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Rua Dr. Celestino, 74 24020-091- RJ Brasil Tel (21) 2629-9484
CAPACIDADE FUNCIONAL DO IDOSO HOSPITALIZADO:
subsdios para elaborao de um Protocolo de Enfermagem
VALQURIA CARVALHO SILVA
Niteri-RJ
Dezembro
2016
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Rua Dr. Celestino, 74 24020-091- RJ Brasil Tel (21) 2629-9484
VALQURIA CARVALHO SILVA
CAPACIDADE FUNCIONAL DO IDOSO HOSPITALIZADO:
subsdios para elaborao de um Protocolo de Enfermagem
Dissertao apresentada ao Curso de
Mestrado Profissional Enfermagem
Assistencial da Escola de Enfermagem
Aurora de Afonso Costa da Universidade
Federal Fluminense, como requisito
parcial para obteno do ttulo de Mestre.
Linha de Pesquisa:O cuidado de enfermagem para os grupos humanos.
Orientadora: Prof. Dr. Ftima Helena do Esprito Santo
Niteri-RJ
Dezembro
2016
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VALQURIA CARVALHO SILVA
CAPACIDADE FUNCIONAL DO IDOSO HOSPITALIZADO:
subsdios para elaborao de um Protocolo de Enfermagem
Dissertao apresentada ao Curso de
Mestrado Profissional Enfermagem
Assistencial da Escola de Enfermagem
Aurora de Afonso Costa da Universidade
Federal Fluminense, como requisito
parcial para obteno do ttulo de Mestre.
Aprovada em: 16 de Dezembro de 2016.
BANCA EXAMINADORA:
__________________________________________________________
Prof. Dr. Ftima Helena do Esprito Santo (Presidente) EEAAC/UFF
__________________________________________________________
Prof. Dr. Jaqueline da Silva (1 Examinador) EEAN/UFRJ
__________________________________________________________
Prof. Dr. Eliane Ramos Pereira (2 Examinador) EEAAC/UFF
__________________________________________________________
Prof. Dr. Aline Miranda da Fonseca Marins (Suplente) EEAN/UFRJ
__________________________________________________________
Prof. Dr. Rosimere Ferreira Santana (Suplente) EEAAC/UFF
Niteri-RJ
Dezembro
2016
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S 586 Silva, Valquria Carvalho.
Capacidade funcional do idoso hospitalizado: subsdios
para elaborao de um protocolo de enfermagem. / Valquria
Carvalho Silva. Niteri: [s.n.], 2017.
160 f.
Dissertao (Mestrado Profissional em Enfermagem
Assistencial) Universidade Federal Fluminense, 2017.
Orientador: Prof. Ftima Helena do Esprito Santo.
1. Enfermagem Geritrica. 2. Sade do Idoso. 3.
Hospitalizao. 4. Pessoas com Deficincia. 5. Avaliao
Geritrica.I. Ttulo.
CDD 610.7365
CDD 610.7365
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minha amada me Neidy e ao meu amado esposo Rafael, com carinho.
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AGRADECIMENTOS
Deus, por ser bom o tempo todo, pelo Seu amor sem medidas e infinita misericrdia.
minha me Neidy, pelo imenso amor, incentivo e sabedoria de vida. Que eu possa um dia
ser to mansa e de corao to puro quanto o seu.
Ao meu esposo Rafael, pelo amor, carinho, disposio, preocupao e apoio em todas as
horas, nos pequenos detalhes. Aquele copo com gua (que eu nem bebo) faz toda diferena.
minha orientadora espetacular, Prof. Dr. Ftima Helena do Esprido Santo, pelos
ensinamentos, pacincia, alegria, colorido, luz e paz que emanam de ti. Momentos difceis eu
enfrentei e, quando eu fraquejei, para seguir em frente, voc me disse: Coragem!, que rima
muito bem com Enfermagem. Obrigada por acreditar em mim, quando eu mesma no
acreditei. Meu amor, carinho e amizade para sempre!
Vanessa, Leonardo e Fernanda, por serem amigos to verdadeiros e intensos, por toparem
qualquer coisa, por irem para qualquer lugar #partiu, s pra sair da rotina, da correria e viver
a vida de verdade. Vamos estourar o limite do carto! No existe amanh! Divide em 10
vezes! O cheque especial est gritando! #partiuoutbackdepoisdadefesa; Rafael um santo
nessa terra!. Vocs so amigos extraordinrios!
Keila Mara Cassiano, que ajudou de modo fantstico na organizao e tratamento
estatstico dos dados desta pesquisa. Quanto conhecimento, disposio e carinho. E com
samba, cachaa e pesquisa, uma nova amizade nasceu!
Aos idosos, por emprestarem suas vidas para serem fonte do meu aprendizado.
Aos membros da Banca Examinadora, pela disponibilidade, carinho e contribuies, minha
gratido.
Aos familiares e amigos que torcem por mim.
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4
Sou, com efeito, vosso servo e filho de vossa
serva, um homem fraco, cuja existncia breve,
incapaz de compreender vosso julgamento e
vossas leis; porque qualquer homem, mesmo
perfeito, entre os homens, no ser nada, se lhe
falta a Sabedoria que vem de vs (Eclo, 9:5-6).
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RESUMO
Introduo: O nmero elevado de admisses hospitalares de idosos representa um indicador
significativo para avaliao das condies de sade dessa clientela. A admisso hospitalar
pode ser um indicativo de fragilidade relacionada perda de capacidade funcional,
interferindo na qualidade de vida e aumentando os custos com tratamento. Durante a
hospitalizao cabe a Enfermagem avaliar continuamente esse idoso, identificando elementos
que possam subsidiar o planejamento e implementao dos cuidados de enfermagem visando
proporcionar uma assistncia integral e segura, considerando as alteraes inerentes ao
processo de envelhecimento articuladas s decorrentes do adoecimento que repercutem
diretamente na autonomia, independncia e capacidade funcional dessa clientela. Objeto de
estudo: Capacidade Funcional do idoso durante o processo de hospitalizao. Hiptese
investigativa: A capacidade funcional do idoso tende a sofrer declnio durante o processo de
hospitalizao. Objetivo geral: Elaborar um Protocolo de Enfermagem com foco na
Capacidade Funcional do Idoso Hospitalizado; Objetivos especficos: Caracterizar o perfil
socioeconmico e de sade de idosos hospitalizados; Avaliar de modo sequencial a
capacidade funcional do idoso, durante a hospitalizao. Mtodo: Estudo longitudinal, com
abordagem quantitativa, envolvendo acompanhamento da capacidade funcional do idoso
hospitalizado. Participaram 37 idosos, de ambos os sexos, internados nas enfermarias de
clnica mdica masculina e feminina de um Hospital Geral no municpio de Campos dos
Goytacazes- RJ e de um Hospital Universitrio no municpio de Niteri-RJ. A produo de
dados ocorreu de maio setembro de 2016, mediante anlise documental inicial dos
pronturios dos idosos hospitalizados, para caracterizao do perfil socioeconmico e de
sade; aplicao das escalas de avaliao funcional: Escala de Katz, Escala de Lawton &
Brody e Mini-Cog, para acompanhar a capacidade funcional dos idosos durante a
hospitalizao, semanalmente; elaborao de um protocolo de enfermagem com foco na
capacidade funcional do idoso hospitalizado. Os dados foram submetidos anlise estatstica
descritiva e inferencial; a anlise do tempo de sobrevivncia at o declnio funcional foi feita
pela metodologia de Kaplan-Meier; a associao entre as variveis e o risco de declnio da
capacidade funcional no tempo de internao foi investigada por Modelos de Riscos
Proporcionais de Cox. Resultados: Houve maior proporo do sexo masculino, baixa
escolaridade e baixa renda; A faixa etria predominante foi de 65 67,5 anos com perodo de
internao de 10 15 dias. O principal diagnstico medico foi doena cardiovascular e a
comorbidade mais frequente hipertenso arterial sistmica. Constatou-se maior incidncia de
declnio no rastreio cognitivo, seguido das Atividades Instrumentais de Vida Diria e, por
ltimo, das Atividades Bsicas de Vida Diria. A incidncia de quedas foi diretamente
proporcional de declnio funcional. O tempo at a ocorrncia do declnio das pontuaes nas
escalas foi de 14 dias ou mais para homens e 21 dias ou mais para mulheres. Foram
considerados alguns fatores de risco aumentado para declnio nas pontuaes das escalas,
dentre eles a hipertenso arterial sistmica, acidente vascular cerebral e nmero de
internaes. O protocolo elaborado espera fornecer subsdios para sistematizar a avaliao
funcional do idoso durante a hospitalizao e direcionar planejamento dos cuidados de
enfermagem. Concluso: A capacidade funcional do idoso tende a sofrer declnio durante o
processo de hospitalizao.Cabe ao enfermeiro avaliar a capacidade funcional dessa clientela
modo a implementar cuidados adequados s demandas desse grupo, evitando
compromometimento funcional e dependncia. Identificou-se a necessidade de um espao
destinado assistencia da populao idosa. O planejamento de alta e o monitoramento dos
idosos aps a alta hospitalar foi sugerido. Espera-se contribuir para reduzir possveis riscos da
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6
hospitalizao de idosos, com foco na capacidade funcional, e para melhorar a qualidade da
assistncia de enfermagem, centrada nas especificidades do idoso. A utilizao do protocolo
elaborado pode implicar na reduo do tempo de permanncia hospitalar dos idosos, reduo
dos custos gerados por este evento e no aumento da qualidade dos servios prestados pela
instituio clientela idosa.
Descritores: Enfermagem geritrica, sade do idoso, hospitalizao, incapacidade funcional,
avaliao geritrica.
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ABSTRACT
Introduction: The high number of hospital admissions for the elderly represents a significant
indicator for the evaluation of the health conditions of this clientele. Hospital admission may
be indicative of fragility related to loss of functional capacity, interfering with quality of life
and increasing treatment costs. During hospitalization it is up to Nursing to continuously
evaluate this elderly person, identifying elements that can subsidize the planning and
implementation of nursing care, aiming to provide integral and safe care, considering the
inherent alterations to the aging process articulated to those resulting from illness that directly
affect autonomy, Independence and functional capacity of this clientele. Study object:
Functional capacity of the elderly during the hospitalization process. Investigative
hypothesis: The functional capacity of the elderly tends to decline during the hospitalization
process. General objective: To elaborate a Nursing Protocol focusing on the Functional
Capacity of Hospitalized Elderly; Specific objectives: To characterize the socioeconomic and
health profile of hospitalized elderly; To evaluate sequentially the functional capacity of the
elderly during hospitalization. Method: Longitudinal study, with quantitative approach,
involving the monitoring of the functional capacity of the hospitalized elderly. Participants
were 37 elderly men and women hospitalized in the male and female medical clinics of a
General Hospital in the city of Campos dos Goytacazes, RJ, and a University Hospital in the
city of Niteri, RJ. The production of data occurred from May to September 2016, through an
initial documentary analysis of the medical records of the hospitalized elderly, to characterize
the socioeconomic and health profile; Application of the functional assessment scales: Katz
Scale, Lawton & Brody Scale and Mini-Cog, to monitor the functional capacity of the elderly
during hospitalization, weekly; Elaboration of a nursing protocol focusing on the functional
capacity of hospitalized elderly. Data were submitted to descriptive and inferential statistical
analysis; The analysis of survival time to functional decline was done by the Kaplan-Meier
methodology; The association between the variables and the risk of functional capacity
decline during hospitalization time was investigated by Cox Proportional Risk Models.
Results: There was a higher proportion of males, low schooling and low income; The
predominant age group was from 65 to 67.5 years with hospitalization period of 10 to 15
days. The main medical diagnosis was cardiovascular disease and the most common comorbid
systemic arterial hypertension. There was a higher incidence of decline in cognitive screening,
followed by the Instrumental Activities of Daily Living and, finally, the Basic Activities of
Daily Living. The incidence of falls was directly proportional to that of functional decline.
The time until the occurrence of the decline in the scales was 14 days or more for men and 21
days or more for women. We considered some increased risk factors for a decline in scales
scores, including systemic arterial hypertension, stroke and number of hospitalizations. The
elaborated protocol hopes to provide subsidies to systematize the functional evaluation of the
elderly during the hospitalization and to direct nursing care planning. Conclusion: The
functional capacity of the elderly tends to decline during the hospitalization process. It is up to
the nurse to evaluate the functional capacity of this clientele so as to implement care
appropriate to the demands of this group, avoiding functional compromise and dependence. It
was identified the need of a space destined to the assistance of the elderly population.
Planning for discharge and monitoring of the elderly after hospital discharge was suggested. It
is hoped to contribute to reduce possible risks of hospitalization of the elderly, focusing on
functional capacity, and to improve the quality of nursing care, focusing on the specifics of
the elderly. The use of the protocol can lead to a reduction in the length of hospital stay of the
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elderly, a reduction of the costs generated by this event, and an increase in the quality of
services provided by the institution to elderly clients.
Descriptors: Geriatric nursing, elderly health, hospitalization, functional disability, geriatric
assessment.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Esquema explicativo A .............................................................................................17
Figura 2: Esquema explicativo B .............................................................................................18
Figura 3: Distribuio do gnero dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri,
2016 ..........................................................................................................................................45
Figura 4: Histograma da distribuio da idade dos idosos hospitalizados. Campos dos
Goytacazes e Niteri, 2016.......................................................................................................47
Figura 5: Mdias de idade dos idosos hospitalizados, global e por gnero. Campos dos
Goytacazes e Niteri, 2016.......................................................................................................48
Figura 6: Distribuio de frequncias da escolaridade dos idosos hospitalizados. Campos dos
Goytacazes e Niteri, 2016.......................................................................................................49
Figura 7: Distribuio da Renda Mensal dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e
Niteri, 2016.............................................................................................................................50
Figura 8: Distribuio de frequncias do diagnstico principal dos idosos hospitalizados.
Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..................................................................................52
Figura 9: Mdia de idade dos idosos hospitalizados segundo o diagnstico principal. Campos
dos Goytacazes e Niteri, 2016.................................................................................................53
Figura 10: Mdia do nmero de internaes dos idosos hospitalizados segundo o diagnstico
principal. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..................................................................54
Figura 11: Histograma da distribuio do tempo de internao dos idosos hospitalizados.
Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..................................................................................55
Figura 12: Mdia do tempo total de internao dos idosos segundo o diagnstico principal.
Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..................................................................................56
Figura 13: Distribuio conjunta dos escores da Escala de Katz da primeira e segunda
avaliao dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016........................60
Figura 14: Distribuio conjunta dos escores da Escala de Lawton & Brody da primeira e
segunda avaliao dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..........61
Figura 15: Distribuio conjunta dos escores do Mini-Cog da primeira e segunda avaliao
dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016........................................62
Figura 16: Evoluo Semanal da mdia global da pontuao na Escala de Katz dos idosos
hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..........................................................62
Figura 17: Evoluo Semanal da mdia global da pontuao na Escala de Lawton & Brody
dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016........................................63
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10
Figura 18: Evoluo Semanal da mdia global da pontuao no Mini-Cog dos idosos
hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..........................................................63
Figura 19: Mdias dos escores da Escala de Katz no Grupo Masculino e Feminino dos idosos
hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..........................................................68
Figura 20: Mdias das pontuaes da Escala de Lawton & Brody no Grupo Masculino e
Feminino dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016.......................69
Figura 21: Mdias das pontuaes no rastreio cognitivo pelo Mini-Cog no Grupo Masculino e
Feminino dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016.......................70
Figura 22: Incidncias de Declnio em cada escala, dos idosos hospitalizados. Campos dos
Goytacazes e Niteri, 2016.......................................................................................................72
Figura 23: Curva de Kaplan-Meier da sobrevivncia do idoso hospitalizado at o declnio do
escore da Escala de Katz para cada gnero. Campos dos Goytacazes e Niteri,
2016...........................................................................................................................................77
Figura 24: Curva de Kaplan-Meier da sobrevivncia do idoso hospitalizado at o declnio do
escore global da Escala de Katz. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..............................78
Figura 25: Curva de Kaplan-Meier da sobrevivncia do idoso hospitalizado at o declnio do
escore da Escala de Lawton& Brody para cada gnero. Campos dos Goytacazes e Niteri,
2016...........................................................................................................................................80
Figura 26: Curva de Kaplan-Meier da sobrevivncia do idoso hospitalizado at o declnio do
escore da Escala de Lawton& Brody global. Campos dos Goytacazes e Niteri,
2016...........................................................................................................................................80
Figura 27: Curva de Kaplan-Meier da sobrevivncia do idoso hospitalizado at o declnio do
escore do Mini-Cog para cada gnero. Campos dos Goytacazes e Niteri,
2016...........................................................................................................................................82
Figura 28: Curva de Kaplan-Meier da sobrevivncia do idoso hospitalizado at o declnio do
escore global do Mini-Cog. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016.....................................83
Figura 29: Mdias globais dos tempos de sobrevida estimados pelo mtodo de Kaplan-Meier
at o declnio das pontuaes de cada escala dos idosos hospitalizados. Campos dos
Goytacazes e Niteri, 2016.......................................................................................................84
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Principais estatsticas de idade dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes
e Niteri, 2016...........................................................................................................................47
Quadro 2: Distribuio de frequncias da escolaridade dos idosos hospitalizados. Campos dos
Goytacazes e Niteri, 2016.......................................................................................................49
Quadro 3: Distribuio de frequncias da Renda Mensal dos idosos hospitalizados. Campos
dos Goytacazes e Niteri, 2016.................................................................................................50
Quadro 4: Distribuio conjunta do Estado Civil e Coabitao dos idosos hospitalizados.
Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..................................................................................51
Quadro 5: Distribuio de frequncias do diagnstico principal dos idosos hospitalizados.
Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..................................................................................52
Quadro 6: Principais estatsticas de tempo de internao dos idosos hospitalizados. Campos
dos Goytacazes e Niteri, 2016.................................................................................................55
Quadro 7: Prevalncias das comorbidades entre os idosos hospitalizados. Campos dos
Goytacazes e Niteri, 2016.......................................................................................................57
Quadro 8: Associao entre Comorbidades e Gnero dos idosos hospitalizados. Campos dos
Goytacazes e Niteri, 2016.......................................................................................................58
Quadro 9: Prtica de Hbitos Nocivos entre os idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes
e Niteri, 2016...........................................................................................................................59
Quadro 10: Associao entre Hbitos Nocivos e Gnero dos idosos hospitalizados. Campos
dos Goytacazes e Niteri, 2016.................................................................................................59
Quadro 11: Distribuio de Frequncias da ocorrncia de quedas dos idosos hospitalizados.
Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..................................................................................59
Quadro 12: Estatsticas dos escores da Escala de Katz em cada avaliao dos idosos
hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..........................................................64
Quadro 13: Estatsticas dos escores da Escala de Lawton & Brody em cada avaliao dos
idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..............................................64
Quadro 14: Estatsticas dos escores do Mini-Cog em cada avaliao dos idosos
hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..........................................................65
Quadro 15: p-valores dos testes de Wilcoxon comparando escores de duas avaliaes
consecutivas de cada escala, dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri,
2016...........................................................................................................................................65
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12
Quadro 16: Anlise de correlao entre as escalas e as variveis quantitativas, dos idosos
hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..........................................................66
Quadro 17: Mdias das pontuaes da Escala de Katz no Grupo Masculino e Feminino, e
comparao dos escores dos dois grupos dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e
Niteri, 2016.............................................................................................................................67
Quadro 18: Mdias das pontuaes da Escala de Lawton & Brody no Grupo Masculino e
Feminino, e comparao dos escores dos dois grupos dos idosos hospitalizados. Campos dos
Goytacazes e Niteri, 2016.......................................................................................................68
Quadro 19: Mdias das pontuaes no rastreio cognitivo pelo Mini-Cog no Grupo Masculino
e Feminino, e comparao dos escores dos dois grupos dos idosos hospitalizados. Campos dos
Goytacazes e Niteri, 2016.......................................................................................................69
Quadro 20: Mdias de pontuao da Escala de Katz de acordo com a escolaridade dos idosos
hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..........................................................70
Quadro 21: Mdias de pontuao da Escala de Lawton & Brody de acordo com a escolaridade
dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016........................................71
Quadro 22: Mdias de pontuao do Mini-Cog de acordo com a escolaridade dos idosos
hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..........................................................71
Quadro 23: Incidncia de declnio em cada escala, quando uma comorbidade est ausente e
quando uma comorbidade est presente, dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e
Niteri, 2016.............................................................................................................................73
Quadro 24: Incidncia de declnio em cada escala, quando h prtica de um hbito nocivo e
quando no h prtica de um hbito nocivo, dos idosos hospitalizados. Campos dos
Goytacazes e Niteri, 2016.......................................................................................................74
Quadro 25: Incidncia de declnio em cada escala nos grupos feminino e masculino, dos
idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..............................................74
Quadro 26: Incidncia de declnio por caracterstica dos idosos hospitalizados. Campos dos
Goytacazes e Niteri, 2016.......................................................................................................75
Quadro 27: Incidncia de declnio por diagnstico principal dos idosos hospitalizados.
Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..................................................................................76
Quadro 28: Incidncia de declnio por nmero de quedas dos idosos hospitalizados. Campos
dos Goytacazes e Niteri, 2016.................................................................................................76
Quadro 29: Mdias do Tempo de Sobrevivncia at o declnio do escore da Escala de Katz
dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016........................................78
Quadro 30: Testes de Igualdade das distribuies de Sobrevivncia para os gneros feminino
e masculino dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016....................79
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13
Quadro 31: Mdias do Tempo de Sobrevivencia at o declnio do escore de Lawton & Brody
dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016........................................81
Quadro 32: Testes de Igualdade das distribuies de Sobrevivncia para os gneros feminino
e masculino dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016....................81
Quadro 33: Mdias do Tempo de Sobrevivncia at o declnio do escore do Mini-Cog dos
idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..............................................83
Quadro 34: Testes de Igualdade das distribuies de Sobrevivncia para os gneros feminino
e masculino dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016....................84
Quadro 35: Teste de Significncia dos coeficientes de cada covarivel no Modelo de
Regresso de Cox para o Tempo at o Declnio das pontuaes na Escala de Katz dos idosos
hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..........................................................86
Quadro 36: Teste de Significncia dos coeficientes de cada covarivel no Modelo de
Regresso de Cox para o Tempo at o Declnio das pontuaes na Escala de Lawton & Brody
dos idosos hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016........................................87
Quadro 37: Teste de Significncia dos coeficientes de cada covarivel no Modelo de
Regresso de Cox para o Tempo at o Declnio do escore no Mini-Cog dos idosos
hospitalizados. Campos dos Goytacazes e Niteri, 2016..........................................................88
-
14
SUMRIO
1 INTRODUO
1.1. O Tema e sua Contextualizao .................................................................................... 17
1.2. Objeto de Estudo ...........................................................................................................
1.3. Hiptese Investigativa ...................................................................................................
19
19
1.4. Objetivos ....................................................................................................................... 19
1.4.1. Objetivo Geral ............................................................................................................ 19
1.4.2. Objetivos Especficos .................................................................................................
1.5. Justificativa e Relevncia ..
19
19
2. FUNDAMENTAO TEMTICA
2.1. Envelhecimento Populacional........................................................................................ 22
2.2. Polticas Pblicas do Idoso ...
2.3. Princpios da Enfermagem Gerontolgica.....................................................................
2.4. Avaliao Geritrica: Capacidade Funcional e Avaliao Funcional do Idoso.
2.5. Hospitalizao do Idoso................................................................................................
24
26
27
33
3. MTODO
3.1. Tipo de Estudo............................................................................................................... 36
3.2. Campo de Estudo e Participantes................................................................................... 38
3.3. Coleta de Dados ............................................................................................................ 40
3.4. Organizao e Anlise dos Dados ...............................................................................
3.5. Elaborao do Produto: Protocolo de Enfermagem com Foco na Capacidade
Funcional do Idoso Hospitalizado: Instrumento Piloto...
41
44
3.6. Aspectos ticos.............................................................................................................. 45
4.RESULTADOS
4.1. Perfil Socioeconmico e de Sade dos Participantes ...
45
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15
4.2. Acompanhamento da Capacidade Funcional
4.3. Associao dos Resultados do Acompanhamento da Capacidade Funcional com as
Variveis de Caracterizao dos Participantes
4.4. Associao da Incidncia de Declnio da Capacidade Funcional com Caracterizao
dos Participantes ..................................
4.5. Anlise de Sobrevivncia at o Declnio da Pontuao na Escala de Katz ..
4.6. Anlise de Sobrevivncia at o Declnio da Pontuao na Escala de Lawton e Brody.
4.7. Anlise de Sobrevivncia at o Declnio da Pontuao no Mini-Cog ..
4.8. Anlise do Risco Relativo pelos Modelos de Regresso de Cox ..........
5. DISCUSSO
6.PROTOCOLO DE ENFERMAGEM COM FOCO NA CAPACIDADE
FUNCIONAL DO IDOSO HOSPITALIZADO: INSTRUMENTO PILOTO
7. CONCLUSO
60
66
71
77
79
81
85
8.REFERNCIAS
9.APNDICES
Apndice A: Cronograma de Execuo da Pesquisa ........................................................... 153
Apndice B: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ................................................
Apndice C: Roteiro para Anlise Documental ...................................................................
154
155
10. ANEXOS
Anexo A: Parecer Consubstanciado do CEP........................................................................ 156
Anexo B: Escala de Independncia para Atividades Bsicas de Vida Diria - Escala de
Katz.......................................................................................................................................
157
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16
Anexo C: Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diria - Escala de Lawton e
Brody.....................................................................................................................................
Anexo D: Mini-Cog..............................................................................................................
Anexo E: Autorizao da Instituio para Realizao da Pesquisa .....................................
158
159
160
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17
1.INTRODUO
1.1 O Tema e sua Contextualizao
O envelhecimento acelerado da populao brasileira acarreta importantes
modificaes no apenas na estrutura etria populacional, mas tambm no perfil
epidemiolgico, configurando um quadro em que as doenas crnicas no transmissveis
(DCNT), passam a ser predominantes, em relao s doenas transmissveis1.
O envelhecimento traz como consequncia alteraes fisiolgicas que resultam em um
declnio de capacidades. O indivduo apresenta uma diminuio da capacidade funcional, que,
muitas vezes, gera limitaes durante a realizao das atividades de vida diria, tanto bsicas
como instrumentais, comprometendo a sua qualidade de vida2.
Na populao idosa, a maior prevalncia de doenas crnicas, comorbidadese
incapacidades aumenta a demanda desse segmento populacional pelos servios de sade, em
comparao com outras faixas etrias, gerando maior custo. Os idosos so hospitalizados com
maior frequncia, quando comparados aos mais jovens e apresentam tempo mdio de
permanncia hospitalar maior, alm de possurem um ndice de (re)internaes mais elevado1,
3.
Figura 1: Esquema explicativo A.
Fonte:Silva, 2016
A hospitalizao acarreta uma srie de repercusses de natureza social, econmica,
fsica e emocional tanto ao paciente quanto aos seus familiares. Entretanto, no que concerne
-
18
ao idoso, este evento pode significar isolamento social, maior exposio a riscos do ambiente,
perda da autonomia e imposio de diferentes graus de imobilidade, que repercutem em
maiores riscos para o declnio funcional e aumento da dependncia.
Nesse sentido, o aumento da dependncia do idoso acaba por implicar no
comprometimento da sua qualidade de vida. A equipe de sade deve estar preparada para
identificar essas demandas, avaliando e implementando aes numa perspectiva integral, para
atender s especificidades, necessidades e limitaes inerentes ao processo de
envelhecimento.
Cabe ressaltar, que essas necessidades e limitaes podem ser agravadas com a doena
e com o processo de hospitalizao, podendo, este ltimo, gerar consequncias iatrognicas.
A iatrogeniase refere a qualquer alterao patolgica que ocorre no paciente decorrente da
atuao dos profissionais de sade, de forma certa ou errada, da qual resultam consequncias
prejudiciais para a sade. Alm disso, uma das cinco sndromes geritricas, chamadas 5 Is
da geriatria, a saber: Instabilidade Postural, Incontinncia Urinria, Insufucincia Cerebral,
Iatrogenia e Isolamento Social.O idoso ao ser hospitalizado pode estar sujeito a iatrogenias,
sendo o principal tipo a reao adversa a medicamentos4,5.
O idoso ento pode entrar num ciclo onde o declnio funcional leva dependncia,
esta, por sua vez, leva hospitalizao, e a hospitalizao pode acarretar um declnio
funcional mais severo.
Figura 2: Esquema explicativo B.
Fonte: Silva, 2016
-
19
Nessa perspectiva, a avaliaoda funcionalidade do idoso torna-se fundamental para
embasar a elaborao de aes de enfermagem compatveis com suas demandas, favorecendo
a manuteno ou a recuperao da capacidade funcional durante a hospitalizao. Alm disso,
importante a reduo de possveis danos e preveno do desenvolvimento de incapacidades,
considerando que na funcionalidade que devem estar pautadas todas as aes de sade
voltadas para o idoso.
1.2 Objeto de Estudo: Capacidade Funcional do idoso durante o processo de hospitalizao
1.3 Hiptese Investigativa: A capacidade funcional do idoso tende a sofrer declnio durante o
processo de hospitalizao.
1.4 Objetivos
1.4.1 Objetivo Geral: Elaborar um Protocolo de Enfermagem com foco na Capacidade
Funcional do Idoso Hospitalizado.
1.4.2 Objetivos Especficos
Caracterizar o perfil socioeconmico e de sade do idoso hospitalizado;
Avaliar de modo sequencial a capacidade funcional do idoso durante a hospitalizao;
1.5 Justificativa e Relevncia
O envelhecimento populacional acelerado tem profundas implicaes, configurando
importantes desafios para a sociedade, principalmente para o sistema de sade. A transio
demogrfica, evidenciada pelo aumento no nmero de idosos, fez experimentar uma transio
epidemiolgica, com elevao dos ndices das doenas crnicas no transmissveis, suas
complicaes e consequente desenvolvimento de incapacidades. Nesse contexto, a
preocupao com as condies necessrias manuteno da qualidade de vida das pessoas
idosas tem crescido, e os temas relacionados s polticas pblicas e s aes de proteo e
cuidado especficos para idosos vem adquirindo relevncia6.
-
20
Esse fenmeno tem desencadeado debates e estudos entre os profissionais
enfermeiros, no que se refere ao planejamento e a implementao de cuidados que favoream
a qualidade de vida dos idosos. Esta preocupao tem servido de incentivo para a realizao
de pesquisas que possam melhor caracterizar este grupo e discutir intervenes de
enfermagem que melhor se apliquem s situaes clnicas e problemas de vida desta
populao7.
Nesta perspectiva, a Organizao Mundial de Sade8apresentou proposies para a
abordagem do envelhecimento saudvel e ativo tais como a promoo da sade e os
comportamentos saudveis em todas as idades para prevenir ou retardar o desenvolvimento de
doenas crnicas; a diminuio das consequncias de doenas crnicas por meio da deteco
precoce e da qualidade dos cuidados, criando ambientes fsicos e sociais que promovam a
sade e a participao dos idosos (acessibilidade, transporte, ligaes intergeracionais,
atitudes sociais e organizao do servio) e a mudana de atitudes sociais para incentivar a
participao dos idosos9.
A Poltica Nacional de Sade da Pessoa Idosa PNSPI, aprovada pelo Ministrio da
Sade atravs da Portaria 2528/GM, de 19 de outubro de 2006, considera que o conceito de
sade para a pessoa idosa se traduz mais pela preservao de sua autonomia e independncia
que pela presena ou ausncia de doena, e enfatiza que envelhecer mantendo a capacidade
funcional e a autonomia, a meta de toda ao de sade10.
Em 2008, o Ministrio da Sade publicou a Agenda Nacional de Prioridades de
Pesquisa em Sade (ANPPS), tendo como pressuposto respeitar as necessidades nacionais e
regionais de sade e aumentar a induo seletiva para a produo de conhecimentos e bens
materiais e processuais nas reas prioritrias para o desenvolvimento das polticas sociais.
Foram elaborados diversos tpicos prioritrios de pesquisa em sade, divididos em
subagendas, dentro das quais a subagenda6 traz como prioridade a Sade do Idoso. Dentro da
subagenda6, foram estabelecidos tpicos de prioridade, onde esta pesquisa contempla o tpico
6.3.6, que prioriza o desenvolvimento e avaliao de estratgias de reabilitao: 6.3.6.3
Reabilitao funcional no que se refere fragilidade, imobilidade, instabilidade, iatrogenia,
incontinncias, disfuno cognitiva, infeces, desnutrio, edentulismo e outros agravos de
sade bucal; Tpico 6.3.7, que prioriza o desenvolvimento e validao de instrumentos de
aferio de sade e qualidade de vida dos idosos11.
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21
Em um estudo realizado por Pereira et al12, ao investigar-se do perfil da capacidade
funcional dos idosos hospitalizados, observou-se que a maioria era semi-dependente ou
dependente para as atividades de vida diria, tanto para as bsicas quanto para as
instrumentais. Outros estudos indicam que: o idoso hospitalizado, em geral, recebe um
cuidado generalizado com base em parmetros da fase adulta13, este cuidado pouco reverte em
benefcio para o idoso14, 15, o declnio da capacidade funcional seria observado em grande
parte dos idosos hospitalizados e a hospitalizao pode ser considerada preditora de
readmisses hospitalares futuras16, 17, 18.
Nesse sentido, a avaliao da capacidade funcional uma ao importante a ser
realizada pelos profissionais durante a hospitalizao, pois fornecem parmetros para o
planejamento assistencial19.
luz dessas consideraes, evidencia-se a necessidade de pesquisas voltadas
capacidade funcional dos idosos, especialmente os hospitalizados, visando implementar
melhores prticas que promovam a manuteno e recuperao da capacidade funcional dos
idosos durante o processo de hospitalizao.
O estudo pretende contribuir com o planejamento de uma assistncia de enfermagem
voltada para as necessidades e demandas do idoso hospitalizado, com base nos princpios
gerontolgicos, que preconizam uma abordagem integral, tendo como metas preservar sua
autonomia, independncia e capacidade funcional em um ambiente acolhedor e seguro e,
tambm, para a elaborao de estratgias para melhor assistir ao idoso hospitalizado,
direcionando as decises e aes assistenciais centrada na pessoa idosa, resultando na melhoria
da qualidade da assistncia a essa clientela, a partir de evidncias cientficas.
O estudo pretendedespertar outras pesquisas sobre o contexto do idoso hospitalizado e
sua capacidade funcional, contribuindocom as discusses sobre a temtica e prtica
relacionada, favorecendo a ampliao do conhecimento e assistncia baseadas em evidncias.
Outrossim, os resultados do estudo podero subsidiar a elaborao e desenvolvimento
de programas de educao permanente da equipe de enfermagem nas instituies, visando seu
preparo para saber identificar, avaliar e implementar uma assistncia sistematizada, que
propicie ao idoso uma hospitalizao segura e efetiva nos nveis de preveno, recuperao e
manuteno da sade, com foco na funcionalidade, considerando as especificidades do
envelhecimento aliadas ao processo de adoecimento e hospitalizao da pessoa idosa.
-
22
2.FUNDAMENTAO TEMTICA
2.1 Envelhecimento Populacional
Segundo Camarano e Kanso20, na perspectiva cronolgica, o ser humano envelhece
medida que sua idade aumenta. Este considerado um processo biolgico, irreversvel,
natural e individual, que acompanhado por perdas progressivas de funo e de papis
sociais, sendo um processo nico e dependente de capacidades bsicas, adquiridas e do meio
ambiente.
O envelhecimento populacional ocorre quando aumenta a participao da populao
idosa no total da populao. acompanhado pela idade mdia da populao e pode ser
revertido se a fecundidade aumentar. Demograficamente, o envelhecimento populacional o
resultado da manuteno por um perodo de tempo razoavelmente longo de taxas de
crescimento da populao idosa superiores as da populao mais jovem, implicando em
alterao na vida dos indivduos, nas estruturas familiares, na demanda por polticas pblicas
e distribuio dos recursos na sociedade20.
A definio da populao idosa vem, desde 1982, na qual, em pases
subdesenvolvidos, so consideradas idosas pessoas com 60 anos ou mais e, em pases
desenvolvidos, pessoas com 65 anos ou mais21.
O processo do envelhecimento faz parte da vida e da histria da humanidade. Pode-se
verificar um aumento significativo da populao idosa a partir do sculo XX, que veio
acompanhado pelo avano da tecnologia, sendo um fenmeno social de grande relevncia e
aliado possibilidade de usufruir da longevidade com qualidade de vida. Apesar de esse fato
ser mais visvel nos pases desenvolvidos, comea tambm a ser percebido nos pases em
desenvolvimento22.
O mudo est envelhecendo e, no Brasil, as mudanas se acentuaram aps os anos
1960, em decorrncia da diminuio expressiva da fecundidade, passando o pas por uma das
transies demogrficas mais rpidas do mundo. A transformao radical do perfil
demogrfico corresponde a uma das mais importantes modificaes estruturais verificadas na
sociedade brasileira, com diminuies na taxa de crescimento populacional e modificaes na
estrutura etria, com crescimento lentificado do nmero de crianas e adolescentes,
juntamente a um crescimento da populao em idade ativa e de pessoas idosas23.
-
23
O envelhecimento um fenmeno mundial, ocorrendo em vrios pases, e o nmero
de pessoas idosas aumenta em ritmo mais acelerado do que o nmero de pessoas que nascem,
ocasionando alteraes nos gastos dos pases em uma srie de reas importantes, por diversas
situaes. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios - PNAD 2009, o
Brasil contava com uma populao de cerca de 21 milhes de pessoas de 60 anos ou mais de
idade. Com uma baixa taxa de fecundidade, articulada com outros fatores, tais como avanos
tecnolgicos, principalmente na rea da sade, os idosos ocupam um espao significativo na
sociedade brasileira. No perodo de 1999 a 2009, o peso relativo dos idosos (60 anos ou mais
de idade) no conjunto da populao passou de 9,1% para 11,3%24.
Frente s transformaes no perfil demogrfico brasileiro, as projees populacionais
so fundamentais para a avaliao dos desafios, oportunidades e tomadas de deciso6. De
acordo com as projees, considerando o grupo etrio de 60 anos ou mais, observa-se
duplicao do mesmo, no perodo de 2000 a 2020, ao passar de 13,9 para 28,3 milhes,
elevando-se, em 2050, para 64 milhes. Em 2030, o nmero de idosos ultrapassa o de crianas
e adolescentes (menores de 15 anos de idade), em cerca de 4 milhes, diferena que se eleva
para 35,8 milhes, em 2050 (64,1 milhes contra 28,3 milhes, respectivamente). Em 2050,
os idosos representaro 28,8% contra 13,1% de crianas e adolescentes no total da populao.
Mantidas as hipteses de queda futura dos nveis da fecundidade no Pas, ter-se-, em 2050,
226 idosos de 60 anos ou mais para cada 100 crianas e adolescentes23.
Considerando pessoas de 60 anos ou mais de idade, faixa etria definida como idosa
pela Lei no 10.741, de 1 de outubro de 2003, conhecida como Estatuto do Idoso25,o Censo
Demogrfico 2000, este grupo era de 14 536 029 pessoas e correspondia a 8,5% da
populao. O Censo Demogrfico 2010 revelouque 20.590.599 de pessoas estavam nesse
grupo etrio, representando um crescimento relativo, no perodo, de 41%26.
De acordo com Borges, Campos e Silva6, O segmento populacional que mais aumenta
na populao brasileira o de idosos, com taxas de crescimento de mais de 4% ao ano no
perodo de 2012 a 2022. A populao com 60 anos ou mais de idade passa de 14,2 milhes,
em 2000, para 19,6 milhes, em 2010, devendo atingir 41,5 milhes, em 2030, e 73,5
milhes, em 2060.
Segundo Santos3, a Organizao Mundial de Sade (OMS) realizou projees
estatsticas sobre o Brasil, onde, entre 1950 e 2025, a populao idosa aumentar 16 vezes, ao
passo que a populao normal ter um aumento de 5 vezes. Esta elevao da populao idosa
-
24
colocar o Brasil como a 6 populao de idosos do mundo, com aproximadamente 32
milhes de pessoas com 60 anos ou mais. Nos pases desenvolvidos, essa transio
demogrfica ocorreu de forma gradual ao longo de um perodo maior, como consequncia do
desenvolvimento socioeconmico e cultural. Porm, no Brasil, essa transio ocorreu de
forma brusca e acelerada, impactando em uma sociedade despreparada para esse fenmeno.
Alm das mudanas no perfil populacional, o Brasil tem experimentado uma transio
epidemiolgica, com alteraes relevantes no quadro de morbimortalidade. As doenas
infectocontagiosas, que representavam 40% das mortes em 1950, so responsveis hoje por
menos de 10%. Em contrapartida, as doenas cardiovasculares, em 1950, eram causa de 12%
das mortes e, atualmente, representam mais de 40%. O Brasil, que possua um perfil de
mortalidade tpico da populao jovem, passa a ter um perfil caracterizado por enfermidades
complexas e mais onerosas, comuns das faixas etrias mais avanadas23.
O envelhecimento populacional faz com que a sade dos idosos se torne um
importante foco de ateno, pois, medida que a pessoa envelhece, aumentam as chances de
desenvolver uma doena crnica. Segundo o IBGE26, somente 22,6% das pessoas de 60 anos
ou mais de idade declararam no possuir doenas. Para aqueles de 75 anos ou mais de idade,
esta proporo cai para 19,7%. Quase metade (48,9%) dos idosos sofria de mais de uma
doena crnica e, no subgrupo de 75 anos ou mais de idade, a proporo atingia mais da
metade (54,0%).
O envelhecimento nos coloca em um novo panorama, no qual as doenas so crnicas,
exigem diagnsticos e tratamento de alto custo, geralmente evoluindo com complicaes e
incapacidades, perda da autonomia e da independncia, gerando grandes desafios para a
sociedade, principalmente o setor da sade.
2.2 Polticas Pblicas do Idoso
O envelhecimento um processo universal que compreendido por uma diminuio
das atividades funcionais e possui tendncias especficas em relao s enfermidades, que
levam continuamente a construo de polticas pblicas para o idoso. Essas polticas esto
voltadas no s para o idoso como tambm para os profissionais da sade, visando a sua
divulgao e implementao27.
-
25
O Estatuto do Idoso, criado pela Lei n 10.741, de 1 de outubro de 2003, veio
garantir, na especificidade, os direitos fundamentais da pessoa idosa, principalmente no que se
refere s suas condies de sade, dignidade e bem-estar. Considera idoso, pessoa com idade
igual ou superior a 60 anos25.
No Captulo IV do Estatuto do Idoso, que trata do direito sade, em seu Artigo 15,
assegurada a ateno integral sade do idoso, por intermdio do Sistema nico de Sade
(SUS), garantindo-lhe o acesso universal e igualitrio, em conjunto articulado e contnuo das
aes e servios, para a preveno, promoo, proteo e recuperao da sade, incluindo a
ateno especial s doenas que afetam preferencialmente os idosos. Ressalta-se o pargrafo
primeiro do artigo supracitado, onde a preveno e a manuteno da sade do idoso sero
efetivadas, alm de outras medidas, por meio de reabilitao orientada pela geriatria e
gerontologia, para reduo das sequelas decorrentes do agravo da sade25.
Em 2006, o Ministrio da Sade divulgou o Pacto pela Sade, por meio da Portaria n
399, de 22 de fevereiro de 2006, sendo um conjunto de reformas institucionais do SUS
pactuado entre as trs esferas de gesto, com o objetivo de promover inovaes nos processos
e instrumentos de gesto, visando alcanar maior eficincia e qualidade das respostas do
Sistema nico de Sade. O Pacto pela Sade possui trs dimenses: Pacto pela Vida, em
Defesa do SUS e de Gesto. O Pacto pela Vida engloba seis prioridades pactuadas, onde a
primeira prioridade a Sade do Idoso, considerando idosa a pessoa com 60 anos ou mais.
Uma das aes estratgicas para a sade do idoso a avaliao diferenciada na internao,
onde a avaliao geritrica ganha relevncia, dentre outras aes28.
Em 2006, o Ministrio da Sade aprovou a Poltica Nacional de Sade da Pessoa Idosa
PNSPI, pela Portaria 2528/GM, de 19 de outubro de 200610, que tem como finalidade
primordial recuperar, manter e promover a autonomia e a independncia dos indivduos
idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de sade. Para tal, considera diversos
aspectos envolvidos no envelhecimento saudvel e, dentre eles, ressalta-se que o cidado
idoso no mais visto como passivo, mas como agente ativo das aes voltadas para ele.
A referida PNSPI aborda medidas voltadas para fatores determinantes de sade,
considerando que o idoso tambm responsvel por sua prpria sade. Vale notar que, de
incio, dentro de sua finalidade, o documento considera que o conceito de sade para a pessoa
idosa se traduz mais pela sua condio de autonomia e independncia que pela presena ou
-
26
ausncia de doena. Nesse contexto, destaca ainda que envelhecer mantendo a capacidade
funcional e a autonomia, a meta de toda ao de sade10.
2.3 Princpios da Enfermagem Gerontolgica
A Gerontologia estuda o homem dentro de seu processo de envelhecimento
englobando suas vrias dimenses, no se limitando ao universo das reas da sade. Dentro
desse contexto, a Enfermagem Gerontogeritrica rene conhecimento terico e prtico da
enfermagem, da geriatria e da gerontologia29.
Tendo em vista ser uma rea que engloba outras cincias, no somente as da sade,
mas tambm as sociais, a gerontologia considerada um universo mais amplo e, por conta
disso, entende-se que a geriatria encontra-se dentro da gerontologia. Nesse sentido, para
Silva30, no haveria outra denominao para a enfermagem, como rea profissional que estuda
e atua sobre as vrias dimenses do processo de envelhecimento do ser humano, que no
fosse a Enfermagem Gerontolgica.
A Organizao Pan-Americana de Sade31considera a Enfermagem Gerontolgica
como sendo o estudo cientfico do cuidado de enfermagem ao idoso, caracterizado como
cincia aplicada com o propsito de utilizar os conhecimentos do processo de envelhecimento
para o planejamento da assistncia de enfermagem e dos servios que melhor atendam
promoo da sade, longevidade, independncia e ao nvel mais alto possvel de
funcionamento da pessoa.
De acordo com Santos32, que emprega o termo Enfermagem Gerontogeritrica, essa
uma particularidade da enfermagem que cuida da pessoa idosa em todos os nveis de ateno
sade, envolvendo desde a promoo da sade do idoso at a sua recuperao.
Segundo Gonalves33, dentre os locais de assistncia da Enfermagem
Gerontogeritrica est a ateno primria sade, onde a forma de ver os cuidados est na
integrao de vrias dimenses do envelhecimento, buscando a manuteno da qualidade de
vida da melhor forma possvel, valorizando capacidades e potencialidades do indivduo,
buscando, juntamente com a famlia e comunidade, utilizar os recursos disponveis e
estimular os servios pblicos.
Dentro de diversos cenrios, o cuidar um processo que depende da relao e das
aes planejadas com base na compreenso do respeito realidade do cliente, da sua famlia e
-
27
do seu meio sociocultural. Os principais objetivos do cuidado com pessoas idosas so:
promoo de um envelhecimento saudvel; compensao de limitaes e incapacidades;
proviso de apoio e controle durante o envelhecimento; tratamento e cuidados especficos e
facilitao do processo de cuidar29.
Nesse contexto, com base em Santos32, os objetivos da Enfermagem Gerontogeritrica
tiveram suas origens nos objetivos da Enfermagem Gerontolgica, alicerados na
integralidade e autonomia do idoso, sendo eles: cuidar do idoso, levando em considerao
seus aspectos biopsicossociais e estimulando o autocuidado, autodeterminao,
independncia; ajudar o idoso, sua famlia e sua comunidade na compreenso do
envelhecimento como um processo de vida; reduzir danos e limitaes, promovendo um
envelhecimento saudvel, mantendo autonomia e independncia; desenvolver aes
educativas, com foco no profissional de enfermagem, no idoso, na sua famlia e na
comunidade.
Em sntese, embora compreendendo e corroborando com a essncia da Enfermagem
Gerontogeririca, o termo Enfermagem Gerontolgica melhor se aplica, por entender que a
geriatria parte integrante da gerontologia e que esta ltima corresponde a um universo de
cincias em prol de um bem comum: o envelhecimento saudvel em suas vrias dimenses.
2.4 Avaliao Geritrica: Capacidade Funcional e Avaliao Funcional do Idoso
Levando em considerao que muitos dos idosos so portadores de mltiplas
patologias, o conceito de capacidade funcional deve ser incorporado ao de sade, proposto de
pela Organizao Mundial de Sade (OMS), j que, apesar das vrias comorbidades, muitos
idosos apresentaro um desempenho funcional satisfatrio e, sendo assim, podero ser
considerados saudveis34.
As discusses sobre funcionalidade iniciaram quando as doenas crnico-
degenerativas ganharam evidencia na sociedade, tendo maior representao com relao s
doenas infectocontagiosas. O conceito de capacidade funcional ainda confuso e definir este
termo complexo, pois envolve a habilidade fsica e mental necessria para uma vida com
autonomia e independncia35.
-
28
A autonomia definida como a capacidade de deciso, de comando, e a
independncia como a capacidade de realizar algo com seus prprios meios. O que se procura
obter a manuteno da autonomia e o mximo de independncia possvel36.
A capacidade funcional do idoso pode ser determinada pelas atividades bsicas de vida
diria (ABVD) e pelas atividades instrumentais de vida diria (AIVD), que so mensuradas
quanto ao nvel de dependncia ou independncia que o idoso possui para a execuo das
tarefas mencionadas37, 38, 39.
As atividades bsicas de vida diria (ABVD), propostapor Katz e colaboradores42,
consistem nas tarefas de autocuidado, como tomar banho, vestir-se, alimentar-se, deitar e
levantar da cama, usar o sanitrio, atravessar um cmodo caminhando e estas tarefas indicam,
quando o idoso possui dificuldades de executa-las, podendo requerer auxlio de um cuidador
para realiza-las, um comprometimento severo de sua capacidade funcional, sendo comumente
conhecido como incapaz de realizar suas tarefas bsicas40, 41.
Lawton e Brody37 propuseram que as atividades instrumentais de vida diria (AIVD)
so tarefas mais difceis e complexas, que geram certa independncia para viver em uma
comunidade, como fazer compras, utilizar transporte, telefonar, realizar tarefas domsticas,
preparar uma refeio, gerir o prprio dinheiro, lavar roupas, tomar medicao. Dificuldades
para a execuo destas tarefas so consideradas um comprometimento moderado de
capacidade funcional.
De acordo com Pilger, Menon e Mathias42, a capacidade funcional pode ser definida
como o potencialque uma pessoa apresenta para decidir e atuar de formaindependente em sua
vida, no seu cotidiano. Embora oconceito de capacidade funcional seja complexo
abrangendooutros conceitos como os de deficincia, incapacidade,desvantagem, bem como os
de autonomia e independncia,na prtica trabalha-se com o conceito de capacidade ou
incapacidade.
Define-se incapacidade funcional pela presena de dificuldade no desempenho
dasatividades da vida cotidiana ou mesmo pela impossibilidadede realiza-las. A perda da
capacidade funcional esta associada predisposio de fragilidade, dependncia,
institucionalizao, risco aumentado de quedas, morte e problemas de mobilidade, trazendo
complicaes ao longo do tempo, e gerando cuidados de longa permanncia e alto custo42.
Em se tratando de idosos, a capacidade funcional no a capacidade de
funcionamento de rgos ou sistemas, do ponto de vista fisiolgico. Entende-se por
-
29
capacidade funcional, aquela que o idoso tem para realizar as atividades bsicas de vida diria
e as atividades instrumentais de vida diria, mantendo sua independncia no dia a dia, visando
sua qualidade de vida34, e esta pesquisa ser desenvolvida com base neste conceito.
Atualmente, as doenas crnicas no transmissveis (DCNT) constituem o problema
de sade de maior magnitude relevante e respondem por mais de 70% das causas de mortes
no Brasil. As doenas cardiovasculares, cncer, diabetes, enfermidades respiratrias crnicas
e doenas neuropsiquitricas, principais DCNT, tm respondido por um nmero elevado de
mortes antes dos 70 anos de idade e perda de qualidade de vida, gerando incapacidades e alto
grau de limitao das pessoas doentes em suas atividades de trabalho e de lazer43.
Envelhecer sem doena crnica uma exceo, entretanto ter a doena no significa
necessariamente excluso social. Se o idoso continua ativo na sociedade, mantendo sua
autoestima, considerado saudvel pelos estudiosos. Nas avaliaes sobre o seu estado
geral de sade, os idosos, alm de considerar propriamente a doena, levam em conta,
tambm, sua participao na sociedade26.
O envelhecimento do organismo diminui naturalmente a capacidade funcional do ser
humano e as doenas crnicas tendem a acelerar este processo. medida que os ndices de
esperana de vida crescem, h uma tendncia de aumento da incapacidade funcional da
populao idosa. De fato, a maior frequncia de declarao de incapacidade funcional foi
verificada entre idosos de 75 anos ou mais de idade (27,2%)26.
Consequncia do aumento das doenas crnicasdegenerativas e suas complicaes, a
dependncia funcional representar mais um desafio, e no somente porque os idosos se
tornaro dependentes de outra pessoa, mas tambm porque muitos idosos so responsveis
financeiramente por suas famlias e a dependncia configura uma perda dobrada para os
idosos e seus familiares. Nessa perspectiva, medidas voltadas manuteno e recuperao
da independncia funcional e autonomia tero que revolucionar os modelos de cuidado,
enfatizando a reabilitao do idoso e a integrao das aes pblicas com os mecanismos de
suporte familiar, criando um novo paradigma44.
Para Veras et al45, a magnitude do aumento dos gastos em sade com a populao
idosa ser determinante para o futuro, pois, ou os anos acrescidos sero vividos com sade ou
com doenas e dependncia. Afirmam ainda que a preveno de agravos, a manuteno da
sade e da autonomia e o retardamento de doenas e fragilidades sero os maiores desafios da
sade, decorrentes do processo de envelhecimento populacional.
-
30
Desse modo, qualquer que seja a poltica destinada aos idosos, esta deve levar em
considerao a promoo do bem-estar e a manuteno da capacidade funcional do idoso.
Qualquer poltica atual desenvolvida para os idosos deve enfatizar o envelhecimento
saudvel, por meio da manuteno e melhoria da capacidade funcional, preveno de doenas
e recuperao da sade e das capacidades funcionais45.
O comprometimento funcional considerado fator de risco para o desenvolvimento da
dependncia, podendo levar a institucionalizao e hospitalizao, alm de aumentar os gastos
com servios de sade. Conhecendo este fator de risco, pode-se traar um plano assistencial
para uma melhor preveno e tratamento desse comprometimento entre idosos hospitalizados
e, nesse sentido, torna-se imprescindvel conhecer o perfil de capacidade funcional dos idosos
hospitalizados, para melhor planejar as aes assistenciais da enfermagem.
O processo do envelhecimento e o aumento da expectativa de vida, vm seguidos do
aumento da incidncia de doenas crnicas no transmissveis, que podem causar declnio
funcional, levando dependncia do idoso nas suas atividades dirias. Essas condies de
cronicidade so geradoras de um processo incapacitante, afetando a funcionalidade da pessoa
idosa.
A avaliao da capacidade funcional relevante e diretamente associada aos
indicadores de qualidade de vida do idoso. O desempenho das atividades de vida diria
considerado um parmetro aceito e legtimo para firmar essa avaliao, sendo utilizado pelos
profissionais da rea de sade para avaliar graus de dependncia de seus clientes43.
Portanto, para que os profissionais de sade possam avaliar da melhor forma possvel
esse processo gerador de incapacidades do envelhecimento, foi criado escalas de avaliao
que no so utilizadas como critrios diagnsticos, mas para detectar comprometimentos, a
partir de queixas subjetivas do idoso e/ou familiar, de perda funcional.
Existem dois testes padronizados para categorizar as atividades que descrevem a
funcionalidade dos idosos, a Escala de Katz ABVDs (Atividades Bsicas de Vida Diria) e
a Escala de Lawton e Brody AIVDs (Atividades Instrumentais de Vida Diria). As
ABVDs representam as atividades essenciais para o autocuidado do idoso como tomar
banho, vestir se, alimentar-se e outros. J as AIVDs so representadas por atividades que so
necessrias adaptaes, independente do ambiente, como fazer compras, usar um transporte,
limpar a casa e outros.
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Ambas as escalas procuram avaliar a capacidade funcional da pessoa idosa, e que so
importantes para a determinao da condio de sade do idoso, pois uma vez prejudicadas,
comprometem o seu bem-estar, autonomia e independncia, trazendo danos a sua sade.
A Escala de Independncia para as Atividades Bsicas de Vida Diria ABVD foi
desenvolvida por Katz et al41, para a avaliao dos idosos e predizer o prognstico em nos
doentes crnicos. Tambm conhecida como Escala de Katz, uma das mais utilizadas para
avaliar o desempenho nas atividades bsicas da vida diria46.
A Escala de Katz foi considerada um instrumento de fcil aplicao e bem
compreendido, tanto para os idosos como para os profissionais de sade, no sofrendo
influncia da escolaridade ou gnero47. Trata-se de um instrumento de medida das ABVDs,
que relaciona essas atividades em um formulrio, hierarquicamente, e est organizado de
modo a medir a independncia na realizao de seis funes consideradas bsicas: banhar-se,
vestir-se, ir ao banheiro, transferir-se da cama para a cadeira e vice-versa, ser continente e
alimentar-se, totalizando seis funes avaliadas48.
O formulrio de avaliao possui trs categorias de classificao: independente,
parcialmente dependente ou totalmente dependente. A escala original publicada um ndice
classificatrio de independncia em subgrupos, de acordo com o desempenho do paciente nas
funes avaliadas, no apresentando qualquer tipo de escore ou ponto de corte48.
Na verso brasileira adaptada, Lino et al47 mantiveram a pontuao da verso
modificada de Katz e Akpom48, ondea classificao da escala se d pelo nmero de funes
nas quais o indivduo avaliado dependente. Nesta escala a classificao varia de 0 a 6 e,
quanto maior a classificao, pior o desempenho nas funes. Com isso definiram como
ponto de corte igual a 3, onde o idoso dependente em 3 atividades e independente em 3
atividades e as outras classificaes so:
0: independente em todas as seis funes;
1: independente em cinco funes e dependente em uma funo;
2: independente em quatro funes e dependente em duas;
3: independente em trs funes e dependente em trs;
4: independente em duas funes e dependente em quatro;
5: independente em uma funo e dependente em cinco funes;
6: dependente em todas as seis funes.
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A Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diria AIVD foi desenvolvida por
Lawton e Brody37 e amplamente utilizada em todo o mundo. A escala avalia sete atividades,
que so: uso do telefone, viagens, compras, preparo de refeies, trabalho domstico, uso de
medicao e manejo do dinheiro. A pontuao varia de 3 a 1 para cada item, sendo que a
independncia recebe a maior pontuao. Os escores variam de 7 pontos a 21 pontos e, quanto
maior o escore, melhor o desempenho nas funes. Existem trs opes de resposta:
independente, necessidade de ajuda parcial ou incapacidade para realizao46. Para esta
pesquisa foram estabelecidos os seguintes resultados e pontos de corte:
- Independncia: 21 pontos
- Dependncia Parcial: > 7 e < 21 pontos
- Dependncia Total: 7 pontos
Maciel e Guerra50 afirmam em seu estudo que a Escala de Lawton e Brody tambm
apresenta uma boa aplicabilidade em virtude da fcil compreenso para o idoso e para o
profissional.
Pode-se acrescentar que na aplicao das escalas de autopercepo (ABVDs e
AIVDs) para a avaliao de diferentes valncias, existe um baixo custo. Mas apesar disso,
existem crticas na possibilidade da validade e reprodutibilidade serem afetadas de forma
negativa: avaliaes imprecisas de comportamentos por parte dos idosos; desonestidades nas
respostas; prejuzo da memria, entre outras51. Apesar de tais limitaes, os resultados obtidos
por Santos e Virtuoso Jnior52 em seu artigo de validao para a verso brasileira da Escala de
Lawton e Brody, revelam ndices psicomtricos satisfatrios na estabilidade das medidas
(reprodutibilidade/objetividade), no que se refere estatstica das medidas.
Trindade et al53, concluram que idosos institucionalizados apresentam menor
desempenho cognitivo, que leva ao comprometimento das habilidades funcionais e aumento
da depresso, em relao a idosos que vivem na sociedade e participam de alguma atividade
fsica. Nesse sentido, a avaliao cognitiva tambm importante no que se refere
capacidade funcional, uma vez que o comprometimento cognitivo pode repercutir
negativamente na capacidade funcional do idoso.
O Mini-Cog um teste criado para ser um rastreio cognitivo rpido. Consiste em
avaliar a memria de evocao utilizando-se trs palavras que o idoso dever recordar aps
desenhar um relgio que, por sua vez, funcionar como um fator de distrao. Cada palavra
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evocada vale um ponto. O desenho correto do relgio vale dois pontos, sendo o Escore Total:
5. So considerados resultados normais de 3 a 5 pontos e anormais de 0 a 2 pontos54, 55,46.
As escalas de avaliao funcional representam importantes ferramentas de suporte
avaliao do idoso e para o planejamento da assistncia de enfermagem de acordo com as
demandas e necessidades da pessoa idosa, em uma perspectiva integral de sade.
Ressalta-se a necessidade de avaliaes efetivas, que busquem resolues rpidas e
eficazes no momento da admisso e durante o processo de internao hospitalar, visto que
esta avaliao poder fornecer parmetros para o planejamento de aes que visem
preveno, recuperao e promoo da capacidade funcional dos idosos. A ausncia de uma
avaliao na admisso pode ter como consequncia a constatao tardia da dependncia,
implicando em recuperao mais custosa e at mesmo irreversvel.
2.5 Hospitalizao do Idoso
Como o envelhecimento e o aumento das doenas crnicas, eleva-se tambm a
utilizao dos servios de sade, com aumento no nmero de consultas, maior consumo de
medicamentos, mais exames complementares e hospitalizaes. As pessoas no incio, e
particularmente no final da vida, apresentam mais problemas de sade, porm, cabe ressaltar
que a diferena que as doenas da faixa etria mais jovem so agudas, configurando custo
menor, enquanto as dos idosos so crnicas e de alto custo23.
Estas informaes devem fazer os formuladores de polticas e aes da rea de sade
refletirem sobre as necessidades deste grupo etrio quando da organizao dos servios de
sade. O perfil epidemiolgico dos idosos bastante diferenciado dos jovens e adultos,
exigindo mais recursos, no tanto pelo custo dos procedimentos, mas principalmente pelo
maior nvel de utilizao hospitalar desse grupo6.
A transformao no perfil demogrfico e epidemiolgico populacional eleva as
despesas com tratamentos mdico e hospitalar. O custo das internaes hospitalares e o tempo
mdio de permanncia na rede hospitalar so expressivamente mais elevados para os idosos,
devido multiplicidade e natureza de suas patologias23. De acordo com Santos3, os idosos
atingem a ocupao de 20% dos leitos hospitalares e, em mdia, o tempo de internao
quase quatro vezes maior que a mdia para o total da populao.
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Nesse sentido, o idoso consome mais os servios de sade, as internaes hospitalares
so mais frequentes e o tempo de ocupao do leito maior devido multiplicidade de
patologias, quando comparado a outras faixas etrias. Desse modo, a elevao do nmero de
idosos e a maior utilizao do sistema de sade, consequncias do maior tempo de vida e das
mltiplas patologias crnicas, configuram-se como grandes desafios para o sistema de
sade23. Alm disso, tais doenas associadas s internaes hospitalares favorecem o declnio
funcional e o desenvolvimento de incapacidades.
Pazinatto56 identificou que 50% dos idosos internados com dependncia severa
receberam alta hospitalar apresentando o mesmo grau de dependncia. Sousa et al5
identificaram que idosos internados com diagnsticos que caracterizam a presena de
sndromes geritricas, receberam alta hospitalar com os mesmos diagnsticos que possuam
quando admitidos, ou pior, adquiridos durante o perodo de internao, o que corrobora com a
ideia de que as sndromes geritricas favorecem a fragilidade em idosos, levando a uma sria
de debilidades as quais acarretam dependncia e alteraes na capacidade funcional de idosos.
Assim, juntamente com o aumento do nmero de idosos, observa-se tambm um
aumento das doenas crnicas no transmissveis (DCNTs) como, por exemplo, as demncias,
queevoluem com comprometimentos funcionais e cognitivos, repercutindo diretamente na
qualidade de vida do idoso. Desta forma, importante ressaltar que as pessoas idosas
possuem mltiplas patologias de carter crnico, necessitando de uma abordagem ampla e
aes compatveis com suas fragilidades, atentando para consequncias funcionais, agravadas
pela prpria doena e pelo processo de hospitalizao.
Em estudo realizado por Rabelo et al57,os idosos representaram parte importante do
total de internaes hospitalares e revelaram vulnerabilidade social, por possurem, em sua
maioria, baixa escolaridade e ausncia de vida conjugal. Dentro do grupo estudado, as
doenas respiratrias e circulatrias entre os idosos configuraram as principais causas de
morbidade. Concluiram ainda que o manejo adequado dessas doenas, geralmente condies
crnicas, negligenciado com frequncia no cenrio hospitalar.
Conforme Sousa et al5, o delineamento das especialidades mdicas dentro do ambiente
hospitalar, dificulta na identificao de caractersticas especficas e outros aspectos
particulares do envelhecimento, ao esta que se torna fundamental, j que o contingente de
idosos hospitalizados vem crescendo significativamente.
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Esse quadro se deve ao fato de que a assistncia hospitalar possui uma abordagem
ainda pautada na doena, que fragmenta o indivduo em vrias reas mdicas, de acordo com
suas patologias, estabelecendo um tratamento isolado para o problema apresentado, em
detrimento de outras comorbidades e aspectos relevantes para a sade integral do idoso. Cabe
ressaltar que essa assistncia, geralmente, destinada a outras faixas etrias que, comumente,
no apresentam patologias mltiplas.
Observou-se, empiricamente, que alguns idosos, no momento da internao, mostram-
se independentes para realizao de atividades bsicas de vida diria (ABVDs) e, durante a
hospitalizao, evoluram para o declnio da capacidade funcional19. Nesse contexto, os
idosos utilizam os servios hospitalares em maior nmero e frequncia do que as outras faixas
etrias, demandando tratamentos demorados, pela presena de comorbidades, que ampliam o
tempo de permanncia hospitalar e geram maiores custos. Nesse sentido, quando a
interveno hospitalar no ajustada s peculiaridades do envelhecimento, tona-se ineficaz, e
a hospitalizao, apesar de gerar altos custos, pode trazer poucos benefcios para a sade do
idoso, contribuindo, muitas vezes, para o surgimento de outros problemas.
O idoso passa por um evento estressante ao ser retirado de seu ambiente familiar, de
sua rotina diria e ser inserido em um novo ambiente, com normas pr-estabelecidas por
pessoas desconhecidas. A hospitalizao torna-se ento um evento complexo, peculiar e
potencialmente perigoso para os idosos, sendo capaz de levar ao declnio ou perda da
capacidade funcional. Existe a possibilidade de o idoso incorrer em um ciclo vicioso de perda
da capacidade funcional, hospitalizao e perda da capacidade funcional19.
De acordo com Silveira et al58, as internaes de idosos so bem mais onerosas do que
as internaes de adultos. So consideradas como as principais causas dos gastos as
complicaes do prprio envelhecimento, como as doenas crnicas, falhas nas aes de
promoo da sade e de preveno de agravos, alm do incremento da prevalncia de doenas
pouco exploradas na literatura.
O desenvolvimento da deteriorao funcional considerado um dos maiores riscos
para a dependncia, institucionalizao, a mortalidade e a utilizao de recursos de sade e
sociais entre indivduos idosos. Portanto, conhecer os fatores relacionados ao declnio da
funo de idosos hospitalizados fundamental, pois norteia a preveno e representa um
parmetro relevante para a eficcia dos tratamentos utilizados59.
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A avaliao da capacidade funcional dos pacientes idosos, durante a hospitalizao,
permite ao enfermeiro e aos demais profissionais de sade, um olhar mais acurado com
relao gravidade das doenas, presena e influncia de outras patologias60.
Assim, em uma perspectiva gerontogeritrica, o elevado nmero de admisses
hospitalares de idosos representa um indicador significativo para avaliao das condies de
sade dessa clientela. A admisso hospitalar pode ser um indicativo de fragilidade,
relacionada perda de capacidade funcional em diversos graus, interferindo na qualidade de
vida, no aumento dos custos no tratamento de doenas crnicas no transmissveis (DCNTs) e
indicam a necessidade de acompanhamento contnuo pela equipe de sade, com suporte e
orientaes a famlia desse idoso, em todas as esferas de cuidado.
Durante a hospitalizao cabe enfermagem avaliar continuamente esse idoso,
identificando elementos que possam subsidiar o planejamento e implementao dos cuidados
de enfermagem visando proporcionar uma assistncia integral e segura considerando as
alteraes inerentes ao processo de envelhecimento, articuladas s decorrentes do
adoecimento, que podem repercutir diretamente na autonomia, independncia e capacidade
funcional dessa clientela.
3.MTODO
3.1 Tipo de Estudo
Estudo de campo, descritivo, com abordagem quantitativa, onde ser realizado um
acompanhamento da capacidade funcional do idoso hospitalizado, na qual a frequncia de
coleta de dados configura um estudo longitudinal. Sero utilizadas como tcnica de coleta de
dados a anlise documental dos pronturios, aplicao da Escala de katz, Escala de Lawton&
Brody e Mini-Cog.
As pesquisas de campo utilizam observao espontnea de fatos e/ou fenmenos,
normalmente no prprio local onde eles ocorrem61. As pesquisas de campo valorizam o
aprofundamento das questes propostas e como consequncia, seu planejamento apresenta
maior flexibilidade. Dentro das classificaes de pesquisas de campo, a pesquisa descritiva
melhor se aplica a este estudo, pois objetiva a descrio das caractersticas de determinada
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populao ou fenmeno, ou ento o estabelecimento de relaes entre variveis obtidas por
meio da utilizao de tcnicas padronizadas de coleta de dados62.
A pesquisa quantitativa caracteriza-se pelo processo de quantificao, no processo de
coleta e tratamento dos dados, mediante tcnicas estatsticas e procedimentos matemticos.
Primeiramente, tem a inteno de garantir a preciso dos resultados, visto que aumenta a
margem de segurana na comprovao das hipteses ou do problema formulado62.
As questes da pesquisa quantitativa investigam as relaes entre as variveis que o
investigador procura conhecer. Tais variveis podem ser medidas por instrumentos, para que
os dados numricos possam ser analisados por procedimentos estatsticos. Geralmente seu uso
recomendado para pesquisas formais, como dissertaes ou tese, como meio de estabelecer
a direo que um estudo vai tomar63.
Segundo Leopardi64, esse tipo de abordagem est relacionado com as seguintes
situaes:
- Quando se tem um instrumento de medida utilizvel e vlido;
- Quando se deseja assegurar a objetividade e credibilidade dos achados;
- Quando a questo proposta indica preocupao com o quanto;
- Quando se necessita comparar eventos;
- Quando for desejvel replicar estudos.
De acordo com Creswell63, na dimenso temporal, o delineamento longitudinal se
refere quele em que o pesquisador coleta dados em mais de um ponto temporal ao longo de
certo perodo. Esse modelo til para estudar mudanas ao longo do tempo e para precisar a
sequencia temporal dos fenmenos, o que constitui um critrio essencial para estabelecer
causalidade. Nesse tipo de estudo as mesmas pessoas fornecem dados em dois ou mais pontos
temporais.
Foi definida como estratgia de investigao o acompanhamento da capacidade
funcional do idoso hospitalizado. Os estudos de acompanhamento so realizados para
determinar o estado subsequente de sujeitos com uma condio especfica ou que receberam
uma interveno especfica65.
De acordo com Souza, Kantorski e Luis66, a anlise documental consiste em
identificar, verificar e apreciar os documentos com um objetivo especfico e, sendo assim,
torna-se a utilizao de uma fonte paralela e simultnea de informaes que permite
complementar os dados e a contextualizao das informaes contidas nos documentos.
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Segundo Figueiredo e Souza61, os documentos so utilizados como fonte de informaes,
indicaes e esclarecimentos que trazem seu contedo para elucidar determinadas questes e
servir de prova para outras, de acordo com o interesse do pesquisador.
3.2 Campos de Estudo e Participantes
Os campos de pesquisa foram o Hospital Geral de Guarus (HGG), que est vinculado
a Fundao Municipal Dr. Geraldo da Silva Venncio (FGSV),localizado nomunicpio de
Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de janeiro, e o Hospital Universitrio Antnio
Pedro (HUAP), vinculado Universidade Federal Fluminense e localizado no municpio de
Niteri, tambm no estado do Rio de Janeiro.
O municpio de Campos dos Goytacazes possua uma populao total de 463.731
habitantes, conforme o Censo Demogrfico de 201067, com estimativa de 487.186 habitantes
para o ano de 2016.Deste total, 55.258 (11,9%) possuam 60 anos ou mais, onde 30.230
habitantes estavam na faixa etria de 60 69 anos e 20.028 na faixa de 70 anos ou mais.
A populao idosa conta com uma rede de atendimento que composta pela Secretaria
Municipal dos Direitos do Idoso, Centros de Convivncia, Colnia de Frias da Praia do farol
de So Tom, Centros de Referncia da Assistncia Social (CRAS), Centros Dia de Sade do
Idoso, Clube da Terceira Idade, Unidades Bsicas de Sade, Urgncia e Emergncia, e
hospitais.
O Hospital Geral de Guarus (HGG) de mdia e alta complexidade e possui
atendimento de emergncia clnica e cirrgica, alm de atendimento a idosos e suas
particularidades, atendimento peditrico e outras especialidades. O ambulatrio conta com
mais de trinta especialidades, com destaque para urologia, angiologia, oftalmologia,
neurologia, endocrinologia, otorrinolaringologia, geriatria e dermatologia.Conta com
enfermarias de clnica mdica, masculina e feminina, enfermaria peditrica, UTI adulto e
centro cirrgico com emergncia clnica.
O municpio de Niteri possua uma populao total de 487.562 habitantes, conforme
o Censo Demogrfico de 201068, com estimativa de 497.883 habitantes para o ano de 2016.
Deste total, 83.536 (17,1%) possuam 60 anos ou mais, onde 42.605 habitantes estavam na
faixa etria de 60 69 anos e 40.931 na faixa de 70 anos ou mais.
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A rede de atendimento ao idoso em Niteri composta porMdico de Famlia, Postos
de Sade, Policlnicas, Urgncia e Emergncia, e hospitais. O Programa de Sade do Idoso do
municpio tem a estratgia de intensificar a atuao junto a dois pblicos distintos: os idosos
frgeis e os independentes, visando capacidade funcional. Para ampliar o acolhimento e
tratamento oferecido aos idosos, o programa municipal leva aos profissionais da Rede Bsica
de Sade informaes necessrias ao diagnstico e conduta frente aos problemas de sade
mais comuns entre as pessoas com mais de 60 anos69.
A Rede Pblica Municipal de Sade oferece aos idosos: espao de escuta e
acolhimento, visitas domiciliares a acamados segundo critrios definidos pela equipe tcnica;
testagens especficas (distrbios de equilbrio e marcha, de memria, e avaliao do
desempenho para atividades do cotidiano); prioridade nas marcaes e agendamento de
consultas; grupos e oficinas teraputicas; notificao, atendimento e acompanhamento de
casos de violncia; grupos de convivncia, atividades culturais, grupos de orientao para o
autocuidado e cuidadores69.
A rede de sade trabalha em parceria com outras entidades, promovendo diversas
atividades para quem j ultrapassou a barreira dos 60 anos, tais como: palestras e cursos de