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Capelinhos a catástrofe natural que mudou os Açores

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Capelinhos

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Capelinhosa catástrofe natural que

mudou os Açores

Açores - localização geográfica

O arquipélago dos Açores está situado no Atlântico Norte, a cerca de 2000 MN da costa dos Estados Unidos da América e a 900 MN da costa de Portugal.

1 Milha Náutica – 1852 metros

Faial – localização geográfica

Em pleno oceano Atlântico, entre a América do Norte e a Europa, três grupos de ilhas de origem vulcânica, apontadas por alguns investigadores como vestígios da lendária Atlântida, formam o arquipélago dos Açores (nome das aves de rapina muito idênticas aos milhafres, presumivelmente aí existentes por altura do seu descobrimento).

Ilha do Faial

Com 19,8 quilómetros de comprimento e 14 quilómetros de largura máxima, os 173,1 km2 da área do Faial apresentam um contorno grosso modo pentagonal. O ponto mais elevado da ilha, aos 1043 m de altitude, está situado no Cabeço Gordo, na zona da Caldeira.

Vulcão dos Capelinhos – recuando 55 anos

Entre setembro de 1957 e outubro de 1958, o vulcão dos Capelinhos, na ilha do Faial, nos Açores, manifestou-se ruidosamente. Abalos vinham sacudindo a ilha do Faial há vários dias. Fenómeno relativamente normal, no entanto, nestas ilhas plantadas a meio do Atlântico, nos instáveis limites de diversas placas tetónicas e a curta distância da dorsal médio-atlântica.

José Soares da Cunha, conhecido por todos como mestre Roseirinha, foi o primeiro a detetar algo de anormal. Era ele quem estava no posto de vigia da comunidade baleeira do Comprido, e esfregou os olhos ensonados perante tamanha visão. Estava ali a vigiar a presença de cetáceos, mas o que estava no mar era algo de diferente de uma baleia. Correu para o farol e alertou o chefe faroleiro, o senhor Avelar, que quase não pregara olho nessa noite devido à forma como a torre abanara.

Pouco depois , na cidade da Horta, as autoridades tomaram conta da ocorrência. Quando chegaram à ponta do Capelo, testemunharam quatro pontos efervescentes que, no mar, lançavam cinzas, escórias e vapores de água. Havia muitas pedras a voar, muito barulho, muito fumo e a noite ficou escura como breu. A erupção submarina prosseguiu nos dias seguintes, enchendo o lugar de cinzas, escórias, roncos assustadores e cheiros sulfurosos.

Os campos de cultivo e as pastagens cobriram-se de cinzento e as casa das imediações, nomeadamente no Capelo e no Norte Pequeno, ruíram ou abateram com a força dos tremores e pela acumulação de cinza. Mais de dois metros de cinza soterraram muitas casas nas imediações do vulcão.

O vulcão continuou a crescer e, ao longo do mês de outubro, com a acumulação dos materiais expelidos, formou-se um istmo que abraçou os ilhéus dos Capelinhos e aproximou a ilhota da costa. A atividade incrementou e a coluna de vapores e cinzas atingiu grande altura, sobretudo porque parte da cratera era aberta ao mar, sendo assim inundada pelas vagas. E a terra não parava de tremer.

A cerca de 20 quilómetros do vulcão dos Capelinhos e integada no mesmo alinhamento de falhas geológicas, fica a extraordináriua Caldeira que registou também forte atividade fumarólica após a madrugada de 13 de Maio de 1958. Em poucas semanas, felizmente, adormeceu.

A população do Faial vivia em permanente estado de ansiedade e temor, o que não impediu que o vulcão tivesse atraído imensas pessoas ao Capelo, por um lado para ver com os próprios olhos o vulcão, por outro para encontrar proteção divina. Por todo o Faial, bem como nas ilhas vizinhas, as missas e as procissões foram espontâneas, e as súplicas ao divino Espírito Santo procuravam apaziguar as forças da natureza – nos Açores, a religiosidade foi sempre um refúgio.

Nas noites de 28 para 29 de Outubro, a ira dos capelinho amainou – o mar manso engolira o vulcão, como que por artes mágicas. A boa nova espalhou-se rapidamente, e os agradecimentos ao Divino Espírito Santo correram todas as igrejas e capelas e as famílias preparavam-se para regressar aos seus lares arruinados e cobertos de cinza.Acompanhado de alguns abalos, o vulcão expeliu jatos de água fervente, vapor e gases azulados quentíssimos, acompanhados por um forte cheiro a enxofre, que foram por todos considerados os últimos estertores de um condenado à morte.

Equipa da National Geographic que, em 1957, se deslocou ao Faial para relatar a atividade deste vulcão submarino

Na noite de 3 de novembro, porém, o vulcão ressuscitou e regressou com uma força até então nunca vista: grandes explosões, jatos de vapores, cinzas e escórias de tal forma intensos que, num curto espaço de dias, cresceu, alargou e inchou. Rapidamente criou um istmo que se acoplou a terra firme na costa oeste do Faial. À medida que os dias iam passando, o istmo alargou ao ponto de os Capelinhos se ter transformado numa península e o seu caráter explosivo intensificou-se.

A noite de 12 para 13 de maio de 1958 corresponde a nova página na vida do vulcão. Uma crise sísmica varreu o Faial e provocou o reajustamento da estrutura subterrânea do edifício vulcânico.Capelinhos atingia o seu apogeu. Às 22h, a cratera principal esguichou lava muito fluída durante algumas horas, assim gerando um efémero, mas excecional, lago hawaiano. Seguiram-se grande e luminosas explosões strombolianas como fogo-de-artifício, emissões de bombas vulcânicas e torrentes de lava escorreram pelas vertentes – um espetáculo simultaneamente sublime e dantesco, que atormentou a população.A 24 de outubro de 1958, o vulcão dos Capelinhos adormeceu.

Vulcão dos Capelinhos, na ilha do Faial, esteve em erupção durante 13 meses - de Setembro de 1957 a Outubro de 1958

Consequências da erupção

Num arquipélago de origem vulcânica como os Açores, o mais natural é existirem vulcões e demais fenómenos geológicos associados. Em termos geológicos, os Açores “beneficiam” da sua situação geográfica, numa zona de confluência e divergência de placas tectónicas Americana, Eurasiática e Africana, para além da própria microplaca açoriana. Daí a regularidade de ocurrência de vulcões, furnas, fumarolas e géiseres ao longo dos tempos.

A emigração

O aparecimento do Capelinhos marcou a ilha do Faial no aspeto físico e a população local no estado de alma. Terrenos agrícolas estéreis, colheitas perdidas, campos de pasto inutilizado, casas destruídas e um certo medo do desconhecido, tudo isto aportou à ilha através do vulcão – felizmente, não ceifou uma única vida humana. Mas todos estes fatores contribuíram para que os sinistrados do vulcão tivessem razões para embalar a trouxa e zarpar.

Os Estados Unidos e o Canadá

Num curto espaço de tempo, a demografia do Faial caiu para mais de metade, cerca de 12 mil habitantes. Os restantes aproveitaram as condições favoráveis de emigração ao abrigo de um decreto do então senador John Fitzgerald Kennedy, que se preparava para assumir a candidatura à presidência.

O Faial de hoje, a bem da verdade, não se mostra muito diferente do que era à 55 anos. O que está diferente é o vulcão dos Capelinhos.Primeiro, acrescentou território à ilha, depois entrou em coma profundo e, entretanto, encolhe à medida que o tempo passa. É em redor do vulcão, nesta estranha paisagem lunar, que ainda se podem ver a rampa de acesso dos botes dos baleeiros ao mar assim como casas soterradas pelas cinzas e o farol.

Estranha paisagem lunar

O bracel, planta endémica, foi uma das primeiras colonizadoras no vulcão

dos Capelinhos.

Tesouro geológico –Emplastro ou bomba de lava

Cinquenta e cinco anos depois, os açorianos encontram no vulcão uma

oportunidade económica

O Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos (CIVC), inaugurado em maio de 2008, localiza-se na freguesia do Capelo, Ilha do Faial, e dele faz parte o antigo Farol. No seu interior propõe-se um percurso pela história da erupção do Vulcão dos Capelinhos sendo, portanto, um espaço de memória, relacionando o passado com o presente. A proximidade de um Vulcão e de uma paisagem única no arquipélago são fatores que integram um turismo ambiental e de natureza como também num turismo de cultura e de ciência.

Trabalho sobre o Vulcão dos Capelinhos realizado no âmbito da disciplina de Ciências Naturais por:o Guilherme Nuneso nº 17o turma 8º Bo ano letivo 2011/12