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Secretaria de Estado de Recursos Minerais, Hídricos e Energéticos Companhia Mineradora de Minas Gerais - COMIG PROJETO ESPINHAÇO EM CD-ROM CAPÍTULO 4 GEOLOGIA DA FOLHA PADRE CARVALHO, MINAS GERAIS por Maria Antonieta Alcântara Mourão & João Henrique Grossi Sad

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Secretaria de Estado de Recursos Minerais, Hídricos e EnergéticosCompanhia Mineradora de Minas Gerais - COMIG

PROJETO ESPINHAÇO EM CD-ROM

CAPÍTULO 4

GEOLOGIA DA FOLHA PADRE CARVALHO,

MINAS GERAIS

por

Maria Antonieta Alcântara Mourão & João Henrique Grossi Sad

Universidade Federal de Minas Gerais - Instituto de GeociênciasDepartamento de Geologia

Projeto Espinhaço em CD-ROM

Publicação da

COMPANHIA MINERADORA DE MINAS GERAIS - COMIG

Rua dos Aimorés, 1697 - Belo Horizonte, 30.140-070, MG.

Copyright 1997 - COMIG

Reservados todos os Direitos.Permitida a reprodução,

desde que seja mencionada a fonte.

MOURÃO, M. A. A. & GROSSI-SAD, J. H. 1997. Geologia da Folha Padre Carvalho . In: GROSSI-SAD, J. H.; LOBATO, L. M.; PEDROSA-SOARES, A. C. & SOARES-FILHO, B. S. (coordenadores e editores). PROJETO ESPINHAÇO EM CD-ROM (textos, mapas e anexos). Belo Horizonte, COMIG - Companhia Mineradora de Minas Gerais. p.315-418.

316

Geologia da Folha Padre Carvalho

PROJETO ESPINHAÇO - ÓRGÃOS E EQUIPES

Credita-se os órgãos e equipes que atuaram na realização do Projeto Espinhaço e publicação de seus produtos:

EQUIPE EXECUTORA

O Projeto Espinhaço foi realizado pelo Departamento de Geologia do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais, que cedeu professores, estagiários e secretária, em convênio com a Companhia

Mineradora de Minas Gerais vinculada à Secretaria de Estado de Recursos Minerais, Hídricos e Energéticos. Os membros da equipe executora e suas principais atividades no projeto estão listados a seguir:

Coordenação

Prof. João Henrique Grossi Sad (coordenação geral; elaboração de relatórios)

Profa. Lydia Maria Lobato (vice-coordenação geral de 7/92 a 12/93; petrografia microscópica; tradução de resumos)

Prof. Carlos Maurício Noce (coordenação de campo de 7/92 a 12/93; mapeamento; elaboração de relatórios)

Prof. Luiz Guilherme Knauer (vice-coordenação geral de 10/94 a 5/95; mapeamento; elaboração de relatórios)

Demais Executores

Prof. Alexandre Uhlein (mapeamento)

Prof. Antônio Carlos Pedrosa Soares (mapeamento; elaboração de relatórios)

Prof. Antônio Celso Campolim Fogaça (mapeamento; elaboração de relatórios)

Prof. Antônio Claúdio Foscolo Nery (compilação e interpretação de dados geofísicos)

Prof. Antônio Wilson Romano (petrografia microscópica)

Geól. Elisabeth da Fonseca (petrografia microscópica)

Prof. Friedrich Ewald Renger (revisão de mapas e relatórios)

Geól. Franciscus Jacobus Baars (mapeamento; elaboração de relatórios; tradução de resumos)

Prof. Geraldo Norberto Chaves Sgarbi (compilação de dados geográficos)

Geól. Juliana Maria Mota Magalhães (organização e montagem de relatórios; revisão de mapas)Geól. Marcelo Lopes Vidigal Guimarães (mapeamento; elaboração de relatórios)

Geól. Maria Antonieta Alcântara Mourão (mapeamento; elaboração de relatórios)

Géol. Maria José Resende Oliveira (mapeamento; elaboração de relatórios)

Prof. Miguel Antônio Tupinambá Araújo Souza (UERJ; mapeamento; elaboração de relatórios)

Geól. Natanael Costa Roque (mapeamento; elaboração de relatórios)

Prof. Ricardo Diniz da Costa (organização do banco de dados; assessoria em informática)

Secretaria

Rosália Aparecida Santos Martins (secretaria geral; digitação e editoração dos relatórios)

Estagiários

Berenice Bitencourt Rodrigues; Danilo Carvalho de Almeida; Edson Bortolini; Flávio Scalabrini Sena; Leandro Barros Reis; Leonardo Antônio Custódio Souza; Leonardo Figueiredo de Faria; Mara Regina de Oliveira; Marcus Vinícius Diláscio; Maria Cristina Vaz Magni; Nathan da Silva Bastos; Paulo Henrique

Matias; Pedro Paulo de Lima Filho

Colaboradores

Desenhista Antônio Rodrigues de Faria; Prof. Carlos Alberto Rosière; Sra. Elisabeth Christina Renger; Prof. Joachim Karfunkel; Prof. Joel Jean Gabriel Quéméneur; Desenhista Vinícios José Mota Couto.

········

317

Projeto Espinhaço em CD-ROM

EQUIPE EXECUTORA DA CARTOGRAFIA DIGITAL

Os mapas geológicos produzidos pelo Projeto Espinhaço foram editados, por técnicas de cartografia digital, no Centro de Sensoriamento Remoto do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais. Estas cartas encontram-se publicadas, em papel a cores, em conjuntos de vinte e três folhas que acompanham este livro, além de sua disponibilidade em multimídia neste CD-ROM. A equipe executora dos trabalhos de cartografia digital foi a seguinte:

Coordenação Geral e Execução

Prof. Britaldo Silveira Soares FilhoProf. Philippe Maillard

Equipe Técnica

Eliane VollLeandro Barros ReisFabiana Silva Ribeiro

Fernando Rosa Guimarães

········

EDIÇÃO DO CD-ROM PROJETO ESPINHAÇO

A edição deste livro em CD-ROM foi realizada no Centro de Sensoriamento Remoto do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais, em convênio com a Companhia Mineradora de Minas Gerais, pela seguinte equipe:

Coordenação Geral e Execução

Prof. Britaldo Silveira Soares FilhoProf. Antônio Carlos Pedrosa Soares

Equipe Técnica

Profa. Silvania de Avelar Pinto (apoio técnico)

Ricardo Avelar Drummond (programação multimídia)

Rosália Aparecida Santos Martins (edição dos capítulos)

Eliane Voll (edição cartográfica e programação visual dos mapas geológicos)

Andréa Vaz de Melo França (conversão digital das ilustrações)

Revisão dos Textos dos Capítulos

Prof. Carlos Maurício NoceProfa. Lydia Maria Lobato

Secretaria

Simone Justino de Moraes

Vinheta de Abertura

“As Minas”, por Juarez Moreira

········

318

Geologia da Folha Padre Carvalho

AGRADECIMENTOS

O Departamento de Geologia do IGC-UFMG e a Companhia Mineradora de Minas Gerais (COMIG-SEME) agradecem a todos os orgãos públicos, empresas e pessoas que contribuiram, de formas diversas, para que o

Projeto Espinhaço e a publicação de seus produtos se tornasse realidade, em particular a:

Aços Especiais Itabira (ACESITA)Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN-CNEN)

Centro de Geologia Eschwege (CGE-IGC-UFMG)Centro de Pesquisa Prof. Manoel Teixeira da Costa (CPMTC-IGC-UFMG)

Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG)Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM)Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA)

Companhia Vale do Rio Doce (CVRD)Departamento de Geologia e Geofísica da UERJ

Escola de Biblioteconomia da UFMGFundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM)

Geologia e Sondagens Ltda (GEOSOL)Rio Doce Geologia e Mineração (DOCEGEO)

Geól. Adriana ZapparoliGeól. Armando Álvares Campos Cordeiro

Geól. Breno Augusto dos SantosEng. Célio Augusto BandeiraGeól. Fábio Sampaio MasottiDr. Fernando Soares Lameiras

Geól. João Carlos Christophe da SilvaDr. Kazuo Fuzikawa

Eng. Leonardo de AndradeGeól. Osvaldo Fritzsons Jr.

Geól. Otoniel VilelaGeól. Saulo Augusto de Oliveira

Geól. Sebastião FiumariDr. Osvaldo Castanheira

Prof. Pedro Ângelo Almeida AbreuProf. Roberto Nogueira Cardoso

Dr. Ronald FleischerProf. Rui Luiz Baptista Pereira Monteiro

Geól. Tágides FerreiraGeól. Ulisses Cyrino Penha

Prof. Walter Schöll

A direção do Instituto de Geociências da UFMG é particularmente grata:· Ao Prof. João Henrique Grossi Sad, idealizador e coordenador do Projeto Espinhaço;

· Ao Dr. Carlos Alberto Cotta, Presidente da COMIG, pela viabilização financeira do projeto;· Ao Geólogo Marcelo Arruda Nassif, Coordenador de Apoio Técnico da COMIG, por seu permanente

empenho.

········

319

Projeto Espinhaço em CD-ROM

CRITÉRIOS GERAIS ADOTADOS PARA PUBLICAÇÃO DESTE LIVRO EM CD-ROM

Nos capítulos deste livro em CD-ROM publicam-se os relatórios referentes a cada uma das cartas geológicas em escala 1:100.000, que são produtos do Projeto Espinhaço. Entretanto, o convênio para esta publicação foi firmado cerca de dois anos e meio após a desmobilização da equipe executora do Projeto Espinhaço, impossibilitando que revisões mais profundas, envolvendo todos os autores de relatórios, fossem realizadas no período do contrato (maio a agosto de 1997) de produção do CD. Por este motivo e tendo em vista as particularidades dos produtos gráficos a serem publicados, a coordenação da equipe produtora deste CD-ROM adotou os seguintes critérios:

a) Editar os textos dos relatórios contidos nos disquetes fornecidos pela COMIG em maio de 1997.

b) Efetuar a revisão de todos os relatórios, visando apenas dirimir erros de digitação e eventuais equívocos na aplicação de conceitos geológicos, evitar repetição excessiva de termos, reformatar frases dúbias ou de difícil compreensão e atenuar usos de expressão visando manter os limites da linguagem técnico-científica.

c) Arquivar as figuras dos relatórios por captura em scanner de mesa, sempre que possível a partir dos originais, e organizá-las, sem mudança de sua ordem original, ao longo dos capítulos.

d) Arquivar as pranchas (contendo seções geológicas, mapas de detalhe e cartas temáticas), anexas aos relatórios, através de captura em scanner contínuo, a partir dos originais, disponibilizando-as para impressão preferencialmente em impressoras de grande porte.

e) Uniformizar a grafia das unidades de medida.

f) Manter as listagens de referências bibliográficas conforme seus originais.

g) Adequar os resumos ao programa de multimídia. Os textos originais dos mesmos são mantidos apenas na forma de abstracts.

Desta forma, o conteúdo técnico dos capítulos e suas referências bibliográficas são de exclusiva responsabilidade dos respectivos autores.

·····

320

C O N T E Ú D O

RESUMO 324

ABSTRACT 327

INTRODUÇÃO 330

A Serra do Espinhaço Mineira 331

Folha Padre Carvalho 333

Localização e Aspectos Gerais 333

Rede Fluvial e Aspectos Topográficos 334

Aspectos Geológicos 335

Investigações Geológicas Anteriores 335

Projeto Atual de Investigação 337

Agradecimentos 338

SÍNTESE GEOLÓGICA REGIONAL 339

AMBIÊNCIA GEOLÓGICA 348

Complexo Córrego do Cedro 348

Generalidades 348

Litologia e Estrutura Interna dos Gnaisses 348

Anfibolitos 350

Rochas Metaultramáficas 351

Distribuição e Relações de Contato 351

Idade 352

Rochas Intrusivas 352

Suíte Rio Itacambiruçu 352

Corpo Central 353

Corpo Centro Norte 355

Corpo Norte 356

Metadiabásios 357

Supergrupo Espinhaço 357

Generalidades 357

Relações de Contato 359

Unidade Inferior 359

Unidade Superior 361

Projeto Espinhaço em CD-ROM

Ambiente de Deposição 361

Grupo Macaúbas 364

Generalidades 364

Formação Rio Peixe Bravo 365

Litologia e Distribuição 365

Relações de Contato 366

Ambiente de Deposição 366

Formação Nova Aurora 368

Litologia e Distribuição 368

Relações de Contato 369

Membro Riacho Poções 369

Ambiente de Deposição 372

Formação Chapada Acauã 373

Litologia e Distribuição 373

Membro Filítico 374

Membro Metadiamictítico-Quartzítico 374

Membro Xistoso-Quartzítico 376

Ambiente de Sedimentação 377

Ambiente Glaciomarinho Proximal 378

Ambiente Glaciomarinho Distal 381

Formação São Domingos 384

GEOLOGIA ESTRUTURAL 385

Descrição das Estruturas 385

Interpretação das Estruturas 395

As Deformações Meso- e Neo-proterozóica 398

A Tectônica Cenozóica 399

METAMORFISMO 401

GEOLOGIA ECONÔMICA 403

Minério de Ferro 403

Canga 408

Veios de Quartzo e Cascalheiras 409

Filitos Carbonosos 409

Material de Construção 409

Zonas de Cisalhamento Sulfetadas 410

Água Subterrânea 410

BIBLIOGRAFIA 412

322

FIGURAS

1. Mapa de situação e localização 332

2. Modelo esquemático das relações entre unidades do Grupo Macaúbas 343

3. Corpo Granítico Central 354

4. Contato de granito com gnaisse bandado do Complexo Córrego do Cedro 354

5. Quartzito com estratificação marcada por alternâncias ferruginosas e não ferruginosas

360

6. Estratificação cruzada com foresets de forma côncava 363

7. Marcas onduladas simétricas, em quartzito fino laminado 363

8. Quartzito da Formação Rio Peixe Bravo 367

9. Representação esquemática da sedimentação glaciomarinho proximal 380

10. Modelo esquemático para ambiente glaciomarinho distal 383

11. O Craton do São Francisco 386

12. Diagramas de contorno de polos de acamamento. Grupo Macaúbas 38813. Diagrama de contorno de polos da foliação S1. Grupo Macaúbas 388

14. Diagrama de contorno de polos da lineação mineral e alongamento de seixos. Grupo

Macaúbas 389

15. Seções geológicas (Viveiros) 390

16. Diagrama de contorno de polos para o Grupo Macaúbas 391

17. Estrutura dobrada e falhada de Padre Carvalho 392/393/394

18. Plano de falha subvertical em quartzito do Supergrupo Espinhaço 397

19. Perfil esquemático da Serra Mineira 399

20. Seções geológica e de teor em jazida de minério de ferro 407

TABELA

1. Composição química de minérios de ferro 406

PRANCHAS

UM. Mapa Geológico

DOIS. Seções Geológicas

R E S U M O

A Folha Padre Carvalho (Folha SE-23-X-B-II, Carta do Brasil, escala 1:100.000),

posicionada entre as latitudes 16°00' e 16°30' S e longitudes 43°00' e 43°30' W, é parte

integrante do Projeto Espinhaço que resultou no mapeamento geológico de 68.000 km² da

região da Serra do Espinhaço em Minas Gerais, totalizando vinte e três folhas na escala

1:100.000.

O Complexo Córrego do Cedro compõe o embasamento policíclico, cuja evolução teve

início no Arqueano. Este complexo é constituído por gnaisses bandados nos quais se

intercalam anfibolitos e rochas metaultramáficas. O conjunto ocupa terreno de morfologia

suave, com cotas cimeiras variando de 850 a 950 m. Os gnaisses têm composição

granodiorítica a granítica, apresentando quartzo, albita-oligoclásio, microclina e biotita, com

granada ocasional. São cinzentos e de granulação fina a média. O bandamento é caracterizado

por alternâncias mais ou menos ricas em biotita, relativamente à soma de quartzo e feldspatos.

Migmatização limitada, com arranjo schlieren ou venular, é observada. A foliação gnáissica

orienta-se segundo direção ao redor de N-S com mergulho elevado, sendo paralela ao

bandamento (exceto em charneiras de dobras). A lineação mineral é paralela ao mergulho. Em

zonas de cisalhamento ocorrem milonito xistos. Os anfibolitos constituem corpos concordantes

ao bandamento gnáissico, têm espessura métrica, cor verde escuro, granulação fina a média e

são mal foliados. Contêm hornblenda verde, plagioclásio e algum quartzo. As rochas

metaultramáficas são pouco frequentes e ocorrem em corpos pequenos.

A Suíte Rio Itacambiruçu é representada por granitóides de cor cinza, granulação fina a

média, mal foliados ou não foliados e equigranulares, de idade pré-Espinhaço, que intrudem o

Complexo Córrego do Cedro. O Corpo Central (diâmetro de 6 km) desta suíte é constituído

por tonalito e granito a duas micas, ambos muito claros, com eventuais xenólitos de rochas

xistosas e anfibolíticas. O Corpo Centro-Norte tem cerca de 10 km de diâmetro. A granulação

de suas rochas, compostas de quartzo, plagioclásio (oligoclásio), microclina e biotita, é

grosseira e o corpo é heterogêneo. O Corpo Setentrional (Lagoa Nova) tem rocha mal foliada e

seu contato com o gnaisse encaixante é marcado por apófises discordantes, até métricas em

dimensão.

Metadiabásio de granulação média a grossa, não ou discretamente foliado, injeta

gnaisses e granitos. Observa-se textura ígnea original, mas a rocha encontra-se anfibolitizada.

O Supergrupo Espinhaço, do Proterozóico Médio, destaca-se por seus quartzitos que

ocupam uma faixa de 4 km de largura média. Na Unidade Inferior, predominantemente

constituída por quartzitos puros e/ou ferruginosos, localmente conglomeráticos, foram

discriminadas intercalações de quartzito micáceo e de quartzito puro recristalizado.

Escarpamentos notáveis marcam a morfologia da Unidade Inferior, com cotas de até 1344 m.

A Unidade Superior é composta de quartzitos finos, sericíticos, localmente ferruginosos ou

arcoseanos. O Supergrupo Espinhaço apresenta estrutura homoclinal mergulhante para leste. A

xistosidade é pouco pronunciada. O contato com os gnaisses do embasamento é dado por falha

de descolamento basal.

O Grupo Macaúbas, depositado no Proterozóico Superior, foi subdividido, da base para

o topo, nas formações Rio Peixe Bravo (metapelitos com intercalações de quartzito), Nova

Aurora (metadiamictitos contendo camadas ferruginosas) e Chapada Acauã (metapelitos,

quartzitos, metadiamictito e rara formação ferrífera). Os metadiamictitos da Formação Nova

Aurora apresentam partículas de quartzo, quartzito, rocha carbonática, rocha granitóide, filito e

filito carbonoso, com granulometria desde grânulos a matacões. A matriz é quartzo-xistosa e

contém feldspato, carbonato, biotita, moscovita, opacos ocasionais e granada. As litologias

ferruginosas da formação constituem o Membro Riacho Poções, composto por

metadiamictitos, filitos e quartzitos, hematíticos, além de formação ferrífera bandada

parcialmente coberta por canga.. Esse membro representa notável exemplo de ocorrência de

formação ferrífera do tipo Rapitan. Considera-se que as formações Nova Aurora e Chapada

Acauã representam sedimentação em ambiente glácio-marinho plataformal, proximal e distal

respectivamente. O arranjo estrutural interno do Grupo Macaúbas é definido por uma

xistosidade mergulhante para leste. Clivagem rochosa de crenulação, mergulhante para oeste, é

comum.

A Formação São Domingos, do Terciário Superior, ocorre em chapadas e é composta

de arenitos e argilitos. Nesta folha são muito extensas as coberturas detrito-coluvionares de

chapadas, sendo muito pouco significativos os aluviões.

A arquitetura tectônica é marcada por um cinturão de empurrões vergente para oeste,

que envolve o Supergrupo Espinhaço, o Grupo Macaúbas e parte do embasamento. O principal

horizonte de deslocamento é o contato entre a cobertura pré-cambriana e o embasamento. Nesta

cobertura manifestam-se rampas de mergulho elevado, preferencialmente posicionadas em

contatos litológicos. Dobras apertadas, com flanco invertido e com mais de uma dezena de

quilômetros de extensão, marcam o Membro Riacho Poções. Essas dobras afetam

especialmente a Formação Nova Aurora, mas são difíceis de caracterizar, por falta de

horizontes de referência. No bordo leste da folha ocorre notável estrutura sinclinal, falhada

longitudinalmente por empurrão, que afeta as formações Nova Aurora e Chapada Acauã.

Os gnaisses do embasamento foram gerados em ambiente correspondente à fácies

anfibolito alto (migmatização, recristalização de feldspato). Retrometamorfismo afeta a

paragênese original. As rochas do Supergrupo Espinhaço mostram preservação da forma

original dos grãos, relíquias do cimento primitivo e baixo grau de cristalização da mica,

Projeto Espinhaço em CD-ROM

evidenciando muito baixo grau metamórfico. Os metassedimentos do Grupo Macaúbas

mostram zoneamento metamórfico crescente, de oeste para leste, da fácies xisto verde à fácies

anfibolito, com isógradas da clorita, biotita e granada. No extremo leste da folha aparece

estaurolita na paragênese.

Na Folha Padre Carvalho destaca-se a presença de jazimentos de ferro de baixo teor

(35% Fe) que, juntamente com uma parcela posicionada na Folha Rio Pardo de Minas,

totalizam uma reserva de cerca de 3,5 bilhões de toneladas.

326

A B S T R A C T

The Padre Carvalho Sheet (SE-23-X-B-II, Carta do Brasil, 1:100 000 scale), situated

between the latitudes 16º00' and 16º30'S and longitudes 42º30' and 43º00'W, is part of the

Espinhaço Project, which effected the geological mapping of the region covered by the Serra

do Espinhaço in the State of Minas Gerais, involving an area of 68 000 km². The Project

comprises the geological cartography of 23 sheets at the scale of 1:100 000, with the

preparation of reports.

The Padre Carvalho Sheet is constituted by three major geological units, which are

distributed in NS-trending tracts. They consist of a gneissic basement, the Córrego do Cedro

Complex, of Archean age, injected by granites of the Rio Itacambiruçu Suite. These are

younger than the Espinhaço Supergroup. This assemblage is positioned at the western portion

of the mapped area. The quartzites of the Espinhaço Supergroup border the basement by thrust

fault contact. The central eastern portion has a wide belt of rocks of the Macaúbas Group, of

the Upper Proterozoic age, constituted of metadiamictites, quartzites, phyllites and schists.

Near the base, the metadiamictites contain ferruginous intercalations, partly comprising a

banded iron formation.

The Córrego do Cedro Complex consists of banded gneisses, with concordant

intercalations of amphibolites and ultramafic rocks of unknown form. The assemblage

occupies a terrain of gentle morphology with altitudes between 850 and 950 m, higher than

those of the Macaúbas Group and, in places, of the Espinhaço rocks.

The mineralogy of the gneisses corresponds to granodiorite and granite. They are grey

and fine- to medium-grained. The banding is characterized by leuco- and mesocratic

alternations. Limited displays of migmatization have schlieren or venular fabric arrays.

The granitic gneisses are composed of quartz, microcline of high triclinicity, albite-

oligoclase and biotite, locally with garnet, while the granodioritic gneisses contain quartz,

albite-oligoclase, microcline and biotite. The foliation at the gneisses approximately N-S

striking, and steeply dipping, parallel to the banding, except at fold hinges. Mineral stretching

lineation is dip-parallel. Shear zones give rise to mylonitic schists in the gneisses.

Amphibolites have thicknesses of a few meters, are dark green, fine- to medium-

grained and are weakly foliated. They contain green hornblende, plagioclase and some quartz.

Ultramafic rocks are rare and occur in small, chemically-decomposed bodies.

The Itacambiruçu Suite is represented by grey-coloured, fine- to medium-grained

equigranular, weakly- or unfoliated granitoids. The suite is represented by three bodies in the

Projeto Espinhaço em CD-ROM

mapped area. The Central Body, with a diameter of 6 km, is composed of light-coloured, two

mica tonalite and granite. They may contain xenoliths of schistose and amphibolitic rocks: the

Central-Northen Body has a diameter of circa 10 km. Rocks are coarse-grained and the body is

heterogeneous. It contains quartz, plagioclase (oligoclase), microcline and biotite. The

Northern Body contains weakly-foliated rocks and its contact with the host gneisses is marked

by discordant apophyses, with up to metric dimensions.

Green, fine- to medium-grained presently metamorphosed discretely- or unfoliated

diabase, injects gneisses and granites. The original igneous structure is preserved. Pyroxenes

are altered to amphiboles, and plagioclase is saussuritized.

The Espinhaço Supergroup is represented by quartzites, that occupy a tract of 4 km

average width in a east-dipping, homoclinal structure. They are composed of two units. The

Lower Unit contains pure and/or ferruginous, locally conglomeratic quartzites. The Upper Unit

is comprised of narrow sericitic quartzites. Imposing escarpments mark the morphology of the

Lower Unit, with altitudes up to 1344 m. The dip of the NS-striking quartzites is low. The

schistosity is not very pronounced. The contact with the basement gneiss is marked by a fault

surface, thrust or reverse faulting. The contact with the rocks of the Macaúbas Group reflects

the same situation.

The Macaúbas Group, of widespread occurrence in the mapped area is subdivided,

from base to top into the Rio Peixe Bravo (metapelites with quartzite intercalations), Nova

Aurora (metadiamictites with ferruginous layers) and Chapada Acauã Formations (metapelites,

quartzites and metadiamictites). The structural arrangement of the Group is defined by a

schistosity organized in folds of varying dimensions, with east-dipping axial planes. Rock

cleavage is common.

The metadiamictites of the Nova Aurora Formation contain clasts of quartz, quartzite,

carbonate rock, granitoid rock, phyllite and carbonic phyllite, with grain size from granules to

boulders. The matrix is quartz-schistose and contains feldspar, carbonate, biotite, muscovite,

occasional opaques and garnet. The ferruginous lithologies of the Formation constitute the

Riacho Poções Member with metadiamictites, phyllites and hematitic quartzites, as well as low

in to high grade banded iron formation. This Member represents a notable example of an iron

formation occurrence in a glaciogenic, Rapitan-type, sequence similar to the Jacadigo Group in

Mato Grosso do Sul State.

The Nova Aurora and Chapada Acauã Formations are considered to represent

sedimentation respectively in proximal and distal glaciomarine environments.

A Cenozoic unit, denominated the São Domingos Formation, composed of arenites and

argilites, covers some of the plateaux of the mapped area.

The structural geology of the sheet is marked by a west-vergent thrust belt which

involves rocks of the Espinhaço Supergroup, the Macaúbas Group and part of the basement.

328

The principal horizon of dislocation is the cover-basement contact. Dislocation was transferred

to the cover along high angle ramps, preferentially positioned along lithologic contacts.

Tight folds, with inverted flanks and that extend for more than 10 km are characteristic

of the ferruginous Riacho Poções Member. These folds particularly affect the Nova Aurora

Formation, but their characterization is hampered by the absence of marker beds. At the eastern

margin of the mapped area, a notable synclinal structure occurs. It is cut by a longitudinal

thrust fault, which affects rocks of the Nova Aurora and Chapada Acauã Formations. The

structure occupies parts of the Salinas, Grão Mogol and Minas Novas Sheets.

The basement gneisses were formed in a metamorphic environment which corresponds

to the upper amphibolite facies, being characterized by well-developed banding, migmatization

and feldspar recrystallization. Retrometamorphism affects the original paragenesis. The rocks

of the Espinhaço Supergroup display well-preserved sedimentary grain forms, relics of the

original matrix and a low index of mica crystallinity. Low grade metamorphism characterizes

those rocks. The metasediments of the Macaúbas Group show an increasing metamorphic

zonation from greenschist facies in the west to amphibolite facies in the east, across the

chlorite, biotite and garnet isograds. In the extreme east of the mapped area staurolite appears

in the paragenesis.

Low grade iron ore deposits, with 35% Fe, stand out as the principal mineral resource

of the area of the Padre Carvalho Sheet. Together with those of the Rio Pardo de Minas Sheet,

circa 3.5 billion tons of reserve are estimated.

I N T R O D U Ç Ã O

De longa data é conhecida na literatura especializada a Região da Serra do Espinhaço,

principalmente por causa de seus depósitos de diamante, intensamente trabalhados no século

XVIII. No século passado, diversos pesquisadores publicaram contribuições à geologia da

região, com ênfase sobre o diamante, destacando-se os trabalhos pioneiros de Eschwege

(1822,1832), que considerava um tipo especial de quartzito por ele denominado "itacolomito"

como a rocha matriz do diamante. Pesquisadores subsequentes continuaram a adotar a hipótese

de Eschwege e, em Grão Mogol, Helmreichen (1846) descreve com minúcias tal rocha, o mesmo

acontecendo com Heusser & Claraz (1859). Mesmo reconhecendo o aspecto conglomerático do

itacolomito, tinham dúvida sobre sua origem clástica.

Em 1881, Derby, em claríssimo ensaio, demonstra a origem sedimentar do itacolomito;

pouco após, Gorceix (1884) divulga estudo sobre a rocha de Grão Mogol, considerando o

conjunto de estratos como clástico. Derby retoma o tema em 1898, de modo mais detalhado.

Trabalhos diversos foram divulgados no presente século, mas só em 1937 Moraes divulga

a primeira contribuição ao entendimento regional da geologia da região da Serra do Espinhaço,

incluindo um mapa geológico na escala 1:2.000.000, de ótima qualidade.

A moderna fase de estudos sobre a região é retomada nos anos sessenta, através de Pflug

e seus colaboradores (Pflug, 1965, 1967, 1968; Pflug & Renger, 1973), com investigações

concentradas entre as latitudes 17oS e 19o30'S. É interessante comentar que, pela primeira vez, a

região foi trabalhada com apoio de aerofotos, que também serviram para preparar bases

planimétricas semicontroladas na escala 1:100.000. Razões diversas impediram que fossem

preparados mapas integrados, havendo contudo um conjunto de folhas geológicas na escala

1:100.000, integradas de modo preliminar e não publicadas, pertencentes ao acervo do Centro de

Geologia Eschwege, em Diamantina.

Porções discretas da região vêm sendo cartografadas na escala 1:25.000, através do

Centro de Geologia Eschwege, da Universidade Federal de Minas Gerais. Compreendem boa

parte das folhas Diamantina e Presidente Kubitschek, além de trechos das folhas Serro e

Conceição do Mato Dentro (folhas da Carta do Brasil, 1:100.000).

Mesmo com a enorme massa de informações existentes, a Região da Serra do Espinhaço

não dispõe de estudos suficientemente compreensivos, persistindo questões contraditórias,

maiormente dependentes de cartografia geológica regional. A deficiente produção cartográfica

sob a responsabilidade de agências governamentais federais levou à realização do Projeto

Espinhaço, fruto de convênio entre a Secretaria do Estado de Recursos Minerais, Hídricos e

Energéticos – Companhia Mineradora de Minas Gerais (COMIG) e o Departamento de Geologia

do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais, que compreende a

investigação geológica da quase totalidade da Região da Serra do Espinhaço, no Estado de

Minas Gerais (Figura 1). O trabalho foi desenvolvido entre 1992 e 1995. O relatório ora

preparado refere-se a uma das vinte e três folhas levantadas, chamada Padre Carvalho.

A S E R R A D O E S P I N H A Ç O M I N E I R A

A Região da Serra do Espinhaço destaca-se na fisiografia do Estado de Minas Gerais por

servir de divisor de águas entre as bacias do Rio São Francisco e dos rios Doce, Mucuri,

Jequitinhonha e Pardo. O nome Espinhaço refere-se ao caráter rugoso e alcantilado da sua

topografia. A mineração de diamante e ouro serviu como base para a fixação do homem na

região; essa atividade foi substituída pela agricultura e pela pecuária, ainda hoje os principais

sustentadores da economia, mesmo que a mineração de diamante tenha ganho, nas duas últimas

décadas, importância singular. A mineração de ferro poderá ser, no futuro, a alavanca propulsora

do desenvolvimento regional. Nos últimos anos o reflorestamento em escala regional tem sido

importante atividade, visando a produção de carvão e celulose.

A Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, ocupa faixa de cerca de 550 km de extensão

segundo direção norte-sul, com largura variável, podendo atingir mais de 100 km na porção

centro-sul. Trata-se de um conjunto de serras que se inicia a norte da cidade de Ouro Preto,

dirige-se para Diamantina e tem, nesse trecho, altitude comumente superior a 1300 m e, por

vezes, 1400 m. Orienta-se segundo N-NW, seguindo aproximadamente o meridiano 43o30'. De

Diamantina para o norte, tem-se porção discreta de serra, predominando um planalto elevado,

até as proximidades de Itacambira e desse local para Grão Mogol, mais ao norte, volta a aparecer

a morfologia de serra, rugosa e de perfil abrupto.

A Serra do Espinhaço exibe antigas superfícies erosivas aplainadas. Enquanto a sul de

Diamantina as cristas de serras tendem ao agrupamento, para norte são isoladas, com encostas

íngremes e desnudadas. Quartzitos suportam tal relevo.

A superfície aplainada na Serra do Espinhaço, que mais chama a atenção do observador, é

aquela presente nas porções altas da mesma; essa superfície é uniforme e seu termo mais

evoluído é a chapada, com capeamento de solo laterítico, em geral discreto.

O principal curso d'água a banhar a Serra do Espinhaço é o Rio Jequitinhonha, que tem

cabeceiras na altura de Presidente Kubitschek. Flui para norte até o paralelo 17o30'; em seguida

flete para N45E, até sair da região, próximo a Araçuaí. Tem como afluentes importantes, pela

margem esquerda os rios Itacambiruçu, Vacaria e Salinas e pela margem

Projeto Espinhaço em CD-ROM

Figura 1. Mapa de situação e localização das folhas no âmbito do Projeto Espinhaço.

1. Janaúba2. Rio Pardo de Minas3. Francisco Sá4. Padre Carvalho5. Salinas6. Botumirim

7. Grão Mogol 8. Araçuaí 9. Itacambira10. Minas Novas11. Jenipapo12. Curimataí

13. Carbonita14. Capelinha15. Malacacheta16. Diamantina17. Rio Vermelho18. S. S. do Maranhão

19. Pres. Kubitschek20. Serro21. Guanhães22. Baldim23. C. Do Mato Dentro

332

direita, o Rio Araçuaí. O Rio Doce desenvolve-se fora da Serra do Espinhaço, mas tem afluentes

nascidos da mesma, destacando-se os rios Santo Antônio e Suaçuí Grande. O Rio Gorutuba, na

porção norte da serra é afluente do Rio Verde Grande, que por sua vez lança águas no Rio São

Francisco. Os rios na serra mostram-se, normalmente, encachoeirados.

A altitude na região varia de cerca de 650 m a cerca de 1600 m. O ponto culminante é o

Pico do Itambé, com 2002 metros.

Muitas cidades de pequeno porte são encontradas na Serra do Espinhaço, algumas delas

datando do antigo e importante período de lavra de diamantes, na época do colonialismo

português. Diamantina é desta época. Outras cidades singulares no contexto da serra são:

Salinas, Janaúba, Araçuaí, Capelinha, Serro, Guanhães e Conceição do Mato Dentro.

Não há estradas de ferro na região: no passado, um ramal ligava Diamantina a Corinto e

daí, a Belo Horizonte. Até pouco mais de dez anos atrás, apenas Diamantina era servida por

rodovia asfaltada. Atualmente a região tem várias rodovias asfaltadas. Além disso, inúmeras

estradas encascalhadas, tortuosas e estreitas, permitem acesso à região.

Em vista da altitude em que se situa, a Região da Serra do Espinhaço tem clima

temperado, com temperatura variando em torno de 21oC. A precipitação anual varia de cerca de

1400 mm a cerca de 850 mm, do sul para o norte. O verão é chuvoso e o inverno seco. As

chuvas são mais constantes entre Dezembro e Março.

A região era coberta por uma vegetação de cerrado, a qual se intercalavam trechos de

campo limpo, com pequenas matas em terrenos mais ricos. Atualmente, devido à incessante

derrubada da vegetação para produção de carvão, pouco se tem do que era original. Contudo,

extensas áreas, com milhares de quilômetros, estão sendo reflorestadas com eucalipto e pinheiro

para produção de carvão e de celulose.

A única atividade de mineração de grande porte existente no Espinhaço é a dragagem

fluvial no Rio Jequitinhonha, a norte de Diamantina. A garimpagem ainda é importante como

meio de subsistência, envolvendo diamante e ouro, além de minerais de pegmatito.

Recentemente foi estabelecida extração sistemática de ouro nas proximidades de Riacho dos

Machados.

F O L H A P A D R E C A R V A L H O

L o c a l i z a ç ã o e A s p e c t o s G e r a i s

A Folha Padre Carvalho (Folha SE-23-X-B-II, da Carta do Brasil, escala 1:100.000)

situa-se entre as latitudes 16o00' e 16o30'S e longitudes 42o30' e 43o00'W, compreendendo 2960

km². Posicionam-se na área da folha cinco municípios, a saber: Grão Mogol, Riacho dos

Projeto Espinhaço em CD-ROM

Machados, Salinas, Porteirinha e Rio Pardo de Minas. Nenhum deles possui sede municipal na

mesma.

O Município de Grão Mogol ocupa cerca de 65% da área da folha e a ele pertence a Vila

de Padre Carvalho. Outra vila é Fruta de Leite (Município de Salinas). Pequenos agrupamentos

de casas são vistos aqui e ali na área, que é atravessada, de ocidente para oriente, pela rodovia

federal BR-251. Essa estrada é asfaltada, existindo outras, encascalhadas ou não, posicionadas

preferencialmente sobre as várias chapadas.

A quase totalidade da população se ocupa de atividades ligadas à agricultura e à pecuária,

com parte significativa absorvida no reflorestamento (eucalipto e pinheiro), principalmente em

terras do Município de Grão Mogol.

O clima da região é tropical, quente e úmido, com chuvas de verão e estações secas bem

definidas (de Abril a Setembro). A temperatura média anual é de 21,5o C. As precipitações

máximas ocorrem nos meses de Novembro, Janeiro e Fevereiro, com média anual de 1 050 mm.

A vegetação natural presente nas chapadas é representada pelo cerrado típico, onde

ocorrem a lixeira, o araticum e o pequizeiro, árvores comuns, às quais se associam gramíneas de

espécies diversas. A vegetação natural vem sendo progressivamente retirada em função do

reflorestamento.

Os solos presentes na folha são pouco desenvolvidos e aluminosos como, por exemplo, ao

longo do Vale do Rio Vacaria. Manchas isoladas de solos bem desenvolvidos, também

aluminosos, ocorrem no extremo oeste e nas partes central e sudeste. Uma faixa contínua de

afloramentos rochosos desenvolve-se de sul para norte na folha e os solos nessa faixa, quando

existentes, são rasos, secos e inférteis.

R e d e F l u v i a l e A s p e c t o s T o p o g r á f i c o s

A Folha Padre Carvalho posiciona-se na bacia do Médio Rio Jequitinhonha, sendo

banhada, de oeste para leste, pelo Rio Vacaria, afluente da margem esquerda do Rio

Jequitinhonha, que deixa a folha no seu canto SE. Outro curso é o Rio Ventania, que flui para

sul, bordejando o flanco oriental da Serra da Bocaina (denominação local da Serra do

Espinhaço); desemboca no Rio Itacambiruçu. No lado ocidental desta serra, desenvolve-se uma

drenagem mais esparsa, com vários lagos e cursos perenes ou intermitentes.

O aproveitamento do Rio Vacaria, para implantação de duas usinas hidrelétricas,

(capacidade inferior a 15 MW) vem sendo estudado.

A porção de relevo mais proeminente é representada pela Serra da Bocaina, uma faixa

estreita de terras altas que se estende de sul para norte, localizada na parte centro-oeste da folha.

O relevo total da área é de 520 m, variando desde 824 m nas imediações da barra do Córrego da

334

Forquilha com o Rio Peixe Bravo (ao norte da folha), até 1.344 m, na Serra da Bocaina, nas

imediações das nascentes do Rio Ventania. As terras altas ocupam parte subordinada da folha,

exibindo cotas normalmente acima de 1.000 a 1.100 m. O restante constitue-se de terras com

cotas entre 850 e 1.000 m, e áreas isoladas chegando a 1.050 m.

A s p e c t o s G e o l ó g i c o s

O mapa geológico da folha (Prancha Um) mostra a distribuição das unidades pré-

cambrianas. O lado ocidental é ocupado por gnaisses do embasamento (Complexo Córrego do

Cedro, de idade Arqueana) e granitos da Suíte Rio Itacambiruçu (de idade pré-Espinhaço). As

rochas do Supergrupo Espinhaço (Mesoproterózoico) expõem-se ao longo da Serra da Bocaina,

nome local da Serra do Espinhaço, prosseguindo para o norte e para o sul (folhas Rio Pardo de

Minas e Grão Mogol, respectivamente), mantendo direção constante segundo o meridiano. A

serra tem arranjo arqueado, com concavidade voltada para o oriente.

O contato dos quartzitos Espinhaço com as rochas do embasamento se faz através de

complexa combinação de falhamento de empurrão e falhamento vertical, de tal modo que a linha

que define o mesmo é um tanto sinuosa.

O restante da folha é ocupado por rochas do Grupo Macaúbas (Neoproterozóico), sobre

as quais se desenvolve extensa morfologia de chapadas apresentando delgado capeamento de

solo detrito-laterítico. Excepcionalmente, pequenas porções de uma chapada no bordo oriental

da folha são constituídas por sedimentos terciários da Formação São Domingos. Uma estreita

faixa de filitos e quartzitos basais do Grupo Macaúbas segue, a leste, a Serra da Bocaina,

enquanto o espesso pacote de metadiamictitos da porção média do grupo, capeado por xistos,

filitos e quartzitos da porção superior, organiza-se segundo arranjo monoclinal. Usualmente, os

mergulhos das rochas Macaúbas são fracos e apontam para leste. Na sua porção mais próxima da

base, os metadiamictitos contêm intercalações ferruginosas dobradas de modo apertado. Quando

o material é rico em ferro, pode despertar interesse econômico. Na sua maior parte são

metadiamictitos com filitos e quartzitos subordinados. Corpos lenticulares de rochas ferruginosas

são observados no pacote superior. Um sistema de falhas afeta o pacote, organizando-o de modo

intrincado.

I n v e s t i g a ç õ e s G e o l ó g i c a s A n t e r i o r e s

Um número bastante reduzido de trabalhos de mapeamento geológico foi realizado na

área abrangida pela Folha Padre Carvalho. Correspondem a dois projetos de cunho regional:

Projeto Jequitinhonha (escala 1:250.000; Fontes et al., 1978) e Projeto Porteirinha-Monte Azul

(escala 1:50.000, Drumond et al., 1980), além de trabalho relacionado à pesquisa mineral

Projeto Espinhaço em CD-ROM

executado na porção norte da folha pela Companhia Vale do Rio Doce - CVRD (Viveiros et al.,

1978).

O mapeamento realizado por Fontes et al. (1978) englobou toda a área da folha. Foram

identificadas cinco unidades (na folha): Complexo Gnáissico-migmatítico, Supergrupo

Espinhaço, Grupo Bambuí e Formação das Chapadas. No Complexo Gnáissico-migmatítico

incluíram-se os gnaisses, migmatitos e gnaisses graníticos da porção oeste da folha. O

Supergrupo Espinhaço é caracterizado por quartzitos sericíticos, feldspáticos a ferruginosos e

conglomeráticos. No Grupo Bambuí foram reunidas as formações Macaúbas (de topo), definida

por Moraes & Guimarães (1929) e Paraopeba (basal).

Na Formação Macaúbas foram incluídas, por Fontes et al. (1978), rochas pertencentes ao

atual Grupo Macaúbas (Schöll, 1973), englobando as atuais formações Rio Peixe Bravo, Nova

Aurora, Chapada Acauã e Salinas. A Formação das Chapadas engloba os sedimentos areno-

argilosos com níveis conglomeráticos hoje reunidos na Formação São Domingos (Pedrosa-

Soares, 1981).

O mapeamento executado por Drumond et al. (1980) abrangeu a metade leste da folha.

Os gnaisses e granitos da porção ocidental da mesma foram incluídos na unidade Gnaisses-

granitos Cataclásticos. No Supergrupo Espinhaço são identificadas três unidades: Inferior

(quartzitos micáceos e feldspáticos), Média (quartzitos e ritmitos) e Superior (xistos

conglomeráticos). Essa unidade de topo é considerada, no Projeto Espinhaço, como pertencente

ao Grupo Macaúbas e engloba a Formação Rio Peixe Bravo e parte da Formação Nova Aurora.

O Grupo Macaúbas não se encontra representado no trabalho de Drumond et al. (1980). Os

depósitos de cobertura de idade terciária e quaternária são reunidos nas formações superficiais.

A pesquisa dos depósitos de minério de ferro na porção norte da área, realizada pela

Companhia Vale do Rio Doce - CVRD envolveu, dentre outros trabalhos, mapeamento

geológico em escala 1:20.000. A maior parte da área estudada encontra-se no domínio do Grupo

Macaúbas. Duas unidades litoestratigráficas foram definidas: Formação Rio Peixe Bravo (basal),

constituída por quartzo filitos, quartzitos e filitos grafitosos, e Formação Nova Aurora (superior)

com quartzitos e metadiamictitos e da qual foi separado o Membro Riacho Poções, representado

pelas rochas hematíticas.

Deve-se mencionar, ainda, a seção geológica realizada por Moraes (1937) entre as

cidades de Barrocão e Salinas, na qual a divisão estratigráfica e a descrição das grandes unidades

aflorantes mostram pronunciada conformidade com as observações feitas no Projeto Espinhaço.

Uma exceção corresponde aos micaxistos da Formação Salinas, que foram classificados como

gnaisses.

336

P r o j e t o A t u a l d e I n v e s t i g a ç ã o

No Projeto Espinhaço a escala adotada para o mapeamento foi de 1:100.000 e a

metodologia empregada seguiu a mesma sequência de atividades em praticamente todas as

quadrículas integrantes.

Os trabalhos de escritório, preliminares às saídas de campo, envolveram pesquisa

bibliográfica para coleta de informações a respeito da área e fotointerpretação (de caráter

preliminar) para identificação de litologias ou estruturas que merecessem detalhamento maior

durante os trabalhos de campo. Para a fotointerpretação preliminar foi utilizada imagem de radar

em escala 1:100.000.

Os trabalhos de campo do projeto foram iniciados em agosto de 1992, na porção norte da

área da Serra do Espinhaço. Os primeiros dias foram dedicados à realização de perfis regionais,

com a participação de todos os integrantes da equipe do projeto. Estes perfis tiveram papel

fundamental para uniformização da nomenclatura e reconhecimento das principais unidades

litoestratigráficas ocorrentes.

O trabalho sistemático de mapeamento da Folha Padre Carvalho foi iniciado em Outubro

de 1992. As estações de campo foram registradas em base cartográfica (Folha SE-23-X-B-II,

escala 1:100.000) da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), editada em

1980. As descrições litoestruturais foram registradas em fichas individuais. Para identificação

das estações de campo e amostras utilizou-se um referencial alfa numérico, representado pela

sigla PA e um número arábico a partir de l (um). Usou-se o sistema UTM para registrar o

posicionamento das estações de campo. Foram selecionadas espécimes para confecção de

lâminas delgadas e seções polidas.

Os dados de campo foram transferidos para uma base planimétrica e uma interpretação

cuidadosa de fotografias aéreas na escala 1:60.000 (Serviço AST-10, 1966) foi executada,

visando aprimoramento do mapa geológico. Objetivando o monitoramento dos horizontes

ferruginosos, quanto à sua continuidade e estruturação, foram utilizadas imagens em cor

produzidas pelo Centro de Sensoriamento Remoto de Minas Gerais (CSRMG), além de mapas

de aeromagnetometria gerados no Convênio Geofísica Brasil-Alemanha, durante o qual foi

produzida cartografia geofísica no Estado de Minas Gerais.

Os trabalhos de campo na folha foram executados por Maria Antonieta Alcântara Mourão

que compilou o mapa geológico e preparou o texto do relatório. Natanael Costa Roque

participou desta etapa; Carlos Maurício Noce levantou três perfis e redigiu o capítulo de Síntese

Geológica Regional; Maria José Resende Oliveira realizou um perfil na porção sul da área e

Marcelo Lopes Vidigal Guimarães levantou um perfil detalhado das unidades superiores do

Grupo Macaúbas na extremidade leste da folha. A fotointerpretação foi executada por J. H.

Projeto Espinhaço em CD-ROM

Grossi Sad, que participou da redação do texto, enquanto Antônio Wilson Romano descreveu as

seções delgadas elaborando sínteses que constam no relatório.

A revisão do mapa geológico foi executada por Luiz Guilherme Knauer, J. H. Grossi Sad

e Friedrich E. Renger; Antônio Carlos Pedrosa-Soares foi de grande valia na representação

geológica da faixa limítrofe entre as folhas Padre Carvalho e Grão Mogol de um lado e Salinas e

Araçuaí, de outro. Com o conhecimento disponível no momento, o que se encontra mostrado nos

mapas geológicos dessas folhas, na faixa mencionada, é o arranjo mais adequado.

A revisão final do texto do relatório foi executada por Friedrich E. Renger. Juliana M. M.

Magalhães colaborou nessa tarefa e participou da correção do mapa geológico, no Centro de

Sensoriamento Remoto de Minas Gerais.

Deve ser mencionado por fim, que além do relatório, mapa geológico e seções geológicas

gerados para a Folha Padre Carvalho no Projeto Espinhaço, existem coleções de amostras

petrográficas e seções delgadas, além de fichas de campo e mapa de estações de campo

compondo o acervo de materiais. Todos esses dados, conforme os preceitos do convênio

celebrado entre o Governo do Estado de Minas Gerais e a Universidade Federal de Minas

Gerais, servirão aos usuários interessados no entendimento e desenvolvimento da geologia da

Região da Serra do Espinhaço.

A G R A D E C I M E N T O S

Muitas pessoas e organizações contribuíram para a realização desse trabalho. A

Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais -CPRM cedeu, para consulta, imagens de radar; a

FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, imagem de satélite a cores; a CEMIG -

Companhia Energética de Minas Gerais, dados de barragens e a COPASA - Companhia de

Saneamento de Minas Gerais, dados sobre poços de água subterrânea.

Os autores sentem-se recompensados pelo apoio recebido, da parte dos colegas e das

organizações citadas.

338

S Í N T E S E G E O L Ó G I C A R E G I O N A L

Em um contexto geotectônico amplo, a província pré-cambriana estudada no Projeto

Espinhaço situa-se no domínio da faixa móvel que define o limite oriental do Craton do São

Francisco, no Estado de Minas Gerais. O Supergrupo Espinhaço está exposto nesta faixa em

duas grandes áreas, separadas na altura do paralelo l7°30' por uma área de exposição do Grupo

Macaúbas. A geologia regional da área a norte deste paralelo, conhecida como Espinhaço

Setentrional, constitui o objeto deste capítulo.

A distribuição das unidades geológicas maiores é condicionada pela presença de uma

faixa alongada no sentido meridional, com largura média em torno de 30 km, onde está exposto

o embasamento pré-Espinhaço. Esta faixa é, comumente, interpretada como o núcleo de uma

grande estrutura antiformal com caimento para sul, flanqueada pelas unidades mais novas, quais

sejam, Supergrupo Espinhaço e grupos Macaúbas e Bambuí. Em termos gerais, o embasamento

pré-Espinhaço apresenta uma extensa exposição de rochas gnáissicas, geralmente bandadas, com

frequentes corpos concordantes de anfibolito e podendo exibir feições de migmatização.

Completam o conjunto do embasamento, diversos corpos granitóides, foliados ou não, intrusões

máfico-ultramáficas e uma seqüência vulcano-sedimentar.

As primeiras descrições dos litotipos do embasamento pré-Espinhaço foram realizadas

por Moraes (l937). Outras referências são encontradas em Amaral et al. (1976), Moutinho da

Costa et al. (l976) e Fontes et al. (1978). Drumond et al. (1980) cartografaram parte da área

ocupada pelo embasamento. A cartografia dos terrenos granito-gnáissicos da região é tarefa das

mais difíceis, face à variedade litológica, à evolução policíclica, ao intemperismo profundo e à

descontinuidade dos afloramentos. No mapeamento realizado no Projeto Porteirinha - Monte

Azul (Drumond et al., 1980) foram discriminadas vinte e uma unidades. Pelo número excessivo,

essa subdivisão não é aplicável, aliado à falta de clareza em relação à definição das unidades,

bem como à ausência de critérios objetivos, utilizados na separação. No Projeto Espinhaço, os

critérios adotados para a caracterização de unidades cartografáveis no embasamento foram os de

variação composicional e/ou textural, relações de contato e presença de litotipos específicos ou

conjunto de litotipos distintos.

Extensas áreas do embasamento são constituídas por gnaisses, geralmente com estrutura

bandada bem desenvolvida. Este bandamento pode apresentar-se intensamente dobrado e

transposto. Feições de migmatização são observadas localmente. A composição dos gnaisses é,

predominantemente, granodiorítica-granítica, embora termos mais máficos sejam também

observados. Os gnaisses apresentam frequentes intercalações de corpos concordantes de

anfibolito. Ocorrem também corpos intrusivos metaultramáficos, geralmente com anfibolitos

Projeto Espinhaço em CD-ROM

associados. Para este conjunto de gnaisses bandados, metamafitos e metaultramafitos adotou-se a

designação Complexo Córrego do Cedro, em referência à localidade tipo, um curso d`água ao

norte da Folha Francisco Sá. O nome foi utilizado primeiramente pela DOCEGEO - Rio Doce

Geologia e Mineração S.A. (comunicação verbal de Osvaldo A. Belo de Oliveira)

Contrastando com o caráter heterogêneo dos terrenos gnáissicos, foram individualizados

diversos corpos granitóides relativamente homogêneos. As relações de contato entre os

granitóides e gnaisses circundantes são expostas muito raramente, embora feições de intrusão

tenham sido observadas em alguns afloramentos. A rocha dos corpos granitóides pode ser muito

foliada a homófana e sua composição varia de granítica a granodiorítica. Acredita-se que

constituam uma suíte intrusiva em uma crosta mais antiga, representada pelos gnaisses bandados.

Tais corpos granitóides ocorrem no trato de terreno entre Riacho dos Machados e Itacambira e

foram atribuídos à Suíte Rio Itacambiruçu. A idade desta suíte é certamente pré-Espinhaço. . A

norte da área citada, nas folhas Janaúba e Rio Pardo, os granitóides intrusivos no Complexo

Córrego do Cedro apresentam tendência alcalina e são representados por sienitos e monzonitos.

Para os corpos individualizados no presente projeto procurou-se manter as denominações

propostas por Drumond et al. (1980).

As datações radiométricas disponíveis para o embasamento são devidas a Siga Jr. (1986)

e interessam rochas gnáissicas e migmatíticas provenientes dos arredores de Botumirim e

Barrocão. As isócronas Rb-Sr e Pb-Pb forneceram idades em torno de 2,7 Ga e 2,1 Ga. Em

ambos os casos os parâmetros isotópicos indicam tratar-se de eventos de retrabalhamento

Na Serra do Coco, a oeste de Porteirinha, e na área de Riacho dos Machados, ocorre uma

seqüência de natureza vulcano-sedimentar. A primeira referência à mesma é devida à Moutinho

da Costa et al. (1976). Drumond el al (1980) reconheceram a presença naquelas áreas de

anfibolitos e anfibolitos xistificados, e definiram duas unidades de metabasitos, cuja natureza

(vulcânica ou plutônica) não é explicitada. Nos últimos anos, a mencionada seqüência tem sido

objeto de pesquisa mineral pela DOCEGEO - Rio Doce Geologia e Mineração S.A, que

culminou com a descoberta do depósito aurífero de Ouro Fino. Fonseca et al. (1991) usam a

denominação Seqüência de Ouro Fino para descrever o pacote composto por xistos aluminosos,

xistos quartzo-feldspáticos, anfibolitos e metaultramáficas. No presente trabalho, adotou-se a

designação Grupo Riacho dos Machados para tal seqüência, visto que a expressão Ouro Fino

designa outras feições geológicas na literatura especializada, sendo também uma expressão de

uso comum no Estado de Minas Gerais e alhures.

O Supergrupo Espinhaço bordeja o embasamento a Leste, Sul e parcialmente a Oeste,

interrompendo-se na altura da localidade de Francisco Sá. A literatura sobre esta unidade é

extensa e diversas revisões sobre a evolução dos conhecimentos estão disponíveis (por exemplo,

Almeida & Litwinski, 1984). Para o Espinhaço Setentrional, na área abrangida pelo atual

projeto, trabalhos mais detalhados sobre a unidade são devidos à Karfunkel & Karfunkel (1975)

e Drumond et al. (1980). Os primeiros autores estabeleceram uma coluna estratigráfica para a

340

Geologia da Folha Padre Carvalho

faixa Itacambira – Botumirim, envolvendo quatro formações. A basal, designada Formação

Itacambiruçu, constitui-se por mica xistos, filitos quartzosos, quartzitos e metarcósios. Em seu

trabalho de 1937, Moraes assinalava a presença de um "micaschisto branco" na base dos

quartzitos "Itacolomi" (i.e., Espinhaço) que provavelmente pertenceria à "série gnáissica". As

observações efetuadas pelos geólogos do Projeto Espinhaço levaram à reinterpretação destas

rochas xistosas como constituintes da zona milonítica basal do Supergrupo Espinhaço, incluindo

tanto milonitos derivados dos quartzitos como dos gnaisses e granitóides subjacentes. As demais

unidades definidas por Karfunkel & Karfunkel (1975) incluem duas formações quartzíticas com

características muito semelhantes, separadas por uma formação contendo conglomerados de

ocorrência extremamente restrita, descritos apenas a NW de Itacambira e na área de Grão

Mogol. É difícil manter a divisão estratigráfica proposta. Em resumo, o Supergrupo Espinhaço é

constituído na faixa em questão (Itacambira – Botumirim – Grão Mogol) por um pacote

monótono de quartzitos, bastante puros e exibindo estratificação cruzada, não separáveis em

formações, na escala do trabalho. Os metaconglomerados são de ocorrência restrita e têm caráter

intraformacional. Em apenas um local, a oeste de Botumirm, foi constatado a ocorrência de um

metaconglomerado basal.

No trabalho de Drumond et al. (1980) descreve-se o Supergrupo Espinhaço a Norte do

paralelo 16°15'. Os autores dividem-no em três unidades (Inferior, Média e Superior). A

Unidade Inferior apresenta metaconglomerados basais, polimíticos, com seixos de rochas

gnáissicas e granitóides, metabasitos e quartzo de veio. São descontínuos e sua maior expressão

se daria a Norte da área do projeto, embora algumas ocorrências na área de Porteirinha tenham

sido identificadas. Sotopostas ao metaconglomerado, ou diretamente sobre o embasamento,

aparecem rochas vulcânicas, primeiramente descritas por Schobbenhaus (1972); incluem lavas

de caráter ácido a intermediário e rochas vulcanoclásticas, (tufos e aglomerados). Seu limite

meridional de ocorrência estaria imediatamente a Leste de Porteirinha (Drumond et al. 1980). O

topo da Unidade Inferior e a Unidade Média, ainda segundo Drumond et al. (1980), são

constituídos por rochas quartzíticas puras ou impuras e com intercalações pelíticas. Já a Unidade

Superior apresenta quartzitos, ferruginosos ou não, intercalados com metassiltitos, sotopostos

por xistos de aspecto conglomerático, que encerram a formação ferrífera do Rio Peixe Bravo –

Alto Vacaria. A seqüência que contém estes depósitos de ferro havia sido anteriormente

atribuída ao Grupo Macaúbas (Schobbenhaus, 1972, Viveiros et al., 1978). As investigações

atuais suportam inteiramente esta última interpretação. As rochas conglomeráticas, encaixantes

da formação ferrífera bandada, são os metadiamictitos típicos do Grupo Macaúbas, como citado

em Viveiros et al. (1978). Adicionalmente, horizontes enriquecidos em ferro são recorrentes no

Grupo Macaúbas e observados inclusive na Formação Capelinha, muito a leste das ocorrências

do Rio Peixe Bravo. Como resultado destas constatações, a faixa do Supergrupo Espinhaço, a

Norte do paralelo 16° é, na realidade, muito mais estreita que aquela representada nos mapas

regionais em escala 1:1.000.000 ( Bruni, 1976) e 1:2.500.000 (Schobenhaus et al., 1984).

341

Projeto Espinhaço em CD-ROM

A ocorrência de rochas ígneas metabásicas (metadiabásios), na forma de soleiras, diques e

plugs, é amplamente documentada no Espinhaço Meridional. Na porção do Espinhaço

Setentrional estas ocorrências são muito mais raras, a mais expressiva sendo encontrada a NW

de Itacambira e referida por Moraes (1937) e Karfunkel & Karfunkel (1975). Outras ocorrências

são descritas na Serra do Espinhaço, a norte da área mapeada (Drumond et al.,1980).

O Grupo Macaúbas é a unidade de maior expressão na área do Espinhaço Setentrional.

Estende-se a Leste, Sul e Oeste do Supergrupo Espinhaço e, numa faixa entre Francisco Sá e

Janaúba, encontra-se diretamente em contato com os litotipos do embasamento granito-

gnáissico. A definição original desta unidade advém dos trabalhos de L. J. de Moraes na década

de 30 e uma revisão da evolução dos conhecimentos pode ser encontrada em Karfunkel et al.

(1985). Embora a contribuição glaciogênica na sedimentação do Grupo Macaúbas seja hoje

amplamente aceita, não existe uma subdivisão estratigráfica aplicável ao conjunto desta unidade.

A questão é bem exemplificada na frase extraída de Almeida & Litwinski (1984): "O Grupo

Macaúbas apresenta acentuadas variações de litofácies, tanto vertical como horizontalmente. As

tentativas de sua subdivisão têm por hora valor meramente local".

Os trabalhos de mapeamento do Projeto Espinhaço permitiram ampliar em muito o

conhecimento da distribuição em área dos litotipos do Grupo Macaúbas, bem como das

variações faciológicas. Para um melhor entendimento destas variações faciológicas nos parece

apropriado, inicialmente, analisar a sucessão litoestratigráfica do Grupo Macaúbas em três

setores, ocidental, meridional e oriental (Figura 2).

O setor ocidental compreende a faixa do Grupo Macaúbas limitada pelo Grupo Bambuí a

oeste e o embasamento granito-gnáissico e Supergrupo Espinhaço, a leste. A sucessão litológica

do Grupo Macaúbas, nesta área, foi levantada anteriormente por Moraes (1937) e Drumond et al.

(1980). Propõe-se que esta sucessão seja englobada em uma unidade designada Formação Serra

do Catuni, por ser este o local de uma das sessões típicas descritas por Luciano Jaques de

Moraes, em seu clássico trabalho de 1937. A Formação Serra do Catuni é composta por

metadiamictitos e intercalações subordinadas de quartzitos e filitos. O metadiamictito é o litotipo

mais característico do Grupo Macaúbas, cuja descrição e gênese têm sido discutidas em diversos

trabalhos (ver revisões de Hettich, 1977 e Karfunkel et al., 1985). Trata-se de uma rocha de

matriz filítica a quartzítica, de grão fino, contendo de grânulos a matacões, de forma e

composição as mais variadas. A atribuição desta rocha a um ambiente de deposição glacial é

hoje amplamente aceita. A unidade de metadiamictitos,

342

Geologia da Folha Padre Carvalho

Figura 2. Modelo esquemático das relações entre as unidades litoestratigráficas do Grupo Macaúbas e suas principais litologias. Segundo Noce et al. (inédito).

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Projeto Espinhaço em CD-ROM

na faixa do Espinhaço Setentrional, ocorre continuamente desde a área a norte de Janaúba até o

sul de Itacambira, numa extensão superior a 200 km e segue em faixa estreita, as vezes

descontínua, ao longo da borda ocidental da Serra do Espinhaço Meridional sobre

aproximadamente 250 km até a Folha Baldim.

Na área a norte da Folha Francisco Sá e na Folha Janaúba, a Formação Serra do Catuni

contém uma sequência basal de quartzitos, frequentemente impuros e mal selecionados.

Drumond et al. (l980) acentuam o caráter arcosiano dos mesmos, na maior parte de sua faixa de

exposição e assinalam a presença de estratificação cruzada, que caracteriza depósitos de canais

de maré. Estes quartzitos estão particularmente bem expostos na estrutura sinformal da Serra do

Gado Bravo. Podem também ser encontrados na Serra de São Calixto, próximo a Barrocão. Na

área da Folha Janaúba ocorre um pacote expressivo de quartzitos e filitos no topo da Formação

Serra do Catuni. Os filitos se desenvolvem no Vale do Rio Gorotuba representando,

aparentemente, uma transição lateral e vertical do pacote de metadiamictitos. Já os quartzitos

ocorrem principalmente na Serra do Coco, onde formam uma extensa placa subhorizontal,

recobrindo os metadiamictitos. São rochas de grão fino, com termos bastante puros. Em um

trecho da Serra do Catuni, a Sul de Francisco Sá, aparecem novamente quartzitos recobrindo os

metadiamictitos.

O setor meridional do Grupo Macaúbas compreende essencialmente a área da Folha

Itacambira, onde Karfunkel & Karfunkel (1975) levantaram a seguinte coluna estratigráfica:

Formação Carbonita: quartzitos e metassiltitos;

Formação Terra Branca: metadiamictitos, quartzitos e metassiltitos;

Formação Califorme: quartzitos imaturos; raras intercalações de metaconglomerado.

Como será discutido mais adiante, a Formação Califorme encontra-se em continuidade

com a seqüência designada Formação Rio Peixe Bravo (Viveiros et al., l978), descrita nas folhas

Padre Carvalho e Rio Pardo de Minas. Sugere-se que seja mantido apenas o segundo nome, por

designar um acidente geográfico de localização bem conhecida, ao contrário do que acontece

com o termo Califorme.

Os metadiamictitos da Formação Terra Branca (Karfunkel & Karfunkel, 1975)

encontram-se em continuidade com aqueles da Formação Serra do Catuni, devendo portanto ser

incluídos nesta última unidade. Propõe-se que a expressão Formação Terra Branca não seja

mais usada, pois a unidade que, efetivamente, ocorre na localidade de Terra Branca pertence ao

Supergrupo Espinhaço. O termo Formação Carbonita deve ser abandonado por situar-se esta

localidade já no domínio da Formação Salinas. Segundo nossa proposta, o nome Formação

Carbonita deve ser substituído por Formação Chapada Acauã, definida na Folha Minas Novas. A

Formação Chapada Acauã é constituída por uma sequência interestratificada de quartzitos

micáceos, quartzo filitos e sericita filitos, com mega-lentes de metadiamictitos.

344

Geologia da Folha Padre Carvalho

Os xistos verdes anteriormente atribuídos ao Grupo Macaúbas, posicionam-se na base do

Supergrupo Espinhaço (Folha Itacambira); têm sua maior expressão, com feições vulcânicas

ainda preservadas, a sul, nas folhas Carbonita e Rio Vermelho.

O setor oriental compreende toda a faixa do Grupo Macaúbas que se estende a leste do

Supergrupo Espinhaço. A unidade conhecida como Salinas é considerada parte integrante do

Grupo Macaúbas (Pedrosa-Soares et al., 1990). A coluna litoestratigráfica do Grupo Macaúbas,

na sua parte basal, segue aquela proposta por Viveiros et al. (1978), conforme se expõe a seguir.

Formação Rio Peixe Bravo (Viveiros et al., 1978). Esta unidade basal apresenta grande

continuidade, bordejando o Supergrupo Espinhaço desde a área de Itacambira até o Norte de Rio

Pardo de Minas. Segundo Viveiros et al (1978), é constituída por quartzo filitos com

intercalações de quartzitos e, localmente, filitos grafitosos. No entanto, apresenta significativas

mudanças faciológicas a Norte e a Sul da área-tipo. A Norte, quartzitos e filitos mostram-se

intercalados, predominando ora um ou outro dos litotipos. A Sul, torna-se essencialmente

arenosa, com predomínio de quartzitos impuros e mal selecionados.

Formação Nova Aurora (Viveiros et al., 1978). É constituída por metadiamictitos, com

intercalações de quartzitos e, subordinadamente, filitos. Estende-se desde o limite Norte da faixa

de ocorrência do Grupo Macaúbas, até a área a sul de Cristália. O litotipo dominante, o

metadiamictito, e a posição estratigráfica são similares às da Formação Serra do Catuni, mas a

Formação Nova Aurora distingue-se por apresentar horizontes de formação ferrífera, refletindo

importante variação faciológica. Estes horizontes ferruginosos, localmente, encerram depósitos

de minério de ferro de volume muito expressivo e foram individualizados como Membro

Riacho das Poções dentro da Formação Nova Aurora (Viveiros et al., 1978).

Viveiros et al. (1978) consideraram o Membro Riacho Poções como um nível único que

se repete por dobramento. Entretanto, a interpretação mais provável é que exista mais de um

horizonte ferruginoso, mostrando uma recorrência dos processos de aporte de ferro na bacia de

sedimentação. Esta hipótese é reforçada pela presença de horizontes ricos em ferro, tanto na

formação basal, Rio Peixe Bravo, como na Formações Chapada Acauã. Em termos litológicos, o

Membro Riacho Poções encerra metadiamictitos com matriz rica em hematita, com intercalações

de quartzitos e filitos hematíticos.

Sobrejacente à Formação Nova Aurora encontra-se, neste setor oriental, a Formação

Chapada Acauã, exibindo as características já mencionadas. No sentido leste a Formação

Chapada Acauã passa lateral e verticalmente para a Formação Salinas, conforme descrito por

Mourão & Pedrosa-Soares (1991). Contudo, na Folha Carbonita, a base da Formação Salinas é

marcada por espesso pacote de grafita xisto, o mesmo acontecendo na Folha Capelinha.

A Formação Salinas é constituída por quartzo-mica xistos feldspáticos, com

intercalações de quartzitos puros ou micáceos e arcosianos, xistos calcíferos, xistos grafitosos,

metaortoconglomerados e rochas calciossilicáticas.

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Projeto Espinhaço em CD-ROM

A Formação Capelinha recobre a Formação Salinas e o contato é assinalado em alguns

locais por metabasito (anfibolito), sob forma de soleira. A formação é constituída essencialmente

por quartzitos, impuros na base e puros no topo.

As rochas magmáticas associadas ao Grupo Macaúbas compreendem metabasitos e

granitos. Os metabasitos ocorrem na forma de diques, soleiras e derrames, cujo maior

desenvolvimento se dá na área do Alto Jequitinhonha. Sua presença já havia sido assinalada por

Moraes (1937).

O segundo tipo de rocha ígnea relacionada ao Grupo Macaúbas compreende os corpos

graníticos intrusivos na Formação Salinas, que ocorrem a leste de uma linha que liga as cidades

de Salinas e Capelinha. Estes granitos foram interpretados como intrusões pós-tectônicas,

compreendendo biotita granitos, granitos a duas micas, granitos pegmatóides e granodioritos, os

últimos muito subordinados (Pedrosa-Soares et al., 1987).

O Grupo Bambuí, na área do projeto, ocorre na porção ocidental das folhas Janaúba,

Francisco Sá, Botumirim, Curimataí, Presidente Kubitschek e Baldim. Constitui uma seqüência

pelito-carbonática, exibindo calcários, margas e metassiltitos ardosianos. O contato com o Grupo

Macaúbas, conforme observou Moraes (1937), se dá através de uma falha inversa de alto ângulo,

sendo que o Grupo Bambuí constitui o bloco baixo.

Na faixa do Médio Rio Jequitinhonha algumas chapadas são recobertas por um pacote de

sedimentos (presumivelmente de idade terciária), que atinge espessura de até 100 m, próximo a

Virgem da Lapa. A primeira referência a estes sedimentos se deve a Hartt (1870). Moraes &

Guimarães (1930) e Moraes (1937) ampliaram sua área de ocorrência e propuzeram correlação

com a Formação Barreiras. Guimarães (1931) sugeriu um ambiente lacustre de deposição.

Fontes et al. (1978) adotaram a denominação Formação das Chapadas para sua descrição. Este

termo, aliado à representação no Mapa Geológico de Minas Gerais (Costa & Romano, 1976),

induziu à concepção errônea de que os sedimentos terciários recobriam todas as chapadas da

região. A descrição de perfis do pacote sedimentar pode ser encontrada em Araújo et al. (1980) e

Barbosa et al. (1980). Pedrosa-Soares (1981) ressaltou o fato de que apenas algumas das

chapadas apresentavam cobertura sedimentar terciária e propôs a designação Formação São

Domingos, para a mesma, por ser esta a chapada onde sua espessura é maior. Segundo esse

autor, a Formação São Domingos é composta por "sedimentos semi-consolidados, estratificados,

de atitude horizontal, pelítico-psamíticos, com leitos pouco espessos de conglomerados e micro-

conglomerados". Apresentam, caracteristicamente, cores brancas a variegadas, registrando-se a

ocorrência de material caolínico.

Saadi (1991) sugeriu que a sedimentação da Formação São Domingos ocorreu em uma

bacia do tipo graben, ressaltando a grande variedade faciológica observada no pacote

sedimentar. Este pacote seria composto, predominantemente, por depósitos fluviais de canal e de

planície aluvionar.

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