capa e texto da disciplina metodologia da pesquisa em direito
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FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU
UNIDADE DE JOÃO PESSOA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
DISCIPLINA METODOLOGIA DA PESQUISA EM DIREITO
PROF. Dr. DANIEL ALVES MAGALHÃES
AULAS DE METODOLOGIA DA PESQUISA EM DIREITO
JOÃO PESSOA – PARAÍBA
AGOSTO DE 2012
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FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU (UNIDADE JOÃO PESSOA)
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
AV. EPITÁCIO PESSOA, 1.201 – BAIRRO DOS ESTADOS
PLANO DE ENSINO
1. IDENTIFICAÇÃO
CURSO: Bacharelado em Direito
DISCIPLINA: Metodologia da Pesquisa em Direito
TURMAS: 9º Período (manhã e noite)
CARGA HORÁRIA: 60 hora/aulas
PERÍODO DE REALIZAÇÃO: 2012.2
DOCENTE: Prof. Dr. Daniel Alves Magalhães
COORDENADORA: Profa. Ms. Claudia Lessa
2. EMENTA
Estrutura e metodologia da disciplina. Uma etnometodologia na academia e
na pesquisa jurídica. Organização do trabalho jurídico científico. Escolha do tema
para a pesquisa em Direito. Compreensão e classificação da pesquisa jurídica.
Forma básica de apresentação e dimensão do trabalho científico jurídico.
Organização do plano de trabalho.
3. OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
1) Orientar os alunos para pesquisar e produzir, num primeiro momento, o Projeto
de Pesquisa da Monografia, para num segundo momento, pesquisa, escrever e
defender o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).
2
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1) Apresentar e analisar a importância desta ciência do Direito;
2) Capacitar o aluno dentro da perspectiva da área do Direito;
3) Levar ao aluno análise crítica sobre os temas relacionados;
4) Identificar os principais recursos da normatização da monografia na
graduação;
5) Contextualizar a sociedade, refletindo o papel desta ciência no Direito e;
6) Desenvolver a capacidade de raciocínio e espírito crítico do aluno.
4. CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS
4.1 UNIDADE I:
1) ESTRUTURA E METODOLOGIA DA DISCIPLINA:
- Apresentação, pelo docente, da proposta de plano de ensino. Comentários e
aprovação;
- Aula Expositiva dialogada com auxílio de data-show, sobre as categorias
constitutivas da disciplina Metodologia da Pesquisa em Direito, descrita a seguir:
1) Metodologia da Pesquisa em Direito: importância e atualidade; 1.2) Pesquisa
jurídica no contexto brasileira; 1.3) O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) como
exigência para a obtenção do grau de bacharel em Direito e; 1.4) Proposta de
ensino, objetivo e avaliação da disciplina.
2) UMA ETNOMETODOLOGIA NA ACADEMIA E NA PESQUISA JURÍDICA:
2.1) Origens da etnometodologia; 2.2) Correntes de pensamento que a
influenciaram; 2.3) Alguns etnometodólogos relevantes; 2.4) Conceitos que se apóia
a etnometodologia e; 2.5) Método em etnometodologia.
3) ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO JURÍDICO CIENTÍFICO:
3.1) Estrutura do TCC e TGI (Trabalho de graduação integrado); 3.2) Descrição
dos componentes da Estrutura do TCC e do TGI; 3.3) Elementos pré
textuais e; 3.4) Elementos textuais e elementos pós-textuais.
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4) ESCOLHA DO TEMA PARA A PESQUISA EM DIREITO:
4.1) A importância da escolha do tema e; 4.2) Como escolher o tema: algumas
regras básicas.
UNIDADE II
5) COMPREENSÃO E CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA JURÍDICA:
5.1) Visão geral; 5.2) Conceituação de pesquisa científica; 5.3) Classificação; 5.4)
Pesquisa quanto à técnica empregada; 5.5) Pesquisa quanto à natureza; 5.6)
Pesquisas quanto aos objetivos; 5.7) Pesquisa quanto à abordagem do problema;
5.8) Pesquisa em relação as fontes de informações; 5.9) Pesquisa em relação aos
procedimentos técnicos; 5.10) Pesquisa bibliográfica; 5.11) Pesquisa documental;
5.12) Pesquisa experimental; 5.13) Pesquisa ex-post facto; 5.14) Estudo de corte;
5.15) Levantamento; 5.16) Estudo de campo; 5.17) Estudo de caso; 5.18) Pesquisa-
ação; 5.19) Pesquisa participativa e; 5.20) Peculiaridades da pesquisa jurídica.
6) FORMAS BÁSICAS DE APRESENTAÇÃO E DIMENSÕES DO TRABALHO
JURÍDICO CIENTÍFICO:
6.1) Formato; 6.2) Margem; 6.3) Espaçamento; 6.4) Nota de rodapé; 6.5) Indicativos
de seções; 6.6) Paginação; 6.7) Numeração progressiva; 6.8) Citação; 6.9)
Abreviaturas e siglas e; 6.10) Figuras e tabelas.
7) ORGANIZAÇÃO DO PLANO DE TRABALHO:
7.1) Projeto de pesquisa; 7.2) Levantamento bibliográfico; 7.3) Redação provisória e
redação definitiva e; 7.4) Defesa do trabalho perante a banca examinadora.
5. METODOLOGIA E RECURSOS DIDÁTICOS
5.1 METODOLOGIA: Leituras prévias pelos alunos da bibliografia indicada; aulas
expositivas dialogadas, com oportunidades para perguntas e soluções de dúvidas da
carga de leitura;
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5.2 RECURSOS DIDÁTICOS: Bibliografia indicada, quadro didático, pincel, data-
show e textos das aulas de Metodologia da Pesquisa em Direito.
6. TÉCNICAS E CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO
6.1 TÉCNICAS: Apresentação de trabalhos individuais ou de grupos; observação
com relação à frequência, determinação e interesse de realizar os trabalhos e
pontualidade na entrega de um trabalho escrito sobre a Metodologia da Pesquisa em
Direito.
6.2 CRITÉRIO: Além da participação do aluno nas discussões das bibliografias
indicadas, o critério de avaliação da aprendizagem será realizado através de dois
exercícios escolares: o primeiro, uma prova escrita com 10 (dez) questões (cinco
objetivas e cinco subjetiva); a segunda, será uma prova colegiada com assunto de
toda disciplina.
7. REFERÊNCIAS
7.1 BIBLIOGRAFIA BÁSICA
GONÇALVES, José Wilson. Monografia Jurídica: técnica e procedimentos de
pesquisa com exercícios práticos. São Paulo: Editora Pilares, 2009, 200 p.
HENRIQUES, Antonio; MEDEIROS, João Bosco. Monografia no curso de Direito:
como elaborar trabalho de conclusão de curso (TCC). São Paulo: Editora Atlas,
2010, 316 p.
LEITE, Eduardo de Oliveira. Monografia jurídica. 8ª ed. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2008, 419 p.
NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual da Monografia Jurídica. 7ª ed. São Paulo:
Editora Saraiva, 2009, 286 p.
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SANTOS, Izequias Estevam dos. Manual de métodos e técnicas de pesquisa
científica: tcc, monografia, dissertação e tese. 5ª ed. Niterói: Inpetus, 2005.
TORRES LIMA, Maria da Conceição. Como elaborar “nossas” monografias. Recife:
Faculdade Maurício de Nassau, 2006, 256 p.
7.2 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
BRUSCATO, Wilges. Quem tem medo da monografia? São Paulo: Editora Saraiva,
2010, 107 p.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. 15ª ed. São Paulo: Editora Saraiva,
2000, 335 p.
FACHIN, Odilia. Fundamentos de metodologia. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, 252
p.
MAGALHÃES, Daniel Alves. Aulas de Metodologia da Pesquisa em Direito. João
Pessoa: Mimi, agosto de 2012, 125 p.
TOMANIK, Eduardo Augusto. “Conversas” sobre a Pesquisa em Ciências Sociais.
Maringá: Editora da Universidade Estadual de Maringá, 1994, 281 p.
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SOBRE O PROFESSOR
Daniel Alves Magalhães é graduado em Filosofia (Licenciatura e Bacharelado)
em 1997, pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB); Especialista em Avaliação
do Ensino Superior, em 1999, pela Universidade de Brasília (UnB); Mestre em
Filosofia, em 2001, pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB); Doutor em
Filosofia da Educação, em 2008, pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Atualmente é professor adjunto I (aposentado), da Universidade Federal de
Alagoas (UFAL), onde lecionou as disciplinas Produção do Conhecimento: Ciência e
Não-Ciência, Introdução à Filosofia, Metodologia da Ciência e Seminário Integrador
I, nos Cursos de Graduação em Medicina Veterinária, Serviço Social e Psicologia,
no Campus de Arapiraca – Polos de Viçosa e Palmeira dos Índios. Na Faculdade
Maurício de Nassau (Unidade João Pessoa) leciona as disciplinas Filosofia Geral e
do Direito, Legislação e Ética Profissional, Metodologia da Ciência, Metodologia
Científica e Dimensões Histórico-Filosóficas da Educação Física e do Esporte.
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SUMÁRIO
1. AULA DE APRESENTAÇÃO: Metodologia da Pesquisa em Direito, p. 10. 2. PRIMEIRA AULA: Definição de metodologia e a Metodologia da Pesquisa em
Direito, p. 12.
1. Metodologia, p. 12.
1.1 Metodologia da Pesquisa em Direito, p. 12.
3. SEGUNDA AULA: Projeto de Pesquisa da Monografia, p. 16. 1. Projeto de Pesquisa da Monografia, p. 17
2. Modelo de Projeto de Pesquisa, p. 19.
4. TERCEIRA AULA: A escolha do tema da monografia, p. 34. 1. A escolha do tema, p. 34.
1.1Não confunda tema com atividade profissional, p. 34.
2. O que é monografia?, p. 35.
3. Regras para escolha do tema, p. 35.
3.1 Escolha tema de seu interesse, p. 36.
4. Procurando o tema, p. 36.
4.1Defina claramente o tema, p. 36.
4.2 A limitação do tema, p. 37.
4.3 A problematização do tema, p. 39.
5. O tema de autor, p. 40.
6. As fontes de consultas devem estar disponíveis, p. 42.
7. O tema, afinal não precisa ser definitivo, p. 43.
8. O tema indicado, p. 44.
5. QUARTA AULA: Tipos de Monografias, p. 46. 1. Monografia de Compilação, p. 46.
2. Monografia de Pesquisa de Campo, p. 49.
3. Monografia Científica, p. 51..
8
6. QUINTA AULA: Monografia: início dos trabalhos, p. 53. 1. Esqueleto provisório, p. 53.
2. Exemplo de um Projeto de Pesquisa, p. 55.
3. A bibliografia, p. 57.
4. A pesquisa bibliográfica, p. 58.
5. Leitura e fichamento dos textos, p. 59.
6. Fonte primária e fonte secundária, p. 60.
7. O tempo da leitura, p. 61.
7. SEXTA AULA: Redação da Monografia, p. 62. 1. A linguagem usada no texto da monografia, p. 62.
1.1 Eu ou nós?, p. 63.
2. Primeira redação da monografia, p. 63.
2.1 A Introdução, p. 64.
2.2 O Desenvolvimento (os capítulos), p. 65.
2.2.1 Citações da monografia, p. 66.
2.3 A Conclusão, p. 67.
3. As Referências Bibliográficas, p. 67.
3.1 Fontes de informações, p. 67.
3.1.1 Margem, p. 67.
3.1.2 Pontuação, p. 68.
3.1.3 Tipos de corpos, p. 68.
3.1.4 Citação de obra de até três autores, p. 69.
3.1.5 Citação de obra com mais de três autores, p. 69.
3.1.6 Citação composta de diversos trabalhos e diferentes autores,
mas com (um ou mais) responsável pela coordenação ou
organização, p. 69.
3.2 Normas Jurídicas e Decisões Jurídicas, p. 70.
3.2.1Normas Jurídicas, p. 70.
3.2.2 Decisões Judiciais, p. 71.
3.3 Ordenações das Referências Bibliográficas, p.71.
3.3.1 Autor repetido, p. 71.
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4. O Apêndice, p. 72.
4.1 O que deve ser colocado no apêndice, p. 72.
4.2 Exemplo de Apêndice, p. 73.
5. Abreviaturas, p. 74.
6. O Sumário, p. 76.
8. AULA DE ENCERRAMENTO: apresentação perante a banca examinadora, p.
77.
9. APÊNDICE: Modelo de como fazer um Projeto de Pesquisa, p. 79.
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AULA DE APRESENTAÇÃO
METODOLOGIA DA PESQUISA EM DIREITO
A única pretensão que se pode atribuir à presente aulas que versam sobre
Metodologia da Pesquisa em Direito, é de procurar servir como leitura introdutória
para os alunos do 9ª Período do Curso de graduação em Direito, da Faculdade
Maurício de Nassau, unidade de João Pessoa, que são informados que uma das
disciplinas que vão cursar, neste período, chame-se Metodologia da Pesquisa em
Direito.
Certamente estes alunos perguntaram: “O que é Metodologia da Pesquisa?
Para que serve?”. Desse modo, esperamos que estas aulas, sejam úteis a estes
estudantes e aos demais envolvidos nos assuntos da ciência que, uma vez
preocupados com rumos da Metodologia da Pesquisa em Direito, tenham se
deparado com as perguntas citadas acima e necessitam de orientação para sanar
suas dúvidas.
Embora estas aulas tenham a pretensão de ser acessível a um público
relativamente restrito dentro do terreno da educação superior: os alunos do Curso de
Direito, da Faculdade Maurício de Nassau (Unidade de João Pessoa), elas são
também dirigidas aos professores universitários das nossas universidades federais e
das faculdades particulares que trabalham com esta modalidade de ensino. É
também a essa categoria de trabalhadores da educação superior que estas aulas
gostariam de ser útil. É comum encontrarmos entre esses profissionais uma atitude
que se aproxima do descaso diante dos assuntos tratados pela metodologia; essa
atitude tem origem nos cursos de formação profissional, nas licenciaturas e mesmo
na pedagogia, onde a disciplina Metodologia do Ensino, juntamente com a
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Metodologia da Pesquisa em Direito e outras, é vista como inútil exercício do
espírito, sem qualquer conotação de aplicabilidade.
É inevitável que a reflexão metodológica tenha esse caráter ou, para sermos
incisivos, essa aparência de um discurso que diz respeito às coisas que
transcendem o dia-a-dia. É preciso admitir, entretanto, que muitos professores,
mesmo com especialização, mestrado e doutorado, se esforçam, notadamente, em
suas aulas para futuros profissionais, para que a disciplina de metodologia assim
permaneça e, mais ainda, para que essa característica extraterrena do pensar
metodológico seja exacerbada; seus motivos são os mais diversos e variados e não
nos cabe analisa-los neste momento.
Se começa nos bancos acadêmicos, a desconsideração pela Metodologia da
Pesquisa em Direito tem continuidade na mesa de trabalho do docente. Diante de
seus alunos, no cotidiano da sala de aula, enfrentando as exigências administrativas
das universidades, das faculdades particulares e as insatisfações de alguns alunos,
é aí que o docente vê, definitivamente, enterrada qualquer esperança que ainda por
acaso lhe restasse quanto à reflexão metodológica ser-lhe de alguma serventia.
Mais e mais esse profissional se distancia da possibilidade de reciclar seus
conhecimentos e, quando esta oportunidade porventura surge, o que ele mais
deseja são ensinamentos que possam satisfazer sua ânsia de solucionar problemas
práticos: o professor deseja receber sugestões, quando não fórmulas acabadas,
para “aplicar” com seus alunos. É o que percebemos, sempre que iniciamos a
docência da disciplina Metodologia do Ensino Superior nos cursos de Pós-
Graduação, pois a expectativa expressa pelos alunos tem sido sempre a mesma:
aprender a planejar e a “dar” aulas.
Não esperamos, diante disso, fornecer uma série de conselhos traduzidos
das alturas de um pensamento metodológico distanciado da prática pedagógica; não
é nosso objetivo descaracterizar essa ou aquela metodologia na tentativa de torná-la
artificialmente mais acessível e prática. O que pretendemos é trazer a luz uma
disciplina de Metodologia da Pesquisa em Direito que foi elaborada tendo em vista a
realidade vivida pelo educador em sala de aula. Ao trabalho, portanto.
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PRIMEIRA AULA
DEFINIÇÃO DE METODOLOGIA E DE METODOLOGIA DA PESQUISA EM
DIREITO
Nesta primeira aula, pretendemos demonstrar alguns elementos básicos do
conceito de Metodologia e de Metodologia da Pesquisa em Direito. Para tanto,
vamos iniciar por uma discussão do que é Metodologia e seu papel na formação da
graduação em Direito, passando para a abordagem da pesquisa, desembocando, na
conclusão desta aula, no tema da disciplina Metodologia da Pesquisa em Direito.
Não teremos aqui a oportunidade de realizar um estudo exaustivo e
abrangente dos aspectos mencionados. Vamos apenas proceder às colocações que
nos permitem compreender os temas e, se possível, utilizá-los no estudo das aulas
desta disciplina.
1. METODOLOGIA
Definir Metodologia, de início, não é tarefa fácil, porém necessária. A origem
da palavra é o grego. A junção de metá, que se traduz por “além de”, hodós, que
quer dizer “caminho, via”, mostra a que se trata de uma outra a forma de mostrar um
mesmo caminho.
Vê-se, assim, que metodologia é termo controverso, polêmico e empregado
nas mais diferentes situações. Cada ciência carrega em si uma metodologia própria
de aprendizado, no sentido de repassar seu ensino para gerações futuras. E todas
se acham ligadas à Metodologia da Pesquisa.
Nos dicionários mais antigos, encontramos Metodologia definida como:
“tratado dos métodos, arte de dirigir o espírito na investigação da verdade;
13
orientação para o ensino de uma disciplina” (Cf. FERREIRA, 2008, p. 552). Em
dicionários mais recentes, a palavra metodologia está definida como:
Parte de uma ciência que estuda os métodos aos quais ela se liga ou dos quais ela se utiliza [...]. Estudo sistemático, por observação da prática científica, dos princípios que fundam e dos métodos de pesquisa utilizados [...]. Conjunto dos métodos e técnicas de um campo particular (Cf. GRANDE DICIONÁRIO LAROUSSE CULTURAL DA LINGUA PORTUGUESA, 1999, p. 616).
Usualmente, costuma-se definir Metodologia como estudo ou mesmo conjunto
dos métodos e empregá-la confundindo-a com a simples utilização de estratégias,
ou de técnicas, ou de instrumentos e recursos materiais auxiliares. Para desfazer
este mal entendido, no campo da pesquisa em Direito, precisamos fazer uma
demarcação entre a metodologia como abordagem de pesquisa (Metodologia
Científica) e a metodologia enquanto processo de socialização dos conhecimentos
investigados (Metodologia de Ensino).
1.1 METODOLOGIA DA PESQUISA EM DIREITO
A Metodologia da Pesquisa em Direito constitui-se no processo de
intervenção na realidade jurídica. É o caminho percorrido pelos pesquisadores no
processo de elaboração da investigação teórico-empirica. Pressupõe um corpo de
métodos, técnicas e instrumentos empregados para investigar fenômenos e objetos
que é necessário observar, analisar, avaliar e inferir resultados. Resultados estes
que devidamente mapeados, classificados e analisados oferecerão ao pesquisador
um perfil do objeto em estudo.
Na existência de vários caminhos o pesquisador escolhe aquele que melhor
corresponde à problemática a ser investigada e ao referencial teórico adequado.
Portanto, a Metodologia da Pesquisa indica opções e leitura operacional que o
pesquisador fará do quadro teórico definindo os elementos, tais quais:
- Sujeitos da pesquisa;
- O universo a ser investigado;
- As técnicas e instrumentos de coleta do corpus, das informações ou dos
dados;
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- Descrição da organização e análise do corpus, das informações ou dos
dados.
A Metodologia da Pesquisa em Direito está contida dentro de um projeto de
pesquisa. Este implica desenvolvimento de passos metodológicos que decorrem das
respostas às oito perguntas seguintes:
1) O QUE PESQUISAR? Definição do tema da pesquisa; problema;
hipóteses; base teórica e conceitual.
2) POR QUE PESQUISAR? Justificativa da escolha do problema.
3) PARA QUE PESQUISAR? Propósitos do estudo: objetivo da pesquisa.
4) COMO PESQUISAR? Metodologia: técnicas, instrumentos de coleta e
análise dos dados coletados e do corpus obtido durante a investigação.
5) QUANDO PESQUISAR? Cronograma de execução.
6) COM QUE RECURSOS? Orçamento da pesquisa.
7) PESQUISADO POR QUEM? Equipe de trabalho, pesquisadores,
coordenadores e orientadores.
8) QUAIS AS REFERÊNCIAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS QUE
FUNDAMENTARAM A ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA E QUE
FUNDAMENTARÃO A INVESTIGAÇÃO? Listar as referências utilizadas e
consultadas para elaboração do projeto e as referências que se pretende utilizar
durante a investigação.
A pesquisa concluída trará como produtos:
- RELATÓRIOS TÉCNICO-CIENTÍFICOS: documento que relata formalmente
os resultados ou progressos obtidos em investigação de pesquisa;
- TRABALHOS ACADÊMICOS: por ser uma primeira experiência, o trabalho
acadêmico constitui-se numa preparação metodológica para futuros trabalhos de
investigação;
- MONOGRAFIAS E TCC: monografias constituem o produto de leituras,
observações, investigações, reflexões e críticas desenvolvidas nos cursos de
graduação e pós-graduação (Lato-Sensu). Sua principal característica é a
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abordagem de um tema único (monos = um só e grapheim = escrever); TCC é um
trabalho de conclusão de curso de graduação.
- DISSERTAÇÕES E TESES: constituem o produto de pesquisas
desenvolvidas em cursos de nível de pós-graduação: mestrado e doutorado (Stricto
Sensu). A diferença entre dissertações e teses refere-se ao grau de profundidade e
originalidade exigida na tese, defendida na conclusão de curso de doutoramento.
- LIVROS: são publicações avulsas, contendo no mínimo cinco páginas
impressas, grampeadas, costuradas ou coladas e revestidas de capa. Os livros
recebem uma numeração internacional padronizada (ISBN: Internacional Standard
Book Number).
Os resultados da pesquisa são socializados através das Metodologias do
Ensino. No nosso caso, da Metodologia da Pesquisa em Direito.
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SEGUNDA AULA
___________________________________________________________________
PROJETO DE PESQUISA DA MONOGRAFIA
Na aula anterior, demonstramos alguns elementos básicos do conceito de
Metodologia e do conceito de Metodologia da Pesquisa em Direto, pois, como vimos,
foi necessário, no início da disciplina, definir com clareza e precisão o significado de
cada categoria que constitui a temática da disciplina a ser estudada. Começamos
vendo que Metodologia é um termo controverso, polêmico e empregado nas mais
diferentes situações. Concluímos a primeira aula, tratando da última categoria da
nossa disciplina: a Metodologia da Pesquisa em Direito.
A partir desta aula, vamos tratarmos de elaborarmos o Projeto de Pesquisa da
Monografia que vocês terão de pesquisar, escrever e apresentar para o futuro
orientador, a fim de aprovar o seu Projeto. Para tanto, estas aulas de Metodologia da
Pesquisa em Direito, serão organizadas a partir da escolha do tema da sua
monografia, passando, em seguida, para explicação de como se produzir um projeto
de pesquisa para conclusão da graduação em Direito. Apresentaremos, também, as
técnicas de pesquisa bibliográfica, leitura, fichamento, redação etc., chegando até
demonstrar como é que o aluno deve comportar-se perante a banca examinadora no
dia da defesa. Ao trabalho, portanto.
1. PROJETO DE PESQUISA DA MONOGRAFIA
Algumas Faculdades de Direito, entre as quais, a Faculdade Maurício de
Nassau (Unidade de João Pessoa), exigem que os alunos, a partir do 8ª período,
elaborem o chamado Projeto de Pesquisa da Monografia, pois a elaboração de um
17
trabalho monográfico de estudo e pesquisa, antes de ser uma imposição legal, é
uma opção didática.
De há muito os professores universitários perceberam que uma das boas
maneiras de ensinar e avaliar alunos através da feitura da monografia. Ela é
fundamental não só porque mostra o conhecimento que o aluno tem da matéria
ensinada, como também, permite ao estudante, em uma tarefa isolada, aprofundar
seu aprendizado no assunto tratado.
É uma das formas mais modernas de avaliação, mas, principalmente, de
aprendizado, porque é o próprio estudante que aprende trabalhando. Assim, a
monografia é muito útil para demonstrar que atualmente não se pode mais aceitar a
ideia dogmática de que é “o professor que ensina”, mas sim, de que é “o aluno que
aprende”. A função do professor é orientá-lo e auxiliá-lo nesse aprendizado.
A monografia, como meio de avaliação, somada aos outros métodos, é um
complemento fundamental. Em várias áreas do conhecimento, já se exige a
apresentação de monografia ao término do curso de graduação. No caso do curso
de Direito, o Ministério da Educação (MEC) baixou portaria tornando a monografia
obrigatória com vista à conclusão do curso de bacharelado em Direito.
A Portaria n. 1.886, de 30/12/1994, estabelece uma série de novas para os
cursos jurídicos, tais como um novo currículo mínimo, o número mínimo de horas-
aula, a necessidade de um mínimo de horas dedicadas às atividades práticas etc.
No seu art. 9º, estabelece, in verbis: “Art. 9º Para conclusão do curso, será
obrigatória apresentação de defesa de monografia final, perante banca
examinadora, com tema e orientador escolhido pelo aluno”.
Vê-se, portanto, da leitura e interpretação do art. 9º da Portaria, que não se
trata apenas da obrigatoriedade da feitura e avaliação da monografia em si, mas
também de sua defesa perante a banca examinadora. Por esse motivo, na nossa
disciplina, vamos orientar os alunos a fazerem, a princípio, o Projeto de Pesquisa de
Monografia e, depois, ajudar a escolher o orientador e tema da pesquisa, sem
esquecer, é claro, à defesa da monografia perante a banca examinadora.
Então, é importante, que apresentemos a vocês, estudantes de Direito da
Faculdade Maurício de Nassau, um roteiro prático para apresentação do Projeto de
Pesquisa da Monografia, ou seja, um modelo de projeto, que terá as seguintes
partes:
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1. ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS
1. CAPA
2. FOLHA DE ROSTO
3. SUMÁRIO
2. ELEMENTOS TEXTUAIS
1. INTRODUÇÃO
2. TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA
3. HIPÓTESE
4. OBJETIVOS.
5. JUSTIFICATIVA
6. METODOLOGIA.
7. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
8. ESTRUTURA BÁSICA DO DESENVOLVIMENTO DA MONOGRAFIA
3. ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS
1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Vejamos, a partir da próxima página, um modelo de Projeto de Pesquisa em
Direito, que tem como título O (DES)SERVIÇO DO ARTIGO 257 DO CÓDIGO
ELEITORAL FRENTE ÀS SENTENÇAS QUE CESSAM REGISTROS, DIPLOMAS
OU MANDATOS ELETIVOS, realizada para servir de modelo para vocês realizarem
seus projetos de pesquisa.
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FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU
UNIDADE JOÃO PESSOA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
DANIEL ALVES MAGALHÃES
O (DES)SERVIÇO DO ARTIGO 257, DO CÓDIGO ELEITORAL FRENTE ÀS
SENTENÇAS QUE CASSAM REGISTROS, DIPLOMAS OU MANDATOS ELETIVOS
JOÃO PESSOA-PB
2012
20
DANIEL ALVES MAGALHÃES
O (DES)SERVIÇO DO ARTIGO 257 DO CÓDIGO ELEITORAL FRENTE ÀS
SENTENÇAS QUE CASSAM REGISTROS, DIPLOMAS OU MANDATOS ELETIVOS
Projeto de Pesquisa apresentada ao curso de Direito da Faculdade Maurício de Nassau – Unidade de João Pessoa, como requisito parcial para a aprovação na disciplina Metodologia da Pesquisa em Direito, sob a orientação do Prof. Dr. Daniel Alves Magalhães.
JOÃO PESSOA-PB
2012
21
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO, p. 04
2. TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA, p. 10
2.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA, p. 10.
3. HIPÓTESE, p. 11.
4. OBJETIVOS, p. 12.
4.1 OBJETIVO GERAL, p. 13.
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS, p. 15
5. JUSTIFICATIVA, p. 15
6. METODOLOGIA, p. 15.
6.1 REVISÃO DE LITERATURA, p. 19.
6.2 TIPO DE PESQUISA, p. 20.
6.3 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS, p. 23.
7. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES, p. 25.
8. ESTRUTURA BÁSICA DO DESENVOLVIMENTO DA MONOGRAFIA, p. 27.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS, p. 28.
1. INTRODUÇÃO
O recente período de ditadura, que o nosso país viveu nas décadas de 1960,
de1970 e início dos anos de 1980 do século passado, fez brotar no seio do povo
brasileiro um poder de resistência, indignação e manifestação que resultaram no fim
do regime militar. Isto não fez com que o povo só se limitasse apenas sobre a
mudança do regime de governo, mas, principalmente, sobre a transformação do tipo
de sociedade.
O grandioso ato de sufragar não denota a dimensão da liberdade de
expressão, pois se o ato não é devidamente protegido de vícios de vontade, com
certeza estará consubstanciada a fraude. O sigilo do sufrágio e a expressão da
vontade livre de pressões e de abusos de poder são fatores preponderantes para o
estabelecimento da real democracia.
Acompanhando este arcabouço histórico, a Justiça Eleitoral Brasileira tem
desempenhado um papel de grande valia no que se refere ao cumprimento do seu
desiderato constitucional, punindo implacavelmente quem busca viciar a vontade do
cidadão-eleitor, deixando claro que não é mais possível a utilização da máquina
pública na captação de votos, assim como são, exemplarmente punidos, os abusos
de poder político e econômico.
Sobretudo com a promulgação da Lei nº 9.840, de 28 de setembro de 1999,
que introduziu o art. 41-A no texto da Lei 9.504/97, sendo fruto de um Projeto de Lei
de Iniciativa Popular liderado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil –
CNBB e diversos Sindicatos de Trabalhadores Rurais e Urbanos.
Ocorre que a sede de justiça não pode ser motivação para inobservância de
consequências nefastas e danos irrecuperáveis as comunas onde seus mandatários
são penalizados pelo descumprimento de obrigações positivas ou negativas da
legislação eleitoral e acabam por terem seus mandatos interrompidos, antes da
sentença ter sido transitada em julgada, com a substituição do eleito nas urnas, pelo
segundo colocado nas eleições ou pelo Presidente da Câmara de Vereadores, ou
ainda sendo convocadas novas eleições.
2. TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA
Analisando o paradoxo em tela, passa-se a perseguir a seguinte pergunta,
que denota o nosso problema de pesquisa: É justo o afastamento do mandatário do
cargo executivo, eleito nas urnas pelo voto popular, antes do trânsito em julgado do
processo que lhe imputou tamanha penalidade?
Atentando para o explicitado até aqui é fácil notar a improdutividade jurídica e
o impacto social negativo da inexistência de efeito suspensivo aos recursos
eleitorais, salvo exceções.
3. HIPÓTESE
Neste sentido, persegue este trabalho, com a seguinte hipótese: demonstrar a
necessidade imperiosa da interpretação do art. 257 do Código Eleitoral Pátrio, de
forma literal ou restritiva, limitando a inexistência de efeito suspensivo aos recursos
eleitorais quanto aos acórdãos, como pretende o parágrafo único, do próprio artigo,
não sendo aplicadas às sentenças de primeiro grau.
4. OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
Portanto, o Objetivo Geral deste trabalho é demonstrar um panorama
paradoxal entre a busca sedenta de justiça na seara eleitoral em face dos que
tentam viciar a vontade do eleitor e a observância de diversos aspectos legais que
determinam o devido processo legal nos processos que cassam registros, diplomas
ou mandatos eletivos, em caráter transitório e seus impactos sociais quando não
observado.
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Este Objetivo Geral necessitará ser buscado através de outros, que sejam:
1) Estabelecer os princípios norteadores do Direito Eleitoral, sobretudo o in dúbio pro
voto;
2) Pesquisar a História Legislativa das Lei 9.504/97, Lei 64/90 e da Lei 9.840/99;
3) Fazer uma definição de captação ilícita de sufrágio e sua executividade;
4) Verificar uma fundamentação constitucional de presunção de inocência, duplo
grau de jurisdição, ampla defesa e contraditório;
5) Destacar os prejuízos para a sociedade, do tema nos Tribunais e o contexto atual
da problemática;
6) Expor os posicionamentos divergentes da doutrina e da jurisprudência e;
7) Apontar julgados e votos que exteriorizam a analise hermenêutica dos tribunais.
5. JUSTIFICATIVA
Assim, a pesquisa apresentada tem sua justa existência, pela exposição de
situação fática, com nascedouro jurídico, através da aplicação de dispositivo legal e
consequente estabelecimento de um problema com vertentes que iniciam com a
busca do justo-jurídico e implicam na desestruturação político-social da Comuna. A
demonstração que o ordenamento jurídico não tem um fim em si mesmo, mais na
implantação, manutenção ou resgate da Paz Social, mas nunca na criação de
instabilidade do sistema social.
Destarte, deve-se focar a vontade de punir exemplarmente os mandatários
que burlam as Leis Eleitorais, tentando viciar a vontade do eleitor, através do uso da
própria máquina pública, abusando do poder político ou do poder econômico, em
favor de suas candidaturas ou a de seus aliados. Com o fito de causar o efeito da
prevenção geral, objetivando a proteção da Verdadeira Democracia, limitando os
desgastes da Lei, da Justiça, da tranquilidade pública na vida comunal e,
principalmente, do voto popular.
6. METODOLOGIA
O presente trabalho terá como método de abordagem o dialético, já que pretende
centralizar o tema e estudá-lo em suas diversas nuances, com o problema sendo
passivo de ser estudado sob outros enfoques que não apenas a proposta inicial.
A pesquisa será essencialmente exploratória, utilizando-se de pesquisa
bibliográfica, jornalística, documental e digital, utilizando como fontes a doutrina, a
jurisprudência e o positivado jurídico pátrio.
6.1 REVISÃO DE LITERATURA
O ordenamento jurídico é, sem sombra de dúvidas, o manto de proteção que
uma sociedade tem para a convivência pacifica e evolutiva quando as normas são
açoitadas. Com isto, instala se de imediato uma crise, que por sua vez, para ter um
fim, necessário se faz a utilização do mesmo ordenamento buscando o retorno ao
estágio de normalidade.
Assim, a estabilidade social está diretamente ligada à estrutura sólida de suas
instituições dirigentes e controladoras, que exercem o múnus público de acordo com
a legislação vigente, sobretudo, a Constituição Federal que não apenas se dirige aos
cidadãos, mas também ao Estado, como sujeito de Direito, impondo-lhe limites e
obrigações, como muito bem ressalta Morais citando Canotilho:
[...] a função de direitos de defesa dos cidadãos sob uma dupla perspectiva: (1) constituem, num plano jurídico-objectivo, normas de competência negativa para os poderes públicos, proibindo fundamentalmente as ingerências destes na esfera jurídica individual; (2) implicam num plano jurídico-subjectivo, o poder de exercer positivamente direitos fundamentais (liberdade positiva) é de exigir omissões dos poderes públicos, de forma a evitar agressões lesivas por parte dos mesmos (liberdade negativa). (CANOTILHO, apud MORAIS, 2007, p.25).
A Justiça Eleitoral Brasileira nos últimos anos tem demonstrado um largo
trabalho de controle, fiscalização e punição dos concorrentes a cargos eletivos, que
não respeitam as regras das disputas eleitorais e que insistem em tentar de todas as
formas viciar a vontade popular, realizando ações que configuram o abuso do poder
político, do poder econômico e o uso eleitoral da própria máquina pública em prol de
suas candidaturas ou de seus aliados. A Constituição Federal, o Código Eleitoral, as
leis esparsas, em especial a Lei Complementar 64/90 e a Lei 9.504 de 30 de
setembro de 1997, dão o tom da caminhada eleitoral a ser perpetrada por aqueles
que visam o alcance do poder político. Neste sentido, Ramayana (2008, p. 509),
com clareza, ressalta o bem jurídico a ser tutelado:
O bem jurídico tutelado, portanto, mediante a ação constitucional, é a normalidade e legitimidade das eleições (CF, art.14, § 9º) e o interesse público de lisura eleitoral (LC nº 64/90, art. 23, in fine), enquanto pressupostos de legitimidade política e validade jurídica do mandato democrático representativo.
Notórias são as consequências, que sofremos hoje em função da sociedade e,
posteriormente, a Justiça Eleitoral não terem acordado mais cedo para o combate
das práticas que viciavam a vontade popular, em que pese o período da ditadura
militar, ter atrasado este processo de amadurecimento jurídico–social, não podemos
deixar de exaltar a falta de vontade política para que a Justiça Eleitoral agisse com
independência e eficácia.
Essa realidade gerou um sentimento de patriótico, consubstanciado num
projeto de lei de iniciativa popular, liderado pela Conferência Nacional de Bispos do
Brasil (CNBB) e por Sindicatos de Trabalhadores, que findou resultado na edição da
Lei nº 9.840/99, que acrescentou o Art. 41-A a Lei 9.504/97. É assim que pensa
também, Mascarenhas (2004, p. 73), quando afirma:
Esta Lei nº 9.840/99 teve seu projeto original apresentado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, sendo o primeiro projeto de lei de iniciativa popular aprovado pelo Congresso Nacional desde a promulgação da Constituição Federal, em 03 de outubro de 1998.
O projeto de lei foi objeto de emenda, de autoria do Deputado Federal José Roberto Battochio (PDT – SP), que introduziu a possibilidade do julgamento do crime de compra de votos, ou de “captação de sufrágios”, mesmo depois das eleições e já diplomado o candidato, que, se condenado, perderia o mandato conquistado ilicitamente.
O art. 41-A da Lei 9504/97, tem a seguinte redação:
Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer ou entregar, ao eleitor, com o fito de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição,
inclusive, sob pena de multa de mil a cinqüenta mil UFIR, e cassação do registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990 (SARAIVA, 2007, p. 1576).
O povo brasileiro sentiu se coroado com essa conquista, não só pelo resultado,
mas por ter nascido de um projeto de iniciativa popular. O que passou a preocupar a
população foi a produção dos efeitos por parte da execução desta Lei, em especial
do Art. 41-A, no processo de cognição com inúmeros recursos possíveis e com o
aparelho dos Orgãos Judiciários abarrotados de processos. De acordo com o
entendimento de parte da Doutrina a executividade das decisões que observavam a
existência prevista no Art. 41-A deveriam ser, por determinação de norma
infraconstitucional, imediatas, ainda que para isso a segurança jurídica seja abolida
ou secundada. A Ministra Hellen Greice Northfleet, enxergou assim:
[...] Em exame prefacial e considerando tratar-se de pretendido efeito suspensivo a recurso ordinário, no qual não se veda o exame do acervo probatório, tenho por presente, nas razões apresentadas, o essencial requisito da fumaça do bom direito. Ademais, tendo o TRE determinada a imediata execução do acórdão,e, conforme alude o requerente, já tendo sido iniciado o procedimento de perda do mandato na Câmara dos Deputados (art.55 da CF), há risco de prejuízo irreparável. A referendar a cautela, observo que o recurso ordinário a que se visa a concessão do efeito suspensivo (RO nº 777) já se encontra com vista à PGE, desde 9.03.2004, o que aponta para decisão definitiva em breve. 3. Ante ao exposto, defiro a liminar para emprestar efeito suspensivo ao Recurso Ordinário nº 777, assegurando o exercício do mandato do requerente até que a decisão de primeira instância seja revista pelo TSE no julgamento do referido recurso (MC 1330/AP, DJ de 18/03/2004, p.139).
Apesar do art.257 do Código Eleitoral Pátrio, estabelecer o seguinte:
Art. 257. Os recursos eleitorais não terão efeito suspensivo.
Parágrafo único. A execução de qualquer acórdão será feita imediatamente, através de comunicação por ofício, telegrama, ou, em casos especiais, a critério do Presidente do Tribunal, através de cópia do acórdão (SARAIVA, 2007, p. 795).
A combinação do entendimento de parte da magistratura eleitoral, quanto a
executividade das decisões quando detectada a existência de captação ilícita de
sufrágio com o Art. 257 do Código Eleitoral e seu parágrafo único, resultou em uma
séria de situações que não coadunam com próprio espírito da Lei que foi criada para
garantir o estabelecimento da real vontade popular sem os vícios reinantes outrora,
senão vejamos:
a) Como pode um prefeito eleito pelo povo, que tem sobre si uma condenação
em primeira instância, por suposto cometimento de infração esculpida no Art.
41-A, da Lei das Eleições, ser retirado do cargo sem a possibilidade de serem
atendidos os princípios constitucionais do devido processo legal, contrariando
o preceito incorporado na Constituição Federal de 1988, que abraça o art. XI,
1, da Declaração Universal dos Direitos dos Homens, garantindo que “todo
homem acusado de ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até
que a sua culpabilidade tem sido provada de acordo com a lei, em julgamento
público no qual lhe tenha sido asseguradas todas as garantias necessárias a
sua defesa”. O Colegiado Superior Eleitoral, atento a estes efeitos indigestos
a democracia e a Constituição Federal de 1998, tem tido um comportamento
precavido e emprestado efeitos suspensivos aos recursos eleitorais, nesse
diapasão vejamos:
Estando ainda para ser apreciado o recurso eleitoral face a decisão a quo, que, ao reconhecer a conduta dos autores da ação cautelar na norma prevista no art 73, I, da Lei das Eleições e cassar o registro das candidaturas dos eleitos, determinou a posse e a diplomação dos segundos colocados às eleições majoritárias no pleito de 2008, encontra-se configurada a fumaça do bom direito para conceder efeito suspensivo a recurso eleitoral, que deverá ser apreciado, em exame mais aprofundado, pela Corte Eleitoral (grifo nosso). O periculum in mora está configurado a partir da proximidade do prazo para a posse e diplomação dos eleitos que se avizinha nos termos da Resolução 22.571, do TSE, de 30 de agosto de 2007. Conhecimento e provimento do agravo regimental para reformar a decisão monocrática do relator, que indeferiu pedido de efeito suspensivo ao recurso eleitoral (Agravo regimental na Ação Cautelar n 27/2008, relator para o acórdão Desembargador Claudio Santos, 16.12.2008).
b) A instabilidade social criada nas comunas, sobremaneira nas de menores
portes, com a alternância no cargo por demasiados afastamentos e retornos
ao cargo, em curtíssimos espaços de tempo, trazendo uma celeuma, uma
verdadeira albardia administrativa, beirando o caos, entoou
conseqüentemente o Tribunal Superior Eleitoral voz no sentido de absorver
estes desapontamentos com bastante inteligência e precaução a estes fatos e
tem, ainda que necessária as medidas cautelares, concedido efeito
suspensivo aos recursos eleitorais, com base nesse sentimento, como
podemos observar:
-Hipóteses em que a coexistência de decisões com consequências diversas, pendentes ainda de apreciação pelo TER/PB, justifica a manutenção dos recorridos, de forma a se evitar uma instabilidade no município, bem como o desgaste da própria Justiça Eleitoral (grifo nosso). -Recurso a que se nega provimento (TSE Resp. n 22125, relator Ministro Peçanha Martins, DJ 16.09.2005).
c) O duplo grau de jurisdição é assim, acolhido pela generalidade dos sistemas
processuais contemporâneos, inclusive pelo brasileiro. O princípio não é
garantido constitucionalmente de modo expresso, entre nós, desde a
República, apesar de posicionamentos divergentes e preciosos, como Passos
(2000, p. 69-70) preleciona:
Devido processo constitucional jurisdicional, cumpre esclarecer para evitar sofismas e distorções maliciosas, não é sinônimo de formalismo, nem culto da forma pela forma, do rito pelo rito, sim um complexo de garantias mínimas contra o subjetivismo e o arbítrio dos que tem poder de decidir. [...] Dispensar ou restringir qualquer dessas garantias não é simplificar, deformalizar, agilizar o procedimento privilegiando a efetividade da tutela, sim favorecer o arbítrio em benefício do desafogo de juízos e tribunais. Favorece-se o poder, não os cidadãos, dilata-se os espaços dos governantes e restringe-se os dos governados. E isso se me afigura a mais escancarada anti-democracia que se pode imaginar.
A própria Constituição incumbe-se de atribuir competência recursal a vários
órgãos da jurisdição (art. 102, inc.II; art.105, inc.II; art. 108, inc. II), prevendo
expressamente sob a denominação de tribunais, órgãos judiciários de
segundo grau (v.g., art 95, inc.III). Não sendo diferente na seara eleitoral que
esculpida constitucionalmente nos arts. 118 ao 121, da Constituição Federal
de 1988, podendo observar, inclusive o próprio código eleitoral que preconiza
o seguinte: “Art. 216. Enquanto o Tribunal Superior não decidir o recurso
interposto contra a expedição do diploma, poderá o diplomado exercer o
mandato em toda a sua plenitude” (SARAIVA, 2007, p. 792).
d) Hodiernamente torna se inaceitável, ainda que compreensível, diante de
uma recente história de desmandos nas campanhas eleitorais, a busca
insana de respostas jurídicas, políticas ou sociais sem seguir de forma
inafastável aos princípios constitucionais que norteiam nossa sociedade. A
interpretação dos textos legais, obrigatoriamente, deve caminhar na estrada
do Estado Democrático de Direito, sobretudo na ótica constitucionalista como
tem observado os Ministros do Tribunal Superior Eleitoral-TSE e os Juízes
dos Tribunais Regionais Eleitorais-TREs, que se empenham na construção
jurisprudencial de garantir a segurança jurídica através do respeito ao duplo
grau de jurisdição, emprestando com freqüência, quase que absoluta, efeito
suspensivo aos recursos eleitorais que cassam registros, diplomas ou
mandatos eleitorais, por deferimento de liminares através de medidas
cautelares, evidenciando de logo a fumaça do bom direito e o prejuízo que
poderá ocasionar o perigo da demora do trânsito em julgado da lide, ao que
foi sagrado vencedor nas urnas, retornando a Comuna o estado de
normalidade. Entendendo também assim, Fux (2005, p. 345), defende a
seguinte tese:
A efetivação da execução do provimento cautelar é interinal, imediata e mandamental porquanto somente assim se pode conceber uma decisão judicial que protege a função jurisdicional, conjurando uma situação de perigo potencialmente frustradora da atividade judicial soberana.
E materializa o entendimento com os constantes julgados, a exemplo:
-Demonstrados o perigo na demora da prestação jurisdicional e a “fumaça do bom direito”, deve-se, conceder efeito suspensivo a recurso especial, para que o prefeito eleito aguarde, no exercício do cargo o julgamento do apelo. (grifo nosso). (TSE MC n 2260, relator Ministro Marcelo Ribeiro, DJ 18.12.2007).
Conclui se por tudo exposto, que a busca incessante pela proteção da vontade
popular livre de vícios, realizando o Estado sua atividade retributiva ao cidadão,
na medida em que possa dosar o célere atendimento jurisdicional e o respeito
incondicional aos princípios e ditames constitucionais, e a segurança jurídica.
Atuando para alcançar o objetivo fundamental do ordenamento jurídico Pátrio
que a pacificação social. Como perfeitamente se utiliza Adriano Soares da
Costa, em artigo publicado na rede mundial de informações, baseando-se na
relatoria do Ministro Eduardo Alckmin, no Acordão TSE nº 15.061, 23.10.97,
fundamentando assim:
[...] a partir do momento em que sejam conhecidos os candidatos vitoriosos – o que se dá por conta da proclamação dos resultados – a lei passa a proteger o eleito com a exigência de que seja examinada a questão também mediante vias processuais específicas. [...] Ou seja, uma vez conhecidos os eleitos, não se pode mais cogitar de pura e simples cassação de registro de candidatura, como o estabelecido pelo inciso XIV do mencionado dispositivo legal, mas em respeito a vontade popular, remete-se a questão a sede própria (TSE, 2002, p. 08).
Ainda no mesmo artigo, Adriano Soares Costa, faz saber sua indignação:
A vontade popular manifestada nas urnas perde valor quando da executividade imediata das decisões que aplicam o art. 41-A. Entre a manifestação pessoal e o rigor formal, fica-se com este ablegando aquela.[...] O dano irreparável que o candidato eleito terá, bem como o enfraquecimento da própria legitimidade do resultado das eleições, grita a não mais poder (COSTA, 2007, p. 21).
Diante do que foi exposto até aqui, nota-se que o aludido panorama paradoxal
entre a busca pela justiça na seara eleitoral, em face dos que tentam viciar a
vontade do eleitor, e a observância rígida do devido processo legal, nos processos
que cassam registros, diplomas ou mandatos eletivos em caráter transitório,
especialmente, pelos impactos sociais causados quando tal princípio não é
observado.
6.2 TIPO DE PESQUISA
Esta pesquisa, tendo em vista seus objetivos, é classificada como Pesquisa
Exploratória, pois tem como objetivo principal proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito. Para isto acontecer, vai envolver
levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes no problema
pesquisado. Assim, ela assume a forma de pesquisa bibliográfica.
6.3 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS
Como procedimentos técnicos, esta pesquisa terá o caráter bibliográfica, pois
segundo Gil (2002), uma pesquisa bibliográfica, quanto aos seus procedimentos
técnicos, pode ser desenvolvida com base em material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos. Porém, para este autor, não é
aconselhável que textos retirados da Internet constituam o arcabouço teórico do
trabalho monográfico.
7. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
ANO 2013
MÊS Fev Mar Abr Mai Jun
ATIVIDADES
Contatos com o Orientador X X
X X X
Pesquisa bibliográfica X X
Fichários bibliográficos e de leitura
X X
Elaboração do plano definitivo X
Revisão geral da documentação
X X
Redação definitiva – Digitação
X
Revisão de manuscrito X
Correções X
Revisão da parte referencial X
Contato final/ alterações X X
Digitação final X X
Entrega da Monografia X
Defesa da Monografia X
8. ESTRUTURA BÁSICA DO DESENVOLVIMENTO DA MONOGRAFIA
Intencionando direcionar a pesquisa em voga, contanto sem criar intangibilidade
quanto ao conteúdo, externa-se abaixo uma proposta para o desenvolvimento e
estrutura da monografia:
1. INTRODUÇÃO
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO ELEITORAL
1. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL
1.2 CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO
1.3 HISTÓRIA LEGISLATIVA
1.4 O CONTEXTO ATUAL
3. (DES)SERVIÇO DO ARTIGO 257 DO CÓDIGO ELEITORAL
3.1 O TEMA NOS TRIBUNAIS
3.2 DECISÕES ANTAGÔNICAS
4. FUNDAMENTAÇÃO CONSTITUCIONAL DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO,
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO
4.1 FUMAÇA DO BOM DIREITO E O PERIGO DA DEMORA
4.2 PREJUÍZOS PARA A SOCIEDADE
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
7. APÊNIDES
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COSTA, Adriano Soares. Captação Ilícita de Sufrágio. 2007. Disponível em:<HTTP://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php.buscalegis/article/download/28079/20089>. Acessado em: 12 abr. 2009. DIDIER, Fredie Jr. & CUNHA, Leonardo José Carneiro. Curso de Direito Processual Civil. Vol. III. Salvador: Podium, 2007. EDITORA SARAIVA. Vade Mecum. 3º ed. São Paulo: Saraiva, 2007. FUX, Luiz. Curso de Direito Processual Civil. Vol. II. 3º ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. MASCARENHAS, Paulo. Lei Eleitoral Comentada: eleições 2004. 6º ed. São Paulo: RCN, 2004. MAGALHÃES, Daniel Alves. Aulas de Metodologia da Pesquisa em Direito. João Pessoa: Mimi, agosto de 2012. MORAIS, Alexandre de. Direito Constitucional. 22º ed. São Paulo: Atlas, 2007. PASSOS, Calmon. Direito, Poder e Processo. 4 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000. RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral. 8 ed. Niterói: Impetus, 2008. TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. Código Eleitoral Anotado. Disponível em:<http://www.tse.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2009.
TERCEIRA AULA
A ESCOLHA DO TEMA DA MONOGRAFIA
1. A ESCOLHA DO TEMA
1.1 NÃO CONFUNDA TEMA COM ATIVIDADE PROFISSIONAL
A feitura da monografia é completamente diferente da produção do trabalho
profissional ou acadêmico regular. Não se trata de fazer uma peça processual mais
longa, uma pesquisa de jurisprudência para sustentar razões de recurso, a busca de
opinião doutrinária que sustente uma tese a ser levada a juízo, ou faça parte de um
parecer etc.
A realização de uma monografia, desde a escolha do tema até sua redação
final, difere muito de um longo trabalho profissional. Dizemos isso pela constatação
de que a confusão tem sido corrente nesse aspecto.
É que bons profissionais do Direito – e bons estudantes que nunca fizeram
monografia – acabam cometendo o erro de acreditar que, exatamente por não terem
dificuldade em fazer peças, pareceres e pesquisas rotineiras nas suas áreas de
atuação, conseguirão um bom resultado ao elaborar a monografia com o mesmo
método, talvez um pouco ampliado em termos de tempo dedicação à execução e na
maior quantidade de páginas escritas. Ledo engano.
Bons profissionais têm produzido más monografias, pelo equívoco inicial na
escolha do método. Uma coisa é fazer petições, que muitos são capazes de produzir
diretamente no seu computador em cima do prazo; outra, bem diferente, é planejar,
executar e realizar uma monografia. Para esta é necessário um método específico,
mas que, se seguido, traz muitos bons resultados.
2. O QUE É MONOGRAFIA?
O próprio nome da pesquisa científica que vocês vão fazer já designa o limite
da investigação: monografia (monos = único). Isto é o trabalho monográfico deve ter
por objeto um único assunto ou tema.
A escolha desse assunto único, contudo, exige certas cautelas e envolve
escolhas necessárias para que a finalidade do trabalho seja atingida. Assim, a
fixação do tema é o primeiro passo importante para o sucesso na elaboração do
trabalho monográfico.
3. REGRAS PARA ESCOLHA DO TEMA
3.1 ESCOLHA TEMA DO SEU INTERESSE
Para vocês começarem com o “pé direito” o seu trabalho de monografia,
preocupe-se primeiramente com a escolha do tema. Uma monografia tem forte
chance de dar certo se o tema escolhido estiver de acordo com as características
intelectuais do aluno, sua atração pelo assunto, o interesse despertado tendo em
vista sua posição ideológica, sua atitude diante das circunstâncias que o assunto
revela etc.
É verdade que, às vezes, o estudante não tem muita (ou nenhuma)
alternativa, o que ocorre quando o tema é indicado pelo orientador. Nessa hipótese
“menos livre”, é preciso tentar driblar esse aspecto inicialmente negativo. De
qualquer maneira, frise-se que, sempre que a escolha do tema estiver em suas
mãos, vocês devem fazê-la levando em conta o seu próprio e pessoal interesse,
pois, quanto mais simpatia o tema despertar, quanto mais atração exercer, mais
motivação vocês terão para desenvolver a monografia.
Porém, não devemos esquecer que todo trabalho monográfico é árduo. Claro
que é gratificante, como também é uma experiência metodológica importantíssima.
Contudo, sempre cobra esforço e dedicação do aluno. Esse esforço será maior,
tornando-se por muitas vezes penoso, quando o tema escolhido não for aquele que
mais agrada ao estudante.
É bem verdade que, pelo menos do ponto de vista teórico, desde que a
metodologia do trabalho científico seja seguida à risca, qualquer tema pode ser
trabalhado e acaba tornando-se uma monografia. Porém, em primeiro lugar, não há
nenhuma razão para vocês optem por um tema que não se totalmente de seus
interesses. Depois, a escolha do tema errado joga fora uma parte importante da
produção intelectual: a inspiração ou, pelo menos, a motivação.
Podemos afirmar, sem medo de errar, que produções científicas
desmotivadas são, geralmente, pobres e monótonas e que o investigador sem
inspiração assemelha-se mais a um autônomo repetidor que a um criador. Não
devemos esquecer que a produção científica é criação. Portanto, sejam criativos.
4. PROCURANDO O TEMA
É preciso, agora, que vocês comecem a ir definindo o tema. Na sequência,
apontaremos três caminhos para que vocês cheguem ao tema procurado: 1) Defina
claramente o tema; 2) Faça a limitação do tema e; 3) Problematize o tema.
4.1 DEFINA CLARAMENTE O TEMA
Para vocês definir claramente os seus temas, é necessário ter uma visão
clara do tema, o que muitas vezes exige a leitura prévia de textos já escritos sobre o
assunto versado ou pelo menos o conhecimento anterior propiciado por leituras
feitas ou aulas assistidas.
Assim, por exemplo, alguns de vocês podem escolher o seguinte tema: OS
SINDICATOS E OS DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS porque quer investigar e
refletir sobre aspectos específicos da jurisdição civil coletiva.
Neste caso, o aluno que escolheu este tema, deve, antes de tomar como
definitivo, procurar livros que tratem do assunto. Este estudante descobrirá obras
que abordam o assunto e uma, bastante atual, com título parecido: Os sindicatos e a
defesa dos interesses difusos, do professor Celso Antonio Pacheco Fiorillo,
publicado em São Paulo, pela Revista dos Tribunais, em 1995. A leitura deste livro,
no caso, forneceria elementos para que o aluno tirasse eventuais dúvidas relativas
ao tema e pudesse ter certeza da sua escolha.
Ou, então, num outro exemplo, algum de vocês escolheria o tema: A
VIOLAÇÃO DO DIREITO À IMAGEM PELOS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO,
porque o aluno que escolheu este tema já estudou o assunto quando teve aulas de
Direito Constitucional e quer trabalhar eventuais violações praticadas pelos canais
de televisão, jornais e estações de rádio.
Nessa hipótese, uma leitura importante seria a dissertação de mestrado do
professor Luiz Alberto David Araujo, A proteção constitucional da própria imagem,
publicada em Belo Horizonte, pela editora Del Rey, em 1996. A leitura desta
dissertação forneceria o material necessário para a checagem da convicção da
escolha do tema.
4.2 A LIMITAÇÃO DO TEMA
Como dissemos no início desta aula, o próprio nome que se dá ao trabalho
científico de aproveitamento escolar já pressupõe uma delimitação necessária para
a escolha do tema: a monografia indica um tipo de trabalho que versa sobre um
único assunto.
Todavia, ainda assim, é preciso que se diga que não basta lidar com um único
assunto, é necessário que ele esteja limitado, reduzido. Por exemplo: o tema O
DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL aponta um único assunto. Contudo, é por
demais amplo para um trabalho monográfico de graduação em Direito. Este tema
demandaria um esforço de pesquisa de toda legislação brasileira que tratasse do
consumidor, pelo menos desde a proclamação da República até a promulgação da
Lei n. 8.078/90 (o Código de Defesa do Consumidor), bem como o comentário de
todos os artigos da lei consumerista.
Assim, o fato do tema ser único não é suficiente. É preciso que ele seja
limitado. Quanto mais estreita for a matéria a que o tema se refere, melhor será.
Trabalhar em cima de um assunto bastante restrito facilita muito o trabalho de
pesquisa e a elaboração do texto.
O fato é que o tema levado ao máximo de redução permite uma concentração
da pesquisa e um aproveitamento de seu conteúdo. Vejamos um exemplo: Se
alguém escolher o tema ATUALIDADES NO PROCSSO CIVIL, sem um subtítulo, só
se poderá saber do que se trata pensando-se que a data de elaboração do trabalho
define o que seja “atualidade”. Mas o que se entende por “atual”? Aquilo que é
recente apenas? E o que significa “recente”? Um mês ou um ano? Pior ainda: Seria
atualidades sobre “todo” o processo civil ou apenas de uma parte dele? Trata-se da
legislação processual ou das novas posições da jurisprudência a respeito.
Bem, então, estando muito indefinido e querendo manter-se na área do
processo civil atual, poder-se-ia escolher o seguinte tema: A REFORMA DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL BRASIEIRO DE 1994 E DE 1995. Muito bem,
agora já sabemos que se trata de uma “atualidade” na legislação processual civil e
localizada nos anos de 1994 e 1995.
Melhorou. Contudo, ao examinar o conteúdo de tal reforma, verificar-se-á que
as normas introduzidas pelas diversas leis federais editadas entre 13 de dezembro
de 1994 e 26 de dezembro de 1995 (Leis n. 8.950, 8951 e 8. 953, todas de
13/12/1994; Lei n. 9.028, de 12/04/1995; Lei n. 9.079, de 14/07/1995; Lei n. 9.139,
de 30/11/1995, e Lei n. 9.245, de 26/12/1995), trouxeram profundas alterações ao
sistema processual, inclusive com a criação de novos institutos, como, por exemplo,
a ação monitória.
Estamos diante de outro tipo de problema: o tema está definido, mas seu
conteúdo é muito extenso. A solução, no caso, seria escolher um dos assuntos
dentro da reforma e Elegê-lo como tema. Por exemplo, A AÇÃO MONITÓRIA, ou,
melhor ainda, A AÇÃO MOITÓRIA INTRODUZIDA PELA REFORMA DE 1995.
Na primeira hipótese (A AÇÃO MONITÓRIA) a ideia de ação monitória é mais
ampla do que na segunda hipótese (A AÇÃO MONITÓRIA INTRODUZIDA PELA
REFORMA DE 1995), ainda que, em ambos os casos, fosse necessário tratar da
ação monitória como um tipo de ação independentemente da maneira como ela foi
implantada no Brasil pela Lei n. 9.079/95; na segunda hipótese o tema já nasce bem
definido, orientando o aluno quanto ao que se buscará e se fará no trabalho.
Outro exemplo, ainda na mesma questão da reforma do processo civil, seria
eleger como tema O RECURSO DE AGRAVO NA REFORMA DE 1995. Evidente
que o tema ficou bem definido. Se o aluno tivesse escolhido O RECURSO DE
AGRAVO sem especificação da reforma, o título seria muito mais abrangente,
englobando todas as características do instituto, independentemente dos aspectos
trazidos pela reforma.
O tema pode tanto versar sobre assunto atual quanto antigo. Não existe
qualquer problema em se fazer uma monografia que trate de assunto que não diga
respeito às matérias que o aluno tenha estudado efetivamente na faculdade. Por
exemplo, pode-se escolher o tema O EMPIRISMO JURÍDICO NO SÉCULO XIX,
sem qualquer problema de aproveitamento na avaliação do trabalho monográfico,
ainda que nas cadeiras de Introdução ao Estudo do Direito ou de Sociologia Geral e
Jurídica esse assunto não tenha sido abordado.
Nessa questão da busca do tema limitado, uma boa técnica que a auxilia é a
da problematização. Se o estudante consegue submeter o tema a um
questionamento adequado, acaba por obter facilmente o resultado almejado, que é a
sua limitação. Vejamos em seguida como fazê-lo.
4.3 A PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA
Tornar um tema problemático é colocá-lo em dúvida, transformando-o num
problema. Trata-se da própria constituição de um problema. É uma maneira crítica
de verificar todos os ângulos da questão, uma forma de checar os matizes que o
tema pode apresentar.
Como se faz, de fato, para problematizar o tema? Após defini-lo, deve-se
“submetê-lo” a questões, para verificar se ele resiste a elas. Claro que tais questões
são levantadas e respondidas pelo próprio estudante, mas sempre tendo em vista o
tema escolhido.
Assim, por exemplo, escolhe-se: A LIBERDADE. Pergunta-se: liberdade é
assunto muito amplo? Resposta: sim. Para falar de liberdade em geral ter-se-á de
estudar da Filosofia Antiga até a Filosofia Contemporânea, na História em Geral,
pensar o Direito em todas as suas vertentes, além de pensar nas teorias do Estado,
na política, ou na Psicologia, Sociologia etc.
A LIBERDADE é tema amplo demais. Resolve-se, então, mudá-lo para A
LIBERDADE JURÍDICA. O problema aparentemente resolvido demonstra agora
outras facetas. Pergunta-se: Trata-se de liberdade jurídica universal?, Que teve
vigência em todos os tempos?, Vale para todos as nações: no ocidente e no
oriente?.
Percebe-se, ainda, mais uma vez que é preciso alterar o tema. Muda-se para
A LIBERDADE NO DIREITO OCIDENTAL DO SÉCULO XX. Pois bem. Ficou bem
mais limitado. Mas resiste a novas questões? Fixado o ocidente no século XX, é
possível abordar todas as nações em todos os importantes períodos do século, tais
como as grandes guerras, os períodos de antes e após a 2ª Guerra Mundial etc.?
Assim, ainda não está bom. Vamos mudar mais uma vez. Desta vez para: A
LIBERDADE DE AGIR DIANTE DO SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO. Estamos
quase lá. Restam algumas perguntas e respostas ainda e que talvez, em contato
com o interesse do aluno, apontem a solução.
Estamos falando do sistema jurídico brasileiro. Mas o que é sistema? A
questão é da Teoria do Direito ou do Direito Constitucional Pátrio? Diante destes
fatos, resolvemos mudar o tema de novo. Agora para A LIBERDADE DE AGIR DO
CIDADÃO NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988. Chegamos ao tema.
5. O TEMA DE AUTOR
Na explanação que fizemos no item anterior, colocamos de propósito um
tema genérico e escolhido por matéria (liberdade) com o intuito de elucidar a
questão da problematização. Porém, é possível, colocar temas específicos, por
áreas restritas, ou mesmo localizados em autores definidos. Por exemplo: OS
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO SISTE PROCESSUAL BRASILEIRO ou A
PUREZA METODOLÓGICA NA TEORIA PURA DO DIREITO DE HANS KELSEN.
E, por falar em autores definidos (Hans Kelsen), examinaremos, a seguir, a técnica
de escolha de tema a partir de autores.
A técnica de escolha de tema a parir de autores, é uma alternativa
interessante para a busca do tema. Existem vantagens e desvantagens para essa
escolha de tema. Em primeiro lugar, se alguns de vocês resolverem escrever sua
monografia a partir da obra de algum autor, escolha um já falecido, de preferência
há bastante tempo.
É que, se alguns de vocês optarem por pesquisar a obra de algum jurista que
ainda esteja vivo, na ativa ou não, certos problemas podem surgir. Pode, por
exemplo, acontecer de ele mudar de opinião, o que não é raro, na medida em que
se supõe que o autor escolhido continua pesquisando, pensando, produzindo, e
talvez a mudança de posição ocorra enquanto você pesquisa.
Outro problema está relacionado à pesquisa: é raro encontrar obras
comentando trabalhos de autores vivos. Existem, mas não é fácil obtê-las. Por outro
lado, há vantagens na escolha do tema a partir dos trabalhos publicados por certo
autor.
A primeira vantagem está exatamente relacionada à definição do tema. Este,
como que naturalmente, aflora com mais facilidade e, praticamente, limitado. Veja no
exemplo citado acima de Hans Kelsen (A PUREZA METODOLÓGICA NA TEORIA
PURA DO DIREITO DE HANS KELSEN): ainda que vá dar trabalho ao pesquisador,
o tema surge limitado pelo título e de acordo com o escopo do trabalho daquele
autor.
Outra vantagem é a oportunidade de, desde o início, limitar o campo de
pesquisa. Para ficar com o mesmo exemplo citado de Hans Kelsen: o tema está
relacionado a uma obra especifica (a Teoria pura do direito). Claro que isso não
significa que o estudante não vai pesquisar. Não só vai, como terá de ler muitas
vezes a obra específica para conhecê-la profundamente.
E mais uma vantagem: ao fixar o tema com base em obra do autor, sempre
há chance de se obter, mediante a pesquisa que se fará, bons comentários a
respeito da obra escolhida ou de toda a produção do autor. Isso não só facilita a
compreensão do texto estudado como permite que logo de início o estudante vá
delimitando o âmbito de seu próprio estudo e trabalho.
Com base nisso, pode-se, então, dizer que, na hipótese de opção por tema de
autor, vocês devem preferirem o tema em uma obra específica e, também, autor
escolhido e desaparecido há bastante tempo, como por exemplo O CONCEITO DE
VONTADE NO CONTRATO SOCIAL DE JEAN-JACQUES ROSSEAU.
Naturalmente, não estão excluídos os autores desconhecidos. Até, ao
contrário, é salutar que se efetuem pesquisa e trabalho relativamente a tais
doutrinadores. Contudo, é mais difícil. Diga-se, porém, que em tese de doutorado
essa escolha é bem-vinda.
6. AS FONTES DE CONSULTA DEVEM ESTAR DISPONÍVEIS
Pode até ser uma tentação escolher um tema desconhecido, cujo trabalho
final venha a causar grande impacto na banca examinadora. Vocês podem, Poe
exemplo, estarem inclinados a escrever uma monografia cujo tema seja AS
VIOLAÇÕES DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA NO PERÍODO DE DOM PEDRO II
e, talvez, seja mesmo muito interessante fazê-lo. Contudo, é preciso certificar-se,
antes de se decidir pelo assunto, da existência de fontes de consulta que estejam
aos seus alcances.
Contudo, como veremos mais à frente, ao se tratar de pesquisa bibliográfica
propriamente dita, uma bibliografia mínima a ser manejada é sempre necessária.
Não estou querendo dizer que vocês tem de desistirem de temas deste tipo ou só
escolherem temas batidos e conhecidos. Não. Até ao contrário, é bastante salutar
trabalhar com temas ainda não muito explorados. Contudo sua determinação exige
que vocês previamente se certifiquem da existência das fontes de consulta.
Logo, se estiverem interessados em temas desse padrão, vão antes fazerem
uma pesquisa prévia a respeito. Descubram se existem livros suficientes nas
bibliotecas que vocês pretendem frequentarem. Se tratar de pesquisa de campo
(pesquisa sociológica), na qual vocês pretendam entrevistarem pessoas ou visitarem
locais (presídios, parlamentos, tribunais etc.), vejam antes se será possível fazê-los.
Na realidade, a verificação prévia da existência do material bibliográfico, da
facilidade para seu manuseio, da real possibilidade da elaboração de pesquisa de
campo, enfim, a checagem prévia do acesso às fontes é orientação necessária para
todos os alunos, a partir da determinação de qualquer tema.
Às vezes, um tema muito óbvio pode apresentar bastante dificuldade para o
adequado acesso às fontes. Surpreso, o estudante descobre, depois de ter fixado o
tema, que não existe material para sua pesquisa.
Outras vezes, o problema está na cidade onde o aluno estuda e/ou mora. Em
João Pessoa, infelizmente, as boas bibliotecas jurídicas são raras. As faculdades de
direito, não têm bibliotecas bem montadas, e as bibliotecas públicas ou as dos
órgãos ligados ao direito têm, também, acervo incompleto. Por isso, a determinação
do tema exige esse trabalho prévio.
7. O TEMA, AFINAL, NÃO PRECISA SER DEFINITIVO
Pode acontecer de vocês ter seguido à risca todas as regras anteriores para a
escolha do tema e, satisfeito com a opção, iniciar seu trabalho de pesquisa, mas
algum tempo depois, digamos dois ou três (abril e maio de 2012), chegarem a
conclusão de que o “tema não é bem aquele”. Não há qualquer problema nisso, uma
vez que pequenas variações no tema não comprometem de forma alguma o trabalho
monográfico. O mais adequado nesse caso é vocês alterá-los.
Porém, se isso ocorrer, o seu orientador deve ser informado, mas não deverá
opor-se à alteração, já que ela surgiu da necessidade aposta por seu trabalho de
pesquisa. Vocês poderão ter alguns tipos de problemas de relacionamento com os
seus orientadores, especialmente se suas monografias forem do tipo com tema
indicado.
Mesmo assim, não desistam. Tentem convencê-lo de que a mudança do
tema, não será tão grande assim, e propiciará a produção de uma monografia
melhor. Se o orientador se opuser à alteração, saibam que ele está errado e
confunde orientação com imposição de regras de conduta sem sentido. Vocês estão
certos. Insistam na alteração.
Vejamos um exemplo possível. Vamos supor que alguns de vocês tenham
escolhido o seguinte tema: AS PROMOÇÕES ENGANOSAS DO COMÉRCIO
VAREJISTA. Depois de ter feito um bom levantamento bibliográfico, ter lido a
doutrina que trata do direito do consumidor, ter compreendido bem o que é
publicidade e informação enganosa a partir da Lei n. 8.078/90 e ter definido o que
seria, então, promoção enganosa no comércio varejista, vocês se deparam com um
sério problema de campo: não conseguem encontrar nenhum caso concreto de
violação do Código de Defesa do Consumidor em relação ao tema escolhido.
Existem casos. Devem existir, mas vocês não os encontram. E um trabalho
meramente teórico, não lhe interessa.
Por outro lado, suponhamos que na sua pesquisa você acaba encontrando
vários casos reais, inclusive com decisões judiciais, de publicidade enganosa
praticada pelas construções de imóveis: apartamentos oferecidos com uma
metragem maior do que realmente têm; casas anunciadas com materiais sanitários
de primeira linha e entregues com produtos de qualidade interior; preço oferecido
com parcelamento, mas que de fato oculta parcelas intermediárias etc.
Diante destes fatos, é muito natural vocês mudarem o tema para A
PUBLICIDADE ENGANOSA PRATICADA NA VENDA DE IMÓVEIS ou algo similar.
Não haveria qualquer mudança de conteúdo, já que a base jurídico-doutrinária é a
mesma, e a ligeira variação do tema significaria, efetivamente, uma guinada na
direção da produção de uma monografia mais bem feita e completa, inclusive
fundada em casos reais e decisões jurídicas.
8. O TEMA INDICADO
Não resta dúvida de que o tema da monografia deve ser escolhido pelo aluno.
Evidentemente a escolha pode e deve ser orientada por um professor, que deverá
ser seu orientador. Mas pode acontecer de o professor indicar um tema ao aluno ou,
ainda, indicar vários temas para um grupo específico de alunos, que devem, então,
extrair deles, individualmente, o seu tema.
Como eu já venho dizendo, deste o início da disciplina, o tema indicado nem
sempre é a melhor alternativa didática e metodológica, pelo simples fato de que a
opção do aluno tem de levar em consideração toda aquela série de circunstâncias
anteriormente descrita nas aulas anteriores.
Pode acontecer, porém, de o tema ser indicado, ainda assim, ele se
enquadrar nas exigências metodológicas para sua determinação. Nessa hipótese,
claro, não há qualquer problema, porque o aluno não será prejudicado.
Por outro lado, se a indicação acabar não preenchendo os requisitos
fundamentais para o trabalho monográfico possa ser bem elaborado, o aluno tem o
direito de solicitar a alteração do tema e sugerir aquele que entende mais adequado.
Não tem sentido impor tema contra o interesse e a vontade do aluno.
O máximo que pode acontecer, e que se admite, é o professor, também, não
se sentir à vontade ou capacitado para orientar tema fora de sua área de
especialidade. Nesse caso, então, o aluno terá a incumbência de encontrar outro
professor que o oriente.
QUARTA AULA
TIPOS DE MONOGRAFIAS
A partir desta aula, apresentaremos três tipos possíveis de monografias que
vocês irão escolher para fazerem as suas pesquisas. Elas são os mais comuns,
mais nada impede a utilização de qualquer outro, desde que os critérios levantados
atinjam os mesmos objetivos que serão narrados.
Embora vamos tratarmos os tipos de monografias separadamente, tal
iniciativa tem apenas um caráter didático, para deixar a explanação mais acessível e
elucidar os aspectos principais de cada um dos tipos de monografias. Eles
funcionam, diríamos, para utilizar uma imagem conhecida, como tipos ideias.
Em vários momentos, os três modelos tenderão a se combinar (os três em
conjunto ou apenas dois) durante a realização concreta do trabalho monográfico: o
estabelecimento das premissas de trabalho, nas pesquisas, no momento da
elaboração teórica, no estabelecimento das conclusões etc.
1. MONOGRAFIA DE COMPILAÇÃO
O trabalho de compilação consiste na exposição do pensamento dos vários
autores que escreveram sobre o tema escolhido pelo aluno. Nesse tipo de
monografia, o estudante tem de demonstrar que examinou o maior número possível
de obras publicadas sobre o assunto versado, sendo capaz de organizar as várias
opiniões, antepô-las logicamente, quando se apresentam antagônicas, harmonizar
os pontos de vista existente na mesma direção. Enfim, tem de ser capaz de
apresentar um panorama das várias posições, de maneira clara e didática. Deve,
também, o estudante dar sua opinião sobre os pontos relevantes, bem como suas
conclusões.
Um trabalho de compilação adequado nasce de uma bem elaborada
pesquisa. Na área jurídica esse trabalho é comum. Porém, existem boas e más
compilações. Uma coisa é reunir todos os textos escritos a respeito de um tema
escolhido e, apões a leitura, elencá-los, organizá-los, agrupá-los, apresentando-os
num todo coeso e inteligível. Outra muito diferente é tomar algumas obras
publicadas dentre muitas e apresentá-las como uma compilação.
Compilar envolve vários riscos. O perigo mais evidente para a elaboração de
uma compilação é o da necessidade de se pesquisar o maior número possível de
obras publicadas sobre o assunto do tema escolhido. Imagine a dificuldade em que
se encontrará o candidato, diante da banca examinadora, se um dos membros
publicou um texto ou livro sobre o tema da monografia que está sendo defendida,
mas por algum motivo particular o aluno não citou tal obra.
Quem de vocês que quiser se utilizar do método da compilação tem de
reforçar sua pesquisa da bibliografia e, de fato, esforçar-se para ter em mãos, para
posterior utilização, a maior quantidade possível de textos publicados sobre o tema
escolhido.
Portanto, uma verdadeira compilação impõe riscos e exige tempo e muita
dedicação do estudante. De qualquer maneira, na área jurídica, é comum e
aceitável, quando se trata de monografia de graduação, a elaboração de trabalho
em que são apresentadas as opiniões de alguns autores escolhidos por critérios
unicamente individuais e acertados com o orientador, dentre os quais se destacam a
acessibilidade da documentação publicada para pesquisa, o tempo para realização
desta, preferências pessoais por certos autores etc. Até fatores econômicos, como o
custo da aquisição de livros, por exemplo, pode dificultar a pesquisa, o que justifica
um menor levantamento bibliográfico.
Na área jurídica existe, ainda, uma peculiaridade no que diz respeita aos
trabalhos voltados à jurisprudência. Primeiramente, num trabalho de compilação de
tema escolhido nas disciplinas chamadas dogmáticas, é sempre recomendável que
a pesquisa inclua decisões judiciais discutindo o assunto. Logo, a jurisprudência
será sempre uma companheira da doutrina, ao menos naquilo que diga respeito a
“temas dogmáticos”.
E, da mesma maneira que as opiniões doutrinárias são colhidas nos livros
publicados, as decisões judiciais no ato da pesquisa também o são. Como é sabido,
as decisões judiciais dos tribunais brasileiros são regularmente publicadas nas
chamadas “revistas de jurisprudência”. Além disso, vários autores organizam obras
por temas, compilando decisões judiciais, comentando-as, organizando-as por sub-
temas, artigos de lei etc., tudo visando fornecer material prático para o profissional
do direito e que o estudante pode aproveitar na sua pesquisa da monografia.
A própria legislação é, por sua vez, publicada em livros que trazem
organização, artigo por artigo, de material jurisprudencial e doutrinário, fruto do
trabalho de pesquisa de seus autores.
Desta forma, mesmo um trabalho que esteja voltado basicamente à
jurisprudência pode ser elaborado nos mesmos moldes de pesquisa bibliográfica
exigido na compilação. Isso porque é possível pesquisar decisões judiciais a partir
dos textos publicados nas revistas de jurisprudência.
É verdade que tanto na doutrina quanto na jurisprudência é possível fazer
monografia de pesquisa. Muito mais na jurisprudência, uma vez que o material de
pesquisa é vasto e acessível. Na doutrina, o esforço seria maior, uma vez que
dependeria de entrevista com os juristas. De qualquer maneira, se o aluno optar por
fazer sua monografia de pesquisa na área da jurisprudência, ainda assim não
poderá deixar de examinar e levar em consideração as revistas de jurisprudências e
as compilações jurisprudenciais elaboradas pelos vários autores.
Vejamos, a seguir, a síntese relativa à monografia de compilação:
1) Escolhido o tema;
2) Fazer uma exposição do pensamento de vários autores sobre o tema;
3) Depois, fazer a apresentação do discurso sobre o tema, com a opinião dos
autores no mesmo sentido e/ou sentido contrário;
4) Depois do item anterior, o aluno deverá fazer a colocação da própria
opinião nos pontos relevantes;
5) Depois, a organização lógica e sistemática dos aspectos elaborados e;
6) Por último, conclusões dos autores utilizados e conclusões próprias.
2. MONOGRAFIA DE PESQUISA DE CAMPO
Em primeiro lugar, é importante dizer que a palavra “pesquisa” utilizada até
aqui nas aulas tinha um sentido amplo de pesquisa em geral: investigação de textos,
exame de livros, pesquisa bibliográfica etc. Pois, o sentido era o de um enfoque
geral que incluía, inclusive, o próprio aspecto estrito de pesquisa de campo, na qual
a investigação do estudante não está restrita aos aspectos teóricos publicados em
textos. Ao contrário, a ênfase dar-se-á nos dados concretos.
Com efeito, a pesquisa de campo é uma pesquisa empírica. Realiza-se pela
observação que o aluno faz diretamente dos fatos ou pela indagação concreta das
pessoas envolvidas e interessadas o tema objeto de estudo. Será também de campo
a pesquisa de documentos históricos, a experimental, a clínica etc.
Após a elaboração do trabalho de campo, cabe ao investigador organizar o
material colhido: agrupá-lo e separá-lo por semelhanças e diferenças, reuni-lo em
função dos problemas encontrados, enfim, organizá-lo de forma lógica e sistemática.
A organização deste material, claro, dependerá das premissas levantadas
pelo próprio aluno antes do início dos trabalhos, durante a coleta do material, ou
seja, haverá sempre necessidade de elaboração teórica, ainda que o pré-projeto de
pesquisa da monografia em direito seja o de pesquisa de campo. A base do projeto
é sempre teórica.
As premissas, por sua vez, para coleta do material têm de estar muito bem
definidas antes do início dos trabalhos. São esses parâmetros que nortearão o
desenvolvimento efetivo da pesquisa. O estudante não pode sair a campo, buscando
informações, de forma aleatória. Ainda que coletasse um número muito grande de
dados, eles não teriam consistência científica e todo o trabalho iria por água a baixo.
Por outro lado, premissas não precisam engessar a pesquisa. Não há
nenhum problema em mudar ligeiramente o rumo das investigações durante sua
realização concreta, desde que os parâmetros mais gerais e o objetivo final,
previamente estabelecido, sejam respeitados.
Assim, por exemplo, o aluno que optar por elaborar uma pesquisa na área da
Sociologia Jurídica com o tema O ACESSO À JUSTIÇA, deve definir certas
premissas para seu trabalho. Deve levantar as seguintes hipóteses: as pessoas de
baixa renda não têm o acesso à justiça assegurado, ou as pessoas de baixo e de
pouco nível de escolaridade não têm o acesso à justiça assegurado.
Uma vez que o estudante definiu como premissa para seu trabalho a hipótese
de que as pessoas de baixa renda e/ou baixa escolaridade não têm assegurado
acesso à justiça, será preciso que a coleta do material seja feita junto às pessoas
que pertencem a essa camada da população.
Deve, também, simultaneamente, fazer o mesmo tipo de investigação junto às
pessoas que pertençam à camada das faixas de alta renda e alto nível de
escolaridade, pois, se apenas as faixas da população de baixa renda e baixa
escolaridade foram consideradas, a conclusão poderá ser que, de fato, elas não têm
garantido o seu acesso à justiça. Porém, nada prova que as faixas de população de
alta renda e alta escolaridade o têm.
O tema do exemplo foi colocado apenas como meio para elucidação da
maneira de se elaborar a pesquisa. Ela poderia ser O ACESSO À JUSTIÇA APÓS
O ADVENTO DA LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS ou, mais precisa e,
delimitadamente, O ACESSO À JUSTIÇA APÓS O ADVENTO DA LEI N. 9.099, de
26/09/1995.
Com isto, vê-se que não há um desligamento absoluto das duas formas já
tratadas para elaborar a monografia: compilação e pesquisa de campo. Elas podem
estar interligadas. Dependem apenas do pré-projeto de pesquisa, elaborado antes
de iniciar os trabalhos de campo.
Vejamos quadro sinótico relativo à monografia de pesquisa de campo:
1) Depois da escolha do tema;
2) Fazer o estabelecimento de premissas e/ou hipóteses para a investigação:
a) baseados na doutrina sobre o assunto; b) baseados em dados
previamente coletados e; c) baseados em pesquisas anteriores, que é
antiga e será atualizada ou que deve estar equivocada;
3) Coletar dados, organizá-los e constatar acerto ou não de hipóteses
levantadas;
4) Desenvolvimento do aspecto teórico com base no material colhido e nas
premissas iniciais de investigação e/ou hipóteses levantadas;
5) Conclusões da monografia.
3. MONOGRAFIA CINTÍFICA
O trabalho de cunho científico tem de ser útil à comunidade científica à qual
se dirige, bem como, numa pretensão mais alargada, a toda comunidade. Para que
isso seja conseguido, é preciso que o pesquisador venha a dizer algo que ainda não
foi dito. Dizer algo que ainda não foi apresentado é conseguir trazer alguma coisa
nova ou apresentar uma ótica diferente daquilo que já foi dito. É, também, contestar
alguma posição anterior.
Assim, só será científica, a monografia que encontrar motivos plausíveis para
pôr em dúvida um trabalho anterior, e colocá-la em xeque refazendo totalmente sua
trajetória de pesquisa. Nesse caso, ao final da investigação, terá sido obtida uma
dessas duas alternativas:
1) Descobrimento de algo novo e demonstração de erro da pesquisa anterior
e;
2) Confirmação do que já havia sido descoberto e, portanto, corroboração
das conclusões do trabalho anterior.
Em ambos os casos, a monografia será científica, uma vez que a
cientificidade aqui apresentado está no colocar legitimamente em dúvida a pesquisa
anterior, percorrer seu método de trabalho, chegando-o constantemente e alterando
ou confirmando suas conclusões.
Enfim, em ambos os casos da conclusão o trabalho terá atingido sua
finalidade, pois, mesmo não solucionando o problema levantado, a pesquisa se fez
completa e será útil aos futuros investigadores que tomarão como guia para refazê-
la ou rejeitá-la.
Vejamos o quadro sinótico relativo à monografia científica:
1) Depois de ter escolhido o tema;
2) Relato do assunto a ser investigado;
3) Apresentação do problema que se pretende solucionar;
4) Formulação das hipóteses com as quais se fará a investigação com vistas
à solução do problema apresentado;
5) Desenvolvimento da pesquisa: a) pesquisa empírica de campo e; b)
argumentação com vistas ao desenvolvimento da teoria capaz de
comprovar as hipóteses;
6) Conclusões.
QUINTA AULA
MONOGRAFIA: INÍCIO DOS TRABALHOS
Após a escolha e determinação do tema, inicia-se a fase de pesquisa para
elaboração do trabalho da construção da monografia. Vejamos os novos passos a
serem dados.
1. O ESQUELETO PROVISÓRIO
Quando abrimos qualquer trabalho monográfico, seja de graduação, seja de
pós-graduação, ou mesmo quando viramos a capa de qualquer livro jurídico, a
primeira coisa que encontramos é o índice ou sumário. O sumário tem como função
indicar ao leitor as principais divisões do texto: partes, capítulos, itens, subitens,
parágrafos etc.
Como o sumário depende necessariamente do texto estar pronto e acabado –
digitado do começo ao fim -, ele tem de ser feito ao final, após a estudante ter escrito
a introdução. Todavia, a utilização de um “sumário prévio”, isto é, a feitura de um
sumário antes da redação do texto, antes mesmo do início da própria pesquisa
bibliográfica, é de grande utilidade para a realização do trabalho monográfico.
Como esse sumário antecipado tem uma função específica, vamos apelidá-lo
nesta aula de “esqueleto”. Ele funcionará como a espinha dorsal inicial (que se
alterará) do corpo a ser construído. Este esqueleto é, na verdade, um guia de
orientação para o investigador, funcionando como um roteiro do caminho a ser
seguido.
Não esqueçam, é provisório, mas deve apresentar características que
apontarão uma pretensão de tornar-se definitivo. Sua organização deve ser séria a
ponto de parecer definitivo. Certamente ele se alterará no decurso da investigação.
Aliás, essa é uma de suas funções subsidiárias: permitir-se ser modificado. A
elaboração do esqueleto é um item importante para a realização da monografia.
Vejamos como fazê-lo.
Escolhido o tema, o aluno terá um mínimo de conhecimento sobre a matéria
que o tema versa, pois terá cumprido as metas fixadas para sua determinação vista
nas aulas anteriores. Para determinação do tema, vocês fizeram uma pesquisa
prévia em livros ou se guiaram apenas pelo conhecimento que adquiriu durante o
curso de direito que vocês estão terminando. Sendo assim, uma alternativa válida
para a determinação da composição do esqueleto é vocês guiar-se pelo sumário dos
livros consultados.
Com base nas indicações dos outros livros – capítulos, itens, subitens,
parágrafos -, vocês montarão o seu próprio sumário. Claro que vocês terão de
usarem a imaginação. Mas façam com seriedade. Tem de conjecturar como é que
deveria ser a sequência do trabalho, capítulo por capítulo. Façam e refaçam o
esqueleto provisório até se convencer de que encontrou o ideal.
Esse esqueleto será seu guia para tudo: pesquisa bibliográfica, leitura de
textos e, principalmente, redação do texto da monografia. Será nesse momento que
vocês perceberão sua importância. A escritura organizada será feita inicialmente a
partir do esqueleto, o que lhes darão várias alternativas para a elaboração do texto,
com amplo controle do conteúdo.
Vocês procurarão desenvolverem a redação da monografia na mesma ordem
do esqueleto, com as seguintes variáveis, dentre outras:
1) Poderão, já antes de iniciar a redação, alterar a própria indicação dos
temas do esqueleto em função das pesquisas e leituras empreendidas;
2) Poderão, caso se sintam inspirados ou mais preparados para tal,
escreverem antes um capítulo que aparece depois na ordem do esqueleto;
3) Poderão já irem fazendo remissões aos capítulos posteriores enquanto
escrevem os anteriores, já que o esqueleto propiciará um panorama geral
da monografia;
4) Poderão mudar nomes dos temas, criarem capítulos novos, suprimir itens
etc., no exato momento em que isso se mostrar necessário, como reflexo
do texto que está sendo escrito e;
5) Poderão intercalar capítulos ou fundi-los, também, assim que o texto
apontar ser necessário.
Tudo isso vocês podem fazer com a ajuda do computador, pois essas
alterações tornam-se, inclusive, limpas, dinâmicas e fáceis de serem feitas e
manejadas. Vejamos, a seguir, um exemplo do funcionamento do esqueleto
provisório. O tema escolhido foi O TRATADO INTERNACIONAL EM FACE DA
CONSTITITUIÇÃO FEDERAL. Compulsando uma monografia ou alguma obra
publicada, vocês poderão elaborar o seguinte esqueleto:
2. EXEMPLO DE ESQUELETO PROVISÓRIO
1. INTRODUÇÃO
2. DEFINIÇÃO DE TRATADO INTERNACIONAL.
3. CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS.
3.1 Quanto ao Número de Partes.
3.1.1 Tratado bilateral.
3.1.2 Tratado multilateral.
3.2 Quanto ao Procedimento.
3.2.1 Procedimento breve.
3.2.2 Acordo executivo.
3.3 Quanto à Natureza das Normas.
3.3.1 Tratado contratuais.
3.3.2 Tratados normativos.
4. PARTE CONTRATANTE SEGUNDO A CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
4.1 República.
4.2 Federação.
4.3 Parte Contratante nas Constituições Anteriores.
4.4 O Presidente da República.
5. INCORPORAÇÃO DO TRATADO PELO ORDENAMENTO JURÍDICO INTERNO
5.1 A Retificação.
5.2 O Decreto Legislativo.
5.3 O Decreto.
5.4 A Publicidade Oficial no Brasil.
6. CONFLITO ENTRE TRATADOS E NORMAS INTERNAS
7. TRATADOS INTERNACIONAIS E O ARTIGO 5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
8. A QUESTÃO DA ACEITAÇÃO DOS TRATADOS
8.1 As Reservas.
8.2 As Emendas.
De posse do esqueleto vocês pesquisarão: no desenvolvimento desta ou no
momento da redação do texto, descobrem que não podem elaborar seu trabalho
sem tratar das teorias monista e dualista relativas aos tratados internacionais.
Resolvem, então, inseri-las. Elaboram o seguinte capítulo:
? A QUESTÃO MONISTA E DUALISTA
?.1 A Teoria Monista.
?.2 A Teoria Dualista.
?.3 A Teoria Adotada pela Constituição Brasileira.
Examina o esqueleto e percebe que pode inserir esse novo capítulo antes do
segundo (CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS) ou após o terceiro (PARTE
CONTRATANTE SEGUNDO A CONSTITUIÇÃO FEDERAL).
Investigando mais o assunto, vocês perceberão que a doutrina diz que o
decreto do Presidente da República, que dá publicidade do teor do tratado
internacional, incorporado pelo decreto legislativo emanado do Congresso Nacional,
não é reclamado constitucionalmente, tratando-se de praxe, com tradição histórica
que remonta ao tempo do Império.
Vocês, então, resolvem ampliar o teor do capítulo 4 (Incorporação do
Tratado pelo Ordenamento Jurídico Interno) e cria os seguintes subitens a serem
acrescidos no item 4.4:
4.4 A Publicidade Oficial no Brasil.
4.4.1 Na Constituição de 1824.
4.4.2 Na Constituição de 1891.
4.4.3 Na Constituição de 1934.
4.4.4 Na Constituição de 1937.
4.4.5 Na Constituição de 1946.
4.4.6 Na Constituição de 1967.
4.4.7 Na Constituição de 1988.
Através deste exemplo, deu para perceber como o esqueleto provisório é
importante e útil na construção do próprio texto da monografia.
3. A BIBLIOGRAFIA
Com o esqueleto na mão, chega a fase da preparação da bibliografia. Vocês
devem começar com uma bibliografia mínima, construída a partir dos livros que
consultaram para decidir-se pelo tema da monografia e mediante a anotação da
própria bibliografia que é apresentada nesses livros. Ela será complementada no
próprio transcurso da pesquisa bibliográfica e, também, posteriormente, durante as
leituras dos textos selecionados.
Assim, vocês devem sair de casa rumo às bibliotecas ou livrarias com a
bibliografia mínima preestabelecida. Ou, então, caso isso não seja possível, a
primeira coisa que vocês farão quando chegarem à biblioteca será elaborar essa
bibliografia mínima.
Copie os dados fundamentais, uma vez que eles são necessários para que os
livros sejam encontrados. Anote o nome completo do autor, o título inteiro da obra
(título e subtítulo, se houver), a edição, a cidade onde a obra foi editada, a editora e
o ano da publicação.
4. A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
De posse da bibliografia mínima, ou mesmo sem ela, começa a fase da
pesquisa bibliográfica propriamente dita. Claro que a fonte mais evidente é a própria
bibliografia mínima e a busca das bibliografias que aparecem nos livros já anotados.
Por certo, vocês conseguirão engrossar bastante a relação de títulos e autores.
Mas isso nem sempre se mostra suficiente, pois:
1) Pode acontecer que após a leitura e fichamento vocês descobrem que
aquelas obras não servem; ou
2) Pode acontecer dos livros que vocês conseguirão relacionar serem em
número insuficiente para elaboração do trabalho; ou, ainda,
3) De vocês não terem bibliografia mínima.
Nessas três hipóteses, vocês não escaparão da pesquisa. Então, o melhor
caminho é ir para as bibliotecas fazerem suas pesquisas bibliográficas. Muito bem,
vocês fizeram suas pesquisas bibliográficas e selecionaram uma série de livros e
textos. O que fazer agora? Ler todos eles? Lê-los dentro da biblioteca, já que não é
possível levá-los para casa? Comprar todos os que estiverem disponíveis no
marcado? Copiar todos, caso a biblioteca tenham serviço de copias?
Essas e outras indagações mostram bem a nova dificuldade que vocês terão
pela frente: a seleção dos textos que serão de fato utilizados dos que não serão. É
um momento, uma vez que uma seleção malfeita pode pôr a perder o trabalho de
pesquisa já desenvolvido.
Após um trabalho enorme para descobrir os livros e textos, não se pode agora
simplesmente descartá-los. Mas alguns terão de ser eliminados, já que não é
possível levar todos para casa, que é, seguramente, o lugar mais adequado para se
produzir o texto da monografia.
Aliado ao fato de que, provavelmente, é na casa de vocês que estão os seus
computadores, caso vocês próprios vão digitar a monografia; se forem escrever à
mão, é também em suas casas que a redação será produzida. Aliás, é preciso ter
um certo lugar físico para que o material possa estar à disposição no momento da
redação.
Voltando à seleção de textos. Vocês não terão escapatória: terá de, pelo
menos, compulsar todos os livros e textos encontrados na pesquisa bibliográfica.
Essa é a única maneira de saber se eles servirão para sua monografia. E esse
trabalho terá de ser feito na própria biblioteca. Mas não se assustem, pois não será
necessário, ainda, ler propriamente os testos.
É hora de dar uma busca nos livros, sempre com base nos temas que lhe
interessam, a partir do sumário (Esqueleto Provisório) que vocês fizeram.
Encontrado um item pertinente, vocês, então, fazem uma primeira e ligeira leitura e
decide se aquele texto serve ou não.
Feita tal seleção, está completada uma fase importante do seu trabalho: o da
coleta da bibliografia. Naturalmente, no transcorrer das leituras do material
selecionado e, também, no momento da redação, outros livros e textos com certeza
aparecerão, uma vez que vocês estarão prestando atenção ao conteúdo e às várias
citações de outros autores.
E como levar os textos para casa? Caso a biblioteca permita, vocês poderão
levar o livro emprestado. Porém, nessa hipótese, vocês lidarão com dois limites: o
tempo de devolução, que nunca é muito longo, e a quantidade dos livros que podem
ser levados, que sempre é diminuta. Se essa busca mostrar-se ainda infrutífera,
então, não resta, outra alternativa, a não ser, a feitura de cópias.
5. LEITURA E FICHAMENTO DOS TEXTOS
Após selecionar os livros e textos nas bibliotecas, vocês irão ler e fichar os
mesmos. A presente aula pretende indicar um método para que esse trabalho seja
realizado, e o faremos da mesma maneira desenvolvida até aqui, apresentando
dicas e sugestões. Levem em consideração as orientações, mas busquem utilizá-las
adaptando-as as suas realidades de vidas e suas características pessoais.
Qualquer metodologia para a elaboração de um trabalho científico pode ser
boa se o estudante puder se utilizar dela, respeitando seus próprios limites. Assim,
um método não pode ser uma “camisa de força”, e, ainda que o mínimo de
organização seja sempre necessário, é sempre possível buscar caminhos
alternativos, adaptações a perfis individuais, sem prejudicar o desenvolvimento do
trabalho.
Já pensando nisso, vamos continuar apresentando o roteiro para o
desenvolvimento da investigação, mas o faremos, na medida do possível,
oferecendo as várias alternativas viáveis para se atingir o mesmo fim. É fato, porém,
que um estudante que consiga seguir à risca todas as orientações por certo chegará
ao fim do trabalho com menos risco.
6. FONTE PRIMÁRIA E FONTE SECUNDÁRIA
A separação em fonte primária e secundária funciona muito mais como um
meio para explicação das fontes do que como técnica definitiva de leitura e
fichamento. A princípio, não há qualquer impedimento para que se utilizem todas as
técnicas nos dois tipos de fontes.
A rigor, a separação em fonte primária e fonte secundária, somente tem
validade quando se trata do trabalho sobre um autor e/ou sua obra (fonte primária) e
os comentadores desse autor e/ou suas obras (fonte secundária). Porém, na área
jurídica essa divisão acaba abarcando outras situações, porque, se o assunto é uma
norma jurídica, esta será fonte primária, e a doutrina e a jurisprudência relativa a ela
serão secundárias. Se tratar de decisões judiciais, estas serão fonte primária, e a
doutrina que trata delas, secundária.
Logo, a separação em primaria e secundária tem muito mais importância e
relevo quando se trata de tema voltado para o autor: sem dúvida, podemos dizer que
fonte primária são as obras do autor e fonte secundária são as obras de seus
comentadores.
7. COMO LER E GUARDAR INFORMAÇÕES
Antes de iniciar, vamos tentar eliminar um preconceito que o estudante não
pode ter: não há nenhum mal em riscar um livro. Um livro sublinhado, riscado,
pintado, reflete o nível de profundidade, dedicação e atenção que o leitor teve. Os
grifos demonstram a dialética viva da relação livro-leitor.
Não é nenhum desrespeito para com o livro nem para com o autor a leitura e,
simultaneamente, a colocação de marcas pessoais. Muito pelo contrário, as marcas
denotam sua participação ativa na leitura. São sinais daquilo que lhe chamou a
atenção.
Assim, podemos dizer que os textos dos livros devem ser lidos com a caneta
na mão. Vocês devem ir lendo e grifando com caneta as passagens que considerar
mais importante. Cuidado: não grife todo o texto. Se isso acontecer a função do grifo
desaparece. A manutenção do grifo no texto serve para personalizá-lo, de modo que
a segunda leitura e mesmo uma rápida olhada vocês irão conseguir identificar com
facilidade quais aspectos lhes chamaram mais a atenção e que poderão ser-lhes
úteis.
8. O TEMPO DA LEITURA
O momento da leitura é, sem dúvida alguma, um dos mais agradáveis de todo
o trabalho (só é suplantado pela satisfação de ver a monografia pronta). Aproveitem,
portanto, essa etapa e leiam o máximo possível. Leiam tudo. Planejem seus tempos,
mas leiam.
Tomem um texto, leiam com atenção, com calma, grifando, fichando e
fazendo anotações. Gastem algumas horas. Digamos, duas horas. Após esse
tempo, calculem quantas páginas vocês conseguiram lerem e ficharem. Em seguida,
contem o total de páginas separadas para lerem e façam um cálculo inicial. Os
textos principais (fontes primárias) devem ser contados em dobro ou triplo.
Feito isso, vocês terão uma idéia aproximada do tempo necessário para a
leitura (o mesmo cálculo deverá ser feito no momento da redação da monografia).
Elaborem, então, um cronograma das leituras que fará dia a dia. Procurem
estimarem quantas horas diárias e em que período do dia vocês farão as leituras e
cumpram essas determinações.
SEXTA AULA
A REDAÇÃO DA MONOGRAFIA
Chegamos, enfim, no momento próprio de produção do texto da monografia.
Nesse instante, é importante que as etapas anteriores tenham sido cumpridas.
No entanto, ainda que alguns elementos faltem (por exemplo, um livro que
não tenha sido encontrado) ou venham a surgir novas necessidades daqui para a
frente, de qualquer maneira, deve ter início. Será possível, mesmo nesta fase, fazer
pesquisa e buscar novos dados a serem utilizados, porém, não se deve atrasar o
início da redação da monografia.
1. A LINGUAGEM USADA NO TEXTO DA MONOGRAFIA
Teoricamente um trabalho científico deveria ser produzido para que toda a
comunidade o entendesse. Para tanto, a linguagem utilizada na redação deveria ser
o mais simples possível. O autor deveria utilizar-se de termos compreensíveis para
os cidadãos em geral.
Todavia, o texto do trabalho científico não tem essas características.
Basicamente por dois motivos: 1) a necessidade de utilização do linguajar técnico da
área específica de investigação, uma vez que é impossível elaborar um trabalho
científico sem lançar mão desse recurso; 2) a necessidade de apresentar
proposições controláveis em termos de rigor linguístico e que permitam à
comunidade científica, na qual o trabalho está inserido, entender a comunicação.
Esses motivos fizeram com que a monografia acabasse por se construir cada
vez mais por uma linguagem técnica, de tal maneira que essa é a característica
fundamental do texto.
No campo jurídico não é diferente. Deve-se usar uma linguagem técnica nos
seus sentidos escritos e rigorosos para que a comunicação se faça de modo
adequado aos estudiosos da área. É fato, porém, que nenhum texto científico
consegue ser elaborado com a utilização apenas dos termos técnicos. É sempre
necessária uma mescla com a linguagem natural.
No campo do Direito, sem dúvida, a mescla da linguagem técnica com a
natural é marca característica dos textos em geral. No entanto, isso não significa que
será possível usar termos técnicos com os mesmos vícios que a linguagem comum
comporta.
1.1. EU OU NÓS?
Uma dúvida corrente acontece com todos aqueles que começam a escrever
uma monografia: o estudante deve produzir seu texto na primeira pessoa do singular
(por exemplo: “eu acredito que...”) ou na primeira do plural (exemplo: “nós pensamos
que...”)?
A comunicação científica deve ter um caráter formal e impessoal. Por conta
disso, deve-se evitar a construção da oração na primeira pessoa do singular. O mais
adequado é construí-la com o “nós” ou utilizar-se de recursos que tornem o texto
impessoal. Assim, por exemplo, as seguintes expressões: “conclui-se que”,
“percebe-se pela leitura do texto”, “é válido supor”, “ter-se-ia de dizer”, “verificar-se-
á” etc.
2. PRIMEIRA REDAÇÃO DA MONOGRAFIA
Após conhecer os materiais coletados sobre o tema e realizadas as devidas
anotações para realizar a organização do sumário provisório, o estudante poderá
iniciar a primeira redação de sua monografia, isto é, materializar os esforços
realizados durante a pesquisa, com segurança.
A primeira redação da monografia deve ser encarada como algo natural, pois
a vivência com o tema do trabalho e as discussões com o orientador permitem uma
certa segurança e tranquilidade. Mas, se ainda o fantasma da página em branca
sondar o trabalho de redação, o acadêmico deve se apoiar em algumas técnicas de
produção textual ou algumas regras descritas abaixo. Lembrando que o resultado da
pesquisa deverá ser elaborado em dois momentos: primeira redação e redação final.
A primeira redação da monografia consiste em organizar a sequencialidade
das fichas e anotações, bem como o registro das reflexões, síntese e pontos de
relevância, argumentos favoráveis e contrários. A preocupação central, neste
momento, é elaborar uma versão preliminar de todo o trabalho. Desse modo, o
fundamental é estimular a produção. O texto produzido receberá na segunda
redação o tratamento adequado.
2.1 A INTRODUÇÃO
Para escrever a sua monografia, o estudante deve pontuar a estrutura
sequencial em introdução, desenvolvimento e conclusão. A introdução,
paradoxalmente, deve ser a última parte a ser escrita, mesmo sendo a primeira parte
que aparece nos elementos textuais. Razão pela qual somente depois de ter
terminado de escrever a monografia é que se escreve o conteúdo da introdução.
Na introdução, o estudante deve contemplar os seguintes conteúdos:
1) Anuncia a ideia central da monografia, e mais precisamente explicar o tema
do trabalho, uma vez que este, por si, contempla a síntese mais perfeita do
trabalho;
2) Indicar os objetivos (gerais e específicos) que se pretende alcançar;
3) Destacar os pressupostos necessários para a compreensão da pesquisa, as
delimitações, de maneira a esclarecer o enfoque estudado, bem como as
hipóteses levantadas e suas variáveis possíveis;
4) Explicar, sucintamente, a estrutura do trabalho, o conteúdo e o sentido de
cada capítulo no seu contexto, revelando o método utilizado e a
fundamentação teórica;
5) Dificuldades encontradas e agradecimentos que julgar necessários.
Enfim, a introdução delimita a assunto da monografia, situa-o no tempo e no
tempo e no espaço, justifica sua escolha, mostra sua importância. Na introdução,
portanto, constam também as partes do desenvolvimento (capítulos). Diz “o que” e
“como” será desenvolvida a monografia, permitindo uma visão geral do assunto.
2.2 O DESENVOLVIMENTO
Para desenvolver a redação da monografia, mais uma vez o sumário
provisório ou esqueleto do trabalho será referência obrigatória. Ele será o guia que
vocês utilizarão para desenvolver o texto. Terão, portanto, antes de iniciar a
redação, uma prévia estrutura lógica que designará o começo, meio e fim da parte
do desenvolvimento da monografia.
A redação será tal que deverá demonstrar, através de um conjunto de
proposições, as várias questões levantadas, as posições dos autores investigações,
as soluções buscadas e encontras ou não. Enfim, na redação da monografia será
construído um conjunto de argumentos capazes de montar um raciocínio que deixe
claro os caminhos perseguidos e os objetivos alcançados.
É importante, também, estruturar o texto do desenvolvimento com o rigor que
uma investigação científica exige. Nesse caso, será necessário apresentar em
ordem cronológica o tema, os problemas, as hipóteses para solução destes, o
conjunto de argumentos com as provas apresentadas e a comprovação (ou não) das
hipóteses levantadas.
2.2.1. CITAÇÕES DA MONOGRAFIA
Em linhas gerais, as citações podem ser de duas maneiras: literal e não
literal. A primeira (literal) é quando a anotação usada é retirada integralmente da
fonte. Quando isto acontecer, o texto deve vir entre aspas. Exemplo: De acordo com
Silva (1999, p. 633), “A lei perfeita, aquela que excluísse, na sua aplicação, a
interferência do juiz e do seu arbítrio”. (Cf. Wilson Melo da Silva. O dano moral e sua
reparação. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999).
Na citação literal, é importante indicar a fonte e localização completa da
citação, de modo que permita ao leitor recuperar a ideia e percurso realizado pelo
estudante (isto pode ser feito com notas de rodapé).
Além da indicação da fonte, o estudante deve observar sua extensão. Se
breve (até três linhas), pode permanecer no corpo do trabalho, se longa (mais de
três linhas), deve apresentar-se em parágrafo próprio e com destaque do texto, de
modo a identificar que aquela passagem não é de autoria do estudante.
Na citação não literal, a anotação é somente um resumo de alguma
passagem a que se quer referir. O texto não deve vir entre aspas, porém, deve-se
indicar a fonte da mesma maneira. Exemplo: Jhering (1999, p. 13) entende que a
posse atende ao interesse e à utilidade econômica da propriedade. Por outro lado, a
propriedade sem posse seria um tesouro sem chave para abri-lo, uma árvore
frutífera sem meios necessários para a colheita. (Cf. Rodolf Von Jhering. Teoria
simplificada da posse. Trad. de Pinto de Aguiar. São Paulo: Edipro, 1999).
Na citação não literal, o estudante deve ter o cuidado de expressar o exato
sentido do pensamento do autor citado, evitando distorções ou interpretações
pessoais. Esta citação se aproxima da paráfrase, ou seja, reafirmar com palavras
diferentes, mas de mesmo sentido, a ideia ou expressão declinada.
2.3 A CONCLUSÃO
Redigido o desenvolvimento (os capítulos), chega-se ao capítulo final da
monografia: a conclusão. Na conclusão o estudante fará uma síntese muito apertada
do trabalho. Buscará apontar os principais pontos obtidos no resultado das várias
metas almejadas e alcançadas (ou não).
Na conclusão, estará, também, a opinião pessoal do estudante, sua tomada
de posição diante dos problemas apresentados e soluções encontradas (ou não). Na
conclusão, assim como na introdução, não pode haver nenhum tipo de
desenvolvimento de qualquer tema. É erro grave desenvolver temas na conclusão.
Lendo a conclusão, deve-se poder compreender sistematicamente os principais
pontos estudados e os objetivos alcançados.
Em termos de quantidade a conclusão deverá ter cinco ou seis páginas. É
claro que, da mesma forma que na introdução, admite-se texto um pouco maior se o
corpo principal do trabalho for muito extenso. Mas, ainda assim, deve-se buscar a
conclusão o máximo possível.
3. AS REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Após a conclusão da monografia vem as referências bibliograficas. Existem
regras específicas para se fazer as referências bibliográficas, conforme se verá
nesta aula. No nosso caso, vamos partir das regras técnicas estabelecidas
oficialmente no Brasil pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, mais
especificamente a norma NBR 6.023, de agosto de 1989. Tal norma tem a vantagem
de ser mais generalizada possível, podendo ser aceita por todos os que precisam
fazer uma bibliografia, o que cumpre pelos menos uma função, que é a de
padronizar informações.
3.1 FONTES DE INFORMAÇÕES
Os elementos de referência devem ser retirados da folha de resto da obra ou
da ficha catalográfica, ou, ainda, de qualquer outra fonte equivalente. Quando faltar
um elemento a ser citado, mas se tiver certeza de sua origem, ele aparecerá dentro
de colchetes: [ ].
3.1.1 MARGEM
A palavra de entrada da citação bibliográfica vai alinhada na margem do lado
esquerdo. Inicia-se a indicação pelo sobrenome em maiúsculos, seguido, após a
vírgula, do pronome, em minúsculas. Exemplo:
MAGALHÃES, Daniel Alves. A vinculação do juiz no processo penal. São Paulo:
Editora Saraiva, 1993.
3.1.2. PONTUAÇÃO
O ponto é utilizado após o nome completo do autor, depois do título da obra e
após o último item bibliográfico.
Os dois-pontos são colocados antes da editora, antes do subtítulo e depois de
“In”.
A vírgula é colocada entre os sub-elementos: antes do pronome; depois da
editora, após a edição; entre o volume, número (de revista, por exemplo) e páginas;
e nas referências de revistas e jornais, após o seu título.
O ponto-e-vírgula é colocado entre os nomes dos autores e das obras
coletivas. Exemplos:
JUNIOR, Nelson Nery. Atualidade sobre o processo civil: a reforma do Código de
Processo Civil de 1994 e de 1995. 2ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 1996.
POMPEU, Renato. A invenção da história e da democracia. Jornal Correio da
Paraíba. João Pessoa, 21-11-2011, Caderno dois, p. 3.
O hífen é utilizado entre as páginas citadas (por exemplo: p. 20-28) e entre as
datas de início e fim da publicação (por exemplo: 1950-1972).
A barra transversal é usada entre os elementos do período coberto pelo
fascículo referenciado (por exemplo: v. 9/11, nº 1/4, jan./dez., 1976/1978).
O colchete é utilizado para indicar os elementos que não figuram na obra
referenciada, mas cuja origem se tem certezas (por exemplo: Revista Trimestral de
Jurisprudência. [Brasília], v. 109, p. 870-879, set., 1984) ou em outros casos
especiais, como o de ausência do elemento ou quando não se tem certeza.
3.1.3 TIPOS DE CORPOS
É importante que a utilização dos caracteres tipográficos (por exemplo:
maiúsculas, minúsculas, redondo, itálico etc.) seja consistente. É necessário atenção
especial do aluno a esse aspecto nos dias atuais, uma vez que os editores de textos
colocam à disposição dos estudantes alternativas as mais variadas possíveis.
Vejamos as usualmente adotadas.
Maiúsculas: no nome do autor. Itálico: no título da obra. Quando se trata de
texto inserido em obra maior ou em periódico, revista, jornal etc., o itálico é usado
para designar a obra maior, periódico, revista ou jornal.
Quanto a estes problemas, não há muito, o que se temer, uma vez que,
normalmente, os textos editados respeitam essas regras. Vocês devem preocupar-
se, se o texto for estrangeiro e a grafia for diferente da nacional. Nesse caso coloque
na bibliografia a grafia utilizada no Brasil.
3.1.4 CITAÇÃO DE OBRA DE ATÉ TRÊS AUTORES
Quando a obra tem até três autores, citam-se todos na entrada, na ordem em
que aparecem na publicação. Exemplo:
TEMER, Michel; FIORILLO, Celso Antonio & DINIZ, Maria Helena. Elementos de
direito constitucional. 4ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 1988.
3.1.5 CITAÇÃO DE OBRA COM MAIS DE TRÊS AUTORES
Quando há mais de três autores, indicam-se até os três primeiros seguidos da
expressão “et al.” Ou “et alii”. Exemplo:
TEMER, Michel; FIORILLO, Celso Antonio; DINIZ, Maria Helena et al. Elementos de
direito constitucional. 4ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 1988.
3.1.6 OBRA COMPOSTA DE DIVERSOS TRABALHOS E DIFERENTES
AUTORES, MAS COM UM (OU MAIS) RESPONSÁVEL PELA COORDENAÇÃO
OU ORGANIZAÇÃO
Nesse caso, coloca-se o nome do organizador ou coordenador, desde que ele
esteja indicado ou destacado na publicação com esse título (ou outro semelhante:
diretor, responsável etc.). Após o nome, coloca-se entre parêntese o título que
caracteriza a função e/ou responsabilidade, de forma abreviada (coord., org. etc.).
Exemplo:
NALINI, José Renato (coord.). Uma nova ética para o juiz. São Paulo: Revista dos
tribunais, 1994.
DI GIORGI, Beatriz; CAMPILONGO, Celso Fernandes; PIOVESAN, Flávia (coords.).
Direito, cidadania e justiça. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995.
3.2 NORMAS JURÍDICAS E DECISÕES JUDICIAIS
Tanto a NBR 6023 quanto a doutrina designam a maneira de se fazer a
indicação de normas jurídicas e de decisões judiciais na bibliografia. Acontece que
na área jurídica tal indicação não é feita.
Normas jurídicas não aparecem na bibliografia e decisões são indicadas
indiretamente nas revistas de jurisprudência. Caso haja alguma necessidade de
indicação devemos adotar o seguinte:
3.2.1 NORMAS JURÍDICAS
No texto, basta citar no corpo do trabalho o número da norma jurídica ou o
seu número e data de sua promulgação ou, ainda, o nome através do qual ela é
conhecida (Constituição Federal, Código Civil Brasileiro etc.), e não há, repita-se,
indicação na bibliografia.
Se o estudante, por algum motivo especial, precisar fazer a indicação das
normas jurídicas pesquisadas, então, nesta hipótese, ele a fará no apêndice ou
anexo. Para tanto, deve adotar um critério. Indica-se o seguinte:
1) Colocam-se as normas por ordem de data de publicação, iniciando-se pela
mais antiga;
2) Elas são apresentadas em ordem hierárquica (primeira a Constituição
Federal, depois, as Leis Ordinárias, Medidas Provisórias, a seguir, o
decreto regulamentar etc.) e separadas por esfera do poder público, da
qual emanam (federal, estadual e municipal).
Porém, não se deve esquecer que é no apêndice ou anexo, também, que
devem ser transcritos os textos parciais ou integrais das normas jurídicas.
3.2.2 DECISÕES JUDICIAIS
Da mesma maneira que com as normas jurídicas, não se faz indicação da
decisão judicial na bibliografia (colocam-se as revistas de jurisprudência). Porém,
pode acontecer de a decisão judicial utilizada não ter sido publicada, pois o juiz
singular em primeira instância; ou se utilizou o texto completo da decisão publicada
apenas como ementa no Diário Oficial. Nesses casos, o estudante poderá, caso
queira, apresentar a decisão no apêndice. Mas, repita-se também aqui, ainda assim
não entra na bibliografia.
3.3 ORDENAÇÃO DA BIBLIOGRAFIA
A ordenação deve ser feita em ordem alfabética ascendente, pelo nome em
maiúscula, seguido do prenome e complemento após a vírgula.
3.3.1 AUTOR REPETIDO
Quando se indica mais de uma obra do mesmo autor, elas devem ser
organizadas em ordem cronológicas de edição, iniciado-se na mais antiga, e coloca-
se um traço (com 8 (oito) toques seguido de ponto) em lugar do nome, a partir da
segunda obra. Exemplo:
CARRAZA, Roque Antonio. O regulamento no direito tributário brasileiro. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1981.
________. Curso de direito constitucional tributário. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1991.
4. O APÊNDICE
Como o próprio nome indica, o apêndice funciona tal qual um anexo – aquilo
que não faz parte do corpo principal dos elementos textuais, mas que deve ser
considerado. Aliás, é por isso que os autores acabam usando dois termos para esta
parte do trabalho: apêndice e anexo. As monografias dividem-se, também, nessas
duas expressões. Isto será indiferente, pois, que o estudante se utilize de um ou
outro termo, está correto.
4.1 O QUE DEVE SER COLOCADO NO APÊNDICE
O apêndice deve conter tudo aquilo que se estivesse inserido no texto
principal (desenvolvimento) atrapalharia a leitura e se fosse posto como nota de
rodapé seria inadequado, em função de sua extensão.
Assim, podem-se colocar no apêndice os questionários de uma pesquisa da
qual se usaram, no carpo do trabalho, apenas os dados compilados. Pode-se,
também, inserir o desenvolvimento teórico produzido pelo próprio aluno e que,
apesar de importante e devendo ser levado em conta, não pode ser colocado no
texto principal, sob pena de truncar a natural construção dos argumentos da
monografia.
Colocam-se, ainda, no apêndice os índices, tabelas, gráficos, mapas,
desenhos, fotos etc., que fundamentam, ilustram ou exemplificam o conteúdo da
monografia, mas que devido a sua extensão não caberiam no próprio corpo do
trabalho. É claro que gráficos, índices, tabelas etc. podem ser inseridos no corpo do
trabalho, especialmente quando estão de acordo com a natureza ou quando forem
poucos e curtos. Nessas hipóteses não haverá problema em apresentá-los no
desenvolvimento do texto principal.
O que define a inserção no próprio texto ou no apêndice é a extensão, o
impedimento à clareza da exposição e o tipo de monografia. Em trabalhos de
Matemática ou de Economia, o uso de tabelas, gráficos e índices no próprio corpo é
não só natural, mas também necessário.
Na área jurídica utiliza-se o apêndice para colocar o texto completo ou parcial
(capítulos, por exemplo) das normas jurídicas abordadas e que o estudante entende
necessário que o leitor consulte, mas que não cabe no corpo do trabalho. No caso
de monografias que tratem de item de normas jurídicas muito recentes, a inserção
de seu texto no apêndice é praticamente obrigatória, uma vez que, supõe-se, isso
facilitará a leitura da mesma.
No que toca à jurisprudência pesquisada e que não se pode citar no corpo do
texto, ela deve, também, ser inserida no apêndice. Em longas pesquisas, as
decisões devem ser transcritas no apêndice. Elas aparecerão completas ou só por
ementas. Nada impede, contudo, que o estudante faça referência às decisões
judiciais no corpo do trabalho indicando apenas as revistas nas quais elas foram
publicadas.
Vejamos um exemplo de apêndice que vocês poderão colocar em suas
monografias, bem como a relação das principais revistas de jurisprudência e das
abreviaturas utilizadas em monografias e na área jurídica em geral.
4.2 EXEMPLO DE UM APÊNDICE
APÊNDICE
1. PORTARIA N. 1.886, DE 30-12-1994, DO MEC
Fixa as diretrizes curriculares e o conteúdo mínimo do curso jurídico.
O Ministério de Estado da Educação e do Desporto, no uso das atribuições do
Conselho Nacional de Educação, na forma do artigo 4ª da Medida Provisória n. 765,
de 16 de dezembro de 1994, considerando o que foi recomendado nos Seminários
Regionais e Nacionais dos Cursos Jurídicos, e pela Comissão de Especialistas de
Ensino de Direito, da SESu-MEC,
Resolve:
Art. 1º. O curso jurídico será ministrado no mínimo de 3.300 horas de
atividades, cuja integralização se fará em pelo menos cinco e no máximo oito anos
letivos.
Art. 2º. O curso noturno (...).
Art. 17º. Esta portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas
as disposições em contrário, especialmente as Resoluções 3/72 e 15/73 do extinto
Conselho Federal de Educação.
Murilio de Avellar Hingel
5. ABREVIATURAS
Segue a lista de abreviaturas normalmente utilizadas na área jurídica e nas
monografias jurídicas.
A
A. autor (da ação judicial)
AA. autores (da ação judicial)
AA. VV. autores vários
a.C. antes de Cristo
ac. acórdão
AC apelação civil
ACOr ação civil originária
ACP ação civil pública
ADC ação direta de constitucionalidade
ADCT ato das disposições constitucionais transitórias
ADI ação declaratória incidental
ADIn ação direta de inconstitucionalidade
Ag agravo de instrumento
AgPt agravo de petição
AgRg agravo regimental
AgRt agravo retido
AGU advogado-geral da União; advogacia-geral da União
B
BCEN Banco Central do Brasil (...)
V
V ver; veja; volume.
6. O SUMÁRIO
Composto, então, todo o trabalho, inclusive com a introdução, que é, como se
viu, o último trecho a ser redigido, vocês já pode elaborar o sumário. É verdade que
um dado essencial do sumário, o número das folhas dos capítulos, itens, subitens
etc., vocês ainda não tem. Esses vocês só indicaram na redação final, pois só
quando tiver certeza que chegou ao texto definitivo é que poderá indicar as folhas.
AULA DE ENCERRAMENTO
APRESENTAÇÃO PERANTE A BANCA EXAMINADORA
Como momento culminante de seu trabalho de monografia (e de curso de
bacharelado em Direito) acontecerá a sua apresentação perante a banca
examinadora. Então, é conveniente que, mesmo antes de redigi-lo, você saiba o que
o espera. Isso pode ajudá-lo na confecção da monografia. Essa é outra questão que
toma grande dimensão na mente dos examinadores.
Assim, a banca examinadora analisará a forma e o conteúdo de sua
monografia e a desenvoltura de sua apresentação oral, sem esquecer os itens que
são avaliados, como por exemplo: 1) Título e qualidade do resumo; 2) Coerência; 3)
Qualidade e organização da fundamentação teórica; 4) Aspectos metodológicos; 5)
Qualidade da redação; 6) Adequação do trabalho às normas da ABNT; 7) Coerência
entre a conclusão o tema, problema e objetivos do trabalho; 8) Apresentação; 9)
Desenvolvimento e postura e; 10) Sustentação oral. Cada um destes itens citados,
valem 1 (um) ponto, perfazendo um total de 10 pontos.
No momento da apresentação, vários fatores contam a sue favor ou contra
você, como o seu traje na ocasião. Lembre-se: é uma ocasião formal e você deve se
portar formalmente, desde sua vestimenta – ternos para homens, saia (não
minissais!!!) ou vestido para mulheres – até seu vocabulário e tratamento
dispensado à banca (Vossa Excelência, Senhor, Professor).
Mesmo que você tenha certo grau de intimidade com os membros da banca
examinadora, não é situação para informalidade de espécie alguma. É uma
circunstância profissional. Assim, comporte-se como tal. Nada de piadinha para
quebrar o gelo.
Se você estiver bem preparado, conhecer seu trabalho, não terá motivos para
estar nervoso. Uma certa ansiedade inicial, porém, é natural e vai passar a medida
que você começar a sua apresentação. Para iniciar sua exposição, aguarde a
autorização do presidente da banca. Então, respire e inicie falando pausadamente.
Você deverá fazer um resumo de seu trabalho por um tempo predeterminado
(geralmente, de quinze a vinte minutos). Evite preparar um resumo escrito e se
limitar a apenas lê-lo. Você pode ter um roteiro para apresentação, para não se
perder. Mas é pressuposto que você conheça seu trabalho melhor que ninguém...
Evite ler.
Antes de abordar o tema propriamente, você deve saudar a banca
examinadora, agradecendo as presenças e o interesse dos mestres. Se desejar,
pode fazer um agradecimento especial para seu orientador (que não estará
integrado a banca) ou deixar para o final, quando já estará mais descontraído.
Nesse primeiro momento, você deve situar a banca acerca do trabalho a ser
apresentado: o contexto, o problema especialmente tratado, a importância de se
falar a respeito e o seu objetivo com isso. Mas seja conciso. Então, passe a falar de
seu assunto, até chegar à conclusão.
Depois de encerrada a sua exposição inicial, cada membro da banca
examinadora terá um tempo para argüi-lo. Você não deve interromper. Anote todas
as perguntas, mantenha a atenção e a concentração ao máximo. Você deverá
responder ou fazer suas observações quando o examinador encerrar. Você terá
mais alguns minutos para responder a cada examinador.
Prepare-se para ouvir pareceres duros, porque eles podem surgir. Se não
concordar com o posicionamento do examinador, não o desafie. Não é este seu
papel. Apenas exponha como e por que você chegou aquela afirmação. Mas aceite
opiniões contrárias, para amadurecer mais tarde. Sua posição é a de aprendiz. Se
forem apontados erros, sejam de forma ou de conteúdo, anote-os para correção da
versão final que você deverá entregar à instituição.
Procure ser o mais claro e objetivo possível nas respostas, para que seja
compreendido e não extrapole o tempo determinado. O que não souber, não enrole.
Seja honesto e diga que nunca pensou na questão daquela maneira, que vai
pesquisar mais, que não chegou a uma conclusão definitiva. Agradeça mesmo as
palavras rigorosas, pois a intenção é sempre ajudá-lo a crescer.
Encerrado o exame, você e todos os presentes (o exame é público, é bom
saber) deverão retirar-se da sala, para que seja tomada a deliberação quanto à
aprovação de sua monografia e as notas que serão atribuídas. Em seguida, todos
são convocados para ouvir a divulgação do resultado.
Depois do resultado, o presidente da banca examinadora geralmente costuma
passar a palavra ao candidato, para que ele faça suas considerações finais. Este é
um bom momento para os agradecimentos e registros, breves, que você deseje
fazer.
Amadureça as ideias expostas nesta aula de encerramento. É fácil notar que
indolência, negligência e preguiça não combinam com a elaboração da monografia
ou qualquer trabalho de cunho científico. Assim, não deixe para última hora!
Para finalizar esta aula, lembre-se: a monografia é sua. É como um filho.
Exige dedicação e a sua responsabilidade por ela é total. Não há como transferi-la
para orientador. É o autor quem deve trabalhar arduamente e quem será
recompensado, no final. Não esqueça: você é o cientista.
APÊNDICE
1. MODELO DE COMO FAZER UM PROJETO DE PESQUISA
GRUPO SER EDUCACIONAL
FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU
CURSO BACHARELADO EM DIREITO
NOME DO AUTOR DA PESQUISA
TÍTULO DO PROJETO DE PESQUISA
JOÃO PESSOA-PB
2012
NOME DO ALUNO
TÍTULO DO PROJETO DE PESQUISA
Projeto de Pesquisa apresentada ao curso de Direito da Faculdade Maurício de Nassau – Unidade de João Pessoa, como requisito parcial para a aprovação na disciplina Metodologia da Pesquisa em Direito, sob a orientação do Prof. Dr. Daniel Alves Magalhães.
JOÃO PESSOA-PB
2012
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO, p. 04
2. TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA, p. 10
2.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA, p. 10.
3. HIPÓTESE, p. 11.
4. OBJETIVOS, p. 12.
4.1 OBJETIVO GERAL, p. 13.
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS, p. 15
5. JUSTIFICATIVA, p. 15
6. METODOLOGIA, p. 15.
6.1 REVISÃO DE LITERATURA, p. 19.
6.2 TIPO DE PESQUISA, p. 20.
6.3 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS, p. 23.
7. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES, p. 25.
8. ESTRUTURA BÁSICA DO DESENVOLVIMENTO DA MONOGRAFIA, p. 27.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS, p. 28.
1. INTRODUÇÃO
LEMBRETES INICIAIS
• Este modelo é apenas ilustrativo e não dispensa a leitura do Manual de
Normalização e apresentação de trabalhos acadêmicos da Faculdade
Maurício de Nassau (Unidade de João Pessoa);
• O Projeto de Pesquisa não possui um limite máximo de paginas, mas
indico que por bom senso não deverá ser muito extenso, sendo razoável
entre 10 e 20 paginas;
• No final de um capitulo para iniciar outro capítulo ou no final de um
subcapítulo, deve-se utilizar 2 “enter” de espaçamento;
• O sumário automático já está formatado, mas depende da adaptação
que cada aluno irá fazer no seu trabalho, então não esqueça de, ao final
atualizar o sumário (clicar no texto do sumário com o botão direito do
mouse e ir em atualizar campos → atualizar índice inteiro e;
• Depois que atualizar o sumário, é necessário utilizar um “enter” entre os
capítulos. Não precisa nos subcapítulos, pois estes não tem
espaçamento, aproveite para conferir se a fonte Arial 12 e o parágrafo
1,5 ficaram formatados).
A introdução é o momento em que o autor irá fazer uma apresentação
da sua pesquisa. Assim, no momento da construção do texto, o autor deve
tentar responder as seguintes indagações:
a) O que será pesquisado?
b) Em que contexto se encontra a problemática da pesquisa?
c) Qual o objeto do estudo?
Como se trata de uma apresentação, não deve conter citações diretas
ou indiretas. A numeração do projeto deve ser colocada à partir da Introdução,
porém a capa e folha de rosto, não deve ser numeradas.
A introdução deve estar no sentido de contextualizar o tema e delimitá-
lo, trazendo uma breve abordagem histórica do instituto a fim de confirmar que
o assunto é relevante, atraindo assim a atenção do leitor para o seu trabalho.
2. TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA
Apresentação do foco de estudo, sua delimitação e a questão a ser
investigada. A escolha de um tema representa uma delimitação de um campo
de estudo no interior de uma grande área de conhecimento, sobre o qual se
pretende debruçar. É necessário construir um objeto de pesquisa, ou seja,
selecionar uma fração da realidade a partir do referencial teórico-metodológico
escolhido (BARRETO; HONORATO, 1998, p. 62).
É fundamental que o tema esteja vinculado a uma área de conhecimento
com a qual a pessoa já tenha alguma intimidade intelectual, sobre a qual já
tenha alguma leitura específica e que, de alguma forma, esteja vinculada à
carreira profissional que esteja planejando para um futuro próximo (BARRETO;
HONORATO, 1998, p. 62).
O tema de pesquisa é, na verdade, uma área de interesse a ser
abordada. É uma primeira delimitação, ainda ampla. Exemplos:
- Sigilo bancário (OLIVEIRA, 2002, p. 214).
- Eutanásia (OLIVEIRA, 2002, p. 169).
- Violência urbana (OLIVEIRA, 2002, p. 169).
- Assédio moral; A ordem jurídica comunitária no Mercosul e; Possibilidades de
constituição e eficácia (VENTURA, 2002, p. 73).
- As comissões de conciliação prévia como meio alternativo à jurisdição estatal
para a solução dos conflitos trabalhistas (SANTOS, 2002).
A formulação do problema é a continuidade da delimitação da pesquisa,
sendo ainda mais específica: indica exatamente qual a dificuldade que se
pretende resolver ou responder. É a apresentação da ideia central do trabalho,
tendo-se o cuidado de evitar termos equívocos e inexpressivos. É um
desenvolvimento da definição clara e exata do assunto a ser desenvolvido.
Aspectos que devem ser observados para elaboração do problema de
pesquisa:
- O autor deverá elaborar uma pergunta-problema. O problema deverá abarcar
os seguintes requisitos:
a) Deve ser formulado como uma pergunta;
b) Deve ser redigido de forma clara e concisa;
c) Tem que corresponder a interesses pessoais, sociais e científicos;
d) Não deve ser apenas uma pergunta com resposta “sim” ou “não” que não
exige investigação sistemática, controlada e crítica.
O pesquisador deve contextualizar de forma sucinta o tema de sua
pesquisa. Contextualizar significa abordar o tema de forma a identificar a
situação ou o contexto no qual o problema a seguir será inserido. Essa é uma
forma de introduzir o leitor no tema em que se encontra o problema, permitindo
uma visualização situacional da questão (OLIVEIRA, 2002, p. 169). A escolha
de um problema, para Rudio (apud MINAYO, 1999), merece indagações:
Trata-se de um problema original e relevante? Ainda que seja “interessante”, é adequado para mim? Tenho hoje possibilidades reais para executar tal estudo? Existem recursos financeiros para o estudo? Há tempo suficiente para investigar tal questão?
O problema, geralmente, é feito sob a forma de pergunta (s). Assim,
torna-se fator primordial que haja possibilidade de responder as perguntas ao
longo da pesquisa. Da mesma forma, aconselha-se a não fazer muitas
perguntas, para não incorrer no erro de não serem apresentadas as devidas
respostas. Exemplos 1:
O Direito sobre o corpo é de natureza pessoal ou patrimonial? Caso seja
patrimonial, trata-se de propriedade individual ou coletiva? (VENTURA, 2002,
p. 74).
Quais as causas determinantes para o rompimento do sigilo bancário de
agentes públicos? (OLIVEIRA, 2002, p. 218).
Existem dois fatores principais que interferem na escolha de um tema
para o trabalho de pesquisa. Abaixo estão relacionadas algumas questões que
devem ser levadas em consideração:
1) FATORES INTERNOS: afetividade em relação a um tema ou alto
grau de interesse pessoal. Para se trabalhar uma pesquisa é preciso ter um
mínimo de prazer nesta atividade. A escolha do tema está vinculada, portanto,
ao gosto pelo assunto a ser trabalhado. Trabalhar um assunto que não seja do
seu agrado tornará a pesquisa num exercício de tortura e sofrimento.
Tempo disponível para a realização do trabalho de pesquisa. Na escolha
do tema temos que levar em consideração a quantidade de atividades que
teremos que cumprir para executar o trabalho e medi-la com o tempo dos
trabalhos que temos que cumprir no nosso cotidiano, não relacionado à
pesquisa. O limite das capacidades do pesquisador em relação ao tema
pretendido. É preciso que o pesquisador tenha consciência de sua limitação de
conhecimentos para não entrar num assunto fora de sua área.
2) FATORES EXTERNOS: A significação do tema escolhido, sua
novidade, sua oportunidade e seus valores acadêmicos e sociais. Na escolha
do tema devemos tomar cuidado para não executarmos um trabalho que não
interessará a ninguém. Se o trabalho merece ser feito que ele tenha uma
importância qualquer para pessoas, grupos de pessoas ou para a sociedade
em geral. O limite de tempo disponível para a conclusão do trabalho.
1Antes de fazer a (s) pergunta (s) de pesquisa, é fundamental contextualizar o tema em questão.
Quando a instituição determina um prazo para a entrega do relatório final
da pesquisa, não podemos nos enveredar por assuntos que não nos permitirão
cumprir este prazo. O tema escolhido deve estar delimitado dentro do tempo
possível para a conclusão do trabalho. Material de consulta e dados
necessários ao pesquisador. Outro problema na escolha do tema é a
disponibilidade de material para consulta.
Muitas vezes o tema escolhido é pouco trabalhado por outros autores e
não existem fontes secundárias2 para consulta. A falta dessas fontes obriga ao
pesquisador buscar fontes primárias3 que necessita de um tempo maior para a
realização do trabalho. Este problema não impede a realização da pesquisa,
mas deve ser levado em consideração para que o tempo institucional não seja
ultrapassado.
Então, a eleição do tema da pesquisa deverá iniciar-se pela área do
conhecimento humano na qual o aluno pretende trabalhar. Quanto mais
específica for à área escolhida, mais fácil será para o pesquisador encontrar
seu objeto de pesquisa. Assim o aluno que deseja pesquisar em Ciências
Penais deverá escolher entre Direito Penal, Direito Processual Penal,
Criminologia, etc.; optando por Direito Penal, deverá escolher entre Teoria do
Delito, Teoria da Pena, Execução Penal, etc. e assim sucessivamente até
delimitar a sua perspectiva de estudo.
2 Fonte secundária, consiste em todo trabalho que se baseia em outro, este sendo a fonte original ou primária. Tem como característica o fato de não produzir uma informação original, mas sobre ela trabalhar, procedendo a análise, ampliação, comparação, etc. A fonte secundária compõe-se de elementos derivados das obras originais, refere-se a trabalhos escritos com o objetivo de analisar e interpretar fontes primárias e, normalmente, com o auxílio e consulta de outras obras consideradas, também, fontes secundárias.
3 Fontes primárias são as evidências do passado, como diários, cartas, documentos registrados em cartórios, objetos usados, prédios, desenhos, memórias etc. São consideradas fontes primárias, pois criados no passado por aqueles que participaram dos acontecimentos, nos trazem múltiplas e profundas impressões difíceis de serem recriadas até mesmo pelo mais bem articulado texto produzido por historiadores. O uso de fontes primárias expõe o estudante a importantes conceitos históricos. Inicialmente ele fica ciente que toda história escrita está refletindo uma interpretação particular do autor destes eventos passados. É possível perceber a natureza subjetiva das fontes primárias que sempre deixam margem para alguma interpretação pessoal. Segundo, as fontes primárias são a forma mais direta de tocar as vidas das pessoas que viveram no passado. Por último, a análise das fontes primárias obriga ao estudante desenvolver importantes habilidades analíticas.
Existe possibilidade de o aluno desejar trabalhar a partir de dois ou mais
ramos do conhecimento humano. Nesta hipótese, o trabalho poderá ser
multidisciplinar (análise do tema sob a perspectiva de dois ou mais ramos do
conhecimento), interdisciplinar (análise do tema sob a perspectiva de dois ou
mais ramos do conhecimento relacionando-os entre si) ou mesmo
transdisciplinar (análise do tema sob a perspectiva de dois ou mais ramos do
conhecimento, dando origem a um novo, distinto dos anteriores). Selecionada
(s) a (s) área (s) do conhecimento em que o aluno pretende trabalhar, deverá
ele escolher um problema a ser solucionado naquela área do saber.
A pesquisa jurídica não é mera compilação do conhecimento adquirido
por seu autor, mas envolve necessariamente a existência de um novo olhar
diferenciado do pesquisador, sobre a problemática analisada, que pode vir
fazer a diferença no meio acadêmico e profissional do sujeito que a constrói.
Na realidade, muitos dos pretensos trabalhos científicos produzidos em
nossas universidades não passam de manuais ou resumos da matéria objeto
de estudo sem qualquer caráter inovador. Evidentemente, tais obras têm uma
grande importância como material didático, mas decididamente não é esta a
finalidade das teses, dissertações e monografias de final de curso, que
necessariamente devem propor uma solução para um problema previamente
definido.
O problema é a mola propulsora de todo o trabalho de pesquisa. Depois
de definido o tema, levanta-se uma questão para ser respondida através de
hipóteses, que serão confirmadas ou negadas através do trabalho de pesquisa.
O Problema é criado pelo próprio autor e relacionado ao tema escolhido. O
autor, no caso, criará um questionamento para definir a abrangência de sua
pesquisa. Não há regras para se criar um Problema, mas alguns autores
sugerem que ele seja expresso em forma de pergunta. Existem aqueles que
preferem que o Problema seja descrito como uma afirmação.
A escolha do tema-problema deverá pautar-se pelo binômio interesse-
capacidade pessoal e social na resolução do problema. Assim, quatro
perguntas básicas deverão ser respondidas positivamente para que o problema
possa ser eleito com acerto:
Tenho interesse no problema? (curiosidade pessoal e/ou profissional em
relação ao problema). O pesquisador deve se sentir atraído pelo problema
proposto. Sua curiosidade quanto ao tema de estudo pode provir de interesses
pessoais ou profissionais. Para um policial, a pesquisa em Direito Penal pode
ser atraente por sua experiência profissional; para um aficcionado em
computadores, um trabalho transdisciplinar envolvendo o Direito Penal e a
Informática será um tema irresistível.
Sou capaz de resolver o problema? (conhecimento e experiência em
relação ao problema). O pesquisador deve propor um problema que tenha
maior facilidade em resolver por seus conhecimentos e experiência anterior à
pesquisa. Por mais que alguém se interesse por computadores, certamente
não poderá realizar um grande trabalho em Direito Informático se não tiver o
mínimo de conhecimento em Informática. Na eleição do problema a ser
pesquisado vale a lei do mínimo esforço: o pesquisador deverá optar por temas
em que seus conhecimentos prévios lhe possam ser útil.
Há interesse social na resolução do problema? (originalidade e
relevância social do problema). O pesquisador deve propor problemas
originais, pois de nada adianta escolher um tema exaustivamente discutido na
doutrina. Um problema que pode ser solucionado através de uma simples
pesquisa doutrinária ou jurisprudencial não é adequado para ser objeto de uma
pesquisa.
Na academia são comuns "modismos" em relação aos temas de
pesquisa o que, muita vez, acaba originando inúmeros trabalhos com
conclusões absolutamente idênticas, nada acrescentando à literatura jurídica já
existente. Por outro lado, toda pesquisa tem uma função social que não pode
ser desprezada. A solução do problema deve ser socialmente útil.
A sociedade em que vivo me oferece recursos para solucionar o
problema? (bibliografia, financiamento, possibilidade de coletar dados, prazo
para apresentar os resultados, etc.). O pesquisador deve analisar se dentro do
contexto social em que irá pesquisar será viável alcançar a solução do
problema. Se sua proposta for pesquisar o Direito Penal de outro país, deverá
certificar-se se terá acesso à legislação e a livros doutrinários do mesmo. Se
necessitar de verbas ou de autorizações para coletar dados, deverá ter certeza
de poder obtê-los.
Por fim, deverá lembrar-se de que sua pesquisa não poderá durar
eternamente e, portanto seu tema deverá necessariamente estar delimitado
principalmente quanto ao objeto, quanto ao tempo e quanto ao espaço. Assim,
em vez de indagar-se se "a descriminalização das drogas é viável?" Melhor
seria questionar-se se "a descriminalização do uso de maconha é viável no
Brasil do início do século XXI?". Delimitado o tema-problema, deverá o
pesquisador oferecer uma resposta provisória a sua indagação: "sim, a
descriminalização do uso da maconha é perfeitamente viável no Brasil do início
do século XXI".
2.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA
Buscar focar o tema adotado no sentido de evitar a ampliação do estudo.
Delimitar é indicar a abrangência do estudo, estabelecendo os limites
intencionais e conceituais do tema. Enquanto princípio de logicidade. É
importante salientar que, quanto maior a extensão conceitual, menor a
compreensão conceitual e, inversamente, quanto menor a extensão conceitual,
maior a compreensão conceitual. Para que fique clara e precisa a extensão
conceitual do assunto, é importante situá-lo em sua respectiva área de
conhecimento, possibilitando, assim, que se visualize a especificidade do
objeto no contexto de sua área temática (LEONEL, 2002).
Quando alguém diz que deseja estudar a questão da violência conjugal
ou a prostituição masculina, está se referindo ao assunto de seu interesse.
Contudo, é necessário para a realização de uma pesquisa um recorte mais
“concreto”, mais preciso do assunto (MINAYO, 1999). Ventura (2002) oferece
um exemplo de como pode proceder-se para delimitar um tema; Tema: O
tratamento jurídico da instrumentalização controlada do corpo humano. Assim,
podemos indicar as possíveis delimitações:
a) As consequências jurídicas do tratamento do direito ao corpo como
direito pessoal ou como direito de propriedade;
b) O exercício individual da liberdade sobre o corpo contraposto ao
interesse público;
c) A legislação brasileira sobre as práticas biomédicas relacionadas a
órgãos e genomas humanos.
Outros exemplos 4:
- Quando o sigilo bancário deve ser quebrado (OLIVEIRA, 2002).
- A influência do desarmamento da população para a melhoria dos índices de
violência urbana em Florianópolis/SC.
- A ordem jurídica comunitária no MERCOSUL, possibilidades de constituição e
eficácia: um estudo sobre a viabilidade de adoção de um tribunal regional para
o julgamento de crimes contra os direitos humanos.
- O novo meio alternativo para a solução dos conflitos trabalhistas instituído
pela Lei 9.958/2000, visando demonstrar os benefícios e problemas que a
referida lei apresenta, destacando a constitucionalidade e legalidade de seus
preceitos, bem como a viabilidade para obter a conciliação (SANTOS, 2002).
3. HIPÓTESE
Resposta provisória ao problema de pesquisa apresentado (Obrigatória
para o Curso de Direito). Hipótese é uma expectativa de resultado a ser
encontrada ao longo da pesquisa, categorias ainda não completamente
comprovadas empiricamente, ou opiniões vagas oriundas do senso comum que
ainda não passaram pelo crivo do exercício científico (BARRETO;
HONORATO, 1998). Sob o ponto de vista operacional, a hipótese deve servir
como uma das bases para a definição da metodologia de pesquisa, visto que,
ao longo de toda a pesquisa, o pesquisador deverá confirmá-la ou rejeitá-la no
todo ou em parte (BARRETO; HONORATO, 1998).
Hipótese é sinônimo de suposição. Neste sentido, Hipótese é uma
tentativa de responder ao problema levantado no tema escolhido para ser
4 Evitar abordagens vagas e imprecisas. Por exemplo: “O novo Código Civil”; “O MERCOSUL”.
pesquisado. É uma pré-solução para o problema levantado. O trabalho de
pesquisa, então, irá confirmar ou negar a Hipótese (ou suposição) levantada.
Exemplo: (em relação ao problema definido acima). Hipótese: A sociedade
patriarcal, representada pela força masculina, exclui as mulheres dos
processos decisórios.
Embora diversos autores de metodologia da pesquisa jurídica
recomendem a elaboração de hipóteses de trabalho, há também os que
questionam tal procedimento: “No âmbito do projeto de monografia jurídica,
essa exigência parece bastante questionável, entre outras razões pelo estágio
de conhecimento do tema em que se encontra o aluno e pela natureza
controversa do objeto, que torna improvável a ‘confirmação’ de uma só
hipótese” (VENTURA, 2002, p. 74). Exemplo:
Em todas as constatações de improbidade administrativa o sigilo
bancário deve ser quebrado (OLIVEIRA, 2002, p. 219).
Quando o Problema for: O acesso as Universidades Públicos pelo
sistema de cotas raciais fere a Constituição Federal? Hipótese: O acesso as
Universidades Públicos pelo sistema de cotas raciais fere a Constituição
Federal por violar o seu art. 208.
4. OBJETIVOS
A definição dos Objetivos determina o que o pesquisador quer atingir
com a realização do trabalho de pesquisa. Objetivo é sinônimo de meta, fim.
Uma norma para se definir os Objetivos é colocá-los começando com o verbo
no infinitivo: esclarecer tal coisa; definir tal assunto; procurar aquilo; permitir
aquilo outro, demonstrar alguma coisa etc.
Relaciona-se com a visão global do tema e com os procedimentos
práticos. Indicam o que se pretende conhecer, ou medir, ou provar no decorrer
da pesquisa, ou seja, as metas que se deseja alcançar. Podem ser gerais e
específicos. No primeiro caso, indicam uma ação muito ampla e, no segundo,
procuram descrever ações pormenorizadas ou aspectos detalhados.
Uma ação individual ou coletiva se materializa através de um verbo. Por
isso é importante uma grande precisão na escolha do verbo, escolhendo
aquele que rigorosamente exprime a ação que o pesquisador pretende
executar (BARRETO; HONORATO, 1998).
Outro critério fundamental na delimitação dos objetivos da pesquisa é a
disponibilidade de recursos financeiros e humanos e de tempo para a execução
da pesquisa, de tal modo que não se corra o risco de torná-la inviável. É
preferível diminuir o recorte da realidade a se perder em um mundo de
informações impossíveis de serem tratadas (BARRETO; HONORATO, 1998).
Aspectos que devem ser observados:
- Neste tópico o autor irá indicar as ações que serão desenvolvidas para a
resolução do problema de pesquisa e estão divididos em dois grupos: os
objetivos gerais e os objetivos específicos.
- Segundo Marconi (2001. p.44), “o objetivo geral esta ligado a uma visão geral
e abrangente do tema” relacionando-se com o conteúdo intrínseco, quer dos
fenômenos e eventos, quer das idéias estudadas. Vincula-se diretamente a
própria significação do trabalho proposto. O objetivo geral é apresentado na
forma de um enunciado que reúne, ao mesmo tempo, todos os objetivos
específicos.
- “Os objetivos específicos apresentam caráter mais correto. Tem função
intermediária e instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e,
de outro, aplicar este a situações particulares” (MARCONI, 2001, P.44).
Informam sobre as ações particulares que dizem respeito à análise teórica e
aos meios técnicos de investigação do problema.
- Os objetivos devem ser apresentados com verbos no infinitivo, distribuídos
em tópicos, sendo que cada tópico deve corresponder a apenas uma ação,
com vistas a dar sentido aos futuros passos a serem dados na pesquisa.
- Normalmente se utiliza os seguintes verbos no infinitivo: Analisar, constatar,
elaborar, examinar, demonstrar, avaliar, entender, explicar, verificar, descrever,
compreender, identificar, entre outros. Por exemplo:
A) OBJETIVO GERAL
Analisar se políticas públicas bem planejadas podem contribuir para a
efetividade dos Direitos Humanos Fundamentais de 2ª Dimensão.
B) OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Conceituar Políticas Públicas;
• Verificar a diferença entre os conceitos de Direitos Humanos e Direitos
Fundamentais;
• Analisar as teorias geracionais e dimensionais de Direitos Humanos;
• Verificar o conceito de Sociedade Civil na concepção de Bobbio e
Gramsci;
• Analisar a relação entre as Políticas Públicas e a efetividade dos Direitos
Humanos Fundamentais de 2ª Dimensão;
• Fazer levantamento jurisprudencial nos Tribunais Superiores brasileiros
sobre a determinação de implementação de Políticas Públicas através
do Poder Judiciário;
• Realizar entrevistas com gestores públicos;
• Aplicar questionário com questões fechadas para 70% dos Magistrados
Estaduais, Federais, membros do Ministério Público Estadual e Federal
da Comarca da Capital do ES.
4.1 OBJETIVO GERAL
Indicação do resultado pretendido. Por exemplo: identificar, levantar,
descobrir, caracterizar, descrever, traçar, analisar, explicar, etc. é oferecer uma
resposta ao problema que é o núcleo da investigação, testando a veracidade
da hipótese de trabalho. Tradicionalmente os objetivos: geral e específicos vêm
expressos através de verbos no infinitivo. O objetivo geral nada mais é do que
o problema redigido sobre a forma de ação: "analisar a viabilidade da
descriminalização do uso de maconha no Brasil do século XXI".
Atenção:
Somente escrever um único objetivo geral. Utilizar verbo no infinitivo
(analisar, verificar, identificar, demonstrar, buscar, investigar, conceituar, etc.)
que deve corresponder a uma única ação.
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Indicação das metas das etapas que levarão à realização dos objetivos
gerais. Por exemplo: classificar, aplicar, distinguir, enumerar, exemplificar,
selecionar, etc. Exemplo:
Determinar, com base na doutrina e na jurisprudência atual brasileira,
quando o sigilo bancário deve ser quebrado, isto é, em quais circunstâncias
pode vir a ocorrer à quebra do sigilo bancário dos agentes públicos de maneira
que preenchidos os requisitos legais, esta seja efetuada sem o perigo de violar
qualquer outra norma da legislação (OLIVEIRA, 2002, p. 232).
São ações a serem realizadas pelo pesquisador que tornará possível
alcançar o objetivo geral:
1) Identificar as origens históricas da criminalização da maconha no
Brasil;
2) Identificar os efeitos da droga no organismo humano;
3) Avaliar os aumento dos gastos com a saúde após a descriminalização
da droga e;
4) Avaliar o decréscimo da violência urbana após a descriminalização da
droga etc.
5. JUSTIFICATIVA
A justificativa deve cumprir o papel singular de demonstrar a importância
do estudo. Mostrar porque o trabalho (o tema, a pergunta, a abordagem) tem
relevância, uma das estratégias mais utilizadas é a da sua contextualização
dentro de um espectro mais amplo, visando demonstrar sua pertinência. (Por
que fazer? Para que?).
A Justificativa num projeto de pesquisa, como o próprio nome indica, é o
convencimento de que o trabalho de pesquisa é fundamental de ser efetivado.
O tema escolhido pelo pesquisador e a Hipótese levantada são de suma
importância, para a sociedade ou para alguns indivíduos, de ser comprovada.
Deve-se tomar o cuidado, na elaboração da Justificativa, de não se tentar
justificar a Hipótese levantada, ou seja, tentar responder ou concluir o que vai
ser buscado no trabalho de pesquisa. A Justificativa exalta a importância do
tema a ser estudado, ou justifica a necessidade imperiosa de se levar a efeito
tal empreendimento.
A justificativa é a fase do projeto na qual o pesquisador irá expor quais
elementos dentro do binômio interesse/capacidade pessoal e social foram
decisivos na eleição do seu tema de estudo. Evidentemente, o principal
elemento a ser explicitado aqui é o interesse social na solução do problema,
pois será a partir dele que o orientador, a faculdade, universidade irão decidir
se há ou não interesse institucional em se concretizar o projeto. O pesquisador,
nesta fase, deverá iniciar explicitando o "estado da arte", ou seja, o atual
estado das pesquisas científicas sobre o tema. Em síntese, será nesta fase que
o pesquisador irá "vender seu peixe", ou em uma linguagem mais acadêmica,
demonstrar ao leitor o real interesse social de seu projeto de pesquisa.
A justificativa envolve aspectos de ordem teórica, para o avanço da
ciência, de ordem pessoal/profissional, de ordem institucional (universidade e
empresa) e de ordem social (contribuição para a sociedade). Deve procurar
responder: Qual a relevância da pesquisa? Que motivos a justificam? Quais
contribuições para a compreensão, intervenção ou solução que a pesquisa
apresentará? Silva e Menezes (2001, p.31) afirmam que o pesquisador precisa
fazer algumas perguntas a si mesmo: o tema é relevante? Por quê? Quais
pontos positivos você percebe na abordagem proposta? Que
vantagens/benefícios você pressupõe que sua pesquisa irá proporcionar?
Ventura (2002, p. 75) afirma o seguinte: o pesquisador deve destacar a
relevância do tema para o direito em geral, para a(s) disciplina(s) à(s) qual (is)
se filia e para a sociedade. Finalmente, cabe sublinhar a contribuição teórica
que adviria da elucidação do tema e a utilidade que a pesquisa, uma vez
concluída, pode vir a ter para o curso, para a disciplina ou para o próprio aluno.
Barral (2003, p. 88-89) oferece alguns itens importantes que podem fazer parte
de uma boa justificativa. São eles:
a) Atualidade do tema: inserção do tema no contexto atual. b) Ineditismo do trabalho: proporcionará mais importância ao assunto. c) Interesse do autor: vínculo do autor com o tema. d) Relevância do tema: importância social, jurídica, política, etc. e) Pertinência do tema: contribuição do tema para o debate jurídico. Aspectos que devem ser observados:
Neste tópico o autor irá informar a importância do estudo e os porquês
da realização de sua pesquisa. O texto da justificativa, em geral, deve
apresentar os motivos que levaram à investigação do problema e endereçar a
discussão à relevância teórica e prática, social e científica do assunto.
Deve, também, apontar as razões de sua escolha caracterizando a
contribuição e a importância da solução do problema, sob os mais diversos
pontos de vista. Pode-se entender a justificativa como o momento de se fazer o
marketing da pesquisa, demonstrando sua relevância e sua contribuição ao
“estado da arte” do Direito.
A justificativa deve ser elaborada de forma sucinta, porém completa, das
razões de ordem teórica e dos motivos de ordem prática que tornam importante
a realização da pesquisa. Deve enfatizar:
- O estágio em que se encontra a teoria a respeito do tema;
- As contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer;
- A importância do tema do ponto de vista geral;
- Importância do tema para os casos particulares em questão;
- Possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade abarcada pelo
tema proposto e;
- Descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares.
Deve procurar responder as seguintes indagações:
- De onde minha pesquisa partirá? Porque eu tive interesse nesse assunto?
Quais fatores influenciaram na escolha desse problema de pesquisa?
(relevância pessoal);
- Como esse tema tem sido debatido cientificamente? Quais contribuições a
pesquisa trará para a comunidade acadêmica? (relevância acadêmica);
- Porque esse tema pode contribuir para uma sociedade melhor? Quem poderá
especificamente ser beneficiado com as respostas ao problema da pesquisa?
(relevância social).
Não deve confundir a Justificativa com o referencial teórico, e, portanto
não deve conter citações diretas ou indiretas. Exemplo:
Este projeto de pesquisa demonstra sua relevância uma vez a Lei nº
6.938, de 31/08/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente já
previa em seu artigo 9º, inciso III, a avaliação de impactos ambientais como um
de seus instrumentos. Contudo, esse tipo de estudo só adquiriu status
constitucional em 1988, quando o Constituinte, além de ter dedicado um
capítulo inteiro ao tema meio ambiente, previu expressamente a exigência pelo
Poder Público da realização e da publicidade do estudo prévio de impacto
ambiental para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente (Art. 225, § 1º, IV, CF/88). Dada a
necessidade de aprofundamento em tema de tal relevância e atualidade, é que
se faz mister o desenvolvimento de estudos que abordem de forma detalhada o
tema, como forma de buscar um maior entendimento sobre o tema, dando
assim uma contribuição substancial ao estado da arte do Direito [...]
6. METODOLOGIA
Nesta parte devem ser descritos os procedimentos metodológicos do
estudo, assim como o conjunto de técnicas de pesquisa a serem utilizados
(Como fazer). Os procedimentos metodológicos respondem: Como? Com quê?
Onde?
A metodologia da pesquisa num planejamento deve ser entendida como
o conjunto detalhado e sequencial de métodos e técnicas científicas a serem
executados ao longo da pesquisa, de tal modo que se consiga atingir os
objetivos inicialmente propostos e, ao mesmo tempo, atender aos critérios de
menor custo, maior rapidez, maior eficácia e mais confiabilidade de informação
(BARRETO; HONORATO, 1998).
Segundo Ventura (2002, p.76-77), é diversa as classificações da
metodologia no meio acadêmico especializado. A Metodologia é a explicação
minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ação desenvolvida no método
(caminho, plano de ação) do trabalho de pesquisa.
É a explicação do tipo de pesquisa, do instrumental utilizado
(questionário, entrevista etc.), do tempo previsto, da equipe de pesquisadores e
da divisão do trabalho, das formas de tabulação e tratamento dos dados, enfim,
de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa.
Nesta parte do projeto o pesquisador deverá demonstrar como irá testar
a veracidade de sua hipótese de trabalho. Para tanto deverá estabelecer um
marco teórico e definir se sua estratégia de pesquisa será dogmática ou
empírica.
6.1 REVISÃO DE LITERATURA
Denominada no Curso de Direito como ordem do relato. O que já foi
escrito sobre o tema. Esta parte fundamenta a pesquisa, é à base de
sustentação teórica. Também, pode ser chamada de revisão bibliográfica,
revisão teórica, fundamentação bibliográfica, etc. Para Silva e Menezes (2001,
p.30), nesta fase o pesquisador deverá responder às seguintes questões:
- quem já escreveu e o que já foi publicado sobre o assunto?
- Que aspectos já foram abordados?
- Quais as lacunas existentes na literatura? Pode ser uma revisão
teórica, empírica ou histórica.
A revisão de literatura é importantíssima porque favorecerá a definição
de contornos mais precisos da problemática a ser estudada. De acordo com
Barreto e Honorato (1998), considera-se como básica em um Projeto de
Pesquisa uma reflexão breve acerca dos fundamentos teóricos do pesquisador
e um balanço crítico da bibliografia diretamente relacionada com a pesquisa,
compondo aquilo que comumente é chamado de quadro teórico ou balanço
atual das artes.
Neste item o pesquisador deve apresentar ao leitor as teorias principais
que se relacionam com o tema da pesquisa. Cabe à revisão da literatura, a
definição de termos e de conceitos essenciais para o trabalho. O que se diz
sobre o tema na atualidade, qual o enfoque que está recebendo hoje, quais
lacunas ainda existe etc. Nesta fase do projeto, não há necessidade de o
pesquisador/a ter acesso físico às obras ou adquiri-las.
Deverá, no entanto, ter as referências completas das obras que
futuramente poderá consultar devidamente formatadas no padrão ABNT.
Atualmente, é indispensável à consulta através da Internet, às bibliotecas das
principais Faculdades de Direito do Brasil, bem como à base de dados da
Biblioteca do Senado Federal. A revisão de literatura é a localização e
obtenção de documentos para avaliar a disponibilidade de material que
subsidiará o tema do trabalho de pesquisa. Este levantamento é realizado junto
às bibliotecas ou serviços de informações existentes. Sugestões para o
levantamento de literatura:
Determine com antecedência que bibliotecas, agências governamentais
ou particulares, instituições, indivíduos ou acervos deverão ser procurados.
Esteja preparado para copiar os documentos, seja através de xerox, fotografias
ou outro meio qualquer. Separe os documentos recolhidos de acordo com os
critérios de sua pesquisa.
A revisão de literatura pode ser determinada em dois níveis: 1) Nível
geral do tema a ser tratado. Relação de todas as obras ou documentos sobre o
assunto. 2) Nível específico a ser tratado. Relação somente das obras ou
documentos que contenham dados referentes à especificidade do tema a ser
tratado.
6.2 TIPO DE PESQUISA
Segundo Gil (2002), uma pesquisa, tendo em vista seus objetivos, pode
ser classificada da seguinte forma:
a) PESQUISA EXPLORATÓRIA: Esta pesquisa tem como objetivo
proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais
explícito. Pode envolver levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas
experientes no problema pesquisado. Geralmente, assume a forma de
pesquisa bibliográfica e estudo de caso.
b) PESQUISA DESCRITIVA: Tem como objetivo primordial a descrição das
características de determinadas populações ou fenômenos. Uma de suas
características está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados,
tais como o questionário e a observação sistemática. Destacam-se também na
pesquisa descritiva aquelas que visam descrever características de grupos
(idade, sexo, procedência etc.), como também a descrição de um processo
numa organização, o estudo do nível de atendimento de entidades,
levantamento de opiniões, atitudes e crenças de uma população, etc.
Também são pesquisas descritivas aqueles que visam descobrir a
existência de associações entre variáveis, como, por exemplo, as pesquisas
eleitorais que indicam a relação entre o candidato e a escolaridade dos
eleitores.
c) PESQUISA EXPLICATIVA: A preocupação central é identificar os fatores
que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. É o tipo
que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o
porquê das coisas. Por isso, é o tipo mais complexo e delicado.
DISCUTINDO SOBRE PESQUISA: A Pesquisa jurídico-teórica é uma
estratégia de pesquisa que tem por objeto a análise da norma jurídica isolada
do contexto social em que se manifesta. Esta concepção baseia-se na análise
do dogma jurídico, que é um ponto fundamental apresentado como certo e
indiscutível, cuja verdade se espera que as pessoas aceitem sem questionar: a
lei, a jurisprudência, os costumes, os princípios gerais do direito, etc. O Direito
deverá ser pesquisado enquanto ciência pura e, portanto, isolado dos
elementos sociais que se relacionem com o problema pesquisado.
O único objeto válido para este tipo de pesquisa jurídica é o dogma, daí
porque a pesquisa teórica pode muito bem ser denominada de dogmática. A
solução do problema não é buscada no mundo fático, mas é concebida na
mente do pesquisador a partir da análise dos dogmas jurídicos no tempo
(História do Direito) e no espaço (Direito Comparado).
A pesquisa jurídico teórica, é uma pesquisa de gabinete, mas o
pesquisador crítico deve, pois, evitar uma análise exclusiva dos dogmas
jurídicos, procurando as respostas do seu problema não só na lei, na doutrina
ou na jurisprudência, mas principalmente na realidade social onde está inserido
seu objeto de estudo.
PESQUISA EMPÍRICA: É uma estratégia de pesquisa que tem por objeto a
análise da norma jurídica no contexto da realidade social em que se manifesta.
Por esta concepção, deverá o pesquisador analisar uma série de fatores
econômicos, políticos e sociais e a partir destas constatações empíricas e
estabelecer a solução do problema pesquisado. Parte-se do "ser" para se
alcançar o "dever ser"; do "real" para o "ideal"; por isto, é uma concepção
realista de pesquisa jurídica.
A observação direta (espontânea ou dirigida), a coleta e análise de
documentos, de legislações, jurisprudência etc. A aplicação de questionários
(abertos ou fechados) e as entrevistas (espontâneas ou dirigidas), são alguns
dos principais procedimentos da pesquisa jurídica empírica. Nem sempre,
porém, é possível obter os dados de forma direta5, através dos procedimentos
acima. Assim, na pesquisa empírica, poderá o pesquisador valer-se de dados
obtidos indiretamente que podem ser encontrados em livros, em artigos de
periódicos e em todo e qualquer material bibliográfico impresso ou informático.
Ainda que o ideal (até por uma questão de confiabilidade dos dados)
seja obter os dados diretamente, vale lembrar que o pesquisador empírico não
necessita obrigatoriamente de realizar trabalhos de campo, pois muitos dos
dados da realidade social, política e econômica de seu problema podem
perfeitamente, ser encontrados, em material bibliográfico das mais diversas
fontes.
O que caracteriza a pesquisa empírica não é a coleta dos dados, mas
sim a postura do pesquisador em relação ao objeto da pesquisa: enquanto na
pesquisa teórica a solução do problema encontra-se no dogma, na pesquisa
empírica deverá o pesquisador buscá-la na realidade social.
6.3 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS
Segundo Gil (2002), uma pesquisa, quanto aos seus procedimentos
técnicos, pode ser classificada da seguinte forma:
a) PESQUISA BIBLIOGRÁFICA: é desenvolvida com base em material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Não é
aconselhável que textos retirados da Internet constituam o arcabouço teórico
do trabalho monográfico.
b) PESQUISA DOCUMENTAL: É muito parecida com a bibliográfica. A
diferença está na natureza das fontes, pois esta forma vale-se de materiais que
não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser
reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Além de analisar os 5 Como qualquer outro tipo de pesquisa, a de campo parte do levantamento bibliográfico. Exige também a determinação das técnicas de coleta de dados mais apropriadas à natureza do tema e, ainda, a definição das técnicas que serão empregadas para o registro e análise. Dependendo das técnicas de coleta, análise e interpretação dos dados, a pesquisa de campo poderá ser classificada como de abordagem predominantemente quantitativa ou qualitativa. Numa pesquisa em que a abordagem é basicamente quantitativa, o pesquisador se limita à descrição factual deste ou daquele evento, ignorando a complexidade da realidade social.
documentos de “primeira mão” (documentos de arquivos, igrejas, sindicatos,
instituições etc.), existem também aqueles que já foram processados, mas
podem receber outras interpretações, como relatórios de empresas, tabelas
etc.
c) PESQUISA EXPERIMENTAL: quando se determina um objeto de estudo,
seleciona-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, define-se as
formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no
objeto.
d) LEVANTAMENTO: é a interrogação direta das pessoas cujo comportamento
se deseja conhecer. Procede-se à solicitação de informações a um grupo
significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida,
mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos
dados coletados. Quanto o levantamento recolhe informações de todos os
integrantes do universo pesquisado, tem-se um censo.
e) ESTUDO DE CAMPO: procura o aprofundamento de uma realidade
específica. É basicamente realizada por meio da observação direta das
atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar as
explicações e interpretações do ocorre naquela realidade. Para Ventura (2002,
p. 79), a pesquisa de campo deve merecer grande atenção, pois devem ser
indicados os critérios de escolha da amostragem (das pessoas que serão
escolhidas como exemplares de certa situação), a forma pela qual serão
coletados os dados e os critérios de análise dos dados obtidos.
f) ESTUDO DE CASO: consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou
poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.
Caracterizado por ser um estudo intensivo. É levada em consideração,
principalmente, a compreensão, como um todo, do assunto investigado.
Todos os aspectos do caso são investigados. Quando o estudo é
intensivo podem até aparecer relações que de outra forma não seriam
descobertas (FACHIN, 2001, p. 42).
g) PESQUISA-AÇÃO: um tipo de pesquisa com base empírica que é
concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a
resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e participantes
representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo
cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1986, p.14).
7. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
Apresentação das atividades a serem desenvolvidas. (Demarcação do
tempo da pesquisa do projeto até a entrega da monografia finalizada).
Cronograma é a previsão de tempo que será gasto na realização do trabalho
de acordo com as atividades a serem cumpridas. As atividades e os períodos
serão definidos a partir das características de cada pesquisa e dos critérios
determinados pelo autor do trabalho.
Os períodos podem estar divididos em dias, semanas, quinzenas,
meses, bimestres, trimestres etc. Estes serão determinados a partir dos
critérios de tempo adotados por cada pesquisador. Como já foi dito
anteriormente, nenhuma pesquisa pode prolongar-se indefinidamente no
tempo.
Assim, necessário é que o pesquisador estabeleça um cronograma no
qual especificará quanto tempo levará na realização de cada etapa de sua
pesquisa. Em geral este cronograma é apresentado através de uma tabela na
qual as colunas representam os meses em que será realizada a pesquisa e as
linhas, as tarefas a serem concluídas.
Dentre outros itens, deverão constar no cronograma: levantamento
bibliográfico, observações, entrevistas, transcrição das entrevistas, análise das
entrevistas, leitura do material bibliográfico, cruzamento de dados, redação
preliminar do texto, discussão do texto preliminar com o orientador, redação
final do texto, revisão e edição final e defesa.
Segue, na outra página, um exemplo de Cronograma de Atividades:
ANO 2013
MÊS Fev Mar Abr Mai Jun
ATIVIDADES
Contatos com o Orientador X X
X X X
Pesquisa bibliográfica X X
Fichários bibliográficos e de leitura
X X
Elaboração do plano definitivo X
Revisão geral da documentação
X X
Redação definitiva – Digitação
X
Revisão de manuscrito X
Correções X
Revisão da parte referencial X
Contato final/ alterações X X
Digitação final X X
Entrega da Monografia X
Defesa da Monografia X
ATENÇÃO:
Se o pesquisar utilizar parte de texto de livro ou internet igual está no
texto original deverá fazer citação direta com a respectiva referenciação (autor
data ou nota de rodapé) e mencionar a obra nas referências;
Se o pesquisador ler algum livro ou texto da internet, resumir, mudar
algumas palavras do autor original, ou mesmo seguir um encadeamento lógico
de ideias do autor original, deverá fazer citação indireta;
Se o pesquisar utilizar uma citação constante em um livro ou texto da internet deverá fazer citação da citação;
8. ESTRUTURA BÁSICA DO DESENVOLVIMENTO DA MONOGRAFIA
Quando abrimos qualquer trabalho monográfico, seja de graduação, seja
de pós-graduação, ou mesmo quando viramos a capa de qualquer livro jurídico,
a primeira coisa que encontramos é o índice ou sumário. O sumário tem como
função indicar ao leitor as principais divisões do texto: partes, capítulos, itens,
subitens, parágrafos etc.
Como o sumário depende necessariamente do texto estar pronto e
acabado – digitado do começo ao fim -, ele tem de ser feito ao final, após a
estudante ter escrito a introdução. Todavia, a utilização de um “sumário prévio”,
isto é, a feitura de um sumário antes da redação do texto, antes mesmo do
início da própria pesquisa bibliográfica, é de grande utilidade para a realização
do trabalho monográfico.
Esse sumário antecipado tem uma função específica. Ele funcionará
como a espinha dorsal inicial (que se alterará) do corpo a ser construído. Este
esqueleto é, na verdade, um guia de orientação para o investigador,
funcionando como um roteiro do caminho a ser seguido.
Não esqueçam, é provisório, mas deve apresentar características que
apontarão uma pretensão de tornar-se definitivo. Sua organização deve ser
séria a ponto de parecer definitivo. Certamente ele se alterará no decurso da
investigação. Aliás, essa é uma de suas funções subsidiárias: permitir-se ser
modificado. A elaboração do esqueleto é um item importante para a realização
da monografia. Vejamos como fazê-lo.
Escolhido o tema, o aluno terá um mínimo de conhecimento sobre a
matéria que o tema versa, pois terá cumprido as metas fixadas para sua
determinação vista nas aulas anteriores. Para determinação do tema, vocês
fizeram uma pesquisa prévia em livros ou se guiaram apenas pelo
conhecimento que adquiriu durante o curso de direito que vocês estão
terminando. Sendo assim, uma alternativa válida para a determinação da
composição do esqueleto é vocês guiar-se pelo sumário dos livros consultados.
Com base nas indicações dos outros livros – capítulos, itens, subitens,
parágrafos -, vocês montarão o seu próprio sumário. Claro que vocês terão de
usarem a imaginação. Mas façam com seriedade. Tem de conjecturar como é
que deveria ser a sequência do trabalho, capítulo por capítulo. Façam e
refaçam o esqueleto provisório até se convencer de que encontrou o ideal.
Esse esqueleto será seu guia para tudo: pesquisa bibliográfica, leitura de
textos e, principalmente, redação do texto da monografia. Será nesse momento
que vocês perceberão sua importância. A escritura organizada será feita
inicialmente a partir do esqueleto, o que lhes darão várias alternativas para a
elaboração do texto, com amplo controle do conteúdo.
Vocês procurarão desenvolverem a redação da monografia na mesma
ordem do esqueleto, com as seguintes variáveis, dentre outras:
1) Poderão, já antes de iniciar a redação, alterar a própria indicação
dos temas do esqueleto em função das pesquisas e leituras
empreendidas;
2) Poderão, caso se sintam inspirados ou mais preparados para tal,
escreverem antes um capítulo que aparece depois na ordem do
esqueleto;
3) Poderão já irem fazendo remissões aos capítulos posteriores
enquanto escrevem os anteriores, já que o esqueleto propiciará
um panorama geral da monografia;
4) Poderão mudar nomes dos temas, criarem capítulos novos,
suprimir itens etc., no exato momento em que isso se mostrar
necessário, como reflexo do texto que está sendo escrito e;
5) Poderão intercalar capítulos ou fundi-los, também, assim que o
texto apontar ser necessário.
Vejamos, a seguir, um exemplo do funcionamento do esqueleto
provisório. O tema escolhido foi O TRATADO INTERNACIONAL EM FACE
DA CONSTITITUIÇÃO FEDERAL. Compulsando uma monografia ou alguma
obra publicada, vocês poderão elaborar o seguinte esqueleto:
1. INTRODUÇÃO
2. DEFINIÇÃO DE TRATADO INTERNACIONAL.
3. CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS.
3.1 Quanto ao Número de Partes.
3.1.1 Tratado bilateral.
3.1.2 Tratado multilateral.
3.2 Quanto ao Procedimento.
3.2.1 Procedimento breve.
3.2.2 Acordo executivo.
3.3 Quanto à Natureza das Normas.
3.3.1 Tratado contratuais.
3.3.2 Tratados normativos.
4. PARTE CONTRATANTE SEGUNDO A CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
4.1 República.
4.2 Federação.
4.3 Parte Contratante nas Constituições Anteriores.
4.4 O Presidente da República.
5. INCORPORAÇÃO DO TRATADO PELO ORDENAMENTO JURÍDICO
INTERNO
5.1 A Retificação.
5.2 O Decreto Legislativo.
5.3 O Decreto.
5.4 A Publicidade Oficial no Brasil.
6. CONFLITO ENTRE TRATADOS E NORMAS INTERNAS
7. TRATADOS INTERNACIONAIS E O ARTIGO 5º DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL
8. A QUESTÃO DA ACEITAÇÃO DOS TRATADOS
8.1 As Reservas.
8.2 As Emendas.
Através deste exemplo, deu para perceber como a Estrutura Básica do
Desenvolvimento da Monografia é importante e útil na construção do próprio
texto da monografia.
9. REFERÊNCIAS
Relação das obras utilizadas para fundamentar a apreciação crítica.
Aspectos que devem ser observados:
• Neste tópico o autor irá citar as obras utilizadas para a fundamentação
do problema de pesquisa.
• Só devem constar nas referências as obras que foram utilizadas nas
citações ao longo da resenha.
• As obras utilizadas apenas como consulta não devem ser incluídas nas
referências.
• Devem estar de acordo com a normalização da ABNT e elencadas em
ordem alfabética. Exemplos:
ALEXY, Robert. Teoria de los Derechos Fundamentales. Madrid: Centro de
Estudos Políticos e Constitucionais, 2002.
ALMEIDA, Gregório Assagra; PARISE, Elaine Martins. Priorização da atuação
preventiva pelo Ministério Público. Disponível em: <
www.ammp.org.br/XVICongresso/teses/teses>. Acesso em: 31 mar. 2006.
ARENDT, Hannah. Condição Humana. 9.ed. Rio de Janeiro: Forense
universitária, 1999.
________. Crises da República. 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 1999.
BARCELLOS, Ana Paula de. A eficácia dos Princípios Constitucionais: O
princípio da Dignidade da pessoa humana. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.
BARROSO, Luis Roberto. A efetividade das normas constitucionais revisitadas.
Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro. V. 197. jul-set.1994.
BIGOLIN, Giovani. A reserva do possível como limite à eficácia e efetividade
dos direitos sociais. Revista de doutrina da 4ª Região. Disponível em <
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Moreira Alves. 17 set. 2003. Disponível em: < http://www.stf.gov.br > . Acesso
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CAVALLARO, James Louis; POGREBISNSCHI, Thamy. Rumo à exigibilidade
internacional dos direitos econômicos, sociais e culturais nas Américas: O
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