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CAPITAL SÓCIOTERRITORIAL, MICROCRÉDITO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL NO SERTÃO BAIANO
Sylvio Bandeira de Mello e Silva Programa de PósGraduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social Universidade Católica de Salvador. Email: [email protected]
Maria Olívia Vianna Berenguer Doutoranda em Geografia Universidade de Barcelona/ Espanha. Email: olí[email protected] br
As análises do capital social, aqui atendido como a expressão da capacidade
organizacional de uma determinada comunidade, coesa e solidária, em busca da
consecução de objetivos comuns, direcionados para o desenvolvimento, têm sido
feitas em diferentes contextos e escalas, o que demonstra sua grande abrangência e
relevância. Sua materialização se dá através da construção de uma forte
territorialização, ou seja, através da valorização do enraizamento territorial,
fundamental para desenvolver formas de cooperação institucionalizada, e orientar o
enredamento global. Isto significa minimizar os conflitos e maximizar os interesses
comuns. Com esta perspectiva, este trabalho prioriza o estudo da dinâmica social de
pequenos agricultores da região sisaleira da Bahia, uma das mais pobres do Estado,
em seu esforço de implantar uma alternativa de crédito, com assistência técnica
adaptada às suas condições ecológicas, econômicas e sócioculturais.
1. HISTÓRICO
O SICOOBCOOPERE – Sistema de Cooperativas de Crédito da Bahia
Cooperativa Valentense de Crédito Rural Ltda foi fundado em 3 de março de 1993, a
partir da iniciativa de pequenos agricultores da região semiárida, pertencentes à
região sisaleira do Estado da Bahia, Brasil, já organizados através da Associação de
Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (APAEB), antiga
Associação dos Pequenos Agricultores do Município de Valente. Esta associação
articulou a criação do SICOOBCOOPERE, considerando que o trabalho iniciado
com os pequenos produtores começava a delinearse como uma alternativa viável a
partir da combinação do crédito com assistência técnica adaptada às condições do
semiárido. O SICOOBCOOPERE, então, foi criado para atuar como intermediário
de programas de crédito do governo federal, repassados aos cooperados, e para
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financiar os agricultores, através de outras linhas de crédito, em face da
necessidade de diminuir o antagonismo existente entre o crédito e o agricultor
familiar da região sisaleira.
O SICOOBCOOPERE tem como principal objetivo proporcionar, através da
mutualidade, assistência financeira aos cooperados em suas atividades específicas,
com a finalidade de fomentar a produção rural, sua circulação e a produtividade das
lavouras e criatórios. Considerando sua modalidade social, poderá praticar todas as
operações ativas, passivas, acessórias e especiais, de acordo com as normas do
Banco Central do Brasil.
O SICOOBCOOPERE iniciou suas atividades com 340 cooperados e,
atualmente, possui 8.742 cooperados, distribuídos em diversas localidades: Valente
– 3.944 cooperados, Conceição do Coité – 1.101 cooperados, Capim Grosso – 849
cooperados, Retirolândia – 827 cooperados, Nova Fátima – 812 cooperados,
Quixabeira – 734 cooperados e Gavião – 475 cooperados (Figura 1).
No início de sua implantação, o SICOOBCOOPERE contou com a ajuda da
ONG CESI – Coordenação Ecumênica e de Serviços de Salvador, que liberou
recursos para a compra de equipamentos, e com a ajuda da II Canale – Società
Cooperativa di Solidarietà per lo Svilluppo, da Itália, que liberou recursos para capital
de giro.
A sede social e sua administração estão localizadas no Município de Valente,
Estado da Bahia. Conforme o estatuto, a cooperativa possui sete postos, distribuídos
nos municípios de Valente, Quixabeira, Nova Fátima, Capim Grosso, Conceição do
Coité, Retirolândia e Gavião, entretanto atua em 22 municípios do semiárido,
pertencentes à Região Sisaleira: Retirolândia, São Domingos, Santa Luz, Araci,
Ichu, Serrinha, Queimadas, Cansanção, Itiúba, Nordestina, Senhor do Bonfim,
Jaguarari, Gavião, Nova Fátima, Conceição do Coité, Quixabeira, Capim Grosso,
Campo Formoso, São José do Jacuípe, Monte Santo, Mairi e Valente, pois possui
cooperados que residem nestas localidades e utilizam os postos mais próximos das
suas residências.
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Figura 1 – Intensidade da atuação do SICOOBCOOPERE Fonte: Dados fornecidos pelo SICOOBCOOPERE, 2005 Elaboração cartográfica: Blinder, D. 2005
Atualmente, a cooperativa, como associada da Cooperativa Central de
Crédito da Bahia – SICOOB CENTRAL BAHIA, participa do Sistema de
Cooperativas de Crédito do Brasil (SICOOB), regendose, também, por suas
normas, só podendo demitirse com autorização da Assembléia Geral. As
cooperativas integrantes do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil são
independentes administrativa e juridicamente. No entanto, estão integradas
operacionalmente, funcionando como uma rede.
Segundo Oliveira et al (2005), o Sistema de Cooperativas de Crédito do
Brasil, é constituído por 15 Cooperativas Centrais, atuantes em 20 unidades da
Federação, dele fazendo parte 738 cooperativas singulares, com 763 postos de
atendimento cooperativos. Uma rede que beneficia, com seus produtos e serviços,
aproximadamente 1 milhão e 100 mil associados. Todas as Cooperativas de Crédito
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integrantes do sistema SICOOB utilizam a prestação de serviços financeiros e
acesso à compensação de papéis do Banco Cooperativo do Brasil (BANCOOB).
O SICOOBCOOPERE é uma cooperativa de crédito rural de
responsabilidade limitada, instituição financeira, sociedade de pessoas, de natureza
civil, sem fins lucrativos e não sujeita à falência. Regese pelo disposto nas leis de nº
4.595, de 31/12/64 e nº 5.764, de 16/12/71, nos atos normativos baixados pelo
Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil e pelo Estatuto Social
da própria cooperativa.
2. MISSÃO E ESTRUTURA FUNCIONAL
O objetivo da Cooperativa é o de promover a economia solidária, através da
prestação de serviço financeiro e da assistência técnica, visando ao
desenvolvimento sustentável da região sisaleira do Estado da Bahia: esta é a
missão do SICOOBCOOPERE, que tem como princípios: adesão livre e voluntária;
gestão democrática e livre; participação econômica dos sócios; autonomia e
independência; educação; formação e informação; intercooperação e interesse pela
comunidade. Estes fundamentos estão de acordo com os princípios universais do
Cooperativismo.
“O SICOOBCOOPERE é uma instituição livre”. Tal colocação, feita pelo
presidente e demais gestores que formam a cooperativa de crédito, reflete uma
organização social democrática, completamente integrada aos princípios universais
do cooperativismo. Nesta instituição, os associados participam ativamente na
tomada de decisões e escolhem a equipe que será responsável pelo Conselho de
Administração e Diretoria Executiva e pelo Conselho Fiscal.
O órgão supremo da Cooperativa é a Assembléia Geral Ordinária (AGO) ou
Assembléia Geral Extraordinária (AGE) que, dentro dos limites da Lei e do Estatuto,
toma decisões de interesse da Sociedade e suas deliberações vinculam a todos,
ainda que ausentes ou discordantes. A realização das assembléias ocorre após
Edital de Convocação e as deliberações destas somente poderão versar sobre o(s)
assunto(s) constante(s) no referido edital.
A Assembléia Geral Ordinária se realiza obrigatoriamente uma vez por ano no
decorrer dos três primeiros meses após o término do exercício social, geralmente no
mês de março. Além da eleição dos componentes dos Conselhos e outros assuntos
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mencionados no Edital de Convocação, delibera sobre prestação de contas dos
órgãos de Administração, destinação das sobras apuradas ou rateio das perdas
decorrentes da insuficiência das contribuições aos Fundos Obrigatórios, fixação do
valor dos honorários e gratificações dos membros dos Conselhos. A Assembléia
Geral Extraordinária realizarseá sempre que necessário e poderá deliberar sobre
quaisquer assuntos de interesse social.
O Conselho de Administração do SICOOBCOOPERE tem função normativa
e executiva, tendo poderes para resolver todos os atos de gestão, inclusive transigir
e contrair obrigações e empenhar bens e direitos, bem como para realizar a
contratação de operações de crédito, com instituições financeiras, destinadas ao
financiamento das atividades rurais dos associados. É composto por sete membros,
sendo três executivos nas funções de Presidente, VicePresidente e Secretário
formando a Diretoria Executiva, e quatro Conselheiros, todos eleitos exclusivamente
entre associados pela Assembléia Geral.
A administração da cooperativa é fiscalizada por um Conselho Fiscal que tem
função estratégica, pois é composto de três membros efetivos e de três suplentes,
escolhidos entre os associados e eleitos anualmente pela Assembléia Geral
Ordinária com a função de atuarem como monitores dos administradores e da
gestão, alertando sobre fatos relevantes e que possam comprometer a estabilidade
da instituição, observadas as disposições do Estatuto da cooperativa.
Os Conselhos de Administração e Fiscal são remunerados da seguinte forma:
Os executivos – Presidente, VicePresidente e Secretário recebem honorários, por
dedicarem tempo integral à Cooperativa e os demais funcionários recebem salário
mensal.
A Diretoria Executiva é composta por três dos membros participantes do
Conselho de Administração, responsáveis pela administração direta da cooperativa.
Tal Diretoria representa a cooperativa e empreende ações operacionais,
coordenando a atuação dos gerentes nos níveis hierárquicos inferiores.
A Controladoria coordena, controla e monitora as áreas operacionais. Atua na
execução dos controles internos, através de mecanismos que garantem maior
eficiência nos serviços e, conseqüentemente, diminuição nas falhas. É considerada
o elemento de ligação entre os componentes operacionais e políticos (estratégicos).
A Gerência Administrativa coordena as subgerências nos setores de finanças
(pagamentos, recebimentos e tesouraria), recursos humanos (contratação de
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pessoal, treinamento e gestão de folha) e tecnologia (informática, comunicações e
segurança patrimonial) e ainda as ações dos gerentes de agências.
A Gerência de Crédito coordena as ações e operações de crédito e todas as
modalidades derivadas. Controla as carteiras (amortizações, liquidações) e os
procedimentos de cobrança e execução. Delibera sobre ações das gerências de
agências e intermedia o relacionamento com entidades parceiras financiadoras e
repassadoras.
A Contabilidade desenvolve todas as atividades inerentes à área contábil,
consolidando informações originadas dos setores e sistemas diversos, gerando
posições para a tomada de decisões, como também interfere diretamente nas
agências subordinadas na coordenação e normatização de procedimentos internos.
As Agências são unidades responsáveis pelo desenvolvimento de negócios
da cooperativa, que prestam serviços financeiros aos associados e à comunidade
em expediente diurno de segunda a sexta.
2.1 Instâncias Participativas
Com o objetivo de aumentar os espaços de participação e melhorar o
funcionamento da cooperativa, outros recursos foram criados pelo Conselho de
Administração para atender os cooperados. São eles:
• Comitê de Crédito do SICOOBCOOPERE (CCSC), composto pela Diretoria
Executiva, Gerente de Controladoria, Gerente de Crédito e Gerente Administrativo,
que se reúnem duas vezes por semana na sede da cooperativa, para analisar e
decidir as propostas de crédito apresentadas pelos associados de cada município;
• Comitês de Crédito de Agência (CCAs), compostos pelos gerentes, mais dois
colaboradores, também com o propósito de analisar as propostas de empréstimos,
dentro de suas alçadas, cujos valores variam de acordo com a agência. Os referidos
comitês ocorrem sempre que houver propostas para serem analisadas;
• Reuniões de Gerentes: reuniões mensais dos gerentes de todas as agências
com a Diretoria Executiva, objetivando a troca de experiências, um maior
acompanhamento das atividades desenvolvidas, avaliação do trabalho realizado e
análise conjunta das dificuldades encontradas;
• Conselhos Consultivos Colaboradores (CCCs), que são órgãos consultivos
com função de avaliar, recomendando ou desaconselhando a entrada de
pretendentes a se associar. Funciona como um filtro em cada município onde existe
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agência, integrado por colaboradores e cooperados representantes de organizações
locais. As reuniões ocorrem mensalmente;
• PréAssembléias: tratase de reuniões municipais dos sócios para a
discussão de assuntos ligados à situação local; possíveis dificuldades e resultados
conquistados ao longo de determinados períodos. É através destas reuniões anuais,
criadas para democratizar decisões e dar voz a um maior número de cooperados,
que surgem questões, que serão futuramente integradas ao Edital de Convocação
da Assembléia Geral Ordinária. As convocações das PréAssembléias, assim como
da Assembléia Geral, são feitas utilizando todos os meios de comunicações
existentes na região: rádios, jornais de circulação regional, TV, publicação de edital
de convocação em lugares visíveis, correspondências para as organizações
parceiras e “corpo a corpo”.
2.2 Características Administrativas
Em entrevista com os representantes das áreas de administração, controle,
crédito e educação/comunicação, mais uma vez foram levantados dados que
refletem uma instituição bem administrada; amplamente articulada no quesito de
suas atribuições organizacionais, como é demonstrado a seguir.
O Comitê de Crédito de Agência conduz as operações de crédito da
Cooperativa de acordo com as condições mínimas de enquadramento financeiro
estabelecidas pelo SICOOB BAHIA CENTRAL, por meio do Manual de Política de
Crédito e Avaliação de Riscos do SICOOB e demais resoluções. Em Valente, este
Comitê é formado pelo Gerente de Crédito mais dois colaboradores. Atualmente, o
SICOOBCOOPERE empresta 70% dos depósitos totais; 100% do capital de giro
próprio – valor resultante da subtração entre patrimônio de referência e ativo
permanente – e 100% dos recursos repassados, inclusive empréstimos. Este Limite
Global de Empréstimo denominado CRESI é apurado mensalmente, com base na
média mensal dos depósitos totais do mês imediatamente anterior. Nos casos dos
repasses e do capital de giro próprio, pelo saldo do fechamento do mês
imediatamente anterior. Segundo dados do Gerente de Crédito do SICOOB
COOPERE, com relação à linha de microcrédito, no período compreendido entre os
meses de maio de 2004 a julho de 2005, a instituição emprestou R$ 802.079,00.
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A Controladoria, por sua vez, foi implantada em 2003, e está em constante
fase de “planejamento e aprendizagem”, pois desenvolve função imprescindível no
SICOOBCOOPERE, devido ao porte da instituição e à exigência legal do BACEN.
Com a ajuda do Comitê de Crédito, o controle “alimenta”, através de dados
fornecidos à Diretoria da Cooperativa, dando suporte inclusive às demais agências.
É o maior departamento, formado por: 1 Gerente de Controladoria; 1 Gerente
Administrativo; 1 Gerente de Crédito; 2 Assistentes de Controle; 4 Auxiliares de
Controle; 1 Atendente; 1 Servente e 1 Técnico de Informática, atingindo um total de
12 pessoas. Segundo o representante entrevistado, além da Controladoria interna e
da auditoria realizada pelo SICOOB CENTRAL BAHIA, duas vezes por ano, existe
um repasse Interamericano, no qual o SICOOBCOOPERE é auditado a pedido do
Banco Interamericano de Desenvolvimento.
O Gerente Administrativo é responsável pela estrutura operacional do
SICOOBCOOPERE, tendo suas atribuições entre as demais áreas da Cooperativa.
Fazem parte das suas atribuições: Controle dos Pagamentos – pagamentos de
fornecedores, acompanhamentos dos pagamentos e despesas realizadas entre as
Agências, autorização de pequenas despesas, colher autorização do Diretor da
cooperativa, responsável pelo setor; Administrar o Edifício Sede – controle da
Agência e do Auditório, limpezas, manutenção, etc.; Almoxarifado e Malotes –
cotação, compra e remessa de material de expediente. Controlar e acompanhar
transportes de malotes entre as Agências (Convênio com Empresa de Correios e
Telégrafos e outros); Setor de Transporte – Agenda dos veículos (moto e carro),
controle de quilometragens, combustíveis e manutenção; Setor Patrimonial, que
efetua a cotação e compra de equipamentos, móveis e máquinas, manutenção e
acompanhamento dos equipamentos de uso; Setor de Comunicação – cuja
atribuição é controlar, acompanhar e dar suporte: Links, Internet e Telefones;
realizar contatos com as operadoras de telefonia, etc; elaborar Estatística Mensal;
elaborar minutas de normas internas emanadas pelo Conselho de Administração e
Diretoria; entre outras.
Outro departamento que exerce papel de destaque no SICOOBCOOPERE é
o Departamento de Educação Cooperativista (DEC), implantado em abril de 2003. O
DEC surgiu para integrar o associado ao SICOOBCOOPERE e é formado por uma
Pedagoga e por um Técnico em Desenvolvimento Comunitário, que atuam no
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campo da educação, da comunicação interna e da informação, orientando o quadro
de associados da Cooperativa.
Através de reuniões, cursos e palestras com o foco em Desenvolvimento
Regional Sustentável e Economia Solidária, o DEC visa formar e conscientizar seus
membros. Seus projetos, inclusive, contam com parceiros importantes, a exemplo do
Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA); da Associação das Cooperativas de
Apoio à Economia Familiar (ASCOOB); do Movimento de Organização Comunitária;
da APAEB Valente, entre outros.
O DEC emprega ainda um conjunto de ações que interferem diretamente no
Acompanhamento Institucional da Cooperativa; no Apoio à Gestão Administrativa e
no Desenvolvimento Humano e Social do SICOOBCOOPERE, como demonstra o
Quadro 1 a seguir:
Quadro 1 – Ações de acompanhamento institucional realizadas pelo DEC
PROGRAMA LINHA
PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO
INSTITUCIONAL
– Acompanhamento das Capacitações do BID – Acompanhamento do COGEFUR/Prosperar – Suporte Pedagógico ao Programa de Microcrédito – Acompanhamento Pedagógico do PRONAF – Acompanhamento do CODES
PROGRAMA DE APOIO À GESTÃO ADMINISTRATIVA
– Suporte Técnico à Diretoria – Estruturação do Departamento – Comunicação Institucional – Programa de Nucleação de Base – Acompanhamento dos Conselhos Consultivos
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO E SOCIAL
– Desenvolvimento de Atividades com Colaboradores, Diretores e Gerentes
– Programa de Desenvolvimento de Pessoas – Desenvolvimento de Atividades com Parceiros
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) Fonte: SICOOBCOOPERE, 2005
Já o Quadro 2 informa os principais parceiros do DEC:
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Quadro 2 – Principais parceiros do DEC
LOCAIS E REGIONAIS
APAEB – Valente – Associação dos Pequenos Agricultores do Município de Valente ASCOOB – Associação das Cooperativas de Apoio à Economia Familiar Banco do Nordeste do Brasil Cooperafis – Cooperativa de Artesãs Fibras do Sertão MOC – Movimento de Organização Comunitária FATRES – Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais da Região do Sisal (Pólo Sindical) Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares de Valente Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Monte Santo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itiúba Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Queimadas Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Quixabeira Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Luz Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Retirolândia Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Conceição do Coité Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Fátima Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Domingos Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Gavião Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Capim Grosso APPJ – Associação dos Pequenos Produtores de Jaboticaba Associação Comercial Industrial e Agrícola de Capim Grosso Escola Família Agrícola Avani de Lima Cunha Câmara de Dirigentes Lojistas de Valente Câmara de Dirigentes Lojistas de Retirolândia Câmara de Dirigentes Lojistas de Conceição do Coité Câmara de Dirigentes Lojistas de Capim Grosso COGEFUR – Conselho Gestor de Fundo Rotativo Cooperativa Mista Agropecuária de Capim Grosso Conselho de Desenvolvimento Municipal de Retirolândia DISOP – BRASIL Paróquia São Cristóvão de Capim Grosso – BA Prefeitura Municipal de Retirolândia Prefeitura Municipal de Nova Fátima Prefeitura Municipal de Gavião Prefeitura Municipal de Quixabeira ProRenda Bahia Associações Comunitárias Rurais da Região UNANF – União das Associações Comunitárias de Nova Fátima Rádio Comunitária Contorno de Capim Grosso Rádio Comunitária Valente – FM INTERNACIONAIS DISOP – BÉLGICA BILANCE CORDAID Banco Interamericano de Desenvolvimento
Fonte: SICOOBCOOPERE – Relatório Anual, 2004.
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Existe, ainda, um setor de tecnologia formado por 1 técnico altamente
capacitado. Em 2004, um novo sistema de informática, o SisBR, desenvolvido pelo
Banco Cooperativo do Brasil, foi implementado no SICOOBCOOPERE, a fim de
padronizar e interligar nacionalmente as operações das cooperativas de crédito,
trazendo uma série de facilidades: o associado passou a utilizar caixas eletrônicos e
a fazer operações pela Internet; houve melhoria dos controles internos, dando mais
segurança e agilidade aos processos; as sete agências da cooperativa foram
interligadas e o SICOOBCOOPERE foi integrado ao Banco 24 horas, que possui
terminais de autoatendimento em todo o Brasil.
É importante ressaltar que os dirigentes dos departamentos, funcionários e
cooperados vêmse integrando a cursos para conhecerem mais o sistema da
Cooperativa e a desempenharem melhor o seu papel. Conselheiros e diretores
participam constantemente de cursos promovidos pelo Sicoob CentralBA, assim
como os caixas, gerentes, funcionários do atendimento e da controladoria, que
fazem cursos específicos para as suas atividades.
Criar a Ouvidoria é um dos projetos futuros do SICOOBCOOPERE, que
pretende, através do Ouvidor, identificar de forma mais rápida a necessidade de
demanda dos cooperados, buscar soluções para as questões por eles levantadas,
oferecer as informações e sugestões cabíveis, visando ao aprimoramento das
relações e da prestação de serviço.
3. ADESÃO LIVRE E VOLUNTÁRIA
O número de associados da Cooperativa é ilimitado quanto ao máximo, não
podendo ser inferior a 20 pessoas físicas. Para adquirir a qualidade de associado, o
candidato deve preencher proposta de admissão e, tendo seu nome aprovado pelo
Conselho de Administração, subscrever e integralizar as quotaspartes sociais na
forma prevista do estatuto da instituição, além de assinar uma ficha ou livro de
matrícula. O associado poderá, por sua vez, a seu pedido, demitirse, ou ser
excluído da cooperativa por infração legal ou estatutária – mediante termo firmado
pelo Conselho de Administração na Ficha ou Livro de Matrícula, com os seguintes
motivos que o determinaram: dissolução da pessoa jurídica; por morte da pessoa
física; por perda da capacidade civil se esta não for suprida ou ainda por perda das
condições de ingresso ou permanência na cooperativa.
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Desde a sua criação, grande parte dos associados do SICOOBCOOPERE
são produtores rurais; homens e mulheres que mantêm vínculo com a atividade
sisaleira na região valentense, muitos inclusive trabalhadores da APAEB. No
entanto, representantes da Cooperativa afirmam que o SICOOBCOOPERE
“trabalha com todo mundo” e que pensam futuramente numa cooperativa de livre
adesão, sem distinção. Hoje, a instituição dá atendimento a pessoas físicas e
jurídicas e está mais voltada para o crédito rural.
Segundo o Estatuto Social do SICOOBCOOPERE, os associados têm os
seguintes direitos: a) tomar parte nas Assembléias Gerais, discutir e votar os
assuntos que sejam tratados ressalvadas as disposições legais e estatutárias em
contrário; b) ser votado para os cargos sociais, desde que atendidas as disposições
legais ou regulamentares pertinentes; c) beneficiarse das operações e serviços
objeto da Cooperativa de acordo com o Estatuto e as regras estabelecidas pela
Assembléia Geral ou pelo Conselho de Administração; d) examinar e pedir
informações relativas à documentação financeira do exercício e demais documentos
a serem submetidos à Assembléia Geral; e) demitirse da Cooperativa quando lhe
convier; f) retirar o capital, juros e sobras, nos termos do estatuto da Cooperativa,
além de tomar conhecimento dos regulamentos internos da cooperativa. Os deveres,
por sua vez, são: a) o cumprimento das disposições do Estatuto e do regimento
interno, e respeitar as deliberações tomadas pelos órgãos sociais e dirigentes da
Cooperativa; b) satisfazer pontualmente seus compromissos perante a Cooperativa;
c) zelar pelos interesses morais e materiais da Cooperativa; d) responder pelos
compromissos da Cooperativa, depois de judicialmente exigidos desta, até o valor
das quotasparte subscritas e pelos prejuízos verificados nas operações sociais
proporcionalmente à sua participação nestas; e) não desviar a aplicação de recursos
específicos obtidos na Cooperativa para finalidades não previstas nas propostas de
empréstimos e permitir ampla fiscalização da aplicação; f) acatar as instruções e
recomendações dos serviços de assistência técnica e extensão rural; g) ter sempre
em vista que a cooperação é obra de interesse comum ao qual não deve sobrepor
seu interesse individual; h) depositar preferencialmente suas economias e
poupanças na Cooperativa; i) não exercer, dentro da Cooperativa, atividades que
impliquem discriminação racial, política, religiosa ou social.
O capital social do SICOOBCOOPERE é ilimitado quanto ao máximo e
variável conforme o número de quotasparte subscritas, não podendo, porém, ser
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inferior a R$ 200,00. O capital é dividido em quotasparte indivisíveis de R$ 1,00
cada uma, que não podem ser negociadas, nem a eles ser transferidas ou dadas em
garantia. As quotasparte podem ser integralizadas 50% no ato da matrícula e os
50% restantes em até doze parcelas sem juros. Para os demais associados, as
quotasparte são integralizadas, no mínimo, 50% à vista, e o restante em até 12
prestações iguais e sucessivas de acordo com deliberação do Conselho de
Administração.
Pelo Estatuto Social da instituição, um único associado não pode deter mais
de um terço do capital social. Caso qualquer associado seja desligado da
cooperativa, a restituição do capital será sempre feita após a aprovação do balanço
do exercício financeiro em que se deu o desligamento, e o Conselho de
Administração poderá determinar que a restituição do capital seja feita em parcelas
mensais, iguais e sucessivas, a partir do mês em que se realizou a Assembléia de
prestação de contas do exercício em que se deu o desligamento do associado.
Ocorrendo demissão, eliminação ou exclusão de associados em número tal que a
devolução do capital possa afetar a estabilidade econômicofinanceira da
Cooperativa, o Conselho de Administração, mais uma vez, determinará o prazo
adequado, de forma a resguardar a continuidade de funcionamento da sociedade.
O associado que se aposentar por limite de idade ou por invalidez
permanente, após 10 (dez) anos de associação, poderá receber, a juízo do
Conselho de Administração, o valor do seu capital social menos o valor mínimo de
quotasparte exigido pelo estatuto do SICOOBCOOPERE, mantendo todos os
direitos sociais.
O SICOOBCOOPERE, quando iniciou suas atividades em 1993, possuía de
capital social o equivalente a pouco mais de R$ 4.000,00. Em dez anos o capital
social do SICOOBCOOPERE cresceu de forma significativa, alcançando o valor de
R$ 1.331.986,29 (Figura 2).
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Figura 2 – Evolução do Capital Social do SICOOBCOOPERE – 1994/2004 Fonte: SICOOBCOOPERE, Anuários 2003 e 2004 (*) Valores apresentados em Reais (R$)
O SICOOBCOOPERE é uma sociedade, cujos membros contribuem
conforme as possibilidades de cada um e independentemente do valor integralizado
em Assembléia, tem o direito de decidir o destino das sobras anuais ou, se for o
caso, a responsabilidade por possíveis perdas. No entanto, a distribuição das sobras
anuais entre os associados obedece às disposições estatutárias e legais: são feitas
somente após a destinação de 30% para o Fundo de Reserva, para garantir
possíveis perdas futuras e 10% para o Fundo de Assistência Técnica Educacional e
Social (FATES). Nos últimos anos, os recursos do FATES têm sido aplicados nas
atividades de formação e capacitação de colaboradores e dirigentes.
4. LINHAS DE FINANCIAMENTO E SERVIÇOS PRESTADOS
O SICOOBCOOPERE conta com uma carteira diversificada de operações de
crédito, atualmente separadas em dois grandes grupos:
• Crédito Geral para atender às necessidades dos cooperados na aquisição
de bens e serviços e viabilização de pequenos negócios através das linhas de
Crédito Pessoal, Cheque Especial, Capital de Giro, Desconto de Cheques, Desconto
de Duplicatas e Microcrédito;
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• Crédito Rural para atender às necessidades dos associados em custeios e
investimentos em atividades rurais, com recursos oriundos de repasses de
instituições financeiras públicas e privadas, nacionais e internacionais e de agências
de cooperação nacional e internacional, a exemplo do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), Fundo Rotativo, Conselho Gestor
do Fundo Rotativo (COGEFUR) e Banco Cooperativo do Brasil – Rondônia.
As carteiras de crédito geral e rural do SICOOBCOOPERE vêm evoluindo de
forma significativa. No período de 2000 a 2004, o volume de empréstimos gerais
cresceu 375%, atingindo a marca de, aproximadamente, R$ 8 milhões. Já o volume
de empréstimos rurais, cresceu mais de 200% no mesmo período observado,
conforme Figuras 3 e 4.
Figura 3 – Evolução de empréstimos Figura 4 – Evolução de empréstimos gerais rurais Fonte: SICOOBCOOPERE, 2005 Fonte: SICOOBCOOPERE, 2005
Com relação à linha de microcrédito, esta foi idealizada em 2003 a partir do
Projeto Microfinanças, consolidando a concepção da Cooperativa em manter os
recursos locais na própria comunidade. As ações que formaram tal Projeto visam
compor uma poupança local; viabilizar pequenos empreendimentos e negócios;
equilibrar orçamentos familiares e aumentar a qualidade de vida da comunidade.
Os serviços prestados pelo SICOOBCOOPERE atualmente são: pagamento
e recebimento de convênios, carnês e cobranças; saque no Banco 24h; saque na
Rede Shop; transferência de recursos entre agências e instituições financeiras,
Cartões de Crédito e Débito, além de Seguros.
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5. IMPLANTAÇÃO DO MICROCRÉDITO
A linha de microcrédito oferecida pelo SICOOBCOOPERE, antes de ser
implantada, passou por uma fase de planejamento na qual a Cooperativa, com o
objetivo de promover a inclusão social, buscou conhecer o cenário no qual a
população de Valente e região estava inserida. Desta forma, em janeiro de 2004, o
SICOOBCOOPERE através da Assessoria, Pesquisa e Avaliação de Projetos
Sociais (ASPA), realizou uma pesquisa, intitulada “Iniciativas de Atividades
Produtivas e Microcrédito na Região de ValenteBahia”, com o foco nos interesses e
necessidades do pequeno produtor da região. A análise levantada, portanto, veio
confirmar as necessidades de um público carente de crédito e ávido por
oportunidades solidárias, há muito sentidas pelo SICOOBCOOPERE.
Neste estudo, grande parte dos entrevistados demonstrou interesse em iniciar
alguma atividade produtiva, e as mais citadas tratavamse de atividades ligadas à
criação de animais e comércio próprio. E o mais importante: a grande maioria não
possuía recurso algum para dar início a tais atividades.A percepção do Conselho
Administrativo da cooperativa, aliada à análise dos dados levantados pela
Associação de Pesquisa e Avaliação de Projetos Sociais em 2004, identificou a
melhor forma de viabilizar um possível empréstimo que viesse a contribuir com o
desenvolvimento regional, definindo inclusive quantia, prazos e formas de quitação
da linha de microcrédito vigente, que começou a ser implantada em maio de 2004.
Em outubro de 2004, a Cooperativa de Crédito Rural Valentense firmou um
convênio com a Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região
Sisaleira. A partir daí, o SICOOBCOOPERE passou a conceder empréstimos no
valor de até R$1.000,00 para trabalhadores da Associação.
6. PROCESSO DE CONCESSÃO DO CRÉDITO
Os cooperados podem dirigirse a um dos sete postos de atendimento,
incluindo a agência sede em Valente, os quais possuem boa estrutura e uma equipe
de atendimento treinada para orientálos e efetivar possíveis operações. Os
documentos necessários para a formalização da operação de microcrédito são:
carteira de identidade, Cadastro de Pessoa Física (CPF) e comprovante de
17
endereço, os quais serão analisados para realização de Contrato de Abertura de
Crédito junto ao SICOOBCOOPERE.
O prazo máximo da operação de microcrédito é de 12 meses para pagamento
por parte do associado creditado. Atualmente, demais associados, ainda que não
tenham vínculo empregatício também se podem beneficiar dessa linha de crédito,
cuja taxa de juros em março/05 era de 3,5% ao mês. Novos associados, no entanto,
só podem usufruir dos produtos/serviços do SICOOB no prazo de 30 dias após
integralização do capital social. Além disto, os comitês de crédito existentes nos
diversos níveis hierárquicos analisam as propostas de crédito com base nos dados
do proponente, valor, taxa de juros, prazo de carência, capacidade de pagamento
(valor e quantidade de parcelas), limites de crédito baseados no capital e nos
depósitos à vista e a prazo, garantias e parecer do gerente da agência. A análise
passa pelos diversos níveis da instituição, dependendo do valor e da alçada de cada
um.
O Programa de Microcrédito do SICOOBCOOPERE se propunha a atender o
seguinte público:
• Pessoas físicas que sobrevivam de aposentadoria ou pensão que recebam
seus rendimentos através do SICOOBCOOPERE, sem limite de renda, não
podendo o valor da parcela mensal do pagamento do empréstimo ser superior a
30% da sua renda bruta mensal;
• Pessoas físicas trabalhadores da iniciativa pública ou privada com convênio
firmado com a cooperativa para pagamento da folha de salários;
• Demais pessoas físicas que exerçam qualquer atividade formal ou informal,
com renda bruta mensal de até R$500,00, sendo que a parcela mensal do
pagamento não pode ultrapassar 30% da sua renda bruta mensal.
Em quaisquer dos casos, o valor máximo permitido do valor do empréstimo é
de R$1.000,00 à taxa de juros de 3,5% ao mês para pagamento em até 12 parcelas
mensais.
Segundo a Diretoria do SICOOBCOOPERE, a taxa de inadimplência em
maio de 2005 foi de 8,15%. Este percentual é considerado pela Cooperativa muito
alto e preocupante, pois vem aumentando de maneira muito acentuada, já que em
setembro de 2004 a taxa de inadimplência era de 1,14%. Comparandose a taxa de
inadimplência do programa de microcrédito, no mesmo período, com as taxas dos
demais produtos oferecidos pela instituição: desconto de recebíveis (cheques,
18
duplicatas), contrato de abertura de crédito (CAC) (empréstimos) e créditos rurais
diversos (investimento e custeio) que foi de 7,51%, verificase que a linha de
microcrédito possui uma média mais elevada.
Diante da situação observada, a gerência de controladoria encaminhou, ao
comitê de crédito, uma análise da evolução da taxa de inadimplência na linha de
microcrédito, que, por sua vez, constatando seu impacto negativo sobre toda a
carteira de crédito, encaminhou à Diretoria executiva um parecer técnico que levou à
suspensão temporária do referido programa.
O critério de cobrança adotado para as operações de microcrédito, segundo o
gerente de crédito da agência em Valente, é o mesmo adotado para todas as
operações de crédito da cooperativa, ou seja: a partir do 5º dia de atraso, o
associado recebe telefonema ou aviso formal, comunicando que o seu título/parcela
está vencido e que não há saldo para efetuar o débito; no 15º dia de atraso, o
associado recebe o 2º aviso formal, ou telefonema, dando o prazo de cinco dias para
regularização, caso contrário, será negativado no Serviço de Proteção ao Crédito
(SPC). No 31º dia de atraso, é encaminhado novo aviso de cobrança informando o
cadastramento do cliente nos órgãos de restrição ao crédito. A partir do segundo
mês de atraso, o débito é encaminhado à área jurídica da cooperativa para proceder
à cobrança ou renegociação. No terceiro mês de atraso, é dado início à Cobrança
Judicial.
O SICOOBCOOPERE conta basicamente com o capital dos seus
associados, além dos depósitos à vista e a prazo. Em 2004, o capital social
alcançado foi de R$ 1.331.986,29, os depósitos à vista, R$ 2.548.106,00, e os
depósitos a prazo, R$ 6.504.252,00. Os recursos liberados ficaram em torno de R$
7.247.507,00 para empréstimo pessoal e R$ 3.109.170,00 para empréstimo rural.
Tratandose da linha de microcrédito, enquadrada como linha de empréstimo
pessoal pelo SICOOBCOOPERE, os números se mostraram bem expressivos,
levandose em consideração que o microcrédito encontrase ainda no seu primeiro
ano de vigência (Tabela 1).
Apesar de ser uma instituição que conta com a captação dos seus
associados, o SICOOBCOOPERE mantém uma postura ativa e está sempre
buscando novas formas de conseguir recursos para a cooperativa; estas, por sua
vez, podem ser comprovadas através das figuras 5 e 6, que demonstram a evolução
das fontes de recursos locais que no período de 2000 a 2004, cresceram 595% e
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fontes de recursos externas que cresceram 175% mesmo tendo ocorrido quedas nos
anos de 2001 e 2003. O SICOOBCOOPERE busca a fixação dos recursos locais
para que estes não sejam redirecionados para outros centros, ao contrário do que
ocorre com o Sistema Financeiro tradicional – levantam recursos num município e os
transferem para os grandes centros.
Tabela 1 – Volume de Recursos Liberados desde a Implantação da Linha de Microcrédito
Meses Nº de Operações Valor total das operações (R$)
Média por operação (R$)
mai/04 2 1.200,00 600,00 jun/04 29 24.565,00 847,07 jul/04 94 76.800,00 817,02 ago/04 83 67.600,00 814,46 set/04 62 46.575,00 751,21 out/04 119 91.810,00 771,51 nov/04 168 125.715,00 748,30 dez/04 145 105.305,00 726,24 jan/05 116 78.195,00 674,09 fev/05 74 54.780,00 740,27 mar/05 59 40.460,00 685,76 abr/05 39 26.117,00 669,67 mai/05 36 27.350,00 759,72 jun/05 28 20.287,00 724,54 jul/05 20 15.320,00 766,00 Total 1.074 802.079,00 746,81
Fonte: SICOOBCOOPERE, 2005 (*) Não inclui outras linhas de crédito.
Figura 5 – Evolução das fontes de Figura 6 – Evolução das fontes de recursos locais recursos externos Fonte: SICOOBCOOPERE, 2005 Fonte: SICOOBCOOPERE, 2005
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Em maio de 2005, o SICOOBCOOPERE fechou acordo com o Banco do
Brasil, que permitiu o repasse de R$ 1,5 milhão à Cooperativa através de recursos
do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), na
modalidade Custeio. Linha criada para atender as demandas de custeio da atividade
agroindustrial, estoque de embalagens, rótulos, matériaprima, produto final e outros.
Esta parceria, inclusive, é vista de forma muito positiva pelo engenheiro agrônomo
do Banco do Brasil, que em entrevista ao Informativo Interno do SICOOB
COOPERE, considerou a parceria realizada com a cooperativa, uma maneira de
atender melhor o produtor rural da região, já que as cooperativas possuem redes
extensas de associados, capazes de alcançar um maior número de pessoas. O
SICOOBCOOPERE busca ainda parcerias internacionais, a exemplo do Banco
Interamericano de Desenvolvimento.
7. OS COOPERADOS – ANÁLISE DE DADOS
A pesquisa foi realizada com uma amostra representativa do universo de 390
cooperados do SICOOBCOOPERE que estavam com operações de microcrédito
ativas no período entre março e junho de 2005. A necessidade de conhecer a visão
do associado, diante do processo de concessão do microcrédito do SICOOB
COOPERE, exigiu da pesquisa uma organização sistemática dos dados que aqui se
apresentam sob os seguintes blocos: Perfil dos Entrevistados; Agricultura
Familiar/Empreendedorismo; Crédito; Satisfação com o SICOOBCOOPERE e
Cruzamento de Variáveis. É necessário lembrar que o microcrédito concedido pelo
SICOOBCOOPERE é uma linha de crédito recente, em vigência desde maio de
2004, e que muitas questões aqui analisadas levam em consideração este aspecto.
Foram 276 entrevistados, dos quais 52,54% são homens e 47,46% são
mulheres. Quanto à faixa etária, o estudo demonstrou que muitos tomadores dessa
linha de crédito são jovens, na faixa etária entre 18 e 30 anos (26,81%) e entre 31 e
35 anos (16,67%). Outros 22,83% possuem de 36 a 45 anos. A maioria dos
cooperados é de casados ou possui união estável (62,32%); tem três ou mais
dependentes (27,17%); reside na zona urbana (61,59%) e tem domicílio próprio
(88,04%), com tempo de residência que varia de acordo com a Figura 7.
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Como já era previsto, grande parte dos associados que tomaram a linha de
microcrédito no SICOOBCOOPERE possui baixo nível de instrução: 59,78% não
completaram sequer o 1º grau e apenas 26,45% concluíram o ensino médio.
Segundo dados do IBGE, em 2002, havia 14,6 milhões de analfabetos no Brasil
(11,8 % da população de 15 anos ou mais de idade, contra 17,2% em 1992). Quanto
à renda familiar mensal, 65,68% dos associados vivem com rendimentos que variam
entre 2 e 4 salários mínimos, porém 24,64% afirmaram que a renda familiar é inferior
a 1 salário mínimo, o que, em março de 2005, correspondia a R$ 260,00 (Figuras 8
e 9).
Figura 7 – Distribuição dos cooperados por tempo de domicílio (%) Fonte: Pesquisa direta, 2005 (n = 276).
Figura 8 – Distribuição dos cooperados por grau de instrução (%) Fonte: Pesquisa direta, 2005 (n = 276)
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Figura 9 – Distribuição dos cooperados por renda familiar (%) Fonte: Pesquisa direta, 2005 (n = 276) Nota: Valores em salários mínimos (SM)
Ao serem questionados quanto à ocupação principal, a maioria dos
participantes da amostra (39,13%) afirmou que atua no setor de serviços,
desenvolvendo atividades como as de costureira, professor, cabeleireira, pedreiro,
vigilante, entre outros; 28,26% são aposentados e 19,57% atuam no setor de
produção (fiador, revisor de fábrica de tapetes, caldeirista, etc.); 7,61% desenvolvem
atividade agropecuária; 3,99% atuam no setor de comércio e apenas 1,45% não
possuem ocupação.
Do total da amostra, 59,06% não possuem vínculo empregatício. A Figura 10
apresenta a distribuição dos 40,94% restantes (113 cooperados) por tipo de vínculo
empregatício mantido.
Grande parte dos cooperados possui vínculo empregatício com a APAEB e
isto se justifica devido à ligação entre as duas instituições e à parceria mantida
através do Convênio de Crédito firmado entre elas em outubro de 2004, o que deu
partida à linha de microcrédito concedida pelo SICOOBCOOPERE. Além disso, a
APAEB destacase na região valentense, empregando boa parte da população da
cidade, considerando que em 2005 foi responsável por 900 empregos diretos.
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Figura 10 – Distribuição dos cooperados por tipo de vínculo empregatício (resposta)
Fonte: Pesquisa direta, 2005 (n = 276) % de respondentes = 40,94 Nota: As respostas foram organizadas por tipos de vínculos empregatícios
Quanto aos cônjuges dos cooperados casados (62,32%), 61,63% deles
trabalham e estão distribuídos principalmente nos ramos de serviços (61) e
atividades agropecuárias (26). Outros 11,63% são aposentados, que também
contribuem ativamente com a renda familiar (Figuras 11 e 12).
Figura 11 – Distribuição dos cooperados cujos cônjuges trabalham (%)
Fonte: Pesquisa direta, 2005 (n = 276). (*) questão respondida apenas pelos cooperados casados/possui união estável (62,32%).
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Figura 12 – Distribuição dos cônjuges dos cooperados segundo o ramo de trabalho (resposta)
Fonte: Pesquisa direta, 2005 (n = 276). (*) questão respondida apenas pelos cooperados casados ou que possuem união estável, cujo cônjuge trabalha (38,40% do total da amostra).
Concluindo, constatase que a COOPERE, hoje a maior cooperativa de
crédito da Bahia, agregou um novo dinamismo à região, que já vinha sofrendo
impactos positivos com a atuação da APAEB. O exemplo mostra, portanto, a
estratégica integração entre o capital social, formado pelo aporte financeiro dos associados da região, com o capital social, constituído pelas redes territoriais de relações, pela construção de laços de confiança e pela implementação de ações
concretas em benefício de toda a comunidade, resultando em seu empoderamento.
REFERÊNCIAS
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COOPERATIVA VALENTE DE CRÉDITO RURAL LTDA – SICOOBCOOPERE. Prestação de contas dos órgãos da Administração referente ao Exercício de 2004. Valente, Bahia, 2004.
COOPERATIVA VALENTE DE CRÉDITO RURAL LTDA – SICOOBCOOPERE. Apresentação sobre desenvolvimento sustentável. Valente, Bahia, [2004].
COOPERATIVA VALENTE DE CRÉDITO RURAL LTDA – SICOOBCOOPERE. Convênio de abertura de microcrédito. Valente, Bahia, 15 out. 2004.
25
COOPERATIVA VALENTE DE CRÉDITO RURAL LTDA – SICOOBCOOPERE. Relatório Anual 2004. Valente, Bahia, 31 dez. 2004.
COOPERATIVA VALENTE DE CRÉDITO RURAL LTDA – SICOOB COOPERE/DECDepartamento de Educação Cooperativista. Mapa de ações. Valente, Bahia, [2005?].
NASCIMENTO, H. M. do. Conviver o sertão: origem e evolução do capital social em Valente/BA. São Paulo: Annablume, 2003.
OLIVEIRA, D. et al. Microcrédito e Sustentabilidade: a experiência do SICOOB COOPERE. 2005. 102f. Monografia (Curso de Cooperativismo de Crédito) Universidade Estadual de Feira de Santana/SICOOBCENTRAL BAHIA, Feira de Santana.
PUTNAM, R. D. Comunidade e democracia: a experiência da Itália moderna. Rio de Janeiro: FGV, 1996.
SILVA, S. B. de M.; SILVA, B. C. N. Reinventando o território: tradição e mudança na Região do SisalBahia. Revista de Desenvolvimento Econômico, Salvador, n.5, p.5 15, dez. 2001.