capital 36 dezembro 2010

35 ANOS DE ECONOMIA Transportes entre os mais promissores

COMRCIO Brasil quer maior volume comercial

ENTREVISTA Casamento perfeito entre Portugal e Moambique

Publicao mensal da S.A. Media Holding . Dezembro de 2010 . 60 Mt . 350 Kwz . 25 Zar . 4 USD . 3,5 EUR

O BROTAR DE UM NOVO COMRCIO

the Birth of a new commerceMELHORES MARCAS DE MOAMBIQUE O ranking das Marcas Moambicanas TV RECORD Mercado televisivo ganho a galope

N 36 . Ano 03

6 SUMRIO

FOCO

BANCA

35 ANOS

INDSTR

15 30 34e-mail: [email protected] (+258) 21 303188

16eNTReVISTA

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O casamento perfeito entre Portugal e MoambiqueDaniel David, presidente da Cmara do Comrcio Moambique-Portugal, mostra-se agradado pelo facto dos empresrios lusos pretenderem investir na base produtiva moambicana. Apesar do comrcio internacional ser caracterizado por trocas desiguais e barreiras administrativas, Moambique pode ser uma boa porta de entrada para a SADC.

COMRCIOBrasil quer maior volume comercial em fricaO Brasil quer um maior volume comercial com o continente africano, em particular com Moambique e Angola. Segundo o embaixador brasileiro em Moambique, Antnio Jos Maria de Sousa Silva, para um pas como Moambique, quanto mais desenvolvido for, mais vai comprar e vender no contexto da sua relao econmico-comercial com o Brasil.

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SUMRIO 7

RIA

TECNOLOGIAS

NEGCIOS

INVESTIMENTO

22

24

28

29 42 45SeLeCT VeDIOR, P 54 PWC, P 57 QUINTA eSSNCIA, P 55 MFW, P 59 SA MeDIA HOLDING, P 61 TV ReCORD, P 63 TDM P 64

eSTUDOS De MeRCADOMelhores Marcas de Moambique e as Marcas MoambicanasNo ranking global das 174 marcas avaliadas pela Intercampus, destacam-se as marcas Nestl, Nokia e EDM que se encontram no Top 10+, havendo um notrio aumento do nmero de marcas de produtos alimentares melhor avaliadas, em comparao com as do ano anterior nos lugares cimeiros. O topo do ranking pertence marca NESTL.

GeSTO e CONTABILIDADeUm olhar sobre os Passivos AmbientaisUm dos maiores desafios, seno o maior desafio da Contabilidade da Gesto Ambiental, assegurar, nas organizaes, a implementao dos processos ligados identificao, quantificao, contabilizao e divulgao dos passivos ambientais, entendidos como obrigaes decorrentes da contaminao ou degradao ambiental provada por determinadas actividades das organizaes sobre o meio ambiente

NDICe De ANUNCIANTeSTDM, P 02 DCC-TIGA, P 13 GeSSeR, P 27 BCI, P 47

AP CAPITAL, P 03 PHC, P. 05

HIDROFRICA, P 04 STANDARD BANK, P 08 eLeCTROTeC, P 11

PROCReDIT, P 17 HOTeL AFRIN, P 44 eRNST & YONG, P 52

EDITORIAL 9

Comrcio e transportes envolvidos em crculos virtuososA actual edio tem o condo de juntar sectores, que naturalmente se complementam: o dos Transportes e Comunicaes e o do Comrcio. do senso comum que os custos de comrcio, a nvel global, caram graas prtica dos custos mais baixos dos transportes e comunicaes, maior qualidade e maior velocidade. Mas nem todos os pases beneficiaram da mesma forma. Os custos de transporte caram mais rpido onde a demanda por servios de transporte era maior. O aumento de escala da produo comercializada elevou a competitividade e permitiu o despoletar de economias de escala no sector dos transportes. Os custos mais baixos de comrcio e de transporte subsequentes incentivaram o panorama das trocas e permitiram uma maior especializao, e mais comrcio. Certos pases como a China e o Chile penetraram nos mercados internacionais e beneficiaram de custos de transporte mais reduzidos. Mas a maior parte dos outros no o fez. Na maior parte dos estados do continente africano a causao cumulativa em vez de ajudar prejudicou, pois as economias de aglomerao continuam a ser pequenas nas regies divididas da frica. Ao aumentar as interaces locais de mercado e ao reduzir as distncias entre as cidades, e entre as reas, assim como entre as divises internacionais, as polticas de transporte nos pases em desenvolvimento podem, segundo os analistas, iniciar crculos virtuosos. Contudo, a melhoria das infraestruturas fsicas afigura-se como parte indispensvel na equao. Espera-se que em Moambique os esforos encetados pelos doadores, investidores externos e internos venha, de facto, a produzir diferenas assinalveis. Entretanto, o Governo aprovou, em 2009, a Estratgia para o Desenvolvimento Integrado do Sistema de Transportes, cujo incio da sua implementao se perspectiva como o principal desafio do Quinqunio 2010-2014. A viso, plasmada nessa Estratgia, passa sobretudo pelo desenvolvimento integrado do sistema de transportes. Por uma opo que no sentido Norte-Sul do Pas venha a ser dominada pelos transportes martimos e ferrovirios, ao passo que no sentido Este-Oeste venham a predominar os transportes rodovirios e fluviais, salvo imperativos estratgicos decorrentes da Integrao Econmica Regional. A implementao dessa Estratgia afigura-se como um grande desafio para o sector dos transportes, se se tomar em linha de conta que os recursos financeiros para o efeito so de longe superiores capacidade de investimento do Estado. Como tal, o Governo exorta o sector privado nacional e internacional a investir; assegura que o sector dos transportes e Comunicaes precisa de se reestruturar para a implementao da Estratgia; e cria o Fundo para o Desenvolvimento dos Transportes e Comunicaes. O desafio traado hercleo e abrange inmeras frentes de batalha, que incluem portos, aeroportos, e corredores de desenvolvimento. O objectivo mximo dinamizar uma economia que promete dar cartas em termos de comrcio, mas que ainda se retrai perante dificuldades de ordem infraestrutural.c Oxal 2011 se revele prdigo em termos econmicos. Nesse sentido, termino 2010 endereando votos de um feliz Ano Novo a todos os leitores!

Helga Nunes

[email protected]

FICHA TCNICAPropriedade e Edio: Southern Africa Media Holding, Lda., Capital Magazine, Av. Mao Tse Tung, 1245 Telefone/Fax (+258) 21 303188 [email protected] Director Geral: Ilidio Bila [email protected] Directora Editorial: Helga Neida Nunes helga. [email protected] Redaco: Arsnia Sithoye - [email protected]; Srgio Mabombo [email protected] Secretariado Administrativo: Mrcia Cruz [email protected]; Cooperao: CTA; Ernst & Young; Ferreira Rocha e Associados; PriceWaterHouseCoopers, ISCIM, INATUR, INTERCAMPUS Colunistas: Antnio Batel Anjo, E. Vasques; Federico Vignati; Fernando Ferreira; Hermes Sueia; Joca Estvo; Jos V. Claro; Leonardo Jnior; Levi Muthemba; Maria Uamba; Mrio Henriques; Nadim Cassamo (ISCIM/IPCI); Paulo Deves; Ragendra de Sousa, Rita Neves, Rolando Wane; Rui Batista; Sara L. Grosso, Vanessa Loureno Foto Capa: Srgio Costa; Fotografia: gettyimages.pt, Lus Muianga; Ilustraes: Marta Batista; Pinto Zulu; Raimundo Macaringue; Rui Batista; Vasco B. Paginao: Benjamim Mapande Design e Grafismo: SA Media Holding Traduo: Alexandra Cardiga Departamento Comercial: Neusa Simbine [email protected]; Mrcia Naene [email protected] Impresso: Brinrodd Press Distribuio: Nito Machaiana [email protected]; SA Media Holding; Mabuko, Lda. Registo: N. 046/GABINFO-DEC/2007 - Tiragem: 7.500 exemplares. Os artigos assinados reflectem a opinio dos autores e no necessariamente da revista. Toda a transcrio ou reproduo, parcial ou total, autorizada desde que citada a fonte.

dezembro 2010

revista capital

10 BOLSA DE VALORES EM ALTA PESCASero instalados em Marracuene e Manhia, viveiros pisccolas que devero fornecer ao mercado cerca de 60 mil toneladas anuais de pescado para alimentar o mercado interno e as exportaes. Para o efeito, foi j constituda uma empresa mista congregando capitais mauricianos, sul-africanos e moambicanos, designada Mozpeixe, que est a trabalhar nos detalhes burocrticos para o avano do projecto. O investimento de 1.2 bilies de dlares norte-americanos e considerado o maior no sector da aquacultura no pas. O mesmo compreende a aquacultura, o fomento da produo de peixe junto da populao e uma componente agrria para a produo de rao.

CAPITOON

PORTO DE MAPUTOA directora-executiva da Iniciativa de Logstica do Corredor de Maputo (MCLI), Brenda Horne, disse que esta empresa vai ampliar a capacidade do porto de Maputo dos actuais 10 milhes de toneladas anuais para 48 milhes at 2025. O Porto de Maputo vai beneficiar de um plano de modernizao orado em 750 milhes de dlares norteamericanos, a serem disponibilizados durante os prximos 20 anos, que contempla projectos como a dragagem do canal de acesso, ancoradouro e demais intervenes.

COISAS QUE SE DIZEMMecnica poltica? O Estado deve criar instrumentos de controlo quotidiano da economia, de tal forma que as empresas possam desenvolver e as famlias possam melhorar as condies de vida de cada um dos seus membros,Firmino Mucavele, docente da Universidade Eduardo Mondlane, falando na conferncia do Millennium bim.

EM BAIXA SABMILLERA South African Breweries/Miller (SABmiller), fabricante de vrias marcas de cerveja no mundo e uma das maiores engarrafadoras de produtos da Coca-Cola, acusada, pela ActionAid, de sonegao fiscal nos pases em que opera. Esta, detm 78% das aces da empresa Cervejas de Moambique (CDM), que produz no Pas as marcas 2M, Laurentina (clara e preta), Raiz, Manica, Carling Black Label, Castle Milk Stout, Peroni Nastro Azzurro, Castle Lager, Barons e Redds. O valor da sonegao de cerca de 20 milhes de libras por ano (31.1 milhes de dlares), equivalente a 1.1 bilies de meticais. A ActionAid explica que uma das formas de sonegao usada pela companhia manter marcas valiosas de cervejas africanas na Europa ao invs do pas de origem. Dessa forma, o custo de usar as marcas diminui os lucros na filial africana e, consequentemente, a quantidade de impostos que paga. Outra forma pagar taxas de administrao, principalmente para a Sua.

Existe comprimido de motivao venda? A criao da riqueza exige uma liderana eficaz e eficiente, que consegue influenciar largas massas para o trabalho e criao da riqueza,Idem.

Faz o que eu digo e no faas o que eu fao! Um estado sobre-endividado um estado fraco, injusto e incapaz,Luis Campos e Cunha, ex-ministro das Finanas de Portugal, alertando para os riscos de endividamento na conferncia do Millennium bim.

EDMA baixa qualidade da energia elctrica da rede de Moambique e os elevados custos da gua esto a afectar negativamente a competitividade das empresas moambicanas. No decurso da XII Conferncia Anual do Sector Privado, alguns empresrios e operadores econmicos afirmaram estarem a sofrer 50 cortes de energia por ms, facto que afecta os seus planos de produo. O presidente da CTA, Salimo Abdula, indicou que apesar da energia ser gerada no Pas, os custos chegam a ser dos mais altos da regio da SADC, facto que retira a vantagem competitiva do pas.revista capital dezembro 2010

Autarquia com sabor africano As pessoas, e sobretudo os jovens, querem a mudana. Depositaram em mim as suas esperanas para que as coisas mexam,Peter Bossman, medico gans, foi eleito presidente da Cmara da cidade eslovena de Piran e o primeiro africano autarca na Europa de Leste

Poder poltico voltado para os pobres No entreguem o pas queles que no tm nenhum compromisso com os mais pobres,Lula da Silva, presidente cessante do Brasil.

12 MUNDO

NOTCIAS

PORTUGAL Greve geral contra cortes paralisa principais serviosUma greve geral convocada pelas duas maiores centrais sindicais do pas paralisou no dia 30 de Novembro grande parte do sistema de transporte, das escolas e dos servios pblicos em Portugal. O objectivo da paralisao foi protestar contra as medidas tomadas pelo governo para reduzir o dfice pblico - que vem comprometendo a credibilidade do pas nos mercados financeiros internacionais. O sector mais afectado pela greve em Lisboa foi o dos transportes. Ao mesmo tempo, os hospitais cancelaram cirurgias, fazendo apenas atendimento de emergncia. A recolha de lixo esteve parada e os bombeiros prestaram apenas servios mnimos. Enquanto os sindicatos anunciam a vitria da mobilizao, dizendo que a paralisao chegou entre 90% e 100%, o governo afirma que a greve no foi geral, e que apenas 40% dos trabalhadores aderiram. Entre suas reivindicaes est a revogao de medidas como a reduo de at 10% do salrio dos funcionrios pblicos (dependendo de quanto recebem), o congelamento das aposentadorias e a reduo de benefcios maternidade e de outros apoios sociais. Os grevistas tambm protestaram contra os aumentos no imposto de renda sobre pessoas fsicas e sobre valor agregado. Com um dfice pblico de 9,3% do PIB, em 2010, Portugal comprometeu-se a reduzir o rombo para apenas 4,6% em 2011 e chegar a 2012 com um dfice inferior aos 3% exigidos pelo Tratado que criou o euro. Economistas estimam que o governo portugus esteja a perder 500 milhes de euros por causa da greve.

IRLANDA Anncio de emprstimo no estimula mercado

EUA Economia cresce mais do que o previsto no 3. trimestreA economia dos Estados Unidos cresceu mais que o esperado entre Julho e Setembro de 2010, segundo informou o Departamento de Comrcio americano. A reviso do Produto Interno Bruto (PIB) americano no terceiro trimestre do ano indica um crescimento de 2,5%, e no de 2%, como o estimado anteriormente. No segundo trimestre, o ndice foi de 1,7%. O percentual tambm fica acima dos 2,4% do que esperava o mercado americano. A reviso do PIB reflectiu dados que no puderam ser computados para a primeira estimativa divulgada para o perodo. Segundo a subsecretria para assuntos econmicos do Departamento do Comrcio, Rebecca Blank, uma srie de dados possibilitou a reviso para cima do PIB, como resultados positivos nas exportaes e no consumo interno, por exemplo. Blank afirmou que vrias previses indicam uma recuperao maior da economia num cenrio futuro, e que o governo se mantm firme em adoptar polticas que dm apoio a empresas e empreendedores americanos. Apesar da reviso para cima do PIB, o correspondente econmico da BBC Andrew Walker destaca que o crescimento da economia no foi suficiente para amenizar a taxa de desemprego, que est em 9,6%. No incio do ms, o Federal Reserve (Banco Central americano) injectou 600 bilies de dlares na economia do pas. A medida derrubou a cotao do dlar e ajudou as exportaes americanas, mas aumentou as discusses sobre a guerra cambial entre os Estados Unidos e outros pases, como a China.

Os mercados europeus continuam cautelosos aps o anncio dos detalhes do pacote de ajuda financeira Irlanda. O Fundo Monetrio Internacional e a Unio Europeia ofereceram um emprstimo de 85 bilies de euros Irlanda, numa tentativa de reduzir o grave dfice fiscal do pas e as enormes dvidas no seu sistema bancrio. O acordo fechado em Bruxelas prev que 35 bilies de euros iro servir para ajudar os bancos irlandeses, enquanto os 50 bilies restantes sero um auxlio para as despesas do governo. A taxa de juros bsica do emprstimo ficar em 5,8%, contra os 5,2% acertados no resgate financeiro da Grcia, realizado em Maio deste ano. O primeiro-ministro da Irlanda, Brian Cowen, disse que o acordo foi o melhor possvel, dando tempo e espao vitais ao pas para resolver com sucesso os seus problemas financeiros.

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dezembro 2010

14 MOAMBIQUE

NOTCIAS

INDSTRIA AGRICULTURA Megaprojectos Milho moambicano mobilizam 9,8 bilies alimenta Malawi de dlares Grandes quantidades de milho moambicano continuam a ser escoadas informalmente para o Malawi, estimando-se que s em Outubro ltimo 40% do milho produzido no pas foi exportado informalmente para aquele pas vizinho. As estatsticas sobre o comrcio transfronteirio indicam que, neste momento, o Malawi o maior importador informal do milho moambicano. Este cenrio faz com que sejam os malawianos a determinar os preos de compra do milho produzido em Moambique, o que levou queda dos preos no distrito de Milange, na provncia da Zambzia. Nos ltimos anos, o presidente do Malawi, Bingu wa Mutharika, tem vindo a vangloriar-se de que o seu pas est a produzir milho suficiente para consumo interno e para exportao. No entanto, existem evidncias segundo as quais a maior parte do milho que o Malawi alega produzir provm dos distritos de Angnia e Tsangano, em Tete; Morrumbala e Milange, na Zambzia; e Entre-Lagos, Mecanhelas, Ngauma e Mandimba, no Niassa. O milho moambicano depois incorporado nas estatsticas malawianas como se fosse produo daquele pas. A maior parte do milho moambicano acaba por ter como destino o Malawi devido ineficincia dos circuitos de comercializao agrcola em Moambique, em particular na regio fronteiria. Devido necessidade de dinheiro para a sua sobrevivncia, alguns camponeses moambicanos acabam vendendo todos os seus excedentes ao Malawi, propiciando o surgimento de bolsas de fome em algumas regies.

ENERGIA Descoberto mais gs natural na Bacia do Rovuma

Um total de nove megaprojectos aprovados em Moambique j arrecadou para o Pas um capital de 9,82 bilies de dlares norteamericanos. Segundo o ministro da Planificao e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, que falava, na Assembleia da Repblica (AR) durante a sesso de perguntas ao Governo, este valor constitui um grande contributo na formao do capital bruto nacional, um factor determinante na atraco de outros investimentos. Citando o caso do empreendimento Mozal (Fbrica de Fundio de Alumnio) como exemplo, Cureneia explicou que para alm do investimento de 2,3 bilies de dlares, o mesmo gerou 1.400 postos de trabalho directos e cerca de 1,5 bilies de dlares em exportaes. Para Cuereneia, este mesmo empreendimento tem como impacto adicional o dispndio anual de cerca de 96 milhes de dlares em compras de bens e servios fornecidos por pequenas e mdias empresas moambicanas, tendo atingido 290 contratos anuais sem incluir fornecimentos ocasionais. Outros exemplos avanados pelo ministro da Planificao foram o do Projecto das Areias Pesadas de Moma que, alm de um investimento de 500 milhes de dlares gerou 560 postos de trabalho directos; o projecto da petroqumica sul-africana, Sasol, que realizou um investimento de 850 milhes de dlares americanos e criou 183 postos de trabalho directos, alm de contribuir com cerca de 160 milhes de dlares em exportaes; e a Vale Moambique que est a investir 1,5 bilies de dlares em Tete. O projecto gerou quatro mil postos de trabalho e investiu 330 milhes de dlares na contratao de pequenas e mdias empresas, durante a fase de construo.revista capital dezembro 2010

A Companhia Anadarko Moambique confirmou uma nova descoberta de gs natural em offshore na Bacia do Rovuma, aps a concluso do furo Lagosta, cuja abertura foi iniciada a 26 de Outubro ltimo. A descoberta de gs foi feita em formaes arenosas com uma espessura de 167.6 metros. O furo Lagosta est projectado para atingir a profundidade de 4.850 metros. At ao momento, atingiu 4.222 metros de profundidade em relao ao nvel mdio das guas do mar e os trabalhos de perfurao prosseguiro por mais 628 metros. Aps a concluso do Lagosta, os trabalhos de perfurao iro prosseguir, estando projectada a abertura de mais um furo de pesquisa. O furo situa-se a aproximadamente 30 quilmetros a Sul do Barquentine e a 26 quilmetros a sudoeste do Windjammer, dois furos descobertos em Outubro e Abril deste ano, respectivamente. Os concessionrios da rea 1 da bacia sedimentar do Rovuma so a Anadarko Moambique com 43% de participaes, a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos com 15%, a Mitsui com 23,5%, a BPRL Ventures Mozambique com 11,75%, a Videocon Mozambique Rovuma 1 Limited, com 11,75% e a Cove Energy, com 10%. Moambique tornou-se num pas apetecvel para o investimento estrangeiro direccionado para a pesquisa e prospeco de petrleo, devido s suas potencialidades na rea dos hidrocarbonetos. Actualmente, cerca de uma dezena de multinacionais petrolferas se encontram envolvidas em actividades de pesquisa e prospeco de hidrocarbonetos. As actividades so mais intensas ao longo da Bacia do Rovuma, onde operam as companhias Petronas (malaia), Artumas (canadiana), ENI (italiana), Anadarko (norte-americana) e Norsh Hydro (norueguesa).

FOCO

MILLENIUM BIM 15

Millenium bim e os seus 15 anos de lutaArsnia Sithoye [texto]

O Millenium bim realizou a 22 de Novembro um jantar de gala em virtude da comemorao dos seus 15 anos de existncia. No evento, era notvel a presena de personalidades das reas econmica e poltica moambicanas, bem como do Presidente da Repblica, Armando Guebuza, e muitos membros do Governo e representantes de diversas instituies pblicas e privadas. O Presidente da Repblica, Armando Guebuza, falou, ao longo da cerimnia, da bancarizao da economia de Moambique, sobretudo a rural, e apelou para que se fizesse mais pela bancarizao da economia. Por seu turno, o presidente do Conselho de Administrao do Millenium bim, Mrio Machungo, referiu que os 15 anos do Millenium bim representam muito trabalho, muitas dificuldades, muita imaginao e muita perseverana, tendo sido estes os aspectos que ditaram o sucesso da instituio bancria em causa. Mrio Machungo acrescentou ainda que apesar de se estar a atravessar crise econmica internacional, a qual no se sabe quando ir desaparecer, a sua instituio mantm-se forte. preciso ocupar o nosso espao na geoestratgia poltica que se desenha actualmente, tomando Moambique a posio que ocupa no eixo da geo-

estratgia actual e na deslocao dos centros de deciso mundiais, revelou o PCA. No decorrer dos 15 anos de existncia, o Millenium bim conseguiu conquistar mais de 800 mil clientes, o que representa 35% da quota do mercado bancrio moambicano. A instituio bancria encontra-se representada em 32 distritos, com 130 balces espalhados em todo o pas. No total, Moambique possui 128 distritos e mais de 50% dos mesmos no tm acesso a servios bancrios, sendo apenas 52 cobertos pelo sistema financeiro. Aquele dirigente referiu que esta quota de mercado foi conquistada pela qualidade dos servios proporcionados ao mercado e aos clientes. O nosso objectivo no atingir a quota de mercado, servir bem e melhor ao cliente, disse. Relativamente bancarizao rural, Mrio Machungo afirma ser um desafio de desenvolvimento, e que a banca deve ter viso suficiente para identificar e posicionar-se nos locais onde h negcios promovendo assim o desenvolvimento. De recordar que o Millennium bim iniciou o programa de comemoraes do seu 15. Aniversrio em Maro ltimo, que inclua diversas actividades culturais, desportivas e de carcter ldico que culmina-

ram com a Gala dos 15 anos. De referir que o Millenium bim foi recentemente nomeado pela emeafinance magazine o Melhor Banco em Moambique, no mbito do African Banking Achievement Awards 2009. Trata-se de um programa que premeia os melhores bancos, melhores equipas e melhores negcios da rea EMEA: Europa, Mdio Oriente e frica, e visa distinguir os bancos pelos resultados atingidos. A edio que nomeia os Melhores Bancos de 2009 ser disponibilizada no Frum Anual do FMI e Banco Mundial, que ter lugar em Istambul, na Turquia. A emeafinance magazine uma publicao financeira dirigida a CEOs e personalidades do mundo financeiro e poltico e esta distino vem juntar ao Prmio Responsabilidade Social Multinacional 2008, atribudo pela Ernst & Young e aos de Melhor Banco em Moambique pelas revistas The Banker e Euromoney, nos ltimos quatro anos. Estes galardes demonstram o reconhecimento internacional da capacidade de execuo e qualidade das equipas que integram o Millennium bim, evidenciando o forte crescimento que tem registado e premiando a inovao e diversificao da oferta de produtos e servios disponveis.cdezembro 2010 revista capital

YANN GROeGeR, DIReCTOR GeRAL BANCO PROCReDIT MOAMBIQUe

O novo horizonte para o ProCredit converter-se num banco de referncia para o sector empresarialEm 2000, surgiu o Novo Banco, uma instituio financeira dedicada concesso de micro crdito a micro negcios. Passados dez anos, esta instituio financeira consolidou-se como Banco ProCredit, tendo acompanhado o desenvolvimento dos seus clientes, tornando-se num prestador de servios financeiros completos que atravs de emprstimos para empresas, contribui para o crescimento econmico de Moambique. O seu director geral, Yann Groeger, acompanha o Banco nesta nova etapa, no qual procura a expanso da instituio em Moambique, assim como, ser um parceiro financeiro de referncia para as pequenas e mdias empresas no Pas.ditos e Servios Bancrios. Hoje, o novo foco exige um excelente nvel de servios, com maior profissionalismo orientado personalizao das necessidades especficas de cada cliente. Para atender as necessidades destes segmentos, o Banco ProCredit criou servios financeiros como os emprstimos, servios de depsito, transaces diversas e negcios registados legalmente. Agora estamos satisfeitos por fornecer produtos de alta qualidade e, num futuro prximo, iremos ampliar ainda mais o leque de operaes para cada um dos segmentos. - O Banco ProCredit est tambm centrado na construo da sua nova sede no Pais Sim, no final do ano 2011 o Banco inaugurar a nova sede em Moambique, na avenida Vladimir Lenine, em Maputo. O edifcio ser totalmente ecolgico e, com a estrutura prevista, reduziremos em 40% o consumo de energia elctrica, sendo que os nossos colaboradores trabalharo num entorno de luz natural com consumo mnimo de recursos artificiais. Para ns, o Meio Ambiente muito importante. Na concesso de emprstimos cuja aplicao possa ser considerada de um maior risco ambiental, fazemos uma anlise de impacto ambiental, para garantir que no sejam financiadas actividades propensas ao prejuzo do meio ambiente. Incentivamos os nossos clientes a melhorar o seu desempenho ambiental e, planeamos campanhas anuais nas quais envolvemos escolas e a comunidade envolvente s nossas agncias. Este ano, por exemplo, plantamos rvores em diversas escolas do Pas e a nossa ideia continuar com essa conduta educativa.

Yann Groeger, Director Geral do Banco ProCredit

- Depois de dez anos, 150.000 clientes e 21 agncias em todo Moambique, como se apresenta o futuro para o Banco ProCredit? Nos nossos incios, O Banco ProCredit consolidou um mercado muito importante em Moambique no mbito das microfinanas, orientado para um mercado que necessitava de servios bancrios e apoio financeiro para iniciar actividades de muito pequena escala. Hoje, dez anos depois, somos um prestador de servios financeiros completos, um banco transparente e responsvel, que atravs dos emprstimos para empresas, pretende continuar a contribuir para o crescimento econmico. O Banco ProCredit tornou-se num banco

comercial completo, com um excelente nvel de servios e com um maior profissionalismo, preocupado em acompanhar o desenvolvimento dos seus clientes. - Como est o Banco ProCredit a enfrentar esta mudana? O novo horizonte para o Banco ProCredit converter-se num Banco de referncia para o sector empresarial. Quando um moambicano tem uma ideia, quando uma famlia aposta num novo negcio ns, o Banco ProCredit, devemos ser a sua primeira referncia. Na procura deste objectivo todos os segmentos da nossa instituio sofreram uma reestruturao. A estrutura anterior estava dividida em Cr-

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35 ANOS DA ECONOMIA

Transportes entre os mais dos sectores da economia

O sector dos transportes consta na lista dos mais flagelados pela guerra dos 16 anos. A rede de transporte terrestre, quer a rodoviria, quer a ferroviria, verificaram cortes severos, decorrentes de incurses militares. No entanto, em termos de crescimento, este sector revela boas perspectivas, estimulado sobretudo pelos megaprojectos, pelos corredores de desenvolvimento e pelos montantes avultados alocados tanto construo, como reabilitao de linhas frreas, estradas e pontes.Os transportes assumem um papel estratgico na economia nacional desde a era colonial. Esta situao deve-se posio geogrfica do Pas em relao ao oceano e ao continente. Por via disto, Moambique serviu de corredor para mercadorias dos pases vizinhos, na altura sob colonizao inglesa. Neste contexto, os investimentos feitos nas infraestruturas ferro-porturias nacionais tinham em vista a ligao com o Interior e no necessariamente o desenvolvimento de Moambique. Com o alcance da Independncia, o nosso sistema de transportes manteve-se estratgico, no s para ns, mas tambm para os pases sem acesso directo ao mar como o caso do Zimbabwe, Zmbia, Malawi e Botswana. Parte significativa das mercadorias destinadas a estes pases, chegava aos seus territrios atravs das infraestruturas ferro-porturias do Pas. Contudo, este processo regista uma sbita interrupo, na dcada 70, com a ecloso da guerra dos 16 anos. Fora a instabirevista capital dezembro 2010

lidade poltica, os saques e a pilhagem que caracterizaram a poca, o sistema nacional de transportes viu-se comprometido devido vandalizao das infraestruturas ferrovirias e rodovirias. Quilmetros e quilomtros de linhas frreas e de estradas ficaram parcial e totalmente danificados. Num olhar preliminar, a ideia que se podia ter era de que bastando dispor de recursos financeiros, o sistema de transportes voltaria a ser o que era, mas minas espalhadas pelo territrio nacional contrariavam essa expectativa. At aos dias de hoje, a construo de uma estrada em determinadas localidades do nosso Pas, requer primeiro a desminagem, para a posterior prossecuo dos trabalhos. Esta situao pesa como um dos factores que onera a construo ou reabilitao de algumas vias de acesso. De acordo com a Estratgia para o Desenvolvimento Integrado do Sistema de Transportes no desenvolvimento do Pas, o sector de transportes contribui com

cerca de 10% no Produto Interno Bruto, o que lhe confere a terceira posio nos sectores de economia que directamente galvanizam o crescimento econmico. Contudo, se considerarmos que essa contribuio resulta fortemente da prestao de servios aos pases do interior (Hinterland), se deduz que o sector de transportes e comunicaes desempenha ainda um papel incipiente no desenvolvimento dos sectores lderes da economia. No mesmo documento, o Governo reconhece que o sistema de transportes do pas ainda se encontra maioritariamente na fase de reabilitao das infraestruturas destrudas pela guerra, quando uma grande parte dos pilares da economia nacional conhece fases de investimentos mais aceleradas e mais intensivas do que no perodo colonial, durante o qual a infraestrutura e os servios de transportes servia principalmente para ligar as zonas do interior da frica do Sul, do Zimababwe e o Malawi ao mar. Porm, desde

35 ANOS DE ECONOMIA

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s promissores a moambicanaOs corredores constituem o ponto fulcral para iniciativas de desenvolvimento regional. Inicialmente, baseados em rotas de transporte, os corredores so importantes para o alcance dos objectivos econmicos e polticos da regio, particularmente devido ao facto de quase metade dos Estados membros da SADC serem do Interior ...a independncia nacional que a reorganizao do sistema de transportes e de logstica esteve no centro das atenes do Governo. O esforo empreendido nessa direco, logrou resultados impressionantes sobretudo nas reas da marinha mercante, transportes rodovirios e ferrovirios. Contudo, a guerra e a sabotagem frustraram a aposta do Governo e nos finais de 1992 quase toda a infraestrutura de transporte tinha colapsado. Excluindo a capacidade e a modernidade dos veculos que processam o transporte de pessoas e bens, a qualidade dos sistemas de transportes assenta na existncia de infraestruturas e na explorao sustentvel das vias de acesso, sejam elas martimas, terrestres, fluviais ou areas. No caso de Moambique, em termos de infraestruturas, ainda estamos aqum do exigido para os nveis de crescimento e desenvolvimento almejados. Nesta perspectiva, o Governo aumenta, ano ps ano, a percentagem, do Oramento de Estado, alocada s infraestruturas. Os corredores de desenvolvimento O entendimento que existe a nvel da SADC de que os os corredores constituem o ponto fulcral para iniciativas de desenvolvimento regional. Inicialmente, baseados em rotas de transporte, os corredores so importantes para o alcance dos objectivos econmicos e polticos da regio, particularmente devido ao facto de quase metade dos Estados membros da SADC serem do Interior e requererem ligaes regionais eficientes de transporte para terem acesso ao mar. Com base neste conceito, Moambique desenvolveu este tipo de sistemas integrados, privilegiando as ligaes terrestre, ferroviria e rodoviria, respectivamente. Eis a lista de alguns corredores estratgicos no pas: Corredor de Maputo De acordo com um boletim informativo da SADC, o Corredor do Desenvolvimento de Maputo foi a primeira das Iniciativas de Desenvolvimento Espacial (SDI sigla em ingls) a ser executada em 1995. Este liga a provncia de Gauteng da frica do Sul ao porto de Maputo em Moambique. Os desenvolvimentos ao longo do corredor focalizaram-se na reabilitao e modernizao das tradicionais ligaes do comrcio e transporte como uma base para um desenvolvimento econmico abrangente. A estrada, caminhos-de-ferro e a infraestrutura e funcionamento do porto foram concessionados em Moambique. A participao do sector privado jogou um papel importante no corredor, particularmente no investimento na construo da estrada com portagens que liga Witbank na frica do Sul a Maputo e na melhoria do funcionamento de caminhosde-ferro e portos em Moambique. Corredores da Beira e do Zambeze As iniciativas dos corredores de desenvolvimento da Beira e do Zambeze pretendem desenvolver uma regio econmica que liga Malawi, Moambique, Zmbia e Zimbabwe, atravs dos portos da Beira. Os objectivos-chave so reestabelecer e modernizar as ligaes das infraestruturas no Interior. Os projectos de desenvolvimento de infraestruturas incluem modernizar o porto da Beira, fornecimento da electricidade, viadutos do gs e do combustvel lquidos, a proposta estrada Harare-Beira com portagens, o melhoramento das linhas frreas de Harare-Beira e a modernizao dos aeroportos. Corredor de Nacala O Corredor de Desenvolvimento de Nacala visa desenvolver uma plataforma econmica ligando o Malawi no Interior ao porto de Nacala, em Moambique. H necessidade de expandir e reabilitar a infraestrutura dos transportes para expr o potencial de investimentos no corredor. Actualmente o corredor conta na sua gesto com dois accionistas de peso, os Caminhos de Ferro de Moambique (CFM), com 49%, e a Sociedade do Corredor de Desenvolvimento do Norte (SCDN), com 51%. Corredor Mtwara O Corredor de Desenvolvimento de Mtwara cobre os territrios do Malawi, Moambique, Repblica Unida da Tanznia e a Zmbia. O Corredor percorrido desde o porto de Mtwara no leste Mbamba Bay ao ocidente no Lago Malawi. Projectos dos transportes incluem a expansodezembro 2010 revista capital

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35 ANOS DA ECONOMIAe modernizao do porto de Mtwara, dos portos de Mbamba Bay e Manda, ambos situados no Lago Malawi/Niassa. Outros projectos incluem a modernizao do Aeroporto de Mtwara e vrias infraestruturas de estradas e caminhos-de-ferro. A Ponte da Unidade, desenhada para atravessar o Rovuma, ir contribuir significativamente para melhorar a conectividade da rede de estradas na regio. Importantes tambm so a Estao de Energia Trmica de Mchuchuma, o viaduto de petrleo de Mtwara-Mbamba Bay e o projecto do gs do Songo. Influncia dos megaprojectos no desenvolvimento dos transportes O papel dos megaprojectos na economia nacional pode ser analisado sob vrios prismas. No caso dos transportes, os mega-projectos proporcionaram ao sector uma nova dinmica. Este cenrio decorrente das necessidades de escoamento das matrias exploradas por esses megaprojectos. No caso da Mozal, esta empresa potenciou o transporte rodovirio para o escoamento dos lingotes de alumnio. Por outro lado, temos os projectos de explorao de carvo na bacia de Moatize, onde se encontram a mineradora brasileira Vale e a australiana Riversdale. Pelo potencial que a bacia de Moatize revelou, a capacidade logstica existente mostrase insuficiente para escoar as milhares de toneladas previstas. Visto isto, as atenes voltaram-se para as ferrovias, com destaque para a Linha de Sena, cuja reabilitao est em curso, e para o estratgico corredor de Nacala. Os projectos em curso esto a ter um efeito directo na cadeia de transportes, facto que se traduz na melhoria da qualidade das linhas frreas das regies onde estes so desenvolvidos. Mas o impacto do carvo no se limita s vias ferrovirias ou rodovirias, pela incapacidade logstica de ambas, a Riversdale j avanou com o estudo de impacto ambiental com vista a aferir a navegabilidade do rio Zambeze, e caso haja luz verde, esta via mostra-se complementar as j existentes. Ainda no transporte terrestre, temos projectos como as Areias Pesadas de Moma a impulsionarem a rede rodoviria. Fora os mega-projectos, existem agora as Zonas Econmicas Especiais, que caso se desenvolvam como o previsto vo dar um grande estmulo ao sector dos transportes, pelo menos nas reas onde estiverem instaladas. O transporte areo O percurso do transporte areo no pas confunde-se com o de duas instituies. Trata-se da empresa Aeroportos de Moambique (ADM) e das Linhas Area de Moambique (LAM). Ambas existem h dcadas e experimentaram vrias realidades, consoante a conjuntura do Pas. Para a ADM a expresso do dia modernizar e ampliar. Baseada neste pressuposto, a empresa est a investir centenas de milhes de dlares na remodelao das infraestruturas aeroporturias estratgicas do Pas. Alis, recentemente foi inaugurado o terminal internacional do Aeroporto de Maputo. Em relao LAM, esta empresa tambm se encontra a investir na renovao da sua frota de aeronaves, tendo trazido ao Pas quatro engenhos de ltima gerao, dois destes encomendados brasileira Embraer, num desembolso estimado em 100 milhes de dlares. Apesar das fortunas movimentadas neste sector, o transporte areo no nosso pas est muito e mais associado movimentao de passageiros, ou seja, o manuseamento de carga ainda incipiente. Na indstria aeoronutica internacional, o

Apesar das fortunas movimentadas neste sector, o transporte areo no nosso pas est muito e mais associado movimentao de passageiros, ou seja, o manuseamento de carga ainda incipiente. Na indstria aeoronutica internacional, o transporte de bens mostra-se to rentvel quanto o transporte de pessoas. Contudo, o estgio do desenvolvimento econmico do Pas ainda no gerou mercadorias que justifiquem a utilizao de aeronaves do tipo cargueiro, para operaes domsticas, bem como internacionais.

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35 ANOS DE ECONOMIAtransporte de bens mostra-se to rentvel quanto o transporte de pessoas. Contudo, o estgio do desenvolvimento econmico do Pas ainda no gerou mercadorias que justifiquem a utilizao de aeronaves do tipo cargueiro, para operaes domsticas, bem como internacionais. O transporte martimo e o fluvial A Estratgia para o Desenvolvimento Integrado do Sistema de Transportes assume que um dos problemas ligados ao encarecimento das operaes porturias em Moambique diz respeito incidncia de impostos e procedimentos aduaneiros. necessrio simplificar estes instrumentos e mecanismos de modo a combinar equipamentos modernos, com organizao, formao e quadro regulatrio favorvel. Por isso, uma das principais linhas estratgicas neste mbito a concepo e implantao de uma poltica nacional porturia que introduza um novo modelo de gesto porturia que traga maior competitividade e suficientemente atractiva para os armadores e empresas de navegao. Por via disto, o transporte martimo mostra-se restrito s empresas ou entidades com maior poder econmico. Por outro lado, A utilizao do mar como meio de transporte de cabotagem tem vindo a reduzir drasticamente. Dentre as razes principais que contribuem para a no existncia de transporte de cabotagem regular ao longo da costa do pas se destacam: Questes estruturais induzidas pela guerra e pelas privatizaes das empresas estatais; inexistncia de frota nacional; ausncia de mercado de fretamento; legislao restritiva; ausncia de incentivos. Para inverter o cenrio, o documento sugere que uma transmartima mais eficiente poder servir como explorador de risco e de negcios, o que por sua vez poder encorajar e motivar a participao do sector privado. Esta medida deve ser acompanhada pela reviso da legislao e a criao de um pacote de incentivos

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para transportadores e armadores que dever incluir entre outros a adopo de transportes de bandeira de convenincia de alto padro, sistema fiscal e simplificao dos procedimentos aduaneiros nas mercadorias de trnsito nos portos. A navegabilidade dos rios Entre os debates mais candentes da actualidade consta a navegabilidade dos rios em Moambique, com especial destaque para o Zambeze. Este um assunto que coloca em rota de coliso ambientalistas e homens de negcio. Os empresrios com interesse no escoamento do carvo reconhecem os danos ambientais, mas insistem que so controlveis. Os ambientalistas defendem que no podemos ser imediatistas e que nos devemos pautar por prticas conducentes a um desenvolvimento sustentvel. Independentemente do lado onde esteja a razo, o facto que os rios como vias de comunicao so pouco explorados em Moambique.c

A utilizao do mar como meio de transporte de cabotagem tem vindo a reduzir drasticamente. Dentre as razes principais que contribuem para a no existncia de transporte de cabotagem regular ao longo da costa do pas se destacam: Questes estruturais induzidas pela guerra e pelas privatizaes das empresas estatais; inexistncia de frota nacional; ausncia de mercado de fretamento; legislao restritiva; ausncia de incentivos.

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Vidreira de Moambique: Revitalizao de olho atento no mercadoArsnia Sithoye [entrevista] Helga Nunes [fotos]

A empresa Vidreira de Moambique est a passar por um processo de revitalizao e poder comear a operar dentro de oito meses segundo Carlos Vieira, o responsvel pelo processo. A empresa Sonil Lda. adquiriu as aces da Vidreira e Cristalaria de Moambique por um valor de 3.1 milhes de dlares americanos e iniciou com o estudo do terreno para posterior trabalho de reabilitao h sensivelmente quatro meses, quando a mesma passou para a sua gesto. O fabrico de vidro uma experincia nova no entanto para a Sonil, uma vez que a empresa sempre actuou na rea de comercializao de produtos agrcolas, explorao de carvo, construo de estradas e pontes e comrcio geral. Recorde-se que a Vidreira esteve paralisada durante 10 anos, tendo o equipamento ficado obsoleto e inoperacional da, segundo Carlos Vieira, terem solicitado a vinda de tcnicos portugueses da Marinha Grande, cidade portuguesa conhecida perevista capital dezembro 2010

las maiores fbricas de vidro, tcnicos esses que lhes forneceram as directrizes de como proceder no que concerne revitalizao da Vidreira. Com a vinda agora dos tcnicos portugueses que nos puseram mais a corrente da situao, fizeram-nos ver o que no tnhamos visto. lgico que eles esto dentro deste negcio, desta vida, e fizeramnos ver determinadas coisas. Agora j estamos a elaborar um plano de trabalho com mais certeza daquilo que estamos a fazer, o que no acontecia antes, disse Carlos Vieira. Os tcnicos portugueses identificaram um problema no sistema da chamin de recuperao de valores que se encontra totalmente danificada devido ao tempo que ficou sem funcionar, sendo a sua recuperao bastante complexa morosa e dispendiosa. Trata-se de uma chamin preparada para o reaproveitamento da energia para dentro do forno. Portanto, a energia sai e depois retorna para dar mais intensidade

ao calor. Outro constrangimento com que os tcnicos da fbrica se deparam diz respeito canalizao da gua, uma vez que os tubos se encontram corrodos pelo tempo e fora dos padres usados actualmente, carecendo de modernizao. Para tal, so necessrias 16 bombas de gua e 1.150 metros de tubos para conduzir a gua at aos fornos. J na parte elctrica, ponto crucial e indispensvel ao fabrico de vidro, o problema ainda maior pois os diversos postes de transformao existentes na fbrica foram vandalizados por pessoas com a inteno expressa de vender o material elctrico. A fbrica possui vrios postes de transformao divididos pelos sectores da mesma, tendo os tcnicos enfrentado dificuldades para identificar a que sector pertencia cada um deles. Graas colaborao dos antigos trabalhadores da Vidreira de Moambique que ao verem a movimentao dos novos patronos da fbrica se prontificaram a ajudar, foi possvel identificar a chave do

REGIESproblema e o ponto de partida para a sua resoluo. De acordo com Carlos Vieira, j se entrou em contacto com a Electricidade de Moambique (EDM) no sentido de se repor a luz elctrica cortada aquando da inactividade da fbrica. No entanto, segundo palavras daquele representante, a EDM at agora ainda no respondeu ao pedido e no d nenhuma razo plausvel para tal: A electricidade no nos liga a luz e no sabemos por que razo. E sem luz isto no pode andar e h coisas que j deviam ter sido feitas mas no foram por falta de luz. O apoio neste sector da energia infelizmente no tem sido no nvel favorvel para ns, pelo contrrio, no h vontade de apoiar como devia haver. Por outro lado, existe o problema do forno que para alm de carecer de uma reabilitao, tem a durao mxima de mais seis anos, findos os quais ter de ser substitudo. Portando, a esperana que efectivamente a fbrica consiga trabalhar e rentabilizar de modo a adquirir-se um novo forno. Previses possveis A Sonil est, neste momento, a estudar a possibilidade de contratar uma empresa sul-africana no sentido de pr cobro a essa situao. Neste momento, estamos a fazer uma anlise para ver se conseguimos fazer a reparao atravs de uma empresa tcnica da frica do sul, que j nos est a dar apoio nesse sentido, pois creio que neste momento o mais vivel. Vamos ver se eles conseguem porque at os tubos usados na mquina so de um ao muito especial que tm de suportar 800 graus e o forno trabalha a 1.400 graus e no pode ser qualquer ao para evitar dilataes ou outras situaes, revelou aquele responsvel. A empresa poder fazer uma reformulao no seu sistema de fabrico, que consiste em substituir o gs normal pelo gs natural produzido em Moambique. Segundo Carlos Vieira, esta reformulao onerosa mas poder ser compensadora na medida em que ir reduzir custos de energia elctrica, pois antes da sua paralisao h dez anos, a empresa despendia cerca de 100 mil dlares de energia por ms, o representaria cerca de 130 mil dlares em termos de custos actuais. O fabrico do vidro ir iniciar com trs linhas de produo, sendo duas vocacionadas para garrafas e outra para uma rea inovadora (a de produo de pratos, cinzeiros e blocos de vidro para construo) aps a adaptao de uma mquina ainda por adquirir. E esta ser uma das grandes apostas da fbrica, atravs da qual nasce a esperana de ter mercado para exportao, pois com a paralisao, a fbrica perdeu o mercado para outros pases da Regio. Antigamente, a vidreira abastecia uma considervel parte da frica Austral. Com

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a sua paralisao, todas as vidreiras da Regio com capacidade de produo de cerca de 70 toneladas por dia duplicaram a produo face s exigncias do mercado. Mas paira uma dvida no ar: Agora que vamos reaparecer, ser que o mercado vai suportar as 125 toneladas que iremos fabricar por dia? lgico que as empresas nacionais poder-nos-o nos dar preferncia no caso da Cervejas de Moambique (CDM), da Coca-Cola, da Pepsi e outras pequenas indstrias de engarrafamento de bebidas tradicionais, refere Vieira, sem esconder contudo um certo receio. No obstante a Sonil, alm dos potenciais clientes acima mencionados, conta com o alento proveniente da tendncia internacional para reduzir o uso de plsticos. O reaparecimento do vidro no uso das embalagens tem vindo a ser um denominador comum no mercado europeu e espera-se que a tendncia se mantenha em frica. No concernente mo-de-obra, a Sonil pretende recrutar trabalhadores que fizeram parte dos quadros da fbrica. Mas subsistem dificuldades a esse nvel. Dos poucos trabalhadores que a fbrica tinha, boa parte deles j esto de reformados, portanto no temos tcnicos, temos que formar tcnicos com pessoas tcnicas, que conheam o servio. E lgico que essa formao no de hoje para hoje, tem o seu tempo e os seus custos. Por outro lado, ningum compra uma garrafa de CocaCola, de vinho ou de cerveja sem primeiro testar. Quer dizer que temos de produzir com qualidade, rematou Carlos Vieira. Para dar procedimento aos trabalhos de reabilitao, a empresa aguarda actual-

Carlos Vieira

mente dos tcnicos portugueses o relatrio que indica as direces a serem tomadas e s partir da que se poder ter uma ideia dos custos reais do empreendimento.cdezembro 2010 revista capital

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TECNOLOGIAS

Reformas electrnicas para o e-trade so necessriasO rastreamento de produtos agrcolas um novo requisito do comrcio internacional e existe uma falta global de analistas experientes, especializados no acompanhamento da cadeia de fornecimento de produtos agrcolas. Para alm disso, novos modelos como a Parceria Global para as Boas Prticas Agrcolas (GlobalGap) e o Sistema de Anlise de Perigos e Controlo de Pontos Crticos (HACCP -Hazard Analysis CriticalControl Point System) esto ainda em evoluo, o que dificulta o desenvolvimento de uma aplicao informatizada.As aplicaes e-goverment devem igualmente transformar o processo das autorizaes alfandegrias, uma rea de importncia crucial em frica. A Unio Europeia (UE) e os Estados Unidos da Amrica esto prestes a avanar para um comrcio sem quaisquer papis e todas as exportaes da UE tero de estar de acordo com a respectiva legislao, at Julho de 2009. Os importadores da UE trabalharo sem papis em Janeiro de 2011, o que poder aumentar as barreiras comerciais no-tarifrias aplicadas aos produtos africanos, sublinhando a necessidade dos pases de frica acelerarem a sua converso ao comrcio electrnico (e-trade). O comrcio electrnico est presente em todo o processo de importao-exportao, desde que um produto adquirido e enviado, at ao momento em que pago e recebido. Existem, no entanto, outros procedimentos e regulamentos alfandegrios a cumprir. Uma transaco comercial envolve normalmente entre 27 a 30 interessados e 40 documentos para a exportao, 90 por cento dos quais so actualmente feitos em papel. Para alm disso, em cada transaco so necessrios 200 dados informativos, 30 dos quais so repetidos pelo menos 30 vezes, implicando reescrever 60 a 70 por cento dos dados pelo menos uma vez. Consequentemente, 10 por cento do valor de todos os bens exportados por via martima, em 2008 no mundo, foi gasto em custos administrativos, estimados em 550 mil milhes de dlares norte-americanos. Para reduzir estes custos, existem diversas iniciativas que promovem o comrcio electrnico, como, por exemplo, os Documentos Electrnicos das Naes Unidas (UNeDocs), os Programas Comunitrios Fiscais e Alfndegas 2013, a CBP Alfndega e Proteco das Fronteiras Norte Americanas e a Adopo de Comrcio sem papis no Canad e na Austrlia. Estas iniciativas promovem o desenvolvimento de um enquadramento comum, onde todos os dados esto disponveis e podem ser visualizados segundo indicao do agente regulador.revista capital dezembro 2010

O comrcio sem papel em frica poder diminuir o tempo e os custos das trocas comerciais. Enquanto a sia do Sul a pior regio em termos do nmero de documentos nas actividades de importao-exportao, a frica Subsaariana lidera em termos do tempo e do custo das importaes e exportaes. Estes custos so o dobro dos praticados nos pases da OCDE, da Amrica Latina e do Norte de frica. Nesta regio, as importaes e exportaes necessitam em mdia de 35.25 dias e custam cerca de 1.881 dlares por contentor. Estes fardos no comrcio subsaariano sublinham os potenciais benefcios do desenvolvimento de inovaes transfronteirias. Existem, contudo, dvidas sobre at que ponto as PME podero beneficiar do e-trade. De acordo com um estudo recentemente realizado pela UNECA, as pequenas e mdias empresas no Qunia, Egipto, frica do Sul, Gana, Senegal e Etipia tm diferentes nveis de adaptabilidade electrnica (e-readiness) e por isso a sua capacidade de integrao em actividades de e-trade est comprometida. Outra questo refere-se s exigncias sanitrias dos pases importadores para evitar o alastramento de doenas. Os regulamentos internacionais de segurana e higiene alimentar obrigam a que todos os alimentos sejam seguidos desde a sua origem. Os sistemas de acompanhamento Radio Frequency identification (RFID) esto a ser utilizados em frica de modo a cumprir estes regulamentos. No Botsuana, existe um dos maiores sistemas do mundo de acompanhamento, monitorizao e gesto de gado, que engloba todas as vacas do pas - 3 milhes em 2008. Este sistema de Identificao e Localizao de Gado (LITS) dispe de uma base de dados sobre a produo, processamento e venda de carne. Apesar de este projecto ter sido elaborado para cumprir os regulamentos da UE, permite igualmente aos produtores de gado optimizarem os sistemas de alimentao e cumprirem os relatrios exigidos pelas au-

toridades de sade. Na Nambia, as autoridades locais esto a intensificar a utilizao do RFID para controlar todas as vacas do pas. No Qunia, um programa piloto baseado no RFID est a ser desenvolvido tambm para vacas. Na frica do Sul, os criadores de ovelhas e avestruzes utilizam sistemas de RFID. O rastreamento de produtos agrcolas um novo requisito do comrcio internacional e existe uma falta global de analistas experientes, especializados no acompanhamento da cadeia de fornecimento de produtos agrcolas. Para alm disso, novos modelos como a Parceria Global para as Boas Prticas Agrcolas (GlobalGap) e o Sistema de Anlise de Perigos e Controlo de Pontos Crticos (HACCP -Hazard Analysis CriticalControl Point System) esto ainda em evoluo, o que dificulta o desenvolvimento de uma aplicao informatizada. O acompanhamento tem, igualmente, de considerar as necessidades de diferentes departamentos do governo e de empresas privadas, aumentando os custos dos negcios. A experincia do Qunia demonstra que o custo da certificao e do cumprimento de outros regulamentos leva desistncia dos pequenos negociantes. Websites comunitrios geridos no Qunia e no Senegal mostram que os custos de certificao podem ser significativamente reduzidos. Um exemplo de sucesso de certificao comunitria a plataforma web Fresh Food Trace da empresa de exportao de mangas FRUILEMAGIE do Mali, criada em Fevereiro de 2008, em conjunto com a Manobi e a IICD. Esta plataforma ajuda os exportadores de manga do Mali a melhorarem o acompanhamento dos seus produtos e a cumprirem os padres de certificao definidos pelo Global Gap. Os agricultores podem utilizar os telemveis para transmitirem informaes das suas actividades, sendo estas integradas num sistema a que os compradores tm acesso.c

SECTOR

TECNOLOGIAS 25

TIC combatem barreiras comerciais Norte-Sul

s Tecnologias de Comunicao e Informao (TIC) permitem s populaes e organizaes trabalharem melhor distncia, coordenarem-se de forma mais prxima e reunirem diversas fontes de informao numa plataforma comum. Estas vantagens so cada vez mais relevantes para simplificarem os complexos procedimentos do comrcio internacional. Ao longo dos ltimos 10 anos, os pases em desenvolvimento tornaram-se mais activos no comrcio internacional. frica transaccionou 424 mil milhes de USD em 2007 um aumento de 16 por cento relativamente a 2006 assumindo-se como uma significativa fonte de rendimento e de crescimento econmico para o continente. A Microsoft acredita que, encorajando um maior acesso tecnologia nos pases em desenvolvimento, so criadas oportunidades para facilitar o comrcio, incorporar boas prticas e ultrapassar as barreiras Norte/Sul. Por exemplo no Senegal, a empresa local de TIC Gainde 2000 desenvolveu o ORBUS, uma soluo electrnica de janela

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nica baseada na tecnologia da Microsoft, que facilita as formalidades de pr-certificao ligando vrias agncias governamentais, bancos, importadores e exportadores, ao colocar em funcionamento, desde o incio, as melhores infraestruturas disponveis. O Senegal tem conseguido disponibilizar uma plataforma alfandegria sem papel, e segura, permitindo ao pas comercializar de forma mais eficaz com o resto do mundo. Esta soluo est tambm a ser implementada no Qunia. Outro parceiro da Microsoft, a Trade Facilitate, desenvolveu uma plataforma electrnica que actualiza os sistemas alfandegrios existentes, desde o Sistema Automatizado de Informaes Alfandegrias (ASYCUDA - Automated System for Customs Data) implementado pela UNCTAD nos anos 70, s referncias tecnolgicas mais actuais para o comrcio sem papel impulsionando melhorias graduais nas infraestruturas. Esta plataforma tem sido dirigida especificamente para as pequenas e mdias empresas (PME) dos pases em desenvolvimento na frica, Amrica Latina e Sudeste Asitico, para que possam beneficiar das ltimas tecno-

... no Senegal, a empresa local de TIC Gainde 2000 desenvolveu o ORBUS, uma soluo electrnica de janela nica baseada na tecnologia da Microsoft, que facilita as formalidades de prcertificao ligando vrias agncias governamentais, bancos, importadores e exportadores, ao colocar em funcionamento, desde o incio, as melhores infraestruturas disponveis. O Senegal tem conseguido disponibilizar uma plataforma alfandegria sem papel, e segura, permitindo ao pas comercializar de forma mais eficaz com o resto do mundo.dezembro 2010 revista capital

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TECNOLOGIAS

No Qunia, a Virtual City Ltd, um parceiro da Microsoft, criou uma nova forma de acompanhamento atravs de Identificao por Frequncia de Rdio (RFID), com o objectivo de ajudar os criadores de gado do Qunia a terem informaes sobre o historial mdico e a localizao de cada uma das vacas destinadas ao mercado de exportao. Atravs da insero, com um baixo custo, de um dispositivo de acompanhamento no estmago das vacas e da digitalizao de dados relevantes, os criadores de gado no Qunia conseguem agora cumprir os regulamentos de acompanhamento de alimentos da UE

logias e cumprir as exigncias do comrcio sem papel criadas pelos Estados Unidos e Unio Europeia. Um programa africano e da APEC foi implementado em 2009, em conjunto com o Grupo CP3 da Unio Europeia para o comrcio electrnico Import/Export das PME, com um projecto-piloto inicial lanado em Abril de 2008 para exportadores da Etipia. O Grupo CP3 estima que o tempo entre a transmisso inicial de dados por parte de um exportador e a recepo da permisso para exportar passe a medir-se em minutos (em vez dos actuais 30 dias), atravs da utilizao da plataforma da TradeFacilitate. O Grupo CP3 alertouque as exportaes da Etipia, no valor de 923 milhes de USD, podero estar em risco em 2011 e que 400 empresas exportadoras iriam beneficiar do acesso a este projecto, at Julho de 2009.Outros pasesrevista capital dezembro 2010

que se encontraram a discutir a utilizao desta plataforma so Taiwan, o Vietname e a Tailndia. medida que as capacidades tecnolgicas se desenvolvem ao nvel global, surgem com cada vez mais frequncia aplicaes inovadoras de base local, com o objectivo de enfrentar as necessidades especficas dos pases em desenvolvimento, beneficiando-os directamente e permitindo ao Norte aprender atravs do Sul. No Qunia, a Virtual City Ltd, um parceiro da Microsoft, criou uma nova forma de acompanhamento atravs de Identificao por Frequncia de Rdio (RFID), com o objectivo de ajudar os criadores de gado do Qunia a terem informaes sobre o historial mdico e a localizao de cada uma das vacas destinadas ao mercado de exportao. Atravs da insero, com um baixo custo, de um dispositivo de

acompanhamento no estmago das vacas e da digitalizao de dados relevantes, os criadores de gado no Qunia conseguem agora cumprir os regulamentos de acompanhamento de alimentos da UE, reabrindo assim um mercado que anteriormente estava fechado. Este sistema pode ser facilmente adaptado a outros pases. medida que os sistemas de comrcio global se modificam, os maiores parceiros comerciais (EUA e UE) esto a impor condies cada vez mais rigorosas nas suas importaes. A tecnologia ajudar os pases em desenvolvimento a cumprirem estas condies, assegurando o seu acesso contnuo aos mercados e mantendo a sua capacidade competitiva a longo prazo.cFonte: Frank McCosker, Director de Gesto, Global Strategic Accounts, Microsoft.

28 NEGCIOS

DOING BUSINESS 2010

Moambique regista ligeira melhoriaRuanda, Cabo Verde, Zmbia entre os Lderes Globais dos pases que mais aperfeioaram a regulao para os Negcios.

No ltimo ano, 27 economias da frica Subsariana implementaram 49 reformas do quadro regulador com vista a melhorar o ambiente de negcios. Esta uma afirmao de Doing Business 2011: Making a Difference for Entrepreneurs, o oitavo de uma srie de relatrios anuais publicados pelo Banco Mundial e pelo IFC (Corporao Financeira Internacional), umas das instituies que compem o Grupo Banco Mundial. Estou impressionado com o impulso reformador no continente e apraznos particularmente saber que Moambique figura entre os pases que esto a melhorar o seu ambiente de negcios, referiu Young Chul Kim, economista principal do Banco Mundial em Moambique e representante residente interino. A posio de Moambique melhorou 4 pontos, passando da posio 130 para a posio 126 no ranking global das 183 economias inquiridas. O Relatrio denota no entanto a necessidade de esforos adicionais em Moambique, em particular nas reas de facilitao do comrcio (trade facilitation) e do licenciamento. Estes esforos adicionais so importantes para incentivar o investimento privado que criaria mais postos de trabalho e contribuiria para a reduo da pobreza. Moambique figura no 8. lugar entre os pases da SADC, frente da Tanznia (128); Malawi (133); Lesotho (138); Zimbabwe (157); Angola (163) e Repblicarevista capital dezembro 2010

Democrtica do Congo (175). Trs economias da regio (Ruanda, Cabo Verde e Zmbia) esto entre o top 10 mundial com trs reformas cada em matria de melhoria na facilidade de negcios no ltimo ano, com base no nmero e impacto das alteraes s regulaes de negcios para as firmas locais, implementadas entre Junho de 2009 e Maio de 2010. Em consequncia, Ruanda subiu 12 lugares nos rankings globais agregados, Cabo Verde 10 lugares e a Zmbia 8, sendo este ltimo o mais reformador na SADC. A nvel mundial, o Gana liderou as melhorias reguladoras com vista a facilitar a obteno de crdito, enquanto o Malawi comandou na rea de melhoria na execuo de contratos. De notar que das 30 economias mundiais que mais modernizaram as regulaes durante os ltimos cinco anos, um tero est concentrado na frica Subsariana: Burkina Faso, Gana, Madagscar, Mali, Ilhas Maurcio, Moambique, Nigria, Ruanda, Senegal e Serra Leoa. Por exemplo, a partir de 2005 Ruanda executou 22 reformas da regulao de negcios nas reas medidas pelo Doing Business. Em 2005, para se comear um negcio no Ruanda eram necessrios nove

O Relatrio denota no entanto a necessidade de esforos adicionais em Moambique, em particular nas reas de facilitao do comrcio (trade facilitation) e do licenciamento. Estes esforos adicionais so importantes para incentivar o investimento privado que criaria mais postos de trabalho e contribuiria para a reduo da pobreza.procedimentos e custava 223% do rendimento per capita. Actualmente, os empresrios podem registar um novo negcio com dois procedimentos que demoram apenas trs dias (13 dias em Moambique), pagando taxas oficiais que totalizam 8,9% do rendimento per capita. O relatrio Doing Business analisa as regulaes que se aplicam aos negcios de uma economia durante o seu ciclo de vida, incluindo abertura de empresas, comrcio internacional, pagamento de impostos e encerramento de um negcio. O Doing Business no mede todos os aspectos do ambiente de negcios relevantes para as empresas e os investidores. Por exemplo, no mede a segurana, estabilidade macroeconmica, corrupo, nvel de qualificaes ou a solidez dos sistemas financeiros. As suas constataes estimularam debates sobre polticas em mais de 80 economias e propiciaram uma crescente investigao quanto ao modo como a regulao empresarial se encontra associada aos resultados econmicos nas diversas economias.c

INVESTIMENTO 29

SOFID financia empresas luso-moambicanasArsnia Sithoye [texto]

A Sociedade portuguesa para o Financiamento do Desenvolvimento (SOFID) realizou um frum empresarial em Maputo para apresentar o InvestimoZ, um novo mecanismo de apoio ao investimento em Moambique. A SOFID uma instituio financeira de desenvolvimento responsvel por financiar e apoiar empresas portuguesas e seus parceiros em projectos de investimento sustentveis em pases emergentes e em vias de desenvolvimento. O presidente executivo da SOFID, Diogo Gomes de Arajo, disse que o objectivo do frum dar a conhecer as empresas lusomoambicanas as oportunidades que a instituio oferece em termos de condies financiamento de projectos para pequenas e mdias empresas e grandes empresas que tenham um impacto no desenvolvimento e transfiram valor economia moambicana. O fundo portugus de apoio ao investimento em Moambique (Investimoz), no valor de 94 milhes de euros, destina-se a participaes de capital nas empresas moambicanas, estando disponvel para este ano 10% desse valor. O fundo ser utilizando por um perodo de 15 anos e a cada empresa ser atribudo o montante de 2,5

milhes de euros. O fundo generalista e abrange todos os sectores de actividade, nomeadamente o agro-industrial, o industrial, de infraestruturas, turismo, mas tem um grande enfoque e esperamos que venha a ter uma grande utilizao a nvel das energias renovveis, argumentou Diogo Gomes de Arajo. Segundo aquele representante, podero beneficiar do fundo projectos econmica e financeiramente viveis. Entendemos que s com projectos desta natureza e com o envolvimento do sector privado que poderemos fazer com que, de facto, o fundo cresa e continue assim a ajudar as pequenas e mdias empresas moambicanas. De recordar que este fundo foi anunciado aquando da visita a Moambique do primeiro-ministro portugus, Jos Scrates. Trata-se de uma contrapartida da reverso da Hidroelctrica de Cahora Bassa e ser financiado, na totalidade, pela Direco Geral do Tesouro e das Finanas. Por outro lado, Portugal espera aumentar a sua linha de crdito de 400 milhes de euros para investimento em Moambique em mais 300 milhes de euros, segundo o secretrio de Estado do Tesouro portugus, Carlos Costa Pina, que esteve presente no frum empre-

sarial. De acordo com aquele governante luso, no mbito da linha de crdito concessional foram aprovados at agora financiamentos de projectos envolvendo equipamentos de transporte, relativos rede elctrica e viria, com um nvel de execuo de 60%, sendo cerca de 95% os projectos autorizados. Carlos Costa Pina garantiu que o retorno do fundo ser para reinvestir em Moambique e no para transferir para Portugal, pelo que deve ser usado em projectos econmica e financeiramente slidos. Portugal criou com Moambique um Banco de Desenvolvimento com uma linha de crdito de 400 milhes de euros e outra adicional de 300 milhes, para financiar mais de 800 quilmetros de estradas, e criou o fundo de investimento de 94 milhes de euros, totalizando cerca de 800 milhes de euros, um valor que Portugal disponibiliza a Moambique.c

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ENTREVISTA

O casamento perfeito entre Portugal e MoaDaniel David, presidente da Cmara do Comrcio Moambique-Portugal, considera que o casamento entre Portugal e Moambique perfeito e mostra-se agradado pelo facto de os empresrios lusos pretenderem investir na base produtiva moambicana. E muito embora o ambiente de negcios no que diz respeito ao comrcio internacional ser caracterizado por trocas desiguais e barreiras administrativas, o facto de Moambique ser uma boa porta de entrada para a SADC pode vir a constituir uma clara vantagem para Portugal.Helga Nunes [entrevista] Lus Muianga [fotos]

Se por um lado, Portugal procura investir no mercado moambicano, Moambique procura ser uma boa porta de entrada em termos de comrcio para a frica Austral. Poder este vir a ser um bom casamento? Acredito perfeitamente que sim. Alis, por estar claro nisso que eu e outros membros fundadores mobilizamo-nos para constituir a Cmara de Comrcio Moambique Portugal. Apesar de existirem outros pases ocidentais interessados em investir em frica, Moambique no o nico destino deste continente, mas a relao histricocultural, a lngua e similaridade do regime jurdico-administrativo, a estratgia da internacionalizao portuguesa orientada para parcerias locais, o modelo diversificado e sustentado de desenvolvimento econmico em implementao e a localizao estratgica de Moambique na regio, aliados manifesta vontade poltica entre os dois pases, so ingredientes perfeitos para que esse casamento no seja mais um, e sim o casamento perfeito! A presena de Portugal bateu o recorde e todas as expectativas, com a presena de 95 empresas na FACIM 2010. O que esperam os empresrios portugueses comercializar no Pas e o que procuram importar? Esta uma pergunta que tenho algum receio em responder, dado a grande probabilidade de dar uma resposta falaciosa, na medida em que no tive contacto individualizado com uma amostra representativa.revista capital dezembro 2010

Contudo, foi com enorme satisfao que pude apurar que os interesses destas empresas no se limitavam s reas de suporte e desenvolvimento como servios de gesto e financeiros, tecnologias e sistemas de informao, transporte e comrcio, indo agricultura, agro-processamento, manufacturao e transformao. Ou seja, percebi que existe interesse de investimento na base produtiva, o que gera uma expectativa positiva sobre a evoluo do emprego e produo no Pas. Outra realidade que me pareceu clarividente a preferncia pela exportao como a primeira etapa na internacionalizao das empresas portuguesas para Moambique, da que a maioria dos presentes que tive o privilgio de contactar, procuravam potenciais importadores, representantes e parceiros em Moambique. Acho que o actual estgio de estagnao/recesso na economia ocidental, assombrada por uma produo e consumo comprometidas pelo envelhecimento populacional e benefcios sociais muito alm do sustentvel, explica essa orientao, e ns temos que aproveitar esse facto para melhorar a nossa capacidade produtiva, incentivando o investimento, e desta forma tornarmonos auto-sustentveis, e a sim, ter a exportao como prioridade. Existe um bom ambiente de negcios no que diz respeito ao comrcio internacional? O que tem feito Moambique para eliminar os constrangimentos burocrticos, alfandegrios, e que vantagens concretas tem concedido aos empres-

rios? No sei se o ambiente de negcios no que diz respeito ao comrcio internacional to bom assim, uma vez que ainda persistem as trocas desiguais e barreiras administrativas, como subsdio agricultura no Ocidente. Mas verdade que tem havido avanos e Moambique tem dado respostas satisfatrias na eliminao de barreiras ao investimento e a expectativa que estas sejam mais cleres nos prximos anos. Isto um facto, e para concretizar, basta olhar para a actual facilidade na criao de unidades empresrias, quer no que se refere aos procedimentos necessrios, quer no tempo estimado para tal criao, quer ainda na disponibilidade de informao. Os incentivos fiscais e sobretudo a criao das zonas econmicas especiais e da Zona Franca Industrial, como Nacala e Beluluane respectivamente, so outras evidncias da grande vontade em facilitar a vida dos empresrios em Moambique. O Govermo moambicano criou recentemente o Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes ISPC, como forma de reduzir a burocracia nos trmites legais para a criao de pequenas empresas e incentivos a pequenos empreendedores. Em termos de barreiras aduaneiras, existe a chamada Zona de Livre Comrcio (ZLC), que uma rea formada por dois ou mais pases que de forma imediata ou gradual procedem abolio de direitos aduaneiros, e de restries quantitativas de mercadorias, nomeadamente: frica do Sul, Botswana, Lesotho, Malawi, Maurcias,

DANIEL DAVID, PRESIDENTE DA CMARA DO COMRCIO MOAMBIQUE-PORTUGAL

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o ambiqueNambia, Suazilndia, Zmbia, Tanznia, Zimbabwe, Madagscar e Moambique. Em 2008, foi dado incio na SADC a inteno de promover entre os seus membros uma zona de Comrcio Livre. Encontra-se previsto para 2011 o incio da Unio Aduaneira, e em 2015 comear o Mercado Comum. Por fim, em 2016, prev-se o incio da Unio Monetria. Acha que Moambique poder acompanhar esse ritmo? Moambique j deu provas que capaz de levar a bom porto navios aparentemente fragilizados e com rotas e destinos verdadeiramente complicados, como o processo de paz ou a implementao dos programas de reabilitao econmica. Mas nesse caso, acho que devemos seguir o nosso prprio ritmo, embora cientes do enquadramento regional. O que quero pontuar que nenhum processo de desenvolvimento pode ter sucesso se estiver baseado em variveis exgenas que no podemos gerir e nem mesmo condicionar. A Unio Monetria significa uma aparente facilitao ao comrcio na Regio que passaria a ter um meio de troca comum. Mas na verdade muito mais do que isso. Significa que os pases passariam a ter uma nica autoridade monetria e, consequentemente, as polticas monetrias adoptadas seriam nicas para todos. E aqui onde est o problema, porque a poltica monetria afecta o investimento e o emprego geralmente de forma concorrente. E porque as economias da regio so heterogneas, quer pelas suas estruturas quer pelos seus tamanhos, existe um enorme potencial de benefcios desiguais. fundamental que o ritmo moambicano seja consistente com o actual estgio da economia nacional. Portugal o nico pas da CPLP que est integrado na Unio Europeia, e que pode servir a Moambique como porta de entrada para a Europa. Em termos estratgicos, o que pensa a Cmara de Comrcio

Moambique Portugal (CCMP) fazer para aproveitar esse facto? A CCMP foi criada para facilitar a relao entre os investidores e as instituies dos dois pases e com isso promover o investimento que seja benfico para as partes envolvidas. A CCMP est ciente que as duas economias esto orientadas para a iniciativa privada e, por isso, pretende apenas assumir o papel de facilitador de contactos. Exemplo disso, que no dia 28 de Outubro a CMCM, em parceria com a Associao Industrial Portuguesa (AIP), promoveu um seminrio em Lisboa com o objectivo de apresentar Moambique como porta de entrada na SADC, numa organizao de O Pas Econmico, de Moambique, e do Dirio Econmico, de Portugal.c

O que quero pontuar que nenhum processo de desenvolvimento pode ter sucesso se estiver baseado em variveis exgenas que no podemos gerir e nem mesmo condicionar. A Unio Monetria significa uma aparente facilitao ao comrcio na Regio que passaria a ter um meio de troca comum. Mas na verdade muito mais do que isso.dezembro 2010 revista capital

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INTERVIEW

The perfect marriage betwee

Daniel David, president of the Chamber of Commerce Mozambique-Portugal, believes that the marriage between Portugal and Mozambique is perfect and is pleased that the Portuguese businessmen are interested in investing in the Mozambican productive base. Regardless of the fact that the international business environment is characterized by unfair trade and administrative barriers, the fact that Mozambique is a good gateway to SADC may come as an advantage for Portugal.Helga Nunes [interview] Lus Muianga [photos]

If on the on hand, Portugal is interested in investing in the Mozambican market, Mozambique is defining itself as a good gateway to Southern Africa. Could this be a good marriage? I truly believe so. As a matter of fact, it is because i have no doubt about it that I and the other founding members got together and created the Chamber of Commerce Mozambique Portugal.revista capital dezembro 2010

Despite the fact that there are other Western countries interested in investing in Africa, Mozambique is not the only destination of the continent, but the historicalcultural relationship, the language and the similarities in the administrative-judiciary system, the strategy of the Portuguese internationalization which is oriented to local partnerships, the implemented economic development variation model and the

strategic location of Mozambique in the region, together with the political willingness between the two countries, are the perfect ingredients for this not to be just another marriage but the perfect marriage. The Portuguese presence hit the record and exceeded all expectations, with 95 companies present at FACIM 2010. What

DANIEL DAVID, PRESIDENT, CHAMBER OF COMMERCE MOZAMBIQUE-PORTUGAL

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en Portugal and Mozambiquedo the Portuguese businessmen expect to commercialize and what do they want to import? This is a question that i am a bit afraid of answering, because the odds of me giving a misleading answer are big, giving the fact that i did not have individualized contact with a representative sample. Nevertheless, it was with great satisfaction that i found out that the interests of these companies where not limited to the development and support sectors such as financial and management services, technology and information systems, transport and commerce but also agriculture, agro-processing, manufacturing and transformation. I realized that there is interest in investing in the productive base, which generates positive expectations on the evolution of jobs and production in the country. Another reality that seemed prudent is the preference for exportation as the first stage in the internationalization of the Portuguese companies to Mozambique, and most of the people that i contacted, were looking for potential importers, representatives and partners in Mozambique. I believe that the current stagnation/ recession stage in the western economy, shadowed by production and consumption compromised by the aging of the population and social benefits far from sustainable, explains this orientation, and we must take advantage of that fact to improve our productive capacity, by stimulating investment and in this manner we will become auto-sustainable, and then have exportation as a priority. Is there a good business environment in terms of international commerce? What is Mozambique doing to mitigate bureaucratic constraints, customs, and what real advantages are businessmen being given? I am not sure if the business environment concerning international commerce is that good, since up to now unfair trade and administrative barriers are still a reality, as a subsidy for agriculture in the West. It is true that there have been advances and Mozambique has been giving satisfactory responses in terms of mitigating investment barriers and we expect them to be swift in the coming years. This is a fact, and to make it a reality one just has to look at how easy it is to create business units, both in terms of necessary procedures, and estimated time for its creation, and availability of information. Fiscal incentives and the creation of special economic zones and of the Industrial free zone such as Nacala and Beluluane respectively, are evidences of the great willingness to make the life of businessmen easier in Mozambique.. The Mozambican Government recently created the Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes ISPC, as a way of reducing bureaucracy in the legal proceedings for the creation of small businesses and incentives to small entrepreneurs. In terms of custom barriers, there is what we call Free Commerce Zone (FCZ), which is an area of two or more countries that immediately or gradually abolish trade barriers and quantitative restrictions on goods namely: South Africa, Botswana, Lesotho, Malawi, Mauritius, Namibia, Swaziland, Zambia, Tanzania, Zimbabwe, Madagascar and Mozambique. In 2008 , SADC started the idea of promoting a Free Trade Zone for its members. The beginning of the Customs Union is scheduled for 2011, and in 2015 the Common Market will commence. And finally in 2016 the Monetary Union will begin. Do you think that Mozambique will be able to follow that rhythm? Mozambique has proven that it is capable of handling itself well in difficult situations such as the peace process and the economic rehabilitation programs. But in this case, i believe that we should follow our own rhythm with our regional framework in mind. What I would like to point out is that no development process can be successful if it is based in exogenous variables that cannot be managed nor conditioned. The Monetary Union signifies an apparent facilitation of the commerce in the Region which would from now on have a common medium of exchange. But in reality it is much more than that. It means that countries would have one monetary authority and, consequently, the monetary policies adopted would be the same for everyone. And here is where the problem lies because monetary policy affects investment and the Job market in a competitive manner. And due to the fact that the regions economies are heterogeneous both in terms of structure and size, there is great potential for unequal benefits. It is fundamental that the Mozambican rhythm be consistent with the current stage of national economy.

Mozambique has proven that it is capable of handling itself well in difficult situations such as the peace process and the economic rehabilitation programs. But in this case, i believe that we should follow our own rhythm with our regional framework in mind. What I would like to point out is that no development process can be successful if it is based in exogenous variables that cannot be managed nor conditioned. The Monetary Union signifies an apparent facilitation of the commerce in the Region which would from now on have a common medium of exchange

Portugal is the only CPLP country that is integrated in the European Union, and that can serve Mozambique as a gateway to Europe. In strategic terms, how is the Chamber of Commerce Mozambique Portugal thinking of taking advantage of this fact? The CCMP was created to facilitate the relationship between investors and the institutions of both countries and with that promote a type of investment that benefits the existing parties. CCMP is conscious that both economies are private initiative oriented, and for that fact only pretends to play the part of contacts facilitator. And as an example of that on the 28th of October CMMP in partnership with the Portuguese Industrial Association (PIA), will promote a seminar in Lisbon with the aim of presenting Mozambique as a gateway to SADC, and the seminar will be organized by O Pas Econmico, of Mozambique, and Dirio Econmico, of Portugal.cdezembro 2010 revista capital

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BRASIL

Brasil quer maior volumbique, quanto mais desenvolvido for, mais IRcomprar e vender no contexto da sua relao econmico-comercial com o Brasil. Antnio de Sousa Silva sublinhou que o Brasil pretende ganhos mtuos na relao econmico-comercial que tece, em particular com Moambique. O facto ir possibilitar que Moambique supere os actuais 2.1 milhes de dlares (conseguidos de Janeiro a Outubro de 2009) correspondentes s exportaes para aquele pas sul-americano. O intercmbio comercial entre Moambique e Brasil registou o seu crescimento assinalvel no perodo entre Janeiro e Outubro de 2009, ao atingir 102.5 milhes de dlares norte-americanos contra os 28.4 conseguidos no ano anterior. Nos dez primeiros meses de 2009, o volume de exportaes brasileiras para Moambique atingiu 100.4 milhes de dlares norte-americanos. Cooperao de vento em ppa A recente visita do presidente Lula da Silva a Moambique consubstancia o interesse brasileiro em acelerar o desenvolvimento econmico de Moambique e por esta via potenciar trocas comerciais em maior escala, segundo o embaixador brasileiro. A visita, que permitiu a assinatura de cinco acordos de cooperao cobrindo as reas da Sade, Educao, Agricultura e Habitao compreende a implantao de um centro de tele-sade, biblioteca e programa de ensino distncia. Por outro lado, a rea da agricultura ir conhecer um novo mpeto com o estabelecimento da cooperao trilateral (Moambique, Brasil e Japo) visando alavancar o sector base da economia moambicana. Com o cenrio descrito, a aposta brasileira em potenciar os seus parceiros de cooperao africanos constitui uma aprendizagem de lado a lado, na avaliao de Antnio de Sousa. Nesta ptica, o Brasil tem enviado anualmente delegaes empresariais a Moambique e Angola de modo a incrementar cada vez mais a cooperao comercial. Nos dois pases, o Brasil d particular destaque para as reas de agro-negcios, bebidas, habitao, calado, defesa, infraestruturas e formao profissional. Devido crise econmica e financeira internacional as trocas comerciais entre Angola e Brasil caram 2.8 mil milhes de dlares, em 2009, fixando-se actualmente em pouco mais de 1.4 milhes de dla-

Antnio Jos Maria, Embaixador do Brasil Srgio Mabombo [texto] . Lus Muianga [foto]

O Brasil pretende desenvolver um maior volume comercial com o continente africano, em particular com Moambique e Angola. O alcance do objectivo depende de um certo nvel de desenvolvimento ecorevista capital dezembro 2010

nmico, o qual ambos os pases-membros da CPLP possuem boas perspectivas de alcanar. Segundo o embaixador brasileiro em Moambique, Antnio Jos Maria de Sousa Silva, para um pas como Moam-

COMRCIO

BRASIL 35

me comercial em fricares. Angola o maior parceiro comercial do Brasil na frica lusofona, com um volume de exportaes para aquele pas sul americano a atingir a soma dos 137.7 milhes de dlares. Por sua vez, a linha de crdito brasileiro para Angola j supera a fasquia de mil milhes de dlares. O impacto do mecanismo reflecte-se, sobretudo, na afluncia das empresas brasileiras de construo civil que exploram o mercado angolano. O petrleo angolano o principal produto que atrai o Brasil, ao passo que o pas exporta para o seu parceiro comercial bens alimentares, materiais de construo, camies e tractores. O modelo de desenvolvimento que catapultou o Brasil Para o alcance do desenvolvimento econmico pretendido, os africanos podero inspirar-se no prprio modelo de desenvolvimento em curso que catapultou Brasil a fazer parte dos BRIC. Mas, a experincia do Brasil no seio dos BRIC indica que Moambique poder ter uma autoconfiana econmica a partir do momento em que identificar os seus reais problemas e conseguir resolv-los com serenidade. Nada se resolve da noite para o dia, adverte Antnio Jos Maria de Sousa Silva. Num outro desenvolvimento, o embaixador sublinha que o programa de combate fome no Brasil foi implementado h cerca de 12 anos, com a incluso de grandes contingentes de populaes nos processos de produo e distribuio de renda sobretudo na rea da agricultura. O impacto foi vistoso porque estimulou-se o consumo (at o de lazer, para o caso de turismo) e por sua vez alargou-se o mercado, acrescentou.publicidade

Entretanto, o modelo brasileiro no constitui uma frmula que possa ser aplicada na ntegra por Moambique, ou qualquer outro pas africano, na medida em que os modelos devem ser adequados a cada pas. O Brasil conseguiu nos ltimos anos acumular um capital de recursos que lhe permite hoje fazer a actual distribuio. Para o caso de Moambique muito dificilmente pode acontecer o mesmo enquanto parte do seu oramento resultar de doaes dos pases amigos, segundo o embaixador. Mesmo na actual situao de dependncia de ajuda externa, o pas poderia at desenvolver programas econmicos slidos com os parceiros internacionais. As

iniciativas, embora no sejam abrangentes como foi para o caso do Brasil, podem constituir o incio de um modelo de desenvolvimento local a ser trilhado. O facto verificou-se tambm na gnese da ascenso econmica do Brasil, na qual o impacto do programa era ainda menos abrangente. A ascenso de Dilma Rousseff presidncia brasileira representa a continuidade do plano econmico brasileiro para com frica, e Moambique em particular. A nova presidente j agendou a sua primeira visita oficial e a mesma ser feita a Moambique, o que consubstancia o comprometimento brasileiro para com o plano de desenvolvimento econmico do Pas.c

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GOVERNAO

O smbolo ser mulherDilma no Lula. Mas a nova Presidente brasileira tem ideias claras e um discurso fluido e categrico.

Ramn lobo . Jornal El Pas [texto]

er a primeira mulher Presidente da histria do Brasil. Dilma Rousseff vai fazer companhia argentina Cristina Fernndez e costa-riquenha Laura Chinchilla, num mundo at h pouco tempo reservado aos homens. Tomar posse a 1 de Janeiro, dia em que substituir Lus Incio Lula da Silva, que conclui dois mandatos com um elevado grau de popularidade (83%-85%). O mesmo aconteceu no Chile com Michelle Bachelet. Saber retirarse a tempo uma mais-valia: mais vale que sintam a nossa falta do que fiquem fartos de ns. Lula como Nelson Mandela: um cone, um poltico que soube passar pelo poder sem perder os seus valores. Dilma no Lula, mas tambm representa um smbolo: ser mulher e Presidente. A esperana de que, com esforo, se consegue alcanar a meta, numa sociedade a nossa que substituiu a liderana baseada no mrito pelo clientelismo e pelo cinzentismo. Dilma pode ser amiga de Lula mas no cinzenta. Na sua primeira declarao, comprometeu-se a manter a poltica social e a promover a igualdade entre homens e mulheres. Quer que a sua imagem como mulher numa posio de topo se estenda soci

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