparelho estatal do capitalismo tardio,c a restrigao Ou abOlicao da liberdade

de negociar os salarios, dete111linada pelo custo das empresas,pelos proietOS de in‐

vestimentos e pelo planaamento econOrnico para o capital total, defronta― se comuma resistOncia cada vez rnaior.

Finalrnente, a crise contemporanca dO Estado nacional burguOs nao pode serseparada da crise das relac6es de producaO capitalstas. A cresccnte internaclonali―zacaO das fOrcas produtivas, as necessidades eno=:Hes e insaisfeitas das massas se―

rnicoloniais c a difusaO global da ameaca ao meio ambiente tornam irnperativo umplanelamento consciente dos recursos econOmicos ern escala mundial.E nao se pO_

de separar a sobrevivencia do Estado nacional da concorrencia imperialista e pro―

ducaO capitalista de mercadorias. N5o pode subsistir na esttutura do modO de pro―

ducaO capitahsta, da mesma forrna quc nao pOdern subsistir a manufatura de mer―cado● as inttteis ou perniclosas, a ociosidade de recursos financeiros gigantescos, a

recorrOncia do desemprego ou a subutilizacao sistemaica de maquinas e outrosmelos de producao.

Todos esses terrfveis problemas cOntinuarao insOliveis enquanto o controledas forcas produtivas nao for arrancado das maos dO capital A apropriacaO dOsmeios de producao pe10s produtores associados, sua aplica95o planeiada a pnOri―dades democraticamente deternlinadas pela massa dos trabalhadores, a reducaoradical do tempo de trabalho como um prC―requisito da auto― adnlinistracao ativa

da economia e da sociedade,c o fim da prOducao mercan● l e das relac6es moneta―

rias sao passOs indispensaveis para sua solucaO A abol195o final das relac6es dcproducao capitalistas sera o Obe[vO Central do mo宙 mento revoluclondrio das mas―

sas prolebrias intemacionais que sc avizinha

“Ver,por exemplo,a indignacao popular na Franca depois da desvalonzacaO dO francO em 1969:a proposta de circu‐

los bu,9υ

“o, de que os especuladores que transfenraln seu capital para o extenor antes da desvalo麟 φo deverlam

ser processados,foireleitada por pequena malona parlamentar

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Glossdttο

AcuMuLAcAo DE CAPITAL.Aumen―to do valor do capital pela transforma95ode parte da mais― valia em capital adicio―

nal A parcela de mais― valia que n5o O acu―

mulada sord irnprodulilvamente consumidapelos capitalistas ou por seus dependen―

tes

AUMENTO DA MAIS‐ VALIA ABSOLU‐TA.Aumento obido pelo prolongamentOdo dia(ou semana)de trabalho sem umaumento propOrclonal dos salanos dOs prO_dutores diretos.

AUMENTO DA MAIS‐ VALIA RELATI‐VA.Aumento obtido por uma reducao daparte do dia(ou semana)de trabalhO du―rante a qual o trabalhador reproduz o equi―

valente a seu salariO sem uma reducaO glo―

bal do dia(ou semana)de trabalho,o qucse conseguo atravё s de um aumento daproduti宙dade do trabalho na ag五 cultura e

nos ramos da indus饉a que produzembens de consumo para a classe operana

BURGUESIA COMPRADORA.Setorda classe dirigente dos paises coloniais e

semicoloniais quc, embora possuindo eacumulando capital, estt intimamente liga―

da ao irnpenalismo estrangeiro, cspecial―

mente por meio das fungOes intermedia―rias do capital comercial(lrnportac6es e ex―

portacOes), e que nao costurna dedicar‐ se

ao investimento indusMal.

CAPACIDADE COLETIVA DE TRABA‐LHO.Soma de todo O trabalho manual eintelectual indispensavei numa fabnca ca_pitalista moderna para que ocorra o pro―

cesso de producao fisica Por extens5o: acapacidade social coletiva de trabalho O a

soma do trabalho manual e intelectual adispos195o da sociedade comO um todopara a organizagaO de sua vida ecOnOmi―

ca A producao mercanlil e a vigOncia dalei do valor surgem da fragmentacao des_sa capacidade social coletiva em trabalhosprivados executados independentementeuns dos outros Sob um sistema de produ―

9aO de va10r de uso(o cOmunismo primii―vo, ou o comunismo futuro, por exem―p10), OS prOdutores associados dividemconscientemente essa capacidade socialcoletiva de trabalho entre as diferentes es‐

feras de producaO c atividades cOmunais.

CAPITAL.Valor de trOca que procura au―mentar ainda mais de valor O capital sur―ge pnmelro numa socledade de pequenosprodutores de mercadorias sOb a forma depropriebrios de dinheiro (cOmerciantes ou

usurd五 os)quC intervOm no mercado com0 0beiVO de comprar mercadonas a imde revendO― las com lucro.

CAPITAL CIRCULANTE.Parte dO capi―tal constante usada para cOmprar matO―rias―primas, cnerga e produtos au対 liares,

mais o capital necessariO para comprarfoKa de trabalho

411

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412 GLOSSARIO

CAPITAL CONSTANTE.Parte dO capi―tal usada para comprar prё dios, rnaquina―

五a, matё nas―pnmas ou energia, ec可 o Va―

10r perFnaneCe constante porque se incor―pora ao valor das mercadorias finais e se

conserva pOr melo da atividade da for9ade trabalho

CAPITAL FIXO.Parte do capital constan―te usada para comprar prOdios e maquina―na.

CAPITAL PRODUTIVO.Parte do capitalsocial investida enl setores onde se produz

mais―valia diretamente C)capital irnprodui―

vo,assirn como o capital comercial ou ban―

cariO, pode adquinr parte da mais― valia so―

cial total porque isso ajuda a reduzir o tem―

po de rotacaO dO capital,ou a amphar o al―

cance da producaO pOr rnelo do crё dito pa―

ra a10m dos limites operantes do p"pno ca―pital produivo, c assirn contribul indireta―

mente para o aumento de rnais― valia

CAPITAL VARIAVEL. Parte do capltalusada para comprar forca de trabalho (pa―

ra empregar os trabalhadores)e culo va10rprovё m da mais― valia extrarda dessa forcade trabalho pelos propnetanos de capital

CAPITALISMO MONOPOLISTA(IMPE‐RIALISMO).Fase de desenvolvimentO domodo de producao capitalista em que umaumento qualitativo da cOncentracao ecentraliza950 dO capital leva a chmina950da concorrOncia dos pre9os de toda umasё●e de setores―chave da indisMa, emque saO feitos acOrdos mOnopolistas, nosquais umas poucas empresas dominamcompletamente um mercado ap6s outro,onde o capital bancario se funde cada vezmais com o capital indusMal, forrnando ocapital financeiro,onde uns poucos e gran―

des grupos inanceiros dominam a econo―mia de cada paFs capitalista;esses monop6-

lios gigantescos dividem entre sl os merca―

dos mundials de mercadonas― chave e aspOtencias impenalistas dividem O mundoem irnpOrios coloniais ou areas de inluen―

cia senlicoloniais Uma tendencia a “regu―lar'(isto c,hmitarl os invesumentOs e aprodu95o noS Setores monop01lzados vigo―

ra a panr dar, a despeito do surgirnentodos superlucros monopolistas, de maneiraquc o excesso de acumulac5o leva a umabusca frenOtica de novos mercados para oinvesimento de capital,e daF ao crescirnen―

to das exportac6es de capital

CENTRALIZAcAO DE CAPITAL.Fus5ode diversOs capitais sob um unicO conttole

comum

COMPOSIcA0 0RCANICA DO CAPI‐TAL.RelacaO tocnica ou ffsica entre o cOn―junto das m6quinas,maFHas― pnmas e tra‐

balho necessd五 o para produzir mercado―rias com determinado nfvel de produtivida―

de, c a relagao de υa10r entre capital cons―tante e capital vandvel deternlinada pOr es―

sas propor96es fisicas.

CONCENTRAcAO DE CAPITAL. Au―mento de valor do capital em toda empre―sa capitalista irnportante em consequencia

da acumulagao e da cOncOrrencia(elimina_

9aO de empresas menores e maお fracas)

CRISES DE SUPERPRODUcAO.Inter―rup90es pen6dicas do processO de reprO―duc5o ampliada, ocorrendo classicamentea cada 7 ou 10 anos, ocasionadas poruma queda da taxa de lucro, o que deter―mina uma baixa nos investimentos e nonivel de emprego:durante essa cnse,O ca_pital empregado na prOducao de mercado―

rias nao pode ser inteiramente recupera^do, porque parte dessas mercadonas idnao sera vendida, ou s6 pode ser vendidacom preluizo.As crises de superprodu95osaO uma fase necessaria nO padraO nor_mal da prOducao capitalista, que passa su―

cessivamente por ascensao, bOom, supera―quecirnento,cnse e depressaO industtais.

DEPARTAMENTO I.Ramos da produ―caO capitalista que fabricam melos de pro―duc5o (rnatёrias―primas, energia, maqui_nas e ferramentas,prё dios).

DEPARTAMENTO II.Ramos da produ―caO capitalista que fabncam meios de con―sumo (bens de consumo), que reconsti―tuem a fo、 a de trabalhO dos prOdutores di

retos e contribuem para a manuteng5odos capitalistas e de seus dependentes

DEPARTAMENTO III.Ramos da produ―9aO capitalista que n5o enttam no proces―so de reprOduc5o― ―isto C, nao renOvamnem o capital constante nem o capital va―

riavel, cOmo, por exemplo, a producaO deangos de luxo consumidos exclusivamen‐te pelos capitalistas, ou a produ950 de ar―

mamentos

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DESVALORIZAcAO (ENTIMERTUNG,Processo pelo qual o capital perde partede seu valor, e que assume duas formasp五ncipais durante uma crise capitalista Pri―

meirai em decorroncia da queda do valor

(pre9o de producaO)das mercadonas, es_pecialrnente dos melos de producao,O ca_pital investido nessas rnercadorias se desva―

loriza.Segundal enl cOnsequencia de falen―

cias comerciais e do fechamento de empre―

sas, grande parte do valor de seu capital ёdestrurda Esse capital fazia parte do capl―

tal social total, quc assirn perde uma fra―

c5o de seu valor agregado

DINHEIRO.Mercadona c可 O va10r de tro―

ca cxpressa o valor da troca de todas asoutras mercadonas O dinholro e o equiva―lente geral do valor de todas as outras lner―

cadonas.

INTERPENETRAcAo INTERNACIO‐NAL DE CAPITAL.Centralizacao de capl―tal enl escala internaclonal

LEI DO VALOR.Mecanismo econOmicode uma sociedade de produtores privadosque disMbui a for9a de trabalho total a dis―

pOS1950 da sociedade(e assirn todos os re―

cursos materiais necessaHos a prOducaO)entre os vanOs ramos de producao, pelamediacao da trOca de todas as mercado―nas por seu valor(por seus precos de prO―

du95o, no modo de producao capitalista)Sob o capitalismo,essa lei determina o pa―

draO de investimento――isto O,a entrada c

salda de capital dos diversOs ramos de pro―

ducaO, segundo desvlo de sua taxa de lu―cro especllca relativamente a taxa modiade lucro

LUCRO.Parte da mais― valia social que 0

apropriada por tOdo capital particular(to―

da empresa capitalista)

MAIS‐VALIA.Forma monettna assumi_da pelo sobreproduto social numa socieda―

de de prOdu95o mercantil Numa socieda―de capitalista, a mais―valia ё produzida pe‐los trabalhadores assalariados c apropna―

da pelos capitalistasi em outras pala、 ras, 0

a diferenca entre o novo valor cnado pe10processo de prOducao e o custO de repro―

du95o da forca de trabalho (ou valor daforga de trabalho)Em `ltima andlise, re―

GLOSSAR10 413

presenta trabalho nao pago apropnadO pe_

la classe capitalista.

MODO DE PRODUcAO CAPITALIS‐TA. PrOduc5o mercantil generalizada, On―de os produtores diretos foram desapro―priados de seus melos de producao c,pOrconseguinte, tem de vender sua forca detrabalho (a unica mercadoria que aindapossuem)aqueles que dispOem dOs melosde producao TantO a for9a de ttabalhoquanto os melos de producac transfOrma―

ram―se em mercadorias Os melos de pro―du95o,por sua vez,transformam‐ se em ca―

pital――aumentando o valor de troca coma mais― valia cnada pelos produtores dire―

tos e apropriada pelos donos dO capitalUrna sociedade dominada pelo modo deproducao capitalista divide― se basicamenteem duas classesi a classe capitalista, que

monopoliza os meios de producaO, e oproletanadO, que C ob五 gado economica―

mente a vender sua forca de trabalhO.

PAISES SEMICOLONIAIS.Na9oes capl―talistas que sao p011● camente(forrnalinen―

te)independentes, mas cttas eCOnOmiasconinuam dominadas pelo capital imperia―lista internaclonal

PRECO (PRECO DE MERCADO).Ex―pressao mone6● a do valor de ttOca deuma mercadona, que Osclla enl tomo des―se valor segundo as leis da oferta e da prO_

cura.

PREcOS DE PRODUcAO.TransfOrma―95o do valor das mercadorias por melo daconcorrOncia entre os capitais,que tende a

nivelar a taxa de lucro de todo capita1 0resultado desse processo de nivelamento ёque determinado capital nao se aprop五 ado volume total de mais―valia produzidapor“ seus'' trabalhadores, rnas sirn de par―

te da mais― valia social total prOporclonal a

fracaO dO capital social total que represen―

ta A soma de todos os precos de produ―

caO c igual a sOma de todos os valores,porque no processo de concorrencia e ni_

velamento da taxa de lucro nao o possivelcnar mais―valia adicional, nem o possivel

destruir nenhuma parcela da mais― valia so―

cialrnente produzida.

PRODUCAO SIMPLES DE MERCADO‐RIAS.Sistema econOmico em que os pro―dutores vendem os produtos de seu traba―

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414 GLOSSAR10

lho no mercado, mas cOninuam sendoprop五 etanos, Ou tendo acesso direto a

開惑c∬翼e幌鍛 魂五&遇誤u舅寵

盤:e」撃::1鯛:SなeReえよ盟Fο留!

:見:r ::Stttliplzl漢 ::1:Plξ 凱:is晨昇I:::li鍵ぶ躙鳳肝

am"r∞眺a

PRODUTIVIDADE SOCIAL MEDIADO TRABALHO.Nfvel de prOdui宙 dadedo trabalho com o qualse prOduz a merca―dOna mёdia em tOdO ramo de produ95oirnportante Uma pequena quantidade debens sera prOduzida abaixO dessa mOdiapor firmas “atrasadas", c uma pequenaquanidade sera prOduzida com um nivelsupe●or de prOdutividade por irmas“avancadas"

REALIZAcAo DA MAIS‐ VALIA.Maお ―

vaha prOduzida pe10s trabalhadores no pro―

cesso de produ950 e portanto contida nasmercadonas assirn que essa producaO se

廠 督 :楡hXs普『

λぷ :T騰 ま。性

em outras palavras, depois que as merca―dOnas em quest5o foram vendidas Assim,a realiza95o da mais― vaha env01ve a vendade mercadorias a um preco tal de merca―do que parte ou toda a rnais―valia que cOn―

I慧12『

°SSa ser apropnada por seus possui―

器鮮 Lii錐 pttin拙瓢 :berada do Estado sob a fOrma de expan―

甜d° Crοdb'hnacao,。bras piblcas

電理P僕全露£L∬

tu‰』署蹴ζ闇:do mOnOp61io da posse da terra exercidO

鶏 c溜 府 驚 £::CTr糞ぉ器『 ::『蹴volume total de mais― valia prOduzida na

膀 _墨 :蹴認亀轟¶F糖]:α鷺condic5o prOVia de acesso a terra que pos―

suem.

RENDA DIFERENCIAL DA TERRA.

::r胤混需覧:出品測

'選

電意

destinadas especificamente a agnculturaOu a mineracao (ou os sucessivos invesi―

轟 握 l総 轟 静誇

[]澱131蠅導h澪:|まpolistas

轟Ⅷ躙・e:r駆譜dtte肥 :

rias, deternlinado capital empreende um

:晟i酬乳義魔督臨a陶鍵ふ稲:

盤£:C胤驚篤」L略電:Imi:」響肥 椒 t,醜棚 lm需甘

織化:輔撒撫署葬vestida) Reprodu950 reduzida significaquc o capital comeca um nOVO Ciclo cOmum valor menor que O dO cic10 anterior

(nao s6 toda a mais― valia foi consumida im―

produivamente, mas tambom a venda dasmercadonas naO reconstituiu o valor tOtaldo capital inicialrnente empregado em suaproducaO).

滋 齢 騨‰ ::i乱島 ∫猟禦 簡 attaまvalor de trOca, que oscia em torno do va―

lor da forca de trabalhO pOr rne10 da lei da

oferta e da procura c,em especiat pela re_gulamentacao do exorcito indusmal de re_

sewa,ou nfvel de desemprego.

2鷺零:器PY服1瀦‰ 僣¶:i肥 :

基基駆唾1鵬轟議nlvels no come9o do anO Numa socleda―de dividida em classes, o sobreproduto sO_

cial sempre ё apropnado pela classe diri―gente.

SOCぃLIZAcA0 0BJETIVA DA PRO‐DUcAO.Aumento da coOrdena950 tOcnト

■出dW雷:棚Ъlall総燎『懺

Page 415: Capitalismo Tardio - MANDEL

cada vez mais a nega95o do trabalho pnva―

do e da produgao privada dos quais nas―ceu ―― p●meiro dentro de fabncas isola―das, depois dentro de muitas unidades deproduc50 e ramos da indisMa,e inalinen―

te entre os parses

SUPERACUMULAcAO. Situacao emquc ha um volume signincativo de excesso

de capital na ecOnonlla, o qual n5o podeserinvesido a taxa mё dia de lucro normal―

mente esperada pelos donos do capital.

SUPERLUCROS.Todos os lucros supe―nores a taxa de lucro social rnё dia

SUPERLUCROS MONOPOLISTAS.Fomas especricas de mais― valia oHgina―

das pe10s Obstacu10s a entrada em determi―

nados setores da producao ヽ

TAXA DE ACUMULAcAo.Relacao en廿e a parcela acumulada de mais― valia e ovalor do capital que essa mais― valia aumen―ta

TAXA DE JUROS.Em pnmeira instan―cia, juro C aquela parcela da mais― valia

que os capitalistas produivos pagam aosprop●et6nos de capital inonetario a im deaumentar o alcance de suas operagOes pro―

duivas para a10m dos limites do capitalque eles pr6prios possuem Fヽ taxa de lu―

ros, por conseguinte, em cond190es nOr―mais e a longo prazo,permanece infenor ataxa mOdia de lucro Numa sociedade capl―talista, qualquer soma de dinheiro podeobter a taxa mOdia de juros ao ser deposi―

tada nO sistema banca●o,que centraliza aspoupancas disponiveis e as transforma em

capital rnonetaho

TAXA DE LUCRO.Rela95o entre a maisvalia c o volume total de capital constante

e vandvel empregado na prOducao dessamais―valia

TAXA DE LUCRO SOCIAL MEDIA.Rc―lagaO entre o volume total de mais― valia

produzida em deternlinada sociedade capl―

tahsta e o volume de capital

TAXA DE DEAIS‐VALIA.RelagaO entre amais―valia produzida pelo capital vaHavel e

o capital vanavel quc a produziui tambOm

GLOSSAR10 415

chamada de taxa de exploracao dO ttaba―lho assala五 ado

TEMPO DE ROTAcAO DO CAPITAL.Tempo durante o qual o valor de um capi―tal se recons6tui Normalmente, um ciclode producao e circula95o(venda de merca―dOnas)recOnsitui o capital circulante, en―quanto o capital fixo s6 se reconslitui ap6s

vanOs cic10s de produc5o e circula95o demercadonas

TRABALHO IMPRODUTIVO.TOdas asformas de trabalho assalariado que nao au―

mentam o volume de mais― valia sOcial,

maS quC aludam grupos especllcos de ca―pitalistas a se apropriarem de parte dessa

mais―valia,ou quc aumentam indiretamen―te a mais―vaha ―― por exemp10: trabalhoassalariado nO cOmOrclo, nos bancos Ouna administracao

TRABALHO PRODUTIVOo Numa socie―dade capitalista, C apenas o trabalhO queproduz mais―valia diretamente Essa con―cepcaO nada tem a ver com a de trabalhosocialrnente `61, em uma sociedade sOcia―

lista

VALOR DA FORcA DE TRABALHO.Soma dos valores de trOca de todas asmercadorias necessdnas para reproduzir aforca de trabalho do produtor direto e desua famlla Contom um elemento pura―mente isio16gco e um elemento moral hお ―

t6nco. Este ultimO o uma funcaO daquelasnecessidades dos trabalhadores consitur―das por um nfvel especfico de civlliza95o e

deternlinada relagao de fOrcas entre asclasses sociais, que passaram a ser reco―

nhecidos como parte integranセ de um pa―dぬo de宙 da normal

VALOR DA FORcA DE TRABALHOQUALIFICADA.Um miliplo do va10r dafo“ a de trabalho simples, incorporandoem sl os custos de produc5o da qualifica―

9aO em quest5o

VALOR DE TROCA.Valor pelo qual uma地go e ttocado no mercado. SegundO ateo五a do valor― trabalho de Marx (aperfei_

coada), o valor de ttoca de uma mercado―na こ determinado pela quanlidade sOcial―mente necessdna de trabalho n5o quahfica―

do indispens6vel para sua reprOdu9ao

Page 416: Capitalismo Tardio - MANDEL

416 GLOSMRIO

com deteminada produtividade modia so―cial do trabalho, e medido pelo tempo de廿abalhO (hOras Ou dias)necessario parasua producao

VALOR DE USO.UuHdade de uma mer―cadOna para a satisfacaO de uma necessl―dade especrfica de seu comprador Arigosque naO tom valor de uso para ninguCmnao p6dem ser trocados ou vendidos Porextens5o,a produ9ao pura e sirnples de va―

lores de uso, ao con廿 6●o da producao demercadorias, ё producaO de bens para oconsumo de seus produtores diretos, ouunidades coletivas desses produtores.

VALORIZAcAO (LCRWERTUNGり .PrO_cesso pelo qual o capital aumenta o seupr6pno valor mediante producao demais―valia. Marx apresenta o procOsso de

producao de mercadorias como uma uni―dade de dois processos distintos― ―o pro―

cesso de trabalho atraves do qual a fOrcade trabalho produz valores de usO, e oprocesso de valo麟 cao attavos do qual aforca de trabalho prOduz um va10r adic10_nal superior ao seu pbp五 o valor Essamais―vaha, embora chada durante o prO_cesso de producao, deve primeiro ser rea―

lizada pela venda das mercadorias, antesque O capital possa apropnar― se dela e as―

sirn aumentar efetivamente o seu pr6p● 0valor A traducao tradicional dessa pala―vra lVen〃θだun」 no Capitar cOm。 “auto―expansao'' dO capita1 0 enganosa, porqueabstrai o processo de trabalho que cria ovalor materialrnente, assirn conn0 0 proces―

so de realiza95o necessano para O capitalconsegulr sua “expansao'': pOr isso nao ausamos no Capitα rismo Tardio

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rndice

Apr“entacao dc Paulo Singer … .… .… .… ・…・…・…・…・…・…・…・…・… …

O CAPITALISMO TARD10

1ntroduca~o … .,… ……………………… ………………………………………・Cap.1-As Lcisdo Mo宙 mento c a Hist6na do Capital … .… .… .… .… …・…Cap.2-A Estrutura do Mercado Mundial Capitalista .… … .… .

Cap 3__As Tres Fontes Principais de Superlucro no Desenvolvirnento doCapitalismo Modemo .… … … .… .… … …・…・…・… …・…… 51

Cap. 4-_``Ondas Longas''na Hist6na do Capitalismo …… .… ……… ……… 75Cap.5-― Valorizac5o do Capital,Luta de Classes c a Taxa de Mais― Valia no

Capitalismo Tardlo .… .… … .… .… … …・… …・…・…・…・…… 103Cap.6-― ANatureza Especfica daTerceira RevolucaoTecnO16gica.… .… .… ・ 129Cap.7-― A ReducaO dO Tempo de RotacaO dO capital RxO c a PressaO nO

Senido do PlaneiamentO da Empresa e da Prommaφ O EcOnomica 157Cap.8-AAceleracao da lnovacao Tecn016gica.… .… ._・ ―・… … …・:。 ・ 175Cap.9-AEconOmiaArrnamentstaPc111lanenteeoCapitalismoTardlo._.… 193

1.A produc5o de amamentos e as dificuldades de realizac5o ....... 195

H A producao dc a111las e a tendOncia ao declinio da taxa de lucros 199

IH A producao de allHamentos c as dificuldades de valorizagaodo capital .... ..… ・…・・・ ・・・・…・…・・・・・・。・・・・・・・・・ ・・ ・

IV A cconornia allllamentista c as possibilidades de crescirnento a

longoprazo nocapitalismotardlo .… ……… .… ・…… ………・・・Cap. 10-― AConcentracao c CentralizacaO Intemacional do Capital.… ……… .

Cap.11-一 〇Neocolonialisrno e a Troca Desigual.… ……………………・……・

Cap. 12-― A Expansao do SetOr de Servicos,a ``SOciedade de Consumo"ca Realizacao da Mais― Valia .… … .… ……………・……・…………

Cap.13-A Innacao Permanente .… .… .… … .… ・…・…・…・…・…・…・―・

Cap.14-一 〇Ciclo lndustrialno CapitalismoTardio.… …………………………Cap.15-O Estado na Fase do Capitalismo Tardio.… .… .… ….1 … …・…Cap.16-― A Ideologia na Fase do Capitalismo Tardio .… ∴ .… ……………・Cap.17-一 〇Capitalismo Tardio como um Todo .… .… .… …・…・… …・―・・Cap. 18-― A Crise das Rela95cs deProducao Capitalistas .… … .… ……………Glossd"ο .… ._._.… ・…・…・… …・…・…・…・…・… …・… …・… …・…・

92

206

 

2. 2

2. 9

243

 

265

287

309

333

35.

367

393

4..

 

4. 7

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Composto c impresso nas oficinas da

Abril S.A.Culmral e lndustrial.

Acabarnento:Crrcu10 dO Livro S.AsaO Pau10__Capital

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