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São Paulo 2016

Os melhores contos de 2016

Colégio Dante Alighieri

OndjakiContando com


Ondjaki

Luanda é uma cidade de histórias, onde a própria realidade escreve melhor que os escritores.


borboleta é um ser irrequieto.para vestes usa pólen.tem um cheiro coloridoe babas de amizade.descola por ventose facilmente aterriza em sonhos.borboleta tem correspondência directacom a palavra alma.para existir usa liberdades.desconhece o som da tristezaembora saiba afogá-la.nega maquilhagens isentasde materiais cósmicos. como digo:pó-de-lua, lápis solarcastanho-raiz, cinzento-nuvemborboleta dispõe de intimidades com arcos írisa ponto de cócegas mútuas.para beijar amigos e vidas ela usa os olhos.borboleta é um serde misteriosos nadas.

Ondjaki


Agradecemos aos Departamentos de Audiovisual, de Editoração/Gráfica, de Marketing e de Tecnologia da Informação pela parceria na execução deste projeto.

Agradecemos especialmente ao Presidente, Dr. José Luiz Farina, e à Diretora-Geral Pedagógica, Profa Silvana

Leporace, a possibilidade da realização desta obra.

Departamentos de Arte, de Língua Portuguesa e de Tecnologia Educacional


Este é o resultado do Contando e do Ilustrando 2016. O concurso foi elaborado pelas professoras de Língua

Portuguesa e de Arte em parceria com o departamento de Tecnologia Educacional do Colégio Dante Alighieri.

Todos os alunos dos 9os anos de 2016 participaram desta competição que, neste ano, tem um significado muito especial. Eles foram estimulados a criar seus próprios

textos e a ilustrá-los a partir de contos de Ondjaki.

Os contos foram criados de forma colaborativa, em duplas, e os melhores estão publicados neste livro.


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Caro(a) aluno(a),

Esperamos que você tenha gostado da experiência e que tenha percebido a magia que envolve o mundo da ficção. A palavra e a ilustração podem

ser suas aliadas por toda a vida.

Continue fazendo suas leituras e criando. Lembre-se de que

o ato de escrever e de ilustrar nos transportam para mundos

maravilhosos onde podemos realizar nossos sonhos mais

secretos.

Professoras de Língua Portuguesa e de Arte


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Jovem Ondjaki,

“Eu não ando sozinho, faço-me acompanhar dos materiais que me passaram os mais velhos. Na palavra “cantil” guardo a utopia, para que durante a vida eu não possa morrer de sede”, disse você, ao agradecer pelo prêmio José Saramago, em 2013, pelo romance “Os transparentes”.

Nossos jovens de 9º ano inspiraram-se em contos seus e também aprenderam a guardar no “cantil” utopias que os fizeram criar histórias profundas e inspiradas pelo tio Víctor, cujo sorriso, gargalhada tipo cascata e trovão, levou-os por caminhos muitas vezes sem magia, amargos, tristes. E o segredo partilhado de “Laranjeiras”? Sentimentos trancados, sorrisos florescentes, perguntas que não calam nunca em nossa alma, “Quem era ele?”, “O que havia acontecido?”. E o choro pelo cão Tinhoso que os fez percorrer caminhos de vida oferecidos pela


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professora de português, evidenciando o prazer da leitura e a reflexão sobre um texto tão importante que se torna insubstituível, como tudo tecido pelas palavras, pelos sabores e cores delas. E a descoberta de que palavras são mágicas, mágicas pela força de traduzir emoções e a ânsia de abraçá-las e a consequente cura que trazem quando, graças a elas, se enfrentam as dores.

Ainda, o passeio pelo passado, mostrando a vida como um jogo brincado na rua, abruptamente terminado pelo chamado de um mais velho. E amigos que se vão, que nunca mais são vistos, mas preservados no coração, eternamente amados. Em nossas entranhas, não importa a idade, pintada a tela do amor, em cores, fixam-se os seres que nos iluminaram a alma, ou ajudaram a escurecê-la. Tudo vira um filme, os sentidos aguçam-se, as dimensões ampliam-se, e lá se vão os escritores e os leitores para uma realidade comandada de dentro para fora.

Somos seres envolvidos por palavras. Com elas criamos novas realidades. Novos futuros virão pela tomada de consciência. E, caro Ondjaki, a inspiração veio forte pela sua literatura em êxtase, envolvente, uma sensação de prazer. Uma paixão de descobrir que se pode interagir com um texto e, a partir dele, experenciar novas linhas de realidade. Sobreviver, graças às palavras, na roda da vida.


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Maria Cleire CordeiroCoordenadora do Depto. de Língua Portuguesa

Seu nome literário, Ondjaki, cujo significado é “aquele que enfrenta desafios” , inspira outros ondjakis a reconstruir o mundo pela tomada da consciência.

Nossos Ondjakis, se me permite, querem abraçar Ondjaki, o amado escritor. Lendo sua obra, nunca morreremos de sede.

Obrigada, querido.


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Ilustrando

Nos “Ilustrandos” anteriores, o desenho era a expressão com a qual os alunos dos 9º anos criavam as ilustrações dos contos.

Para esta edição de 2016 do “Contando/Ilustrando”, o Departamento de Artes convidou os alunos a se inspirarem nos trabalhos do artista David Hockney para ilustrar os contos do escritor Ondjaki.

Pintor, cenógrafo, fotógrafo e gravador britânico, David Hockney é um dos mais importantes artistas vivos, hoje com 79 anos.

Desde os anos 1980, um de seus trabalhos consiste no registro de cenas por uma câmera fotográfica, as quais são recompostas posteriormente num quebra-cabeça de imagens sem que haja, porém, por parte do artista, qualquer tentativa de esconder as deficiências do encaixe dessas imagens. A passagem do tempo se revela em pequenos deslocamentos dos personagens fotografados e do próprio fotógrafo, resultando numa perspectiva “multiocular” (em contraponto à proposta de uma imagem única da fotografia convencional). Esse tipo de experiência sugere a passagem do tempo por meio da fragmentação de um percurso num conjunto de imagens, que assim formam um mosaico fotográfico.


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Para criarem essa fotomontagem ou colagem, nossos alunos deveriam tirar fotos sequenciais com os iPads, obtendo-as de uma série de aproximadamente 50 disparos, para, posteriormente, construir uma cena semelhante àquelas produzidas por David Hockney. Essas fotografias tinham de ser batidas a partir de um ponto de vista, abrangendo uma área extensa.

A ideia, tal como se observa no trabalho de Hockney, era decompor o espaço e o tempo numa série de imagens sequenciais, deixando assim transparecer as falhas em seus encaixes. Em seguida, esses registros foram transformados em videoclipes, cuja elaboração se deu em duplas. Ao todo, 14 foram os vídeos selecionados, que expõem suas imagens uma a uma para que estas se unam, enfim, em uma construção fragmentária.

Arte e literatura sempre andaram juntas, e, nos dias atuais, mais do que nunca, fortemente unidas na área de linguagens.

Juntos, novamente, estão Ondjaki, David Hockney e nossos alunos dos 9º anos, explorando e experimentando, como disse minha amiga Maria Cleire, novas linhas de realidade.

Maria Beatriz PerottiCoordenadora do Departamento de Arte


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Ilustrando o Contando 1:Fátima de Araujo Silva Nese & Ysis Barreto Donati, a partir da introdução do conto “A PISCINA DO TIO VÍCTOR”, de ONDJAKI.


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Então era em casa, à hora do almoço, que encontrávamos o tio Víctor. E o sorriso dele, gargalhada tipo cascata e trovão também, nem dá para explicar aqui em palavras escritas. Só visto mesmo, só uma gargalhada dele já dava para nós começarmos a rir à toa, alegres, enquanto ele iniciava umas magias benguelenses.

– Isto vocês de Luanda nunca viram – abria a mala onde tinha rebuçados, chocolates ou outras prendas de encantar crianças, mais o baralho de cartas para magias de aparecer e desaparecer o ás de ouros, também umas camisas posteradas que nós, «os de Luanda», não aguentávamos.

À noite deixávamos ele jantar e beber o chá que ele gostava sempre depois das refeições. Devagarinho, eu e os primos, e até alguns amigos da rua, sentávamos na varanda à espera do tio Víctor. É que o tio Víctor tinha umas estórias de Benguela que, é verdade, nós os de Luanda até não lhe aguentávamos naquela imaginação de teatro falado, com escuridão e alguns mosquitos tipo convidados extra.

Eu já tinha dito ao Bruno, ao Tibas e ao Jika, cambas da minha rua, que aquele meu tio então era muito forte nas estórias. Mas o principal, embora ninguém tivesse nunca visto só uma foto de admirar, era a piscina que ele disse que havia em Benguela, na casa dele:

A PisciNA Do tio víctor Ondjaki

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– Vocês de Luanda não aguentam, andam aqui a beber sumo Tang!

Ele ria a gargalhada dele, nós ríamos com ele, como se estivessem mil cócegas espalhadas no ar quente da noite.

– Nós lá temos uma piscina enorme – fazia uma pausa dos filmes, nós de boca aberta a imaginar a tal piscina. – Ainda por cima, não é água que pomos lá – eu a olhar para o Tibas, depois para o Jika:

– Não vos disse?O tio Víctor continuou assim numa fala fantasmagórica:– Vocês aqui da equipa do Tang não aguentam…, a nossa

piscina lá é toda cheia de Coca-Cola!Aí foi o nosso espanto geral: dos olhos dos outros, eu vi,

saía um brilho tipo fósforo quase a acender a escuridão da varanda e assustar os mosquitos, nós, as crianças, de boca aberta numa viagem de língua salivada, outros a começarem a rir de espanto, de repente todos gargalhámos, o tio Víctor também, e rebentámos numa salva de palmas que até a minha mãe veio ver o que se estava a passar.

Agora já ninguém me perguntava nada, falavam directamente com o tio Víctor, queriam mais pormenores da piscina e ainda saber se podiam ir lhe visitar um dia destes.

– Vai todo mundo – o tio Víctor riu, olhou para mim, piscou-me o olho. – Vem um avião buscar a malta de Luanda! Preparem a roupa, vão todos mergulhar na piscina de Coca-Cola, nós lá não bebemos desse vosso sumo Tang…

– Ó Víctor, pára lá de contar essas coisas às crianças – a minha mãe chegou à varanda.

Ele piscou-lhe o olho e continuou ainda mais entusiasmado.

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– Não tem maka nenhuma, pode ir toda malta da rua, temos lá em Benguela a piscina de Coca-Cola… Os cantos da piscina são feitos de chuinga e chocolate!

Nós batemos palmas de novo, depois estreámos um silêncio de espanto naquelas quantidades de doce.

– A prancha de saltar é de chupa-chupa de morango, no chuveiro sai fanta de laranja, carrega-se num botão ainda sai sprite… – ele olhava a minha mãe, olhos doces apertados pelas bochechas de tanto riso, batemos palmas e fomos saindo.

Quando entrei de novo em casa, fui lá para cima dizer boa noite a todos. Passei no quarto do tio Víctor, ele tinha só uma luz do candeeiro acesa.

– Tio, um dia podemos mesmo ir na tua piscina de Coca-Cola?

Ele fez assim com o dedo na boca, para eu fazer um pouco-barulho.

– Nem sabes do máximo… No avião que vos vem buscar, as refeições são todas de chocolate com umas palhinhas que dão voltas tipo montanha-russa!, lá em Benguela há rebuçados nas ruas, é só apanhar – e ficou a rir mesmo depois de apagar a luz, até hoje fico a perguntar onde é que o tio Víctor de Benguela ia buscar tantas gargalhadas para rir assim sem medo de gastar o reservatório do riso dele.

Fui me deitar, antes que a minha mãe me apanhasse a conversar àquela hora. No meu quarto escuro quis ver, no tecto, uma água que brilhava escura e tinha bolinhas de gás que faziam cócegas no corpo todo. Nessa noite eu pensei que o tio Víctor só podia ser uma pessoa tão alegre e cheia de tantas magias porque ele vivia em Benguela, e lá eles tinham


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uma piscina de Coca-Cola com bué de chuínga e chocolate também. Vi, também no tecto, o jeito dele estremecer o corpo e esticar os olhos em lágrimas de tanto rir.

Foi bonito: adormeci, em Luanda, a sonhar a noite toda com a província de Benguela.


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sem reAção

Então era em casa, à hora do almoço, que encontrávamos o tio Víctor. E o sorriso dele, gargalhada tipo cascata e trovão também, nem dá para explicar aqui em palavras escritas. Só visto mesmo, só uma gargalhada dele dava para nós começarmos a rir à toa enquanto ele iniciava umas magias...

Beatriz Tessitore Magrin & Maria Eduarda de Souza Alves,a partir da introdução do conto “A PISCINA DO TIO VÍCTOR”,

de ONDJAKI.


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Um dia, tio Víctor não estava muito alegre. Ele não ria, não dava gargalhadas, estava desanimado. No meio da refeição, tio Víctor derrubou seu uísque na mesa. Pediu desculpas. Minha mãe foi correndo limpar a sujeira, triste pela mancha na toalha.

Quando todos acabaram de almoçar, eu fui para o meu quarto, e tio Víctor e papai ficaram na sala para assistir ao jogo. Do meu quarto, eu não ouvia gritos de comemoração que geralmente ouvia, quando os dois homens da família se reuniam para ver futebol. Achei estranho, mas não liguei muito.

Curiosa, caminhei até a cozinha, com a desculpa de pegar um copo de água, quando realmente queria ver se tudo estava normal. E, aparentemente, estava. Decidi sentar com os homens no sofá, apesar de não gostar nem um pouco de futebol e não estar prestando atenção a nenhum lance do jogo. Um gol para um time, um gol para o outro, e nenhuma manifestação da parte de meu tio.

Acabado o jogo, meu tio se levantou para encher seu copo de uísque, todos acharam estranho, ele não costumava beber mais de um copo, mas ninguém disse nada. No caminho para o bar, tio Víctor derrubou seu cigarro no chão, mas ninguém notou, todos preferiam prestar atenção a que o comentarista dizia na televisão.

No movimento para pegar o cigarro, tio Víctor caiu no chão. Estava morto, bem ali, na sala de casa, na minha frente.

Eu não chorei, como meu pai fez. Eu não me debrucei em seu corpo, como minha mãe fez. Eu apenas fiquei parada e percebi que agora os almoços não teriam mais gargalhadas e magias.


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Ilustrando o Contando 2:Isabela Santos Martinez & Rebeca Maldaun Cabral, a partir da introdução do conto “A PISCINA DO TIO VÍCTOR”, de ONDJAKI.


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À horA Do Almoço


Isabella Sadakata Takara & Yanly Kassin Erh,a partir da introdução do conto “A PISCINA DO TIO VÍCTOR”,

de ONDJAKI.


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Nós assistíamos atentamente enquanto tio Víctor demonstrava seu talento como mágico. Ficávamos hipnotizados. Nossos olhos permaneciam fixos, tentando descobrir qual seria seu truque. Quando a mágica terminava, continuávamos deslumbrados. Perguntávamos como ele conseguia fazer aquilo, porém sempre nos respondia: “Um mágico nunca revela seus segredos”.

Quando chegava domingo, à hora do almoço, já sabíamos que haveria alegria e gargalhadas garantidas, mas, um dia, algo havia mudado. As gargalhadas e as mágicas eram menos frequentes, mas, mesmo assim, tio Víctor ainda esboçava seu sorriso, e seus espetáculos continuavam tão divertidos como sempre. Porém, os olhares entregavam: algo ruim estava acontecendo com o tio Víctor.

Entretanto, ele parecia alegre como nunca. Não demonstrava nenhuma fraqueza ou indisposição e sempre comparecia aos almoços de domingo. Mas, com o passar do tempo, ouvia as pessoas comentando que a saúde do tio Víctor estava piorando. Quando nos encontrávamos, seu rosto estava mais pálido e sua respiração mais ofegante. Tio Víctor começou a se queixar de dor. As pessoas tentavam agradá-lo o máximo possível, cozinhavam seus pratos favoritos e lhe proporcionavam as mais diversas regalias.

Porém, em um desses domingos, ele faltou pela primeira vez. Não se ouviu nenhum comentário sobre sua saúde, ou sobre sua ausência. A troca de olhares entre as pessoas revelava um ar melancólico, que se completava com os sorrisos velados. Esses sorrisos traziam a triste perda de alguém querido, mas, ao mesmo tempo, a alegre oportunidade de poder passar a vida com alguém tão especial. Agora tio Víctor estava apresentando suas mágicas para os anjos, no céu, onde passou a ser seu lugar.


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Ilustrando o Contando 3:Luísa Machado Saldanha & Luiza Biscolla Robic, a partir da introdução do conto “A PISCINA DO TIO VÍCTOR”, de ONDJAKI.


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flor e (s)cer


Luísa Machado Saldanha & Luiza Biscolla Robic,a partir da introdução do conto “A PISCINA DO TIO VÍCTOR”,

de ONDJAKI.

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Tio Víctor sempre foi um mágico magnífico, era impossível não ceder ao seu carisma. Uma das mágicas que mais me desperta lembranças é a da rosa. Me chamou para sentar em seu colo, e perguntou se eu gostava de flores. Ligeiro como sempre, tirou uma rosa de trás da minha orelha e beijou-me na bochecha. Um beijo babado.

Ele sempre foi muito carinhoso comigo, sempre dizia como eu estava crescendo e me tornando uma bela mocinha. Todos pareciam se encantar com o jeito do tal homem, menos minha mãe. Talvez ela sinta ciúme de nós dois, já que vive reclamando quando ele me chama de “piteuzinho”. Quem sabe ela até cobiça minha juventude e beleza, já que ela mesma é rabugenta.

Outra lembrança forte que tenho de meu tio é a de nossas brincadeiras. Entre elas, a sua preferida, “o mestre mandou”; ele sempre era o mestre, e eu fazia tudo o que mandava. Nunca gostei muito dessa brincadeira, não sei bem o porquê. Tio Víctor sempre fazia alguns pedidos inusitados e dizia que aquele era nosso segredo. Eu obedecia e ficava em silêncio. Mas como ficar quieta, quando tudo dentro de mim estava gritando? Talvez isso não fosse normal. Talvez eu esteja entendendo tudo agora. Talvez mamãe tivesse razão.

Fecho meus olhos com força e logo volto à realidade. Olho para a conhecida janela da sala de estar. O dia estava chuvoso, e vários trovões enchiam o local com seus barulhos. Me lembro da risada de Tio Víctor, talvez por isso eu não gostasse tanto de dias chuvosos.


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Presto atenção àquele céu cinza, e me sinto presa. Aquilo não teria fim? O sentimento de desespero toma conta de mim, mas a sensação logo passa, assim que vejo uma pequena flor no jardim, resistindo à chuva. Era a hora de resistir, também. De agora em diante, não haverá mais magias nem truques. Serei honesta comigo mesma e não guardarei mais segredos. Se meu tio fosse a chuva, eu seria meu próprio guarda-chuva.


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Bolo De ceNourA


Ana Laura Rocha Scandiuzzi & Carolina Patrão Freitas de Castro Corga,a partir da introdução do conto “A PISCINA DO TIO VÍCTOR”,

de ONDJAKI.


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Minha mãe tinha feito uma feijoada especialmente para ele, era sua comida preferida.

Tio Víctor sempre foi o mais alegre e o que dava graça aos almoços. A piscina de casa era dele, vivia lá, não saía nem para comer. Mas hoje foi diferente. Ele estava ansioso, inquieto. Estávamos todos em volta da piscina. Estava chovendo, por isso abrimos um toldo, e estávamos encolhidos embaixo dele.

A feijoada já tinha acabado e estávamos agora na sobremesa. Um bolo de cenoura com cobertura de chocolate que dava água na boca só de olhar. Tio Víctor comia sem parar, ele adorava. Mas parou. Parou para nos falar algo.

Estava tenso e apreensivo. Recuou. Insistimos e ele resolveu falar.

Tenho uma pessoa para apresentar-lhes – disse – é uma dama, bela e carinhosa, sei que não será fácil aprová-la, mas garanto que irão se adaptar.

Tio Víctor era viúvo, nossa tia Clarice morrera há dois meses. Era muito querida. Nos assustamos com a notícia, mas aceitamos conhecê-la. Não podia ser tão ruim assim.

À medida que o dia de conhecer a tal mulher ia chegando, mais apreensivo eu ficava. E o dia chegou. Quando ela entrou pela porta da casa do tio Víctor e veio em direção à piscina, ficamos paralisados, atentos a tudo que ela fazia. Era bela e realmente atenciosa conosco. Conversamos um bom tempo e quanto mais ficávamos a seu lado, mais gostávamos dela. Trouxe até um bolo de cenoura, o nosso preferido.


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Quanto mais ficávamos juntos, mais nos entendíamos. E a acolhemos para que tio Víctor se sentisse confortável.

Agora, nossas reuniões em volta da piscina terão mais uma pessoa. Se tia Clarice estiver nos vendo, ficará feliz conosco e com tio Víctor. E de novo era em casa, à hora do almoço, que encontrávamos tio Víctor e, agora, com sua companheira, Alice, trazendo mais uma vez seu bolo de cenoura.


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Ilustrando o Contando 4:Isabella Sadakata Takara & Yanly Kassin Erh, a partir da introdução do conto “A PISCINA DO TIO VÍCTOR”, de ONDJAKI.


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o APreNDiz De mágico


Bruno Delle Vedove Monteiro & Giovanni Andrade Buzzi,a partir da introdução do conto “A PISCINA DO TIO VÍCTOR”,

de ONDJAKI.


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Respeitável público! Vamos começar o espetáculo! Empolgado, iniciava a primeira mágica.

Durante a apresentação, fazia tantas brincadeiras que a alegria contagiava a todos. Ele transformava o irreal em real, diante dos espectadores. Era muito agradável estar ali dividindo momentos de fantasia, ilusões e muitas risadas.

Falei para meu primo Marcelo que eu queria fazer o que tio Víctor fazia, em especial, fazer as pessoas rirem.

- Então, por que você não compra um kit de mágicas e começa a praticar?

Comprei um kit e resolvi atuar na escola. Como eu sabia que a professora de Arte gostava muito de balas, eu sempre lhe oferecia algumas. Naquele dia, nem precisei oferecê-las. Deixei a caixinha de balas sobre sua mesa e, quando ela abriu, a cobrinha de pano e mola pulou em sua direção e ela assustou-se, quase caindo da cadeira.

- O que é isso? Dirija-se imediatamente à orientadora!

Foi um desastre! Por mais que tenha sido engraçado, ninguém riu, e ainda fui suspenso das aulas por dois dias. Fui muito criticado e fiquei desolado, até que, certo dia, tio Víctor veio nos visitar e lhe contei o ocorrido.

- Não fique assim! Você pode levar alegria para as pessoas, mas deve saber como fazer isso. Tirou de sua mala um livrinho de mágicas como aquelas que ele fazia e me deu de presente.

Coloquei em prática o que havia no livrinho e fiquei muito feliz. Dessa vez, as pessoas riam à toa como estivessem vendo o espetáculo do tio Víctor, mas era eu, seu aprendiz.


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Ilustrando o Contando 5:Clarice Arruda Villari & Valentina Ferraracio Bellelli, a partir da introdução do conto “A PISCINA DO TIO VÍCTOR”, de ONDJAKI.


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escAPAtóriA


Clarice Arruda Villari & Valentina Ferraracio Bellelli,a partir da introdução do conto “A PISCINA DO TIO VÍCTOR”,

de ONDJAKI.


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Tio Víctor era meu padrinho e, desde o dia em que nasci, morava conosco. Não era casado nem tinha filhos, mas era dono de um grande espírito paternal, especialmente para mim, com meus pais ausentes e irmãos que só usavam a casa para dormir.

Certa tarde, Tio Víctor chegou transtornado: andava a passos largos e suava. Cumprimentou-nos secamente e, num ato inusitado, subiu para seu quarto sem dizer palavra. Intriguei-me: ele não era dado a essas mudanças súbitas de humor.

Na noite daquele mesmo dia, Tio Víctor saiu; novamente algo incomum. Mas vi aquilo como uma oportunidade de esclarecer o que estava acontecendo e, mesmo sabendo que minha atitude não era muito digna, resolvi procurar por alguma pista em seu quarto.

Para meu espanto, após alguns minutos de procura, encontrei receitas de remédios que, logo depois de pesquisar mais atenciosamente, descobriria serem quimioterápicos. Naquele instante, dezenas de perguntas passaram pela minha cabeça: quando ele contaria para mim? Há quanto tempo sabia disso?

Nas semanas que se seguiram, contudo, tio Víctor voltou a seu comportamento padrão, cheio de piadas. Ainda me fazia rir, mas meu riso passou a ser tenso, pois percebia que sua euforia estava um tanto excessiva, como que a esconder uma angústia, e eu sabia a razão. Sentia que ele estava fazendo de tudo para mostrar que as coisas continuavam sob controle e, por um tempo, tentei me convencer de que assim permaneciam.


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Até que cheguei em casa em mais uma tarde que parecia normal. Não havia ninguém. Fui até a cozinha e algo em cima da mesa me chamou a atenção: era uma carta, e sua caligrafia me lembrava, com certeza, a de meu tio. Abri o envelope e a li. Ao fim da leitura, mal consegui me manter em pé. Trêmula, subi as escadas e fui até seu quarto, talvez, instintivamente, em busca de consolo. Quando abri a porta, vi seus óculos no chão. Não conseguia aceitar o ocorrido, porém entendia que meu tio não tinha sido firme o suficiente para submeter-se ao fato de que, daquela vez, não poderia simplesmente aliviar a situação com alegria, como sempre costumava fazer.

Não sabia ao certo o que sentia: culpa, por não tê-lo feito sentir-se seguro quando mais precisava, ou apenas um desalento, por não mais ter aquele que sempre me fizera sentir-me segura quando mais precisava.


Acho que as lembranças são cócegas invisíveis que ficam dentro das pessoas.

Ondjaki, AvóDezanove e o Segredo do Soviético


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Ilustrando o Contando 1:Alessandra Rister Portinari Maranca & Catharina Faria de Morais, a partir da introdução do conto “LARANJEIRAS”, de ONDJAKI.


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lArANJeirAsOndjaki

Havia flores por todos os cantos. Sorrisos tristes, velados – a não ser que alguém, algum dia, decidisse partilhar o segredo.

O padrinho tinha ordenado as flores. Era o que se dizia. Entre as enfermeiras e outros pacientes, o que se lia era uma alternância entre lágrimas e contentamento. E a palavra “padrinho”. E as flores, muitíssimas. Nas casas de banho, corredor, janelas, em todos os quartos daquele piso.

Para espanto meu, o padrinho ainda ali estava. Molhava as flores. Compunha um jarro e – de trás, juro! – era a figura do Zeca Diabo. De frente, quando se virou, era ainda mais o Zeca Diabo. Ou, como direi para melhor dizer?, era ele mesmo. O próprio.

Tinha envelhecido umas décadas, o bigode agora esbranquiçado, mas o mesmo ar perigoso e pueril, as mesmas mãos desajeitadas, a mesma hesitação na voz. Até uma pistola à cintura.

Não soube resistir:

– Zeca Diabo...?

Agora de frente, de tão perto, via-lhe os olhos tão encarnados que me era custoso não absorver tanta tristeza. A voz de Lima Duarte soou inconfundível:

– Zeca Diabo... ou Sinhozinho Malta... Depende do dia.

– Do dia?

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Continuava a arranjar as flores. Mexia nelas com ligeireza.

Eu, confesso, não sabia o que sentir. Ele passou-me um ramo volumoso para as mãos e passei a colaborar no que eu não sabia o que fosse ser aquilo.

Esperei, calado. Ajudei. O colete azul, talvez isso, fosse um adereço do Sinhozinho. Mas o resto era o Zeca...! Era o Zeca ao vivo... – a mexer nas flores, a fungar do nariz, a limpar as lágrimas.

– Meu afilhado que morreu... – disse, ao fim de meia hora.

Não soube o que dizer. O meu ímpeto era perguntar pelo Seu Dirceu, esse borboletista militante, etéreo. Depois, perguntaria pelo Odorico. Num terceiro momento eu quereria falar com o próprio Sinhozinho e perguntar notícias da Dona Lulú. E aquilo saiu-me assim:

– O senhor sabe que eu sou angolano?

– Você também...? – um mínimo sorriso nasceu no canto da boca de Zeca Diabo.

Quem seria o outro?

– É você o padrinho que trouxe as flores? – tentei recomeçar.

Ele sentou-se.

– Eu mesmo.

– Mas... Quem era o afilhado...? Ainda não entendi.

– Era o angolano.

Respirei fundo. Às vezes respirar é a chave que nos abre o futuro. Olhei as botas gastas, as pulseiras, o chicote preso no pulso. Só faltava que lá fora estivesse o seu cavalo. Sentado ao meu lado, juro mesmo: nada mais nada menos do que Zeca Diabo!

(...)

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Ilustrando o Contando 2:Ana Beatriz Barbosa Casolaro & Maria Carolina Bento Cicaroni Gibelli, a partir da introdução do conto “LARANJEIRAS”, de ONDJAKI.


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seNtimeNtos trANcADos


Beatriz Rodrigues de Carvalho & Isabel Kneese Virgilio do Nascimento,a partir da introdução do conto “LARANJEIRAS”, de ONDJAKI.


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Ruas escuras com tristeza pairando no ar, muros que deixavam qualquer pessoa insignificante, cores cinzentas que pintavam a cidade em pinceladas. Era assim a cidade onde ele vivia. Enquanto fazia seu trajeto diário para o trabalho, a única coisa que via eram pessoas vestidas de cinza e preto cujos pensamentos eram voltados para si mesmos. Regras restringiam seus pensamentos e palavras, deixando sua criatividade e liberdade presas em seu coração. Regras que prendiam seus sentimentos com cadeados e nunca mais seriam encontrados. Ser diferente não era uma opção, principalmente para ele que via o mundo de um outro jeito.

Trabalhar era uma obrigação para qualquer homem, e isso não seria diferente para ele. Nunca estava concentrado no que fazia durante o trabalho e quando o relógio mostrava que o expediente havia terminado, levantava rapidamente sem dizer nada a ninguém. Após o trabalho, fazia o que era proibido, e fazia sem pensar, como se o mundo não existisse.

Sair correndo do trabalho era como uma obrigação para ele. Ficava tão concentrado em seu objetivo que acabava nem prestando atenção às pessoas e às coisas a sua volta. Um sorriso radiante como o sol e seus olhos brilhantes como estrelas faziam com que sua felicidade guardada no fundo de seu coração despertasse.

Apesar das cores cinzentas, havia um lugar onde as cores da aquarela eram mais vivas, onde a vida voltava a ter um sentido. O mundo a sua volta havia deixado de ser cinzento e sem vida. A cada batida de felicidade de seu coração, o mundo ganhava mais alegria. As pessoas a sua volta haviam se tornado estrelas em um mar de cores, mas havia uma que podia não só mudar seu mundo como também seu coração.


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Havia flores por todos os cantos. Sorrisos tristes, velados, por possuírem segredos tão proibidos quanto sorrir. Pétalas rosadas dançando junto ao vento suave que acompanhava o pôr do sol pintado ao fundo. Quanto mais se aproximava de sua estrela, mais seu coração batia. Seu segredo era proibido, mas, pelo menos, ele não estava sozinho, pois o outro, sua estrela, estava com ele. O amor naquela cidade tinha restrições, mas, para ele, era um arco-íris, em cujo final encontrava sua estrela, a cada final do dia, no único lugar onde podia sorrir.


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sorrisos floresceNtes


Alessandra Rister Portinari Maranca & Catharina Faria de Morais,a partir da introdução do conto “LARANJEIRAS”, de ONDJAKI.


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As tulipas que ele regava eram quase tão bonitas quanto o sorriso que carregava alegre e doce, pela minha janela, naquela quarta-feira ardente. Os meus olhos, cujo deslumbre era evidente, cegavam-me em minha espionagem rotineira. Tudo que qualquer um e eu desejávamos era desvendar o mistério de meu vizinho e seus sorrisos marcantes em tardes chuvosas.

Podia sentir a inveja constante me mordiscando até me consumir por inteira. Desde que a realidade se acinzentou, mergulhei em minha própria melancolia, sugando os outros para dentro. Tinha que descobrir o segredo de tanta maldade. Vi-o saindo de seu apartamento com uma mochila carcomida. Rumei até lá rapidamente e não hesitei em, com um grampo de cabelo, cruzar a linha do aceitável e adentrar seu apartamento consumida pela raiva.

Com um golpe lunático, regido pela avidez, atirei todas as suas plantas no chão. A terra em minhas mãos representava meu assassinato cruel. Corri o mais rápido possível, com o coração palpitante de vergonha. Tudo aconteceu em um piscar de olhos e, quando vi, já estava em meu apartamento novamente lamentando minhas ações. Como se estivesse colada, fiquei na janela aguardando para ver a reação dele ao ver sua felicidade espalhada pelo chão frio de linóleo. Tinha a impressão de que nem isso afetaria seu bem-estar eterno.

Quando ele finalmente voltou para casa, surpreendi-me imensamente. Como se eu tivesse retirado suas raízes do solo, sua necessidade de minerais o fez desatar a chorar. Perguntei-me se seus sorrisos estariam destruídos para sempre. Mas me surpreendi ainda mais quando, no momento seguinte, ele limpou a sujeira no chão, posicionou alguns outros vasos na janela e, meticulosamente, os semeou novamente, replantando as flores com calma.


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Como um tapa na cara, finalmente entendi que o segredo não é um sentimento infinito de euforia. Mas com a calma de quem planta uma rosa, ter a motivação de começar tudo de novo, quando o universo age desgraçadamente.


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Ilustrando o Contando 3:Ana Beatriz Nardeli Pinto & Manuela Cândido de Mello Ferro, a partir da introdução do conto “LARANJEIRAS”, de ONDJAKI.


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Quem erA ele?


Eduardo Ballalai Bordon & Gustavo Fortes Staudohar,a partir da introdução do conto “LARANJEIRAS”, de ONDJAKI.


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Piadas funerárias, daquelas de que ninguém ria, eram ouvidas em sussurros ansiosos contadas para aliviar o pesado clima de angústia e desconforto. Algumas lágrimas caíam aqui, outras acolá; todos o conheciam, mas ninguém sabia quem realmente era o morto. Para uns era o padeiro da esquina; para outros o homem que sempre amanhecia de bom humor ou até mesmo um jardineiro que cuidava das flores com ternura e amor. Não importava quem fosse, ele estava presente na vida de todos. Era o salvador das viúvas; o anjo da guarda dos velhinhos sem saúde; amigo daqueles cujo mundo não se esforçava muito para ajudar.

A dona do quarto 71 era recebida por um caloroso abraço. O senhor do 131 invejava a juventude que o homem esbanjava. O homem do 179 gostaria de ser mulherengo como ele era, já que sempre andava com uma formosa jovem ao seu lado que carregava uma prancheta com folhinhas, constantemente anotando coisas, enquanto ele conversava com o homem. Sempre ocupado, o homem cuja identidade se desconhecia nunca deixava de visitar cada um pessoalmente, mesmo sendo tantos. Vivia cheio de papeis nas mãos e lia e relia-os meticulosamente com seus olhos apertados através das pequenas lentes de seu óculos, sempre tombados na ponta de seu nariz; mesmo assim, ele sorria. Seu sorriso acalmava até o mais agressivo dos homens. Compreendia as dores que cada um sentia. Sabia muito sobre todos, mas pouco se sabia sobre ele.

O homem, que sempre perguntava como estava se sentido a cada um que visitava, vivia sobrecarregado. Cada vez mais a pilha de papéis aumentava em seus braços raquíticos. Cada vez mais rugas se formavam em sua testa, sua visão lentamente ausentava-se; um verdadeiro trabalho de diretor.


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Mesmo quando o homem caiu no chão, mãos no peito em angústia, mesmo com a papelada voando como pássaros em um dia quente de primavera, ele sorria.

Morreu sem saberem quem era; morreu o homem de jaleco branco que era acompanhado de uma moça de branco, carregando sedativos e acalmando todos que residiam dentro das paredes brancas. Morreu um homem cuja identidade era tão desconhecida quanto a sanidade de seus pacientes.


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o Que hAviA AcoNteciDo?


Isadora Coelho Pereira Gabriades & Maria Clara Batista Nascentes,a partir da introdução do conto “LARANJEIRAS”, de ONDJAKI.


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Ilustrando o Contando 4:Helena Garrido Martos & Luiza Oppermann Oliveira, a partir da introdução do conto “LARANJEIRAS”, de ONDJAKI.


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“Ela era uma criança adorável”, “quase uma mulher, foi tão cedo…”. Ele não conseguia se confortar com essas frases, clássicas para situações como aquela. Pareciam tão frias e impessoais. Ele podia sentir o gosto salgado das lágrimas alheias. Fora da pequena capela, chovia. O céu era tão nublado quanto suas lembranças daquele dia. Aquele dia, no qual sua irmã havia morrido. O que mesmo tinha acontecido?

- Francisco!Reconheceu a voz chorosa da mãe e sentiu necessidade

de fugir. Precisava sair de lá. Dentro daquela capela escura, recheada de parentes de quem muitas vezes nem sabia o nome. Como uma festa de final de ano, sentia-se perdido na multidão. Não era capaz de aguentar mais nem um segundo aquele velório tão real, e ao mesmo tempo, tão surreal. Estava ciente do que acontecia, mas não queria acreditar. Amélia, sua irmã, presente desde o dia de seu nascimento…

Sem olhar para onde ia, saiu em disparada. Seus pés mal podiam aguentar o peso do corpo e de sua consciência. Mas por que se sentia culpado? Sua cabeça rodava. Tudo era confuso e embaçado, como o céu que o envolvia naquela tarde. O que havia acontecido com sua querida irmã? Por que pensava nisso? Investigações disseram que sua morte era um grande mistério...Colapso. A sola de seus pés não tocava mais o chão. E, de repente, sentia a grama gelada e úmida em suas costas, o que piorava sua respiração. Não era culpa dele, pensou. Havia sido sem querer. Mas o que havia sido sem querer? Não era sua culpa. Suas lembranças pareciam se organizar…

Francisco sempre fora uma criança diferente das outras. Inteligente, porém extremamente temperamental.


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Problemática, alguns disseram - mas Francisco não parecia se importar. Havia sido um ataque de raiva, algo que já não ocorria fazia um bom tempo. Sua pobre irmã pagou com a vida por ter cometido um pequeno erro, uma brincadeira infantil. Suas mãos se sentiam pesadas enquanto pressionavam a almofada no rosto pálido de Amélia, como um navio afunda no oceano profundo. Uma força o empurrava para baixo e não sabia como parar.

Agora que os acontecimentos estavam esclarecidos, sua mente parecia se resolver. Porém um novo problema surgiu, o remorso, que tomou conta de seu pequeno corpo. Agora havia um segredo que deveria ser levado em seu coração até o dia de seu próprio velório. Francisco então levantou e caminhou calmamente até o velório, obrigando-se a encarar a realidade e recebeu de braços abertos sua mãe, que mostrava um sorriso velado e triste...


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Ilustrando o Contando 1:Ana Laura Dias Nascimento Rodrigues & Mariana de Camargo Salles Cezar, a partir da introdução do conto “NÓS CHORAMOS PELO CÃO TINHOSO”, de ONDJAKI.


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Nós chorAmos Pelo cão tiNhoso

ONDJAKI

Eu já tinha lido esse texto dois anos antes mas daquela vez a estória me parecia mais bem contada com detalhes que atrapalhavam uma pessoa só de ler ainda em leitura silenciosa – como a camarada professora de português tinha mandado. Era um texto muito conhecido em Luanda: «Nós matámos o Cão Tinhoso».

Eu lembrava-me de tudo: do Ginho, da pressão-de-ar, da Isaura e das feridas penduradas do Cão Tinhoso. Nunca me esqueci disso: um cão com feridas penduradas. Os olhos do cão. Os olhos da Isaura. E agora de repente me aparecia tudo ali de novo. Fiquei atrapalhado.

A camarada professora seleccionou uns tantos para a leitura integral do texto. Assim queria dizer que íamos ler o texto todo de rajada. Para não demorar muito, ela escolheu os que liam melhor. Nós, os da minha turma da oitava, éramos cinquenta e dois. Eu era o número cinquenta e um. Embora noutras turmas tentassem arranjar alcunhas para os colegas, aquela era a minha primeira turma onde ninguém tinha escapado de ser alcunhado. E alguns eram nomes de estiga violenta.

Muitos eram nomes de animais: havia o Serpente, o Cabrito, o Pacaça, a Barata-da-Sibéria, a Joana Voa-Voa, a Gazela, e o Jacó, que era eu. Deve ser porque eu mesmo falava muito nessa altura. Havia o É-tê, o Agostinho-Neto, a

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75Scubidú e mesmo alguns professores também não escapavam da nossa lista. Por acaso a camarada professora de português era bem porreira e nunca chegámos a lhe alcunhar.

Os outros começaram a ler a parte deles. No início, o texto ainda tá naquela parte que na prova perguntam qual é e uma pessoa diz que é só introdução. Os nomes dos personagens, a situação assim no geral, e a maka do cão. Mas depois o texto ficava duro: tinham dado ordem num grupo de miúdos para bondar o Cão Tinhoso. Os miúdos tinham ficado contentes com essa ordem assim muito adulta, só uma menina chamada Isaura afinal queria dar protecção ao cão. O cão se chamava Cão Tinhoso e tinha feridas penduradas, eu sei que já falei isto, mas eu gosto muito do Cão Tinhoso.

Na sexta classe eu também tinha gostado bué dele e eu sabia que aquele texto era duro de ler. Mas nunca pensei que umas lágrimas pudessem ficar tão pesadas dentro duma pessoa. Se calhar é porque uma pessoa na oitava classe já cresceu um bocadinho mais, a voz já está mais grossa, já ficamos toda hora a olhar as cuecas das meninas «entaladas na gaveta», queremos beijos na boca mais demorados e na dança de slow ficámos todos agarrados até os pais e os primos das moças virem perguntar se estamos com frio mesmo assim em Luanda a fazer tanto calor. Se calhar é isso, eu estava mais crescido na maneira de ler o texto, porque comecei a pensar que aquele grupo que lhes mandaram matar o Cão Tinhoso com tiros de pressão-de-ar, era como o grupo que tinha sido escolhido para ler o texto.

Não quero dar essa responsabilidade na camarada professora de português, mas foi isso que eu pensei na minha cabeça cheia de pensamentos tristes: se essa professora nos manda ler este texto outra vez, a Isaura vai chorar bué, o Cão Tinhoso vai sofrer mais outra vez e vão rebolar no chão a rir do Ginho que tem medo de disparar por causa dos olhos do Cão Tinhoso.

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76 O meu pensamento afinal não estava muito longe do que foi acontecendo na minha sala de aulas, no tempo da oitava classe, turma dois, na escola Mutu-Ya-Kevela, no ano de mil novecentos e noventa: quando a Scubidú leu a segunda parte do texto, os que tinham começado a rir só para estigar os outros, começaram a sentir o peso do texto. As palavras já não eram lidas com rapidez de dizer quem era o mais rápido da turma a despachar um parágrafo. Não. Uma pessoa afinal e de repente tinha medo do próximo parágrafo, escolhia bem a voz de falar a voz dos personagens, olhava para a porta da sala como se alguém fosse disparar uma pressão-de-ar a qualquer momento. Era assim na oitava classe: ninguém lia o texto do Cão Tinhoso sem ter medo de chegar ao fim. Ninguém admitia isso, eu sei, ninguém nunca disse, mas bastava estar atento à voz de quem lia e aos olhos de quem escutava.

O céu ficou carregado de nuvens escurecidas. Olhei lá para fora à espera de uma trovoada que trouxesse uma chuva de meia-hora. Mas nada.

Na terceira parte até a camarada professora começou a engolir cuspe seco na garganta bonita que ela tinha, os rapazes mexeram os pés com nervoso miudinho, algumas meninas começaram a ficar de olhos molhados. O Olavo avisou: «quem chorar é maricas então!» e os rapazes todos ficaram com essa responsabilidade de fazer uma cara como se nada daquilo estivesse a ser lido.

Um silêncio muito estranho invadiu a sala quando o Cabrito se sentou. A camarada professora não disse nada. Ficou a olhar para mim. Respirei fundo.

Levantei-me e toda a turma estava também com os olhos pendurados em mim. Uns tinham-se virado para trás para ver bem a minha cara, outros fungavam do nariz tipo constipação de Cacimbo. A Aina e a Rafaela que eram muito branquinhas estavam com as bochechas todas vermelhas e os olhos

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7777também, o Olavo ameaçou-me devagar com o dedo dele a apontar para mim. Engoli também um cuspe seco porque eu já tinha aprendido há muito tempo a ler um parágrafo depressa antes de o ler em voz alta: era aquela parte do texto em que os miúdos já não têm pena do Cão Tinhoso e querem lhe matar a qualquer momento. Mas o Ginho não queria. A Isaura não queria.

A camarada professora levantou-se, veio devagar para perto de mim, ficou quietinha. Como se quisesse me dizer alguma coisa com o corpo dela ali tão perto. Aliás, ela já tinha dito, ao me escolher para ser o último a fechar o texto, e eu estava vaidoso dessa escolha, o último normalmente era o que lia já mesmo bem. Mas naquele dia, com aquele texto, ela não sabia que em vez de me estar a premiar, estava a me castigar nessa responsabilidade de falar do Cão Tinhoso sem chorar.

– Camarada professora – interrompi numa dificuldade de falar. – Não tocou para a saída?

Ela mandou-me continuar. Voltei ao texto. Um peso me atrapalhava a voz e eu nem podia só fazer uma pausa de olhar as nuvens porque tinha que estar atento ao texto e às lágrimas. Só depois o sino tocou.

Os olhos do Ginho. Os olhos da Isaura. A mira da pressão-de-ar nos olhos do Cão Tinhoso com as feridas dele penduradas. Os olhos do Olavo. Os olhos da camarada professora nos meus olhos. Os meus olhos nos olhos da Isaura nos olhos do Cão Tinhoso.

Houve um silêncio como se tivessem disparado bué de tiros dentro da sala de aulas. Fechei o livro.

Olhei as nuvens.

Na oitava classe, era proibido chorar à frente dos outros rapazes.


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o texto iNsuBstituível

Eu já tinha lido esse texto dois anos antes, mas daquela vez a estória me parecia mais bem contada com detalhes que atrapalhavam uma pessoa só de ler ainda em leitura silenciosa – como a camarada professora de português tinha mandado.

Jenner Neves Accioly Lins Filho & Pedro Stefani Fonseca,a partir da introdução do conto “NÓS CHORAMOS PELO CÃO TINHOSO”,

de ONDJAKI.


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A professora era muito carismática e já havia nos avisado que nos avaliaria com uma prova baseada no texto. Naturalmente todos da sala estavam concentrados em entendê-lo e, inquestionavelmente, eu estava tendo dificuldade.

O texto era uma grande metáfora cheia de ironias e palavras desconhecidas, porém recordo que fiquei interessado.

Lemos por alguns dias, já que o texto era longo, e eu não tinha ideia do significado intricado que ele passava para quem lia e o compreendia. Criei uma devoção pela leitura e comecei a ler mais, já era um hábito. Decidi que queria ser escritor e escrever textos e livros tão complicados quanto o escolhido pela professora. Era o meu primeiro amor.

Ela me incentivava muito a fazer o que eu gostava, porém, ao mesmo tempo, meus colegas ironizavam, pois meu sonho era diferente. Todos queriam ser jogadores de futebol, artistas, cantores, porém isso nunca me abalou.

Alguns anos se passaram, e eu já estava me formando, faculdade de Letras na USP. Mantive contato com meus antigos colegas e professores, incluindo minha querida professora de português que tanto me incentivou e me ajudou a me tornar o homem que sou hoje. Enfim, estava prestes a me formar e recebi uma notícia que virou meu mundo de ponta cabeça. Ela estava hospitalizada, diagnosticada com uma rara doença em estado terminal.

Ia visitá-la sempre que podia e mostrava-lhe meus projetos, e ela adorava. Corrigia-me tratando-me como se eu ainda estivesse no Fundamental. Até que chegou um dia em que o inevitável aconteceu. Não fiquei surpreso, já que pressupunha que isso aconteceria. Mesmo assim, olhei para frente sem me esquecer das minhas raízes. Até hoje me lembro daquele texto, que me tornou o que sou hoje.


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o PrAzer DA leiturA

Eu já tinha lido esse texto dois anos antes, mas daquela vez a estória me parecia mais bem contada com detalhes que atrapalhavam uma pessoa só de ler ainda em leitura silenciosa – como a camarada professora de português tinha mandado.

Eric Teruo Suzuki & Víctor Silvi Zomignani,a partir da introdução do conto “NÓS CHORAMOS PELO CÃO TINHOSO”,

de ONDJAKI.


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Comecei a ler novamente em casa, já escuro.Um êxtase surgiu em meu corpo,mas não como antes, ainda mais en-volvente do que a primeira vez,era algo novo, uma sensação de prazer.

Percebi detalhes antes não vistos, pensamentos que não tivera, criou-se uma filosofia nova sobre o livro. Consegui pen-sar como o autor em seu próprio mundo. Eu fui além, pensei em incrementar mais a estória com novas ideias, persona-gens, locais. Logo percebi que ler e escrever era algo que me fazia sentir alegre ,eufórico. Senti-me como um viciado em algo,só pensava em escrever mais. Se me perguntassem qual minha paixão, eu responderia: ler, incrementar um texto, in-teragir com ele de uma forma suave.

Então logo percebi que meu destino seria escrever.


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Ilustrando o Contando 1:Giulia Silva Marano & Raphaelle Marie Françoise de Fraipont, a partir da introdução do conto “O ÚLTIMO CARNAVAL DA VITÓRIA”, de ONDJAKI.


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o último cArNAvAl DA vitóriA

Ondjaki

A vida às vezes como um jogo brincado na rua: estamos no último minuto de uma brincadeira bem quente e não sabemos que a qualquer momento pode chegar um mais velho a avisar que a brincadeira já acabou e está na hora de jantar. A vida afinal acontece muito de repente - nunca ninguém nos avisou que aquele era mesmo o último Carnaval da Vitória.

O Carnaval também chegava sempre de repente. Nós, as crianças, vivíamos num tempo fora do tempo, sem nunca sabermos dos calendários de verdade. Para nós segunda-feira era um dia de começar a semana de aulas e sexta-feira significava que íamos ter dois dias sem aulas. Depois as datas eram assim isoladas: Carnaval da Vitória, dia do trabalhador, dia uma das crianças, férias grandes, feriado da Independência e o Natal com o fim de ano também já a chegar. O Carnaval tinha que ser anunciado pelos mais velhos, como se nós, as crianças, vivêssemos numa vida distraída ao sabor da escola e da casa da avó Agnette.

O “dia da véspera do Carnaval”, como dizia a avó Nhé, era dia de confusão com roupas e pinturas a serem preparadas, sonhadas e inventadas. Mas quando acontecia era um dia rápido, porque os dias mágicos passam depressa deixando marcas fundas na nossa memória que alguns chamam também de coração. Na televisão passava o

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grande desfile do Carnaval da Vitória e, na Praia do Bispo - o bairro poeirento da avó Nhé -, nós formávamos um grupo pequenino que, com um apito gritante, fazia uma passeata de quase 45 minutos.

Havia que ir até à bomba de gasolina, atravessar a rua com cuidado, passar perto da casa do Xana, esse Xana que todo mundo dizia que tinha um jacaré no quintal dele, ir pelo passeio da Andreia, a amiga bonita da minha prima, cumprimentar a tia Adelaide no portão, esperar que o Paulinho também viesse, e entrar no bairro da Kinanga, passando pelo cine, apitando sempre forte, dando a volta na igreja e voltando pela rua principal outra vez, a olhar as ruas com cuidado por causa dos carros que vinham com velocidade conduzidos pelos bêbados do Carnaval da Vitória.

Ao chegar a casa se calhar a tia Maria e a avó Nhé tinham preparado um lanche magrinho, com banana, pão, umas fatias bem fininhas de bolo feito com metade da receita normal, ngonguenha para quem quisesse, quatro rebuçados duros e antigos que ninguém atacava, um pires pequeno de arroz doce só com cheiro de canela, alguma paracuca e a gasosa “baptizada”, que era uma gasosa misturada com água, de modo que uma garrafa de Fanta ou Coca-Cola, depois de baptizada, desse para três ou quatro copos. A tia Maria vinha da cozinha com o prato de arroz-doce ainda a polvilhar o restinho de canela que saía do frasco, a rir, e a fazer estranhos movimentos na boca com a placa de dentes toda velha que ela usava. Nós não podíamos rir. A avó Nhé tinha proibido todos os netos de estigarem a tia Maria nesse gesto dela da placa, e tinha dito que a tia Maria era boazinha. Nós ríamos às

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escondidas, porque a tia Maria era muito gorda e tinha o hábito de pôr os dedos também gordos em todas as comidas para provar quando a avó Nhé não estava a olhar.

As nossas mães faziam de propósito para nos deixar lá na casa da avó Nhé no dia do Carnaval da Vitória. Às vezes até fico a pensar que no dia do Carnaval era a data em que eu via os primos todos, mais até que no Natal.

Quando entrávamos para vir lanchar, as roupas e as pinturas eram já só um resto de coisas penduradas, azuis suados e vermelhos tristes nas bochechas da prima Naima e da mana Tchi. As “Arletes”, como a avó chamava o grupo das filhas do senhor Tuarles, às vezes vinham também lanchar conosco, mas a tia Maria dava-lhes cada olhada que elas quase nem tinham coragem de tirar comida nenhuma. Acho que a tia Maria só gostava das crianças que eram de casa e principalmente não queria que outras crianças comessem as coisas que ela tinha preparado. A tia Maria era muito gorda e passava muitas horas na cozinha, de tal maneira que já ninguém gostava de lhe dar beijinho nas bochechas a cheirar a cebola e a margarina daquelas latas vermelhas.

Além da avó Nhé e da tia Maria, estava também a avó Catarina, toda vestida de preto e muito caladinha, com o lenço escuro a tapar o cabelo todo branquinho. Ela era muito calada e tinha sempre aquele hábito de passar o dia todo a abrir e fechar as janelas do quarto dela, mas, na altura do Carnaval da Vitória, ela era boa a dar ideias para inventar máscaras. “A Naima pode ser a bailarina”, dizia com a voz dela muito apagada como se fosse uma

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pessoa que ainda não tinha percebido que afinal já tinha morrido há muitos anos, “a Tchissola pode ficar a fada”, e ia para o quarto dela ver se tinha deixado as janelas abertas, trazia mais uma roupa, um lenço, uma ideia, “o Amilcar vai mascarado de polícia”. O Amilcar adorava que lhe chamassem o sr. Polícia, ficou vaidoso com a camisa azul e o lenço no pescoço, tinha até uma pistola de madeira que parecia dos filmes do Trinitá.

Quando entramos para lanchar, na televisão estava a dar, em directo, o desfile do Carnaval da Vitória. Eu não gostava de arroz-doce, a mana Tchissola atacou o meu pires. Ficamos todos a ver o desfile e era um mês de março. O locutor deu alguma informção errada sobre o Carnaval, e um dos primos disse que não era assim, que aquele era o Carnaval da Vitória porque a 27 de março se comemorava o dia em que as forças armadas tinham expulsado o último sul-africano de solo angolano, e bué de gente começou a estigar porque ali não estávamos em nenhuma aula e não queriam lição de história. Mas eu pensei que o meu primo tinha razão.

Estávamos nessa distração de risos e gasosas baptizadas, quando a avó Catarina veio me pedir o apito. Eu tinha esquecido de lhe entregar o apito. Naquele tempo, antes de sairmos de casa para o nosso desfile de crianças mascaradas, a disputa era quem ia levar o apito na boca. Esse que tinha o poder de apitar fazia a vez daqueles que, no desfile de verdade, vão à frente a marcar o ritmo do grupo. Nesse ano, não sei porquê, ninguém tinha mostrado vontade de apitar, e a avó Catarina tinha me dado o apito.

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Eu fiquei contente e nervoso, porque se eu não apitasse bem mais tarde iam me gozar durante bué de semanas. Mas correu tudo bem.

Agora, devagarinho e sempre falando baixo, a avó Catarina veio me pedir o apito.

- Dá-me o apito, filho, que eu tenho de ir lá a cima ver se deixei as janelas abertas.

Ela parecia ter pressa. Procurei nos bolsos, nada no casaco, nada na calça. Fiquei atrapalhado, pousei o copo com o restinho da gasosa aguada do baptismo.

- Espera só, avó - levantei a calça, encontrei o apito escondido na meia. Tinha medo de ser roubado porque já tínhamos voltado para casa quando estava escuro.

Dei-lhe o apito e ela fez uma coisa que fazia poucas vezes: sorriu e fez-me um carinho na bochecha. Nunca disse aos meus primos porque iam me gozar, mas eu não sabia que a mão assim toda enrugadinha da avó Catarina era tão suave. Fechei os olhos. Quando os abri, ela já no estava lá: a avó Catarina era muito rápida a desaparecer.

Levantaram o som da televisão. O camarada locutor estava a conversar com alguém e ouvimos comentários de aquele ser mesmo o último Carnaval da Vitória.

Lá fora, o camião da água passou a largar água no passeio da avó Nhé que tinha sempre muita poeira por causa das obras do Mausoléu. Muitos miúdos brincavam de correr perto desse camião e um soviético dizia palavras que ninguém entendia mas acho que ele estava a dizer disparates na língua dele.


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Como no podia apanhar poeira, por causa da asma, fui para o quintal. Fazia um vento que voava devagar, as folhas da figueira faziam um ruído que era mais um segredo que um barulho. Lá longe, na rua principal, ouvi o barulho da Honda 1100 do João Serrador a passar. Os dois jacós na gaiola disseram bué de disparates porque estavam assustados com o barulho da mota e só havia uma coisa a fazer: fui até ao tanque da roupa onde tinham deixado uma água azulada por causa do sabão, molhei as mãos e sacudi pra dentro da gaiola. Os jacós lambiam o corpo com vontade. Mesmo vendo os olhos deles tão alegres, nunca entendi como é que o sabor daquele sabão azul lhes acalmava mais que um carinho.

Isto foi em fins de março. No último Carnaval da Vitória.


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Ilustrando o Contando 2:André Luiz Rodrigues Caetano & Víctor Augusto de Paula Guimarães, a partir da introdução do conto “O ÚLTIMO CARNAVAL DA VITÓRIA”, de ONDJAKI.


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A ruA NA QuAl BriNcAvA

A vida às vezes é como um jogo brincado na rua: estamos no último minuto de uma brincadeira bem quente e não sabemos que a qualquer momento pode chegar um mais velho e avisar que a brincadeira já acabou e está na hora do jantar.

Danilo Tannus de Queiroz & Lucca Pontes Baldan,a partir da introdução do conto “O ÚLTIMO CARNAVAL DA VITÓRIA”,

de ONDJAKI.


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E de repente toda a rua perdia a sua juventude que nós havíamos implantado com nossas risadas, pulos e correrias. E não pense que era apenas a rua que ficava triste, a cada passo em direção à nossa casa, uma parte de nossa alegria ia embora, e só voltava com o chamado das nossas risadas debaixo do sol escaldante na rua de terra.

A rua, que ficava em frente a minha casa, e que eu considerava nova, era mais velha do que qualquer alma viva que já vira, tanto que já pertenceu à infância de inúmeras crianças de várias gerações, sendo duas delas meus pais. Gostava, claramente, de ficar até mais tarde, apesar de que sempre estranhei esse aval que meus responsáveis davam-me, mas infelizmente um desses “até mais tarde” seria o último para um de nós. Habib era o seu nome. Para alguns, o homem é igual perante a lei, para nós, todos éramos iguais perante nós mesmos. Bastava um de nós ir embora para que a nossa troça não fosse mais a mesma.

Para Habib nunca havia tempo ruim, “Habib está chovendo, brinque amanhã” “Se formos levando tudo para o amanhã, nunca faremos nada” sempre respondia. Quando se pensava em alegria, logo vinha Habib à cabeça. Estranhamente não se sabia o porquê de sua inopinada mudança, todos, inclusive eu, ficamos muito tristes obviamente, e não havia nada a fazer para que aquilo mudasse.

A noite foi chegando e, dessa vez, Habib ficaria até mais tarde, quando o carro de seu pai o buscasse para que ele fosse embora. Cada risada, cada brincadeira e cada momento ali eram para que Habib nunca se esquecesse de nós. Fazíamos uma espécie de ritual de adeus para nosso amigo, enquanto a lua caía, e as horas se esvaíam.


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Ilustrando o Contando 3:Eduardo Passerotti de Morais, a partir da introdução do conto “O ÚLTIMO CARNAVAL DA VITÓRIA”, de ONDJAKI.


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E depois de pouco tempo, que para nós era muito, o breu que tomava conta da rua foi embora quando uma luz nos iluminou de forma intensa: era o pai de Habib que o pegara para que ele se fosse, para que ele transformasse outra velha rua em nova.


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AmADurecer

Ettore Pellin Marino Dufner Laginestra & Gabriel Lopes Carvalho,a partir da introdução do conto “O ÚLTIMO CARNAVAL DA VITÓRIA”,

de ONDJAKI.



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Não sei quando ou por que ela me acolheu, mas fez-me esquecer a família que nunca conheci. Dona Tina era uma mulher calma e agradável, cuidava de mim como se eu fosse seu próprio filho, até me deu um boneco do Max Steel. Tinha o hábito de cantar doces melodias enquanto lavava roupa no caudaloso rio que corria ao lado do nosso barraco alugado. Infelizmente, me lembro bem do dia em que sua morte chocou toda a comunidade em que vivíamos, levara um tiro no peito.

O homem do aluguel retomou a casa, fui obrigado a viver na rua. Fruta que é obrigada a amadurecer antes do tempo perde o gosto, não é? O mesmo acontece com nós, meninos, que vivemos ao léu, inimigos da própria cidade.

No começo, ela era minha minha inimiga, mas logo aprendi a amá-la também, como os outros meninos de pés descalços que rondavam seus becos e vielas. A rua não substituiu Dona Tina, mas foi a única que fez ficar recôndito o sentimento de azedume que sentia.

Por amor, ou só para matar saudade, todo domingo visitava o túmulo de Dona Tina e agraciava-a com as poucas flores que conseguia comprar com os frutos do trabalho que arranjara, auxiliando os doqueiros a carregar caixas para os navios cargueiros que aportavam nas docas.

Sempre me perguntava sobre o conteúdo daquelas caixas, até hoje imagino quantas coisas incríveis iam e vinham naqueles majestosos navios.


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Varri o suor da testa com as costas da mão, pronto para carregar mais uma caixa. Estranhamente, uma delas destacava-se em meio ao amontoado de containers e caixotes; decidi pegá-la primeiro. Rumo ao navio, tropecei em meus próprios pés, derrubando a misteriosa caixa, que se abriu com o baque no solo, derrubando um boneco familiar.

Ao ver o brinquedo, as lembranças de Dona Tina floresceram não as memórias de sua morte, mas a reconfortantes lembranças de sua melodiosa voz, presenteando-me com o meu amado Max Steel.

Limpando o caudaloso rio de lágrimas que corria por meu rosto, lacrei a caixa novamente, levando-a para o devido cargueiro. Sentei na quina do píer de madeira, salvo pelas ondas que o atingiam a todo momento, observando o navio partir, levando embora a minha infância. Naquela tarde, tudo parecia mais sem graça, fruto do amadurecer.


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Ilustrando o Contando 4:André Martelli de Freitas & Guilherme Porfirio Ferla, a partir da introdução do conto “O ÚLTIMO CARNAVAL DA VITÓRIA”, de ONDJAKI.


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A Que horAs é o JANtAr?Giovanni Minatel Melo de Cerqueira & Henrique Eichenberger Brunoro,a partir da introdução do conto “O ÚLTIMO CARNAVAL DA VITÓRIA”,

de ONDJAKI.



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Vitória de lavada, e estou excepcionalmente feliz por ter feito 4 dos 7 gols da partida. Não estou com muita vontade de conversar com ninguém, quero deitar-me como se não houvesse um amanhã.

Acordo no dia seguinte, bem cedo. Um café quente para me despertar e vou para a aula. Só notícias boas: notas que excederam expectativas. Entro no corredor, e um grupinho de seis ou sete, muito descolado, me cumprimenta com apreço. Distraído, sou puxado por trás. Estou pronto para revidar, quando percebo que é uma linda morena de olhos castanhos, minha namorada.

Ela me enche de beijos e abraços. Segundo ela, três dias sem me ver foram uma tortura. Me conta todos os detalhes da viagem e finjo realmente prestar atenção, imitando um olhar de interesse, quando ela corta o assunto e muda o tom de voz, como se fosse me contar algo sério. Digo que não posso ouvir e parto para a aula, com medo da notícia. Um almoço agradável com o grupo de teatro e vou para casa, tranquilo e sem preocupações, exceto pelo receio de minha namorada me ligar, tentando ressuscitar o assunto de mais cedo. Em casa termino um ou dois deveres, como autorrecompensa, leio e relaxo. Cochilo.

Sou repentinamente acordado pelo som do telefone tocando. Atendo-o relutantemente. É minha namorada, querendo contar a notícia que a impedi de dizer mais cedo. Sua voz aguda e as palavras proferidas muito velozmente são quase inaudíveis. Peço a ela se acalmar, ela suspira e retoma:

— Me sinto mal por não ter te contado antes, mas em meu ventre há algo que é nosso. Me ajude.


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Derrubo o telefone, não sinto minhas pernas e cedo ao chão. O mundo à minha volta escurece aos poucos, parte por parte. Desmaio.

Caí num poço sem fundo. O grande jogo brincado na rua, que era a minha vida, foi interrompido mais repentinamente do que imaginava, não por um mais velho, mas por mim mesmo. Assim a vida me mostrou o que é cair com a cara no chão. Assim me chamaram para jantar.


a poesia não é a chuva, é o barulho da chuva.

Ondjaki, Uma Escuridão Bonita


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Quando soube do Contando, pensei que não teria chance de ganhar, pois haveria muitos alunos bons concorrendo. Saber que o nosso texto ficou entre os melhores foi muito gratificante e saber que será publicado em um livro é melhor ainda. Ana Laura Rocha Scandiuzzi

O Contando me deu uma oportunidade de expressar minha criatividade e as coisas em que eu acredito. Acho muito importante todos os alunos terem essa chance de ter sua voz dentro da escola, e o projeto é um grande estímulo a isso.Alessandra Rister Portinari Maranca

O tema que nós escolhemos, no fundo, representa a liberdade. Em nossa idade, é muito importante discutir como queremos viver a vida.Essas escolhas fazem parte de nosso crescimento. Por isso, nosso personagem, que é um homossexual, representa a busca da identidade e de como é importante que essas escolhas de como viver a vida afeta o personagem e toda a sociedade em volta dele. Optamos por inserir elementos que mostrassem o ambiente, porque havia uma sintonia entre os sentimentos do personagem e as mudanças ocorridas na paisagem. O modo como ele dividiu seus sentimentos com o personagem com quem ele se encontrava próximo à árvore mostrou a importância de ter um parceiro. Por fim, foi uma experiência incrível elaborar um texto com tanto sentimentos com minha amiga Isabel.Beatriz Rodrigues de Carvalho

com A PAlAvrA, os gANhADores Do coNtANDo


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Nunca imaginei que poderia ganhar um concurso como o Contando, já que havia vários alunos muito bons concorrendo. Fiquei muito contente quando soube que o meu texto e da minha colega Maria Eduarda estava entre os melhores e saber que ele será publicado em um livro é muito gratificante.Beatriz Tessitore Magrin

Entrei no meio do ano na escola e, quando falaram sobre o Contando, eu nunca pensei que poderia ganhar. Além de ter entrado há pouco tempo na escola, existem alunos que escrevem muito bem. Senti-me honrada por ter participado desta iniciativa e por ter ficado entre os melhores textos.Carolina Patrão Freitas de Castro Corga

É uma sensação incrível saber que seu esforço valeu a pena, saber que tudo que você fez teve um reconhecimento sério. Achei sensacional e estou agradecido pelo reconhecimento.Bruno Delle Vedove Monteiro

Esse concurso me ajudou a desenvolver, criar e escrever mais. Fiquei muito grata em ter ganhado e nunca pensei que teria essa grande oportunidade de ser premiada por uma redação.Catharina Faria de Morais


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O Contando foi um dos concursos que jamais pensei que ganharia, escrevendo contos, que é uma das minhas dificuldades. Mas tudo foi possível graças ao trabalho em equipe com o Lucca, que me ajudou muito na ideia da história.Danilo Tannus de Queiroz

Ter ganhado o Contando não era algo que eu esperava, fui pega de surpresa, mas fiquei realmente muito feliz. Escrever o conto foi uma experiência muito boa para mim, porque, dessa forma, eu fui apresentada a algo novo, que é compor um texto com outra pessoa. Tenho certeza de que aprendi muito com isso.Clarice Arruda Villari

Inicialmente, eu pensei que o texto do Contando seria feito individualmente como sempre, mas, com a implementação da dupla, minhas ideias fluíram melhor durante as discussões para a criação da história. Foi uma experiência diferente e estou grato por ter feito parte dela.Eduardo Ballalai Bordon

Aprendi que tudo na vida é prática.Depois de muito tempo treinando minhas redações e de muita dedicação, consegui ganhar o concurso.Dedico isso a todos os que trabalham com afinco na vida.Eric Teruo Suzuki


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Sinceramente, não esperava ter um resultado tão gratificante no concurso Contando; afinal, havia muitos alunos concorrendo, todos em busca de escrever uma boa redação. Logo que recebi a notícia da professora, olhei para meu colega Gabriel, e começamos a rir, uma risada que englobava a surpresa e a felicidade de ter ficado entre os melhores do concurso e ter um texto de nossa autoria publicado em um livro.Ettore Pellin Marino Dufner Laginestra

Sinceramente, ganhar o Contando estava longe das minhas expectativas, já que Português nunca foi uma matéria que despertasse meu interesse, mas ser um dos ganhadores foi muito gratificante, afinal, é mais um desafio vencido em minha jornada escolar.Gabriel Lopes Carvalho

Nunca passou pela minha cabeça estar entre os ganhadores do concurso de contos do colégio, mas foi muito gratificante e emocionante. O conto foi baseado, em parte, em fatos que ocorreram com minha tia que sempre gostou muito de fazer brincadeiras e mágicas.Giovanni Andrade Buzzi

Participar do Contando foi grande experiência, principalmente no que diz respeito a trabalho em equipe, e somou muito ao meu conhecimento.O meu objetivo inicial era elaborar uma história com profundo impacto emocional e psicológico nos leitores, e acho que o objetivo foi alcançado e, graças a isso, a premiação veio.Sinto-me honrado.Giovanni Minatel Melo de Cerqueira


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O Contando serviu como uma grande experiência, afinal escrever um texto em dupla não é fácil. Tivemos de transformar ideias que, a princípio, divergiam, em uma única que se encaixasse perfeitamente no texto. Tivemos de definir uma conclusão que fizesse sentido tanto para mim, quanto para a meu colega. O Contando foi, portanto, não apenas uma tarefa de aprendizado de escrita, mas uma tarefa de aprendizado de convivência, algo que anda faltando no mundo.Gustavo Fortes Staudohar

Participar do Contando foi uma experiência única e vencê-lo foi muito especial. Todo o processo foi muito agradável, aprendi a trabalhar em dupla e a discutir melhor as ideias. Inicialmente queria somente participar e criar uma história que as pessoas gostassem de ler, mas não tinha a menor ideia de que venceria o concurso. Graças a mim e a meu colega, alcancei esse objetivo e ainda a conquista do prêmio. Sou grato por ter participado.Henrique Eichenberger Brunoro

Eu confesso que não sei como me expressar direito, pois ganhar um concurso é uma coisa fantástica! Afinal, todos nós ficamos felizes quando ganhamos alguma coisa, principalmente quando podemos dividir essa felicidade com alguém! Foi uma experiência única fazer uma redação de escola com uma amiga minha. Foi muito legal ver como nossas ideias se encaixavam perfeitamente e, no final, o resultado foi melhor do que nós duas esperávamos! Estou muito feliz e espero levar essa felicidade comigo para sempre!Isabel Kneese Virgilio do Nascimento


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Eu fiquei muito emocionada e surpresa quando eu ganhei, não esperava vencer o concurso. Essa parte da minha vida escolar foi muito importante e eu comecei a acreditar mais em mim. Não consegui essa vitória sozinha, queria agradecer a todos os professores e corretores que me ajudaram a chegar até aqui. Gostaria de parabenizar também a minha colega que fez um trabalho incrível. E estou muita honrada por ter ganhado.Isabella Sadakata Takara

O Contando foi muito bom, acho muito interessante porque nos dá a oportunidade de conhecer novos autores, novos textos e de melhorar nossa escrita.Isadora Coelho Pereira Gabriades

Foi muito importante para mim ter ganhado o Contando, já que eu me interesso muito por textos e contos, e me divirto muito escrevendo para outras pessoas. Foi uma grande surpresa, e eu me sinto honrado por ter meu conto publicado.Jenner Neves Accioly Lins Filho

O Contando foi uma experiência muito importante, pois fez com que minha escrita melhorasse e eu me aperfeiçoasse, mesmo não sendo um bom escritor. Com a ajuda do colega Danilo Queiroz, fizemos um bom conto e fiquei muito feliz pela conquista do concurso.Lucca Pontes Baldan


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Participar do Contando foi uma experiência ótima. Adorei poder compartilhar minhas opiniões com minha colega e construir um ótimo texto. Foi uma meta cumprida ter vencido; fico muito feliz e agradecida.Luísa Machado Saldanha

Eu fiquei lisonjeada por ganhar o concurso. Fazer uma redação em dupla foi ótimo, pois nossas ideias se completaram, formulando um texto excelente. O tempo foi curto, mas gostei dos resultados. Eu apreciei a escolha de nosso texto, que aborda um assunto polêmico.Luiza Biscolla Robic

Ter ganhado o Contando está sendo uma experiência extremamente gratificante, que lembrarei com carinho sempre. Pude aperfeiçoar técnicas de escritas, além de conhecer o trabalho de Ondjaki.Maria Clara Batista Nascentes

O concurso Contando me fez aprender muito, me ensinou a escrever melhor e a trabalhar em dupla. Foi muito divertido trabalhar com os inícios de contos para escrevermos nossa própria história. Eu e minha colega Beatriz trabalhamos muito e ficamos muito contentes em ter nosso texto com os melhores, entre tantos textos de alunos que escrevem muito bem.Maria Eduarda de Souza Alves


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Realmente não esperava ter ganhado o concurso Contando. Estou muito feliz por ter a oportunidade de ver um texto que eu fiz publicado. Eu me diverti muito escrevendo.Pedro Stefani Fonseca

Participar do Contando foi uma nova experiência que tive em minha vida. No começo, pensei que não chegaria perto dos melhores, mas eu consegui e fiquei muito feliz da maneira com que escrevi. Provei que sou capaz.Víctor Silvi Zomignani

Escrever o texto e ter ganhado o Contando foi uma experiência que me marcou e da qual vou me lembrar durante toda minha vida, porque ser reconhecido por alguma coisa de que você se orgulha é uma sensação maravilhosa.O difícil não foi a parte de escrever a própria redação, mas sim saber que estava no concurso com muitos outro alunos; ganhar foi muito bom.Valentina Ferraracio Bellelli

Primeiramente, gostaria de agradecer a todos os responsáveis por este evento magnífico do qual eu tenho a honra de ter participado. Eu nunca pensei que iria ganhar o Contando. Com mais de 250 duplas de alunos, uma das redações escolhidas foi a minha e, por isso, eu me sinto, além de honrado, especial. Este trabalho não foi apenas meu, mas sim também da colega Isabella Takara que me ajudou nessa jornada. Sem ela, eu não teria conseguido.Yanly Kassin Erh


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com A PAlAvrA, os gANhADores Do ilustrANDo

A escrita sozinha não faz sentido sem a interpretação artística de cada um. Dar uma oportunidade de os escritores se expressarem em forma de arte é, por si só, uma experiência mágica. Participar do Ilustrando foi muito divertido e um modo interessante de expressar nosso texto. Alessandra Rister Portinari Maranca

Participar do concurso Ilustrando foi um prazer. Escolher os figurinos, tirar as fotos, fazer a montagem e usar toda a nossa criatividade para transformar nosso texto em algo concreto foi muito divertido. Agradeço à equipe do Colégio Dante que nos proporcionou essa experiência. Ana Beatriz Barbosa Casolaro

Nunca achei que nós fôssemos ganhar, mas foi um trabalho muito divertido de se fazer, e fiquei muito feliz de saber que ganhei, pois a Manuela e eu realmente nos envolvemos no desenvolvimento do trabalho, e ficamos gratas pelo reconhecimento. Ilustrar um texto de nossa autoria é uma experiência muito boa, por isso, novamente agradeço. Ana Beatriz Nardeli Pinto


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O Ilustrando foi um trabalho que nos uniu muito, de uma forma muito divertida e espontânea. Senti que nós duas estávamos adorando tudo aquilo. Foi um trabalho que nos mostrou que, em certas coisas, temos que nos unir para obter um bom resultado. E foi o que nós fizemos.Ficamos muito felizes quando a professora anunciou que nós éramos as vencedoras! Ana Laura Dias Nascimento Rodrigues

Participar do Ilustrando foi muito divertido. Foi um trabalho diferente dos outros porque pudemos usar toda nossa criatividade para realizar o projeto. Foi muito boa a sensação de ganhar, pois fomos merecedores disso. André Martelli de Freitas

O Ilustrando me fez “sair da caixinha”, me ajudou a pensar e ter criatividade para o material e as roupas das fotos. Foi muito divertido participar desse Concurso, e fiquei muito grata quando soube que tinha sido uma das vencedoras. Agradeço por essa oportunidade e espero poder participar novamente. Catharina Faria de Morais

Participar do Ilustrando foi uma experiência incrível; o formato adaptado para a confecção do projeto é original e divertido. Além disso, proporcionou uma saudável disputa entre os alunos do Colégio. André Luiz Rodrigues Caetano e Víctor Augusto De Paula Guimarães


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Ter ganhado o Ilustrando foi, realmente, uma surpresa enorme para nós, muito gratificante, pois colocamos todo o nosso esforço nesse trabalho, e, certamente, não teríamos conseguido essa realização se o trabalho fosse individual. Como ocorreu com o Contando, trabalhar com mais alguém foi uma experiência muito importante. Clarice Arruda Villari

Participar do Ilustrando foi um prazer porque pude transformar meu conto em vídeo. Me sinto honrado por ter sido um dos ganhadores. Eduardo Passerotti de Morais

O Ilustrando foi um trabalho bastante inovador para mim. Eu nunca tinha feito algo assim e gostei muito da experiência. Nunca imaginei que ganharia o Ilustrando porque achava que havia tantos trabalhos melhores que o meu; por isso foi uma grande surpresa ter ganhado. E acho que trabalhar em dupla também foi muito importante. Fátima de Araujo Silva Nese

O Ilustrando foi uma atividade com que, desde o começo, me diverti muito. Apesar de sempre acreditar em nosso trabalho e torcer para ganharmos, nunca poderia imaginar que isso poderia, realmente, acontecer! O reconhecimento por algo que fizemos com esforço é muito gratificante. A oportunidade de trabalhar em dupla também contribuiu muito para que a tarefa ficasse tão boa e divertida!Giulia Silva Marano


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Poder transformar meu texto em vídeo foi muito interessante. Conseguimos transportar nossa criatividade do papel para a vida real. Agradeço a minha dupla e à equipe do Colégio Dante que tornou tudo isso possível. Guilherme Porfirio Ferla

Fiquei muito grata de ter ganhado o concurso, pois achei esse projeto muito legal, nunca imaginei que eu fosse ganhar, mas, já que aconteceu, só tenho a agradecer. Helena Garrido Martos

Quando fomos apresentadas ao Ilustrando, ficamos muito empolgadas de participar desde o início. Quando fizemos o trabalho, nos divertimos muito. Foi uma experiência inesquecível. Foi uma honra participar, nunca imaginamos que seríamos ganhadoras. Isabela Santos Martinez

Foi um prazer poder transformar um texto de minha autoria em ilustração. Enquanto tirava as fotos, fiquei muito animada. Agradeço a toda a equipe do colégio e a minha colega que puderam tornar esse trabalho possível.Isabella Sadakata Takara


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Nunca quisemos ser uma dupla com ideias clichês e agradecimentos falsos. Nosso texto e nossa representação retratam situações reais, que muitas pessoas vivem e acabam amadurecendo com elas.Para entender nossos agradecimentos, você precisa entender algumas coisas: como nossa amizade é forte e o fato de, talvez, uma de nós mudarmos de escola no ano que vem. Nossa meta, neste ano, era ganhar o Ilustrando e o Contando; alcançar essa meta foi INCRÍVEL!Queremos agradecer a algumas pessoas: primeiramente, Isabella Loschiavo, por ser nossa modelo e nos ajudar a escrever este texto; a nossa professora Adriana, por nos emprestar seus guarda-chuvas. E, por último, o Rocha, que, mesmo não sendo sua obrigação e não aparecendo no projeto final, sempre esteve à nossa disposição.Luísa Machado Saldanha e Luiza Biscolla Robic

O Ilustrando foi um trabalho bem divertido. Podíamos criar livremente desde que estivesse dentro do tema do nosso texto. Ficamos muito felizes em ter ganhado, nos divertimos muito em fazer o trabalho e somos gratas pelo reconhecimento.Manuela Cândido de Mello Ferro

Eu e minha colega ficamos muito animadas por participar do concurso, não imaginávamos que seríamos uma das duplas que ganharia. Quando descobrimos o resultado, ficamos muito contentes e gratas ao Colégio Dante Alighieri. Mais uma vez, muito obrigada!Luiza Oppermann Oliveira


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Participar do concurso Ilustrando foi muito divertido, foi uma experiência pela qual nunca tinha passado. Transformar nosso texto em uma imagem foi muito diferente. Escolher as roupas, o cenário e a edição também foi muito legal. Agradeço à Equipe do Colégio Dante, que tornou isso possível. Maria Carolina Bento Cicaroni Gibelli

A oportunidade que nós tivemos no Ilustrando de usar nossa criatividade de várias formas diferentes foi muito legal e divertida! Esse trabalho foi feito de forma espontânea, ficamos muito felizes e surpresas com o resultado. Mariana de Camargo Salles Cezar

O Ilustrando foi um trabalho em que pudemos soltar nossa imaginação e criatividade. Foi uma das poucas oportunidades em que conseguimos expressar nossas ideias livremente. Gostei muito de ter essa chance de poder criar e desenvolver esse projeto. Foi muito gratificante participar do Concurso, uma vez que a base desse trabalho foi nossa imaginação. Foi uma experiência muito divertida! Uma experiência que gostaria de repetir várias vezes!Raphaelle Marie Françoise de Fraipont

Participar do Ilustrando foi muito divertido. O projeto foi completamente diferente dos que estamos acostumadas a fazer. Ao tirarmos as fotos, tivemos a oportunidade de usar a nossa criatividade para trazer os nossos personagens à vida. Ficamos muito surpresas com o resultado, já que não esperávamos ganhar. Foi gratificante saber que somos ganhadoras.Rebeca Maldaun Cabral


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Ficamos muito surpresas com o resultado. Apesar de acreditarmos em nosso trabalho, jamais pensaríamos que a foto de uns óculos ganharia um concurso com tantos alunos participantes! O fato de ser reconhecida por algo em que trabalhei com muita dedicação e esforço não tem preço. Valentina Ferraracio Bellelli

Ilustrando: poder expressar toda sua criatividade por meio fotos. É impressionante pensar que várias fotos conseguem se transformar em um trabalho magnífico. E a minha criatividade foi escolhida. Muito obrigado por essa oportunidade. Yanly Kassin Erh

O Ilustrando foi um trabalho muito divertido de ser feito. Poder interpretar um texto apenas com imagens é algo muito difícil, portanto demos o nosso melhor para executá-lo. Foi uma surpresa ter ganhado o Ilustrando, porém, merecido, pois, afinal, fizemos o trabalho com muita criatividade e muito carinho. Ysis Barreto Donati


o grilo é um pastor de estrelas.

Ondjaki, Há Prendisajens com o Xão


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Ondjaki nasceu em Luanda em 1977. Prosador, às vezes poeta. Licenciou-se em Sociologia e é membro da União dos Escritores Angolanos.

Interessa-se pela interpretação teatral e pela pintura (duas exposições individuais, em Angola e no Brasil). Já em Lisboa, fez teatro amador durante dois anos e um curso profissional de interpretação teatral. No ano 2000 recebeu uma menção honrosa no prémio António Jacinto (Angola) pelo livro de poesia Acto Sanguíneo. Participou em antologias internacionais (Brasil e Uruguai) e também numa antologia portuguesa. Correalizou um documentário sobre a cidade de Luanda (Oxalá Cresçam Pitangas – Histórias de Luanda).

Em 2013, com Os Transparentes, ganhou o Prémio José Saramago, e em 2016, com o mesmo livro, o Prix Littérature-Monde 2016, em França.

Ondjaki____ Breve BiogrAfiA ____

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coNtANDo 2007 coNtANDo 2008 coNtANDo 2009

coNtANDo 2010 coNtANDo 2011 coNtANDo 2012

coNtANDo 2015coNtANDo 2013 coNtANDo 2014


PRESIDENTE:JOSÉ LUIZ FARINA

DIRETORA-GERAL PEDAGÓGICA:PROFª SILVANA LEPORACE

COORDENADORA DO DEPTO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONALPROFª ELENICE MARIA BONIOLO ZIZIOTTI

COORDENAÇÃO-GERAL PEDAGÓGICA:PROFª SANDRA MARIA RUDELLA TONIDANDEL

COORDENAÇÃO-GERAL DE TECNOLOGIAPROFª VALDENICE MINATEL MELO DE CERQUEIRA

ASSISTENTE DE DIREÇÃO (8OS E 9OS ANOS):PROF. LUÍS PATRÍCIO RAUL ARRIAGADA SANCHO

COORDENAÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA:PROFª MARIA CLEIRE CORDEIRO

COORDENAÇÃO DE ARTE:PROFª MARIA BEATRIZ PEROTTI

COORDENAÇÃO-ASSISTENTE DE LÍNGUA PORTUGUESA:PROF. GUSTAVO MÁXIMO

COORDENAÇÃO-ASSISTENTE DE TEPROFª VERÔNICA MARTINS CANNATÁ

ORIENTADORA EDUCACIONAL (9OS ANOS):PROFª CLAUDIA MARIA DURAN MELETTIPROFª THATIANA SEGUNDO

GERENTE DE MARKETING:FERNANDO LOPO HOMEM DE MONTES

SUPERVISOR DO DEPARTAMENTO DE AUDIOVISUAL:JOÃO FLORENCIO SOUZA FILHO

SUPERVISORA DO DEPTO. DE EDITORAÇÃO/GRÁFICA:VANNIA CHIODO SILVA

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Ficha Técnica

CORPO DOCENTE - LÍNGUA PORTUGUESA:PROFª KATIA MARIA CAMARGO VILLARIPROFª SOPHIA MARIA VISCONTI

CORPO DOCENTE - ARTE:PROFª ADRIANA D’AGOSTINHOPROFª LÚCIA JUNQUEIRA CALDAS L. OLIVEIRA

CORPO DOCENTE - TECNOLOGIA:PROFª BARBARA ENDOPROFª KARINE MENDES GUARACHOPROFº RODRIGO ABRANTES

PROJETO GRÁFICO:SIMONE MACHADOTHIAGO XAVIER MANSILLA MALDONADO

FOTO CAPA - https://www.flickr.com/pho-tos/37214984@N00/5036929217/in/photolist-8F6z2H-dRDpN-8F6zzc

FOTOS:ACERVO - COLÉGIO DANTE ALIGHIERI

LIVRO DIGITAL:DAVID HENRIQUE DA CUNHA PEREIRA THIAGO XAVIER MANSILLA MALDONADO

DEPARTAMENTOS ENVOLVIDOS:ARTEAUDIOVISUALEDITORAÇÃO E GRÁFICALÍNGUA PORTUGUESA MARKETINGTECNOLOGIA


Créditos finais: Todas as fotos, informações e depoimentos publicados neste livro cedidos

por terceiros somente foram utilizados após a expressa autorização de seus proprietários. Agradecemos a gentileza de todas as pessoas e empresas que,

com sua colaboração, tornaram essa produção possível.

Distribuição:O livro “Contando com Ondjaki: os melhores contos do Dante 2016” é dis-

tribuído gratuitamente. Não é autorizada a comercialização deste em banca, livraria, loja ou qualquer outro espaço comercial por parte de pessoa física

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Tiragem: 100 exemplares

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ReFeRências

Colégio Dante Alighieri. Contando 2016. http://www.colegiodante.com.br/escola/webquest/fund_ii/contando/. Acesso em 11 de out. 2016.

Ondijak. A piscina do tio Víctor. Disponível em http://www.kazukuta.com/ondjaki/os_da_minha_rua.html. Acesso em 11 de out. 2016.

______. Laranjeiras. Disponível em http://www.kazukuta.com/ondjaki/son-hos_azuis.html. Acesso em 11 de out. 2016.

______. Nós choramos pelo cão Tinhoso. Disponível em http://www.kazu-kuta.com/ondjaki/os_da_minha_rua.html. Acesso em 11 de out. 2016.

______. O último carnaval da vitória. Disponível em http://www.kazukuta.com/ondjaki/os_da_minha_rua.html. Acesso em 11 de out. 2016.

Wook. Ondijak, breve biografia. Disponível em https://www.wook.pt/autor/ondjaki/27161. Acesso em 11 de out. 2016.


capa livro contando 2016.indd 1 19/10/2016 12:45:40 · atuais, mais do que nunca, fortemente unidas...

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