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cap3

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  • - 37 -

    33.. IInntteeggrraaoo ddaass TTeeccnnoollooggiiaass ddaa IInnffoorrmmaaoo ee

    CCoommuunniiccaaoo eemm CCoonntteexxttoo EEdduuccaattiivvoo

  • Integrao das Tecnologias da Informao e Comunicao em Contexto Educativo

    - 38 -

    As tecnologias de informao e comunicao no so

    mais uma ferramenta didctica ao servio dos professores e

    alunos elas so e esto no mundo onde crescem os jovens que

    ensinamos (ADELL,1997)

    A integrao das tecnologias da informao e da comunicao (TIC) no ensino

    encarada como essencial para o desenvolvimento de um pas atravs da formao de

    cidados mais e melhor preparados para um mundo em constante mudana. So

    necessrios indivduos com educao abrangente em diversas reas, que demonstrem

    flexibilidade e capacidade de comunicao. Tornou-se primordial a promoo de uma

    educao e formao para todos os cidados ao longo da vida. As TIC prometem

    desempenhar um papel significativo potenciando professores e alunos. Melhor acesso e

    eficincia da educao e da formao so essenciais para o desenvolvimento.

    Embora geralmente se aceite que as TIC podem ser usadas de modo a facilitar a

    educao e a formao, existe um grande fosso entre os potenciais usos das TIC e o

    concretizado. Dificilmente se encontra outra rea de aplicao onde o fosso entre os

    imaginveis benefcios e a realidade seja to grande como na educao e formao.

    As polticas de introduo das TIC no ensino em Portugal datam de 1985. Este

    captulo no s um olhar sobre essas polticas e suas repercusses mas tambm o que

    isso significa a nvel das estratgias e metodologias a adoptar de modo a dar resposta s

    necessidades mencionadas.

    UUttiilliizzaaoo ddaa IInntteerrnneett eemm PPoorrttuuggaall

    Compreender a importncia da escola na facilitao do acesso s TIC

    fundamental. Procurar a sua integrao no ensino sem ter em conta esse papel seria no

    mnimo desajustado da realidade de um pas que tende a acordar tarde para as inovaes

    tecnolgicas. Interessa por isso conhecer a realidade do pas no que diz respeito ao

    acesso s tecnologias da informao.

  • Integrao das Tecnologias da Informao e Comunicao em Contexto Educativo

    - 39 -

    A utilizao da Internet em Portugal ainda no se generalizou, verificando-se

    diferenas significativas entre classes sociais14

    . Dos que possuem acesso Internet

    13,1% no a utilizam. No possuem acesso Internet 61,0% dos portugueses.

    Relativamente aos que a utilizam e segundo os ltimos dados, 80% dos indivduos que

    costumam utilizar a Internet utilizam o correio electrnico, que se posiciona assim como

    a ferramenta mais frequente junto destes indivduos. A transferncia de ficheiros outra

    das utilizaes mais frequentes, com 46,5% de referncias no perodo (trimestre mvel

    de Setembro a Novembro de 2002). Da mesma forma, a utilizao de IRCs ou Chats

    tambm frequente e situa-se nos 32,5%, ao passo que outras utilizaes, como jogos on-

    line ou a consulta de newsgroups, obtm menores ndices (16,2% e 12,9%,

    respectivamente). No que diz respeito s finalidades de utilizao da Internet, a

    formao pessoal, bem como fins profissionais, a obteno de notcias e o divertimento

    so os mais referidos, seguindo-se os fins acadmicos, a procura de produtos e servios,

    o convvio e outros (Grfico 3-1)

    .

    Grfico 3-1 Finalidades de utilizao da Internet

    De assinalar o facto de a utilizao com fins acadmicos aparecer em quinto

    lugar atrs do divertimento e a formao pessoal em primeiro. Sinal de uma inequvoca

    importncia dada Internet na formao pessoal. Mais de metade das pessoas que

    costumam utilizar a Internet fazem-no em seu benefcio a nvel da formao.

    14Valores obtidos em 23 de Abril 2003 no site da empresa Marktest que realiza desde 1996 estudos de

    penetrao da Internet em Portugal. Disponvel em

    (http://www.marktest.pt/produtos_servicos/Bareme_Internet/default.asp?c=1013&n=451 )

  • Integrao das Tecnologias da Informao e Comunicao em Contexto Educativo

    - 40 -

    AAllgguunnss ddaaddooss ssoobbrree aass TTIICC nnaass eessccoollaass

    O nmero de computadores nas escolas por aluno segundo dados de 2002 de

    19 alunos por computador15

    . Destes cerca de metade est ligado Internet perfazendo

    38 alunos por computador.

    Comparando estes valores com os do relatrio europeu dos indicadores bsicos

    de integrao das TIC no ensino (EURYDICE, 2002) verificamos que Portugal ainda

    tem de realizar um largo esforo para acompanhar os seus parceiros europeus que j

    atingiram as metas propostas nos planos estratgicos16

    . Verifica-se que a mdia europeia

    se situa entre 8,6 alunos por computador e 14,9 alunos por computador com ligao

    Internet.

    Grfico 3-2 Nmero de alunos por computador (ISCED2,3)

    fonte :(Eurydice,2002)

    IInnttrroodduuoo ddaass TTIICC nnoo eennssiinnoo:: bbrreevvee ppeerrccuurrssoo hhiissttrriiccoo

    Nos finais da dcada de 80 iniciou-se o que agora conhecido por revoluo

    tecnolgica no domnio das Tecnologias de Informao e Comunicao (TIC). No

    relatrio Educao, um tesouro a descobrir, recomenda-se que os sistemas

    educativos devem dar resposta aos mltiplos desafios das sociedades da informao, na

    perspectiva dum enriquecimento contnuo dos saberes e do exerccio duma cidadania

    adaptada s exigncias do nosso tempo (UNESCO, 1996). Na Europa lanou-se em

    1999 a iniciativa"eEurope Sociedade da Informao para Todos"17

    com o objectivo de

    15Informao do DAPP disponvel on-line em 23 Abril 2003 em http://www.dapp.min-

    edu.pt/d/estat/01_02/ep_racios.html16

    A estratgia nacional est norteada pelas polticas europeias eEurope e Plano de Aco eLearning,

    designing tomorrows education - que pretendem fomentar a utilizao das TIC, nomeadamente da

    Internet, para melhorar a qualidade do ensino-aprendizagem.

    17http://www.europa.eu.int/comm/elearning

    EU

    B

    DK

    D

    EL

    E

    F

    IRL

    I

    L

    NL

    A

    P

    FIN

    S

    UK

    U.EUR.

    BELGICA

    DINAMARCA

    ALEMANHA

    GRECIA

    ESPANHA

    FRANA

    IRLANDA

    ITALIA

    LUXAMBURGO

    HOLANDA

    AUSTRIA

    PORTUGAL

    FINLANDIA

    SUECIA

    REINO UNIDO

  • Integrao das Tecnologias da Informao e Comunicao em Contexto Educativo

    - 41 -

    disseminar rapidamente as novas tecnologias e promover as competncias necessrias a

    todos os cidados. Para o perodo 2000-2004 a Comisso europeia lanou o plano de

    aco eLearning de modo a explorar as potencialidades das TIC no ensino.

    Em Portugal o Projecto Minerva (Meios Informticos No Ensino:

    Racionalizao, Valorizao, Actualizao) que decorreu entre 1985 e 1994 com o

    objectivo de introduzir os meios informticos no ensino constituiu a primeira grande

    iniciativa neste domnio. O Projecto Minerva esteve longe de solucionar todos os

    problemas inerentes introduo das TIC na educao mas lanou as bases para novos

    desenvolvimentos das escolas no domnio das TIC (SILVA, 2001). A evoluo das

    tecnologias deu-se igualmente de forma surpreendente tendo surgido em 1996 o

    Programa Nnio Sculo XXI. A aposta era no domnio das tecnologias multimdia

    e das redes de comunicao.

    No contexto da iniciativa eEurope, o Governo Portugus e no sector da

    Educao criou um Grupo Coordenador dos programas de introduo, difuso e

    formao em TIC, encarregado de produzir um Plano de Aco para a Educao no

    mbito das TIC para dar continuidade ao Programa Nnio. O documento de referncia

    (Estratgias, 2001) projecta para um horizonte at 2006. O formato do documento um

    misto de documento de estratgias e de documento para a aco.

    Em 2001-2002 com as reformas do 3 ciclo do EB e do ES as TIC entram de

    forma explcita nos currculos nacionais.

    RReeppeerrccuusssseess ccuurrrriiccuullaarreess ddaa iinntteeggrraaoo ddaass TTIICC nnaa eessccoollaa

    Da anlise dos Projectos Nnio, sobressai o facto que na concepo e

    apresentao dos mesmos por parte das escolas h objectivos comuns que podem

    personificar a identidade das Escolas Nnio, tais como (SILVA e SILVA, 2001):

    Formar a comunidade escolar para as novas Tecnologias de Informao e

    Comunicao (TIC);

    Proporcionar a emergncia de novas prticas educativas;

    Proporcionar aos alunos hbitos e competncias baseados na consulta,

    tratamento e produo da informao;

    Garantir uma maior igualdade de oportunidades no acesso dos alunos s TIC;

  • Integrao das Tecnologias da Informao e Comunicao em Contexto Educativo

    - 42 -

    Proporcionar o intercmbio com outras escolas;

    Promover o desenvolvimento da Escola.

    Percebe-se que os professores, reconhecem as TIC no apenas como

    instrumentos que permitem uma interaco ao nvel dos contedos mas que as TIC

    contm potencial estratgico para renovar a escola. As repercusses provocadas pela

    integrao das TIC, no mbito do Nnio, so reconhecidas (SILVA e SILVA, 2001) a

    nvel: da organizao, da relao com os contedos e da metodologia.

    RReeppeerrccuusssseess oorrggaanniizzaattiivvaass aaoo nnvveell ddaass iinnssttnncciiaass ddee ddeecciissoo

    Escolas - na reorganizao e gesto do tempo, espaos, recursos financeiros e

    humanos. A avaliao positiva tendo-se verificado por exemplo uma

    reorganizao pedaggica e administrativa profunda.

    Centros de Competncia e Meio envolvente (como Cmaras Municipais, Juntas

    de Freguesia e outros como agentes econmicos e sociais como associaes de

    pais) que cederam equipamentos, espaos e material didctico. Apesar de nas

    escolas do primeiro ciclo ter sido positivo ficou de uma maneira geral aqum do

    esperado. J com os Centros de Competncia, a avaliao considerada positiva

    quer no apoio prestado s escolas quer na forma como se evoluiu na prestao

    desse apoio.

    Ministrio da Educao. Principal fonte financeira no correspondeu s

    expectativas tendo-se verificado cortes nos projectos para alm de que a forma

    no foi considerada adequada.

    Infra-estruturas tecnolgicas ao nvel dos espaos e equipamentos com a criao

    de espaos prprios e a aquisio de equipamentos.

    RReeppeerrccuusssseess eemm rreellaaoo aaooss ccoonntteeddooss

    Desenvolveram-se actividades concretas como por exemplo a produo do

    Jornal da Escola. Desenvolvimento de trabalho em equipa por professores,

    utilizao em contexto dos currculos alternativos e de apoio pedaggico

    acrescido. Intercmbio entre escolas a nvel nacional e internacional

    RReeppeerrccuusssseess eemm rreellaaoo mmeettooddoollooggiiaa

    Prende-se com o facto de se criarem metodologias singulares e variadas,

    adaptadas ao perfil dos alunos e contextos de aprendizagens.

  • Integrao das Tecnologias da Informao e Comunicao em Contexto Educativo

    - 43 -

    Comportamentos e aprendizagens Os resultados apontam para um impacto

    favorvel e positivo nos diferentes domnios de aprendizagem. Nomeadamente a

    nvel de novas estratgias de acesso informao, ao saber e ao conhecimento e

    de competncias relacionadas como trabalho de grupo. Nos professores a nvel

    da prtica pedaggica salienta-se uma mudana de atitudes na planificao e

    organizao de actividades interdisciplinares e transdiscisplinares.

    Formao dos professores. Vertente assumida desde incio avaliada de forma

    positiva tendo-se traduzido na realizao de cursos de formao propostos aos

    centros de formao e de workshops.

    PPrriimmeeiirraass uuttiilliizzaaeess ddoo ccoommppuuttaaddoorr nnaa ddiisscciipplliinnaa ddee FFssiiccaa--QQuummiiccaa

    Em meados de 80 apareceram os primeiros computadores divulgados e a custos

    acessveis. O Sinclair Zx-Spectrum, por exemplo, era uma mquina muito comum e que

    era ligada a um simples televisor. O entusiasmo foi grande at porque era usada por

    muitos jovens como mquina de jogos. As primeiras aplicaes eram muito simples e as

    listagens dos programas divulgados nos manuais escolares. A nfase era colocada na

    programao, j que eram os prprios alunos que passavam o programa para a mquina.

    A linguagem utilizada era o Basic e vrias foram as propostas apresentadas,

    nomeadamente:

    na visualizao da trajectria no lanamento de projcteis onde os alunos

    eram convidados a acertar num alvo a uma determinada distncia.

    e no caso da qumica a produo de riscas espectrais recorrendo ao modelo

    de Borh (S, 1985).

    Com a vulgarizao dos PCs nas escolas e dos sistemas de aquisio de dados,

    verificou-se alguma dinamizao na utilizao do computador como ferramenta nos

    laboratrios. A proliferao de software promovido atravs de concursos realizados por

    instituies do estado e desenvolvido no pas foi incentivada assim como as editoras de

    manuais escolares tm procurado, ainda que timidamente, desenvolver alguns projectos

    especficos para a disciplina de Fsica-Qumica. Neste mbito destaca-se o portal

    MOCHO18 dedicado cincia.

    18 http://www.mocho.pt/

  • Integrao das Tecnologias da Informao e Comunicao em Contexto Educativo

    - 44 -

    AAss TTIICC nnoo ccuurrrrccuulloo:: ddiiffeerreenntteess ppeerrssppeeccttiivvaass

    As abordagens possveis com vista a integrao das TIC no ensino so diversas e

    condicionadas pela forma como os diferentes intervenientes perspectivam o Ensino.

    Uma forma de introduzir as TIC nos currculos a criao de mais uma disciplina para

    formao em TIC e que no exclui obviamente a utilizao das TIC nas diversas

    disciplinas.

    A outra perspectiva privilegia a integrao e a transversalidade como a

    inicialmente adoptada na primeira proposta de reorganizao curricular do ensino bsico

    recentemente iniciada no nosso pas (2002). Esta ltima, promove um ensino menos

    compartimentado, mais ligado realidade e que procura uma dimenso global e

    integrada (CURR.NAC, 2001). Tal significa que, no currculo deste nvel de ensino, as

    TIC passam a ter presena inequvoca na aco pedaggica em todas as disciplinas e

    reas disciplinares, bem como nas reas curriculares no disciplinares19. Constitui ainda

    formao transdisciplinar de carcter instrumental a utilizao das tecnologias de

    informao e comunicao, a qual dever conduzir, no mbito da escolaridade

    obrigatria, a uma certificao da aquisio das competncias bsicas neste domnio.

    No entanto e no decurso de alteraes de ordem poltica foram introduzidas

    alteraes a essa primeira proposta no que concerne a introduo das TIC. No ensino

    bsico foi introduzida no ltimo ano (9 ano de escolaridade) uma disciplina especfica

    assim como nos anos seguintes j no Ensino Secundrio. A esse propsito pode ler-se

    em documentao do ministrio da Educao:

    A transversalidade potencia a desigualdade de acesso e de

    desenvolvimento educativo, beneficiando os que usufruem de um ambiente

    familiar com maior capital cultural, mas relegando para a iliteracia digital os

    social e culturalmente desfavorecidos. O ensino obrigatrio das TIC um

    imperativo educativo, mas tambm social e cultural.

    No basta saber aceder Internet, substituir a mquina de escrever por

    um processador de texto ou construir um grfico a partir de uma folha de

    clculo. As tcnicas e o domnio dos processos de sistematizao e tratamento

    de informao, das aplicaes ligadas ao desenho assistido por computador, ou

    a capacidade de produzir contedos para Internet, so domnios estratgicos do

    conhecimento a que no poderemos ficar alheios.

    No nos podemos circunscrever formao de potenciais consumidores

    de informao. Pelo contrrio, o desafio da escola do futuro est na capacidade

    de formar para a produo, tratamento e difuso de informao. (REFORMAES, 2003)

    19 rea projecto, Estudo Acompanhado e Formao Cvica

  • Integrao das Tecnologias da Informao e Comunicao em Contexto Educativo

    - 45 -

    Estas alteraes tm no entanto sido alvo de uma acesa discusso. A criao de

    disciplinas especficas so vistas por muitos como algo limitador e negativo. A esse

    propsito cita-se (PEREIRA, 2003):

    parece-me imperioso afirmar que no faz qualquer sentido no

    secundrio uma disciplina independente de Tecnologias de Informao e

    Comunicao,() . As TIC, nesta fase, devero ser assumidas duma forma

    generalizada e transversal e se houver alguma necessidade de as incluir de uma

    forma descontextualizada no currculo, tal s faria sentido no 1 e/ou 2 ciclo do

    Ensino Bsico!

    Reforando a ideia de que a existncia de uma disciplina especfica, a existir

    dever ocorrer cedo no currculo mnimo obrigatrio.

    Ainda acerca da reforma:

    Tanto o CNE como as associaes de professores se insurgiram contra

    esta opo nos pareceres enviados tutela, alegando que a disciplina no tem

    contedo. Mas para o ministro trata-se de uma questo de princpio: alterar

    seria contrariar a filosofia da reviso. (PUBLICO, 2003)

    A argumentao por uma utilizao educativa das TIC integrada em contexto

    curricular incide na versatilidade e no significado que podem adquirir as aprendizagens

    nestas condies.

    Ao defender-se a transversalidade todos os professores so professores de TIC.

    Desenvolveu-se paralelamente um vasto consenso em torno do facto de que as TIC

    podem favorecer aprendizagens baseadas na curiosidade, na descoberta e na

    experimentao (RELATRIO, 2000).

    De modo a se compreender a reforma inicialmente prevista atente-se no quadro

    que se segue (ESE, 2001):

  • Integrao das Tecnologias da Informao e Comunicao em Contexto Educativo

    - 46 -

    Tabela 3-1- Algumas notas reforma no ensino bsico face s TIC

    Princpios orientadoresRealizao de aprendizagens significativas

    (contextualizao dos saberes), diversidade de metodologias eactividades de aprendizagem com recurso s TIC

    Novas reas curriculares

    (articuladas entre si e com as reasdisciplinares, incluindo uma componente detrabalho dos alunos com as TIC)

    3 novas reas curriculares no disciplinares

    (rea de projecto, Estudo Acompanhado, Formao Cvica) ... eensino experimental das cincias. Da responsabilidade doprofessor da turma (1 ciclo) e Conselho de Turma (2 e 3 ciclos)

    Desenvolvimento do CurrculoNovas prticas de gesto curricular (flexibilidade face aoscontextos: projecto curricular de escola e de turma)

    EscolaEspao de educao para a cidadania...oferecendo espaos deefectivo envolvimento dos alunos e actividades de apoio ao estudo

    Educao para a cidadania, domnio da lngua portuguesa e valorizao da dimenso humana do

    trabalho e utilizao das TIC

    rea de Projecto

    Concepo, realizao e avaliao de projectos (articulando saberesdas diversas reas em torno de problemas ou temas depesquisa/interveno de acordo com necessidades e interesses dosalunos)

    Estudo AcompanhadoApropriao de mtodos de estudo e trabalho com vista a uma maiorautonomia na realizao das aprendizagens

    Formao CvicaDesenvolvimento da conscincia cvica com recurso ao intercmbio deexperincias vividas pelos alunos e sua participao na vida daturma, escola e comunidade

    Fo

    rma

    es

    Tra

    nsd

    isci

    pli

    na

    res

    Formao para autilizao das TIC

    Conduz a uma certificao da aquisio das competncias bsicas nestedomnio

    Actividades de enriquecimento docurrculo Facultativas, de carcter ldico e cultural (no domnio desportivo,

    artstico, cientfico e tecnolgico)

    Avaliao

    Diagnstico (articulada com estratgias de diferenciao pedaggica)

    Formativa (regulao do ensino e da aprendizagem)

    Sumativa

    Provas nacionais de aferio

    Avaliao do desenvolvimento do currculo, no produzindo efeitos naprogresso escolar dos alunos

    Formao de Professores Modalidades centradas na escola e nas prticas profissionais, comateno especial s reas curriculares no disciplinares

    Nas alteraes introduzidas (introduo de uma disciplina especfica de TIC)

    no se invalida a utilizao das tecnologias nas outras disciplinas. A sua aplicao

    decorre naturalmente como uma adaptao s necessidades da nossa sociedade e das

    orientaes curriculares do ensino bsico que no foram alteradas.

  • Integrao das Tecnologias da Informao e Comunicao em Contexto Educativo

    - 47 -

    AAss ooppeess nnaa EEuurrooppaa

    Na maioria dos pases europeus as TIC, no ensino obrigatrio, so utilizadas

    como ferramentas de trabalho em outros assuntos. De uma maneira geral so usadas

    como ferramentas em projectos, na promoo da interdisciplinaridade entre outros usos.

    Existem ainda pases que, pelo menos at 2001 (EURYDICE, 2002), no incluam as

    TIC no currculo (ISCED 1)20 (Grcia, Itlia, Republica Checa, Chipre, Ltvia, Litunia

    e Eslovquia). Em alguns pases as TIC para alm da sua utilizao como ferramenta

    so tambm matria obrigatria no currculo mnimo: Holanda, Reino Unido (excepto

    Irlanda do Norte), Islndia, Polnia e Eslovnia. A Hungria e a Romnia apenas a

    incluem como assunto especfico do currculo.

    Grfico 3-3 - Uso das TIC no ensino obrigatrio na Europa (ISCED 1) - 2000/2001

    (fonte: Eurydice, 2001)

    No 3 ciclo (ISCED2) verifica-se uma alterao de postura em grande parte dos

    pases, passando a ser um tema tratado isoladamente. No entanto, em Portugal, as TIC

    continuavam at 2002 integradas e usadas como ferramentas em outros assuntos. A

    manterem-se as recentes alteraes de Abril de 2003 passa Portugal a incluir as TIC

    como assunto especfico.

    20 Classificao internacional da educao (ver Apndice - C)

  • Integrao das Tecnologias da Informao e Comunicao em Contexto Educativo

    - 48 -

    Grfico 4-4 Uso das TIC no ensino obrigatrio na Europa (ISCED 2) - 2000/2001

    (fonte: Eurydice, 2001)

    AA tteeccnnoollooggiiaa ee oo eennssiinnoo

    As tecnologias da informao at dcada de 80 no ensino eram perspectivadas

    sob trs pontos de vista: como tool tutor e tutee. Assim tnhamos educadores que

    advogavam o seu uso como ferramentas,"tools, (processadores de texto, folhas de

    calculo), os que o viam essencialmente como auxiliares de ensino tutor, (tuturiais,

    simulaes, exerccios) e os que acreditavam que o seu potencial se encontrava na

    programao "tutee". Cada uma destas utilizaes tinha o seu lugar. Nos ltimos anos

    temos testemunhado alteraes profundas na sociedade.

    No passado os objectivos da educao reflectiam a nfase da sociedade na

    necessidade de competncias bsicas (ler, escrever e aritmticas) e num conjunto de

    informaes consideradas essenciais. No entanto a quantidade de informao

    considerada importante cada vez maior. O mundo est em rpida mudana e no

    possvel confinar os objectivos da educao a conhecimentos ou competncias

    especficas.

    A nfase dever ser colocada em outras capacidades, o aprender a aprender, que

    ajudar no futuro os cidados a lidar com as inevitveis mudanas. O conhecimento, em

    rpida desactualizao implica o desenvolvimento de estratgias metacognitivas e a

    aposta na formao ao longo da vida. Trata-se de formar pessoas preparadas para esta

    nova sociedade: a Sociedade da Informao. Trata-se de formar no conhecedores mas

    aprendedores (Tabela 3-2).

  • Integrao das Tecnologias da Informao e Comunicao em Contexto Educativo

    - 49 -

    Tabela 3-2 O conhecedor versus aprendedor

    Conhecedor Aprendedor

    Consulta a informao do passado

    Acomoda factos e conceitos

    Armazena factos e conceitos sem

    os relacionar

    Aplica os conhecimentos a

    problemas especficos

    Modifica os estmulos externos

    para se adaptarem compreenso

    passivo, espera que lhe chegue a

    informao.

    Projecta a informao no futuro

    Aplica e experimenta o

    conhecimento

    Cria e elabora redes conceptuais

    Cria solues especficas para cada

    problema

    Modifica a compreenso para

    explicar os estmulos

    pr activo procura avidamente

    novas experincias

    EEssttrraattggiiaass

    O Grfico 3-5, sobre a eficcia de diversas estratgias d indicaes das

    potencialidades das TIC para a implementao das estratgias mais eficazes assim como

    da forma como devemos pensar essa integrao.

    Proporcionar experincias de aprendizagem onde o aluno possa experimentar e

    aplicar o conhecimento proporcionar a construo do conhecimento pelo indivduo.

    Interagindo com o mundo que o rodeia, constri, testa e refina representaes cognitivas

    Grfico 3-5 Eficcia de estratgias no ensinoFonte : Effectiveness of instructional strategies- National Training Laboratories, Bethel,

    Maine(1986)

    5

    10

    20

    30

    50

    75

    90

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

    Taxa m dia de reteno %

    Palestra

    Leitura

    Audio-visual

    Dem onstrao

    Grupo

    Pratica experiem ental

    Ensinar outros\uso im ediato do

    conhecim ento

    Eficcia de estratgias

  • Integrao das Tecnologias da Informao e Comunicao em Contexto Educativo

    - 50 -

    de modo a compreender esse universo. Trata-se de ensinar construtivamente uma

    cincia construtivista (PEREIRA, 2001). Para muitos educadores (ROBLYER et al,

    1996) no possvel construir um currculo que reflicta caractersticas construtivistas

    sem as tecnologias. As metodologias construtivistas assentam em alguns preceitos

    fundamentais:

    Dar relevo a competncias ancorando-as em experincias de aprendizagem

    significativa, autenticas e altamente visuais

    Desempenho de um papel activo por parte dos alunos em actividades

    interactivas e problemas motivantes;

    Ensinar os alunos a trabalhar em conjunto na resoluo de problemas quer

    em grupo quer em actividades de colaborao

    nfase na motivao com actividades motivadoras.

    Os sete princpios de Cunningham (BOYLE, 1997) formam uma rede muito til

    para o desenho de ambientes de aprendizagem construtivistas:

    1. Proporcionar experincias do processo de construo do conhecimento

    experincias de aprendizagem.

    2. Proporcionar a experimentao e a apreciaes de perspectivas mltiplas.

    3. Aprendizagem realizada em contexto real e relevante. Realizao de tarefas

    autenticas e com significado, tarefas baseadas na resoluo de problemas

    relevantes para o mundo real.

    4. Encorajar a apropriao e participao no processo de aprendizagem. Encorajar

    os alunos a escolher os problemas a abordar, assumindo maior responsabilidade

    pelo processo de aprendizagem.

    5. Aprendizagem realizada em contexto social. Configuraes colaborativas

    diversas, como a relao do tipo mestre-aprendiz ou entre pares. Na primeira o

    professor desempenha um papel de facilitador, providenciando pistas,

    comentrios e levando a cabo as tarefas que os alunos ainda no conseguem

    realizar sozinhos. Gradualmente o professor vai retirando o seu apoio

    proporcionando uma cada vez maior independncia do aluno. No segundo tipo

    de colaborao supe-se que os indivduos apreendem bastante melhor os

    processos de construo do conhecimento, negociao e refinamento numa

    comunidade de pares.

  • Integrao das Tecnologias da Informao e Comunicao em Contexto Educativo

    - 51 -

    6. Encorajar modos de representao mltiplos.

    7. Encorajar a consciencializao do processo de construo do conhecimento -

    metacognio.

    Assente nestes princpios apresentam-se algumas propostas de estratgias para a

    integrao das TIC baseada em modelos construtivistas:

    Integrao para gerar motivao na aprendizagem.

    Integrao para promoo da criatividade.

    Integrao para facilitar a auto analise e a meta cognio.

    Integrao para aumentar a transferncia de conhecimento na resoluo de

    problemas.

    Integrao para promover a cooperao em grupo.

    AAccttiivviiddaaddeess

    As actividades realizveis so centradas basicamente num uso da tecnologia que

    permita:

    Comunicar e trocar ideias.

    Aceder e analisar informao.

    Resolver problemas.

    Produzir e apresentar ideias.

    Vrias actividades tipo com vista a integrao das TIC em contexto educativo,

    so possveis de modo a implementar as estratgias mencionadas (ROERDEN, 1997):

    Correspondncia. Promover a comunicao por e-mail com outros alunos

    mais velhos; listas temticas (newsletters), listas de grupos (onde todo o

    grupo recebe a mensagem enviada por um dos elementos).

    Orientao por peritos.

    Tirar partido dos recursos na Internet.

    Colaborao em rede com outras escolas em projecto.

    Consulta de opinio Votaes, fruns.

    Desafio cooperativo os alunos vo procurar resolver um problema de

    forma cooperativa.

    Aco Social os alunos identificam um problema e procuram soluciona-lo

    atravs dos servios disponveis.

  • Integrao das Tecnologias da Informao e Comunicao em Contexto Educativo

    - 52 -

    Ligao comunidade desenvolvimento de jornais on-line, clubes.

    Simulao recurso a simulaes e na recriao de situaes.

    Publicao na Internet de sites (da turma por exemplo, de cada aluno).

    Multimdia actividades com recurso a ferramentas multimdia (vdeos,

    fotografias etc.).

    Claro que o uso do computador se estende para alm destas actividades,

    nomeadamente como ferramenta de treino. No entanto a sua utilizao no integrada

    numa actividade real poder remeter a aprendizagem para outros modelos educacionais.

    OO pprrooffeessssoorr

    Neste contexto onde o tipo de actividades est centrado no aluno e no

    desenvolvimento das suas competncias o papel do professor, altera-se sendo

    necessrios professores com um perfil diferente do tradicional. Os professores devem

    ser capazes de decidir qual a melhor metodologia que se adapta aos objectivos da

    aprendizagem a realizar, como utilizar as TIC e identificar as metodologias adequadas

    para as integrar no ensino (PICTTE, 2000). A escolha de uma determinada metodologia

    deve ser baseada na participao dos alunos. Na prtica o professor deixa de ser o

    detentor do conhecimento e avaliador de conhecimento, passa a ser mais a de facilitador

    da aprendizagem, motivador e avaliador da construo dessa aprendizagem. Cabe-lhe

    proporcionar experincias diversas com vista ao desenvolvimento das competncias

    desejveis tais como promover discusses, disponibilizar acesso informao,

    promover experincias de aprendizagem diversificadas, dar ajuda na medida necessria

    gerindo a sua interveno.

    Mas as suas funes no se resumem a funes pedaggicas, pois na prtica e

    por motivos logsticos acrescem-se sempre outras tais como:

    Coordenador e gestor dos recursos

    Preparador de equipamento

    Este novo perfil exige uma formao diferente. Tornam-se fundamentais a

    formao tcnica ao nvel das ferramentas e instrumentos competncia tcnica mas

    tambm a aquisio e desenvolvimento de novas competncias didcticas e

    pedaggicas.

  • Integrao das Tecnologias da Informao e Comunicao em Contexto Educativo

    - 53 -

    No Tabela 3-3 apresenta-se o perfil definido no mbito do projecto europeu

    Profiles in ICT for teachers education (2000)

    Tabela 3-3 Perfil do professor em TIC

    Atitudes

    Abertura inovao tecnolgicaAceitao da tecnologia

    Capacidade de adaptao/mudana do papeldo professor.

    Ensino centrado no aluno, aberto participao do aluno.Professor como mediador e facilitador dacomunicao.

    Ensino geral

    Metodologias de ensino com as TIC.Planeamento das aulas com as TICIntegrao dos mediaMonitorizao/avaliaoAvaliao de contedos TIC

    Questes de segurana, de tica e legais nautilizao das TIC.

    Ensino da disciplina

    Actualizao cientfica.Investigao.Avaliao de recursos.Integrao na comunidade cientficaLigao a possveis parceirosUtilizao de materiais em outras lnguas.

    Participao em newsgroups.Competncias

    Competncias TIC

    Actualizao de conhecimentos emTIC/plataformas e ferramentas TIC.

    Familiarizao com ferramentas que sirvampara:

    Comunicar Colaborar Pesquisar Explorar Coligir dados Processar dados Expandir conhecimentos

    Integrar ferramentas

    AA aavvaalliiaaoo ddooss aalluunnooss

    Esta abordagem do ensino diferente da tradicional e modelos diferentes de

    ensino implicam diferentes abordagens tambm no que diz respeito avaliao. Uma

    viso radical da avaliao apresentada por Cunningham, que rejeita a ideia de uma

    avaliao objectiva. Defende que a avaliao inerente concluso da tarefa: ..

    quando o ensino envolto de situaes onde os estudantes se envolvem em tarefas

    reais, a avaliao surge naturalmente dessas situaes (CUNNINGHAM, 1991). As

    importantes competncias a desenvolver no se reflectem em testes realizados fora do

    contexto de aprendizagem. No entanto, torna-se necessrio que quer os objectivos

  • Integrao das Tecnologias da Informao e Comunicao em Contexto Educativo

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    traados quer a avaliao sejam aceitveis pelas partes interessadas da comunidade

    educativa (pais, alunos, professores, etc.). Um dos principais problemas desta avaliao

    reside na nfase dado ao trabalho em grupo e tarefas colaborativas: Como saber que os

    indivduos que constituem um grupo aprenderam? .

    Alguns instrumentos de avaliao podem ser implementados de modo a

    ultrapassar em parte algumas das dificuldades. A nvel da avaliao formativa a

    realizao de testes on-line sempre disponveis para os alunos assim como jogos

    proporcionam o feedback necessrio quer ao professor quer ao aluno. Outros

    instrumentos como portflios e realizao de uma avaliao da performance

    proporcionam uma avaliao do processo de construo realizado pelo aluno. Na

    avaliao da performance os alunos demonstram o que sabem aplicando o

    conhecimento, numa exposio, demonstrao, projectos etc. A sua implementao

    assenta fundamentalmente em dois princpios (ROERDEN, 1997):

    Definio clara dos critrios de sucesso.

    Que os estudantes demonstrem o que aprenderam em contexto real.

    Na avaliao da performance (Tabela 3-4) dever-se- procurar que todas as

    partes envolvidas participem na avaliao. Assim num projecto realizado em grupo o

    aluno no s realiza a avaliao global do desempenho e resultado final como faz a

    auto-avaliao e hetero-avaliao de todos os participantes, contribui igualmente com a

    sua apreciao para a avaliao dos trabalhos apresentados por outros grupos.

    Tabela 3-4 Avaliao da performance

    Permite avaliar de forma global e integrada um

    projecto

    A avaliao est integrada na formao.

    Recurso a portflios com amostras dos trabalhos dos

    alunos.

    Deriva directamente de critrios claros e conhecidos

    dos alunos.

    Permite a avaliao por vrias pessoas.

    Est relacionada intimamente com aprendizagens a

    realizar.

    Promove nos alunos a capacidade de avaliar o seu

    prprio trabalho.

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    Na avaliao do trabalho de grupo o conhecimento dos critrios de avaliao por

    parte dos alunos um elemento central na promoo do seu desempenho. O

    conhecimento por todos dos critrios de avaliao das competncias do trabalho em

    grupo (ouvir, ajudar, respeitar, questionar, partilhar, participar, persuadir) funciona

    como elemento orientador do desempenho.