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CAPA: Xyris sincorana Kral & Wand.
Foto: S.E. Martins
Arte: V.M. Gonçalez
INSTITUTO DE BOTÂNICA
JULIANA SANTOS GUEDES
Levantamento florístico das espécies de Xyridaceae ocorrentes na Serra do
Cabral, Minas Gerais, Brasil.
Dissertação apresentada ao Instituto de
Botânica da Secretaria de Estado do Meio
Ambiente, como parte dos requisitos
exigidos para a obtenção do título de
MESTRE em BIODIVERSIDADE
VEGETAL e MEIO AMBIENTE, na Área
de Concentração de Plantas Vasculares.
São Paulo
2012
INSTITUTO DE BOTÂNICA
JULIANA SANTOS GUEDES
Levantamento florístico das espécies de Xyridaceae ocorrentes na Serra do
Cabral, Minas Gerais, Brasil.
Dissertação apresentada ao Instituto de
Botânica da Secretaria de Estado do Meio
Ambiente, como parte dos requisitos
exigidos para a obtenção do título de
MESTRE em BIODIVERSIDADE
VEGETAL e MEIO AMBIENTE, na Área
de Concentração de Plantas Vasculares.
Orientadora: Dra. Maria das Graças Lapa Wanderley
São Paulo
2012
Ficha Catalográfica elaborada pelo NÚCLEO DE BIBLIOTECA E MEMÓRIA
Guedes, Juliana Santos
G924L Levantamento florístico das espécies de Xyridaceae ocorrentes na Serra do
Cabral, Minas Gerais, Brasil / Juliana Santos Guedes -- São Paulo, 2012.
150 p. il.
Dissertação (Mestrado) -- Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do
Meio Ambiente, 2012
Bibliografia.
1. Xyridaceae. 2. Taxonomia. 3. Campo rupestre. I. Título
CDU: 582.557
Com carinho e admiração ao Alex e a minha família
Dedico
L
A noite abre as flores em silêncio e deixa que o dia receba os agradecimentos.”
Xyris asperula Mart.
“A noite abre as flores em silêncio e deixa que o dia receba os agradecimentos.”
Tagore
AGRADECIMENTOS
Inicio meus agradecimentos a todos que de alguma forma contribuíram com o
desenvolvimento e finalização deste trabalho.
A professora, orientadora e amiga, Dra. Maria das Graças Lapa Wanderley pela
dedicação, incentivo e confiança que possibilitou a formação que recebi. Quero
agradecer pelos conselhos, e pela maravilhosa companhia em viagens de campo e
visitas aos herbários e por todo auxílio tanto pessoal quanto profissionalmente. Muito
obrigada por me ajudar a chegar até aqui.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela
bolsa de mestrado concedida.
Ao Instituto Estadual de Floresta, IEF-MG, pela autorização de coleta.
Ao Instituto de Botânica, pela infraestrutura que possibilitou o desenvolvimento
do trabalho.
Aos coordenadores do programa de pós-graduação em Biodiversidade Vegetal e
Meio Ambiente e aos funcionários da secretaria.
A todos os professores do Programa de Pós-Graduação que muito contribuíram
para a minha formação.
Aos membros da banca do exame de qualificação, Dr. Fábio de Barros, Dr.
Tarciso Filgueiras e Dra. Marília Cristina Duarte pelas sugestões.
Aos pesquisadores do Núcleo de Pesquisa Curadoria do Herbário SP: Dra Cintia
Kameyama, Dra. Gerleni L. Esteves, Dr. Jefferson Prado, Dra. Lucia Rossi, Dra. Maria
das Graças L. Wanderley, Dra. Maria Margarida R.F. de Melo, Dra. Marie Sugiyama,
Dra. Mizué Kirizawa, Dra. Rosangela Simão-Bianchini, Dr. Sérgio Romaniuc Neto,
Msc. Sonia Aragaki, Suzana E. Martins e Dr. Tarcíso Filgueiras.
À curadora Dra. Maria Cândida Henrique Mamede, e à Ana Célia Calado pela
ajuda com a logística de herbário.
Aos funcionários: Claudinéia Inácio e Evandro P. Fortes.
Ao Klei Souza pelas belíssimas ilustrações.
Aos meus irmãos de orientação, Anderson Luis dos Santos, Gisele O. Silva, Nara
O. F. Mota, Rafael B. Louzada e Rebeca P. Romanini, pelo conhecimento
compartilhado, fotos, bibliografias, por todo apoio e muito mais pela amizade nas horas
mais difíceis.
À Suzana E. Martins pela amizade e por todas as caronas com um bate-papo
sempre animado, que tornavam as viagens Jabaquara - Carapicuíba, um trecho curto e
agradável. Pelas belíssimas fotografias, companhia no campo, e leitura final da
dissertação.
À Gisele Oliveira Silva pela cumplicidade, visitas aos herbários e todo os
momentos traumáticos e burocráticos onde ela era semelhante à voz da experiência, e
me tranquilizava.
A Fátima O. S. Buturi, Kathlen Lysak, pela amizade e ajuda no campo.
Aos meus grandes amigos e colegas de disciplina, Allan Carlos Pscheidt, Cintia
Vieira e Rodrigo S. Rodrigues pelas palavras de incentivo, sugestões e correções; ao
Rafael F. Almeida pela ajuda com a montagem das pranchas fotográficas; ao Victor M.
Gonçalez pela confecção da capa; Ao Otavio Marques pela elaboração dos mapas. A
todo vocês quero deixar meu muito obrigado sincero por todas as dicas, carinho e
amizade e muito mais pela companhia nos fins de semanas e horários fora do
expediente, destinados a elaboração deste trabalho.
Quero agradecer aos pais maravilhosos pela dedicação e credibilidade, e muito
mais pelo exemplo de vida que me passaram; aos meus irmãos por todo apoio
incondicional, pela paciência e por todo amor recebido.
Ao Alex por todo amor, companheirismo, cumplicidade e paciência durante todos
esses anos. Te amo.
Muito Obrigada!
SUMARIO
RESUMO
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1
1.1. CADEIA DO ESPINHAÇO ................................................................................................. 1
1.2. XYRIDACEAE. ................................................................................................................ 2
1.3. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA. ........................................................................................... 4
1.4. HISTÓRICO TAXONÔMICO .............................................................................................. 5
1.5. OBJETIVOS. .................................................................................................................... 7
2. MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................................... 8
2.1. ÁREA DE ESTUDO. .......................................................................................................... 8
2.2. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO. ............................................................................... 12
2.3. CONSULTAS AOS HERBÁRIOS. ...................................................................................... 12
2.4. VIAGENS DE COLETAS .................................................................................................. 13
2.5. ANÁLISE DOS MATERIAIS E ELABORAÇÃO DA DISSERTAÇÃO. ....................................... 14
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................. 17
XYRIDACEAE C. AGARDH.. ................................................................................................ 18
CHAVE PARA OS GÊNEROS DE XYRIDACEAE NA SERRA DO CABRAL ............................ 18
1. Abolboda Humb. & Bonpl...................................................................................... 19
1.1. Abolboda poarchon Bonpl. ............................................................................................... 20
1.2. Abolboda pulchela Seub. ................................................................................................... 21
2. Xyris Gronov. ex L ................................................................................................ 24
2.1. Xyris asperula Mart. .......................................................................................................... 32
2.2. Xyris augusto-coburgii Szyszył. ex Beck .......................................................................... 35
2.3. Xyris bialata Malme .......................................................................................................... 38
2.4. Xyris blanchetiana Malme................................................................................................. 40
2.5. Xyris calostachys Poulsen ................................................................................................. 43
2.6. Xyris diamantinae Malme ................................................................................................ 45
2.7. Xyris fallax Malme ............................................................................................................ 47
2.8. Xyris filifolia L.A. Nilsson ................................................................................................ 49
2.9.Xyris glaucescens Malme ................................................................................................... 53
2.10.Xyris graminosa Pohl ex Mart. ......................................................................................... 55
2.11. Xyris insignis L.A. Nilsson .............................................................................................. 58
2.12. Xyris longiscapa L.A. Nilsson ......................................................................................... 60
2.13. Xyris macrocephala Vahl. ............................................................................................... 62
2.14. Xyris metallica Klotzsch ex Seub. ................................................................................... 67
2.15. Xyris minarum Seub. ....................................................................................................... 68
2.16. Xyris nubigena Kunth. ..................................................................................................... 72
2.17. Xyris obcordata Kral & Wand. ....................................................................................... 75
2.18. Xyris peregrina Malme. ................................................................................................... 76
2.19. Xyris pirapamae Wand. & J. Guedes .............................................................................. 78
2.20. Xyris platystachya A.L. Nilsson ex Malme ..................................................................... 79
2.21. Xyris pterygoblephara Steud. .......................................................................................... 82
2.21.1. Xyris pterygoblephara Steud. var. pterygoblephara .............................................. 83
2.21.2. Xyris pterygoblephara Steud. var. vernicosa Kral & Wand. .................................. 84
2.22. Xyris roraimae Malme..................................................................................................... 86
2.23. Xyris savanensis Miq. . .................................................................................................... 88
2.24. Xyris schizachne Mart. .................................................................................................... 91
2.25. Xyris seubertii A.L. Nilsson ............................................................................................ 94
2.26. Xyris sincorana Kral & Wand. ........................................................................................ 97
2.27. Xyris sparsifolia Kral & L.B. Sm. ................................................................................... 99
2.28. Xyris spectabilis Mart. ................................................................................................... 102
2.29. Xyris stenocephala Malme ............................................................................................ 104
2.30. Xyris subsetigera Malme ............................................................................................... 107
2.31. Xyris tenella Kunth. ....................................................................................................... 109
2.32. Xyris tortula Mart. ......................................................................................................... 111
2.33. Xyris trachyphylla Mart. ................................................................................................ 113
2.34. Xyris sp 1 ....................................................................................................................... 116
2.35. Xyris sp 2 ....................................................................................................................... 118
2.36. Xyris sp 3 ....................................................................................................................... 119
2.37. Xyris sp 4 ....................................................................................................................... 120
2.38. Xyris sp 5 ....................................................................................................................... 122
2.39. Xyris sp 6 ....................................................................................................................... 123
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 129
5. LISTA DE EXSICATAS .......................................................................................................... 132
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 133
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Mapa com a delimitação da Serra do Cabral com seus respectivos
municípios.............................................................................................................. 10
Figura 2. Aspectos da vegetação da Serra do Cabral. ........................................................... 11
Figura 4. Ilustração de Abolboda poarchon e A. pulchella ................................................... 23
Figura 5. Ilustração de Xyris augusto-coburgii. .................................................................... 37
Figura 6. Mapa de distribuição de Abolboda poarchon e A. pulchella; Xyris asperula;
X. augusto-coburgii; X. bialata; X. blanchetiana. ................................................. 42
Figura 7. Ilustração de Xyris filifolia..................................................................................... 51
Figura 8. Mapa de distribuição de Xyris calostachys; X. diamantinae; X. fallax;
X. filifolia; X. glaucescens; X. graminosa .. .......................................................... 57
Figura 9. Ilustração de Xyris macrocephala e X. savanensis ................................................ 64
Figura 10 Ilustração de Xyris metallica ................................................................................ 67
Prancha 11. Fotos de Xyris minarum ........................................................................................ 71
Figura 12. Mapa de distribuição de Xyris insignis; X. longiscapa; X.
macrocephala; X. metallica; X. minarum; X. nubigena......................................... 74
Figura 13. Mapa de distribuição de Xyris obcordata; X. peregrina; X. pirapamae;
X. platystachya; X. pterygoblephara var. pterygoblephara; X.
pterygoblephara var. vernicosa. ............................................................................ 85
Figura 14. Fotos de Xyris roraimae ........................................................................................ 88
Figura 15. Ilustração de Xyris schizachne, X. tenella e X. tortula .......................................... 93
Figura 16. Fotos de Xyris seubertii ......................................................................................... 96
Figura 17. Mapa de distribuição Xyris roraimae; X. savanensis; X. schizachne; X.
seubertii; X. sincorana; X. sparsifolia ................................................................. 101
Figura 18. Ilustração de Xyris stenocephala ......................................................................... 106
Figura 19. Mapa de distribuição Xyris spectabilis; X. stenocephala; X.
subsetigera; X. tenella; X. tortula; X. trachyphylla ............................................. 115
Figura 20. Mapa de distribuição Xyris sp 1; Xyris sp 2; Xyris sp3; Xyris sp 4;
Xyris sp 5; Xyris sp 6 ........................................................................................... 125
Figura 21. Fotos de Abolboda poarchon; A. pulchella; Xyris asperula; X. bialata;
X. calostachys; X. glaucescens; X. insignis ......................................................... 126
Figura 22. Fotos de Xyris longiscapa; X. macrocephala; X. minarum; X.
peregrina; F. X. roraimae; X. savanensis; X. sincorana. .................................... 127
Figura 22. Fotos de Xyris trachyphylla; Xyris sp 5. .............................................................. 128
RESUMO
Xyridaceae é composta por cinco gêneros e aproximadamente 400 espécies. Possui
distribuição Pantropical, com a maioria dos gêneros ocorrendo na região neotropical,
apenas o gênero Xyris estendendo-se até áreas temperadas da América, Ásia e Austrália.
No Brasil, os principais centros de diversidade da família está localizado na Cadeia do
Espinhaço, com elevado índice de espécies endêmicas. Este trabalho teve como
objetivos conhecer a diversidade das espécies de Xyridaceae na Serra do Cabral,
contribuindo para o conhecimento das espécies da flora brasileira. A área de estudo
localiza-se na região centro-norte do estado de Minas Gerais, Brasil, compreendendo
parte dos municípios de Augusto de Lima, Buenópolis, Joaquim Felício, Francisco
Dumont e Lassance. Realizou-se levantamento bibliográfico e visitas aos herbários onde
se concentram as principais coleções oriundas da Serra do Cabral, de acordo com a
metodologia usual. Na área de estudo a família está representada por dois gêneros
Abolboda com duas espécies e Xyris com 39 espécies e duas variedades. Presume-se
que seis taxa, ainda em estudo, possam se tratar de espécies novas. Descrições,
ilustrações e chaves para a identificação dos gêneros e espécies, bem como mapas da
localização dos taxa na Serra do Cabral são apresentados. Comentários taxonômicos,
informação sobre distribuição e fenologia das espécies também são apresentados.
Palavras-chave: Abolboda, Xyris, Cadeia do Espinhaço, campo rupestre.
ABSTRACT
Xyridaceae is composed by five genera and about 400 species. The family occurs
through the Tropics, mainly in Neotropics, and only Xyris is widespread through the
temperate Americas, Asia and Australia. In Brazil, the main center of diversity of this
family is the Espinhaço Range, with high rates of endemism. This work aims to know
the diversity of species of Xyridaceae in Serra do Cabral and contribute for the
knowledge of the Brazilian flora. The studied area is in the north-central of the state of
Minas Gerais, Brazil, municipalities of Augusto de Lima, Buenópolis, Joaquim Felício,
Francisco Dumont and Lassance. Bibliographic research plus studies in herbaria
collections from Serra do Cabral were made, according to the usual methodology. The
inventory of the Xyridaceae from Serra do Cabral revealed the occurrence of two
genera: Abolboda and Xyris. Abolboda is represented by two species and Xyris is
represented by 39 species and two varieties. It is presumably that six taxa, still under
analysis, are actually new species. Descriptions, illustrations, and keys for genera and
species, as well as maps of the location of the taxa in Serra do Cabral are provided.
Taxonomic comments, information on the global distribution and phenology are
provided too.
Key words: Abolboda, Xyris, Espinhaço Range, campo rupestre.
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. CADEIA DO ESPINHAÇO
A origem da Cadeia do Espinhaço ou Serra Geral é datada da era Pré-Cambriana e
esta constituída de uma única cordilheira que, ao longo dos anos, sofreu dobramentos no
sentido NW-SE (Abreu 1984). Após longos processos de erosão eólica, estes blocos
foram remoldados pela movimentação do início do Terciário, resultando em uma
superfície arqueada com dois sistemas de fraturamento, um paralelo e outro
perpendicular (Mauro et al. 1982). Atualmente compreende um grupo de serras entre os
limites 20º34,5’S e 11º11’S, com extensão de 1.100 km e largura variável entre 50 e
100 km e com altitudes superiores a 800 m (Giulietti et al. 2005).
O intemperismo sofrido ao longo do tempo nesta região resultou em um relevo
acidentado abrigando diversas fisionomias vegetais, sendo os campos rupestres a
formação predominante (Giulietti et al. 1987). À sua vegetação está atribuída uma flora
peculiar e extremamente diversificada, quase 10% da flora brasileira estão representadas
nestas serras e boa parte dessa diversidade encontra-se confinada apenas aos campos
rupestres (Rapini 2000).
Chama a atenção na região o elevado grau de endemismo, evidenciado em
diferentes grupos vegetais. Cerca de 30% das espécies dos campos rupestres da Cadeia
do Espinhaço são exclusivas desta região. O microendemismo é frequente, com algumas
espécies restritas à uma única serra que, separada por outras, atua como barreiras
genéticas entre elas (Giulietti et al. 1987, 1996, 2005).
2
Xyridaceae, juntamente com outras famílias botânicas como Poaceae,
Eriocaulaceae e Cyperaceae, são componentes herbáceos típicos dos campos rupestres,
apresentando como principal centro de diversidade a Cadeia do Espinhaço, tanto no
estado de Minas Gerais quanto no da Bahia.
1.2. XYRIDACEAE
Xyridaceae está inserida, conforme o APG III (2009), na Ordem Poales, no grupo
informal das Comelinídeas. A família é constituída por cinco gêneros: Abolboda Humb.
& Bonpl., Achlyphila Maguire & Wurdack, Aratitiyopea Steyerm. & P.E. Berry,
Orectanthe Maguire e Xyris Gronov. ex L.
Seus representantes são caracterizados por plantas herbáceas, perenes ou anuais.
O caule é do tipo rizomatoso em geral com entrenós curtos. As folhas são basilares,
dispostas em roseta ou distribuídas ao longo do caule, com bainha aberta, lâmina
isobilateral (Xyris e Achlyphila) ou bifacial, sempre ensiforme. A inflorescência, em
geral, é uma espiga no ápice de um pedúnculo (Abolboda, Xyris e Orectanthe), raro
panícula (Achlyphila e uma espécie de Abolboda) ou ainda, inflorescências em capítulos
com muitas flores (Aratitiyopea), sempre protegida por uma bráctea. As flores são
diclamídeas, heteroclamídeas, zigomorfas, geralmente sésseis, (pediceladas apenas em
Achlyphila), as sépalas são três, livres ou concrescidas, sendo, em geral, uma delas
distinta e reduzida, algumas vezes caduca (Xyris); as pétalas podem ser livres ou
concrescidas, amarelas, azuis ou vermelhas; o androceu representado por três estames,
algumas vezes com um segundo verticilo de estaminódios (Xyris); o ovário é súpero,
com placentação geralmente axial, ou muito variada em Xyris, ocorrendo os tipos
3
central-livre, basal, axial ou parietal. Os frutos são cápsulas loculicidas com sementes
amiláceas, pequenas, numerosas e estriadas (Kral 1988, Wanderley 1992, Campbell
2004; Wanderley 2011).
A família é constituída por aproximadamente 400 espécies (Wanderley 2011).
Xyris é o gênero mais representativo com cerca de 380 espécies, muitas delas endêmicas
da flora brasileira. Abolboda apresenta 23 espécies distribuídas principalmente no norte
da América do Sul, destas 15 ocorrem em diversos estados brasileiros. Orectanthe é
constituído por duas espécies, com distribuição no norte da América do Sul, uma delas
com registro no norte do Brasil. Achlyphila e Aratitiyopea são gêneros monotípicos e
apresentam distribuição apenas no norte da América do Sul e apenas Aratitiyopea
apresenta registro de ocorrência para a flora brasileira (Kral 1998, Campbell 2004).
Xyridaceae possui distribuição pantropical, com a maioria dos gêneros ocorrendo
nos neotrópicos, e apenas Xyris estendendo-se até áreas temperadas da América, Ásia e
Austrália (Campbell 2004).
Os principais centros de diversidade da família estão nos neotrópicos,
particularmente no Brasil, destacando-se a Cadeia do Espinhaço e no norte da América
do Sul, no Escudo das Guianas, com elevado índice de espécies endêmicas,
especialmente do gênero Xyris (Campbell 2005; Wanderley 2010).
Representantes de Xyris ocorrem ainda na África tropical, Estados Unidos e
Austrália. Os gêneros Achlyphila, Aratitiyopea e Orectanthe ocorrem exclusivamente
no norte da América do Sul, e apenas Abolboda estende-se até 23°S (Campbell 2004).
Atualmente, para a flora brasileira estão registrados quatro gêneros e 183 espécies
para Xyridaceae. Destas, 133 são exclusivas do Brasil, três pertencentes ao gênero
4
Abolboda e as demais a Xyris. Estudos anteriores (Smith & Downs 1966, Wanderley
1992) atribuíam cerca de 100 espécies aos campos rupestres brasileiros; porém
Wanderley et al (2012) referem 120, além de cerca de 20 táxons inéditos para a ciência
que estão em estudo, comprovando o empenho nos estudos realizados na família nos
últimos anos.
1.3. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA.
Algumas espécies de Xyridaceae, juntamente com outras pertencentes à
Eriocaulaceae, Poaceae, Cyperaceae e Rapateaceae, possuem potencial econômico por
constituírem o grupo das chamadas “sempre-vivas”, plantas que, após serem colhidas,
ainda conservam suas características pela durabilidade de suas inflorescências
(Wanderley 1989; Giulietti 1988, 1996). Pela beleza que apresentam, as "sempre-vivas"
são utilizadas na decoração de interiores, conferindo a elas grande valor comercial,
inclusive no mercado internacional. As atividades de coleta e comercialização têm
gerado importante fonte de renda e empregos em diversas regiões do país,
especialmente em Minas Gerais (Giulietti 1988). Mas, por outro lado, devido ao
excessivo extrativismo destas plantas, é notória a escassez de algumas populações em
diferentes estados brasileiros (Giulietti 1996), o que torna necessário o conhecimento
taxonômico dessas espécies visando sua conservação. Ao exemplo de Xyris coutensis
Wand. & Cerati e Xyris fredericoi Wand. que sofrem sério risco de extinção, estando a
primeira delas na lista de espécies ameaçadas (Ministério do Meio Ambiente 2008).
Grande parte das “sempre-vivas” comercializadas são oriundas dos campos
rupestres brasileiros, como os do Planalto Diamantina em Minas Gerais, e os da
5
Chapada Diamantina na Bahia.
1.4. HISTÓRICO TAXONÔMICO.
A primeira referência ao gênero Xyris foi dada por Gronovius Jan Fredrik, em
meados de 1737, quando este descreve Xyris foliis glandiatis (Gron. Virg. II Fl. zeyl.
35). Em 1753, Linnaeus, na obra Species Plantarum, reconhece Xyris (Gronov. ex L.).
Inicialmente descrito na família Restiaceae (atualmente Restionaceae) por R. Brown
(1810), juntamente com outros gêneros que depois foram segregados em famílias
distintas como Cyperaceae e Juncaceae.
Posteriormente Salisbury (1812), estabelece Xyrideae, uma subdivisão abrigando
Xyris, ainda como parte de Restiaceae. Paralelamente, o gênero Abolboda foi descrito
por Humboldt & Bonpland (1813), em uma família distinta, Abolbodaceae. Apenas em
1823, C. Agardh. reconhece a família Xyridaceae, incluindo os gêneros Xyris e
Abolboda.
Xyridaceae, ao longo dos anos, foi considerada por diversos especialistas uma
família heterogênea devido às poucas características morfológicas compartilhadas com
os dois gêneros até então descritos. Neste período, alguns autores reconheciam
subfamílias para abrigar os gêneros de Xyridaceae, logo Xyridoideae e Abolbodoideae
(Suessenguth & Beyerle 1935).
Essa circunscrição se manteve até 1943, quando Nakai, considerando as
diferenças morfológicas entre os gêneros de Xyridaceae, tais como: corola livre e
presença de estaminódio em Xyris; e corola gamopétala e presença de apêndices no
6
gineceu em Abolboda; separa estes gêneros em famílias distintas, restabelecendo
Abolbodaceae.
Orecthante, o terceiro gênero, foi descrito por Maguire (1958). Pertenceu
inicialmente a Abolboda (A. sceptrum Oliv.), mas foi elevado a categoria de gênero por
diversas características, entre elas, ausência de brácteas no pedúnculo e corola
zigomorfa, amarela, com lobo da pétala superior bem desenvolvido. Abolbodaceae era
até então constituída por dois gêneros Abolboda e Orecthante.
Posteriormente, a família foi ampliada com a descoberta de Achlyphila, por
Maguire & Wurdack (1960). Com o estabelecimento desses dois novos gêneros, foi
possível reconhecer características comuns a Xyridaceae e Abolbodaceae. Em 1960,
Carlquist, reúne os quatro gêneros em uma única família, Xyridaceae.
O gênero Aratitiyopea foi o último a ser descrito, inicialmente sob Navia lopezii
L.B. Sm. (Bromeliaceae), que foi transferido por Steyemark (1984) para Xyridaceae,
agregando mais um gênero à família.
Apesar do gradiente morfológico apresentado pelos gêneros de Xyridaceae,
Campbell (2004) realizou uma filogenia morfológica incluindo 23 espécies de Xyris e
todas as espécies dos outros quatro gêneros da família. Por meio deste estudo foi
possível reconhecer quatro sinapomorfias morfológicas para Xyridaceae: brácteas da
inflorescência não formando um invólucro, duas sépalas imbricadas, verticilo externo
do androceu representado por estaminódios e ápice do conectivo emerso.
O monofiletismo das Xyridaceae ainda é bastante discutível, devido à família
surgir formando duas linhagens (Michelangeli et al. 2003, Davis et al, 2004, Linder &
Rudall 2005). Alguns trabalhos moleculares que abrangeram a família também
7
corroboram com os resultados obtidos por Campbell, como a análise de Chase et al.
(2000) e APG III (2009). Atualmente, Xyridaceae integra a ordem Poales, inserida no
clado das Comelinídeas, emergindo como grupo irmão das Eriocaulaceae (Givnish et al.
1999, Bremer 2002, Linder & Ruddall 2005, APGII 2009).
1.5. OBJETIVOS
O presente trabalho teve como objetivos inventariar a diversidade das espécies de
Xyridaceae na Serra do Cabral, fornecendo descrições, chaves de identificação,
registros fotográficos, bem como comentários sobre a morfologia, taxonomia e a
distribuição geográfica das espécies.
Este estudo vem contribuir para o conhecimento das Xyridaceae brasileiras,
especialmente dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço, um dos centros de
diversidade da família. Os representantes das Xyridaceae constituem importantes
componentes destas formações, principalmente em Minas Gerais, onde é concentrada a
maior parte dos estudos taxonômicos na família.
8
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. ÁREA DE ESTUDO
A Serra do Cabral está localizada entre as coordenadas 17º18' 18º11'S e 44º08'
44º36'W, se estendendo por cerca de 100 km no sentido Norte-Sul e com largura
máxima de cerca de 40 km, na região centro-norte do estado de Minas Gerais,
compreendendo partes dos municípios de Augusto de Lima, Buenópolis, Joaquim
Felício, Francisco Dumont e Lassance (Fig. 1). Com elevações que variam entre 900 e
1.200 metros. A serra é um divisor de águas entre o rio das Velhas e o rio Jequitaí
(Silveira 1929), ambos afluentes da margem direita do rio São Francisco. A vegetação é
composta por cerrados, campos rupestres, campos graminosos, várzeas, veredas e brejos
(fig. 2 A-F). Apresenta também formações florestais como matas ciliares e cerradão e as
florestas estacionais semideciduais estão restritas a pequenos fragmentos (Rodrigues
2005).
Do ponto de vista geomorfológico, a região se insere no conjunto denominado
Supergrupo Espinhaço. Apresentando uma complexidade geológica com rochas
quartzíticas, filitos, metassiltitos e meta-argilitos (Moreira et al. 1977). Na maior parte,
onde se insere o Parque Estadual da Serra do Cabral, apresenta solos rasos e arenosos.
Nas porções de relevo suave ou plano o solo é profundo e propiciou a ocupação por
plantios de eucalipto, sendo que estas áreas mais férteis foram excluídas da delimitação
do Parque.
O clima predominante na Serra do Cabral é o tipo Cwa de Köppen, clima
mesotérmico úmido com verão quente, com temperaturas médias superiores a 22ºC no
9
mês mais quente, e inverno seco. A precipitação anual é de aproximadamente 1.082
mm, com períodos secos de três a quatro meses no inverno e um período úmido sete a
oito meses no verão (Giulietti & Pirani 1987).
A área de estudo abriga o Parque Estadual da Serra do Cabral, abrangendo parte
dos municípios de Joaquim Felício e Buenópolis totalizando uma área de 22.494 ha.
Criado com o objetivo de preservar ecossistemas naturais, possibilitando a realização de
pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação.
Predomina na Serra do Cabral, dentre suas formações vegetais, os campos
rupestres, com uma grande riqueza florística. Apresenta a peculiaridade de estar
relativamente isolada das demais serras mineiras, tornando-se um local especial para a
pesquisa científica. A região apresenta uma flora bem peculiar para Xyridaceae, o que
pode ser constatado no presente trabalho.
Figura 1: Mapa da Serra do Cabral. Linha preta delimitação da Serra do Cabral, em
verde perímetro do Parque Estadual da Serra do Cabral.
10
Figura 2: Vegetação da Serra do Cabral. A. Augusto de Lima, brejo; B-E. Joaquim Felício. B.
Estrada em direção ao Parque Estadual da Serra do Cabral; C. Campo graminoso; D. Campo
rupestre; E. Cerrado; F. Buenópolis, vereda (fotos: S.E. Martins).
11
2.2. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO.
Foi realizado um levantamento bibliográfico das publicações referentes à
Xyridaceae, sendo que, trabalhos de diversas áreas da Botânica foram também
estudados, dentre eles anatomia, palinologia, taxonomia, biogeografia, além de cheklists
e floras regionais. Foram consultadas também bibliografias relacionadas à Serra do
Cabral, tanto sobre os aspectos fisionômicos da vegetação, quanto a geologia local.
Foram apanhadas diversas obras originais e bases de dados eletrônicas, tais como
Taxonomic Literature, Index Kewensis, Authors of Plant Names, Botanico Periodicum
Huntianum, Kew Record, The International Plant Names Index, Index of Botanical
Publications, MBG W3 Tropicos, Web of Science, Index to American Botanical
Literature, Lista de espécies da flora do Brasil e Jstor Plants Science.
2.3. CONSULTAS AOS HERBÁRIOS.
O levantamento dos dados iniciou-se com a consulta ao acervo de Xyridaceae
depositadas no herbário SP; que conta com uma rica coleção realizada por
pesquisadores como, Dr. Robert Kral e Dra. Maria das Graças Lapa Wanderley, ambos
especialistas na família. Coleções destes dois especialistas da década de 80 realizadas na
Serra do Cabral apresentam uma boa amostragem da região, cuja consulta foi
imprescindível para a realização do presente trabalho. Duplicatas desta coleção
encontram-se depositadas no Herbário da Universidade São Paulo (SPF). Durante a
elaboração do presente estudo foram visitados dois herbários Norte Americanos, o do
New York Botanical Garden (NY) e do Smithsonian Institution (US). Grande parte dos
materiais tipos da família encontra-se depositados nestas duas instituições, permitindo
12
um grande avanço nos estudos taxonômicos na família. Os materiais tipos que não se
encontravam nos herbários visitados foram examinados através de fotografias em alta
resolução disponíveis em meio eletrônico.
A visita aos demais herbários foi definida a partir da consulta ao SpLink,
destinada a área de estudo, priorizando os herbários que abrigassem coleções da
localidade em estudo. Outros herbários foram visitados, levando-se em consideração
que algumas coleções ainda não foram totalmente informatizadas.
No total, foram examinadas 210 exsicatas provenientes dos Herbários: BHCB,
CESJ, ESA, MBM, NY, OUPR, R, RB, SP, SPF, UEC, US e VIC, com especial atenção
para as coleções procedentes da região da Serra do Cabral. Quando necessário foram
examinados materiais adicionais para complementar as descrições e realizar as
observações das variações morfológicas dos táxons estudados. Os acrônimos são citados
segundo Thiers (2012).
3.4. VIAGENS DE COLETAS
Foram realizadas duas expedições com a finalidade de coletar material botânico
da família em estudo. As visitas abrangeram os municípios de Joaquim Felício,
Buenópolis, e Augusto de Lima, pertencentes a Serra do Cabral.
As viagens foram realizadas entre junho de 2010 e março de 2011, com uma
permanência média em campo de três dias. O procedimento adotado para o
processamento dos materiais foi o tradicional utilizado em coletas segundo Fidalgo &
Bononi, (1984) e processados segundo Mori et al. (1989).
13
Com as viagens foram coletadas e incorporadas 54 espécies de Xyridaceae a
coleção do herbário SP, para a Serra do Cabral. As duplicatas serão distribuídas
posteriormente a outros herbários, como o Herbário da Universidade Federal de Minas
Gerais (BHCB). Sempre que possível foram obtidos registros fotográficos das plantas,
além de observações das espécies em seu habitat. Algumas fotos foram selecionadas
para elaboração das pranchas.
3.5. ANÁLISE DOS MATERIAIS E ELABORAÇÃO DA DISSERTAÇÃO.
O presente trabalho segue as normas estabelecidas pelo Programa Pós-Graduação
do Instituto de Botânica de São Paulo. As citações bibliográficas no texto e as
referências bibliográficas seguem as normas estabelecidas pelo periódico Hoehnea.
O estudo e a identificação dos materiais foram realizados no laboratório do
Núcleo de Pesquisa Curadoria do Herbário de São Paulo, com o auxílio de bibliografia
especializada e chaves de identificação para os gêneros e espécies. Para confirmação
das identificações foram realizadas comparações com materiais já identificados por
especialistas depositados nos herbários visitados, além da comparação com o material
tipo dos herbários de NY e US, visitados durante a elaboração da dissertação, ou ainda,
fotografias de tipos disponíveis web site do Jstor (http://plants.jstor.org).
Para as descrições e análises das estruturas, foram efetuadas medidas com régua
graduada em milímetros para as partes vegetativas. Para observação das partes florais
foram utilizados materiais reidratados em água por 20 a 30 segundos em forno micro-
ondas, e as medidas foram obtidas em régua graduada em ½ milímetros. As estruturas
foram observadas e medidas sob estereomicroscópio Olympus SZ51.
14
Todas as medidas utilizadas referem-se à menor e à maior dimensão das estruturas
e quando não foi possível observar tais variações, utilizou-se o termo ca. (cerca de).
Buscou-se analisar estruturas maduras, e sempre retiradas da porção mediana de cada
estrutura. Utilizou-se a terminologia “curto-ciliado (a)” para as estruturas com tricomas
menores que 1 mm de comprimento e “longo-ciliado(a)” para as com tricomas maiores
que 1 mm de comprimento. As sépalas foram descritas em vista lateral e as brácteas em
vista dorsal, sendo apresentadas as medidas das brácteas florais e das estéreis, algumas
vezes as brácteas estéreis são tratadas como brácteas externas, referindo-se a brácteas
mais externas da espiga.
Quanto ao tipo de placentação, foi adotado o conceito suprabasal, proposto por
Wanderley (2011). As demais estruturas adotou-se Font-Quer (1985), Radford et al.
(1974), e Stearn (2004) como referências para a terminologia morfológica.
As informações sobre distribuição geográfica foram extraídas de bibliografias
(Smith & Downs 1968, Kral 1992, Wanderley et al. 2012).
O presente trabalho traz algumas ilustrações inéditas, onde foram selecionadas
espécies de delimitação problemática ou deficiente na literatura, com a finalidade de
esclarecer e facilitar o reconhecimento do táxon. Estas ilustrações foram obtidas através
da colaboração do ilustrador botânico Klei Souza, que as ilustrou com auxílio do
estereomicroscópio acoplado a câmara clara.
Ainda para complementação, foram elaboradas pranchas fotográficas com auxilio
de microscópio Veho VMS-001, para fotografar detalhes e pequenas estruturas, câmera
fotográfica Canon A4000is HD, para fotografar hábito e estruturas maiores.
15
Para a elaboração dos mapas foi utilizado o programa ArcGIS, versão 9.3 para
elaboração dos mapas de distribuição geográfica, utilizando as informações dos rótulos.
Quando esta informação se ausentava, buscou-se georreferenciar os dados com as
ferramentas disponíveis no site do CRIA (geoLoc).
16
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
XYRIDACEAE C. AGARDH.
Plantas herbáceas, perenes ou anuais, cespitosas a isoladas; base da planta
bulbiforme a alargada. Raízes fibrosas a delicadas. Caule rizomatoso. Folhas dísticas a
polísticas; bainha em geral aberta, base pouco a muito alargada; lígula marginal
presente ou ausente; lâmina isobilateral ou bifacial, achatada a cilíndrica. Espata
foliácea presente ou ausente. Pedúnculo afilo ou bracteado. Inflorescência espiga,
pauciflora (até 10 flores) ou multiflora (mais de 11 flores); brácteas estéreis presentes
ou ausentes, poucas a numerosas. Flores heteroclamídeas; sépalas dimórficas, sendo a
anterior caduca na antese ou reduzida; corola gamopétala ou dialipétala, pétalas
amarelas, azuis a púrpuras, lobos expandidos; estames epipétalos, antera em geral
sagitada; ovário 1 ou 3-locular, placentação axial, basal, central-livre ou parietal,
gineceu com ou sem apêndices laterais, estilete simples, 3-partido para o ápice. Fruto
cápsula loculicida; sementes pequenas e geralmente numerosas.
Há registros da ocorrência de representantes da família nas formações vegetais da
caatinga (stricto sensu), campinarana, campo de altitude, campo de várzea, campo
limpo, campo rupestre, cerrado (lato sensu), restinga e na savana amazônica (Wanderley
et al. 2012). Em geral, são plantas frequentemente heliófilas, com alguns indivíduos
aquáticos (X. filifolia), vivendo em ambiente límnico, ou crescendo sobre afloramentos
rochosos.
17
Apesar de algumas espécies serem capazes de crescer em solos com carência de
nutrientes, este fator não contribui com a capacidade de competitividade das espécies,
uma vez que suas folhas não se alongam muito para competir com a vegetação mais
alta, embora os pedúnculos possam levar as inflorescências acima das plantas vizinhas
(Lock, 2001).
CHAVE PARA OS GÊNEROS DE XYRIDACEAE NA SERRA DO CABRAL
1. Pedúnculo bracteado; Corola azul a púrpura, gamopétala; estaminódios
ausentes; estiletes apendiculados; placentação axial ................................ 1. Abolboda
1'. Pedúnculo afilo; Corola amarela, dialipétala; estaminódios presentes;
estiletes sem apêndices; placentação parietal, central-livre, basal ou
suprabasal ......................................................................................................... 2. Xyris
18
1. Abolboda Humb. & Bonpl.
Plantas perenes, cespitosas ou isoladas, base da planta bulbiforme a alargada.
Raízes fibrosas a delicadas. Folhas polísticas, algumas vezes formando roseta; bainha
alargada; lígula ausente; lâmina bifacial, achatada, face abaxial estriada a tranverso-
rugulosa, adaxial geralmente lisa, ápice em geral agudo, levemente aristado, margem
espessada e glabra. Espata ausente. Pedúnculo cilíndrico a subcilíndrico, com um par de
brácteas opostas ou subopostas, em geral lanceoladas, ápice acuminado e margem
membranácea. Espiga pauciflora a multiflora, elipsoide a turbinada; brácteas em geral
azuladas, paleáceas quando velhas, lisas ou estriadas, mácula presente ou ausente,
carena presente, margem inteira e membranácea, brácteas estéreis ausentes. Flores com
sépala anterior reduzida ou ausente e sépalas laterais inclusas a exsertas, livres,
lanceoladas, equilaterais ou inequilaterais, carenadas, carena em geral glabra; corola
gamopétala, pétalas azuis em geral obovadas; estaminódios ausentes; antera sagitada;
ovário 3-locular, placentação axial, gineceu com apêndices laterais. Cápsula elipsoide a
cilíndrica; sementes lisas a estriadas.
Etimologia: Abolboda do grego “A” não e “bolboda” bulboso. O nome do gênero
refere-se à ausência de bulbo, devido à comparação com as espécies da família Liliaceae
Juss.
19
CHAVE PARA AS ESPÉCIES DE ABOLBODA NA SERRA DO CABRAL
1. Pedúnculo 30-73 cm alt.; espiga com 10 ou mais flores; brácteas sem
mácula; sépalas laterais exsertas; gineceu com apêndices ramificados .........................
............................................................................................................. 1.1. A. poarchon
1'. Pedúnculo ca. 10-20 cm alt.; espiga com 4-6 flores; brácteas com mácula;
sépalas laterais inclusas; gineceu com apêndices simples ................. 1.2. A. pulchella
1.1 Abolboda poarchon Bonpl., Fl. Bras. 3(1): 223. 1855. Tipo: BRASIL. GOIÁS: G.
Gardner 3486 (G síntipo).
Figuras 4. K-R; 21. A.
Erva cespitosa; base da planta estreita. Folhas espiraladas, não formando roseta,
lâmina 8-30 cm compr., 5-6 mm larg., achatada, superfície abaxial estriada, adaxial lisa,
ápice agudo levemente aristado. Pedúnculo 30-73 cm compr., cilíndrico, liso; brácteas
do pedúnculo 2, opostas, 2-3,3 cm compr., lanceoladas, ápice acuminado, margem
membranácea. Espiga pauci a multiflora (10 ou mais flores), 19-25 mm compr., 8-15
mm larg., ovoide a largo-ovoide; brácteas esverdeadas com mácula acinzentadas,
passando a paleáceas quando velhas, superfície estriada, ápice agudo, excurrente, 10-12
mm compr., 5-8 mm larg., linear-lanceoladas; brácteas estéreis ausentes. Flores com
sépala anterior ausente e sépalas laterais exsertas, 15 mm compr., lanceoladas,
inequilaterais, carenadas, carena glabra; pétalas com lobo obovado, pétalas azuis a
púrpuras; estames ca. 5 mm compr.; estigma expandido; apêndices 2, ramificados.
Cápsula elipsoide; sementes ovoides, castanhas, estriadas.
20
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Buenópolis, 17°56'59.6”S,
44°15'31.8”W, 31-III-2011, J.S. Guedes 53 (SP) fl., fr.; Francisco Dumont, Serra do
Cabral, estrada na subida do Morro do SCAI, 17°41'01”S, 44°15'53”W, 13-XI-2010,
N.F.O. Mota 1764 (SP, BHCB) fl., fr.
Distribuição: Norte (Roraima, Pará, Amazonas), Nordeste (Bahia), Centro-Oeste
(Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais,
São Paulo). Ocorre também na Guiana Francesa, Colômbia e Venezuela (Figura 6-A).
Fenologia: Encontrada com flores e frutos de novembro a março.
Comentários: Espécie robusta, 30-73 cm alt., reconhecida por apresentar espigas
com brácteas de coloração esverdeada com manchas acinzentadas, passando a paleáceas
quando velhas, e flores com corola vistosa, azul a púrpura.
1.2. Abolboda pulchella Seub., Pl. Aequinoct. 2: 110, pl. 114. 1813. Tipo: BRASIL.
MATO GROSSO: Cuiabá, Serra da Chapada G. O. A Malme 1402 (G isótipo).
Figuras 4. A-J; 21.B.
Ervas cespitosas; base da planta estreita. Folhas polísticas, dispostas em roseta,
lâmina 2-6 cm compr., 2 mm larg., achatada, superfície abaxial minutamente tranverso-
rugulosa, adaxial lisa a estriada, ápice agudo, levemente aristado, margem levemente
espessada. Pedúnculo 10-20 cm compr., cilíndrico, liso; brácteas do pedúnculo 2,
opostas, 2-3,5 cm compr., lanceoladas, ápice acuminado, margem membranácea. Espiga
pauciflora (4 a 6 flores), 10-15 mm compr., 5 mm larg., ovoide a obovoide; brácteas
azuladas, paleáceas quando velhas, superfície estriada, rugulosa para o ápice, mácula
21
presente, ápice agudo, excurrente, 9-11 mm compr., 4-6 mm larg., linear-lanceoladas;
brácteas estéreis ausentes. Flores com sépala anterior ausente e sépalas laterais inclusas,
6 mm compr., lanceoladas, inequilaterais, carenadas, carena glabra; pétalas com lobo
obovado; estames ca. 3 mm compr.; estigma expandido; apêndices 2, simples. Cápsula
obovoide a elipsoide; sementes globosas, castanhas, estriadas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Buenópolis, região do Tanque,
várzea próximo a afloramento rochoso, 25-IV-2006, L. Pangaio 615 (SP, HRJ) fl.;
Francisco Dumont, Serra do Cabral estrada na subida do Morro do SCAI, 17°41'39”S,
44°17'30”W, 13-XI-2010, N.F.O. Mota 1743 (SP, BHCB) fl., fr.
Distribuição: Norte (Roraima, Pará, Tocantins), Nordeste (Piauí, Bahia), Centro-
Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas
Gerais, Espírito Santo, São Paulo). Espécie endêmica da flora brasileira (Figura 6-B).
Fenologia: Encontrada com flores e frutos de novembro a março.
Comentário: Espécie delicada, ca. 10-20 cm alt., caracterizada por exibir espigas
com brácteas de coloração azulada e por apresentar as folhas dispostas em roseta.
22
Figura 4. A-J. Abolboda pulchela. A. Hábito. B. Detalhe das brácteas do pedúnculo. C.
Espiga. D-F. Brácteas da espiga. G. Sépala lateral. H. Flor sem as sépalas. I. Flor aberta
evidenciado os estames. J. Gineceu evidenciando os apêndices simples. K-R. Abolboda
poarchon. K. Hábito. L. Detalhe das brácteas do pedúnculo. M. Espiga. N. Bráctea da espiga.
O. Sépala lateral. P. Flor sem as sépalas. Q. Flor aberta evidenciando os estames. R. Gineceu
evidenciando os apêndices ramificados. (A-J: G.O. Silva 150; K-R: J.S. Guedes 53).
23
2. Xyris Gronov. ex L.
Plantas perenes ou anuais, cespitosas a isoladas; base da planta bulbiforme,
estreita a alargada. Raízes fibrosas a delicadas. Folhas dísticas, subdísticas a polísticas;
bainha com base pouco a muito alargada, castanha a negra, opaca ou brilhante, carena
presente ou ausente, margem ciliada a glabra; lígula presente ou ausente; lâmina
isobilateral achatada a cilíndrica, superfície lisa, estriada, rugulosa e transverso-
rugulosa, ápice acuminado a obtuso, simétrico a assimétrico, margem ciliada a glabra.
Espata conduplicada ou não, carenadas ou não, lâmina presente ou ausente. Pedúnculo
afilo, cilíndrico a achatado, superfície lisa, estriada, rugulosa ou transverso-rugulosa.
Espiga pauciflora ou multiflora, globosa a cilíndrica; brácteas em geral castanhas, lisas,
estriadas, rugulosas ou transverso-rugulosas, mácula presente ou ausente, carena
presente ou não, margem inteira a lacerada, pilosa ou glabra, brácteas estéreis presentes,
poucas a numerosas. Flores com sépala anterior cupuliforme, caducas; sépalas laterais
inclusas ou exsertas, livres ou concrescidas, geralmente carenadas, carena ciliada a
glabra, inequilaterais, equilaterais ou subequilaterais; corola dialipétala, pétalas
amarelas, unguiculadas, lobos expandidos; estaminódios bifurcados distalmente, glabros
a densamente pilosos; antera em geral sagitada; ovário 1-locular, placentação basal,
central-livre ou parietal, gineceu sem apêndices, estigmas pouco a muito expandidos.
Cápsula ovoide, oblonga a obovoide; sementes geralmente numerosas, elipsoides a
esféricas, geralmente castanhas, estriadas ou reticuladas.
Etimologia: Xyris do grego “Xyron” navalha de barbear. O epíteto específico se
refere à forma da folha (ensiforme) característica no gênero.
24
CHAVE PARA AS ESPÉCIES DE XYRIS NA SERRA DO CABRAL
1. Brácteas da inflorescência sem mácula
2. Espiga multiflora, com 50 a 120 flores
3. Pedúnculo irregularmente trígono, 1-costelado, costela escabra;
brácteas da inflorescência elípticas com ápice agudo ....... 2.2. X. augusto-coburgii
3'. Pedúnculo cilíndrico, costela ausente; brácteas da inflorescência
oblongas a obovadas com ápice arredondado ........................... 2.28. X. spectabilis
2'. Espiga pauciflora a multiflora, com até 49 flores
4. Base da planta bulbiforme; folhas polísticas
5. Folhas com bainha fortemente alargada ou alargada apenas na base
6. Bainha castanha a paleácea, superfície fortemente nervada;
lâmina foliar filiforme, subcilíndrica, raro achatada; espigas com
brácteas castanho-claras a paleáceas ................................ 2.26. X. sincorana
6'. Bainha castanha a castanho-dourada, superfície carenada;
lâmina foliar sempre achatada; espigas com brácteas castanhas a
castanho-escuras
7. Bainha castanha, opaca; lâmina foliar com superfície
rugulosa, tuberculada a escabra, raro lisa; lâmina da espata
ausente; espiga ovoide, obovoide a cilíndrica .................. 2.1. X. asperula
7'. Bainha castanho-dourada, brilhante; lâmina foliar com
superfície transverso-rugulosa; lâmina da espata presente;
espiga globosa a largo-ovoide ....................................... 2.14. X. metallica
5'. Folhas com bainha estreita
8. Lígula presente; sépalas laterais inequilaterais ...................... 2.32. X. tortula
25
8'. Lígula ausente; sépalas laterais subequilaterais
9. Lâmina foliar com margem vilosa; pedúnculo 2-costelado,
costelas vilosas ................................................................. 2.37. Xyris sp. 4
9'. Lâmina foliar com margem glabra; pedúnculo sem costela .......................
............................................................................................... 2.35. Xyris sp. 2
4'. Planta sub-bulbiforme, com base estreita a alargada; folhas dísticas a
subdísticas
10. Base da planta sub-bulbiforme; espiga elíptica a estreito-obovoide,
tubular na antese ..................................................................... 2.34. Xyris sp. 1
10'. Base da planta estreita ou alargada; espiga ovoide a largo-ovoide,
cilíndrica, subglobosa a globosa, não tubular na antese
11. Espiga com brácteas fortemente laceradas e retroflexas
12. Lígula presente; pedúnculo cilíndrico, 2-costelado, costelas
ciliadas; espiga globosa a subglobosa; sépalas laterais
levemente exsertas e espatuladas ................................ 2.22. X. roraimae
12'. Lígula ausente; pedúnculo subcilíndrico, 2-costelado,
costelas escabras; espiga ovoide a cilíndrica; sépalas laterais
inclusas e lanceoladas ............................................... 2.24. X. schizachne
11'. Espiga com brácteas minutamente laceradas e eretas
13. Lâmina foliar com superfície estriada e pontuada; margem
ciliada
14. Base da planta alargada; bainha opaca, carena glabra;
espata conduplicada; sépalas laterais subequilaterais ..........................
............................................................................... 2.18. X. peregrina
26
14'. Base da planta estreita; bainha brilhante, carena ciliada;
espata não conduplicada; sépalas laterais inequilaterais ......................
.................................................................... 2.21. X. pterygoblephara
13'. Lâmina foliar com superfície tranverso-rugulosa; margem
glabra
15. Lâmina foliar achatada .......................................... 2.12. X. longiscapa
15'. Lâmina foliar filiforme .............................................. 2.36. Xyris sp. 3
1'. Brácteas da inflorescência com mácula
16. Estaminódios glabros .................................................................... 2.23. X. savanensis
16'. Estaminódios pilosos
17. Brácteas com mácula estreita, apical ou inconspícua, avermelhada
a castanho-avermelhada
18. Lígula presente; superfície do pedúnculo transverso-rugulosa ......................
......................................................................................... 2.6. X. diamantinae
18'. Lígula ausente; superfície do pedúnculo estriada ou pontuada
19. Sépalas laterais exsertas ou levemente exsertas
20. Base da planta sub-bulbiforme; folhas polísticas; margem
da lâmina foliar glabra; pedúnculo multicostelado,
costelas glabras; sépalas laterais concrescidas ...... 2.10. X. graminosa
20'. Base da planta estreita; folhas dísticas a subdísticas;
margem da lâmina foliar ciliada; pedúnculo 1-2-
costelado, costelas ciliadas; sépalas laterais livres 2.19. X. pirapamae
19'. Sépalas laterais inclusas
27
21. Plantas com hábito isolado; folhas polísticas; bainha
castanho-escura; sépalas laterais com carena rugulosa,
escura e curto-ciliada ......................................... 2.4. X. blanchetiana
21'. Plantas com hábito cespitoso; folhas dísticas a
subdísticas; bainha castanha a paleácea; sépalas laterais
com carena lisa, ciliada a glabra.
22. Placentação central-livre. ...................................... 2.39. Xyris sp. 6
22'. Placentação basal
23. Espiga de até 6 flores; brácteas estéreis com
ápice agudo, carena presente nas brácteas basais .....................
.......................................................................... 2.31. X. tenella
23'. Espiga de 8 a 40 flores; brácteas estéreis com
ápice arredondado, carena ausente em todas as
brácteas........................................................ 2.16. X. nubigena
17'. Brácteas com mácula ampla ou evidente, esverdeada, acinzentada,
verde-acinzentada ou castanha
24. Pedúnculo achatado
25. Espata conduplicada; pedúnculo 2-alado, raro 2-costado;
placentação central-livre ................................................... 2.3. X. bialata
25'. Espata não conduplicada; pedúnculo não costado, não alado;
placentação basal .................................................. 2.29. X. stenocephala
24'. Pedúnculo filiforme, cilíndrico a subcilíndrico
26. Espiga com 5 a 20 brácteas estéreis
27. Folhas filiformes
28
28. Plantas com hábito cespitoso; lígula presente; espiga
ovoide a obovoide; sépalas inclusas, subequilaterais;
sementes elipsoides ................................................ 2.8. X. filifolia
28'. Plantas com hábito isolado; lígula ausente; espiga
cilíndrica; sépalas levemente exsertas, inequilaterais;
sementes fusiformes ........................................ 2.27. X. sparsifolia
27'. Folhas achatadas
29. Pedúnculo multicostelado a 1-2-costelado, raro sem
costela; espiga de até 49 flores; brácteas com margem
inteira
30. Bainha avermelhada, carena escabra, margem
ciliada; pedúnculo multicostelado ...................... 2.7. X. fallax
30'. Bainha castanho-escura, carena glabra, margem
glabra; pedúnculo ausente ou 1-2-costelado ............................
............................................................. 2.13. X. macrocephala
29'. Pedúnculo não costelado; espiga com mais de 50
flores; brácteas com margem lacerado-fimbriada
31. Plantas com hábito isolado; lâmina tranverso-
rugulosa ............................................... 2.20. X. platystachya
31'. Plantas com hábito cespitoso; lâmina estriada .......................
...................................................................... 2.38. Xyris sp. 5
26'. Espiga com até 4 brácteas estéreis
29
32. Brácteas pilosas
33. As duas brácteas mais externas linear-lanceoladas,
alongadas, subigualando ou até ultrapassando o
comprimento da espiga, margem membranácea e
alva .............................................................. 2.5. X. calostachys
33'. Duas brácteas mais externas oval a oval-
lanceoladas, não ultrapassando o comprimento da
espiga, margem espessada, castanhas .............. 2.11. X. insignis
32'. Brácteas glabras
34. Brácteas com ápice excurrente
35. Lâmina foliar glauca a arroxeada; brácteas com
margem não membranácea, castanha, levemente
lacerada .......................................................... 2.25. X. seubertii
35'. Lâmina foliar esverdeada a castanho-escura;
brácteas com margem membranácea, alva,
lacerado-fimbriada ......................................... 2.15. X. minarum
34'. Brácteas com ápice agudo a arredondado
36. Placentação central-livre
37. Folhas curtas, 2-8 cm compr.; lâmina com
margem glabrescente a densamente ciliada ...........................
............................................................... 2.30. X. subsetigera
37'. Folhas longas, 8-35 cm compr.; lâmina com
margem escabra ou glabra
30
38. Pedúnculo cilíndrico, multicostelado .. 2.9. X. glaucescens
38'. Pedúnculo cilíndrico a levemente
comprimido, sem costela ou 1-costelado 2.33. X. trachyphylla
36. Placentação basal ou suprabasal
39. Plantas com hábito cespitoso ou isolado; bainha
foliar estreita na base, margem glabra;
pedúnculo cilíndrico, não comprimido em
direção ao ápice; placentação suprabasal 2.17. X. obcordata
39'. Plantas com hábito cespitoso; bainha foliar
distintamente alargada na base, margem ciliada
na base; pedúnculo subcilíndrico, comprimido
em direção ao ápice; placentação basal .................................
....................................................... 2.21. X. pterygoblephara
31
2.1. Xyris asperula Mart., Flora 24(2, Beibl.): 57. 1841. Tipo: BRASIL. MINAS
GERAIS: Vila do Príncipe, Martius s/n (holótipo M)
Figura 21 C-D.
Ervas perenes, cespitosas a isoladas, base da planta bulbiforme. Raízes delicadas.
Folhas espiraladas, 13-28 cm compr.; bainha fortemente alargada, castanha, opaca,
carenada, carena glabra, superfície tranverso-rugulosa, margem ciliada a glabrescente;
lígula ausente; lâmina 10-18 cm compr., 2-4 mm larg., achatada, superfície rugulosa,
tuberculada, escabra, raramente lisa, ápice agudo a acuminado, assimétrico, margem
escabra a rugulosa, espessada. Espata conduplicada, carenada, escabra, algumas vezes
glabra, lâmina ausente. Pedúnculo 30-80 cm compr., cilíndrico, costelas ausentes,
superfície rugosa, tuberculada, áspera a lisa, algumas vezes com estrias avermelhadas.
Espiga multiflora (10-20 flores), 9-20 mm compr., 5-10 mm larg., ovoide, obovoide a
cilíndrica; brácteas castanho-claras a castanho-escuras, superfície rugulosa, mácula
ausente, carena ausente, ápice arredondado, margem inteira a irregularmente lacerada;
brácteas estéreis 4, 6-7 mm compr., 5 mm larg., orbiculares a obovoides; brácteas florais
9 mm compr., 4 mm larg., oblongas a obovadas. Flores com sépalas laterais inclusas a
levemente exsertas, livres, 8-9 mm compr., lanceoladas, inequilaterais, carena ciliada;
pétalas com lobo obovado; estaminódios densamente pilosos por todo o ramo; estames
3 mm compr., antera oblonga; estilete ca. 11 mm compr., ramos 3 mm compr., estigmas
expandidos. Placentação basal. Cápsula elipsoide; sementes elipsoides, castanho-
escuras, estriadas.
32
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Augusto de Lima, 12 km da
cidade em direção a Fazenda Serra do Cabral, 18°00'40"S, 44°19'41"W, 20-III-1994,
C.M. Sakuragui CFCR 15281 (SP, SPF, ESA) fr.; Buenópolis, Parque Estadual da Serra
do Cabral, 29-III-2011, M.G.L. Wanderley 2968 (SP) fl.; Joaquim Felício, Serra do
Cabral, Morro do Onça, 06-VII-1985, M.G.L. Wanderley 802 (SP) fl.; Joaquim Felício,
Serra do Cabral, 17-I-1996, G. Hatschbach 64296 (ESA, MBM); Joaquim Felício, Serra
do Cabral, Armazém de Laje, 16-III-1997, G. Hatschbach 66300 (MBM) fl.; Serra do
Cabral, Agropecuária Serra do Cabral, 16-I-1996, G. Hatschbach 64168 (MBM) fl.;
Serra do Cabral, Agropecuária Serra do Cabral, 16-IV-1996, G. Hatschbach 64891
(MBM) fl.; Joaquim Felício, Serra do Cabral, 17°42'04"S, 44°19'00"W, 11-I-199X, R.C.
Forzza 575 (SPF) fl.; Joaquim Felício, Serra do Cabral, 17 km da ponte sobre o Córrego
da Onça 17°43'S, 44°17'W, 25-III-20XX, J.R. Pirani 4661 (SPF); Joaquim Felício,
estrada de terra em direção a Serra do Cabral, 17°41'53.5"S, 44°15'43.4"W, 21-VI-
2010, J.S. Guedes 30 (SP) fr.; Francisco Dumont, Serra do Cabral estrada na subida
pelo Morro do SCAI, próximo à igrejinha, 12-XI-2010, 17°41'54"S, 44°15'50"W;
Joaquim Felício, Serra do Cabral, 05-VII-1985, R. Kral 72594 (SP, SPF) fr.; Joaquim
Felício, Serra do Cabral, Morro do Onça, 06-VII-1985, R. Kral 72629 (SP, SPF) fr.;
Joaquim Felício, Serra do Cabral, Morro do Onça, 06-IV-1985, R. Kral 72636 (SP,
SPF) fr.; Joaquim Felício, Serra do Cabral, Morro do Jucão, 07-VII-1985, R. Kral
72660 (SP,SPF, VDB) fr.; Joaquim Felício, estrada pela Serra do Cabral, 17-IV-1981,
L. Rossi CFCR 1068 (SP) fr.
33
Distribuição: Nordeste (Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito
Federal), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo), Sul (Paraná). Espécie endêmica da flora
brasileira, com restrição apenas ao norte do país. Na Serra do Cabral, X. asperula forma
grandes populações, principalmente em veredas e campos rupestres (Figura 6. D).
Fenologia: Floresce e frutifica de janeiro a novembro.
Comentário: Xyris asperula, seu epíteto específico refere-se á superfície foliar
com projeções que garantem um aspecto áspero ao tato, porém alguns indivíduos podem
apresentar superfície foliar lisa.
A espécie apresenta ainda grande polimorfismo em relação à forma da espiga, que
varia de ovoide a cilíndrica. Esta espécie é facilmente reconhecida por apresentar forte
brotação lateral (Figura 21 D).
Ilustração em Wanderley 2011.
34
2.2. Xyris augusto-coburgii Szyszył. ex Beck, Itin. Princ. S. Coburgi, 2: 94. 1888. Tipo:
BRASIL. SÃO PAULO: Fazenda Bocaina, Glaziou, 8004 (holótipo P!, isótipos: B, F
imagem!, BR, US imagem!).
Figura 5. A-K.
Ervas perenes, isoladas; base da planta estreita. Raízes espessas. Folhas dísticas,
40-70cm compr.; bainha alargada na base, castanha, brilhante, levemente carenada,
carena glabra, superfície tranverso-rugulosa, margem membranácea, glabra; lígula
ausente; lâmina 24-31 cm compr., 4 mm larg., achatada, superfície estriada, ápice
agudo, assimétrico, margem escabra. Espata conduplicada, carenada, carena escabra,
lâmina ca. 2 cm compr. Pedúnculo 90-140 cm compr., trígono, 1-costelado, costela
escabra, superfície estriada. Espiga multiflora (ca. 50 flores), 12-25 mm compr., 10-15
mm larg., ovoide a largo-ovoide; brácteas castanhas a castanho-claras, superfície
rugulosa, algumas vezes com nervuras evidentes no dorso, mácula ausente, carena
ausente, ápice agudo, margem revoluta, lacerada; brácteas estéreis ca. 20, 5-6 mm
compr., 3 mm larg., ovadas; brácteas florais 8 mm compr., 4 mm larg., elípticas. Flores
com sépalas laterais exsertas, livres, 8-9 mm compr., espatuladas, inequilaterais, carena
ciliada; pétalas com lobo ovado; estaminódios pilosos por todo o ramo; estames 3 mm
compr., antera sagitada; estilete 7 mm compr., ramos ca. 3 mm compr., estigma
truncado. Placentação basal. Cápsula obovoide; sementes não vistas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Joaquim Felício, Serra do
Cabral, ca. 17°41'34"S, 44°11'39"W, 08-VI-2001, N.F. Costa 297 (SP, SPF).
Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Carangola, Fazenda
Neblina, 1.300 m da Serra da Araponga, 12-III-1989, L.S. Leoni 713 (HB); Ouro Preto,
35
Serra do Falcão, 22°26"S, 43°33'W, 18-VIII-1998, R.C. Forzza 1030 (SP, SPF) fl.; RIO
DE JANEIRO: Nova Friburgo, Parque Estadual dos Três Picos, 22°19'14.9"S,
42°43'22.4"W, L.M. Versieux 235 (SP) fl.
Distribuição: Sudeste (Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro) (Wanderley et al.
2012). Inicialmente esta espécie foi citada apenas para os estados de São Paulo e Rio de
Janeiro, com distribuição restrita aos campos de altitude. As análises das coleções de
herbário e de bibliografia indicam a ocorrência desta espécie para os campos rupestres
de Minas Gerais, nos municípios de Ouro Preto, São Gonçalo do Rio Preto, Carangola e
Joaquim Felício (Serra do Cabral) (Figura 6. D).
Fenologia: Encontrada com flores de julho a agosto.
Comentário: Xyris augusto-coburgii apresenta afinidade morfológica com X.
spectabilis, devido a semelhança da forma da espiga. Xyris augusto-coburgii pode ser
facilmente reconhecida por apresentar o pedúnculo irregularmente trígono, 1-costelado,
costela escabra e brácteas da inflorescência elípticas com ápice agudo. Apresenta ainda
lâmina foliar com margem escabra, com diferenciação no tamanho dos tricomas em
relação às margens, sendo que, em um lado os tricomas são inconspícuos, e no outro
evidentes.
36
Figura 5: A-K. Xyris augusto-coburgii A. Habito; B. Folha; C. Detalhe da margem da lâmina
foliar; D. Espiga; E. Bráctea estéril; F. Bráctea floral; G. Sépala lateral; H. Flor sem as
sépalas; I. Pétala portando estame e estaminódio piloso; J. Gineceu; K. Fruto aberto
mostrando placentação basal. (N.F. Costa 297).
37
2.3. Xyris bialata Malme, Ark. Bot. 22A (15): 8. 1929. Tipo: Brazil. MINAS GERAIS,
(verisimiliter in districtu adamantimun), Saint-Hilare s.n (holótipo P).
Figura 21 E.
Ervas perenes, cespitosas a isoladas, base da planta alargada. Raízes fibrosas.
Folhas dísticas, 15-30 cm compr.; bainha alargada na base, castanho-escura a negra,
brilhante, carenada, carena glabra, superfície lisa, margem membranácea, glabra e
amarelada; lígula presente; lâmina 8-19 cm compr., 4-5 mm larg., achatada, superfície
estriada, castanho-avermelhada, ápice agudo a longo-atenuado, levemente assimétrico,
margem inconspicuamente escabra, espessada. Espata conduplicada, 2-carenada, carena
levemente escabra, lâmina 1,5 cm compr. Pedúnculo 47-76 cm compr., achatado, 2-
alado, alas glabras, mais raramente subcilíndrico e 2-costado, superfície estriada. Espiga
multiflora (30-90 flores), 12-35 mm compr., 7-10 mm larg., ovoide a cilíndrica; brácteas
castanhas a castanho-escuras, superfície rugulosa, mácula ampla, verde-acinzentada,
carena ausente, margem inconspicuamente lacerado-fimbriada, ápice obtuso; brácteas
estéreis 10-17, 3-6 mm compr., 3-3,5 mm larg., triangulares, oblongas a ovadas,
fortemente imbricadas, as duas mais externas menores, carenadas, fortemente adnatas
ao pedúnculo; brácteas florais 6-7 mm compr., 5 mm larg., orbiculares a obovoides.
Flores com sépalas laterais inclusas, livres, 7 mm compr., espatuladas, inequilaterais,
carenadas, carena ciliado-fimbriada; pétalas com lobo obovado; estaminódios
densamente pilosos por todo o ramo; estames 3 mm compr., antera oblonga; estilete 11
mm compr., ramos 4 mm compr. Placentação central-livre. Cápsula oblonga; sementes
poucas, elipsoides, estriadas, castanhas.
38
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Augusto de Lima, Cuba,
17°56'59.6"S, 44°15'31.8"W, 30-III-2011, J.S. Guedes 60 (SP) fl.; Joaquim Felício,
Morro da SCAI, 17°41'59"S, 44°16'21"W, 09-VII-2007, F. Marino 307 (BHCB) fr.
Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Datas, 18°32'34.4"S,
43°41'37.4"W, 20-VI-2010, J.S. Guedes 17 (SP) fr.
Distribuição: Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo). Espécie
amplamente distribuída nos campos rupestres ao longo da Cadeia do Espinhaço e em
campos de altitude no Espírito Santo. Na Serra do Cabral são encontradas populações
isoladas desta espécie, formando densas touceiras próximas a afloramentos rochosos.
(Figura 6. E).
Fenologia: Floresce e frutifica de janeiro a agosto.
Comentário: Xyris bialata pode ser facilmente reconhecida por apresentar
pedúnculo achatado e bialado com espiga multiflora, em geral cilíndrica, além das duas
brácteas estéreis mais externas, muito menores e fortemente adpressas ao pedúnculo. Na
análise dos materiais, foi observado que os feixes do conectivo dos estames apresenta
um tom vináceo, característica comumente não encontrada em outras espécies de Xyris.
Apresenta afinidade morfológica a X. melanopoda L.B. Sm. & Downs, entretanto esta
espécie não foi encontrada na Serra do Cabral.
Ilustração em Wanderley 2011.
39
2.4. Xyris blanchetiana Malme, Ark. Bot. 13(3): 60. 1913. Tipo: BRASIL. BAHIA,
Serra de Jacobina, Blanchet 2545 (B holótipo).
Ervas perenes, isoladas, bulbiformes. Raízes delicadas. Folhas polísticas, 10-30
cm compr.; bainha estreita, castanho-escura, opaca, carena ausente, superfície estriada,
margem membranácea, glabrescente; lígula ausente; lâmina 9-20 cm compr., 0,5-1 mm
larg., subcilíndrica a achatada, superfície tranverso-rugulosa, ápice agudo, simétrico,
margem glabra. Espata conduplicada, levemente carenada, carena glabra, lâmina 0,5-1,5
cm compr. Pedúnculo 22-54 cm compr., cilíndrico, glabro, costela ausente ou
irregularmente 1-costelado, costela glabrescente, superfície estriada. Espiga pauci a
multiflora, (10-15 flores), 6-14 mm compr., 5-11 mm larg., obovoide a globosa;
brácteas castanhas a castanho-escuras, superfície transverso-rugulosa, mácula estreita,
apical, castanho-avermelhada, carenada, ápice agudo, margem membranácea e
fortemente lacerada; brácteas estéreis 4, 6-10 mm compr., 2-4 mm larg., triangulares a
obovadas; brácteas florais 7-8 mm compr., 3-4 mm larg., obovadas. Flores com sépalas
laterais inclusas, livres, 7 mm compr., lanceoladas, inequilaterais, carenadas, carena
curto-ciliada, com superfície e ápice ruguloso e castanho-escura; pétalas com lobo
obovado; estaminódios densamente pilosos; estames 2 mm compr., antera sagitada;
estilete 6 mm compr., ramos 3 mm compr., estigma expandido. Placentação basal.
Cápsula elipsoide; sementes elipsoides, castanho-escuras, estriadas.
40
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Buenópolis, Serra do Cabral,
ca. 17°55'0,6"S, 43°47'11"W, 29-IV-2007, T.E. Almeida 835 (BHCB) fl., fr.
Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: São Gonçalo do Rio
Preto, Parque Estadual do Rio Preto, 24-V-2007, M.G.L. Wanderley 2616 (SP, BHCB)
fl., fr.
Distribuição: Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais). Espécie distribuída nos
campos rupestres da Cadeia do Espinhaço (Figura 6. F).
Fenologia: floresce e frutifica entre março e agosto.
Comentário: Espécie caracterizada por apresentar base bulbiforme, folhas em
geral subcilíndricas, brácteas com mácula apical estreita e com margem membranácea
fortemente lacerada. Outra característica marcante nesta espécie é a presença de sépalas
laterais com carena e ápice de superfície rugulosa e castanho-escuros.
Ilustração em Wanderley 2011.
41
Figura 6: Mapa de distribuição das espécies de Abolboda e Xyris na Serra do Cabral. A.
Abolboda poarchon; B. A. pulchella; C. Xyris asperula; D. X. augusto-coburgii; E. X. bialata;
F. X. blanchetiana.
42
2.5. Xyris calostachys Poulsen, Vidensk. Meddel. Dansk Naturhist. Foren. Kjobenhavn:
118. 1893. Tipo: BRASIL. MINAS GERAIS, sem procedência, Glaziou 19951 (P
holótipo, US! foto).
Figura 21 F-G.
Ervas perenes, cespitosas, base da planta bulbiforme. Raízes delicadas. Folhas
dísticas, 9-25 cm compr.; bainha distintamente alargada na base, negras e brilhantes ali,
no restante castanho-claro a paleácea, parte interna da bainha esbranquiçada, não
carenada, superfície estriada, margem membranácea e ciliada; lígula presente; lâmina 5-
21 cm compr., 1-1,5 mm larg., subcilíndrica, superfície conspicuamente estriada, ápice
acuminado, levemente assimétrico margem glabra. Espata conduplicada, não carenada,
lâmina 2,5-5 cm compr. Pedúnculo 30-43 cm compr., cilíndrico, costelas ausentes,
estriado. Espiga pauciflora (4-10 flores), 9-12 mm compr., 5-8 mm larg., obovoide;
brácteas castanho-escuras, rugulosas, pilosas para o ápice, mácula ampla, esverdeada
passando à castanha, ocupando quase toda extensão da bráctea, carenadas, ápice agudo,
excurrente, margem membranácea, alva, lacerado-ciliada, tricomas alvos e longos;
brácteas estéreis 4, 9-13 mm compr., 3-4 mm larg., as duas mais externas diferenciadas,
uma subigualando e a outra ultrapassando o comprimento da espiga, linear-lanceoladas;
brácteas florais 9-10 mm compr., 3-4 mm larg., oblongas. Flores com sépalas laterais
levemente exsertas, concrescidas até a metade, 9 mm compr., linear-lanceoladas,
inequilaterais, carena estreita, densamente ciliada; pétalas com lobo obovado;
estaminódios pilosos; estames. 3 mm compr., antera sagitada; estilete ca. 11 mm
compr., ramos 4 mm compr., estigma expandido. Placentação central-livre. Fruto e
sementes não vistos.
43
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Joaquim Felício, Serra do
Cabral, 17°41'51.6"S, 44°16.'07.1"W, 30-III-2011, J.S. Guedes 49 (SP) fl.
Distribuição: Sudeste (Minas Gerais). Espécie com registro apenas para os
campos rupestres de Minas Gerais. Na Serra do Cabral, X. calostachys forma pequenas
populações nas margens da estrada (Figura 8. A).
Fenologia: floresce e frutifica de janeiro a novembro.
Comentário: Espécie com potencial ornamental, sendo encontrada na composição
de arranjos de "sempre-vivas". Xyris calostachys apresenta afinidade morfológica com
X. insiginis, principalmente em caráter vegetativo. A grande semelhança existente entre
elas torna difícil separá-las com base no material de herbário, devido às máculas das
brácteas perderem sua coloração original e pela inflorescência glabrescente em X.
insignis L.A. Nilsson. Entretanto, a distinção destas espécies é feita principalmente pelo
formato e ornamentação das brácteas da inflorescência.
Ilustração em Wanderley 2011.
44
2.6. Xyris diamantinae Malme, Ark. Bot. 22A (15): 6. 1929. Tipo: BRASIL. MINAS
GERAIS, Milho Verde, A. Saint-Hilaire 495 (P isótipo).
Ervas perenes, cespitosas, base da planta sub-bulbiforme. Raízes delicadas. Folhas
dísticas, 15-34 cm compr.; bainha alargada apenas na base, castanha, levemente
carenada, carena glabra, superfície fortemente transverso-rugulosa, margem ciliada;
lígula presente; lâmina 11,5-23 cm compr., 1-2 mm larg., achatada, superfície
transverso-rugulosa, ápice agudo, margem glabra, espessada. Espata conduplicada,
carenada, carena glabra, lâmina 6 cm compr. Pedúnculo 30-57 cm compr., cilíndrico, 1-
2-costelado, costelas glabras, superfície transverso-rugulosa. Espiga pauciflora (6
flores), 10-11 mm compr., 4-5 mm larg., ovoide a obovoide; brácteas castanho-
avermelhadas, superfície transverso-rugulosa, mácula estreita, inconspícua, fortemente
carenadas, ápice agudo, margem ciliado-fimbriada; brácteas estéreis 4, 5-7 mm compr.,
3-4 mm larg., ovadas; brácteas florais 9 mm compr., 2-3 mm larg., ovadas a oblongas.
Flores com sépalas laterais inclusas, concrescidas apenas na base, 9 mm compr.,
lanceoladas, inequilaterais, carenadas, carena ciliada; pétalas com lobo obovado;
estaminódios pilosos por todo o ramo; estames 2,5 mm compr., antera sagitada; estilete
7,5 mm compr., ramos 2,5 mm compr., estigma alargado. Placentação central-livre.
Cápsula oblonga; sementes fusiformes, castanhas, estriadas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Joaquim Felício, 31-X-1988,
M.G.L. Wanderley 1419 (SP); Serra do Cabral, estrada na subida do Morro do SCAI,
17°42'01”S, 44°15'50”W, 13-XI-2010, N.F.O. Mota 1761 (SP, BHCB) fl.
Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Conceição do Mato
Dentro; Fazenda Santana, 31-VII-1985, R. Kral 72945 (SP).
45
Distribuição: Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais). Amplamente distribuída
ao longo da Cadeia do Espinhaço (Figura 8. B).
Fenologia: Floresce e frutifica de julho e dezembro.
Comentários: Xyris diamantinae está morfologicamente relacionada à X.
trachyphylla Mart. por compartilharem diversas características, tais como: superfície
foliar transverso-rugulosa, placentação central-livre e sépalas laterais concrescidas com
carena densamente ciliada. A separação destas espécies pode ser facilitada quando
observada a morfologia das duas brácteas mais basais da espiga. Em X. diamantinae as
brácteas mais basais são mais curtas, estreitas e fortemente carenadas, sendo que as
demais brácteas apresentam coloração avermelhada a vinácea, com margem ciliado-
fimbriada. Por outro lado, X. trachyphylla apresenta as duas brácteas basais mais
alongadas e alargadas em relação a X. diamantinae e carena pouco expressiva, as
brácteas são castanhas, com margem apenas lacerada. Outra característica que auxiliam
na separação destas espécie é a morfologia das sementes Sendo em X. diamantinae são
fusiformes, castanhas e estriadas, e em X. trachyphylla são elipsoides, castanho-escuras
e reticuladas.
Ilustração em L.B. Sm. & Downs 1968.
46
2.7. Xyris fallax Malme, Bih. Kongl. Svenska Vetensk. Acad. Handl. 22(2): 12. 1896.
Tipo: BRASIL. MATO GROSSO: Santa Ana da Chapada, Malme 1434 (S holótipo).
Ervas perenes, cespitosas, base da planta estreita. Raízes filiformes. Folhas
dísticas, 10-37 cm compr.; bainha estreita, avermelhada, brilhante, levemente carenada,
carena escabra, superfície fortemente estriada, margem membranácea, ciliada apenas na
base; lígula ausente; lâmina 5-20 cm compr., 2-4 mm larg., achatada, superfície estriada,
estrias avermelhadas, ápice atenuado, assimétrico, margem escabra a glabrescente,
espessada. Espata conduplicada, carenada, carena glabra, lâmina ca. 1 cm compr.
Pedúnculo 30-60 cm compr., cilíndrico, multicostelado, costelas glabras, superfície
estriada, estrias avermelhadas. Espiga multiflora (8-15 flores), 10-20 mm compr., 6 mm
larg., elipsoide a ovoide; brácteas castanhas, superfície estriada, mácula ampla, verde-
acinzentada, carenadas, ápice agudo, margem inteira; brácteas estéreis ca. 10, 4-6 mm
compr., 2-4mm larg., as duas mais externas menores, triangulares, as demais largo-
ovadas; brácteas florais 8 mm compr., 4 mm larg., largo-ovadas. Flores com sépalas
laterais inclusas, livres, 5 mm compr., lanceoladas, subequilaterais, carenadas, carena
estreita, glabrescentes; pétalas com lobo elíptico; estaminódios pilosos; estames ca. 1
mm compr., antera sagitada; estilete 13 mm compr., ramos ca. 3 mm compr., estigma
truncado. Placentação parietal. Cápsula ovoide; sementes fusiformes, castanho-claras,
reticuladas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Lassance, estrada na subida do
Morro do SCAI, 17°42'51”S, 44°23'35”W, 12-XI-2010, N.F.O. Mota 1735 (SP, BHCB)
fr.
47
Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Uberaba, Fazenda
Sta. Juliana, 23-XII-2002, G.C. Oliveira 1942 (SP, HUFU) fl.
Distribuição: Norte (Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins, Acre), Nordeste
(Pernambuco, Bahia, Sergipe), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal),
Sudeste (Minas Gerais, São Paulo). Espécie de ampla distribuição, com registros para a
América do Sul e África (Kral 1988). No Brasil distribuiu-se principalmente nos
domínios fitogeográficos como a Amazônia, Caatinga e Cerrado. (Figura 8. C)
Fenologia: Floresce e frutifica de novembro a abril.
Comentário: Xyris fallax apresenta afinidade morfológica com X. macrocephala
por compartilharem algumas semelhanças vegetativas, além de apresentarem espigas
multifloras, brácteas com mácula conspícua e placentação parietal. Este último caráter
corresponde à Seção Xyris, sendo estas espécies as únicas representantes desta seção
para a Serra do Cabral. Entretanto, é possível separar estas duas espécies por X. fallax
apresentar pedúnculo multicostelado e sementes reticuladas, enquanto que X.
macrocephala geralmente não apresenta projeções no pedúnculo ou, quando presentes,
é uni ou bicostelado e suas sementes são estriadas.
Ilustração em Wanderley et al. 2003.
48
2.8. Xyris filifolia L.A. Nilsson. Kongl. Svenska Vetensk.-Akad. Handl. 24(14): 43.
1892. Tipo: BRASIL. MINAS GERAIS, Caldas, Regnell III-2051 (S holótipo).
Figura 7. A-L.
Ervas perenes ou anuais, cespitosas, base da planta estreita. Raízes delicadas.
Folhas subdísticas, 40-60 cm compr.; bainha estreita, castanha, brilhante, não carenada,
superfície estriada, margem glabra; lígula presente; lâmina 34-53 cm compr., 0,5-1 mm
larg., filiforme, superfície estriada, ápice atenuado, simétrico. Espata conduplicada,
carena ausente, lâmina ca. 0,5 cm compr. Pedúnculo 50-70 cm compr., cilíndrico,
costelas ausentes, superfície estriada. Espiga pauciflora (6 flores), 9-10 mm compr., 4-5
mm larg., ovoide a obovoide; brácteas castanhas, superfície estriada, mácula ampla,
verde-acinzentada, carena ausente, ápice arredondado, margem inteira, levemente
membranácea; brácteas estéreis ca. 10, 4-6 mm compr., 3 mm larg., oblongas; brácteas
florais 6 mm compr., 3 mm larg., oblongas. Flores com sépalas laterais inclusas, livres,
6mm compr., linear-lanceoladas, subequilaterais, carenadas, carena minutamente
lacerado-fimbriada; pétalas com lobo obovado; estames 3 mm compr., antera sagitada;
estilete e estigma não vistos. Placentação basal. Cápsula estreito-elíptica; sementes
elípticas, castanhas, estriadas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Lassance, Serra do Cabral, 31-
X-1988, M.G.L. Wanderley 1412 (SP) fl.; Serra do Cabral, Morro do SCAI, 17°42'51"S,
44°23'35"W, 12-XI-2010, N.F.O. Mota 1736 (SP, BHCB) fl., fr.
49
Distribuição: Centro-Oeste (Goiás, Distrito Federal), Sudeste (Minas Gerais, São
Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul). Encontrada nos
campos rupestres de Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais, nos campos de altitude de
São Paulo e Rio de Janeiro e nos pampas. Na Serra do Cabral ocorre em ambientes
brejosos ou submersas em pequenos córregos.
Fenologia: Floresce e frutifica de outubro a julho.
Comentários: Espécie facilmente reconhecida por apresentar rizoma conspícuo
com entrenós longos e folhas subdísticas, distribuídas esparsamente ao longo do caule.
Apresenta lígula marginal conspícua no ápice da bainha foliar (Figura 8. D).
50
Figura 7: A-L. Xyris filifolia A. Habito; B Detalhe do hábito evidenciando o caule com
entrenós espaçados; C. Bainha com detalhe da lígula; D. Espigas; E. Bráctea estéril; F.
Bráctea floral; G. Sépala lateral; H. Flor sem as sépalas; I. Pétala portando estame e
estaminódio pilosos; J. Gineceu; K. Fruto aberto mostrando placentação basal; L. Semente.
(N.F.O. Motta 1736).
51
2.9. Xyris glaucescens Malme, Repert. Spec. Nov. Regni Veg. 5: 103. 1908. Tipo:
BRASIL. MINAS GERAIS, Serra da Lapa, Riedel 917 (LE holótipo).
Figura 21 H.
Ervas perenes, cespitosas, base da planta estreita. Raízes filiformes. Folhas
dísticas, 4-10 cm compr.; bainha alargada apenas na base, castanha a castanho-
amarelada, opaca, algumas vezes brilhante na base, carena ausente, superfície estriada,
margem membranácea; lígula presente; lâmina 3-7 cm compr., 1,5-4 mm larg.,
achatada, superfície estriada, ápice atenuado assimétrico, margem glabra a
inconspicuamente escabra. Espata conduplicada, carenada, carena glabra, lâmina ca. 1
cm compr. Pedúnculo 10-40 cm compr., cilíndrico, multicostelado, costelas escabras,
superfície pontuada. Espiga pauciflora (6-10 flores), 9-13 mm compr., 5-6 mm larg.,
ovoide a obovoide; brácteas castanho-escuras, superfície rugulosa, mácula ampla,
esverdeada a castanha, carenadas, ápice obtuso, margem minutamente lacerada; brácteas
estéreis 4, 4,5-7 mm compr., 3-6 mm larg., ovadas; brácteas florais 7-9 mm compr., 3-8
mm larg., ovadas. Flores com sépalas laterais inclusas a levemente exsertas,
concrescidas até a metade, 7 mm compr., oblongo-lanceoladas, inequilaterais,
carenadas, carena densamente pilosa pétalas com lobo orbicular; estaminódios pilosos
por todo o ramo, 3 mm compr.; estames 3 mm compr., antera oblonga; estilete 10,5 mm
compr., ramos 3,5 mm compr., estigmas estreitos. Placentação central-livre. Cápsula
oblonga; sementes elipsoides, castanho-escuras, estriadas.
52
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Buenópolis, 17°57'35"S,
43°47'05"W, 18-VI-2008, T.E. Almeida 1342 (BHCB) fl.; Joaquim Felício, Armazém
de Laje, 06-VII-1985, R. Kral 72634 (SP) fl.
Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Santana do Riacho,
km 111 ao longo da rodovia Belo Horizonte - Conceição do Mato Dentro, 07-IV-1987,
M.G.L. Wanderley 11 (SP) fr.
Distribuição: Sudeste (Minas Gerais). Espécie exclusiva dos campos rupestres
mineiros. (Figura 8. E)
Fenologia: Floresce e frutifica entre março e setembro.
Comentário: X. glaucescens apresenta bainha com superfície estriada, lâmina glauca,
fortemente estriada, com margens inconspicuamente escabras, o pedúnculo é
multicostelado, além disso as brácteas são carenadas e exibem uma mácula ampla, cerca
da metade da superfície da bráctea esverdeada a castanha. As sépalas são concrescidas,
com carena densamente ciliadas com tricomas alvos. Para afinidade morfológica ver
comentário de X. trachyphylla.
Ilustração em Wanderley 2011.
53
2.10. Xyris graminosa Pohl ex Mart., Flora 24(2, Beibl.): 55. 1841. Tipo: BRASIL.
MINAS GERAIS, Chapada da Serra de São Marcos, cabeceira do Ribeirão Batalha,
Pohl 2881 (holótipo: M, isótipos: BR, US imagem nº 5468!).
Ervas perenes, cespitosas, base da planta sub-bulbiforme. Raízes fibrosas. Folhas
espiraladas, 17-30 cm compr.; bainha estreita, paleácea, carenada, carena glabra,
superfície estriada, costelada na base, margem glabra; lígula ausente; lâmina 11-28 cm
compr., 1-2 mm larg., achatada, superfície estriada, inconspicuamente tranverso-
rugulosa, ápice atenuado, margem glabra. Espata conduplicada, carenada, carena glabra,
lâmina 2-3 cm compr. Pedúnculo 25-66 cm compr., cilíndrico, multicostelado, costelas
glabras, superfície estriada. Espiga pauciflora a multiflora (10-15 flores), 8-11 mm
compr., 5-7 mm larg., ovoide, largamente ovoide a globosa; brácteas castanhas,
superfície transverso-rugulosa, mácula estreita, inconspícua, carena presente, margem
lacerada, ápice agudo a arredondado, margem levemente membranácea; brácteas
estéreis 4, 4-6 mm compr., 2-3 mm larg., ovadas, oblongas; brácteas florais 6-7 mm
compr., 4-6 mm larg., oblongas a largamente ovadas. Flores com sépalas laterais
levemente exsertas, concrescidas 1/3 do comprimento, 6-7 mm compr., espatuladas,
inequilaterais, carenadas, carena densamente ciliada; pétalas com lobo orbicular;
estaminódios densamente pilosos; estames ca. 3 mm compr., antera oblonga; estilete 6
mm compr., ramos 3 mm compr., estigma estreito. Placentação central-livre. Cápsula
obovoide; sementes elipsoides, castanhas, estriadas.
54
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Buenópolis, Parque Estadual da
Serra do Cabral, 29-III-2011, M.G.L. Wanderley 2976 (SP) fl.; Joaquim Felício, Serra
do Cabral, Morro do Onça, 06-VII-1985, R. Kral 72638 (SP) fl., fr.; Serra do Cabral,
Armazém de Laje, 07-VII-1985, R. Kral 72677 (SP) fr.; 16.III.1997, G. Hatschbach
66324 (MBM) fl.
Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Serra da Ibitipoca,
Pico do Picão, 14-V-1970, D. Sucre 6851 (RB) fl., fr.
Distribuição: Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais). Amplamente distribuída
nos campos rupestres ao longo da Cadeia do Espinhaço. (Figura 8. F).
Fenologia: Floresce de dezembro a março.
Comentário: Caracterizada por apresentar brácteas com mácula reduzida e apical,
sendo as duas brácteas mais basais fortemente carenadas. Apresenta também sépalas
laterais levemente exsertas, lanceoladas e soldadas apenas na base, com carena pilosa.
Ilustração em Wanderley 2011.
55
Figura 8: Mapa de distribuição das espécies de Xyris na Serra do Cabral, A. X. calostachys; B.
X. diamantinae; C. X. fallax; D. X. filifolia; E. X. glaucescens; F. X. graminosa.
56
2.11. Xyris insignis L.A. Nilsson, Kongl. Svenska Vetensk.-Akad. Handl. 24(14): 44.
1892. Tipo: BRASIL. MINAS GERAIS, Campo da Serra Fria, Martius s.n. (M
holótipo).
Figura 21. I.
Ervas perenes, cespitosas, base da planta bulbiforme. Raízes delgadas. Folhas
dísticas, 13-25 cm compr.; bainha distintamente alargada na base, negra e brilhante ali,
no restante castanho-escura e opaca, levemente carenada, carena glabra, superfície
estriada, margem membranácea, e pilosa; lígula presente; lâmina 9-15 cm compr., 2-4
mm larg., achatada, superfície estriada, ápice atenuado, assimétrico, margem inteira,
glabra. Espata conduplicada, carenada, carena glabra, lâmina 2 cm compr. Pedúnculo
18-55 cm compr., cilíndrico, costela ausente, estriado. Espiga pauciflora (até 8 flores),
7-12 mm compr., 4-10 mm larg., ovoide a obovoide a globosa; brácteas castanho-
escuras, rugulosa, pilosa para o ápice, mácula ampla, castanho-esverdeada, levemente
carenada, ápice agudo, margem inteira, ciliada; brácteas estéreis 4, 5-6 mm compr., 3-4
mm larg., as 2 mais externas mais curtas ou subigualando às brácteas florais, ovaladas a
oval-lanceoladas; brácteas florais 7 mm compr., 3-4 mm larg., elípticas. Flores com
sépalas laterais levemente exsertas, concrescidas até a metade, 9 mm compr.,
lanceoladas, inequilaterais, carena larga, densamente ciliada, tricomas longos, alvos;
pétalas com lobo obovado; estaminódios pilosos por todo o ramo; estames 3,5 mm
compr., antera sagitada; estilete 9 mm compr., ramos 4 mm compr., estigma expandido.
Placentação central-livre. Cápsula ovoide; sementes elipsoides, castanhas, estriadas.
57
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Buenópolis, Parque Estadual da
Serra do Cabral, 17°53'29.3"S, 44°18'01.5"W, 29-III-2011, M.G.L. Wanderley 2977
(SP) fl.; Francisco Dumont, Morro da SCAI, próximo a plantação de Pinnus,
17°23'59"S, 44°23'37"W, 12-XI-2010, N.F.O. Mota 1737 (BHCB, SP) fr.; Joaquim
Felício, Morro do Onça, 06-VI-1985, R. Kral 72630 (SP); 13.I.1988, M.G. L.
Wanderley 801 (SP) fl., fr.; Armazém de Laje, 07-VI-1985, R. Kral 72674 (SP) fr.
Distribuição: Sudeste (Minas Gerais). Ocorre nos campos rupestres (Figura 12.
A).
Fenologia: Floresce e frutifica de janeiro a novembro.
Comentário: Espécie facilmente reconhecida por apresentar espigas paucifloras
em geral ovoides, recoberta por tricomas lanuginosos alvos. Alguns trabalhos
taxonômicos como Wanderley (2011) e Mota (2009), apontam X. insignis com folha
cilíndrica a subcilíndrica, porém, para a Serra do Cabral, foi possível encontrar
populações com folhas achatadas. Comentários sobre afinidade morfológica em X.
calostachys.
Ilustração em Wanderley 2011.
58
2.12. Xyris longiscapa L.A. Nilsson., Kongl. Svenska Vetensk. Acad. Handl. 24(14):
59. 1892. Tipo: BRASIL. MINAS GERAIS, Serra da Caraça, Martius s.n. (M holótipo).
Figura 22. A.
Ervas perenes, cespitosas, base da planta estreita. Raízes fibrosas. Folhas dísticas
a subdísticas, 10-36 cm compr.; bainha alargada na base, castanho-avermelhada, opaca,
carenada, carena glabra, superfície transverso-rugulosa, margem membranácea, ciliada
na base; lígula presente; lâmina 7-19 cm compr., 6-9 mm larg., achatada, superfície
transverso-rugulosa, ápice obtuso, assimétrico, margem rugulosa, espessada. Espata
conduplicada, carenada, carena rugulosa, lâmina ausente. Pedúnculo 60-80 cm compr.,
cilíndrico, 1-costelado, costela rugulosa, transverso-rugulosa. Espiga multiflora (20-25
flores), 15-20 mm compr., 6-8 mm larg., ovoide, largo-ovoide a globosa; brácteas
castanhas a castanho-escuras, superfície transverso-rugulosa, mácula ausente ou
inconspícua, carenadas, especialmente as duas mais externas, ápice cuspidado, margem
lacerado-fimbriada, alva; brácteas estéreis 4, 8-10 mm compr., 5-8 mm larg., ovadas;
brácteas florais 9-10 mm compr., 4-5 mm larg., ovadas. Flores com sépalas laterais
levemente exsertas, livres, 10 mm compr., lanceoladas, subequilaterais, carena larga,
densamente pilosa; pétalas com lobo obovado; estaminódios densamente pilosos;
estames 3 mm compr., antera sagitada; estilete 8 mm compr., ramos 4 mm compr.,
estigma expandido. Placentação central-livre. Cápsula oblonga; sementes elipsoides,
castanho-avermelhadas, estriadas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Augusto de Lima, Serra do
Cabral, 17°56’59.6”S, 44°15’31.8”W, 31-III-2011, J.S. Guedes 59 (SP) fl., fr.; Joaquim
Felício, Morro do Jucão, 07-VII-1985, R. Kral 72656 (SP) fl., fr.
59
Distribuição: Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais). Frequente nos campos
rupestres da Cadeia do Espinhaço. (Figura 12. B).
Fenologia: Coletada com flores e frutos entre março e julho.
Comentário: Xyris longiscapa é facilmente identificada por apresentar lígula e
espigas, em geral, robustas, ovoides, largamente ovoides a globosas; as brácteas
mostram-se com margem lacerado-fimbriada, fortemente carenadas em toda a sua
extensão, as sépalas apresentam tricomas lanuginosos em toda a carena.
Wanderley (2011) aponta Xyris longiscapa como uma espécie de difícil
delimitação para o gênero; devido à grande plasticidade morfológica, forma um
complexo de espécies juntamente com X. celiae L.B. Sm. & Downs, X. itatyaiensis
(Malme) Wand. & Sajo, X. obtusiuscula A.L. Nilsson, X. diamantinae Malme e X.
trachyphylla Mart. O levantamento realizado para a Serra do Cabral aponta a ocorrência
das duas últimas espécies deste complexo para a área de estudo, porém no material
examinado é possível estabelecer limites entre elas.
Ilustração em Wanderley 2011.
60
2.13. Xyris macrocephala Vahl., Enum. Pl. 2: 204. 1805. Tipo: BRASIL. Sem
localidade exata, Martius s.n. (M holótipo).
Figura 9. A-D; 22. B.
Ervas anuais, cespitosas a isoladas, base da planta estreita. Raízes espessas.
Folhas dísticas, 15-60 cm compr.; bainha alargada na base, castanho-escura, brilhante,
levemente carenada, carena glabra, superfície estriada a transverso-rugulosa, margem
membranácea, glabra; lígula ausente; lâmina 10-30 cm compr., 4-7 mm larg., achatada,
superfície estriada, ápice agudo, algumas vezes assimétrico, margem glabra. Espata
conduplicada, carenada, carena glabra, lâmina ausente. Pedúnculo 90-120 cm compr.,
cilíndrico, costelas ausentes ou 1-2 costelado, superfície lisa. Espiga multiflora (20-40
flores), 20-30 mm compr., 10–15 mm larg., ovoide a cilíndrica; brácteas castanho-
escuras, superfície lisa, mácula ampla, verde ou acinzentada, carena ausente, ápice
arredondado, margem inteira, delicada; brácteas estéreis 8-10, 4-8 mm compr., 3-6 mm
larg., ovadas, carena presente nas duas mais externas; brácteas florais 10 mm compr., 6
mm larg., obovadas, ovadas a orbiculares, castanho-escuras. Flores com sépalas laterais
inclusas, livres, 6 mm compr., oblongas, subequilaterais, carena larga, densamente
ciliada; pétalas com lobo ovado; estaminódios densamente pilosos por todo o ramo;
estames 2,5 mm compr., antera sagitada; estilete 8 mm compr., ramos ca.1 mm compr.,
estigma alargado. Placentação parietal. Cápsula obovoide; sementes elipsoides,
castanho-escuras, estriadas.
61
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Francisco Dumont, 17°51'S,
43°58'W, 21-V-1990, M.M. Arbor 4539 (CTES, SPF, SP) fr.; Serra do Cabral, 14-III-
1997, G. Hatschbach 66223 (MBM) fl., fr.; Lassance, 22-III-1994, C.M. Sakuragui
CFSC 15388 (SPF) fl., fr.; Joaquim Felício, 17°42'50.3"S, 44°14'16.4"W, 30-III-2011,
J.S. Guedes 40 (SP) fl., fr; Parque Estadual da Serra do Cabral, 21-V-1990, M.G.L.
Wanderley 2972 (SP) fl. Serra do Cabral, Morro do SCAI, 17°42'51"S, 44°23'35"W, 12-
XI-2010, N.F.O. Mota 1734 (SP, BHCB) fl.
Distribuição: Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins, Acre,
Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito
Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de
Janeiro), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul). Espécie de ampla
distribuição, ocorrendo em toda a América tropical até a Argentina. Na Serra do Cabral
ocorre principalmente em ambientes brejosos, como veredas, mas também nos solos
arenosos dos campos rupestres. (Figura 12. C).
Fenologia: Floresce e frutifica entre os meses de março a dezembro.
Comentários: Xyris macrocephala apresenta indivíduos de grande porte, com
cerca de 1 m compr., possui espiga multiflora caracterizada pela presença de mácula
conspícua. Muito semelhante a X. jupicai Rich., que segundo as expedições realizadas e
o levantamento dos herbários, não ocorre na área de estudo. Para comentário de
afinidade morfológica ver X. fallax.
62
Figura 9: A-D. Xyris macrocephala A. Hábito; B. Espiga; C. Flor completa; D. Placentação
basal; E-G. Xyris savanensis E. Habito; F. Espiga; G. Pétala portando estame e estaminódio
glabro. (X. macrocephala Hassler 8883; X. savanensis: M. Bernardi 18601).
63
2.14. Xyris metallica Klotzsch ex Seub. Fl. Bras. 3(1): 213. Tipo: BRASIL. Sul do
Brasil, sem indicação de localidade, Sellow 5862 s.n. (B holótipo).
Figura 10. A-G.
Ervas perenes, cespitosas, base da planta bulbiforme. Raízes filiformes. Folhas
polísticas, 12-30 cm compr.; bainha alargada apenas na base, castanha a dourada,
brilhante, não carenada, superfície costelada e transverso-rugulosa, margem
membranácea, glabra; lígula ausente; lâmina 6,5-18 cm compr., 1-2 mm larg., achatada,
superfície transverso-rugulosa, ápice agudo, assimétrico, margem escabro-ciliada.
Espata conduplicada, carenada, carena escabra, lâmina ca. 2 cm compr. Pedúnculo 90-
140 cm compr., trígono, 1-2-costelado, costela escabro-ciliada, superfície estriada,
pontuada, pontuações brilhantes. Espiga multiflora (15 flores), 5-13 mm compr., 5-10
mm larg.; globosa a largo-ovoide; brácteas castanhas, superfície lisa, mácula ausente,
carena presente nas basais, margem hialina estreita e lacerada; brácteas estéreis ca. 10,
3,5-6mm compr., 2-4 mm larg., obovadas a oblongas, ápice agudo a arredondado;
brácteas florais 7 mm compr., 4-3 mm larg., elípticas a oblongas, ápice arredondado.
Flores com sépalas laterais inclusas, livres, 7 mm compr., oblongo-espatuladas,
inequilaterais, carena ciliada; pétalas com lobo ovado; estaminódios pilosos, estames
2,5 mm compr., antera sagitada; estilete 5 mm compr., ramos ca. 3 mm compr.; estigma
expandido. Placentação basal. Cápsula ovoide; sementes ovoides, castanho-escuras,
estriadas.
64
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS, Joaquim Felício, Armazém de
laje, 07-VII-1985, R. Kral 72678 (SP) fl.; Parque Estadual da Serra do Cabral, 30-III-
2011, J.S. Guedes 61 (SP) fr.
Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Belo Horizonte, Lago
Seca, 27-IX-1934 Mello-Barreto 4360 (US) fl. fr.
Distribuição: Centro-Oeste (Goiás), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo) e Sul.
Ocorre nos campos rupestres (Figura 12 D).
Fenologia: Coletadas com flores e frutos nos meses março e julho.
Comentário: Espécie caracterizada por apresentar bainha, lâmina e pedúnculo
castanho a dourado e superfície estriada com pontuações brilhantes. A espiga em geral é
globosa com brácteas sem mácula e margem estreita, hialina e lacerada. Espécie por
muitas vezes confundida com X. tortula Mart., devido a grande semelhanças
compartilhadas pelas espigas destas espécie. Podem ser separadas por diversas
características vegetativas, como a presença de folhas e pedúnculo filiformes e sinuosos
em X. tortula.
65
Figura 10: A-G. Xyris metallica A. Hábito; B. Espiga; C. Bráctea estéril; D. Bráctea floral; E.
Sépala lateral; f. Fruto aberto mostrando placentação basal; G. Semente. (R. Kral 72678).
66
2.15. Xyris minarum Seub., Fl. Bras. 3(1): 125. 1855. Tipo: BRASIL MINAS GERAIS:
sem localidade exata, A. Glaziou 19953 (K holótipo).
Figuras 11. A-H; 22. C.
Ervas perenes, cespitosas, base da planta sub-bulbiforme. Raízes delicadas. Folhas
espiraladas, 3,5-15 cm compr.; bainha alargada, castanha ficando negra para a base,
brilhante, carena ausente, estriada, margem membranácea, ciliada a glabrescente na
base; lígula ausente; lâmina 3,5-13 cm compr., 0,5-2,0 mm larg., filiforme, subcilíndrica
a achatada, superfície estriada, ápice atenuado, levemente assimétrico, margem escabro-
ciliada. Espata conduplicada, carenada, carena glabra, lâmina 0,5-1 cm compr.
Pedúnculo 13-33 cm compr., filiforme, irregularmente 1-costelado, costela escabro-
ciliada, superfície estriada. Espiga pauci a multiflora (6-15(-20) flores), 7-11 mm
compr., 4-7 mm larg., globosa a ovoide; brácteas castanhas a castanho-escuras,
superfície transverso-rugulosa, mácula ampla esverdeada, passando a castanha,
ocupando quase toda extensão da bráctea, carenadas, ápice agudo a acuminado, margem
avermelhada, membranácea, lacerado-fimbriada; brácteas estéreis 4, 5-10 mm compr.,
1-2,5 mm larg., as duas basais triangular-lanceoladas e com carena excurrente,
subigualando ou até superando a espiga, as demais oval-lanceoladas; brácteas florais 5
mm compr., 2,5 mm larg., oval-lanceoladas. Flores com sépalas laterais inclusas, livres,
5 mm compr., oblongo-lanceoladas, inequilaterais, carena ciliada; pétalas com lobo
ovado; estaminódios pilosos por todo o ramo, 2 mm compr.; antera sagitada; estilete 7
mm compr., ramos 3 mm compr., estigma expandido. Placentação basal. Cápsula
oblonga; sementes elipsoides, castanho-avermelhadas, estriadas.
67
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Augusto de Lima, Serra do
Cabral, Cuba, 17°57'51.05.5"S, 44°15'33.2."W, 31-III-2011, M.G.L. Wanderley 2991
(SP) fl.; 31-III-2011, M.G.L. Wanderley 2993 (SP) fl; 31-III-2011, M.G.L. Wanderley
3000 (SP) fl.; Buenópolis, região do Tanque, 03-08-2006, L. Pangaio 796 (SP; HRJ) fl.;
Corinto, Serra do Cabral, 13-V-1977, P.E. Gibbs 5007 (UEC) fr.; Francisco Dunont,
18°00'40"S, 44°19'41"W, 20-III-1994, C.M. Sakuragui CFSC 15265 (SPF) fl.; Serra do
Cabral, 17°35"S, 44°58"W, 24-V-1982, H.P. Bautista 652 (MBM) fr.; Lassance, Serra
do Cabral, Morro do SCAI, 17°42'51"S, 44°23'35"W, 12-XI-2010, N.F.O. Mota 1738
(SP, BHCB) fr.; Joaquim Felício, Serra do Cabral, Bocaina, 05-VII-1985, R. Kral 72593
(SP) fr.; 05-VII-1985, M.G.L. Wanderley 769 (SP) fl., fr.; 05-VII-1985, M.G.L.
Wanderley 789 (SP) fl., fr.; Morro do Onça, 06-VII-1985, M.G.L. Wanderley 791 (SP)
fl.; 06-VII-1985, M.G.L. Wanderley 792 (SP) fl.06-VII-1985, M.G.L. Wanderley 799
(SP) fl., fr.; 06-VII-1985, R. Kral 72652 (SP, SPF) fl., fr.; Fazenda da Onça, 01-09-
1985;. D.C. Zappi CFSC 8120 (SP, SPF) fl., fr.; Serra do Cabral, 17°42'28.1"S,
44°11'32.4"W, 21. VI.2010; J.S. Guedes 29, (SP) fl.; Serra do Cabral, 17°41'50.6"S,
44°17'42.5"W, 22. VI.2010; J.S. Guedes 33 (SP) fl.; Serra do Cabral, 17°41'51.1"S,
44°16'07.1"W, 30. III.2011; J.S. Guedes 47 (SP) fl.
Distribuição: Sudeste (Minas Gerais). Espécie endêmica do estado de Minas
Gerais, sendo um componente típico dos campos rupestres mineiros, com alguns
representantes atingindo as imediações da caatinga. (Figura 12. E)
Fenologia: coletada com flores e fruto entre março e setembro.
Comentários: Facilmente reconhecida por apresentar espiga em geral globosa,
brácteas com margem vermelha e densamente lacerado-fimbriado, além de apresentar
mácula, que nas brácteas basais são excurrentes, atingindo ou ultrapassando o tamanho
68
da espiga. X. minarum apresenta heterofilia, com alguns indivíduos apresentando lâmina
foliar achatadas e outros, lâminas filiformes ou subcilíndricas.
69
Figura 11: A-H. Xyris minarum A. Hábito; B. Detalhe da base; C. Espiga; D. Detalhe da
espiga; E. Bráctea estéril; F. Sépala lateral; G. Bráctea floral; H. Fruto e sementes. (J.S.
Guedes 33).
70
2.16. Xyris nubigena Kunth, Enum. Pl. (Kunth) 4: 3. 1843. Tipo: BRASIL. MINAS
GERAIS, Serra de Santo Antonio, Sellow s.n. (holótipo B).
Ervas perenes, cespitosas, base da planta sub-bulbiforme a estreita. Raízes
delicadas. Folhas subdísticas, 8-20 cm compr.; bainha alargada na base, castanhas
passando a negra na base, brilhante, levemente carenada, carena glabra, margem
membranácea, densamente ciliada na base, tricomas longos, lígula ausente; lâmina 6-12
cm compr., 1-2mm larg., achatada, superfície estriada, pontuada, ápice acuminado,
assimétrico, ciliada. Espata conduplicada, carenada, carena ciliada, lâmina 0,5 cm
compr. Pedúnculo 15-60 cm compr., cilíndrico, 2 costelado, costela ciliada, superfície
pontuada. Espiga pauci a multiflora (8 a 40 flores), 6-11 mm compr., 3-5 mm larg.,
ovoide, elíptica, oblonga; brácteas castanhas, superfície estriada, esparsamente rugulosa,
mácula apical inconspícua, avermelhada, ápice arredondado, margem inteira a
levemente lacerada; brácteas estéreis 4, 3-5 mm compr., 2-3 mm larg., elípticas a
obovoides, carenadas; brácteas florais 5-6 mm compr., 3-4 mm larg., oblongas a largo-
ovoides. Flores com sépalas laterais inclusas, livres, 5-6 mm compr., lanceoladas,
equilaterais, carenadas, carena levemente serrilhada; pétalas com lobo largo-ovoide;
estaminódio densamente piloso; estame ca. 3mm compr., antera sagitadas; estilete 6 mm
compr., ramos 3 mm compr., estigma expandido. Placentação basal. Cápsula oblonga;
sementes elípticas, castanho-avermelhadas, estriadas.
Material examinado: Brasil. Minas Gerais: Buenópolis, Serra do Cabral, região da
Lapa Pintada, 26-IV-2007, L. Pangaio, 676 (SP, HRJ); 23-V-2007, L. Pangaio, 965
(SP, HRJ); Joaquim Felício, Serra do Cabral, Bocaina, 05-VII-1985, R. Kral 72568 (SP,
SPF) fl., fr.; R. Kral 72592 (SP, SPF) fl., fr.; Serra do Cabral, Morro Onça, 06-VII-
71
1985, R. Kral 72657 (SP, SPF) fr.; Serra do Cabral, Morro do Jucão, 07-VII-1985, R.
Kral 72657 (SP, SPF) fl., fr; Serra do Cabral , 17°42’29’’S, 44°11'31’’W, 16-V-1999,
V. Souza 22465 (ESA) fl.,fr.; Serra do Cabral, próximo a igrejinha, 17°42’15’’S,
44°18'3’’W, 10-VII-2007, F. Marino 302 (BHCB) fr.; Serra do Cabral, 17°41’50.2’’S,
44°17'31.9’’W, 22-VI-2010, J.S. Guedes 34 (SP) fl.; Serra do Cabral, 17°41’51.6’’S,
44°16'07.1’’W, 30-III-2011, J.S. Guedes 50 (SP) fl.; Serra do Cabral, próximo a
igrejinha, 17°41’54’’S, 44°15'50’’W, 12-XI-2010, N.F.O. Mota 1730 (BHCB) fr.; Serra
do Cabral, estrada subida pelo morro do SCAI, 17°42’11.’’S, 44°18'52’’W, 13-XI-2010,
N.F.O. Mota 1751 (BHCB) fr.
Distribuição: Sudeste (Minas Gerais). Frequentemente citada nos levantamentos
florísticos dos campos rupestre deste estado. Na Serra do Cabral formam grandes
populações, onde vivem simpatricamente com X. pterygoblephara Steud., espécies
morfologicamente relacionadas (Figura 12. F).
Fenologia: Encontra com flores e frutos de março a novembro
Comentários: A identidade de Xyris nubigena vem sendo ao longo dos anos pouco
conhecida, tanto pelo material tipo ser pouco representativo, como por trata-se de uma
espécie com amplo gradiente morfológico. A espécie apresenta algumas vezes espigas
paucifloras com 8 flores, muito pequenas e ovoides, contrapondo a espigas multifloras
atingindo até 40 flores, robustas, variando de elípticas a oblongas. As brácteas podem
apresentar de uma pequena mácula apical no dorso das brácteas pode ser um tanto
inconspícua em alguns indivíduos.
Ilustrada em Wanderley 2011.
72
Figura 12: Mapa de distribuição das espécies de Xyris na Serra do Cabral. A. X. insignis; B. X.
longiscapa; C. X. macrocephala; D. X. metallica; E. X. minarum; F. X. nubigena.
73
2.17. Xyris obcordata Kral & Wand., Ann. Missouri Bot. Gard. 75(1): 361. 1988. Tipo:
BRASIL. MINAS GERAIS, Diamantina, H.S. Irwin 27763 (UB holótipo).
Ervas perenes, cespitosas, base da planta estreita. Raízes filiformes. Folhas
dísticas a subísticas, 7-18 cm compr.; bainha estreita, castanho-clara a paleácea,
brilhante, carenada, carena glabra, superfície estriada, margem membranácea; lígula
ausente; lâmina 4-14 cm compr., 1-1,5 mm larg., achatada, superfície estriada a
rugulosa, ápice atenuado, levemente assimétrico, margem ciliada. Espata conduplicada,
carenada, carena ciliada, lâmina 0,5 cm compr. Pedúnculo 14-39 cm compr., cilíndrico,
costela ausente ou 1-2-costelado, costelas ciliadas a glabrescentes, superfície estriada.
Espiga pauci a multiflora (6-20 flores), 5-10 mm compr., 4-6 mm larg., ovoide, largo-
ovoide a subglobosa; brácteas castanho-claras, superfície lisa, mácula ampla,
esverdeada a castanha, carena ausente, ápice arredondado, ou raramente emarginado,
margem membranácea, lacerada, algumas vezes avermelhada no ápice; brácteas estéreis
4, 3-4 mm compr., 3-4 mm larg., oblongas a orbiculares; brácteas florais 5-6 mm
compr., 2-3 mm larg., oblongas a estreito-oblongas. Flores com sépalas laterais inclusas,
livres, ca. 6 mm compr., oblongo-espatuladas, subequilaterais, carena inteira, glabra;
pétalas com lobo oblongo; estaminódios pilosos; estames 2 mm compr., antera sagitada;
estilete 7 mm compr, ramos 2 mm compr. Placentação suprabasal. Cápsula oblonga;
sementes elípticas, castanho-avermelhadas, levemente estriadas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Francisco Dumont, Serra do
Cabral, 21-XI-1984, R.M. Harley CFCR 6275 (SP, SPF) fl.
Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Datas, margem da
estrada Datas Gouveia, 25-III-1984, T. Cerati CFCR 4266 (SP, SPF) fl., fr.
74
Distribuição: Sudeste (Minas Gerais). Na Serra do Cabral é encontrada nos
campos rupestres. (Figura 13. A).
Fenologia: Encontrada com flor e fruto em março e abril.
Comentário: Espécie caracterizada por apresentar espiga com brácteas castanho-
claras, lisas, margem avermelhada e ápice emarginado, exibe ainda mácula elíptica, em
geral esverdeada e placentação do tipo suprabasal.
Ilustração em Kral & Wanderley1988.
2.18. Xyris peregrina Malme, Ark. Bot. 25(12): 9. 1933. Tipo: BRASIL. MINAS
GERAIS, Diamantina, Serra do Rio Grande, Mexia 5735 (holótipo S, isótipo US!).
Figura 22. D-E.
Ervas perenes, cespitosas a isoladas, base alargada. Raízes fibrosas. Folhas
dísticas a subdísticas, 10-30 cm compr.; bainha alargada na base, castanho-escura a
paleácea, opaca, carenada, carena glabra, superfície estriada, raro estriado-rugosa,
margem membranácea, glabra; lígula ausente; lâmina 7-18 cm compr., 3-5 mm larg.,
achatada, superfície estriada, pontuada, ápice uncinado a atenuado, assimétrico, margem
curto-ciliada. Espata conduplicada, carenada, carena curto-ciliada, lâmina ca. 0,5 mm
compr. Pedúnculo 48-80 cm compr., subcilíndrico, 2-costelado, costelas ciliadas,
superfície estriada. Espiga multiflora, (20-30 flores), 10-15 mm compr., 5-10 mm larg.,
elipsoide, ovoide a largo-ovoide; brácteas castanho-claras, lisas, mácula ausente, carena
presente apenas nas brácteas basais, margem lacerada, ápice truncado, emarginado;
brácteas estéreis 4, 5-8 mm compr., 3-4 mm larg., ovadas; brácteas florais 10 mm
75
compr., 5 mm larg., largamente ovadas a oblongas. Flores com sépalas laterais inclusas,
livres, ca. 10 mm compr., oblongas, subequilaterais, carena larga, ciliado-fimbriada;
pétalas com lobo ovado; estaminódios densamente pilosos; estames 4 mm compr.,
antera oblonga; estilete 11 mm compr., ramos. 3 mm compr., estigma pouco alargado.
Placentação basal. Cápsula largo-ovoide; sementes elipsoides, castanho-avermelhadas,
estriadas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS; Augusto de Lima, Cuba,
17°56'59.6”S, 44°15'31.8”W, 31-III-2011, J.S. Guedes 55 (SP) fl.; 17°42'12.7”S,
44°17'14.47”W, 31-III-2011, M.G.L. Wanderley 2985 (SP) fl.; 17°57'05.5”S,
44°15'33.2”W, 31-III-2011, M.G.L. Wanderley 2995 (SP) fl.; Joaquim Felício, Bocaina,
05-VII-1985, R. Kral 72571 (SP, SPF) fl.; R. Kral 72584 (SP, SPF) fl, fr.; Serra do
Cabral, Armazém de Laje, 07-VII-1985, R. Kral 72674 (SP, SPF) fr.; R. Kral 72676
(SP, SPF) fr.; Francisco Dumont, Morro do SCAI, 17°41'39”S, 44°17'30”W, 13-XI-
2010, N.F.O. Mota 1742 (SP, BHCB) fr.
Distribuição: Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais). Espécie frequente nos
campos rupestres da Cadeia do Espinhaço (Figura 13. B).
Fenologia: Floresce e frutifica entre os meses de março e novembro.
Comentários: Xyris peregrina é caracterizada por apresentar espigas multifloras
com brácteas castanho-claras e submembranáceas sendo as duas mais externas
distintamente menores e fortemente carenadas. X. peregrina foi considerada por Smith
& Downs (1968) como sinônimo de X. pterygoblephara Steud. Entretanto Wanderley
(2011) restabeleceu a espécie, considerando uma série de características como a forma
76
da base da planta, tamanho da espiga, morfologia do pedúnculo e da semente
confirmando que são espécies distintas.
Com a análise das coleções dos herbários, foi possível observar que os espécimes
da Serra do Cabral apresentam variações na coloração da base e no formato da sépala;
em alguns materiais, como o R. Kral 72584, a base é castanho-clara a paleácea e as
sépalas laterais estreitas semelhante ao material-tipo, outros materiais, como Mota 1742,
apresenta indivíduos de base castanho-avermelhada e sépalas laterais largas e curvas,
evidenciando a variação morfológica da espécie.
Ilustração em Wanderley 2011.
2.19. Xyris pirapamae Wand. & J. Guedes, Bol. Bot. Univ. São Paulo 29(1): 129, 2011.
Tipo: BRASIL. MINAS GERAIS, Santana do Pirapama, Serra do Cipó, D.C. Zappi
2160 (SPF holótipo; SP! isótipo!).
Ervas perenes, cespitosas, base da planta estreita. Raízes delicadas. Folhas dísticas
a subdísticas, 7-18 cm compr.; bainha estreita, castanho-clara, brilhante, carenada,
carena ciliada, superfície estriada, margem membranácea, ciliada; lígula ausente; lâmina
5-14 cm compr., 1-1,5 mm larg., achatada, superfície estriada, ápice agudo, levemente
assimétrico, margem ciliada. Espata conduplicada, carenada, carena ciliada, lâmina ca. 1
cm compr. Pedúnculo 12-31 cm compr., cilíndrico, 1-2-costado, costas ciliadas,
superfície estriada. Espiga pauciflora, (ca. 10 flores), 5-9 mm compr., 3-4 mm larg.,
ovoide a obovoide; brácteas castanhas, superfície estriada, mácula estreita, apical,
avermelhada, carenadas, margem avermelhada, levemente membranácea, lacerada,
77
ápice arredondado; brácteas estéreis 4, 2-4 mm compr., 2-2,5 mm larg., ovadas a
orbiculares; brácteas florais 4-5 mm compr., 2-2,5 mm larg., oblongas. Flores com
sépalas laterais exsertas, livres, 6 mm compr., lanceoladas, inequilaterais, carenadas,
carena minutamente ciliada; pétalas com lobo elíptico; estaminódios pilosos; estames
ca. 2 mm compr., antera oblonga; estilete 6 mm compr., ramos 2 mm compr., estigma
estreito. Placentação suprabasal. Cápsula oblonga; sementes ovoides, castanho-claras,
estriadas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Francisco Dumont, Serra do
Cabral, 18-I-1996, G. Hatschbach.64345 (MBM) fl.; 17°41'56”S, 44°17'31”W, 11-I-
1998, R.C. Forzza, 589 (SP, SPF) fl., fr.
Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Santana do Pirapama,
Serra do Cipó, 19°00'22”S, 43°45' 21”W, 15-III- 2009, D.C. Zappi 2160 (SPF holótipo,
SP isótipo) fl.
Distribuição: Sudeste (Minas Gerais). Espécie conhecida apenas pela localidade
do tipo em Santana do Pirapama na Serra do Cipó, sendo aqui ampliada a ocorrência
deste táxon. (Figura 13. C).
Fenologia: floresce e frutifica de janeiro a março.
Comentário: caracteriza-se pelas folhas castanho-avermelhadas, com pontuações e
lâmina cilíndrica a subcilíndrica e brilhante. As brácteas têm margem distinta,
avermelhada e fortemente lacerada, a placentação e do tipo suprabasal.
Ilustração em Wanderley 2011.
78
79
2.20. Xyris platystachya A.L. Nilsson ex Malme, Bih. Kongl. Svenksa Vetensk.-Akad.
Handl. 24(3): 17. 1898. Tipo: BRASIL. MINAS GERAIS, Serra do Cipó, Glaziou
119948 (P holótipo; B isótipo).
Ervas perenes, isoladas, base da planta estreita. Raízes espessas. Folhas dísticas,
20-45cm compr.; bainha estreita, pouco alargada na base, castanha a castanho-escura,
opaca, carenada, carena escabra, superfície tranverso-rugulosa, margem membranácea,
ciliada na base; lígula ausente; lâmina 13-35 cm compr., 2-4 mm larg., achatada,
superfície estriada, ápice atenuado, assimétrico, margem glabra. Espata conduplicada,
carenada, carena rugulosa, lâmina ca. 0,5 cm compr. Pedúnculo ca. 100 cm compr.,
cilíndrico, costela ausente, superfície estriada. Espiga multiflora (ca. 60 flores), 10-16
mm compr., 9-15 mm larg.; globosa a largo-ovoide; brácteas castanhas a castanho-
escuras, superfície transverso-rugulosa, mácula ampla, esverdeada, carena ausente,
margem lacerado-fimbriado, ápice arredondado; brácteas estéreis ca. 18, 5-7mm compr.,
4-5 mm larg., brácteas florais 8 mm compr., 3-5 mm larg., obovadas a oblongas. Flores
com sépalas laterais exsertas, livres, 8 mm compr., espatuladas, inequilaterais, carena
curtamente ciliada; pétalas com lobo obovado; estaminódios pilosos, estames 4 mm
compr., antera sagitada; estilete 9 mm compr., ramos ca. 4 mm compr., estigma estreito.
Placentação basal. Cápsula ovoide a globosa; sementes elipsoides, castanho-claras,
reticuladas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Buenópolis, 27-VII-1976, P.
Daves 2302 (UEC) fl., fr.
80
Distribuição: Sudeste (Minas Gerais). Endêmica dos campos rupestres mineiros
(Figura 13. D).
Fenologia: Floresce e frutifica entre os meses de maio e setembro.
Comentário: Xyris platystachya é caracterizada por apresentarem plantas de
grande porte, em média 1 m compr., pela forma de suas espigas em geral globosa e
multiflora com cerca de 60 flores e por apresentar numerosas brácteas estéreis. No
material examinado, foi possível observar a presença de mácula estreito-elíptica na área
dorsal das brácteas florais. Espécie utilizada como "sempre-viva", sendo uma das mais
comercializada em Diamantina, Minas Gerais, conhecida popularmente como "cabeça-
de-negro" (Giuletti et al. 1996).
Ilustração em Wanderley 2011.
81
2.21. Xyris pterygoblephara Steud., Syn. Pl. Glumac. 2(10): 285. 1855. Tipo: BRASIL.
Sul do país, sem indicação segura, Sellow s.n. (holótipo B).
Ervas perenes, cespitosas a isolada, base da planta estreita a alargada. Raízes
delicadas a espessas. Folhas dísticas, 3-30 cm compr.; bainha estreita, distintamente
alargada na base, castanha a paleácea, carenada, carena ciliada, superfície estriada,
margem membranácea, inconspicuamente ciliada na base; lígula ausente; lâmina 3-18
cm compr., 2-5 mm larg., achatada, superfície estriada, pontuada, ápice agudo, obtuso a
uncinado, simétrico ou assimétrico, margem ciliada. Espata conduplicada ou não
conduplicada, carenada, carena ciliada, lâmina 0,3 cm compr. Pedúnculo 18-70 cm
compr., cilíndrico, subcilíndrico, comprimido para o ápice, 1-2-costelado, costela
ciliada, superfície estriada, pontuada. Espiga multiflora (12-20 flores), 5-15 mm compr.,
4-10 mm larg., ovoide a globosa; brácteas castanhas a castanho-claras, superfície
rugulosa a transverso-rugulosa, mácula ausente ou, quando presente, ampla, esverdeada,
carena ausente a levemente carenada, margem lacerada, ápice agudo a arredondado,
algumas vezes emarginado; brácteas estéreis 4, 3-6 mm compr., 3-6 mm larg., ovadas, a
suborbiculares; brácteas florais 6-7,5 mm compr., 2-5,5 mm larg., oblongas, globosas,
ovoides a largo-ovoides. Flores com sépalas laterais inclusas, livres, 6 mm compr.,
oblongo-lanceoladas, inequilaterais, carenadas, carena ciliado-fimbriada; pétalas com
lobo ovado; estaminódios densamente pilosos; estames 3 mm compr., antera sagitada;
estilete 7,5 mm compr., ramos 2,5 mm compr., estigma estreito. Placentação basal.
Cápsula elipsoide a obovoide; sementes ovoides, castanho-escuras a castanho-
avermelhadas, estriadas.
82
CHAVE PARA AS VARIEDADES DE X. PTERYGOBLEPHARA
1. Bainha foliar estreita e glabra na base; pedúnculo cilíndrico, não
comprimido; brácteas sem mácula ................................... 2.21.1. var. pterygoblephara
1'. Bainha foliar distintamente alargada e inconspicuamente ciliada na base;
pedúnculo subcilíndrico, comprimido para o ápice; brácteas com mácula 2.21.2. var. vernicosa
2.21.1. Xyris pterygoblephara Steud. var. pterygoblephara
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Joaquim Felício, Serra do
Cabral, Armazém de Laje, 7-VII-1985, R. Kral 72679 (SP) fr.
Material adicional examinado: Santana do Riacho, Serra do Cipó, rodovia Belo
Horizonte-Conceição do Mato Dentro, km 127, 21-III.1983, M.G.L. Wanderley CFSC
9319 (SP, SPF) fl., fr.
Distribuição: Sudeste (Minas Gerais). Espécie com registros apenas para os
campos rupestres de Minas Gerais. (Figura 13. E).
Fenologia: floresce e frutifica nos meses de março a julho.
Comentários: Esta variedade é caracterizada por apresentar base da planta estreita
e mais delicada em relação à outra variedade, além de espiga com menor numero de
flores, cerca de 10, com brácteas castanho-claras, algumas vezes com o ápice
emarginado, não apresentando mácula.
83
2.21.2. Xyris pterigoblephara var. vernicosa Kral & Wand., Kew Bull. 48(3): 583
(1993). Tipo: BRASIL. BAHIA, Brumadinho, Wanderley 1551 (holótipo SP!).
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Buenópolis, Cuba, Lapa da
Dança 17°55'29”S, 44°14'23”W, 11-IX-2007, L. Pangaio 1152 (SP; HRJ) fl.; 11-IX-
2007, L. Pangaio 1153 (SP; HRJ) fl.; Francisco Dumont, Lapa Pintada, 17°53'S,
44°15'W, 13-X-1988, H. M. Harley 24968 (SPF) fl.; Joaquim Felício, Serra do Cabral,
Fazenda da Onça, 01-IX-1985, R. Mello-Silva 8129 (SP, SPF) fl.; Armazém de Laje,
07-VII-1985, R. Kral 75414 (SP, SPF) fl., fr.; Morro do Jucão, 31-X-1988, R. Kral
75414 (SP) fr.
Distribuição: Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais). Esta variedade foi
referida inicialmente para a Bahia, posteriormente foram descobertas outras duas
localidades, uma no Parque Estadual de Rio Preto e a outra na Serra do Cabral, ambas
em Minas Gerais. (Figura 13. F).
Fenologia: Floresce e frutifica de setembro a novembro.
Comentários: Xyris pterigoblephara var. pterygoblephara é caracterizada pela
base da planta alargada, com raízes em geral espessas, bainha distintamente alargada e
inconspicuamente ciliada na base. Nos materiais analisados para a Serra do Cabral, foi
observada a presença de espata conduplicada, diferindo de X. pterigoblephara var.
pterygoblephara cuja espata não é conduplicada. O pedúnculo apresenta-se
subcilíndrico e constantemente comprimido no ápice. A espiga é multiflora com cerca
de 20 flores; a característica mais marcante nesta variedade é a presença de a mácula
nas brácteas.
84
Figura 13: Mapa de distribuição das espécies de Xyris na Serra do Cabral. A. X. obcordata; B.
X. peregrina; C. X. pirapamae; D. X. platystachya; E. X. pterygoblephara var.
pterygoblephara; F. X. pterygoblephara var. vernicosa.
85
2.22. Xyris roraimae Malme, Notizbl. Bot. Gart. Berlin-Dahlem 6: 117. 1914. Tipo:
BRASIL. RIO BRANCO, Pico Roraima, Ule 8546 (lectótipo B, isolectotipo US!).
Figuras 14. A-E; 22. F.
Ervas perenes, cespitosas, base da planta pouco alargada. Raízes filiformes.
Folhas dísticas, 17-32 cm compr.; bainha alargada na base, castanho-escura, opaca,
carenada, carena glabra às vezes escabra, superfície transverso-rugulosa, margem
membranáceas, com presença de tricomas longos e finos apenas na base; lígula
presente; lâmina 9-17 cm compr., 4-5 mm larg., achatada, superfície transverso-
rugulosa, ápice agudo a atenuado, assimétrico, margem ciliada. Espata conduplicada,
carenada, carena ciliada, lâmina ca. 1 cm compr. Pedúnculo 60-80 cm compr.,
cilíndrico, 2-costelado, costelas ciliadas, superfície tranverso-rugulosa. Espiga
multiflora (ca. 30 flores), 9-17 mm compr., 5-8 mm larg., ovoide a cilíndrica; brácteas
castanho-claras, superfície estriada, com nervuras, mácula ausente, carena ausente,
margem membranácea, lacerada e avermelhada para o ápice; brácteas estéreis 10, 4-6
mm compr., 3-5 mm larg., obovadas, ápice arredondado; brácteas florais 5-6 mm
compr., 5,5 mm larg., obovadas, ápice truncado. Flores com sépalas laterais levemente
exsertas, livres, 5-6 mm compr., espatuladas, curvas, inequilaterais, carena larga e
ciliado-fimbriado, tricomas avermelhados; pétalas com lobo obovado, estaminódios
pilosos; estames 3 mm compr., antera oblonga, estilete 9 mm compr., ramos 4,5 mm
compr., estigma expandido. Placentação basal. Cápsula obovoide; sementes oblongas,
castanhas, estriadas.
86
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Joaquim Felício, Serra do Cabral,
Morro do Onça, 06-VII-1985, M.G.L. Wanderley 800 (SP) fl.; Morro do Onça, 06-VII-1985, R.
Kral72628 (SP) fl.; Morro do Jucão 06-VII-1985, R. Kral 72628 (SP) fr. Morro do Jucão, 06-
VII-1985, R. Kral 72628 (SP) fl.; Morro do Jucão 07-VII-1985, R. Kral 72659 (SP) fr.
Distribuição: Nordeste (Bahia), Centro-Oeste (Goiás, Distrito Federal), Sudeste
(Minas Gerais). Espécie não endêmica da flora brasileira, ocorrendo na Venezuela.
(Figura 17. A).
Fenologia: floresce e frutifica entre os meses de março a dezembro.
Comentário: Xyris roraimae é caracteriza por apresentar superfície foliar
fortemente tranverso-rugulosa; o pedúnculo em geral são bicostelados, com costelas
densamente ciliadas, com alguns indivíduos apresentando uma terceira costela em
direção ao ápice, além de sépalas laterais espatuladas, com ápice avermelhado.
Apresenta afinidade morfológica com X. schizachne, por ambas apresentarem brácteas
castanho-avermelhadas com margem lacerada e revoluta. Para a separação destes táxons
pode-se observar a ausência de lígula marginal e a superfície foliar estriada em X.
schizachne.
87
Figura 14: Xyris roraimae. A. Base; B. Detalhe do pedúnculo e da lâmina da espata; C.
Espiga; D. Bráctea floral; E. Sépala anterior; F. Botão floral envolvido pela bráctea anterior;
G. Bráctea estéril. (M.G.L. Wanderley 800).
88
2.23. Xyris savanensis Miq., Linnaea 18: 605. 1844. Tipo: SURINAME. BERLYN,
Focke 1022 (holótipo: U).
Figura 9. E-G; 22. G.
Ervas anuais, cespitosas ou isoladas, base da planta estreita. Raízes delicadas.
Folhas dísticas, 1,5-10 cm compr.; bainha pouco alargada, castanho-avermelhada,
opaca, carenada, carena escabra, superfície transverso-rugulosa, margem membranácea,
glabra; lígula presente; lâmina 7-13(-21) cm compr., 0,5-3 mm larg., achatada,
superfície verrucosa a rugulosa, ápice agudo a obtuso, levemente assimétrico, margem
espessada. Espata conduplicada, carenada, carena verrucosa, lâmina ausente. Pedúnculo
(2-)10-30 cm compr., cilíndrico, 2-costelado, costelas escabras ou papilosas, superfície
estriada. Espiga multiflora (10 a 20 flores), 4-10 mm compr., 3-6 mm larg., globosa a
ovoide; brácteas castanho-escuras, superfície estriada, mácula apical, verde acinzentada,
carena presente apenas nas estéreis, margem inteira, ápice arredondado; brácteas
estéreis 4, 2-3 mm compr., 2,5-3,5 mm larg., orbiculares; brácteas florais 4-6 mm
compr., 3-5 mm larg., obovadas. Flores com sépalas laterais inclusas, livres, 4 mm
compr., elípticas a espatuladas, inequilaterais, carena larga, ciliada; pétalas com lobo
obovado; estaminódios glabros; estames 1,5 mm compr., antera oblonga; estilete 4 mm
compr., ramos ca. 1 mm compr.; estigma estreito. Placentação basal. Cápsula obovoide;
sementes, globosas, castanho-escuras, estriada.
89
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS; Augusto de Lima, Cuba, 17°
57'05.5”S, 44°15'33.2”W, 31-III-2011, M.G.L. Wanderley 2989 (SP) fl.; Buenópolis,
região da Lapa Pintada, 17° 54'58”S, 44°15'00.1”W, 23-V-2007, L. Pangaio 965 (SP,
HRJ) fl.; Parque estadual da Serra do Cabral, 17° 54'S, 44°15'W, 29-III-2011, M.G.L.
Wanderley 2970 (SP) fl.; Lassance , Morro do SCAI, 17°42'51”S, 44°23'35”W, 12-XI-
2010, N.F.O. Mota 1733 (SP, BHCB) fr.; Joaquim Felício, Bocaina, 05-VII-1985,
M.G.L. Wanderley 784 (SP) fr.; Morro do Onça, 05-VII-1985, R. Kral 72609 (SP) fr.;
Estrada de terra em direção a Serra do Cabral 17°42'28.1”S, 44°11'32.4”W, 21-VI-2010,
J.S. Guedes 27 (SP) fr.; Estrada de terra em direção a Serra do Cabral 17°41'52.4”S,
44°15'44.5”W, 30-III-2011, J.S. Guedes 46 (SP) fr.
Distribuição: Espécie de ampla distribuição ocorrendo da Venezuela até a
Argentina. No Brasil é encontrada em todos os estados (Figura 17. B).
Fenologia: Encontrada com flores e frutos ao longo de todo o ano.
Comentário: Xyris savanensis é facilmente reconhecida por apresentar ervas de
pequeno porte com aproximadamente 2 cm de comprimento e indivíduos intermediários
atingindo até 30 cm alt.. Esta espécie pode ainda ser distinta de todas as outras espécies
deste gênero por apresentar flores com estaminódios glabros. Na análise dos materiais
foi observado um caráter pouco comum às espécies do gênero, onde as sépalas laterais
são aderidas a bráctea floral vizinha, sendo difícil destacar um conjunto (bráctea e flor)
de outro na espiga.
90
2.24. Xyris schizachne Mart., Flora 24 (2): 56. 1841. Tipo: BRASIL. MINAS
GERAIS: sem localidade exata Ackermann in herb. Mart. (BR holótipo).
Figura 15. A-B.
Ervas perenes, cespitosas, base da planta estreita. Raízes fibrosas. Folhas dísticas,
20-40 cm compr.; bainha alargada na base, castanho-clara, brilhante, levemente
carenada, carena glabrescente, superfície estriada, margem ciliada; lígula ausente;
lâmina 14,5-16,5 cm compr., ca. 3 mm larg., achatada, superfície estriada, ápice
acuminado, margem escabro-ciliada espessada. Espata conduplicada, carenada, carena
escabro-ciliada, lâmina curta ca. 0,5 cm compr. Pedúnculo 65-90 cm compr.,
subcilíndrico, 2-costelado, costelas escabras, superfície estriada. Espiga multiflora (ca.
20 flores), 5-7 mm compr., 4-7 mm larg., subglobosa a globosa; brácteas castanho-
escuras, mácula e carena ausentes, ápice arredondado, margem fortemente lacerada,
retroflexa, membranácea e avermelhada; brácteas estéreis 6, 4, 5-7 mm compr., 3-7 mm
larg. ovadas a orbiculares; brácteas florais semelhantes às brácteas estéreis, 7 mm
compr., 5,5 mm larg. ovadas a orbiculares. Flores com sépalas laterais inclusas, livres, 9
mm compr., lanceoladas, subequilaterais, carena ciliado-fimbriado, tricomas
avermelhados; pétalas com lobo obovado; estaminódios pilosos por todo o ramo.;
estames 2 mm compr., antera oblonga; estilete ca. 10 mm compr., ramos 2 mm compr.;
estigma alargado. Placentação basal. Cápsula obovoide; sementes fusiformes; castanho-
claras, levemente estriadas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Joaquim Felício, Serra do
Cabral, Morro do Jucão, 07-VII-1985, R. Kral 72646 (SP, SPF) fl., fr.; Rio da Onça, 19-
I-1996, G. Hatschbach 64406 (MBM) fl
91
Distribuição: Nordeste (Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso
do Sul), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo), Sul (Paraná, Santa Catarina).
Fenologia: Floresce e frutifica de janeiro a julho.
Comentário: Xyris schizachne é facilmente reconhecida por apresentar pedúnculo
cilíndrico, bicostelado, costela escabra, espiga geralmente globosa, castanho-
avermelhada, com brácteas florais fortemente laceradas, retroflexas. Comentário sobre
afinidade morfológica ver X. roraimae. (Figura 16 C).
92
Figura 15: A-B. Xyris schizachne A. Habito; B. Espiga; C-D. Xyris tenella C. Habito; D.
Espiga; E-F. Xyris tortula E. Habito; F. Espiga. (X. schizachne: A. Schinini 23030; X. tenella:
Hassler 9550; X. tortula: M.C. Ferruncci 1655).
93
2.25. Xyris seubertii L.A. Nilsson, Kongl. Svenska Vetensk. Acad. Handl. 24(14): 51.
1892. Tipo: BRASIL. ACRE: Serra da Roraima, Schomburgk 897 (holótipo B!)
Figura 16. A-I.
Ervas perenes, cespitosas a isoladas, base da planta estreita a alargada. Raízes
delicadas a fibrosas. Folhas dísticas a subdísticas, 6-31 cm compr.; bainha alargada
apenas na base castanho-escura a negras, opaca, algumas vezes brilhante, 2-carenada,
carena escabra a glabra, superfície estriada, margem glabra inconspicuamente curto-
ciliada na base; lígula presente; lâmina 4-19 cm compr., 1-4 mm larg., achatada,
superfície estriada, ápice agudo a atenuado, margem levemente escabra. Espata
conduplicada, 2-carenada, carena escabra, lâmina 1-5 cm compr. Pedúnculo 25-66 cm
compr., cilíndrico, 1-2-costelado a multicostelado, costelas escabra a glabrescente,
superfície, lisa a transverso-rugulosa. Espiga pauciflora a multiflora (6-35 flores), 7-20
mm compr., 4-11 mm larg., obovoide ovoide, globosa a largo-ovoide; brácteas
castanhas, superfície tranverso-rugulosa, mácula ampla, verde-acinzentada, carenadas,
margem levemente lacerada, esparsamente ciliada; brácteas estéreis 4, 5-8 mm compr.,
3-5 mm larg., oblongas a ovadas, ápice agudo a mucronado; brácteas florais 6-7 mm
compr., 2,5-5 mm larg., oblongas, ápice arredondado. Flores com sépalas laterais
exsertas, concrescidas até a metade, 6-8 mm compr., oblongo-lanceoladas,
inequilaterais, carena larga, densamente pilosa; pétalas com lobo ovado a orbicular;
estaminódios pilosos por todo o ramo; estames 3-4 mm compr., antera oblonga; estilete
7 mm compr., ramos 4 mm compr., estigma alargado. Placentação central-livre. Cápsula
oblonga; sementes globosas, castanho-avermelhadas estriadas.
94
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Buenópolis, Cuba, Lapa Pintada, 30-
VII-2007, L. Pangaio 1054 (SP; HRJ) fl.; Joaquim Felício, Serra do Cabral, Bocaína,
05.VII.1985, M.G.L. Wanderley 744 (SP) fl.; 05.VII.1985, R. Kral 72582 (SP) fr.; Morro do
Onça, 06-VII-1985, M.G.L. Wanderley 805 (SP) fl.; 06-VII-1985, M.G.L. Wanderley 793 (SP)
fl.; 06-VII-1985, M.G.L. Wanderley 795 (SP) fl.; 06-VII-1985, M.G.L. Wanderley 799 (SP) fl.;
06.VII.1985, R. Kral 72631 (SP) fr.; 06.VII.1985, R. Kral 72633 (SP) fl.; Armazém de Lajes,
07.VII.1985, R. Kral 72680 (SP) fl.; Morro do Jucão, 07.VII.1985 R. Kral 72654 (SP) fl., fr;
Córrego Imbalaia, 14.III. 1997, G. Hatschbach 66246 (MBM) fr.; Serra do Cabral, 15.V.2001,
G. Hatschbach 72036 (MBM) fr.
Distribuição: Norte (Roraima), Nordeste (Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso,
Goiás, Distrito Federal), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo). Espécie comum nos
campos rupestres da Cadeia do Espinhaço, com representantes no cerrado e na
campinarana. (Figura 17. D).
Fenologia: Floresce e frutifica entre os meses de janeiro a julho.
Comentários: Espécie caracterizada pelas folhas esverdeadas, glaucas a
arroxeadas e negras na base, a base pode ser desde estreita até alargada, a espiga de
poucas a muitas flores, passando de ovoide até globosa, as brácteas estéreis são
oblongas a ovadas com ápice agudo a mucronado, algumas vezes excurrente. Este
polimorfismo observado, tanto em relação ao porte da espécie, quanto às diferentes
formas da espiga, pode ser dada devido a uma sinonimização indevida de X. calcarata
por L.B. Smth & Downs (1957), sendo necessário novos estudos.
95
Figura 16: A-I. Xyris seubertii mostrando a variabilidade morfológica da espécie. A-B. Base;
C. Espiga; D. Bainha bicarenada; E. Lígula; F. Bráctea floral; G. Botão floral; H. Fruto; I.
Sépala lateral com tricomas ferrugíneos no ápice da carena. (J.S. Guedes 32; M.G.L.
Wanderley 799).
96
2.26. Xyris sincorana Kral & Wand., Kew Bull. 48: 586. 1993. Tipo: BRASIL. BAHIA,
Serra do Sincorá, R. Kral & M.G.L. Wanderley et al. 72933 (holótipo SP!, isótipo US,
MO, VDB).
Figura 22. H-I.
Ervas perenes, cespitosas a isoladas, base da planta bulbiforme. Raízes espessas.
Folhas polísticas, 10-40 cm compr.; bainha alargada apenas na base, castanha a
paleácea, brilhante, carena ausente, superfície fortemente nervada, margem
membranácea, ciliadas na base; lígula ausente; lâmina 6-30 cm compr., 0,5-1 mm larg.,
filiforme, subcilíndrica a achatada, superfície transverso-rugulosa, ápice atenuado,
levemente assimétrico, margem lisa a rugulosa. Espata conduplicada, carenada, carena
glabra, lâmina ca. 1 cm compr. Pedúnculo 35-80 cm compr., cilíndrico, costelas
ausentes a 1-2-costelado, costela glabra, superfície estriada e pontuada. Espiga
multiflora (até 20 flores), 10-15 mm compr., 5-10 mm larg.; ovoide a globosa; brácteas
castanho-claras a paleáceas, superfície transverso-rugulosa, mácula ausente, carena
ausente, margem lacerada, ápice agudo; brácteas estéreis 7, 10-20 mm compr., 1,5-3
mm larg., triangular-lanceolada; brácteas florais 8-9 mm compr., 2-3 mm larg., oval-
lanceoladas. Flores com sépalas laterais exsertas, livres, 7-8 mm compr., lanceoladas,
inequilaterais, carena ciliada; pétalas com lobo largo-elípticas; estaminódios pilosos,
estames 4 mm compr., antera oblonga; estilete 7 mm compr., ramos ca. 2,5 mm compr.;
estigma estreito. Placentação basal. Cápsula elipsoide; sementes cilíndricas, castanhas,
estriadas.
97
Material examinado: Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Augusto
de Lima, Cuba, 17°57'0.5"S, 44°15'33.2"W, 31-III-2011, M.G. L, Wandelerley 2987
(SP) fl.; 17°57'0.5"S, 44°15'33.2"W, 31-III-2011, M.G. L. Wandelerley 2997 (SP) fl.;
Buenópolis, Serra do Cabral, caminho do Tanque, 03-VIII-2006, L. Pangaio 821 (SP;
HRJ) fr.; após a área de Pinnus, 03-VIII-2006, L. Pangaio 779 (SP; HRJ) fr.; Parque
Estadual da Serra do Cabral, 29-III-2011, M.G. L. Wandelerley 2974 (SP) fl., fr.; 29-III-
2011, M.G. L. Wandelerley 2967 (SP) fl.; Lassance, Serra do Cabral, Morro do SCAI,
17°41'39"S, 44°17'30"W, 13-XI-2010, N.F.O. Mota 1745 (SP, BHCB) fr; Joaquim
Felício, Armazém de Laje, 07-VII-1985, R. Kral 72675 (SPF) fl., fr.; Morro do Onça,
05-VII-1985, R. Kral 72635 (SP) fl.; 06-VII-1985, R. Kral 72640 (SP) fr.; )6-VII-1985,
M.G. L. Wandelerley 1797 (SP) fl.; Comencha de Cima, 02-IX-1985, T.B. Cavalcanti
CFCR 8202 (SPF) fl.; próximo a Capelinha, 17°42'S, 44°18'W, 12-II-1988, J.R. Piranii
2213 (SPF) fl.; Serra do Cabral 30-X- 1988, M.G. L. Wandelerley 1396 (SP) fr.; Serra
do Cabral, 14-III- 1997, G. Hatschbach 66196, (MBM) fr.; Córrego do Veado Esfolado,
14-III- 1997, G. Hatschbach 66234, (MBM) fl.; Armazém de Laje, 16-III- 1997, G.
Hatschbach 66306 (MBM) fl.; 16-III- 1997, G. Hatschbach 66312 (MBM) fl.; Entre os
rios Embaiassaia e o Rio Preto, 07-VI-2004, G. Hatschbach 77409 (MBM) fl.;
17°41'50.6"S, 44°17'42.5"W, 22-VI-2010, J.S. Guedes 34 (SP) fr; Estrada para o Parque
Estadual da Serra do Cabral 17°41'51.6"S, 44°16'44"W, 30-III-2011, J.S. Guedes 48
(SP) fl. fr.; 30-III-2011, J.S. Guedes 50 (SP) fl.
Distribuição: Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais). Encontrada até o presente
momento em apenas três localidades da Cadeia do Espinhaço; Serra do Sincorá (BA),
Serra de Grão Mogol (MG) e na Serra do Cabral (MG). (Figura 17. E).
98
Fenologia: Floresce e frutifica entre os meses de janeiro e novembro.
Comentários: Xyris sincorana apresenta hábito muito característico, em geral com
indivíduos isolados com base bulbiforme expondo restos de folhas e fibras desfiadas na
base. As folhas são dispostas espiraladamente, com lâmina foliar em geral subcilíndrica.
A espiga também auxilia no reconhecimento da espécie, onde as duas brácteas mais
externas igualam ou até ultrapassam o comprimento das demais, algumas vezes
apresenta brácteas estéreis recurvas. Outra característica marcante é a presença do
pedúnculo sinuoso, semelhante a outras espécies como em X. tortula Mart. e X.
sparcifolia Kral & L.B. Sm.
Ilustração em Wanderley et al. 2009.
2.26. Xyris sparsifolia Kral & L.B. Sm., Bradea 3(34): 279. 1982. Tipo: BRASIL.
BAHIA, Serra do Sincorá, Harley et al. 18801 (holótipo: CEPEC!, isótipos: K, US
imagem!, VDB).
Ervas perenes, isoladas, base da planta bulbiforme. Raízes filiformes. Folhas
espiraladas, 25-35 cm compr.; bainha abruptamente orbicular na base, castanho-
avermelhada a negra, brilhante, não carenada, superfície estriada, margem ciliada, lígula
ausente; lâmina 19-30 cm compr., 1 mm larg., cilíndrica a subcilíndrica, superfície
estriada, ápice agudo, assimétrico. Espata conduplicada, carena ausente, lâmina ca. 0,5
cm compr. Pedúnculo 30-50 cm compr., cilíndrico, costelas ausentes, superfície
estriada. Espigas multiflora (ca. 20 flores), 12-30 mm compr., 4-9 mm larg., cilíndrica;
brácteas castanhas, superfície estriada, mácula apical esverdeada, levemente carenadas
99
para o ápice, ápice obtuso, margem inteira; brácteas estéreis 8, 3-4 mm compr., 1-3 mm
larg., oblongas a obovadas; brácteas florais 3-4 mm compr., 1-3 mm larg., elípticas a
obovadas. Flores com sépalas laterais levemente exsertas, livres, 4,5-5,0 mm compr.,
lanceolada, inequilaterais, carenada, carena ciliada; pétalas com lobo largo-oblongo;
estaminódios pilosos por todo o ramo; estames ca. 3 mm compr., antera sagitada;
estilete 9 mm compr., ramos 4,5 mm compr., estigma alargado. Placentação basal.
Cápsula elipsoide; sementes fusiformes, castanho-claras, estriadas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS; Augusto de Lima, Cuba,
17°56'59.6”S, 44°15'31.8”W, 31-III-2011, J.S. Guedes 54 (SP) fl., fr.; Morro do Jucão,
07-VII-1985, R. Kral 72658 (SP, SPF) fl, fr.; próximo à portaria da SCAI, 17°42'15"S,
44°18'3"W, 10-VII-2007, F. Marino 310 (BHCB) fr.
Distribuição: Distribuição: Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais). Espécie
amplamente distribuída nos campos rupestre da Cadeia do Espinhaço. Na Serra do
Cabral ocorrem pequenas populações com indivíduos isolados, sempre associados a
solos arenosos e úmidos (Figura 17. F).
Fenologia: Floresce e frutifica entre os meses de janeiro e julho.
Comentário: Espécie facilmente reconhecida por apresentar hábito isolado,
sinuoso, pouquíssimas folhas e espigas cilíndricas.
Ilustração em Wanderley et al. 2009.
100
Figura 17: Mapa de distribuição das espécies de Xyris na Serra do Cabral. A. X. roraimae; B.
X. savanensis; C. X. schizachne; D. X. seubertii; E. X. sincorana; F. X. sparsifolia.
101
2.27. Xyris spectabilis Mart. Flora 24(2): 54. 1841. Tipo: BRASIL. MINAS GERAIS,
Serra Fria, campo pelo Rio Paraopeba, Martius s.n. (M holótipo).
Ervas perenes, cespitosas ou isoladas, base da planta estreita. Raízes espessas.
Folhas dísticas a subdistícas, 35-60 cm compr.; bainha estreita, alargada apenas na base,
castanho avermelhada a negra, opaca ou brilhante, carenada, carena glabra, superfície
transverso-rugulosa algumas vezes estriada, margem membranácea, algumas vezes
ciliada apenas na base; lígula ausente; lâmina 24-40 cm compr., 2-5 mm larg., achatada,
superfície fortemente nervada, pontuada, ápice agudo, assimétrico, margem glabra.
Espata conduplicada, 3-carenada, carenas glabras, lâmina ca. 2 cm compr. Pedúnculo
70-120 cm compr., cilíndrico, costelas ausentes, estriado e pontuado. Espiga multiflora
(ca. 120 flores), 18-20 mm compr., 10-12 mm larg.; ovoide a largo-ovoide; brácteas
castanho-escuras, rugulosas, mácula ausente, carena ausente, margem lacerada, ápice
arredondado; brácteas estéreis 20-24, 5-6 mm compr., 3-5 mm larg., obovadas; brácteas
florais 15 mm compr., 5 mm larg., obovadas. Flores com sépalas laterais exsertas,
livres, 8-9 mm compr., espatuladas, inequilaterais, carenada, carena ciliada; pétalas com
lobo obovado, estaminódios pilosos por todo o ramo, estames ca. 3 mm compr., antera
oblonga; estilete 10 mm compr., ramos ca. 3 mm compr.; estigma truncado. Placentação
basal. Cápsula obovoide; sementes ovoides, castanho-avermelhadas, multicosteladas.
102
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS, Augusto de Lima, Cuba, 31-III-
2011, M.G.L. Wanderley 2999 (SP) fl.; Buenópolis, Parque Estadual da Serra do Cabral,
29-III-2011, M.G.L. Wanderley 2973 (SP) fl.; Joaquim Felício, Serra do Cabral,
Bocaina, 05-VII-1985, M.G.L. Wanderley 785 (SP) fl.; Armazém de Laje, 07-VII-1985,
M.G.L. Wanderley 815 (SP) fl., fr.; Serra do Cabral, 05-VII-1985, R. Kral 72595 (SP,
SPF) fl.; Morro do Jucão, 07-VII-1985, R. Kral 72655 (SP, SPF) fl; Armazém de Laje,
07-VII-1985, R. Kral 72672 (SP) fl., fr.; Serra do Cabral, 31-VIII-1985, J.R. Pirani
CFCR 8082 (SPF, SP) fr.; 31-VIII-1985, R. Mello-Silva CFCR 8090 (SPF, SP) fr.;
Francisco Dumont, estrada na subida pelo Morro do SCAI 17°41'39"S, 44°17'30"W, 13-
XI-2010, N.F.O. Mota 1741 (BHCB, SP) fr.
Distribuição: Sudeste (Minas Gerais). Espécie exclusiva dos campos rupestres
mineiros (Figura 19. A).
Fenologia: Floresce e frutifica de março a novembro.
Comentários: Xyris spectabilis apresenta variação na coloração da base da planta
que, em alguns espécimes, a base é castanho-avermelhada e opaca e folhas com
superfície fortemente transverso-rugulosa e margem membranácea, ciliada apenas na
base; e em outros a bainha é negra, brilhante e as folhas possuem superfície estriada,
levemente transverso-rugulosa com margem apenas membranácea. Esta variação pode
ser dada pela diferença de ambiente, nos com afloramentos de arenito e rochas
predominam o primeiro tipo de base, e em ambientes úmidos, como as regiões de
brejosas ou veredas, incide o segundo tipo. Comentário sobre afinidade morfológica
detalhado em X. augusto-coburgii.
Ilustração em Wanderley 2011.
103
2.29. Xyris stenocephala Malme, Bihang till Kgl. Sv. Vet. Akad. Handl. 22, Afd. 3(2):
18. 1896. Tipo: BRASIL. MATO GROSSO, Santa Ana da Chapada, Malme 1426 (S
holótipo).
Figura 18. A-E.
Ervas perenes, cespitosas a isoladas; base da planta estreita. Raízes filiformes.
Folhas dísticas, 6-15 cm compr.; bainha estreita, castanho-escura, brilhante, carenada,
carena glabra, superfície lisa, margem membranácea; lígula presente; lâmina 13-5 cm
compr., 1-1,5 mm larg., achatada, estriadas, margem glabra. Espata não conduplicada,
carenada, carena glabra, lâmina ca. 0,5 cm compr. Pedúnculo 10-25 cm compr.,
achatado, costelas ausente, superfície estriada. Espiga multiflora (12-16 flores), 7-10
mm compr., 3,5- 5 mm larg., obovoide a elipsoide; brácteas castanhas, superfície
estriada, mácula ampla, verde-acinzentada, carena presente, margem levemente
membranácea e lacerada para o ápice, ápice arredondado; brácteas estéreis 9, 2,5-4 mm
compr., 1,5- 2,0 mm larg., elípticas a oblongas; brácteas florais 5-6mm compr., 3,5-4
mm larg., obovadas. Flores com sépalas laterais inclusas, livre, lanceoladas,
inequilaterais, carenada, carena esparsamente ciliada; pétalas com lobo obovado;
estaminódio piloso; estames ca. 3 mm compr., anteras oblongas; estilete 5 mm compr.,
ramos 3,5 mm compr., estigma estreito. Placentação basal. Cápsula oblonga; sementes
fusiformes castanho-claras, reticuladas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS; Joaquim Felício, Serra do
Cabral, Bocaina, 23-XI-1984, M.C.H. Mamede CFCR 6372 (SPF) fl., fr.
Material adicional examinado: BRASIL. DISTRITO FEDERAL, APA Gama-
Cabeça do Veado. Lagoa do córrego do Cedro 15º53'46”S 47º56'36”W, 25 XI-2002,
M.L. Fonseca 3777 (SP) fr.
104
Distribuição: Norte (Roraima, Pará, Amazonas, Rondônia), Centro-Oeste (Mato
Grosso, Distrito Federal), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo). Espécie referida pela
primeira vez para o estado de Minas Gerais (Figura 19. B).
Fenologia: Encontrada com flores e frutos em novembro.
Comentário: Xyris stenocephala é uma espécie de fácil reconhecimento por
apresentar rizoma vertical bem desenvolvido com entrenós espaçados, base da planta
estreita com folhas dísticas, bainha castanho-escura e brilhante, com lâmina geralmente
sinuosa. Tem afinidade com X. bialata pela semelhança da espiga, com mácula evidente
e esverdeada nas brácteas e pelo pedúnculo achatado. Estas espécies podem ser
separadas pelo tipo de placentação, sendo a placentação é basal em X. stenocephala, e
central-livre em X. bialata.
105
Figura 18: Xyris stenocephala. A. Hábito; B. Espiga; C. Detalhe das sépalas lateral unidas à
bráctea floral; D. Sépalas laterais; E. Corte transversal da sépala. (M.L. Fonseca 3777).
106
2.30. Xyris subsetigera Malme, Ark. Bot. 13(3): 81. 1913. Tipo: BRASIL. MINAS
GERAIS, Vila do Príncipe, Martius s.n. (M holótipo).
Ervas perenes, cespitosas, base da planta estreita. Raízes delicadas. Folhas
dísticas, 2-8 cm compr.; bainha estreita, castanho, brilhante, carenada, carena glabra,
superfície estriada, margem membranácea; lígula ausente; lâmina 1-4 cm compr., ca. 1
mm larg., achatada, superfície pontuada, levemente estriada, ápice agudo, simétrico,
margem densamente ciliada, híspida, a glabrescente. Espata conduplicada, carenada,
carena ciliada, lâmina ca. 1 cm compr. Pedúnculo 20-35 cm compr., cilíndrico, 1-
costelado, costela ciliada a glabrescente, levemente estriado. Espiga pauciflora (ca. 10
flores), 6-10 mm compr., 4-5 mm larg., elipsoide a ovoide; brácteas castanho-claras,
mácula ampla, esverdeada, levemente carenada, margem inteira a minutamente
lacerada, ápice agudo; brácteas estéreis 4, 4,5 mm compr., 3 mm larg., ovadas; brácteas
florais 6-7,5 mm compr., 3 mm larg., oblongas a obovadas. Flores com sépalas laterais
inclusas, concrescidas 1/3 do comprimento, 6 mm compr., lanceoladas, inequilaterais,
carenadas, carena estreita, ciliada para o ápice; pétalas com lobo oblongo, estaminódios
pilosos por todo o ramo; estames ca. 3,5 mm compr., antera oblonga; estilete 7 mm
compr., ramos 2,5 mm compr., estigma expandido. Placentação central-livre. Cápsula
obovoide; sementes globosas, castanho-escuras, estriadas.
107
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS; Augusto de Lima, Cuba,
17°57'05.5”S, 44°15'33.2”W, 31-III-2011, M.G.L. Wanderley 2990 (SP) fl., fr.;
Buenópolis, Parque Estadual da Serra do Cabral, 17°53'29.3"S, 44°18.'01.5"W, 29-III-
2011, M.G. L. Wanderley 2969 (SP) fl.; Joaquim Felício, Bocaina, 05-VII-1985, R. Kral
72597 (SP) fr.; Morro do Jucão, 06-VII-1985, R. Kral 72632 (SP) fr.; Serra do Cabral,
17°42'S, 44°18.'W, 12-II-1988, J.R. Pirani 2117 (SPF, SP) fl.; Francisco Dumont,
Córrego do Veado Esfolado, 14-III-1997, G. Hatschbach 66228 (BHCB) fl.; Córrego
Imbalaçaia, 14-III-1997, G. Hatschbach 66250 (BHCB) fl.
Distribuição: Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais). Amplamente distribuída
ao longo da Cadeia do Espinhaço (Figura 19. C).
Fenologia: Floresce e frutifica entre os meses de fevereiro e agosto.
Comentários: Xyris subsetigera caracteriza-se por apresentar folhas curtas com
cerca de 2-8 cm compr., lâmina com margem densamente ciliada, híspida a
glabrescente. Apresenta espiga com brácteas castanho-escuras com mácula e carena.
Apresenta variação quanto à superfície foliar, uma vez que a análise das coleções da
Serra do Cabral mostra espécimes com superfície levemente estriada e pontuada, em
outras populações, como as da Serra do Cipó ou de Diamantina, a superfície foliar é
apenas estriada.
Ilustração em Wanderley 2011.
108
2.31. Xyris tenella Kunth, Enum. Pl. (Kunth) 4: 9. 1843. Tipo: BRASIL, RIO DE
JANEIRO: Serra dos Órgãos, Luetzelburg 404 (lectótipo M, US imagem!).
Figura 15. C-D.
Ervas perenes, cespitosas, base da planta estreita. Raízes delicadas. Folhas dísticas
a subdísticas, 1,5-12 cm compr.; bainha estreita, castanha a paleácea, brilhante,
carenada, carena glabra, superfície estriada a rugulosa, margem membranácea, ciliada;
lígula ausente; lígula ausente; lâmina 1-8 cm compr., 0,5-2 mm larg., achatada,
superfície estriada, ápice agudo, assimétrico, margem glabra. Espata conduplicada,
carenada, carena glabra, lâmina 0,2-0,5 cm compr. Pedúnculo 15-30 cm compr.,
cilíndrico a filiforme, multicostelado, costelas escabras, superfície estriada. Espiga
pauciflora (até 6 flores), 6-9 mm compr., 3-4 mm larg., elípticas a ovoide; brácteas
castanhas a castanho-claras, membranáceas, mácula estreita, inconspícua, avermelhada,
carenada, margem avermelhada, membranácea e lacerada, ápice agudo; brácteas estéreis
4, 3-5 mm compr., 1-3 mm larg., estreito-triangulares, ovadas a oblongas, brácteas
florais 5-7 mm compr., 2-3 mm larg., ovadas a oblongas. Flores com sépalas laterais
inclusas, livres, -5-6 mm compr., lanceoladas, subequilaterais, carena ciliada; pétalas
com lobo ovado; estaminódios densamente pilosos; estames 2,5 mm compr., antera
sagitada; estilete 5 mm compr., ramos 2 mm compr., estigma estreito. Placentação
basal. Cápsula ovoide; sementes fusiformes, castanhas, estriadas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Joaquim Felício, Serra do
Cabral, Bocaina, 23-XI-1984, A.M. Giulietti CFCR 6397 (SP, SPF) fr.; Morro do Jucão,
07-VII-1985, R. Kral 72651 (SP, SPF) fl., fr.; Armazém de Laje, 07-VII-1985, R. Kral
72668 (SP, SPF) fl., fr.; Comecha de Cima, 02-XI-1985, R. Mello-Silva CFCR 8229
(SP, SPF) fl.
109
Distribuição: Centro-Oeste (Mato Grosso), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo,
São Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná). Espécie de Ampla distribuição, ocorrendo no
Paraguai, Venezuela e Guiana Francesa (Figura 19. D).
Fenologia: Floresce e frutifica de junho a novembro.
Comentário: Xyris tenella apresenta folhas curtas em relação ao pedúnculo,
atingindo em média poucos centímetros de comprimento (1,5-12 cm compr). As espigas
são paucifloras, delicadas, em sua maioria elípticas, brácteas com mácula estreito-
elíptica e avermelhadas no ápice; e com margem estreita e também avermelhada. Todas
estas características tornam esta espécie de fácil reconhecimento.
110
2.32. Xyris tortula Mart., Flora 24(Beibl. 2): 55. 1841. Tipo: BRASIL. Sem indicação
de estado, Martius 872b (L isótipo).
Figura 15. E-F.
Ervas perenes, cespitosas, base da planta bulbiforme. Raízes filiformes. Folhas
polística, 15-30 cm compr.; bainha estreita, castanho-avermelhadas a amareladas,
brilhante, carena ausente, superfície estriada, margem ciliado-fimbriada; lígula presente;
lâmina 10-18 cm compr., 1,5 mm larg., filiforme, superfície estriada, rugulosa e
pontuada, ápice agudo, simétrico, margem rugulosa. Espata conduplicada, carenada,
carena glabra, lâmina 0,5 cm compr. Pedúnculo 20-50 cm compr. cilíndrico, 1-costelado
a multicostelado, costelas glabras, superfície estriada, pontuada. Espiga pauci a
multiflora (10-15 flores), 6-9 mm compr., 3-5 mm larg., ovoide; brácteas castanhas,
superfície estriada, mácula ausente, carenada, margem avermelhada e lacerado
fimbriada, ápice agudo; brácteas estéreis 4, 2-6 m compr., 2-4 mm larg., ovadas a
suborbiculares; brácteas florais 5-7 mm compr., 2-4 mm larg., oblonga a ovada. Flores
com sépalas laterais levemente exsertas, livres, 5-6 mm compr., oblongo-lanceoladas,
inequilaterais, carenada, carena ciliada; pétalas com lobo oblongo; estaminódios
pilosos; estames ca. 3 mm compr., antera oblongo; estilete 7 mm compr., ramos 2 mm
compr., estigma estreito. Placentação basal. Cápsula obovada, sementes ovoides
castanhas, estriadas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Buenópolis, Lapa da Dança,
17°55’29”S, 44°14’23”W, 13-III-2007, L. Pangaio 918 (SP, HRJ) fl.; Joaquim Felício,
Morro do Onça, 06-VII-1985, R. Kral 72642 (SP, SPF) fr.; R. Kral 72643 (SP, SPF);
111
Morro do Jucão, 07-VII-1985, R. Kral 72650 (SP, SPF) fl. fr.; R. Kral 72652 (SP, SPF)
fl. fr.
Distribuição: Nordeste (Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito
Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro,
São Paulo,), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul) (Figura 19. E).
Fenologia: Floresce e frutifica entre os meses de janeiro a setembro.
Comentários: Xyris tortula é de uma espécie com grande variação morfológica e
algumas vezes de difícil reconhecimento.
A parte vegetativa pode ser confundida com outras espécies, especialmente pelas
lâminas foliares variarem de cilíndricas, filiformes a achatadas, como na forma das
espigas, que variam de dimensões e forma. Nos exemplares da Serra do Cabral,
predominam as lâminas filiformes eretas a sinuosas, com lígula muito reduzida, quase
inconspícua, sendo este padrão difícil para determinar alguns exemplares, levando a
identificação errônea nas coleções de herbário.
112
2.33. Xyris trachyphylla Mart., Flora 24(2): 56.1841. Tipo: BRASIL. MINAS GERAIS,
Ouro Preto, Pohl s.n. (W holótipo).
Figura 23. A.
Ervas perenes, cespitosas, base da planta estreita. Raízes fibrosas. Folhas dísticas
a subdísticas, 5-33 cm compr.; bainha alargada apenas na base, castanho-escura, opaca
algumas vezes brilhante na base, carenada, carena escabro-ciliada; superfície
transverso-rugulosa, margem ciliada; lígula presente; lâmina 5-24 cm compr.; 1,5-4 mm
larg., achatada, superfície estriada, transverso-rugulosa, ápice obtuso, assimétrico,
margem escabra. Espata conduplicada, lâmina 2,5 mm compr. Pedúnculo 35-60 cm
compr., cilíndrico a levemente comprimido para o ápice, costelas ausentes a 1-
costelado, superfície transverso-ruguloso. Espiga pauciflora, 6-10 flores, 15-17 mm
compr., 6-8 mm larg., ovoide a elíptica; brácteas castanho-escuras, superfície
transverso-rugulosa, mácula ampla, verde a verde-acinzentada, passando a castanha
quando velha, carenadas, margem lacerada, ápice agudo; brácteas estéreis 4, 6-8 mm
compr., 5-8 mm larg., ovadas; brácteas florais 15-16 mm compr., 3-6 mm larg.,
oblongas. Flores com sépalas laterais inclusas a levemente exsertas, concrescidas até a
metade, 13 mm compr., lanceoladas, inequilaterais, carenada, carena densamente pilosa
a glabrescente; pétalas com lobo ovado; estaminódios pilosos por todo o ramo; estames
4 mm compr., antera oblonga; estilete 15 mm compr., ramos ca. 4 mm compr., estigma
alargado. Placentação central-livre. Cápsula oblonga; sementes elipsoides, castanho
escuras, reticuladas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Joaquim Felício, 07-III-1970,
H.S. Irwin 27116 (SP, NY) fl., fr.
113
Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Santana do Riacho,
km 128 ao longo da rodovia Belo Horizonte - Conceição do Mato Dentro, 07-IV-1987,
M.G.L. Wanderley CFSC 10669 (SP, SPF) fl., fr.
Distribuição: Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro, São
Paulo). Ocorre nos campos rupestres da Cadeia de Espinhaço e nos campos de altitude
de São Paulo e Rio de Janeiro (Figura 19. F).
Fenologia: encontrada com flores e frutos de março a junho.
Comentário: Xyris trachyphylla é caracterizada pelas espigas com brácteas
providas de mácula conspícua, verde a verde-acinzentada, e pela presença de superfície
foliar fortemente transverso-rugulosa com margens e carena escabras. Estes caracteres
permitem o fácil reconhecimento da espécie, mesmo em material herborizado. Para
afinidade morfológica ver X. diamantinae.
Ilustração em Wanderley 2011.
114
Figura 19: Mapa de distribuição das espécies de Xyris na Serra do Cabral. A. X. spectabilis;
B. X. stenocephala; C. X. subsetigera; D. X. tenella; E. X. tortula; F. X. trachyphylla.
115
2.34. Xyris sp. 1
Ervas perenes, cespitosas, base sub-bulbiforme. Raízes delicadas. Folhas dísticas, 7-16
cm compr.; bainha alargada apenas na base, castanho-claro, opaca, carenada, carena
espessada e escabra, superfície estriada, margem membranácea, curtamente ciliada
glabrescente na base, algumas vezes com faixa estreita, castanho-avermelhada na margem
apenas na base, lígula ausente; lâmina 4-9 cm compr., 2-4 mm larg., achatada, superfície
estriada, ápice acuminado, assimétrico, margem ciliada, tricomas alvos. Espata conduplicada,
carenada, carena glabra, lâmina ausente. Pedúnculo 30-52 cm compr., cilíndrico, costela
ausente a 1-costelado, costela ciliada a glabrescente, superfície pontuada. Espiga multiflora
(11 flores), com inserção oblíqua do pedúnculo, 7-12 mm compr., 3-5 mm larg., elíptica a
estreito-obovoide, tubular na antese; brácteas castanhas, superfície tranverso-rugulosa, mácula
ausente, carena ausente, margem minutamente laceradas; brácteas estéreis 4, 4-5 mm compr.,
2,5-3 mm larg., elíptica a ovoide, ápice agudo; brácteas florais diferenciadas, as mais basais
6,5-7 mm compr., 3-4 mm larg., oblongas, ápice arredondado, as do ápice 9 mm compr., 2mm
larg., linear-lanceoladas ápice agudo. Flores com sépalas laterais inclusas, livres, 6-7 mm
compr., linear-lanceoladas, carenadas, carena estreita, glabra; pétalas 19 mm compr., lobos
elípticos; estaminódio piloso, tricomas longos; estames 3 mm compr.; estilete 10 mm compr.,
ramos 2 mm compr., estigma expandido. Placentação basal. Cápsula oblonga; sementes largo-
elípticas a globosas, castanho-avermelhadas, estriadas.
116
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Augusto de Lima, Serra do Cabral,
Cuba, 17°56'59.6"S, 44°15'31.8"W, 31-III-2011, J.S. Guedes 57 (SP); Joaquim Felício, Serra
do Cabral, Bocaina, 05-VII-1985, R. Kral 72583 (SP, SPF); Joaquim Felício, Serra do Cabral,
Morro do Onça, 06-VII-1985, R. Kral 72626 (SP, SPF); Joaquim Felício, Serra do Cabral,
17°41'52.4"S, 44°15'44.5"W, 30-III-2011, J.S. Guedes 45 (SP);
Distribuição: Encontrada até o presente momento apenas para Minas Gerais na Serra do
Cabral (Figura 20. A).
Fenologia: encontrada com flor e fruto entre os meses de março a julho.
Comentário: Trata-se de um táxon inédito para a ciência, caracterizado por apresentar
bainha alargada apenas na base, castanho-clara, com margem castanho-avermelhada e glabra.
As espigas são muito características, com inserção oblíqua no pedúnculo, dando um aspecto
inclinado às espigas; variando de elípticas a estreito-obovoides quando jovens, chegando a
tubular com ápice truncado após a floração. As brácteas florais são distintas, sendo as da base
são oblongas com ápice arredondado e as do ápice linear-lanceoladas com ápice agudo,
deixando a mostra suas extremidades agudas, juntamente com as sépalas lanceoladas.
117
2.35. Xyris sp. 2
Ervas perenes, cespitosas, base da planta bulbiforme. Raízes delicadas. Folhas
polísticas, 10-18 cm compr.; bainha estreita, castanha a paleácea, brilhante, costelada, costelas
glabras, superfície transverso-rugulosa, margem membranácea, ciliada; lígula ausente; lígula
ausente; lâmina 8-14 cm compr., 0,5-1 mm larg., filiforme, subcilíndrica a achatada;
superfície estriada a pontuada, ápice agudo a atenuado, simétrico, margem glabra. Espata
conduplicada, carenada, carena glabra, lâmina ausente. Pedúnculo 12-52 cm compr.,
cilíndrico a filiforme, costela ausente, superfície estriada, pontuada. Espiga pauciflora (4-10
flores), 6-11 mm compr., 3-5 mm larg., elípticas a ovoide; brácteas castanhas a castanho-
claras, superfície estriada, mácula ausente, carena presente, margem membranácea e lacerada,
ápice atenuado, mucronado; brácteas estéreis 11, 5-7 mm compr., 1-3 mm larg., estreito-
triangulares a oblongas, brácteas florais 8 mm compr., 3 mm larg., oblongas. Flores com
sépalas laterais exsertas, livres, 6 mm compr., lanceoladas, subequilaterais, carena
glabrescente; pétalas e outras partes reprodutivas não visto. Placentação central-livre. Cápsula
ovoide; sementes fusiformes, castanho-avermelhadas, estriadas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS, Joaquim Felício, Bocaina, 05-VII-
1985, R. Kral 7590 (SP) fl., fr.
Distribuição: Encontrada até o presente momento apenas para Minas Gerais na Serra do
Cabral (Figura 20. B).
Fenologia: Coletada com flor e fruto no mês de julho.
Comentário: Trata-se de uma provável espécie nova, necessitando de novas coletas para
sua confirmação e descrição. É caracterizada por apresentar hábito e espigas delicados. Por
118
este caractere, assemelha-se a X. tenella, diferindo por apresentar espata fortemente carenada,
terminando com ápice excurrente, com lâmina ausente e brácteas estéreis mais externas
membranáceas, semelhantes a fitas.
2.36. Xyris sp. 3
Ervas perenes ou anuais, cespitosas a isoladas, base da planta estreita. Raízes filiformes.
Folhas dísticas a subdísticas, ca. 5 cm compr.; bainha estreita, castanhas passando a castanho-
escura na base, brilhante, levemente carenada, carena escabra, superfície tranverso-rugulosa,
margem membranácea, ciliada na base, curtamente ciliada na base, tricomas castanhos,
algumas vezes caducos; lígula presente; lâmina ca. 30 cm compr., 1 mm larg., filiforme,
superfície tranverso-rugulosa, ápice agudo, simétrico. Espata conduplicada, carenada, carena
glabra, lâmina ausente. Pedúnculo 30-80 cm compr., cilíndrico, costela ausente, superfície
estriada, estrias avermelhadas. Espiga multiflora (12 flores), 8-10,5 mm compr., 3-5,5 mm
larg., obovoide, globosa a elíptica; brácteas castanhas, superfície estriada, mácula ausente,
levemente carenadas para o ápice, margem membranácea, estreita, inteiras, glabras, ápice
arredondado; brácteas estéreis 18. 2,5-7 mm compr., 2-4 mm larg., globosas, largo-ovoide a
oblongas; brácteas florais 6-7 mm compr., 3-4 mm larg. oblongas a largo-obovadas. Flores
com sépalas laterais inclusas, livres, 7 mm compr., espatulada, inequilaterais, carenada,
carena larga, esparsamente ciliada, ápice avermelhado. Placentação central-livre. Cápsula e
sementes não vistas; flores jovens.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Serra do Cabral, Armazém de Lajes,
07-VII-1985, M.G.L. Wanderley 832 (SP) fl., fr.
119
Distribuição: Encontrada até o presente momento apenas para Minas Gerais na Serra do
Cabral (Figura 20. C).
Fenologia: encontrada com flores e frutos em julho.
Comentários: Trata-se de uma provável espécie nova, necessitando de novas coletas
para sua confirmação e descrição. Caracterizada por apresentar folhas com bainha muito
delicada, algumas vezes decídua, dando com aspecto semelhante ao da lâmina, e lígula bem
desenvolvida, com ápice arredondado. As lâminas foliares, por sua vez, são filiformes a
subcilíndricas, triangulares no ápice. As espigas apresentam até 18 brácteas estéreis, sendo as
mais externas muito reduzidas e duas adpressas ao pedúnculo.
2.37. Xyris sp. 4
Ervas perenes, cespitosas, base da planta bulbiforme. Raízes delicadas. Folha polísticas,
10-20 cm compr.; bainha estreita, castanha a castanho-escura na base, brilhante, carena
ausente, superfície costelada, margem membranáceas e ciliadas; lígula ausente. lâminas 6-15
cm compr., 0,5 mm larg., filiforme a subcilíndricas, estriadas a levemente tranverso-rugulosa,
atenuado, simétrico, margem vilosa. Espata conduplicada, carenada, carena glabra, lâmina 0,5
cm compr. Pedúnculo filiforme a cilíndrico, 2-costelado, costela vilosas, superfície estriada.
Espiga pauciflora (ca. 10 flores), 6-8 mm compr., 2,5-4 mm larg., elipsoide, ovoide a
obovoide; brácteas castanhas a castanho-escuras, superfície estriada, carenadas, margem
membranácea, lacerado-fimbriada, ápice agudo; brácteas estéreis 4, 4-5 mm compr., 1,5-3
mm larg., estreito-oblonga a obovada; brácteas florais 5 mm compr., 2-3 mm larg., estreito-
oblongas a obovadas. Sépalas laterais levemente exsertas, livres, 5,5-6 mm compr.,
120
lanceoladas, subequilaterais, esparsamente ciliadas; pétalas com lobo oblongo; estaminódio
piloso, estame 2,5 mm compr., antera sagitada, estilete 5 mm compr., ramos 2 mm compr.,
estigma estreito. Placentação basal. Cápsula ovoide; sementes oblongas, castanho-claras,
estriadas com ápice reticulado.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS, Augusto de Lima, Cuba,
17°56'59.6"S, 44°15'31.8"W, 31-III-2011, J.S. Guedes, 56 (SP) fl., fr.; Joaquim Felício,
Bocaina, 05-VII-1985, R. Kral 72601 (SP) fl. fr.; Parque Estadual da Serra do Cabral,
17°42'50.3"S, 44°14'16.4"W, 30-III-2011, J.S. Guedes, 42 (SP) fl., fr..
Distribuição: Encontrada até o presente momento apenas para Minas Gerais na Serra do
Cabral (Figura 20. D).
Fenologia: Encontrada com flor e fruto de março a julho.
Comentário: Espécie em estudo necessitando de novas coletas para conclusão sobre sua
identificação. Provavelmente trata-se de um novo táxon para a Serra do Cabral, caracterizada
por apresentar margem da folha e pedúnculo branco-viloso, e sementes oblongas com dois
tipos de ornamentação, estriadas na maior parte da superfície e reticuladas no ápice.
121
2.38. Xyris sp. 5
Figura 23. B-E.
Ervas perenes, cespitosas a isoladas, base da planta estreita. Raízes espessas. Folhas
dísticas, 16-40 cm compr.; bainha alargada apenas na base, castanha a castanho-avermelhada,
brilhante, levemente carenada, carena glabra, superfície estriada com pontuações, margem
membranácea, glabras; lígula ausente; lâmina 8-28 cm compr., 3-4 mm larg., achatada,
superfície estriada, ápice agudo, levemente assimétrico, margem glabra, espessadas. Espata
conduplicada, carenada, carena glabra, lâmina 0,3-1 cm compr. Pedúnculo 40-120 cm compr.,
cilíndrico, costela ausente, superfície estriada. Espiga multiflora (até 50 flores), 13-25 mm
compr., 8-13 mm larg.; ovoide a largo-ovoide; a cilíndrica, castanhas a castanho-claras,
superfície rugulosa, mácula evidente, esverdeada, carena ausente, margem membranácea,
lacerado-fimbriado, ápice arredondado; brácteas estéreis 15, 3-5mm compr., 2-4 mm larg.,
oblongas, ovadas a orbiculares; brácteas florais 5-7 mm compr., 3-4 mm larg., oblongas,
obovadas a largo-ovadas. Flores com sépalas laterais exsertas, livres, 8-9 mm compr.,
espatuladas, inequilaterais, carena ciliada; pétalas com lobo ovado; estaminódios pilosos por
todo o ramo, estames 3 mm compr., antera sagitada; estilete 6 mm compr., ramos ca. 2 mm
compr., estigma alargado. Placentação basal. Cápsula obovoide; trígonas, castanho-claras,
reticulada.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS, Francisco Dumont, Serra do Cabral,
31-VIII-1985, D. C. Zappi CFCR 8097 (SPF, SP) fl.; Lassance, próximo à igrejinha
17°42'01"S, 44°15'53"W, 13-XI-2010, N.F.O. Mota 1758 (SP, BHCB) fl., fr.; Joaquim
Felício, Serra do Cabral, 07-VII-1985, R.Kral 72661 (SP) fl.; Morro do Onça 06-VII-1985,
M.G.L. Wanderley 804 (SP) fl.; Morro do Jucão, 31-X-1988, M.G.L.Wanderley 1411 (SP) fl.,
122
fr.; Parque Estadual da Serra do Cabral, 17°42'50.3"S, 44°14'16.4"W, 30-III-2011, J.S.
Guedes, 41 (SP) fl.
Distribuição: Encontrada até o presente momento apenas para Minas Gerais na Serra do
Cabral, habitando ambientes brejosos, próximos a veredas (Figura 20. E).
Fenologia: coletada com flor e fruto de março a novembro.
Comentário: Espécie inédita para a família em estudo. Caracterizada por apresentar
espiga de muitas flores, com base atenuada, brácteas com mácula oval e esverdeada e
sementes trígonas, formato observada apenas nesta espécie, apiculada com superfície
reticulada.
2.39. Xyris sp. 6
Ervas perenes, cespitosas; base da planta estreita. Raízes fibrosas. Folhas dísticas a
subdísticas, 2-10 cm compr.; bainha estreita, castanha, brilhante, levemente carenada, carena
glabra, superfície tranverso-rugulosa, margem membranácea, glabra; lígula ausente; lâmina
1,3-8 cm compr., 0,5 mm larg., filiforme, superfície estriada, ápice agudo, simétrico, margem
glabra. Espata conduplicada, carenada, carena glabra, lâmina ca. 0,3-10 cm compr. Pedúnculo
7-18 cm compr., filiforme, 1-2-costelado, costela escabra, superfície estriada. Espiga
pauciflora (4 flores), 6-9 mm compr., 2-3 mm larg.; elipsoides; brácteas castanhas a castanho-
claro, superfície estriada, mácula estreita, inconspícua, avermelhada, carena presente, margem
hialina, lacerado-fimbriada, ápice agudo; brácteas estéreis 4, 3,5- 5 mm compr., 1-2 mm larg,
elípticas a obovadas; brácteas florais 5-7mm compr., 2 mm larg., elípticas a oblongas. Flores
com sépalas laterais inclusas, livres, 5 mm compr., lanceoladas, inequilaterais, carenadas,
carena glabra; pétalas com lobo obovado; estaminódios pilosos, estames 2,5 mm compr.,
123
antera sagitada; estilete 5 mm compr., ramos 2 mm compr., estigma estreito. Placentação
central-livre. Cápsula oblonga; sementes obovoides, castanhas, estriadas.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS, Buenópolis, cabeceira do Rio
Imbaiassaia, 10-VI-2004, G. Hatschbach 77736 (MBM) fl., fr.; Serra do Cabral, 17°55'06"S,
43°47'11"W, 29-IV-2007, T.E. Almeida 838 (BHCB) fl., fr.
Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS, São Gonçalo do Rio Preto,
18°12'52"W, 43°19'26"W, 28-IV-2007, N.F.O. Mota 1323 (SP, BHCB) fl., fr.; Diamantina,
18°20'S, 43°53'W, 23-IX-1994, Splett 644 (SP, UB) fr.
Distribuição: Sudeste (Minas Gerais). Foram encontradas populações desta espécie para
diversas localidades de mineiras como Diamantina, Parque Estadual do Rio Preto e na Serra
do Cabral (Figura 20. F).
Fenologia: Coletada com flores e frutos entre os meses de junho e setembro.
Comentário: Trata-se de uma provável espécie nova. Caracterizada por apresentar
indivíduos de pequeno porte, com até 20 cm comprimento, e folhas dísticas com lâmina
cilíndrica. Outra característica presente nesta espécie é a coloração avermelhada dos estames,
estaminódios e gineceu, que nas demais espécies de Xyris são amarelas.
124
Figura 20: Mapa de distribuição das espécies de Xyris na Serra do Cabral. A. Xyris sp. 1; B.
Xyris sp. 2; C. Xyris sp. 3; D. Xyris sp. 4; E. Xyris sp. 5; F. Xyris sp. 6.
125
Figura 21: A. Abolboda poarchon (foto: S.E. Martins); B. A. pulchella (foto: C.F. Hall); C-D.
Xyris asperula (fotos: S.E. Martins, M.G.L. Wanderley); E. X. bialata (foto: V.M. Gonçalez);
F-G: X. calostachys; H. X. glaucescens (foto: A.L. Santos); I. X. insignis (foto: N.F.O. Mota).
126
Figura 22: A. Xyris longiscapa (foto: M.G.L. Wanderley); B. X. macrocephala (foto: S.E.
Martins); C. X. minarum; D-E. X. peregrina (fotos: N.F.O. Mota); F. X. roraimae (foto:
F.O.S. Buturi); G: X. savanensis (foto: S.E. Martins); H-I. X. sincorana.
127
Figura 23: A. Xyris trachyphylla (foto: N.F.O. Mota); B-E. Xyris sp 5 (fotos: B- N.F.O. Mota;
E- S.E. Martins).
128
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O levantamento das Xyridaceae para a Serra do Cabral realizado no presente
estudo aponta a ocorrência de dois gêneros: Abolboda, com duas espécies e Xyris com
39 espécies e duas variedades.
Os gêneros foram diferenciados quanto à presença de brácteas no pedúnculo,
(presentes em Abolboda e ausentes em Xyris), coloração e fusão da corola (azulada e
gamopétala em Abolboda, amarelada e dialipétala em Xyris), presença de estaminódios
(estes ausentes em Abolboda), apêndices nos estiletes (ausentes em Xyris), placentação
(axial unicamente em Abolboda e de outros tipos em Xyris).
As duas espécies de Abolboda se diferenciam pelo tamanho (até 20 cm alt. em A.
pulchella, enquanto que A. poarchon cresce entre 30 a 73 cm alt.), quantidade de flores
nas espigas (4-6 em A. pulchella e acima de 10 em A. poarchon) e presença de mácula
(ausente em A. poarchon).
As plantas do gênero Xyris são ervas isoladas (X. augusto-coburgii, X.
blanchetiana, X. platystachya e X. sparsifolia), cespitosas (maioria das espécies) ou
variam entre um crescimento isolado a cespitoso (X. asperula, X. bialata, X.
macrocephala, X. peregrina, X. pterygoblephara, X. savanensis, X. seubertii, X.
sincorana, X. spectabilis e X. stenocephala). As lígulas são ausentes (maioria das
espécies) ou presentes (X. bialata, X. calostachys, X. diamantinae, X. filifolia, X.
glaucescens, X. insignis, X. logiscapa, X. tortula, X. roraimae, X. savanensis, X.
seubertii, X. stenocephala e X. trachyphylla). A espata é conduplicada (maioria das
espécies) ou não (X. pterygoblephara e X. stenocephala), sendo carenada (maioria das
129
espécies) ou não (X. calostachys, X. filifolia e X. sparsifolia). As brácteas podem
apresentar mácula visível (maioria das espécies), inconspícua (X. longiscapa) ou não
portar mácula (X. asperula, X. augusto-coburgii, X. metallica, X. peregrina, X.
pterygoblephara, X. roraimae, X. schizachne, X. sincorana e X. spectabilis). O ápice
das brácteas pode variar de arredondado a agudo (maioria das espécies), obtuso (X.
glaucescens e X. sparsifolia), cuspidado (X. longiscapa) até truncado (X. peregrina). As
sépalas são livres (maioria das espécies) ou concrescidas (X. calostachys, X.
glaucescens, X. graminosa, X. insignis, X. seubertii, X. subsetigera e X. trachyphylla).
A placentação é basal (maioria das espécies), supra-basal (X. obcordata e X. tortula),
central-livre (X. bialata, X. calostachys, X. diamantinae, X. glaucescens, X. graminosa,
X. insignis, X. longiscapa, X. seubertii, X. subsetigera e X. trachyphylla) ou parietal (X.
macrocephala). As sementes são estriadas (maioria das espécies), reticuladas (X. fallax,
X. platystachya, X. stenocephala, X. trachyphylla) ou multicosteladas (X. spectabilis).
Quanto à sua distribuição geográfica, se destacam algumas espécies de ampla
distribuição, como A. poachon, A. puchella e X. roraimae, que ocorrem desde o norte da
América do Sul até o Sudeste brasileiro, e X. fallax, distribuída em toda a América
tropical até a Argentina. Enquanto que as outras, endêmicas da Cadeia do Espinhaço,
entre Minas Gerais e Bahia. Dessas, X. calostachys e X. insignis estão restritas às serras
mineiras.
Foram encontrados seis táxons que não tiveram suas identidades confirmadas,
tratando-se provavelmente de espécies inéditas para a ciência. Estes materiais
encontram-se em estudo para a sua confirmação e publicação. Grande parte destas
espécies é proveniente de materiais depositados em herbário, enquanto que outros foram
recoletados e aguardam ilustrações. Novas coletas serão realizadas na Serra do Cabral e
130
regiões adjacentes para localizar outras populações e, assim, enriquecer o banco de
dados dessas espécies.
Dentre as contribuições para o conhecimento da família Xyridaceae, o presente
estudo amplia os dados da área de ocorrência de X. pirapamae Wand. & J. Guedes, e X.
stenocephala.
131
5. LISTA DE EXSICATAS
Almeida, T.E.: 835 (2.4), 838 (2.39) 1342 (2.9); Arbor, M.M. 4539 (2.13); Bautista,
H.P.: 652 (2.15); Cavalcanti T.B.: CFCR 8202 (2.26); Cerati, T.: CFCR 4266 (2.17);
Costa, N.F.: 297 (2.2); Daves, P.: 2302(2.20); Ferrucci, M.C.: 1655; Fonseca, M.L.:
3777 (2.28); Forzza, R.C.: 575 (2.1), 589 (2.19), 1030 (2.2); Guedes, J.S.: 17 (2.3), 27
(2.23) 29, (2.15), 30 (2.1), 31 (2.16), 32 (2.16), 33, (2.15), 34 (2.26), 40 (2.13), 41
(2.38) 42 (2.37), 46 (2.23), 47 (2.15), 49 (2.5), 50 (2.26), 51 (2.16), 53 (1.1), 54 (2.27),
55 (2.18), 56 (2.37), 59 (2.12), 60 (2.3), 61 (2.14); Gibbs, P.E.: 5007 (2.15); Giulietti,
A.M.: CFCR 6397 (2.31); Harley, R.M.: CFCR 6275 (2.17), 24968 (2.21.2); Hassler:
9550(2.31), 8883(2.13); Hatschbach, G.: 64168 (2.1), 64345 (2.19), 64406 (2.24),
64891 (2.1), 66196, (2.26), 66223 (2.13), 66228 (2.30), 66234, (2.26), 66246 (2.25),
66250 (2.30), 66300 (2.1); 66306 (2.26), 66312 (2.26), 66324 (2.10), 72036 (2.25),
77409 (2.26); Irwin, H.S.: 27116 (2.33); Kral, R.: 72568 (2.16), 72582 (2.25), 72584
(2.18), 72592 (2.16), 72593 (2.15), 72597 (2.30), 72601 (2.37), 72609 (2.23), 72623
(2.16), 72628 (2.22), 72659 (2.22), 72629 (2.1), 72630 (2.11), 72631 (2.25), 72632
(2.30), 72633 (2.25), 72634 (2.9), 72635 (2.26), 72636 (2.1), 72638 (2.10), 72640
(2.26), 72642 (2.32), 72643 (2.32), 72646 (2.24), 72650 (2.32), 72651 (2.31), 72652
(2.32), 72593 (2.15), 72652 (2.32), 72654 (2.25), 72655 (2.28) 72656 (2.12), 72657
(2.16), 72658 (2.27), 72660 (2.1), 72661 (2.38), 72665 (2.31), 75414 (2.21.2), 72672
(2.28), 72673 (2.11) 72674 (2.18), 72675 (2.26), 72676 (2.18) 72677 (2.10), 72678
(2.14), 72679 (2.21.1), 72680 (2.25), 72943 (2.6), 75414 (2.21.2), 7590 (2.35), 77736
(2.39); Mamede, M.C.H.: CFCR 6372 (2.29); Marino F.: 302 (2.16), 307 (2.3), 308
(2.16), 309 (2.3), 310 (2.27); Mello-Barreto: 4360 (2.14); Mello-Silva, R.: 8129
(2.21.2), CFCR 8090 (2.28), CFCR 8229 (2.31); Mota N.F.O.: 1323 (2.39), 1730
(2.16), 1731 (2.1), 1733 (2.23), 1734 (2.13), 1735 (2.7), 1736 (2.8), 1737 (2.11), 1738
(2.15), 1741 (2.28), 1742 (2.18), 1743 (1.2), 1745 (2.26), 1751 (2.16), 1758 (2.38)1761
(2.6), 1764 (1.1); Oliveira G.C.: 1942 (2.7); Pangaio, L.: 615 (1.2), 779 (2.26) 676
(2.15), 821 (2.26) 918 (2.32), 796 (2.16) 965 (2.23), 1054 (2.25), 1152 (2.21.2), 1153
(2.21.2), Pirani, J.R.: 2117 (2.30), 2213 (2.26), 4661 (2.1), CFCR 8082 (2.28); Rossi,
L.: CFCR 1068 (2.1); Sakuragui, C.M.: CFSC 15265 (2.15), CFCR 15281 (2.1),
CFSC 15388 (2.13); Schinini, A.: 23030 (2.24); Silva, G.O.:150 (1.2); Souza, V.:
22465 (2.16); Splett: 644 (2.39); Sucre, D.: 6851 (2.10); Versieux, L.M.: 235 (2.2);
Wanderley, M.G.L.: 11 (2.9), 744 (2.25), 784 (2.23), 769 (2.15), 785 (2.28) 789 (2.15)
791 (2.15), 792 (2.15) 793 (2.25), 795 (2.25), 799 (2.25), 796 (2.15), 800 (2.22), 801
(2.11), 802 (2.1), 804 (2.38), 805 (2.25), 815 (2.28), 831 (2.16) 1396 (2.26), 1411
(2.38),1412 (2.8), 1419 (2.6), 1797 (2.26), 2616 (2.4), 2967 (2.26), 2968 (2.1), 2969
(2.30). 2970 (2.23), 2972 (2.13), 2973 (2.28), 2974 (2.26), 2976 (2.10), 2977 (2.11),
2985 (2.18), 2987 (2.26), 2989 (2.23) 2990 (2.30), 2991 (2.15), 2992 (2.1); 2993 (2.15),
2995 (2.18), 2997 (2.26), 2999 (2.28), CFSC 9319 (2.21.1), CFSC 10669 (2.33); Zappi,
D.C.: 2160 (2.19), CFSC 8120 (2.15), CFCR 8097 (2.38).
132
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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