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CAPACITAÇÃO NA GESTÃO ESCOLAR
Raimundo Gabino dos Santos Rosângela M. Inocêncio-Rodrigues
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi verificar o processo de capacitação dos gestores de 15 (quinze) escolas estaduais de educação básica na cidade de Campo Mourão/Pr, analisar a visão de cada gestor a respeito das dificuldades encontradas na administração escolar, bem como das necessidades de capacitação para o bom desempenho de sua função. Os dados foram obtidos mediante questionários estruturados aplicados aos diretores e diretores auxiliares destas escolas, bem como análise de documentos constante no Núcleo Regional de Educação e sites da Secretaria de Estado da Educação - SEED. O tratamento dos dados foi efetuado por meio de tabulação simples das respostas apresentadas. Os dados revelam que nos últimos anos, os diretores escolares participaram de poucos cursos e/ou treinamentos inerentes ao processo de gestão e, demonstram ainda, um desconhecimento dos meios de divulgação das ações governamentais para a capacitação destes gestores.
Palavras-chave: capacitação; gestão; educação.
1 INTRODUÇÃO
As escolas Públicas Estaduais Paranaenses podem ser administradas por professores
habilitados em qualquer disciplina de formação acadêmica, desde que esses profissionais da
educação preencham aos pré-requisitos legais determinados na Lei nº 14231 de 26/11/2003,
bem como na Resolução nº 2487/2005, que orienta e define os critérios de participação e
escolha, mediante consulta à comunidade escolar, para designação de Diretores e Diretores
auxiliares da Rede Estadual da Educação Básica do Paraná.
De acordo com a legislação vigente esta consulta ocorre periodicamente, sendo que os
professores interessados ao cargo de Diretor Escolar, submetem-se a um processo de pleito
eletivo, colocando seus nomes à apreciação da comunidade escolar. Pais, alunos maiores de 16
anos, funcionários e professores votam, para eleger aquele profissional da educação que irá
direcionar as políticas educacionais daquela comunidade escolar por um período de três anos.
Ao fazer suas escolhas esta comunidade busca obter uma gestão eficaz e que apresente
resultados que atinjam as necessidades apresentadas pela sociedade. Gestão por resultados e
eficaz é um tema contemporâneo de interesse do Estado, dos Sindicatos e de todo cidadão,
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principalmente, do conjunto de educadores paranaense. Então, por que esta tão sonhada
eficácia pública não acontece de fato, a começar pelo trabalho de gestão desenvolvido no
interior de nossas escolas? Quais as principais dificuldades encontradas pelos gestores neste
processo?
Não são poucas as reclamações que, constantemente são realizadas por parte de Diretores e
também por parte dos representantes dos segmentos organizados da escola: APMF –
Associação de Pais Mestres e Funcionários, Grêmios Estudantis e Conselhos Escolares quanto
as dificuldades encontradas na gestão das escolas públicas principalmente nas decisões que
lhes são necessárias tomar em conjunto.
Portanto, a idéia central deste trabalho é, por meio da pesquisa realizada em escolas da rede
pública estadual, analisar o processo de capacitação dos gestores, a visão de cada um a
respeito das dificuldades encontradas na administração escolar, bem como das necessidades de
capacitação para o bom desempenho de sua função.
A relevância teórica deste estudo se dá, uma vez que, busca contribuir para o entendimento da
importância da capacitação dos gestores para a dinâmica das organizações educacionais, assim
como, observa-se a necessidade de maiores pesquisas sobre gestão educacional, pois foram
realizados poucos estudos sobre a abordagem da ação dos gestores e a necessidade de
capacitação no sentido de melhorar o desempenho e o alcance dos resultados desejados.
Para atingir os objetivos do estudo, este texto está desenvolvido em seis partes. A primeira
parte foi destinada à abordagem do tema e objetivo necessário para direcionar o estudo e suas
limitações, bem como sua utilidade e possível contribuição teórica. Na segunda parte,
apresenta-se uma contextualização teórica sobre o assunto em análise e, na parte seguinte, a
metodologia utilizada, apresentando a delimitação da pesquisa, definindo a população e a
amostra, bem como as fontes, formas de coleta e o tratamento dos dados.
Na quarta parte para tornar a análise mais compreensiva, num primeiro momento, faz-se um
histórico da cidade de Campo Mourão e considerações sobre a estrutura dos colégios
participantes da amostra. A partir disto, na quinta parte, inicia-se a apresentação e análise dos
dados. O sexto tópico demonstra as considerações referentes ao processo de capacitação e
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necessidades apresentadas pelos diretores e diretores auxiliares, bem como as sugestões para
desenvolvimento de pesquisas futuras na área.
2 BASE TEÓRICA
A partir da década de 80, o conceito de administração escolar passou a ter novo significado na
educação brasileira. O enfoque passa a ser determinado pelas múltiplas competências dos
gestores, objetivando a identidade de uma educação de qualidade baseada na transparência,
organização e articulação entre necessidades materiais e humanas que avance no processo
sócio-educacional.
É necessário, portanto, uma reflexão sobre as características próprias, funções e formas de
atuação dos gestores, implicando em uma nova dimensão e reestruturação do próprio sistema
educacional, principalmente, naqueles em que o processo de gestão se dá por meio de um
pleito eletivo que envolve a comunidade escolar.
A parceria governo-comunidade começa a ter relevância, uma vez que a sociedade passa a
desempenhar uma participação efetiva no processo das decisões. Desta forma, o hábito de
monitorar os resultados e avaliar o sistema, exige que ocorra o desenvolvimento de estratégias
participativas.
Surge assim, a gestão democrática e significativa na concepção do Estado decorrida a partir da
década de 90 e, no Paraná, desenvolvida concretamente a partir de 2003, inclusive, sob a
perspectiva da concepção pedagógica histórica crítica.
Mediante mudanças de sentido, e a concepção da educação, de escola e da relação escola
sociedade, a administração escolar passa a perceber a necessidade de ampliação de sua
compreensão, exigindo que os gestores garantam e gerenciem operações estabelecidas por
órgãos centrais de modo responsável. Repassando informações, controlando, supervisionando
e dirigindo as ações de acordo com as propostas do sistema de ensino acordadas com os
interesses da comunidade.
O gestor dessa dinâmica deve ser um mobilizador e articulador da diversidade cultural
existente, buscando dar uma identidade à escola, capaz de resolver conflitos, contradições e
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incertezas, construindo oportunidades de crescimento e transformação nas relações de poder,
de práticas e organização da escola.
2.1 GESTÃO DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO
A proposta diferenciada de gestão e a luta pela construção de uma nova escola com
participação popular e comprometida com a qualidade do ensino são bastante significativas
nesse momento histórico. Esta preocupação pode ser observada em várias ações dos governos
estaduais e federais. O prêmio Inovação em Gestão Educacional instituído pelo Governo
Federal em 2006 é um exemplo destas ações.
A portaria no. 2, de 17 de maio de 2006 institui o prêmio no âmbito do Programa de Apoio aos
Dirigentes Municipais de Educação – PRADIME, com a seguinte finalidade:
incentivar o desenvolvimento de experiências inovadoras em gestão educacional nos municípios brasileiros, que contribuam para o alcance dos objetivos e metas do Plano Nacional de Educação - PNE, em especial, a melhoria da qualidade do ensino, o aumento do nível de escolaridade da população, a democratização da gestão da educação pública e a superação das desigualdades sociais e regionais no que tange ao acesso, permanência e sucesso do aluno na escola (REGULAMENTO - PRÊMIO INOVAÇÃO EM GESTÃO EDUCACIONAL, Art. 1º, p.3)
Observa-se, claramente, no projeto do Ministério da Educação a busca de uma gestão, além de
democrática, que leve a melhoria da qualidade do ensino e o alcance dos resultados do Plano
Nacional de Educação.
A LDB – Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96 (BRASIL, 1996), por sua vez, contempla e
assegura às unidades escolares públicas de educação básica, idéias progressistas com graus de
autonomia pedagógica, administrativas e de gestão financeira, observadas nas normas do
Direito Financeiro Público.
A gestão democrática é um processo de aprendizado e de luta que vislumbra nas especificidades da prática social e em sua relativa autonomia, desenvolvendo a possibilidade da criação de meios para a efetiva participação de toda a comunidade escolar na gestão da escola. (DOURADO, 1998, p.79).
Segundo Borguetti (2000, p.115 apud SANTOS, 2008), é “por meio da gestão democrática
que os indivíduos avançam na conquista da cidadania, pois à medida que tomam decisões em
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conjunto, percebem e vivenciam seus direitos e deveres, aprendendo a respeitar limites e a
conviver com idéias divergentes”.
No entanto, observa Paro (2004), atualmente o diretor, enquanto responsável pela escola, tem
que prestar contas de todos os seus atos diante do Estado, e por isso teme que a situação fuja
ao seu controle e que ele venha a responder por medidas ou atitudes tomadas por outros.
Talvez esta seja uma explicação da centralização da maioria das ações de gestão na figura do
diretor.
O Estado do Paraná, por exemplo, em relação à Escola Pública, posicionando à gestão como a
função que reflete a defesa dos direitos de participação da comunidade (pais, alunos,
funcionários, entre outros,...) requer, por processo democrático e eletivo, a participação
coletiva na definição das políticas educacionais, garantindo a autonomia da escola de modo
organizado, onde interesses individuais não devem se sobrepor aos interesses coletivos.
Observa-se, entretanto, que o uso da expressão “Gestão”, na educação é bastante recente. E,
não surgiu na intenção de substituir a palavra “Administração”. Portanto, não há aqui um
sinônimo ou modismo. Mas, uma alteração de conceito que propicia mudanças de
comportamento e interpretação.
No passado, os Diretores Escolares eram tidos como um administrador que mantinha todas as
informações e decisões em suas mãos. Hoje, a essência da missão e o perfil do gestor escolar é
a criação, valorização e edificação de um cenário de encorajamento, para que todos os
envolvidos no processo educativo sintam a liberdade, o prazer e o desejo de protagonizar sua
obra pedagógica educacional.
A principal tarefa do Gestor é a criação de um ambiente propício ao compartilhamento de
idéias e ações envolvendo sempre o maior número de colabores possíveis. Para se obter esse
comportamento, o gestor precisa saber lidar com todos os segmentos, de tal forma que o
ambiente na escola seja o mais harmonioso e flexível possível, pleno de confiança. Um
ambiente, portanto em que os atores, e aqui, principalmente os professores tenham segurança
para fazer de sua prática didático-pedagógica uma constante experimentação.
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Reconhece-se a importância de uma escola bem equipada e aparelhada em consonância com o
momento evolutivo que se vive, no entanto nada é mais importante que o processo e as ações
necessárias para que esta estrutura seja colocada em funcionamento da forma mais eficiente e
eficaz possível. E é este o papel daqueles que assumem de forma democrática, a direção das
escolas.
2.2 CAPACITAÇÃO DE GESTORES EDUCACIONAIS
Entre as várias tarefas desempenhadas pelos gestores do atual sistema educacional, uma delas
é a de capacitar os diretores das escolas. Segundo Machado (2000a), diante de um contexto
onde o enfoque está no resultado e não no processo cada vez mais o diretor precisa ter
competência e ser capacitado especificamente para esta função.
Os diretores das escolas precisam adquirir conhecimento técnico para administrar seus
recursos humanos, materiais e financeiros, sendo capazes de utilizar ferramentas de
planejamento e administração que lhe possibilitem uma eficaz gestão de todos os recursos
disponíveis.
A cada dia os gestores do sistema mostram-se preocupados com a qualidade administrativa e
educacional dos diretores das escolas estaduais, uma vez que não se pode esperar o uso da
relação ensaio e erro. Os diretores precisam estar capacitados para resolver conflitos,
desenvolver trabalhos em equipe, monitorar resultados, planejar e coordenar as tarefas. De
acordo com Lück (2000, p.29), “a responsabilidade educacional exige profissionalismo”. A
afirmação da autora é decorrente de uma mudança cultural ocorrida pela mudança da forma de
gestão, ou seja, mais flexível e com foco nos resultados.
Entretanto, a preocupação com a melhoria da gestão ainda não tem levado á mudanças
significativas nas escolas. Segundo as pesquisas do SAEB - Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica, os pequenos diferenciais nos resultados podem ser explicados, mais pela
relação com a titulação elevada dos diretores, do que pela sua participação em cursos de
treinamento. De acordo com Machado (2000b), esta identificação põe em discussão a
“pertinência e adequação dos treinamentos realizados, que, em muitos casos, não estão
atendendo as reais necessidades daqueles que tem acesso aos mesmos”.
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Embora se encontrem algumas experiências bem-sucedidas nesse campo, Machado (2000b)
afirma que, “na maioria dos casos, as ofertas existentes continuam vinculadas ao padrão
tradicional de capacitação (...)”. Segunda a autora, a Inglaterra possui um programa bastante
estruturado de capacitação de diretores e candidatos ao cargo. Após a realização de um
diagnóstico é realizado um mapeamento das necessidades e o próprio candidato elabora seu
plano de desenvolvimento profissional propondo metas de melhoria de seu desempenho. O
programa contempla as seguintes categorias: (a) qualificação profissional para os candidatos a
diretor, (b) liderança para os diretores, (c) liderança e gerenciamento para os iniciantes com
até 2 (dois) anos (MACHADO, 2000b).
Seja no Brasil ou na Inglaterra, estas experiências buscam o desenvolvimento de competências
profissionais que estejam voltadas aos objetivos institucionais e às práticas dos gestores na
resolução de problemas e alcance dos resultados.
2.2.1 Capacitação de Gestores no Estado do Paraná
Os atuais desafios e as mudanças constantes da sociedade exigem que os diretores das escolas
assumam o papel de gestores, tornando-se um articulador dos anseios da escola e da
comunidade, integrando os vários grupos da sociedade e atendendo as “novas exigências
educacionais apresentando perspectivas para melhoria da escola” (DIAS, 2006, p.16)
Como comentado anteriormente, há uma preocupação das lideranças federais, estaduais e
municipais em desenvolver uma nova postura na gestão da educação. Para tanto, Dias (2006),
afirma ser preciso desenvolver novas práticas que levem a uma visão mais horizontal, uma
“socialização que passa sem dúvida pela organização e pelas responsabilidades que estão
postas para sua gestão” (p.98).
A construção dessa prática perpassa por um amplo investimento em ações que busquem a
formação de um profissional de “planejamento e gestão capaz de conciliar a capacidade
técnica e o conhecimento, com a capacidade pessoal (...) de convencimento de outros setores a
respeito do valor e da importância de educação no contexto social” (GARCIA, 2001 apud
DIAS, 2006, p.107). Desta forma, o processo de capacitação e de educação continuada deve
abordar temas que levem o gestor a perceber que a maneira como ele conduz a escola favorece
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tanto o relacionamento entre os atores, quanto o desenvolvimento de uma proposta pedagógica
adequada.
Entretanto, estas ações estão apenas iniciando no âmbito federal, estadual e municipal. No
estado do Paraná, a rede pública de ensino, segundo a coordenação de educação continuada da
Secretaria de Educação do Estado – SEED, tem um amplo programa de formação continuada,
tanto presencial, quanto a distância, oferecida por meio de cursos, simpósios, seminários,
grupos de estudos, produção científica, pedagógica e acadêmica (FORMAÇÃO..., on-line,
2008).
Além destas iniciativas, em abril de 2004 a Secretaria de Estado da Educação cria a
Coordenação de Capacitação dos Profissionais da Educação - CCPE, responsável pelo
Programa de Capacitação dos Profissionais da Educação. Esta coordenação tem como
atribuição estabelecer normas para a realização de eventos de Capacitação dos Profissionais da
Educação da Rede Pública Estadual de Ensino (PARANÁ, 2006).
Ainda em 2004, o Governo do Estado do Paraná criou a Escola de Governo tendo como
atribuição promover a formação e o desenvolvimento de pessoas e de processos, visando
melhorar o conhecimento, as competências e as habilidades dos servidores públicos (ESCOLA
DE GOVERNO, on-line, 2007).
De acordo com a apresentação da Escola (ESCOLA DE GOVERNO, on-line, 2007), a mesma
tem como princípios:
- o SABER: pautado em conhecimento, aprender a aprender, aprender continuamente,
transmitir e compartilhar conhecimento;
- o SABER-FAZER: é a aplicação do conhecimento adquirido, em visão global e sistêmica;
trabalho em equipe; liderança; motivação; comunicação e gestão de conflitos;
- o SABER-FAZER-ACONTECER: busca a atitude empreendedora, inovação, agente de
mudança e foco em resultados.
A confiança depositada pela comunidade escolar nos diretores através do voto, em alguns
casos parece dar-lhes a sensação de competência, observada muitas vezes, pelo desinteresse
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pessoal na busca pelo aperfeiçoamento técnico, tão importante para exercer o cargo com
eficácia e eficiência.
As ações de capacitação do estado do Paraná, de acordo com os objetivos dos programas
oferecidos (PARANÁ, on-line, 2008), buscam uma perspectiva pedagógica progressista,
delineando diretrizes gerais para a função de direção, com base na compreensão da
organização pedagógica da escola, nas relações democráticas do processo coletivo de trabalho
e na socialização do conhecimento.
No entanto, mesmo com essa variedade de oportunidades para capacitação, os Diretores
Escolares, usufruíram pouco ou quase nada. De acordo com o sistema de controle de
capacitação da SEED, disponível on-line, no ano de 2007, especificamente para Diretores,
houve apenas um encontro de 08 horas, descentralizado, realizados em cidades pólos e
dirigido por técnicos da Secretaria de Estado da Educação. No ano anterior (2006), foi
ofertada como capacitação, a Jornada Pedagógica, curso de 40 horas, não obrigatório,
amparados nos trabalhos desenvolvidos pela CADEP – (Coordenação de Apoio à Direção e
Equipe Pedagógica). A Jornada Pedagógica aconteceu em etapas de 08 horas não
consecutivas, dirigida por pessoas que compõem a equipe pedagógica do NRE (Núcleo
Regional de Educação). Regionalmente, cada participante da CADEP, tinha o compromisso de
atuar como multiplicador, repassando assim, os textos e experiências vivenciadas nos
encontros estaduais realizados por aquela coordenação.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa adotada neste trabalho é de natureza exploratória, pois tem como objetivo
proporcionar maiores informações sobre o tema, e observar, analisar e interpretar os fatos sem
que haja a manipulação ou interferência do pesquisador. (ANDRADE, 1997). A população e
amostra do presente estudo foi composta pelo grupo de diretores e diretores auxiliares das
escolas estaduais da cidade de Campo Mourão. A pesquisa foi realizada entre os dias 17 e 18
de dezembro de 2007, envolvendo 12 (doze) Diretores e 8 (oito) Diretores auxiliares das 15
(quinze) Escolas Públicas Estaduais em atividade naquela cidade.
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Participaram da pesquisa as seguintes escolas: (1) Colégio Estadual de Campo Mourão; (2)
Colégio Estadual Dom Bosco; (3) Colégio Prefeito Antonio Teodoro de Oliveira; (4) Colégio
Estadual Marechal Rondon; (5) Colégio Estadual Dr. Osvaldo Cruz; (6) Colégio Estadual
Profa. Ivone Soares Castanharo; (7) Colégio Estadual Darcy José da Costa; (8) Colégio
Estadual Unidade Pólo; (9) CEEBEJACAM; (10) Colégio Estadual Jaelson Bíácio; (11)
Colégio Estadual Vinicius de Moraes; (12) Colégio Estadual Novo Horizonte; (13) Colégio
Agrícola Estadual de Campo Mourão; (14) Colégio Estadual Alvorada e; (15) Colégio
Estadual Tancredo de Almeida Neves.
Os dados secundários foram verificados através do PPP - Projeto Político Pedagógico, que
encontram-se no arquivo do NRE - Núcleo Regional de Educação da cidade de Campo
Mourão. Os demais dados foram coletados por meio de questionário (anexo I) composto de 10
questões, na sua maioria de múltipla resposta, aplicado aos atuais Diretores e Diretores
Auxiliares das Escolas Públicas Estaduais. As questões buscavam informações específicas
sobre a função ocupada, os conhecimentos sobre as políticas de capacitação do atual governo,
as principais dificuldades no exercício diário da função e, principalmente, as maiores
dificuldades no processo de gestão e, quais os anseios frente às necessidades de capacitação.
4 CONTEXTUALIZAÇÁO
Para melhor compreensão da pesquisa será apresentado a seguir o histórico da cidade de
Campo Mourão e das escolas participantes da amostra (PPP, 2007), buscando contextualizar o
estudo e demonstrar a relevância das organizações escolares, objeto da análise.
4.1 A CIDADE DE CAMPO MOURÃO
4.1.1.Histórico A região onde se localiza o atual município de Campo Mourão, província paraguaia de Guará
foi a primeira a ser visitada conhecida e explorada, em todo o território da antiga e depois
Quinta Comarca da Capitania de São Paulo.
No governo de D. Luiz Antônio de Souza Botelho Mourão, Morgado de Mateus, na Capitania
de São Paulo, seu irmão, o Capitão Mor Afonso Botelho de Sampaio e Souza, então figura de
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relevo no governo da Capitania de Paranaguá, determinou a organização da Segunda
expedição aos sertões de Tibagi, confiando o comando da mesma ao capitão paranaense
Estevão Ribeiro Baião, natural de São José dos Pinhais, o qual descobriu os campos que, em
homenagem ao governador geral da capitania, foram denominados por Afonso de Sampaio e
Souza Campos do Mourão, mais tarde simplificado para Campo Mourão.
Em 1903 chegava a Campo Mourão, José Luiz Pereira, Antônio Luiz Pereira, Cesário Manoel
dos Santos e Bento Gonçalves Proença, acompanhados de suas respectivas famílias.
Construíram ali as primeiras casas, dedicando-se à agricultura e à agropecuária.
O município de Campo Mourão está localizado na Região Centro - Oeste do Paraná e foi
emancipado politicamente no dia 10 de outubro de 1947, com a lei Estadual nº 2. Desta forma,
Campo Mourão foi elevado à categoria de Município, com território desmembrado de Pitanga.
A instalação e posse do primeiro Prefeito, Pedro Viriato de Souza, e da Câmara Municipal
ocorreram em 27 de dezembro de 1947. Quase um ano mais tarde, em setembro de 1948, foi
criada a Comarca, cuja instalação deu-se a 28 de janeiro de 1949.
Campo Mourão é uma cidade-pólo da microrregião 12 (composta por 25 municípios), conta
hoje com 83 mil habitantes e está localizada a aproximadamente 470 quilômetros de Curitiba.
Campo Mourão é um dos maiores entroncamentos rodoviários do sul do país. A cidade é rota
obrigatória do Mercosul e passagem turística para Foz do Iguaçu, Paraguai e Argentina. A
maior cooperativa agroindustrial da América Latina, a Coamo, está sediada em Campo
Mourão.
4.2 AS ESCOLAS
A) COLÉGIO ESTADUAL MARECHAL RONDON: O Colégio Estadual Marechal Rondon
Ensino Fundamental e Médio, situado na área central da cidade de campo Mourão, funciona
em três períodos: com turmas de 5ª à 8ª séries, Ensino Médio, Técnico em Enfermagem (curso
subseqüente), sala de recurso e sala de apoio. Atualmente a escola possui 54 turmas de Ensino
Fundamental e Médio, contando com 1.700 alunos e 75 professores.
Em 1978 foi criado e autorizado a funcionar como Complexo Escolar “Marechal Rondon”,
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que era formado pelas seguintes escolas: Escola “Marechal Rondon”, Escola “Unidade Polo”,
Escola “Vila Urupês” e Escoa “Osvaldo Cruz”. Em 1982, foi reconhecido o curso de 1º Grau
Regular, e conseqüentemente o Estabelecimento de Ensino.
A partir de 1993 a Escola Marechal Rondon teve autorizado o funcionamento do curso de 2º
Grau – Educação Geral. O curso de Educação Geral foi reconhecido em 1996.
B) COLÉGIO ESTADUAL DE CAMPO MOURÃO: Possui, atualmente, 62 turmas de Ensino
Fundamental e Médio, contando com 1.809 alunos e 90 professores. Obteve sua autorização
de funcionamento em 1975 e seu Ato de reconhecimento em 1982. Em 2002 houve o Ato de
Renovação do Curso Ensino Médio e do Ensino Fundamental.
C) COLÉGIO ESTADUAL DOM BOSCO: Foi criado em 1961 com a denominação de Grupo
Escolar Dom Bosco. Em 1975 foi autorizado seu funcionamento com o nome de Escola Dom
Bosco – Ensino de 1º Grau e o reconhecimento do curso veio em 1982.
O nome da escola é uma homenagem ao padre Giovane Melchior Bosco, que revolucionou o
seu tempo com a dedicação que dispensava a educação dos jovens ficando conhecido como
“Dom Bosco”. Em 1983 a SEED – Secretaria de Estado da Educação autorizou o Curso de 2º
grau, tendo sido reconhecido em 1985 denominando-se Colégio Estadual Dom Bosco –
Ensino de 1º e 2º grau. Atualmente a escola possui 28 turmas de Ensino Fundamental e Médio,
contando com 959 alunos.
D) COLÉGIO ESTADUAL UNIDADE POLO: O Colégio Estadual Unidade Pólo – Ensino
Fundamental e Médio iniciou sua atividade em 1976, sob o nome de Escola Estadual Unidade
Polo – Ensino de 1º Grau, com atuação de 5ª à 8ª séries. A autorização de funcionamento se
deu em 1977 e no ano seguinte integra a escola ao Complexo Escolar “Marechal Rondon”.
O Colégio oferecia até 1982, os cursos de 5ª à 8ª séries e os cursos profissionalizantes de
Técnicas Agrícolas, Técnicas Industriais, Técnico Comercial e Técnicas Caseiras. No ano de
1983 o ensino profissionalizante foi substituído pelo propedêutico. Hoje a escola possui 33
turmas de Ensino Fundamental e Médio, contando com 1056 alunos e 46 professores.
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E) COLÉGIO ESTADUAL PREFEITO ANTONIO TEODORO DE OLIVEIRA: Foi criado
em 1982, oferta atualmente o Ensino Fundamental, Médio Regular e Ensino Médio (Educação
de Jovens e Adultos). Iniciou suas atividades em 1983 em uma área da propriedade de Iran
Roberto Brzezinski. A doação foi feita por Augustinho Vecchi, que era Prefeito de Campo
Mourão, ao Governo do Estado do Paraná, para ser edificado sobre o imóvel um Grupo
Escolar com 6 salas de aula, pela FUNDEPAR.
Contando com 25 turmas de Ensino Fundamental e Médio, 772 alunos e 29 professores, a
escola tem como patrono, Antonio Teodoro de Oliveira que foi um grande líder político da
cidade de Campo Mourão, exercendo a função de Prefeito entre 1959 e 1963.
F) COLÉGIO ESTADUAL PROFª IVONE SOARES CASTANHARO: Colégio Estadual
Profª Ivone Soares Castanharo – Ensino Fundamental e Médio está localizado no Jardim
Tropical que possui um grande contingente populacional. A escola foi autorizada a funcionar
em 1987 e já no ano seguinte, foram matriculadas 17 (dezessete) turmas de ensino
fundamental, numa demonstração da grande necessidade da região de uma Unidade Escolar.
Em 1991 houve o reconhecimento do Curso de 1º Grau, sendo que na oportunidade, como
forma de homenagear uma educadora do município precocemente falecida, o nome do
estabelecimento foi alterado para Escola Estadual Professora Ivone Soares Castanharo. Em
2008 funciona em três turnos com 36 turmas e um total de 1008 alunos 42 professores
G) COLÉGIO ESTADUAL PROF. DARCY JOSÉ COSTA: O colégio foi autorizado a
funcionar com o Ensino Fundamental em 1990, na gestão do governador Álvaro Dias. Já em
2000 foi autorizado o funcionamento do Ensino Médio, período noturno.
Para dirigir a Escola foi indicada, pela chefia do Núcleo Regional de Educação, a professora
Eunice Maria Schuab Costa, por ter sido esta esposa do professor Darcy José Costa. A escola
possui 22 turmas de Ensino Fundamental e Médio, contando com 684 alunos e 30
professores.
H) COLÉGIO ESTADUAL DR. OSVALDO CRUZ: O Colégio Estadual está situado na
região urbana da cidade. Em 1978 houve a criação, autorização e funcionamento do colégio.
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Somente em 1986 houve o reconhecimento do Curso 1º Grau (Regular), integrando o
Complexo Escolar Marechal Rondon. Conta com 25 professores e 565 alunos distribuídos em
20 turmas de Ensino Fundamental e Médio
I) COLÉGIO ESTADUAL VINICIUS DE MORAES: O Colégio Estadual está situado na
região urbana do município de Campo Mourão. Sendo uma escola de periferia, atende a
comunidade de vários Conjuntos Habitacionais. Possui atualmente 16 turmas de Ensino
Fundamental e Médio, contando com 452 alunos e 25 professores.
Foi criado e autorizado a funcionar em 1983, inicialmente com o nome de Escola Estadual do
Conjunto Habitacional Dr. Milton Luiz Pereira para ministrar o ensino de 1º grau por dois
anos e em seguida passou a denominar-se Escola Estadual Vinícius de Moraes – Ensino de 1º
Grau. O reconhecimento do Ensino de 1º Grau foi em 1986.
Em 1993, foi autorizado a funcionar o Ensino de 2º Grau Regular, com o curso de Educação
Geral – Preparação Universal com a denominação de Colégio Estadual Vinícius de Moraes –
Ensino de 1º e 2º Graus. Em 1994, através do Ato Administrativo n.º054/94 foi autorizado o
funcionamento de uma sala de recurso para os alunos inclusos.
J) COLÉGIO ESTADUAL NOVO HORIZONTE – ENSINO MÉDIO: Começou a funcionar
de forma gradativa, a partir da necessidade da comunidade local de uma escola que pudesse
dar continuidade aos estudos de seus filhos após concluírem o Ensino Fundamental. O início
das atividades se deu em 1999, tendo duas turmas da primeira série com um total de 76 alunos
neste período.
No ano 2000 o Colégio passou a ofertar a segunda série com 55 alunos matriculados e na
primeira 51 totalizando 106 alunos. Em 2001 passou a ofertar o ciclo completo do curso, ou
seja, da 1.ª a 3.ª séries do Ensino Médio, com 06 turmas totalizando 153 alunos. Em 2003
houve o Reconhecimento do Curso e do Estabelecimento pela Secretaria Estadual de
Educação entidade mantenedora. Atualmente o Colégio Estadual Novo Horizonte – Ensino
Médio conta com 06 turmas, 12 Professores e 205 Alunos, com funcionamento exclusivo no
período noturno.
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K) COLÉGIO AGRÍCOLA ESTADUAL DE CAMPO MOURÃO: Colégio Agrícola Estadual
de Campo Mourão – Ensino Médio e Profissional iniciou suas atividades em 1977. Em 1982
recebe o reconhecimento do curso de 2º. grau regular com habilitação em Técnico
Agropecuário. No Paraná ocorreu a cessação, em 1997, das matrículas no ensino técnico,
ofertado no contexto da profissionalização, sendo criado a Agência Paranaense de
Desenvolvimento do Ensino Técnico – PARANATEC para coordenar a educação
profissionalizante na rede estadual.
Com as novas Políticas para a gestão 2003/2006, a responsabilidade de gerenciamento da
Educação Profissional voltou para o Estado. Especificamente, para a SEED - Secretara de
Estado da Educação - Departamento de Educação Profissional, assumindo a execução das
políticas educacionais inerentes à rede Estadual de Educação Profissional.
A partir de 2004 cria-se a educação de Nível Técnico em Agropecuária, mantendo
distintamente o Ensino Médio, passando o estabelecimento a denominar-se Colégio Agrícola
Estadual de Campo Mourão - Ensino Médio e Profissional. O colégio atende uma demanda
regional, na sua maioria filhos de agricultores.
O Colégio trabalha em regime de internato e semi-internato e seu funcionamento está
distribuído em 04 turmas nos períodos integral: manhã e tarde, sendo de Ensino Médio
Profissional com duração de três anos. Há na escola 182 (cento e oitenta e dois) alunos e 16
(dezesseis) professores
L) COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR JAELSON BIÁCIO: Colégio Estadual Professor
Jaelson Biácio – Ensino Fundamental e Médio localiza-se a 20 quilômetros da cidade de
Campo Mourão. Em 1975, a escola foi criada com o nome de Complexo Escolar Dr. Horácio
Amaral – Ensino de 1º Grau. Em 1979 a escola funcionava no período vespertino com duas
turmas (5ª e 6ª séries) e no noturno com quatro turmas (5ª, 6ª, 7ª, 8ª séries).
Em 1984 a escola foi reconhecida e em 1987, em homenagem ao Professor Jaelson Biácio, a
escola passa a chamar-se Escola Estadual Professor Jaelson Biácio - EPG. Com a autorização
de funcionamento do 2º grau, em 1993, passa a denominar–se Colégio Estadual Professor
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Jaelson Biácio – EPSG e em 1998 a SEED reconhece o Curso de 2º grau. Com a implantação
do Ensino Médio em 1999, passa a denominar-se: Colégio Estadual Professor Jaelson Biácio –
Ensino Fundamental. São atendidos alunos da Educação Infantil, Ensino Fundamental (1ª à 4ª
série) a cargo do Município, e de (5ª à 8ª séries e Ensino Médio), a cargo do Estado.
M) COLÉGIO ESTADUAL ALVORADA - ENSINO MÉDIO: Obteve sua autorização de
funcionamento em 1988. No ano de 1989 ofertou duas turmas de 5ª série. Foi reconhecida em
1993 e em novembro de 1994 autorizou o funcionamento do ensino de 2º grau. Em 1995
passou a denominar-se Colégio Estadual Alvorada Ensino de 1º e 2º grau. Atualmente oferece
três turmas de Ensino Médio, com 89 alunos e 10 professores.
N) ESCOLA ESTADUAL TANCREDO DE ALMEIDA NEVES: A Escola Estadual
Tancredo de Almeida Neves – Ensino Fundamental está localizada na zona rural. Obteve a
autorização de funcionamento em 1984 com a denominação de Escola Estadual Rio da Várzea
– Ensino de 1º Grau.
Em 1985 houve a mudança de nomenclatura passando a denominar-se de Escola Estadual
Tancredo de Almeida Neves – Ensino de 1º Grau. Em 1998 é denominada como Escola
Estadual Tancredo de Almeida Neves – Ensino Fundamental. A Escola Estadual oferta o curso
de Ensino Fundamental (5ª a 8ª séries), apenas no período matutino e conta hoje com 4
(quatro) turmas, 80 (oitenta) alunos e 8 (oito) professores.
O) CEEBJACAM – CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E
ADULTOS DE CAMPO MOURÃO: O Centro Estadual de Educação Básica para Jovens,
Adultos e Idosos de Campo Mourão é uma entidade que oferece duas modalidades de ensino:
Fundamental Fase I e II e Médio. Com alunos inclusos com Deficiência Auditiva, Visual,
Mental e Física em todas as modalidades ofertadas. O Centro Estadual foi fundado em 1985 e
suas atividades iniciaram em 1996 e Ato de Reconhecimento Nº 2982/01 em 2002.
A comunidade escolar é composta de alunos que não tiveram oportunidade ou, não haviam
despertado para a necessidade de escolarização, devido ao ingresso prematuro no mundo do
trabalho, a evasão ou a repetência escolar. O CEEBJA conta atualmente com 92 (noventa)
servidores entre Professores e Funcionários. A escola possui 56 (cinqüenta e seis) salas de
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aula, distribuída em 56 (cinqüenta e seis) turmas, com 48 (quarenta e oito) professores,
funcionando em três períodos: Matutino, Vespertino e Noturno.
Atualmente, possui 15 (quinze) Postos de Ações Pedagógicas Descentralizadas da EJA
(Educação de Jovens e Adultos) sendo 06 (seis) em escolas no Município de Campo Mourão e
09 (nove), em municípios da Micro-região. Conta com 2.500 (dois mil e quinhentos) alunos,
regularmente matriculados, no Ensino Fundamental e Médio, sendo entre eles,
aproximadamente, 50 (cinqüenta) com necessidades especiais como: Deficiência Visual,
Auditiva, Mental e Física.
A seguir serão analisados os dados coletados junto aos dirigentes das escolas objeto desta
pesquisa.
4 APRESENTAÇÃO E ANALISE DOS DADOS
Os Diretores participantes do estudo apresentaram as seguintes características: 60% possuem
idade entre 40 e 49 anos, 20% entre 30 e 39 e 20% entre 50 e 53 anos. No que se refere ao
estado civil, 45% são casados e 45% solteiros, os demais não responderam. Há um predomínio
de especialistas (50%), seguido pela formação em curso superior (45%). Apenas 5% dos
diretores possuem especialização strictu sensu em nível de mestrado (questão 1).
As áreas de formação mais citadas foram Pedagogia e Matemática, seguidas por Geografia,
Letras, Ciências biológicas, Administração, Química, Educação física, Filosofia e Zootecnia.
Observa-se que há uma variedade significativa de áreas de formação, o que demonstra a
necessidade e reflete como indicador da obrigatoriedade de cursos de formação e treinamentos
específicos para o desempenho da função de diretor.
No que se refere à experiência em cargos de gestão (questão 2), verifica-se que não existe
diferença significativa, uma vez que 55% dos entrevistados participam de sua primeira gestão
e 45% já ocuparam o cargo anteriormente.
Quando questionados sobre o fato do Governo do Estado estar investindo em capacitação dos
servidores públicos por meio da Escola de Governo (questão 3), obteve-se um percentual de
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40% que afirmam já possuir esta informação e 40% que ficou sabendo por meio dessa
pesquisa. Os 20% restantes afirmam já ter realizado ou estar participando de cursos oferecidos
por esta escola. A questão evidencia o desconhecimento dos gestores educacionais sobre as
propostas de capacitação apresentada pelo Estado. Muitos ainda confundem Escola de
Governo com um programa de Televisão veiculado através da Rede Educativa nas noites de
terça feira, onde a característica do programa é a apresentação pelo governo à população em
geral, sobre seus projetos e programas de intervenção em todas as áreas de atuação.
Esta constatação é realizada na questão 4 (quatro) do questionário, pois, apenas metade dos
diretores (50%) afirmam já haver participado de cursos de formação na área de gestão e
nenhum deles foi realizado por meio da Escola de Governo. A outra metade (50%), nunca
passou por nenhuma capacitação para a função que hoje exercem. Fato interessante é que, por
meio do detalhamento das questões, verifica-se que nenhum dos diretores realizou qualquer
tipo de capacitação junto à Escola de Governo, levando a acreditar que, na realidade, os
mesmos desconhecem este programa do Estado. Verifica-se ainda que, a capacitação foi
realizada em áreas correlatas, tais como: Pedagogia e Administração Escolar, Gestão com
enfoque em aspectos pedagógicos, Gestão/orientação e supervisão escolar, cursos estes de
Pós-Graduação oferecidos pela Faculdade Ciências e Letras de Campo Mourão.
Observa-se claramente que o processo de mobilização e comunicação dos eventos de
capacitação é falho, demonstrando, a princípio, que as estratégias de divulgação tanto da
existência da Escola de Governo quanto dos seus cursos ofertados não tem alcançado os
objetivos pretendidos.
A questão 5 (cinco) investiga a percepção dos diretores no que se refere ao nível de
qualificação dos gestores atuais para atuação de seus cargos, tomando como referência as
escolas que eles conhecem. Observa-se que os mesmos acreditam que 70% dos diretores da
administração escolar podem ser classificados entre bom e excelente. Logo, para eles a falta de
capacitação não afeta significativamente a qualidade da gestão escolar.
Embora considerando um bom nível na gestão, os diretores afirmam na questão 6 (seis), que
suas principais dificuldades na instituição são: a dificuldade em mediar conflitos; a
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indisciplina dos alunos e a falta de professores. Estes itens apareceram como problemas mais
freqüentes, para mais de 50% dos gestores. Já 40%, apontaram a evasão escolar como maior
problema e identificaram como causas:
- A falta de compromisso de parte considerável dos professores,
- Alto número de atestados médicos – Professores Faltosos
- Rotatividade dos Professores e baixo número de funcionários na Escola
Importante salientar, que apenas 5% dos entrevistados, apontaram o gerenciamento financeiro
como uma das dificuldades encontradas. E também, apenas 10% creditaram como dificuldades
a postura de se apresentar e falar em público e a falta de conhecimento em gestão escolar. No
entanto, é fator relevante o índice de 30%, apresentado como dificuldade na liderança dos
recursos humanos escolar. Esta questão corrobora com o fato das escolas terem seu
gerenciamento financeiro realizado por funcionários do quadro administrativo.
A questão 7 (sete) solicita ao gestor, dentre uma listagem de cursos apresentados, que ele
selecione, segundo sua necessidade e percepção, quais os cursos classificaria como
necessários para melhorar a gestão nas escolas. Desta forma, pela somatória das respostas, os
cursos seguiram a seguinte ordem de classificação:
1º. - Direito Administrativo;
2º. - Ética na Administração Pública;
3º. - Contabilidade Pública para Prestação de Contas;
4º. - Ciência Política;
5º. - Mediação de Conflitos;
6º. - R H – Gestão de Processo de Mudança;
7º. - Tecnologia da Informação;
8º. - Gestão de Documentos;
9º. - Postura Pessoal e Profissional;
10º. – Outros.
Observa-se falta de coerência entre as causas mencionadas na questão 6 (seis) e os cursos de
maior interesse levantados nesta questão. No entanto, o fato dos gestores serem oriundos de
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diferentes formações acadêmicas pode não permitir que haja consenso na escolha do
aperfeiçoamento técnico profissional.
No que se refere ao local de realização dos cursos (questão 8), observa-se, pelos índices
percentuais das respostas que a maioria opta em realizar as capacitações em sua cidade de
origem desde que em local apropriado para a realização dos eventos. No último ano, a escola
de Governo tem oferecido cursos nas cidades do interior, o que vem de encontro a solicitação
dos diretores.
Quanto aos projetos para desenvolvimento da capacitação dos gestores no Estado do Paraná
(questão 9), 55% dos diretores afirmam que deveria ter mais projetos e 20% acham que o
número de capacitação está adequado. Entretanto, reclamam que, muitas vezes, lhes são
apresentados assuntos por pessoas despreparadas e isso acarreta em perda de tempo precioso.
Outro dado importante nesta questão é que 20% dos gestores alegam desconhecimento total de
cursos de capacitação oferecidos pelo Governo de Estado.
Ao final do questionário (questão 10) foi solicitado aos respondentes que apresentassem
sugestões para a melhoria da capacitação da gestão nas escolas públicas. 40% dos
participantes não apresentaram nenhum tipo de sugestão, os demais (50%) sugeriram ações de
integração entre os diretores das escolas visando realizar troca de experiências e outros, em
menor número, solicitaram a realização e divulgação de cursos de capacitação.
Analisando as respostas observa-se mais uma vez que há necessidade de divulgação dos
cursos oferecidos pelo Governo, e mais que isso há necessidade de incentivo à participação
nos mesmos. Outro fato a ser ressaltado é que um grande número de diretores valoriza a troca
de experiência, demonstrando claramente que, para eles a ação prática agrega maiores
conhecimentos do que a participação em cursos e treinamentos que apresentam apenas
embasamento teórico.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A intenção do Estado, da comunidade escolar e também do próprio gestor escolar é poder
contar com uma Escola Pública pautada na excelência em todas as suas modalidades,
administrativas ou pedagógicas. Observa-se que o sistema assegura à escola, a existência de
programas que se propõem a oferecer ferramentas que garantam uma gestão possível de
atender aos anseios da comunidade escolar. No entanto, através da pesquisa realizada, somado
à experiência profissional do pesquisador, observa-se que, embora intencionalmente o Gestor
deseje e almeje uma escola de qualidade, as atividades do cotidiano escolar impedem que os
mesmos busquem os mecanismos necessários para que isso ocorra em sua plenitude.
O baixo conhecimento e, às vezes, o despreparo sobre as questões de gerenciamento faz com
que instintivamente o dirigente escolar aja defensivamente na intenção de se proteger e,
dificulte a criação e o fortalecimento das entidades representativas da comunidade escolar.
Muitas vezes, dedica a maior parte de seu tempo tentando resolver conseqüências dos
problemas, pelo próprio desconhecimento de suas causas. Este fato fica evidente, uma vez
que, as maiores dificuldades citadas pelos gestores estão relacionadas à estrutura das escolas e
à tentativa de mediar os conflitos surgidos, muitas vezes, pela dificuldade de gestão do
processo.
Este trabalho realizado junto aos gestores escolares de Campo Mourão permitiu registrar a
seguinte observação: é preciso, que seja ofertado aos gestores escolares, oportunidades de
aperfeiçoamento profissional, capacitações inerentes ao cargo, com conteúdos apropriados a
desenvolver as competências necessárias para o trato com questões que a função exige.
A pesquisa caracteriza também a ineficiência quanto à oferta e divulgação dos cursos do
Programa de Desenvolvimento de Competência - PDC ofertado pela Escola de Governo. Os
efeitos de um programa de capacitação devidamente aplicado podem ser detectados em vários
níveis: demanda, número de participantes, atitudes, conhecimentos aplicados, reações
positivas dos servidores, mudanças comportamentais etc.
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É possível que a forma de capacitação realizada pela Secretaria de Administração e da
Previdência, por intermédio do centro de formação e desenvolvimento em gestão pública da
Escola de Governo do Paraná, o PDC (Programa de Desenvolvimento de Competências),
tenha atendido com êxito a demanda de RH da capital. Porém, um número significativo de
gestores (40%) ficou sabendo da existência da Escola de Governo, no exato momento em que
foi abordado pelo pesquisador.
Logo, se uma das preocupações do Estado é melhorar o desempenho dos seus servidores,
registra-se aqui, a seguinte sugestão: necessário se faz rever a forma e o processo de oferta e
divulgação dos cursos para poder então propiciar a capacitação desejada a um número cada
vez maior de servidores, evitando assim, contrariar a lógica da melhoria da qualidade
pretendida por todos.
Algumas das limitações encontradas no desenvolvimento desta pesquisa foram: a falta de
informação por parte dos gestores sobre as ações realizadas pelo Governo visando a
capacitação, como também, a dificuldade na aplicação dos questionários, devido as escolas
encontrarem-se em período de encerramento de ano letivo.
Diante das limitações apresentadas por este estudo e a dificuldade de generalização das
conclusões apresentadas, uma vez que a pesquisa abordou somente as escolas da cidade de
Campo Mourão, sugere-se a ampliação para as demais escolas do Estado do Paraná. Esta
ampliação visaria analisar, principalmente, a adaptação dos programas governamentais para a
melhoria da gestão das escolas estaduais.
REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida. Introdução à metodologia do trabalho científico. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, nº 9.394. Brasília, 1996.
DIAS, Tânia Vieira. Diretor e comunidade na construção da “boa escola”: desafios a enfrentar. 2006. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Católica de Santos. Santos, 2006.
23
DOURADO, Luiz Fernando. A escolha de dirigentes escolares: políticas e gestão da educação no Brasil. In: FERREIRA, Naura S. Carapeto (Org.). Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos desafios. São Paulo: Cortez, 1998.
ESCOLA DE GOVERNO. Secretaria de Estado da Administração e da Previdência. 2007. Disponível no site: www.parana.pr.org.br. Acessado em 09 de Fevereiro de 2008. FORMAÇÃO Continuada. In: Orientações para a organização da semana pedagógica fevereiro/2008. Coordenação de Formação Continuada – SEED/Pr. Disponível no site: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br, acessado em 01 de Fevereiro de 2008. LÜCK, Heloísa. Perspectivas da gestão escolar e implicações quanto à formação de seus gestores. Revista em Aberto. Brasília: Inep, v. 17, n. 72, p. 1-195, fev./jun. 2000. MACHADO, Ana Luiza. Papel dos gestores educacionais num contexto de descentralização para a escola (2000a). UNESCO. Disponível no site: www.schwartzman.org.br/simon/delphi/pdf, acessado em 05 de fevereiro de 2008. MACHADO, Maria Aglaí de Medeiros. Desafios a serem enfrentados na capacitação de gestores escolares. Revista em Aberto, Brasília: Inep, v. 17, n. 72, p. 97-112, fev./jun. 2000b. PARANÁ. Resolução no. 1457/2004, 16 de abril de 2006. Secretaria de Estado da Educação, 2006. ________. Disponível no site: www.parana.pr.org.br. Acessado em 02 de fevereiro de 2008. PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. 3ª. ed. São Paulo: Ática, 2004. PPP - Projeto Político Pedagógico. Núcleo Regional de Educação (meio eletrônico-CD), 2007. REGULAMENTO - Prêmio Inovação em Gestão Educacional, Portaria no.2. Disponível na site www.inep.gov.br, acessado em 07 de fevereiro de 2008. SANTOS, Fernanda Fernandes do. Gestão democrática: concepções teórico–práticas dos docentes da educação básica pública do município de Marília. Revista Urutágua. Departamento de Ciências Sociais. Maringá: UEM, no.14, dez./2007-mar./2008.
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ANEXO I
Secretaria de Estado da Administração e da Previdência Diretoria de Recursos Humanos
Escola de Governo
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FORMULAÇÃO E GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
PESQUISA COM DIRETORES ESCOLARES Entrevistado (a):______________________________________________________________ Idade:__________________________Estado Civil: __________________________________ Área de Formação:____________________________________________________________ Cargo:___________________________Tempo:_____________________________________ Instituição:__________________________________________________________________ Município:________________________Data:___/__/2008 1- Nível de Escolaridade: ( ) Superior
( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado
2 – Você já ocupou cargo de gestão anteriormente? ( ) sim ( ) não Em caso afirmativo, quais cargos e por quanto tempo? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3 - O Governo do Estado do Paraná, por meio da Escola de Governo, criada em 2004, está investindo fortemente na capacitação dos servidores públicos. Você: ( ) Já tinha esta informação ( ) Ficou sabendo neste exato momento ( ) Já fez cursos oferecidos por esta Escola ( ) Está participando de curso oferecido pela Escola de Governo 4 – Você já participou de Cursos de formação na área de gestão? ( ) Sim ( ) Não Se você já participou, foi em que área? ___________________________________________________________________________ Instituição realizadora: _____________________________Em que ano? ________________ 5 – Tomando como referência as escolas que você conhece, acredita que os gestores possuem um nível de qualificação para atuação em seus cargos: ( ) Excelente ( ) Bom ( ) Fraco ( ) Satisfatório
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( ) Insatisfatório 6 – Quais as principais dificuldades que você enfrenta na gestão da instituição (assinale quantas alternativas achar necessárias): ( ) Falta de professores ( ) Evasão dos alunos ( ) Indisciplina dos Alunos ( ) Falta de conhecimento sobre o processo de gestão ( ) Liderar os Recursos Humanos da instituição ( ) Gerenciamento dos recursos financeiros ( ) Mediar conflitos dos integrantes organizacionais (professores; alunos; pais; comunidade e estado) ( ) Apresentação (Falar) em Público ( ) Organização de eventos ( ) Outras: __________________________________________________________________ 7 – O Brasil não possui tradição acadêmica no que se refere ao campo de conhecimentos afetos à administração pública (Esculápio, 2003). Segundo sua avaliação, enumere, por ordem de importância, os cursos que você identifica como necessários para uma boa gestão nas escolas (Use 1 para o mais importante e assim sucessivamente): ( ) Direito Administrativo ( ) Ciência Política ( ) Mediação de Conflitos ( ) Gestão de Documentos ( ) Contabilidade Pública para Prestação de Contas ( ) Tecnologia da Informação ( ) R H – Gestão de Processo de Mudança ( ) Ética na Administração Pública ( ) Postura Pessoal e Profissional Avançada ( ) outros: ________________________________________________________________ 8 – Em sua opinião, os cursos devem ser realizados: ( ) Na sua cidade ( ) Em Curitiba ( ) Em outro local, desde que não seja na sua cidade ( ) O local não é importante 9 – No que se refere aos projetos para desenvolvimento da capacitação dos gestores no Estado do Paraná você considera: ( ) Adequado ( ) Deixa muito a desejar ( ) Deveria ter mais projetos ( ) Você desconhece quaisquer projetos deste tipo 10 – Outras sugestões para a melhoria da capacitação dos gestores de escolas públicas. _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________